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PERIGOSAS NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

Copyright © 2019 MÍDDIAN MEIRELES


Todos os direitos reservados à Míddian Meireles.
Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou
reproduzida sob quaisquer meios existentes sem
autorização da Autora. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido na lei n° 9.610/98,
punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Equipe Editorial:
Revisão: Equipe Rico Editora
Edição Final: Míddian Meireles
Capa & Diagramação Digital: Míddian Meireles

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as


pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
A obra foi escrita e revisada de acordo com a Nova
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Ortografia da Língua Portuguesa. O autor e o


revisor entendem que a obra deve estar na norma
culta, mas o estilo de escrita coloquial foi mantido
para aproximar o leitor dos tempos atuais.

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Por anos Kaik achou que estava ao lado da


mulher certa. Mas, ao ser pego de surpresa com um
pedido de divórcio, acabou se tornando alguém
diferente de quem era antes.
Isolando-se de tudo, ele tenta se reerguer,
mas durante o casamento de seu melhor amigo

Kaik conhece a linda madrinha que será seu par e


tem a capacidade de mexer com ele como ninguém
jamais fez.
Após alguns meses, ele se vê obrigado a ter

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que dividir o teto com ela por alguns dias, mas o

que fazer quando a tentação é sua hóspede?


Tentando finalmente seguir em frente de
verdade, ele acaba encontrando em Alinne seu tipo

certo de mulher. Basta saber se está preparado para


aquilo, para finalmente se ver livre das amarras do
passado e viver sem reservas.

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“Há três
coisas que sempre
devemos fazer sem
reservas: viver, amar
e sorrir...”

AUTOR
DESCONHECID

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Estar em um casamento era estranho. Podia

ser uma coisa normal, costumeira, mas para mim


não era mais algo certo. Porém, eu estava ali por
causa do meu melhor amigo, Bruno, apenas por ele.
Ele e sua noiva, Dalila, decidiram-se por uma festa
enorme para comemorarem o enlace matrimonial.
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O salão escolhido tinha lindos arranjos de flores,

velas, e grandes quantidades de comida e álcool. E


também pessoas as quais eu não sabia se estava
preparado para reencontrar.

Meu melhor amigo não fazia o tipo de cara


para casar, mas todos que o conheciam estavam
errados, pois a verdade era que ele não era um até
conhecer Dalila. Ela era daquelas mulheres que
chamava atenção por onde passava, e uma vez que
meu amigo a conheceu, ficou completamente

rendido. E eu não o julgava por isso, porque por


mais restrições que tivesse com casamentos, Dalila
era, sem dúvidas, única e ele não poderia deixá-la
escapar.

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Erámos um grupo de três amigos e quando

Bruno a conheceu ele era único solteiro. Eu


costumava dizer que Dalila era um dos “caras”,
porque para ela não tinha tempo ruim. Além de

estar sempre bem-humorada, de bem com a vida,


era uma amiga maravilhosa para todos nós. Dona
dos melhores conselhos e das puxadas de orelha
também.
Mas não foi fácil para Bruno conquistá-la e
quando ele finalmente fez, ela ainda assim era osso

duro de roer e fez meu amigo se corroer até que


finalmente aceitasse seu pedido para se casar.
Então exatamente por isso meu amigo parecia estar
determinado a dar-lhe o melhor casamento de

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todos. Bruno adorava repetir que só se casariam

uma vez na vida, e por isso queria apenas o melhor


para fazê-la feliz.
Dalila era o tipo de mulher que não deixava

barato, então não perdia a oportunidade de lhe


responder com a língua esperta:
— Casamento realmente é algo muito grande,
e uma coisa que, sem dúvidas, eu pretendo fazer
apenas uma vez. Mas se você não der valor, meu
bem, vai abrir concorrência e viverei em pecado

pelo resto da minha vida mandando o próximo vir!


Bruno podia fechar a cara quando Dalila
fazia essas piadas, mas ele sabia que ela estava
brincando. E mais do que isso, tinha certeza que

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faria o possível e o impossível para deixá-la

satisfeita e feliz pelo resto da vida.


Eu estava contente por eles. Muito feliz,
afinal, eles eram meus amigos e eu desejava que

fossem sempre felizes como já eram. Eu os amava


verdadeiramente e não tinha nada que não fizesse
por eles. E isso incluía inclusive estar ali.
Olhei ao redor pela sala lotada pelos
familiares e amigos deles e suspirei. Querendo me
manter distante de qualquer conversa, andei até a

mesa no canto onde estavam as bebidas e não


esperei que um garçom viesse me servir, apenas fiz
aquilo por mim mesmo. Depois de encher meu
copo com uma dose dupla de uísque, dei um gole

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dando mais uma olhada em volta, tentando evitar

qualquer encontro.
Estava cansado demais. Depois de sair aquela
tarde da casa em que morei nos últimos quatro anos

com minha até então esposa, Ana, tudo que queria


era cama. E, no caso, uma nova, que tive que
comprar, meio que a contragosto. Então, por mais
que os amasse, estava louco para sair dali, mas em
vez disso tomei outro gole do uísque, pois sabia
que teria de fazer meu papel de padrinho e ficar até

que os noivos estivessem bêbados o suficiente para


não notar minha presença.
— Você é o Kaik? — uma voz doce
perguntou e virei-me para ver quem falava comigo,

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mas congelei quando o fiz.

Ao meu lado estava uma mulher linda. Os


cabelos eram negros e caíam em cascatas sobre os
seios. Os olhos eram tão escuros quantos os fios

sedosos dos cabelos e o sorriso era tímido, mas


ainda assim me fez perder o fôlego por alguns
segundos. Esperei até que minha respiração
voltasse ao ritmo normal e de alguma forma eu
parecia mexer com ela também, pois as alvas
bochechas coraram enquanto me olhava, talvez

envergonhada por tal reação.


— Er... Desculpe. — estendi minha mão para
ela. — Sim, sou Kaik. E você é? — minha dúvida
demonstrava meu interesse óbvio.

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Ela apertou rapidamente minha mão,

aparentando querer ignorar a eletricidade que


correu sobre nossa pele e parecia ter nos assustado.
— Sou Alinne, prima da Dalila de São Paulo.

Como nós seremos padrinhos juntos, pensei em me


apresentar. — ela parecia nervosa, o que me fez
sorrir largamente por causa da timidez que a
deixava ainda mais encantadora.
— Será um prazer dividir esse momento com
você. — um sorriso cheio de promessas despontou

em meus lábios, surpreendendo até a mim mesmo e


então ela sorriu.
Merda! Que sorriso lindo que ela tinha!
Deixou-me completamente tonto!

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A verdade é que por mais bela que ela fosse,

recusei-me a perder o foco por causa de outra


mulher. Era tudo que eu não precisava naquele
momento.

— Tenho certeza de que em um futuro


próximo teremos muitos momentos para dividir. —
fui gratamente surpreendido pela resposta que não
esperava.
Uau! Apenas uau!
Tentei não pensar muito em suas palavras e

balancei a cabeça, sem saber realmente o que dizer


e por isso tratei de tomar um gole do uísque. Meus
olhos não saíam dos dela e estava começando a
pensar que talvez o destino estivesse querendo me

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provar que eu ainda estava vivo, mas não demorei a

descobrir que estava errado... Mais uma vez.


Um rapaz moreno, alto e forte veio até ela e
enrolou o braço em sua cintura. Eu era homem e

conhecia um gesto possessivo quando via um, o


que era o caso. Ele estava marcando território,
deixando claro para quem estivesse ao redor e
principalmente para mim, que ela tinha dono. Sem
reação o vi beijar os belos lábios suculentos e
vermelhos, antes de finalmente se virar para mim:

— Oi, meu nome é, Pedro, sou noivo da


Alinne. — estendeu a mão para me cumprimentar
com um aperto forte e sorriu, novamente querendo
mostrar que era o macho alfa.

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Retribui o gesto por educação e logo me

desvencilhei, pois a situação me incomodou


sobremaneira.
— É um prazer conhecê-lo. Sou Kaik, o

melhor amigo e padrinho do noivo. — forcei-me a


sorrir, mesmo que na verdade quisesse batê-lo por
um motivo desconhecido.
— O prazer é todo meu. Desculpe-nos, mas
preciso roubar minha noiva um pouquinho.
Assenti e forcei outro sorriso, porque eu não

sabia o que dizer ou fazer. Como idiota que já havia


constatado ser, os assisti caminhar sem reação. E
embora algo em Alinne me puxasse para ela, foi em
outro casal que acabei fixando o olhar. Tentei

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ignorar, desviar os olhos, mas foi mais forte do que

eu. Era impossível não ver a maneira como o braço


dele deslizava ao redor da cintura dela como eu
costumava fazer outrora. Ou como o corpo dele se

encaixava perfeitamente contra ela, como um dia


achei me encaixar.
Ana era alta e magra, quase tão alta quanto
eu, mas ainda assim ela poderia usar um salto com
desenvoltura. Parei de me torturar e me virei para
tomar mais um gole da bebida que de repente

pareceu tão ineficaz. Não podia acreditar que ela


viera com ele mesmo depois de tudo. Não podia
crer que tiveram tamanha cara de pau.
Ver Ana com outro homem não estava nos

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meus planos naquela noite. Mas nem sempre a vida

os seguia, muito pelo contrário, normalmente ela


tinha os seus próprios.
Depois de tantos anos juntos, também nunca

achei que fosse ficar sem tê-la e, pior ainda, que ela
fizesse comigo tudo que fez, quando, de um dia
para o outro, ela deu um basta no nosso casamento.
Não tinha vergonha de admitir que implorei para
que ficasse, que nos desse uma chance, mas quando
ela confessou estar apaixonada por outro e vi que

não voltaria atrás, que não tinha mais jeito para nós,
não a impedi de prosseguir com a vida. Eu não
tinha o direito, afinal ela não era minha posse.
Apenas aceitei que de nós restaria apenas a

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lembrança de um passado feliz.

Só que quando isso aconteceu, Ana não


apenas me tirou tudo, a mulher com quem achei
que passaria o resto da minha vida também me fez

dar tudo de mim para ela. E quando o divórcio


veio, não restou nada além de uma casca de homem
que agora encarava quem um dia achou ser sua
vida.
Foram sete anos juntos, onde dediquei-me
incansavelmente para nos dar o melhor. Anos

compartilhando não apenas uma vida em conjunto,


mas também sonhos, planos e desejos, um futuro
planejado, que antes parecia tão certo. Sete anos de
felicidade, acreditando que estava no caminho

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certo, com a mulher certa. Para então descobrir que

estava apenas errado, pois ela estava com outro.


Em meio a raiva que sentia de Ana e dele,
descobri que estava com mais raiva de mim do que

deles. Eu não acreditava mais que um dia fosse


encontrar alguém para compartilhar a vida, como
pensei que faríamos. Essas esperanças e sonhos
tinham tido uma morte dolorosa no dia em que ela
me deixou. Eu precisava aprender a ser feliz
comigo mesmo, para, quem sabe, um dia tentar a

sorte no amor novamente. Ou pelo menos querer


dar uma chance para alguém.

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ALGUNS MESES DEPOIS...


Por mais que tentasse, ainda me era estranho
acordar naquele quarto desconhecido, mesmo que
há um bom tempo ele já não fosse tão
desconhecido. A luz brilhante da manhã vinha

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através das cortinas e iluminava o quarto acolhedor


e bem masculino que eu dormia há seis meses.
Desde que me separei da Ana, eu morava em
um dos villages modelos que minha empresa em

sociedade com meus amigos construía e


acabávamos vendendo no final da obra. Essa ideia
tinha ideia sido de Dalila, que disse achar um
absurdo que eu estivesse à procura de um imóvel
para morar, quando nossa empresa tinha diversos
em andamento. E ela estava certa, afinal, o imóvel

estava prontinho, completamente decorado, bastava


que eu entrasse para fixar moradia e foi o que fiz.
Espreguicei-me nos lençóis de algodão macio
e caro que a decoradora havia escolhido para

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enfeitar ainda mais a suíte máster e foi quando um

barulho veio do primeiro andar me fez franzir o


cenho. Ainda que nosso condomínio fosse
extremamente seguro, levantei-me da cama mesmo

que a contragosto e segui até a origem do som.


O barulho vinha da cozinha e fui andando até
lá ainda em silêncio.
— Ai! Que susto, Kaik! O que você está
fazendo aqui? — ela perguntou com a mão no
coração.

Diante de mim, estava Alinne, prima de


Dalila que eu havia conhecido no casamento dos
meus amigos e vi poucas vezes desde então. E
quando pensei em perguntar por que diabos ela

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estava na minha casa, Alinne se abaixou, ficando

com a bunda perfeita apontada para minha direção,


coberta por um pequeno pedaço jeans, e esqueci
momentaneamente o que eu faria.

Para evitar qualquer constrangimento, ou


melhor, uma ereção em frente a ela, apenas desviei
o olhar, pensando em qualquer coisa que não fosse
naquela mulher gostosa em minha frente.
— Er... O que você está fazendo aqui? — a
pergunta foi feita ainda sem olhar para ela. —

Especialmente considerando que você mora bem


longe daqui e ainda por cima parece ter minha
chave? — pela visão periférica finalmente a vi se
endireitar.

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Foi quando tive certeza que era seguro olhar

e me virei para ela que sorria para mim.


— Você está brincando, certo?
— Com o quê? — franzi o cenho, ainda sem

entender o que ela queria dizer.


— Você não está brincando? — perguntou
chocada, antes de levar a mão à boca. — Oh, meu
Deus! Eu não acredito que a Dalila não te falou que
eu estava vindo morar aqui em Salvador agora!
— Na verdade, não, ela não me disse. Mas o

que tem a ver com o fato de você estar na minha


casa? — inquiri cada vez mais confuso.
— Eu vou matar a Dalila! — ela me ignorou
completamente e pegou o celular para ligar para

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alguém. — Como assim caixa postal? — perguntou

para ninguém em particular, enquanto voltava a


discar outra vez.
— O que houve?

— O que houve é que a Dalila me disse que


eu poderia ficar aqui enquanto não arranjo um
apartamento para alugar e eu não fazia ideia de que
era onde você estava morando!
— Mas eu moro aqui há seis meses! —
apontei o óbvio e ela revirou os olhos.

— Agora eu sei. Mas não sabia quando a


rapariga da Dalila me deu a chave... Ela fez isso
tudo de caso pensado. — ela balançou a cabeça em
negativo, parecendo juntar as pontas soltas que

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inesperadamente nos vimos adiante.

Estava chocado. Não podia acreditar que


aquela loira ardilosa e sorrateira havia orquestrado
tudo aquilo. Eu não fazia mesmo ideia que sua

prima estava se mudando para cidade e muito


menos que ela teria enviando-a para cá com um
único propósito: fazer-nos ficar juntos.
Mesmo após o divórcio eu não saí com
ninguém. E quando a prima viera nos visitar após o
rompimento do noivado há alguns meses, Dalila

tinha tentado de todas as formas me convencer de


que ela era a pessoa certa para mim. Eu amava
minha amiga e sabia que tinha boas intenções, mas
ela simplesmente não aceitava que o fato de não

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querer me envolver com ninguém, mesmo que sua

prima fosse linda demais e mexesse comigo para


valer.
Desde que nos conhecemos que evitava ao

máximo qualquer aproximação. Se eu não estivesse


tão determinado a ficar sozinho, com certeza me
aproveitaria dela e do seu corpinho delicioso, mas,
desde a separação que vinha tentando manter a
cabeça no lugar e decidi que não me envolveria
com ninguém, ao menos não enquanto não

estivesse completamente bem.


Só que Alinne realmente mexia demais
comigo. Mesmo. Mas, ainda que nos víssemos
pouco, a cada vez que um encontro acontecia

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precisava ignorar minhas vulnerabilidades — leia-

se tesão desmedido — e manter o foco no meu


propósito.
— Você tem um telefone de táxi? — ela

perguntou, sem tirar o celular da orelha.


— Na verdade, não tenho. — e eu falara
sério.
— Droga! Não consigo falar com Dalila e
nem com Bruno! — resmungou e eu achei
bonitinha sua carinha irritada.

— E nem vai conseguir. — fui em direção à


cafeteira preparar um café. — A fazenda do pai do
Bruno não tem sinal de telefone.
— Merda! Vou ter que procurar um hotel! —

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eu ri.

— Logo se vê que é de fora. Carnaval é


quase impossível de conseguir um Hotel bom na
Bahia. E o que conseguir ou é uma espelunca ou os

olhos da cara. — quando terminei de lhe explicar,


tentei não rir da cara de assustada que fizera.
— E agora, o que vou fazer? — ela
perguntou mais para si mesma do que para mim.
— Fica. — os olhos escuros se prenderam
aos meus enquanto continuei: — A Dalila deve

voltar na próxima semana e enquanto isso você


pode ficar aqui. — falei, e surpreendi a mim
mesmo no processo.
Que merda estava fazendo, Kaik?

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Certo. Eu não sabia de onde tinha saído

aquela ideia, mas eu não podia simplesmente deixar


a mulher na rua, não quando ela tinha vindo de tão
longe e não tinha verdadeiramente para onde ir.

Ok. Talvez eu estivesse mentindo e também


tivesse alguns motivos egoístas para querer mantê-
la ali!
— Tem certeza? — indagou sem jeito.
Não. Claro que não!
— Claro que sim.

— Tem certeza que não vou atrapalhar?


— Lógico que não. A casa é enorme. Não é
como se fossemos nos esbarrar o tempo todo...
Além do mais, pretendo passar o feriado

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adiantando uns projetos. Você pode ficar à vontade.

— fiz um gesto ao redor, sem saber direito como


agir dali em diante.
— Tudo bem. Se não for mesmo incomodar,

vou aceitar. Mas prometo que não vou deixar que


note minha presença. — sorriu sapeca e uma coisa
lá embaixo sacolejou com aquele sorriso.
Difícil não notar! Foco, Kaik! Foco!
— C-certo... Os quartos ficam lá em cima,
quer ajuda com as malas? — tentei ser cavalheiro e

ela acenou, voltando a sorrir.


— Seria ótimo. Obrigada.
Sem mais uma palavra, peguei as duas malas
que trouxe consigo e com ela no meu encalço,

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segui para o andar superior.

— Aquele é meu quarto. — apontei para a


porta do final do corredor. — Os outros estão
livres. Pode escolher qualquer um destes... Fica à

vontade.
— Obrigada, Kaik. Mesmo. — e novamente
ela estava sorrindo para mim.
Sim, aquele sorriso! Aquele que parecia ser
capaz de me colocar de joelhos por ela!
— E-e-eu... vou tomar um banho e antes de

começar a trabalhar vou descer para tomar café. —


ela acenou e sorriu, antes de nos despedir e vê-la
arrastar as malas para o quarto colado ao meu.
Foi impossível não admirar a bundinha

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redondinha rebolando até lá, era tentador demais

para não sucumbir ao desejo. Eu realmente


precisava de um banho frio, porque ela havia me
deixado no ponto e com a imagem da bela bunda

fui direto para o banho.


Quando desci minutos mais tarde, logo notei
que ela preparara a mesa caprichosamente com o
que encontrou na geladeira e feito até mesmo um
sanduíche para mim. Sorri, porque há muito tempo,
ninguém, além dos meus amigos, se preocupava

com o que eu comia ou deixava de comer. Mas


Alinne fez.
Eu estava ficando em apuros!

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Durante toda manhã fiquei entretido em

alguns projetos que estávamos trabalhando e nos


detalhes dos mesmos, tentando esquecer da minha
hóspede. Eu era engenheiro civil e também

arquiteto, por isso adorava trabalhar em cada por


menor do que construíamos, desde as primeiras
linhas do projeto, até a execução e escolha de cada
item.
Bruno também era engenheiro, mas preferia
cuidar da parte administrativa e burocrática das

obras e eu agradecia, porque gostava mesmo era de


pôr a mão na massa e não me preocupar com
formalidades. Danilo, nosso amigo e terceiro sócio,
era administrador e cuidava diretamente das

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finanças e vendas dos nossos empreendimentos.

Nós três fazíamos um ótimo time e não era à toa


que em menos de dez anos de empresa já havíamos
construído grandes coisas e crescido bastante.

Enquanto Bruno e Dalila decidiram passar o


longo feriado de carnaval na fazenda do pai dele,
no sul da Bahia, Danilo e a esposa, Márcia,
viajaram para Cancun. Então não tinha outra pessoa
a quem recorrer, teria que ser eu mesmo não apenas
para cuidar da empresa, como também para ter de

abrigar Alinne.
Depois de passar mais algum tempo entretido
com alguns detalhes de um projeto de edificação
multifamiliar — que queríamos iniciar nos

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próximos meses na Linha Verde e estávamos

empolgados, pois era diferente de tudo que já


havíamos feito até então —, começava a me sentir
inquieto e, pelo adiantar da hora, achei melhor ir

comer alguma coisa.


E não, não era minha querida hóspede!
Como havia acontecido no café da manhã,
Alinne havia preparado o almoço e deixado a mesa
arrumada para que me servisse. Já passava da hora
da refeição, a comida estava fria e por isso preparei

um prato para esquentar no micro-ondas antes de


comer. Como pretendia me dedicar aos projetos nos
próximos dias e também em fugir da minha visita,
decidi aproveitar o clima quente e ensolarado para

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almoçar na área da piscina, mas no momento em

que me sentei na mesa, acabei descobrindo que não


me encontrava sozinho.
Alinne estava deitada na espreguiçadeira,

vestindo apenas um biquíni pequeno, que deixava


pouco, muito pouco para imaginação. A minha
então nem se fala, que já era bem fértil e me vi em
um caso sério para conseguir lidar, principalmente
por causa da minha abstinência. Ela dormia e
parecia ter um sonho muito bom, porque mesmo

depois de tentar fingir que não a estava vendo, tive


que ir até lá, porque fiquei receoso de ver a pele
alva muito queimada.
Chamei pelo seu nome algumas vezes, mas

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ela não pareceu me ouvir. E mesmo depois de

tentar me controlar, logo meus dedos passaram a


tocar a pele macia do seu rosto, deslizando do
queixo para pescoço esguio. Ela ronronou baixinho

durante o sono, um som sexy que lhe escapou da


garganta e me fez ter de segurar meu gemido. Mas
então ela se espreguiçou, estufando o belo par de
seios redondos e cheios para frente, arrancando de
mim um ruído baixo.
— Kaik? — ela perguntou confusa ao abrir

os olhos e me ver parado ali.


— Desculpe te acordar, mas o sol estava
forte, Linne.
Assim que terminei de falar, em um piscar de

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olhos ela parecia bem acordada e sentava-se de

forma ereta, sentindo-se um pouco envergonhada.


Não resisti e ao vê-la corar, tirei uma mecha de
cabelo do rosto, colocando-a atrás da orelha e não

consegui deixar de encará-la profundamente.


Os belos olhos escuros pareciam duas ônix
brilhantes que me prendiam como um cativeiro. A
luz do sol cintilava sobre a pele branquinha, repleta
de curvas deliciosas e que eu adoraria desvendar.
Afastei-me mesmo que a contragosto, mas minha

mão não saiu do seu cabelo comprido, deslizando-


os por entre os dedos, querendo tocá-la mais,
querendo mais dela.
Alinne então limpou a garganta fazendo-me

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despertar do meu torpor.

— Está tudo bem, Kaik? — indagou séria,


como quem esperava algo.
— Sim, mas eu não podia deixar que você se

queimasse logo no seu primeiro dia na Bahia.


Principalmente quando está fazendo comida para
mim. — e ela sorriu de forma tímida.
— Obrigada pela preocupação. Vim aqui
para fora tomar um sol, para não me parecer tanto
com uma turista, mas acho que quase estampei na

minha cara que realmente sou de fora.


— Você já está um pouco rosa, então se não
quer o selo de turista estampado na cara, melhor
sair daqui. — brinquei e seu sorriso se ampliou

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ainda mais.

— Obrigada. — levantou-se da
espreguiçadeira e aquilo foi um erro.
Alinne era aquele tipo de mulher linda, que

apesar de ser muito bem resolvida consigo mesma,


não parecia dar-se conta do quanto era bela e o
poder que tinha de mexer com as pessoas ao redor,
o que apenas me deixava ainda mais louco e
sedento por ela.
Para meu deleite, o biquíni que escolhera

aquela tarde era ainda menor do que eu achava,


mas muito maior do que gostaria que fosse. em A
pele levemente dourada ostentava as belíssimas
curvas de Alinne, moldadas pela roupa de banho

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quase indecente que vestia.

Deliciosa! — tive vontade de dizer.


Minha boca se encheu d’água, estava
praticamente babando como um cachorro faminto

apenas com a visão dela. E naquele momento eu


era mesmo. Os seios fartos e cheios, praticamente
imploravam que eu os despisse e me fartasse deles.
Assim como a bunda redonda e empinada pareciam
me fazer um convite delicioso para saboreá-la e
tomá-la como minha o quanto antes. E mais do que

nunca eu queria fazer exatamente aquilo.


Ah, como queria!
— Pensei em irmos jantar mais tarde. Levá-la
para conhecer um pouco mais da culinária baiana.

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O que acha? — perguntei sem jeito, tentando em

vão parar de cobiçá-la tão descaradamente, mas era


mais forte do que eu.
Olhando para mim incerta, meio que tentando

decidir se era uma boa ideia ou não sairmos juntos,


emudeci, nervoso e em expectativa pela resposta.
Sendo sincero comigo mesmo, ou a ideia era boa
ou péssima. Esperava descobrir em breve.
— Por mim tudo bem. — sorriu levemente.
— Saímos às oito, ok? — ela concordou,

então peguei meu prato e sai dali para o bem da


minha sanidade mental.
Sim! Eu precisava de um pouco de espaço!

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Resolvi ficar no quarto até a hora marcada

para o jantar. Talvez fosse a melhor coisa para não


ficar louco. No entanto, bem antes das sete já
estava agoniado. Tentei me acalmar assistindo algo

de ação, porque ver filme de tiros sempre me


distraía, mas foi em vão. Sete e meia decidi que o
melhor a se fazer era deixar de ficar parado, me
enfiei embaixo do chuveiro com a água mais fria
possível e ainda assim foi difícil não me lembrar
dela e de cada detalhe seu com exatidão.

Imaginei meus dedos indo de encontro aos


cabelos negros, macios e tão cheirosos quanto ela.
O perfume que exalava do seu corpo era único,
funcionando como um afrodisíaco para mim e eu

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adoraria esfregar meu nariz por toda sua pele, vê-la

se arrepiar por esse simples ato. Imaginei-me


deslizando o polegar sob os lábios cheios e
apetitosos, que mais me pareciam um convite para

um beijo enlouquecedor e eu sabia que era.


Instintivamente minha mão subiu e desceu
sobre o membro rijo, o movimento cada vez mais
intenso apenas pensando em passear com elas pelo
seu corpo, parando no biquíni pequeno. Depois em
meus dedos seguindo para dentro do canal úmido,

arrancando dela gemidos cada vez mais intensos.


Apenas imaginar fazer tudo aquilo com ela parecia
ser o suficiente para me fazer morrer de excitação.
Nunca, em toda minha vida, estive com tanto tesão

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como me via por ela. Alinne estava me

enlouquecendo mesmo sem saber.


Não precisei dar muita asa para minha
imaginação, pois tão necessitado como já estava,

não tardei para ver meu prazer sendo derramando


na parede fria do banheiro, enquanto chamava seu
nome, gozando como há muito não fazia.
Depois de sair do box após algum tempo ali
parado embaixo d’água, vesti uma calça jeans e
uma camisa branca simples, corri a escova no meu

cabelo ainda um pouco ofegante e ansioso. Me


perfumei, calcei um sapato e como já estava pronto,
desci para esperá-la na sala. Sentei no sofá
sentindo-me a cada minuto mais ansioso, coisa que

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nunca havia acontecido outrora, e por isso peguei

meu celular em uma tentativa de me distrair.


Contando os segundos junto com o relógio,
ouvi o barulho de saltos e levantei o olhar da tela

do aparelho para me deparar com as ônix


iluminadas, que brilhavam de uma forma que me
encantava. Os lábios carnudos pintados de
vermelho, deixaram o que já era tentador ainda
mais convidativo. Alinne sorriu, mas não aquele
sorriso tímido que eu adorava e estava acostumado,

dessa vez ela sorria de uma forma que fazia meu


estômago vibrar de um jeito desconhecido e o
coração bater loucamente.
Meus olhos fizeram uma inspeção completa.

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Era como uma necessidade minha ver cada detalhe

dela. Os longos cabelos escuros caíam em ondas


pelos ombros, cobrindo o decote do vestido curto
na cor preta, que acentuava as curvas femininas de

uma maneira sedutora. Desci até os pés, onde ela


usava um scarpin da mesma cor da roupa e que
realçavam ainda mais as pernas lindas e torneadas.
Fiquei paralisado, bebendo sua beleza,
alguma coisa parecia ter sido mexida dentro de
mim e a forma como me senti diante dela me

surpreendeu. Não sabia o que acontecia realmente,


mas era algo tão forte, que fez com que me visse
incapaz de desviar o olhar.
— Vamos? — ela chamou, tirando-me do

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torpor onde eu babava vergonhosamente pela

minha hóspede.
— Vamos.

Durante todo caminho, trocamos poucas


palavras. Vez ou outra ela me perguntava algo e eu
me limitava a responder o que ela queria saber.
Estava tão nervoso, que temi que ela me achasse
antipático e dispensasse minha companhia dali em
diante. Então assim que chegamos ao restaurante e

nos sentamos, olhei para ela com um sorriso sem


jeito em uma tentativa de me desculpar.
— Desculpe meu silêncio, mas ultimamente
não tenho sido a melhor das companhias. — a

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confissão me deixou um tanto envergonhado, mas


de alguma forma precisava que ela soubesse.
Não queria ter sido tão sincero assim, foi
mais forte do que eu. Tentando apenas agir com

naturalidade, abri o cardápio e comecei a estudá-lo,


mesmo que o conhecesse muito bem.
— Eu sei. Não se preocupe com isso. — um
sorriso compreensivo formou nos lábios dela,
aquele de quem realmente entendia e não o que eu
tanto odiava, o de pena, que as pessoas

costumavam me dirigir desde o divórcio.


Limpei a garganta e preferi mudar de
assunto:
— Você gosta de marisco? — ela concordou.

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— Então sugiro que experimente o Camarão

Internacional. É um dos pratos mais famosos daqui.


— Amo camarão! Vou aceitar a sugestão,
sim. — animou-se.

Eu não queria ser muito antipático, mas


também não sabia mais ser divertido, mais uma das
coisas que Ana havia me tirado com o divórcio.
Então, quando ela acatou também minha sugestão
da bebida, resolvi chamar logo o garçom para fazer
nossos pedidos.

— Então, Alinne, nos conhecemos há tanto


tempo e até hoje não sei sua profissão. — o
comentário veio enquanto o garçom servia nossas
bebidas, um chope para mim e um coquetel servido

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no coco com o mesmo sabor para ela.

— Sou administradora, mas há alguns anos


trabalho como gerente de Banco. — ela
experimentou o pedido e pela forma que algo se

iluminara em seu rosto, notei que gostou. — Nossa!


Isso é delicioso! — sorri.
— Sim. É bem gostoso mesmo. Mas ainda
prefiro meu bom e velho chope. — ergui a caneca
com a bebida para ela, que pareceu dar-se conta de
algo e logo falava:

— Não, precisamos brindar.


— Sério? — suspendi a sobrancelha, sem
tirar os olhos dela enquanto esperava pela resposta.
— Claro! Brindar é um gesto elegante de

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expressar a satisfação de compartilhar um

momento. — o sorriso não saía do rosto dela


enquanto proferia cada palavra e foi impossível não
sorrir do seu entusiasmo.

— E ao que brindaremos? — levantei a


caneca na direção dela, que respondeu sem hesitar:
— Brindamos à saúde, às conquistas, aos
encontros e reencontros, as celebrações diárias e
por vezes esquecidas e, principalmente,
brindaremos à alegria!

Os olhos dela se encontraram com os meus, e


era como se fosse a primeira vez. Não apenas as
palavras me tocaram, mas a forma como ela olhava
para mim era, definitivamente, uma das melhores

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experiências que tive o prazer de experimentar. Por

um momento, a sensação que eu tinha era que o


mundo inteiro desapareceu diante de nós e
estávamos apenas os dois ali, vivendo algo novo e

desconhecido. E para mim foi exatamente isso que


aconteceu: meu mundo pareceu retomar o controle
e isso o fez voltar a girar.
Pensei em abrir a boca para falar alguma
coisa, porque eu sentia que precisava, mas o
garçom chegou e logo começou a nos servir.

O jantar foi bastante agradável. Alinne era


uma mulher não apenas linda e gostosa, mas
também inteligente e com ótimo senso de humor.

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Eu me senti à vontade ao lado dela e enquanto


conversávamos, descobri que tínhamos bastante
coisas em comum. Éramos cinéfilos e adoradores
de arte. Ela também amava viajar e em um

determinado momento da noite nos vimos trocando


experiências de viagens pelo mundo.
Eu estava faminto, minha última refeição fora
o almoço delicioso que ela havia nos preparado,
mas acabei comendo pouco, porque a conversa
estava tão boa que a comida perdera a graça. Bebi

mais um chope e pedi uma água. Em outro dia


qualquer eu, com certeza, teria bebido mais, mas
estava dirigindo e além de estar acompanhado, o
cuidado durante as épocas festivas tinha de ser

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redobrado.

Fiz questão de pagar a conta, o que foi


motivo de uma pequena discussão entre nós, mas
no fim ela acabou aceitando, com a promessa de

me levar para jantar um dia desses e eu concordei.


E foi impossível negar a vibração de o convite de
um próximo encontro — se é que eu poderia
chamar o que tivemos de encontro.
A volta até a minha casa foi feita em silêncio.
Havíamos conversado tanto, como nunca fizemos

no tempo em que nos conhecemos, mas de repente


eu simplesmente não sabia o que dizer, então
apenas achei mais seguro prestar atenção na
direção.

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A verdade era que nosso jantar me

surpreendera. Há meses não me sentia tão leve e à


vontade como me senti ao lado dela. Há meses não
me sentia tão relaxado e contente estando com

alguém. Nem mesmo com meus melhores amigos


me sentia assim. E quando essa constatação
chegou, fiquei muitíssimo assustado.
Alinne era meu tipo certo de mulher, o tipo
que gostaria de ter ao meu lado, que gostaria de
levar para sair, namorá-la. Mas eu já tinha achado

aquilo uma vez e estava errado. Não queria errar de


novo. Não estava preparado e muito menos
disposto a me arriscar novamente a uma coisa que
podia estar fadada ao fracasso.

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Quando chegamos em casa, subimos as

escadas ainda em silêncio, e quando olhei para


Alinne a flagrei não apenas me olhando, como se
esperasse que eu dissesse algo, mas também como

se pudesse me desvendar e isso novamente me


assustou.
— Obrigada pelo jantar. — deu um pequeno
sorriso.
— Não tem de quê. Obrigado pela
companhia.

Ela apenas acenou e seguiu em direção ao


quarto que seria dela pelos próximos dias. Quando
a porta bateu, eu também decidi que talvez fosse
melhor me afastar, porque o pouco tempo que

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passamos juntos foi o suficiente para que eu

descobrisse que continuar a me envolver com ela


poderia ser fatal para mim... Outra vez.

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Tentar me manter distante de Alinne com ela

estando tão perto, mais precisamente no quarto ao


lado do meu, estava sendo mais difícil do que
julguei que pudesse ser. Dias inquietos e noites
insones acabaram se tornando a minha rotina nos
dias que se seguiram, mas de certa forma senti que

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não era o único a evitar sua presença, ela também


parecia fazer a mesma coisa comigo.
— Droga! — o resmungo veio em seguida do
barulho de vidro quebrando.

Já era tarde quando levantei da cama e segui


em direção aonde eu achava ser a origem do som.
Cheguei à cozinha e encontrei um prato espatifado
e de joelhos Alinne resmungava baixinho, tentando
arrumar a bagunça que fizera. Mas não foi o fato de
ter uma louça perdida que fez com que sentisse o

coração prestes a sair pela boca, mas sim o fato que


Alinne cobria seu corpo com apenas uma toalha e
nada mais.
Porra! Aquilo seria fodidamente difícil!

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— Desculpe por isso, Kaik. Prometo que vou

pagar... — Alinne garantiu com uma expressão


desolada, fazendo-me engolir em seco quando se
virou para mim e vi os seios fartos quase pulando

do tecido felpudo.
Nunca quis tanto que uma toalha caísse na
vida!
Sem conseguir deixar de admirá-la, corri
meus olhos pelo seu corpo, fazendo-me encostar no
balcão da cozinha precisando de apoio

— Não se preocupe... Você está bem? —


perguntei, genuinamente preocupado e ela revirou
os olhos pela pergunta.
— Sim... Estou bem, só me cortei um pouco.

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Sou mesmo uma desastrada. — lamentou e me vi

sorrindo pelo seu tom.


— Está tudo bem, deixe-me pegar o aspirador
de pó para recolher os cacos e te ajudar.

— Certo... Vou tentando limpar essa bagunça


por enquanto. — balancei a cabeça em negativa.
— Não, sente aqui. Você já se machucou.
Não quero que se machuque novamente. — puxei a
banqueta para que fizesse o que pedi.
— Tudo bem.

Não me dei à chance de continuar a admirá-


la, apenas segui em direção à dispensa em busca do
que queria e precisava. Eu não era um “homem do
lar” realmente, mas me virava em casa. Por mais

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que tivesse uma pessoa que vinha fazer limpeza

semanalmente, eu gostava de deixar as coisas em


ordem por mim mesmo. E por causa da minha
rinite alérgica, acabava adotando o uso do aspirador

ao invés da vassoura na maioria dos casos.


Depois de pegar o utensilio, retornei à
cozinha e encontrei Alinne onde eu a havia
deixado.
— Deixa que eu faço isso. — ela fez menção
de se levantar e a impedi prontamente.

— Imagina... Você já se machucou, pode


deixar que cuido disso. — ela pareceu ponderar por
um instante antes de finalmente concordar.
Depois de recolher os cacos grandes e enrolá-

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los no jornal antes de jogá-los no lixo, liguei o

aspirador e terminei aspirando todos os pequenos


cacos. Para garantir, peguei um pano e o umedeci,
antes de passá-lo por todo ambiente, apenas para ter

certeza de que não havia nenhum pedaço perdido e


ter certeza não nos machucaria.
Enquanto fazia tudo aquilo, não pude deixar
de sentir o olhar dela em cada gesto meu. Ser
objeto da sua atenção me deixou um tanto sem
jeito, porque não estava mais acostumado aquilo.

— Pronto.
— Obrigada... Mas tenho que dizer, eu
realmente estou surpresa, não esperava que você se
virasse. — sua afirmação me fez sorrir.

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— Não sei se você sabe, mas sou do interior

da Bahia e vim morar na capital quando passei na


faculdade federal, então tive que aprender
“natoralmente”, ou seja, na tora ou forçado mesmo,

a me virar. A faxineira só vem uma vez na semana,


então no restante do tempo eu tenho de manter tudo
por aqui arrumado e habitável — dei de ombros.
— Isso foi inesperado. — Alinne pareceu
impressionada.
— Gostei de saber que causei algum efeito

sobre você. — com um sorriso nos lábios, percebi


que ela ficou um tanto sem jeito, por isso decidi
pegar a caixa de primeiros socorros e lhe fazer um
curativo.

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Quando falei o que faria, ela contestou, mas

depois nada disse. Então, após limpar o corte,


passar antisséptico e fazer um curativo, como
Alinne havia preparado o jantar antes do pequeno

incidente, ela me chamou para comermos seu


rondelli e como estava faminto acabei aceitando.
Depois de se trocar para uma camisola fina
de seda que não me ajudou em nada, resolvemos
sentar no sofá para comer, enquanto assistíamos o
filme que Alinne começara a ver enquanto

preparava a refeição. Eu já tinha ouvido falar do


filme, que era uma adaptação de um livro de
romance famoso e que fizera um grande sucesso no
cinema, mas mesmo que ela tivesse insistido em

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mudar, eu disse que não precisava, que

continuaríamos a assistir.
Como tudo que ela cozinhava, o rondelli
estava uma delícia. Mas o problema é que quanto

mais o tempo de filme passava, mais


desconfortável me sentia, pois ele estava ficando
cada vez mais quente. Pelo visto eu não era o
único, pois Alinne começou a se remexer ao meu
lado no sofá de forma impaciente. Ela deveria ter
percebido que eu estava atento a ela, porque olhou

para mim também e quando o fez, tinha um olhar


ardente que me balançou.
Por mais que eu quisesse, não consegui
desviar. O jeito que ela me olhava mexia comigo

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mais do que eu gostaria. Mas ainda que estivesse

tentado, uma parte minha ainda se lembrava de


tudo que passei e a insegurança insistia em falar
mais alto. Por isso que quando me levantei com a

desculpa de colocar os pratos na pia e pegar uma


cerveja para nós, ao retornar para a sala fiz questão
de deixar um pouco mais de espaço entre a gente.
Quando os créditos rolaram, eu tinha uma
ereção coberta pela almofada do sofá. Não por
causa da atriz que vivia nua na maior parte do

tempo, mas porque em cada segundo de filme eu


idealizava que fosse Alinne ali, o que me deu um
trabalho maior para tentar me manter atento a TV e
não a agarrar. E quando por fim acabou ela quebrou

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o silêncio:

— Isso foi... interessante.


— É. — foi a única coisa que consegui
pensar para responder, pois estava muito ocupado

ainda pressionando a almofada sobre o colo.


Droga! O que eu diria?
— Você ainda quer assistir alguma coisa? —
limpou a garganta ao se levantar.
— Er... Talvez em alguns minutos. — senti
meu rosto esquentar.

Minha resposta pareceu tê-la deixado zonza,


porque no momento em que ela deu o primeiro
passo, de alguma maneira tropeçou no tapete macio
e acabou caindo do meu colo.

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— Desculpa... eu sou muito desastrada.

Alinne tentava se desculpar, porém, a


maneira que se mexia sobre mim não me ajudava
em nada. E quando tentou levantar e se afastar, meu

braço se enrolou em sua cintura e a manteve ali. Ela


ia falar alguma coisa, mas encarando-nos, nenhum
de nós soube como reagir. Os olhos escuros como
ônix prenderam-me daquela maneira estranha que
ela fazia comigo desde a primeira vez, mas então
desceu para minha boca e isso fez meu coração

disparar loucamente.
Eu queria, mais do que qualquer coisa sentir
o gosto dela, queria degustá-la, mas também sabia
que a forma que ela mexia comigo era diferente de

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tudo que senti um dia e temia apaixonar-me. Prendi

a respiração querendo desesperadamente diminuir a


distância entre nós, mas temendo que não pudesse
lidar com aquilo quando acontecesse.

Parecendo tão ansiosa e sedenta quanto eu, os


bicos dos seus seios cheios, desenhavam-se na seda
da camisola, me fazendo babar, como se me
chamasse para tomá-los com a boca, estavam
prestes a me fazer perder a razão. E perdi...
Atraído para ela como um ímã, meus lábios

deslizaram pela sua bochecha, antes de descer para


o canto da boca suculenta. Meus olhos se fecharam
instintivamente quando meus dentes beliscaram-lhe
levemente o lábio inferior, fazendo-a estremecer.

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O sangue fervia em minhas veias, meu pau

pulsava loucamente, mas no momento em que me


preparei para avançar, o encanto foi quebrado com
o toque de um celular e Alinne pulou do meu colo,

afastando-se rapidamente.
Ainda assim seus olhos escuros não
desgrudaram dos meus, a conexão intensa
parecendo ser incapaz de se cortar. O toque do
celular recomeçou e quando ela foi até o aparelho
na cozinha, resfoleguei, tentando ter de volta não

apenas o ar que me faltava, como também os


sentidos, que pareciam ter se perdido naquela
mulher que era meu tipo certo.
Enquanto ela falava com alguém ao telefone,

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não demorei a perceber ser o ex dela e comecei a

limpar o restante de bagunça da sala. Qualquer


coisa para evitar seu olhar, e a necessidade que
tinha dela. Aquela necessidade que tinha de trazê-la

para meu colo novamente e agarrá-la como queria e


precisava. Aquela necessidade intrínseca de fazê-la
minha.
Lavei os pratos com Alinne ainda ao telefone.
Ela parecia impaciente e tentei não prestar muita
atenção ao que falava, mas era perceptível o fato de

que o ex parecia não aceitar muito bem a


separação. E quando finalmente encerrou a
chamada com um suspiro, me preparava para subir
para o quarto.

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— Desculpe por isso... Pedro tem sido um

pouco complicado desde o término. — ela parecia


genuinamente envergonhada e me limitei a assentir.
— Obrigada pela ajuda, pelo curativo, pelo filme e

a companhia, Kaik. — lhe dei um pequeno sorriso.


Odiava não saber como reagir, como me
comportar depois de tudo. Odiava ainda mais não
ter forças para voltar a ser o homem que era antes
de ter sido quebrado. Antes eu nunca agiria assim,
apenas lhe diria o que e como me sentia, buscaria o

que queria, principalmente quando sabia que era


recíproco. Só que naquele momento em nossas
vidas, as coisas estavam complicadas. Nossas
exatidões não se completavam.

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Independente de qualquer coisa, queria

manter as coisas leves entre nós. Não apenas


porque não queria que ela se sentisse culpada, mas
porque não queria que soubesse o quanto me

afetava realmente. Não queria sentir-me ainda mais


idiota, um idiota que estava literalmente babando
por ela.
— Não tem que agradecer. Na verdade, eu
que tenho. — não sabia realmente por que havia
falado aquilo, mas esperava que entendesse e ela

apenas sorriu para mim.


— Boa noite, Kaik. Até amanhã.
— Até amanhã.
Com um beijo demorado em meu rosto ela se

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despediu e subiu as escadas deixando-me ali.

Quando finalmente encontrei coragem para fazer o


mesmo, adormeci pensando no nosso quase beijo e
me perguntando o que faria dali adiante.

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Depois do nosso quase beijo, tentei me

manter o mais longe possível e isso significava que


chegar em casa tarde após uma viagem até a cidade
do nosso futuro projeto, esperando não a encontrar
fora do quarto. Por mais que estivesse ali apenas

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por alguns dias, Alinne fizera compras no


supermercado e parecia ter criado a rotina de deixar
a comida pronta para mim. Então depois de uma
salada caesar para o jantar, lavei a louça e subi para

tomar um banho.
Eu já morava há um tempo sozinho desde a
separação, mas por mais que aos poucos estivesse
me acostumando com a nova rotina, ainda havia
algo que me incomodava sobremaneira e não sabia
se um dia me acostumaria: com a solidão.

Bruno e Danilo eram meus amigos há mais


dez anos, mais precisamente desde que dividimos o
mesmo quarto na república no primeiro ano de
faculdade. E por mais que me apoiassem, que eu

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soubesse que poderia contar com eles para o que

precisasse e isso se estendia para as respectivas


esposas, inevitavelmente ainda me sentia só. Era
aquela velha história de se sentir sozinho em meio à

multidão.
Desde o divórcio vinha focando ainda mais
no meu trabalho para não me afundar na minha
própria miséria. Eu sabia que não era o primeiro e
muito menos o último a enfrentar uma separação
antes do quinto ano de casamento. Sabia também

que era novo, afinal ainda tinha trinta e um anos,


mas depois da minha esposa, a quem eu tanto
amava e me dedicava a fazer feliz, me trocou por
outro, acabei tornando-me uma pessoa amarga e

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infeliz. E por mais que tentasse dizer não apenas

para os outros, mas principalmente para mim que


estava tudo bem, preferia dedicar meu tempo ao
trabalho em uma tentativa de aliviar a dor que tanto

almejava me livrar.
Contudo a verdade é que por mais desejoso
que estivesse de me ver livre da dor e também da
solidão, uma parte de mim ainda não parecia ser
capaz de tal ato. Não quando para fazer aquilo eu
tinha que abrir mão de uma coisa que não sabia se

seria capaz de fazer ou mesmo quisesse: deixar


meu passado para trás.
Quando me sentia daquele jeito, costumava
extravasar meus sentimentos de alguma maneira e

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era por isso que sempre tinha o violão próximo a

mão. Ainda pensativo, peguei o instrumento e


deixando o coração me guiar comecei a cantarolar a
primeira canção que me viera à mente.

Quantas noites não durmo


A rolar-me na cama
A sentir tanta coisa
Que a gente não pode explicar
Quando ama...
O calor das cobertas
Não me aquece direito
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito...
Volta!
Vem viver outra vez a meu lado
Não consigo dormir sem teu braço
Pois meu corpo está acostumado
Mal-acostumado...

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Quando terminei de cantar, dei-me conta de


que diferente da canção de Fábio Jr., eu não tinha o
desejo de que Ana voltasse a minha vida. Não

quando ela havia quebrado os votos e todas as juras


e promessas de amor que fizemos um dia. E não era
apenas por orgulho, mas sim porque não sentia
mais o amor que acreditava sentir por ela. Então a
única pessoa que de fato queria de volta era o Kaik
que fui outrora.

Não o Kaik jovem, sonhador, que esperava


ganhar o mundo, mas aquele que acreditava ser
capaz de tudo. Aquele sempre bem-humorado, que
gostava de estar com os amigos, que se divertia,

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que era feliz. Esse sim eu sentia falta, não o de

agora, recluso, amargo e tão solitário.


Tinha ciência de que não poderia voltar no
passado, que era impossível e nem queria,

acreditava piamente que aprendíamos não apenas


com os erros, mas eram também através deles que
construíamos os acertos. Eu só precisava me
permitir errar, para quem sabe futuramente acertar.
Ouvi alguém bater em minha porta e sabia
que só poderia ser Alinne. A verdade era que por

mais estranho que pudesse ser, eu não podia negar


que a presença dela tinha trazido um pouco de
leveza para minha solidão auto imposta.
Respirei fundo, ainda sem saber direito como

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agir diante a minha tentação após nosso quase beijo

e principalmente sabendo que ela, assim como eu,


tinha coisas a acertar com o passado. Estava mais
do que claro para mim que nada poderia acontecer

entre nós enquanto não resolvêssemos as


pendências que cada um tinha.
Mas para resolver você tem que dar o
primeiro passo, Kaik! — lembrei-me e eu sabia que
era verdade.
Abri a porta enchendo-me de coragem, com

um sorriso sem jeito no rosto e quando a vi falei em


um sussurro fraco:
— Oi.
Alinne, estava, como sempre, linda. Os

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longos cabelos negros estavam soltos, caindo em

cascatas sobre os seios. O corpo voluptuoso, de


curvas bem-feitas, encoberto por uma camisola de
seda na cor preta, que sobressaía sobre a pele alva.

Os olhos, aquelas duas ônix brilhantes que


tanto me fascinavam, desceram pelo meu corpo em
uma inspeção descarada e engoli em seco, tentando
não me sentir envergonhado, pois vestia apenas um
short também de seda e sabia que apenas um olhar
parecia ser capaz de me deixar pronto para ela.

Coisa que nunca aconteceu antes.


Controle-se, Kaik! Só respire!
— Oi... Está tudo bem? — ela parecia
genuinamente preocupada ao perguntar, ainda

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assim os olhos não deixaram meu corpo.

— Estou sim... Por quê? — terminei


indagando, curioso para saber o motivo do
questionamento.

— Nada... É que a melodia parecia um


pouco... triste.
— Não. Está tudo bem. Desculpe preocupá-
la.
Estava sendo evasivo e não deveria, até
porque ela estava preocupada. E vê-la diante de

mim me fazia começar a aceitar o que me trouxe


até aquele momento.
— Estava apenas cantando algo para me
distrair, para pensar um pouco. — apontei para o

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violão sobre minha cama.

— Era você mesmo cantando? — ela pareceu


realmente surpresa e assenti. — Uau! Você canta
bem, cara! — se impressionou, o que me fez corar.

— Eu costumava tocar vez ou outra quando


era mais novo.
— Ah! Eu quero ver! — se empolgou e logo
passou por mim com sua camisola quase indecente
e sem cerimônia ou espera por convite sentou-se
em minha cama.

Fiquei envergonhado. Não costumava cantar


ou tocar para as pessoas, raramente fazia aquilo na
verdade, era mais uma coisa minha e não de plateia.
Mas por algum motivo, ainda que sem jeito, queria

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fazer aquilo, então não me fiz de rogado e fiz.

Eu gosto tanto de você


Que até prefiro esconder
Deixo assim, ficar
Subentendido
...
Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer
Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

Depois de cantar a frase final e dedilhar o


último acorde da canção, nossos olhos, que já não
desgrudavam desde que comecei, falavam o que os

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corações sabiam desde o início: a canção falara por

nós. A conexão entre a gente era tão forte, a


necessidade tão vital, que quando dei por mim eu
avançava sobre ela. Logo Alinne estava sob mim e

nos beijávamos.
Finalmente!
Enquanto as línguas dançavam com lascívia,
as mãos deslizavam ansiosas pelos nossos corpos.
Precisava tocar seu corpo. Precisava senti-la entre
os dedos, acariciar-lhe a pele macia. Precisava tê-la

completamente para mim. Logo me vi beliscando


os mamilos rijos encobertos pela seda, fazendo-a
gemer em minha boca em um delicioso pedido por
mais. Empurrando a ereção dura contra ela, sentia

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sua umidade quente no tecido, fazendo-me ficar em

ponto de combustão.
As sensações que Alinne me trazia eram tão
loucas e intensas, que tudo que eu queria era

mergulhar ainda mais nelas, romper todas as


barreiras que me impediam de seguir em frente, por
mais assustador que pudesse ser fazê-las.
Alinne arranhou minhas costas quando
desnudei os seios que me chamavam para devorá-
los e eu fiz para meu bel prazer. Ela gemia

enquanto eu chupava o mamilo rosado de forma


dura e se derreteu sob mim, os sons cada vez mais
altos, ao passo que contorcia-se de uma forma que
me deixara ainda mais faminto por ela.

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As mãos logo encontraram o caminho para

meu pau, apertando-o com gana, fazendo-me


gemer, porque apenas um toque seu pareceu ser
capaz de me conectar à Terra novamente. E era

exatamente aquilo que ela havia feito: fez com que


me sentisse vivo novamente.
Voltando a beijar a boca dela, corri a mão
para encontrar seu ponto pulsante e úmido, o que a
fez gemer ainda mais alto. Minha pele chegou a
arrepiar ao ouvi-la gemer meu nome. Minha boca

voltou a encontrar seus seios, enquanto continuei o


ataque sem dó, meu dedo deslizava entre suas
dobras, brincando com o pontinho duro e trouxe-a
ao clímax rapidamente, fazendo-me sorrir

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orgulhoso.

— Kaik? — ela chamou meu nome ainda


sem fôlego, empurrando levemente meu peito,
enquanto eu descia minha boca pelo seu pescoço.

— Hum... — um murmúrio ébrio me


escapou, sentindo-me completamente embriagado
pelo seu cheiro, seu sabor.
— Kaik, pare... Por favor, pare. — o pedido
fez com que me afastasse sem entender.
— O que foi?

— Precisamos ir devagar... — engoliu em


seco. — Acho que nós dois precisamos disso...
Concordei. Porque, no fundo, ela tinha razão.
Por mais que odiasse admitir, eu sabia que

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tínhamos um bom caminho ainda para seguir antes

de finalmente embarcar em algo, porque por mais


que a quisesse e muito, haviam coisas que nos
separavam.

Levantei de cima dela e quando fiquei de pé


dei um jeito de ajeitar minha ereção dolorosa
dentro do short. Ela se levantou com uma careta
enquanto também arrumava a camisola, parecendo
tão desconfortável e frustrada quanto eu.
Acompanhei-a com o olhar enquanto seguia até a

porta do quarto e foi quando ela me chamou e eu


fui, parando em sua frente.
Sem saber o que dizer, balancei a cabeça e
disse:

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— Amanhã nós nos vemos. — e ela sorriu

para mim.
Quando os lábios macios encontraram os
meus rapidamente, eu sabia que estava na merda.

Não queria me sentir daquele jeito, não quando


ainda me sentia tão vulnerável, mas parecia que
meu corpo — e meu pau — estavam no comando.
— Boa noite.
— Boa noite.
Ao fechar a porta, corri para o banheiro

porque eu estava muito, mas muito fodido.


No dia seguinte, por mais que tentasse me


convencer de que tinha que desacelerar, no entanto,

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não consegui me manter distante dela, nem mesmo


nos meus pensamentos. Passei a manhã resolvendo
algumas coisas no trabalho e por mais louco que
estivesse para voltar para casa, acabei me

prendendo com alguns problemas na obra.


Demorei para finalmente conseguir sair e
resolvi aproveitar para fazer compras, pois queria
fazer um jantar para Alinne. Quando cheguei em
casa com as sacolas na mão já era noite e encontrei-
a limpando a cozinha, enquanto rebolava ao som de

uma música da Anitta.


Sem perceber minha presença, parei e
observei-a dançar. Ela era realmente linda. Ia
descendo sensualmente até lá embaixo, se

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remexendo com uma graciosidade que era

impossível de desviar o olhar. Devo ter deixado


escapar algum gemido quando a vi rebolando até o
chão, porque, infelizmente, ela me notou e parou

imediatamente a coreografia, o rosto perfeito


ganhando uma coloração avermelhada rapidamente.
— Er... Oi. — Alinne estava envergonhada e
eu não consegui tirar o sorriso no rosto.
— Oi.
— Estava há muito tempo aí? — ela

perguntou sem jeito, voltando às tarefas como


quem não foi pega no flagra.
— Tempo suficiente para estar com esse
sorriso no rosto. — ela riu baixinho, embora a face

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ainda estivesse vermelha de uma forma que a

deixava adorável.
— Assim você me deixa sem graça. —
depois de colocar as sacolas sobre o balcão fui até

ela.
— Não fique. Você está linda e... sexy.
A última palavra foi sussurrada em seu
ouvido, antes de beijar um ponto sensível do
pescoço. Alinne se derreteu com o toque dos meus
lábios, gemendo levemente a cada vez que a

tocavam. Fui distribuindo beijos cada vez mais


úmidos pela sua pele, fazendo-a se arrepiar e tudo
que eu queria era me deliciar dela por completo.
Desacelerar, Kaik! Desacelerar! — lembrei-

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me da minha promessa e me afastei com a

respiração entrecortada.
— O que você trouxe aí? — ela perguntou
em uma nítida intenção de nos trazer um pouco de

normalidade e lhe dei um selinho, antes de abrir as


sacolas.
— Er... Comprei algumas coisinhas para o
jantar. Me ajuda? — indaguei voltando a ficar
animado e ela concordou.

Tínhamos acabado de colocar o salmão no


forno quando a campainha tocou. Como Alinne
estava preparando o arroz, eu disse que atenderia,
sem sequer imaginar a surpresa que teria. Abri a

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porta para dar de cara com o ex-noivo dela, Pedro.


Ele parecia tão espantado quanto eu por me ver ali,
ainda assim tentou manter a compostura pomposa e
forçou um sorriso.

— Tudo bom, Kaik? Desculpe, mas eu não


sabia que estava aqui... — a voz dele era suave e
gentil, o que contrastava com a raiva encrustada em
seu olhar.
— Tudo bem, Pedro. Bem... essa é minha
casa.

— Alinne está aí? — o tom da pergunta


deixou claro que ele não parecia feliz.
— Está sim. Ela está na cozinha.
Depois de dar passagem para que entrasse,

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fechei a porta e o levei até lá, onde Alinne parecia

concentrada em sua tarefa no fogão.


— Pedro? O que está fazendo aqui? —
surpresa foi a pergunta que fez ao se virar e dar de

cara com o ex. E eu soube naquele momento que


ela não fazia ideia que ele apareceria.
— Precisava falar com você. — remexeu-se
inquieto, a voz baixa, branda.
— Acho melhor deixá-los a sós... Vou para o
meu quarto. — ela segurou meu braço antes que

pudesse sair dali, impedindo-me de seguir para


longe como gostaria.
— Não, não precisa, Kaik.
— Não se preocupe... Está tudo bem. Preciso

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de um banho e se Pedro veio até aqui é porque

vocês precisam realmente conversar.


Pedro sorriu para mim desafiador e a minha
vontade foi de quebrar a cara arrogante do

mauricinho. Mas me limitei a sair, pois me senti


fora de lugar entre eles e apenas por aquele motivo
afastei-me com a intenção de deixá-los sozinhos.
— O que você quer, Pedro? — Alinne
perguntou e eu não ouvi a resposta dele, pois subi
rapidamente os degraus para me enfiar embaixo do

chuveiro.

Depois do banho, me joguei na cama e fiquei


zapeando os canais da TV à procura de alguma

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coisa que estivesse passando, mas a verdade era


que estava louco para saber o que estava
acontecendo no andar de baixo. Não fazia ideia do
que eles conversavam, além de claro, saber que

provavelmente falavam sobre o relacionamento


deles.
Aquilo me incomodou sobremaneira, o que
era besteira. Ainda assim saber que eles estavam lá
embaixo, discutindo sobre eles e que talvez, apenas
talvez, daquela conversa pudesse acontecer deles

voltarem, estava enlouquecendo mais a cada


segundo.
Mas foi um pouco mais de meia hora mais
tarde que recebi uma mensagem de texto de Alinne

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me chamando para descer, pois o jantar estava

pronto. Resfoleguei, uma parte de mim aliviada por


saber que ele deveria ter ido embora, mas a outra
permanecia receosa que ela dissesse algo que

mudasse alguma coisa entre nós.


Cheio de dedos ceguei à cozinha e Alinne
estava sentada na banqueta da ilha com um copo de
bebida na mão, com algo me parecia ser margarita.
Ela não parecia nem um pouco feliz, se limitou
apenas a dar um sorriso sem graça e achei que

talvez eu precisasse de um pouco de álcool também


caso ela resolvesse me contar o que acontecera, por
isso fui até a geladeira e sentei ao lado dela com
uma cerveja para mim.

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Um suspiro lhe escapou quando começou a

falar:
— Desculpe por isso. Eu não sabia que ele
viria. Na verdade, não fazia ideia que ele sabia

onde eu estava.
Naquele momento percebi o quão cansada
Alinne parecia.
— Está tudo bem? — perguntei realmente
preocupado, embora me odiasse por ter que fazer
aquilo.

— Estou. Só cansada de todo esse drama com


Pedro. — sorveu um gole da sua bebida e suspirou.
Certamente eu não era exemplo e talvez fosse
a última pessoa do mundo que poderia dar algum

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conselho amoroso para alguém, no entanto, eu tinha

certeza que para um relacionamento dar certo, era


preciso que os dois fizessem aquilo. Eu não sabia
exatamente o que havia acontecido entre eles e não

queria realmente descobrir, apenas via o quão


estressante falar sobre aquilo parecia ser para ela.
Contudo acho que Alinne estava precisando
mesmo desabafar, porque não demorou a começar a
contar:
— Não sei mais o que fazer. Tentei ser

amigável, mas ele ainda insiste em achar que nosso


relacionamento, que já não era sadio há muito
tempo, ainda pode dar certo. Foi por isso que decidi
vir para Bahia. Eu sentia que precisava mudar,

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precisava respirar novos ares, novas pessoas.

Necessitava sair da sombra de quem fui um dia ao


lado dele.
Compreendia o que ela queria dizer, assim

como entendia o sentimento de frustração que nos


rondava quando o relacionamento fracassava. Mas
também aprendi o que era estar do outro lado,
sendo o único a querer continuar com a relação.
Porém estava curioso, pois não os conhecia muito
bem como casal e não sabia muito sobre a relação

deles, além de que estavam juntos há muito tempo


e que após o casamento de Bruno e Dalila
acabaram rompendo.
— Você não ama mais ele? — embora

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estivesse nervoso pela resposta da minha pergunta,

realmente precisava saber.


Ela não pareceu surpresa com a indagação,
porém olhou para o copo por alguns instantes antes

de finalmente responder:
— Pedro é um grande cara, mas também é
acostumado a ter tudo exatamente como quer. E eu
não sou assim. Comecei a trabalhar desde cedo e
desde então não dependia dos meus pais para nada.
Ele não entendia isso, queria que eu fosse apenas

“sua mulher”, que eu largasse o trabalho, minha


vida, apenas para estar sempre ao seu lado.
Brigávamos muito, pois ele não aceitava que eu
fosse como sou. Nunca fui assim e não sei por que

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insisti naquele relacionamento por tanto tempo.

Sempre senti que havia algo faltando.


Estava realmente surpreso. Por mais que não
o conhecesse muito bem, nunca imaginei que Pedro

quisesse moldar Alinne a sua maneira,


principalmente porque o pouco que eu a conhecia
via nela uma mulher independente e determinada.
Não entendia o motivo de alguém querer mudar o
outro apenas para agradar a si mesmo, porque eu
tinha certeza de que se deixasse de ser e fazer o que

gostava, seria uma pessoa eternamente infeliz.


— Eu te entendo. Quando um relacionamento
deixa de ter uma razão de ser, o melhor mesmo é
seguir em frente. — assentiu ainda sem deixar de

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fitar o líquido do copo, antes de voltar a olhar para

mim.
— Foi isso que aconteceu com você? — ela
se mostrou interessada e espantei-me com a sua

pergunta. Definitivamente não estava esperando


que o assunto se virasse para mim.
— Talvez. — e era verdade.
Alinne me olhou por um tempo e terminou a
margarita, colocando o copo vazio sobre a mesa.
— Não me entenda mal, Pedro é uma pessoa

maravilhosa. E só isso. — ela pareceu pensativa


quando fez uma pequena pausa. — Mas eu não me
sentia viva em nosso relacionamento há muito
tempo e preciso sentir-me assim, porque senão não

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há razão de ser, certo? Não era justo para nenhum

de nós que continuássemos juntos comigo me


sentindo tão infeliz. Não nos encaixávamos, não
éramos o que eu queria ser ao lado de alguém. Um

dia, sei que ele perceberá e acabará por me


entender. Só fico triste que ele continue sofrendo e
insistindo em algo que não tem mais futuro.
Sem tirar os olhos dela, ponderei sobre suas
palavras. Eu sabia muito bem como era difícil lidar
com o término, porém quando aceitávamos o fim,

as coisas acabavam tornando-se um pouco mais


fáceis. E depois de ouvir aquilo, finalmente entendi
que Ana e eu não tínhamos um futuro. Ainda que
houvesse mágoa, estava mais do que claro para

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mim que minha ex-mulher fizera a escolha correta

ao pedir o divórcio. A escolha certa não apenas


para ela, mas para nós dois.
No entanto, eu não podia simplesmente

esquecer que tínhamos tanta coisa para resolver


com nós mesmos, seria um erro fazê-lo. Precisava
lembrar-me que deveríamos manter alguma
distância entre nós. Tínhamos que ir com calma.
Por isso decidi que a melhor coisa era
amenizar o clima e mudar de assunto.

— Deixando o drama de lado, — tomei outro


grande gole da minha cerveja e continuei: —
vamos jantar?
Alinne sorriu, aquele sorriso lindo que tanto

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me encantava estava de volta e eu sabia que a noite

não estava completamente perdida, ela estava


apenas começando. E apesar da visita inesperada,
nosso jantar fora maravilhoso. Depois de nos

despedirmos com um beijo na porta do quarto,


dormi profundamente e com um sorriso que não
tinha há muito tempo.

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Acordei cedo como de costume. Quando


cheguei à cozinha esperando encontrar com Alinne,

vi apenas um bilhete dela avisando que apesar de


ser terça-feira de carnaval, por ela estar assumindo
a gerência, tentava deixar tudo organizado para
quando a agência abrisse no dia seguinte e por isso
tinha ido trabalhar. Olhei para mesa posta, como
sempre ela havia caprichado no café da manhã e

aquilo me fizera sorrir.


Após o desjejum reforçado, segui para
academia do condomínio e passei uma hora intensa
de exercícios. Após um banho rápido, decidi seguir

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para a sede da empresa e me dediquei aos meus


afazeres. Um pouco depois do almoço, Danilo, que
ainda estava em viagem em Cancun, me ligou por
chamada de vídeo e começou a falar sobre trabalho.

O problema é que eu não conseguia prestar


atenção ao que ele dizia, minha mente ia e voltava
para Alinne, ansioso pelo o reencontro que
aconteceria mais tarde aquele dia.
— Kaik, porra! Presta atenção no que estou
falando, cacete! — berrou do outro lado, fazendo-

me despertar do torpor que me encontrava.


— Er... Desculpe. Estou um pouco distraído
hoje. — passei a mão no rosto e ele sorriu para a
câmera, como se soubesse algo que eu não sabia.

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— Olha só, e não é que a louca da Dalila

tinha razão? — perguntou para ninguém em


particular, antes de começar a gargalhar e meu
rosto se tornou uma carranca enquanto encarava o

meu melhor amigo pela tela smartphone.


— Não sei do que está falando. —
desconversei e não demorei para me dar conta de
algo: — Então quer dizer que você sabia que ela
mandaria a prima para minha casa e não disse
nada? — Danilo riu, me dando certeza daquilo e

me senti ainda mais irado.


— Você sabe como Dalila é, ninguém
consegue tirar algo da sua cabeça quando ela
coloca algo lá. Nem mesmo Bruno consegue tal

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proeza. — Ele não tirou o sorriso do rosto enquanto

falava e eu sabia que tinha razão, Dalila era osso


duro de roer.
— Ela é louca. — meneei a cabeça, bufando.

— Pelo visto não tão louca assim. Acho que a


prima está realmente mexendo com você! — ele
ainda estava sorrindo e rosnei para ele.
— Nada a ver. — desviei o olhar da tela e
pela visão periférica o vi balançar a cabeça,
contrariado.

— Tudo a ver. Alinne realmente mexeu com


você. Posso ver isso.
— Você está ficando louco também! Quem te
disse isso? — voltei a olhar para tela do celular,

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esperando por uma resposta dele.

— Você mesmo, amigo. Está na sua cara. —


sorriu de forma irritante e eu queria muito, mas
muito esmurrá-lo.

— Já que você vai começar a falar besteira,


vou desligar...
— Não vamos desligar. Não quando a
conversa está começando a ficar boa.
Eu sabia o que ele estava fazendo e eu não
queria fazer aquilo. Não quando nem mesmo eu

sabia o que achar de tudo. Danilo me conhecia


bem, ele não era apenas meu sócio e amigo há tanto
tempo, também era meu melhor amigo. Ele e Bruno
eram as pessoas que mais me conheciam no mundo

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e por mais que quisesse tentar, sabia que não

conseguiria esconder nada deles.


— Dá um tempo... Só não estou pronto para
isso. — ele soltou um suspiro pesaroso.

— Não faça isso com você. Não a perca com


medo de tentar. Alinne não é a Ana! — foi a minha
vez de suspirar.
— Eu apenas não sei. — e ele balançou a
cabeça em sinal de negativo.
— Apenas abra sua cabeça. Não minta para si

mesmo, amigo. Você quer isso, só tem que deixar o


que passou para trás.
Sabia que tinha que fazer aquilo, mas
também sabia que a queria com desespero. Ainda

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assim me recusei a respondê-lo. Embora ele

soubesse que tinha tocado exatamente no ponto que


eu temia.
Eu estaria pronto para aquilo?

Adiei o quanto pude minha volta para casa,


então já era tarde quando finalmente cheguei. Não
havia sinal dela quando entrei pela porta da frente.
O jantar estava mais uma vez pronto a minha
espera e quando vi seu capricho, sabia que ela

provavelmente já havia jantado pelo adiantar da


hora, mas pensei em chamá-la, pois não queria
comer sozinho.
Passei pela porta do quarto que ela dormia e

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não ouvi barulho algum vindo de lá, então decidi


tomar um banho antes de ir chamá-la. Após o
banho, vesti um short e camisa de algodão e bati na
porta do seu quarto, mas não obtive resposta.

Insisti, mas mais uma vez tive o silêncio como


resposta e preocupado decidi testar a porta para ver
se estava tudo bem.
A porta se abriu e encontrei o quarto imerso
no silêncio. Segui até o banheiro, de onde vinha
uma meia luz e foi então que a encontrei deitada na

banheira, os olhos fechados, murmurando baixinho,


provavelmente acompanhando a canção que vinha
do fone de ouvidos. A espuma já começava a se
dissipar e o cheiro que vinha dali tornava a cena

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ainda mais tentadora que já era.

Contudo o que me deixou ainda mais louco,


foi descobrir que os murmúrios não eram por causa
da música, mas sim porque ela se masturbava com

os dedos embaixo d’água.


Caralho!
Quase perdi a cabeça ao vê-la tocando os
seios, apertando os bicos dos mamilos rosados
eriçados, o dedo se movendo contra seu clitóris.
Sabia que estava invadindo sua privacidade, mas

foi mais forte do que eu e fiquei ali, vendo-a se dar


prazer, sentindo meu corpo arrepiar e o pau vibrar a
cada gemido que lhe escapava da boca.
Alinne jogou a cabeça para trás gozando e

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quando meu nome saiu dos seus lábios quase gozei

junto com ela. Os olhos escuros se abriram e como


se pressentisse minha presença, vieram diretamente
para mim. O rosto corado, os olhos languidos de

prazer, a boca entreaberta, resfolegando baixinho.


Ainda meio zonza, ela se pôs de pé e pela
primeira vez a vi completamente despida. Todas as
belas curvas, curvas belíssimas em uma pele alva e
linda, fazendo minha boca se encher d’água. Os
seios cheios, com mamilos duros, praticamente

berravam por atenção, chamando-me. A bocetinha


lisa, completamente depilada, era um convite para
um banquete. Podia passar o dia todo admirando-a,
mas a necessidade dela era mais forte do que tudo

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naquele instante.

— Kaik? — ela falou meu nome e foi quase


como um chamado.
Não sabia o que fazer. Não que não a

quisesse, pelo contrário, porque a queria tanto que


chegava a assustar e o problema estava justamente
aí. Minha necessidade era tamanha, que temi o que
seria de mim depois que finalmente a tivesse.
E foi pensando exatamente naquilo que me
ouvi dizendo:

— Me desculpe. — e então simplesmente dei


as costas e sai praticamente correndo.
Bati a porta do meu quarto e fiquei ali
encostado, sem saber o que fazer e querendo

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desesperadamente voltar lá. Por alguns minutos

fiquei tomando coragem para sair. Uma parte de


mim dizia que ir até lá seria um erro, e a outra que
seria um erro ainda maior não me permitir

vivenciar aquelas novas e assustadoras emoções.


Repreendi-me por me sentir inseguro,
medroso e decidi dar o primeiro passo rumo ao
desconhecido. Parado em frente à porta do seu
quarto, outra vez me vi repensar por alguns
instantes se aquela seria mesmo a decisão mais

acertada, antes de tomar coragem e bater na


madeira encoberta de desenhos talhados um a um.
Sua voz doce, suave e feminina ordenou que eu
entrasse, e diante do iminente fato, finalmente

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forcei a porta até abri-la completamente.

Lentamente a luz que vinha do corredor foi


ganhando espaço para dentro do ambiente e logo
seu perfume adocicado me tonteou, deixando-me

mais uma vez zonzo apenas pelo seu cheiro, que


era tão dela e me dominava como nunca outrora
havia acontecido.
— Achei que não voltaria... Que não tinha
gostado do show. — a voz dela soou insegura pela
primeira vez desde que a conheci e fez com que me

sentisse envergonhado.
Pensei em lhe dar as costas e esquecê-la de
uma vez por todas, mas não podia ignorar o fato de
que estávamos tomados por um desejo genuíno, cru

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e devastador. Tão... único.

Nem pense nisso, Kaik! — repreendi-me em


silêncio. — Ela não é a Ana! Você veio até aqui!
Simplesmente vá até o fim!

Eu não queria me sentir como antes? Não


queria sentir-me homem e principalmente, não
queria voltar a me sentir inteiro outra vez? Era a
oportunidade de fazer aquilo depois de tanto tempo.
Nós dois estávamos ali em busca da mesma coisa:
esquecer e reaprender a viver. Sem pressão,

cobranças, sem rótulos, apenas duas pessoas


adultas cheias de tesão entregando-se ao prazer.
— Por que não? — respondi com outra
pergunta, tentando não demonstrar minha falta de

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segurança.

Tentei recuperar a autoconfiança, que um dia


tinha sido tão inabalável e por isso procurei me
distrair olhando ao meu redor. O quarto de

hóspedes que ocupava era enorme, a cama que ela


se debruçava languidamente tomava boa parte do
ambiente, tornando o corpo voluptuoso pequeno em
meio aos lençóis e colchão. Pela porta entreaberta
vinha a meia luz do banheiro pouco iluminado, que
logo me fizera lembrar do que eu acabara de assistir

e com isso ideias deliciosas surgiram em minha


mente.
— Não sei. Talvez porque você ainda está
parado, como se estivesse com medo. — a voz dela

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soou divertida enquanto falava, fazendo-me

despertar da minha hesitação.


Sem saber mais para onde olhar, sem querer
mais fugir, apenas respirei fundo e voltei-me para

mulher que eu tanto desejava. Aquela que em


poucos dias havia me feito sentir coisas que há
muito não sentia.
Não querendo mais perder um segundo e
muito menos mostrar-lhe minha insegurança, virei-
me para ela e enquanto tirava a roupa, ficando

apenas com a cueca respondi:


— Eu não estou com pressa. Você está?
Nunca ouviu aquele ditado que diz assim: a noite é
uma criança? Pois é, porque pretendo apreciar o

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que está à minha disposição e fazê-la ansiar a cada

segundo pelo meu toque.


A verdade era que por mais vacilante e
inseguro que estivesse, não queria que fazê-la

correr, não queria perdê-la. Não sabia ainda o que


fazer primeiro, talvez tomá-la com meus lábios e
depois jogá-la na cama. Pensei que talvez ela
gostasse do bruto, eu sabia fazer a coisa bruta, mas
não queria que qualquer atitude minha tornasse-me
ridículo ou mesmo desesperado. Mas foi sua

respiração descompassada e resfolegar suave que


me fizeram voltar a mim.
Eu a queria! Mas o que deveria fazer?
Ela não podia ver muito de mim devido à

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escassa luz, mas de onde estava podia vê-la

perfeitamente. Porra, ela era tão linda! Os olhos


escuros que me fascinaram me olhavam com
expectativa. As cascatas negras caiam úmidos sobre

seu ombro, fazendo um contraste perfeito sobre a


pele branca. Ela usava uma lingerie sexy na cor
preta, que evidenciava as suaves e lindas curvas,
deixando-me a ponto de enlouquecer.
O lindo narizinho dela franziu,
provavelmente esperando que eu fosse em frente e

aquilo me fez recuar brevemente. Dei um passo


para trás pensando novamente no que faria,
sentindo-me um menino inexperiente e virginal. Ela
deve ter percebido uma certa hesitação, pois pôs-se

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de pé e veio calmamente andando em minha

direção.
— Também pretendo ansiar cada segundo.
Só acho que estamos perdendo tempo. — o timbre

sexy e convidativo reverberou por todo meu corpo,


fazendo-me prender a respiração.
Calma, Kaik! Apenas calma!
— O que quer que eu faça? — consegui
perguntar, a voz baixa, rouca, cheia de
expectativas.

Ela não respondeu, mas logo estava em


minha frente e as mãos pequenas, macias e
delicadas rapidamente envolveram-me os ombros,
deslizando em meus braços.

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— Que faça com que me sinta inteira outra

vez. — o pedido abalara-me e fez com que


engolisse em seco.
Era o que mais queria sentir!

Meu coração batia forte e rápido como nunca


antes. Podia sentir o pulsar dele no pescoço e por
todo corpo. A mão dela deslizou pelo meu peito,
arrancando de mim pequenos sons guturais da
garganta. Os olhos escuros me prenderam e logo
meus dedos deslizaram pelos cabelos ainda úmidos

pelo banho. Estava começando a pirar ainda mais,


porque ela se aproximou e puxou o cabelo da
minha nuca, inclinando a cabeça para trás.
Meu nariz deslizou pela pele macia do

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pescoço dela, sentindo o cheio afrodisíaco que

vinha da sua pele.


— Adorei o show e quero ter o prazer de ver
e fazer muito mais. — as palavras que me

escaparam a boca não passaram de um murmúrio


que a fizera estremecer.
Alinne parecia prestes a dizer alguma coisa,
mas parou quando meus dedos traçaram em sua
pele o caminho que eu queria seguir. Ela gemeu e
se um pequeno gemido saindo de sua boca me fazia

sentia daquele jeito, despertando tanto dentro de


mim, mal podia esperar por tudo que ela me
proporcionaria.
Puxando o rosto dela para mim, a vi sem

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fôlego, nossos olhos se encontrando e nos dela um

pedido silencioso para que eu fizesse logo. Fechei


os meus brevemente quando nossos lábios se
encontraram e tudo que eu queria era ir além.

Sem conseguir mais me conter, carreguei-a


sem cerimônia alguma e a deitei na cama. Corri as
mãos desde seus lábios até os pés, querendo que ela
não apenas ansiasse, como também memorizasse
meu toque. Alinne gemeu, jogando a cabeça para
trás, como se pedisse por mais e eu daria.

Meus dedos brincaram com seus seios,


apertando os mamilos rosados, fazendo-a arfar em
resposta. Eu precisava sentir cada pedaço seu e
exatamente por isso, sem tirar os olhos dela, tratei

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de arrancar rapidamente a cueca. Depois me vi

rasgando cada pedaço de lingerie que nos separava.


Logo estava em cima dela outra vez, a boca
chupando o mamilo de forma dura, meu tesão e

necessidade de dar e receber prazer falando mais


alto. Alinne agarrou meu cabelo, gemendo meu
nome, incitando-me ainda mais enquanto se
remexia embaixo de mim. Desci a mão até seu
clitóris, onde o massageei com movimentos
circulares, enquanto enfiava um dedo na abertura já

molhada.
Distribui beijo pelo seu corpo, antes de
finalmente chegar onde queria. Queria cheirá-la,
degustá-la, queria sentir o prazer dela se derramar

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em minha língua. E sem querer mais esperar, minha

boca encontrou seu sexo, fazendo-a gemer alto,


contorcendo-se a mercê de quem parecia cada vez
mais faminto por ela.

Mantive as pernas presas com a mão,


obrigando-a a não se mexer, enquanto a outra
percorria seu corpo, aprisionando-a ainda mais
contra mim e quanto mais tinha, mais queria me
lambuzar. Alinne gritou ainda mais alto quando
minha língua encontrou seu ponto mais sensível,

deixando-me ainda mais faminto.


— Kaik! — gritou meu nome, me fazendo
sorrir.
Sempre tive certeza que quando aquilo

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finalmente acontecesse seria bom, mas não fazia

ideia que apenas ouvi-la gritar pelo meu nome


como um clamor seria o bastante para fazer minha
pele se arrepiar. Continuei o ataque sem dó,

saboreando, possuindo-a, bebendo-a


completamente, querendo, precisando de mais dela.
Meu corpo inteiro doía para tê-la, querendo,
necessitando de muito mais do que ela que poderia
me dar, pois queria que me desse tudo.
— Como eu queria fazer isso. — mordi

levemente o clitóris, fazendo-a chorar de prazer. —


Você é muito mais deliciosa do que minha vã
imaginação sequer poderia imaginar. Temos um
grande problema, porque já estou completamente

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viciado no seu sabor... — e logo minha boca estava

de volta ao meu mais novo vício.


E era verdade. Seu gosto e cheiro eram
afrodisíacos e haviam tomado todos os meus

sentidos. Os sons dos gemidos faziam minha pele


se arrepiar, tudo, simplesmente tudo de mim
trabalhando de forma exclusiva para ela, sentindo-
me não apenas na obrigação de lhe proporcionar o
melhor dos prazeres, mas também na necessidade
de fazê-la se sentir minha.

Meus dedos continuaram brincando nela,


trabalhando de forma rítmica com os movimentos
da língua e não demorou para que ela explodisse
em minha boca, gozando de forma alucinada,

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presenteando-me com doses deliciosas do seu

prazer, que fiz questão de extrair cada gota, não


querendo desperdiçar nada, pois era delicioso
demais.

Depois de sugá-la até deixá-la limpa, afastei-


me apenas o suficiente para lhe dizer:
— Preparada para mais? — passei a língua ao
redor da minha boca e ela sorriu de forma languida.
— Apenas vem. — incitou-me, sem desviar
os olhos dos meus. Sem dizer mais uma palavra,

ccoloquei a camisinha que me ofereceu e a atendi.


Urrei ao sentir o calor da sua umidade me
envolver. Alinne estava tão molhada, que meu pau
deslizou tão facilmente pelo canal apertado.

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Grunhi, ao mesmo tempo em que ela deixou

escapar um grito abafado a preenchê-la por


completo. Empurrei contra ela intensamente,
nossos sexos provocando um ruído alto e constante,

eu estava indo tão fundo dentro dela, que mal


conseguia suportar tamanha satisfação.
Tentando me conter e perdurar ainda mais
nosso prazer, observei-a fixamente, captando cada
detalhe, querendo mais e mais dela. Olhos cerrados,
os lábios presos entre os dentes, gemidos gostosos

lhe escapavam da garganta. Via-me cada vez mais


sedento e por isso tomei sua boca com a minha, em
um beijo quase imoral, enquanto seguíamos em um
ritmo alucinante, numa sintonia que nunca tinha

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visto igual.

Nada nunca me pareceu tão certo antes.


Aquilo me assustava sobremaneira. No entanto, a
necessidade feroz de fazê-la minha era mais forte e

parecia apenas aumentar a cada segundo. Era como


uma volta para casa, um reencontro de almas.
As unhas longas cravaram em minhas costas
quando o próximo orgasmo dela veio. Meus olhos
não conseguindo desgrudar dela enquanto se
desfazia diante de mim. O corpo feminino se

contorcendo, enquanto eu podia sentir cada


pulsação sua de prazer. Meu nome saindo em
gemidos pelos lábios cheios como um convite para
meu próprio êxtase. Era, sem dúvidas, a coisa mais

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linda e deliciosa que tive o prazer experimentar.

— Porra! Alinne! — gozei chamando por ela


também, um som gutural e selvagem irrompendo
da minha garganta, ao passo que explodia dentro

dela.
Meu corpo caiu sobre ela, espasmos de êxtase
nunca experimentados antes continuavam por cada
pedaço meu, estremecendo-me por completo, como
se tudo ao meu redor não fizesse mais sentido além
dela.

E não fazia...
Então ela me beijou, terminando de derrubar
qualquer barreira que ainda pudesse existir.

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Acordei no dia seguinte com a luz do sol


passando através de uma pequena fresta da cortina
que encobria a janela. Tateei o lugar ao meu lado e

abri os olhos para descobrir que estava sozinho no


quarto em que Alinne ocupava. Aquilo me
incomodou mais do que eu gostaria, por isso sentei
na cama devagar e espreguicei-me, tentando não

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surtar com os motivos que poderiam tê-la feito me


deixar acordar sozinho em sua cama.
Alinne também não estava no banheiro e em
nenhuma parte da casa, o que só fez com me

sentisse ainda pior. Mais uma vez ao chegar à


cozinha encontrei a mesa posta e um bilhete seu a
minha espera.

“Desculpe tê-lo deixado sozinho, mas por


mais tentador que fosse continuar na cama com

você, eu precisava ir trabalhar. Até mais tarde.


Um beijo gostoso, Alinne.”

Foi inevitável não sorrir. Eu não sabia como

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agir dali em diante, pois tudo era novo para mim.

Não apenas por ser o primeiro envolvimento que


tive depois de anos, mas porque tudo com Alinne
era novo e diferente.

E apaixonante.

Depois daquela noite, Alinne e eu meio que


construímos nossa própria rotina. Ela normalmente
chegava em casa antes de mim e eu costumava

aparecer um pouco depois de anoitecer. Após


cumprimentá-la com um beijo, ia direto para o
banho, querendo me livrar de todo suor e poeira do
trabalho pesado do dia. Mas Alinne parecia gostar

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de dividir aquele momento comigo, porque logo se


reunia a mim no chuveiro e era quando começava
nossa noite.
Eu não tinha mais receio, muito menos

insegurança de demonstrar o que queria dela e com


ela e Alinne parecia feliz com aquilo. Além de
termos as melhores rodadas de sexo, eu gostava de
tê-la comigo. Alinne era inteligente, engraçada,
além do mais tudo que cozinhava era realmente
delicioso. Quer dizer, quando lembrávamos de

comer, claro. Ou não a deixávamos queimar, o que


fizemos uma vez ou outra, o que acabava em pizza.
Sentia-me diferente, ansioso até para vê-la
durante todo o dia. Eu sabia que estava gostando

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dela e ter conhecimento daquele sentimento ainda

me assustava um pouco, mas fazia um esforço para


não me preocupar demais. Não quando estava tudo
bem entre nós. Não tinha necessidade, certo?

Era sexta-feira e por mais que tivesse ido


resolver um problema na obra, acabei retornando
mais cedo. Alinne tinha me mandado mensagem
dizendo que após o trabalho resolveu fazer compras
no shopping e ainda não tinha retornado. Decidi
surpreendê-la preparando o jantar e quando

terminei de colocar o vinho para gelar, a campainha


tocou.
Quando abri a porta não pude acreditar em
quem estava ali. Fechei a cara e cruzei os braços

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encarando-o.

— Oi, Pedro. Alinne não está aqui.


Ele não pareceu nem um pouco intimidado
com a minha postura, embora permanecesse sério.

— Sei que ela não está em casa. Na verdade,


vim aqui falar com você.
Que porra era essa? Ele a estava vigiando?
E para que merda queria falar comigo?
Após o casamento de Bruno e Dalila quando
o conheci, só o vi poucas vezes. Incluindo sua

última visita até minha casa. Ainda assim não podia


negar que estava curioso para saber o que ele
poderia querer comigo e por isso me afastei da
porta dando passagem para que entrasse.

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Por questão de educação ofereceria uma

bebida para a visita, mas ele não era meu


convidado e eu tinha a ligeira sensação de que não
gostaria nem um pouco da visita. Ele se sentou no

sofá quando o indiquei e eu na poltrona em sua


frente. Não falei nada esperando que começasse,
afinal, ele quem havia ido até ali.
Depois de um silêncio desconfortável, ele
limpou a garganta e finalmente falou:
— Vim aqui falar com você sobre a Alinne.

Não disse nada, esperando que ele fosse mais


específico, embora, no fundo, fizesse ideia do que
queria com aquela conversa. Parecendo perceber
que eu queria esperava por mais, ele continuou:

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— Você precisa acabar essa coisa entre

vocês, Kaik. Nós nos amamos, mas ela precisava de


um tempo para entender isso. Estar com você está
apenas nos atrapalhando.

Mas o quê? Ele estava louco?


Pisquei sem acreditar que estava realmente
acontecendo. Pelo visto ele era maluco em vir me
dizer algo como aquilo e ainda por cima achar que
era realmente verdade. Exatamente por isso me fiz
de desentendido:

— Acho que não estou entendendo.


— Alinne precisa de alguém como eu. Um
homem que possa lhe oferecer tudo que precisa. —
proferiu sem hesitar e tive que me controlar para

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não rir.

— E do que ela precisa? — recebi um sorriso


maldoso em resposta.
— De mim.

— Pedro... — comecei a falar porque estava


perdendo minha paciência, mas então ele me
cortou:
— Acho que você não está entendendo, Kaik,
— pausou para sorrir e em seguida continuou: —
eu posso ser bem persuasivo quando quero. E tenho

certeza de que você não vai gostar.


— O que quer dizer com isso? — me pus de
pé, fazendo-o me acompanhar.
E me ameaçou sem pestanejar:

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— Quero dizer que posso fazer não apenas a

sua vida e da sua empresa medíocre um inferno.


Também posso fazer com que Alinne sofra com as
consequências das suas escolhas.

Porra! Ele era realmente louco!


Ainda estava chocado com as palavras dele,
não podia acreditar que viera até a minha casa com
o intuito de nos ameaçar. Parecia até mesmo um
filme muito ruim. Por mais que não o conhecesse
bem, jamais pensei que o cara fizesse o tipo de

homem capaz de tudo e inclusive de passar por


cima de qualquer pessoa para conseguir o que
queria. Ainda assim, não o deixaria me intimidar.
— Com você falando assim, não tenho

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dúvidas disso. No entanto, essa não é uma escolha

minha. E se não me engano, ela já a fez há um


tempo.
No primeiro minuto ele pareceu surpreso pela

minha resposta, mas logo recuperou a pose


arrogante.
— Pelo visto prefere que as coisas sejam do
modo difícil — sorriu de um jeito perverso. —
Admiro isso, embora ache que está sendo muito
inocente em não saber onde está se metendo.

Porque como eu disse, posso fazer da sua vida


muito, muito difícil.
— Acho melhor ir embora. Não tenho tempo
para perder com pessoas como você.

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Quando me virei para acompanhá-lo até a

porta, a força se preciso fosse, estaquei ao ver


Alinne parada ali.
A mulher sempre leve que eu conhecia, tinha

a mandíbula apertada e os olhos faiscando de raiva.


Eu não precisava de mais para saber que ela tinha
escutado tudo que fora dito ou ao menos o
suficiente. Pedro engoliu em seco, certamente
pressentindo o que viria, principalmente porque ele
deveria conhecê-la muito melhor do que eu depois

de tantos anos juntos.


— Nunca pensei que pudesse me decepcionar
tanto quanto estou decepcionada comigo mesma,
por ter perdido tanto tempo da minha vida com uma

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pessoa horrível, que cheguei cogitar a me casar.

Talvez tenha sido por isso que sempre senti que


havia algo errado entre nós, até me culpava muitas
vezes, mas a verdade é que errado era justamente o

fato de estarmos juntos. — a raiva e decepção em


sua voz estava clara, nem um pouco contida.
Senti-me incomodado de estar ali, como um
intruso no lugar errado. No entanto, não consegui
me mover, porque por mais que não houvéssemos
rotulado o que tínhamos, jamais deixaria que

Alinne ficasse com uma pessoa que era


notavelmente desequilibrada como seu ex.
Estávamos dividindo a mesma casa na última
semana, dormíamos na mesma cama há algumas

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noites, mas, por mais que eu soubesse que não

havia volta para Alinne e Pedro, temia que quando


ela fosse embora o que tínhamos acabasse. A
verdade era que não queria aquilo, queria mesmo

entender essa necessidade que tinha dela. Entender


cada sensação que me provocava, bem como a
confusão de sentimentos que se instaurara em mim
desde a sua chegada.
— Pedro, espero sinceramente que você saia
por essa porta e esqueça da minha existência.

Esqueça meu número, onde moro... Esqueça


qualquer coisa que seja ligada a mim, porque caso
contrário, serei obrigada a não apenas denunciá-lo,
mas também a fazer um escândalo e juro que

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acabarei com sua preciosa imagem caso seja

obrigada a isso! — Alinne ameaçou com vigor.


Pedro poderia ser muitas coisas, mas
certamente não era burro, porque sem mais uma

palavra saiu e fechou a porta atrás de si. E eu sabia,


não sei como e nem porque, que não voltaria a vê-
lo. Esperava mesmo que não.
Respirei fundo ainda confuso e olhei para
Alinne, que parecia ainda mais cansada depois do
pequeno embate.

— Você está bem? — perguntei preocupado,


trazendo-a para meus braços e ela veio de bom
grado.
— Estou... Me desculpe por isso. —

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balbuciou, sem jeito e me afastei apenas o

suficiente para olhá-la nos olhos.


— Não se preocupe. Você não tem culpa.
— Você é adorável. — beijou levemente

meus lábios, o que também me fez sorrir.


— Ainda estou chocado pela visita... Como
será que ele descobriu sobre nós? — estava
intrigado com aquilo e pela primeira vez ela
pareceu um pouco envergonhada.
— Na verdade, a culpa disso é realmente

minha. — franzi o cenho. — Hoje pela manhã ele


me ligou e pedi que parasse de me procurar, que
seguisse em frente, porque eu já havia seguido. —
deu de ombros e meu coração bateu descompassado

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diante as palavras dela.

Não sabia o que falar depois daquilo. Estava


surpreso, claro, mas também um pouco eufórico,
sem saber como reagir.

— Estou cansada da andada no shopping.


Fazer compras é cansativo. — beijou minha boca
levemente antes de perguntar com uma leveza que
lhe era peculiar: — Estou sentindo um cheiro
delicioso, teremos o que para jantar?
— Lagostas gratinadas ao molho de alho e

para beber um vinho branco de uva Chardonnay,


que é realmente muito bom.
Por um momento, Alinne me olhou
fixamente, como se também quisesse me dizer algo,

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mas nada disse. Em seguida, me deu um beijo

quente e quando me vi sem fôlego diante do seu


ataque, ela se afastou o suficiente para propor:
— Acho que preciso de companhia para o

banho.
E sem pensar duas vezes eu fui.

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No sábado pela manhã, por algum motivo


desconhecido, acordei bastante inquieto ainda de

madrugada. Quando ficava assim, costumava ir até


a praia para caminhar e quando chegava à exaustão
tomava um banho de mar, em uma tentativa de
terminar de exorcizar qualquer sentimento ruim que
quisesse dar vazão.
Alinne ainda dormia quando me levantei da

cama, então saí com cuidado para não despertá-la


do sono. Por mais tentador que fosse tê-la em meus
braços, tão linda, para admirar cada traço seu, sabia
que definitivamente precisava ficar sozinho um

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pouco. Tinha que colocar minha cabeça no lugar


antes de ficar com ela.
Ainda era muito cedo e o dia nem mesmo
havia amanhecido quando comecei a correr pela

praia. Depois de um banho na água salgada, achei


que estava pronto para voltar para casa, mas resolvi
passar antes na padaria próxima ao meu
condomínio, porque sabia que aquela hora saía um
pão bem quentinho.
Na padaria fiz o pedido dos pães e acabei

pegando mais algumas coisas que faltavam na


geladeira, bem como o iogurte que eu sabia que
Alinne tomava e havia acabado no dia anterior. E
foi justamente quando cheguei ao caixa para pagar

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pelas compras, que encontrei a última pessoa que

esperava ver ali ou em qualquer lugar.


— Ana? — pronunciei o nome dela ainda
chocado.

Todo meu corpo ficou tenso. Não apenas


porque estava diante minha ex-mulher, mas porque
o corpo esbelto e porte de modelo deram lugar a
uma barriga avantajada. Os lábios dela tremeram e
o rosto empalideceu quando se viu diante de mim.
Porra! Ela estava grávida!

— Kaik...
— De quanto tempo está grávida? — joguei
minha angústia de uma só vez.
Ela olhava para mim sem reação, ainda mais

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pálida, branca como um papel, quando então o

atual marido dela se aproximou.


— Olá, Kaik. — ele me cumprimentou, mas
o ignorei. Ainda estava esperando uma resposta

daquela que fora a mulher por quem um dia fui


apaixonado.
Não me imporei realmente com a presença
dele. Nem mesmo me doeu o fato de saber que ela
era casada com meu primo. Não mais... Apenas
queria que acabasse com minha dúvida.

— Quanto tempo? — voltei a perguntar,


quase com desespero.
— Quatro meses... São dois. — resfoleguei,
finalmente voltando a respirar.

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Não foi realmente fácil para mim, quando, da


noite para o dia, Ana decidiu pedir o divórcio. O
que eu não sabia naquele momento, era que não

fora uma decisão tão imprevisível assim, pois


aparentemente ela já mantinha um caso há algum
tempo.
Marcel era meu primo de primeiro grau e não
foi apenas o fato de sermos bastante próximos e de
ele frequentar a minha casa que me fez sentir mais

traído do que já era, mas sim porque eu não via


motivos para que minha ex-mulher procurasse por
outro. Pelo contrário. Diferente de muitos maridos,
nunca fui ausente, tampouco frio ou escroto,

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sempre a tratava como um homem deveria tratar a

esposa: com amor, devoção e respeito.


Morávamos onde e como ela queria. Nossos
amigos eram os mesmos. Conversávamos antes de

tomar qualquer atitude, fosse para comprar


qualquer coisa para casa ou até mesmo para decidir
onde passaríamos as férias. Tínhamos planos para o
futuro, para uma família e exatamente por isso que
o divórcio me pegara tão desprevenido.
Já haviam passado seis meses desde a

separação. Seis meses desde que saí da casa que um


dia foi nossa e que havia deixado para ela no
divórcio, bem como outros bens. Não me importava
realmente com os bens materiais, não iria querer

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mesmo morar no mesmo teto que um dia dividi

com ela, mas me importei apenas com o fato de me


sentir miserável e tão perdido depois.
Não fora um caminho fácil até ali. Foi árduo,

difícil, muito complicado de seguir depois de ver


minha vida revirada de uma só vez. Tive que
reaprender a viver, a respirar, a andar, tive que dar
um passo de cada vez. Tive, sobretudo, que
aprender a recomeçar.
E foi exatamente por isso que o encontro me

abalara. Rever minha ex-mulher e descobrir que ela


estava grávida havia mexido comigo. Não por sua
causa ou por saber que estava grávida de outro, mas
sim porque, por um momento, temi que o bebê

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fosse meu.

Logo eu que sempre quis ser pai, que apenas


aceitava a escolha da Ana de postergar um pouco
mais os planos de ter filhos, incrivelmente vi meu

único pensamento sendo Alinne querer se afastar de


mim caso o bebê fosse realmente meu. O medo de
perdê-la foi meu único pensamento e isso me
assustou sobremaneira.
Enquanto casado e até alguns dias antes,
realmente acreditei que amasse Ana. E talvez

amasse mesmo, afinal, havíamos ficado juntos por


sete anos e não teríamos vivido tanto tempo como
casal se não houvesse algum sentimento. Quando
ela colocou um ponto final no nosso casamento, me

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senti arrasado, achei que nunca mais seria capaz de

me recuperar, de amar novamente. Mas ali, olhando


para ela grávida, ao lado da pessoa que dizia amar,
não senti nada. Por isso, antes de me despedir deles

meus desejos de felicidades para o casal e os bebês


que viriam foram realmente sinceros.
Fui para casa nervoso, ansioso, sabendo que
estava prestes a me abrir novamente e aquilo ainda
me assustava, embora soubesse que era certo.
Quando cheguei, encontrei Alinne fazendo

omeletes para nós e como de costume dançava uma


música que eu não conhecia.
— Aí, que susto, Kaik! — colocou a mão
sobre o coração ao dar de cara comigo. — Você

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saiu cedo. — ela parecia, de fato, preocupada.

— Não conseguia dormir e decidi


caminhar... — coloquei as sacolas que trouxe
comigo sobre a mesa e por fim falei: —

Precisamos conversar.
Alinne fechou os olhos e respirou fundo,
parecendo inquieta pelas palavras que eu dissera.
— Eu meio que esperava por isso. — olhou
para mim com um sorriso falso nos lábios.
— Hum? — murmurei sem entender e ela

suspirou audivelmente.
— Eu sei... Não precisa ficar cheio de dedos
comigo, Kaik. Você provavelmente quer
desacelerar ou até mesmo dar um fim ao que temos.

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— Não é nada disso que está pensando... —

tentei falar, mas ela me cortou, parecendo um


pouco irritada:
— Tudo bem. Eu entendo. Estávamos indo

rápido demais para você. Imagino que não queira se


envolver assim depois de tudo. — ela se remexia e
andava pela cozinha parecendo incerta, um tanto
quanto perdida talvez.
— Alinne? — chamei seu nome e quando
não olhou para mim, fui até ela e a segurei para que

o fizesse: — Você realmente não está entendendo.


Nunca conheci alguém como você. Tão linda, tão
bondosa, inteligente...
— Mas? — ela novamente me cortou e

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senti sua hesitação, o que me fez sorrir um pouco.

— Não tem “mas”, mulher! — ri baixinho


quando vi um “o” perfeito se formar nos lábios
dela. — Quando a vi pela primeira vez, a quis

como nunca quis qualquer outra. Isso me assustou,


porque eu estava quebrado, desiludido, mas foi
olhando para você que senti aquela fagulha dentro
de mim e me senti um pouco vivo novamente. Mas,
por mais que a quisesse como um louco, ainda não
estava pronto e nem mesmo inteiro. — voltei a

sorrir para ela que me olhava em expectativa. —


Como poderia me dar para você, quando não
poderia ser inteiro? Como poderia ser alguém para
você, se ainda não havia enxergado a verdade?

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Passei esse tempo quieto e mesmo sem saber,

estava me preparando para sua chegada. Quando


você chegou, eu apenas a quis cada vez mais. A
cada dia ao seu lado, fui me remendando aos

poucos, não apenas porque sua presença me faz um


bem danado, mas porque eu queria,
desesperadamente, me sentir inteiro novamente
para poder completá-la.
Lágrimas escorreram pelo rosto dela e as
sequei com o polegar enquanto continuei a falar:

— Eu me sinto vivo de novo contigo...


Inteiro, completo. A primeira vez que fiz amor com
você foi como um reencontro de almas. Foi como
voltar para casa... Como me sentir completo como

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nunca antes. — beijei cada ônix sua, úmida pelas

lágrimas. — Você também se sentiu assim? —


ela assentiu fraco.
— Por que não me disse? — a pergunta

dela não passara de um sussurro trêmulo.


— Não sei. Provavelmente pelo mesmo
motivo que você. Estava assustado e com medo de
afastar a melhor coisa que experimentei um dia. —
a mão dela acariciou meu rosto, o simples toque
parecendo ser capaz de fazer meu coração disparar.

— Acho que não fui completamente sincera


com você.
— O quê? — indaguei suavemente,
beijando a palma da mão que ainda me acariciava.

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— Eu disse que sempre senti que estava

faltando algo ou que algo parecia estar errado


quando estava com Pedro, mas a verdade é que foi
apenas quando te conheci que me dei conta disso.

Era errado estar com outro, quando na verdade o


que faltava na minha vida era você... Eu quis você
desde então.
Foi impossível não me emocionar com suas
palavras, afinal, ela também se sentia da mesma
maneira e foi quando entendi tudo. Entendi que o

que tínhamos passado fora preciso para chegarmos


até ali. Era como a música de Jorge Vercillo dizia e
cantarolei para ela:

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“ Tudo que se foi vivido


Me preparou pra você
Não se ofenda
Com meus amores de antes
Todos tornaram-se ponte
Pra que eu chegasse a você...”

— Eu te amo — sem medo confessei o que


sentia, beijando sua boca com vontade e ela riu
entre lágrimas, retribuindo com mesmo ímpeto.
— Também te amo — Alinne afirmou
fazendo meu coração retumbar no peito.

Encostei a testa na dela e com os olhos


fechados agradeci a Deus por ter nos trazido até
aquele momento.
— E agora? — ela mordeu os lábios

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parecendo ansiosa. Rindo, a carreguei em meus

braços, fazendo-a gritar pelo meu rompante.


— Agora? Agora sem mais “ponto final”.
Estamos apenas começando e vou te mostrar o

quanto te amo, dia e noite, noite e dia. — ela sorriu


com lágrimas nos olhos diante a promessa.
— Essa me parece ser uma ótima proposta
— concordou, como sempre de forma espertinha,
antes de tomar minha boca para um beijo.

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UM ANO DEPOIS...

Durante meses, eu havia preparado aquela


surpresa para nós. Mas pelo visto eu não era o
único que tinha uma, porque mais cedo havia

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recebido uma mensagem de Alinne dizendo que


também tinha uma para mim. Normalmente, eu
odiava surpresas, no entanto, Alinne costumava me
dar as melhores, então apenas tive que controlar a

ansiedade antes de encontrá-la.


Era nosso primeiro aniversário, pois há exato
um ano começamos a ficar juntos. As coisas entre a
gente vinham sendo ótimas. Não éramos o tipo de
casal careta, apenas gostávamos de nos curtir e
dividir os momentos com os amigos e levarmos as

coisas um dia de cada vez. Mas, por mais que


amasse a nossa vida, me sentia pronto para o
próximo passo.
Estava realmente feliz, mas também um

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pouco nervoso, receoso sobre sua reação diante

meu presente de aniversário para nós. Afinal, seria


um grande passo.
Estacionei o carro na garagem da casa que

vivíamos juntos há oito meses, quando depois de


insistir em procurar uma casa para ela, Alinne
acabou voltando a morar comigo quando percebeu
que eu estava certo e que sim, deveríamos morar
juntos. Contudo, por mais que tivesse sido contra a
decisão dela de se mudar, a entendi, afinal,

estávamos juntos há pouco tempo e precisávamos ir


com calma. O que felizmente já passara, porque eu
soube ser bastante persuasivo.
Buzinei avisando da minha chegada e Alinne

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rapidamente saiu de casa, fechou a porta da frente

antes de vir em direção a mim. Ela estava ainda


mais linda a cada dia. E gostosa também. O que só
fazia com que me apaixonasse cada vez mais.

— Oi, amor. — ela se debruçou para beijar


meus lábios.
— Oi, linda. — a beijei mais uma vez, antes
de ligar o carro e perguntar: — Pronta?
— Onde estamos indo? — ela parecia
realmente ansiosa e depois de uma piscadela lhe

respondi:
— Até a sua surpresa.
Minutos depois, quando adentramos no
condomínio ao lado do que morávamos, ela

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quebrou o silêncio:

— Sobre isso, precisamos conversar...


— Sobre? — olhei-a pela visão periférica,
pois não havia gostado muito do seu tom.

— Acho que temos um problema... Quer


dizer, não sei se é realmente um problema, porém
não era algo que estávamos esperando para agora.
A maneira incerta que Alinne falara me fez
parar o carro e focar os olhos apenas nela.
— O que está tentando me dizer, Linne? —

indaguei, sentindo-me cada vez mais nervoso.


Ela não me respondeu de imediato, por
alguns segundos pareceu ponderar e depois de
respirar fundo apenas disse as palavras que tanto

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ansiei ouvir um dia:

— Estou grávida.
— Você está grávida? — quis confirmar e ela
assentiu com lágrimas nos olhos. — Tem certeza?

— perguntei assim que a puxei para meu colo.


— Sim, amor.... Fui ao médico hoje. —
Sorriu daquele jeito que fazia com que me
apaixonasse mais a cada dia.
— Sério? — acariciei a barriga ainda plana,
porque queria confirmar, queria ter certeza de que

ela carregava um filho meu. Um pedaço nosso.


— Sim. — Riu e chorou ao mesmo tempo, e
me vi fazendo o mesmo, antes de beijá-la com
amor.

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Quando nos afastamos, ambos ofegantes,

ainda não podia acreditar no presente que me dera.


— Sei que não estávamos planejando... —
logo tratei de cortá-la:

— Você sabe que está me fazendo o homem


mais feliz. Não estávamos planejando, mas é o
melhor presente que poderia me dar. Só falta uma
coisa para que essa felicidade seja completa.
— O quê? — ela perguntou curiosa e voltei a
piscar para ela.

Abri a porta e saí com ela no colo, antes de


colocá-la sobre seus próprios pés.
— Esta aqui é parte da minha surpresa.
Alinne parecia prestes a falar alguma coisa,

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mas emudeceu quando se viu em frente a uma bela

casa de dois andares. A casa que, mesmo sem


querer, me ajudou a projetar, quando volta e meia
conseguia tirar dela como seria a casa perfeita para

ela. E, no fundo, acho que a reconheceu.


— Que casa é essa? — me limitei a puxá-la
até a porta de entrada, onde tirei um molho de
chaves do bolso e abri, antes de dar passagem para
que entrasse.
Alinne parecia ter esquecido a própria

pergunta enquanto olhava ao redor, observando


cada detalhe da casa recém-reconstruída e ainda
vazia.
Eu havia deixado daquele jeito de propósito,

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porque não queria que fosse apenas linda por

dentro como era por fora, queria que Alinne


escolhesse cada mobília e objeto do lugar, o que
não fizemos na casa onde morávamos e aquilo a

tornava linda, mas tão impessoal. Queria que ela


fizesse aquilo para que fosse a nossa casa, que
construíssemos nosso lar.
— Bem-vinda a nossa casa.
— O quê? — perguntou, piscando surpresa
para mim, o que fez meu sorriso crescer ainda mais.

— Nossa casa. — estendi para ela um


chaveiro, onde entre as chaves, estava um anel de
brilhantes.
Por causa das lágrimas que turvaram a visão

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dela, Alinne demorou de notar o anel. Mas quando

o fez, levou a mão à boca estupefata. Tirei o anel


do aro que o prendia e me ajoelhei na frente
enquanto começava a falar:

— Alinne, amor da minha vida, tudo era nada


até você aparecer. Me olhando com esse lindo par
de ônix, me encantou, sorriu, fazendo-me
apaixonar, ainda que eu não soubesse naquele
momento. Você segurou minhas mãos e me fez
perder o medo de tentar por medo de errar, fez-me

compreender, entender e perceber que a vida tinha


muito mais para me oferecer e ela tinha mesmo,
porque foi tão generosa e deu-me você. Você se
tornou o meu motivo, mais do que mudar o nada

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que meu mundo era, você se tornou ele, o fez

ganhar cor, fez ganhar sentido, prazer... Você


chegou invadindo tudo, desde meu coração,
tomando conta dos meus pensamentos, dos meus

sentimentos, os espaços vazios que existiam em


mim, os completou, os transbordou, o que antes era
obscuro, se tornou cheio de cor, de brilho. E tudo o
que não fazia sentido, me fez compreender,
entender, sentir… Amar. Você é muito mais do que
a mulher perfeita que antevi em meus sonhos, é a

mulher da minha vida, a mulher que antes que eu


pudesse oferecer o mundo, se tornou o mundo pra
mim. É a mulher com quem quero passar o resto da
vida tentando, não apenas descrever ou colocar em

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palavras o que sinto, mas ter o prazer de amar e

tenho certeza de que dedicarei minha vida para


fazê-la feliz. Você é a mulher que quero ver todas
as noites antes de dormir, a que quero ver todos os

dias ao acordar, sempre ao meu lado, em todos os


dias da minha vida. E é por isso que preciso apenas
de uma resposta para sorrir para o resto da minha
existência: aceita casar comigo?
Ajoelhando-se também, ela tocou meu rosto
com carinho, quando ainda em lágrimas finalmente

me respondeu:
— Sim, eu adoraria me casar com você.
Inclinando-me, tomei sua boca em um beijo.
Um beijo que dizia muito mais do que palavras.

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Um beijo que prometia uma vida de felicidade.

— Eu te amo tanto, Alinne. Agora sim minha


felicidade está completa. — Alinne riu através das
lágrimas.

Pus-me de pé novamente e a ajudei a fazer o


mesmo, antes de trazê-la para meus braços. Estava
tão feliz que queria gritar de felicidade. Mas
preferia vê-la fazer aquilo enquanto a amava.
— O que está fazendo? — ela enrolou as
pernas ao redor do meu corpo, não parecendo

mesmo se opor ao que pretendia fazer.


— Vou te apresentar nossa futura casa. Mas
vamos começar o passeio pelo nosso quarto... E
hoje só sairemos de lá à noite, pois temos muito o

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que comemorar. — dei um tapa em cheio na sua

bunda deliciosa e ela gritou surpresa.


E enquanto a carregava em meus braços,
comecei a subir as escadas e a beijei, sem medos,

sem reservas, apenas amor.

Fim

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Quando a Gracielle Rattes me convidou para


participar do Projeto Noites Sensuais, me senti
honrada e imensamente feliz, porque eu sabia o
quão maravilhoso seria fazer parte daquilo, com
tantas autoras talentosas. E quando começamos a

conversar, imediatamente lembrei-me de uma


história que há muito tempo guardava e soube ali
que seria perfeita para fazer parte do Noites
Sensuais e eu não podia estar mais certa.

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Obrigada, Gra, por ter me ajudado a dar asas

ao Sem Reservas! Você sabe o quanto é especial


para todos nós!
Escrever sobre o Kaik, mesmo sendo uma

história curta, foi diferente de tudo que já fiz.


Queria mostrar que assim como nós mulheres, os
homens também têm suas inseguranças e
sobretudo, força para recomeçar. E foi um prazer
enorme poder transcrever tudo isso e dividir com
vocês.

Meus agradecimentos sempre serão deles,


meus amores, minha vida, minha família. Obrigada,
por tudo. Sempre e para sempre minha força e
maiores inspirações! <3

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Thu, Taci e Thais, que me provaram que

minha vida literária poderia ser real.


À Carlie Ferrer, Maria Rosa por serem tão
únicas e especiais...

A Martinha, por ser quem é, essa pessoa


maravilhosa e presente mesmo de longe. Kamila
Cavalcante, por surtar a cada loucura minha. A
Myllenn Maps, essa pessoa louca e necessária! A
Evelyn Santana, por me aturar e apoiar a cada
desespero! Só amor pela minha gêmea! Evy

Maciel, minha mana por todas as dicas e


conselhos,,, Amo vocês! <3
A Janaína Rico, por ter cuidado de cada
detalhe do Noites Sensuais, por ter nos aberto as

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portas da sua “casa”, nos mostrado o quão grande

seu coração e a Rico Editora são e ainda por cima


me inspirado tanto. Você me ensina a cada dia,
mulher! Obrigada! <3

Elaine Mendes, por ser o chicretinho mais


lindo e amado do mundo!
Danilo Barbosa, por ter me ensinado tanto!
Aos meus queridos parceiros, por me
apoiarem a cada dia! <3
Minhas leitoras queridas, por sempre se

proporem a estar ali, me apoiando, incentivando,


entendendo minhas ausências e lendo qualquer
coisa que eu decida publicar. Vocês são
maravilhosas! <3

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E a você que chegou até aqui, apenas

obrigada.

Beijos,

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Míddian Meireles
Com mais de 25 milhões de leituras em suas

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obras nas plataformas digitais, a baiana Míddian


Meireles, passou dos 30 e já soma quase 20 livros
auto publicados, tendo todos os títulos figurados
nos primeiros lugares entre os mais vendidos,

segundo o ranking da Amazon e Revista Veja.


É esposa, mãe e também filha única nada
mimada, daquela que sempre trocou o quarto de
brinquedos por uma caneta, uma vez que a sua
paixão sempre foi escrever e desde cedo decidiu
usar a criatividade para inventar as próprias

histórias. Já começou a faculdade de Direito,


Arquitetura, Designe de Interiores, Administração e
até Letras, mas se encontrou mesmo no mundo da
literatura, onde redescobre-se a cada dia através das

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palavras e personagens.

Também é viciada em maquiagem e sapatos,


leitora compulsiva assumida e sucesso garantido
entre os leitores de romances contemporâneos, que

vão dos chick lits, passando pelo erótico e até


mesmo divertidas comédias românticas.

Contato: contato@mimeireles.com
Grupo Face | Página Face | Site | Wattpad | Instagram

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Conheça meus outros livros clicando


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avaliação, ela é muito importante para
nós...
Entre em contato comigo pelo
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você! <3

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