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XOXO
Ashley Jade.
Aviso da autora
Complicado - adjetivo:
Se você não fez isso, está tudo bem. Você pode ler este dueto
sem ter lido o dueto Complicated Hearts. Este é o livro de Preston e
Kit e é a história deles.
Dito isso: tanto Preston quanto Kit são personagens falhos e não
convencionais.
Kit Bishop está em minhas veias. Mas, infelizmente para mim, ela é a
droga que eu nunca vou conseguir e a droga que eu não posso perseguir.
"Tudo é um jogo, a cima de todos o amor.”
- Tess Gerritsen
I
Com. Uma. Garota - tudo bem, talvez isso não seja tão ruim.
Inferno, é até meio quente.
Algo que estou lamentando não ter consertado porque são quase
duas da manhã e não tenho ideia de para onde diabos estou indo
nesta cidade decadente e esquecida por Deus, que parece não ter
fim.
Não até que eu parei em uma ponte e buzinei para o carro que
está me impedindo de atravessar.
Ok, talvez não seja a única coisa. A visão dela trocando cuspe
com minha namorada no meio de uma lanchonete da faculdade está
firmemente reservada no banco de dados do meu cérebro.
Ela coloca as mãos nos quadris. — Então que merda você está
fazendo na minha ponte, idiota?
1
Uma história de conto de fadas norueguesa que conta a história de três carneirinhos que precisam
ultrapassar uma ponte e tem um Troll que os atrapalha.
— Three Billy Goats Gruff — repito com mais ênfase. — Você
sabe, a história do troll em uma ponte que não deixa as cabras
passarem.
Não tenho ideia do que dizer a essa garota, mas está claro que
ela está extremamente perturbada. Estou prestes a dizer que ela não
é um troll, mas é quando me dou conta.
Mas o fato é que... alguém foi ferido nesta provação. E Deus sabe
que não foi Becca e com certeza não fui eu.
— Você nem me conhece — digo a ela. — Não que você não iria
me odiar se me conhecesse. Eu não sou exatamente um santo. — Eu
me inclino contra o capô do meu carro. — Se vale de algo, eu não
tinha ideia que ela estava com você. Eu sei que isso não mudará sua
percepção sobre mim mas você está obviamente chateada. Talvez
conversar um pouco comigo ajude. — Eu levanto minhas mãos. —
Ou piore. Não dou garantias, mas vale a pena tentar. Depois,
podemos voltar a ser inimigos mortais e fingir que esta noite nunca
aconteceu.
Com rímel ou não, ela é linda. Uma nota vinte em uma escala
de dez - e eu não estou nem dentro do visual tatuado e com piercing.
Quando eu olho para ela, ela diz: — O bebê. Ela está gravida?
Minha mente voa de volta para alguns meses atrás, quando fiz
uma aposta - na verdade uma série delas - com os Dragonis - que
por acaso são a família de Becca - e acabei perdendo uma tonelada
de dinheiro.
Meu irmão mais velho, Asher, não tem ideia e, considerando que
é algo que vou levar para o túmulo, ele nunca saberá. Mas eu perdi
uma grande aposta com os Dragonis de propósito.
Ainda está confuso? Bem, espere - as coisas vão ficar muito mais
complicadas.
Ele estava indo para a NFL, mas depois que o vídeo se tornou
viral, ele foi imediatamente expulso da Universidade Duke's Heart
por motivos ridículos e perdeu sua bolsa de estudos. E meu pai
sendo o idiota que ele é, alguém que tem tudo a ver com imagem
pública - o deserdou e o isolou financeiramente.
A única coisa positiva sobre o vídeo ter sido divulgado foi que
proporcionou a Asher liberdade de Kyle e liberdade de ser ele mesmo.
As coisas estão finalmente melhorando para meu irmão - em parte
graças a mim.
Ela exala uma respiração irregular. — Sim, mas ele não estava
no acidente... não exatamente. Não há ninguém para verificar com
certeza, já que os únicos dois passageiros do avião não saíram vivos,
mas de acordo com os investigadores, o avião ficou ocioso logo após
a decolagem. Eles também encontraram um paraquedas junto com
um colete salva-vidas na água, e quando encontraram o avião no
fundo do rio, a porta estava aberta. Com base nisso, eles pensaram
que havia a possibilidade de que ele tivesse saltado do avião antes
que ele caísse.
Agonia corta seu rosto. — Eu sei. Mas visto que eles nunca
recuperaram o corpo do piloto, eles não tiveram escolha a não ser
presumir que ele morreu também. — Suas narinas dilatam. — A
investigação durou anos, mas não deu em nada.
Não posso culpá-la por se sentir assim. — Não quero ser todo
‘teoria da conspiração’ com você, mas seus pais eram pessoas
perigosas? Espiões? Mafiosos? Negociantes de mercadorias? Eles
tinham informações sobre algo que não deveriam? Eles obviamente
tinham dinheiro, já que estavam indo de avião particular para o
Caribe. — Eu paro quando percebo que não estou apenas cruzando
os limites com minhas perguntas, estou saltando sobre eles. — Só
estou tentando descobrir o que aconteceu.
Eu bato meu relógio. — Eu acho que nós dois sabemos que listar
isso levará muito tempo. Você vai economizar tempo e esforço me
dizendo quem você acha que está por trás da morte de seus pais.
Ela puxa os joelhos até o peito. — Tudo bem, mas apenas porque
minha noite não pode ficar pior, não por que somos amigos ou algo
assim.
— Devidamente anotado.
— Parece que você teve uma vida boa — eu digo reprimindo meu
ciúme.
Ela agarra os joelhos com tanta força que os nós dos dedos ficam
brancos. — Quando meu pai desenvolveu o Kit-Bit, ele se tornou rico
e bem-sucedido muito rápido.
— O sonho americano.
Ela aponta para seu BMW. — Como este doce carro — Ela se
inclina contra o para-brisa. — Além de tudo isso, também recebo
uma mesada todo mês. Uma boa, já que meus pais eram bilionários
e tudo. Infelizmente, há alguns problemas com isso, graças à minha
Avó e suas contingências... — Ela faz uma pausa e a vergonha
sombreia seu rosto. — Deus, eu não deveria nem reclamar. Meus
pais garantiram que eu não precisasse de nada e, embora eu
desistisse de tudo em um piscar de olhos para ter mais um dia com
eles, sou extremamente feliz pelo que eles me deixaram.
— Desculpe, acho que pelo que você disse antes, você começou
seu último ano de faculdade e faria vinte e dois este ano.
Ela torce o cabelo no topo da cabeça e puxa algum tipo de
presilha, prendendo-o no lugar. — Não, eu sou um bebê de
dezembro. Meus pais me matricularam na escola cedo, então eu era
um ano mais nova do que todos os meus colegas. Eu vou fazer vinte
e um no dia 13 de dezembro.
2
3,06kg não alterei por conta da sequencia de números 13 que a Kit quis usar.
3
Medo do número 13.
Uma sensação desconfortável toma conta do meu estômago
quando me lembro de suas palavras anteriores. — Você disse antes,
sobre sua avó trancando você no porão, era uma ocorrência comum
enquanto crescia... por quê? Além do fato de que ela é má, é claro.
Não estou pronto para abandonar isso ainda, então limpo minha
garganta e digo: — Meu nome é Preston.
Ela inclina a cabeça para o lado. — Ah, isso faz você se sentir
crescido e importante?
Eu pisco — 36.611.944.
4
É uma condição especifica de desenvolvimento na qual a capacidade de realizar cálculos matemáticos
é significativamente superior à capacidade geral de aprendizado e ao desempenho escolar em
matemática.
— Realmente não é grande coisa. Além de ser útil na aula de
matemática e quando jogo uma partida de blackjack, não adianta
nada.
Para minha surpresa, ela ri. — Bem, só para você saber, estou
escolhendo uma tesoura. Dado que sou lésbica e tudo.
— Por quê?
Eu olho para ela e nossos olhares se chocam. — Provavelmente
pelos mesmos motivos que você nunca contou a ninguém sobre sua
avó trancando você em um porão.
E ela a tem.
Meu irmão Asher uma vez me disse que existe uma grande
diferença entre as pessoas presumirem ou até mesmo saberem que
ele é bissexual... e realmente confiar em alguém para dizer que ele
é.
— Eu quero tanto ser o que ela quer que eu seja, mas não posso.
— Ela enxuga as lágrimas com as costas da mão. — Eu fico pensando
que talvez se eu fosse, então eu...
Quando estreito meus olhos, ela diz: — Sim, eu sei tudo sobre o
seu irmão Asher. E se ele não tivesse trapaceado e mentido para
minha melhor amiga Breslin no colégio... ele teria pelo menos uma
pessoa ao seu lado.
— Acredite em mim, que eu iria, mas não sei como sair daqui,
— grito de volta. — Por que diabos você acha que estou sentado aqui
falando com você há horas?
— Eu...
— Kit.
Ela levanta a mão. — Você disse que poderíamos fingir que esta
noite nunca aconteceu e poderíamos voltar a ser inimigos, lembra?
Confere.
II
É tudo o que posso fazer para não andar e bater suas cabeças
juntas enquanto os vejo do outro lado do refeitório.
— Não tenho certeza, — ela diz. — Mas não quero falar sobre
isso agora.
A garota que amo vai ter tudo o que deveríamos ter... com outra
pessoa.
Mas, ao que parece, cada risada e sorriso entre nós foi uma
mentira - porque ela era uma mentirosa, uma trapaceira - e tudo o
que ela fez foi se aproveitar de mim.
Não mencionei que tenho que fazer algo que temo ainda mais
depois da aula.
Eu pego meu reflexo no espelho e me encolho. É aquela época
do mês que eu odeio terrivelmente, e não tem nada a ver com a
chegada da tia Flow na cidade.
Eu sei que a cláusula, assim como a razão pela qual o fundo não
seria entregue a mim até os meus vinte e cinco anos, era a maneira
deles de me proteger e de tentar serem bons pais. É muito dinheiro
para entregar a uma jovem e, nas mãos erradas, pode ter efeitos
desastrosos.
Meu Deus, ela não pode estar falando sério. Minha mente flutua
de volta à noite no rio e uma sensação estranha sobe pela minha
espinha. De repente, percebo que ela não está exatamente errada
sobre sua suspeita, ela está muito errada sobre a parte subjacente
disso.
Quer dizer... ele vai ter um filho com minha noiva. Correção -
Ex-noiva.
O calor sobe para minhas bochechas e eu olho para ela. Não sei
se estou mais chateada com Breslin por pensar o que ela pensou, ou
comigo mesma, porque de alguma forma isso não faz sentido... eu
não odiei Preston por aquelas poucas horas que conversamos na
ponte.
Antes que ela pudesse dizer outra palavra, saio correndo pela
porta do banheiro.
III
Ela está certa. Eu tinha toda a intenção de voltar para Yale após
a consulta, mas senti como se tivesse o peso do mundo em meu
bolso. E mesmo sabendo que era a última pessoa que Kit queria ver,
precisava fazer a coisa certa e devolver o anel de noivado da mãe
dela.
Decidindo ser honesto com ela, digo: — Fiquei para poder falar
com Kit.
Eu olho para baixo, para sua barriga ainda lisa, lembrando que
o médico disse que ela já estava com quase 12 semanas. — Era a
coisa certa a se fazer. Acho que devo começar a dar um bom exemplo
para meu filho.
Ela está bem na minha frente. — Você está certo. Devíamos dar
um bom exemplo para o bebê.
— Eu sei que você está com raiva de mim, — ela diz. — Eu sei
que não é isso que você quer, e sinto muito pelo que fiz. Mas não me
arrependo por criar este milagre com você.
Não importa o que eu sinta por ela agora, devo a essa criança a
melhor vida possível... e isso significa fazer o certo pela mãe também.
— Espero que sim. — Não quero ser o tipo de pai que o meu foi.
Por instinto, meus olhos vão de seus seios gigantescos para sua
barriga agora visível.
Mas não tenho escolha - farei o que for preciso para garantir
que meu filho seja cuidado e protegido.
Quando ela não altera o ritmo, faço um gesto para que ela mude
de posição.
Só para ficar cara a cara com a última pessoa que esperava ver.
— Eu estava malhando.
— Isso é...
— Um pouco mórbido? Sim, eu sei — Ela balança a cabeça. —
Eu odeio ir.
— Eu não tenho escolha. Pelo menos não antes dos vinte e cinco
anos. — Ela levanta um ombro em um encolher de ombros. — Eu só
fiz 21 anos no mês passado.
Algo puxa dentro do meu peito e eu não posso evitar, mas sinto
que a traí de alguma forma. O que não faz absolutamente nenhum
sentido, mas nada do que sinto faz sentido quando se trata dela.
Ela fecha os punhos. — Eu sabia que não deveria ter vindo aqui.
Eu nem sei por que eu fiz.
É uma resposta que não recebo porque ela diz: — Acho que você
deveria voltar para o seu apartamento.
— Deus, pare — ela gesticula entre nós, seu olhar ficando duro.
— Não somos amigos, Preston.
Mas não tenho escolha a não ser cumprir minha pena, porque
meu filho merece. — Você está certa. Eu sinto muito.
Parte de mim quer dizer a ela para parar, mas não posso porque
sei que preciso fazer tudo o que puder para fazer isso funcionar.
Mas eu não digo nada disso a ela. Em vez disso, digo: — Você
está grávida de mais de seis meses. Deixar você se ajoelhar no chão
frio da cozinha, para me chupar não é bom para minha consciência.
Abro a boca, mas uma fome familiar me atinge com força total,
uma compulsão tão forte que é quase instintiva.
— Por quê?
Ela bate o topo de sua mala para baixo. — Você não quer se
casar comigo e ter uma família? Bem, parabéns... você não tem mais
uma.
Ela jogou bem as cartas, porque ela me tem bem onde ela me
quer. Minhas bolas estão oficialmente presas por seu torno
metafórico.
Sua boca se aperta. — Você nunca olhou para mim do jeito que
olhou para ela esta noite. — Ela aponta para o estômago. — Estou
grávida e usando o seu anel... mas você olhou para ela como se ela
fosse o seu mundo inteiro.
— Becca...
— Você nem mesmo vai dizer aos seus pais que estou grávida.
A faca que ela enfiou no meu peito se retorce. — Você sabe que
eu nunca o machucaria.
Mas ter um filho muda tudo, porque tenho outra pessoa além
de mim em quem pensar e proteger. O que significa que o jogo
acabou.
— Você não tem provas. O que você está insinuando nada mais
é do que uma alegação infundada — ele resmunga. — Ninguém vai
acreditar em você.
Mas não sou mais uma criança, e isso significa que posso fazer
ameaças.
— Está bem.
— O que?
A euforia que vem da vitória certamente nos fará voltar por mais.
Estamos lá porque nada mais importa, uma vez que você rola os
dados figurativos.
Ou, pelo menos, não seja um idiota e aumente a aposta para all-
in quando você tem apenas um par de noves.
Estou tão exausto que não consigo nem blefar para me livrar
disso, algo que os outros dois jogadores na mesa e o dealer sabem,
mas o que está feito está feito.
Eu sempre faço.
Pelo menos esse era o plano... mas quando os dois homens aqui
no cassino para uma conferência de negócios se levantam da mesa e
encerram a noite, uma onda de irritação me atinge.
— Oh vamos lá. Jogue mais algumas rodadas, — eu murmuro,
dando um tapa na mesa. — É o seguinte? Eu serei legal e pagarei
uma bebida para vocês dois antes de pegar meu dinheiro de volta.
E está levando tudo em mim para fazer a coisa certa e não voltar
atrás.
— Pre...
— Adeus, Preston.
— Adeus, Kit.
Buster.
Talvez esta seja minha chance de uma nova vida. Uma espécie
de reencarnação.
Para ela, não é, mas é o maior problema para mim. Fiz uma
promessa ontem à noite de ficar melhor e colocar meu filho em
primeiro lugar e pretendo cumpri-la.
— Vou chamar um táxi, você fica aqui e faz uma lista das coisas
que precisamos. — Eu olho para o meu relógio. — Estarei em casa
em uma hora.
— Pode deixar.
Eu vou sair de novo, mas para meu horror absoluto, ela joga os
braços em volta de mim. — Você gostava de mim, Preston.
Meu corpo fica rígido. Eu odeio afeição física como ela é, mas
odeio ainda mais quando vem com um lado de porcaria emocional.
Sempre que ele estiver com medo, posso garantir que ele não
tem nada com que se preocupar, porque eu e este dragão o
manteremos seguro.
Um sorriso toca meus lábios. Talvez eu não seja tão ruim nisso,
afinal de contas.
Com isso, ela levanta uma sobrancelha, mas eu não ligo para
ela, porque nada pode diminuir meu ânimo. Estou praticamente
bêbado de puro otimismo.
Eu olhava direto em seus olhos cada vez que ela fazia - seus
olhos mentirosos, manipuladores e de puta.
A dor irradia por minhas costelas e meu coração bate a mil por
hora. A dor desse golpe é como nada que eu já experimentei. É o
tormento cruel que vem com a consciência preocupante de não
perceber o quanto eu queria que esse bebê fosse meu até agora.
Meu corpo treme de raiva, a força é tão intensa que quase caio
ali mesmo na calçada.
É uma coisa boa Becca não estar perto de mim, porque tudo
seria direcionado a ela. Apesar da pequena parte de mim que me
odeia por insistir no teste de paternidade em primeiro lugar agora.
— Tem certeza?
Preston está aí? Ele voltou para casa bem? Como ele está lidando
com a notícia sobre o acidente de seu pai?
Certo.
Boom, aí está ele, olhando para mim como uma espinha grande
e feia na pele de porcelana... implorando para ser estourada ou
camuflada.
Meu peito dói com alguma emoção que não ouso identificar, mas
eu a afasto e começo a desempacotar.
— Vá embora, — eu resmungo.
Olho para baixo e percebo que o vestido que ela está usando é
vermelho, o que lhe cai muito bem, porque, para mim, ela é o diabo.
Tenho que desviar o olhar, não por causa da raiva, mas porque
não confio em mim mesma para fazer a coisa certa quando se trata
de Becca.
O que ela diz não faz sentido para mim. O amor deve ser intenso.
Inferno, é a coisa mais intensa que existe. Caso contrário, não é
amor.
— Não entendo.
— Essa não é a única coisa que você quer que eu diga a você,
no entanto. É?
— Você quer saber sobre ele. — A mão que cobre meu coração
cai para o meu peito. O toque é tão leve que se pode facilmente
confundi-lo com um acidente.
— Você quer saber se o sexo com ele era melhor do que sexo
com você, não é? Como foi quando ele me fodeu.
— Ele nunca importou. Ele era apenas algo que eu pensei que
queria, porque temia o que as pessoas pensariam sobre eu me casar
com uma garota.
— Mas não estou mais com medo, Kit. E eu sei que você não vai
acreditar em mim quando eu disser isso, mas eu estava planejando
terminar com ele assim que percebi que nenhum futuro valia a pena,
a menos que fosse com você.
Não. — Sim.
— O que...
Preston.
Não apenas seu pai está no hospital atualmente, mas sua noiva
o está traindo. — Ele pediu que você se casasse com ele e você disse
que sim. E você vai ter um filho dele. Ele te ama, Becca. Ele não
merece ser ferido como...
— Becca...
Ela segura meu rosto com as mãos. — Eu sei que é difícil para
você confiar em mim novamente, mas estou disposta a fazer o que
for preciso.
Fui informado pela equipe médica que meu pai nada mais é do
que um vegetal - confere.
Ter dezesseis está longe de ser uma criança... mas ainda está
errado, certo?
Estou me preparando para ver como ela está, porque Asher vai
explodir se eu não fizer isso, quando ele aparecer.
Tenho certeza que minha expressão tem pego escrito por toda
parte. — Ela me disse que estava indo ao banheiro. — Eu verifico
meu relógio e fico de pé. — Cerca de vinte minutos atrás.
Acontece que não entendo por que ele nunca contou a ela.
Então, novamente, eu não entendo muito de nada relacionado ao
relacionamento dele com Breslin ou Landon.
— Eu também pensei que ela tinha algo a ver com isso até uma
hora atrás.
Quero reiterar que pensei que estava fazendo a coisa certa, mas
ele sai correndo. — Eu preciso de uma carona.
Ele abre a porta do carro e entra. — Visto que Breslin sabe que
Kyle me chantageou e o pai dela vazou a fita, só há um lugar onde
ela poderia estar.
Asher tem o direito de estar com raiva de mim, vou admitir. Mas
ele não é o único que tem coisas acontecendo em sua vida.
Eu aperto os freios com tanta força que o carro desliza até parar.
— O que diabos isso quer dizer?
Não sei por que estou dizendo isso a ele, mas sei que falar sobre
um bebê que não é meu parece mais fácil do que falar sobre meu pai,
ou o que eu o ouvi contar à polícia sobre Kyle.
Alguém de fora, olhando para dentro, presumiria que Asher e eu
somos próximos. Mas a verdade é que, embora eu me importe com
ele, sempre vou mantê-lo à distância.
— Prest...
Ele aperta meu ombro. — Você será. Quando for a hora certa.
Não percebo que disse isso em voz alta até que ele diga: — Bem,
você sabe o que dizem. Admitir que você tem um problema é o
primeiro passo. — Ele me lança um olhar penetrante. — Você vai
superar isso.
Ele ri. — Mal posso esperar para ver a cara de Becca quando ela
vir suas merdas por todo o Campus.
Ele levanta uma sobrancelha. — Então por que você vai para
Woodside amanhã?
Ou posso?
Acontece que acabou sendo uma bênção disfarçada que meu pai
não pôde ou não quis transferir todo o seu dinheiro para mim de
uma só vez quando eu exigi ontem à noite.
Costumava ser Asher, mas depois da briga que ele e meu pai
tiveram, o testamento foi atualizado.
Sim, aposto que sim. Não é nenhum segredo que minha mãe
ganha mais dinheiro dele com ele estando vivo do que ela jamais
ganharia após sua morte.
Meu pai era muitas coisas, mas ingênuo sobre sua farsa de
casamento não era uma delas. Esse acordo pré-nupcial é forte. Ela
terá sorte se conseguir manter seu carro e o apartamento em St.
Barts quando tudo estiver dito e feito.
Posso praticamente ouvi-la rezando por um milagre no meio do
Atlântico. Talvez se ela fosse uma mãe decente, em vez de estar tão
envolvida em seu papel de esposa troféu e seu dinheiro, ela teria
minha simpatia e apoio. Em vez disso, tudo que sinto é um alívio por
não ter me casado com Becca.
Aquele para o qual ele não habilita a proteção por senha porque
nossa casa tem segurança de primeira linha e, segundo ele, um
intruso nunca chegaria tão longe.
E então eu congelo.
Se você jogar com uma boa estratégia, ainda pode ganhar com
uma mão ruim.
5
Termo utilizado no poker. É quando a mesa mostra as cartas.
Não sei por que não pensei em ligar para ele antes.
Com isso, meus ouvidos se animam... até que ele diz: — Não
quero ser rude nem nada, mas seu irmão está por perto por acaso?
O que não faz sentido, entretanto, é por que Bob está pedindo
para falar com Asher quando eu sou o principal beneficiário.
Oh, agora ele vai ficar todo profissional comigo. Foda-se isso.
Ela tenta olhar para a minha mão que está sangrando, mas eu
a encaminho para a porta. — Dê o fora daqui.
Quando ela não escuta, agarro seu braço e mostro a saída.
Infelizmente, isso não vai acontecer esta noite, visto que estou
preso até que a neve pare e eles arem as estradas.
Eu preciso escapar.
Kit.
Só o pensamento de vê-la amanhã libera um pouco da pressão,
torna mais fácil respirar novamente.
Talvez seja só isso. Não sei o que quero dela, porque com ela
não há plano.
Eu disse a ela que não ligaria de novo na noite passada, mas fiz
essa promessa em circunstâncias diferentes.
Antes que ela traísse. Antes de ela engravidar. Antes que ela
jogasse a merda fora de mim.
Ela começa a protestar, mas não deixo, porque sei que cada
vogal, cada sílaba que sai de sua boca tem o objetivo de me tirar do
sério.
— Preciso de tempo para pensar e não posso fazer isso com você
aqui.
Ainda mais agora porque Breslin largou tudo para voltar para
sua cidade natal com Asher ontem.
Sou a primeira a admitir que nem sempre é fácil para mim ser
otimista sobre as coisas. Na maioria das vezes, fico com raiva do
mundo por ter tirado meus pais de mim tão jovem.
Mas quando eu paro e percebo que o nascer do sol está rosa esta
manhã, não posso deixar de sorrir, porque sei que é a maneira do
universo de me dizer que meus pais ainda estão comigo.
Nunca fui o tipo de cara que tem que esperar uma garota ligar
e não posso dizer que gosto disso.
Não tenho ideia do que dizer quando a vir. Acho que devo
começar com o motivo que dei a Asher na noite passada, mas então
tenho medo que ela veja através de mim e saiba o quanto me mata
saber que o bebê não seja meu.
Também não quero dar a ela nenhum motivo para pensar que
estou preso a Becca. Ou que só estou tentando ser amigo dela para
poder usá-la para deixar Becca com ciúmes... porque então nossa
amizade acabará antes de começar.
Seu rosto cai e eu me sinto uma vadia por brigar com ele.
Landon é um amor e, ao que parece, ele já está tendo um dia ruim.
— Divirta-se.
— Estou bem.
Quando eu olho para ele, ele diz: — Tudo bem, não estou bem.
Estou com ciúme e não sei como fazer isso passar.
— Você não está com ciúmes, Landon. Isso implicaria que você
tem inveja do que outra pessoa tem. Mas você já tem o que Asher
tem. — Eu paro, percebendo que estou deixando o outro de fora. —
E o que Breslin tem.
— Dói? — Eu ofereço.
— Então por que você está fazendo isso? Tentando competir com
isso, é claro.
Por que eu estou? Apesar de Becca jurar que eles acabaram,
Preston e Becca ainda estão tendo um bebê juntos. Jamais poderei
lidar com esse tipo de vínculo.
Becca não está apenas sob minha epiderme, ela está sob todas
as camadas do meu coração. E ela está apodrecendo como um caso
de mofo.
Sinto a cor sumir do meu rosto quando percebo que ele deve
estar aqui para me confrontar sobre Becca.
Quero dizer, é claro que ele faria. Ela é a mãe de seu filho... e
eu...
Eu não tenho tempo para surtar por ter uma arma apontada
para minha cabeça; porque num piscar de olhos, o cara estende o
outro braço e abre fogo no refeitório.
Controle-se, Kit.
Eu silenciosamente peço que ela olhe para mim, mas ela está
completamente fora de questão.
Não sei muito sobre o namorado do meu irmão, mas sei que ele
é um cara sério.
Eu sei que Kyle não a deixará ir, mas pelo menos agora ele não
a estará machucando. Ou apontando uma arma para sua cabeça.
Ela não estaria carrancuda se não estivesse com raiva, e ela não
ficaria com raiva se não se importasse.
Abro a boca para continuar falando com Asher, mas Landon faz
algo peculiar.
Mas a única interpretação que posso tirar dessa ação é que ele
está se preparando para fazer algum trabalho, o que não faria
sentido.
Jesus, esse cara tem tanta raiva, tanto veneno dentro dele.
Eu olho para Kit que está tão perturbada que ela não está mais
prestando atenção em nada ao seu redor, e então para Landon que
está focado em Kyle.
A única coisa que posso fazer é torcer para que o que quer que
Landon tenha na manga funcione.
Kit Bishop. Seu nome carrega um peso que não existia antes.
Kit.
Eu escolho a nós.
Porra. Meu irmão nunca vai me perdoar por isso, mas é a única
opção.
Kyle não vai poupar nossas vidas. Nossas ordens de morte foram
assinadas, lacradas e entregues no momento em que ele colocou os
pés dentro do refeitório com uma arma.
Não quero que meu irmão ouça o que está para acontecer, então
deslizo meu dedo sobre o botão de desligar... logo antes de largá-lo.
Ela ainda está lutando comigo, então não tenho escolha a não
ser pegá-la e forçá-la a passar pela abertura da porta.
— Landon! — Kit grita enquanto empurro o cadáver que está no
meu caminho para o lado e entro.
Eu começo a sorrir porque foi uma jogada feia, mas então Kit
mergulha para o painel de botões como uma lunática. — Saia do
caminho, idiota. Eu não vou deixá-lo.
Eu não recebo uma resposta dela, mas não importa. Não vamos
descer até que eu saiba que é seguro. E como tenho quase certeza
de que Kyle é o último homem de pé, isso demorará um pouco.
Estou muito confuso para falar. Eu sei que ela está chateada,
eu entendo. Eu também não gosto do que aconteceu com Landon.
Mas não entendo por que ela está me tratando como uma espécie de
vilão.
Na verdade, sou o herói dela. Fui eu quem jogou a bunda dela
no elevador, apesar de ela chutar e gritar.
Ela tenta me dar uma joelhada nas bolas, mas eu torço antes
que ela possa fazer contato. — Acalme-se, Bishop.
Meu coração dá um puxão e sei que a culpa que sinto é algo que
carregarei para sempre. — Não havia outra escolha.
Deus, meu coração está tão pesado. Tão pesado para o que
aconteceu com Landon. A escolha que fui forçado a fazer. Tão pesado
por como isso vai destruir meu irmão. Como já está destruindo Kit e
fazendo-a reviver o que aconteceu com seus pais.
A pior parte é que não há como consertar isso. Não posso mentir
e garantir que tudo ficará bem. Não posso voltar no tempo e me
recusar a seguir o plano de Landon.
Aperto o botão e ele para... e então faço a única coisa que posso
fazer. Para sua segurança e minha.
— Devidamente anotado.
Seu peito arfa antes que ela solte um grito. Ou o que quer que
esteja entre um grito e um gemido... tudo que sei é que o som me
estilhaça.
Meu Deus. Nunca soube que uma pessoa pudesse chorar tanto.
Tão severamente.
Enfio a mão no bolso e tiro o pequeno disco azul. — Esta foi uma
das fichas do pote vencedor naquela noite. Eu o peguei quando ele
não estava olhando e, desde então, sempre o considerei minha ficha
de pôquer da sorte. Sei que a maioria das pessoas vai dizer que sorte
não existe e que não passa de uma ilusão, mas acredito nisso. Eu
me sinto mais calmo e mais no controle da minha vida quando a
tenho.
Parece que ela quer dizer outra coisa, mas decide não fazer isso.
— O que?
— Eu não vou.
Nem agora. Nem nunca. Nem com ela nem com mais ninguém.
Seu olhar gira ao redor. — Quanto tempo você acha que vamos
ficar aqui?
É um tiro barato. Eu sei que ela está com medo e meu ego está
machucado.
— Pior cenário.
Não quero soltar seus pulsos porque não confio que ela não vá
correr para o botão, então puxo para baixo o zíper de sua jaqueta. —
Melhor?
— Preston?
Ela aperta a garganta. — Como você pode ter tanta certeza? Ele
é claramente um assassino psicótico que...
Ela está tão vulnerável neste momento, tão flexível. Isso lasca o
gelo ao redor do meu coração.
— Você está certa, não posso prometer isso. Mas o que posso
prometer é que farei tudo o que puder para garantir que sairemos
daqui vivos. Nós dois. — Eu enquadro seu rosto com minhas mãos,
forçando-a a olhar para mim. — Somos eu e você, Nervosinha. Até o
fim, entendeu?
O canto de sua boca puxa para cima. — Eu acho que você quer
dizer Deusa, dado que Lady Luck é uma mulher e tudo.
Ela faz uma careta. — Uau, mesmo em face do perigo você ainda
encontra tempo para ser um pervertido.
— Prioridades, bebê.
Ela faz uma careta. — Não me chame de bebê.
Lá está ela.
Ela olha para baixo. — Isso não é uma cabra, é uma lhama. E
ele não é feio. — A mordida ofensiva em seu tom é adorável. — Eu
trabalho no Java Llama Café.
Ela enfia o dedo no meu peito. — Ok, primeiro - isso foi rude. E
em segundo lugar, sim, eu tenho um emprego.
Eu concordo.
— Acho que entendo porque você me disse que seus pais eram
ricos agora. Cara, tudo faz muito sentido. Não admira que você seja
lésbica.
Ela geme. — Eu não faço sexo com eles, seu burro. Eu te disse,
eu vou em encontros. Por sua vez, ela me dá minha cota mensal de
meus pais. Não acredito que você pensou que eu era uma prostituta.
— Não é pelo dinheiro. Quero dizer que é, mas não por causa da
ganância monetária. O dinheiro é tudo que me resta deles. — Ela
enfia uma mecha de cabelo atrás da orelha. — E sempre que ela
ameaça me cortar, eu fico com medo. Como se eu não fosse
cuidadosa, tudo o que eles deixaram vai escorregar pelos meus dedos
e será como perdê-los duas vezes.
Dane-se.
— Por que você atura isso? Eu sei que o dinheiro é o seu vínculo
com eles, eu entendo. Mas você realmente acha que seus pais
gostariam que você aceitasse a forma como ela a trata?
— Mas o que?
Seus olhos estão vidrados quando ela olha para mim. — Quanto
mais o tempo passa, mais coisas eu esqueço deles. Como o som da
voz do meu pai. Ou como eram as mãos da minha mãe. — Ela funga.
— Tenho sorte de ter um vídeo e fotos para me ajudar a lembrar
dessas coisas... mas, ultimamente, estou começando a esquecer as
coisas que não podem ser capturadas. As coisas que não vou receber
de volta. Como a pele da minha mãe era macia. Ou com que precisão
ela passava o batom. — Sua voz racha como cristal. — A maneira
como meu pai costumava cantarolar para si mesmo enquanto estava
programando em seu computador. Ou a esquete de robô que ele fazia
sempre que eu entrava em seu escritório.
— Sim.
Faz apenas alguns dias. Embora agora que penso nisso, pareça
mais longo.
Ela torce o nariz. — Bem, a razão pela qual brigamos foi porque
ele apareceu.
— Merda.
É o dela.
— Pelo que?
Ela funga. — Por isso. Por não me chamar de caso perdido. Por
dizer as coisas boas como você fez.
Eu quero dizer a ela que ela nunca tem que me agradecer por
isso, porque eu quis dizer o que disse, mas ela levanta a cabeça.
— Não é um problema.
— Tem certeza...
— Finito 6.
— Niet 7.
— Ok, porque...
— Caput.
— Preston.
6
Palavra em italiano para ‘acabou’.
7
Palavra em holandês para ‘não’.
juntos e eu fosse uma espécie de destruidora de lares. Ou pior, que
você ainda sentia algo por ela e nós...
Assim que abro a boca para perguntar a ela o que diabos está
acontecendo, uma voz autoritária grita: — Polícia!
XII
Não importa o que ela fizesse, nem Becca nem o bebê mereciam
alguém que fizesse isso com eles.
— Responda-me, Kit.
— Solte-me.
Juro pela minha vida, nunca conheci ninguém que desse menos
trepadas do que ele.
Tudo o que eu pensei que poderia ter sentido, não era nada mais
do que uma resposta a uma situação emocional e estressante.
Becca, seu bebê por nascer, até mesmo seu próprio irmão. E
agora eu.
Dane-se isso.
— Cristo, por que você está agindo assim? Eu pensei que nós...
— Ele faz uma pausa, seus olhos brilhando com confusão. — O que
exatamente ela disse a você?
— Com licença?
— Na verdade, você pode. Diga a ela que sua única neta está no
hospital depois que ela quase foi baleada e morta na universidade
hoje, e ela realmente poderia dar algum apoio familiar. Talvez uma
carona para casa também, se não for pedir muito.
Ela me dá um sorriso que não atinge seus olhos. — Não por mais
algumas horas, eu temo. Dadas as circunstâncias, que o médico quer
que você converse com uma assistente social antes que ele libere
você para alta.
— Ele era meu amigo. — Minha voz falha e sei que estou a um
fio de navalha de perdê-la novamente, mas estou impotente para
minhas emoções. — Ele salvou minha vida.
O alívio flui por mim porque isso significa que ele está vivo, mas
então ela diz: — Os ferimentos dele são substanciais, então você
provavelmente deve preparar seu irmão para o pior. Isso é realmente
tudo que posso dizer neste momento, sinto muito.
Eu não posso fazer isso com ela. Eu conheço essa dor muito
bem e prefiro andar no fogo do que fazer minha melhor amiga passar
por isso.
Não, não estou bem e não está nada bem. Nada vai ficar bem de
novo... e é tudo culpa minha.
Não importa como você o faça, de jeito nenhum a morte dele não
cairá sobre meus ombros.
Eu sei o quanto ela ama Landon. Inferno, eu sabia que ela estava
apaixonada por ele antes mesmo dela saber que estava.
Como você diz à sua melhor amiga que não é apenas responsável
por o namorado dela estar em perigo, em primeiro lugar... mas você
deixou o homem que ela ama para morrer?
Estou bem atrás dela, o que é bom; porque quando uma mulher
usando um uniforme ensanguentado - a mesma mulher com quem
Asher está gritando obscenidades - diz o nome de Landon, ela agarra
o peito e balança.
Porque dói.
E não acaba com a vida que leva... destrói uma grande parte dos
que ficaram para trás. As pessoas que são forçadas a continuar
vivendo em um mundo onde seus entes queridos não existem mais.
Ela cambaleia para trás. — Se ele não sabia quem era Landon,
então por que ele fez isso? — Ela me olha de cima a baixo. — Você e
Preston não estão feridos. Landon interferiu quando Kyle tentou
atacar um de vocês?
— Não...
Abro a boca para informá-lo que não é a hora nem o lugar para
ser mordaz, mas Breslin avança. — Ouça-me e ouça bem, seu idiota
arrogante. — Ela aponta para o peito dele. — Se você já sentiu
alguma coisa dentro desta cavidade vazia por seu irmão, pare de usá -
lo para limpar sua bagunça e fique bem longe... antes que ele acabe
como meu Landon.
— Não. Nem tente. Não sou seu irmão e definitivamente não sou
uma de suas putinhas, corretor de apostas ou companheira de
pôquer. Você não pode me enganar com suas falas de merda ou
desculpas. Vejo você como um pedaço de merda egoísta, o que você
realmente é.
Ela dá um passo para trás, seu olhar furioso saltando entre nós
antes de pousar em mim. — Eu não sei o que dizer para você. Mas
não me siga quando eu virar.
Com isso, ela sai furiosa... e o órgão em meu peito que estava
pendurado por um fio, pulveriza.
Em uma longa passada, Preston me puxa para ele até que estou
envolvida em nada além de seu calor. Uma parede resistente de
proteção entre mim e todo o remorso e dor de cabeça em que estou
me afogando.
Mesmo que não seja nada mais do que uma ilusão, eu preciso
sentir como se alguém neste mundo realmente se importasse
comigo... ou eu vou quebrar em tantas partes, será impossível me
recompor novamente.
Eu sei que sim. Não faz sentido, como nada mais faz... mas eu
acredito nele.
— Mova-as.
— Não, ela não vai. Você não entende? Eu era a razão pela qual
ele estava lá em primeiro lugar.
Cristo, eu não sei o quanto mais posso aguentar isso. Kit está
agindo como se ela fosse o Grim Reaper e isso não poderia estar mais
longe da verdade. — Você quer saber o que eu realmente acho?
Ela olha para baixo. — Eu entendo isso, mas ainda não muda a
parte que desempenhei nele.
Suas narinas dilatam. — Não, não é isso. Não fique aí e aja como
se não entendesse por que uma amizade não pode acontecer. Becca...
— É uma puta manipuladora, — eu rugi, frustrado com sua
incapacidade de tirar aqueles óculos cor de rosa. — Jesus Cristo,
como você pode não ver isso? Você é tão ingênua? Tão estúpida?
— Foi nela que eu pensei! — ela grita, sua voz cheia de emoção.
— Depois que Kyle atirou naqueles dois primeiros alunos e eu pensei
que seria a próxima... Becca passou pela minha mente. Apesar do
quanto ela me machucou, eu queria mais uma chance de dizer a ela
o quanto eu a amava... e a odiava. Não importava; Eu só queria mais
tempo com ela.
Não sei o que Becca disse a ela ontem à noite, e ela está tão
perdida que não importa mais.
O ar entre nós fica pesado. Carregado com uma tensão tão densa
que arrepia minha pele.
Eu sei que ela sente isso. Posso praticamente ouvir seu coração
batendo a mil por hora.
Eu pisquei. — Eu sei.
— Eu não...
Mas eu sei que está aí agora. Eu sinto isso... e isso dói pra
caralho.
XV
Não se vire,
Não tenho certeza para onde estou indo, mas qualquer lugar é
melhor do que estar naquela sala. Com ele.
Me beijando.
— Boneca! — a voz que conheço tão bem que chego a ouvir seus
gritos em meus sonhos.
Meu coração começa a bater mais forte... até que para e tomba
sobre si mesmo como um motor de arranque de carro defeituoso em
uma manhã fria de inverno.
Ela faz beicinho. — Sabe, é uma pena que não temos mais nosso
apartamento. Eu iria te levar para casa e cuidar de você, até estar
melhor. — Ela passa os braços em volta do meu pescoço, me puxando
para perto novamente. — Eu até...
— Oi, Reggie.
Eu sei.
Ele olha para mim por baixo do nariz. — Ela me mandou buscar
você.
— Por que minha avó não está aqui? — Eu cerro os dentes, não
me importando em soar como uma criança no meio de uma birra.
Você pensaria que o dia em que minha avó largaria tudo por
mim seria hoje.
— Becca?
— Sim?
Mas não posso, não só porque meu carro ainda está na escola,
mas eles não vão me dar alta até eu falar com alguém.
Dane-se isso.
A única razão pela qual vim aqui em primeiro lugar foi para ver
o que aconteceu com Landon.
E ela.
Eu corro minha língua ao longo do pequeno corte no meu lábio
inferior, sentindo o gosto de cobre.
Ela não era nada mais do que uma coceira para coçar. Uma
fuga. Uma garota em quem eu pensava sem parar, porque não queria
me estabelecer com a garota que me prendeu.
Besteira.
Besteira ou não, não importa. Kit não está apenas obcecada por
Becca, ela joga no outro time. Nenhuma quantidade de persistência
da minha parte vai mudar isso.
Kit estava certa em se afastar de mim. Pena que ela não pode
fazer o mesmo quando se trata de Becca.
Ela passa um dedo pelo meu bíceps. — Soa como uma bronca
de alguém sobre sua noiva trocando-o por uma menina. — Ela olha
para baixo. — Eu diria que foi sobre os resultados da paternidade,
mas nós dois sabemos que você nunca deu a mínima para o bebê.
Ela dá um passo para trás. — Uau, você beija sua mãe com essa
boca?
Sou especialista nos jogos de Becca. Pena que ela não seja
quando se trata de mim.
Chamada.
— Quando?
É divertido como ela está tentando chamar meu blefe. Mal sabe
ela que a mão que estou segurando é um full house.
Ela bate na minha orelha com a língua, como a cobra que ela é.
— O engraçado é que eu nem gosto de boceta. Mas Kit? Ela é uma
exceção. Não só pelo fato dela ser rica, mas a garota está tão
desesperada e perdidamente apaixonada por mim, ela é uma massa
de vidraceiro em minhas mãos. Alguém que posso usar para
satisfazer todas as minhas necessidades.
Todo mundo tem um motivo para fazer as coisas que faz, boas
ou más.
Por mais que eu desejasse que não fosse verdade, Becca não
está errada sobre Kit.
Inferno, eu poderia ir até ela agora e contar a ela tudo que Becca
acabou de me dizer, mas ela não vai acreditar em uma palavra disso.
Ela vai dar desculpas ou se convencer de que inventei. E isso antes
que Becca possa fazer sua mágica.
Ela é uma boa pessoa. Uma boa pessoa que atrai todos os maus
como uma mariposa para a chama.
Becca continuará sugando tudo o que puder dela, até que não
haja mais nada em seu coração, exceto um espaço vazio. Uma parte
vaga que não funciona mais.
Não quero que ela continue dando tudo o que tem a oferecer a
alguém que não aprecia ou não merece.
E por mais que eu desejasse que fosse eu quem pudesse ser esse
alguém, eu sei que nunca será. Não pode.
O que significa que preciso fazer isso agora, antes que seja tarde
demais.
Ela está tão surpresa com o meu toque que ela se assusta. —
Não é óbvio?
— Você sempre foi tão distante e frio, e eu sabia que você não
sentia o mesmo por mim, mas não me importava. Eu ainda te amava.
— Ela olha para baixo. — Eu dormi com um cara que não deveria
antes de começarmos a namorar. Olhando para trás, eu deveria ter
dito a você, mas não achei que isso importasse. Não até que vi duas
linhas em um teste de gravidez.
Esta não é uma conversa que eu quero ter. Não porque eu tenha
algum sentimento persistente por ela, mas por causa dos que ainda
tenho pela criança que ela está grávida.
Não que eu seja muito melhor, mas ela cruzou os limites que eu
nunca faria em sua busca para conseguir o que queria.
Até agora.
Eu coloco minha outra mão em seu rosto e elimino a distância,
beijando-a suavemente. Mostrando a ela muito mais gentileza do que
eu já fiz no passado. Muito mais do que o que ela fez comigo.
Ela está muito surpresa com o meu gesto para retribuir o beijo
no início, mas então ela o faz... e meu estômago recua.
Se ela sentiu outra mulher nos meus lábios, ela não diz isso
quando se afasta. — Pelo que foi isso?
Eu odeio.
— Então por que você não cuida disso para mim. Ajoelhe-se e
prove o quanto você realmente sente.
Se ela está ofendida por ser tão degradada, ela não demonstra.
Muito pelo contrário.
Becca deve dizer que meu interesse por ela não é o que era
antes, porque ela começa a atacar meu eixo com força total,
engasgando-se a ponto de chorar.
Eu fecho meus olhos e finjo que não é a boca dela ao meu redor,
mas a de outra pessoa.
Ela não passa de uma ilusão. É tudo o que ela sempre será.
Porque eu sou.
Os músculos do meu peito se contraem com pesar - mas eu
ignoro, separo meus lábios e solto um gemido baixo.
Kit ainda está olhando para mim, então eu endureço meu olhar.
— Porra, você vai me fazer gozar logo.
Eu olho com nojo para o Anticristo, que ainda está com os lábios
em volta de mim. Fervendo, eu pego a parte de trás de sua cabeça e
fodo a mentirosa, traidora, boca de puta furiosamente.
Eu olho por cima do meu ombro para ela. — Esse foi o seu
presente de despedida. Achei que nosso relacionamento deveria
terminar da mesma maneira que começou... com você de joelhos.
Suponho que esse seja o meu carma por me recusar a ler o que
está escrito na parede e me deixar ser arrastada por gente como
Becca Dragoni novamente.
Ela espera que eu diga algo, mas quando eu não digo; ela levanta
a bolsa no ombro e se dirige para a porta.
— Breslin, — eu sussurro, minha voz quase um sussurro.
Seus ombros estão tensos. — Espero que você supere esse seu
estômago em breve. — Ela vai fechar a porta atrás dela, mas não
antes de dizer, — Talvez então você possa visitar Landon. Eu sei que
ele realmente adoraria ver você.
Não tenho ideia do que dizer além do óbvio - sinto muito por
deixá-lo sangrar no chão de uma cafeteria enquanto fiquei em um
elevador como uma medusa covarde.
Não perco a preocupação que surge em seu rosto quando ela sai.
Me deixando sozinha com Landon.
Quando o faço, ele diz: — Fiz uma escolha por todos nós naquele
refeitório. Era meu plano e eu não dei a você e Preston outra opção
a não ser ir em frente com ele. Não se desculpe por fazer o que eu
queria que você fizesse. — Sua mandíbula endurece. — Eu teria
odiado vocês dois se não o fizessem.
Sua declaração faz com que uma onda de raiva cresça dentro de
mim, não apenas porque ecoa o que Preston disse no elevador, mas
me faz sentir ainda pior. — Por que você se sacrificaria por nós? Você
não estava com medo de nunca mais ver Breslin ou Asher
novamente?
Era para ser uma pergunta, mas em vez disso saiu como uma
acusação.
Mas Preston tirou isso de mim. Ele não apenas partiu meu
coração; ele quebrou minha ilusão.
Acho que algo bom saiu dessa tragédia, afinal, porque parece
que os três acabaram resolvendo seus problemas.
Ele se parece muito com seu irmão mais novo neste momento;
faz meus dentes estalarem.
Breslin bufa. — Limpar a cabeça dele? Acho que você quer dizer
apostar cada centavo que ele tem antes de ligar para Asher para tirá-
lo de qualquer problema em que ele esteja.
E então eu percebo.
Juro que deve haver algo no DNA dos Holden que foi projetado
especificamente para me irritar. — Ou talvez ele mentiu para você
para que você não desse a mínima para ele sobre abandonar seu
filho antes de sair da cidade, já pensou nisso? — Eu jogo minhas
mãos para cima. — Oh espere, claro que não... porque preservativos.
Juro por Deus, pessoas como vocês são a razão de termos rótulos de
advertência.
Eu confiei nele.
— O que?
Ela fica boquiaberta para mim. — O que você quer dizer com o
quê? Estou tentando falar com você e ter certeza de que você está
bem.
— Não sei o que você quer de mim ou por que está escolhendo
se desculpar agora. — Eu olho maliciosamente para ela. — Oh,
espere, eu entendo. Agora que Landon está bem, você e seus
namorados resolveram as coisas e vocês são uma grande e feliz orgia
- tudo no mundo deve estar ótimo de novo, hein? Bem, novidades,
B. O mundo não gira em torno de você.
Ela puxa meu braço. — Jesus Cristo, Kit. O que mais eu tenho
que dizer ou fazer para provar o quanto estou arrependida?
Ela pisca. — Você não pode estar falando sério. Você é minha
melhor amiga.
— As coisas mudam.
Ela está certa... não é. Esta é a nova Kit. A Kit que pode sair
pelas portas do hospital, ignorando os apelos de sua melhor amiga
para que ela volte.
Porque esse é a Kit que não liga mais para nada nem para
ninguém.
A Kit que não se machuca... nunca. Porque ela não sente mais
absolutamente nada.
Capítulo 1
Pare com isso, Kit. Eu belisco minha coxa sob a mesa. Ela é sua
chefe.
— Algo me diz que não será por muito tempo, — Juan murmura
antes de se inclinar e sussurrar. — Mais torta para nós, certo?
Ele torce o nariz. — Ugh, ponto tomado. Deus sabe que ouço o
suficiente dessa porcaria sempre que visito meus pais.
Visto que fiz 24 anos no mês passado, você pensaria que seria
madura o suficiente para parar de me transformar em uma imbecil
em torno das mulheres pelas quais me sinto atraída.
— Espero que isso não pareça rude. Eu não sou uma azeda
crítica como Marge é, é só...
Ela aponta a caneta para mim. — Você está 100% correta sobre
ser unilateral. O que é exatamente o que Pretty Kitties, ou melhor,
PR, vai mudar. A empresa sozinha vale milhões, mas o CEO - junto
com o assistente executivo, que supervisiona a sede principal em
Nova York - percebeu que poderia ganhar ainda mais dinheiro e
possivelmente dobrar seus lucros, abrindo uma divisão que atende
exclusivamente às mulheres.
Ela acena com a cabeça. — Você não tem ideia, Kit. Ou vou
acabar milionária no meu vigésimo sétimo aniversário. Ou estarei
morando em uma caixa de papelão.
E meu Deus, que túnel escuro tem sido por quase três anos.
Mas eles não estavam por perto para me impedir... e fiz questão
de afastar qualquer um que tentasse. Incluindo minha melhor amiga
e minha avó... mesmo depois de ela cumprir sua ameaça de me
cortar.
Eu não me importei.
E com certeza nunca compraria amor para mim - não o tipo que
eu sempre desejei. Nem mesmo quando eu dei todo o meu de graça.
Olhando para trás, eu deveria ter protestado e dito a ela que era
uma má ideia.
Em vez disso, desmaiei quando ela me disse o quão bom ela iria
me foder. E eu não argumentei quando ela insistiu que estava sóbria
o suficiente para nos levar até lá e tirou minhas chaves da minha
bolsa.
A última coisa de que me lembro é de acordar espremida entre
os bancos do motorista e do passageiro e o som das sirenes.
Bem, isso e o fato de que meu carro passou por uma grande
janela de vidro e estava no meio da casa de alguém.
Eu não poderia estar tão brava, no entanto. Afinal, ela disse que
iria me foder bem.
— Sim?
Antes que eu possa dizer uma palavra, ela pega seu celular que
está vibrando e o leva ao ouvido. — Tenho que atender, é o novo
chefe, mas tenha um bom fim de semana.
— Huh?
— O que... — Woof.
— Eu sou pegajosa?
Woof. Woof.
Woof.
8
O Brainstorming ou “tempestade de ideias”, é uma técnica que tem como objetivo auxiliar as pessoas
na busca por soluções criativas para diferentes tipos de problemas. Normalmente é usado quando você
precisa de um maior conhecimento sobre um produto, processo, problema ou suas causas.
Eu pressiono o botão que conecta meu Bluetooth aos meus fones
de ouvido. — Rápido, B — eu preciso de uma palavra sexy que rima
com inspetor ponto G.
— O que?
— Não faz.
— Ela não faz. Ela se recusa a usar sua eletrolaringe, então ela
se comunica com seu bloco de notas.
— Adeus, Reg...
— Tem certeza?
Woof.
Woof.
Ele olha para sua pilha de papelada. — Isso é o que seus pais
queriam.
Ele olha para minha avó e uma sensação horrível sobe pela
minha espinha. — A cláusula de incentivo. — Eu olho para os meus
sapatos. Eu não acho que posso tolerar a satisfação que minha
próxima declaração vai dar a ela. — Olha, você tinha todo o direito
de não me dar minha mesada quando larguei a faculdade e passei
por minha fase difícil. Mas, estou muito melhor agora...
Ou era. Não tenho mais certeza, e não ajuda que Barry continue
evitando qualquer que seja o problema quando eu preciso que ele
cuspa tudo. — Se ele queria que sua propriedade fosse para mim e
confiou em minha avó para fazer a coisa certa... então qual é o
problema?
Ele olha para minha avó, que está sendo trazida de volta por
Reggie. — Ela. — Seu rosto fica frouxo. — Você não é a principal
beneficiária listada em seu testamento.
— Sim?
— Você é casado?
Sem falar no fato de que todos eles já fizeram muito por mim. O
mínimo que posso fazer é não perturbar o equilíbrio do
relacionamento deles envolvendo-os em outra situação complicada
minha.
Barry faz uma careta. — Você quer dizer que está pensando em
concordar com isso?
— Que outra escolha eu tenho? Não vou deixar que ele ganhe
um centavo do dinheiro dos meus pais. Se eu tiver que me casar com
alguém com um cromossomo Y por algumas horas para evitar que
isso aconteça, que assim seja. — Eu começo a voltar para o escritório
da minha avó. — Agora com licença enquanto vou beijar a bunda da
minha avó e tentar não vomitar.
Eu agarro o braço da cadeira com tanta força que meus nós dos
dedos ficam brancos, e eu tenho que me lembrar por que estou
fazendo isso em primeiro lugar.
Mas prossigo porque não quero ficar presa a alguém que não
suporto trezentos e sessenta e cinco dias seguidos. Pelo menos agora
tenho uma chance de adquirir algum tipo de controle sobre essa
situação ridícula.
Besteira.
Eu cruzo meus braços e a encaro. — Não é.
Isso até que ela anote algo em seu bloco de notas e gesticule
para que Reggie leia.
Não resta muito tempo de jogo e o New York lidera por quatro
pontos. Eles precisam de um touchdown.
— Quer colocar seu dinheiro onde está sua boca e fazer uma
aposta?
Preston: Entendi.
Matteo: Mais uma coisa.
Preston:?
A música está tão alta e as luzes coloridas são tão cegantes que
não vejo Juan até que ele puxa minha mão e me puxa para perto
dele.
Juan se inclina para ele. — Ronald faz TI para Porn Rub e não
sai muito. Ser social não é seu ponto forte.
Tenho certeza que minha boca bate no chão. Juan poderia dar
a minha melhor amiga Breslin e seu relacionamento complicado uma
corrida pelo dinheiro agora.
Ele faz beicinho. — Tenho quase certeza de que ele é gay. — Ele
olha em volta. — Por que outro motivo um homem casado flertaria
com homens?
Ele tem razão. Então, novamente, eu sei que meu próprio gaydar
esteve desligado uma ou duas vezes. Normalmente devido a um
pensamento positivo da minha parte depois de conhecer uma garota
gostosa. Parece que o próprio Juan pegou um caso grave.
— Talvez ele seja muito amigável. Você sabe, para alguém que é
antissocial.
Ele está certo porque, quando me viro, vejo Marge dançando com
pessoas que nunca conheci antes. E Jimmy, o contador, que nunca
diz uma palavra a ninguém, está contando piadas para algumas
pessoas do outro lado do bar. O resto dos meus colegas de trabalho
estão todos se misturando e se divertindo.
Tudo o que posso fazer é não revirar os olhos. — Não siga com
isso, cara. Você só o conheceu há uma hora e, até agora, as únicas
coisas que você sabe sobre ele é uma - ele guarda muito para si
mesmo. E segunda - ele está mentindo para a esposa sobre sua
sexualidade e a traindo. Essas são características essenciais de um
assassino em série. — Eu cutuco ele nas costelas. — Pelo que
sabemos, ele saiu do quarto depois que cortou o corpo de sua esposa
e...
— Me desculpe eu...
Juan não ouve minhas desculpas porque ele sai atrás de Ronald.
Perfeito. Consegui não apenas irritar meu único amigo no
trabalho, mas também meu futuro ex-marido.
Jess é muito linda. Algo que ela deve estar ciente porque cada
pessoa no bar está olhando para ela.
Não posso flertar com minha chefe, que está fazendo cara feia e
me olhando fixamente. Não importa o quanto eu queira aqui. Ela não
vai perseguir nada com uma garota casada.
Não que Jess seja, ela não é. Estou noventa e nove por cento
certa disso. Mas esse um por cento? Já me queimou antes.
É por isso que preciso ter certeza de que da próxima vez que eu
cair... alguém estará esperando para me pegar.
— Olha, eu não tenho certeza para onde isso vai — eu digo sem
parar para respirar. — Mas antes que as coisas fiquem sérias entre
nós, acho que devo a você, contar...
Ela coloca o dedo sobre meus lábios. — Você é tão adorável, mas
está muito agitada agora.
— O que?
Minhas bochechas esquentam quando percebo que disse isso
em voz alta. — Desculpe, eu estava perdendo o controle. — Eu tomo
um gole da minha bebida. — Você está certa, isso é bom.
— Como quiser.
Deus, estou longe de ser uma puritana, mas este não é o meu
cenário. Não mais.
Demoro um segundo para entender que ela pensa que foi por
isso que fui embora. Não tenho certeza de como responder porque
tudo está ficando nebuloso devido ao álcool e ao beijo.
Ela bagunça meu cabelo. — Mas ela não é com quem eu quero
sair agora.
Mas Jess não é como as outras. É por isso que gosto tanto dela.
Ela nunca me deu um motivo para não confiar nela. Nem mesmo um
sinal de alerta.
— O que há...
Jogar poker porque quero é uma coisa. Jogar porque você tem
uma proverbial arma apontada para sua cabeça é outra.
Ou melhor, eu fazia.
De volta ao normal.
Ele salta da mesa, cuspindo uma série do que tenho certeza que
são doces gentilezas russas, mas alguns dos caras o puxam de volta
e dizem para ele se acalmar.
Eu levanto minhas mãos. — Olha, cara. Estou aqui para jogar,
não desenhar um diagrama da minha árvore genealógica. Russo ou
não, Vladimir não tem problema sobre eu estar aqui, então você
também não deveria.
Isso faz os outros homens relaxarem, mas esse cara não. Isso só
o deixa com mais raiva. Ele cuspiu mais alguma coisa em russo antes
de chupar os dentes para mim e pegar suas cartas. — Vamos jogar.
Seu amigo, por outro lado, passa a mão pela cabeça, oscilando
na beirada. Niko esfrega o nariz novamente, sem dúvida dizendo-lhe
para se acalmar antes que ele estrague seu pequeno acordo paralelo.
Mas isso só faz o suor escorrer por sua testa. — Ele não é do tipo
que blefa, Niko.
Sua vodka deve ser enriquecida com absinto se ele acha que vou
cair nessa.
— Estou bem. — Eu sorrio e aponto para suas cartas. — Depois
de você.
Não, foda-se isso. Eu não irei para aquele lugar. Não aqui, não
agora. Não na frente deles. Eu venci aquele filho da puta quando
tinha doze anos e vou vencer este também. Eu não tenho muito, mas
deve haver algo meu que esse cara quer. Algo que posso trocar por
outra rodada. Eu não posso perder. Eu me recuso.
Abro a boca para responder que ela é a festa, mas então Jess
levanta meu vestido e sua boca encontra o ponto vibrante entre
minhas pernas.
Mas, ao que parece, eu não precisava com Jess, porque ela sabe
do que eu preciso sem que eu tenha que dizer a ela. Ela repete o
movimento e eu gemo quando o balão em que estou aumenta e meus
joelhos começam a tremer. Ou talvez seja a terra sob meus pés que
está tremendo. Deus, faz muito tempo que não sou tocada assim, e
graças ao álcool e ao êxtase em meu sistema me deixando ainda mais
sensível, junto com a venda aumentando meus sentidos, estou
sujeita a desmoronar com o próximo toque suave de sua língua.
Por instinto, chuto o homem que não tem o direito de estar tão
perto de uma parte tão íntima do meu corpo com toda a força que
posso e arranco minha venda.
Meu Deus, eu poderia ter passado toda a minha vida feliz sem
ouvir isso. O mesmo pode ser dito sobre o conhecimento de que Juan
é passivo.
Bem feito pra eles. Eu olho em volta para ter certeza de que a
debandada acabou antes de me levantar novamente.
Pego meu telefone mais uma vez, mas gritos furiosos atrapalham
minha atenção e quando eu olho para os homens, meu estômago
embrulha.
Eu afasto meu olhar, certa de que deve ser um erro. Esse cara
parece diferente. Mais velho. Sólido. Um pouco mais ousado...
perigoso até. Nada como o cara magro e mauricinho de terno que
continua rondando os cantos escuros da minha mente como um
ladrão.
E ele é a última coisa que vejo antes que meu corpo ceda, tudo
escurece... e eu caio.
Capítulo 7
— Kit. — Bato palmas, esperando que a ação faça com que ela
se concentre.
Antes que eu tenha tempo de reagir, ela cai mais rápido do que
uma pilha de dominós. Eu consigo pegá-la antes que ela atinja o
chão.
Excelente. Esta situação foi de mal a pior. Lidar com uma garota
desmaiada é a última coisa de que preciso depois de perder o
dinheiro de Campanelli para os russos.
Uma garota desmaiada que eu não vejo há três anos e dois dias,
mas quem está contando.
— Não - um pouco.
— Por que?
Não, eu não vou ceder. Não posso me dar ao luxo... por uma
infinidade de razões. A mais recente consiste no fato de que terei um
chefe da máfia psicótico na minha bunda em algumas horas.
Foda-se, Nervosinha.
Cada vez que eu gozava e cada vez que eu fodia... ela estava lá.
Permanecendo como uma mancha que não fica limpa.
— Não, obrigada.
— Kit.
Finalmente, ela toma. Juro que é como lidar com uma criança.
Meu peito se contrai com esse pensamento, mas me concentro em
Kit, que tira a água de mim e começa a engolir como se ela não se
cansasse.
Eu pego de volta e coloco na mesa de cabeceira. — Você vai
passar mal se beber muito rápido.
Num impulso, vou limpar a porcaria preta que mancha seu rosto
por causa das lágrimas, mas estendo o braço e apago a luz. — Durma
um pouco.
Eu me levanto de novo, mas ela me puxa de volta, com mais
força desta vez, e minha compostura se rompe. Eu já tive tudo o que
posso aguentar.
Eu não percebo o quão mortal meu tom é até que seus olhos se
arregalam. — Você nunca foi tão mau em meus sonhos antes.
— Não entendo...
Ela franze a testa e o órgão dentro do meu peito desliza até parar
completamente.
— Não sei por que você está sendo tão mau comigo quando...
Estou dividido entre querer estourar aquela bolha dela com uma
verificação da realidade e minha própria ganância egoísta. Como de
costume, o último vence.
Não tenho ideia do que ela está falando, e acho que ela também
não, porque fecha os olhos e adormece. Com um suspiro pesado,
puxo o edredom ao redor dela. Até que algo chame minha atenção,
me deixando imóvel.
Preso ao colar de prata fino que ela está usando, aninhado entre
aqueles seios pequenos e empinados...
Eu preciso que Kit Bishop saia e saia da minha vida para sempre
antes que ela estrague tudo.
Continua...