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Disponibilização: Eva

Tradução: Stef

Revisão Inicial: Dani

Revisão Final: Luciana M.

Leitura Final e Formatação: Ane e Eva

Agosto/2018
Deveria ter sido fácil.

Eu precisava do dinheiro. Ele precisava de uma babá para evitar que


cheirasse até a morte.

Eu fui escolhida especialmente para


ele. Responsável. Otimista. Animada. Inocente.

A pior parte é que eu deveria saber melhor.


Alex Winslow. Estrela do rock britânico. Colecionador de
corações. Casanova com olhos de uísque.
“Não chegue perto do diabo em uma jaqueta de
couro. Ele vai te mastigar e te cuspir.”
Adivinha o quê? Eu não escutei.
Eu assinei o contrato.
Turnê mundial. Três meses. Quatro
continentes. Cem shows.
Meu nome é Indigo Bellamy e vendi minha
alma para um deus tatuado.
O problema era que minha alma não era
suficiente para Alex Winslow. Ele acabou
tomando meu corpo também.
Depois ele pegou meu coração.
Depois ele pegou meu tudo.
“E agora, aqui está o meu segredo, um segredo muito
simples: é somente com o coração que se pode ver corretamente; o
que é essencial é invisível aos olhos."

Antoine de Saint-Exupery, O pequeno príncipe


Playlist

“Gimme Shelter” – The Rolling Stones

“Daddy Issues” – The Neighborhood

“Love Song” – The Cure

“Young God” – Halsey

“An Honest Mistake” – The Bravery

“Cigarette Daydreams” – Cage the Elephant

“One” – U2

“Shake the Disease” – Depeche Mode

“What You Know” – Two Doors Cinema Club

“Do Re Mi” – Blackbear

“April” – Deep Purple

“London Calling” – The Clash

“Handsome Devil” – The Smiths

“Brianstorm” – Arctic Monkeys


Prólogo

Alex Winslow em outro escândalo: preso por dirigir


embriagado e porte de cocaína.

Por Beth Stevenson, The Daily Gossip

O cantor britânico Alex Winslow foi novamente preso terça-


feira à noite por dirigir sob a influência de drogas e por posse de
cocaína. O cantor de 27 anos foi libertado da delegacia da
Califórnia, em Lost Hill, depois de uma noite na cadeia. Uma noite
em que, alega-se, ele balançou as barras de sua cela e escreveu
as letras de sua canção “Wild Heaven” nas paredes usando uma
caneta azul dada a ele por uma funcionária da delegacia (uma
caneta que ele mais tarde usou para dar um autógrafo em seus
seios).

Além de ser pego com três gramas de cocaína no porta-


luvas de seu cadillac vintage, o galã também é acusado de tentar
seduzir para se safar dos problemas quando foi parado nas
primeiras horas na Pacific Coast Highway com uma garrafa
quase vazia de uísque.
O doze vezes vencedor do Grammy supostamente liberou
seu famoso sorriso de cem milhões de dólares para a oficial em
cena, uma mãe de 43 anos de idade, com três filhos, dizendo: você
está realmente me fodendo ao me prender, amor, mas eu acho
que não vou ser o único a usar algemas hoje à noite.

O cantor de "Man Meets Moon" foi detido há oito semanas


por socar Steven Delton, dono do site Simply Steven e por roubar
uma estatueta do Grammy. Winslow invadiu o palco no meio do
discurso do Grammy quando o cantor britânico William Bushell
recebia o prêmio de Melhor Álbum, arrancou a estátua da mão de
Bushell, acendeu um cigarro e lançou-se em um discurso
retórico:

“Você está rindo? Levante suas mãos se você realmente


votou neste punheteiro sem ser subornado com uma punheta de
cortesia. Vamos. Porra. Seu álbum inteiro parece música de fundo
no McDonald's. Sem ofensa. Para o McDonald's, não para
Bushell. Não havia nem mesmo uma faixa criativa no álbum
inteiro. De fato, se a criatividade encontrasse esse cara em um beco
escuro, ele correria para o outro lado, gritando assassinato
sangrento. Vou levar isso para casa. Não se sente muito bem
quando alguém rouba o que é seu, hein, Bushell? Bem, foda-
se. Isso se chama vida e é uma lição que você me ensinou.”

Antes, amigos próximos e ex-companheiros de quarto em


Londres, Bushell e Winslow tiveram uma queda dois anos atrás
pela modelo / socialite, Fallon Lankford e foram rotulados como
inimigos desde então. Ambos falaram sobre as desavenças entre
eles. Foi alegado que o último álbum de Winslow, Cock My Suck
- que chegou à posição nove na Billboard e desapareceu das
paradas logo depois, o pior de sua carreira – é o que o levou aos
braços do álcool e da cocaína.
Logo após a notícia da prisão de Winslow, Simply Steven
publicou um artigo intitulado “Alex Winslow: O fim de uma era”.
Acredita-se que o Sr. Delton está agora querendo processar
Winslow, depois que este o agrediu com um golpe no rosto quando
perguntado sobre o novo interesse amoroso de Fallon Lankford,
Will Bushell.

Poucas horas após sua segunda prisão, Winslow ofereceu


um pedido de desculpas através de sua agente de longa data,
Jenna Holden:

“Alex Winslow está profundamente arrependido por fazer


uma série de coisas que estavam muito erradas e pelas quais ele
tem vergonha. Ele gostaria de pedir desculpas a oficial que o
prendeu, estendendo o pedido de desculpas ao marido, aos filhos
e à igreja local em que ela é voluntária. Winslow reconhece que seu
comportamento descontrolado não pode mais ser ignorado e, para
o bem de seus entes queridos, seus fãs e dele próprio, decidiu
entrar em uma instalação de reabilitação no estado de
Nevada. Pedimos gentilmente que vocês respeitem a sua
privacidade enquanto ele luta essa batalha muito pessoal contra
seus demônios.”

O ex-assessor de Winslow, Benedict Cowen, que se separou


do cantor dias depois de sua crise no Grammy, não estava
disponível para comentar o assunto.

Comentários (1.937)

xxLaurenxx

Ele está maluco. Também: está fora dos trilhos.


Pixie_girl

Cara, música de fundo do McDonald? Richhhh O último


álbum de Winslow foi tão ruim que meus ouvidos sangraram por
duas semanas depois de ouvi-lo.

Cody1984

#LeaveAlexAlone

(Brincadeira, ele provavelmente vai enfiar um dedo em uma


tomada ou algo assim, se não ficarmos de olho nele.)

James2938

Guy é um sociopata. Você pode muito claramente ver isso


em sua arte.

BellaChikaYass

Eu repito esse pensamento... mas eu ainda o pegaria. ;)

xxLaurenxx

Eu também! Ri muito

Pixie_girl

Infelizmente, eu também.

James2938

Bom, porque ele não é o tipo de cara que pode te oferecer


mais do que uma rapidinha. Ele é uma má notícia.

LITERALMENTE.
Capítulo 1

Seis meses depois.

Toque. Toque. Toque, toque, toque, toque.

As solas dos meus sapatos batem no chão de granito como


um canário persistente. Eu tive que cavar as unhas em minhas
coxas para fazer minhas pernas pararem de saltar ao ritmo do
meu coração inquieto e tolo.

Cale a boca, coração.

Relaxe, coração.

Pare de se preocupar, coração.

Não havia necessidade de pânico. Nem um pouco. Não


mesmo.

Eu vou conseguir o emprego.

Eu levanto a cabeça, mostrando à mulher sentada


em frente a mim meu maior e mais entusiasmado sorriso.
“Quando anunciamos o trabalho para uma posição de
assistente pessoal, meio que, mais ou menos, qual é a palavra que
estou procurando…?” Batendo no seu MacBook cromado, ela
espalma seus dedos ossudos e bem cuidados em cima dele,
mostrando um anel que deve ter custado o suficiente para
comprar a melhor metade do meu bairro promissor.

Engulo em seco e aliso minha saia lápis esfarrapada. Na


verdade, nem era minha. Era da Natasha, a esposa do meu irmão
e grande demais na cintura. Eu só fui chamada por restaurantes
de cadeia alimentar que não exigem um terno, então eu tive que
improvisar. Enfio meus tornozelos sob minha cadeira, poupando
minha entrevistadora de meus sapatos prateados Oxford, uma
sugestão de minha personalidade que eu tinha esquecido de
disfarçar.

Tudo no escritório da mulher gritava excesso. Sua mesa,


branca e elegante; os assentos em couro de alabastro; e o
candelabro de bronze escorrendo entre nós como ouro líquido. O
Letreiro de Hollywood jorrava de sua janela do chão ao teto todas
as promessas, belas e quebradas promessas de glória. Tão perto
que você podia ver a sujeira agarrada às letras brancas. Seu local
de trabalho era do tamanho de um salão de baile. Não havia uma
gota de cor ou personalidade neste escritório, e não por acaso.

Jenna Holden. Poderosa agente das maiores estrelas de


Hollywood. Proprietária do Grupo JHE. Ela não teve tempo para
se tornar pessoal. Menos ainda comigo.

"Você não está procurando por uma assistente pessoal?" O


sorriso forçado no meu rosto desmoronou. Eu preciso desse
trabalho como Mark Wahlberg precisa mostrar seu pau em Boogie
Nights1. Realmente muito. Caso em questão: eu moro com meu
irmão, sua esposa e seu filho, e por mais que eles me amem,
tenho certeza de que eles amariam não ter que dividir seu

1
Prazer sem limites. Eddie Adams (Mark Wahlberg), um lavador de pratos, transforma-se em
Dirk Diggler, a estrela mais famosa do mundo pornô do final dos anos 70 graças ao diretor Jack
Horner (Burt Reynolds).
apartamento de um quarto com uma pateta de vinte e um anos
de idade. Meu único meio de transporte era minha bicicleta, que
em L.A. era o equivalente a ir de A a Z nas costas de uma tartaruga
morta.

"Estou procurando por... algo." Jenna inclina o queixo para


baixo, curvando uma sobrancelha levemente modelada. "E
envolve alguns assistentes."

Minha paciência está pendurada por um fio, pronta para


pular do barco. Estou com fome, com sede e desesperada pelo
trabalho. Qualquer trabalho. O verão chutou minha bunda e todas
as posições de trabalho tinham sido preenchidas por adolescentes
com acne. Esta é a terceira vez que entro no JHE para um
trabalho vago este mês. Primeiro, eu fui até a garota de RH que
me deixou esperando por quarenta minutos porque a pedicure
dela estava atrasada. Então, o assistente pessoal de Jenna me
olhou como se eu estivesse voltando de um campo de treinamento
do ISIS. Finalmente, me encontro com a mega agente e agora ela
está me dizendo que fui enganada esse tempo todo?

"Diga-me, Indigo, com que cuidado você leu a descrição do


trabalho?" Diz, sentando na cadeira e entrelaçando os dedos. Ela
usa uma camisa abotoada e calças de veludo preto além de um
sorriso presunçoso. Seu cabelo louro-champanhe está puxado em
um coque de aspecto doloroso e meu crânio queima só de olhar
para a maneira como sua pele puxa ao redor de sua linha do
cabelo.

“Cuidado o suficiente para repetir de cor.”

"É mesmo? Nesse caso, por favor, faça.”

Minhas narinas dilatam. Decido reagir com bom humor


uma última vez antes de pegar minha bolsa e o resto da auto-
estima e ir embora.

“Preciso de assistente pessoal: resiliente,


responsável, paciente e de casca grossa. Que não beba,
não use drogas, com um dom para artes e para a vida. Se você
está girando nos bastidores de Hollywood, presta muita atenção
aos detalhes e não se importa com longas horas e noites
intermináveis, estamos procurando por você. * Necessário Nada
Consta e o registro criminal será verificado.

Empurro uma cópia do meu pedido de emprego, tocando


com o dedo. "Esta sou eu. Tudo o que você pediu. Sou propensa
a enxaquecas. Agora, você pode me dizer por que estou aqui?”

“O que estou procurando é uma salvadora. Uma babá. Uma


amiga. Você é a coisa mais próxima do que procuro, mas,
francamente, tudo isso vai ser muito parecido com um
transplante de órgãos. Nós não saberemos se você conseguirá até
colocarmos vocês dois juntos.”

Eu pisco, estudando-a como se ela fosse uma criatura


mitológica. Se isso era uma piada, eu tinha oficialmente perdido
meu senso de humor.

Ela se levanta e começa a andar de um lado para o outro,


com os braços cruzados atrás das costas. “Eu tenho um cliente.
Não, não é um cliente. É o cliente. Um dos nomes mais quentes
da indústria nesta década. Ele entrou em água quente
recentemente e agora precisa de um grande balde de gelo para
resfriar seu nome. Drogas, mulheres, ego do tamanho da China –
o nome dele e ele estão sofrendo com isso. Seu trabalho não é
reservar vôos e fazer café. Ele tem um arsenal de pessoas fazendo
isso por ele. Mas você estará lá quando ele sair em turnê. Você
vai atender às suas necessidades emocionais. Você vai ter certeza
de que ele não vai cheirar cocaína nos bastidores, ou ficar fora até
tarde, ou perder um show. Você estará lá para pegar sua mão e
afastá-lo quando entrar em uma discussão com um jornalista ou
um paparazzi. Seu trabalho, em suma, é mantê-lo saudável e
vivo por três meses. Você acha que está preparada para o
desafio?"
Suas palavras são tão sinceras e afiadas que afundam na
minha pele como dentes.

Uma salvadora. Uma babá. Uma amiga.

“Isso é muita responsabilidade. Parece que alguém está


com um grande problema.”

"Problema é o nome do meio, uma parte de seu charme e a


razão pela qual eu tenho um Xanax na minha bolsa o tempo todo."
Ela dá um sorriso amargo.

Muita informação, Muita informação, Muita informação.

"Se ele não está em condições de sair em turnê, por que


está fazendo isso?"

“Ele deveria partir seis meses atrás e foi cancelado por


motivos pessoais. Se ele cancelar novamente, terá que pagar 30
milhões de dólares para as companhias de produção. O seguro
nunca vai pagar, considerando que da última vez, ele estava
nadando em cocaína suficiente para fazer um bolo de casamento
de cinco andares.”

Eu bato meus pés contra o chão brilhante um pouco mais,


mordendo meu lábio inferior. Jenna para de se mexer. Ela estava
agora em pé na minha frente, seu fino cinto Prada dourado
cintilando como um triste eclipse.

“Três meses na estrada. Jato privado. Melhores hotéis do


mundo. Se você de alguma forma conseguiu se agarrar ao que
restou de sua inocência nesta cidade e quer mantê-la, eu
aconselho a não aceitar o emprego. Mas se você tem uma casca
grossa e um gosto pela aventura, saiba disso – esse trabalho vai
mudar sua conta bancária, seu caminho e sua vida.”

Ela parece séria. Preocupada. Cada palavra tinha um


peso e ficava pesada no meu peito. “Você assinará um
contrato de confidencialidade. Vai levar o que você vir para
o seu túmulo. E será recompensada por um Banco Louco.”

Banco louco? Quem fala assim? Pessoas do showbiz de Los


Angeles. É isso.

"Banco louco?", Pergunto.

"Cem mil dólares por cada mês de seu emprego."

Batida.

Batida.

Batida.

Três batidas passam antes que eu sugue o ar, lembrando


que eu preciso respirar.

Em algum lugar ao longe, ouço pessoas do escritório rindo


ao lado da máquina de vendas automática. Uma impressora
cospe papéis. Uma colher tinindo em uma caneca. Minha tortura
se intensifica, como acontece quando meus nervos levam a
melhor e o gosto metálico do sangue se espalha pela minha boca.

Trezentos mil dólares.

Três meses.

Todos os meus problemas financeiros foram embora.

"Quem é ele?" Olho para cima, minha voz falhando. Isso


importa? Na verdade, não. Neste ponto, ele poderia ser o próprio
Lúcifer e eu ainda o acompanharia em uma longa turnê no
inferno. As contas de Natasha e Craig estão se acumulando. Ziggy
precisa de uma cirurgia nos ouvidos – todo inverno meu sobrinho
chora e grita para dormir. Nós tivemos que amarrar meias em
torno de seus punhos para impedi-lo de arranhar suas orelhas
até sangrarem. Nós não podemos nem pagar uma nova cama
para ele, e suas pernas rechonchudas constantemente ficam
presas entre as barras de seu berço. Esta oferta era
moleza. O único problema seria me separar da minha
família, mas mesmo isso veio com um grande alívio. Meu irmão
não era a melhor pessoa com quem gostaria de estar agora.

Além disso, eu cuido de Ziggy, de dois anos, desde o dia em


que ele nasceu. Essa pessoa era supostamente um homem
crescido. Quão difícil pode ser?

"É Alex Winslow", Jenna fornece.

Evidentemente, a resposta à minha pergunta é "quase


impossível".

Winslow era grande. Suas músicas foram empurradas


garganta abaixo por todas as estações de rádio como se ele fosse
a única pessoa no continente com cordas vocais. Mas o que
realmente me preocupa é que ele parece insolitamente arrogante.
Alex Winslow olha através das pessoas como se fosse um esporte
olímpico e ele quer deixar a rainha orgulhosa, o que é apenas uma
das razões pelas quais ele conseguiu criar problemas com todas
as pessoas importantes em Hollywood. Isso é de conhecimento
comum, mesmo se você tentasse evitar fofocas como a peste, o
que eu faço. Onde quer que ele vai, é seguido por uma série de
repórteres e tietes. Eu correria no minuto em que seus fãs me
avistassem. Os paparazzi o seguem em todos os lugares, menos
no banheiro. Uma vez eu li em uma revista de fofocas – em uma
consulta com um dentista - que uma garota teve que fechar sua
conta no Instagram depois de festejar com Winslow porque um
site da dark web colocou uma recompensa em sua cabeça. Vinte
mil dólares foram coletados para prever sua data de morte -
"cumprir sua previsão é totalmente opcional", disseram eles.

Por último, mas não menos importante, Winslow é a pessoa


mais antiautoridade de Hollywood. Não muito tempo atrás, ele foi
preso por dirigir embriagado e eu odeio, desprezo, detesto drogas
e álcool. O que basicamente significa que nosso “transplante
de órgãos”, como Jenna se referiu, provavelmente resultaria
em duas baixas e um fracasso épico.
Eu embalo meu rosto nas mãos, deixando escapar um
suspiro.

"Esta é a parte em que você diz algo." Os lábios vermelhos


de Jenna se contraem.

Limpo minha garganta e endireito minha postura.

Hora de colocar minha calcinha de menina grande e garantir


que ela fique seca por três meses, apesar dele parecer o irmão mais
gostoso de Sean O'Pry.

"Eu prometo mantê-lo são e salvo, Sra. Holden."

"Bom. Ah, e vou dizer isso de uma vez para manter minha
consciência limpa: não se apaixone pelo cara. Ele não é do tipo de
cerca branca.” Jenna acena com a mão e pega o telefone,
pressionando o polegar sobre ele e fazendo uma ligação.

"Eu vou tentar o meu melhor." Meus músculos do maxilar


se contraem quando engulo um sorriso de escárnio. Alex Winslow
é bonito da mesma maneira que as tempestades são, apenas de
longe. Assim como elas, ele tem o poder de varrer e arruinar você,
duas coisas para as quais estou ocupada demais tentando
sobreviver.

“Se o seu melhor é bom o suficiente, então você deve resistir


a isso. Vou mandar meu assistente imprimir a papelada. Alguma
pergunta?” Ela dispara algumas instruções na outra linha para o
assistente, depois caminha em direção à porta.

"Quando vamos sair para a turnê dele?" Eu olho por cima


do meu ombro, minhas unhas se enterrando no braço da cadeira.

"Quarta-feira."

"Isso é daqui a dois dias."

"Boa em matemática." Ela zomba. “Isso é um benefício


adicional. Eu vou pegar a papelada. A turnê é chamada de
"Letters from the Dead" e deve reavivar sua carreira. Volto logo."

Eu me lembrei daquela música. Foi a trilha sonora do meu


último ano, quando tudo parecia tão definitivo e errado.

O amor é apenas uma fraude

Desculpe-me por ser maldito,

Você me pediu para acreditar

Como se eu tivesse alguma porra para dar.

Com a porta se fechando atrás dela, sento-me e solto uma


mecha do cabelo azul do meu rosto. Um riso louco borbulhava na
minha garganta, ansioso para sair.

Eu ia fazer trezentos mil dólares e sair com a maior estrela


do rock do mundo por três meses. Eu olho para cima e o lustre
pisca para mim maliciosamente.

Eu pensei que era um sinal.


Capítulo 2

Minha alma estava morrendo.

Não era um exagero.

Minhas últimas esperanças e sonhos caíram no chão


pegajoso, coberto de cinzas de cigarro e gozo de buceta. Meu
celular tocou com uma mensagem de texto, forçando-me a afastar
o olhar do teto.

Desconhecido

Ei, Alex!

Eu

Olá vadia / mande uma foto.

Desconhecido

???
Eu

Você tem meu número. Isso significa que quem deu a você disse
que eu não faço sexo sem verificar o patrimônio de antemão.

Desconhecido

Eu sou a Elsa do The Brentwood Club. Você deve fazer uma


aparição hoje à noite para o evento noturno de angariação de fundos
para crianças com Transtorno do Espectro Autista. Entrei em contato
diretamente com você para estender minha gratidão…

Eu faria algo de graça esta noite. Por que eu faria isso? Na


maioria das noites, eu nem sequer faço coisas por dinheiro. Na
verdade, faz muito tempo desde que eu fiz qualquer merda. Em
absoluto.

Foda-se meu gerente, Blake, e minha agente, Jenna, e


minha vida, a maneira como a sorte se moveu para me fazer sair
do meu quarto, meu santuário, meu espaço pessoal. E foda-se
Elsa, que agora conhece minhas verdadeiras cores - cinquenta
tons de babaquice.

“Oi, Waitrose. Um novo caso de caridade.” Jogo meu celular


para Lucas, que o pega no ar, gemendo. Tecnicamente falando,
Lucas é meu baterista, então cobrir minha bunda não fazia parte
de sua jurisdição. Mas Lucas – apelidado de Waitrose, depois que
a sofisticada rede de supermercados que ele criou – era
notoriamente boa para os engravatados. Eu odeio os
engravatados. Detesto. Porque quando você é uma estrela do rock
e faz uma tonelada de dinheiro, todo mundo quer um pedaço da
torta. Uma torta que você assou. Com ingredientes que você
comprou. Nenhum dos engravatados me deu a mínima
quando me sentei, dia após dia, do lado de fora da estação
de metrô de King's Cross com Tania, meu violão acústico,
e toquei, implorei e empurrei demos nas mãos das pessoas apenas
para vê-las pisoteando, mergulhando-os na lata de lixo mais
próxima. Nenhum deles estava lá quando eu bati em portas na
chuva, implorei na neve amarga, barganhei, e argumentei, para
me ouvirem. Eles também não estavam lá quando fui vaiado em
Glastonbury três anos seguidos abrindo para bandas maiores, ou
quando latas de cerveja na maior parte vazias foram jogadas na
minha direção com uma boa risada, ou quando uma garota
bêbada vomitou no meu único par de sapatos tentando me dizer
que eu soava como uma imitação de Morrissey.

Eles não estavam lá quando eu vendi minha alma para


alguns outros engravatados, que pensaram que eu era realmente
talentoso, mas queriam, “papoula, curta, cativante, com um
brilho!”, e eu cedi e dei a eles. Eu disse que minha alma estava
morrendo. Ou talvez simplesmente pertencesse a outras pessoas.
De qualquer forma, eu preciso de algo novo. Infelizmente, é uma
das coisas raras que meu dinheiro não pode comprar.

Eu odeio todos com quem trabalhei. Gravadoras,


executivos, produtores, funcionários de relações públicas,
especialistas em marketing, grandes corporações usando-me
como seu porta-voz e basicamente todos os que já pediram um
pedaço porque achavam que eram tão vitais para a marca Alex
Winslow. Novidade: eu sou a marca.

Eu comprei os ingredientes.

Eu assei a torta.

Eu ia comer a porra da torta.

Tudo isso. Cada migalha e lamber o recheio. Tudo meu.

Minha relutância em compartilhar é, entre outras razões,


o que me rotula como um imbecil de má reputação na
mídia. Dizer que eu não dou a mínima era um insulto a essas
merdas. Os tablóides não são meus amigos, e o dia em que
eu convidar um paparazzi para tirar uma foto minha será
o dia em que o inferno congelar e Katy Perry lançar uma música
decente. Eu ainda fui eleito a Melhor Celebridade para os Fãs por
três anos consecutivos, e isso era genuíno, real e verdadeiro. Eu
amo meus fãs. Mais do que eu amo dinheiro, fama ou as bucetas
que vieram junto com eles.

"Cara. Não posso acreditar que você tentou cantar uma


presidente de cinquenta anos de uma organização sem fins
lucrativos. Você não tem vergonha?” Lucas cutuca meu ombro
com o pé, seus polegares já voando em minha tela de toque
furiosamente, oferecendo um profundo pedido de desculpas em
meu nome. Eu nem sei o porquê. Neste ponto, minha imagem é
tão saudável quanto uma zona de guerra sérvia. Waitrose bufa,
mas ainda limpa minha merda. É em parte por isso que eu o
mantenho na minha folha de pagamento.

Eu não gosto dele. Eu mal o tolero depois de tudo que rolou


dois anos atrás.

Nós estamos todos esparramados no meu sofá de veludo


vermelho. Estou dizendo 'meu', mas na verdade, pertence ao
Chateau Marmont. Eu fico no quarto de estilo chalé sempre que
estou em Los Angeles, o que, com certeza, são sete meses do ano,
mas me recuso a chamar esse lugar de casa. Los Angeles é como
uma prostituta razoável. Ela deixa qualquer um entrar, parece
mais que a média, e uma vez lá dentro, você percebe que houve
muito tráfego e que quem esteve lá antes de você deixou uma
bagunça. Acrescente a isso a poluição e as estrelinhas de dentes
brancos que querem montar em qualquer coisa sua - seja sua
bunda, reputação ou cartão preto American Express - e o que você
tiver. Minha própria definição de inferno.

Acendo outro cigarro e mudo os canais. Reality show.


Programa de culinária. Show de reformas. TMZ. Um monte de
gente reformando uma casa e chorando por isso. Uma mulher
com um bronzeado falso tendo um colapso com os convites
de casamento, que foram enviados no tom errado de
rosa. Jogo o controle remoto do outro lado do quarto. Ele bate
contra a tela plana, quebrando-a em uma impressão de teia de
aranha. Ninguém pisca os olhos.

Alfie, meu baixista, peida. Então ele diz: "Eu preciso coçar
a minha bunda, mas estou muito cansado para me mover."

"Eu preciso foder, mas estou muito cansado para ir ao bar


do hotel", Blake responde, mentindo. Ele só tinha olhos para uma
garota e ela é a garota errada.

“Tenho certeza que Lucas é um candidato disposto. Ser


fodido é seu esporte nacional.” Alfie bufa, ao que Blake responde
sacudindo sua orelha.

Por que eles estão cansados, eu não tenho ideia. A essa


altura, estamos coletando horas para dormir como se fossem
máquinas de escrever antigas. Obedientemente.
Indulgentemente. Os próximos três meses serão difíceis.

Pego meu celular, já que o Lucas, com sucesso, apagou


outro incêndio que eu criei, e passo para baixo na minha lista de
contatos. Eu tenho algumas dúzias de garotas regulares em Los
Angeles, mas eu não quero beber, nem jantar com nenhuma delas
e isso é um problema. Todas elas mantêm algum tipo de carreira
de celebridade e querem que eu ande de mãos dadas com elas no
The Grove ou acaricie suas bochechas com adoração no The Ivy.
Infelizmente, eu prefiro enfiar meu pau em uma latinha
grosseiramente aberta do que alegrar seus sonhos milenares, o
que torna minha vida sexual tão excitante quanto uma parede
pintada de bege. Eu não pego groupies - respeito muito meus fãs
- e não tenho romances - ex-namorada do inferno, mais sobre isso
depois - e isso significa que eu normalmente me contento com o
que eu chamo de “Missão Buceta”. Aeromoças solitárias,
mulheres de carreira de trinta e poucos anos sentadas no bar
do Chateau, e turistas de passagem, que não se importam
com quem eu sou. Elas nem sempre são as mais bonitas,
mas pelo menos não me fazem sentir como o produto de plástico
em que minha gravadora me moldou.

A campainha toca. Talvez Deus tenha me ouvido e enviado


uma buceta sem corpo. Outra coisa que eu pagaria um bom
dinheiro e não estava à venda - nota para mim mesmo: buceta de
bolso do Google. Aparentemente, é uma boa.

"Esperando alguém?" Alfie tira catarro na garganta e cospe


em um cinzeiro sobre a mesa de café. Wanker tem as boas
maneiras de um absorvente usado.

Eu continuo rolando meu celular, ignorando-o.

"Cara." Lucas empurra o pé no meu peito, novamente, em


frente a mim, usando uma de suas baquetas para coçar as costas
sob a sua camisa. “Você é famoso demais para responder às
perguntas das pessoas agora? Quem está na porta?”

"O Ceifador. Ou Jenna. Dá no mesmo.” Eu tomo um gole


da minha Coca – a bebida, não a droga - lamentavelmente – meu
dedo parando sobre um nome no meu celular.

Fallon.

Foda-se, Fallon.

E eu decidi. Vou foder com ela, é isso. Novamente. Mas


desta vez de quatro, depois que ela tatuar meu nome em seu
tornozelo como um grilhão, uma punição pelo que ela fez. Eu
tenho uma longa lista de coisas que quero de Fallon Lankford e
ela as dará para mim, porque no fundo ainda me ama. Está
gravado em seu rosto. O rosto que continua a transição dos anos
para se adequar aos padrões de Hollywood: lábios inchados, nariz
menor, cílios mais longos. Eu me lembro da garota por trás da
máscara e ela é louca por mim. O problema é que ela é mais
louca por fama.

Blake se levanta, indo até a porta. Parece que vai


guerrear, com todos os músculos do corpo tensos, os
nervos em frangalhos. Blake e Jenna nunca se viram, e eu nunca
vi sentido em fazer pessoas serem simpáticas. Eu ouço
murmúrios da entrada. Rosnados, bufos e depois a risada
metálica que Jenna dá quando quer cuspir na sua cara. Alguns
segundos depois, os dois entram, uma terceira pessoa se
arrastando atrás deles.

Uma garota.

Uma garota que eu não conheço.

Outra maldita babá.

Ela flutua para dentro do apartamento, na madeira escura


e reluzente, o tom loiro das muitas lâmpadas no quarto
iluminando seu rosto em forma de lágrima e tudo que eu consigo
pensar é no quão rápido eu iria me livrar de sua bunda. Ela
parece... bem. Não do meu gosto. Jenna era uma das que não são
tão bonitas a ponto de me fazer querer bater com mais força do
que o fundo de uma garrafa de ketchup, mas ainda bastante
bonita para eu tolerar. Esta é significativamente menor que um
ser humano normal. A polegarzinha2, com pele morena, peito
achatado e nariz pontudo. Cabelo azul-escuro longo – se eu
quisesse um hipster, eu pegaria uma das milhares de fãs gritando
tentando contrabandear o caminho para os bastidores – e eu não
tenho certeza do que ela está vestindo, mas acho sem sentido
acreditar que ela realmente pagou por isso. Um vestido laranja
vintage com punhos largos e bordado floral mal cobre os joelhos
nodosos. Por que diabos eu sei o que qualquer um desses termos
significa, você pode se perguntar? Porque a minha bunda fez uma
campanha para a Armani e Balmain para apoiar um hábito de
cocaína que faria Charlie Sheen parecer um escoteiro.

2
A Polegarzinha conto de fadas do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, publicado
pela primeira vez em 1835. A história conta a vida de uma pequena rapariga e as suas aventuras
com sapos, toupeiras e besouros, que querem casar com ela.
Bem-vindo à minha bagunça, New Girl3. Será uma viagem
atribulada daqui em diante.

Tomo outro gole da minha Coca-Cola e depois cerro os


dentes. New Girl ia ser notícia velha em uma semana, no máximo,
assim como o resto dos assistentes que aceitaram a posição antes
dela. Eu me certificaria disso. Meu polegar quase pressiona o
nome de Fallon – quase – antes de eu enfiar o telefone no bolso de
trás com uma carranca.

Agora não.

Aqui não.

Não na frente de todos esses idiotas.

Jenna, a dominadora número um da América do Norte,


cruza os braços sobre o peito e me dá um olhar que poderia
congelar o inferno e as seções vizinhas. “Olá, Al. Você vai
continuar a festinha no sofá ou vir cumprimentar sua nova
funcionária?”

Eu respeito a Jenna. Ela é a única que nunca me pediu um


favor sexual ou uma sessão de fotos ou um fodido pônei no
aniversário dela. Foi por isso que eu concordei com ela
adicionando uma babá para "Letters from the Dead" em primeiro
lugar. A posição deveria ter sido preenchida dois meses atrás,
quando eu inicialmente saí da reabilitação, mas é claro, eu tive
que fazer com que os nove primeiros parassem de chorar, e um
se mudou para outro estado em uma tentativa de colocar algum
espaço entre nós. Eu espero que, no dia 8, Jenna desista da ideia,
mas Jenna não era de desistir.

A coisa é, eu sou um bastardo teimoso também.

Relutantemente, tiro minha bunda do sofá, caminho na


direção delas.

3
Menina Nova.
“Para registro” sopro meu cigarro, tirando-o de minhas
narinas como um touro bravo “Alfie é quem é culpado pelo aroma
questionável. Ele não pode ficar longe de comida mexicana
quando está em L.A.”

"Droga, eu não posso." Alfie gargalha do sofá, salpicando a


frase com um arroto. “Tacos para a paz mundial! Eu deveria
começar uma organização sem fins lucrativos.”

Eu ofereço a New Girl minha mão. Eu voltei aos seis anos.


Ela tinha um metro e meio. Está praticamente ao nível da minha
virilha, o que seria muito conveniente se não fosse pelo fato de eu
não querer nada com ela. Ela levanta a cabeça para cima para
encontrar o meu olhar. Seus olhos, um tom diferente dos seus
cabelo, eram escuros. E selvagens. Profundos como uma letra
bem escrita.

Não é completamente sem graça. Bom para você, amor.

"Alex Winslow."

"Indie Bellamy."

"Seu nome é Indie?" Meus olhos correm seu comprimento


do chão para cima. Sua pequena e suada palma tenta apertar a
minha grande e fria.

"Índigo. Como a cor.”

"Não torna isso melhor", brinco. Ela oficialmente perde a


minha atenção e jogo o cigarro ainda acesso pela janela aberta e
apoio meu antebraço contra a parede, mentalmente remexendo
minha mente para encontrar o que quero perguntar a Jenna. Algo
sobre um comercial que vou filmar no meio do ano. Versace?
Pepsi? Como se fizesse alguma diferença.

“Que bom que você pensa assim. Eu tenho esperado


ansiosamente para ouvir o que você pensa do meu nome”, diz
Indie.
Ela ainda está aqui.

Ela ainda está aqui e respondeu.

Que porra é essa?

Jenna se mexe no canto, tira o celular da bolsa da Hermès


e aponta entre nós com o aparelho. “Vocês dois, se conheçam,
mas não muito bem, e definitivamente com suas roupas. Eu
tenho um telefonema para dar. Volto logo.” Seus saltos pontuam
o chão com ruidosos gritos todo o caminho até o pátio.

O olhar de Indigo se agarra ao meu rosto, não muito


diferente de um filhote de cachorro. Eu olho de volta, porque sou
um fodido mesquinho e porque as competições são
aparentemente meu forte, junto com as mulheres de caridade de
meia-idade que eu assedio sexualmente em mensagens de texto.

"Hey." Eu me inclino para baixo, meus lábios encontrando


a concha do ouvido de New Girl. Ela não treme, e a maioria das
babás estremece. Isso me pega um pouco desprevenido, mas não
o suficiente para me impedir da minha missão. "Quer saber um
segredo?"

New Girl não responde, então eu tomo isso como um sinal


para continuar, “Eu molho minha cama à noite. Cada. Noite. Mas
com o nervosismo da turnê e tudo mais, eu mijo em todo lugar.
Às vezes se mistura com o gozo da última garota que peguei entre
os lençóis. Às vezes, os líquidos estão um pacote também. Eu
sempre peço aos meus assistentes para fazer a minha cama
porque, ao contrário dos funcionários do hotel, eles realmente
assinam uma não divulgação. Acha que pode administrar isso,
pequenina?”

Eu me endireito, examinando o rosto dela. Este era o


momento em que seus olhos se arregalam, suas bocas se
abrem e seus rostos empalidecem. Não esta. Não. O sorriso
de New Girl é brilhante como o sol e doce como diabetes
tipo dois.
"Sr. Winslow, eu ficaria mais do que feliz em comprar um
pacote de fraldas para você. Na verdade, acho que elas
combinariam com você, considerando o seu comportamento.”

Onde Jenna encontrou essa garota, e como eu poderia


mandá-la de volta para o inferno em que ela estava antes de
embarcar no avião conosco na quarta-feira? Eu sorrio, meu
cotovelo ainda contra a parede, passando meus dedos calosos
pelos meus longos cabelos.

"Você tem alguma ideia de onde você está se metendo?" Eu


deixo cair o tom confuso. A brincadeira acabou no minuto em que
ela ficou atrevida.

"Na verdade, eu tenho." Ela deu um passo para frente.


“Estou saindo de uma situação financeira muito ruim, o que
significa que suas palhaçadas não significam nada para mim.
Preciso do dinheiro. Vou passar por esses três meses e mantê-lo
sóbrio, não importa o que aconteça.”

"Você não sabe o que 'o que' implica, então eu não sairia
fazendo promessas se fosse você."

Seus olhos brilham teatralmente, e eu estou começando a


perder minha paciência com essa. “Aqui estou, fazendo uma
promessa. Processe-me, Sr. Winslow.”

Não me tente, New Girl.

Dou um passo largo, diminuindo o espaço entre nós e agora


seus seios pequenos roçam meu estômago. Seus olhos se
acendem com determinação suficiente para incendiar o hotel. Eu
estou prestes a jogá-la da sacada com minhas próprias mãos
quando São Lucas, também conhecido como Waitrose, aparece
por trás do meu ombro, esticando o braço para ela e salvando o
seu dia.

“Lucas Rafferty. Baterista.” Ele exibe seu brilhante


sorriso de Brad Pitt. Sua expressão cautelosa se desfaz
em um sorriso instantaneamente e ela solta a mão da minha e
pega a dele. Foi quando percebi que estávamos apertando as
mãos por três minutos. Então, a New Girl também é uma idiota.

Belo toque, Jenna. Você está recebendo um saco de lixo e um


escândalo de tablóide de presente de Natal.

"Indie."

"Pais hippies?" A risada suave de Waitrose provavelmente


derrete seu interior em marshmallow. Lucas tem a habilidade de
encantar todas as calcinhas, embora ele mantenha sua vida
amorosa incomumente privada, as mulheres têm a tendência de
se atirarem nele. A ironia é que Lucas não merece essas garotas.

Ela encolhe os ombros. “Apenas literal. Eles me chamavam


de Indigo por causa da cor dos meus olhos.”

Um rubor sobe por seu pescoço, rastejando até suas


bochechas e descansando em sua testa, como uma coroa. Eu
balanço a cabeça e caminho até a mesa de jantar, inclinando um
quadril contra ela e empurrando um punhado de bolachas na
minha boca.

“A cor dos olhos dos bebês pode mudar até os quatro anos”,
aponta Lucas pelas minhas costas. Eles estão disputando o
prêmio “A Conversa mais Chata do Mundo”? Porque eles com
certeza têm meu voto.

"Eu acho que eles também gostavam de correr riscos." Sua


gargalhada gutural enche a sala.

"Gostavam?"

"Eles morreram". Pausa. "Acidente de carro."

"Sinto muito." Seu sotaque elegante toca nos meus


ouvidos e me enche de raiva, vejo vermelho.

Ele parece destruído. Eu não estou particularmente


feliz em saber que New Girl também é órfã. Mas a coisa
sobre Lucas é, ele literalmente está sofrendo por ela, do jeito que
as crianças fazem antes de crescerem e ficarem endurecidas pela
vida. Ele é o ser humano mais caridoso que eu conheço. No que
diz respeito ao meu conhecimento, sou a única pessoa no mundo
por quem ele tem empatia. O que, pode-se argumentar, diz muito
sobre meu nível de idiotice ou simpatia. Ou a falta disso.

Jenna volta do terraço, empurrando o celular na bolsa. Seu


sorriso me diz que se eu tentasse dizer não para contratar a New
Girl, ela iria jogar a minha bunda no meio-fio mais próximo. Há
outros agentes, grandes e poderosos como ela, mas há apenas um
agente para tirar meu ego da prisão às três da manhã, quando eu
decido jogar um jogo covarde ao lado de uma patrulha da polícia.
Eu não posso confiar no meu baterista, gerente e baixista para
limpar o banheiro, muito menos estar lá quando eu fodo tudo de
forma espetacular. Eu amo meus amigos do jeito que você ama
seu animal de estimação. Ferozmente, mas sem expectativas de
reciprocidade. Minha família... bem, essa é uma história
completamente diferente na qual eu não quero me aprofundar.

"Olá", disse Jenna.

Eu ofereço meio aceno de cabeça.

"Esta fala, Jenna." Eu empurro meu queixo para a garota.

“O último não sobreviveu a quatro dias no trabalho. Eu


precisava tentar algo diferente.” Minha agente dá de ombros e eu
acendo meu milionésimo cigarro naquele dia e a ignoro, bem como
o resto do universo, meu passatempo favorito desde que saí da
reabilitação.

"Posso te dizer uma coisa?" Jenna reaplica o batom


vermelho-sangue na frente de um espelho de bolso que segura em
frente ao seu rosto.

“Suas maneiras não combinam com você.” Perguntas


retóricas canalizam meu valentão interior.
“Você precisa começar a pensar em seu próximo álbum,
Alex. Cock My Suck foi mal e você tomou o tempo necessário para
se concentrar em seu bem-estar. Fiquei surpresa ao saber que
você não escreveu nada enquanto estava na reabilitação.”

Eu inclino minha cabeça para o lado, arqueando uma


sobrancelha. "Já foi para a reabilitação, Jenna?"

"Não." Ela fecha o espelho.

"Eu posso ter tido uma merda de tempo morto em minhas


mãos, mas estava muito ocupado rastejando pelas paredes e
tentando não arrancar a carne dos meus ossos."

"A cocaína não leva à dependência física", afirma, sem


piscar.

"Já usou cocaína, Jenna?" Pergunto a ela no mesmo tom


que fiz a primeira pergunta.

“Não.”

"Mesma resposta."

A campainha toca novamente. Blake abre, de novo,


ignorando a conversa de Lucas e New Girl. Os membros da minha
banda e o gerente já aceitaram que ela faz parte da nossa
paisagem. Pelo menos eles têm a decência de ignorá-la, como se
ela fosse um vaso feio que ninguém tem coragem de mudar de
lugar. Além de Waitrose, claro, que estragou minha festa.

"Quem pediu mexicano?" Grita Blake.

“Pergunta estúpida, companheiro!” Alfie grita do sofá.

"Ah Merda. Literalmente.” Lucas fala lentamente, referindo-


se ao estômago de Alfie, que não compartilha sua paixão pela
culinária.

Eu me viro, voltando minha atenção para Jenna.


"Assim... onde você encontrou a pequena lutadora?” Eu
massageio a parte aveludada de seu lóbulo da orelha. As
mulheres derretem sob minhas mãos como manteiga, e minha
agente não é diferente, com a exceção de que ela nunca dorme
comigo porque tem células cerebrais suficientes para saber o
resultado.

Jenna examina as unhas enquanto fala. “Isso realmente


importa? Tudo que você precisa saber é que eu não confio em você
para ficar sóbrio por conta própria. Você é volátil, agressivo e
amargo com o mundo. E ela – tem muito a ganhar e muito a
perder se isso não der certo do jeito que eu quero. Desculpe, Al.
Ela está pronta para ir para a guerra.”

"Jenna." Eu digo, roçando meu polegar ao longo do meu


lábio inferior. “Isso não é uma guerra. Mal é a porra de um
esporte.”

“Se for esse o caso, prometa que vai jogar limpo. Ela pode
ser louca, mas é muito jovem.”

"Limpo não está no meu dicionário." Não é nem uma


piada.

“Diga isso para uma das suas intermináveis seqüências de


uma noite. Tenho certeza de que elas ainda vão para a cama com
você.” Os olhos de Jenna reviram com tanta força que quase
pulam para outra dimensão. Ela roça o ombro ao longo do meu
peito enquanto caminha até a porta. Indigo a segue, as costas
retas.

Minha agente se vira um segundo antes de sair. “Escreva


um álbum, Al. Faça ser espetacular, resolva a situação entre você
e Will Bushell.”

Um interruptor de matar clica no meu cérebro no minuto


em que ela diz o nome dele.
Não há situação a ser resolvida. Eu lancei um álbum ruim.
Todos têm um. Até mesmo uma má religião. Mas é claro que eu
não iria me defender, não para ela, nem um pouco, e
definitivamente não na frente da minha comitiva e do pequeno
smurf que ela arrastou para minha toca.

"Estou ligado." Eu pisco para ela, me virando para que ela


não pudesse ver a raiva nublando meu rosto.

A porta se fecha.

Pego a comida mexicana de Alfie e jogo contra a parede,


observando o feijão preto rastejar até o chão e fazer uma bagunça.
O guacamole agarra-se à parede como concreto, lutando contra a
gravidade. Eu estou inquieto e nem sei o porquê.

Novo álbum?

Nova turnê?

New Girl?

Will Bushell?

As coisas estão prestes a mudar e, desta vez, não há pó


mágico para tirar a vantagem.
Capítulo 3

Indie

“Ooooo. Conte, garota. Como ele é?"

Repugnante. Lindo. Grosseiro. Sexy. Estragado.


Espirituoso. Insuportável. Problema. Problema. Problema. Alex
Winslow é tudo isso e muito mais, mas minha família não precisa
saber. Natasha já está louca de preocupação com a perspectiva
de eu partir por três meses. Desligo a torneira e enxugo as mãos
com uma toalha de cozinha, virando para me encostar no balcão.
Moramos num antigo apartamento de um quarto do Pico Blvd,
onde a geladeira faz mais barulho do que a estrada lá fora, e as
paredes amarelas são mais nuas e deprimentes do que as
strippers no clube logo abaixo do condomínio.

"Legal, eu acho. Uma estrela do rock comum. Um cara


presunçoso, louco de amor por si mesmo.” Eu chupo meus lábios,
meus olhos viajando para qualquer lugar exceto seus olhares.

Natasha levanta os olhos de sua tigela de macarrão,


enquanto Craig folhea os anúncios do jornal diário e toma um
gole de sua cerveja. Ele já está no ponto em que se candidata
para qualquer coisa, mesmo que remotamente relevante
nos Classificados, brinca que se não encontrar um
emprego em breve, está a um passo de bater nas portas das
pessoas e pedir-lhes que o contratem para fazer qualquer coisa –
passear com os cães, regar as plantas ou vender um rim. Dói ver
meu irmão brilhante e orgulhoso rastejar. Especialmente
considerando como ele desistiu de sua bolsa de estudos para criar
sua irmãzinha porque, um dia, seus pais saíram de casa para
comemorar o vigésimo aniversário de casamento e nunca
voltaram para casa.

“Deixe de papo furado, Indie. Você nunca fala mal das


pessoas. Ele é provavelmente um idiota sacana, o que não me
surpreende. Mostre-me uma celebridade que não seja um idiota.”
Ele recosta-se no banco, uma nuvem negra de raiva pairando
sobre a juba marrom-clara. A cadeira range sob seu peso.
Utensílios tilintam juntos na tigela de Nat. Craig termina sua
cerveja e a coloca ao lado das outras duas latas que ele já havia
bebido.

"Outra porção?" Eu projeto meu queixo para a tigela,


ignorando o vasto consumo de álcool do meu irmão quando não
podemos sequer comprar um frasco de Tylenol para Ziggy.

Nat sacode a cabeça. “Há o suficiente para amanhã. Melhor


mantê-lo.”

“Contando macarrão. Não é muito rock 'n' roll. Acho que


você é boa demais para nós agora, Indie,” disse Craig, e nós duas
o ignoramos.

Eu lavo os pratos. A cozinha é pequena e cheia – panelas,


recipientes, quadros emoldurados catalogando todas as
lembranças boas, tristes e engraçadas de nós quatro. Ziggy está
dormindo em seu berço na sala de estar. Suas infecções de ouvido
estão sob controle, mas todos sabemos que, no inverno, isso vai
mudar.

Nat desliza atrás de mim, abraçando-me e


descansando a cabeça no meu ombro. “Você não precisa
fazer isso. Você nunca esteve em um avião antes. Nunca deixou
os Estados Unidos. Ainda podemos resolver isso sozinhos. Eu
tenho um trabalho temporário em Venice Beach pelo menos até
outubro. E Craig vai encontrar algo em breve...”

Eu me viro e agarro seus ombros, sorrindo.

“Trezentos mil dólares para sair com uma estrela do rock.


Você está brincando comigo? Isso soa como algo que qualquer
garota de vinte e um anos diria não?”

"Sim", ela brinca, achatando a palma da mão sobre o meu


vestido laranja. “Se a garota em questão é você. Eu te conheço.
Tudo o que você quer fazer é costurar e brincar com o Ziggy. Você
é a mãe de todos os introvertidos. Quando assistíamos ao Bubble
Boy juntos, você invejava o pobre garoto por viver solitário.”

Isso mesmo.

Eu não preciso do lembrete de que era uma perdedora


reclusa. Mas talvez isso seja parte do charme de aceitar o
emprego. Sair da minha concha é exatamente o que eu preciso.
Além disso, voltaria com uma mala cheia de aventuras únicas e
preciosas. Novos cheiros, visões e sabores de todos os lugares
maravilhosos que eu sempre sonhei em visitar.

"Nat, prometo a você, eu não poderia estar mais animada


nem se eu tentasse."

"Você vai nos dizer se realmente não quiser ir?" Ela sonda,
e eu me pergunto se ela pode ver o terror que mascaro com o meu
sorriso.

"Sim, Indie." Craig levanta-se do seu lugar e caminha em


direção à sala de estar, ainda no mesmo humor da noite passada.
“Não se sinta como se tivesse que fazer isso. Estamos bem. Além
do fato de que estamos atrasados no aluguel, o pagamento de
eletricidade e as contas pediátricas de Ziggy. Ah, e você
sabe, a vida como um todo.”
"Craig", Natasha assobia, seus olhos duas fendas estreitas
de raiva.

Ele sai, sua risada amarga saltando das paredes. Um


minuto depois, a porta do quarto se fecha. Ziggy protesta contra
o barulho repentino com um gemido. O tempo para quando Nat e
eu esperamos ouvir os roncos suaves de Ziggy novamente.

Eu posso ver porque meu irmão tinha tão pouco sucesso


em encontrar um emprego, mas era importante lembrar que ele
nem sempre foi sarcástico, rude e incoerente. Houve um tempo,
em que Craig era o adorável recepcionista que conquistou o
coração de Natasha Brockheimer cantando para ela uma música
de Alex Winslow fora de sua janela. Ela tinha o cabelo mais loiro
e as pernas mais bronzeadas, e o pai mais rico de Beverlywood.
Natasha não se importava que Craig tivesse abandonado a
faculdade para cuidar de mim. Mas os pais dela, sim. E quando
ela engravidou aos vinte e dois anos, disse que os pais decidiram
que não queriam nada com Nat, Craig, Ziggy ou comigo.

Por um tempo, Craig permaneceu positivo. Ele trabalhou


em dois empregos, ajudou Ziggy e deu massagens nos pés de
Natasha todas as noites, conversando conosco sobre como todos
nós iríamos lidar com isso. Mas então ele foi demitido e começou
a beber, e as conversas estimulantes, massagens nos pés e a
esperança evaporaram de nossas vidas, substituídas por uma
nuvem sufocante de desolação.

“Eu acho que vou para a cama. Obrigada por tudo.” Eu


escapo das perguntas de Nat. Eu durmo no sofá ao lado do berço
de Ziggy. É conveniente, porque ele acorda com sede várias vezes
na noite.

Quem vai dar a Ziggy o seu canudinho quando eu for


embora? Empurro a pergunta para a parte de trás da minha
cabeça, permitindo que minhas pernas me carregem pelo
sofá, para minha bicicleta branca, a única coisa cara que
eu já possuí. Minha mãe pegou a bicicleta para mim
quando eu tinha quatorze anos. Foi feita em Paris, minha cidade
favorita no mundo, embora eu nunca tivesse ido até lá.

Olho para a mala grande que estava ao lado da porta de


entrada, olhando para mim, me provocando, lembrando-me do
que estava por vir. Não há como dormir com tanto pesar no meu
peito, minha mente, meu coração. Eu preciso de mais ar do que
há em todo o prédio.

Eu vou dar uma volta.

Lá fora, passo uma perna por cima da bicicleta, saio para o


asfalto e desço a rua às escuras. A brisa é agitada e salgada, o
vento dança no meu rosto. Luzes de lojas de conveniências e
restaurantes antigos passam, e pela primeira vez naquele dia,
consigo inalar profundamente.

Um arrepio percorre minha espinha quando me lembro da


primeira vez que vi os olhos de Alex Winslow de perto. Uísque
marrom. Marrom como madeira rica, cheia, expressiva e
enganosamente quente. Nariz reto, queixo quadrado,
aparentemente feito de pedra e lábios muito cheios que
suavizavam sua aparência, apesar de seus melhores esforços. Seu
cabelo despenteado era marrom sujo, seda e cashmere e cheirava
a couro velho e uma nova obsessão. Ele pode ter parecido bonito,
mas é importante lembrar que Alex Winslow não é, de fato,
material para namorado. Ou qualquer coisa material. O que ele
definitivamente era é: rude, impaciente, valentão e um viciado em
drogas em recuperação.

Pedalo mais rápido, uma camada de suor se formando na


minha testa. Winslow usava botas do exército – desamarradas –
jeans rasgado de aparência barata e uma blusa preta com cavas
amplas, expondo seu peito magro e costelas tatuadas. Ele é
magro – ágil, mas forte – tinha várias pulseiras e anéis nas
mãos e era a própria definição de sexo com pernas.

E eu o odeio.
Odeio o jeito como ele anda, o jeito como fala, o jeito como
me abala. Odeio que ele tenha tanto poder sobre mim e o modo
como ele usaria esse poder contra mim.

Eu ando de bicicleta por quase duas horas antes de fazer


meia-volta e retornar para casa, então decido pular o chuveiro
porque eu não quero acordar ninguém. Eu me viro e reviro até o
amanhecer, grata quando Ziggy acorda duas vezes e chora por
seu copo de canudinho. E quando o sol emerge e as nuvens
pairam baixas e pesadas sobre minha cidade, levanto-me, pego a
mala e caminho até o berço.

"Vou sair dessa bagunça", eu juro, inclinando-me para


beijar sua testa e lembrando-me que este adeus temporário mais
tarde nos daria um futuro estável. Ele murmura para si mesmo e
acena com um pequeno adeus rechonchudo, soprando-me beijos
como eu lhe ensinei.

Foi quando eu soube que essa era uma promessa que ia


cumprir.

"Dafuq?"

Eu acordo com um cotovelo afiado batendo em minhas


costelas. Ele cava através do meu capuz preto e minha jaqueta
de couro, por isso tem que ser aquele rabugento de pernas
compridas, Alfie.
Eu sento, rosnando. O zumbido dos motores industriais
vibra nos meus ouvidos. Você pensaria que já me acostumei com
isso agora. Alerta de spoiler: eu não me acostumei.

Alfie faz beicinho como uma groupie e dá um tapa na testa


com as costas da mão. "Oh, Alexander, por que você não me
ama?"

“Porque você tem um pau, sem peitos, peida como se tivesse


consumido todos os ovos podres da América e acha que Russell
Brand é engraçado. Este último, a propósito, é criminoso.”

Alfie ri e joga algo em mim — uma palheta azul4.

Eu a pego na minha virilha e deslizo no bolso de trás. "O


que você quer?"

"Estamos quase no aeroporto."

"Eu pensei que nós estávamos no avião."

“Você ainda está usando? Estamos em um engarrafamento


infernal nos movendo a passo de lesma para LAX.”

"Então, o que é esse barulho irritante?" Minha cabeça gira


em direção à janela.

"Isso seria L.A., lorde McCuntson", brinca Blake, com os


olhos fixos no celular, sempre concentrado no trabalho.

Quarenta minutos depois, estamos no aeroporto. Blake


percorre nosso cronograma em seu iPad. Nós sempre começamos
no ponto mais distante e trabalhamos de volta aos Estados
Unidos. A Austrália primeiro – Sydney e Melbourne – então
faríamos a Ásia, depois a Europa antes de chegarmos à terra da
liberdade – com uma semana de folga na Inglaterra, para ver
nossas famílias.

4
“Letters from the Dead5” deveria ser a cereja do bolo. A
melhor. Canções que eu conheceria de cor mas eu não tinha
nenhum produto novo para empurrar. Eu beijaria as bundas dos
meus fãs e espero que as paisagens, cheiros e culturas façam
minha criatividade fluir.

Desta vez, a gravadora pediu algo “cativante, divertido,


exuberante, com uma pitada de rock 'n roll”. Então, é claro que
meu rebelde interior quer despejar um monte de faixas de
quatorze minutos sobre política e aquecimento global em sua
mesa. Eu nem gosto de política, mas odeio mais a minha
gravadora.

No aeroporto, passamos pela segurança e entramos no


salão VIP. O jato particular está pronto e essa é a parte que eu
menos desprezo por ser Alex Winslow. Eu tenho acesso à merda
mais ridícula inventada. Sete anos atrás, eu tinha babado com a
perspectiva de entrar em um avião – qualquer avião, foda-se o
destino ou classe – e agora eu literalmente reclamo sobre ter um
todo para mim.

"Bem, se não é a mãe dos dragões." Blake dispara quando


eu descarrego Tania, descansando seu violão contra uma das
mesas. Blake muitas vezes alegou que Jenna tinha a capacidade
de queimar pessoas vivas se elas desobedecessem.

Saio da minha jaqueta de couro, olhando ao meu redor para


ter certeza de que minhas poucas posses valiosas – celular, Tania
e carteira – estão comigo. "E você está me dizendo isso porque...?"

"Porque ela não está sozinha."

Eu olho para cima, observando minha agente caminhar em


seu vestido de três mil dólares até mim. Ela trouxe todo o número
de assistentes. New Girl está agora na minha frente, usando um
vestido amarelo do tipo Mad Men6. Apertado e completamente

5
Carta dos Mortos.
6
Série dramática de TV.
ridículo para um passeio de avião de dia. Seu cabelo azul está
trançado em um coque adornado e ela parece uma fada daltônica.

"New Girl", exclamo com falso entusiasmo, para que Jenna


pense que eu pelo menos tentei antes de lhe mandar passear.
Recuso-me a chamá-la de Indie porque A) o nome dela é bobo, e
B) isso seria reconhecer que ela é uma pessoa e não um obstáculo.
Eu abro meus braços e caminho em direção a ela, toda arrogância
e sorriso fácil. "Estamos felizes em ter você a bordo."

O sorriso de New Girl transforma-se de tímido a irritado.


Quando meus braços se envolvem em seus ombros, ouço-a chiar
o resto de sua esperança de que isso iria se parecer com algo
civilizado. Jenna está de pé ao nosso lado e aproveito a
oportunidade – novamente – para assombrar a New Girl e
sussurro em seu ouvido: “Corra, querida. Uma última chance
para fazer isso.”

Seu corpo se transforma em gelo, mas ela não se encolhe,


e por isso, eu meio que não a odeio agora. Pelo menos ela tem
alguma espinha dorsal. Até agora, eu a tratei ainda pior do que o
resto. Porque, ao contrário do resto, ela não se mexeu.

"Que bom que vocês estão se dando bem." Jenna me olha,


a suspeita vazando de cada sílaba rolando entre os lábios. Ela
sabe que há algo suspeito. Mas, como a maioria das pessoas ao
meu redor, ela não quer abrir aquela lata de minhocas.

Eu me inclino para trás e jogo um braço sobre os ombros


de New Girl, apertando-a em um abraço.

"De verdade, nós seremos os melhores amigos", eu imito o


sotaque americano mais cai-calcinha que eu posso conseguir.

Jenna esfrega uma unha bem cuidada no meu peito.


“Escreva um álbum, Al. Um onde você não jogue sombra na
metade da indústria. Faça bem. Comporte-se. E apenas um
aviso” Bushell está fazendo uma turnê parecida. Suas
datas européias são paralelas. Fique longe dele."
Meus ouvidos se animam, talvez literalmente.

Eu me pergunto se Fallon Fodida – apelidada como tal por


arruinar minha vida – o acompanha. Bushell, eu nunca mais quis
ver de novo. Fallon? Agora, essa é uma história diferente. Jenna
vê a pergunta no meu rosto, porque ela é rápida em responder.

“Deixe-me tirar você da sua miséria – Fallon virá com ele.


Ouça com cuidado mais uma vez: com ele. Não com você. Acabou,
no caso de precisar de mais esclarecimentos.”

"Não me diga" eu começo, o que a leva a bater a palma da


mão aberta contra o meu peito. Eu tenho noventa e nove por cento
de certeza de que a maioria dos agentes não passa a maior parte
do tempo continuamente batendo no peito dos clientes.

“Ela quase arruinou sua maldita carreira! Você quase


cheirou até à morte. Se quer se matar por causa de uma garota,
uma que pulou da sua cama para a de seu ex-melhor amigo sem
pestanejar – vá em frente. Mas se você fizer alguma gracinha em
'Letters from the Dead', eu juro por Deus, o título da sua turnê se
tornará literal, porque vou te matar.” Ela faz uma pausa, respira
fundo e depois dá um sorriso de Botox. “Metaforicamente, é claro.
Meu advogado disse que não haverá mais ameaças de morte para
clientes no mundo do rock até que a casa de Malibu esteja
totalmente paga.”

Eu inclino minha cabeça para trás e gargalho. Uma


gargalhada forte, grande, é por isso que pago sua bunda louca.
Claro, preciso de Jenna, mas ela precisa de mim também. Eu
ainda sou a merda mais gostosa desde o pão fatiado em Hollywood
e mesmo depois de Cock My Suck, que, reconhecidamente, é um
clichê agradável, com produção em massa, uma mistura de
Maroon-5-encontra-Ed-Sheeran-em-uma-escola-cristã como
inspiriação do álbum. Eu tenho poder de estrela suficiente em
mim para iluminar Vegas. Se meu próximo álbum fracassar,
talvez, apenas talvez, eu estaria sujeito a esse tipo de
ameaça. Por enquanto, preciso fazer um esforço, mas
definitivamente não me submeto aos caprichos de Jenna.

"Você vai sentir minha falta." Eu pisco para a minha agente


de lábios escuros, que nem se incomoda mais em revirar os olhos.

Jenna empurra New Girl na minha direção. “Ajude-a


quando você desembarcar na Austrália. Ela nunca esteve em um
avião antes. Tivemos que conseguir um passaporte às pressas
para ela.”

O rosto de New Girl fica tão vermelho que acho que sua
cabeça vai explodir. Ela inclina o queixo para cima e aperta ainda
mais a mochila. Ela não precisa se preocupar. Eu sou um puto,
mas nunca zombaria de alguém porque não teve as mesmas
oportunidades que eu. Não faz muito tempo tive que contar cada
centavo e me esgueirar quando precisava ir a lugares. Mas, só
para ficar claro, eu ainda ia tornar a vida dela um inferno. Eu não
faço discriminação positiva. Ou negativa. Pode me chamar de
santo.

"Mais alguma coisa?" Pego um cigarro do meu maço de


Camel.

“Há um manual listando o trabalho de Indigo. Leia com


cuidado e não discuta. É um processo, Al.” Ela coloca uma pasta
no meu peito, sua sobrancelha levantada me desafia a discutir.

“E você” – ela joga algo nas mãos de Indie - “este telefone


tem três números de contato – o meu, o de Hudson e o de Alex.
Nenhuma conexão com a Internet. Nenhum aplicativo. É bom
apenas para uma coisa, isso é, apresentação de relatórios. Você
vai me dar atualizações diárias, entendeu?”

Então Jenna se vira e afasta, sem nem mesmo se despedir


da sua nova funcionária. New Girl fica na minha frente, seu
rosto uma mistura de desafio e determinação.
"Que porra você está olhando?" Pergunto. Talvez eu
quisesse ser preso. A prisão significava um tempo sozinho e tempo
sozinho não era a pior coisa do mundo.

"Estou olhando para o meu pior pesadelo." Ela pisca, quase


desejando não me ver.

Pelo menos, ela é honesta. Dou um passo em sua direção,


me certificando de estar de igual para igual, meu cigarro pingando
cinza em seu cabelo quando sussurro as palavras, “Eu não sou
seu pesadelo, querida. De pesadelos, você acorda. Comigo,
continuarei até você sair da minha cola. Entendido?”

Não permito que ela reúna sua inteligência, então me viro,


despejando o arquivo volumoso com sua descrição de trabalho na
lixeira a caminho dos assentos de couro perto da enorme janela.

Eu espero que, para o bem dela, ela não esteja com muito
medo de vôos, porque ela precisaria embarcar em um sozinha
depois que eu a colocasse para correr.

A partir daí, é a mesma velha merda em dias diferentes. Nós


entramos no avião. A decolagem é irregular. A turbulência faz o
rosto de New Girl ficar pálido e eu tenho certeza de que tudo em
seu corpo está tenso, incluindo a buceta. Quinze minutos depois
do vôo, uma aeromoça entra na sala e pergunta se gostaríamos
de algo.

"Ginger ale com gelo e uma arma carregada." Eu aceno


para ela, olhando para uma página em branco que eu preciso
preencher com prosa inspiradora, instigante.
"Ele quer dizer para si mesmo, não para você", Lucas, que
está sentado em um sofá branco em forma de L ao lado de New
Girl, esclarece. Ele é o único que se dignou a falar com ela,
provavelmente para me irritar. "E se não fosse por ele tratar álcool
e cocaína como um passatempo recreativo, você não teria que
estar aqui."

Eu faço uma anotação mental para dizer a Lucas para


gentilmente retirar a sua língua do ânus de New Girl, porque
aquilo estava me dando nos nervos.

Eu não queria que ele mexesse com a garota que foi


contratada para mim.

Eu não queria ver como a vida era fácil para ele enquanto
eu estava sendo arrastado por uma lama de depressão a cada
minuto do dia, meus velhos amigos, álcool e cocaína, eram os
únicos capazes de me tirar da sujeira.

Principalmente, eu não precisaria assistir os dois se


beijando nos sofás dos aviões e na traseira das vans enquanto eu
cuido de um fiasco de separação que deixou meu ego machucado.
Especialmente vendo como ele era parte da razão pela qual eu
estou nessa situação em primeiro lugar.

“Cuidado, Lucas. Meus brinquedos são meus, então


mantenha suas mãos fora da minha caixa de brinquedos,” eu
aviso, tomando um gole do meu ginger ale, meus olhos ainda na
folha em branco.

Ele não perguntou o que quero dizer.

Ele sabia.
Capítulo 4

Sydney, Austrália

"Você não é estúpida", repete Lucas pela décima milésima


vez.

Minhas mãos continuam desaparecendo nos grandes


buracos de sua jaqueta elegante, que ele me emprestou porque
eu tinha esquecido que era inverno na Austrália quando era verão
nos Estados Unidos. Percebi meu erro da maneira mais difícil,
quando saímos do jato para o vento amargo e o céu nublado. Até
mesmo a curta viagem até a chamativa van Mercedes preta me
deixou tremendo.

"Você não poderia saber." A voz de Lucas é tão suave que


você mal podia ouvir a pena que abrigava.

"Sim." Alex funga, andando à nossa frente, nem mesmo


se virando para nos poupar um olhar. Seu violão está
amarrado ao ombro, pendurado sobre as costas como uma
concha de tartaruga. “Como você poderia saber que é
inverno no hemisfério sul quando é verão no hemisfério norte? É
apenas um daqueles segredos mais bem guardados na porra do
planeta."

A tagarelice de todos morre. Blake, o gerente de Alex – o


cara com o cabelo preto e grosso, figura corpulenta e terno afiado,
franze a testa. Alfie, o alto com os cachos dourados, balança a
cabeça e chuta pequenas pedras no caminho para o SUV. Os
olhos de safira de Lucas se desculpam em nome de Alex e ele
aperta meu braço.

“Não ligue para ele. Você está bem?"

Eu assinto. “Além de me sentir como uma idiota?


Fantástica, obrigada por perguntar.”

Entramos no furgão, onde consigo não grunhir com o


guinada do volante para o lado direito e fico muda. Folheio o
horário da turnê que Blake havia entregue a cada um de nós antes
de embarcarmos no avião. Alfie usava as bordas do papel como
fio dental. Eu queria olhar pela janela e observar Sydney pela
primeira vez, mas a verdade é que não confio em mim mesma para
não chorar, e não estou no clima para outra rodada de ser o saco
de pancadas de Winslow. Eu percebi que tenho que mentir, pelo
menos até me mudar de New Girl para Indie em seus olhos. No
entanto, eu o odeio por me fazer sentir assim. Eu também sabia
que não seria seu capacho pelos próximos três meses. Eu
encontraria meu equilíbrio e lutaria de volta.

Nós estamos em um hotel chique que beija o oceano de


Darling Harbour. Eu já estive em hotéis antes, mas eles eram do
tipo que ficavam em rodovias movimentadas e se referiam à
decoração dos anos oitenta como "encantadora" em seus folhetos
amassados. Este é diferente. Um edifício monstruoso com flechas
e arcos quilométricos. Puta merda descreveria o hotel com
precisão, embora Meu Jesus tenha vindo logo atrás. Nós
tivemos que dirigir por dez minutos, esperando a
segurança bloquear a calçada com barricadas de metal
para que a estrela do rock pudesse entrar no hotel, mas quando
finalmente entramos, percebo que tenho um problema maior do
que tentar decidir se Sydney me lembra mais uma Miami limpa e
nova ou uma Palm Springs urbana.

"O que no..." eu ofego, surpresa demais para terminar a


frase. Tem centenas de fãs se alinhando além das barreiras,
gritando e agitando cartazes e faixas no ar. Garotas soluçando e
arranhando seus rostos enquanto gritam o nome de Alex tão alto
que me pergunto se seus tímpanos podem estourar
espontaneamente como resultado. O SUV para. Os ingleses se
entreolham, sorrisos contemplativos brincam em seus rostos. O
rosto de Alex permanece sem emoção.

"É muito para absorver." Lucas vem para o meu lado, a


palma da mão encontra a minha, em seguida, aperta uma vez
para garantir. Seu toque é quente e doce. Ele é atraente, de um
jeito suave e romântico.

“Sim, New Girl,” Alex me surpreende dizendo, estendendo


a mão para mim também, apertando minha coxa. Meu coração
cai na parte inferior do estômago ao seu toque, provocando
arrepios ao longo do meu couro cabeludo. "Essa coisa toda é sobre
você, então, por favor, conte-nos como você se sente com centenas
de pessoas esperando por alguém que não é, na verdade, você."

Minha paciência. Minha doce e tenra paciência me instiga


a não dar um soco direto em seu rosto. É verdade que eu preciso
do trabalho, mas Alex Winslow está começando a se tornar páreo
duro ao lado de minhas preocupações financeiras.

"Posso respirar sem o seu desagradável comentário?" Eu


tiro a mão dele da minha coxa e a jogo ao seu lado. Eu desejo que
ele não parecesse um deus raivoso e escrevesse como um poeta
torturado. Isso me faria odiá-lo muito mais facilmente.

"Só se você fizer isso silenciosamente e não na minha


direção", Alex foi tão rápido para responder.
“Parabéns, Winslow. Você de alguma forma conseguiu
ganhar o prêmio de pessoa mais rude do mundo,” Blake
resmunga, ainda digitando em seu telefone.

"Eu aceito, mas provavelmente não vou poder comparecer


à cerimônia."

“Boa ideia, você provavelmente entraria no palco e roubaria


estátuas que nem são suas…” eu murmuro, meus olhos se
arregalando de horror quando as palavras saiem da minha boca.
O mundo para por um segundo.

Alfie quebra a batida, bufando do banco de trás e


expirando, longo e alto. “Oi! Estou ficando duro só de ficar perto.
Se vocês dois vão odiar um ao outro, comprarei um ingresso na
primeira fila.”

"Alfie!" Lucas gira a cabeça com um olhar de repreensão.

"O quê? A fila da frente tem vários lugares. Você também


poderá vê-los.”

“Chega!” Blake resmunga, enfiando o celular no bolso e


abrindo a porta. “Todos fora! Indie, por favor, tente manter a
discrição. Nosso rapaz aqui pode ser um pouco sensível quando
se trata de Jenna nomear babás para ele. Entenda que ele é um
cara de 27 anos de idade e uma das celebridades mais influentes
do universo. Você estar aqui é difícil de engolir.”

Alfie levanta a mão como se pedisse permissão para falar.


"Mas se você é boa nisso – em ignorar – talvez você possa suavizar
o golpe depois de tudo."

Alex se vira e dá um soco no ombro de Alfie com tanta força


que o baque enche os ouvidos de todos. “Isso é o suficiente da sua
boca esperta. Vamos indo."

Nós saímos do SUV. Eu tropeço para frente, cega pelos


flashes de dezenas de câmeras e paparazzi. Continuo
olhando para frente, esperando que eu consiga passar
pela porta giratória sem uma queda espetacular ou uma mancha
embaraçosa. Eu não estou nem no meu período; mas parecia que
algo poderia acontecer comigo. O barulho, a luz, o riso se
misturam na minha cabeça como um coquetel letal. Meus
membros se liquefazem e a claustrofobia toma conta de mim.

Uma mão chega do meu lado, envolvendo meu braço com


firmeza. "Eu peguei você."

Eu me arrasto para a entrada, sendo conduzida por quem


me pegou. Só respiro quando uma parede de vidro grosso me
separa das pessoas atrás da barreira. Viro-me para agradecer a
quem ainda estava me segurando e meu coração cai ao ver Lucas
dando-me seu sorriso de bom menino.

"Obrigada." Minha boca parece estar cheia de algodão.

“Nossos quartos estão prontos. As vantagens de estar na


comitiva de Alex Winslow.” Ele enfia as mãos nos bolsos da frente,
olhando para os sapatos.

Merda. "Onde está Alex?" Jenna especificamente me avisou


sobre não deixá-lo escapar da minha vista. Nós ficaríamos em
quartos separados, com Blake se alojando com Alex para se
certificar de que ele não estava fazendo nada estúpido. Em todos
os outros momentos, eu tenho que estar ao seu lado. Alfie está
encostado no balcão da recepção e flerta com uma das
recepcionistas. Blake está em seu celular e repete a frase: “Eu não
me importo que seja o melhor hotel em Paris, na Europa ou na
Via Láctea. Se Alex o vir, vai matá-lo.”

"Lá fora, como de costume." Os olhos de Lucas vagam para


a estrela do rock, seguindo seus movimentos. “Dando aos fãs o
que eles querem. Por que você acha que existem muitos deles?
Eles são sua prioridade número um.”

Meu olhar segue a linha de visão de Lucas. Alex está


debruçado sobre a barreira, assinando cartazes, mochilas
e seios, enquanto também tira um tempo para tirar selfies
com fãs hiperventilantes. Há dois guardas de segurança ao lado
dele, cada um deles do tamanho do Hulk, olhando impotente para
o excêntrico superstar e desejando que ele parasse de flertar com
garotas adolescentes e perigosas. Os fãs estão seriamente
próximos de puxá-lo para o meio da confusão e engoli-lo inteiro
como um bando de zumbis.

"Eu preciso ir buscá-lo", disse, para mim mais do que para


Lucas.

“Não é como se eles pudessem lhe dar alguma droga. Ele


está bem à vista.”

"Eu não posso acreditar que ele é realmente bom para


alguém." Eu me viro para Lucas. Eu também não posso acreditar
que eu escolhi dizer isso ao seu baterista e amigo.

Lucas se inclina para o meu lado, mas de alguma forma,


isso não me faz sentir desconfortável. “Eu sei que isso soa como
um clichê, mas na verdade, a vida fez dele um grande idiota. Ele
nem sempre foi assim. Acho que você vai descobrir que ele é um
ótimo cara. Ele é apenas... zangado.”

Ele parece meu irmão, penso.

Nós dois assistimos Alex antes de Blake reaparecer,


chegando muito perto de mim, fazendo-me aproximar de Lucas.

“Os quartos estão prontos. De quem é a vez de tirar Alex


das garras sexuais?”

Finjo não ouvir a pergunta, duvidando que ele sequer me


considerasse uma opção. Além de Lucas, todos os caras agem
como se preferissem lutar com um leão faminto em um círculo
fechado do que ter uma conversa civilizada comigo.

“A vez de Alfie. Com quem você estava conversando,


cara?”, Lucas pergunta.
"Jace, o agente de Will." Blake exala, seu peito se
esvaziando. “Haverá uma sobreposição na Inglaterra e em Paris.
Na Inglaterra, eu não estou preocupado – Bushell vai ficar na casa
de campo de sua avó em Sheffield, mas em Paris, temos aquele
evento de Halloween no Chateau De Malmaison. É beneficente.”
Blake dá a Lucas um olhar aguçado.

"Podemos fingir uma emergência." Lucas encolhe os


ombros, mudando para o modo de negócios. "Embora eu ache que
levantaria algumas questões, especialmente logo após a
reabilitação."

Blake assente, esfregando o pescoço. "Fica pior. A notícia é


que Will e Fallon estão envolvidos. Agradável para ele não
mencionar isso para nós quando nós...” Ele não termina sua frase
e eu sei que não deveria sondar.

Todos os olhos se voltam para Alex novamente. Pela


primeira vez desde que eu o conheci, ele realmente parece feliz
enquanto tira uma selfie com duas garotas de aparelhos.

"Alex vai usar isso como desculpa para cheirar


compulsivamente." Lucas bate com o punho fechado contra a
coxa.

Blake tira seu casaco de lã. “Sim, bem, eu não dei a Jace o
prazer de perguntar sobre isso, mas se esse é o caso, ele estará
em uma farra até hoje à noite. Jenna está conversando com seu
contato no TMZ agora, ganhando tempo antes da publicação.”

Fallon era obviamente um ponto dolorido para Alex. Eu não


sei quem é ela, nunca segui fofocas de celebridades, mas eu sei
que nos últimos dois anos, Will Bushell se tornou o arquiinimigo
de Winslow.

"Precisamos mantê-lo off-line e longe dos tablóides", diz


Lucas, acrescentando: "e garantir que não haja paparazzi ou
jornalistas perto dele."
“A segunda parte é moleza. Alex é conhecido por ser um
filho da puta cauteloso. Mas como você diz a um maldito adulto
para não ficar online?”

"Você dá a ele uma razão com que ele não pode discutir." A
voz de Lucas flerta com o pânico e eu tento desesperadamente
conectar todos os pontos na conversa.

Blake solta um suspiro exagerado. “Às vezes parece que


estou criando um maldito bebê. Lembra-se dos Tamagotchis7?
Alex é como uma centena deles acorrentados ao seu pescoço.”

Cinco minutos depois, o Tamagotchi britânico entra e Blake


me entrega a chave eletrônica do quarto, instruindo-me a estar
no saguão às 6 da tarde. Normalmente, ele explica, havia muitos
ensaios envolvidos, mas essa turnê exigia uma passagem de som
e um cantor sóbrio, principalmente. Quando entro na minha suíte
– o andar inteiro foi reservado para Alex Winslow e sua equipe –
a primeira coisa que faço é cair de cabeça no colchão queen size,
soltando um gritinho e fazendo uma dancinha. Eu aperto os
lençóis de cetim cremosos entre meus dedos e gemo. Todos os
músculos do meu corpo estão tensos com o longo vôo e eu nem
tenho forças para admirar o piso de mármore ou os murais
emoldurados de ouro do deserto pendurados nas paredes. Tudo o
que quero é dormir e só acordar daqui a três meses.

Meu celular toca na minha mão. Eu olho para ele através


de olhos estreitos, como se fosse uma coisa viva e nós
estivéssemos tendo uma discussão acalorada. Lucas ajudou a me
conectar a uma rede e à Internet. Não que isso importasse. A tela
do meu telefone pessoal estava rachada e eu não conseguia ver
nada, inclusive quem ligava. Eu pressiono meu telefone no ouvido

7
e rezo interiormente para que não seja da minha empresa de
crédito.

"Alô?"

“Indie, é Nat! Eu só quero saber se tudo está bem” ela


pergunta no outro lado da linha. Que horas são em Los Angeles?
Meio da noite é o meu palpite. Eu rolo em minhas costas, olhando
para o teto alto e arqueado, me perguntando por que é que todas
as coisas bonitas do mundo vinham com um preço alto.

Esse hotel.

O dinheiro que eu ia receber.

A vida aparentemente miserável de Alex.

"Tudo é incrível." Minha voz se eleva e eu dou um sorriso


só para que ela possa ouvir. Minha família não precisa saber que
eu estava sendo semi-intimidada por uma lenda do rock. Eles têm
problemas maiores para lidar.

"Eles estão te tratando bem?"

"Da melhor forma", eu confirmo. Mentirosa, mentirosa. Mas


se alguma vez houve uma mentira branca, bonita, era essa.

“Você ouviu falar sobre Winslow?” Bem, eu acho que eles


estavam falando sobre isso todo o vôo... Nat pergunta. Eu enrugo
meu nariz, olhando para o frigobar do outro lado da sala. A vida
é curta demais para não comer a comida do frigobar com o
dinheiro de uma estrela de rock bilionária.

"Não. Ele não é muito falante. Eu duvido que ele resolvesse


isso mesmo se as pessoas alegassem que ele é um alienígena que
veio aqui para sugar a vida das freiras. Por quê? O que houve?"

“O negócio é o pau dele, garota. Uma estrela de


Hollywood teve seu celular hackeado – inferno, se eu
conseguisse me lembrar quem – e é claro, ela por acaso
salvou fotos do pau de Winslow. Aparentemente, os
cavalos não perdem nada para este cara. Eles mostraram
algumas imagens pixeladas no TMZ, mas poderia ter sido o braço
dele pelo que sei.”

Eu ri em minhas mãos, sentindo minhas bochechas


vermelhas. Nat, antes de se tornar mãe e esposa, era uma líder
de torcida engraçada e despreocupada que sempre gostava de
uma boa foto de pau.

"Então, visto que você é solteira e ele é solteiro e você é sexy


e estão prestes a passarem três meses juntos na estrada, eu
adoraria uma confirmação desse rumor."

"Não conte com isso", murmuro.

“Por que não, Indie? Pelo menos pense nisso. Se você gosta
tanto de andar de bicicleta, apenas imagine como seria pilotar
uma celebridade.”

"Dificilmente a mesma coisa."

"Como você sabe? Você nunca montou uma celebridade.”

Eu nunca montei com ninguém, e diabos se eu iria começar


com o Sr. Arrogante Rock Star. Não que eu fosse virgem. Eu dormi
com o meu primeiro e único namorado no penúltimo ano antes...
antes de perder minha libido. Os homens estão em baixa na
minha lista de prioridades desde que minha família desmoronou.

Eu olho para a hora no relógio de cima. Cinco e meia. Eu


preciso tomar um banho e chegar ao saguão a tempo para ir para
a arena. Como diabos Alex e os caras deveriam fazer um show
depois de um longo vôo, eu não sei. Então, novamente, eles são
profissionais, mesmo que nunca tenham agido assim.

"Tenho que ir. Envie aos meninos meu amor. Além disso,
por favor envie-me fotos de Ziggy. Eu vou encontrar um laptop,
mais cedo ou mais tarde. Eu já sinto falta dele.”
“Ele sente a sua falta também. Divirta-se e tire fotos.”

"Eu vou."

"Do pau dele."

"Eu não vou", brinco.

“Pelo menos tente. Amo você. Vá em frente e floresça.”

“Todo o amor, senhorita Tesão Orgasmo. Tchau."

A grande ironia é que a oportunidade de ver os aposentos


de Alex Winslow se apresentaram uma hora e meia depois que
desliguei com minha cunhada.

Nós estávamos nos bastidores antes do primeiro show da


turnê. Para minha surpresa, Alex não pediu muitas coisas. Os
camarins eram espaçosos e limpos, travessas de frutas e garrafas
de água alinhadas sobre fileiras de mesas brancas e isso era tudo.
Sem álcool. Nenhum alimento extravagante. Sem jacuzzis. Não
havia strippers balançando em lustres de ferro forjado. Winslow
é humilde por natureza. Ele contratou apenas pessoas que eram
consideradas amigas de infância, o que provavelmente é o único
atributo positivo de sua personalidade tirânica.

Eu estou seguindo cada movimento dele na arena de


Sydney e ele, em troca, joga um jogo chamado "vamos dizer a
todos, que Indie-é-minha-psico-fã". Toda vez que passamos por
um colega, um assistente ou um técnico, ele aponta para mim
com uma expressão séria e diz: “Alguém pode ligar para a
segurança para acompanhá-la? Este pássaro tem me
seguido em todos os lugares e ela não é exatamente o meu
gosto.” Eu o ignoro, sabendo muito bem que, por não responder
de volta, eu estou preparando um mini ataque cardíaco ou
desenvolvendo múltiplas úlceras.

Não alimente o monstro, Indie.

O resto de sua banda está em seus camarins, bebendo e se


aquecendo.

"Por que eu interpreto a única estrela do rock no mundo


que realmente tenta ficar sóbria?" Alfie geme de seu quarto em
algum momento, alto o suficiente para todos nós ouvirmos.

Blake está falando ao telefone e anda de um lado para o


outro no corredor ao nosso lado, Alex parece estar esperando
pacientemente que o mundo acabe. Ele está empoleirado em um
divã, franzindo a testa em seu violão como se o decepcionasse por
não produzir músicas novas e originais para ele usar. Em algum
momento, ele se levanta e anda sem rumo pelo corredor. A banda
que abriu o show do outro lado da cortina enegrecida está em sua
quarta música e Alex estremece toda vez que o vocalista se refere
à platéia como "bebês". Fora isso, seu comportamento legal nunca
racha ou vacila, pelo menos não até que ele vai a um corredor
menor e mais estreito e eu me levanto silenciosamente, seguindo-
o até o banheiro.

"E onde você pensa que está indo?" Alex zomba.

Alex se vira, me encarando como se eu fosse uma nuvem


rançosa da qual ele não conseguia se livrar. Para ele,
provavelmente não está tão longe da verdade, o que faz minha
reação física em relação a ele ainda mais patética. Toda vez que
ele olha para mim, eu me sinto mais quente. Como se seus olhos
fossem raios solares, acariciando, beijando e derretendo minha
lógica e inibições. Não me entenda mal, eu ainda o odeio com
paixão. Eu normalmente me reservo para vilões políticos que
começaram guerras mundiais, mas aquelas ricas íris de
âmbar nem sequer são olhos sedutores. Eles estão em
todos os lugares. Aposto que as garotas permitem que ele as dobre
em todos os cômodos da casa, seja na cozinha, no banheiro ou na
garagem. E vamos admitir isso, talvez até no jardim da frente para
o mundo todo assistir.

“Você não pode ir ao banheiro sozinho, especialmente antes


de um show. Preciso acompanhá-lo para garantir que você não
use drogas. Você saberia disso se você se incomodasse em ler o
manual.” Endireito meus ombros, preparando-me para outra
discussão. Os técnicos de som estão andando de um lado para o
outro entre nós. Eles pulam os montes de cabos que serpenteam
no chão e acenam para Alex, nervosos, como se ele fosse o diretor
de sua rigorosa escola católica.

"E se eu tiver que fazer uma merda?" Alex ergue o queixo,


observando-me através do comprimento do nariz. Seus olhos
estreitados, brilham com diversão.

Eu cruzo meus braços, projetando um quadril para fora.


"Então eu vou ter que me lembrar de quanto preciso do dinheiro
e espero que não compartilhe o amor pela comida picante com
Alfie."

Ele ri, balançando a cabeça e volta a andar. Eu o sigo. Ele


anda rápido. Talvez seja porque ele é alto. Ou talvez porque ele
encontrou outro jeito de tornar minha vida menos fácil. De
qualquer forma, minha respiração irregular faz com que ele sorria
enquanto eu tento alcançá-lo.

"Você vai ter que ver meu pau", ele diz no meio do passo,
de costas para mim.

Estou praticamente correndo neste momento. "Vou fechar


meus olhos."

"Isso desfaz o propósito de garantir que eu não cheire


uma linha ou duas."
“Eu vi um pênis antes. O seu não é nada especial.”

Acabei de dizer a palavra 'pênis'? Eu disse. Por quê? Eu não


tenho setenta anos. Ou sou uma puritana. Embora eu possa ver
porque ele pensaria isso.

“Errado. Tão errado. Provavelmente a coisa mais errada que


você já disse. Quantos?"

"Como?"

Ele para na porta do banheiro, que fica a poucos metros da


área VIP. O cheiro de cigarros, cerveja e cachorros-quentes
penetra em minhas narinas e se instala ali e eu me pergunto como
ele deveria se sentir, cheirando a bebida e não sendo capaz de
tomar um gole.

Porcaria. Ele provavelmente se sente uma porcaria. E você


só está piorando.

"Quantos paus você viu em sua vida?" Seu olhar neutro


varre meu corpo. “Quero dizer, você tem o quê? Dezoito?
Dezenove? E você também parece trabalhar muito, então estou
supondo entre dois e quatro.”

“Em primeiro lugar” – levanto meu polegar - “tenho vinte e


um anos, idade suficiente para beber em todos os países do
mundo que servem álcool, o que é bom, porque trabalhando com
você, certamente precisarei. Em segundo lugar ” levanto meu
dedo indicador, embora tivesse mentido – não ia beber. Não hoje
à noite e nem nunca “não é da sua conta quantos pênis eu vi, ou
com quantos homens eu dormi. Se eu gosto de ser pendurada
pelos meus mamilos no teto ou levada por um amante gentil
enquanto abraço um ursinho de pelúcia, não é para você saber.
Por último, mas não menos importante” eu lhe ofereço meu dedo
do meio em um sorriso doce “realmente não posso enfatizar
isso o suficiente, mas vou tentar – seus pequenos jogos
mentais não vão funcionar. Eu vou manter esse trabalho.
Acostume-se comigo.”
Nós nos encaramos por um longo momento antes de Alex
bater seu punho fechado na porta atrás de mim. A porta se abre
com um estrondo, e nós entramos. Eu pressiono minhas costas
contra ela, ficando tão longe dele quanto fisicamente posso,
enquanto ele calmamente abre o zíper de sua calça jeans e tira
seu pênis sobre o assento do vaso sanitário. Meus olhos estão
fixos na parede. O som de sua urina se derramando na água
enche meus ouvidos e minha garganta balança com uma
andorinha.

As palavras de Nat voltam e me assombram como um corte


de cabelo ruim dos anos oitenta. Uma necessidade irracional de
checar o material me domina. Não é como se ele se importasse.
De acordo com os rumores, seu pau tinha visto mais câmeras do
que Kendall Jenner. Lentamente – tão dolorosamente devagar –
meus olhos percorrem seu corpo vigoroso. Eu só quero ver o
motivo de todo esse alarido. O que quer que eu tenha em mente,
no entanto, não chegou perto da coisa real. Grosso, longo mas
não atroz. Com veias finas correndo pelo seu comprimento.

"Bela vista?" Ele geme, colocando seu pau de volta em sua


cueca. Seu perfil é glorioso. Mandíbula forte, lábios carnudos,
olhos sedutores...

Meus olhos se levantam quando percebo que ele estava


falando comigo. "Eu não estava..."

"Olhando? Sim você estava. Da próxima vez tire uma foto.


Dura mais tempo.” Ele levanta o zíper e dá descarga com a ponta
da bota. Ele se vira e esguicha sabão em sua palma, lavando as
mãos quase violentamente – esfregando-se entre os dedos e
coçando os nós dos dedos como se quisesse tirar sua própria pele.
Quando ele termina, procura uma toalha.

Eu limpo minha garganta, lutando para recuperar meu


juízo. "Mais do que o vislumbre ou mais do que o seu
desempenho?"
Casualmente – tão insuportavelmente casualmente – ele
enxuga as mãos molhadas no meu vestido roxo. Eu ofego,
movendo-me para o lado. Parece que ele está prestes a abrir a
porta e sair, mas antes que eu tivesse a chance de gritar com ele
por me usar como uma toalha humana, ele me bate contra a
parede, apoiando ambos os braços acima da minha cabeça e me
prendendo no lugar. Eu solto um grito de surpresa com a
proximidade súbita.

Alex Winslow está me tocando. De bom grado, meu cérebro


surpreendentemente lamentável grita.

O calor rola de seu corpo, fazendo minhas costas


arquearem e minha respiração ficar presa na minha garganta.

“Vamos deixar uma coisa clara – eu poderia te foder até um


ponto de dormência sem nem mesmo suar, se eu quisesse. Agora,
cuidado, New Girl. Se você não mantiver distância de mim, acho
que posso.”

Eu olho para cima e sorrio, ignorando o quão pálida eu devo


estar. Dentro, meu coração se encosta em minhas costelas, ferido,
mas desafiador. Nunca foi assim antes. Tão selvagem. Como uma
entidade própria. Meu coração quer se rebelar, e eu quero lutar
de volta, o que só resultaria em problemas.

Devagar, coração.

Relaxe, coração.

Respire fundo, coração.

"Você acabou?" Pergunto.

"E você?"

Por que ele quer tanto que eu vá? A ideia de perguntar a


ele me ocorreu mais de uma vez, mas sempre cheguei à
mesma conclusão. Ninguém iria querer alguém seguindo
cada passo e observando-o mijar antes de um show.
"Não,” eu disse.

"Então nem eu." Ele empurra a parede, dando as costas


para mim enquanto entrelaça os dedos pelos cabelos. E é verdade,
o que eles escrevem em todos os romances que Nat lê em
quantidades perigosas. Porque quando ele se afasta, sinto a perda
dele em todos os lugares.

Meu corpo.

Minha pele.

Na boca do meu estômago onde a luxúria residia,


dormente e cochilando.

"Você não vai me desejar sorte?" Ele agarra a maçaneta e


abre a porta, seu ombro batendo em outra pessoa. Ele não
diminue a velocidade. Alex Winslow é um tornado, impactando
tudo e todos a caminho da destruição.

"Boa sorte", eu resmungo. A luz atravessa a cortina preta


do palco, fazendo seu cabelo brilhar como ouro. Fecho meus olhos
e colo minha testa na parede, inalando.

Eu digo ao meu coração para parar de bater tão rápido uma


última vez. Não adianta.

Vinte minutos depois que Alex subiu ao palco, vou para seu
camarim, pretendendo dormir um pouco. O jet lag está me
infernizando como se estivesse na América do Norte e eu sei que
preciso trabalhar, mas certamente, uma soneca restauradora
não seria o fim do mundo. Blake está lá, de costas para mim,
falando ao telefone. Ele não pode me ver de sua posição,
provavelmente porque está gritando e jogando seus braços ao
redor. Eu respiro fundo, com a intenção de me tornar conhecida,
mas a voz de Blake explode no quarto vazio.

“Sim, Jenna. Sim. Pela centésima vez, está sob controle.


Nós vazamos as fotos e agora ele acha que não o queremos perto
da Internet por causa disso. Todas as entrevistas e acesso à mídia
serão negados durante a duração da turnê. Ele não suspeita de
nada. Ele nem se lembra da garota que as fez.” Ele faz uma pausa,
ouvindo a agente de Alex do outro lado da linha.

Meu sangue congela em minhas veias. Eles que vazaram


essas fotos?

Então me lembro da conversa com Lucas. A conversa sobre


diversão... sobre manter Alex offline. Sobre o encontro com Will
Bushell... oh, meu Deus.

"Ouça. Ouça... ouça! Inferno, mulher. Você tem bolas do


tamanho de melancias. Você percebe que é bastante
desinteressante? E antes de dizer qualquer coisa, sim, estou
ciente de que o seu único propósito na vida não é, de fato, me
atrair. Nós compramos tempo suficiente para recalcular. Ele não
vai checar, porque ele não dá a mínima para esse assunto, aliás.
Seu pau poderia estar na capa da Vogue usando uma boina com
um cigarro grudado na ponta e ele provavelmente nem
reconheceria quando passasse por uma banca de jornal. Ele é
uma estrela do rock, Jenna. Não perde a realidade, vendo
programas de TV. Ninguém sabe.” Blake esfrega o rosto, então se
vira e olha de volta para mim. Seu telefone ainda está cravado em
sua orelha quando ele diz: “Bem, não arranhe ninguém. A babá
sabe. Eu vou lidar com ela agora. Ligue-me depois?”

A linha ficou morta pelo jeito que Blake gemeu. A


necessidade de lhe dar um tapa no rosto realmente fez meus
dedos formigarem, e eu nem sei o porquê. Eu não gostava de
Alex, mas isso não significa que estou bem com seu time
fazendo mal a ele. Inferno, eu nem quero fazer parte do
time, e ainda acho que isso é uma besteira. As pessoas em quem
ele confia estão o traindo. Por que eles o venderiam? Eles estão
tentando sabotar sua recuperação?

"Não é o que parece." Ele levanta as palmas das mãos, o


rosto vincando em uma careta.

"Você parece um marido traidor, então vou dizer o que


qualquer mulher enganada responderia: é exatamente o que
parece." Encontro minhas palavras em algum lugar no fundo da
minha garganta. Elas saem grossas e bravas. "Uau. Você é...
ingrato.”

“Você não entende o quanto está em jogo aqui. Alex é


obcecado por Fallon. Se ele descobrir que ela está noiva de seu
arquiinimigo, ele passará pela mãe de todas as espirais
descendente. Você vai falhar no seu trabalho. A turnê será
cancelada antes mesmo de começar. Sua carreira provavelmente
irá acabar, sem mencionar que ele terá que pagar milhões de
dólares pelos danos e prejuízos. Não podemos pedir a ele que
deixe a internet por dois meses e meio sem nenhuma explicação.
Estamos fazendo o que podemos para ajudá-lo. Todos que se
importam com ele estão envolvidos. Sua família, amigos,
companheiros de banda. Todos. Se você estragar tudo, eu juro,
Indie, vai fazer muitos inimigos em Hollywood.” Ele aponta para
mim com a mão que segurava seu telefone.

Eu pisco, incrédula, perguntando-me se ele era de verdade.

"Blake" – eu dou um passo mais para dentro da sala - "não


importa como você chama isso, está mentindo para o seu cliente.
Para o seu ex-colega de quarto. Para o seu amigo. Você pode
justificar isso desde agora até seu último dia nesta terra, mas no
final do dia, você vazou fotos de suas partes íntimas para impedi-
lo de entrar na Internet, e isso é uma merda.”
“Eu não fiz isso. Um de seus encontros de uma noite fez.
Nós pagamos a ela, e parte do dinheiro vai para caridade, então
não se meta no caminho.”

"Você envergonhou seu amigo e o fato dele não se sentir


violado não muda o fato de que ele foi violado."

“Não aja como uma santa, Indigo. Parte do seu trabalho é


entrar nos banheiros com ele. Você também está nesta mina de
ouro, boneca. Só porque a sua consciência está menos
manchada, não significa que esteja limpa.”

Estreito meus olhos.

"Eu vou dizer a ele." Eu pisei em uma barata imaginária.

"Então você está fora", Blake brinca, seu rosto mudando de


cauteloso e ansioso para duro em um piscar de olhos. Ele dá um
passo mais perto de mim, eliminando a distância entre nós. Eu
posso sentir o hálito dele, canela e um chiclete frutado. Um aroma
fresco e leve que Alex era carnal demais para possuir.

“No minuto em que ele souber a verdade, ele largará tudo e


correrá para sua preciosa cocaína. Nesse caso, não precisaremos
mais de seus serviços, Ziggy não receberá mais seus tubos e Craig
ainda será um miserável e bêbado. Pense antes de fazer algo
idiota, Indie. Porque você pode facilmente conduzir sua vida para
uma estrada muito acidentada.”

Eu olho para Blake.

Ele levanta o queixo, retornando um olhar firme.

Ele sabe. Sabe da minha família, da nossa situação


financeira, até mesmo dos tubos que planejamos comprar para
Ziggy com o dinheiro.

Como diabos ele sabe?

Eu passei por uma avaliação de personalidade com


a pessoa de RH que me contratou. A garota com a
pedicure me fez duzentas perguntas, todas respondidas com
honestidade brutal. Ela deve ter passado para frente. Agora Jenna
e Blake têm controle sobre mim. Talvez Alex também. Inferno, por
tudo que sei, toda a turnê sabe o quão endividada estou e os
problemas de saúde do meu sobrinho.

Sinto meu sangue borbulhando com o tipo de raiva que faz


você querer vomitar, então me viro e saio do camarim de Alex. Eu
não estou mais com sono e com jet lag.

Estou bem acordada.

Vibrando, com meu coração vacilante e rebelde.

Queimando como uma fogueira e completamente viva.


Capítulo 5

“Um é o número mais solitário.

Então você disse que deveríamos ser dois.

Mas no final, baby, era tudo sobre você.

A pior parte é que eu ainda a levaria de volta.

Embora desta vez, eu seria o único a quebrar seu coração.

- "Poison and Poetry", Alex Winslow.

E todo mundo quer ser uma estrela do rock. É a coisa mais


próxima de ser um deus, mas o que as pessoas muitas vezes
esquecem é que Deus tem um trabalho agitado.

Deus cria. Vinte e quatro horas, sete dias.

Deus é adorado.

Deus deve responder, entregar, tranquilizar.


E quando Deus é enviado à terra para lidar com humanos?
Bem, Deus está destinado a decepcionar.

Veja, quando você é uma estrela do rock, seus fãs


alimentam suas expectativas.

E você quase sempre as engole avidamente em segundos.

Porque você quer acreditar que é um gênio, cujas letras são


imortais, cujas músicas causam arrepios nas espinhas das
pessoas. Você quer ser inesquecível, irresistível e único. Você não
quer acreditar que há nada mais depois disso – porque não há,
você pode ser um filho da puta milionário com uma modelo
diferente em sua cama toda noite – mas no final do dia, você é
humano.

Então, terrivelmente humano. Um humano de quem se


espera que seja muito mais que um humano. Foi assim que eu
cheguei aqui. Onde eu estou hoje. O clichê risível o qual não dei
a mínima quando era mais jovem. Um roqueiro drogado e
alcoólatra que nunca está sozinho, mas sempre se sente
desesperadamente solitário.

A primeira vez que encontrei uma verdadeira intimidade


não foi quando enfiei meu pau em Laura, a filha do motorista do
caminhão, em um banco aos quatorze anos em Cassiobury Park.
Foi quando fiquei na frente de milhares de estranhos e cantei para
eles. Pedi-lhes para me amar. Acreditar em mim. Para me apoiar.
E. Eles. Fizeram.

Você se sente nu no palco.

Mesmo com Waitrose atrás de mim na bateria e Alfie


andando com seu baixo, é na maior parte só eu. E eles. E as luzes.
E a fama.

O suor escorrendo pelo violão. Sexo.

Meus músculos flexionando, esforçando-se para


produzir aquela harmonia perfeita. Clímax.
Eles me vêem, me sentem. Eles me ouvem. Êxtase.

Mas fazer sexo com dez mil pessoas todas as noites não é o
que você chama de um emprego descontraído. É por isso que
preciso de um pouco de estímulo para garantir que meu
desempenho esteja de acordo com meus próprios padrões
inacessíveis. Eu costumava entrar no palco com mais cocaína na
minha corrente sanguínea do que plaquetas. Eu estava chapado,
e quando você está chapado, não consegue ver o quão baixo você
chegou. Noventa dias de reabilitação e estou limpo agora.
Fisicamente, principalmente.

Eu cantei para o meu público “Poison Poetry”. Foi inspirada


em Fallon, que arrancou meu coração e alimentou os lobos dos
tablóides. Foi também uma das últimas canções decentes que
escrevi antes de me tornar demasiado dependente e enevoado
pelos narcóticos para produzir algo real e substancial. Agora que
eu estava sóbrio de novo, perguntei-me se meu lado criativo não
tinha sido lavado junto com as drogas.

Saio do palco e o primeiro rosto que vejo é o de New Girl.


Ela e seus olhos grandes e estreitados, lábios de arco de Cupido
e vestido roxo queimado que a fazem parecer como se tivesse
saído de um filme noir direto para os braços imperfeitos dessa
arena industrial. Suas roupas parecem uma declaração. Uma que
faz meu pau endurecer entre minhas pernas, e eu me pergunto
se querer foder minha acompanhante era a minha maneira de
tentar me livrar dela, ou reivindicá-la, certificando-me de que
Lucas não fizesse isso antes de mim.

Ela usa sua expressão habitual de aborrecimento, então eu


a contorno, indo para o meu camarim. A adrenalina ferve sob a
minha pele, fazendo-me rolar meu pescoço e segurar a parte de
trás da minha cabeça. O show foi bom. Não, foda-se bom. Foi
grandioso. Eu sei disso, porque eu estava lá – realmente lá,
não como quando eu estava estragado, montando uma
nuvem invisível de falsa confiança.
Eu queria escrever.

Eu precisava escrever.

Sozinho.

Blake, New Girl, duas groupies que entraram


sorrateiramente e o cara da assessoria de imprensa local vão atrás
de mim até o vestiário, mas eu bato a porta na cara deles, sem
me incomodar em parar e explicar. Quando a inspiração te bate
no saco, você rasteja para trás e pede para ela bater com mais
força, mais rápido, mais forte.

Faça-me sangrar. Faça-me suspirar por isto, viva para isto,


então morra para isto. Faça-me perder a cabeça e encontrar minha
alma. Faça sua mágica, musa. Mas não me deixe pendurado como
você fez antes. Uivendo para você vir me resgatar em um quarto
vazio. Esperando que você aparecesse sem ser anunciada como um
amante indeciso.

"Winslow." New Girl bate na porta várias vezes, e não


gentilmente. "Abra a porta ou eu vou ter que ligar para a Srta.
Holden." Não me escapa que ela deixou cair a palavra "por favor".
Decepção me passa porque ela estava começando a se adaptar ao
seu novo ambiente, já que eu não vou mante-la. Inclino minha
cabeça para trás e aperto meus olhos fechados. Eu preciso de
solidão para escrever. Minhas melhores palavras são geralmente
encontradas em silêncio.

"Vá embora", grito.

“Confie em mim, passar tempo com você está muito baixo


na minha lista de tarefas. Infelizmente, faz parte da descrição do
meu trabalho estar perto de você. Você não pode ficar sozinho
com a porta trancada.”

"Você pode ser mais irritante?"

"Você pode ser mais idiota?" Ela bate a palma da


mão contra a porta. "Abre. Agora!"
“Oh, você está usando intervalos entre palavras. Agora
estou realmente em apuros” grito do outro lado, chutando a mesa
de café para o outro lado da sala e vendo-a cair e perder uma
perna contra a parede oposta.

Porra, tudo bem. Eu não preciso de mais nada com


Jenna.

Eu suspiro, empurrando os meus pés para frente e abrindo


a porta. As groupies, Blake e alguns técnicos de som estão de pé
atrás de New Girl, curiosamente espreitando por cima do ombro.
Eu piso de lado, dando-lhe uma pequena porção de espaço para
entrar no quarto, mas ela tem que trabalhar para isso.

"Ela é viciada. Eu preciso dar essa merda vinte e quatro


horas." Sorrio zombeteiramente enquanto ela revira os olhos e
aperta o meu corpo. “Não toque em nada. Não olhe para nada. Se
possível, nem sequer respire. Na verdade, isso seria ideal.”

Eu assino álbuns, pôsteres e peitos, então bato a porta no


rosto de Blake depois que os fãs e técnicos se foram. Ele resmunga
alguma coisa sobre não verificar a Internet e tirar fotos, mas eu o
desligo. Eu aprecio a preocupação, mas quem diabos se importa?
Minha bunda era de domínio público neste momento. Todo corpo
disposto que não fosse um fã ou menor de idade ganha uma
carona grátis e uma selfie de cortesia.

Volto para o sofá, pego o bloco de notas e a caneta e franzo


a testa para a página em branco. New Girl está de pé na janela
com vista para o porto, de costas para mim. Tento lembrar a
última vez que estive em um quarto com uma mulher que não
fosse minha mãe ou irmã sem ter meu pau empurrado tão fundo
em sua garganta que ela teve que levantar, e não aguentou. Faço
mais uma careta. Encaro o papel. Mentalmente ando pela sala e
soco as paredes.

A inspiração se foi.

New Girl a matou porra.


Foda-se!

Sento-me, observando seu cabelo azul prateado, não mais


em uma trança, caindo em cascata por todo o seu pequeno
traseiro redondo. Do jeito que eu vejo, se não consigo escrever,
poderia muito bem queimar o tempo me recarregando para bater
umazinha depois. Embora eu soubesse que poderia ir a uma das
muitas festas que meus colegas de banda provavelmente estavam
fazendo, era um grande e gordo não. A) A New Girl ia me
acompanhar, e isso seria embaraçoso demais para suportar, e B)
eu reconheço que para conter meu desejo de ficar todo fodido e
me embebedar em um estupor, eu tinha que ficar longe ou minha
agente ia cortar minhas bolas, drená-las e usá-las como mini
bolsas se eu chegasse perto de álcool ou cocaína.

"Tire uma foto. Isso dura mais tempo.” New Girl joga
minhas palavras de volta para mim de seu lugar perto da janela.
A lua crescente afiada pisca atrás de seu ombro. "Eu posso ver o
seu reflexo através do vidro", ela explica como uma reflexão
tardia, um tom triste em sua voz.

Nossos olhos se encontram no dito reflexo. O tempo para.

Eu ainda a odeio.

Eu ainda quero que ela vá embora.

Mas pela primeira vez desde que ela chegou, eu estou


começando a suspeitar que ela pode não ser tão inútil quanto eu
originalmente tinha pensado. Foi essa curva entre o pescoço e o
ombro dela que fez isso. Eu quero morder esse local, produzir
sangue e escrever as letras da minha próxima música com ele. E
a coisa fodida sobre isso é que essa é a minha linha de
pensamento quando eu não estava usando.

"Você expulsou minha inspiração." Meu tom é baixo,


preguiçoso e meio psicótico. Até para meus ouvidos.

"E?" Ela não se incomoda em se virar.


“E agora você me deve uma. Então é uma coisa boa que
você esteja em minha posse.”

"Sua posse?" Ela ecoa, incrédula. "Eu não sou nada sua,
Winslow."

"Você é. Por três meses. Eu tenho um contrato assinado


para provar isso e agora vou pegar o que está dentro de você e
colocá-lo no meu caderno, porque estou vazio e você está cheia.”

É estranho. Dizer a verdade em voz alta. A verdade é para


ser sussurrada, não gritada, mas eu não me importo com o que
ela pensa de mim, então me levanto e pego minha jaqueta de
couro, sem me incomodar em oferecer a ela.

"Encontre-me fora do seu quarto de hotel à meia-noite", eu


digo.

Ela abre a boca. Eu não fico tempo suficiente para ouvir o


que ela tem a dizer.

Vou recuperar minha musa e escrever aquele álbum.

Assumir a Billboard com cada single que eu lançar e torná-


lo minha cadela.

Recuperar meu título como o rei da música alternativa


daquele idiota, Will Bushell.

E reivindicar o que é meu. O que sempre foi meu. Fallon.

Mesmo se eu tiver que trapacear ou intimidar todos os


outros para obtê-la.
Pernas esticadas e cruzadas nos tornozelos, Tania na mão,
meus dedos passam sobre a placa da fricção enquanto eu tento
chegar a uma melodia. Minhas costas estão pressionadas contra
a minha porta, então eu tenho uma visão direta da porta de New
Girl. Nossos quartos ficam em frente um do outro. Jenna pediu a
Hudson, minha assistente, para garantir que New Girl esteja
sempre a três metros ou mais perto em todos os hotéis em que
ficarmos.

Às cinco para meia-noite, a porta se abre e ela sai.

Ela usa um short de pijama xadrez vermelho e um moletom


cinza com o nome de uma faculdade que ela não tem como pagar.
Fiz um gesto para ela com o queixo para se sentar e ela obedece.
Seu rosto, limpo de maquiagem e fingimento, está extasiado. Ela
desliza pela sua porta, coloca os joelhos sob o queixo e pisca para
mim. Eu não consigo decidir se ela não tem personalidade, ou tem
demais. Parece que estou prestes a descobrir.

Eu continuo movendo a palheta sobre as cordas do violão,


ignorando o tapete vermelho e exuberante e o corredor impessoal,
e imagino que estamos em algum lugar real. Uma casa ou uma
praia ou uma rua de paralelepípedos de Londres com o som da
chuva nos nossos ouvidos.

"Por que estou aqui?", ela pergunta.

"Estou me fazendo a mesma pergunta." Olho para os meus


dedos calejados tocando em Tania antes de olhar para cima. “Você
está se agarrando nesse trabalho pela sua vida. Você está com
algum tipo de problema?”

"Não", ela diz, sem surpresa com a minha franqueza. “Eu


tenho um sobrinho. Seus pais não conseguem encontrar
empregos estáveis e ele merece mais. Mais do que estamos
dando a ele. Mais do que constantes infecções nos ouvidos.
Mais do que beber leite vencido há dois dias porque é mais
barato. Apenas... mais."
Eu cutuco meu lábio, considerando sua resposta. Eu não
me importo muito com a minha família. Na verdade, a parte que
eu mais temo sobre a turnê – além de tentar criar novas músicas
– é ver minha mãe, meu pai e minha irmã mais velha, Carly. Se
eu os visse.

"Qual é o nome dele?" Eu pergunto, não totalmente certo


do porquê. Eu nunca me senti compelido a ser educado, muito
menos para as pessoas que estão na minha folha de pagamento.

"Ziggy." Ela sorri. Seu sorriso não é tão chato. Simples e


genuíno, sem botox. Lábios grandes. Dentes pequenos. Eu gosto.
As falhas são pequenas. Mostrando pureza. Indigo é bonita. Como
um pôr do sol, bonita de uma maneira espontânea.

"Como o álbum de David Bowie?" Minhas sobrancelhas se


franzem. Eu tiro algumas notas em Tania e elas realmente fazem
sentido. Talvez eu esteja me lembrando de “Starman” ou
“Rock'n'Roll Suicide”. Embora pareça diferente, fresco.

"Meu irmão é um fã." Ela olha para cima e começa


distraidamente a morder o lábio inferior. “Ziggy tem dois anos.
Inteligente, engraçado e gentil. Eu sempre digo a ele que ele é
Ziggy e eu sou...”

"Stardust", eu termino, juntando algumas notas em uma


melodia na minha cabeça. É claro que eu ainda estou vestido com
as mesmas roupas que usei no show. E é claro que cheira a mijo
velho em um beco escuro de Londres. "Silêncio, agora."

Ela não me repreende. Em vez disso, ela começa a trançar


pequenos pedaços daquele cabelo azul enquanto eu invento
algo... novo. Fecho os olhos, meus dedos tremendo um pouco.
Encontrar uma boa melodia parece muito perto de encontrar uma
flor na areia. Improvável, raro, emocionante. Toco por alguns
minutos antes de puxar a tira de Tania do meu ombro e apoiá-
la contra a minha porta. Pego o pequeno bloco de notas e
uma caneta do bolso de trás e começo a escrever as
anotações. Quando olho para cima, New Girl ainda está
trançando. O olhar perturbado no rosto dela me diz que sente
pena de mim. O pensamento é inquietante.

"Conte-me sobre você." Eu ignoro seus olhos interrogativos.

"Você precisa ser mais específico do que isso."

“O que faz você, você? Sua personalidade. Seus segredos.


Suas peculiaridades.”

Outra garota iria rir, evitar o assunto ou se fazer de boba.


Ela não fez.

“Eu sou canhota. Odeio palhaços. Adoro fazer vestidos. Isso


me faz sentir...” ela olha para cima, procurando pela palavra.
"Focada."

Eu amarro Tania de volta, minha palheta se movendo sobre


as cordas sem direção.

"O quê mais?"

“Eu não tenho nenhuma conta de mídia social. Se eu


pudesse estudar qualquer coisa, seria moda. Eu costumava
trabalhar em uma loja de artigos de segunda mão chamada
Thrifty, em Beverly Hills, administrada por uma mulher de
setenta anos chamada Clara, antes dela fechar a loja para passar
mais tempo com a família. Trabalhar lá foi – ainda é – meu
emprego dos sonhos.”

Ela olha para mim como se eu considerasse seus sonhos


muito pequenos ou insignificantes demais. Aposto qualquer coisa
que ela não sabe que eu não planejava me tornar um zagueiro
regular do TMZ. O objetivo inicial foi muito mais romântico. Eu
fui sugado para este mundo pelo meu companheiro de infância,
Will. Nós tínhamos uma banda juntos – The Kryptonites –
antes de termos decidido morar juntos em Londres, todos os
cinco – eu, Will, Alfie, Blake e Lucas. Eu queria ficar no
indie enquanto Will queria aquele negócio de produção
em massa. Ele foi quem me ligou com Grapevine Records. Quem
me fez ser eu, em mais de um sentido.

Meus dedos estão se movendo mais rápido, perseguindo


um ritmo, uma canção esquecida que está sempre lá na minha
cabeça. É por isso que eu a queria no corredor. Em algum lugar
neutro. Não em um de nossos quartos, onde tudo em que eu
penso é como transar com ela, porque ela está lá, com um pulso,
e possivelmente disposta. Eu preciso de suas palavras e seus
pensamentos e sua disposição. Eu quero sugar sua alma e colocá-
la nas páginas, nas minhas páginas, tirando meu dinheiro da
minha babá. Porque ela é inocente. E forte. E tão valente, que
cutucar seu cérebro parece uma necessidade.

"Vá em frente, Stardust", eu zombo dela. Ela sabe disso.


Não é um apelido. É uma provocação.

"Eu tenho um irmão." Ela omite a morte de seus pais dessa


vez quando fala comigo. Ela ofereceu a informação ao meu colega
de banda com liberdade suficiente. Talvez ela me veja como o
inimigo e Lucas como um aliado – estúpida, garota estúpida. "Eu
ando de bicicleta por toda parte." Ela faz uma pausa, os dentes
da frente afundando no lábio novamente. "E eu tenho algo para
lhe dizer, mas não tenho certeza se é o meu lugar para dizer isso."

Minha cabeça se levanta em sua última confissão.

"O que você poderia possivelmente saber que eu não sei?"

"Oh, uau." Ela sopra ar, balançando a cabeça. "Olha, eu só


quero te ajudar."

"E você está. Você está me ajudando ao fazer tudo exceto


trocar a porra da minha fralda para ter certeza de que eu não
afunde o nariz nas coisas brancas. Esse é o seu trabalho. Nada
mais. Nada menos."

Ela olha para mim, insolente, seu olhar me dizendo


que ela sabe o que estou fazendo. Estou empurrando-a
em uma última tentativa para fazê-la sair, mas meu coração não
está mais nela. Não totalmente. Ela vai ficar, quer eu goste ou não
e o mínimo que eu posso fazer por mim mesmo é usá-la até que
não haja mais nada a fazer. Do jeito que Fallon me usou.

"Você me irrita tanto, que às vezes eu quero chorar", ela


cerra os dentes.

Eu sorrio, sabendo que de fato tenho outro conjunto de


anotações para escrever. Era hora de terminar a nossa sessão.
Ela acabou sendo mais produtiva do que o esperado. Isso é tudo
que eu preciso. Eu passaria minha noite escrevendo.

Eu me levanto, meus dedos envolvendo o pescoço de Tania


e me ajoelho para frente, parando em frente ao rosto de Indie.

“Quando eu finalmente colocar minhas mãos em você – e


não se engane, Stardust, eu vou – você estará chorando, com
certeza. O meu nome. Várias vezes. E novamente."
Capítulo 6

Melbourne, Austrália

Dois dias se passaram desde o corredor.

Dois dias em que o meu relacionamento com Alex melhorou


um pouco, apesar de ter matado toda a boa vontade que eu tinha
em meu corpo para contar a verdade sobre as fotos de sexo
vazadas e o noivado de Fallon. Ele não estava mais me
intimidando ativamente. Em vez disso, ele optou por me ignorar
completamente. Eu o olhava como um filhote de cachorro
apaixonado, era o equivalente a perfurar minha auto-estima à
morte. Nós passamos os próximos dias em trânsito de Sydney
para Melbourne, com uma parada em alguma cidade deserta que
serve costelas ao molho Barbecue e chá gelado. Alex passou a
maior parte do caminho na parte de trás do SUV, tentando
escrever e gemendo de frustração. Às vezes ele está hiperativo,
animado e conversador. Na maioria das vezes, ele está a um
passo de um mau humor. Blake está sempre ao telefone,
discutindo com Jenna e Hudson, enquanto me lança olhares
de aviso de vez em quando. Alfie está encarregado de
garantir que Alex não tenha acesso à Internet em seu telefone,
uma tarefa que ele leva surpreendentemente a sério. Alex parece
perfeitamente contente por estar desconectado do mundo virtual.
Durante todo o tempo que passamos juntos, percebi que ele não
fez ligações pessoais, o que eu acho estranho, mas também não é
da minha conta.

Lucas e eu nos aproximamos.

Em parte porque ele é o mais legal do grupo, mas


principalmente porque minha solidão está começando a parecer
um casaco pesado, que estou desesperada para tirar de meu
corpo. Luc tem vinte e sete anos de idade. Assim como Alex, ele é
de Watford. Seu pai trabalha em um conselho local; a mãe dele é
professora. Ele e seus dois irmãos tiveram um cachorro chamado
Harvey. Ele conhece Alex desde que eram crianças, e se mudou
de Londres para Los Angeles apenas três anos atrás, depois que
terminou o noivado com Laura, uma garota da sua cidade.
Aparentemente, Alex teve uma coisa com Laura quando eles eram
adolescentes. E aparentemente, Lucas ainda é um pouco amargo
sobre isso. O SUV é dirigido pelo mesmo cara silencioso que nos
pegou no aeroporto.

“Alex adora contar a história de como ele tirou a virgindade


de Laura e eu peguei sua carga”, diz Lucas enquanto passamos
pelo deserto.

Eu coloco minha mão em seu braço e aperto.

"Sinto muito." Quero dizer isso, mas Lucas parece longe de


estar devastado. Ele ocasionalmente lança olhares para Alex,
como se tentasse avaliar sua reação.

"Não sinta," Alfie fala atrás de nós, onde ele está sentado
com Alex. “Winslow disse que foi uma vez – uma vez – e ele
estava tirando sarro. Além disso, eu acho que Waitrose estava
em cima dela antes de puxar a calcinha depois da última
trepada. Você nunca esteve nela, companheiro. Nós todos
sabemos isso."

Alguma coisa passa entre os três homens – Blake, Alfie,


Lucas – um segredo, pelo modo como seus olhares varrem um ao
outro.

Blake ri. "Laura é o menor dos problemas de Lucas."

A cortina de indiferença de Alex está apertada hoje e ele não


faz nenhum comentário sobre o assunto.

A chuva começa a bater nos telhados e o céu range com o


trovão quando entramos em Melbourne. Parece diferente de
Sydney. Mais velha, talvez. Nós passamos pelos lugares
movimentados. Circundando o hotel por uns bons vinte minutos
antes que a estrada estivesse livre. Novamente, Alex para para
assinar as camisas e lembranças dos fãs, apertando os olhos
contra a chuva com um sorriso. Blake distribui nossos cartões
eletrônicos. Um andar está fechado e reservado para Alex Winslow
e sua equipe. Ocorre-me que esta é a norma para esses caras.
Para eles, é assim que um dia típico parece. É tão admirável que
todos sejam cínicos e cansados? Não há nada para acorrentá-los
ao chão, a um só lugar. Eles flutuam pela vida. Gravidade não
significa nada para eles.

"Ei, Indie", diz Lucas quando todos entram no elevador.


Blake está digitando uma longa mensagem de texto, Alex está
movendo a cinta de seu violão de ombro a ombro e esfregando as
gotas de chuva de seu cabelo e Alfie está fingindo coçar o nariz,
mesmo que ele estivesse claramente ignorando.

"Sim?"

“Você vai turistar? O show é só amanhã e a chuva está


prestes a parar a qualquer minuto agora.”

Eu aponto minha cabeça na direção de Blake. Eu não


posso tirar uma folga e passear. Tenho que tomar conta
de Alex. A menos que Blake esteja com ele, o que ele está na maior
parte do tempo. Blake arranha sua têmpora com seu órgão mais
importante – seu telefone.

“É sábado, cara. Ela não consegue nenhum tempo livre?”


Lucas sonda, acotovelando-o levemente.

Alex passa os dedos pela mandíbula, os olhos fixos em


Blake, que olha para o cantor.

"Vamos falar sobre isso em particular." Blake permanece


enigmático, colocando o celular no bolso da frente e evitando o
olhar de Alex. Isso me faz sentir tão desconfortável que minha pele
se arrepia.

“Certo.” Eu limpo minha garganta, cada osso feminista em


meu corpo exigindo que eu faça algo sobre isso, não importando
quão pequeno. "Sinta-se livre para discutir seus planos sobre
mim a portas fechadas, onde não posso ouvi-lo."

"Esse é o plano", Alex brinca.

"Alex", Blake adverte.

“Não fale 'Alex'. Ele está tentando entrar em seus vestidos


exagerados desde o primeiro dia. Eu estive com esse idiota.”

O elevador apita e todos nós saímos, caminhando para os


nossos quartos. Lucas vai junto com Blake e Alex, com o último
se recusando a reconhecer a existência do primeiro. Alex está
apontando para as coisas e nomeando músicas sobre elas.
"Elevators" por U2 quando saímos; "Stairway to Heaven" quando
passamos pela escada de emergência; e “God Only Knows”
quando passamos por uma enorme pintura chamada Retrato de
Deus.

"Não conte aos nossos velhos amigos Paul e John que eu


estou cantando os Beach Boys", ele diz, alegre de repente.
“Embora eu acho que eles não se importariam. Foi Brian
Wilson, que ficou todo irritado com o sucesso dos Beatles, e não
o contrário.”

"Pare de ser sacana." Blake solta uma risada.

“Não estou sendo sacana. Eu desprezo a todos igualmente.


Você acha que eu não tenho nenhuma reclamação sobre os
Beatles? Eles inspiraram os Bee Gees e o Oasis. Isso deveria ser
ilegal em alguns países.”

"Claro, você será a única pessoa na Terra que tem um


problema com os Beatles." Alfie pega catarro em sua garganta.
"Punheteiro."

Quando estou na frente da minha porta e eles estão na


frente da deles, meu instinto me diz para virar e olhar para eles.
Eu faço, por nenhuma outra razão além de ver se minha intuição
está certa. Alex espia por cima do ombro, me encarando como se
eu fosse o inimigo. Isso também significa que ele não está usando
sua habitual fachada fria e o que vejo em seu rosto é cru.

E desarmado.

E insuportavelmente puro.

Pisco, passando minha chave eletrônica e vendo o pequeno


ponto piscar em verde.

Pela primeira vez desde que nos conhecemos, sou eu quem


fecho uma porta para ele.

Engraçado como achei que seria bom sentir-me triunfante,


porém a única coisa que eu provo na minha língua quando a porta
se fecha atrás de mim é a derrota.
"Não." Eu caio em outra cama estrangeira que cheira a um
detergente diferente, tomando uma garrafa inteira de água. "E
essa é a minha resposta final, então você pode arrastar sua bunda
para o outro lado do chão e lamber suas feridas em particular,
onde não posso vê-lo."

Blake e Lucas estão de pé em cima de mim, seus rostos


sugerindo que eu estou sendo irracional quando, na verdade, a
razão definitivamente está do meu lado. Eu não culpo Lucas por
querer transar com a Stardust. Ela está, como se viu, bem bonita.
Mas se eu pudesse arruinar algo para ele, eu ficaria feliz em fazê-
lo. Dois anos atrás, quando saí em turnê e Fallon ficou em Los
Angeles, Lucas – a quem ajudei e apoiei, com quem cresci, com
quem dividi um apartamento, um carro e às vezes uma escova de
dentes com... – estava lá para ter certeza de que ela estaria o mais
perto possível de Will Bushell. Eu não sei por que, mas meu
palpite é que tinha algo a ver com Laura. Eu dormi com Laura
muito antes dela estar no radar de Lucas. Muito antes dele
mesmo a conhecer corretamente. Eu acho que ele tinha chegado
a Los Angeles das ruínas de seu noivado e sentia-se vingativo e
amargo.

Assim, em um movimento de vilão direto do cinema,


Lucas fez amizade com Fallon, tornou-se uma das pessoas
mais próximas dela e a empurrou mais fundo nos braços de Will
Bushell todos os dias em que eu estava fora.

Lucas não descansou até que as garras de Bushell a


envolveram completamente.

Quando penso nisso, Waitrose não tinha lugar na minha


turnê. Ele é um maldito traidor e de duas caras. Mas quando Will
começou a namorar Fallon, todo o grupo se desmembrou e eu
precisava assimilar todos os nossos amigos em comum e me
certificar de que eles estavam do meu lado.

Então, realmente, ter Lucas por perto não era sobre Lucas.
Era sobre não ter qualquer relação com Lucas, ou com qualquer
outra pessoa com quem crescemos. Se eu pudesse transar com a
mãe de Will para fazer com que ela o negasse, eu faria. Mas era
muito esforço e além disso, eu gosto do pai de Will, exceto pelo
seu estranho amor pelo Manchester United. Foda-se eles.

De qualquer forma, a questão é que Lucas não iria foder


minha idiota – babá gostosa.

"Por que não?" Blake pergunta.

Eu olho para cima. Desde quando Blake se importa com


qualquer coisa que não seja administrar minha carreira e tentar
colocar seu pau na minha agente?

"Lucas sabe o porquê", eu me desligo.

Blake também. Ele constantemente me tira da borda


quando a vontade de atirar em Waitrose espontaneamente me
atinge.

"Na verdade, não", diz Lucas, cruzando os braços sobre o


peito enquanto descansa o ombro contra a porta. "Por favor,
diga-me."

"É sobre você jogar Fallon em Will por vingança


contra mim por Laura."
“Você precisa parar com essa besteira. Fallon é uma adulta.
Ela escolheu Will.”

“Fallon é uma viciada. Ela escolheria quem quer que fosse


mais benéfico para ela naquele momento,” retruco.

“Por que você a quer de volta? Que luta maldita. Uma


mulher que se despede de quem quer que seja por uma
oportunidade melhor para ela” grunhe Lucas. Ele parece tão
furioso quanto eu, talvez até mais.

“Você deu a ela o número do telefone dele, levou-a até ele


quando o carro dela quebrou, depois disse a Will onde encontrá-
la. Inferno, quando ela estava no meu apartamento, você disse a
Will em que hospital ela estava enquanto eu estava em turnê.
Quem faz isso? Quem?"

"Um ser humano decente?" Lucas pisca, fingindo inocência.


“Will queria apoiar um amigo em necessidade. Você estava em um
ônibus indo para o sul, para longe. Olha, isso não tem nada a ver
com Indie.”

Pulo da cama, a energia correndo por mim demais para


manter a quietude. Meu corpo está tenso da longa viagem de carro
e esticá-lo batendo em Lucas parece a coisa mais atraente que eu
poderia fazer. “Salve isso, São Lucas. Eu não acredito em você.
Não, você não pode sair com Indie. Não, você não pode flertar com
ela, persegui-la ou fazer sexo com ela. Ela é minha."

"Você nem gosta dela!" Lucas me empurra, e eu empurro de


volta. “O que diabos gostar dela tem a ver com alguma coisa?”

"Eu ainda vou tê-la." Meu sorriso insultado faz uma


aparição. “Mas não se preocupe, vou te contar como ela é. Afinal,
somos companheiros, não somos?”

Blake pula entre nós, como se fosse uma sugestão.

“Tudo bem, rapazes. Isso é o suficiente para mijar


testosterona na perna um do outro por um dia.”
"Eu vou fodê-la." Eu olho para Lucas, que está agarrando
seu cabelo, puxando-o em frustração. Bem-vindo a Atos
Aleatórios de Malignidade. É apenas uma gentileza, para os putos.
Cada músculo do meu corpo se flexiona enquanto me preparo
para uma briga. A dor de Lucas é real e me surpreende. Por que
ele se importa tanto com New Girl? Ele mal a conhece.

“Eu vou transar com ela e ter certeza que ela fique
completamente arruinada para você. Agora, que tal isso,
Waitrose?”

Ele respira fundo e sai em disparada.

Eu sorrio por todo o caminho até o banheiro e nem quero


me afogar quando entro. Hoje não.

Hoje, acendo um cigarro, olho para o teto pensando em


outra música apropriada, exalando das minhas narinas.

"Fumo na água."

Jenna: Indigo. É a Jenna.

Indie: Oi, Jenna. Por favor, me chame de Indie!

Jenna: Hudson está nessa conversa também. Está


tudo bem, Indigo?
Indie:…

Indie: Sim, absolutamente.

Jenna: Como está Alex?

Indie: Relutantemente sóbrio.

Hudson: Oi, Indie! Ouvi dizer que Alex está escrevendo


com você.

Jenna: ???

Hudson: Ele ficou acordado a noite toda escrevendo.


Disse que teve um grande avanço. Ele me mandou uma
mensagem sobre isso às quatro da manhã no horário da
Austrália.

Jenna: Ele é uma estrela do rock. Ele não precisa


dormir. Isso é bom. Indigo, conte-nos sobre isso.

Indie: Nada demais para contar. Ele só está me


perguntando coisas sobre a minha vida, principalmente. Não
consigo ver o que ele está escrevendo e perguntar a ele é fútil.

Hudson: Duh. Alex odeia perguntas. Principalmente


retóricas, embora também não seja um grande fã das mais
diretas. O que não augura nada de bom para mim como seu
Assistente Pessoal.

Jenna: Hudson – você está tagarelando. Indigo – me


mantenha informada. E assim por diante.

Indie: É INDIE.

Hudson: Tchau, Indiana.


A batida na porta me assusta.

Um alfinete de segurança pica na ponta do meu dedo e eu


chupo o sangue entre meus lábios, levantando-me do meu canto
de costura perto da janela. Sim, eu sou a garota que embalou uma
mini máquina de costura para uma viagem ao redor do mundo.
Eu sempre fiz meus vestidos, porque comprar o tipo que eu amo
custaria uma pequena fortuna. Clara, minha ex-empregadora,
teve a gentileza de me dar sobras de tecido toda vez que
trabalhava em uma peça. E ela sempre tinha sobras, o que
significava que eu sempre andava por aí parecendo que estava
pronta para um baile vitoriano.

Eu abro a porta esperando ver Blake. Sempre que Blake


tem que sair do quarto de hotel que compartilha com Alex, ele me
liga ou aparece no meu quarto, enquanto Alfie ou Luc tomam
conta do astro do rock, silenciosamente me observando colocar
meus Oxfords enquanto eu grunho para mim mesma com
desagrado. Desta vez, não era Blake. É Lucas.

"Ei." Suas mãos estão enfiadas nos bolsos da frente e seu


sorriso é apologético, como se ele soubesse que não deveria estar
aqui.

“Eles permitiram que você viesse aqui. Esse é um grande


passo. Talvez eu possa votar em seguida.”

Lucas esfrega a nuca, depois leva a palma da mão ao


rosto e esfrega a boca.
“Blake nunca é o problema. Ele não se importa com muita
coisa além do telefone e talvez Jenna. Alex, por outro lado... ele
tem um pouco de raiva.”

"Já que você diz." Eu suspiro, levando minha cabeça para


fora da porta para me certificar de que Winslow não está lá, pronto
para uma emboscada.

“Ele tem suas razões, Indie. Dê a ele uma chance.”

Uma chance de que? Eu decido não perguntar.

"Eu não gosto de ser tratada como lixo."

“Ninguém pensa em você como lixo, confie em mim. Isso


tem mais a ver comigo do que com você.”

Deixo Lucas na porta, sento na cama queen-size e calço os


sapatos. Cinco minutos depois, estamos do lado de fora,
chamando um táxi e indo para o centro da cidade. Lucas não é
alguém que você reconheceria. Ele é o baterista de um artista
solo, não parte de uma banda conhecida. Mas ele ainda parece
ser o astro do rock, com seus profundos olhos azuis, rosto
esculpido, jeans desalinhados e blazer verde. Seu cabelo castanho
avermelhado está um pouco bagunçado – não tão bagunçado
quanto o de Alex, mas ainda balançando de um jeito que parecia
que ele acabou de sair de uma suruba e eu quero perguntar a ele
como fazem aquilo. Como eles sempre parecem um comercial de
PocketRocket ambulante e falante.

Apesar do mau tempo, o centro de Melbourne está cheio de


turistas e ciclistas. Carruagens com casais e grupos de
adolescentes percorrem as ruas, exibindo sua juventude. Nós
pegamos donuts espanhóis de uma carrocinha de comida e
assistimos às pessoas, sentados em um banco. Lucas inala a
comida como se fosse a primeira vez que ele foi apresentado ao
conceito de comer. Eu tomo meu tempo, pensando nos
últimos dias em minha cabeça e principalmente me
sentindo culpada por estar lá. Sabendo que a milhares de
quilômetros de distância, meu irmão e minha cunhada ainda
lutam para sobreviver e contam seus pacotes de macarrão com
desconto. Mas tudo isso mudará em apenas uma semana e meia,
quando eu receberei meu primeiro pagamento.

"Está gostando do seu novo emprego até agora?" Lucas


pergunta, jogando nossos pratos de papel em uma lata de lixo nas
proximidades.

Dou de ombros, acompanhando o movimento de um casal


adolescente com bonés se beijando sob um poste de luz na garoa.
Eu anseio por estar em sua história, não na minha. Eu quero
dormir com meu vilão enquanto meu príncipe – Lucas – olha para
mim tão platonicamente, que me faz sentir tão sexy quanto uma
toalha de mesa.

“Eu realmente não gosto tanto assim. Apenas,


basicamente, importuno Alex.” Estou prestes a morder meu lábio
inferior, mas consigo me impedir de fazê-lo.

Lucas balança a cabeça, olhando para mim, não para a


multidão, como se estivesse tentando avaliar alguma coisa.

“Confie em mim, você não importuna. Quero dizer, talvez


você faça, mas ele precisa disso. Eu conheço Alex desde que ele
era um garotinho morando em uma casa velha em Watford com
seus pais e irmã. Ele sempre teve um surto de dependência. Não
confunda a falta de drogas e álcool em seu sistema de sobriedade.
Ele ainda é muito viciado, consumido pelo ressentimento e
dirigido pela fúria. Basta olhar para o jeito que ele fala e reage ao
nome de Fallon.”

Toda vez que ouço o nome dela, meu coração desacelera um


pouco.

"Separação ruim?" Eu pergunto. Estive farejando por aí.


Por que eu estava farejando? Quanto menos soubesse sobre
ele, melhor.
Luc se mexe no banco, sua língua de veludo espreitando
para molhar os lábios. "Você não está interessada nele, está,
Indie?"

Eu reviro meus olhos.

"Responda-me com palavras", diz ele.

Eu me levanto, querendo fazer algo com as minhas pernas.


Com meu corpo. Nesse ponto, pesquisar o nome de Fallon e
descobrir o que aconteceu entre eles é um impulso violento, mas
a tela do meu celular está rachada e o novo que Jenna me deu
está bloqueado. Além disso, como é inteligente nutrir qualquer
fixação que eu tinha com o maior desastre de trem a andar na
Terra? Um que tenho que salvar de si mesmo, pelo maldito
caminho.

"Absolutamente não", bufo para fora.

"Então por que você está perguntando?" A voz de Lucas está


tão calma, que é fácil deixar minha parede de defesa cair.

"Porque", eu falo, o baterista vindo ao meu lado. Nós


começamos a caminhar em direção ao hotel, que acaba por ser
muito perto de onde estávamos. "Eu não posso acreditar que você
está mantendo ele no escuro sobre o noivado dela."

"É para o melhor, confie em mim." Ele enfia as mãos nos


bolsos de novo, sua assinatura de bom menino.

"Eu não acho que ele concordaria." Eu tremo um pouco.


Comprei uma jaqueta em Sydney, mas Melbourne está ainda mais
fria.

"É complicado."

"O que é complicado?"

“O assunto Fallon. E eu quero dizer o tipo de


complicado do Oriente Médio. Eu nem deveria estar
falando com você sobre isso, porque, francamente, não
acho que exista uma pessoa no mundo que Alex não culpe por
sua separação. Além de si mesmo, é claro.”

Eu viro para Lucas, ainda correndo de leve para aumentar


a temperatura do meu corpo. "Ele culpa você por sua separação?"

"E ele está parcialmente certo."

"Por quê?"

"Por que as pessoas fazem coisas estúpidas?" Lucas


suspira, balançando a cabeça. "Deixa pra lá."

O resto do caminho de volta ao hotel fica em silêncio. Meu


coração está em nós. Fios enferrujados se enrolaram em torno
dele, tornando difícil respirar. Alex tem uma vulnerabilidade
oculta. Ele é como o dia das bruxas. Assustador por fora, mas
quando você olha para dentro, há boas intenções ali.

Lucas e eu nos separamos no corredor do hotel. Quando


abro a porta do meu quarto, a primeira coisa que faço é prender
meu cabelo em um coque alto e caminhar até a cozinha para
pegar um copo de água. Quando me viro, derrubo o copo no chão
antes que a água tocasse meus lábios.

Alex.

No meu quarto.

Na minha cozinha.

Nu da cintura para cima, com apenas um jeans preto e


botas sujas. Ah, e seu violão. Se ele pudesse grampear isso nas
costas, ele o faria. Eu tenho certeza disso.

Pior do que qualquer outra coisa – ele não estava


supervisionado, por isso ele poderia ter recaído. Respiro fundo,
fechando os olhos.
"Onde você estava?" Sua voz explode, embora ele não
estivesse gritando, de alguma forma ocupando espaço como se
tivesse um corpo próprio.

Dou uma rápida olhada na mini máquina de costura, fios e


tecidos perto da janela e limpo minha garganta.

“Fui pegar alguns Band-Aids. Acidente de costura.” Eu não


sei o que me levou a mentir. Talvez o fato de eu estar em parte
com medo de que ele me expulsasse da turnê. Se ele fizesse, todos
os planos que fiz seriam jogados no vaso sanitário.

Eu sabia que ele não pediria para ver os Band-Aids. Ele é


egoísta demais para registrar o que eu estava dizendo. Ele está
apenas sendo um idiota possessivo. Desvio o assunto
rapidamente. "Primeira coisa, por favor, diga-me que você está
sóbrio", eu digo tão calmamente quanto possível, considerando o
meu coração batendo tão rápido que quase explode no chão
acarpetado. Pelo menos, é o mesmo vermelho que o tapete
exuberante, portanto, nenhuma conta extra de limpeza a seco.

"Tão sóbrio quanto um bebê mórmon." Ele faz um sinal de


honra de escoteiro com os dedos, antes de me dar um sorriso.

"Então, agora a questão o que diabos você está fazendo


aqui, Alex?" Eu caio de joelhos, recolhendo os pedaços afiados de
vidro.

Ele ainda está parado lá, estóico como uma estátua,


olhando para mim como se eu fosse seu assunto.

"Quero dizer, Jesus Cristo, você não pode simplesmente


entrar aqui sem avisar..." Murmuro para mim mesma, sentindo
meu rosto corar.

Não olhe para cima. Você só vai acabar encarando sua


virilha novamente.

“O hotel não ofereceu serviços de lavanderia hoje por


algum motivo bizarro e Blake está ocupado cuidando do
fato de que meu pau está ficando mais exposto do que os
Kardashians, também conhecidos como 'Cockgate'. Eu não tenho
nenhuma camisa limpa para o show amanhã.” Ele acena para
uma bola de tecido preto em seu punho. Hah, Blake está
limpando a bagunça que ele criou. A ironia não está perdida em
mim. Viro as costas para Alex, principalmente para que meus
olhos não agridam seu peito. Ele tem a tatuagem mais vívida que
eu já vi. Um corvo negro, suas asas quebrando em minúsculas
penas que salpicam suas costas e costelas inteiras. Simbolizando
o anjo negro e quebrado que ele é. Eu jogo o copo quebrado no
lixo.

“Você não tem pessoas de plantão para isso? Você parecia


estar cercado por eles no show de Sydney.” Meus dentes mordem
meu lábio novamente. Meu telefone está tocando no balcão da
cozinha onde o havia deixado. Eu sei que era Nat, que
provavelmente acordou e quer me checar. Eu odeio não responder
a ela, mas não posso arriscar que ela ouça nossa conversa. Não
há como saber o que deixaria a boca daquele homem.

"Eu tenho. Não gosto de conversar com nenhum deles”,


confidencia Alex.

"Tenho certeza que não sou sua parceira de conversa


número um, também."

"O diabo que você é." Ele bate o nariz, as sobrancelhas


levantadas, como se estivesse compartilhando um grande e
inspirador conselho. “E então, parece que você está prestes a
lavar a roupa de Alex Winslow. Parabéns e você é bem-vinda.”

"Você pode dizer a Alex Winslow – a quem você se refere na


terceira pessoa por um motivo além do meu alcance – que lavar
roupa não está na descrição do meu trabalho." Eu caminho até
o vasto banheiro de estilo romano, reaparecendo com uma
toalha. E seco o chão da cozinha.
Ele está no mesmo lugar como se tivesse crescido raízes que
eu teria sido feliz em arrancar com minhas próprias mãos. Se ele
se movesse um pouco, eu não teria que escovar meu ombro contra
seu braço para passar por ele. Mas, claro, ele permanece imóvel.
Nossa pele se toca. Deixo a toalha cair no chão, ignorando os
nervos crepitantes onde entramos em contato e movo a toalha
para a frente e para trás com a ponta do sapato.

"Na verdade, é", diz ele, sua voz saturada com algo que eu
não reconheço. Ele é maior que a vida. Um show de um homem,
mesmo quando ele está fora do palco.

Eu me viro, meu rosto em branco. "Hã?"

“Tomei tempo para ler seu contrato hoje. Jenna deu a Blake
uma cópia extra, e eu estava entediado – você sabe, sem Internet,
sem drogas, sem que Hudson gritasse. Está em seu contrato me
ajudar com qualquer serviço adicional de assistência pessoal que
eu possa exigir.” Ele sorri, inclinando a cabeça para o lado."Parece
que você está em apuros, senhorita Bellamy."

Meus olhos se arregalam e chamas de ódio lambem meu


estômago. Ou foi adrenalina? Eu não tenho certeza. Eu piso em
direção a ele, pegando a camisa em minha mão e acenando para
ele.

“Se você quer que eu lave a sua roupa, venha comigo para
assistir, porque da próxima vez, estará fazendo isso sozinho. Não
haverá uma segunda vez, Alex. Eu não sou sua empregada.”

"Você quer que eu vá para a lavanderia?" O olhar que ele


me dá é inestimável. Como se eu tivesse perguntado se ele queria
se juntar a mim espontaneamente em uma viagem ao espaço
sideral.

Eu balanço a cabeça, jogando sua camisa suja em um


saco de papel de onde eu tinha comprado a jaqueta. “Agora
vamos para o seu quarto pegar o resto de suas roupas. É
melhor irmos antes que o relógio bata cinco e todos os
mortais saiam do trabalho para lavar a roupa. Pode ficar bem
caótico lá fora.”

Eu deveria saber. Nós não temos uma máquina de lavar


roupa em casa.

"Eu não posso deixar o hotel, sua pequena maluca." Ele riu
– riu! – bloqueando meu caminho até a porta. Seus ombros são
largos e ágeis. Ainda assim, sou pequena o suficiente para passar
pelo espaço entre o quadril estreito dele e o batente da porta, indo
para a porta dele.

"Você pode e vai."

“Merda, você é louca. Jenna fez uma busca inteira em você?


Psiquiátrica, avaliação da personalidade, etc.?”

Senhor, dê-me força.

“Guarde as piadas para alguém que as acha engraçado,


Winslow. Você vem comigo.”

"Eu poderia ser assediado sexualmente", ele fala atrás de


mim, rindo.

A pior parte é que ele é vaidoso o suficiente para realmente


acreditar. Eu abro a porta do quarto dele e começo a recolher suas
roupas espalhadas da mesa de bilhar, do balcão da cozinha e da
mesa de TV. Há camisetas penduradas em uma lâmpada. Eu
gostaria de poder cobrar extra por pegá-las.

“Eu tenho um spray de pimenta na minha bolsa e fiz


algumas aulas de Krav Maga no ano passado. Entre você e eu,
devemos ser bons lutando contra as garotas de treze anos de
idade com um gosto musical duvidoso que compram sua música”,
eu brinco. Não foi justo nem verdadeiro. Não apenas Alex
Winslow é um dos melhores compositores a andar no mundo
desde Dylan, Springsteen e Jagger – mas ele é realmente um
dos poucos artistas a tentar trazer algo diferente em cada
álbum que ele lança.
"Espere." Alex apoia os braços sobre o batente da porta,
franzindo a testa. "Você acha que minha música é uma merda?"

Eu dou uma olhada nele. Ele está diferente hoje... mais


leve. No mínimo, ele age como se estivesse se esforçando para não
ser um idiota, como seus amigos frequentemente se referem a ele.
Ocorre-me que talvez este seja o seu verdadeiro eu, aquele que ele
está escondendo de mim em uma tentativa de me fazer fugir. E o
seu verdadeiro eu é fofo. E engraçado. Quaisquer que sejam seus
motivos, não me importo. Eu anseio por uma trégua, sabendo que
isso tornaria meu trabalho muito mais agradável e eliminaria um
pouco da tensão sexual que fazia os pêlos dos meus braços
ficarem em pé toda vez que seus olhos verde-marrons zoneavam
em mim.

"Eu acho que sua música é ótima", admito em voz baixa.

Ele sorri um sorriso real pela primeira vez e Jesus, eu não


estava preparada. Sua boca se curva para cima como Marlon
Brando em “Um bonde chamado desejo”. Duro como unhas, mas
incrivelmente bonito da maneira mais delicada. Como no mundo
eu iria sobreviver ao resto dessa turnê? Engulo em seco, pego o
resto de suas roupas em mais duas malas que encontro e passo
por ele através da porta. Eu penso ter ouvido ele rindo atrás de
mim, mas não me viro para checar.

"Oh meu Deus, sua queda será espetacular", desta vez ele
definitivamente diz isso.

Considerando que ele me disse que iria fazer sexo comigo


dois dias atrás, sei exatamente o que ele quer dizer. Eu preciso
afastá-lo de alguma forma. Seu impacto em mim é nada menos
do que desastroso, porque ele está certo. Se ele continuasse,
poderia ter sucesso, e ele está obsessivamente apaixonado por
outra garota.

Além disso, ele é um astro do rock.

Além disso, ele é meu chefe.


Além disso, ele está uma bagunça.

Além disso, vamos nos separar em três meses.

Eu tenho todos os motivos do mundo para ficar o mais


longe que o meu trabalho me permita.

O passeio pelo elevador é feito em silêncio.

A caminhada para fora do hotel parece uma preliminar


torturante.

Então o ar fresco atinge meus pulmões e decido como lidar


com seus avanços.

"Eu gosto de Lucas", falo, empurrando a porta da


lavanderia aberta.

Sua máscara cai pela segunda vez naquele dia. Sei disso
sem sequer olhar para ele.

A porta se fecha atrás de nós e eu estremeço, mantendo


meus olhos nas máquinas de lavar.

“Não deveria ter dito isso, querida. Desafio aceito e agora


você está com problemas. O tipo que sua bunda inocente não
pode achar seu caminho para escapar.”
Capítulo 7

"Uau. Você é tão cheio de si mesmo.” Seus pés pequenos e


bronzeados balançam no ar. Ela está sentada em cima de uma
máquina de lavar com uma placa “quebrada” grudada nela,
olhando diretamente para a que ela tinha acabado de enfiar
minhas roupas. Mãos enfiadas sob as coxas, os olhos fixos na
massa negra de tecido girando preguiçosamente pelo vidro
redondo. Eu pondero sobre esse bronzeado. Suas feições são
tranquilas e agradáveis, como as de Emma Watson. Seu
bronzeado, decido, é produto de seu estilo de vida em Los Angeles.
Imagino-a andando de bicicleta pela cidade com um vestido curto,
o cabelo dançando ao vento. Ignorando meu meio mastro, falo
com ela.

"Sim, bem, isso é porque as pessoas querem estar cheias


de mim." Eu pego um cigarro atrás da orelha e rolo entre meus
dedos. Eu preciso de um cigarro. Mas também preciso superar a
minha repentina paixão pela senhorita Bellamy. Eu só ia foder
com ela para dar o troco ao Lucas. Tenho cinquenta por cento
de certeza de que meu interesse por ela vem do fato dela ser
a única mulher que está comigo na estrada. Os outros
cinquenta é por ela estar me dizendo que quer foder o Waitrose.
Talvez 'foder' não seja a palavra certa. Stardust é mais do estilo
dos filmes baunilha.

Stardust? Stardust. Que porra é essa!

Estou usando um boné Burberry que Chris, meu


companheiro de casa, me deu depois que ganhei meus primeiros
quatro Grammys – na mesma noite. Ninguém me reconheceu,
mas isso não me fez sentir menos exposto.

“Você realmente acredita nas coisas que diz?” Ela pergunta,


puxando a faixa que segura seu cabelo azul em um coque. Sua
aparência está chamando mais a minha atenção a cada dia. Seus
vestidos antigos de Hollywood são intrigantes. A conjuntura de
lábios carnudos/dentes pequenos é inegavelmente sexy. E amo
que ela goste de se exibir como se eu não fosse o único a dar todas
as cartas aqui.

"De todo coração." Apoio meu quadril na máquina de lavar


em que ela está sentada, examinando seu rosto. "Você vai cobiçar
meu pau amanhã antes do show?"

"Se você precisar fazer xixi, talvez."

"Então eu preciso fazer xixi", falo, mentalmente me


corrigindo para mijar.

Ela revira os olhos, mas sorri. Eu me aproximo um pouco


mais dela. O lugar está ficando mais movimentado, o que não é
uma boa notícia para mim.

“Falando do meu pau, o que eles dizem sobre isso nas


notícias? Devo conseguir um agente? Sei que Jenna está ocupada
com seus clientes. Posso procurar por alguém mais faminto que
possa realmente tornar isso grande.” Cada palavra continha
algumas insinuações sexuais.

“Minha tela do telefone está quebrada e eu não


tenho um laptop. Mesmo se tivesse acesso à Internet, seu
pênis seria uma das últimas coisas que eu teria no Google.
Literalmente, até mesmo depois de "como seria uma cadeira se
seus joelhos se dobrassem para o outro lado".”

Pênis. Ela disse "pênis" novamente. Quantos anos tem essa


garota?

Dou a ela um olhar estranho, porque ela é uma coisa


estranha.

Ela esclarece: "É opção na barra de pesquisa do Google,


acredite ou não."

Balanço a cabeça e mudo para um assunto mais saudável.

"Alguma coisa lá fora, que preciso saber?" Eu não faço


mídia social. Tenho milhões de seguidores no Instagram e no
Twitter e Blake às vezes posta fotos minhas em shows ou no
estúdio para manter a chama da minha marca viva. Fora isso, as
pessoas sabem que eu não sigo o estilo de vida das celebridades.
A mídia social é minha ideia de lamber minhas próprias bolas.

Olhe para mim.

Veja como estou.

Preste atenção em mim.

Ouça o que tenho a dizer sobre política/aquecimento


global/insira outro tópico sobre o qual não tenho absolutamente
nenhum conhecimento.

Não. Não é a minha praia. Então, quando Blake me disse


para ficar fora da Internet, eu não tive objeção alguma. Indie –
acho que ela não é mais New Girl – esfrega as palmas das mãos
sobre o rosto antes de seus dentes se juntarem ao lábio inferior,
e é assim que eu sei que ela está nervosa.

"Eu não tenho acesso à internet, lembra?" Ela pula da


máquina de lavar roupa quando a lavadora toca. Arrasta
minhas roupas molhadas para a secadora e aponta para
os botões, explicando coisas que não estou nem ouvindo, muito
menos tentando lembrar. Meus olhos estão focados em seu
traseiro sob o vestido florido que sobe por suas coxas quando ela
se curva. De forma decepcionante, a calcinha não fez uma
aparição.

“… certifique-se de que os brancos estejam separados do


resto de suas roupas. Eu também lavo as toalhas separadamente
porque elas são mais pesadas, mas acho que o hotel fornece as
toalhas, então...”

Ela está se movendo. Muito. E conversando. Ainda mais. É


evidente que ela não está flertando comigo e só isso me faz querer
foder a paixão de Lucas ainda mais. Depois que ela enfia minhas
roupas na secadora e liga a máquina, ela se vira para mim e
suspira.

"Acho que temos uma hora para queimar."

Uma hora. Eu posso fazer muito com uma hora. Para


começar, posso dormir, o que eu não fiz em algumas noites
seguidas, compondo músicas em vez disso. Ou assistir TV.
Escutar musica. Escrever algumas. Foder um pouco. Ou eu
poderia fazer a coisa honrada e levar New Girl para o café para
conhecê-la melhor. Não, levar a lugares é o último recurso. Vou
tentar entrar em sua calcinha sem esforço primeiro.

Passamos a hora olhando para a secadora. É entediante,


mas provavelmente não tão entediante quanto passar mais um
minuto com Blake gritando com meus advogados no telefone para
mandar vários sites de tablóide pararem. É só quando voltamos
da lavanderia que ela realmente fala comigo de novo.

"Então, você não aprendeu nada do nosso tempo na


lavanderia, né?" Ela pergunta quando estamos na frente de
nossas portas.

Levanto minhas sobrancelhas, meus bíceps


malhados surgindo enquanto eu seguro a enorme pilha
de roupas limpas enfiadas em três sacos. Eu a vejo olhar. E
engolir. E desviar o olhar, como todas as boas garotas fizeram
antes de eu fodê-las com tanta força que as deixei em pedaços.

“Aprendi, na verdade. Sua bunda não é ruim quando você


se abaixa para pegar minhas coisas, o que significa que a minha
vontade de foder você ainda está muito ligada.”

"Você é nojento", ela murmura, destrancando a porta.

“E você está curiosa. Boa noite, Stardust.”


Capítulo 8

Jenna: INDIGO.

Indie: Ele está sóbrio. Eu juro. Posso dizer por como ele está com
raiva o dia todo. Ele quase derrubou um técnico da última vez que ele
fez uma verificação de som.

Jenna: Alex me disse que escreveu uma música de dez minutos


e insiste em colocá-la em seu próximo álbum.

Indie: Então?

Hudson: Então é 2017, não é 69 (apesar de meu amor eterno pelo


número) e ele não é Deep Purple. Uma música de dez minutos é tão
comercial quanto uma estrela de boca chata. Fale com ele para desistir.

Indie: E se for realmente bom?

Jenna: Irrelevante. Diga-lhe que é uma droga quando ele tocar


para você.

Indie: Isso parece errado.

Jenna: Acredite em mim, Indigo, vai parecer muito mais


errado quando o próximo álbum dele explodir e ele oficialmente
tiver que fazer as malas e ir onde todos os astros do rock vão
morrer – julgar um reality show.
Outro dia, outro risco em tinta vermelha brilhante no meu
calendário de noventa dias.

Como a checagem de som é só as seis horas, Lucas, Alfie e


Blake decidiram fazer um cruzeiro antes do show. Blake não se
sentia muito animado em deixar Alex sozinho comigo por horas.
Na verdade, ele embalou dois carregadores e seu BlackBerry de
reserva por precaução, prometendo ao astro do rock que ele
estaria disponível para ele durante todo o dia. Só depois que
Lucas e Alfie conversaram com ele em particular no canto da suíte
presidencial, trocando palavrões profanos, que ele cedeu.
Eventualmente, ele se desgrudou de seu cliente e saiu, mas não
antes de me dar uma lista de babá que nem um bebê celíaco de
dois dias precisaria.

Alex disse que queria ficar no hotel e escrever. Mas na


verdade, tudo o que ele fez foi deitar na cama e fumar ao som de
Cage the Elephant e The Strokes enquanto olhava para o teto. Ele
não falou comigo, e eu não fiz nenhum esforço para iniciar uma
conversa também. É difícil dizer se ele está deprimido ou
simplesmente sendo um artista. Num momento ele é charmoso e
envolvente – como na lavanderia – e no outro está pensando em
nada e em tudo, mantendo o mundo a distância.

Hoje é especialmente difícil para mim e tudo o que eu quero


fazer é me trancar no meu quarto e chorar até dormir.

O que é exatamente o que faço no instante em que Blake


volta no início da tarde e me dispensa de meus deveres.

Eu me trato com duas horas de choro, então


consumo tudo feito de chocolate que posso encontrar no
frigobar para acalmar meus nervos. Depois que termino meu
mini-colapso, pego o telefone do hotel e disco a extensão de Luc.
Não sou do tipo que pede favores, mas algumas situações exigem
exceções e essa é uma delas.

Lucas aparece na minha porta uma hora depois, recém-


barbeado, cheirando como o interior de uma revista de moda e
armado com seu laptop e um sorriso contido. Ele é bom para os
olhos. E o coração. Para não mencionar a mente. Quis dizer isso
quando contei a Alex que gosto de Lucas. Mas é uma pena que
não gosto dele de uma forma que faz todo o meu corpo vibrar e
ganhar vida com necessidade e calor. De um jeito que me faz
gemer toda vez que seu rosto aparece em minha mente. Do jeito
que odeio o Alex.

"Você é um salva-vidas, Luc." Pego o laptop dele e sento na


minha cama. Meu quarto já está em frangalhos, não parecendo
muito melhor do que o de Alex, e pelo menos ele tem uma
desculpa – ele está hospedado com outra pessoa e tem uma
reputação de rock star para sustentar.

Luc faz um tour pela sala, enquanto faço o login na conta


do Skype que abri no dia anterior à nossa viagem para a Austrália
e ligo para Nat e Craig. Eles respondem imediatamente, Ziggy
sentado entre eles com um grande sorriso em seu rosto gordinho,
seu cabelo loiro fino caindo em ondas na testa.

"Tia Stahduh!", Ele murmura, lançando os braços.

Sinto meu coração inchando no peito, um sorriso se


espalhando por todo o meu rosto.

"Como está meu menino favorito?"

"Boooom", ele demora.

"Eu vou deixar vocês conversarem." Nat pega Ziggy e o


leva para tomar um banho.
Eu quero protestar e pedir mais tempo com Ziggy, mas sei
que preciso falar com meu irmão. Craig permanece sentado,
puxando o cabelo castanho claro. Ele parece tão cansado que eu
quero envolver meus braços em volta dele em um abraço
sufocante. Eu sou uma abraçadora compulsiva, mas ele é... bem,
não.

Lucas está de pé no canto da sala, passando a mão pelos


diferentes tecidos do meu próximo vestido. É verde escuro com
decote de renda preta. Estou prestes a terminar e começar o The
Paris Dress, o projeto para o evento de Halloween no castelo. Eu
nem deveria saber sobre isso, mas agora que sei, é a única coisa
que eu espero na turnê.

Parte de mim quer pedir privacidade a Lucas, mas isso


parece rude quando me emprestou seu laptop - ele só me trata
com bondade. "Como você está aguentando hoje?", pergunto a
Craig.

“Nosso dia acabou de começar. Pergunte-me novamente em


doze horas. E quanto a você?"

"Bem", minto.

Hoje é o aniversário da morte dos nossos pais. Quatro anos


atrás, recebemos a ligação e corremos para o hospital. Nós
realmente pensamos que mamãe ia conseguir, mas a hemorragia
interna havia vencido a batalha. Papai, por outro lado, não teve
chance. Ele morreu no impacto e seu corpo foi enviado
diretamente para o necrotério. Craig se recusou a me deixar vê-
lo. Eu estive com raiva dele por anos, mas agora entendo.
Aparentemente, o carro pregou-o a uma árvore antes de fugir da
cena.

“Espero que você não vá ficar louco e bravo hoje. Nat e Zig
não merecem isso.”

Craig suspira, passando as mãos pelos cabelos um


pouco mais. O acidente o mudou mais do que a mim,
porque foi ele quem teve que abandonar a faculdade, arrumar um
emprego e pagar as contas. Eu era a mesma pessoa com um
coração partido. Ele era uma pessoa quebrada que começou a agir
como se não fosse. Ele não queria se ressentir de mim por isso,
mas não foi preciso ser um gênio para saber que ele fez.

"Vou me esforçar." Ele coloca os cotovelos sobre a mesa,


atando os dedos atrás da cabeça. No acidente, o motorista fugiu.
Se a tragédia tivesse um rosto, pelo menos poderíamos odiá-lo.
Eu não sou do tipo de sentir pena de mim mesma. Mesmo quando
era evidente que com menos do que notas estelares e fundos
inexistentes, o mais próximo que eu chegaria da faculdade seria
se limpasse uma. Não me importava que meu destino tivesse sido
escrito para mim. Eu editei o bastardo. E, francamente, até Clara
se aposentar e vender a Thrifty, eu estava contente com minha
vidinha. Craig, por outro lado, não gostava de sonhar pequeno.
Especialmente desde que ele esteve a ponto de chegar à NFL antes
que a tragédia atingisse nossa família.

E é por isso que eu odeio álcool. Não havia chance da


pessoa atrás do volante estar sóbria. Apenas não houve. O que fez
o caso de Craig com álcool me deixar ainda mais insana.

"Obrigada", eu sussurro. “Seja forte para eles, ok? Nat


desistiu de muita coisa para estar com você.”

“Então, você continua me lembrando. Constantemente."

Lucas está tossindo do canto da sala e essa é a minha deixa


para terminar a conversa.

"É o Sr. Drogado?" Os olhos de Craig se iluminam pela


primeira vez desde que começamos a conversa, mas ele está mais
excitado com a ideia de insultar uma celebridade do que ficar
chocado. "Acabei de ouvir Alex Winslow tossir?"

“Não.” Eu coro com a simples ideia de Alex andando na


minha suíte. “É o Lucas, o baterista dele. Ele me
emprestou seu laptop.”
“Certo.” A voz de Craig cai para o seu habitual frio ártico.
"De qualquer forma, espero que você esteja refeita do seu festival
anual de choro."

"Estou", confirmo. Quero dizer algo mais, para terminar a


conversa em uma nota positiva, mas a conexão foi cortada do seu
lado e acabo olhando para uma tela azul.

Lucas aparece ao meu lado, apertando meu ombro.


Nenhuma palavra precisa ser dita, e me vi pressionando minha
bochecha na mão dele, fechando os olhos.

Ele está aqui.

Ele é legal comigo.

Ele entende.

E pela primeira vez desde que deixei o solo americano,


ainda estou sozinha, mas de alguma forma, não mais.

O mundo inteiro parece diferente nessa noite. Como uma


foto vacilante em uma parede que antes estava nua. A vida foi
iluminada de uma maneira que só a tragédia traz à tona. Ser órfão
não é apenas um estado, é um sentimento, um tipo de bagagem
e talvez até mesmo um traço de personalidade.

Eu olho Alex em silêncio. Ele me deixa ter o meu espaço,


mas, novamente, ele nunca tenta falar comigo de qualquer
maneira, além daquela vez no corredor. Quando ele entra no
palco e começa o show, solto um suspiro de alívio. Eu preciso
do meu tempo sozinha. Assim que Alex me deixa sozinha,
sento no sofá em seu camarim – couro marrom desta vez
– e uso o laptop de Luc para passar pelas fotos de Flora e Bruce
Bellamy. Craig havia postado no seu perfil naquele dia porque
sabia que eu gostaria de vê-los.

O sorriso da minha mãe era contagiante e papai costumava


rir com todo o seu corpo. Corro meus dedos sobre a tela do laptop
de Luc, suspirando. “Não me odeie por deixá-los. Eu voltarei com
dinheiro suficiente para nos tirar de problemas,” digo a eles, mas
sei que não é tão simples assim.

Quando o show acaba, Alex entra, pingando suor. Gotas


escorrem de seu queixo para seu peito nu e meu estômago se
aperta de um jeito estranho quando seu abdômen tenso se contrai
a cada passo que dá. Mordo meu lábio inferior, colocando o laptop
de lado.

“Bom show?”

"Não", ele grunhe, pegando uma garrafa de água e


desenroscando a tampa. Em vez de beber, joga a água em cima
do rosto, depois esmaga a garrafa vazia na mesa com a palma da
mão. “Show incrível pra caralho.”

Eu nem sequer tenho um sorriso para poupá-lo, então volto


a olhar para a parede. Alex cutuca meu pé com sua bota, caindo
ao meu lado e quase quebrando o laptop em dois.

“Meia noite no corredor, Stardust. Eu acho que esta noite


vai durar um pouco mais. Estou atrasado com as músicas.”

"Do que você está falando?" Murmuro, resgatando o laptop


e colocando-o em um suporte ao lado do sofá.

“Meia-noite é a hora da inspiração. Isso é o que fazemos


depois de um show.” Ele olha para mim como se tivesse crescido
uma segunda cabeça verde do meu ombro.

"Vamos fazer isso de novo?" Pisco, tentando matar as


borboletas dançando no meu estômago.
Ele rola para o lado, dando-me uma visão espetacular de
seu peito e abdômen tatuado, a cabeça apoiada em seu braço
saliente, seu olhar tão intenso quanto sua voz rouca.

Está diferente. Muito diferente.

Diferente do jeito que ele normalmente olha para mim.

Diferente do jeito que alguém já olhou para mim.

Algo acontece ao meu corpo que me leva a cruzar minhas


pernas e apertar minha parte interna das coxas. Seus lábios estão
perto dos meus, vermelhos e inchados de gritar no microfone. Eu
preciso me levantar. Por que não me levanto? Jesus, é como se
minha bunda estivesse colada no sofá.

“O que diabos está errado com você, Stardust? Você está


mais esquisita que o normal e isso diz muito.”

"Eu não quero falar sobre isso." Meus olhos se arrastam até
a janela. Sempre tem uma janela. Em todos e cada um dos seus
camarins. Eu me pergunto se ele especificamente pede, e se isso
o faz se sentir menos preso. Preso em uma situação. Preso dentro
de si mesmo.

"Bem" – ele bate na minha coxa levemente e fogos de


artifício, em diferentes cores e tamanhos e formas explodem
dentro do meu peito - "Eu não estou pedindo gentilmente. Você
está na minha folha de pagamento, sob minha asa. Você vai
cantar como um canário.”

Eu fungo, ignorando a dor de cabeça fraca que veio de mãos


dadas com o choro por horas a fio. “Tecnicamente, você está sob
minha asa."

"Impossível", diz ele, levantando meu braço relaxado. Seu


toque é como um cobertor. Quente e estranhamente protetor.
Meu corpo parece uma fênix erguendo-se das cinzas da
dormência e redescobrindo que tinha músculos,
terminações nervosas e carne que ansiavam por serem tocadas,
mordidas e chupadas. Engulo em seco.

“Você não pode me encaixar nessa coisa. Meu pau é


provavelmente do comprimento da sua perna. Você está debaixo
de mim. Todos os trocadilhos foram planejados. Agora me diga o
que está errado. Problemas no paraíso de Lucas e Stardust?
Finalmente descobriu que ele é um bundão?” Uma de suas
sobrancelhas diabólicas arqueia sarcasticamente. Ele faz parecer
que Lucas e eu somos um casal, o que não é o caso, e eu quero
acreditar que há algo em sua voz, mas por quê? Ele não está
interessado em mim, e mesmo se estivesse, Jenna me avisou
sobre ele. O mundo me avisou sobre ele.

"Sério, Winslow, você não quer saber." Dou a ele um último


aviso justo, acenando para ele cansadamente com a minha mão.
Não é meu trabalho protegê-lo da verdade. A verdade é feia e real,
e aberta como uma ferida cheia de pus. Da maneira que eu vejo,
Alex está acostumado com a versão photoshop de mulheres. Não
gosta de mim, que vim com duas toneladas de bagagem e falhas
reais.

"Cuspa, Bellamy", ele enuncia.

"É o aniverário da morte dos meus pais."

"Quê?" Ele se inclina para frente, seus músculos tensos


com... o que? O que exatamente ele está sentindo?

“Quatro anos atrás, hoje, meu irmão e eu recebemos o


telefonema de que eles estavam envolvidos em um atropelamento
e fuga perto de um restaurante em Koreatown. Meus pais
trabalhavam em três empregos e nunca saíam, mas em todos os
aniversários de casamento, papai levava a mamãe a um bufê que
para comemorar. Alguns psicopatas os atropelaram quando
atravessavam a rua até a represa para dar um passeio e
fugiram, deixando-os para morrer. Eles perderam suas
vidas em seu aniversário de casamento. Daí o título, aniversário
de morte.”

Nós apenas nos encaramos. Não consigo lê-lo, mas pela


primeira vez não me importo. Este é o meu coração partido. Minha
dor. Minha vida. Eu não preciso tentar fazer isso caber a ele. E
daí se ele parece torturado pela minha confissão antes de se
levantar e caminhar até o mini-bar do outro lado da sala.

“Você tinha… o que? Dezessete anos?” Ele engrossa sua


voz, fortalecendo sua expressão e colocando sua habitual face de
pôquer novamente.

"No ensino médio." Eu balanço a cabeça. “Até então, eu


tinha sido uma estudante média. Eu subi. Eu ia melhorar minhas
notas até ter uma bolsa de estudos completa, mas depois do
acidente, elas começaram a cair, rapidamente. Em parte porque
eu precisava conseguir um emprego de meio período que
englobasse minhas horas de estudo, mas principalmente porque
perdi a direção sem o apoio da mamãe. No último ano, as coisas
ficaram tão ruins que mal me formei. Eu fui reprovada em
espanhol e tenho certeza de que meu professor de inglês teve pena
de mim.” Alex coça o queixo, tomando água tônica com limão e
olhando pela janela.

"Você provavelmente me odeia um pouco mais por ter sido


preso por dirigir embriagado." Ele soa como um bom e normal
Alex, hoje à noite.

Pego minha bolsa e o laptop de Lucas e vou para a porta.


Se eu ficasse, diria a verdade – sim, eu odiava alcoólatras e
detestava pessoas que achavam que estava tudo bem ficar atrás
do volante quando bêbadas e colocar não apenas a si mesmo em
perigo, mas pessoas inocentes voltando para casa depois de um
jantar de aniversário. Quando estou saindo, Lucas está
entrando. Nós nos deparamos um com o outro e ele ri,
correndo os dedos pelo seu cabelo castanho.
"Estava procurando por você." Ele oferece um sorriso doce,
seu olhar pulando para Alex momentaneamente antes de pousar
de volta em mim.

Entrego a ele seu laptop. “Obrigada por isso. Você é um


salva-vidas, Luc.”

"Não se preocupe. Está se sentindo melhor? Você parecia


no limite mais cedo em seu quarto.” Lá estava novamente. O olhar
que ele dá a Alex. Ele está procurando por... alguma coisa. Uma
reação, talvez.

Abro minha boca, prestes a responder, quando Alex


aparece por trás do meu ombro. Olho para cima, obtendo uma
visão do queixo dele. Ele é muito mais alto do que eu e, apesar de
ser magro, cheio de carisma, nem parecemos pertencer à mesma
espécie. Seus dedos apertam o batente da porta e suas narinas se
abrem.

"O quarto dela?" Ele rola a última palavra em sua língua


como se fosse uma maldição. "Que negócios você tem em seu
quarto?"

Lucas inclina a cabeça, confusão estragando suas feições.

"Ela me pediu emprestado o meu laptop."

“Poderia ter ficado no corredor. Não, espere. Esse é um


conceito estranho, certo, Waitrose? Conversar com uma garota
sem monopolizar sua vida, tempo e espaço,” retruca Alex.

Estou espremida entre eles, de costas para Alex, meu rosto


para Lucas, sentindo-me quente, e não apenas de corar. Ambos
os homens liberam calor suficiente de seus corpos para fritar um
bife, e isso está errado, especialmente considerando o mau
momento, mas meu pulso lateja no meu pescoço com a
excitação.

“Oh, isso é bom, Winslow. Se seu pênis tivesse uma


autobiografia, seria mais grossa que a de Bill Gates.” Luc
mantem a voz leve, mas seu tom é firme, oferecendo-me a palma
da mão aberta.

Meus olhos se arregalam em descrença. Esta é uma


provocação contundente, e ambos sabem disso. Eu me contorço
de costas para a parede. Eles me encaram, esperando que eu diga
alguma coisa. A mão de Lucas ainda está aberta, mas nada
convidativa. Alex se afasta, fazendo o braço de Luc balançar ao
lado de seu corpo. Ele acerta o rosto de seu baterista e antes que
eu saiba o que está acontecendo, Lucas está colado contra a
parede ao meu lado, o tecido de sua camisa úmida reunido no
punho de Alex. Eles estão nariz-a-nariz agora. Não há como
confundir o sangue ruim que corre entre eles, porque é espesso e
bravo como um rio.

“Vamos esclarecer uma coisa – essa garota não foi


contratada como um espaço de estacionamento para o seu pau.
Ela é minha assistente. Ela cuida de mim, atende-me, responde-
me e só a mim. Isso significa que se eu te pegar em seu quarto
novamente – e estou planejando manter um olhar mais atento
agora, Waitrose – vou te jogar fora da turnê sem sequer mexer
meus olhos. Não esqueça que você é apenas um baterista.
Qualquer músico com dois bastões pode substituí-lo.”

Meu coração está na garganta. Por todo maldade que Alex


Winslow exibe sempre que estou envolvida, ele nunca falou com
nenhum de seus amigos assim na minha frente. Lucas empurra
Alex para longe, fazendo com que a estrela do rock bata contra a
parede oposta.

“Oh, sai para lá. Você tem agido como um chato miserável
desde o segundo em que saiu da reabilitação. Se sua missão na
vida é fazer todo mundo te odiar, você está se superando muito,
Winslow.”

Alex imediatamente balança o braço para trás,


preparando-se para bater com o punho no rosto de Lucas,
mas, felizmente, Blake aparece no corredor, correndo em nossa
direção.

“Oi! Vocês dois, fiquem longe um do outro”, ele grita,


acenando com o celular em punho em alerta. As palavras não
podem expressar o quão desajeitada eu me sinto ali parada como
uma idiota assistindo a troca sem palavras. Há muitas coisas que
eu quero fazer, incluindo, mas não se limitando, a gritar com Alex
que eu não sou sua posse, depois dizer a Lucas para parar de agir
como um inseguro de cinco anos de idade que quer obter o
brinquedo da outra criança. No entanto, decido ensinar os dois
separadamente quando eles esfriarem para um melhor impacto.

Blake coloca seu corpo entre eles e estica os braços,


forçando cada um a uma parede diferente.

“É a segunda vez em vinte e quatro horas. O que diabos


está acontecendo?” Ele exige.

“A mesma coisa que aconteceu ontem. Waitrose está


babando na minha babá.” Alex bufa um pedaço de cabelo da testa
suada, e droga, ele ainda está sem camisa, e eu ainda estou
tentando não ovular como resultado.

Lucas zomba. “Vamos tentar de novo, fantoche. Oficial


Cabeça Dura não permitirá que Indie respire sem ele por perto.
Aparentemente, não podemos mais sair por causa de sua
síndrome do pau pequeno.”

"Pau pequeno!" Alex exclama, como se Lucas tivesse dito


que a terra é plana. “Meu pau já ganhou mais dinheiro do que
você este ano e em breve precisará de uma equipe completa para
gerenciar sua carreira. Não o desrespeite, porra.”

Estou realmente parada ouvindo três homens britânicos


adultos discutindo sobre o pênis de Alex?
“Ok, ok, ok.” Blake empurra os dois com mais força para as
paredes opostas quando tentam entrar no rosto um do outro
novamente.

Eu nunca vi Lucas menos que calmo e equilibrado e o Alex


nunca ficou tão irritado antes.

“Escute-me com cuidado, vocês dois – Alex, Lucas tem


permissão para sair com sua babá, que não está, na verdade, em
sua posse só porque ela trabalha para você. Lucas, você pode
tentar perseguir a bunda de Indie – sem ofensa, Indie, mas é o
que ele está fazendo – sem fazer isso tão descaradamente no rosto
de Alex. Entendidos?”

Alex olha para Blake como se não entendesse nem


concordasse com qualquer coisa que saiu de sua boca. Suas
pupilas cospem fogo e sua boca está franzida em uma linha fina.
Depois de alguns segundos de silêncio, ele tira o braço do aperto
de Blake, seus olhos nunca deixando os de seu empresário. “Nós
discutiremos isso na suíte. Vou dar uma volta. Indie. Você vem
comigo.”

"Não vou", corrijo, a ponto de estrangulá-lo enquanto grito


simultaneamente. "Vou em nosso SUV com o resto dos caras."

"Bem, então", ele diz, sorrindo, "acho que vou ter que ir.
Comprar coca em uma cidade estrangeira é sempre um
incômodo.”

Estou prestes a pisar em sua direção quando Blake me


para, colocando a mão no meu ombro.

"Eu vou lidar com isso", diz ele.

Uma porta do camarim se abre no corredor e Alfie aparece


de bochechas rosadas. Há uma morena linda em um
minivestido vermelho ao lado dele e eles estão de mãos dadas.
Eu não deixo de notar que seu batom escarlate está
manchado em ambos os rostos.
“Vocês podem calar suas bocas por um maldito minuto?
Estou meio ocupado espalhando o amor aqui.”

"O amor ou doenças sexualmente transmissíveis?" Alex


murmura, acendendo um cigarro, sua expressão de vai se foder
em plena exibição.

Lucas cruza os braços, bocejando. “Desculpe, cara, você


terá que fazer uma checagem. Seu chefe está ameaçando recair
porque ele não aguenta ver seu baterista e sua babá saindo.”

"Saindo, hein?" Alfie ri.

Mantenha-se forte. Não bata em ninguém. Você não precisa


de um registro criminal.

"Vocês são todos idiotas", concluo, atravessando o corredor


em direção à porta dos fundos, onde o SUV está esperando por
nós. "Todos vocês. Sem exceções. Bebês grandes com carteiras
gordas e muito tempo.” Eu me viro e ando para longe, jogando
dois dedos do meio no ar para dar ênfase. “Vou me sentar no SUV
e tentar não me engasgar com raiva. Espero que quando virem,
tenham crescido um pouco.”

"Tudo crescido aqui." Alfie agarra sua virilha e desta vez é


Lucas que bate na parte de trás de sua cabeça.

"Vejo você à meia-noite, Stardust!" Alex grita para minhas


costas recuando.

A morena grita: “Oh meu Deus! Alex Winslow! Pode me dar


um autógrafo?”

Continuo e recito o mantra que disse a mim mesma antes


– é apenas sobre o dinheiro. Temporário e completamente sem
sentido.

Mas a verdade é que quero Alex em minha calça.

Lucas, quero na minha vida.


E, principalmente, quero sair dessa turnê viva e inteira.

Coração, corpo e alma.


Capítulo 9

George Carlin uma vez disse: “O que a cocaína faz com que
você sinta? Faz você se sentir com vontade de mais cocaína.”
George Carlin, senhoras e senhores, estava, de fato, certo. Com a
cocaína, eu me senti mais alerta, menos ansioso e muito mais
confiante. A coca me faz ficar ligado e digno do meu ridículo
patrimônio líquido. Coca também me deixa mais sofrível – eu fui
menos idiota porque não estava tão preocupado que minha merda
fosse uma merda o tempo todo – e mais insuportável – porque me
fazia pensar que eu era a merda.

Agora estou sóbrio e ciente do fato de que preciso justificar


o dinheiro que está no meu banco criando um álbum espetacular.
A palavra 'superestimado' voa muito quando sua arte se traduz
em carros esportivos, relacionamentos de alto perfil e mansões
em Malibu. O dinheiro é também o começo do fim da arte, o beijo
da morte para a criatividade e o câncer para a integridade. Mais
sobre isso, depois. O ponto é, a insegurança é como uma cobra.
Pode sufocar ou comê-lo vivo. A escolha é sua, na verdade.

O novo álbum me deixa desconfortável, e ficar


desconfortável me faz um idiota. As primeiras pessoas na
minha linha de fogo são minha equipe, então não é de admirar
que eu tivesse decidido tirar de Waitrose o seu sorriso fácil e
intenções inescrupulosas. Embora realmente, ele está esperando
que eu apenas sente lá e o deixe foder minha babá? Foda-se, não.

"O que há com a babá?" Blake ecoa meus pensamentos,


colocando o celular no bolso da frente da calça.

Paro de tocar Tania e olho para cima. Estamos sentados no


banco de trás de um táxi, dirigindo por entre as partes
interessantes de Melbourne. A Torre Eureka, o MCG, o Jardim
Botânico e o Santuário da Recordação. Sei que já que Blake
realmente guardou seu telefone para me fazer essa pergunta, isso
significa que é sério.

"Especifique." Tiro a sujeira debaixo das minhas unhas


mastigadas.

“Você nunca se importou quando flertamos com suas babás


antes. E nós sempre fizemos. Cristo, Alfie fez com duas e
nenhuma delas durou mais de uma semana.”

Meus olhos se movem para a janela, e bato meu joelho em


um ritmo desafinado. Oh, minha vida, duas linhas consertariam
tudo. Desobstruiriam as letras e eu faria o que estou querendo –
arrastar Stardust pelo cabelo até a varanda com vista para o
horizonte de Melbourne e fodê-la sem sentido até que ela implore
por mais.

“Permita-me refrescar sua memória, Blake – nenhum dos


meus companheiros de sobriedade passou da marca de três dias.
Esse é o primeiro fato que está no seu caminho. O segundo? Esta
babá está na estrada conosco, provavelmente pelo resto da turnê,
e eu não preciso do drama. Terceiro e último - infelizmente, ela
não é mais descartável. Eu meio que achei um bom uso para
ela.”

O silêncio está denso entre nós. Então, “agora é sua


vez de especificar. O que é isso?”
Blake quer Jenna. Isso eu tenho certeza. Na primeira vez
que eles se encontraram, ele perguntou a ela sobre o enorme anel
em seu dedo antes que perguntasse o nome dela. Ela respondeu
que estava usando especificamente para idiotas como ele, que
queria evitar. Seu farejamento em torno de Indigo não fazia
sentido. Pego um cigarro da minha mochila com os dentes e
acendo, ignorando o motorista que me lança uma careta
silenciosa pela janela do retrovisor.

Soprando, abaixo a janela. “Indigo acabou por ser uma


espécie de musa para o meu próximo álbum. Ela é pé no chão; eu
estou nas alturas. Ela me faz querer escrever sobre a L.A. dos
filmes antigos. Apenas olhe para ela. Ela se veste como uma
daquelas sósias de Marilyn Monroe na Calçada da Fama. Estou
começando a criar a narrativa do álbum e ela faz parte disso. A
garota de cabelos azuis no vestido vintage, andando de bicicleta
por aí tentando restaurar seu coração.”

Estou falando da minha bunda neste momento. Minha


explicação soa artística na melhor das hipóteses e muito delirante
na pior das hipóteses, mas essa é a beleza de ser músico.
Ninguém pode contestar o seu processo, mesmo que
essencialmente envolva sentar no telhado de um restaurante
chinês, nu, equilibrando uma fruteira na sua cabeça enquanto
canta “We Are the World” sem dúvida, a pior música que já foi
escrita na história, bem, na escrita em palavras.

"Huh." Blake acaricia seu queixo, considerando


cuidadosamente a carga de porcaria que eu lhe alimentei com
uma colher. Eu sei que ele fará o que for preciso para me ajudar
a escrever um bom álbum, incluindo esfolar Waitrose e usar sua
carne em Tania. A próxima parte é um pouco mais complicada.
Veja, ser um idiota é uma arte. Eu provavelmente preciso fazer
isso sem chutar o significado de “amizade”, mas quando se
trata de Lucas, eu realmente não me importo. No mínimo,
ficaria encantado se descobrisse que eu estava fisgando a
sua namorada ao som de The Pussycat Dolls.
"Eu também vou transar com ela."

A mandíbula de Blake afrouxa, então recua quando ele


solta um sorriso que ele está tentando morder. Por que ele parece
tão satisfeito? Ele sabe algo que eu não sei?

"Eu não disse que seria um trio", esclareço.

Ele coloca o rosto de volta para uma carranca. "Cale a boca,


Alex."

O táxi para em frente ao nosso hotel, e está escuro e frio, e


pela primeira vez em semanas, não estou me sentindo como se
minha alma tivesse sido atropelada por todos os veículos em um
raio de duzentos quilômetros. O ar fresco belisca meu nariz
quando eu deslizo para fora do banco de trás. Dois porteiros se
aproximam de nós enquanto Blake paga ao motorista, dando
gorjetas extras para o cheiro de cigarro que eu deixei em seu
carro. Um dos porteiros segura um guarda-chuva acima da minha
cabeça. O outro se oferece para pegar meu violão. Não deixo.
Ninguém toca em Tania, exceto eu. Blake combina meus passos
no prédio e, por um segundo, não somos Alex Winslow e seu
gerente. Nós somos caras normais de vinte e sete anos, e estou
falando merda do meu companheiro por ser tão
insuportavelmente egocêntrico. Não há barricadas, barreiras e
guarda-costas para me proteger do mundo.

“Waitrose quer Indie. Ele deixou claro” disse Blake com


naturalidade quando entramos no elevador. “Você já mergulhou
na piscina de Lucas, cara. Lembra-se de Laura?”

Vagamente, e só porque não tive o prazer de ficar alto aos


quatorze anos.

“Nós nem tínhamos cabelo nas nossas bolas naquela


época. Além disso, eu fui ali muito antes dele começar a
namorar com ela.” Eu aceno para ele com desdém. “Laura o
deixou porque ele era um miserável que lhe deu pouca
atenção. Ele estava ansioso para sair naquela turnê e se
juntar a nós em L.A. Quando eles terminaram, eu o levei, comprei
uma passagem de avião, levei-o para a Califórnia, como fiz com
você. O jeito que ele me pagou foi jogando Fallon e Will
juntos. Adivinha? Eu ainda contratei sua bunda como baterista.
Bem, agora ele tem uma dívida e eu finalmente escolhi uma
maneira de receber. Ele vai ver como é a sensação quando a
garota escorrega entre os dedos. Alerta de spoiler - não é bonito.
Longe disso."

A porta do elevador se abre. A caminhada até a suíte é tão


tranqüila que nossos passos no carpete ecoam nas paredes em
baques surdos. São onze e cinquenta e quatro. Parte de mim quer
ver se Indie irá para o corredor à meia-noite de bom grado, mas a
maior parte não dá a mínima. Havia músicas para serem escritas.
Ela ia me ajudar gostasse ou não.

"Você vai ficar do lado de fora?" Blake esfrega a testa


cansado, a outra mão já na maçaneta da porta.

Eu balanço a cabeça em direção ao quarto da minha babá.


“Vou terminar essa turnê com um álbum.” É uma declaração, não
um desejo.

"Com a quantidade de bagunça que você está criando no


processo, é melhor." Ele belisca a ponta do nariz, batendo a porta
na minha cara.

Onze e cinquenta e cinco.

Eu me levanto e olho para a porta dela, imaginando se


Lucas está lá. Certamente, ele não seria tão maluco para tentar
mexer com o que é meu. E essa é a verdade nua e crua. Indigo
Bellamy é minha. Eu pago para ela estar aqui.

Ela está à minha disposição, para melhor ou pior.

Eu vou usá-la.

E foda-se ela.
E provocar Lucas com ela, porque ele não tinha para onde
ir - ele literalmente teria que ver. Dia após dia. Noite após noite.
Como eu vi Fallon e Will em todos os sites, em todas as revistas e
em todos os meios de comunicação do mundo. Beijando,
abraçando, sorrindo para a câmera. "Bushell encontra o amor!"
"Bushell: encontra sua musa!" "Amor em Lankford Lane."

Onze e cinquenta e seis.

Eu juro que a porta dela está me provocando.

Estou sóbrio o suficiente para reconhecer que isso não é


logicamente plausível, mas de alguma forma, é. Eu preciso bater
e acabar logo com isso, mas algo me para.

Onze e cinquenta e sete.

Um som vem de trás da porta. Um misto entre um gemido


e um girto. Waitrose estava tocando-a? Ela estava se
tocando? Meu sangue aquece em minhas veias, meu pau
endurece em minha cueca. Imagino-a montando um travesseiro
branco de hotel, apertando-o entre as coxas beijadas pelo sol e
cavalgando-o com os dedos dentro da sua vagina. Ela é tão
pequena que me pergunto como ela é por dentro. Rosa, apertada
e facilmente doce. Quero enfiar minha língua e checar. Rasgar
sua calcinha e ver se seu traseiro é da mesma cor que seu rosto
e ombros bronzeados. A necessidade de saber é carnal. Como se
este fosse o maior mistério que se poderia desenterrar.

Oomph, meu pau estica contra o meu zíper, inchando a um


ponto em que sinto meu pulso batendo em suas veias.

Onze e cinquenta e oito.

Passos soam ao longo de seu quarto. De um lado para o


outro. Ela provavelmente está fazendo as malas, não se
masturbando. Arrumo meu pau através do meu jeans,
reorganizando-o e estalando meu pescoço. Certo. Eu preciso
de uma foda. Stardust ainda estava interditada. Ela era o
tipo que eu precisava conhecer melhor. Faço uma nota mental
para correr do avião no minuto em que pousarmos no Japão e
colocar meu pau no primeiro conjunto de pernas abertas que
puder encontrar. Talvez até no aeroporto. Não importa se eu for
pego. Não é como se houvesse uma pessoa no mundo ocidental
que ainda não tenha visto meu pau. Incluindo a própria Indie. E
o jeito que seus olhos se iluminaram quando ela olhou para ele...

Onze e cinquenta e nove.

Inquieto. Por que diabos estou inquieto? Ela não é nada


para mim. E, no entanto, ela é obviamente alguma coisa. É o
álbum, eu decido. Está fazendo minha cabeça sangrar.

Meia noite.

A porta ainda está fechada. Eu não ouço seus pezinhos ou


a sinto se aproximando, e eu deveria ouvir. O calor do seu corpo
tem a capacidade de se mover através da madeira, aço e espaço.
Minha mandíbula aperta e meu punho enrola em torno de sua
maçaneta. É sem sentido. A porta está automaticamente
trancada, e até eu sou perspicaz o suficiente para reconhecer que
não tenho o direito de invadir seu espaço.

Meia-noite e um.

A garota não vai cumprir. Que pestinha, ela é. Eu levanto


meu punho para bater na porta. No segundo em que meus dedos
estão prestes a bater na madeira, ela se abre. Indie fica ali, com
os olhos inchados e vermelhos. Em algum lugar da minha
garganta, há palavras que eu não consigo dizer. Principalmente
palavrões, então provavelmente é bom que eu fique em silêncio.

"Eu preciso de alguém para me abraçar esta noite", ela


resmunga, abraçando sua barriga. Seus olhos se agitam em
derrota frente a sua sinceridade, como se ela estivesse me
dando algo precioso. Sua fraqueza. E claro, eu pego. Entro
em seu quarto. Se haveria alguém abraçando Indigo
Bellamy nessa turnê, seria eu. Ela me empurra para
longe, a palma da mão conectando com o meu peito e sai para o
corredor comigo.

Esta noite, quando ela me contou sobre seus pais, senti


pena dela. Parecia que seus pais tinham sido seres humanos
decentes.

“Vamos manter isso impessoal, certo? Não foi você quem


fez a regra de ficar fora dos quartos um do outro quando
escrevemos? O corredor é neutro.”

"Estamos muito além do neutro e foda-se se você não está


sendo difícil de novo", grunho.

"Tenho permissão para ser o que eu quiser hoje à noite."


Ela funga.

Ela provavelmente está certa. Eu não sou órfão, mas


poderia ser, com pais como os meus.

Não dando a ela a chance de resistir, imediatamente


envolvo meus braços ao redor de seu corpo, segurando-a como
porcelana frágil. Ela não é tão magra como eu pensava que seria.
Na minha cabeça, ela pareceria com abraçar um saco de bolinhas
de gude quando, na realidade, é macia em todos os lugares. Isso
me faz apertar meus braços ao redor dela, como se ela pudesse
deslizar entre meus dedos, como névoa.

Meu queixo descansa no topo de sua cabeça; o nariz dela


está enterrado na minha axila. Ela está quente e sedosa.
Deliciosa, realmente. Eu quero tomá-la como uma droga. Tudo de
uma vez, em um gole. Quero overdose com ela como cocaína, e
heroína, e crack, sabendo da destruição que estou, de bom grado,
inalando em meu corpo. Porque Indie, como as drogas, é uma
solução temporária. Uma vez que nossos três meses acabarem,
ela deixará minha bunda e correrá de volta para o que restava
de sua família disfuncional, mas amorosa.

Eu não a culparia.
Inferno, eu nem sequer a impediria.

Porque no fundo, sei que um bastardo como eu não


poderia mantê-la.

O bastardo mais rude do mundo, como se viu, também foi


uma distração bem-vinda.

Porque aqui estou eu de novo, sentada no corredor, cara a


cara, alma a alma, com a mais problemática de todas.

Inicialmente, eu ia ficar no meu quarto, mesmo que o


mundo inteiro desmoronasse e Alex tentasse derrubar a minha
porta. Mas então Natasha me ligou logo após o show e eu percebi
que a última coisa que eu precisava era ficar no meu quarto. Ela
parecia em pânico no telefone. Aparentemente, a versão de Craig
de ser um bom marido e pai hoje era ir para algum bar no minuto
em que saiu da cama. Nat recebeu um telefonema de sua amiga,
Trish, dizendo que Craig deixou Ziggy em sua casa sem palavras,
já fedendo como um bordel irlandês. Nat teve que sair do trabalho
e se apressar para pegar Ziggy, então sem rumo procurar por
Craig nas ruas enquanto segurava sua criança junto ao peito.

Meu irmão ia aparecer em casa. Nós duas sabíamos


disso.

Ele também pediria desculpas profusamente,


prometendo que nunca mais aconteceria.
"Foi apenas um fiasco."

"Não depois de tudo que passamos."

"Vamos, Nat, você sabe que minha família é meu tudo."

Ah, sim, meu irmão é charmoso. Ele nunca levantaria a voz


para sua esposa, ou a pressionaria, ou a culparia por seus
problemas. Nat iria ficar e a rachadura em sua fundação
aumentaria ainda mais, com a felicidade de Ziggy deslizando
através dela.

“Se você quiser falar sobre isso, faça.” A voz glacial de Alex
atravessa meus pensamentos sombrios, sua bota entre minhas
pernas esticadas. Apenas toca meus tornozelos, mas ainda assim
me sinto profundamente inadequada. Então, novamente, nós
estávamos no corredor, à vista de todos, como todos os segredos
deliciosos que deveriam permanecer assim.

Eu considero a ideia improvável. "Seria útil para suas


composições?"

Ele dá de ombros. "Se eu soubesse a resposta para essa


pergunta, teria trinta álbuns, não quatro, e provavelmente
dinheiro suficiente para comprar toda a cidade de Los Angeles e,
consequentemente, queimá-la."

"Você é encantador." Reviro os olhos.

"Duvidoso. Eu também não sou prolífico.”

“Existem soluções para isso. As aulas de gerenciamento de


tempo são muitas hoje em dia”, eu balbucio.

Ele atira em mim um de seus olhares secos. “Que ótimo


momento para estar vivo. Assim. Seu choro hoje se encaixa” - ele
desvia de volta para o assunto.

Inclino minha cabeça, estudando-o. Sua carranca.


Seus lábios cheios. Rosto barbeado, suavizado pela
juventude, mas endurecido pela vida. Se não fosse pelo
cabelo despenteado e a carranca de a-vida-é-uma-droga e vou-te-
matar, ele poderia realmente passar por outra pessoa. Menos
intimidante. Menos sugador de alma. Menos perigoso para o meu
coração. Ele é tão bonito, talentoso, adorado e miserável. Como
pode ter tanto e se sentir tão pouco?

Abro minha boca, sabendo que a verdade sairia, mas com


medo de ouvir.

“Eu sempre soube que minha vida teria uma catástrofe tão
grande e colossal. Mesmo antes de realmente acontecer. Era como
se eu estivesse esperando por isso, de certa forma. Algo para me
definir. Passei minha juventude sentada no meu quarto
costurando roupas, contente em ser esquisita, como você tão
diplomaticamente disse. Meu irmão, Craig, era exatamente o
oposto. Jogador de futebol americano com a líder de torcida no
braço.”

"E fez isso?" Alex pergunta, sua bota do exército


acariciando o interior do meu tornozelo, montando minha
panturrilha. A pior parte é que eu deixei ele fazer isso. Ontem eu
não teria deixado. E amanhã eu o afastarei. Mas hoje, sou frágil
o suficiente para ele me fazer sentir bem, mesmo que fosse uma
decisão ruim. "Definir você, quero dizer."

"Não. Isso não aconteceu. Eu tenho esse peso nos ombros.


Eu carrego comigo em todos os lugares que vou. Da garota que foi
roubada de seus pais. Mas ainda sorrio e passo tempo com meu
sobrinho e amigos. Minha tragédia é como uma cicatriz feia
escondida do mundo. Só eu posso ver isso.”

"O meu oposto." Ele sorri, tocando as cordas de seu violão


distraidamente. “Minha tragédia é uma ferida aberta que todo
filho da puta do universo pode cutucar e olhar. Minha noiva me
deixou pelo meu ex-melhor amigo publicamente, depois que foi
revelado nos tablóides que ela estava transando com ele
enquanto nós ainda estávamos juntos e eu estava em
turnê. Eu sou um viciado, um cabeça de vento, e um
babaca amargo que não consegue nem ficar quieto quando seu
inimigo recebe um Grammy. Todo mundo pode – e vê – minhas
cicatrizes. Sem exceções. Minha alma está vazia, porque eu
exagerei. Eu assinei contratos com grandes gravadoras para
ganhar muito dinheiro. Nos últimos seis anos, eles ditaram cada
movimento meu. E o que quer que eles não tenham sugado de
mim, a multidão fez. Porque toda noite que você entra nesse
palco, Indie, você dá tudo de si aos seus fãs. Cada. Fodida. Coisa.”

Fico tão surpresa com a sua admissão, que o fato de eu


dizer qualquer coisa foi nada menos que um milagre. "É por isso
que você age assim?" Não que isso lhe desse uma desculpa, mas
a necessidade de entendê-lo melhor me queima por dentro.

Alex rola a cabeça contra a parede. “Chega de besteira


filosófica. Assim. Isso não é nada inspirador. Conte-me sobre sua
vida sexual.”

Olho para ele, minhas paredes se empilhando de novo,


tijolo por tijolo. "Não."

“Isso porque você não tem nenhuma? Porque isso poderia


ser corrigido.”

"É porque não é da sua conta e, embora estejamos no


assunto, eu apreciaria se você parasse de me atacar."

Ele abaixa o violão, pega um cigarro de sua mochila aberta


a seus pés, um bloco de notas e uma caneta azul e começa a
escrever. Blue Sharpie. Assim como no artigo. Alex é uma criatura
de hábitos. Eu me pergunto o que há sobre a cor.

Há algo incrivelmente sexy em vê-lo, um cigarro apagado


pendurado entre os dentes retos, fazendo arte na minha frente.
Eu não tenho ideia do que ele está escrevendo, e duvido que ele
me falaria se eu perguntasse. Mas a ideia de que poderei ouvir
no rádio algum dia me faz tremer.
“Se você quer que eu acredite em você sobre não querer que
eu te foda, provavelmente deveria parar de me olhar assim. Como
se você já fosse minha”, diz ele, os olhos ainda focados no bloco
de anotações. Desvio o olhar, meu rosto ficando vermelho e
quente.

"Você é grosseiro."

"E você está cheia de besteiras." Ele olha para cima,


capturando meu olhar. “Você gosta mesmo de Waitrose? De
verdade, realmente gosta dele? Eu não acredito nisso. Nem por
um segundo. Sabe qual é a diferença entre você e eu, Stardust?
Você me observa, mas eu vejo você. E o que vejo é a sua verdade.
Você usa seu coração em sua manga, e isso sangra no mundo
real, o que significa que você é uma mentirosa incrivelmente
terrível. Você olha para Waitrose com carinho. Como se fosse um
bebê estranho na rua. Você olha para mim com dinamite em seus
olhos, esperando que eu acenda o pavio e finalmente exploda.”

Tudo para.

O ar.

O mundo.

Meu coração.

Ele diz tudo isso com os lábios ainda apertados ao redor do


cigarro. Com os olhos parados e uma voz sensual e rouca, que ele
diminui o tom e adoça quando grava sua música. Uma porta se
abre e se fecha ao longe, e nós dois viramos nossas cabeças em
sua direção. É Alfie, com duas garotas rindo em minissaias na
direção do elevador. Ele bate em suas bundas quando corre entre
as portas, nem mesmo nos olhando. Elas pulam, suas vozes se
elevando, enquanto ele late como um cachorro louco, fingindo
morder e lamber seu pescoço. Ele não nos notou.

"Iremos para o aeroporto em menos de duas horas."


Limpo a garganta depois que o riso morre. Alfie e as
meninas contornam o corredor. "Você conseguiu tudo o que
precisava?"

"Longe disso." Ele se inclina para frente, sua mão apertando


meu pulso. Seu olhar mantém o meu refém. "E você também não."

Eu rolo de joelhos rapidamente e me levanto. Alex faz o


mesmo, o violão e o bloco de notas ainda no chão. Nós ficamos na
frente um do outro, não mais como estranhos e isso me assusta.

"A saideira", diz ele, passando o dedo no decote do meu


casaco e me puxando para perto. Seus braços me envolvem, a
ponta do cigarro em sua boca fazendo cócegas no meu pescoço.
Sinto seu abraço no estômago, na virilha e nos dedos dos pés.
Seus braços parecem grosseiros, mas o momento parece
assustadoramente suave. Aperto egoisticamente, segurando em
sua camiseta branca com gola em V enquanto fecho os olhos,
inalando, inalando, inalando.

Eu sinto sua falta, mãe.

Sinto sua falta, papai.

É quando você memoriza as pequenas coisas em uma


pessoa que percebe que está ferrado. Gosto do cheiro rançoso de
fumaça de cigarro entre os dedos e do cheiro amargo e masculino
de seu pescoço. A maneira como o seu cabelo ondulado se enrosca
nas costeletas, sedoso e infantil, e o modo como sua mandíbula
forte parece quase cômica em contraste com suas orelhas
estupidamente fofas. Quando ele finalmente afrouxa o meu
abraço, olho para cima e ele olha para baixo, e todos os sentidos
estão iluminados. Um ping toca entre nós. O elevador,
provavelmente. Mas ele não parece ter notado. Não com o modo
como seus olhos marrons seguram os meus azuis. Esta é a sua
chance de fazer um movimento. Ele disse que ia me tomar e,
esta noite, quero isso. Afinal, se você fizer uma escolha
terrivelmente ruim em sua vida, é melhor fazê-la em um dia
que represente o aniversário de morte de seus pais, certo?
Seus lábios estão próximos.

Seu pulso acelera sob sua camisa.

Quente, quente e tão quente.

Eu respiro fundo.

Fecho meus olhos.

Abro minha boca.

Fico na ponta dos pés.

E… tropeço para frente no nada.

Quando meus olhos se abrem, a porta de emergência no


final do corredor se fecha automaticamente, ainda empurrando
as últimas dicas de seu perfume inebriante. Eu olho para
baixo. Seu bloco de notas e a caneta ainda estão lá.

Frio, frio, tão frio.

Ele foi fumar aquele cigarro.

E me deixou sozinha.
Capítulo 10

Indie: Eu acho que a música de dez minutos vai ser


muito boa.

Jenna: Eu espero que você não tenha dito isso a ele.

Indie: Não. Eu disse a ele que não é comercializável.

Hudson: E o que ele disse?

Indie: Ele disse que eu soava como um engravatado,


especificamente como Jenna Holden, e que Jenna Holden foi
contratada para conseguir acordos com a Balmain e negociar
grandes acordos com as gravadoras, não produzir seu próximo
álbum. Ele também disse que uma vez ele te pegou
balançando a cabeça em uma música do Maroon 5, e o fato de
você não estar morta para ele depois disso é um milagre por
si só, então você não deve forçar a sua sorte. Mais uma vez,
suas palavras, não minhas.

Hudson: Alex clássico.

Jenna: Nós vamos ter que trabalhar nisso. Indigo,


como está o humor dele? Ele parece bem para você?
Eu não sei como responder isso. Parece constantemente
que sua alma está quebrada, mas sua faixada é de aço e metal.
Eu não o conheço bem o suficiente para saber se seu estado atual
é bom, ruim ou indiferente. Ele não parece estar com tendências
suicidas, mas não sou exatamente uma psiquiatra qualificada.

Indie: Ele está mal-humorado, mas bem.

Hudson: Essa é a configuração padrão dele.

Indie: Ele e Lucas não estão se dando bem.

Hudson: Quando eles se deram?

Jenna: Mantenha-nos informados, Indigo.

Jenna: Indigo?

Indie: Eu disse que só respondo a Indie.

Hudson: IGNORE.

Hudson: Além disso, acho que Alex está passando um


tempo com você.

Oh, ele não tem ideia.


Tóquio, Japão.

Fato não tão divertido: quando você é um alcoólatra,


segurar uma garrafa de champanhe na mão é o equivalente a usar
uma arma semi-automática. Destrutivo, mas de alguma forma
ainda legal em todos os cinquenta estados.

Eu não sei quem é o filho da puta que continua mandando


para todos os quartos em que eu fiquei durante essa turnê, mas
quem quer que seja, têm informações privilegiadas, intenção
maliciosa e muito tempo livre em suas mãos. Toda vez que
entramos em uma nova cidade, Blake, Jenna e Hudson fazem
questão de ligar para o hotel e avisar à equipe local para esvaziar
o minibar de álcool. Sou mantido longe de tudo que poderia me
deixar alto, incluindo anti-sépticos bucais, removedor de pó e
desinfetantes para as mãos. Posso jurar, o fato de que ainda podia
cheirar remotamente era um maldito milagre. E embora eu esteja
muito ocupado odiando o mundo para ficar chateado, minha
sobriedade é principalmente um produto de circunstâncias e
preguiça. E agora eu tenho uma garrafa de champanhe e um
minuto sozinho.

Veja só.

Sabendo que Blake virá para o nosso quarto de hotel


a qualquer segundo e que Indie tem um cartão-chave
para a minha suíte presidencial, eu rapidamente enrolo a garrafa
em um capuz e enfio em uma das minhas malas. Ambos
perderiam a cabeça se soubessem que encontrei a garrafa. Na
primeira vez que Blake abriu a porta e encontrou uma garrafa de
Jameson, atirou-a pela janela e xingou, observando-a mergulhar
no oceano. Na segunda vez, ele contratou um investigador e teve
um colapso de vinte minutos no banheiro. E Indie... ela iria caçar
em todo o mundo para rastrear o idiota que tentou me tirar da
carroça, virando todas as pedras até ele ser encontrado. Não
importa o fato de eu achar que sei exatamente quem é o bastardo
– e onde ele está. Na cama, com minha ex-namorada.

O que me lembra, eu preciso jogar o plano da porra da


Stardust em alta velocidade antes de voltar com Fallon. Ela pode
ter sido uma trapaceira, mas eu não sou.

A decisão não é calculada ou mesmo particularmente


inteligente. Claro, eu vi Indie se enrolar como um gatinho no sofá
do jato particular com a cabeça nas coxas de Lucas – sua virilha
– mas não é como se eu estivesse com ciúmes. Meu coração rolou
no meu peito, impotente como um soldado ferido, porque
Waitrose não merecia nada, muito menos a única garota na turnê.

A. Porra. Da. Minha. Babá. Na. Turnê.

Se alguém iria foder essa garota, seria eu, não o meu


baterista e inimigo.

Afastando-me da minha mala aberta, onde o champanhe


foi colocado cuidadosamente e coberto por roupas, eu atravesso
a sala escura – o lustre de ferro forjado aparecendo do teto como
um monstro desonesto. O papel de parede é preto, com letras
japonesas manchadas de vermelho. Paro na ilha da cozinha,
folheando o caderno com as anotações da noite anterior.

Progresso.
Minha alma não se sente tão vazia quando eu caminho até
a janela do chão ao teto com vista para Tóquio.

Limpa. Ocupada. Sofisticada. Tóquio foi construída alta,


larga e em traços longos, como se ela tivesse sido pintada por um
artista confiante. Estive aqui uma vez antes e fiz algumas
lembranças muito doces na forma de um quarteto e uma máquina
de venda de roupa íntima pervertida que eu tinha esvaziado.

Quando meu telefone toca, não me mexo


imediatamente. As únicas pessoas com quem converso já estão
na turnê, por mais patético que pareça, e Jenna e o resto da
minha equipe costumam se relacionar diretamente com Blake,
porque ele é menos propenso a ser um trapaceiro volátil. Eu retiro
meu celular do bolso de trás, franzindo a testa.

Mãe.

Não hoje, querida mãe.

Deixo a ligação cair, vendo a tela se acender novamente


com outra ligação, como se fosse uma sugestão.

Ela não ligou quando eu terminei com Fallon.

Ou quando fui jogado na reabilitação pela primeira vez.

Na segunda vez, ela nem atendeu o telefone quando eu


estava desesperado o suficiente para querer falar com alguém,
seu traseiro inútil incluído.

Na verdade, a única vez que ela pegou o telefone para falar


comigo foi depois do incidente do Grammy, para me dizer que eu
tinha círculos em volta dos meus olhos e que o azul não era a
minha cor.

Isso significa que ela precisa dar uma notícia ruim ou


pedir mais dinheiro para alimentar seus hábitos de cirurgia
plástica/jogo. Infelizmente para ela, estou trabalhando em
não deixar as pessoas me ferrarem. Como mamãe é tão
construtiva na minha vida quanto a porra da leucemia, optei por
cortá-la.

Blake entra pela porta, conversando com Jenna no telefone.


“Jenna. Jenna. Jenn-a”, o último é salpicado de exaustão. “Eu
tenho tudo sob controle, confie em mim. E se, por acaso, eu
precisar deixá-lo por algumas horas, Indie assumirá. A garota o
observa como um falcão.”

Jogo meu cigarro no lixo, a ponta âmbar ainda queimando.


O cheiro de algo derretido - plástico ou poliéster - espalha-se pela
sala e eu sento no sofá preto e olho para o teto.

"O que há?" Blake pergunta, jogando seu celular através da


ilha de mármore negro.

Eu roubei uma garrafa de champanhe, e provavelmente vou


beber em um gole da próxima vez que você encher o saco.

"Eu escrevi uma música." Muito melhor.

"É boa?"

Piscando devagar, tento descolar meus dentes da minha


língua. “Acha que eu teria dito a você se fosse uma merda? Claro
que é boa.” Embora, realmente, quem diabos sabe? A arte é como
o amor. É muito subjetivo para você ver isso claramente.

"Quer mostrar para mim?" Blake desaba no sofá ao meu


lado.

Como um sinal, Alfie e Lucas entram na porta principal,


valsando em direção ao sofá que eu ocupo e tomando seus
lugares. A nova música dura dez minutos. Muito mais do que a
música média, mas pela primeira vez em anos, eu acredito em
algo que fiz. Ficou boa.

“Sim, toque para nós, Winslow. Faça uma serenata


como você costuma dizer.” Alfie bate os cílios, apertando o
tecido da camisa sobre o coração.
Lucas parece tenso e não diz nada, o que provavelmente é
bom, considerando como nossa última conversa terminou. Eu
sorrio.

"Eu ainda preciso polir algumas coisas, mas vou lhe dar as
notas em breve."

“Notas para quê?” Alfie enfia a mão infestada de bactérias


em uma tigela de morangos cobertos de chocolate no meio da
mesa de centro. De jeito nenhum eu tocarei aqueles morangos,
ou aquela mesa, ou qualquer outra coisa na porra da suíte
agora. Eu não sou muito germofóbico, mas o cara é feito de
cinquenta por cento de carne e sangue e cinquenta por cento de
porra.

"Minha nova música."

"Você escreveu uma música?"

"Eu escrevi uma música."

"Deixe-me adivinhar", diz Lucas. "Indie ajudou?"

Eu paro por um segundo antes de decidir que estou acima


de reconhecer sua existência.

"Eu disse a Lucas que vi vocês se abraçando no final do


corredor ontem", Alfie oferece, com a boca cheia, suco vermelho
pingando por todo o seu queixo. "Só, você sabe, para apimentar
as coisas."

"Idiota", Blake murmura, balançando a cabeça.

Lucas continua a olhar para mim como se eu tivesse


matado seu maldito gatinho. O fato dele ter sentimentos por
Stardust é bizarro para mim. Eles se conhecem há menos de uma
semana. Onde ele adquiriu todos esses sentimentos? Sua
vagina recém-encontrada?

"Ela estava lá quando eu escrevi a música", digo sem


compromisso, recusando-me a dar importância a isso.
A mandíbula de Lucas está apertada e quadrada. “No
momento em que a vimos no Chateau, você sabia que eu estava
de olho nela.”

"Sim, bem, talvez isso tenha me inspirado a colocar meus


olhos nela também." Dou de ombros, ligando a TV e passando
entre os canais.

Waitrose fecha os olhos e cai de costas no sofá, soltando


um suspiro.

“Não é uma boa ideia, Alex. Mesmo se não fosse por mim,
você não está no momento certo para iniciar um relacionamento.
Você precisa lutar contra seus demônios primeiro.”

"Relacionamento?" Eu sorrio. "Quem diabos quer um


relacionamento?"

O jogo final – Will Bushell – está esperando por mim na


esquina, em Paris, dentro de poucas semanas. A presença de
Lucas me lembra que Fallon ficou com ele e que era hora de
reivindicá-la. Lucas me lembrava muitas coisas, mas acima de
tudo, me lembrava que eu era um bastardo competitivo, e a cada
coisa que eu fazia, provava uma coisa – eu ainda era o número
um.

Melhor artista.

Melhor músico.

Melhor amante.

Eu me levanto do meu assento, tirando minha blusa


enrugada.

Eu era uma arma semi-automática, totalmente carregada e


pronta para disparar. Eu sou a minha própria queda e, no
fundo, sei disso.
Ontem eu deitei com você em uma cama de vidro

Nós quebramos juntos tentando sobreviver ao seu passado

Ainda assim, na sua dor eu encontrei mágica

A beleza em algo tão cru e trágico

Quando a vida parecer banal, comum e difícil.

Corra para mim, minha garota de olhos azuis, para o lugar


onde o prazer e a dor se encontram

A. Multidão. Foi. Demais.

Um artista veterano sabe reconhecer um verdadeiro


burburinho a quilômetros de distância.

Há o zumbido habitual. A empolgação do tipo "nós


gostamos de tudo". Depois, há o zumbido promocional. Aquele
que cheira a folhetos brilhantes e mulheres de relações públicas
em saias lápis e camisas no The Ivy para fechar um negócio legal
e gordo com uma estação de rádio de alto nível. Então há o
zumbido real. Esse zumbido. Ele zumbe em suas veias – não
muito diferente da morfina – e inunda seu corpo inteiro até que
cada batida de oxigênio pareça um tiro. Assisto meus fãs sob
minhas botas, arranhando sua própria pele com alegria. Eles se
esquivaram da segurança, desesperados para chegarem até mim.
Berrando, gritando, implorando.

Mais. Mais. Mais.


Os flashes me cegam quando termino de tocar
“Secondhand Love”, a música que escrevi depois que deixei
Stardust em pé no corredor. Nove minutos e vinte e três segundos
de raiva, frustração e paixão.

Eu poderia ter beijado ela.

E outro cara provavelmente a teria beijado.

Mas onde está a diversão nisso? Gosto de brincar com a


minha comida, e isso inclui deixá-la louca até que ela não aguente
mais. Quero fazer sua buceta doer e pingar por isso. Porque
quando eu finalmente a tocar, a estrela se transformará em
poeira.

Andando pelo palco, jogo um sorriso torto por cima do meu


ombro. Estou sem camisa, primeiro sinal de que estou de bom
humor. Normalmente não gosto de toda a merda do Justin Bieber.
Isso não é Hooters8, e uma vez que você deixa sua gravadora te
foder, o mínimo que você pode fazer por si mesmo é manter sua
maldita camisa. Mas eu sinto como se estivesse no meio de uma
fogueira cantando essa música para uma multidão pela primeira
vez. O suor escorre pelo meu peito e posso ver na enorme tela
atrás de mim que o cameraman deu zoom nas gotas que
escorriam pelo meu decote V. Fico imaginando quanto tempo
demoraria até o vídeo chegar ao YouTube, e qual seria o maior
sucesso – minha nova música ou essa foto minha. Provavelmente
o último.

"Há mais de onde veio isso." Ajusto o microfone em seu


suporte e atravesso o palco.

Os gritos ficaram mais altos, mais frenéticos. Sim, isso não


foi um incentivo educado. Isso era fome, imediata e gananciosa.
Eu sou vingativo e complicado e voltei. Porra, eu estou de volta.
Tenho letras em mim e elas estão vazando. É inútil fingir que
8
Hooters of America, Inc., conhecido como Hooters é o nome de uma cadeia de restaurantes
casual dinning estadunidenses, com estabelecimento em várias partes do mundo. Hooters se
foca na clientela masculina contando com mulheres trajadas com roupas sensuais e de patins.
Stardust não tem uma mão nisso. Ela tem e eu vou mantê-la até
que a última gota de grandeza saia de dentro de mim. Ou dela.
De quem veio isso.

Olho para os meus fãs. Então olho para o céu escuro. No


meio, para o espaço onde uma nuvem dourada de calor corporal
e luzes brilhantes se pulverizavam acima de suas cabeças e
sorrio.

Coloco meus lábios no microfone.

Meus dedos dedilham meu violão, começo a tocar “Man


Meets Moon9”, uma das minhas primeiras canções. Quando eu
não precisava de uma garota de cabelos azuis para me salvar.
Quando eu era adolescente, com uma agenda e muita vontade de
falar. Um garoto que não sabia onde ficava o Chateau Marmont e
só conhecia caviar do cinema. O vídeo de “Man Meets Moon” foi
filmado no porão de Lucas por Blake. Eu tinha uma espinha do
tamanho de Beirute no meu queixo naquele dia, mas ainda assim
me dava a grande oportunidade que eu precisava.

Alfie, Lucas e o guitarrista de trás seguem o exemplo. Dou


um leve aceno de cabeça para o guitarrista e seus olhos se
arregalam em descrença. Todos na minha turnê sabem o que
significa. Eu não fiz isso em dois anos, mas já era hora. Ele
precisava me cobrir enquanto eu surfava.

E eu ia surfar na multidão.

Porque esta noite, parecia tão real e certo.

Bom e brilhante.

Somente. Como. Coca.

9
Homem encontra a lua.
Capítulo 11

“Oh, minha vida, essa foi uma maldita epopéia!” Blake pula
em cima de Alex antes que a estrela do rock pudesse tropeçar até
os bastidores.

Seu peito nu brilha com o suor, e as marcas vermelhas


pintando seu abdômen e costas fazem um rubor subir pelo meu
pescoço. Eu sei que eles foram colocados lá por seus fãs, e
também sei o que esses fãs pensavam quando eles passavam suas
unhas sobre sua pele. É a mesma coisa em que penso quando o
vejo mover-se com tanta confiança pelo palco. Como um deus
furioso.

Garota de olhos azuis.

Só de ouvir seu tom rouco e sexy dizer essas palavras me


fizeram esfregar minhas coxas juntas, tentando aliviar a tensão
entre elas. Ele escreveu sobre mim. Ele cantou sobre mim. E, é
verdade, ele se referiu a mim como um rebote mental, mas
quem diabos se importava? Ele me deu uma música. Eu nem
sequer lhe dei um beijo.
Inalo bruscamente, bebendo ele. Pela primeira vez desde
que embarquei no avião em Los Angeles, estou ansiosa e curiosa
sobre o meu tempo com Alex esta noite. Sobre o corredor. Algo
havia mudado ontem quando nos abraçamos. Melhor e pior.

É como se tivéssemos nos tornado mais próximos e mais


separados ao mesmo tempo.

De pé nas sombras nos bastidores, deixo Alex ter seu


momento com seus amigos. Alfie aperta os ombros e sacode-o com
uma risada maléfica. Os fãs tiram fotos dele. Lucas está sorrindo
tanto que acho que seu rosto se partirá em dois. Então Luc se vira
para mim, quase em câmera lenta, andando e serpenteando o
braço em volta da minha cintura, puxando para um abraço e
enterrando o rosto no meu cabelo. Eu suspiro. Claro, nós
estávamos próximos. Mais ou menos. Nós ficamos juntos,
principalmente no avião e nos lobbies dos hotéis, mas nada mais
do que isso. Não há uma amizade corajosa e intrínseca entre nós.
Não há um vínculo. Então, isso é um pouco estranho. Sempre
pronta para agradar, eu coloco um sorriso tranquilizador e junto
as palmas no círculo de apreciação humana que se formou em
torno de Alex, ignorando educadamente os avanços de Lucas.

"Brilhante, não foi?" Luc me aperta em seu ombro


novamente.

Faço humhum em resposta, meu sorriso vacilante. A risada


de Alex continua enquanto ele observa as pessoas ao seu redor, o
brilho juvenil em seus olhos castanho-esverdeados fazendo meu
estômago girar, e sua cabeça vira em câmera lenta até que seus
olhos pousam no braço de Lucas jogado no meu ombro.

O sorriso cai.

E meu coração também. Direto para minha calcinha.

Coração malvado.

Coração traidor.
Coração instável.

"Stardust", ele grita e eu não sei por que sua referência a


mim pelo meu apelido me fez corar, mas acontece.

Eu engulo em seco e finjo pentear o cabelo para longe do


meu rosto, quando na verdade, estou me escondendo do
mundo. "O que foi?"

“Preciso de você por um segundo. Venha cá.”

Eu me afasto de Lucas, caminhando até Alex sem olhar


para nenhuma das pessoas ao nosso redor. A maioria de seus
rostos nem sequer se registra, o que está se tornando cada vez
mais um problema quando Alex está por perto. Ele me
surpreende, pegando minha mão e me conduzindo através do
estreito e preto labirinto nos bastidores. Eu não pergunto a ele
para onde estávamos indo. Se ele estivesse se alimentando do
meu medo e hesitação, eu não queria dar a ele nada que eu não
estivesse disposta a manter reservado. Como minha dignidade.
Alex Winslow é um homem de duas caras. Um é o diabo frio e
idiota que ele é agora. Aquele que quer que eu me ajoelhe. O outro
é seu eu brincalhão e relaxado. O que eu vi na lavanderia.
Desnecessário será dizer que ambas as versões são imprevisíveis,
e fiz a coisa certa sendo cautelosa.

Paramos no final do corredor do lado oposto dos vestiários.


Uma pequena sacada dá para a multidão de fãs que gritam, a
maioria ainda esperançosa, com os olhos fixos no palco.
Suplicando, querendo, desejando que sua estrela saísse e talvez
lhes desse atenção. Outra amostra de grandiosidade. Alex me leva
aos balaustres de metal preto, até que estamos em completa
escuridão, encobertos por trás dos enormes projetores apontando
para o palco.

Nós estamos sozinhos.

No escuro.
O frio do ar de Tóquio sussurra contra a nossa pele.

Alex coloca a mão sobre minha parte inferior das costas,


colando-me no balaustre até o metal frio tocar no meu estômago.
Ele rasteja atrás de mim, sua respiração superficial e quente
contra a ponta da minha orelha. Seu peito ainda está nu e ele está
quente, suave e duro em todos os lugares. Eu quero senti-lo,
realmente senti-lo.

"Eu te disse para ficar longe de Waitrose."

"E eu te disse que vou fazer o que diabos eu quiser na


minha vida pessoal", sussurro de volta, ambos os nossos olhos
ainda olhando para os fãs gritando.

"Você vai me criar problemas?"

"Eu?" Engasgo. A energia cinética flui entre nós. Minha pele


parece arrepiada e agitada, como se eu precisasse sair da minha
roupa e sentir sua pele ou eu morreria. "Por quê? Eu pensei que
era apenas um jogo.” Jogo as palavras que ele disse a Jenna
quando nos conhecemos. Não, eu não tinha esquecido. Sim, elas
ainda doíam. Apenas não tanto quanto ser tão pobre, porra.

Ele ri, sua respiração fazendo cócegas na minha pele, seu


nariz se aninhando no meu pescoço. “Você é um jogo agradável.
Como o futebol.”

"Olha só o quanto você gosta de mim quando eu me ajoelho


diante de suas bolas", murmuro.

"Hmm", ele diz.

"Hmm?"

"Eu só estou pensando em você massageando-as enquanto


chupa meu pau."

"Nunca vai acontecer." Falo, meu interior fisicamente


doendo de desejo.
"Oh sim?"

"Sim."

"Ajude-me a escolhê-la, então", ele murmura, arrastando os


lábios para cima do meu ombro para o meu queixo.

Eu permito. Deixo-o me tocar apesar de saber tudo. Que ele


é um viciado, uma estrela do rock e um idiota. Que ele está
apaixonado por uma garota chamada Fallon que quebrou o seu
coração e que ele nunca conseguiu juntar de novo. Que seu
coração partido significa que ele nunca poderia amar de novo, não
da maneira que eu mereço ser amada, e então ele não é nada mais
do que uma pintura. Uma coisa linda que nunca poderia ser útil.

"Ela?" Pergunto gravemente.

"A menina em que eu vou estar dentro enquanto eu imagino


transar com você hoje à noite." O insulto em sua voz tinha uma
cadência.

Meus olhos se arregalam enquanto eu olho para elas.


Minha concorrência. Todas jovens, bonitas e interessadas. Quero
me virar e dar um tapa no rosto dele, mas isso serviria apenas
como um lembrete de que eu me importo e não quero que ele saiba
disso.

Lentamente, passo a palma da minha mão contra o


corrimão, sorrindo para o nada. Ele me vê como um esporte, o
que significa que haveria um vencedor e um perdedor em nosso
joguinho.

“As noites de show também não são noites do corredor?


Você está me dando uma folga, Winslow?”

Ele fica em silêncio por algumas batidas e meu coração


acelera, antes que ele me gire, sua mão na minha cintura. Nós
olhamos nos olhos um do outro. Os fãs abaixo de nós se
misturam, gritam e pulam, mas parece que estávamos
sozinhos.
"Você está fodendo com ele?" Seu polegar pressiona contra
o meu estômago.

"Se estivesse, você seria a última pessoa para quem eu


contaria." Dou um passo para o lado. "Estou indo agora."

Ele me pega pelo cotovelo, virando-me. Meu peito colide


com o dele, seu suor agora frio misturando-se com o tecido do
meu vestido.

“Lucas é um bom rapaz. Mas ele não é o que você está


procurando.”

“Ah, e você é? Você está apaixonado por outra pessoa.”


Sorrio amargamente.

“Eu nunca disse nada sobre amar você, Stardust. Agora,


foder você é algo completamente diferente.”

"Bem, quando você coloca dessa maneira." Reviro os olhos


antes de caminhar de volta para o corredor lotado.

Ele continua atrás de mim, não seguindo meus passos,


propositalmente ficando atrás de mim. Sondando.

"Ela", eu o ouço dizer e viro minha cabeça em sua direção,


minhas sobrancelhas levantadas. Não consigo acompanhar seus
jogos estúpidos.

“Ela quem? Pare de falar em códigos, Alex.”

“Não há código. Olhe para onde estou apontando. Ela. Vou


transar com ela hoje à noite.” Seu dedo aponta para uma linda
morena que está ao lado de uma máquina de vendas nos
bastidores, segurando uma prancheta no peito e falando ao
telefone. Ela está vestindo jeans apertado, uma camiseta de Alex
Winslow cortada e parece deliciosamente sórdida, cada
movimento e curva em seu corpo projetado para seduzir.
Eu respiro fundo, tentando não perder a paciência. É difícil,
com Alex tentando me provocar a cada passo do caminho.

Pense em Ziggy.

Pense em Craig.

Pense no quadro todo.

"Boa sorte. Você quer que eu segure sua mão enquanto você
estiver com ela?”

“Isso seria logisticamente desafiador, mas obrigado por


oferecer. Basta que ela assine um NDA antes de eu levá-la de
volta. Eu não fodo sem um documento de confidencialidade desde
as fotos do meu pau.” Ele acende um cigarro, caminhando em
direção aos rapazes, de costas para a sua próxima conquista e
para mim. Meu rosto inflama com raiva.

Tomo algumas respirações profundas para me acalmar


antes de segui-lo. “Você quer que eu vá até ela e peça a ela para
assinar um acordo de não divulgação antes de vocês fazerem
sexo? E você nem sequer se aproximou dela ainda?” Paro ao seu
lado. Jesus! Se é assim que Alex se comporta completamente
sóbrio, temo ao pensar no que Blake e cia. tinham passado
quando ele estava chapado como um papagaio.

"Sim."

"O que faz você pensar que ela dirá sim?"

Ele bate no meu nariz com a mão que segura o cigarro,


sorrindo para mim como se eu fosse a criatura mais simples do
mundo.

“Tão preciosa, Stardust. Apenas faça isso. Voltamos para o


hotel em dez minutos.”

E ele sai andando.


Eu não sou sua assistente. Sou sua companheira de
sobriedade. Ocorre-me que não sou obrigada a ajudá-lo a transar.
Além disso, provavelmente é melhor, se eu não fizer isso. Quero
dizer, não há dúvidas sobre a corrente se movendo através do meu
corpo. Estou com ciúmes além das palavras, crenças e lógica. Mas
talvez seja exatamente por isso que eu preciso deixar isso de lado
e agir.

Preciso mostrar a ele que não me importo.

Preciso mostrar a mim que não me importo.

Estávamos há uma semana em uma turnê de três meses e


ele já havia declarado sua intenção de me colocar em sua cama e
virar minha vida de cabeça para baixo. Eu não posso dar a ele
esse poder sobre mim. Tenho minha família e futuro para pensar.
E eles são mais importantes que qualquer pedaço britânico com
olhos como ouro derretido e um sorriso devastador.

Limpo a garganta, endireito os ombros e caminho até a


garota. A cada passo que dou, rezo interiormente para que ela
seja como eu. Cautelosa e racional. Que ela ria na minha cara e
me diga para fazer uma caminhada. Que ela fique vermelha, passe
pessoalmente até Alex Winslow e o esbofeteie em nome do
feminismo e do respeito próprio. Paro a cerca de um passo dela,
batendo em seu ombro para chamar sua atenção. Ela se vira, uma
mistura de surpresa e aborrecimento entre os vincos de seu rosto
carrancudo.

"Oi". Sorrio, engolindo meu nervosismo. Todos os músculos


do meu rosto me traem e tenho certeza de que pareço pelo menos
um pouco psicótica. “Eu trabalho para Alex Winslow. Ele me
mandou aqui porque está interessado em ”- me deixar louca -
“passar a noite com você. Então, quero saber se você gostaria
disso e, em caso afirmativo, estaria disposta a assinar um
acordo de não divulgação?”
Eu nem tenho certeza de onde diabos eu iria encontrar um,
mas meus instintos me disseram que Blake deve tê-los à mão. Ele
é legalmente experiente. Pensando sobre isso, ele era experiente
em tudo.

A carranca da menina desaparece, substituída por uma


expressão enrugada de incredulidade.

Eu sei, certo? Que bastardo. Então apenas diga não e todos


nós podemos voltar a fingir que isso nunca aconteceu.

"Alex Winslow quer passar a noite comigo?"

“Parece que sim.” Odiei-a por não ter rejeitado a ideia


imediatamente, odiei-o por me mandar até ela, mas acima de
tudo, odiei-me por ser estúpida o suficiente para provar algo ao
mundo.

"Eu não acredito em você."

Eu me viro, faço um pequeno aceno de mão em direção aos


caras e prendo a atenção deles. Todos eles viram para olhar para
mim. Lucas parece aflito. Blake cansado. Alex sorri seu sorriso de
lobo arrogante, levantando uma sobrancelha e sua mão,
inclinando-a ligeiramente para frente em um movimento "oi".

Espero que ela tenha uma DST. Espero que ela tenha todas
as DSTs conhecidas pelo homem e algumas novas que ela
desenvolveu sozinha.

"Viu?" Volto para a senhora em questão. "Ele está dentro."

"Meu Deus. Então eu também quero! Quer dizer, eu


gostaria de olhar este contrato, mas...” Ela tem um sotaque
australiano. De repente, vejo tudo dela, engolindo todos os
detalhes. Seu lindo cabelo preto. Seus olhos escuros e felinos.
Seu piercing no umbigo e pele de Branca de Neve. Meu eu
médio de olhos arregalados e sardento odeia cada centímetro
dela. E isso me faz sentir culpada.
Dou um sorriso. "Fantástico. Volto logo. Não vá a lugar
algum.”

Eu viro para os meninos, adicionando um salto falso ao


meu passo. Dois poderiam jogar este jogo. Eu posso não ter muita
experiência, ou milhões de fãs, ou bilhões de dólares, mas eu sou
boa. Sou forte e digna. E, sim, com certeza sou igual a ele.

"Ela está dentro", digo, puxando uma garrafa de água da


longa mesa de refrescos atrás deles e desatarrachando a tampa.
Viro-me para Blake, tomo um gole lento. “Você pode fornecer a ela
um NDA? Ela disse que gostaria de dar uma olhada, mas, a julgar
pelo tempo que levou para dizer sim, tenho certeza de que é uma
groupie.”

"Bem, droga, Blue." As sobrancelhas de Blake estão


beijando sua linha do cabelo. “Não admira que Jenna goste de
você. Você tem um bom conjunto de bolas peludas em você.”

"Não tenho certeza sobre o dela, mas o meu está depilado."


Eu pisco.

Todos os garotos riem quando Blake se aproxima da garota


com um acordo na mão. É a primeira vez que ele me chama de
Blue e mesmo que o momento pareça o fim do mundo, também
parece um começo de algo. De aceitação.

Todos os caras riem, menos Alex, que olha diretamente


para mim, seu olhar ameaçando matar alguém, de preferência eu.

"Você é uma garota legal, sabe disso?" Lucas se move ao


meu lado, roçando seu ombro contra o meu.

Alex pega a garrafa de água que eu abri e coloquei de volta


na mesa e bebe toda a bebida. "Obediente."

"Como disse?" Pergunto, querendo ficar calma.


Alex vira seu corpo para o meu, um sorriso escuro em seus
lábios. “Eu disse que você é obediente. Fez o que eu lhe disse para
fazer, nunca revida, nunca muda o rosto.”

"Mudar o rosto?" Caminho rapidamente, tentando não


gritar na cara dele. Este. Homem. “Eu não preciso mudar nenhum
rosto. Você queria que eu falasse. Eu fiz. Você está apenas
desapontado por não ter brigado por você. Mas quer saber? Eu
não sou elas. As fangirls. As mulheres com estrelas nos
olhos. Quando eu olho para você?” Dou um passo em direção a
ele, e ele dá um passo à frente também, e tudo está muito errado,
muito próximo e íntimo de uma só vez. “Quando olho para você,
vejo algo quebrado que não vale a pena consertar. E você olha
para mim como se eu fosse uma coisa barata para substituir a
cara que foi roubada de você. Veja, todos nós somos vasos. E você
é o único espalhado no chão, quebrado além do reparo. Então eu
vou deixar alguém te pegar. É tão simples assim. Divirta-se com
sua cola temporária.”

Alex solta um sorriso tóxico, seu olhar se estreita nos meus


quando ele quebra nosso olhar físico e começa a caminhar até ela.

“Parabéns, jogadora. Você acabou de iniciar uma guerra.”

Naquela noite, ouvi-os através da parede.

Os corpos deles. Arrastando. Sentindo. Procurando.


Encontrando.

Andando pelo corredor. Nosso andar. Bem na minha


porta.

Tropeçando. Rindo. Sussurrando sem fôlego.


Pare com isso, coração.

Fique parado, coração.

Lute contra isso, coração.

Seu nome era Gina.

Eu soube, porque ele se inclinou e deixou-a cheirar o seu


pescoço quando ela disse que ele cheirava a coisa mais malvada
que ela já conheceu. E eu imediatamente odiei todos as Ginas do
mundo.

"Gina", ele murmura o nome dela como um segredo sujo.

Eu olho para eles através do olho mágico, todos os ossos do


meu corpo tremendo de raiva.

"Querida, se você soubesse."

Querida.

Eu estou tão consumida pelo momento que acho difícil


respirar.

"Oh, eu vi." Ela riu, sua voz sensual perfeita contra a pele
dele, nada parecido com o meu estridente. "Seu pau está em toda
a Internet, Alex."

Para isso, ele não disse nada.

Ele para na minha porta, tira o chiclete mastigado da boca,


coloca uma pequena nota nele e bate contra o olho mágico.

Então ouço sua porta se abrir.

Então ouço a porta fechar.

Abro a minha rapidamente, deslizando o braço para pegar


a nota que ele deixou para mim.

VOCÊ É A COLA.
Eu me viro, apertando minhas pálpebras e batendo com a
cabeça contra a porta.

Três.

Dois.

Um.

Três.

Dois.

Um.

O som é fraco, mas está lá. A exasperação em seu


movimento ilumina algo em mim. Eu sinto sua dor. Provo em
meus lábios e saboreeio como mel quente na minha língua.

Sorrio em meu beijo com a sei-lá-quem. Minha ferramenta,


meu recipiente, minha isca. Meu elemento para esta lição.

Finalmente, Stardust está começando a entender.

Isto.

Nós.

Nós vamos foder. Sua cabeça batendo contra a porta me


garante isso. Lucas vai pagar.
Ele vai pagar por dar as chaves para o meu apartamento
quando eu estava em turnê e Fallon pediu. Ele a encontrou.

Lucas pagaria por ter dado o número de telefone de Will


para Fallon quando ela pediu para que pudesse agradecer depois
que ele correu para salvar o dia. Pagaria por ajudá-los a passarem
despercebidos no Grammy há três anos, quando ela estava no
meu braço, mas acabou fodendo Will no banheiro.

Pagaria por todas essas coisas com a coisa mais preciosa


que o dinheiro não pode comprar.

Lucas ia pagar por isso com o coração.


Capítulo 12

Indie: Alguém aí?

Jenna: Estou. Está no meio da. O que há de errado?

Indie: Nada está errado. Desculpa. Uma pergunta para


referência futura - Alex pode trazer garotas para o quarto
dele? Quero dizer, elas podem ter álcool ou drogas...

Jenna: Elas podem, mas provavelmente não


vão. Sim. Está bem.

Jenna: Ou talvez não esteja completamente bem para


VOCÊ...

Indie: Está tudo bem. Eu só queria ter certeza.

Jenna: Você conversou com ele sobre a música de dez


minutos?

Indie: Sim. Ele está mantendo isso. A multidão ficou


louca hoje. Ele também escreveu uma música política.

Jenna: Claro que escreveu.


Indie: É ótima, na verdade.

Jenna: Ótimo, não vai levar você a lugar algum na


indústria da música. Ele precisa cativar. E rápido. Pessoas NT
músicas de três minutos nos dias de hoje.

Indie: NT?

Jenna: Não. Terminam. Como vocês estão se dando?

Quanto tempo você tem, senhora?

Indie: Bem, ele não está mais tentando se livrar de mim.

Jenna: E Blake? Você e ele estão no mesmo


comprimento de onda?

Indie: Nós estamos. Você está?

Jenna: Você acabou de me fazer essa pergunta?

Indie: Sim. Eu não tenho nada a perder. Jenna precisa de


mim aqui. Além disso, eles não eram exatamente discretos sobre
se odiarem.

Jenna: Blake e eu somos complicados. Eu tenho


contratos para resolver. Mantenha-me atualizada.

Hudson: :-O

Cingapura.

Passei a viagem conversando com Nat e Ziggy,


enrolada no sofá perto da janela.
Alex está usando jeans e um capuz preto, os braços
cruzados sobre o peito, jogados em um sofá, dormindo. Ele tem
fones nos ouvidos e parece a coisa mais próxima do pornô
feminino enquanto estou completamente vestida. Tentei dizer a
mim mesma que foi bom que ele tivesse feito o que fez com Gina.
Ele esclareceu o que éramos e, mais importante, o que não
éramos.

"Ele voltou no meio da noite." Nat esfrega os olhos


vermelhos, balançando Ziggy em sua coxa. Seu cabelo é uma
bagunça cheia de nós. “Bêbado como o inferno e cheirando a
vômito. Disse que esteve procurando o assassino o dia todo.
Bateu nas portas das pessoas. Gritou com elas. Você percebe o
quanto isso soa maluco? Ele precisa de ajuda, Indie. Rápido."

Ela está certa, é claro. Eu estou começando a acreditar que


meu irmão precisa de muito mais do que um trabalho. Ele precisa
de reabilitação. Com o dinheiro que estou ganhando, podemos
mandá-lo para uma instituição decente. Mais um incentivo para
ficar em turnê e tolerar Alex. Limpo a garganta, olhando de lado
para me certificar de que ninguém estava ouvindo.

"Onze semanas e eu vou estar em casa", eu falo. “Apenas


aguente aí, Nat. Eu prometo, vou colocá-lo em linha reta quando
eu voltar.”

“É como se ele não fosse mais a mesma pessoa. Quero


dizer, eu entendo. Ele ainda está sofrendo, mas eu me casei com
um estranho. Eu tive um bebê com um estranho. Eu olho para
ele e não vejo o menino que me fez uma serenata fora da minha
janela. Eu vejo um preguiçoso que não quer melhorar. Um
preguiçoso que aquele menino teria odiado.”

Abro minha boca, prestes a responder, quando a aeromoça


entra, vestindo um uniforme de cetim azul bebê e o melhor
sorriso de atendimento ao cliente que eu tinha visto em anos.
“Senhores, senhorita Bellamy, estamos nos preparando
para o pouso. Por favor, apertem os cintos.”

"Eu preciso ir." Eu enrugo meu nariz, odiando interromper


a conversa prematuramente.

Nat parece mais velha, como se suas últimas noites


tivessem sido tão longas quanto anos.

“Pelo menos me diga que você está se divertindo por aí? Isso
me faria sentir muito melhor.”

"Claro." Eu sorri. "Bons tempos."

"Conseguiu vislumbrar a salsicha do rock inglês?" Ela


substitui sua expressão exasperada com uma animada.

Oh, Deus.

Os lábios carnudos de Alex se contraem, mesmo através de


sua pretensão de sono. Meu rosto todo queima, indo até os dedos
dos pés. Ela não podia saber que ele estava bem ali. O avião
estava quieto, com todos cochilando ou assistindo a um filme.

"Não”, eu digo.

"Sim", ele anuncia ao mesmo tempo de seu lugar no sofá,


estalando seus óculos de sol em uma mesa próxima e se
levantando. Ele se aproxima de mim, seu sorriso diabólico em
exibição. Meu coração faz aquela coisa de novo, onde desobedece
minha mente e quer pular nas mãos de Alex.

O que diabos Winslow está fazendo?

"Oh, ela viu meu pau, tudo bem." Ele cai no sofá ao meu
lado, dando a notícia como se fosse uma questão internacional.
Seu braço serpentea atrás de mim, seu queixo quase
descansando no meu ombro. “E ela olhou fixamente. Muito
tempo. O que me levou a perguntar quantos paus ela
realmente tinha visto na vida, uma pergunta que ainda
não tenho resposta. Talvez você possa me esclarecer. Garoto
bonito, a propósito.”

O queixo de Natasha cai e se não fosse pelo fato de Ziggy


ter conseguido sair de seu abraço e ir embora em direção à
cozinha, ela estaria sentada lá e admirando Alex até que
estivéssemos de volta em solo americano.

"Você parece incrível na vida real", ela suspira, olhos tão


largos quanto pires.

"Não tecnicamente na vida real." O ombro largo e apertado


de Alex roça no meu, e eu estremeço, me afastando dele. “Estou
tentando convencer Indie a se aquecer comigo. Como você acha
que eu deveria fazer isso?”

Você está tentando me colocar em sua cama, eu quero


corrigir. E aqui está a primeira coisa na sua lista de coisas a fazer:
não me peça para ligar você com garotas aleatórias chamadas
Gina.

“Ela gosta de andar de bicicleta.” O sorriso de Nat é sinistro


e doce ao mesmo tempo, e eu queria ser assim. Perigosa e
despretensiosa ao mesmo tempo. “Ela pedalaria o dia todo se
pudesse. Então, eu começaria com isso.”

Ele assente. “Boa ideia, Natasha.”

“Oh, uau. Você sabe meu nome."

"Eu presto atenção quando ela fala." Ele está colocando seu
rosto encantador. Ótimo. Ninguém pode dizer não a isso, Nat
incluida.

"Ele é um protetor", minha cunhada diz antes de desligar a


câmera.

Eu balanço a cabeça. Ele é o oposto de um protetor. Ele


é o cara que eu sei com certeza que vai embora. Fecho a tela
do laptop, meu coração batendo contra a minha
garganta. Alex inclina seu corpo para frente, seus lábios perto do
meu ombro.

"Eu vou ter você", ele sussurra, "cola".

Meus olhos ardem e olho para frente, para os cachos loiros


de Alfie enquanto ele olha para baixo, jogando um jogo da
Nintendo.

Pela primeira vez em muito tempo, sei que estou em apuros.

Algo que eu não consigo controlar.

Porque Alex Winslow é um vaso quebrado.

Mas eu não sou a cola. Sou a faxineira idiota que está


prestes a pegar os cacos e, inevitavelmente, ser cortada.

No minuto em que entro no meu quarto de hotel, começo a


andar de um lado para o outro.

Dedos presos atrás do meu pescoço, ando em círculos.


Meus membros parecem diferentes. Mais curtos, mais pesados,
mais tensos. É a falta de exercício físico e toda a porcaria de
comida, concluo. Eu não pedalei desde que começamos a turnê,
além disso, Alex tem uma queda por sanduíches de posto de
gasolina e comida de rua, o que nos deixa sem serviço decente e,
portanto, comendo lixo ou um serviço de quarto muito rico.

Abaixo minha cabeça, mordendo meu lábio. Estar longe de


casa parece uma traição. A culpa corrói meu interior por não
ser capaz de ajudar Nat com Ziggy quando ela mais precisa
de mim. Mas o que realmente me horrorizou é que eu ainda
me encontro ocupada com as cantadas de Alex Winslow, quando
tanta coisa estava em jogo.

Uma batida na porta faz minha cabeça disparar. Todos os


quartos de hotel em que eu estive até então eram diferentes –
alguns iluminados e alguns escuros, alguns mobilados de forma
clássica e alguns decorados contemporaneamente -, mas
mantinham a mesma melancolia de um lugar que nunca oferecia
verdadeira intimidade. Este quarto tinha paredes cor de pêssego,
tetos altos e linho de cor dourada. Parece luxuoso além das
palavras, como algo que você copiaria e colaria de um catálogo de
noivas. E eu não posso aproveitar isso quando meus entes
queridos estão sofrendo a dois continentes de distância.

Outra batida, desta vez mais forte.

"Nossa, estou indo." Vou até a porta, ainda vestida com


meu vestido xadrez preto e branco, um dos primeiros que fiz para
mim mesma. Meu cabelo está uma bagunça e meus olhos estão
vermelhos. Abro a porta. Alex está do outro lado do limiar.

Ele mudou seu traje usual de avião. Agora ele está vestindo
jeans skinny e uma camiseta da Smiths.

Ele parece delicioso.

Ele também parece um homem que dormiu com outra pessoa


ontem à noite, Menina Louca.

"O que você quer, Winslow?" Corto para a perseguição. Eu


não tenho desejo nem necessidade de ser educada com ele. Ele
não deveria nem estar andando sozinho. Onde está Blake?”

"Stardust." Ele rola o apelido em sua língua, seu sotaque


britânico cortando as letras proeminentemente.

“A que devo este prazer duvidoso? Além disso, estou


falando com o charmoso e brincalhão Alex de hoje, ou com o
idiota que me fez ajudá-lo a marcar a noite passada?”
Levanto uma sobrancelha, recolhendo meu cabelo em um coque
alto e bagunçado.

"Fico feliz que finalmente estabelecemos que sou


charmoso."

“Às vezes, quando você está tentando ser. Grande


diferença."

"Mas está funcionando?"

"Não realmente", minto.

“Toda fechada e esperando para ser descongelada. É assim


que eu gosto de você.” Ele pega minha mão e me puxa para fora
do meu quarto em um movimento rápido. “Você é como um
pedaço de caramelo delicioso em uma embalagem fina. É tedioso
trabalhar para tirar suas camadas, mas o que quer que esteja
esperando por mim por dentro é doce demais para passar. Estou
prestes a esmagar essas paredes até o pó. Levará anos
construindo-as de volta, mas eu não estarei lá quando isso
acontecer, então não é grande coisa.”

Colo meus pés no chão acarpetado, olhando ao redor. Ele


tem um show em seis horas. Provavelmente vai tentar alguma
trapaça no corredor. Ele me conduz pelo corredor, e eu arrasto
meus pés como se ele estivesse me levando direto para os portões
do inferno. Ainda assim, não posso me virar e deixá-lo no
corredor, sozinho e perigosamente livre para fazer o que quisesse.
Além disso, há uma surpresa no final desta jornada e eu quero
ver o que é. Alex bate a palma da mão aberta contra o botão do
elevador e se vira. Ele me pressiona com seu corpo. Eu recuo. Ele
dá um passo à frente. Um tango ao qual eu estou me
acostumando.

“Onde está Blake? Por que você está aqui?” Meus olhos
se estreitam.

“Acorrentado na minha cama e preso na cabeceira.”


"Ele sabe que você está comigo?" Eu ignoro sua piada
estúpida.

Ele curva uma sobrancelha brincalhona. Essa expressão


em particular me deixa louca. Implica que eu sou sua irmãzinha
fofa que acabou de fazer arte com macarrão e mostrou para ele.

“Vamos esclarecer uma coisa. Blake? Ele está na minha


folha de pagamento. Waitrose? Na minha folha de pagamento.
Alfie? Ser humano bruto e na minha folha de pagamento. Então
há você. Você está respondendo para mim e agora eu quero estar
com você. Então eu irei. É simples assim.”

Abro minha boca para dizer algo que me faria sentir


péssima e empurrá-lo para longe, mas o elevador apita e ele me
puxa pelo pequeno cinto do meu vestido, minhas costas batem
contra a parede. Ele se inclina contra a parede oposta, e assim
nos encaramos, como dois adversários em um jogo muito
complicado.

Pela primeira vez, ele parece notar como meus olhos estão
vermelhos. Ele olha para mim. "O que se passa em sua mente?"

“Meu irmão está agindo como um idiota em casa. Isso me


preocupa. Natasha está cuidando de Ziggy sozinha e trabalhando
em tempo integral, e...”

E eu estou tagarelando. Desvio o olhar, para a madeira de


mogno e espelhos ao nosso redor.

Ele não diz nada e por isso sou grata. Eu não preciso de
palavras vazias de encorajamento. Eu conheço minha situação,
sou responsável por ela e estou trabalhando para consertá-la. O
elevador se abre e nós dois saímos. Alex me conduz para o
corredor atrás da recepção principal, não para a entrada da
frente do hotel, onde nós caminhamos através de uma
passagem escura que leva ao estacionamento
subterrâneo. Eu não falo nada e sinto tudo. Quando ele
finalmente para, olho para os meus pés e vejo duas bicicletas
azuis da cidade. Minhas sobrancelhas se erguem.

"Bicicletas", falo.

"Perceptiva", ele brinca.

Eu juro que os britânicos nasceram com mais sarcasmo


correndo em suas veias do que sangue.

Eu rio, golpeando-o levemente no ombro, aliviada demais


para ficar brava com ele. Eu corro para uma das bicicletas e passo
uma perna por cima dela, apertando as alças nas palmas das
minhas mãos. Parecem diferentes da minha bicicleta em casa. O
assento é mais alto do que estou acostumada e o tecido é mais
resistente - não tão desgastado quanto o meu. Aperto o freio,
permitindo que a bicicleta deslizasse alguns metros para a frente
dentro do estacionamento subterrâneo quente e úmido. Está
quase vazio.

"Eu poderia andar de bicicleta por aqui e desabafar um


pouco", expresso meu pensamento em voz alta. Ele ainda está de
pé ao lado da outra bicicleta, olhando para mim.

“Ou” – sua voz era particularmente não gelada - “você pode


levar sua bunda lá fora.” Assim que ele diz isso, bate um botão na
parede de concreto atrás dele e o portão da garagem de metal
desliza para cima, a luz caindo em centímetro por centímetro.
Meus olhos se arregalam com os arranha-céus e o imenso e
deslumbrante porto aberto diante de mim. Minha respiração fica
presa na minha garganta. Engulo em seco vendo a água, o resort
integrado de Marina Bay e a paisagem urbana inacreditavelmente
sistematizada. Antes que eu perceba, seu cotovelo toca o meu e
ele está em sua bicicleta ao meu lado.

"Sem capacetes?" Sorrio apesar das minhas melhores


intenções. Mulherengo ou não, eu senti falta de andar de
bicicleta pela cidade. E é apenas uma pequena volta. Não
é uma declaração de amor.
"Eu gosto de viver no limite." Ele lambe o lábio inferior.

"Eu gosto de viver em segurança dentro das linhas", eu


replico.

“É um lugar confortável para se estar, mas nada cresce


nunca.”

Nós atravessamos o Merlion Park. Ele está de óculos


escuros e usa o mesmo boné Burberry que usou na lavanderia,
então ninguém pode imaginar que ele é Alex Winslow, o homem
que mantem os paparazzi acordados à noite. O céu está cinzento;
o ar é denso e úmido. O tempo me lembra do apocalipse, e talvez
seja apropriado, porque ele destrói tantas das minhas paredes
nesse dia.

Tudo está limpo e estranho. Eu posso ser uma ciclista mais


experiente, mas ele tem pernas mais longas e resistência para me
acompanhar. Nós pedalamos silenciosamente por quarenta
minutos antes dele virar a cabeça em direção a uma pequena
cafeteria ao lado do passeio.

"Com sede." Uma declaração, não uma pergunta.

Eu balanço a cabeça, e nós dois fazemos uma curva e


colocamos nossas bicicletas do lado de fora do pequeno café.
Estávamos prestes a entrar, mas depois ele hesita, dá uma olhada
nas mesas ocupadas do lado de fora da loja e geme.

“Faça o pedido. Vou esperar aqui fora” – diz ele, balançando


a longa perna de volta na bicicleta e olhando para o oceano de
safira.

Caminho até o balcão, saboreando a ideia de que, diferente


dele, eu posso. Eu não sei como me sentiria se não pudesse
sequer pedir café ou um sanduíche sem o medo de ser
emboscada ou fotografada.

Faço um pedido para dois cafés, duas águas e uma


massa que podemos dividir. Quando me viro, vejo-o
jogando pequenas pedras que ele segurava em seu punho na água
tranquila, ainda em sua bicicleta. Ele parece... feliz. Como se não
estivesse acostumado a fazer algo tão mundano e casual. Alex
sorri quando volto e me inclino de volta na minha bicicleta, e meu
coração quase se joga nele como uma groupie estúpida jogando a
calcinha. Esse meu coração está começando a se parecer muito
com um passivo. Eu gostaria de poder removê-lo cirurgicamente
e continuar viva. Entrego a ele seu café e água, colocando minha
xícara em meus lábios.

"O que você está pensando agora?" Ele pergunta, seus


olhos ainda hipnotizados pela água.

Eu me pergunto por que ele quer saber disso o tempo todo.


Ele realmente encontrou inspiração no que quer que tenha
passado pela minha cabeça? Então algo ainda mais deprimente
me ocorre – ninguém mais me pergunta isso há anos. Desde que
meus pais morreram. Craig e Natasha, eles me amam, mas eles
estão muito ocupados sobrevivendo para se importarem. Sentir-
me desejada e querida é viciante e ele me dopa. Se você quiser
colocar um feitiço em alguém, faça-o parecer especial. Isso faz o
truque.

"Eu só estou me perguntando" – deixo o líquido quente


queimar minha língua, mas continuo sem sequer vacilar - "por
que você está atrás de mim? Você parecia querer que eu fosse
embora e agora você quer dormir comigo.”

"Percebi que se eu não conseguisse me livrar de você, pelo


menos eu poderia me divertir com você."

"Eu nunca vou dormir com você." Cutuco a massa sem


sequer pensar em comê-la. Alex toma um grande gole de café,
ainda olhando para o oceano.

"Por quê?"
"Porque eu não sou tão estúpida a ponto de me colocar
voluntariamente em uma posição onde eu me machuque."

Ele gira a cabeça para me encarar e, de repente, não


consigo respirar. Como todos os gênios artísticos, ele tem um
rosto expressivo. Meio engraçado. Num estilo imperfeito. O tipo
que você não pode desviar o olhar. Mick Jagger, Steven Tyler, Jimi
Hendrix e Keith Richards. Todos parecem um pouco engraçados.
Um pouco travesso demais. Com bocas muito largas e olhos
muito caídos e sorrisos abertos demais. O rosto de Alex é como
um ótimo livro. Toda vez que você olha para ele, encontra algo
diferente.

“Eu nunca machucaria você. Eu vou me afastar de você


gentilmente. E você vai me deixar feliz. Isso eu posso prometer.”

“Como você pode me prometer isso? Como você pode me


prometer que eu não me apaixonarei?”

Ele levanta os olhos do café, um sorriso triste no rosto. "Sou


um pouco desagradável quando você me conhece."

Silêncio.

"Meu apelo está no meu mistério, sabe."

A chuva começa a cair sobre nós, aparentemente do nada.


Clima tropical. Mangas curtas e chuva torrencial. Ele inclina a
cabeça para o outro lado do passeio.

“Venha, Stardust. A noite é uma criança e cheia de


promessas.”

Nós vamos para o estacionamento, pingando e rindo.

E decido não fazer nenhuma pergunta pessoal a Alex


Winslow, apenas para manter minha sanidade à distância.
Capítulo 13

Um show diferente.

Outro hit.

Blake especula que as visualizações do vídeo de


"Secondhand Love" no YouTube que vazaram do Japão são tão
altas que quem postou estava ganhando vinte mil por dia apenas
com anúncios. Não vou mentir, escrever uma ótima música
entorpeceu a noção de ser categoricamente defeituoso como ser
humano, e por um dia, eu até me esqueci de Fallon e Will e da
vingança e do champanhe – nota lateral: o último sentado no
fundo da minha mente o tempo todo. Eu nem gosto de
champanhe. Ficar chateado, no entanto, era outra história.

Quando saio do palco, corro para o camarim,


desconsiderando a fila caótica de funcionários e celebridades
locais, que tentam passar um momento comigo. Eu abro a porta
e desmorono em cima de Indie, que está sentada em um sofá de
prata, costurando.

“Alex, nojento! Saia do meu tecido.” Ela empurra


meu peito, mas há risadas em sua voz.
Eu subo em cima dela como um macaco e faço cócegas em
suas axilas “o que foi? Indie Bellamy está com cócegas.” Ela se
contorce e faz os sons mais sexys, fazendo-me querer enfiar meus
dedos em sua boca, tirar esses pequenos sons e colocá-los no meu
bolso.

"Fora, fora, seu homem das cavernas, fora!" Essa sugestão


de uma risadinha floresce em uma gargalhada total.

Algo havia mudado. Nós mudamos. Ela derreteu um pouco


e eu queria empurrar o gelo e ver o que há embaixo. Alfie, Blake
e Lucas entram pela porta, observando-nos do limiar,
hipnotizados. Isso me emociona, o olhar no rosto de Lucas. Nem
preciso levantar a cabeça para ver que está lá. Ele está
sofrendo. Não do jeito que eu sofri quando ele reservou o hotel
para Will e Fallon em seu nome para que pudessem foder quando
eu ainda estava com ela, mas ainda assim.

"Faça em mim", eu rosno em seu rosto, tão perto que posso


ver cada detalhe, cada sarda laranja salpicada em seu nariz.

"Isso é assédio sexual." Ela ri sem fôlego.

"Não se envergonhe." Eu a prendo no sofá, minha virilha na


dela, meus lábios em sua bochecha, então só ela pode me ouvir.
"Eu aposto que se eu deslizar meus dedos até o seu vestido
extravagante e empurrar sua calcinha para o lado, vou encontrá-
la tão encharcada e pronta para mim, que levaria uma hora para
te lamber."

Seu corpo endurece debaixo de mim e eu levanto minha


parte superior do corpo, olhando para ela. Seus olhos azuis são
tão largos e curiosos. Eu me pergunto se ela é virgem. Indie com
outro cara. Eu não posso imaginar isso, e não porque estou
apegado ou alguma porcaria sentimental ao longo daquelas
linhas. Ela apenas parece muito reservada. Corretíssima.
"Alex", ela avisa, com muito medo de se mover embaixo de
mim, sabendo que minha ereção está perigosamente perto de sua
buceta.

É uma loucura, mas isso é perfeito. Isto. Eu em cima dela.


As únicas coisas entre nós são tecidos e os idiotas nos observando
do outro lado da sala. Seu corpo está vibrando e eu posso sentir
isso debaixo de mim, lutando entre a luxúria e a lógica. Abaixo
meu rosto para o dela quando algum filho da puta me agarra pela
alça do cinto e me puxa para longe dela.

"Saia de cima dela, seu idiota", Lucas late. Quando me viro,


ele parece vermelho e irritado, igual ao Babe, o porquinho. "Você
está fora de controle!"

"E ela também." Pego meu maço de cigarros no bolso de


trás e acendo um, soprando fumaça em seu rosto. “Chama-se
paixão. Você não reconheceria se isso atingisse diretamente sua
boca.”

"Você é tão idiota, sabia?"

“Sabia, é a vida. Desculpe, São Lucas. Nem todos nós


podemos manter tão altos padrões morais.”

"Alex!" Indie repreende.

Tudo bem. Eu calo a boca.

A viagem para o hotel é sem palavras. Indie olha pela


janela, Lucas olha para mim, Blake para o telefone e Alfie para o
relógio.

“Estou esperando três fãs em meia hora. Acha que vamos


chegar a tempo?” O último cutuca seu lábio inferior.

Todo mundo geme e eu jogo a palheta azul que ele jogou


em mim em L.A. diretamente em seu rosto.

Ele ri. "Oh, nós fizemos um círculo completo agora."


No corredor, desabo na minha porta, vendo Indie fazer o
mesmo. Já passa da meia-noite e todos foram para seus quartos.
Lucas sabe melhor do que me provocar, vagando em volta dela.
Indie tinha sua mochila de pano, com um vestido remendado, no
qual esteve trabalhando nos bastidores.

Pego o bloco de notas, tiro Tania da mala e olho para minha


musa, esperando que ela me alimente com colheradas de sua
alma.

Sabendo que eu não a mereço.

Sabendo que ela não merece isso.

Sabendo como tudo é fodido, mas não sendo capaz de


parar, porque eu quero vingança, um álbum e consolo. E indie?
Ela conseguiria o dinheiro dela – inferno, eu poderia até jogar
mais algumas centenas de dólares para adoçar o negócio para ela
– e eu seria para ela o que eu era para tantos outros. Uma boa
história para contar aos seus amigos quando ela estivesse bêbada
em uma festa de despedida de solteira. Eu transei com uma estrela
do rock uma vez e foi ótimo.

"Em que você está trabalhando?" Eu projeto meu queixo


para sua bolsa.

Ela sorri.

"O quê?"

"Nada. É só que você é a única pessoa que me pergunta


coisas. A maioria das pessoas apenas me conta coisas, sabe?”

"Bem, você não é totalmente chata e está aqui, então você


pode muito bem me contar."

“Um vestido. Para Paris. Minha cidade favorita em todo o


mundo.”

"Eu pensei que você nunca tinha esteve em um


avião antes?"
"Eu não estive!" Ela bate os cílios e faz algumas pequenas
palmas, parecendo tão ridícula, era quase amável.

"Parece irregular", observo. Há manchas brancas e cor-de-


rosa e creme costuradas deliberadamente fora de ordem. Como
uma colcha de retalhos.

Ela toca o tecido com os dedos finos. “É feinho. Não é


lindo?”

Foi a minha vez de sorrir. Bato meus dedos em Tania.

“Você acha coisas feias bonitas? Diga-me mais."

O que ela diz sai em um suspiro. Como se ela estivesse


esperando para me dizer isso. Esperando pela nossa hora no
meio da noite.

"Qualquer coisa essencial é invisível aos olhos."

Meus olhos disparam. Eu reconheceria essas palavras em


qualquer lugar. "O pequeno Príncipe."

"Você leu?" Indie pergunta.

Eu bufo. "Você pode dizer isso de novo."

Ela aperta a ponta da minha bota, seus olhos sondando.


Eu realmente iria compartilhar isso com ela? Tanto faz. Por que
diabos não.

“Minha família é a mais distante dos leitores de livros. Eu


não acho que tenhamos um livro em nossa casa, exceto pela
Bíblia. Nós erámos pobres como o inferno. Mas meu pai tinha um
irmão, George, que morava em Notting Hill. Fez seu dinheiro
compondo músicas para shows infantis. Era meu sonho ir morar
com ele, mas George era um mulherengo, e um bêbado terrível,
e mesmo que ele me amasse, ele certamente não me amava o
suficiente para desistir de seus preciosos vícios. Quando eu
tinha oito ou nove anos, George me deu um raro presente
de aniversário. Uma cópia do Pequeno Príncipe. Ele me
disse para procurar o significado do livro e uma vez que eu
encontrasse, ele compraria para mim o meu primeiro violão. Ele
disse que nenhum músico merece tanto quanto uma pitada de
sucesso antes que eles realmente entendam o sentido da vida, e
que ele saberia se eu trapaceasse e perguntasse, e de qualquer
maneira, eu não queria. Eu queria ganhar essa porra de
violão. Queria que viesse a mim de forma justa e
desalentadora. Nos dois anos seguintes, consumi este livro. Todo
ano eu o via no Natal, tentava minha sorte, decodificando o
significado desse maldito livro. Tudo o que eu conseguia era um
disparate sobre um idiota pedindo às pessoas que pintassem uma
ovelha para ele. Até que, dois anos depois dele ter me dado o livro
- agora desgastado, velho e manchado de mostarda e leite –
ocorreu-me. Todos os verdadeiros significados estão ocultos. A
vida é cheia de segredos, pessoas sacanas, conversas vazias e
dificuldades. O que é real é o que está dentro de nós. O que é
importante é o que sentimos. Naquele dia, liguei para ele e ele me
buscou em Watford, embora eu pudesse ter pegado o
trem. Naquele dia, peguei Tania. Aquele dia mudou minha vida.”

Eu aperto o meu violão. Eu parei de tocar Tania em shows


anos atrás, mas eu ainda a carrego para todos os lugares – você
não joga fora sua avó porque ela está velha demais para fazer sua
torta favorita. Tania é, afinal de contas, minha primeira e única
amiga genuína. Indie acaricia o tecido de seu trabalho em
progresso em círculos, assentindo.

“Eu sempre amei O Pequeno Príncipe porque sempre senti


que eu também pertencia a outro planeta. Como se eu mal
pudesse sobreviver ao mundo em que vivo e não necessariamente
entendesse por que as coisas são como são,” Indie lambe os
lábios.

Ela enfia o queixo no peito, os cílios flutuando em suas


bochechas. Eu olho. Engulo em seco. Ela evita meu olhar.
Porra. Ela é bonita. É difícil acreditar que ela seja a mesma
garota do Chateau Marmont. A que eu olhei e vi, era uma
moça estranha com um vestido engraçado, cabelos estranhos e
um rosto muito sardento.

Eu olho para o meu bloco de notas e começo a escrever.

Você consegue guardar segredo?

Às vezes eu olho para você e tudo que vejo é arrependimento

Meu pequeno poço de paixão está fora deste mundo

Dita todas as minhas letras, notas e palavras

Eu faço todas as coisas que eu quero fazer para você no


escuro

Mas o tempo conhece e vê e nota cada marca

E às vezes eu quero você

Mas na maioria das vezes, não

Eu deveria te deixar em paz, mas nós dois sabemos que não


vou.

Percebo que estou ficando sem papel, mas as palavras


continuam a jorrar. Elas fluem em um córrego, e eu preciso
capturá-las como elas são. Desoladas. Ferozes. Fortes. Agarro a
mão de Indie e a puxo para o meu corpo. Ela tropeça no espaço
apertado entre nós no meu colo, sua boca se abrindo. Eu não me
importo. Não é sobre sexo. É arte e a arte é divina – anula tudo. E
isso nem é o meu pau falando. Eu realmente acredito nisso.

"Eu preciso que você para tire o seu vestido." Eu puxo o


tecido grosso de seus franzidos.

Seus olhos se arregalam e ela se afasta. Oh, como eu


desejo que ela fosse uma das minhas groupies naquele
momento. Mas se ela fosse, não estaríamos aqui. Eu não
estaria me alimentando de suas memórias, histórias e
devaneios. Essa é a coisa sobre Stardust. Ela está cara a cara
comigo, embora eu fosse mais alto, mais forte, mais rico. Ela me
faz sentir... real.

"Aqui? Jesus, por favor, não me diga que você está bêbado.”
Ela olha ao redor do corredor, verificando se está vazio.

Agarro a bainha de seu vestido e a arrasto para mim, meus


olhos vagando, procurando os botões ou zíper ou o que quer que
fosse para tirá-la de seu vestido.

“Eu preciso escrever em algo e meu bloco de notas está


cheio. Ninguém vai te ver. Os rapazes estão dormindo e as garotas
de Alfie acabaram de chegar. Mesmo aquele idiota pode mantê-
las ocupadas por pelo menos vinte minutos. O andar inteiro está
reservado para nós. É só você e eu, Stardust. Eu preciso de suas
costas.”

E suas palavras.

E aquela música que continua tocando na minha cabeça.

Eu sou o rei sem súditos

O homem vaidoso sem multidão

O idiota bêbado que está sempre tão alto pra caralho

E você é os rios e montanhas

Talvez até o próprio oxigênio

Você é o vento que me leva de um lugar para outro

O único êxtase que eu sempre persigo

“Não.”
Dentro, grito minha frustração, mas do lado de fora, apenas
olho para ela com leve desinteresse.

“Não?”

“Apenas escreva nos meus braços. Melhor ainda – nos seus.


Eles são mais grossos.”

“Não há espaço suficiente e preciso dividi-lo em


parágrafos.”

“Não.”

"Por quê?" Minhas pálpebras estão se contraindo. Eu tenho


certeza de que não é um bom sinal.

"Porque você dormiu com outra pessoa ontem." Ela parece


surpresa com a minha pergunta.

Passo a língua nos meus lábios lentamente antes de abri-


los, apreciando o jeito que seu olhar se agarra a eles. "Eu não
dormi com Gina."

"Hã?"

“Nunca pretendi, tampouco. Eu a beijei, certo. Mas só para


te chatear, e honestamente, eu não me lembro do gosto dela,
apenas da sua reação, o que fez meu pau realmente feliz. A única
pessoa que eu quero foder agora é você. No segundo em que ouvi
você do outro lado do corredor batendo com a cabeça contra a
porta, eu a joguei no quarto de Alfie e fui até o banheiro para uma
punheta rápida. Mas não tenha pena da nossa amiguinha Gina.
Alfie deu a ela o que ela precisava e depois mais um pouco. Eu
quis dizer o que eu disse, Stardust. Eu quero tirar as palavras de
você. Só você. Até o final desta turnê, é só você e eu.”

O silêncio entre nós me lembra que a sedução é como um


jogo de monopólio. Isso exige paciência, planejamento e
leitura do seu oponente. Só porque eu acertei o jackpot e
tenho um bolso cheio de dinheiro falso não significa merda
nenhuma.

Ela ainda pode dizer não.

Ela ainda pode ganhar o jogo.

Não dando a ela a chance de me negar, levo minha palma


calosa para suas costas e abaixo o zíper. Ela deixa, se não por
outro motivo, pelo alívio que sentiu, sabendo que eu não tinha
dormido com aquele pássaro australiano. Ou talvez ela
finalmente entendeu o que nós somos. Flutuando no mundo, sem
raízes ou chão ou gravidade. Enganos, pecados e erros são os
ossos do meu reino. Tudo parece diferente de casa e ela se permite
não ser ela mesma, só por esta noite. Quando a parte de cima do
vestido cai, Stardust vira-se rapidamente, cobrindo os peitos
pequenos e perfeitos que eu não tive a chance de ver.

Eu destampo o pincel com os dentes e começo a escrever


em suas costas lisas, tendo grande prazer em saber que ia ficar
lá por dias. O pincel dança ao longo de sua espinha, e eu engulo
cada vez que seu corpo estremece contra a ponta azul brilhante
da caneta. Meu pau salta para a vida, mas agora não é a hora.

E eu viajaria de asteróide para asteróide

Tentando encontrar o que seria nosso

Construindo palácio após palácio até que se sinta em casa

De Londres a Paris, de Nova York a Roma

O Pequeno Príncipe, Alex Winslow

Eu paro, olhando para a minha própria caligrafia


terrível.
Sua pele se arrepia novamente.

"Está frio." Ela limpa a garganta, agarrando seu vestido,


seus peitos ainda cobertos por seu braço. Besteira. Ela está mais
excitada que um unicórnio. "Vamos entrar. Você pode copiá-lo em
um bloco de notas.”

Inclino-me para frente e beijo o vale entre o ombro e o


pescoço, a pele ficando viva e aquecendo-se sob meus lábios. As
próximas palavras eu sussurro tão sedutoramente quanto posso.
Eu normalmente não preciso me esforçar, mas com essa eu
precisava.

"Se eu não te foder em breve, vou morrer e ficará em sua


consciência."

"Jesus Cristo."

"Você pode me chamar assim na cama, se você quiser",


respondo, meus lábios roçando sua pele como uma droga. O que
há nela que parece como casa? É sem sentido. Eu nem sequer
gosto de casa. Eu não tenho uma porra de casa. Lar é onde meus
pais inúteis sentam em suas bundas o dia todo gastando meu
dinheiro. “Não é sobre isso que se trata o Pequeno Príncipe? Ser
domado e domesticar os outros? Nós não temos que fazer isso,
aqui, Stardust. Somos só nós. Não há adultos.”

"Deveríamos ser os adultos."

“Ninguém é adulto quando recebe uma escolha. É algo que


você é forçado a ser.”

Pausa.

“Eu já te disse, Alex. Eu não sou um tipo de garota


brincalhona.”

“Você é jovem e está disponível e em forma. Você não


deveria estar tão fechada. Embebedar-se. Foder caras
famosos. Publicar fotos de você mesma em todo o mundo
no Instagram. Você deve viver e cometer erros, e estou me
oferecendo para ser um desses erros, porque você não tem nada
a perder. Nós temos uma data de validade. Nós temos um prazo.
Temos infinitos quartos de hotel cinco estrelas e um álbum para
escrever e sua família para salvar e admita isso – todas as setas
apontam na mesma direção. Nós. Juntos. Por enquanto."

"E depois de agora?" Ela se vira para olhar para mim. "O
que acontece depois de agora, Alex?"

"O que você quer dizer?"

“Quando a turnê acabar. O que faremos então?”

“Nós seguimos nossos caminhos separados.” Não é óbvio?


Ela quer um namorado do caralho? Porque eu não faço essa
merda. E mesmo se eu fizesse isso... Fallon foi a primeira e última
garota com quem tentei a monogamia. Ela segurou meu coração
entre os dedos bem cuidados e apertou com força toda vez que eu
considerei seguir em frente. Mesmo se quisesse dar algo a Indie –
o que não quero – não tenho certeza se poderia.

"Você provavelmente vai encontrar Fallon em Paris." Indie


é sincera. E honesta. E crua. Ela não rodeia, faz as perguntas
difíceis, não importando se isso a faz parecer pegajosa ou
comprometida. Ela não finge ser alguém que não é.

"Então terminamos em Paris." Coloco uma mecha de cabelo


atrás da sua orelha. "Nós terminamos assim que Fallon e eu
começarmos de novo."

De onde diabos veio isso? Quero dizer, é a verdade, mas a


verdade sempre pode ser suavizada ao ser empurrada para o rosto
de alguém. "Compromissos anteriores" são a minha versão de "Eu
não quero fazer isso", e "agenda lotada" é "eu prefiro engasgar
com o pau de alguém do que encontrá-lo para o café." Mas eu
quero ter um momento com ela. Para ser justo, percebi que
estou sendo um hipócrita em massa. Aqui estou eu, quase
pronto para despedir Lucas e jogá-lo fora da turnê, se ele
olhasse para minha companheira de sobriedade, mas eu não
tenho problema em dizer a ela – enquanto tento transar com ela
– que eu iria tentar ganhar a minha ex-namorada de volta. Onde
está meu tato? Onde quer que fosse, meu charme e lógica estão
escondidos na mesma lixeira.

“Uau.” Suas sobrancelhas se erguem. Ela puxa as alças do


vestido para trás sobre os ombros e levanta-se, sem sequer se
preocupar em fechar. O passo que ela dá à porta é instável e
desajeitado e me conta tudo o que preciso saber.

Eu fodi com tudo regiamente.

“Você é um bastardo, chamá-lo de um é um insulto para


todos os bastardos que habitam este mundo. Precisamos inventar
uma nova palavra para o que você é.”

"Acho que a palavra que você está procurando é 'filho-da-


puta'", eu ofereço, deixando cair a caneta aberta no tapete e
levantando, prestes a segui-la em seu quarto. Irada ou não – ela
ainda tem minhas letras nas costas. "É o que é. Estamos
apaixonados um pelo outro, mas não o suficiente para perder
nossas malditas mentes. Foco no prêmio, Stardust. Você precisa
do dinheiro. Eu preciso da musa e do corpo quente à noite.”

"Em que universo me fazer parecer como uma prostituta


equivale a uma boa tática de flerte?"

“Eu não estou te pagando pelo sexo. Estou te pagando para


me impedir de cair da carroça. Bônus: você não tem permissão
oficial para sair com o Waitrose, então não é como se você tivesse
outras opções para escolher.”

Ela se vira, dando o mesmo sorriso açucarado que usa


quando quer beliscar meus peitos e costurar meus lábios com
sua máquina de costura.

"Só por curiosidade, Alex, você está me pedindo para


ficar longe de Lucas como meu amigo ou meu futuro?"
“Estou exigindo isso como seu chefe do caralho. Nunca se
esqueça disso, Indie.”

Outra coisa que eu sei que a irritaria. Sua porta bate na


minha cara com tanta força que a moldura quase desmorona para
dentro. Olho fixamente para ela, debatendo se eu deveria socar e
chutar até que ela abrisse ou apenas pegar o cartão sobressalente
que Blake mantem, abrir e invadir. Quero ameaçá-la, despedaçá-
la, então pegá-la e jogá-la na cama e fazê-la ver tudo o que nós
somos. Mas o que minha bunda triste acaba fazendo é colocar
minha testa na porta dela, fechar os olhos e respirar fundo.

Três.

Dois.

Um.
Capítulo 14

Apoio minhas costas na porta, o quarto entrando em minha


visão em fragmentos atrás da parede de lágrimas não
derramadas.

Três.

Dois.

Um.

Eu quero abrir a porta e machucá-lo. Dizer a ele que ele é


um idiota completo por fazer isso comigo, por me fazer sentir
todas essas coisas. Mesmo que ele tenha deixado bem claro que
eu teria a chance de uma bola de neve no inferno de estar com ele
do jeito que eu merecia. Porque Alex Winslow não faz amor. Ele
só odeia. Eu me pergunto se ele sabe disso. Que ele não é capaz
de dar a sua preciosa Fallon metade das coisas que uma pessoa
que você ama deveria receber. Segurança, apoio incondicional e
gentileza.

Eu sei o que preciso fazer. Preciso marchar até o


quarto dele, bater na porta e dizer a ele para parar. Pare
de me bater, pare de tentar nos fazer acontecer, pare de me
seduzir com seus malditos lábios e letras e baldes de charme
robusto. Meus lábios latejam de outro beijo que nunca aconteceu,
e estou irracionalmente zangada com o mundo. Tensão. Eu
preciso me livrar disso. Agora.

Com essas coisas em mente, eu me viro, prestes a abrir a


porta e dar a ele um pedaço da minha mente. É quando ouço
alguém martelando do outro lado.

Piscando, eu abro e espio através da fenda.

Alex está ali com os olhos vermelhos e uma névoa de suor


cobrindo a testa, como se não chutar a porta tivesse deixado-o
cansado e pegajoso. Ele empurra a porta e silenciosamente entra,
segura o lado do meu rosto, seus polegares nas minhas
bochechas, e me beija.

Forte.

Eu tropeço de volta, desprevenida e despreparada, mas isso


só o faz mais agressivo em seu beijo. Eu respiro
desesperadamente quando ele dispara sua língua para fora,
acariciando a minha. Nossas línguas rolam juntas, famintas e
cruéis, em uma dança selvagem sem ritmo ou passo. Eu gemo, e
ele também, chupando meu lábio inferior e cavando seus dentes
em uma mordida de aviso. Não desobedeça, disse a mordida em
seu sotaque inglês. Ou você vai se arrepender.

Evidentemente, não penso. Não em como ele conseguiu me


encurralar mais profundamente em meu quarto em uma névoa
cheia de luxúria, e certamente não nas conseqüências. É por isso
que quando ele segura as duas bochechas da minha bunda e me
empurra, minhas costas batendo contra a cômoda antiga, eu
deixo. Ele morde meu lábio novamente, desta vez mais forte, e
estremeço. Queria que ele soubesse que eu não estava me
rendendo a ele – estava me rendendo às minhas próprias
necessidades. É diferente. E egoísta. E meu.
"Eu sempre me perguntei, sabe." Seus lábios se afastam
dos meus, molhados e encharcados com intenções sujas. "O que
sentiria quando fizesse isso, mordendo o seu lábio sexy e
carnudo."

Tudo que eu posso fazer em resposta é suspirar em sua


boca. Ele tem gosto da limonada que tomou depois do show e da
mordida amarga de seu último cigarro. Delicioso de uma forma
endurecida e sem remorso. Meus dedos encontram a seda de seu
cabelo castanho ondulado e eu torço, meus quadris rangendo
contra seu abdômen. Ele agarra a parte de trás das minhas coxas
e as levanta para circundar sua cintura, batendo sua virilha na
minha. Eu cerro em torno de nada, desesperada para senti-lo
dentro de mim, mas sabendo melhor do que incentivá-lo.

Ele pega meu cabelo em seu punho e puxa com força,


forçando-me a encarar seu rosto. Meu couro cabeludo formiga,
mas ele não me machuca. Não muito.

Parece que estou mergulhada em fogo frio e acariciada por


mil penas. Meu corpo inteiro formiga e eu nunca me senti tão
desperta em toda a minha vida. Ele me deita na cama queen-size
e paira em cima de mim, muito parecido com o dia no sofá, e me
lembra que já havia perdido a batalha. Aquela em que desenhei
linhas e vivi confortavelmente dentro delas. Porque - e essa é a
parte realmente triste – eu já havia cruzado tantos limites quando
cheguei a Alex Winslow, e nenhuma dessas decisões era
consciente.

Ele rola seus quadris entre minhas coxas, sua ereção


deslizando ao longo das minhas meias finas e velhas.

"Olhe para mim", diz ele. Eu não olho. Não posso. Este
momento é meu. O fato dele estar ali é completamente
irrelevante, ou pelo menos é isso que tento dizer a mim mesma.
Eu mantenho meus olhos fechados, beijando-o ferozmente.
"Olhe. Para. Mim.” Ele pega meu cabelo em seu punho e
puxa com força, forçando-me a olhar para o rosto dele. O que quer
que ele veja na minha expressão faz com que afrouxe o aperto em
mim, mas a intenção está lá. Alex Winslow joga duro, dentro e
fora da cama.

"Peço desculpas antecipadamente." Ele inclina a cabeça


para o lado.

"Por?"

“Arruinar você para qualquer outro homem neste planeta.


Eu vou te foder, Indie. Será muito difícil pensar em mim daqui a
alguns anos, quando você se deitar com seu marido chato e
amoroso. Eu possuirei todo orgasmo, todo arrepio, toda onda de
prazer dentro de você. De agora em diante, serei eu. Apenas eu. E
por isso, realmente sinto muito.”

"Você é tão arrogante." Corro meus lábios pelo seu pescoço,


e ele faz isso, onde ele moe sua calça jeans contra o meu sexo
através de nossas roupas rápido e áspero, criando tanto atrito que
meu clitóris incha e grita para se liberar.

"Isso não me faz menos certo."

"Você vai me fazer assinar um NDA antes de irmos para a


cama juntos?" Eu sorrio, e por isso, tenho meu queixo mordido.

"Quando eu te foder, Stardust, você gritará com tanta força,


toda a cidade saberá que estou finalmente dentro de você."

Passo meus dedos pelas costas largas dele e me sinto bem,


marcando-o de volta. Depois de todas as vezes que ele provocou e
mexeu comigo, finalmente, é a minha vez. Ele me assusta. Mas
no final do dia, nós dois estamos contaminados um pelo outro.
“Nós não vamos fazer sexo. Eu não sou super experiente.”

Ele se ergue sobre mim, passando a mão pelo queixo


levemente barbudo. "Você é virgem?"
Balanço a cabeça. "Não. Apenas... não estive muito por aí.”

"Quantos?"

De novo? Ugh.

"Um."

"Quando?"

"Colegial. Primeiro ano."

"Dê-me seu endereço quando voltarmos a L.A. Prometo, eu


só quero conversar." Ele levanta uma sobrancelha.

Eu sorrio e golpeeio seu peito, e ele prende meu pulso na


palma da mão e leva-o aos lábios, respirando com força contra
ele. Eu tremo novamente.

"Ok." Seu tom é baixo. “Sem foda esta noite. Vamos


devagar.”

Um beijo nos lábios. O nariz. A testa.

Jesus Cristo, coração.

Estou tentando o meu melhor aqui, coração.

Chega, coração.

"Estou cansada", digo, embora seja mentira. Estou


vibrando alto e precisando de uma libertação. Quero que ele dê o
fora para que eu possa correr para a banheira e liberar a dor entre
as minhas pernas com meus dedos.

Ele me empurra sem discutir. Não deveria ter me


surpreendido, mas aconteceu. Alex Winslow é um astro do rock,
por acidente. Eu sabia disso quando vi sua figura maior que a
vida se movendo no luxuoso quarto de hotel, e soube que ele
não se encaixava nesse mundo. O seu lugar é em algum pub
subterrâneo nas entranhas de Londres, gritando ao
microfone sobre antifascismo e anarquia. Ele perdeu a
alma em algum lugar ao longo do caminho, e eu sou apenas outro
cofrinho que ele sacode, tentando ver se o que está dentro lembra
o que ele está procurando. E nesse momento, sei que aceitarei.

Ele vai quebrar o porco e vou deixar.

"Encontrei meu poço no meio do deserto", diz ele do limiar


da minha porta aberta. “Agora é hora de beber. Cada. Única.
Gota."
Capítulo 15

Moscou, Rússia

A viagem de avião é a coisa mais próxima do inferno já


registrada no planeta Terra.

Em parte porque Blake e Jenna estão gritando uns com os


outros em decibéis que ameaçam derrubar a aeronave – ela está
no viva-voz, já que Blake tem que responder e-mails
simultaneamente – mas principalmente porque Lucas insiste em
não receber o memorando que Stardust não está livre e se deita
ao lado dela no sofá em forma de L, olhando para o teto como um
maldito personagem de John Green e conversando com ela sobre
a vida. O que é irônico, na verdade, considerando o fato de que
estou prestes a terminar com a sua se ele continuar se jogando
para ela. Alfie está ao meu lado, jogando videogame e se
certificando de não usar nenhum dos laptops ou telefones
celulares ao nosso redor para acessar a Internet. Estou entediado
e agitado, e porra, eu não disse a ela que ela não pode sair com
Waitrose? Obviamente, tenho que colocar o meu ponto de
vista mais descaradamente.
Porque sutileza é claramente meu forte.

“Já viu a cabine do piloto por dentro, Stardust?” Pergunto


a Indie do outro lado da sala, esparramada em uma poltrona
reclinável e alta como uma catedral.

Ela olha para longe de Lucas e para mim preguiçosamente,


abaixando seu vestido remendado. Ela está costurando em cada
momento livre que tem. Compulsivamente. Não é essa a sua
única maneira de fazer arte?

"Há tantas insinuações sexuais nisso." Alfie sorri para si


mesmo, os olhos ainda duros em sua tela do Nintendo.

"Você sabe a resposta para essa pergunta." Sua carranca


me avisa para não ferrar com ela desnecessariamente.

Justo. Eu sabia a resposta. As únicas vezes que ela esteve


em aviões foram comigo, e eu nunca me ofereci para mostrar a
ela nada além da minha bota dentro da bunda dela enquanto a
mandava embora. Eu fico de pé e passo por eles, esticando minha
palma aberta em sua direção.

"Você vai gostar. Há muitos botões para empurrar,”


enuncio a última frase, no caso de Lucas não entender bem com
que tipo de fogo ele está brincando. Eu não sou páreo. Sou o tipo
de chama que queima uma floresta inteira.

"Eu posso te mostrar, se você preferir." Waitrose olha para


ela, ainda segurando o próximo tecido que ela quer costurar.
Certamente, ele não pode ser tão idiota. Mas é claro que ele sabe
exatamente o que está fazendo. Ele não está apenas empurrando
meus botões. Ele está cutucando-os com tanta força que o cortam
profundamente.

Ignorando-o, viro a cabeça para ela.

"Tempo é dinheiro, Blue", uso o apelido que Blake deu


a ela, por nenhuma outra razão a não ser lembrar a todos
que eles não tem exclusividade em nada de Indigo Bellamy.

Ela tira seu traseiro alegre do sofá e me segue,


silenciosamente recusando minha mão. O que é fantástico,
porque só serviu para me excitar ainda mais. Seu desafio é
refrescante. Ela deveria patentear, dar cursos e mostrar para a
próxima garota que eu levar para minha vida miserável.

"Obrigada por fazer isso", ela murmura atrás de mim.

"Claro." Eu não tenho ideia do que ela está se referindo.


Minha mente está fixada em uma coisa e isso é descobrir que cor
é sua calcinha hoje.

"Você pode tirar uma foto?" Estamos fora do espaço


principal, avançando dentro do corredor estreito.

"De que?"

Ela hesita. "Umm, eu na cabine?"

Eu vou mostrar a ela uma cabine...

Ela ainda está no meio do caminho quando eu a empurro


com força contra a porta do banheiro e tranco nós dois do lado de
dentro. Eu não tenho ilusões sobre fazer dela um membro do
clube das milhas altas. Ela precisa de mais preparo. Ainda assim,
brincar é parte do processo, então eu preciso ter certeza de que
ela não está pulando as aulas.

Suas costas cavam contra a pia quando eu levanto sua coxa


e enrolo contra a minha cintura, mergulhando minha virilha
contra sua buceta vestida sem aviso prévio. Este não pode ser um
ângulo confortável para ela, mas tenho um ponto a fazer.

"Sente isso?" Estou totalmente duro e tenso contra o meu


jeans, minhas bolas já inchadas e pesadas com a necessidade.
"Sinta o que faz comigo quando você vai e caga todo o nosso
acordo?"
“Não há arranjo. Lucas e eu somos amigos.” Palavras fortes,
ditas por uma mulher que soa quase crível, se não fosse pelo fato
dela estar moendo sua doce virilha contra a minha.

"Lucas quer você."

"Discutível. E mesmo se ele fizer isso, ele não pode me ter.”

"Mas eu posso."

“Por um tempo.” Pausa. "Talvez."

Foda-se. Seu. Talvez. Senhorita.

Esmago minha boca contra a dela tão rápido e tão forte que
ela tropeça para trás, mesmo que não houvesse espaço para cair.
Agarrando a parte de trás do seu pescoço, mordo o lábio inferior
até produzir o som que estou perseguindo – o gemido que eu sei
que está em algum lugar na parte de trás da garganta desde o dia
em que ela me viu – lentamente, mas seguramente com roupas,
transando com ela. Meu torso firme contra o seu macio, tudo faz
nossos corpos tremerem. Ela geme toda vez que meu pau bate em
sua virilha e eu interiormente amaldiçoo o lindo vestido azul que
separa nossa pele e combina tão bem com o cabelo dela.

Ela puxa o lábio inferior e coloca a língua no céu da minha


boca, arrastando-a sem pressa, fazendo meu crânio se arrepiar. A
surpresa só faz meu pau saltar em apreciação, e ele já está se
esforçando dentro do meu jeans apertado. Por que eu não poderia
ser um rapper? Eles têm um ótimo traje para ereções. Eu poderia
esconder duas Indies dentro da calça de Lil ’Wayne e ninguém
saberia.

"Pooooorra." Eu mordo seu ombro para reprimir um grito


frustrado. A necessidade de estar dentro dela combina com a
necessidade de uma bebida e duas linhas antes de entrar no
palco do Madison Square Garden. Justifica ficar com uma
garota seis anos mais nova que eu, como uma adolescente
desesperada. Só que eu sou um adulto. Não. Não, eu não
sou. Sou um fodido garoto com uma babá. Uma babá que eu ia
comer viva. Ela arrasta sua língua até meu pescoço, meu queixo,
todo o caminho até a minha boca. Eu sorrio, porque é tão
esquisito, ainda assim tão ela.

Real.

Doce.

Indie

"Você tem um gosto tão salgado", ela respira na minha


boca.

"Você tem um gosto tão inocente", retruco.

Ela não fuma, bebe ou xinga. Ela não brinca ou tenta


passar alguém para trás. Ela é pura e despreocupada. Seus
problemas são externos – irmão fodido, falta de dinheiro, pais
mortos. No interior, ela está sem manchas. Intensifica. A ideia de
que eu a estou destruindo.

O ato de corrupção alimenta minha fome de poder.

“Alex.” Ela rola a cabeça para o lado, dando acesso ao seu


pescoço quando uma das minhas mãos corre por sua bunda e
aperta, a outra serpenteando entre nós e deslizando sobre sua
vagina. Ela usa meias grossas. Acho que não posso culpá-la por
isso. Está quase congelando no avião e Moscou ia ser um merda
no tempo, e ela sabe que era melhor checar o tempo, graças ao
meu comentário quando chegamos à Austrália. Eu me odeio por
me importar com a roupa dela. Eu também odeio suas leggings e
todas as leggings em geral e declaro guerra a elas. Esfrego sua
fenda, salivando com o quão molhada ela deve estar sob as
camadas de tecido entre nós.

"Pelo amor de Deus", gemo, jogando a cabeça entre o


ombro e o pescoço. Preciso de muito mais, mas ela é
pequena. Não há literalmente o suficiente para satisfazer
minha fome por ela. Meus dedos estão empurrando de
forma tão agressiva através do material de suas meias, que eu
tenho certeza de que estou prestes a rasgá-los ou colocá-los em
chamas pelo atrito. Nenhum dos dois é uma opção que me faria
marcar pontos no meu caminho para a cama dela. "Tire para
mim."

Para minha surpresa, ela me empurra para longe, mexendo


em suas meias de malha enquanto se levanta, suas bochechas
tão vermelhas que eu queria tirar uma foto dessa vez. Porque ela
fica linda com preliminares, e as preliminares e a música são as
razões pelas quais eu fui colocado nesta terra.

"Deus, você é linda." E oh, ela sempre é. Como uma canção


dolorosamente curta e brilhante que te deixa com sede de mais.

Ela joga suas meias no chão e se lança para mim. Minhas


costas batem no box de vidro do outro lado – viva os jatinhos – e
nós entramos juntos, tão excitados que estamos lutando por cada
respiração.

"Oh... oh... oh!" Ela grita de prazer quando nossas línguas


se encontram e dançam juntas, meus dedos empurrando sua
calcinha para o lado e flutuando sobre sua buceta. Merda. Ela
está encharcada, e eu nem sequer mergulhei um dedo. Eu esfrego
meu polegar subindo e descendo ao longo de sua buceta, sentindo
meu pau ficando tão incrivelmente duro e ereto, que está
chegando ao ponto de doloroso. Mas eu não posso apressá-la e
não quero, de qualquer maneira. Isso é divertido. Divertido de
forma jovial, quando você realmente tem que trabalhar duro e não
lava as mãos por dois dias logo após dedilhar uma garota.

"Oh, de fato." Encontro seu tímido e pequeno clitóris e


dedilho subindo e descendo, caindo no chão, o chuveiro acima de
nossas cabeças, enquanto ela me monta, ainda em seu vestido.

"Eu vou me odiar em uma hora." Ela morde o lábio, mas


um gemido alto escapa, de qualquer maneira. Ela está
gemendo. De verdade. Não é falso. Não um eu-quero-
você-pra-mim, e há muitos deles, especialmente quando o seu
patrimônio líquido combina com o de Adam Levine. Inferno,
Fallon fez um show digno do West End nos primeiros seis meses
do nosso relacionamento. Foi só depois de oito meses que percebi
que ela nem gostava de anal e que fazia apenas para me satisfazer
para que eu não a traísse – parabéns, Fallon, pelo voto de
confiança.

Mas eu não quero pensar em Fallon. Não quando eu tenho


uma garota perfeitamente fodível em meus braços.

"Merda." Eu sorrio, nossos dentes colidindo juntos em


outro beijo confuso. "Gire mais alto e você vai pegar estações de
rádio pirata na Mongólia." Eu acho que estamos voando acima de
lá, embora a geografia não esteja no topo da minha lista de
interesses naquele momento.

Ela se afasta, o rosto corado de confusão e vergonha.


"Mesmo? Eu deveria ficar quieta?”

Por que eu disse isso? Eu tenho um dispositivo de bloqueio


de pau embutido junto com meu enorme botão vermelho de
autodestruição? Não há absolutamente nenhuma maneira no
inferno que vamos parar de brincar por causa daqueles filhos da
puta do lado de fora. Mesmo se eu tiver que jogá-los fora - e sim,
eu sei que estamos a 35.000 pés no ar. Estendo meu braço acima
da minha cabeça e viro a torneira. Uma torrente de água fria
chove sobre nós com um silvo. Eu rolo a maçaneta toda para a
esquerda, e vapor se espalha sobre o vidro ao nosso redor
enquanto a água aquece. Está bem. Proibido. Louco, assim como
nós somos.

"Assim é melhor. Acerte as notas altas para mim, Stardust


e vá até a cidade nos meus dedos. Quero olhar seu rosto quando
você gozar e é melhor gozar, porque não vamos sair deste avião
até que isso aconteça.”
Coloco dois dedos em sua buceta, estudando-a de perto.
Ela se encolhe com o meu toque áspero, mas não há dúvida de
quão quente e molhada ela está para mim.

Há um balde de gelo com garrafas de vidro de Coca-Cola ao


lado do meu ombro – Alfie gosta de banhos longos e refrigerante
quando estamos voando – e, pela primeira vez em muito tempo,
não sou um idiota irritado por causa disso.

"Sua buceta é tão quente." Respiro fundo, ainda a


observando. Nossas roupas estão pesadas e encharcadas. Indie
move seus quadris para criar mais atrito entre minha mão e sua
buceta, e eu tento não sorrir como o pervertido que sou.

"Oh, Deus", ela resmunga quando empurro meus dedos


dentro e fora dela. "Eu nem quero você."

Por isso, eu enrolo meus dedos, cavando em sua umidade,


e os puxo lentamente, sugando sua umidade quente em minha
boca. Ela tem gosto de mil orgasmos e é uma mentirosa.

"Não?" Eu pergunto, segurando o olhar dela.

"Não." Pelo menos ela tem a decência de tentar desviar o


olhar.

Eu puxo-a pela parte de trás do seu pescoço em um


movimento e enfio minha língua em sua boca, forçando-a a se
provar. Nossas línguas colidem e dançam, e ela bebe em um
gemido alto. Eu me afasto e seguro seu rosto.

"Sua buceta implora para discordar."

Eu pego um cubo de gelo. Ela protesta, moendo sua buceta


no meu pau e me fazendo querer agarrá-la pelos cabelos e foder
com ela no chão.

Ainda não. Em breve, mas ainda não.

"Mais." A dor em sua voz faz pré-gozo se reunir na


ponta do meu pau.
Enfio o cubo de gelo em sua buceta e ela grita, seu corpo
inteiro ficando ainda mais vivo em cima do meu quando me sento
no chão, minhas costas pressionadas contra o jacuzzi. Agarro seu
queixo entre meus dedos, guio-a de volta à minha boca e silencio-
a com um beijo quando a pego com o cubo de gelo, sentindo como
ele derrete dentro de suas dobras doces e quentes. Entrando e
saindo, eu me asseguro de que a estendesse bem. Ela é inocente
demais para apenas entrar nela e sou um idiota, mas não um
sádico.

"Uma menina tão decente." Minha respiração está quente


contra sua pele.

Ela implacavelmente persegue meus dedos e o cubo de gelo,


parecendo na beira do êxtase. Tudo o que preciso fazer é tocar o
clitóris dela uma vez e ela explodirá como se eu tivesse apertado
um botão vermelho. O que é exatamente o porquê não faço isso.

"Mas você vai ser pervertida para mim", acrescento.

Para isso, ela não responde. Eu enfio minha mão no balde


novamente e empurro outro cubo de gelo, e ela estremece,
arqueando as costas antes de esfregar sua buceta e clitóris em
todo o meu abdômen, querendo muito mais do que gelo e dedos
dentro dela.

"Responda-me", eu rosno.

"Serei pervertida para você", ela murmura, montando


minha mão como se fizesse isso para ganhar a vida.

"Tire meu pau", eu peço, minha voz gotejando frio quase


tanto quanto sua buceta. Ela para de moer contra mim por um
segundo, olhando para mim através de olhos sonhadores, as
gotas descendo das pontas dos cílios e colando o cabelo na testa.

"Há um orgasmo no final desta jornada." Eu sorrio.

Ela chega entre nós e desafivela, tirando meu pau


com os dedos trêmulos. Ela passa alguns momentos
boquiaberta, assim como quando eu mijei na frente dela no
primeiro dia em que entramos em turnê.

"Você não é circuncisado."

Eu quero rir, mas estou excitado demais para funcionar.


Seus olhos são grandes e arregalados. Isso realmente importa?
Isso nunca aconteceu com nenhuma das mulheres com quem eu
estive antes. Então, novamente, sou Alex Winslow. No entanto,
Blake e Alfie me disseram que às vezes as mulheres americanas
são um pouco duvidosas sobre o cobertor do porquinho. Pego a
palma da mão dela e envolvo-a em torno do meu eixo, apertando
minha mão em torno da dela e sentindo a pérola de pré-gozo entre
nós caindo na minha coxa vestida. "Algum problema?"

Ela balança a cabeça. "É apenas... diferente."

“Você só esteve com um cara.” O filho da puta.

"Eu sei, mas ainda assim."

Nós não iríamos falar sobre os benefícios da circuncisão


hoje. Movo sua mão para frente e para trás, mostrando a ela como
me esfregar de maneira áspera, do jeito que eu gosto. "Faça-me
gozar e farei o mesmo com você."

"Eu não consigo sendo mandada." Seus olhos encontram


os meus.

Eu deslizo três dedos em sua buceta carente e enrolo-os,


atingindo seu ponto G ao mesmo tempo em que empurro meu
polegar caloso logo acima de seu clitóris. "Novo jogo, novas regras:
você goza quando eu te digo."

"Ohhh ..."

Sim. Ohhh estava certo, com o prepúcio extra do caralho.

Ela me dá uma punheta enquanto toco sua deliciosa


buceta. A água batendo entre nós é um lembrete constante
de que as pessoas provavelmente fariam perguntas, e
ainda mais importante – que íamos sair dali molhados ou pior,
embrulhados em toalhas, dando a elas a resposta que não
queriam ouvir. Não que eu me importe. Na verdade, é melhor se
todos soubessem de uma vez por todas a quem ela
pertence. Porque definitivamente não é a Waitrose.

Stardust bate uma punheta terrível. Ela não usa pressão


suficiente e trata meu pau como se estivesse prestes a cair do
meu corpo. Mas eu estou tão empolgado com o que estamos
fazendo – e onde estamos fazendo - que vou gozar de qualquer
maneira. E quando sinto o clímax pressionando a base da minha
coluna, subindo como uma escada, finalmente a tiro de sua
miséria e dou-lhe um pouco de amor e carinho ao seu clitóris,
esfregando a coisa inchada em círculos enquanto empurro minha
língua em sua boca para ela se engasgar.

"Jesus! Merda, oh, uau!” Exclama. Ela parece surpresa, e


isso torna tudo muito mais quente, apesar de Jesus ter recebido
o crédito por todo o meu trabalho duro.

"Diga o meu maldito nome quando você gozar", assobio.

Eu não sabia o que esperar. Talvez ela me chamasse de


Winslow, como sempre fazia, como se eu não fosse uma pessoa,
mas uma marca.

Mas quando o nome “Alex” sai de seus lábios, atiro minha


carga em seu vestido azul bebê, gemendo e empurrando-a para o
chão, de costas, para terminar o trabalho. Eu não a deixo gozar
nos meus dedos. Não. Eu pressiono meu joelho entre as coxas e
deixo que ela fique, vazia e privada, com um gostinho de mais.

Eu me abaixo, beijo seus lábios – polegares nas bochechas


– e a observo apertando os olhos sob as gotas. Seu rosto está
rosado, seus lábios inchados do meu abuso em sua boca.

Levanto-me e deixo-a no chão, pensando, pela primeira


vez em anos – que isso é melhor que o álcool. Melhor que o
champanhe que contrabandeei.
“Não fique zangada, querida. Especialmente porque, da
próxima vez que te tocar, você estará de joelhos para mim.”

No minuto em que desço do alto, percebo o quão baixo eu


fui.

E uma vez que percebo, tudo fica mais claro, assim como o
vapor que sai do chuveiro. Meus pés parecem que foram feridos
por mil vespas, frios e quentes de uma só vez e eu tremo baixinho.

Não é tanto a vergonha de deixar Alex me tocar – com o


dedo! - No chuveiro, embora isso seja grosseiramente fora do meu
caráter. Nós dois somos solteiros e não machucamos ninguém. É
o fato de eu ter permitido que ele fizesse isso em um avião, com
pessoas do lado de fora e agora todos sabem o que aconteceu.

Eu nunca seria capaz de viver com isso. Mesmo que seus


amigos não se importassem – o que tenho certeza que não, eu não
fui a primeira garota a cair na armadilha de Alex Winslow. Ele foi
feito para lendas, todo-poderoso como um deus furioso. Pena que
ele sabe disso.

Alex puxa a calça jeans para baixo, chutando-as através de


suas botas do exército e envolvendo a cintura com uma toalha
limpa e seca.

"Tudo bem?" Ele me lança um olhar pelo nariz, as


sobrancelhas grossas juntas.
Eu ainda estou sentada na beira do jacuzzi, penteando o
cabelo com os dedos. Talvez eu tenha ficado presa, entre a menina
boazinha e a puritana. Mas a vida me ensinou uma lição valiosa,
e essa lição foi que, às vezes, as pessoas a quem você está ligada
não voltam. Com meus pais, não tive muita escolha. Mas com
Alex, eu tenho, e conscientemente o deixei entrar. Em meus
pensamentos e agora em minha calcinha.

"Claro." Eu me levanto com a intenção de espremer minhas


roupas molhadas. Ele se vira para a porta, como sempre,
indiferente.

“Há um secador no armário esquerdo. Saia de suas roupas


antes de secá-las, a menos que queira queimaduras de terceiro
grau. Eu vou me safar assim.”

"Você acha que eles vão acreditar?" Eu mordo meu lábio


inferior novamente.

“Eu sou um viciado em drogas em recuperação. Nesse


ponto, é mais fácil mentir do que dizer a verdade.”

"Oh", eu solto. Aparentemente, não sou o ser humano mais


eloqüente depois de ser tocada por um astro do rock. Vivendo e
aprendendo.

Ele sai do banheiro e eu imediatamente colo meu ouvido na


porta, tentando ouvir tudo do lado de fora. É lamentável, mas não
mais patético do que tudo o que fiz até agora nesta turnê.

"Você está em uma toalha", Blake observa com


naturalidade quando Alex ressurge do banheiro. "Por que diabos
você está em uma toalha?"

"Stardust despejou seu café por toda a minha virilha."

“Pelo amor de Deus. Por quê?” É a vez de Alfie falar.

Sorrio para mim mesma, meu coração batendo no


peito descontroladamente.
"Eu não sei. Quem sabe por que as mulheres fazem alguma
coisa? Ela provavelmente está menstruada.”

"Sua camisa se foi também."

"Ela jogou meu copo na minha cabeça."

"Porra, cara, ela realmente te odeia."

“Claramente,” a voz de Alex goteja sarcasmo.

Cubro minha boca, reprimindo uma risada. Esse é o meu


problema com o Alex. Ele é muito charmoso para o seu próprio
bem. Sob o clichê de um astro do rock torturado que escapa para
os braços das drogas e da bebida e tem tinta suficiente em sua
pele para imprimir uma edição inteira de Guerra e Paz, ele é um
menino perdido. Um menino perdido fantasticamente espirituoso.
Um menino perdido que é incrivelmente amável, mesmo que ele
não pense assim.

"Onde está Indie, afinal?" A voz de Lucas é diferente do


resto. Ele parece mais irritado do que divertido.

"Banheiro, pela última vez que verifiquei."

"Como assim?" Blake resmunga.

“Ela está sofrendo de diarreia. Isso pode ou não ter a ver


com aquele arroz e carne frita que tivemos antes da decolagem.”

"Eu sabia! Estou sentindo meu estômago estranho


também.” Alfie dá um tapa na coxa.

Eu. Vou. Matar. Alex.

Minhas mãos fecham em punhos e uso cada grama do meu


autocontrole para não sair e rasgar minhas cordas vocais
gritando com ele.

Então ele continua. "Eu acho que vai ficar alto lá, então
eu sugeri que ela usasse o secador de cabelos."
Eu tento dizer a mim mesma que ele está protegendo minha
dignidade.

Em sua própria maneira distorcida, retrógrada e


excepcionalmente ignorante.

"Brutal", Blake murmura.

"Besteira", cospe Lucas.

Eu pressiono minha testa na porta e aperto meus olhos


fechados. Minhas bochechas doem pelo sorriso enorme no meu
rosto. Meu coração aperta por uma razão completamente
diferente. Ligo o secador e ouço-os rindo.

Maldito seja, Winslow.


Capítulo 16

Estou deitado de bruços na minha cama em Moscou,


ouvindo o meu coração batendo no silêncio do travesseiro,
quando Blake entra no quarto. É a primeira vez em semanas que
ele me deixa sozinho por mais de dois minutos. Eu o culparia por
ser tão desconfiado, mas lembro daquele champanhe na minha
bolsa mais do que quero admitir. Meu próprio cobertor de
segurança neste momento.

"Há algo que você deveria saber."

Fico em silêncio, permitindo que ele termine seu grande


anúncio. Se Fallon estivesse aqui, ela chamaria seu
comportamento de “exagero”. O que, por si só, é um
exagero. Hollywood apenas torna as pessoas realmente
insuportáveis.

“Lucas estava dizendo que se sentiu mal por Blue ter


pegado um problema no intestino mais cedo. Ele vai à farmácia
para comprar alguns biscoitos e Advil.”

Eu levanto minha cabeça, ignorando a dor que envia


ao meu pescoço. "Ele é surdo?"
Blake chuta seus sapatos contra uma cômoda e desabotoa
sua camisa.

"Estou falando sério", eu grunho. “A buceta da Stardust


vale seu trabalho?”

"Fallon vale o seu?" Blake retruca. Duro. Eu estava noivo


de Fallon. Lucas mal conhecia Indigo.

"De qualquer forma, ele já pode estar a caminho de seu


quarto", diz Blake, agora em pé ao lado da porta do banheiro.
"Olha, eu não tenho certeza do que está acontecendo entre você e
ela, mas sei que vocês estavam no banheiro juntos, e não por um
curto período de tempo também."

Eu rolo de costas e olho para o teto, maravilhado com suas


palavras.

Sair com Indie era o oposto do que eu estava tentando fazer.


Cingapura foi uma única vez. Eu queria mostrar a ela que éramos
compatíveis e eu fiz. Agora é hora de levar nosso relacionamento
à zona estritamente sexual. Por outro lado, a ideia de Lucas
passar o tempo com ela é ainda menos atraente do que fazer isso
eu mesmo. E ela ia dizer sim a Lucas, não dando muita
importância sobre as restrições que coloquei nela.

Ela quer ver o mundo.

Ela vai ver o mundo.

Quer eu goste ou não.

Tenho duas escolhas – ser a pessoa que mostraria isso para


ela ou ver o meu inimigo maldito fazer isso.

"Parabéns para o atencioso." Pulo, indo para o closet. Quem


quer que Blake tenha contratado já pendurou toda a minha
porcaria e passou pelas minhas idiotices – sempre como um
grande mentiroso, eu movo o champanhe da minha mala
para a minha mochila antes deles colocarem as mãos
sobre ela. O fato de tê-lo, por si só, me mantem mais saudável. Ou
pelo menos, menos louco. Como uma pílula de suicídio.

Eu coloco um casaco cinza escuro. Blake me observa em


silêncio a partir do limiar do banheiro quando eu calço meus
sapatos no meu caminho até a porta, enfiando minha carteira no
bolso de trás.

"Deixe-me acompanhá-lo", ele diz educadamente.

"Foda-se", eu respondo, também educadamente.

Bato a porta só para ser um idiota e passo para o corredor.


Minha primeira parada não é, na verdade, o quarto da Stardust.
É a porta de Lucas. Dou um passo para trás em direção à parede
oposta e bato meu pé nela, deixando um amassado do tamanho
de um pé. Eu disse a ele, uma e outra vez, para não mexer com
minha babá. Este é um aviso para que ele saiba que da próxima
vez, ele vai pedir carona de volta para a Inglaterra, porque vou
demitir sua bunda e esvaziar sua conta bancária. Além disso, a
Grã-Bretanha é uma ilha, então espero que ele seja um bom
nadador, porque as chances dele terminar a turnê não estão a
seu favor. Caminho de volta para o quarto de Indie – fica em frente
ao meu, como de costume – e bato na porta com as palmas das
mãos abertas dramaticamente. Ela abre depois de um minuto,
parecendo fresca, o cabelo seco, um vestido bege de seda
abraçando sua figura minúscula.

“Stardust.” Coloco meu cotovelo no batente da porta,


olhando para ela.

Ela parece um pouco confusa por eu estar lá. Como se ela


ainda não acreditasse que eu a procuro ativamente.

Nós dois não acreditamos.

"Você parece chateada", observo.

"Você disse a seus amigos que estou tendo uma crise


de diarreia." Ela pisca lentamente.
“Dizer-lhes a verdade teria lhe dado um ataque cardíaco.
Além disso, Alfie e Lucas começaram a olhar para você como se
fosse sua próxima refeição, e eu não gosto disso. Dois coelhos.
Uma cajadada.”

"Por quê você está aqui?"

Porque eu não posso suportar o pensamento de Lucas em pé


no meu lugar.

“Queria verificar se a sua cabeça ainda está intacta e não


explodiu de constrangimento por fazer algo pervertido com um
menino. Essa é a coisa cavalheiresca a fazer, correto?”

Ela abraça a porta e mordisca aquele lábio inferior, todo


quebrado e machucado. “Primeiro de tudo, você está se dando
muito crédito e, em segundo lugar, é tão cavalheiro quanto um
demônio da Tasmânia. Seu negócio está pendurado em todos os
tablóides, literal e figurativamente. Seu pau é o novo gatinho no
YouTube, pelo amor de Deus.”

“Eu vejo que você finalmente decidiu me procurar no


Google.”

Ela encolhe os ombros. "Lucas me deu seu laptop até o final


da turnê."

Pano vermelho.

Touro bravo.

Punhos cerrados.

Não mate o Lucas. Ele não vale a pena de uma prisão.

Eu agarro a mão dela e a puxo para fora do seu quarto.


“Você acabou de ganhar um novo laptop. Meu prazer.”
Aposto que se tivesse dito a Alex que Lucas me deixou ficar
em sua casa, ele compraria uma casa inteira para mim só para
irritá-lo. É óbvio que o que está acontecendo entre ele e eu
também é um resultado direto de tentar me manter longe de seu
baterista. Uma garota diferente daria um passo para trás, mas
minha vida é uma bagunça tão grande, dentro e fora da turnê,
que Alex é o menor dos meus problemas.

Depois que ele comprou um laptop para mim – que eu


insisti em não aceitar, mas ele afirmou que eu faria uso depois
que a turnê terminasse – nós pegamos uma carona. Moscou é fria,
cinza e velha, como uma avó severa. Quando volto ao hotel,
imediatamente instalo o Skype e tento ligar para Natasha, mas
ela não responde. Então olho para o meu celular e tento ligar,
sentindo a esperança escorrendo de mim como sangue de uma
ferida aberta. Finalmente, jogo a toalha e começo a trabalhar no
meu vestido de Paris. Já passa das onze da noite no horário local,
e eu estou começando a relaxar, o zumbido da mini máquina de
costura me tirando da ansiedade por Craig. Apenas mais dois
meses até eu voltar e cuidar deles. Os pagamentos bimensais já
ajudaram a pagar por tantas necessidades em casa.

Esse vestido em particular que estou trabalhando é difícil


de fazer, porque tenho que costurar nos remendos com uma
agulha fina. Demora o dobro do tempo para produzir, mas
sei muito bem que as coisas que ganhamos com o trabalho duro
são sempre mais preciosas.

Minha janela dá para a Praça Vermelha, na qual eu estive


mais cedo naquele dia com Alex. Nós tínhamos um motorista, e
isso me fez sentir como uma espécie de princesa, e não de um
jeito bom. Quando estávamos caminhando em direção ao
Kremlin, Alex me contou a breve história do lugar. Ele disse que
custa duzentos mil dólares por ano para o museu manter o corpo
de Lenin em perfeitas condições e que ele já tinha cento e
quarenta e sete anos de idade.

“Estou te dizendo, Stardust, vi fotos. Ele não parece ter


mais de cinquenta e seis. Um pouco velho, claro. Mas não mais
do que uma estrela de Hollywood comum.”

Alex me disse que esteve em Moscou três vezes antes, e se


a turnê não fosse tão rápida, ele adoraria ter me mostrado mais.
Eu não acreditei nele, sabendo que ele era um mentiroso, mas
ainda assim foi bom ouvir. Quando a escuridão cobriu a capital
russa, Alex pediu ao motorista para nos levar para ver "a coisa
mais feia e mais incrível do mundo". Eu ri enquanto entrei no
banco de trás do Renault Duster e tentei engolir minha excitação
quando borboletas rolaram na minha barriga. Ele estava tão perto
que eu podia sentir sua respiração na minha pele novamente, e
minhas coxas se apertaram quando lembrei do que ele me disse
sobre estar de joelhos para ele.

"É muito escuro." Eu tentei parecer indiferente a passar o


tempo com ele. Alex não estava errado, decidi, quando bebi
Moscou como um café amargo com um gole. Parecia nova, com
arranha-céus e parques bem cuidados e ar poluído, virtudes de
uma cidade em ritmo acelerado. Ao mesmo tempo, parecia velha,
com trens de construções em massa de seu passado soviético
estendidos por quilômetros.

Eu descobri o que Alex estava falando quando o


carro rolou em direção a um aterro. O motorista desligou
o motor e sentou-se. O monumento era inconfundível, porque
pairava sobre o rio Moskva como um monstro. Winslow, mais uma
vez, estava correto. Era enorme, complexo e... assustador. Sim.
Simplesmente assustador. Como algo fora de Game of Thrones.
Um homem em um navio. A estátua segurava algo na mão,
olhando à distância.

"Isso é..." comecei.

"O décimo edifício mais feio do mundo, de acordo com o


Turista Virtual", Alex terminou para mim, enfiando a cabeça perto
do meu ombro e sorrindo para ter um vislumbre da estátua
também. "Pedro, o Grande. A ironia é que não é apenas muito feio,
mas Pedro, o Grande, nem gostava de Moscou. Ele mudou a
capital da Rússia para São Petersburgo antes de se mudar. Bem-
vinda à lógica humana.”

Nosso motorista começou a mandar mensagens de texto,


tornando-se invisível e foi fácil esquecer que não estávamos
sozinhos.

"Como você sabe todas essas coisas?", Pergunto.

"Eu gosto de história."

"Por quê?"

"Porque me dá melhores ferramentas para entender o


futuro."

Eu assenti. Alex não estava sendo paternalista ou mal-


humorado. Em outro momento raro desde a primeira vez que o
conheci, ele mostrou interesse genuíno em algo e estava
compartilhando comigo. Isso me assustou. A ideia de que ele
poderia ser aberto e real. Porque a única coisa que me mantinha
controlada era a ideia de que Alex Winslow era, na verdade, uma
pilha de estereótipos costurados em uma pessoa, mesmo que
ele não pudesse mais distinguir. Ele marcava todas as
opções: rock star, problemático, viciado em drogas, tatuado. Era
embaraçosamente familiar.

Eu girei minha cabeça para a janela novamente.

"Podemos voltar para o hotel?"

"Por quê?"

Porque eu quero sobreviver a você.

"Eu gostaria de ligar para minha família."

Alex encolheu os ombros como se dissesse ‘o-que-posso-


fazer?’, olhando pelo espelho retrovisor do motorista, que
retribuiu o mesmo sinal internacional de "mulheres!"

Nós fomos embora.

Uma batida suave na porta me faz sair do meu devaneio.


Eu faço uma careta, desligando a máquina de costura escondida
pelas cortinas fechadas. Levanto-me, sabendo que não pode ser
Alex. Ele nunca é brando, sempre áspero e ofensivo, e talvez por
isso meu coração palpita ferozmente toda vez que eu ouço alguma
coisa no outro cômodo. Eu abro a porta, olhando para Lucas.

“Ei, dorminhoca. Onde você esteve?” Lucas me dá um


sorriso hesitante.

Dou um passo para o lado, deixando para ele decidir se


queria entrar. Não dou a mínima para Alex nos avisar, mas eu
não sei como Lucas fica com a ameaça de nosso chefe. Ele
provavelmente veio aqui para pegar seu laptop, de qualquer
maneira. Eu me viro para pegá-lo da mesa, mas Lucas
agarra meu pulso.
"Você pode me dizer uma coisa?"

Eu olho para ele. Seu rosto é angelical, mesmo quando


tenso. Aberto, fresco. Ele tem a idade de Alex, mas não
compartilha as mesmas dificuldades internas e isso de alguma
forma o faz parecer muito mais jovem. Alex está errado. Não há
como Lucas ser mau ou vingativo. Leio rostos do jeito que os
leitores releem seus parágrafos favoritos. Religiosamente. E sei
que o que quer que Lucas esteve fazendo, ele teve suas razões.

"Talvez", respondo. "Preciso saber o que é primeiro."

Ele lambe os lábios. “Se – e eu não estou pedindo para você


me contar o que está acontecendo entre você e Alex porque isso
não é da minha conta – em algum momento ele for demais para
você, você me avisaria? Provavelmente parece que nos odiamos,
ele e eu, mas confie em mim, nós não nos odiamos.”

Eu olho para ele sem expressão.

"Estou apenas preocupado."

"Com quem? Comigo ou com ele?” Pergunto.

"Com os dois. De maneiras diferentes. Você é uma garota


forte. Ele é como uma pena negra. Menos resiliente do que
parece.”

Pausa. Eu olho para os meus pés. Parece que Lucas não


nos quer juntos e estou começando a sentir que talvez Alex tenha
uma boa razão para pensar que seu inimigo me quer.

"Não importa." Lucas balança a cabeça. “Só me avise se


você precisar de mim. Ele pensa que quero entrar em sua
calcinha, inferno, você provavelmente também, mas confie em
mim, eu só quero estar aqui para você”, diz ele.

Minhas sobrancelhas quase se tocam com isso. Talvez


a turnê esteja me forçando a abraçar meu interior cínico.
Luc apressa-se a acrescentar: “Você está na estrada com
um bando de caras que nunca viu antes e seu chefe está lhe
dando uma merda de trabalho. O que quer que esteja
acontecendo com sua família em Los Angeles, tenho certeza de
que não é fácil para você.”

"Não é", eu admito.

"Estou aqui para ajudar." Ele me oferece sua mão.

Desta vez eu pego, inconsciente da reação em cadeia que


iria começar.

Inconsciente de todos os segredos que mantínhamos entre


as palmas das mãos.
Capítulo 17

Em minha defesa, Ozzy Osborne come formigas e Keith


Richards bufa sobre seu pai, então, em comparação, não estou
sendo tão louco.

Dito isso, na verdade, fico realmente louco pra caralho


quando decido me virar no meio de um show, ir até a bateria do
Lucas e chutar minha bota de prata direto no baixo. Ele
desmorona nas coxas abertas de Lucas, que arregala os olhos, os
braços ainda no ar segurando as baquetas, observando-me assim,
é uma grande surpresa. Não deveria ser. O idiota poderia ter visto
isso em três países, e ele continuou insistindo até que não tive
escolha a não ser empurrá-lo para fora da minha vida.

Mas eu divago.

Começou meia hora antes do show. Eu já estava nervoso


porque Blake tinha nos trancado no meu camarim e me lançado
em um de seus monólogos hipócritas que serviam para acariciar
seu próprio ego. Demorei alguns minutos para entender
exatamente sobre o que ele estava gritando e suando.

O champanhe.
Ele mexeu na minha merda e o encontrou. O que foi
bastante irônico, porque os últimos dias foram os primeiros em
muito tempo em que eu não quis afogar minha tristeza em álcool.

“Quando eu encontrar o maldito que continua enviando


para você, eu vou matá-lo. Mas enquanto isso, por que jogar em
suas mãos? Por que Alex? Você tem muito a seu favor. Você tem
tudo. Você é rico, jovem, talentoso e adorado. Você é uma religião,
pelo amor de Deus. Você está escrevendo o que pode ser seu
melhor álbum. Tudo o que precisa fazer é não estragar tudo. Isso
é tão difícil assim?"

Ele estava brincando? Claro que era assim tão difícil. Será
que ele achava que todo o código postal de Hollywood queria ser
viciado em analgésicos, álcool, cocaína e cirurgia plástica? Ele
achava que eu estava tão entediado com minha vida perfeita e
saudável? Encontrar a felicidade como uma pessoa inteligente era
como encontrar um unicórnio da vida real. Blake estava andando
pela sala e jogando os braços no ar, exasperado.

"Estou tentando. Realmente estou. Tentando fazer você e


Jenna felizes, mesmo que vocês dois me dêem instruções muito
diferentes sobre como fazer isso acontecer. Estou tentando
respeitar seus desejos, não querendo levar Hudson, porque você
odeia grandes grupos e ainda me certifico de que está sóbrio. Mas
é tão difícil. Você é tão difícil, Alex. Na maioria das vezes, acho
que a única razão pela qual você está sóbrio é porque estamos
cuidando de você o dia todo.”

"É", eu disse do meu lugar no sofá, acendendo um cigarro.


Agora que Blake estava falando sobre isso, é claro que eu
precisava de uma porra de bebida. Oh, Ironia, você e seu senso
de humor distorcido.

Blake parou na minha frente, as mãos na cintura, os


olhos no teto. “Não é bom o suficiente. Você precisa fazer mais
um esforço para mudar. Isso significa cuidar melhor de si
mesmo. Comer melhor. Ativamente tentar superar seu
vício. E sim, conversar com seus pais. Você terá que vê-los logo,
então não sei por que você continua adiando essa conversa.”

Ele estava certo. Toda a minha equipe – todos os cinquenta


roadies mais minha banda e meu gerente/babá – estavam sóbrios
por minha causa, e eu nem tinha feito o menor esforço jogando o
champanhe no lixo. Eu mantive isso porque ainda era viciado. Eu
ainda pensava em álcool e cocaína todos os dias. Eu perdi. Eu
não me ressinto disso. Eu era como um filho da puta rico e
mimado que foi pego fazendo algo ruim e fez com que seus pais
comprassem sua saída. Só porque eu estava fisicamente limpo
não significa que aprendi minha lição. Minha única desvantagem
de beber o champanhe era: A) Eu nunca estava sozinho, e B)
Estava momentaneamente ocupado em entrar na calcinha da
minha babá e estava tão perto do meu objetivo, levá-lo estava fora
de questão.

Eu precisava crescer, mas crescer significava deixar de lado


quem fui nos últimos sete anos. A última vez que fiquei sóbrio foi
quando tinha vinte anos. Eu não me conhecia mais. Não sem as
drogas. Havia um estranho em minha casa e esse estranho era
eu.

A única coisa que eu não concordava com ele era sobre


meus pais. Eu não precisava falar com minha família. Minha
família falou o suficiente sobre mim. Para a imprensa.
Frequentemente. Repetidamente.

Se Blake pensava que era algum tipo de momento crucial


em que comecei a entender e finalmente compreendi o quão baixo
eu me rebaixei, ele obviamente me dava muito crédito. Eu sabia
que estava em apuros, e que era uma merda, mas ainda tinha
mais alguns centímetros de abismo antes de chegar ao fundo do
poço. Blake arrastou a mesa de café entre nós de lado e se
agachou entre as minhas pernas. Parecia íntimo e estranho, e
eu gemi de aborrecimento. Ele colocou as mãos nos meus
joelhos.
“Meu contato não pode rastrear a pessoa que lhe envia
álcool. Você sabe quem é? Pense mais."

"É Bushell", eu disse sem nem um piscar de olhos. "Quem


mais poderia ser?"

Blake sacudiu a cabeça, suspirando. “Pare com isso,


companheiro. Ele não está atrás de você.”

Besteira, mas seja o que for.

"Talvez seja Lucas", eu zombei.

"Você é louco", Blake murmurou.

Eu decidi dobrar meu companheiro um pouco mais, ver se


ele poderia quebrar. Havia algo bonito em foder minha própria
vida e alienar as pessoas por escolha. Isso me dava a ilusão de
que eu estava no controle. Que a escolha foi minha.

“Eu não sei, Blake. Talvez seja o Alfie. Talvez seja a Jenna.
Inferno, talvez seja você mesmo. Talvez você queira que eu
interrompa essa turnê para que você possa voltar e transar com
ela como você tem planejado nos últimos anos. Quem sabe? Cada
pessoa com quem trabalho quer me foder ou se foder. Alguns –
ambos. Nada me surpreende mais, além do puro espanto de
encontrar alguém que não queira ou precise de nada de mim.
Você queria que eu fosse para a reabilitação? Eu fui. Você queria
que eu escrevesse um álbum? Estou escrevendo. Agora você quer
minha confiança? Isso não pode acontecer, Blake. Não mais. Você
fez tanta merda em nome de salvar minha marca, que você não
conseguiu manter o fodido título de amigo.” Levantei-me,
adrenalina correndo em minhas veias quando empurrei suas
mãos de lado. Essas palavras ficaram dormentes dentro de mim
por muito tempo, eu percebi. Blake sempre quis o que era melhor
para nós. Sua carreira estava entrelaçada na minha e ele tinha
boas intenções – hits da Billboard, sobriedade e estabilidade
em mente -, mas ele não pensou duas vezes ou parou para
se perguntar antes de atropelar as pessoas a caminho de
lá. Incluindo a mim. Ele cobriu tantos dos meus escândalos,
jogando a culpa em outras pessoas e colocando a culpa em mim
quando ele fodeu as coisas, eu sabia que não era o mesmo cara
com quem eu dividi um apartamento de dois quartos em
Clapham. Nós dois éramos diferentes. Cegados pelo dinheiro e
destruídos pela fama. Quer arruinar um relacionamento em
menos de cinco etapas? Coloque alguns milhões de libras entre
as duas pessoas e veja o que acontece.

Blake disparou, então ficamos na frente um do outro,


ofegantes, prontos para ceder nossas espadas verbais. Foi
libertador finalmente deixar toda a merda que borbulhava sob a
superfície subir.

“Tudo que fiz foi para ajudar você. Eu te salvei.” Ele


mostrou os dentes.

"E eu te salvei", eu disse, despejando meu cigarro aceso no


chão e pisando nele. Puxei sua camisa e esmaguei nossos narizes
juntos. “Nunca se esqueça disso, Blake. Antes de você ser o
empresário de Alex Winslow, você era apenas um perdedor de
Watford que teve que dividir o aluguel em três parcelas para
morar no sul de Londres. Eu te fiz e vou te desfazer se for preciso.
Então sugiro que você encontre o bastardo que me envia álcool –
porque agora acho que nós dois sabemos que não é o pessoal do
hotel que o traz à minha porta. É quem tem acesso a muitas
pessoas ou pode subornar sua entrada com a equipe do hotel. E
essa é a última vez que ouço você falar sobre minha família. Se
eu quiser vê-los, eu os verei. Neste momento, eu estaria mais
preocupado com o nosso relacionamento, companheiro.”

Foi a última palavra que fez seu rosto se contrair.


Eu bati a porta com tanta força no rosto de Blake, que não
ficaria surpreso se suas orelhas tocassem profundamente em
2034. Andei pelo corredor, respirei fundo, desesperadamente,
tentando chegar à sala de descanso sem matar ninguém no meu
caminho. Eu precisava de algo forte. Ou uma boa transa. Onde
diabos estava Indie, afinal?

Blake estava certo. No centro de tudo, eu ainda era viciado.


Se houvesse álcool ou cocaína em qualquer lugar perto de mim,
teria consumido tudo sem nem mesmo ter um momento para
pensar sobre isso.

Talvez fosse hora de pedir alguns favores para as groupies.

Talvez fosse hora de viver de acordo com minha reputação


e afastar minha frustração.

A única razão pela qual parei na porta entreaberta de Lucas


foi porque ouvi um choro. Era suave e educado, como se a pessoa
que estava chorando não tivesse coragem de fazer isso até o fim.
Parei de costas para a parede ao lado da porta de Lucas.

"Eu sinto muito", ouvi Waitrose dizer, e por isso, Indie


chorou ainda mais. O que ele fez com ela? Nada, provavelmente.
Ela estava chorando sobre outra coisa, que colocou minha mente
em movimento.

Era provavelmente relacionado com a família. Ela tinha


recebido cartas de merda na vida, mas ao contrário de mim, ela
ainda estava mergulhada no jogo de pôquer, tentando enganar as
pessoas para que pudesse ganhar. E Waitrose era a pessoa para
quem ela correria quando a tristeza a encontrasse.

A coisa sobre flashbacks é que eles realmente bagunçam


sua cabeça por dentro. Meu relacionamento com Fallon é o
primeiro em minha mente. Eu estava em turnê e ele ficou em
Los Angeles para ajudar Blake e Jenna com as demos que eu
deixei para trás. Ele estava lá para Fallon quando ela teve
uma overdose, e quando ela precisava derramar seu
pequeno coração negro para fora. Ele estava lá para ela na
primeira vez que ela procurou Will Bushell, e estava lá para eles
quando eles se esgueiraram pelas minhas costas e começaram a
foder no mesmo Chateau Marmont que eu fiquei naqueles dias,
porque tinha vendido meu apartamento em Los Angeles e não
conseguia nem suportar a ideia de me chamar de residente
permanente daquela cidade horrenda.

"Ponha tudo para fora", disse Lucas.

Inclinei-me para frente e observei-os através da fenda entre


a porta e o portal. Eles estavam sentados no mesmo sofá, com a
cabeça dela pressionada contra o peito dele.

Ele beijou sua testa.

Ele beijou sua testa.

Ele beijou sua testa.

Ele beijou a maldita testa dela.

“Eu amo meu irmão, Luc. Mas eu não gosto dele. Em


absoluto."

“Nós vamos resolver isso, Indie. Nós vamos."

Nós? Desde quando eles eram um 'nós'? Ele mal era um


fodido 'ele', agindo como um marica a cada passo do caminho.

Stardust fungou e se afastou, enxugando as lágrimas no


rosto com as costas da mão. “É como se, desde que perdemos
nossos pais, ele fosse apenas uma pessoa maluca e volátil. Quem
faz isso, Luc? Quem faz o que ele fez esta noite?”

"Seu irmão está sofrendo", disse Lucas, e algo dentro de


mim torceu como arame farpado. O irmão dela parecia muito
comigo. Talvez fosse prematuro pensar que ela se apegaria a
mim. Por que ela iria querer outro cabeçudo para estressá-
la?
“Às vezes acho que deveria entregar minha demissão e
voltar. Agora não é hora de ficar longe de casa.”

"Fique." Ele apertou a palma da mão. "O dinheiro que você


ganhar será capaz de ajudar sua família mais do que qualquer
conversa que você possa ter com Craig e nós dois sabemos disso."

Eu queria tanto abrir a porta, entrar, puxá-la e escoltá-la


para fora antes que eu o deixasse sem sentidos. Na verdade, a
única razão pela qual eu não tinha feito isso foi porque Stardust
parecia genuinamente angustiada, e pela primeira vez na
eternidade eu permiti que alguém roubasse uma pequena fatia do
centro das atenções e fizesse do seu jeito.

Ela não precisava de mim; ela precisava dele.

Isso me fez querer matá-lo? Sim.

Isso tornava menos verdade? Não.

Enfim, essa é a pequena história de como acabei


arruinando a bateria de Lucas.

Eu tinha cantado seis músicas do show quando me virei


para respirar ao olhar para todos os rostos sem rosto abaixo de
mim. Eu peguei Waitrose olhando de lado e sorrindo para alguém.
Para a pessoa que eu tinha tocado vinte e quatro horas atrás. Isso
foi o catalizador. Eu me aproximei e quebrei sua bateria,
admirando o fato de que tinha me segurado de puxar a barra e
bater nele com ela. Passinhos de bebê, certo?

"Que porra é essa!" Ele dá um pulo.

"A porra é que você está demitido", digo, já atacando nos


bastidores. "E que porra é essa merda, meu amigo."

Eu agora estou perseguindo Indie. Perseguindo-a.


Procurando e indo atrás dela. Talvez não seja meu melhor
momento, mas faz sentido fazê-lo agora. Ela se vira e vai em
direção ao vestiário principal, provavelmente até Blake,
provavelmente para ter certeza de que eu não a matarei nem
nada. Agarro a ponta do seu vestido preto e puxo-a para o meu
peito. Ela engasga, caindo no meu corpo e para seu horror –
minha ereção.

“Entendo que você está passando por merda, Stardust. Nós


todos estamos. Essa é a natureza de nascer neste caos chamado
vida. Mas isso está ficando um pouco velho e não tão divertido.
Então decidi demitir Lucas, só para ter certeza de que você não
fugirá para ele na próxima vez que seu irmão te irritar. Onde está
o meu obrigado por isso, huh? Nós dois sabemos que deveria ter
dado a você a demissão.”

Ela se vira e meu coração fica duro com a perspectiva de


como ela reagiria. Sem me desapontar, as bochechas de Indie
brilham vermelhas quando ela levanta a mão e, em vez de me
esbofetear, empurra-me com cada grama de força nela, batendo
minhas costas contra a parede.

"Você não tem que me demitir, porque já vou sair", anuncia


ela, sua voz alta. Só então, Blake aparece do meu camarim,
parecendo pronto para se internar no pronto-socorro com um
severo ataque cardíaco.

"Você saiu do palco?" Ele parece tão ligado que eu pensei


que ele ia explodir. Uma gota de saliva decora seu queixo. Ele
parece furioso. Eu continuo perseguindo Stardust, que ainda está
fugindo da cena, mesmo que não houvesse lugar para ela ir. Ela
não pode deixar o estádio sem nós. Blake nos segue. Cirque de
estupid. E, claro, sou o palhaço principal.

"Eu demiti o Waitrose também."

Pelo menos ele tem a cortesia de não me perguntar por quê.


A resposta é óbvia, e ele sabe disso, porque ele estava lá para
me convencer toda vez que eu pensava em jogar Lucas para
fora da minha vida. Eu sigo Indie até que ela se depara com
o fim do corredor e não tem mais para onde ir. Ela se vira,
estreitando os olhos para mim e colando as costas na porta,
agarrando-se ao seu espaço pessoal.

"O que você quer de mim, Alex?"

Tudo. Eu quero tudo, e depois todas as coisas que você já


deu para outras pessoas. Eu também os quero de volta.

"Não seja tímida." Agarro seus pulsos quando ela tenta me


empurrar para fora novamente, mas ela realmente não quer fazer
isso – sei que soa assustador, mas é verdade – seus quadris
empurraram para frente, e sua respiração é rápida e rouca. “É
noite de show, e estraguei tudo regiamente. Temos trabalho para
fazer hoje à noite, Stardust.”

Ela joga a cabeça para trás e ri, o som que ela está
produzindo é tão sarcástico que mal a reconheci como dela.
"Trabalhos? Sua turnê inteira está desmoronando. Você demitiu
seu baterista, sua babá saiu e você saiu do palco.”

E escondi uma garrafa de champanhe.

E comecei a me incomodar só porque Waitrose mostrou o


menor interesse.

A lista é mais longa e extremamente embaraçosa. "Você não


pode desistir."

"Por quê?"

“Porque você precisa muito do dinheiro e eu preciso muito


de você.” O que estou dizendo? O que estou fazendo? Acho que
ouvi Blake ofegar e não posso nem culpá-lo. Eu não tinha
subconscientemente bebido aquela garrafa de champanhe e
depois apagado, não é?

Stardust dá um passo em minha direção e abre um


sorriso, com dentes e tudo e eu finalmente a vejo como ela
realmente é. Um duende astuto, uma ladra de corações. Ela
é tímida e reservada, mas tem poder agora, e sabe disso. Isso
torna nosso jogo muito mais interessante.

“Eu ficarei pelo dinheiro, mas não vou mais ajudar você. O
que você vai fazer comigo? Você não pode me forçar a falar com
você. Tudo para o que me inscrevi é para te observar.”

"Oh, Stardust." Empurro meu rosto para o dela, rindo. Este


é o lugar onde eu prospero. Na nossa brincadeira cruel. "Você não
tem ideia do que posso fazer com você, mas você com certeza vai
descobrir."
Capítulo 18

Jenna: Blake está brincando na turnê?

Indie: Alex geralmente curte turnês?

Hudson: Senhoras. Eu estou aqui para isso.

Jenna: Não se importe com o Hudson. Ele pode se


comunicar exclusivamente com você usando GIFs ofensivos.

Hudson: Não é verdade.

Hudson: Ok, um pouco verdadeiro.

Jenna: Alex é... complicado. Ele é principalmente


ambivalente em relação às mulheres. Ele se envolveria em
uma noite ocasionalmente, mas não com a freqüência que se
poderia pensar. A única mulher de quem ele fala é Fallon, e
mesmo isso está encharcado de negatividade. Sua vez.

Indie: Blake não tem visto ninguém ou está


brincando. Ele trabalha e discute com Alex, então trabalha
um pouco mais. Ele nem sequer olhou para uma mulher
desde que embarcamos no avião para a Austrália.
Hudson: Jenna. Fale Conosco. Você e Blake vão
finalmente dar uns pegas?

Jenna: Hudson, saia da conversa.

Hudson: Como diabos eu vou.

Jenna: Você diz tudo a Alex. Vá embora.

Hudson: Não!

<Jenna Holden removeu Hudson Diaz do chat>

Indie:…

Indie: Você está namorando Blake?

Jenna: Não.

Jenna: Mas dormimos juntos.

Jenna: E estou grávida.

Jenna: Eu pareço como uma das idiotas que eu


costumava rir quando lia revistas adolescentes quando tinha
quinze anos.

Indie: 1) cruel, e 2) você precisa contar a ele.

Jenna: Não sei. Nem sei se vou ficar com o bebê. Não
conte a ele.

Indie: Eu não vou contar. Mas você deveria.

Blake, Alfie e Lucas levam Alex para a van. Ele resistiu


um pouco, mas o que me impressiona ainda mais do que o
fato de ter sido preciso três homens adultos para
empurrá-lo para dentro do veículo, é que ninguém se importa que
Lucas foi demitido. Todos agem como se tudo fosse normal,
descartando a autoridade de Alex.

Eu precisava falar com alguém quando descobri que meu


irmão havia sido preso e estava passando a noite na prisão por
agressão. E eu queria falar com o Lucas especificamente porque
ele era mais lógico e emocionalmente equilibrado do que o Alex.

Quando chegamos ao hotel, destranco minha porta


rapidamente para evitar a tempestade de Alex que está se
formando no corredor atrás de mim. No minuto em que seu braço
chega por trás do meu ombro para me impedir de entrar, viro para
encará-lo. Ele parece sério, determinado e... qual é a terceira
coisa? Exausto. Não pode ser fácil viver a vida como ele, mas eu
também estou exausta.

Flashes de sua respiração patinam pela minha nuca


quando ele recupera as letras que escreveu em mim e faz minha
pele se arrepiar. Deus, estou em apuros.

"Não quero escrever hoje à noite." Meus olhos seguem a


trilha de seu queixo quadrado para o colarinho de sua camiseta
cinza. Seu pescoço é esbelto e masculino ao mesmo tempo. Quero
lamber isso.

"Nem eu. Só quero conversar.” Ele abaixa a testa e a


pressiona contra a minha, sua respiração ofegante. “E talvez lhe
dê sexo oral, mas é isso."

Eu sorrio através da bola de lágrimas que se formou na


minha garganta. O que estamos fazendo? Não estávamos lutando
cinco minutos atrás?

A porta bate atrás de mim e nós dois caímos. O quarto está


estranhamente quieto sob o peso da noite e dos dois dias de
merda. Dirijo-me ao minibar, ansiosa por fazer algo com as
mãos e pego duas garrafas de água.
"Sinto pelo seu irmão." Ele se aproxima da TV, seu rosto
cheio de preocupação.

Sinto o peso de seus olhos de uísque em meus ombros


quando passo por ele com uma garrafa e o observo de lado. Eu
não sei porque é tão fácil falar com Lucas e tão difícil falar com
Alex. Talvez porque Lucas sempre foi platônico. Talvez porque
Lucas não tenha segundas intenções. E talvez seja porque parece
que o ar em meus pulmões está em chamas e todos os meus
nervos se concentram em um ponto entre o meu coração e a
virilha, no minuto em que Alex está na mesma sala comigo. Eu
limpo minha garganta.

“Sim, uhm, Craig foi preso hoje à noite. É a primeira vez


dele. O cara estava saindo do clube de strip sob o nosso bloco de
apartamentos. Ele estava muito bêbado e tentou entrar em seu
carro com a intenção de dirigir para casa. Craig estava igualmente
bêbado e tentou puxá-lo pela camisa pela janela. Natasha disse
que está tudo bem, mas sei que ela não quer que eu me preocupe.”

Alex anda na minha direção, seu passo de predador


elegante e calmo. Ele para, pressionando as palmas das mãos na
parede atrás de mim e seus lábios no topo da minha cabeça,
inalando – não beijando – meu cabelo.

"Vou mandar alguém para socorrê-lo amanhã e aconselhá-


lo bem."

"Você não precisa fazer isso", digo baixinho, meu rosto se


aquecendo. Eu me sinto mais envergonhada do que nunca,
porque sei que é um favor que eu aceitaria.

Seus olhos escurecem e sua mandíbula fica tensa. A


mudança é sutil, mas está lá. De longe, parece que nada poderia
penetrar em sua armadura. Mas ele é um artista – e a armadura
de um artista é cheia de balas e rachaduras. É assim que as
letras e notas se infiltram. Minha respiração engata em seu
olhar, na nudez, tanto que sinto um ponto úmido se
formando na minha calcinha. Ele não diz nada, mas por não dizer
muito, eu sei – vejo através das linhas de sua testa e boca e olhos
– ele não faz isso porque gosta de mim. Ele faz isso porque é o que
ele faz. Ele cuida das pessoas ao seu redor, porque não sabe que
tem a opção de não fazê-lo.

Alex baixa o rosto para o meu pescoço e beija a parte oca


onde o ombro e a veia sensível se encontram. Fecho meus olhos,
minha mão voando para a mesa atrás de mim para me apoiar.
Agarro o vestido de Paris no meu punho.

"Você já se sentiu tão sozinha que não tem certeza se as


pessoas são mais reais?", ele pergunta.

"O tempo todo." Engulo, acrescentando: "O Pequeno


Príncipe estava sozinho também."

"Ele estava. E morreu. Todos os príncipes falidos morrem


no final.”

Eu o calo com um beijo. Alex pensou em morrer e pensei


em como eu faria qualquer coisa para mantê-lo vivo, mesmo que
isso me matasse. A noção só intensifica a magnitude do beijo
quando nossas bocas se fecham. Ele arrasta o lábio inferior ao
longo do meu e passa o nariz na minha bochecha, deslizando a
língua na minha boca e reivindicando-a como sua. Sua língua
empurra entre meus lábios uma vez e outra. Levanto minhas
mãos para acariciar suas bochechas, aprofundando ainda mais
meu beijo e em algum lugar ao longo do caminho perco o
equilíbrio, porque antes que eu perceba, minhas costas estão
coladas na mesa com as pernas bem abertas e ele entre elas. Nós
estamos em todo o vestido de Paris e dezenas de agulhas e linhas.

"Cama", ele fala em nosso beijo. "Agora mesmo."

Ele me puxa para cima e me joga na cama como uma


boneca. Eu gargalho como uma bêbada e ele pula logo atrás
de mim, fazendo um grande barulho nas cobertas como se
estivesse jogando uma bola de canhão em uma piscina.
Deslizo até as minhas costas baterem na cabeceira e ficarmos
cara a cara. Ele sorri, avançando em direção a mim em suas mãos
e joelhos como um animal. Nós ainda estamos completamente
vestidos – inferno, ainda estou com meus sapatos – e eu pressiono
minha bota de salto alto em seu peito em uma última tentativa
para detê-lo. Eu nem sei porque me incomodo nesse momento. É
óbvio que eu daria a ele o que quisesse, as consequências que se
fodam. Ele agarra meu tornozelo e leva minha perna até a boca,
deslizando minha legging azul brilhante e pressionando seus
lábios na base do meu pé.

"Quantas leggings você trouxe para esta viagem?"

"Quatro."

"Então você não vai precisar mais dessa." Ele pega o tecido
da minha calça entre as minhas pernas e a arranca do meu corpo.

Grito e tento afastá-lo, antes que minhas pernas nuas


estejam expostas na frente dele. Deslizo para baixo da cama,
tentando lutar contra ele, e ele pega meus dois braços e prende-
os acima da minha cabeça, deslizando sobre mim de modo que
sua virilha está na minha e seu pau inconfundivelmente duro está
cavando profundamente entre as minhas coxas. Seus olhos
ardem com tantas emoções, sinto-me nauseada em seu
nome. Faz meu coração estúpido perdoá-lo por agir de forma tão
cruel e distante o tempo todo.

"Você confia em mim?", ele pergunta.

Eu quase engasgo com uma risada. "Claro que não."

“Justo o suficiente, vou reformular. Você acha que sou um


estuprador?”

"Duvido. Está muito disponível para você tomar pela


força.”

"Assassino em série?"
"Você não dá muita merda sobre alguém para matá-los."

Ele faz uma pausa, sua boca se curvando em um sorriso.


"Feche seus olhos."

"Solte meus pulsos primeiro."

“Nenhuma chance. É parte do processo.”

"E qual seria esse processo?"

“Aquele em que faço você gozar tanto que você vai precisar
de um transplante de coluna porque vou transformá-la em
gosma.”

Sorrio apesar das minhas melhores intenções. Não acho


que sorri tanto em toda a minha vida quanto em turnê com Alex
Winslow. O que é insano, considerando que ele também me
deixou tão furiosa e frustrada ao mesmo tempo. Alex beija um
caminho pela minha clavícula – beijos sujos e molhados cheios de
fome e promessas – arrastando os dentes pelo vale entre meus
seios ainda vestidos. Ele esfrega o polegar ao longo da seda preta
do meu vestido, a outra mão ainda segurando meus braços acima
da minha cabeça.

"Quanto tempo normalmente leva você para fazer um


vestido?"

Ele não ousaria.

"Não." Minha respiração está trêmula, minha voz rouca.


Estou delirando com a necessidade. "Não se atreva, Alex
Winslow."

Phhshshshhtt!

Ele rasga o meu precioso vestido de seda, colocando-o no


chão como se eu não tivesse andado de bicicleta doze
quilômetros por trecho todos os dias para economizar
dinheiro para comprar o tecido, como se não tivesse
costurado até tarde da noite. “Você ras—”
Mas não chego a terminar a palavra, porque minha
calcinha encontra o mesmo destino que o meu vestido, e antes
que eu perceba, sua cabeça está entre minhas pernas e oh. Meu.
Deus.

Momento de confissão: ninguém nunca me chupou


antes. Eu só tive um parceiro sexual no ensino médio e, como
muitos garotos do ensino médio, ele era muito egoísta na
cama. Eu nunca dei, nem recebi sexo oral, então não sei do que
se trata. É por isso que meus olhos quase rolam para fora das
órbitas diretamente para o chão junto com minhas roupas
esfarrapadas no minuto em que sua língua quente e úmida
pressiona meu centro e dá à minha buceta uma longa e completa
lambida.

Minha buceta se contrai tão forte que quase gozo. Fecho


meus olhos, muito envergonhada para olhar o que ele está
fazendo comigo e arrasto o travesseiro ao meu lado,
pressionando-o sobre a minha cabeça para abafar os gemidos que
saem toda vez que ele coloca a língua na base da minha buceta e
arrasta todo o caminho até o meu clitóris, sacudindo-o
suavemente com um sorriso arrogante que posso sentir.

Empurro meus quadris para cima, querendo mais e ele me


segura em resposta, rosnando.

"Abra mais."

Eu abro.

"Uma perna por cima do meu ombro."

Desajeitadamente levanto minha perna direita e apoio-a


contra seu ombro largo, dolorosamente ciente do fato de que ele
ainda está completamente vestido e estou tão física e
mentalmente nua.

"Olhe para mim."


Congelo, exalando toda a minha ansiedade no tecido do
travesseiro. Merda. Eu tenho que fazer?

"Olhe. Para. Mim.” Aparentemente, tenho que fazer. "Ou eu


vou parar, mas antes de fazer, vou me certificar de que você
chegue ao limite antes de puxá-la de volta. Não me faça ser cruel,
Stardust.”

Lentamente, deslizo o travesseiro para baixo e olho para ele


através do vale dos meus seios. Seus olhos parecem bêbados e
mesquinhos, uma combinação que nunca achei atraente. Ele olha
para mim quando sua língua penetra-me com força e eu engasgo
com dificuldade.

“Alex…”

Ele estende a mão e amassa meu seio direito, seus dedos


esfregando meu mamilo e fazendo-me gritar. Minhas pernas
começam a tremer em torno de sua cabeça e é quando sua língua
começa a me foder impiedosamente como se fosse muito mais do
que uma língua. Agarro seu cabelo lindo entre meus dedos, sua
língua enterrada tão profundamente dentro de mim que posso
sentir isso me enchendo de maneiras que nunca fui preenchida
antes. Ele parece tão rude e masculino, suas tatuagens
rastejando da borda de sua Henley, seus cachos despenteados e
selvagens e sua barba fazendo o interior das minhas coxas
queimarem deliciosamente. Choramingo, apertando em torno de
sua língua, minha bunda tão tensa que não consigo respirar.

"Porra, sim." Sua voz é rouca e baixa quando ele agarra


minha bunda e me levanta, puxando-me em seu rosto, me
comendo como um homem faminto enquanto aprofunda sua
língua dentro de mim.

Agarro-o novamente e ele solta uma risada – uma risada


– como se meu corpo fosse um instrumento para ele, uma
ferramenta, um brinquedo. Como se eu fosse Tania e ele
conhecesse todas as notas de cor, e dedilhasse minhas cordas,
produzindo a música mais raivosa e louca do mundo.

"Vou gozar", ofego, sentindo uma bola de fogo descendo da


minha espinha até a minha virilha. Nunca me senti assim. Acesa
como uma árvore de Natal. Como se meu corpo fosse um feixe de
nervos crepitantes. Em todos os lugares que ele toca – e ele está
vagando agora – formiga e dança com eletricidade.

Mas Alex apenas joga em suas próprias regras e ele é bom


em quebrá-las, dependendo do seu humor. No meio do orgasmo,
ele decide agarrar meus quadris, me virar de um lado para o outro
e pressionar minha bochecha no travesseiro. Deslizando seu
braço sob o meu estômago, ele me sustenta e chuta minhas
pernas quando fico de joelhos. Estou escancarada e exposta agora
e meus instintos me dizem para fechar minhas pernas e correr
pela minha vida. Coincidentemente, meus instintos estão mortos
no minuto em que ele coloca sua boca quente e molhada no meu
clitóris por trás e começa a chupá-lo vorazmente.

"Santo..." começo, quando ele empurra dois dedos em mim.


A pressão de um orgasmo está de volta, apesar de eu ter acabado
de gozar. Viro minha cabeça para observá-lo, me excitando com a
simples ideia dele trabalhar em mim como se eu fosse sua única
paixão na vida, mas ele me agarra pelos cabelos e vira minha
cabeça de novo.

"Não tão tímida, certo?" Sua voz é abafada, e sinto as


palavras dentro do meu núcleo. Isso faz com que meu desejo por
ele escorra direto para sua língua.

Sinto-o se movendo atrás de mim. Meu corpo começa a


tremer quando ele toca e me chupa com a boca, a nova posição
permitindo que ele fique mais profundo e áspero do que antes. E
há outra coisa que a torna mais quente do que qualquer coisa
que eu já fiz. A leve humilhação de ter minha bunda
escancarada para ele ver. Acabo de encontrar a coisa mais
sem-noção deste mundo quente, mas é isso que você ganha por
mexer com uma estrela do rock, certo?

Alex se move mais rapidamente, com mais urgência e eu


lanço outro olhar para ele quando está ocupado mordendo meu
clitóris e inserindo um terceiro dedo em mim, meus gemidos altos
o deixando muito excitado para perceber o que estou fazendo. Eu
o encontro pressionando na minha cama, ainda de jeans, para
frente e para trás. Estou tão consumida por gozar, que não me
ocorreu uma vez que ele está precisando de gozar também.

"Alex", choramingo quando minhas pernas finalmente


cedem e eu desabo na cama. Ele retira os dedos, pressionando a
boca na minha buceta e sugando todos os meus líquidos como se
fossem água no deserto. Eu gozo com força no rosto dele. Leva
alguns segundos para perceber em que país eu estou – na Rússia
– e que horas são – uma da manhã – antes de me virar para
encará-lo como se ele tivesse me quebrado. Ele ainda está de
jeans e camiseta, de costas para mim, sentado na beira da cama
e amarrando as botas que deve ter tirado quando começamos a
brincar. Pulo e me arrasto de joelhos até ele, colocando uma mão
sobre cada um de seus ombros por trás.

"Aquilo foi…"

"Eu sei", ele termina para mim e acaricio seu pescoço,


cheirando-me em sua respiração quente. Por que é tão excitante?
Porque estou em toda parte nele. Ele cheira a meu sexo e meu
xampu de lavanda e alecrim. Coloco meus lábios em sua
mandíbula e chupo. "Você precisa parar de completar minhas
frases."

"Por quê? Eu sempre acerto,” ele diz secamente.

Levanto-me e vou até a minha garrafa de água, tomando


um gole lento. Olho para ele do outro lado da sala. Ainda estou
nua. O golpe de sua garganta me diz que ele percebeu. Eu
não quero que ele vá embora. Não antes de tirá-lo do sério
também. Seus olhos percorrem meu corpo, medindo-me. Quando
ele abre a boca novamente, o mundo desaparece, e ele é a única
coisa clara o suficiente para ver.

"Não comece o que você está com muito medo de terminar",


diz ele.

Um desafio.

“Eu terminarei, Alex. E você também.”

Uma promessa.

Dou um passo em direção a ele, sentindo-me corajosa. Ele


gosta do que vê e tem uma ereção do tamanho de um salame para
provar isso. Seus olhos vidrados me avisam que ele não precisa
de mais do que alguns golpes para explodir em delirante prazer.
Quero levá-lo para o mesmo lugar que ele me levou. Quero levá-
lo para o paraíso.

"Você tem o hábito de comer garotas por quarenta minutos


e sair sem qualquer reciprocidade?"

Seu pomo de Adão se move novamente, mas seus olhos


permanecem frios e escuros, examinando-me friamente.

"Eu não comi uma menina em um ano", ele admite, seus


olhos viajando até o meu núcleo antes de lamber seus lábios já
escorregadios. "E eu nunca dou sem tomar."

Sento-me ao lado dele, não me sentindo nem um pouco


estranha como deveria, considerando que estou nua.

"Estou mais do que disposta a dar."

Ele agarra a parte de trás do meu pescoço e me empurra


em direção ao seu rosto. Acho que ele vai me beijar, mas sua
boca vai direto para a minha testa. Ele coloca os lábios no meu
ouvido e fala, “Beije meu pau através do meu jeans, Stardust.
Mostre-me como você está com fome disso.”
Ergo minha coluna, esperando que ele caísse na cama para
que eu pudesse montá-lo. Ele não se move de seu lugar.
Relutantemente, ajoelho na frente dele e cutuco suas pernas para
arrumar algum espaço.

"Eu te disse que ia te colocar de joelhos de bom grado,


Bellamy."

Eu coro. Ele usa meu sobrenome como uma arma e


funciona. Eu não gosto de ser chamada assim. É nesse momento
que decido parar de chamá-lo de Winslow.

Quando minha cabeça fica nivelada com a virilha, coloco


meus lábios em seu zíper. Pressiono beijos de boca fechada por
toda a sua virilha, meu pulso acelerando no meu pescoço. Ele não
me toca. Ele nem olha para mim. De fato, se eu não soubesse
melhor, pensaria que ele ligou a TV atrás de mim e estava
assistindo algo sem sentido. A única prova de que ele está comigo
naquele momento é o modo como seu peito se move acima de mim
com respirações irregulares.

Abro minha boca e passo a língua em sua calça jeans,


beijando sua virilha vestida avidamente, encontrando-me
balançando para frente e para trás. O que está errado comigo? Eu
nunca fui tão devassa com um cara antes. Envolvo meus lábios
em torno de seu eixo e movo-os subindo e descendo, traçando o
tamanho, a largura e a curva do seu pau. Posso sentir o cheiro
dele, seu pau, e isso me deixa exultante com a necessidade. O
sentimento me confunde. Eu nunca quis tanto um cara antes.
Acho que é nojento. Talvez até sujo. E Alex nem é meu namorado.
Ele não é meu nada.

“Tudo bem, é o suficiente da sua boca provocadora. Tire-o."

Tiro o jeans dele, talvez um pouco rápido demais, porque


o ouço rindo acima da minha cabeça.

"Coloque na sua boca."


"Eu nunca fiz isso antes", murmuro, mais para justificar
para mim mesma no momento em que estragar tudo.

"Não é um bicho de sete cabeças."

"Não seja bruto."

“Não pare. Você disse que quer chupar meu pau. Agora é
um momento tão bom quanto qualquer outro.”

Cubro um pouco do seu eixo e chupo. Talvez metade disso.


Ainda há mais pele que eu não consigo alcançar, então ele pega
minha mão e enrola em torno da base do seu pau.

"Aperte."

Agarro-o e ele fecha os olhos, parecendo torturado. Um belo


príncipe cedendo ao momento. Isso me inspira a apertar ainda
mais, sugando sua carne quente e sedosa e movendo minha boca
subindo e descendo. Ele empurra dentro de mim, lento no início,
mas firme o suficiente para que sua ponta toque a parte de trás
da minha garganta. Eu engasgo, meus olhos ardendo de lágrimas.
Ele agarra meu ombro e me puxa para cima dele, de modo que ele
está deitado na cama e eu ainda estou o chupando, nua, mas em
cima dele. Seus dedos roçam minha buceta úmida novamente, e
eu ronrono em seu pênis, o que faz com que ele mexa minha boca.
Êxtase. Euforia. Estrelas nos meus olhos. Ninguém nunca me
disse que chupar alguém poderia fazer você se sentir poderosa,
em vez de se degradar. Sinto como se tivesse possuído Alex
naquele momento, e a sensação é... inestimável.

Eu bombeio meus quadris em sua mão, querendo mais,


sugando-o ansiosamente. Ele agarra a parte de trás da minha
cabeça e muda o ritmo, indo mais rápido e mais profundo e muito
mais áspero do que eu imaginava que poderia ser. Ele está
apoiado em um cotovelo, observando-me e a posição faz seu
abdômen ficar tenso a cada impulso que ele faz em minha
boca. Ele tira dois dedos revestidos dos líquidos quentes
da minha buceta e belisca meu clitóris com eles,
brincando com a minha excitação e esfregando-a ao longo da
minha buceta agora.

"Ohhh", gemo, o que faz Alex me calar dirigindo com mais


força entre os meus lábios.

“Lembra-se que é a minha vez de tomar? A única coisa que


você deve receber agora é meu gozo na sua garganta. Tudo o mais
é um bônus, e você definitivamente não tem permissão para fazer
exigências.”

Bundão mandão. Ainda não há absolutamente nenhuma


maneira que eu possa parar o que estou fazendo. Sinto-o
empurrando dentro da minha boca e ele se levanta rapidamente
para encostar-se na cabeceira da cama, mantendo minha cabeça
em sua virilha, agarrando meu cabelo.

“Porra, sim. Chupe-me bem, Stardust. Você leva jeito.”

Obrigada... eu acho. Gostei da ideia de assumir o controle e


poder dar o que ele precisa.

"Vou gozar."

É um aviso, o que aprecio, mas eu mantenho meus lábios


firmemente em seu pau quando ele goza em jorros. Seu esperma
é quente e salgado – pegajoso – cobrindo minha língua e dentes.
Gemo, sugando cada gota, até que Alex solta um suspiro profundo
e me arrasta pelos cabelos para olhar para cima e sentar em meus
joelhos. Ele parece indiferente e impassível como sempre. Além de
suas bochechas – manchadas de rosa – ele parece completamente
normal.

"Você já engoliu?" Ele pergunta, acariciando o bolso de trás


e tirando um maço de cigarros.

Eu não posso acreditar no que estou vendo. É o clássico


Alex. Eu ainda tenho um pouco do seu esperma na minha
boca. É muito grosso para engolir de uma só vez. Balanço
a cabeça.
"Abra a boca", ele ordena.

Eu abro. Ele acende um cigarro - sem dúvida, tendo um


pequeno prazer em me fazer esperar -, em seguida, empurra meu
lábio inferior com o polegar, cigarro na boca e assiste seu esperma
no meu lábio inferior cair para o meu queixo. É sujo e mortificante
e... sexy. Ele passa o dedo indicador sobre a minha língua e
esfrega um pouco de seu esperma em um dos meus mamilos e
nós dois assistimos meu corpo reagir ao seu toque, florescendo
em arrepios, meus mamilos se agitando como pedrinhas.

"Pena que eu não posso ficar com você", diz ele em torno de
seu bastão cancerígeno.

"Quem disse que eu quero ser mantida?"

Ele coloca a palma da mão na minha bochecha e aperta,


um olhar triste em seus olhos. "Quem disse que você tem uma
escolha?"
Capítulo 19

“Parabéns, Alex. Jenna vai oficialmente matar você.” Blake


me bate no minuto em que entro em nosso quarto. Mesmo antes
de entrar, eu tinha a sensação de que deveria ter ficado com Indie
e me enterrado em seu cheiro, calor e doce e inocente existência.
A merda com Blake e Jenna está ficando antiga. Como se não
bastasse minha alma ser sugada por um monte de engravatados
diariamente, eu também tenho que responder a eles toda vez que
estrago tudo no palco.

Eu diria que Blake e Jenna agem como minha mãe e meu


pai, mas a verdade é que meus pais não dão a mínima e minha
agente e produtor na maior parte só se importam com seus
salários.

"Waitrose mereceu." Empurro Blake para longe. Suas


costas esbarram na parede oposta, seus olhos se estreitando,
afiando em mim como se eu fosse um alvo em movimento.

“Só diga a ele que você gosta dela, Alex. Isso é realmente
tão difícil? Em vez de fazer grandes anúncios sobre como ela
é sua e você é o rei do mundo. Você está começando a soar como
Mussolini com esteróides.”

"Por que é tão importante que eu diga a alguém que gosto


dela?" Eu grito, indo em direção ao frigobar e puxando um saco
de batatas fritas. Puta merda, estou com fome. Eu gozei tão forte
que tenho certeza que Indie engoliu Alexis o suficiente para
formar um exército. "Além disso, não gosto dela", falo. Na
verdade, isso é uma mentira, mas como disse antes, mentir é uma
segunda natureza. Ou uma primeira. Tanto faz.

"É importante para nós saber que a sua companheira de


sobriedade atende às suas expectativas." Blake pigarrea e
acrescenta rapidamente: "Para mim e Jenna, é isso."

Olho para ele como se ele tivesse acabado de me informar


que ele está passando por um transplante de picles para
substituir seu pênis, minha batata a caminho da minha boca.
Jogo a batata frita na boca e mastigo alto, tentando descobrir o
seu jogo. Ele se concentra em Indie, em vez do fato de que saí do
palco depois de bater com o pé na bateria.

"Você está chapado?"

"Você está dormindo com ela?", ele pergunta


simultaneamente.

"Isso não é da sua conta. Mesmo se estivesse, ela assinou


um NDA.”

"Não é por isso que estou perguntando."

Ando. Ele nunca deu a mínima para nenhuma das minhas


babás. Por outro lado, nunca cheguei perto de uma garota depois
do que aconteceu com Fallon. Blake se inclina sobre o canto da
cozinha, passando os dedos pelos cabelos, olhando para o céu.
Então ele dá aquele grande e dramático suspiro. O que eu
recebi toda vez que ele deu a si mesmo uma festa de
piedade.
“O evento de Halloween em Paris… precisamos estar lá.
Fallon e Will participarão,” ele diz, suas palavras lentas e
cuidadosas, como se estivesse pingando gasolina em um fusível
invisível na minha cabeça enquanto eu estou fumando.

Dou a ele um olhar plana. Eu me sento como Rob de Alta


Fidelidade, sem o amor pela música pop. Basicamente, sou um
perdedor e todo mundo tem pena de mim, mesmo que eu também
tenha pena deles. "E?"

“E não quero que você faça nada estúpido. Como tentar


reconquistá-la.”

"Eu não vou." Coço a parte de trás do meu pescoço. É uma


mentira? Talvez. Quando você mente muito, é difícil distinguir a
verdade. Em retrospecto, Paris seria a noite em que minha vida
mudaria para sempre. A de Indie também. E de Fallon. Mas é
claro, eu não sabia disso quando olhei profundamente nos olhos
de Blake.

Batida. Batida. Batida. Batida.

"Ok", diz Blake, retirando-se do canto e caminhando para o


banheiro. É então que percebo que ele ainda não falou do show
de hoje à noite. "Tudo bem."

Olho para suas costas, tentando descobrir o que acabou de


acontecer.

Que. Porra. Aconteceu?

No final, foi mais do mesmo.


Blake me mandou à merda sobre o incidente no show por
dias depois. Jenna destacou esse sentimento enviando-me uma
cesta de baklavas10 quando desembarcamos em Istambul com
uma nota:

Eu te desafio a puxar algo assim novamente, Alex. Faça isso.


Teste-me.

Tenho jogado bem com o Lucas, mas encontrei outras


maneiras de provocá-lo. Principalmente por devorar de Indigo
cada momento livre que eu tinha do público. Escrevíamos todas
as noites no corredor para que pudéssemos nos concentrar no
trabalho, depois eu entrava sorrateiramente no quarto dela e a
comia na sacada com vista para Atenas, ou a pegava em um táxi
quando voltávamos de um show em Berlim. Ainda a tive contra a
parede, atrás de um café em Milão e comi fruta exótica em seu
corpo nu em Barcelona. Ela sempre tinha aquele olhar em seu
rosto quando a fiz gozar. Como se a intensidade do que estávamos
fazendo a surpreendesse. Era como deflorá-la todos os dias,
mesmo que não tivéssemos realmente feito sexo. Ainda. Ainda.
Mas nós estávamos nos aproximando a cada dia. Além disso, ela
finalmente deu um passo atrás com Lucas, e ele, em troca,
permaneceu educado e agradável para ela, não ultrapassando o
vermelho.

Felizmente, ela não me entediava apesar da falta de


interesse de Waitrose por ela.

Provavelmente era pelo fato de que eu ainda não tinha


transado com ela.

Porém, vamos ser honestos – não é exatamente como se


eu a estivesse encantando em uma história de amor de

10
Tipo de pastel doce.
Shakespeare. Eu tenho certeza de que grande parte da razão pela
qual Stardust quer me ver é porque, na manhã seguinte ao show
de Moscou, Howard Lipkin, um dos maiores advogados de Los
Angeles, salvou seu irmão e o arrastou de volta para casa para
sua esposa e filho. Craig está em prisão domiciliar e isso faz com
que Indie se sinta pateticamente satisfeita. Como se ele não
pudesse possivelmente se foder no conforto de sua casa. O que,
por experiência própria, é besteira, porque meus pais estavam
desempregados e tinham conseguido prejudicar Carly e eu,
apesar de suas bundas estarem sempre coladas no sofá,
observando EastEnders e Jeremy Kyle durante a tarde – há algo
mais deprimente do que assistir TV durante o dia? Eu achava que
não e também assito.

Barcelona é nossa última parada antes de tirarmos uma


semana de folga em Londres. Tecnicamente, eu teria uma
apresentação no Castelo de Cambridge na sexta-feira, mas isso
era o padrão e o Castelo de Cambridge era meu terreno.

Barcelona é um ponto de virada. É um ponto de virada


porque é o lugar onde eu estupidamente achei que seria uma boa
ideia entrar em um café da moda britânica e pegar um café preto
e um café da manhã inglês para a minha comitiva. Eu deveria
saber que nada de bom sai de tentar ser atencioso.

Indie estava em seu quarto, provavelmente costurando o


vestido de Paris. Blake estava vagando do lado de fora da loja com
seu maldito celular. Com meu boné, Wayfarers e cabeça baixa, eu
sabia que não seria reconhecido. Era o tipo de lugar que tocaria
propaganda nazista antes de interpretar alguém que conseguisse
entrar na lista da Billboard, então eu duvidava que eles me
reconheceriam. Eu era Satanás para eles. Satanás de terno.

Observei os azulejos azuis e claros da loja, as pessoas de


blazers chamativos, óculos de aros grossos e mulheres de
saias da moda. A brisa de suas vidas. Eles pareciam tão
aterrados. Como se tivessem a virtude da gravidade
trabalhando a seu favor. Eu me senti solto. Amarrado a
nada. Nem pessoas e nem objetos, exceto Tania. Eu simplesmente
flutuei pela vida e a pior parte foi: drogas e álcool foram realmente
uma das únicas coisas constantes na minha vida. Eu fiquei na
fila. Ninguém me reconheceu. Foi um alívio cheio de
preocupação. Havia sempre uma inquietante ansiedade que
mordiscava meu ego sempre que as pessoas me ignoravam.

Eu ainda era grande?

Eu ainda era famoso?

Eu ainda valia à pena?

Minha carreira estava caindo?

Era uma sugestão para minha própria alma querer vomitar


por dar a mínima.

A fila estava se arrastando. Tudo bem. Eu não tinha para


onde ir. Eu pensei sobre Indie. Como só nos ligávamos à noite.
Durante o dia, eu agia como se não pudesse me incomodar com
ela e ela agia como se eu a exasperasse. É só à noite, quando
descascávamos nossas máscaras e nossas roupas que a vida se
tornava suportável.

Havia uma fileira de TVs de tela plana sobre o balcão. Uma


tinha o menu, a outra tocava o show GossipCave. Menu,
GossipCave. Menu, GossipCave. Cores brilhantes e fontes em
negrito. Os programas do Showbiz são como junk food, tão
lindamente embrulhados. O volume estava bem alto e meus olhos
subiram apesar dos meus melhores esforços. Um grupo de
mulheres e um gay em seus quarenta e poucos anos estavam
girando em cadeiras de neon em seu escritório de estilo cubículo,
ultra-futurista, a janela do chão ao teto atrás deles exibindo L.A.
em toda a sua glória de Botox. Eles estavam conversando tão
animadamente que você pensaria que estavam discutindo
sobre o conflito do Oriente Médio.
"Você acha que vai haver um confronto?" O homem mais
velho de camisa Polo e cabelo impecavelmente penteado
descansou os cotovelos em cima da cadeira de um cara. Todos os
repórteres e editores assentiram entusiasticamente.

"Oh, absolutamente", exclamou uma menina loira e


desnutrida. “Não há como evitar isso. Alex Winslow está
desequilibrado. Quero dizer, ele está definitivamente cozinhando
algo delicioso, com os trechos de sua turnê ‘Letters from the
Dead’.” Ela bateu palmas animadamente, escovando a língua
sobre os lábios pintados de um jeito abertamente calculado e
nada parecido com o tormento nervoso de Stardust. “Mas Winslow
ainda é cada centímetro da estrela de rock imprudente que
conhecemos. Como duas semanas atrás, quando ele atacou seu
baterista. Ele definitivamente vai deixar Will Bushell e Fallon
Lankford saberem como ele se sente sobre eles.”

“Aparentemente, ele não atacou o baterista. Houve graves


problemas de som e ele estava apenas frustrado. Mais tarde, ele
foi fotografado abraçando Lucas Rafferty em frente ao hotel”, um
cara entrou.

Certo. Sobre isso.

Isso foi Blake apagando um dos muitos incêndios que criei.


Não houve problemas de som – embora eu tenha certeza de que
alguém foi demitido pelo não-existente que Blake relatou – e o
abraço que eu tinha dado a Lucas fora do nosso hotel em Berlim
quase quebrou seu pescoço.

“De qualquer maneira, eles vão se encontrar? Quero dizer,


as chances são de que eles não vão.” Uma menina morena com
batom vermelho ousado tirou a sujeira debaixo de suas unhas de
acrílico.

“Todos vão estar no evento de Halloween do Chateau De


Malmaison em Paris.” O homem mais velho estalou os
dedos.
Alguém bateu no meu ombro e percebi que a fila havia
progredido, mas fiquei enraizado no chão. Dei alguns passos para
a frente, meus olhos ainda colados na tela. Havia algo de catártico
na dor que passava por mim. Isso me fez sentir tão humano. Tão
vulnerável.

“Não haverá mídia no evento. E todos eles usarão


máscaras.” A loira ficou desapontada. Pelo menos, alguém ainda
tem um pau mental pela minha vida pessoal. Que vergonha não
era eu.

“Mascarados ou não, Will e Fallon devem uma explicação a


Alex, você não acha? O noivado deles foi uma surpresa para
todos.”

Por um segundo, eu estava no purgatório entre a minha


vida no segundo antes de ouvi-lo e minha vida depois.

Noivado?

Eles vão se casar?

Eu chupei em uma respiração lenta. Fallon foi a bagunça


mais quente que Hollywood teve o desprazer de produzir nesta
década e Will estava felizmente casado com seu trabalho. Como
diabos eles vão se casar?

“Os preparativos para o casamento já duram semanas.


Você acha que eles vão convidá-lo?”

Semanas? Eles ficaram noivos há semanas e ninguém me


contou? Então me ocorreu como granizo. Começando a descer e
depois de uma só vez, caindo na minha maldita mente.

Sem internet.

Nenhuma mídia social.

Fique longe do laptop.


Canais nos meus quartos de hotel contaminados de notícias
e pornografia e nada mais por causa do…

Escândalo do meu pau.

Blake criou o escândalo. Minha mandíbula trava com tanta


força que a porra dos meus dentes quase viram pó. Ele faria o que
fosse necessário para desviar o escândalo de "o astro do rock
britânico perde a cabeça e passa três semanas comendo cada
grama de cocaína na Europa" para "o astro do rock britânico fode
uma estrela aleatória e deixa uma lembrança para ela."

Meu sangue ferve e dou meia-volta, abrindo a porta e me


debatendo. Blake ainda está em seu celular. Ele tem um olho em
mim, como se eu fosse beber até a morte em um café no meio de
Barcelona. Faço sinal para que ele me acompanhe até o hotel com
a mão e ele obedece, o dispositivo ainda cimentado em seu ouvido.

"Tudo bem. Tenho que ir. Falamos depois. Tchau."

Entramos. No saguão. No elevador. Estou doente e cansado


de Blake e Jenna puxando essa merda. Eu tinha uma babá, não
podia usar a internet e toda vez que eu agia de uma forma que
não lhes convinha, eles jogavam a culpa em outras pessoas e
latiam para mim, como em Moscou.

Sem mencionar que eu suspeito que ele colocou meu pau


na internet.

Sim, foi o suficiente e – foda-se.

"Que bicho te mordeu?" Os olhos desafiadores de Blake se


arrastam para encontrar os meus quando estamos no elevador, e
eu tenho que dizer a mim mesmo, não agora. Quando chegarmos
ao quarto. Quando chegarmos à porra do quarto, que só serve para
fazer cada segundo como um ano.

No minuto em que a porta atrás de nós se fecha, pego


um vaso e jogo na parede. Eu quero gritar, mas desta vez
não temos o andar inteiro para o meu cortejo.
“Há quanto tempo você sabe? Sobre Will e Fallon. Não
minta.” Eu não sou um homem mau. Eu sei. Eu pago meus
impostos. Sempre me certifico de que minha parceira sexual
tenha um orgasmo antes de chutá-la para fora. Eu cuido da
minha família e companheiros, mesmo quando eles me
decepcionam. Então isso não faz nenhum sentido.

"Como você..." ele engole em seco, alargando o laço de sua


gravata como se apertasse em torno de seu pescoço. "O que…"

"Eles têm a porra das TVs na Espanha, é assim que sei!"


Minha voz engata, o controle ao qual eu me agarrava está vazando
lentamente para fora de mim. Eu olho de lado. Preciso de ar. Eu
não tenho ar. Não no físico, mas no sentido espiritual do caralho.
Eu sempre tive alguém me mimando. Eu poderia arrastar Indie
de seu quarto e tê-la me acompanhando, mas não quero fazer
isso. Ela já estava sobrecarregada e lidando com besteira pessoal.
Além disso, preciso ficar sozinho. Caralho.

Caralho!

"Olha, eu posso explicar." Blake segura as palmas das mãos


no ar em rendição.

Quantas vezes eu o vi nessa posição? Muitas. Esse é o


número exato. E estou doente e cansado disso. Eu o empurro,
sedento de sangue, por uma briga.

Quanto mais dinheiro, poder e fama tenho, menos tenho


liberdade, felicidade e a capacidade de ser eu. E a pessoa que eu
me tornei é imperfeita. Ela ocasionalmente fode as coisas,
incluindo o kit do baterista. A pessoa que eu quero ser quer a
verdade. A pessoa que eu era – Eu sou e sempre serei – não poderia
se contentar com a vida que tinha. Uma vida em que trabalho
para tantas pessoas – Jenna, Blake, meu ex-agente de
publicidade – e a única coisa que mantem a ilusão de controle
é o fato de eu ter a maior fatia da torta. Uma torta que eu
não quero mais comer.
Eu não preciso de guardiões.

E babás.

E pessoas que vazam fotos do meu pau na internet.

Eu preciso sair daqui. Agora.

Eu caminho até a porta antes que meu punho abra


caminho para o rosto de Blake. Meu gerente entra em pânico e
agarra meu pulso para me virar. O que diabos ele acha que está
fazendo? No minuto em que viro e ele vê o olhar no meu rosto,
suas sobrancelhas se erguem.

"Eu fiz isso para o seu próprio bem, Alex."

"Foda-se", grito, sacudindo o seu toque de mim. "Você não


consegue fingir que é meio real depois de tudo que você fez."

"Onde você vai?"

“Não importa. Onde quer que seja, ninguém vem comigo.


Nem Indie e muito menos você.” No minuto em que digo essas
palavras, percebo que é uma exigência que eu estava com medo
de fazer meses atrás. Claro, intimidei minhas babás passadas e
insultei Indie, mas nunca coloquei o pé no chão. Nunca disse não.
Até agora.

"Alex." Ele pula na minha frente, bloqueando meu caminho


até a porta. “Temo que, se você sair agora, cometerá um grande
erro. Se um soco na cara é o que eu preciso tolerar para te manter
sóbrio, vou levar um para o time.”

Eu jogo minha cabeça para trás, sacudindo em uma risada


amarga. "Você não é um maldito santo?" Atiro-lhe um olhar
sério. "Saia fora do meu caminho."

“Alex…”

"Agora!" Pego a primeira coisa que posso colocar


minhas mãos e jogo na cara dele com força.
Ele tropeça para o lado para evitar o golpe. Tania bate com
força contra a porta, a madeira lascada voando por todos os lados
da batida. Ela quebrou em dois pedaços, deixando-me ali,
segurando o pescoço do meu violão enquanto o resto dela está
deitado no chão. Ela está sob meus pés como uma amante morta.
Linda e quebrada e não mais minha. Ela era todos os diários
espremidos em um objeto. A caixa vazia que estava cheia de
músicas e letras. Ela era o presente mais especial e importante
que eu já recebi e a única posse com que eu realmente me
importava.

E ela foi embora.

Lágrimas se acumulam em meus olhos e olho para evitar


que elas caiam. Quando foi a última vez que eu chorei? Nunca.
Quero dizer, tenho certeza que sim - quem não fez? -, mas foi há
tanto tempo que não consigo imaginar isso depois de atingir os
treze. Então. Agora. Eu estou chorando. Eu. Estou. Chorando.

Blake está de pé atrás de mim, seu pulso tão rápido que


posso ouvi-lo batendo nos meus ouvidos. Ele quer me pedir
desculpas, mas sabe que não deve falar. Eu o mataria. Merda.
Tania. Merda.

Eu não acho que meu mundo esteve tão silencioso quanto


no momento em que saí do quarto. Indigo sai do dela ao mesmo
tempo, como se ela pudesse me sentir. Quando olho para o rosto
dela, tudo que vejo é outra boca que preciso alimentar. Contorno-
a. Ela fica lá descalça, com aquele vestido de Paris que ela sempre
trabalha agarrado em sua mão.

“Alex? O que aconteceu?"

"Quem for estúpido o suficiente para me seguir vai ser


demitido no local", digo friamente, depois vou embora.

Eu vago pelas ruas. Sozinho. É imprudente, estúpido e


meio legal. Compro um pacote de cigarros e termino-os
enquanto caminho. Eu penso em tudo. Sobre Will e
Fallon, que estão no mesmo continente, provavelmente não a
muitos quilômetros de distância. Sobre o casamento deles. Penso
sobre a minha vida e o que ela se tornou. Sobre meus amigos, ou
as pessoas a quem eu me referia como tal. Blake, que não poupou
socos para promover sua carreira e a minha. Alfie, que está alheio
a qualquer outra coisa que não os desejos de seu pau, e sobre
Lucas, que tentou seduzir Indigo. Então penso sobre Stardust,
sobre o jeito que ela me faz sentir. Como se eu estivesse vivendo
em um universo semi-normal, onde eu não preciso me preocupar
que a garota com quem estou transando, venderia nossa fita de
sexo para o The Sun ou me convenceria a comprar algo caro para
ela. Ela é, talvez, a única coisa real que tenho na minha vida e
isso é completamente patético, pois ela era minha empregada e só
estava na turnê porque eu lhe paguei para me salvar.

Mas eu a salvei também, não foi?

Da única maneira que eu realmente importo.

Com meu dinheiro.

É só quando volto para o hotel que me ocorre o que


realmente me desagrada.

Tania.

Blake.

Alfie.

Lucas.

A lista não é curta, mas está certa. Há uma coisa omitida –


duas, na verdade – e essas são as coisas que eu deveria ter
considerado mais.

Will e Fallon. Eles me fizeram sentir nada.

E isso, de alguma forma me fez sentir tudo.


Capítulo 20

<Jenna Holden adicionou Hudson Diaz à conversa>

Hudson: Não está mais no seu período, Jenna?

Jenna: Você pode dizer isso de novo. Indie, como estão


as coisas?

Indie: Eu odeio seu cliente, Jenna, e seu chefe, Hudson.

Jenna: O que ele fez?

Indie: Fallon é realmente incrível?

Hudson: Ela é bonita do jeito que a Eurovisão11


é. Fascinante, mas faz você querer vomitar. Por quê?

Indie: Alex descobriu que ela está noiva de Will. Ele não
ficou feliz. Nós não conseguimos encontrá-lo.

Jenna: ???

Jenna: Explique mais.

11
Festival Eurovisão da Canção – um concurso anual de canções transmitido
pela televisão, com participantes de diversos países.
Indie: Blake está perambulando pelas ruas, junto com
Alfie e Lucas. Eles me pediram para ficar no hotel, caso ele
aparecesse.

Jenna: Mantenha-nos informados. Eu não preciso disso


agora com tudo o que está acontecendo.

Hudson: O que está acontecendo?

Jenna: Não importa.

Hudson: Diga-me, Indie, Alex ainda está bravo com Luc?

Indie: Muito mesmo. Por quê?

Hudson: Ah, não há razão. Se você alguma vez puder,


diga a Lucas que ele é um idiota. Ele saberá o porquê.

Inatingível. Frio. Perturbado.

Eu sei. Eu não sou, afinal de contas, idiota. Mas talvez


tenha sido isso que me atraiu para Alex. Ele é categoricamente
inacessível – ele nunca me daria seu coração ou futuro, ou mesmo
o maior pedaço de sua presença -, mas ele ainda me dava alguma
coisa. Algum combustível para funcionar enquanto eu tricotava
remendos cheios de sonhos idiotas e ideias idealistas sobre nós.
E eu fiz. Eu absolutamente fiz. Apesar dos meus melhores
esforços, e o que sempre dizia a mim mesma, queria Alex de mais
maneiras do que ele me queria. Foi muito fácil descobrir, na
verdade. Toda vez que nos tocávamos, estava sempre no meu
quarto, sempre no escuro, sempre em seus termos. Eu era sua
bonequinha. A que ele se inclinava e tocava sob a mesa de
jantar, seus dedos subindo pela minha saia, encontrando
minha carne molhada e brincando comigo enquanto ele
estava envolvido em uma conversa sobre as gravadoras com Alfie
no salão de baile do hotel. Eu era a garota para diversão que ele
colocava na cama – braços acima da minha cabeça, sempre,
pernas bem abertas – e beijava até que eu implorava, ofegava e
fazia papel de boba. Eu era agora a garota que eu sempre detestei.
Aquela que pegava alguma coisa, embora ela quisesse tudo,
porque no final, se contentava com menos.

Eu tentei me convencer de que eu estava atrás do desejo e


não do desejado. Que ele era apenas uma ferramenta e que, com
o tempo, o espaço e a distância, eu o esqueceria.

Percebi o quão errada estava quando estava no corredor, o


vestido de Paris agarrado ao meu peito. Eu estava prestes a ir até
o quarto de Alex e perguntar se eles tinham uma tesoura extra, já
que não conseguia encontrar a minha.

Ele invadiu o corredor, descendo as escadas, não o


elevador, apesar do fato de estarmos no vigésimo andar. Sua
porta ainda estava aberta e seu cheiro estava em toda parte no
corredor, tão diferente e masculino e exclusivamente seu. Blake
olhou para mim do limiar. Eu arqueei uma sobrancelha,
silenciosamente pedindo a ele para explicar. Os olhos de Alex
brilhavam e a dor gravada em seu rosto não podia ser confundida.
Estava lá e estava cru.

"Ele descobriu sobre o noivado de Fallon e Will."

Eu puxei meu lábio inferior para a minha boca com meus


dentes, meus olhos se arregalando. A dor no meu peito se
intensificou. Por ele. Por mim. Talvez até mesmo por Blake. A
noção de que isso acabou – que estávamos acabados – tomou
conta de mim.

Talvez tivéssemos atingido um ponto de ebulição.

Talvez estivéssemos acabados.


Passei o resto do dia no meu quarto de hotel, assistindo TV.
Fiz uma ligação via Skype com Natasha, Craig e Ziggy. Craig não
podia sair de casa e Natasha não lhe levava nenhuma bebida, o
que o levou a permanecer relutantemente sóbrio. Não foi divertido
vê-lo deprimido, mas eu não o vi tão saudável em anos. Suas
bochechas tinham um tom rosa natural novamente e sua pele
parecia mais suave. As bolsas sob seus olhos estavam menos
proeminentes. E ele estava se esforçando. Mais ou menos.

No entanto, não me sentia feliz com isso.

“Craig, vá preparar o jantar para Ziggy. Tem purê de


batatas e frango na geladeira”, diz Nat.

Eu sorrio mesmo cansada para isso. Eles podiam comprar


frango. Fico feliz, apesar de tudo, que ainda estava em turnê com
Alex. Quem disse que o dinheiro não pode comprar a felicidade
nunca foi realmente pobre. O dinheiro pode comprar a felicidade,
mas isso não significa que você precise de muito.

Quando Craig e Ziggy estavam fora do alcance da voz, Nat


dá um passo extra e pega o laptop, corre para seu quarto e fecha
a porta atrás dela. Pula na cama e reposiciona o monitor para que
pudesse me ver melhor.

"O que está acontecendo?" Ela sussurra. "Conte-me tudo.


E há coisas para contar, aposto. Tem uma foto de paparazzi de
vocês na Grécia. Parece que Alex estava meio abraçando você,
meio agarrando sua bunda.”

Ah, merda.

Vasculho mentalmente tudo o que aconteceu em Atenas.


Os caras queriam ir passear e eu tive que assistir Alex com muito
cuidado, porque aparentemente, ele costumava se divertir em
Londres com algum traficante de drogas que se mudou para a
Grécia e Blake estava no limite sobre isso. Eu usava um
vestido azul de bolinhas e um sorriso escarlate naquele
dia. O tempo estava glorioso. Nós admiramos as antigas
ruínas com um monte de turistas chocados do Japão e da
Alemanha, tirando fotos do Parthenon, quando Alex deslizou a
mão sobre a minha bunda quando todo mundo estava andando à
nossa frente, ouvindo o guia turístico e pressionado sua boca ao
meu ouvido.

O Partenon era o templo que eles construíram para sua


deusa, Athena, explicou o guia. Atena era o símbolo das artes e
da liberdade.

"Duas coisas que você me lembra." Os lábios de Alex


arrastaram para o meu pescoço, sua voz rouca com cigarro e
luxúria. "Mas hoje à noite, querida, você vai ser a única a me
chamar de deus."

Ele sussurou o “G12” de “querida” para mim.

"Isso é brega como o inferno."

“Eu gosto de milho13. Milho é bom. E estamos tão quentes


que podemos fazer pipoca.”

"Jesus, Alex!" Eu ri.

"Viu? Eu nem toquei em você adequadamente e você já está


rezando.”

Eu estava tão feliz naquele momento, que só me lembrei


como eu estava infeliz quando meu rosto se aqueceu e o sorriso
de Nat se alargou.

“Puta merda, Indie! Você está dormindo com uma estrela


do rock. Minha vagabunda está torcendo por você. Ou devo dizer
minha ex-puta? Eu acho que ainda sou ela. Estou apenas
controlando essa merda desde que sou casada e tenho um filho e
tudo mais.”

12
Trocadilho com a letra G da palavra Darling (querida) com o ponto G.
13
Trocadilho entre as palavras corny (brega) e corn (milho).
Outra flecha de tristeza dispara para o meu coração. Nat
merece muito mais do que Craig está dando a ela. Se ela tivesse
trazido o assunto algumas horas atrás, eu poderia ter me sentido
mais corajosa. Mais segura. Como se não importasse que Alex
estivesse ansioso por Paris para poder seguir sua antiga paixão.

"Não é assim." Puxo uma mecha do meu cabelo azul e toco


as pontas, meus olhos se concentrando fortemente neles ao invés
de na minha cunhada.

"Como é então?" Eu a ouço sorrir.

“É muito casual. Ele ainda está apaixonado pela ex.”

"E isso incomoda você?"

"Claro que não."

"Então, por que o rosto deprimido?"

Porque eu sou uma mentirosa, assim como ele.

"Eu provavelmente deveria acabar com isso", digo em voz


alta, tornando a ideia real e assustadora. Não que eu estivesse
apaixonada por ele, ou até mesmo precisasse dele. Mas ele é a
única coisa na minha vida que me faz sentir bem, e a lista de
coisas que me fazem sentir assim não é muito longa.

"Talvez você devesse, mas você definitivamente não vai",


Nat diz, e eu olho para cima para ver sua expressão, que passa
de divertida para preocupada. “Lembre-se, Indie. Três meses.
Aproveite o que puder, mas não se apegue.”

Mais fácil falar do que fazer. Mudo de assunto e acabamos


falando sobre outras coisas. Sobre Clara, da Thrifty, que está
ligando para Nat e perguntando por mim. Então, sobre a nova
obsessão de Ziggy de puxar as calças para baixo, o que deixa
Natasha muito feliz, porque ela acha que isso significa que ele
está pronto para ser treinado no banheiro.
Depois disso, pedi serviço de quarto. Filé com queijo Philly
e batatas fritas. Não é exatamente autêntica cozinha espanhola,
mas estou desesperada para sentir como se estivesse de volta em
solo dos EUA, mesmo por um tempo. Estou desenhando figuras
no prato com uma batata frita e ketchup quando ele bate na
minha porta. Eu não preciso abri-la para saber quem é. Alex está
sempre a poucos minutos de bater a porta com sua força. Ignoro
as pancadas nos primeiros dez minutos, mas depois disso sei que
estou entrando em um território perigoso. Se ele estiver bêbado
ou drogado – duas ideias que não são loucas, já que ele
desapareceu por horas sozinho – eu preciso lidar com isso. Não
importa o quanto eu me sentisse magoada, este ainda é um
trabalho e um que paga bem. Bem, na verdade, para obter para
Ziggy os tubos que ele precisa em seus ouvidos. Ele tem uma
consulta na próxima semana. Também quero colocar Craig na
reabilitação e comprar um carro para Nat rápido para que ela não
precise pegar três ônibus a caminho de seu trabalho temporário.
Isso significa que, não importa o quão estupidamente zangada eu
esteja sobre Alex estar arrasado com o noivado de Fallon, tenho
que engolir meu orgulho. Mas isso não significa que eu seria
condescendente quando se tratasse de nós.

Vou até a porta e a abro. Ele fica na minha frente, com o


sua gola em V branco amarrotada e enrugada, o jeans skinny
preto e a altura impossível, familiar e imponente. Ele cheira a
cigarros e a fresca mordida do ar frio da noite. Ele parece sóbrio,
infeliz e extremamente receptivo. Cruzo meus braços sobre o peito
para evitar chegar até ele, olhando em seus olhos âmbar com os
flocos verdes e dourados que nadam em círculos, como um lago
dourado.

Estou tão feliz que não dormi com você. Se eu tivesse, não
seria capaz de me impedir de te dar tudo o que você veio aqui
buscar hoje à noite.

"Posso entrar?" Seus olhos parecem


destruídos. Vermelhos.
Eu deveria dizer não. Eu sei que ele vai derramar seu
coração e uma vez que ele fizer, eu não o negaria nada neste
mundo. Ele me deixou fraca e exposta, e só isso deveria me fazer
correr para as colinas. Fico lá sem dizer nada, não exatamente
pronta para dizer não, mas não estúpida o suficiente para dizer
sim.

"Por favor." Ele vê a hesitação no meu rosto, mas sua voz é


dura e grossa. Só Alex Winslow para pedir por favor uma vez em
sua vida e ainda fazer parecer uma ordem. "Eu preciso conversar."

“Fale com outra pessoa. Você tem muitos amigos.”

Ele bufa, revirando os olhos para o teto. Daquele ângulo,


podia ver os círculos escuros sob seus olhos. "Alguns amigos é o
que eles são."

"Não é problema meu", digo baixinho, me odiando por cada


palavra. Ele foi cruel comigo, mas isso não significa que tenho que
ser cruel de volta. Há força em escolher a bondade mesmo quando
você está sendo arrastado para o poço da malícia. Eu nunca fui
assim e, no entanto, não consigo me conter. Estou com raiva.
Mais irritada que simpática. Ele franze as sobrancelhas e olha
para baixo. Eu observo seus olhos girarem em câmera lenta de
exasperados e tristes para sombrios e interessados.

"Que porra aconteceu com você?"

“Você aconteceu comigo. Infelizmente.” Estou prestes a


fechar a porta – ele está sóbrio, meu trabalho está feito – mas ele
passa o braço pela fresta e me para.

Eu estava prestes a bater de qualquer maneira quando ele


diz: “Eu reconsideraria se fosse você. Este braço é segurado por
vinte milhões de dólares. Se eu não puder tocar meu violão,
muitas pessoas ficarão chateadas. Todas as pessoas que você
não quer irritar.”
Sentindo a lava borbulhando em meu peito, mantenho a
porta aberta, dolorosamente consciente de como o dedo dele
acaricia a alça do meu vestido no meu ombro.

"Por que você está brava?" Seu polegar sobe para o meu
pescoço, para o meu pulso que acelerou por um nanossegundo. A
mudança de humor me confunde, e é exatamente assim que ele
gosta de mim.

"Eu não estou brava." Uma risada morre na minha


garganta.

Ele abre a porta totalmente e entra como se fosse o dono do


lugar, fazendo sua inspeção habitual. Alex gosta de olhar e
examinar tudo, como se eu estivesse escondendo dezenas de
cadáveres no meu quarto.

"Está sim. Você está olhando para mim como se eu tivesse


atropelado sua pássaro de estimação.”

"Eu não tenho um pássaro de estimação."

"Sim. Não tenha. Elas dão muito trabalho. Fallon tinha


uma.”

Fallon. Seu nome em seus lábios soa como uma profanação.

“Eu só não sei por que veio aqui. Você está chateado com o
noivado de Will e Fallon. Deve lidar com isso falando com eles ou
com alguém que possa ajudá-lo. Eu definitivamente não posso.”

Ele caminha em minha direção, fazendo-me andar para


trás para evitar seu toque. Ele não é lento ou particularmente
predatório. Apenas... indiferente. Quando minhas costas batem
na cômoda atrás de mim, finalmente exalo um pouco da minha
raiva. Ele apenas fica lá e não diz nada. Certo seria dizer que isso
me incomoda.

"Diga alguma coisa", eu rosno. Seus olhos se


estreitam.
"Você sabia." Ele quer dizer o noivado.

"Sabia", admito, sem perder um batimento cardíaco. “Blake


disse que você iria recair se descobrisse. Meu trabalho é mantê-
lo sóbrio. Você é um trabalho, Alex” – eu me lembro mais do que
a ele.

Ele pondera minhas palavras, enrolando uma mecha de


cabelo azul entre os dedos. Qualquer traço de sua tristeza
desapareceu de seu rosto agora, substituído por um desejo quieto
e ardente. Um que corre profundamente e não termina em seu
estômago, mas zumbe todo o caminho até os dedos dos pés,
beijando todos os nervos no processo.

"Está fria", disse ele, seus dedos deslizando pelo meu ombro
novamente – quente e áspero e tão calejado – deslizando a alça do
meu vestido de volta para baixo. “Especialmente para alguém tão
quente. Você realmente me odeia, não é mesmo?”

"Eu não te odeio." Engulo em seco. Uma verdade por uma


verdade. Ele também me daria uma? "Você se importa comigo?"

"Sim", ele admite calmamente sem piscar, nenhum traço de


emoção em sua voz. "Eu me preocupo com você."

“Então me deixe ir. Deixe-me trabalhar aqui e parar isso…


isso…” O que nós somos? O que diabos somos nós? Parece mais
que uma aventura, mas menos que namoro. “Essa coisa entre
nós. Você está apaixonado por outra pessoa.”

"Não", diz ele, num tom de voz confiante, seu corpo me


pressionando cada vez mais até que as alças da cômoda se
cravam na parte inferior das minhas costas. Nossos membros
estão entrelaçados, mas fora isso, eu não tenho desculpa para o
modo como meu corpo reage. Como se quisesse dançar e se atirar
de um penhasco.

"Por quê?" Eu respiro.


"Você precisa disso. Nós precisamos disso. Hoje não era
sobre Fallon. O noivado foi uma surpresa, claro, mas não foi o
que me fez perder a cabeça. Meus companheiros tomaram cada
grama de poder e liberdade de mim.” Silêncio. Batida. Mágoa. “E
eu acidentalmente quebrei Tania.”

Meu estômago revira, um arrepio percorre minha espinha.


Ele matou Tania. Seu casco de tartaruga. Tania o inspirou,
protegeu-o, esteve lá para ele. Minha boca se abre.

"Como…"

“Eu joguei em Blake por vazar aquelas fotos. Por esconder


tanta coisa de mim. Eu nem percebi o que fiz. Apenas peguei a
primeira coisa ao alcance e joguei. Atingiu a porta. Lembre-se da
próxima frase, Stardust, pois é importante e uma verdade rara:
não estou chateado com Fallon. Eu também não estou feliz com
isso, mas hoje não era sobre ela. Era sobre a minha vida fodida e
meus companheiros fodidos e a maneira fodida que eu misturo
negócios e prazer como um novato. Não sei mais quem está lá pelo
dinheiro e quem está lá porque se importa. E fica pior - se eu
pudesse saber, ainda escolheria não fazer isso. Porque doeria
como uma cadela. A verdade estúpida e superestimada.”

Algo mudou entre nós. Algum tipo de compreensão


silenciosa. Alex era um mentiroso porque odiava a verdade. Mas
ele estava lá, na minha frente, seu rosto tão nu e cru, e naquele
momento, eu não me importaria se ele me quebrasse do jeito que
fez com a Tania.

Nós precisávamos um do outro. Agora. Nesta turnê. Como


o ar e o oxigênio, e o pulso sob a nossa carne. Pela primeira vez,
entendi o que ele queria dizer sobre estar acima da gravidade. Há
um mundo lá fora, eu sabia. Mas havia um asteróide menor em
que vivíamos e esse é o único lugar que eu queria estar naquele
momento.

Silêncio.
Silêncio.

Silêncio.

Música.

Vinha de algum lugar lá embaixo. Uma festa de rua, eu


acho. Assim que começou, nossos lábios se juntaram e nós
lutamos com nossas roupas. As batidas suaves de tecido batem
no chão duro de carpete enchendo meus ouvidos mesmo com a
música festiva, e Alex me levanta para enrolar minhas pernas em
volta de sua cintura, seu movimento de assinatura, e me
acompanha pela sala. Ele sempre optava pela jacuzzi, a varanda,
ou quando eu estava curvada sobre o balcão da cozinha. Ele
gostava disso estranho e selvagem. A versão sem photoshop,
como ele havia chamado.

Alex me joga nos lençóis frios da cama e eu arqueio minhas


costas, a pura surpresa dele querer fazer isso na cama me
assusta. Ele arrasta os dentes ao longo da minha pele, e eu
envolvo seu cabelo em volta dos meus dedos, dando-lhe melhor
acesso a tudo. Quando ele beija o caminho pelo meu estômago,
começo a sentir as borboletas girando na minha barriga, meu
sexo apertando em antecipação. Ele sempre é tão convencido,
como se tivesse o mundo a seus pés - e ele realmente tem. Essa
é, talvez, toda a ironia de tudo isso – mas nunca quando estamos
juntos na cama. Quando é só nós, seus lábios pairando sobre os
meus, seu pau grosso rangendo em meu corpo, ele parece
humilde e grato e sofrido.

Sua boca encontra meu ponto sensível, e ele começa a


brincar com ele quando eu deixo rolar, esquecendo da minha
família e do meu desgosto e do prato descartado de batatas fritas
que faz o quarto cheirar engraçado. É só eu e ele. Eu, ele e o
prazer.

"Eu preciso te foder", ele murmura, sua voz vibrando


e fazendo cócegas no meu interior. “Preciso estar dentro
de você do jeito que você está dentro de mim. Tão profundo que
quero descascar a pele só para me livrar de você. Eu preciso me
livrar de você,” ele repete, e meu coração cai, minha respiração
fica presa na garganta, quando meu clitóris começa a latejar, meu
lábio inferior tremendo com um orgasmo iminente que ameaça
ondular através de mim como uma tempestade. Ele ama chupar
meu clitóris com tanta força que minha visão pontilha com
grossas nuvens brancas.

"Não." Minha voz treme, minha pélvis balançando em sua


boca quando ele começa a empurrar sua língua em mim mais e
mais. Ele é implacável. Pervertido e sem vergonha. Como a
maneira como ele abre os dedos sob a parte de trás das minhas
coxas e me empurra para trás e para frente para fazer sua língua
ir mais fundo e mais fundo em mim. Ou o jeito que ele pressiona
seu pau na minha coxa até que seu zíper rasga minha calça de
tanto esfregar.

"Eu te disse, nunca vou dormir com você", digo baixinho.

Mas é mentira e nós dois sabemos disso. Não há diferença


entre dormir com ele e deixá-lo me comer toda noite. Dedilhar-me
em jantares públicos e brincar com meus mamilos enquanto está
falando ao telefone com Jenna, gritando com ela sobre alguma
aparição que ele nunca concordou em fazer.

Ele ri na minha pele quente. "Mas eu vou te quebrar."

Voce já quebrou. Hoje. Eu não digo nada disso. Minhas


coxas começam a tremer incontrolavelmente e minha boca cai em
um O quando eu agarro mais apertado em seu cabelo. Tenho
certeza que é doloroso para ele, mas ele não reclama. Ele
nenhuma vez reclama. Por todas as coisas idiotas que ele fazia
fora do quarto, uma vez que as roupas estavam fora, ele me fazia
sentir confortável. Confortável para gritar, gemer e
exigir. Confortável para chupar com fome seu pau e limpar a
baba com as costas da minha mão em quão incrivelmente
excitada ele me faz simplesmente olhando para mim do
jeito que ele olha. Como tocar um ao outro leva todos os nossos
problemas para longe.

Eu gozo forte em sua língua. Ele me vira, e antes que eu


tenha a chance de protestar, me monta, enterrando seu pau entre
as bochechas da minha bunda – completamente nua – e
deslizando para cima e para baixo.

"Oh, porra", diz ele.

Ele ama fazer coisas comigo por trás. Eu acho que é porque
ele sabe que eu posso ver tudo em seu rosto quando estamos
juntos. A preocupação, tristeza e medo. Nós não estamos fazendo
sexo, não tecnicamente, mas cara, está ficando cada vez mais
difícil dizer a mim mesma que tenho limites com esse cara. Eu
preciso apenas dar a ele já. Entregar a mim mesma. Pedir-lhe
para colocar um preservativo e fazer sexo comigo. Mas não colocar
para fora me faz sentir como se estivesse no controle e eu anseio
isso não menos do que anseio por seu corpo.

Seu pênis pulsa entre as minhas bochechas e sinto o


quente pré-gozo se acumulando no meu cóccix. Eu não sei por
que acho tão estúpido ficar com ele se masturbando dessa
maneira, mas rapidamente empurro contra ele, provocando-o,
levando-o a bater em mim por trás. Não sei o que estou fazendo.
Não totalmente. Estou delirando demais com a luxúria e aliviada
com a razão de seu coração partido. Eu não deveria ter prazer em
saber que ele está arrasado com a quebra de Tania, mas pelo
menos não é sobre Fallon.

"Por que você me provoca?" Ele agarra meu cabelo e me


puxa para cima, fazendo-me arquear minhas costas. Uma vez que
meu estômago sobe do colchão, ele usa a outra mão para brincar
com um dos meus seios, beliscando meu mamilo em um silvo.
"Por que você tem tanto prazer em me deixar louco?"

Minha pele arrepia com seu tom ameaçador.


"Para ficarmos quites." Minha voz está rouca, sufocada pela
posição em que estamos, meu pescoço totalmente estendido
enquanto ele se esfrega mais forte em minha bunda, seus
impulsos quase punitivos – tanto para ele quanto para mim – por
não ser capaz de me penetrar. "Apenas retornando o favor, Sr.
Rock Star."

"Eu acho que estamos em uma base de primeiro nome


agora, Stardust." Seu pau começa a se contrair ao longo da minha
pele e sei que ele está prestes a explodir. Seus dentes arrastam
pelo meu pescoço. "Visto que da próxima vez que fizermos isso,
vou estar tão profundamente dentro de você, que vou ser capaz
de agradar seus malditos pulmões."

Com isso, ele goza nas minhas costas. Eu sinto as fitas de


sêmen quente na minha pele. Ele então desaba na cama,
desconectando-se de mim como se eu não fosse nada além de um
recipiente para colocar seu esperma. Meu rosto ainda está
enterrado dentro do travesseiro, o que é o melhor, com o jeito que
eu coro.

Deito ali, na mesma posição, esperando que ele diga


alguma coisa. Para me limpar, visto que eu não posso fazer isso
sozinha. Não a menos que eu entre no chuveiro.

Espero por muitas coisas, mas poucos minutos depois,


ouço a porta se abrir e fechar e sei que ele me deixou lá, como a
boneca de foda descartável que ele quer que eu seja.

Porque quando Alex está sofrendo, ele quer que o mundo


inteiro se machuque com ele.

E naquele momento do tempo, sou o seu mundo.

Eu deveria ter me sentido enojada com o que ele tinha


feito. Deveria ter me enrolado em uma toalha, saído atrás dele
e dado a ele uma bronca.
Mas tudo que faço é sorrir para o travesseiro como a
estúpida e luxuriosa garota que eu sou.

Meu Alex.

Meu pequeno príncipe.

Minha estrela caída do escuro, céu escuro.


Capítulo 21

O entusiasmo é como uma doença contagiosa. Ele pega


fogo, se espalha e não há nada que você possa fazer sobre isso.
Você não pode domar a excitação ou mijar no desfile de outra
pessoa quando ela está verdadeiramente entusiasmada com
alguma coisa. É por isso que fico mais amargo quando o táxi nos
pega do aeroporto de Heathrow e nos leva por Londres, até
Watford.

Todo mundo está tão feliz em ver suas famílias.

Blake vai ficar com seus pais. Alfie vai tocar na casa de um
companheiro em Kentish Town e Lucas vai voltar para sua família
perfeita em seu perfeito celeiro reformado. Kent, não Watford. Eles
se mudaram para algum lugar com ovelhas e ar fresco e vizinhos
puros e elegantes quando o mais velho Rafferty se formou na
universidade. Todos os irmãos de Lucas já são casados com
parceiras de boa aparência com ótimos trabalhos. Uma vez eu
disse a ele que sua família colocou o "promissor" como
"compromisso".
Talvez seja por isso que ele dedica sua vida a arruinar a sua,
babaca.

Eu tenho dois quartos reservados em um hotel de Londres,


perto da minha família, mas não tão perto para que eu realmente
tenha que vê-los. Os quartos são para mim e Indie, embora eu
tenha pedido a Hudson que cancelasse o quarto extra para que
ela e eu finalmente dormíssemos na mesma cama. Não tenho
certeza do que meus sentimentos em relação a ela são. Eu só sei
que ela faz algumas besteiras irem embora e isso é o suficiente
para me acalmar.

Eu sinto falta da Tania.

Eu me sinto nu, movendo-me ao redor do mundo sem ela


nas minhas costas. Eu comprei outro violão, mas não é o mesmo.
Ele é áspero – não macio como Tania – as cordas são muito
apertadas. Ele parece estranho no meu colo, como uma fangirl de
aparência comum implorando para ser fodida. Toda vez que eu
tentei tocá-lo no avião, Stardust me lançou um olhar de pena, o
que torna tudo muito pior de alguma forma.

Se houve, de fato, uma coisa boa sobre toda a provação do


noivado de Fallon e Will, é que agora eu tenho menos restrições.
Eu não estou falando com nenhum dos rapazes – apenas com
Indie e não muito – mas eu posso ir na Internet e assistir o que
diabos eu quiser. Eu sei que Stardust estava a par do noivado e
do lance das fotos do meu pau, mas sua traição não é tão
esmagadora. Ela não é minha amiga de infância. Ela não me deve
nada. Na verdade, ela nem pediu para ser contratada por mim, o
que fez tudo sobre a revelação que ela sabia menos pungente.

"Pronto para ir para casa?" Blake funga, olhando pela


janela para a paisagem cinza de Londres.

Eu não respondo. A garoa constante me lembra porque


eu amo minha cidade. É tão sem remorso. Chuvosa com a
chance de um desastre público. As pessoas vêm aqui para
sobreviver, não para viver. Mas sobreviver faz você se sentir muito
mais vivo.

“Eu poderia tirar um dia de folga? Eu quero ver o London


Eye e as Masmorras. A Casa do Parlamento também.” – Indie
murmura, os olhos colados na janela. Eu não sei por que isso me
surpreende tanto. Como se eu não esperasse que ela fizesse
outros planos além de cavalgar meu pau e meu rosto. Ela sempre
parece um livro aberto, ansiosa por ficar manchada de tinta em
cores diferentes. Onde quer que fôssemos, ela sempre quis andar
de bicicleta pelas ruas principais e comer a comida local. Outros
homens podem achar isso fofo, sua ânsia pela vida, mas eu acho
deprimente. Ela é muito mais feliz do que eu e eu tenho muito
mais do que ela.

“Tenho certeza de que podemos resolver isso. Certo, cara?”


Blake me dá uma cotovelada, seu corpo todo inclinado em minha
direção. Ele está trabalhando duro em ser menos do que um
gerente desde a perda de Tania.

Eu escolho não responder a Blake – de novo – e jogo meu


braço sobre o ombro de Stardust, olhando para Lucas, que está
olhando para mim como se eu tivesse o esfaqueado na alma.

"Parece bom. Vamos juntos e faremos algumas memórias”,


eu grito.

Sua cabeça se vira, seu olhar cético desliza ao longo do meu


rosto, meu queixo, meus olhos, meus lábios. Um inventário que
ela conhece muito bem, que é o porquê o rosa se espalha por suas
bochechas e pescoço, me dizendo que ela absolutamente pensa
sobre todas as coisas que poderíamos fazer enquanto
passeávamos. Agarrá-la por trás no London Eye em frente a
turistas japoneses horrorizados ou encurralá-la em um ponto
escuro nas Masmorras parece um paraíso. Metade da diversão
é vê-la ficar nervosa e irritada com a forma como seu corpo
reage em público.
“O que aconteceu com você sendo sexualmente assediado
por pessoas? Eu pensei que você não fizesse aparições públicas,”
ela brinca.

Dou de ombros. “Eu posso ter que dar um soco em um


adolescente ou dois. Vai estar na sua consciência.”

Indie não se contem. Ela balança a cabeça e ri. "Você é tão


estranho."

"Normal é grosseiramente superestimado", murmuro,


odiando que eu me importe se ela acha que é um bom-estranho
ou mal-estranho.

E eu não quero fazê-la falar. Não naquele momento.

Deveria ter sido um sinal de alarme, mas opto por ignorá-


lo.

Até o momento que eu descobri como chamar, era tarde


demais.

Se você já se perguntou como seria se Indie descobrisse que


eu matei todos os filhotes em sua rua, deixe-me dizer: eu agora
sei.

Tudo o que ela precisou para fazer essa expressão foi dizer
que ela iria dividir um quarto comigo. Ela não gostou da ideia.
Nem. Um. Pouco. Indie só descobriu a nossa acomodação
compartilhada quando estávamos na frente da porta da nossa
suíte presidencial. Ela se virou, pedindo sua chave digital.

"Que chave?" Perguntei com uma cara séria,


prolongando nosso inevitável confronto.
Ela esfregou a palma da mão aberta sobre o nariz, o que
achei adorável – outro sinal de alerta claro que escolhi ignorar – e
inclinou a cabeça para o lado.

“A porta do meu quarto. O que há, Alex? Você não está nem
com o jet-lag.”

Coloquei o cartão do nosso quarto compartilhado em sua


mão e enrolei os dedos nele.

Ela disse não.

Ao que respondi: “Você sabia que o mundo está sofrendo de


superpopulação e vasto desperdício de recursos naturais? Vamos
economizar muita água e eletricidade compartilhando um quarto
por uma semana.”

"Nós estaremos economizando muito oxigênio, também,


porque um de nós deve estrangular o outro." Ela caminhou até a
porta oposta. Ela achou que eu estava brincando. Claramente,
precisávamos conversar mais e dedilhar menos, porque essa
mulher não me entendia. Em absoluto. Eu assisti enquanto o
sorriso de Indie evaporava gradualmente de seu rosto cada vez
que ela deslizava seu cartão-chave na fenda e o ponto vermelho
piscava para ela, cuspindo o cartão. Na quarta tentativa, ela se
virou, pisou no pé e soltou um grunhido feroz. "Alex."

Para o registro, eu a poupei do meu sorriso de merda


quando me inclinei contra a porta já aberta, os braços cruzados
sobre o peito.

"Alex", ela disse novamente, seu tom de aviso desta vez,


seus olhos me implorando para colocá-la fora de sua miséria.

Eu não entendi. A única diferença entre a turnê inteira e


Londres era que ela passaria a noite do meu lado. Mesmo que
isso não fosse grande coisa. Eu não roncava.

Eu dobrei meu dedo e fiz sinal para ela entrar. Ela


ficou enraizada no chão.
“Por quê?” Ela perguntou.

“Porque nós vamos escrever músicas juntos. E ficarmos


bêbados de palavras. E nos agarrarmos contra a porta de vidro.
Porque nós fazemos sentido. Porque estou cansado dos seus
medos. Esta é a nossa turnê. Nosso álbum. Nossa alma."

A coisa sobre ser um mentiroso compulsivo é que em algum


momento, você não pára e pensa se o que você disse é verdade ou
não. Mas neste momento, eu sei, nós compartilhamos uma alma.
Está dentro dela e eu pego emprestado. E preciso disso. Perder
Tania foi um divisor de águas. Eu preciso muito mais da Stardust
– talvez até mais depois de Paris – e estou começando a aceitar
isso da maneira que alguém aceita uma doença mortal. Com uma
dose saudável de relutância.

Ela espia por trás do meu ombro para o quarto vazio, depois
de volta para mim, seus dedos segurando sua mochila, as juntas
dos dedos brancos.

"Com uma condição."

Deus, se você existe, por favor, faça-a não pedir Louboutins


ou um Porsche.

"Estou ouvindo."

"Se fizermos isso, quero que você veja sua família."

Agora, a questão é esta. Stardust e eu conversamos. Muito.


Sobre o Pequeno Príncipe e sobre música e, sim, sobre nossas
famílias. Conversamos como se nossa vida dependesse disso
quando estávamos escrevendo todas as noites. Então ela sabe
tudo sobre a minha mãe viciada em jogo, pai bêbado e a escória
de uma irmã. Ela sabe que eu nunca fui abraçado quando criança
e que escrevo sobre o amor da mesma forma que as pessoas
escrevem sobre ficção científica: apenas da minha imaginação
sobrecarregada. O que me leva a acreditar que ela acha que
meu relacionamento com minha família é aproveitável.
Olha, eu entendo. Ela não tem pais. Mas viver através de mim não
é a solução.

"Não." Eu colo minha testa na porta ainda aberta, ciente do


fato de que ela ainda está no corredor. O que há sobre nós e
corredores? Por que estamos sempre tão relutantes em deixar a
outra pessoa entrar? Nota pessoal: escreva uma música sobre
isso. Corredores. Relacionamentos. Metáforas. Garotas de cabelos
azuis.

"Bem, então é melhor você arranjar um quarto para mim."


Ela gira sobre os calcanhares, avançando em direção aos
elevadores.

Eu preciso deixá-la ir e, no fundo, sei disso. Mas minha


alma não pode, então acabo agarrando seu pulso e empurrando-
a de volta para mim.

"Primeiro de tudo, você não conhece minha família."

Uma sugestão de um sorriso triunfante decora seus lábios


quando ela olha para mim. “Eu sei o suficiente. Eu sei que você
tem uma. Você, Alex, tem uma família. Todo mundo precisa de
uma família.”

"Isso é treta. Você honestamente precisa de Craig? Precisa


do problema de bebida desse babaca, comportamento quente e
frio, e surtos violentos estúpidos?” Eu não posso acreditar que
nós estamos gastando nosso tempo lutando em vez de foder. Eu
também não posso acreditar como Craig e eu somos semelhantes.
Como ela pode ser atraída por um cara que representa todos os
vícios que fizeram de sua vida um inferno silencioso nos últimos
anos?

Ela pensa sobre isso – na verdade, pensa na minha


pergunta, não apenas cospe uma resposta – antes de
responder.
“Sim, eu preciso do Craig. Uma grande parte de amar
pessoas e sentir-se amada é cuidar delas, mesmo quando elas o
enfurecem. Você constrói confiança e segurança não apenas
sendo cuidado, mas também cuidando dos seus entes queridos.
Eu quero ajudar o Craig. Inferno, eu quero mudar o Craig. Mas
isso não significa que eu não precise dele. Ele é meu irmão."

É a minha vez de pensar. Preciso de Carly? Não. Ou, pelo


menos, não acho que preciso dela. Ela nunca foi muito boa em
nada, a não ser fazer bebês e eu não tocaria naquele
departamento com um bastão de seis metros. Eu não preciso dos
meus pais também. Eles se agarram à minha fortuna como um
cheiro de gambá e eu só falo com eles quando preciso, ou o
costumeiro telefonema de Natal e aniversário. Mas eu preciso de
Indie, pelo menos para essa turnê. Eu não tenho ilusões sobre
ela. Ela é uma menina com pequenos sonhos e grandes problemas
e não temos nada em comum. No entanto, ela faz "Letters from
the Dead" suportável e eu preciso mantê-la perto até terminarmos
a turnê e eu posso dar a ela o que ela quer, mesmo que o que ela
queira seja esfaquear minha alma até sangrar o resto de sua
vitalidade.

"Jesus Cristo." Aceno uma mão desdenhosa em seu


caminho. “Eu vou vê-los, ok? Apenas dê o fora daqui e pare de
vagar no corredor. Pelo que eu sei, eles vão vender as imagens de
segurança para o TMZ e então eu serei o astro do rock drogado
que expõe o pau e que também tem que implorar à babá para não
deixá-lo em casa sozinho.”

Ela dá um passo na minha direção, seu sorriso me


enfurecendo e o meu pau endurecendo em medidas iguais. "Você
é fofo quando implora."

Prendo meu dedo em seu decote quase inexistente e a


puxo para mim, plantando um beijo molhado em sua boca
inteligente. "Vamos ver quem vai estar imlporando esta
noite."
Capítulo 22

Jenna: Eu não estou mantendo isso.

Indie: Fale com Blake primeiro.

Hudson: :-O :-O :-O

Jenna: Claramente, os hormônios estão tomando conta


do meu cérebro. Eu esqueci que Hudson estava aqui.

Hudson: Meu bebê está tendo um bebê!

Jenna: Você não é minha mãe, Hudson.

Hudson: Eu estou realmente falando sobre o Blake. Seu


charme de Hugh Grant deixa minha calcinha molhada.

Hudson: Na verdade, não faz nenhum sentido. Mas


ainda.

Jenna: Eu juro, vou te matar se contar a alguém. Isso é


TOP SECRET. Indie, como está Alex?

Indie: Bem.

Jenna: Explique-se.
Indie: Ele está escrevendo constantemente e parece
estar realmente animado com seu próximo álbum.

Jenna: E a música de dez minutos?

Hudson: Ele decidiu dividir em duas músicas.

Jenna: Eu não sabia que ele te consulta artisticamente.

Hudson: Ele consulta. Às vezes. Quando ele se senta no


banheiro e fica entediado.

Hudson: Onde você acha que eu ganhei o apelido


Merdinha? RI MUITO.

Jenna: O que o fez mudar de ideia?

Hudson: Uma garota.

Jenna: Explique-se.

Hudson: A garota certa. ;)

Eu sou a primeira a admitir que, às vezes, você empurra as


coisas para o fundo de sua cabeça para se proteger do desgosto.
Como a lembrança de perder seu cachorro. Ou como o momento
que sua primeira paixão te derrubou. Ou que seu irmão não é
completamente são e normal e está bem.

Antes de sair em turnê com Alex Winslow, eu pensava que


conversar com Nat e Craig seria o ponto alto do meu dia. Acabou
que era a última coisa que eu esperava. Toda vez que meu
telefone toca, meio que desejo que fosse minha empresa de
cartão de crédito me cobrando.
Mas sempre é Nat e ela está sempre chorando. Desta vez,
ela me pega em um tempo relativamente bom. Alex está tomando
banho e eu estou sentada na cama king size em frente à parede
verde-clara, imaginando se ele sabe o quão perto estamos de
chegar ao final. Eu deveria ter dito a ele que não. Já estava em
cima da minha cabeça e não é apenas o meu corpo que quer ser
reivindicado. No minuto em que atendo o telefone, percebo que
Alex é a menor das minhas preocupações. Craig é. Craig sempre
é uma preocupação.

"Ei, Nat."

"Por que você não me contou sobre a caixa de sapatos em


cima do armário antes de sair?" Ela funga cansada. Sua voz é
diferente. Cautelosa. Triste. Ela costumava soar como se estiver
mastigando chicletes. Doce e entusiástica e aberta – tão aberta –
para abraçar o mundo e o que quer que fosse. Enfurece-me que
meu irmão seja quem desligou a luz dentro dela.

Minhas sobrancelhas se franzem. Tento lembrar o que


coloquei naquela caixa de sapatos. Não tenho muitas coisas de
interesse ou valor. Algum diário idiota que escrevi quando era
criança. Cartas de amor de meninos na escola primária, não que
houvesse muitos. Algumas fotos... olho para a janela larga com
cortinas e para o SoHo. Então isso me atinge. Tudo de uma vez.

As fotos.

Oh Deus.

De mamãe segurando o bebê do vizinho, doce e loiro


enrolado como Ziggy.

De papai saltando com Craig no colo, apontando para a


câmera, sorrindo.

De ambos nos ajudando a construir um falso boneco de


neve fora de nossa casa em um Natal, quando estava tão
quente que o sorvete que minha mãe nos trouxe derreteu
em nossas mãos, e outra foto do mesmo dia em que todos nós
lambemos nossos dedos pegajosos e rimos.

Recordações. Doces e preciosas lembranças.

Memórias. Eu estava com tanto medo de esquecer, que eu


tive que colocá-las em algum lugar seguro. Em algum lugar que
fosse só meu.

Memórias que eu tinha tanto medo de lembrar, que as


escondi em uma caixa de sapatos. Em um armário. Em algum
lugar que não conseguia chegar facilmente, porque ir lá era tóxico.
Eu nunca os teria de volta. Eles se foram.

"Diga-me que ele não fez nada estúpido..." falo lentamente,


histeria segurando minha garganta. Craig não está autorizado a
sair de casa. Eu nem quero saber quais seriam as conseqüências
se ele tivesse feito isso.

"Ele fez." Ela começa a chorar, assim que Alex sai do


chuveiro, vestindo apenas uma toalha e um sorriso. Seu cabelo
escuro está pingando, assim como em seus shows e meu baixo
ventre aperta, apesar do fato de que meu coração e minha mente
estão a um oceano de distância, na América. Ele me lança um
olhar questionador, ao que respondo virando as costas para ele
para que não possa me ver no meu ponto mais fraco. Com meu
lábio tremendo e meu nariz doendo como se tivesse levado um
soco.

"Onde?" Eu limpo minha garganta, atirando meu olhar para


o teto, firmando minha voz. "Onde ele foi?" Eu repito. "Você
sabe? E quando ele saiu?”

Nat está prestes a me responder quando Alex pega o celular


da minha mão e coloca no ouvido dele. Ele caminha em direção
ao banheiro principal da suíte e pulo imediatamente, seguindo
atrás dele. O idiota foi rápido. São aquelas malditas pernas
compridas. Ele pode correr mais que eu enquanto rastejo.
“Natasha, eu quero que você chame meu Assistente Pessoal
em Los Angeles. Ele vai ajudar a localizá-lo.” Alex entra na
conversa como se fosse uma parte disso o tempo todo, o que faz
meu sangue gelar um pouco em minhas veias. “Sim, tenho
certeza. Tenho investigadores particulares para durar uma
década em Hollywood e conexões suficientes com o departamento
de polícia para levar uma merda diretamente na mesa do juiz e
ainda sair ileso.” Ele para na porta do banheiro, seus olhos sem
piscar. Quando eu indiferentemente vou para o telefone, jogando
meus braços no ar para tentar agarrá-lo, ele coloca a palma da
mão sobre a minha testa e me empurra, fazendo-nos parecer um
desenho animado onde o gigante está bloqueando o ratinho, que
está correndo sem rumo no mesmo lugar. Mesmo que fôssemos
fisicamente cômicos, não há nada de engraçado na maneira como
ele me faz sentir. Ele quer ajudar e agora, eu sei melhor do que
recusá-lo. Ele não me deve absolutamente nada. Eu o traí não
dizendo a ele sobre Fallon e Will e sobre o plano dos caras com
suas fotos vazadas, e tudo o que ele fez até agora foi me socorrer
e agora procurar pelo meu irmão.

"Anote aí", Alex ordena, dando-lhe um número de telefone


celular, em seguida, um código que você precisa discar para
colocá-lo na linha. Alex nunca dá seu número e, normalmente,
ele não precisa. Blake e os outros estão sempre por perto. É
estranho pensar que é apenas Alex e eu agora, e ainda mais
estranho imaginar que ele está trabalhando ativamente para
alguma coisa. Algo para fazer comigo.

“Mande-me uma mensagem quando ele o encontrar” –


acrescenta Alex, pressionando meu celular entre o ombro e a
orelha e acendendo um cigarro. Ele está mandando e proibindo,
sua expressão tão distante, que você não pensaria que ele está
lidando com sentimentos. E isso, talvez, é a parte dele que seria
minha ruína. Ele é gentil sem ser gentil comigo. Apoio minha
cintura contra o armário próximo do banheiro e observo-o
enquanto ele desliga a linha e joga meu telefone do outro
lado da sala e sobre o colchão. Ele gira, apontando seu bastão
cancerígeno para mim.

"Vista-se."

Eu balanço a cabeça, observando-o debaixo dos meus


cílios. “Você não pode sair. Você é uma super estrela, lembra?”

“Eu também sou uma maldita pessoa. Dois guarda-costas


estão a caminho daqui.”

"Guarda-costas?" Minha coluna se endireita com a


sugestão. "Você odeia guarda-costas." Eu nem sequer preciso
perguntar a ele para saber que era verdade. Eu vi o jeito que ele
reagiu toda vez que um ou dois tiveram que acompanhá-lo
durante a turnê. Aparentemente, Alex Winslow é uma das raras
celebridades que não têm guarda-costas em tempo integral em
sua folha de pagamento. Ele simplesmente odeia ser vigiado. E eu
sou sua babá. O fato dele ter sido bom para mim é uma bênção.
Ele passa por mim, agarra seus jeans skinny e camiseta preta,
jogando sua jaqueta de couro por cima, já calçando suas botas do
exército.

“Ei, ho. Vamos."

"Eu não achei que você fosse um fã de Ramones", eu digo.

Alex é o músico mais esnobe de todos os tempos.


Especialmente considerando que ele peca fazendo música doce,
Ed-Sheeran, deixe-me-segurar-em-seus-braços, em algum
momento de sua carreira. O brilho nos olhos dele me diz que estou
certa.

"Eu não sou. Sou fã de ‘vamos foder e nos divertir’.”

Pode-se argumentar que Alex Winslow é um homem


irritante, excêntrico e arrogante. Mas não há como discutir que
essa estranha mistura é encantadora.
Lentamente – muito devagar – vou até o chuveiro, o vapor
quente ainda se agarrando ao vidro. Ele realmente vai fazer isso –
sair do hotel, sabendo que seria notado. Alex odeia multidões. E
pessoas. E os paparazzi. Os únicos seres humanos que ele tolera
bem são seus fãs. Estou preocupada que isso pudesse levar a um
colapso, que mais tarde levaria ao uso de drogas.

Hesito sobre o limiar, lançando-lhe outro olhar. "Os


paparazzi provavelmente nos verão."

"Eu sei."

"E você não se importa?"

"Enganar não é exatamente o meu forte." Ele arqueia uma


sobrancelha grossa, ligando a TV e fazendo-se confortável na
cama. “Vá, banho agora, Stardust. Eu me transformo em uma
abóbora à meia-noite.”

"É meio-dia e você se transforma em um artista à meia-


noite", eu corrijo, saindo do meu vestido na frente dele. Nua para
ele, eu o observo enquanto ele me observa. Como ele me entende.
Como se nossa intimidade fosse uma entidade viva, sentando-se
entre nós, seus raios quentes e ultravioletas me acariciando
suavemente.

“Eu sou sempre um artista. Às vezes, sou um artista que se


ferra com ternos” – ele emenda, soprando fumaça pelas narinas
como um dragão cruel e sorrindo para o teto. "Agora vá."

Tomo um banho rápido e depois tento uma dúzia de


vestidos. Eu sei que não somos um casal. Claro que sei disso. Mas
também sei que os tablóides estarão especulando e eu não quero
ser a garota de aparência medíocre com o cabelo engraçado e
vestido barato. Amarro minhas mechas em um coque solto,
mechas de ondas azul escorregando pela minha nuca e uso
meu clássico vestido de veludo marrom. Batom. Rímel.
Conversa de motivação mental. Estou tão pronta como
poderia estar.
Saio do banheiro.

Alex não reage a mim. Não a princípio. Ele está entretido


com algo em seu telefone e quando ele olha para cima, algo na TV
chama sua atenção. Fico lá por alguns longos segundos, meu
coração pulando atrás das minhas costelas. Pela primeira vez, eu
não sou a única que fala com meu coração, mas sou aquela que
fala com Alex.

Veja-nos.

Sinta-nos.

Ame-nos.

Eu não sou mais capaz de acalmá-lo. Meu coração quer que


Alex ame isso. O resto de mim também. E quando sua cabeça
gira, quase em câmera lenta e sua boca se abre, apenas um
pouco, seus olhos dourados cintilando com algo que eu nunca vi
lá antes. Ou talves eu apenas não quis ver e não tenha a certeza
se isso realmente aconteceu.

"Midnight Blue14", ele sussurra. “Ilícito e elegante ao


mesmo tempo.”

Coloco uma onda que escapa do meu coque atrás da minha


orelha e limpo minha garganta. "Vamos comer."

Quando estamos andando pelo corredor e em direção aos


elevadores, ocorre-me um pensamento. É tão óbvio que me faz rir
e chorar de uma só vez. Alex não quer sair. Ele não quer se
movimentar com guarda-costas no rabo. E ele definitivamente
não quer embarcar no rumor dos trens e ter pessoas falando sobre
nós, especialmente depois daquela foto na Grécia, que Blake, é
claro, afirma ser photoshop toda vez que lhe perguntam sobre
isso.

14
Azul da Meia Noite.
"Obrigada", digo enquanto esperamos que um dos
elevadores chegue.

Ele grunhe, sabendo exatamente do que eu estou falando.

Ele está me distraindo de pensar em Craig.

Ele está me salvando de me afogar em pensamentos


sombrios sobre minha família.

Ele não é um cavaleiro de armadura brilhante, muito longe


de um salvador. Ele é apenas um menino triste e solitário que
recebeu um grande dom que o colocou em exposição para o
mundo ver e julgar.

E aquele garoto me salvou naquele dia.

Novamente.

A coisa boa sobre andar com um londrino em Londres é que


você vê através dos olhos dele. Alex conhece Londres como um
velho amante. Cada curva, linha e beleza. Ele é originário de uma
cidade nos arredores da capital inglesa, mas era ali que ele saía.
Este é o seu domínio. E ele governa da maneira que faz todas as
coisas: sem piedade e metodicamente, como se cada centímetro
fosse dele.

Primeiro, entramos no metrô, ao qual ele se refere como “o


tubo”. Os guarda-costas, Harry e Hamish, estão sentados a
alguns lugares de distância, fingindo ler um jornal local. Alex e
eu nos sentamos juntos e talvez seja seu boné e óculos
escuros, ou talvez o quão casualmente ele age, mas ninguém
nos notou. Uma vez que saímos do trem na estação de
Camden Town e subimos as escadas rolantes, visitamos
um pequeno mercado onde comemos duas porções de tacos
veganos, cada um. Estavam deliciosos e condimentados, e nós os
lavamos com leite achocolatado que compramos em uma loja
próxima. Então Alex me mostra os arredores. Ele diz que o
mercado se transformaria em um grande shopping em breve e que
ele estava feliz por não estar lá para ver isso acontecer, porque é
o equivalente a rasgar um pedaço de seu coração e usá-lo como
um transplante de bunda para uma estrela de Hollywood. Eu
sorrio e pergunto como a alma dele está nos dias de hoje.

"Bem. E ficará ainda melhor quando eu dividir com Jenna


que eu quero produzir meu próprio álbum. Sem mais
engravatados.” Nossos dedinhos colidem e se enrolam um no
outro.

"Sem mais engravatados", repito.

Caminhamos pelas ruas cinzas de Camden Town,


passando por bares que cheiram a cerveja quente e cigarros. O
cheiro de comida frita flutua constantemente em ondas e poderia
ter sido muito menos agradável se o ar não estivesse tão fresco da
chuva. Subimos a colina até que chegamos ao Castelo de
Cambridge, um pequeno pub em um prédio de dois andares.

“É aqui que eu disse que viveria se alguma vez fosse


grande.” Ele aponta para os apartamentos acima da faixa
vermelha do pub.

"Então, como é que você não está morando lá?"

Ele me lança um olhar que não consigo decodificar. Uma


mistura de desapontamento e aborrecimento. “Sou um idiota que
perdeu de vista o que é importante. Eu realmente deveria estar
morando lá, não deveria?”

Parece meio pequeno, meio velho e meio abafado. Mas é


uma parte do seu sonho e quando a vida lhe dá as
ferramentas para realizar o seu sonho, é seu dever fazê-lo.
"Definitivamente." Balanço a cabeça.

Alex pega minha mão e empurra o queixo para a porta de


madeira lascada. "Bebida?"

"Sem álcool", eu aviso.

"Eu vou corrigir isso mais tarde."

Tomamos suco de cranberry e batatas fritas - veja: “batatas


fritas” – em uma mesa isolada. Só nós e o garçom, que é novo, e
apesar de não poder lembrar dos anos dourados de Alex no local,
ele ainda pede um autógrafo e cinco selfies.

Depois, pegamos o metrô para London Bridge e visitamos o


London Dungeon. É realmente assustador, e eu me pego pulando
várias vezes e segurando o braço de Alex. Estamos andando com
um grupo de turistas da Europa Oriental que não falam uma
palavra de inglês, o que trabalha a nosso favor.

Embora eles também peçam autógrafos e selfies.

Decidimos voltar para o hotel às seis horas. Pegamos um


táxi preto, observando as ruas da capital passando. Londres é
linda e cruel, assim como Alex. Muito ocupada. Demasiadamente
agitada. Muito chocante. Muito escura. No entanto, não posso
deixar de beber nela como fiz com Alex. Como se eu finalmente
encontrasse a única coisa que não sabia que estava faltando.

Alex tira o boné pela primeira vez desde que saímos do


quarto do hotel e seu cabelo ondulado e desgrenhado está saindo
de um lado, o que é tão adorável que eu preciso desviar o olhar
para proteger meu coração.

"Eu amo a sua Londres", solto para a janela. “Adoro que as


pessoas passem por mim e evitem contato visual e tenham uma
atitude sem besteira. Eu amo que ninguém parece igual. Eu
amo que seja rica, mas sombria. Pobre, mas classicamente
linda. Isso me inspira.”
"Eu odeio a sua Los Angeles", responde ele. “Eu odeio como
isso não combina com você. Eu odeio como é plana e esparsa e
superficial. O clima agradável e as pessoas com dentes grandes.
Você merece o melhor, Stardust. Você merece ter inspirações. O
tempo todo."

"Talvez", digo. Eu não estava infeliz. Mas também não fui


feliz. Eu só não sei se Los Angeles é a culpada ou o caos geral que
é a minha vida. “Talvez, quando tudo acabar, eu viajarei de
planeta em planeta, de cidade em cidade, para encontrar o que
estou procurando."

"Você deveria saber, embora" - a voz de Alex parece triste e


distante, como se ele já estivesse se afastando de mim –“Craig é
sua rosa. Ele te torcerá no lugar e nunca te deixará ir. Eu tenho
esses tipos de rosas em casa. Você não tem que aturar a merda
de Craig para ainda estar lá para Ziggy e Natasha. Você precisa
dizer a ele para melhorar, ou ele nunca vai fazer isso.”

Virando-me para olhá-lo, coloco a mão em sua bochecha.


"Você está feliz, Alex?"

"Eu sou um artista. Meu trabalho não é ser feliz. Meu


trabalho é sentir, sofrer e conjurar os mesmos sentimentos nos
outros.”

Eu quero dizer a ele que está errado. Que ele pode criar
grandeza, mantendo sua felicidade. Mas não sei se é verdade, e
sei que não devo fazer promessas vazias, como as que meu irmão
me faz.

Não digo nada, mesmo quando Alex enfia a mão na minha


e entrelaça nossos dedos juntos.

Meu coração bate alto o suficiente para ouvir, mesmo no


meio do tráfego de Londres.

E fala todas as palavras que eu não posso dar a ele.


Capítulo 23

A dança mais importante que você terá em sua vida é aquela que
não requer música.

Alex Winslow, Avenida dos corações quebrados

Naquela noite, ele praticou o que pregava. Cada movimento


foi um impulso, um instinto, uma compulsão. Nós não
precisamos praticar essa dança. É uma necessidade, como
respirar. Tão real quanto algo que posso sentir.

Entramos em nossa suíte em silêncio. Ando para trás


enquanto ele me encurrala em direção à cama. A pressão está
crescendo dentro de mim e sei que ele é o único capaz de desatá-
la em um orgasmo. Sua respiração dura desce sobre mim quando
ele tira a jaqueta e rola o zíper do meu vestido até o meu cóccix,
onde ele para, pressionando um dedo provocante na fenda entre
as bochechas da minha bunda até que ele me empurra para
ele, meu estômago encontrando sua ereção latejante. Sua
pele queima com uma necessidade animalesca, e eu o toco
em todos os lugares para ter certeza de que ele é real. Ele
parece tão vivo sob as pontas dos meus dedos. Tão terrivelmente
humano, apesar de seu status de deus. A pressão entre as
minhas pernas fica angustiante antes que minha calcinha caia no
chão. Não me lembro como ficamos nus. Eu só lembro como me
senti um segundo antes dele me deitar na cama.

Fim.

Parece o fim.

Como se não houvesse como voltar atrás. Sem palavras,


sem um aviso e sem camisinha, ele paira sobre mim, seu pau
cutucando minha barriga. Ele coloca seus lábios quentes no meu
pescoço e chupa com um sorriso particular que eu posso sentir,
e eu olho para o teto, meu pulso se espalhando por todo o meu
corpo. É como se meu coração estivesse trabalhando
aceleradamente, bombeando desesperadamente sangue para o
resto de mim, tentando combinar em como Alex está vivo nesse
momento. Ele se posiciona entre as minhas coxas, sua língua
girando sobre a minha garganta, deixando-me louca. Agarro suas
costas como se ele já estivesse dentro de mim. De certa forma, ele
está.

"Preservativo." Minha voz é quase inaudível; tenho que


repetir a palavra para ter certeza que ele me ouviu. "Precisamos
de preservativo".

Ele se inclina para trás e olha para mim, corado. Seu peito
está se movendo subindo e descendo, e eu quero acreditar que
não é assim para ele com todas as noites. Não há como Alex
Winslow responder assim a todas as garotas com quem ele rola
entre os lençóis. Como se fosse o próprio asteróide onde ele quer
viver. Para sempre.

"Eu vou tirar."

"Alex, que diabos?"

"Eu realmente preciso sentir você."


"Você irá. Através da camisinha.

"Não. Tudo de você."

"Você não pode ter tudo de mim." Mas até eu sei que é uma
mentira.

Eu me pergunto se ele realmente espera que eu concorde


em ir de pêlo pela primeira vez enquanto ele pega sua calça jeans
do chão e vasculha os bolsos até encontrar sua carteira. Há um
preservativo lá – apenas um – e o invólucro parece amassado e
velho. Meu coração gira feliz com isso. Assisto enquanto ele
embainha a si mesmo, seus olhos focados no preservativo que ele
rola sobre seu eixo – os dentes superiores mordendo o lábio
inferior – antes que ele volte seu olhar para mim. Seu pau
pressiona a parte inferior da minha barriga.

"Stardust", ele respira, balançando a cabeça ligeiramente.


“Stardust, Stardust, Stardust.”

Então ele empurra em mim de uma vez. Gemo, enfiando


meus dedos em seu cabelo e o puxando, sua testa pressionando
a minha. "Alex", falo.

Ele empurra. Novamente. Então de novo. Seus movimentos


são ásperos e calejados. Toda vez que ele dirige para dentro de
mim, seus quadris batem nos meus dolorosamente, como se ele
quisesse que eu sentisse como ele se sente, preso dentro de seu
corpo, dentro de seus pensamentos. Eu não tenho ilusões sobre
a natureza de Alex. Ele é um viciado e uma alma torturada, e não
vai ficar por perto. Mas isso parece tudo que eu não sabia que
poderia desejar. Isso me fez contentar com o 'Agora' ao invés de
'Para sempre'.

"Cristo", ele murmura, seus lábios nos meus, então no


meu queixo, minha orelha, de volta na minha bochecha. Nós
somos um monte de carne e membros. Sinto-o sacudindo
algo dentro de mim e meu útero aperta cada vez que ele
empurra para dentro de mim. Ele agarra uma das minhas
pernas e a coloca por cima do ombro, deslizando ainda mais fundo
do que antes, e eu grito tão alto que tenho certeza de que todos
os hóspedes do hotel podem me ouvir.

"É tão intenso." Respiro fundo, mas isso só o faz ir ainda


mais forte. Ele sabe o que eu preciso - nós sempre sabíamos o que
o outro precisava. Essa é a coisa trágica sobre nós. Nós somos
compatíveis de muitas maneiras e nos usávamos como armas um
contra o outro.

"Eu vou gozar." Meu corpo está tremendo por dentro. O


arrepio percorre minha pele enquanto minúsculas e constantes
ondas de prazer começam a passar por mim, da cabeça aos pés.
"Estou gozando…"

Jogo minha cabeça para trás e estremeço em seus braços,


sentindo-me como um fósforo aceso.

"Porra, se não mudarmos de posição, eu também gozo", ele


rosna, virando-me de joelhos e entrando em mim novamente.

"Ohhhh..." Minha boca cai aberta de prazer.

Alex passa o braço em volta da minha cintura e começa a


brincar com o meu clitóris, mordiscando meu lóbulo da orelha.
Eu sei que ele vai dizer alguma coisa. Ele tem um prazer especial
em falar assim no meu ouvido quando não posso vê-lo. Quando
estou à sua mercê.

"Goze para mim de novo, Stardust", diz ele, me fodendo


impiedosamente, e lágrimas se acumulam em meus olhos. Parece
tão íntimo e promissor. E ele sabe como me sinto com promessas
vazias. "Goze em todo o meu pau como a menina boa e má que
você é."

Gozo de novo, caindo no colchão com um baque enquanto


ele continua se dirigindo até mim e brincando comigo ao
mesmo tempo, a superestimulação me fazendo tremer
agora.
"Porra, porra, porra." Ele dirige para dentro de mim mais
uma vez, empurrando dentro de mim e batendo na minha bunda
ao mesmo tempo em que desaba sobre mim, todo o seu peso nas
minhas costas.

Ele fica dentro de mim, pequenos grunhidos de prazer


escapando de seus lábios, seu peito colado nas minhas costas.
Eu queria me virar e olhar para ele, mas não consigo me mexer.

“Eu deveria começar a cobrar-lhe dinheiro do aluguel se


você decidir ficar em cima de mim por mais tempo. Você não é
leve, Alex”, grunho suavemente.

Ele ri e bate na minha bunda de brincadeira novamente,


rolando na cama, saindo de mim suavemente.

"Deveria. Eu pagaria um bom dinheiro para ficar nesta


posição.” Ele pega o maço de cigarros na mesa de cabeceira, mas
eu coloco minha mão em seu braço, parando-o. Nossos olhos se
encaram.

“Estamos dividindo um quarto agora. Eu queria falar mais


cedo, quando você acendeu um, mas eu estava muito preocupada
com a coisa de Craig. Você pode fumar no pátio. Aqui não."

"Isso é uma piada?" Ele diz, parecendo incrédulo. Não


importa que ele pague pelo quarto. Eu sou a única que vai
precisar pagar as contas médicas quando tiver câncer por todo o
fumo passivo.

"Eu quero acreditar que meu senso de humor é melhor do


que isso", respondo.

Ele se levanta, ainda pelado e caminha até a varanda com


seu maço de cigarros. Seu pau balança de um lado para o outro,
e isso pareceria ridículo e embaraçoso para qualquer outra
pessoa, mas não para uma estrela do rock. Não. Alex parece
perfeitamente confiante e horrendamente legal.
"Use alguma coisa!" Grito da cama, envolvendo meu peito
em um lençol branco.

Ele gira e caminha para trás, abrindo suavemente a porta


gigante de vidro enquanto me lança um sorriso de lobo, dentes
caninos em abundância.

“Estou usando a coisa mais linda que alguém poderia usar,


querida. Meu sorriso."

O problema com o mundo é que quando você está se


divertindo, os dias parecem se juntar em pedaços, mas quando
você está infeliz e sozinho, todo dia é um ano, uma ilha, uma sala
acolchoada da qual você não pode se afastar.

Três dias se passaram desde que eu tinha entrado na


calcinha de Indigo Bellamy. Três dias em que fiz questão de entrar
nela em todas as posições, ângulos e localizações da Grande
Londres.

Nós transamos na Jacuzzi – duas vezes – tomando banho –


três vezes – na cama – quatro vezes – e em um táxi preto – uma
vez – e eu tive que cobrir seu rosto com uma camisa da Mind The
Gap enquanto ela estava sentada de cima de mim usando um
vestido longo. Nós fomos passear. Visitamos meu antigo bairro
de Clapham, e outras vezes só ficávamos em nosso quarto,
fodendo ou assistindo reprises de The Mighty Bush15 e Never
15
Programa de comédia da TV britânica.
Mind the Buzzcocks16 - ambos dos quais ela gostou muito. Fallon
sempre achou que meus programas favoritos eram estúpidos.

Porém, para ser completamente honesto, Fallon é a menor


das minhas preocupações em Londres. Pela primeira vez em anos,
realmente me diverti. Eu até respondi as ligações de Blake, apesar
de mantê-lo profissional e curto. Alfie apareceu no nosso quarto
de hotel um dia e trouxe comida afegã, que todos nós comemos
no chão, assistindo Todo mundo quase morto, não poderia ficar
bravo com o punheteiro. Ele literalmente tinha a consciência
social de um protetor labial.

Então, no quarto dia, Indie me cutucou. "Seus pais.


Precisamos visitá-los.”

Certo.

Eu não sabia o que me incomodava mais. A maneira como


ela se incluiu no plano de ir vê-los - por que não ela, seu idiota?
Ela é sua babá. É estritamente profissional – ou o fato de que ela
realmente encontraria meu desastre de família.

Ligo para minha mãe enquanto Indie está no chuveiro


nessa manhã e, claro, ela fica encantada com a notícia.

“Eu vi que você estava no Reino Unido nos tablóides, amor.


Estava me perguntando se você ia nos ligar ou não. Estou feliz
que você fez isso.” Ela estala o chiclete no meu ouvido.

Não insisto no fato de que ela não se incomodou em me


ligar, mesmo sabendo que eu estava lá. Enquanto desse dinheiro
para minha família de vez em quando e ficasse fora do seu
caminho, eles estavam bem com a minha existência. Suspiro em
voz alta e me jogo na cama, olhando para o lustre.

"Eu não vou sozinho", aviso. Minha maneira de dizer a ela


que precisa se comportar para variar. Meus pais traem um ao
outro o tempo todo. É uma coisa tão comum, que traição

16
Game show temático de música.
pode não ser a palavra que eu estou procurando. Posso contar
pelo menos seis vezes em que mamãe e papai lavaram a roupa
suja – literalmente – na frente de todo o bairro, na rua. Eles viviam
em uma movimentada estrada de Watford, onde todos se
conhecem. Eles adoram gritar um com o outro a plenos pulmões,
com as pessoas se reunindo em seus peitoris e portas, espiando
através das cortinas. Se você já se perguntou quem são as
pessoas que frequentam Ricki Lake17, Jerry Springer18 e Jeremy
Kyle19 – são meus pais. A pior parte é que eles também haviam
traído um ao outro com os moradores locais, então tudo era uma
grande e quente confusão de pessoas de meia idade que pareciam
que tinham perdido uma consulta já marcada com seus dentistas.

"Essa é a amiga que estamos vendo nos jornais?" Mamãe


pergunta, meio rindo como uma hiena. O que é tão engraçado?
Talvez o fato de que Indie seja exatamente o oposto de Fallon.
Fallon é alta, curvilínea e loira, parecia uma cópia carbono de
cada modelo da Victoria's Secret dos últimos cinco anos. Indie
tem cabelo azul e vestidos engraçados e personalidade suficiente
em sua figura magricela para encher uma centena de Fallons.

"Sim", eu me retraio, estreitando meus olhos, "essa é a


única."

"Um pouco engraçada, não é?" Praticamente posso ouvir


minha mãe batendo suas unhas de acrílico rosa enquanto ela
estala o chiclete, mais uma vez.

E isso, senhoras e senhores, é o motivo pelo qual eu escolhi


narcóticos ao invés de pessoas.

"Eu espero que você se comporte quando ela estiver aí”,


aviso, minha voz pingando gelo.

17
Atriz americana, apresentadora de um programa de TV.
18
Apresentador de televisão conhecido por mostrar “barracos” familiares no seu programa.
19
Apresentar de televisão e rádio mais conhecido por apresentar o talk show do tablóide The
Jeremy Kyle Show na ITV desde 2005.
"Pare de falar como se você fosse a mãe aqui", ela grita,
acrescentando, depois de uma reflexão tardia, "eu deveria pedir a
Carly e aos pequeninos para virem."

Eu amo os filhos da minha irmã. Eles me lembram de mim


mesmo com George. Eles são incrivelmente inteligentes e
perceptivos. Dwayne é um pouco aterrorizado, mas ele tem bom
ritmo e provavelmente pode ser um grande guitarrista se algum
dia pegar uma guitarra – eu sei disso. E não o deixarei ler um livro
quinhentas vezes antes de dar a ele. Chayse é doce e sensível,
como eu teria sido se meus pais tivessem me amassado tão
completamente. Bentley é um bom comediante, mesmo com a
tenra idade de oito anos. A única parte que não gosto dessa ideia
é ver a minha mãe e a irmã, Carly.

"Sim", digo, de qualquer maneira, vendo Indie sair do banho


enrolada só em uma toalha, meu olhar preguiçoso seguindo cada
movimento dela. “Claro, seria ótimo vê-la. Eu vou chamar um táxi
agora, então...” sumam. "Prepare-se, certo?"

"Certo." Mamãe ri, depois desliga.

"Você está pronto?" Indie sorri para mim.

"Nunca."

Eu não sei por que ela riu. Não deveria ser engraçado.
Capítulo 24

Jenna: Indie, o que você quer ser quando crescer?

Indie: Dona de um brechó.

Indie: Por quê?

Jenna: Não há razão.

Hudson: Aww, Indie. Isso é... inesperado. RI


MUITO. Jenna, como está o bebê?

Jenna: Cale a boca, Hudson.

Indie: Você já conversou com Blake?

Jenna: Não. Mas ele suspeita que algo está acontecendo.

Hudson: Por quê?

Jenna: Porque eu não posso deixar de ser legal com ele.


Porque eu chorei no outro dia quando conversamos no
telefone e ele estava comprando algo on-line para o
aniversário de sua sobrinha.
Indie: Então, qual é o problema? Ele está obviamente
na sua.

Jenna: Ele também é obviamente onze anos mais novo


que eu.

Indie: Diga a ele. Eu me sinto mal em não contar a Alex.

Hudson: Como você deveria. Ele é louco por você.

Jenna: ???

Indie: ???????

Hudson: Sim. Toda vez que ele fala sobre você, ele nem
zomba. É estranho. A última vez que ele falou dessa maneira
sobre algo, foi sobre o álbum Acoustic Recordings de Jack
White.

Indie: Ele fala muito sobre mim?

Hudson: Um cavalheiro nunca fala.

Jenna: E você, Hudson? Você está namorando alguém?

Hudson: Apenas minha mão esquerda e um pôster de


Neil Patrick Harris.

Jenna: Triste.

Hudson: Menos complicado que a sua situação, garota.

Indie: O que você queria ser quando você crescesse,


Jenna?

Jenna: Uma astronauta.


O táxi preto para em frente à porta vermelha.

Hamish e Harry acenam com a cabeça um adeus sombrio


dos bancos da frente. Alex percebeu que ele não precisava de um
cortejo, já que ele estava apenas visitando sua família. A caminho
de Watford, no táxi, negociamos o tempo e a duração da visita.

“Três horas, Stardust. Um minuto mais e vou arrastar você


pelo cabelo.” Ele olha pela janela, batendo o pé no chão, seus
óculos pretos dando a ele uma camada extra de babaquice.

"Eu acho que você gostaria muito de me arrastar pelo


cabelo", comento, pegando uma revista de moda. É incrível como
coisas pequenas trazem tanta cor para a minha vida. Eu nunca
teria comprado uma revista Vogue em Los Angeles. Mas agora eu
tenho algum dinheiro de bolso. Além disso, Blake é muito bom em
empurrar seu cartão de crédito comercial no caixa toda vez que
eu tento pagar pelas minhas coisas nos quiosques dos aeroportos.

"Claro, mas eu não estou planejando fazer isso até depois


do jantar", diz ele. Eu rio. Ele está tão errado em pensar que não
é amável. Alex é amável até demais.

O jardim da frente dos Winslow é negligenciado, com


buracos e latas de cerveja salpicadas pela grama fina. Nós
ficamos no táxi por alguns segundos antes de Alex abrir a porta.
Eu o sigo para fora, e nós caminhamos, com nossos casacos. A
casa parece deprimente. Tudo está descascando ou rasgado. Eu
o poupo dessa observação. Não moro em uma mansão também.

“Eu amei a pequena igreja do outro lado da rua." Aponto


meu polegar por trás do meu ombro. Qualquer coisa para que ele
se sinta um pouco mais à vontade. Ele olha para ela, seu rosto
lindo se contorcendo. Este homem está dentro de mim, o
pensamento, assustador como parece, faz meu coração aquecer,
e acho que uma parte de mim está dentro dele também.

"É onde o padre John me tocou." Seus lábios se


achatam em uma carranca. Meus olhos se arregalam com
a sua admissão, antes dele revirar os olhos e beliscar minha
bunda.

"Você deveria ter visto o seu rosto."

"Eu quero socar seu rosto."

“Vamos nos contentar com você sentada no meu rosto. Esta


noite. Agora vamos, vamos acabar com isso.”

Os pais de Alex, Louisa e Jim, parecem versões mais velhas


e inchadas dele. Seu pai é alto e branco, com um nariz rosado de
alguém que sempre tem uma garrafa de algo forte na mão, mas
também tem as mesmas feições. Mandíbula forte e queixo
quadrado. O corpo de sua mãe é enrugado, bronzeado e
rechonchudo, mas seus olhos castanhos são brilhantes,
maliciosos e atraentes.

A casa está cheia de coisas inúteis, coisas que você


encomenda do canal de compras. Carly, sua irmã, tem mechas no
cabelo castanho e usa batom de chiclete e calças de moletom
combinando e seus filhos, todos entre quatro e nove anos de
idade, parecem tão diferentes um do outro que acho fácil lembrar
seus nomes.

Sentamos à mesa da sala de jantar e comemos purê de


batatas industrial e um assado. Louisa fez toda a refeição no
microondas, fumegando no processo de nos servir. Eles abrem
algumas latas de cerveja, o que me faz querer chorar por Alex.
Toda vez que alguém toma um gole eu fecho meus punhos e tento
respirar com a dor.

"Então... Indigo." Seu pai fala meu nome como se fosse uma
piada de mau gosto.

Endireito minha espinha, levantando meu queixo alto. Eu


não seria ridicularizada sobre o meu nome. Eu não escolhi e,
francamente, nunca mudaria isso. É uma das mais
importantes lembranças que tenho dos meus pais. Ponto
de bônus: o azul realmente é uma cor fantástica. Especialmente
quando está escuro e sem fundo. Como o meu nome. Como o filho
deles.

“Misturando negócios e prazer, sim? Nosso rapaz aqui com


certeza sabe como atrair uma garota para suas garras.” Seu pai
ri, borrifando pedaços de purê de batatas de sua boca enquanto
ele dá uma cotovelada em Alex, que está sentado ao lado dele,
bem em frente a mim. Os olhos de Alex se estreitam, seu tique
nervoso e ele empurra seu pai para longe com o próprio cotovelo.

"Deixe disso", ele sussurra, seu tom tão baixo e frio que
arrepios rolam pelas minhas costas.

"Oh, vamos lá, ele está apenas brincando", Louisa entra,


empilhando outro monte de purê de batatas no prato de Alex.
“Então, como vão as coisas? Como estão os rapazes? Alfie está se
dando bem. Engraçado, né? Ele foi quem nunca conseguiu
transar para salvar sua vida.”

"Essa é uma ótima observação a ser feita na frente das


crianças", diz Alex categoricamente.

"Sexo é natural", sua mãe replica.

"Falar nisso no jantar em família, não muito." Alex parece


meio pálido.

Silêncio. Eu tusso, desejando que alguém dissesse alguma


coisa, qualquer coisa.

"Pelo menos Alfie publica fotos no Instagram para que


possamos acompanhá-lo," Carly bufa, terminando uma briga de
comida entre Bentley e Chayse enquanto fala. Bentley se levanta
e corre para a sala, gritando obscenidades. O pai de Alex arrota
alto e, se não me engano, também deliberadamente. Estou
começando a me sentir culpada por pedir a Alex para vir
aqui. Foi muito presunçoso da minha parte supor que eu
sabia algo que ele não sabia. Ele não se sente confortável
aqui. E eu posso ver o porquê. Estico minha perna debaixo da
mesa, encostando-a na dele. Acalma-o um pouco, acho, porque
os ombros largos dele relaxam, mas ele ainda parece capaz de
cuspir fogo a qualquer momento e incendiar toda a casa.

"Os rapazes estão bem", Alex diz, arrastando o garfo ao


longo do prato e produzindo um som irritante, com os olhos
baixos sobre o purê de batatas.

“E Fallon? Ela ligou para me desejar um feliz aniversário há


duas semanas. E ela falou comigo por mais do que os obrigatórios
cinco minutos.” Sua mãe dá-lhe um olhar aguçado, e essa é a
minha sugestão para me dissolver em uma nuvem de humilhação
e sair da mesa.

Eu me mexo no meu assento, meu ombro acidentalmente


roçando o dela.

“Você fala com ela mais do que eu. Pergunte a ela mesma”,
Alex murmura, passando um dedo no meio do prato, separando
o purê de batatas e o molho do assado. “Grave isso - eu não falo
mais com Fallon. Em absoluto."

"Não?" Carly entra.

Estou sendo um fantasma vivo em sua cozinha. Este tiro


realmente saiu pela culatra na minha cara.

"Sim, nós paramos de nos comunicar em algum momento


depois que ela fodeu um dos meus melhores amigos e vendeu o
anel de noivado que eu comprei para ela para financiar um novo
par de peitos."

"Alex, as crianças!" Carly geme.

"O quê?" Ele sorri, inclinando a cabeça para o lado. “Acho


que você disse que sexo é natural. E chega de Fallon.”

“Mas com certeza você vai esbarrar com ela em


Paris. Eu adoraria ver vocês juntos novamente. Você
formam um lindo casal,” sua mãe persiste, um sorriso sinistro
decorando seu rosto. Isso me lembra do sorriso de Alex quando
ele intimida as pessoas, apenas, o sorriso dela foi direcionado
para... mim. Pelo olhar no rosto de Alex, ele não gosta de estar na
ponta de maus-tratos.

“Ei, mãe, você não tem uma fofoca para compartilhar


conosco que não tem a ver com a minha vida? Minha vida é,
afinal, chata. Tão chata, na verdade, que, salvo pelo tempo que
você precisou de dinheiro dois meses atrás, você não me ligou
uma vez desde que saí da reabilitação. Agora vamos. Tenho
certeza que você pode fazer isso muito bem. Diga-nos algo bom.
Você andou brincando com uma nova vida baixa da Ladbrokes20?
Papai encontrou um novo brinquedo na cama? As possibilidades
são infinitas. Oh eu sei! Talvez Carly esteja grávida de novo. Isso
seria divertido, certo?”

A mesa inteira se acalma, todos os olhos em Alex. Ele


levanta-se friamente, pega o prato e joga-o na pia da cozinha a
caminho do andar de cima. Eu me levanto e me desculpo, pronta
para segui-lo, quando meu telefone toca na minha bolsa. Pego ele.
Se fosse sobre Craig, eu não queria perder isso. Eu não quero que
Alex pense que não estou lá para ele, mas a situação de Craig é
urgente.

"Eu vou atender lá fora." Aceno a mão que segura o telefone


e corro para a porta da frente. Quando pressiono o telefone no
meu ouvido, meus pulmões soltam uma respiração estrangulada
de preocupação.

"Ele está aqui e está bem." Nat funga, soando toda chorosa.

Esfrego meu rosto, caminhando de um lado para outro na


trilha estreita que leva à porta da frente do Winslow. "Quem o
encontrou?"

20
Empresa de apostas.
"Hudson. Ele apenas o trouxe de volta. Seu irmão tem
bebido de novo, mas, felizmente, ele não foi prejudicial ou violento
de forma alguma. Seu agente de liberdade condicional está a
caminho, mas tenho certeza de que conseguiremos acalmar as
coisas. Hudson ligou para o bom advogado que nos ajudou na
outra vez, então eu acho...”

"Coloque Craig no telefone", eu a interrompo. Talvez


estivesse sendo intimidada pela família de Alex, mas estou com
disposição para o confronto. Durante anos, eu me senti
apologética e com pena de Craig. Por suas oportunidades
perdidas e sonhos despedaçados. Bem, não faço mais. Sinto pena
de sua esposa amorosa, de seu filho bonito e saudável e de sua
irmã. Eu.

"Indie..."

"Coloque. Ele. Na. Linha.” Eu enunciei cada palavra, como


Alex faz quando ele queria que as pessoas se sentissem idiotas. O
que ele faz. Frequentemente.

Alguns segundos depois, a respiração ofegante de alguém


que tem muita adrenalina – e álcool – em suas veias soa na outra
linha e eu tomo uma respiração instável para diminuir a
velocidade do meu pulso.

"Craig Bellamy, você é um idiota", digo. Quando ele não


responde, continuo. “Você recebeu tantas oportunidades ao longo
da minha curta mas estressante viagem ao redor do mundo e você
estragou cada uma delas. Está bem. Você não me deve nada. Você
realmente não deve. Mas a sua esposa? Você deve a ela o mundo.
Ela não se inscreveu para isso quando se casou com você. Seu
filho? Ele merece muito mais. Ele é digno de um pai amoroso que
está lá para ele, que cuida dele, que lhe ensina coisas, e leva a
lugares e lê livros para ele. Ele merece o que você teve. E você
não está dando para ele. Estou tão brava com você.” Eu
percebo duas coisas quando as últimas palavras saem da
minha boca. A primeira é que eu estou chorando e isso é
novo. Eu não costumo chorar. Sou mais do tipo de garota que se
guarda até explodir. A segunda coisa que noto é que não estou
sozinha. Há um homem, vestindo um casaco preto e um boné de
beisebol, parado na esquina da rua, à espreita. Ele está falando
ao telefone e segurando algo na mão. Eu olho, certificando-me
que ele saiba que sei que estou sendo vigiada.

“Desde quando você está no comando, Indie? Sair com seus


amigos famosos foi para a sua cabeça. Não pense que eu não vi
como ele está desfilando com você por aí como algum tipo de
prêmio de consolação de sua noiva real. Você é delirante se você
acha que...”

Não me incomodo em ouvir o resto do discurso de Craig.


Jogo meu celular na bolsa e dou alguns passos para frente,
encostando no portão quebrado da casa dos Winslow, observando
mais três homens vestidos com o mesmo traje entrarem
sorrateiramente na vizinhança. Eles estão se multiplicando a
cada minuto, mais e mais deles se aglomerando perto do parque
e da igreja do outro lado da rua.

Os paparazzi.

Meu estômago se enrosca em nós e a necessidade de invadir


a rua e dar-lhes uma bronca bate em mim com tanta força que
quase caio. E eu faria. É tão louco. E dispensável. Porque Alex
não precisa disso agora. Ao mesmo tempo, sei que confrontá-los
é um pesadelo de relações públicas esperando para explodir. Se
eu os confrontasse, eles gravariam a coisa toda e a carregariam
para todos os meios de comunicação existentes. E isso resultaria
em mais confusão no mundo já caótico de Alex Winslow. Fecho
meus punhos ao lado do meu corpo, respiro fundo, viro e entro
pela porta. A família de Alex ainda está na cozinha. Seus pais
estão brigando alto enquanto Carly late para as crianças. Subo
as escadas para o corredor estreito com o carpete manchado
e papel de parede amarelo, atraída para o quarto de Alex
como um ímã. A porta está entreaberta.
Seu quarto é pequeno, quadrado e limpo. Uma cama de
solteiro – curta demais e estreita demais para o corpo de outro
mundo – que está contra uma das paredes. Há um pôster de
Morrissey acima do travesseiro, um pôster da Cure bem ao lado
do monitor de computador e mesa barata, e o suporte de violão
que assumi que pertencia a sua falecida Tania, nu e vazio de sua
coisa favorita no mundo. Ele esfrega a nuca, olhando para mim.

"Feliz agora?"

Meu coração murcha de dor, especialmente quando as


próximas palavras saem da minha boca. "Não olhe pela janela."

Ele caminha até a pequena janela, ignorando meu apelo e


examinando a vizinhança através dos olhos baixos. "Oh, porra."

Eu não consigo resumir melhor a situação. "Eu não sei


como eles descobriram."

Ele se vira para mim. "Eu sei. Meus pais vão receber um
bom cheque por esse pequeno truque.”

Tudo o que aconteceu daquele ponto em diante foi rápido,


mas tão rápido que mal consigo recuperar o fôlego. Alex desce as
escadas de dois em dois, enquanto eu sigo, pedindo para ele
parar, pensar e não reagir. O que é muito, considerando que eu
nunca fui tão profundamente traída por meus próprios membros
da família, mesmo quando Craig estava sendo insuportável.

"Filho da puta," Alex rosna, invadindo a pequena cozinha


lotada e prendendo seu pai em uma das paredes, sua mão
agarrando o pescoço do seu pai com firmeza. As crianças gritam
e, sem pensar com clareza, pego suas mãos e as conduzo para
fora da cozinha.

"Aqui. Brinquem com isso. Jogo todo o conteúdo da


minha bolsa na mesa de café. Dinheiro, celular, lanchinhos,
tudo, espalhado diante deles, e eu os assisto pegando as
notas de cinco e dez libras da minha carteira, gritando
através da sala. Corro de volta para a cozinha, onde Alex está
sobre seu pai, sibilando para ele como se estivesse prestes a matá-
lo.

“Seu pedaço de merda! Você me vendeu! Novamente!"

“Isso é coisa da sua mãe, filho. Ela quer novas mamas para
o Natal. Mais ou menos como Fallon. Parecidas, certo?” Seu pai
gargalha, como se a coisa toda fosse uma piada que Alex deveria
estar encarando mais levemente.

Louisa tenta separá-los sem realmente se esforçar muito,


tomando cuidado para não quebrar as unhas cor-de-rosa no
processo. “Acalme-se agora. Apenas dê o que eles querem e eles
vão embora, Alex. Alguns beijos para a câmera com a patroa.
Assim como em Notting Hill.”

“De onde você tirou a ideia de que minha vida é uma porra
de comédia? Quem diabos deixou você me levar para casa quando
você deu a luz a minha bunda triste? Maldito inferno.” Alex solta
o pai do aperto, passando as mãos grandes pelo cabelo.

"Não fale com sua mãe assim", diz Jim.

"Você fala com ela muito pior", Alex grita.

“Bem, sou o marido dela. Eu tenho permissão para fazer


isso.”

Alex faz uma pausa, olha para ele como se ele fosse a
causa do fenômeno Ebola, e zomba. "Você é um porco."

“E você não é diferente. A única coisa é que você é um porco


com dinheiro, então você fica melhor, na verdade.”

O punho de Alex conecta com o nariz de Jim imediatamente


e eu pulo para afastá-lo. Agarro o braço dele enquanto ele está
balançando para um segundo soco, e ele deve ter tido muito
impulso, porque seu cotovelo colide com o meu olho. A dor
aguda me faz tropeçar para trás, e caio de bruços quando
minhas costas batem na parede. Minhas mãos imediatamente vão
para o meu olho esquerdo e eu estremeço. Porra, isso dói. Posso
sentir minhas lágrimas correndo livremente agora – não por
emoção, mas pela picada. Tudo ao meu redor fica borrado, mas
eu ainda vejo Alex de cócoras ao meu lado, a mão no meu ombro.

"Merda. Porra. Você está bem?"

"Hmm." Balanço a cabeça, mesmo que eu realmente não


saiba disso com certeza. "Estou bem."

"Deixe-me dar uma olhada."

"Ah, está tudo bem."

"Não está, Indie." Ele tira meus dedos do meu olho, seus
próprios olhos brilhando quando tem um vislumbre de mim. Não
é material de revista, percebo a partir do olhar em seu rosto.

"Olho roxo", ele murmura.

"Mesmo? Já?” Pergunto, sentindo-me mais desanimada do


que zangada. Meu olho parece entorpecido agora. Mas ainda dói.
Como se meus cílios tivessem se enrolado para trás no meu globo
ocular.

"Vou pegar um pouco de gelo para ela", diz Louisa.

"Desculpe, amor", Jim oferece.

"Eu odeio tanto vocês dois", Alex brada, pegando um saco


de batatas fritas congeladas que sua mãe lhe entrega e
pressionando contra o meu olho. "Vai doer como uma cadela, mas
você precisa disso agora."

O mesmo pode ser dito sobre você.

Balanço a cabeça, sentindo a mordida contra a minha


pele se intensificar a cada segundo que a bolsa fria está na
minha carne aquecida. Alex pega seu telefone e exige que
Siri ligue para Blake.
“Eu preciso de um táxi de volta para o hotel da casa dos
meus pais. Agora."

Há uma pausa antes dele dizer: “Cem? Você está brincando,


porra.”

Pelo olhar que Alex atira por trás do ombro para seus pais
encolhendo os ombros, eu sei que Blake não está brincando. Cem
fotógrafos esperam do lado de fora. Seus pais devem ter dito ao
mundo inteiro que Alex estava vindo. Carly está sentada à mesa,
olhando para as mãos dela. Eu me pergunto que parte ela tem em
tudo isso. Nem uma vez ela tentou interferir no confronto entre
Alex e seus pais. Meu olhar vaga de volta para Alex, que franze a
testa e olha para mim com uma mistura de exasperação e
admiração.

“Bem, a única maneira de passar a noite na casa de Jim e


Louisa é em um saco de cadáver. Então resolva alguma coisa.”

Jim e Louisa. Ele nem liga para mamãe e papai mais. Cara,
eu me sinto uma merda por empurrá-lo para essa coisa toda.
Balanço a cabeça, colocando minha mão em seu braço. Ele
imediatamente relaxa sob o meu toque. Como se ele estivesse
esperando por alguma confirmação de que ele não é um monstro
completo por me dar um olho roxo. O que ele não é. Ele não tinha
ideia de que eu estava atrás dele.

"Se precisarmos ficar, vamos ficar." Dou-lhe um sorriso


fraco. Ai. Isso machuca toda a área sob meus olhos.

"Nós nunca pensamos que seria tão grande coisa", Carly


finalmente murmura de seu lugar na mesa, ainda olhando
fixamente para as mãos. “Você sempre lida com eles. Nós
pensamos que seria apenas mais um dia no escritório para você.”

Blake está dizendo alguma coisa na outra linha e Alex


suspira e desliga, deixando cair a cabeça em derrota.
"Está tudo bem?" Sua mão segura meu joelho, seu polegar
roçando-o em círculos preguiçosos. Eu não sei se ele queria me
tocar ou que passasse a noite na casa de seus pais para ter
certeza de que a barra estava limpa, impedindo que eles vissem
meu olho roxo. "Certo."

“Harry e Hamish devem estar na porta da frente às seis da


manhã para nos buscar. Os paparazzi vão sumir até lá.”

Isso faz sentido.

Louisa abre a boca novamente, prestes a dizer alguma


coisa, mas Alex a cala, empurrando-me para cima para ficar na
frente dele.

“Poupe-me das desculpas, Louisa. Esta é a última vez que


você me fode.”
Capítulo 25

Desconfortavelmente perto, intoleravelmente longe.

É assim que me sinto ao ficar na casa dos meus pais.


Stardust e eu dormiríamos no meu antigo quarto. Eu não acredito
nessa merda sentimental. Normalmente não. Sou muito
endurecido pela vida, pelas circunstâncias e pelas pessoas com
as quais compartilhei um teto. Mas não adianta fingir que não é
um pouco monumental. Ter uma garota no meu quarto. Uma
garota a quem eu dei um olho roxo - acidentalmente, com certeza,
mas foda-se, parece tão ruim, mais ainda porque está manchando
sua linda pele morena – uma garota que está disposta a dormir
na casa de estranhos. Por mim, sem pestanejar.

Quando Indie vai tomar banho, eu ainda estou assistindo a


infestação de paparazzi debaixo da minha janela. Um levanta a
cabeça e me vê, e dou o dedo para ele. Ele imediatamente levanta
sua câmera e tira uma série de fotos de mim, seus companheiros
seguindo o exemplo. Fecho a cortina escura de vinte anos antes
que consigam boas fotos. Stardust entra com uma toalha
enrolada em volta do corpo. Seu cabelo está molhado,
agrupado em pequenos cachos, pingando água no tapete
bege. Ela limpa o queixo com a barra da toalha e olha para mim,
seu olhos profundos e escuros, mesmo com o hematoma que eu
dei a ela.

"Ei, você." Ela tenta um sorriso.

Eu odeio que ela seja a combinação perfeita entre doce e


dura, porque isso deixa a ideia dela ir menos fácil. E deixá-la ir
não é, porra, opcional. Queria Fallon de volta - para puni-la pelo
que fez - e, mesmo que Fallon não estivesse na foto, Stardust é
simplesmente boa demais. Uma vez que voltarmos ao mundo real
- onde os dias, o clima e a família importam, o mundo fora dessa
turnê – será muito fácil para ela ir embora. E iria, porque sou uma
merda, um viciado, e estraguei tudo com ela antes mesmo de
começar.

Eu dei a ela um olho roxo, pelo amor de Deus.

Em vez de respondê-la com palavras, caminho até ela,


erguendo-a, e fecho a porta atrás das costas. Ela olha para cima;
eu olho para baixo. Junto nossos dedos e ela não resiste. Eu fodi
Stardust muitas vezes, em muitos lugares. Eu peguei ela duro,
depois áspero, e então preguiçosamente, enquanto empurrava
meus dedos em lugares que faziam seus olhos se arregalarem.
Mas quando a toalha cai e fica a meus pés, sua pele sardenta e
bronzeada e seu corpo tonificado à mostra, eu não quero destruí-
la como em todas as vezes que pensei em Londres.

Minhas mãos no pescoço dela. Gentis.

Ela se encolhe com a lembrança de como eu segurei meu


pai, mas derrete quando coloco meus lábios em sua testa e a apoio
na cama de solteiro.

"Nós vamos precisar nos encolher, sabe." Ela sorri,


pegando meu lábio inferior entre seus lábios cheios, suculentos
e o chupa. "A cama é pequena demais."
“Eu não durmo de conchinha. Nós vamos de garfo dessa
vez.”

"Garfo?" Sua risada rouca derrama em minha boca,


patinando direto no meu pau, fazendo-o saudar entre suas coxas.

"É uma colher mais fod-"

"Alerta bruto!" Ela me cala com um beijo que é muito mais


pervertido do que minhas palavras.

Caímos na cama e eu a deixo me despir, lentamente, do


jeito que ela sempre quis um minuto antes que eu chutasse meus
sapatos e rasgasse minhas roupas para que eu pudesse entrar
nela como uma marreta. Ela se deita na minha cama de infância
e eu fico sobre ela. Um demônio destrutivo e indigno. Ainda ali,
apesar de tudo.

“Precisamos fazer silêncio. Seus pais podem nos ouvir,” ela


sussurra.

Prendo seus braços acima da cabeça e enterro meu rosto


em seu delicioso cabelo. "Eu não dou a mínima para meus pais."

"Bem, eu dou."

Ela dá. Ela dá a mínima para todo mundo. Cada Tom,


Harry e Louisa. E eu preciso começar a respeitar isso, mesmo que
não os respeitasse.

Eu me deleito nela, nua, sentindo sua carne úmida e limpa


contra a minha. Sua pele é dourada, o cabelo azul-prateado. Seus
olhos – seus fodidos olhos – um feitiço escuro envolvido em uma
doce menina que trouxe muita luz para minha vida miserável. Eu
empurro entre suas coxas, procurando a camisinha e
desembrulhando-a com meus dentes. O cheiro de látex ataca
minhas narinas, mas nem isso me tira do momento. O
momento de pura alegria. De tê-la, submissa e minha – tão
completa e inteiramente à minha mercê – apesar de sua
promessa para mim e para si mesma de que nunca dormiríamos
juntos.

Eu me sinto como uma flor que acabou de suportar


semanas de granizo e chuva, finalmente sentindo o beijo suave do
sol e sabendo que de alguma forma, de alguma maneira, as coisas
ficariam bem. Talvez não amanhã, e certamente não hoje, mas
ficariam.

Guio para dentro dela e fecho meus olhos, colando minha


testa na dela. Ela parece tão bem, tão apertada, tão molhada. Eu
me movo devagar, permitindo um segundo ou dois para se
ajustar. Nossos olhos são eloquentes, nossas expressões auto-
explicativas. Os dela é o oceano. Os meus, a terra. Ela geme
quando eu empurro nela, lenta e profundamente, mordendo o
lábio inferior.

"Eu não quero me apaixonar por você", ela resmunga. Não


é uma declaração tanto quanto é um apelo.

Empurro mais profundo, minha testa enrugando em


concentração enquanto minhas bolas se apertam.

"Você não parece ter muita escolha", respondo.

Ela geme mais alto, olhando para longe de mim, na parede,


no The Cure, em Robert Smith, pendurado acima de nós em um
cartaz amassado, delineador, batom e cabelo ridículo em
abundância.

Depois de alguns minutos, ela começa a empurrar contra


mim enquanto eu empurro contra ela.

Isso não é uma foda. Isso é algo completamente diferente,


e se fosse um bom homem – se fosse meio decente, até mesmo –
eu pararia, viraria ela, daria a ela por trás, e certificaria-me de
bater a cabeça na cabeceira da cama para um ponto. Mas não
sou um bom homem, então deixo que ela se apaixone por
mim naquele momento, porque ela é a única pessoa que tirou
minha solidão.

"Estou gozando", diz ela, afundando suas unhas curtas e


quadradas nas minhas costas. Eu gosto das unhas dela. Elas são
a epítome dela. Lixadas e limpas, sempre revestidas com uma cor
engraçada. "Estou gozando tão... tão... forte."

Também sinto isso. No meu corpo. Nas minhas bolas. Nas


minhas veias. O lançamento não é imediato. Como o nosso sexo,
ele passa gradualmente, do meu pescoço, descendo pela minha
espinha, sinto meus músculos se contraírem e afrouxarem
quando ela estremece e se aperta ao meu redor. Robert Smith e
Morrissey observam em silêncio o que eu fiz com Stardust, o que
eles me ensinaram.

Coloco-a sob meu feitiço, para ter certeza de que ela é


minha.

Escrevendo nela as notas que só eu podia tocar.

Agora que Tania foi embora, Stardust é meu principal


instrumento.

E isso me entristeceu, porque sabia que teria que quebrá-


la também.
Capítulo 26

Você.

Eu já era um caso perdido.

No momento em que você encontrou o resto de mim.

Você me escolheu.

E me deixou para lidar com a garota que eu nunca pensei que


poderia ser.

Você.

Você gravou seu nome no meu coração.

Esvaziou-me como se eu fosse um peixe morto.

Segurou-me em seu punho.

E me deixou afogar.
Você.

Você pegou meu coração e segurou em seus dentes.

Então nos beijamos.

Então nós brigamos.

Então nós curtimos.

Você.

Você disse que amava ver como nós queimamos juntos.

Então você acendeu.

Nos iluminou.

E agora nós queimamos para sempre.

Enfio meu poema estúpido em um dos muitos


compartimentos da minha mala, meu coração cheio de emoções.
Alex ainda está na cama atrás de mim, dormindo de bruços, seu
cabelo selvagem cobrindo seu rosto perfeito.

O crepúsculo estava glorioso naquela manhã. O sol quase


beijando as estrelas. Eu queria que ele assistisse, mas não queria
acordá-lo. Eu decido tirar uma foto com o celular. Ele veria
quando ele acordasse.

Mais tarde naquela manhã, entramos no Mercedes. Harry


e Hamish nos encontraram na sala de estar. A família de Alex
estava na fila como soldados ao lado da porta – Jim, Louisa, Carly
e os três garotos, do mais alto ao menor – olhando para nós
através das lentes do arrependimento e da tragédia.

Alex deu um tapinha nas cabeças dos meninos e


ignorou completamente os adultos. Ele se inclinou para
falar com eles, sua voz abafada. "Sejam bons. Eu voltarei em
breve e trarei presentes. Coisas significativas, eu juro.”

Tristeza perfura minha alma quando a casa de Alex fica


menor e menor no espelho retrovisor do SUV. O silêncio,
sufocante, está carregado de muitas palavras que não quero dizer
diante desses estranhos. Pego a mão dele na minha e aperto.

"Desculpe, eu fiz você fazer isso."

"Sinto muito por pensar com o meu pau e fazer isso", ele
dispara de volta, suas palavras não maliciosas ou com raiva, mas
simplesmente francas. "E também pelo o olho roxo."

Jenna: Eu ouvi que Alex teve um pequeno acidente com seus


olhos. Uma dúzia de Ray-Bans estará esperando no hotel. Certifique-se
de usá-los até o hematoma desaparecer. Ah, e não se preocupe com o
paparazzi que te fotografou. Nós pagamos bem a ele para destruir as
fotos.

Para viver no mundo de Alex Winslow.

Nós paramos em um café pequeno e tomamos um farto café


da manhã inglês, então fomos diretamente para Londres. São
quase oito horas da manhã – ainda cedo demais para as lojas
locais abrirem - quando paramos em frente a um prédio chique
em Piccadilly Circus. Alex salta do SUV e me ajuda, e nós dois
caminhamos sob uma entrada em arco que leva à parte de trás
de um bloco. Alguém nos toca lá dentro e, um segundo depois,
ficamos em um vestíbulo de carpete vermelho.

"Feche os olhos", ele resmunga.

"Por quê?"

"Porque tudo é muito mais bonito quando você não


consegue ver."
Mordo meu lábio inferior, permitindo que minhas pálpebras
se fechem. Alex pega minha mão, não gentilmente – do jeito que
ele faz tudo, com o tipo de grosseria que eu gosto – e me conduz
alguns passos até que ouço uma porta abrindo e fechando.

"Abra."

Fiquei enfeitiçada antes que meus olhos estivessem


totalmente abertos. Tecidos. Centenas e centenas de tecidos.
Laços. Cetim. Veludo. Chiffon. Organza. Cores. Tantas cores
lindas, girando juntas como um carnaval de beleza. Vinho. Rosa
choque. Azul Royal. Prata metálico. Rico, suave e convidativo, eu
quero rolar dentro deles como uma lagarta. Nadar neles. Viver
neles. Fazer amor neles. Corro para um canto onde o veludo ficava
em longos rolos, estocado em prateleiras limpas no vasto quarto
da velha escola.

"Isso é perfeito", exclamo. "Isso é tudo."

"Você é tudo", eu o ouço dizer, ainda de pé na porta.

Eu me viro. Suas mãos estão enfiadas dentro de seus


bolsos. Seu olhar é um pouco mais quente do que a habitual
expressão indiferente. Para alguns, pode parecer que ele derreteu
e cedeu ao que somos. Mas eu sei melhor que isso. Há fogo nele e
irá consumi-lo um dia. Um dia em breve. É por isso que lhe escrevi
o poema naquela manhã.

O poema que eu sabia que daria a ele algum dia.

Algum dia em breve, quando nos despedirmos.

Algum dia em breve, quando eu precisasse esquecer.


Os rapazes não se juntaram a nós até Paris.

O que foi uma boa merda, porque a cada minuto sozinho


com Indigo “Indie” “Stardust” Bellamy, eu senti como se pudesse
respirar mais fundo. Não é que eu não gostasse dos meus
companheiros. Eu gosto, do meu jeito estragado. Apesar de tudo
o que eles fizeram – e talvez até por causa disso – eu sei que eles
sempre me apoiaram. Mas também reconheci que não estou no
melhor estado de espírito.

Eu precisava ser domado.

Então eles tentaram me domar.

E foi quando o monstro dentro de mim saiu.

Passar um tempo com Indie, deixa o monstro escondido.


Claro, Stardust me vigia, mas ela não é eles. Ela é fresca, pura.
Nós não estamos presos entre as paredes do passado, com uma
fundação que se desintegra a cada telefonema silenciado e
mentiras brancas destinadas a me salvar.

Quando embarcamos no avião para Paris, depois do meu


show no Cambridge Castle, eu nem estou mais chateado com
Blake e Lucas. Aquele indescritível sentimento de desprezo, que
não pode ser comprado, abusado e monitorado com medidas
de pó letal ou líquido âmbar, é estranho para mim. Estou
feliz, mas não consigo controlar isto.
Vem para mim em doses pequenas e firmes, não todas de
uma só vez, como uma nota enrolada e algumas fungadas. Vem a
mim como todas as coisas boas devem ser experimentadas – no
seu tempo, sem esforço e com cautela.

Quando chegamos a Paris e o rosto da Stardust brilha como


mil vagalumes, esqueço quem sou.

Esqueço que meu nome é Alex Winslow.

Esqueço como isso vai explodir na porra da minha cara.

E esqueço todos os erros que cometi ao longo dos anos


desde que fiquei famoso.

Bem, eu estava prestes a lembrar.


Capítulo 27

Paris, França.

Como você sabe que está apaixonada?

Para mim, foi no beijo. Eu sabia que estava apaixonada


quando me vi abrindo os olhos quando Alex e eu estávamos nos
beijando. Eu não precisava mais fechá-los para me concentrar,
para retirar a cortina para poder sentir a magia, por assim dizer.
Alex é a mágica. E toda vez que nos beijávamos de olhos fechados,
sentia falta dele. É brega. Com certeza é, mas mesmo assim é
verdade.

Foi sob a Torre Eiffel que ele me disse que sua existência
parecia diferente nas últimas duas semanas. Como se a vida e a
respiração dele fossem mais significativas, de alguma forma.
"Lembra-se em Berlim, quando eu pedi para você se sentar no
palco, onde eu poderia ver você?" Ele perguntou. Eu balancei a
cabeça, tomando um gole do meu copo de café com espuma. O
café era melhor em Paris. Pensando sobre isso, tudo era
melhor em Paris. Alex me puxou para o seu corpo com a
gola do meu casaco, nossos lábios se tocando quando ele
falou. “O jeito que você olha para mim quando canto e toco me
lembra porque comecei a fazer isso. Isso me lembra que não há
mais nada que eu queira fazer – posso fazer - e mesmo que haja
algo trágico nisso, um homem com um destino, você tira
vantagem disso.”

"Como sua alma se sente hoje em dia?" Eu sorri.

"Pura", ele respondeu.

Se eu soubesse que esta era a última vez que Alex e eu


estaríamos assim, pacíficos, completos e despretensiosos, teria
passado mais alguns minutos tomando o café. Mais alguns
momentos beijando-o sob o céu azul perfeito. Mas eu não sabia,
e nós tivemos que voltar para o hotel e nos preparar para a festa
de caridade. Eu não sei se ele percebeu isso, mas Alex tinha um
sorriso no rosto o tempo todo. Mesmo quando Blake forçou um
chá de ervas na sua garganta para ajudar as cordas vocais. Ou
quando Lucas se sentou entre nós e olhou para ele com o mesmo
tipo de expressão de dor e irritação que Lucas só produzia quando
olhava para Alex. Inferno, ele até riu das piadas completamente
inapropriadas de Alfie.

A última coisa da qual me lembro daquela tarde foi quando


estávamos na lanchonete antes que a limusine viesse nos pegar
para a festa de gala. Alfie ficou vagando pela entrada com alguns
fãs, Blake estava em seu telefone com Jenna, e Alex, Lucas e eu
estávamos sentados no lobby do hotel, tomando suco de laranja
com taças de champanhe. Eu me lembro do jeito que Lucas olhou
para mim quando Alex me puxou para o seu colo depois que eu
fiz uma visita rápida ao banheiro. Alex tinha circulado minha
cintura com os braços e abriu suas coxas magras para me
acomodar, seus dedos brincando com a bainha do meu vestido
enquanto ele falava com alguém que ele abertamente chamava
de Engravatado Francês Número Três.

Lembro-me de pensar que tinha entendido tudo


errado.
Eu até me lembro do som que a moeda fez quando caiu.

E acima de tudo, lembro de perguntar – por quê? Como? E


por quanto tempo?

Eu não sabia que estaria recebendo as respostas para todas


essas perguntas na mesma noite.

E que, assim que fizesse sentido, gostaria de esquecê-las.


Para sempre.

“Do Re Mi”, de Blackbear, tocava enquanto passávamos


pelas enormes portas duplas do castelo. Irônico, considerando
que a música foi feita sob medida para a história de Fallon e
Alex. Fallon, a garota que eu odiava sem saber. Nós não a vimos
ainda, mas ela estava em todo lugar. O cômodo estava pesado
com a presença dela e eu sei que não era uma questão de se, mas
quando. A noite toda parece um enorme dedo do meio para mim
e eu nem sei o porquê.

Eu queria Paris.

Eu ansiei por essa festa.

Eu estava morrendo de vontade de mostrar meu vestido. O


vestido de Paris, como todos os caras se referiam a ele.

Todo mundo está usando máscaras. Prata, ouro, preto e


azul camuflam as belas faces dos ricos participantes. A minha é
uma das raras brancas, rendas curvadas sobre meus olhos e
testa. Alex tem uma simples máscara Zorro preta que mostra
ainda mais o seu maxilar. Alfie, é claro, optou por uma
máscara extravagante com penas e glitter. Sua jovialidade
me impressiona.
“Eu vou ao banheiro. Deixe-me encontrar Blake.” Coloco
minha mão no braço de Alex e ele aperta, me fazendo olhar para
cima e encontrar seu olhar. Nós não falamos sobre Fallon, ou
sobre o nosso futuro muito próximo, mas eu não quero deixá-lo
fora da minha vista. Que é exatamente a razão porque eu deveria.

“Sou perfeitamente capaz de não foder por cinco


minutos. Vá.” Ele projeta seu rosto para o banheiro. "Algo para
beber?"

Eu hesito por um segundo. Eu não deveria deixá-lo


desacompanhado em um lugar que abertamente servia álcool e
estou perfeitamente ciente disso. Ao mesmo tempo, não posso
tratá-lo como antes. Nós não somos mais um empregador e uma
empregada, e tratá-lo como se ele fosse estritamente profissional
é algo desumano. Especialmente já que ele é muito mais agora.

Alex vê a dúvida gravada no meu rosto, pega meu queixo


entre os dedos e bate sua boca na minha. Sua outra mão acaricia
o lado do meu peito, escurecendo meus pensamentos com
luxúria. "Vá mijar", ele sussurra, sua mão deslizando para trás e
alcançando minha bunda. “Eu prometo que nem uma gota de
álcool vai encontrar minha boca hoje à noite. Tudo o que pretendo
usar para ficar alto é você.”

"E Fallon?" Eu odeio ter que perguntar isso a ele.

"Foda-se Fallon", diz ele, sem piscar.

A alegria que enche meu corpo naquele momento é tão pura


e real que sinto como se pudesse voar.

Cambaleeio para o banheiro e fico na fila por dez minutos.


Exasperada, porque a maioria das mulheres estava lá para
cheirar pó, e isso é precisamente o que temo que Alex faça
quando ninguém está olhando. Cada minuto faz a histeria
borbulhar e ferver dentro de mim, mais quente e mais
profundo. Faço o xixi mais rápido da história da urina, lavo
as mãos sem sabão e corro de volta para a sala principal,
onde as pessoas dançam em pisos de mármore branco e preto,
candelabros brilham acima da minha cabeça. Meus olhos correm
para o local onde eu deixei Alex.

Ele não está lá.

Claro que ele não estaria. Ele é um viciado, e todas as três


coisas em que ele é viciado – álcool, cocaína e Fallon – estão aqui
esta noite.

Meus olhos vagam. Eu vejo Alfie flertando com alguém no


bar, Lucas dançando com uma garota em um vestido vitoriano e
Blake falando em seu telefone em uma das varandas com vista
para o horizonte de Paris. Se Blake souber que eu perdi Alex, ele
vai me aleijar. E com razão. Começo a andar em círculos,
procurando por ele. Terno preto. Máscara preta. Isso é
praticamente metade dos participantes deste baile de caridade do
Dia das Bruxas, mas o conhecimento de que tanto está em jogo
para mim – meu trabalho, meu salário, meu coração - faz meus
pés de salto correrem de um lugar para outro, procurando pela
conturbada estrela do rock.

Procuro em cada rosto e estudo cada curva da mandíbula


antes de decidir que ele não está no salão de baile. Então começo
a olhar pelas varandas. Todas as oito. A primeira está cheia de
casais se beijando. Na segunda, ouço um grito de Blake e,
felizmente, ele não me nota. A terceira está ocupada com
fumantes, a quarta vazia, a quinta tem um casal brigando em
francês... quando chego na sexta sacada, paro. Está vazia, mas
ouço vozes. Uma delas é familiar. Respiração irregular no sotaque
áspero. A familiar rouquidão que acompanha o fumar como um
chaminé. Cruzo o espaço para as grades de mármore branco com
três degraus.

E lá, de pé no terraço abaixo de mim, tenho a visão


perfeita da minha própria versão de um filme de terror.
Alex e Fallon na sacada do primeiro andar, cara a cara.

Sem máscaras. Sem pretensão. Sem mim.

O terraço inferior é mais profundo, quase o dobro do


tamanho do que eu estou, então tenho uma visão cristalina deles.

Ela é mais bonita pessoalmente do que eu esperava. Seu


cabelo é loiro, comprido e brilhante. Sua figura de ampulheta está
abraçada por um vestido vermelho de seda. Uma Julieta
sedutora. A linda princesa Disney no vestido perfeito. A maneira
como eles se olham isoladamente me paralisa. Bom. Eu vi desde
o primeiro dia. Eu não sou o gênio que foi para a cama com a pior
estrela do rock do universo, que, a propósito, me avisou que ele
estava atrás de sua ex?

Ela dá um passo em direção a ele. Ele não dá um passo


atrás. Nenhuma palavra é dita e isso de alguma forma piora tudo.
Ela segura sua bochecha, olhando para cima. Ele abaixa a
cabeça, olhando para baixo.

Então ela fica na ponta dos pés e beija-o. Suavemente.


Dolorosamente lento. Eu os observo, surpresa que a lua não caiu
na terra e as estrelas não choveram sobre mim. Parecia o fim,
amargo, inesperado. De repente, acho difícil respirar.

Três.

Dois.

Um.

Tres segundos. É o tempo que leva para arrancar seus


lábios dela. Três segundos que parecem uma vida inteira
enquanto eu estou lá, no meu vestido estúpido, com meu cabelo
estúpido, sendo meu eu estúpido. Seus lábios se desconectam
dos de Fallon, mas seus olhos ainda estão pesados e sua
expressão é torturada. Raiva toma conta de mim. Como ele
pode fazer isso comigo na minha cidade favorita? Como ele
pode fazer isso conosco depois de Londres? Depois do
Watford? Depois de todo o mundo inteiro?

Ele dá um passo para trás, e ela se joga em seu peito,


envolvendo os braços em volta do pescoço dele. Ele agarra seus
pulsos e desembaraça-se dela, dando as suas feições o seu olhar
gelado habitual. "Não."

"Por que não?"

"Quanto tempo você tem?" Ele ri amargamente.

“Alex…”

O tempo pode fazer ou quebrar você. Aprendi isso na noite


em que meus pais morreram quando decidiram atravessar a rua
no exato momento em que o psicopata havia passado – e depois
acabado – com eles. E é no momento em que um pedaço de tecido
se solta do meu vestido elaborado naquele momento na sacada,
navegando como uma pena, tinta velha no rosa antigo. Eu não
preciso ler as palavras que escrevi para lembrá-las. Conheço cada
pedaço do vestido de Paris. Este é, coincidentemente ou não, o
meu favorito. Tem a letra de uma das melhores canções de amor
que já foram escritas e foi escrita pelo cara que acabou de quebrar
meu coração na cidade mais romântica do mundo.

Eu não quero seu ontem.

E nunca esperaria seu amanhã.

Mas se pudermos ter hoje, mostrarei a você como é o amor.

E talvez, apenas talvez, nos esqueçamos de todas as nossas


tristezas.

O pedaço cai entre eles, um símbolo de sua


infidelidade e o ar queima como se houvesse um incêndio
nas proximidades. Apenas que Alex não me traiu. Ele mesmo
disse isso – ele me queria por diversão. Não para hoje, amanhã,
na próxima semana, ou mesmo no segundo depois de nos
despedirmos daqui a algumas semanas, em L.A.

Os dois olham para cima e quero ir embora, mas minhas


pernas estão enraizadas no chão. Uma estátua feita de
esperanças e sonhos quebrados. Tão fora do lugar, a festa atrás
de mim ainda cheirando a risos, música e álcool.

Seus olhos se arregalam. Mesmo no escuro, posso ver o


quão anormalmente grandes eles estão. Alex não é o tipo de
sujeito a entrar em pânico, e esse olhar sobre ele – a surpresa, o
arrependimento, o medo – é novo. Ele sai antes que eu possa
piscar, me perseguindo. Fallon fica parada, seu olhar vazio me
examinando como se eu fosse suja.

Um leve sorriso se espalha em seus lábios e meu cérebro


tenta forçar o resto do meu corpo a cooperar e se mover. Eu sei
que meu coração está desobediente, mas não acho que isso faria
com que o resto de meus órgãos se rebelasse também.

"Ele não vai te dar uma vantagem inicial." Seu sorriso


aumenta, enquanto ela gira a cabeça para a vista e coloca seus
antebraços contra as grades, dando-me as costas. Paris está
iluminada em preto e dourado diante de nós, a Torre Eiffel como
uma agulha que poderia perfurar seu coração. "Quando ele quer
alguma coisa, ele sempre consegue."

"Ele não pegou você", sussurro.

“Ele sempre me teve. Eu apenas esperei que ele viesse me


pegar. Eu fiz absolutamente tudo em meu poder para chamar sua
atenção, mas nunca tive isso. Não por todo o caminho. Você não
está escutando, Indigo Bellamy. Vá embora antes que ele
chegue até você. Vocês dois não pertencem um ao outro. Nós,
sim."
"Nós não nos pertencemos", repito. É verdade. Ele me
intimidou, disse que queria outra pessoa, e depois foi beijá-la no
minuto em que eu virei as costas.

"É melhor você começar a correr."

Eu recuo como se alguém tivesse me dado um soco por


dentro.

Tiro meus sapatos sem nem mesmo estar presente no


momento, pego-os numa das mãos e corro. Corro e corro e depois
corro mais um pouco. O castelo é um labirinto elaborado. Cada
andar tem um longo corredor cheio de grandes salas. Desço a
escada até o piso inferior, sabendo que Alex vai me pegar, e
começo a abrir as portas, procurando a sala mais movimentada
para que pudesse me esconder. O fraco eco do baixo batendo
contra o teto é a única evidência de que há um festa lá em cima.
Meu coração dispara mais rápido do que a minha mente. Eu não
tenho um plano. A única coisa que sei é que, se o visse agora,
aceitaria sua explicação e talvez até um pedido de desculpas. Eu
o perdoaria e o levaria de volta.

Até a próxima vez que Fallon aparecesse.

Até a próxima vez que a tentação batesse em sua porta.

Alex Winslow é viciado. Puro e selvagem. A noção de que eu


não poderia recusá-lo é profunda, então faço a única coisa que eu
poderia hoje à noite. Eu desisto.

Correndo para outro quarto vazio, olho em volta para


ver se tem algum lugar para me esconder nele. Eu não
consigo ouvir nenhum passo e pelo que sei, ele poderia
ter desistido e voltado a beijar Fallon até que seus lábios se
soltassem.

É uma sala de manutenção razoavelmente pequena. A


porta está destrancada e ainda tem sinal de celular, então decido
ficar lá até a festa acabar e eu poder ligar para Lucas e perguntar
quando voltaríamos para o hotel. Empurro a pesada porta atrás
de mim e ligo a lanterna no meu celular. A tela está quebrada,
mas ainda brilha tanto quanto Alex.

Eu arrasto minhas costas contra a parede e agacho,


juntando meus joelhos em meus braços e descansando meu
queixo em cima.

Você estava certo, coração.

Desculpe, coração.

Nunca mais. Nunca mais. Nunca, nunca, nunca mais. Ad


infinitum.

Dez minutos se passam. Talvez mais. De alguma forma,


não me surpreende quando a porta se abre e a luz se espalha pela
fenda. Então ele vem para mim, como em um sonho. Alto e
imponente, passos confiantes. Brutalidade feroz que se origina de
sua mera existência neste planeta. Tudo o que estudei e admirei
nos últimos dois meses me agride quando ele entra no espaço
apertado e escuro. Eu não sei o que esperar. Talvez ele se
desculpar, ou ser malvado e ser seu habitual eu indiferente. Ou
ele dizer que eu sempre soube que seria assim. Que nós éramos
temporários. Que Fallon tem seu coração. Que eu tinha o corpo
dele, e algumas músicas que sempre me deixavam balançando
em um fio fino entre a lisonja e a fúria.

"Levante-se." Sua voz é como um chicote. Ele pega minha


mão e me puxa para seu peito em um movimento sem esforço.

Gemo e colo minhas costas na parede, empurrando-


o para longe. "Vá embora."
Ele tenta me puxar para mais perto, seus movimentos
tornando-se desesperados e impacientes, quando eu o empurro
novamente, desta vez com mais força.

"O vestido!" Tento controlar minha respiração ofegante.


"Era para você. Os remendos eram você. É por isso que eu fiz isso.
Era das suas músicas, Alex. Se você olhasse de perto.” Rasgo um
pedaço do vestido, acenando em seu rosto.

Vá dizer a seus amigos que eu sou o único,

Outros caras tiveram sua corrida,

Sua alma é minha, e esse é o fim,

Eu nem me importo, que você fodeu toda a minha banda.

"Eu fiz isso por você. Porque você é em camadas e


multicolorido e diferente e... e...” E rasgado. Meu vestido
desmorona. Nada que eu fiz desmoronou. Além do vestido de
Paris. Além do vestido dele. Eu inalo, apertando meus olhos
fechados. "Apenas saia."

"Por quê?"

"Por quê?" Eu sorrio, lutando para manter minhas lágrimas


à distância. Eu não ia chorar. Especialmente por ele. “Você beijou
sua ex-namorada na minha frente enquanto eu estava em um
vestido que fiz para você. Porque eu me sinto como a garota mais
idiota do mundo agora e acho que estou autorizada a ter esse
momento de calma fusão sem audiência. Você pode simpatizar,
certo? Entenda a necessidade de estar quebrado sem o centro das
atenções brilhando em toda a sua cara feia de tanto chorar?”

Por que estou sendo tão brutalmente honesta? Eu só


acaricio seu ego inflado. Embora eu não tenha certeza de que
seu ego seja tão grande. Eu realmente suspeito que fosse tão
frágil quanto meu atual estado de sanidade.
“Primeiro de tudo, eu não a beijei. Ela me beijou. E
segundo,” ele exala, socando a parede atrás de mim com os dois
punhos e me encaixando entre seus braços. Não luto com ele. Pela
primeira vez desde que nos conhecemos, não preciso. Sei que não
deixarei ele me ter. Não quando seus lábios foram tocados por
alguém esta noite. Sentir-me no controle do meu corpo
novamente é, infelizmente, um anticlímax.

"Eu não senti nada", diz ele.

"Você a ama", insisto, rezando para ouvi-lo contestar essas


palavras. "Você mesmo disse."

"Eu a amo?" Ele bufa, balançando a cabeça. “Que parte diz


isso, Indie? Hã? A parte em que, em todas as conversas que já tive
sobre Fallon, eu a queria para baixo, complacente e submissa,
implorando por meu perdão e amor de novo, ou a parte em que
eu perseguia sua bunda arrependida pelo mundo? Diga-me,
Stardust, isso é como é o amor? Sentindo a necessidade de
roubar, e destruir, e arruinar seu interesse amoroso apenas para
que você possa respirar por um segundo sem se sentir como um
perdedor? Eu não amo Fallon, nem gosto de Fallon, e com certeza
não quero Fallon, porra. Foi sobre você que eu escrevi músicas. É
você a primeira coisa que vejo pela manhã antes de abrir os olhos,
como se estivesse entalhada na porra das minhas pálpebras por
dentro. É você que eu vejo à noite, um segundo antes de
adormecer, como se você estivesse impressa em cada maldito teto
da Europa. Não quero que isso acabe e minhas razões são
puramente egoístas. Você me faz esquecer as drogas e lembrar da
arte. Mas tenho a sensação de que não sou o único que está
gostando desse arranjo. Por que estragar tudo? Por causa de um
beijo breve e unilateral? Fallon não é uma ameaça. Fallon não é
nem um soluço. A única garota com quem gostaria de estar até
voltar a Los Angeles é você, Stardust.”

Até eu voltar a L.A.

Apenas um arranjo.
Minhas razões são egoístas.

Isso me mata por dentro: saber que o homem que veio com
algumas das palavras mais inspiradoras sobre o amor também é
capaz de oferecer algo tão meio-bobo, inacabado e indeciso. E o
que me mata ainda mais é que estou totalmente pronta para
aceitar isso. Talvez não hoje à noite, mas amanhã, ou no dia
seguinte, uma vez que meu coração desacelar e a lógica entrar em
ação. Ele não me traiu. Se houve algo, ele desconsiderou e disse
a ela que não.

Sinto Alex em minha pele, mesmo que ele seja esperto o


suficiente para não me tocar. Ele está esperando que eu fale
quando a porta se abre novamente.

Fallon aparece.

Ela parece horrorizada.

E quebrada.

E... perigosa.

Como uma doença fatal que rasteja até o seu limiar sem
bater na porta, pedindo-lhe para abrir a boca e deixar envenenar
você. Acima de tudo, Fallon parece alterada. Suas pupilas estão
dilatadas e largas como pires, a pele úmida e cinza. Ela se
empurra para Alex, tentando tirar as palmas das suas mãos da
parede acima de mim com os dedos trêmulos. Suor frio sai da sua
testa e seus tremores são tão violentos quanto seus olhos. Isso
me assusta tanto que momentaneamente esqueço de odiá-la e fico
mais preocupada que deveríamos chamar uma ambulância.

"Você não deveria encontrá-la", ela rosna, lágrimas


escorrendo pelo rosto. Ela não está chorando. Está derramando
lágrimas. Eu nem sequer acho que ela saiba o que está fazendo.
Seu rosto está sem emoção, em branco. “Como você acha que
é ler sobre você nas notícias, Alex? Novo amor. Novo
álbum. Novas musicas. Estou sofrendo também. Não
jogue nas mãos deles. Somos nós, baby. Você e eu. Eu não
preciso de reabilitação e você não precisa dela. Tudo o que
precisamos é um do outro.”

Quem diabos são eles?

"Fallon", ele diz, mais exasperado do que emotivo, como se


ela fosse uma criança irritante que ele tenta domar, "Estou
ocupado aqui. Onde está seu filho da puta, Bushell?

"Eu não sei!" Ela joga os braços no ar. “Provavelmente


fazendo caridade ou algo chato nesse sentido. Meu Deus. Ele é
tão chato. Como ele era mesmo seu amigo? Vocês não têm nada
em comum. Eu preciso falar com você."

“A única coisa que você precisa é de reabilitação. Volte para


o seu namorado. Noivo. Tanto faz."

“Não faça isso, Alex. Não jogue o jogo deles e deixe-os


vencer. Isto não é quem somos. Nós nos completamos. Nós
sempre nos completamos.”

Eu não tenho ideia do que ela está falando, e uma olhada


no rosto de Alex me diz que ele também está alheio ao que está
acontecendo. Ele fica ao meu lado, virando a cabeça e estreitando
os olhos para ela.

"Você está noiva de outra pessoa."

“Eles me forçaram. Jenna me pagou e eu precisava do


dinheiro. Will não vai me dar acesso ao dinheiro a menos que eu
vá para a reabilitação.”

"Do que você está falando?" Alex rosna.

“Eles queriam que você se envolvesse com essa garota! Esse


foi o plano! Eles queriam que ela fizesse você esquecer de mim!
Largasse as drogas.” Ela bate o pé, acenando e apontando
para mim. “Oh meu Deus, tipo, como você não consegue ver
isso? Você não precisa de uma companheira de
sobriedade. Você tem Blake, que está ligado a você pelo quadril e
Lucas, que vai matar por você, porra!” Ela cospe, ficando mais
nervosa a cada segundo.

Reflito suas palavras. Ela parece louca, mas as coisas que


ela diz são significativas e isso me preocupa. Jenna me contratou
para fazer Alex esquecer Fallon? Parece extremamente
improvável, mas ouvi coisas estranhas.

"Caralho!" Ele grita em seu rosto. Ele está perdendo a calma


também. “Como você poderia saber disso? Ninguém da minha
equipe fala com você. Ninguém!” Alex dá um passo em sua
direção, tão louco que achei que poderia empurrá-la.

Eu o arrasto pelo braço de volta para mim e o simples toque


entre nós fez seu rosto suavizar um pouco. Ainda assim, ele
parece mais assustador do que eu já vi.

"Eu sei disso porque Will estava nisso", ela chora com um
soluço alto. “Will me ama. Eu sei que ele ama. Mas eu não o amo.
Eu te amo. Eles não me deixavam falar com você.” Ela funga. “Eles
disseram…” Agora ela está chorando de verdade e quero chorar
com ela, porque as coisas ficaram muito mais complicadas. “Eles
disseram que eu arruinei você e que você está melhor sem
mim. Que ela é doce e adequada e vai fazer você se sentir melhor.”

"Mentira." Ele balança a cabeça. "Não, não, não."

“Will sempre quis o melhor para você. Para mim também.


Blake, Lucas e Alfie também estavam envolvidos. Por que você
acha que Lucas estava se esforçando tanto por essa garota? Ela é
realmente digna da atenção de duas estrelas do rock? Quero
dizer, sem ofensa.” Ela passa os olhos pelo meu corpo, querendo
dizer a ofensa e depois suavizar um pouco.

Dou um passo em direção a ela, prestes a dar-lhe uma


bronca, mas agora é a vez de Alex me puxar para ele. Minha
cabeça está girando com a revelação, mesmo que eu não
tenha certeza se é verdade.
"Se você estiver mentindo..." Alex começa, levantando um
dedo em advertência.

"Eu não estou mentindo", ela corta através de suas


palavras, batendo o pé novamente, um comportamento recorrente
que é mais adequado para uma criança. “Por que diabos eu
mentiria? Você conhece essas pessoas. Will queria me salvar e me
amar e blá blá blá. Então ele se sentiu culpado por nós, envolveu-
se com seus amigos e agente, que fariam praticamente qualquer
coisa para mantê-lo sóbrio e produtivo. Mas você não está feliz,
Alex, você está? Como você pode ser feliz sem mim? Eu pensei em
você todos os dias.”

"Isso é besteira." Alex balança a cabeça. “Will não é um


mártir, e Waitrose não é um santo, e nenhum deles ouviria você,
de qualquer forma. Vamos, Indie.” Alex me puxa pela mão e o
alívio que eu sinto ao deixar o lugar é instantâneo, mas então
Fallon agarra seu pulso. De perto, eu posso ver a loucura
dançando em seus olhos, e me pergunto como eles poderiam até
chamar o que eles tinham amor? Se ambos estavam alterados o
tempo todo, eles nunca tiveram a chance de realmente se
conhecer.

"Você não fez a matemática, não é?" Ela ri amargamente,


perdendo qualquer traço de autocontrole. "Você não descobriu
por conta própria."

"Descobriu o quê?" Alex pergunta, apertando os dedos em


suas pálpebras cansadamente. Ele teve o suficiente dela. Eu
posso ver agora. Ele não está apaixonado por sua ex. Ele está
apenas chateado que ela o deixou por outra pessoa. "Do que você
está falando, Fallon?"

"O acidente", diz ela. "O dia em que você me ajudou?" Ela
inclina a cabeça, e há algo em seus olhos que faz minha pele
se arrepiar. "Foram os pais dela."

Os segundos seguintes se movem em câmera lenta.


Eu olho para Alex.

Ele olha para mim.

Seu rosto está branco. Essa é a última coisa que me lembro.


Alex, constatando e o seu pesar. Eu não sinto a queda. Em vez
disso, eu vejo, enquanto o som ao meu redor abafa e suas figuras
se tornam pontilhadas com manchas negras. Meus olhos
observam os sapatos de Alex e o vestido de Fallon um segundo
depois. Eles fecham apesar dos meus esforços para ficar
acordada. Mais do que tudo, eu quero ouvir o que eles estão
dizendo. Eles estão gritando através da névoa de tontura. Esforço
meus ouvidos a ouvir.

"Porra, porra, não!" Alex grita. "Fallon, não!"

"Eu sinto muito", ela chora. "Desculpe-me."

Eu apago, não tendo o ar que preciso para sobreviver.

Tudo ao meu redor desmorona. E eu caio com isso.

Hudson: Olá garotas?

Jenna: Olá.

Hudson: É só eu ou o Alex ficou muito sexy naquele


show em Londres? Indie, você está no comando do guarda-
roupa dele? Ele parece muito menos vagabundo.

Hudson: (eu o tocaria de qualquer maneira, mas não


diga a ele)
Jenna: Onde ela está?

Hudson: Assombrando nossas bundas. Mas por quê?

Jenna: Indie, responda.

Jenna: Indie.

Jenna: INDIE.

Jenna: INDIGO!

Estou em uma cama.

Minha cama parisiense.

Ou, devo dizer, nossa cama parisiense.

Deus, eu quero vomitar.

As coisas de Alex ainda estão no nosso quarto, como se


nada tivesse acontecido. Olho em volta, examinando a coleção de
garrafas de água e lanches orgânicos na penteadeira, as palhetas,
os blocos de notas espalhados, fotos minhas e de Alex em
Londres, que tiramos quando encontramos a câmera de Blake na
mala dele. A sala parece saturada de engano, inchada de
mentiras. Minha cabeça lateja e eu quero me levantar, caminhar
até o quarto de Blake e entregar minha demissão.

Estou sozinha.

Engolindo o gosto amargo do vômito que ocupa cada


centímetro da minha boca, mexo na cama, tentando reunir
a energia para voltar e começar a fazer minhas malas. Um
minuto depois que acordo, Alex sai do banheiro. Seus olhos estão
vermelhos e seu cabelo está uma bagunça. Ele usa calça de
moletom cinza e nada mais. Parece que ele acabou de assistir ao
seu próprio funeral. Tento me arrastar e descansar minhas costas
contra a cabeceira da cama.

“Eu vou fazer isso direito, Stardust. Eu vou-"

"Não", rosno, minha voz tão dura que não posso acreditar
que veio de mim. “Não finja que ainda estamos bem. Não estamos.
Eu quero que você me conte tudo. Você é um mentiroso, Alex,
mas desta vez preciso de todas as verdades que você tem para me
dar. Isso é o mínimo que você pode fazer depois de tudo que
passamos.”

Ele senta-se na beira da cama e olha para as mãos no colo.


Ontem, eu não sabia como eu podia olhar para o rosto dele sem
que meus pulmões se contraíssem como se ele os segurasse em
seu punho. Hoje, ele é um estranho vestido como o homem que
eu amava – sim, amava. Eu me apaixonei por ele mais cedo do
que percebi – uma versão dele, de qualquer maneira.

Era uma vez, uma mera mortal que se apaixonou por um


deus do rock. Você provavelmente sabe que este não é um conto de
fadas agora. Mortais e deuses não se misturam.

“Quatro anos atrás, Fallon chegou em casa parecendo que


tinha um inferno no calcanhar. Nós tínhamos começado a morar
juntos. Eu estava sóbrio naquela época. Mais ou menos. Eu
estava à base de analgésicos, um alcoólatra em funcionamento.
Eu não usava cocaína e não sabia que tinha um problema.
Pensava que apenas vivia duro e jogava mais forte. Tantas
pessoas na minha indústria fazem. De qualquer forma, ela voltou,
e estava alta como uma pipa, mas também estava muito
chateada. Disse que atropelou um cervo em seu caminho de
volta de Calabasas e me pediu para dar uma olhada no
carro. Eu olhei. Parecia...” Alex esfrega a nuca e olha para
o teto, suspirando. “Estava destruído. Perguntei a Fallon,
de novo e de novo, porra, se realmente era um cervo. Havia muito
sangue. Ela sustentou que era um cervo e me pediu para ajudá-
la a se livrar do carro. Então eu fiz isto. Eu... eu...”

“Você ajudou a encobrir. Mesmo sabendo, no fundo, que


ela estava mentindo”, terminei para ele, meus olhos duros em seu
rosto. "Isso é o que você está me dizendo."

Ele balança a cabeça, passando os dedos pelos cabelos. "Eu


estava bêbado. Não foi a única coisa que não fazia sentido. Tantas
coisas pareciam vacilantes. Foi apenas mais uma coisa nessa
lista. Mas vou me certificar de que ela se entregue, Indie. Se ela
não vai, pode apostar que eu vou.”

"Poupe-me das desculpas."

"Eu disse que vou fazer tudo certo."

"Você também é um mentiroso autoproclamado", eu sinto


meu lábio inferior tremendo como uma folha.

“Não estou mentindo para você agora. Eu prometo."

"Você a deixou se safar de assassinato." Minha voz se eleva,


muito alta e eu fico tonta novamente. Ele corre em minha direção
e eu bato a mão dele quando ele tenta pegar a minha. "Não."

“Nunca a deixaria se safar se eu realmente soubesse. Eu


não sabia. Apenas suspeitei, mas metade do tempo eu estava
vendo e sentindo coisas que não estavam lá. Eu estava paranoico.
E bêbado. Não importa o quão ruim parecesse, optei por ignorar
e comprar o que ela estava me dizendo.”

Aperto meus olhos fechados, desejando tomar a próxima


respiração. Eu sinto falta da mamãe. Sinto falta do papai. Sinto
falta da normalidade, dos jantares de sábado, dos natais e até da
temida missa dominical. Sinto falta da oportunidade e
promessa de ser completamente normal; eu sinto falta do
meu irmão mais velho e de como ele cuidava de mim. Eu
até sinto falta do grande pai que Craig poderia ter sido
para Ziggy. Se Alex pegasse o telefone e ligasse para o 911 quando
Fallon chegou em casa naquela noite...

Então, talvez minha mãe tivesse sobrevivido.

Então, talvez, eu não estaria nesta turnê, meu coração se


despedaçando em um milhão de pedaços enquanto eu tentava
segurá-lo junto, sentindo que minha dor estava explodindo nas
costuras, toda a minha existência reunida com alfinetes e agulhas
grampeadas pela minha velha máquina de costura.

"Considere este meu pedido de demissão oficial", digo, os


olhos ainda fechados.

"Não", ele diz, "não, não, não, não, não."

“Eu não me forçaria, Alex. Você já fez o suficiente. Respeite


meus desejos e me deixe ir.” Abro meus olhos agora, olhando para
ele, para tudo o que ele é. Um traidor para quem abri a porta e de
bom grado deixei entrar em minha vida. Levou apenas algumas
semanas para sair do corredor e entrar no meu domínio. Ele
conquistou cada centímetro e usou contra mim, sem que ele
soubesse. Eu não vi sua beleza, seu sex appeal e sua estrutura
óssea deslumbrante. Não vi o cara engraçado, complexo e
torturado que eu queria tanto consertar. Tudo o que vi foi um
príncipe quebrado com olhos suplicantes que estava à beira das
lágrimas. Lágrimas de homem. Não com raiva, exasperação ou
irritação. Mas real, triste e profundo.

Todos os principes quebrados morrem. Ele não disse isso?


Talvez estivesse certo. A parte mais assustadora é que, naquele
momento, eu queria que ele estivesse certo.

Eu sorri, me surpreendendo. Eu não sabia que tinha um


lado mau, mas acho que Alex cavou isso de dentro de mim e
jogou na mesa do necrotério junto com o meu coração. Eu sei
que uma vez que ele encontrasse o meu poema – aquele que
escrevi depois de nossa noite em seu quarto de infância –
ele veria porque isso terminou. Por que nós nunca poderíamos
estar juntos.

“Se você me deixar”, ele diz, “você leva minha alma com
você.”

"Sempre foi a minha alma", digo, meu tom calmo e


desafiador. “Você não tem alma. Há muito tempo. Você provou
isso fechando os olhos todos esses anos atrás, quando poderia ter
salvado minha mãe. Você não precisa de mim. Você precisa de
você. Está na hora de você arrumar as malas e viajar pelos
diferentes planetas. Encontre sua alma, Alex. Você nunca será
verdadeiramente feliz sem isso.”
Capítulo 28

Ela me deixou uma nota.

Em uma folha de papel.

De um bloco de notas.

Meu bloco de notas.

O bloco de notas que eu usei para escrever músicas.


Canções que ela inspirou. Canções que foram feitas para ela, e
talvez até por ela, e seguram seu legado, cada palavra com muito
mais do que seu significado. É um cruzamento entre um poema e
uma carta. Sobre nós. Sobre mim. Sobre a coisa fodida que
éramos. Então, embaixo, sublinhado e em vermelho, outra coisa.
Mais recente. A tinta pressionou com tanta força contra o papel
que rasgou as letras.

Você é lindo, Alex, mas está vazio. Ninguém pode morrer por
você. E ninguém deveria ter morrido por sua causa. – Indie

Ela citou O Pequeno Príncipe, e de alguma forma, isso


doeu ainda mais. O Pequeno Príncipe era nosso. Eu havia
escrito uma música para ele, sobre ele – e ela torceu isso
contra mim. Ocorre-me, em um hotel parisiense que parecia
exatamente como todo os outros, mas também muito diferente,
que eu finalmente a encontrei. A garota que valia todas as
músicas que escrevi. Então eu a perdi. A garota cuja vida eu
ajudei a arruinar.

Havia uma luz no fim do túnel frio e escuro da minha


existência: até eu sabia que não poderia cancelar o resto da turnê
“Letters from the Dead”. Jenna ia me arrancar um membro e
enchê-lo de dinamite se eu sequer mencionasse essa
possibilidade. A companhia de seguros está no meu caso, minha
gravadora dá sua respiração de ranço e corporativismo no meu
pescoço, e eu estou, na verdade, fazendo um retorno decente e
criando um burburinho em torno do meu próximo álbum sem
título. Além disso, meus amigos confiam em mim. Companheiros
que, por mais que eu queira matar, também devo muito. Nosso
relacionamento é confuso, anormal e completamente fora dos
trilhos. Eles constantemente me traem em uma tentativa de me
trazer de volta à vida. E isso funcionou.

Até agora.

Prometi a mim mesmo que não importava como essa merda


iria funcionar, eu me certificaria de que Fallon fizesse a coisa
certa com Stardust e sua família.

Fico ao lado da ilha de cozinha da minha suíte de hotel,


segurando seu bilhete até meus dedos quase estalarem. O cheiro
de Indie ainda está nas minhas narinas, no meu travesseiro e
dentro das minhas fodidas entranhas, quando a porta atrás de
mim se abre. Eu estou tentando usar sais de banho sem sucesso
por vinte minutos quando Lucas entra e fecha a porta atrás dele.

Sim, estou usando novamente. Ou pelo menos tentando.


Merda, eu não era bom em ser viciado em drogas. Quão
embaraçoso é isso?
"Nem pense nisso." Eu cheiro, tentando acender as
pequenas pedras de sal. Como diabos você pode ficar chapado
com isso? Eu preciso de novos companheiros. Companheiros
novos, jovens e perdedores que me ensinem como me orgulhar de
coisas patéticas. E não tem nem um total de quatro horas desde
que ela partiu. Eu temo pensar em como seria uma semana a
partir de agora. Heroína? Crack? Riverdale? Eu morreria se me
tornasse a mesma coisa que eu detestava.

"Não pense sobre o quê?" Ouço Lucas se movendo atrás de


mim, mas não se vira.

"Tudo. Minha resposta é não, não importa o quê. Não fale


comigo. Não se desculpe. Não ofereça suas condolências. Pela
última vez, transei com Laura muito antes de você conhecê-
la. Não havia necessidade de cagar em meus relacionamentos
sérios, duas vezes seguidas.” Jogo os sais no balcão em
frustração, essencialmente entrando em uma conversa com
ele. Idiota. Eu fui um idiota. Uma parte de mim - embora
pequena, insignificante e silenciada pela besteira geral que infesta
minha cabeça – percebe que eu mereci. Tudo o que aconteceu
comigo. Indie partindo. Fallon agindo como uma cadela
louca. Meus amigos e agente cuidando de mim, mentindo para
mim, microgerenciando cada respiração que eu tomo, do meu
interesse amoroso aos meus discos, negócios, entrevistas e bem-
estar geral. Lucas aparece ao meu lado e limpa o balcão de
mármore com o braço.

“Você acha que isso é sobre Laura?" Ele grita no meu rosto.
"Você é donte mental? O que você tem? Não é sobre Laura, e não
é sobre Fallon. Não é nem mesmo sobre Indie. É sobre você, seu
idiota. Eu estou apaixonado por você.” Ele balança, cuspindo as
palavras na minha cara.

Eu me viro para encará-lo completamente. As palavras


escorreram como chuva através de um teto rachado. Pouco
a pouco. Se eu pudesse envolver minha cabeça em torno delas.
"Hã?"

Ele pega meu braço e o puxa. Eu deixo, atordoado demais


para pensar em algo coerente para dizer. Nossos rostos estão a
centímetros um do outro, mas longe o suficiente para que eu
pudesse ver sua expressão. Torturado, quase como eu.

"Estou apaixonado por você. Tenho sido por muito tempo –


hmm, vamos ver, não sei, doze anos? Todo mundo sabe. É óbvio
e claro para todo mundo ver. Comecei a tocar bateria por sua
causa, pelo amor de Deus. Você precisava de um baterista, não
conseguia encontrar um – ninguém quer ser o baterista, é um
trabalho solitário e recluso – então eu fiz isso. Eu queria estar
perto de você e você queria começar uma banda, então aprendi a
tocar um instrumento. Daí eu me tornei seu instrumento. Então
peguei suas sobras – Laura, sua idiota amiga, Fallon, e todos os
outros ao seu redor – para ter mais pedaços de você. Peças mais
preciosas do Alex-fodido-Winslow, o cara que, infelizmente,
possuía. O carisma, o talento, a presença, aqueles olhos. Aqueles
malditos olhos, Alex.” Ele solta meu braço e coloca as mãos sobre
os olhos.

Eu quero acender um cigarro para fazer alguma coisa com


a boca - com certeza me sinto inadequado demais para falar -,
mas estou chocado demais para me mexer. Todo mundo sabe? Eu
ainda estou vivendo no mesmo universo dos meus companheiros?
Eles parecem ter escondido muita coisa de mim.

“Eu separei você e Fallon, não porque eu gostasse de Will,


ou dela, mas porque amo você. E amá-lo vem com o preço de
desconsiderar completamente meus próprios desejos e
necessidades. Fallon fez você se afundar nas drogas e na
depressão. Ela era tóxica para você, então eu a expulsei do
caminho. E faria de novo se pudesse. Num piscar de olhos. Eu
mataria por você, Winslow. Agora, Indie fez o oposto. Ela te
reconstruiu. Mas é claro, assistir você brincando me fez
querer me enforcar todos os dias. Saber que empurrei um nos
braços do outro, quase me matou. E eu ainda fiz isso. Por você."

Lucas se joga no sofá de veludo preto, enterrando o rosto


em um dos travesseiros. Interiormente me pergunto que tipo de
babaca pode viver sua vida sem saber que um de seus melhores
amigos está apaixonado por ele. Eu. Eu sou esse idiota.

"Você é gay", digo, estúpido o bastante, esfregando minha


testa suada. Eu não tenho certeza do porque estou tão suado,
mas pode ter algo a ver com o fato de que estou tão entorpecido,
que não conseguia nem distinguir o quão grande é a sala. Eu
estava muito ocupado tentando ficar chapado e não pensar em
Indie. Duas coisas nas quais categoricamente falhei.

“Tão gay quanto parece. E, por favor, sem as brincadeiras


de Alfie.” Lucas começa a subir o zíper da jaqueta de couro. Sobe.
Desce. Sobe. Desce.

É estranho falar sobre ele quando meu próprio mundo está


em frangalhos. Mas não posso mais me dar ao luxo de ser um
companheiro de merda, e reconhecer isso é um começo. Além
disso, ele parece uma criança amuada. Triste, aborrecido e
derrotado. Eu caio no sofá ao lado dele e cutuco seu ombro com
o meu.

"Sinto muito." Eu não tenho certeza do porquê estou me


desculpando. Não ser gay? Desfilar metade da população
feminina de Hollywood no Chateau na frente dele? Fazê-lo brincar
de fada madrinha para mim por mais de uma década?
Inadvertidamente, destinando-o a se tornar um baterista?

“Não se desculpe. Tenho quase trinta anos e ainda estou no


armário. Eu menti para você por anos. Tenho certeza de que
estamos quites.” Lucas limpa o nariz com as costas da mão,
olhando para baixo.
Eu não sabia que era possível para o meu coração quebrar
ainda mais depois de Indie, mas acontece. Ele quebra por Lucas.
Eu puxo-o para um abraço.

"Ei". Nada está bem e ainda assim eu tenho que assegurar


que está, porque Indie está certa. Eu preciso encontrar minha
alma e mostrá-la para as pessoas ao meu redor. "Olhe para mim."

Ele funga novamente e olha para cima.

"Quando você descobriu que gostava de pau?"

“Quando tínhamos doze anos? Talvez treze? Não tenho


certeza. Eu só lembro de querer seu coração antes de querer seu
pau. Era uma noite de janeiro. Vi você subindo e descendo a rua
com Tania nas costas, gritando para as janelas fechadas: "quem
sabe afinar um violão?" e pensei... este idiota vai ter um banheiro
cheio de Grammys algum dia. Você parecia um perdedor, mas
estava tão distante do seu objetivo, que não pude deixar de
admirar isso. Sua voz era estridente e seu queixo estava com uma
dúzia de espinhas ou mais. Você se lembra disso?” Ele ri. "Deus,
você era uma piada."

"Ainda sou uma piada." Eu sorrio. Eu me lembro daquele


dia. A companheira de papai, Duncan, finalmente concordou em
ajustar Tania e me ensinou a tocar os primeiros acordes de
“Smoke on the Water”. “É só que, eu não tenho certeza se eu
sendo uma piada é mais engraçado.”

"Você definitivamente ainda é engraçado", diz Lucas,


golpeando meu peito. Ele nunca fez isso antes. Talvez ele sempre
quisesse, mas não sabia como eu reagiria. O pensamento me
deprime.

"Por favor, não recaia, Alex." Lucas está sério novamente.


Mas é tarde demais. Mesmo que eu não tivesse ficado chapado
naquela noite, sabia com certeza que iria. E que me
arrependeria disso. E isso levaria pelo menos um pouco da
dor pelo que aconteceu com Stardust.
"Eis a questão", eu evitava o tópico. Pego um cigarro do
maço na mesa de café com meus dentes e acendo, meu braço
ainda enrolado em seu ombro como se ele fosse meu irmão mais
novo. "Se ficássemos juntos, eu ficaria em cima ou embaixo?"

Lucas ri mais ainda através das lágrimas. "Fico sempre em


cima."

Eu digo: "Idiota."

Ele diz: “Vê? Ainda é engraçado”, e pressiona seu dedo


indicador contra o meu nariz, sorrindo miseravelmente.

Ainda penso em Indie durante toda a conversa.

Imaginando o que ela pensaria sobre tudo isso.


Capítulo 29

Alex,

Lembra quando nos mudamos para LA e prometemos a nós


mesmos que nunca mudaríamos? Que nós ainda seríamos os mesmos
caras da mesma cidade de merda com o ódio mútuo pelo Manchester
FC (foda-se homem, cara, foda-se). Bem, acho que é suficiente dizer
que todos quebramos essa promessa.

Vou lhe dar uma coisa: mesmo quando deixamos de ser


companheiros e nos tornamos concorrentes, você sempre teve a
vantagem. Você tem a melhor moça, o melhor álbum e o Grammy
mais prestigioso. Você tem as capas da Rolling Stone e da NME,
enquanto eu tenho a porcaria da Billboard. Você ainda é legal com
os descolados, mesmo quando você já entrou no mainstream,
enquanto eu fui convidado para o Country Music Awards.

E você tem nossos companheiros. Todos eles. Seus.


Eu quero que você saiba como a idéia de Indigo Bellamy
começou e, mais do que isso, que eu não sou seu inimigo. Nunca
fui. Nunca serei.

Acho que te devo uma explicação. Você acha que roubei Fallon
de você, quando, na prática, tudo que eu queria era salvar vocês
dois. Eu a amo? Sim. Será que vou tê-la, inteira, do jeito que você
tem, do jeito que você possui tudo? Não.

Na noite em que Fallon se envolveu naquele acidente, ela


voltava da minha festa em Calabasas. Você estava doente em
casa. Ela usou drogas e dirigiu.

Eu sabia.

Eu deixei acontecer.

Eu assumo total responsabilidade.

Havia tantas pessoas, eu realmente não me importei com


quem veio e quem foi. Mas no dia seguinte ao acidente, ela me
contatou. Procurou-me.

Ela entrou em pânico e sabia que você a deixaria se ela não


fosse direto para a polícia.

Daquele ponto em diante, Fallon e eu começamos a nutrir um


relacionamento tóxico. Nós nos tornamos mais próximos, e eu caí
mais e mais nela, enquanto ela caiu mais e mais nas drogas.

Nós o traímos e então a coisa toda explodiu. Eu não te culpo


por me cortar da sua vida. Se há alguma coisa, provavelmente é
melhor ficarmos longe um do outro.

Mas eu sempre soube dos pais de Indigo Bellamy.


E eu sei que isso pode se voltar contra mim, mas é verdade.
Eu ajudei. Eu sou parcialmente responsável. Eu sou uma vergonha,
um homem envergonhado.

Depois que tudo com Fallon ruiu, Alfie, Lucas e Blake disseram
que nunca mais falariam comigo. Mas eles falaram. Algum tempo
depois de você chutar sua oitava babá para o meio-fio, entrei em
contato com Jenna Holden, que ordenou uma reunião com Alfie, Blake
e Lucas. Nós todos concordamos que você estava em espiral
novamente e fui o idiota estúpido que seguiu Indigo e Craig por aí,
sentindo-me culpado e desanimado pelo que Fallon fez e se safou e
também por suas vidas serem ruins.

Eu disse que o plano seria perfeito e eles concordaram.

Eu queria que você se apaixonasse e melhorasse.

Eu queria que você rivalizasse comigo pelo Grammy, não em


meus pesadelos.

Eu sabia que iria melhorar sua vida e a vida de Indigo, e se


tudo corresse de acordo com o plano, talvez a de Craig também.

Indigo não sabia quem circulava o anúncio para o qual ela


queria se candidatar. Ela pensou que era seu irmão ou cunhada. Foi
Hudson quem colocou o papel na cesta de sua bicicleta enquanto ela
fazia compras.

Nem por um segundo achei que Fallon ainda estava tão na


sua. Tão ferozmente apaixonada por você. Que tipo de pessoa
confessa um crime como o que ela cometeu? Um drogado
desesperado. É ela.
Você pode ver isso e ver a traição, mas seus companheiros só
queriam o melhor para você. Eu também. Sinto muito se não deu
certo e estou um pouco aliviado – embora principalmente apavorado
– por ter ficado limpo. Faça como quiser. Eu parei de me
esconder. Eu parei de jogar. Acabei fodendo minha vida e as dos
outros.

Mas não desista do seu time. Eles amam você. Eles


escolheram você.

Você ganhou.

PS: Eu ainda finjo cuspir toda vez que alguém menciona o


nome de Alex Winslow.

Fielmente,

William George Bushell

Aqui está uma coisa sobre o vício: aquele amigo idiota que
entra furtivamente em sua vida quando você está deprimido e
abatido? É isso aí. Meu vício se arrastou, porque não pude
mais limpá-lo. Eu não tinha motivos para me comportar,
porque ela não estava lá e tudo parecia sem esperança,
errado e definitivo.
Assim. Fodido. Definitivamente.

Eu descobri muito nas três semanas que marcaram o final


da turnê. A primeira coisa foi que quando você quer colocar suas
mãos em narcóticos, você consegue, mesmo quando o mundo
inteiro e sua irmã estão te observando. Eu descobri groupies no
meu quarto com coca escondida em seus sutiãs. Eu não toquei
nelas, mas definitivamente toquei nas drogas. Eu bebi uma
garrafa de vodka no banheiro no Canadá e usei um pouco de
Xanax em Nova York. Quando desembarcamos no Tennessee,
falei oi para um cantor country que eu orientei em um reality
show e bebi uma garrafa de uísque em seu quarto. Era
pateticamente fácil, quase para meu espanto. Eu tive minhas
chances o tempo todo. Eu simplesmente escolhi não usá-las por,
não sei, qualquer motivo. Na verdade, a razão estava cristalina
para mim agora. Ela. Stardust. Ela me manteve no alto de algo
muito mais forte que a cocaína.

Uma vez viciado, sempre um viciado.

A pior parte é que você não entende muito bem a gravidade


do seu vício até que já esteja cinco passos à sua frente, correndo
em direção à linha de chegada, pronto para arruinar sua vida. Eu
tinha minhas lacunas entre linhas e garrafas de álcool, então
tentei me convencer de que ainda estava relativamente sóbrio e,
quando estava relativamente sóbrio, liguei para ela. Toda hora.
Ela nunca atendeu. Peguei o endereço de e-mail dela de Blake e
enviei mensagens. Mensagens estúpidas. Mensagens
assustadoras. Mensagens que poderiam ter me colocado em
muitos problemas.

Para: Indiebell1996gmail

Assunto: Eu preciso de você

Eu encontrei Jesus na Times Square depois de um


show e ele me disse que todos iríamos morrer e que eu
deveria contar minhas bênçãos e eu só poderia contar uma coisa,
e é você.

Você está com raiva de mim ainda? Na verdade, não


responda. Nós vamos falar sobre isso quando eu chegar aí. Eu
não deveria estar contatando você. Blake acha que é um email de
desculpas e eu acho que é, mas eu não vou parar nisso. Ele e
Jenna vão me matar se souberem, mas você e eu somos maiores
que eles. Maior que isso tudo.

Jenna está grávida do bebê de Blake, também. Ela disse


para não contar a ninguém, então estou lhe dizendo. Porque você
é meu alguém. Eu acho que vou voltar e deletar este parágrafo
mais tarde. Muito clichê. Você sabia que o álbum que eu produzi
como boy band foi meu best-seller?

Hã.

Talvez eu mantenha essa linha depois de tudo.

Alfie está puto. Diz que está preocupado comigo e que é a


saída dele. Blake está dormindo com seu celular pressionado
contra o ouvido. Lucas raramente fala, e eu... eu bebo.

Começou com uma garrafa de vodka no outro dia. Eu sinto


sua falta. Eu não sabia sobre o que Fallon fez naquela noite. Eu
juro. Ela está na reabilitação. Eu dei a ela um ultimato sobre ficar
limpo. Por favor, atenda minhas chamadas. Ou... não.

Não conte ao Blake.

A.

Para: Indiebell1996gmail

Assunto: Como?
Eu não posso acreditar que essa merda é real, Stardust.
Como você pode não me responder? Como você pode não precisar
de mim do jeito que eu preciso de você? Como é justo que eu tenha
te encontrado, e você me encontrou, e nós dois sabemos muito
bem quão raro o que temos é, e você ainda me deixa ir?

Como eu deixo você ir?

Pergunta idiota, eu não sei.

Mais duas semanas. Eu estarei indo para você. Você sabe


que vou.

Seu (mesmo que você ache que não precisa de mim),

A.

Para: Indiebell1996gmail

Assunto: Eu escrevi uma música

É assim:

Responda-me.

Responda-me.

Responda-me.

Responda-me.

Todos e tudo estão desmoronando. O show de Chicago foi


um show de merda. Eu esqueci a maioria das letras. Não
pergunte por que, Stardust. Você sabe.

Hudson se juntou a turnê para me impedir de destruir


o que resta da minha carreira, porque Blake está em Los
Angeles brincando de papai. Eu acho que Lucas e ele estão se
conectando. Lucas e Hudson, é isso. Não Blake. Eu espero que
eles estejam. Isso é bom, certo? Que estou desejando coisas boas
a pessoas boas.

Oh. Nota: Lucas é gay.

Eu quero que você saiba que pensei sobre isso, e mesmo


que eu esteja liquidado, eu amo o material bruto para o novo
álbum. Sangra sua personalidade. Mal posso esperar para
compartilhar você com o mundo. Compartilhar sua alma. Você
estava certa. É a sua alma, mas eu te disse que pegaria
emprestada. Você não se importa, certo?

Eu estou indo para Los Angeles em uma semana.

A.

Para: Indiebell1996gmail

Assunto: Era uma vez um príncipe…

Lembra-se, em O Pequeno Príncipe, quando a raposa quer


que o menino a cative para que eles sempre tenham um ao outro?
Eu acho que foi o que você fez comigo. Você me cativou. Eu
preciso de você. E você me libertou de volta à vida selvagem,
depois de domesticado e SEU, e agora não tenho certeza do que
preciso fazer para sobreviver. O que, acho que você concordaria,
é irônico. Considerando tudo e tal.

Estou na estrada de Chicago para Oklahoma em um


ônibus de turismo. Você teria gostado. Nós proibimos Alfie
de comer comida mexicana. Penso muito em você. Gosto
muito de nossas Polaroids. Não toquei em ninguém desde que
você partiu. OK. Divulgação completa: eu segurei um seio
enquanto tirava uma foto com uma fã. Mas ela tinha acabado de
ganhar seios novos e era o aniversário dela. E eu não gostei disso.
Em absoluto.

É tão estranho estar aqui, fazer isso e não estar


perseguindo você como todos os ossos do meu corpo dizem para
mim. Blake diz para lhe dar tempo, mas o que ele sabe sobre
relacionamentos? Ele e Jenna são um desastre de trem.

Eu vi um esquilo hoje. Sua cauda foi cortada. Ainda estava


peludo, só... curto. Já viu o rabo de um esquilo de perto? É bem
magnífico. Senti-me mal pelo esquilo, mas lembrei-me que ele não
sabia que o rabo estava cortado.

Então percebi que sou o maldito esquilo, Indie.

Sou a porra do esquilo que corria por aí com meio rabo, e


ninguém me disse, então eu vivia na ignorância feliz. Então você
chegou, foi embora e adivinhe? Agora eu sei. Sei que estou
incompleto e minha alma, que eu achava que estava morta, está
na verdade em Los Angeles, andando de bicicleta francesa em um
vestido ridículo.

Eu sei que estou fazendo isso sobre mim, e sei que você
está passando por um monte de porcaria agora, mas acho que é
o que os viciados fazem.

E eu estou viciado. Novamente.

Quatro dias, Indie. Você. Eu. Nós. Para sempre.


Blake voltou da consulta com o ginecologista e obstetra que
ele foi com Jenna nesta semana. Quando ele descobriu o que eu
estava fazendo, ele pegou o laptop que Indie deixou para trás e
me implorou para parar. O que, naturalmente, me leva a ligar
para ela mais um pouco e ordenar que Jenna e Hudson – o último
relutantemente, arrastasse sua bunda de volta para Los Angeles
– para checá-la toda semana. Eles disseram que ela está indo
bem. Isso, consequentemente, me faz sentir como uma merda. Eu
quero que ela se sinta como eu, e não tenho nem vergonha de
pensar isso. E isso é um problema.

Oklahoma, depois o Texas, depois de volta a Los Angeles


nessa época, sei que o meu vício em cocaína e o hábito de beber
estarão a todo vapor, mas tenho um problema maior para
enfrentar – conquistar a garota.

Todo o resto – as drogas, o álcool, o vício – serão resolvidos


depois. O amor vence tudo e todas essas coisas.

Os shows foram bons. As drogas me ajudaram a passar por


eles. Mas eu não mais escrevia músicas e não dava mais à platéia
o show eletrizante do qual eles ouviram falar quando fiz a turnê
pela Europa. "Letters from the Dead" apresentou oficialmente um
cadáver – hah. Eu deveria escrever isso em algum lugar.

O voo para Los Angeles foi feito em silêncio e a primeira


coisa que fiz quando aterrissei no LAX foi dar ao motorista o
endereço de Indie. Nem me importei se os outros queriam ser
deixados em seus apartamentos. Foda-se eles. Eles com certeza
me foderam ao me apresentarem à ladra de alma de cabelo azul.

Eu não vim de mãos vazias. Eu pensei sobre isso muito e


muito, então consegui para ela o presente perfeito. Eu pensei que
simbolizava o que eu queria dizer perfeitamente. Infelizmente,
meu presente tinha o potencial de morrer. Eu não tinha tempo
a perder.
Indie vive em um bairro de merda em um prédio ainda pior.
Há um clube de strip-tease sob o apartamento dela, então você
tem que andar por um beco para alcançar a escada de metal
enferrujada que leva ao seu complexo. Bato na porta dela três
vezes e toco a campainha para enfatizar. Eu sei que ela está em
casa. São seis horas. E ela não tem para onde ir. Ela não tem
emprego. Eu chequei com Hudson.

Uma mulher alta e loira abre a porta. Natasha. Eu a


reconheço da chamada do laptop de Indie. Ela arqueia uma
sobrancelha e olha para mim como se eu tivesse jogado merda em
seu tapete de boas vindas.

“Posso ajudá-lo?” Ela age como se não tivéssemos brincado


com o Skype antes, e eu me pergunto o quanto a Stardust lhe
disse.

Ela contou tudo a ela, seu babaca. O que você acha?

"Estou procurando Indie."

"Indie não quer ver você."

“Indie terá que me ver em algum momento, porque não vou


parar até que ela faça, e ela provavelmente precisará de uma
ordem de restrição contra mim se realmente estiver falando sério
sobre me cortar da sua vida. Bonus adicional”, aceno meu punho
cheio com o presente dela, sinalizando para Natasha que eu não
vim de mãos vazias, “eu fiz algo para ela. Ela vai entender o que
isso significa.”

Nat olha para o meu presente por um momento, parecendo


dilacerada e envergonhada por mim. Mesmo eu estou um pouco
envergonhado por mim mesmo. Eu não estou totalmente longe de
implorar neste momento, e merda, se eu não parecesse um idiota
segurando meu presente meio gotejante.

“Indie! É ele”, ela grita para o pequeno apartamento.


Indie aparece na porta alguns momentos depois. Isso foi
tudo que levou? Eu estou confuso. Mas então vejo o olhar em seu
rosto e a alegria de vê-la depois de três semanas inteiras evapora
completamente. Seus olhos, seu azul expressivo que brilhava
quando eu tocava violão e enrugava nos lados toda vez que ela
gozava nos meus dedos e língua e pau, está apagado. Essa
mulher na minha frente não é nem de perto tão presente e viva
quanto a garota que me deixou na Europa.

Estendo a mão e dou a ela o presente antes que ela pudesse


falar.

"É o tempo que você gastou com sua rosa que a fez
importante", cito O Pequeno Príncipe, palavra por palavra, porque
parece importante, de alguma forma. Ela olha para as rosas na
palma da minha mão, não exatamente carrancuda, mas longe de
ser tocada. "Rosas não têm um gene azul", explico. “Você não
pode tê-las nessa cor. Fato. Eu as pintei de azul. Levou horas.”
Sigo cada contração em seu rosto com olhos famintos, tentando
decodificar o que ela está sentindo, mas eu não consigo nada.
Continuo em velocidade dupla, tropeçando nas minhas palavras.
“Veja, passei o tempo. Nas rosas. Porque eu me importo. Com
você. E acho que o que estou tentando dizer é que mereço uma
segunda chance.”

Estou muito orgulhoso desse pequeno discurso. O que, em


retrospecto, mostra como eu estava sangrando. Eu não consigo
ler a situação, quanto mais ler o que está claramente escrito em
seu rosto. Isto não é algo pequeno, onde o problema se resolveria
com a ajuda de algumas rosas e uma caixa de chocolates Godiva.
Ela observa enquanto meu braço permanece estendido com a
minha oferta, e quando penso que ela vai recolher as rosas, ela
retira a mão e as deixa cair entre nós com um baque.

"Huh?" Eu a provoco. História verdadeira. Porque no


meu cérebro estúpido e disfuncional, ela ainda é minha
namorada secreta. E essa é uma briga de amantes,
solucionável e cheia de potencial de levar a um sexo intenso como
nunca.

"Quanto você bebeu e cheirou hoje?" Ela pergunta, com voz


normal. Ela parece bem. Vestida com um vestido esmeralda estilo
quimono.

"Não muito", soluço, não percebendo que ela pode sentir o


cheiro do álcool do outro lado da soleira. "Eu preciso de você."

“Certo.” Ela balança a cabeça, soltando uma risada. “Ouça-


me, Alex, e ouça bem, porque você pode ameaçar vir aqui todos
os dias pelo resto da sua vida, mas isso não mudará o
resultado. Eu não quero saber de você. Você é o homem mais
egocêntrico e egoísta que já conheci. Não se preocupe em vir
amanhã, porque não estarei aqui. Onde quer que eu esteja, você
não será bem-vindo lá. Obrigada pelas flores.” Ela as chuta para
fora do limiar.

Bate a porta na minha cara.

E tranca o ferrolho por dentro.

Deixando-me sozinho.

Quando eu era criança, talvez com seis ou sete anos,


minha irmã me forçou a assistir a Bela e a Fera com ela. Eu fiz
isso, por nenhuma outra razão além de que ela era mais velha e
sabia como fazer pipoca no microondas, e pipoca e um filme era
uma espécie de Santo Graal em meus livros.

Houve uma parte que realmente me pegou. A parte que


eu perguntei a ela por dias depois. Quando Gaston
encontra o castelo da Fera, quando a merda bate no
ventilador, quando eles estão envolvidos em uma batalha, há uma
parte em que a fera simplesmente desiste. Ele permite que Gaston
o pegue e vença a luta.

"Por quê?" Perguntei pela milionésima vez.

“Oh meu Deus, seu pequeno idiota. O que não dá para


entender? Ele perdeu a menina! Sua vida ficou sem sentido! Ele
está melhor morto do que vivendo como um velho solitário. Sem ela,
ele será um monstro para sempre.”

Palavras mais verdadeiras jamais foram ditas, mesmo que


essas palavras em particular tenham sido ditas por alguém que
depois iria reivindicar o duvidoso apelido TTB – The Town Bike21,
porque todos tinham uma carona. Dificilmente uma autoridade
quando se trata de romance.

Acho que nunca contei essa história para Indie e o


pensamento de que eu nunca faria quase me sufoca.

Estou no meu segundo pacote de cigarros naquele dia,


imaginando qual é o sentido de tudo isso. De olhar para o nada e
observar o tempo e o ar se moverem – apesar de sua invisibilidade
– arrastando-se como um corpo morto e pesado que você tem que
carregar consigo em todos os lugares. Estou rico em cocaína e
uísque.

E eu tinha perguntas. Muitas. Todas elas são erradas.

Onde Indie está?

O que ela está fazendo?

Como vou fazer isso funcionar?

Eu já tenho mais uma chance?

Tive uma conversa telefônica com Fallon e foi para dizer


a ela que, se ela não ia dizer nada sobre o que tinha

A bicicleta da cidade.
21
acontecido, eu certamente faria. Consequentemente, Fallon ficou
limpa e contou tudo para a polícia. Ela conseguiu uma visita de
policiais à paisana na reabilitação. Will estava lá para segurar a
mão dela. Ela teve a oportunidade de terminar o processo de
reabilitação antes de ser levada sob custódia. Blake disse que
legalmente, eu estava limpo. Como se isso importasse. Como se
eu me importasse.

Mandei uma mensagem para Indie para avisá-la sobre


Fallon, apesar de Blake e Lucas terem me dito para não enviar.
Ela não respondeu. Eu não sabia se isso era melhor ou pior para
ela. Por um lado, reabri sua ferida. Por outro lado, ofereci-lhe
algum encerramento.

A campainha toca três vezes. O velho Alex – Alex antes da


turnê – teria franzido as sobrancelhas. O novo Alex era a fera que
não se importava se Gaston estava invadindo. Algum bastardo
estava entusiasmado hoje. Todos os rapazes têm uma chave do
apartamento que aluguei quando voltei à Los Angeles para ficar
perto de Indie, então é provavelmente o carteiro que está ansioso
para seguir seu caminho. Eu pedi alguma coisa? Não me lembro
de ter pedido nada.

Mais dois toques e uma batida. Arrastando-me do sofá sinto


vontade de remover o tijolo de cem toneladas dos meus ombros.
Desde quando meu corpo está tão pesado? Eu não comi tanto
assim desde Paris, e provavelmente perdi alguns quilos, o que me
leva a acreditar que o sentimento é exclusivamente psicológico.

"Estou indo", gemo, arrastando para a porta. Olho pelo olho


mágico por puro hábito. Um cara de cabelo castanho claro e
feições suaves está do outro lado. Ele veste calça de moletom e
uma camisa e parece um completo maníaco. Besta ou não, eu não
vou enrolar um tapete vermelho no corredor e convidá-lo para
me cortar em pastrami.

"Quem é?", Pergunto. É encorajador saber que ainda


tenho um osso lógico ou dois no meu corpo.
"Craig Bellamy." Sua cabeça se levanta quando ele fala – na
verdade, grita – direto para o olho mágico, como se fosse um
microfone.

O irmão mais velho da Stardust. Ele existia em minha


mente como um fantasma, uma ferramenta essencial que nos
aproximou para que eu pudesse limpar sua bagunça várias vezes.
Eu dificilmente consideraria que ele era mesmo real. Eu estava
apenas agradecido por ele ser o merda que realmente se
comportou pior do que eu. Eu sei que tenho que abrir a porta.
Mesmo que ele quisesse me assassinar - compreendo, e considero
isso uma justiça poética - talvez, apenas talvez, eu ainda pudesse
descobrir onde ela estava. Inferno, estou meio exultante com a
ideia de ser socado por uma pessoa que compartilha seu DNA.

Abro a porta e digo a coisa mais idiota que já saiu da minha


boca: "Onde ela está?"

Craig ignora a minha pergunta, empurrando-me para


dentro do meu apartamento. Eu o deixo, embora tivéssemos a
mesma altura – eu posso ser um pouco mais alto, na verdade – e
ter a mesma constituição física. Provavelmente pareço ter sido
atropelado por todos os caminhões no estado, mas ele parece
estar vivendo em uma caverna úmida nas montanhas afegãs pelos
últimos dois anos. Indie merece muito mais do que os homens em
sua vida.

"Sabe, minha irmã não se abre para muitas pessoas. Ela é


reservada por natureza. Enquanto crescia, toda vez que eu dava
uma festa ou recebia amigos, ela se trancava não só em seu
quarto, mas em seu armário. E ouvia música e costurava.
Algumas das músicas que ela ouvia eram suas”, ele diz enquanto
caminha, fazendo-me andar para trás.

Eu não sei como responder a isso, mas Craig não está


esperando por uma resposta. Ele me dá outro empurrão, e
desta vez eu tropeço para a cozinha aberta.
“Eu fazia festas quase toda semana para tentar aliviar a
dor, mas ela nunca dizia nada sobre isso. Veja, Indie é tão boa
assim. Mesmo quando eu engravidei Nat, larguei a faculdade há
três anos e meio e estraguei tudo, ela ficou do meu lado, apertou
minha mão e olhou para mim como se eu fosse importante.”

O terceiro empurrão fez minhas costas baterem contra a


pia da cozinha. Eu mal estremeço, muito absorto em sua história
e para onde ele está indo com ela. Craig fica tão perto do meu
rosto que posso ver os pequenos cabelos em suas narinas. Ele
cheira a álcool, suor e o tipo de desespero que reconheço, porque
eu o usava como uma colônia há anos.

“Eu sabia que ela lhe daria tudo no minuto em que


assinasse o contrato. Essa é minha irmã. Uma clássica alma
caridosa. Sempre se apega. Eu pensei, foda-se. Ela deveria
aprender esta lição sozinha, certo? Eu pensei que você iria brincar
com ela, descartá-la, mas nós estaríamos lá para pegar as peças.
E, eventualmente, ela seguiria em frente e encontraria um cara
decente. Você seria um pontinho em sua existência, uma boa
história para contar a suas amigas na noite das garotas. Nunca
na minha vida imaginei que você a arruinaria tão profundamente.
Não apenas ela, mas nós. Você e sua namorada drogada pegaram
uma família, rasgaram tudo e jogaram todos os planos e sonhos
que coletivamente tínhamos no lixo, depois voltaram para causar
mais desgostos. Agora, você me diz, Winslow. Como você reagiria
se fosse eu?”

Nós nos encaramos. Seus olhos são um pouco mais claros


que os de Indie. Azul celeste. Mais suave. Eles não têm traços
inteligentes. De repente, a necessidade dele me machucar é
esmagadora. Ele se sente como uma extensão de Indie e eu quero
que ele limpe toda a merda pela qual eu a fiz passar.

"Eu ia me matar", digo, minha voz firme e seca. “Talvez


não me mate, ou mate, porque o tempo de prisão seria uma
chatice, mas eu definitivamente deixaria algumas marcas para
sempre. Porra, eu sei que deixei algumas na sua família.”

Eu não tenho certeza se terminei a frase antes de seu


punho voar para o meu rosto. É exatamente como eu imaginei
que seria. Chocante no início, depois vem a queimadura e,
finalmente, a dor. O calor do sangue escorrendo da minha narina
direita me leva a lamber meu lábio superior e me endireito de volta
à posição.

"Você sabe?" Ele ri para si mesmo, balançando a cabeça.


“Minha mãe poderia ter sido salva. Ela não morreu
imediatamente. Se ela tivesse a misericórdia de um idiota egoísta,
ela poderia estar viva hoje.”

Outro punho, desta vez no meu estômago. Eu dobro em


dois, tossindo o oxigênio que tinha nos meus pulmões. Merda. O
cara tem alguma força nele. Vou para trás, meus olhos
embaçados. Ainda posso vê-lo. Ainda posso lutar de volta. Poderia
até mesmo ganhar dele. As palavras de minha irmã voltam para
me assombrar.

Eu perdi a garota.

Eu era um monstro

E é assim que Indie ia me ver. Para o resto das nossas vidas.

Craig segura minha cintura e me joga de lado no chão. Eu


não faço nenhum esforço para lutar contra ele, deixando-o bater
seus punhos no meu rosto repetidamente, até que paro de sentir
qualquer coisa do pescoço para cima. Seu rosto – nesse momento
nada além de uma coisa rosada e inchada que cuspia rosnados
animalescos – está contraído de dor. Eu me pergunto se ele
percebeu como nós somos parecidos. Como amávamos a mesma
garota – de maneiras muito diferentes – e como essa mesma
menina nos amava e queria nos salvar, principalmente de
nós mesmos.
"Onde ela está?" Eu repito, tossindo sangue. Sua mãe
poderia ter sido salva. Eu não sabia disso naquela época. E se eu
soubesse, isso teria mudado a maneira como reagi quando Fallon
chegou em casa naquele dia? Sim. Teria.

Eu implorei para ela me contar a verdade. “Vamos, querida.


Podemos consertar qualquer coisa que esteja acontecendo, mas eu
preciso saber.” Repeti aquela noite inúmeras vezes na minha
cabeça desde que tudo aconteceu. Mesmo antes de Indie e Craig
entrarem na minha vida. A resposta sempre foi a mesma.

Eu teria comprometido meu relacionamento com minha


namorada e ido direto para a delegacia de polícia mais próxima
para fazer um relatório. Eu não poderia ter feito mais do que isso
– ela tinha sido inflexível que não tinha machucado ninguém, e
talvez ela estivesse alterada o suficiente para acreditar naquele
momento. Mas eu não a deixaria se safar, porque era onde a
espiral começou.

Esse foi o último passo no abismo. De lá, tudo caiu e se


desintegrou como um belo castelo elaborado feito de malditas
cartas.

Eu comecei a cheirar cocaína.

E usar crack.

E beber mais do que eu já bebi antes.

Eu me distanciei de Fallon, não muito disposto a deixá-la


ir ainda, mas deprimido o suficiente para não querer mais tocá-
la.

Eu não consegui escrever. Pelo menos, não algo decente.

Cock My Suck, meu álbum fracassado, deveria ser um


grande foda-se para os Engravatados com os quais trabalhei,
mas, na verdade, foi um pau enorme e furioso mijando em
minha própria carreira. Porque estava cheio de músicas
furiosas, vazias e sem alma.
Talvez eu tenha convidado Will Bushell a levar Fallon para
longe de mim. Eu realmente poderia culpá-la por escolhê-lo? Eu
não queria tocá-la. Estava sempre ocupado demais para lidar com
ela. E ele era responsável, inteligente, sóbrio e experiente. Mas
essa era uma história antiga e agora eu tinha o meu futuro para
me preocupar.

"Eu te odeio tanto", Craig cospe as mesmas palavras que


sua irmã disse na minha cara, mais uma vez não respondendo a
minha pergunta. É estranho, como eu não posso mais sentir
minha pele, mas sinto sua saliva quente pingando na lateral da
minha bochecha.

"Eu sei", eu desmaio. Apesar de tudo, doía ouvi-lo. Não que


eu normalmente me importasse. Havia pessoas que diziam que
eu arruinava a música, pessoas que faziam bonecos de vodu para
mim e perseguidores sem fim tentando me prejudicar, e a
existência deles era irrelevante para mim. Mas isso é diferente.
Esse é o cara por cuja irmã eu estou apaixonado.

Essa é a primeira vez que o pensamento me atinge


completamente, uma bola de demolição direto para o cérebro,
amassando-o bem e completamente na forma de Indie. Eu estou
apaixonado. Eu sei disso, eu sinto, mas usar a palavra exata no
momento exato tornava tudo mais claro.

“Você precisa ir ao hospital.” Craig fala, endireitando-se em


um banquinho alto junto à ilha da cozinha e levantando-se.

Eu solto um humph, não me incomodo em me mover. O


chão parece bastante confortável naquele momento.

"Onde ela está?" Pergunto novamente.

Ele balança a cabeça como se eu fosse uma causa perdida.


“Sério, cara, que porra é essa? Por que você não revidou?” Ele
começa a voltar à minha visão centímetro por centímetro. Ele
parece um inferno com barba por fazer e pingando suor
direto nas feridas abertas no meu rosto. Mas ele fez uma
pergunta, então é justo que eu lhe dê uma resposta.

"Porque eu a amo", digo. Não há nada para se preocupar


quando você diz a verdade. A verdade é fato e fatos são coisas que
você não pode mudar ou dobrar à sua vontade. "Porque eu amo
sua irmã e porque eu merecia ter meu traseiro chutado", termino.

Craig se agacha, olhando para mim como se eu fosse a coisa


mais ridícula que ele já viu. Talvez eu fosse.

"Você ama minha irmã?"

"Provavelmente mais do que eu amo sexo e The Smiths e


minha guitarra Les Paul Gibson combinados." Eu tento acenar,
mas isso é um erro. Dói como mil cadelas no cio.

“Então o que diabos você está fazendo aqui emburrado


como um marica? Vocês britânicos não escreveram músicas
sólidas de amor no passado? Leve sua bunda para a reabilitação.
Fique limpo. Encontre-a. Rasteje por ela. Ganhe-a de volta. E
ame-a.”

"Reabilitação", eu repito. O plano sempre foi ganhá-la


primeiro. Quem tem tempo para se reabilitar quando está no
precipício do amor?

"Reabilitação", ele me dá um aceno curto, "esse é o meu


plano de qualquer maneira. Eu não posso perder o que tenho. Só
precisava bater em você, cometendo um último grande erro antes
de começar a fazer as coisas direito.”

Meu estômago se enche com alguma coisa. Talvez fosse um


órgão interno que explodiu ali, mas talvez fosse esperança.
Chame-me de otimista, mas suspeitei que fosse o último.

Craig se levanta novamente. "Vou chamar uma


ambulância." Sua voz está sem emoção.
Eu balanço a cabeça, mas mesmo isso me leva a
estremecer. Ele quebrou meu pescoço? Eu não seria capaz de
respirar se ele tivesse feito isso. Tento dizer a mim mesmo que
seria uma das coisas que riríamos no futuro. Quando Indie
estivesse grávida do nosso filho e fizéssemos churrasco no quintal
de alguém. "Lembra da vez em que você quase quebrou meu
pescoço?" Ha. Ha. Bem, merda. Eu realmente preciso de
reabilitação.

"Não chame a ambulância", gunho, finalmente limpando


sua saliva do meu rosto. “Mereço pelo menos uma hora mais de
mau humor no chão. Mas me faça um favor e me traga meus
cigarros, sim?”

Ele sai e bate a porta atrás dele.

Eu começo a rir.

Histericamente.

Loucamente.

Ilogicamente.

A fera tinha um motivo para acordar amanhã de manhã.


Isso é, se ele chegasse a isso.
Capítulo 30

Três dias depois que Alex voltou para Los Angeles, eu recebi
visitas.

Não foi ele. Ele ainda não sabe onde estou – com Clara, em
sua casa em Santa Monica. Foram Jenna, Blake, Lucas e Hudson.

Jenna tem uma pequena barriga da gravidez que faz meu


coração explodir e doer ao mesmo tempo. Blake parece que
ganhou na loteria quando segura a mão dela, mal contendo um
sorriso que ele sabe que precisava apagar – minha situação não é
tão boa quanto a dele. Lucas parece Lucas, e Hudson... em suma,
Hudson parece o quarto irmão perdido de Jonas, que ganhou
muitos vales de desconto para o salão de bronzeamento. Clara,
que estava no andar de cima na cama, disse que eu poderia me
sentir como na minha própria casa, então preparei chá com leite
e biscoitos. Nós todos nos sentamos em sua sala de estar.

“Lugar legal,” Jenna diz friamente, esfregando sua


pequena protuberância, uma adição à sua figura magra. Ela
está vestindo um terno branco, blazer e tudo. Blake sorri
para ela como se ela fosse o sol, e novamente, eu me vejo
sofrendo para ser olhada daquele jeito. Alex não me olhou de
verdade. Ele é um viciado em drogas a esta altura, então quem
sabe se o que ele sente por mim é genuíno.

"Obrigada." Eu enfio minhas mãos entre as coxas. "Por quê


vocês estão aqui?"

Eles me disseram que estavam aqui por causa de toda a


coisa de Fallon. Eles queriam que Craig e eu soubéssemos que ela
seria julgada por seu crime. Agradeci-lhes – e quis dizer isso –
fiquei seriamente aliviada ao saber que Lankford veria justiça. Ao
mesmo tempo, eu não tinha motivos para ficar realmente feliz.

"Além disso, estamos grávidos", anuncia Blake.

Eu sorri. "Eu sabia."

"Sabia?"

"Sim."

"Por que você não me contou?" As bochechas de Blake


coram. Ele parece uma criança naquele momento.

"Mentiras mantiveram a turnê funcionando, certo?" Tomo


um gole do meu chá. “Cartas dos mentirosos. É assim que essa
turnê deveria ter sido chamada.”

"Além disso, eu sou gay." Lucas tenta aliviar o clima,


levantando o braço e balançando os dedos.

"Eu também sei disso."

"Alex?" Lucas suspira.

Eu balanço a cabeça. “Eu vi o jeito que você olhava para ele


em Paris. Era da mesma maneira que eu olhava para ele. Como
se eu fosse matar por ele. Eu também sabia que você faria.”

E não era a ironia final? A ideia de que eu teria matado


pelo homem que está ligado à morte dos meus pais?
Decido não pensar sobre isso dessa maneira. Recebi um
presente – o raro presente de amar total e completamente – e isso
foi bom enquanto durou.

"Eu sou gay também." Hudson imita a mão levantada de


Lucas e todos nós começamos a rir. Então Blake pergunta a todos
se poderíamos ter um momento e sairmos para o pátio de Clara.
Nós ficamos na frente dos arbustos perenes quando ele abre o
blazer e tira um envelope de um bolso interno.

"Seu cheque."

"Eu já fui paga." Eu franzo o nariz. Totalmente, na verdade.


Mesmo que eu tenha desistido deles três semanas antes da turnê
acabar. Embora ninguém pudesse me culpar, por razões óbvias.

"Sim. Isso é um bônus pelo sofrimento através da loucura.”


Ele sorri.

"Você quer dizer, é dinheiro de silêncio, assim não vou falar


com a imprensa sobre a conexão de Alex com o caso." Eu sorrio
docemente de volta. Em algum lugar ao longo do caminho durante
esta turnê, eu me tornei um pouco cínica. Craig disse que era
uma coisa boa. Ele disse que eu precisava disso para crescer.

Blake inclina a cabeça, franzindo as sobrancelhas. "De


modo nenhum. Ele nunca falou nada sobre isso e fala sobre você
o tempo todo. Você deveria saber uma coisa, Blue. Ele te ama. De
sua própria forma, fodida, disfuncional. Ele ama. Essa turnê o
mudou. Ele parecia mais presente do que nos sete anos desde que
ficou famoso. E eu não estou aqui para fazer você mudar de ideia
– inferno, nem tenho certeza se deveria. Ele é um viciado em
drogas e uma alma ferida por baixo de tudo. Mas não se
arrependa em nenhum momento do que aconteceu lá. Foi de
verdade, Indie. É do que grandes álbuns são feitos.”

Eu digo a ele que não posso aceitar o cheque.

Então digo a ele que acho que ele seria um ótimo pai
e ele cora – Blake de verdade, cora – e me diz baixinho que
ele comprou um anel. Eu sorrio. Eles formarão uma família linda,
altamente funcional e extremamente unida.

Eu abraço todos – especialmente Hudson, uma e outra vez


– antes deles saírem.

Quando Lucas me aperta, ele sussurra em meu ouvido: “Eu


sei que não posso tê-lo, então não me importo se você o tiver. Mas
se você o quiser de volta, por favor, faça-o feliz.”

Digo a ele que nunca ficarei novamente com Alex e Lucas


arrasta o dedo indicador do olho para a boca, como se estivesse
triste com isso. Eu também estava.

Depois que saem, pego meu telefone – meu novo telefone,


não o quebrado, não consigo mais olhar para nada quebrado sem
pensar em Alex – e ligo para Craig. Eu estava querendo fazer isso
há muito tempo, mas a visita dos caras me fez decidir.

"Alô?" Craig tosse no telefone.

"Alex está de volta a Los Angeles." Eu respiro fundo. Craig


estava dormindo quando Alex veio me ver há três dias e eu pedi a
Nat que não contasse a ele, mas sua lealdade é com ele. Sempre
com ele.

"Eu sei. O ar já fede a arrogância e egoísmo.”

"Não faça nada estúpido", eu aviso.

"Muito tarde. Você realmente achou que eu não iria


procurá-lo? Ele me machucou tanto quanto machucou você e Nat
sabia que eu merecia saber.”

Ele estava errado, mas argumentar esse ponto era fútil.

“Jesus, Craig. O que você fez?"

“Bati nele um pouco. Não se preocupe, seu amante


continuará vivo. Por que você está me ligando, Indie?” Ele
soa frio. Todo formal. Pisco minhas lágrimas, olhando
para cima, para o pátio, para os arbustos, para a beleza do
mundo. Eu estou fazendo isso por você, Craig. E você
simplesmente tornou minha decisão muito mais fácil. "Faça suas
malas. Você vai para a reabilitação na primeira hora na manhã
de segunda-feira.”

"Quem disse?" Ele bufa, mas não discute. Eu sei que ele
está brincando com a ideia. Nat me contou. Mas também sei que
Craig que eu o provocasse. Precisa se rebelar contra mim, apenas
por causa disso.

“A garota que vai expulsá-lo do apartamento que ela vai


parar de pagar se você não ficar limpo. Eu."

Eu acordo naquela manhã.

Acordo e em vez de odiar o mundo, a minha vida, os fatos e


até mesmo Indie por não estar comigo, obrigo-me a dizer um
pequeno obrigado – interiormente. Bem interiormente, é claro – e
ligo para um táxi para me levar ao aeroporto a caminho de
Bloomington, Indiana.

Eu estou esperando nos portões de ferro trancados do


condomínio chique com meus óculos e carranca intacta quando
o vejo. Simply Steven: blogueiro, ícone da moda e a ruína da
minha existência. Ele fica parado do lado de fora, com as
mãos enfiadas nos bolsos, parecendo preocupado, ansioso
e culpado.
Eu não sei por que ele se sentia culpado. A última vez que
verifiquei, fui eu quem plantou um soco na cara dele. Em minha
defesa, seu rosto parecia melhor assim e não porque ele era feio,
mas porque era convencido.

Você sabe, o tipo de presunçoso que justifica um soco na


cara. Realmente, fiz algum tipo de serviço público. Eu não pedi
um agradecimento, mas a prisão foi certa.

Ao contrário da crença geral e da Us Weekly, o que me levou


a perder a paciência com Simply Steven não foi, na verdade,
porque ele me perguntou como era a sensação de ter minha noiva
transando com meu melhor amigo. Não. Foi depois, quando ele
gritou comigo que meu último álbum era deprimente e que "a
música deveria ser divertida".

Em que planeta a música deveria ser divertida? Ele parecia


como a MTV depois que os Engravatados a mataram e fizeram
dela um canal de TV para jovens adolescentes. A música deveria
ser esmagadora, destruidora e comovente.

Então eu dei um soco nele. Agora ele me odeia. O que


implora a eterna pergunta – que porra é essa?

"A clínica de Botox é descendo a rua." Junto o catarro na


minha garganta e cuspo no chão. Minhas costas ainda parecem
nuas e muito leves sem Tania. Como diabos eu ia enfrentar a
reabilitação sem ela?

“Ha-ha. Estou aqui por você.” Ele se mexe um pouco e


chuta uma pedra que colide contra a minha bota.

"Oba", digo sem rodeios, colocando um cigarro na boca e


acendendo. "O que você quer?"

“Meu padrinho disse que lhe devo desculpas.”

“Você tem um padrinho? O que deixou você viciado em


extensões de cílios?”
“Sempre o cara engraçado, Winslow. E sim. Eu fui. Isso...
foi... heroína.”

Eu não esperava ouvir isso. Não importava, no entanto.


Esta cidade inteira foi construída sobre pó e quilos e quilos de
maquiagem. Nada me surpreende mais do que encontrar alguém
que ainda tivesse sua alma intacta, como Indie. Bato meu cigarro
com o dedo, olhando de lado. Onde está esse táxi?

"Desculpas aceitas", digo.

"Você sabe pelo que eu estou pedindo desculpas", ele


responde, enfiando a cabeça entre as barras do portão como um
cachorrinho idiota. Como se isso não bastasse, seus olhos estão
tristes. Seu corpo desnutrido, cabelo muito brilhante e dentes de
verniz me deprimem, e eu me pergunto se pareço assim.
Perfeitamente patético.

"Por que você está se desculpando?" Sério, onde está aquele


táxi?

"Ei, alguém te espancou?" Ele olha para o azul e roxo


manchando meu rosto, em seguida, sacode o portão como um
prisioneiro. Eu paro por um momento antes de abrir o portão e
deixá-lo entrar. Talvez seja eu quem teve sua bunda chutada, mas
ele é o que parece lamentável.

"Não é da sua conta."

"Você parece rude, cara." Ele entra no recinto.

"Bem, vamos apenas dizer que Karma é uma vadia


desagradável, e seu irmão, Fato, não é muito melhor", murmuro.

"De qualquer forma." Ele passa os dedos pelos seu cabelos


amarelos. É óbvio que estamos conversando, talvez até uma
conversa importante, mas ambos estamos trancados em
nossos mundos. “O álcool que era enviado para os seus
quartos... era eu. Eu te odiava, Winslow. Ainda odeio. Você
me humilhou na frente do mundo inteiro e me fez parecer
um marica. Vingar-me de você foi quase fácil. A equipe do hotel
faria qualquer coisa por dinheiro. Mas foi errado e me desculpe.”

Finalmente saio dos meus próprios pensamentos, da minha


miséria, dúvida e preocupação sobre tudo relacionado a Stardust,
para assistir ao pequeno show na minha frente. Eu me viro para
encará-lo.

"Você enviou o álcool?" Minha cabeça está latejando. Eu


estava tão certo de que era Will. Acabou que não era ele, no
entanto. Então, pelo que Will foi responsável, na verdade, em
termos de arruinar minha vida? Apenas por tomar Fallon. E até
mesmo isso foi um grande favor.

"Eu enviei. Queria que você recaísse.” Ele esfrega a parte de


trás do pescoço, suspirando. “Eu queria você triste. Como eu."

"Seu pequeno…"

O táxi chega naquele momento, o motorista buzinando do


lado de fora do portão. Pego minha mochila e penduro-a no meu
ombro. "Foda-se." Enfio meu dedo indicador no peito dele, então
saio.

"Alex..." ele chama atrás de mim.

Eu o perdoarei mais tarde. Hoje, não.

Eu ligo para Blake no caminho para o aeroporto, sabendo


que ele encheria Alfie e Lucas.

"Nós provavelmente devemos denunciá-lo à polícia", diz


Blake. Pelo que ele fez com você."

“Não. Sou melhor que o idiota,” digo e nesse momento, não


é verdade ainda. Mas sei que preciso ser melhor que ele e, melhor
do que a maioria das pessoas, me redimir.

Então serei.
A segunda vez na reabilitação era diferente. Eu sabia que
era diferente porque desta vez prestei atenção. Não que tivesse
algum motivo para não dar uma chance honesta na primeira vez.
Eu era simplesmente egocêntrico e cheio de palavras como
"integridade" e "processo artístico" e "Iggy Pop". Na primeira vez
eu não tinha absolutamente nada para me distrair. Meu último
álbum era mais difícil do que um filme de Lindsey Lohan, Fallon
estava com Will, Blake e Jenna estavam apagando todos os
incêndios que eu deixei para trás, e tudo o que me pediram –
literalmente, a única coisa que eu esperava fazer – era sair de lá
inteiro.

Desta vez, eu tenho um álbum enorme em minhas mãos,


minha maior obra-prima, esperando para ser produzido e lançado
e eu só tenho que me sentar nele. Eu tenho uma garota para
ganhar – Stardust – e a incerteza de se ela me ouviria consome
cada milésimo de segundo do meu dia. Ainda assim, sei que a
reabilitação é importante.

Então eu escutei.

Eu fui à todas as aulas.

Eu segurei as mãos de estranhos. De múmias suburbanas


que tinham se viciado em remédios controlados, de um filho de
pastor que havia caído nos braços da heroína, de uma filha de
oligarcas russos que, como eu, havia aspirado muitos quilos de
cocaína para amortecer a sensação de que o mundo estava se
fechando sobre si por todos os ângulos. Escrevi cartas para
minha família e amigos. Cartas irritantes. Cartas
apologéticas. Cartas engraçadas. Então queimei todas
elas. Não pude escrever para Stardust, no entanto. Tudo
o que eu tinha para dizer a ela – cada palavra rude – tinha que
ser dita pessoalmente.

Eu peguei o programa de reabilitação prolongada – eu


chamo de programa "Eu-realmente-sou-um-merda" – apesar do
meu desejo de ganhar Indie – mas também por causa disso –
mesmo sabendo que a cada dia que eu não lançava meu novo
álbum, estava perdendo dinheiro, patrocinadores, ouvintes e fãs,
e sabe-se lá que diabos mais.

Três meses se passaram. Eu saí da reabilitação.

Blake queria me pegar, mas eu não queria repetir a última


vez que saí. Achei que ia dar azar a todo o processo, o que, em si,
era um pensamento ridículo, mas me permiti mesmo assim. Eu
peguei um táxi direto para o aeroporto. Desembarquei em Nova
York algumas horas depois. Comi um sanduíche de posto de
gasolina – porque algumas coisas nunca mudam – depois
desmaiei por quinze horas. Eu dormi como se nunca tivesse
dormido em minha vida. Como se eu tivesse trabalhado os três
meses inteiros em uma porra de milharal. Então acordei, peguei
o metrô só para me sentir humano novamente, puxando meu
boné por todo o caminho e apareci no estúdio de gravação.

Dois meses se passaram. Eu gravei um álbum.

Mais três meses de promoções, entrevistas e capas de


revistas, e manchetes sobre “A volta do ano: Alexander Winslow:
um artista, um poeta e um novo homem”. E ‘Adivinhe quem está de
volta?’ E, ‘Quem é Will Bushell?’

Senti o tempo escorregando entre as minhas mãos, mas


Blake me disse que estava tudo bem. Que ela ainda se lembraria.
Que o verdadeiro amor nunca morre. Que eu precisava provar
para ela que estava realmente sóbrio por tempo suficiente para
fazê-la acreditar.

Agora, deixe-me dizer algo sobre o meu


álbum. Midnight Blue quebrou o recorde de álbum de
gravação mais rápida na história daquele estúdio em
Williamsburg. Levei uma semana para gravar e produzir doze
músicas.

1. O pequeno Príncipe
2. Perseguindo asteróides
3. Sob o céu mais escuro
4. Talvez seja você
5. Ela valeu à pena?
6. Perfeitamente paranóico
7. Oh, mas você é
8. Um tipo diferente de amor
9. Procure e mate
10. Por que agora?
11. Tolo por você
12. Azul da meia noite

Midnight Blue foi o primeiro single que eu lancei. Jenna e


Blake voaram para Nova York naquele fim de semana para
lembrar ao meu ego frágil e pomposo como era o processo. Que,
no início, as estações de rádio executam a música para
julgamento em horas diferentes do dia para ver como ela iria. Esse
tipo de construção leva tempo, paciência e muita bajulação. Mas
com Midnight Blue, eu não precisei de nada disso. A música meio
que explodiu, da mesma forma que a minha carreira quando eu
tinha invadido a Billboard com vinte e um anos de idade, e assumi
as paradas como se estivessem lindamente sentadas e esperando
por mim a vida toda.

E foi legal. E reconfortante. E completamente sem


importância no grande esquema das coisas. Não me entenda
mal – gravei o álbum porque queria gravá-lo. Fazia parte de
um plano maior, detalhado, perseverante e calculado. Eu
queria que Indie soubesse o que ela era para mim. Ela
não era uma merda suja, ou um segredo primitivo, ou um erro.
Ela não era uma roadie que eu subi em cima todas as noites
porque ela estava lá e disponível.

Ela era minha musa.

Ela era minha vida.

Ela era meu tudo.

Eu pego um avião de volta a Los Angeles nove meses depois


que desembarquei em Nova York. Estou sóbrio, no meu auge e
pronto para perseguir o que é meu.

Só que Indie nunca foi minha. Ela é, na verdade, a única


coisa que não consigo pensar em reivindicar, porque eu não a
mereço. Mas finalmente entendi o que Will, Lucas e Blake
queriam fazer. Ainda mais assustador do que isso – eu estava feliz
que eles fizeram isso, porque se eles não a tivessem empurrado
para a minha vida, eu nunca teria dado uma segunda chance à
reabilitação, nunca teria escrito Midnight Blue, e definitivamente
não teria entendido o que essa coisa em que eu fiz milhões e
milhões – Amor – significava.

“Alex Winslow! Parece muito bem, cara.” Um paparazzi


americano pula na minha frente no LAX, seguido por um grupo
de fotógrafos paparazzi. Todos usam bonés e roupas pretas e
sorrisos que são um cruzamento entre insultosos e francamente
presunçosos.

"Nunca estive melhor." Eu sorrio. Que está parcialmente


certo, e em parte tão errado. Eu estou passando pela segurança,
dois guarda-costas sem nome ao meu lado. Eu não costumo usá-
los – conto com meus amigos para jogar fora possíveis
perseguidores ou fãs abertamente agressivos – mas preciso fazer
isso sozinho.

Eu deslizo para dentro de um carro alugado – não


quero um motorista ou qualquer outra coisa remotamente
chique – e programo o endereço de Indigo no meu aplicativo Waze.
Sei que ela ainda mora em seu antigo lugar, apesar de ter alugado
um melhor para Craig, Natasha e Ziggy. Porque esse é o tipo de
pessoa que ela é. Altruísta. Faz tantos meses que o pensamento
de que ela não se lembraria de mim me ocorre quando saio do
enorme estacionamento e entro no constante e interminável
tráfego de Los Angeles. É absolutamente ridículo sentir isso. Indie
não poderia ter esquecido o primeiro homem que a fodeu –
realmente fodeu com ela – o primeiro homem para quem ela deu
seu coração, o primeiro homem que a destruiu, mesmo sem
querer, e o primeiro homem que 'arruinou sua vida’. Aqueles eram
muitos primeiros. Bons e maus. Fato.

Estou ansioso e pronto para explodir no carro a caminho


dela. Meu pé continua saltando no pedal do freio, o que leva os
motoristas atrás e à minha frente, buzinarem e me darem o dedo.

"Você não pode apressar o amor!" Coloco minha cabeça


para fora da janela, forçando-me a rir.

“Puta merda, mãe! É Alex Winslow!” – grita uma


adolescente de um Toyota Corolla ao lado do meu em meio ao
engarrafamento.

Quando finalmente chego a sua vizinhança, meu coração


começa a acelerar insanamente. Eu não sei o que diabos está
acontecendo, mas estou preocupado que pudesse ser um ataque
cardíaco. Isso não pode ser bom. Eu já pareço uma merda. Tenho
bolsas sob meus olhos de trabalhar sem parar e meu cabelo
precisava de um corte há dois meses, ficando entre uma juba
desgrenhada e um quase homem-coque. Não que eu jamais
prenda meu cabelo em um elástico. Isso é quase tão inaceitável
quanto fazer música country. O ponto é que eu pareço rude e
agora também estou suando como um porco. Ótimo.

Vamos, Indie. Um ex-drogado suado de olhos


arregalados. O sonho de toda garota.
Levo vinte minutos para encontrar um lugar para
estacionar, e na verdade eu estou pateticamente grato por isso,
porque me dá tempo para parar. Isso me dá a chance de pensar
sobre o que eu ia dizer a ela. Você pensaria que eu estaria mais
preparado, mas você estaria errado, porque a conversa que eu
quero ter com ela poderia ir de muitas maneiras diferentes, eu
constantemente mudo de ideia sobre como abordá-la.

Eu estaciono.

Saio do carro.

Pés pesados. Coração pesado. Subo as escadas, sentindo-


me irracionalmente esperançoso e desanimado ao mesmo tempo.
Bato na porta. Fico olhando por alguns segundos, sentindo uma
gota de suor escorrendo da minha têmpora até o meu olho direito
sem me mover nem um centímetro. Tento ouvir o som vindo de
dentro, mas o lugar está morto. Eu sei que iria e poderia ficar lá.
No corredor. Esperando por ela. Há algo de simbólico nisso
também. Mas a verdade é que não aguento mais um minuto de
espera.

Eu esperei por ela na reabilitação.

E esperei por ela quando gravei Midnight Blue.

Esperei por ela em cada avião que eu pegava, cada


entrevista que dava, todo fã que abraçava, cada hora que passava
longe dela. Cada respiração que tomei sem saber o que ela estava
fazendo. Eu paguei minhas dívidas.

Eu bato de novo. A terceira vez. Então toco a campainha.

Ela não está lá.

Decido sair do prédio e dar uma volta. Talvez ela tivesse


ido ao supermercado na rua. Talvez ela me encontrasse no
meio do caminho, e seus grandes olhos azuis se alargassem,
e ela correria em minha direção em câmera lenta, e nós
nos beijaríamos devagar e com força e nem teríamos que
falar sobre nenhuma das coisas ruins que tinham acontecido
entre nós.

Minhas pernas me carregam pela rua dela. Passo pela


mercearia, pelo café israelense e pelo salão de manicure coreano.
Eu conheço esses lugares porque posso ou não ter visitado o seu
bairro uma ou duas ou doze vezes antes de finalmente ter
arrastado minha bunda para a reabilitação. Faço uma curva e
paro em um cruzamento que termina em um pequeno parque com
alguns bancos espalhados por alguns balanços e um
escorregador. É minúsculo, na verdade, e não chamaria minha
atenção em um milhão de anos se não fosse por um carrinho azul
brilhante estacionado ao lado de um banco.

Um banco no qual minha muito pessoal Blue, Indie


“Stardust” Bellamy, está sentada.

Balançando o bebê dentro do carrinho.

Um bebê.

Não uma criança como Ziggy. Um bebê recém-nascido.

Ela está usando um vestido branco grande e flutuante, e


seu cabelo azul está trançado e jogado sobre um ombro do jeito
que eu gosto. Eu congelo no meu lugar, incapaz de dar uma
espiada. Mas ela faz o trabalho para mim, balançando o carrinho
de bebê para frente e para trás. Quando ela move para longe dela,
dou uma olhada decente no pequeno humano dentro dele.

Ele ou ela é tão pequeno.

Meu coração para. Literalmente para – e sim, eu sei o que


a palavra "literalmente" significa. Está muito cedo, depois de
muitas horas de avião, para fazer as contas. É meu? De outra
pessoa? Deus. Porra. Não pode ser de outra pessoa. Este bebê
é meu. Jesus Cristo. Eu tive um bebê. Indie teve um bebê. E
ela não disse nada. Nenhum telefonema. Nenhuma carta.
Nada.
Ela tinha tantas maneiras de me contatar. Tenho certeza
que toda a minha equipe estava disponível para ela. Blake a
consultava toda semana para me assegurar que ela estava bem.
Jenna aceitaria qualquer mensagem que ela quisesse me enviar
através dela de braços abertos. Especialmente agora, quando ela
é mãe e na verdade se parece com um ser humano caloroso e
acolhedor. Sem mencionar que Indie tem meus dois números de
telefone, meu e-mail e minha conta secreta no Facebook que só
dei a dez pessoas em todo o mundo. Raiva corre através de mim.

Agora estou me movendo, certo.

De um lado para o outro, andando na calçada pela rua


movimentada como um maldito idiota. Ela não viu ainda, mas ela
irá, em breve, e o que eu vou dizer? Parabéns por me avisar que
sou pai? Então, novamente, ela tinha uma boa razão para estar
com raiva de mim...

Porra. Porra.

Nós lidaríamos com isso, eu decido. Nós lidaremos com o


bebê. Ele ou ela é tão pequeno, de qualquer maneira. Ele nem
sequer se lembraria de que eu não estava presente em sua vida
nos primeiros meses, mais ou menos. Tudo bem. Nós poderíamos
continuar de onde nós deixamos as coisas. Se alguma coisa, não
é um incentivo para Indie me dar outra chance? Estou sóbrio,
mais rico que Deus, e desesperadamente apaixonado por ela.
Além disso, eu troco fraldas e faço toda a merda que muitos caras
evitam. Inferno, eu odeio que eu veja o bebê como uma maneira
de ter influência sobre ela. Estou pensando como o alterado e
manipulador Alex novamente, e eu realmente queria deixar
aquele bastardo para trás, na reabilitação, quando eu saí.

Dou um passo no parque ao mesmo tempo em que outra


pessoa o faz. Mas ele é mais rápido, não abrandado pelo choque
e horror em descobrir o que eu acabei de descobrir.

Ele passa por mim.


Caminha até ela.

Enrola o braço em volta do ombro dela.

Beija sua bochecha ...

É cientificamente impossível morrer de coração partido. Eu


descubro isso naquele momento. Porque se fosse, eu já estaria
morto. Pronto. Terminado. Isso é o quanto doeu vê-los juntos. Eu
os assisto. Ela sorri para ele quando ele se senta.

Ela é tão linda.

Ele é tão... não.

Cabelo castanho normal. Roupas normais. Altura normal.


Peso normal. Apenas normal. O que diabos ele acha? Entrando
em sua vida com sua normalidade e pegando os pedaços – meus
pedaços – brincando de papai com este bebê – meu bebê. Eu quero
ir até lá e bater nele. Eu nem sequer me importo que tivesse ficha
criminal e a última vez que fui resgatado por dirigir embriagado e
insinuado que queria transar com um oficial, meu advogado me
avisou que os Estados Unidos da América já estavam fartos da
minha bunda triste, e da próxima vez que eu tivesse problemas,
poderia ser deportado.

Você não pode se permitir ser deportado, idiota. Você tem um


bebê para pensar agora.

Bem. Eu não ia bater nele. Mas ia fazer alguma coisa.

Eu gostaria de ter a virtude da paciência. Então, talvez,


teria pensado sobre as coisas. A alguns passos dali, faria uma
ligação telefônica para Blake, Jenna ou até para Lucas, e
perguntaria como é que alguém reage à notícia de que sua ex –
Indie era minha ex, em nome desse argumento – teve seu bebê,
e seguiu em frente com algum idiota inútil. Eu talvez até
chegasse a perguntar a eles como - apesar de todo o
progresso que eu mostrei – eles ainda não podiam confiar
em meu julgamento e, portanto, esconderam a existência
do meu bebê de mim. Porque eles absolutamente sabiam. Eles
tinham que saber. Blake, Hudson e Lucas estavam todos em
contato com a Stardust. Eu sabia.

Mas não tenho nada além de mil sóis em chamas na boca


do meu estômago, sóis que me dizem que serei queimado vivo se
não me aproximar deles e assim eu faço.

Eu corro para eles, sentindo raiva e alívio ao mesmo


tempo.

A cabeça de Indie se levanta quando estou a cerca de um


metro de distância dela e ela tira os olhos do bebê que segura e
alimenta, olhando para mim.

Eu paro, incapaz de fazer o resto da jornada. Seus olhos me


paralisam, mas é a expressão dela que me desfaz. Ela parece que
está... infeliz. Como se ela tivesse sentido minha falta. Como se
ela também tivesse muitas coisas para dizer. Mas ela também não
se mexe, então nós apenas parecemos que estamos em um filme
antigo que congelou em uma cena. O bastardo ao lado dela
arrasta o olhar para cima, cada músculo em seu rosto relaxado e
feliz.

"O que está acontecendo? Você conhece esse cara, Indie?”

Esse cara?

Esse cara?

É melhor esse filho da puta não tocar meu bebê, ou eu terei


que matá-lo, sendo deportado ou não. Além disso, o que diabos
ele quis dizer com "esse cara"? Ela não disse a ele que teve o bebê
de Alex Winslow? Eu não sou um idiota da rua. Mesmo que ele
não saiba quem eu sou – uma chance grande, algumas pessoas
simplesmente têm mau gosto na música – ela ainda deveria ter
mencionado que eu sou, de fato, um músico famoso de algum
tipo.
"Sim, eu..." ela diz lentamente, ainda segurando o bebê no
peito.

"Não." Dou um passo para frente, sacudindo meu choque.


“Não nos subestime. Não agora, e especialmente não depois do
que estou vendo aqui.”

"E o que, exatamente, você está vendo aqui?" Ela segura


meu olhar. Como ela pode dizer isso? Enquanto segura o produto
do que somos um para o outro. Eu transformei as mulheres da
minha vida em cadelas frias, ou eu estava naturalmente atraído
por elas e Indie apenas foi incrivelmente boa em esconder isso até
agora?

"Precisamos conversar." Respiro pelo nariz devagar,


devagar, tão devagar, tentando incorporar todos os conselhos que
me deram na reabilitação. Ninguém me avisou que o mundo
externo para o qual eu fui enviado virou de cabeça para baixo
enquanto eu estava sentado em um círculo batendo palmas para
as pessoas que se gabavam de não beberem enxaguatório bucal
para ficarem chapadas quando a sogra estava na cidade.

"Talvez não seja uma boa ideia." Ela suspira. Jesus, que
porra é essa? Ela nem quer falar sobre isso?

"Não." Outro passo em frente. “Stardust, escuta. Eu passei


pelo inferno nos últimos meses. Por você. Não estou pedindo uma
medalha ou mesmo perdão – embora isso seja realmente
grandioso, veja bem – só estou pedindo gentil, suplicante e
respeitosamente para me ouvir.

Ela coloca a mamadeira no banco e abraça o bebê no peito.


Ele é fofo. Fofo, mas não se parece com ela, e eu estou começando
a ficar incrivelmente confuso. Por um lado, ele parece mais perto
de um ano de idade do que um recém-nascido. Em segundo
lugar, eu não sou um especialista em genes, mas o cara
pequeno tem a cabeça cheia de cabelos negros, e tanto Indie
quanto eu temos cabelos castanhos em diferentes tons. O
meu é mais castanho; sua cor original de cabelo é mel, flertando
com o loiro. Eu sei disso porque às vezes ela se esqueceu de
depilar o cabelo – na verdade, não importa como sei disso. Eu
apenas sei.

"Agora não é um bom momento."

Sua voz é tranquila e sem emoção, e por que no mundo o


cara ao seu lado não me socou ainda? Se fosse eu sentado ao lado
dela, o primeiro soco teria sido lançado no momento em que
alguém tivesse se aproximado da minha garota. Minha namorada.
Ela era sua namorada? Eu ia ficar doente.

"Quando é um bom momento?" Pergunto, ainda de pé,


muito perto e olhando para ela ansiosamente. Ela olha para a
esquerda e para a direita, soprando uma mecha de cabelo que
caiu de sua trança de lado.

“Eu não sei, oito? Você ainda estaria por aqui?”

Eu ainda estaria por aqui? Eu não tenho intenção de sair


desse bairro até termos uma longa conversa. Balanço a cabeça,
apontando para o bebê. Eu preciso. Mesmo sabendo que eu
odiaria qualquer uma das respostas, embora por razões muito
diferentes.

“Eu vou esperar do lado de fora da sua porta. Apenas uma


coisa, Indie. Ele é meu?”

Ela olha para o bebê e sorri para ele, e ele sorri para ela e,
oh, porra, ela parece a mãe perfeita e saudável. Ela abre a boca e
fala comigo, mas olha para ele.

“Não.”
Eu sabia que ele estaria lá, então eu paro.

Alex nunca foi bom em esperar. Tudo foi dado a ele


rapidamente, com urgência e facilidade. Quero ver se ele mudou.
É estúpido, pequeno e mesquinho, mas também necessário.

Eu estava cuidando do neto de Clara, Grayson. O pai de


Grayson, Ollie, tinha voltado do trabalho mais cedo e decidiu se
juntar a nós no parque. Não era do feitio de Ollie aparecer, mas
foi completamente inesperado por Alex Winslow ele estar lá.

Pouco depois de Alex voltar para os Estados Unidos e eu ter


procurado refúgio em algum lugar onde ele não pudesse me
encontrar, Clara me ligou e disse que tinha quebrado o quadril e
não poderia mais cuidar de Grayson nos próximos meses. Ela
perguntou se eu queria o emprego, já que era amiga da família e
me dava muito bem com o filho e a mulher dele, Tiffany, e eu
imediatamente disse sim. Eu não precisava do dinheiro em
particular, mas precisava da distração e da acomodação
temporária antes de Alex ir para a reabilitação.

Eu gostava do meu trabalho, mas isso não significa que eu


gostava da minha vida.

Eu odiava minha vida. Minha vida estava sem Alex, e essa


era a pior maneira de viver sua vida depois que você tinha uma
dose do roqueiro.

Pensei nisso enquanto passeava pela feira, olhando, mas


sem tocar, todas as fileiras de morangos, pêssegos e potes de
geléia caseira. Foi apenas duas semanas atrás que eu parei de
acordar chorando e me odiando por sentir sua falta.

Porque eu senti. Sentia falta dele todos os dias.


Sentia falta do homem que sabia ou, pelo menos, tinha
grande suspeita de que sua ex-namorada tinha tirado vidas
naquela noite.

O homem que tinha encoberto os crimes de sua ex-amante


conscientemente.

O homem que poderia ter salvado minha mãe, talvez, se


tivesse sido mais persistente, teimoso, menos bêbado e cansado
da vida. Porque eu sabia que ele não tinha feito isso por amor a
Fallon.

Quando você ama, você quer consertar.

Quando você ama, você não ajuda a destruir.

E não é o que Alex está tentando fazer agora? Corrigir as


coisas entre nós?

Eu sei que meu irmão e minha cunhada não me culpariam


por ouvi-lo. Eu até sei que Alex fez tudo o que podia para cuidar
de mim. Ele me enviou cheques todo mês. Cheques que eu rasguei
e joguei no lixo. Blake me ligou uma vez por semana. Jenna
ajudou Craig a conseguir um emprego de manutenção em seu
prédio de escritórios. No dia em que Craig, Nat e Ziggy se
mudaram, Lucas entrou para instalar um novo sistema de alarme
no apartamento e me ajudou a pintar as paredes. Hudson vinha
todas as sextas-feiras para sushi e Gossip Girl.

Todos eles significaram muito.

Mesmo Fallon não quis fazer nenhuma mal, mas o mal que
ela fez, de qualquer maneira, estava aguardando julgamento
agora. Eu não sei o que Will pensava sobre a coisa toda, e às
vezes, quando eu pensava sobre ele, o que não era frequente, ele
se machucou também.

Às sete e meia, jogo a toalha e volto para casa. Eu não


sei o que vou dizer para Alex e não decidi se vou perdoá-lo
ou não. E isso, em si, é irresponsável e perigoso para o meu pobre
coração.

Ele espera por mim no corredor, suas longas pernas


dobradas na frente da minha porta por falta de espaço. Ele é
grande, ágil e completamente lindo, do jeito que me lembro dele.
Paro e aperto o corrimão, meus dedos branqueando, tentando
reunir meus pensamentos.

Ele me nota e levanta-se, e ficamos na frente um do outro,


olhando-nos principalmente.

"Parece muito com a meia-noite", ele diz. Eu não quero


sorrir, mas faço, de qualquer maneira.

"Você está bem?" Sussurro.

"Ele realmente não é meu?" Seus olhos brilham.

Balanço a cabeça. "Não. Ele está com o pai agora”, refiro-


me a Grayson.

"Ok." Ele assente. "OK. Você já ouviu...”

"Ouvi", eu corto através de suas palavras. Como eu poderia


não ter ouvido a música, quando é a música mais tocada nas
estações de rádio contemporâneas em toda a América?

Duas almas colidem em um chão muito escuro em um


cemitério para as estrelas

Engraçado, quando você entrou na minha vida eu pensei que


seria o único a deixar todas as cicatrizes

Não houve um momento em que soubesse que você seria


minha

Havia peças de quebra-cabeças, quando olhei nos seus


olhos
E à meia-noite, o céu ficou azul

A noite nos pertencia, era só eu e você

E à meia-noite, você me tirou dos meus medos

Eu devorei suas lágrimas

Segundos se iluminaram como anos

E à meia-noite beijei sua pele, seus olhos, seus lábios

Você brilhou tão perigosamente, meu pequeno eclipse


pessoal

E à meia-noite eu quebrei seu coração

Você quebrou o meu também

Nós nos separamos.

Era uma vez, eu queria ser o cavaleiro branco de alguém

Uma vez, pensei ter visto a luz

Então você explodiu em minha vida como pó de cerúleo


caindo de cima

Ensinando-me que eu nunca conheci o amor verdadeiro

Você pegou meu coração e segurou em seus dentes

Eu implorei para você morder, oh, como eu amei seu calor

E à meia-noite, o céu ficou azul

Você me ensinou sentimentos e movimentos, novos em


folha

E à meia-noite eu belisquei sua pele


Suas paredes desmoronaram uma por uma, mesmo que você
tenha dito que estava dentro pelo dinheiro

E à meia-noite eu fodi seu corpo, seu coração, sua alma

A piada é comigo, porque agora sou eu quem precisa rastejar

E à meia-noite nós quebramos juntos

No chão

Tão eternamente fodidos.

Ele até usou uma linha que escrevi para ele.

Uma linha que mais tarde vi em outro lugar. Na internet.

"É assim que você vê o nosso relacionamento?" Minha


garganta fica seca. Deus, eu não deveria querer ouvi-lo, mas
também não posso evitar.

Ele assente. “Não quero ser um idiota, mas eu prefiro que


tenhamos essa conversa lá dentro, depois que você me oferecer
um copo de água, porque minha boca ainda está seca pela ideia
de que o bebê poderia ter sido nosso e você o estava criando com
algum cara aleatório. Mas só para colocar isso fora, vou criá-lo
como meu se você me der uma chance.”

Criá-lo como seu? Faço uma careta, inclinando a cabeça


para o lado antes que a ficha caia. Então começo a rir como uma
maníaca. Oh Deus. Ele pensou que Grayson era nosso. Meu. Isso
é hilário e assustador, e assim, típico de Alex pular para uma
conclusão tão drástica. Abro a porta e a empurro, e ele segue atrás
de mim. A tensão que era espessa no ar evaporou – um pouco
dela, pelo menos – e eu tiro duas garrafas de água da geladeira,
entregando-lhe uma. Eu me inclino contra a bancada
enquanto ele está na porta da minha cozinha pequena e
abafada e olha para mim.
“Eu cuido de Grayson. Ele não é meu ou seu. Ele é de Ollie
e de Tiffany. Neto de Clara”, esclareço.

"Puta merda, você poderia ter começado com isso em vez de


rir de mim." Ele coloca a testa na minha geladeira e sorri. "Graças
a Deus. Quero dizer, garoto fofo. Mas mesmo assim. Graças a
Deus."

Sorrio mais um pouco, e ele também, antes de nós dois


ficarmos sérios novamente.

"Estou limpo agora, sabe", diz ele, referindo-se ao tempo


que ele voltou para Los Angeles, irritado e louco e tão perdido,
tentando me arrastar de volta para seus braços, nunca
reconhecendo minha tragédia, mas me iluminando com a sua.
“Acabei de terminar minha turnê. Nove meses sóbrio. Eu queria
aparecer depois do primeiro mês, mas não pude evitar. Eu estava
com medo de você seguir em frente.”

"Eu sei que você está sóbrio." Mordo meu lábio inferior,
então tomo um gole da minha água só para fazer algo com minhas
mãos e boca. Blake me manteve atualizada – mesmo que eu tenha
dito a ele que não queria ouvir. Eu fiquei feliz porque Alex
procurou ajuda. Eu só não queria estar no circuito para alimentar
minha obsessão com ele. Porque eu não segui em frente.

“Estou feliz por você, Alex. Eu estou."

Ele gira seu corpo para estar alinhado com o meu,


encarando-me como o predador pelo qual eu desejo ser devorada.
“Foi a coisa mais difícil que tive que fazer em toda a minha vida.
Não o físico. Isso foi a cereja de bolo, na verdade. Mas
mentalmente. Tomar a decisão consciente de nunca consumir
outra gota de álcool ou uma linha de cocaína. Estando tão longe
de você, porque eu sabia que você não me aceitaria de outra
maneira – mas ainda mais alarmante, talvez você não me
aceitasse mesmo depois de todas as mudanças que fiz. Não
estou aqui para fazer promessas, porque as promessas
podem ser quebradas. Estou aqui para lhe dar os fatos, um por
um. Fato número um”, ele respira fundo, apertando os olhos
antes de abri-los como se tivesse acabado de subir do fundo do
oceano voltando para respirar, “eu amo você, Indigo Bellamy. Meu
amor por você é como uma jaqueta de couro cravejada de dentro
para fora. Ele cava no meu peito, ansioso para produzir sangue. E
eu farei qualquer coisa por você, não porque você é minha musa
ou minha salvação ou minha melhor transa, mas porque você está
dentro de mim, como um órgão, como uma coisa vital sem a qual
não posso funcionar. Eu nem quero você neste momento. Eu
preciso de você. É diferente, carnal e completamente necessário
para minha existência. Fato número dois.” Ele dá um passo em
minha direção e tento não estremecer, porque é cedo demais para
tocar, mesmo que ele tenha acabado de tirar meu cabelo do meu
rosto. “Eu reconheço, agora, que quebrei o seu coração. Eu estava
tão consumido em querer você, eu me importava mais em não te
perder do que te confortar. Quero que você saiba que estou
profundamente, sinceramente, terrivelmente arrependido.
Independentemente de quem você é para mim, o amor da minha
vida ou alguma garota sem nome que eu nunca iria conhecer,
ainda teria feito o certo se soubesse o que estava acontecendo
quando Fallon chegou em casa na noite do acidente. Mas eu não
fiz. Não na época, pelo menos. Você tem que entender isso, Indie,
porque não serei capaz de sobreviver neste mundo, sabendo que
você acha que eu poderia ter salvado seus pais, mas escolhi não
fazê-lo.”

Outro passo e a distância entre nós é apagada, substituída


pelo calor e familiaridade do corpo. A intimidade que você não
pode fingir em um milhão de anos. Aquela que vem com amor.
“Fato número três – eu não sabia quem você era. Não vi você como
um caso de caridade. Achei triste que você fosse órfã, mas não
mais triste do que como eu vivi minha vida sem uma família.
Na minha cabeça, éramos dois asteróides orbitando um ao
redor do outro. Pensei que eu era o sol e você era a terra,
mas agora vejo que vi tudo errado. Você sempre foi o sol.
E mesmo agora, quando olho para você, não vejo arrependimento,
dor e sofrimento. Vejo a maior oportunidade, a promessa mais
doce, a estrada que eu deveria tomar.”

Nós estamos de igual para igual agora. Ele coloca as palmas


das mãos nas minhas bochechas e meus olhos ardem, meu
coração acelerado. Eu não o afasto. Até a dor que ele me deu foi
especial porque era dele. Eu sei exatamente o que ele quis dizer,
dizendo que ele precisa de mim. Eu também preciso dele. Minha
vida parece tão vazia sem ele nela. Na maioria dos dias, sinto
como se estivesse apenas existindo, mas longe de viver.

“Fato número quatro, não importa o que ou quem nos uniu.


Mas aconteceu, e não podemos desfazer isso. Está lá e não
podemos voltar. Quando eu te vi com um bebê esta tarde, a
primeira coisa que eu queria fazer era pegar vocês dois e fugir
daqui com você no reboque. Acima de tudo, o que me assustou
foi que não fiquei nem remotamente perturbado com a ideia de
ter uma criança com você. E isso diz muito. Merda, Stardust, isso
diz tudo. Você está segurando meu mundo em suas mãos
delicadas e sardentas e tudo que peço é que você não o jogue
contra a parede e quebre em pedaços.”

Sua boca se fecha na minha, seus lábios traçando os meus


como braille, como se ele estivesse tentando ler a minha reação.
Sugo o ar e me abro para ele, e nos beijamos tão devagar, tão
suavemente que penso que estou sendo drogada até entrar em
uma calmaria. Por fim, sou eu quem chupa a língua dele na
minha boca e geme, tentando tirar sua jaqueta de couro. Quero
acreditar que ele está sóbrio e vai continuar assim, porque lá no
fundo já o perdoei.

Alex Winslow me fez perder uma parte do meu coração.

Mas ele também costurou tudo de novo, em manchas


esfarrapadas, em manchas feias, mas estava inteiro. Do seu
próprio jeito, imperfeito, mas ainda em funcionamento.
"Eu te amo", choramingo em sua boca, parando nosso beijo
para dizer algo importante. “Antes de morrer, minha mãe me
disse que, para saber se você está apaixonada, precisa fazer uma
lista de todas as coisas idiotas que fez para essa pessoa. Eu fiz
uma lista, Alex. Não é bonita. No papel, sou meio idiota.”

Ele me encara por um segundo, curvando um lado da boca


e mostrando a fileira perfeita de dentes, como nos filmes. Seus
olhos por toda parte brilham com a felicidade recém-descoberta.

Nós tropeçamos até meu quarto. Sorrio quando tropeçamos


na minha nova máquina de costura. Ele me levanta e me envolve
em sua cintura, seu movimento de assinatura, e nós estamos
juntos de novo, em Moscou, Polônia, Alemanha, Londres e Paris.

Ele lambe minha bochecha como um cachorro. "Minha.


Reivindico isso.”

"Sua." Passo a língua em sua mandíbula, sorrindo. "Até a


última nota."
Epílogo

"E o Grammy de Melhor Álbum do Ano vai para..." Bella


Jordin está empolgada, segurando o envelope, um sorriso de
satisfação no rosto. Quero acreditar que estou acima de dar um
soco em uma mulher, mas a bola de tensão que bloqueia minha
garganta pensa diferente. Ela acha que é fofo? Bella Jordan pensa
que qualquer um dos filhos da puta que se sentam no Oscar, no
Grammy e no Emmy e passaram o ano inteiro – porra, plural,
anos – trabalhando em seus álbuns, filmes e shows, realmente
acham adorável, a maneira como ela se arrasta como uma goma
suculenta? Eu gostaria de fazer o mesmo com ela da próxima vez
que ela for checada para uma DST.

“Espere… só mais um pouco, Bella. Você não gosta da


expectativa de tudo isso?”

Jenna, apertando meu bíceps, lança um olhar para o meu


pé saltitante.

Toque, toque, toque, toque, toque, toque.

O cara na minha frente – um produtor novato de R


& B que provavelmente escreveu duas músicas para
Justin Bieber e agora pensa que é Deus – se vira e me lança um
olhar mortal. Atiro-lhe um olhar semelhante mas com os dentes
a mostra em um grande sorriso.

“E o Grammy vai para… Alex Winslow! Tiro certo!” Ela grita


para o microfone, e a câmera aproxima-se de mim e eu faço a
coisa usual de fingir surpresa e apontar para mim mesmo.

Eu me levanto e abraço Jenna e Blake, que estão de mãos


dadas. Blake está em seu telefone – chocante - provavelmente
perguntando à babá como está sua filha, Cecilia. Alfie está
sentado ao meu lado com sua namorada – uma garota britânica
do Big Brother – e Lucas e Hudson estão se beijando atrás de
mim. No caminho para o palco, bato no ombro de Will Bushell e
ele me dá um sinal de positivo. Isso não significa que eu goste
dele, mas definitivamente não o odeio mais. Principalmente, estou
aliviado por ele não ter roubado a única coisa que realmente
importava.

Então, novamente, se Fallon fosse Indie, eu não teria caído


tão longe na toca do coelho. Eu teria ficado acima da água apenas
no caso de precisar salvá-la também.

Subo para o palco. Há sempre essa noção esquisita lá em


cima, como se o mundo inteiro estivesse te observando,
esperando que você exploda, caia no seu traseiro, arrote no
microfone ou cague nas calças. O Grammy há dois anos foi um
desastre. O primeiro-ministro da Inglaterra foi registrado
balançando a cabeça e resmungando: "Oh, Cristo", quando
assistiu ao vídeo de mim representando nossa boa nação. Hoje,
quero acabar logo com isso.

Sorrio para Bella e planto o usual beijo ‘bom-te-ver-mas-


por-favor-não-se-misture em sua bochecha, pego o Grammy e
coloco meus lábios no microfone. Sinto-me em casa. O metal
irregular contra meus lábios. Mas a única casa em que estou
interessado agora é do outro lado da cidade e estou ansioso
para voltar para ela.
“Parabéns, Alex. Eu amei sua turnê 'Back to Life'! Foi
minha favorita pessoalmente.” Bella beija minha bochecha
novamente. Agora dou meu sorriso ‘eu escutei sua música e não
tenho certeza se devo dar um elogio’, então volto para o microfone.

“Dois anos atrás, aproveitei essa premiação e fiz papel de


bobo. Eu peguei uma estátua que não era minha de alguém que
merecia – sim, cara, acho que o seu álbum não foi tão ruim
assim.” Dou de ombros e gesticulo para Will, que ri suavemente e
balança a cabeça. Seu par – uma garota que ele conheceu
construindo uma escola em Madagascar ou algo assim – aperta
sua mão do mesmo jeito que Indie frequentemente aperta a
minha. Depois que Fallon terminou a reabilitação, ela foi
condenada a cinco anos de serviço comunitário, mais ou menos,
escreveu as sinceras cartas de desculpas aos Bellamys, e agora
está morando com o namorado fotógrafo na Geórgia e trabalhando
como instrutora de ioga, longe de Hollywood.

“Mas as coisas mudaram desde então. Para começar, fui


para a reabilitação.” Pausa. "Na segunda vez é o charme, certo?"
As pessoas aplaudem, bufam, alguns acenam com a cabeça
conscientemente. “A segunda coisa que aconteceu foi que eu
escrevi um álbum pelo qual não mereço o crédito. 'Midnight Blue'
não me pertence; pertence a ela. E isso me leva à terceira coisa:
conheci uma garota. Eu me apaixonei por ela e ela se apaixonou
por mim. Eu peguei suas palavras e sua alma e cada pensamento
original e lindo que ela me deu, pensando que eu não devia nada
de volta. Mas essa garota, tornou-se minha musa por uma razão
e ela me pegou por ser um idiota egoísta. Esta menina não pôde
estar aqui hoje porque ela está na sala de parto, dando-me mais
um presente que eu não mereço. Só que agora vou ter certeza de
que chegarei perto de ser o suficiente para ela e nossa bebê. Vim
aqui para pegar esta estátua porque eu não consegui chegar ao
último Grammy – estava muito ocupado rastejando e
implorando para ganhar a garota de volta – mas agora eu
preciso voltar para ela. Vejam, minha garota é tão
altruísta, que me disse que se eu não aparecesse na minha
própria festa, ela me deixaria e eu não posso deixar isso
acontecer. Então, aqui está, Stardust.” Eu levanto o Grammy na
minha mão e olho para a câmera. “Nós ganhamos outra
decoração feia para o banheiro. Posso voltar agora? Eu realmente
gostaria de economizar o dinheiro da terapia para quando nossa
filha descobrir que eu estava no Grammy quando ela nasceu e
não posso deixar isso acontecer.”

A sala se enche de mais risos e todo mundo se levanta e


bate palmas, e mesmo que seja legal, estou bem decidido. Não
quero que ninguém cuide do meu ego e não tenho necessidade de
me provar a ninguém. Pulo na motocicleta de Craig – ele estava
esperando por mim, estacionado em fila dupla na calçada atrás
da arena – e nós aceleramos através dos engarrafamentos de L.A.
e em direção à única coisa que importa.

Poppy tem os olhos de seu pai.

Marrom manchado de verde e dourado, eles me encaram


com uma mistura de malícia e curiosidade, dizendo-me que estou
em apuros. Ela enruga os punhos e boceja desdentada antes de
fechar os olhos novamente e não consigo parar de olhar.

Poppy Elizabeth Winslow é um novo começo. Ela parece,


cheira e é isso. Todos nós acabamos vivenciando tragédias em
nossas vidas – perda de parentes, amigos e coisas que são
importantes para nós -, mas nem todos nós somos
abençoados o suficiente para receber grandes presentes
junto com nossas perdas.
Eu sou.

Eu sou abençoada.

Eu perdi meus pais e ganhei um marido e um bebê. Uma


família que não é irregular, como o Vestido de Paris, mas
resiliente, como Alex e eu. Toda sexta-feira, convido Nat, Craig,
Ziggy, Blake, Jenna, Cecília, Alfie, Lucas e Hudson para jantar.
Nós rimos, comemos e jogamos jogos de tabuleiro como se fosse
1993 e essas pessoas não fossem astros do rock. E para mim, eles
não são. Eles são apenas... pessoas.

E provavelmente será um pouco triste sair daqui e mudar


para nosso novo apartamento - ou melhor, para cima do Castelo
de Cambridge. Mas nós amamos o apartamento. É cheio de alma,
e apenas cinco minutos de distância do brechó que aluguei há
alguns meses e que agora está sendo reformado.

Alex Winslow me pediu para casar com ele três dias depois
que ele invadiu minha vida e entrou no meu apartamento de
merda. Eu acho que já sabia que isso ia acontecer. Afinal, tudo o
que ele faz é de forma espetacular e grandes gestos. A proposta
aconteceu no chão do meu apartamento decadente, logo depois
que fizemos sexo na cozinha. Eu estava deixando as lajotas frias
acalmarem minha pele dolorida e olhando pela janela para uma
árvore quando ele disse: "Sabe, nós poderíamos estar fazendo a
mesma coisa, mas em um andar mais agradável, se formos morar
juntos."

Eu joguei um braço sobre o meu rosto para abafar o som


da minha risada. "Sim? Você acha que ficaremos melhor vivendo
em algum hotel chique no meio do centro de tráfego?”

“Estou pensando em algum lugar cinzento e sombrio no


meio de Camden Town. Perto do metrô. Zumbindo com pessoas,
vida e música. Um apartamento de janelas com vidros
duplos.”
"Por que vidros duplos?" Eu bati minha cabeça em sua
direção. Ele parecia exausto, suado e delicioso. Ele passou a mão
pelos cabelos castanhos e engatou um ombro para cima. "Não
quero assustar os turistas com seus gemidos."

Eu golpeei seu peito e foi sua vez de rir.

“Sério, metade do tempo parece que estou atacando você


com uma motosserra quando estamos juntos. Então, o que você
diz, Stardust?” Ele rolou para o lado, apoiando a cabeça na mão.
“Vai morar comigo?”

Eu abri minha boca com a intenção de dizer sim, porque a


vida era muito curta para não fazer o que você queria fazer,
quando ele me disse.

“Na verdade, esqueça. Eu retiro o que disse.”

"Você retira?" Eu pisquei, meu estômago revirando em


descrença.

"Sim". Ele rastejou para mim de joelhos. “Mudar não é


suficiente. Eu quero tudo. E quero isso na porra do papel. Case
comigo, Indigo 'Stardust' Bellamy. Seja minha esposa. Tenha
meus bebês. Nós vamos até mesmo circuncidá-los se é isso que
você quer. Bem, talvez não as meninas. Isso é um limite difícil
para mim. Ou talvez não tenhamos filhos. Como você se sente
sobre as crianças? Deixa pra lá. Eu não me importo. Eu só quero
casar com você. Faça de mim um bastardo feliz, Indie. Diga sim."

Eu não disse sim. Eu ri disso.

Eu também disse a ele que meu nome do meio é Elizabeth,


como o de Poppy – não, Stardust, na verdade.

Nós nos casamos em um jardim de rosas em Kent. As


rosas foram pintadas de azul. Eu enchi seu jato particular com
todas as pessoas que eu amava, Natasha, um Craig sóbrio –
que teve que tirar uma folga depois de se matricular na
faculdade – Ziggy, Clara, Tiffany, Ollie, Grayson e o resto
dos nossos amigos da turnê incluindo Jenna e Hudson. Eu usava
um vestido de noiva simples e ombros de fora, e ele usava um
sorriso de merda que ainda está ostentando todos os dias. Ficar
grávida não foi uma decisão. Foi, sim, um momento de
insanidade. Nós sempre usamos preservativos, até que uma
noite, nós não usamos. Alex disse que se retiraria no último
minuto, e ele fez - eu tinha um estômago coberto de sêmen para
provar isso - mas acho que não foi o suficiente, porque um mês
depois, comecei a ter reações violentas aos aromas de café e
cigarros.

Eu parei com o café.

Ele largou os cigarros.

E agora nós temos Poppy.

“Cara, estou tão feliz que você a teve com alguém bonito.
Você realmente precisava de alguma beleza para diluir toda a
feiura que é seu rosto. Poppy é linda,” Alfie diz agora, na suíte do
hospital, olhando para Poppy, que está dormindo em meus
braços.

Alex o premia com um cotovelo nas costelas antes de esticar


os braços na minha direção. Eu ainda estou na cama, mas me
sentindo melhor desde que ele me ajudou a tomar um banho.
Poppy está aninhada no meu pescoço, e meu coração está prestes
a explodir por estar tão cheio.

"Posso mostrá-la?" Ele me dá seu magnífico sorriso tímido.


É o tipo que só faz aparição uma vez a cada poucos meses, então
eu bebo.

Três.

Dois.

Um.

"Claro."
Eu te disse coração.

Nós temos isso, coração.

Olha o quão longe nós chegamos, coração.

Não é a primeira vez que ele está segurando nossa filha nas
mãos e olhando para ela como se ela fosse um novo mundo que
ele quer proteger e nutrir, mas é a primeira vez que a percepção
me atinge. Nós encontramos nosso planeta. Nosso Lar. O único
lugar em que queremos estar.

Essa é a questão dos príncipes quebrados. Nem todos eles


têm que morrer. Se a alma deles está inteira, eles às vezes
sobrevivem.

Às vezes, eles até crescem para serem reis.

O meu, cresceu.
Agradecimentos

“Cada livro tem uma alma, a alma da pessoa que escreveu


e a alma de quem lê e sonha com isso” - Carlos Ruiz Zafon, The
Angel’s Game.

Este livro é fruto de muitas noites sem dormir, dias agitados


e também do amor e atenção dos seguintes unicórnios:

Para minha equipe de edição: Tamara Mataya, Paige Smith


e Emily A. Lawrence da Lawrence Editing. Vocês são as melhores
senhoras, e sua dedicação e atenção aos detalhes é
absolutamente incrível.

Para Stacey Ryan Blake, pela linda formatação, e Letitia


Hasser, da RBA Designs, pela fantástica capa.

Aos meus leitores beta: Tijuana Turner, obrigada, do fundo


do meu coração, por todo o amor, horas e atenção que você deu a
Alex e Indie. Você tem sido minha rocha por muito tempo. O
mesmo vale para Amy Halter, que leu este livro várias vezes. Leia
também (e releia, e então leia novamente): Jade West, Ava
Harrison, Kerry Duke e Paige Jennifer. Você são minhas
estrelas!
Aos membros da minha equipe de rua – como estou triste e
feliz por não poder mais listar todos os seus nomes sem ter que
usar um capítulo inteiro? – vocês fazem toda a diferença na minha
carreira, e continuarei dedicando todos os meus livros a vocês,
membros da equipe de rua de cada vez. Minha pedra. Meu
paraíso. Meu asteróide.

Para minha agente, Kimberly Brower. Obrigada por sua


opinião, conhecimento, aconselhamento e, acima de tudo, pela
jornada.

Para os Sassy Sparrows, meu grupo de leitura: vocês me


estimulam a crescer como artista com seu apoio contínuo. Então
eu irei. Eu prometo.

Para meu marido, filho, mãe, pai e melhores amigos, Lin,


Sunny e Ella. Abraços

Para todos os blogueiros que me apoiam, você são


importante. Tanto assim.

E para vocês, meus leitores.

Vocês são o verdadeiro negócio.

Amo vocês.

L, xoxo.

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