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Copyright © 2022 Grupo Editorial Portal

Capa
Jéssica Macedo

Diagramação
Mylene Ferreira

Revisão
Sônia Carvalho

Livro Digital
1ª Edição
Mari Sales

Todos os direitos reservados.


É proibido o armazenamento ou a reprodução de qualquer parte desta obra,
qualquer que seja a forma utilizada – tangível ou intangível, incluindo
fotocópia – sem autorização por escrito do autor.
Esta é uma obra de ficção. Nomes de pessoas, acontecimentos e locais que
existam ou que tenham verdadeiramente existido em algum período da
história foram usados para ambientar o enredo. Qualquer semelhança com a
realidade terá sido mera coincidência.
Sumário
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Epílogo
Outros da Serie
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Sinopse
O poderoso CEO da Império Lasher era um vampiro centenário e só
saía de casa para se alimentar. Apaixonado por tecnologia, ele vivia entre
jogos de RPG e mordidas no pescoço, sem relacionamentos mais
profundos.

Em uma noite monótona, Lasher foi movido pela curiosidade e


rastreou um dos jogadores on-line. Ficou surpreso que o amigo virtual nada
mais era que uma garota em perigo.

Freya Allen estava fugindo de ser abusada. Ela tinha poderes que não
sabia controlar e encantava todos os homens com seu aroma afrodisíaco.

Lasher a protegeria dos seus inimigos. Enquanto desvendava os


mistérios da jovem, o vampiro se apaixonaria pela primeira vez.
Capítulo 1
O ambiente escuro e a música alta nunca me incomodaram. Deveria
ser mais uma noite em que saí para me alimentar, colocar um pouco de
sangue no meu sistema, já que passava muitos dias trancado no subsolo da
minha empresa. Além de ser meu local de trabalho, também era minha casa,
o refúgio que tanto busquei para criar.
Depois de muitos anos vagando sem conexões ou uma profissão fixa,
decidi criar o Império Lasher, uma empresa de tecnologia especializada em
armazenamento de dados na nuvem.
Para todos os funcionários da empresa, eu era o neto de Camilo
Lasher, o fundador da empresa e primeiro CEO. Passado de pai para filho,
eu usava da persuasão com os diretores para que aceitassem sem questionar.
Eu não participava de todas as reuniões, apenas aquelas que eu
gostaria que fizessem do meu jeito. A Império Lasher conseguia prosperar e
ter sucesso sem que eu me empenhasse diariamente, até porque, eu não
largaria a minha realidade paralela.
O mundo virtual me ajudou a superar muitas crises existenciais.
Depois de muitos anos vivo, o interesse pela humanidade se perdeu no meio
do caminho entre meu domínio e a submissão dos humanos.
Vivendo o sobrenatural, junto com outros desconhecidos, reacendeu-
se minha necessidade de conviver entre os humanos.
Então, aquela noite deveria ser mais do mesmo, para arejar minha
mente e ter um bom momento. Mas não, algo inquieto estava rondando e eu
não sabia identificar se era comigo ou vinha de alguém.
Eu estava em um canto, quase escondido, daquela boate. Aguardava a
vinda de uma mulher ousada, que iria se oferecer para um orgasmo e, claro,
eu tomaria de seu sangue enquanto isso. A mesa era rodeada por um banco
almofadado, onde eu estava sentado com os braços abertos apoiados no
encosto. Daquela posição, eu conseguia ver quem estava vindo e se o
movimento me interessava.
Fui surpreendido com a aproximação de uma garota assustada.
Vestindo apenas um pedaço de pano, eu não conseguia identificar se estava
rasgado ou era apenas o estilo da roupa.
O medo tinha um cheiro característico, que de forma inexplicável eu
conseguia sentir. Cheguei a fazer uma careta para aquela acidez que
chegava até minhas narinas, eu nem queria imaginar o quanto seu sangue
estaria amargo por conta dos hormônios que estavam rondando por ele.
A garota não estava prestando atenção no que estava ao redor, apenas
se sentou no banco, abraçando a pequena bolsa e se aproximando de mim.
Abaixou a cabeça na mesa e soltou o ar com força, confundindo meus
sentidos, uma vez que o adocicado da sua excitação também estava
presente.

“Passo a passo
Nestas camas de lápide
Todas as silhuetas
Marchando em silêncio
Assista o céu escurecer
O pôr do sol se desfaz
À medida que as nuvens partem
Deixe a ascensão começar”
Krigarè – Never Alone

A música combinava com aquela situação inusitada. Ou eu


aproveitaria para me alimentar e voltaria para o meu refúgio; ou a
afugentaria para que uma presa melhor me divertisse naquela noite.
Venceu a curiosidade, que nem estava em questão.
— Fugindo? — perguntei, assustando-a. Ergueu o tronco e arregalou
os olhos, arrastando-se para longe. Ergui uma sobrancelha, mantendo a
postura séria e impecável.
— O quê? Como? De onde você veio?
— Eu sempre estive aqui. Agora, você...
— Droga. — Ela olhou para trás, depois escorregou para se esconder,
ficando com a cabeça próxima da mesa. Olhei na mesma direção que ela, vi
um grupo de jovens suspeitos, mas nenhum deles parecia buscar por algo.
— Posso ficar um pouco aqui?
— Se pagar o preço, também te escondo por essa noite. — Afastei-
me para que ela pudesse decidir.
— Ninguém pode me proteger. — Ela esticou a mão e tocou meus
dedos, se assustando com o frio da minha pele. Deveria impedir que ela
avançasse, mas continuava curioso com aquela humana. — Você é
diferente, mas está falando a verdade.
— Não tenho motivos para mentir, lady misteriosa.
— Sim, sua alma é bem velha para alguém que parece jovem demais,
lorde enigmático. — Respirou fundo e se levantou brevemente, para se
arrastar até o meu lado. Bem próxima, o cheiro de medo deu lugar apenas à
excitação evidente dela. — Sou Allen.
— Lasher — respondi, estranhando que estava compartilhando meu
verdadeiro nome, não o usual Francis Lasher.
— Igual a empresa Império Lasher? — Arregalou os olhos.
— Mais como um apelido. Ou vai me dizer que seu nome verdadeiro
é Allen?
— Você me pegou.
— Sim. — Coloquei meu nariz em seu pescoço, para sentir o pulsar
da sua veia e o cheiro da minha refeição. Ela estremeceu, mas deu
indicações de se encolher, para se defender. — Você fugiu de uma prisão
para entrar em outra. Mas te prometo um bom momento.
— Por que todos querem isso? — Fechou os olhos e endureceu a
postura, pressionando as pernas com força.
Sua aflição estava me fazendo perder o tesão. Tinha passado da idade
de ter prazer com o sofrimento dos humanos, eu me divertia mais quando
eles também se permitiam.
— O que você acha que eu irei tomar?
— Vai me tocar, usar, depois jogar fora.
— É verdade, mas você vai gostar e pedir que não pare. — Sorri de
lado quando seu olhar veio para o meu. Mesmo no escuro, foi possível ver
um brilho de curiosidade neles. — Mas eu vou tratar de te fazer esquecer.
— O que você é?
Lambi seu pescoço, posicionei minhas presas e mordi seu pescoço,
experimentando uma iguaria. Seu corpo foi relaxando conforme eu sugava e
me excitava a cada gole que passava em minha garganta. Não era um
sangue qualquer, tinha um sabor viciante e que elevou todos os meus
sentidos. Não ouvia apenas a música, mas a conversa de todos, inclusive
daqueles que estavam buscando pela puta. Eu a chamaria de Pequena
Sedutora.
Minha saliva tinha um componente especial para proporcionar
excitação para quem estava com um vampiro. Alguns humanos se
ofereciam como escravos, apenas para sentir a nossa toxina.
Deslizei minha mão pela sua coxa, mas não consegui ir adiante,
porque as vozes daqueles babacas chegaram até mim, contando com
detalhes o que eles tinham feito. A Pequena Sedutora tinha sido violada por
aqueles jovens idiotas e estava fugindo para sobreviver. Ela não precisava
de outro babaca, por mais que eu não me importasse com o que os humanos
faziam de suas vidas.
Já tinha vivido tempo demais para me decepcionar e nunca mais me
permitir uma relação de amizade ou namoro, seja com os da minha espécie
ou humanos. A transformação não era simples e Edmund Volmir, aquele
que me transformou, não fazia favores, ele cobrava muito caro.
Assim que me saciei, passei a língua nos furos para ajudar na
cicatrização de sua pele. Seus olhos estavam fechados, a respiração
acelerada e, por algum motivo, eu a queria para ficar reclusa comigo.
Não!
Aos poucos ela foi relaxando, um sorriso saiu de seus lábios e abriu
os olhos, para encontrar os meus. Eram intensos e pareciam poderosos, mas
se tratava apenas de uma humana muito exclusiva. Quando as mulheres
estavam excitadas, o sangue ficava saboroso, era a única explicação.
— O que acabou de acontecer?
— Eu te ajudei a relaxar. — Arrastei-me pelo banco, para ficar de pé
e a fiz me acompanhar, estendendo a mão. Sua hesitação me obrigou a usar
persuasão. — Venha!
Ela se levantou e pousou sua mão na minha. Franziu a testa pela
frieza, coloquei-a debaixo do meu braço e caminhei para fora da boate,
escondendo-a dos olhares curiosos que surgiram.
Saí para a calçada, peguei o celular e chamei um dos meus servos,
que trabalhava como motorista e estava me aguardando.
— Eu me sinto fraca.
— Sim, você está e voltará para casa em segurança. Tome muita água
e coma. Bastante.
— Quem é você? — perguntou, erguendo a cabeça e me encarando.
— Aquele que deverá ser temido na próxima vez que nos vermos.
Afaste-se.
Assim que o carro parou em minha frente, abri a porta e indiquei para
que entrasse. A Pequena Sedutora não hesitou, apressou-se para ficar o mais
longe possível de mim. Era assim que eu não repetia minhas refeições, as
mulheres tinham medo e não se aproximavam.
Fechei a porta, cruzei os braços e tentei não me envolver com o
assunto da lady misteriosa, mas eu me sentia energizado e precisava
descarregar aquela vibração em alguém.
Aqueles jovens abusadores seriam minhas vítimas. Sorri, pensando
que mesmo velho e sendo um vampiro, alguns hábitos continuavam vivos
em mim.
Capítulo 2
Meses depois...

Corri pelo beco, encontrei a porta do meu esconderijo e entrei,


descendo a escada apressada. Meu coração acelerado e o estômago
embrulhado eram indicativos do quanto precisava descansar, meu corpo
estava cobrando o preço por ter ficado sem dormir e sem comer.
Meus passos ecoaram quando cheguei no subsolo, era parte de uma
fábrica abandonada, utilizada como depósito. Fui até o cômodo que eu
chamava de lar, abri-o sem cuidado, depois me tranquei, empurrando o
móvel para impedir que invadissem minha casa.
Que piada, deixei de ter um espaço familiar há muito tempo. Desde
que meu padrasto descobriu que eu tinha algo diferente, ele me usou de
muitas maneiras cruéis. Ajudei criminosos e outras pessoas que não
deveriam fazer parte da vida de uma jovem estudante como eu.
Quando minha mãe não parecia intencionada a me proteger, fiz
minhas malas e fugi de casa. Achei que teria proteção em outro lugar, com
outras pessoas, mas todas se aproveitavam do meu dom, que eu mais via
como maldição.
Não sabia explicar, mas ao tocar um homem, as informações sobre
suas intenções, se eram verdadeiras ou maliciosas, surgiam em minha
mente. Mais recentemente descobri que, quando estou no meu período
fértil, exalo um cheiro que deixa os homens excitados, como se fosse um
remédio para curar a impotência.
Mesclando as duas habilidades, assim que o homem me tocava,
sentindo tesão por mim, eu me perdia em meio a sensações. Eu não queria
que eles me tocassem, tentei fugir de assistir surubas e festas pervertidas.
Eu tinha apenas dezenove anos e desde o dezoito eu vivi como se
tivessem passado cem anos.
O único lugar que eu me sentia protegida era na frente de um
computador. Tendo a internet como caminho, eu poderia ser quem eu
quisesse e ninguém abusaria do meu poder.
Tirei a mochila das costas, abri o pequeno isopor no chão, ao lado do
colchão que eu dormia e guardei os alimentos que tinha comprado. Eu
conseguiria ficar escondida por mais alguns dias, apenas. Aquele lugar
tinha deixado de ser seguro, porque os criminosos conhecidos me
reconheceram na rua.
Eu os despistei, mas era questão de tempo até me acharem. Tinha
perdido as contas do quanto eu desapareci e fui capturada. O que me
manteve viva até o momento foi o meu notebook. Ele era a minha válvula
de escape e os jogos on-line, de RPG principalmente, minha vida dos
sonhos.
Usava um chip de internet pré-pago, que roteava pelo meu celular e
ficava horas jogando Lineage II com dois amigos virtuais. Silent e
Hassassin eram os únicos com quem eu conversava mais constantemente e
tínhamos um chat apenas nosso. Nunca usávamos áudio, porque eu sempre
me fingi de homem, para evitar o assédio até naquela plataforma. Meu
codinome era Allen e nunca falávamos nada além do jogo.
Era confortável, meu local favorito para estar, mas não sabia até
quando eu iria durar. Havia dias bons, outros ruins, meu emocional ficava
abalado, por estar sozinha no mundo. Queria ter amigos e viver o início da
vida adulta sem precisar estar em uma situação de guerra, me preocupando
até com minha sombra.
Ajeitei o cubículo, peguei o notebook e me sentei na cama, apoiando
minhas costas nas almofadas e o dispositivo eletrônico na perna dobrada.
Estiquei o corpo para o lado, coloquei o fone de ouvido e liguei minha
playlist antes de entrar no chat com meus amigos.
Dei uma última olhada para a porta. Apesar de temer ser encontrada,
sabia que não morreria, porque eu era muito preciosa para os bandidos que
necessitavam do meu dom. Descobrir um local, senhas ou mesmo planos,
em apenas um toque e sem torturar, era mais eficiente do que perder muito
tempo e não ter garantia de estar correto.
Pisquei algumas vezes ao ter um vestígio de lembrança querendo me
dominar. Naquela única vez que me senti atraída por um dos homens que eu
toquei, ao mesmo tempo que me gerava uma sensação de pavor no peito.
Conflito, eu com certeza estava chegando no meu período fértil e a luxúria
me dominava.
Eu ficava três dias intensos pensando em sexo, mesmo sem ter feito.
Evitava me tocar, mas no final do dia, me sentindo molhada e suspirando a
cada segundo, eu me masturbava e liberava a energia acumulada,
conseguindo dormir.
Confessava que nem sabia o que realmente estava acontecendo
comigo ou o motivo de ter aquelas habilidades. Nenhuma pesquisa na
internet me levou às respostas que eu precisava e cansei de procurar, mas a
curiosidade ainda existia.

“Fale-me do mouro
Eu os ouvi dizer que é verdade
Que ele te atrai
Elimina cada pedaço de você
Esqueça tudo”
Cellar Darling – Redemption

A música começou e me tirou dos devaneios sem perspectiva. Digitei


meu usuário e senha, olhei para o chat e meus olhos se encheram de
lágrimas sem motivo nenhum. Se eu não aparecesse, nenhum dos dois
conversava. Silent era a personificação do silêncio, como seu codinome.
Hassassin era tagarela, mas nem sempre estava animado para as respostas
monossilábicas do nosso amigo virtual.

Allen>> Cheguei. Começaram a jogar cedo hoje?


Hassassin>> Entramos em uma siege, para defender o castelo Rune a
favor do clã Savage. Somos a minoria, mas estamos nos divertindo por
sermos os melhores.

Silent>> Entre com o buffer.

Hassassin>> Seria legal vir com o Baruk, o difícil será sobreviver até
chegar em nós. Parece até que juntou todos contra os Savage.

Allen >> Eu queria lutar com vocês.

Silent>> Você não chegou no level 30 com o mago. Venha com o


buffer.

Allen >> Às vezes eu esqueço o quanto é mandão, Silent. Que tal


seguir a proposta do seu nick?

Hassassin>> Verdade, está muito tagarela para quem só diz sim e


não. Mas ele está certo, Allen, venha com o buffer. Depois vamos upar em
Goddard.

Allen >> Claro. Vamos lá.

Abri o jogo, usei o login do meu avatar de suporte Baruk, conferi o


que eu tinha na minha sacola e fui até eles. Um buffer ajudava a curar e
potencializar outros usuários. Como estava no meio da guerra, que
chamávamos de siege naquele jogo, o melhor que eu poderia fazer era
auxiliar.
Escutando uma mescla de música e sons das lutas, troquei algumas
mensagens com os rapazes enquanto jogava. Aos poucos, meu coração
começou a bater forte por um motivo que me deixava feliz, estávamos
ganhando e eu adorava me imaginar tão sobrenatural quanto aqueles
personagens virtuais. Eram três homens, mas eu sonhava em ser uma maga
poderosa, que ninguém conseguiria tocar na vida real.
Depois de muitos minutos de luta, vários itens recolhidos por conta
da morte dos outros, conseguimos proteger o castelo em favor do clã
Savage e voltamos para a cidade, desloguei meu buffer e entrei com o outro
avatar, para que os rapazes me ajudassem a ganhar experiência.
Ouvi um barulho alto, tirei o fone e fechei os olhos de desespero ao
reconhecer serem passos. Que fossem apenas os trabalhadores daquela
fábrica, eu não queria ter que me envolver com mais criminosos.
Lágrimas escorreram dos meus olhos, eu não tinha um minuto de paz.
Fragilizada, mesmo sabendo que eu poderia perder a amizade daqueles
amigos virtuais de alguns meses, não resisti e desabafei no chat.

Allen>> Existe um canto para mim no porão de vocês?

Hassassin>> Como assim?

Allen>> Estou cansado de fugir. Apesar de não ser foragido da


polícia, tenho sempre alguém no meu pé e já fiz muita coisa errada para
ajudar pessoas más.

Hassassin>> Nós também. O clã Savage é odiado por todos no


servidor, mas nós os defendemos, só para criar o caos.

Silent>> Não acho que esteja falando do jogo.

Allen>> Não. A minha vida real é uma merda. Estou ouvindo passos
do lado de fora e será bem provável que eu suma por alguns dias, até
escapar novamente deles.
Hassassin>> Como assim?

O barulho do lado de fora ficou mais forte, decidi finalizar as


atividades e guardar o notebook, para que não o perdesse no processo de ser
sequestrada, mais uma vez.
Fui ao banheiro para me aliviar antes do inevitável e recolhi minhas
coisas de higiene para pôr na mochila.
Quando batidas na porta soaram, limpei as lágrimas e aceitei meu
destino. Daquela vez, eles me acharam rápido demais, eu estava me
tornando muito previsível.
Como no jogo, meus amigos poderiam vir me salvar, eu não me
importaria se eles fossem feios ou estranhos, eram os únicos que me faziam
sentir... querido. Querida. Céus, até eu estava me confundindo e não sabia
mais sobre minha identidade.
Capítulo 3
Meus dedos iam rápidos no teclado em busca de informações sobre
Allen. Eu não costumava me preocupar com os humanos, mas naqueles
últimos meses, acabei me apegando aqueles dois amigos virtuais.
Sendo recluso e gastando o meu tempo com jogos on-line, codinomes
iam e vinham, sem que eu trocasse muitas palavras. Tudo era estritamente
impessoal, não falávamos da vida real e eu poderia ser eu mesmo, matar e
destruir quando eu tivesse vontade.
Sentado na minha cadeira elegante, tendo dois monitores de tela
estendidos um em cima do outro, eu conseguia jogar ao mesmo que
executava outras operações, como buscar a localização do IP de Allen.
Além do meu computador ser um dos melhores do mercado, a minha
empresa desenvolvia ferramentas exclusivas para captura e proteção de
dados.
Eu não era apenas um executivo renomado, mas colocava a mão na
massa sempre que estava entediado. Naquele momento em específico, havia
curiosidade e uma pitada de preocupação.
Antes que o resultado das pesquisas de dados aparecesse no monitor,
uma taça com líquido vermelho apareceu no meu campo de visão. Jeremy,
um dos meus humanos escravos, veio me trazer o jantar, sendo que eu não
lhe havia pedido nada além de que me deixasse em paz.
— Vá embora — ordenei, baixo e sombrio.
— O senhor precisa se alimentar.
— E você precisa se lembrar de quem manda aqui. — Direcionei-lhe
um breve olhar ameaçador, passei a mão no cabelo e conferi a triangulação
do sinal de Allen. Sua última mensagem parecia de alguém que realmente
estava em perigo. Há muito não me divertia sem escrúpulos com os
humanos, como aconteceu meses atrás, depois que me alimentei daquela
humana fragilizada que tinha um sabor diferente e único.
Poucos dias depois, Alex me ligou disposto a me castigar, porque
estava chamando atenção sem necessidade. Ele era um dos meus irmãos,
transformados por Edmund e fiscalizava as ações sobrenaturais, para que os
humanos não sofressem com nossa falta de empatia.
Mais um motivo para me manter recluso e gastar meu precioso tempo
com o mundo virtual, pelo menos eu não tinha ninguém querendo podar
meus instintos – por mais que eu soubesse as consequências de ter um
vampiro descontrolado pela cidade.
— Estou preocupado com o senhor.
— Foda-se — resmunguei, mais pela informação no monitor do que
pelo meu escravo. Allen estava bem próximo, em uma fábrica abandonada,
que era usada para armazenamento de produtos ilegais de alguns criminosos
da região.
— Há mais de uma semana não se alimenta.
— Já passei meses em uma prisão, torturado e sem uma gota de
sangue. — Levantei-me da cadeira e fiquei de frente para Jeremy,
intimidando-o. Respeitoso, abaixou a cabeça, mas continuou estendendo a
taça em minha direção.
— Sei da sua força e grandeza, senhor. Não há necessidade de tanta
privação. Se assim o desejar, pode tomar de mim.
— Prefiro o sangue frio. — Bufei, peguei o que me oferecia e ingeri
com apenas um gole. Se eu iria agir, precisaria de todas as minhas forças
recompostas.
— Vai sair?
— Voltarei antes do amanhecer — ironizei, devolvendo a taça e indo
até o meu closet. Vesti um sobretudo pesado, coloquei os coturnos e escolhi
a chave do meu carro esportivo mais discreto.
— Posso providenciar que a refeição venha pessoalmente.
— Ninguém, além de você, entra no meu lugar — rebati, irritado. Ele
sabia que quando eu estava com fome, ia no Pleasure Pub e tomava o
sangue direto da veia de uma doce mulher. Quando precisava de sexo, fazia
da mesma forma, eu não precisava de uma babá, apenas um escravo.
— Sim, senhor. — Ele me observou sair, segurei a porta e o esperei
atravessá-la. Jeremy tinha a mesma idade que eu, quando fui transformado.
Diferente no envelhecimento, seus trinta e cinco anos mais pareciam
cinquenta, enquanto eu continuava conservado.
Comigo, ele tinha longevidade, dinheiro e prestígio. Não sabia de
todos os meus segredos e executava um ótimo trabalho com os acionistas da
empresa, eu só participava das reuniões extremamente importantes.
— Algo mais que eu possa fazer? — Sempre solícito, caminhou ao
meu lado até o elevador.
— Não.
Fui até o andar do estacionamento sozinho, peguei o celular que
estava no meu bolso, digitei a localização de Allen e pisei firme em direção
ao meu automóvel. Com um aperto de botão, as portas foram destravadas.
Outro toque, o motor roncou e o som alto soou.

“Cansado de todas essas pessoas falando


Doente de todo esse barulho
Cansado de todas essas câmeras piscando
Doente de estar pronto”
Corvyx – Castle

Acomodei-me atrás do volante, apoiei meu celular no painel do carro


e acelerei com força, saindo para a rua e guiando até a tal fábrica
abandonada. Ainda não sabia ao certo o que iria fazer ou como proceder,
não estava disposto a me revelar para um humano viciado em jogo on-line
de RPG, muito menos precisava de outro escravo na empresa.
Estava curioso, aquela era a verdade. Queria esclarecer se Allen
estava apenas dramatizando, buscando empatia minha e de Hassassin, ou
ele tinha grandes problemas. Não seria a primeira vez que acompanharia a
tortura de um inocente, inclusive, às vezes me satisfazia vendo tamanha
crueldade.
Quando nos tornávamos vampiros, a percepção entre certo e errado,
bem e mal, tinha outros parâmetros. Tudo seguia a minha vontade, mesmo
que eu não me encontrasse envolvido no ato. E, se eu estivesse um pouco
mais animado, acionava o meu lado psicopata e acabava com a vida de
todos. Então, colocaria fogo e nada passaria de um acidente. Nem mesmo
Alex vincularia aquela tragédia com meus instintos descontrolados.
Cheguei ao local e não perdi tempo, assim que parei o carro, saí e me
locomovi rapidamente, com a habilidade sobrenatural que os vampiros
tinham. Fui até a porta lateral, de um beco pouco movimentado e ouvi
gritos, mesmo que abafados.
A fechadura judiada pelo tempo foi fácil de violar, abri a porta e
segui em direção aos gritos. Tinha um tom feminino, talvez eu estivesse no
local errado ou os criminosos resolveram fazer uma festinha no mesmo
lugar que meu amigo virtual.
Caminhei apressadamente e sem fazer barulho até o espaço que tinha
a maior concentração de pessoas. O cheiro de produtos químicos impedia
que eu reconhecesse o sangue de cada um deles, não dava para saber a
quantidade.
— Por favor, não! — a voz chorosa, de mulher, me remeteu a um tom
conhecido. Fechei os olhos e busquei na memória alguma situação parecida,
eu era bom de lembrar informações, mas nada veio em minha mente.
Andei lentamente por um corredor, precisava passar despercebido até
visualizar o que estava acontecendo.
— Achou que iria escapar de mim, sua vagabunda? Você serve aos
Robinson, quanto mais você fugir, mais pagará.
— Não me toque! — berrou e um estalo ecoou, de pele com pele,
remetendo a um tapa. Pelo gemido, com certeza acertou a mulher que
estava protestando.
Tentei não perder o controle. Mostrar aos valentões que existia
alguém mais cruel e impiedoso era a minha maior diversão. Então, recordei
da última vez que agi para me vingar, o sobrenome Robinson e aquela
mulher de sabor únicos. Salivei, tanto pela fome, quanto por estar sentindo
uma pitada daquele sangue no ar.
Era ela!
— Faça o seu trabalho e cale a boca, Freya. Quero ver o idiota de pau
duro e contando tudo o que eu preciso saber.
Consegui contato visual e digitalizei a cena, além das possibilidades
de ataque, em apenas um segundo. Havia um homem alto e de terno
segurando uma mulher pelo braço, que mal tinha forças nas pernas para se
manter de pé. Outros três homens, que pareciam seguranças, faziam a
guarda das saídas. Sentado em uma cadeira com as mãos amarradas nas
costas, havia um homem sem camisa e com marcas de agressão no rosto,
provavelmente um inimigo. Outros dois homens vestidos de preto, estavam
ao lado dele e observando a interação geral.
— Ela cheira tão bem — o que se encontrava sentado parecia
hipnotizado e encarava a mulher que iria se sentar no colo dele contra sua
vontade. Percebi que não era apenas ele, mas todos os outros homens
pareciam focados demais nela, porque seu cheiro era intenso.
— Eu não quero fazer isso — ela resmungou, um último lamento
antes de soltar um longo suspiro e o homem, que deveria ser o chefe, lançá-
la ao seu prisioneiro.
Ela era como eu me lembrava, cabelos indomados, lábios carnudos e
cheiro irresistível. A misteriosa estava sentada de lado em uma das pernas
do homem, que só não a tocava, porque as mãos estavam presas atrás.
Os dedos dela tocaram o rosto do homem, que gemeu e balançou o
quadril, sua ereção era perceptível. Inspirei profundamente e me percebi
excitado também, aquela mulher tinha algo diferente. Ela não era apenas
uma humana.
— Preciso acessar o celular dele — o grandão exigiu.
— A senha é vinte e cinco, quarenta e dois, zero sete.
— Muito bem, Freya. Agora eu quero nome e endereço dos filhos da
puta que estão vendendo drogas no meu território. Vou acabar com cada um
deles e suas famílias.
Com as mãos ainda no rosto agredido do homem sentado, ela
conseguia as informações apenas com o toque. Era uma habilidade e tanto,
com certeza teria muitos homens maus atrás para conseguir burlar muitas
coisas.
— Está no aplicativo de notas — respondeu, deitando a cabeça no
ombro do homem e me deixando nervoso, por conta da sua entrega sem
escrúpulos.
— Muito bem. — O idiota principal a puxou para cair no chão
enquanto ele olhava para o celular.
Tinha me esquecido do amigo virtual, eu deveria ignorar aquela cena,
mas estava difícil demais.
Eu não sabia explicar, apenas que eu queria ter aquela mulher para
mim. Se fosse o cheiro ou a curiosidade, deixaria para encontrar
argumentos depois, afinal, eu não precisava prestar contas do que eu fazia
com a minha eternidade para ninguém. Só quando eu exagerava na dose da
vingança...
Dei um passo para trás, tentando retomar o primeiro objetivo que me
fez chegar até aquele local. Então, dei outros dois para a frente, batendo
palmas e entrando em cena, chamando atenção de todos para mim.
Que se foda, eu queria me divertir um pouco e acumular um pouco de
XP na vida real.
Capítulo 4
A recepção não foi apenas com olhares surpresos, mas com armas
apontadas em minha direção. Aproximei-me o suficiente do arrogante
chefe, a mulher estava no chão encolhida e não ergueu a cabeça para mim,
como se eu a assustasse mais do que todos os outros.
Então, eu lembrei. Porra! Para todas que eu tomava o sangue, usava a
persuasão para nunca se aproximarem novamente, para que me temessem.
Se estava complicado, tinha ficado duplamente pior.
— Quem é você? Quer morrer? — Um dos seguranças que ladeavam
o que estava sendo interrogado na cadeira se aproximou com a arma
apontada para mim.
— Não estou aqui para bater papo, eu só quero pegar a mulher e ir
embora. — Apontei para ela, que se encolheu no chão ainda mais. — Mas,
se vocês querem brincar...
— O que pensa que está fazendo? — O chefe revirou os olhos e
movimentou a cabeça. — Acabe com ele.
Ah, se ele soubesse com quem estava lidando, não seria tão
descuidado. Ao invés de anunciar seu próximo passo, agiria com surpresa,
para tentar obter alguma vantagem.
Afastei-me para o lado quando o primeiro tiro soou.
Estrategicamente, fiquei entre os homens, para que um atirasse no outro e
eu não precisasse nem sujar as mãos. Com a minha velocidade e o
desespero deles, por não saberem com quem lidavam, em alguns segundos
estavam todos no chão, menos o principal babaca, porque eu tinha algumas
perguntas para ele antes de me alimentar do seu sangue amargo.
Assustado, tentou correr depois que viu todos no chão. Segurei-o pelo
colarinho da roupa, ergui-o apenas o suficiente para intimidar e sorri com
deboche.
— Quem é você?
— Por favor, não me mate. Você vai se arrepender.
— Qual a dificuldade de responder uma pergunta? — Fechei a cara e
ele começou a tremer, com certeza reparou nos olhos vermelhos que
brilhavam em busca de sangue.
— Eu sou John Robinson. Acima de mim existe apenas o Dominic
Robinson, ele não vai aceitar minha morte sem retaliação. Vai destruir você,
sua família e todos os que você ama.
— Ah, que pena. No meu caso, quando você faz isso, eu crio uma
nova conta e faço nascer o avatar. — Ri baixo, por ele não ter entendido a
piada referente ao jogo, meus amigos só estavam lá.
— O que você quer?
— Quem faz as perguntas sou eu. — Olhei para o lado, em busca da
mulher, mas ela tinha desaparecido. Merda! Conseguia ouvir ao longe seus
passos, eu a alcançaria depois. — O que ela é?
— Não sei.
— Claro que sabe! — Chacoalhei-o, ele deu um grito assustado.
— É uma aberração, consegue ler mente enquanto nos deixa todos
excitados. O padrasto dela a vendeu há muito tempo por causa desse poder,
eu a comprei.
— Bem, você acabou de perder a posse dela.
— Não! Ela tem que pagar, matou meu filho e os amigos dele, alguns
meses atrás.
— Ah, na boate Pleasure Pub? — Ele arregalou os olhos e eu sorri,
perverso. — A culpa é toda minha, eu que me diverti com eles e farei o
mesmo com você.
— Me solta! Socorro! — Tentou se livrar de mim, joguei-o para o
lado, ele bateu na parede e caiu, desacordado. Gemeu enquanto eu me
aproximava dele, sem pressa.
— Quais são as últimas palavras, John Robinson?
— O que é você?
— A última face que você verá antes de morrer.
Coloquei um joelho no chão, peguei-o pela lapela do terno e sua
cabeça tombou, expondo seu pescoço. Aquela era a melhor veia, pulsava e
enchia minha boca, me alimentando por mais de uma semana.
Abri bem a boca, minhas presas ficaram salientes e finquei-as na sua
jugular. Horrível e amargo, depois de uma batalha, mesmo que fosse tão
banal quanto a que tinha acabado de executar, eu gostava de tomar aquele
sangue. Eu nunca me esqueceria do seu cheiro, reconheceria seus parentes e
ancestrais à distância, todos eles se tornaram os meus inimigos.
Assim que me senti satisfeito, larguei seu corpo e me levantei, tirando
um lenço do bolso interno do meu sobretudo para limpar a boca e queixo.
Lambi os lábios e descartei o pequeno pedaço de papel, tudo seria
queimado, para que as provas das minhas ações fossem confundidas com a
briga entre criminosos rivais.
Agucei meus sentidos para ouvir os outros sons da fábrica
abandonada, a mulher ainda estava por perto. Segui seu cheiro único, voltei
para o corredor e encontrei um outro, mais estreito e cheios de canos. Dei
passos medidos, centrados. Encontrei uma porta e a abri, precisando
imprimir um pouco mais de força que o normal, por estar trancada.
Em um canto, bem encolhida e abraçada a uma mochila, estava a
mulher que eu tomei do seu sangue há um tempo. Freya era seu nome ou
apenas um apelido? De uma coisa eu não tinha dúvida, ela tinha sido
inesquecível.
Dei um passo para a frente, ela estremeceu e se encolheu ainda mais.
Não sabia como reverteria a persuasão do medo, talvez precisasse recorrer
ao meu mestre, aquele que me transformou e era o vampiro mais forte que
eu conhecia. Mas, antes, eu iria tentar.
— Não precisa ter medo — falei com firmeza, mas não teria efeito se
ela não olhasse em meus olhos.
— Por favor, por favor — implorou, abraçando ainda mais a mochila.
— Olhe para mim.
Ela deu um grito, se levantou apenas para ir até o outro canto se
esconder de mim. Olhei ao redor, era um abrigo muito ruim para alguém
como ela. Será que vivia se escondendo daqueles criminosos?
— Qual é seu nome?
— Oh! — Estremeceu, abaixando a cabeça e não me obedecendo.
Merda, eu não conseguiria um diálogo normal sem usar minha força
sobrenatural.
Usei de velocidade, segurei em seu pescoço e a levantei, usando a
parede atrás dela para firmá-la. A pegada tinha a intenção de fazer com que
sua cabeça ficasse para cima e seus olhos finalmente encontrassem os meus.
Tinha me esquecido da sensação de tesão que era ao estar por perto
dela. Meu corpo inteiro reagiu, meu pau ficou duro instantâneo e ela mexia
a cabeça para desviar minha atenção.
— Por quê? — Tentava entender o que acontecia.
— Oh, Meu Deus! Por favor, não me toque. Não me faça mal.
— O que é você? — perguntei, enérgico e consegui um pouco da sua
atenção, mas não o suficiente para tirar seu medo de mim.
— Freya. Eu... você...
— Que poder é esse?
— Eu também não sei. Apenas fujo, não consigo controlar. —
Pressionou os lábios e tentava não chorar, estava difícil para ela e, se o
poder vinha pelo toque, o que ela deveria estar sentindo de mim era tão
intenso quanto seu cheiro. — Sei a verdade, também excito os homens.
— Não apenas eles, mas outros seres. — Busquei seu olhar, movia a
cabeça em busca de fixá-lo no meu, para usar a persuasão. — Porra, olhe
para mim.
— Tenho medo, você me causa pavor, muito mais do que aqueles
outros.
— Claro. — Olhei para o teto, fechei os olhos brevemente e mudei a
estratégia. Larguei seu pescoço e ela correu para o outro lado do cômodo.
Deixou a mochila, que me chamou atenção por ter o formato retangular.
— Me deixe ir embora.
— Não — resmunguei, colocando um joelho no chão, puxando o
zíper e identificando um notebook.
— Conhece Robinson? — Estava em choque, por estar deduzindo
tantas coisas ao mesmo tempo. Não poderia ser real, o meu amigo virtual
era a mesma mulher que encontrei há alguns meses na boate Pleasure Pub.
— Você... como... é meu... por favor, me deixe ir.
— Responda! — Virei a cabeça na sua direção e finalmente encontrei
seu olhar. — Eu não vou te machucar.
— É meu codinome em um jogo — respondeu, roboticamente.
Piscou várias vezes e suspirou, aliviando um pouco da tensão que existia.
— Quem é você?
— Não está me reconhecendo, porque estou falando mais do que o
normal. — Fechei a mochila, coloquei no meu ombro e olhei ao redor. —
Mais alguma coisa para levar?
— O quê?
— Tem mais algum pertence que você quer levar? — Fiz uma careta,
tudo ali era encardido e cheirava ruim. — Essa fábrica vai queimar e acho
que você não irá ficar para assistir, certo?
— Sim, mas...
— Vamos. — Saí daquela pequena sala e olhei para Freya, que
continuava agachada e com o olhar perdido. Seria arrogante demais da
minha parte dizer que eu não era seu inimigo, as frases de persuasão para
rebater o que eu tinha dito anteriormente precisavam ser bem pensadas. —
Não tenho a noite toda.
— Eu não quero ir com você.
— Mas precisa, a não ser que prefira queimar junto com os corpos lá
na outra parte. — Para garantir que ela não fugiria, levei a mochila dela
comigo enquanto encontrava uma forma de explodir o lugar, sem muito
estrago.
Nunca pensei que Allen poderia ser uma mulher. Ela soube se
disfarçar muito bem, nunca usou assuntos pessoais para nos envolver.
Aquela última conversa tinha me instigado e acabei por descobrir muito
mais do que apenas uma mulher por trás de um amigo virtual homem.
— Hey, espere! — Ela correu atrás de mim, tentou puxar a mochila,
mas me virei e não deixei. Freya tropeçou e caiu em cima de mim, envolvi
sua cintura com meu braço e uni nossos corpos, me inebriando pelo seu
cheiro afrodisíaco.
O que eu ia fazer mesmo? Ah, eu estava com fome e queria só uma
dose do seu sangue maravilhoso.
Capítulo 5
A mistura de medo e desejo nublou seu olhar. Ela estava dominada
pelo comando para que ficasse longe de mim, ao mesmo tempo que sabia
que eu não lhe faria nada de mal. Aquela jovem humana deveria ter passado
por muita coisa ruim para se sentir confortável em meio a uma ameaça
como eu.
Seus lábios estavam convidativos, minha sede quis dominar a
situação, mesmo estando com meu organismo satisfeito pelo sangue do
criminoso que tinha acabado de matar.
— O que vai fazer? — ela perguntou, tão inocente e temerosa como
deveria ser. Sorri, afinal, eu estava no comando e poderia agir como eu
desejasse.
— No momento, estou apreciando seu cheiro. — Curvei meu rosto
para a frente, deixei meu nariz tocar a pele do seu pescoço e ouvi o pulsar
da veia, cheia de vida e alimento para meu corpo e alma. — Afrodisíaco e
sobrenatural. O que é você, Freya?
— Eu... oh! — Arfou, tão excitada quanto eu estava. — Não sei, não
tenho controle sobre o que você está sentindo.
— Claro que tem. — Coloquei a língua para fora e lambi a pele
exposta, do ombro até a orelha, ela se arrepiou. — Também está apreciando.
Se eu tocar sua boceta, estará encharcada. É daí que vem o cheiro. —
Precisei rir, ao imaginar-me tomando do seu sangue mesclado ao mel da sua
vagina. — Estou pronto para te foder de muitas maneiras, humana.
— Como sabia meu nome? Allen.
Como um banho de luz solar, saí da hipnose movida ao tesão e a
afastei, sem que a soltasse. Como pude me deixar envolver pelo seu poder
de sedução? Eu não estava lá para trepar com uma humana, nem me
alimentar dela enquanto estivesse gozando fundo seu canal encharcado,
precisava dar um fim naquela fábrica.
— Muito prazer, Silent.
Puxei-a para me acompanhar, suas exclamações não aliviaram a
irritação do momento. Por mais que ela não soubesse controlar seus
poderes, eu estava sendo seduzido e não gostava de perder o controle.
— Meu Deus, como o Silent pode ser tão...
— Falador? — Encarei-a por cima do meu ombro e a soltei quando
cheguei até os corpos ensanguentados.
— Bonito. Parece rico e velho. — Ela cruzou os braços e se encolheu
quando direcionei um olhar irritado. Encontrei um produto inflamável em
um canto e comecei a espalhar. — Como me achou?
— Tenho meus meios.
— Sabia que era um hacker. Não achei que um de vocês iria
realmente me salvar.
— Oh, Allen, acredite, eu não sou nenhum herói.
— Pode me chamar de Freya. — Olhou ao redor e gemeu,
assombrada. — Eu odeio ver isso.
— Era você ou eles.
— Também sinto que já te vi em algum lugar.
— Sim, eu já tomei do... — Parei de me movimentar e de falar, eu
precisava me policiar para não me expor além do necessário. Se não iria
matar a jovem, ela não precisaria saber mais do que o necessário.
— Tomar? Nos encontramos em alguma boate? O filho desse aí me
levava para esses lugares, eu nunca gostei e bebia bastante.
— Assim facilita ser abusada. — Voltei a me mexer e a encharcar
todos os lugares.
— Não. Quanto mais álcool, menos essas coisas que existem em mim
afloram. Meus poderes adormecem.
— Quem são seus pais?
— Minha mãe morreu quando eu era criança e nunca conheci meu
pai. Meu padrasto descobriu o que eu poderia fazer e...
— Que família maravilhosa a sua. — Joguei o recipiente longe e bati
as mãos, fingindo livrá-las de sujeira. — Seu pai deveria ter algum dom
sobrenatural, é o mais provável.
— Já procurei na Internet e nos livros antigos, em lojas de bruxaria,
nada fala sobre descobrir a verdade e esse cheiro que deixa os homens
excitados. — Ela abaixou a cabeça e fui até a sua direção. — Apenas os
homens.
— Gosta de água?
— Fogo. — Ela recuou um passo e ergueu a cabeça, tentando me
enfrentar, mas recuando de medo. — Sempre preferi o calor.
— Que pena, eu sou um poço gélido e tenho alergia ao sol. — Tirei a
mochila do meu ombro e entreguei a Freya, que ficou surpresa. — Tem
algum fósforo?
— Sim. — Ela tirou a pequena caixa de um compartimento e me
entregou. — O que vai fazer?
— Limpar os rastros. Saia daqui, eu te alcanço.
Ela abriu e fechou a boca, confusa ao mesmo tempo que aliviada. Ao
invés de rebater ou questionar, me obedeceu e saiu correndo, seus passos
ecoando por toda a fábrica.
Acendi o fósforo, joguei no rastro de gasolina que fiz e observei-o se
alastrar como eu desejava. Assim que uma pilha de caixas deu uma leve
explosão no canto, usei minha velocidade sobrenatural para alcançar Freya,
que tinha acabado de colocar o pé para fora daquele lugar.
Apontei para a frente, ela continuou correndo e eu a acompanhei,
fingindo esforço para a ação. Assim que cheguei no meu carro, uma
explosão soou atrás de nós e ignorei. Abri a porta, ela entrou no banco do
passageiro e eu fui até o motorista. Assim que liguei o carro, a música soou
e meu pé empurrou fundo o acelerador.

“Não consigo controlar a parte inquieta de mim


Curvando nossas cabeças para o amor e a ganância
Eu me pergunto
Não posso negar, está na minha cabeça
Um mundo em chamas, o sangue que derramamos
Paredes estão caindo sobre nós”
Within Temptation – Mad World

Ela colocou o cinto de segurança tardiamente, eu estava indo


rapidamente com meu automóvel esportivo, para o canto mais longe
daquela fábrica e tentando despistar qualquer um que tentasse nos seguir.
Refleti enquanto buscava uma alternativa que não fosse a minha
empresa, eu já tinha dado informação demais para um amigo que deveria
ser estritamente virtual.
— Meu Deus, você corre demais!
— Você não viu nada. — Sorri, debochado.
— Para onde vamos?
— Em algum lugar seguro.
— Sua casa?
Então, lembrei, que o único lugar que eu confiava era na empresa. E,
tão errado quanto guardar um backup junto com o conteúdo original, eu
tinha feito meu lar junto do trabalho.
Não tinha jeito, eu iria quebrar uma regra importante sobre a minha
segurança e de todos os vampiros. Lá, conseguiria descobrir sua origem,
analisar seu sangue e descobrir o que estava por trás de Allen, ou Freya,
precisava de todas as informações corretamente.
— Silent?
— O que foi?
— Para onde vamos? Estou assustada.
— Sim, e não vai passar tão cedo, bem como esse cheiro afrodisíaco,
como se quisesse acasalar com todos os machos que passarem na sua frente
e procriar muitos filhos.
— Credo!
— Instinto animal, Freya. Para descobrir sobre você, teremos que
voltar muitas décadas e, quem sabe, muitas espécies antigas.
— Espécies? Eu sou um animal? Deus! E o que é você?
— Pensei que estava preocupada com o local, não a minha origem.
— Não tenho escolha — murmurou, afastando-se de mim e grudando
na porta do carro.
— Iremos para minha casa, Freya, mas você não é uma convidada. —
Troquei um olhar sombrio com a humana, que se encolheu no assento. —
Até que eu descubra o que você é e porque cruzou o meu caminho, você é
minha prisioneira.
Capítulo 6
Por mais medo e desespero que estivesse gritando no meu peito, eu
não conseguia me afastar. Era uma confiança cega, como se aquele homem,
o mesmo amigo virtual que eu estimava tanto, se transformasse em um dos
magos assassinos dos jogos on-line.
Também havia aquela excitação, que surgia quando eu estava no
período fértil. Os homens se aproveitavam e Silent quase fez como os
outros, mas ele era sedutor, senti-me devotada por um homem, pela
primeira vez.
Ele se afastou, respeitou-me e estava me levando para um local
seguro, como sua prisioneira. Poderia ser romântico em outro contexto e
como eu vivia para sair da minha realidade, aceitaria o meu vilão.
O prédio da Império Lasher brilhou na nossa frente e meus olhos se
iluminaram, porque era o meu sonho fazer uma faculdade e trabalhar
naquela empresa. Admirava de longe, enquanto eu não soubesse controlar
meus poderes e não saísse da mira dos criminosos que me usavam, eu
ficaria apenas com os sonhos.
— Como consegue jogar com esse computador horrível? Agora
entendo muita coisa sobre a sua lentidão em algumas quests.
— Quanto tenho sorte, consigo jogar pelo computador da lan house.
Mas estou fugindo e passando despercebida desde que o filho do Robinson
morreu. — Abracei minha mochila ao sentir um calafrio. — Por que sinto
tanto medo de você?
— Porque eu mandei que fosse assim. — Ele virou o carro e entrou
na avenida da minha empresa dos sonhos.
— Você também tem poderes?
— Habilidades únicas. — Parou em frente ao portão imponente, que
se abriu sozinho. — Fique em silêncio.
— Meu Deus, você trabalha aqui?
— Não, eu sou o dono — respondeu baixo, acreditava que não queria
que eu ouvisse, mas ouvi e me surpreendi um pouco mais.
Ele estacionou o carro o mais longe possível da entrada. Saiu do
automóvel e rapidamente chegou ao meu lado, ajudando-me a sair e, claro,
para que eu não fugisse.
— Posso andar sozinha — resmunguei, tentando afastar meu braço da
sua mão. O contato me fazia sentir coisas e estava cheia de conflitos.
— Eu sei.
Entramos no elevador e ao invés de subir, descemos muitos andares.
O frio aumentou e então, percebi que a mão dele estava com a temperatura
tão baixa quanto o local.
Estremeci e espirrei, eu não estava acostumada com aquela sensação
térmica, nem vestida para tanto.
Saímos em um andar pouco iluminado e com paredes de metal. Luzes
de led, fios e eletrônicos indicavam que era um ambiente inteligente –
senão, com decoração moderna.
— Tome um banho, coloque uma roupa quente e me espere. Vou
providenciar comida e outras coisas que uma mulher precisa.
— Precisa?
— Ou você tem outros hábitos sobrenaturais que não me contou? —
Ele parou em frente a uma porta, abriu-a e me colocou para dentro.
Não era apenas um grande quarto, mas um imenso cômodo
aconchegante, mesclando tecnologia e conforto. Não consegui respondê-lo,
estava ocupada demais olhando um monitor com vários ícones, que
indicavam operações, como temperatura, iluminação e as imagens do telão.
Cliquei nele e uma das paredes se transformou em um céu azul,
maravilhoso. Deixei minha mochila no chão e caminhei naquela direção,
sem acreditar que o nerd que jogava RPG comigo era um bilionário cheio
de coisas legais em uma casa no subsolo. Bem, algumas coisas eram bem
típicas dos reclusos.
— Então, quer alguma coisa em específico, Freya?
— Qual seu nome? — Franzi a testa e virei-me para encará-lo, a
sensação de pavor estava ali, mas eu conseguia dominá-la por conta desse
poder sexual que ainda estava ativo em mim. — É neto do bilionário
Francis Lasher?
— Algo como isso. Pode me chamar de Lasher apenas.
— Combina mais do que Silent.
— Não sou tão falador quanto aparento. Hoje está sendo uma noite
atípica. — Ele cruzou os braços e sua aparência lhe dava um ar sombrio
delicioso. — A rede wi-fi é exclusiva desse quarto, não precisa de senha, eu
irei autorizar sua conexão no servidor.
— Uau. Assim não me sentirei como prisioneira.
— Você não tem ninguém para recorrer, a não ser Hassassin. Ele está
em outro país, então, estou com vantagem. — O sorriso sarcástico me fez
suspirar, era estranho ficar atraída para o perigo.
— Claro. Se puder me trazer uma pizza, eu apreciaria.
— Você não tem cara de comidas gordurosas.
— Aprendi com a minha mãe a comer frutas e legumes, mas há muito
deixei esses hábitos. Quanto mais rápido e que dê energia, melhor. Estou
sempre correndo.
— Posso trazer outros alimentos, deseja experimentar algo diferente?
— Mais parece um garçom de hotel, Lasher. Você costuma ser mais
mandão on-line.
— Acredite, sou mais parecido com o meu avatar no jogo do que
aparento. Só estou desacostumado com as coisas humanas.
— Humanas?
— Quer alguma roupa ou produto de higiene?
— Se tiver o básico aqui, está bom para mim. Eu nem sei como te
agradecer, estou vivendo de buraco em buraco há muitos anos.
— Bem, é temporário, Freya. Não tenha ideias erradas.
— Nenhuma. Você quer saber minha origem, eu também. Assim que
descobrirmos, terei uma direção melhor. Talvez, eu ache meu pai biológico
e ele me proteja dos criminosos.
— Mais alguma coisa?
— Refrigerante. — Sorri amplamente.
— Só isso?
— Sim. — Caminhei até a porta e fiquei de frente para ele, com o
olhar baixo, era o máximo de aproximação que eu poderia fazer antes de
começar a chorar. — Obrigada, Lasher.
— Não me agradeça ainda, Freya. — Ele colocou um pouco do meu
cabelo atrás da orelha e desceu até o meu queixo, segurando firme e o
erguendo. — Olhe para mim.
Era difícil obedecer, por mais que fosse irresistível. Sentimentos que
eu não entendia o motivo de sentir entravam em conflito, o desejo e o medo
se juntavam e me faziam desejar ser tocada intimamente por aquele homem,
sem cuidado ou carinho.
— Fique confortável, eu já volto ou Jeremy o fará.
Ele me soltou, resmunguei pela falta de contato e fechou a porta, me
deixando trancada naquela gaiola tecnológica.
Voltei para o painel, busquei mais opções e encontrei as músicas. Era
o estilo do que estava no automóvel, agitada, com pitada sombria, mas que
também aqueciam o coração.
Deixei rolando e olhei ao redor. A cama me chamou atenção, corri até
ela e me joguei. Parecia o céu, que maravilha. Há quanto tempo não
repousava meu corpo em algo tão fofo?
Mesmo suja e precisando de um banho quente, o edredom cheiroso e
a sensação de relaxamento tinham sido tão grandes, que me aninhei em
cima da cama, puxei um travesseiro e apaguei.
Capítulo 7
Quando fechei a porta do quarto, Jeremy surgiu ao meu lado, com o
olhar arregalado e boca aberta. Antes que eu pudesse dar as ordens
necessárias para que atendesse Freya, ele começou:
— O senhor disse que ninguém além de mim entrava na sua casa.
— Sim, eu falei. — Segui para o meu escritório, precisaria me sentar
antes de lidar com as palavras ditas jogadas na minha cara.
— Que eu era o único em quem você confiava.
— Ainda é, Jeremy.
— Quem é ela? Por que está aqui? Vai se livrar de mim?
— Não há nada para se preocupar. — Encarei-o, firme, evitando usar
a persuasão para não atrapalhar seu julgamento natural das circunstâncias.
— Ela precisa comer, traga pizza e refrigerante.
— Ela vai ficar?
— É minha prisioneira. — Entrei na minha sala, tirei o sobretudo e
Jeremy o pegou antes que caísse no chão. Fui até a cadeira elegante, joguei-
me nela e fechei os olhos, precisando de um segundo para pensar, mas meu
escravo não estava disposto a me dar aquele momento de paz.
— Oh! O senhor se apaixonou?
— Não.
— Ela será sua escrava de sangue? Sexual?
— Não! — Coloquei os dedos entre os olhos, tendo uma vaga
lembrança de que aquele tipo de situação me daria uma dor de cabeça,
quando era um humano, mas sendo um vampiro, só tinha incomodações que
eu resolvia no grito ou matando.
— Mas o senhor...
— Jeremy, está tudo bem. Respira enquanto você consegue. — Abri
os olhos e ajeitei-me na cadeira para intimidá-lo. Ele fechou a boca e me
obedeceu, fazendo barulho ao inspirar profundamente. — O nome dela é
Freya e tenho quase certeza de que não é uma humana.
— Oh! Ela é vampira também?
— Não. — Virei-me para ficar de frente ao computador e me arrastei,
até alcançar o teclado e começar a digitar. — Traga alimento, algumas
roupas e itens de higiene feminina. Dispense agradá-la em excesso, é
apenas temporário e, claro, ela é prisioneira e não deve sair desse andar.
— Correto, senhor.
— Também preciso que você arrume o laboratório para mim e colha
algumas ampolas de sangue dela, para que eu faça algumas pesquisas.
— Oh, faz tempo que o senhor não mexe naquele lugar.
— Exato, por isso você irá deixar tudo limpo e organizado como eu
gosto. — Encarei-o com sarcasmo. — Também espero que você faça muitas
perguntas a ela, para descobrir outras coisas que não estão registrados em
algum sistema.
Olhei para cima, no monitor aparecia o registro de nascimento dela,
além do registro escolar, ela não concluiu o ensino médio. Foi fácil
encontrá-la em meio a tantas Freyas no país, eu tinha uma boa intuição e
eliminei muitas delas por terem o nome do pai no registro. Relacionei com
a mãe falecida, tutor, o padrasto e residência na cidade, mais o sobrenome
que era o codinome no jogo de RPG, alvo encontrado.
— Senhor?
— Você ainda não foi, Jeremy? — Usei meu tom sombrio, para
espantá-lo o quanto antes. Ele deu um passo para trás e estremeceu, os
escravos eram bons quando temiam o seu mestre.
— Posso trazer algo para o senhor?
— Estou alimentado.
— Dela?
— Talvez, em outra oportunidade. Mas não. — Digitei alguns
comandos no computador e apontei para a tela maior que ficava na parede.
Uma câmera de vigilância perto da fábrica que eu coloquei fogo estava
captando o movimento de bombeiros e policiais. — Encontrei-a escondida
nesse lugar, um tal de Robinson a tinha contra a sua vontade.
— Robinson é uma família de criminosos importantes e perigosos,
senhor.
— Não mais.
— Eles têm contatos e ramificações por toda a Europa.
— Como te disse, Jeremy, não mais.
— Oh, merda, senhor, eles virão atrás da empresa Império Lasher e
nos encontrarão. — Meu escravo se aproximou na tela e juntou as mãos
próximo do rosto, apavorado. O que ele tinha de cauteloso, também tinha de
medroso.
— Se está tão pessimista, eu resolvo o seu problema em um estalar de
osso.
— Não! — sussurrou, colocando as mãos no pescoço e arregalando
os olhos para mim. Sorri com malícia, ele deu passos para trás em direção à
porta.
— Tem muita coisa para ser feita, Jeremy. Não me deixe esperando.
— Vou começar com o laboratório, depois atendo a donzela em
perigo.
— Prisioneira.
— Certo, prisioneira. Volto assim que estiver tudo concluído.
Ele saiu da sala, fechando a porta e me deixando com a escuridão
agradável, além da baixa temperatura do ambiente. Estiquei os braços e
cruzeios dedos, um movimento habitual que não fazia nada para o meu
corpo, mas me permitia entrar no modo jogador.
Coloquei o fone de ouvido, abri o aplicativo que iniciava o Lineage II
enquanto buscava mais informações sobre o padrasto de Freya Allen e
todos os seus parentes vivos.
No chat do jogo, a mensagem do outro amigo virtual me chamou
atenção. Depois do que tinha acontecido, eu não deixaria que um codinome
ditasse quem ele era, busquei sua localização através do IP e fui em busca
de todas as pessoas que moravam na residência. Para a minha sorte, havia
câmeras de monitoramento dentro e fora do lugar, facilitando a confirmação
de pessoa.

Hassassin>> Estou preocupado com Allen. Será que ele zoou ou está
bem?

Silent>> Ele sempre faz isso. Daqui a alguns dias ele volta a ficar on-
line.

Hassassin>> Achei que dessa vez fosse diferente.

Silent>> Vamos ganhar XP ou papear igual dois anãos sem


armadura?

Hassassin>> Pensei em começar uma quest, para ajudar Allen.

Silent>> Faremos novamente quando voltar. Estou indo.

Usei o mouse para fazer os movimentos no jogo e o teclado, para dar


zoom em uma das câmeras externas da casa de Aaron Vilage, mais
conhecido como Hassassin. Ele estava no quarto, o monitor estava visível
pela janela, além da cabeça cheia de fios pretos rebeldes. Era um
adolescente, que pelos troféus na prateleira de cima, jogava muito bem
Rugby.
Ficaria de olho, no mundo em que eu vivia, não existiam
coincidências.
Perdi-me entre pesquisar e jogar. Com o fone de ouvido potente,
alguns barulhos que eu deveria perceber por conta do meu poder
sobrenatural passaram despercebidos.
Ao sentir a aproximação de uma mão no meu ombro, movimentei-me
rapidamente, coloquei a mão no pescoço e pressionei o corpo contra a
parede, pronto para eliminar a ameaça. Jeremy nunca se aproximaria de
mim daquela forma, então, era outra pessoa.
Freya.
O olhar assombrado, além da falta de ar por conta da pressão dos
meus dedos em sua garganta a fizeram ultrapassar a linha do medo para
algo pior. Tremia tanto pelo medo quanto pelo frio que minha sala era.
— Merda! — resmunguei, abandonando-a para cair no chão sem
nenhum cuidado. Ela vestia apenas uma das minhas camisas sociais preta,
suas pernas estavam expostas e os pelos arrepiados. — O que está fazendo
aqui? Como saiu do quarto?
Enquanto tossia, levantou-se com a ajuda da parede. Mesmo receosa,
ela ergueu a cabeça e me enfrentou.
— Você também não é humano.
Tanto para me esconder, eu já estava exposto mais do que o
necessário para a minha prisioneira.
Capítulo 8
Forte, rápido e milionário, Lasher era muito mais do que estava
dizendo. O medo continuava firme no meu peito, mas cada vez mais
conseguia superá-lo, para me aproximar daquele amigo virtual que, na
verdade, eu não o conhecia como acreditava.
Depois de um cochilo rápido e um banho revigorante, escolhi uma
camisa preta para vestir, sem nada por debaixo, até eu descobrir como lavar
roupa. Mesmo tudo sendo desconhecido, o ambiente estava aconchegante e
seguro, eu só precisava me sentir protegida para estar bem.
Tinha sido resgatada, mesmo que Lasher insistisse em me considerar
prisioneira. O tal Jeremy me deixou ainda mais confortável com sua
atenção e jeito solícito. Ele tinha anotado minhas marcas de roupa, calçado
e comida favoritas, depois tirou sangue com muita habilidade. Aproveitei
sua distração com o kit de coleta para sair do quarto e explorar aquela casa
no subsolo.
Meus olhos brilhavam para tudo, eu estava muito interessada na parte
tecnológica do lugar. Afinal, não era apenas uma casa, mas um setor da
empresa que eu tanto admirava.
Para minha surpresa, o cômodo principal era o escritório e nele tinha
um imponente homem manuseando um computador de última geração.
Luzes neon, monitores e o meu jogo favorito contribuíam para que fosse um
local perfeito.
Então, cometi o erro de ter me aproximado com cautela. Como um
predador pronto para o ataque, Lasher saiu da sua cadeira e me colocou
contra a parede, apertando o meu pescoço, sem nenhum escrúpulo.
Eu achei que iria morrer naquele instante. Constatei seus olhos
vermelhos vibrantes, o olhar ameaçador e quase desmaiei antes de ser
liberta, tossindo e recuperando minhas forças.
Se eu não era humana, ele também não. Lasher sabia mais sobre a
nossa origem do que eu mesma, nos anos de fuga e abuso.
— Volte para o seu quarto — ordenou, afastando-se.
— Eu também quero respostas.
— Saia! — gritou, apoiando-se na mesa, parecia fraco ou controlando
sua verdadeira necessidade.
Deveria obedecer. Por Deus, tinha que sumir da frente daquele
homem, porque ele não teve pudor em matar aqueles bandidos, não iria ter
comigo.
Inspirei profundamente, então percebi, meu cheiro afrodisíaco estava
espalhado no ar como se fosse uma neblina de luxúria. Nem mesmo eu
conseguia me frear de sentir tanto tesão, eu estava desesperada para ser
tocada de todas as maneiras.
Diferente de tudo o que já vivenciei, com Lasher, o medo era o
tempero para me entregar. E com sua relutância, lutando contra a minha
essência excitante, me deixava ainda mais confiante de seguir em frente.
— Pela primeira vez na vida, eu quero isso. — Dei um passo em sua
direção, ele se afastou rapidamente para o outro lado da mesa. Foi em um
piscar de olhos, tão rápido quanto um super-humano. — O que é você?
— Freya, se não quer que eu a foda contra essa parede e tome todo o
seu sangue, sem pensar nas consequências, apenas volte para o seu quarto.
— Oh, senhorita Freya, o que está fazendo aqui? — Jeremy veio ao
meu encontro, mas parou, quando sentiu meu cheiro. — O que é isso? —
Colocou a mão na virilha, suas bochechas ficaram vermelhas e a confusão
tomou conta das suas feições. — Por que...
— Ela está sem calcinha, vestindo apenas a minha camisa e precisa
sair da minha frente antes que...
Dei atenção para o rapaz, que parecia hipnotizado por mim tanto
quanto eu estava. Ignorei Lasher e seu rosnado, Jeremy não iria reprimir
suas necessidades e eu estava pronta para me entregar ao prazer.
— Vou me arrepender disso depois. — A declaração do homem mais
poderoso que eu já tinha conhecido não me chocou. Na verdade, a parte
amedrontada dentro de mim estava satisfeita que eu o dominava tanto
quanto ele a mim.
Ele se aproximou daquele jeito instantâneo, me colocou em seu
ombro e foi para a cama, a mesma onde cochilei maravilhosamente bem. A
porta tinha sido fechada no meio do caminho, ele estava sobre mim,
segurando minhas mãos acima da minha cabeça enquanto seu quadril estava
bem alinhado no meu sexo.
— Fez isso de propósito? — Senti o perigo no tom da sua pergunta.
Eu não estava manipulando, nunca consegui controlar o que acontecia
comigo, por isso ficava reclusa e sem contato com as pessoas.
— Eu não sei como funciona. Nem sei o que sou. — Inspirei e fechei
os olhos, lutando contra o tremor do medo. — Mas você sabe o que é e
como me controlar, está me protegendo. Por favor, me ajude.
— Estou longe de ser o que você pensa.
Ergui a cabeça, para que meus lábios encontrassem os dele. Foi um
breve toque, frio e insensível. De olhos bem abertos, coloquei minha língua
para fora e o lambi, provocando-o sem pudores. Sabia que estava movida
pelos meus poderes sobrenaturais de sedução, mas com Lasher estava
prazeroso apesar de tudo.
Seus olhos ficaram mais brilhantes e intensos, o vermelho estava
além do sobrenatural. Queria que ele perdesse o controle, mesmo que uma
parte de mim estava apavorada se isso acontecesse.
Seus dedos se fecharam em meu pescoço e me prendeu na cama tanto
quanto bloqueava minha respiração. Abri a boca em choque, buscando ar e
impedindo que a luxúria tornasse aquele ato agressivo em sensual.
— Pare — rosnou, quase convincente o suficiente para que eu me
fechasse emocionalmente. — Você não me conhece e pretendo manter
assim até descobrir o que se passa com seu corpo.
— Sei que é Silent, o jogador mal-humorado que sempre me fez
companhia nos momentos mais difíceis.
— Não! — saiu com um fio de voz, sofrido. Seus dedos relaxaram
em meu pescoço e seu quadril se encaixou no meu, salientando o volume na
calça. — Feche os olhos e tente conter o cheiro. Eu... estou...
— Eu também, Lasher. Estou pronta para que você me toque da
forma mais íntima que nenhum outro homem fez.
Achei que ele me beijaria, ou sairia de cima de mim para arrancar as
roupas, mas nunca imaginei que sua mão seria substituída pelos seus dentes.
Memórias ocultas tentavam retomar seus lugares na claridade da minha
mente, mas eu as ignorei e foquei na sensação prazerosa de ter meu sangue
sugado.
Vampiro. Lasher era um bilionário sombrio, que fez a sua fortuna
crescer por séculos, não era um herdeiro. Abracei-o excitada, entregue
aquele desconhecido que tinha me escolhido para ser seu alimento.
— Oh! — gemi, de prazer e pavor, porque sabia que minha morte
chegaria em alguns segundos. Afaguei seu cabelo e inclinei ainda mais a
minha cabeça, para lhe dar espaço para tomar meu pescoço.
Ele rosnou, mordeu com mais força, depois se afastou, com sua
velocidade magnífica. Meu corpo estava mole, bem como minhas forças
tinham sido drenadas. A respiração enfraqueceu e a dor na região da
mordida se manteve latente, por estar ferida.
— Merda! — ele resmungou e finalmente fechei os olhos, me
concentrando nas sensações que me envolviam. O pulsar entre minhas
pernas ainda estava forte, eu precisava de alívio para que toda aquela
neblina de luxúria fosse embora.
O toque suave da música no ambiente me embalou a colocar a mão
entre minhas pernas e me estimular.

“Acho que você corta direto, sim, eu ainda estou perdendo o foco
Tenho minha frequência cardíaca enquanto estou tentando ser honesto
Na minha mente eu tenho jogado tentando resolvê-lo
Como seu amor passou sem nem ser notado”
Solence – In The Dark
O movimento circular e forte em meu clitóris me fez ofegar. Minha
mão estava perdendo a força, eu estava fraca demais para alcançar o ápice.
— O que está fazendo? — Lasher questionou e voltou para a cama,
lentamente.
— Preciso disso. — Virei o rosto e abri os olhos, implorando para
que participasse. — Eu não sei fazer tudo isso passar sem... gozar.
— Tudo bem, me deixe limpar a bagunça que fiz no seu pescoço.
— Você é um vampiro.
— Dedução óbvia, Allen.
— Foi intenso, eu gostei da sua boca em mim.
— Eu tinha uma regra e ela era não tomar duas vezes da mesma
humana. Não terá a terceira. — Colocou um joelho na cama e se inclinou
para mim.
— Por que não? — Tirei a mão da minha boceta e coloquei em seu
rosto, lambuzando seus lábios e bochechas com meus fluídos. — Está
sentindo tanto quanto eu, a conexão é forte, mais do que tudo. Por favor,
Lasher.
— O quê?
— Eu preciso de você dentro de mim.
Então, a conversa acabou. Ele tirou a roupa rapidamente, rasgou a
camisa que eu vestia e ficou por cima, investindo com apenas um
movimento. Suas mãos prenderam as minhas acima da cabeça, sua boca
voltou para o meu pescoço e percebi que lambia, não mais sugava.
A cada arremetida, meu corpo impulsionava e eu me aproximava do
ápice. Quanto mais ele entrava e saía, mais eu gemia alto, implorando para
que não parasse.
Não precisei dar um sinal, contraí meus músculos e apertei seu pau
dentro da minha boceta, o fazendo gozar tão forte quanto eu mesma.
Poderia não ter sido a única, mas com certeza foi a primeira vez que escolhi
o parceiro.
Sob o efeito do meu poder ou não, aquela tinha sido a minha escolha,
porque não era apenas o vampiro CEO, mas o amigo virtual que tanto
estimava.
Capítulo 9
Nem me lembrava quando tinha sido a última vez que uma mulher
tinha mexido tanto comigo. Muito menos me recordava da vez que me
deitei em uma cama e servi de almofada para que uma donzela recuperasse
suas forças para que tivéssemos uma segunda vez aterradora.
Troquei os lençóis e restaurei os furos que tinha feito em sua pele,
minha saliva contribuía para a cicatrização da pele humana. Mais uma
informação relevante para descobrir um pouco mais sobre aquela mulher.
Ela respirava profundamente, seu corpo estava relaxado e a persuasão
que usei no passado parecia ter desaparecido. Freya era poderosa, não tinha
controle sobre suas habilidades e precisava de apoio.
Nunca pensei que desejaria ser aquele que estivesse ao seu lado para
descobrir todas as nuances da sua existência. Deveria estar entediado
demais jogando para ter me deixado seduzir com a primeira mais intensa.
— Senhor? — Jeremy colocou a cabeça para dentro do quarto,
surpreso com a cena que via. Eu o tinha chamado pelo dispositivo acoplado
na cabeceira da cama, Freya iria precisar de comida e um banho quando
acordasse.
— Providenciou a refeição da convidada?
— Não era prisioneira?
— Em que momento eu te dei permissão para me questionar? —
Rosnei no final e ele balançou a cabeça, ficando atento às minhas
necessidades.
— Sinto muito pela indiscrição, senhor. Apenas me assustei com
todas as emoções envolvidas. Está tudo providenciado e aguardando seu
sinal.
— Está excitado?
— O que disse? — Meu servo arregalou os olhos.
— Exatamente como eu perguntei.
— Nesse momento, não, senhor.
Ou seja, enquanto ela dorme, seu cheiro não enfeitiça suas presas.
Estava nítido que Freya era uma grande predadora, não havia espécie
masculina no planeta que iria se controlar depois de senti-la.
— Venha daqui a trinta minutos, ela estará pronta para se alimentar.
Ele saiu do quarto, estiquei o braço para acionar o painel digital e
escolhi uma música para embalar o momento que eu fosse acordá-la. Olhei
para baixo, seu cabelo espalhado pelo meu peito e sua pele tão mais quente
do que a minha, gelada.

“Nós somos, nós somos os escolhidos


Nós somos, nós somos os poucos
O fim nunca virá (nunca virá)
Nós somos os escolhidos”
Mountains vs. Machines – Chosen Ones

— Hum... — ela resmungou e se mexeu, envolvendo sua perna na


minha. Estávamos nus e descobertos, deixando que o clima ambiente
refrescasse nossa pele. — Lasher?
— Sim, sou eu — não reconheci a rouquidão da minha voz, eu
deveria estar sendo tomado pelo seu feitiço... ou era apenas eu me
revelando.
— Me sinto fraca. — Suspirou e tentou levantar a cabeça, mas não
conseguiu. — Mas meu coração está calmo, há uma paz dentro de mim.
— O que isso quer dizer?
— Que meu período fértil está passando. — Ela subiu em cima de
mim e apoiou o queixo nas mãos, no meu peito. — Oi.
— Oi. — Coloquei seu cabelo atrás da orelha.
— Seus olhos vermelhos são lindos.
— Não mais do que você. — Sorri de lado e suas bochechas coraram.
— Está com medo?
— Um pouco, mas é como se essa sensação me deixasse animada ao
contrário de me afastar. — Beijou meus lábios e deitou-se novamente. —
Parece que toda a minha energia foi drenada.
— De certa forma, sim. Eu tomei muito do seu sangue antes de te
foder. Você precisa aprender a controlar seu poder.
— Você é um vampiro.
— Sim.
— Seres sobrenaturais existem?
— A maioria deles, além dos que não conhecemos, como você.
— Quantos anos você tem?
— Parei de contar em duzentos.
— Nunca me interessei por um homem mais velho. Todos me
lembravam o meu padrasto. — Soltou um riso baixo e bocejou, eu teria que
dar banho nela antes de Jeremy voltar. — Eu poderia dormir a semana
inteira.
— Talvez você faça, depois que te der um banho e te alimentar.
— Você come?
Soltei um riso baixo, usei a minha velocidade para pegá-la no colo e
ir ao banheiro. Coloquei-a dentro da banheira, acionei a água e os produtos
que deixariam o ambiente mais confortável.
— No momento, só me interessa comer você — respondi sua
pergunta de forma tardia, fazendo-a rir.
Ela se sentou em um dos cantos da banheira redonda e apoiou os
braços na borda. Observei-a, ainda não acreditando que eu estava agindo
como um humano apaixonado.
— Nunca pensei que ficaria feliz ao ouvir um homem falar que tem
atração por mim.
— Deve ser por isso que não sou um macho qualquer. — Sentei-me à
sua frente e senti a água tocar minha pele, como se queimasse cada parte
dela. Fiz uma careta, Freya me observava tanto quanto eu fazia.
— A água está quente também para mim, pode deixar mais fria —
sussurrou.
— Seu corpo não é tão gelado quanto o meu.
— Mas, por algum motivo, ao seu lado eu sinto a temperatura de
forma diferente. — Abaixou a cabeça, olhou para o corpo e passou a mão
pelos seios e barriga, o nível da água estava naquela região. — Me sinto tão
viva.
— Eu não queria fazer nada com você antes de descobrir mais sobre
sua espécie. Mas...
— Estou feliz que o Silent da vida real é mais falador e compreensivo
do que o virtual. — Mordeu o lábio inferior e me seduziu apenas com esse
gesto. A ereção estava pronta para entrar em ação e sentir ainda mais aquela
boceta mágica. — E eu sempre fantasiei com Hassassin, achei que você
fosse um nerd chato que não conversava com ninguém além das máquinas.
A raiva que senti, mesclada ao desejo de matar o meu colega de jogo,
não era normal. Tentei me controlar, mas sabia que meus olhos brilhavam
mais quando eu tinha emoções afloradas.
— Freya, eu não me lembro da última vez que me envolvi com
alguém. Não só pela minha vida sobrenatural, mas porque eu tenho uma
longevidade que poucas espécies têm. E sendo centenários, muitos não têm
o que perder e não se misturam.
— Você não tem amigos? Não apenas no jogo, mas na vida real.
— Sim.
— Quem são?
— Que diferença irá fazer eu dizer os nomes? Você conhece outro
vampiro que não eu? — Trouxe-a para o meu colo rapidamente, ela arfou e
relaxou com a cabeça deitada no meu ombro.
— Se isso é um sinal de ciúmes, gostaria de dizer que me agrada. —
Abraçou meu pescoço e o seu cheiro excitante se mesclou com os aromas
do sabão líquido da banheira.
— Não se deve confiar em alguém que acabou de conhecer, Freya.
— Deve ser por isso que vivo fugindo. — Fechei os olhos quanto ela
beijou meu pescoço e o lambeu. — Será que também posso tomar do seu
sangue? Estou com fome.
— Jeremy está providenciando sua refeição.
— E você? — Ela ergueu a cabeça e sorriu, se posicionando e
deixando que meu pau deslizasse em sua boceta escorregadia. Porra, aquele
era o paraíso que nunca deveria estar experimentando. Tudo se
intensificava, para ela também, que começou a ficar mais rosada e os olhos
mais vivos. — Nossa, que gostoso.
— Sim, é bom. — Segurei no seu quadril, para conduzi-la a subir e
descer, bem lento. Teria que me controlar, ela nem deveria ter começado.
— Nunca senti tanto prazer com alguém.
— Deve ser porque todos a forçaram. Comigo, você que começou.
— É verdade. — Inclinou a cabeça para o lado, subiu e desceu no
meu membro e sorriu. — Você é o primeiro que me fez gozar sem que eu
me sentisse suja.
— Esqueça os outros, estamos apenas nós.
— Sim.
Freya jogou a cabeça para trás, segurou em meus ombros e buscou
sua satisfação, pulando em meu colo, rebolando a cada descida e esfregando
seu corpo no meu. Ela estava se libertando do que foi imposto e tomando
conta do momento.
Sabia que perdia força, mas não me importava, desde que ela
explodisse de tesão enquanto me fizesse acompanhá-la.
Capítulo 10
Achei que não caberia mais, eu já tinha comido tanto, mas coloquei
um pedaço de pizza na boca e gemi, apreciando o sabor e o quanto eu
estava retomando a energia que gastei com Lasher.
Caramba, nunca conheci um homem tão maravilhoso. Talvez fosse
por isso, meu amigo virtual, salvador e CEO bilionário nada mais era que
um vampiro.
Tentei não me sentir iludida, afinal, ele tinha a experiência de muitas
vidas e eu era apenas uma garota fugindo de si mesma e dos poderes que
não conseguia controlar.
Estiquei a mão, peguei um pãozinho com queijo em cima e sorri para
o anfitrião, que apenas observava e não me acompanhava. Sentados à mesa
elegante e com o ambiente gótico, eu estava cada vez mais me sentindo
confortável no seu lar.
— Obrigada por isso — falei de boca cheia, ele sorriu de lado,
daquele jeito que tentava me seduzir, mas era apenas o seu jeito de se
comunicar. A sensação de medo tinha sido substituída por desejo.
— Talvez você mude de ideia quando eu me alimentar novamente de
você. Seu sabor é... único.
— Eu gostei. — Dei de ombros e mastiguei outro pãozinho. — Vou
poder ficar aqui?
— Como assim?
— Não tenho para onde ir, Lasher. Se eu puder ficar com você,
então...
— Te transformar em uma escrava de sangue não está nos meus
planos. Se Alex descobre, vai me infernizar por um século. — Passou a
mão pelo cabelo, charmoso.
— Quem é ele?
— Um dos poucos amigos da vida real.
— Vai me contar sobre eles? — Tomei um gole de refrigerante e o
agradeci mentalmente, era a melhor refeição de muito tempo.
— Talvez depois.
— Não confia em mim? — Lambi os lábios antes de me levantar e ir
até sua cadeira. Com a mesma roupa anterior, sentei-me de lado em seu colo
e remexi o quadril, sentindo sua ereção voltar à ativa. — Nós fizemos sexo.
— Isso não quer dizer nada.
— Mas para mim, que nunca tive vontade, apenas executava porque
meu corpo mandava, é muito. — Envolvi seu pescoço com meus braços. —
Sou fiel a você.
— Tome cuidado com as palavras que diz.
— Lasher, você poderia ter me deixado para trás, mas me resgatou.
Não só isso, mas me acompanhou por meses, de forma virtual. Temos uma
conexão.
— No meu mundo, esse tipo de vínculo pode gerar uma guerra.
— Por quê? — Inclinei minha cabeça, analisando sua postura séria.
— Você entraria em uma grande confusão por minha causa?
— Não. Eu destruiria todos em meu caminho só porque eu posso. —
Ele colocou seu nariz em meu pescoço, deslizou-o pela região e me fez
arrepiar. — Já está satisfeita?
— Vai me chupar?
— Porra, Freya. — Ele me lambeu, subindo até a minha orelha. Senti
uma leve picada no lóbulo, então ele sugou, me fazendo arfar. — Seu cheiro
é viciante, já quero meter fundo nessa sua boceta mais uma vez.
— Por que não faz? — Saí do seu colo, só para montá-lo de frente.
Ele estava com sua roupa preta, elegante, mas confortável. Encarei seus
olhos e me esfreguei na sua ereção, meu cheiro estava novamente
impregnado no ar. E, pela primeira vez, eu senti o controle em minhas
mãos. Aumentei ainda mais os estímulos ao invés deles fazerem sem que eu
quisesse. — Oh, sou eu!
— Sim, você me faz querer ser apenas um vampiro, sem
compromisso ou obrigações. Viveria enterrado em você por toda a
eternidade.
Beijou minha boca, senti suas presas tocarem minha língua e o sabor
do sangue se misturar com a saliva. Era sensual ao mesmo tempo que
intenso, rebolei no seu colo, por estar sem calcinha e encontrar uma forma
de esfregar meu clitóris nele.
Lasher se controlava para não fincar seus dentes em minha garganta.
Apreciava seu cuidado e me entregava ainda mais àquela paixão. Sua língua
brincava com a minha, seus lábios frios se tornavam quentes quando
estavam nos meus. Descobria cada vez mais sobre mim quando estava com
ele.
— Eu acho que vou gozar de novo — murmurei ao tomar fôlego
antes de voltar a beijá-lo. — Lasher...
— Ah, porra. Faça isso com meu pau dentro de você. Tentei, mas
foda-se!
Ele desabotoou sua calça, segurei na base do seu membro e me
encaixei. O fôlego ficou preso na garganta quando senti sua boca em meu
pescoço. Apoiei meus pés no chão, subi e desci, com a força restaurada por
causa da comida.
Era insano o quanto sua boca e seu pênis me levavam ao êxtase em
poucos segundos. Gemi alto, cavalgando-o como se eu estivesse em uma
montaria. Ele me seguiu, tirando a boca de mim e me acompanhando nos
sons de prazer.
Não senti meu sangue jorrar como da outra vez, ele parecia ter
fechado os buracos, além de não ter tomado tudo sem controle. Contraí
meus músculos da vagina, ele urrou e fechei os olhos, querendo eternizar a
sensação de pertencimento que eu sentia ao estar com ele.
Suas mãos deslizaram pelas minhas costas em uma carícia
acalentadora. Se ele queria me afastar, estava fazendo o contrário, eu queria
ser ainda mais dele.
— Droga, eu não deveria ter tomado mais de você.
— Se minha opinião importa — afastei meu rosto para encará-lo —,
eu gostei.
— Claro que sim, todas de quem me alimentei sentem prazer. É a
recompensa por me dar parte da sua energia vital.
— Oh! — Pisquei os olhos várias vezes. — Então, seu poder é
parecido com o meu.
— Não. — Riu baixo e apertou minhas nádegas. — Você ainda é uma
incógnita. Só de andar na luz do dia, te descarta como vampiro.
Levantei-me do seu colo, senti o líquido escorrer pelas minhas pernas
e me assustei. Lasher pegou um guardanapo e parecia muito consciente das
minhas reações, porque me limpou com muito cuidado.
— Não é tão simples engravidar de um vampiro. — Ele franziu a
testa e se levantou. — A não ser que uma profecia esteja ativa.
— Como assim?
— E se você foi amaldiçoada? — Segurou em minha nuca e me fez
encará-lo. — Lembra-se de algo sobre sua mãe?
— Apenas que escolheu um péssimo marido para se casar. — Fiz
bico e não me recordei de nada além da época em que vivi sozinha com
aquele mau-caráter. — Caramba, eu não me lembro de muita coisa.
— Claro que não, pode ser algo relacionado com seu pai. Se ele é o
vínculo sobrenatural, talvez sua mãe tenha se livrado de uma escravidão e
quase te colocou em seu lugar. Algumas maldições podem ser herdadas.
— Você acha que meu pai é algum vampiro?
— Bruxo, talvez. Demônio ou qualquer outro ser traiçoeiro o
suficiente para se vingar por conta de um amor não correspondido.
Lasher olhou além de mim, ficou muito tempo naquela posição,
depois me encarou, sério demais para o meu gosto.
Abri a boca para dizer algo, talvez implorar para que não me
descartasse por conta da minha origem, mas ele me surpreendeu com um
beijo suave. Retribuí a carícia, ele conseguia ser intenso e me deixar
desarmada com seus gestos cavalheirescos.
— Volte a comer, eu preciso fazer algumas pesquisas.
— Posso usar meu notebook? — Tive que sorrir quando ele franziu a
testa, irritado. — Já que você vai estar ocupado, queria jogar um pouco para
passar o tempo.
— Com Hassassin.
— Sim, com nosso amigo Hassassin. — Mordi o lábio inferior,
amando seus ciúmes sem noção.
— Você o imaginava entre suas pernas.
— Mas eu realizei essa fantasia com o Silent. — Dei passos para o
lado, sentei-me na cadeira e voltei a comer, parecia que uma nova fome
tinha surgido. — Ou você pode me levar com você para essa tal de
pesquisa.
— Eu monitoro todos os dispositivos eletrônicos conectados na
minha rede, Freya.
— Tudo bem. O que eu tinha para esconder, você me fez apreciar
enquanto estava dentro de mim. — Pisquei um olho e os dele, vermelhos
intensos, brilharam. — Devo ficar no meu quarto?
— Apenas não saia desse lugar, aqui você está protegida, Freya.
— Obrigada.
Ele se afastou com o guardanapo que usou para me limpar. Deixei
que meus ombros relaxassem, que a comida me satisfizesse e a calmaria me
dominasse. Eu estava bem e não seria mais usada, isso que importava.
Capítulo 11
Perdi a noção de tempo enquanto fazia todas as pesquisas possíveis
sem acionar nenhum conhecido. Eu não tinha muitas amizades, elas se
restringiam a Edmund Volmir, o ancião e aquele que me transformou no
vampiro que sou. Dono da Conexão V, eu frequentava seu ambiente apenas
por obrigação.
Meus irmãos de sangue eram: Tommaso Neri, um apaixonado
incurável, já tinha feito todos os tipos de acordo para reencontrar sua
Arabela; Alex Campbell, o guardião dos humanos e com um instinto
protetor intenso, estava sempre pronto para reclamar quando um vampiro
saía da linha; Ivan Falk vivia entediado com a imortalidade e até sugeri
jogar Lineage II comigo, mas ele era muito agitado para o meu estilo
recluso ao extremo; Archie Evans estava sempre arranjando alguma
confusão, recém-transformado, o caçula de nós abusava da sorte e Alex
estava sempre no seu pé.
Não éramos uma família, mas poderíamos contar uns com os outros,
nossa fidelidade estava em Edmund Volmir. Colocava-me sempre
disponível, não com bom humor, para localizar alguma pessoa ou hackear
algum sistema, quando precisavam. Ser o perito em tecnologia me
encarregava daquela tarefa.
Por um momento, achei que as batidas soaram em qualquer lugar,
menos na minha porta. Mas depois que ecoaram mais alto, acima do fone de
ouvido que abafava as interferências externas, reconheci que eram reais.
Em menos de um segundo saí da minha cadeira e abri a porta, Freya
estava com um olhar sonolento e bico, parecia entediada. Acompanhei sua
conversa com Hassassin enquanto jogavam, tinha sido estritamente
objetiva, o nosso amigo virtual nem se lembrou do último diálogo
desesperado – ou fingiu não se importar.
— Não vai dormir?
— Quem precisa de descanso é você, Freya. — Eu ia continuar a
falar ou dar sermão, mas a garota deu um passo para a frente, envolveu
minha cintura com seus braços e suspirou. Ela nem precisava mais do seu
cheiro afrodisíaco, apenas seu toque me despertava para agradá-la de todas
as formas.
— Já dormi, acordei, dormi de novo. Você sabe quantos dias está
recluso nessa sala?
— Menos do que normalmente fico, te garanto.
— Mas agora eu existo. — Esfregou o rosto no meu peito e, mesmo
que não tivesse um coração batendo, parecia que algo dentro de mim
impulsionava a vibrar. — Você pode ficar um pouco comigo?
— Está alimentada?
— Sim, Jeremy é muito atencioso.
— Ainda não descobri nada sobre a fêmea que exala um potente
afrodisíaco e consegue ler mentes.
— Na verdade, é mais intuição do que algo que brilha minha mente.
Aquela informação tinha sido muito relevante, por isso me afastei
rapidamente até minha cadeira, ajeitei-me para voltar a pesquisar e esqueci-
me da companhia. Freya aproveitou para explorar a sala, tocava objetos e
lia as inscrições, havia tecnologia, mas também os espólios de guerra que
estavam sempre comigo.
— Essa moeda é linda — ela murmurou, nem deveria estar
interessada em conversar, mas me pronunciei, tirando meus olhos das telas
apenas alguns segundos.
— Foi de uma viagem ao Brasil, na época do descobrimento. Uma
fêmea nativa me entregou, disse que fazia parte de um dos tesouros
protegidos por Teju Jaguá.
— O que é esse tal de Teju?
— Um guardião de grutas. Se quiser, eu tenho vários livros e artigos
com informações sobre a espécie.
— Oh, nossa, não. — Colocou a mão na boca e controlou o riso. —
Acho que prefiro começar comigo. Vampiro macho e fêmea desconhecida é
o suficiente para o momento.
— Quando você falou sobre ser intuitivo, não algo que surge na sua
mente, me lembrou os druidas. Essa espécie tem afinidade com a magia,
vivem mais que os humanos e podem desenvolver poderes auxiliados de
objetos. — Ergui um braço quando Freya subiu no meu colo e se aninhou,
como um gato buscando conforto. Precisei de alguns segundos para
processar o que estava acontecendo, a afinidade que compartilhávamos,
além dos sentimentos.
Nossa conexão parecia ancestral, não apenas sobrenatural.
— Posso acompanhar daqui? Te atrapalho?
— Talvez você fique entediada. — Ajeitei minha postura para que
meus braços a circulassem e os dedos continuassem no teclado.
— Quando incomodar você me fala.
— Tudo bem — murmurei, não porque eu a tiraria do meu colo, mas
que eu estava mais do que confortável dela se manter naquela posição.
— As análises do seu sangue estão quase prontas, com o mapeamento
primário, conseguirei identificar se você é apenas humana ou mestiça.
— Quando você falou do meu pai biológico ser o lado mágico que
habita em mim, parecia fazer muito sentido. Como não é uma informação
que você sabe, a confirmação vem estranha para mim.
— E sobre a maldição?
— Nada. — Dobrou as pernas e apoiou a cabeça no meu ombro,
abraçando meu pescoço. — Mas eu sinto muito desejo em você. Também
vibra em mim.
— Foco. — Balancei as mãos, para manter minha atenção no
monitor, não em transar mais uma vez com a garota que dominava meus
pensamentos. — Druida? Bruxo? Sereia?
— Meu Deus, elas são de verdade? — Ergueu a cabeça e meus braços
ficaram longe do teclado.
— Sim, costumam usar a voz para encantar, mas não descarto ser
uma variação. Você tem muitos pré-requisitos para uma mestiça.
— Se tudo o que já li ou ouvi pode ser verdade, talvez eu seja apenas
um erro de percurso. Não deveria ter nascido, minha mãe não deveria poder
gerar um bebê como eu. E, estando sob o feitiço da luxúria, acabei
herdando esse poder, que nada mais era que temporário.
Afastei a cadeira para que a ajeitasse em meu colo e enxergasse seus
olhos. Estavam sonolentos, mas quando encontraram o brilho dos meus,
despertaram. Abriu a boca em choque, ela tinha deduzido a verdade que
tanto buscava.
Mas, ainda existia a questão sobre quem era o seu pai.
— Lasher, minha mãe tinha muitas marcas nas costas, mas nunca
falou sobre o assunto. Eu não me lembrava, mas agora que disse aquelas
palavras, tudo parecia tão claro. Ela foi escrava.
— De quem?
— Erondy. — Fez uma careta, saiu do meu colo e colocou as mãos na
cabeça. — Dói.
— O que foi? — Tentei tocá-la, mas parecia estar pegando fogo.
— Meu Deus, o que é isso? — Gemeu e se agachou, parecia que
havia algo na sua cabeça – na mente – que se transformou em um gatilho de
dor.
Segundos depois, veio o aroma intenso e forte da sedução. Como já
tinha provado e estava familiarizado com Freya, eu conseguiria me
controlar de tomá-la para o sexo, por mais que me doessem as bolas.
Freya. Porra, como não tinha pensado nisso? O óbvio estava na
minha cara, seu nome em homenagem à deusa nórdica e guerreira tinha
tudo a ver com seus poderes. Havia o nome ou comando, Erondy, precisava
adicionar a minha busca.
Mas deixaria todas as deduções para depois, ela estava sofrendo na
minha frente e não conseguia tocá-la.
— Respira, Freya.
— Dói. — Sentou-se no chão e mais uma vez tentei me aproximar,
toquei seus dedos e eles pareciam pegar fogo. Não seria a primeira vez que
me machucaria, depois lidaria com as consequências. — Ahhhhhh!
Ela gritou, eu rosnei e me ajoelhei, para abraçá-la. Era como se raios
solares estivessem atravessando meu corpo, mas tão rápido como me
impactou, ele se foi e Freya desmaiou em meus braços.
— Jeremy! — gritei enquanto a levava para o quarto, na cama.
— O que foi, senhor? — Ele correu para me encontrar, ofegante.
— Chame Edmund, eu preciso de ajuda.
Capítulo 12
Andei de um lado para o outro, pisando firme e irritado por não ter o
controle da situação. Freya estava desfalecida na cama, respirando
fracamente e inconsciente, alguém tinha feito algo com ela.
Não bastavam todos os abusos, a mulher por quem estava
perdidamente envolvido era uma bomba-relógio. Se eu não pudesse ficar
com ela ou algo acontecesse, eu com certeza iria deixar a cidade de ponta-
cabeça por conta da minha ira.
Evitava me relacionar por causa disso. Não sabia lidar com as
emoções, muito menos aquelas que não conseguia controlar de forma
equilibrada. Freya não poderia morrer, nós ainda não tínhamos começado a
nossa vida a dois.
Sim, eu queria tê-la como minha companheira.
— Chegou, senhor. — Meu servo apareceu na porta e atrás dele
estava Edmund Volmir, um dos vampiros mais fortes e sensatos que
conhecia.
— O que... — ele começou a falar enquanto entrava no cômodo,
então parou e colocou a mão na boca. Seus olhos vermelhos se arregalaram,
revezando o olhar para mim e Freya. — O que está fazendo com uma
descendente da deusa Freya? Tem noção da dor de cabeça que será para
devolvê-la aos seus donos?
Cruzei os braços e tentei não encher Edmund de perguntas. Ele a
reconheceu pelo cheiro, por mais que não estivesse exalando, transamos
naquele quarto, era fácil detectar por um vampiro, diferente de Jeremy, que
era apenas um humano.
Demorei para responder, o ancião avançou com sua velocidade
sobrenatural e ficou bem próximo, intimidando-me. Eu não tinha raptado
Freya Allen, naquele momento, acreditava que a tinha protegido. Talvez,
salvado toda a humanidade.
Os chamados deuses e seus descendentes eram seres sobrenaturais
que não se misturavam facilmente com os humanos. Eles tinham suas
próprias dimensões e objetivos, não interferimos na vida deles, nem éramos
incomodados. Todavia, um embate ou outro acontecia, as exceções eram
sempre punidas, mas nem por isso deixavam de existir.
— Ela desmaiou por conta de uma forte dor de cabeça. Algo está
acontecendo e não sei como ajudá-la.
— Simples, vamos devolvê-la para sua espécie.
— E pelo reconhecimento instantâneo, conhece muito mais a deusa
do que aparenta.
Ele rosnou e dei um passo para trás, em sinal de respeito. Por mais
que uma luta entre nós seria emocionante, eu devia respeito ao vampiro que
me proporcionou a vida eterna.
Abaixei a cabeça e soltei meus braços, não queria brigar, estava
apenas desesperado para ajudar Freya.
— Sinto muito, Edmund. Não estou duvidando de você.
— Está apenas nervoso, porque foi enfeitiçado pela descendente da
deusa e quer destruir o mundo apenas para protegê-la.
— Não estou sendo controlado. — Ergui a cabeça e franzi o cenho,
chateado. — Eu...
— Onde a encontrou? — Soltou um bufo irônico e se aproximou da
cama, tentei não surtar com o ciúme de ver outro vampiro se aproximar
dela.
— Ela era um amigo virtual.
— Hum. — Julgou-me com o olhar e depois se sentou na cama,
tocando seu braço com cuidado. O meu rosnado saiu sem que eu pudesse
evitar, Edmund riu. — Já está completamente rendido pela mestiça. Não é
confiável, Lasher. Nenhuma delas é.
— Ela disse o nome Erondy — sussurrei enquanto me aproximava
dela, do outro lado da cama. — Conhece?
— Sim. Já cruzei com ele, desagradável e arrogante. Não sabe perder
no poker. Um mestiço, feiticeiro e elfo, só sabe criar confusão por onde
passa. — O ancião colocou o pulso na boca e fez uma pequena incisão. —
Se ela é vítima desse idiota, talvez não seja tão ardilosa quanto sua história.
— O que vai fazer?
— Não sou um feiticeiro, mas tenho um ingrediente especial em
minhas veias que pode ajudar sua companheira. — Estendeu o braço e me
pediu permissão com o olhar, acenei afirmativo e ele colocou algumas gotas
em sua boca. — Qual o nome dela?
— Freya.
— Oh, Lasher, ela pode ser descendente direta da própria deusa
Freya. Precisamos acioná-la, para não criarmos uma guerra desnecessária.
— Como é possível, se a mãe era humana? — Edmund franziu a testa
e tirou o pulso de sua boca. — Ela falou algo como ser um erro de percurso.
— A deusa tem muitos descendentes homens, um deles pode ter
engravidado a humana, são compatíveis. Mas me estranha que o ardiloso
Erondy esteja envolvido, uma vez que é odiado por muitos.
— Lasher? — Freya resmungou e me apressei a sentar-me na cama e
a trazer para meu colo. Ela se aninhou, ergueu a cabeça e sorriu, não parecia
com dor. — Eu me sinto melhor, mas tem algo estranho na minha boca.
— Meu sangue mesclado ao de nefilim. Um poderoso elixir. —
Sorriu misterioso e se levantou, eu não sabia que Edmund tinha encontros
com os descendentes de anjos.
Minha companheira virou o rosto e se agitou em meu colo ao encarar
o ancião. Como eu já tinha falado dele para ela, apenas apertei meus braços
ao seu redor, para demonstrar que estava protegida o suficiente.
— Freya, esse é Edmund Volmir, dono do Conexão V.
— Ah, um dos seus amigos.
— Que evolução — o vampiro mais velho debochou, eu não era
sentimentalista, até conhecer aquela garota. — Bem, Freya, o que está
fazendo aqui envolvida com os humanos e vampiros? Por que não está bem
protegida nas fortalezas da sua ascendente?
— Você sabe o que eu sou?
— Sim. Arrisco confirmar que não é apenas uma mestiça de humanos
com a deusa Freya, mas uma descendente direta dela. E antes que me
pergunte, como uma mulher engravida outra mulher, eu te respondo tão
simples como é para os seres superiores: eles têm o poder da energia vital.
Sua mãe humana foi apenas a incubadora, barriga de aluguel.
— Faz ainda mais sentido, quando colocamos a mãe dela em meio às
festas de luxúria que eles promovem e, mesmo sem a deusa intencionar, a
humana sai grávida de lá. — Estiquei um braço para que Edmund não
falasse, eu precisava concluir meu raciocínio. — Então, um idiota se
aproveitou da situação e ajudou a humana a levar a gestação até o fim. Não
diga o nome, deve estar enfeitiçada para que sofra ao lembrar.
— Sim. Você sempre foi bom em deduzir as coisas.
— Ainda assim, será necessário acionar a deusa Freya?
— Vai viver quanto tempo clandestino? Ajudaria mais a garota se
conhecesse outros como ela. — Bateu as mãos, como se estivesse
limpando-as e olhou ao redor. — Bem, se não precisam mais de mim, vou
voltar ao trabalho. Espero vê-los no Conexão V.
— Espera! — Freya saiu do meu colo e avançou na cama, para
próximo de Edmund. — Você sabe o que sou. Então, sabe como controlar
meus poderes.
— Não, pequena deusa. — Ele sorriu, amistoso. — Isso tudo é
apenas uma suposição. Para ir atrás da sua origem, será necessário ouvir
algumas verdades que serão doloridas. Prepare-se para isso, você terá
muitos anos para lidar com vampiros antissociais, seres sobrenaturais
ardilosos e deuses poderosos.
— Obrigado, Edmund — falei com rouquidão enquanto o observava
ir embora. Ele tinha feito a parte mais difícil, que era confirmar a origem de
Freya – por mais óbvia que fosse.
— Se eu entendi direito, sou filha de uma deusa com uma humana?
— Minha companheira se virou para mim com o olhar arregalado. O cheiro
da excitação começou a transbordar do seu corpo, teríamos que trabalhar
naquilo para que fosse apenas para mim. — Isso quer dizer que não tenho
pai?
— Ou que seu pai é tão oculto para você quanto é para suas duas
mães.
— Vamos falar com ela? Você a conhece?
— Sim, não, talvez... — Puxei-a para ficar no meu colo e a abracei.
Ela me apertou, estava tão preocupada quanto eu. — Antes de tudo, vamos
aprender a controlar seus poderes. Sabendo sua origem, agora o vampiro
analítico entrará em ação.
Capítulo 13
Semanas depois...

Conviver com Lasher era bem parecido em lidar com Silent no


mundo virtual. Algumas coisas melhoraram, como as conversas e as noites
de sexo quente, suado e cheio de chupadas.
Eu tinha assumido que era viciada naquela mordida, quanto mais ele
me tomava, mais eu me sentia pertencente àquele vampiro. Engraçado que
essa afirmação era muito submissa da minha parte, todavia, era Lasher que
realizava todos os meus desejos.
Ainda não estava perita em controlar meus poderes. A excitação era
uma constante, mesmo não estando em período fértil. Preocupei-me quanto
à gravidez, mas o vampiro já tinha feito, inclusive, experimentos com
nossas células e, até o momento, não éramos compatíveis para produzirmos
descendentes.
Se uma deusa fez uma humana carregar um bebê, com certeza eu
também era possível. Não naquele momento, eu tinha muito para curtir a
liberdade de não ser perseguida e procurar um abrigo a cada ameaça.
Ganhei uma mesa ao lado de Lasher em seu grande escritório.
Deveria estar sentada na minha cadeira, ajudando Hassassin e Silent em
uma quest, mas decidi me empenhar em dar e receber prazer enquanto eles
estavam sob ataque virtual.
— Oh, porra! — Lasher rosnou enquanto eu sugava seu membro.
Com a calça abaixada, eu tinha me ajoelhado de surpresa e o tomado,
apenas porque era maravilhoso jogar e trepar ao mesmo tempo. — Vou
morrer assim, Freya.
— Faz parte do meu treinamento. Está sentindo algum cheiro? —
Provoquei, voltando a sugá-lo enquanto usava a língua, sabendo que aquela
ereção não era por conta do meu cheiro afrodisíaco, mas porque ele se
excitava comigo.
Saber lidar com minhas forças era uma forma de confirmar que o
vampiro estava comigo além do prazer. Éramos compatíveis em muitas
coisas, o sexo com a minha sedução sobrenatural era um plus que eu iria
explorar depois que estivesse confiante.
Enquanto isso, eu tinha sexo, muito dele. As emoções ficavam apenas
no meu peito, criando o caos e me fazendo explodir em orgasmos
sobrenaturais.
Circulei a língua ao redor da glande e encarei-o fingindo inocência.
Seu pau pulsava na minha mão, ele queria minha boceta, mas iria prolongar
aquele momento de poder.
Focado no monitor, ele não conseguia me ignorar e resmungava a
cada estremecida para conter-se de chegar ao clímax.
— Pode gozar, Lasher. Eu tomo tudo.
— Caralho! — rosnou, me fazendo rir. — Senta logo, Freya. Quero
dentro de você.
— Vai me deixar comandar o seu avatar? — Rastejei pelo seu corpo,
esfregando minha frente e chegando até a cabeça. Ele desviava para poder
enxergar, agoniado.
— Não, de frente para mim.
— Quero de costas hoje. — Beijei sua bochecha, ele riu. — Mereço
uma recompensa, estamos há mais de dois dias sem transar com meus
poderes.
— Sério? — Ele parou tudo para me encarar, surpreso. — Achei que
tinha me acostumado com seu cheiro, mas... — Umedeceu os lábios e
testou o ar. — Não há nada.
— Apenas eu e você.
— Gosto de como isso soa. — Escondeu a cabeça no meu pescoço e
deslizou sua presa na minha garganta. — Faça o que quiser comigo, desde
que eu tome do seu sangue.
— Sou sua, Lasher.
Tirei a camisa pela cabeça, minha roupa usual, sem calcinha. Virei-
me em seu colo, assumi o mouse, teclado e o avatar que estava quase
morrendo. Empinei a bunda e fugi do monstro que tentava me matar no
mundo virtual enquanto o vampiro se encaixava em mim no mundo real.
— VCommand, toque Point Of No Return, por UNSECRET, Sam
Tinnesz. — Ele acionou a inteligência artificial que estava instalada por
todo apartamento subterrâneo para me ajudar e a música preencheu o
ambiente.

“A luz está diminuindo


Sombras fechando
Gotejamento do ar
Mais profundo, mais escuro
Indo mais longe
Do que jamais ousamos”

Daquela vez, ficou difícil para mim jogar. Com os pés firmes no
chão, ele segurou forte no meu quadril e entrou lentamente, depois saiu
mais devagar ainda, me provocando.
Pisquei várias vezes, controlando não só o avatar do jogo, mas
também os meus poderes. Quando me aproximava do ápice, sentia que as
amarras que criei dentro de mim, para que não exalasse nenhum aroma
afrodisíaco, tentavam se soltar.
No jogo, tinha conseguido me esconder, usado poção para
reestabelecer minha vida e energizei a minha arma. No real, cada aperto
mais firme em meu quadril me fazia gemer, seu pau me preenchia e ficava
pouco tempo dentro, apenas para me enlouquecer de tesão.
— Vamos, Freya, faça o Silent ganhar XP — Lasher provocou,
sussurrando próximo do meu pescoço.
— Estou esperando um pouco de atenção nas minhas veias. —
Consegui colocar o avatar para andar e lutar contra o monstro.
— Estou preocupado com sua boceta. — Lambeu minhas costas e me
fez arrepiar. Meteu com ritmo, revirei os olhos e fui acertada no jogo.
— Porra!
— Sim, vou te encher dela, mas não agora.
— Estava falando com o jogo. — Encarei-o por cima do meu ombro.
Envolveu sua mão no meu cabelo e apertou, tirando-o do caminho. — Sim!
— Geme mais alto, a música está impedindo de te ouvir.
— Mais, Lasher! — exigi, ainda usando o mesmo tom.
Lambeu meu ombro, voltei a atenção para o jogo enquanto ele me
fazia quicar no seu colo. Sua boca se encaixou no meu pescoço, senti uma
leve pressão antes da sucção e a sensação prazerosa de estar sendo comida
de muitas formas.
— Saia daí — ele rosnou enquanto me tomava.
— O quê? — Estava perdida, era sobre o jogo ou o que estávamos
fazendo?
— Leve Silent para Gludin Village, agora!
Era o jogo, foquei em obedecer a sua ordem o mais rápido possível.
Enquanto o fazia, meu controle foi se perdendo, meu tesão encheu o
ambiente e nos envolveu, ainda mais do que as sensações.
Assim que o avatar estava seguro no jogo, Lasher empurrou tudo o
que estava na mesa para um lado, fez com que eu me deitasse em cima e
investiu, várias e várias vezes, me levando ao ápice por um tempo
prolongado.
Seu quadril não usava a velocidade sobrenatural, estava rápido o
suficiente para um humano, que era o essencial para mim. Era sempre sobre
o meu tesão, Lasher era mais do que um bom amante.
Urrou quando gozou, me enchendo com seu fluído e nos conectando
ainda mais como um casal. Tinha descoberto que eu poderia viver por
muitos anos, só não sabia o quanto. Feliz por ter companhia e que o
vampiro fosse tão imortal quanto eu queria me tornar.
Insatisfeito, envolveu seu braço no meu pescoço, me fez levantar e
continuou a meter, minha boceta estava encharcada e o apertava a cada
investida. Abraçou minha cintura e me tomou, como se fosse a última vez
que iríamos transar.
Virei a cabeça para encontrar seus lábios e beijá-lo. Sentir meu
sangue, sua saliva e nosso desejo foi o suficiente para me fazer gozar mais
uma vez. Eu não me incomodaria nem um pouco de viver nessa rotina pelo
resto da minha vida.
Em um piscar de olhos, estávamos na banheira, deitados aguardando
a água cobrir nossos corpos. Respirei rapidamente, tinha sido intenso e
exigiu muito de mim, como dele.
— Você está bem? — ele perguntou, sempre preocupado depois de
ter tomado meu sangue.
— Sim. Aceito a macarronada com almôndegas do Jeremy para repor
minhas energias.
— Ele fará tudo o que você quiser. — Relaxou seus braços e
acariciou meu corpo, dando atenção para os meus seios. — Você está
ficando boa em se controlar.
— Nem tanto. Sempre quando vou gozar, fica difícil. Eu preciso abrir
mão do controle para encontrar o ápice do prazer.
— Ou seja, apenas comigo você irá expor o seu cheiro. Com todos os
outros, você pode apenas manipular, sem se envolver. Está no controle,
Freya.
Virei-me no seu colo, para encará-lo de olhos e boca bem abertos.
Sim, eu passei muitos dias sem me expor e o único momento que falho, é
quando estou com meu companheiro, aquele que escolhi me entregar de
corpo e alma.
— Eu não preciso mais ter medo. Ninguém irá me encontrar, porque
deixou de existir o rastro.
— Não, Freya, você está livre. — Sorriu com tristeza. — O que quer
fazer agora?
— Tomar banho com você. — Revirei os olhos, porque era o óbvio.
Estendi o braço para pegar o sabonete e comecei a me lavar enquanto estava
sentada em seu colo. — Quando terminar, vou comer e quem sabe, ser
comida novamente.
— E depois?
— Como assim? — Franzi a testa, não entendendo a que ponto ele
queria chegar. — Você está estranho.
— Quando nos conhecemos, eu te raptei. Então, descobrimos sua
origem e te ajudei a controlar seus poderes. Fizemos exercícios, você
aprendeu a lidar até com seu toque sensitivo.
— Sou boa em aprender. Além de muitas horas jogando e transando.
— Sim. — Colocou meu cabelo atrás da orelha. — Está na hora de
dar o próximo passo.
Capítulo 14
Engoli em seco, preocupada com a direção daquela conversa. Sim,
muita coisa na nossa aproximação não tinha sido natural. Nem mesmo os
jogos de computador eram um dos mais populares, vivíamos uma vida
dupla. Era minha fuga tanto quanto a dele.
Então, nossos caminhos se cruzaram mais uma vez, comigo em seus
braços. Protegida pelo vampiro CEO, eu não era sua prisioneira, mas
companheira. Por que ele estava me tratando como alguém que tinha que ir
embora?
— Qual passo, Lasher? — Fui para o outro lado da banheira e tentei
não chorar. — Você quer que eu vá embora?
— Por mim, você nunca sairia do meu lado. Mas não é assim que
funciona. Aprendi com os humanos que, quando a gente ama, precisa deixar
que vá.
— Corrigindo, precisa deixar livre. E minha escolha é ficar aqui. —
Cruzei os braços e me afundei um pouco na água, para tampar minha nudez.
— A não ser que você tenha outros planos. Ou está com medo da deusa
Freya. Já te disse, eu não vou deixar que nada aconteça com você.
— Não preciso de proteção. Mas como a deusa te criou, ela pode te
matar.
— A partir do momento que ela criou um descendente, ela abriu mão
de uma parte de si para que outro tomasse conta. Eu sou Freya Allen, tenho
parte dessa deusa, mas não sou ela.
— E se...
— Espera! — Estendi o braço e abri a palma para interromper o
vampiro inseguro. Por Deus, como deixei passar? — Você disse que me
ama?
— Não diretamente.
— Você gosta de mim assim? — Soltei meus braços e voltei para seu
colo, ele sorriu com o charme que só ele tinha. — Fale, vampiro antissocial!
— Amo você como nunca aconteceu com ninguém, mesmo humano
ou em tantos séculos como vampiro. E é tão forte e intenso, que precisei
fazer longas pesquisas sobre como lidar com esse sentimento. Eu deveria
ser imune a tal magnitude de emoções, mas aqui estou, como um idiota,
implorando para que esteja comigo porque também sente o mesmo, não
porque te raptei no primeiro momento.
— Você me ama. — Beijei seus lábios, ele ficou inquieto.
— Só esteja comigo, porque há uma fagulha no seu peito, que fica
inquieto quando me vê. Sem poderes ou mesmo o tesão que sinto por conta
do seu cheiro. Você tem sangue da deusa que comanda o sexo, precisamos
estar além dos orgasmos.
— Você elaborou esse discurso agora ou fez um compilado de tudo o
que encontrou na internet? — Segurei o riso e ele se desesperou,
arregalando os olhos. — Também gosto de você, com ou sem poder, desde
aquele dia que você respeitou meu pedido antes de tomar meu sangue.
— Como você se lembra daquele dia? Usei compulsão, ninguém...
— Pois é, sou apenas a descendente da deusa Freya. Eu me lembro e
eu escolho o vampiro Lasher como meu companheiro. — Tomei seus lábios
mais uma vez, aprofundei o beijo e lá estávamos nós nos conectando mais
uma vez para o sexo. — Eu te amo.
— Sim, você me ama e agora eu te farei gozar mais uma vez.
Colocou-me sentada na borda da banheira, desligou o registro da
água e abriu minhas pernas. Antes de dizer qualquer coisa, ele me
abocanhou, usando os dentes para que meu sangue se mesclasse ao meu
tesão. Sua língua esfregava meu clitóris, precisei me segurar para não cair.
Joguei a cabeça para trás, ele me chupava muito melhor naquela
região do que no pescoço. Esfregou minha boceta, não se preocupou em
lambuzar a cara de sangue, ele me fez gozar tão diferente quanto das outras
vezes.
Com Lasher era sempre diferente. Não só empenhado em me agradar,
mas também proporcionar os melhores momentos.
Substituiu sua boca pelo pau, abraçou meu corpo e foi metendo, mais
rápido do que um humano. Sorri ao apreciar seu controle se perdendo, tão
recluso e sisudo, no primeiro contato com alguém que era tão inocente no
amor quanto ele, se entregou de corpo e alma.
— Eu te amo — rosnou, segurando seu orgasmo para que eu pudesse
ir primeiro.
— Também te amo. — Deixei que meu poder se expandisse ainda
mais, nos cobrindo com o cheiro do mais puro desejo. — Ah, como amo.
Ele me levantou, ficou de pé e me fez gozar em seus braços, no ar.
Amava o quanto ele me fazia de boneca, como se eu não pesasse nada.
Em silêncio, voltou a me colocar sentada na banheira, pegou o
sabonete e me deu banho, reverenciando não só meu corpo, mas tudo o que
eu era. Deusa, mestiça ou apenas uma jovem inconsequente, eu entregava
meu coração para ele e nos tornávamos um só.
Parecia um ritual.
Ele me secou e, antes de ir para a sala de jantar gótica, levou-me para
cama. Descobri que aquele lugar era apenas um refúgio, que ele mal
dormia, mas gostava de ficar comigo, velando meu sono.
Colocou-me em cima dele, puxou o edredom para nos cobrir e
suspirei, relaxada. Aquele era meu lugar, enfim. Minha temperatura sempre
se adequava a dele, que era mais gelada que o normal.
— Eu preciso de um tempo, só eu e você. Pode ser? — perguntou,
alisando minhas costas até a bunda.
— Claro, eu consigo ficar sem comer se eu estiver em seus braços. —
Bocejei. — Posso cochilar?
— Claro. Vou colocar uma música para te embalar.
— Obrigada, Lasher.
— VCommand, toque Sculpture (Stripped), por Kooma, Veela.
Fechei os olhos, sorri e deixei que a lentidão da música me levasse
para longe, não só na minha mente, mas em uma dimensão que eu não sabia
que tinha acesso.
Não dava para definir se era um sonho ou realidade, mas no meu
peito, tudo indicava que era a verdade que escondi de mim mesma, por
conta de um feitiço.
Aquele era meu lugar, não com os humanos, nem com o vampiro que
tinha o meu coração.
Em um descampado branco e azul, vestida de branco, uma luz forte
me cegou, até ser revelada uma forma feminina, tão linda e intensa, com o
mesmo cheiro que eu tinha.
— Olá, pequena. Enfim, você apareceu.
Era a deusa Freya!
Capítulo 15
Senti uma grande necessidade de reverenciá-la. Abaixei a cabeça e
parte do meu tronco, em um cumprimento desajeitado, mas que significava
muito para mim. À minha frente, iluminada e plena, estava aquela que me
deu a vida.
Como era possível sentir tanta coisa sem ter as palavras para
explicação?
— Você é a deusa Freya — falei assim que ergui a cabeça e encarei
seus olhos. Ela sorriu com superioridade e me olhou da cabeça aos pés
antes de dar o próximo passo para mais próximo de mim.
— Sim.
— Onde estou?
— Essa é a dimensão exclusiva para os que possuem o DNA dos
deuses nórdicos. Você é minha descendente.
— Eu também me chamo Freya.
— Uma brincadeira de mau gosto. O culpado foi devidamente
castigado.
— Como assim?
— Sua origem não foi programada, Pequena. — Ela estendeu o braço
e alisou meu cabelo, como se estivesse admirando uma obra exclusiva. —
Em uma das minhas festas para celebrar a liberdade sexual entre os meus
iguais, a humana que te carregou no ventre não deveria ter levado a minha
semente com ela. — Vi um pingo de vulnerabilidade, depois um sorriso
amistoso, que me fez aguçar a curiosidade.
— Eu queria saber mais sobre a minha origem. — Ela se surpreendeu
e ergueu as sobrancelhas. — Sobre você também.
— Bloquearam suas memórias? Claro. — A deusa revirou os olhos,
andou ao meu redor e tocou meu cabelo, costas e ombro, conferindo-me.
Então, percebi, ela estava me lendo, como eu fazia com as pessoas. — Sua
vida não foi fácil, Pequena.
— Quando minha mãe morreu, meu padrasto não foi legal.
— Mais do que isso. — Ela parou em minha frente e ficou
enigmática. — Te darei a escolha de lembrar tudo ou não.
— Você pode restaurar as minhas memórias obscuras?
— Sim. Mas eu te pergunto, Pequena, você as quer?
— Foi tão ruim o que aconteceu com minha mãe e como foi a minha
concepção?
— O feitiço era para que se esquecesse desse detalhe. Mas, com tanta
coisa que te aconteceu, ele mudou e está a serviço da sua consciência. Para
te proteger.
— E se eu escolher não saber, você me contará mais sobre você e
esse mundo? — Olhei ao redor, um mundo infinito esbranquiçado e um
gramado verde-claro.
— Mesmo não planejada, Freya Allen, você é minha descendente e
será protegida como tal. Terá suas responsabilidades e prestará serviços
todas as vezes que eu requisitar.
— Tudo bem — concordei, mesmo que não fosse uma proposta.
Sabia que no mundo sobrenatural, nada era como viver entre humanos.
— Na próxima confraternização, será convocada e te apresentarei
para todos os nossos semelhantes. Você faz parte de uma grande e poderosa
raça.
— Eu me sentia tão sozinha.
— Pelo jeito, não mais. — Franziu o cenho e inspirou
profundamente. — Por que há cheiro de chupador de sangue em você?
— Lasher. — Meu rosto esquentou. — Por favor, não faça nenhum
mal, ele é muito especial para mim.
— Muito mais do que isso. — Deu de ombros, não aceitando o meu
pedido. — Com certeza foi a semente dele que quebrou parte do feitiço que
me impedia de chegar até você.
— Promete não o prejudicar?
— Uma deusa não faz acordo, Pequena. Eu faço o que quero, não o
que me impõem. — Ela se virou e começou a caminhar, eu a acompanhei,
preocupada. — Você é nova e não foi criada com nossos costumes. Mas
aprenderá, minhas descendentes são inteligentes.
— Eu o amo — implorei.
— Mas não terá herdeiros. Deixará de conhecer um mundo para ficar
presa em um porão. A vida de uma deusa não é com um ser limitado,
egoísta e soberbo como os vampiros. Você é muito mais do que isso.
— Se sou como você, então tenho o direito de escolher.
Ela parou de andar e me encarou, furiosa. As informações chegaram
ao meu cérebro na mesma intensidade que eu adivinhava as verdades dos
humanos, eu não era apenas uma descendente, mas parte da deusa nórdica.
Sua mão foi para o meu pescoço, ela apertou e me ergueu. Acreditei
que seria o meu fim, nem pude aproveitar a informação o suficiente, eu
também tinha muito poder.
Ela me jogou para o lado e, ao invés de cair em algum lugar ou bater
em uma parede, despertei na cama com Lasher. Ele se sentou como eu,
preocupado e tenso por conta do meu coração acelerado.
— O que foi?
— Meu Deus — murmurei, chocada.
— Freya, me diga, o que foi? Você está diferente, com um cheiro que
não é seu.
— Não sei explicar como, mas estava na dimensão da deusa nórdica e
conheci Freya, aquela que me criou. Eu realmente não fui planejada, ela não
queria a minha existência, mas aconteceu e terei os mesmos direitos e
deveres de descendentes como eu.
— Você o quê?
Pulei no seu pescoço, deitei-nos na cama e só queria sentir seus
braços ao meu redor. Aquele vampiro, limitado, egoísta e arrogante, como
dito pela deusa, era imperfeito, mas todo meu.
Eu o amava.
— Freya, como assim?
— Parece que existe uma outra dimensão, que acessei pela minha
consciência. — Ergui minha cabeça e o encarei, precisei sorrir para sua
feição alerta, pronto para me proteger. — Da mesma forma que fui, voltei.
— Você está aprendendo a controlar os seus poderes.
— Acho que sim.
— Conversou com ela?
— Um pouco. — Ele nos rolou na cama e ficou por cima de mim. —
Assim você irá tirar meu foco, vampiro.
— O que ela disse? Por que o cheiro tenta me afastar de você? Porra,
Freya, eu me declarei a você.
— Ah, não seja por isso, vamos tomar outro banho. — Roubei-lhe
um beijo, ele rosnou e eu sorri. — Parece que ela não gosta de chupadores
de sangue.
— Foda-se!
— Bem isso que falei para ela e aqui estou. — Toquei seu rosto, ele
fechou os olhos, apreciando a carícia. — Em resumo, tenho obrigações com
a minha espécie tanto quanto você tem com seus iguais. Mas isso não
impedirá que vivamos juntos.
— Eu começaria uma guerra se for necessário. Ninguém irá tirar você
de mim, Freya Allen.
— Digo o mesmo, Lasher.
Ele me olhou profundamente, o brilho vermelho tocava a minha alma
e afastava todas as memórias ruins que me tentavam fazer sair da escuridão.
Escolhi não lembrar, porque a realidade que eu vivia naquele momento era
melhor do que o passado.
Por que me preocupar com o que já foi, se o que pode ser está sendo
muito mais atraente?
Em um piscar de olhos estávamos debaixo da ducha, Lasher me
beijava e ensaboava, para tirar o cheiro que o repelia. Essa era a forma dele
dizer que não se assustava com minha origem, bem como eu não me
importava com sua história. Escolhemos unir nossas vidas, a opinião dos
outros não afetaria nossas escolhas.
Eu não seria mais coagida, faria o que quisesse, porque eu era parte
da deusa Freya. E o meu companheiro era um vampiro, o mais recluso e
nerd de todos os tempos.
— Em que está pensando? — ele perguntou enquanto ensaboava meu
cabelo.
— Que depois daqui, quero jogar uma partida de Lineage II.
— Gosto do seu espírito aventureiro.
Beijei-o com intensidade e permanecemos no banho o suficiente para
duas rodadas de sexo. Jogos virtuais e de adultos, aquela era a nossa nova
realidade.
Epílogo
Várias semanas depois...

Seria a primeira visita social de Freya ao meu lado, o local escolhido


tinha sido Conexão V. Depois de várias vezes sugerindo nossa saída, para
que ela perdesse o medo de ser encontrada pelos humanos ou por sua
ascendente, ela cedeu, porque fui muito persuasivo.
Tive que me empenhar e deixá-la com beijos e abraços, sem sexo.
Não estava imune ao cheiro afrodisíaco, mas ela tinha aprendido a controlar
com maestria e só usava depois que tínhamos iniciado o ato. Cada vez mais
ela demonstrava que era poderosa e iria além dos poderes sobrenaturais,
Freya era sagaz e tinha raciocínio rápido.
Estávamos iniciando um treinamento físico, defesa pessoal e
musculação. Eu não precisava daquele tipo de exercício, mas ela tinha o
desenvolvimento humano, apesar de tudo. Precisava manter o corpo
saudável e sexo não deveria ser a única atividade.
Com a mão na sua perna, dirigi pelas ruas de Londres. Meus irmãos,
os únicos vampiros em quem eu confiava, estariam lá para conhecer a
fêmea que tinha me tirado de frente do computador.

“Eu sinto seu coração


Eu me sinto em casa
Eu sinto nossos corações
Você enche minha alma”
We Are The Catalyst – One More Day

A perna dela estremeceu quando parei o carro em frente ao bar e


boate. Sorri com malícia, ela fechou a cara, porque estava há uma semana
sem sexo.
— Não precisa ficar nervosa, a maioria deles são amigáveis.
— Sabe muito bem o motivo do meu mau humor. — Cruzou os
braços e bufou. — E se alguém me reconhecer?
— Te garanto, se isso acontecer, se for humano, ele não ficará vivo
tempo suficiente para se explicar.
— Exagerado.
— Você já me viu em ação.
— Acho que me esqueci. Deve estar ficando velho. — Deixou o
duplo sentido da frase ficar no ar e saiu do carro.
Ri baixo e controlei as emoções antes de acompanhá-la na calçada.
Acenei um cumprimento para os conhecidos vampiros que estavam
próximos e entramos, sem sermos interrompidos.
Coloquei o braço ao redor do ombro de Freya e ergui a cabeça,
imponente. Estávamos de couro, ela de vestido e coturnos e eu com minha
roupa habitual: calça, camisa e sobretudo.
Em uma mesa mais ao fundo e com pouca iluminação estavam os
transformados por Edmund. Olhei ao redor, procurei pelo dono do local,
mas não o encontrei.
— E o nerd saiu da caverna, de muitas maneiras. — Alex Campbell
se levantou, conferiu minha companheira antes de me puxar para um
abraço. Odiava aquele tipo de contato, mas com o mais protetor de todos,
eu acabava cedendo ao excesso de hábitos humanos que ele nunca se
esqueceu.
— Prazer em conhecer a donzela em perigo do nosso amigo recluso.
— Tommaso Neri pegou na mão de Freya e a levou para os lábios, em um
beijo cavalheiresco, que me fez rosnar pelo ciúme.
Outros pares de olhos estavam sobre ela e percebi que tinha sido uma
péssima ideia apresentar minha companheira para eles.
— Relaxa, irmão, você não é o único comprometido no momento. —
Archie Evans, o novato da turma, piscou um olho e sorriu cheio de deboche
para mim, depois encarou Freya. — Qual vai ser o próximo passo?
Casamento ou transformação? Edmund não anda muito animado conosco.
— Com você, quer dizer. — Ivan Falk arrastou duas cadeiras para
que eu me aproximasse da mesa, puxei Freya de volta para debaixo do meu
braço e a coloquei em meu colo quando me sentei. — Estão todos
surpresos, não somos ameaça, Lasher. Não me lembro a última vez que
pediu uma reunião – se é que já requisitou.
— Nunca. Nada. Se eu não ligo para ele, com certeza não falará
comigo. — Alex se sentou e apoiou o grande antebraço em cima da mesa.
— Então, moça, como conseguiu amarrar o coração desse vampiro?
— Muito prazer, rapazes. Senhores. Vam... — Freya olhou ao redor e
ficou encabulada. Eles estavam se divertindo com a inocência dela. Apesar
de estamos juntos há algum tempo, aquele universo ainda era novo para ela.
— Parem de encarar, Freya é minha companheira. Só queria dizer que
estou com ela.
— Demarcando território, muito maduro. — Archi ergueu as
sobrancelhas, divertido.
— Pode ficar despreocupado, irmão, o coração gelado que habita em
mim já tem dona — Ivan entrou na brincadeira e fiz uma careta debochada.
— E cadê suas companheiras? O que estão fazendo comigo ao invés
de ficarem ao lado delas, protegendo-as?
— Isso é história para outro momento, vampiro CEO. — O olhar
misterioso de Alex me deixou curioso. — Hoje, queremos saber sobre o
amor da sua eternidade.
— Ela tem algo diferente. — Tommaso colocou a mão no queixo e a
analisou. — Você não é humana.
— Sou mestiça, meu nome já diz tudo.
— Puta merda, você é filha da deusa Freya? — Archi falou alto, o bar
ficou em silêncio e minha vontade foi de estripar o caçula. Se fosse para
anunciar daquela forma, eu mesmo faria.
— Acalmem os ânimos, estão todos bem e protegidos aqui — a voz
firme e de ordem do dono do bar soou pelo ambiente. Edmund Volmir
apareceu ao meu lado e apertou meu ombro. — Que bom que está aqui.
— Ainda não sei o que significa, mas saibam, eu amo Lasher e estou
no time de vocês.
No mesmo momento que me enchi de orgulho ao ouvir aquela fala da
minha companheira, me arrependi, porque cinco vampiros que mais
pareciam crianças começaram a debochar de mim.
Para piorar a situação, Freya entrou na brincadeira, deixando vários
beijos no meu rosto enquanto eu era alvo de chacotas sobre parecer com um
vampiro brilhante apaixonado pela estudante que ele não se achava digno
de ter.
Irritado com toda a algazarra, peguei minha mulher e usei minha
velocidade para encontrar um canto longe de todos, em um dos quartos dos
fundos. Antes que Freya pudesse se situar, levantei seu vestido e rasguei sua
calcinha, tocando sua boceta encharcada. Apoiei-a em uma parede e ergui
sua perna, alinhando nossos quadris.
— Oh! — Ela sorriu, muito feliz por eu estar saindo do meu recesso
de sexo. — Não fique tímido, eu estou pronta para você, Lasher.
— Você é minha, Freya! — Abri minha calça, tirei meu membro e
arremeti, uma, duas, várias vezes, com o desespero e a saudade que tanto
controlei.
Seu cheiro invadiu meus pensamentos, tomou conta das minhas ações
e gozamos feito dois adolescentes. Estar dentro dela era sempre um misto
de excitação e realização, era o que preenchia todos os meus anseios.
Com Freya, os dias seriam mais iluminados e emocionantes.
Ela riu quando me ajeitei em sua boceta. Também ri para acompanhá-
la no momento feliz, porque era apenas a primeira e uma longa jornada de
sexo, jogos e recompensa.
— Vai me levar para dançar? — pediu, antes que eu recomeçasse o
sexo.
— Seu pedido é uma ordem, minha deusa.
De protegida pelo vampiro CEO, ela se tornaria a rainha de toda a
minha eternidade.
Outros da

Serie
Tommaso - Amor Eterno -
Conexão V

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Sinopse:
Tommaso Neri construiu um grande império no ramo de couro na
Florença italiana, mas o homem recluso levava uma vida reservada, porque
com exceção do seu braço direito, ninguém sabia que ele era um vampiro.

Sua natureza não era o único mistério que rondava o empresário e


pintor renascentista. Há séculos ele perdeu o grande amor da sua vida e
aguardava uma promessa de retorno, afundando-se cada vez mais na
escuridão.

Micaela Benni aceitou uma proposta de emprego em Florença, mas


não esperava que o convite fosse mudar a sua vida completamente. Seu
encontro com o perigoso vampiro revelaria segredos e verdades que ela
poderia não estar pronta para lidar.

Um amor que sobreviveu há séculos pode não ser o suficiente para


convencer uma jovem amedrontada diante de um predador…
Alexander - Amor Imortal -
Laços de Sangue - Conexão V

Sinopse:
Alexander Campbell nunca descansa. Ele e seus fiéis amigos têm um
código de honra e o seguem à risca. O Comandante da Guarda Real era o
mais forte de todos os soldados e amigo fiel de Edmund Volmir, o dono do
pub Conexão V. Um homem protetor, introspectivo e responsável por
manter humanos e transformados fora do perigo. Dono de uma beleza
selvagem, não passava despercebido por nenhuma mulher.
Emma Carter era uma jovem destemida e audaciosa. Sua beleza
transcende a de outras garotas da sua idade. Ela se colocou em risco para
salvar a irmã sequestrada por um grupo de transformados transgressores da
lei. Emma dará muito trabalho para ser protegida, pois a garota não é fã de
cumprir as regras. Além de estar em perigo mortal por pertencer a uma
linhagem de mulheres lendárias e donas de grande poder, embora não saiba
disso.

Esse guerreiro honrado sempre vigiou Emma de longe, mas nunca


conseguiu salvá-la da morte antes dos trinta anos. Esse era seu maior
pesadelo por mais de nove séculos, pois para viver com seu grande amor,
precisaria ir contra seus princípios e transformar sua amada.

O encontro de Alex e Emma será repleto de situações perigosas. Se


prepare para essa história de amor imortal e laços de sangue.
Archie - Jogo Perigoso -
Conexão V

Sinopse:
Archibald Evans está vivendo a sua vida dos sonhos. Forte, bonito,
sedutor, rico, inteligente e claro, imortal. Apesar de ser o vampiro mais
novo do clã, sua má fama se dá principalmente porque ele se envolve em
todo tipo de confusão sem se importar com as consequências.

Leighton Bernardi é uma órfã que vive uma vida pacata. Contadora
autônoma, ela raramente se diverte, tendo o seu gato Félix como seu melhor
amigo. Mas, tudo muda quando em um encontro frustrado, ela se vê em
perigo, e é salva pelo bad boy tatuado.

Um amor impossível, uma atração enlouquecedora, e duas pessoas,


em teoria, incompatíveis. Será que o amor irá sobreviver a todos os
percalços?
Falk - Para Sempre Seu -
Conexão V

Sinopse:

A vida não poderia ser mais tediosa para o poderoso Ivan Falk: O
CEO misterioso e solitário que comanda tudo de sua torre negra. De onde
sai apenas para confraternizar com sua família, que consiste em outras
cinco criaturas imortais, no pub conhecido como Conexão V. Até ouvir a
voz doce e aveludada em uma noite como todas as outras e tudo mudar.
Anna Davies sonha em ser cantora, mas o mais longe que chegou na
carreira é se apresentar em uma espelunca após um dia exaustivo de
trabalho na Bio Falk. Sozinha no mundo, vive uma vida modesta com a
ajuda de um amigo da família e esperançosa de que tudo melhore. Até
conhecer o homem lindo e misterioso que promete mudar sua vida para
sempre.

Entre segredos e perigos, o vampiro é seduzido pela doce e inocente


Anna, deixando sua vida enfadonha para trás quando se entrega à paixão e
apresenta seu mundo à ela.
Leia Também:
Trevor: e o bebê proibido
(Dark Wings Livro 1)

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Sinopse:
Diana era o motivo de orgulho para os seus pais adotivos. Esforçada,
estudiosa, cursava medicina, com um futuro muito promissor, mas um
convite para visitar o Inferno vai mudar tudo.
O Inferno era apenas um bar pertencente a um moto clube, ao menos
era a imagem que passava a quem não o frequentava. Porém, ele era uma
porta para o submundo, um lugar de renegados, como Trevor. Um dos
irmãos que lidera o Dark Wings é a própria escuridão, nascido das trevas e
para as trevas, que acabará no caminho de Diana, mudando a vida da jovem
para sempre.
Uma virgem inocente que foi seduzida pelas trevas...
Uma noite nos braços do mal na sua forma mais sedutora, vai gerar
uma criança incomum e temida, além trazer à tona um passado que Diana
desconhecia, e pessoas dispostas a tudo para ferir seu bebê.
Scorn: e a inevitável conexão (Dark Wings
Livro 2)

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Sinopse:

Scorn era um dos líderes vampiros do Dark Wings Moto Clube.


Apreciava sua imortalidade impondo seu poder enquanto degustava as
variedades de tipos sanguíneos de mulheres. Insensível e meticuloso, Scorn
acreditava que sabia de tudo e sobre todos. Sua maior frustração era não ter
impedido que seu irmão Trevor se unisse a Diana e gerassem o bebê
proibido, Thomy. Ele desprezava aquela criança.
Shantal Davis foi criada por caçadores, para ser a mulher do
inabalável Mestre Isaac. Alienada sobre o mundo que a cercava, ela não
imaginava que o homem que conheceu na madrugada deveria ser seu maior
inimigo. Sedutor e com o poder de deixar suas pernas bambas, ela cedeu a
todos os seus caprichos enquanto descobria seu verdadeiro propósito no
mundo.
Scorn estava na direção contrária de suas convicções.
Shantal acreditava que todos mereciam uma segunda chance.
Um novo bebê estava a caminho, fazendo com que o mais cruel dos
vampiros voltasse a sentir. Restava saber se era tarde demais para Scorn
assumir a inevitável conexão com a mãe da sua filha.
Thomy & Milly: e o amor proibido (Dark
Wings Livro 3)

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Sinopse:

Dark Wings Moto Clube deixou de ser um clã exclusivo de vampiros


quando Thomy, filho de Trevor e Diana nasceu. Híbrido de vampiro e
nefilin, seu poder era desconhecido e, por muito tempo, sua origem foi
amaldiçoada. Em uma moto e jaqueta de couro, ele não queria nada mais do
que aproveitar as vantagens de ser um híbrido em meio aos humanos com
os hormônios à flor da pele.
Sua liberdade durou pouco tempo. Não só sua irmã resolveu segui-lo
para a faculdade, mas Milly, a garota proibida e filha daquele que nunca
demonstrou consideração pela sua existência, Scorn. Ele faria de tudo para
se manter longe das duas, mas nunca deixaria de protegê-las.
Milly sempre alimentou um grande sentimento pelo “primo”. Depois
de provar do sangue dele e ter seus sentimentos amplificados, ela tinha um
objetivo, declarar seu amor por Thomy, mesmo que ele não parecesse
interessado nela.
Na busca de consumar o amor entre os herdeiros Dark Wings, eles
ainda precisariam lidar com uma nova força vinda dos céus. Nem sempre as
origens estavam de acordo com a existência de seus descendentes. Mas
aqueles que se renderiam a conexão de sangue, alcançariam a vitória.
Rejeitada (Shadow Beast Shifters Livro 1)

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Sinopse:

Best-seller nº 1 da Amazon americana!


Um romance dark, best-seller do Wall Street Journal e do USA
Today.

Quando seu pai tentou matar o lobo alfa do bando, Mera passou a ser
excluída, rotulada de traidora, tratada pior que lixo.
Ela decidiu fugir da alcateia, mas seus problemas ficaram ainda
piores quando foi arrastada de volta pouco antes da primeira transformação.
O tão esperado momento que mudaria para sempre os seus dias foi
um desastre. Quando a conexão aconteceu e seu verdadeiro companheiro se
revelou, tudo saiu de controle.
Mera nutria a esperança de um futuro melhor assim que sua loba
fitasse sua cara-metade. Mas estava completamente enganada. Ser rejeitada
pela sua alma gêmea foi apenas o começo.
Ao ser desprezada, sua alma gritou por vingança. De alguma forma
inexplicável, tocou o mundo das sombras invocando criaturas
horripilantes... como o temido Shadow Beast, o deus criador dos
metamorfos ou, para alguns, o próprio diabo.
Taciturno, sombrio e poderoso, Shadow Beast veio à Terra para
descobrir quem estava acessando o seu mundo. Arrancou Mera de sua
alcateia, mantendo-a como refém em seus domínios.
A loba tinha noção de que a besta era mais um diabo do que um anjo,
no entanto não conseguia evitar a atração que sentia.
Ele poderia ser o maior demônio dos mundos sombrios, mas sem
dúvida nenhuma era sexy.
Cativa do deus que deveria adorar e temer, agora Mera precisará de
toda sua força para resistir ao demônio.
Reclamada (Shadow Beast Shifters Livro 2)

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Sinopse:

Best-seller nº 1 da Amazon americana!


Um romance dark, best-seller do Wall Street Journal e do USA
Today.

Eles cometeram um erro terrível, e vão pagar por isso.


Nos últimos dez anos, tenho sido vítima. Vítima da minha matilha.
Vítima do meu verdadeiro companheiro, que me rejeitou da maneira mais
brutal. E vítima de Shadow Beast, que me usou para atingir seus propósitos.
Mas ele realmente fez isso?
A besta nunca revela as cartas em suas mãos, mas uma coisa é certa...
no tempo que estive com ele, eu mudei. Agora não vou mais seguir o
caminho ditado pelos homens poderosos da minha vida. Nunca mais vou
deixar minha força ser tirada de mim.
Ou evoluo ou morro.
E todos nós sabemos que, com uma escolha como essa, há apenas
uma opção.
Atração Irresistível

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Sinopse:

Um homem com cicatrizes, herdeiro de uma maldição.


Uma mulher independente e aberta para o amor.
Dilan é um fazendeiro que vive de forma pacata e obscura em uma
pequena cidade perdida no mapa.
Laura é uma médica que está em busca de mudanças na carreira, após
ter se sentido enganada e ferida.
Uma atração irresistível sondará o casal, mas as trevas ao redor da
pequena cidade poderá ser a ruína de ambos.
Como agir quando medo e desejo coexistem?

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