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Otros Livros
1 - Rebecca
2 - Rebecca
3 - Mason
4 - Rebecca
5 - Rebecca
6 - Rebecca
7 - Rebecca
8 - Rebecca
9 - Cody
10 - Rebecca
11 - Rebecca
12 - Mason
13 - Rebecca
14 - Rebecca
15 - Rebecca
16 - Rebecca
17 - Rebecca
18 - Mason
19 - Rebecca
20 - Rebecca
21 - Rebecca
22 - Cody
23 - Rebecca
24 - Mason
25 - Rebecca
26 - Blake
27 - Rebecca
28 - Rebecca
29 - Rebecca
30 - Rebecca
31 - Cody
32 - Rebecca
33 - Rebecca
34 - Rebecca
35 - Rebecca
36 - Rebecca
37 - Rebecca
38 - Mason
39 - Rebecca
40 - Rebecca
41 - Rebecca
42 - Blake
43 - Rebecca
44 - Rebecca
45 - Rebecca
46 - Cody
47 - Rebecca
Epílogo
Cena Bônus
Visualizar - Uma babá para los Bombeiros
Autora
A garota
dos
Caubóis
Copyright © 2023 Juicy Gems Publishing
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode
ser reproduzida, distribuída ou transmitida de nenhuma forma sem
consentimento prévio da autora.
Editado por Robin Morris
Traduzido por Moema Sarrapio

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Christmas Package
Trained At The Gym
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The Study Group
Tiger Queen
Triple Play
Nanny With Benefits
Extra Credit
Hail Mary
Snowbound
Frostbitten
Unwrapped
Naughty Resolution
Her Lucky Charm
Nanny for the Billionaire
Shared by the Cowboys
Nanny for the SEALs
Nanny for the Firemen
Nanny for the Santas
Shared by the Billionaires
1

Rebecca

“Onde diabos fica essa fazenda?”, falei sozinha. Eu já tinha


dirigido pela estrada suja por cerca de uma hora. Era tão irregular
que eu não conseguia acelerar mais, e eu sabia que já deveria ter
chegado ao meu destino naquele momento.
Olhei para o meu celular no painel. O sinal da operadora tinha
sumido já fazia meia hora. Eu sabia que a entrada ficava à direita.
Eu deveria ter baixado o mapa antes. Mas, pensando bem, onde
ainda existem lugares nos Estados Unidos sem sinal telefônico?
“No meio do nada, em Montana”, eu respondi à minha própria
pergunta. “É lá que fica”.
Apesar da minha frustração, a vista era incrível. A estrada
serpenteava pelo meio de um vale em Montana, com campos
verdes que davam em árvores nos sopés das montanhas cobertas
por neve no topo, que permitiam a visão cortada de um céu
impossivelmente azul. Um rio corria perto da estrada, e eu via uma
cerca de arame farpado do outro lado.
Era maravilhoso, certamente.
Se ao menos eu conseguisse encontrar esse diabo de
fazenda…
As borboletas tinham invadido meu estômago três horas antes,
quando deixei Great Falls. Todo o nervosismo de começar em um
emprego novo, misturado à empolgação de trabalhar em uma
fazenda de novo. Eu não pisava em uma, desde que era uma
garota, ajudando meus pais na nossa fazenda. Estava ansiosa para
sujar as mãos depois de ter passado cinco anos vivendo na cidade.
Eu queria colocar a mão na massa.
Não só na fazenda, é claro. Meu trabalho real estava no laptop
que estava na bolsa apoiada no banco do passageiro ao meu lado…
Levei um susto quando cruzei com o primeiro sinal de vida
humana depois de uma hora. Do outro lado do rio, debaixo de uma
árvore solitária, um cavalo preto estava amarrado a uma cerca. Sua
cabeça estava abaixada, enquanto ele olhava para a grama.
E, encostado na árvore, um homem.
Parei o carro perto do rio e desci o vidro do passageiro. “Olá?”.
O homem usava um chapéu de caubói preto cobrindo o rosto.
Eu estava muito longe para ver qualquer outra coisa, então saí do
carro e caminhei até a margem do rio. Ele tinha seis metros de
largura, e a árvore ficava bem perto da outra margem. Dali eu podia
ver o homem mais claramente: ele usava jeans, uma camiseta e
tinha tatuagens tribais cobrindo os dois braços. Eu não sabia se ele
estava respirando.
“Você está bem? Você está… vivo?”, perguntei.
“Cai fora”, ele respondeu em um resmungo.
A resposta me chocou. Endureci e perguntei: “Acho que estou
perdida. Você pode me dar referências?”.
Ele levantou o chapéu o suficiente para eu poder ver seus
olhos escuros. “Eu. Disse. Cai. Fora”.
Algo me dizia que eu não queria pressionar mais, então
murmurei, “Cuzão”, e voltei para o carro.
Dirigi pela estrada por mais alguns minutos. Ainda sem sinal
telefônico. Onde diabos ficava o lugar? Me senti como uma
garotinha no primeiro dia de aula, zanzando pelo corredor,
procurando sua sala.
Finalmente, a estrada subiu uma colina, me dando uma visão
mais ampla do vale. A menos de um quilômetro, do outro lado do
rio, havia um pequeno rancho. Fumaça saía da chaminé da casa, e
do meu lado direito, dúzias de pontos pretos maculavam os campos
verdes. Gado.
“Graças a Deus”, eu disse, e continuei dirigindo. Mas quando
cheguei à entrada perto do rio, a placa dilapidada acima da ponte
não era o que eu esperava.

RANCHO CÉU AZUL

Xinguei baixo. Não era o que eu procurava. Eu olhei para mais


longe na estrada e não parecia haver mais nada por quilômetros.
Eu tinha dirigido por muito tempo. Talvez eu tivesse perdido a
entrada da fazenda que eu procurava.
Mas, em vez de voltar, virei o carro na direção do ranchinho,
cuja chaminé expelia fumaça. Esperançosa de que eles seriam mais
amistosos do que o cara de chapéu preto, que se recusou a me dar
informações. A maioria das pessoas em Montana era amigável, na
minha experiência, mas as que eram rudes, eram rudes mesmo.
Havia vários conspiracionistas espalhados por ali que suspeitavam
de todo mundo que era novo. A última coisa que eu queria era ser
saudada por um homem apontando uma espingarda para o meu
carro.
A casa do rancho tinha um formato clássico. Parecia um
grande chalé com dois andares, e uma varanda que se estendia por
todos os lados. Ela tinha sido marrom um dia, mas agora a pintura
estava craquelada e desbotada, em um tom monótono e
deprimente. Uma seção da varanda estava mais funda do que o
resto. O celeiro do outro lado estava ainda mais arruinado – uma
das portas estava pendurada pelas dobradiças.
Parei o carro. Talvez não fosse uma boa ideia, afinal. Eu estava
sozinha, sem sinal de celular, se algo me acontecesse…
Um homem saiu pela porta e acenou para mim. Abaixei o vidro.
“Você é Rebecca?”, ele perguntou.
“S… Sou”, respondi surpresa.
O homem sorriu. “Bem-vinda à Fazenda Cassidy, sua casa
pelos próximos três meses”.
2

Rebecca

Abri a porta do meu carro, e meu telefone vibrou no painel,


com a seguinte mensagem:

Terry: Chegou em segurança? Como é o lugar?

“Ah, agora tenho sinal”, sussurrei.


O homem saiu da varanda e deu uma risadinha. “A maioria do
vale é uma zona morta. Mas temos uma torre de celular aqui na
montanha. Quase não nos alcança”, ele apontou para um dos picos
no horizonte.
O homem tirou seu chapéu branco de caubói e revelou os
cabelos grossos e castanhos-dourados. Ele estava usando uma
camisa xadrez azul e branca de manga comprida, calças jeans e um
cinto marrom com uma grande fivela. Seu rosto era bem esculpido e
sério, mas acolhedor. Seus olhos cor de âmbar me encararam com
alívio.
Ele era robusto, sexy, ele era tudo o que eu imaginava que um
caubói de montanha seria. Principalmente a forma como ele
encaixava os polegares atrás do cinto.
Ele é perfeito para a minha pesquisa, pensei.
“Sou Mason Cassidy”, ele disse com um sotaque suave do
interior. Uma fala mansa e doce como mel.
“Prazer em conhecê-lo”, eu disse, apertando sua mão. Ela era
calosa e musculosa, e estava quente, assim como eu imaginei que o
resto do seu corpo estaria sob aquelas roupas. Ele sorriu, como se
soubesse no que eu estava pensando, e eu senti minhas bochechas
queimarem.
“Como foi a viagem? Foi fácil de achar?”, Mason perguntou.
“Longa”, admiti. “Não dá pra dirigir muito rápido nessa estrada,
assim, pareceu que eu estava procurando pela entrada por mais de
uma hora. Fiquei com medo de ter me perdido”.
Mason sorriu. “Sim, estamos muito isolados aqui. Não tem
ninguém por perto em quilômetros”, ele disse, como se aquilo fosse
uma coisa boa, então respirou fundo o ar frio do outono.
“Na verdade, eu vi uma outra pessoa no caminho”, mencionei,
“a mais ou menos dois quilômetros daqui, dormindo sob uma
árvore”.
Mason fez uma careta. “Braços tatuados?”.
“Sim”.
“Filho da…”, ele sacudiu a cabeça. “Sempre dormindo no
horário do serviço. Obrigado por me contar”.
“Ele trabalha para você?”.
“Algo do tipo. Mas não o deixe ouvir dizendo isso. Vem, vou te
mostrar a casa”.
Eu o segui pela varanda e, através da porta principal, senti o
cheiro de madeira antiga, embolorada e velha. Como se o lugar
tivesse acabado de ser ocupado e não tivesse sido minuciosamente
limpo.
“É uma Craftsman, construída bem na virada do século. A
cozinha foi reformada, mas só isso. Muita coisa para fazer ainda.
Mas as estruturas são boas”, ele colocou uma palma na parede. “Os
pisos são de madeira de lei original. Bom estado, exceto por
algumas lascas”.
“Mason, tenho uma pergunta sobre a instalação essa semana”,
uma voz ecoou do outro cômodo, “eles dizem que vai demorar dois
dias até instalarem e passarem a fiação em tudo, mas não quero
todo o equipamento atrapalhando a próxima entrega de gado – não
sabia que ela estava aqui”.
Mason gesticulou. “Rebecca, este é meu irmão, Cody”.
Cody tocou a aba do chapéu branco e disse: “Madame”. Ele
tinha os cabelos loiros ondulados, que se destacavam debaixo do
chapéu de caubói. Rosto oval e olhos azuis penetrantes. Ele
apertava os olhos um pouco ao sorrir. Ele era meio que uma versão
rústica do Owen Wilson.
“Que bom que você aceitou o trabalho”, Cody disse. “Vamos
precisar muito de você. Muitas tarefas, poucas pessoas”.
“Eu estava mostrando a casa a ela”, disse Mason.
“Quer beber alguma coisa?”, Cody perguntou. “Água, café,
cerveja? Essas são basicamente nossas opções. Acho que temos
um pouco de uísque ainda, mas é meio cedo para isso, se você me
permite opinar”.
“Na verdade, água seria ótimo. Obrigada. Foi uma viagem
longa”.
Ele apontou para mim e disse: “Deixa comigo”, e desapareceu
na cozinha.
Mason me mostrou a sala principal, que era um grande
cômodo aberto adjacente à cozinha. Dois sofás de couro
posicionados de frente para uma TV grande sobre um rack.
“Não temos TV a cabo, sinto dizer. Contudo, temos uma
grande coleção de DVDs”, Mason explicou. “Nossa internet é via
satélite, mas não exatamente rápida. Às vezes dá para assistir algo
em streaming, embora a resolução seja bem ruim”.
“Sem problemas”, eu disse. “Sou mais de ler livros”.
Cody saiu da cozinha e me deu um copo d’água. É água pura,
mas filtrada. Já estive em fazendas que usam sistemas antigos de
desinfecção e vou te dizer: não é legal. Mas não se preocupe, não
temos esse problema aqui na Fazenda Cassidy”.
“Obrigada”. Eu tomei um longo gole. “Ei, por que a placa na
estrada diz ‘Rancho Céu Azul’?”.
“Não chegamos lá ainda”, respondeu Mason.
Cory assentiu. “Só chegamos faz duas semanas. Passamos a
maior parte do tempo consertando as coisas cruciais e recebendo
gado. Temos entregas quase todos os dias. Temos quase duzentas
cabeças agora. Todos Montana Balancers”, ele sorriu com orgulho.
“Balancers?”, perguntei.
Cory sorriu, como se eu tivesse acabado de perguntar quem
era seu Power Ranger favorito. “Montana Balancer é uma raça de
gado. Eles são híbridos, Angus e Gelbvieh. A melhor carne do norte
do Texas, e não deixe ninguém te dizer o contrário”.
“Mais teimosos”, Mason disse. “Não ficam no pasto que
queríamos que eles ficassem”.
“Eles vão ficar bem em algumas semanas. Só precisam de
tempo para se acostumarem. Como seres humanos!”, Cody me deu
uma cotoveladinha e sorriu.
Eu sorri de volta para ele. Cody era divertido. Gostei dele de
cara.
Ouvimos alguém relinchar do lado de fora. Mason e Cody se
viraram para a janela da sala de estar, que ficava em frente à área
do celeiro, onde havia um cercado de madeira de uns 15 metros de
diâmetro. Um único cavalo preto trotava nervoso lá dentro.
“Aquele é o Cavalo de Fogo”, Cody disse. “Ele é meio
temperamental”.
“Dá azar dar o nome ao cavalo antes de amansá-lo”, disse
Mason.
Cody revirou os olhos. “Ele vai sossegar logo. Já amansei
cavalos piores que ele”.
Meu celular vibrou no meu bolso novamente.

Terry: Tá aí?
Terry: Quero saber se você chegou em segurança. Não é todo
dia que uma agente manda sua cliente para o meio da natureza
selvagem…

“Tudo bem?”, Mason perguntou.


“Desculpa. Todas as mensagens estão chegando agora por
causa do sinal”, guardei o telefone no bolso de novo.
“Você tem malas? Vou pegar para você. Só preciso da chave”,
Cody esticou a mão.
“Muito obrigada pela gentileza”.
Cody sorriu, tocou a aba do chapéu e saiu. Suas botas
ecoaram no chão de madeira de lei até ele chegar do lado de fora.
Mason me guiou até os quartos no andar de cima. Tive que me
concentrar muito para não encarar a bunda dele. Seus jeans
moldavam seu corpo perfeitamente, ele se movia atraentemente a
cada passo…
Para, pensei. Ele é meu chefe pelos próximos três meses.
E mais importante: ele era meu objeto de pesquisa.
“As primeiras três portas são quartos”, Mason disse, quando
chegamos no meio do corredor do andar de cima. “O seu fica no
final do corredor. A porta ao lado é o banheiro. Você vai ter que
dividir, desculpa, não é bem o Ritz aqui”.
“Eu não esperava que fosse”, respondi entrando no quarto. O
cômodo era espartano, com apenas uma cama e uma cômoda de
madeira, ambas parecendo ser dos anos cinquenta. Não havia nem
uma mesa de cabeceira ou uma escrivaninha… o que dificultaria
meu trabalho realmente.
Cody subiu as escadas e se juntou a nós no quarto. Ele
colocou minhas duas malas no chão e tirou a bolsa do laptop do
ombro.
“Bolsa bonita”, ele disse. “Couro italiano”.
Mason piscou. “Você trouxe um laptop?”.
Congelei por um segundo, mas consegui pensar em uma
desculpa. “Trouxe por hábito, eu acho. Para assistir Netflix ou algo
do tipo. Mas acho que não vou conseguir, se a internet não estiver
muito boa”.
“Definitivamente não espere isso, especialmente nas
segundas”, Cody disse. “É quando vejo minha série”.
“Vou te mostrar o celeiro”.
Mason me guiou para o andar de baixo e saímos pela porta. O
celeiro, assim como a casa, mostrava restos de pintura antiga. Em
vez de abrir a porta quebrada para humanos, Mason empurrou a
porta principal para o lado, e nós entramos. Havia dez estábulos,
cinco de cada lado, com um corredor no meio. Três estavam
ocupados por cavalos.
“Em um ano, todos os estábulos estarão ocupados”, disse
Mason. “Mas por agora, é o que temos”.
“Além da vaca leiteira”, disse Cody. “Que vai ser entregue
amanhã”.
Em seguida, eles me mostraram o galinheiro. Parecia um canil
gigante construído sobre palafitas, trinta centímetros acima do chão.
Uma pequena rampa dava no galinheiro e, debaixo dela, uma área
cercada de madeira e arame. Diferente das outras coisas que eu
tinha visto na fazenda, o galinheiro parecia ter sido construído
recentemente.
Adjacente a ele, havia um cercado com dois cabritos. E,
finalmente, um jardim perto do outro lado da casa, cercado, para
manter os animais longe das flores.
“A fazenda é basicamente isso”, disse Mason. “Embora o resto
da propriedade seja de dez mil acres, você vai passar a maior parte
do tempo nos ajudando por aqui”.
“Era isso o que eu queria perguntar: que tipo de trabalho vocês
precisam que eu faça?”, perguntei. “O anúncio era vago, sem
detalhes. Eu sou uma amazona experiente, posso cuidar do gado e
sou realmente boa com um martelo e uma serra…”.
Mason foi contando nos dedos: “Precisamos que você colete
os ovos no galinheiro todas as manhãs, tire leite das cabras e da
vaca, assim que ela chegar, uma vez por dia. O jardim precisa de
muito amor, remoção de ervas daninhas e coisas do tipo…”.
“Tarefas gerais na casa também”, Cody interrompeu. “Há
milhões de projetos para consertar a casa, além de limpeza,
organização…”.
Senti uma pontada de incômodo. “Vocês querem que eu faça
todo o trabalho de casa?”.
Os dois irmãos se entreolharam. “Não exatamente”.
Tentei manter a voz normal, quando falei: “Achei que fosse ser
uma fazendeira, não uma diarista. Vocês querem que eu cozinhe e
lave as roupas também?”.
Cody gargalhou. “Nós lavamos nossas próprias roupas. Quanto
a cozinhar, sim, seria ótimo. Nós todos revezamos”.
“Eu e você revezamos”, disse Mason secamente. “Certas
pessoas se recusam a ajudar”.
“Como assim?”, perguntei.
Cody apontou para a estradinha. “Falando no diabo…”.
Um cavalo preto entrou trotando na propriedade. Era o homem
tatuado de chapéu preto. Ele parou a uma curta distância,
desmontou e pegou as rédeas do cavalo. Dois alforjes estavam
presos no cavalo, com ferramentas longas presas na sela.
Agora que eu conseguia olhar com mais atenção, percebi que
ele era gigante. Ele parecia uma versão mais carnuda de Mason. As
tatuagens tribais saltavam dos seus músculos, como se ele fosse o
Gaston, de A Bela e a Fera.
“Como vai com a cerca?”, Mason perguntou a ele.
“Bem”, o homem de chapéu preto respondeu com a voz
profunda e rouca.
“Até onde você foi hoje?”, Cody perguntou.
“Até o lago”.
“Só isso?”, Mason perguntou.
O homem continuou andando, guiando o cavalo. “Terreno
difícil. Indo devagar”.
Mason sacudiu a cabeça. “Cansei das suas mentiras, Blake.
Nós sabemos que você estava dormindo durante o expediente”.
O homem – Blake – me olhou como se estivesse me vendo
pela primeira vez. Sob a aba do chapéu, seus olhos se apertaram
com raiva.
“Dedo duro do caralho”.
“O que foi?”.
“Não culpe Rebecca”, disse Mason. “Temos muita coisa para
fazer. A cerca nova, os reparos na casa e no celeiro, sem mencionar
as tarefas diárias… Você não pode ser desleixado assim. Podemos
todos concordar nisso?”.
“Tanto faz, chefe”, Blake murmurou e desapareceu no celeiro
com o cavalo.
“Aquele é Blake”, Cody explicou. “O filho do meio, caso você
não tenha notado”.
“Vocês três são irmãos?”.
“Infelizmente”, Mason sacudiu a cabeça e virou de volta para
mim. “Desculpa pelo Blake. Ele gosta de culpar os outros por seus
problemas. Mas você não fez nada de errado”.
Ele colocou uma mão no meu ombro para me confortar e
sorriu. Por alguns segundos eu fui totalmente hipnotizada pelo seu
olhar sedutor. Era minha imaginação, ou havia uma tensão sexual
entre nós que dava para cortar com uma tesoura?
Mason tirou a mão, quando percebeu que estava sendo
amistoso demais e disse: “Sobre o que estávamos falando? Ah, é.
Suas funções. Olha, não queremos que você seja nossa
empregada. Você não vai cozinhar, a não ser que seja sua vez de
fazer o jantar, e você precisa limpar tudo. Te dou sua lista completa
de tarefas diárias amanhã, mas além disso? Precisamos de ajuda
por aqui. Se você conseguir se fazer útil, bom… vai ser ótimo”.
Assenti. “Ok. Desde que vocês saibam que eu sou melhor do
que só uma ordenhadora de vacas”.
“E cabras…”, Cody completou com um sorriso.
“Contrato de três meses”, disse Mason. “Tempo o suficiente
para nos ajudar a focar nos reparos e outras coisas, para fazer a
fazenda se reerguer e voltar a funcionar. Então, podemos continuar
daí. Se você quiser negociar seu salário…”.
“O que vocês propuseram no anúncio está bom”, eu disse
rapidamente. “Três meses. Temos um trato”.
Apertamos as mãos, e eu fiz o mesmo com Cody, por cortesia.
“Você quer ver o resto da propriedade?”, Mason olhou para o
relógio. “É minha vez de fazer jantar, mas tenho cerca de uma hora
antes…”.
“Na verdade, posso usar o banheiro?”, perguntei. “Trajeto
longo, bexiga curta”.
“O que você quiser”, Cody disse com um sorriso juvenil. “A
casa é sua”.
Entrei de volta na casa e encontrei o banheiro. Fechei a porta e
a tranquei, mas em vez de me sentar no vaso sanitário, me inclinei
na pia e peguei meu celular.

Rebecca: Tô aqui. Tem sinal na fazenda, mas o resto é uma


zona morta.
Terry: E como está tudo? Como são os caras para os quais
você está trabalhando? A coisa é séria?
Rebecca: Eles são melhores do que eu imaginava. Três
irmãos. Perfeitos para a história.
Terry: OBA! Era isso o que eu queria ouvir! Se você tiver bom
material, a história vai praticamente se escrever sozinha.
Rebecca: Te mando um e-mail depois com os detalhes.

Sorri, olhando para a tela. Porque eu não estava ali para ajudar
na fazenda. Pelo menos, não era aquele meu propósito principal.
Eu era escritora, e estava ali para escrever um livro sobre
caubóis.
3

Mason

“O que você achou?”, Cody me perguntou, na varanda. “Da


Rebecca”.
“É muito cedo para dizer. Mas acho que ela vai dar conta”.
Cody olhou na direção da porta da frente antes de continuar.
“Ela também é terrivelmente bonita”.
“Ela trabalha para nós”, eu disse, deixando uma nota autoritária
no meu tom”.
“Eu sei, eu sei. Mas você não pode me culpar por notar”.
Cody estava certo. Eu não podia culpá-lo, porque eu também
tinha notado. Rebecca era uma coisinha preciosa. Pernas longas,
uma cachoeira preta correndo pelas costas e lábios carnudos que
quase faziam beicinho. Implorando para serem beijados.
Fazia dois anos que eu tinha olhado para uma mulher daquele
jeito pela última vez. Dois anos desde Penny. E mesmo depois de
tanto tempo, só de pensar nela, a dor e a tristeza se renovavam.
Tirei os pensamentos da cabeça rapidamente, antes que eles
crescessem.
“Você se importa de terminar de mostrar a fazenda?”,
perguntei.
Cody assentiu. “Pega leve com ele”.
“Como se isso fosse ajudar”.
Caminhei até o celeiro. Cody já tinha seguido em frente, ou
estava só fingindo? Eu não sabia como me sentia. Não pensava que
pudesse estar pronto para algo.
Mas ainda assim, era difícil seguir em frente.
No celeiro, Blake estava colocando um saco de comida no seu
cavalo. “Ah, ótimo”, ele murmurou sem nem me olhar, “aí vem minha
avaliação de desempenho diária”.
“Não sou seu chefe, porra”, respondi. “Sou seu irmão”.
“Você certamente age como meu chefe”.
“Porque você trata isso como um trabalho”, gritei de volta. “Um
trabalho que você odeia”.
“Eu não queria estar aqui”.
“Estamos tentando construir algo aqui, Blake. A fazenda da
qual sempre falamos. E, finalmente, temos a chance. Cody e eu
estamos nos dedicando cem por cento, mas você? Você é
acomodado. Dorme debaixo das árvores, quase nunca faz nada”.
Blake se virou para mim, com a fúria nos seus olhos escuros.
“Este rancho era nosso sonho por causa dela. Sem a Penny, este
lugar parece a porra de um cemitério”.
Endureci. “Não precisa ser assim. Quando tudo estiver
reparado, e nós pudermos trabalhar, podemos começar a procurar
de novo. Encontrar alguém que… que possa…”.
Eu não consegui terminar a frase. A dor era muito aguda.
Blake gargalhou amargamente e se virou de volta para seu
cavalo. “Não é fácil assim. Ninguém pode substituir Penny”.
“Então vai embora!”, gritei. “Volte para o que você fez no último
ano. Pular de trabalho em trabalho. Se você odeia esta fazenda, vá
embora por aquela porta e não volte nunca mais!”.
Ele hesitou, enquanto ajustava a sela do cavalo.
“Foi o que pensei”, eu disse. “Se você vai ficar, vai ter que
ajudar. Não posso ser sua babá o dia todo, Blake”.
“Adoro esse seu truque de mágica”.
“O quê?”.
“Você abre a boca”, ele começou, “e a voz do papai sai dela”.
“Cala a boca e vai trabalhar”, me zanguei. “É tudo o que peço”.
“Sim, senhor”, ele disse sarcasticamente. “Agora mesmo,
chefe”.
Eu queria argumentar mais, entretanto me forcei a me virar e
sair do celeiro. Cerrei meus punhos ao voltar para a casa. Blake me
frustrava não só por ser teimoso, mas porque ele espelhava como
eu queria agir. Sem Penny, eu queria ficar furioso e dormir o dia
inteiro. Mandar o mundo ir se foder. Eu queria acender um fósforo e
colocar fogo em tudo para poder dormir sobre as cinzas.
Mas eu tinha que seguir em frente. Nós todos tínhamos.
Mesmo que aquilo significasse focar em uma tarefa de cada vez.
“Eu ouvi gritos?”, Rebecca perguntou, quando entrei na sala.
“A sela agarrou no cavalo”, respondi. “Já resolvemos”.
Pelo menos temos ajuda, pensei, enquanto encarava Rebecca.
4

Rebecca

“A sela agarrou no cavalo”, disse Mason. “Já resolvemos”.


Havia algo estranho na voz dele, como se ele estivesse
escondendo partes da história.
“Provavelmente, tá tarde para te mostrarmos o resto da
propriedade”, disse Cody, olhando para o relógio. “Faremos isso
amanhã cedo. Você pode arrumar suas coisas antes do jantar”.
Fui para o meu quarto e fechei a porta. Então, abri meu laptop
e comecei a anotar coisas.
Fazia seis anos que eu trabalhava como escritora de ficção
especialista em suspense. Meu primeiro livro tinha finalmente
entrado para a lista dos mais vendidos do New York Times.
Geralmente, as histórias se davam na cidade. Nova Iorque, Los
Angeles, Chicago. Cresci em uma fazenda, assim, passei a maior
parte do meu tempo sonhando acordada com cidades, então era o
cenário de que eu mais gostava.
Meu próximo projeto seria meu primeiro livro com o tema
‘caubóis’. Meus pais ainda tinham a nossa fazenda, mas fazia tanto
tempo que eu tinha morado lá que não me lembrava muito e queria
escrever algo fresco. Uma história boa precisava de detalhes, e
todos os detalhes tinham sido perdidos na minha memória.
Era por isso que eu estava ali. Para reacender meu
conhecimento da vida na fazenda e escrever uma história
convincente. Viver e trabalhar em uma fazenda faria minha
criatividade aflorar.
O cenário não era o único benefício. Havia drama ali. Mason, o
irmão mais velho que administrava tudo. Cody, o pateta
descontraído. Blake, o filho do meio cheio de atitude.
O livro se escreveria praticamente sozinho.
Como regra geral, eu não gostava de manter segredos.
Honestidade é a melhor política, como minha mãe sempre dizia.
Mas se eu contasse aos caras que eu não estava ali só para ajudar,
mas para escrever um livro, eles agiriam diferente. E estragaria a
atmosfera.
Logo, por enquanto, eu manteria meu segredo. Quando o
contrato estivesse no fim, eu podia contar quem eu realmente era.
E, durante aquele tempo, eu seria um trunfo valioso na fazenda.
Como eu não tinha uma escrivaninha, me sentei na cama com
o laptop no colo. Conectei ao wi-fi da casa e abri meu e-mail.

Terry,
Acabei de ver a fazenda toda. É velha e dilapidada, e estes
três irmãos estão consertando tudo. Dois deles se dão bem, mas um
deles – Blake – é cheio de atitude. Existe alguma tensão entre ele e
o irmão mais velho, Mason. Já comecei a escrever a história na
minha cabeça!

Ouvi uma batida na porta, seguida pela cabeça de Cody pelo


portal. “O jantar fica pronto em cinco minutos”.
Rapidamente, fechei meu laptop. “Obrigada! Já estou indo”.
Assim que ele saiu, abri meu laptop, terminei o e-mail e enviei.
Então, pulei da cama e fui tomar banho antes de jantar.
A porta do banheiro se abriu e Blake saiu de dentro. Ele quase
esbarrou em mim, tive que dar um pulo para trás. Sua toalha
escorregou e ficou meio solta em volta do seu quadril, me
oferecendo uma visão deliciosa daquele caminho da felicidade que
alguns homens têm. Seu peito era coberto de tatuagens, como seus
braços, e ele parecia mais bonito de perto. Sua pele estava úmida
do banho, e seus músculos pulsavam como se estivessem
querendo escapar. Seu cabelo preto e curto brilhava.
Eu juro que senti meus ovários se contorcerem. Ele era um
homão.
“Sai”, Blake resmungou para mim.
Ele nem me esperou obedecer: me deu uma ombrada, como
se eu fosse um objeto no seu caminho depois de um longo dia de
obstruções. Senti seu cheiro, quando ele passou por mim, couro
untado, fumaça e algo picante. Novas borboletas surgiram no meu
estômago.
Blake desapareceu no quarto perto do meu e bateu a porta.
Ele seria uma ótima personagem literária, pensei, assim que
entrei no banheiro para me lavar. Eu raramente criava personagens
baseados em pessoas reais, mas ocasionalmente eu pegava traços
específicos emprestados de pessoas que eu conhecia.
Cody estava organizando a mesa na sala de jantar, enquanto
Mason se movia na cozinha em frente. “Precisa de ajuda para pôr a
mesa?”.
“Pode deixar!”, disse Cody alegremente. “Engraçado, coloquei
três lugares antes de me dar conta de que agora somos quatro. Já
estamos aqui faz duas semanas, acho que entrei em um ritmo. Quer
uma cerveja? Só temos Coors, mas posso comprar mais, quando for
à cidade”.
Uma cerveja era tentadora, especialmente vinda dele. Se
estivéssemos em um bar, e Cody se oferecesse para me comprar
uma bebida, eu teria dito sim sem hesitar. Mas eu precisava manter
meu juízo, se bebesse, poderia me esquecer do motivo real pelo
qual estava ali.
“Água está bom”, eu disse.
Mason saiu da cozinha carregando uma assadeira cheia de
bistecas. “Estes aqui estão mais bem-passados. Do outro lado,
malpassados”.
“Blake gosta deles sangrando”, Cody explicou. “Mugindo, como
ele sempre diz”.
Mason e Cody voltaram para a cozinha e Mason voltou
trazendo uma tigela grande de purê de batatas.
“Sem vegetais?”, provoquei. “Vocês estão aqui sozinhos sem
companhia feminina faz tempo…”.
“Não fale tão cedo!”, Cody veio da cozinha com uma grande
saladeira e pegadores. “Nossa mãe sempre fala que vegetais te
fazem crescer e ficar forte. É claro que Blake nunca comeu sua
salada e é o maior dos irmãos Cassidy, de longe. Em algumas
situações, um ditado não é bem verdade”.
Blake desceu as escadas um pouco depois. Ele pegou uma
cerveja da geladeira e foi até a mesa. Seu cabelo ainda estava
úmido, e ele estava usando uma camiseta – tão justa que dava para
ver todos os seus músculos – e calças jeans. Ele arrastou um bife
para o seu prato, se serviu de duas porções enormes de purê e se
afastou.
“Aonde você vai?”, Mason perguntou.
A única resposta que ouvimos foi a porta da frente abrir e
fechar. Pela janela, vi Blake se sentar em uma das cadeiras de
balanço da varanda. Então, ouvimos uma lata de cerveja sendo
aberta.
“Desculpa nosso irmão”, disse Cody. “Ele esquece os bons
modos às vezes”.
“Tudo bem”.
“Falando sobre modos…”, Mason tirou seu chapéu, Cody fez o
mesmo. “Ok, atacar!”.
Começamos a comer em silêncio, enchendo o cômodo com o
barulho dos garfos de metal em pratos de porcelana.
“Isso está muito bom”, eu disse após a primeira garfada. “Estou
surpresa por ter assado por dentro”.
“O grill estragou”, Mason respondeu. “O tanque está vazio, foi o
fio. Precisamos de borracha de vedação. Tudo nesta fazenda está
quebrado de alguma forma”.
“Deveríamos ter trazido carvão”, Cody disse entusiasmado. “Aí
poderíamos assar em qualquer lugar com uma churrasqueira”.
Mason rolou os olhos, como se fosse uma conversa antiga.
“Como vocês conseguiram este lugar?”, perguntei. “Vocês
disseram que faz duas semanas. Era propriedade familiar, e vocês
estão tentando reavivar?”.
Os dois se entreolharam. Mason respondeu: “Compramos em
um leilão. Vendido como está. Por isso todo esse trabalho precisa
ser feito”.
“Somos uma família de fazenda”, Cody explicou. “Trabalhamos
em fazendas de outras pessoas a vida toda. Finalmente
economizamos o suficiente para comprar a nossa própria. Sempre
foi…”.
Cody parou e tomou um longo gole de cerveja.
“Sempre foi um sonho do pai ter seu próprio rancho”, ele
continuou. “Para trabalhar para si e não para os outros”.
“Sim”, Mason concordou. “Ele teria amado este lugar”.
Eles brindaram com suas cervejas, e eu fiz o mesmo com a
minha água. O pai deles já deveria ter morrido. Eles estavam
levando seu legado, seu sonho adiante, sem ele. Era comovente.
“Vocês três trabalhavam em fazendas antes disso?”, perguntei.
Mason assentiu. “Trabalhei do outro lado de Missoula. Trabalho
bom. Gente boa. Estamos comprando muito gado daquela fazenda”.
“Eu era ajudante até uns três anos atrás”, disse Cody, seus
olhos azuis brilharam junto com seu sorriso. “Então me envolvi com
negociação de cavalos. Eu tenho um olho bom para isso, sabe.
Força, velocidade, temperamento. Me dê um cavalo que eu te digo
tudo sobre ele em dez minutos. Tamanho, raça, porra, tenho um
bom olho para origem também. É meio que meu superpoder”.
“Cody quer criar cavalos algum dia”, disse Mason. “Assim que
a fazenda estiver pronta e funcionando”.
“Começando com aquele filho da mãe teimoso que você viu.
Vou tentar amanhã de novo, ver se consigo colocar cabresto nele”.
“Dez mangos que você não consegue”, apostou Mason.
Cody gargalhou e disse. “De jeito nenhum, dinheiro fácil para
você”.
Acenei com a cabeça, enquanto ainda comia. “E Blake?”.
Mason rangeu os dentes. “Trabalhou na mesma fazenda que
eu. Até ser demitido por preguiça”.
“Aí ele vagou por aí”, disse Cody, mexendo o garfo. “Como
uma bolinha de gude dentro da máquina de lavar. Uns bicos aqui e
ali. Coisas pequenas. Consertos. Raramente trabalhando com
cavalos ou gado”.
Fiz uma careta. “Ele não é bom com animais?”.
Cody mastigou e engoliu. “Não, ele é realmente bom. Mas
nunca ficou em um trabalho tempo o suficiente para ser promovido a
isso”.
“Talvez seja por isso que Blake esteja infeliz com a construção
da cerca”, refleti. “Ele quer fazer o trabalho de fazenda mesmo”.
Mason fez uma careta. “Dá para escrever um livro com os
motivos pelos quais Blake é um infeliz”.
Que frase engraçada, pensei, cortando meu bife.
“E você?”, Cody perguntou. “Fazia o que antes? Seu currículo
cita a fazenda da sua família. Mas nada nos últimos seis anos”.
Tomei um gole de água para ter tempo para pensar. Eu tinha
ensaiado minha história para aquele exato momento. Mas as
palavras não conseguiam ir do meu cérebro para os meus lábios. Eu
não gostava de mentir e tinha medo de eles saberem
instantaneamente que não era real.
“Fiz faculdade em Missoula”, me forcei a dizer. “Depois
trabalhei por aí. Bicos também. Fui motorista de aplicativo por um
tempo”.
“O que você estudou?”, Mason perguntou.
Escrita criativa, eu quase disse. Porque era o que eu
costumava dizer às pessoas. Porque era verdade.
“Agronomia”, menti.
“Legal!”, Cody disse. “Você pode nos ajudar com as ervilhas
forrageiras. Plantamos uma safra tardia, e eu queria colher mais
cedo, mas não tenho certeza se é muito cedo”.
“Não precisa encher a garota com esse papo agora”, disse
Mason. “Ela acabou de chegar. Falando nisso, vamos para a cidade
amanhã comprar suprimento. Se você quiser alguma coisa, escreva
no bloco na cozinha”.
Suspirei aliviada, quando o assunto mudou da minha vida para
outra coisa.
5

Rebecca

Naquela noite, depois de me arrumar para dormir, fechei a


porta e abri o laptop novamente. Eu só estava lá fazia metade de
um dia, mas meu cérebro já estava inundado de ideias para o
romance. Ele envolveria dois irmãos, talvez três, mas eu não queria
que lembrasse muito a fazenda Cassidy. O protagonista da minha
história seria um detetive particular que seria chamado para resolver
um crime na fazenda. Eu não sabia ainda. Talvez algo pequeno, tipo
destruição de propriedade, o que, obviamente, progressivamente
ficaria cada vez pior…
Parei para pensar no que estava fazendo. Mais uma vez, senti
uma pontada de culpa por não contar a Mason e a seus irmãos a
verdade. Não era tarde demais para ser honesta com eles.
Como eu sempre fazia, quando me via com dificuldades em
tomar decisões, mandei uma mensagem para a minha agente.

Rebecca: Tô repensando nosso plano. E se eu contar para os


caras da fazenda o motivo real de eu estar aqui? Talvez eles se
abram mais e me deem ideias para o livro.
Terry: NÃO!
Terry: Pare de pensar demais, Rebecca!
Terry: Se você contar que está escrevendo um romance, eles
não vão agir naturalmente. Vão se comportar de forma diferente.
Das duas uma: ou eles vão exagerar ou diminuir seus maneirismos
e hábitos na sua frente. Nos dois casos, você não consegue
material legítimo para a pesquisa.
Rebecca: Eu sei! Mas odeio não contar a verdade.
Rebecca: Parece que estou me aproveitando deles.
Terry: Eles também estão tirando vantagem disso. Uma
funcionária valiosa na fazenda pelos próximos três meses. Desde
que você faça sua parte, eles não deveriam se importar com as
suas notas mentais enquanto trabalha.
Terry: Plano de pé, Rebecca. Já te dei ideia errada?

Eu estava respondendo, quando bateram na minha porta.


Eu já ia dizer entra automaticamente, mas parei. Meu
computador estava aberto na minha frente. Eu o fechei e procurei
um lugar para esconder. Não encontrei nada melhor, então o
escorreguei para debaixo das cobertas perto das minhas pernas.
“Entra”, eu disse finalmente.
A porta se abriu, e Mason entrou no quarto. O irmão mais velho
da família Cassidy tinha trocado sua camisa xadrez para uma
camiseta branca, e sem o chapéu eu conseguia admirar seus
cachos castanhos. Ele também estava de óculos. Ele deve usar
lentes de contato de dia, pensei.
“Espero não estar incomodando”, ele disse meio
desconfortável.
“Não, não mesmo. Só estava lendo antes de dormir”.
Ele assentiu, cruzando os braços. “Só queria te agradecer por
vir tão rápido. Nós pensamos que daríamos conta de tudo só os
três, mas…”.
Mason se aproximou, enquanto falava, mas parou
abruptamente. Ele estava olhando para a cama.
Merda, pensei. Ele viu o laptop.
Mas então me dei conta de que o lençol tinha escorregado das
minhas pernas, revelando minhas coxas cobertas só pela minha
calcinha.
Rapidamente puxei o lençol para me cobrir.
“Nós, hm, pensamos que daríamos conta de tudo”, ele
continuou falando com aquele sotaque sexy. “Mas há mais coisas
do que esperávamos. Estamos nos esforçando para entrar no ritmo.
Não é fácil colocar uma fazenda velha de volta nos eixos…”.
Ele suspirou com a fadiga de um homem que estava fazendo
mais do que aguentava. “Agradecemos você ter vindo tão rápido”,
ele reiterou.
Aceitei o trabalho, porque estava procurando a situação
perfeita para a minha pesquisa, pensei.
“Fico feliz em poder ajudar”, eu disse. “Posso ajudar em outras
coisas também. Reparos, cuidar do gado, amansar o Cavalo de
Fogo…”.
Mason zombou. “Ele te mata, eu acho. Mas não se preocupe,
nós vamos te usar bem. Você vai ficar suada e exausta
rapidamente”.
Ele disse isso sem sorrir. Ele estava flertando? Ele parecia
sério demais para aquilo. Era difícil dizer.
Mas ele era lindo, e parte de mim desejou que ele estivesse
flertando.
“Era o que eu queria dizer. Valeu”, ele caminhou pela porta,
parou e se virou. “Só uma pergunta aleatória. Você ficou em
Missoula depois de terminar a faculdade?”.
“Me mudei para Great Falls”, eu disse. “Por quê?”.
Me perguntei se ele ia me interrogar sobre minha história, mas
ele respondeu: “Seu rosto é familiar. Eu podia jurar que te conheço
de algum lugar. Mas se você morava em Great Falls, eu estou de
confundindo. Boa noite, Rebecca”.
“Boa noite, Mason”.
Quando a porta se fechou, suspirei aliviada. Será que ele me
reconheceu das capas da meia dúzia dos livros que eu tinha
lançado?
Espero que não, pensei, à medida que pegava meu laptop do
esconderijo.
6

Rebecca

Na manhã seguinte, após o café, me vesti com roupas que não


usava fazia anos. Uma camisa simples com bolsos dos dois lados
dos peitos. Jeans normais, mas com minhas botas de caubói. Elas
eram quentes e ficavam perfeitas nos meus pés. Não havia nada
melhor do que um par de sapatos confortáveis, mesmo depois de
tantos anos.
Dei o toque final com um chapéu de caubói marrom de couro
granulado. Me olhei no espelho do banheiro. Eu definitivamente
parecia que me encaixava ali.
Quando desci, os olhos de Mason escanearam meu corpo,
mas ele não comentou nada. Era um bom sinal, de que eu estava
me encaixando.
“Pronta para ver o resto da fazenda?”.
Era uma manhã fresca, com vestígios frios da noite anterior no
ar. Mas o sol estava aparecendo entre as montanhas e, em algumas
horas, seria um dia agradável de outono.
Cavalo de Fogo estava bufando e batendo os cascos dentro do
cercado. Cody caminhava para fora com um rolo de corda debaixo
dos braços, ele estava coberto de poeira.
“Ainda temos um longo caminho a percorrer”. Ele tocou a aba
do chapéu na minha direção e acrescentou: “Dia, madame. Você
está bem no figurino de hoje”.
“Obrigada”, acenei para o cavalo. “Quer que eu tente?”.
Cody tirou o chapéu, coçou os cabelos loiros e colocou o
chapéu de volta. “Não sei se isso é uma piada ou não”.
“Estou falando seríssimo. Aposto que posso amansá-lo”.
“Não é uma boa ideia para o primeiro dia”, Mason advertiu.
Cody tocou meu braço. “Acredite, Becca. Posso te chamar de
Becca? Vou chamar assim mesmo. Como eu dizia, acredite, eu
trabalho com cavalos faz muito tempo. Meu instinto sempre me diz
se vai ser fácil ou difícil amansar um bicho. E esse filho da mãe? Vai
demorar um tempo até ele estar manso. Mas vai valer o esforço.
Muito bom de montaria”.
Mason e eu fomos para o celeiro e preparamos os cavalos.
“Pega o cavalo de Cody. É o Appaloosa manchado no segundo
estábulo”.
Abri o estábulo e peguei o cavalo. “Qual é o nome dele?”.
“Feijão”.
“Sério?”.
Mason riu, preparando seu cavalo. “Nem me fala. Ele escolhe
péssimos nomes para os cavalos. Este daqui é o Azedinho. E o
cavalo preto árabe que Blake usa se chama Caçamba”.
Não pude evitar a risada. “Tipo uma criança de cinco anos
escolhendo o nome para o cachorro”.
“Você não está errada”.
Fiz uma careta. “E o Cavalo de Fogo?”.
“O que tem?”.
“Por que Cody deu a ele um nome normal, ao invés de algo
estúpido tipo Batente?”.
“Não sei. Você vai ter que perguntar a ele”, Mason pegou dois
comunicadores da parede e me deu um. “Usamos estes para nos
comunicarmos pela fazenda. Mantenha-o no seu cinto toda vez que
se afastar. Você sabe atirar?”.
Eu não tinha entendido o que ele disse, até ele pegar um
revólver velho da parede de utilitários. “Ah, hm. Meu pai me mostrou
como usar uma espingarda, quando eu era menina. Mas já faz
tempo”.
Mason abriu o tambor do revólver, colocou seis balas dentro e
o fechou. “Melhor carregar um ao patrulharmos a propriedade. Mas
eu cuido disso desta vez”.
Assim que os cavalos estavam preparados, montamos e
cavalgamos pela fazenda. Fazia meia década que eu não montava,
mas era como andar de bicicleta. Em um ou dois minutos,
estávamos lado a lado, com o ritmo sincronizado.
“Você é uma boa amazona”, Mason disse, enquanto subíamos
uma pequena colina.
“Eu te disse que era experiente”, respondi. “Você pode me usar
para mais do que tarefas domésticas”.
“Vamos ver”.
A Fazenda Cassidy tinha dez mil acres de planícies verdes na
sua maioria, com algumas colinas. O terreno era perfeito para pasto.
Passamos por alguns laguinhos no nosso caminho, onde o gado
poderia beber água, mas nem sinal de animais por perto.
“O limite oeste da fazenda é aquele rio”, Maison disse. “É fundo
o suficiente para o gado não tentar entrar, mas estamos construindo
uma cerca, por desencargo de consciência. A última coisa que
queremos é que um bezerro se perca e se afogue na correnteza.
“Perda de lucros”, eu disse.
Mason olhou para mim. “Claro, mas também nos preocupamos
com os animais. Queremos que eles tenham vidas boas e felizes”.
Não importava o que ele dissesse, eu sabia que a felicidade
dos animais era menos importante do que o lucro da fazenda. Mas
eu não ia chamar sua atenção falando sobre aquilo.
Seguimos a cerca perto do rio por alguns minutos até
encontrarmos Blake. Seu cavalo preto – Caçamba – estava
amarrado em um dos postes da cerca. Blake usava uma ferramenta
longa para cavar um buraco onde entraria o próximo poste.
“Vieram me inspecionar?”, ele perguntou sem olhar para cima.
“Estou mostrando a propriedade para Rebecca”.
Com a voz profunda, Blake perguntou: “Você não tem nada
importante para eu fazer?”.
“Precisamos desta cerca”.
“Cansei disso”, Blake respondeu, jogando a ferramenta no
chão. “Me deixe fazer algo diferente”.
“A cerca é sua prioridade agora”, Mason disse. “Você precisa
trabalhar nela sem parar. Não quero que você faça mais nada até
ela estar pronta. Você entendeu?”.
Blake resmungou e voltou ao trabalho.
Quando saímos do alcance de Blake, Mason disse: “Eu amo
meu irmão. Mas ele nunca foi fácil. Ele age como se não quisesse
estar aqui”.
“Então, por que ele fica?”, perguntei. “Se ele não quer trabalhar
na fazenda, por que está aqui?”.
Mason encarou o nada, se movendo suavemente na sua sela.
“É uma história longa. Mas ele tem seus motivos”, ele apontou. “Aí
está nosso rebanho”.
Subimos a colina e, de repente, umas cem vacas pretas
surgiram, espalhadas ao redor do lago. Chegamos mais perto, e
Mason desceu do seu cavalo, amarrando-o à uma árvore. Fiz a
mesma coisa com Feijão.
“Cuidado onde pisa”, Mason me alertou.
Nos aproximamos a pé. Ouvimos um turbilhão de muuus vindo
do gado, barulhos gentis que saíam de suas gargantas e ficavam
mais altos. O cheiro de estrume invadia o ar.
Mason caminhou diretamente até uma vaca e acariciou sua
espinha. Depois de um momento, fiz a mesma coisa. Os pelos da
vaca eram ásperos e grossos.
“Balancers são teimosas”, Mason explicou. “Mas seu
temperamento melhora, se elas se acostumam com você. Tentamos
dar atenção a elas uma vez por dia”.
Vi uma vaca se aproximar e roçar sua cabeça no braço de
Mason, como um gato. Ele gargalhou e acariciou sua cabeça, a
vaca se sacudiu com alegria. Ele realmente não as estava tratando
como grandes sacos de dinheiro. Ele agia como quem se importava.
Ele é um pedaço de mau caminho, e doce? Vou ter um treco.
Depois de socializar com o rebanho por dez minutos,
montamos de novo e fomos para o leste da propriedade. O terreno
se inclinava perto do sopé do lado mais montanhoso do vale.
Chegamos até uma cerca que Mason disse ser o limite leste da
propriedade.
Passamos por um portão para sair da propriedade e
continuamos cavalgando por uma floresta de pinheiros.
“Que lindo”, eu disse, enquanto passávamos pelas árvores.
Respirei fundo e enchi meus pulmões de ar fresco dos pinheiros.
“Lindo, mas perigoso”, Mason explicou. “Têm ursos no sopé
das montanhas. E lobos também, porque foram reintroduzidos uns
anos atrás. A maioria não vem até a propriedade. Foi o que me
disseram. Não estamos aqui a tempo suficiente para comprovar”.
Seguimos pelo norte da floresta, depois atravessamos outra
cerca de volta para a nossa propriedade. Alguns minutos depois,
chegamos a uma parte, cujas árvores eram uma cerca viva. Elas
não estavam colocadas aleatoriamente como os pinheiros da
floresta. Tinham sido plantadas deliberadamente em uma malha.
“Este é o pomar de maçãs. Duas variedades diferentes para
polinização cruzada. Devem estar boas no mês que vem”, ele disse.
“Do outro lado ficam as colmeias”.
“Vocês criam abelhas?”, perguntei surpresa.
Mason assentiu. “Não era nossa ideia inicial, mas elas já
estavam aqui quando compramos o lugar. Cody cuida delas. Não é
a minha área”.
“Para ele deve ser mel na chupeta, então”, eu disse.
Mason riu rica e profundamente, e seu sorriso sexy se alargou.
Quando nos aproximamos da fazenda, vimos duas plantações
quadradinhas. “Lentilhas à esquerda, ervilhas forrageiras à direita.
Poucos acres dos dois. Nada elaborado, mas o suficiente para
nosso próprio consumo. Nós variamos, porque as ervilhas
forrageiras são fixadoras de nitrogênio, o que significa que eles
adicionam nutrientes ao solo”.
“Você parece saber bem do que fala”, eu disse.
Ele deu de ombros. “Eu não. Só estou repetindo o que o dono
antigo me disse. Foram eles que plantaram, antes de comprarmos o
lugar. Não temos máquinas, obviamente, deste modo, a colheita é à
mão. Precisaremos da sua ajuda com isso, especialmente na
replantagem”.
Demorei alguns segundos para me lembrar de que ele achava
que eu tinha estudado Agronomia. “Certo, posso fazer isso”,
respondi.
Cavalgamos por mais alguns minutos antes de chegarmos na
casa. “Esta é a propriedade. Nossa pequena fatia do paraíso de
Montana”.
“É linda”, eu disse. “Estou animada para trabalhar aqui pelos
próximos três meses”.
Mason desceu do cavalo perto do celeiro, então esticou uma
mão para me ajudar. Peguei a mão estendida e desci do cavalo.
Mas o movimento era estranho, segurando a mão de alguém, e
minha outra bota ficou presa no estribo. Perdi o equilíbrio e comecei
a cair, vi o chão se aproximar…
Mas caí nos braços fortes de Mason. Ele me segurou com
facilidade, me agarrando contra seu peito largo. Seu corpo era duro,
como se ele tivesse uma rocha debaixo da camisa, e eu senti o
cheiro do seu pós-barba ou desodorante. Era difícil não desmaiar
nos braços dele. Por alguns instantes, ficamos ambos surpresos
demais para nos mover.
Ele sorriu para mim. “Cuidado”.
Me afastei e ajustei o cavalo. “Você me azarou, elogiando
minha montaria antes. Eu não caía de um cavalo, desde que era
uma garotinha”.
“Você tem uma carta branca”, Mason respondeu. “Vou fingir
que não aconteceu. Só não torne isso um hábito”.
“Não pretendo”.
Ele assentiu, sorriu para mim e guiou o cavalo para o celeiro.
Vão ser três meses divertidos, pensei.
7

Rebecca

Assim que guardei meu cavalo no estábulo, comecei a


trabalhar nas tarefas da lista que Mason tinha me dado. A primeira
coisa era cuidar das galinhas. Elas estavam vagando pelo terreiro,
comendo insetos e pegando objetos do chão, então fui até o
galinheiro e coletei os ovos com uma cesta. Havia três ovos pálidos,
quatro marrons e três com uma sombra azulada.
Enquanto eu carregava os ovos, notei que o galo estava
raivosamente bicando algumas galinhas. Parei e o assisti desfilar
pelo espaço.
“Aquele é o Sr. Pam”, disse Cody.
Me virei e vi o caubói loiro caminhando com um rolo de corda.
“Pam?”.
“História engraçada, de acordo com os donos antigos”, ele
disse. “É difícil saber o sexo de um pintinho. Às vezes, você compra
uma caixa deles e acha que são machos, mas só um ou dois viram
galos. Batizaram-no de Pam, e quando se deram conta de que era
macho, já tinham se acostumado com o nome. Eu não me preocupei
em memorizar os nomes de todas as galinhas, mas conheço o Sr.
Pam. E ele é mais bravo do que uma fronha cheia de zangões”.
“Ele tem essa atitude, porque todo mundo achou que ele era
menina por muito tempo”, respondi. “Eu também ficaria puta!”.
Cody gargalhou e tocou a aba do chapéu. “Acho que você está
certa!”.
Depois de levar os ovos para dentro, fui ordenhar as cabras.
Elas eram todas mansas e me deixaram tirar o leite sem problemas.
Cada uma produziu cerca de um galão, e eu coloquei no
refrigerador para mais tarde.
O jardim era o próximo item da lista. Ele era dividido em duas
partes: ervas, tomates, pimentões e rabanetes. Depois de dez
minutos removendo ervas daninhas, minhas costas estavam me
matando por ficar inclinada. Uma das cabras se aproximou da cerca
e me encarou.
“O que você está olhando?”, perguntei.
A cabra só inclinou a cabeça na minha direção.
Por volta de meio-dia, o gado leiteiro chegou. Um caminhão
grande puxando um vagão de gado entrou pela estradinha e parou
em frente à casa. Mason cumprimentou o homem, eles trocaram
algumas palavras e assinaram papéis. Então, eles tiraram a vaca do
veículo e a colocaram no celeiro.
Depois que o caminhão foi embora, Cody voltou para o
cercado de Cavalo de Fogo com um rolo de corda. Usei aquilo como
desculpa para parar o que estava fazendo e esticar as costas. O vi
abrir o portão do cercado redondo e entrar.
Ele murmurou alguma coisa suavemente, ao passo que
caminhava calmamente pelo perímetro do cercado. Por alguns
minutos, foi só o que ele fez: caminhou e falou. Ele nem tentou se
aproximar do cavalo. Ele só o estava deixando se acostumar com
ele.
Assim, ele se virou e lentamente caminhou até Cavalo de Fogo
no meio do cercado. O cavalo o deixou se aproximar, então,
abruptamente, bufou pelas narinas e caminhou de lado para longe
do caubói. Cody o seguiu um pouco, ainda dizendo palavras suaves
e gesticulando com uma cenoura, mas o cavalo não o deixou se
aproximar.
Finalmente, Cody desistiu e saiu do cercado.
“Qual tentativa é essa?”, eu perguntei.
Ele tirou o chapéu e secou a testa. “Segunda”.
“Talvez ele seja do tipo que só cede no terceiro encontro”, eu
disse esperançosamente.
Ele gargalhou e apontou para mim. “Gosto disso, você é
divertida, Becca”.
Mason caminhou pelo terreiro, segurando uma serra e um
martelo. “Não temos tempo para isso, Cody”.
“Amansá-lo cedo é melhor do que tarde”, Cody argumentou.
“Quanto mais esperarmos, mais difícil vai ficar”.
“Temos muita coisa para fazer”, disse Mason.
“Eu me viro com o tempo. Não se preocupe”.
“Sou seu irmão mais velho. Preocupação é minha profissão”,
respondeu Mason.
Cody bateu nas costas dele. “E eu não sei?”.
Mason colocou suas ferramentas no galpão e, então, veio até o
jardim. “Estamos indo até a cidade comprar suprimentos. Você
anotou tudo o que precisa na lista de compras?”.
“Está tudo lá”, respondi. “Iogurte, pão, petiscos. Peito de frango
para o jantar que vou preparar. Macarrão de frango”.
“Ei, fala baixo”, Cody sussurrou. “O Sr. Pam vai te ouvir”. Ele se
virou para o galinheiro e falou alto: “Ela vai comprar carne de porco,
não frango! Não se preocupem, vocês!”.
Mason aspirou uma risada. “Se precisar de alguma coisa,
Blake está trabalhando na cerca”.
“Ele vai realmente me ajudar, se eu precisar?”.
“Provavelmente não”, Mason respondeu, sorrindo. “Mas eu
achei melhor mencionar de qualquer forma”.
Os dois entraram na caminhonete e saíram pela estradinha.
Assisti o rastro de poeira se afastar até desaparecer.
Voltei a cuidar do jardim. O sol estava alto no céu, e eu
comecei a suar. Mas era bom estar do lado de fora. Eu passava a
maior parte do tempo trabalhando em um escritório, digitando no
meu laptop. Era uma mudança de ritmo. E me lembrava da minha
infância na fazenda.
Fora do meu campo de visão, Cavalo de Fogo caminhava pelo
perímetro do cercado, procurando uma forma de sair.
Terminei minha jardinagem, entrei na casa para fazer um
sanduíche de manteiga de amendoim e voltei. Me sentei na cadeira
de balanço da varanda e comi o sanduíche, enquanto observava
Cavalo de Fogo, que bufava e batia as patas.
A ideia péssima invadiu minha cabeça devagar. O que Cody
tinha dito estava certo: era melhor amansar um cavalo o mais rápido
possível. Quanto mais tempo ele passasse selvagem na fazenda,
mais difícil seria de domá-lo.
Se eu conseguisse amansar Cavalo de Fogo, seria bom para a
fazenda. Liberaria Cody para fazer outras coisas e provaria meu
próprio valor no processo. Eles saberiam que eu não era boa só
para tarefas pequenas tipo jardinagem e coleta de ovos.
E, bem no fundo, eu queria desesperadamente que Mason
gostasse de mim. Eu podia imaginá-lo rindo para mim, surpreso,
impressionado e me aprovando…
Terminei meu sanduíche, limpei as mãos e me levantei. “É
agora ou nunca”.
8

Rebecca

Eu tinha ajudado a amansar cavalos, quando era pequena.


Geralmente era um processo que demandava tempo e era lento.
Você tinha que deixar o animal te conhecer por vários dias. Aí você
colocava um cabresto nele, um freio e, finalmente, uma sela. Só aí,
depois que o cavalo se familiarizasse com os objetos, você poderia
montá-lo. Às vezes, demorava semanas.
Mas, às vezes…
Me aproximei do cercado, abri o portão e entrei. O portão se
fechou atrás de mim com um clique metálico. Cavalo de Fogo parou
de caminhar e me assistiu entrar. Ele não estava com as narinas
abertas mais. Estava curioso com aquela nova pessoa.
Isso era bom.
Cody tinha deixado o equipamento e um saco de cenouras
pendurados na cerca. Peguei uma cenoura e a segurei na lateral do
meu corpo. Então comecei a caminhar pelo perímetro do cercado,
como Cody tinha feito. Depois de duas voltas, o cavalo começou a
andar também, examinando o perímetro, como já tinha feito antes.
Me certifiquei em ficar na frente dele sempre, para nunca sair do seu
campo de visão. Cavalos se assustam, se não conseguem ver você.
Após alguns minutos, parei e deixei Cavalo de Fogo se
aproximar. Ele desacelerou e parou a alguns metros. Suas narinas
se contorceram, enquanto ele cheirava o ar. Lentamente, estiquei a
cenoura. O cavalo congelou por três longos segundos e, então, deu
uma mordidinha na ponta.
Suspirei aliviada. De vez em quando, cavalos machos reagem
melhor a mulheres do que a homens. Eu tinha aprendido com meu
pai. Havia vários cavalos na nossa fazenda que eram difíceis de
amansar para ele, mas que imediatamente gostavam de mim.
Deixei Cavalo de Fogo morder outro pedaço da cenoura e
parei de frente para ele. A cada mordida, ele me deixava me
aproximar mais um pouco, até eu poder tocá-lo com a mão livre. Ele
se encolheu, quando toquei seu pescoço, mas me deixou continuar
acariciando sua crina.
“Você é um garoto bonzinho”, sussurrei. “Tão bonzinho. Só
precisava de um toque de mulher”.
Geralmente, aquele era um grande passo para um dia, e o
treinador pararia por ali, mas eu estava ansiosa para progredir,
enquanto os rapazes estavam no supermercado. Talvez aquele
fosse meu único momento sozinha com Cavalo de Fogo até a ida
deles à cidade na semana seguinte.
Peguei outra cenoura na sacola. Cavalo de Fogo me seguiu.
Ele estava completamente calmo, como os outros cavalos do
celeiro.
Enquanto ele mastigava a cenoura, estiquei a mão e peguei o
cabresto. Era um cinto de couro, com duas voltas conectadas por
tiras horizontais. Era como uma coleira elegante de cachorro.
Cavalo de Fogo ficou tenso, assim que eu trouxe o novo objeto. Eu
nem tentei colocar nele, só segurei para ele cheirar e se acostumar.
Cinco minutos se passaram, à medida que eu alimentava o
cavalo e conversava suavemente com ele, antes de tentar colocar o
cabresto.
Mas quando tentei, Cavalo de Fogo ficou resistente
imediatamente. Ele virou a cabeça e trotou para o outro lado do
cercado. Eu o segui calmamente, mostrando a ele o cabresto
novamente, aí tentei me aproximar do seu focinho. Mais uma vez,
ele virou a cabeça e bufou com raiva, se afastando de mim.
Continuei naquele ritmo, seguindo-o e calmamente oferecendo
outra cenoura a ele. Ele resistiu e se afastou três vezes mais.
Mas, na quarta, ele estava muito concentrado na cenoura para
se preocupar. Escorreguei o círculo da frente do cabresto pelo seu
focinho e o outro círculo em volta da sua cabeça, bem atrás das
orelhas.
Ele se afastou, antes que eu pudesse apertar o cinto, mas pelo
menos já estava nele.
“Bom garoto!”, eu disse entusiasmada. Cavalos reagem bem a
reforço positivo. “Você é um bom garoto com o seu cabresto, não é?
Ah sim, você é!”.
Abri a sacola de cenouras e achei um saquinho com petiscos
especiais para cavalo, pareciam biscoitinhos. Coloquei um na palma
da mão e o ofereci a Cavalo de Fogo. Ele cheirou o biscoito e o
comeu.
O próximo passo era colocar o freio na sua boca. A melhor
forma era cobrir com algo doce, como melado ou mel. E depois
fazer o cavalo se acostumar com a sela.
Mas eu estava me sentindo audaciosa. Colocar o cabresto em
Cavalo de Fogo era uma vitória tremenda, mas eu queria uma prova
ainda melhor do meu sucesso, quando os caras voltassem. Eu
queria que eles parassem o carro e me vissem cavalgando. Eu
tocaria a aba do meu chapéu, como se não fosse nada.
Ah, a cara de Mason se aquilo acontecesse…
Idealmente, eu colocaria o freio na sua boca e usaria as rédeas
para controlar seus movimentos. Mas eu podia fazer isso só com a
correia do cabresto. Guiei Cavalo de Fogo gentilmente até a cerca e
a usei como um banquinho para subir nas suas costas.
Assim que joguei uma perna por cima de Cavalo de Fogo, ele
virou a cabeça e bufou com raiva. Ele andou de lado um pouco,
depois circulou, tentando me tirar das suas costas. Eu não
cavalgava no pelo já fazia muito tempo, mas me lembrava de como
fazer. Apertei minhas coxas ao redor do seu corpo e meus
calcanhares no seu flanco.
“Uau, garoto!”, eu disse. “Ô-ô-ô. Tudo bem. Tudo bem”.
Ele continuou girando, formando um círculo e virando a
cabeça, tentando me morder, mas usei o cabresto para mantê-lo
longe. Finalmente, ele desistiu e começou a trotar pelo perímetro do
cercado.
“Isso aí!”, eu disse. “Viu? Não sou muito pesada. Não tem
problema. Bom garoto!”.
Gargalhei empolgadamente, à medida que trotávamos em
círculo. Então, ele desacelerou os passos de novo. Ele estava se
acostumando comigo. Ele não tinha mais medo.
Eu estava na lua de empolgação. Desejei que Blake chegasse
naquele momento para me ver, ou os outros dois. Que visão eles
teriam!
Enquanto durava, decidi me certificar de ter evidências da
minha conquista. Algo para mostrar a eles, quando eles voltassem.
Aí peguei meu telefone e tirei uma selfie.
Aquele foi meu grande erro.
Cavalo de Fogo se assustou com o movimento. Um objeto
desconhecido estava na sua visão periférica, um retângulo preto na
minha mão. Ele relinchou com raiva, então se empinou nas patas de
trás.
Meu celular voou da minha mão.
Apertei as coxas tentando ficar firme. Mas era difícil sem uma
sela. Puxei o cabresto e tentei me inclinar para a frente para me
agarrar no pescoço de Cavalo de Fogo.
Ele não gostou nada daquilo.
O cavalo retornou à posição de quatro patas, mas se empurrou
de lado contra a cerca. Ouvi o som de madeira se quebrando.
“Calma, Cavalo de Fogo, calma!”.
Ele chutava, tentando me jogar das suas costas. Seus cascos
esmagavam os pedaços da cerca, jogando pedaços de madeira
para todos os lados. Assim, ele driblou para a direita e o movimento
me pegou desprevenida. Eu voei das suas costas, cortando o ar
pelo que parece uma eternidade. O treinamento que meu pai tinha
me dado cruzou minha cabeça, e eu dobrei as pernas, caindo e
rolando pelo chão para proteger meu corpo. Rolei duas vezes e
parei, quando atingi a cerca.
Cavalo de Fogo me olhou, confuso, como se estivesse tão
surpreso quanto eu. Então ele se virou, viu que a cerca tinha sido
danificada, formando um buraco em formado de V.
“Cavalo de Fogo”, eu disse ficando de pé. “Espera…”.
Ele pulou pelo buraco na cerca e trotou para longe.
“Não!”, gritei. “Volta!”.
Corri atrás dele, mas ele se deu conta rapidamente de que não
havia nada o separando do resto da propriedade. Ele galopou mais
rápido, se afastando mais de mim a cada segundo.
De repente, vi outro cavalo vindo na direção oposta. Blake era
o cavaleiro e ele parou para ver Cavalo de Fogo passar. Mas não
fez nenhum esforço para ir atrás dele.
“Me ajuda!”, gritei. “Ele fugiu!”.
Ele tirou o chapéu da cabeça e gargalhou, como se fosse a
coisa mais engraçada que ele já tinha visto.
“Obrigada pela ajuda, cuzão!”, eu gritei, quando passei.
Não fazia sentido tentar correr atrás de um cavalo a pé, mas
minhas pernas não queriam parar. Até eu tropeçar em uma pedra e
cair de cara no chão.
“Merda!”, exclamei.
O pocotó dos trotes do cavalo desapareceu, me deixando
sozinha com o som cruel da risada de Blake.
9

Cody

“Isso aí”, eu disse, na seção de congelados do mercado, “hora


do sorvete, bebê. Eles têm coisa boa”.
Eu era um homem de poucos luxos. Você tem que ser, quando
trabalha em uma fazenda. Às vezes, acampávamos no meio do
mato, procurando por gado perdido, cavalgando o dia todo e
dormindo sob as estrelas. Já aconteceu muito de eu só ter feijão e
uísque por dias.
Um luxo do qual sempre desfrutava, quando possível, era
sorvete. Especialmente da Bluebell, a melhor marca do mundo. E o
Walmart de Missoula tinha muitas opções naquele dia.
“Quantos potes de meio litro queremos?”, perguntei, abrindo a
porta do freezer. “Seis? Sete?”.
“Dois já é muito”, Mason riscou um item da nossa lista de
compras. “Você só vai comprar sem sabor?”.
“Baunilha não é sem sabor”, argumentei. “Baunilha é um sabor
rico e delicioso que tem sido subestimado por muito tempo”.
“Existem outros sabores. Pelo menos meia dúzia deles”.
Coloquei dois potes de sorvete de baunilha no carrinho. “Não
estou nem aí”.
Mason sacudiu a cabeça e começou a empurrar o carrinho.
Quando passamos pela seção de pizza congelada, peguei quatro.
Comíamos pizza duas vezes por semana, porque era fácil. E
caralho, quem não gosta de pizza?
“Ela não pediu muito”, Mason disse, enquanto empurrava o
carrinho para a próxima fileira. “Além dos ingredientes para o
macarrão, ela só adicionou três coisas à lista”.
“Becca parece fácil. Sem frescura”.
“Talvez”.
“Gosto dela”, eu disse. “Ela parece saber o que faz. Ela só está
conosco faz um dia, mas já dá para ver que ela trabalha duro. Ela
está pedindo por mais trabalho que demos a ela. Faz muito tempo
que não conheço uma garota como ela”.
Mason olhou de lado para mim. “Desembucha”.
“O quê?”.
“Aonde você está tentando chegar?”.
Abri as mãos. “Quem disse que quero chegar a algum lugar?”.
Mason me deu uma olhada de irmão mais velho. Uma olhada
que dizia sem mentiras.
Suspirei e disse: “Bom, o que estou tentando dizer é que gosto
muito dela. E, se tudo der certo, talvez devêssemos… considerá-la.
Para o que tínhamos planejado. A longo prazo”.
“Não”, ele respondeu imediatamente.
“Isso foi rápido”.
“Rebecca trabalha para nós”, Mason disse simplesmente. “É
inapropriado até sugerir algo do tipo para ela”.
“Só é inapropriado, se ela não estiver interessada. Podemos
pegar leve por um momento, ver como ela se sai… então,
mencionamos, quando tivermos certeza. Mas cara, eu já sei o que
ela está pensando. Com base na forma como ela te secou mais
cedo…”.
Mason parou o carrinho e se virou para mim. “Como assim?”.
Eu gargalhei. Meu irmão mais velho era um dos homens mais
espertos que eu conhecia. Eu o admirei minha vida toda. Mas
algumas vezes ele era totalmente distraído.
“Desde o momento em que ela chegou ontem, ela está te
secando”, expliquei. “Olhando para você, como se fosse um bife
suculento, querendo dar uma mordida”.
“Ela veio aqui trabalhar”, Mason respondeu.
“E se ela estiver procurando mais do que trabalho? Algo me diz
que ela não está aqui só para receber por três meses. Ela tem
outros motivos, vou te dizer. E acho que eles envolvem encontrar
um namorado caubói – ou três”.
Mason começou a empurrar o carrinho de novo. Eu pude ver
que ele estava pensando no assunto.
Era uma das vantagens de ser o irmão mais novo de três
meninos: eu sabia como agir. Às vezes significava ser direto, às
vezes significava plantar sementes na cabeça do meu irmão e
deixá-las crescerem.
Naquele momento, eu sabia que a semente tinha sido
plantada. E eu só tinha que esperar que ela germinasse.
Compramos o resto dos itens e fomos embora. Passamos pela
loja de ferragens para comprar outros suprimentos: uma caixa
grande de pregos de madeira para os reparos na casa, uma serra
circular substituta para o celeiro e mais tubo de PVC para as calhas
do estábulo.
Já fazia duas semanas que estávamos na fazenda, mas
parecia que ainda não tínhamos feito nada. Havia tanto a ser feito
ainda que de vez em quando era esmagador. Como se
estivéssemos escalando uma montanha que crescia a cada dia.
Um passo de cada vez, pensei. Valeria a pena quando
terminássemos. Exatamente como Penny sempre quis.
A volta para casa foi silenciosa até Mason finalmente
perguntar: “E se estivermos errados?”.
Sorri internamente. A semente que eu tinha plantado estava
florescendo rápido. “Sem problemas. Se tentarmos alguma coisa, e
ela não estiver interessada, esquecemos de tudo o que aconteceu”.
Mason agarrou o volante e encarou a estrada. “Como eu faço
para tentar alguma coisa?”.
Eu gargalhei e respondi: “Bom, como você sempre faz. Você
está agindo como se nunca tivesse chamado alguém para sair
antes”.
“Nunca alguém que trabalhasse para mim”.
“Eu imagino que seja a mesma coisa”, eu disse. “Você a chama
para sair. Ela diz sim ou não. Ou talvez vocês tenham um momento,
se olhem nos olhos… e aí você vai saber”.
“Meio que tivemos um momento assim hoje. Eu a ajudei a
descer do cavalo, ela tropeçou, eu a peguei”.
“Aí está! Viu como esse negócio de romance é fácil? Espere
por outro momento assim e aja”.
Mason começou a responder, mas parou. Então olhou pela
janela e exclamou: “Que diabo é isso?”.
Havia um cavalo no horizonte, na direção da nossa fazenda.
“É o Blake?”, perguntei. “Ele está muito longe da cerca…”.
“Não é Blake. Não tem ninguém no caval… ah, merda”.
Xinguei, quando o cavalo se aproximou. Era Cavalo de Fogo, e
ele estava correndo pelo rio na direção oposta à nossa. Fugindo da
fazenda.
“Filho da puta”, exclamei.
O motor da caminhonete reclamou, quando Mason acelerou.
Fizemos a curva que dava na nossa estradinha tão rápido que eu
podia jurar que o carro ficou em duas rodas. Sacudimos nos nossos
assentos, enquanto passávamos pela estradinha de terra e cascalho
até derrapar e parar na frente da casa.
“O cercado está destruído”, eu disse saindo do carro. “Eu sabia
que deveria ter construído mais alto”.
Corremos para o estábulo. O cavalo de Blake não estava lá,
mas Feijão e Azedinho ainda estavam nos seus estábulos. Rebecca
estava pegando uma sela da parede. Seu chapéu de caubói tinha
sumido, seus cabelos estavam bagunçados, e ela estava coberta de
poeira, dos pés à cabeça.
“O que houve?”, perguntei.
Ela entregou a sela para Mason. “Consegui colocar o cabresto
no Cavalo de Fogo. Mas ele ficou assustado, quando tentei tirar
uma selfie”.
“Ele o quê?”, Mason perguntou. “Você tentou amansá-lo?”.
“Eu fiz muito progresso! Você deveria ter visto…”.
“Agora não”, Mason resmungou.
Eu quase ri. A coragem da garota em tentar amansar o cavalo
enquanto estávamos fora? Teria sido divertido, se não fosse pelo
fato de o cavalo ter, sabe… fugido.
“Como posso ajudar?”, Rebecca perguntou, à medida que
preparávamos nossos cavalos.
“Ficando fora do caminho”, Mason gritou de volta para ela.
Guiamos nossos cavalos para fora do estábulo, montamos e
saímos galopando.
Tínhamos visto Cavalo de Fogo perto do rio da estrada,
portanto, imediatamente cavalgamos naquela direção e seguimos o
rio para o sul. Depois de dois quilômetros, alcançamos Blake e seu
cavalo. Diminuímos o suficiente para falar com ele.
“Cavalo de Fogo fugiu”, eu disse.
“Você não foi atrás dele?”, Mason perguntou incrédulo.
Blake deu um sorriso de merda. “Você me disse para consertar
a cerca. Então estou consertando a cerca”.
Mason proferiu um palavrão suspirando e voltou a galopar.
Blake deu de ombros para mim, quando o segui.
“Ele tem razão”, gritei para Mason mais alto que o estrondo dos
cascos e do vento soprando. “Você disse a ele para apenas
consertar a cerca. E nada mais”.
Mason cerrou a mandíbula, mas não disse nada.
Continuamos cavalgando rápido na direção sul. Era bom fazer
isso com os cavalos. Eu pude notar que Feijão ficou feliz com o
exercício. Ele gostava de correr.
Encontramos Cavalo de Fogo na fronteira sul da fazenda. A
cerca não era muito alta e ele poderia ter pulado, se tivesse tentado,
mas ao invés disso, ele galopava do lado de dentro. Cortamos a
curva, debandando para baixo de uma colina baixa, seguindo-o.
Mason e eu tínhamos trabalhado juntos por muito tempo,
mesmo antes de eu começar a trabalhar com cavalos. Não
precisávamos nos comunicar em voz alta. Como qualquer bom
caubói, fazíamos instintivamente. Da mesma forma que lobos
sabiam como caçar um cervo. Estava entranhado nos nossos ossos.
Segui pelo lado direito, Mason pelo esquerdo. Galopamos atrás
de Cavalo de Fogo dos dois lados, flanqueando-o, para que ele não
pudesse se virar de repente. Bem de perto, eu vi que o cavalo
estava coberto de espuma de tanto correr, e suas pupilas estavam
dilatadas. O pobre estava assustado.
Mas ele também estava cansado, porque desacelerou.
Puxei a corda da minha sela e preparei uma laçada. Eu sou
destro, o que significava que eu tinha que jogar transversalmente ao
meu corpo para pegar Cavalo de Fogo daquele lado. Não seria fácil.
Preparei a laçada, sentindo as fibras fortes nas pontas dos
dedos. O movimento do meu cavalo poderia tornar tudo ainda mais
difícil, me movendo para cima e para baixo na sela, enquanto me
preparava para jogar o laço entre um salto e outro…
Mason foi mais rápido, seu laço voou, enrolando a cabeça de
Cavalo de Fogo e se apertando na base do seu pescoço. Era meio
frouxo, mas resolveu o problema.
Joguei meu laço segundos depois, formando uma espiral
perfeita, caprichosamente circulando a cabeça do cavalo sem
friccionar contra ele. Era o equivalente caubói de cesta de três
pontos.
Juntos, puxando uma corda de cada lado, desaceleramos o
cavalo.
“Bom lançamento”, eu disse. “Não tão bonito quanto o meu, é
claro. Além de ser mais difícil para mim, jogar através do meu
corpo…”.
Mason sorriu fracamente. “O meu foi mais rápido. Eu troco um
pouco de precisão por velocidade a qualquer momento”.
Nós dois rimos aliviados ao direcionarmos o cavalo para o
norte. Ficamos cada um de um lado dele, mantendo as cortas
tensas, mas não apertadas demais.
Uma expressão obscura invadiu o rosto de Mason. “Não
acredito que ela fez isso, vamos ter que demiti-la”.
“Ela só estava tentando ajudar”.
“O inferno está cheio de boas intenções. Eu disse a ela que
não e, assim que saímos, ela fez mesmo assim. Não quero uma
funcionária que não saiba cumprir ordens”.
“Tipo o Blake?”, pontuei.
Mason rangeu os dentes. “Ok. Não quero duas pessoas
incapazes de cumprir ordens. Assim que voltarmos…”.
“Vamos nos acalmar”, eu disse. Meu irmão era esperto, mas às
vezes tomava decisões precipitadas. “Você está bravo agora, e tudo
bem. Também estou. Mas nenhum dano foi causado. Cavalo de
Fogo está bem e cansado. Pense esta noite e, se você ainda quiser
demiti-la de manhã, tem meu apoio”.
Mason resmungou o caminho todo de volta para a fazenda.
10

Rebecca

Me senti total e completamente inútil.


Todos os cavalos estavam sendo usados. A fazenda não tinha
nenhum tipo de veículo para ser usado pelo perímetro, então eu não
podia ajudar na caça de Cavalo de Fogo. Não havia nada que eu
pudesse fazer, a não ser esperar.
Peguei as ferramentas no barracão e comecei a consertar o
cercado que Cavalo de Fogo tinha destruído. Eu ainda precisava de
um poste, mas conseguia organizar as tábuas horizontais de novo.
Pelo menos criaria uma barreira.
Eles voltaram uma hora depois, guiando o cavalo fujão entre
eles. Ele estava totalmente calmo e coberto por uma espuma rica.
Mason e Cody pareciam pitorescos, quando se aproximaram, com
as silhuetas dos seus chapéus de caubói cortando o sol da tarde.
“Desculpa”, comecei, “consegui colocar o cabresto”.
“Nem uma palavra”, disse Mason, e suas palavras me cortaram
como um punhal.
Parei a uma distância curta deles, enquanto eles guiavam o
cavalo para dentro do cercado e fechavam o portão. Mason disse
alguma coisa sobre melhorar a cerca para ele não pular por cima.
“Agora que ele sabe que pode, não quero que tente de novo”,
Mason disse a Cody.
Eles pegaram ferramentas no celeiro e caminharam até o
cercado. Mason olhou para a parte danificada, a que eu tinha
consertado. Ele olhou para mim e sacudiu a cabeça em
desaprovação. Ele usou um pé-de-cabra para remover os pregos e
recomeçar o trabalho do zero.
Cavalo de Fogo estava parado calmamente no centro do
cercado, como um cachorro feliz após comer um pacote de petiscos
sozinho.
“Posso ajudar?”, perguntei. “Sou boa com o martelo”.
“Você já fez o suficiente”, Mason disse, sem nem me olhar.
Cody me deu um meio-sorriso, meio-careta.
Voltei para as minhas outras tarefas. Removi o equipamento de
montaria de Feijão e Azedinho, então os escovei um pouquinho.
Limpei seus estábulos e voltei a alimentar as galinhas.
Na geladeira, havia uma lista longa de tarefas adicionais que
precisavam ser feitas. Peguei um balde de tinta e uma escadinha e
fui pintar o lado de fora do celeiro. Era uma camada protetora para
preservar a madeira e vedá-la contra umidade. À medida que eu
pintava, observei Mason e Cody aumentarem a altura do cercado
em trinta centímetros. Agora era mais alto que minha cabeça, em
vez de terminar nos meus ombros.
Quando o sol se pôs, eu tinha pintado metade do celeiro e
estava exausta. Tomei um banho longo para aliviar a dor nas minhas
costas e desci para jantar.
Cody estava tirando duas pizzas congeladas do forno. Minha
boca se encheu d’água, enquanto ele as cortava em fatias. Blake
tinha aberto a geladeira e estava procurando alguma coisa.
“Cadê o sorvete?”.
“Derretido, na caminhonete”, respondeu Mason, passando por
mim.
“Que merda…”, os braços de Blake se flexionaram, quando ele
cerrou o punho. Então, ele fixou seus olhos escuros em mim e
zombou: “Valeu demais, recruta!”.
“Se você tivesse me ajudado a ir atrás de Cavalo de Fogo…”,
respondi.
“Já tenho minhas próprias merdas, não posso consertar as
suas também”, ele pegou uma cerveja na geladeira, um pedaço de
pizza e desapareceu da vista.
Todo mundo estava de péssimo humor. Blake comeu do lado
de fora, e Mason comeu de pé na cozinha, ao lado do fogão. Sua
atitude dizia me deixe em paz.
Cody e eu comemos juntos na sala de jantar. Me inclinei na
mesa e repeti: “Desculpa”.
“Tudo bem”, seus cabelos loiros estavam uma bagunça,
descobertos, e ele sorriu para mim. “Todo mundo vacila às vezes,
tudo bem. Dê tempo ao Mason, ele vai se acalmar”.
Sacudi a cabeça em frustração. “Eu estava tão perto. Quase
amansei Cavalo de Fogo”.
Cody apertou os olhos suspeitosamente. “Claro”.
“É sério. Eu coloquei o cabresto nele e o cavalguei um pouco
antes de ele ficar assustado”.
Cody mordeu sua pizza, mastigou de forma pensativa e
engoliu. Ele se inclinou de volta na cadeira e colocou a mão atrás da
cabeça.
“Olha, Becca. Eu amanso cavalos já faz muito tempo. Eu sou
muito bom nisso. E não tem a menor chance de você ter colocado o
cabresto nele hoje, quem dirá montá-lo como se fosse um pônei”.
Joguei um pedaço de borda de pizza no meu prato. “Posso
provar. Te mostro amanhã”.
“Cuidado, Becca”, ele disse. “Você está pisando em ovos. Se
você chegar perto daquele cavalo de novo, Mason vai explodir feito
um vulcão”.
Eu queria argumentar mais, mas me forcei a engolir minha
pizza em silêncio.
Depois do jantar, fui ver a nova vaca leiteira. Cavalo de Fogo
me assistiu caminhar da casa até o celeiro. Eu estava tentada,
realmente tentada a me aproximar do cavalo e ver se ele seria
amistoso comigo de novo. Mas Cody estava certo, provavelmente.
Eu não queria testar os limites de Mason.
Eu não podia ser demitida depois de um dia. Precisava ficar lá
para me inspirar para o romance. Mesmo que aquilo significasse
calar a boca e fazer o que me foi mandado.
A vaca leiteira me olhou, quando entrei no celeiro. Acariciei seu
pescoço e a escovei. Na semiescuridão do celeiro, iluminado
apenas pela lanterna elétrica, eu me sentia quieta e segura. Como
se apenas desaparecendo na escuridão das sombras fosse evitar a
vergonha do que eu tinha feito.
Porque apesar das minhas intenções, eu tinha arruinado tudo
naquele dia. O cavalo tinha fugido, e o pior: eu tinha perdido a
confiança de Mason. Demoraria algum tempo até eu conquistá-la
novamente. Ou talvez ele nunca mais confiasse em mim.
“Precisamos de um nome para você”, eu disse à vaca. Ela
respondeu com um mu suave e se inclinou sob minha escova.
Eu não sabia o motivo de precisar tanto da aprovação de
Mason. Acho que eu só queria que ele gostasse de mim. Mason era
o chefe, e eu queria que ele pensasse que eu estava fazendo um
bom trabalho. Seres humanos são criaturas sociais que prosperam
mediante aprovação.
Mas enquanto eu escovava a vaca, me dei conta de que não
era só aquilo. Mason não era só mais um chefe que eu queria
impressionar. Ele era um caubói experiente, que transbordava
liderança e competência. E era absolutamente, espetacularmente
sexy.
Eu não queria que ele só gostasse de mim. Eu queria que ele
gostasse mesmo de mim. Porque depois de um dia na Fazenda
Cassidy, eu já tinha desenvolvido uma queda por ele.
Que merda ter arruinado o dia, pensei melancolicamente.
A porta do celeiro se abriu, e Mason entrou. Ele a fechou e se
assustou, quando me viu.
“Eu não…”, ele começou, “eu não esperava te ver aqui. Vim
checar a vaca”.
Eu bati nas costas dela. “É o que vim fazer. Me certificar de
que ela está se adaptando bem. Acho que ela está feliz”.
A vaca roçou meu braço com a cabeça, pedindo por mais
carinho.
Mason sorriu suavemente. “Eles são tipo cachorrinhos
gigantes. Dê a eles amor que eles te amarão de volta”, ele acenou.
“Tudo bem, você cuida disso então”.
Ele se virou para a porta.
“Mason”, eu disse, “desculpa”.
Ele parou com a mão na porta. “Não quero que você se
desculpe. Quero que você obedeça a ordens”.
“Eu o cavalguei”, insisti. “Por dez segundos incríveis, ele
estava domado!”.
Ele se virou e cruzou os braços. “Não, você não fez isso”.
“Eu coloquei o cabresto nele”, fiquei em pé. “Não usei a rédea,
montei o cavalo no pelo. Ele estava manso. Cheguei muito perto!”.
“Não acredito em você”, ele disse com o sotaque manso. “Mas
não importa. Eu te disse para não se preocupar com ele”.
“Eu estava tentando ajudar!”, insisti.
“Ajudar? Você achou que estava ajudando?”.
“Não machucou ninguém”, eu disse. “A não ser meu orgulho”.
Mason foi contando nos dedos: “Tivemos que consertar o
cercado e aumentar a altura para Cavalo de Fogo não ter ideias
tortas. Isso demorou três horas. Horas que poderíamos ter passado
consertando o telhado, construindo a cerca ou uma das outras
milhões de coisas que temos para fazer.
“Mas…”.
Ele esticou outro dedo. “Enquanto ele estava em fuga, Cavalo
de Fogo assustou o gado, e eles se espalharam. Passamos uma
hora pastoreando para deixá-los próximos do lago de novo. Agora
eles vão ficar inquietos perto de cavalos. Vai demorar semanas até
passar”.
Mais um dedo. “Corremos atrás de Cavalo de Fogo e
deixamos as compras no carro. O sorvete derreteu na porra do meu
banco”.
“É por isso que você está bravo?”, perguntei. “Sorvete?”.
“Estou bravo, porque você poderia ter morrido”.
“Você está exagerando”.
“Pessoas caem de cavalos e morrem o tempo todo”, ele disse.
“Porque acham que são especialistas”, uma nota de dor invadiu sua
voz naquela frase. “E estou bravo por termos te escolhido tão
rápido!”.
Congelei, em choque.
“Te contratamos para você começar rápido”, ele disse. “Um
erro, claramente. Deveríamos ter procurado alguém com mais
experiência”.
Suas palavras me cortaram como uma faca. “Eu tenho muita
experiência com fazenda…”.
“Nenhuma nos últimos seis anos”, ele pontuou. “Você pode
coletar ovos e limpar o estábulo, claro, mas o resto…”.
Todas as minhas frustrações do dia borbulharam dentro de
mim. Pisei duro, atravessando o celeiro, até ficar bem perto dele.
“Eu posso me provar. Apenas espere”, eu cutuquei o peito dele
com um dedo. “Eu vou te mostrar o que fiz com Cavalo de Fogo. Aí
você vai acreditar em mim”.
Mason pegou meu punho e segurou meu braço facilmente. Seu
corpo inteiro irradiava força, à medida que ele me encarava. A
lanterna piscou sobre a caixa, fazendo seu belo rosto ser invadido
por sombras.
“Vou ter que te demitir”, ele disse em voz baixa.
“Então demite!”, demandei.
Ele parou e me encarou com os olhos castanhos. Seus dedos
ainda seguravam meu punho, e seu toque era elétrico. Prendi a
respiração. Nós dois estávamos frustrados e entusiasmados com a
fazenda, mas de formas diferentes.
Mason respirou fundo três vezes.
E, então, me beijou.
11

Rebecca

Parte de mim foi pega desprevenida. A outra parte sabia que


ele me beijaria. Nossa discussão foi permeada por tensão sexual, e
sua mão no meu punho apenas potencializou tudo.
Mason beijava excepcionalmente bem. Sua boca encontrou a
minha em um beijo selvagem e apaixonado na escuridão do celeiro.
Por longos segundos me esqueci da nossa discussão. E, com base
na forma como ele me beijava, ele também se esqueceu.
Isso está mesmo acontecendo? Pensei.
Ele se afastou e me encarou. Seus dedos soltaram meu punho
e minha mão caiu do lado do meu corpo. Debaixo do seu chapéu de
caubói, a expressão de Mason era de surpresa, quase curiosidade.
E de fome.
Ele me agarrou de volta em um abraço apertado, enquanto me
beijava pela segunda vez. Braços fortes me dobravam contra seu
peito. Ele me virou e me empurrou contra a porta do celeiro. Corri
minhas mãos pelo seu corpo, sentindo os músculos duros dos seus
braços e costas. Seu corpo era robusto, como um carvalho com
raízes fortes.
Abri os lábios, e ele deslizou sua língua na minha boca.
Nossas bochechas roçavam, ao passo que o beijo se intensificava.
Ele pressionou seu corpo duro contra o meu, me espremendo na
porta do celeiro.
Esse é um homem de verdade, pensei. Não como os
garotinhos urbanos de Great Falls.
Então, ele puxou minha blusa por cima da cabeça, jogando
meu chapéu para longe no processo. Fiz o mesmo com o dele e
comecei a desabotoar sua camisa. Ele puxou a blusa de baixo por
cima da cabeça, revelando um torso cheio de músculos. Seu peito
era bronzeado, e meus dedos o tocaram, sentindo o calor e o
montinho sexy de pelos marrons.
Ele me beijou novamente, escorregando sua mão para o meio
das minhas pernas. Derreti no momento que ele me tocou, dentro
da minha calça. Eu estava ardendo por ele, e seus dedos me
pressionavam com a quantidade perfeita de pressão. Sua outra mão
agarrou a frente do meu sutiã, sem nem se importar em desabotoar
atrás, e o puxou rudemente por cima da minha cabeça. Como se ele
o odiasse por estar no seu caminho.
Mason olhou para o meu peito e sorriu. “Eu tenho pensado em
você, desde que você chegou aqui”.
“Eu também”, sussurrei.
Nós removemos o resto das nossas roupas freneticamente,
arrancando nossas botas e nossas calças. Continuamos nos
beijando, enquanto fazíamos isso, o que causou alguns movimentos
estranhos, mas nenhum de nós se importava. Estávamos muito
ansiosos, muito desesperados um pelo outro.
Não havia mais nada nos separando, quando sua mão voltou
para o meio das minhas pernas. Gemi suavemente, assim que ele
roçou meus grandes lábios, seus dedos se enfiando em mim
possessivamente. À medida que ele me beijava e me acariciava,
estiquei a mão e encontrei seu membro duro, quente e grosso. Era
mais grosso do que eu esperava. Ele retumbou um gemido na
minha boca, quando comecei a masturbá-lo, o que o fez roçar minha
boceta com ainda mais rapidez.
“Eu quero você”, ele disse com seu sotaque sexy de Montana.
“O que você está esperando?”, sussurrei de volta.
Ele me levantou nos braços, me carregando pelas coxas.
Enrolei minhas pernas ao redor de suas costas, enquanto ele me
carregava para longe da porta do celeiro, em direção à bancada de
trabalho no canto. O cobertor que cobria sua superfície era áspero,
mas eu estava muito focada no caubói que me carregava para me
importar.
Mason agarrou seu pau duro e o guiou até minha entrada
ansiosa. Eu estava mais molhada do que nunca, e a cabeça
deslizou para dentro com uma facilidade maravilhosa. Enrolei
minhas pernas ao redor do seu corpo e o puxei para mim,
recebendo centímetro por centímetro, até ele estar completamente
dentro de mim.
“Ahh”, Mason inclinou a cabeça e gemeu, olhando para a viga.
Os músculos do seu pescoço ficaram tensos e relaxaram, quando
ele olhou de volta para mim. “Você é muito gostosa”.
Me levantei e o beijei loucamente de língua. Eu não queria que
ele só me preenchesse. Eu queria que ele me desse tudo o que
tinha.
E, com base no seu olhar, ele me daria sim.
Ele segurou meu pescoço e me beijou de volta, então começou
a mover o quadril. Seu pau era tão grosso e duro que me fazia sentir
uma dor prazerosa, ao passo que ia e voltava.
Isso é real. Estou transando com um caubói em um celeiro.
Me inclinei de volta na bancada, quando ele começou a me
foder com entusiasmo. Mason puxava o pau para fora devagar e me
atingia com ele, enviando jatos elétricos para o meu corpo todo.
Corri minhas mãos pelo seu rosto, até seus cachos castanhos.
Havia um pouco de sujeira no seu cabelo, fruto do trabalho na
fazenda, mas aquilo só acrescentava à personagem robusta que
estava me fodendo no celeiro.
Ele se debruçou sobre mim e roçou o rosto no meu peito, sua
língua escorregando pelo meu mamilo, fazendo um círculo. Gemi de
prazer, enquanto ele fazia aquilo, e ele deu uma sugada gentil em
resposta. Sua mão segurava meu peito, dando suporte para sua
língua ávida que me saboreava famintamente.
Enrolei minhas pernas ao redor do seu corpo novamente e usei
meus pés para fazê-lo acelerar. Ele mergulhou no meu corpo
novamente, fazendo a bancada se debater contra a parede. O som
dos nossos gemidos e gritos se juntaram ao PAM, PAM, PAM da
bancada contra a parede do celeiro, cada vez mais rápido, à medida
que Mason acelerava.
Ele se afastou um pouco e respirou profundamente, ao passo
que fazíamos amor. Suas mãos enormes seguravam meu corpo,
percorrendo meu quadril, minha coxa, minha bunda, me segurando
firme, enquanto me penetrava profundamente.
Inclinei a cabeça para trás e gritei, à medida que ele realmente
me dava o que tinha. As sombras dançavam pelo celeiro, como se
uma lanterna projetasse nossos movimentos trêmulos e
animalescos. Todas as frustrações daquele dia e a tensão sexual
que tínhamos construído desde a minha chegada rodopiaram e
cresceram como um furacão, enquanto nos olhávamos nos olhos.
Me engasguei e fiquei tensa, quando meu clímax invadiu meu
corpo. Meus olhos queriam se fechar e deixar o prazer invadir, mas
eu os mantive abertos para admirar a vista: o corpo bem esculpido
de Mason Cassidy bombeando entre minhas pernas, me enchendo
sem parar.
Um grito escapou da minha garganta, e eu agarrei seus braços
poderosos, à medida que ondas de êxtase me invadiam.
Mason se movia mais rápido e com mais urgência, enquanto
eu gozava. A bancada inteira tremia e batia contra a parede, ao
passo que ele travava o maxilar e arregalava os olhos com surpresa
e alegria.
“Rebecca…”, ele gemeu, com os dedos em volta da minha
cintura. “Eu… Meu Deus, eu vou…”.
“Sim”, implorei, “goza para mim, Mason, goza comigo…”.
Ele se enfiou o mais profundamente que pôde dentro de mim e,
então, saiu. Ele se masturbou com uma mão e explodiu na minha
barriga, jato após jato de leite grudento aterrissando na minha pele.
Os olhos de Mason não deixaram os meus, enquanto ele gozava, e
um gemido masculino e profundo brotava de sua garganta. Engoli
aquela visão, saboreando seu orgasmo robusto, rude e poderoso.
Ele recostou seu pau no meu umbigo e se inclinou para me
beijar. Seus lábios estavam salgados de suor, e sua testa se
encostou na minha, à medida que ele expirava depois de se aliviar.
Eu dei uma risadinha, ele se juntou a mim, e nossas risadas
invadiram o celeiro, enquanto nos agarrávamos, cansados demais
para nos mover.
12

Mason

Era bom estar com uma mulher de novo. Especialmente uma


mulher feito Rebecca.
Desde que ela havia chegado na fazenda e descido do carro,
eu tinha pensado nela. Eu a tinha cobiçado. No dia anterior, passei a
maior parte do tempo tentando não pensar nela. Focar no meu
trabalho e não em outra distração. Mas depois de Cody me dizer
que ela tinha me secado também, eu não pude mais ignorar a
química entre nós…
Encostei minha cabeça na dela, à medida que nos
recompúnhamos. Nenhum de nós se moveu por um momento. Meu
pau amoleceu encostado na barriga dela.
“Ok, ok”, ela disse finalmente. “Prometo não tentar amansar
Cavalo de Fogo de novo”.
Sorri para ela, ela se apoiou nos cotovelos sobre o banco,
inclinando a cabeça enquanto me olhava. Seu corpo nu parecia
perfeito à meia-luz da lanterna.
Eu posso olhar por horas para ela e nunca me cansar.
“Não foi esse tipo de incentivo que eu quis te dar”, respondi.
“Você não deveria ser recompensada por desobedecer a ordens”.
“Talvez você precise pensar em formas criativas de me punir”,
ela disse, piscando os olhos inocentemente. “Eu gosto de apanhar
na bunda”.
Como eu poderia ficar bravo com aquela garota? Ela era
divertida e charmosa. Eu queria beijá-la de novo, e não a repreender
pelo que ela tinha feito com o cavalo.
Ela olhou para o lado e começou a rir. Virei a cabeça para ver
do que ela ria: a vaca leiteira estava dentro do seu estábulo, mas
tinha virado a cabeça para nos assistir. Seus olhos se destacavam
do resto da sua cabeça como duas bolas de gude.
“Temos público”, Rebecca disse.
“Se eu soubesse, tinha performado melhor”, respondi.
“Eu acho que sua performance foi perfeita”, ela se inclinou e
pincelou os lábios nos meus. “Prometo não entrar no cercado de
Cavalo de Fogo sem a sua permissão. Mas eu pretendo te
convencer a me deixar tentar de novo. Falei sério sobre o cabresto”.
Olhei para ela ceticamente. Eu tinha visto Cody passar aperto
com o danado do cavalo por dois dias. Ele nem aceitava uma
cenoura oferecida pelo meu irmão, quem dirá deixar alguém colocar
um cabresto nele. E definitivamente ele não permitiria alguém o
cavalgar sem sela.
Mas Rebecca parecia sincera, então eu disse: “Vamos ver”, eu
a beijei novamente e peguei um tecido da bancada. Gentilmente,
limpei a bagunça que tinha feito na barriga de Rebecca. Ela sorriu
delicadamente, quando terminei.
“Que cavalheiro”, ela acariciou minha bochecha e começou a
se vestir. “Pare de me olhar assim, Bessie, você está me
assustando”.
“É esse o nome dela?”, perguntei, vestindo a calça. “Bessie?”.
“A não ser que você tenha uma ideia melhor”.
“Bessie não é muito original, mas é melhor do que deixar Cody
dar nome a ela”, eu apontei para a fonte de luz. “Ele provavelmente
a chamaria de lanterna”.
“Ou paninho!”, o rosto inteiro de Rebecca se iluminou, quando
ela sorriu para mim.
Puxei minha camiseta de baixo por cima da cabeça e peguei
minha camisa. “O que fizemos foi bom”.
“Muito bom”, ela disse, vestindo o sutiã.
“Muito bom”, concordei. “Mas talvez não devamos repetir”.
Ela virou a cabeça tão rápida que seu cabelo voou. “Por quê?”.
“Sou seu chefe”, eu disse simplesmente. “Você trabalha para
mim. Isso é meio que, eu não sei, conflito de interesses…”.
“E daí?”, ela respondeu. “Não é como se você estivesse tirando
vantagem de mim. Se você tivesse ameaçado me demitir, caso eu
não dormisse com você, a história seria diferente”.
“Como você sabe que não foi por isso que vim aqui?”,
perguntei com um meio-sorriso.
Ela pegou meu chapéu no chão e colocou na minha cabeça.
“Acho que está tudo bem, parceiro”.
Apertei meus olhos: “Você está tirando sarro de mim”.
“Só um pouco!”, ela me deu um selinho. “Você é sexy, sabia?”.
Passei meu braço ao redor dela e a puxei para perto. “Você é
sexy”.
Seu sorriso desapareceu. “E seus irmãos? Você vai contar a
eles o que aconteceu?”.
Minha mente estava acelerada, com centenas de pensamentos
diferentes. E o que fazer com meus irmãos era um deles.
“Preciso pensar nisso”, eu disse. “É complicado”.
“Eu acho que é terrivelmente simples”.
Ah, Rebecca, pensei. É mais complicado do que você jamais
entenderia.
“Me deixe pensar no que vou dizer a eles”.
“Ok”, ela disse. “Até lá, pode ser nosso caso secreto”.
Acariciei a bochecha dela com meu polegar. Sua pele era tão
macia, assim como o resto do seu corpo: seu quadril, sua coxa, sua
bunda… ela era macia, suave e perfeita de todas as maneiras
possíveis.
Rebecca me beijou suavemente no celeiro, e eu comecei a
pensar em ficar por lá e estender um pouco mais a diversão com
ela. Mas eu tinha muito trabalho a fazer, e eu precisava dormir. O
dia seguinte seria longo.
“Talvez seja melhor você esperar uns minutos depois que eu
sair”, eu disse. “Para não ficar tão óbvio”.
“Ahh, como dois espiões de um livro de suspense!”, ela disse
empolgada.
“Nunca li um livro assim, mas acredito em você”.
Ela piscou, então deu de ombros com indiferença. “É, eu
também não. Boa noite, Mason”.
“Boa noite, Rebecca”.
O ar da noite estava frio e fresco, mas meu corpo ainda estava
quente com toda a agitação no celeiro. Atravessei o pátio e subi as
escadas da varanda, antes de me dar conta de que Blake estava
sentado em uma das cadeiras de balanço.
“Você falou com ela?”, ele perguntou.
Parei no último degrau. Ele estava balançando suavemente,
enquanto esculpia um pedaço de madeira com uma faca. Será que
ele tinha nos ouvido no celeiro? Eu não achava que sim, mas não
tinha certeza…
“Sim”, eu disse, “falei. Pelo que aconteceu com Cavalo de
Fogo”.
Blake continuou balançando. “Vai demiti-la?”.
“Não”, entrei, antes que ele pudesse perguntar outra coisa.
Tomei um copo d’água na cozinha e subi as escadas. O quarto
de Cody era do lado do meu, ele estava acordado na cama, lendo
um livro, iluminado pelo abajur na sua mesa de cabeceira.
Bati no portal da porta e disse: “Precisamos conversar”.
Ele abaixou o livro. “Sobre o quê?”.
“Sobre Rebecca”.
13

Rebecca

O celeiro parecia estranhamente vazio, depois que Mason saiu.


Como se o caubói grandalhão tivesse enchido o espaço com sua
presença dominante. Olhei pelo vão da porta do celeiro e o assisti
entrar na casa.
Bessie mugiu suavemente para me lembrar que estava ali.
“Desculpa, vou te escovar. Fui interrompida, caso você não
tenha notado”.
Bessie empurrou a cabeça na minha direção com alegria,
quando peguei a escova.
Já fazia algum tempo desde a minha última relação sexual. O
último ano tinha sido de seca para mim. Me cansei do Tinder e da
maioria dos caras com quem saí, que se intimidavam pelo meu
status de escritora famosa. O último cara com quem saí ficou
apavorado com a ideia de falar sobre ele em um dos meus livros,
por isso ficou com medo de ser ele mesmo perto de mim.
É suficiente dizer que perder o controle com Mason no celeiro
foi imensamente satisfatório. Eu ia dormir bem naquela noite, e não
só porque estava exausta do trabalho que tinha feito de dia!
Terminei de escovar Bessie, disse boa noite a ela e saí do
celeiro. Blake estava na cadeira de balanço na varanda, esculpindo
um toquinho. Seu chapéu estava cobrindo seus olhos, e ele nem me
olhou.
“Boa noite”, eu disse.
Achei que ele fosse me ignorar. Ele continuou sua escultura e
lascas caíam no chão entre suas pernas. Abri a porta e entrei na
casa.
Então, ele me olhou relutantemente. “Noite”, ele resmungou.
Que progresso, pensei, subindo as escadas.
Escovei os dentes e vesti meu pijama, mas em vez de ir dormir,
peguei meu laptop. Depois dos eventos daqueles dias, tanto na
fazenda quanto dentro do celeiro, me senti inspirada. Durante meia
hora, meus dedos voaram pelo teclado.
Uma boa história estava se formando na minha cabeça. Eu já
sabia como começaria e como terminaria. Só precisava preencher
as lacunas, mover o protagonista do início ao fim.
Ainda assim, quanto mais eu escrevia, mais culpada me sentia.
Eu realmente não gostava de usar pessoas. E agora que Mason e
eu tínhamos dormido juntos, eu não podia afastar o sentimento de
estar fazendo algo errado. Eu não estava lá só para trabalhar na
fazenda. Eu estava fazendo pesquisa para o meu livro.
Eu estava tentada a contar a Mason sobre o livro no dia
seguinte e não mais ao fim do meu contrato. Ser clara apaziguaria
minha consciência. Então, eu poderia continuar a pesquisa sem
culpa.
Mas eu me lembrei do que Terry, minha agente, tinha me dito.
Se os irmãos Cassidy soubessem que eu estava escrevendo um
livro que se passava em uma fazenda, eles não agiriam com
naturalidade ao meu redor. Eles começariam a forçar. Se eu
quisesse que meu livro fosse o mais preciso possível, eu não podia
deixá-los serem conscientes da minha presença.
E não só aquilo, mas o que eu já tinha pensado mais cedo no
celeiro estava fresco na minha mente. Os últimos caras com os
quais eu saí ficaram paranoicos, pensando que eu estava
escrevendo sobre eles. Minha reação instintiva era manter a
informação para mim mesma, ou Mason começaria a se sentir da
mesma forma. Ele não tinha com o que se preocupar, porque eu só
estava usando a fazenda como cenário, e não moldando minhas
personagens baseadas em Mason, Cody e Blake. Mas ele não sabia
disso, e eu não queria que ele se preocupasse.
Isso define tudo, pensei, fechando meu laptop, vou esperar os
três meses passarem antes de contar a eles.
Me perguntei se estava tomando a decisão certa.
Entretanto, eu estava me divertindo muito com Mason.
O céu do lado de fora da minha janela ainda estava escuro,
quando acordei pelo canto perfurante do galo. Rolei na cama e cobri
a cabeça com o travesseiro, mas ele continuava cantando o mais
alto que conseguia.
“Obrigada pelo despertador, Sr. Pam”, murmurei.
Eu estava exausta, mas me levantei da cama. Já fazia muito
tempo que eu tinha trabalhado em uma fazenda um dia inteiro, e
todas as minhas juntas e músculos protestaram enquanto eu me
vestia. Eu sabia que meu corpo se acostumaria depois de alguns
dias, mas, naquele momento, eu precisava de um analgésico.
“O que é esse cheiro bom?”, perguntei na cozinha.
Cody abriu a geladeira e sorriu. “Bem na hora, raio de sol!
Temos ovos, panquecas e salsichas. Está tudo na mesa, menos o
suco de laranja!”, ele sacudiu a embalagem na sua mão.
Mason estava sentado à mesa de jantar, se servindo de
salsichas com um garfo. Ele piscou, quando me viu, e então abriu
um sorriso largo.
“Bom dia”, ele disse, e seu sotaque sexy fez meu corpo tremer.
“Bom dia para você também, me passa o café?”.
Em vez de me entregar a garrafa de café, ele serviu direto na
minha caneca. “Creme e açúcar?”.
“Muito creme”, respondi. “Quanto mais, melhor”.
Era uma piada tola e infantil, me encolhi assim que as palavras
saíram da minha boca. Mas Mason gargalhou ao me entregar o
pires de creme por cima da mesa.
Era divertido ter aquele segredinho com Mason. Na noite
anterior, tínhamos feito sexo suado e quente no celeiro. E ninguém
mais sabia.
Eu estava pensando nisso, quando Cody se sentou de frente
para mim e disse alegremente: “Então vocês dois estão se
pegando…”.
14

Rebecca

Quase me engasguei com meu café.


“Ah, merda. Desculpa por isso”. Cody tirou seu chapéu e o
colocou na mesa perto dele. “Não queria te assustar”.
Olhei para Mason de forma questionadora. Ele sorriu
fracamente.
“Contei a Cody sobre nós ontem à noite”.
“Percebi”.
“Ah, não aja de forma estranha”, disse Cody. “Está tudo bem.
Sem constrangimentos aqui, madame. Só achei que era melhor falar
que eu já sei. Se bem que agora, pensando bem, eu deveria ter
esperado todos termos terminado de comer. Bom, tarde demais!”.
“Tudo bem”, Mason disse. “Cody e eu conversamos ontem. As
coisas não têm sido muito honestas por aqui. Começaremos do jeito
certo”.
“Sem segredos”, Cody concordou.
Quase me engasguei de novo, mas consegui engolir o café e
perguntar: “Segredos? Não sei do que vocês estão falando…”.
“É claro que não! Por isso vamos te contar”, disse Cody.
Mason tirou seu chapéu e o colocou na mesa reverentemente.
Ele se debruçou sobre o prato por um momento e então me olhou
como um homem que está prestes a se confessar a um padre.
“Preciso te contar sobre a minha mulher”.
Meu pensamento imediato foi ah não. Ele era casado, eu tinha
acabado de destruir um lar! Mas ele não usava aliança…
“Seu nome era Penny”, Mason continuou, “fomos casados por
um ano. O melhor da minha vida”.
Cody acenou, sorrindo tristemente.
“Até”, Mason disse, “ela cair de um cavalo e morrer”.
“Meu Deus, Mason! Sinto muito!”, eu disse.
Ele mordeu a lateral da sua bochecha e acenou uma vez.
“Obrigado. Neste Natal faz dois anos que a enterramos. Eu tive
tempo o suficiente para superar. O motivo pelo qual estou te
contando é porque mentimos para você outro dia, quando te
contamos o porquê de termos comprado este lugar. Não era o
sonho do nosso pai, era o sonho de Penny. Ela sempre quis uma
fazenda própria. Nossa. Um lugar que fosse nosso e de mais
ninguém”.
“Foi daí que veio o dinheiro”, Cody se intrometeu, “não do
nosso pai. O seguro de vida de Penny pagou. É difícil colocar um
valor na vida de alguém, mas…”, ele suspirou. “O motivo pelo qual
estamos aqui é esse. Estamos tentando viver o sonho de Penny”.
Estiquei a mão pela mesa e a coloquei no ombro de Mason,
então no de Cody. “Acho que é ótimo você ajudar Mason a honrar a
memória de sua falecida esposa”.
Cody sorriu estranhamente. “Mas aí é que está o ponto”, ele
olhou para Mason. “Penny não era só esposa dele. Era minha
também”.
Pisquei, confusa. “Tipo, você se casou com ela antes? E ela
terminou com você para ficar com seu irmão?”.
“Não exatamente”, disse Mason. “Sabe, estávamos todos
trabalhando na mesma fazenda na época. Um lugar grande ao sul
de Missoula. Eu, Cody e Blake. Era uma fazenda turística, e Penny
era uma das instrutoras de equitação. Nós todos tínhamos uma
queda por ela”.
“Ela tinha essa qualidade”, disse Cody. “Penny não queria se
amarrar. Por isso, ela começou a sair com Mason, a ficar comigo…
e de repente, estava tendo um caso com Blake”.
“Ela estava com os três?”, eu perguntei, incrédula.
“Escondido?”.
Mason negou. “Aí é que está o outro ponto. Nós sabíamos e
tínhamos um acordo, desde que pudéssemos estar com ela. Em um
momento, a convencemos a se casar conosco”.
“Achei que ela não queria se amarrar”.
Cody sorriu carinhosamente. “Ela não queria, no começo. Tipo
um cavalo selvagem. Precisamos usar nossos três laços para
amansá-la”.
“Tecnicamente, ela só era casada comigo”, Mason explicou.
“Poligamia é ilegal, seja um cara e três mulheres ou vice-versa. Mas
quando ela se casou comigo, estava se casando com os três.
Mesmo que a certidão não tenha os nomes deles”.
Passos na madeira anunciaram Blake, antes de ele aparecer
na porta. “Porra, vocês contaram a ela?”.
Mason levantou uma mão reconfortante, como se estivesse
acalmando um cavalo assustado. “Queríamos honestidade”.
“Papo furado”, disse Blake, me olhando por um segundo. “Isso
é tudo idiotice”.
Em vez de tomar café da manhã, Blake saiu, batendo a porta
da frente atrás dele. Os segundos seguintes foram de silêncio
constrangedor.
“A morte dela foi mais difícil para Blake”, Mason disse com a
voz baixa. “Mesmo depois de dois anos… não sei se ele conseguiu
superar”.
“Ele está chegando lá”, Cody insistiu. “Só precisa de tempo”.
“Mais do que dois anos?”, Mason perguntou.
“Todo mundo lida com isso de forma diferente, irmão”.
“Significa muito vocês me contarem isso…”, eu disse. “Dá para
ouvir a dor nas vozes de vocês. Mas… por que me contar? Não é
absolutamente da minha conta”.
Eles se entreolharam. “Melhor contar a ela”, disse Cody.
“Me contar o quê?”.
Mason esfregou o maxilar com a mão. “O plano original era
consertar a fazenda e fazê-la funcionar… e aí encontrar outra
mulher. Alguém como Penny, para ser dividida por nós três”.
Fiquei tensa na cadeira. “Ah”.
“Nós achamos que daríamos conta do trabalho, mas caramba,
estávamos errados!”, disse Cody. “Por isso contratamos ajuda por
três meses. A fim de deixar o lugar bonito, para então podermos
encontrar alguém especial com quem compartilhar. Mas aí você
apareceu”.
“Então, eu apareci”, repeti.
Mason mexeu seus ovos com um garfo, e logo o soltou. “Eu sei
que é um contrato de três meses apenas. Mas agora que eu e você
nos envolvemos… romanticamente, não conseguimos evitar pensar
que talvez haja mais aí. Se as coisas correrem bem, talvez você
possa ser a pessoa que nós compartilharemos. Você, eu, Cody e
Blake”.
“Ou só nós dois!”, Cody disse rapidamente. “Se Blake não
estiver interessado, sem problemas. É claro, se você só quiser ficar
com Mason, também entendo. Vai me magoar só um pouco”, ele
deu um tapa nas costas do irmão e sorriu calorosamente.
Minha mente estava acelerada. Era muita informação de uma
vez só, e eu sabia que não tinha processado tudo ainda. Mas de
uma coisa eu tinha certeza, eu não ia ficar ali por muito tempo.
“Eu esperava ficar aqui só por três meses”, eu disse
lentamente. “Tenho outros planos para o inverno, depois do fim do
meu contrato”.
“Tudo bem!”, disse Mason. “A oferta foi feita. Você tem três
meses para pensar. E se não quiser? Mantemos o plano original.
Consertamos a fazenda toda e então procuramos por uma mulher
para dividir”.
Mason engoliu o resto do seu suco de laranja e se levantou.
“Hora de ir. Muita coisa para fazer e poucas horas em um dia”.
Eles levaram a louça suja para a cozinha, me deixando
sentada à mesa, estupefata.
15

Rebecca

Pensei no que eles tinham me dito, enquanto coletava ovos e


ordenhava os animais. Como é que eu podia não pensar?
Eu não conseguia acreditar que três caras estavam dispostos a
dividir uma mulher daquele jeito. Os homens que eu conheci eram
geralmente possessivos. Principalmente irmãos… eu tinha três
primos, meninos com três anos de diferença, e eles brigavam por
tudo na infância. Brinquedos, TV, jogos de vídeo game…
E os irmãos Cassidy dividiam uma mulher? Que insano!
Assim que pensei bastante naquilo, comecei a considerar a
bomba que eles tinham jogado a seguir. A oferta de me dividir.
Estar com Mason era fácil de imaginar. Já tínhamos transado.
Eu mal podia esperar para fazer isso de novo.
Mas os outros…
Blake tinha uma opinião sobre tudo. Ele era sexy de uma forma
taciturna, mas com base no que seus irmãos disseram, ele não
estava na jogada. Ele ainda não tinha superado Penny.
E Cody, o loiro lindo e amistoso que parecia a versão
fazendeira de Owen Wilson. Eu definitivamente gostava dele. Gostei
dele, desde o momento em que nos conhecemos. Ele era do tipo de
cara que todo mundo gostava. Eu conseguia me imaginar saindo
com ele.
Mas pensar em estar com ele, logo após ter estado com
Mason, e namorar os dois ao mesmo tempo…
Parecia que eu estava fazendo alguma coisa errada.
Como isso pode ser errado? Pensei, carregando um jarro de
leite fresco de vaca para dentro. Foram eles que propuseram!
Quanto mais eu considerava a proposta deles, mais
interessada eu ficava. Um formigamento de excitação invadiu meu
corpo, à medida que eu realizava minhas tarefas.
O único problema era que eu ia embora em três meses.

Mais quatro carregamentos de gado foram entregues antes do


almoço. Mason e Cody conferiram suas etiquetas, então montaram
seus cavalos e foram pastoreá-los pela propriedade, integrando-os
ao resto do gado. Aquilo deveria ser fácil, porque eles todos tinham
sido comprados da mesma fazenda, mas ainda precisavam ser
levados até o pasto.
Enquanto eu pintava o celeiro, eu os assisti trabalhar. Mason e
Cody circularam o gado com seus cavalos, gritando comandos e os
guiando para a área central da propriedade. Era como ver dois
dançarinos fazerem uma coreografia impecável.
Havia um caubói chamado Landon na fazenda da minha
família. Ele era casado e tinha duas vezes minha idade, mas eu
tinha uma super queda por ele. Mason me lembrava dele. Robusto,
competente e pingando sex appeal.
Não havia nada mais atraente do que um homem de chapéu
de caubói cuidando de um rebanho de gado. Certamente não. Muito
mais sexys do que os caras da cidade, sentados atrás de uma
mesa, bem molengas.
Tipo os últimos dois caras com quem saí, pensei, ao passo que
Cody e Mason desapareciam no horizonte.
Quando terminei a pintura do celeiro, entrei na casa para
almoçar. Mason voltou, enquanto eu estava passando manteiga de
amendoim em uma fatia de pão. Seu rosto estava suado e coberto
com um pouco de sujeira, mas aquilo só acentuava sua aparência
sexy e robusta.
“O gado está se adaptando?”, perguntei.
“Melhor do que esperávamos. Como se eles nunca estivessem
se separado. As tarefas estão indo bem?”.
“Até agora sim. Estou um pouco preocupada com o próximo
item da minha lista: fazer queijo de cabra. Achei um vídeo no
YouTube explicando, mas eu nunca fiz. O primeiro lote pode não
ficar ótimo”.
Mason olhou no relógio e disse: “Tenho tempo agora, vou te
mostrar. Vai ser fácil, depois que você aprender”.
Ele pegou duas jarras de leite de cabra e depositou o conteúdo
em um tacho de aço. “Sempre use este tacho, qualquer outro
material vai prejudicar o sabor do queijo”. Ele abriu uma gaveta e
pegou um termômetro culinário. “Esquente o leite até cento e oitenta
graus, mexendo constantemente”.
“Entendi”, eu disse, ao mexer o leite com uma colher de pau.
Ele veio por trás de mim e colocou a ponta do termômetro no
líquido. Estava morno. “Mexa um pouco mais rápido. Assim”, ele
pegou minha mão e moveu em um círculo.
O corpo de Mason pressionou o meu, e ele tinha um cheiro de
couro e terra, proveniente da cavalgada. Um cheiro bom.
“Era por isso que você queria me mostrar, não era?”, perguntei.
Ele se inclinou até encostar a bochecha na minha. “Não sei do
que você está falando”.
Ri, enquanto ele me segurava. Eu mexia o líquido
constantemente, e quando a temperatura atingiu cento e oitenta,
tiramos o tacho do fogo.
“Agora acrescentamos suco de limão. Assim. Continue
mexendo. Boa. Então, depois de um minuto, acrescentamos o
vinagre. Continue mexendo por mais um minuto e deixe descansar
por vinte minutos para o leite talhar”.
“O que podemos fazer em vinte minutos?”, perguntei
inocentemente.
Mason me deu um beijo suado e se afastou. “Podemos
almoçar. Estou faminto”.
Ele preparou um sanduíche, eu peguei o que já tinha feito e
fomos para a varanda comer. O sol estava brilhando e uma brisa
fresca vinha das montanhas. Era fácil se acostumar com aquilo, as
montanhas dos nossos dois lados e o vale no meio… a vista era
absolutamente deslumbrante.
“Eu não estava tentando te assustar essa manhã”, disse
Mason.
“Ainda estou aqui, não estou?”, respondi.
Ele me olhou de lado. “Você não vai fugir no meio da noite e
nunca mais voltar?”.
“Precisamos esperar para ver”, eu gargalhei, para informá-lo de
que era uma piada, então disse: “Vou ser honesta. Fiquei surpresa
com a história. Nunca tinha ouvido falar disso antes. Dividir uma
mulher. Mas estou pensando na proposta. Só preciso de tempo”.
Ele acenou e mastigou seu sanduíche. “Fico feliz em ouvir. E
feliz em não fazer você correr para as montanhas. Queríamos ser
totalmente honestos com você”.
“Agradeço muito”, eu disse, embora a honestidade dele me
fizesse me sentir culpada por causa do meu segredo. “Ei, Mason”.
“Hmm?”.
“Posso te contar uma coisa?”.
Ele parou de balançar sua cadeira e se virou para mim. “Você
pode me contar o que quiser, Rebecca”.
As palavras chegaram perto de sair da minha boca. Teria sido
fácil ser honesta, contar a ele o motivo real pelo qual eu estava na
sua fazenda pelos próximos três meses.
“Sinto muito pela sua mulher”, eu disse. “Não consigo imaginar
o que é perder a pessoa amada assim”.
Ele acenou tristemente. “Não vou mentir, ainda é difícil de vez
em quando. Todas as vezes que vejo uma mulher cavalgando, eu
penso na forma como Penny morreu… e agora, pensando bem,
talvez seja esse o motivo pelo qual fiquei tão aborrecido com a sua
tentativa de amansar Cavalo de Fogo. Tenho medo de que você se
machuque”.
“Não te culpo”, enfiei o resto do sanduíche na minha boca e
disse: “Mas eu consigo cavalgá-lo. Quero outra chance”.
Ele apertou os olhos ceticamente na minha direção e disse: “O
leite já deve ter talhado”.
Entramos de volta na cozinha e checamos o tacho. Mason
disse que estava pronto para o próximo passo, que seria preparar o
coador com morim e derramar o leite dentro. Aquilo separava a
coalhada do soro e da água. A coalhada era branca e grumosa, tipo
queijo cottage.
“Agora, acrescentamos sal, que funciona como conservante. A
quantidade vai meio no olho”, ele colocou sal na coalhada e
misturou tudo com as mãos. Então, pegou as minhas mãos e enfiou
na coalhada. Eu gargalhei, à medida que espremia a mistura
pegajosa e cremosa.
“Que bom que acabei de lavar as mãos!”.
“Eu não faria diferente”.
Quando o sal estava incorporado na massa, Mason dobrou as
pontas do morim, formando uma bolsa e as amarrou com uma tira,
espremeu o líquido com as duas mãos e pendurou a bolsa em um
gancho sobre a pia.
“Deixe drenar sobre a pia para o resto do soro e do líquido
saírem. Em uma hora vai estar pronto para ser moldado. Nós
geralmente fazemos um rolo e refrigeramos”.
“É isso?”, perguntei.
“É isso. Bem simples”, Mason limpou as mãos em uma toalha.
“Não sou fã de queijo de cabra, mas é fácil de fazer. E queremos
que a fazenda seja o mais autossustentável possível”.
“Obrigada por me ensinar a fazer”, eu o beijei na bochecha.
Ele colocou a toalha no balcão e me tomou em seus braços. “É
só isso que eu ganho? Um beijo na bochecha?”.
“Depende do que mais você quer”, eu disse.
Mason me beijou lentamente, seus lábios estavam quentes e
salgados de suor. Corri uma mão pelo seu pescoço, sentindo a
sujeira na sua pele. Eu não me importava com o fato de ele estar
meio sujo. Na verdade, aquilo o deixava ainda mais sexy.
“Você está ocupado agora?”, perguntei com a voz suave.
“Estou”, ele disse com o sotaque perfeito de Montana. “Mas
posso ser convencido a fazer uma pausa”.
Rimos um para o outro.
Antes que pudéssemos fazer qualquer coisa, a porta da frente
abriu e passos de bota ecoaram pela casa. Segundos depois, Cody
apareceu no portal da cozinha.
“Preciso de ajuda no telhado. Estou consertando os últimos
vazamentos e, às vezes, preciso de quatro mãos”,
Ele parou e pareceu se dar conta de que estávamos fazendo
algo antes dele chegar.
“Ah, a não ser que eu esteja interrompendo alguma coisa…”.
“Não está. Eu estava ensinando Rebecca a fazer queijo”, a
mão de Mason ficou nas minhas costas um pouco mais, então ele
seguiu seu irmão. “Precisamos consertar o telhado antes de
instalarmos os painéis solares”.
“Era nisso que eu estava pensando”.
Mason olhou por cima do ombro, sorriu para mim e
desapareceu.
16

Rebecca

Pensei em Mason o dia todo. Depois que dormimos juntos, eu


sabia que queria mais e estava ansiosa para saber como seria tudo.
Era como ter um namorado novo que eu mal podia esperar para ver
de novo.
Aquela noite era minha vez de fazer o jantar. Grelhei o peito de
frango em uma frigideira, piquei em pedaços e cozinhei usando a
água do macarrão. Quando o frango ficou suculento e perfeitamente
cozido, eu misturei ao molho e preparei pão de alho para
acompanhar.
“Já não era sem tempo comermos coisas diferentes”, disse
Cody, enquanto mastigava. “Eu só conheço algumas receitas –
Mason também – e estamos ficando muito cansados delas. Que
bom ter você aqui na fazenda, Becca”.
“Obrigada”, eu disse, sorrindo de volta para ele.
Blake comeu na mesa conosco pela primeira vez. “Nada mal”,
ele resmungou. Mas eu sabia que ele tinha amado, porque devorou
sua refeição tão rápido quanto o resto de nós. Ele se curvou sobre
seu prato, um homão musculoso e gigante. Observei todas as suas
tatuagens, ao passo que ele comia.
“A previsão diz que uma tempestade vai cair no fim desta
semana”, disse Mason. “Terminamos de consertar o telhado, mas
temos mais algumas coisas para fazer. Não há drenagem no chão
do galinheiro, desse modo, eu queria usar os tubos de PVC extras
para fazer uma fossa de drenagem. Algo para fazer a água ir para a
parte de trás do celeiro, onde o terreno fica inclinado”.
“Não olhe para mim”, disse Blake, “estou ocupado com a
cerca”.
“A cerca pode esperar”.
“O rio vai ficar mais perigoso depois da chuva”, Blake
argumentou. “A cerca é mais importante do que nunca”.
“Ah, então agora você é do time que pensa no futuro?”.
“Posso ajudar com a fossa”, eu disse, para neutralizar a
discussão que se iniciava, “é só me mostrar onde você quer”.
“Cavar fossa arrebenta as costas”, Mason alertou.
“Já fiz isso antes”, respondi suavemente, “cavei uma fossa
francesa ao redor da propriedade da minha família, porque a água
empoçava por todos os lados”.
Cody apontou para mim com o garfo. “Te falei que seria bom
contratar Becca. Mais útil do que um canivete suíço”.
“Mais bonita também”, disse Mason, e eu corei com o elogio
duplo.
“O telhado do celeiro tem alguns vazamentos”, posso consertá-
los se você quiser.
Mason sacudiu a cabeça. “Foque no estábulo. Aqueles
vazamentos estão piores e afetam os cavalos”.
“Boa ideia”.
Como eu tinha cozinhado, os caras arrumaram a cozinha – ou
pelo menos Mason e Cody. Blake vestiu sua jaqueta e foi dar uma
volta pela propriedade.
Na minha casa em Great Falls, eu geralmente passava
algumas horas depois do jantar assistindo à TV e relaxando. Mas
depois de trabalhar na fazenda o dia todo, meu corpo estava
implorando por cama. Tomei um banho, vesti meu pijama e me
enrolei debaixo das cobertas.
Minha mente ainda estava acelerada com ideias para o livro.
Assim, acendi a luz, peguei meu laptop e escrevi algumas coisas
que estavam frescas na minha cabeça. Eu tinha um sentimento de
que aquele livro seria bom. Minha intuição dizia.
Ouvi passos na escada. Mason e Cody estavam indo para a
cama. Cody disse boa noite, então, uma porta se fechou. Depois
disso, só o silêncio.
Pensei em como Mason e eu tínhamos nos beijado na cozinha
mais cedo. Estávamos prestes a fazer mais, mas Cody nos
interrompeu. Eu ainda estava com tesão por causa daquele quase e
ansiosa para a continuação daquele nosso momento no celeiro. Eu
queria sentir o corpo de Mason em cima do meu em uma cama
quente, debaixo das cobertas, enquanto fazíamos amor lentamente,
como se tivéssemos todo o tempo do mundo.
Será que eu deveria ir até seu quarto? Eu não tinha certeza de
como aquilo funcionava. Seria estranho se eu caminhasse
descaradamente pelo corredor e me juntasse a ele? Passos
ecoariam no piso antigo. Cody nos ouviria. E mesmo que ele
soubesse de tudo, ele saberia na hora o que estávamos fazendo.
Alguns minutos depois, Blake chegou a casa da sua
caminhada. Ele subiu as escadas, caminhou pelo corredor perto da
minha porta e entrou no seu quarto. A porta se fechou, e continuei
ouvindo seus passos abafados.
Sentei na cama, agonizando sobre o que fazer em relação a
Mason. Ele estava ali no corredor naquele momento. Sozinho no
seu quarto. Eu poderia ir vê-lo, se quisesse.
No fim das contas, nem precisei tomar uma decisão. Mason
tomou por mim.
A porta do seu quarto se abriu, e passos duros ecoaram no
chão de madeira de lei. Mason bateu gentilmente na minha porta
semiaberta e entrou no quarto.
“Vi que sua luz ainda está acesa”, ele disse.
Acenei com o laptop no colo. “Estava navegando na internet.
Lendo notícias…”.
Mason cruzou os braços e se recostou no portal. “É isso que
amo em estar aqui. Nos sentimos desconectados de toda a loucura
do mundo real. Redes sociais, política, a agitação das cidades
grandes…”, ele suspirou alegremente. “Aqui, só temos os campos
frescos da fazenda”.
“É uma vida mais simples”, me inclinei na cama, rolando meus
ombros para a frente, porque aquilo pressionava meus peitos sob
meu pijama fino. “Me diverti nos dois primeiros dias. Estar longe
disso tudo”.
“O que você vai fazer, quando o contrato acabar?”, Mason
perguntou.
“Ah, eu não sei ainda”, eu disse.
Ele fez uma careta, entrou no quarto e se sentou na beirada da
minha cama. “Você disse que tinha planos para o inverno”.
Merda, pensei. Por isso, eu odiava desonestidade: era difícil
manter todas as mentiras juntas.
“Eu tenho uma ideia vaga do que fazer. Trabalhar, hm, em
Great Falls. Mas nada muito concreto ainda”.
Ele pareceu acreditar na minha história. Ele assentiu e disse:
“Obrigado por se oferecer para cavar a fossa amanhã”.
“Como eu disse, sou boa em mais do que apenas cuidar do
jardim. Você pode contar comigo para tudo”.
“Eu pretendo”, ele acariciou meu joelho por cima do cobertor e
acrescentou: “Blake tem sido um idiota. Ele briga comigo por
qualquer coisa. Sua disposição para ajudar é um alívio. Facilita para
todo mundo”.
“É por isso que estou aqui”, eu disse suavemente. “Para
trabalhar”, não era precisamente uma mentira, mas ainda assim me
fazia sentir um amargor na boca.
“Você sabe o que dizem. Só trabalho, sem diversão…”.
“Eu gosto de diversão também”, respondi, sorrindo.
“Eu sei. Descobri no celeiro”.
“Não estamos no celeiro”, pontuei. “Estamos no meu quarto.
Que tipo de diversão podemos ter por aqui?”.
Mason removeu uma mecha de cabelo do meu rosto e segurou
minha bochecha. Suas mãos eram ásperas e calosas, mas seu
toque era gentil. Amoroso.
“É isso o que eu quero fazer…”.
De repente, outra porta se abriu no corredor. Segundos depois,
Blake apareceu no meu portal. Ele estava usando uma regata preta,
que me permitiu ver mais tatuagens no seu peito e nos seus
ombros. E seus músculos sob o tecido, abaulados. Ele me encarou
por alguns segundos, pensando, então se virou para Mason.
“Tem um minuto?”, ele perguntou ao irmão. “Tenho pensado na
cerca. Aquela parte onde o terreno se inclina? Tive uma ideia”.
“Claro, vamos falar sobre isso”, Mason se levantou da cama e
o seguiu. Ele parou na porta, me olhando com uma expressão de
arrependimento antes de desaparecer no corredor.
“Foda empatada duas vezes no mesmo dia”, murmurei
sozinha. “Você deve estar de palhaçada com a minha cara”.
17

Rebecca

Tentei ficar acordada, mas Mason e Blake conversaram por


muito tempo, e eu estava exausta. Apaguei a luz e caí no sono
quase imediatamente.
“Desculpa”, Mason disse na outra manhã, durante o café.
“Tudo bem. Acontece”, respondi.
Mason se inclinou no balcão da cozinha e sorriu. “Eu meio que
acho que ele empatou nossa foda. Mas ele realmente teve boas
ideias para a cerca”.
“Da próxima, eu vou até seu quarto e você tranca a porta”, eu
disse. “Ou podemos ir para o celeiro de novo”.
Mason tomou um gole do seu café. “Sim, senhora.
Combinado”.
Qualquer um poderia se apaixonar por esse sotaque, pensei.
As galinhas estavam começando a gostar de mim. Assim que
abri o galinheiro, elas correram para fora, me circulando
alegremente. Eu sabia que era porque eu era a pessoa que as
alimentava, mas ainda assim melhorava meu humor.
Exceto por Sr. Pam, que caminhava pelo cercado como quem
procura confusão.
Mason me mostrou onde queria que eu cavasse a fossa.
Peguei uma pá e comecei a cavar uma pequena trincheira. Como
eles tinham dito, era um trabalho extenuante. Eu estava coberta de
suor, e meus ombros doíam, quando eu terminei a primeira de duas
valas.
Cody passou a manhã consertando o telhado do estábulo.
Então, caminhou até o cercado de Cavalo de Fogo e entrou. O
Mustang preto bufou com raiva, assim que Cody se aproximou.
Observei-o passar a hora seguinte tentando atrair o cavalo com uma
cenoura. No final, Cody parecia mais frustrado do que nunca.
“Difícil?”, perguntei, quando ele saiu do cercado.
Ele sacudiu a cabeça. “O mais difícil que já vi. Geralmente, eu
já teria feito algum progresso. Mas estou começando a duvidar de
mim mesmo”.
Enfiei minha pá na terra e pisei na parte de trás dela. “Se ao
menos você tivesse alguém para te ajudar…”.
“Você realmente colocou o cabresto nele? Não está
brincando?”.
“Sim. Não estou brincando”.
Ele suspirou. “Tudo bem. Aceito a ajuda. Se você não se
importa”.
Continuei cavando a fossa. “Só se você me pedir com jeitinho”.
Cody tirou seu chapéu, fazendo um floreio, e o segurou contra
o peito. “Por favor, senhorita Becca, conceda-me a benção de sua
ajuda! Será muito gentil da sua parte, e eu certamente ficarei grato”.
Gargalhei da sua risada exagerada e encostei minha pá no
galinheiro. “Desde que Mason não fique bravo”.
“É diferente, porque eu pedi sua ajuda. Mas se você quebrar
um braço, vou fingir que não sabia”.
“Fique aqui fora”, eu disse. “Me deixe entrar sozinha”.
“No seu próprio velório…”.
Cavalo de Fogo me assistiu curiosamente entrar no cercado...
fingi que não o tinha visto, enquanto fazia um leque com a aba do
meu chapéu para me refrescar. Casualmente peguei uma cenoura
da sacola na cerca. Uma das grandes. Cavalo de Fogo
imediatamente caminhou na minha direção.
“Filho da puta”, Cody sussurrou.
Eu sorri para ele, à medida que dava um pedaço de cenoura
para o cavalo. Caminhei dentro da cerca, forçando-o a me seguir.
Uma vez por minuto eu parava e o deixava mordiscar a cenoura.
Rapidamente, ele ficou obediente como um filhote.
Quando a cenoura acabou, peguei o cabresto da cerca. Eu o
segurei para Cavalo de Fogo poder cheirar. Ele bufou de
infelicidade, quando notou que não era uma cenoura, então peguei
outra da sacola e dei outro pedaço para ele. Eu alternei entre o
cabresto e a cenoura até ele se acostumar com ambos.
Enquanto ele mastigava o último pedaço de cenoura, eu
gentilmente escorreguei o cabresto em volta da sua cabeça. Afivelei
a parte de trás e apertei gentilmente, logo, peguei outra cenoura.
Cody abaixou a cabeça envergonhado. “Sou um inútil”.
“Meu pai conseguia amansar quase qualquer cavalo”,
expliquei, enquanto dava a cenoura de recompensa a Cavalo de
Fogo. “Mas de vez em quando ele encontrava um superdifícil. Às
vezes, os cavalos ficavam super dóceis perto de uma mulher, então
ele me pedia ajuda. Era vergonhoso para um homem feito não
conseguir chegar perto de um cavalo, ao passo que uma garotinha
magricela de quinze anos simplesmente se aproximava e o
alimentava como se ele fosse um Golden Retriever”.
“Caramba, é vergonhoso mesmo”.
Levantei uma sobrancelha. “Por que eu sou uma mulher?”.
“Porque você está fazendo isso parecer fácil!”, ele respondeu.
“Talvez eu esteja perdendo o jeito”.
“Você vai ficar bem. Pega o mel na cozinha por favor? Acho
que podemos tentar o freio a seguir”.
Quando ele voltou com o mel, eu o deixei entrar no cercado.
Para ficar perto e Cavalo de Fogo se acostumar com sua presença
também. Passei meia hora fazendo o cavalo se acostumar com a
minha voz e meu toque.
Blake chegou galopando do pasto. Ele amarrou seu cavalo,
Caçamba, em um poste perto da varanda e colocou um balde de
comida na sua boca. Ele me assistiu trabalhar no Cavalo de Fogo
por um tempo, então, entrou na casa, sacudindo a cabeça.
Quando Cavalo de Fogo se acostumou comigo, coloquei um
pouco de mel na cenoura. Depois que ele a comeu, fiz o mesmo
com o freio, e ele o aceitou ansiosamente, me deixando conectar o
acessório às correias do cabresto.
Cody gargalhou alegremente, quando o freio estava posto. Ele
levantou sua mão para eu bater, e eu bati minha palma contra a dele
com um grande sorriso no rosto.
“Vou ser honesto com você, Becca. Achei que você acabaria
com uma mordida horrível de cavalo, quando tentasse”.
“Um bocado de mel sempre funciona!”, eu disse. “Era mel
local? Da sua colmeia?”.
“Sim”.
“Você precisa me ensinar a coletar. Esta tarefa está na minha
lista, mas eu não sei como fazer”.
“Sou um bom professor. Vamos precisar colher em alguns dias,
aí te mostro”, ele sacudiu a cabeça maravilhado. “Ok, sou homem o
suficiente para admitir que eu estava errado. Eu deveria ter deixado
você tentar isso no primeiro dia”.
“Sim, você deveria”.
Cody tirou o chapéu, coçou o cabelo loiro e o colocou de volta.
“Acho que é progresso o suficiente para um dia. Vamos deixá-lo se
acostumar com o freio hoje antes de colocar a cela. Não quero me
apressar e tentar montá-lo”.
“Sim, seria um grande erro”, eu disse sarcasticamente. “Quanto
tempo você quer deixar o freio nele?”.
“Vamos tirar essa noite. Não quero deixá-lo assim, enquanto
dormimos. Vou precisar da sua ajuda para tirar, é claro”.
“Ficarei feliz em ajudar”.
Levantei minha palma, Cody fez um high five, mas terminou
entrelaçando seus dedos nos meus. Quando abaixamos os braços,
estávamos de mãos dadas.
Não sei quem começou, talvez os dois ao mesmo tempo. Mas
quando me dei conta, estávamos nos beijando.
E sim, foi um bom beijo.
Cody era mais alto do que eu, então tive que inclinar minha
cabeça para beijá-lo. Ele continuou segurando minha mão e me
envolveu com seu outro braço. Gentilmente, me fazendo entender
que não queria que eu fosse a lugar nenhum.
De repente, ouvi uma bufada, e uma cabeça de cavalo se
lançou entre nós. Cavalo de Fogo virou a cabeça, afastando Cody
de mim. Ele cambaleou de costas, bateu na cerca e caiu no chão.
Cavalo de Fogo soltou um relincho de prazer e se afastou de
nós. Corri até Cody e me sentei ao seu lado.
“Ai meu Deus! Você está bem?”.
Seus olhos estavam fechados, mas ele começou a gargalhar.
“O filho da mãe acabou comigo. Acho que ele está com ciúme!”.
Tentei ajudá-lo, mas ele pulou de pé, como se não tivesse
acontecido nada. Saímos do cercado, e ele tocou a ponta do chapéu
e deu uma piscadela.
“Agradeço a ajuda, senhorita”.
Talvez esta situação poliamorosa funcione afinal, pensei,
sorrindo.
Blake saiu da casa com uma coisa branca na mão. “Esse
queijo novo ficou bom”.
“Foi a Becca quem fez”, disse Cody.
“Ah”, Blake fez uma careta, olhando para sua pequena fatia de
queijo. Então, ele deu de ombros e desamarrou o cavalo.
“Você acha que ele vai se acostumar?”, sussurrei.
“Com você ou com a ideia de namorar depois de Penny?”.
“Ambos”.
Cody inclinou a cabeça, à medida que assistia a seu irmão
carregar o cavalo com ferramentas. “Quando éramos crianças, seis
ou sete anos, Blake ganhou um trator de Natal. Era verde e tinha
pequenos ganchos e alavancas que controlavam as rodas e tudo
mais. Ele amou, e carregava o tratorzinho para onde ia. Quando
nossa mãe ia ao supermercado, ele levava o brinquedo e brincava
com ele entre os corredores.
Imaginei uma criancinha tatuada brincando com um tratorzinho.
E a cena me fez gargalhar.
“Um dia Mason passou por cima dele de bicicleta. O brinquedo
era de plástico vagabundo, assim se despedaçou. Mason ficou
muito mal com aquilo e pediu desculpa. Ele prometeu que ia
comprar um trator novo para Blake. Mas Blake nem chorou. Só
sacudiu a cabeça e disse que não queria outro”.
“É claro, não acreditamos nele”, disse Cody. “Mason e eu
juntamos nosso dinheiro para comprar outro trator. Exatamente
como o antigo, até da mesma cor. Blake se recusou a brincar com
ele. No Natal, nossos pais compraram outro para ele – um modelo
melhor, de metal e não de plástico. Mais caro. Mas Blake agiu como
se não o tivesse visto. Brincava com todos os outros brinquedos”.
Blake montou seu cavalo e saiu cavalgando da propriedade.
“Dez anos depois”, disse Cody, “Mason foi o primeiro a ter uma
namorada, e os dois saíram para um piquenique no dia dos
namorados. Sua namorada fazia aula de cerâmica e deu a ele uma
tigela que ela tinha feito, com seu nome pintado e tudo mais…”.
Entendi o que tinha acontecido. “Ah, não…”.
Cody fez uma careta. “Assim que eles viraram de costas, Blake
invadiu o piquenique de bicicleta, esmagando a tigela. E então
disse, por cima do ombro: isso é pelo meu trator”.
“O ponto dessa história longa é que demora muito para Blake
superar as coisas. Portanto, quando você me perguntou se ele vai
se abrir com você, ou se ele vai superar Penny…”, ele deu de
ombros.
Pensei naquilo tudo, enquanto via Blake se afastar da fazenda.
18

Mason

“Eu a beijei”.
Cody e eu estávamos circulando o gado em trote lento. O gado
novo que havia sido entregue estava se integrando bem com o resto
do rebanho. Aquilo era sempre uma preocupação, mesmo com o
gado proveniente da mesma fazenda. Às vezes, um forasteiro era
rejeitado pelo grupo, e mesmo sem eles terem predadores, era ruim
para os animais. Vacas são criaturas sociais, que precisam de
atenção.
Como pessoas.
“Ah, é?”, respondi. “Quando?”.
Cody sorriu para mim. “Logo depois que ela conseguiu colocar
o freio na boca do Cavalo de Fogo”.
“Você está brincando”.
“Não. Ela estava falando a verdade. Ela colocou o cabresto e o
freio no cavalo sem problemas. Eu vi com meus próprios olhos”.
“E você ficou tão grato que a beijou?”.
Cody gargalhou alto e alegremente. O tipo de gargalhada que
eu não ouvia dele fazia dois anos. “O que eu posso dizer? Foi um
momento romântico. E ela tem aqueles lábios franzidos que
imploram para serem beijados. E você não estava mentindo, ela é
deliciosa. Até Cavalo de Fogo me jogar longe feito um namorado
ciumento”.
Ri da cena na minha cabeça. Diferente de Cavalo de Fogo, o
fato de o meu irmão ter beijado Rebecca não me deixava
enciumado. Com Penny, houve um pouco de ciúme, quando nós
três começamos a vê-la ao mesmo tempo. Dividir uma mulher era
algo difícil para se acostumar.
Mas, naquele momento, parecia natural. Queríamos uma
mulher para ser nossa, os três juntos. E se Cody e Rebecca se
davam bem, então estávamos progredindo na direção daquela
meta.
Se pelo menos Blake também embarcasse nessa…
“Vocês dormiram juntos de novo?”.
“Ainda não. Toda hora somos interrompidos”, sorri, infeliz.
“Ah, merda. É minha culpa, não é? Desculpa por aquele dia,
pela conversa sobre o conserto do telhado”.
“Você é perdoável, porque não foi intencional… mas Blake nos
ouviu no quarto dela ontem, então veio rapidamente falar sobre a
cerca. Ele tem boas ideias, especialmente para a parte irregular do
terreno. Mas tenho certeza de que ele estava nos interrompendo de
propósito”.
Cody se mexeu na sua sela. “Eu vi um filme assim. Um bando
de adolescentes rabugentos impedindo seus pais de namorarem”.
“Blake sempre foi um adolescente rabugento e nunca cresceu”.
“E se ele não se interessar?”, Cody perguntou. Seu olhar
estava confuso. “Conseguimos fazer isso dar certo? Só nós dois?”.
“Não vejo motivos para não dar certo. Mas isso provavelmente
afastaria Blake de nós”.
“É, eu acho que sim”.
Eu não sabia muito bem como me sentia em relação àquilo. O
sentido de comprar a fazenda era realizar o sonho de Penny… mas
também tentar replicar o que tínhamos com ela. Nos mudamos para
encontrar alguém por quem nós três nos apaixonássemos.
Se Blake não se envolvesse, quem eu escolheria: ele ou
Rebecca?
Eu não queria pensar naquilo, por isso respondi: “Estamos
passando a carroça na frente dos bois. Você ouviu o que Rebecca
disse; ela talvez não fique aqui, depois que seu contrato de três
meses acabar. Ela disse que tem planos para o inverno”.
“Ela disse mesmo, mas me soou como uma desculpa. Não
acho que ela tenha planos”, disse Cody.
“Vamos ver”.
O jantar daquela noite foi mais amigável do que nunca. Blake
comeu conosco e não reclamou de nada. Rebecca tomou algumas
cervejas e nos contou histórias da fazenda onde ela tinha crescido.
Uma sobre um cão-pastor que tinha medo de vacas nos fez rir
descontroladamente.
E o sorriso de luxúria de Rebecca para mim, do outro lado da
mesa, fez meu estômago se encher de nós.
Eu estava ansioso para aquela noite. Rebecca foi para o quarto
cedo, e eu terminei de organizar as coisas pela casa com Cody.
Quando subi, sua luz ainda estava acesa.
Mas quando enfiei a cabeça para dentro do quarto, ela tinha
dormido com o laptop no colo. Me perguntei o que ela fazia antes de
dormir. Provavelmente, tentando assistir a alguma coisa na Netflix.
Seu peito subia e descia com a respiração estável, e ela roncava
suavemente.
Caminhei lentamente para perto da cama e peguei o laptop. Eu
não estava tentando bisbilhotar, mas não pude evitar de olhar a tela.
Um site de agricultura estava aberto, com as diretrizes
detalhadas de colheita de ervilhas e lentilhas. Ela estava
pesquisando para ajudar na fazenda. Não me admira que ela tenha
caído no sono.
Coloquei o laptop sobre a cômoda e olhei para Rebecca. Fiquei
tentado em me aproximar e beijá-la. Talvez ela acordasse, e eu
pudesse me enfiar debaixo das cobertas, e nós dois, finalmente,
pudéssemos ter o encontro que tínhamos discutido.
Mas eu sabia que era egoísta da minha parte. Era melhor que
ela dormisse, mesmo que aquilo adiasse nossa diversão.
“Boa noite, Rebecca”, sussurrei, apagando a luz e fechando a
porta gentilmente.
19

Rebecca

Não me lembro como peguei no sono. Em um momento, eu


estava digitando no meu laptop, no outro, eu estava sendo acordada
pelo Sr. Pam cantando incessantemente. Meu laptop não estava
mais no meu colo, mas eu estava dormindo sobre a roupa de cama.
Me vesti e desci para comer. Mason estava se servindo de
café: “Bom dia, bela adormecida”, ele falou arrastadamente.
Fiquei na ponta dos pés para beijá-lo. “Bom dia”, e então
rapidamente me lembrei, porque eu tinha tentado ficar acordada na
noite anterior. O que nós pretendíamos fazer.
“Ah, não! Eu peguei no sono!”.
Ele sorriu para mim. “Não tem problema”.
“Tem sim! Fomos interrompidos na outra noite, e eu disse que
iria para o seu quarto, mas dormi enquanto…”.
“O trabalho na fazenda é pesado”, Mason disse suavemente.
“Não se culpe por ficar cansada. Vamos encontrar tempo para a
diversão”.
Mordi meu lábio. “O que você está fazendo agora?”.
“Eu estava prestes a preparar meu café da manhã, mas…”,
seus olhos amendoados brilharam com malícia.
“Você já coletou os ovos?”, Blake perguntou, entrando na
cozinha. “Eu posso ir buscar…”.
“Ainda não”, me afastei de Mason e servi uma caneca de café.
Blake se sentou à mesa e tirou as botas, nos observando através da
aba do seu chapéu preto. Nos desafiando a sermos afetuosos na
frente dele.
O olhar de Mason para mim dizia: talvez em outro momento.
Realizar minhas tarefas me ajudou a tirar o pensamento
daquilo, mas eu ainda me sentia culpada por ter perdido a noite com
Mason. Parecia que nossa transa no celeiro tinha acontecido fazia
anos, e que não tínhamos feito mais nada depois daquilo. Era como
ter um primeiro encontro realmente bom e agendas conflituosas nas
semanas seguintes. Eu não queria que a empolgação da primeira
vez desaparecesse.
Assim que terminei de tratar das galinhas e do jardim, saí da
plantação. Era um grande campo, com plantas amareladas na altura
da cintura. Lentilhas do lado esquerdo, ervilhas do lado direito.
Eu tinha passado uma hora pesquisando na noite anterior,
porque eles achavam que eu tinha me formado em Agronomia. Eu
ainda não sabia muito, mas uma parte superficial da coisa toda.
Conferi as duas plantações, me inclinando para olhar as vagens.
Algumas hastes estavam amarelas, e tinham as vagens marrons, o
que significava que estavam quase prontas para a colheita.
Depois daquilo, Cody e eu amansamos Cavalo de Fogo por
uma hora. Ele nos deixou colocar o cabresto e o freio nele sem
confusão, mas a sela foi uma história diferente. No final,
conseguimos, porém não sem lutar.
Mason, que nos assistia, propôs: “Quer ir cavalgar? Preciso de
ajuda para checar o rebanho”.
“Sério?”, perguntei.
“Você insiste em dizer que é boa para outros tipos de tarefa
que não as domésticas, essa é sua chance de me mostrar”.
Cody me deu um tapinha nas costas: “Manda ver, vaqueira!”.
Sorri e corri para o celeiro para buscar Feijão. Então, Mason e
eu trotamos para fora da propriedade juntos.
Encontramos o rebanho em volta de um lago, a dois
quilômetros da casa. A maioria estava junta de um lado, mas
algumas vacas desgarradas estavam mais ao sul.
“Os novatos gostam de explorar”, Mason disse. “Venha, vamos
resgatá-los!”.
Cavalgamos ao redor, circulando o gado. Eles se afastavam
dos nossos cavalos e gritavam instintivamente, o que nos permitia
guiá-los de volta para o rebanho. Mason foi pela direita e eu pela
esquerda. Enquanto ele ia adiante, eu circulava em volta para
manter o gado indo naquela direção. Era como uma dança
coreografada, e nós dois sorríamos um para o outro toda vez que
nos cruzávamos.
“Perfeito”, Mason disse, quando o gado errante tinha voltado
para o rebanho.
Sorri ao ouvir o elogio. “Abriu meu apetite. Vamos embora
comer alguma coisa?”.
“Tenho uma ideia melhor”.
Mason bateu as pernas, e seu cavalo saiu galopando. Eu o
segui até um bosque no topo da colina. Desmontamos e amarramos
os cavalos em uma árvore. Mason pegou um cobertor na bolsa da
sua sela. Enrolados no cobertor, havia dois sanduíches e um
pedaço de queijo de cabra embrulhado em papel de cera.
“Pensei que podíamos fazer um piquenique”, disse Mason
esticando o cobertor no chão.
“Ah, mas que doce!”.
“Eu sou, às vezes”.
Nos sentamos no cobertor e comemos nossos sanduíches.
Dali, víamos o vale abaixo e o rebanho de gado preto concentrado
ao redor do lago. O sol estava quente e a brisa fresca e agradável.
“Que dia lindo”, eu disse, encostando a cabeça no seu ombro.
Senti Mason assentir. “Um dos últimos dias de calor que
teremos. A tempestade chega depois de amanhã, trazendo uma
frente fria”.
“Chequei a plantação hoje. Acho que poderemos colher as
ervilhas e lentilhas alguns dias depois da chuva, assim que
secarem”.
“Bem pensado”.
Ele enrolou um braço ao meu redor ao mesmo tempo que
admirávamos a vista, então tirou o chapéu e o colocou no chão do
nosso lado.
“Te impressionei hoje? Com o rebanho?”, perguntei.
“Certamente sim, mas não foi só por isso que te convidei”.
Me apoiei nas minhas palmas e o encarei. “Ah não?”.
“Aqui ninguém pode nos interromper”, ele disse sorrindo.
Meu Deus, ele é lindo, pensei antes de ele me beijar.
Os adiamentos e interrupções tinham feito nossa atração
crescer, e éramos pura paixão no momento em que nossos lábios
se tocaram. Inclinei minha cabeça e o aceitei avidamente. Até que
enfim estávamos sozinhos, finalmente longe de todas as distrações
do dia, dando uns amassos naquele cobertor.
Mason cobriu meu corpo com o seu, seu lindo rosto bloqueou o
sol, quando ele me beijou, robusto, salgado e cheio de luxúria, a
qual havia sido contida nos últimos dias. A forma como ele me
agarrou me fez ficar ensopada de desejo.
Ele parou de me beijar para podermos nos despir
freneticamente. Agarrei sua camiseta, ansiosa para sentir sua pele
quente na minha, mas ele me impediu.
“Relaxa”, ele disse.
“Eu queria…”.
Ele me empurrou para baixo. “Eu disse relaxa. Não se
preocupe comigo”.
Mason tirou minhas botas, então minha calça e minha calcinha.
Pressionei minhas pernas juntas modestamente sob o céu azul de
Montana, e ele esmagou meus lábios com os seus, me beijando
mais profundamente. Senti sua respiração percorrer minha barriga,
quando ele se abaixou, abrindo minhas pernas com seus beijos de
caubói.
“Aii…”, arqueei minhas costas e gemi a céu aberto, quando ele
beijou meu sexo quente e úmido. Sua língua dançava, tocando meu
clitóris com a ponta. A eletricidade invadiu meu corpo, quando ele
começou a me lamber, me beijar, me chupar sobre aquele cobertor.
“Essa é minha recompensa por ser uma boa vaqueira?”,
sussurrei.
Ele olhou para mim com aquele olhar de caramelo. “Esta é sua
recompensa por ser sexy para caralho”, e voltou para sua tarefa,
seu rosto obscuro por uma mecha de cabelo, à medida que ele fazia
amor comigo usando sua boca.
Relaxei sob seu toque e encarei o céu azul sobre nós.
Filamentos de nuvens percorriam o céu. A língua de Mason se
movia mais rápido, e eu olhei para ele novamente. Ver seu rosto
enterrado entre as minhas pernas, ondas de cabelos castanhos se
movendo para a frente e para trás devagar, era uma imagem de
puro júbilo.
Mason escorregou um dos seus dedos para dentro de mim, e
depois outro. Ele os girava sem parar, ao passo que sua língua se
concentrava no meu clitóris, e a combinação me deixou louca.
Empurrei meu quadril na direção dele, contra os seus dedos,
enquanto ele me dava prazer.
Quando o prazer se intensificou, e eu mal podia aguentar,
agarrei um punhado do seu cabelo e o segurei contra mim. Arqueei
minhas costas e gritei para os céus, e como ninguém podia nos
ouvir, eu não precisei me controlar.
Mason arrancou suas botas e suas calças, à medida que eu
saía do meu transe de prazer. Agarrei sua camisa e puxei sua boca
na direção da minha para sentir meu próprio gosto nos seus lábios.
Estiquei a mão e agarrei sua vara, apertando-a e direcionando-a
para a minha fenda ansiosa. Ele se enfiou dentro de mim como se
fosse a única coisa que ele queria fazer nos últimos dias.
Eu estava pronta para ele, não tinha pensado em mais nada
além dele, e ele me deu exatamente o que eu precisava. Ele se
afastava e se chocava contra mim com ferocidade, então se
afastava novamente. Eu escorregava minha língua dentro da sua
boca para sentir o gosto dele, enrolando minhas pernas ao redor do
seu corpo para apelar a ele que se movesse mais rápido.
Nos beijamos e fodemos sob o céu, rápido, com força e
urgência, até Mason agarrar meu quadril e se enterrar em mim o
mais profundamente que pôde. Ele gritou com luxúria, e eu senti seu
pau jorrar dentro de mim, em um espasmo trêmulo, enquanto ele me
enchia com seu gozo, até nós dois ficarmos totalmente imóveis de
torpor.
Corri meus dedos pelos cabelos dele, saboreando o peso do
seu corpo contra o meu. O ar fresco envolvia nossos corpos nus, e
eu o senti amolecer dentro de mim.
“Já era hora de não sermos interrompidos”, ele retumbou,
beijando meu pescoço gentilmente.
“Valeu a pena esperar”.
Ele beijou meu pescoço de novo, e então meu ombro. Fechei
os olhos, aproveitando sua ternura até ele parar abruptamente.
“O que houve?”.
“Ou sua língua é muito comprida, ou outra pessoa está
lambendo minha coxa”.
Olhei para baixo e vi uma vaca enorme e preta parada ao
nosso lado. Sua cabeça estava abaixada e ela estava alegremente
lambendo a coxa desnuda de Mason.
“Não sabia que caubóis gostavam deste tipo de coisa”,
provoquei.
“Não gostamos!”, ele gargalhou e rolou para o lado. “Elas
gostam de sal. Saia daqui! Xô!”.
Gargalhei, à medida que ele tentava vestir a calça, e a vaca
continuava lambendo sua pele salgada de suor.
20

Rebecca

Uma empresa veio para a fazenda na manhã seguinte para


instalar os painéis solares. Eles subiram no telhado, fazendo um
barulhão, enquanto tomávamos café da manhã.
“Não dá para aproveitar um minuto de paz”, Blake resmungou.
“Para de reclamar. Vai demorar um dia só”, Mason respondeu.
Assisti aos quatro homens instalarem os painéis, à medida que
realizava minhas tarefas. Primeiro, eles parafusaram buchas no
telhado e fizeram um buraco pelo sótão, passando um monte de fios
por ele. Então, eles prenderam os painéis solares nas suas costas e
os carregaram para o alto da escada. Cada painel era do tamanho
de uma mesa de pingue-pongue, o que fazia os homens parecerem
tartarugas estranhas subindo as escadas.
“Mal posso esperar para sermos autossustentáveis”, Cody
disse, enquanto assistíamos o trabalho. “Em cerca de seis meses
conseguiremos a maioria da energia de que precisamos do sol. Não
precisaremos da companhia que cuida da eletricidade de Montana,
que só aumenta os preços”.
“Se vocês queriam mesmo ser autossustentáveis”, eu disse,
“deveriam ter instalado os painéis vocês mesmos, e não confiar em
terceiros”.
“Claro que não!”, Cody respondeu gargalhando.
“Provavelmente morreríamos eletrocutados. Deixamos o trabalho
para os profissionais e nos concentramos no que podemos fazer.
Falando nisso, você quer me ajudar a colher mel mais tarde?”.
Assenti. “Me avise, quando for a hora”.
Os painéis solares foram instalados rapidamente. Havia vinte
deles juntos, formando uma malha bonita e arrumada. Depois de
terminar, os homens carregaram um monte de equipamentos para
dentro da casa. Presumi que eles estivessem instalando os fios de
eletricidade nas baterias.
Blake chegou no seu cavalo para pegar mais suprimentos,
sacudiu a cabeça na direção da construção e cavalgou para longe
de novo.
Eu estava limpando o celeiro, quando Cody veio me buscar.
“Pronta para detonar, Becca? Aqui está sua roupa”.
Eu o observei vestir o enorme traje branco e fiz o mesmo. Não
havia botas especiais, assim, precisei enfiar as pernas largas da
calça dentro das minhas próprias botas de caubói. O capuz
gigantesco ficou pendurado nas minhas costas e era pesado o
suficiente para eu precisar usar as duas mãos para puxá-lo à minha
cabeça. A malha do visor me fazia ver tudo meio embaçado.
“Você é a motorista do carrinho de mão”, disse Cody,
apontando. “Eu cuido do defumador. Vamos lá”.
Caminhamos para fora do celeiro e pela parte leste da
propriedade, onde o pomar e as colmeias ficavam. Cody carregava
uma lata de metal que parecia um regador, mas com um bico
achatado. Ele usava um isqueiro para queimar gravetos e folhas
secas atrás de nós.
“Na floresta, fumaça é sinal de incêndio”, Cody me explicou, ao
passo que nos aproximávamos das colmeias, “quando as abelhas
sentem o cheiro de fumaça, acham que vão enfrentar dificuldades,
então rapidamente comem muito mel. Como se fossem hibernar.
Assim que seus estômagos estão cheios de mel, elas ficam
sonolentas. E dóceis demais para ficarem agressivas”.
“Tipo eu, quando como um litro de sorvete e durmo por horas”.
Ele me olhou e sorriu por trás da máscara de apicultor.
“Bingo!”.
As colmeias pareciam várias caixas acopladas umas nas
outras. Havia quatro pilhas. Cody apertou a alça da lata que liberou
lufadas de fumaça.
“Olá, minhas queridas abelhinhas!”, Cody disse alegremente.
“Não se preocupem com o velho Cody, é apenas seu vizinho
amigável passando por aqui para pegar uma xícara de açúcar
emprestada”.
Ele soprou fumaça no ar e então, removeu a tampa de uma
das colmeias. Quando ele notou que eu tinha ficado parada, me
chamou.
“Vem, estamos seguros. Relaxa”.
Cuidadosamente me aproximei, a fumaça podia acalmar as
abelhas, mas eu ainda escutava um zunido no ar. Abelhas se
lançavam em todas as direções ao nosso redor e uma delas
aterrissou no visor do meu capuz.
Quando cheguei perto o suficiente, espiei dentro da colmeia.
Havia seis molduras de madeira em uma fileira, com lacunas entre
elas. As lacunas estavam cobertas por uma substância branca e
cerosa.
Cody colocou a lata de fumaça no chão e usou as duas mãos
para puxar uma das molduras. A borda externa era feita de madeira,
mas a parte de dentro estava cheia de favos de mel hexagonais.
“Isso aí, bom e suculento. Tem muito mel ali”, ele usou uma
escova para remover as abelhas da moldura gentilmente, então me
entregou. “Coloque isso no carrinho de mão e cubra com a lona”.
Ele só removeu três das seis molduras daquela colmeia.
Abrimos outra e repetimos o processo. Depois de checarmos quatro
colmeias, voltamos para o celeiro.
“Por que você só colheu metade das molduras?”, perguntei.
“As outras também tinham muito mel”.
“Você nunca faz a limpa em uma colmeia. Você só coleta o
excesso. As abelhas precisam do resto para sobreviver aos meses
frios”.
“Mason mencionou que uma frente fria se aproxima”.
Cody balançou a cabeçona do seu uniforme de apicultor. “Esta
vai ser a última colheita antes do ano que vem. Mas tudo bem.
Temos mais mel do que precisamos por aqui”.
Voltamos para o celeiro e removemos nossos capuzes. O
cabelo loiro de Cody estava bagunçado e suado, e suas bochechas
vermelhas, mas ele sorria largamente.
Ele não é tão robusto quanto Mason, pensei, mas é
definitivamente mais bonito.
Cody usou uma faca especial para remover a cera da moldura.
Debaixo daquela casca, o mel marrom-dourado começou a escorrer.
“Hmmm!”, eu disse.
Cody removeu a cera das quatro molduras e logo depois as
colocou dentro de um tambor cilíndrico, então girou uma manivela
que o fez girar.
“A força centrífuga força o mel a sair”, ele me explicou, girando
a manivela.
Repetimos o processo com outras quatro molduras e, por fim,
com as últimas quatro. Cody se ajoelhou perto do tambor e colocou
um balde debaixo de um conector.
“Puxe aquele conector e teremos mel!”, ele disse.
Assim que puxei a tampa, o líquido dourado começou a cair no
balde. Sujei um pouco os dedos, mas os levei até a boca e os lambi.
“Hmm, docinho e gostoso!”.
Cody enfiou o dedo na corrente para experimentar. Então, ele
esfregou os dedos na minha boca, me melecando toda.
“Por que você fez isso?”.
“Para ter uma desculpa para te beijar”.
E assim ele fez.
21

Rebecca

O beijo de Cody era doce, quente e elétrico. Por alguns


segundos, me perdi na ação suave da sua boca.
Seu nariz acariciou o meu, quando separamos nossos lábios,
mantendo nossos rostos colados. Era estranho beijar Cody depois
de ter estado com seu irmão… mas também era bom de verdade.
Safado, mas de uma forma boa, como se eu estivesse
experimentando coisas novas.
Foi ideia deles, pensei, encarando-o, será que consigo mesmo
fazer isso?
“Você não precisa de uma desculpa para me beijar”, eu disse.
Seus olhos azuis da cor do mar brilharam. “Bom, neste
caso…”.
Ele segurou minha cabeça com as duas mãos e pressionou
seus lábios nos meus. O gosto de mel ainda estava na sua língua,
quando ele me colocou sentada na bancada, perto das ferramentas
que tínhamos usado para coletar mel. A mesma bancada sobre a
qual Mason e eu transamos. Suas mãos traçaram a lateral do meu
corpo através do traje, procurando minhas curvas escondidas.
“Vamos nos livrar desses trajes”, disse Cody, abrindo o zíper da
frente do meu macacão.
“Você não tem fetiche por roupa de astronauta?”, brinquei.
Ele sorriu para mim de forma jovial. “Um pouco, mas prefiro
sem roupa nenhuma”.
Cody puxou meu macacão para beijar meu pescoço. Suspirei,
quando ele encontrou aquele lugar maravilhoso perto do meu
ombro, beijando e roçando o nariz pela minha clavícula, mas eu
hesitei.
“Não quero ser desmancha-prazeres, mas estou imunda”, eu
disse. “Suei muito com esse macacão, e já estava encardida de
trabalhar no celeiro. Vou me sentir muito mais sexy se tomar um
banho primeiro”.
Ele pareceu vagamente desapontado por um segundo, mas
cobriu o sentimento com um sorriso. “Então vamos para dentro”.
Saímos de mãos dadas do celeiro, Mason estava ocupado
conversando com os caras do painel solar e não nos viu correr para
dentro da casa e subir as escadas.
“Só preciso de alguns minutos”, eu disse, entrando no
banheiro.
Mas quando tentei fechar a porta, ele a segurou com o pé. Seu
rosto lindo aparecia pela fresta, e eu podia ver seu sorriso sugestivo.
“Ou posso me juntar a você”, ele disse. “Para economizar
água”.
Mordi meu lábio. “Bom, se for o melhor para o meio
ambiente…”.
Me virei de costas e comecei a me despir para ele ver, me
inclinando para dar a ele uma boa visão da minha bunda pelada.
Senti seu olhar acariciar minha pele, quando abri a torneira e entrei
no chuveiro.
Cody se despiu devagar, me dando a chance de esfregar
rapidamente a sujeira da minha pele. Então ele abriu a porta do
chuveiro.
Ai meu Deus.
Eu não pude evitar secar seu corpo com os olhos. Sua pele era
mais clara do que a de Mason e Blake. Ele não tinha tantos
músculos quanto os irmãos mais velhos, era mais magro, mas
aquilo fazia os seus músculos realmente se destacarem. Ele tinha
uma tatuagem tribal no braço esquerdo, perto do ombro. Tipo uma
das de Blake, só que menor.
E, no meio das suas pernas, um tufo de pelos loiros e…
Cody ainda não estava totalmente duro, mas seu pau era longo
e macio. Imediatamente comecei a pensar nele dentro de mim, me
preenchendo da cabeça à base…
Ele sorriu, como se soubesse no que eu estava pensando.
Ele entrou debaixo do chuveiro e puxou meu rosto, invadindo
meus lábios com a língua. Senti a parede escorregadia do banheiro
atrás de mim, ansiosa para sentir minha pele na dele. Suas ações
eram guiadas pela luxúria desenfreada e não por pensamentos. Seu
pau duro pressionava minha coxa, escorregadio e molhado,
implorando para ser tocado, mas suas mãos seguravam as minhas
contra a parede e eu derreti totalmente no seu corpo.
Nossas bocas se agitavam sedentas uma na outra, à medida
que a água escorregava pelos nossos corpos, enchendo o chuveiro
de vapor. Sua vara dura e grossa escorregava pela minha pele. Eu o
queria dentro de mim desesperadamente, e a cada estocada, eu
sabia que ele queria o mesmo.
Mas ainda não, pensei. Quero mostrar a ele do que sou feita
primeiro.
Afastar seus lábios dos meus era uma tortura, mas eu tinha
força de vontade. Virei Cody de costas para o chuveiro com o intuito
da água cair pelas suas costas e então, fiquei de joelhos. Seu pau
duro invadiu meu campo de visão, macio e rígido.
Encarei-o por entre meus cílios e comecei meu trabalho.
Os gemidos de Cody ecoavam acusticamente pelo banheiro,
enquanto eu chupava a cabeça do seu pau. Suas bolas ficaram
duras entre meus dedos, tremendo a cada movimento da minha
cabeça.
“Becca”, ele gemeu, num suspiro quase inaudível.
Ele ficou impossivelmente duro na minha mão, ao passo que
eu o devorava. Seu corpo exalava prazer para o meu, e eu levei
uma mão para o meio das minhas pernas, para acessar o fogo que
queimava dentro de mim. Contorci minha língua em volta da sua
cabeça, lapidando sua abertura de uma maneira que fazia seu corpo
ficar tenso e relaxar, tenso de novo, relaxado de novo.
Sua mão escorregou pelos meus cabelos molhados, agarrando
um punhado, enquanto eu o chupava. Eu queria continuar e finalizar
minha missão, engolindo-o, mas ele me puxou para cima,
demandando que minha boca voltasse para a dele. A língua de
Cody estava macia e ávida.
“Eu quero você”, ele falou com os dentes cerrados, me olhando
nos olhos por um momento. Me consumindo com aqueles belos
olhos azuis.
Meu sangue ferveu, quando Cody me virou de costas, me
agarrando por trás. Ele beijou minha nuca, enquanto se enfiava
entre minhas duas nádegas, me roçando até encontrar minha
entrada molhada por trás. Me inclinei para ele, porque eu sabia que
era o que ele queria e era do que eu precisava desesperadamente.
Eu queria que ele me preenchesse.
Empinei minha bunda no mesmo momento que ele impulsionou
para dentro. Ele me penetrou profundamente, me esticando com
seu pau duro e grande até encontrar o meu fim. Ele pressionou suas
mãos nas minhas costas, agarrando meu quadril e enfiando as
pontas dos dedos na minha carne com desejo.
“Me fode”, engasguei entre o som da água batendo na nossa
pele. Meu pulmão se encheu de vapor, mas eu respirei fundo e
repeti a ordem: “Me fode”.
Ele mergulhou dentro de mim, obedecendo, me agarrando
como se sua vida dependesse daquilo, entrando e saindo de mim.
Seu pau grosso era tudo o que eu sempre quis, preenchendo
minhas paredes doloridas com todo aquele volume. Jatos de prazer
invadiram minha espinha, me fazendo lamuriar, enquanto ele me
estocava sem parar.
Por alguns momentos nos perdemos no impulso incansável
dos nossos corpos estalando debaixo da água escaldante.
Cody agarrou minha cintura com força e possessivamente,
mas uma de suas mãos escorregou, explorando meu montinho, as
pontas dos dedos rodeando meu clitóris e o pressionando
eroticamente. Uma nova onda de êxtase invadiu meu corpo,
fazendo meus joelhos se curvarem no chuveiro. Arqueei minhas
costas e me apoiei na parede, meus dedos agarrados no suporte do
sabonete, à medida que Cody continuava metendo em mim.
Senti ele se contrair dentro de mim, seu pau pulsando,
enquanto ele rugia. Finalmente, fechei meus olhos e minha lamúria
se juntou à dele.
Nossos gritos encheram o banheiro, quando nós dois nos
rendemos às ondas tórridas da excitação.
22

Cody

Becca era tudo com que eu sempre sonhei.


Seus lábios eram mais doces que o mel que tínhamos colhido,
quando nos beijamos, e eles eram ainda mais deliciosos enrolados
no meu pau. Eu quase desmaiei, enquanto ela me chupava e
pressionava os dedos ao redor da minha vara, me masturbando
loucamente.
A forma como ela me devorava me fez pensar que ela
quisesse terminar aquilo o mais rápido possível. Me permiti imaginar
seus lábios em volta da minha vara pulsando de alívio, enchendo
aquela boca com o meu leite quente. Meu pau saindo da sua boca e
despejando o resto no seu pescoço, enquanto ela me olharia com
desejo.
Eu queria muito aquilo.
Mas eu não queria só aquilo. Não na primeira vez. Precisei
reunir toda a minha força de vontade para puxá-la para cima e beijá-
la profundamente antes de, finalmente, a inclinar contra a parede.
Se sua bunda já ficava bonita dentro da calça jeans, era
magnífica sem nada para cobrir. Especialmente, quando me enterrei
nela por trás. A forma como meu pau duro desaparecia dentro das
suas dobras rosadas, e a forma como sua boceta apertava meu
membro, como se ela estivesse me ordenhando… até agora não sei
como não gozei imediatamente.
Eu consegui segurar um pouco mais. Becca arqueou suas
costas, ao passo que eu a fodia, me permitindo ir mais
profundamente do que antes. Eu cheguei no limite dela a cada
estocada trêmula, enquanto cravava meus dedos na sua pele
macia, escorregadia e quente. Quando escorreguei minha mão para
roçar seu clitóris, ela derreteu nos meus braços, com os joelhos
trêmulos, à medida que empinava a bunda para mim, me
encontrando na metade do caminho de cada pulso de prazer que
nos invadia.
Ela me olhou por cima do ombro e fechou os olhos,
descontrolada. Sua boceta tensionou em volta do meu pau, e eu
finalmente me perdi, com as bolas doendo, enquanto eu fui invadido
por um orgasmo do tipo bomba nuclear. A sensação poderosa
parece ter tomado conta dela ao mesmo tempo, e nós dois
trememos e nos arrepiamos com a dor maravilhosa do alívio.
Quando nossos gritos se acalmaram, o único som que restou
foi o da água batendo nos nossos corpos. Enrolei um braço ao redor
dos seus peitos e a puxei para perto do meu peito, para poder
encostar o nariz no seu pescoço. Eu não queria só beijá-la, mas
queria sentir sua pele na minha. Nossos peitos se movendo
ritmados, ao passo que ambos recobrávamos o fôlego.
Não acredito que estamos desperdiçando água, pensei,
enquanto a abraçava. Não quero sair daqui nunca.
Finalmente Becca desligou o chuveiro e saiu do box. Eu a
segui, enrolando uma toalha ao redor do seu corpo, esfregando o
tecido suave pelas suas curvas para secá-la. Ela estremeceu
alegremente e soltou uma risadinha.
Ela é tão linda quanto se pode ser.
“O que está te fazendo rir?”, perguntei, me secando.
Ela sorriu para mim. “Eu estava pensando que é a primeira vez
que eu transo dentro de casa nesta fazenda. Porque com o…”.
Ela parou de falar.
“Você não vai me fazer ficar com ciúme”, eu disse, segurando-
a em meus braços. “Você pode falar sobre o que fez com meu
irmão”.
Ela mordeu o lábio e disse: “Eu e Mason transamos no celeiro,
e depois no bosque, mas não dentro de casa. É meio engraçado”.
“Só falta você começar a transar em camas, como uma pessoa
totalmente estranha”, eu disse.
Becca riu ainda mais, então comprimiu os lábios, pensativa.
“Vocês três realmente dividiram aquela outra mulher?”.
“Isso é um fato”.
“E vocês realmente se davam bem? Não era estranho,
constrangedor ou causava algum ciúme?”.
Sacudi a cabeça. “Nem um pouco. Caramba, nós nos dávamos
ainda melhor, quando ela estava conosco. Penny era a cola que nos
mantinha juntos. E desde então… você viu como Blake e Mason se
comportam, como dois gatos de rua. Sempre alfinetando um ao
outro, querendo briga”.
“Pensei que eles tivessem sido assim sempre”, ela respondeu.
“Não. Desde… desde que ela se foi”.
Deve ter sido algo na minha voz, mas Becca, de repente,
pressionou seu corpo coberto pela toalha contra o meu em um
abraço intenso. Suspirei nos seus cabelos molhados e me permiti
desfrutar daquela sensação.
Eu poderia me acostumar com isso.
Saímos do banheiro, e Mason estava subindo a escada. Ele
desacelerou, quando nos viu enrolados nas nossas toalhas. Deve
ter ficado óbvio para ele o que tínhamos acabado de fazer. Nem
tentamos esconder.
Mason me deu um tapinha nas costas e sorriu: “Você está se
engraçando com a minha garota?”.
“Só um pouco”, respondi. “Achei que você não fosse se
importar, já que você não estava por perto”.
Sorri para Becca e caminhei para o meu quarto. As coisas
estavam começando a melhorar.
Fechei a porta do quarto e abri a gaveta para pegar roupas.
“Se divertindo?”.
Dei um pulo, quando ouvi a voz de Blake, baixa e ardilosa, por
trás da porta do lado direito. Ele estava encostado na parede com
os braços cruzados e me encarava com desprezo.
“Nem tenta negar”, ele me alertou.
“Eu não mentiria para você, irmão”, respondi, pegando minhas
roupas. “E sim… estou me divertindo. Isso é errado?”.
“Sim”, ele respondeu imediatamente.
“Vou ter que discordar. Já faz dois anos. Dois longos anos”.
“Não é tempo o suficiente”.
Suspirei e joguei minha camisa na cama. “Olha, eu sei como
você se sente, porque já me senti assim. É como se um pedaço do
seu coração tivesse sido arrancado, e você soubesse que nunca
mais vai recuperá-lo. Mas é essa a questão, irmão, estou pronto
para tentar. Mason também está. Se você não está…”.
“Não estou”.
“…então tudo bem”, eu disse calmamente, “você vai no seu
próprio ritmo. Seja com Becca ou com outra pessoa”.
“Não existe outra pessoa”, ele saiu bruscamente pela porta, me
empurrando no caminho.
“Blake?”.
Ele parou com a mão na maçaneta.
“Você deveria dar uma chance a ela. Becca é uma grande
mulher. Ela é linda e esperta… eu sei que ela não é Penny, mas…”.
“Você tem razão”, ele respondeu sem me olhar, “ela não é
mesmo”.
A porta se abriu a bateu atrás dele com força o suficiente para
sacudir as paredes.
23

Rebecca

Cody e eu sorríamos alegremente, quando saímos do banheiro


juntos. Até encontrarmos Mason.
Ele parou no topo da escada e nos encarou. Por meio
segundo, achei que tinha cometido um grande erro. Aquilo era
estranho. Não importava o que eles diziam sobre querer me dividir,
parecia que tínhamos sido pegos com a boca na botija. Transar com
Cody me fez arruinar minhas chances com Mason.
Mas Mason sorriu amplamente e deu um tapinha nas costas do
irmão. Eles brincaram sobre brincarem comigo, e a tensão
desapareceu.
Cody sorriu para mim antes de entrar no seu quarto. Mason se
encostou na parede e me perguntou: “Você pensou na proposta?”.
Acenei lentamente. “Acho que sim. Promete que não é
estranho? Nos encontrarmos assim depois de…”.
“Eu disse que é o que queremos, não disse?”.
“Sim, mas só porque você disse não significa…”.
Ele colocou uma mão firme no meu peito desnudo. “Vou te
dizer uma coisa sobre mim. Sou um homem direto. Eu digo o que
penso e faço o que digo. Então, quando eu disse que quero te
compartilhar, eu estava falando muito sério”.
Ele abaixou os lábios até minha bochecha e me beijou
suavemente antes de entrar no seu próprio quarto.
Os trovões invadiram o vale enquanto dormíamos, e eu acordei
com o barulho do vento da chuva na minha janela. Um trovão
sacudiu a casa, ao passo que eu checava meu telefone. Era uma
mensagem de voz da minha agente pedindo uma atualização.
“Está chovendo canivete”, eu disse para os rapazes na
cozinha.
“De onde vocês acham que veio essa expressão?”, Cody
perguntou. “Não sei vocês, mas não vejo um único canivete caindo
do céu”.
Mason revirou os olhos. “Não temos muito o que fazer hoje
além de trabalhar em consertos dentro da casa”.
“Ovos podem esperar até amanhã, mas preciso ordenhar
Bessie”.
“Você não quer esperar a chuva melhorar?”, Mason perguntou.
Levantei meu celular. “De acordo com a previsão, vai ficar pior
no decorrer do dia. É melhor eu já ir fazer isso de uma vez”.
Um raio cruzou o céu, enquanto eu corria até o celeiro. O
interior ficou quieto, assim que fechei a porta, exceto pelo barulho
constante da chuva. Alguns pingos caíam de aberturas no telhado.
Sacudi minha cabeça e meu chapéu, então peguei meu
telefone.
“Olá, Terry”.
“Aí está minha grande escritora. Como vai o livro?”.
“Tudo bem. Muito bem. Estou à frente do cronograma no
manuscrito”.
“Por que você fala assim?”.
“Assim como?”.
“Como se fosse um baú do tesouro da inspiração”.
Gargalhei. “Ah, não é nada”.
“Rebecca, eu sou sua agente. Não posso te representar, se
você não falar comigo”.
Eu não deveria contar a ela, mas eu estava me sentindo tonta
por causa dos últimos acontecimentos e doida para contar a
alguém. Além disso, ela tinha razão. Ela era minha agente, minha
amiga, e contávamos tudo uma à outra.
“Dormi com Mason Cassidy um dia desses”.
Antes que eu pudesse chegar na parte de Cody, Terry estava
celebrando do outro lado da linha. “Eu sabia! Você está com aquela
voz de recém-comida. Já te contei sobre o rumor das irmãs
Bronte?”.
“Hm, acho que não…”.
“Havia um treinador de cavalos deslumbrante em Yorkshire, e
as irmãs Bronte se apaixonaram por ele. Supostamente, segundo os
rumores, O Morro dos Ventos Uivantes e Jane Eyre foram ambos
escritos após elas dormirem com este jovem astuto. Ele era a
inspiração delas”.
“É sério? Com Emily e Charlotte?”.
“Exatamente! Ele dormiu com as duas. Um escândalo! Bom,
mas minha questão é… às vezes, você se inspira por um novo
amor. Como foi? Me conta tudo!”.
Olhei para a bancada ao meu lado. “Bom, primeiro aconteceu
no celeiro”.
“Ai meu Deus, mas é claro! Isso é perfeito. Absolutamente
perfeito! É assim que deve acontecer no seu livro. Um caubói
arrojado e misterioso como Mason Cassidy roubando olhares
furtivos da protagonista antes de finalmente a tomar no celeiro…”.
Sacudi a cabeça enquanto ela falava. “Não vou basear uma
personagem nele, Terry. Primeiro, porque não quero enfrentar um
processo. E segundo, porque é imoral. Não quero fazer isso ao
Mason. Eu gosto dele”.
“Você está aí para pesquisar”, ela me lembrou. “Três meses na
fazenda, e você volta para Great Falls para terminar o livro. Este
caubói é novo e excitante, mas não se deixe apegar demais”.
Hesitei, mas perguntei: “Por que não? Por que não posso me
apegar? Não existe motivo pelo qual eu preciso manter o plano de
três meses…”.
Terry gargalhou, como se eu tivesse contado uma piada. “Você
quer voltar a morar em uma fazenda? Você sempre diz que odeia ter
crescido em uma. Alguma coisa mudou?”.
Eu odiava ter crescido na fazenda dos meus pais. Eu achava
que nunca mais quereria pisar em uma. Mas naquele momento…
“Sim, você está certa”, respondi entorpecida. “Não posso me
apegar muito. Em três meses, vou embora daqui”.
“Fico muito feliz em saber do seu progresso. Vou colocar uma
pulga atrás da orelha da editora sobre um lançamento de outono.
Você é dinheiro, Rebecca! Não se esqueça disso! Me ligue de novo
em alguns dias, quero saber tudo sobre o seu caubói misterioso, e
como ele está se integrando na história”.
Desliguei e carreguei o balde de leite até Bessie. “Eu nem
contei a ela sobre Cody, nem sobre a proposta deles…”.
Bessy respondeu, roçando a cabeça no meu braço.
Eu não gostava de omitir detalhes de Terry. Segredos e mais
segredos. Eu sentia o peso deles puxando meus ombros para baixo.
Assim que terminei de ordenhar Bessie, saí do celeiro para
checar o estábulo. Os cavalos pareciam bem, exceto por Cavalo de
Fogo no fundo, bufando de infelicidade. Mas ele parecia entender
que estar naquele canto espremido era melhor do que na chuva
torrencial, e depois de receber uma cenoura, se acalmou.
“Você logo vai estar do lado de fora de novo”, eu disse a ele.
“Então, vamos trabalhar na sua sela”.
Deixei o estábulo e corri de volta para a casa, espirrando leite,
tentando escapar do aguaceiro que caía do céu.
Os caras estavam cortando madeira em um cavalete na sala
de estar. Tirei a jaqueta e disse: “Me sinto mal pelo gado na chuva”.
Mason estendeu a fita métrica e me olhou. “Elas foram feitas
para isso. A chuva lava o couro delas”.
“Mas elas não ficariam mais felizes em um celeiro?”.
“Não senhora”, Cody respondeu alegremente. Ele entregou um
toco de madeira para Mason. “Elas têm proteção natural contra o
frio. Se você as colocar dentro de um celeiro, vão morrer de calor.
Sem mencionar que mais umidade aumenta o risco de doenças
respiratórias. O ar livre é a melhor opção”.
Mason assentiu. “Vamos construir um quebra-vento antes do
inverno chegar para protegê-las da friagem, mas é tudo de que elas
precisam”.
“O que vocês estão fazendo?”, perguntei. “Temos goteiras na
casa?”.
“Não! Consertamos todas antes dos painéis solares serem
instalados”, Cody respondeu. “Que bom que priorizamos isso”.
“Não adianta muito com todas essas nuvens”, Blake
resmungou. “Não temos luz solar até amanhã”.
“É por isso que deveríamos instalar turbinas de vento
suplementares”, Mason interrompeu. Parecia um argumento antigo
sendo reiniciado. “Temos uma corrente de ar forte aqui no vale”.
Blake mordeu o interior da boca. “Turbinas de vento são a
coisa mais feia que existe numa fazenda”.
“Feias, mas produzem toda a eletricidade de que precisamos.
Os preços caíram. O retorno do nosso investimento é de seis anos
mais ou menos, então elas ficam totalmente autossuficientes. A taxa
de juros é realmente baixa para financiamento também”.
Cody olhou para mim. “Respondendo à sua pergunta, estamos
substituindo as tábuas podres do banheiro. Você pode nos ajudar”.
Transferi o leite do balde para jarros e os armazenei na
geladeira. Passei o resto do dia ajudando nos consertos. Eu não
fazia mais do que entregar coisas e ferramentas, mas aquilo
acelerava o trabalho.
Depois do jantar, Cody se sentou no sofá e ligou a TV. “Não
usem a internet pela próxima hora. Preciso da banda larga enquanto
vejo meu programa”.
“Certo. É segunda”, eu disse, ao passo que limpava a cozinha.
“A que você assiste? Futebol americano ou algo assim?”.
Blake gargalhou.
“O que é tão engraçado?”.
Notei que Cody passou pelos programas na TV e parou em
The Bachelor.
“Sério? Seu programa de TV é The Bachelor?”, perguntei
incrédula.
Ele fez uma careta. “Ei. Sem julgamento. Todo mundo tem
direito a um ou dois prazeres secretos”.
Assisti ao programa com ele, enquanto Mason e Blake
jogavam pôquer na mesa ao lado. Cody não estava de brincadeira:
ele realmente gostava do programa e tinha opiniões sobre todos.
“Serena é a minha favorita”, ele me confidenciou. “Se ela não
ganhar, vou escrever uma carta furiosa. Me aguarde”.
Quando o programa acabou, Cody se juntou aos irmãos para
jogar pôquer. “Abram espaço, caras”.
“Tem certeza de que quer jogar?”, Mason perguntou. “Aposto
que conseguimos encontrar alguma reprise te Tal mãe, tal filha para
você assistir”.
“Não ouse dizer o nome de minha futura mulher, Lorelay
Cassidy, em vão”, disse Cody se sentando à mesa.
Me espreguicei e caminhei na direção das escadas. “Se
divirtam rapazes. Vejo vocês novinhos em folha amanhã”.
“Quer jogar?”, Mason perguntou.
Hesitei. “Não sou boa no pôquer. Só joguei strip pôquer na
faculdade”.
“Caralho, agora você está falando minha língua”, disse Cody.
“Vamos fazer isso”.
Minha intenção era ir para a cama e trabalhar no meu livro um
pouco, mas o olhar sugestivo de Cody e Mason me dizia que eles
tinham algo planejado, se eu ficasse um pouco mais.
“Ok”, eu disse, “vamos jogar pôquer”.
24

Mason

Convidei Rebecca por educação, para ela não se sentir


deixada de lado. Ela não tinha mostrado nenhum interesse em
pôquer, desde que começamos a jogar, e eu esperava que ela fosse
declinar e ir para a cama.
Mas quando ela mencionou strip pôquer, e os olhos de Cody
se iluminaram, minha imaginação começou a trabalhar.
“Ok”, ela disse, “vamos jogar pôquer”.
Blake parecia irritado, quando entregamos a ela algumas pilhas
de ficha, e ela se sentou para começar na próxima rodada, mas ela
não pareceu perceber. Ou ela era boa em ignorar.
Ganhei a primeira mão, uma trinca contra os dois pares de
Blake. “Tudo o que eu tenho é um par de seis”, disse Rebecca. “Ou
seja: a pior mão. Devo tirar uma peça de roupa, certo?”.
“Não estamos jogando strip pôquer”, Blake resmungou.
“Ei, deixa a garota fazer o que quer”, Cody insistiu sorrindo.
Rebecca podia tirar várias coisas primeiro: botas, cinto,
relógio… mas ela escolheu desabotoar sua camisa lentamente,
permitindo que o tecido escorregasse pelos seus braços revelando
seu sutiã.
“Agora sim”, ela disse. “Hora da festa”.
Olhei para Cody. Somos muito sortudos! Deixei meu olhar
permanecer no seu peito, seios durinhos e branquinhos, tensos
dentro do sutiã por um momento antes de embaralhar as cartas.
Blake não mordeu a isca. Ele coçou o queixo e encarou a
mesa, como se estivesse usando toda a sua força de vontade para
não olhar para as tetas de Rebecca. Ele não estava suando, mas
parecia estar prestes a.
Embaralhei outra mão. Cody perdeu, tirou uma bota e a jogou
do outro lado da sala. Eu perdi a mão seguinte e tirei uma bota,
assim como Cody. Quando Blake perdeu, resmungou e tirou o cinto.
Quanto mais jogávamos, mais divertido ficava. Cody afastou
sua cadeira da mesa e lentamente tirou a camisa, sacudindo o
quadril e bunda, como se ele fosse Magic Mike. Rebecca bateu
palmas e gargalhou, o que fez seus peitos balançarem para cima e
para baixo hipnoticamente. Aquilo só fez Cody se apressar mais.
Depois de meia hora, estávamos vestindo só a roupa de baixo.
A tensão era alta, quando embaralhei a mão seguinte.
“Merda!”, Rebecca xingou, quando mostramos as cartas. “Todo
mundo tem um par, menos eu!”.
“Bom, daqui onde estou sentado dá pra ver que você tem um
par muito melhor”, Cody disse com um sorriso provocante. Rebecca
riu da piada. Meu irmão mais novo tinha um jeitinho especial de
fazer comentários que eu nunca faria.
“O que vai ser?”, perguntei. “Sutiã ou calcinha?”.
Rebecca se mexeu na cadeira para olhar na outra direção.
Admirei a pele branca das suas costas, quando ela abriu o sutiã e o
deixou cair no chão. Quando ela se virou, estava cobrindo os seios
com um braço.
Cody e eu ficamos em silêncio com aquela visão. Ela mal podia
cobri-los e uma pontinha minúscula do seu mamilo rosa estava
aparecendo pelo seu cotovelo.
“Vamos jogar ou o quê?”, Blake resmungou.
Embaralhei as cartas. À medida que as distribuía, notei que
Blake estava olhando de lado para Rebecca. Encarando seu peito,
ao passo que ela se concentrava nas novas cartas.
Viu? Pensei, enquanto checava minhas cartas. Ela é uma
coisinha preciosa, se você se permitir a apreciar.
“Todo mundo com uma única peça de roupa”, disse Cody.
“Essa mão é a derradeira. O próximo perdedor vai ficar de bunda de
fora o resto do jogo. Eu quero duas cartas”.
“Três para mim”, Blake rosnou.
Entreguei as cartas extras e me virei para Rebecca.
“Nenhuma”, ela disse docemente.
“Ô-ô. Alguém tem uma mão boa”.
“Vou discordar de você”, disse Cody, apontando para os dedos
que cobriam seu peito direito. “Essa mão está péssima”.
Ela mostrou a língua para ele.
Eu tinha uma sequência, Cody tinha dois pares. Rebecca
colocou suas cartas na mesa e sorriu amplamente para nós.
“Ases e três. Full House!”.
Cody assobiou. “Você está manipulando as cartas ou o quê?”.
“Estou sendo cem por cento honesta”, eu disse.
Olhamos para Blake. Ele segurava suas cartas, carrancudo,
como se o tivéssemos ofendido.
“E aí? Você tem algo melhor do que Cody?”, perguntei.
Ele jogou as cartas na mesa e se levantou. “Não quero mais
jogar. Eu nem queria jogar strip pôquer para começar”.
Cody virou suas cartas. “Carta alta. Ops”.
“Eu sabia que você tinha atitude”, disse Rebecca, “mas não
sabia que era um frangote”.
Meu irmão parou no meio do caminho. Depois de um
momento, ele se inclinou e arrancou sua cueca de algodão. Ele
ficou ali parado por alguns segundos.
Cody e eu resmungamos, mas Rebecca não escondeu o fato
de que o estava secando. Seus olhos percorreram o corpo dele, dos
braços cobertos de tatuagens até a bunda, e voltaram para cima. Eu
conhecia aquele olhar, era o mesmo da noite em que tínhamos
transado no celeiro pela primeira vez.
Blake se virou com o pau balançando no ar. “Não sou covarde”,
ele respondeu, olhando nos olhos dela. Então, ele caminhou
lentamente pela escada, indo para o seu quarto.
Rebecca respirou fundo e se virou para a mesa. “Bom,
então…”, suas bochechas estavam vermelhas, e ela mordia o lábio
suavemente.
Talvez ainda haja esperança, pensei.
“E agora?”, Cody perguntou. “Acabou, ou…?”.
Ele me olhou de forma curiosa e conspiradora. Era o tipo de
olhar que ele me dava, quando queria diversão extra especial com
Penny. Nós três estávamos sozinhos e praticamente nus.
Pensamentos atormentadores percorreram minha cabeça.
Alguns dos nossos melhores momentos com Penny foram quando a
tomamos juntos, ao mesmo tempo. Encarei Rebecca e me permiti
imaginar. Seu corpo pálido entre nosso suor, nós todos nos
contorcendo em júbilo irracional. Cedendo às demandas tórridas dos
nossos corpos.
“Bom”, eu disse, “é tarde, mas…”.
Antes que eu pudesse finalizar o pensamento, Blake voltou
para o andar debaixo, vestindo calças de moletom. “Pensei que eu
deveria ajudar a limpar. Já que eu perdi e tal”.
“Muito gentil da sua parte”, eu disse, reunindo as fichas e as
colocando de volta na caixa de pôquer.
E lá se vai a diversão, pensei, enquanto Rebecca reunia suas
roupas. Mas espera para ver. Vamos nos divertir em grupo com
você, quer Blake goste disso ou não.
25

Rebecca

Blake estava definitivamente jogando água no nosso chope.


Bem quando pensei que teria um tempo sozinha com Cody e
Mason, ele pulou no meio, como um árbitro de futebol.
O que era muito ruim, porque os olhares que seus irmãos
estavam me dando sugeriam que eles tinham algo muito divertido
em mente para mim.
Será que eles já fizeram sexo a três?
O pensamento me ocorria, desde o dia em que eles
mencionaram seu casamento anterior. Será que eles a revezavam
toda noite, pacientemente respeitando as barreiras um do outro? Ou
eles a levavam para o quarto juntos, dois pares de mãos explorando
seu corpo, dois lábios beijando seu peito para cima e para baixo…
Me arrepiei com o pensamento erótico. Eu nunca tinha feito
sexo a três antes. Eu nunca nem tinha fantasiado sobre isso – toda
vez que eu pensava em outro homem na cama comigo, ele estava
sozinho. Mas a forma como Cody e Mason tinham me devorado
com os olhos, ao mesmo tempo em que também se entreolhavam,
indicava que eles tinham alguma coisa em mente.
Eu estava muito distraída para tentar escrever qualquer coisa
naquela noite.
Na manhã seguinte, a chuva tinha parado. As galinhas ficaram
felizes em serem libertas do galinheiro e, ansiosamente,
caminharam pelo jardim, devorando minhocas que tinham aparecido
na superfície por causa da chuva. Quando coletei seus ovos e
caminhei de volta para a casa, encontrei Mason e Cody entrando no
carro.
“Precisamos ir até a cidade para preencher documentos sobre
os painéis solares”, Mason explicou. “Precisa de alguma coisa?”.
“Não recusaria sorvete”, respondi, “desde que ele não derreta
dentro do carro”.
O rosto de Mason ficou tenso, quando ele me olhou. “Desde
que Cavalo de Fogo não esteja fugindo da propriedade, quando
voltarmos”.
“Prometo que ele não vai estar!”.
Ele sorriu. “Voltamos em uma hora, mais ou menos”.
“Espera”, eu disse. “Estava pensando… tudo bem se eu for
cavalgar hoje? Não no Cavalo de Fogo, é claro…”.
“Fique à vontade. Dá uma olhada no gado, quando estiver por
lá – não consegui ir agora de manhã. Presta atenção nos lobos –
eles geralmente descem das montanhas para caçar após
tempestades”.
Hesitei. “Eu deveria me preocupar?”.
Mason enfiou o polegar no cinto. “Não… eles sabem se manter
longe de humanos. Se eles a virem num cavalo, vão fugir”.
Cody enfiou a cabeça para fora do banco do passageiro. “Vá
com o Feijão! Ele sempre fica ansioso para cavalgar, quando
chove”.
Troquei de roupa e fui para o estábulo selar Feijão. Escutei um
barulho no chão, enquanto o fazia, e quando o deixei sair pelo
gramado, vi uma escada apoiada no celeiro. Blake estava no
telhado, martelando alguma coisa.
“Você está fazendo muito barulho”, eu disse.
Ele olhou pela borda, viu que era eu e sacudiu a cabeça.
“Ainda tem vazamentos no estábulo”.
Ele não disse mais nada, então montei e saí cavalgando pela
propriedade. Guiei Feijão na direção do rio, logo depois seguimos
para o sul. A água da chuva fluía freneticamente, vindo das colinas
e montanhas ao redor. Eu até vi algumas corredeiras onde o rio era
mais estreito, com espuma branca batendo em pedras enormes.
Não é o mesmo rio calmo e nadável que eu vi, quando
cheguei.
O chão estava macio depois da chuva, e Feijão pisava com
alegria ao trotarmos. Depois que ele se aqueceu, eu o permiti
acelerar até galopar. Era um dia quente, e eu saboreei a sensação
do vento no meu rosto enquanto corríamos por entre colinas, sem
nada ao nosso redor, a não ser campos abertos.
O que minha agente tinha dito ao telefone era verdade: eu
odiei minha infância na fazenda. Quando fiz três anos, comecei a
fazer contagem regressiva, esperando o dia em que ia para a
faculdade em uma cidade de verdade, o que eu achava que
Missoula era na época. Desde aquele momento, eu tinha visto tudo
o que os Estados Unidos tinham a oferecer, desde os arranha-céus
de Manhattan aos subúrbios que se espalhavam ao redor de Los
Angeles. O que eu pensava que era o mundo real.
Mas eu estava de volta a uma fazenda e não podia evitar a
nostalgia. Havia partes daquela vida das quais eu sentia falta. A
calmaria das planícies, o ar maravilhosamente puro, a noite que
tinha mais estrelas brilhantes do que grãos de areia em uma praia,
livres de poluição. Estar de volta em uma fazenda era bom de uma
forma que eu nunca tinha apreciado, quando era criança.
É a maldição da vida adulta: você nunca sabe as coisas boas
que tem até ser tarde demais.
Três meses, pensei, enquanto Feijão cruzava o vale. Vou matar
a saudade por três meses e depois preciso ir embora.
Eu esperava ter que me afastar do rio em algum momento para
procurar o rebanho, mas quando subimos a colina, eu o vi,
espalhado, bem na minha frente. Eles estavam agrupados perto do
rio, se movendo na minha direção. Mesmo com as trotadas
barulhentas de Feijão, eu conseguia ouvir os mus distraídos das
vacas.
E foi quando eu vi um objeto grande no rio, algo preto que se
destacava na espuma branca da água…
Um bezerro.
“Merda”, xinguei, desacelerando as trotadas de Feijão. Naquele
momento, o bezerro estava claramente visível, flutuando pelo rio na
minha direção, se esforçando para manter sua cabeça para fora da
água gelada e gritando amedrontado.
Puxei o comunicador do meu cinto e apertei o botão de
transmissão. “Ajuda! Encontrei um bezerro no rio, a cerca de um
quilômetro e meio do fim da propriedade. Ele ainda está nadando,
mas não sei por quanto tempo vai…”.
Parei, quando me lembrei que Mason e Cody não estavam na
fazenda, eles tinham ido para a cidade. Blake era o único lá, e
Mason disse que ele raramente carregava seu transmissor…
“Estou a caminho”, a resposta de Blake veio um momento
depois. Despenquei na minha sela, aliviada.
“O que eu devo fazer?”.
“Nada”.
“O que você quer dizer com nada?”.
“Se você tentar ajudar, ele vai afundar”.
Olhei o bezerro na água, sem esperança. “E se você não
chegar a tempo?”.
Sua resposta veio ácida como vinagre: “Não se atreva. Eu já vi
mais de um idiota se afogar tentando salvar bezerros”.
“Ok, mas se apresse!”, respondi.
Segui o bezerro pela margem do rio. O resto do rebanho
estava ao meu redor, seguindo o bezerro e enchendo o ar de mus
em pânico. O pobre bezerro gritava, se afundava e segundos depois
reaparecia, gritando mais. Era puro caos e medo.
“A ajuda está vindo”, eu disse. “Aguenta firme!”.
O bezerro estava ficando mais fraco, dava para ver. Ele não ia
sobreviver. Apesar do que Blake disse, eu considerei descer do
cavalo e pular na água. Bezerros pesam mais de cem quilos, mas
tudo fica mais leve entro d’água. Tudo o que eu precisava fazer era
arrastá-lo de volta para a margem.
Eu estava paralisada e indecisa, enquanto o seguia do lado de
fora.
De repente, um cavalo apareceu no horizonte. Blake galopava
na nossa direção em velocidade altíssima, agarrado no pescoço do
cavalo. O rebanho mugiu mais alto, quando sentiu que a ajuda
estava perto.
Blake parou o cavalo na minha frente e imediatamente pulou
da sela, aterrissando na lama perto do rio e gritando. “Segure o
Caçamba”.
Demorei um segundo para lembrar que era o nome do cavalo.
Segurei as rédeas dos dois cavalos: “O que você está fazendo?”.
“O que parece?”.
Eu o encarei, confusa. “Mas você me disse para não fazer isso!
Você disse que eu me afogaria”.
Ele jogou seu chapéu no chão. “Sim”.
Então ele correu e se jogou no rio.
Estremeci com o movimento – eu não sabia o quão raso o rio
era, ou se havia pedras logo abaixo da superfície. Mas ele parecia
bem, quando nadou até o meio do rio. Ele estava a cinco metros do
bezerro, mas a correnteza carregava o animal na sua direção. Blake
nadou e agarrou o bezerro, quando ele se aproximou, se esticando
na água…
O bezerro se moveu e mudou de direção, quando Blake o
puxou. por um instante vi seu punho agarrar a perna do animal,
tentando controlá-lo.
Mas o bezerro entrou em pânico e se debateu na água,
puxando Blake. Tudo o que vi foi o branco dos olhos do bezerro, à
medida que ele cobria o corpo de Blake, puxando-o para baixo.
O bezerro continuou gritando e flutuando correnteza abaixo,
mas eu não conseguia mais ver Blake.
Esperei por três longos segundos.
“Blake?”, gritei desesperada. “BLAKE!”.
26

Blake

Por Deus do céu.


O animal estava sob controle. Alguns puxões, e ele estaria na
margem, são e salvo.
Mas vacas são estúpidas para caralho. Ele agiu como se eu
estivesse lá para assassiná-lo e não o salvar de morrer afogado. Ele
gritava feito um maluco, me chutando furiosamente, com os olhos
cheios de terror, quando me agarrou e me puxou para debaixo
d’água.
Para! Eu queria gritar para o animal estúpido. Você vai nos
matar!
Parei de ouvir seus gritos de repente, quando afundei na água.
A água estava escura e eu não conseguia ver nada. A única
coisa que eu sentia era o animal pesado para caralho nas minhas
costas, tentando me usar como um banco humano, enquanto a
correnteza nos carregava mais para baixo. Estiquei o braço,
empurrando e guiando, tentando chegar à margem para ele não
precisar mais de mim, mas ele resistia e chutava a água ainda mais.
Um chute particularmente feroz fez meu braço pegar fogo,
contrastando com a água gelada dos infernos.
Eu sabia que precisava manter a calma. Entrar em pânico
poderia nos matar, e aquela vaquinha estava prestes a descobrir
isso. Mas meus pés foram arrastados até uma pedra, me virando de
lado na água. Um casco resvalou a parte de trás da minha cabeça e
outro atingiu meu ombro como um soco.
Meus pulmões estavam arfantes, desesperados por ar. Resisti
à dor e me mexi, tentando recobrar o equilíbrio, esticando a mão e
empurrando a vaca na direção de onde eu achava que a margem
estava. Se ela pelo menos conseguisse pisar na terra firme, seus
instintos assumiriam o controle…
De repente, o peso do animal cedeu. A escuridão acima de
mim ficou mais brilhante e eu levantei a cabeça na direção da
superfície.
Engasguei quando o ar entrou nas minhas narinas. O bezerro
não estava mais lá. Xinguei e me virei na água, procurando por ele,
esperando que ele não tivesse flutuado de novo para o meio do
rio…
Lá estava ele, na beira do rio atrás de mim, sendo puxado por
uma Rebecca ensopada. Ela arfava, e as patas do animal tinham
sido puxadas, e ele estava fora da água.
Sabendo que o bezerro estava a salvo, nadei até a borda do rio
e me puxei para fora. Rolei de lado e enfiei a cabeça na lama, sem
me preocupar, porque a única coisa que importava era o céu acima
de mim.
Segundos depois, o gado passou por mim. O bezerro tinha ido
de quase se afogar para caminhar ao lado de sua mãe, como se
nada tivesse acontecido.
“Cuzão”, murmurei.
Rebecca ficou de joelho ao meu lado. Suas roupas estavam
ensopadas coladas ao seu corpo, e um riacho escorria pelo seu
rosto. “Blake! Você está bem?”.
Ela pulou na água. É óbvio que ela pulou.
Fechei os olhos, ofegante: “Te disse. Para não. Entrar. Na
água”.
“Olha sua camisa. Uau…”.
Me inclinei para olhar, mas já sabia o que veria. Minha camisa
tinha sido destruída. Debaixo dela, meu peito estava coberto por
arranhões do casco do animal, inchados e vermelhos. A pele estava
ferida profundamente em alguns lugares.
“Estou bem”.
Seus dedos tocaram meu peito com familiaridade. “Precisamos
limpar essas feridas”.
“Eu disse que estou bem”.
Ela pegou meu chapéu e me encarou com expectativa. “Suba
no cavalo. Vamos voltar para casa”.
Algo no tom dela me disse que era melhor eu obedecer. Além
disso, os arranhões no meu peito estavam começando a doer. Subi
no cavalo e a segui em direção à fazenda. Passamos pelo gado no
caminho, feliz e calmo, agora que o bezerro estava a salvo.
Ninguém precisou morrer hoje, pensei aliviado, homem ou
animal.
Eu estava tremendo, quando chegamos em casa.
Imediatamente subi para tomar um banho quente, me posicionando
no chuveiro de forma que a água não tocasse os machucados no
meu peito. Vesti minha cueca e peguei um kit de primeiros socorros
no banheiro. Fiz uma careta, quando me vi no espelho. Os cortes no
meu peito estavam profundos, vermelhos e sangrando. Parecia que
eu tinha sido atacado por um tigre.
Rebecca invadiu o banheiro. “Com licença?”, ordenei.
Ela abriu o kit e pegou uma garrafa de álcool. “Vou te limpar”.
“Não preciso da sua ajuda”, eu disse.
“Você em algum momento para de brigar com os outros?”, ela
deu um estalo. “Você tem sido um cuzão, desde que eu cheguei
aqui. Não sou sua inimiga. Só estou tentando ajudar. Agora se senta
e sossega para eu limpar essas porras de machucados”.
Caralho, pensei, quando fechei a tampa do vaso sanitário e me
sentei sobre ela. Ela tem mais atitude do que eu pensei.
Ela ensopou um algodão com álcool. “Isso vai arder”.
“Eu sei como funciona”.
Ela rolou os olhos e pressionou o algodão na minha pele.
Travei os dentes e tentei não dar o menor sinal de que eu sentia que
meu peito estava em chamas.
Relaxei, enquanto ela limpava lentamente meus cortes e
arranhões. Ela estava vestindo roupas secas. Uma camiseta larga e
calça de moletom. Seu rosto estava inclinado, ao passo que ela
trabalhava, lábios pressionados de concentração. Sua respiração
fazia cosquinhas no meu peito.
Por alguns minutos eu esqueci o quanto eu queria odiar aquela
garota. Me esqueci que ela era nova, tinha invadido nossas vidas e
estava tentando substituir Penny. Não era culpa dela, mas eu não
me importava. Tudo o que eu conseguia pensar durante a última
semana era no quão errado era ela estar ali.
Mas, naquele momento, com as barreiras no chão, me dei
conta de como era bom ser cuidado. Um toque feminino terno
depois de ficar cara a cara com a morte. Ela era a primeira mulher
que me tocava em dois anos. A primeira que eu tinha permitido
chegar tão perto.
Talvez eu tenha estado errado esse tempo todo, pensei.
Fechei os olhos, quando Rebecca começou a limpar os cortes
profundos. Os últimos dois anos tinham sido longos. Eu não
pensava que estaria pronto para superar Penny nunca. Mas a cada
dia depois que Rebecca tinha chegado, eu cedia um pouco mais…
Abri meus olhos e espiei Rebecca empinada na minha frente,
me dando uma visão perfeita da sua bunda pelo espelho. Redonda
e compressível debaixo daquele tecido de algodão cinza. Abaixei os
olhos. Sua camiseta era larga para a sua silhueta, e me permitia ver
a frente. Vi suas tetas e a pontinha dos seus mamilos duros.
Imaginei como seria enrolar meus dedos em volta deles e, então,
colocá-los na boca…
“Acho que não precisa de pontos”, Rebecca se levantou e
jogou a última bolinha de algodão na lixeira. “Provavelmente, só
bandagem nos cortes mais profundos. Você não vai discutir comigo
sobre isso, vai?”.
“Não”, respondi. “Bandagem é uma boa”.
Ela assentiu, aprovando, e voltou para o kit médico no balcão
do banheiro. Meus olhos escorregaram para a sua bunda, enquanto
ela remexia o kit, mas voltaram para o seu rosto, quando ela virou
para mim.
“Desculpa”, me forcei a dizer.
Rebecca fez uma careta. “Pelo quê?”.
“Você sabe. Pela forma como tenho te tratado”.
“Você quer dizer agir como um cuzão, desde que cheguei
aqui?”, ela ficou de joelhos entre as minhas pernas e removeu o
plástico da bandagem. Meu pau se mexeu dentro da minha cueca,
mas ela pareceu não notar.
“Algo assim”.
Ela parou e me olhou. “Eu entendo”.
Me espantei. “Entende?”.
“Não posso imaginar como é perder alguém. Então, eu chego,
e seus irmãos…”, ela parou. “Como eu disse, eu entendo”.
Ela estava perto o suficiente para eu sentir o calor do seu
corpo pelo tecido da minha cueca. Um pensamento intruso se
contorceu na minha cabeça: Rebecca tirando minha cueca,
agarrando meu pau e o enfiando na boca. Enrolando seus lábios ao
meu redor com força e me chupando, como se não houvesse
amanhã.
A imagem estava me fazendo ficar duro rapidamente, portanto
a afastei da cabeça e disse entre os dentes: “Posso tentar. Ser mais
legal”.
Seus olhos piscaram, me encarando através dos seus longos
cílios, antes de voltarem para a próxima bandagem. “Espero que
sim. Acho que você pode gostar de mim, se me der uma chance”.
“Você acha?”.
“Tenho certeza. Sou um deleite”.
Meu coração pulava dentro do peito, à medida que eu tentava
não pensar naquela bela mulher de joelhos entre as minhas coxas.
Eu não estava acostumado a me sentir daquele jeito por ninguém.
Eu tinha lutado com sentimentos como aquele por dois anos. Era
confuso e frustrante, e me fazia querer empurrá-la para longe e fugir
do banheiro.
Estou cansado de lutar, pensei, enquanto ela gentilmente
colocava a última bandagem no meu peito. Estou exausto para
caralho. Quero ceder.
Ela sorriu para mim, mantendo os dedos no meu peito. “Pronto.
Prometo não te tocar mais”.
Foda-se, pensei. Cansei de me segurar.
Agarrei o braço de Rebecca e cedi à tentação.
27

Rebecca

Por um momento, eu estava totalmente focada em cuidar do


peito de Blake. Ele se sentou quieto e aceitou, respirando pelo nariz,
sem dizer uma palavra. Eu notei que ele só aceitou para se livrar de
mim.
Mas, então, vi que o pau dele estava duro.
E, assim que notei, foi difícil me concentrar nas bandagens.
Um volume grande e cinza estava tentando se libertar da sua prisão
de algodão. Quanto mais eu tentava ignorar, mais meus olhos
ficavam tentados a olhar para baixo e encarar. Dava para ver que
era grande. Talvez o maior entre os irmãos.
“Desculpa”, ele rosnou.
Fiquei tensa. Ele estava mesmo se desculpando pela ereção?
“Pelo quê?”, perguntei cuidadosamente.
“Você sabe. Pela forma como tenho te tratado”.
Relaxei. “Você quer dizer agir como um cuzão, desde que
cheguei aqui?”.
“Algo assim”.
Blake era tudo, menos feio. Na verdade, ele era sexy para
caralho sem camisa, com as tatuagens cobrindo seu corpo. À
medida que eu colocava as bandagens, imaginava como seria sentir
as tatuagens com as pontas dos meus dedos, a textura diferente do
resto da pele. Mas, na verdade, elas eram tão quentes e macias
quanto sua pele imaculada.
Essa ereção não significa nada, provavelmente, pensei,
enquanto continuávamos a conversa. Homens ficam de pau duro
por motivo nenhum. E eu estava de joelhos entre as pernas dele,
afinal de contas. Era um bom motivo para ficar de pau duro.
“Posso tentar”, ele disse com os dentes cerrados. “Ser mais
legal”.
Pisquei, surpresa. “Espero que sim. Acho que você pode
gostar de mim, se me der uma chance”.
“Você acha?”.
“Tenho certeza. Sou um deleite”, respondi.
Ele quase sorriu. Quase. Mas conseguiu segurar.
“Pronto”, eu disse, colocando a última bandagem. Sua pele
estava quente debaixo dela. “Prometo não te tocar mais”.
Tentei me levantar, mas Blake foi mais rápido e agarrou meu
braço.
Por três longos segundos nos encaramos. Me perguntei o que
estava passando dentro daquela cabeça. Eu conseguia sentir o
animal dentro dele lutando para se libertar. Como um cavalo arisco
dentro de um cercado.
Então, ele abriu o portão.
E me puxou para perto dele. Perdi o equilíbrio e caí contra seu
peito, e ele me resgatou pelos lábios, com os seus. Nossas bocas
se agitaram uma na outra em um beijo profundo, línguas
experimentando avidamente, à medida que seu corpo se ergueu de
desejo, o volume da sua cueca roçou meu braço.
“O que…”, me engasguei. “Pensei que você…”.
“Pensou errado”.
Blake se levantou do seu assento, me jogando no seu ombro,
sem nenhum esforço. Vi sua bunda envolta por algodão, enquanto
ele me carregava pelo corredor até seu quarto. Gemi, quando fui
jogada na cama e rolada de lado para vê-lo parado sobre mim.
Suas mãos alcançaram minha calça, e ele puxou minha
calcinha junto, deixando meu sexo quente exposto. Eu estava
ensopada de desejo, meus mamilos duros pressionavam minha
camiseta, quando ele agarrou o tecido e puxou por cima da minha
cabeça, jogando de lado de qualquer jeito.
“Você tem certeza de que…”, comecei.
Blake parou com a mão na cueca, que mal continha seu
volume. “Tenho certeza do que eu quero. Se você não tem, é melhor
me falar agora. Porque assim que eu começar, você não vai querer
que eu pare”.
Sua voz rouca fez meu corpo todo se arrepiar de ansiedade.
Mordi meu lábio e dei um pequeno aceno de cabeça.
Eu o quero muito.
Seu pau se libertou, quando ele removeu a cueca e se
aproximou por cima de mim, uma estátua pulsante de músculo e
tatuagem, correndo os olhos pelo meu corpo e me destruindo sem
nem me tocar.
Blake agarrou meus calcanhares e me puxou para a beirada da
cama. Então se ajoelhou tão rápido que me engasguei de surpresa,
quando sua língua encostou na minha abertura, e ele deu três
longas lambidas antes de se erguer de novo. Ele agarrou seu
próprio pau e o guiou para a minha abertura, metendo com uma
luxúria poderosa, guiado pelo seu desejo por mim e não por seus
pensamentos conscientes. À medida que minha lubrificação o
cobria, ele entrava mais fundo, até uma estocada final das suas
coxas musculosas me preencher da cabeça à base.
É, pensei, ele é definitivamente o maior entre os irmãos
Cassidy.
Gememos juntos com o êxtase mútuo. Sua mão se fechou no
meu peito, apertando-o e roçando o polegar no meu mamilo duro.
Blake ficou dentro de mim, encarando meu corpo nu, enquanto eu
me acostumava com o seu tamanho. Eu queria que ele gostasse de
mim, desde que cheguei à fazenda, mas não achava que fosse
acontecer de repente. Meu corpo estava tão quente que era como
se eu fosse lava vulcânica.
Com a outra mão, ele agarrou minha coxa e então libertou o
animal que ele tinha tentado conter. Ele se colidiu no meu corpo
completamente, não só seu pau duro. Gritei, quando ele começou a
se mover mais rápido, deliciosamente metendo em mim, mexendo
seu corpo suavemente, como um vaqueiro no seu cavalo.
Será que ele estava pensando nisso?
Algumas lâmpadas se acenderam na minha cabeça. Aquilo
não era só uma cópula impulsiva após salvarmos o bezerro no rio.
Ele já tinha pensado naquilo, exatamente naquilo, por um tempo.
Talvez desde o dia em que eu cheguei à fazenda.
Blake acelerou o ritmo, destruindo qualquer pensamento meu.
Suspirei em êxtase, à medida que ele me tomava com desejo
fervente, nossas peles se batiam a cada estocada.
“Assim”, ronronei, quando a última estocada de Blake ficou no
ângulo certo para atingir o lugar perfeito. “Bem assim”.
“É?”, ele perguntou, me atingindo de novo. “Bem. Assim?”.
Minha resposta foi outra lamúria, porque a cabeça do seu pau
tinha atingido meu ponto G. Fechei meus olhos, e nós entramos em
um ritmo perfeito, nos rendendo aos movimentos irracionais dos
nossos corpos. Cada vez que seu pau entrava em mim, eu sentia
meu orgasmo iminente subindo mais um degrau, um orgasmo que
quebraria a cama e faria as paredes explodirem para fora.
“Caralho, caralho”, ele rosnou, como se estivesse sendo
possuído.
Blake deu sua última estocada, agarrando minha coxa e
apertando meu peito, então seu pau explodiu feito uma dinamite
dentro de mim. Arqueei as costas e me empinei para ele, me
perdendo no prazer que invadia meu corpo, como jatos de fogo se
espalhando em todas as direções.
Ele caiu sobre mim, enquanto seu pau continuava
espasmando, me beijando longamente e afogando meus gritos
frenéticos. Minhas paredes se contorciam, enquanto ele se movia
dentro de mim, escorregadias com o seu leite se unindo ao meu
próprio caldo. Ele parecia mais grosso do que nunca, por mais
impossível que fosse, e eu apertei minha boceta em volta da sua
vara para ordenhar até sua última gota.
Blake descansou sua testa no meu ombro, arfando tão
intensamente quanto quando ele saiu do rio e se deitou na margem.
Seu pau continuava se remexendo dentro de mim, como se ele
quisesse ter mais para me dar.
Ele levantou sua cabeça do meu ombro, encarou meus olhos,
e um momento de claridade passou entre nós.
Ele queria fazer isso, eu soube com certeza. Ele finalmente
cedeu. E está feliz por ter cedido.
Alívio e alegria me invadiram, quando ele encostou seus lábios
nos meus, me beijando com mais suavidade do que antes. Mais
suave do que eu esperava para um homem feito Blake.
Ele caiu de lado na cama, me puxando para cima dele para me
acariciar. Passei uma perna por cima da sua cintura e me agarrei ao
seu corpo.
“Você está bem?”, perguntei.
Ele resmungou. “Por que eu não estaria?”.
Porque eu provavelmente sou a sua primeira transa desde a
sua ex.
Eu não queria dizer aquilo, portanto, só passei meus dedos
pelo seu peito. “Seus arranhões. Não sei se doeram, enquanto
estávamos… você sabe”.
“Já estive em condições piores”.
Sorri para ele. “Você está falando das feridas ou do sexo”.
Ele retumbou numa risada. “Ambos”, suas mãos escorregaram
pelas minhas costas, e ele deu um tapa alto e ardido na minha
bunda.
“Você não foi tão mal assim também. Considerando que fazia
dois anos que você não comia ninguém”.
Era uma provocação, mas também um teste. Uma forma
indireta de saber se minha presunção era verdadeira. Segurei a
respiração, esperando para ver se ele cairia no meu golpe.
“É como andar de bicicleta”, ele disse, apertando minha bunda,
como se quisesse começar de novo. “Não vou mentir. Foi meio
estranho”.
“Estranho? Isso não é exatamente o que as pessoas gostam
de ouvir na cama”, pontuei.
“Não estou tentando dizer o que você quer ouvir. Estou
tentando dizer a verdade. Como você disse, faz dois anos. Eu não
sabia se faria isso de novo na vida”.
“Na vida?”, perguntei.
Senti o aceno dele. “O que tivemos com Penny foi real. Do tipo
que a maioria das pessoas nunca encontra. Do tipo de coisa que
você só consegue uma vez na vida, se tiver sorte. Depois que
Penny morreu, pensei: é isso, aproveitei minha chance única”.
“E agora?”.
Sua voz era rouca e profunda. “Talvez eu estivesse errado.
Estou começando a pensar nisso. Eu sei uma coisa: estou cansado
de me segurar por causa do passado”.
Sorri para ele, ele segurou meu queixo e me beijou.
O som dos pneus da caminhonete no cascalho nos despertou
do nosso transe pós-coito. Blake afastou seu corpo quente do meu e
rapidamente começou a se vestir.
“Por que a pressa?”, perguntei. “Você não quer contar aos seus
irmãos que nós…”.
“Não, vamos contar a eles”, ele respondeu, agarrando suas
calças no chão. “Mas, antes, eles precisam ouvir o que aconteceu
com o bezerro”.
28

Rebecca

Corremos para vestir roupas limpas e corremos para o andar


de baixo, onde os rapazes estavam descarregando as compras da
caminhonete.
“Vocês não estão trabalhando?”, Cody perguntou com o olhar
curioso. “Se eu não te conhecesse bem…”.
“Um dos bezerros caiu no rio”, disse Blake. “Foi arrastado pela
correnteza”.
Mason bateu a porta do carro com raiva. “Eu disse que
precisávamos da cerca pronta rápido!”.
Blake recuou. “Que merda você está tentando dizer?”.
Mason largou as compras e enfiou um dedo no peito de Blake,
fazendo o rosto do homem se contorcer de dor. “Se você estivesse
trabalhando duro desde que chegou aqui e não dormindo no
trabalho, a cerca do rio já estaria pronta!”.
Blake empurrou seu dedo. “Vai se foder!”.
“Ei, esperem!”, gritei.
“Eu sabia que era uma questão de tempo até a gente se dar
mal por causa das suas merdas”, Mason rosnou. “Se você não quer
estar aqui, vai embora. Vamos te substituir com alguém que trabalha
direito”.
Blake empurrou o irmão contra o carro. Mason rosnou e deu
um passo para a frente para desferir um soco, mas Blake deu um
passo para trás, e seu irmão mais velho cortou o ar com o punho
cerrado.
“PAREM AGORA!”, gritei, entrando entre eles.
Ambos congelaram, então abaixaram seus punhos.
“O bezerro não foi culpa de ninguém”, eu disse, com as mãos
para cima, tentando acalmá-los, “ele já está com o rebanho agora.
Tudo está bem. Blake veio, assim que o chamei pelo transmissor, e
pulou no rio para resgatar o animal. Ele tem cicatrizes para provar”.
Aquilo surpreendeu Mason. Ele piscou e perguntou: “Você
pulou na água?”.
“Eu não ia deixar o idiota do animal se afogar”, Blake
respondeu.
Mason o analisou, olhou para mim e de volta para o irmão.
“Você se machucou no processo?”.
Blake levantou sua camisa para mostrar as bandagens. “Ele
me ferrou de verdade”.
Cody assobiou. “Ninguém nunca vai poder dizer que você não
chuta bundas, irmão”.
Blake ajustou sua calça. “Tomei uns chutes aqui também”.
Todos riram suavemente, e a tensão lentamente se dissipou.
Blake pegou o saco de compras do chão e suspirou.
“Eu quero estar aqui”, ele disse. “Só preciso de tempo para
trabalhar em algumas coisas”. Ele me olhou e acenou, como se
estivesse se convencendo daquilo.
“Desculpa pelo que eu disse”, Mason disse, “foi babaquice”.
“É, você é bom em ser babaca”, Blake respondeu.
Mason apontou um dedo para ele. “Cuidado”, mas disse isso
sorrindo, e não no calor da briga anterior.
“Ok, abraço coletivo!”, Cody disse. “Não? Sem abraço coletivo?
Ok, ok, só queria checar…”.
Ajudamos a descarregar as compras e fomos realizar nossas
tarefas diárias. Cody e eu guiamos Cavalo de Fogo para o cercado
e passamos meia hora o treinando. Dando cenouras a ele e o
deixando se acostumar mais conosco. Quando terminamos,
estávamos confiantes de que conseguiríamos colocar a sela nele na
semana seguinte.
Cody fez bolo de carne e pãezinhos amanteigados para o
jantar. Blake recontou o incidente com o bezerro e como ele pensou
que ia morrer até eu pular na água e puxar o animal para a margem.
“Ele fez o trabalho pesado”, eu disse, reunindo os pratos da
mesa. “Minha parte foi simples”.
“Como quando Blake não consegue abrir um pote de picles!”,
disse Cody. “Aí eu apareço e abro com facilidade, e ele diz que é só
porque ele já desafrouxou antes”.
“Tipo isso”, peguei os pratos e os levei para a cozinha, então
peguei um pote de meio litro de sorvete na geladeira, tigelas e
colheres.
Quando voltei para a mesa, todo mundo estava me encarando.
E não porque eu estava trazendo sorvete.
“Vocês dois…”, os dedos de Mason balançavam entre mim e
Blake. “Você e Blake transaram?”.
“Sim”, respondi em voz baixa. Eu ainda pensava que aquilo era
como uma confissão, o que fazia meu estômago se revirar. Eu tinha
transado com Mason e Cody, e agora eu confessava que tinha feito
o mesmo com Blake.
Mas Mason e Cody reagiram com alegria à notícia.
“Caramba!”, Cody disse. “Eu sabia que você derreteria seu
coração congelado”.
“Ei”, Blake disse ofendido, “não há nada de errado com meu
coração”.
“Isso é você que está dizendo…”.
Mason assistiu aos irmãos trocarem farpas sorrindo em
silêncio.
Coloquei o sorvete e as tigelas na mesa. “Vou ser honesta, é
meio estranho falar sobre isso tão abertamente. Ainda sinto que
estou fazendo alguma coisa errada”.
Blake agarrou meu braço e me puxou para o seu colo. “Se isso
está errado, quem quer estar certo?”, e me beijou.
“Aí está o Blake de quem sentimos falta”, disse Cody. “Como
se não tivesse ido a lugar algum”.
“Tudo está claro”, disse Mason, “nós todos sabemos nossos
lugares. Não há nada de errado”.
“Vocês estavam certos”, Blake disse. “Ela é boa pessoa. Eu
não sabia o que estava perdendo”.
Eu desci do seu colo, e ele me deu um tapa barulhento na
bunda.
“Em nome da família Cassidy”, disse Mason, “peço desculpas
pelos modos do meu irmão à mesa”.
Sacudi a bunda e disse: “Não ligo de tomar tapa na bunda à
mesa”.
Sentei, abri o sorvete e comecei a servir bolas.
“Isso significa que você está considerando nossa oferta?”,
Mason perguntou.
“Considerando?”, perguntei. “Estamos fazendo isso. Vocês
queriam me dividir e, bem… é o que está acontecendo”.
“Me referi à sua estadia. Ficar aqui na fazenda depois dos três
meses de contrato”.
“Ah”, eu disse, escorregando uma tigela para Blake, “Talvez.
Ainda é cedo. Talvez vocês três me entediem até o fim do contrato”.
A piada conseguiu mudar o assunto. Cody se inclinou na mesa
e disse: “Te prometo agora, Becca: não vai acontecer”.
“Encontraremos formas de mantê-la feliz”, Mason concordou.
Blake colocou o pé na mesa e comeu seu sorvete. “Isso aí”.
Eles gargalharam e me provocaram com dicas dos planos que
tinham para mim, mas eu precisei me forçar a rir de volta para eles.
O que vai acontecer depois de três meses? Pensei. O que vou
fazer?
29

Rebecca

Pelas semanas seguintes, ficamos tão ocupados na Fazenda


Cassidy que os dias começaram a se misturar.
Eu realizava minhas tarefas regulares com as galinhas, cabras
e Bessie, e quando terminava, fazia quaisquer outras coisas
necessárias. Terminei de consertar os vazamentos do estábulo e
ajudei Blake a construir a cerca nas margens do rio. Ele era um cara
basicamente quieto, mas um tipo diferente de quieto agora. Mais
feliz do que irritado.
Sem mencionar todos os apertões de bunda enquanto
trabalhávamos. Com base no quanto ele gostava de fazer isso, ele
definitivamente preferia bundas a peitos.
Eu dormia com um homem diferente quase toda noite. Cody
invadiu meu quarto um dia, trancou a porta e arrancou as roupas,
fazendo uma pose com a mão na cintura e o chapéu de caubói na
cabeça.
“E aí?”, ele disse com um tom de luxúria tão ridículo que eu caí
na gargalhada.
“Ai merda”, ele disse com um sorriso juvenil, “não sei se vou
conseguir performar depois de você gargalhar do meu bumbum”.
“Eu não estou rindo disso, estou rindo de você”, eu disse,
jogando as cobertas para o lado. “Venha aqui e me esquente”.
Ele mergulhou em mim, como se tivesse passado o dia
pensando naquilo.
Na noite seguinte, Mason me agarrou, quando estava
escovando os dentes. Ele inclinou a cabeça, me pedindo para segui-
lo e desapareceu do portal do banheiro. Terminei a escovação e fui
para o seu quarto, trancando a porta atrás de mim. Nós dois nos
atracamos feito ímãs, arrancando nossas roupas e cedendo ao
impulso irracional dos nossos corpos.
Uma coisa era certa: eu não estava escrevendo muito… mas
não me importava.
Minha agente, entretanto…
Terry tentou me ligar um dia, então dois dias depois. Eu ignorei
as duas chamadas. Parte de mim queria falar com ela, contar para
alguém sobre a diversão que eu estava experimentando, mas eu
sabia que ela ia distorcer meu entusiasmo e transformar em algum
tipo de melhoria no livro. E naquele momento, eu queria aproveitar o
que eu estava fazendo, sem macular a história com motivos ocultos.
Eu queria poder contar a eles, pensei, enquanto acariciava
Blake numa noite. Mas eu sabia que era tarde demais para isso. Se
eu fosse honesta àquela altura, depois de ter dormido com os três
homens, eles não me perdoariam. Eles me acusariam de usar a
fazenda e os usar para os meus próprios propósitos.
E o que mais me doía é que eles teriam razão.
Minha próxima tarefa era a colheita. Eu tinha pesquisado tanto
sobre como colher lentilhas e ervilhas que quando chegou a hora
finalmente, parecia que eu tinha me formado em agronomia de
verdade.
“Chacoalhem a planta um pouco”, eu disse, ao caminharmos,
nós quatro, pelas fileiras da plantação. “Estão ouvindo esse som de
chocalho? Significa que as vagens estão maduras o suficiente para
colher”.
As plantas tinham que ser removidas pela raiz, o que era um
trabalho duro e moroso sem a ajuda das máquinas. Comecei a
entender por que os donos anteriores da fazenda só tinham duas
plantações pequenas. Qualquer coisa maior do que aquilo
requereria um investimento significativo em cultivadores,
escarificadores e aradores.
Demoramos seis horas para colher todas as lentilhas e
ervilhas. Quando terminamos, colocamos as plantas no sol atrás do
celeiro.
“Agora temos que secar até elas ficarem marrons”, expliquei,
“em uma semana ou duas. Ainda bem que não há previsão de
chuva”.
Mason tirou seu chapéu para secar o suor da testa. “Alguma
ideia sobre o que deveríamos plantar no inverno?”.
“Inverno? Hm, eu não pensei muito sobre isso ainda…”.
Cody inclinou a cabeça. “A família que era dona da fazenda
antes mencionou cenouras ou rabanetes. Mas eles também
disseram que talvez eles não sobrevivam, se pegarmos gelo por um
longo tempo”.
Fingi uma careta e acenei. “É muito trabalho sem tanto retorno.
Podemos tentar, se vocês quiserem…”, meu tom deixou claro que
eu tinha pensado naquilo antes.
“Já temos muito trabalho…”, Mason disse. “Mas vamos pensar
na primavera… se você decidir ficar, é claro”.
“Sim, definitivamente”, eu disse. “Que tal forrageiras? Para
duzentas cabeças de gado, vocês vão precisar de muito feno no
inverno”.
“Está na lista do futuro”, Mason explicou. “Por agora, temos um
contrato de suprimentos com as fazendas vizinhas”.
Cody e eu trabalhamos no Cavalo de Fogo naquela tarde. O
Mustang preto ainda se recusava a deixar qualquer homem se
aproximar dele, mas tinha ficado meu amigo. Talvez não um amigo,
mas ele me tolerava o suficiente para me deixar alimentá-lo.
Depois de algumas cenouras, consegui colocar a sela nele.
Dez minutos depois, consegui apertar as alças e colocá-la no lugar.
“Boa garota”, disse Cody, “você vai montá-lo hoje?”.
Eu estava exausta da colheita, mas com o cavalo selado, era
difícil dizer não.
“Acho que vou tentar”, respondi.
“Tome cuidado”.
Passei alguns minutos acalmando o cavalo e o fazendo se
acostumar com a minha voz e a sela. Então, coloquei um pé no
estribo e o montei.
Cavalo de Fogo bufou e deu passos para o lado, mas não
empinou. Fiquei tensa e agarrei o punho com força, esperando tudo
dar errado, mas aí o cavalo relaxou.
Apertei a correia do meu chapéu, respirei fundo e acenei para
Cody. “Ok. Abra o portão”.
Ele hesitou. “Você não quer começar dentro do cercado?”.
“Ele precisa liberar energia”, eu disse. “Assim que ele fizer isso,
posso trabalhar melhor com ele”.
O loiro lindo parecia querer argumentar comigo, mas ele só
abriu o trinco, e o portão balançou para o lado.
Cavalo de Fogo caminhou pela abertura, e eu conseguia sentir
sua suspeita, como se fosse uma armadilha. Cody se afastou, ao
passarmos, então viramos em direção ao pasto da fazenda.
E o cavalo se libertou. Correu para a frente, batendo as pernas
com um fervor furioso, tentando fugir.
“Toma cuidado!”, foi a última coisa que ouvi Cody gritar antes
de me afastar da casa da fazenda.
Abaixei a cabeça contra o pescoço do Mustang, enquanto ele
galopava, subindo e descendo colinas. Cavalgar um cavalo não
domado era totalmente diferente. Mesmo quando Feijão galopava,
ele hesitava, sempre esperando por um comando do cavaleiro. Ele
era manso.
Mas Cavalo de Fogo correu pelo pasto com uma força
incontrolável, batendo os cascos no chão. Por vários minutos, eu só
fiquei lá, agarrada nele, ao passo que ele saboreava sua liberdade.
Finalmente, ele desacelerou, porque foi ficando cansado. Ele
viu o rio na nossa direita e se virou naquela direção, pausando,
quando chegamos à margem, para poder se inclinar e beber água.
“Bom garoto”, eu disse suavemente. “Você deve estar com
sede”.
Quando ele se endireitou, usei as rédeas para conduzi-lo para
o lado direito, na direção de onde tínhamos vindo. Ele resistiu por
um momento, puxando o freio na sua boca, mas decidiu se virar
naquela direção, como se ele sempre tivesse querido.
Passei os dez minutos seguintes o guiando lentamente com as
rédeas. Fazendo-o se acostumar com a ideia de fazer o que eu
queria, e não suas próprias vontades. Quando voltamos para a
fazenda, ele estava absolutamente obediente.
Cody bateu na aba do chapéu quando me viu. “Não vou mentir,
Becca, estou super impressionado”.
Mason estava parado na varanda com os braços cruzados e
um sorrisão. Dei a ele um aceno lúdico.
“Agora ele é seu cavalo, certamente”, disse Cody. “Nunca
consegui fazê-lo me obedecer desse jeito”.
Sorri orgulhosa, quando desci do cavalo, e o guiei até o
estábulo.
“Posso perguntar uma coisa?”.
Cody fechou a porta do cercado do cavalo. “Becca, você pode
perguntar o que quiser…”.
“Por que o nome dele é Cavalo de Fogo?”, perguntei. “Não me
entenda mal, combina com ele. Mas não é nada como os outros
nomes: Caçamba, Azedinho, Feijão…”.
“Merda…”, Cody respondeu, coçando os cabelos debaixo do
chapéu. “Pensei que se desse um nome tosco para ele, ele ficaria
ainda mais irritado!”.
“Então tudo bem, se eu o rebatizar?”.
“Depende. O que você tem em mente?”.
“Pensei em Vesúvio. Porque ele é calmo do lado de fora, mas
pode entrar em erupção a qualquer momento!”.
A gargalhada de Cody encheu o celeiro, enquanto
guardávamos o equipamento de montaria.
30

Rebecca

Brincamos sobre nomes para o cavalo durante o jantar.


Vesúvio e Mexicano eram os favoritos. Mas, no fim, decidi não
rebatizar o cavalo. Eu estava acostumada a chamá-lo de Cavalo de
Fogo e combinava com ele, mesmo. Além disso, o que Cody tinha
dito estava certo: eu estava com medo de que qualquer nome idiota
irritasse o cavalo.
Passei uma hora cavalgando nele, para gastar sua energia e
acostumá-lo a carregar pessoas. Ele estava tão manso que eu
consegui até desmontar e guiá-lo usando o cabresto, e ele me
seguiu obedientemente.
Numa noite, Mason bateu na porta do meu quarto para algo
mais do que uma noite de sexo divertido.
“Cody e eu vamos fazer uma pequena viagem amanhã”.
“Para a cidade?”, perguntei, fechando meu laptop com cuidado.
Ele sacudiu a cabeça. “Para as montanhas. Vamos procurar
árvores pela propriedade. Tenho a impressão de que o agrimensor
subestimou a quantidade de lenha que conseguimos obter, deste
modo, vamos recontar para ter certeza. Vamos ficar fora um dia e
uma noite”.
“Ah, então vocês vão viajar para a propriedade mesmo. Me
avise se precisar que eu cuide de alguma coisa, enquanto vocês
estiverem fora”.
“Já está tudo mais ou menos ajeitado, na verdade. Só a cerca
que precisa ser terminada, e a casa ainda precisa de alguns
reparos, mas isso pode esperar até voltarmos”, ele parou. “Pensei
em te convidar para ir conosco, na verdade”.
“Para as montanhas?”.
“Vamos acampar. Temos sacos de dormir e uma barraca para
cinco pessoas, se ficar muito frio à noite. Mas se você quiser ficar,
tudo…”.
“Eu adoraria ir!”, eu disse. “Eu acampava, quando era criança,
não me importo com a natureza selvagem por uma noite”.
Com base no sorriso que invadiu seu belo rosto, ele estava
feliz por eu ter aceitado. “Vamos partir antes do almoço”.
Após terminarmos nossas tarefas na manhã seguinte,
preparamos os cavalos e partimos. “Se certifique de que a fazenda
não pegue fogo”, Mason alertou Blake, quando saímos.
“Se certifique de que nada aconteça com a minha garota”,
Blake respondeu, mortalmente sério.
Mason assentiu com a mesma seriedade do irmão.
Minha garota, pensei, enquanto nos dirigíamos para o leste, na
direção das montanhas. Eu meio que gosto de como isso soa.
“Blake sempre foi o mais possessivo”, Cody disse, cavalgando
ao meu lado.
“Só fica pior, à medida em que o tempo passa”, Mason disse
do meu outro lado.
Fiz uma careta. “Achei que vocês três eram bons em dividir”.
“Ah, nós somos”, disse Cody. “Não duvide disso. Mas só
porque Blake divide brinquedos, não significa que ele deixe de
pensar neles como seus brinquedos”.
“É só não quebrar nenhum deles”, Mason murmurou. “Ele
ainda está puto com aquela merda de trator. Até hoje”.
Cody gargalhou, e Mason deu uma olhada feia para ele, o que
só o fez rir mais ainda.
“Então, vocês estão pensando em apanhar lenha na
propriedade?”, perguntei ao nos aproximarmos das montanhas.
“Primeiro, porque é renda extra”, Mason explicou. “Segundo,
porque podemos manter um pouco para nosso próprio uso. A
madeira precisa ser tratada e cortada corretamente, mas temos uma
empresa que vai fazer isso tudo para nós. Se tivermos nossa própria
lenha, é uma viagem a menos para a cidade”.
“Vocês estão mesmo tentando ser autossuficientes”, observei.
“É o estilo de vida que queremos!”, Cody disse alegremente. “E
se pudermos cultivar, criar ou cortar qualquer coisa aqui mesmo na
fazenda, vale a pena!”.
Eu estava satisfeita com a forma com a qual Cavalo de Fogo
estava se dando bem com o grupo. Alguns cavalos recém domados
não se comportam bem entre outros, mas ele pareceu se adaptar,
como se fosse natural. O que provavelmente era.
Quando atingimos a cerca na fronteira leste da fazenda, o ar
estava frio. Cody abriu o portão e cavalgamos para a floresta. O
terreno era mais íngreme, com afloramentos rochosos ocasionais.
Mason nos parou, quando chegamos no meio da floresta. Ele
jogou um objeto de metal para Cody e outro para mim. Parecia um
isqueiro de metal, mas tinha números na frente e um botão no topo.
“Estes são contadores”, Mason explicou. “Vamos cavalgar para
o norte até atingirmos a fronteira, contando as árvores no caminho.
Vamos nos espalhar, cada um de vocês vai para um lado, a cinco
metros de mim. Então contaremos as árvores num raio de três
metros cada”.
“Mas isso é só uma parte da floresta”, eu disse, imaginando o
mapa da fazenda, “vamos contar o resto depois?”.
“Não precisa”, Cody respondeu. “O agrimensor estimou com
base em imagens de satélite. Ele basicamente adivinhou quanta
lenha temos na propriedade”.
Mason assentiu. “Contando uma pequena faixa de árvores,
daqui até a fronteira norte da propriedade, vamos ter um número
para comparar ao dele, e isso vai nos mostrar quão precisa sua
contagem foi”.
“Faz sentido”, eu disse.
Nos afastamos e cavalgamos para o norte em um ritmo
tranquilo. Eu apertava o botão para cada árvore a três metros de
mim, e o número subia unidade por unidade. O terreno era inclinado
e rochoso, e os cavalos escolhiam onde pisar com cuidado.
Era um trabalho irracional e me permitia relaxar e aproveitar o
entorno. O ar estava mais frio lá, com cheiro de terra e pinheiro.
Aquilo acalmava minha alma de uma forma que Great Falls jamais
conseguiria.
Contamos as árvores enquanto o sol se punha no Oeste.
Cruzamos um pequeno córrego, cavalgamos por mais um minuto, e
Mason desmontou.
“Aqui é o único lugar plano para acamparmos. Podemos
terminar o resto de manhã”.
Amarramos os cavalos e descarregamos o equipamento.
Mason e eu montamos a barraca, à medida que Cody juntava lenha
para fazer uma fogueira. A tenda tinha a forma de cúpula e era
grande o suficiente para pelo menos cinco pessoas.
Me pergunto o que vai acontecer ali dentro, pensei. Será que
Mason e Cody tinham planos divertidos para mim? Entretanto, eu
estava imunda da cavalgada. Sujeira e poeira não eram exatamente
sexy.
Peguei uma toalha da minha mochila e disse: “Acho que vou
andar até o córrego e me limpar”.
“A água vai estar gelada”, disse Cody montando a fogueira.
Dei de ombros. “Melhor que nada”.
Mason abriu uma lata de chili. “Provavelmente você está
segura. Não vi sinais de lobos, e a fumaça da fogueira vai mantê-los
afastados”.
“Você precisava ter mencionado lobos?”, perguntei. “Agora vou
pular a cada barulho que ouvir”.
Ele sorriu e pegou o revólver do seu coldre. “Quer levar?”.
“Provavelmente, eu vou atirar no meu próprio pé, de medo”.
“Melhor você tomar banho rápido então”.
O sol tinha se posto, mas ainda dava para ver a luz do
crepúsculo ao caminhar para o sul. Parecia demorar horas a pé,
mas finalmente ouvi o barulho da água na descida.
Joguei minhas roupas e toalha em uma pedra ao lado e me
sentei para tirar as botas. Tirei tudo, até ficar totalmente nua. A
maior parte do córrego era rasa, com a exceção de uma piscina
perto de uma pedra grande.
Cody estava certo: a água estava congelante. Respirei fundo e
joguei água pelo corpo, rapidamente esfregando a imundície da
cavalgada. Apesar da temperatura desconfortável da água, me
lembrei de nadar no lago da fazenda do meu pai. No inverno,
quando não tínhamos nada para fazer, papai e eu vestíamos nossas
roupas de banho e pulávamos no lago. Competíamos para ver quem
ficava dentro por mais tempo. Meu pai sempre desistia antes, mas
em retrospecto, me dei conta de que ele provavelmente estava me
deixando ganhar.
Fazia um tempo, desde que eu tinha ido à fazenda pela última
vez. Feriados e aniversários eram as datas que me levavam até lá.
Eu deveria ir mais lá, pensei, enquanto comecei a tremer no
córrego.
Feliz por estar suficientemente limpa, saí da água e me sequei
com a tolha. Já estava escuro, mas a luz da lua me permitia ver
bem. A luz laranja da fogueira estava quase invisível por entre as
árvores ao longe.
Eu estava tremendo de frio, então me vesti rapidamente. Não
há nada melhor do que uma calcinha limpa para fazer uma mulher
se sentir renovada. Alguns minutos na frente do fogo, e eu estaria
nova em folha.
Vou descobrir o que os dois estão planejando para mim.
Pisei em um graveto, mas o graveto se moveu.
Não é um graveto, pensei, enquanto a coisa fustigava minha
perna. É uma cobra.
31

Cody

“O que você acha?”, Mason me perguntou.


Estávamos assentados em volta da fogueira, esquentando o
chili em uma panelinha. Depois de um dia todo cavalgando pelas
montanhas, era bom descansar os ossos na frente do fogo.
Os olhos de Mason piscaram do outro lado do fogo. “Você acha
que ela vai ficar?”.
Era a pergunta que tinha habitado minha cabeça nas últimas
semanas, desde que começamos a negociar com Becca. As coisas
estavam indo bem, logo que Blake cedeu, ele se entregou a ela,
como se tivesse sido daquele jeito sempre, e não fosse um novo
relacionamento. Da parte de Becca, parecia que ela estava amando
nosso acordo na fazenda.
Mas ainda não tínhamos uma resposta dela.
“Por que ela não ficaria?”, perguntei casualmente.
Mason sacudiu a panela de chili, conferiu e a colocou de volta
no fogo. “Não sei. Ela parece resistente. Como se quisesse dizer
sim, mas tivesse algo a impedindo”.
“Talvez”, eu disse. Mesmo que aquilo estivesse na minha
cabeça, eu não queria pensar no assunto com tanta intensidade. Eu
não queria perder a diversão de vista por me preocupar com o
futuro. As coisas se resolveriam de uma forma ou de outra. Era
sempre assim.
Mas, bem no fundo, eu sabia que estava me apaixonando por
aquela garota. E eu podia apostar que Mason e Blake também
estavam. Ela não era só uma ajudante que contratamos. Ela era
parte da família.
Mas será que ela pensava da mesma forma?
Aí está você pensando nisso de novo, minha cabeça me
alertou. Pare de se preocupar e aproveite o agora.
“Você acha estranho ela ter ido se limpar?”, perguntei.
“Estranho como?”.
Dei de ombros. “Talvez ela estivesse suja da cavalgada. Ou
talvez ela só quisesse se certificar de que está limpa o suficiente
para…”.
Os olhos de Mason se arregalaram, quando ele se deu conta.
“Você acha que isso significa…?”.
“Eu acho e mesmo que não signifique, estou pensando no que
deveríamos fazer com ela essa noite…”.
“Você acha que ela está pronta?”.
“Nós três já a tomamos de todas as formas, individualmente”,
respondi. “Acho que ela está pronta para avançar para a próxima
etapa. Aliás, eu tenho certeza!”.
Mason abaixou os olhos para a fogueira. “É. Estive pensando
nisso também…”.
“Que noite melhor do que hoje?”.
Vi o olhar do meu irmão, à medida que ele considerava a ideia.
Um bando de pássaros, de repente, levantou voo e sobrevoou
nossas cabeças, indo para o sul. “Lobos?”, perguntei.
Mason se virou para olhar naquela direção. “Sem chance. Eles
só se aproximariam se estivessem famintos, e tem muita comida
nas montanhas para eles. Rebecca provavelmente fez um barulho”.
“Sim, gritou, quando entrou na água gelada”, concordei com
uma gargalhada.
Mas então ouvimos um farfalhar, e a forma curvilínea de Becca
apareceu na escuridão correndo na nossa direção com as roupas
sujas debaixo de um braço. Ela estava mancando de uma perna e
seu rosto estava vermelho de pânico.
“Uma cobra!”, ela gritou. “Fui mordida na perna…”.
Mason ficou em pé imediatamente, segurando-a em seus
braços e a depositando no chão. Ela rolou a perna da calça jeans
para cima, revelando uma marca vermelha na sua pele branca.
Picadas de cobra são geralmente fáceis de identificar: dois
buraquinhos simétricos com dois centímetros de distância eram
geralmente causados por presas peçonhentas, enquanto a picada
de uma cobra não venenosa é maior e parece mais uma alergia,
porque elas têm fileiras de dentes, não presas. Mas Becca tinha
sido mordida por cima do jeans, o que deixava a picada menos
óbvia. Parecia não ter sido causada por uma cobra venenosa, mas
havia dois cortes especialmente profundos que poderiam ser o
resultado de presas…
“Foi uma cascavel?”, Mason perguntou.
Becca respondeu apressada: “Eu não sei! Aconteceu tão
rápido, entrei em pânico e chutei a cobra para afastá-la da minha
perna, e assim que ela saiu da minha pele, eu corri de volta para
cá… não ouvi chocalho, mas acho que era uma cascavel. Parecia
uma”.
Olhei para Mason. Se partíssemos naquele momento,
estaríamos de volta à fazenda em trinta minutos. Era perigoso
cavalgar à noite, especialmente naquele terreno pedregoso, um dos
cavalos poderia torcer um tornozelo… mas se tinha sido uma picada
de cascavel…
Mason pulou de pé e pegou uma lanterna na sua mochila.
“Precisamos saber o que te picou. Se foi uma cascavel…”.
O veneno está se espalhando pelas veias de Becca, pensei.
“Foi perto do córrego”, disse Becca com pânico na voz. “Minha
toalha está em cima de uma pedra lá. A cobra estava perto dessa
pedra”.
Mason correu loucamente na direção indicada. Só vimos a luz
da sua lanterna balançar a cada passo.
Peguei o comunicador da minha cintura, mas hesitei. Não fazia
sentido contar para Blake ainda. Meu irmão tinha a cabeça quente e
era impulsivo, e era possível que ele acabasse quebrando o
pescoço galopando para a floresta, tentando ser um herói.
Melhor esperar Mason voltar, pensei. Em alguns minutos,
teremos toda a informação que precisamos.
“O que fazemos?”, Becca perguntou, ficando mais apavorada.
“Um torniquete na minha perna para evitar que o veneno se
espalhe?”.
“Isso é o oposto do que queremos”, expliquei com a voz calma.
“Se o veneno se concentrar na sua perna, vai atacar suas células…
você pode perder a perna, ou o pé. Se ele se espalhar, se dilui.
Confie em mim, eu faço isso faz muito tempo”.
Minhas palavras fizeram pouco para acalmá-la. “Que tal chupar
o veneno? Meu pai fez isso uma vez, quando foi picado na nossa
fazenda”.
“Não adianta nada”, respondi. “Não me entenda mal: eu não
me importaria em nada em colocar meus lábios no seu corpo, não
importa o contexto. Mas não vai ajudar”.
Peguei o kit de primeiros socorros na minha mochila e usei um
desinfetante para limpar a ferida. Era difícil saber por causa da luz
piscante da fogueira, mas um dos cortes parecia profundo.
Provavelmente, ela foi picada muito rápido e só uma das presas
penetrou a pele.
“Se for uma picada de cascavel, vamos voltar para a fazenda e
te levar para o hospital em Missoula. Eles têm soro antiofídico”.
“Vamos chegar a tempo?”, ela perguntou.
“Claro, sem nenhuma dúvida”, eu respondi, embora eu não
tivesse tanta certeza.
Mason voltou correndo para perto de nós, segurando uma
cobra morta em uma das mãos, como se fosse um rolo de corda.
“Achei essa onde você disse que estaria. Você a reconhece?”.
“Foi ela!”, disse Becca. “Marrom e bronzeada, com listras…”.
Mason e eu relaxamos os ombros, aliviados.
“Essa é uma cobra-esquilo”, expliquei, gentilmente acariciando
as costas de Becca, “não é venenosa”.
Mason se ajoelhou ao lado dela e usou sua faca para abrir a
boca da cobra. “Não tem presas aqui… só fileiras de dentes”.
“Então, estou bem?”, Becca perguntou. “Não vai acontecer
nada comigo?”.
“Só uma irritação temporária”, eu disse, beijando sua
bochecha. “E um ego ferido, porque vamos te zoar por um
tempo…”.
Ela suspirou. “Desculpa por ter surtado. Cresci em uma
fazenda, eu deveria reconhecer uma cascavel. Não tenho nenhuma
desculpa”.
Mason jogou a cobra de lado e pegou a panela de chili da
fogueira. “Está escuro. Eu quase não enxerguei a filha da mãe!”.
Becca me abraçou forte. “Obrigada”.
“Não nos agradeça”, eu disse. “Da próxima, cuidado com onde
pisa”.
Ela se afastou, meio perturbada. “Eu sei, me distraí. Queria me
limpar, porque pensei que nós nos divertiríamos essa noite,
especialmente porque vocês só trouxeram uma barraca para nós
três. Assim, fiquei ali sonhando acordada e não prestei atenção…”.
Olhei para Mason novamente. Então ela estava de fato
pensando naquilo. Nossas suspeitas estavam certas.
“Engraçado você mencionar isso”, eu disse casualmente.
“Estávamos pensando no mesmo”.
Sombras balançavam pelo rosto dela por causa do fogo.
“Sério?”.
Mason colocou a panela de chili de lado e a cobriu com a
tampa. “Estávamos pensando em elevar as coisas para outro nível,
mas não temos certeza de que você está pronta…”.
Os belos olhos de Becca se arregalaram na direção dele.
“Estou pronta para quaisquer coisas que vocês quiserem fazer
comigo”.
Meu irmão se moveu, antes que eu pudesse, segurando sua
bochecha e a beijando profundamente. Primeiro, eu só os observei,
suas bocas se agitando cada vez mais rápido. Becca se ergueu, de
uma forma que fez minhas bolas se contraírem.
Está finalmente acontecendo. Estávamos esperando para fazer
aquilo com ela, pegando leve e deixando tudo natural para não a
assustarmos, mas naquele momento, ela estava pronta.
Ela se afastou dele e se virou para mim, com os olhos
brilhando sob a luz da lua. Me chamando. Ela esticou a mão para
trás e abriu o zíper da barraca, então ficou de quatro para entrar.
Olhei para Mason e a segui, entorpecido, ainda incapaz de
acreditar que aquilo estava finalmente acontecendo.
Becca, aquela criatura linda, da qual eu não me cansava,
estava no chão da barraca, apoiada nas mãos. Engatinhei na
direção dela e abaixei meus lábios para beijá-la. Assim que
começamos a nos tocar, parei de pensar em qualquer outra coisa.
Eu estava vagamente ciente de que Mason estava se unindo a
nós, fechando o zíper da barraca naquele momento. Becca se
afastou de mim para beijá-lo e, assim, nos revezamos, tomando
aqueles lábios exuberantes. Enquanto ela beijava Mason, eu corria
a língua pelos seus ombros, roçando o nariz na sua nuca,
esperando pela minha vez. Nós passávamos sua boca um para o
outro, ao passo que ela suspirava e se lamuriava.
Mason arrancou sua blusa, enquanto eu a beijava e,
habilmente, desabotoou sua calça e a puxou para baixo. Parei um
momento para adorá-la com meus olhos, encarando seu corpo
magnífico e nu que brilhava sob a luz da lanterna pendurada no teto
da barraca.
Caralho.
A pele de Becca estava em chamas por toda a parte – seu
pescoço, os montinhos suaves dos seus peitos, sua barriga. Ela
abriu as pernas e eu mergulhei meus dedos no calor da sua
entrada.
Ela pulou adoravelmente, quando enfiei meu dedo inteiro.
Silenciei seus gemidos com a minha boca, bebendo seus
beijos, como se fossem água gelada, e eu estivesse morrendo de
sede. A cabeça de Mason estava sobre seu peito, e ele passava a
língua no seu mamilo, enquanto ela arqueava as costas.
Era excitante dividir uma mulher com ele. Como se tudo tivesse
voltado ao normal.
Nos alimentamos dela por um momento, passando sua boca
de um para o outro, nos agarrando nela de todos os lados. Meus
dedos estavam tão melados com a lubrificação dela que eu não
consegui aguentar muito mais tempo.
Eu estava tão desesperado por Becca que praticamente
arranquei minhas roupas e fiquei completamente pelado. Escalei
seu corpo, beijando seu pescoço, queixo e bochecha, me guiando
para a frente, procurando sua entrada melada com a cabeça do meu
pau.
É hora de mostrar a ela o que é diversão de verdade, pensei,
enquanto a penetrava profundamente.
32

Rebecca

A cobra não me deixou em perigo. Ela tinha dentes e não


presas, e não tinha veneno, o que poderia me fazer mal. Mas eu
senti que estava em perigo. Foi como ver a morte de perto, e nos
momentos de alívio que seguiram o evento, eu só queria fazer algo
que me fizesse me sentir viva.
Eu precisava de Mason e Cody mais do que nunca.
O que fizemos na barraca parecia um sonho de tão irreal. Era
uma fantasia guardada no fundo dos meus desejos mais sombrios.
Um cenário erótico que eu jamais pensei que pudesse virar real.
Mas não era um sonho. Eu estava no meio de Mason e Cody,
que amassavam meu corpo e me beijavam, se revezando. Quando
Cody arrancou as roupas e me penetrou… me senti no céu.
“Ahh”, gemi, à medida que ele se enfiava em mim tão
profundamente que me engasguei, quando senti suas bolas baterem
na minha bunda. Foi só quando seu último milímetro estava dentro
de mim que a tensão sumiu do seu corpo, e ele suspirou.
“Queria fazer isso, desde que saímos da fazenda”, ele
suspirou.
“Então, vocês tinham planejado isso quando me convidaram?”,
perguntei.
Mason tirou a camisa. “Talvez. Você já fez isso antes?”.
Mordi o lábio. “Não”.
Os dois se entreolharam, e eu perdi meu raciocínio, quando
Cody começou a girar seu quadril lentamente, fazendo um círculo
dentro de mim. Olhei para Mason, que me encarava com fome nos
olhos, tirando as calças. Era estranho ter um homem dentro de mim,
enquanto outro nos assistia.
Mas, ao mesmo tempo, era incrivelmente gostoso.
O pau duro de Mason apareceu, quando ele tirou sua cueca e
se juntou a Cody e eu na nossa nudez. “Você acha que dá conta de
nós dois?”, ele perguntou com a voz profunda e exótica.
Respondi com um gemido longo.
Mason caminhou de joelhos até mim. Uma gota de lubrificação
brotou da cabeça do seu pau, e eu abri a boca ansiosa para receber
aquela vara longa e macia.
Eu não sabia exatamente o que sentir ao fazer sexo a três,
mas não aquilo. Assim que ele encheu minha boca, fui tomada por
uma luxúria tremenda. Havia dois homens dentro de mim ao mesmo
tempo.
Aquilo me fez me sentir mais poderosa do que nunca.
Mason gemeu e se enfiou até minha garganta, fazendo-me
engasgar antes de puxar o pau de volta. Cody se ergueu nas coxas,
permanecendo dentro de mim e então começou a ir e voltar.
“Isso é muito sexy”, ele disse, “te assistir assim”.
O comentário me fez gemer no pau do seu irmão.
Eles aproveitaram do meu corpo por um momento, se
movendo lentamente para dentro e para fora da minha boca e da
minha boceta. Dois pistões Cassidy me enchendo nos dois buracos.
Arqueei as costas no saco de dormir para aproveitar o que eles
estavam fazendo comigo.
Isso é insano, pensei. Não acredito no que estou fazendo.
“Você tem que vir senti-la”, Cody gemeu.
Mason gargalhou. “Já a senti muitas vezes”.
Os olhos de Cody estavam semicerrados de prazer. “Não
desse jeito, irmão”.
Ele se afastou, tirando o pau de mim. Mason fez o mesmo, me
deixando doloridamente vazia. Então as mãos fortes de Mason
manobraram meu corpo, me levantando e me girando até eu ficar de
quatro no chão. Aí ele pressionou a parte de trás da minha cabeça
na direção do irmão.
“Mostre ao Cody o que essa boquinha linda pode fazer”.
Abri a boca para o pau de Cody, recebendo a cabeça e o corpo
no fundo da minha garganta, enquanto seu irmão me empurrava
para baixo. Cody correu os dedos nas minhas costas e gemeu, à
medida que eu o engolia.
Eu gosto, quando me dizem o que fazer, me dei conta com um
arrepio de excitação. Eu gosto, quando eles me controlam.
Esperei Mason me foder por trás, mas em vez do seu pau foi
sua língua que invadiu minha boceta. Um novo jato de prazer
invadiu minha espinha, enquanto ele me chupava e rodopiava a
língua para cima e para baixo, me devorando.
“Eu amo seu gosto”, ele murmurou no meu buraco quente. Sua
respiração cruzou meu clitóris e minhas coxas, quando ele se
afastou, e eu só tive um momento para entender o que estava
acontecendo, até sua cabeça entrar no meu buraco e ele me
penetrar com uma longa estocada.
“Era isso o que eu queria”, ele disse com os dedos enfiados na
pele da minha bunda.
Enrolei meus lábios com força no pau de Cody, ao passo que
Mason me fodia entusiasticamente. O irmão mais velho atingia o
fundo a cada estocada, esticando minha boceta e me fazendo sentir
aquela dor deliciosa de ser preenchida. As mãos de Cody
apertavam meus peitos que balançavam, à medida que eu engolia
sua vara.
Isso é mais gostoso do que eu jamais imaginei.
Seus toques gentis e tenros me encheram de luxúria
desenfreada. Quatro mãos segurando e apertando minha pele,
deixando meu fogo em chamas de êxtase. Os irmãos moviam seus
quadris na minha direção pelas duas entradas, como se não
pudessem se controlar. Aquele ângulo fazia a cabeça de Mason
encostar no meu ponto G, fazendo uma enxurrada de prazer surgir a
cada estocada.
Me perdi enquanto os dois me fodiam pelas duas entradas até
a supernova da minha boceta explodir. Movi meu quadril na direção
de Mason, quando meu clímax me atingiu, de forma brilhante,
intensa e tremenda, forçando meus olhos a se fecharem. Meu
gemido vibrou da minha garganta pela minha língua e, se não fosse
Cody enchendo minha boca, eu teria acordado metade da montanha
com meus gritos tórridos.
“Ela é apertada para caralho”, disse Mason, quando minha
boceta o comprimiu durante meu orgasmo. Seu ritmo aumentou
depois do meu clímax, e ele cravou os dedos no meu quadril,
empurrando o pau o mais profundamente que pôde.
Impossivelmente fundo. E explodindo feito um vulcão. Seu rugido
encheu a barraca, o que o meu não tinha feito, um gemido profundo,
acompanhando os tremores e torções do seu pau me enchendo
com o seu gozo.
“Vou gozar na sua boca”, Cody me alertou, como se estivesse
me xingando. Sua necessidade de se aliviar era palpável pela forma
como ele agarrava minha cabeça e sussurrava: “Ai meu Deus,
Becca”.
Eu ainda estava no fim do meu orgasmo, quando os dedos de
Cody ficaram duros nos meus cabeços e ele explodiu na minha
boca. Seu jato era forte, quente e salgado, e atingiu o céu da minha
boca intensamente.
Os dois pareceram gozar para sempre, vibrando contra o meu
corpo dos dois lados, enquanto gritavam de prazer para o mundo
todo ouvir. E eu me perdi, até cada pulso e tremor dos seus corpos
pararem.
33

Rebecca

Estávamos nus, mas a barraca estava quente com o calor dos


nossos corpos. Na verdade, nós três estávamos brilhando de suor,
iluminados pela pequena lanterna pendurada no teto da tenda.
Isso acabou mesmo de acontecer? Me perguntei. Parecia que
era um sonho e que, em algum momento, eu acordaria.
Mas os dois caubóis sarados ao meu lado não desapareceram
quando pisquei, e eles estavam mais quentes do que nunca.
Rolei para o lado e beijei o peito de Mason. “Acho que preciso
de outro banho”.
“De jeito nenhum”, disse Cody me abraçando por trás. “Não
vamos te deixar ir lá de novo. Você pode ser picada de novo, e a
saga toda recomeçará”.
Mason enrolou a mão no meu cabelo, acariciando meu couro
cabeludo com as pontas dos dedos. “Talvez você veja que não é
uma cascavel desta vez, e aí não precisamos entrar em pânico à
toa”.
“Estava escuro!”, protestei. “E a cauda dela estava escondida
pela pedra!”.
“Ah, eu não me importo”, disse Cody, beijando minhas
omoplatas. “O medo levou a isso”.
“Eu senti que isso ia acontecer”, respondi.
“Não tenha tanta certeza. Estávamos prestes a jantar, quando
você voltou correndo criando confusão. Não tenho certeza de que
estaria no clima, se minha barriga estivesse cheia de chili”.
“A comida ainda está lá”, Mason observou.
“Não estou com fome”, sussurrei.
“Eu também não”, Cody concordou.
“Não quero me levantar”, o peito de Mason se inflou debaixo de
mim num suspiro longo. “Mas não queremos atrair animais”.
Ele se levantou, beijou minha bochecha e abriu a barraca. Dei
um tapa longo e suado na sua bunda no processo.
“Rude”, ele disse, mas com um sorriso tonto no rosto.
“Seria rude não dar um tapa nessa bunda linda”.
Cody e eu ficamos de conchinha, enquanto Mason limpava o
lado de fora da barraca, projetando sua sombra ao redor. Quando
ele voltou para dentro, não estava mais nu.
“Roupas me entristecem”, eu disse fazendo beicinho.
“Mas elas me mantêm aquecido”.
“Eu te mantenho aquecido”, eu disse, sorrindo.
“Certamente sim”.
A barraca ficou fria gradualmente, e nós três entramos nos
nossos sacos de dormir. Abracei Cody por trás, enfiando meu rosto
nos seus cabelos loiros. Mason apagou a lâmpada e abriu o zíper
do meu saco de dormir para me abraçar por trás.
Me senti suja depois do nosso ato – mas suja no bom sentido.
Eu nunca tinha tentado coisas novas, coisas estimulantes, e foi
melhor do que eu jamais esperaria.
Mal posso esperar para fazer isso de novo.
Eu ainda estava abraçada em Cody, quando acordei na manhã
seguinte, mas o corpo quente de Mason estava notavelmente
ausente. Saí do meu saco de dormir, vesti minhas roupas e saí da
barraca.
Era uma manhã fria. Enrolei meus braços em volta do meu
corpo e vi Mason do outro lado da fogueira, misturando ovos em
uma frigideira de ferro.
“Bom dia, linda”, ele disse com um sorriso satisfeito. “Achei que
você estaria faminta depois da noite passada”.
“Você não tem ideia do quanto”, me sentei ao lado dele e
abracei seu corpo. “Me diverti na noite passada, falando nisso”.
Ele sorriu para mim. “Nós também”.
Eu o assisti mexer os ovos por um momento.
“Acho que vocês já fizeram isso antes?”.
“Aham”, ele disse. “Por quê?”.
“Só estou surpresa. Eu não esperaria que dois irmãos ficariam
confortáveis com um cenário assim”.
Mason removeu a panela do fogo. “Por que não? Cody e eu
crescemos juntos. Nos vimos sem roupa mais vezes do que eu
gostaria de admitir. Eu não me sentiria confortável em fazer isso
com outro homem, um completo desconhecido”.
“Eu não pensaria que sim”.
“O fato de nos darmos muito bem ajuda”.
“Então significa”, perguntei com cuidado, “que vocês nunca
fizeram isso com Blake?”.
Ele sorriu carinhosamente, enquanto servia os ovos mexidos
em um prato para dividirmos. “Blake e eu nem sempre fomos assim.
Brigões. Quando estávamos com Penny, nos dávamos melhor do
que antes… melhor do que nunca. Ela nos fazia nos tornar nossas
melhores versões”.
Mason me deu um garfo. “Você também faz isso, Rebecca.
Posso ver o velho Blake sair da sua casa. O Blake feliz”.
“Você está tentando me agradar”, eu disse, dando uma bocada
nos ovos.
“É verdade. Blake foi profundamente ferido, mas desde que
você chegou aqui, ele tem se recuperado mais rápido. Nunca pensei
que fosse dizer isso, mas parece que ele finalmente está seguindo
em frente”.
O zíper da barraca se abriu, e Cody saiu lá de dentro, pálido e
pelado, como no dia em que nasceu. Ele esticou os braços e
bocejou, sem se importar com seu instrumento pendurado entre
suas pernas, ou com o frio de quatro graus que fazia do lado de
fora.
“Ah, ovos!”, ele disse, se sentando ao lado de Mason. “Não sei
vocês, mas eu comeria um touro inteiro agora. Até os chifres. Do
que vocês estão rindo? O que é tão engraçado?”.
Gargalhamos, enquanto o homem nu pegava um garfo e comia
ovos desenfreadamente.
34

Rebecca

Recolhemos o acampamento e montamos para terminar a


pesquisa. Cavalgamos para o limite norte da propriedade e
anotamos os números de árvores que cada um tinha contado.
“Você tinha razão, Mason – ele subestimou a lenha da
fazenda”, Cody exclamou empolgado, enquanto íamos de volta para
casa. “Talvez tenhamos vinte por cento a mais do que ele disse. Ou
trinta”.
“É o que acontece, quando confiamos em imagens por
satélite”, Mason respondeu. “Nada como fazer o trabalho você
mesmo”.
“Amém, irmão”.
Voltamos para a fazenda por volta de meio dia. Blake estava
cortando lenha, quando chegamos.
“Se divertiram?”, ele perguntou.
Ele sabe? Pensei, desmontando Cavalo de Fogo. Blake estava
sorrindo amplamente.
“Muito!”, disse Mason. “Cavalo de Fogo se deu bem com os
outros. Ah, e Rebecca foi picada por uma cobra”.
Blake soltou o serrote e correu na minha direção, como se eu
estivesse prestes a desmaiar. “Onde? O que aconteceu?”.
“A cobra não era venenosa”, eu respondi, puxando a calça
para cima para ele ver a marca. “Está tudo bem”.
Blake se virou com o rosto carrancudo para os irmãos. “Eu
mandei tomarem conta da minha garota”.
“Nossa garota está bem, acredite”, Cody disse. Ele deu um
tapinha no ombro do irmão e disse: “Nós cuidamos muito bem dela”.
Minhas bochechas ficaram vermelhas, enquanto guardávamos
os cavalos no estábulo.
Depois do almoço, fomos para a horta, colher maçãs. Só
tínhamos uma escada, então precisamos desenvolver um sistema.
Eu subia na escada e colhia as maçãs, jogando-as em uma cesta de
vime que Blake segurava. Quando a cesta estava cheia, ele a
levava para o celeiro e Mason a substituía por uma vazia. Cody
mantinha a escada estável para evitar minha queda.
“Algum sinal de lobos nas montanhas?”, Blake perguntou
depois de um tempo.
“Não senhor. Sem lobos. Mason acha que eles devem ter ido
mais para o norte do vale”.
“Que bom”, disse Blake.
Me estiquei para pegar uma maçã vermelha em um galho
acima da minha cabeça. “Elas parecem deliciosas”, eu disse.
Os irmãos ficaram em silêncio por alguns segundos. “Pode
experimentar, se quiser”, disse Cody.
“Vai em frente, dê uma mordida”, Blake disse. “Aposto que
estão realmente suculentas”.
Algo soava estranho no tom deles, mas eu estava com fome o
suficiente para não pensar muito. Esfreguei a maçã na minha blusa
até ela ficar brilhante e limpa. Os três me olharam, à medida que eu
levava a maçã até a boca e a mordia.
O fruto estava ácido e amargo, com uma consistência pastosa,
não crocante. “Não acho que está boa”, eu disse, fazendo careta.
A gargalhada que eles tinham tentado esconder finalmente
apareceu. O rosto normalmente estoico de Mason se contorceu
divertidamente, gargalhando loucamente e deixando o cesto vazio
cair.
“Estas maçãs são para fazer cidra!”, Cody disse. “Não são
boas para comer!”.
“Cidra alcóolica!”, Blake explicou.
Mason limpou as lágrimas dos olhos e tentou se recompor.
“Nós vamos amassá-las, acrescentar levedura, açúcar e fermentar a
mistura por algumas semanas. O gosto vai ser bem melhor,
prometo”.
Olhei para os três de cara feia, levantando a maçã e fingindo
que ia jogá-la neles. Aquilo só os fez rir mais ainda, levantando as
mãos para se protegerem do ataque.
“Não se sinta mal”, disse Cody. “Eu experimentei uma na
semana em que você chegou e quase me engasguei!”.
O ambiente estava leve durante o jantar. Até Blake sorria e
fazia piadas. Eu não podia acreditar que até a semana anterior ele
nem se sentava à mesa conosco.
“Então, vocês transaram, não foi?”, Blake perguntou.
Quase cuspi minha cerveja.
“Franqueza terrível, irmão”, Cody respondeu sorrindo.
“Eu gosto de franqueza”, ele respondeu curtamente. “Vocês
treparam com ela juntos?”.
“Sim”, eu disse. Era deliciosamente travesso falar sobre aquilo
em voz alta. “Na barraca. Ao mesmo tempo”.
Blake acenou pensativamente. “Que bom. E você gostou?”.
“Ela gostou muito”, Cody respondeu, “você está perdendo,
irmão”.
Blake sorriu maliciosamente para mim. “Vou mostrar a ela o
que é bom hoje à noite. Ela vai esquecer vocês dois”. A forma como
ele disse parecia uma promessa, quase uma vingança. Um arrepio
de excitação percorreu minha espinha, enquanto eu bebia o resto da
minha cerveja.
“Como posso ajudar a seguir?”, perguntei. “O jardim precisa
ser colhido, mas não vai demorar mais do que duas horas”.
“Você pode me ajudar com a cerca”, Blake disse, partindo um
rolinho em dois. “Está quase, mas vai mais rápido se formos os
dois”.
“Posso fazer isso”.
“Assim que terminarem”, disse Mason, “precisamos construir
um abrigo corta-vento. Do jeito que a temperatura está caindo esta
semana, o gado vai precisar de proteção logo”.
Meu celular tocou no meu bolso, e eu rapidamente o silenciei e
olhei para a tela. Era Terry.
Enfiei o dispositivo no bolso de novo e disse: “Posso ajudar a
construir o abrigo!”.
“Ainda temos muitas coisas na lista”, disse Mason. “Consertar
a viga da varanda. Selar e pintar o lado de fora da casa. Substituir
as tábuas podres do banheiro…”.
Ele parou de falar, quando meu telefone tocou de novo.
Coloquei-o no modo vibração rapidamente.
“Alguém está tentando te achar?”, Cody perguntou. “Você não
tem outro trio de namorados em outra fazenda, tem?”.
Gargalhei e disse: “Vocês três são muita coisa, acreditem.
Acho que era telemarketing”.
No momento em que a palavra saiu da minha boca, meu
telefone vibrou audivelmente no bolso.
“Três ligações? Talvez seja melhor você atender, só por
segurança”, disse Mason.
A curiosidade deles era óbvia, e eu não queria que ela virasse
suspeita, então peguei o telefone e coloquei no ouvido. “Alô, é a
Rebecca”.
“Por que você não atende o telefone?”, Terry perguntou. “Estou
te ligando faz dias, já memorizei sua mensagem do correio de voz”.
Achei que eles pudessem ter ouvido, por isso disse: “Ah, oi
mãe! Eu estava nas montanhas ontem, então o sinal era fraco. Um
minuto”, sorri para os homens na mesa e caminhei pela porta dos
fundos até a varanda.
“Já me chamaram de várias coisas nessa vida, mas mãe é a
primeira vez”.
“Desculpa, eu estava na mesa jantando. Vim para o lado de
fora. O que foi?”.
“Como assim o que foi? Estou ligando para saber novidades.
Você já deveria ter me atualizado faz alguns dias”.
“Ah, certo. Desculpa. Tenho estado ocupada”.
“E aí? Quantas páginas você já escreveu?”.
Hesitei antes de responder. Eu estava tentada a mentir e dar a
ela um número alto. Mas rapidamente afastei o pensamento, já
havia muitas mentiras e omissões nos rodeando. Mais uma só
tornaria tudo pior.
Entrei no celeiro, fechei a porta e respondi: “Escrevi trinta e
sete páginas”.
Eu a ouvi resmungar do outro lado. “Trinta e sete? Minha super
escritora? Pensei que a fazenda estivesse te dando inspiração”.
“E está…”.
“Bom, eu espero que você esteja escrevendo devagar por
causa de todo o sexo maravilhoso que anda fazendo”.
“Ah, sim”, eu disse, aproveitando a desculpa. “Os caras têm me
mantido bem ocupada no que diz respeito a isso”.
“Espera um minuto. Caras?”.
Merda.
“Eu…”.
“Você disse caras. No plural”.
Eu estava cansada de mentir. Para os irmãos Cassidy, para
Terry. Eu não queria outra mentira. Então eu suspirei e contei a ela.
“Bom, Terry…”.
Expliquei a ela que tinha dormido com Cody e Blake.
Contei sobre o relacionamento deles com a ex e o fato de eles
a dividirem.
E, finalmente, revelei a proposta deles para mim. Disse que
eles tinham me pedido para ficar na fazenda permanentemente,
sendo dividida por eles.
Quando terminei de contar tudo, senti como se tivesse aliviado
um peso gigante dos meus ombros.
“Rebecca. Isto. É. FANTÁSTICO”.
“É”, eu disse rindo, “estou me divertindo muito e...”.
“Isso vai virar uma história incrível no seu livro”.
“Eu… o quê?”.
“Seu livro. Você não pode deixar isso de fora. É suculento
demais!”.
“Terry, eu não sei…”.
“Você não sabe o quê? O que há de errado?”.
“Não sei se esse é o tipo de história que as pessoas
querem…”.
“Rebecca, me escuta. Quando foi que eu te guiei pelo caminho
errado?”.
“Você nunca…”.
“Lembra do livro sobre New Orleans que você escreveu quatro
anos atrás? Você queria cortar o final inesperado, mas eu te disse
para manter. E o que aconteceu?”.
“Todo mundo amou a reviravolta e virou um bestseller”.
“Exatamente. Eu sei o que vende, Rebecca. É o meu trabalho.
E estou te dizendo que esta história precisa ser escrita. Uma mulher
dividida por três caubóis? Vai sumir das prateleiras!”.
“Não é o livro”, argumentei, “mas Mason, Cody e Blake. Não é
justo que eu escreva um livro assim, sem que eles saibam”.
“Então conte a eles”, Terry insistiu. “Você tem toda a inspiração
de que precisa. Você pode ser honesta e conseguir a permissão
deles”.
Suspirei. “Acho que é tarde demais para isso. Se eles
souberem agora que eu tinha um motivo secreto para vir para cá…”.
“Melhor tirar o band-aid de uma vez!”.
Apoiei minha testa na porta do celeiro. “Eu deveria ter contado
a eles no início”.
“Bobagem! Porque assim eles nunca te contariam sobre o
relacionamento poliamoroso que tiveram. Rebecca, me escuta. Para
de se preocupar com o passado. Se concentra no que vai fazer a
seguir. Sente com estes homens, preferencialmente depois de uns
shots de uísque e conte a eles. Eles provavelmente vão adorar a
ideia de serem inspiração para um futuro bestseller. E então, senta a
bunda na escrivaninha e escreve este livro! Combinado?”.
“Combinado”, eu disse.
“Te ligo em uma semana para saber novidades. E é melhor
você atender! Três homens. Eu não acredito no quão sortuda você
é…”.
Ela desligou.
Me virei para Bessie. “O que eu vou fazer?”.
35

Rebecca

Pensei no que Terry disse, enquanto colhia vegetais e legumes


do jardim no dia seguinte. Eu sabia que ela estava provavelmente
certa: eu deveria arrancar o band-aid de uma vez e contar a eles
sobre o livro, revelando o motivo original pelo qual aceitei o trabalho
na fazenda.
Mas o pensamento me apavorou. Meu sentimento pelos irmãos
Cassidy era novo e empolgante. Eu tinha medo de perdê-los.
Naquela tarde, cavalguei até o rio para ajudar Blake a terminar
a cerca. Só faltavam uns dez metros entre a cerca ao redor do rio e
a cerca do limite sul da fazenda.
“Você está quase terminando, quase não precisa de mim…”,
eu disse, amarrando Cavalo de Fogo numa árvore.
Blake tirou o chapéu para secar o suor da testa. Era o último
dia quente antes de uma frente fria nos pegar.
“Você está procurando uma desculpa para não ajudar?”, ele
provocou.
“Fico feliz em ajudar. E em estar no sol. Não vamos ver outro
dia como este até a primavera”.
“Você tem razão”.
Começamos a trabalhar. Blake segurava uma madeira
horizontalmente entre duas estacas da cerca, e eu usava uma
pistola de pregos para colocá-la no lugar. Três tábuas precisavam
ser colocadas entre cada estaca, e nós rapidamente pegamos o
ritmo.
“Me diverti ontem”, disse Blake casualmente depois de um
tempo.
Sorri para ele. “Eu também. Mas também fiquei meio surpresa”.
Ele fez uma careta. “Surpresa?”.
“Fiquei fora um dia. Mason e Cody se divertiram comigo na
nossa viagem. Então, ontem, quando você me pegou pela mão e
me levou para o seu quarto, eu esperava que você fosse ser mais
possessivo. Especialmente depois de ter jurado isso durante o
jantar”.
Blake pegou outra tábua e a segurou entre as estacas, seus
músculos pulsavam sob o sol. “É o que você quer? Um cara
possessivo?”.
“Talvez”.
“Alguém para te manipular, como se você fosse um
brinquedo?”.
A pistola de pregos fez um barulho, pregando uma tábua na
estaca. “Depende de quem faz isso”.
Sorri para ele, enquanto pregava o outro lado da tábua.
“Acabou a madeira”, eu disse, limpando as mãos. “Voltamos
para a fazenda para pegar mais? Acho que podemos terminar a
cerca antes de escurecer. Provavelmente, precisaremos recarregar
a pistola”.
“Foda-se a cerca”, disse Blake, arrancando as luvas e
caminhando na minha direção, cheio de bravura e fome. Ele me
beijou, me empurrando para trás até eu sentir a cerca nas costas.
Blake estava mais bruto do que o normal e me empurrou de
joelhos no chão, agarrando meus punhos e os segurando acima da
minha cabeça. Então, ele pegou uma corda no seu cinto e circulou
meus punhos habilmente com ela três vezes antes de apertar a fibra
na minha pele.
Seus olhos percorreram meu corpo, enquanto eu estava ali,
contida e incapaz de me mover. Mordi meu lábio, esperando para
ver o que ele ia fazer.
“É isso o que você quer?”, ele perguntou com a voz profunda e
obscura.
Um arrepio sexy percorreu minha espinha. “O que você vai
fazer comigo?”, suspirei.
Ele desafivelou o cinto. “O que eu quiser”.
Prendi a respiração, quando seu pau emergiu de dentro da
calça. Ele se aproximou do meu rosto, arrancando meu chapéu, ao
passo que agarrava meu cabelo para virar minha cabeça para trás,
guiando sua cabeça em formato de cogumelo para dentro da minha
boca. Ele gemeu, enquanto empurrava para dentro, forçando sua
vara na minha garganta, permitindo que o prazer desenfreado que
ele sentia o guiasse.
Eu nunca tinha sido amarrada antes. Havia algo
deliciosamente erótico em estar impotente. Blake estava totalmente
no controle, e o que me restava era aceitar todos os atos sujos e
depravados que ele tinha em mente.
Seus dedos se endureceram nos meus cabelos, à medida que
ele fodia minha boca. Ele gemeu profundamente, enquanto a força
das suas estocadas batiam minha cabeça contra a cerca. A fibra da
corda roçava meus pulsos, me lembrando de que eu não podia fazer
nada, nem ir a lugar nenhum. Naquele momento, eu era o brinquedo
sexy de Blake, e ele ia fazer o que quisesse comigo.
Me usa, pensei, enquanto engolia cada centímetro da sua vara.
Ele estava impossivelmente duro na minha boca, o que
significava que ele estava aproveitando cada segundo. E aquilo me
deixava mais excitada ainda. Enrolei meus lábios com força ao redor
da sua vara, engolindo quase cada centímetro, enquanto ele enfiava
mais fundo, quase me fazendo engasgar, mas sempre tirando antes.
Ele sorriu e disse: “Eu gosto de ter um brinquedinho. Queria
estar fazendo isso, desde que você chegou”.
Ele não me deu chance de responder – e se enfiou de volta na
minha boca, empurrando selvagemente e segurando minha cabeça.
Minha boceta doía, querendo ser tocada, querendo qualquer tipo de
estímulo de Blake, mas é claro que eu não tinha nenhum recurso,
com as mãos amarradas para o alto. Meu desejo queimava, à
medida que eu ficava ali de joelhos, sendo usada por ele.
Blake gemeu alto e virou a cabeça para trás. Por um momento
achei que ele estava prestes. Eu podia sentir sua necessidade de se
aliviar, como se fosse físico para ele, palpitando e tremendo. Mas
ele soltou a mão do meu cabelo.
“Não terminei ainda”, ele rosnou, enquanto desamarrava a
corda dos meus punhos. Ele agarrou um punhado da minha blusa e
me puxou de pé, me virando de costas e me dobrando sobre a
cerca. Então, ele amarrou meus punhos dos dois lados, com os
braços esticados e dobrada na cerca.
Me engasguei, quando ele puxou minha calça e minha
calcinha. O ar frio tocou minha boceta exposta, enfatizando o quão
molhada eu estava. Segurei a respiração, esperando-o me tocar, me
dando o doce alívio do contato de que eu precisava
desesperadamente.
Mas ele se enfiou na minha direção. Senti seu pau duro
escorregar pela minha boceta, mas ele não entrou, apenas o guiou
por entre minhas nádegas, para cima e para baixo. Ele me roçava
daquele jeito, usando minhas nádegas como um tobogã para sua
vara dura. A cada estocada eu sentia suas bolas roçarem minha
entrada, com o mínimo possível de contato.
“Preciso muito de você”, gemi. Minha boceta estava em
chamas de luxúria e eu achei que fosse morrer, se ele não me
desse o que eu precisava.
“Implora”, ele retumbou por trás de mim.
“Por favor”, sussurrei. “Me fode, por favor”.
“Talvez eu não queira”, ele respondeu calmamente. “Talvez eu
queira continuar fazendo isso até gozar na sua bunda”.
“Preciso de você”, implorei.
“Do que você precisa?”.
“Eu preciso do seu pau duro enterrado em mim”, gemi.
Blake parou de roçar minha bunda e se afastou. A cabeça do
seu pau sussurrava contra meus lábios desesperados. Empurrei o
quadril para trás para tomá-lo, mas ele se afastou, quando tentei.
“Talvez eu me masturbe assim”, ele disse, se tocando. “Só te
olhar assim já é o suficiente. É”.
Gemi de infelicidade. “Você está me torturando”.
Sua cabeça roçou minha entrada de novo. “Talvez eu te dê o
que você quer, mas só se você for uma boa garota”.
“Eu posso ser boa”, respondi.
“Não se mexe”, ele ordenou. “Você tem que ficar assim. Eu
decido o que você merece. Se você se mover para trás, não vou te
encostar. Entendido?”.
Tentei olhar por cima do ombro, mas a corda não me deixava
vê-lo. Então, apenas assenti.
Ouvi Blake se masturbando, a fricção suave da sua vara na
sua mão. Era tortura saber que ele poderia estar me enchendo.
Minha virilha queimava de desejo, mas eu consegui ficar
perfeitamente parada, dobrada sobre a cerca.
Meu corpo inteiro se encolheu, quando o senti me encostar.
Consegui resistir ao impulso de me projetar para trás, e Blake me
recompensou, mantendo a cabeça do pau encostada em mim,
enquanto se masturbava. O movimento era muito curto, a pele
quente da sua cabeça vibrando na minha entrada. Era como se ele
estivesse colocando gasolina no fogo da minha boceta, aumentando
as chamas ainda mais.
Ele se aproximou. Um pouco mais de um centímetro, o
suficiente para colocar metade da cabeça dentro de mim. Meu corpo
tremeu e eu me forcei a ficar parada, obedecer a seu comando para
conseguir o que eu realmente queria.
“Boa garota”, ele rosnou. “Eu sabia que você conseguiria
obedecer a comandos”.
Mordi o lábio para não gritar, quando ele entrou mais fundo.
Agora a cabeça toda do seu pau estava firmemente dentro de mim.
Ele não estava mais se tocando, e sua vara dura se contorcia contra
minha parede interna, enquanto ele permanecia ali.
Minha respiração se acelerou, e eu fechei os olhos. Eu sofria
querendo ser preenchida por ele e sabia que não conseguiria
aguentar muito mais.
Então Blake me deu o que eu precisava.
Ele segurou minha bunda com as duas mãos e martelou seu
pau dentro de mim, até a base desaparecer. A liberação do prazer
foi como uma supernova dentro de mim e eu abri minha boca para
gritar de êxtase, quando meu orgasmo me atingiu.
Blake se afastava e se enterrava dentro de mim, me fodendo
com um prazer desenfreado, compensando o tempo perdido. Ele
era rude, rápido e implacável, usando minha boceta como seu
brinquedo erótico. Ondas tórridas de prazer se encadeavam pelo
meu corpo todo, enquanto ele rugia de júbilo, atingindo meu fundo a
cada estocada frenética.
A corda queimava meus punhos, ao passo que ele metia o
mais profundo que podia, explodindo dentro de mim. Seus gritos
eram música para os meus ouvidos, quando ele me encheu com
seu gozo quente, espasmos atrás de espasmos com as mãos
agarradas no meu corpo, como se eu fosse sua.
Blake se afastou e descansou seu pau entre minhas nádegas
novamente, melecado com nossos líquidos. Ele roçou em mim um
pouco mais e suspirou de satisfação.
“Era isso o que você tinha em mente?”, ele retumbou.
Sorri em júbilo. “Foi ainda melhor do que eu tinha em mente”.
Ele me desamarrou e agarrou meu cabeço para me beijar.
“Chega de enrolar”, ele disse com um sorriso sacana. “Temos
uma cerca para terminar”.
Sorri, e nós voltamos para a fazenda para buscar mais lenha.
36

Rebecca

A frente fria invadiu o vale e a fazenda Cassidy. Na semana


seguinte, a temperatura continuou a cair, e os dias ficaram cada vez
mais frios. O inverno chegou.
As lentilhas e ervilhas secaram, então colhemos as vagens e
as guardamos em potes de conservas. Quando terminamos, havia
centenas de potes, em caixotes, perto do celeiro. Nós poderíamos
comer lentilhas em todas as refeições que ainda teríamos o
suficiente para o próximo verão.
Nada mal para alguns quadrados de plantação, pensei.
Cody me ensinou a usar uma prensa de rosca antiga para tirar
o suco das maçãs. O trabalho era lento: adicionar maçãs à prensa,
virar a alavanca mecânica até o suco todo sair, aí remover os restos
esmagados e adicionar novas maçãs.
O trabalho demorou mais, porque Cody e eu paramos duas
vezes para nos divertirmos no celeiro.
Quando terminamos, tínhamos uma dúzia de galões de cinco
litros cheios de cidra e centenas de quilos de purê de maçã para
alimentarmos os cavalos e o gado. Cody adicionou levedura e
açúcar aos galões, então só precisávamos esperar a cidra
fermentar.
Por mais que estivéssemos nos divertindo, eu sabia que minha
agente me ligaria em uma semana. E eu não tinha ideia do que ia
dizer a ela.
A pior parte era que eu tinha modificado a história, incluindo o
que Terry havia insistido: três caubóis dividindo uma mulher.
E caramba, ela estava certa. Era uma boa história mesmo. As
palavras fluíam sem esforço do meu cérebro para os meus dedos no
teclado. Escrevi quarenta páginas em apenas três dias. Se eu
continuasse assim, poderia terminar a história antes do fim do
contrato.
O que eu vou fazer?
Os primeiros flocos de neve caíram no sábado antes do Dia de
Ação de Graças, enquanto nós quatro estávamos cavalgando pelo
perímetro da propriedade, juntos. Sorri com alegria, quando os
flocos pesados desciam ao nosso redor e aterrissavam na juba de
Cavalo de Fogo.
Os cavalos também reagiram entusiasticamente à neve,
galopando com mais força pelas colinas da fazenda. Blake guiava
Caçamba, virando para o lado esquerdo, e quando nós o
seguíamos, ele virava para a direita. Quando os cavalos já estavam
bem acostumados com o ritmo, Blake desacelerou e nos deixou
alcançá-lo.
“Cavalo de Fogo poderia ficar mais rápido, se eu realmente o
deixasse correr”, eu disse. “Eu sinto isso nele, a urgência de correr”.
“Da próxima, vamos seguir você”, Blake respondeu.
Desci do cavalo e assisti à neve cair. Ela estava se aderindo ao
chão imediatamente, e rapidamente cobrindo a grama da pradaria.
As nuvens cinzas estavam baixas no céu, obscurecendo minha vista
das montanhas distantes.
De repente, algo duro, frio e molhado ATINGIU minha
bochecha, e eu me virei a tempo de ver Cody inclinado, ele tinha
acabado de me jogar uma bola de neve.
“Mandei bem!”, ele disse.
Mason, parado ao lado dele, segurando as rédeas, fez uma
careta. “Ok. Te devo cinco pratas”.
“Você não tem ideia do que acabou de começar”, eu alertei.
Cody abriu os braços e sorriu. “Eu começo qualquer coisa com
você, Becca”.
Me inclinei e peguei um punhado de neve com as mãos
cobertas pelas luvas e fiz uma bola do tamanho de uma laranja.
Então coloquei o braço para trás e arremessei a curta distância.
Cody casualmente se inclinou para o lado, desviando.
Blake riu atrás de mim.
“Ok. Que seja assim”, eu disse.
“Melhor montarmos e voltarmos. Os cavalos estão suados, não
queremos que eles fiquem doentes”, disse Mason.
Eles montaram, mas eu tinha outra ideia. Removi meu chapéu
e o enchi com várias bolas de neve feitas às pressas. Então montei
Cavalo de Fogo e trotei para alcançá-los.
“Tente se desviar disso!”, eu gritei.
Montado no cavalo era mais difícil para Cody evitar a bola de
neve. Ele tentou se inclinar para trás, mas era tarde, e a bola atingiu
seu maxilar.
“Ai!”.
Blake riu de novo. Virei Cavalo de Fogo na sua direção e
peguei outra bola de neve do chapéu.
“Merda”, ele xingou, quando se deu conta do que eu estava
fazendo. Ele sacudiu suas rédeas e gritou com o cavalo, para ele
trotar.
Os homens gritavam e riam e me xingavam de brincadeira,
enquanto eu os perseguia pela fazenda, arremessando bolas de
neve.
Estou feliz, pensei, quando chegamos a casa. Mais feliz do que
imaginei que fosse estar na vida.
Pensei naquilo de novo durante a noite, na cama com Cody.
Ele estava me abraçando por trás, me rodeando com seu calor
enquanto pegávamos no sono. Por um momento, fiquei ouvindo sua
respiração. Um chiado suave que acompanhava a lufada de ar
quente no meu cabelo.
Eu não trocaria isso por nada no mundo, me dei conta.
Me convenci daquilo enquanto o acariciava. Eu tinha escrito
uma dúzia de livros na minha carreira, mas não tinha conhecido três
homens como eles. A escolha era fácil: eu não jogaria aquilo fora
por causa de um romance estúpido de ficção.
A melhor coisa a fazer era falar com Terry e insistir que eu não
queria escrever um livro que lembrasse os irmãos Cassidy. Então,
eu me sentaria com os três e seria honesta. Contaria a eles o que
eu originalmente tinha ido fazer na fazenda. Explicaria que eu não
era só Becca, a ajudante da fazenda. Eu era Rebecca Winters,
autora de suspense. Eu poderia fazê-los entender que as coisas
tinham mudado, desde que eu tinha chegado, e que tudo o que eu
queria era ficar com eles. Ser compartilhada por eles do jeito que
eles tinham proposto.
E esperar para ver se eles me perdoariam.
A última parte me dava medo. Será que eles me perdoariam?
Eu contava histórias para viver, portanto acreditava que poderia
fazê-los entender o porquê de eu ter feito aquilo. Mas mesmo
assim…
Outra ideia invadiu minha cabeça. Uma que era mais fácil.
E aquele foi meu grande erro.
Olhei no relógio e cuidadosamente saí da cama. Cody
resmungou alguma coisa, mas continuou dormindo. Então, me vesti
e fui até o celeiro.
“Você ouviu minhas conversas ultimamente”, falei com Bessie.
“Promete guardar meus segredos?”.
A vaca leiteira me encarou de volta com os olhos redondos.
“O que é isso?”, Terry disse ao atender o telefone. “Você está
realmente me ligando, não sou eu tentando te caçar pela primeira
vez?”.
“Ei, Terry. Você tem tempo para conversar?”.
“Sempre tenho tempo para a minha cliente favorita. E quando
eu digo favorita, eu quero dizer a mais popular e rentável. O que foi?
Conseguiu a permissão dos caubóis para escrever a história?”.
“Bom”, eu disse, me encolhendo com a mentira. “Contei tudo a
eles hoje. Eles não reagiram bem”.
Terry ficou em silêncio antes de responder. “O que eles
disseram, exatamente?”.
“Eles disseram que não. Recusaram o consentimento a
qualquer história que se assemelhe a eles ou a eventos desta
fazenda”.
Ela xingou baixinho de forma tão vil que faria um caubói ficar
vermelho.
“Eles ficaram ofendidos com a ideia”, continuei, elaborando
mais a mentira. “Sua ideia de compartilhar uma mulher é um
assunto privado. Mesmo que nunca os relacionemos à história, eles
não querem um livro que trate do tema por aí”.
“Isso é um pesadelo, Rebecca”, ela disse. “Já falei com
algumas editoras. As cinco maiores já estão disputando os direitos
de publicação. O que vou dizer a eles?”.
“Diga a eles que vou voltar para a história original que eu ia
escrever. Só um caubói, um romance e um mistério na fazenda. O
livro vai ser ótimo, Terry”.
Ela suspirou. “Vou entrar em contato e dizer às editoras…”.
“Eu provavelmente vou ficar aqui por mais tempo que o
contrato original”, eu disse. “Vou escrever este livro e talvez outro.
Potencialmente uma série. Editoras amam séries, certo? Eu tenho
muita inspiração aqui, Terry. Minha mente fica menos confusa longe
da cidade. Me sinto criativa de novo”.
“Isso é ótimo Rebecca”, ela disse. “De verdade. Vou começar a
ligar para as editoras, talvez consigamos manter a disputa entre elas
para o próximo livro”.
Me despedi e fiz uma dancinha comemorativa no celeiro,
chutando palha em todas as direções.
“Consegui!”, eu disse a Bessie. “Encontrei uma solução.
Consertei meu problema!”.
Se ao menos eu soubesse o quanto eu estava errada.
37

Rebecca

“Tem certeza do que você está fazendo?”.


Mason tinha passado a manhã olhando por cima do meu
ombro, ao passo que eu preparava o peru. Agora ele me olhava de
lado, enquanto eu passava manteiga entre a pele e o peito do
animal.
“Eu preparei o peru para o Dia de Ação de Graças por três
anos seguidos”, respondi. “Para de me irritar. Sai!”.
“Estou apenas me certificando”, ele respondeu, antes de sair
de perto.
Blake riu, quando o irmão mais velho saiu da cozinha. “Ele faz
isso comigo, desde que eu nasci”.
“Ele é o mais velho”, disse Cody, descascando ovos. “Ele faz
com boas intenções, só não consegue evitar pegar no pé”.
“Não me importo se ele tem boas intenções. Ele é chato para
caralho”, disse Blake.
Ele sorriu para mim, o que me mostrava que ele estava
brincando. Era um grande passo, desde quando eu tinha chegado, e
ele e Mason brigavam o tempo todo.
Mason estava certo, quando disse que eles precisavam de
uma mulher para ser a cola que os une, pensei, colocando o peru no
forno.
A maioria da comida era da fazenda, a não ser o peru. Cody
fez ovos recheados, e Blake refogou as lentilhas e ervilhas no
bacon. Mason estava fazendo cidra, que estava fermentando havia
exatos quatorze dias. Os únicos outros itens que não vinham da
fazenda eram os pãezinhos e o purê de batatas. Mas até a manteiga
que usamos foi feita por nós.
“Não está perfeito?”, perguntei, enquanto tirava o peru do
forno. A pele estava crocante e dourada, e o cheiro de carne assada
encheu o cômodo.
“Parece bem bom”, Mason admitiu.
“Você nos dá a honra de cortar?”, perguntei.
Ele sorriu. “Com todo o prazer”.
Ele usou uma série de pinças e uma faca para fatiar o peru. O
suco escorria a cada corte, e o interior estava perfeitamente assado.
Suspirei aliviada. Mesmo que eu tivesse de fato preparado peru por
três anos para os meus amigos em Great Falls, era um tipo diferente
de forno, e eu fiquei com medo de ficar seco.
Blake veio correndo, pegou um pedaço suculento de peru e
correu de volta na outra direção.
Mason apontou a faca para ele. “Para!”.
“Apenas me certificando de que você está cortando certo”, ele
esticou a mão e pegou outro pedaço, tomando um golpe de
brincadeira de Mason.
“Ei, agora só precisamos esperar alguns minutos”, disse Cody.
“E você pode comer todo o peru que quiser”.
“Eu quero agora”, Blake respondeu, como se fosse óbvio.
Por alguns segundos, eu consegui visualizar como eles eram
quando crianças. Mason, o irmão mais velho sério. Blake, o criador
de confusão do meio. E Cody, o mais novo que só queria que todos
se dessem bem.
Aquilo me fez sorrir sentada à mesa.
Passamos a comida uns para os outros e nos servimos. “Nós
costumávamos ter grandes banquetes de Ação de Graças como
esse”, Cody disse sorrindo. “Nossa mãe sempre caprichava”.
“E nosso pai nunca ficava feliz”, Mason acrescentou, rindo.
Blake pegou um pãozinho e acenou. “Se ela dissesse que o
jantar seria servido às quatro, o pai já estaria reclamando às três e
meia”.
“E se ela dissesse três”, Cody disse, “ele se sentaria à mesa às
duas”.
Mason se inclinou para perto e disse: “Blake tem a quem
puxar”.
Blake esticou o dedo do meio para o irmão, mas sorridente.
“Eles moram por aqui?”, perguntei.
“Se mudaram para o Texas uns cinco anos atrás”, Mason
explicou. “A mãe cansou da neve. Queria um lugar mais quente”.
“Eles criam touros Longhorn”, Blake abriu os braços ao falar.
“Uns filhos da puta chifrudos assim…”.
“Não sei como eles mantêm a cabeça erguida”, Cody
completou.
“Este peru está perfeito. Nem precisa de molho”, disse Mason.
Sorri para ele. “Muito obrigada”.
“E a sua família?”, Cody perguntou. “Vocês fazem banquetes
de Ação de Graças?”.
Eu ri e sacudi a cabeça. “Às vezes, assávamos um peru, mas
não era uma grande coisa. Meus pais não eram do tipo que celebra.
Minha mãe dizia que deveríamos ser gratos todos os dias, e não só
uma vez por ano”.
“Ela tem razão”, Mason disse.
“Sim, mas isso não significa que não podemos celebrar
qualquer dia! Eu teria amado fazer isso todo ano!”.
“Isso é legal”, Blake concordou. “Primeiro jantar de Ação de
Graças que temos em anos”.
“Em dois anos”, corrigiu Mason.
“Sim. Dois anos”.
Havia uma pontada de tristeza nas vozes deles. Mas o
sentimento mais avassalador ainda era a empolgação com o futuro,
a esperança do que estava por vir.
Eu sabia, porque me sentia da mesma forma. Sentada à mesa,
rodeada pelos três, eu me sentia feliz e segura. Mesmo que eu só
os conhecesse havia dois meses, eu sabia que queria fazer aquilo
todos os anos.
Eu quero ficar.
“Isso é legal de verdade”, disse Mason, se servindo de cidra.
“Temos que fazer o mesmo no Natal”.
“Presumindo que Becca fique aqui”, disse Cody com uma
piscadela. “Porque o contrato dela acaba em algumas semanas”.
“Se eu estivesse em uma fazenda...”, disse Blake com a boca
cheia de peru. “E três mulheres gostosas estivessem realizando
minhas fantasias? Caralho, eu nunca iria embora”.
“Não vamos pressionar Rebecca”, disse Mason
judiciosamente. “Ela tem muito tempo para decidir o que fazer”.
“Estou seriamente considerando…”, eu disse. “Só preciso
organizar a logística em Great Falls”.
“Não sei”, Cody disse com um sorriso maroto. “Se não te
convencemos até agora, não tenho certeza se vamos conseguir
algum dia”.
Sorri de volta para ele. “Posso pensar em algumas formas de
ser convencida por vocês. Talvez o que fizemos nas montanhas.
Mas desta vez com Blake junto”.
Blake deu de ombros. “Não me importaria em te dividir um
pouco. Pode ser divertido”.
“Muito divertido”, Cody concordou.
Sorrimos ao redor da mesa, comendo nossa refeição de Ação
de Graças.
38

Mason

As placas de metal ondulado para o abrigo corta-vento foram


entregues no dia seguinte, finalmente. Eu as coloquei na caçamba
da minha caminhonete e dirigi para fora da propriedade. Parei em
uma baixada entre duas colinas. Rebecca tinha cavalgado Cavalo
de Fogo e já estava lá me esperando. Amarramos o cavalo e
começamos a descarregar.
Meus olhos percorreram Rebecca, enquanto trabalhávamos.
Ela usava jeans justos, um casaco apertado e um chapéu de couro
de caubói. Ela era tudo o que eu sempre quis em uma mulher. E
ainda mais carregando as placas de metal para fora da
caminhonete, sem se importar em se sujar. Quando ela chegou à
fazenda pela primeira vez, eu não esperava muito dela. Ela seria
alguém que realizaria as pequenas tarefas diárias, ao passo que
meus irmãos e eu trataríamos das coisas mais pesadas.
Mas já fazia dois meses que ela estava lá, e eu a conhecia
melhor. Ela dava conta de tudo e mais um pouco.
Construímos a estrutura de madeira primeiro, então segurei as
placas de metal para Rebecca poder parafusá-las na madeira.
Construímos o abrigo em partes de dois metros quadrados, para
conseguirmos facilmente desmontá-lo durante a primavera. Quando
terminamos o primeiro, paramos ao lado dele para testar. O vento
forte não nos atingia enquanto estávamos atrás do abrigo.
“Sabe o que eu estaria fazendo agora?”, Rebecca perguntou,
tomando um gole de água. “Se eu estivesse em Great Falls…”.
“Suspeito que não estaria construindo um abrigo para o gado”.
Ela sacudiu a cabeça. “Hoje é dia de Black Friday. Eu estaria
evitando todas as lojas da cidade, porque elas viram um zoológico.
Aí eu me esqueceria, pediria pizza para o jantar e ficaria presa no
trânsito indo buscá-la”.
Dei uma risadinha. “Não temos Black Friday por aqui”.
“Não”, ela concordou alegremente, “não temos. Sabe o que
aconteceu ano passado? Minha máquina de café quebrou no Dia de
Ação de Graças. Então decidi encarar a multidão para comprar
outra”.
Peguei a garrafa de água das mãos dela. “E como foi?”.
“Tão bom quanto eu esperava. Uma viagem de dez minutos ao
Walmart virou um pesadelo de três horas. Eu deveria ter pedido uma
xícara de café para a minha vizinha, Janice”.
Nossos comunicadores chiaram e ouvimos a voz de Cody. “Por
que vocês estão demorando tanto? Estão brincando de pique-pega
por acaso?”.
Peguei o meu e respondi. “Acabamos de começar”.
“Acabaram de começar o abrigo ou a pegação?”.
“A temperatura está negativa”, Rebecca argumentou. “Nem
mesmo o mais lindo dos irmãos Cassidy me convenceria a tirar a
roupa”.
“Isso é bom, já que o irmão Cassidy mais lindo está falando
com você pelo rádio agora mesmo”.
“Cala a boca e nos deixa trabalhar”, ela respondeu, rindo.
Ela devolveu o comunicador para o cinto e começamos a
trabalhar na parte seguinte do abrigo.
“Aqui é tranquilo”, disse Rebecca. “Se você ignorar as
interrupções do rádio. Menos gente, mais natureza, o ar mais fresco
do que tudo…”.
“Foi por isso que compramos este lugar”, eu disse. “Queríamos
nosso próprio pedacinho de céu”.
Ela sorriu para mim e voltou a se concentrar na tarefa.
Eu sorri de volta. Era inegável: eu não me sentia daquele jeito
desde Penny. Os sentimentos que eu tinha por Rebecca talvez
fossem até mais fortes, na verdade. E aquele pensamento me
assustava, mas me empolgava também. Eu até conseguia visualizar
um futuro com aquela mulher. E eu sabia que Blake e Cody
também.
O único obstáculo restante era se ela planejava ficar. Eu queria
perguntar, mas tinha medo da resposta. Ela tinha falado no assunto,
mas sem uma resposta concreta. E se ela recusasse…
Eu não sabia se meu coração aguentaria.
“Não deixe as provocações deles afetarem sua decisão”, eu
disse. “De ficar ou não. Depois que seu contrato acabar”.
“Não vai afetar”, ela respondeu. “Na verdade, já decidi”.
“Decidiu?”.
Ela colocou a furadeira no chão e se virou para mim. Prendi a
respiração. Por longos segundos, meu futuro inteiro estava nas
mãos dela. Ela poderia me dilacerar ou me fazer o homem mais feliz
do mundo.
“Eu vou ficar”, ela disse.
“Sério?”.
“Eu amo este lugar”, ela continuou. “Eu não consigo me ver
indo embora em um mês. Ou um ano”.
“Provavelmente, isso tem a ver com os três caubóis realizando
todos os seus desejos sexuais”, eu disse casualmente.
Ela gargalhou e pressionou seu corpo no meu. “Provavelmente
isso tem uma pequena influência”.
Rebecca aproximou seus lábios dos meus, e nós nos beijamos,
enquanto o vento sibilava em volta da barreira.
Ela vai ficar, pensei alegremente. Rebecca vai ficar conosco.
Eu não sabia quanto tempo duraria – outros três meses, outro ano,
outros dez anos. Mas, naquele momento, saber que ela não iria
embora era o suficiente para me fazer me sentir o caubói mais
sortudo do mundo.
Então, o comunicador chiou novamente e Cody disse: “Ei,
tenho uma pergunta para todos”.
“Quando você vai contar a eles?”, perguntei.
“Hoje à noite. Eu quero abrir uma garrafa de vinho que comprei
da última vez que fomos ao supermercado, para celebrar”.
De repente, um lobo uivou do lado nordeste da fazenda. Virei a
cabeça naquela direção. Parecia um mau presságio.
“Não”, Rebecca respondeu no rádio. “Não estamos transando”.
“Não é isso. Temos visita”.
Seria o agente fiscal do município? Nos disseram que nossa
propriedade poderia ser reavaliada, quando terminássemos os
consertos, o que resultaria em impostos mais altos no ano seguinte.
Mas eu não esperava que eles aparecessem antes da primavera.
A voz de Cody tinha um tom estranho, quando ele respondeu:
“Becca, você conhece uma mulher chamada Terry?”.
39

Rebecca

Foi emocionante contar a Mason que eu ficaria na fazenda. Eu


queria ter contado a eles durante o jantar de Ação de Graças, mas
não consegui reunir coragem o suficiente. Daquele jeito foi melhor,
só nós dois trabalhando pela propriedade.
Ele abriu um sorriso tão largo, quando eu disse a ele que
qualquer um pensaria que eu tinha dito sim ao pedido de
casamento.
Então, Cody nos chamou pelo rádio, arruinando o momento.
“Becca, você conhece uma mulher chamada Terry?”.
Meu estômago se revirou, e um calafrio percorreu minha
espinha.
“Terry?”, perguntei no rádio. “Por quê? O que houve?”.
“É a visita. Ela acabou de estacionar o carro e bater na porta
perguntando por você”.
“Quem é Terry?”, Mason perguntou.
Ignorei a pergunta e falei com Cody. “Coloque Terry na linha.
Preciso falar com ela”.
“Ela está conversando com Blake. Alguma coisa sobre ser sua
agente?”.
Ah não.
Me movi sem pensar, desamarrando Cavalo de Fogo e
montando.
“O que houve?”, Mason perguntou. “Rebecca, quem é Terry?”.
“Explico depois”, eu disse. “Fique aqui. Volto em um minuto”.
Estimulei o cavalo a galopar, e ele estava ansioso por
obedecer. Corremos de volta para a fazenda, como se ela estivesse
em chamas.
Não, não, não, pensei, enquanto me inclinava no pescoço de
Cavalo de Fogo. Eu podia sentir tudo escapulindo pelas minhas
mãos. As mentiras que eu contei aos caras e as mentiras que eu
contei à Terry. Tudo estava desabando ao meu redor, ameaçando
me enterrar viva.
Se eu conseguir chegar lá rápido, posso consertar, pensei. Se
não for tarde demais…
Um Lincoln preto com placas de aluguel estava estacionado na
frente da casa. Fui até a varanda, desci do cavalo e amarrei Cavalo
de Fogo no corrimão. Minhas botas tremeram a madeira, quando
entrei na casa.
Eles estavam na sala de estar. Blake, encostado na parede,
com os braços cruzados defensivamente. Cody, sentado em uma
cadeira, inclinado para a frente, segurando o chapéu com as duas
mãos. A fogueira crepitava no fundo, enchendo a sala de luz e calor.
Sentada ao lado de Cody estava Terry, minha agente. Ela era
uma mulher magra e elegante que parecia estar perfeitamente
confortável em uma fazenda. Ela estava vestida com um traje
‘formal’ de Montana: calças jeans, botas de caubói e uma blusa.
Seus cabelos prateados escorriam pelo seu ombro esquerdo em
ondas grossas.
No momento em que ela me olhou, eu sabia que era tarde
demais.
“Terry” eu disse. “O que você está fazendo aqui?”.
“Eu sou sua agente”, ela respondeu objetivamente. “Não dirijo
até o LaGuardia em um trânsito de feriado para pegar um avião até
Montana por todos os meus clientes. Só por você. Eu faria qualquer
coisa”.
“É verdade?”, Cody perguntou. “Você é escritora? Escrevendo
um livro?”.
“É claro que é a porra da verdade”, Blake rosnou. “Olha a cara
dela de culpa, caralho”.
Me virei para Terry e disse: “Posso falar com você a sós?”.
“Foda-se”, disse Blake. “O que você tiver que dizer a ela, pode
nos dizer. Ou você vai acabar mentindo depois”.
A lareira crepitava raivosamente. O teto parecia baixo demais,
e as paredes pareciam estar se aproximando. Me comprimindo com
mentiras.
Me virei para eles: “Eu ia contar a vocês…”.
“Para de falar sobre fazer”, Blake alertou. “E faça de uma
vez…”.
Cody assentiu com uma expressão de mágoa no rosto.
Fiquei parada e me forcei a falar: “Sou autora de ficção.
Escrevo romances de suspense para viver. Aceitei o trabalho de
ajudante na fazenda para fazer pesquisa para o meu próximo livro”.
“Já sabemos”, Cody não conseguia me olhar, então encarou
meus pés. “Terry já nos contou”.
“O que ela não contou foi que tudo mudou”, eu disse
apressadamente. “Eu não esperava me sentir assim. Ter
sentimentos por vocês três. Logo que cheguei aqui, parei de me
preocupar com o livro. Tudo o que aconteceu nesta fazenda… é
muito mais do que eu tinha planejado originalmente”.
Eu não ouvi Mason entrar, assim, me assustei ao ouvir sua
voz. “Eu sabia que seu rosto era familiar… então isso tudo é
mentira?”.
Meus joelhos ficaram fracos, quando me virei para ele. “Não,
tudo não! Só o motivo real pelo qual aceitei o trabalho. Foi uma
omissão. Tudo o que aconteceu desde que cheguei é real. O que eu
sinto por vocês é a coisa mais real que já senti na vida”.
O rosto de Mason estava inexpressivo. “Por que deveríamos
acreditar?”.
“Porque…”.
“Porque você está dizendo?”, ele interrompeu. “Você mentiu
desde que chegou aqui. Como vou saber que você não está
mentindo agora?”.
“Porque eu… amo vocês”.
Eu queria ter dito aquilo já fazia algum tempo, mas as palavras
saíram da minha boca em um momento de desespero. Mesmo
assim, eu estava falando sério.
Olhei por cima do ombro, para os outros. “Eu amo vocês três,
Mason, Cody e Blake”.
“Não, você não ama”, Mason respondeu.
“Eu amo! Eu nunca diria que sim, se…”.
Mason sacudiu a cabeça e passou por mim, se encostando na
parede ao lado de Blake. Eles pareciam unidos na missão de
ficarem carrancudos contra mim.
Terry limpou a garganta e ficou de pé. “Agora que tudo está
exposto, precisamos discutir a autorização que vocês precisam
assinar. Em troca da sua permissão por escrito para a publicação do
livro, estamos dispostos a oferecer cinco por cento dos direitos
autorais…”.
“Dinheiro?”, Mason zombou. “É por isso que estamos aqui?”,
ele me olhou. “Você acha que pode consertar tudo preenchendo um
cheque?”.
“Eu… eu não…”, gaguejei. Olhei de Mason para Blake e para
Cody. Ficou óbvio que eu tinha arruinado minhas chances. Não
havia nada que eu pudesse fazer.
Incapaz de encarar seus olhares de traição, me virei e corri
para fora da casa.
40

Rebecca

Corri pela varanda e subi em Cavalo de Fogo.


“Espera!”, Terry gritou, indo atrás de mim. “Espera, Rebecca!”.
“Por que você contou a eles?”, perguntei. “Você arruinou tudo!”.
Ela parou na varanda e zombou. “Eu sou sua agente. É meu
trabalho facilitar sua vida – pensei que estava fazendo isso. Pensei
que você já tinha contado a eles. Você mentiu para mim. Se ao
menos você tivesse me contado a verdade…”.
Eu não conseguia lidar com o fato de ela estar certa. A culpa
era toda minha por mentir para todos. Puxei as rédeas para guiar
Cavalo de Fogo para longe, e nós galopamos para fora da
propriedade.
O vento congelante ferroava meu rosto, enquanto eu corria
pelo pasto coberto de neve. Eu continuava ouvindo a voz de Terry e
a acusação de traição de Mason. O olhar raivoso de Blake me
atormentava, e eu precisava fazer aquilo parar. Eu precisava ir para
a paz da floresta, como quando eu cavalguei com Mason e Cody.
Virei Cavalo de Fogo para as montanhas. Passamos pelo
portão, fomos em direção às colinas e entramos na floresta.
Desacelerei Cavalo de Fogo até trotarmos calmamente e me
senti imediatamente mais calma. Tudo estava silencioso. O único
som que ouvi foi o dos cascos esmagando a neve.
Então, minhas lágrimas rolaram.
Eu tinha estragado tudo. Arruinado minha chance com três
caras maravilhosos. E eu também tinha provavelmente destruído
minha relação profissional com Terry.
E era tudo minha culpa.
Cavalguei pela floresta por um tempo. As lágrimas congelavam
minhas bochechas, deixando meu rosto frio. Limpei o gelo e chorei
um pouco mais, soltando lamentos em voz alta que eu estava feliz
por ninguém poder ouvir.
Quando estávamos no meio da floresta, meu comunicador
chiou. “Becca, volta”, disse Cody.
Ouvi Mason no fundo dizendo: “Deixe-a ir. Se ela prefere fugir
do que contar a verdade, que seja”.
Furiosa comigo mesma, arranquei o rádio do cinto e joguei no
meio das árvores. Ele bateu no tronco de uma árvore e aterrissou na
neve.
Eu não deveria ter mentido. Nem para eles, nem para Terry.
Era óbvio em retrospecto, como a maioria dos grandes erros. Havia
milhões de coisas que eu queria poder refazer. Mas, acima de tudo,
eu me sentia estúpida por ter pensado que eu conseguiria me safar
daquelas mentiras.
Desmontei, amarrei Cavalo de Fogo em um galho e me sentei
em uma árvore caída. “Como eu pude ser tão estúpida?”, perguntei
ao cavalo.
Ele me ignorou.
Aquela fazenda era meu lar. Mais do que a fazenda da minha
família jamais tinha sido. Ou meu grande apartamento vazio em
Great Falls. Aquele lugar era cheio de vida, amor, excitação… eu
tinha acabado de chegar. Eu não queria ir embora.
Me lembrei da última vez que tinha sido pega em uma mentira.
Meus pais tinham viajado, e eu abri o closet para experimentar os
vestidos da minha mãe. Eu era uma adolescente, e finalmente tinha
o corpo que cabia em um vestido de adulta. Mas meu quadril era um
pouco mais largo do que o da minha mãe e acabei rasgando seu
vestido amarelo favorito, quando tentei tirar.
Fiquei com medo de contar a verdade a ela, assim, joguei o
vestido fora e esperei que ninguém fosse notar. Mas é claro que
meu pai o encontrou, quando foi colocar o lixo para fora. Ele trouxe
o vestido para dentro e perguntou o que aconteceu.
Eu era uma adolescente estúpida, então cavei mais ainda
minha cova. Criei uma história sobre uma inspetora de vestidos que
tinha vindo até nossa casa para olhar as roupas da minha mãe. Era
uma mentira ridícula, só uma criança acreditaria, mas ela veio mais
rápido à minha cabeça, porque era mais fácil do que a verdade.
Meus pais despedaçaram a mentira. Qual era o nome da
inspetora? Por que eu a tinha deixado entrar? Por que ela
desaprovou o vestido e o jogou fora? Finalmente eles pararam com
a brincadeira e insistiram que eu contasse a verdade. Quando o fiz,
me senti aliviada por não precisar mais mentir.
Era como eu me sentia naquele momento. Parte de mim
estava aliviada que a verdade tinha sido revelada, que os caras
sabiam o motivo real pelo qual eu tinha aceitado o trabalho. Existe
uma certa liberdade em não precisar mentir. Falsidades são como
correntes, te arrastando para uma história e te aprisionando.
Respirei profundamente. “E agora?”, perguntei a Cavalo de
Fogo.
Ele apenas olhou para a floresta.
Eu provavelmente voltaria para a minha vida antiga. Deixaria a
fazenda, voltaria para Great Falls e terminaria o livro. Ou pelo
menos um livro, porque os caras não aprovariam o que eu estava
escrevendo.
E mesmo que eles assinassem a autorização de publicação, eu
não tinha certeza se queria. Parecia errado terminar o livro, como se
estivesse maculado. Se o livro vendesse bem, eu teria que viajar,
dar entrevistas… e tudo me lembraria da Fazenda Cassidy e como
eu tinha tido algo tão único e maravilhoso antes de arruinar tudo.
Cavalo de Fogo virou a cabeça, abrindo as narinas. “Eu sei,
você odeia ficar parado. Vamos voltar em um minuto. Só preciso me
recompor”.
Eu teria que pedir desculpas a Terry. Talvez eu pudesse
recuperar nossa relação, se eu explicasse a ela o porquê das
minhas mentiras. Agora que o calor do momento tinha passado, eu
nem estava mais brava com ela por ter aparecido na fazenda. Ela só
estava fazendo seu trabalho. Tentando cuidar do drama que
rodeava o livro para eu poder focar no que fazia de melhor:
escrever. Era para isso que eu pagava o salário dela, afinal de
contas.
Cavalo de Fogo se debateu na corda que estava amarrado,
puxando o galho e fazendo a neve que o cobria cair no chão.
“Você vai ficar preso”, eu disse, me levantando do tronco caído.
“Se acalma. Nós já vamos…”.
E foi quando eu vi o lobo.
41

Rebecca

O lobo estava parado entre duas árvores, muito perto de mim.


Seu pelo escuro se destacava no chão coberto de neve. Ele estava
imóvel, me encarando. Cavalo de Fogo relinchou alto e bateu os
cascos no chão, enquanto lutava com a corda. O lobo permaneceu
tão imóvel quanto uma pedra.
Antes que eu pudesse processar o que estava vendo, houve
um movimento do lado direito. Outro lobo, ao meu lado. Ele parou,
assim que me virei para ele. Os dois lobos estavam totalmente
calmos, nos encarando. Como predadores vigiando suas presas.
Nós. O pensamento revirou meu estômago. Nós somos as
presas.
Levei a mão até meu rádio, mas eu o tinha jogado longe, atrás
de mim. Olhei por cima do ombro e vi o buraco na neve onde ele
tinha caído. A uns dez metros de mim.
Eu quis correr, mas não ousaria deixar Cavalo de Fogo
amarrado.
Pense, Rebecca. Você cresceu em Montana. Qual é o
protocolo?
Não correr.
Não agir como se estivesse assustada.
Não cair.
Fazer muito barulho.
Abri meus braços e gritei a plenos pulmões: “NÃO TENHO
MEDO DE VOCÊ! VOCÊ É SÓ UM ANIMAL! EU SOU HUMANA!
SOU PERIGOSA!”.
Minha voz ecoou pelas montanhas, e a neve caiu de um galho
perto.
Um terceiro lobo apareceu do outro lado, me vigiando
perpendicularmente. Se aproximando, mas sem chegar perto.
Eles estavam me cercando.
Preciso sair daqui.
Desamarrei Cavalo de Fogo do galho e agarrei as rédeas com
força. Eu queria montar e correr o mais rápido possível, mas eu
sabia que os lobos seriam mais rápidos que nós naquele terreno
rochoso e coberto de neve. Eles derrubariam o cavalo e nos
matariam.
Eu precisava alcançar o comunicador e avisar os rapazes. Era
minha única chance.
Lentamente, puxei Cavalo de Fogo. Ele não queria se virar de
costas para os lobos, nem eu. Então caminhamos de costas na
neve. O Mustang queria correr, mas eu segurei as rédeas e o
mantive sob controle.
O primeiro lobo que eu tinha visto, e que na minha cabeça era
o líder da alcateia, começou a se aproximar lentamente. Como se
ele tivesse todo o tempo do mundo. O lobo da esquerda se moveu
também, se aproximando de nós pela esquerda.
Olhei para trás, e o rádio estava a uns sete metros. Eu
esperava que ainda estivesse funcionando depois de bater na
árvore, porque se não…
Meu pé se enroscou em uma raiz coberta de neve, e eu caí.
Tentei continuar segurando as rédeas, mas elas escorregaram
do meu punho, e eu caí no chão.
Os lobos se mexeram.
A cena me apavorava de forma primitiva: pelo escuro cruzando
a neve branca, na velocidade de um raio. Fiquei de joelhos no chão,
procurando o rádio e o encontrei sob a neve. Pulei de pé. Cavalo de
Fogo ainda estava parado ao meu lado, fiquei surpresa por ele não
ter fugido.
Levantei o rádio. “AJUDA! Lobos nas montanhas. Três
deles…”.
Cavalo de Fogo relinchou aterrorizado e se virou para olhar
para um dos lobos, suas costas bateram no meu braço e jogaram o
rádio longe. O primeiro lobo estava muito perto, com os olhos
amarelos e os dentes pontudos na nossa direção. Cavalo de Fogo
andou de ré e chutou o ar com as pernas dianteiras. O lobo se
afastou, cuidadoso com os cascos.
Outro lobo se aproximou cuidadosamente, se inclinando para a
frente à espreita. Ele se aproximou um metro, fingindo um ataque
para ver como o cavalo reagiria.
Eles estão nos testando.
Perdi as esperanças no comunicador e subi na sela de Cavalo
de Fogo. Ele estava ansioso para galopar para casa e não precisou
de estímulo para se virar e correr para fora da floresta.
Os lobos correram atrás de nós.
É perigoso para um cavalo galopar tão rápido nas montanhas
naquelas condições. Eles podem virar um tornozelo no terreno
acidentado escondido pela neve. E se nós caíssemos…
Os lobos continuavam sua caçada. Dois estavam logo atrás de
nós, enquanto o outro, mais acelerado, corria do nosso lado
esquerdo. Eu batia meus pés nas laterais de Cavalo de Fogo,
fazendo o pobre animal correr mais rápido.
O lobo se aproximou, tentando agarrar a perna dianteira de
Cavalo de Fogo. Tirei o pé do estribo e chutei seu rosto na terceira
tentativa. O lobo corria ao nosso lado, como se fosse um jogo,
pulando no ar, mostrando seus dentes amarelos.
Eu o chutei novamente, freneticamente, e perdi o equilíbrio.
Escorreguei de lado da sela, tentando me manter de todas as
maneiras nas costas do cavalo, mas era tarde demais, não havia
nada que eu pudesse fazer. Então caí do cavalo e afundei na neve.
42

Blake

Eu sabia.
Eu sabia que havia algo de errado com a Rebecca.
Desde que ela chegou na fazenda, parecia estar escondendo
algo. Um segredo que ela tinha medo de revelar. E ela estava
sempre no seu laptop, fechando a tampa rapidamente toda vez que
alguém entrava no seu quarto. Tipo um adolescente flagrado
assistindo pornografia.
Mas caralho, escritora? Escrevendo um livro? Não era o que
eu esperava.
“Cinco por cento é um bom acordo”, Terry estava explicando
aos meus irmãos. “Isso pode acabar sendo dezenas de milhares de
dólares. Especialmente se eu negociar um adiantamento de seis
dígitos com as editoras. É dinheiro livre para vocês. Vocês só
precisam assinar o documento que eu trouxe”.
“Foda-se o dinheiro”, eu disse. “Quero ir atrás de Rebecca.
Conversar com ela sobre isso”.
“Deixe-a ir”, Mason resmungou. “Ela teve a chance de falar a
verdade, mas fugiu ao invés disso”.
“As pessoas fazem coisas estúpidas, quando estão com
medo”, respondi. “Aquele bezerro que resgatamos do rio um mês
atrás, por exemplo. O filho da puta quase me matou, porque estava
assustado. Não podemos culpá-lo por isso”.
“Rebecca não é um animal”, Mason insistiu. “Ela é uma
pessoa. Ela tomou sua decisão”.
“Uma pessoa que acabou de dizer eu te amo”, respondi, “e
você praticamente riu na cara dela. Não posso culpá-la por fugir. É
por isso que ninguém se abre para você”.
Mason ficou de pé. “O que diabos você quer dizer com isso?”.
Permaneci encostado na parede com os braços cruzados.
“Quero dizer que você é um cuzão do caralho. Você acha que sabe
mais do que todo mundo, porque é o mais velho. Você já parou para
pensar no que eu e Cody sentimos ao ouvir aquelas palavras?”.
Mason olhou para o nosso irmão. “Não sei como me sinto,
honestamente”, Cody disse. “É muita coisa para processar. Estou
confuso em muitos níveis”.
“Viu? Cody não sabe como se sente”.
Rolei meus olhos. “E foda-se como eu me sinto, certo?”.
“Você quer dizer alguma coisa?”, Mason perguntou. “Diga. É a
sua chance!”.
“Não importa”.
Mason gemeu e levantou as mãos. “Típico Blake. Reclama e
resmunga com tudo o que eu faço, mas não contribui com nada. E
então vai embora, quando fica tudo difícil, enquanto o resto de nós
–”.
“Você nunca me deixa contribuir”, gritei.
Mason fechou a boca na hora.
“Você é o mais velho”, apontei para ele. “O que significa que
você sempre decide o que vai acontecer. Você era assim, quando
éramos crianças, está se comportando assim agora… e era assim
com Penny”.
“Penny?”, Mason perguntou, incrédulo. “Isso não tem nada a
ver com Penny”.
Me afastei da parede e apontei um dedo para ele. “É claro que
tem! Quando Penny morreu, Cody e eu não tivemos a chance de
processar as coisas. Você imediatamente assumiu o controle.
Resolveu as coisas dela, planejou o funeral e o enterro. Você fez
cara de bom moço e disse que a vida ia ser ruim por um tempo, mas
que eventualmente as coisas melhorariam, e nós superaríamos”.
Terry, que estava sentada perto da fogueira durante o tempo
todo, quietamente saiu da sala, com uma careta no rosto.
“Eu não consegui sofrer pela Penny”, eu disse com os dentes
cerrados, “porque você nunca me deixou entender como. Você
apenas se adiantou e nos guiou pelo caminho que você esperava
que fôssemos seguir. Foi por isso que parti depois que ela morreu:
eu precisava entender as coisas sozinho. É por isso que foi tão
difícil para mim voltar para cá. E agora aqui está você, fazendo o
que sempre faz, presumindo que nós todos sentimos a mesma coisa
pela Rebecca”.
“Você acha que pode perdoá-la?”, Mason perguntou. “Depois
do que ela fez?”.
“Não sei”, admiti. “Mas eu quero entender sozinho, sem você
me dizendo como eu devo me sentir”.
Nos encaramos um de cada extremidade da sala, em um
impasse. Esperei que ele dissesse algo para eu argumentar mais. E
parecia que ele estava fazendo o mesmo.
O comunicador na mesa de repente chiou. “AJUDA! Lobos nas
montanhas. Três deles –”.
E a voz de Rebecca sumiu de novo.
Cody agarrou o rádio. “Becca? Você está aí? Onde nas
montanhas? Câmbio?”.
Olhei para Mason. “Você ainda acha que devemos deixá-la ir?”.
Algo desapareceu dos olhos dele. “Preciso selar o cavalo”.
“Eles já estão selados”, respondi. “Estávamos saindo para
exercitá-los, quando Terry apareceu”.
Corremos pela porta da frente e atravessamos o estábulo.
Antes de montar, peguei a arma da parede e uma caixa de munição.
Mas esperei não precisar usá-la.
Nós três cavalgamos para fora da fazenda, como se o próprio
diabo estivesse no nosso encalço. Os cavalos pareciam entender
que era uma cavalgada diferente, que algo estava errado. Eu só
conseguia pensar em Rebecca, a mulher por quem eu estava
rapidamente me apaixonando. Se algo acontecesse a ela…
Chegamos ao portão no fim da floresta. “Pegadas recentes”,
disse Mason, destrancando o portão. “Ela veio por aqui”.
Guiei o caminho pelas montanhas num galope. O terreno
pedregoso era perigoso, mas eu estava assumindo aquele risco sob
pena de não chegar até Rebecca a tempo. Eu faria qualquer coisa
para proteger minha garota. Mesmo que significasse arriscar minha
própria vida.
Agarrei a arma com força. Estou chegando, Rebecca.
Era fácil seguir as pegadas de Cavalo de Fogo na neve,
mesmo com o ritmo rápido que eu estava mantendo. Escaneei a
floresta na minha frente, com medo do que eu poderia ver. Me
preparei para a visão de três lobos curvados sobre um cavalo. Ou
pior: uma pessoa.
De repente, uma figura escura apareceu atrás das árvores.
Grande demais para ser um lobo.
Cavalo de Fogo. Sem ninguém na sela.
Merda.
“Estou indo!”, gritei.
Quando me aproximei, ouvi gritos. Cavalo de Fogo estava
rodeado por três lobos, que o circulavam ameaçadoramente. O
cavalo se virava tentando mantê-los todos à vista, e quando ele fez
isso, eu a vi. Rebecca estava de pé, com as mãos na frente do
corpo, como se conseguisse argumentar com os predadores.
Peguei a caixa de munição e carreguei o tambor da arma com
duas balas. Acabei derrubando a caixa no processo, mas não parei
para pegar. Desacelerei Caçamba, apertando-o com os meus
joelhos para alertá-lo de que algo estava prestes a acontecer, então
dei um tiro para cima.
O recuo da arma parecia um chute de mula no meu ombro,
mas funcionou. Os lobos imediatamente se afastaram da presa, nos
olhando por um momento, fazendo as contas. Inteligentes, eles
estavam analisando se a presa valia a pena.
Atirei de novo, bem perto da cabeça dos lobos.
Eles se afastaram, me mantendo à vista. Eu segui os lobos e
fiquei entre eles e minha garota. Tentei pegar a caixa de munição,
me dando conta tarde demais de que eu a tinha perdido. Eu não
tinha mais balas.
Caralho, merda, pensei.
Mason apareceu ao meu lado, montado em Azedinho. Do outro
lado dele, Cody segurava as rédeas de Feijão. Nós três criamos
uma parede entre os lobos e Rebecca. Respirei fundo e me preparei
para lutar com as minhas próprias mãos.
Felizmente não precisei. Os lobos decidiram que não queriam
se meter conosco, viraram e desapareceram na floresta.
Desmontei. “Rebecca! Você está bem!”.
Ela se jogou nos meus braços, me abraçando como se eu
fosse seu salvador. “Desculpa. Desculpa…”.
“Esquece isso”, eu disse. “Vamos voltar para casa”.
Olhei para Mason, enquanto guiava Rebecca de volta para a
fazenda.
43

Rebecca

Pensei que fosse morrer.


Quando perdi o equilíbrio e caí da sela, parte do meu cérebro
aceitou que era o fim. Os lobos me atacariam, como se eu fosse um
bezerro azarado que se perdeu do rebanho.
Mas Cavalo de Fogo não me abandonou. O Mustang se movia,
correndo de volta para mim e enfrentando os lobos diretamente.
Eles se dispersaram, surpresos, dando tempo ao cavalo de chegar
perto, ao passo que eu ficava em pé. Então, à medida em que os
lobos circulavam, ele me protegia com seu corpo e dava coices na
direção deles.
Era um gesto inútil que não ajudaria, mas o animal me
protegeu mesmo assim.
Só que não foi inútil, porque ganhamos tempo o suficiente até
os irmãos Cassidy aparecerem. O tiro de Blake cortou o ar como um
chicote, de novo e, de repente, os três caubóis se aproximaram para
me proteger, fazendo os lobos fugirem o mais rápido que
conseguiram.
“Você merece uma cenoura”, eu disse a Cavalo de Fogo. “Ou
uma maçã”.
“Caralho, dê a ele um copo de cidra”, disse Cody. “Ele merece”.
Blake manteve um braço ao meu redor o tempo todo, como se
nunca mais fosse me soltar. Ele usou a outra mão para tocar a sela
de Cavalo de Fogo. “A correia arrebentou, deve ter sido um dos
lobos”.
“Você pode ir comigo”, Mason disse do alto do seu cavalo.
Blake encarou o irmão. “Ela vai comigo”, seu tom acabou com
qualquer chance de argumento.
Blake me carregou na frente da sua sela, com as pernas atrás
das minhas, e o pau pressionado contra minha bunda. Ele me
segurava no seu corpo com uma mão, enquanto usava a outra para
governar as rédeas. Fechei os olhos, me sentindo segura, à medida
que cavalgávamos para casa.
“Os donos antigos mencionaram lobos”, Cody disse no
caminho. “Eu me perguntava quando é que finalmente os veríamos.
Não esperava que fosse assim. Não senhor. Pelo menos você tem
uma boa história para contar, não é?”.
“Eu tenho”, respondi suavemente.
Mason cavalgava em silêncio. Olhei para ele e desejei saber o
que ele estava pensando atrás daqueles olhos castanhos.
Ele não vai me perdoar, pensei com tristeza.
O carro alugado de Terry ainda estava na fazenda, quando
voltamos. Colocamos os cavalos no estábulo e entramos na casa.
“O que foi isso?”, ela perguntou, quando atravessamos a porta.
“Num minuto estou no telefone com a editora, e no seguinte vocês
três estão correndo como se fosse uma corrida?”.
“Lobos”, eu disse. “Fui atacada por lobos. Eles me salvaram”.
“Ah”, ela olhou para os três, então olhou de volta para mim.
“Viu, é por isso que gosto da cidade. Não há lobos te atacando em
Great Falls ou Missoula. Enfim, vamos voltar ao trabalho. Quanto
mais cedo terminarmos as negociações, mais cedo volto para Nova
Iorque”.
“Espere no quarto, por favor”, disse Mason com a voz
mortalmente baixa. “Precisamos falar com Rebecca”.
“Não acho que você entende o que eu passei para chegar aqui
tão rápido”, ela respondeu. “Meu tempo é valioso e…”.
Um olhar de Mason a fez se calar. Ela abriu a boca, fechou de
novo e caminhou para a varanda rapidamente.
Blake colocou um cobertor ao redor dos meus ombros e me
sentou na cadeira perto da lareira. Depois de ficar do lado de fora no
frio, o calor me ajudou a relaxar. Fechei os olhos por um momento e,
quando os abri de novo, os três irmãos estavam parados na minha
frente.
Senti que estava em um tribunal, sendo julgada por três juízes
e não por um só.
“Conte tudo”, disse Mason. “Desde o começo”.
E eu contei.
Contei que tinha crescido em uma fazenda a uma hora dali.
Expliquei que fiz faculdade de Escrita Criativa, não de Agronomia.
Que eu trabalhei parcialmente como aspirante a escritora até
conseguir viver daquilo. Lentamente, construí uma base de leitores
que crescia com cada livro. Meus dois últimos livros eram best-
sellers.
Em seguida, contei a eles que queria escrever um livro que
acontecesse em uma fazenda, como a que eu tinha crescido. Mas
eu precisava de uma experiência recente com caubóis que eu não
conhecia. Algo para comparar com as minhas memórias da fazenda
da minha família.
“Eu não queria contar a vocês que estava escrevendo um
livro”, expliquei entorpecida. “Porque vocês poderiam não agir
naturalmente, se soubessem. Criariam personagens, e eu precisava
de comportamentos autênticos. Minha intenção original era revelar
meus motivos ao final dos três meses de contrato. Mas, então…”.
“Então transamos”, disse Mason.
Assenti. “Então transamos. E antes que eu pudesse descobrir
o que fazer, vocês me confidenciaram a história da sua mulher e o
relacionamento com os três. E as coisas se moveram muito rápido,
e era tarde demais, mesmo que eu quisesse… e Terry insistiu para
que eu escrevesse um livro sobre uma relação poligâmica…”.
Blake se ajoelhou ao meu lado e acariciou meu joelho. “Relaxa.
Respira. Vai no seu tempo”.
Assenti e recobrei o fôlego antes de continuar.
“Decidi ficar mais tempo do que o contrato original. Mas eu
estava esperando resolver tudo com Terry, minha agente, antes de
contar a vocês. No entanto, eu não contei a ela a verdade, eu disse
a ela que vocês tinham desaprovado o livro. Que eu pararia de
escrever e escreveria algo diferente, que não se parecesse em nada
com a Fazenda Cassidy”.
“Então, você não estava escrevendo qualquer livro”, concluiu
Cody, “você estava escrevendo sobre nós? Nós três dividindo uma
mulher?”.
“Algo assim”, eu admiti. “Foi errado não perguntar a vocês
antes. Errei em mentir sobre minhas intenções aqui. É só um livro
estúpido. Não me importo com isso, especialmente se eu comparar
ao amor que sinto por vocês três. Vocês são muito mais do que
mais um romance. Vocês… conseguem me perdoar?”.
Blake sorriu calorosamente para mim. Cody parecia querer me
perdoar, mas olhou para Mason, esperando orientação.
O irmão mais velho me analisou, como se eu fosse um mapa
que ele tentava memorizar antes de uma viagem. Eu queria olhar
para o outro lado, para o chão ou para a parede… qualquer lugar
que não fosse seus olhos.
“Meu primeiro impulso?”, ele finalmente disse. “Não. Eu não
posso te perdoar. Eu estava pronto para te esquecer no momento
que você fugiu por aquela porta”.
Meu estômago revirou, e eu assenti lentamente.
“Mas quando estávamos nas montanhas, eu não podia parar
de pensar em você, Rebecca. Fiquei aterrorizado com o
pensamento de que algo podia ter acontecido com você. Que
encontraríamos seu corpo dilacerado por aqueles animais. Vi seus
olhos sem vida na minha cabeça…”.
Blake abaixou a cabeça e concordou.
“Aí me dei conta”, Mason continuou, “de que há coisas piores
do que mentira. Perder você seria muito, muito pior – fosse para os
lobos, ou se você fosse embora. Antes de te ver, eu pensei que não
conseguiria lidar com isso. Pensei que já tinha perdido você, e
aquilo me feriu muito por dentro”.
Seus olhos de avelã brilhavam, umedecidos, e ele piscou
rapidamente para afastar as lágrimas.
“Logo que te encontramos, senti que tinha ganhado na loteria.
Parecia que eu tinha ganhado outra chance. E eu não sou do tipo de
homem que ignora segundas chances”.
“Então, você me perdoa?”, sussurrei.
O maxilar de Mason endureceu, e ele falou com mais mágoa
do que raiva na voz: “Eu quero te perdoar. Mesmo. Mas confiança é
algo difícil de ser recuperada. Você disse que nós somos mais
importantes para você do que o romance. Vai demorar um tempo
até eu conseguir acreditar nisso realmente. Você entende?”.
Eu não sabia o que dizer. Ele estava certo: demoraria um
tempo até a confiança ser reconstruída. Se ao menos eu pudesse
provar a eles que não os estava usando, que me importava mais
com eles do que com qualquer livro…
Me sentei reta na cadeira. “Tenho uma ideia. Esperem aqui”.
Corri para o andar de cima e voltei com meu laptop. Os três
irmãos me olhavam confusos, quando voltei para a minha cadeira
ao lado da lareira.
Se eu precisava convencer Mason de que o que eu disse era
verdade, precisava de um grande gesto. Algo dramático para provar
o quanto eles importavam para mim.
Então, eu joguei meu laptop na lareira.
44

Rebecca

O fogo jorrou um spray de brasas, quando o laptop atingiu a


lenha em chamas e escorregou pela parede de tijolos, metade
dentro das chamas e metade fora.
Os três irmãos me encararam, como se eu estivesse louca.
“Por que você fez isso?”, Cody exclamou.
“Estou provando que me preocupo mais com vocês do que
com o livro que eu estava escrevendo”. O fogo crepitou alto
confirmando.
Blake me encarou e rapidamente correu para a frente. Ele
agarrou o atiçador e o usou para puxar o laptop das chamas,
agarrando-o e jogando-o no exterior de tijolos. Ele soprou e sacudiu
a mão para arrefecer.
“Foda-se”, ele disse. “Eu te perdoo, porque não dou a mínima
para o motivo que te trouxe aqui. Eu só me importo com o que
aconteceu desde então”.
“Sério?”, perguntei, mal podendo acreditar. Eu esperava que
Blake fosse ser o mais irado dos três.
Ele segurou minha bochecha e me acariciou com o polegar
que ainda estava morno. “Estou feliz por você ter tido outros
motivos. Sem eles, você não teria vindo aqui. Estamos bem,
Rebecca. Você ainda é minha garota”.
Sorri para ele, sem palavras para explicar meu alívio.
“Além do mais… se você é essa grande autora, eu meio que
gosto da ideia de ser personagem de um romance”.
Cody assentiu. “Nunca escreveram sobre mim antes. Eu
gostaria que você tivesse nos contado antes, tenha em mente, mas
não vou ficar de birra por causa disso. Eu te perdoo também,
Becca”.
Me virei para Mason, ele estava inclinado para a frente,
sentado no sofá, segurando seu chapéu com as duas mãos.
“Se Blake pode te perdoar”, ele disse lentamente, “então acho
que eu também posso”.
Caminhei até ele e me sentei no seu colo. “Eu nunca mais vou
mentir para você, prometo, do fundo do coração”.
Seu belo rosto se contorceu em um sorriso. “Pequenas
mentiras inofensivas tudo bem…. Tipo quando você disse que as
tatuagens de Blake eram sensuais”.
“Ei!”, Blake exclamou.
“Só não minta sobre coisas importantes”, Mason terminou.
Me inclinei para abraçá-lo, agarrando o homem que eu tinha
quase perdido. Eu nunca mais vou te perder, pensei comigo mesma.
Terry entrou no cômodo carregando uma pilha de papéis. “Tudo
resolvido? Eu trouxe a autorização para vocês assinarem…”.
“Você está meio que arruinando o momento, Terry”, eu disse.
“Esqueça o momento”, disse Blake, se aproximando da minha
agente. “Eu ganho Rebecca e dinheiro se a deixo escrever um livro?
Foda-se, só vejo vantagens aqui. Me diga onde assino”.
Passamos alguns minutos lendo a autorização. Mason folheou
os documentos, mas disse que confiava em mim. Ouvi-lo dizer
aquilo era melhor do que ouvi-lo dizer que me perdoava.
Acompanhei Terry até o carro, depois que terminamos. “Não
acredito que você voou até aqui até agora”.
“Você é minha cliente favorita, e estava com problemas”, ela
jogou os documentos dentro do carro e me olhou. “Eu realmente
preferia que você tivesse me contado a verdade, Rebecca. Teria
evitado muita confusão para todo mundo”.
“Eu sei”, admiti, “mas é difícil às vezes. Você é mandona,
quando discordam de você”.
“É meu trabalho ser mandona! Sendo mandona consegui um
acordo para você duas vezes maior do que o da Evelyn Marchbank”,
ela amoleceu. “Mas talvez eu possa ser um pouco menos mandona
com você. Você é a escritora, afinal de contas”.
“Desculpa por tudo”, eu disse, “e se isso te faz se sentir melhor,
odiei mentir para você. Me senti culpada todos os dias”.
“Isso me faz me sentir um pouco melhor. Só não faça de novo”.
“Prometo”.
Nos abraçamos e ela entrou no carro. Então ela abaixou o
vidro e disse: “O cheiro aqui é bem estranho”.
“É o cheiro da natureza”, respondi.
“Não sei como você suporta”.
Ela acenou, manobrou o carro e dirigiu para fora da fazenda.
Voltei para dentro e examinei meu laptop. O lado esquerdo
estava carbonizado e meio derretido. Parecia uma pintura de Dali.
“Espero que eu consiga recuperar”, eu disse.
“Você tem uma cópia de segurança, não tem?”, Mason
perguntou. “Na sua nuvem ou sabe lá o que os caras da loja de
informática sempre tentam me vender”.
Sacudi a cabeça. “Desativei meus backups automáticos,
quando Cody estava assistindo The Bachelor algumas semanas
atrás. Antes disso, tenho cópias, mas tudo o que escrevi depois…
“Caramba”, disse Cody, “e eu aqui pensando que jogar o laptop
no fogo era só um gesto vago!”.
Mason me tomou em seus braços. “Agora eu realmente
entendo o que você estava tentando provar. Não posso imaginar
como é, de repente, perder semanas de trabalho aqui da
fazenda…”.
Ele encostou seus lábios nos meus, e eu o beijei com toda a
paixão de uma mulher que pensava que nunca mais fosse fazer
aquilo.
“Temos um abrigo para terminar”, eu salientei. “E todos os
suprimentos estão lá ainda”.
“O abrigo pode esperar. Tenho outros planos para você agora”.
45

Rebecca

As duas horas que se passaram tinham sido um redemoinho


de emoções. Fiquei tão perto de perdê-los. Fui atacada por lobos.
Atirei meu laptop no fogo, potencialmente destruindo tudo o que
tinha escrito.
Pensei que os tinha perdido para sempre.
Mas quando eles me perdoaram, e Mason disse que tinha
outros planos que não o abrigo, me rendi a um sentimento
avassalador de alívio e alegria.
Mason me deu um beijo terno na frente da lareira, a lenha
crepitava, e ondas de calor pulsavam pela minha pele. Eu podia
sentir a necessidade dele, o alívio dele, que espelhava a minha. A
necessidade de celebrar com liberação sexual cintilante.
Assim que ele parou de me beijar, Blake me puxou para si e
encostou os lábios nos meus. Seu beijo foi mais violento do que o
do irmão. Mais desesperado. Como se ele tivesse pensado que
havia me perdido de mais de uma forma. Seus dedos agarravam
meus cabelos, enquanto seu corpo se movia para a frente com
desejo, roçando em mim através das nossas calças jeans.
Ele me colocou no carpete em frente à lareira, rasgando
minhas roupas sem afastar os lábios dos meus por nem um
segundo. Primeiro, ele expôs meu sutiã, então meus peitos, ao
passo que nos ajoelhávamos juntos. Outro par de mãos me tocaram
por trás. Cody, puxando meu zíper para alcançar minha calcinha. As
pontas dos seus dedos calosos se arrastando pelo meu montinho.
A boca de Blake suspirava pelo meu pescoço e pelo meu peito,
até ele enrolar os lábios em um dos meus mamilos. Virei a cabeça
para trás e gemi longamente de prazer. Mason apareceu
rapidamente, segurando minhas bochechas e se certificando de que
minha boca não ficasse vazia.
Os três, pensei, enquanto eles adoravam meu corpo. Eles
estão me tomando ao mesmo tempo.
Cody tirou minha calça e Mason me inclinou de costas
gentilmente, mas com força. Três pares de mãos puxaram minha
calcinha, até eu estar totalmente nua na frente deles.
Os três irmãos Cassidy lamberam meu corpo com os olhos.
Isso está realmente acontecendo.
Não havia mais espaço para pensamentos, quando suas
línguas voltaram para o meu corpo. Blake jogou seu chapéu num
canto e voltou para o meu peito, enquanto Mason beijava o lado de
dentro da minha coxa.
“Faz um tempo que não fazemos isso”, disse Cody
suavemente.
“É”, concordou Mason, com a respiração invadindo minha
abertura molhada, “faz um tempo que imagino isso com Rebecca
também”.
“Desde que ela apareceu”, Cody concordou.
“Sério?”, suspirei. “Desde o dia em que cheguei?”.
“Desde o momento em que coloquei os olhos em você”, Mason
insistiu com os olhos cor de amêndoa me encarando
amorosamente.
“Chega de falar”, Blake murmurou nos meus peitos.
Relaxei no tapete, à medida que os três começaram a me
adorar. Mason enfiou a língua na minha abertura quente, enquanto a
de Cody dançava na minha boca. Blake devorava meus peitos,
lambendo e chupando meus mamilos gentilmente, me fazendo
sentir choques de prazer.
Isso é melhor do que as minhas fantasias mais selvagens,
pensei. Ter três bocas beijando e lambendo cada centímetro do meu
corpo era como estar no céu. Era mais longe do que minha
imaginação jamais ousou ir.
Eu era uma poça de lamúrias e gemidos espalhada entre a
luxúria desenfreada dos meus amados. Eu era o centro da atenção
do grupo, e o prazer vinha de cada um deles para mim.
Eu estava ensopada de desejo, e os dois dedos de Mason
escorregaram para dentro de mim com facilidade. Sua boca
envolveu meu clitóris, ao passo que seus dedos entravam e saiam
de mim, tocando meu ponto G sem parar. Fixei meus grandes lábios
ao redor dele, aumentando a sensação poderosa.
Os lábios de Blake endureceram ao redor do meu mamilo, ao
mesmo tempo em que a língua de Mason sacudia meu clitóris, e eu
desabei totalmente. Meu corpo se empinava no rosto de Mason,
enquanto as ondas de prazer me consumiam, me fazendo queimar
de uma só vez. Cody parou de me beijar para assistir ao meu
clímax, e vê-lo fazer aquilo me excitou tanto que eu gritei de êxtase.
Arqueei as costas violentamente, à medida que era tomada
pelo orgasmo, olhos fechados e, de repente, tudo ficou mais
devagar.
Três gargalhadas invadiram o ar, enquanto eu relaxava no
tapete. Mason beijou minha boceta melada e disse: “Amo ver você
fazer isso”.
“Amo fazer você fazer isso”, Cody corrigiu.
Blake me beijou profundamente e disse: “Agora nossa vez de
nos divertirmos”.
“Quer dizer que não foi divertido fazer isso?”, perguntei,
recobrando a voz.
“Ah, nós nos divertimos um pouco”, ele respondeu com um
sorriso sacana. “Mas nada comparado ao que vamos fazer agora”.
Gritei de surpresa, quando Mason me levantou do chão e me
carregou. Seus dedos apertavam minhas nádegas, quando ele se
sentou na beirada do sofá, me segurando no seu colo. Eu senti seu
pau duro dentro da sua calça, ansiando pela liberdade, e eu ansiava
por senti-lo dentro de mim. E ele me deu o que eu queria
rapidamente, abrindo seu zíper. Eu mal podia esperar, então enfiei a
mão dentro da sua calça, puxando seu pau quente para fora e me
empalando com ele.
Arqueei as costas e enchi a sala com um gemido longo. A
lareira crepitava, concordando comigo, e eu girava no colo dele,
saboreando sua grossura pressionada com força nas minhas
paredes internas.
“Nunca quero deixar de fazer isso”, ele disse, enquanto nossas
figuras dançavam nas paredes, projetadas pelo fogo. “Quero você,
Rebecca”.
“Nunca vou embora”, prometi.
Eu erguia meu quadril e descia no pau dele de novo. Ouvi os
outros dois se despirem ao passo que eu cavalgava o irmão mais
velho na boa e velha posição da vaqueira, comprimindo-o dentro de
mim como se nunca mais o fosse soltar.
“Minha vez”, Blake apareceu atrás de mim, me puxando só o
suficiente para o pau de Mason escorregar de dentro da minha
boceta. Mas eu não fiquei vazia por muito tempo, porque Blake
imediatamente se enterrou dentro de mim em uma longa estocada,
gemendo, quando ele atingiu minha parede mais profunda.
“Pensei que você tivesse aprendido a dividir”, Mason retumbou.
Mason apertou minha cintura. “Estou dividindo. Te deixei ir
primeiro, não deixei?”.
Ele me fodia com longas e macias estocadas. Eu ainda estava
no colo de Mason, que se inclinou e começou a lamber meus peitos
e mamilos. Eu podia sentir seu pau duro debaixo da minha coxa,
melado com o meu próprio líquido.
“O que você está esperando?”, Blake perguntou. “Venha aqui.
Ela consegue lidar com mais um”.
Me dei conta de que ele estava falando com Cody, que
apareceu perto de mim no sofá. Quase não tive tempo de admirar
sua forma nua antes de Blake me puxar pelos cabelos, me guiando
para baixo, na direção do seu irmão loiro.
Meu corpo pinicava de desejo proibido, quando comecei a
chupar o pau de Cody. Eu estava no colo de um homem, sendo
fodida por trás por outro enquanto chupava um terceiro, que me
encarava e suspirava. Mesmo que fosse só um homem a mais, era
muito melhor do que o que tínhamos feito na barraca. Ser dividida
por três era insanamente gostoso. Saber que os três me queriam,
que eu podia tê-los todos juntos… me fez me sentir uma mulher
como eu nunca antes tinha me sentido.
Não me importo com o livro, pensei. A única coisa que preciso
é que os três façam isso comigo pelo resto da vida.
Blake me deu um tapa na bunda e se afastou. “Venha aqui e
sinta seu próprio gosto”, ele disse, se sentando do outro lado no
sofá.
Mason agarrou meu quadril e me colocou no seu colo de novo.
Gemi, à medida que seu pau me preenchia, mas Blake me silenciou
com sua própria vara dura. Circulei minha língua ao redor da sua
cabeça, sentindo o gosto do meu próprio gozo na sua pele. Lambi
sua abertura, olhando para ele pelos meus cílios, antes de voltar
para Cody.
Eles me revezaram, passando minha boca de um para o outro
enquanto eu cavalgava Mason. Masturbei Cody e Blake, um com
cada mão, dando uma chupada por vez em cada um deles. Eu os
estava enlouquecendo, conforme seus paus pulsantes me
informavam.
“Preciso dessa boceta de novo”, Blake disse de repente. Me
levantei do colo de Mason a tempo de receber Blake por trás em
uma longa estocada que me encheu toda antes de ele tirar de novo.
“Sua vez. Ela é sua”, ele estava falando com Mason.
O irmão mais velho esticou a mão para agarrar seu próprio
pau, guiando-o para dentro dos meus lábios molhados. Ele se
ergueu em mim, me fodendo, enquanto eu me ajoelhava no sofá.
Blake roçava seu pau entre minhas nádegas, enquanto isso,
como ele tinha feito no dia que me amarrou na cerca. Seu pau
estava melado com meu próprio líquido, e ele escorregava pelas
minhas nádegas, à medida que Mason me fodia por baixo.
Blake agarrava minha cintura com tanta força que era quase
doloroso. Seus dedos se enfiavam na minha carne com fome.
Então, ele rosnou: “Me dá a boceta dela, preciso agora”.
Sua voz estava embargada de algo que não estava lá antes.
Sua respiração, mais rápida. Assim que Mason saiu de mim, Blake
tomou seu lugar, e mesmo antes de me encher completamente,
senti seu pau explodir. Ele grunhiu e se enfiou em mim o mais
profundo que conseguiu, palpitante com espasmos violentos,
enquanto ele injetava seu leite dentro de mim.
Eu quase gozei pela segunda vez, quando o senti, gemendo no
pau de Cody, ao passo que Blake me preenchia com a sua porra
quente.
“Toma. Isso. Ah. Caralho”, Blake gemia e rosnava. “Toma.
Cada. Gota. Da. Minha. Porra”.
Eu tremia, quando seu orgasmo terminou. Ele saiu de dentro
de mim, me deu um tapa na bunda e me empurrou de volta para
Mason.
“Sua vez. Não pare de fodê-la”, ele comandou.
O pau duro de Mason substituiu o do irmão dentro de mim. Eu
estava tão melada com a carga dentro de mim. Mason se enfiou em
mim e parecia que seu pau estava endurecendo ainda mais lá
dentro. Seus olhos se arregalaram de desejo e luxúria, enquanto eu
o cavalgava, nossas estocadas desenfreadas se encontrando na
metade do caminho.
Fechei os olhos e me rendi ao ato suado e cheio de pecado.
46

Cody

Fazia tanto tempo desde a última vez em que dividimos alguém


assim que eu tinha esquecido o quão maravilhoso era.
Nós três adorando Becca com nossas línguas, fazendo-a gozar
no tapete, suas costas se arqueando ao som da lareira crepitando.
E depois nos revezando, tomando-a pelas duas entradas,
todos sentindo prazer ao mesmo tempo, bocas, mãos, boceta…
É assim que deve ser, pensei, à medida que ela chupava a
cabeça do meu pau. Ela rodopiava a língua, chupando, como se não
houvesse amanhã. Blake já tinha gozado dentro dela, e Mason não
estava para trás. E pelos movimentos da boca dela, nem eu.
“Sua vez. Não pare de fodê-la”, Blake comandou.
Era um alívio saber que ele queria ser parte daquilo. Que ele
tinha finalmente cedido ao que queria, depois de se segurar por
tanto tempo. Significava que Mason e eu podíamos relaxar e
aproveitar, tomando Becca como queríamos.
Ela balançava no pau duro de Mason, com as coxas batendo
uma na outra a cada estocada acelerada. Ela era uma gatinha sexy
nos nossos braços, ronronando na minha cabeça, enquanto outro
orgasmo crescia dentro dela.
Mas eu não queria gozar na boca dela, eu queria sentir o que
os outros sentiram.
Levantei do sofá e agarrei Becca por trás. Mason quase não
teve tempo para desocupá-la, antes de eu enfiar meu pau nela. A
luxúria da sua boceta quente me fez tremer, e ela olhou por cima
dos ombros para me encarar com os olhos semiabertos.
“Me dá”, ela gemeu de prazer, como se estivesse possuída.
“Sim, senhora”, eu disse sorrindo, metendo meu pau nela.
Ela estava tão molhada – mais do que eu jamais tinha sentido,
escorregadia, com seu próprio líquido misturado ao que Blake tinha
depositado nela. Eu martelava meu pau, enquanto corria meus
dedos pelas suas costas, o êxtase formigante aumentando no meu
membro a cada estocada trêmula. Tudo era intensificado – o olhar
dela, a forma como meu pau pulsava na sua boceta, a silhueta de
ampulheta de Becca sob a luz quente da lareira… fui tomado por um
emaranhado de emoções e desejo cru, dando a ela tudo o que
tinha, me rendendo ao impulso irracional dos nossos corpos.
Sua boceta se fechava ao redor do meu pau, me espremendo
como se quisesse me ordenhar. Sua pegada era quase o suficiente
para me fazer me jogar do abismo em direção a um orgasmo
devastador, mas Mason a afastou de mim, antes que fosse possível.
“Vira”, ele ordenou a ela.
O peito de Becca subia e descia, à medida que ela se virava
rapidamente para me encarar. Mason a colocou no seu colo,
perfurando-a por baixo de novo, ao passo que a fodia na posição da
vaqueira reversa. Suas tetas balançavam hipnoticamente enquanto
ela se movia, ondulando o corpo, como se estivesse cavalgando.
Eu e Blake nos entreolhamos. Esta garota é incrível.
Eu não consegui ficar longe por muito tempo. Me aproximei e
guiei meu pau por entre seus peitos, apertando-os ao redor da
minha vara. Seus lábios exuberantes se abriram em um gemido,
enquanto eu fodia seus peitos, lubrificados facilmente pela mistura
de líquidos que ainda envolvia meu membro.
“Vamos”, Blake disse do meu lado esquerdo, se masturbando
ainda mais rápido. “Ela é nossa. Vamos fodê-la”.
“Sou de vocês”, ela repetiu, olhando nos meus olhos por um
longo tempo, e eu soube que era verdade.
Ela vai ser nossa para sempre.
Mason enrolou um braço ao redor do pescoço dela, puxando-a
para trás, fodendo-a por baixo. Me aproximei para poder continuar
fodendo seus peitos, sentindo meu orgasmo se aproximar. A
sensação crescente nas minhas bolas era forte, uma pressão que
doía, clamando por alívio.
“Rebecca”, Mason gemeu no ouvido dela, com os olhos se
revirando antes de se fecharem. “Rebecca”.
Ela se inclinou nos braços dele, tetas balançando em volta do
meu pau duro enquanto ela gozava de novo com Mason. A forma
como ela ondulava o corpo, cabeça inclinada para trás, e peito
pressionado com força na lateral da minha vara, era mais do que eu
podia aguentar. Eu desmoronei totalmente nela, cada músculo do
meu corpo se tensionou, ao passo que eu espremia seus peitos com
força em volta do meu pau, até eu finalmente estremecer de alívio.
Becca se engasgou, assistindo meu orgasmo, à medida que
um líquido leitoso atingiu seu peito e pescoço. Continuei cobrindo
sua pele com porra, pulsando sem parar, mas eu precisava estar
dentro dela também. Adicionar meu leite aos dos outros. Continuei
gozando pelo corpo dela, me ajoelhando entre suas pernas,
deixando um rastro na sua barriga.
Mason se afastou, seu líquido branco pingava dos grandes
lábios inchados dela e eu enfiei minha cabeça dentro da sua boceta
para dar a ela os últimos vestígios do meu orgasmo. Ela era tão
gostosa que continuei sem parar, até a última gota da minha porra
cair dentro dela.
“Tenho mais para você”, alertou Blake se ajoelhando no sofá.
Ele agarrou o cabelo dela e puxou sua boca na direção do seu pau
bem no momento em que o primeiro tiro saiu da sua fenda,
aterrissando na bochecha dela antes de ela enfiar seu pau na boca.
Então, ela recebeu cada jorrada do seu sêmen, enquanto sua vara
se contorcia sem parar.
Seus olhos estavam inocentemente arregalados na minha
direção, enquanto ela bebia a segunda rodada de porra do meu
irmão, com o peito arfando ainda sob efeito do próprio orgasmo que
se dissipava.
O único som que ouvíamos era a fogueira crepitando e
respirações exaustas emanadas pelos nossos corpos satisfeitos.
Eu ainda estava duro feito pedra dentro dela, mas me afastei.
“Meus joelhos estão trêmulos”, eu disse, deixando meus dedos
permaneceram nas suas coxas.
Blake resmungou e tirou o pau da boca de Rebecca. “Você é
muito apertada, sabia?”.
Ela suspirou contra o corpo de Mason, seu peito brilhava com o
meu leite. “Porque eu estava ocupada gozando de novo, se eu não
apertasse meus lábios no seu pau, teria gritado”.
“Fico feliz que ela não tenha te mordido, irmão”, brinquei.
Blake riu, como se fosse a piada mais engraçada do mundo.
Becca se deitou no corpo de Mason, enquanto eu buscava
uma toalha para limpar sua pele gentilmente. Seus olhos se
fechavam suavemente, ao passo que ela me assistia, e quando eu
dei uma piscadela, ela sorriu.
“Agora você pode responder à grande questão”, disse Blake.
“Qual questão?”, ela perguntou.
“Quem é o melhor amante entre os irmãos Cassidy?”, Blake
perguntou simplesmente. “Você esteve com os três individualmente
e ao mesmo tempo. Você deve saber agora”.
Ela mordeu o lábio e eu pensei: ela é a mulher mais linda do
planeta.
“Vamos lá”, Mason disse. “Responde à pergunta dele”.
“Você deve ter algo a dizer sobre a virilidade da juventude que
sobrepõe a experiência”, interrompi.
“Acho que todos sabemos quem ela vai escolher”, Blake disse
confiantemente. “Melhor contar de uma vez, Rebecca. Vamos
remover a bandagem!”.
“É o seguinte…”, ela disse. “Prometi não mentir. Mas e
mentirinhas bobas?”.
Mason e eu gargalhamos, enquanto Blake só observou.
“Vou dormir por doze horas”, disse Becca, saindo do colo de
Mason. Ele manteve um braço protetivo ao redor do corpo dela. “Um
de vocês me carrega para a cama agora, ou vou dormir aqui mesmo
em frente à lareira”.
Mason ficou de pé e se alongou. “Acabou a farra. Temos que
terminar aquele abrigo”.
Ela piscou. “Você não pode estar falando sério”.
“Aqui trabalhamos duro para compensar a diversão”, Mason
respondeu. “Vamos lá, se todos me ajudarem, podemos terminar
antes de escurecer totalmente”.
Blake pegou suas calças. “Não podemos nem desfrutar de um
momento de paz com a nossa mulher”.
Mason piscou para mim e para nosso irmão. “O trabalho nunca
termina na fazenda, irmão. Você sabe disso”.
Sorri, à medida que nos vestíamos. Desde que tivéssemos
Becca na fazenda, tudo ficaria bem.
47

Rebecca

No dia seguinte, fui até Missoula levar meu laptop. O cara da


loja de consertos me olhou como se eu fosse uma idiota, quando
entreguei o computador a ele.
“Caiu do meu colo”.
“Claro que sim”, ele respondeu.
Eu estava tirando minha bolsa, mas parei no meio do caminho.
“Quer saber? Não caiu do meu colo. Falei mentira. E estou cansada
de mentir. A verdade é que eu o joguei na lareira de propósito,
fazendo um showzinho dramático para os meus três namorados
caubóis”.
Ele ficou boquiaberto, tentando entender se eu estava gozando
da cara dele. “Vai demorar algumas horas, te ligo quando terminar”.
Felizmente, o disco rígido ficava do lado do computador que
não tinha derretido, e o homem conseguiu recuperar todos os meus
dados. Não perdi nenhum dos meus livros.
Sabendo que eu não precisaria reescrever nada, tornou mais
fácil minha concentração nas tarefas da fazenda das semanas
seguintes. Consertamos a curva no chão da varanda e outras partes
da casa. Até instalamos um isolamento novo no sótão, para evitar
que o calor escapasse.
Mason passava suas manhãs trabalhando no abrigo atrás do
celeiro. Toda vez que eu tentava espiar o lado de dentro, ele me
impedia e fechava a porta, como se estivesse trabalhando num
projeto ultrassecreto. Tudo o que eu sabia era que ele estava
pintando e serrando.
Finalmente, numa manhã bem cedo, ele acordou todo mundo e
pediu que fossemos para o lado de fora. Nos vestimos e
caminhamos pela estradinha coberta de neve. A placa antiga da
Fazenda Céu Azul tinha sido removida e estava encostada na cerca,
e uma placa nova em forma de arco atravessava a entrada da
propriedade.

FAZENDA CASSIDY
Blake - Cody - Mason - Becca

“Finalmente, você trocou a placa!”, eu disse.


Blake cruzou os braços e inclinou a cabeça, encarando a
placa. “Eu gostei muito da ordem dos nomes”.
Mason colocou um braço em volta do ombro do irmão. “Decidi
fazer em ordem alfabética, ao invés de idade. Assim, você pode ser
o primeiro pela primeira vez”.
Blake respondeu com um grande sorriso.
“Muito atencioso da sua parte, irmão”, disse Cody.
“Especialmente o último nome”.
“Não tinha espaço o suficiente para o nome todo, portanto tive
que escrever o apelido”, Mason explicou.
“Não sou ingrata, mas isso parece um grande compromisso”,
provoquei. “E se terminarmos em seis meses?”.
“Então, vamos ter que encontrar outra mulher”, disse Mason.
“Cujo nome também será Becca”.
“Ou eu posso subir ali e pintar por cima do nome dela”, disse
Blake, indiferente. “Tem que ser um nome curto. Nada de Elizabeths
ou Katheryns”.
“Dá sempre para usar o apelido: Beth ou Katy”, Cody salientou.
“Ah, é. Neste caso, tudo bem, Rebecca. Pode ir embora,
quando quiser”.
Mostrei a língua para ele.
Assim que terminamos todos os pequenos reparos ao redor da
fazenda, não havia muito o que fazer até a primavera. Aquilo me
dava muito tempo para trabalhar no meu livro. Eu realizava as
tarefas da fazenda de manhã e passava minhas tardes na cadeira
perto da lareira, digitando no meu laptop novo.
Era mais fácil agora que eles sabiam. Eu não precisava
esconder o que fazia, e não me sentia prejudicada pela culpa. Era
um ambiente muito melhor para a criatividade, e as páginas do livro
lentamente se acumularam. Mas havia outros bloqueios na minha
escrita.
“Vamos lá. Só uma olhadinha!”, disse Cody uma manhã,
entrando em casa após cuidar do gado.
“Não”, respondi.
Ele colocou as mãos na frente do fogo, desfrutando do calor.
“Deixa eu ler uma prévia. Pode escolher qualquer capítulo, por
favor!”.
“Não deixo ninguém ler antes de acabar”, eu disse. “Nem meu
editor, nem minha agente”.
Blake entrou na sala com duas xícaras de cidra quente. Ele as
colocou na mesa ao meu lado e disse: “Você sabe que somos mais
fortes que você e que podemos simplesmente te dominar e fazer o
que quisermos”.
Levantei uma sobrancelha. “Você ainda está falando do
laptop?”.
Ele sorriu e se inclinou para me beijar ferozmente, seus lábios
tinham o gosto doce da cidra. “Ambos. Primeiro pegamos você,
depois o laptop”.
Executei um comando no laptop e respondi: “Pronto.
Bloqueado. Agora vocês precisam da senha”.
“Talvez a gente precise te torturar para conseguir”, Cody
sugeriu.
“Isso não é legal!”.
“Vai ser uma tortura divertida”, Blake prometeu, se inclinando
perto o suficiente para eu sentir sua respiração quente na minha
pele. “Te amarrar na cerca e tirar suas roupas. Correr minha língua
para cima e para baixo nesse seu corpinho lindo. Te provar. Lamber
seu clitóris e enfiar meus dedos na sua boceta…”.
Seus lábios estavam tão próximos do meu ouvido quando ele
terminou que eu estava pronta para jogar o laptop de lado e abrir as
pernas para ele imediatamente. Mas aí ele se afastou.
“E quando você estiver quase, vamos nos afastar”, ele disse,
voltando para a cozinha.
Resmunguei. “Isso é tortura mesmo”.
Cody riu. “Então, é melhor você me deixar ler…”.
“Não! Você pode ler quando eu terminar, como todo mundo”.
Cody resmungou.
“Qual é o problema?”, Mason perguntou, entrando pela porta e
removendo suas luvas de trabalho.
“Becca não quer me deixar ler o livro”.
“Não até eu terminar”, expliquei.
“Qual é o propósito de dormir com uma autora de sucesso, se
não podemos espiar os livros antes?”, Mason perguntou.
Cody apontou para ele e acenou concordando.
“Você sabe que escrevi outros livros, não é?”, perguntei. “Você
pode ler qualquer um agora”.
“Não ligo para outros personagens. Quero ler o livro sobre
mim”.
“Tecnicamente, não é sobre você”, respondi. “As personagens
são vagamente baseadas em vocês três”.
“Certamente são”, Cody piscou para mim dramaticamente.
O primeiro manuscrito ficou pronto no fim de fevereiro. O que
foi bom, porque foi quando a neve começou a descongelar, e o
trabalho na fazenda começou a me deixar mais ocupada.
Começamos novas plantações – com a ajuda de um agrônomo de
verdade e não com base na minha experiência falsa. Também
deixamos Sr. Pam acasalar com as galinhas para produzirmos mais.
Uma coisa que eu tinha me esquecido do meu tempo de criança:
fazer cruzamento de galinhas é difícil. Sr. Pam subia nas galinhas
por trás e enfiava suas garras nas costas delas, arrancando
algumas penas no processo.
“Nosso sexo é mais bonito”, Blake me disse um dia, enquanto
assistia o processo no galinheiro.
“Certamente sim”, respondi. “Embora eu goste de quando você
é um pouco rude”.
“É? Você quer que eu arranque suas penas?”.
“Não”, eu disse, me enrolando no corpo dele. “Mas se você
atingir o ponto certo hoje, vou te arranhar”.
Depois de algumas semanas de ovoscopia – segurávamos os
ovos contra a luz para ver se foram fertilizados – terminamos com
seis novos pintinhos. Mason e Blake criaram um projeto para
ampliar o galinheiro.
“Temos muito trabalho no mês que vem”, disse Mason à mesa.
“Talvez precisemos contratar alguém para ajudar”.
“Se certifique de ser uma gostosa”, Blake respondeu, “que tope
dormir com os três”.
“Onde vamos encontrar alguém assim?”, Cody perguntou
inocentemente.
Rolei meus olhos.
Minha editora me enviou notas sobre o livro no fim de março.
Demorei duas semanas para passar por todas e fazer algumas
mudanças no romance.
Uma noite, Cody e Mason estavam jogando baralho, e eu
entrei na sala e coloquei o laptop na mesa.
“Estamos no meio de um jogo”, Mason disse.
“Ah, ok”, eu disse. “Presumi que vocês quisessem ler uma
prévia do livro, mas já que vocês estão ocupados…”.
Os dois agarraram o laptop ao mesmo tempo. Blake se
levantou do sofá e correu na nossa direção, se enfiando entre nós
para ler também.
Sorri, à medida que eles escaneavam a tela do computador
sem parar.
“Membro grosso?”, Blake olhou para baixo. “Meu pau é
grosso?”.
“Certamente é”, respondi.
“Caralho, Becca. Isso está me deixando suado”.
“É melhor que pornô”, disse Blake.
Mason deu de ombros e se levantou da cadeira. “É ok”.
“Só ok? Sério?”.
Ele assentiu. Me dei conta de que ele estava falando sério.
Cruzei os braços. “Você não aprova?”.
“Não desaprovo”, ele disse. “Só prefiro a coisa na vida real”.
Soltei um gritinho, quando ele me pegou no colo e me carregou
para o andar de cima.
Epílogo

Mason

Eu estava parado na frente do espelho do banheiro, tentando


dar um nó na gravata, sem sucesso. Fazia muito tempo desde a
última vez que eu tinha feito isso, e eu estava enferrujado.
Blake enfiou a cabeça pela porta. “Meu terno não está tão bom
quanto ficou no alfaiate”.
Olhei para ele. “Você me parece bem”.
“Não gosto disso. Prefiro jeans. Ninguém se importa”.
Antigamente eu ficaria puto com Blake e diria a ele para não
reclamar. Mas eu era um homem diferente. Pelo menos eu estava
tentando ser. Eu sabia que precisava tratar Blake como meu irmão e
não como alguém que só me irritava.
“Isso é importante para a Rebecca”, eu disse calmamente. “Ela
nunca pede nada. Hoje, a noite é sobre ela, e concordar com o que
ela quer é o mínimo que podemos fazer”.
Blake fez uma careta e deu um passo para a frente do espelho
ao meu lado. “É, você tem razão. Mas porra, gravatas são
estúpidas”.
Cody apareceu no corredor. “Algum problema?”.
“Caralho. Como você conseguiu dar o nó na sua?”, Blake
perguntou.
“Eu sempre soube dar nó em gravata. Porque sou um homem
de cultura”.
“É, sim…”, Blake zombou, esticando a mão para pegar a
gravata. “Provavelmente é uma dessas com…”.
Ele puxou, e a gravata se soltou da gola de Cody.
“…prendedor”.
Gargalhei, ao ver a cara de horror de Cody. “Boa tentativa,
irmão!”.
Ele tomou a gravata de Blake. “Blake tem razão: gravatas são
estúpidas. Ninguém vai saber, se eu roubar”.
“Rebecca vai saber”, eu disse.
Cody respirou fundo. “Merda. Certo. Me ensina a fazer isso”.
Demoramos meia hora para conseguirmos nós apresentáveis
nas nossas gravatas. Quando saímos do banheiro, Rebecca estava
esperando no corredor.
“Quem são estes três homens arrojados?”, ela perguntou. “E o
que vocês fizeram com os meus caubóis robustos?”.
“Esquece a gente”, eu disse. “Olha só você”.
Eu não entendia muito de vestidos, mas eu sabia que o dela
era elegante. Era meio rosa, meio salmão, longo até o chão com
umas frescuras de um lado e um decote que mostrava bastante.
Seus cabelos estavam soltos pelos ombros em ondas suaves, e
havia um toque final de batom vermelho na sua boca franzida.
Cody assobiou. “Caralho, Becca. Você sabe se vestir”.
“Vou jogar fora todas as suas outras roupas”, disse Blake. “A
partir de agora, você vai trabalhar assim na fazenda todos os dias”.
Ela colocou as mãos na cintura. “Vai ser difícil cavalgar assim”.
“Você não precisa mais cavalgar. A partir de hoje, seu trabalho
é apenas ser linda o dia inteiro”.
“Mas eu já faço isso”, ela se virou nos mostrando sua bunda
que ficava maravilhosa naquele vestido. Meu pau pulsava, e eu me
perguntei se tínhamos tempo para nos divertir antes de sair.
“Saímos em cinco”, disse Rebecca, eliminando minhas
esperanças de uma rapidinha. Mas eu resolvi que colocaria minhas
mãos nela naquela noite, assim que estivéssemos sozinhos.
A fazenda ficava a três horas de carro de Great Falls. Era
estranho ver as montanhas desaparecerem lentamente da vista, se
tornando a planície do centro de Montana. Eu não me lembrava
quando tinha sido a última vez que deixamos o vale. Provavelmente,
antes de conhecermos Penny.
Pensar nela ainda me fazia sorrir e sempre faria. Mas sua
memória não me trazia mais uma tristeza profunda. Por bem ou por
mal, tínhamos realmente superado. Rebecca não tinha só
preenchido o buraco no meu coração, ela tinha entrado nele e
esticado as pernas. Eu me sentia mais forte do que antes, graças a
ela.
Eu me sentia mais homem.
O evento foi no clube de campo do Rio Missouri. “Caralho, tem
manobrista”, Blake disse. “Isso é chique”.
Meus olhos se arregalaram, quando descemos do carro e
entramos no local. Era muito mais legal do que eu estava
acostumado. Candelabros de cristal, toalhas de mesa branca e
homens segurando bandejas de champanha. O público era mais
elegante do que eu esperava, havia pelo menos uma dúzia de
homens usando smokings.
“Aposto que dar o nó em uma gravata borboleta é mais fácil do
que dar um nó em uma gravata comum”, Blake resmungou.
“Acredite: não é”, Rebecca respondeu. Ela bateu nas costas
dele. “Você se safou ao escolher um terno normal”.
Em uma das pontas do salão havia uma mesa cheia de cópias
do livro mais recente de Rebecca e um banner com o nome dela em
letras grandes.
“Por que você não faz seus lançamentos em Nova Iorque?”,
Cody perguntou. “Me parece mais apropriado do que aqui em Great
Falls”.
“Geralmente fazemos isso em Nova Iorque”, ela explicou. “Mas
como este livro se passa em uma fazenda, convenci a editora a
fazer aqui. Ok, eu exigi que fosse aqui, me aproveitando da minha
posição. Eu não queria ficar longe da fazenda por muito tempo.
Além disso, sou boa o suficiente para fazer as pessoas virem até
aqui uma vez na vida”.
“Aí está a mulher da noite!”, Terry, agente de Rebecca, estava
usando um vestido preto elegante, com joias prateadas que
combinavam com as mechas do seu cabelo. “E olha quem ela
trouxe? Eu sabia que vocês três tinham um pouco de classe
escondida”.
“Nós fingimos bem”, respondi sorrindo. “Bom te ver, Terry”.
“E em boas circunstâncias! Prometo não revelar nenhum dos
segredos sujos de Rebecca”.
“Não precisa se preocupar. Sou um livro aberto, por assim
dizer”, disse Rebecca com um sorriso esperto.
Terry acenou para um garçom que trouxe uma bandeja de
taças de champanhe. “Bebam, bebam. O lançamento de um livro é
uma celebração, e eu preciso agradecer a vocês três!”.
O champanha estava frio e encheu minha boca e garganta com
bolhinhas formigantes. Blake estalou os lábios e disse: “Gosto mais
da nossa cidra”.
Terry o encarou. “Este é um Dom”.
“Nunca ouvi falar”, Blake respondeu. “Não é ruim. Eu só prefiro
nossa própria bebida”.
Terry revirou os olhos e pegou Rebecca pela mão. “Venha,
vamos nos misturar. A diretora da Harper Collins está aqui, e eu não
a estava esperando. Acho que ela vai pedir direitos de filmagem…”.
Nós a seguimos para o pátio do lado de fora, que
provavelmente era um jardim, com base na quantidade de flores e
arbustos espalhados. Assistimos à Rebecca cumprimentar os
grupinhos de pessoas da festa. Blake, Cody e eu nos sentíamos
fora do nosso elemento sem ninguém para nos ciceronear, então
ficamos parados bebendo champanhe.
“Ela é boa nisso”, disse Cody.
“Nisso o quê?”.
“Essa coisa de festa chique. Rir de piadas ruins e fazer piadas
ruins. Ela parece pertencer à Manhattan, não a uma fazenda em
Montana”.
Acompanhei a mulher que eu amava com os olhos. Ela parecia
sim se sentir mais à vontade em Nova Iorque.
“É apenas ficção”, ouvi-a dizer para alguém. “Claro que não é
baseado em nada real”.
“Ah, que pena”, a mulher respondeu. “Três caubóis? Você
consegue imaginar? Seria como o paraíso!”.
“Sim, seria”, ela olhou para nós, sorrindo, quando me viu
olhando de volta antes de se virar para a mulher. “Melhor que o
paraíso. Imagina ser assim tão sortuda”.
Nós somos os sortudos, pensei, sorrindo. Por encontrar
alguém como ela.
Depois que Rebecca terminou de cumprimentar todos, pediu
licença e foi ao banheiro. Eu casualmente a segui naquela direção,
atravessando o salão de vestiários de golfe. Quando ela saiu do
banheiro, eu a peguei pela mão e a empurrei para o vestiário
feminino.
“O que você está fazendo?”, ela sussurrou.
Segurei seu queixo e virei sua cabeça para poder beijá-la. “Eu
queria fazer isso antes de sairmos”.
Ela suspirou, quando rocei seu pescoço com o nariz,
empurrando-a contra a parede cheia de armários. Sua bolsa caiu no
chão, mas estávamos muito focados um no outro para nos
importarmos.
“Tenho que ir lá na frente de todos em alguns minutos”, ela
sussurrou, enquanto eu subia seu vestido.
“Então, é melhor sermos rápidos”.
Eu a beijei ferozmente, puxando seu vestido para cima para
sentir sua pele macia. Ela gemeu no meu abraço e empurrou o
quadril para mim, implorando inconscientemente para eu continuar.
Quando a levantei em meus braços, ela enrolou as pernas ao meu
redor.
Estiquei a mão, abri meu zíper e liberei meu pau pulsante, à
medida que nossos lábios se roçavam freneticamente de luxúria.
Quando ele finalmente estava todo para fora, empurrei sua calcinha
para o lado e a empalei com a minha vara.
Eu nunca vou me cansar dessa gostosura, pensei.
Ela virou a cabeça para trás e gemeu silenciosamente,
enquanto eu roçava o nariz no seu pescoço exposto, batendo-a
contra os armários com um barulho metálico. Sua boceta se
comprimia em torno do meu pau, e eu a fodia na parede dos
armários, ao passo que a festa acontecia lá fora. Só paramos,
quando nos agarramos com um alívio quase silencioso.
“O que foi isso?”, ela perguntou, retocando o batom no
espelho. “Não que eu me importe, é claro…”.
Eu beijei seu ombro. “Só te lembrando do que a nossa fazenda
tem a oferecer”.
Ela me olhou pelo espelho. “Você acha que eu preciso de
lembretes?”.
Dei de ombros. “Todas estas pessoas chiques da cidade lá
fora. Você fica tão confortável entre eles…”.
Ela guardou o batom e se virou. “Só estou sendo educada. É
diversão por uma noite, eu acho. Mas só sou eu mesma quando
estou com você, Blake e Cody. Nunca vou embora da Fazenda
Cassidy”.
Tentei beijá-la novamente, mas ela me impediu com um dedo.
“Você vai borrar meu batom, e eu preciso falar em um minuto!”.
“Guardo para depois, então”, beijei sua mão e dei um tapa na
bunda dela.
“Mais tarde você pode me beijar onde quiser. E talvez eu
retribua o favor”.
Sorri, enquanto a seguia de volta para o salão de festas.
Terry chamou Rebecca e a guiou até o pódio no fim do salão.
Cuidadosamente, atravessei a multidão até chegar à mesa onde
meus irmãos estavam.
“Por que você desapareceu?”, Cody perguntou.
“Te conto depois”.
“Viu isso?”, Blake perguntou, levantando uma cópia de capa
dura do livro da Rebecca.
“Ela me mostrou o design da capa”.
Blake fez uma careta. “A capa não. Isso”.
Ele abriu o livro na página da dedicatória.

Para os meus três caubóis.


Um livro nos uniu, mas um livro nunca vai nos separar.

Eu não entendia o porquê de o gesto significar tanto para mim,


mas minha garganta se apertou, e eu não consegui falar. Cody me
deu um tapinha no ombro.
Fechei o livro e apontei. “Ela vai começar”.
Terry tocou no microfone e deu as boas-vindas a todos no
evento. Ela falou por alguns minutos sobre sua história trabalhando
com Rebecca Winters, e como este era seu melhor livro até então. A
seguir, ela foi substituída por um homem careca e bigodudo que
trabalhava para a editora que promoveu o evento de lançamento.
Ele falou que estava muito empolgado por publicar o livro de
Rebecca e blá-blá-blá. Bebi minha água, observando-o falar sem
parar.
Finalmente, Rebecca assumiu o microfone. Quando os
aplausos pararam, ela agradeceu a todos por terem comparecido e
falou um pouco sobre o livro.
“Eu gostaria de agradecer especialmente aos homens da
Fazenda Cassidy”, ela disse. “Mason, Cody e Blake Cassidy
graciosamente permitiram que eu ficasse na fazenda para me
inspirar. Sem eles, não haveria livro”.
Nós três sorrimos e acenamos, enquanto todos aplaudiam
educadamente. Algumas mulheres sussurraram e sorriram para nós.
Cody sorria de volta para todos. Blake corou, como se não
soubesse lidar com toda aquela atenção.
Uma mulher da mesa ao lado tocou meu braço. “Desculpa,
mas não posso evitar perguntar. A história…”.
“É totalmente ficcional”, respondi suavemente. “O livro diz isso:
qualquer semelhança com pessoas ou eventos reais é mera
coincidência”.
“Ah”, ela pareceu desapontada, mas continuou nos olhando.
Rebecca terminou o discurso e começou a descer do palco,
mas Terry pegou o microfone e perguntou: “E qual é o próximo
passo de Rebecca Winters? Algum outro livro em mente?”.
Rebecca sorriu para mim. “Tenho algumas ideias, mas vou
esperar um pouco para ver o que aparece. Enquanto isso, não vou a
lugar nenhum. Vou saborear o fato de estar em casa”.
Eu sabia que ela estava falando da Fazenda Cassidy, quando
disse isso. Era a casa dela agora.
Ela conversou um pouco mais com o público que começava a
se dissipar. “Muita falação”, ela disse, quando voltou para a nossa
mesa. “Hora de ir? Só entrego meu apartamento no mês que vem e
fica a meia hora daqui”.
“Na verdade, pensamos em voltar para casa hoje”, respondi.
“Eu sei que trouxemos uma muda de roupa, mas só tomei uma taça
de champanhe e já faz duas horas. Estou bem para dirigir”.
“Você quer dirigir todo esse tempo? Hoje?”, ela perguntou.
“Gosto de dormir na minha própria cama”, respondi. “Além
disso, temos muito trabalho amanhã cedo. Precisamos desmontar o
abrigo corta-vento e consertar a parte da cerca que a tempestade
arrancou”.
“Sem contar as galinhas”, Cody interrompeu. “Os pintinhos são
muito novinhos ainda, precisamos cuidar deles”.
“É muito barulhento aqui na cidade”, disse Blake.
“Great Falls quase não é uma cidade”, disse Rebecca
secamente.
“Ainda prefiro o silêncio da fazenda. Com exceção dos seus
barulhos”.
“Quer saber? Prefiro o silêncio da fazenda também”, Rebecca
disse, passando um braço pela minha cintura. “Voltar hoje parece
uma boa ideia. Nada como nosso lar doce lar”.
A viagem de volta não foi tão ruim. Blake me fez companhia no
banco da frente, ao mesmo tempo que Rebecca dormia no ombro
de Cody no banco de trás. Sorri, quando meu farol iluminou o arco
que dizia Fazenda Cassidy. Como Rebecca disse, nada como nosso
lar doce lar.
Eu a levantei gentilmente do banco de trás e a carreguei para
dentro. Nós dois dormimos na suíte principal e Blake e Cody foram
para seus próprios quartos. Às vezes dormíamos todos juntos, mas
geralmente após atividades em grupo. Naquela noite, eu queria
Rebecca só para mim.
Abracei seu corpo e a ouvi respirar suavemente.
Nunca pensei que fosse ser tão feliz.
Acordamos abraçados no outro dia, com o cheiro de bacon,
ovos e panquecas. Blake estava na cozinha, mexendo uma espátula
no fogão.
“Que gentil da sua parte fazer café da manhã”, eu disse.
Ele só resmungou. Típico do Blake.
“Valeu”, Rebecca disse, beijando a nuca do meu irmão. Blake
sorriu. Ela tinha uma forma de tocar sua alma que ninguém mais
tinha.
“E aí?”, ela disse se sentando. “Quais são as tarefas do dia?”.
Cody se sentou empolgado: “Acho que nós quatro podemos ir
cavalgar pela propriedade, medir o estrago da tempestade. Talvez
tenhamos trabalho para duas pessoas, talvez para quatro. O que
você acha, Becca?”.
“Me parece um dia perfeito”, ela disse sorrindo, enquanto
tomava café.
Rebecca, Blake e eu preparamos os cavalos, enquanto Cody
empacotava nosso almoço. Montamos e cavalgamos até as
montanhas, ao passo que o sol surgia nas nossas costas, brilhante
e quente. Só havia algumas nuvens no céu, mas o tom de azul
daquele dia era o mais intenso que eu já tinha visto na vida.
O dia perfeito, como Rebecca disse.
Sorri para ela, ela sorriu de volta. Então, fez uma cara
maliciosa.
“Desafio vocês até as árvores”.
Sem esperar uma resposta, ela galopou com Cavalo de Fogo,
gargalhando, enquanto se afastava de nós.
Olhei para Cody e Blake, meus dois irmãos sacudiram as
cabeças e riram.
“O último conserta a cerca!”, disse Blake de repente,
galopando também.
Cody e eu apertamos as rédeas, tentando alcançá-los,
enquanto perseguíamos Rebecca, nossa amada, pelas montanhas.
Cena Bônus

Quer passar mais tempo na Fazenda Cassidy? Quer saber


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Clara

Eu odiava – do verbo odiar muito – trabalhar no restaurante da


mama.
“Clara!”, ela gritou da cozinha com seu sotaque siciliano
pesado. “O temporizador está tocando!”
“Já ouvi!”, gritei de volta, entregando o troco a um cliente. Com
a voz mais doce, disse a ele, “Sua pizza ficará pronta logo.”
Outro cliente entrava pela porta, mas me virei e apertei o botão
do forno para interromper o bipe incessante. Então peguei a pá
gigantesca para tirar a pizza do forno e abri a porta. Uma lufada de
ar quente atingiu meu rosto, enquanto eu tirava a pizza lá de dentro
e a depositava na caixa de papelão, esferas de suor se formavam
nas minhas têmporas e na minha testa.
Eu nunca quis trabalhar lá. Eu fiz isso na época do ensino
médio porque era mais fácil do que sair procurando trabalho e
porque papa precisava de ajuda. Então fui para a faculdade e passei
quatro anos maravilhosos longe de um forno de pizza. A única vez
que me aproximei de uma caixa registradora foi como cliente,
comprando alguma coisa.
Mas voltei para a casa dos meus pais depois de me formar,
mais por culpa do que por vontade. Supostamente só ficaria lá por
alguns meses para ajudar a mama com o funeral do Papa.
Um ano depois e eu ainda estava ali. E o restaurante ainda se
chamava Pizzaria do Tony, mesmo que meu pai fosse só uma
memória persistente.
“Obrigada, bom apetite”, eu disse ao cliente enquanto
entregava a caixa para ele. Virei para a mulher que entrava e disse,
“Bem-vinda à Pizzaria do Tony, como posso ajudar?”
Enquanto eu anotava o pedido dela, o telefone tocou duas
vezes. Minha mãe atendeu da cozinha, onde preparava as pizzas.
Depois de anotar o pedido da mulher, a cabeça da mama apareceu
na quina da parede.
“Entrega!”, ela disse. “A pizza sai em cinco minutos.”
Resmunguei. A única coisa pior do que trabalhar na cozinha
eram as entregas. Havia muitos caras estranhos por ali, do tipo que
oferecia uma grande gorjeta com uma piscadela. Não era à toa que
a maioria dos entregadores eram homens.
A maioria dos restaurantes já tinha adotado pedidos digitais,
mas minha mãe insistia em fazer tudo manualmente. Cada pedido
era anotado em um pedaço de papel e afixado a um varal na
cozinha. Peguei o papel e conferi o endereço. A rua estava legível,
mas o número era só um amontoado de riscos.
“South Henderson…”, meu coração acelerou. “Na esquina?”
Só tinha um lugar que eu amava ir para fazer entregas: o
quartel dos bombeiros. Os caras eram maravilhosos! E não só
porque eles eram heróis de verdade que salvavam pessoas de
incêndios. Os bombeiros de Riverville, Califórnia eram deliciosos.
Uns galãs de calças largas e camisetas brancas. Sorrisos
charmosos e músculos pulsantes.
Eu gostaria de duas fatias com molho extra, por favor,
senhores.
Mas minha mãe chacoalhou a cabeça. “Na esquina não.
Seiscentos e vinte e três”, ela limpou a testa com uma das mangas.
“Alguns quarteirões pra baixo.”
Merda, pensei. Sexta-feira era dia deles pedirem pizza, mas
nada ainda. Talvez eles estivessem tentando mudar a rotina
alimentar.
“Por que o Dan não leva?”, perguntei.
“Dan ainda está fora com as últimas entregas”, minha mãe
respondeu impacientemente.
“Porque ele sempre para pra fumar antes de voltar”, murmurei.
Ela me encarou.
“Tá bom, tá bom! Tô indo.”
Mama resmungou em italiano.
Eu ainda estava suada de trabalhar na cozinha, mas não tinha
tempo para me trocar. Coloquei duas pizzas na caixa térmica e a
carreguei para o carro.
Riverville era uma cidadezinha pitoresca da Califórnia que
ficava perto de Fresno. De um lado, subúrbios se espalhavam
misturados à centros comerciais e do outro, fazendas cobriam todo
o trajeto até as montanhas. Riverville ficava estranhamente no meio
do caminho. Não era exatamente uma zona rural, mas tampouco
super urbana.
O endereço para entrega ficava a cinco minutos. Tudo em
Riverville ficava a cinco minutos de tudo, dependendo dos sinais de
trânsito. A casa que pediu a pizza ficava a um quarteirão da avenida
principal. Não havia carros estacionados, mas as luzes estavam
ligadas.
Bati na porta e um garotinho magricelo de doze anos abriu.
“Entrega”, eu disse.
“Finalmente!”, o menininho arrogante respondeu. Atrás dele, no
corredor, vi um bando de pré-adolescentes dando risadinhas. “Não é
grátis se vocês demorarem para entregar?”
Sorri educadamente e olhei no relógio. “Demorei exatos seis
minutos e quarenta e cinco segundos pra chegar aqui. São vinte e
cinco dólares.”
O menino me entregou duas notas de vinte. Enfiei a mão no
bolso e tirei uma nota de dez e uma de cinco dólares. Ele pegou o
troco, as pizzas e começou a fechar a porta.
“Sabe, faltou a gorjeta”, eu disse.
Ele zombou. “Cala a boca, tia.”
“Tia? Eu só tenho vinte e quatro anos!”
Ele deu de ombros e bateu a porta na minha cara. Comecei
bem a noite.
Dirigi para casa de mau humor, não só por causa dos clientes
chatos. A grande merda de trabalhar em uma pizzaria era que as
noites mais cheias eram os finais de semana. Eu sempre passava
minhas noites de sexta, sábado e domingo trabalhando. Depois de
um tempo, eu já tinha me cansado.
Mama estava no telefone quando entrei no restaurante. “Outra
entrega”, ela disse.
Resmunguei. “Dan ainda não voltou?”
“Voltou, mas guardei essa pra você”, ela respondeu. Ela tentou
manter o rosto sério, mas o sorriso escapuliu por entre seus lábios.
Corri para trás do balcão para ver o endereço da entrega.
South Henderson. Quartel dos bombeiros.
Tentei não comemorar. “Quanto tempo até a pizza ficar
pronta?”
“Dois minutos”, minha mãe disse por cima do ombro.
Corri para o banheiro de funcionários e freneticamente tentei
parecer mais apresentável. Limpei o suor do pescoço, desamarrei
meu rabo de cavalo e o refiz deixando algumas mechas soltas.
Tinha um respingo de molho de tomate no meu peito que eu removi
com um papel higiênico molhado.
“Anda logo!”, minha mãe gritou da cozinha.
Corri para fora do banheiro e peguei a pizza na mesa. Eu ainda
não estava como queria para encontrar os bombeiros, mas pelo
menos estava mais decente do que antes.
“Não demore muito dessa vez!”, minha mãe advertiu.
“Não sei do que você está falando.”
Mama me deu uma piscadela e eu corri para fora do
restaurante.

Uma babá para los Bombeiros


Cassie Cole é uma escritora de Romances de Harém Reverso
que vive em Forth Worth, no Texas. Uma apaixonada piegas de
coração, acredita que romances são melhores com um enredo
picante!

Otros livros de Cassie Cole (em


Português)
Uma Babá Colorida
Tentação Tripla
Uma babá para os Fuzileiros
Uma babá para os Bombeiros
A garota dos Bilionários
Uma babá para o Natal
A garota dos Caubóis

Otros libros de la misma autora


(em Inglês)
Broken In
Drilled
Five Alarm Christmas
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Triple Team
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