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Resumo
Michael Gallahan é um advogado, mas também é um dos membros da “Clavijo
Investigações”, o dia que aceitou ajudar sua velha amiga Márcia Leyton mudou sua vida. Joyce
Collins não é uma criatura impressionante, mas uma frágil jovem com cabelos castanhos curtos e
olhos dourados. Ela só espera sair da prisão. Ele tenta ajudá-la, apenas para, sem saber, colocá-la
em um perigo muito maior. Existem muitas pessoas influentes por trás dessa misteriosa morte.
Joy esta como coberta de espinhos, não confia em ninguém, nem sequer no homem bonito
que a olha embasbacado. O que pode oferecer alguém que não sabe ler e é acusada de um crime
que não cometeu?
Capítulo 01
- Para que servem os espinhos?
O pequeno príncipe não me permitia nunca deixar sem resposta as perguntas formuladas
por ele. Irritado pela resistência que me opunha o pequeno infante, lhe respondi a primeira coisa
que me ocorreu:
- Os espinhos não servem de nada, são pura maldade das flores.
- Oh!
E depois de um silêncio, me disse com uma espécie de rancor:
- Não acredito! As flores são frágeis. São ingênuas. Defendem-se como podem. Acreditam
que são terríveis com seus espinhos...
Antoine de Saint Exupéry. “O pequeno príncipe.”
Michael Gallahan entrou no centro comunitário de sua velha amiga, Márcia Leyton. Cinco
anos antes, no mesmo dia em que um dos seus protegidos havia enfiado sua mão em seu bolso
para pegar sua carteira, havia conhecido Márcia e ela por sua vez o convenceu que o garoto só
necessitava de ajuda, não ir para a prisão. Márcia Leyton era uma mulher especial e muito
persuasiva. Naquela época tinham se tornado bons amigos. Cada vez que precisava de ajuda legal,
Márcia sabia que podia recorrer a ele. A admiração entre eles era mútua. O trabalho de Márcia
com os órfãos e desamparados era digno de admiração, ajudá-la com os casos legais era uma
maneira honrar sua amizade e de pagar em parte o muito que tinha.
Ele também havia sido um órfão. Se não tivesse sido pelos pais de Carter Wolff, quem sabe
onde ele estaria, ou o que teria sido dele.
Michael Gallahan não era um homem comum. Era um weremindful. Era o macho beta de
uma alcateia assentada no deserto de Sonora, mais exatamente em Clavijo, um pequeno povoado
localizado a uns 72 quilômetros de Yuma, acima dos bancos de areia do rio Colorado, nos Estados
Unidos.
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Carregador, trabalhador que arruma ou tira as cargas dos navios.
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Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
pelo que parecia, as mulheres de hoje em dia eram tontas, se guiavam pela aparência e não pelo
que esse homem tinham para dar. E seu aspecto dizia bem alto: Afastem- se!
- Bem. – Disse Márcia. – Preciso que ajude uma de minhas garotas.
- O que ela fez? –Perguntou enquanto sentava em frente a ela na pequena e débil cadeira.
Os grunhidos que fazia sempre lhe davam a impressão que não resistiria a seu peso. Mas até agora
sempre o havia sustentado.
- Joy negou, mas a acusaram de assassinato e posse de narcóticos.
- Vamos lá, não é o que eu costumo defender, não é?
- Não.
Márcia recordou a longa lista de delitos que Michael costumava defender: roubos
menores, agressões físicas, fugas, posse ou venda de drogas, nunca assassinato.
- Conheço a Joy desde que tinha cinco anos. – Disse Márcia. - A encontraram vagando no
cais e a trouxeram para mim. Parece que seus pais morreram intoxicados e ninguém se deu conta.
Passou por uma série de lares adotivos e ficou comigo até que completou dezoito anos. Desde que
nos deixou temos nos falado de vez em quando. Agora me chamou. Necessita ajuda. Ela me disse
que é inocente.
“Todos dizem”, pensou Michael.
- E eu acredito essa garota nunca mentiu em sua vida. Nunca! Até mesmo quando a sua
vida seria mais fácil se mentisse. Ela é inocente Michael, pode ajudá-la? – O tom de Márcia era
suplicante.
- Claro que sim Márcia, quando me neguei em ajuda-la, preciosa?
Márcia suspirou aliviada.
Michael compreendeu o quão aflita ela estava.
Michael estava na sala da detenção esperando que trouxessem Joyce Collins. Tinha lido sua
ficha e não tinha muito que fazer. Haviam-na identificado graças às impressões digitais
encontradas na faca ao lado do cadáver de Vincent Spider, a chamada que avisou a polícia tinha
sido feita do seu telefone e em sua casa acharam um tijolo de cocaína quase puro.
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Tirar a energia. Perder a sensibilidade, o viço, o brilho. Alguma coisa enfraquecida. Tristeza, Dor aparente.
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Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
- De Chicago. - Respondeu e se sentou quando viu que ela fez mesmo. – Sou Michael
Gallahan, serei seu advogado de defesa a pedido de Márcia.
- Sim, ela me disse. - O que não havia me dito era que o homem que iria mandar seria tão
intimidante e ela sabia o que achava de homens desse tamanho. O primeiro de sua longa lista de
pais adotivos havia decidido que ela seria uma boa bolsa para prática com seus punhos como um
ginásio. Desse modo, os homens grandes não estavam em sua lista de preferidos. Suspirou. Talvez
Márcia não tenha tido muitas outras opções...
- Lara Joyce Collins? - Ele perguntou.
Joy afirmou com a cabeça.
Para Mike era difícil falar com as presas do lobo presente.
- Dezenove anos? - “Dezesseis anos, tenho dezesseis anos a mais do que ela”. Mike estava
atordoado. Saber que ela existia o havia sacudido tanto como compreender em que encrenca ela
estava envolvida. Acusada de assassinato. As-sas-si-na-to. Repetiu mentalmente. Sacudiu a
cabeça.
- Faço no final do mês. - Respondeu com sua voz jovem de garota.
Se Garret estivesse aqui ele poderia lê-la e saber a verdade, mas ele não estava, assim que
teria que se guiar por seus instintos.
- Joyce. - Disse tirando a pasta com vários papeis para um lado. – Conte-me o que
aconteceu.
Ela suspirou. “Por onde começar este pesadelo em que estava metida?”
- Desde que completei dezoito anos trabalho de garçonete. Estou economizando para...
Isso não importa... Naquela noite sai do trabalho muito tarde. O Chicago havia ganhado e todo
mundo decidiu festejar. Joe me pediu que deixasse tudo limpo, quando sai não havia ninguém na
rua. Havíamos combinado que eu deixaria a chave pela janela de sua casa, ele vive a um bloco dali,
então sai e comecei a caminhar. Estava... Escuro, as chaves caíram e eu não podia vê-las... Tinha as
ouvido rodarem, assim comecei a procurar. Não estava encontrando. Havia umas caixas muito
pesadas, não pude movê-las, estava muito escuro e eu... Estava tão cansada. Mas não podia deixá-
las. Na cafeteria havia uma lanterna, mas eu estava sem a chave para poder voltar e pegá-la... De
repente apareceu um carro. A porta de trás se abriu e tiraram um cadáver de dentro...
- Sabia o que era?
Ela negou.
- Tiraram algo, primeiro pensei que era um cachorro, mas era muito grande. O carro se foi
e eu me aproximei. Era um... Homem. – Os olhos de Joy se encheram de lagrimas. – Eu o virei e vi
Capítulo 02
- Fale-me de Joyce. - Pediu Mike para Márcia.
Márcia estava fumando e o fazia com uma longa piteira. Uma das coisas que a tornavam
tão especial.
- Joy Collins, a conheci aos cinco anos quando me trouxeram, ela era uma coisinha
pequenina.
- O segue sendo...
- Sim, o segue sendo. Seus pais morreram envenenados, a pequena se salvou porque ao
que parece não lhe deram o que comer naquela noite. Não eram o que se poderia chamar de pais
modelos: bêbados, sem emprego, vivendo da caridade alheia. Digamos que Joy tem padecido por
toda sua vida. Ela é forte. Muito forte ou não teria sobrevivido.
A mente de Mike se encheu com a imagem da mulher chorando agarrada a um mísero
pedaço de pano.
- O Estado a pôs em três casas adotivas até que fez dezoito anos. Na primeira terminou no
hospital, o bastardo desgraçado a golpeou tanto que ela quase morreu. Ao menos isso a tirou dali.
Na segunda a encontrei mendigando no porto. Santo Deus tinha somente oito anos, era... –
Márcia assinalou uma distância muito pequena do chão com a palma da mão. – Tão pequenina,
mas sempre forte. Quando completou os onze anos uma mulher a adotou e a devolveu depois de
três meses, disse que Joy havia tentado seduzir seu marido. Onze anos! Quando chegou seu rosto
estava marcado, havia marcas também em seus braços, em suas pernas, havia se defendido como
uma leoa.
- A violou?
- Não. Eu disse que ela é muito forte. Uma menina de onze anos, uma coisinha pequena
não deixou que aquele bastardo a violasse. Desde então ficou comigo. É calada, tranquila e tem se
esforçado muito para superar a sua dislexia. Pode se dizer que aprendeu a ler aos quinze anos.
Desde então somente tira a cabeça dos livros para ir trabalhar. Aos quinze anos começou a
trabalhar como garçonete, sem sequer pedir permissão. Sabia que está economizando para
O homem estava lendo o jornal. Não havia nenhuma noticia. Um sorriso de satisfação
curvou seus lábios sombreados por um delgado e cuidado bigode.
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O termo mecenas, nos países de línguas neolatinas, indica uma pessoa dotada de poder ou dinheiro que fomenta
concretamente a produção de certos literatos e artistas. Num sentido mais amplo, fala- se de mecenato para designar
o incentivo financeiro de atividades culturais, como exposições de arte, feiras de livros, peças de teatro, produções
cinematográficas, restauro de obras de arte e monumentos.
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Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
Capítulo 03
- Collins, você vai sair, alguém pagou sua fiança.
- Minha fiança? – Perguntou Joy surpreendida.
- Assim é garota e pelo que sei, cobraram bem alto para você poder ser solta. Prepare- se,
te esperam lá fora.
Joy a seguiu até a sala onde entregaram seus pertences que haviam sido guardados há
quase vinte dias. Não tinha muito. Um relógio velho que já não funcionava direito. Suas velhas
calças jeans e uma camisa de manga longa que havia passado a muito tempo do seu esplendor. O
que faria agora? O que? Iria para sua casa, procuraria o Joe, talvez a aceitasse de novo, falaria com
Márcia, ela a ajudaria. Desde que tinha uso da sua razão Márcia havia sido a única pessoa que
havia se preocupado com ela em toda a sua vida.
Quando terminou de se vestir saiu. A chefa das guardas estava esperando.
- Vamos! - Disse a mulher.
Joy a seguiu. Carregava seus poucos pertences em uma bolsa de supermercado de papel.
Seu estomago era um nó. E havia sido assim desde o dia em que a polícia tinha batido em sua
porta e a deteve por assassinato. Tinha vivido ao redor dos delitos toda a sua vida, como pôde ser
tão tola para agarrar a faca? Como pôde ser tão estúpida? Havia tantas provas contra ela, tantas,
ninguém acreditaria nela. Porque o fariam? Não a conheciam, tinha antecedentes. Tinha passado
de uma casa adotiva a outra. Quase não sabia ler. Qualquer juiz que lesse seus antecedentes diria
que já era o esperado. Pelo menos Márcia havia acreditado nela.
A mulher policial se deteve e disse:
- Até aqui, chegou Joy.
De pronto Joy compreendeu que estava na porta da cadeia, podia ouvir o trânsito do outro
lado da porta e seu coração bombeou com força.
“Pra onde vou?”
Perguntou-se enquanto tapava seus olhos com suas mãos para evitar o sol fulgurante que a
esperava quando abriu a pesada porta de ferro. Quando seus olhos se acostumaram com a
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Abundante.
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Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
- Para o seu apartamento.
“Sim, onde mais a levaria.”
- Obrigada. – Disse com sua delicada voz.
De pronto olhou pela janela e viu a enorme prisão que tinha acabado de deixar. Seus olhos
se encheram de lágrimas. Talvez essa fosse a sua casa pelas próximas décadas. Fechou seus olhos
com força e se ordenou a não começar a chorar. Seus dedos apertaram sem misericórdia a borda
da bolsa de papel.
Michael dirigia e olhava pelo canto de olho. Queria parar, deter- se a beira do caminho e
dizer- lhe que tudo passaria que não deixaria que mais nada a machucasse, e mordia os próprios
lábios até sangrar, para não fazer exatamente isso. Não podia fazer isso, não podia assustá-la
mais. Estava vivendo um pesadelo e saber quem ele era, o que ele era a assustaria mais ainda. Por
um segundo a imagem de Esmeralda, a esposa de Shaun morta sacudiu com tanta claridade sua
mente que apertou o volante com mais força.
Nenhum dos dois falou nada pelos próximos vinte minutos e depois chegaram ao
apartamento de Joy.
Quando Michael parou o carro e tentou descer para abrir a porta para Joy, ela já tinha
descido e começado a subir os cinco degraus da habitação na qual vivia, a umas dez quadras do
bar do Joe.
Podia sentir as fortes pisadas de Michael atrás dela. Quando se aproximou percebeu que a
porta não estava fechada, simplesmente empurrou com suavidade e o desastre a fez conter a
respiração.
Michael ia dois degraus atrás dela e a sentiu inspirar com força e viu a porta se abrir
suavemente. Quando a porta tocou a parede já estava perto dela, bem as suas costas.
O apartamento estava um caos, nada havia ficado em pé... Nem inteiro. Joy se obrigou a
entrar e olhar ao redor. Seu pé se enredou em algo, baixou seu olhar e levantou uma das suas
camisas, a haviam convertido em amplas e regulares tiras. Sem soltá-la, arrastando a prenda
destroçada deu mais dois passos dentro do pequeno apartamento. A cama estava quebrada,
haviam levantado e jogado para um lado, a única poltrona que tinha era um amontoado de
madeira ao lado do quarto... Seus livros! Seus amados livros! A dor de ver seus únicos livros, feito
picadinho a derrubou. Caiu de joelhos pegando as destroçadas folhas contra seu peito e começou
a chorar. Não gritos, somente desesperados e roucos soluços.
- Meus livros... – Repetiu abraçando as folhas rasgadas e queimadas.
Capítulo 04
Quando seu carro parou em frente à porta de entrada um dos irmãos gêmeos de Thalie
entrou na casa enquanto o outro se aproximava do carro. Michael havia descido do carro e pego
Joy que ainda dormia em seu colo. Quando a levantou no colo se sentiu enorme. Fez um sinal de
silêncio com o dedo para Tommy e levantou seus olhos. Viu Will aparecer acompanhado de Thalie
e Shaun. Thalie viu seu gesto de silêncio para Tommy, assim simplesmente fez um sinal para que
ele se adiantasse e girou lhe dando passagem.
Thalie indicou o caminho para o quarto de Michael na casa e tirou a colcha da cama.
Michael depositou Joy nela e tirou suas sapatilhas e a cobriu. Shaun estava na porta abraçando
Thalie. Michael tirou a franja de Joy e saiu do quarto, deixando a porta semiaberta. Seus agudos
ouvidos de lobo lhe avisariam quando ela despertasse. Seguiu atrás de Shaun e Thalie para a sala,
os gêmeos estavam ali assistindo televisão, quando o viram entrar lhe sorriram:
- Olá Michael. - Disseram em dueto.
- Quem é ela? - Perguntou Willy.
- Joy Collins, minha mulher. - Acrescentou com um sorriso olhando para onde Thalie e
Shaun haviam se sentado.
Thalie sorriu feliz, se pôs de pé e o beijou na bochecha.
- Felicitações! - Lhe disse, despenteando seus cabelos, assim como fazia com seus irmãos.
Shaun não se moveu de onde estava, mas sorria de orelha a orelha.
- O que aconteceu com ela? - Perguntou Tommy.
- Acabou de sair da prisão. - Disse Michael.
Os gêmeos atraídos como um imã, deixaram a televisão e deram toda a sua atenção a ele
agora.
- O que fez?
- Essa não é a pergunta correta Tommy. - Disse Shaun. – Pergunte de que a acusam.
Tommy emitiu um “sinto muito” entre os dentes e Will foi quem fez a pergunta:
- De que a acusam?
- Assassinato. - Respondeu Michael olhando para Shaun e Thalie.
Quando Joy acordou se encontrou olhando para uma jovem muito bonita. Parecia uma
dessas bonecas Barbie, loira, perfeita, de longos cabelos dourados e profundos olhos azuis. A
jovem a olhava com um sorriso.
- Olá Joy, sou Thalie. - Disse a mulher com delicadeza.
Joy tentou sentar- se e se deu conta que estava deitada em uma enorme e confortável
cama. Pôs os pés desnudos no chão e a olhou.
- Olá. - Respondeu. Via- se surpreendida. “Michael”. – Michael?
- Disse que tinha algumas coisas que fazer e logo iria a Clavijo, assim me pediu que me
ocupasse de você até ele voltar.
- Ocupar-se? Não é necessário, eu...
- Sim, é e você é bem vinda em nossa casa. Trouxe algumas roupas, mas acho que vão ficar
um pouco grande, mas servirá até você ter as suas próprias... Michael nos contou que alguém
vandalizou seu apartamento.
Thalie estremeceu e continuou, se sentando na mesma cama onde estava Joy e perdendo
seu olhar enquanto seus dedos acariciavam a suave colcha de seda negra.
- Eu também passei por algo assim. Uma asquerosa rara colocou uma bomba em nossa
casa... Pelo menos sobrevivemos para poder contar. Foi... Espantoso ver a casa onde vivemos toda
a nossa vida convertida em um enorme vulto de fumaça negra... Por isso sinta- se em sua casa Joy,
todo o tempo que queira...
Quando voltou ao rancho de Shaun e Thalie já estava entardecendo, tinha passado o dia
trabalhando com Blue, conversando com os policiais que a haviam detido. Algo não se encaixava.
Os policiais haviam recebido uma chamada anônima, masculina, dizendo que Joyce Collins, a
garota empregada no bar do Joe havia matado um traficante atrás do bar.
O homem havia sido achado nas primeiras horas da manhã, jogado sobre um banho de
sangue com uma faca cravada em seu estômago. As digitais eram visíveis e evidentes, se ninguém
tivesse ligado a teriam encontrado do mesmo jeito. Tinha entrado e saído de casas de adoção
desde que cumpriu os cinco anos. Já tinha um antecedente por roubo aos doze anos, havia
ocorrido em um verdureiro, apesar de ninguém ter especificado o que foi roubado o dono fez a
denúncia e ela foi detida. Márcia respondeu por ela e desde então se manteve afastada dos
delitos pelo que parecia.
“Como haviam chegado as suas digitais a faca?” Essa era uma das tantas perguntas que
tinha em sua lista para ela. E não deixaria que passasse o dia de hoje sem obter as suas respostas.
Não havia podido deixar de pensar nela durante o dia inteiro.
Sorriu ao ler. Sabia que livro era, assim como sabia que não queria mais vê-la com aquela
profunda tristeza em seu olhar. Guardou o pequeno papel no bolso de seu impecável traje e olhou
a Dereck se aproximando a ele e sentando- se ao seu lado.
Dereck Tompson não podia negar sua linhagem e não deixava que ninguém o fizesse.
Levava o longo cabelo negro partido ao meio, solto, fazendo honra a seu sangue sioux. Sua pele
bronzeada escura destacava com força o verde intenso dos seus olhos, herança de seu pai
weremindful. Se alguém poderia encontrar o bastardo, esse era Dereck.
- Nunca houve drogas aqui Mike, posso jurá-lo. – Disse Dereck olhando-o para cima.
- Mas o informe da polícia disse que a acharam. Respondeu abaixando-se para ficar na
altura dos seus olhos.
- O informe mentiu então.
Capítulo 05
A reunião com Grenoble levou mais tempo do que tinha pensado. Haviam feito uma
profunda e minuciosa análise do expediente de Joy. Tinha muitos pontos negros. Grenoble havia
cravado seus dentes nesse caso, não o fechara e supunha que tinha algo grande por trás.
Para começar era evidente, para ambos, o excesso de informação da chamada telefônica
anônima que enviou Joy a prisão. Quem era esse bom samaritano tão bem informado? Como
sabia que já havia sido encontrado o corpo de Glenn Spider, considerando que nem a polícia sabia
ainda seu nome? Em um segundo haviam obtido: nome da vítima e do culpado, causa do crime e a
direção do assassino. Tudo muito redondo. Para Grenoble atrás de Spider havia alguém com
muito poder e dinheiro. Não se envia três tipos para destruir um quarto pequeno e humilde,
principalmente se é um problema de pouca importância. E logo tinha a questão da droga
encontrada ou “presumidamente encontrada” no quarto de Joy. Quase pura, uma fortuna. Se
podiam implantar uma quantidade dessas para incriminar alguém... É porque tinha muito mais...
Se Dereck tinha razão, e jamais se equivocava. Essa droga nunca esteve em seu apartamento. Isso
levava à trama a outra esfera. Quem tinha matado Spider tinha amigos na polícia. Os relatórios
não mostravam quem encontrou a droga, somente o nome de quatro homens: Hegan, Robins,
OKeefe e Hawking, como os que haviam estado na revista onde tinham encontrado o bloco de
cocaína em seu máximo estado de pureza. “Se pode abandonar um bloco, quantos têm?” Foi à
pergunta que Grenoble se fez em voz alta. Agora, se nunca esteve no quarto, de onde saiu?
Grenoble se ocuparia disso e logo conversariam.
Quando viu a entrada do Rancho de Shaun sorriu. Havia estado todo o dia fora e não havia
deixado um só momento durante o dia de pensar nela. Seu sorriso se ampliou.
- Sim amigo, você está apaixonada por essa coisinha pequena. Disse para si em voz alta.
Quando entrou, a casa parecia dormir. Quando havia esse silêncio queria dizer que os
gêmeos estavam fora ou estudando. Olhou ao relógio, eram oito horas e meia da noite.
“Estudando”.
Encontrou Thalie na cozinha colocando uma carne no forno.
- Olá Michael, Shaun veio com você?
Michael duvidou se devia bater na porta do seu quarto ou entrar. Se deteve por um
segundo ali, parado com o punho fechado a ponto de bater quando a ouviu. Joy estava lendo e sua
leitura era extremamente vacilante.
“- Ve-nha-brin-car-co-mi-go-lhe-pro-pos-o-prin-ci-pe-zi-nho-es-tou-tão-tris-te!
- Não-pos-so-brin-car-com-vo-cê-dis-se-a-ra-po-sa-não-es-tou-do-mês-ti-ca-da.”
Michael abriu a porta suavemente e entrou. Ficou de pé na porta olhando-a. Estava
sentada no chão, apoiada na lateral da cama. Tinha o livro em suas mãos. O segurava com força
muito próximo aos seus olhos. De onde estava podia ver suas pernas nuas, estava vestindo a
camisola vermelha que tinha lhe comprado.
Havia visto enquanto procurava uma livraria no centro comercial, em uma vitrine. Quando
pôs os olhos nela soube que tinha que comprar-lhe. Tinha finíssimas alças e um pequeno coração
dourado bordado à mão. Soube que seria perfeito para ela.
A vendedora lhe mostrou o menor tamanho que tinha e soube que lhe serviria.
Estava completamente concentrada na leitura.
“- Ah-per-dão!.”
De pronto o sentiu. Levantou sua cabeça do livro e seus enormes olhos dourados o
olharam. Ela lhe sorriu e o coração de Mike se inchou até os confins do universo. O lobo se agitou
nele. O sentiu, ali, justo a flor da pele. Comovido como ele por sua beleza.
Joy lhe fez um sinal com a mão. “Vem!”
Se aproximou dela tirando a gravata celeste, a jogou em cima da cama e se sentou junto a
ela sobre o tapete do quarto.
Joy sorriu e lhe disse com voz entrecortada. – Obri... Obrigada!
Mike a olhou. Estava tão bela, o vermelho acentuava o dourado da sua pele e as pequenas
e finas tiras deixavam ver seus suaves peitos. Não eram grandes, mas tão pouco eram pequenos e
pelo que podia ver através da tela insinuante seus mamilos estavam erguidos em botões, grandes,
duros e longos. O lobo se moveu e suas unhas se alongaram. Seu pênis também se fez notar.
Pegou o livro das suas mãos enquanto ela o olhava com firmeza. Michael soube que ela estava
olhando os rastros do lobo nele. Esperou tenso. Esmeralda era uma dura recordação para cada um
dos seus amigos. Ela jamais pode se recuperar de ver Shaun convertendo em lobo. Poderia uma
coisinha tão pequena fazê-lo?
- Quer ler para mim? - Perguntou.
Michael não esperava por essa pergunta e lhe sorriu. O lobo voltou a seu interior.
De repente, o mais inusitado do mundo aconteceu. Ela se moveu de onde estava sentada.
Primeiro Mike pensou que estava se levantando, parou a leitura e a viu avançar até ele, a viu
levantar a mão que sustentava o livro e se colocar entre suas pernas, logo girou e sentou- se em
seu colo. Havia se apoiado de lado, de modo que suas longas pernas ficaram a um lado enquanto
ela se acomodava como se sempre houvesse feito isso, como se soubesse de memória como pôr-
se cômoda. Apoio à cabeça em seu amplo peito e lhe pediu:
- Por favor, continue lendo!
O coração de Michael começou a bater com mais força, como se fosse um tambor, para
seus agudos ouvidos weremindful suas próprias batidas do coração pareciam ensurdecedoras.
Tentou encontrar dentro de si a força para conter o lobo. Ia continuar a leitura quando ela
levantou sua mão e a apoio exatamente ali onde batia como louco seu coração. “Demônios, isso
não irá dar certo!” pensou. Começou a ler com uma voz vacilante.
Joy não havia se movido, mas fez algo mais aventureiro: meteu suas mãos entre os botões
fechados da camisa de Michael e seus dedinhos começaram a acariciar suavemente seu peito.
Evidentemente o ar era escasso no quarto.
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Uma adaptação de um trecho do livro “Pequeno Príncipe”
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Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
esperando... Surpreendeu-lhe a louca ideia de que nunca a haviam beijado, por isso reagiu assim.
Em sua mente, Michael sorriu. Um sorriso lupino de pura territorialidade, com o imenso prazer de
saber que ela era sua e somente sua... Seu toque foi terno, somente apoio seus lábios nos de Joy,
um suave contato esperando sua reação. Não queria assustá-la. Mas ela ficou quieta, esperando
seu toque, aceitando o seu toque. Michael retirou sua mão e procurou pelos seus olhos.
- Meu lindo bebê. - Disse e voltou a beijá-la. Mas dessa vez sua língua abriu passo em sua
doçura. Foi como tocar o céu, seu sabor se imprimiu em sua língua, em sua boca, em seus
sentidos. Seu pênis se moveu inquieto percebendo seu corpo nu? Ela não estava usando nada por
baixo de sua camisola de seda? De repente enredou sua língua na dela e a atraiu para seu corpo. A
abraçou com força e com cuidado. Era tão pequena e frágil.
As mãos de Joy como reconhecendo um mandato primitivo se levantaram até sua nuca e
se apertou com força contra ele. Podia sentir as enormes mãos de Michael percorrendo as suas
costas, eram tão grandes que pareciam cobri-la por completo. Sobre a seda vermelha, as longas e
afiadas unhas de sua mão eriçavam sua pele. E sua língua, “Oh, Deus!”, sua língua parecia querer
se fundir com a dela. Seu calor, sua pele, seu cheiro a encheram, a deixaram tonta e quando tudo
começou a girar, ele a soltou para poderem procurar ar.
Michael a olhou, respirava com dificuldade, seu rosto estava ruborizado e sua pequena
boca entreaberta era uma viva provocação.
- Não...- Se queixou sua pequena quando ele se separou e a viu procurar mais uma vez sua
boca. Enquanto se uniam mais uma vez, seus delgados braços o atraíram procurando estampar- se
em seu peito.
As mãos de Mike subiram até seus ombros e cortaram as finas alças de sua camisola. O
lobo dentro dele rugiu. Seu pênis preso dentro de suas calças batia com tanta força, fazendo- o
profundamente consciente dela.
Quando a camisola caiu amontoada em sua cintura, Joy inalou buscando ar. Nunca deixou
ninguém vê-la nua ou a tocar intimamente. Também queria vê-lo, queria comprovar como reagiria
um homem como ele diante dela. Inclinou-se para trás, recostando- se em seus joelhos e se
mostrou diante de Michael.
E soube: “somente com o coração se pode ver bem; o essencial é invisível para os olhos.”.
Aqui estavam.
Os profundos olhos azuis de Michael haviam se convertido em dois fogos escuros. Já quase
não tinha nada de humano em seu rosto. Uma espessa capa de fino pelo o cobria, suas
Capítulo 06
De repente algo aconteceu. Não sabia se em Joy ou se nele, uma vibrante energia começou
a percorrer sua espinha, o lobo afastou mais ainda o homem, de repente não era sua mão
sustentando- a e sim a pata do lobo, a energia elevou os cabelos do seu pescoço, mas também o
curto cabelo de Joy. Pode ver ele se elevando como se fosse um halo. A boceta de Joy começou a
apertá-lo como se.... Como se... Não era sua boceta, era ele! Estava se engatando nela!
Engatando! A energia que os rodeava parecia estender-se mais além de seus corpos, logo as coisas
que estavam sobre a mesinha de cabeceira começou a vibrar e mover-se, no início como se o
quarto estivesse tremendo. Seu pênis continuava jorrando dentro dela em longos e potentes jatos.
A energia o golpeou quase o deixando tonto. As coisas começaram a elevar-se e cair.
E ele soube.
Compreendeu o que Shaun lhe havia dito: “Quando encontrar a sua companheira, o saberá
Mike, saberá o que realmente é, o que significa realmente ser um Weremindful.”
E estava sabendo, sua pequena mulher gemia, enquanto ele crescia dentro dela
engatando-se e a energia os rodeando como um manto protetor, ao mesmo tempo descobria algo
que uma vez imaginou um mito: ele e seu lobo eram um, um com a mulher que amavam. Por fim.
Amava esta preciosa criatura estremecendo- se embaixo dele. A amava!
O instinto se apoderou dele e a mordeu. Cravou seus dentes em seu ombro e ela gritou.
Joy gritou enquanto a energia golpeava com força as paredes, enquanto movia a cama e
tudo que estava no quarto, enquanto sentia Michael ejaculado sem parar dentro dela, e podia
sentir sua semente escorrer pelas suas coxas.
Joy gritou.
Michael gritou.
E ambos perderam a consciência.
Joy despertou quando ouviu a tranca da porta. Abriu seus olhos e percebeu a figura de
Michael aproximando-se dela, assim que lhe sorriu.
- Acordou meu bebê? - Perguntou sentando-se na cama a seu lado.
Joy estendeu seus braços e ele diretamente a levantou para seu colo.
“Estou nua” pensou. – Estou nua! - Disse em um suave e rouco tom de alguém que acabará
de despertar.
- Sim, sou muito afortunado.
“Inspirar, respirar, flutuar, deixar o corpo leve, não pesa... não tem pés... não tem pernas...
não tem mãos... flutua... seu corpo não pesa... flutua no ar... somente ar... é um lobo... somente
lobo.”
Quando Michael fechou olhos, o lobo negro apareceu justo ali, em seu lugar. Joy, que
estava sentada, pôs uma mão onde seu coração começava a bater com mais força. Por um
segundo procurou por ar dentro de seus pulmões e logo se aproximou a cama e olhou aquele lobo
que tinha apoiado seu corpo sobre suas patas traseiras.
O lobo era enorme e igualmente espetacular que o homem que o levava. Negro,
completamente negro, tinha quase sobre as orelhas uma linha suave de cinza e seus olhos eram
intensamente azuis. Joy o contemplou por um longo momento, olhou sua boca, seu focinho, seus
longos dentes. O lobo estava imóvel, como esperando algo. Quando esta ideia tomou conta de seu
cérebro o assombro e a impressão do que estava vendo, entendeu as palavras que ele havia lhe
dito. Este lobo era Michael. “É Michael...”
O lobo estava quieto, imóvel, parecia analisar sua reação e esperar algo... Joy
compreendeu de repente o que Michael queria e sorriu para ele. Deixou cair seu corpo para trás,
abriu suas pernas e esperou.
O lobo avançou e pôs suas patas dianteiras sobre a cama quase sobre Joy.
Joy sentiu o colchão mover-se quando o lobo subiu, não o olhava, somente respirava
apressadamente. De repente o sentiu, sua longa e úmida língua de lobo começou a lamber sua
boceta. E Joy teve que estender seus braços e se agarrar as cobertas desordenadas da cama,
apertando com seus punhos, e suas pernas se moveram sem sequer notar disso, levantando- se
mais, dando espaço para a voraz língua do lobo lambê-la, e lambê-la e lambê-la... Enquanto Joy
começava a soluçar. Quando a língua do lobo se enredou em seu clitóris Joy gozou, seus sucos se
derramaram profusamente e o lobo os recolheu sorvendo ruidosamente de sua boceta.
Quando suas mãos deslizaram suavemente sua franja pela sua testa Joy compreendeu que
Michael estava ao seu lado recostado na cama quase sobre ela. Podia sentir seu duro pênis roçar
suas pernas. Olhou e sorriu para ele.
- Venha aqui. Disse abrindo suas pernas para ele.
Mas Michael não fez o que esperava. Se separou e começou a vestir-se.
Joy se sentia tão satisfeita que parecia que se fechasse os olhos dormiria. – Mike. –
Chamou. – Vem aqui...
- Como me chamou? – Perguntou Mike enquanto vestia sua camiseta de novo.
- Mike, vem aqui, está...
Garreth Thompson tinha uns extraordinários e raros olhos celestes. Seu olhar era intenso,
quando entrou na cozinha a mesa estava cheia de homens, Shaun, Michael, dois pares de
jovenzinhos iguais, Tommy e Will, que se puseram de pé para saudá-la, Thalie e um homem loiro
de olhos azuis, que quando a viu se pôs de pé e a abraçou com um grande sorriso e dois sonoros
beijos em cada bochecha, sem sequer apresentar- se.
- Vê Shaun, Michael não se põe ciumento porque beijo a sua mulher, isso é um homem
seguro?
Shaun grunhiu em resposta e todos riram.
Duas palavras começaram a deixar Joy nauseada: “sua mulher, sua mulher, disse sua
mulher? Sou sua mulher?”. Olhou para Michael e ele sorriu, estirou seu braço e a tirou dos braços
do loiro para atraí-la para si mesmo.
- Blue, me alegra que aprove minha mulher, mas te direi o mesmo que Shaun: mantenha
suas patas para si mesmo se você quer conservá-las.
- Pensei que me conheciam bem.
- Exato. – Disse Shaun. – Por isso lhe dizemos, segue assim e morrerá jovem.
Joy havia ficado sentada no colo de Michael. “Minha mulher”, ele havia dito “minha
mulher”, se sentia maravilhosa. De repente se sentiu feliz, inesperadamente feliz, olhou a seu
redor, todos conversavam e interagiam, parecia uma família. Ela nunca havia feito parte de uma
eles o pareciam ser uma.
- Está melhor? Michael sussurrou apenas para seus ouvidos. – Segue dolorida?
- Este é o homem que estava no carro? Perguntou Blue e lhe passou o desenho que
acabara de completar.
Joy o recebeu através da mesa e o levou até seus olhos. Aproximou o papel e o olhou. Logo
desviou seu olhar para Michael.
- É ele. Este é o homem! Girou sua cabeça para Blue que sorria orgulhoso. – Como o fez?
É... Incrível.
- Bem, é outro dos meus talentos, preciosa.
O retrato falado passou de mão em mão entre todos e Blue o tirou da mão de Mike.
- Vamos cachorro, me dá isso. Deve estar na minha base de dados porque esse rosto não
me é estranho, na verdade ele é imensamente familiar. Irei imediatamente procurar. Se estiver no
sistema o teremos em breve.
- E se não estiver?
- Levará mais tempo encanto, mas o encontraremos. Respondeu. – Vamos? Perguntou a
Michael.
Robert Grenoble havia feito algo que nunca tinha feito antes: visitar a agência de
investigações Clavijo, em pessoa. Até agora seus encontros se haviam reduzido a um ou dois dos
sócios, enquanto estavam na investigação de algum caso. Haviam construído uma relação
amistosa desde a primeira vez que se viram. Grenoble era um homem incorruptível, astuto e
inteligente. Deviam-lhe alguns favores e isto era mútuo.
Blue, Shaun, Mike e Grenoble estavam conversando animadamente enquanto os
modernos computadores de última geração da agência investigavam milhares de arquivos, desde
multas de trânsitos até graves crimes, procurando alguém parecido com o retrato falado ditado
por Joy. Até agora não haviam conseguido nenhum resultado.
6
Em uma grande parte da região oriental, o nirvana quer dizer que cessou todo o sofrimento, um estado que resulta
da extinção dos desejos, que se alcança através da meditação. Sem dúvida, a autora o usa como para indicar um
estado em que cessa toda a atividade mental corrente e que por sua vez significa a liberação espiritual e sexual.
Grupo Romances e Cia. Página | 47
Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
Para os quatro as coisas envolvidas nesse caso não eram simples. Grenoble tinha quase
certeza que por trás do assassinato de Spider havia muito dinheiro e que isto era relacionado com
o tráfico de drogas e não lhe agradava a sensação, tinha quase certeza de que alguns policiais
estavam envolvidos. Não havia outra explicação para a presença da droga no quarto de Joy. Um
deles havia levado e plantado a evidência. Quem? Havia conseguido os nomes dos que revistaram
o apartamento, agora estava investigando seus parentes, pois a conta de nenhum deles
apresentou mais dinheiro do que o esperado. Inclusive dois deles nem sequer tinham cartão de
crédito e muito menos uma conta engrossada em dinheiro.
Outro problema era o morto. Spider não era um peixe grande, nem sequer esteve preso
alguma vez. Quem o havia matado e por quê? A resposta apontava ao tráfico. Mike Spider tinha
tentado comer em mesa alheia e isso lhe tinha custado à vida.
- O problema aqui é saber na mesa de quem. Apontou Grenoble. – A lista dos suspeitos é
limitada: Cooper Burton e James Gandolfi. Um dos dois, mas as minhas fontes afirmam que
nenhum dos dois está envolvido.
- Isso nos leva a alguém mais. Disse Blue golpeando com um lápis a borda da mesa
enquanto olhava seus amigos.
- Sim. - Apontou Grenoble. – E se tivéssemos um novo narcotraficante na cidade logo
teremos uma guerra de cartéis. Uma torta dividida em dois é o ideal, mas um novo chupa-sangue
na cidade será um problema. Bom, vou levar uma cópia para ver o que consigo. Me avisa se
encontrar alguma coisa Blue?
- Te ligo sim. - Respondeu Blue deixando cair o lápis com o qual estava brincando sobre a
mesa.
Depois que o viram sair os três se olharam, Shaun tinha o cenho franzido:
- O que vai acontecer se descobrimos quem matou Spider?
- Isso eu não sei, mas sei de algo: Não deixarei ninguém me tirar Joy.
Blue sorriu.
- Te pegou forte, não foi?
- Já será a sua vez, amigo.
- Não se pode evitar, não é? - Respondeu Blue vendo como Mike e Shaun se punham de pé.
– Aonde vão?
Shaun aproximou a cadeira da mesa e logo se pôs de pé.
- Vou ver Thalie e os garotos, se matricularam em uma escola.
- Pobre escola, com a energia que tem esses dois... - Riu Blue.
Capítulo 07
O lobo descobriu algo mais. O pequeno apartamento de Spider cheirava saturado de
drogas, apesar de não ter achado nenhuma grama dela.
Mike se sentou em uma cadeira frágil e olhou ao seu redor. O cheiro era forte e
persistente. Havia droga, mas onde? Onde? Perguntava- se enquanto olhava ao seu redor.
O apartamento de Spider não demonstrava um golpe de sorte, paupérrimo, quase
miserável. Uma pequena sala com uma mesinha que parecia ter perdido o seu tempo de glória há
muito, se é que teve, duas portas, uma que dava em uma pequena cozinha cheia de restos de
comida. Ao que parecia Spider só pedia comida, os restos de caixas se amontoavam em um cesto
usado como lixeiro. A outra porta dava a um quarto, que havia sido destruído, o pouco que havia
dentro: uma cama de taboas e os restos esfarrapados de um colchão que demonstravam que
alguém esteve ali procurando por algo, haviam grandes rasgões feitos por faca. O quarto estava
cheio de espuma e dos restos do colchão. Uma mesinha de cabeceira com nada mais que uma
bíblia roubada do hotel Sunset e um quadro torcido ao lado de um espelho redondo pendurado na
parede justo na frente da cama.
Algo não estava bem. Mike se levantou e começou a percorrer o quarto, olhando as quinas
das paredes, a má pintura, as manchas de umidade, golpeando a parede, procurava por alguma
coisa em um quarto que não tinha nenhum armário. Seus sentidos de lobo se expandiram, seu
olfato não lhe enganava, havia droga nesse quarto... Mas onde? Seus passos ressoavam sobre o
assoalho. “Ressoavam?”
Mike regressou para onde veio e passou de novo pelo mesmo lugar. Sim, o piso. “Um piso
falso? Podia ser...”.
Mike se abaixou e rastreou o quarto de onde estava. O piso parecia ser uniforme e sem
desníveis. Mas uma delgada linha cruzava justamente ali onde estava a mesinha velha. Percorreu
e passou um dedo com suavidade por ela. Podia sentir a suave brisa emanando debaixo. “Como a
abria Spider, como você fazia?”
James Gandolfi observava a magnífica recepção de sua filha mais velha. Com este
casamento Theresa Gandolfi entrava para a alta sociedade da cidade de Chicago. Sabia disso muito
bem, havia pagado uma pequena fortuna a Templeton Kurtis–Meyer. Mas fosse qual fosse a cifra,
teria pagado para consegui-lo. Para um jovem nascido em família empobrecida, essa boda era
toda uma revanche. Tinha dinheiro suficiente para comprar o melhor marido da cidade para sua
filha. O que sempre tinha desejado. Ninguém o considerava mais um João Ninguém, um novo
ricaço. Imbecis! Bem que lhes agradava comer e beber as suas custas!
A impecável empregada vestida em uniforme preto e branco tinha ido até os enormes
portões da mansão para verificar a identificação do homem que estava a sua frente nesse
momento, o pegou da mão de Grenoble, aproximou aos olhos e depois a devolveu dizendo:
- O senhor Burton não se encontra presente.
Grupo Romances e Cia. Página | 53
Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
- E onde poderia encontrá-lo? - Perguntou Grenoble.
- Não sei senhor, mas recebeu um convite para assistir aos festejos do novo alcaide: a
apresentação do plano de governo no edifício Browme e o baile do novo alcaide que acontecerá
amanhã a noite.
- Poderia entregar-lhe meu cartão? - Perguntou passando-o.
A mulher o pegou em seus dedos enluvados e lhe sorriu enquanto afirmava com a cabeça.
Grenoble baixou sua mão e girou. Mais atrás Michael Gallahan esperava apoiado em seu
veículo.
- Não estava! - Afirmou Michael esperando Grenoble se aproximar do carro.
- Não, mas estará no Edifício Browme quando apresentarem o plano de governo de David
Blater.
- Quem é ele?
- Logo se vê que você não se interessa por política. É o novo deputado.
- Ahh!! - Era verdade, nem sequer lia as notícias políticas.
Grenoble havia dado a volta no carro de Michael, aberto a porta do passageiro e entrado
enquanto conversavam sobre o veículo.
- O que fará agora? - Perguntou Michael.
- Informarei ao capitão Harris. Mas não acredita que seria uma boa ideia se você pudesse
dar uma volta pelo evento amanhã? Poderia dar um passeio e olhar com quem se relaciona
Burton.
Michael pensou em sua pequena e sorriu. Ela aceitaria ir?
- Se não puder ir, enviarei Blue, se vai haver mulheres ele estará mais do que disposto a ir.
Grenoble sorriu.
Capítulo 08
Joy havia passado a tarde conversando com Thalie. Poderia dizer agora que sabia
exatamente quem era Michael. Estava surpreendida e maravilhada. Thalie havia sido clara: ela era
sua companheira. “Sua” companheira. Não devia gastar energias em pensar se Michael a
conservaria ou não, se a amava ou não, Michael Gallahan era seu. E a sensação dessa certeza a
faziam se sentir poderosa. Um enorme sorriso iluminou o seu rosto. Jamais imaginou que poderia
ser possuidora de uma boa sorte como essa.
Tinha em suas mãos o livro do “Pequeno Prínicipe”. Se continuasse acariciando-o iria gastar
suas folhas. Ainda a emocionava até as lágrimas por causa do precioso presente recebido. “O que
poderia dar-lhe?”. Algo especial. Quando ouviu o carro estacionar lá na frente se lembrou das
palavras de Thalie.
Capítulo 09
Quando Joy acordou ainda estava presa a Mike. Ele parecia dormir placidamente. Podia
sentir seus suaves roncos em seu ouvido. Isso a fez sorrir. Nem sequer se moveu. A felicidade
sempre era tão breve. Joy fechou seus olhos e guardou na memória a sensação dos braços cálidos
de Mike sustentando-a apertada contra seu corpo. Seu cheiro, seu ronco suave, o suave
movimento de seu peito empurrando- se nas suas costas, seu pênis fortemente apertado dentro
dela. Queria prender o som, o calor, o cheiro, o tato, porque talvez estas recordações fôssemos as
únicas felizes que poderia evocar em sua vida.
Logo a colocariam na prisão e ela... As lágrimas afloraram em seus olhos e o leve
movimento de seu corpo despertou Mike.
Quase sem mover-se sua boca procurou o lóbulo da orelha de Joy e a apertou entre seus
lábios começando a chupá-lo com suavidade. Enquanto suas mãos se moviam para procurar e
apoiar seus seios, começando a amassa-los com a mesma suavidade com que chupava seu lóbulo.
Isso a fez sorrir. De repente abriu seus olhos e olhou ao quarto. Em frente a ela estava a mesinha
com o seu precioso presente: “O pequeno Príncipe”. Estava precariamente apoiado, na borda
exata da mesinha. Isso a surpreendeu e encheu sua mente de recordações.
- Mike... Nós fizemos isso? – Perguntou em sussurro.
- O que bebê? – Perguntou Mike sonolento, deixando seu lóbulo.
Joy estendeu seu braço e assinalou para fora da cama. – Isso?
Mike levantou sua cabeça e sorriu. Tinha sentido a energia do Nehann, seria difícil explicar
a Joy o que era ainda mais quando nem ele mesmo entendia direito o que era.
- Isso é o Nehann? – Perguntou Joy tentando dar- se a volta.
- O Nehann? Thalie lhe falou dele?
- Sim, mas ela não me disse que seria assim.
- Intenso?
- Lindo.
- Por Deus bebê, é a coisa mais linda, incrível e assombrosa.
- Por que diz isso?
Quando Mike apareceu na sala já eram quase dez horas da manhã. Havia despertado
sozinho e com um grande sorriso no rosto. Agora entendia porque Shaun sorria perdido, com
certeza estava relembrando seus momentos. Thalie havia decidido mudar os quadros das paredes
de lugar pelo que estava vendo.
- Redecorando? Bom dia Thalie.
- Redecorando? Ahh, não. - Thalie lançou uma sonora gargalhada. – Somente estou os
pondo no lugar, ao que parece ontem a noite houve... Um forte... Terremoto. Bom dia senhor
madrugador. Olhou o relógio sem dissimular. – Quase dez da manhã, o sol já está se pondo.
Mike enrubesceu. – Sim. Disse enquanto colocava suas mãos dentro dos bolsos do
impecável traje azul escuro que usava. – Parece que os terremotos estão... “aumentando” desde
que Joy chegou por aqui.
Desta vez foi Thalie quem soltou uma gargalhada e enrubesceu. Mike começou a girar
enquanto dizia:
- Joy está na cozinha?
- Não, saiu.
Isso o deteve em seco. E girou mais uma vez para olhá-la pendurando outro quadro. –
Saiu? Para onde?
- Me disse que... Não poderia lhe dizer, são coisas de garotas... Sinto muito.
- Thalie. – Disse Mike sério. – Joy não está segura lá fora. Foi testemunha de um crime.
A cara de Thalie empalideceu. “Santa mãe de Deus!”
- Oh meu Deus, a deixei sair sozinha, nem sequer me dei conta... Oh Mike e se algo
acontecer com ela...
- Onde ela foi? - Cortou Mike.
- Disse que iria procurar um presente para você.
- Onde?
- Não sei. - Thalie se sentou sustentando uma almofada sobre seus joelhos estava muito
pálida. – Oh, por Deus, se algo lhe acontece Mike...
“Onde iria? Não tinha dinheiro.” Se queria lhe comprar algo somente pediria a ... Mike
pegou o telefone e digitou um número.
- Márcia? É Michael...
Capítulo 10
Joy havia olhado Mike dormir como um bebê. O havia feito por uma longa hora. Não podia
acreditar que esse lindo homem fosse seu. Homem ou lobo, isso nem lhe importava.
“Te amo, Mike Gallahan e te amarei para sempre.”.
Esse pensamento a fez sorrir. Nunca nos seus anos de vida havia pensado em encontrar o
amor, e menos ainda teve um pensamento tão ridiculamente sentimental. Bom, a frase podia ser
sentimental, mas não os seus sentimentos. Esses eram fortes. Moveu-se com muito cuidado para
não despertá-lo. Aproximou-se a borda da cama e se apoiou com delicadeza sobre seus pés, a
última vez tinha caído, assim que se pôs com muita precaução dessa vez. Suas pernas se sentiam
trêmulas, mas a sustentaram. Quando chegou ao banheiro se olhou no imenso espelho que
tomava toda uma parede. Sim, a mulher que a olhava de volta no espelho agora era a mesma
mulher desconhecida que tinha despertado nos braços de um príncipe somente há dois dias.
Porque Mike Gallahan era seu príncipe... E seu lobo... E seu homem... Logo recordou de seu
presente e o sorriso se fez mais amplo.
“Com o que poderia presenteá-lo? Com o que?”.
Não tinha nem um centavo. Lembrou-se de Joe. Ele lhe devia dinheiro. E se passasse pelo
bar para cobrar? Estava certa que com esse dinheiro poderia comprar um presente para Mike.
Com essa ideia saiu vestida do banheiro. Mike seguia dormindo quando se aproximou a
porta do quarto e a abriu, havia atirado de onde estava, um beijo a Mike e saiu suavemente.
Na cozinha Thalie levantava coisas do chão.
- O que aconteceu aqui? - Perguntou Joy olhando a desordem de algumas coisas no piso.
- Joy, bom dia... - Olhou ao seu redor e sorriu. – Suponho que tenha sido um terremoto. –
Acrescentou fazendo um beicinho.
- Terremoto? Você esta falando serio?
Thalie soltou uma gargalhada. Era uma mulher tão incrivelmente linda, com razão seu
marido lhe chamava de bonequinha.
7
Marca de jeans
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Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
Como um só homem, Tommy e Will varreram a mesa do café da manhã, limpando- a
completamente enquanto corriam atrás de Shaun até sua caminhonete.
Blue passou por Thalie, a beijou na bochecha e logo fez o mesmo com Joy. – Xampu. - Blue
a cheirou desavergonhadamente. – Ummm, não sei não. Adeus belezas, não me esqueçam.
Quando todos saíram Thalie olhou a Joy e simplesmente levantou seus ombros. – Homens!
- Disse. – Eles saem para voar e nós ficamos em casa!
- Tenho que sair, Thalie. Quero comprar um presente para Mike e deve ser muito especial.
- Precisa de algo?
- Me chama um táxi e me empres...
- Táxi? Sabe dirigir?
- Sim. – Confirmou Joy. – Mas...
- Excelente. - Respondeu Thalie tirando de um chaveiro pendurado na parede ao lado da
geladeira um divertido e chamativo chaveiro com uma única chave. – Leve meu carro.
- Obrigada.
Enquanto ia dirigindo se sentia feliz, a única coisa que lhe preocupava era o Spider. Mas
sabia que se alguém podia tirá-la desse problema esse era Mike. Sua confiança nele era absoluta.
Não podia deixar de pensar em todo que tinha acontecido. Ao menos algo maravilhoso, havia
saído desse pesadelo.
Quando chegou ao bar de Joe estacionou a duas quadras. Não havia espaço na frente e
nem nas proximidades do bar. Quando entrou, como sempre há essa hora, havia muita pouca luz e
alguns frequentadores habituais. Ao vê-la a saudaram efusivamente.
- Joy, garota, que bom te ver!
- Como está senhor Trends, como anda seu reumatismo?
Os três homens sentados no balcão a saudaram.
- Olá Spike, senhor Gray.
Os homens a beijaram na bochecha enquanto Joe atrás do balcão a olhava com um sorriso.
Joy observou os frequentadores novos sentados na ponta do salão, um deles se levantou e saiu,
Capítulo 11
Joy despertou.
Sua cabeça parecia pesar pelo menos uma tonelada e a luz machucava seus olhos. Mas se
obrigou a abri-los. Não podia mover-se, ou estava drogada ou... “Atada”. Sim, a haviam amarrado.
Suas pernas estavam livres, mas seus braços não. Uma grossa corda apertavam suas mãos. Onde
estava? A habitação parecia coberta por mantas de cama. “Janelas”. Com certeza havia janelas. O
quarto estava na penumbra, exceto uma pequena fresta de luz que passava por debaixo da porta.
Essa luz estava justo na borda da sua visão. Tentou levantar a cabeça ou talvez somente levantar
seus olhos, não sabia ao certo, tudo dava voltas e mais voltas ao seu redor, mas conseguiu ver
uma lamparina pendurada. A luz também tinha vida, se expandia e contraia sem alivio
machucando seus olhos. Tudo parecia mover-se se alargando e contraindo-se ao seu redor.
“Me drogaram...”, pensou. Tinha que se levantar, mas não se sentia com forças para se
mover nem um centímetro. Quando conseguiu enfocar algo se deu conta que estava encostada a
um lado de parede. Podia ver ondular a sua frente um par de sofás maltrapilhos e uma mesa
redonda. Não podia ver mais nada acima porque a posição no chão em que a haviam deixado só
permitia que ela visse as patas, pelo menos ela achava que o que estava vendo eram patas, tudo
parecia se mover. Fechou os olhos procurando um ponto de apoio e não o achou.
As vozes chegaram até ela. Não havia compreendido até esse momento que esse som que
ouvia era vozes. Fechou os olhos e procurou escutá-las, aos poucos foi compreendendo as
palavras:
- Robins foi claro, tem que jogá-la no lago.
- Demônios, poderíamos enterrá-la aqui nos fundos!
- Não. Disse para jogarmos no lago e assim faremos.
- O que poderá acontecer? Não tem ninguém, nem sequer uma família. Ninguém notará a
sua ausência.
- Cumpriremos a ordem Grinson, não quero problemas com Robins e não os terei por sua
culpa. O que te preocupa? Com a quantidade de drogas que lhe ministramos ela não acordará
dentro de dez dias.
Grenoble e Michael deixaram o carro estacionado uma vez mais em frente ao portão,
tocaram a campainha da mansão de Cooper Burton e esperaram debaixo do comunicador. A
última vez não tinham tido o êxito esperado.
- Sim? – Disse uma voz feminina do lado de dentro.
- Bom dia, sou o inspetor Grenoble. Necessito falar com o senhor Burton.
Faltavam pelo menos duas horas para o início oficial da recepção das novas incorporações
ao governo, haviam esperado que ele ainda não houvesse saído.
- Bom dia inspetor Grenoble, o senhor Burton já saiu para a recepção ao prefeito que ele
está dando no edifício Browne.
- Oh, bem, muito obrigado.
Grenoble se virou e olhou a Gallahan que já estava se dirigindo ao carro.
- Amigo do prefeito, eh? – Disse Mike e ambos sorriram.
O edifício Browne era uma moderna construção, apenas haviam chegado quando duas
mulheres muito atraentes se aproximaram e os saudaram.
- Bem vindos, estão aqui a convite do prefeito?
- Não. – Disse Grenoble pegando e mostrando sua carteira de policial. – Mas procuramos
um dos convidados em sua festa.
As mulheres o olharam um pouco incômodas e uma delas lhes disse: - Por aqui, por favor.
– E os dirigiram ao elevador.
Uma vez que entraram apertou o andar vinte e sete. Quando as portas se abriram
Grenoble e Michael, se surpreenderam com a quantidade de gente presente. O lugar tinha a
melhor vista da cidade, com uma imensa parede de vidro, o que fazia desse salão um lugar muito
solicitado. Era um perfeito mirador, não era o mais alto da cidade, mas o suficiente como para que
permitisse ver o lago e os bosques circundantes. Havia tanta gente que nem parecia que estavam
no meio do dia. A música permitia que houvesse conversações, todos bebiam e comiam.
Capítulo 12
Quando Mike entrou no bar de Joe, o homem estava secando os copos e olhando uma tela
de televisão atrás dele. Um jogo de futebol americano...
- Joe. - Disse Mike assustando-o. – Boa noite. Estou procurando a Joy, você a viu hoje? –
Na realidade podia sentir a essência de Joy, o cheiro e algo mais, algo que não compreendeu.
“Pode ser o fumo e o álcool que havia no local”, pensou.
Joe se deu a volta. – Ah, sim. Como vai?
- Bem, estou apenas procurando Joy.
Joe olhou de cima abaixo esse homem. Vestia um impecável traje em cor negra com uma
camisa rosa e gravata combinando. Nunca tinha visto ninguém tão bem vestido assim.
- Olha só é raro ver um homem tão bem vestido por aqui...
- Onde está a Joy?- Perguntou Mike. Não tinha tempo para conversas amigáveis.
- Joy? Esteve aqui pela manhã. Veio me cobrar o que devia, mas já se foi.
- Disse aonde ia?
- Não. Saiu muito rápido. Parecia muito contente.
“Sim”, pensou Mike, “ela estava”. – Obrigado, se a ver ou souber algo dela pode me ligar?
O comentário alarmou ao homem. – Aconteceu alguma coisa com a garota?
“Não, não pode lhe acontecer nada.”
– Não. - Respondeu entregando um cartão.
Joe olhou ao cartão e depois olhou ao homem.
– Eu... Gosto muito da garota, me dirá se... Ela precisar de alguma coisa, não?
- Sim, é claro que direi. Obrigado.
Mike saiu do bar, levantou sua cabeça e deixou os sentidos do lobo o ajudarem, ainda
podia sentir a essência de Joy e isso poderia levá-lo a ela. Fechou os olhos e puxou com força o
cheiro dela. Os abriu e começou a caminhar perseguindo- o.
Dois quarteirões mais abaixo encontrou o carro de Thalie e o terror se apoderou dele.
“Inspirar, respirar, flutuar, deixar o corpo leve, não pesa... não tem pés... não tem pernas...
não tem mãos... flutua... seu corpo não pesa... flutua no ar... somente ar... é um lobo... somente
lobo.”
Quando o lobo negro surgiu, empurrou a porta com o focinho e saiu. Se iria procurar pela
Joy, seria melhor ir como lobo. Assim, começou a seguir o rastro, era débil, mas ele estava ali. O
homem agradecia aos céus que o tempo estava bom, sem vento e sem chuva, isso o ajudaria a
encontrá-la.
Seguindo o rastro, movendo-se nas sombras, o cérebro do homem dentro do lobo ia
rezando. “Que esteja bem, que nada tenha lhe acontecido. Que esteja bem!”.
Joy podia sentir como lentamente as nuvens em seu cérebro iam de dissipando. Sabia que
seja lá o que tivessem lhe injetado estava sendo absorvido pelo seu organismo. Podia ouvi-los
falando e estavam tratando de armar o quebra-cabeça no qual a haviam colocado. Havia escutado
que um tal de Robins havia insistido em que a jogassem no lago. Não conhecia ninguém com esse
nome, mas pelo que podia entender devia ser um dos homens responsáveis pela morte daquele
homem do carro.
Esses dois não pareciam muito inteligentes, mas sim obedientes. Parecia estranho que
pudesse enxergar no escuro, mas Thalie havia lhe dito que seria assim, seu corpo mudaria, bom, já
estava pronta para ser a mulher maravilha. Podia ver no escuro, quando contasse a Mike ele se
surpreenderia. “Mike”. Por Deus, estava demorando muito. Sentia seus membros intumescidos,
não podia se mover e nem movê-los, havia tentado dar-se a volta e somente havia conseguido
Capítulo 13
O lobo parecia voar, seu coração havia deixado de bater. Quando estava chegando ao lago,
no lugar de onde havia visto o carro partir, viu uma figura negra emergir da água.
“Joy”.
Joy estava saindo quase sem forças, havia lutado muito para emergir e o havia conseguido.
Lentamente arrastava suas cansadas pernas no escasso meio metro que a separa da margem do
lago. Via na profunda noite como se fosse pleno dia. O primeiro que notou foi o pesado e enorme
animal que vinha na direção dela. E sorriu.
“Mike”.
Sorriu. Esgotada, suja, coberta de barro. Sorriu ao lobo.
Ambos se olharam.
O lobo deu lugar ao homem, se aproximou dela. Se agachou e a levantou em seu braços
até sua boca.
Joy fechou seus olhos e se pendurou no pescoço dele. Quando Mike a soltou de seu beijo
procurou seus dourados olhos, enquanto uma de suas mãos tiravam os ramos sujos que cobriam
seu cabelo embaraçado e cheio de barro que pingava água.
- O fiz. – Disse Joy começando a tremer. – O fiz Mike, me soltei e sai.
- Sim meu amor, meu pequeno bebê, o fez... Deus! Se tivesse te perdi...
Joy o interrompeu para beijá-lo de novo. Apesar do barro, da águia fria, dos seus corpos
congelados, o calor de seus sentimentos aquecia suas almas.
- Sabia que viria por mim, eu sabia. Por isso lutei. Você merece uma lutadora, não uma
mulherzinha medrosa. – Joy tremia com força.
- Vamos, temos que voltar para casa. – Lhe disse Mike. Se moveu e passou os braços
embaixo de suas pernas e a levantou para logo começar a caminhar os cinco quilômetros que os
separavam da casa dos sequestradores.
Os dentes de Joy tilintavam.
- Mike...
- Sim meu amor...?
Mike estava chegando a casa e Shaun, Blue, Thalie e os meninos já estavam na porta. Mike
estacionou e Thalie se aproximou a janela do carro, abriu a porta e esticou a mão para tocar Joy,
enquanto via Mike descer descalço e rodear o carro. Joy estendeu sua mão e tocou a de Thalie.
- Está bem?
- Sim. - Disse Joy.
Quando Mike apareceu Thalie se colocou de lado e ele levantou Joy em seus braços.
Shaun e Blue os olharam em silêncio.
- O que aconteceu? - Um curioso Tommy perguntou a Joy.
- Dois homens me sequestraram e me jogaram ao lago, mas eu consegui escapar. – Disse
Joy.
Shaun procurou os olhos de Mike. – Dois? O que aconteceu com eles? Perguntou.
- Um escapou. – Respondeu Mike.
Nem Shaun, nem Blue duvidaram do que havia acontecido, se um deles escapou, o outro
estava morto.
- Preparei um banho. – Disse Thalie e ingressou correndo na casa.
Capítulo 14
Estavam reunidos na sala, os meninos tinham ido para a sua aula de voo com Dereck e logo
voltariam. Shaun tinha Thalie em seu colo sentados no sofá duplo e enfrente a eles sentado em
uma poltrona estava Mike vestido em um suéter azul, calças negras e descalço, seu cabelo estava
molhado, assim como o de Joy. Ela também estava sentada no colo de seu homem, ela estava
perdidamente aninhada em seu peito vestida em uma felpuda blusa de Mike. Ele não a havia
deixado vestir-se, a havia secado e vestido com a ampla blusa e sem lhe dizer uma única palavra
desceu para a sala. Ali estavam seus amigos, junto com Blue.
A expressão de horror de Thalie contrastava notavelmente com o rosto risonho de Joy, ela
se sentia extremamente feliz de ter conseguido liberar- se.
- Acreditei que morreria, mas... - Olhou Mike.
- Está aqui. - Disse Mike, apertando- a com força contra seu peito.
- Sim, com você.
- Bem, pombinhos... Ao que parece voltamos ao ponto importante da nossa conversa. O
que faremos agora? - Perguntou Blue impaciente.
- Esperaremos o que Grenoble descobre sobre Robins... - Acrescentou Shaun.
Joy estremeceu ao ouvir esse nome, esse homem havia decidido que ela deveria morrer.
- Segundo ele, é somente um sicário8, o está vigiando e aposta que logo, logo nos levará ao
novo ás das drogas. Posso jurar que tudo o que lhe aconteceu é obra dele. Disse Shaun. – Mas de
qualquer forma, Garreth lhe fará uma visita.
Os homens presentes sorriram. Ninguém conseguia resistir a Garreth, bastava ele enfocar-
se sobre a pessoa e lhe diria tudo o que queria saber.
- Quando? - Quis saber Blue.
- Depois de amanhã. Chega de viagem bem cedo de Dallas.
- E o homem que escapou? - Perguntou Thalie que acariciava como sempre, de forma
inconsciente as longas unhas de Shaun enquanto falava, enredando seus dedos nelas.
8
Assassino contratado para cometer qualquer espécie de crime. Cruel, sanguinário.
Grupo Romances e Cia. Página | 91
Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
- O encontrarei, pode apostar que o encontrarei Thalie. - Disse Mike apertando Joy e logo
beijando a sua testa. – Se atreveu a machucar minha mulher. Eu o encontrarei. Bem amigos...
Levarei minha pequena para dormir...
Nesse momento Dereck e os meninos entraram na casa. Como sempre quando os garotos
voltavam das suas aulas de voo estavam com a adrenalina a mil, pareciam um furacão arrasando
tudo pela frente, falavam juntos, saudavam juntos, comentavam sobre a lição com Blue enquanto
Dereck se aproximava de Joy e se agachava para saudá-la.
- Dereck esta é Lara Joy Collins. - Apresentou Mike. Dereck era o único de Clavijo que ainda
não a conhecia.
- É um prazer te conhecer Joy, estamos muito felizes de que esteja bem. - Igual a todos os
homens, a cheirou.
E isso fez Joy sorrir.
- Cheira a... – Disse Dereck pegando uma de suas mãos e beijando-a.
- Ao xampu de Mike. – Disseram Blue e Thalie em dueto.
- Xampu? - Dereck riu e se levantou movendo a cabeça de um lado ao outro. – Não amigos,
isso não é xampu.
Dereck olhou a Joy, seu rosto demonstrava surpresa. Desde antes do pesadelo todo mundo
a tinha cheirado e dito o mesmo. Acabava de sair da ducha, cheirava igual ao Mike.
Dereck olhou ao Mike.
Mike devolveu seu olhar, mas não havia nele nenhuma compreensão.
- Não entenderam mesmo, verdade? - Perguntou Dereck sorrindo.
- O que não entendemos? - Perguntou Mike olhando- o.
- Felicidades... Papais! - Disse Dereck.
Todos fizeram silêncio. Joy não entendia, olhou ao Mike e o viu colocar uma de suas mãos
sobre seu ventre, abrindo passagem entre as abas da enorme blusa, fechou os olhos e inspirou.
Joy o olhou, concentrada no que ele estava fazendo. O silêncio inundou a sala. Ninguém parecia
respirar. Joy olhou ao redor e viu todos os homens fazendo o mesmo, elevando seus narizes e
cheirando. Olhou a Thalie e ela moveu seus ombros enquanto fazia um gesto de completo
desconhecimento, regressou seu olhar a Mike e o viu abrir seus olhos azuis. Quando ele desceu
seu olhar para os seus lhe sorriu.
Olhou ao Dereck e lhe disse. – Obrigado!
- Não há de que! Imagino que seja obra sua. - Respondeu e se pôs de pé. – Bem garotos... -
Disse olhando aos meninos. – E o sanduíche prometido?
- Acredito que Spider está me roubando. Quero que me confirme isso e se assim for... Que
se livre dele.
- Acredito Martton, que fui muito claro, eu não mato, somente resolvo suas sujeiras.
- E eu te pago por isso. Não se esqueça.
- Eu sei, resolva seu assunto com Spider e logo te ajudo a limpar a confusão, mas não
espere que eu o faça. Não era tão imbecil. Era inteligente, muito inteligente e sabia como cuidar
das suas costas, não deixaria um morto atrás de si, pois isso significaria cadeira elétrica no final do
caminho se alguém se metia no assunto.
O muito imbecil tinha encontrado Spider em seu escritório, primeiro erro! Ninguém
encontra um comparsa de forma legal e por cima disso não tinha conseguido se controlar e lhe
meteu uma faca ali mesmo, em seu escritório.
Quando o chamou estava no meio de uma operação de translado de drogas. Ficou furioso,
Martton cada vez mais e mais parecia depender dele e isso era ruim... E não tão mal. Talvez fosse
tempo de começar a pensar em ascender a... Chefe.
Quando chegou a seu escritório, Spider estava em um banho de sangue, dois idiotas a
serviço do Martton o olharam como se dissessem que nunca tinham feito aquilo e agora o que
fariam? Isso o deixou mais furioso e se lançou a dar ordens.
- Tirem o tapete, o levem daqui e o queimem, entenderam? - Samuel olhou o cadáver e
logo a Martton que estava tomando um uísque. – Tinha que fazê-lo aqui? Aproximou-se do bar
localizado ao lado, serviu de um copo de uísque e ficou calado. Cinco minutos depois de um longo
silêncio onde nenhum dos presentes disse nada. - É isso que faremos, o colocaremos no carro e o
deixaremos próximo da Avenida Rosmon, ali conheço um beco onde a cada três dias, pelo menos
dois, encontramos um corpo indigente. Ali o deixaremos. Se tivermos sorte ninguém o encontrará
em dias.
- Tira a faca Spencer. - Ordenou Martton.
Antes que Spencer se movesse, Robins gritou. - Não, nem pense nisto. Deixa assim. Logo se
levantou e pegou um pouco do uísque e derramou em um pano com o qual começou a limpar o
cabo da faca.
Até mais ou menos uma hora atrás o seu plano tinha sido perfeito: não somente estava
morto o traidor que os estava roubando como também tinham prendido a responsável pela sua
morte, uma empregadinha morta de fome. Agora as coisas não estavam tão bem. O que será que
aconteceu com o Spencer para que ficasse desse jeito? E Gilford? O que lhe aconteceu? Agora
tinha que limpar esse novo desastre. Martton como chefe era um desastre, tinha que ter atendido
ao pedido de Cooper Burton, deixá-lo com vida e passar para o seu lado. Maldição!
Capítulo 15
- Posso caminhar, sabia?
- Eu sei Joy, mas me negaria o prazer de te carregar? - Mike sorriu entrando em seu quarto
com ela nos braços. A levou direto para a cama e a pôs sobre ela se ajoelhou a seu lado e começou
a abrir sua bata.
Deus, parecia tão frágil, mas era tão forte! Essa dualidade de sua personalidade o deixava
louco. Às vezes tinha medo de tocá-la, de machucá-la e em cada uma dessas vezes sem embaraço
ela lhe tinha respondido com luxúria e amor.
Quando lhe tirou a bata e desceu sua cabeça colocando um mamilo em sua boca, começou
a chupá-lo e pode ouvir os gemidos de prazer de Joy, o prazer era intenso. Primeiro foi por um e
quando o deixou como um duro botão passou ao outro. As mãos de Joy pousaram sobre seu
cabelo e sustentavam a sua cabeça. Sabia que já era mais lobo do que homem. Ainda lhe custava
acreditar que o lobo aparecesse tão facilmente, sem sequer convocá-lo. A pequena mulher em
seus braços tinha colocado o seu mundo de cabeça para baixo. Um filhote! Santo Deus, seria pai,
“Rose”, repetiu para si mesmo, “Rose”. A soltou e levou suas mãos ao ventre dela, depositou um
beijo e disse:
- Olá preciosa Rose, sou seu papai!
Os olhos de Joy se encheram de lágrimas. Mike voltou a soltá-la, tirou a roupa enquanto
Joy se metia na cama. Necessitava abraça-la, necessitava senti-las a ambas e essa necessidade era
tão forte quanto o amor que o inundava nesse momento.
Dormir em seus braços era uma delícia, acreditava que não conseguiria pregar os olhos
com toda a adrenalina dando voltas por ali, mas tinha sido o contrário, nem bem pôs a cabeça no
peito de Mike, e Joy tinha caído adormecida.
Capítulo 16
Mike, Blue, Shaun, Garreth e Dereck, toda Clavijo estava entrando na cozinha. Joy se
levantou de um salto e correu para os braços de Mike, ele a levantou e abaixou a cabeça para lhe
dar um beijo.
- Está bem? - Lhe perguntou.
Joy afirmou com a cabeça.
Mike pegou sua mão e caminhou pela cozinha, se sentou e levou Joy para seu colo. Blue se
sentou e Shaun imitou Mike sentando- se e puxando Thalie para seu lado. Blue se dirigiu a
cafeteira e perguntou:
- Alguém vai querer?
- Não. Responderam em coro.
Blue se serviu e sentou a mesa.
- Estávamos começando a cozinhar e a televisão estava ligada. - Começou Thalie e olhou a
Joy. – Joy viu na tela o homem que estava no carro.
- Quem é? - Perguntou Shaun.
- Pôde reconhecê-lo? - Questionou Mike olhando Joy. Ela afirmou.
- Sabia quem era o homem, somente não sabia que... Que ele era o... Prefeito.
- O que? - Blue espirrou café com a surpresa. Moveu-se para pegar um guardanapo e
limpar seu amplo peito.
- O que disse? - Perguntou Dereck.
- O Prefeito. - Disse Thalie.
- Esta segura? - Perguntou Shaun.
Ambas responderam juntas: - Sim.
- Filho da puta, por isso subiu tão rápido. - Disse Blue.
- Blue. - Começou Mike. - Preciso que verifique os registros de impostos e bancários.
- Sim, me porei nisso agora mesmo.
- Shaun, falaremos com Grenoble. Disse Mike.
- Bom...
Quatro horas depois o escritório da Clavijo estava cheio: Mike, Shaun, Dereck e Grenoble.
Haviam discutido toda a informação e ao que parecia o Prefeito tinha muito bons álibis e
financeiramente estava limpo.
- Bem, então vejamos o que suspeitamos. – Repetiu Mike. – David Martton, nosso novo
Prefeito é ao que parece o novo rei da droga da cidade, graças aos repentinos falecimentos de
Burton Cooper e James Gandolfi. Falecimentos que ocorreram justamente quando o famoso
Prefeito estava em suas festas; assistiu o casamento de Theresa Gadolfi e Burton Cooper figura em
sua lista de convidados com mais uns quantos centos de pessoas que jurariam que o viram no
momento. Martton não atua só, sabemos que Robins o ajuda...
- E pode haver mais. – Sugeriu Dereck.
O gesto de Grenoble foi de fastio.
- A única forma seria colocar uma armadilha. - Sugeriu Blue.
Mike procurou os olhos azuis de Blue e lhe disse. – Esse filho de uma cadela é muito
esperto.
- Cairá. - Acrescentou Shaun. – Se quem atirar o anzol for... Joy.
David Martton havia deixado marcas na almofada. Ao seu lado Samuel Robins, havia
pegado uma navalha e se entretinha limpando suas unhas.
Quando o telefone soou, Marton correu para atendê-lo.
- Espera! - Disse Robins, apertando o botão para ligar o gravador e lhe fez sinal de já podia
levantar o auricular do telefone.
- Sim? - Disse Martton um pouco inseguro.
- Prefeito Martton? - Perguntou uma voz muito parecida a de uma menina.
- Sim, quem fala?
- Você sabe quem fala, não somente conhece meu nome e meu sobrenome, acredito que a
sua gente até entrou em meu apartamento. Sou... A garota que o viu jogar um corpo, o corpo do
Spider naquele beco.
- Senhorita Collins, não? Por acaso acredita a senhora que, mentir dessa maneira a livrará
da cadeia?
- Está equivocado. Acredito que me libertarei considerando o que vi.
- E não pode provar.
- Nisso... Se equivoca...
- O que? O que está falando?
Joy desligou e olhou Mike sentado em frente a ela. Soltou o telefone e se refugiou em seus
braços.
Blue tinha gravado a conversa.
- Bem feito senhorita Collins. - Disse Grenoble. – Agora só nos resta esperar a hora.
Joy se levantou e seguiu até a cozinha.
Abriu o refrigerador e pegou um copo com suco de laranja. Apenas o pegou e este
escorregou dos seus dedos caindo estrondosamente no chão. Nem sequer se moveu, ficou ali
olhando aos cacos de vidro espalhados aos seus pés. E começou a chorar.
Mike a tinha seguido e estava entrando na cozinha quando sentiu a explosão do copo de
vidro. Vê-la chorar dessa maneira o desarmou. A situação já era muito para ele, um homem
acostumado a esse tipo de ação, porque não a seria para uma jovenzinha solitária que nunca teve
ninguém para cuidar dela? Seus soluços o partiram em dois. Aproximou- se e a pegou pelas costas.
- Vem meu amor, não chore. - Disse.
Joy se deu a volta e esticou os braços até Mike. Ele a levantou e girou para se encontrar
com os brilhantes olhos de Thalie.
- Eu me ocupo de limpar tudo aqui! - Disse.
Mike saiu com sua pequena em direção ao quarto.
Quando entrou se sentou com ela em seu colo no amplo sofá que estava próximo a
enorme janela de vidro.
- Shhhh... Preocupará a Rose se segue chorando assim!
Isso a deteve. Tentou acalmar- se e deixar de chorar. – Sim, tem razão! - Disse entre
soluços.
- Sabe o que precisa? - Perguntou Mike.
- Que esse pesadelo termine?
- Não, que o lobo faça amor com você.
Joy levantou sua cabeça com seus enormes olhos. – O lobo?
- Sim, o lobo.
- Você... Você... Quis dizer... O lobo? Co... Como lobo?
Mike soltou uma forte gargalhada.
- Eu sou o lobo bebê, se lembra?
- Sim, eu sei que é um lobo e eu amo meu lobo, somente que...
- Somente que...?
Mike simplesmente começou a beijá-la. Procurou sua boca, se demorou nela. Jogou com
sua língua, mordeu seu lábio inferior e seguiu viagem até o lóbulo da sua orelha, deixando um
longo caminho de beijos em seu pescoço. Logo suas mãos começaram a procurar a magia,
desprendendo os botões de sua camisa e tirando as peças de roupa. Logo Joy estava nua em seus
braços, as grandes mãos de Mike rodearam seus peitos e os levantaram até sua boca. Joy deslizou
sua cabeça para trás para dar- lhe mais espaço enquanto parecia ronronar.
Quando Joy abriu seus olhos o lobo em Mike havia feito ato de sua presença, agora as
mãos que sustentavam seus peitos unindo-os para seu banquete tinha unhas longas e a língua que
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Nova citação do livro “O Pequeno Príncipe”.
Grupo Romances e Cia. Página | 109
Castalia Cabott – Weremindful 05 – Preciso de Você
Joy sorriu. – Quando você quiser meu amor.
Capítulo 17
David Martton tinha planejado com muito cuidado o encontro que teria com a mulher,
desconfiava que ela não fosse sozinha. Não seria muito estranho que a polícia a acompanhasse e
tudo fosse uma armadilha. Robins tinha sido muito claro:
- Ninguém sabe nada da Collins. Não houve nenhuma ordem, nem movimento de ninguém
que faça supor que ela terá ajuda alguma de efetivo encoberto. Meus superiores não sabem de
nada.
- Acredita que seja tão estúpida que sozinha queira o dinheiro? - Perguntou.
- Deve ser de fato é uma pobre infeliz, não pediu uns míseros cem mil dos grandes, quando
poderia ter pedido metade do que tem?
- Sim, suponho que cem dólares é muito para alguém que nunca teve nada.
Agora estava parado ao lado de um velho Chevrolet, não seria tão estúpido de vir em seu
novo e prateado Mercedes, também tinha trocado suas roupas para calças Jens e uma camiseta
com capuz, tinha acrescentado óculos. Sabia que não se parecia em nada ao arrumado e elegante
novo prefeito da cidade.
Sentia- se seguro e confiava que seus homens fizessem sua parte. Havia visto apenas um
grupo de cachorros grandes revolvendo o lixo próximo ali e a ninguém mais. Havia disposto Robins
e Majors com um rifle de mira telescópica, a uns cem metros, de onde estava não conseguia vê-
los, isso o fazia pressupor que estavam bem ocultos. Tinha um homem mais, metido na grande
cabine do Chevrolet, esperando suas ordens. E um carro com mais três homens aguardavam seu
chamado. Oito homens para pegar uma insignificante jovenzinha. Desesperador! Mas isso lhe
ensinava que não devia mandar garotos fazer trabalho de homens!
Spencer havia voltado completamente transtornado, desde o incidente onde deixou
escapar a mulher que tinha ficado trancado em seu quarto e não queria sair dali. No princípio
pensou que estava atuando. Que seu comportamento era uma atuação para ocultar que a mulher
Epílogo
A casa era linda. De um andar, branca, ampla, com um enorme jardim cheio de rosas e no
meio de um vale. Tinha muito terreno onde o lobo e seus filhotinhos poderiam correr com prazer.
Thalie e Joy estavam sentadas aproveitando o primeiro sol da primavera, depois de um
intenso inverno. O ventre de Joy estava enorme. Quase não podia se mover, Mike tinha saído em
uma missão e Thalie se ofereceu para ficar com Joy, ainda lhe faltava quase um mês de gravidez,
mas devido o tamanho do bebê ela teria que passar por uma cesárea.
- Eu queria muito que fosse um parto normal. – Disse Joy mordendo uma maçã.
- Sei, mas é impossível! Rose é uma digna filha de seu pai e você é muito pequena para
isso.
- Não vejo a hora de que nasça. Sinto falta...
- Dos tremores? - Aventurou Thalie e ambas soltaram uma enorme gargalhada.
- De tudo. Não posso fazer nada, e minhas pernas, por Deus, parecem pernas de elefantes.
- Sim, a gravidez é uma coisa gran... diosa! - Disse Thalie rindo. – E em seu caso é enorme
mesmo.
Joy olhou a joia que adornava seu dedo, seu anel de casamento. Um aro de prata com um
lobo de um lado e um diamante esculpido na forma de uma rosa do outro. O olhou e o levou até a
boca para beijá-lo.
- Nunca imaginei que seria abençoada dessa forma.
- Isso é o amor Joy. Somos afortunadas, temos nossos lobinhos... E somos amadas. - Thalie
olhou ao seu redor. – Acredito que o nome da casa também é maravilhoso: O pequeno Príncipe.
Joy sorriu.
– Não poderia ser outro nome, esta casa é meu pequeno planeta. Você não tem medo?
- De que?
- De pensar que tudo isso pode mudar...
- Tire esses pensamentos de sua cabeça Joy, não vale a pena gastar nenhum minuto
pensando nisso. Viva com intensidade, você merece!
- Claro que sim! - Disse Mike se aproximando com Shaun.