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A primeira vez que vi Henley James, fiquei hipnotizada.

A química entre nós era diferente de tudo o que eu já havia


sentido.

Terno impecável, sorriso com covinhas. Ele era charmoso e


lindo, sofisticado e elegante. Ele me deu seu cartão de visita e
pediu que eu ligasse.

Seu jeito de flertar era forte; eu me afastei logo após seu


primeiro sorriso. Eu adoraria dizer que nosso encontro foi um
sucesso estrondoso, mas não foi.

Longe disso.

Decidi ali mesmo, naquele dia, que Henley James e eu seríamos


inimigos mortais para sempre; eu nunca mais pensaria nele.

Três anos depois, comprei a casa dos meus sonhos. Estou


muito animada para conhecer meus vizinhos – isto é, até conhecer.

Oh, não! Quais são as chances?

É ele. Ainda solteiro, ainda o homem mais gostoso do mundo e


ainda detestavelmente sarcástico. Ele anda por aí vestindo quase
nada e se recusa a fechar as cortinas à noite.

Não vou me permitir pensar nele a qualquer custo. Isso pode


comprometer minha sanidade.

Minha tentação é um pesadelo.


A qualidade de ser grato;

prontidão para demonstrar apreço e retribuir a bondade.


Juliet
— Você vai relaxar? — Chloe diz.

Ugh. Olho ao redor do enorme salão de baile. — Como eu deixei


você me convencer a vir aqui? Eu me sinto tão deslocada.

— Eu subornei você, foi assim. Pare de choramingar. Você está


gostosa.

— É verdade, e você está pagando. Jantar em qualquer lugar


que eu quiser na próxima semana, lembra?

— McDonald's parece bom.

— Quase. — Chloe é minha melhor amiga, cujo talento mágico


é me convencer a fazer coisas que não quero.

— Lembre-me por que estamos aqui de novo? — Eu pergunto


a ela.

— Porque eu quero ter um relacionamento com o Dr. Grayson,


— ela sussurra enquanto reorganiza os seios no vestido. — Você já
sabe disso.

Eu rio. — Eu pensei que você só queria transar com ele?

— Isso também.

Chloe está apaixonada por um médico que trabalha em nosso


hospital. O problema é que a maior parte da população feminina
também está, e ele nem sabe quem somos.

— Quem é aquela com quem ele está falando, afinal?


Olho para a linda ruiva conversando com o Dr. Grayson. — Eu
não sei, mas ela é gostosa.

— Eu poderia levá-la.

— Totalmente.

A noite é um evento glamoroso, leilões e curiosidades sobre


celebridades, e embora eu adorasse dizer que estou pensando na
caridade, isso seria uma mentira terrível. Isso está muito longe da
minha praia, mas admito que algo chamou minha atenção: o
estranho do outro lado do salão de baile.

Eu o notei no momento em que entrei. Vestindo um terno preto,


ele está rindo e conversando com um grupo de pessoas. Cabelo
castanho escuro ondulado, queixo quadrado e grandes covinhas
quando sorri.

— Vou pegar mais algumas bebidas para nós. O mesmo


novamente? — Chloe pergunta.

— Sim, por favor. — Eu a vejo caminhar até o bar e então meus


olhos voltam para ele. Ele é muito alto, talvez um metro e noventa.
Ombros largos e fortes, mas há algo na maneira como ele fala com
seu grupo de amigos. Ele está todo animado e rindo, e eles estão
atentos a cada palavra sua enquanto ele chama a atenção deles.

Olho ao redor do salão de baile lindamente decorado. Nunca


estive em nada assim antes. Uma arrecadação de fundos para a
ala de pesquisa médica infantil do hospital onde trabalho. As
enfermeiras geralmente não recebem convites para coisas assim,
mas me tornei amiga de um dos médicos e ele convidou Chloe e eu
para irmos junto. Olho de volta para o lindo estranho e, pela
primeira vez, nos olhamos. Nós nos encaramos por um momento
mais longo do que o normal e então, como se estivesse perplexo,
ele inclina o queixo para o céu enquanto toma um gole de sua
bebida âmbar. Até a maneira como ele segura o copo é quente.
Suas pernas são largas e suas costas retas, o domínio escorrendo
por todos os seus poros. Desvio os olhos, envergonhada por ter
sido pega pervertendo. A esposa dele provavelmente está vagando
por aqui em algum lugar.

Finjo olhar em volta e depois olho para trás e vejo o Dr. Grayson
caminhando até ele. Eles começam a conversar como velhos
amigos, rindo e animados.

Mordo meu lábio inferior para esconder meu sorriso. Eles se


conhecem.

Poderia ser o paraíso de um encontro duplo.

Chloe volta com nossas bebidas. — Acabei de ver Helen no bar,


lembra dela?

— Na verdade não, — respondo sem nem tentar.

— Sim, lembre-se, ela trabalhou em nossa ala há alguns anos.


— Ela continua nesta longa história. Mas quase não a ouço. Minha
atenção está perdida. Posso sentir seu olhar na minha pele, sinto
que ele está olhando para mim.

Nas próximas duas horas, mais do mesmo.

Cada vez que olho casualmente, ele está olhando para mim. E
o problema é que, quando eu o pego, ele não desvia o olhar. Ele
sustenta meu olhar em um desafio silencioso, como se quisesse
que eu fizesse alguma coisa... exatamente o que é isso, não tenho
muita certeza.

Um olhar pode lhe dar arrepios? Porque eu juro que o dele dá.

Eu não posso nem dizer nada para Chloe porque a razão de


estarmos aqui, o idiota do Dr. Grayson, nem sequer olhou em sua
direção.

— Ele vai falar com todas as malditas mulheres aqui esta noite?
— Chloe sussurra com raiva com os olhos fixos nele. — Estou aqui.
Você ainda não falou comigo, seu idiota gigante.

— Certo? — Observamos o Dr. Grayson por um momento. —


Qual é mesmo o primeiro nome dele? — Eu pergunto.

— Blake.

— Blake Grayson. — Eu torço meus lábios. — Nome quente.

— O nome não é metade disso. — Chloe olha para ele. — Ele


seria ótimo na cama.

— O que te faz dizer isso?

— Olhe para ele, como ele não poderia? Ele poderia


simplesmente ficar nu na ponta da cama e eu teria um orgasmo.

Eu rio. — Verdade.

O Dr. Grayson parece mais um modelo do que um médico, com


cabelo castanho-claro e queixo quadrado, em forma e musculoso.

— E ele é pediatra. — Ela suspira sonhadoramente.

— Esse é o assassino, tenho que concordar.

Olho de volta para o belo estranho e o encontro olhando para


mim novamente. Meu estômago se agita. Posso sentir o ar entre
nós girando, a tensão sexual tão densa que você poderia cortá-la
com uma faca.

Este homem é uma tentação ambulante.

— Senhor, tenha piedade, — Chloe sussurra.

— O que?

— Você viu o amigo do Dr. Grayson?

Olhe ele? Não consigo tirar os olhos dele.

— Quem? — Eu ajo como um idiota.

— Oh merda, — Chloe sussurra, com os olhos arregalados


enquanto olha por cima do meu ombro. — Ele está vindo.

— Quem?

— O Deus.

— Que Deus? — Meus olhos se arregalam.

— Aja com calma.

— O que?

— Senhoras, — uma voz profunda e rouca ronrona atrás de


mim.

Oh droga.

Eu me viro para ficar cara a cara com olhos escuros e


penetrantes.

Sim... ele fica ainda melhor de perto. — Oi, — eu grito.

Que diabos é essa voz de rato?

— Quero dizer, oi. — eu digo mais baixo.

Chloe sorri. — Olá.


— Acredito que não nos conhecemos, — diz ele enquanto
estende a mão. — Meu nome é Henley James.

Henley James.

— Chloe Willcox. — Chloe sorri enquanto aperta a mão dele.

Ele volta sua atenção para mim e eu olho para ele, com a língua
presa.

— E você é... — Ele levanta a sobrancelha.

— Juliet. — Forço um sorriso tímido. Ele pega minha mão e


aperta. Seu polegar passa pelas costas da minha mão enquanto
ele mantém contato visual.

Oh...

— Juliet quem? — Ele me dá um sorriso lento e sexy, sabendo


muito bem o efeito que está causando em meus pobres hormônios.

Engulo o nó na garganta. — Drinkwater.

— E você bebe? — ele responde, seus olhos ainda presos nos


meus.

— Eu..... — Eu franzo a testa, confuso.

— Bebe água1?

— Sim, eu faço. — Finjo uma risada que lembra a de uma


criança de seis anos.

Ajuda.

1
Ele faz uma piada com o sobrenome dela, Drinkwater, que significa beba água.
OK... que diabos? Por favor, vá embora. Você é bonito demais
para meu cérebro funcionar.

— Você gostaria de sair comigo, Juliet? — ele pergunta.

Meus olhos vão para Chloe e depois voltam para ele. Eu ouvi
isso corretamente? Huh?

— Bem? — ele me avisa.

— Hum... — Tomo um gole do meu champanhe. — Como...


num encontro.

Seus olhos travessos se iluminam. — Sim, como um encontro.

— Ah, hum. — Responda a ele, idiota. — OK.

Ele me dá aquele sorriso lento e sexy novamente. — Devemos


dizer... Noite de sexta-feira?

Um sorriso bobo começa a surgir no meu rosto e eu


interiormente me paro.

Aja com calma.

— Vou ter que verificar minha agenda, — respondo.

Ele ri como se conhecesse meu jogo. — Claro. — Ele pega um


cartão de visita e o entrega. — Liga para mim. — Então, sem avisar,
ele se inclina e beija minha bochecha, seus lábios permanecem por
um momento na minha pele, e o cheiro de sua loção pós-barba
flutua ao meu redor. Então ele se vira e caminha casualmente pela
sala de volta para seus amigos.

Chloe e eu olhamos para ele, chocadas.

— Oh. Meu. Porra. Deus. — Chloe sussurra. — Isso acabou de


acontecer?
Olho para o cartão que ele me deu.

HENLE Y. JAMES

ENGENHARIA

044 289 0777

— Ele é engenheiro, — eu sussurro.

— Quem se importa. Eu dormiria com ele se ele fosse um sem-


teto.

Eu rio e viro de costas para ele. Não posso parecer muito


interessada.

Chloe brinda seu copo com o meu e pisca. — Bom trabalho.

É quinta-feira à noite. Estou no meu sofá e preciso me


recompor. Fiquei nervosa com isso a semana toda. Mordo minha
unha do polegar enquanto olho para o cartão de visita.

— Basta ligar para ele, — diz Chloe. — Qual é o pior que poderia
acontecer?

— Ele poderia ser um idiota, é isso.

— Escute-me, — diz ela, inexpressiva. — Ele é lindo pra


caralho, e homens lindos são uma espécie em extinção,
praticamente extinta. Então, quando você encontra um, você
precisa agarrá-lo com as duas mãos. Sem falar que ele te convidou
para sair e te deu o cartão dele. Ele quer que você ligue para ele.
Você não é apenas uma garota aleatória da rua.
— Você tem razão.

— O plano é o seguinte: você liga para ele, vocês dois se


apaixonam perdidamente e então você arruma um encontro para
sua amiga com o amigo dele, o Doutor.

Reviro os olhos. — É tão simples quando você coloca assim.

Ela me passa meu telefone. — Apenas faça isso.

— Estou pensando demais nisso, não estou?

— Você está.

Disco o número dele e desligo rapidamente.

Merda.

— Ok, o que eu digo de novo?

— Oh meu Deus, você está me matando, — ela suspira.

Pela décima vez, repasso a conversa em minha cabeça: casual...


conciso e marque a data. Não fique nervosa. Quem se importa se
não der certo? Ele provavelmente é um idiota de qualquer maneira.

Certo!

Eu disco o número dele e prendo a respiração quando ele toca.

— Olá, — responde uma voz de mulher.

Meus olhos se arregalam. Que diabo é isso? — Aah... — Eu


hesito. Esta é a namorada dele ou algo assim?

— Este é o telefone de Henley James, — diz ela, com ar


profissional. — Eu sou a assistente dele, Jenny.

— Oh. — O alívio me preenche. — Posso falar com Henley, por


favor?
— Ele não está disponível agora. Posso perguntar quem está
chamando?

Meus olhos se arregalam. Isso é uma armadilha? Talvez ele


tenha uma namorada, e esta seja ela fingindo ser sua assistente
para pegá-lo e planejar meu assassinato. — Hum. — Hesito
enquanto tento pensar por conta própria. Meus olhos se voltam
para Chloe. — É Juliet.

— Juliet Drinkwater? — ela pergunta.

— Sim. — Eu franzo a testa. Como ela sabe meu nome? — Eu


sou.

— Juliet, Henley teve que fazer uma viagem inesperada ao


exterior para uma inspeção no local, mas ele me deixou instruções
se você ligasse.

O que?

— Oh, — eu respondo, surpresa.

— Sim, infelizmente ele só voltará na sexta-feira, mas queria


que eu marcasse um horário para jantar na sexta à noite.

O que?

Isso é estranho.

— Hum... claro. — Eu dou de ombros.

— Sete e meia está bem?

— Sim.

— Posso ter seu endereço para que Henley possa buscá-la?


Isso é estranho. Não vou dar meu endereço a uma mulher
aleatória. Ela poderia ser sua esposa assassina em série. — Vou
encontrá-lo lá.

— Tem certeza?

— Positivo.

— Ok, reservei Monsieur on Riley para as sete e meia.

— Você já reservou?

— Eu sabia que você ligaria, — ela responde, com um toque de


sarcasmo em sua voz.

Reviro os olhos diante da minha previsibilidade. Claro que você


fez. — Ok, obrigada.

— Adeus, Juliet.

— Adeus.

Desligo o telefone e olho para Chloe em estado de choque. —


Sexta-feira à noite, sete e meia.

— Porra, bum. — Chloe ri. — E é assim que você faz.

Às 19h10 da noite de sexta-feira, saio do Uber com passos


rápidos.

Cheguei cedo, eu sei, mas quero chegar lá antes dele para poder
vê-lo entrar e não o contrário. Já estou bastante nervosa.

Estou usando um vestido preto sexy, sem alças e justo, junto


com novos saltos altos. Até tive um horário hoje no salão.
Tenho um bom pressentimento sobre isso... ele era lindo e tão
legal. Quero dizer, ele até contou sobre mim a assistente quando
teve que viajar para o exterior. Parece que ele está tão ansioso
quanto eu.

Subo a rua e vejo uma placa dourada ostentosa:

M ONSIEUR

Uau, que lugar para ter um primeiro encontro.

Eu queria vir aqui desde sempre. Este lugar é lendário. Já


tentei conseguir uma mesa aqui antes, mas sempre foi reservada
com meses de antecedência.

Abro as portas pesadas e entro. O garçom da recepção sorri. —


Olá. Como posso ajudá-la?

— Olá, tenho uma reserva para as sete e meia desta noite? —


Eu sorrio nervosamente enquanto olho em volta. Uau, este lugar é
outra coisa. Móveis franceses. Grandes e lindos murais estão
pintados nas paredes. Lâmpadas com lâmpadas de brilho quente
estão por toda parte.

— Qual era o nome? — ele pergunta.

— Hum. — Dou de ombros, sem saber a resposta. — Henley


James?

— Sim. — Ele sorri. — Sua mesa está bem aqui. — Ele me leva
por um corredor até outra área, depois desce algumas escadas e
chegamos a um pitoresco pátio com jardim. É uma sensação
diferente aqui, mais lúdica e intimista.

A música está tocando e o som de conversas joviais flutua no


ar. Lindos murais são pintados na alvenaria. Há plantas enormes
em vasos de terracota e luzes de fadas penduradas acima, criando
um dossel.

Uau, pouso no local.

Ele conhece suas coisas; esse encontro já é um dez.

E então eu o vejo... e meu estômago revira. Ele está sentado em


uma mesa para dois no canto enquanto espera.

Ele também chegou cedo.

Eu tinha uma leve suspeita de que tudo isso era uma farsa
elaborada. Ele olha para cima. Nossos olhos se encontram e ele
imediatamente se levanta da cadeira para me cumprimentar.

Ele está vestindo um paletó e calça social, uma camisa preta


com os botões de cima abertos. Posso dar uma espiada em seu
peito.

— Olá. — Ele sorri enquanto me beija na bochecha. — Você


está adorável.

Ah, ele cheira bem.

— Oi. — Eu desmaio.

Ele puxa minha cadeira e eu deslizo nela. — Obrigada. — Posso


sentir que meu rosto está com um tom nervoso de vermelho.

Ok, risque isso: esse encontro é um vinte.

Reviro os lábios e reorganizo os talheres na mesa enquanto meu


coração dispara. Estou tão nervosa que é ridículo.

Ele se recosta em seu assento. — Então...

— Então... — Eu sorrio.
— Posso pegar algo para você beber? — a garçonete pergunta.

Tequila, vadia... tudo isso.

Pego o cardápio de bebidas. Rápido, escolha algo.

— O que você gostaria, senhor? — ela pergunta a ele.

— Eu quero o que ela está bebendo, — ele responde com sua


voz profunda e sexy.

— Claro. — A garçonete sorri.

Oh... a pressão.

— Você gosta de margaritas? — Eu pergunto timidamente.

— Eu as amo. — Seus olhos prendem os meus e ele morde o


lábio inferior como se quisesse esconder o sorriso.

— Quero uma margarita, por favor, — digo a ela.

— Como você gostaria?

— Abalado e salgado.

— Faça esses dois, — diz Henley.

A garçonete desaparece e meus olhos encontram os dele. —


Você realmente gosta de margaritas ou está sendo gentil?

Seus olhos dançam de alegria. — Estou tentando ser gentil,


mas na verdade gosto de margaritas. Então, boa escolha.

— Oh. — Eu sorrio bobamente.

— Como eu estou indo?

— Com o gentil?

— Sim.

— Como o bumbum de um bebê.


Ele ri e eu também.

— Eu estava realmente nervoso vindo aqui esta noite. — Ele


sorri.

— Você? — Eu zombei.

— Sim, eu, — ele zomba de volta. — Por que você não acha que
eu ficaria nervoso?

Porque você é assim.

— Você simplesmente não parece ser o tipo de pessoa nervosa,


— respondo casualmente. — Eu estava nervosa vindo aqui esta
noite, mas... — Minha voz desaparece quando me paro de elaborar.

— Mas o que? — Ele sorri.

— Mas eu não vou a muitos encontros, então... — Eu dou de


ombros.

Sua testa franze. — Você não sai em muitos encontros?

— Não.

— Por que não?

— Homens são idiotas.

Ele ri. — Isso nós somos.

Eu olho ao redor. — Eu dou nota dez para esse lugar.

— É bom, não é? — Ele olha em volta também.

— Vem aqui com frequência?

— Primeira vez.

Concordo com a cabeça, sentindo-me subitamente fora do meu


alcance.
— Eu também não saio com frequência, — acrescenta.

— Você não sai?

— Não.

— Por que não?

Ele dá de ombros. — Não sei, é muito trabalhoso.

— Olha aqui. — A garçonete coloca nossas bebidas na mesa,


nos interrompendo.

— Obrigado.

Ela nos deixa sozinhos, e nós dois pegamos nossas bebidas, e


eu seguro as minhas para um brinde. Ele segura a sua na minha
e espera.

— Para suavizar aborrecimentos, — eu digo.

Ele me dá um sorriso lento e sexy. — Eu nunca disse que seria


suave.

O ar entre nós é elétrico.

— Eu gosto de alguns solavancos. — Eu sorrio, me sentindo


um pouco mais corajosa.

— Algo me diz que este encontro não será nada complicado.

— Até eu me transformar em um psicopata amanhã.

Ele joga a cabeça para trás e ri alto, e eu sorrio bobamente para


ele.

Ele acha que sou engraçada.

Um milhão de margaritas e risadas depois.


O restaurante ficou em silêncio. Todos foram embora. Mas
nossa conversa ainda está quente.

Henley James é engraçado e charmoso, para não mencionar


absolutamente lindo. Eu me pego prestando atenção em cada
palavra dele.

— Então... — Ele se recosta na cadeira enquanto age sério. —


Como você avalia nosso encontro até agora?

— Até aqui?

Ele sorri maliciosamente em sua bebida.

— Até aqui... — Estreito os olhos enquanto finjo pensar muito.


— Como um dois.

— Um dois? — ele engasga. — Este encontro não é um dois.

— Eu sei. — Eu ri. — É um dez.

Ele me dá aquele olhar, aquele que ele faz tão bem. — Vinte.

— Vinte? — Levanto as sobrancelhas: é como se ele estivesse


lendo minha mente. — Essa é uma pontuação alta.

Ele gira o copo sobre a mesa. — Acho que este é o meu melhor
primeiro encontro de todos os tempos.

Seu último primeiro encontro.

— O que há de tão bom nisso? — Eu sorrio enquanto jogo junto.

— Bem... o cenário. — Ele gesticula para mim.

Eu rio e lambo o sal do meu copo.


— Isso. — Ele aponta para mim com minha língua de fora. —
Esse é definitivamente um ponto alto. Cada vez que você faz isso,
sinto isso em minhas entranhas.

Eu comecei a rir, e ele também.

— Lamber ou chupar? — Eu pergunto.

— Ambos.

Nós rimos de novo. Tenho certeza de que todos os garçons nos


odeiam agora – nada é tão engraçado.

— Adoro que você seja discreta. — diz ele.

Eu balanço meu cabelo e bato os cílios.

— Sua coisa de querer reformar uma casa é um pouco


preocupante, no entanto. Não sei se confiaria em você com uma
pistola de pregos.

Eu rio. Ele é tão divertido.

— Eu amo que você seja enfermeira.

— Você perdeu alguém? — Eu pergunto.

— Por que você diz isso?

— Bem. — Eu dou de ombros. — A maioria das pessoas que


apreciam os enfermeiros passou muito tempo num hospital.

— Minha mãe.

Caímos sério.

— Desculpe. Recentemente?

— Não. — Ele toma um gole de sua bebida. — Quando eu tinha


quinze anos.
Eu o observo, sem saber o que dizer em seguida.

Ele olha para o restaurante como se estivesse a quilômetros de


distância. — Foi um acontecimento catastrófico na minha vida.

Oh...

Estendo minha mão sobre a mesa para ele, e ele coloca a sua
na minha. Esfrego meu polegar sobre os dedos dele. — Ela ficaria
muito orgulhosa de você.

Seus olhos encontram os meus e ele revira os lábios como se


estivesse irritado. Eu imediatamente sei que exagerei.

— Mas ela disse que é melhor você melhorar seu jogo porque
esse encontro está definitivamente caindo para dois.

Ele sorri e pega sua bebida. — Realmente?

— Sim. — Eu aceno, agindo sério. — Ela disse que você deveria


me acompanhar até meu carro e me dar um beijo de boa noite se
quiser aumentar a pontuação.

— Ah, ela fez isso, não foi?

— Sim. — Sorrio enquanto tomo minha bebida, sentindo-me


orgulhosa de minhas habilidades em administrar crises e ao
mesmo tempo ser sedutora.

Nós nos encaramos enquanto o ar entre nós gira com uma


energia que nunca senti antes.

— Posso ver você amanhã à noite? — ele pergunta.

— Sim.

— Onde você quer ir?

— Compras na mercearia servirão.


Ele começa a rir e nos provoca novamente.

— Sinto muito, estamos fechando o restaurante, — diz o


garçom enquanto coloca a carteira de cheques sobre a mesa.

— Sim, claro.

Vou pegá-lo, mas Henley o agarra. — Estou pagando.

— Não, você não está. Iremos pela metade.

— Cale-se.

— Não.

— Você pode pagar amanhã à noite, — ele oferece.

— Quando vamos comprar minhas compras?

Ele ri e nos manda embora de novo, e o garçom revira os olhos


no canto.

— Pare com isso. — Henley tenta agir sério enquanto tira sua
carteira. — O garçom nos odeia.

— Porque somos mais engraçados que ele.

— Isso é verdade, — ele concorda. — Nós somos.

Ele paga a conta e segura minha mão. A eletricidade sobe pelo


meu braço e, como se ele também a sentisse, ele leva minha mão
aos lábios e beija as costas dela enquanto nos encaramos.

O que está acontecendo agora?

Saímos pelas portas da frente e de repente a pressão aumenta


novamente.

Sou uma boa menina ou vamos para casa juntos?

— Você dirigiu? — Eu pergunto.


— Não, Uber.

— Eu também.

Ele olha para mim e sei que as mesmas perguntas estão


rolando em sua cabeça. Ser um cavalheiro ou me jogar em um
banco do parque e fazer o que quer que seja comigo?

Estou votando na opção dois.

— Táxi? — ele pergunta.

— Claro.

Droga, ele está optando pela opção um.

Cavalheiro.

Ele coloca o braço em volta de mim enquanto andamos e me


puxa para perto, e há uma familiaridade entre nós. Isso parece a
coisa mais natural do mundo.

— Eu me diverti esta noite, — diz ele enquanto caminhamos.

— Eu também. — Eu sorrio bobamente. — Já estou animada


para ir às compras amanhã.

Ele chega a uma esquina movimentada e para no semáforo, e


me vira em sua direção.

— É aqui que você me beija? — Eu pergunto.

— Eu não sei, é?

Eu concordo. — Provavelmente.

Bem aqui, no meio de todo mundo, ele segura meu rosto nas
mãos. Seus lábios roçam suavemente os meus e meus pés flutuam
no chão. Nós nos beijamos de novo e de novo, e é como se uma
onda de perfeição desabasse sobre nós.

As luzes mudam. As pessoas estão correndo... mas somos nós


dois perdidos no momento. Não é estranho, como um primeiro
beijo deveria ser. É íntimo e terno, algo mais.

Ele sorri contra meus lábios e me puxa para perto, e ficamos


nos braços um do outro por um momento.

— Henley.

— Sim. — Ele beija minha testa.

— Este é o meu melhor primeiro encontro.

— Até o próximo.

Eu rio e ele me dá uma piscadela sexy.

Um friozinho na barriga porque, caramba, isso é alguma coisa.

Chegamos ao ponto de táxi e, caramba, tem um lá esperando.


Ele abre a porta dos fundos para mim e me beija suavemente
enquanto afasta o cabelo do meu rosto. — Ligo para você amanhã.

— OK. — Sorrio timidamente e entro no banco de trás, e ele


fecha a porta atrás de mim.

Aceno e, antes que o carro possa ir embora, ele abre a porta e


me puxa pela mão. — Mudança de planos: você vem para casa
comigo.

— O que?

Ele me interrompe com um beijo e todos na fila do táxi gemem


de desgosto.
Com os lábios trancados, os hormônios em alta, irrompemos
pela porta do apartamento dele como animais.

O educado do primeiro encontro, Sr. James, se foi; nós o


deixamos no restaurante.

Eu gosto mais desta versão.

Durante todo o caminho para casa no Uber, ele colocou a mão


no meu vestido, e acho justo dizer que estamos ambos muito bem
para ir.

— Tire essa porra de vestido, — ele sussurra enquanto se


esforça para abri-lo. O zíper fica preso e ele puxa com força.

Eu rio de sua impaciência. — Quem disse que eu sou uma coisa


certa, afinal?

— Eu fiz. — Ele rasga meu vestido sobre meus ombros e o joga


para o lado.

— Eu não fodo nos primeiros encontros. — Eu sorrio enquanto


coloco as mãos nos quadris, agindo indignada.

— Você faz agora. — O clima muda quando seus olhos escuros


percorrem meu corpo. De repente, estou nervosa.

Porque, caramba, esta foi a melhor noite, e quero que tenha um


final ainda mais feliz e que o surpreenda.

Ele coloca a mão em volta da minha garganta, dá um passo à


frente e coloca os lábios no meu ouvido. — Você vai pegar meu pau
tão bem, — ele sussurra. Sua respiração roça minha orelha e
causa arrepios na minha espinha. — Como a garota má que eu sei
que você quer ser.
Meus olhos se arregalam. Porra.

Ele fala sujo... merda, merda, merda.

Com a mão apertando minha garganta, ele lambe a lateral do


meu rosto. — Você está molhada por mim, baby?

Adrenalina e excitação gritam pela minha corrente sanguínea.


A sensação de sua mão grande em volta da minha garganta é ao
mesmo tempo aterrorizante e eufórica. Nunca estive com um
homem assim.

Ele é diferente em muitos níveis.

Minha respiração treme enquanto tento me acalmar o


suficiente para responder.

Seus dentes caem em meu pescoço e ele me roça com eles. —


Responda a porra da pergunta, Juliet.

Caramba.

O charmoso Henley James é legal, mas o mandão Henley James


é o próximo nível.

— Sim, — eu choramingo.

Ele se afasta e olha para mim. Seus olhos seguram os meus. —


Sim, o que?

— Sim, senhor.

A satisfação brilha em seus olhos. — Boa menina.

Ok, que porra está acontecendo aqui?

Eu não gosto de besteiras excêntricas de sub-dom, mas de


alguma forma isso está fora do radar.
Com meu coração batendo forte no peito, fico parada enquanto
ele desabotoa meu sutiã. Seus polegares pousam sobre meus
mamilos enquanto ele olha para eles. Ele se inclina e desliza minha
calcinha para baixo e me beija ali.

Minha respiração treme.

Porra.

Ele se levanta e ficamos cara a cara novamente. — Não fique


nervosa, — ele murmura. Ele me beija, sua língua roçando a
minha enquanto segura meu rosto entre as mãos. — Eu não vou
machucar você. — Ele coloca os lábios no meu ouvido. — Muito...

Eu fecho meus olhos. Porra, porra, porra, porra.

— Deite-se na cama apoiando-se nas mãos e nos joelhos.

Eu olho para ele por um instante. — Você está muito mandão.

— Estou com fome. — Seus olhos estão brilhando e, caramba,


estou preparada para servir o banquete.

Subo na cama e fico de joelhos.

— Apoie-se nos cotovelos.

— Você vai se despir? — Eu atiro de volta.

Tapa.

Ele dá um tapa no meu traseiro.

— Comporte-se, — ele rosna.

Por alguma razão doentia e distorcida, sua punição provoca um


incêndio entre minhas pernas, e eu sei naquele momento... Estou
prestes a fazer tudo o que ele quiser.
O que diabos está acontecendo aqui?

Eu me apoio nos cotovelos e ele fica atrás de mim e, com nossos


olhos fixos no espelho, ele tira a camisa pela cabeça e, em seguida,
em câmera lenta, abre o zíper da calça jeans e a desliza pelas
pernas. Seu corpo está cheio de músculos e seu grande pau fica
livre. Engulo o nó na garganta.

OK... isso é muito músculo de homem.

Seus olhos caem para o meu sexo, e eu observo no espelho


enquanto ele separa meus lábios com os dedos e se acaricia
algumas vezes. Seus olhos estão escuros e brilhando de excitação.

Porra.

Ele cai no chão atrás de mim, sua língua não tem reservas
enquanto ele me lambe ali.

Lambidas profundas de adoração, como se eu fosse a rainha e


ele meu servo, de joelhos para meu prazer.

Oh... querido Deus... meu corpo começa a crescer e eu


estremeço.

Eu vejo estrelas.

Amasso os lençóis em minhas mãos enquanto tento lidar com


ele. — Eu vou...

— Você vai gozar no meu pau.

— Então se apresse, — eu exijo.

Ele ri, e é a primeira vez que vejo um vislumbre do meu par


brincalhão. Ele coloca uma camisinha.
Ele envolve meu cabelo em volta de sua mão enquanto me
segura e então desliza lentamente a ponta de seu pau grosso pelos
meus lábios. Para frente e para trás, para frente e para trás.

Apresse-se.

Ele se posiciona e lentamente se acomoda. O ar sai dos meus


pulmões e eu gemo alto.

Oh... ele é grande... e... muito bom nisso.

— Como está isso? — Ele lentamente desliza para dentro e para


fora, aquecendo meu corpo com o seu tamanho.

Concordo com a cabeça, incapaz de formar uma frase coerente.

— Responda-me.

— Bom. — Fecho os olhos enquanto tento lidar com ele. —


Muito bom.

O cheiro de sua loção pós-barba, seu aperto em meu cabelo,


seu pau tão profundamente dentro de mim que não consigo
respirar.

Ele está ao meu redor, em uma experiência sensual perfeita em


3D.

Ele se retira completamente e desliza de volta para dentro. Ele


faz isso de novo, completamente para fora, e então desliza de volta
para dentro, muito lentamente.

O que ele está fazendo?

— Mais forte, — digo a ele.

— Eu serei o juiz disso.

— Você não vai me machucar.


Seu aperto em meu quadril aumenta e ele bate com força,
tirando o ar dos meus pulmões.

Ai... ok, talvez um pouco.

Então ele está me montando com força, o som de nossa pele


batendo alto, ecoando por seu quarto.

Tento me segurar, mas é difícil quando você está sendo fodida


por um caminhão Mack.

Não consigo segurar e grito no colchão.

— Porra, — ele ofega. — Ah, sim, simples assim.

Eu sorrio enquanto ouço ele se desfazer. Existe um som mais


quente na terra?

Ele sibila, se segura profundamente e goza dentro de mim. Eu


sinto o empurrão do seu pau quando ele libera.

Estou molhada de suor quando o ouço ofegante atrás de mim.

E então ele me beija nas costas. — Fodidamente quente, — ele


sussurra contra a minha pele.

Eu sorrio no colchão.

Completa e totalmente arruinada.


Ele para o carro no acostamento. — Eu vou te ver. — Ele se
inclina e, pegando meu rosto na mão, me beija suavemente. —
Essa noite...

Eu sorrio contra seus lábios. — Essa noite.

Seriamente...

A.

Melhor.

Noite.

Da.

Minha vida.

Tivemos o melhor encontro de todos, fomos para casa e


fodemos como animais, depois tomamos um banho e fizemos amor
terno e doce.

Acordei com mais de suas habilidades orais esta manhã e então


ele me preparou o café da manhã.

Isso é o que chamo de um encontro bem feito.

É isso... ele é o único.

Estou andando na porra do ar.

— Tenho que trabalhar hoje, mas te ligo mais tarde? — ele


pergunta.

Quero dar um soco no ar, mas não vou porque estou sendo
legal e tudo mais. — Tenha um bom dia.
Abro a porta do carro e ele me puxa para outro beijo. Eu rio
contra seus lábios. — Eu tenho que ir.

— Talvez eu tenha que ir.

— Você é um maníaco sexual. — Eu ri. Com outro beijo rápido,


pulo do carro e ele me dá um sorriso lento e sexy. — Tchau. — Eu
flutuo por dentro. Estou nas nuvens.

Troco meus lençóis e embrulho os antigos em velocidade dupla.

No meio da coisa de andar nas nuvens, também andei limpando


hoje.

Eu arrumei. Eu lavei. Comprei flores frescas. Aspirei e


esfreguei. Limpei o banheiro. Comprei roupas íntimas novas e até
alguns mantimentos, para o caso de as coisas correrem muito bem
esta noite e não conseguirmos sair para jantar.

Com as mãos nos quadris, olho meu apartamento para tentar


vê-lo com novos olhos. O tapete da sala parece um pouco
desgastado. Hum. Quer dizer, eu tenho isso há alguns anos. Talvez
eu deva levá-lo para a garagem?

Eu realmente quero dar o meu melhor com Henley esta noite.

Deslizo minha mesa de centro e enrolo o enorme tapete. Tento


pegá-lo e hum. Oh inferno, essa coisa é pesada.

Arrasto até a porta e saio pelo corredor, arrastando-o pelo


caminho. Viro em direção ao elevador e lembro que hoje ele está
fechado para manutenção.

Porra.
São seis lances de escada.

Eu o arrasto, suando, bufando e reclamando. Demoro dez


minutos para descer apenas dois níveis.

Inferno, esse encontro terá que ser outra festa do pijama,


simplesmente porque vou ficar tão exausta que vou dormir antes
do jantar.

Chego na metade do caminho e tenho que sentar por alguns


minutos e descansar. Pego meu telefone e verifico.

Nenhuma chamada perdida.

Finalmente chego ao pé da escada e arrasto meu tapete para a


garagem.

Certo... agora para me tornar simplesmente irresistível.

Pego meu telefone e verifico pela milésima vez hoje. Estou


sentada no meu sofá, arrumado, organizado, sem ter para onde ir.

São 19h e Henley ainda não me ligou.

Onde diabos ele está?

Estou com uma sensação desconfortável na boca do estômago.


E se algo estiver errado?

Pare com isso.

Ele vai ligar. Eu sei que ele vai.

Então, por que ele ainda não o fez? São 19h. Ele já teria ligado
se quisesse.

Navego o Netflix em busca de uma distração.


Talvez ele tenha perdido meu número?

Sento-me, subitamente interessada nessa teoria. Sim, deve ser


isso. Se ele perdeu meu número, não terá como entrar em contato
comigo.

Talvez eu devesse ligar para ele?

Meu telefone toca. — Olá, — eu respondo.

— Ele já ligou? — Chloe pergunta.

— Não. — Eu suspiro.

— Porra.

— Você acha que eu deveria ligar para ele?

— Não.

— E se ele perdeu meu número?

— Então ele é um idiota. De qualquer forma, seu número estará


no histórico de chamadas dele. Ele não perdeu seu número, Jules.

Meu coração afunda. — Algo está errado. Eu sei que ele vai me
ligar.

— Por que, porque ele disse que faria isso? Não seria o primeiro
homem a mentir em um encontro.

— Chloe, estou lhe dizendo. Tínhamos algo, eu sei que ele vai
me ligar.

— Tudo bem, — ela responde com uma voz não convencida. —


As meninas e eu vamos ao Clube 70, se você quiser ir.

— Não. — Eu exalo enquanto me deito de costas. — Vou esperar


por ele.
— Ele não está ligando.

— Ele está. — Reviro os olhos. — Ele teve que trabalhar hoje.


Talvez ele apareça aqui a qualquer minuto. Adeus.

Expiro pesadamente e olho ao redor do meu apartamento


impecável. É melhor ele ligar.

20:00
Toque Toque... toque Toque... Eu estrago meu rosto enquanto
espero ele atender.

— Você ligou para Henley James. Não posso atender o telefone


agora. Deixe um recado.

Merda.

— Oi, Henley, é Juliet. — Faço uma pausa enquanto tento


pensar na coisa certa a dizer. — Eu só estava... — Porra. — Achei
que íamos conversar hoje à noite?

Caramba. Pareço desesperada.

— Só liguei para saber o que está acontecendo. De qualquer


forma, tchau.

Coloquei minhas mãos sobre as órbitas dos olhos com


desgosto. Oh Deus... isso parecia tão pateticamente carente. Por
que não esperei ele ligar? Agora eu estraguei tudo.

Eca...
Meu telefone vibrando na mesinha lateral me acorda. — É tarde
demais para seus telefonemas bêbados, Chloe, — resmungo
enquanto atendo.

— Adivinha quem acabou de aparecer no clube? — ela grita em


meio à música alta da boate.

Esfrego os olhos para tentar focar na voz dela. — Quem?

— Henley James.

— O que? — Sento-me, de repente bem acordado. — Que horas


são? — Olho para o relógio do meu telefone: 2h. — Com quem ele
está aí?

— Dois rapazes.

— Você está falando sério? — Eu saio da cama.

— Você vem aqui e derruba a porra de uma bebida na cabeça


dele por te deixar de esperando.

Eu arrasto minha mão pelo meu rosto. — O que ele está


vestindo?

— Quem se importa. Ele parece um vibrador ambulante com


tudo o que está vestindo.

— Tem certeza que é ele?

— Estou enviando um vídeo para você. — Ela se atrapalha com


o telefone por alguns segundos. — Eu vou chamá-la de volta. —
Ela desliga e eu vou ao banheiro e saio para minha sala de estar.
Meu telefone emite uma mensagem de texto e eu aperto o play.

Henley está conversando com dois homens. Ele está vestindo


jeans e camiseta e conversando e rindo. Ele parece relaxado
enquanto bebe uma cerveja Corona. Uma garota gostosa passa e
seus olhos caem para o traseiro dela. E então ele diz algo para seus
amigos antes de voltar sua atenção para ela.

Meu coração afunda.

Uau...

Meu telefone toca novamente. — Oi, — eu respondo.

— Viu?

— Sim. — Eu suspiro.

— Ele é um idiota, — Chloe cospe.

— Tanto faz, eu não me importo com o que ele faz. — Eu ajo


sereno.

— Posso dizer a ele o que penso dele?

— Não, — eu respondo. — Esqueça-o como eu fiz. Vou voltar


para a cama.

— Sinto muito, querida.

— Não sinta. Eu não sinto. — eu minto.

— Café da manhã? — ela pergunta.

Eu não posso acreditar nisso.

Eu realmente não quero passar o dia todo amanhã ouvindo


histórias de Henley James, e ver Chloe amanhã abrirá as portas
para isso. — Não posso. Estou vendo meus pais, — digo a ela. —
Atualizamos na próxima semana?

— Claro, querida. — Ela hesita. — Você está bem?

Não.
— Claro que estou. — Eu sorrio tristemente. — Tchau.

Desligo e, com o coração na garganta, me torturo e assisto


novamente ao vídeo de Henley.

A maneira como ele está todo relaxado e feliz. A maneira como


ele olha para o traseiro daquela garota.

A maneira como isso me faz sentir.

À medida que a realidade se instala, um velho provérbio passa


pela minha mente: se algo parece bom demais para ser verdade,
geralmente é.

Idiota.

Descemos a trilha lotada. — Então, eu espero em casa a noite


toda, e Chloe me liga para dizer que ele está em uma boate às duas
da manhã, — continuo meu discurso retórico para Liam.

— Por que você dormiu com ele? Não é típico de você fazer isso
no primeiro encontro, — ele responde, desinteressado.

— Porque ele foi o melhor encontro da porra da minha vida, é


por isso. E talvez eu só quisesse ser uma garota má por uma noite,
sabe?

— Não. Não sei.

— Porque você é meu irmão, é por isso. Se você tivesse o melhor


encontro da sua vida, você interpretaria o Sr. Inocente para provar
algo?

Ele revira os olhos. — Vamos entrar aqui? — Ele aponta para


um restaurante.
Pobre Liam. Fiz com que ele viesse almoçar comigo para que eu
pudesse desabafar sobre meu fim de semana infernal.

— Sim. — Eu suspiro. — Isso servirá. — Abro a porta pesada e


esperamos na fila para sermos atendidos.

— Como você sabe que era ele no clube? Chloe provavelmente


estava usando óculos de cerveja.

— Porque ela me enviou um vídeo dele.

— Ela gravou um vídeo dele? — Ele franze a cara de desgosto.


— Isso não é nada assustador.

— Olhe. — Trago à tona o vídeo que já sei de cor porque já o


assisti dez mil vezes.

Apertei o play e ele assistiu à filmagem. — Ele é um idiota,


Juliet.

Eu exalo pesadamente. — Foi a melhor noite da minha vida.

— Não, não foi. Veja como ele fez você se sentir. Ele é um idiota.
Esqueça-o.

Eu suspiro pesadamente. — Eu acho.

— Qual é o nome dele, afinal?

— Henley.

— Esse é um nome estranho. — Ele torce os lábios em desgosto.


— Henley como a moto?

— Henley como pau, eu diria. — Eu arregalo meus olhos.

Ele estremece. — Ugh, muita informação.


Enquanto esperamos, ele assiste ao vídeo no meu celular
novamente. Ele devolve com desgosto. — Se algum dia eu o ver,
vou nocauteá-lo para você, — ele murmura secamente. — De
acordo?

— Acordo aprovado. — Eu sorrio, me sentindo um pouco


melhor porque meu irmão mais novo também é um dos meus
melhores amigos.

Chegamos à frente da fila. — Olá, podemos ter uma mesa para


dois, por favor? — Eu pergunto.

A anfitriã examina a folha de reservas. — Só preciso limpar a


mesa. Você pode esperar cinco minutos?

— Claro.

Ela aponta para uma área de espera. — Apenas espere aí, e eu


te chamo quando estiver pronto. Qual o nome?

— Juliet.

Seguimos até a área do bar para esperar nossa mesa, e assisto


ao vídeo de Henley novamente. Não sei porquê continuo assistindo
a maldita coisa. É como se eu esperasse encontrar evidências de
que na verdade não é ele.

Se apenas.

A mão de Liam passa pelas minhas costas e eu franzo a testa


enquanto olho para o meu telefone. — O que você está fazendo?

— Ensinando-lhe uma lição.

— O que? — Olho para cima e vejo Henley se aproximando de


nós.
Que porra é essa?

— Olá, Juliet. — Ele finge um sorriso. Parecendo que acabou


de sair de uma passarela, ele está vestindo um terno cinza, camisa
branca e gravata azul. Seu cabelo escuro está todo despenteado
com perfeição, e Oh meu Deus, o que diabos você está fazendo aqui?

— Henley, oi.

Henley volta sua atenção para Liam. — Quem é você?

Liam sorri como um malvado gato Cheshire. — Liam. — Ele


gesticula para mim. — Noivo de Juliet.

Ele não disse apenas isso.

As sobrancelhas de Henley se erguem de surpresa quando ele


coloca o peso no pé de trás. Sua mandíbula flexiona. — Noivo?

Não, não, não.

Não!

— Isso mesmo. — Liam continua com suas mentiras. — Você a


conhece bem?

Apenas cale a boca!

Os olhos de Henley vêm para mim e ele revira os lábios. A fúria


exala dele. — Talvez não.

Por favor, terra, engula-me inteira.

Ele olha para mim e eu quero dizer a ele que tudo isso é
mentira, mas qual é o sentido? Ele é um idiota e não se importaria
de qualquer maneira.
— Tenha uma boa vida, Juliettt. — Ele acentua o T em meu
nome. — Com — ele olha Liam de cima a baixo e sorri como se
estivesse se divertindo — seu lindo noivo.

Arrogância personificada.

— Ei, o que isso quer dizer? — Liam pergunta enquanto ele age
como um idiota.

Henley passa e calcula mal a distância entre eles de propósito.


Ele bate em Liam com o ombro com tanta força que ele quase cai
voando. Ele empurra a porta pesada e sai furioso.

Liam olha para ele. — Interessante.

— Interessante? — Eu suspiro. — Por que diabos você diria


isso? Agora ele pensa que sou uma vadia.

— É preciso conhecer um. — Ele abaixa os ombros como se


estivesse satisfeito consigo mesmo. — Ele gostou de você.

— Como você sabe?

Ele sorri amplamente, sentindo-se muito satisfeito consigo


mesmo. — Ele estava chateado.

— E isso é engraçado porque..., — eu suspiro, enfurecido.

— Ele teve sua chance e estragou tudo. Touché, filho da puta.


Três anos depois...
— Parabéns. — Tim, o corretor de imóveis, sorri ao entregar as
chaves. — É toda sua.

— Obrigada. — Abro a porta e entramos no hall de entrada.


Meus pais e Liam estão aqui para ajudar a celebrar esse momento
importante.

Ele olha ao redor da casa velha e dilapidada. — Divirta-se


renovando.

— Eu vou. — Eu sorrio. — Diversão em reformar, lembra?

Tim ri de seu próprio discurso de vendas. — Eu lembro.

Minha avó, que Deus tenha sua bela alma, deixou para mim e
para meu irmão uma grande herança cada, e com minhas
economias consegui de alguma forma uma casa no melhor bairro
de Half Moon Bay.

Este é o meu subúrbio ideal, mas nunca chegou nem perto da


minha faixa de preço. De alguma forma – e acho que foi a vovó
quem organizou isso no céu – as estrelas se alinharam.

Recebi a herança dela, e na primeira semana que procurei,


surgiu essa casa.

Era um patrimônio de um falecido sem beneficiários, então o


administrador do testamento decidiu que seria vendido ao
primeiro que fizesse uma oferta, qualquer oferta. Por algum
milagre, fui a primeira a olhar, me apaixonei e fui a primeira a fazer
uma oferta.

Quase desmaiei quando eles aceitaram.

É um lixo total, mas fica em uma rua linda. Bem, não é


realmente uma rua. É um beco sem saída, Kingston Lane.

— Tchau, — Tim diz enquanto desce os degraus da frente. —


Ligue-me se precisar de alguma coisa.

— Eu vou. Obrigada novamente. Tchau.

Eu faço uma pequena dança no local de excitação. — Vocês


acreditam nisso? — Eu suspiro.

Minha mãe me beija. — Estamos muito felizes por você, Jules.


— Ela pega o telefone da bolsa. — Segure suas chaves – preciso de
uma foto. — Eu seguro minhas chaves e sorrio bobamente
enquanto minha mãe tira fotos.

— É agridoce. Eu gostaria que vovó estivesse aqui.

— Ela está assistindo. — Mamãe sorri. — Eu sei que ela está.

— A pior casa na melhor rua. — Meu pai sorri. — Você mordeu


muito, isso é certo.

— Estou à altura do desafio. — Eu sorrio enquanto olho ao


redor. — Não há pressa. Tenho uma eternidade para fazer isso.

A velha casa é de tábuas e dois andares. É branco com telhado


de zinco verde. Possui uma varanda envolvente e um quintal
coberto de vegetação. Será muito trabalhoso trazê-la de volta à sua
glória original.

— E quando seu cachorrinho chega? — Mamãe pergunta.


Eu faço uma pequena dança no local. — Eu vou buscá-lo no
abrigo amanhã. Na verdade, ele é a coisa mais emocionante em
finalmente comprar uma casa. Posso ter meu próprio cachorro. E
ele não é um cachorrinho, mãe. Lembre-se, eu adotei um cachorro
mais velho.

— Mas pensei que você queria um filhote.

— Eu fiz. Mas quando cheguei lá, ele parecia tão triste e tímido.
Ele é o único para mim.

— Como você vai chamá-lo?

Eu dou de ombros. — Não sei. Acho que vamos resolver isso


juntos quando ele chegar aqui.

— A que horas chega o caminhão de mudança? — Papai


pergunta.

Olho para o meu relógio. — Temos três horas.

Mamãe entra na cozinha. — Vamos fazer a limpeza.

São 23h e, depois do dia mais longo da história, subo as


escadas.

Liam saiu um pouco mais cedo para um encontro quente.


Sortudo.

— Boa noite, Jules, — papai chama do quarto de hóspedes.

— Boa noite. Obrigada por tudo hoje.

Ele e mamãe vão ficar para que eu não fique sozinha na minha
primeira noite aqui. Só morei em apartamentos desde que me
mudei de casa. Para ser sincera, estar aqui nesta casa grande e
antiga pode ser um pouco assustador. Essa é uma das razões pelas
quais decidi comprar um cachorro mais velho. Ele pode ser meu
protetor e também meu melhor amigo.

Entro no meu quarto e olho em volta. As paredes são de cores


diferentes, uma verde e outra creme, as outras duas são de um
rosa empoeirado.

Horrível.

O antigo proprietário fez uma pequena reforma em algum


momento, há muitos anos. Um banheiro privativo foi acrescentado
ao master, embora seus azulejos marrons deixem muito a desejar.
Pelo menos está lá, eu acho.

Tomo banho, visto o pijama e apago a luz. Quando vou fechar


as persianas, noto que a janela do quarto do vizinho no andar de
cima está bem à vista, posso ver diretamente. Tem uma aparência
luxuosa, com móveis caros. Há uma cama de dossel com um sofá
no final.

O quarto parece enorme.

Caramba.

— Swish2. — Eu sorrio. Há uma obra de arte gigante atrás da


cama, e estreito os olhos para tentar ver melhor. Acho que é uma
pintura abstrata de uma mulher nua?

Hum...

Um homem entra na sala com uma toalha na cintura e eu


rapidamente agarro o cordão para fechar as persianas. Não quero

2
Requintado, extravagante, chique, elegante.
que ele pense que sou uma espiã. Puxo a corda, mas nada
acontece.

— Merda. — Eu luto com o cabo, mas ele está preso. Olho para
trás e vejo que o cara agora está de cueca preta. Ele está puxando
os cobertores de volta para a cama.

— Porra. — Eu me abaixo atrás da parede. Eu não quero que


ele me veja. Vou lutar com a corda depois que ele fechar as
cortinas.

Eu espero e espero... e... espere. O que diabos ele está fazendo?

Espio e observo. E o homem na janela se aproxima para fechar


as persianas e, pela primeira vez, vejo seu rosto.

Meus olhos se arregalam.

Não...

Eu rapidamente me escondo atrás da parede, horrorizada. Com


o coração martelando forte no peito, espio de novo. Isso não pode
estar acontecendo.

Quais são as chances?

É aquele idiota imbecil, Henley James.

3h da manhã, a hora das bruxas


Deito de costas e olho para o teto.

Foda-se. Ele.

Como ele ousa estragar isso para mim?


Não é suficiente que ele tenha arruinado o sexo para mim para
sempre?

Não é suficiente comparar cada maldito encontro que tenho


com aquele estúpido, horrível, incrível e maravilhoso encontro de
pesadelo que tivemos?

Aposto que ele é casado.

Aposto que a esposa dele é linda e inteligente e provavelmente


advogada ou algo igualmente impressionante.

Ela provavelmente vai desfilar por aqui toda maldita quinta-


feira com uma saia branca de tênis.

Com seus dois filhos perfeitos que frequentam uma escola


particular. Ela provavelmente aspira o carro todos os sábados e
arranca as ervas daninhas do jardim aos domingos.

Faz tortas e essas coisas.

Ugh... Eu rolo, enfurecida, e soco o travesseiro.

Deus, eu gostaria de nunca tê-lo conhecido.

E o pior é que minha mente ainda está lá. Isso permanece


naquela noite em que ele estava me jogando na cama. A maneira
como rimos no jantar, a maneira como ele me beijou.

A maneira como ele me fez sentir.

Mas pior do que isso, ainda penso em como eu não fui


suficiente para ele.

E como doeu muito.


Um clique soa pela cozinha enquanto a torrada estoura. Eu a
retiro e a coloco entre os dedos. Ai, isso é quente. Coloco os ovos
mexidos nos pratos. — Mãe, pai, o café da manhã está pronto, —
eu chamo.

Eles descem as escadas e sentam-se à mesa de jogo


improvisada em cadeiras de acampamento. — Este parece ser
bom. — Papai sorri enquanto pega a faca e o garfo antes de comer.

Depois de me revirar a noite toda, decidi que não vou deixar


aquele homem horrível da casa ao lado estragar o brilho da minha
nova casa. Ele não significa nada para mim, e não me importa onde
ele mora ou quão bonita é sua esposa.

Idiota.

Nosso encontro nunca aconteceu. Isso foi há muito tempo. Eu


segui em frente.

— Talvez eu consiga uma mesa redonda para a área da cozinha,


— penso em voz alta. No térreo há um hall de entrada com uma
grande e frágil escadaria de madeira, uma sala de estar formal e
depois uma área de jantar, e nos fundos da casa há uma grande
cozinha e uma área de estar informal. É tudo horrível, claro. Mal
posso esperar para me aprofundar e tornar meu.

— Talvez um banco embutido no canto também ficasse bem, —


diz mamãe enquanto olha em volta.

— Talvez. — Eu sorrio. — Tantas possibilidades.

— Mal posso esperar para ver o que você fará com o lugar, —
diz mamãe enquanto começa a comer. — Tem certeza de que vai
ficar bem aqui sozinha?
— Sim. Vá em sua viagem. Você está com isso reservado há
mais de um ano. — Mamãe e papai partirão amanhã para a Europa
para a viagem da sua vida, quatro meses de passeios turísticos. —
Eu pego meu cachorro hoje, lembra? Ficaremos bem, só nós dois.

Mamãe exala pesadamente. — Gostaria que pudéssemos ficar


mais alguns dias. Parece tão... vazio. Você nem tem móveis para a
maior parte do lugar ainda.

— Mãe, estou bem. Minhas amigas estão por perto, e se eu


precisar de alguma coisa, Liam está aqui, e tenho móveis
suficientes para sobreviver até que cheguem as coisas novas. Eu
vim de um apartamento de um quarto, mãe. É claro que esta
grande casa velha parece vazia agora.

— Eu acho, — ela concorda.

— Além disso, quero morar aqui por algumas semanas antes


de decidir o que quero. Esta casa é diferente. Quero realmente
sentir isso e comprar as coisas certas.

— A que horas você pega seu cachorro? — Papai pergunta.

— Assim que vocês saírem. — Eu curvo meus ombros. — Estou


mais animada em conquistá-lo do que em relação à casa. — Eu
queria meu próprio cachorro há anos.

— Não é cruel, é? — Mamãe diz. — Sempre me preocupo com o


fato de cães adultos em abrigos serem cruéis.

Reviro os olhos. — Ele não é cruel. Ele é tão doce quanto uma
torta.

— Você pensou em um nome para ele?


— Ainda não. Verei o que combina com ele quando chegar aqui.
— Mal consigo tirar o sorriso bobo do meu rosto. — Tenho que
passar na loja e comprar comida para ele no caminho. — Minha
mente fica acelerada. — Eu me pergunto o que ele gosta de comer?

Batidas soam na porta.

Nós olhamos um para o outro. — Quem seria? — Mamãe franze


a testa.

— Não tenho certeza. — Vou até a porta da frente e abro para


ver uma velhinha. Ela está segurando uma bandeja com um pano
de prato xadrez vermelho sobre ela.

— Bem vinda a vizinhança. — Ela sorri enquanto me passa a


bandeja. — Eu vi o caminhão ontem e fiz alguns scones para você.

— Oh. — Eu sorrio enquanto os pego dela. — Muito obrigada.


Que adorável. Eu sou Juliet.

— Eu sou Carol Higginbottom. Eu moro do outro lado da rua.


— Ela aponta para uma casa do outro lado da rua. É uma casa
antiga com jardins perfeitamente cuidados.

— Olá, Carol, é um prazer conhecê-la. — Oh meu Deus, tão


fofa.

Carol olha por cima do meu ombro para dentro da casa, como
se fosse entrar. — Seu marido está em casa?

— Não. — Eu passo na frente dela. Não quero convidá-la até


conseguir guardar mais coisas. Parece um incêndio em uma lixeira
ali. — Eu não sou casada.

— Oh. — Ela me olha surpresa. — Noiva então?


— Não. Solteira. Comprei a casa e vou morar aqui sozinha.

Seu rosto cai. — Oh céus.

Eu fingi um sorriso. Hmm, a doce Carol é irritante.

— O que você faz, então... para poder comprar uma casa neste
bairro?

Apague isso, Carol é realmente irritante.

— Eu sou uma enfermeira.

— Oh... — Seus olhos prendem os meus, e posso ver seu


cérebro funcionando a milhões de quilômetros por minuto. — Eu
vejo.

— Com quem você mora, Carol?

— Eu sou viúva. Mervin faleceu há alguns anos.

— Lamento.

— Eu também.

Na verdade, posso entender um pouco o que ela pensa


enquanto saímos para minha varanda. — Conte-me sobre a rua.

Carol sorri amplamente. — É um lugar maravilhoso para se


viver, querida. É como uma grande família.

— Então, você conhece os vizinhos?

— Ah, sim, todos nós nos conhecemos muito bem.

— Quem mora onde? — Eu pergunto.

— Bem... — ela aponta para sua casa — eu moro na casa


branca. Ao meu lado está Blake Grayson, ele é um médico. Por
mais selvagem que seja, esse aí.
— Oh.

Chloe vai enlouquecer.

— Então você tem Antony Deluca. Ele mora ao lado de você.

— Sozinho? — Eu pergunto.

— Ele tem uma namorada diferente toda semana. — Ela revira


os olhos. — Ele é advogado e não fica muito em casa. Ele trabalha
em grandes casos sofisticados em todo o estado.

— Oh. — Olho para a casa cinza. Um advogado chique, hein?

Hum.

— Do outro lado de mim, na casa creme, está Ethel. — Carol


sorri. — Ela é idosa e um pouco frágil. Todos nós cuidamos dela.

Eu sorrio. Tenho que admitir, este parece um bom lugar para


se viver.

— Então na esquin... — ela aponta para uma casa enorme na


esquina e revira os olhos — é a casa militar. É melhor evitar isso a
todo custo.

— A casa militar? — Eu franzir a testa.

— Seis Navy SEALs vivem lá juntos. Não sei, operações


especiais ou algo assim.

Meus olhos permanecem na estrada... meu interesse


despertou.

— Coisas sórdidas acontecem naquela casa, querida.

— Jura? — Mordo meu lábio para esconder meu sorriso. Coisas


sórdidas de operações especiais parecem quentes.
— Mulheres indo e vindo a qualquer hora. Playboys de verdade,
esses. — Ela se inclina para abaixar a voz novamente. — Eu não
ficaria surpresa se eles fossem swingers.

— Oh... — Concordo com a cabeça enquanto meus olhos


percorrem a casa deles. — Eles são casados?

— Não. — Ela franze a testa. — O que te faz dizer isso?

— Swingers são casados, não são?

— Não, não, querida, significa apenas que eles fazem sexo com
muitas pessoas. Procure no Google.

O Google.

Mordo meu lábio para esconder meu sorriso. Carol acha que
sabe tudo, e é claro que não.

— De qualquer forma, — ela continua, — eles são enormes e


musculosos e correm e realizam todos os tipos de atividades
radicais malucas.

Meus olhos permanecem na casa deles.

Interessante.

— Eles alugam e não se envolvem realmente conosco. Os


meninos não gostam muito deles.

— Os meninos?

— Oh, os homens desta rua são todos unidos. Eles saem


juntos.

— Que homens?

— Bem, ao lado de você, de um lado, mora Henley James.


— Como ele é? — Eu ajo sem noção.

— Homem bonito. — Ela se inclina e abaixa a voz. — É dono de


uma enorme empresa de engenharia, de muito sucesso.

— É ele? — Eu aceno enquanto ouço. — Como é a esposa dele?

— Ele não é casado. Embora todas as mulheres que ele conhece


se apaixonem perdidamente por ele.

Ugh...

— Eu vejo.

— E então na casa branca do outro lado de você está Bennet


Stark.

— Como ele é?

— Ele é um especialista em TI, desenvolve aplicativos ou algo


assim. — Ela dá de ombros. — Está tudo bem além da minha
cabeça, mas ele é ótimo no que faz, aparentemente. Ele também é
solteiro. Na verdade, acho que ele tem namorada agora. Às vezes
há um carro estranho lá à noite.

— Oh, eu vejo. — Olho ao redor do pequeno beco sem saída.


Parece haver muitos homens que moram aqui. Chloe vai ficar com
ciúmes quando descobrir que Blake Grayson é um deles.

— Rebecca e John estão do outro lado da rua. Eles são


adoráveis também. Eles se casaram há alguns anos.

— O que eles fazem?

— John é cirurgião e Rebecca é professora.

— Parece bom. — Eu sorrio, grata pela informação. — Obrigada


pelo resumo.
— Espero que você goste de scones, querida. — Carol diz
enquanto desce os degraus da frente. Ando com ela enquanto
conversamos.

— Eu gosto. Muito obrigada. — Espio debaixo do pano de prato


e vejo o vapor subindo. — Oh, eles ainda estão quentes. — Sorrio
de surpresa quando chegamos à minha caixa de correio.

— Nada de lixo comprado em loja em minha casa, querida.


Aposto que você também é uma boa cozinheira.

— Claro que sim, — minto com um sorriso falso. Não sei


cozinhar por nada, Carol, mas tanto faz.

Um Range Rover preto estaciona na rua. — Aqui está Henley


em casa agora, — diz Carol.

Porra.

Ele dirige, acena e estaciona em sua garagem. A casa dele é


grande e bonita.

Ele sai do carro e acena. — Oi, Carol. — Ele começa a entrar


na casa. — Dia agradável. — Ele caminha em direção à porta da
frente e para no local.

Ele acabou de perceber quem eu sou.

Ele se vira para nós e franze a testa enquanto seus olhos se


fixam nos meus.

Merda.

— Venha conhecer nossa nova vizinha, — Carol chama.


Ele torce os lábios como se estivesse com raiva e se aproxima
com as mãos nos bolsos do terno chique. — Encontramo-nos
novamente.

Ouvir sua voz sexy e familiar quebra a faixa de sanidade em


meu cérebro, e eu só quero atacar e ser uma vadia.

— Desculpe? — Sorrio docemente enquanto finjo esquecê-lo.


Estendo minha mão para apertar a dele. — Eu sou Juliet. Prazer
em conhecê-lo.

Ele estreita os olhos em confusão enquanto aperta minha mão.


— Henley James.

— Juliet acabou de se mudar. Eu fiz alguns scones para ela.

Os olhos de Henley permanecem fixos nos meus, seu rosto sem


emoção. — Os melhores scones do país, Carol.

Carol solta uma risadinha exagerada. — Oh, Henley, você me


provoca tanto.

Reviro os olhos interiormente quando fica claro que Carol é


uma daquelas mulheres que está apaixonada por ele.

— Os proprietários devem alugar esta casa enquanto obtêm a


licença aprovada para a nova construção, — diz Henley.

Como desejar.

— Não, Harry, — eu respondo.

— Henley, — ele me corrige, nada impressionado.

— Eu comprei isso.

— O que? — Ele franze a testa. — O que você quer dizer com


você comprou?
Ele quer dizer: Como eu poderia comprar uma casa nesta rua?
Idiota julgador. Começo a ouvir meus batimentos cardíacos
furiosos em meus ouvidos. — O que mais eu poderia querer dizer,
Harry? Eu comprei a casa.

— Henley, — ele cospe com os dentes cerrados. — Não me


chame de Harry de novo. — Seus olhos prendem os meus, e é
realmente difícil não cair na gargalhada. Esse plano de esquecê-lo
é uma piada.

Deus, eu sou brilhante.

— Prazer em conhecê-la. — ele mente antes de sair furioso. —


Adeus, Carol, — ele diz por cima do ombro.

— Tchau, — Carol chama. — Vou fazer alguns scones para você


no domingo, Henley.

— Não é necessário. — Ele balança a mão no ar e continua


andando.

Carol olha para ele, perplexa. — Ele deve estar muito ocupado.
Ele geralmente é tão caloroso e acolhedor, ele nunca é abrasivo
assim. — Ela levanta as sobrancelhas enquanto contempla a
reação dele comigo.

Só amigável nos primeiros encontros, quando quer molhar o


pau... Idiota.

Estou furiosa só de vê-lo novamente.

— Obrigada pelos scones. — Eu sorrio. — Foi um prazer


conhecer você. Eu tenho que ir.

— Adeus, Juliet.
Aceno e volto para minha casa e sinto um pouco de orgulho de
mim mesma quando fecho a porta.

Tudo correu bem. Provavelmente nunca mais irei encontrá-lo.


Talvez este não seja o desastre que pensei que seria.

Uma hora depois, dobro uma camiseta e a jogo na mala da


mamãe, que está em sua cama. — Agora lembre-se, — digo a ela
enquanto arrumo suas coisas, — se alguém tentar agarrá-la ou se
você se sentir insegura, ligue para o guia turístico imediatamente.

— Eu sei.

— E se papai ficar muito conversador com as pessoas, não


deixe que ele conte todos os seus detalhes. Você sabe que ele
compartilha demais e não pode confiar em todos que conhece no
exterior. Não é a mesma coisa que estar em casa, mãe.

— Sim. Sim, eu sei. — Mamãe revira os olhos para minha


palestra.

— E se o tornozelo do papai lhe causar problemas, não há


problema em ter alguns dias de descanso no hotel.

— Oh, Juliet, pare de se preocupar. — Ela suspira.

Eu exalo pesadamente. Com todas as coisas em casa que estou


fazendo, só agora me dei conta de que meus pais estão viajando
sozinhos pela primeira vez para o exterior. É um pouco assustador.
— Se acontecer alguma coisa médica, é só me ligar e eu estarei no
primeiro avião.

— Sim, sim.
— Alguém está na porta, — meu pai grita do banheiro.

— Quem seria? — Mamãe pergunta.

— Acho que é o entregador. — Jogo o suéter na maleta e desço


as escadas. Abro a porta para ver Henley. — Oh, — eu gaguejo,
surpreso. — Henry.

Ele me encara sem expressão.

— Sim?

— Se você me chamar pelo nome errado de novo, será um


inferno para pagar.

— Desculpe. — Incapaz de evitar, eu sorrio. — Perdoe-me, mas


qual era o seu nome mesmo?

— Você realmente não se lembra de mim?

Eu estremeço enquanto pareço preocupada. — Sinto muito,


deveria?

Ele torce os lábios, impressionado.

— Quando nos conhecemos? — Eu dou de ombros. — Foi no


trabalho? Sou enfermeira, então conheço muitas pessoas e sou
péssima com rostos.

Ele se inclina. — Não sei o que você está fazendo ao fingir que
não me conhece, — ele sussurra com raiva, — mas não gosto que
você bombardeie sua entrada na minha rua.

— Sua rua?

— Isso mesmo. — Sua mandíbula treme enquanto ele olha para


mim.
— Quero dizer, eu sei que o beco sem saída se chama Kingston
Lane, mas não sabia que tinha seu próprio rei. Que sorte temos.

— Você não é engraçada. — ele retruca.

Eu também acho.

— Por favor, me diga qual é o seu problema? — Eu pergunto


impacientemente.

— Eu acho que você sabe.

— Eu não. Você vive dizendo que nos conhecemos, mas não


tenho ideia de onde. Então, a menos que você esteja disposto a me
dizer qual é o problema, não temos nada para conversar.

— Não brinque comigo. — ele zomba. — Eu sei que você se


lembra de mim. Não se faça de boba.

Sinto meu temperamento aumentar. Este homem é um porco


irritante.

— Não tenho certeza de onde nos conhecemos, mas ficou muito


claro por que escolhi esquecer você. Ainda praticando ser um
idiota, não é?

— Não estou praticando. — Seus olhos furiosos seguram os


meus. — Aperfeiçoei.

Bom retorno.

— O que você quer? Você quer que eu te parabenize por se


tornar um idiota perfeito? — Eu sussurro com raiva.

— Eu quero que você se mude, é isso que eu quero. Nossa rua


não precisa de alguém como você morando aqui.
— Que merda, Rei Henley, o Grande, não vou me mover e
ninguém me julga além de mim, então fique fora do meu caminho.

Seus olhos se arregalam. — Você fique fora do meu caminho.

— Nenhum prêmio por segundos, idiota. Não copie meu


retorno.

— Eu juro por Deus, porra..., — ele sussurra com raiva.

— Juliet. — A voz do meu pai ressoa quando a porta de tela se


abre. — Quem é seu amigo?

Merda.

Henley e eu nos afastamos. — Pai, este é meu vizinho. Ele só


passou para dizer oi.

Isto é estranho. Contei aos meus pais sobre minha decepção


em um encontro naquela época, quando isso aconteceu. E embora
eu nunca tenha dito o nome dele, se Henley perguntar onde está
meu noivo, estou ferrada.

— Pai, conheça Henley. — Faço um gesto para Henley. —


Henley, conheça meu pai; Henley estava saindo, — eu deixo
escapar rapidamente.

Oh meu Deus, vá embora.

Saia agora.

— Olá. — Papai sorri enquanto aperta sua mão.

Henley finge um sorriso. — Prazer em conhecê-lo.

— Lindo lugar onde você mora, — responde papai. — É como o


paraíso aqui.
Os olhos de Henley se movem para mim como se ele estivesse
prestes a dizer alguma coisa. — Foi... é, — Henley se corrige.

— Vamos para a Europa amanhã, eu e a esposa. Animado é um


eufemismo, — continua papai.

— Por quanto tempo? — Henley pergunta.

— Quatro meses.

— Henley estava saindo, não estava? — Arregalo os olhos como


um sinal de desligamento. — Você realmente não precisa me fazer
scones. Obrigado pela oferta embora.

Ele começa a descer os quatro degraus da frente.

— Henley, — meu pai chama.

Henley se vira. — Sim?

— Fique de olho nela para mim, sim?

Os olhos calculistas de Henley encontram os meus. — O marido


dela não deveria estar fazendo isso? — ele zomba sarcasticamente.

Mate-me agora!

Maldito Liam. Eu vou matá-lo.

— Juliet não é casada. — Papai ri. — Talvez você tenha um


amigo com quem arranjá-la.

Pelo amor de Deus. Cale a boca, pai.

Abro a porta e gesticulo para dentro. — Você realmente precisa


fazer as malas.

Entre agora mesmo, antes que eu te espanque até a morte com


o tapete da porta da frente.
— Adeus, Henley. Prazer em conhecê-lo, — meu pai chama.

Henley acena e continua caminhando de volta para sua casa.


Observo suas costas largas enquanto ele desaparece pelo gramado.

— Que homem legal, — meu pai grita em voz alta enquanto


entra. Certamente Henley o ouviu.

Ele não é, pai. Em nenhum lugar perto.

— Só por aqui. — A atendente me leva por um corredor.

— Estou tão animada. — Quase danço atrás dela. — Desde


sempre que desejo esse cachorro.

— Ele é um cachorro lindo. Ele tomou todas as suas vacinas e


está pronto para ir.

Chegamos ao seu recinto e ele olha para mim. Seus olhos estão
tristes e meu coração se parte. — Ei, você. — Eu sorrio enquanto
me abaixo. — Que raça de cachorro ele é mesmo?

— Não tenho certeza. Definitivamente um springer spaniel em


algum lugar. — Ela abre o portão e ele fica parado, sem saber o
que está prestes a acontecer.

Ele é marrom e perfeitamente manchado. — E quantos anos ele


tem?

— A julgar pelos dentes dele, pensamos em cerca de três.


Embora ele pudesse ser um pouco mais jovem ou mais velho. Ele
não é muito velho – coloque dessa forma.

— E como ele foi parar no abrigo?

— Seu dono morreu inesperadamente.


— Oh. — Meu coração afunda. — Pobre bebê.

— Você vem, Barry, — ela diz.

— Barry? — Eu franzo a testa.

— Sim, o nome dele é Barry. Claro, você pode mudar se quiser.

— O último dono dele o chamava de Barry ou você inventou


isso desde que ele chegou aqui?

— Ele sempre foi chamado de Barry.

Oh, eu realmente não quero ter um cachorro chamado Barry.


Eu estava pensando em algo mais nobre e legal.

Hmm, vou ter que pensar sobre isso.

— Ele era um cachorro externo em sua última casa.

— Mas... ele gosta de ficar dentro? — Eu pergunto.

— Mostre-me um cachorro que não o faça. — Ela coloca a


coleira nele e ele sai hesitantemente.

Estendo minha mão para ele cheirar. — Oi. — Seu rabo balança
fracamente e eu sorrio. — Vamos para casa. — Eu cuidadosamente
o conduzo para fora da porta, e ele olha para o atendente como se
dissesse que posso sair? Saímos até meu carro e eu o ajudo a
sentar no banco de trás. Ele fica sentado em silêncio e eu fecho a
porta atrás dele. — Você é um bom menino. — Eu sorrio para ele
pelo espelho retrovisor. É tão maravilhoso poder fazer isso. Não
existe nada melhor do que isso.
1:00 da manhã
— Uau, uau, uau. — ecoa por toda a vizinhança.

Eu espero.

— Uau, au, au.

Eu rolo na cama. — Pelo amor de Deus, Barry.

Silêncio por alguns momentos.

Uauuuuu.

— Que diabos? Ele está uivando como um lobisomem agora?


— Afasto os cobertores e desço as escadas. Abro a porta dos
fundos. — O que? — Eu sussurro com raiva. — O que você quer?

Barry abana o rabo, pronto para brincar.

— Entre. Você está mantendo a rua inteira acordada.

Ele entra na casa e passa por mim, e eu fecho a porta atrás


dele. Isso vem acontecendo há horas. Ele late quando é deixado do
lado de fora, e então eu o deixo entrar. Cinco minutos depois ele
late para voltar para fora.

Não tenho ideia do que ele quer ou do que fazer.

Deito no chão, exausta, enquanto Barry corre em círculos.


Latindo para que eu brinque, ele pula e belisca meu cabelo. Ele
pega uma bola e a deixa cair ao lado da minha mão.

Oh Deus...

— Não é hora de brincar, — murmuro sonolenta. Ele pega a


bola e a deixa cair novamente.
Cochilo por um momento e ele vai até a porta dos fundos e
começa a latir para sair.

— O que você está fazendo? — Suspiro de frustração. — Acabei


de deixar você entrar.

Ele começa a arranhar a porta dos fundos para sair.

Inferno, isso não estava no folheto.

Eu me levanto e o deixo sair, e ele corre de volta para o quintal


todo animado.

— Vá. Dormir. — Fecho a porta e volto para a sala. Não faz


sentido voltar lá para cima. Só descerei novamente em dois
minutos. Pego a manta e me aconchego no chão com algumas
almofadas.

Bang, bang, bang.

Acordo assustada.

Bang, bang, bang.

Huh? Sento-me toda desgrenhada. Adormeci. Alguém está


batendo na porta?

Owoooooooooooo, ouvi do quintal.

Droga, Barry está uivando de novo.

Abro a porta da frente com pressa e vejo Henley parado na


porta, vestindo boxers de cetim azul-marinho. — Você é realmente
tão egoísta? — ele cospe enquanto passa por mim e entra em
minha casa.

— Huh? — Estou apertando os olhos enquanto tento focar


meus olhos. — O que?
— Seu cachorro está mantendo toda a vizinhança acordada, —
ele cospe com raiva.

Owoooooooooooo, o lobisomem chora no quintal.

— Sinto muito, — gaguejo. — Ele é novo e está apenas se


adaptando. Acabei de recebê-lo hoje.

— Ele é literalmente um maldito pesadelo.

Owoooooooooooo, parece o lobisomem.

Henley marcha e abre a porta dos fundos com pressa. — Cale-


se. Agora! — ele grita tão alto que pode ser ouvido na vizinhança
próxima.

Barry fica quieto por um momento e depois late novamente.

Henley marcha até meu quintal. — Escute, você, — ele grita


enquanto aponta para o canil de Barry. — Vá para a sua cama e
vá dormir. Agora.

Barry entra em seu canil e se enrola.

Henley marcha de volta para minha casa e bate a porta.

— Você vai levar aquele cachorro de volta para o lugar de onde


ele veio amanhã, — ele exige.

Este homem é o idiota mais autointitulado de todos os tempos.


Coço a cabeça e sinto meu cabelo em pé.

— Você entendeu? — Seus olhos descem pelo meu corpo e sua


sobrancelha sobe. — E que porra você está vestindo?
Olho para mim mesma e me encolho. O que estou vestindo? —
Bem... obviamente... — Procuro algo para dizer, alguma
intervenção divina que me dê uma desculpa. Olho para seu corpo
musculoso vestindo apenas cueca samba-canção e levanto minhas
mãos em direção a seu corpo. Claro que ele parece photoshopado.
— O que você está vestindo é a questão, — eu gaguejo.

Ele coloca as mãos nos quadris em um desafio silencioso. —


Pijamas.

— Bem... — Estou com a língua presa e não consigo encontrar


as palavras certas. Por que diabos esse cara me deixa tão idiota?
— Como você ousa vir aqui no meio da noite e começar a me dar
ordens seminu de pijama? Não é assim que funciona, Henley. Não
sei quem você pensa que é, mas posso garantir que você não tem
nenhuma palavra a dizer sobre nada do que acontece nesta casa.

Seu comportamento muda e ele dá um passo à frente, fazendo-


me dar um passo para trás.

Sua proximidade faz meu coração dar uma cambalhota no


peito.

— Eu vim aqui para controlar seu vira-lata.

— O controle do meu vira-lata não é da sua conta, Sr. James.

Ele dá um passo à frente novamente, seus olhos escurecendo.


Instintivamente dou um passo para trás até ficar encurralada
contra minha geladeira.
— Seu vira-lata é da minha conta.

Como ele faz a palavra vira-lata parecer quente?

Engulo o nó na garganta enquanto nos encaramos, o ar girando


entre nós.

Ele pega uma mecha do meu cabelo e a segura entre os dedos.


Sua respiração faz cócegas na minha pele. — Seu pijama é ridículo.

— Eu gosto deles, — eu cuspo. Isso é uma mentira. Eu quero


morrer mil mortes agora.

Sem outra palavra, ele se vira e sai pela porta da frente. Eu olho
para a parte de trás enquanto ela se fecha atrás dele.

Meu coração está batendo forte no meu peito. Olho para minha
calcinha da Minnie Mouse. — Foda-se, Minnie.

— Oh meu Deus, não posso acreditar que Blake Grayson mora


aqui, — Chloe sussurra enquanto espia através das cortinas. —
Esta rua é a nave-mãe dos orgasmos. Até o Santo Graal.

Reviro os olhos, sem me impressionar. — Eles são idiotas.


Todos os homens são idiotas gigantes.

— É exatamente isso que estou procurando, então todos


ganham, — ela responde enquanto continua espionando. — Quem
colocou aquele verde aí, afinal?

— O marido de Ethel. Aparentemente, ele adorava golfe, então


transformou o centro do beco sem saída em um campo de golfe e
colocou uma churrasqueira ali com mesa e cadeiras. Ele morreu,
mas todo mundo usa a área que ele criou agora.
— Então todos eles ficam no meio da rua? Isso é realmente
brilhante. Podemos ver o que eles fazem diretamente da sua janela.
Primeira posição.

— Ugh, eu realmente não pensei nisso.

— Ok, então me dê um resumo, — ela diz enquanto continua


espiando pela janela. — Quem é quem?

Levanto-me e me junto a ela. Os homens estão todos sentados


à mesa e cadeiras, e alguns estão colocando bolas de golfe.

— Então lá está Henley colocando a bola de golfe e, obviamente,


Blake Grayson está ao lado dele.

Meus olhos permanecem nos músculos dos ombros que se


contraem sob a camisa de Henley enquanto ele arremessa a bola.

Virando o inferno...

— Porra, Blake é gostoso, — ela murmura, com os olhos


colados neles. — Espero que ele tire a camisa.

— Por que ele tiraria a camisa? — Eu franzir a testa.

— Porque ele está com calor por causa de todo o golfe. — Ela
arregala os olhos como se eu fosse estúpida.

Jura?

— Então tem um advogado, mas esqueci o nome dele. Eu não


o vi ainda, — continuo. — E eu não sei, mas presumo que um dos
caras sentados à mesa seja meu vizinho do outro lado, Antony ou
algo assim. — Eu dou de ombros. — E ao lado dele está... — Eu
dou de ombros. — Não sei. Ainda não conheci os outros.

— Bem, vamos lá.


— O que?

— Vamos lá e conhecê-los.

— Não vamos. Já briguei com o Rei Henley, o Grande, e não


quero uma revanche.

Continuamos a espiar pela janela.

— Esta é uma visualização excelente, — Chloe sussurra, com


os olhos grudados na rua. — Este é meu novo assento, vinte e
quatro horas por dia, sete dias por semana. Tem pipoca?

Noite, observador de segredos. Instigador de pecados.

Eu fico nas sombras do meu quarto. Minha luz está apagada,


suas lâmpadas de cabeceira estão acesas.

Lugares na primeira fila no melhor show da cidade.

Tenho um novo hobby, do qual não me orgulho. Espionar


alguém que não deveria: o autoproclamado presente de Deus para
as mulheres, Henley James.

O golfe já era ruim o suficiente, mas isso está aumentando


ainda mais.

Eu não deveria estar fazendo isso. Estou bem ciente de como


isso é assustador, especialmente porque nos odiamos, mas de
alguma forma isso torna tudo muito mais delicioso.

Uma tentação perversa.

Uma droga que eu não deveria querer, e não quero... Eu juro


que não.
Henley está andando em seu quarto vestindo apenas uma
toalha. Ele deixa as cortinas abertas e estou começando a me
perguntar se ele está me mostrando propositalmente o que tem. O
que ele acha que estou perdendo. Incitando-me a ter pensamentos
eróticos sobre ele enquanto estou sozinha na cama.

Não que eu faria isso, é claro.

Mordo a unha do polegar enquanto meus olhos percorrem seus


músculos cortados. Costas largas e bronzeadas, cabelos
espalhados no peito e uma trilha fina que desaparece sob a toalha.

Droga, por que ele tem que ser tão bom na cama?

Pare com isso.

Não há nada nele que eu goste, mas me pego repassando nossa


pequena conversa na cozinha naquela noite. De certa forma, eu
gostaria que ele arrancasse minha calcinha da Minnie Mouse e me
inclinasse sobre o balcão.

Ele puxa os cobertores e eu prendo a respiração, ele deixa cair


a toalha e eu tenho uma visão panorâmica de sua bunda perfeita.
Meu estômago se agita.

Aí está.

Ele sobe na cama e pega um livro na mesinha lateral. Ele coloca


os óculos e se senta na cabeceira da cama.

O que ele está lendo?

Eu gostaria de ter binóculos.


Sorrio com o pensamento e, depois de uma longa última olhada
pela janela, subo na cama e me aconchego no travesseiro. — Boa
noite, Barry, — digo enquanto olho para meu colega de casa.

Mas ele não me ouve, Barry está dormindo profundamente.

— Bom dia. — Sorrio enquanto entro no posto de enfermagem.

— Ei, você está de volta. — Leonie sorri enquanto me entrega a


enorme pilha de arquivos de pacientes. — Como está a grande
proprietária?

— Ótima. — Eu ri. Hoje é meu primeiro turno de volta ao


trabalho depois de uma semana de folga. — Obrigada por me
deixar fazer o turno diurno pelas próximas semanas. Meu novo
cachorro ainda está se adaptando e ainda não posso deixá-lo à
noite. — Abro a primeira pasta e começo a ler as anotações.

— Qual o nome dele? — Karen pergunta.

— Meu cachorro? — Eu mudo para a segunda pasta. — Barry.

— Barry? — Warren franze a testa. — Por que diabos você


chamaria seu cachorro de Barry?

— Eu não chamei. Ele veio com isso.

— Então... conte-nos tudo sobre sua casa. Estamos morrendo


de vontade de receber atualizações, — acrescenta Leonie.

— Bem. — Eu dou de ombros. — A casa é horrível, mas a rua


é bonita.

— E os vizinhos?

— São... ótimos.
Warren se vira para o computador e Leonie arregala os olhos
para mim pelas costas.

— O que? — Eu falo.

Ela rabisca em algum papel.

Karen me disse que Warren vai te convidar para sair hoje.

Meus olhos se arregalam. Merda. Já faz algum tempo que o


sinto sendo super amigável e realmente não sei como lidar com
isso porque valorizo nossa amizade. Trabalhamos juntos em quase
todos os turnos, só vai ser estranho entre nós se ele me convidar
para sair. Renee rabisca outra nota.

Diga a ele que você tem namorado ou algo assim.

— Você está brincando comigo? — Eu falo.

Antes que ele te convide para sair ou vai ser estranho pra
caralho.

Verdade.

— Eu tenho um jardim e meu cachorro é ótimo. Eu realmente


acho que vou gostar de lá. — Eu divago.

— Estou realmente ansiosa pela despedida de solteira de Deb


no sábado, — diz Leonie.

— Eu também, — respondo. Na verdade. Há aquele pequeno


problema de Barry estar sozinho em casa. Vai tudo ficar bem, ele
estará domesticado até lá, com certeza.

— Então, o que fez você comprar nessa área? — Warren


pergunta. — É longe da sua antiga casa.
Hum. Tento pensar por conta própria. Preciso ganhar algum
tempo. — Voltei com meu ex, — minto.

Warren levanta os olhos do computador, horrorizado. — O que?


— Ele olha entre Renee e eu. — Desde quando?

— Bem... — Eu faço uma pausa. Ah, não, por favor, não


questione isso. Eu não posso mentir por nada.

Leonie interrompe. — Há muito tempo. Ele mora ao lado, não


é? Você encontrou a propriedade enquanto estava hospedada na
casa dele.

O que?

Essa é a pior mentira de todos os tempos.

— Sim. — Eu dou de ombros. — Então... simplesmente fazia


sentido... permanecer na área.

Caramba.

Warren acena com a cabeça e finge um sorriso. — Parece bom.

Esfrego o ombro de Warren, me sentindo culpada por mentir,


mas ele precisa confiar em mim nesse caso. Isto é melhor para nós.
— Vamos trabalhar, amigo. Senti falta da nossa amizade enquanto
estive fora.

— Também senti sua falta. — Warren se levanta da cadeira. —


Vamos.

Warren sai da sala e Leonie enxuga a testa.

Ufa, isso foi por pouco.

— Você está pronto para ir, garotão?


Barry corre para a porta da frente, abanando o rabo
descontroladamente. Fizemos nossa própria rotina matinal e
parece estar indo muito bem.

Acontece que se Barry sair para correr pela manhã, ele ficará
bastante satisfeito se eu for trabalhar enquanto ele toma sol no
quintal.

Cuidar desse maldito cachorro é como ter um filho.

Quer dizer, eu sabia que eles eram um trabalho árduo, mas não
sabia que ele seria tão difícil.

Coloquei sua coleira e saí pela porta da frente. Existe um


método para minha loucura. Eu descobri que se eu sair
exatamente às 5h40 da manhã, encontro o engenheiro idiota da
casa ao lado quando ele sai para trabalhar.

Eu realmente preciso me controlar. Minha espionagem está se


tornando uma ocupação de tempo integral, e eu realmente não sei
por quê, porque nem gosto dele.

Só que seria muito mais fácil ignorá-lo se ele não fosse tão
agradável aos olhos... e a memória.

Caminhamos pela calçada da frente e Carol está regando o


jardim com a mangueira. — Bom dia, Juliet. — ela chama.

— Bom dia, Carol. — Eu sorrio. — Lindo dia, não é?

— Com certeza é. Você vai caminhar de novo esta manhã,


querida?

— Uh-huh.

— Corra por mim também, sim?


Eu rio e estico as pernas enquanto seguro minha caixa de
correio. Honestamente, esse beco sem saída é como viver em um
sonho. Sou basicamente uma esposa de Stepford, mas sem o
marido e a parte de ser rico e perfeito.

Bem na hora, a porta da frente de Henley se abre e ele sai


vestindo seu terno azul marinho hoje. Ele olha para cima e acena
para Carol e para mim. E como as pervertidas sujas que somos,
nós duas acenamos de volta.

Ele coloca a pasta no banco de trás do Range Rover e atende o


telefone. Ele fica ao lado do carro enquanto conversa com alguém,
e meus olhos se demoram no belo exemplar. Postura perfeita, um
metro e noventa de altura, cabelo escuro, queixo quadrado e
constituição de uma máquina bem lubrificada.

Uma máquina de sexo.

E eu deveria saber, porque o vejo quase nu todas as noites.

Acho que ele secretamente quer que eu olhe, e quero dizer, se


eu tivesse metade do calor dele, também deixaria as cortinas
abertas. Inferno, eu simplesmente andaria nua o tempo todo.

Ugh... controle-se, Juliet.

Ele é um idiota gigante... lembrar?

Ele continua falando ao telefone e precisa se apressar e ir


embora, senão terei que começar a correr na frente dele. Isso é
estranho. Como seria por trás? Normalmente, eu só consigo vê-lo
rapidamente e então ele vai embora.

Continuo me alongando, tentando esperar a hora certa.

Vá embora agora... prossiga. Entre no seu carro e vá embora.


Olho de volta para ele enquanto fala ao telefone. As mangas do
seu casaco estão um pouco levantadas e posso ver seu relógio caro
e robusto. Não sei que tipo de relógio é esse, mas provavelmente
custa mais que meu carro.

Droga, não posso mais demorar. É tão óbvio o que estou


fazendo. Aqui vai nada. — Vamos, amigo. — Começo a correr com
meu amigo de confiança ao meu lado, tentando ao máximo parecer
alegre. Subo cinquenta metros na estrada e estou prestes a
desabar. Passe já. Não consigo manter o ritmo por tanto tempo.

Ao me aproximar da casa militar, a porta da frente se abre. Um


cara grande e musculoso com corte militar aparece com duas
garotas.

Ele beija uma garota e depois se vira e beija a outra. Carol


estava certa; eles são adeptos ao ménage.

Oh...

Continuo correndo, fascinada.

Que exótico... minha mente confunde. Como isso funciona? Ele


termina uma completamente e depois passa para a outra, ou eles
ficam trocando o tempo todo? Penso neste cenário por um
momento. Acho que não gostaria de compartilhar com outra
garota; isso não é quente para mim. Eu gostaria de ser aquela com
dois homens.

Barry de repente passa na minha frente. Eu tropeço e caio e me


pego bem na hora, da maneira mais desagradável possível.

O Range Rover preto para ao meu lado e a janela do passageiro


desce. — O que aconteceu, Juliet, distraída? Não consegue manter
os olhos na estrada? — Henley pergunta enquanto levanta a
sobrancelha, e não sei se ele está sendo brincalhão ou crítico.

— Só estou de olho nas coisas por aqui, Sr. James, — respondo


enquanto continuo correndo.

— E como a mais nova integrante do programa de vigilância de


vizinhança de Carol, o que você descobriu? — ele pergunta.

— Que a casa militar é definitivamente algo a ser observado.

A travessura brilha em seu rosto enquanto ele dirige em um


ritmo lento ao meu lado. — Achei que você correria mais rápido
que isso.

Você pensou errado.

— Criticar atletas de elite é um hobby para você? — Eu bufo.


Por favor, vá embora. Estou prestes a ter uma parada cardíaca.

— Só os desajeitados. — Ele sorri.

Como um sorriso poderia ser lindo?

Controle-se, Juliet.

Ele é um idiota.

— A caminho, então. — Tento não bufar.

Morrendo... sem ar.

O carro dele fica lento comigo. — Estou te irritando?

Vá embora, filho da puta!

— Sim, e você é muito bom nisso, — eu bufo. — Vá e faça tudo


o que você faz.
Ele sorri como se sua missão tivesse sido cumprida. — Tenha
um bom dia. — Ele vai embora e observo seu carro luxuoso
desaparecer na esquina. Paro e coloco as mãos nos joelhos
enquanto sinto falta de ar.

Talvez ele esteja sendo legal comigo porque sente pena de mim
por causa do meu pijama.

Tenho uma visão de mim mesma usando roupas íntimas da


Minnie Mouse e o que ele deve pensar de mim, e ofego de nojo.

— Continue correndo, vadia.

Todo mundo vestindo branco em uma despedida de solteira.

O que vem a seguir, um casamento negro?

Dou um passo para trás para me olhar no espelho de corpo


inteiro. — Hum.

Eu me viro e olho para meu traseiro. Este vestido é muito mais


curto do que eu normalmente usaria.

Meu minivestido é justo e sem alças, e estou usando salto


agulha nude com uma clutch da mesma cor. Tenho um bronzeado
artificial, meu cabelo loiro está solto e cheio, e minha maquiagem
está tentando ser sexy.

— Nada mal.

Vou relaxar hoje à noite, me divertir com as meninas, talvez


dançar com alguém para me distrair de tudo. E por tudo, quero
dizer meu vizinho idiota e fora dos limites, Henley James.

Esse maldito homem é uma distração.


Estou em minha casa há mais de duas semanas e, em vez de
pintar e planejar minhas reformas, tudo que estou fazendo é
conspirar e espionar... ele.

É prejudicial e fica muito chato.

Tiro o enorme osso de Barry da geladeira e o levo para trás. —


Isso deve mantê-lo ocupado, — digo a ele. Ele apenas olha para
mim, completamente desinteressado pelo meu presente.

— Você come, — digo a ele.

Ele ignora isso.

Volto para dentro e ele tenta me seguir. — Não, seja um bom


menino e divirta-se esta noite. Mamãe precisa de uma noite fora.

Ele imediatamente começa a latir e a arranhar a porta para


entrar.

— Não, — digo a ele.

— Uau, uau, uau, — ele continua.

— Seriamente. — Olho para o meu relógio. — Eu tenho que ir.


— Afasto-me pela porta dos fundos. Talvez se ele não puder me
ver, ele se acalme. Ele fica muito feliz em ficar do lado de fora se
eu estiver em casa.

Reaplico meu batom ao som dele latindo ao longe.

Pelo amor de Deus.

Não quero que Henley fique louco novamente.

— Barry, pare com isso.


Henley
Seguro as cartas na mão e dou uma tragada no charuto. Meus
olhos percorrem a mesa.

Noite de pôquer.

E eu estou chutando a bunda deles.

Blake coloca uma pilha de fichas. — Eu vou aumentar


cinquenta para você.

Eu estreito meus olhos. — Você tem certeza disso?

— Positivo.

— Parece que vocês estão fazendo outro depósito no banco


Henley James. — Eu sorrio.

Blake segura o charuto entre os dentes enquanto olha pela


mão. — Esse banco está corrompido, porra. — Ele joga suas cartas
para baixo.

Eu rio. — E você, pau mole? — Eu pergunto a Ant.

— Foda-se, — Bennet murmura, profundamente concentrado,


uma caneta estrategicamente colocada atrás da orelha. — Dentro.

— Full House. — Eu sorrio enquanto coloco as cartas.

A mesa explode. — Foda-se, — todos choram. — Você está cem


por cento trapaceando.

Eu rio quando começo a embaralhar as cartas.

Uma batida soa na porta.

— Essa é a pizza, — eu digo. Todos jogamos vinte dólares na


mesa e Blake vai atender a porta.
— Quem quer dobrar as apostas? — Eu sorrio enquanto olho
ao redor da mesa.

— Triplique-as. — diz Antony.

Eu rio enquanto me recosto na cadeira. — Implorando para ser


curvado novamente, eu vejo.

— Bem, olá, — ouvimos Blake dizer com sua voz tentando ser
sexy. — Quem é você?

— Henley está em casa? — Ouço a voz de Juliet e olho para


cima para vê-la vestida de branco e parecendo a própria Afrodite.

No minuto seguinte estou parado na porta. — Juliet. — Meus


olhos descem por suas pernas bronzeadas e musculosas e as
imagino em volta das minhas orelhas.

Sinto uma pontada de excitação.

Hum.

— Desculpe interromper, — diz ela.

De repente, todos os meninos estão atrás de mim, esperando


para serem apresentados.

Vão se foder.

— Olá, meu nome é Bennet. — Ele dá um passo à frente e


aperta a mão dela. — É um prazer conhecer você.

Eu olho para ele sem expressão. Nem pense nisso.

— Olá. — Ela sorri. — Eu sou Juliet. — Ela aponta para sua


casa com o polegar. — Acabei de me mudar para a casa ao lado.

— Isso é ótimo, — diz Antony de uma forma exagerada. —


Somos vizinhos. Excelente.
Dou-lhe uma cotovelada rápida nas costelas.

— Eu sou Blake. — Ele aperta a mão dela e a vira de modo que


ela fique de costas para mim. — Você está fabulosa, a propósito. O
branco realmente realça seus olhos.

— Oh..., — diz ela, envergonhada. — Obrigada, eu acho.

Dou um passo atrás dela e corto meu dedo na garganta dele.

— Juliet, entre e jogue cartas conosco.

— Ela está aqui para me ver, — eu respondo. Pelo menos é


melhor que ela esteja. Eu a conduzo pelos degraus da frente e para
longe dos animais do zoológico.

— Sinto muito por interromper, — diz ela.

— Sem problemas. — Eu me concentro em manter meus olhos


em seu rosto. Lembro-me daqueles peitos lindos.

Eles saltam...

— Estou saindo hoje à noite e só queria avisar que tenho um


problema com Barry, — ela responde.

— Quem é Barry?

— Meu cachorro. Você sabe, aquele que você odeia.

Eu estrago meu rosto. — Você chamou seu cachorro de Barry?

— Ele veio com o nome. De qualquer forma, tenho um encontro


hoje à noite e.....

Ela vai a um encontro... parecendo assim?

Uauuuuu. O cachorro uiva da porta ao lado e imediatamente


sinto minha raiva aumentar.
— Já houve um som pior do que esse? — Eu pergunto a ela.

— Ele simplesmente não gosta que eu saia.

Que faz de nós dois.

— Eu não estou cuidando dele para você. Não posso evitar se o


seu cachorro é um covarde, Juliet. O que você estava pensando ao
comprar um vira-lata chamado Barry, afinal?

— Eu sei... mas — ela levanta os ombros e tenta ser fofa — se


você pudesse... — Ela estende um pedaço de papel com um
número de telefone.

— Ligar para você

vir e pegá-lo de volta? — Eu respondo secamente.

— Não, — ela responde. — Ele vai se acalmar quando eu sair.


Tenho certeza disso.

— E se ele não fizer isso?

— Ligue para mim e eu voltarei para casa.

Owoooooooooooo, chora o cachorro fracote por cima da cerca.

Hum... Pego o papel dela. — É melhor você voltar direto para


casa se eu ligar, porque não vou ouvir esse choro a noite toda.

— Você nem vai ouvi-lo; você está jogando cartas com seus
amigos.

— Vou ficar entediado com eles em breve.

— Vá se foder, — ouço o coro de todos gritar lá dentro e reviro


os olhos. Claro que eles estão ouvindo.

— Então, se ele não se acalmar, você vai me ligar?


— Este é um grande inconveniente.

— Por favor? — Ela faz uma dança na hora.

Eu exalo pesadamente. — Acho que vou ter que fazer isso. Não
quero a rua inteira perturbada.

— Obrigada.

Meus olhos prendem os dela. — Tenha uma boa noite.

Não muito boa.

— Você também.

Um carro para. — Esse é o meu Uber. Até mais. Obrigada. —


Ela se vira e vai embora, e eu vejo sua bunda sexy balançar
enquanto ela anda.

Hum...

Enfurecedor.

Volto para dentro e encontro todos os meninos parados na


janela, olhando para ela através das cortinas.

— Puta merda, ela é gostosa, — Blake engasga. — Do tipo muito


gostosa.

— Tire os olhos, — respondo enquanto me sento novamente à


mesa de jogo.

— O que ela faz? — Bennet pergunta.

— Ela é enfermeira.

— Uma enfermeira, — Bennet suspira. — Oh merda, ela pode


me dar um banho de esponja a qualquer hora.
— Não há sabonete suficiente para o seu pau sujo, — murmuro
enquanto embaralho as cartas.

— Que hospital? — Blake pergunta. — Eu nunca a vi antes.

— Eu não tenho certeza.

— O banco de Juliet receberá um depósito meu muito em breve.


— diz Bennet.

— Não está acontecendo. — Começo a distribuir as cartas.

— Dê-me uma boa razão.

— Porque ela não aceita depósitos do banco do pau minúsculo.

Eles riem.

— E além disso. — Pego minhas cartas e as reorganizo em


minha mão. — Já tenho uma conta aberta no banco Juliet.

— O que? — Todos eles suspiram. — Você não.

Eu sorrio enquanto pego meu charuto.

— Detalhes, queremos os detalhes.

— Um cavalheiro nunca conta.

— É verdade, mas você não é um cavalheiro.

Eu sorrio enquanto olho para minhas cartas. Minha mente


vagueia pela deliciosa Srta. Drinkwater. — O dobro ou nada.
Juliet
A música está alta e eu danço em roda com as meninas. Estou
embriagada, mais bêbada do que embriagada. Os coquetéis estão
caindo muito facilmente esta noite e estou me divertindo muito.

— Banheiro? — Leonie grita.

Concordo com a cabeça, e ela pega minha mão e me leva pelo


clube até o banheiro. Eu tropeço e me sento enquanto a cabine
começa a girar. Oh cara... não mais para mim.

Pego meu telefone e vejo uma chamada perdida.

— De quem é esse número? — Chamo Leonie na cabine ao meu


lado.

— Huh? Qual número?

Clico no número e ele liga de volta.

— Demorou, — uma voz profunda estala.

— É você, Harry? — Finjo esquecer o nome dele.

— Não abuse da sorte, Juliet. Estou prestes a envenenar seu


cachorro.

Seu mau humor me faz rir. — Barry está sendo mau?

— O que você acha?

Eu sorrio. — Estou a caminho.

— Apresse-se. — O telefone fica mudo.

Eu me levanto e puxo meu vestido para baixo. — Tenho que ir


para casa, — grito para Leonie.

— Por quê?
— Porque Harry vai envenenar Barry, — eu digo.

— Huh? Quem é Barry?

— Meu cachorro.

— Quem é Harry?

— Meu vizinho que na verdade não se chama Harry, mas é


divertido chamá-lo de Harry.

— Estou tão confusa agora, — uma garota aleatória chama da


cabine do outro lado de mim.

— Somos duas, — diz Leonie.

Eu rio. — A cabeça de mais alguém está girando? — Eu


pergunto.

— Sim, — todas gritam em uníssono.

Dou um abraço de despedida nas meninas e caminho até a


porta da frente e chamo um Uber enquanto o chão se move abaixo
de mim.

Oh, cara...

O carro para. — Obrigada. — Abro a porta e coloco uma perna


para fora e depois a outra.

Como diabos eu fiquei tão bêbada?

O beco sem saída está silencioso, não se ouve um pio. Olho


para a casa de Henley e sorrio. Imagino entrar e surpreendê-lo com
meu próprio peep show.

— Tenha uma boa noite, — digo ao motorista do Uber.


— Você também.

— Não pegue ninguém bêbado e desordeiro, — digo a ele. —


Existem alguns verdadeiros encrenqueiros por aí.

Ele sorri. — Você está bem para sair sozinha?

Rapaz, estou tão embriagada.

— Eu estou. Obrigada por me levar para casa. — Eu sorrio


bobamente. — Eu me diverti.

— Este não é um maldito encontro, Juliet, — a voz de Henley


rosna.

Huh?

Ele agarra meu braço e me puxa para fora do carro, e fico cara
a cara com o próprio Sr.

— Oh. — Quão conveniente. — É você.


Henley
— Entre e controle seu vira-lata.

Juliet sorri para mim toda sexy. — Pare de dizer vira-lata desse
jeito.

Eu torço meus lábios. — Eu direi vira-lata — acentuo o T — do


jeito que eu quiser.

— Hum. — Ela sorri. — Sempre tão mandão, Sr. James.

Você não tem ideia.

Ela balança em pé. Ela está realmente bastante embriagada. —


Você está bêbada.

— Estou?

— Você tem o hábito de se oferecer para motoristas decadentes


do Uber?

Ela ri e se vira em direção a sua casa. Ela se curva e tira os


sapatos de salto alto. Eu observo a bunda dela naquele vestido
enquanto ela faz. — Você está com ciúmes, Henley?

Pra caralho.

— Entre, — eu a aviso.

— Ou o que? — ela brinca.

Curve-se sobre sua caixa de correio, é isso.

— Não brinque comigo, Juliet.


Ela se vira para mim e sorri de maneira sexy enquanto morde
o lábio inferior. Nossos olhos estão travados e ela volta para mim.
Ficamos cara a cara.

Seu perfume me envolve. Meu pau se contorce em apreciação


por sua proximidade.

Nem pense nisso.

— Henley, — ela sussurra.

Meus olhos caem para seus lábios. — Sim.

— Se eu estivesse brincando com você, eu lhe contaria algo


sórdido.

— Como?

O ar estala entre nós.

Ela se aproxima e coloca a boca no meu ouvido. — Não faço


sexo há oito meses. — ela respira.

Eu inspiro profundamente. Droga, me diga qualquer coisa


menos isso.

Pulsar, pulsar, pulsar...

Ouço o sangue correndo por todo o meu corpo para encher meu
pau.

Isso não é bom. Abortar a missão.

Tenho uma visão dela me montando, profundamente, seus


peitos perfeitos saltando enquanto faz. Oito meses para recuperar
o atraso. Ela seria a porra do fogo.

Ela é uma bruxa adúltera, lembra?


Pare com isso.

Eu me afasto dela. — Você provavelmente deveria contar a


alguém que se importa. Você quer que eu ligue de volta para o
motorista do Uber?

Ela sorri. — Talvez eu faça.

— Entre. — Aponto para a casa dela.

Antes que eu faça coisas indescritíveis com você... ou assassinar


um motorista prestativo do Uber.

— Tão mandão, Sr. James.

— Você não tem ideia.

Seus olhos prendem os meus, e sei que ela está imaginando


exatamente a mesma coisa que eu.

Porra.

Por que ela é tão gostosa?

A última vez que fizemos sexo, ela mudou a porra do meu DNA.
Não há nenhuma maneira de eu fazer isso de novo.

— Vá para dentro, — eu exijo.

Ela sorri para mim toda sexy e, caramba, eu só quero beijá-la.

— Entre agora mesmo, Juliet, — rosno enquanto luto com o


último centímetro de controle. — E cale a porra do seu cachorro.

Ela dá de ombros. — OK. — Ela se vira e entra em sua casa e


me acena com a ponta dos dedos antes de fechar a porta.
Eu fico olhando para a porta. Meu pau está duro como pedra,
e pelo amor de Deus, eu não preciso dessa tentação morando na
porra da porta ao lado.

Entro em minha casa e subo para o quarto. Abro minha gaveta


lateral e tiro o lubrificante.

Um homem tem que fazer o que um homem tem que fazer.

Juliet
O sol está brilhando e estou arrancando ervas daninhas do
jardim próximo aos degraus da frente. A tarde de sábado perfeita.

Hora de focar.

Chega de pensar no maior idiota do mundo. Tenho analisado


tudo demais. Ele tem sido tão rude esta semana que nem acenou
de manhã quando passou de carro. Na verdade, ele me encara
como se eu fosse seu inimigo mortal.

Estou vivendo um mundo de arrependimento por


possivelmente ter flertado no fim de semana passado, embora não
tenha certeza. Acho que disse a ele que não faço sexo há muito
tempo, ou talvez tenha sido um pesadelo. De qualquer forma,
nunca mais vou beber.

Ele me odeia, o que é bom para mim, porque eu o odeio ainda


mais.

Vou me concentrar nas coisas importantes, como reformar


minha casa.

Primeira parada, este jardim.


Ouço a voz de Carol. — Olá, Juliet.

Eu olho para cima. — Oi.

Eu continuo capinando. Vá embora, Carol, não estou com


humor.

— Você ouviu que a filha de Ethel vai morar com ela?

— Vai? — Eu respondo, mas minha mente está na tangente.

— Ela está vindo para seduzir Henley, se você me perguntar.

— Espere, o quê? — Eu olho para ela. — Quem vem seduzir


Henley? — pergunto, subitamente interessado na conversa.

— Oh, filha de Ethel, Taryn. Ela sempre esteve de olho nele,


aquela. E agora que o casamento dela acabou, é claro que este é o
primeiro lugar onde ela vem.

— Como ela é?

— Maravilhosa. — Ela arregala os olhos. — Material de


supermodelo real.

Fodidamente ótimo.

Começo a cavar com vigor. Eu não ligo. Ele não é nada para
mim, penso enquanto Carol se afasta.

Dane-se ele.

Ele é o presente que continua sendo oferecido. Sonhar em fazer


sexo com ele já é ruim o suficiente; vê-lo realmente fazer isso com
todo mundo vai ser um maldito pesadelo.

Preciso arrumar um namorado, e preciso arranjar um rápido.


Uma procissão de carros para e estaciona em frente. E eu olho
para cima para ver todos os meus amigos de trabalho. Um monte
deles.

Oh, não.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Eu suspiro.

— Surpresa! — todos eles ligam. Alguns carregam plantas;


outros carregam travessas de comida ou garrafas de vinho. — É
uma inauguração surpresa.

— O que?

Oh Deus não.

— Ótimo, — eu minto. Esta é a última coisa que quero fazer


hoje.

Chloe me disse que estava trazendo a mãe para uma visita esta
tarde. Eu não tinha ideia de que eles planejaram isso.

— Entre, entre. — Eu estou. — Eu pareço um desastre.

Chloe beija minha bochecha. — Feliz inauguração de casa,


querida.

Coloquei meu braço em volta dela enquanto entramos. — Eu


vou matar você, você sabe disso, não é? — Murmuro baixinho.

— Totalmente.
Henley
Esfrego a camurça no porta-malas do meu carro enquanto
termino de secar o resto.

Uma gargalhada alta vem da varanda da frente da casa de


Juliet, e eu olho para cima.

O que está acontecendo aí?

É melhor que ela não pense que vou aguentar mais uma noite
de sábado com suas travessuras de cachorro barulhento.

Minha mente volta ao fim de semana passado e ao seu


vestidinho branco.

É a única coisa que eu posso pensar.

Esfrego o porta-malas do carro com tanta força que a tinta


quase descasca.

Ela não é nada além de um pé no saco. Por que ela teve a


audácia de se mudar para cá está além da minha compreensão.
Quero dizer, o que ela está jogando? Quem ela pensa que é?

Continuo secando meu carro em velocidade dupla.

Kingston Lane está arruinada para sempre.

Inacreditável.

Esfrego o carro com mais força.

Sinto meu telefone vibrar no bolso e o número aparece.

Vanessa.

Hum. — Oi. — Eu sorrio.

— Ei, você, — uma voz sedutora ronrona na linha.


— O que você está fazendo? — Eu sorrio.

Adoro ouvir essa mulher. Ela nunca exige um relacionamento.


Descomplicada, gostosa e não tem cachorro chato, nem mora ao
lado.

— Estou trabalhando até as nove, mas talvez eu passe por aí


hoje à noite, a caminho de casa? Faz um tempo que não vejo você,
— ela responde.

Se alguém pode melhorar meu humor, essa pessoa é Vanessa.


— Parece bom. — Eu sorrio. — Vejo você então.

— Vou esperar por isso.

Enfio meu telefone de volta no bolso e volto ao trabalho.

— Oi, — uma voz de homem soa na minha garagem.

— Olá, — eu digo. — Posso ajudar?

— Sim. — Ele sorri e estende a mão para apertar a minha. —


Eu sou Warren.

— Henley. — Eu franzo a testa. Eu conheço esse cara?

— Sou amigo de Juliet, — diz ele. Ele é um cara loiro e bonito,


mais ou menos da minha idade, trinta e poucos anos. — Estou
visitando a casa ao lado dela e queria ir conhecer você.

Por quê?

— OK.

— Eu sei que você e ela estão juntos agora, — ele continua.

Eu franzo a testa. — Com licença?


— Ela me contou tudo sobre você e como o namorado dela mora
na casa ao lado.

— Ela fez? — Eu levanto minhas sobrancelhas em surpresa. —


Ela fez? — Esfrego meu carro enquanto penso em algo para dizer.
— Então ela te contou isso porque... Suponho que você a convidou
para sair?

— Eu estava indo. — Ele dá de ombros com tristeza. — Mas ela


me contou sobre você e ela primeiro.

Eu reviro os olhos interiormente. Claro que ela fez. Usar-me


como bode expiatório por rejeitar esse pobre bastardo patético.

Esta mulher é a morte viva.

— Eu só quero ter certeza de que você sabe o quão especial ela


é. — Ele dá de ombros.

— Ela é definitivamente especial, certo. — Eu sorrio com os


dentes cerrados.

Especialmente irritante.

Arregalo os olhos enquanto continuo secando o carro.

Inacreditável.

— Cuide dela, hein? — ele pergunta.

Eu fingi um sorriso. — Eu vou. Obrigado por ter vindo. Prazer


em conhecê-lo, Warren.

Vá para casa, perdedor.

— Adeus, — ele diz. Eu o vejo voltar para a casa de Juliet


enquanto a fumaça começa a sair dos meus ouvidos.
Sento-me no campo de golfe, no meio da rua sem saída,
enquanto os meninos jogam cartas e tomam algumas cervejas.
Estou com muita raiva para jogar.

— O que se passa contigo? — Blake pergunta.

— Nada. — Bebo minha cerveja, distraído pelas risadas que


vêm da casa de Juliet.

O que há de tão engraçado aí, afinal?

— Por favor, me diga que você pegou Juliet de novo?

Reviro os olhos. — Não, não peguei Juliet de novo, porque ela


é minha vizinha. E todos no mundo civilizado sabem que não se
dá o osso ao vizinho. — Bebo minha cerveja, enojado.

— Eu não vejo o problema; todos nós transamos com nossas


vizinhas na faculdade, — responde Bennet.

— Era uma casa de fraternidade, — murmuro secamente. — E


estávamos completamente fora de controle.

— Bem, se você não vai fazer nada...

— Esqueça, — eu respondo. — Ela está fora dos limites.

— Mas se ela não estiver na sua mesa?

— Ela também não está na sua. — Eu olho para ele. — Último


aviso.

— Puta merda, acalme-se, — Blake zomba. — Qual é o


problema com essa garota, afinal?

Eu franzo meu rosto de desgosto com essa conversa. — Nada.

Ficamos sentados por alguns minutos em silêncio.


— Tenho um problema com ela, — acabo respondendo.

— Como o que?

— Já nos conhecemos.

— Quando?

— Nós tivemos um encontro uma vez.

— E?

— E ela foi a garota que me fodeu, e então eu a vi com o noivo


dois dias depois.

Os olhos de Bennet brilham: — Essa é a garota?

— Você está brincando comigo.

— Oh... ela ficou muito mais quente. — Blake sorri


sombriamente. — Eu gosto delas sacanas. Gosto especialmente de
dar a elas o que seus parceiros chatos não conseguem. — Ele
bombeia os quadris. — Mostrar a elas o que estão perdendo.

Reviro os olhos. — Ou esquivando-se da bala.

— Não..., — Bennet zomba. — Essa não pode ser ela. Juliet é


toda doce e inocente.

— Ela é mesmo? — Eu estreito meus olhos. — Essa é a


pergunta de um milhão de dólares.

— Fico feliz em descobrir para você. — Bennet pisca. — Fazer


alguma pesquisa de mercado.

— Porra. Fora, — eu cuspo. — Vou nocautear você em um


minuto.
Bennet franze a testa. — Estou confuso. Qual é o problema?
Então ela mora na casa ao lado, e daí?

— O problema é, — eu sussurro com raiva, — que eu não a


quero, mas não consigo parar de pensar nela, e Vanessa veio neste
fim de semana, e eu não consegui terminar a porra do trabalho.
Acabei contando a ela que estava com enxaqueca.

Ambos franzem a testa.

— E Juliet, a dor no meu pescoço, mora ao meu lado, e eu tenho


que olhar para sua bundinha sexy correndo para cima e para baixo
na minha rua e ouvir seu cachorro idiota latir o dia todo, e tudo
que eu quero fazer é dobrá-la por cima do meu carro e dar a ela o
motivo.

Eu arrasto minha mão pelo meu rosto com desgosto.

— Hum. — Ficamos em silêncio.

— E agora fica pior. O amigo idiota dela acabou de chegar e me


avisou para cuidar dela, já que estamos namorando agora.

— Huh?

— Ela mentiu para ele e disse que eu era namorado dela, então
ela não precisava sair com ele. Esta mulher é uma bruxa
manipuladora, venenosa e traiçoeira.

— Quem você deveria foder totalmente.

— Exatamente. — Bebo minha cerveja.

— Então o que você vai fazer? — Bennet pergunta.

Eu penso por um momento. — A única coisa que posso fazer.

— Qual é?
Bebo minha cerveja. — Vou lhe dar uma lição.

— Com seu pau?

— Não com meu pau, — eu zombo com desgosto.

Uma gargalhada vem da casa de Juliet, e olho para dentro


enquanto um novo plano surge na minha cabeça. — Talvez o
namorado de Juliet devesse ir à festa dela.

— Você não faria isso.

Eu sorrio. — Observe.

Juliet
Está escurecendo e meus visitantes estão se sentindo em casa.
Alguns estão no quintal brincando com Barry. Alguns estão na
varanda da frente. Esperançosamente, todos irão embora em
breve.

Estou na cozinha fazendo chá quando a porta da frente se abre.


— Onde está minha garota? — uma voz profunda chama.

Huh?

Espio pelo corredor e vejo Henley parado na minha sala. A sala


fica instantaneamente em silêncio enquanto todos olham para o
deus.

O que está acontecendo agora?

— Acabei de ter uma boa conversa com Warren. — Ele pisca


sarcasticamente.

Oh não.
Ele entra na cozinha e me pega rudemente em seus braços na
frente de todos. — Achei melhor vir ver como está minha
namorada.

Ah!

Ele me inclina para trás de uma forma dramática e olha para


mim.

— É tão bom ver você, querida, — ele zomba.

Meus olhos se arregalam com seu tom sarcástico, o ódio por


mim escorrendo por todos os seus poros.

Querido Deus.
— Henley, — eu suspiro. — O que você está...

Ele me interrompe com um beijo. Seus lábios permanecem


sobre os meus, e então ele me morde com os dentes antes de me
colocar de pé.

As bocas de Leonie e Chloe ficam abertas. Elas estão tão


chocadas quanto eu. Elas sabem que não estamos namorando de
verdade.

Oh inferno. O sangue escorre do meu rosto. Ele está aqui para


arruinar minha vida. Não pode haver outro motivo.

Isto é mau.

Eu fingi um sorriso. — Querido, o que você está fazendo aqui?

— Não consegui ficar longe. — Ele agarra um punhado de


minhas costas agressivamente e eu pulo.

Minha vida acabou.

— Onde você o manteve? — Gisele sorri enquanto o olha de


cima a baixo.

— Amarrado à cama. — Henley pisca e o tom de animosidade é


claro. — Ela é uma verdadeira ninfomaníaca, essa aqui.

Mate-me. Mate-me agora mesmo.

— Nós podemos... — Sorrio para todos os meus amigos do


trabalho nos observando. — Com licença por um momento. — Pego
a mão de Henley e o puxo para minha lavanderia e fecho a porta
atrás de nós. — Que porra você está fazendo? — Eu sussurro com
raiva.

— Que porra você está fazendo? — ele sussurra de volta. — Se


você acha que pode me usar como bode expiatório para se esquivar
do seu amigo perdedor, pode pensar novamente, — ele rosna. —
Nunca fiquei tão furioso.

— Mantenha a voz baixa, — eu sussurro. — As meninas


inventaram a história, não eu.

— Besteira, — ele cospe. — Você mentiu para ele sobre ter um


namorado, e eu não vou tolerar isso.

— Então vá para casa, — eu cuspo. — Eu não pedi para você


vir aqui.

— E eu não pedi para ser vítima de suas mentiras. Diga-me a


verdade ou então.

— Ou então o quê? — Eu fico furiosa.

— Ou então vou te foder na mesa na frente dos seus


convidados.

— O que? — Eu explodo. — Essa é a coisa mais ridícula que já


ouvi.

Embora...

Ele me agarra pelos dois braços. — Você é um mentirosa.

— Não me toque. — Eu me esforço para sair de seu controle. —


Seu desprezível.

— Vindo de você, isso é ridículo.

— Como você ousa.


— Oh, eu me atrevo, tudo bem. Vou lá contar a todos como você
realmente é. Fodendo comigo enquanto você estava noiva de outro
homem. Você não conseguia ficar deitada direito na cama.

— Não. — Entro em pânico quando pego suas duas mãos nas


minhas. — Você não pode, — eu imploro. — Eu sei que menti para
Warren e ele ficará chateado. Por favor, não machuque os
sentimentos dele para se vingar de mim.

Ele estreita os olhos.

— Por favor. — Coloquei minhas mãos em um gesto de oração.


— Apenas finja que gosta de mim por dez minutos, e então você
pode ir para casa e nunca mais falar comigo.

Ele levanta uma sobrancelha.

— O que isso significa? — Eu sussurro.

Sem outra palavra, ele sai furioso. Meu coração está batendo
forte no peito. Eu não posso acreditar nisso. Por que diabos Warren
iria para a casa dele?

Isto é o pior. Pareço uma perdedora ainda maior agora. O que


ele deve pensar de mim?

— Quem quer uma bebida? — Ouço Henley perguntar a todos


com uma voz super doce.

— Eu quero um.

— Eu também, — ouço todos intervirem.

Oh não...

Ele está tramando alguma coisa. Eu simplesmente sei disso.


Vou ao banheiro, jogo água no rosto e aperto as mãos para
tentar me acalmar.

São dez minutos. Realisticamente, até que ponto as coisas


podem ficar em formato de pêra em dez minutos? Eu vou brincar
e ele irá para casa. E na próxima semana vou fingir que estou
terminando com ele. Problema resolvido.

Olho para o meu reflexo enquanto me preparo para a batalha;


meu coração está martelando no peito. Volto hesitantemente para
a sala de estar e vejo Henley sentado na sala com todos.

Ele está no sofá, com as pernas abertas em sua postura


dominante, uma taça de champanhe na mão.

Ele olha para cima e sorri calorosamente. — Puppy3, venha


sentar conosco. — Ele bate no sofá ao lado dele.

Puppy?

— Como você acabou de chamá-la? — Leonie pergunta com os


olhos arregalados.

— Esse é o meu nome sexy para ela. — Os olhos de Henley


brilham com malícia e ele esfrega o sofá ao lado dele. — Desculpe,
eu deveria guardar isso para uso particular, não deveria, querida?

Que porra está acontecendo agora?

Eu me sento ao lado dele e ele coloca o braço em volta de mim.


Ele desliza os dedos sobre meus ombros e roça meu pescoço.

Olho para frente enquanto considero engolir a língua.

3
Cachorrinha, filhote
— Eu morreria se meu namorado me chamasse de Puppy. —
Leonie torce os lábios enquanto tenta manter a cara séria.

Não é engraçado, Leonie.

— Bem. — Henley bebe seu champanhe. — Ela gosta de ser


chamada de Puppy, não é, querida? — Ele levanta a mão como se
fosse sussurrar. — Você sabe, com sua perversão canina e tudo.

O que...

Os olhos de todos se arregalam e eu tiro a taça de champanhe


dele e tomo um gole.

— Agora, agora, querida. — Ele pega o copo de mim. — Não


quero te engasgar com essa coleira esta noite quando você for ao
banheiro lá atrás.

Leonie tosse enquanto tenta não rir.

Vejo Chloe desaparecer na cozinha para rir em particular.

Ajudem!

— Então, como vocês dois se conheceram? — Warren pergunta


enquanto olha entre nós.

— Ela estava — Henley levanta as sobrancelhas — dormindo


com meu pai, depois que terminou com meu irmão. — Ele continua
com uma cara séria. — Acho que simplesmente não queria perder
a ação. — Ele desliza os dedos pela minha nuca e agarra um
punhado do meu cabelo.

Que porra é essa?

— Ha ha. Você é tão engraçado. — Desembaraço seus dedos do


meu cabelo e afasto sua mão. — Não exatamente. — Eu finjo uma
risada. — A verdade é... — Olho para ele enquanto tento pensar
em algo para dizer. — Henley nunca teve namorada e senti pena
dele.

Todos na sala nos encaram em silêncio, sem saber o que dizer.

— Oh, — Warren responde enquanto olha entre nós. — Eu vejo.

— Ele é socialmente desajeitado, e a pessoa boa em mim estava


se sentindo caridosa. — Eu estou. — Estou tentando o meu melhor
para mostrar o caminho a ele.

Henley solta uma risada e sei que a parte psicótica de seu


cérebro acaba de ser ativada.

Ele está prestes a explodir.

— Então provavelmente todos vocês deveriam ir agora. —


Marcho até a cozinha e começo a lavar as xícaras de café em dobro.

A boca de Henley vai até minha orelha por trás. — Você está
brincando comigo. — ele zomba em um sussurro antes de beliscar
meu lóbulo da orelha.

Suas mãos deslizam pelos meus braços e ele percebe que me


deu arrepios. Eu o sinto sorrir contra mim.

Oh não.

— Você gosta disso, Juliet? — ele sussurra sombriamente.

— Não.

Como se estivesse sendo instigado, ele empurra seus quadris


contra os meus, prendendo-me na pia.
Ok, o que diabos está acontecendo agora? Este homem está
doente e distorcido e prestes a acabar com minhas amizades na
vida profissional.

— Precisa de ajuda para limpar? — Ele puxa meu cabelo ao


redor de um lado do meu pescoço e me lambe por todo o
comprimento, e meus joelhos quase dobram sob mim. — Minha
Puppy. — Ele aperta meu estômago.

Dou-lhe uma cotovelada rápida e afiada nas costelas. — Pare


de me chamar assim.

Ele me beija novamente no pescoço. Seus dentes roçam minha


pele e começo a senti-lo nos dedos dos pés. — E quanto a isso?
Você gosta disso? — Ele avança com mais força com os quadris e
começo a me sentir tonta.

Tornou-se perturbadoramente aparente que eu, de fato, faria


sexo canino por esse homem.

Qualquer que seja a perversão canina.

Os convidados recolhem lentamente suas coisas e Henley


agarra minha mão enquanto os levamos para fora. Paramos na
calçada e, enquanto converso com eles, ele passa o polegar com
ternura nas costas da minha mão, como se esquecesse que me
odeia.

Olho para ele e algo muda enquanto nos encaramos.

O que exatamente é isso eu simplesmente não sei.

— Você deve vir ao meu casamento no próximo fim de semana,


Henley. — Debbie sorri enquanto nos beija.

Espere... tivemos apenas um momento?


— Ele está ocupado, — respondo.

— Obrigado, Debbie. — Henley sorri, me ignorando


completamente. — Isso seria adorável.

Eu olho para ele com horror. Você não está vindo; este foi o dia
mais estressante da minha vida.

— Adeus, — diz Warren. Ele me beija na bochecha e depois


aperta a mão de Henley. — Prazer em conhecê-lo, Henley.

— O prazer foi todo meu, — responde Henley com sua voz


suave.

Aceno enquanto todos os carros vão embora e, quando eles


dobram a esquina lentamente, Henley deixa cair minha mão como
uma batata quente. — Você não está perdoada, — ele retruca.

— Eu não estou perdoada? — Eu suspiro. — Seu pai e seu


irmão? — Eu fico furiosa. — Meus amigos do trabalho acham que
sou uma vadia maluca. Muito obrigada.

— Se o sapato servir, Juliet. — Ele sai furioso em direção à sua


casa.

— E nunca mais me chame de Puppy

de novo, — eu grito atrás dele. Ele marcha pela porta da frente


e a bate com estrondo.

Ugh... irritante.

Idiota.

São 22h. Ouço um carro parar na nossa rua e olho pela janela
para vê-lo parar na garagem de Henley.
Quem é esse a esta hora?

Espio pela lateral das cortinas, mas naquele exato momento as


luzes do carro se apagam e não consigo ver dentro dele. Saio
rapidamente pela porta dos fundos e me esgueiro para a frente pelo
portão lateral.

Na escuridão, vejo alguém sentado num Mercedes branco


esportivo e espio por cima da cerca viva.

Quem é essa?

Levanto-me para olhar mais de perto, a porta do carro se abre


e eu rapidamente me abaixo. Ouço saltos altos clicando na
calçada.

Uma mulher.

Ele está com uma mulher.

De toda a coragem...

Estico o pescoço enquanto tento ao máximo ver como ela é, mas


não consigo ver nada.

A porta da frente se abre. — Vanessa, — diz sua voz profunda.

— Olá, querido, — ela responde antes de entrar. A porta se


fecha atrás dela.

Dou um passo para trás, chocada. No entanto, não estou


surpresa. No piloto automático, volto para dentro e esvazio o lixo
com vigor. — Eu odeio aquele homem.

Balanço a sacola nova agressivamente no ar. — Ele é um idiota.


— Enfio o saco no lixo, luto com ele e depois chuto para garantir.
— Eu não sairia com ele nem se ele fosse o último homem que
resta na terra.

Barry olha para mim de sua cama. Seu rosto é inexpressivo e


indiferente.

Até ele sabe que estou falando merda.

— Se ele viesse aqui agora e me implorasse por sexo, eu bateria


a porta na cara dele. — Volto para a janela da frente e espio através
das cortinas até o Henley's. — O que está acontecendo aí com a
porra da Vanessa, a Depiladora?

Espio um pouco mais pelas cortinas. — Com a porra da


Mercedes dela. E daí? Você tem um carro chique e salto alto.
Grande coisa. Você pode ficar com ele. Ele é um idiota gigante.

Barry suspira e se levanta e sai da sala.

Marcho até o freezer e o abro rapidamente. — Eu preciso de


sorvete.

Sento-me no balcão da cozinha enquanto escrevo uma lista de


tarefas para mim mesma. Não vou perder tempo hoje. Estou indo
direto ao assunto.

Abro as persianas da cozinha e olho para o quintal, o sol está


nascendo. Estou esperando que fique claro o suficiente para poder
ver para onde estou indo. — Vamos, Barry. — Eu coloco a coleira
dele e ele dança todo animado. Nossa corrida matinal se tornou o
destaque de nossos dias.
Saímos pela porta da frente. Eu me apoio na caixa de correio e
enrolo o pé atrás da bunda e seguro-o enquanto estico o
quadríceps. Olho para ver que o carro de Vanessa sumiu.

Pare.

Eu não me importo com o que ele faz. Bom para ele.

Estico a outra perna, coloco os fones de ouvido e começo uma


corrida lenta estrada acima. Estou correndo há alguns minutos
quando, pelo canto do olho, avisto algo e olho para ver Henley
passando de carro. Ele não desacelera. Ele não tenta falar comigo,
e eu sei que isso não deveria importar.

Na verdade, isso não acontece. Eu o odeio.

Chloe volta para minha cozinha. — Então... diga-me?

— O quê? — Reviro os olhos. Assim como eu sabia que ela


estaria, Chloe estava aqui bem cedo esta manhã para descobrir a
fofoca.

— O que aconteceu ontem à noite? — ela pergunta.

— Com o que?

— Com Henley. — Ela franze a cara como se eu fosse estúpido.

— Nada. — Eu ajo casualmente enquanto vou até a geladeira.


— Warren foi até lá e avisou-o para cuidar de mim, e Henley, sendo
o idiota que Henley é, achou que seria cômico mexer comigo. —
Entrego-lhe um copo de água.

— Foi muito engraçado para nós também. — Ela sorri.

— Você acha? — Eu murmuro, não impressionada.


— Quero dizer, quando ele começou a te chamar de Puppy por
causa da sua perversão canina e depois por ir ao banheiro lá atrás.

— Não, — eu grito enquanto coloco as mãos sobre os olhos,


horrorizada. — Fico envergonhada só de pensar nisso.

— E dormir com o pai depois de namorar o irmão. — Ela ri. —


Ele é engraçado pra caralho, se você me perguntar.

— Oh, inferno, me mate. — Eu me encolho. — O que diabos o


fez pensar nisso?

— E depois? — Ela sorri esperançosamente.

— Nada. — Eu dou de ombros. — Ele é apenas meu vizinho, e


não há nada lá, e ponto final.

— Exceto que não é.

Preciso acalmar essa situação e parar de pensar e falar sobre o


estúpido Henley James.

Imagino ele e Vanessa rolando nos lençóis ontem à noite e solto


um suspiro profundo. — Acredite em mim, é.

É tarde de domingo, e Chloe e eu nos afastamos para olhar as


manchas coloridas na parede.

— Quero dizer, esse branco no final parece novo. — digo


enquanto aponto para a amostra de tinta.

— É verdade — ela torce os lábios — mas o creme parece quente


e caseiro.

— Também verdade. — Tento imaginar como vai ficar com a


mobília.
— Então, que estilo estamos buscando? — ela pergunta.

— Tipo, país caro.

— Então o creme?

— Mas também adoro Hamptons caros, — acrescento.

— Então o ovo de pato azul.

— Mas o exterior da casa vai ser branco.

— Hum. — Chloe pensa por um momento. — Eu sinto que você


deveria receber a opinião de um designer de interiores. Quero
dizer, você não quer colocar todo esse trabalho nisso para que
pareça uma merda.

— Talvez.

Henley
— Manhã. — Entro no elevador lotado e aperto o botão antes
de me virar para as portas.

11º ANDAR

O silêncio paira no ar enquanto subimos. Tristeza da manhã de


segunda-feira. Parece que todo mundo tem isso hoje, não só eu.

Minha mente volta ao fim de semana e ao desenrolar dos


acontecimentos.

As portas se abrem e eu saio e caminho pela área de recepção.

— Bom dia, Henley. — Jenny sorri.

— Bom dia, Jen.

— Está tudo bem? — ela pergunta.


— Sim, por quê?

— Blake ligou procurando por você, disse que você deveria


tomar um café da manhã tardio com eles, mas agora não atende o
telefone.

— O que? — Tiro meu telefone do bolso.

NÃO PERTURBE.

— Porra. — Desligo o botão Não perturbe e ligo para ele


enquanto entro em meu escritório.

— Onde você está? — ele responde.

— Desculpe eu esqueci. — Balanço a cabeça com desgosto e


jogo minha pasta sobre a mesa.

— Desde quando você esquece alguma coisa?

— Desde agora, ok, — eu respondo. — Cale-se.

— Acabei de pedir seu café da manhã, venha aqui.

Eu exalo pesadamente. — Ok.

— Você quer um café?

— Eles estão servindo martinis expresso?

Ele ri. — Bom fim de semana?

— O melhor, — murmuro secamente. — Vejo você em breve.


Juliet
Eu navego pelo Google.

Martello Design de Interiores

Ariana Design de Interiores

Joel Marcel Interiores

Estou na hora do almoço e tentando dar andamento ao meu


projeto de reforma. Acho que Chloe está certa: preciso de uma
opinião profissional.

Clico em Joel Marcel e ele disca o número dele. Ele atende no


primeiro toque.

— Olá, Joel falando.

— Oi, Joel, — respondo. — É Juliet Drinkwater ligando.

— Esse é um nome incomum. — Ele parece estar sorrindo. —


Oi, Juliet.

— Oi. — Coço a cabeça enquanto tento pensar no que dizer. —


Não tenho certeza se você é a pessoa para quem ligar, mas estou
com um dilema de design de interiores e queria alguns conselhos.

— OK, claro. Dilemas de design são minha praia.

Eu sorrio, me sentindo um pouco mais à vontade. — Acabei de


me mudar para uma casa e ela precisa de uma reforma completa.

— OK.

— E estou fazendo isso sozinha, então preciso estar realmente


consciente do orçamento.

— Certo, — ele responde enquanto ouve.


— Eu quero... — Paro para tentar articular minhas palavras.

— Você quer um plano? — Ele pergunta, lendo minha mente.

— Sim. Só não quero começar algo de uma cor e depois


perceber, seis meses depois, que não combina com mais nada.

— Boa ideia. O que você precisa é de uma consulta de cores


para começar. Dessa forma, podemos ter uma ideia geral da
sensação que você deseja para a casa, e então podemos escolher
as cores e partir daí.

— Exatamente. — Eu sorrio, animado. Eu gosto desse cara. —


Quanto isso custa?

— Bem, minha primeira visita é gratuita, e apenas


conversamos sobre sua lista de desejos e, depois disso, para
pequenos projetos como este, cobro uma taxa por hora.

— Isso parece ótimo. Quando você pode me encaixar?

— Espere aí, vou trazer minha agenda. — Eu o ouço digitar em


seu computador. — Em que subúrbio você está?

— Half Moon Bay, Kingston Lane.

— Oh, bela rua. Um dos meus colegas construiu uma casa lá.

— Ela é. — Eu sorrio com orgulho.

— Ok, posso chegar daqui a duas semanas a partir de sexta-


feira.

Meus ombros caem. — Tanto tempo? — Caramba.

— Muito longe? — ele pergunta.

— É que não tenho nem sofá e queria encomendar meus móveis


e começar a pintar.
— Hum. — Ele pensa por um momento. — Meu último
compromisso esta tarde não está longe dali. Eu poderia passar por
aí no caminho para casa. Mas será tarde, por volta das seis e meia.

— Isso seria bom. — Eu sorrio.

— Qual é o número da casa em Kingston Lane?

— Onze.

— E posso entrar em contato com você neste número?

— Uh-huh.

— Vejo você hoje à noite, Juliet.

— Tchau. — Desligo me sentindo muito realizada. Vamos


começar esta festa.

São 19h quando o carro dele para na nossa rua. O carro dele
passa pela minha casa, não há número na minha caixa de correio.
Acendo a luz da varanda, saio na frente e aceno. Ele me vê,
estaciona o carro e sai com um monte de pastas. — Juliet, — ele
diz.

— Olá. — Eu sorrio enquanto aperto sua mão.

Oh...

Joel é gostoso.

Ha, quem diria?

Ele olha para a velha casa de dois andares. — Então esta é a


casa?

— Uh-huh. — Eu ri. — Está realmente precisando de tudo.


— Fiz uma pequena pesquisa hoje e você sabia que esta é a
casa mais antiga do bairro?

— É mesmo?

— Sim, e originalmente todo o bairro eram os prados desta


casa.

— Oh. — Eu sorrio para minha grande e velha casa. — Eu sabia


que ela era especial.

— Muito especial. — Ele sorri. — Quais são seus planos para


ela?

Eu amo como ele chama minha casa de “ela”.

— Quero tentar manter o “velho” tão autêntico quanto possível.

Ele ouve.

— Sabe quando você vai passar o fim de semana em uma casa


de campo muito bem cuidada e tudo é moderno mas com design
antiquado?

— Você quer manter a integridade de sua época? — ele


pergunta.

— Sim.

— Você quer que pareça a casa luxuosa que era antigamente.

— Exatamente. — Eu sorrio. — É exatamente isso que estou


procurando. Quero entrar aqui e me sentir transportada para...
outro mundo. Não quero necessariamente moderno, mas quero
bonito.

Joel sorri sonhadoramente para a casa. — Soa perfeito.


O Range Rover preto vem subindo a estrada e Henley olha para
nós enquanto passa. Ele olha para dentro e eu olho de volta.

— À quanto tempo você esteve aqui? — Joel pergunta enquanto


subimos os degraus da frente.

— Três semanas. Estou pronta para começar. Se pudermos


pelo menos definir um design de cores e qual sofá eu preciso
encomendar, isso seria incrível.

Passamos pela porta da frente e ele olha em volta para o espaço


sombrio e esparso. — Uau, — ele diz surpreso.

— É preciso muito trabalho, não é? — Eu estremeço.

— Isso vai ficar tão lindo quando terminar, Juliet.

Eu fico na ponta dos pés com entusiasmo. Finalmente, alguém


que veja nele o que eu faço. Ele pega um bloco e um lápis. — Vou
apenas caminhar pela casa, fazer algumas anotações e fazer uma
planta baixa rápida.

— Parece bom.

Ele vagueia por um tempo. Ouço uma batida no momento em


que estamos no hall de entrada e abro a porta da frente.

— Henley. — Eu franzo a testa.

Ele está vestindo seu terno azul-marinho e instantaneamente


seu domínio é sentido na sala. — Olá. — Seus olhos se voltam para
Joel. — Quem é você?
Eu arregalo meus olhos para ele... rude.

Eu os apresento. — Henley, este é Joel. — Eu sorrio sem jeito.


— Joel, este é meu vizinho Henley.

— Olá. — Joel estende a mão para apertar a mão de Henley.

— O que você faz, Joel? — Henley pergunta, com a arrogância


personificada.

Os olhos de Joel se movem para mim em questão. — Eu sou o


designer de interiores.

— Você é mesmo? — Os olhos avaliadores de Henley fixam-se


nos dele.

Que diabos?

— Henley, posso ajudá-lo com alguma coisa? — Eu pergunto.

— Sim, preciso falar com você.

— OK. — Eu franzo a testa. A respeito? — Vou ver você quando


Joel e eu terminarmos.

— Não, está bem. — Ele passa por nós e entra em casa. — Vou
esperar.

— Vai levar uma eternidade.

— Fico feliz em esperar, — diz ele. Ele casualmente puxa um


banquinho até o balcão da cozinha e se senta.

Meu Deus, o que ele está fazendo?


Vá para casa, Henley. Quero sonhar com minha casa em
particular.

Joel desce as escadas e rabisca em seu bloco de notas. Ele


desenha uma planta baixa e faz algumas anotações.

Olho para a cozinha e vejo Henley navegando em seu telefone.


Não tenho ideia do que ele está fazendo aqui, mas deve ser
importante.

— Vou te mostrar lá em cima, — digo a Joel.

Subimos as escadas frágeis. — Esta escada é original, — Joel


me diz.

— Não, não é, — Henley grita da cozinha.

— Você tem certeza sobre isso? — Joel liga de volta.

— Positivo, — Henley responde.

— Sinto muito, — murmuro para Joel enquanto subimos as


escadas. — Ignore-o.

— Quem é ele? — Joel murmura de volta.

— Meu vizinho.

Subimos e Joel estremece. — Está em condições muito piores


aqui.

— Eu sei. — Eu o levo para o meu quarto. — Mas há um


banheiro privativo.

— Belos azulejos marrons. — Joel ri enquanto olha em volta.


— Vou ter meu trabalho cortado aqui.

— Pfft. — Ouvimos um tsk vindo da porta. Henley está agora lá


em cima e não parece impressionado.
Sério?

— Henley. — Eu estendo minhas mãos. — O que é?

— Nada. — Ele coloca as mãos nos bolsos do terno enquanto


olha em volta. — Só estou interessado no que Joel tem a dizer, só
isso.

— Espere lá embaixo, — respondo.

— Não, eu estou bem. — Ele fica ao lado de Joel e olha ao redor


do quarto, com as pernas abertas, com seu domínio dominando a
sala.

Joel rabisca em seu bloco de notas e percebo que Henley o


deixou perturbado. — Acho que isso deveria ser suficiente para
mim, — diz Joel enquanto se dirige para as escadas. — Ligo para
você amanhã e podemos discutir.

— Ou você pode simplesmente ser profissional e enviar um e-


mail para ela, — diz Henley do alto da escada.

Mordo o canto da boca para me impedir de sorrir enquanto sigo


Joel escada abaixo.

Ele está com ciúmes.

Joel olha para Henley e o vejo chegar à mesma conclusão. —


Farei isso depois da nossa discussão, — ele responde. — Então,
em que cores estamos pensando, Juliet? — Joel me pergunta.

— Gosto muito de branco, mas quero que fique quente, então


talvez o creme seja uma opção melhor? — Eu dou de ombros. — O
que você acha?
— Vou criar alguns painéis de humor para você, e poderemos
realmente mergulhar fundo na essência da propriedade.

Olho para cima e vejo Henley revirar os olhos de uma forma


exagerada.

— Fantástico. — Eu sorrio enquanto abro a porta da frente. —


Muito obrigada por ter vindo.

— Foi muito bom conhecer você, Juliet. — Ele aperta minha


mão; ele olha para Henley enquanto ele está na minha escada. —
Henley.

— Adeus, Joel. — Henley sorri sarcasticamente.

Fecho a porta atrás de Joel e me viro para Henley, que está


parado no meio da escada. — O que você está fazendo?

— Descendo as escadas.

— Não, você não está. Você está tentando me irritar. É isso que
você está fazendo, e deixe-me dizer: está funcionando.

Ele estende a mão em sinal de rendição. — O que?

Entro na minha cozinha e ligo a chaleira. — Sobre o que você


queria me ver? — Eu estalo.

— Vim falar sobre sábado à noite.

Eu franzo a testa, confuso. — O que tem sábado à noite?

— O casamento.

— Você não vai ao casamento, — eu zombo.

— Sim, vou. Debbie me convidou.

— Você nem conhece Debbie.


— Seria rude da minha parte não ir depois que eu disse que
iria.

— Não.

— Estarei me comportando da melhor maneira possível.

— Você não tem um bom comportamento, Henley, muito menos


o melhor. — Eu seguro uma xícara de café. — Você aperfeiçoou a
idiotice, lembra?

— Tem vinho?

— Não, — eu respondo. — Você quer café ou não?

— Tudo bem.

— O que você quer, Henley? E antes de dizer qualquer coisa


estúpida, pense com muito cuidado na sua resposta, porque estou
farta dos seus acessos de raiva infantis.

Seus olhos seguram os meus.

— Se você quiser ter uma conversa adulta, vamos lá, — digo


enquanto preparo o café e sento no balcão da cozinha. Ele se senta
no banco ao meu lado. Ficamos sentados em um silêncio
constrangedor por um tempo, e posso dizer que minha palestra
está girando em sua cabeça.

— Quando você se mudou para a nossa rua, é possível que


tenhamos começado com o pé esquerdo.

— Possível?

— Provável, — ele concorda.

Bebo meu café enquanto meu corpo fica agitado. Só de sentar


ao lado dele me dá vontade de fazer coisas sujas. Droga, por que
ele é tão lindo? Seria muito mais fácil sentir repulsa por ele se ele
fosse horrível.

— De qualquer forma, eu apenas pensei... Sábado à noite


poderíamos sair para ver seus amigos e fingir que — ele faz uma
pausa — estamos juntos... pelo bem da história, uma última vez.
Antes de terminarmos espetacularmente.

— O que Vanessa diria sobre isso?

Uma carranca surge em seu rosto. — Quem é Vanessa?

— Eu estava lá fora outra noite e a vi chegar.

— Oh. — Ele pensa por um momento. — Não que isso seja da


sua conta, Vanessa e eu temos um acordo onde nenhum deles se
incomoda com o que o outro faz.

— Ela é uma peguete?

— Ela é uma senhora muito legal — ele sorri — que oferece seu
butim.

— Oh. — Fico em silêncio. O que você diz sobre isso?

— Eu sou uma pessoa muito sexual, Juliet. Eu tenho


necessidades. — Ele toma um gole de café. — Eu faço o que
qualquer pessoa solteira altamente sexual faz para sobreviver.

Eu lembro.

Depois de um tempo, ele diz: — Vanessa não vai mais me


visitar.

— Por quê?

— Não estou mais interessado nela.


Seus olhos caem para os meus lábios, e ele me dá o melhor
olhar venha me foder de todos os tempos.

Bebo meu café nervosamente.

— E aí está o problema, — continua ele.

Franzo a testa enquanto tento acompanhar a conversa.

Que problema?

— Gosto de manter minha vida amorosa e minha vida


doméstica separadas, especialmente com você sendo você.

— Eu sendo eu? O que isso deveria significar?

— Pare com isso. — Ele revira os olhos. — A noite que passamos


juntos não foi exatamente um momento devastador.

Foi para mim. Meu coração afunda.

— Você estava noiva de outro homem, pelo amor de Deus.

Não foi exatamente um momento devastador.

Nossa noite não significou nada para ele. Ele não pensou nisso
novamente desde então.

— Você tem razão. — Eu olho para cima, determinado a


superar esse pau. — Eu estava.

Seus olhos frios seguram os meus.

Estranho...

— O que? — Bebo meu café, sentindo-me como uma criança


errante.

— Então... Deixe-me ver se entendi. Você estava noiva para se


casar enquanto transava com outros homens.
— Tínhamos um relacionamento aberto, — minto.

Ele inclina o queixo para o céu, irritado. — Não sei muito sobre
casamento, mas posso ter certeza de que não compartilharia
minha futura esposa.

Engulo o nó na garganta, sentindo-me desconfortável com seu


desprezo. — O que você quer, Henley? — Eu estalo. — Você invadiu
aqui para me fazer sentir uma merda? Porque missão cumprida,
você fez exatamente isso.

Ele fica de pé. — Vou buscá-la no sábado para o casamento.

Eu olho para ele e sei que deveria ficar longe desse bastardo
egoísta para sempre.

Mudar de casa mesmo.

Mas a ideia de estar em seu braço apenas mais uma vez me


deixa louca.

— Três horas, — murmuro.

Seus olhos seguram os meus. — Três horas.

São 5h40 e estou na varanda da frente, me espreguiçando para


correr. Bem na hora, a porta da frente de Henley se abre e ele sai
de terno.

Meu coração dá uma cambalhota no peito com a simples visão


dele.

Para onde ele vai tão cedo todos os dias?


O escritório dele só abre às nove. Quer dizer, eu sei que ele teria
que chegar cedo às vezes, mas todos os dias, mesmo nos finais de
semana?

Ele olha para cima e me dá um sorriso sexy. Nós nos encaramos


por mais tempo do que o necessário, e então ele entra no carro e
sai dirigindo.

Ele me dá um aceno casual enquanto passa e, como a fã que


sou, aceno de volta.

Observo seu carro desaparecer na esquina e faço uma anotação


mental do que tenho que fazer hoje.

Comprar um vestido novo, o mais lindo que o homem conhece.


Marcar uma consulta capilar para sábado e depilar tudo.

Quero dizer tudo.

Uma batida soa na minha porta. É sábado, depois da semana


mais longa da história.

Ele está aqui.

Estou me arrependendo disso antes mesmo de ir. Estúpida,


estúpida. O que eu estou pensando? Apenas acabe com isso.

Abro a porta com pressa. — Oi.

Seus olhos caem até os dedos dos pés e voltam para descansar
no meu rosto. — Olá. — Ele me dá um sorriso lento e sexy. — Você
parece — ele inspira profundamente — bem.

Tento esconder meu sorriso; ele gosta do vestido. — Olá,


Henley. — Pego minha bolsa e xale.
Entramos em seu carro e ele sai para a estrada. — Como foi
sua semana? — ele pergunta.

Longa.

— Boa, obrigada. Como foi a sua?

— Ocupada.

Torço os dedos no colo e olho pela janela enquanto dirigimos, e


repasso o plano de jogo para hoje.

Fique distante.

Faça o que fizer, lembre-se de que isso é apenas um jogo para


ele.

Não posso ser muito conversadora ou amigável. Eu só tenho


que deixar o dia correr.

Dirigimos em silêncio pelo resto do caminho e finalmente


paramos no estacionamento.

O casamento será em uma grande propriedade de campo. Os


jardins são lindos e posso ver as cadeiras brancas alinhadas em
fileiras perto de um caramanchão florido. Deve ser lá que os votos
serão trocados.

Eu conto internamente as maneiras pelas quais isso pode


acabar mal. — Isso parece legal, — diz ele enquanto estaciona o
carro.

— Sim. — Meus nervos estão à flor da pele e, de repente, essa


não parece uma estratégia tão inteligente.
Ele abre a porta do carro, pega minha mão e me puxa para seus
braços, nossos rostos a apenas alguns milímetros de distância um
do outro, e minha respiração fica presa.

Seus olhos escurecem e caem em meus lábios. — Hoje você é


minha.

Eu me afasto dele. — Fingindo ser sua.

Ele sorri antes de lamber os lábios. E de alguma forma, acho


que me conquistar se tornou o maior desafio do mundo. — Vamos,
querida, — ele diz enquanto pega minha mão na sua. — Convite?

Querida.

Procuro na minha bolsa e passo para ele. E ele lê enquanto


caminhamos. — Só para você saber como agir hoje, gosto de
minhas mulheres submissas.

Ha... Como desejar.

— Só para que você saiba como agir hoje, — respondo enquanto


atravessamos o estacionamento, — gosto que meus homens sejam
submissos.

Sua mão é grande em volta da minha e está me dando toda a


vibração. Há uma corrente elétrica que atravessa seu corpo e entra
no meu.

Ele também sente isso?

Ele não parece. Ele não é afetado por mim tanto quanto você
poderia ser.

Sério, o que eu estava pensando?

Tão idiota, Juliet.


Passamos pelas gigantescas portas em arco do átrio e olho em
volta com admiração. — Uau.

Tudo nas mesas redondas é branco, com talheres e candelabros


sofisticados e enormes buquês de flores brancas e creme em
grandes e lindos vasos. Lustres enormes estão pendurados de
forma dramática em correntes de prata.

Os olhos de Henley percorrem o espaço e ele sorri. — Muito


legal.

— Ótimo lugar para uma recepção de casamento.

Ele coloca a mão na minha bunda e me puxa para perto


enquanto coloca a boca no meu ouvido. — Ótimo lugar para nosso
primeiro encontro falso. — Sua respiração desperta meus sentidos
e arrepios se espalham. Eu sorrio timidamente.

Pare com isso.

Encontro falso... este é um encontro falso.

Não se esqueça disso nem por um momento.

Ele já disse que nunca poderemos acontecer algo, porque


moramos ao lado um do outro, e para ser sincera, ele tem um
argumento muito válido.

Henley tira o convite do bolso e olha para ele. — O casamento


religioso é no gramado. — Ele me puxa pela mão. — Por aqui.

Ele é tão alto e intencional. Enquanto ele me puxa pela sala, as


pessoas se viram e olham para ele. E de repente, eu me lembro.

Lembro-me de como é ter alguém assumindo o comando.


Faz muito tempo que não o tenho e não percebi o quanto sentia
falta dele.

Ele me leva pelo jardim até as cadeiras perfeitamente


alinhadas. — Qual lado? — ele sussurra.

Eu sorrio para ele.

— O que?

— A quantos casamentos você já foi?

Ele sorri, envergonhado por seu óbvio conhecimento interno


sobre casamentos. — Tenho trinta e três anos. Quase todo mundo
que conheço é casado. Alguns dos meus amigos duas vezes.

— Esquerda, — respondo.

Ele me conduz. E nos sentamos à esquerda. Ele pega o


programa e o folheia. — Como esses dois se conheceram? — ele
pergunta.

— Quem, a noiva e o noivo?

— Sim.

— Hum. — Eu me inclino para ele para falar suavemente. —


Eles se conheceram no Tinder e tiveram um encontro, mas se
odiavam. Ele a desgastou para um segundo encontro e depois se
redimiu.

Ele sorri.

— Ela não estava interessada no início. — Quero detalhar um


pouco minha história. — Mas ele tem um pau realmente ótimo e
ela não resistiu.
A maldade passa por seu rosto. — E então ela não deveria –
paus grandes são difíceis de encontrar hoje em dia.

— Foi o que eu disse.

Ele se inclina para trás e coloca o braço em volta da minha


cadeira. — O que mais você disse a ela?

Tento pensar em algo sexy para dizer. — Perguntei a ela qual


posição seu noivo preferia.

Ele sorri e olha para o noivo, que está no altar com seus
padrinhos enquanto espera. — Hum...

— Acho que missionário, — sussurro.

— Não. — Ele torce os lábios enquanto o olha de cima a baixo.


— Vaqueira reversa.

— Vaqueira reversa? — Eu franzo a testa. — Por que você pensa


isso?

Ele se inclina e coloca os lábios no meu ouvido. — Ele parece


um nerd, o que significa que teria assistido uma quantidade
exponencial de pornografia na juventude.

Eu franzo a testa em questão.

— A melhor maneira de assistir sua própria garota em um filme


pornô é a vaqueira reversa. — Ele pisca. — Assento na primeira
fila para ver seu pau deslizar profundamente e fazê-la gemer.

Oh...

Tenho uma ideia do que ele acabou de me dizer. Eu desço e


engulo o nó na garganta. Eita.
— Qual é a sua posição favorita? — ele sussurra em meu
ouvido.

Vaqueira reversa parece muito bom.

— Hum. — Tento pensar em uma resposta sexy, mas ele fritou


meu cérebro e não consegui absolutamente nada. — É privado, —
eu sussurro de volta. — Por que, qual é o seu?

— Muitos favoritos. — Ele circula o dedo no meu ombro. — Eu


gosto de balanços sexuais.

Eu franzo a testa. Que diabos? Ele tem um balanço sexual?

— Eu amo a submissão desinibida que isso me proporciona. —


Seus dedos circulam pelas minhas costas. Sua respiração espana
minha pele, e ele pode muito bem estar passando o dedo sobre os
lábios do meu sexo, porque é exatamente onde estou sentindo.

Um pulso lento começa a pulsar.

Tenho uma visão dele nu e duro, me amarrando em um balanço


sexual, me dominando da maneira mais depravada, e aperto para
tentar conseguir alguma fricção lá embaixo.

Este homem é um mestre sedutor. Estou prestes a explodir em


apenas três frases sussurradas.

Encontro falso.

As cadeiras começam a se ocupar e Henley olha em volta


enquanto seu dedo circula meu ombro. Depois de um tempo, ele
se inclina e murmura em meu ouvido: — Que calcinha você está
usando?

O que?
— Por que você quer saber disso? — Eu sussurro.

— Porque quando sinto sua pele sob meus dedos, estou me


imaginando de joelhos na sua frente, arrancando você dela com os
dentes. Quero uma imagem do que estou prestes a tirar aqui
mesmo, na frente de todos.

Segure o telefone... segure a porra do telefone, porque estou


morta.

Eu olho para ele, e ele me dá o melhor olhar venha me foder de


todos os tempos.

O ar entre nós é espesso e pesado.

— Henley, — eu respiro.

Ele se curva e suavemente belisca minha orelha com os dentes.


— Sim, — ele sussurra. Sua respiração está tremendo. Ele está tão
interessado nisso quanto eu.

— Comporte-se, — eu sussurro.

— Dê-me uma cor.

— Branco, — respondo antes que meu filtro boca-cérebro entre


em ação.

A satisfação brilha em seu rosto enquanto seus olhos escuros


prendem os meus.

A valsa nupcial começa e sou tirada da minha névoa de


excitação quando a noiva começa a caminhar pelo corredor.

Meu corpo observa as núpcias enquanto eu pairo no céu,


observando Henley e eu de cima. Ele segura minha mão em seu
colo e estou derretendo em uma poça com seu toque. Imaginando
vaqueiras em balanços sexuais e orgasmos orais públicos com as
pernas sobre os ombros durante casamentos.

Este homem mau me faz pensar em coisas ruins.

Quatro horas depois


— Então, Henley, — Warren pergunta do outro lado da mesa,
— diga-me, o que você faz?

— Eu sou um engenheiro. — Henley sorri, mas seu sorriso não


toca seus olhos, e tenho a sensação de que Warren o irrita pra
caralho.

A recepção está se arrastando. Jantamos e Henley respondeu


a uma enxurrada de perguntas de meus amigos de trabalho. Ele
está encantando todos eles, é claro, e eles estão oficialmente
atentos a cada palavra sua. E eu, bem, só quero que o casamento
acabe... mas também, não quero que o casamento acabe. Porque
então meu único encontro com ele terminará, e para ser honesta,
eu realmente gosto que ele fique em cima de mim.

Henley pega minha mão e a coloca em seu colo, embaixo da


mesa.

— O que você faz, Warren? — Henley pergunta a ele.

— Eu sou um enfermeiro.

— Qual é a sua parte favorita do trabalho? — ele continua


enquanto desliza discretamente minha mão sobre sua virilha.
Posso sentir que ele está duro e preciso de todas as minhas forças
para não envolvê-lo com a mão.
Porra, porra.

Pego meu vinho enquanto ajo casualmente. Não é grande coisa,


estou apalpando meu namorado falso, que odeio na frente dos
meus amigos do trabalho.

— Gosto de sair do meu turno sabendo que dei tudo de mim


aos meus pacientes, — continua Warren.

— Deve ser muito gratificante, — responde Henley. Ele flexiona


seu pau endurecido sob minha mão e eu quase engasgo com meu
vinho.

— Devíamos dançar, Puppy, — diz Henley.

Os olhos de Chloe e Leonie se arregalaram de excitação.

Eu rolo meus lábios para esconder meu sorriso. — Nós


deveríamos?

— Uh-huh. — Ele se levanta e pega minha mão e me leva para


a pista de dança e me pega em seus braços. E começamos a
balançar ao som da música lenta.

— Pensei ter dito para você não me chamar assim, — digo


enquanto ajo com seriedade.

— Bem... é sua culpa que eu te chame assim.

— Como é minha culpa? — Eu suspiro.

— Você não deveria ter cachorrinhos tão lindos.

— Cachorrinhos?

— Sim, você sabe. Seios. As coisas que eu deveria estar


sugando agora.
Minha boca se abre enquanto balançamos. — Se você disser
essas coisas em um encontro falso, o que você diria em um
encontro real?

Ele faz uma pausa como se estivesse pensando por um


momento. — Eu diria que você está linda. Como um sonho tornado
realidade.

Eu sorrio para ele enquanto dançamos. — Seu encantador,


você.

— E eu diria a você que precisei de todas as minhas forças para


não beijar você esta noite.

Engulo o nó na garganta.

— E eu diria que você deveria estar grata por estar se


esquivando de uma bala.

Meu coração incha.

— O que você diria para mim? — ele pergunta suavemente.

— Eu diria para você calar a boca e me beijar de qualquer


maneira.

Seus olhos prendem os meus e algo muda. Passamos do mundo


fingido para um mundo real.

Em câmera lenta, seus lábios caem e roçam suavemente os


meus.

Oh...

Nosso beijo se aprofunda, aqui mesmo na pista de dança para


todos verem.
E cada célula do meu corpo se ilumina como se este fosse meu
primeiro beijo... talvez seja.

Porque nunca fiquei tão emocionada com ninguém.

Nós nos beijamos novamente e não estamos mais balançando


ao som da música.

O tempo parou.

Arrepios estão por toda a minha pele, borboletas dançam em


meu estômago e a dor entre minhas pernas se transformou em um
tsunami.

Ele se afasta e olha para mim, uma carranca cruzando sua


testa.

— O que está errado? — Eu sussurro.

— Nada. — Ele se afasta de mim. — Devíamos ir.

— O que?

Ele pega minha mão e me leva para fora da pista de dança.

— Mas ainda não terminei de beijar você, — gaguejo.

Ele olha para mim por cima do ombro e depois se vira e marcha
pelo corredor, puxando-me atrás dele.

— Onde estamos indo? — Eu pergunto.

— Tenho algo para mostrar a você. — Ele abre uma porta e a


fecha novamente. Continuamos andando pelo corredor, e ele abre
outra porta e espia, depois me puxa para dentro e bate a porta
atrás de nós.
Eu olho em volta. Estamos em algum tipo de biblioteca. Livros
de aparência antiga cobrem as paredes. Há uma lareira e cadeiras
formais e de aparência cara.

Henley me puxa para uma cadeira e se senta e me reorganiza


em seu colo para montá-lo.

Ficamos em silêncio enquanto nossas partes mais íntimas se


tocam.

Ele está duro. Estou macia e molhada.

O ar estala enquanto olhamos um para o outro.

Uma noite. Eu só quero uma noite. Isso é tão ruim?

— Beije-me, — ele sussurra sombriamente.

Meus lábios pegam os dele, e suas mãos deslizam por baixo do


meu vestido para segurar meu traseiro.

Oh...

Ele move meu corpo para esfregar seu pau endurecido e eu


começo a avançar.

Voltar... avançar. Para trás para a frente.

Sua língua entregando o beijo perfeito.

Suas mãos se movem para os ossos do meu quadril, trazendo


meu corpo para baixo com mais força sobre o dele.

Porra.

Olho para a porta. E se alguém entrar?

Começo a perder o controle enquanto ele me coloca em sua


ereção, minha respiração tremendo enquanto tento esconder
minha excitação. Seu aperto nos ossos do meu quadril é quase
doloroso, e eu estremeço e gemo em sua boca enquanto um
orgasmo intenso me atravessa.

Ele inspira profundamente e me mantém imóvel e empurra


para frente, e eu sinto o empurrão quando ele goza com força, bem
ali em suas calças.

Ofegamos enquanto nos beijamos, descendo do nosso alto.

A ternura cai entre nós. Isso não deveria acontecer.

— Você acabou de fingir um orgasmo? — Ele sorri contra meus


lábios.

— Totalmente, — eu ofego. — Você fez?

— Claro. — Ele me levanta do colo e nós dois ficamos parados,


totalmente desorientados.

Ele passa a mão pelos cabelos desgrenhados.

Puta merda... isso simplesmente aconteceu?

— Eu preciso de um banheiro. — Ele sorri enquanto me agarra


agressivamente e morde meu pescoço.

— Você faz. — Eu rio enquanto tento me afastar dele. — Você


está uma bagunça nojenta.

— Você pode conversar, — ele murmura enquanto puxa meu


vestido para baixo e o arruma. Ele pega minha mão. — Devíamos
voltar antes de sermos banidos deste lugar.

Eu rio enquanto imagino alguém nos atacando. — OK.

Ele me leva de volta ao corredor e voltamos para o salão de


recepção.
Que porra é essa?

Isso acabou de acontecer?

As festividades estão terminando quando a noite chega ao fim.


Henley olha em volta. — Vou ao banheiro. Volto em um minuto.

— OK. — Conto as maneiras como vou comer esse homem


inteiro quando chegarmos em casa.

Uma noite não pode fazer mal.

Estou aqui para isso.

Vou ao banheiro e lavo as mãos. Sorrio bobamente para meu


reflexo no espelho. Estou corada e desgrenhada e me sentindo no
topo do mundo.

— Puta merda. — Oh meu Deus, isso vai ser tão bom. Eu tomo
meu tempo enquanto tento me acalmar de ter um momento de fã
por causa dele. E, eventualmente, eu volto.

Henley está se despedindo de todos na nossa mesa e apertando


as mãos. — Prazer em conhecê-lo. — Ele sorri. Ele beija Chloe e
Leonie na bochecha, e acho que elas estão sendo mais fãs dele do
que eu.

Não é possível.

Eu me despeço de todos enquanto ele assiste.

Henley pega minha mão e voltamos para o carro. A ternura que


acabamos de compartilhar não existe mais, mas talvez eu esteja
apenas imaginando.

Ele abre a porta do carro e eu entro. Ele se senta ao volante e


sai para a estrada, e dirigimos por um tempo. Curiosamente... ele
não está me tocando. O que é estranho porque ele esteve em cima
de mim a noite toda. — Então, o que você vai dizer a eles? — ele
pergunta casualmente enquanto dirige.

— Huh? — Eu franzo a testa para ele em confusão.

— A razão pela qual estamos terminando – o que você vai dizer


a eles?

— Oh. — Minha mente começa a embaralhar. Essa foi a última


coisa que pensei que sairia da boca dele. — Vou pensar em algo,
— digo suavemente enquanto olho pela janela.

O que?

Dirigimos para casa em silêncio. O deus brincalhão e sexy que


era meu par se foi.

Henley James está aqui em toda a sua glória bastarda.

Ele para o carro em frente à minha casa, sai e abre a porta do


meu carro. Ele me ajuda pela minha mão. — Boa noite, Juliet, —
ele diz casualmente, como se eu fosse um estranho que ele
conheceu no ônibus.

Eu franzo a testa.

— Tenha uma boa noite. — Ele sorri.

Eu fico olhando para ele. Que diabos? — Você também, — eu


sussurro distraidamente.

Ele volta para o carro, dá a volta no beco sem saída e sai


dirigindo pela rua.

O que?

Ele está saindo?


Fico no final da minha garagem observando o carro dele
desaparecer de vista.

Que porra foi essa?


A água quente corre sobre minha cabeça enquanto me encosto
nos azulejos.

Eu não entendo esse homem de jeito nenhum. Ele estava


interessado nisso. Eu sei que ele estava porque eu estava lá com
ele.

E então ele apertou um botão – exatamente como fez quando


tivemos nosso primeiro encontro.

Perfeito quando está no momento, e então ele se transforma em


algo frio. É como se ele fosse duas pessoas diferentes. Nunca
conheci ninguém como ele.

Nem eu quero.

Passo a mão pelo rosto com nojo. E agora, para piorar as coisas,
tenho que vê-lo todos os dias – quando sei que ele não gosta de
mim – sabendo que gosto dele.

Meu sangue ferve e estou furiosa comigo mesma. Ele sabia


exatamente o que estava fazendo e eu era como massa em suas
mãos. Fazendo tudo o que ele me disse para fazer como um
cachorrinho patético.

Ele provavelmente está na casa de Vanessa, a Desvestida, neste


exato momento.

Dando a ela o bife que eu pré-aqueci.

Ugh...
Eu rolo na cama e me viro e me chuto por ter ido lá em primeiro
lugar.

Uma coisa que sei agora com certeza é que não fui feita para
namoros falsos, todos aqueles livros de romance estão cheios de
merda.

Isso é uma droga.

O som de um carro me acorda e me sento direito como um


zumbi.

Ele está em casa.

Olho para o relógio: 5h

Onde diabos você esteve a noite toda, idiota?

Incapaz de evitar, corro até a janela e espio através das cortinas


transparentes. Observo enquanto Henley entra lentamente em sua
garagem e sai do carro.

Ele ainda está usando o terno que usou no casamento. Reviro


os olhos para minha idiotice. O que você acha que ele vai usar em
casa, um roupão? Sua idiota.

É isso!

Vou para o banheiro furiosa comigo mesma.

Isso é foda!

Tiro minhas roupas de ginástica do armário e as visto com


fúria.

Bem... Tenho novidades para ele.

Ele não pode me rejeitar... porque eu o estou rejeitando.


Quem diabos esse idiota pensa que é? Vou ficar com tanto calor
que ele vai implorar, implorar, por um pouquinho da minha
atenção, e estarei muito ocupada namorando homens gostosos
para lhe dar atenção. Vou lá fora para acordar Barry, e então
estamos andando rápido, talvez até correndo.

Dane-se ele.

Desço as escadas com minhas roupas de ginástica, pronta para


lutar contra um tigre e depois perseguir um urso.

Você quer brincar, cara de merda?

Vamos.

— Você tem uma estimativa dos custos? — Eu pergunto. É


quarta-feira e Joel me enviou suas anotações e imagens de humor
para inspirar minha casa. Eu amo tudo sobre eles.

— Bem, dependendo da rapidez com que você deseja que o


trabalho seja feito e da qualidade dos acessórios, eu estimaria algo
entre trinta e sessenta mil, — responde Joel.

— Dólares? — Eu suspiro.

— O luxo tradicional é caro, Juliet.

Caramba.

Eu sopro ar em minhas bochechas enquanto penso.

— A menos que você queira mudar o briefing e optar por uma


qualidade mais barata.

— Não. — Eu penso por um momento. Encontrarei o dinheiro


em algum lugar. — Eu quero o melhor. Esta é minha casa para
sempre. Acho que começaremos com um ambiente e iremos
avançando conforme os fundos permitirem. Tudo bem?

— Isso é o que eu estava pensando. Boa ideia. Com qual


ambiente você quer começar?

— Definitivamente a sala de estar. É o coração da casa e onde


todos veem primeiro. E além disso, eu realmente quero um sofá
confortável para sentar.

Ele ri. — Ótimo, ok. Vou lhe enviar por e-mail uma seleção de
sofás que considero adequados ao nosso estilo. Passe por eles e
veja se você gosta de alguma coisa. Se você quiser fazer o pedido
através de mim, posso obter minha taxa de atacado de trinta por
cento desses fornecedores específicos.

— Ah, fantástico.

— Mas é claro que você pode encontrar algo semelhante por um


preço mais barato em outra loja. Esses fornecedores são de ponta,
mas sinto que esse formato de sofá é o que procuramos.

— Incrível. Muito obrigada pela sua ajuda. Eu realmente gostei


disso.

— Envie para mim tudo o que encontrar e eu verificarei a cor e


as dimensões. Você não quer pedir algo e descobrir que é muito
grande ou pequeno para o espaço quando chegar.

— Bem pensado.

— Vamos entrar em contato na próxima semana – talvez na


terça eu possa voltar do trabalho para casa.

— Mal posso esperar. Muito obrigada, Joel. Tenha uma ótima


semana.
— Tchau, Jules. — Ele desliga e eu sorrio para ele me
chamando de Jules. Ele tem aquele tipo de personalidade onde
você sente que já o conhece.

Desligo e caio no banquinho. Eu realmente queria deixar esta


casa perfeita o mais rápido que pudesse. Preciso de mais dinheiro,
muito mais dinheiro.

Eu penso por um momento. Eu me pergunto se eu conseguiria


um turno extra por semana em uma casa de repouso. Eles estão
sempre procurando enfermeiras. Hmm, é uma boa ideia, na
verdade.

Farei algumas ligações hoje. Eu poderia fazer um turno por


semana, duas em algumas semanas.

A Operação Hot Bitch está ativada. Não mexa comigo, mundo,


porque eu vou te cortar.

Agarro a coleira de Barry e ele e eu saímos na frente. Estou tão


dolorida por correr tão rápido a semana toda que preciso me
alongar um pouco mais. Estar de mau humor com certeza
aumenta minha programação de treinamento. Seguro minha caixa
de correio e puxo o pé para trás. Sinto o alongamento em todo o
meu quadríceps. A porta da garagem de Henley sobe.

Finjo não olhar enquanto ele sai em seu Range Rover.

Olho para o meu relógio. São 5h40 da manhã.

Certamente ele não trabalha dezesseis horas por dia todos os


dias.
Ele para na estrada e me avista. Ele acena enquanto passa,
como se nem nos conhecêssemos, como se a noite de sábado nem
tivesse acontecido.

Foi isso?

Ou eu estava tão chapada com seus feromônios que inventei


tudo na minha cabeça?

Seu carro vira a esquina e eu exalo pesadamente.

Ugh, eu odeio homens.

— Juliet. — Ouço a voz irritante de Carol atrás de mim e fecho


os olhos.

Dê-me força. Agora não, Carol.

— Juliet, — ela chama com sua voz cantante. Viro-me para ela
e finjo um sorriso.

— Bom dia, Carol.

— Olá, querida. — Ela vem agitada do outro lado da rua. — O


que você vai fazer no próximo fim de semana?

Decapitar o boneco vodu de Henley James.

— Praticamente nada. — Eu sorrio. — Tenho que começar


minha corrida.

— Ah, isso é bom, porque tomei a liberdade e organizei uma


festinha de boas-vindas à vizinhança para você.

— O que?

— Apenas a família da rua – queremos recebê-la.

— Isso não é necessário.


O rei da rua já me recebeu no sábado pelas calças... com seu
pau.

— Eu queria dar algumas semanas para você se instalar, e o


tempo passou, mas agora já está organizado. Vou entrar agora
para imprimir os convites.

— Não quero confusão, Carol.

— Absurdo. — Ela sorri. — Você agora faz parte da família


Kingston.

Na verdade, Carol, sou uma pessoa suja e seca que não tem
vergonha.

— Cinco horas da tarde de sábado na minha varanda.

Sentindo-me a maior vadia do mundo, sorrio. Ela está sendo


tão legal, e aqui estou eu, com medo de falar com ela. O que diabos
está errado comigo? — Obrigada, Carol.

De repente estou me sentindo todo emocionado e a abraço. —


Mas você realmente não precisa dar uma festa.

— Absurdo. — Ela sorri em meu ombro. — Vá correr aquela


maratona.

— OK. — Começo com uma corrida lenta. — Tenha um bom


dia.

Meu irmão Liam sorri enquanto olha ao redor da casa. — Eu já


adoro isso.

— Você jura? — Eu sorrio esperançosamente.


— Uh-huh, é perfeita. — Ele abre uma porta frágil e a fecha. —
Você precisa substituir essas dobradiças.

— O designer de interiores elaborou um plano e estamos


reformando um cômodo de cada vez. Esta sala é a primeira, então
acho que chegaremos lá.

— Você está pagando um decorador de interiores? — Ele franze


a testa. — Essa merda não é cara?

— Não, ele não é tão ruim. Cobrando-me por hora. Mas ele acha
que a conclusão custará entre trinta e sessenta mil dólares.

— Porra. — Suas sobrancelhas se erguem em surpresa.

— Tenho uma entrevista em uma casa de repouso esta semana.

— Achei que você gostasse do seu trabalho?

— Eu gosto. Este é um segundo emprego, apenas um ou dois


turnos por semana para que eu possa tentar economizar mais
rápido.

— Não se mate para reformar uma casa. Não vale a pena.

— Está bem. Vou apenas cumprir meus turnos no hospital e,


nos meus dias de folga, farei apenas um turno na casa de repouso.
O dinheiro é muito bom.

Ele concorda. — OK.

— Então, como foi seu encontro?

Ele exala e cai de volta no sofá. — Sim, ok, eu acho.

Eu o observo por um momento. — Então... Pela sua reação,


imagino que você jantou e foi para casa sozinho.

— Não, estamos ocupados. — Ele parece entediado.


— E?

Ele dá de ombros como se estivesse desinteressado. — Era...


medíocre na melhor das hipóteses.

— Oh.

Fico em silêncio, sem saber o que dizer. A namorada de Liam


morreu em um acidente de carro há três anos e ele nunca mais foi
o mesmo. — Talvez você ainda não esteja pronto, querido.

— Eu não me importo de qualquer maneira, — ele mente. — Eu


só precisava...

Eu o interrompi. — Entendo.

Preciso encontrar a garota certa para beijá-lo melhor. Porque


ele merece coisa melhor, muito melhor.

— Talvez estejamos destinados a ficar solteiros para sempre. —


Eu sorrio.

— Serve. — Ele sorri. — Eu tenho minhas ferramentas na


minha caminhonete. Quer que eu troque as dobradiças?

— Sério? — Eu me sento, animado. — Você tem tempo?

— Sim, mas você está me preparando carbonara para o jantar.

— Fechado. — Eu sorrio.
Henley
— Você quer outra cerveja? — Eu pergunto enquanto estou de
pé.

Antony está deitado em uma espreguiçadeira à beira da


piscina, de olhos fechados. — Sim, isso seria bom. — Ele boceja,
meio adormecido. — Pegue um lanche ou algo assim enquanto
você estiver acordado.

— Como o que?

— Eu não sei, queijo. — Ele encolhe os ombros, os olhos ainda


fechados. — Biscoitos.

— Você vai se transformar na porra de queijo e biscoito em


breve.

— Provavelmente, — ele responde, desinteressado.

Liguei para vê-lo esta tarde e de alguma forma já estou aqui


deitado à beira da piscina há três horas. Entro, pego duas cervejas
e um pacote de batatas fritas e saio pela porta dos fundos. Da
varanda alta, olho para cima e vejo a casa de Juliet.

De quem é aquele veículo em sua garagem? Fico parado


enquanto observo por um momento.

De quem é esse maldito carro?

Quem se importa? Não importa.

Levo as cervejas e as batatas fritas para a área da piscina e as


coloco na mesa entre as espreguiçadeiras e, antes mesmo de poder
me sentar, me viro e caminho de volta para casa. — Onde você está
indo agora? — Ant pergunta.
— Verificando algo.

— Como o que?

— Volto em um minuto. — Paro nos degraus e olho para a casa


de Juliet. A porta da frente se abre e um cara sai. Ele está sem
camisa.

O que?

Quem diabos é esse?

Estreito os olhos enquanto tento direcionar minha visão para


ele. Eu já o vi em algum lugar antes. Ele parece familiar de alguma
forma.

Ele vai até o caminhão e pega uma caixa de ferramentas.

Quem é ele?

Ele se vira para que eu possa ver completamente seu rosto.


Onde é que eu... a ficha cai.

Foda-se.

Esse é o maldito noivo.

Ela ainda está com ele. É isso! Desço até a espreguiçadeira,


enfurecido.

— Ela só pode estar brincando, — eu cuspo.

— Quem?

— Pequena Senhorita Inocente do número onze.

Ant exala pesadamente. — E agora?

— Você sabe quem está na porra da casa dela agora? Eu vou te


dizer quem, — eu me irrito. — É aquele noivo idiota.
— Huh?

— Ela ainda está com ele. — Começo a andar. — Então ela está
transando comigo no casamento em público, me forçando a voltar
para o meu apartamento porque não posso confiar em mim para
estar ao lado dela e não pular a cerca. Ficar com bolhas na mão
de tanto me masturbar, e o tempo todo ela ainda vai se casar com
ele, — eu cuspo.

Ant me encara.

— Oh... ela é boa, eu vou admitir isso para ela. Toca-me como
a porra de um violino. — Ando de um lado para o outro no convés
enquanto minha mente corre. — Você sabe o que ela é? — Eu
aponto para ele. — Ela é venenosa. Ela é uma loba mentirosa,
venenosa e vodu, vestida de cordeiro. Isso é o que ela é.

Ant pensa por um momento. — Loba?

Eu sorrio com sua analogia. — Exatamente.

— O que você vai fazer sobre isso?

Eu me sento e expiro pesadamente. — Nada.

— Nada como bater mais uma punheta nela?

Reviro os olhos, enojado comigo mesmo por desejá-la. —


Bastante.

Olho para o relógio enquanto bebo meu café. Merda, tenho que
ir. Estou atrasado.

Estou na rua da luta esta manhã. Exausto depois de virar e ver


a bruxa da casa ao lado.
Eu superei. Eu superei ela.

Foda-se isso.

Coloco minha torrada na boca para segurá-la, pego meu café


para viagem e passo pela porta de vidro dos fundos, e algo chama
minha atenção.

Huh...

Dou um passo para trás e olho para o meu quintal. Meu rosto
cai de horror. — Que porra é essa? — Eu explodo. Abro a porta de
correr para ver uma carnificina como você nunca viu antes.

Lama.

Em todos os lugares.

Vasos de plantas tombaram e foram mastigados.

As almofadas brancas do meu sofá italiano ao ar livre cobertas


de lama. — Alguém invadiu e vandalizou todo o meu quintal. — Eu
olho em volta. — Nunca vi nada assim.

Pelo canto do olho, vejo algo se mover e me viro para ver o


cachorro sarnento de Juliet no meu sofá branco ao ar livre, como
se fosse o dono do lugar, dormindo profundamente e roncando. Ele
está coberto de lama de onde cavou embaixo da cerca para entrar
no meu quintal.

Inspiro profundamente e cerro os punhos ao lado do corpo. —


Filho da puta.

A adrenalina percorre meu corpo.

Ando até o cachorro que ronca e olho para ele enquanto


imagino seu terrível fim. — O que você fez? — Eu rosno.
Ele continua roncando e eu vejo vermelho.

Acalme-se.

Inspiro profundamente enquanto olho para a zona do desastre.

Estou furioso.

— Barry, — ouço Juliet chamar da porta ao lado. — Barry, onde


você está?

O cachorro idiota levanta a cabeça ao ouvir a voz dela e depois


a joga de volta no sono.

Meus olhos ficam vermelhos enquanto a energia nuclear


térmica ameaça roubar meu controle.

Antes que eu possa me conter, me vejo marchando até a casa


de Juliet. Abro o portão lateral.

— Barry, — ela chama dos fundos.

— Juliet, — eu grito enquanto perco todo o controle. — Traga


sua bunda aqui!
Juliet
— O que? — Eu esfrego meu rosto.

— Você me ouviu, — Henley rosna de seu lugar no meu portão


lateral. — Vá até minha casa agora e veja o que seu maldito saco
de pulgas fez.

— Você é tão dramático. Você está indo para um Oscar ou algo


assim? — Eu bufo. Passo por ele, atravesso o portão e vou até sua
casa. O portão está aberto e eu entro em seu quintal.

Meus olhos se arregalam de horror.

Oh, não.

Lama até onde a vista alcança, vasos tombados, plantas


mastigadas, almofadas de sofá rasgadas.

Coloquei as mãos na cintura, indignada. — Bem, como você


sabe que foi Barry?

Henley olha para mim sem expressão. — Abra seus olhos.

Olho ao redor e vejo Barry dormindo de costas no sofá branco.

Foda-se, mate-me.

— Barry, — eu o repreendo.

Barry se senta e aguça as orelhas, todo feliz.

— Não sorria para mim, meu jovem. Você está encrencado. —


Tento parecer dura e convincente.
— Em primeiro lugar, ele não é um homem, é um vira-lata. E
em segundo lugar, limpe essa merda. Agora, porra, — Henley exige
com as mãos nos quadris.

— Não use esse tom comigo, Henley. Eu não vou aceitar, — eu


respondo.

Ele dá um passo em minha direção e ficamos cara a cara, a


apenas alguns centímetros de distância. — Você vai pegar
qualquer merda que eu te der, — ele rosna.

— Como diabos eu vou.

— Aposto que você aceita tudo o que ele lhe dá.

Huh?

— Quem? — Torço o nariz enquanto tento acompanhar a


conversa. — Barry?

— Não se faça de idiota, Juliet. Realmente não combina com


você.

— Do que diabos você está falando, seu maluco?

— Você pode parar de mentir agora.

Ok, do que diabos ele está falando? Perdi parte da conversa?

— Do que você está falando, Henley?

— Por que você não pergunta ao seu maldito noivo do que estou
falando?

— Eu não tenho noivo.

— Eu o vi com meus próprios olhos, — ele explode.

Oh... Liam.
Eu rolo meus lábios para esconder meu sorriso.

— Você acha isso engraçado? — ele sussurra com raiva. — Você


está montando meu pau naquele casamento e noiva para se casar
o tempo todo?

— Ok, vamos esclarecer uma coisa aqui. — Eu levanto minhas


mãos, tentando acalmá-lo. Ele está prestes a estourar uma artéria.
— Você está com raiva do meu cachorro ou do Liam?

Cheio de desprezo, ele dá um passo à frente e eu recuo. —


Estou com raiva porque você é uma mentirosa. — ele zomba.

— Bem... você está certo, eu sou uma mentirosa.

— Eu sabia, — ele cospe.

— Liam é meu irmão, seu idiota.

— O que?

— Ele mentiu para você naquela época porque eu estava


chateada com a forma como você me tratou e ele queria se vingar
de você.

— O que? — Seus olhos quase saltam das órbitas. — Como eu


tratei você? Como diabos eu tratei você?

— Esperei em casa o dia todo para você me ligar, e você me deu


um bolo e nunca mais me ligou.

— Eu estava trabalhando, — ele grita.

— Merda, você estava trabalhando. Eu vi você no clube. Eu vi


você sendo um desprezível, seu idiota mentiroso.

— Isso é mentira. — Ele franze a testa e coloca o peso no pé de


trás. — Que diabos você está falando?
— Oh. — Eu tenho provas. Deslizo meu telefone e sei
exatamente onde está salvo o vídeo que Chloe me enviou, porque
já o assisti um milhão de vezes. Abro o vídeo, aperto o play e seguro
meu telefone para mostrar a ele.

Ele franze a testa enquanto olha para a tela. Ele se observa


rindo e falando e então volta sua atenção para o traseiro da garota.

Estou com tanta raiva que todo o céu ficou vermelho.

— Então você acabou de mentir para mim? — ele rosna. — Eu


pensei que você estava noiva esse tempo todo.

— Você nunca iria me ligar de qualquer maneira, Henley. O que


isso importa?

— Talvez eu tenha.

— Quem diabos você pensa que é? Você talvez tenha... pff.


Foda-se, — eu bufo. Eu me viro e vou em direção à minha casa,
enfurecida.

— Volte aqui e limpe essa bagunça.

Eu mostro o dedo do meio para ele e continuo andando.

Limpe você mesmo.

Ugh, por que concordei com essa estúpida festa de boas-


vindas?

É sábado e posso ver todo mundo atravessando a rua em


direção à casa de Carol com suas travessas de comida.

Estou temendo isso com paixão.

Não falo com Henley desde a nossa briga por causa de Barry. E
agora tenho que fingir para todo mundo que gosto dele, quando
tudo o que realmente quero fazer é derramar uma bebida na
cabeça dele.

Dou uma última olhada no espelho e expiro pesadamente.

Tudo bem, estou bem.

Feminina sem tentar ser sexy. Cansei de ser sexy nesta rua. A
roupa apropriada para mim agora seria na verdade uma camisa de
força, mas tanto faz. Este vestido maxi rosa vai funcionar
perfeitamente. É cheio e fluido, longo, com alças finas.

Pego meu prato de aperitivos e, com o coração na garganta, vou


até a casa de Carol. O som da conversa ecoa pela rua e todos
parecem estar joviais. A varanda da frente de Carol está cheia de
gente, algumas que eu nunca tinha visto antes, e todas se viram
para olhar para mim enquanto eu ando pelo gramado da frente
dela. Penso em me virar e correr de volta para casa.

Estranho.

— Aqui está ela — Carol ri — a convidada de honra.

— Oi. — Eu a beijo na bochecha e sorrio para todos.

— Oi, Juliet. — Um dos meninos sorri. Todo mundo acena. —


Olá, olá, — todos gritam.

— Oi. — Oh merda, isso é estranho como o inferno. — Onde


você gostaria que eu colocasse isso? — Aponto para o prato de
molhos e queijos que trouxe.

— Lá dentro, em cima da mesa, querida.

— Obrigada. — Abro a porta de tela, entro e sorrio para a casa


de Carol. É como voltar no tempo. Fotos em molduras estão
espalhadas pelas paredes e os móveis estão em perfeitas
condições, mas datam de quarenta anos atrás. Há até três patos
voadores nas paredes, como você vê nos filmes. Coloco meu prato
na mesa e aproveito o tempo para reorganizá-lo. Sério, eu só quero
ir para casa. Isto não é agradável.

— Oi, — uma voz ao meu lado soa.

Olho para cima e vejo uma garota com cabelo castanho claro.
Ela tem mais ou menos a minha idade e é bonita. — Eu sou
Rebeca. Moro algumas portas abaixo. Eu queria vir me apresentar,
mas o tempo fugiu de mim.

— Oh, oi, prazer em conhecê-la. — Eu sorrio enquanto aperto


sua mão. — Você está na casa azul?

— Sim, isso. — Ela aponta para um homem do outro lado da


sala e acena para ele. Ele é loiro e bonito e provavelmente tem
quase trinta anos. — Este é meu marido, John.

— Olá. — Eu aperto sua mão. — Prazer em conhecê-lo.

— Desculpe, eu ainda não vim. O tempo voa, — ele se desculpa.

— Ah, não, por favor, entendo perfeitamente. — Eu dou de


ombros. — Estou ocupada também.

— O que você faz? — ele pede para conversar.

— Eu sou uma enfermeira.

— Fantástico, — ele responde. — Outro profissional médico na


rua. Isso faz três de nós agora. Sou cirurgião ortopédico.

— Uau. — Eu sorrio. Volto minha atenção para Rebecca. —


Você trabalha ou tem filhos... ou?
— Deus não. — Ela estremece enquanto se serve de outra taça
de vinho. — Sou professora – o melhor anticoncepcional do mundo.
— Ela cruza os olhos enquanto inclina a cabeça para trás para
beber.

Eu rio. Eu já gosto da Rebecca.

— Você conheceu todo mundo? — ela pergunta.

— Alguns. — Eu dou de ombros. — Eu trabalho muito, então


perco a maioria das pessoas.

— Vamos — ela me pega pela mão — Vou apresentá-la.

— Ugh, você precisa? — Eu sussurro.

Ela ri. — Infelizmente. — Ela me arrasta pela mão até um grupo


de homens. — Rapazes, esta é Juliet. Ela é a rainha do baile de
hoje. Este é Blake Grayson. — Ela me apresenta. — Blake é
médico.

Eu sinto que já conheço uma quantidade assustadora de


informações sobre o Dr. Grayson, não que eu vá deixar
transparecer.

— Olá.

— Juliet é enfermeira, — Rebecca diz a ele.

— Você é? — Ele sorri. — Onde você trabalha?

— No Lady Of Rosemary.

— Você tem estado ocupada ultimamente, ouvi dizer que eles


estão lotados.

— O tempo todo.
Rebecca me puxa pela mão novamente até um homem idoso.
Ele parece estar na casa dos oitenta. — Este é Winston. Ele mora
na casa branca.

— Olá. — Eu sorrio enquanto aperto sua mão.

— Olá, querida. — Ele sorri e tem um sotaque sulista. — Prazer


em conhecê-la. Vejo você correndo pela manhã com seu cachorro.

Eu rio. Pobre coisa. Como devo ser? — Prazer em te conhecer


também.

— E este belo exemplar é Antony Deluca. Ele é seu vizinho.

Ele sorri, e eu sinto isso em meus ossos. Ele é europeu e


absolutamente lindo. — Olá, Juliet. — Ele beija minha bochecha.
— Eu ouvi tudo sobre você. É bom finalmente dar uma cara ao
nome.

— Henley, Blake e Antony são amigos de infância.

— Oh, certo. — Eu sorrio, surpresa. — Isso é ótimo.

— Onde está Henley? — Rebecca pergunta enquanto olha em


volta.

— Aqui estou, — ele grita ao passar pela porta da frente.

— Venha conhecer Juliet, — responde Rebecca.

— Nós já nos conhecemos. — Henley sorri casualmente, como


se não fosse o maior idiota do mundo.

Estou de olho em você.

Ele beija Rebecca na bochecha e depois se vira para mim. Vou


jogar bem porque estamos em público.

— Oi. — Eu sorrio.
Ele sorri calorosamente e beija minha bochecha. Ele está
vestindo uma jaqueta de linho creme e calça jeans. Parece que ele
acabou de sair de uma sessão de fotos de modelo para a GQ ou
algo assim. — Olá. Que bom ver vocês duas.

Fico nervosa com o cheiro de sua loção pós-barba celestial.

— Onde você esteve? — um homem estala. — Estávamos


esperando o barman chegar.

Henley revira os olhos e vai até trás do bar. — Quem quer o


quê?

Todos se reúnem no bar e fazem seus pedidos de bebidas com


ele. E eu sorrio com a familiaridade deles. Confesso que é uma rua
agradável para se viver.

Uma velhinha entra pela porta da frente.

— Olá, Ethel, — todos chamam.

— A festa está aqui. — Ethel sorri enquanto coloca a bandeja


de bolos sobre a mesa. — Desculpe, estamos atrasados.

— Va-va-voom! — um dos garotos chama do bar enquanto olha


para a porta. — Quem é esse atordoante?

Viro-me e vejo uma mulher linda de morrer entrando – longos


cabelos escuros e uma figura pela qual morrer. Um rosto de
maquiagem perfeitamente bem feito e lábios grandes perfeitamente
carnudos. Ela está usando um vestido preto justo e parece uma
blogueira famosa ou algo assim.

— Ótimo, Taryn está aqui, — Rebecca sussurra.

— Isso é uma coisa ruim? — Eu sussurro.


Ah, não, esta é a Taryn que Carol me contou. Certamente não.

Rebecca finge um sorriso. — Depende de quem você é. — ela


murmura baixinho.

— Estou de volta, queridos. Vocês sentiram minha falta? — Ela


levanta as mãos e tenta ser fofa. Na verdade, não há como tentar.
Ela está acertando em cheio.

— Sim, — todos os meninos choram em uníssono. — Taryn. —


Todos eles fazem fila para beijá-la, e ela abraça cada um deles
como se fosse o amor há muito perdido, ignorando totalmente
todas as outras mulheres na sala.

— Todo mundo na rua é apaixonado por Taryn, — ela sussurra.


— Incluindo Taryn.

Eu rio. — Eu não. — Eu levanto meu copo. Ela tilinta o dela


com o meu.

— Nem eu.

— Henley, querido, — Taryn diz com uma voz sexy. — Onde


você esteve por toda a minha vida?

Henley ri e a puxa para um abraço. — Bem aqui, onde você me


deixou.

Meus olhos encontram os de Rebecca, e ela levanta uma


sobrancelha do tipo veja, eu te avisei.

Sim, eu vejo isso agora. Ugh, me dê um tempo.

Rebecca agarra minha mão. — Vamos para a frente.

— Boa ideia.
A noite foi divertida e eu realmente gosto de Rebecca. Acabamos
de clicar. É como se eu a conhecesse desde sempre.

Estamos sentadas no banco do jardim da frente de Carol. Todo


mundo está conversando e os meninos estão prestes a ficar
embriagados.

— Então você está em um relacionamento? — Rebeca pergunta.

— Não. Eu terminei com meu ex há um ano.

— Você ficou com ele por muito tempo?

— Cerca de doze meses.

— Isso é uma coisa boa ou ruim?

— Bom. Foi culpa minha. — Eu dou de ombros. — Não sei,


sempre pareço atrair o tipo errado de cara.

— Você tem um tipo?

— Aparentemente. — Eu sorrio. — Mas talvez eu os transformei


nesse tipo.

Ela ri.

— Nós simplesmente não estávamos na mesma página. Ele


queria festejar e sair o tempo todo, e isso já passou. Quero dizer,
sair à noite ocasionalmente é divertido, mas sair à noite todas as
sextas e sábados à noite não é meu lugar ideal para estar.

— Sim, entendi. Quantos anos você tem?

— Tenho vinte e sete anos e você?

— Tenho trinta e um. Que incrível que você comprou aquela


casa sozinha. — Ela sorri.
— Isso é. — Eu sorrio, orgulhosa de mim mesma. — Só tenho
que pagar pelas reformas agora. As cotações estão chegando e
estou surpresa com o quão caras as coisas são.

— Oh, eu sei. Acabamos de fazer nossa cozinha e foi mais que


o dobro do que pensávamos que seria.

Uma risada alta e rouca vem da varanda, e Rebecca e eu


olhamos para cima e vemos Taryn deitada em cima de Henley. Meu
estômago revira de ciúme. Ela esteve em cima dele a noite toda. —
Esses dois estão namorando? — Eu pergunto.

— Henley e Taryn? — Ela franze a cara. — Deus não.

Meus olhos permanecem nos dois. — Como você sabe?

— Porque ele é super amigável com ela.

— Huh?

Ela abaixa a voz para que ninguém possa ouvir. — Ele e John
são bons amigos. Não conte isso a ninguém, mas ele tem uma
bagagem importante.

— Como o que? — Eu sussurro. Finalmente, algumas


informações.

— Ele só vai dormir com mulheres de quem não gosta.

Eu estrago meu rosto. — O que você quer dizer?

— Ele é tão anti-relacionamento que se encontrar alguém de


quem gosta, não sairá com essa pessoa novamente por medo de
cair em uma armadilha.

Eu olho para ela, chocada. — Desde quando?

— Desde que sua mãe morreu quando ele era adolescente.


— Ele fez terapia por causa disso?

— Ele viu alguém até vinte e poucos anos, mas não funcionou.
— Ela dá de ombros. — Acho que ele simplesmente aceitou que é
assim que ele é.

— Oh. — Meus olhos se levantam para observá-lo. Taryn ri alto


e coloca a mão no peito dele de uma forma sedutora.

Vá se foder, Taryn.

— E veja só, — ela sussurra. — Ele até tem um telefone portátil.

— Um o quê?

— Ele tem cartões de visita falsos com outro número de telefone


que seu PA atende.

— Por quê?

— Para que as mulheres com quem ele namora não tenham seu
número real caso ele queira desaparecer.

Sento-me, chocada.

A adrenalina surge em meu sangue. Foi exatamente isso que


ele fez comigo.

— Uau, — eu sussurro. — Eu ouvi tudo oficialmente agora.

Taryn ri alto novamente, e me imagino empurrando a cabeça


dela na tigela de ponche até ela engasgar com os morangos
congelados.

— Então imagino que ele deve enganar muitas mulheres, —


respondo.

— Não. Esse é o problema: ele dificilmente engana alguém.


— O que?

— Ele só namora por sexo. É muito raro que ele realmente goste
de alguém e as engane.

Ele me enganou.

— Mas se ele está fazendo sexo com todas essas mulheres, ele
deve gostar delas? — Eu franzo a testa, confusa.

— Atração e sentimentos são duas coisas muito diferentes para


ele. John diz que ele apenas sai com elas até que elas sigam seu
curso, e então ele passa para a próxima sem olhar para trás.

— Oh. — Eu o observo do outro lado da sala. — Então, em


outras palavras, ele quebra corações onde quer que vá.

— Acho que ele está muito fodido.

— Eu direi. — Henley olha para cima e nossos olhos se cruzam.


Nós nos encaramos por mais tempo do que deveríamos, e eu desvio
os olhos. — Tenho que trabalhar de manhã, então devo ir.

— Sim, eu também. — Ela torce o nariz. — Taryn


provavelmente está prestes a começar a dançar para os meninos.

— Ela dança? — Eu estremeço.

— Como uma stripper drogada.

Eu rio. — Não faça isso, estou tendo uma visão ruim.

Rebecca ri também. — Você quer tomar um café algum dia?

— Sim. — Eu sorrio. — Gostaria disso. — Eu a beijo na


bochecha. — Foi um prazer conhecer você.

— Você também.
De alguma forma, sinto que fiz uma amiga esta noite.

Eu beijo Carol. — Muito obrigada por esta noite.

— É tão bom ter você aqui, minha querida. — Carol sorri.

— Tchau todo mundo. — Eu aceno. — Tenho que trabalhar de


manhã, então estou saindo.

— Adeus, — todos gritam.

Os olhos de Henley fixam-se nos meus e olhamos um para o


outro do outro lado da sala por mais um instante. Como se não
nos lembrássemos que nos odiamos.

Pare com isso.

Com outro pequeno aceno, atravesso a rua até minha casa e,


assim que entro na varanda, ouço a voz irritante de Taryn ecoar
pela rua. — Vamos tocar um pouco de música.

Ugh, Rebecca está certa.

Deito na cama, bem acordada.

A batida da música está vagando pela vizinhança.

A festa mudou da casa de Carol para o quintal de Antony. Eles


agora estão sentados ao redor de uma fogueira. Não sei quem está
lá, mas ainda consigo ouvir a voz irritante de Taryn acima da voz
de todos os outros.

Minha mente continua repassando as palavras de Rebecca


sobre Henley esta noite. E eu sei que deveria estar com raiva dele
e ressentida porque ele tem um telefone portátil, mas.....

Ele está danificado.


Sinto-me triste por ele. Não consigo imaginar como deve ser não
ter esperança de encontrar alguém. Ou nem mesmo querendo.

Achei que ele teria tentado falar comigo esta noite... mas então,
com base em seu comportamento maluco, eu não fiz isso.

Quero dizer, tudo o que Rebecca disse faz muito sentido.

Eu sabia que nos demos bem naquele primeiro encontro. E eu


sabia que ele gostava de mim. Droga, eu gostei dele. Fiquei tão
chocada quando ele não me ligou.

Mas ele queria?

Mesmo no fim de semana passado, nós nos beijamos da


maneira mais perfeita, e então ele agiu como se isso não
significasse nada.

O que aconteceu com ele para torná-lo tão fechado?

Ouço a risada irritante de Taryn, rolo e soco meu travesseiro.


— Volte para o seu ex-marido, Taryn. Você está me irritando.

Eu corro em confusão. Joel chegará a qualquer minuto para


falar sobre o sofá e as cores, e cheguei tarde do trabalho.

Ouço uma batida na porta e rapidamente jogo minhas roupas


no cesto de roupa suja. — Pelo amor de Deus, este lugar está uma
bagunça, — eu sussurro a caminho da porta. Abro com pressa. —
Oi. — Eu sorrio. — Entre.

— Olá. — Joel sorri. Droga, ele é bonito. Não no estilo Henley –


rei do mundo – mais como um cara do tipo príncipe.

— Você gostaria de um café ou algo assim? — Eu pergunto.


— Oh, sim, por favor. Depois do dia agitado que tive, preciso de
uma dose superior. — Ele me segue até a cozinha e eu preparo
nossos cafés. Ele abre todos os seus livros na bancada da cozinha
e começa a folheá-los. — Então você gostou dessa linha de
Hopewood?

— Sim. Adoro, mas não sei se devo comprar um de dois lugares


ou dois de três lugares.

— Hum. — Ele pensa por um momento. — Deixe-me medir a


sala novamente. — Ele pega sua fita métrica e saímos para a sala
de estar.

Uma batida soa na porta.

— Quem poderia ser? — Reviro os olhos. — Com licença.

— Claro, — ele responde enquanto começa a medir a sala.

Abro a porta e vejo Henley parado ali. — Oi. — Ele me dá um


sorriso torto.

Eu franzo a testa. O que ele está fazendo aqui? — Oi.

— Posso... — Ele hesita. — Posso entrar?

Ele só quer entrar porque Joel está aqui.

— Não, eu estou ocupada. — Cruzo os braços. — Eu posso te


ajudar com alguma coisa?

— Hum. — Ele coloca as mãos nos bolsos do terno. — Eu...

Olho de volta para dentro da casa. Não posso deixar Joel


sozinho por muito tempo. — O que foi, Henley?

— Eu preciso de um favor.

— Como o que?
— Tenho uma festa do trabalho neste fim de semana e preciso
de um encontro.

Minhas sobrancelhas se erguem de surpresa.

— Um dos meus clientes está tentando me arranjar a filha dele,


e eu meio que... disse a ele que tenho namorada.

— Você quer outro encontro falso?

— Sim.

— Não.

Seu rosto cai. — Não?

— Realmente, não.

Seus olhos procuram os meus.

— Você realmente acha que depois do que aconteceu na


semana passada e da maneira como me tratou, você merece outro
encontro falso?

— Eu estava te fazendo um favor. — Ele franze a testa. — Era...


você queria o encontro falso?

Baixo a voz para que Joel não possa nos ouvir. — Eu nunca
quis o orgasmo falso.

— Você não fingiu, — ele sussurra com raiva.

— Sim, eu fiz, — eu minto.

— Você me deve.

— Não devo nada a você, muito menos meu tempo.

Ele dá um passo para trás, ofendido. — Você está brava comigo.


— Sim, estou com raiva de você, — eu cuspo. — Você não falou
comigo durante todo o fim de semana e só está aqui agora porque
o carro de Joel está na frente.

Sua mandíbula treme enquanto ele cerra os dentes. — Isso não


é verdade. Eu estava vindo de qualquer maneira. Eu nem vi o carro
dele.

Besteira.

Eu me inclino para ele. — Vamos deixar uma coisa bem clara,


Henley. Eu não sou o plano alternativo. Não sou alguém para quem
você liga quando não há opção melhor. Peça a Taryn para fingir
um encontro com você.

— Eu não quero ir com Taryn.

— Merda dura. Eu não quero ir com você.

Ele coloca o peso no pé de trás, irritado. — Então é um não?

— É um não definitivo.

Seus olhos prendem os meus e sei que ele está tentando pensar
em algo para dizer.

— Boa noite, Henley. — Fecho a porta na cara dele e volto para


Joel. — Desculpe por isso.

— Deixe-me adivinhar, seu vizinho?

Dou um suspiro pesado.

— Ele gosta de você.

— Não. Acredite em mim, ele não gosta.

— Estou dizendo a você. Eu sei quando um homem gosta de


uma mulher. Ele gosta de você.
— Sim, bem... isso não está acontecendo. — E eu realmente não
quero discutir isso com você. — Onde nós estávamos? — Pergunto-
lhe.

— O sofá. Acho que dois de três lugares.

Quinta-feira de manhã, 6h30, caminho pelo corredor da Casa


de Idosos San Sebastian. Meu primeiro turno no meu segundo
emprego foi uma delícia. Vou fazer três noites por mês, e isso deve
liberar alguns fundos para esses móveis estupidamente caros.

— Como foi? — Sônia sorri.

— Ótimo, na verdade. — Estou aliviada. Eu não tinha ideia do


que estava me inscrevendo. — Todo mundo foi tão legal.

Olho para o longo corredor e vejo uma figura familiar entrar em


um dos quartos e fechar a porta atrás deles.

Foi isso...

— Quem era aquele?

— Quem?

— Acabei de ver um homem entrar na sala no final?

Ela olha para o relógio enquanto caminhamos pelo corredor em


direção à sala. — Oh, esse seria o filho de Bernard.

— Bernard?

— Um de nossos pacientes.

Paramos em frente à porta em questão e espiamos pela janela.


Henley está vestido com seu terno e colocando as roupas na cama.
Eu franzo a testa, confusa.

— Ele é o homem mais lindo, — ela sussurra. — Ele vem todas


as manhãs e dá café da manhã ao pai e tira suas roupas para o
dia.

Observo Henley sorrir e conversar com o velho. Ele segura o


rosto com as mãos e diz alguma coisa e depois vai buscar uma
tesoura no banheiro para ajudá-lo a fazer a barba.

— Quebra meu coração. — Ela sorri tristemente.

— Por quê? — Eu franzo a testa enquanto observo o par.

— Porque o pai dele nem sabe quem ele é.


Meu coração afunda. — Quanto tempo ele tem?

— Não tenho certeza.

Henley diz alguma coisa e bate no pai com a camiseta. O velho


ri alto enquanto eles brincam.

Sinto meu coração se contrair enquanto assisto. — O filho vem


todos os dias?

— Nunca perde um.

— Quanto tempo ele fica?

— Ele chega aqui pouco antes das sete da manhã e sai por volta
das nove. Dá café da manhã para ele, ajuda-o a fazer a barba e
depois o mantém calmo enquanto as enfermeiras o ajudam a
tomar banho. Também lê o jornal da manhã para ele.

— Não há outros irmãos?

— Não, eu não acho que sim.

Sinto um nó na garganta enquanto assisto.

Henley se levanta e eu me escondo atrás da parede. Eu não


quero que ele me veja. — Obrigada por me mostrar o básico. — Eu
sorrio. — Até a próxima, hein?

— Com certeza. — Ela se afasta e eu espio pela janela da porta.


Henley agora está passando os canais de televisão para transmitir
o noticiário da manhã.
À medida que meu coração se contrai, outra peça do quebra-
cabeça de Henley James se encaixa.

Ele é um bom homem.

Você conhece aquela sensação quando está prestes a fazer algo


estúpido, mas não se importa e quer fazer mesmo assim?

Sou eu neste exato momento. Bato com força na porta. Algo


sobre ver Henley na casa de repouso esta semana abriu um
enorme buraco de encantamento em meu coração por ele. Eu sei
que não o conheço, mas entendo melhor por que ele é do jeito que
é.

Eu preciso saber mais.

TOC toc toc. Esta é sem dúvida a coisa mais estúpida que já fiz,
mas é tudo em que consigo pensar. Henley abre a porta da frente.
— Juliet.

— Olá, Henley. — Forço um sorriso. — Eu reconsiderei sua


oferta.

Suas sobrancelhas se erguem em surpresa. — Para?

— A festa.

— Oh.

— Sim. — Dou de ombros enquanto tento agir casualmente. —


Afinal, posso ser sua acompanhante neste fim de semana.

— Por quê? — ele pergunta categoricamente. — Você ficou com


repulsa pela ideia quando eu perguntei.
— Sim, bem... Não gosto que você se intrometa toda vez que um
homem vem até minha casa, quando você não se dá ao trabalho
de me reconhecer se me ver em qualquer outro lugar.

— Como onde?

— Como na festa da Carol.

— Você estava conversando com Rebecca a noite toda.

— Sim, enquanto você estava conversando com Taryn.

Ele revira os olhos. — Estou solteiro, Juliet.

— Eu também, então não aprecio que você interrompa Joel e


eu.

Ugh, por que sou tão espertinha perto dele? Ele traz à tona o
que há de pior em mim.

— Namorar seu designer não vai contra algum código de ética


ou algo assim?

— Quem se importa. Então é um encontro?

Ele olha para mim.

— Apresse-se e tome sua decisão, — eu respondo.

Pegue a isca.

— Não tente me dizer o que fazer, Juliet. Eu não gosto disso. E,


sim, é um encontro. Um encontro falso – não tenha ideias.

A raiva borbulha logo abaixo da superfície. Ele realmente é


irritante em carne e osso. — Acredite em mim, ideias são a última
coisa que sinto de você agora, Henley.
Ele cruza os braços e é então que percebo que ele está sem
camisa e de cueca boxer.

Olhos para cima.

— Você está vendo Joel esta semana, não é? — ele pergunta.

— Não tenho certeza, — minto.

Seus olhos calculistas fixam os meus e eu sorrio interiormente.


Talvez ele goste de mim, mesmo que seja só um pouquinho.

— Que horas no sábado? — Eu pergunto.

— É na cidade e será tarde. Provavelmente teremos que passar


a noite em um hotel.

— O que?

— Você terá seu próprio quarto, é claro. — Ele revira os olhos.


— Eu não sou estúpido e de jeito nenhum eu dividiria um quarto
com você.

Há uma razão pela qual Henley James não namora; ninguém


iria tolerar suas merdas. — Adeus, Henley. — Desço as escadas.

— É black-tie, — ele grita.

Eu volto. — O que?

— A vestimenta é black-tie.

Foda-se, agora tenho que gastar um dinheiro que não tenho em


um vestido idiota. — Ótimo. — Eu sorrio. — Mal posso esperar.

Volto para minha casa enquanto me chuto interiormente por


concordar com isso.

O que você fez?


Vrum, vrum, vrum.

A risada ecoa pela rua e os ouvidos de Barry se aguçam.

— Huh. — Olho para as janelas da frente. São quase 18h da


noite de quinta-feira.

— Que som é esse? — Chloe pergunta de sua cadeira dobrável.


Droga, gostaria que meu novo sofá já chegasse.

Vrum, vrum, vrum.

Mais risadas masculinas. Uma garota grita.

— O que foi, Barry? — Levanto-me e caminho até a janela da


frente, e meus olhos se arregalam de horror. — Que diabos?

— O que?

— É melhor você vir ver isso porque você não acreditaria em


mim se eu lhe contasse.

Chloe sai da cadeira dobrável e fica ao meu lado para espiar


através das cortinas transparentes.

Taryn está andando de patins pela rua. Ela está usando shorts
de motoqueiro azul elétrico e um sutiã esportivo combinando. Seu
cabelo está preso em duas tranças e seus seios enormes e
empinados estão à mostra. Ela usa protetores brancos nos joelhos
e pulsos.

— Você está brincando comigo agora? — Chloe responde. —


Quem diabos é essa?

— Taryn, aquela de quem eu estava falando.

Os homens da vizinhança estão todos conversando no gramado


da frente de Blake, enquanto a observam secretamente.
— Ela obviamente os viu e depois saiu para fazer um show, —
Chloe zomba. — Ela não tem vergonha?

— Parece que ela tem?

Nós duas observamos Taryn flertando exageradamente e sendo


dramática enquanto patina. Reviro os olhos. — Me dá um tempo.

Ela toca a gravata de Blake e diz algo para ele, e ele ri alto.

— Foda-se, sua bruxa boba e exibicionista, — Chloe retruca,


com os olhos colados neles.

O carro de Henley vira a esquina e diminui a velocidade. Ele diz


algo para ela pela janela do carro e ela ri alto. — Oh, Henley, você
é tão engraçado.

Não, ele não é.

— Ele é um idiota mal-humorado. Isso mostra o quão pouco


você sabe sobre ele, — eu sussurro com raiva.

Henley não se incomoda em dirigir até sua garagem. Ele


estaciona o carro na garagem, sai e vai conversar com os meninos
na calçada. Eles ficam conversando enquanto aproveitam o show.

— É claro que ele faz isso, — Chloe responde, furiosa. — Ele


também é um idiota.

Ele a olha de cima a baixo e eu fico furiosa.

— Já estabelecemos isso.

Ela começa a tentar girar com os braços abertos e eu reviro os


olhos. — Isso não é a porra do Xanadu, sua vadia boba.

Espio através das cortinas transparentes e vejo Henley observá-


la.
Não gosto dele olhando para mais ninguém.

Rebecca atravessa a estrada. — Quem vem? — Chloe pergunta.

— Rebeca. Eu a conheci no sábado à noite. Ela é legal.

Ela pisa no meu gramado. — Por que ela está vindo aqui?

— Não sei. Rápido, aja naturalmente. — Nós duas corremos e


mergulhamos em nossas cadeiras dobráveis.

— É melhor Taryn se foder. Eu realmente vou perder a cabeça.


Faz três anos que gosto dele para ela aparecer e roubá-lo na linha
de chegada, — Chloe sussurra com raiva.

— Blake não vai gostar dela, — eu sussurro. — Henley vai


gostar dela. Eu simplesmente sei disso.

— Precisamos derrubar essa vadia.

Sons de batida soam na porta.

— Entre, — eu chamo.

Rebecca abre a porta, — Oi. — Ela sorri. Seu rosto cai quando
ela vê Chloe. — Desculpe, não sabia que você tinha companhia.

— Não, não, entre. Esta é minha amiga Chloe.

— Oi, Rebeca. — Chloe sorri.

— Hum... — Rebecca olha entre nós e fecha a porta atrás dela.


— Você viu aquela idiota de patins?

— Vou jogar alguns rolamentos de esferas na estrada para que


ela caia no chão. — Chloe revira os olhos.

Rebecca se senta nervosa e tenho a sensação de que algo está


errado. — Você está bem?
Ela dá de ombros. — Então... — Ela faz uma pausa, como se
estivesse escolhendo as palavras com cuidado. — Se eu precisasse
de uma opinião feminina confidencial e imparcial sobre algo em
minha casa, vocês duas poderiam guardar segredo?

Chloe e eu trocamos olhares. — Sim. — Nós encolhemos os


ombros.

— Você promete que não vai contar a ninguém? É só isso... —


Ela faz uma pausa novamente. — Mudamos para outro estado
para morar aqui há cinco anos e estou tão ocupada trabalhando
que não fiz nenhum amigo. Bem, eu tenho amigos, — explica ela.
— Mas eles são todos amigos, se é que você me entende. Como...
Não posso confiar-lhes um segredo.

— Claro. O que está acontecendo?

— Eu preciso te mostrar uma coisa. — Ela fica de pé. — Está


na minha casa.

— O que? — Eu franzo a testa.

— Vamos. — Ela sai e nós a seguimos, passando pela


patinadora idiota e pelos pervertidos da calçada.

— Eu juro por Deus, se ela fizer alguma coisa com ele, é hora
de ir, — Chloe bufa enquanto observa Blake falar com Taryn. —
Esta rua é como a porra do Tinder com crack.

— De quem estamos falando? — Rebecca franze a testa.

Chloe hesita.

— Ei, estou prestes a mostrar uma coisa que você prometeu


não contar. Seu segredo está seguro comigo.
Chloe exala. — Eu tenho uma queda por Blake Grayson.

Rebecca sorri enquanto marcha pelo gramado na nossa frente.


— Quem não tem.

— Eu sei, é tão chato, — Chloe bufa. — Eu gostaria que ele


fosse feio.

— Então você provavelmente não gostaria dele, — respondo.

Rebecca nos acompanha escada acima até a varanda da frente


e entra em casa. Ela aperta a fechadura da porta da frente atrás
de nós.

Eu franzo a testa. — O que está acontecendo?

— Então... — Ela faz uma pausa. — Isso é tão aleatório e sinto


que posso estar enlouquecendo, e espero que você me diga que
tudo isso está na minha cabeça.

— Certo... — Chloe franze a testa. — Prossiga.

— Então, o pneu traseiro de John está furado e foi agendado


um serviço hoje para ser consertado.

— Quem é John? — Chloe franze a testa.

— O marido dela, — respondo.

— Ele tinha que trabalhar, então me ofereci para levá-lo e ele


levou meu carro para o trabalho, — responde Rebecca enquanto
nos conduz pela casa.

— Certo. — Eu franzo a testa. Para onde vai essa história?

— E eu o levei e consertei o pneu, e então pensei em limpar e


aspirar o carro dele como uma surpresa. — Ela abre a porta
interna da garagem e vemos um Audi SUV cinza-escuro aquecido.
— OK.

— Quero que você me diga que estou louca. — Ela abre a porta
traseira do carro.

— Desembucha.

— Entrem.

— O que?

Ela aponta para o carro. — Entre e não toque em nada.

Chloe e eu sentamos no banco de trás.

— Você vê algo anormal? — Rebeca pergunta.

Chloe e eu olhamos ao redor do carro. — Não... — Nós


franzimos a testa.

Ela liga a lanterna do telefone e aponta para a janela. — E


agora?

Duas marcas perfeitas de pés aparecem no interior da janela


da porta: pegadas de uma mulher.

— Nunca estive no banco de trás deste carro, — diz Rebecca.

Nossos olhos se arregalam enquanto olhamos para as pegadas.

— Você as vê, certo? — ela pergunta.

Nós duas acenamos com a cabeça.

Uma pegada está ao lado, como se alguém estivesse deitado no


banco de trás, o outro está do outro lado da janela, como se
estivessem abrindo as pernas.

— Você acha que ele está te traindo? — Chloe sussurra.


Rebeca dá de ombros. — Como diabos as pegadas das mulheres
chegam ao banco de trás do carro do seu marido?

— Não sei. — Eu fico olhando para as pegadas. — Elas


definitivamente estão lá, no entanto. Você não está imaginando
isso.

— Porra.

Todos nós ficamos em silêncio enquanto pensamos.

— Você sabe do que precisamos? — Chloe responde. —


Precisamos de um daqueles detectores de sêmen de luz negra.

— O que? — Eu franzo a testa.

— Sim, você sabe. Como a polícia usa.

Chloe começa a procurar nos bolsos atrás dos assentos. — Você


verificou tudo?

— Sim, não encontrei nada.

Chloe se abaixa no chão e começa a apalpar embaixo dos


assentos.

— O que você vai fazer? — pergunto a Rebeca.

— Não sei. Esta não é uma evidência concreta o suficiente para


provar alguma coisa, mas se ele achar que estou atrás dele, será
muito cuidadoso e nunca saberei a verdade.

— Você realmente acha que ele iria te trair?

— Ele traiu uma vez na faculdade.

Eu franzo a testa.
— Ele estava bêbado e estávamos fazendo uma ligação à
distância, mas ele me ligou perturbado meia hora depois do
acontecido, chorando muito, atormentado pela culpa. Ele não é do
tipo mentiroso. Pelo menos eu acho que não.

— Isto é seu? — Chloe tira um pequeno clipe de buldogue rosa


debaixo do assento.

Rebecca olha para ele na mão de Chloe. — Não. Não é.

Coloquei as mãos sobre a boca, horrorizada. — Porra.

— Os homens são uns idiotas, — Chloe sussurra com raiva.

— Saiam. Conversaremos sobre isso lá fora, caso ele chegue em


casa, — Rebecca sussurra. — Eu não quero que ele saiba que
estou atrás dele.

Saímos do carro, fechamos a porta e voltamos para casa. —


Quem quer vinho? — Rebecca se irrita.

— Sim, claro, — Chloe e eu respondemos, ambas temerosas por


nossas vidas.

É tão estranho compartilhar algo tão pessoal com alguém que


mal conhecemos.

Rebecca serve três taças de vinho e vai para o jardim dos


fundos. Há uma bela área de piscina com uma cabana, e ela nos
leva até lá. Sentamo-nos numa mesa.

— Você teve alguma ideia de que algo estava errado? — Eu


pergunto.

Ela torce os lábios. — Nossa vida sexual tem sido quase


inexistente, mas ele tem trabalhado tanto que está cansado.
— Mas ele realmente está trabalhando? — Chloe sussurra. —
Quero dizer... — Ela dá de ombros.

— Quem sabe. — Rebecca coloca a mão na testa. — Eu não


posso acreditar.

— Olha, pode nem ser o que estamos presumindo. Pode ser


completamente inocente, — tento tranquilizá-la. — Inocente até
que se prove a culpa, certo?

— Como isso pode ser inocente? — ela bufa. Ela esvazia o copo
e o enche novamente.

— Não sei. — Tento pensar em uma explicação lógica. — Você


já estacionou este carro no estacionamento com manobrista? —
Eu pergunto.

— O tempo todo.

— Como você sabe que um dos atendentes do estacionamento


não está ocupado com uma garçonete no seu carro?

Rebecca olha para mim.

— Ou o lava-rápido? — Eu dou de ombros. — Ou o mecânico.


O mecânico pode ter fodido sua recepcionista no banco de trás do
carro ainda hoje.

Chloe torce os lábios. — Talvez.

— Não sei, mas não presuma o pior até termos provas.

— Oh, pare com isso, — Chloe retruca. — Vindo de você, isso é


uma piada. Por que você não dá a Henley o mesmo perdão?

— Henley? — Rebecca franze a testa enquanto olha entre nós.


— Você está com Henley?
Meus olhos se arregalam para Chloe. Você não acabou de dizer
isso.

— Quero dizer... o que eu estava dizendo... — Chloe tropeça


nas palavras enquanto tenta encobrir seu erro.

— Chloe, — eu respondo. É tarde demais agora. — Tive um


encontro com Henley há alguns anos e não sabia que ele morava
aqui quando comprei a casa.

Os olhos de Rebeca se arregalam. — O que aconteceu?

— Tivemos a melhor noite de todas e então ele me transformou


em um fantasma com seu telefone portátil.

Seus olhos se arregalam enquanto ela junta as peças. — Oh...


porra, isso significa... ele gostou de você.

— E agora Taryn está lá fora, esfregando seus peitos grandes


nele, e estou totalmente ferrada porque ainda acho ele lindo
quando, na verdade, ele é na verdade um idiota.

Ela revira os olhos em sua bebida. — Amém.

— Escute, vamos falar de coisas mais importantes, — Chloe


interrompe. — Alguém pode pensar em um plano para fazer Blake
Grayson se apaixonar por mim? Não posso namorar mais um
homem medíocre.

Todas ficamos em silêncio, perdidas em nossos próprios


pensamentos enquanto bebemos nosso vinho.

— O que você vai fazer? — Acabei perguntando a Rebecca.

— Manter meus olhos e ouvidos abertos, eu acho. Se algo


estiver acontecendo, ele se entregará. Eles sempre fazem isso.
Coloquei minha mão sobre a dela. — Lamento.

Ela exala. — Não tanto quanto ele vai sentir se eu descobrir


alguma coisa.

— Estou optando por pensar inocente até que se prove a culpa.


— Eu sorrio esperançosamente.

Ela aperta minha mão. — Vamos torcer.

Olho meu reflexo no espelho. — Quanto isso custa? — Rezo


enquanto espero pela resposta dela.

— Quatrocentos e vinte.

Porra.

Eu sopro ar em minhas bochechas. Estou experimentando


vestidos formais em uma boutique. Este é de um vermelho
profundo, a parte de cima é como um espartilho justo e a parte de
baixo uma saia esvoaçante.

É sensacional.

— Que visual você está procurando? — a vendedora pergunta.

— Eu quero surpreender alguém.

Ela sorri enquanto me olha de cima a baixo. — Então você tem


que comprar este.

— Eu não queria gastar tanto dinheiro.

— Você não pode fingir qualidade, querida. Você terá isso por
anos. É atemporal.

— Verdade.
— E esta pode ser a única chance que você terá de derrubá-lo.

— Também verdade.

— E se você usar outra coisa, vai se culpar por não ter


comprado esta?

— Provavelmente.

Ela dá de ombros. — Acho que você respondeu a todas as suas


próprias perguntas.

Caramba. Por que entrei nesta loja quando sabia que tinha
preços exagerados?

Se eu comprá-lo, isso me atrasará mais uma semana com


minhas reformas.

Novas lâmpadas ou uma possível noite com Henley James...


hum.

É uma decisão difícil.

Lâmpadas... Henley... lâmpadas... Henley.

Torço meus lábios enquanto olho para meu reflexo.

Foda-se. Você vive só uma vez. — Eu vou levar.

Sábado à tarde e estou correndo como uma louca. Chloe virá


ficar com Barry depois que ela terminar o trabalho. Tenho minha
bolsa pronta e pronta para rolar. Estamos nos registrando cedo no
hotel e nos preparando lá. Meus nervos estão em alta. Meu telefone
toca.

Henley
Por que ele está me ligando? Não me diga que ele está
cancelando. — Olá?

— Oi.

— O que está errado?

— Você está pronta?

— Sim, por quê?

— Alguma chance de você vir até aqui?

— O que?

— Se Carol me ver buscar você, nunca saberemos o fim disso.


Mas se você se esgueirar até aqui, ela não perceberá.

— Hum. — Eu penso por um momento. — Sim, ok. Mas eu


tenho minha mala de viagem.

— Jogue-a por cima da cerca dos fundos.

— Você quer que eu suba a cerca? — Eu suspiro.

— Você pode?

— Não.

— Muito alto? Achei que você fosse uma atleta de elite.

— Eu sou, e o boxe é minha especialidade, Henley.

Ele ri. — Ok, jogue sua bolsa por cima da cerca dos fundos e
depois vá até a frente.

— Você está falando sério?

— Sim. Confie em mim nisso. A vigilância da vizinhança está


viva e bem.

— Saímos há duas semanas e ela não nos viu.


— Ela estava fora quando fomos ao casamento.

— Como você sabe?

— Porque eu perguntei a ela o que ela estava fazendo no dia


anterior.

Reviro os olhos. — Tudo bem, volte agora. — Desligo e levo


minha bolsa para o quintal, e o braço de Henley se aproxima.
Entrego minha bolsa para ele.

— Porra, o que você tem aqui? Pesa uma tonelada.

— Um saco para cadáveres, — eu sussurro. — Para descartar


as evidências.

— Que evidência seria essa?

— Um corpo.

— Meu?

— Quem mais seria?

— Eu disse para você não ter ideias, — ele responde. — Agora


vá para a frente.

— Sim.

— Você está vindo agora?

— Sim.

— Se apresse.

— Henley, — eu respondo. — Cale-se.

Entro e tranco minha casa. Então saio pela porta dos fundos e
dou a volta até o portão lateral. Olho para a esquerda e para a
direita, deslizo para trás dos arbustos e entro no quintal de Henley.
Hum, nada mal. Modo furtivo no seu melhor. Esses arbustos
são úteis.

Corro até o quintal dele e passo pelo portão lateral. Voilá... Eu


fiz isso.

Estou dentro.

Henley está esperando na porta dos fundos. — Bem, bem, bem,


veja o que o gato arrastou. — Ele sorri.

— Quinhentos motivos pelos quais comprei um saco para


cadáveres, — murmuro enquanto passo por ele.

E de repente estou dentro da casa dele, no espaço pessoal dele.


Meus olhos olham ao redor com admiração. É moderno, lindo e
totalmente impecável. Tem um toque europeu: muito mármore e
paredes brancas. Móveis texturizados e arte abstrata.

— Uau. — Eu sorrio enquanto olho ao redor. — Henley, é lindo.

— Obrigado. — Seus olhos permanecem no meu rosto e tenho


a sensação de que ele quer dizer mais alguma coisa.

Está aí entre nós, a corrente elétrica está de volta. Na verdade,


é mais como um raio, mas tanto faz.

Borboletas vibram em meu estômago. — O que você tem


reservado para mim esta noite?

— Muitas coisas.

E eu já sei pelo olhar dele o que muitas coisas significam.

Pelo menos espero que sim.

— Vamos chegar lá e nos preparar, — diz ele. — Podemos tomar


um ou dois coquetéis antes de irmos embora.
Eu sorrio. — Soa como um plano.

Ele me leva até sua garagem e destranca seu Range Rover.

Entramos no carro e a porta da garagem começa a subir. Ele


começa a reverter.

— Porra, abaixe-se, — ele balbucia.

— O que?

— Carol e Taryn estão na frente. Abaixe-se.

Coloquei minha cabeça entre os joelhos. — Aah, elas vão me


ver.

— Elas não vão. — Ele sai em alta velocidade. — Mantenha-se


abaixada.

Na verdade, eu gostaria que Taryn me visse. Isso ensinaria sua


bunda exibicionista, gostosa e patinadora.

Henley sai e, com um aceno rápido para o programa de


vigilância da vizinhança, passa por eles. — Fique abaixada, — ele
me diz.

Estou amassada como uma bola. — Já passamos delas?

— Fique abaixada. — Ele agarra a parte de trás da minha


cabeça e me empurra mais para baixo.

— Ah. — Eu afasto sua mão. — Você vai me quebrar ao meio.

— Ainda não, — ele murmura baixinho enquanto dirige.

— O que você disse? — Eu me sento.

— Nada.

Mas eu o ouvi e reviro os lábios para esconder o sorriso.


Por favor.

Seguimos em silêncio por um tempo. Minha mente está


correndo a um milhão de milhas por minuto.

Tenho um plano e sei que não é inteligente.

Mas é um plano.

Quero conhecer Henley melhor e ele tem medo de se


comprometer. Estou pensando que se eu puder criar um espaço
seguro para nos conhecermos... Sem a pressão da expectativa,
quem sabe o que pode acontecer?

— Então — seus olhos se voltam para mim — qual é o problema


com seu designer de interiores?

Realmente? Já estamos chegando nisso?

— Não sei. — Eu dou de ombros. — Ele me convidou para sair


e estou pensando nisso.

— Se você gosta dele, por que simplesmente não disse sim?

— Não estou procurando um relacionamento.

Seus olhos se movem em questão.

— Na verdade, estou pensando em entrar no Tinder para tentar


encontrar uma situação de amizade com benefícios.

— O que? — Ele franze a testa, chocado.

— Eu simplesmente não quero um relacionamento. — Eu ajo


casualmente. — Quero me concentrar no trabalho e em consertar
minha casa, — digo a ele em meu discurso praticado.

O que eu realmente quero é tentar entendê-lo, mas não posso


dizer isso a ele sem assustá-lo.
— Não, — ele responde.

— Como assim não?

— Eu não quero que você tenha uma ligação regular.

— Por que não? — Eu franzo a testa. — Você tem.

— Isso é diferente.

— Como é?

— Bem... — Ele encolhe os ombros como se procurasse as


palavras certas. — É apenas sexo para mim, e você não é assim.

— Como você sabe? Você pensou que eu era uma noiva


adúltera há uma semana.

— Eu quero saber por quê. — Ele arregala os olhos.

— Bem, não vejo outra opção. Não quero namorado, não quero
me apaixonar, mas sinto falta de sexo.

Seus olhos se voltam para mim. — Eu sei o que você está


fazendo.

— O que?

— Você quer que eu lhe ofereça meu pau para seu uso pessoal.
Isso não está acontecendo, Juliet.

— O que? — Eu pareço horrorizada.

Isso é exatamente o que eu quero.

— Não seja ridículo, somos vizinhos. — Eu olho pela janela


enquanto ajo casualmente.

Ele torce os lábios enquanto olha pelo para-brisa.


— De qualquer forma... — dou de ombros — Vou resolver isso.
Joel acha que é uma boa ideia.

Seus olhos se voltam para mim. — Você discutiu isso com ele?

— Estávamos conversando sobre sexo e isso surgiu.

— Você estava conversando sobre sexo com a porra do seu


designer de interiores? — ele late.

— Por que não? — Eu respondo. — Estou falando sobre isso


agora com você.

— Isso é diferente.

— Como é diferente?

— Porque. — Ele balança a cabeça enquanto procura as


palavras certas.

— Fomos a um encontro e ficamos namorando e outras coisas.

Seus olhos se voltam para mim. — Você o despede. Ele não


deve voltar para sua casa. Nunca.

Reviro os olhos. — Nós não nos beijamos. Fingimos que


estávamos namorando, Henley.

Ele estreita os olhos enquanto olha para a estrada.

— De qualquer forma. — Eu sorrio docemente para ele.


Coloquei minha mão em sua coxa grossa. — Tudo bem. Eu vou
descobrir.

— O que ele disse?

— O que quem disse?


— Quando você disse àquele idiota que queria uma situação de
amizade com benefícios, o que ele disse?

— Ele me disse que se eu perguntasse a ele, ele ficaria mais do


que feliz com esse acordo.

— Aposto que sim, — ele zomba.

— Não vou perguntar a ele, — acrescento. — Eu tenho que


trabalhar com ele. Seria estranho. — Tento sair do buraco. Oh
merda, eu realmente vou ter que demitir Joel agora. Henley nunca
mais poderá vê-lo.

— De qualquer forma. — Aperto sua coxa. — Não é problema


seu. Você provavelmente está se salvando para que o amor da sua
vida apareça. E você também deveria.

Sua mandíbula treme de raiva e eu reviro os lábios para


esconder meu sorriso. É uma maravilha que meu nariz não tenha
trinta centímetros de comprimento, com todas as mentiras que
estou dizendo.

Dirigimos o resto do caminho em silêncio. Estou secretamente


me cumprimentando por seguir o plano de jogo e ser tão corajosa.
E ele provavelmente está pensando em maneiras de me enfiar no
saco para cadáveres.

O carro para na entrada circular e os porteiros correm para


abrir as portas do carro. — Vamos sair aqui?

— Sim, — ele murmura distraidamente. Ele passa as chaves


para um dos porteiros. — Tenha cuidado com isso, por favor.

— Claro, senhor. Traremos suas malas para o quarto.


— Obrigado. — Henley pega minha mão e me leva pelo saguão.
O hotel é chique e exagerado, com mármore por toda parte. — Dois
quartos em nome de Henley James, por favor.

— Sim senhor. — O concierge masculino sorri. Seus olhos


demoram um pouco demais em Henley, e sinto meu estômago doer
de ciúme.

Ele está segurando minha mão, sabe?

Caramba, algumas pessoas.

Ele digita em seu computador e depois passa duas chaves. —


Aqui está, dois quartos, conforme solicitado.

— Obrigado.

— Tenha uma boa estadia.

Henley me leva até o elevador, entramos e nos viramos em


direção às portas.

— Ele estava verificando você, — eu sussurro.

Ele levanta uma sobrancelha nada impressionado. — Eu não


acho.

— Eu sei disso.

— Como você saberia o que é me verificar? — ele murmura


secamente. — Você não faz isso.

Eu rio. — Isso te incomoda?

— Não.

— Sim.
— Só não entendo por que você diria a um designer de
interiores que quer amigos com benefícios.

— Porque eu quero, Henley.

— Vou comprar um vibrador para você.

— Tudo bem. — Eu levanto minhas mãos em sinal de rendição.


— Eu não deveria ter dito nada. Não sei como deixar isso mais
claro: preciso de um homem que cuide das minhas necessidades.
Nada mais e nada menos. Você está lendo muito sobre isso.

Seus olhos escuros pousam em meus lábios e então, como se


lembrasse onde está, ele se vira para as portas, seu rosto é solene.
— Quando você vai vê-lo de novo?

— Quem?

— O designer, — ele cospe.

— Oh meu Deus, você vai desistir? — Eu sussurro com raiva.

Chegamos ao nosso andar e caminhamos pelo corredor amplo


e elegante. Ele me passa uma chave. — Seis horas.

— Uh-huh.

— Eu irei buscar você.

— OK.

Nós nos encaramos, um sentimento tácito corre entre nós. Ele


está lutando contra o ciúme e quer explodir, e devo dizer que estou
totalmente interessada nisso.

— Vejo você às seis.

Ele dá um passo à frente, forçando-me a recuar. — O que você


está vestindo?
— Roupas.

— Vergonha.

Eu adoro quando ele é travesso.

Viro-me para a minha porta. — Adeus, Henley.

— Vejo você às seis.

— Puta merda, — Chloe sussurra enquanto olha para meu


reflexo no FaceTime. — Este pobre bastardo não tem chance esta
noite.

Eu rio. — Esse é o plano.

Batidas soam na porta. — Eu tenho que ir, ele está aqui.

— Envie-me mensagens de texto com atualizações. Amo você.

— Tchau. — Dou uma última olhada em mim mesma:


espartilho vermelho-escuro, decote profundo e saia esvoaçante. Eu
sorrio, feliz com o que vejo. Este vestido valeu cada centavo.

Abro a porta com pressa e lá está ele. Seu cabelo escuro


bagunçado e terno preto, e um sorriso que poderia explodir o
mundo.

— Oi, — ele respira. Ele dá um passo à frente, me tomando em


seus braços.

— Oi. — Um toque e meus hormônios estão acelerados.

Seus olhos descem pelo meu corpo e depois escurecem. — Você


parece deliciosa.
Sorrio para ele enquanto o ar estala entre nós. Sem dizer uma
palavra, ele pega meu rosto entre as mãos e me beija. Um toque
suave de lábios, um pouco de língua e um monte de promessas.

Querido Deus.
Henley
Apenas um gostinho...

— Henley. — Juliet me empurra de volta. — Que diabos está


fazendo?

Tirado da minha névoa momentânea de pau, olho para ela. O


que eu estou fazendo?

Porra.

Ela dá um passo para trás enquanto se afasta do nosso beijo.

Isso foi um estalo de cérebro e meio. — Bem, você não deveria


estar tão linda. Eu sou apenas humano, Juliet. Há um limite para
o que um homem pode aguentar.

Ela sorri para mim e eu sinto isso até a ponta do meu pau.
Incapaz de evitar, eu a tomo nos braços. — Devíamos praticar
beijar um pouco mais.

Ela sorri. — Nós deveríamos?

Meus lábios espanam os dela, e uma onda de desejo rasga meu


âmago. Nós nos beijamos novamente, e meus olhos se fecham
enquanto eu a puxo para mais perto. O que há com essa mulher?

Cada toque é ampliado.

Nós nos beijamos de novo e de novo, e eu dou um passo à


frente, prendendo-a no balcão.

Thump, thump, thump. Pulsos latejam meu pau.


Eu quero mais.

— É o bastante. — Ela quebra o beijo e sai dos meus braços.

— O que? Ainda nem começamos.

— Este é um encontro falso, Henley, não precisamos praticar


beijos em particular. Acho que ambos sabemos que já o
aperfeiçoamos.

Eu fico olhando para ela. Sem mais sangue para isso, meu
cérebro está tendo dificuldades para funcionar. — Certo.

Recomponha-se.

Passo as mãos pelos cabelos. Meus olhos caem sobre seu corpo
delicioso naquele vestido vermelho. E eu juro, estou a dois
segundos de explodir.

O que não está no plano.

— Devíamos ir, — digo a ela.

— OK.

Os meus olhos caem para os seus lábios, e imagino-os à volta


do meu pau. Sinto-me endurecer a um nível quase doloroso.

Em câmera lenta, ela os lambe e eu aperto como se sentisse


isso. Meus olhos se levantam para encontrar os dela.

— Tudo está certo? — ela sussurra. Ela passa as mãos sobre


os seios e desce para sentar na cintura. Ela faz um movimento
brincalhão dos quadris. — Henley?

Ela está brincando comigo?

— Estou bem, — respondo bruscamente. — Devíamos ir.


— OK.

Abro a porta e ela passa por mim. Eu a sigo pelo corredor com
os olhos em sua bunda.

Imagino curvá-la e pegá-la por trás. Eu não precisaria de


nenhuma prática para isso. Eu sei o que fazer.

Entramos no elevador e ela segura minha mão. — Estou


ansiosa por esta noite. — Ela sorri casualmente.

— Eu também, — minto. Não tenho interesse no evento desta


noite. Só vamos para que eu tenha um motivo legítimo para tocá-
la.

— Nosso segundo encontro falso. — Ela sorri para mim.

Eu sorrio e então, em câmera lenta, ela leva minha mão aos


lábios e beija as costas dela com ternura.

A inquietação toma conta de mim.

Não faça isso.

— Vou comer toda a sobremesa esta noite. — Ela sorri


casualmente. — Eu me pergunto qual será o prato principal. — Ela
beija minha mão novamente, completamente distraída. — Espero
que possamos pedir o que quisermos. Estou desejando
carboidratos.

Eu fico olhando para ela enquanto as paredes se fecham ao


meu redor. Isso parece muito real.

A aparência dela. Da maneira que eu me sinto.

— Você deveria se limitar às proteínas, — murmuro.


Ela ri e me cutuca com o ombro. Eu a cutuco de volta. Ela me
cutuca novamente.

— Juliet, não abuse da sorte, ou você será fodida no saguão


deste hotel.

Ela ri. — Você deseja.

Eu sim, na verdade.

Limpo a garganta, irritado com a reação do meu corpo a ela. —


Um encontro é um encontro, e todos os direitos de encontro devem
estar prontamente disponíveis.

— O que? — Ela ri. — Então você acha que, porque estamos


em um encontro falso, poderíamos realmente fazer sexo esta noite?

— Quem sabe.

— Henley... — Ela fica na ponta dos pés e me beija suavemente.


Minhas mãos instintivamente envolvem sua cintura. — Estou
procurando algo mais regular.

— Com ele?

— Não, não com ele.

— Então com quem?

— Alguém com quem tenho química.

Eu olho para ela, escolhendo minhas próximas palavras com


sabedoria. As portas do elevador se abrem, felizmente me
interrompendo.

De mãos dadas, saímos pelo hall de entrada e descemos a rua.


Ela conversa enquanto minha mente corre a um milhão de milhas
por minuto.
Isso parece estranho.

Não estou no meu jogo. Algo está seriamente errado com esta
imagem.

Não.

Abortar a missão.

Não deve haver sexo com Juliet Drinkwater em nenhuma


circunstância. Tire isso da mesa agora mesmo.

Ela é minha vizinha, pelo amor de Deus.

A única coisa que certamente resultará disso é uma


perturbação na vizinhança.

Passamos por uma vitrine de loja; é uma torre de flores frescas,


e ela para e olha. — Henley, olha que lindo. — Ela desliza o braço
por baixo do meu casaco e o coloca em volta de mim. Ela me puxa
para perto como se fosse a coisa mais natural do mundo.

O que é perturbador é que parece que sim.

Juliet
Sinto Henley se endireitar debaixo do meu braço e se afastar de
mim. Eu olho para ele em questão. — O que?

— O que, o que? — ele responde secamente.

— Por que você fez isso?

— Fazer o que? — Ele olha diretamente para a vitrine,


aparentemente irritado.

— Deixa para lá.


— Você ainda quer tomar uma bebida antes de irmos? — Eu
pergunto.

— Se você quiser.

— Onde nós devemos ir?

Ele olha para a rua. — Tem um bar ali.

— Parece bom.

Seguimos até o bar e nos sentamos na mesa perto da janela. É


eclético e temperamental, com um enorme bar no meio.

— Gostaria de uma bebida? — ele pergunta.

— Sim, por favor.

Ele levanta uma sobrancelha impaciente. — Como?

O homem brincalhão e melindroso que acabou de estar aqui se


foi. O Sr. Mercurial está agora em seu lugar.

— Uma margarita, por favor.

Momentos depois ele volta com dois drinques, uma margarita


para mim e um líquido âmbar para ele. — Ah, o que é isso? —
Pergunto enquanto ele se senta à mesa.

— Uísque.

— Hmm, não imaginei que você seria um bebedor de uísque.

Diversão passa por seu rosto. — O que você achou que eu


beberia?

Eu torço meus lábios enquanto penso. — O sangue de crianças


pequenas.

Ele ri. — Tentador.


— Na verdade, no que diz respeito ao álcool, eu acho que
Jägerbombs4.

— E por que isto?

— Você explode.

— Quando eu explodi?

— Quando meu cachorro late ou faz bagunça.

— Ah, sim, Barry, o vira-lata. — Ele sorri.

Sorrio e tomo um gole da minha margarita. — Oh, isso é bom,


e não diga assim.

— Dizer o que?

— Vira-lata.

— Por que não.

— Parece quente. — Eu sorrio. — Faz coisas comigo. Me dá


arrepios.

— Vira-lata, — ele murmura.

Eu sorrio bobamente. — Você deveria colocar isso no seu perfil


do Tinder.

— O que? — ele zomba.

— 'Pareço quente quando digo a palavra vira-lata.'— Arregalo


os olhos e ele ri.

Sinto um pouco da nossa química voltando.

— Na verdade, é uma boa ideia, — digo a ele.

4
Tipo de drink forte
— Qual é uma boa ideia? — ele pergunta.

— Você pode me ajudar a escrever meu perfil de amigos com


benefícios no Tinder.

— Não. — Ele franze a cara de desgosto.

— Por que não?

— Porque é a ideia mais ridícula que já ouvi, é por isso. Você


terá todos os maníacos sexuais esquisitos do planeta se
candidatando.

— Pode-se ter esperança. — Eu sorrio para minha bebida.

Ele revira os olhos. — Não vai funcionar, você sabe.

— O que não vai funcionar?

— Você não será capaz de fazer isso. Você vai se apaixonar.

Isso seria tão terrível?

— Não, não vou, — minto.

— Eu sei como mulheres como você são conectadas, Juliet.

— Oh, por favor. — Reviro os olhos. — Você sabe? — Bebo


minha bebida. — Para que conste, já tive uma situação de amizade
com benefícios antes e foi perfeita.

— Quando?

— Na Faculdade.

— Com quem?

— Meu colega de quarto.

Ele me encara como se estivesse completamente perplexo... ou


talvez seja porque ele pode sentir que estou mentindo
descaradamente. Bem, eu realmente não estou mentindo. Eu tive
uma ligação com meu colega de quarto algumas vezes na
faculdade, mas então ele ficou assustador e eu entrei em pânico e
me mudei... então sim, tipo de coisa de amigos com benefícios que
se transformam em assassinos em série.

— Há quanto tempo você o viu? — ele pergunta.

— Alguns meses.

— Como isso terminou?

— Decidimos mutuamente que não queríamos mais fazer isso.

— Não acredito nisso nem por um segundo – nenhum homem


desistiria de dormir com você.

— Talvez eu seja uma merda na cama.

Cale-se. Você não deveria estar vendendo o sonho para ele, sua
idiota?

— Muito pelo contrário. — Seus olhos prendem os meus e o ar


gira entre nós.

Ele voltou.

— E o que você quer do seu homem? — ele murmura.

Merda... pense em uma resposta quente e rápida!

— Gosto de ser desafiada sexualmente.

Seus olhos escurecem. — Você...

Apenas saia e diga.

— É por isso que eu estava interessada em fazer essa coisa de


amizade com benefícios com você.
Ele coloca o dedo indicador na lateral do rosto enquanto se
apoia na mão. — Prossiga.

— Bem... — Faço uma pausa enquanto tento acertar as


palavras na minha cabeça. Não estrague tudo. — Você disse que
não está procurando um relacionamento.

— Correto.

— Você gosta de dominar no quarto.

Ele me encara por um momento antes de responder: — Você


vai se apegar.

Bebo minha bebida. — Acho que se alguém está se apegando,


é você.

— Posso garantir que não serei eu.

Pobre idiota iludido.

— Bom. — Eu sorrio. — Isso resolve tudo.

— Resolve o quê?

— Você vai ser meu amigo com benefícios. Não há razão para
que não possamos ter um acordo comercial.

A diversão passa por seu rosto enquanto ele ouve. Seu dedo
indicador ainda está na lateral do rosto enquanto ele se apoia na
mão. — Não.

— Sim.

— Não, Juliet. Não estou negociando um acordo comercial de


fluidos corporais com você.

É hora de jogar duro.


Eu me inclino e coloco minha boca em seu ouvido. — Você está
tentando me dizer que não gostaria que eu ficasse de joelhos
chupando seu pau? — Eu sussurro.

Seus olhos escurecem. — Nem um pouco.

Mentiroso.

— Eu gosto de engolir, você sabe.

Ele sustenta meu olhar e algo me diz que estou brincando com
fogo.

— Eu sei que você faz, — ele murmura.

Cada célula do meu corpo está gritando para eu parar, me


dizendo o quão irresponsável e estúpido isso é. Ele quer sexo sem
compromisso. Ele está me dizendo isso diretamente na minha
cara.

No entanto, sei que, no fundo, em algum nível, ele gosta de


mim, mesmo que seja só um pouquinho, mesmo que seja apenas
por uma noite. Não posso deixar isso passar sem ver o que há entre
nós. Eu sei que posso lidar com isso.

— Gosto do jeito que você me faz sentir, Henley.

Seus olhos caem para meus lábios.

Porra, dormir com ele será um grande arrependimento ou uma


grande conquista.

De qualquer forma, um desgosto definitivo.

Deslizo minha mão por seu quadrilátero musculoso.

— Você poderia pular a cerca no meio da noite e fazer o seu


jeito perverso com meu corpo e ninguém jamais saberia.
O fogo brilha em seus olhos, e eu sei que ele está imaginando
isso. — Isso não está acontecendo, — ele sussurra distraidamente.

Tento pensar por conta própria. Ofereça algo que eu sei que ele
quer.

Eu me inclino novamente e passo os dentes no lóbulo da orelha


dele. — Você quer que eu implore?

A porta se abre enquanto nos beijamos, línguas explorando


uma à outra, mãos nos cabelos e uma química espontânea
irrompendo entre nós.

Os sapatos são tirados, seu casaco voa e os lábios de Henley


estão presos nos meus enquanto ele me leva de costas em direção
à cama. Nem chegamos ao jantar de trabalho dele, e acho que
encontrei sua única fraqueza.

Conversa suja.

Algumas coisas depravadas sussurradas no ouvido de Henley


James, e seu pau estava tão duro que quase rasgou as calças do
terno.

— Tire isso, — ele murmura contra meus lábios enquanto se


atrapalha com os laços do meu vestido.

Desabotoo os botões de sua camisa e tiro sua camisa sobre


seus ombros.

Meus olhos caem para seu corpo esculpido, descendo por seu
abdômen até a trilha de cabelo escuro que desaparece em suas
calças.
Aah... ele é tão ridiculamente gostoso que não aguento mais.

Ele me afasta de si mesmo e começa a desamarrar meu


espartilho. — Tire essa porra dessa coisa, — ele sussurra. Ele puxa
com força e eu sorrio para a parede. Ele está desesperado para me
deixar nua.

Ele começa a trabalhar desamarrando meu vestido. Se ao


menos ele soubesse que eu tive que chamar uma faxineira do hotel
ao meu quarto mais cedo para me amarrar naquela maldita coisa.
Não foi um dos meus momentos mais legais, mas tive fé que o
vestido daria certo, e descobri que certamente valeu.

Ele desliza meu vestido até meus quadris e pega minha mão
para me ajudar a sair dele. Seus olhos descem pelo meu corpo e,
quando sobem até meu rosto, estão ardendo de desejo.

Meu coração dá cambalhotas. Acho que ninguém nunca me


olhou assim antes.

Fique fora disso, coração. Esta noite não é da sua conta e não
tenha ideias. Esta é apenas uma missão de inteligência física.

Ele cai de joelhos e me beija através da minha calcinha. Minha


respiração está tremendo enquanto luto para respirar. Sem outra
palavra, ele desliza pelas minhas pernas e as tira. Ele olha para
mim do chão e de repente o clima da sala mudou, não mais
desesperado e com tesão.

Há um silêncio, uma dor profunda e uma saudade. Talvez até


uma compreensão de que isso é mais... ou talvez seja apenas meu
pensamento positivo.
Ele se levanta e seus lábios caem na minha clavícula. E ele
lentamente beija meu pescoço enquanto se aproxima e desabotoa
meu sutiã. Não consigo juntar duas palavras, então fico quieta e
deixo que ele mostre o caminho. A reação do meu corpo a ele é de
outro mundo.

É como se eu pudesse sentir algo mudando profundamente em


meu DNA, um desejo que nunca foi satisfeito, mil arrepios, um
milhão de sentidos despertando de um sono adormecido.

Ele estende o braço e deixa cair meu sutiã no chão de uma


forma dramática, e eu fico diante dele, nua e vulnerável.

Seus olhos percorrem minha pele e descem sobre meu sexo e


sobem para permanecer em meus seios enquanto prendo a
respiração.

Diga algo.

— Você é mais bonita do que eu lembrava, — ele murmura


enquanto seus olhos encontram os meus. — E acredite em mim,
eu me lembrei muito daquele momento.

Aí está – um vislumbre de suavidade.

— Eu preciso de você nu. — eu sussurro.

Ele abre as mãos. — Eu sou todo seu.

Meu.

Aproximo-me e passo as mãos por seu peito largo e, se não me


engano, ele também não está respirando. Eu me curvo e beijo seu
peito enquanto ele sobe e desce. Coloco minha mão sobre seu
coração e sinto-o correr sob meus dedos.
Meus olhos procuram os dele. E o que diabos está acontecendo
aqui?

Foco.

Desfaço a fivela do cinto e tiro-o da calça. E então eu desfaço o


botão e voo. Meu Deus... meu coração está martelando no peito.
Já estive tão nervosa?

Deslizo suas calças para baixo e vejo sua cueca branca.

Bronzeado e tonificado, seu abdômen e músculos quadríceps


grossos são tão masculinos. Nunca vi um homem tão viril.

— Tudo isso, — ele respira.

Meus olhos disparam. É isso mesmo, eu deveria estar despindo


ele, e não ficar aqui olhando na minha própria terra de fantasia.
— Estou demorando. — eu sussurro enquanto beijo suavemente
seus grandes lábios carnudos. Seus olhos se fecham enquanto ele
se perde no momento. E, droga, não me importa como vai o sexo.
A noite já é perfeita.

Deslizo sua cueca para baixo e minha respiração fica presa.


Porra.

Ele é enorme e duro. A cabeça inchada de seu pênis é brilhante


e vermelha, chorando de pré-ejaculação.

Esse é um pau lindo.

Incapaz de evitar, eu me curvo e lambo a pré-ejaculação de sua


ponta, e ele inala profundamente. Eu o coloco em minha boca e
deslizo-o pela minha garganta. Seus joelhos quase cederam
debaixo dele. — Você tem um gosto tão bom, — eu sussurro perto
dele.
Suas mãos gentilmente afastam meu cabelo do rosto enquanto
ele observa. Cerro as pernas para tentar controlar meus impulsos.

— Chega, — ele murmura antes de me colocar de pé. — Eu


preciso de você. — Ele me puxa para uma poltrona no canto da
sala. — Eu preciso que esteja aqui.

Eu franzo a testa.

— Você não tem ideia do quanto você me montou naquela


cadeira naquela noite está gravado em meu cérebro.

— Você quer assim?

Ele acena com a cabeça e vai até o terno, tira uma camisinha
do bolso e depois se senta.

Eu olho para ele enquanto meu cérebro falha. — Mas...

— Eu não quero preliminares. Não dessa vez.

Minhas sobrancelhas se erguem de surpresa.

— Quero sentir você lutando para absorver cada centímetro.

— Oh.

Porra, há muitos centímetros.

Ele coloca a camisinha e estende a mão para me ajudar


enquanto eu passo por cima dele. Então, em outro movimento
inesperado, ele posiciona minhas pernas sobre os braços da
poltrona.

— Eu...

— Você o que? — Ele pergunta suavemente enquanto afasta o


cabelo do meu rosto.
Não estou de joelhos. Não tenho influência, nem rede de
segurança. — Eu não tenho controle assim. E se...

— E se eu te machucar?

Eu concordo.

Ele me beija suavemente, sua língua lentamente passando


pelos meus lábios abertos. — Eu vou machucar você, Juliet. — Ele
me beija novamente. — Mas é uma dor boa. — Seus lábios
permanecem sobre os meus. — É uma dor que eu preciso.

Eu olho para ele – confusa, excitada e completamente


aterrorizada. Não é nem sobre a dor. É o fato de que ele quer se
divertir.

Nosso beijo se aprofunda e mais uma vez ele rouba meus


pensamentos. — Você pode fazer isso por mim, baby? — ele
sussurra.

Baby.

Eu aceno nervosamente. Farei qualquer coisa para que ele me


chame assim novamente. — OK.

Ele me levanta e coloca a cabeça do seu pau na minha entrada.


É como uma parede de cimento.

Não dê nada. Seu tamanho me assustou.

— Relaxe, — ele sussurra para mim. Sua voz é suave,


persuasiva. — Empurre para baixo nisso. — Seus lábios pegam os
meus e eu empurro um pouco para baixo. — É isso. — Ele sorri
contra meus lábios.
Eu balanço para frente e ele se aproxima mais alguns
centímetros. Ai... é inteligente.

Uma picada aguda que me faz estremecer.

— Calma, — ele exige com um beijo forte. Ele esfrega um pouco


de saliva em meu sexo.

Nós vamos mais devagar, nos beijando e demorando, e


eventualmente meu corpo relaxa um pouco.

— É isso, baby. — Ele relaxa um pouco o corpo, sua respiração


está tremendo. — Você pode sentir o quanto eu preciso de você?

— Sim. — Concordo com a cabeça, porque posso.

Nossa necessidade combinada disso é quase primordial.

Nós nos encaramos enquanto ele desliza mais um centímetro,


e eu choramingo.

— É isso, — ele me treina. — Boa menina, simples assim. —


Ele leva meu mamilo em sua boca, roçando-o com os dentes. Seus
olhos estão fixos nos meus enquanto ele observa meu corpo reagir
a ele, lendo as dicas que ele está recebendo.

Começo a ver estrelas.

Claro, é o pau mágico, mas também é o jeito que ele queria fazer
isso. Olhando um para o outro enquanto seu corpo quebra o meu.
Seu treinamento suave. Seu toque terno.

Intimidade levada a outro nível.

Não é nada do que eu esperava e, para ser sincera, sei que estou
em território inseguro.
Se ele puder possuir meu corpo depois de estar apenas pela
metade, não sei se sobreviverei ao que vem a seguir.

Ele desliza mais, e eu estremeço, esticada a um novo nível. —


Henley, — eu choramingo.

— Eu sei. — Seu beijo está ficando mais agressivo enquanto ele


luta para manter o controle. — Bom pra caralho. Posso sentir cada
músculo dentro de você.

Ele agarra minha bunda e as separa. Deslizo um pouco mais e


sinto dor. — Aah, — eu grito.

— Shh, — ele me acalma. — Você precisa relaxar.

— Você é tão grande. — Eu defendo meu caso.

— E você é tão apertada. — Ele sorri para mim maravilhado. —


Nós nos encaixamos perfeitamente.

Nós nos encaramos e sinto um calor percorrer meu corpo. É


como mel líquido, doce e sensual. Nada parecido com o que esta
noite deveria ser.

Ele coloca a palma da mão na parte inferior do meu estômago.


Seu polegar pressionando meu clitóris, ele circula com a pressão
certa, e eu sorrio contra seus lábios. — Sim. — Eu giro meus
quadris. — Assim. — Ele continua circulando enquanto
respiramos com dificuldade. Nossos corpos estão desesperados
pela foda difícil que merecem. Empurro com força e ele me impede.

— Vá mais devagar, — ele exige. — Você vai se machucar.

— Henley, — eu choramingo em sua boca. — Eu preciso de


mais.
— E você vai conseguir. — Ele separa minhas bochechas
novamente e desliza lentamente até o punho.

Estou tão cheia e esticada que meu corpo ondula ao redor do


dele, meio em pânico, meio em êxtase.

Nós nos encaramos, com o coração disparado.

Ele coloca os braços sob minhas coxas e as levanta. Neste


ângulo estou completamente à sua mercê.

Minhas mãos estão em seus ombros fortes enquanto me


mantenho de pé.

Nunca tive uma experiência sexual como essa antes e não uso
a palavra experiência levianamente. É óbvio que ele tem uma
tonelada, e eu tenho quase nenhuma. Só agora percebo que todos
os meus antigos amantes foram um pouco baunilha.

Ele me levanta e me traz de volta para ele com um estalo


brusco, tirando o ar dos meus pulmões. Meu corpo finalmente
reconhece o que ela deveria fazer, e sinto uma onda de umidade.

— É isso. — Ele sorri ao sentir a lubrificação finalmente chegar.


Ele me levanta novamente e desliza profundamente, muito
profundamente.

O último de seu controle se encaixa. Ele me levanta e começa


a me montar, seus quadris subindo para encontrar os meus, mais
lento no início e depois aumentando para movimentos profundos
e punitivos, do tipo que faz seus olhos rolarem para trás.

O som de nossas peles batendo ecoa por toda a sala.

Eu gemo quando começo a gozar.


— Ainda não. — Ele me levanta cada vez mais alto, seus
quadris trabalhando em ritmo de pistão, desesperado pelo
orgasmo que seu corpo exige.

Eu aperto quando gozo com força, e ele se segura


profundamente, e sinto o empurrão forte de seu pau.

Nós ofegamos enquanto olhamos um para o outro.

Uma clareza linda e perfeita corre entre nós, algo que é


estranho e novo.

Seguro seu lindo rosto em minha mão.

Seus olhos são selvagens. Seu corpo ainda está dentro do meu,
mas posso senti-lo se afastando de mim a cada segundo.

Ele está em pânico...

Sem dizer uma palavra, ele me levanta de cima dele e me joga


na cama.

Ele tira a camisinha e a joga no lixo e então rasteja entre


minhas pernas e as abre. Ele me lambe ali, seus olhos fechando
de prazer, e eu estremeço e tremo, meu corpo ainda reagindo ao
orgasmo que acabei de ter.

Então ele está me comendo como se eu fosse seu último jantar.


Sua barba por fazer está queimando minha pele. Suas mãos estão
por toda parte e tenho a sensação de que ele está me bloqueando.
O instinto tomou conta dele.

Ele está alimentando seu corpo agora; não tenho mais nada a
ver com isso.
Ele me lambe cada vez mais fundo, e aah... O que diabos ele
está fazendo? Acabamos de fazer sexo. Isso é pervertido.

Mas não é, nem perto disso.

Isso é sujo e quente, assim como eu sabia que ele seria.

Ele me leva lá de novo, me lambendo até eu não aguentar mais,


até eu me contorcer na cama. E então ele me vira de joelhos e puxa
meus quadris para cima com um estalo forte.

Ouço a embalagem da camisinha rasgar, e ele agarra um


punhado do meu cabelo e puxa minha cabeça para trás enquanto
bate com força. Meus joelhos quase dobram debaixo de mim, e ele
dá um tapa na minha bunda. — Fique de joelhos e monte esse
maldito pau. Não estou nem perto de terminar com você. Ele
desliza o polegar na minha bunda. — Minha garota safada da casa
ao lado.

A excitação corre através de mim e eu sorrio.

Sem dúvida, a melhor noite da minha vida.

Acordo com sono e estendo o braço para Henley. A cama está


vazia e olho ao redor do quarto de hotel escuro. Ele está no
banheiro? — Henley? — Eu chamo.

Nenhuma resposta.

Eu me sento. — Henley?

Silêncio...

A energia é diferente. Foda-se. Ele se foi.

Estendo a mão e pego meu telefone para verificar a hora: 6h


Ele foi embora ontem à noite depois que eu fui dormir?

Ele me quebrou na poltrona. Depois fizemos sexo violento.


Depois tomamos um banho e, de alguma forma, isso também se
transformou em sexo e, por fim, rolamos para a cama exaustos.
Não me lembro de muita coisa depois disso, mas lembro dele me
abraçando enquanto eu adormecia.

Merda.

Saio da cama e vou ao banheiro. No caminho de volta para a


cama, vejo um bilhete rabiscado na mesinha de cabeceira.

Fui para a academia,

Volto logo.

O alívio me preenche. OK... ele está apenas na academia e me


deixou um bilhete.

Crise evitada.

Deito na cama e sorrio bobamente para o teto. Ontem à noite


foi a experiência sexual mais incrível da minha vida.

Ele é tão...

Uau.

Sinto-me saciada e viva. E caramba, eu quero mais.

Henley James é uma droga viciante.

Eu sei que ele não está na academia. Ele está visitando o pai,
sendo o homem maravilhoso que sei que ele é no fundo. Ele estará
de volta em breve.
Porra, ele estará de volta em breve, e eu pareço um
atropelamento. Preciso ser simplesmente irresistível daqui em
diante. Eu pulo e pulo para dentro do chuveiro. É hora de voltar
ao meu plano difícil de conseguir.

Concentre-se, vadia.

— Outro café? — a garçonete pergunta.

— Isso seria adorável. Obrigada. — Eu sorrio. Olho para o meu


relógio. 7h45.

Onde ele está?

Estou sentada no restaurante do hotel, tentando bancar o


difícil. Estou esperando ele me ligar para saber onde estou quando
ele voltar.

É melhor ele me ligar.

E se o tiro sair pela culatra e ele simplesmente for embora sem


mim?

Não vai. Ele não vai.

Se eu quiser mais deste homem, tenho que fazê-lo pensar que


não sou apegada e pegajosa.

Mas neste exato momento, sinto que um serial killer está


grudado nele.

Meu telefone emite uma mensagem de texto.

Onde você está?

Eu sorrio. Sim!
Eu mando uma mensagem de volta para ele.

Estou no restaurante tomando café da manhã.

Junte-se a mim?

Eu arqueio meus ombros como uma criança. Tudo está indo


conforme o planejado.

Okay, vejo você em breve.

Abro meu jornal de propaganda e, com o coração batendo forte


no peito, me preparo para a batalha.

Dez minutos depois. — Olá.

Olho para cima e vejo o Sr. Lindo deslizando para o assento à


minha frente. Quero pular e beijá-lo, abraçá-lo com tanta força que
ele estala, mas não vou.

— Oi. — Eu sorrio casualmente. Volto minha atenção para o


meu papel. — Como foi a academia?

— Estava tudo bem. — Ele olha em volta. — É um buffet ou


estamos pedindo?

— Eu já comi, — minto. — Eu estava com fome.

— Oh.

— Vou esperar com você enquanto você come, se quiser. — Eu


olho por cima do meu jornal como se ele fosse um inconveniente.

Uma carranca surge em seu rosto antes que ele rapidamente a


esconda. — Não me deixe atrapalhar você.

— Não, não. — Olho para o meu relógio. — Tenho meia hora.

Seus olhos seguram os meus. — Antes do que?


— Estou indo às compras. Minhas amigas vão me encontrar.
Temos um dia inteiro planejado.

— Realmente? — Ele revira os lábios como se estivesse irritado.

— Você não esperava que eu fosse para casa com você, não é?

Sua mandíbula treme de raiva. — De jeito nenhum.

A garçonete se aproxima. — Posso anotar seu pedido, senhor?

— Sim. — Ele examina o cardápio. — Vou tomar um grande


café da manhã, por favor, com um café com leite e suco de laranja.

— Claro. — Ela rabisca o pedido dele antes de nos deixar


sozinhos.

Continuo lendo o jornal e sinto os olhos de Henley fixos em


mim. — Você não precisa ficar, — ele diz.

— Na verdade, eu posso ir. Eu tenho muito o que fazer. —


Dobro meu jornal ao meio e bebo o resto do meu café.

Seus olhos seguram os meus.

Mordo o interior da bochecha para não sorrir. — Você foi uma


ótima foda.

Ele pisca, chocado.

— Até a próxima vez, Sr. James. — Mando-lhe um beijo e, sem


dizer mais nada, vou embora. Posso sentir seus olhos nas minhas
costas e quero pular e dar um soco no ar.

Isso foi tão legal que eu nem aguento.

Que os jogos comecem.


Entro no café e sorrio e aceno quando vejo Chloe esperando por
mim na mesa. Eu pulo. — Oi. — Eu sorrio.

— Oi. — Ela sorri para mim. — Parece que você foi bem fodida.

— Nem mesmo perto. — Eu rio e caio no meu lugar. — Eu fui


espetacularmente fodida, na verdade.

Ela ri e levanta a mão para cumprimentar. — Sim.

— Seus cafés. — A garçonete sorri enquanto os coloca sobre a


mesa.

— Obrigada.

— Então? — Chloe arregala os olhos. — Conte-me tudo.

— Oh, meu Deus. — Suspiro sonhadoramente. — Imagine a


melhor noite de toda a história, e foi isso que eu tive. Ele é...
inacreditável.

— O quê, bom de cama?

— Bom em tudo, e ele é sensual e sexual e dotado como um


cavalo e, gah... Estou viciada.

Chloe torce os lábios enquanto olha para mim. — Achei que


fosse apenas uma missão de inteligência.

— Era... é, — eu me corrijo.

— Espere um minuto, você disse que só queria amigos com


benefícios com ele.

— Sim, — minto. — Mas... Só vou ver como vai.


Ela revira os olhos. — Faça o que fizer, não se apaixone por
esse cara. Ele está emocionalmente fodido, e a última coisa que
você precisa é de um homem com uma bagagem colossal.

— Eu sei, não estou.

— Veremos. — Ela toma um gole de café. — Então você seguiu


nosso plano esta manhã?

— Sim. Eu estava tão fria quanto gelo.

Chloe levanta sua xícara de café para mim como uma saudação
silenciosa. — E o que ele fez?

— Ele estava chocado demais para falar. — Eu dou de ombros.


— Eu acho — eu contemplo isso por um momento — pelo menos
espero que seja por isso que ele não estava falando. — Eu dou de
ombros. — De qualquer forma, eu disse que tinha planos e,
quando estava saindo, disse a ele que ele tinha sido uma ótima
foda.

Chloe engasga com o café. — O que você disse?

— Eu estava dizendo a verdade. — Eu ri. — Ele foi uma ótima


foda. A melhor, na verdade.

Chloe ri alto. — Oh cara, estou vivendo indiretamente através


de você agora.

Ficamos em silêncio enquanto tomamos nosso café.

— Então, qual é o próximo passo? — Chloe pergunta.

— Provocações.

— Provocações?

— Vou ser toda sexy, mas indisponível para sexo.


— Sim, bem, isso pode sair pela culatra.

— Como?

— Se você lhe der apetite e depois fechar o restaurante, ele irá


comer em outro lugar.

— Verdade. — Eu contemplo essa teoria por um momento. —


Mas também sei que anos de padrão autodestrutivo não podem ser
quebrados facilmente. Se eu quiser mais tempo com ele, tenho que
jogar.

Os olhos calculistas de Chloe fixam-se nos meus. — Você já


está apaixonada por ele, não é?

— Não seja ridícula. — eu zombei. — Eu tenho tesão por ele.

— Eu não sei sobre isso. — Chloe solta um suspiro profundo.


— Isso tem potencial para acabar muito mal. Posso sentir isso em
minhas entranhas.

— Relaxe, eu cuido disso. — Eu fingi um sorriso. — Estou


sendo cuidadosa.

Não sei muito sobre a vida, sobre o amor, sobre nada, na


verdade.

Mas uma coisa que tenho certeza é que não tenho isso... nem
mesmo perto.

Henley James me tem.

É terça-feira e saio na frente para me esticar na caixa de correio


para minha corrida matinal.
Não vejo Henley desde que saí do restaurante no domingo de
manhã e estou ficando um pouco nervosa.

Achei que ele teria batido na minha porta dos fundos bem antes
disso. Talvez meu corpo não seja tão viciante quanto eu pensava?

Talvez ele já tenha ido comer em outro restaurante.

Caramba. Por que Chloe disse isso para mim? Agora é tudo que
consigo pensar.

— Bom dia, Carol, — eu chamo.

— Bom dia, querida. — Carol sorri. Ela atravessa a rua em


minha direção com seu roupão rosa fofo e uma xícara de café na
mão. — Bom dia, Barry. — Ela sorri para meu melhor amigo.

A porta da garagem de Henley sobe lentamente e tento não


olhar.

— Você viu que os meninos vão fazer uma fogueira na sexta à


noite?

— O que?

— Todos nós recebemos convites.

— Eu não recebi. — Sinto-me um pouco desanimada.

— Verifique sua caixa de correio.

Abro e vejo o convite, um bilhete rabiscado à mão.

Fogueira.

Minha casa, sexta à noite.

Antony.
Ufa... ah merda, estou trabalhando.

O carro de Henley sai da garagem e ele diminui a velocidade ao


passar por nós e abaixa a janela. — Bom dia, senhoras.

Eu instintivamente fico na ponta dos pés de excitação. — Dia.

— Bom dia, querido Henley. — Carol sorri. — Como você está


hoje, querido?

— Melhor agora que vi vocês duas. — Ele dá uma piscadela


brincalhona e eu sinto isso até os dedos dos pés.

Entre no banco de trás do seu carro... agora mesmo!

— Tenha um bom dia. — Eu sorrio.

— Você também. — Seus olhos prendem os meus por mais


tempo do que deveriam, e então ele vai embora. Carol e eu ficamos
olhando para ele como as groupies que somos.

— Um homem tão bom. — Carol sorri ao ver o carro dele virar


a esquina. — Aposto que Taryn já está planejando seu próximo
passo.

Meus olhos se voltam para Carol. — O que?

— Ela veio à minha casa ontem e me disse que sabe que Henley
é o homem certo para ela. Planeja fazer um movimento.

— Isso está certo?

— Acho que esta fogueira na sexta à noite será a oportunidade


perfeita. Algumas bebidas, fogo romântico e música.

— Hmm, — respondo, distraída pelo batimento cardíaco furioso


que soa em meus ouvidos.
— De qualquer forma — Carol dá de ombros — bom para ela,
eu acho.

— Sim, bom para ela.

Também seria especialmente bom para ela encontrar um fim


terrível. — De qualquer forma, preciso ir. — Começo a correr. —
Tchau, Carol.

— Tchau ,querida.

Corro pela rua e viro a esquina e imediatamente pego meu


telefone e ligo.

— Olá.

— Oi, é Juliet.

— Oi, Juliet.

— Tenho um grande favor a pedir.

— O que é isso?

— Você pode cobrir meu turno na sexta à noite?

São 20h.

Meu segundo turno na casa de repouso e o quarto 206 está me


ligando.

E não sei por quê. Se ele não se lembra do próprio filho,


definitivamente não vai fazer nenhum sentido comigo. Mas, por
alguma razão, não consigo parar de pensar em conhecer o pai de
Henley.

Bato silenciosamente. — Entre, — uma voz profunda chama.


Enfio a cabeça pela porta. — Olá.

Ele olha para mim severamente de sua cama. — Você terá que
ser rápida, minha esposa estará aqui em breve.

— OK. — Entro e recoloco seu jarro de água. — Meu nome é


Juliet.

— Oi. — Seus olhos permanecem fixos na televisão.

— Qual o seu nome? — Eu pergunto.

— Bernard, — ele responde secamente.

— Bem, é um prazer conhecê-lo, Bernard. — Eu limpo o quarto


dele enquanto falo. — Você está tendo um bom dia?

— Estava tudo bem antes de você começar a tagarelar e


interromper M*A*S*H.

— Oh. — Olho para cima e vejo que a televisão dele está no


canal de anúncios. — Você gosta do programa M*A*S*H?

— Sim. — Ele continua assistindo aos anúncios. — É melhor


você se apressar. Caroline estará aqui para me trazer para casa
em breve.

Meu coração afunda. — OK. — Limpo um pouco mais enquanto


penso no que dizer. — Caroline é sua esposa?

— Sim.

— Você tem filhos?

— Um filho e três anjos.

Paro ainda. — Você perdeu três filhos?

— Antes de eles nascerem.


— Oh...

Porra.

— Qual é o nome do seu filho?

— Henley.

Eu sorrio. Ele se lembrou de seu nome.

— Ele tem quatro anos.

— Quatro?

Ele concorda.

— Fale-me sobre ele?

— Ele estará de volta em breve. — Ele sorri melancolicamente.


— Ele está no acampamento agora.

— Acampamento? — Eu sorrio. — Que tipo de acampamento é


esse?

— Não sei. — Ele revira os olhos. — Caroline o leva para essas


coisas bobas. Ele prefere ficar em casa comigo.

A tristeza se instala. Sua memória de longo prazo ainda está


firmemente intacta. Ele perdeu a noção do tempo. Ele acha que é
naquela época.

— Como é Henley?

— Ele é um bom menino. — Ele concorda. — Inteligente como


a mãe dele.

— Aposto que sim.

— Pode construir Lego por horas. Você nunca viu uma criança
se concentrar por tanto tempo.
Eu sorrio enquanto ouço.

— Ele estará de volta do acampamento em breve, vamos


construir algo grande.

Eu concordo.

— Caroline está vindo me levar para casa.

Meu coração afunda.

Ela nunca mais vai voltar.

— E estou farto dos arranhões no meu armário, — continua


ele. — Você precisa que alguém investigue isso.

— Que arranhões? — Eu franzir a testa.

— Aquele maldito gato não me deixa em paz – arranhando e


arranhando a porta para sair.

Eu sorrio. — Você quer que eu verifique isso?

— É melhor você fazer. — ele responde sério enquanto seus


olhos permanecem focados no canal de anúncios.

Abro a porta do armário para agradá-lo e vejo uma pilha de


álbuns de fotos. — Quem são esses? — Eu pergunto.

— Oh, são as fotos.

— Você pode me mostrar? — Eu os tiro e coloco na cama.

Ele os examina até chegar ao vermelho. Ele abre na primeira


página. — Esta é Caroline. — É uma foto do casamento deles. Ela
se parece com Henley: as mesmas feições morenas e olhos
grandes. — Ela é linda.

Ele concorda. — A mulher mais linda que você já viu.


Sorrio e viro a página para vê-la grávida. — Ela vai ter um bebê?

— Aquele é Henley aí. — Ele aponta para a barriga dela.

Sorrio enquanto viro mais algumas páginas e vejo um garotinho


rindo nos braços da mãe.

Ele provavelmente tem dois anos. Ele está vestindo um


macacão bonitinho e seu cabelo escuro tem cachos.

A maneira como sua mãe olha para ele é pura adoração.

Viro a página e vejo outra foto dele nos ombros dela, segurando
suas duas mãos e se inclinando para beijar o pai, que está parado
ao lado deles.

Muito amor.

Meu coração se aperta e de repente me sinto emocionada por


tudo o que Henley perdeu. Pisco para afastar as lágrimas.

Por que eu estou chorando?

Não quero que Bernard veja minhas lágrimas, então fecho o


livro. — Devíamos fazer isso outra hora. Eu não quero incomodar
com você.

— OK. — Ele se volta para a televisão. — Caroline virá me levar


para casa em breve.

— Eu sei que ela vai.

Devolvo seus álbuns de fotos para o armário e puxo os


cobertores sobre ele e endireito a roupa de cama. Encho o copo
dele com água. — Posso pegar alguma coisa para você, Bernard?

— Shh com toda essa tagarelice. Estou assistindo M*A*S*H.


Olho para a televisão e vejo um Wonder Mop sendo anunciado.
— Vou deixar você com isso. — Vou até a porta e olho para
Bernard. Ele está concentrado na televisão, totalmente absorto.

Com o coração pesado, subo o corredor e volto ao trabalho.

Às vezes a vida simplesmente não é justa.

Espio pela janela do andar de cima do meu quarto de hóspedes.

É sexta-feira à noite e estou espionando o quintal de Antony


para ver se Henley já chegou. Não quero chegar lá antes dele, mas
quanto mais tempo fico aqui, mais nervosa fico. A rua inteira
parece estar lá, mas até agora nenhum sinal de Henley. É melhor
que ele venha; esses jeans “venha me foder” me custaram cento e
vinte malditos dólares.

Assim como a vendedora me disse, estou usando um sutiã


reforçado e uma camiseta branca. Meu cabelo está preso e estou
tentando o meu melhor para ser a garota fodível da casa ao lado.

Ok, preciso ir antes que eu tenha um ataque cardíaco.

Pego minha garrafa de vinho e o prato de queijo que fiz. —


Deseje-me sorte, Bazza.

Vou até lá e a porta da frente da casa deles está aberta. Posso


ouvir conversas vindo de dentro.

Merda.

Por que estou aqui? Eu me sinto tão estranha quanto o inferno.

— Entre, entre, — ouço uma voz profunda vindo da cozinha.


Anthony me encontra na porta. — Você veio. — Ele ri enquanto
me puxa para um abraço.

— Obrigada por me convidar. — Estendo meu prato. — Eu


trouxe queijo.

— Excelente. — Ele pega o prato de mim. — Todo mundo está


lá atrás e as taças de vinho estão na cozinha. Fique a vontade. Vou
colocar isso na mesa.

— OK.

— Aí está você, — uma voz familiar diz atrás de mim antes de


beijar minha bochecha.

— Rebeca. — Eu sorrio. — Graças a Deus, você está aqui.

Ela dá o braço a mim e entramos na cozinha. — Claro que estou


aqui. Tive que vir e assistir a peituda Taryn fazer seu movimento.
— Ela pega duas taças de vinho e eu abro minha garrafa de vinho.

— O que você quer dizer? — Eu franzir a testa.

— Aparentemente ela afinou Henley a semana toda.

— Afinou... como assim?

— Eu não sei, provavelmente chupando o pau dele,


conhecendo-a.

Eu olho para ela, horrorizada. — Espere, isso realmente


aconteceu ou é especulação?

— Especulação, é claro. — Ela revira os olhos. — Mas quem


sabe.

Bebo meu vinho enquanto minha mente corre.


Se ele tocou em um único fio de cabelo da cabeça dela..... então
é isso.

Eu vou pelos correios.

Não há palavras para dizer o quão postal estou indo. E também


estou assassinando-o e enterrando-o no meu quintal.

A prisão valeria a pena.

Esvazio meu copo. — Outro? — Coloquei meu copo na mesa.

Os olhos de Rebeca se arregalam. — Com sede?

— Extremamente.

— Oi, meninas, — uma voz sexy ronrona atrás de nós. Nós nos
viramos e Taryn entra. Cabelo solto, com o rosto cheio de
maquiagem. Ela está com um vestido rosa claro justo e elástico
que não deixa nada para a imaginação.

Caramba. Ela está incrível, e por que seus seios são tão bons?

Enorme e alegre.

Meu jeans apertado de repente parece muito de mãe.

— Onde estão os garotos? — Taryn pergunta enquanto olha


pela porta dos fundos. — Está todo mundo aqui? Eu estava tão
ansiosa por esta noite.

Rebecca vira os olhos enquanto toma um gole de vinho, e eu


mordo o lábio para esconder meu sorriso.

— Chegamos, — responde Rebecca.

— Mas e as pessoas divertidas? — ela pergunta, distraída,


enquanto olha para o quintal.
— Rude, — Rebecca murmura enquanto vira Taryn de costas,
e eu abaixo minha cabeça para me impedir de rir alto.

Ela poderia ser mais óbvia?

— Senhoras, — a voz sexy de Henley diz atrás de mim.

Meu estômago se agita ao simples som de sua voz e me viro em


sua direção. Ele me dá um sorriso lento e sexy, e eu só quero
abraçá-lo.

É possível sentir falta de alguém que você mal conhece?

— Henley, — Taryn engasga de uma forma exagerada. Ela corre


em direção a ele e o abraça, fazendo exatamente o que eu queria
fazer. — Estou tão feliz que você esteja aqui, querido. Não é uma
festa sem você, — ela murmura.

Henley sorri. — Taryn. — Ele se desdobra dos braços dela. —


Estou voltando.

— Eu virei. — Taryn sorri enquanto passa o braço pelo dele.


Eles desaparecem pela porta dos fundos.

— Foda-se, Taryn, — Rebecca sussurra. — Sério, ela é um


abutre. Se ele dormir com ela, eu nunca vou perdoá-lo.

Que faz de nós duas.

— O que está acontecendo lá? — Eu pergunto em um sussurro.

— Eu sei que ela o quer. Dizem que ela trocou o marido por ele.

Eu olho para ela, horrorizado. — Então eles dormiram juntos?

Rebeca dá de ombros. — Eu não sei, certamente não.

— Ela é quente. — Bebo meu vinho, distraída.


Isso é um desastre.

— Ela não é tão gostosa quanto você, — Rebecca sussurra. —


Faça um movimento.

— Eu já fiz isso, — eu sussurro de volta.

— O que?

— Dormimos juntos no fim de semana.

Os olhos de Rebeca se arregalam. — Oh, meu Deus, me conte


tudo.

— Senhoras, — diz uma voz masculina atrás de nós. Viramos


culpadas e vemos três dos militares parados na cozinha. Enormes
e dominando o espaço.

— Oi, — eu grito.

— Olá, meninos. — Rebeca sorri. — Já era hora de vocês


finalmente chegarem a alguma conclusão.

Eles riem.

— Esta é Juliet. Ela acabou de se mudar para a casa ao lado,


— Rebecca diz enquanto gesticula para mim.

— Eu sou Mason. Estes são Austin e Scott. — Ele é alto, com


um corte curto e músculos de quilômetros de extensão. Não bonito
e culto como Henley, mais como um tipo quente de eu vou te foder
através de uma parede de tijolos.

— Todo mundo está no quintal, — diz Rebecca.

— Obrigado. — Os três gigantes saem pela porta dos fundos


enquanto Rebecca e eu olhamos para eles.
— Carol me disse que eles são membros de um clube de swing,
— sussurro.

— Deus, espero que sim, — Rebecca sussurra. — Você pode


imaginar pegar os três de uma vez?

Tenho uma visão deles usando meu corpo para seu prazer. —
Não, isso está me deixando agitada. — eu sussurro.

Rebeca ri. — Você ainda não me ligou para tomar aquele café.

— Eu sei. Vamos fazer isso na próxima semana. O tempo fugiu


de mim. Você disse alguma coisa para John?

— Não, espero que sua teoria do manobrista esteja certa. — Ela


dá de ombros. — Não sei o que pensar.

— Tudo vai dar certo. — Eu sorrio enquanto tento tranquilizá-


la. — Tenho certeza de que é inocente.

— Espero que sim. Vamos, vamos socializar. — Sigo Rebecca


até o quintal. Há uma fogueira e todos estão sentados ao redor
dela. Algumas pessoas estão conversando em grupos e, à
esquerda, Henley está sentado com Taryn. Ela está falando e ele
está ouvindo atentamente.

O ciúme ferve na boca do meu estômago.

Rebecca começa a falar com John e eu fico de lado.

— Então, Juliet, — diz Mason enquanto se aproxima de mim,


— você está gostando da rua?

— Ainda estou me adaptando. — Eu sorrio. Olho para cima e


vejo os olhos de Henley se voltarem para nós. — Há quanto tempo
você mora aqui?
— Já se passou um ano, mas fiquei fora por seis meses desse
período.

— Oh, sério? — Pela minha visão periférica, posso ver Henley


nos observando. — Para onde você foi enviado?

— Sou um Navy SEAL, então estava no mar.

— Um SEAL da Marinha. — Eu sorrio, fascinada.

Quente.

Taryn ri alto como a buscadora de atenção que ela é. — Oh,


Henley, você é um grito.

Vá se foder, Taryn.

Mason aponta para duas cadeiras. — Você quer se sentar?

Olho para Henley, que ainda está conversando com Taryn, e


meu sangue ferve.

— Claro.

Nós nos sentamos e Mason conversa sem parar. Não estou


ouvindo, é claro. Estou muito focada na vadia do outro lado do
fogo flertando com meu homem e, claro, Henley está adorando
cada minuto de sua atenção.

Idiota.

— Você acha que poderíamos envenenar a bebida dela? —


Rebecca sussurra.

— Provavelmente não.
Está tarde. A noite está chegando ao fim, e depois de
assistirmos Taryn Titties flertar com todos os homens na fogueira,
nossa paciência está realmente esgotada.

Também conversei e ri com quase todo mundo aqui e tive uma


ótima noite. Porém, nem uma única palavra foi dita a uma
determinada pessoa.

— Henley, venha dançar comigo, — Taryn ronrona enquanto


enrola o dedo na direção dele em um gesto de se aproximar.

É isso.

Suficiente!

Não aguento mais um minuto vendo ela bajulá-lo. Se ele a


quiser, ele pode tê-la, porra. Boa viagem para ambos.

— Eu vou indo. — Eu estou.

— Oh sério? — Rebeca suspira. — Não me deixe aqui.

Eu sorrio. — Você é casada, vá falar com seu marido. — Nós


duas olhamos e vemos John jogando xadrez com Bennet, e ela
estremece. — Parece muito chato lá. Eu irei com você. Dê-me um
segundo para dizer adeus. — Ela desaparece na mesa de xadrez.

— Tchau todo mundo. — Eu sorrio com um aceno. — Estou


indo para casa.

Henley olha para cima como se tivesse sido pego de surpresa.


— Já?

Sim, filho da puta. Estou aqui há seis horas e você não me disse
uma única palavra.

Dou um aceno e saio na frente.


— Espere, — Rebecca grita enquanto corre para alcançá-la. Ela
passa o braço pelo meu. — Dane-se Henley, acho que deveríamos
arranjar um encontro com Mason para você.

— Não. — Eu torço o nariz. — Definitivamente não.

— O que está errado? Você não gosta de homens enormes e


gostosos que lhe dão toda a atenção a noite toda?

Eu rio. — Quero dizer... ele parece legal e tudo, mas eu não sei.

— Taryn provavelmente está atacando meu marido agora. —


Rebecca revira os olhos. — E se for ela? E se ele estiver dormindo
com ela?

Meu sangue ferve só de pensar.

— Ele não faria isso. Não é ela. Ela é sem vergonha, no entanto.
Eu não duvidaria disso. — Eu bufo. — Sério, se for ela, vou
bombardear a casa dela.

— Eu ajudo. — Chegamos ao meio da rua e ela me dá um


abraço. — Esta noite foi divertida.

— Foi mesmo.

— E precisamos organizar nosso encontro para o café.

— Eu sei. Estou no turno diurno na próxima semana. No


próximo fim de semana, talvez?

— Parece bom.

Com outro aceno, vou até minha casa e entro. — Olá, Barry.

Barry levanta os olhos da cama, todo sonolento.

— Henley James é um idiota gigante, — eu sussurro com raiva.


Barry olha para mim sem expressão.

— Ele nem olhou na minha direção, muito menos falou comigo,


— digo a ele. — Eca... Não sei por que comecei essa coisa idiota
com ele. Chloe está completamente certa. Vou acabar odiando-o
profundamente. Eu meio que já faço.

Barry suspira.

Agora estou forçando meu pobre cachorro a ouvir minhas


merdas de namoro infernal. Acendo minha chaleira com desgosto.

— Paguei todo esse dinheiro por esses jeans idiotas. Bem, eu


não deveria ter me incomodado. Ele não teria notado se eu
estivesse usando um saco de lixo.

Maldito idiota.

Faço meu chá e Barry sai para a cozinha e fica parado na porta
dos fundos. — Você quer sair? — Abro a porta e, com meu chá
quente na mão, sento-me nos degraus dos fundos, no escuro,
enquanto espero ele ir ao banheiro.

Barry olha para a cerca e começa a abanar o rabo. Ouço um


barulho na escuridão no canto mais distante.

O que está acontecendo lá fora?

Levanto-me e caminho em direção ao barulho. Vejo duas mãos


segurando o topo da cerca, então uma perna balança. Com muitos
bufos e xingamentos, Henley aparece. Ele está escalando a cerca.
Ele balança a outra perna e depois pula para baixo.

— O que você está fazendo?


Ele pula, surpreso ao me encontrar aqui. — Estou indo visitar
você.

Ele honestamente acha que pode me ignorar a noite toda


enquanto flerta com Tittsy LaRue?

Ah. De toda a coragem.

— Não, você não está, — eu respondo inexpressivamente. — Vá


para casa, Henley. Não estou com humor esta noite. — Eu me viro
e volto em direção à casa. Ele está logo atrás de mim.

— Desde quando?

— Desde que você é um namorador gigante.

— Eu não estava flertando, — ele zomba. — Eu estava falando


sobre coisas muito importantes.

Reviro os olhos e entro em casa. — Tipo, qual tamanho de sutiã


Taryn usa? Me dê um tempo, porra.

— Você é ciumenta?

— Não, — eu explodo. — Por que eu teria ciúmes dela? E... —


Faço um gesto em direção a ele com desgosto. — Você. — Coloquei
as mãos nos quadris para tentar parecer convincente. — Vá para
casa.

— Não, temos um acordo, — ele responde. — Eu gostaria da


minha noite esta noite.

— Oh, você faria isso agora? A resposta é não.

— Você não pode ficar com ciúmes, isso não é um


relacionamento. Conversamos sobre isso e você disse que estava
bem com isso.
— Eu sei disso, — eu sussurro com raiva. Por que eu concordei
com esse acordo estúpido, afinal? — O que não me deixa bem é ver
você flertar a noite toda bem debaixo do meu nariz.

— Então você está com ciúmes.

— Oh meu Deus. Eu não estou com ciúmes. O que eu estou é


chateada com você.

Ele realmente acha que pode me ignorar a noite toda e depois


aparecer aqui para fazer sexo?

De jeito nenhum. O homem é um idiota.

— Porque você está com ciúmes.

— Cale a boca e vá para casa.

— Não até você me beijar.

— Eu não estou beijando você, — eu cuspo. — Eu não beijaria


você se você fosse o último homem na terra.

Mentiras!

— Vá e beije Taryn. Tenho certeza de que você já negociou um


acordo com ela.

— Você não pode ficar com ciúmes, você não tem o direito de
usar esse cartão. Temos um acordo. Nada mais e nada menos.

Bata, bata sons na porta.

Nós dois ficamos em silêncio. — Quem é aquele? — ele


murmura.

Eu dou de ombros. — Não sei.


Abro a porta do armário embaixo da escada. — Entre, — eu
murmuro.

— Não, — ele cospe.

Empurro-o para dentro do armário e fecho a porta atrás dele.


Abro a porta da frente e vejo Mason parado ali. — Mason. — Eu
franzo a testa.

Merda!

— Oi.

— Oi...

Ele hesita. — Eu queria saber se você gostaria de sair algum


dia... num encontro.

— Oh...

Merda, merda, merda.

— Eu simplesmente não conheci ninguém como você. Eu sei


que nos daríamos bem.

— Eu sou... — Eu faço uma pausa. As palavras de Henley de


apenas dois minutos atrás voltam para mim em alto e bom som.

Você não pode ficar com ciúmes, você não tem o direito de usar
esse cartão. Temos um acordo. Nada mais e nada menos.

Eu sei que, do seu lugar no armário, Henley pode ouvir cada


palavra que dizemos. Talvez seja hora de alguma vingança.

— Eu adoraria sair com você. — Eu sorrio docemente.

Um estrondo soa no armário e Mason olha em direção a ele. —


O que é que foi isso?
— Meu cachorro idiota e desajeitado.

— Oh... então é um encontro?

— Uh-huh.

— Ótimo. — Mason sorri.

— Estou trabalhando à noite a semana toda, então ligo para


você? — Eu ofereço.

— Claro. — Ele demora, e acho que está procurando um beijo


de boa noite.

— Então, tchau. — Dou-lhe um aceno estranho e fecho a porta


na cara dele.

Porra... Vou ter que sair dessa.

Espero um momento e outro estrondo vem do armário. Eu


sorrio. Não poderia ter sido melhor se eu mesmo tivesse planejado.
Eu abro a porta. — Pronto para sair do intervalo? — Eu pergunto
sarcasticamente.

Seu rosto é assassino. — Você não vai a um maldito encontro


com ele.

Eu ajo inocente. — Você acabou de me dizer que não podemos


ter ciúmes de ninguém e que isso é um acordo, nada mais e nada
menos.

Ele estreita os olhos, sabendo muito bem que eu o peguei.

— Eu não confio nele.

— Que bom que você não vai sair com ele, então, não é?

— Não. — Ele dá um passo à frente, forçando-me a recuar. —


Você não vai sair com ele.
Cruzo os braços de maneira sarcástica. — Você não pode me
dizer o que fazer, Henley.

— Observe. Suba, tire essas roupas e abra as pernas naquela


cama, porque você está prestes a ter algum sentido fodido fora de
você.

A excitação corre através de mim. Eu gosto deste jogo.

— Obrigue-me.

Ele agarra minha mão e me arrasta escada acima e me joga na


cama. — Você fará o que eu digo daqui em diante. Você me ouve?
— ele sussurra com raiva enquanto tira a camiseta pela cabeça.

— Ou o que? — Eu o atraio. Meus olhos descem para seu


abdômen ondulado e para o V de músculos que desaparece em sua
calça jeans.

— Ou você vai ter essa sua boca sarcástica fodida com força...
até você engasgar.

— Você não conseguiu lidar com minha boca.

— Pois veja. — Ele abre o zíper da calça jeans e tira seu pau já
ereto. Parece que Henley também gosta deste jogo. Ele agarra
minha cabeça e guia seu pau em minha boca. Ele então empurra
minha cabeça para ele. Sinto-o deslizar profundamente na minha
garganta e meus olhos se fecham instintivamente enquanto tento
lidar com sua punição.

Hum... ele tem um gosto bom. Minhas entranhas começam a


se liquefazer.

Como ele é tão gostoso?


Ele agarra meu cabelo com as duas mãos enquanto começa a
cavalgar minha boca. — E você vai engolir cada maldita gota.

Henley
Acordo com um salto. Que horas são?

Procuro meu telefone: 5h15. Graças a Deus, não estou


atrasado. Ainda tenho tempo de apreciar a vista por um momento.
Eu rolo em direção a Juliet e a observo enquanto ela dorme. Seu
cabelo loiro mel está espalhado sobre o travesseiro, sua pele
impecável quase brilhando no escuro. Passo a mão sobre seus
seios fartos e desço até seus quadris bem torneados. Passo as
costas dos meus dedos pelos seus pelos púbicos bem cuidados e
sinto meu pau endurecer com sua suavidade.

Porra... ela é linda.

O corpo dela está fora deste mundo, e eu simplesmente não me


canso. Não importa quantas vezes eu fodo com ela, ainda quero
mais.

Levei todas as minhas forças para não escalar a cerca na


semana passada. Ela é tudo em que eu conseguia pensar. Em
breve superarei essa paixão. Mais uma vez e isso deve bastar.

Tenho uma visão de nós dois ontem à noite no chuveiro. A


maneira como ela me levou tão forte, seus beijos, aquela boca
fodível dela..... minhas bolas se contraem.

Levante.

Tenha algum autocontrole, pelo amor de Deus.


Saio da cama e me visto silenciosamente. Vou para casa tomar
banho antes de ir ver o papai. Desço a escada na ponta dos pés e
saio para o quintal. Foda-se. Estou farto de escalar esta maldita
cerca, e só foi uma vez.

Talvez eu devesse abrir um portão?

Não... isso só vai acontecer mais uma vez, lembra?

Eu pulo a cerca, tomo banho e depois vou para a casa de


repouso. Estou saindo da rua quando vejo o idiota correndo.

Meu sangue ferve e eu diminuo a velocidade e abaixo a janela


do carro. — Mason, você acordou cedo.

— Pensei em dar uma corrida. — Ele sorri.

Ele está procurando por ela.

Bem, uma pena, porque ela está seguramente enfiada na cama


com uma boceta quebrada, cuidada pelo meu pau. Ela acha que
está acima de mim. Bem, vou mostrar a ela.

Dirijo ao lado dele enquanto penso em meu próximo


movimento. — Devíamos ter um encontro duplo algum dia, — digo
a ele.

— Sim? — Ele franze a testa.

— Eu e Taryn e você e um encontro.

— Sim. — Ele sorri entusiasmado. — Isso seria incrível, cara.

Pobre idiota.

— Eu poderia fazer com que Juliet viesse, — ele oferece.

Não tão bem quanto posso.


— Está bem então. — Eu fingi um sorriso. — Vou configurar e
te aviso.

— Obrigado, cara. Você é um cara legal.

Eu aceno e vou embora. Eu o observo pelo espelho retrovisor.

— Bom em foder você, idiota, — murmuro baixinho. —


Ninguém toca nela além de mim.
— Bom dia para a adorável Jenny. — Sorrio enquanto caminho
pela área de recepção.

— Bom dia, Henley. — Jenny olha para mim por cima dos
óculos. — Tudo certo?

— Está tudo ótimo. — Entro em meu escritório e começo a


desempacotar minha pasta em minha mesa.

Posso sentir Jenny me observando da porta. — Sua caixa postal


está cheia, — ela diz enquanto se inclina no batente da minha
porta.

— É isso? — Sento-me à minha mesa e estremeço. Juro que


não tenho mais pele no meu pau.

— Faz um tempo que você não pede suas mensagens.

Eu ligo meu computador. — Não foi? — Eu faço login. — Tenho


estado ocupado, eu acho.

Ela continua me observando. — Você está diferente


ultimamente.

Eu olho para cima. — Como assim?

— Você conheceu alguém?

Reviro os olhos. — Porque a única razão possível para eu estar


de bom humor é se eu conhecesse alguém, certo?

— Eu acho que você deveria ler suas mensagens. Vanessa


deixou várias... ela parece frenética.
— OK. — Abro meu e-mail e examino minha caixa de entrada.

Jenny desaparece e então entra e coloca meu telefone portátil


na mesa na minha frente. — Aqui, você pode fazer isso agora.

Pego, desligo e jogo na gaveta de cima.

— Quem é ela? — ela pergunta.

Ugh...

— Agora não, Jen. — Eu suspiro. — Eu e você não somos


amigos. Você sabe disso, não sabe?

— Claro que sim, — ela responde com raiva.

— Então por que você se importa?

— Eu não. Só acho que você deveria manter suas opções em


aberto, só isso.

— OK. — Abro um e-mail. — Eu vou. — Eu folheio meus e-


mails um pouco mais. — Como está Martin?

— Ele é bom.

— Por que você não liga para ele e organiza a vida dele?

Ela exala pesadamente. — Estarei na minha mesa.

Eu arregalo meus olhos. Como você deveria estar.

— Nosso novo estagiário começa hoje, — ela me lembra.

— Ok, obrigado.

Ela fecha a porta atrás dela e eu viro minha cadeira e


estremeço.
Porra, estou dolorido. Essa maldita boceta apertada é como um
ralador de queijo. Tiro meu telefone do bolso e mando uma
mensagem.

Bom dia, senhorita Drinkwater.

Meu pau está dolorido.

Os pontos começam a saltar e eu sorrio enquanto espero pela


resposta dela.

Bom para você.

Essa coisa é uma arma letal.

Pelo menos você pode andar.

Eu rio e digito.

Marquei uma consulta com o Departamento de Registros


Vitais para hoje às 15h.

Vejo os pontos saltarem novamente.

Por quê?

Giro na cadeira e sorrio enquanto digito minha resposta.

Depois de ontem à noite, acho apropriado mudar legalmente


seu nome de Drinkwater para Drinkcome.

Os pontos saltam mais uma vez.

O que posso dizer... havia uma bebida deliciosa em oferta.

#comsede

Toc, Toc. A porta se abre. — Ei, — diz Antony.

#sedento

Eu sorrio e coloco a tela do meu telefone para baixo.


Ele se joga no sofá no canto do meu escritório.

Meu telefone vibra e eu o viro para ler.

Sério.

Seu pau é perfeito!

— Vim ver como foi a noite passada, — ele responde.

Mordo meu lábio inferior para me impedir de sorrir. — Estava


tudo bem. Eu acho.

— Tudo bem?

Eu dou de ombros. — Sim.

— Então... você foi até lá? — Ele franze a testa.

— Uh-huh. E sorte que eu também fiz. Aquele filho da puta do


Mason apareceu e a convidou para sair.

— Eu sabia. — Ele sorri. — Eu estava atrás dele. Ele estava


tentando sintonizá-la a noite toda.

— Você resolveu com ele?

— Ainda não.

Reli o texto dela.

Sério.

Seu pau é perfeito!

— O que é tão engraçado? — ele pergunta.

— O que? — Tento me concentrar novamente. — Nada, por


quê?

— Você parece todo... distraído?

Outra batida soa na porta.


— Entre, — eu chamo.

A porta se abre e uma jovem aparece. Ela tem longos cabelos


escuros e está vestida modestamente com roupas quase Amish.
Ela tem os mais lindos grandes olhos castanhos. — Sr. James, eu
só queria vir conhecê-lo, senhor. Eu sou May. Estou começando
hoje como a nova estagiária.

Ela é doce e inocente, jovem e ingênua.

— Olá, May. — Eu me levanto e ando até ela e estendo minha


mão. — Estamos muito entusiasmados por ter você conosco. Bem
vinda a bordo.

— Obrigada, — ela responde suavemente. Seus olhos se voltam


para Antony. — Olá. — Ela sorri timidamente.

Antony se levanta.

— Este é Antony, um dos meus amigos.

— Oi. — Ele aperta a mão dela.

Sua língua desliza sobre o lábio inferior enquanto ele olha para
ela, e parece que ele quer comê-la inteira.

Porra.

— Você vem até mim se alguém lhe causar algum problema, —


digo a ela.

— Sim, senhor, — ela responde suavemente. — Eu vou. — Ela


olha nervosamente para Antony, e daqui posso sentir o cheiro de
sua ereção.

— Prazer em conhecê-lo.

— O prazer foi todo meu, — murmura Antony.


Ela caminha até a porta e nós a observamos sair. A porta se
fecha atrás dela.

Ele se vira para mim.

— Nem pense nisso, porra, — eu respondo. — Você fica longe


da minha estagiária.

Ele revira os olhos e cai no sofá. Li a mensagem de Juliet


novamente.

Sério.

Seu pau é perfeito!

— Devíamos comemorar com café, — digo a ele.

— O que estamos comemorando?

— Juliet acha que meu pau é perfeito. — Eu sorrio.

— Ugh... porra, inferno. — Ele revira os olhos. — Ela deve estar


desesperada.

Agora são 20h30 e eu navego a Netflix.

Uauuuuu. O chamado do coiote soa por cima da cerca. E eu


reviro os olhos.

Aquele maldito vira-lata.

Juliet está no trabalho e, como era de se esperar, o cachorro


está sendo um pesadelo.

Uauuuuu.
Ele também odeia quando ela está no trabalho... Quero dizer,
não que eu saiba. Eu não poderia me importar menos com o que
ela faz.

Ele continua um pouco mais e eu abro a porta dos fundos. —


Cale a boca, — eu grito.

Ele late novamente.

— Quieto. Agora!

Ele fica quieto.

— É melhor. — Volto para o Netflix. Preciso de uma nova série


ou algo assim. Começo a percorrer. Yellow Stone. Faço uma pausa
e leio a sinopse. Talvez isto. Aperto o play e me acomodo.

Dez minutos depois, vejo algo pelo canto do olho no reflexo do


vidro. Huh?

Algo está se movendo na cozinha.

Olho pelo corredor e vejo o vira-lata parado do lado de fora da


minha porta de vidro deslizante. Ele me vê e abana o rabo. Abro a
porta deslizante de vidro com pressa. — O que você está fazendo
aqui? — Eu rosno.

Ele abana o rabo e levanta as orelhas.

— Vá para casa. — Aponto para a cerca.

Ele anda em círculo.

— Eu disse para ir para casa!

Ele se deita no chão.

— Você não vai dormir aí, — exijo. — Vá para casa.


Ele rola de costas.

— Não. — Eu o cutuco com o pé. — Eu não estou coçando sua


barriga. Que porra você acha que é isso?

Ele rola novamente e rasteja em minha direção.

— Nem tente essa porcaria. Nós não somos amigos. Vá para


casa.

Ele olha para mim, perplexo.

— O chão é duro, seu idiota. Vá para casa, para sua cama.

Ele late.

Ugh, eu odeio esse cachorro idiota.

Juliet
Ando pela minha casa, direto até a porta dos fundos, abro e
olho para o quintal.

Silêncio.

Barry geralmente fica esperando por mim na porta dos fundos


depois de ouvir meu carro chegar em casa.

Hum. Ele deve estar dormindo. Fecho a porta e volto para casa.
Ligo a televisão e coloco um pouco de pão na torradeira. Olho para
o quintal pela janela da cozinha. É estranho que ele não tenha
vindo me ver.

Vou apenas verificar se ele está bem.

Saio para o quintal. E usando a lanterna do meu telefone, vou


até a casinha do cachorro dele. Está vazio.
— Barry, — eu chamo suavemente.

Silêncio.

Porra. Começo a ficar um pouco em pânico. — Barry, — eu


chamo novamente.

Eu ouço um estrondo suave, estrondo, vindo de cima da cerca...


seu abanar de cauda característico.

Olho ao longo da cerca e vejo um novo buraco que ele deve ter
cavado.

Merda, ele está no quintal de Henley.

Se ele destruir tudo de novo, juro por Deus, vou matá-lo.

Saio pelo portão lateral e contorno a cerca. Entrei no quintal de


Henley. Sua casa está toda às escuras. Afinal, já passa da meia-
noite.

Não quero que Henley acorde, então vou na ponta dos pés até
o quintal e ouço o rabo de Barry batendo na varanda. — Shh, —
eu sussurro. Aponto a lanterna para ele e o vejo sentado em uma
cama improvisada.

— O que? — Subo até a varanda e aponto a lanterna; três


travesseiros foram cobertos por um cobertor.

Henley fez uma cama para ele.

Então noto uma tigela de água colocada ao lado dele.

Sorrio bobamente e olho para a janela do quarto de Henley.

Sinto que conheço um segredo, que estou prestes a descobrir


um enorme esconderijo de diamantes que está enterrado
profundamente há anos. Algo valioso e precioso. Inestimável para
seu dono.

Henley James não é um tirano. É o seu mecanismo de defesa.

O homem com o pau perfeito também pode ter o coração


perfeito...

Só preciso descobrir como fazer com que ele me mostre.

Derramo a primeira tinta branca na bandeja do rolo.

Hoje é o dia. Estou começando a pintar minha casa e acho que


nunca fiquei tão animada com alguma coisa. Comprei o
equipamento que preciso e lavei todas as paredes. Coloquei fita
adesiva em todas as janelas e rodapés e estou pronta para arrasar.
Estou começando pelo hall de entrada. Eu enrolo e rolo para baixo.

Ugh, a tinta tem um cheiro forte. Abro a porta da frente para


deixar entrar o ar fresco e continuo meu caminho alegre.

Uma hora depois, — Ei, você — soa na varanda.

Olho para cima e vejo Mason parado na minha porta. — Mason.


— Eu sorrio sem jeito.

— Vim visitar, mas parece que agora estou pintando, —


responde ele.

— Oh não. — Eu balanço minha cabeça. — Eu não faria isso


com você. Obrigada de qualquer maneira.

— Eu insisto. Vou para casa trocar de roupa e depois volto para


ajudar você.

— Não, você não pode, — eu deixo escapar.


Realmente, você não pode. Estou tentando ganhar a confiança
de Henley. Ter você em minha casa só fará com que ele se afaste de
mim.

— Vejo você em cinco minutos. — Ele sorri antes de correr para


casa.

Pelo amor de Deus.

Esta rua é como a porra do Brady Bunch. Por que todos são tão
prestativos?

Henley vai voltar para casa e vê-lo aqui e depois me afastar


novamente.

Ugh...

O que eu faço agora?

Vou mandar uma mensagem para Henley.

Ajuda!

Mason apareceu aqui para me ajudar a pintar.

Aguardo sua resposta.

Diga a ele para se foder.

Eu sorrio. Boa resposta.

Não posso. Ele está sendo prestativo e gentil.

Eu vejo os pontos saltando.

Meu pé na bunda dele também será útil e gentil.

Eu rio e respondo.

Não sabia que você tinha fetiche por pés.

Espero uma resposta, mas nenhuma chega.


Ok, pelo menos ele sabe porquê Mason está aqui agora. Eu me
sinto melhor depois de ter contado a ele. Volto a pintar e, como
prometeu, Mason volta. Ele está vestindo apenas shorts: bíceps e
abdominais por dias.

Que diabos? Ele é cortado como o Hulk. Todo aquele


treinamento em operações especiais certamente vale a pena.

— Não consegui encontrar uma camiseta velha, então acho que


é de pele. — Ele me lança uma piscadela sexy.

Legal.

Eu tenho que dar a ele, isso é muito bom.

— Bem, então — sorrio enquanto volto a pintar — a pele


funciona para mim.

— A pele sempre funciona para mim também, — diz ele. —


Talvez você devesse pintar de roupas íntimas?

Eu rio. — Ah, você gostaria disso? — Eu provoco.

— Eu faria isso, na verdade.

Você nunca me verá nua. Pareço uma água-viva comparada a


você.

— Branco, hein? — Mason diz enquanto coloca um pouco de


tinta em sua bandeja de tinta.

— Sim, estou tentando tornar tudo novo e clássico, —


respondo.

— Eu amo esta casa velha.

— Eu também. Então me conte sobre o seu trabalho, —


pergunto enquanto pinto.
— Sou um SEAL da Marinha.

— Você sempre quis fazer isso?

— Bastante. Eu adorava mergulho e o oceano quando era


jovem, apreciava a disciplina e adorava treinar duro.

Eu posso ver isso.

— Essas coisas meio que andaram juntas, — acrescenta.

Meu telefone emite uma mensagem de texto. É de Henley.

O que está acontecendo?

Eu sorrio e tiro uma foto de Mason pintando de short, com os


músculos à mostra. Eu mando para Henley.

Pintura.

Aguardo sua resposta. Nada acontece, então volto a pintar.

— Então, os caras com quem você mora são amigos íntimos?

— Aah... — Ele hesita. — Eles são. Somos próximos porque


fazemos o mesmo trabalho e nos entendemos. A habitação é
fornecida através do trabalho.

Ele hesitou quando disse isso. Estou lendo porque às vezes eles
o irritam.

— Você sempre morou por aqui?

— Originalmente de Nova York.

— Sério?

— Você parece surpresa. — ele responde.

— Acho que sim – não são muitos os nova-iorquinos que vão


para o exército.
— Você ficaria surpresa. Muitos de nós só queríamos sair.

Continuamos pintando por um tempo.

— E você? — ele pergunta. — Você sempre quis ser enfermeira?

— Um, sim. — Eu dou de ombros. — Eu acho. Gosto de cuidar


das pessoas.

— Deve ser um trabalho gratificante.

— Alguns dias são melhores que outros.

— Parece bom, não é? Imagine quando a casa inteira estiver


pronta. — Ele sorri enquanto se afasta para olhar nosso trabalho.

Conversamos por mais quarenta minutos enquanto


trabalhamos. Mason é realmente um cara muito legal.

Não é meu tipo, mas mesmo assim é um cara legal.

— Olá, — soa uma voz familiar vinda da porta da frente. Olho


para cima e vejo Henley parado ali. — O que está acontecendo
aqui, pintura poser5?

A excitação corre através de mim.

Ele voltou do trabalho!

Isso deve ser amor.

Mason olha para ele sem expressão. — Eu não tinha uma


camiseta velha.

— Claro que não, — Henley murmura secamente enquanto


passa por ele. — Tive o dia de folga, você precisa de alguma ajuda?

5
Exibicionista
Eu digo sim ao mesmo tempo que Mason responde que não.

— Talvez eu devesse abaixar as calças e pintar nu, — Henley


responde casualmente enquanto olha em volta.

Eu sorrio. Aquele pau dele definitivamente venceria qualquer


batalha. — Ai credo. — Eu pareço enojada.

Mason ri.

— Para que você saiba, já me disseram que meu pau é perfeito,


— diz Henley com indiferença enquanto pega um pincel.

— Eu não sabia que você criava galinhas, — responde Mason


enquanto pinta.

— Eu mantenho galos, — responde Henley enquanto rola seu


rolo na bandeja.

— Eu prefiro ficar com bichanos, — Mason responde. — Galos


não me interessam.

Touché.

Henley revira os olhos e tenho vontade de cair na gargalhada.

Isto é perfeito.

— Olá, — soa uma voz feminina irritante da porta da frente.


Todos nós olhamos para cima e vemos Taryn parada ali. — Olha,
olha, o que está acontecendo aqui? — Ela sorri. — Henley, vi seu
carro chegando e estava vindo ver se você estava bem, — ela
ronrona.

— É bom ver que alguém se preocupa comigo, Taryn. — Henley


sorri docemente para mim.

Vá se foder.
Foda-se imediatamente.

— O que vocês estão fazendo? — Taryn pergunta com uma voz


excessivamente dramática.

— Jogando Banco Imobiliário, — respondo sem expressão


enquanto continuo pintando.

Mason ri. — Boa, Juliet.

Henley revira os olhos. — Tão bom, — ele murmura baixinho.

— Posso ajudar?

Eu digo não ao mesmo tempo que Henley diz sim.

— É uma pintura poser, Taryn. É melhor você tirar a roupa, —


diz Henley casualmente enquanto pinta.

— Ah, ah. Ah, Henley, se você tiver a oportunidade de tentar


olhar meu corpo. — Taryn ri.

Idiota.

Mordo o interior da minha bochecha e Henley sorri para a


parede que está pintando.

— Vou para casa e vou vestir algo mais confortável, — responde


Taryn.

— Esta é uma zona livre de saltos e patins, Taryn. — Eu sorrio


docemente. — Não quero que você se machuque agora.

Ela dá uma risada falsa e exagerada e pensa que estou


brincando. Eu não estou. Se ela usar patins, estou 100 por cento
empurrando-a pelos degraus da frente e não vou ressuscitá-la.

Ela atravessa a rua e fico sozinha com os dois homens mais


uma vez.
Um musculoso e meio vestido, outro completamente coberto e
simplesmente irresistível.

— Então, para onde vamos no sábado à noite? — Mason


pergunta a Henley.

Paro de pintar e olho para cima. — O que?

— Vamos ter um encontro duplo. Henley e Taryn e você e eu.


Henley não te contou?

Que porra é essa?

Meus olhos se voltam para Henley. — Não. Ele não contou.

Meu sangue ferve. Ele está levando Taryn para um encontro...


desde quando, porra?

— Na verdade, tenho muita coisa acontecendo esta semana, —


responde Henley. — Teremos que remarcar.

— Tudo bem, — responde Mason. — Juliet e eu não precisamos


de acompanhantes; podemos ir sozinhos. Não podemos?

Dois podem jogar esse jogo, idiota.

— Claro que podemos, — respondo. — Mal posso esperar,


Mason.

Henley olha para mim sem expressão e eu sorrio docemente.


Você é um idiota.

Genuína.

— Aqui estou, — diz Taryn com uma voz cantante da porta.


Todos nós nos viramos para vê-la em minúsculos shorts jeans e
um top de biquíni branco. Seus seios são enormes e perfeitos.
— Parece que também não tenho roupas velhas, — diz ela de
maneira sexy.

Ou qualquer respeito próprio.

Eu realmente deveria ter comprado um pouco de clorofórmio


para meu kit de ferramentas.

— Espero não estar distraindo muito, rapazes. — Ela ri.

Os olhos de Henley dançam com malícia enquanto ele sorri


para mim. — Tenho boas notícias, Taryn, — diz ele.

— O que é isso? — ela diz enquanto pega um pincel.

— Teremos um encontro duplo com Mason e Juliet em algumas


semanas.

— Ah, que bom. — Ela pula para cima e para baixo, e seus seios
saltam como geleia.

Me dê um tempo, porra. Eu olho para ele sem expressão e ele


pisca de brincadeira.

Você vai morrer, filho da puta.

— Oh, eu adoro esse branco, Juliet, — diz Taryn enquanto


pinta um pouco. — Esta será a melhor casa de Kingston Lane.

— Estou feliz que você gostou, — respondo.

Você pode ser enterrada no quintal sob a roseira em breve.

Cerro os dentes enquanto continuo a pintar. Eu não deveria


reclamar. Eu deveria estar grata.

Três pessoas muito generosas estão me ajudando a pintar


minha casa.
Um homem que quer que eu saia com ele.

Um homem que estou tentando fazer se apaixonar por mim.

E a mulher mais sexy do mundo, patinadora, que está


organizando um show particular de pintura da Penthouse Pet.

Foda-se minha vida.

— Ok, então o que acontece? — Chloe pergunta.

— Não sei. Esta é uma operação que ocorre um dia de cada vez.
— Eu dou de ombros.

Chloe, Rebecca e eu estamos tomando café para traçar uma


estratégia para o desastre de minha vida amorosa.

— Então, deixe-me ver se entendi, — responde Rebecca. — Você


disse a ele que não quer nada além de sexo, mas secretamente
quer, e ele concordou.

— Correto. — Concordo com a cabeça enquanto tomo meu café.


Eu penso por um momento. — Mas agora ele está chateado porque
Mason está por aí, então ele pensou em jogar e marcar um
encontro duplo com Taryn, eu e ele.

Ambas franzem a testa. — O que?

— O homem é o maior espertinho que conheço. — Reviro os


olhos. — E o mais quente.

— Bom? — Rebeca pergunta.

— Ridículo.

— Então, o que é isso de encontro duplo?


— Depois da fogueira, Henley veio até minha casa e eu fiquei
chateada por ele ter conversado com Taryn a noite toda.

Rebecca me interrompe. — Com razão.

— Eu e ele estamos discutindo por causa disso, e ele me disse


que não tenho o direito de ficar com ciúmes e ser possessiva, e ele
estava me irritando. Então, no meio da nossa briga, Mason aparece
e Henley se esconde no armário embaixo da escada.

Chloe franze a testa enquanto ouve. — Certo...

— Mason me convida para sair, e eu sei que Henley pode ouvir


tudo o que estamos dizendo, e eu ainda estava com raiva dele
depois de seu comentário de não posso ter ciúmes de Taryn, então
disse sim, sem intenção de realmente ir. Mas então Henley o viu e
para me superar, ele organizou um encontro duplo com Taryn, —
eu deixo escapar rapidamente.

— Caramba, isso está ficando complicado, — Rebecca responde


enquanto segura as têmporas.

— Ah, você acha? — Eu gaguejo. — Esta é uma merda colossal.

— É muito cedo. Você ainda não o prendeu o suficiente para


ter encontros duplos com outras pessoas. O que acontecerá se
Taryn atacar ele? E sabemos que ela o fará. O que você vai fazer
então? Você vai beijar Mason para superá-lo? — Chloe diz.

Arrasto minha mão pelo rosto enquanto considero essa


possibilidade. — Verdade. Eu nem tinha pensado nisso.

— E o que acontece se essa coisa de Mason ficar muito difícil e


Henley pensar 'foda-se' e for embora e realmente for atrás de
Taryn? Ele tem bagagem, lembre-se, e você está em um ponto
muito frágil nesse relacionamento, — responde Rebecca.

— Ainda nem é um relacionamento. — Coloquei minha cabeça


entre as mãos. — Ugh, você está completamente certa. Eu não
pensei muito sobre isso. Por que sou tão espertinha?

— Eu sei o que fazer, — diz Chloe. — Adie o encontro por um


tempo. Não diga nunca, mas finja que tem coisas neste fim de
semana. Assim você terá mais tempo a sós com ele, mas ele ainda
sabe que isso pode acontecer no futuro.

— Sim, — Rebecca suspira. — Perfeito. Dessa forma, ele ainda


estará ciente de que você o escolheu.

Reviro os olhos. — Henley James nunca seria negociado.

— Não deixe ele saber disso.

— Ok, acho que isso poderia funcionar. — Olho para Rebecca.


— O que está acontecendo com John, afinal? Aconteceu alguma
coisa nova?

— Ele vai jogar golfe no fim de semana com os meninos em


algumas semanas. — Ela arregala os olhos.

— Você acha que ele vai?

— Quem sabe, mas acho que se não estou transando, então


outra pessoa deve estar. Ele é muito sexuado para simplesmente
desistir assim.

— Você realmente acha que ele está trapaceando? — Eu


pergunto.
— Não sei. — Ela suspira tristemente. — Mas é tudo em que
consigo pensar. Ele sempre trabalha até tarde, e pensei que fosse
só porque ele é cirurgião, mas e se não for?

— Desculpe. — Eu levo a mão dela sobre a mesa. — Tenho


certeza que vai dar certo.

— Esconda um Apple AirTag no carro dele, — diz Chloe.

— O que?

— Conecte um Apple AirTag ao seu telefone e esconda-o no


carro dele. Dessa forma, se você suspeitar se ele está no trabalho
ou não, poderá ver em preto e branco.

— Não quero ser sorrateira e enganadora, — responde Rebecca.

— Se eu suspeitasse que meu marido estava transando com


outras mulheres — Chloe dá de ombros — eu faria isso.

— Você apenas se concentra em pegar o Dr. Grayson, — eu


respondo. — Você pode ser tão insensível às vezes. Este não é
apenas um cara com quem ela está transando. Este é o marido
dela, Chloe.

— Falando em um cara com quem você está transando... —


Rebecca aponta para meu telefone na mesa. Acabou de chegar
uma mensagem.

Henley

Uma emoção percorre meu corpo ao ver seu nome iluminar


minha tela.

Clico para abrir.

Sua vez de pular a cerca esta noite.


Eu sorrio bobamente.

— O que diz? — Chloe pergunta.

— 'Sua vez de pular a cerca esta noite.'— Eu sorrio, animada.

— Não, jogue duro, lembre-se, — Rebecca me lembra.

— Mas eu quero vê-lo.

— Então diga a ele para ir até sua casa, — diz Chloe.

— OK. — Eu mando uma mensagem de volta.

Venha para o meu lugar.

Vejo os pontos saltando e sorrio enquanto espero pela resposta


dele.

Não, tem que ser minha casa.

Quero apresentar a você meu balanço.

— O que? — Eu sussurro. — O pau dele é grande demais para


uma porra de um balanço sexual.

— Ele tem um balanço sexual? — Chloe engasga. — Oh, foda-


me até morrer. Sempre quis experimentar um desses. Estou
vivendo indiretamente através de você agora.

Eu mando uma mensagem de volta.

Isso não está acontecendo.

— Por que você escreveu isso? — Chloe engasga.

— Ele vai me quebrar ao meio, — eu suspiro. — Você viu o pau


dele?

— Não, mas eu quero, — responde Chloe. — Você pode tirar


uma foto hoje à noite?
Meu telefone toca imediatamente. O nome Henley ilumina a
tela.

— Querido senhor, ele está ligando, — Chloe gagueja.

Eu respondo enquanto tento parecer legal. — Olá, Henley.

— Boa tarde, Srta. Drinkwater, — responde sua voz profunda


e sexy.

Borboletas rodopiam em meu estômago. Apenas o som de sua


voz faz coisas comigo.

Olho para as meninas enquanto elas ouvem cada palavra


minha, e me levanto e saio para ter um pouco de privacidade.

— Oi. — Eu sorrio bobamente.

— Oi. — Posso dizer que ele também está sorrindo.

— Por que está me ligando?

— Para conseguir o que quero.

Eu rio. — Henley... não podemos fazer isso. — Baixo a voz e


olho em volta para ver se alguém consegue me ouvir.

— Sim, nós podemos.

Baixo minha voz para um sussurro. — Você é grande demais


para mim.

— Absurdo. É um ajuste perfeito.

Eu me sinto corar. — Nós precisamos de mais... prática.

— Você realmente acha que vou machucar você?

— Eu acabei de... — Eu hesito.

— Você só o quê?
— Somos apenas novos nisso. Seu corpo é muito mais... Preciso
que você seja paciente comigo.

Ele fica em silêncio e sei que está considerando meu pedido. —


Eu nunca machucaria você, Juliet.

— Eu sei. — Eu sorrio timidamente. — Só quero conhecê-lo


melhor primeiro em um ambiente mais familiar.

Ele exala, mas permanece em silêncio.

— Então você vai pular a cerca por mim? — Eu pergunto


esperançosamente.

— Apenas para você.

— Mal posso esperar, — eu digo. — Que horas?

— Dez minutos?

Eu rio. — Cerca das oito?

— OK...

Ele fica na linha e eu sorrio bobamente.

— Adeus, Sr. James.

— Adeus, doce Juliet.

Desligo e praticamente flutuo de volta para a mesa.

— Bem? — as meninas perguntam impacientemente.

— Acho que ganhei aquela rodada, ele vem hoje à noite. Essa
coisa difícil de conseguir é realmente muito divertida.

Toque, toque, toque na porta dos fundos e meu coração martela


no peito.
Ele está aqui.

Oh cara, algum dia ficarei imune à sua beleza?

Abro a porta às pressas e lá está ele: calça jeans, camiseta


branca, cabelo escuro, ombros largos e uma expressão que poderia
derreter a Antártica.

— Oi, — eu sussurro nervosamente.

Ele dá um passo à frente e me envolve em seus braços, seus


lábios tomando os meus. — Eu estive esperando para beijar você
o dia todo, — ele murmura contra meus lábios.

E aí está... as nove palavras que me fazem ter palpitações


cardíacas.

— Você esteve? — Eu sorrio.

Suas mãos vão para meu traseiro e ele arrasta meus quadris
sobre sua ereção, e sinto o quão duro ele já está.

Ele não está brincando.

Eu lambo seus lábios. — Você está com tesão, Sr. James?

Seus olhos escuros seguram os meus, e ele abre o zíper da calça


jeans e puxa seu pau para fora. — Vou deixar você julgar isso.

Meus olhos caem para sua ereção, inchada, com veias grossas
correndo por toda sua extensão.

Sinto uma vibração lá embaixo.

Seriamente...

Já houve um pau mais bonito na história da vida humana?

— Achei que você estava vindo para conversar, — sussurro.


Ele sorri sombriamente e tira minha camisola pela cabeça e a
joga para o lado. Seus olhos caem para meus seios nus. — Não é
com a sua boca que eu quero falar.

Ele é tão travesso.

— Com o que você quer conversar? — Eu me faço de boba.

Ele me levanta e me senta no balcão da cozinha. Nós nos


encaramos e então ele desliza minha calcinha pelas minhas pernas
e a tira. — Quero falar com o supervisor. — Ele circula as quatro
pontas dos dedos sobre meu clitóris.

É uma sensação boa.

Ele abre minhas pernas e então desliza o dedo profundamente


em meu sexo e começa a me bombear. Então ele acrescenta outro
dedo, depois outro.

Fecho os olhos para lidar com o prazer. — Esse é um bom lugar


para começar.

O som da minha excitação sugando-o ecoa pela cozinha. Eita...


ele está aqui há dois minutos.

Somos como animais juntos.

Ele coloca a boca no meu ouvido. — Eu me fodi duas vezes hoje,


imaginando fazer isso com você, — ele sussurra.

Estremeço com suas palavras sujas e aperto meu sexo em seus


dedos.

Ele sorri sombriamente. — Você gosta da ideia de eu me foder?


Eu choramingo enquanto ele me monta duro. Meus seios
começam a saltar, e ele se curva e coloca um mamilo na boca e me
morde. A excitação surge através de mim quando perco o controle.

Ele me levanta e caímos de volta no sofá, e em um movimento


brusco ele me puxa para cima dele. Seu pau grosso desliza
profundamente. Nós dois gememos de prazer.

Perdemos o controle, fodendo um ao outro forte e alto.

Meus joelhos estão ao redor de seus ombros, e ele está


profundamente dentro de mim, me queimando de dentro para fora.

Inclino a cabeça para trás e grito quando gozo com pressa, e ele
se segura profundamente.

Um orgasmo devastador roubando a sanidade de nós dois.

E então ele me beija, suave e terno. Como se ele estivesse


sentindo minha falta o dia todo.

Assim como eu estava sentindo falta dele.

— Oi. — Ele sorri, quase como se estivesse envergonhado com


a nossa falta de controle.

— Oi. — Eu sorrio timidamente para ele.

Ele está desgrenhado e simplesmente fodido. Seu cabelo escuro


caindo sobre a testa. Seu corpo ainda dentro do meu.

— Essa foi uma ótima conversa. — Ele sorri.

Eu rio e coloco minha cabeça em seu ombro, e então um


pensamento passa pela minha cabeça.

Porra.

Sem preservativo.
Henley
Meu coração está acelerando. O mais alto dos euforia me
invade e eu beijo a têmpora de Juliet em um brilho pós-orgásmico.

Deus, ela é perfeita.

Eu a sinto enrijecer. — O que está errado? — Eu sussurro


enquanto seguro seu rosto em minhas mãos e a beijo suavemente.

— Nada. — Ela me beija de volta. — Estou tomando pílula.


Tudo bem.

O que?

Sem preservativo?

O que?

Eu saio e dou um passo para trás para olhar para mim mesmo,
horrorizado.

A terra gira abaixo de mim. — O que você quer dizer?

Como diabos eu esqueci uma camisinha?

Não... Oh meu Deus.

Passo minhas duas mãos pelo cabelo. O ar deixou meus


pulmões.

— Henley, está tudo bem, — ela diz com uma voz suave, como
se estivesse falando com uma criança. — Tudo bem. Estávamos
simplesmente perdidos no momento. Tudo bem.
— Como isso está bem? — Eu gaguejo, com os olhos
arregalados.

— Estou tomando pílula, desde que você não tenha uma DST.

— Eu não tenho a porra de uma DST, — cuspo com raiva.


Fecho o zíper da minha calça jeans com um estalo brusco.

Os olhos de Juliet procuram os meus. — Henley...?

— Não. — Viro as costas, incapaz de olhá-la nos olhos. —


Desculpe. — Eu me esforço para encontrar as palavras certas. —
Eu sou... isso não está bem.

Um grande nó está aninhado no fundo da minha garganta e


fecho os olhos. Meu peito sobe e desce enquanto luto por ar. — Eu
tenho que ir.

— Henley, — ela sussurra. — Não deixe isso estragar a nossa


noite. Está bem. Eu prometo a você que estou tomando pílula.

— Nada sobre isso está bem, Juliet, — eu respondo. Tropeço


na porta.

— Henley, — Juliet me chama.

Antes que eu perceba, estou caminhando para minha casa.


Entrei pela porta e bati-a com força atrás de mim.

Encosto-me na parte de trás dela, como se estivesse me


escondendo do pelotão de fuzilamento.

Talvez eu esteja.

Olho ao redor da minha casa vazia, escura e silenciosa. Eu não


quero estar aqui, droga... Eu realmente queria ficar com ela esta
noite.
Você já conseguiu o que queria.

Fecho os olhos com desgosto.

Nem mesmo perto.

Terça-feira
Entro no restaurante e olho em volta. Blake me vê e me acena.
Vou até ele e Anthony.

— Ei, — suspiro enquanto puxo uma cadeira. Eles estão em


uma conversa profunda.

— Oi, — os dois respondem sem olhar para mim.

— E depois o que aconteceu? — Ant pergunta a Blake.

— É ela.

— Quem é ela? — Pergunto enquanto tento acompanhar a


conversa.

— Adivinha quem é Holly? — Blake levanta uma sobrancelha.

— Quem é Holly mesmo? — Eu franzir a testa.

— A garota com quem estou saindo. — Ele arregala os olhos


como se eu fosse estúpido. — A gostosa.

— Não consigo acompanhar, elas são todas gostosas.

— Isto é verdade. — Anthony bebe sua cerveja.


— Super Soaker6, — responde Blake.

— O que? — Eu franzir a testa.

— Super Soaker é irmã de Holly, — Blake responde. — E agora


estou totalmente fodido porque fiz um milhão de sexos a três com
ela, e ela vai contar a Holly todos os detalhes sórdidos, e Holly acha
que sou mais santo que Deus.

Belisco a ponta do meu nariz. — Você machucou meu cérebro,


sabia disso?

— Espere... — Antony franze a testa. — Como você sabe?

— Porque Holly me mostrou fotos de sua irmã em seu telefone,


e é a mesma garota desagradável que esguicha como a porra de
uma mangueira de incêndio.

Eu rio enquanto me lembro dos detalhes mais sutis. — Isso


mesmo. Tudo está voltando para mim agora.

— Holly esguicha? — Antony pergunta.

— Não sei. Ainda não dormi com ela, — ele zomba.

— O que? — Nós dois suspiramos. Isso é inédito.

— Holly é uma — ele levanta os dedos e aspas no ar — uma


garota legal.

Os olhos de Ant e os meus se encontram enquanto tentamos


decidir se Holly também é uma esguichadora.

— Acho que teria que ser genético, — digo.

6
Super Soaker é uma marca americana de pistola de água recreativa que usa ar pressurizado manualmente
para disparar água com maior potência, alcance e precisão do que as pistolas de esguicho convencionais. Aqui
ele chama assim pelo ato sexual.
— Certamente, — Ant concorda.

Blake revira os olhos. — Vocês não estão me ouvindo, seus


idiotas. Temos problemas maiores do que se Holly é uma
esguichadora.

Minha mente vai para Juliet e exalo pesadamente. — Você está


certo, nós temos.

— Eu não acho que ela vai dizer nada. Ninguém conta a um


membro da família que eles fazem gangbang7, — continua Ant.

Mas minha mente não está nesta conversa.

Está com a doce Juliet, pensando em como ela parecia perfeita


naquela noite... de como eu estraguei tudo.

Eu me pergunto o que ela está fazendo agora.

Quinze minutos depois, minha paz é interrompida e levanto os


olhos. — Huh?

— O que diabos há de errado com você hoje? — Ant estala. —


Você não disse uma palavra durante toda a manhã.

Eu dou de ombros. — Desculpe, distraído.

— Com o quê?

— Ninguém, — respondo um pouco rápido demais.

— Não teria nada a ver com aquela sua vizinha gostosa, não é?

— Não. — Cortei meu café da manhã e comi um bocado enorme.


— Terminei com isso.

7
Sexo em grupo
— Por quê? Achei que vocês dois iriam fazer aquela coisa de
amizade com benefícios.

— Não estou mais interessado.

— Besteira.

Dou de ombros enquanto tento agir casualmente. — Estou


falando sério.

Antony se recosta na cadeira. Seus olhos avaliadores prendem


os meus. — Alguém vai aparecer e roubá-la bem debaixo do seu
nariz, seu idiota.

— Não me importo, — eu respondo.

— Veremos sobre isso.

— De qualquer forma, ela não está atrás de um relacionamento,


— digo a eles.

— Até que ela encontre outra pessoa para ser seu amigo com
benefícios e ele se apaixona desesperadamente por ela. Você é um
idiota, cara.

A conversa se volta para o trabalho de Blake e minha mente


volta para ela.

Sempre de volta para ela, e estou farto disso.

Eu preciso dela fora do meu sistema.

Sento-me na minha mesa e olho para o espaço. A semana foi


longa e deprimente.

Todas as noites, antes de adormecer, digo a mim mesmo que


amanhã irei até a casa de Juliet, pedirei desculpas e implorarei
para vê-la... mas então chega o amanhã e eu simplesmente não
faço isso.

Por que sou assim? Ou o que poderia estar errado comigo para
me tornar um idiota tão egoísta?

Por que eu me torturo dessa maneira?

Tudo o que quero fazer é vê-la, segurá-la em meus braços e


dizer que senti falta dela.

Isso não deveria ser difícil. Deveria ser a coisa mais natural do
mundo.

Logicamente eu sei disso, então por que não posso fazer isso?

Abro a gaveta de cima da minha mesa, vasculho e vejo o que


procuro bem no fundo, enterrado embaixo de tudo. Eu o retiro e
olho para ele em minhas mãos.

ARON STEVENS

PSICÓLOGO

Eu tenho esse cartão há anos. Ele deveria ser o melhor dos


melhores, capaz de consertar qualquer um.

Chame-o.

Não vai ajudar. O que ele poderia dizer para melhorar tudo
isso?

Chame-o.

Com dedos trêmulos eu disco o número dele e espero enquanto


ele toca.

— Aaron Stevens, — responde uma mulher, e quando ouço a


voz dela, desligo imediatamente o telefone.
Porra.

Passo as mãos pelos cabelos. Eu não preciso dessa merda.


Estou bem. Só preciso parar de pensar nela, só isso. Se eu não
estiver perto dela, ela não poderá me fazer sentir assim.

Para frente e para cima.

Juliet
Carrego as toalhas pelo corredor e diminuo a velocidade
quando chego ao final do corredor. Estou na casa de repouso esta
noite. E mesmo sabendo que ele não se lembra do filho, sei que é
o pai dele.

Paro na porta e o observo pela janela por um momento. Ele está


deitado na cama assistindo televisão, aparentemente feliz como
um molusco.

Quer dizer, ele está feliz porque, felizmente, não se lembra de


ficar triste. Eu me preparo e bato suavemente. — Entre, — ele
chama.

— Olá. — Eu sorrio enquanto abro a porta. — Como você está,


Sr. James?

— Bom. — Ele continua assistindo televisão. Olho para cima e


vejo que é um jogo de futebol hoje à noite.

Troco as toalhas e endireito os cobertores. — Você teve um bom


dia?

— Estava tudo bem. — Seus olhos permanecem focados na tela.


— Melhor se aquele maldito gato parasse de se coçar.
Eu sorrio e dobro o cobertor aos seus pés. — Ele é irritante, não
é?

— Você não tem ideia, — ele resmunga. — Está me dando nos


nervos.

Sorrio, e algo no Sr. James me faz sentir melhor. Estou


realmente sentindo falta dos meus pais esta semana.

O telefone ao lado da cama toca e eu olho para ele.

— Atenda isso, por favor, — ele diz casualmente.

— Mas...

— Atenda o maldito telefone, — ele exige. — Aperte o botão de


falar.

Pego o telefone e aperto o viva-voz. Eu ouço a voz de Henley. —


Oi pai.

A emoção me enche ao som de sua voz.

— Quem é aquele? — O Sr. James responde.

— É Henley.

Os olhos do Sr. James brilham. — Henley. — Ele sorri. — Você


foi para a pré-escola hoje, filho?

— Hoje não, pai, — responde Henley.

Meu coração dói por ele.

— Diga a sua mãe para vir e me trazer para casa.

— OK. — A voz de Henley é suave e triste.

— Pergunte a ele se ele está bem, — sussurro para o Sr. James.

Ele franze a testa.


— Pergunte a ele se ele está bem, — repito.

— Você está bem, Henley? — ele pergunta.

— Sim, estou bem. Tive dias melhores, eu acho.

Lágrimas enchem meus olhos. Posso ouvir a tristeza em sua


voz.

— O que você comeu no jantar? — Henley pergunta.

— Eles ainda não me alimentaram.

Olho para os pratos vazios na mesa que ainda estão esperando


para serem recolhidos.

— Você teria jantado, pai. Você simplesmente esqueceu, —


Henley diz a ele.

— Não. Estou morrendo de fome. Coloque sua mãe no telefone.

— Ela está ocupada agora.

— Ela vem me buscar ou não? — ele estala.

— Em breve, — diz Henley.

Eu sorrio. Ele é tão paciente com ele.

— Eu te amo, pai, — diz Henley suavemente.

Meu coração se contrai.

O Sr. James acena com a cabeça, mas não responde.

— Diga de volta, — eu sussurro.

— Huh?

— Diga de volta, — repito.

— Diga o que de volta? — ele resmunga.


Pelo amor de Deus...

— Vou deixar você ir, — diz Henley.

— Volte para a escola, Hen. Seja um bom menino agora.


Construiremos algo quando você chegar em casa.

— OK. Parece bom.

Eu sorrio enquanto ouço.

— Tchau, pai. — O telefone fica mudo quando ele desliga.

Eu me deito na cama, desapontada por Henley não ter recebido


o seu eu te amo de volta. O que é ridículo porque, quero dizer, por
que eu deveria me importar?

Ele e eu estamos no relacionamento mais fodido do mundo. Ele


não me ligou desde que saiu furioso naquela noite, e o pior é que
não espero que ele ligue.

É como se eu estivesse me acostumando com a disfunção e


agora até esperando por isso.

Vou nos dar mais algumas semanas e então terei que decidir
para onde iremos a partir daqui.

Nada é fácil, não é?

Quinta de manhã eu me alongo para correr. — Bom dia, Carol,


— eu chamo.

— Bom dia, querida. — Carol sorri enquanto atravessa a rua


em minha direção. — Lindo dia, não é?

— Claro que é.
A porta da frente de Henley se abre e ele sai. Ele olha para cima
e nos vê. Seu passo vacila um pouco. Meu coração dá cambalhotas
no peito. Foda-se. Eu odeio que apenas vê-lo faça meu coração
disparar.

Por que ele me afeta tanto?

Ele acena e abaixa a cabeça.

Ele vai vir?

Observo enquanto ele anda e entra no carro. E então, sem fazer


contato visual, ele acena rapidamente enquanto passa por nós na
estrada.

Meu coração afunda.

Tenho a sensação de que não vai ficar tudo bem entre nós.

Preciso descobrir como vou nos consertar, mas e se ele estiver


muito quebrado e nunca for consertado?

Talvez não haja nada para consertar. Talvez essa conexão que
temos esteja toda na minha cabeça.

Não.

Eu não estou imaginando isso. Eu sei que não estou.

Na verdade, a única coisa que tenho certeza é como ele me faz


sentir. É real e cru, um vício devastador que nunca senti antes.

E não importa o quão autodestrutivo eu saiba que isso é,


preciso seguir até o fim e ver onde isso vai dar.

Eu quero tentar.
Dou uma última olhada no espelho, vestindo meu uniforme
verde e com o cabelo preso em um rabo de cavalo alto. Estou
tentando o meu melhor para ser um pornô de enfermeira gostosa.

É quinta-feira à noite e, sem uma única palavra de Henley,


estou resolvendo o problema com minhas próprias mãos.

É melhor ele morder a isca.

— Ok, é isso. Estou oferecendo a ele um ramo de oliveira e, se


ele não aceitar, pufe para ele. — Olho para meu fiel melhor amigo.
— Deseje-me sorte, Barry. — Desço as escadas e pego a chave no
balcão e vou até a casa de Henley.

Bato na porta dele.

TOC Toc.

Estrondo.

Estrondo.

Boom bate no meu coração.

A porta se abre rapidamente e fico cara a cara com Henley


James. Ele está vestindo cueca boxer de cetim azul marinho e está
sem camisa, com cabelos escuros e rosto perfeito. Seu corpo
rasgado só me deixa mais nervosa.

Há muita coisa em jogo aqui.

— Oi. — Eu sorrio sem jeito.

— Oi.

— Hum. — Franzo a testa enquanto tento acertar meu discurso


antes de dizê-lo em voz alta. — Estou indo trabalhar no turno da
noite e Barry parece nervoso hoje, e estou preocupada que ele
possa latir e mantê-lo acordado. — Estou deixando escapar as
palavras com pressa. — Então eu estava pensando que se eu te
desse uma chave e ele estivesse fazendo barulho, você poderia ir
até minha casa e colocá-lo lá dentro. — Entrego a chave da minha
casa para ele. — Porque somos amigos e tudo. — Dou de ombros
nervosamente.

Ele não tira a chave da minha mão estendida. Em vez disso, ele
me dá um sorriso lento e sexy e se inclina no batente da porta.

Engulo o nó na garganta enquanto espero pela resposta dele.


— O que você acha?

Seus olhos escuros percorrem meu corpo e depois voltam para


meu rosto. — Acho que você deveria entrar por um momento.

— Você acha?

Ele concorda. — Eu acho. — Ele dá um passo para o lado e eu


passo por ele, e ele fecha a porta atrás de nós e então me prende
contra ela e coloca os lábios no meu ouvido. — Você deveria saber
melhor do que vir aqui parecendo um maldito sonho molhado.

Borboletas dançam em meu estômago com sua proximidade.

Ele pega meu rosto em suas mãos e me beija. Seus lábios


permanecem sobre os meus com a quantidade perfeita de sucção.
— Oi, — ele murmura contra meus lábios.

— Oi. — Eu sorrio timidamente.

Ele me beija novamente e sinto sua ereção crescer contra meu


quadril. — O que você vai fazer no sábado à noite? — ele pergunta.

Aah...
— Nada. — Seus lábios tomam os meus novamente enquanto
nosso beijo se aprofunda.

Droga, ele é bom nisso.

— Tenho ingressos para a ópera.

— Você tem?

— Você gosta de ópera?

Eu gosto, agora.

— Nós devemos ir. — Ele lambe meus lábios abertos e sinto


isso entre minhas pernas.

Meu cérebro saiu oficialmente do prédio. — Uh-huh...

— Mas isso significaria ficar na cidade.

Sou literalmente um gênio. Este plano está funcionando


perfeitamente. Ele está me convidando para um encontro – não
qualquer encontro, um encontro que dura a noite inteira.

— Suponho que podemos fazer isso. — Tento agir casualmente.

Continuamos nos beijando, e ele desliza a mão pela frente da


minha calça e desliza as pontas dos dedos pelos lábios do meu
sexo. Ele me trabalha enquanto nos beijamos e vejo estrelas.

Oh...

Nós nem conseguimos entrar. Ainda estou presa na parte de


trás da porta da frente.

Animais.

Ele me levanta, querendo mais.

— Eu tenho que ir trabalhar, Henley.


— Você tem trabalho a fazer aqui. — Ele me carrega até o sofá
e me joga nele. Eu rio enquanto pulo. Ele rasteja sobre mim, sua
ereção agora aparecendo por cima de sua cueca boxer. A pré-
ejaculação está pingando da sua extremidade.

Ah... Quero isso.

Este homem...

De repente, nosso beijo se torna frenético. Ele segura minhas


pernas enquanto esfrega sua ereção no meu sexo.

Nós nos encaramos enquanto o desespero corre entre nós.

Tão quente.

Espere um minuto, que porra está acontecendo aqui? Não


tenho nenhuma restrição quando se trata dele. Quem sou eu? Esta
é apenas uma missão de inteligência.

Ir trabalhar.

— Henley, eu tenho que ir.

— Não, você tem que gozar. — Ele sorri sombriamente contra


meus lábios enquanto me bombeia com os quadris.

Eu também.

Não, jogue com calma.

— Você é um maldito maníaco sexual, Henley James.

— Você me faz um.

Eu saio debaixo dele e fico de pé. — Sábado.

Seus olhos seguram os meus. — Sábado... — ele sussurra


sombriamente.
O ar gira entre nós e, caramba, ele consegue sentir isso?

Seja lá o que for...

Eu o beijo rapidamente e, sem olhar para trás, saio pela porta.


Desço os degraus me sentindo triunfante e só quero pular e dar
um soco no ar.

Aterragem!

— Boa noite, Sra. Greenwell. — Eu sorrio enquanto entro na


sala. — Como está minha paciente favorita?

Os olhos da Sra. Greenwell se iluminam. — Aqui está ela,


minha enfermeira favorita. Olá, Juliet, estava esperando por você.

Afofo seus travesseiros e ajusto sua cama. Examino seu


prontuário. — Você teve controle extra da dor ontem à noite. — Eu
olho para ela em questão.

— Sim, foi uma noite terrível. — Ela balança a cabeça. — E eu


não gosto dela: Michelle. Ela não é muito legal, não é?

Michelle é gerente de turno e não, ela não é muito legal. Não


que eu vá admitir isso.

— Comporte-se, Sra. Greenwell. — Sorrio enquanto reajusto


um pouco mais os travesseiros.

— Ela tem um problema terrível ao lado da cama, e visto que


estou na cama... — Ela levanta as sobrancelhas sarcasticamente.
— Acho que deveria saber.

Eu rio. A Sra. Greenwell tem quase oitenta anos e quebrou o


quadril, ela está no hospital há mais de um mês e é uma
personagem e tanto. Pego-me pensando nela nos meus dias de
folga.

— Como foi seu dia? — ela pergunta.

— Fantástico. — Eu sorrio. — Eu estou flutuando no ar.

A Sra. Greenwell sorri. — Acontece que não teria nada a ver


com um certo vizinho mal-humorado, não é?

— Talvez. — Eu sorrio.

— Eu vivo para suas histórias. — Ela dá um tapinha na cama


ao lado dela. — Conte-me tudo.

— Bem. — Eu me sento na cama. — Só rapidamente. Eu tenho


que voltar ao trabalho. Fui vê-lo hoje e ele me convidou para ir à
ópera no sábado à noite.

— Ele fez? — Seus olhos se arregalam.

— Sim. — Eu sorrio com orgulho. — Um encontro de verdade.

Ela pega minha mão na dela. — Ele já está praticamente


apaixonado por você, querida.

— Ah! Eu queria. — Eu sorrio enquanto estou de pé. — Estarei


de volta daqui a pouco. Eu tenho que verificar todos. Precisa de
alguma coisa?

— Eu adoraria um copo de xerez.

— Agora, você sabe que não tenho permissão para lhe dar nada,
mesmo que tivéssemos algum.

Ela solta um suspiro profundo. — Este lugar não é divertido.


— Conte-me sobre isso. — Deixo a Sra. Greenwell e ando pelo
corredor. Depois de uma semana infernal, tudo finalmente está
dando certo.

Vou a um encontro com Henley, não a um tipo de encontro do


tipo pule por cima da cerca no meio da noite. Um encontro real e
genuíno.

Para a ópera, nada menos.

Só espero que corra bem. Tem que ser.

— Você está linda, — Rebecca diz de seu lugar no balcão da


minha cozinha.

— Ele está frito, — Chloe interrompe.

Eu olho entre minhas duas amigas. — Não acredito que vocês


duas estão saindo sem mim.

Chloe veio passar a noite com Barry e, com John fora, Rebecca
está sozinha em casa. Elas estão comendo pizza e coquetéis na
minha varanda, sem mim.

— Como se você não fosse se divertir mais, — Rebecca zomba


em sua taça de vinho.

— Ainda acho que Henley é um esquisito, — Chloe responde.

— Eu não acho, eu sei, — concordo.

— Quero dizer, quem esquece uma camisinha e então


enlouquece completamente e vai embora no meio de tudo e depois
não fala com você a semana toda e depois te convida para ir à ópera
em um encontro?
— Um esquisito, — Rebecca e eu dizemos juntas.

— Ela está desfazendo a bagagem, — Rebecca interrompe.

— Um caminhão cheio disso. — Pego meus seios e os coloco no


sutiã. — Eu pareço bem?

— Você parece bem.

— Ok, vou indo. — Decidimos que eu o encontraria no hotel.


Carol não perde o ritmo por aqui, e vai ser estranho se alguém
souber sobre nós.

Embora eu tenha a sensação de que Blake e Antony já sabem.


Eles parecem estar muito conversadores ultimamente, mas isso
pode ser minha consciência pesada falando.

Não tenho jeito para guardar segredos.

— Tenham uma boa noite.

— Boa sorte. — Rebeca me abraça.

— Chute-o para o meio-fio se ele for um idiota.

Eu sopro ar em minhas bochechas. — É Henley. Já sabemos


que ele vai ser um idiota.

— Verdade.

Com um último aceno, vou até o carro e mando uma mensagem


para Henley.

Estou a caminho.

Uma resposta volta imediatamente.

Encontre-me no bar lá embaixo.


Os nervos dançam no meu estômago. Encontrar um cara
gostoso e misterioso no bar de um hotel: é tudo tão exótico. Como
um filme de espionagem ou algo assim, espero que termine bem.

Dou uma última olhada no meu rosto pelo espelho retrovisor.

Eu estou nervosa.

E eu sei que é estúpido e que não deveria ser, porque este não
é meu primeiro encontro, especialmente com Henley. Mas é isso:
cada vez que estou com ele parece a primeira vez, e talvez seja por
isso que estou tão nervosa... Sei em meu coração que isso é algo
especial, ou pelo menos poderia ser.

Ninguém nunca me fez sentir do jeito que ele faz.

Preciso lembrar Henley James da química que compartilhamos.

Explodir a porra da mente dele.

Saio do carro e vou para o hotel. É super chique, com porteiros


de terno preto por perto. Os pisos são de um lindo mármore verde
e enormes lustres enormes estão pendurados nos tetos
ornamentados. Vejo o restaurante e o bar e entro, e
instantaneamente me sinto mais à vontade. Aqui é mais agradável,
com um ambiente muito mais descontraído. Mesas e cadeiras de
madeira e metal e velas em pequenos vasos de cobre estão em
todas as mesas. O bar é de madeira escura com bancos antigos
alinhados. Grandes luminárias de cobre pendem sobre ela.

Eu sorrio enquanto olho ao redor. Isso é legal.

Meus olhos percorrem a sala e então o vejo sentado na mesa do


canto.
Ele me dá um sorriso lento e sexy, e a excitação toma conta de
mim. Durante toda a semana não pensei em mais nada além dele
e em estar aqui agora...

Jogue com calma.

Sorrio e, tentando ser o mais casual possível, vou até a mesa.


— Oi. — Puxo a cadeira.

— Olá. — Ele bate no sofá ao lado dele. — Sente-se aqui.

Meu estômago revira, ando ao redor da mesa e deslizo ao lado


dele.

— Oi. — Ele pega meu rosto em suas mãos e me beija


suavemente. — Você está atrasada. — ele ronrona.

E você é perfeito.
— Vale a pena esperar pelas coisas boas? — Eu saio de seu
aperto, tentando o meu melhor para jogar duro.

Ele enche duas taças de vinho de uma garrafa que está com
gelo sobre a mesa e passa uma para mim.

— Champanhe. — Eu sorrio. — O que estamos comemorando?

— Bem — ele bate o copo no meu e toma um gole — chegamos.


— Ele levanta a sobrancelha de brincadeira.

— Você quer dizer que superamos nosso primeiro colapso? —


Eu sorrio.

Ele abre um sorriso incrivelmente lindo. — Mas nós fizemos?

Seu sorriso faz coisas comigo. Sinto tremores até os dedos dos
pés. — Nós fizemos.

Ele se inclina e me beija novamente. Seus lábios permanecem


sobre os meus e começo a perder de vista a missão.

O que há com esse homem?

Ele me beija de novo e de novo, e meus olhos se fecham contra


a minha vontade.

Foco.

— Henley. — Eu sorrio timidamente enquanto me liberto de seu


aperto. — Estamos em um restaurante lotado.

— Eu não dou a mínima para onde estamos. Eu quero te beijar.


— E você vai. — Pego sua mão na minha e seguro-a contra a
outra mão, apoiando-me em seu músculo quadríceps grosso. —
Mais tarde. — Eu sorrio.

Ele exala pesadamente. — Eu não vi você a semana toda.

Ele sentiu minha falta.

— Eu sei, — respondo como se não me importasse.

— O que você fez a semana toda? — ele pergunta enquanto


bebe seu champanhe.

Senti sua falta.

— Trabalhando, pintando.

— Mason ajudou você?

— Não.

— E o outro idiota?

Eu rio. — Você quer dizer meu designer de interiores, aquele de


quem você tem ciúmes, Joel?

— Não tenho ciúmes de Joel, — ele responde. — Ele está... —


Ele faz uma pausa como se estivesse tentando escolher as palavras
com cuidado.

Eu interrompi. — Tocando nas suas coisas.

Ele sorri com a minha analogia. — Sim.

— Então eu sou sua praia agora?

Seus olhos escuros caem em meus lábios. — Sim.

O ar estala entre nós enquanto olhamos um para o outro.

Você é definitivamente minha praia.


Ele agarra meu rosto e me beija novamente, sua língua
passando pelos meus lábios abertos, e eu sinto isso entre minhas
pernas.

Lembro-me de onde estamos e saio de seu beijo. — Por que é


que sempre que estamos juntos agimos como adolescentes
excitados?

— Porque você me deixa com tesão, é por isso.

Sorrio e pego minha taça de champanhe. — Nós podemos... —


Eu faço uma pausa.

— Podemos o quê?

— Podemos apenas ter um encontro normal onde não


estejamos tentando foder um ao outro na mesa?

— Mas eu quero te foder na mesa?

Eu rio. — Você sabe o que eu quero dizer.

— Você quer um encontro normal?

— Sim.

— OK. — Ele sorri e bebe seu champanhe. — Saia comigo.

O problema do champanhe é o seguinte: você deve beber uma


ou duas taças para comemorar um evento.

Não beba três garrafas até que ambos estejam rindo


incontrolavelmente à mesa.

A conversa nunca seca conosco. Rimos e conversamos como se


fôssemos velhos amigos.
E embora sejamos completamente diferentes, estamos no
mesmo comprimento de onda. Temos o mesmo senso de humor.

Não estou imaginando, isso é muito mais do que sexo.

— OK. — Henley sorri. — Dez coisas.

— O que?

— Diga-me dez coisas sobre você que eu não sei.

— Hum. — Estreito os olhos enquanto tento pensar. — Hum.


— Eu torço meus lábios. — Um... Eu adoro sexo.

— Eu já sei disso. Isso não conta. — Ele bebe seu champanhe


e sorri como um maluco.

Ele gosta deste jogo.

Eu rio. — Certo. — Eu penso um pouco. — Dois... Eu queria


ser bailarina quando era criança.

— Por que você não é? — Ele franze a testa.

— Porque tenho dois pés esquerdos e danço como um babuíno.

— Eu percebi isso.

Eu rio alto e ele também.

— Três... Eu odeio coentro com paixão. Estou até no grupo I


Hate Cilantro8 no Facebook.

Ele franze a testa enquanto ouve. — Existe uma página no


Facebook para isso?

8
Odeio coentro
— Uh-huh. — Eu rio, e ele também. Por que tudo o que dizemos
um ao outro é hilário?

— Vá em frente, mais sete coisas, — diz ele.

— Quatro... Eu nunca tive uma fantasia lésbica.

— Oh... não sou fã disso. — Ele franze o rosto em decepção. —


Por favor, minta para mim e me diga que você fez isso.

— Ok, retiro isso. — Eu rio de novo. — Cinco... todas as noites


sonho em fazer um ménage à trois com um cara e outra garota.

— Melhor. — Ele levanta sua taça de champanhe em minha


direção.

Eu sorrio bobamente.

Ele é tão divertido.

Tento pensar em outra coisa que ele não saiba sobre mim. —
Seis... nunca assisti Game of Thrones.

Ele balança a cabeça enquanto ouve.

— Sete... Eu gostaria que meu cachorro não se chamasse


Barry.

— Não gostaríamos todos?

Nós dois começamos a rir novamente.

— Oito... Sou uma ótima nadadora.

— Você está mentindo? — Ele enche minha taça de


champanhe.

— Totalmente.
— Você é boa em outras coisas. — Ele dá de ombros. — Não
posso ser ganancioso.

— Eu sei. — Eu rio, e ele bate seu copo contra o meu pela nossa
quinquagésima comemoração da noite.

— Vamos, — ele me orienta, — preciso de mais informações.

— Hum. — Olho para o teto enquanto tento pensar em outra


coisa para contar a ele. — Nove... Não gostei quando você saiu
naquela noite.

Ele fica sério. — Por que não?

— Você não pode fazer perguntas a menos que minhas


respostas contem.

— Ultima questão. Por que você não gostou quando eu saí?

— Porque gostei de ter você dentro de mim.

Seus olhos escurecem e caem em meus lábios. Ele se inclina


para trás e se ajusta em seu jeans.

Ele gostou dessa resposta.

— Sua vez, — eu digo.

— Não, não, este foi o meu teste.

— Ah, não, você não quer. Dê-me dez fatos que não sei sobre
você.

Ele se recosta na cadeira enquanto pensa. — Também gostaria


que seu cachorro não se chamasse Barry porque me lembra os Bee
Gees.

Eu rio.
— Nunca assisti Game of Thrones.

— Você não pode simplesmente copiar minhas respostas, —


digo a ele.

— Hum. — Ele torce os lábios enquanto pensa. — Faz muito


tempo que não tiro férias.

— Uh-huh.

— Gosto de ouvir podcasts sobre crimes reais. Eu poderia


escapar impune do assassinato perfeito se quisesse.

— Não me mate.

Ele levanta a sobrancelha e eu rio.

— Vamos ver... — Ele pensa novamente. — Eu penso em foder


você... bastante.

— Eu já sei disso.

— Ah, você sabe?

— Uh-huh. — Eu sorrio bobamente. — É obvio.

Ele ri. — É mesmo? Achei que tinha escondido bem.

— De jeito nenhum.

— Umm, o que mais há?

Eu sorrio enquanto ouço.

— Nunca estive apaixonado.

Oh...

— Bem, não se apaixone por mim, — provoco enquanto bato


em seu copo com o meu.

— Não há chance disso. — Ele sorri. — Você é horrível.


— Fatos. — Eu rio. — Vamos, mais.

— EU... — Ele faz uma pausa.

— Você o que?

Ele fica sério. — Eu também não queria ir embora naquela


noite.

— Então por que você fez isso?

Ele gira a taça de champanhe na mesa pela haste enquanto


olha para ela. — Porque estou fodido.

Progresso.

Pego sua mão na minha e levanto-a para beijar suas pontas dos
dedos. — Eu não acredito nisso.

Ele sopra ar em suas bochechas, e eu sei que isso foi demais


para ele admitir. Rápido, passe para a próxima pergunta antes que
ele pense muito.

— Ok, último... Qual é o único fato que não sei sobre você? —
Eu sorrio de brincadeira.

— A única coisa? — ele pergunta.

— A única coisa.

Seus olhos seguram os meus. — É meu aniversário.

— O que? Hoje?

Ele balança a cabeça timidamente.

Meu coração incha. Ele escolheu passar seu aniversário


comigo.

Oh...
— Feliz aniversário, baby. — Eu me inclino e o beijo, e ele
retribui o beijo, e de alguma forma esse beijo é diferente. Não sinto
o menor gosto do jogo que estamos jogando.

É real e cru, de alguma forma mais.

De mãos dadas, caminhamos pelo corredor do hotel e voltamos


para o nosso quarto.

Ele olha para meus sapatos de salto alto. — Eu gosto desses


sapatos.

— Gosta?

Sua língua escorrega e passa pelo lábio inferior como se


estivesse imaginando algo. — Eles vão ficar ótimos em volta dos
meus ombros.

Eu sei.

Eu sorrio para o meu lindo encontro.

Esta foi a melhor noite da história de todos os tempos. Nós


conversamos e rimos e nos beijamos e nos beijamos mais no
elevador.

Henley James é o melhor namorado de todos os tempos: bonito,


engraçado, espirituoso, inteligente e não vamos esquecer de sexy
pra caralho.

Durante todo o tempo em que jantamos hoje à noite, eu não


sabia se ria, desmaiava ou apenas me curvava sobre a mesa. Essa
posição de amigo com benefícios definitivamente tem suas
vantagens. Não há como negar que passar uma noite com esse
deus é como ganhar a sorte grande.

Mas eu quero mais.

E, estranhamente, meu instinto me diz que ele também.

Ele não disse isso, é claro, mas posso ouvir as palavras


silenciosas escondidas em suas frases. São as coisas que ele não
fala em voz alta, as coisas que ele não articula, e não sei como,
mas já sei o que ele está sentindo.

Ele está bem aqui comigo, perdido em um momento perfeito de


clareza. Como ele poderia não estar? Juntos somos perfeitos, e
nem se trata de sexo - e acredite em mim, sexo é muito.

É a conversa, as risadas e a maneira como entendemos as


piadas um do outro. É ele me enrolando no casaco no caminho
para casa para eu não sentir frio, pelo jeito que ele escuta quando
eu falo. A maneira como ele segura minha mão e os arrepios que
sinto quando ele olha para mim.

Ele poderia ter ido a qualquer lugar do mundo esta noite, mas
escolheu passar seu aniversário comigo.

— Qual é a extensão deste corredor? — Eu franzo a testa. —


Caminhamos pelo menos oito quilômetros.

Ele me dá uma piscadela sexy. — Este é o aquecimento.

— Para que? — Eu me faço de boba.

— Olimpíadas do Quarto.

Eu comecei a rir, e ele também, e então parou em uma porta.


— Esse é o nosso. — Ele mexe na chave enquanto passo a mão por
seu traseiro firme. Suas mãos param, e eu tomo isso como um
sinal e abro o zíper de sua calça jeans. Ele olha para o corredor e
depois para mim.

— Eu sei o que quero te dar de aniversário.

— O que é isso?

Coloquei minha boca em seu ouvido para aumentar o efeito. —


Eu quero chupar você em público.

Seus olhos se arregalam e eu caio de joelhos.

— Juliet, — ele sussurra enquanto olha para o corredor. —


Você vai nos expulsar do hotel.

Tiro seu pau já ereto da calça jeans e coloco-o na boca. — Eu


não me importo, — eu sussurro perto dele.

— Você vai nos prender.

— Poderíamos fazer isso na prisão também.

Ele ri e estremece enquanto passo minha língua em sua ponta.


Então, como se estivesse perdendo o controle, ele agarra meu
cabelo com as mãos e desliza profundamente em minha garganta.

Quem sou eu?

Caímos em um ritmo. Seus olhos passam entre mim e o


comprimento do corredor.

Ele está fodendo minha boca com uma urgência apressada, um


desejo tão profundo que ele não conseguiria parar mesmo que
quisesse.
E eu encaro tudo como uma profissional. Seus gemidos suaves
e sua respiração irregular me viram do avesso enquanto eu o vejo
se desfazer.

— Porra, porra, porra, — ele rosna enquanto me bombeia com


força. Seus olhos loucos disparam pelo corredor, e ele inclina a
cabeça para trás e sai correndo com um gemido profundo.

Eu engasgo. Ugh...

Ele é muito homem para aguentar.

Mas então vejo o olhar dele e sei que tudo vale a pena, porque
é Henley e eu o adoro e quero que seu aniversário seja memorável.

Preciso estar gravada em seu cérebro como ele está no meu.

Triunfantemente, eu o lambo e o elevador apita, e ele me coloca


de pé, e nós dois nos viramos para encarar sua porta, culpados.

Todo confuso, ele se atrapalha com a chave e a deixa cair. —


Foda-se, — ele murmura baixinho.

Eu recebo risadas. Seu pau ainda está pendurado na frente da


calça jeans.

Duas velhinhas saem do elevador. Elas estão conversando. —


Pegue a porra da chave, — ele sussurra.

— Não.

Ele arregala os olhos para mim e eu rio ainda mais. — Mostre


a elas seu pau, — eu sussurro.

Ele me dá uma cotovelada. — Tire a chave do chão.

— Não.
Ele também dá risada. Como devemos ser, de frente para a
porta, culpados como o inferno, com a chave no chão à nossa
frente? Estou rindo tanto que não conseguiria me abaixar para
pegá-la, mesmo que tentasse.

As avós se aproximam.

Henley assente, parecendo tão legal quanto um pepino. — Boa


noite, senhoras.

— Olá. — Uma senhora sorri sem nos olhar de perto. —


Acabamos de ter a melhor noite na ópera. Se você tiver uma
chance, simplesmente terá que ir.

Os olhos de Henley se voltam para os meus e minha boca se


abre de surpresa.

Esquecemos de ir à ópera.

Ficamos deitados no escuro, um de frente para o outro. É tarde


e saciamos todos os nossos desejos. A noite foi longa e suada,
nossos corpos bem aproveitados. Ele é um deus na cama. Não há
outra maneira de descrevê-lo.

Acabamos de sair do banho e estamos nus debaixo dos


cobertores.

Eu me sinto tão perto dele. Não há outra maneira de explicar


nossa conexão. É mágico.

Uma força a ser reconhecida.


O dedo de Henley percorre meu braço sem rumo, como se ele
ainda tivesse que me tocar, e nós dois estamos perdidos em nossos
próprios pensamentos.

Estou cansada, mas não quero dormir porque sei que quando
eu acordar meu lindo e vulnerável Henley não estará aqui. Henley
James, o durão, estará em seu lugar.

É como se Henley também soubesse disso e estivesse lutando


contra o sono tanto quanto eu.

— Como foi seu aniversário? — Eu pergunto.

— Perfeito.

Sorrio suavemente para ele na escuridão enquanto nos


encaramos.

— Obrigado por tornar isso tão especial, — ele sussurra


enquanto se inclina e me beija suavemente.

Seu beijo é terno e amoroso, cheio de tanto sentimento.

Cada emoção vem à tona dentro do meu corpo enquanto sinto


meu coração cair livremente do peito.

Acho que o amo.

— Toc, Toc. Serviço de limpeza.

Acordo assustada. Onde estou?

— Limpeza, — uma voz chama pela porta. Merda, estou no


hotel. Olho para ver que estou sozinho na cama. Henley não está
aqui.
Eu pulo e corro para a porta. — Volte mais tarde, por favor, —
eu chamo.

— Você gostaria do jornal da manhã? — a voz chama.

— Não, obrigado. — Caramba, que horas são? Por que essa


mulher está me acordando para ler o jornal diário?

Vejo um bilhete na mesa lateral.

Fui para a academia,

De volta em breve.

Hx

Eu sorrio. Ele está visitando seu pai.

Que homem lindo ele é, passando todas as manhãs com seu


pai doente.

Ah... justamente quando penso que ele não pode melhorar, ele
vai em frente e prova que estou errada.

Vou até o banheiro, ainda chapada da noite passada. Certo...


agora para me tornar simplesmente irresistível.

Bebo meu café e leio o jornal da manhã, e meu telefone emite


uma mensagem de texto. É Henley.

Onde você está?

A excitação percorre meu corpo. Apenas uma mensagem dele


me deixa louca. Eu respondo.

No restaurante tomando café da manhã.

Desça.

Outra mensagem retorna imediatamente.


Estou a caminho.

Volto a ler meu jornal, fingindo não ser a maior fã da história


da vida.

Eu tenho que ser inteligente sobre isso. Se eu o quiser para


sempre, e quero, não posso estragar tudo.

— Bom dia, Srta. Drinkwater, — sua voz profunda ronrona


enquanto ele desliza para a cabine à minha frente.

Olho para cima e lá está ele: cabelos escuros, queixo quadrado


e o rosto mais lindo que já vi. — Bom dia, Sr. James. — Eu sorrio.
— Como foi a academia?

— Bom. — Ele sorri enquanto seus olhos prendem os meus.

Ele tem aquele olhar travesso, e eu sei que ele ainda está
brincalhão esta manhã.

Progresso.

Eu passo o cardápio para ele. — Vou querer as panquecas.

— Hum. — Ele franze a testa enquanto examina as escolhas.


— Vou pegar a omelete.

A garçonete se aproxima. — Olá, posso pegar uma bebida para


você, senhor? — ela pergunta.

— Sim, por favor, — ele diz enquanto segura o cardápio nas


mãos. — Eu gostaria de um macchiato duplo, por favor.

Ela rabisca. — Você está pronto para pedir sua comida?

Seus olhos se voltam para mim. — Você está pronta?

— Sim, quero as panquecas, por favor.


— E eu quero a omelete com um copo de suco de laranja. — Ele
devolve os cardápios para ela. — Obrigado.

Ela se afasta e seus olhos vêm para mim.

— Qual é a sensação de ser um ano mais velho? — Pergunto-


lhe.

Um traço de sorriso cruza seu rosto. — Satisfatório.

Que faz de nós dois.

Preciso de todas as minhas forças para não subir em seu colo


e beijá-lo estupidamente. — O que está acontecendo hoje, chefe?
— Eu pergunto em vez disso.

— Chefe?

Eu sorrio bobamente. — Bem, você é mandão.

— Só quando estamos nus.

— Eu peço desculpa, mas não concordo.

Ele sorri enquanto o ar gira entre nós.

Tudo está funcionando perfeitamente.

Uma hora depois, Henley me leva até meu carro.

Eu não quero deixá-lo.

Esse negócio difícil de conseguir está me matando. Quero vê-lo


antes do próximo fim de semana.

Rápido, pense em um plano.


Descemos a rua em direção ao meu carro. Ele não segura
minha mão nem demonstra nenhum carinho, mas está entre nós.
Eu posso sentir isso.

— Vou começar a assistir Game of Thrones esta noite, —


anuncio.

— Você vai?

— Uh-huh.

Ele fica em silêncio enquanto caminhamos.

Merda... ele deveria me dizer que queria assistir comigo.

— Você vem assistir comigo? — Eu ajo casualmente.

— Depende.

— Do que?

— Sobre se você está preparando o jantar para mim.

Eu quero pular e dar um soco no ar. — Suponho que posso


fazer isso.

— Está bem então.

Mordo meu lábio para esconder meu sorriso bobo. Um encontro


na televisão num domingo à noite? Isso definitivamente é amor.

— Sabe cozinhar? — Ele franze a testa.

Eu estremeço. Caramba, não me pergunte isso. — Mais ou


menos.

— Defina 'mais ou menos'...

— Bem. — Eu dou de ombros. — Tenho alguns pratos nos quais


sou boa.
Ele sorri. — Vou preparar o jantar para nós na minha casa.

— Você cozinha?

— Muito bem. — Ele me dá uma piscadela sexy.

Ugh... é claro que ele faz. Ele é assim, fode como um demônio
e agora cozinha muito bem. Existe alguma coisa que este homem
não possa fazer com facilidade?

Apaixonar-se por mim.

Meu rosto cai quando me lembro de algo.

— O que é? — ele pergunta.

— Podemos comer na minha casa?

— Por quê?

— Não estive em casa durante todo o fim de semana e me sinto


mal por Barry.

Ele revira os olhos.

— Você cozinha na minha casa. Sim, é uma ótima ideia. — Eu


sorrio esperançosamente. — Mande-me uma mensagem com os
ingredientes e eu os pegarei hoje, — ofereço.

Ele exala pesadamente. — Seu cachorro é irritante.

— Eu sei. — Eu pulo no local. — Por favor?

— Tudo bem. — Ele suspira quando chegamos ao meu carro.

Abro a porta e o constrangimento cai entre nós pela primeira


vez. — Eu ganho um beijo de despedida? — Eu pergunto.

Seus olhos seguram os meus. — Somos amigos, Juliet.

Ai.
— Com benefícios, — acrescento. — Beijos de despedida é um
desses benefícios.

— É isso?

Eu concordo.

Ele sorri e segura meu rosto em suas mãos. — Bem, nesse


caso... — Ele me beija suavemente e meus pés se levantam do
chão. Nós nos beijamos de novo e de novo, e droga, eu quero todos
os benefícios, mas sei que tenho que continuar com essa porcaria
difícil de conseguir, não que eu esteja executando isso muito bem
hoje.

— Vejo você à noite? — Eu me livro dele.

— Essa noite. — Ele dá um passo para trás e coloca as mãos


nos bolsos.

Olho para baixo e vejo sua ereção nas calças. — É melhor


cuidar disso antes de voltar para o hotel.

Ele olha para si mesmo. — Vou ligar para o bordel da esquina


no caminho de volta.

Minha boca se abre de horror.

— Brincando. — Ele arregala os olhos.

— Não é engraçado. — Entro no meu carro e fecho a porta. Ele


bate na janela e eu abro o ritmo. — Sim? — Eu digo, meio irritado
com sua piada de prostituta.

— Vou te mandar uma mensagem com a lista de compras.

— OK.

— Tive uma ótima noite. — Ele sorri.


E se ele realmente for ao bordel no caminho de volta para o hotel?

— Somos apenas amigos, Henley, — lembro-lhe de tentar agir


com firmeza.

— Com benefícios. — Ele sorri. — Não se esqueça disso.

Reviro os olhos e ligo o carro. Como eu poderia esquecer isso?


Minha vagina está quebrada.

Com um aceno casual, saio para a estrada e, enquanto me


afasto, vejo-o desaparecer pelo espelho retrovisor. Quanto mais me
afasto dele, mais quero me virar e voltar.

Caramba... ele é perfeito.

— E esses jeans? — Tiro-os da prateleira e mostro a Rebecca.

Ela torce os lábios. — Muito azul.

Eu exalo pesadamente. Chloe, Rebecca e eu estamos fazendo


compras. John vai levar Rebecca embora no próximo fim de
semana e ela quer roupas novas. Ela está tentando recuperar o
brilho do casamento deles.

— Eu realmente acho que ele gosta de mim. — Chloe sorri.

— Quem? — Eu franzir a testa.

— Blake. — Ela revira os olhos. — Você tem me ouvido?

Claro.

— Diga-me o que aconteceu de novo?

— Ele estava saindo e então viu Rebecca e eu na sua varanda


e veio conversar conosco.
— Sim. — Eu escuto enquanto folheio a prateleira de jeans.

— Ele acabou ficando conosco a noite toda bebendo coquetéis


na sua varanda, e Antony veio também e jogamos cartas.

— Então ele não saiu? — Eu franzo a testa.

— Não. — Chloe sorri esperançosa.

— Eu não ficaria entusiasmada com ele, — diz Rebecca. — Ele


é um jogador sério. Por que você iria querer sofrer um desgosto
com alguém como ele?

— Todos os homens maus acabam se tornando bons. — Chloe


sorri esperançosa.

Reviro os olhos e continuo procurando jeans. — E esses? — Eu


seguro um par preto.

— Eu já tenho preto.

— Por que estamos comprando jeans? Por que não compramos


calcinhas e lingerie sem virilha? — Chloe diz.

— Verdade.

— Você acha? — Rebecca franze a testa. — Isso está indo longe


demais?

— Ele é seu marido e você disse que queria a centelha de volta.

— Eu quero.

— Bem, jeans não vão fazer isso. — Chloe revira os olhos. —


Querido senhor, não existe longe demais. — Ela caminha em
direção à escada rolante para subir até o andar de lingerie.

Rebecca passa o braço pelo meu. — Então, como foi a noite


passada, afinal? — ela pergunta.
— Meu Deus, Rebeca. — Eu sorrio sonhadoramente. — Ele é...
então... — Faço uma pausa enquanto procuro a palavra certa. —
Incrível.

— Tenha cuidado com ele, — ela avisa. — Essa coisa toda me


deixa nervosa por você.

— Eu estou, — eu minto. — Ele está preparando o jantar para


mim esta noite.

Ela me dá um sorriso torto. — Eu não quero que você se


machuque.

— Eu não vou.

Seu telefone emite uma mensagem de texto, e ela o pega e lê,


solta um suspiro profundo e então enfia o telefone no bolso. — Pelo
amor de Deus.

— E aí? — Eu pergunto.

— John está trabalhando hoje à noite depois do golfe.

— Em um domingo? Desde quando os cirurgiões ortopédicos


operam aos domingos à noite? — Eu franzo a testa.

— Isso é exatamente o que eu estava pensando.

— Você realmente acha que ele está te traindo?

Ela dá de ombros. — Meu instinto me diz que ele está. Há


muitas anomalias em suas histórias.

Deus, não consigo imaginar estar no lugar dela.

— O que você vai fazer?

— Tentar salvar meu casamento.


Coloco meu braço em volta dela e beijo sua têmpora enquanto
caminhamos em direção à escada rolante em busca de Chloe. —
Vai dar certo, Bec. Tenho certeza de que há uma desculpa razoável
para tudo isso.

Ela acena com tristeza. — Eu realmente espero.

Tomando banho, preparada e arrumada, com os ingredientes


do jantar alinhados no balcão da cozinha, estou pronta para meu
jantar com o chef.

Espio pela janela da cozinha. — Onde ele está? — Eu queria


tirar minha roupa do varal, mas estive esperando ele chegar antes
de fazer isso, e logo vai escurecer. Com certeza, no momento em
que eu sair para o quintal, ele vai bater na minha porta.

Vou ter que esperar.

Preparo outra xícara de chá, sento no sofá e espero.

Minha mente repassa nosso encontro na noite passada e como


ele é perfeito. É melhor ele aparecer esta noite.

Caramba. Começo a me preocupar com o paradeiro dele. Ele


deveria estar aqui agora. Ele já me deu um bolo antes.

Toque, toque na porta dos fundos e o alívio me enche.

Ele está aqui.

Saio para a cozinha e o vejo parado na porta dos fundos, de


jeans e camiseta branca e com aquele lindo sorriso. Abro a porta
com pressa. — Olá, Sr. Você não precisa bater.
A travessura brilha em seu rosto. — Então posso entrar quando
quiser?

— Você faz de qualquer maneira. — Dou um passo para o lado


e ele passa por mim.

— Quando eu entro? — ele engasga, ofendido.

— Sempre que Joel está aqui.

— Porque ele é um idiota.

— Quem está mexendo nas suas coisas? — Eu provoco.

— Precisamente. — Ele tira os sapatos e entra na minha


cozinha. — Como você fez com os ingredientes?

— Bom, consegui tudo.

Ele examina as coisas no balcão. — Onde estão os limões?

— Oh. — Eu torço meus lábios. — Eles estavam na lista?

Ele arregala os olhos. — Sim.

— Oh... — Eu dou de ombros. — Eu não peguei limões.

Ele me encara por um instante. — Eu preciso de limões.

— Para que?

— Para enfeitar.

Eu faço uma careta. — É apenas um enfeite. Quem se importa,


então?

— Está na receita, Juliet.

— Oh meu Deus, você pode relaxar com a receita estúpida,


apenas jogue a merda lá dentro.
Ele inspira profundamente, como se estivesse frustrado. — Eu
não apenas jogo merda e, para que conste, é provavelmente por
isso que sua comida é comum. — Ele olha em direção à porta. —
O que você está fazendo? — ele rosna. — Não coma isso.

Viro-me e vejo Barry carregando o sapato na boca. — Barry.

Barry olha para nós, completamente sem noção, e Henley se


aproxima e tira o sapato dele. — Isso não é comida. — Ele entra
na cozinha e começa a preparar as coisas. — Pelo amor de Deus,
cachorro, você é um risco.

— Ele também está com fome. Você pode cozinhar um pouco


mais para ele?

— Difícil, não. — Ele finge um sorriso e depois abaixa o rosto.

Sento-me e observo-o por um momento enquanto ele alinha


todos os ingredientes e depois arruma todos os utensílios de
cozinha. Tudo é feito em uma ordem específica. Ele é tão metódico
na maneira como faz as coisas, o máximo maníaco por controle. —
Vou tirar a roupa do varal, — digo.

Ele joga o pano de prato por cima do ombro enquanto se


concentra na tarefa que tem em mãos. — OK.

Saio para o meu quintal e dou um enorme sorriso bobo. O


homem mais gostoso do mundo está na minha cozinha preparando
o jantar para mim.

Como isso é real?

Aproveito o tempo e tiro a roupa do varal e depois rego meu


quintal. Fico olhando para Henley pela janela da cozinha enquanto
ele anda por aí, só para ter certeza de que não estou sonhando
agora.

Não, ele ainda está lá.

Isto está realmente acontecendo... ah!

Por fim, carrego o enorme cesto de roupa para dentro, e o cheiro


de alho e ervas enche a casa. — Ah, isso cheira bem. — Jogo o
cesto de roupa suja no chão.

Henley olha para ele e volta a cortar legumes.

— Você quer uma xícara de chá? — pergunto enquanto ligo a


chaleira.

Henley olha de volta para o cesto de roupa suja. — Não,


obrigado.

— Que tal uma taça de vinho?

— Não. — Seus olhos voltam para o cesto de roupa. — O que


está acontecendo aí?

— O que você quer dizer?

— A lavagem. Por que está no chão?

— Acabei de pegar.

— E? — Ele arregala os olhos. — O que você vai fazer com isso


agora?

— Oh... — Pego o cesto de roupa e levo para a sala, viro de


cabeça para baixo e jogo no sofá.

Seu rosto cai de horror. — Você não fez simplesmente isso.

— Fazer o que? — Eu franzo a testa.


— Você não... — Ele balança a cabeça como se estivesse prestes
a explodir.

— Você não o quê?

— Você não joga a roupa na porra do sofá, Juliet, — ele deixa


escapar com pressa.

Olho em volta e dou de ombros. — Eu faço.

— Oh meu Deus. — Ele lava as mãos e sai para a sala,


exasperado. Ele começa a dobrar a roupa em velocidade dupla.

— O que você está fazendo? — Eu franzir a testa.

— Dobrando a porra da sua roupa lavada. Com o que se


parece?

— Por quê?

— Porque isso está me provocando. Como isso não está


desencadeando você é a questão. — Ele dobra uma camiseta e a
coloca no sofá. Ele dobra outra camisa e coloca em cima da outra.
— Você nunca me disse que era bagunceira, — ele bufa. — Eu não
faço bagunça, Juliet.

— Roupa limpa no sofá não faz muita bagunça, Hen.

— Eu peço desculpa, mas não concordo. — Ele sacode um par


de jeans enquanto o dobra. — O que acontece se quisermos sentar
naquele sofá?

— Então jogamos no chão. — Eu dou de ombros.

Ele fecha os olhos e levanta a mão. — Pare de falar. — Ele pega


uma calcinha minha e a segura. São calcinhas de vovó bege
completas. — O que em nome de Deus é isso?
Eu recebo risadas de seu rosto horrorizado. — Com o que se
parece?

Ele vai até a cozinha e coloca a calcinha na tigela de Barry. —


Você tem permissão para comer isso, — ele diz a ele. — Rasgue os
filhos da puta em pedaços.

Barry vira a cabeça para o lado confuso.

Henley revira os olhos. — Cachorro idiota. — Ele marcha de


volta para a sala de estar. — Eu tenho que fazer tudo por aqui:
preparar o jantar, dobrar a roupa lavada e fornecer todos os
orgasmos?

Eu sorrio para o meu lindo homem mal-humorado. — Funciona


para mim.

— O que eu ganho por fazer tudo isso? — Ele sacode uma


camiseta antes de dobrá-la.

— Eu.

Seus olhos se levantam para encontrar os meus.

— Você me tem, Henley. Tudo de mim.

Um traço de sorriso cruza seu rosto. — Bem... tudo bem então.

Ele volta a dobrar e eu me aproximo e passo meus braços em


volta dele por trás. — Você é tão adorável, sabia disso?

Ele continua dobrando minha roupa. — Não seja


condescendente comigo, Juliet.

— Vou dobrar a roupa. Vá e termine o jantar, — digo a ele.

— Você vai guardar isso também?

— Isso vai fazer você se sentir melhor?


Ele concorda.

Eu sorrio e o beijo suavemente. — Ok, eu posso fazer isso.

Ele exala pesadamente. — Eu acabei de...

— Eu sei, Baby. Está tudo bem, — digo a ele. — Você apenas


me diz o que precisa para se sentir confortável e eu posso fazer
isso.

Ele balança a cabeça ao perceber que acabou de me mostrar


um pedaço de sua personalidade que normalmente mantém
escondido.

Outra peça do quebra-cabeça de Henley James se encaixa.

Meu homem tem TOC.

Quatro horas depois...


— Esse show é uma merda, — Henley bufa.

— Todo mundo diz que leva até o episódio três para você entrar
nele.

Ele exala pesadamente.

Depois do jantar mais delicioso da história, estamos na cama


assistindo ao primeiro episódio de Game of Thrones. Henley está
ao seu lado atrás de mim. Seu corpo nu está aconchegado ao meu,
sua ereção está crescendo a cada minuto. — Devíamos foder, —
ele sussurra em meu ouvido antes de roçá-lo com os dentes.
Arrepios se espalham pelos meus braços.

— Acabamos de fazer sexo por uma hora no chuveiro, —


murmuro secamente. — Você não poderia precisar de mais.
O homem é um animal.

— Eu nunca me canso de você. — Ele morde meu lóbulo da


orelha mais uma vez. — Estar dentro de você é meu lugar favorito
para estar.

Eu sorrio. — É um dos meus favoritos também.

Sua grande mão massageia meu peito e meu telefone emite um


sinal sonoro quando uma mensagem chega.

— Quem está me mandando mensagens tão tarde? — Eu franzo


a testa. Ele emite um bipe novamente quando outra mensagem
chega.

Meu telefone está ao lado dele na mesa de cabeceira. — Algo


deve estar errado. Você pode me passar meu telefone, por favor?

Ele estende a mão e pega meu telefone e, enquanto olha para a


tela, seu queixo treme de raiva. Seus olhos furiosos se levantam
para encontrar os meus. — Por que diabos Joel está mandando
mensagens para você às dez da noite de domingo?
— O que? — Eu me sento com pressa. — O que você quer dizer?
— Estendo a mão para pegar o telefone, ele o dá um tapa na minha
mão e sai da cama com pressa.

Eu li a mensagem.

Olá Juliet.

Podemos conversar amanhã?

Eu franzo a testa.

— O que diz? — Henley estala.

— Hum... — Reviro os lábios, sem saber como responder.

— Bem?

— Ele quer se atualizar amanhã.

— A única coisa que ele vai atualizar é meu punho.

— Sobre minha casa, Henley. Isso está relacionado ao trabalho.

— Merda de merda, — ele retruca. — São dez da noite. Ele


espera que você e ele comecem a conversar agora em algum tipo
de sessão de sexting de domingo à noite.

Reviro os olhos e volto a me concentrar no meu show.

Ele começa a andar com as mãos nos quadris. — Seu plano


está ficando claro agora.

— Você vem para a cama? — Eu estalo, irritada. — Eu não vou


responder a mensagem de texto para ele. Ele receberá a mensagem
em alto e bom som de que este é um comportamento inadequado.
— Ele já mandou uma mensagem para você antes à noite?

— Sim. Mas tem sido relacionado ao trabalho, assim como


desta vez. É completamente inocente.

— Você tem certeza disso?

— Ugh, Henley, pare. É domingo à noite. Deveríamos estar em


modo de relaxamento. — Eu arrasto minha mão pelo meu rosto.
— Volte para a cama.

Ele continua a andar.

— Com o que você está preocupado?

Ele fica em silêncio enquanto anda, e sei que está tentando


segurar a língua.

— Henley, você me tem.

Seus olhos se levantam para encontrar os meus.

— Ninguém vai me roubar. Eu sou sua.

— Por quanto tempo?

Sua pequena demonstração de insegurança atinge meu peito e


eu sorrio suavemente. — Enquanto você quiser que eu fique.

— O que você quer?

Bato na cama ao meu lado e ele se senta a contragosto. Eu pego


sua mão na minha. — Eu quero isso. Eu gosto de estar aqui com
você. Eu não quero Joel, eu quero você. — Passo meus dedos por
seu cabelo escuro enquanto ele olha para mim. Ele revira os lábios
e eu sei que mais uma vez ele está segurando a língua.

— Agora venha para a cama e acaricie minhas costas antes que


eu te expulse.
Ele sorri. — Eu poderia sair por vontade própria.

Eu jogo os cobertores para trás. — Não, você não vai.

— Estou com tesão, só isso.

Eu sorrio no meu travesseiro. O fato de ele ter dito isso significa


que ele está aqui por outros motivos. — Eu sei.

Ele sobe atrás de mim e me pega em seus braços. — Eu não


gosto que ele mande mensagens para você.

— Entendo. Amanhã direi a ele que estamos juntos e que não


é apropriado me enviar mensagens de qualquer outra forma que
não seja sobre a casa.

Ele me puxa um pouco mais para perto. — Não quero mais que
você o use como decorador de interiores.

— Henley, — eu aviso. — Não...

Ele fica em silêncio.

— Você me tem, — eu o tranquilizo novamente. — Sou sua.

Eventualmente, ele beija meu ombro por trás, e eu sorrio


enquanto tento me concentrar em Game of Thrones. Crise evitada.

Estamos melhorando nisso.

Henley
Acordo suavemente com o som de sua respiração. Meus olhos
se abrem e eu estendo a mão e desligo o alarme do meu telefone.

De alguma forma, não preciso do meu alarme quando estou


com Juliet. Durmo tão profundamente que acordo antes que ele
toque. Ela pega minha mão e a coloca em volta da cintura e
imediatamente volta a dormir.

Por que temos que tocar enquanto dormimos? É um conceito


estranho.

Eu me inclino e inspiro seu cabelo, macio e doce. O calor de


seu corpo é reconfortante e beijo seu ombro por trás.

Ir para a cama com Juliet Drinkwater é fácil. Sair da cama


dela... não muito.

Passo a mão por sua coxa e seguro seu peito cheio.

Ela é linda pra caralho.

Meus lábios caem em seu pescoço, e eu lentamente os sigo até


sua mandíbula, meu pau subindo para a ocasião.

Eu não me canso dela. Mesmo tão perto não é o suficiente.

E eu deveria estar saciado, droga. Passei a maior parte do dia


de ontem dentro dela. Mas a única coisa que estou começando a
perceber com Juliet é que quanto mais tenho dela, mais preciso.

Não há como saciar essa sede. Na verdade, o oposto está


acontecendo.

Minha fome por ela está crescendo em um ritmo rápido.

Ela geme baixinho enquanto se mexe, e sei que tenho que


deixá-la dormir, com um último beijo em sua bochecha, me arrasto
para fora da cama e me visto no escuro. Eu a observo enquanto
ela dorme. Seu cabelo cor de mel está espalhado no travesseiro,
seus cílios escuros se espalham por seu rosto. Mesmo na
penumbra, sua beleza emana pela sala. Nunca conheci ninguém
como ela.

Já estive com mulheres lindas antes, claro. Mas nada que me


afete como ela.

Ela está trabalhando hoje à noite, droga. Eu não vou conseguir


vê-la.

Com uma última olhada para o anjo adormecido, desço as


escadas e vejo Barry roncando em sua cama. — Cachorro idiota.
— Saio pela porta dos fundos e vejo que o sol está nascendo, os
pássaros cantando e é um dia glorioso. As palavras de Juliet da
noite passada voltam à minha mente e sorrio enquanto atravesso
seu quintal.

— Sou sua.

— Bom dia, Bernard. — Sorrio para meu pai enquanto entro


em seu quarto de hospital.

— Isso é? — ele resmunga.

— Isso é. — Entrego-lhe o jornal da manhã e abro a persiana.


Pego o controle remoto e ligo a televisão para ver o noticiário da
manhã. — Como você dormiu?

— Não muito bem, — ele responde categoricamente.

Eu sorrio com sua resposta mal-humorada. Sempre o


pessimista. — Você gostaria de um pouco de café?

Ele olha para mim sem expressão.

— Você gosta de café, — eu o lembro.


— Eu?

— Uh-huh.

Ele dá de ombros. — Eu acho.

— Vou fazer nosso café, depois tomaremos o café da manhã e


teremos um banho para você. O que você acha disso?

— Eu não quero tomar banho, — ele diz enquanto seus olhos


ficam grudados na televisão.

— Você adora tomar banho e fazer a barba. Faz você se sentir


revigorado.

Seus olhos encontram os meus e posso ver a confusão girando


em sua cabeça. — Eu?

— Sim. — Eu sorrio. Vou até a cozinha e preparo uma xícara


de café para nós dois. Já fiz isso tantas vezes que estou quase no
piloto automático agora. Todas as manhãs é a mesma rotina: tenho
que convencê-lo a tomar banho, lembrá-lo de que ele gosta de café
e aguentar suas reclamações. Mas eu não mudaria isso por nada
no mundo. Essas duas horas com ele são minha parte favorita do
dia.

Sentamos e tomamos nosso café em silêncio. Ele assiste ao


noticiário da manhã e eu leio o jornal.

Uma enfermeira coloca a cabeça pela porta. — Bom dia, Henley.


Bom dia, Bernard.

— Bom dia, Alison. — Eu sorrio. — Bom dia lá fora.

— É isso? — Papai resmunga enquanto seus olhos saltam pela


janela para o parque abaixo. — Não parece tão bom para mim.
— Mal posso esperar para ver, — Alison responde enquanto
coloca as toalhas na beira da cama dele. — Tenha um bom dia. —
Ela desaparece no corredor.

Vinte minutos depois, ligo o chuveiro. — Vamos, Bernard. Hora


de tomar banho.

— Por que você sempre quer que eu tome banho, pelo amor de
Deus? — ele estala enquanto entra no banheiro.

Sorrio enquanto reajusto a temperatura da água. — Vamos, tire


a roupa.

Ele exala pesadamente como se eu fosse o maior inconveniente


do mundo e deixa cair sua cueca e entra na água quente.

Estendo o frasco de shampoo. — Lave o teu cabelo.

— Acabei de lavá-lo há dez minutos.

— Eu sei, mas ficou sujo de novo.

Ele franze a testa enquanto olha para mim. — Tem certeza?

— Positivo. — Eu esguicho o shampoo em sua mão. — Lave o


seu cabelo. — Coloquei a mão dele na cabeça e ele começou a lavar
o cabelo. Uma vez que ele está realizando uma ação, seu corpo
entra no piloto automático e ele se lembra de como fazê-lo.

— Conte-me sobre sua família, — sugiro a ele.

Ele abre um amplo sorriso enquanto fica sob a água. A única


hora em que ele fica realmente feliz é quando fala sobre mamãe e
eu. — Minha esposa é linda. Uma dor na minha bunda, mas linda.
Ela estará aqui para me buscar em breve.
— Sim. Ela vai. — Eu sorrio. — Como você sabia que iria se
casar com ela?

Ele continua lavando o cabelo enquanto pensa. — Não era tanto


que eu soubesse que queria me casar com ela.

Eu franzo a testa. — O que foi então?

— Eu não suportava a ideia de não vê-la, não conseguia


imaginar não acordar com ela ao meu lado.

Meu coração se contorce enquanto olho para ele. — Você a


ama?

— Muito.

Eu sorrio suavemente.

— E meu filho... — Ele sorri com orgulho.

— Fale-me sobre ele.

— O nome dele é Henley e ele é o amor da minha vida.

Sua silhueta fica embaçada. — Você também é o amor da vida


dele.

— Ele estará em casa da pré-escola em breve. Então ele e sua


mãe virão me buscar e me levar para casa.

— Isso parece legal. — Eu o ajudo a enxaguar o shampoo do


cabelo.

Eu só queria que fosse verdade.

Entro em meu escritório com passos firmes. — Bom dia, Jenny.

— Bom dia, Henley, — ela responde sem tirar os olhos do


computador. — Vanessa ligou três vezes.
— Diga a ela que morri, — respondo enquanto entro em meu
escritório. Deixo minha pasta na mesa e começo a desempacotá-
la.

Jenny entra e coloca meu telefone portátil na mesa na minha


frente. — Você precisa ligar para ela.

— Não vou ligar para Vanessa. — Jogo meu telefone de volta na


gaveta de cima. — Eu já te disse isso. Tire o SIM desse telefone,
não preciso mais dele.

— Quem é ela? — ela pergunta novamente, insistentemente.

Reviro os olhos. — Ela não é da sua conta.

— Ela é da minha conta. — Ela cruza os braços e se inclina na


minha mesa.

Continuo abrindo meu computador.

— Eu não gosto disso, — ela diz.

Eu olho para ela. — Como o que?

— Essa mulher misteriosa que você conheceu. Por que você é


tão reservado sobre ela? Quem é ela?

— Ela é uma amiga. — Eu arregalo meus olhos. — Jenny, dê o


fora. Você está exagerando.

— Estou zelando pelo seu melhor interesse, Henley. Como você


sabe que ela não está atrás do seu dinheiro?

— Ela não está atrás do meu dinheiro. — Reviro os olhos e abro


meus e-mails. — Por que você não volta ao trabalho?

— Eu quero conhece-la.

— Não. — Abro meu primeiro e-mail.


— Eu a conheço?

— Vá embora.

— Eu devo conhecê-la.

— Por quê? Porque você sabe tudo?

— Sobre você, sim, eu quero.

Aponto para a porta. — Fora.

Ela faz uma careta, sai furiosa e fecha a porta atrás de mim.
Maldita mulher.

Eu realmente preciso de uma nova PA9.

9
Assistente pessoal.
Juliet
Os olhos de Henley encontram os meus através do fogo. Ele
pisca enquanto bebe sua cerveja antes de desviar o olhar
casualmente. Abaixo a cabeça para esconder meu sorriso.

Duas semanas no céu.

É noite de sexta-feira e a rua está reunida para uma fogueira


na casa de Antony. Rebecca se inclina. — Você e Henley parecem
muito apaixonados, — ela sussurra.

— Talvez. — Dou de ombros, mas é mentira. Estamos tão


apaixonados que não tem nem graça e não passamos uma noite
separados um do outro há duas semanas.

Nós nos beijamos, abraçamos e rimos, fazemos amor e


transamos como animais. Fingimos que assistimos Game of
Thrones e comemos lanches nus à meia-noite.

É isso. Eu o encontrei.

Tudo o que sempre quis em um homem está bem aqui na


minha frente, e nunca me senti tão realizada. Não há nada que eu
mudaria nele.

Sim, ele tem bagagem, muita bagagem. De vez em quando ele


terá um surto interior e me dirá que somos apenas amigos.

Mas ambos sabemos que isso é mentira.

Isto é algo.
Algo maior do que qualquer um de nós pode controlar.

O engraçado é que nunca fazemos planos, mas de alguma


forma, de alguma forma, sem falhar, nos vemos todos os dias.
Mesmo que seja apenas uma hora antes de eu ir para o turno da
noite.

Acabei contando ao Joel que daria um tempo que não ia fazer


nada na casa. Não vale a pena o drama com Henley, e quero que
cheguemos a um terreno mais seguro antes de eu cruzar aquela
ponte.

— Lá está ele, — a voz irritante de Taryn chama lá de dentro.


— Henley James, posso ver você, — ela chama com sua voz
monótona enquanto sai flutuando pela porta dos fundos.

— Pelo amor de Deus — Rebecca sussurra baixinho. — Ela não


tem vergonha?

Taryn corre e se joga no colo de Henley. — Vou sentar com você,


querido.

Os olhos de Henley se voltam para mim e eu levanto a


sobrancelha.

Não.

Não se atreva a deixá-la sentar aí.

Henley a afasta. — Você não está sentado em cima de mim,


Taryn. — Ele a empurra, brincando, puxa uma cadeira ao lado dele
e bate nela. — Sente-se aqui.

— Oh... Você não é engraçado. — Ela finge fazer beicinho. —


Achei que você gostaria do meu peso corporal sobre o seu.
Blake, que está sentado ao lado deles, ri surpreso.

Meu sangue ferve.

— Jura? — Rebecca sussurra.

— Ugh. — Tento mudar de assunto. — Então John está no


trabalho? — Eu pergunto.

Rebecca solta um suspiro profundo. — Aparentemente.

— Por que você diz isso assim?

— Não sei. — Ela bebe seu vinho. — Saímos no fim de semana


passado e fizemos sexo uma vez, e mesmo assim eu iniciei.

— Talvez... — Tento pensar em uma desculpa para seu


comportamento. — Talvez seus hormônios tenham acabado e ele
não esteja preparado para querer isso o tempo todo. Acontece com
os homens, você sabe. Especialmente se estiverem sob estresse.

— Talvez, — ela concorda. — Sempre que pergunto o que há de


errado, ele me diz exatamente a mesma desculpa, que está sob
muito estresse e simplesmente não está com humor e que não tem
nada a ver comigo porque ele me ama mais do que tudo.

Eu a observo por um momento. — Você acredita nele?

— De quem eram as pegadas no banco de trás do carro dele,


Jules? Não importa quantas desculpas eu possa dar a ele, não
posso negar o que vi.

— Não sei. — Eu suspiro. Não a culpo por estar preocupada.


Eu também estaria pensando demais nisso se estivesse no lugar
dela.
Uma voz soa atrás de nós. — Senhoras. — Nós nos viramos e
vemos Mason se sentar na cadeira ao nosso lado.

— Oi. — Eu sorrio. Olho para cima e encontro os olhos


impressionados de Henley.

Ah. Agora você sabe como é.

Henley
— Oh, Henley, — Taryn diz suavemente. — Eu simplesmente
estive tão... solitária ultimamente, sabe?

Os olhos de Blake encontram os meus e ele levanta uma


sobrancelha enquanto espera pela minha resposta.

— Você deveria comprar um vibrador, — respondo enquanto


observo Mason conversar com Juliet.

Que porra ele está brincando?

Blake ri da minha resposta.

— O que vocês fazem quando estão — ela faz uma pausa para
causar efeito — com muito tesão e não têm parceiro?

— Eu encontro um, — respondo. Do outro lado do fogo, Mason


ri e coloca a mão na perna de Juliet. Minha pele se arrepia.

Não toque nela, porra.

— Vou pegar algumas bebidas para nós. — Taryn sorri. — O


que vocês querem?

— Tanto faz, — respondo, meus olhos ainda fixos na minha


garota do outro lado do fogo.
Acalme-se.

Taryn entra em casa e tomo um gole de cerveja enquanto tento


não observá-los.

Blake olha através do fogo, seus olhos não se desviando de uma


certa pessoa.

— Sabe, você realmente deveria parar de olhar para ela, — eu


sussurro.

— Por quê?

— Porque ela é casada.

— Veja se eu me importo?

— Você deveria, — eu respondo.

— Não posso evitar, — ele sussurra.

— Tente mais.

Blake tem uma queda por Rebecca. Sempre que ela está perto,
ele não consegue tirar os olhos dela.

E não é bom. Ela é casada com alguém que mora na nossa rua.
Um colega dele, nada menos.

— O que aconteceu na outra semana, quando você estava


tomando coquetéis na varanda de Juliet quando saímos? — Eu
pergunto.

— Ela estava tão tentadora como sempre. — Ele revira os olhos.


— Mas a amiga delas fodeu tudo para mim.

— Que amiga?
— Chloe. Ela está em cima de mim como uma erupção cutânea,
arruinando minhas chances com ela.

— Não há chances com ela. Rebeca é casada. — Eu arregalo


meus olhos. — Não vá lá, porra.

Ele bebe sua cerveja, impressionado. — Onde está o marido


idiota dela, afinal? Ele nunca está por perto.

— Não importa.

— Típico. — Ele revira os olhos. — A única mulher que não


posso ter é a única que quero, porra.

Bebo minha cerveja. — Você só a quer porque não pode tê-la.

— Oh, vá se foder, — ele bufa. — Você só se preocupa com a


Pequena Miss Across the Fire. Mason está atacando sua garota
neste momento.

— Hum. — Meus olhos se levantam para observá-los. — Não se


eu jogá-lo no fogo primeiro.

Ele ri como se estivesse imaginando isso. — Como vão as coisas


com ela, afinal?

Ótimas.

— OK. — Eu ajo desinteressado.

— Ela já está usando suas bolas como brincos?

— Parece que sim?

Ele sorri. — Sim, na verdade.

— Foda-se. — Bebo minha cerveja. — Pelo menos ela não é


casada com outra pessoa.
Ele finge um sorriso e depois deixa o rosto cair. — Você é
hilário.

— Eu acho que sim.

Mason continua conversando com as meninas, e cansei de


assistir essa merda. Pego meu telefone e mando uma mensagem
para Juliet.

Saindo.

Observo enquanto ela tira o telefone do bolso e lê minha


mensagem.

Minha casa, meia hora?

Eu digito minha resposta.

Faça em dez.

Juliet
— Olá? — Chamo Henley enquanto entro em minha casa.

Silêncio...

Ele não deve estar aqui ainda.

— Olá, meu amiguinho. — Sorrio para Barry enquanto coço seu


queixo. — Você comeu seu osso?

Barry volta para a cama e se joga. Estou interpretando isso


como um sim.

Preparo uma xícara de chá e subo as escadas. Tiro o casaco e


jogo-o na cama, tiro os sapatos e ligo a televisão. É estranho a
rapidez com que você entra em uma nova rotina. Já me acostumei
com o barulho aqui. Acho que nem liguei a televisão do meu quarto
antes de Henley começar a vir assistir ao nosso programa. Agora
pareço ligá-la o tempo todo. Sento na ponta da cama e navego os
canais enquanto tomo meu chá.

— O que vamos assistir esta noite? — Falo comigo mesma


enquanto me concentro nos canais.

Eu o sinto antes de vê-lo. Olho para cima e vejo Henley apoiado


no batente da porta com o ombro. — Oi. — Seus olhos me
absorvem.

Meu estômago se agita. Eu conheço esse olhar. Eu vivo para


esse olhar. — Olá, Sr. James.

Ele é alto, sua presença toma conta do pequeno espaço, ou


talvez seja apenas porque sua presença tomou conta de mim.

Ele dá um passo à frente e segura meu rosto em suas mãos. —


Eu estive esperando para beijar você a noite toda.

Eu sorrio sonhadoramente para o deus. — Você já fez isso?

— Uh-huh. — Seus lábios tomam os meus com a quantidade


certa de sucção, sua língua gira lentamente contra a minha. —
Como foi o seu dia? — ele sussurra para mim.

— Melhor agora. — Eu sorrio para ele.

Sem pensar, ele se vira, pega minha jaqueta, abre o guarda-


roupa e a coloca num cabide. Ele recolhe meus sapatos e os guarda
cuidadosamente em meu guarda-roupa. Ele endireita as coisas
que eu errei. Nas primeiras vezes que ele limpou minha bagunça,
não gostei. Eu considerei isso um tipo de comportamento
controlador. Mas agora eu sei que é só ele e o que ele precisa fazer
para poder relaxar e estar presente comigo.

Quanto mais o conheço, mais suas pequenas idiossincrasias se


tornam cativantes. Elas me derretem em um nível mais profundo.
Lembra-me de quão real e cru é meu homem sem filtro.

Adoro que ele esteja reagindo a nós no piloto automático agora,


fazendo o que é instintivo para ele e parece certo.

E sejamos realistas, um homem que limpa... O que há para não


amar nisso?

Ele me pega em seus braços novamente. — Banho. — Seus


lábios permanecem contra os meus enquanto ele me beija, suas
mãos puxando meus quadris para os dele.

— Henley. — Eu me afasto dele. — Hora do mês errada para


isso, lembra?

Ele me beija mais uma vez. — Eu sei. — Sua língua gentilmente


induz a minha a sair e brincar.

Oh... este homem.

Comporte-se.

Afasto-me dele e vou para o banheiro para tirar a maquiagem.


Ele me segue e se senta no balcão do banheiro para me observar.

É a coisa mais estranha. É como se ele estivesse fascinado


pelas coisas mundanas da minha época. Ele observa tudo o que
faço com o maior interesse. Não posso deixar de me perguntar se
esta é a primeira vez que ele fica assim com uma mulher. Ele
parece cativado por tudo que faço. — Conte-me sobre o seu dia, —
eu digo.
— Tive reuniões a manhã toda e depois fui almoçar com
Antony. — Ele pega meu elástico de mim e começa a prender meu
cabelo em um coque alto no topo da minha cabeça.

— Onde você foi almoçar? — Eu pergunto enquanto fico imóvel.

— Belíssimo. — Ele aperta o coque na minha cabeça.

— Ah, italiano. — Eu sorrio. — Hum.

— Você já esteve lá?

— Não. — Coloquei um pouco de removedor de maquiagem em


um algodão e limpei um olho.

— Vou levar você lá um dia. — Ele pega o algodão de mim e


examina meu outro olho.

Eu o vejo se concentrar em sua tarefa. — Você é sempre assim?


— Eu pergunto.

— Como o que? — Ele inclina meu queixo em direção a ele e


beija suavemente meus lábios.

— Você já tirou a maquiagem de alguém antes?

Uma carranca surge em seu rosto como se ele estivesse


surpreso com a pergunta. — Isso te incomoda?

— Não. — Coloco minhas mãos em seus quadris enquanto ele


se senta na minha frente. — Não foi isso que eu perguntei.

Ele fica em silêncio enquanto limpa toda a minha maquiagem.


— Não. Não é alguma coisa... — Sua voz desaparece.

Progresso.

— Gosto do jeito que você cuida de mim, — sussurro.


E ele faz. O cuidado com que ele cuida do meu corpo é diferente
de tudo que eu já senti. Ele não diz como se sente... mas ele não
precisa.

Posso sentir isso em seu toque.

Ele sorri para mim. — Se eu for muito exagerado...

— Você acertou. — Eu me inclino e o beijo.

Ele sorri contra meus lábios enquanto segura meu rosto entre
as mãos. Nosso beijo se aprofunda e por um longo tempo ficamos
perdidos no momento, nos beijando, bebendo um do outro, meu
coração flutuando pelo banheiro.

Ele desabotoa minha calça jeans e a desliza para baixo, seus


dedos circulando sobre meu sexo através da minha calcinha.

— Henley, — eu sussurro contra seus lábios.

— Eu sei. — Seus olhos estão fechados enquanto nos beijamos.

— Não podemos.

— Por que não? — ele respira.

— Não é... — Faço uma pausa enquanto paro.

Ele sai do beijo para olhar para mim. — Não é o quê?

— Isso é algo que você faz — hesito, envergonhada — com seu


marido ou namorado.

Ele franze a testa enquanto ouve.

— Isso é... é muito íntimo. — eu sussurro.

— Você disse que era minha.

— Eu sou.
— Então por que não posso ter isso?

— Por que você iria querer isso? — Eu franzo a testa.

— Não sei. — Seus lábios tomam os meus novamente. — Eu só


quero.

— Você já fez isso antes?

Ele balança a cabeça. — Não.

— Você é uma aberração limpa. Eu não acho que você vai


gostar. — Dou-lhe um sorriso torto.

Seus olhos procuram os meus. — Você disse que era minha.

Ele quer a intimidade do ato.

E não é esse o ponto? Não é essa a razão pela qual estamos


aqui?

Nós nos beijamos de novo e de novo, e caramba, eu quero dar


isso a ele, mas e se o tiro sair pela culatra? E se ele estiver tão
assustado e correr para as colinas? Quer dizer, eu não acho...

Está bem cheio.

Seus lábios pegam os meus. — Por favor, — ele murmura


contra mim. — Você quer que eu implore?

O que resta da minha resistência deixa meu corpo, e puxo sua


camiseta pela cabeça e o puxo do balcão para tirar a calça jeans.

E ele me despe, e eu sei que isso é o precipício de algo novo. O


bom, o ruim e o feio do que significa ser mulher.

— Entre no chuveiro e eu irei ao banheiro. — Eu o levo para


baixo da água e vou até o banheiro no fim do corredor e me
recomponho. Quando volto para o banheiro, vejo o lindo homem
debaixo da água quente. Ombros largos, peito largo com cabelos
escuros espalhados. Abdômen ondulado e pelos pubianos
inferiores perfeitamente mantidos, seu pau grosso pendurado
pesadamente entre as pernas.

Mas é o olhar dele que me derrete.

Ele me pega nos braços e nos beijamos em um momento de


perfeita clareza.

Eu sou dele.

Eu quero isso também.

Ele me levanta, envolve minhas pernas em volta de sua cintura


e desliza profundamente em um movimento brusco.

A sala fumegante, a água quente, a lubrificação extra ampliam


a perfeição entre nós.

Seu corpo estica o meu, e com a respiração trêmula, nossos


corações batendo forte, fazemos amor lento e gentil enquanto
olhamos nos olhos um do outro. Milhões de emoções nadando
entre nós, essas três palavras sagradas girando na ponta da minha
língua.

Isto foi escrito nas estrelas muito antes de nos conhecermos.


Era inevitável e estava destinado a acontecer.

Estou total e irrevogavelmente apaixonada por Henley James.


Henley
Juliet está deitada na cama, de costas para mim, nua, e eu
estou enrolado em suas costas.

Seu padrão suave de respiração é calmante, como um bálsamo


para minha alma.

Muitas noites na última semana fiquei acordado só para poder


ouvir.

Minha mão percorre sua pele e, sem pensar, coloco meus lábios
em sua têmpora e a beijo suavemente. Coloco uma mecha de seu
cabelo atrás da orelha para poder ver seu rosto com mais clareza.

Estrutura óssea perfeita, pele de porcelana e cílios escuros que


tremulam enquanto ela dorme. Seus lábios rosados são grandes e
beijáveis.

Nunca conheci um ser tão lindo, e nem estou falando da


embalagem externa.

Algo aconteceu esta noite.

Não consigo definir o que é, mas sinto uma tempestade se


formando bem lá no fundo.

Eu me vi nadando em um oceano sem fundo, muito, muito


longe da costa.

Não tenho certeza do que fazer.

Retornado ao garoto de quinze anos que perdeu seu protetor e


seu lugar seguro para cair.

Descanso meu rosto no de Juliet só para poder estar mais perto


e abraçá-la com mais força.
Ela se mexe enquanto ainda dorme e vira a cabeça e beija
minha bochecha. — Henley, — ela sussurra.

— Estou aqui.

Ela sorri suavemente, com os olhos ainda fechados. — Eu te


amo.

Eu fecho meus olhos.

Não.

Por que você teve que estragar tudo?


Juliet
Acordo sozinha.

Nada de novo: acordo sozinha todos os dias, mas como sei onde
Henley passa as manhãs, não me importo nem um pouco. Que
homem lindo ele é para cuidar tão bem de seu pai.

Eu sorrio para o teto. A noite passada foi incrível...

Não há palavras para descrever o quão sonhador meu homem


é. Levanto-me e vou ao banheiro e espio através das cortinas a
casa de Henley. Eu me pergunto se ele já chegou em casa.

Pare de ser pegajosa.

Você vai vê-lo hoje, lembro a mim mesma. Temos um encontro


hoje à noite, então terei que ser paciente até lá. Desço as escadas
e vejo que Barry foi solto e tomou seu café da manhã. Vou ligar
minha chaleira e ao lado dela vejo minha xícara de chá rosa em
um pires com um saquinho de chá dentro, apenas esperando que
eu faça.

Eu sorrio amplamente. Essa é a maneira de Henley me


preparar uma xícara de chá.

Droga, terminei. Já existiu um homem mais sonhador na face


da terra?

Eu não acho.
Com minha xícara de chá, saio e sento nos degraus dos fundos,
sob o sol da manhã.

Será um ótimo fim de semana.

15h, e seguro o vestido junto ao corpo enquanto me olho no


espelho. — Hmm, ou este. — Jogo aquele vestido para o lado e
pego outro para segurá-lo. — Eu quero estar perfeita esta noite.

Eu coloco alguns sapatos de salto agulha nude. Ou os pretos


ficariam melhores?

A campainha toca lá embaixo. — Quem é aquele? — Toca


novamente. — Estou indo, — eu chamo. Desci as escadas e abro a
porta para ver Taryn. — Taryn. — Eu sorrio. — Oi.

— Oi. — Ela sorri. — Posso entrar?

— Claro. — Dou um passo para trás para deixá-la passar por


mim e entrar na casa. — E aí?

Ela se joga no meu sofá. — O que você vai vestir esta noite?

Huh?

— Hum. — Eu franzo a testa. — Desculpe... O que há hoje à


noite?

— Nosso encontro duplo.

— O que?

— Sim, Henley veio esta manhã e combinou isso com Mason e


eu.

Eu olho para ela enquanto tento fazer meu cérebro se atualizar.


— Então você e Mason vão sair?
— Não. — Ela revira os olhos como se eu fosse estúpida. —
Henley e eu vamos sair juntos, e você e Mason estão saindo...
lembra?

— Oh... certo.

Que porra é essa?

— OK. — Tento pensar por conta própria. — Para onde vamos,


de novo?

— Clube SoHo. — Ela franze a testa para mim. — Você estava


ouvindo Henley quando ele organizou isso com você?

— Obviamente não. — Eu sorrio com os dentes cerrados.

— Então... o que você está pensando? — ela diz. — Pura,


sacanagem, supermodelo... Que visual você está procurando?

— Psicopata funciona para mim.

— Juliet, honestamente. — Ela joga a cabeça para trás e ri alto.


— Você é uma piada.

Vou gritar com você num maldito segundo.

— Não sei o que estou vestindo. Vou decidir de última hora, eu


acho, — digo a ela.

— Vou usar meu vestido branco justo. Eu realmente quero


explodir os miolos de Henley.

Que faz de nós duas.

— Soa como um plano. — Eu fingi um sorriso. — Eu tenho


muito o que fazer, então...

Ela fica de pé. — Vou deixar você fazer isso. Mason está muito
animado por finalmente passar algum tempo com você.
— Ótimo, mal posso esperar.

Henley é uma porra de carne morta.

— Vejo você no Henley às seis.

Eu penso. — Seis?

— Vamos tomar uns drinks lá antes de irmos, lembra?

— Certo. — Finjo um sorriso quando começo a ouvir meus


batimentos cardíacos furiosos em meus ouvidos. — Vejo você
então. — Fecho a porta e subo as escadas.

Que porra ele está brincando?

Espero quinze minutos até que a barra esteja limpa e vou até a
casa de Henley pelo portão lateral e entro no quintal.

Maldita seja essa merda de esgueirar-se. Eu superei.

Bang, bang, bang. Bato na porta deslizante de vidro com força.

Silêncio...

Bang, bang, bang. Bato com mais força.

Eventualmente ele sai do corredor. Ele está de short e sem


camiseta, seu cabelo está perfeitamente bagunçado e ele está ao
telefone. — Oi, — ele murmura enquanto abre a porta e dá um
passo para trás para me deixar entrar. Passo por ele e entro na
casa. Ele levanta um dedo para mim para simbolizar que demorará
alguns minutos, e então volta para seu escritório e se senta à sua
mesa.

— Sim, então você pode ver no desenho da página dois, — ele


diz para quem está ao telefone. — Role até a página oito e quero
mostrar do que estou falando.
Ugh... ele está em uma chamada de trabalho.

Vou até a cozinha dele e abro a geladeira. — Foda-se, estou


tomando uma taça de vinho. — Abro todos os armários da cozinha
enquanto procuro suas taças de vinho e acabo encontrando-as no
último lugar que procuro. Sirvo-me de um copo e tomo um grande
gole. Estou furiosa com ele. Como ele ousa marcar um encontro
com Taryn? E como ouso descobrir essa informação pela própria
Taryn?

Acalme-se.

Volto para o corredor e posso ouvi-lo ainda conversando


profundamente, e olho para as escadas. Eu nunca vi o quarto dele.
Estamos sempre na minha casa. Olho de volta para seu escritório
e subo as escadas.

O corredor é grandioso. Belas obras de arte estão penduradas


nas paredes, e uma mesa lateral de mármore fica no topo da
escada com um vaso de lírios brancos.

Sinto-me um pouco desanimada. Tudo é tão luxuoso e perfeito.


O que ele deve pensar da minha casa desarrumada? Passo por
alguns quartos de hóspedes e um banheiro de mármore branco, e
então chego ao final do corredor: o quarto dele.

É enorme e grandioso, com uma cama de dossel. O carpete é


azul marinho e as paredes têm um lindo tom de cinza. Estilizado
com perfeição e nenhum detalhe fora do lugar.

Uma pintura abstrata de uma mulher nua em lindos tons de


azul e lilás está pendurada acima da cama.
— Deus..., — eu sussurro para mim mesmo enquanto olho em
volta. Ele está realmente morando em uma favela na minha casa
baixa. Vou até seu guarda-roupa e paro enquanto seguro a
maçaneta da porta. Estou quase com muito medo de olhar, mas
olho mesmo assim. Abro a porta e fico surpresa com o enorme
espaço do seu guarda-roupa. É outro quarto.

Ternos caros e sob medida estão todos alinhados e pendurados,


sapatos todos engraxados e aos pares. Abro a gaveta de cima e vejo
gravatas todas enroladas e expostas. Isto é como uma porra de
uma loja Prada ou algo assim. Abro a segunda gaveta e encontro
uma vitrine de relógios de grife caros. A insegurança toma conta
de mim e fecho a gaveta com desgosto.

Volto para seu quarto e sento-me nervosamente em sua cama.

É king size, com linho branco perfeitamente passado e uma


linha de costura azul-marinho a cerca de dez centímetros das
bordas. O único lugar onde vi esse tipo de roupa de cama foi em
revistas de casas exóticas.

Sento-me em silêncio na cama enquanto olho ao redor de seu


espaço luxuoso. Suas mesas de cabeceira têm romances
cuidadosamente empilhados e uma luminária de cristal de cada
lado. Perfeitamente combinados, como tudo no mundo de Henley.

O que diabos temos em comum?

Uma sensação de pavor me preenche. Mesmo se nós


namorarmos... quanto tempo será? Ele pertence a alguém tão
perfeito quanto ele, não a uma bagunça como eu, que tem pelo de
cachorro em tudo que possui.
— Aí está você, — sua voz profunda diz da porta.

Forço um sorriso. — Aqui estou.

Ele se inclina no batente da porta. — E aí?

Sem beijo?

— Hum... — Faço uma pausa enquanto tento acertar as


palavras na minha cabeça. — Taryn acabou de chegar.

— E? — Ele levanta a sobrancelha como se estivesse


impaciente.

— Ela acha que temos um encontro duplo com eles esta noite?

Ele abre um sorriso de tirar o fôlego. — Bem... mais ou menos.

— O que você quer dizer com mais ou menos?

— Eles estão no meu caso e eu... — Ele dá de ombros.

— Você o que? — Eu estalo.

— Achei que esta noite seria uma boa oportunidade para


colocar isso de lado e tirar isso do caminho.

— O que aconteceu com o nosso encontro? Eu quero você pra


mim. Eu não quero sair com Mason, e você definitivamente não vai
sair com a porra da Taryn.

— Relaxe. — Ele revira os olhos e entra no banheiro. — Blake


e Antony também estão vindo com suas acompanhantes. — Ele
liga o chuveiro. — É uma coisa de grupo. Não é grande coisa.

— Taryn acha que é um grande negócio, Henley, — eu


respondo.
Ele deixa cair o short e pula debaixo d'água. Sou
instantaneamente silenciada por sua beleza. Ele molha o cabelo e
começa a lavá-lo.

— O que acontece se Mason agir contra mim? — Eu pergunto.

Ele sorri com os olhos fechados. — Então eu acho que você


cuida disso.

Ele está diferente.

— Eu não quero lidar com isso, — eu bufo. — E quanto a


Taryn? Nós dois sabemos que ela vai tentar algo com você.

Ele exala pesadamente como se eu o estivesse incomodando. —


Juliet, não estou com humor para seus dramas hoje. Vejo você
hoje à noite, ok?

Eu fico olhando para ele. O que está acontecendo aqui? Ele não
me tocou nenhuma vez.

— Ok, estou indo para casa, — anuncio.

— Vejo você hoje à noite, — ele responde casualmente. — Esteja


aqui por volta das seis.

Fico ao lado do chuveiro esperando que ele volte ao que era


antes, mas ele não o faz.

— E se eu não quiser ir hoje à noite? — Eu estalo.

— Então não venha. — Ele encolhe os ombros enquanto se


ensaboa.

— O que há de errado com você hoje?

— Nada, por quê?

— Você está agindo de forma estranha.


— Estou agindo de forma estranha ou você está sendo
pegajosa?

Dou um passo para trás, ofendida. Foda-se isso. Estou sendo


totalmente pegajosa, não que algum dia vá admitir isso.

— Adeus, — eu respondo.

— Até mais. — Ele sorri casualmente e volta a se lavar.

Desço as escadas e volto para minha casa num acesso de raiva.


Não vou a lugar nenhum esta noite com eles.

Taryn pode ter os dois.

— Henley, sua casa é simplesmente divina, querido. — Taryn


sorri enquanto caminha pelo andar de baixo.

Henley sorri como o gato que ganhou o creme.

Ugh, esta é uma noite infernal. Eu sabia que não deveria ter
vindo.

Bebo meu vinho, sem me impressionar. Nunca será seu, vadia.

Vamos tomar uma taça de vinho no Henley's antes de sairmos


hoje à noite.

Mas e se ele realmente gostar de Taryn?

Ele não sabe.

— Você viu o quintal, Taryn? — Eu chamo. — Venha e eu vou


te mostrar.

Ela me segue até o quintal e vê a piscina. — Oh meu Deus,


posso me ver aqui, — ela chama.
Eu também, com blocos de cimento amarrados aos pés.

— É bom, não é? — Olho em volta enquanto penso no que dizer


a seguir. — Isso é estranho, — eu sussurro enquanto me inclino
para perto dela.

— O que é? — ela sussurra de volta.

— Toda essa situação. — Olho para dentro, onde os meninos


estão. — Prometa que não vai dizer nada, — eu sussurro.

— O que?

— Acho que Mason gosta de você.

Seus olhos se arregalam. — O que?

— Sim, — eu sussurro. — Ele não consegue tirar os olhos de


você.

— Oh. — Seu rosto cai. — Jura?

— Eu sei, e ele é tão gostoso. Operações especiais e tudo. Estou


tão decepcionada. Eu realmente gostei dele... e depois descobrir
que Henley só organizou esta noite porque também gosta dele.

Os olhos de Taryn se arregalam e ela olha para a casa e depois


para mim. — Que porra é essa?

— Quer dizer — dou de ombros — estou apenas especulando,


é claro.

— Você acha que Henley gosta de Mason? — ela engasga. —


Ele gosta de homens? — ela grita.

— Shh, fale baixo, — eu sussurro. — Não sei... talvez?

— Foda-se. Eu tinha planos para ele.


Cancele-os.

— Quero dizer... vá em frente se quiser. Eu apenas pensei que


deveria deixar...

Ela me interrompe. — Não, você fez a coisa certa.

— Então o que você vai fazer? — Eu sussurro.

Taryn olha para dentro da casa. — Talvez devêssemos ter algo


em grupo? Assim ninguém fica de fora. Todos nós podemos
conseguir o que queremos e foder uns aos outros.

Eu solto uma risadinha surpresa. De todas as coisas que


pensei que ela diria, não foi isso.

Ajuda!

Henley
Bebo minha cerveja. — Porra... Taryn.

— Eu sei. — Mason assente. — Cara, eu sei que ela é seu par...


mas, foda-se. Esses peitos.

Eu rolo meus lábios para esconder meu sorriso. Esse pobre


idiota não tem ideia. — Acho que ela gosta de você, — digo a ele.

— Quem, eu? — Ele aponta para o peito.

— Sim. Ela está checando você sempre que pode.

— Sério? — Ele franze a testa. Seu olhar se volta para a porta


dos fundos, para onde as meninas foram.

— Você poderia... — Dou de ombros casualmente. — Quero


dizer, se ela estiver a fim de você.
— Você quer trocar de encontro? — Mason sussurra.

— Na verdade... mas, quero dizer, eu vejo o jeito que ela te


despe com os olhos. Eu não tenho chance.

Mason pensa muito. — Mas Juliet...

— Ela não é tão boa assim, — minto. — Eu sinto que Taryn é


mais adequada para um cara como você.

Mason acena com a cabeça enquanto contempla suas escolhas


percebidas.

Não tem escolha, filho da puta. Você não pode ter Juliet.

Fim da história.

— Não. Eu quero Juliet, — ele diz desafiadoramente.

Taryn nos interrompe enquanto volta pela porta. — Estamos


prontas para ir.

Mason se levanta. — Aqui está meu encontro gostoso. — Ele


coloca o braço em volta de Juliet e eu olho para os dois juntos.

Nem pense nisso, porra.

Juliet
Nosso Uber chega e saímos para recebê-lo. — Vou sentar no
banco da frente, Mason, — diz Henley enquanto abre a porta do
carro.

Taryn se abaixa para entrar no carro. Ela está usando um


vestido de neoprene branco que não deixa nada à imaginação.

Honestamente, onde ela compra essas coisas?


Henley observa sua bunda e levanta uma sobrancelha para
mim.

Nem mesmo...

— Não, sente-se ao meu lado, Henley, — Taryn grita do Uber.

Henley sobe ao lado dela.

Estou feliz que ele esteja se divertindo. Isso faz de um de nós.

A viagem é longa. Taryn e Mason tagarelam, mas não consigo


me concentrar. Tudo o que consigo pensar é nos músculos grossos
da coxa de Henley pressionados contra os meus.

— Ah, ah. — Taryn ri alto enquanto conta uma história.

— Você está brincando comigo. — Mason ri.

— Uma vez, quando eu estava em Bangkok, — continua Mason.

— Você já se perguntou como aquele país ganhou esse nome?


— Taryn responde. — Quer dizer, eu quero. O tempo todo. Bang
pau10. Vai saber. Como antigamente, eu me pergunto, as pessoas
do país estavam apenas transando com paus o tempo todo?

— Nunca pensei nisso assim. — Mason ri alto. — Você é


incrível, Taryn.

Reviro os olhos. Jura?

Durante quinze minutos ouço as histórias mais mundanas de


todos os tempos, e Henley nem sequer olhou na minha direção.

10
Ela faz uma piada como nome Bangkok, pois o final da palavra, kok, tem o mesmo som que “cock” que
pode significar “pau”.
O Uber para no meio-fio quando chegamos ao clube e todos nós
descemos.

Mason e Taryn caminham na frente, e Henley coloca a mão na


minha cintura enquanto me conduz através da multidão. Meus
hormônios disparam com apenas um toque passageiro dele.

De repente eu me sinto mal.

Quero estar aqui com ele, mas em circunstâncias muito


diferentes. Quero ficar sozinha e em um encontro, só nós dois, sem
mentiras ou outras pessoas.

O que começou como um jogo divertido e difícil de conseguir,


de alguma forma perdeu o brilho.

Porra.

Pare de pensar demais.

Caminhamos pelo clube superlotado. Enquanto Henley


caminha na frente, ele olha para trás e, percebendo minha
mudança de humor, franze a testa para mim. — O que está errado?
— ele sussurra.

— Nada. — Forço um sorriso.

Chegamos a uma pequena mesa, é alta, com bancos ao redor.


— Aqui? — Taryn pergunta.

— Parece bom. — Henley sorri. — Vou pegar algumas bebidas.


O que todos vocês querem?

— Obrigado. Vou tomar uma cerveja, — diz Mason.

— Vou querer uma vodca, limão e refrigerante. — Taryn sorri.


— Obrigada.
— Hum. — Eu torço meus lábios enquanto penso. Não tenho
certeza do que comer. — Eu só vou querer...

— Coquetel? — Henley pergunta.

— Uma margarita? — Eu pergunto esperançosamente.

— Claro. — Henley me dá um sorriso malicioso e eu derreto um


pouco por dentro.

— Onde estão os banheiros? — pergunto a Taryn.

— Para a parede da extrema esquerda. — Ela aponta.

— Ok, volto em um minuto. — Vou até a parede oposta e depois


sigo por um corredor que leva ao banheiro.

Eu olho no espelho. A garota olhando para mim não parece


familiar. Ela parece corada e confusa. Desafiada, mas mais do que
tudo, posso ver um medo profundo em seus olhos. Porque a garota
no espelho sabe que está perdendo a cabeça.

Só precisamos de mais tempo.

Pare de pensar demais e divirta-se.

Só porque nosso relacionamento não é um livro didático, não


significa menos.

Tempo. É apenas uma questão de tempo. Eu sei que ele


também sente essa conexão.

Deixo cair os ombros enquanto me dou um discurso


estimulante. Está bem.

Volto para os outros e os encontro rindo e conversando. Na


verdade, eles se dão muito bem; são eles que deveriam estar
namorando. Olho de volta para o bar, onde Henley está esperando
na fila, e vou até o canto, fora da vista dos outros, para poder
observá-lo sem interrupções.

Ele se eleva acima de todos ao seu redor. Seu cabelo escuro e


grosso está bagunçado com perfeição, e aqueles jeans pretos
abraçam sua bunda perfeita. Ombros largos, postura perfeita e um
queixo que poderia cortar vidro. Sua pele é morena e bronzeada.

Meus olhos percorrem seu corpo de cima a baixo enquanto eu


o absorvo.

Nunca conheci ninguém como ele: ainda assim tão atraente,


como uma areia movediça misteriosa, tão desconhecido. É a coisa
mais estranha. Eu o conheço, mas também sei que nem arranhei
a superfície de sua personalidade.

Ele tem uma profundidade que não consigo explicar, uma


escuridão subjacente que vem de dentro.

Não tenho certeza do que é, de onde vem ou se realmente existe.


Quero dizer, pode ser uma invenção da minha imaginação. Só
porque ele não conheceu a mulher certa não significa que esteja
necessariamente prejudicado.

— Ei, — diz uma voz ao meu lado, interrompendo minha


espionagem.

— Blake. — Eu sorrio enquanto ele beija minha bochecha. —


Oi.

Blake parece ter acabado de sair de uma sessão de fotos para


a revista GQ : alto, com cabelos ruivos e ombros longos. Como
esses homens são todos amigos?
— Estas são Sienna e Mikayla. — Ele me apresenta duas lindas
mulheres que estão ao lado dele. Uma delas tem longos cabelos
loiros e usa um vestido preto justo sem alças. Ela é absolutamente
linda. A outra tem longos cabelos escuros e é voluptuosa e cheio
de curvas. Parece que ela saiu direto do Pornhub. Porra... tão
quente que quase quero transar com ela.

— Oi. — Cada uma delas aperta minha mão com um sorriso.

— Oi, — eu grito.

Ele trouxe essas garotas com ele ou elas simplesmente se


encontraram? Preciso de todas as informações para Chloe.

Uma voz familiar soa. — Olá, Juliet. — Olho para trás e vejo
Antony.

— Oi.

Ele sorri e se mantém firme. Antony é mais tímido que os outros


meninos. Cabelo escuro e belos traços europeus, e ele tem o sorriso
mais lindo.

— Esta é Rena. — Ele me apresenta uma linda garota com


cabelos escuros e cacheados.

— Olá. — Eu sorrio.

— Oi.

— Você quer uma bebida? — ele pergunta a ela enquanto coloca


a mão nas costas dela.

Ok, eles estão definitivamente juntos.


Ela diz algo para ele que não consigo ouvir, e então ele a beija
rapidamente antes de ir para o bar. Eu o vejo desaparecer no bar.
Henley o avista e ri enquanto ele diz alguma coisa.

— Este lugar está bombando, — diz Mason ao meu lado.

Ugh... por favor vá embora. Eu realmente não tenho energia


mental para brincar esta noite. — Está mesmo. — Eu sorrio. Olho
para ver Blake beijar a garota loira enquanto segura a mão da
morena, ele então se vira e a beija.

Que porra é essa?

Elas o compartilham.

Oh inferno, agora eu vi tudo.

Blake também vai para o bar e eu o vejo conversar com Henley


e Antony. Ele diz alguma coisa e todos caem na gargalhada. Do
que diabos eles estão falando?

Quão bom é ter uma seleção de menu de vagina combinada?

Ugh, ver Blake com aquelas duas garotas ferve meu sangue.

Homens de merda são todos idiotas.

— Devíamos dançar totalmente. — Mason dá um sorriso sexy.

— Ou não, — respondo enquanto pego meu telefone. Tenho que


ligar para Chloe. — Eu tenho que atender isso. — Levanto meu
dedo para Mason enquanto ando em direção às portas para
encontrar um lugar mais silencioso para conversar.

— Oi, — Chloe responde alegremente.

— Oh meu Deus, — eu sussurro com pressa. — Blake Grayson


está aqui com duas mulheres.
— O que você quer dizer?

— Ele estava beijando uma enquanto segurava a mão da outra,


e então começou a beijá-la também.

— Que porra é essa? Ele gosta de swing, ménage?

— Parece que sim.

— O que está acontecendo? — Ouço alguém dizer ao fundo do


telefone da Chloe.

— Blake vai se juntar a duas mulheres esta noite, e eu


oficialmente odeio todos os homens.

— Quem é essa? — Eu pergunto.

— Estou com Rebeca. Estamos no drive-thru do McDonald's.

— Onde está John?

— Um palpite, — Chloe murmura secamente. — Trabalhando


até tarde.

— Estou tão longe dele. — Reviro os olhos. Todos os homens


são idiotas legítimos neste fim de semana. — Henley também está
sendo um idiota, e Mason continua tentando falar comigo porque
acha que estamos em um encontro. Este é um grande desastre.

— O que Taryn está fazendo?

— Está gostosa pra caralho, — eu respondo.

— Taryn está linda, — Chloe diz a Rebecca.

— Claro que ela está, — responde Rebecca.

— Ugh, eu tenho que ir.


— Tem certeza de que Blake está com as duas? Talvez uma
delas seja apenas amigo da namorada ou algo assim.

Olho de volta para o grupo e vejo Blake entregar a bebida à loira


com um beijo e depois entregar a bebida à morena com um beijo
também. Enquanto ele beija a morena, sua mão desliza pela perna
da loira e por baixo do vestido curto enquanto ela se senta no
banquinho.

— Não, ele está transando com as duas com certeza. — Eu


sopro ar em minhas bochechas. — E elas são tão gostosas. O que
eles estão pensando? Inacreditável.

— Ugh... droga, — Chloe retruca. — Eu odeio que ele tenha pau


suficiente para duas mulheres.

Reviro os olhos.

— Ligue-me de volta. Preciso de atualizações.

— OK. — Desligo e vou ao banheiro e tento me acalmar, e então


volto para o grupo. Sem fazer contato visual, Henley me passa uma
bebida e volta direto para conversar com Antony. — Obrigada. —
Eu finjo um sorriso na parte de trás de sua cabeça.

Idiota.

Droga, Blake Grayson e seu harém idiota me abalaram. De


repente estou me sentindo muito ingênua e inexperiente. Achei
que ele era um médico legal, respeitável e gentil. Aparentemente
não.

Ele é uma estrela pornô com um pau duplo.

Pare com isso.


Só porque esta noite é diferente não significa que haja
problemas entre Henley e eu.

Nós estamos bem.

Ele está diferente, uma vozinha irritante dos meus sussurros


inconscientes.

Ele está diferente hoje. Não posso negar, mas... ah, talvez seja
só porque as coisas estão indo muito bem entre nós. Tente não
pensar demais nisso.

Suas palavras anteriores voltam para me assombrar. Estou


agindo de forma estranha ou você está sendo pegajosa?

Talvez eu esteja sendo super pegajosa. Sinto-me muito


desequilibrada hoje e estou hormonal.

Está bem. Tudo está bem.

Blake pode foder quem ele quiser, e se elas quiserem


compartilhar seu pau sujo, foda-se.

Eu não posso deixar isso me afetar.

Durante a hora seguinte, fico para trás como espectadora e


deixo a noite seguir seu curso.

Henley está sendo brincalhão e deslumbrante com todos,


menos comigo. Na verdade, ele nem olhou na minha direção.

Eu não estou imaginando isso. Algo está acontecendo.

A música está bombando alto agora. Você mal consegue ouvir


isso. — Dance comigo, — Mason diz enquanto coloca o braço em
volta de mim. Eu me livro dele.
— Não estou com humor esta noite, — digo. Eu nem estou
mentindo. Não estou com vontade de dançar. Na verdade, acho que
vou para casa. Ficar sozinha na minha cama é muito melhor do
que ficar sozinho aqui.

Mason olha para Henley. — Ela não vai dançar comigo.

— Dance com ele, Taryn, — Henley chama por cima da música


alta.

Taryn, que está a caminho de Drunkville, levanta as mãos no


ar e balança. — Vamos, querido.

Bebo minha bebida e olho para a pista de dança.

— Você deveria ir dançar com ele, — Henley diz enquanto fica


ao meu lado.

— Eu não quero dançar com ele, Henley, — murmuro em


minha bebida. — Você sabe disso.

— Por que não?

Eu franzo a testa para ele. — Eu acho que você sabe o por quê.

— Por causa do nosso acordo?

Bebo minha bebida.

— Eu estive pensando sobre isso.

Minha pele se arrepia.

— E?

— Quero explorar isso com Taryn.

— O que?

Eu ouvi isso certo?


— Gosto de Taryn, — ele grita por cima da música. — Eu quero
levá-la para casa esta noite.

Eu me afasto dele, chocada.

Eu não poderia ter ouvido isso direito.

— Você quer levar Taryn para casa esta noite? — pergunto para
ter certeza de que ouvi direito.

— Você deveria levar Mason para casa. — Ele encolhe os


ombros casualmente, como se estivéssemos falando de uma
bebida no bar. — Ele seria uma boa foda, eu imagino.

Boom, boom, boom soa meu batimento cardíaco em meus


ouvidos. Meus olhos estúpidos se enchem de lágrimas e, incapaz
de formar uma frase, me viro e marcho em direção às portas.

Ele a quer.

Atravesso a multidão, magoada como nunca antes. Que porra


ele está dizendo?

Achei que tínhamos alguma coisa.

Eu com raiva enxugo minhas lágrimas estúpidas. — Com


licença, — eu grito. — Com licença.

Saio pelas portas da frente para a rua. Olho para cima e para
baixo na rua. Está chovendo forte e começo a subir o caminho.

Nunca fiquei tão chocada com alguém em minha vida. Eu tenho


que dar o fora daqui.

— Juliet, — a voz de Henley chama atrás de mim.

Continuo andando.

— Você vai parar?


Continuo marchando. Lágrimas quentes e salgadas escorrem
pelo meu rosto.

Pare de chorar.

— Juliet, — ele grita. — Pare.

Paro ali mesmo, com o rosto contorcido em lágrimas.

Eu odeio estar chorando.

— Vire-se, — ele exige.

Eu me viro e seu rosto desaba quando ele vê minhas lágrimas.


— Desculpe.

Meus olhos assombrados seguram os dele.

— É o melhor.

— Por quê? — Eu sussurro, meu coração derretendo em uma


poça na barra do meu vestido.

Como ele poderia estar tão frio?

— Eu não quero isso, — ele retruca. — Essa fantasia que você


construiu na sua cabeça não é... — Sua voz desaparece.

— Eu não entendo.

Ele abre bem as mãos. — Eu não te amo, ok?

A terra se move abaixo de mim.

— Eu nunca vou te amar.

A dor atravessa meu coração.

— Estávamos apenas fodendo.

— Você não me ama? — Eu sussurro.

Ele balança a cabeça.


A adrenalina surge através de mim. — Se você não me ama...
então isso é simplesmente triste. — Eu estrago meu rosto em
lágrimas. E eu gostaria de poder articular palavras melhores, algo
que o fizesse entender o que está fazendo.

Isto é uma tragédia. Já estamos apaixonados.

— Não é triste, Juliet, é a vida, — ele cospe. — Estávamos


fodendo. Exatamente como conversamos, nada mais, nada menos.

— Foi tudo o que estava no meio, — soluço enquanto meu


coração se parte.

— Desculpe. Eu gostaria de poder dizer algo mais profundo,


mas — ele dá um passo para trás — isso não significou nada para
mim.

Meus olhos procuram os dele.

— Entre e foda Mason. Isso fará você se sentir melhor.

Oh...

Eu soluço alto e abaixo minha cabeça. Como ele poderia estar


tão frio?

Quando finalmente olho para cima, vejo-o voltando para o


clube sem nenhuma preocupação no mundo.

Ele se foi.
Fico debaixo da água quente com a cabeça entre as mãos.
Estou chorando muito, meu coração batendo rápido no peito.

Isso realmente aconteceu?

Não consigo nem ligar para Chloe e falar sobre isso, porque se
eu disser isso em voz alta, então tem que ser verdade.

Suas palavras voltam para mim. Entre e foda Mason. Isso fará
você se sentir melhor.

Coloquei as mãos na boca, enjoada.

É isso que ele pensa de mim? Foi assim que ele nos viu? Eu
soluço alto, a dor em meu peito doendo forte.

Todo esse tempo pensei que estávamos nos apaixonando, ele


estava apenas fazendo sexo com meu corpo.

Usando-me para se divertir.

Achei que ele me amava.

Ele não.

Montei essa pequena fantasia na minha cabeça onde ele e eu


nos apaixonamos perdidamente, arrumamos minha casa e
vivemos felizes para sempre em nossa ruazinha perfeita.

Estava tudo na minha cabeça.

Entre e foda Mason. Isso fará você se sentir melhor.


Torço o rosto em lágrimas, deslizo pelos azulejos e sento no
fundo do chuveiro, debaixo da água quente, sozinha e com o
coração partido.

Eu me deixo chorar.

Henley

tarde de domingo
Sento-me na varanda dos fundos e vejo a chuva cair. O trovão
está rolando ao longe e uma tempestade está se formando.

O dia está triste e escuro, assim como meu humor.

Continuo repassando a noite passada e seus acontecimentos.

Suas lágrimas... a maneira como elas me fizeram sentir.

Não consigo mais compreender o que é normal.

Por algumas semanas lá, eu estava me enganando, pensando


que as coisas estavam melhorando, que tudo finalmente havia
dado certo e a escuridão havia acabado.

Mas a realidade se instalou; isso nunca acabará.

Isto é tudo para mim.

Eu sou o produto final – não há remodelação a partir daqui. As


coisas estão gravadas em pedra.

Hoje isso é ampliado e me sinto especialmente perturbado. Eu


não dormi. Como eu poderia?

A chuva cai forte, me trazendo de volta ao momento. É alto e


raivoso. Começa a espirrar e a molhar minhas pernas.
Vejo suas lágrimas novamente e fecho os olhos em
arrependimento. De qualquer forma, isso é o melhor. Ela está
melhor com outra pessoa. Alguém que possa amá-la
adequadamente.

Ouço o carro de Juliet dar a partida e olho para a cerca e depois


para o relógio. Ela está saindo para o trabalho, fazendo o turno da
tarde.

E se eu fosse uma pessoa melhor, iria até lá e pediria


desculpas, pediria a ela que voltasse para mim e acertasse as
coisas entre nós.

Implorar por uma segunda – não, terceira – chance.

Mas qual é o objetivo? De qualquer maneira, só vou estragar


tudo mais tarde...

Eu fiz uma coisa, porém. Eu provei um ponto para mim mesmo.

Agora eu sei.

Se a mulher perfeita não puder me salvar, ninguém poderá.

Quinta-feira, 16h
Olho para a placa acima da porta.

ARON STEVENS

PSICÓLOGO

Com uma expiração profunda, reviro os olhos. — Aqui vamos


nós, porra. — Empurro a porta pesada e chego ao hall de entrada.
— Olá, — digo à recepcionista. — Tenho um compromisso às
quatro.

Ela finge um sorriso. — Sente-se, Sr. James.

Olho para o sofá de espera. — Na verdade... Eu mudei de ideia.


Não precisarei de consulta hoje.

A porta do escritório se abre rapidamente. — Henley, — diz um


homem loiro com sotaque inglês. — Por aqui.

Porra.

Passo por ele em seu escritório e fico parado, sem saber o que
fazer.

— Por favor, sente-se.

Desabotoo o paletó e me sento. Cruzo as pernas e


imediatamente as descruzo. Eu sento e depois sento para frente.

Aaron se senta e sorri calmamente. — Nervoso?

Passo a mão pelo cabelo. — Não. — Eu estou. — Esse... é... foi


um erro. Desculpe desperdiçar seu tempo. Envie-me a conta.

— Sente-se, — ele diz com voz severa. — Você está aqui por um
motivo. Vamos ver isso até o fim.

Reviro os lábios, sem me impressionar, e olho em volta antes


de finalmente me sentar.

— Conte-me sobre você, Henley. O que você faz no trabalho?

— Eu sou um engenheiro.

— Você trabalha para alguém?


— Eu tenho minha própria empresa. — Olho para a janela
enquanto planejo minha fuga.

Ele concorda. — Eu vejo.

— E você é solteiro, casado? Gay ou hétero?

— Hétero e solteiro, — respondo secamente.

— OK... — Ele sorri e espera que eu diga alguma coisa.

Eu não digo.

— E como você se descreveria?

Coço a cabeça em frustração. — Não sei. — Eu dou de ombros.


— Normal.

— OK, bom. — Ele sorri enquanto me observa atentamente. —


E o que te trouxe aqui hoje?

— Meu amigo. — Dou de ombros, envergonhado. — Marcou a


consulta para mim.

— E qual é o nome dele?

— Blake.

— Blake quem?

— Blake Grayson.

— Sim, eu conheço o Dr. Grayson. Ele me pediu para incluir


você com urgência.

— Ele é bastante dramático.

— Ele tem razão para estar?

— Não. — Olho ao redor da sala – para qualquer lugar, menos


para ele.
— Então aconteceu algo que o deixou preocupado com você?

— Na mente dele.

— E o que foi isso?

Eu dou de ombros. — Parei de sair com alguém. Não é grande


coisa. Ele está dramatizando demais.

— Isso te chateou?

Eu o interrompi. — Eu realmente não vejo o que isso tem a ver


com alguma coisa.

— Responda à pergunta, por favor, — ele dispara de volta. —


Você está chateado com a separação? Qual é o nome dela?

— Juliet.

Eu reviro meus lábios, não impressionado.

Foda-se esse idiota.

— Você está chateado com a separação?

— Decepcionado, sim.

— Quem terminou?

Hesito antes de responder. — Eu fiz.

Ele concorda. — Eu vejo. Você não sente mais nada por Juliet?
— Ele dá de ombros.

A tristeza toma conta de mim como um cobertor pesado.

— Eu adoro ela.

Uma carranca surge em seu rosto. — E ainda assim você


terminou o relacionamento?

— Ele seguiu seu curso.


— OK. — Ele concorda. — Quando foi seu último
relacionamento sério antes deste?

Eu cerro minha mandíbula. Chega de perguntas malditas.

— Sem pressa.

— Eu não tive um relacionamento sério. Eu tenho — faço uma


pausa — relacionamentos sexuais.

— Sempre?

— Sim.

Ele se recosta na cadeira. — Desde que idade?

— Quinze.

— Com que idade você se tornou sexualmente ativo?

— Mesma idade.

— Houve algum evento significativo que aconteceu naquela


época?

Reviro os olhos. Aqui vamos nós. — Não tem relação.

— Mas houve um evento?

— A minha mãe morreu.

— Lamento.

— Eu também.

Ele faz uma pausa por um momento, como se estivesse


organizando seus pensamentos.

— Você tem irmãos, Henley?

— Não.

Ele concorda. — Seu pai biológico está vivo?


— Sim.

— Você está em contato com ele?

Faço uma pausa, sem saber como responder a essa pergunta.


— Sim e não.

Juliet
Sento-me no chão da minha sala e seguro o controle remoto na
frente da televisão enquanto pulo os canais.

Não, não, não, não, não...

Deixei escapar um suspiro profundo. — Por que não há mais


nada na televisão que valha a pena assistir? — Jogo o controle
remoto no sofá, me deito e olho para o teto.

Foi uma longa semana. Nenhum contato.

Tão perto, mas tão longe.

O céu caiu. O mundo está cinza.

E Henley James não me ama... basta perguntar a ele, ele lhe


dirá.

Eu não deveria estar tão arrasada. Foram apenas duas


semanas. Eu já deveria ter superado isso, atribuindo isso a uma
experiência ruim.

Mas é isso: como você descarta casualmente uma emoção que


esperou sentir durante toda a sua vida?

Não era real para ele, mas era tão real para mim.
Amor em Technicolor11 espetacular, lindo e cru.

Só que não foi.

Sinto um nó na garganta e meus olhos estúpidos se enchem de


lágrimas. Odeio que ele tenha me machucado e, mais do que isso,
odeio ter permitido. Eu sabia exatamente onde estava me metendo,
mas mesmo assim apostei tudo.

Isso é por minha conta. Minha culpa.

A parte lógica do meu cérebro está com raiva, furiosa por ele
ter escapado impune do crime perfeito. Lembro-me de rirmos e
rolarmos nos lençóis, dançando nus na cozinha à meia-noite.

Ele me fisgou bem. Peguei o anzol, a linha e a chumbada da


isca.

Meu pobre coração patético continua me lembrando de sua


bagagem e me implorando para perdoá-lo por ter fugido.

Entre e foda Mason. Isso fará você se sentir melhor.

Fecho os olhos com a lembrança de suas palavras dolorosas.


Como ele poderia dizer isso? Ele obviamente não me respeita.

Ele nunca fez isso.

Eu sei o que preciso fazer, mas como você esquece alguém que
está tão gravado em sua alma que é tudo em que você consegue
pensar?

11
Palavra utilizada para descrever algo muito bonito, colorido, de forma exagerada.
Deito no chão e olho para o espaço. Vou me deixar afundar na
autopiedade por mais alguns dias, e então vou me levantar e tirar
a poeira. Como diz o velho ditado, isso também passará.

Já se passaram cinco dias sem ele. Vai melhorar em breve...

Tem que melhorar.

Sábado à tarde, volto para casa depois do turno diurno do


hospital. Estava agitado e ridiculamente ocupado. Tudo o que
poderia ter dado errado hoje, deu. Viro a esquina da minha rua e
vejo os meninos no meio da rua sem saída colocando uma bola de
golfe no tee. Eles estão bebendo cerveja, rindo e brincando.

Eles nunca ficam cansados daquele jogo estúpido e de ficar


juntos no meio da rua?

Passo por eles com um sorriso falso e um aceno.

Henley não está lá.

Onde ele está?... Ele está bem?

Atualmente estou sofrendo de transtorno de personalidade


múltipla. Eu alterno entre raiva e preocupação por ele. Furiosa em
um minuto, chorando no outro.

Zangada porque ele me machucou, mas preocupado porque sei


que ele não é assim.

Talvez eu seja apenas um idiota crédulo que foi enganado por


um jogador.
Ao chegar em casa, vejo que minha grama foi aparada. Huh?
Paro o carro na garagem e saio para ouvir o cortador de grama
funcionando no meu quintal.

Quem cortou minha grama?

Olho de volta para os meninos no meio, e Blake abaixa a cabeça


e acena. — Oi, Juliet.

— Oi.

Ugh... pare de agir bem, seu gangbanger. Chloe é boa demais


para você.

Ando pelo portão lateral e vejo Henley empurrando o cortador


de grama em velocidade dupla sobre meu gramado. Ele está
andando muito rápido e empurra-o direto para um canteiro de
jardim e destrói as plantas.

— O que você está fazendo? — Eu reclamo.

Ele continua cortando em velocidade dupla, a cabeça baixa e a


pele brilhando de suor.

— Henley, — eu chamo.

Ele não olha para cima e corta outra planta.

É isso.

Eu vou até ele. — Pare! — Eu grito.

Ele olha para cima e seu passo vacila.

— Que diabos está fazendo? — Eu grito.

— Cortando sua grama. Como é isso, porra? É uma vergonha,


— ele rosna.
Coloquei as mãos nos quadris, enfurecido. — Você está
atropelando minhas plantas.

— Ervas daninhas, — ele grita por cima do cortador de grama.

— Vá para casa, — eu grito.

— O que? — Ele finge não poder me ouvir.

Com uma raiva insensata, olho em volta para a carnificina do


meu jardim e para as três plantas que ele cortou em pedaços.

— Vá para casa! — Aponto para a casa dele. — Não corte a


porra da minha grama nunca mais.

Nunca, jamais conheci uma pessoa mais irritante. Estou tão


perto de dar um soco na cara dele agora que nem tem graça.

Eu o empurro para longe do cortador de grama, ele cambaleia


para trás e eu desligo.

— Vá para casa, — eu grito.

— O quê você espera que eu faça? Sua grama está arruinando


toda a paisagem urbana. Estamos todos cansados disso, — ele
cospe com os dentes cerrados.

Algo dentro do meu cérebro estala e eu quero atacar e


machucá-lo. — Você é uma maldita aberração controladora e eu
não vou tolerar isso.

Seus olhos saltam das órbitas. — O que você disse? — ele


zomba.

— Você me ouviu. Vá para casa, porra. — Viro-me e marcho de


volta para minha casa e percebo que a porta dos fundos está
trancada. Droga, minhas chaves ainda estão na frente do meu
carro.

Ugh!

Eu corro pela frente com ele em meus calcanhares. — Você não


acabou de dizer isso para mim, — ele grita. — Eu não sou uma
aberração por limpeza.

— Sim, eu disse, e sim, você é. — Abro meu carro e pego minhas


chaves. — Vá embora, Henley. Você é um maldito pesadelo. — Bato
a porta do carro e marcho até a porta da frente.

— Não se atreva a me xingar. — Ele me segue para dentro.

— Eu te chamo do que eu quiser.

Ele bate a porta atrás dele. — Escute-me. Você mantém a porra


do seu gramado em ordem ou vai embora, — ele se irrita. — Não
vou morar perto de uma casa abandonada.

— O que? — Eu explodo. — Minha grama não estava nem


comprida.

— Sim, estava. — Seus olhos estão esbugalhados e as veias


estão saindo de sua testa. — Você me deve um agradecimento.

— Pelo que? — Eu explodo. — Por cortar minhas malditas


plantas?

— Eles eram ervas daninhas.

— Você é uma maldita erva daninha. Vá para casa!

— Combina bem comigo. — Ele se vira em direção à porta. —


Você é uma garota ingrata.

— Henley, — eu chamo.
Ele se vira para me encarar. — Você é um idiota egocêntrico,
sabia disso?

Ele estreita os olhos e caminha em minha direção. — Não me


culpe pelo seu pequeno caso de amor delirante.

— Que diabos isso significa? — Eu explodo. A adrenalina está


subindo pelo meu corpo. Meu coração está martelando no peito.

Ele franze a testa e diz com uma voz de menina chorosa: — Eu


te amo, Henley. — Ele olha para mim, desprezo escorrendo por
todos os seus poros. — Você teve que estragar tudo, não foi?

Eu olho para ele, chocada.

— Uau...

Seus olhos prendem os meus e ele levanta o queixo para o céu


em desafio, como se estivesse me incitando a uma briga.

As lágrimas estúpidas brotaram em meus olhos novamente.


Pare com isso.

— Pelo menos um de nós ama você, — eu sussurro. — Porque


você com certeza não.

Sua mandíbula aperta.

— É isto... — Tento articular minhas palavras. — É assim que


você trata as pessoas que se preocupam com você, Henley?

Ele olha para mim.

— Sim. — Eu levanto minhas mãos em sinal de rendição. —


Não vou me desculpar por ser eu mesma.

— Não.
— Não fazer o quê? Não ser humano? Não ter carinho por
alguém que significa algo para mim?

Ele torce os lábios de raiva.

— Estou a cerca de dois minutos de sair da sua vida para


sempre. O que você tem a dizer sobre isso? — Eu estalo.

Seus olhos se levantam para encontrar os meus. Eles são frios


e duros. — Não deixe a porta bater em você na saída.

Oh...

Ele se vira e, sem dizer mais nada, sai. Eu estrago meu rosto
em lágrimas. Meu coração dispara fora de controle.

Porra.

terça-feira à noite
Olho meu rosto no espelho do banheiro. A máscara de lama
verde precisa fazer milagres esta noite.

Eu nunca me senti tão mal.

Barry pode sentir minha dor no coração e não saiu do meu lado.
Ele é o melhor amiguinho de todos os tempos.

Estou oficialmente dispensando todos os homens. Eu odeio


todos eles.

Toc, toc, toc sons lá embaixo.

Aquela era a porta?

Toc, toc, toc soa novamente.

O que?
Quem deve ser? Desço as escadas na ponta dos pés e vejo
Rebecca na porta da frente.

O que no mundo? Abro a porta com pressa. — Oi. O que está


errado?

— Vamos, — ela retruca.

— O que?

— Está na hora. Coloquei um AirTag no carro dele e ele ainda


não voltou do trabalho. Ele está em um restaurante na zona sul.
É hora de fazer um movimento. Vamos, porra.

Meus olhos se arregalam. — Ah Merda. — OK. — Tenho que


lavar minha máscara facial. Me dê um minuto.

— Vou pegar o carro, — ela responde.

Subo as escadas de dois em dois degraus. Oh droga. Isso pode


ser ruim. Por favor, não faça nada de errado. — Porra, eu odeio
homens. — Lavo minha máscara em velocidade recorde e visto um
suéter por cima do pijama de flanela. Calço meus tênis. — Volto
logo, Barry. — Corro para a frente, onde Rebecca está esperando
em seu carro.

Eu entro e ela sai antes mesmo de eu fechar a porta do carro.


— O que aconteceu? — Eu sussurro enquanto olho entre ela e a
estrada que se aproxima rapidamente.

— Ele está me traindo, eu sei que está. — Ela faz a curva e


quase subimos sobre duas rodas.

Eu aguento firme enquanto ela dirige como uma maníaca. —


Qual é o plano? — Meus olhos passam entre ela e a estrada mais
uma vez. — Temos um plano?
Por favor, não nos deixe ir para a cadeia esta noite.

— Eu só quero esperar e pegá-lo em flagrante. Se eu não ver


com meus próprios olhos, sei que ele nunca admitirá.

— OK. — Concordo com a cabeça enquanto agarro meu cinto


de segurança. — Provavelmente deveria desacelerar, querida. —
Fazemos outra curva e os pneus cantam. Fecho os olhos com
medo.

Porra, nós vamos morrer.

Vinte minutos terríveis depois, paramos, estacionamos em


frente ao restaurante.

Ela desliga o carro e ficamos sentadas na escuridão. — Esse é


o carro dele ali.

O carro dele está estacionado na frente.

— Você quer que eu vá ver se ele está aí? — Eu pergunto.

— Não, não quero que ele suspeite de nada. Ele pode ver você.

— OK.

— Faça-me um favor, — diz ela.

— Qualquer coisa.

— Se ele sair e estiver com uma mulher, filme no seu celular


para mim.

— O que?

— Preciso ter evidências fotográficas de que ele está realmente


fazendo isso para que eu possa olhar para trás e me manter forte.

Eu concordo. — OK.
Meu coração está batendo forte. Porra.

De repente, recebo uma nova perspectiva. Acho que tenho


problemas? Estive com Idiota Henley apenas por duas semanas e
estou com o coração partido. Este é o marido de Rebecca, com
quem ela passou doze anos. O homem que deveria amá-la e
protegê-la para sempre. Não consigo imaginar o que ela está
passando.

— A que horas o restaurante fecha? — ela pergunta.

Eu rapidamente pesquiso no Google. — Diz onze.

Ela olha para o relógio. — Dez minutos.

Merda.

Ficamos sentadas na escuridão, sem falar. Quero dizer, o que


há para dizer?

A porta se abre e prendemos a respiração. Dois homens saem.

Nós duas soltamos um suspiro de alívio.

Eu realmente espero que isso seja inocente. Eu não acho que


seja, no entanto.

A porta se abre e um homem e uma mulher saem. — São eles?


— Eu franzo a testa.

— Não.

Nós duas nos sentamos.

A porta se abre novamente e desta vez John aparece. Ele está


segurando a mão de uma mulher. Ela está usando um vestido
vermelho e tem longos cabelos loiros. Ela é jovem e bonita.

— Foda-se, — eu sussurro.
Rebecca observa e eu pego sua mão na minha.

Eles caminham até o carro dele. Ele abre a porta do passageiro


para ela. Ele a empurra contra ele e a beija profundamente. Ele diz
alguma coisa e a mulher ri alto.

— Eu a conheço, — Rebecca sussurra em meio às lágrimas.

Meus olhos se voltam para ela. — Quem é essa?

— O nome dela é Mia.

Meu coração afunda. — Como você conhece ela?

— Ela é secretária dele.

Observamos enquanto eles se afastam e ficamos sentados em


silêncio, ambas em estado de choque.

— Sinto muito, Bec — sussurro.

Ela liga o carro. — Não tanto quanto ele vai sentir. — Entramos
no trânsito e voltamos para casa em silêncio. Estou segurando a
mão dela no colo.

— O que você vai fazer? — Eu sussurro.

Ela dá de ombros enquanto segura o volante com força.

— Fique na minha casa esta noite, ok? — Aperto a mão dela.

— Não. — Ela mantém os olhos na estrada. — Estou lidando


com isso esta noite.

— Apenas espere.

— Pelo que?

— Para ele voltar para casa.

Oh inferno...
Entramos em nossa rua e paramos na garagem dela. Ela aperta
o controle remoto, a porta da garagem se abre e entramos.

— Você pode ir para casa, — ela diz calmamente. — Obrigada


por vir comigo.

Sinto que não deveria estar testemunhando isso, que é um


assunto privado, mas não vou deixá-la sozinha com o idiota.

— Eu não vou a lugar nenhum, — digo a ela. — Estou


esperando com você.

Ela me dá um sorriso triste, sai do carro e entra.

Duas horas depois


Rebecca anda enquanto eu sento em seu sofá. A casa está
silenciosa e triste, iluminada apenas pela lâmpada.

Ela não quer que ele saiba que ela ainda está acordada quando
ele chegar.

Nenhuma de nós está dizendo nada. Nós duas sabemos que


este é o fim do casamento dela, e o que você poderia dizer para
melhorar isso?

Rebecca olha para o espaço. — Ele está fazendo sexo com ela
agora, — ela sussurra.

Sinto um nó na garganta. — Não pense nisso.

— Eu me pergunto se ela dá anal para ele...

Meus olhos se enchem de lágrimas.

— Isso já dura dezoito meses, — diz ela preguiçosamente.


Tenho um mau pressentimento sobre isso.

— Por que não voltamos para minha casa e tratamos disso


amanhã, quando estivermos descansadas? Vou tirar alguns dias
de folga. Talvez pudéssemos fazer uma viagem de garotas para
clarear sua cabeça, — eu digo esperançosamente.

— Não. — Ela entra no escritório e volta com um taco de


beisebol.

Meus olhos se arregalam... Porra.

— O que... o que... você está fazendo isso?

Ela vai matá-lo?

Acho que preciso ligar para Chloe pedindo reforços. Eu não sei
o que fazer aqui.

— Rebecca, me dê o taco.

O carro para na garagem e, antes que eu possa olhar pela


janela, Rebecca está correndo pela porta da frente em direção a
ele. — Seu idiota, — ela grita. Ela corre e bate o taco no para-brisa
dele, quebrando-o em um milhão de pedaços.

— Porra. — Eu corro atrás dela. — Rebeca, pare.

Todas as luzes das casas se acendem.

— Como você pode? — ela grita como uma pessoa louca. Seus
gritos ecoam por quilômetros, e ela ergue o bastão novamente e
bate no carro dele mais uma vez.

— O que você está fazendo? — John chora.

— Como está Mia?

Seus olhos se arregalam.


— Bec, não. Por favor, — eu imploro. — Ele não vale a pena.

Ela quebra o carro novamente. — Deixo toda a minha família e


amigos, mudo-me pelo país por sua causa e é assim que você me
retribui?

— O que está acontecendo? — Blake chama enquanto corre em


nossa direção vindo de sua casa. Ele está de cueca boxer e
desgrenhado. — Rebecca, — ele grita. — O que você está fazendo?
Pare.

— Como você pode? — ela chora.

— Rebeca. — Blake luta com ela para tirar o taco de sua mão
enquanto ela luta com ele.

— Ele está dormindo com a secretária. — Ela está histérica e


chorando e, eventualmente, Blake luta contra o bastão de suas
mãos.

John sai do carro. — O que você fez com meu carro? — ele
brada.

Os olhos assassinos de Blake se voltam para John. — Saia.

— Esta é a porra da minha casa. Eu não estou indo a lugar


nenhum.

Blake empurra Rebecca para o lado. — Eu disse... porra, vá


embora. Agora.

Oh não. Eu olho entre os dois. Se Rebecca não o matar, Blake


realmente o fará.

— O que diabos está acontecendo? — Carol reclama enquanto


atravessa a estrada correndo. — Você está bem, Rebeca?
Rebecca está soluçando em meus braços, e eu olho para cima
para ver que Henley saiu para a comoção. Ele está de cueca boxer
também.

— Não é o que você pensa, — John grita. — Rebeca... Eu te


amo.

— É exatamente o que eu penso, — ela grita. Ela perdeu todo o


controle. Lágrimas e ranho estão por todo o seu rosto.

— Vamos entrar e conversar sobre isso em particular.

— Não, — Rebecca grita. — Volte para sua prostituta. Ela me


conhece. Ela fala comigo todos os dias. Eu pago a porra do salário
dela. Como você pode?

— Ela não significa nada. Eu não estou indo a lugar nenhum.


Eu te amo.

Blake o empurra pelo peito e ele tropeça para trás. — Você


entra na porra do seu carro e desaparece antes que eu chute a sua
bunda. — Ele o empurra novamente e ele cai de costas.

Blake agora vai matá-lo de verdade. Isto está saindo do


controle.

— Henley, — eu grito. — Faça alguma coisa.

Henley intervém e empurra Blake para longe de John. — É o


bastante. Vá embora, John.

— Isso não é da sua conta, — John rosna.

— Saia antes que eu chame a polícia, — grito.

— Você é a porra da minha esposa, Rebecca, — John chama.


— Ela não significa nada.
Rebecca está histérica e Blake a toma nos braços para protegê-
la de John.

John, percebendo que a rua inteira está contra ele,


eventualmente entra no carro destruído e vai embora.

Rebecca está com o coração partido, chorando


incontrolavelmente no peito de Blake. Todos nós ficamos parados,
chocados e em silêncio, sem saber o que dizer. Os gritos de
Rebecca ecoam pela nossa ruazinha sonolenta.

— Como alguém poderia querer se casar? — Henley murmura


baixinho.

Eu olho para ele, minha fé nos homens está completa e


totalmente arruinada.

— Foda-se.
Henley
Rebecca chora contra o peito de Blake enquanto todos nós
assistimos, sem saber o que dizer.

— Vamos, Bec, você vai ficar na minha casa esta noite, — diz
Juliet.

— Essa é uma boa ideia. — Blake assente. — Ok? — ele


pergunta a ela suavemente.

Rebecca finalmente concorda. — Ok.

Com ela seguramente debaixo do braço, eles seguem Juliet até


a casa dela. Sigo atrás deles, sem saber o que dizer.

Eles sobem os degraus da frente e Juliet abre a porta. Blake e


Rebecca entram e eu vou segui-los, e Juliet fica na minha frente,
bloqueando a porta.

— Não.

Eu franzo a testa.

— A porta me bateu na saída, Henley, e me deu algum sentido.

Meus olhos procuram os dela.

— Você não é mais bem-vindo aqui. Fique bem longe de mim.

Dou um passo para trás e aceno com a cabeça. — Tudo bem.


— Estou chocado, mas não surpreso.
Juliet fecha a porta na minha cara e ouço Rebecca começar a
chorar lá dentro. Espero por um momento, sem saber o que fazer.
Não tenho certeza para onde ir.

Você não é mais bem-vindo aqui.

Fecho os olhos com nojo de mim mesmo. O que você esperava?

Por fim, arrasto-me para casa e sento-me nos degraus da


frente, na escuridão.

E ao som do coração de Rebecca se partindo ao longe, o meu


também.

— Henley. — Aaron sorri. — Entre. Por favor, sente-se.

Passo por ele e me sento. — Não sei por que estou aqui. Isso é
uma perda de tempo.

Ele sorri e se senta atrás da mesa à minha frente. — Como você


tem estado?

— Ok.

— Aconteceu alguma coisa nova desde a última vez que te vi?

— Não. — Eu rolo meus lábios e olho em volta. Eu só quero


acabar com isso.

— Henley. — Ele faz uma pausa. — Eu sei que você só está aqui
porque o Dr. Grayson está fazendo você vir.

— Eu já te disse, ele dramatizou a coisa toda. Estou bem. Eu


não preciso estar aqui. Você está desperdiçando o seu tempo.
Gaste com alguém que realmente precisa.
— Ok. — Ele acena casualmente. — É bom saber que você está
bem. — Ele faz algumas anotações enquanto espero — Então...
vamos continuar de onde paramos, certo?

Eu dou de ombros.

— Você pensou mais alguma coisa sobre Juliet desde a última


vez que conversamos?

— Ela é tudo em que eu penso.

— Isso é bom. — Ele se recosta com um sorriso. — Você se


preocupa com ela.

Reviro os lábios, optando por ficar em silêncio.

— Você e ela estão se dando bem?

— Não.

— Aconteceu alguma coisa?

Você não é mais bem-vindo aqui.

— Ahh... — Eu dou de ombros. — Ela me disse que nunca mais


quer me ver.

— O que a levou a dizer isso?

— Eu...

— Você o que?

— Cada vez que a vejo, eu — dou de ombros, envergonhado


pelo meu comportamento — me torno muito desagradável com ela.
Eu digo coisas. — Eu torço minhas mãos. — Coisas terríveis.

— Você tentou machucá-la?

Eu concordo.
— Como se ela tivesse machucado você?

Cerro os punhos. — Não sei por que faço isso... Parece que não
consigo me conter. Coisas horríveis simplesmente vazam.

— Eu vejo. — Aaron me observa por um tempo. — Por que você


está com raiva dela?

— Eu não estou.

— Ela dormiu com outra pessoa?

Eu franzo a testa. — Não. — eu respondo. — Ela não é assim.

— Ela não é uma pessoa legal?

— Ela é a melhor pessoa. — respondo com desgosto.

— Ela mentiu para você?

Eu concordo. — Sim.

— Como assim?

Eu sopro ar em minhas bochechas. — Ela me disse que queria


apenas um relacionamento sexual.

Ele franze a testa enquanto ouve. — Prossiga.

— E então... — Minha voz desaparece.

— Ela fez você se apaixonar por ela?

Meus olhos caem para o chão e eu aceno.

— Você se sente desconfortável com esses sentimentos?

Fico em silêncio, incapaz de responder.

— Por que você acha que isso acontece, Henley?

— Eu não sei, — respondo suavemente.


— Você quer ter um relacionamento amoroso com Juliet?

— Não.

Ele fica em silêncio e, eventualmente, tenho que olhar para ele.


Ele me dá um sorriso tranquilizador. — Este é um espaço seguro.
Você pode expressar seus sentimentos livremente aqui. Mas acho
que nós dois sabemos que você sabe.

— Confie em mim, eu não quero.

— Você disse a Juliet o que sente por ela?

— Não.

— Por que não?

— Porque gosto de ficar sozinho.

— É mais fácil assim? — ele pergunta.

— Sim.

— Em um mundo perfeito, onde você não fosse você, como seria


sua vida?

Faço uma pausa enquanto contemplo sua pergunta.

— Você seria casado e teria filhos? Você teria uma grande


família?

Eu concordo. — Eu acho.

Ele sorri. — Vamos fazer disso um objetivo.

— Desisti de ter objetivos pessoais há muito tempo.

— Quando sua mãe morreu?

— Deixe-a fora disso. — Suspiro de frustração. — Minha mãe


não tem nada a ver com estar apaixonado.
— Porque ela morreu?

— Pare de dizer isso. — Fecho os olhos para tentar bloqueá-lo.

— Você se lembra do que conversamos na sua última visita,


Henley?

Eu rolo meus lábios. Eu só quero acabar com essa merda.

— Deixe-me refrescar sua memória. Repassamos o dia em que


sua mãe faleceu e o trauma que você sofreu por causa disso.

Eu inalo com uma respiração profunda e instável enquanto


aquele dia escuro volta.

O menino soluçando sobre o corpo da mãe, sem saber que ela


já faleceu.

Mãe, está tudo bem. Papai está vindo, papai está vindo, ele vai
nos levar para este hospital.

Acorde, mãe, por favor, acorde. Mãe, preciso que você acorde...
por favor.

— Henley. — A voz de Aaron me traz de volta ao momento


presente, e meus olhos se elevam para sua silhueta borrada. — É
uma lembrança perturbadora, não é?

Enxugo os olhos com as costas das mãos. — Sim.

— Você já conversou sobre aquele dia com alguém?

Eu dou de ombros. — Hum...

— Sem pressa.

— Meus dois melhores amigos são os únicos... — Eu franzo a


testa, sem saber como continuar a frase. — Eles vieram naquela
noite e... — Eu dou de ombros. — Nós éramos jovens. Não sei sobre
o que conversamos.

— Você ainda está em contato com eles?

— Blake Grayson. — Eu dou de ombros. — Você conhece, ele e


Antony Deluca ainda são meus melhores amigos.

— Você os vê com frequência?

— Diariamente. Todos nós compramos casas na mesma rua.

Ele sorri. — Vocês cuidam um do outro.

— Eu acho. — Eu dou de ombros.

— Parece que você tem um bom suporte ao seu redor.

Eu concordo.

— Você já pensou na morte, Henley?

Engulo o nó na garganta enquanto meus olhos se elevam para


encontrar os dele. — Eu não me importo se eu morrer.

— E os outros?

Minha respiração começa a tremer novamente. — Não é algo


em que eu me debruce.

— E dentro de um relacionamento? Isso já passou pela sua


cabeça?

— Não. — eu respondo.

— Mas — ele faz uma pausa como se estivesse organizando


seus pensamentos — se você ama outra mulher... ela poderia
morrer e deixar você, não é?
Eu cerro minha mandíbula. Suas palavras tocam a boca do
meu estômago.

— E você não poderia passar por essa dor novamente, não é?

Eu fecho meus olhos. Este tópico é muito real. — Cale-se.

— Porque onde você estaria se outra mulher que você amasse


deixasse esta terra antes de você? Foi para lá que o seu processo
de pensamento o levou?

— Cale. Se. — eu retruco, enfurecido. — Isso não está


ajudando. Apenas me conserte. Eu não examino essa merda. Isso
não ajuda, porra. Tudo o que isso faz é me chatear novamente.

— Sua reação aos relacionamentos é completamente


compreensível, — diz ele calmamente.

— O que diabos há de errado comigo? — Eu cuspo.

— Na minha opinião, você tem transtorno de estresse pós-


traumático provocado por um evento apocalíptico. A mente
humana tem uma inteligência própria. Ela fará o que for preciso
para protegê-lo de danos futuros.

Cerro a mandíbula com tanta força que sinto que meus dentes
vão quebrar.

— Isso se chama autopreservação, Henley. Sua mente está


inconscientemente protegendo você do perigo. Se você não ama
alguém de todo o coração, nunca mais poderá sentir essa dor.

O chão se move embaixo de mim enquanto eu olho para ele.


— Mas esse comportamento não serve mais para você, Henley.
Agora está sabotando sua felicidade e seu futuro. Você precisa
tomar uma decisão consciente de deixar isso passar.

— Deixar para lá. — eu bufo. — Como se fosse tão fácil assim?


Você acha que eu quero ser assim?

— Inconscientemente, sim.

— Foda-se.

— O primeiro passo da recuperação é o reconhecimento desse


comportamento.

— Você não tem ideia do que está falando, — eu cuspo. — Não


vou ouvir essa merda nem por mais um minuto. — Eu me levanto
e saio do escritório. Já tive o máximo que pude aguentar desse
maldito idiota. — Eu não voltarei.

— Henley, — ele chama atrás de mim. — Não terminamos.

Com o coração batendo forte no peito, empurro as portas


pesadas e entro no meu carro.

Porra... apenas me leve para casa.

Juliet
Observo pela janela da cozinha Rebecca deitada em um
cobertor sob o sol da manhã no jardim dos fundos com Barry.

Ela é forte.

Já se passaram dias desde aquela noite ímpia em que pegamos


o marido dela. Ele implorou por perdão e tentou forçar a entrada
na casa deles.
Blake não quer ouvir falar disso, nem mesmo o deixa dirigir na
rua sem abordá-lo e ameaçar chutar sua bunda.

A piada é que, depois que John foi pego naquela noite, ele
voltou direto para a casa de sua amante. Ele ainda está lá, sem
saber que, graças ao Apple AirTag, sabemos cada movimento seu.

Rebecca está hospedada comigo, ainda não está disposta a ficar


sozinha. Para ser honesta, isso também está me ajudando.
Embora ela seja corajosa, ainda sinto que meu mundo está prestes
a acabar.

Sinto falta de Henley. Sinto falta das risadas que


compartilhamos e da maneira como ele me fez sentir.

Rebecca finalmente se encontrará com John esta tarde para


discutir o futuro. Ela queria estar mais forte antes de falar
adequadamente com ele.

Espero que agora ela esteja.

Sons de batida irrompem na porta.

Jogo o pano de prato por cima do ombro e abro a porta. —


Blake. — Eu sorrio.

— Oi. — Ele sorri de volta. — Vocês estão bem? Estou indo para
o hospital para verificar alguns pacientes. Só queria saber se você
precisa de alguma coisa.

— Estamos bem. — Recentemente tenho visto exatamente o


que Chloe vê no bom médico. Ele tem um fator de desmaio de mil.
— Você sabe, para um adepto de ménage... você é
surpreendentemente atencioso, Sr. Grayson.
Ele ri. — Só estou verificando vocês duas. — Ele se vira e desce
os degraus da frente, e eu o sigo para fora. — Como ela está...
realmente? — ele pergunta.

Dou de ombros quando chegamos à caixa de correio. — Ela está


bem. Acho que ela teve tempo de entender isso muito antes de ser
realmente confirmado como verdade.

Ele balança a cabeça enquanto ouve.

— Ela vai se encontrar com ele esta tarde para discutir o que
está acontecendo com eles, então acho que ela saberá mais depois
disso.

— Que idiota ele é. — Ele balança a cabeça em desgosto.

— Eu sei.

A porta da frente de Henley se abre e nós dois olhamos para


cima. Ele sai, vestindo um terno azul-marinho perfeitamente
ajustado e uma camisa branca impecável. Suas costas são retas
como uma vareta. Ele olha para nós e acena com a cabeça, mas
continua andando até o carro. Com o coração na garganta, observo
enquanto ele passa por nós sem sequer acenar.

Meu coração afunda. Ele realmente não se importa.

— Não se preocupe com ele... ele está... — Blake dá de ombros.


— Resolvendo algumas coisas agora.

Reviro os lábios para não dizer algo sarcástico.

— Ele é um bom homem, Juliet.

Meus olhos procuram os dele. — É, ele é?

— Não desista dele.


— Ele desistiu de mim.

— Henley é — ele exala pesadamente — complicado.

De repente, quero todas as informações que puder obter de


Blake. — Como assim?

— Não cabe a mim entrar em detalhes... mas apenas — ele dá


de ombros — dê um tempo.

— Tem mais alguém? — Eu pergunto.

— Deus, não. — Ele franze a cara. — Não é nada disso. — Ele


beija minha bochecha. — Ligue-me se precisar de alguma coisa.

— Ok, obrigada. — Observo enquanto Blake atravessa o beco


sem saída e entra em seu novo Porsche prateado. Ele ronrona
como um gatinho enquanto liga o motor. Ele acena alegremente
enquanto se afasta, e minha mente divaga sobre sua visão.

Não desista dele.

Eu gostaria que fosse assim tão fácil.

Às 17h, uma mensagem chega. É de Rebeca.

Podemos sair para jantar e beber.

Eu preciso desabafar.

Merda. Não deve ter corrido bem. Eu respondo.

Parece bom, vou reservar e ligar para Chloe.

Sete, ok?

Margaritas estão no menu.

Eu observo enquanto seus pontos saltam.


Parece bom.

19:00
Entro no restaurante e vejo Chloe e Rebecca já sentadas à mesa
com margaritas nas mãos. Fiz um turno de quatro horas na casa
de repouso esta tarde para cobrir alguém e estou atrasada. Elas
começaram sem mim.

— Ei. — Eu sorrio enquanto me sento.

— Bem-vinda à mesa das Odiadoras Anônimas. — Chloe segura


sua margarita para mim em um brinde. — Todos os homens são
filhos da puta, — ela insulta.

Dou uma risadinha e pego a margarita que está me esperando


na mesa. — Há quanto tempo vocês duas estão aqui?

— Tempo suficiente para estabelecer que odiamos os homens,


— Chloe diz em voz alta demais.

Rebecca levanta o copo também. — Ouça, ouça.

Eu rio. — Bem, acontece que sou a presidente do ódio aos


homens, então estou feliz por estar em boa companhia.

Brindamos com nossos copos.

— Então... — Eu arregalo meus olhos. — O que aconteceu?

Rebecca revira os lábios. — Ele me traiu porque eu não lhe dava


anal.

— O que?
— Que idiota, — Chloe suspira. — Vou dar anal nele com a
porra de um cabo de esfregão.

— O que você quer dizer? — Eu gaguejo. — Explique tudo para


mim. Onde vocês se encontraram?

— Ok. — Rebecca toma um gole de sua bebida. — Fomos a uma


cafeteria que sempre frequentamos. Eu queria um lugar público
que nos obrigasse a ter uma conversa civilizada.

— Parece justo. — Eu ouço atentamente.

— Eu disse a ele que precisava de total honestidade e que, se


ele me desse isso, poderíamos resolver isso.

— Certo. — Eu penso. Meus olhos se voltam para Chloe, e ela


passa o dedo pela garganta. — O que aconteceu?

— Ele está dormindo com ela há mais de um ano.

— Porra.

— Ele diz que é apenas sexo e que está completamente


apaixonado por mim e não tinha intenção de terminar nosso
casamento.

— Que idiota, — Chloe suspira. — Eu odeio esse cara. Podemos


cortar o pau dele e dar de comer aos gatos selvagens?

Dou uma risadinha, mas tento segurá-la. Tento manter o foco


em ser um bom ouvinte para Rebecca. — Como isso começou?

— Entenda isso, — Chloe balbucia. Ela aponta sua bebida para


mim, e ela cai na lateral.

Rebecca se inclina em direção à mesa. — Ele disse que sempre


quis sexo anal.
— Certo. — Eu rolo meus lábios. — Isso é verdade?

— É, e para ser justa, eu nem tentaria.

— Ok.

— Ele disse que um dia estava no refeitório com Mia,


almoçando. Eles se tornaram amigos com o tempo, e Mia disse que
estava tendo problemas sexuais com o namorado.

Eu franzo a testa e meus olhos se voltam para Chloe, que está


revirando os olhos exageradamente. — Dá um tempo, porra, — ela
cospe.

Eu rio enquanto bebo minha bebida. — Certo. Que tipo de


problemas sexuais? Problemas de ser uma puta?

— Exatamente, — Chloe balbucia.

— Ele disse que Mia estava chateada com o namorado porque


ele não tentava sexo anal.

— O que? — Eu explodo. — Quem diz isso ao maldito chefe no


refeitório, a menos que queira foder até a cabeça dele? Esta mulher
é o fim vivo.

— Eu sei, sem vergonha, — Rebecca sussurra com raiva. — De


qualquer forma, isso abriu a conversa para eles falarem sobre
fantasias sexuais, e blá, blá, e dois meses depois eles decidiram
passar uma noite juntos em uma conferência de trabalho.

Meus olhos se arregalam. — A primeira vez deles foi anal?

— Aparentemente.

— Foda-se, — eu retruco. — Ele está usando anal contra você


para justificar que ele é um maldito desprezível.
— Exatamente, — Chloe cospe. — Se ele fosse bom em sexo,
ela teria dado anal nele, não é, Bec?

Rebecca dá de ombros enquanto bebe sua margarita. — Quem


sabe, mas ele não é a porra da estrela pornô que pensa que é, isso
é certo.

— Deus. — Esvazio meu copo e gesticulo para o garçom


pedindo outra rodada de bebidas. — Então o que?

— Ele disse que nunca foi emocionante, que eles adquiriram o


hábito de fazer sexo e que ela também tem um namorado por quem
está apaixonada. Eles sempre diziam um ao outro que esta seria a
última vez.

— O que? — Eu suspiro. — Foda-se ela.

— Isso foi exatamente o que ele fez, — Chloe responde.

Estou profundamente chocada. — O que você disse sobre isso?

— Ele disse que acha que nos conhecemos muito jovens e que
ele só precisava fazer alguma exploração sexual, mas sabe que sou
eu o amor da vida dele.

Eu olho para Rebeca. — Como você se sente sobre isso?

— De coração partido.

— O que você vai fazer?

— Podemos matá-lo? — Chloe intervém da linha lateral. —


Vamos matá-lo e enterrar o corpo dele no seu quintal, Jules.

Eu rio. — Tentador, embora Barry provavelmente iria


desenterrá-lo.
— Bom e velho Barry. — Chloe sorri. — Ele pode mastigar os
ossos e essas merdas.

— Ele me disse que a demitiu do trabalho, — diz Rebecca.

— Isso é verdade?

— Não sei. Não estive no escritório dele, obviamente, mas


presumo que ela teria se escondido caso eu fosse lá.

— Verdade. — Bebo minha bebida. — O que as outras


secretárias devem pensar dela?

— Elas provavelmente sabiam. Eu me sinto uma idiota.

— Não, — eu respondo. — Ele é o idiota. Você sabe disso.

— E então ele fez algo que realmente partiu meu coração, — diz
Rebecca com tristeza.

— O que?

— Ele disse que não a via desde que descobri e que nunca mais
a veria.

Meus olhos prendem os dela. — Por que isso partiu seu


coração?

— Aqui estamos nós, abrindo nossos corações sobre a mesa,


discutindo sua infidelidade detalhadamente, anal e tudo. Ele está
me dizendo que sou o amor da vida dele, se desculpando e me
dizendo que esse é o maior arrependimento da vida dele, e ainda
assim..... ele ainda está mentindo sobre vê-la. Eu sei com certeza
que ele está hospedado na casa dela. Passei por lá e vi o carro dele
lá.

Meu coração afunda.


— E então, enquanto ele falava e implorava por perdão, tive
uma epifania.

— O que foi isso?

— Ele sempre vai mentir sobre vê-la. Mesmo numa conversa


sobre salvar nosso casamento, ele ainda mente. Nunca mais
poderei confiar nele. Não podemos salvar isso. Já foi longe demais.
— Seus olhos se enchem de lágrimas. — Meu casamento acabou
oficialmente.

— Deus, Bec. — Eu pego a mão dela sobre a mesa e a seguro


na minha. — Desculpe.

— Eu também, — Chloe diz com tristeza.

O garçom chega com nossa nova rodada de bebidas. —


Obrigada. — Eu sorrio.

Rebecca pega um e o segura para um brinde. — Esta noite


estamos comemorando. — Sorrimos e seguramos nossas bebidas
perto das dela. — Para novos começos.

Manhã de quarta-feira
Ando pelo corredor da casa de repouso. Estou prestes a
terminar o turno da noite.

Estou no piloto automático agora.

Nada mais poderia me surpreender. Minha fé no sexo


masculino foi total e irrevogavelmente arruinada.

O coração de Rebecca está partido. Meu coração está quebrado.

O mundo inteiro está quebrado.


Chego à porta de Bernard, olho pela janela e paro no mesmo
lugar.

Meu coração se parte novamente.

Henley está deitado de costas na cama do hospital. Seu pai está


deitado ao lado dele. A cabeça de Bernard está no peito de Henley,
e o braço de Henley está em volta dele de forma protetora. Henley
está assistindo televisão enquanto seu pai dorme.

Meus olhos se enchem de lágrimas...

Eu sei que ele não me ama, mas com certeza ama seu pai.

Sortudo.
Dizem que o tempo cura todas as feridas. Não acho que isso
seja necessariamente verdade.

Mas com certeza lhe dá alguma perspectiva.

Já se passaram quatro semanas desde que Henley e eu nos


falamos pela última vez, três semanas e seis dias desde que me
senti arrebatada e presente.

Cinco minutos desde que pensei nele...

Mas eu não me importo porque estou completa e totalmente


acima dele. Henley quem?

Quero dizer, não é como se tivéssemos um grande caso de


amor. Foram algumas semanas. Levantei-me, limpei a poeira e
superei isso.

Foi o melhor grande caso de amor de todos os tempos...

Pare com isso... foco!

Barry corre para a porta da frente e então ouço uma batida


suave. Abro e recuo surpresa quando o vejo. Seu cabelo escuro
está bagunçado, ainda vestindo o terno do trabalho, ele é o epítome
do fodível.

Por que ele sempre cheira tão bem?

— Henley.

Ele me dá um sorriso torto. — Como vai você?

— Bem. — Olho para a rua. Ele está aqui sozinho?


— EU... ahh... Eu acabei de... — Ele está tropeçando nas
palavras e claramente nervoso.

— Sim. — Eu ajo com coragem. — O que é?

— Eu comprei alguns novos para você... — Ele aponta para seis


vasos de plantas alinhados na minha varanda.

Eu o interrompi. — Ervas daninhas?

— Aparentemente são plantas. — Ele sorri, como se estivesse


aliviado com a minha piada. — Quem sabia?

Você não.

Eu rolo meus lábios para esconder meu sorriso.

— De qualquer forma, queria me desculpar por xingar sua casa.

— Mais alguma coisa pela qual você queira se desculpar?

— Muito, na verdade. — Ele dá de ombros. Ele tenta continuar,


mas eu o interrompo.

— Por que mais você quer se desculpar?

— Ah. — Ele engole um nó na garganta. — Meu...

Arregalo os olhos enquanto espero.

— Do jeito que você me disse para dormir com Mason?

Ele estremece. — Sim... sobre isso...

— Sim? — Eu espero.

— Isso não saiu exatamente certo.

— Não?

— Não, foi só... — Ele dá de ombros.

— A propósito, você é péssimo em pedir desculpas.


— Estou bem ciente.

— Continue, — respondo categoricamente. Agir duro é


divertido.

— Eu simplesmente não quero um relacionamento, só isso.

— Ok, você poderia simplesmente ter dito isso em vez de tentar


me jogar aos lobos.

Ele sorri com a minha analogia. — Mason dificilmente é um


lobo. Ele é mais como um galgo.

— Com ciúmes, não é?

— Dele? — Ele franze a cara. — Não.

— Ah. — Eu digo como se não acreditasse nele. Embora sua


história seja confiável, Mason poderia ser totalmente um galgo.

Nós nos encaramos um pouco mais enquanto o ar faz aquela


coisa estúpida entre nós, e eu quero gritar e berrar e ser uma
completa rainha do drama para ele não se apaixonar perdidamente
por mim porque, caramba, nós temos alguma coisa.

Mas não vou... De agora em diante, vou manter minhas cartas


fechadas no peito.

— Só queria que você soubesse que gostaria que fôssemos


amigos, visto que somos vizinhos, — diz ele com um sorriso suave.

Tem sido estranho por aqui nos ignorarmos.

— Ok. — Eu concordo. — Concordo. Eu gostaria disso também.

— Bom. — Ele sorri como se estivesse orgulhoso de si mesmo.

— Bom.
— Então... — Ele hesita. — O que você está fazendo agora?

— Nada.

— Oh... nem eu.

— OK.

Seus olhos procuram os meus. — OK...

— OK. — Eu fingi um sorriso. — Adeus.

Seu rosto cai. — Adeus?

Por que ele está repetindo tudo o que eu digo?

— Adeus, — eu digo categoricamente. O que ele acha que vai


acontecer?

Ele me diz que não me ama e para ir dormir com outra pessoa,
mata metade do meu jardim com um cortador de grama, e depois
me compra seis plantas ruins e tem a ousadia de pensar que tudo
está perdoado?

Não, Sr. James, acho que não.

— Até mais. — Fecho a porta na cara dele. Eu me inclino contra


ele e sorrio de alívio.

Graças a Deus isso acabou.

Uma hora e meia depois, estou de banho tomado e de roupão.

Toc, toc, toc. Na porta, Barry está abanando o rabo, então sei
que é alguém que conhecemos. Eu abro a porta.

— Henley, — eu digo surpresa.


Ele me dá um lindo sorriso largo, vestindo cueca boxer de cetim
azul-marinho e uma camiseta branca. Ele cheira a sabonete e a
homem celestial, e tenho uma visão das minhas pernas em volta
das orelhas... sim.

Ele está segurando uma caneca de café na mão.

— E aí? — Tento agir de maneira casual e nem um pouco


impressionada.

— Eu queria saber se você tem algum leite sobrando?

Eu franzo a testa. — O que?

— Quero uma xícara de café, mas estou sem leite.

— Oh... — Eu dou de ombros. Não é por isso que pensei que


ele estava aqui, mas tanto faz. — Claro, entre.

Vou até a geladeira e tiro o leite. Vou pegar a xícara de café dele
e ele a tira do meu alcance. — O que você está fazendo? — Ele
franze a testa.

— Trazendo um pouco de leite para você.

— Não é leite de vaca.

— Huh?

— Eu quero leite materno.

Ele não disse apenas isso.

Eu solto uma risadinha surpresa. — Você quer o que?

— Leite materno. Feliz por extrair. — Seus dentes prendem seu


lábio inferior daquele jeito travesso que ele faz.

— Eu não tenho leite materno.


— Por que não?

— Porque eu não sou uma mãe que amamenta, seu maluco.

Ele me dá um sorriso lento e sexy. — Em troca, eu poderia lhe


dar um pouco de creme para o seu café?

— Jura?

— Uh-huh.

— Você tem o suficiente?

— Amplo. Dois grandes tonéis dessa coisa.

Tento manter uma cara séria. Eu gosto deste jogo.

— Não gosto de creme no meu café. Coalha.

— É uma delícia.

Eu sei.

— Tem certeza? — Ele levanta uma sobrancelha.

— Positivo.

— Oh... vergonha. — Ele me dá um sorriso atrevido e faço tudo


o que posso fazer para não arrastá-lo para cima. O brincalhão
Henley é muito difícil de resistir.

— Então... — Ele fica na ponta dos pés.

— Na verdade, eu sei onde você pode conseguir um pouco do


leite que procura. — Eu ajo sério.

— Você faz? — Seus olhos se movem ao redor. — Onde... lá em


cima?

— Do outro lado da rua, na casa de Taryn. Enorme fábrica de


leite, produção total.
Ele olha para mim, inexpressivo. — Esse não é o leite que estou
procurando, Juliet.

— Não foi isso que ouvi.

— Estou atrás de um tipo de leite especializado, servido apenas


aqui.

— Esta boutique é apenas para membros.

— É uma pena colocar um rótulo na fábrica, pois ninguém pode


beber.

— Ah, você não precisa se preocupar. — Eu fingi um sorriso. —


Há pessoas fazendo fila para se tornar membro.

— Como quem?

— Meu leite não é mais da sua conta, Sr. James.

Ele revira os olhos e eu empurro seu ombro em direção à porta


da frente. — Eu só disse isso...

Eu o interrompi. — Eu sei.

— É um desperdício...

— Muito ruim. — Meu sorriso se liberta desta vez. — A loja está


fechada.

— Que tal uma janela de quinze minutos? Seria uma velocidade


recorde.

Sem brincadeiras.

— Não. — Eu o empurro pela porta da frente e ele se vira para


me encarar.
— Boa ordenha. — Eu sorrio docemente enquanto fecho a porta
na cara dele.

Idiota.

As coisas estão melhorando. Tenho saído com as meninas, fiz


um penteado novo e hoje o Joel vem aí. Economizei mais algum
dinheiro e finalmente estou voltando a decorar minha casa.

A casa inteira está pintada internamente agora, e é hora de


olhar as cores e temas externos. Ainda estou gostando daqui, mas
não tenho certeza se será meu lar para sempre.

Quer dizer, é ótimo e tudo, e talvez um dia, quando meu cérebro


finalmente me permitir esquecer o vizinho, eu me apaixone pela
rua novamente.

O carro para e eu espio pelas cortinas. Esse é Joel aqui agora.

Sorrio e abro a porta enquanto espero por ele. Ele pega todas
as suas amostras e carrega uma grande caixa dentro. — Ei,
estranha. — Ele sorri enquanto passa por mim e entra em casa.
Ele para e me dá um beijo na bochecha. — Você está linda. Senti
falta de ver você.

Oh...

— Oi, entre.
Henley
Bebo minha cerveja, nada impressionado, e olho para a casa
dela. Aquele idiota do Joel está na casa da Juliet há mais de duas
horas.

— Não sei se eles vão ganhar, — Blake diz casualmente


enquanto se deita no meu sofá assistindo ao jogo. — Se eu perder
essa aposta por causa desses filhos da puta...

Fico na janela, espiando pelas cortinas, os olhos ainda


grudados na cerca.

Meu temperamento está por um fio. — Cale a boca sobre sua


aposta e apenas assista ao jogo. — Passo as mãos pelos cabelos.

— O que há de tão interessante lá fora? — ele pergunta.

— Nada.

— O que é isso... é a terceira ou quarta vez que o designer de


interiores foi à casa dela esta semana?

Eu reviro meus lábios, enfurecido.

Quinta.

— Quem sabe e quem se importa, — minto.

Eu tenho provocado ela com todas as minhas forças, e nem


mesmo uma mordidinha. Eu estraguei tudo muito bem.

— Ela já está praticamente apaixonada por ele, — Blake diz


casualmente.

— Cale-se. — Começo a andar de um lado para o outro. É tudo


que pareço fazer ultimamente. — Eu não dou a mínima para o que
ela faz.
— Claro que não.

Se ela se apaixonar por ele... Juro por Deus...

Droga, não tenho tempo para ficar me preocupando com ela o


tempo todo.

Eu só quero acabar com isso.

— O que vamos fazer esta noite? — ele pergunta.

— Não sei. — Espio através das cortinas novamente. Apresse-


se e vá embora... Idiota.

Antes que eu quebre sua cara.

— Vou nos encontrar com algumas garotas, para desabafar, —


Blake responde.

Meus olhos ficam colados na casa de Juliet. — Parece bom.

23:00
O bar está barulhento, a companhia está quente... mas minha
mente não está nas mulheres seminuas ao meu redor.

Está em casa.

Com ela.

Já se passaram semanas e não está melhorando. Na verdade,


está piorando.

Quanto mais eu a vejo, mais eu a quero.

Ela é tudo em que penso.

Estraguei tudo com Juliet. Preciso descobrir como fazê-la


mudar de ideia.
Sinto uma mão deslizar pela minha coxa e olho para cima ao
me lembrar de onde estou. — O que estamos bebendo, Henley? —
a ruivinha gostosa ronrona.

Qual é o nome dela?

Eu exalo pesadamente. Ugh... — Eu... — Faço uma pausa


enquanto reconsidero minhas opções. — Eu tenho que ir.

Blake levanta uma sobrancelha em questão. — O que?

— Acabei de me lembrar de algo que preciso fazer.

— Ah, não, — suspiram as meninas. — Não vá embora, a noite


é uma criança.

— Desculpe.

— Você está brincando comigo agora? — Blake arregala os


olhos.

— Mais para você. — Eu me levanto e coloco minha mão em


seu ombro enquanto passo por ele. — Você quer todas elas,
admita.

— Você está fodido, — ele murmura.

Eu rio. — Concordo. — Eu sorrio para as meninas com um


aceno de cabeça. — Boa noite. Divirta-se.
Juliet
— Está ficando tarde, — digo a Joel. — Tenho que trabalhar de
manhã cedo.

— Eu vou indo.

— OK.

É a coisa mais estranha. Joel esteve aqui a semana toda. Ele


está me dizendo que precisamos de tempo para planejar a casa,
mas a realidade é que não falamos sobre minha casa, ele só quer
sair.

O que está bem. Ele é um cara legal e, em qualquer outra


circunstância, eu deveria estar interessada. Eu estou apenas...
fora dos homens.

— Vou te acompanhar, — eu digo. Saímos pela frente e


descemos até o carro dele, que está estacionado na rua. Paramos
ao lado dele e seus olhos vêm até mim. — Você gostaria de sair
algum dia?

Eu fico olhando para ele.

Ele responde minha pergunta antes que eu tenha a chance de


perguntar. — Como em um encontro.

— Oh... — Eu dou de ombros. — Eu não estou realmente —


porra — querendo entrar em um relacionamento agora.

— É só jantar, Juliet. — Ele sorri. — Não é uma proposta de


casamento. Relaxe.

— Certo. — Eu sorrio, sentindo-me envergonhada pela minha


resposta dramática. — Claro, por que não?
— Ótimo.

Eu me afasto dele. Por favor, não tente me dar um beijo de


adeus.

— No próximo sábado à noite? — ele pergunta.

Eu concordo. — Sim. Parece bom.

O carro de Henley para na rua e entra em sua garagem. O carro


dele desliga.

Não olhe.

— Ok. Vejo você na próxima semana, — deixo escapar com


pressa para encerrar a conversa. Eu realmente não quero que
Henley me veja aqui com Joel. — Adeus.

— Tchau. — Joel sorri.

Entro rapidamente antes que Henley saia do carro. Fecho a


porta atrás de mim e me apoio nela por um momento. Até mesmo
a visão de seu carro me deixa acelerada.

Talvez eu realmente devesse considerar mudar de casa?

Com um suspiro profundo, entro na cozinha e acendo a


chaleira para preparar uma xícara de chá.

Batidas soam na porta.

É ele.

Não me pergunte como eu sei; eu só faço.

No piloto automático, abro rapidamente e lá está ele. Um metro


e noventa de bunda dura. Seu cabelo escuro está despenteado com
perfeição. A atração por ele é instantânea.
— Oi. — Ele sorri suavemente.

Eu olho para ele, sem saber o que dizer.

Seus olhos procuram os meus. — Posso entrar?

Meu estômago se agita com a proximidade dele e nos


encaramos.

— Então... posso entrar? — ele pergunta novamente.

Dou um passo para trás para deixá-lo passar por mim.

Porra.

Não sei se consigo resistir aos seus pedidos de leite esta noite.

— Eu, hum... — Ele dá de ombros. Ele está vestindo calça jeans


e uma camiseta cinza. Seus ombros são largos e seu peito é largo.
Independentemente de como as coisas tenham funcionado entre
nós, sei que nunca houve um espécime masculino mais bonito na
face da terra.

— Eu acabei de... — Seus olhos prendem os meus e, mais uma


vez, posso dizer que ele está nervoso.

— Você o que?

— Eu só queria ver você, — ele murmura. Seus olhos caem para


meus lábios.

Seria tão fácil beijá-lo agora.

— Por quê? — Eu ajo com coragem.

— Eu... — Ele faz uma pausa. — Eu queria... — Ele encolhe os


ombros como se estivesse se sentindo estúpido.

Eu franzo a testa. — O que é?


— Posso ganhar um abraço?

— O que?

Oh, gentil Henley está aqui... aquele que eu amo.

— Eu acabei de... — Ele engole o nó na garganta e, incapaz de


evitar, eu o tomo em meus braços.

Nós nos abraçamos, apertados e próximos, e meus olhos se


fecham enquanto me encosto em seu ombro.

— Você já pensou em mim? — ele sussurra.

Sinto um nó na garganta. — Sim.

Ele acena com a cabeça como se estivesse processando minha


resposta.

— Por que você pergunta?

— Porque eu penso em você. Bastante.

Posso fingir que não me importo com a nossa morte, mas a


realidade é que realmente deveríamos ficar juntos.

Por que ele não entende?

Minhas narinas se dilatam enquanto tento conter minhas


emoções. Por que ele me afeta tanto?

— Eu só queria que você soubesse que — ele franze a testa


enquanto articula suas palavras — não é que eu não queira estar
com você. Isso não tem nada a ver com você.

Uau, aquela velha castanha.


— 'Não é você, sou eu'? — Irritada, eu me afasto de seus braços.
Dou uma sacudida sutil com a cabeça. — É isso que você está
dizendo?

Ele concorda.

A frustração se instala. Sério, isso é o melhor que ele tem?

— É isso? — Eu pergunto.

Seus olhos seguram os meus. — Você quer que seja isso?

Saia com isso. Se você me quer, tenha coragem de dizer isso.

— O que você quer, Henley? Por que você está aqui?

Ele exala pesadamente. — Não sei.

Resposta errada.

Não posso consertar isso para ele. Não vou desistir do que
quero para que ele consiga o que deseja.

Eu mereço mais do que ser seu namorado, e ele sabe disso.

— Olha, eu tenho que trabalhar de manhã. — Vou até a porta


e abro. — Vejo você mais tarde.

Ele faz uma pausa e tenho a sensação de que ele quer dizer
mais alguma coisa... mas ele não faz isso.

— Adeus, Juliet. — Ele passa por mim e sai.

Reviro os olhos e fecho a porta atrás dele. Pare de foder com


minha cabeça.

— Como estamos nos sentindo hoje, Sra. Potter? — Eu sorrio


enquanto meço sua pressão arterial nas minhas rondas matinais.
— Ok, eu acho. Eu estaria muito melhor sem aquela raquete.
— Ela aponta para a mulher na cama à sua frente. A mulher está
dormindo e roncando como um caminhão Mack.

— Agora, agora, seja gentil, Sra. Potter. — Eu reajusto sua


cama e preencho seu prontuário.

Tom coloca a cabeça pela porta. — A entrega acabou de chegar


no posto de enfermagem para você, Jules.

Eu olho para cima. — Que tipo de entrega?

— O tipo romântico. — Ele pisca e desaparece.

— Oh. — Eu arqueio meus ombros de excitação. — Ligue-me


se precisar de alguma coisa, Sra. Potter.

— Preciso de um pouco de paz e sossego.

— Deixe-a dormir um pouco mais, por favor. — Desço até o


posto de enfermagem e vejo o maior buquê de rosas vermelhas que
já vi.

— Alguém está rastejando muito, — diz Rosemary.

Eu sorrio bobamente. — E ele deveria.

Abro o envelope e sorrio ao ler o cartão.

Oh...

Elas não são de Henley...

— O que está errado? — Rosemary pergunta.

— Nada. — Finjo um sorriso e enfio o cartão no bolso.


Homem errado.

— Lindas, não são? — Eu exalo pesadamente... caramba.

Pego meu telefone e mando uma mensagem para Joel.

Obrigada pelas rosas,

Elas são lindos.

Uma resposta retorna.

Como você.

Ugh, isso está ficando complicado.

Um homem lindo está me mandando rosas, e tudo que sinto é


decepção por elas não terem vindo de um idiota.

O que diabos está errado comigo?

Coloquei as rosas na prateleira. — Elas podem ficar aqui para


que todos possamos aproveitá-los.

— Você não quer levá-los para casa?

— Não. — Eu dou de ombros. — É melhor aqui. Preciso voltar


ao trabalho.

Ando pelo corredor e reviro os olhos, enojada comigo mesma.

Siga em frente, Juliet.


Noite de sexta-feira
Chloe lidera nosso brinde. — Por Rebeca. Que ela encontre um
homem gostoso para fazer sexo quente esta noite.

Todas nós rimos e tomamos nossas bebidas.

Club Nero, também conhecido como mercado de carnes.

Este é o lugar para vir se você quiser foder, e esta noite...


Rebeca quer.

Ela não é mais a donzela em perigo, ela é a vadia furiosa do


inferno, e que Deus ajude quem estiver em seu caminho.

Ela quer se vingar de seu marido desprezível, e Chloe e eu


decidimos que a melhor maneira de superá-lo é ficar embaixo de
outra pessoa.

São 22h e, com muitos coquetéis em mãos, estamos à espreita.


Nossos olhos examinam o clube em busca de pretendentes.

— Talvez eu precise ficar embaixo de outra pessoa também, —


murmuro.

— Definitivamente, — Chloe concorda. — Eu também,


provavelmente.

Rebecca encolhe os ombros de excitação. — Isso é realmente


divertido.

— Há quanto tempo você não faz sexo com mais alguém? — Eu


pergunto.

— Eu só fiz sexo com John.

— O que? — Eu suspiro. — Ele é o único?


— Eu sei. — Ela revira os olhos. — Nem me fale sobre o quão
patética eu sou.

— Quem é patética? — uma voz diz. Todos nos viramos e vemos


Blake Grayson parado ao nosso lado. Ele está de terno. Meus olhos
instantaneamente se movem em busca de seus amigos, e a
masoquista que há em mim fica animada ao ver Antony e depois
Henley. — Oi. — Eles acenam com a cabeça.

Os olhos de Henley prendem os meus por mais tempo do que


deveriam. Os nervos dançam em meu estômago e tento agir de
maneira casual. — Olá.

A noite ficou interessante.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Chloe pergunta.

— Tínhamos que ir a um evento de caridade e saímos mais


cedo, — responde Antony.

— Então, quem é patética? — Blake sorri para nós com seu


melhor charme sexy e infantil.

— Rebecca vai fazer sexo rebote esta noite, — Chloe anuncia.

— Chloe. — Rebeca ri. — Não conte a eles nossos segredos.

O rosto de Blake cai quando ele olha entre nós. — O que?

— Ela vai ficar bem esta noite. — Chloe ri. Ela dá um soco na
mão para simular uma foda forte.

Henley e Antony se entreolham e riem de algum tipo de piada


particular.

— Esta é uma ideia terrível, — responde Blake.


— Não. Eu preciso fazer isso, — responde Rebecca. — Eu pensei
sobre isso.

Blake coloca as mãos nos quadris enquanto olha para ela,


completamente perplexo.

— A melhor maneira de superar um homem é foder outro, —


diz Chloe.

— Chega de conversa, Chloe, — Blake retruca. Seus olhos se


fixam em Rebecca, ele pega a bebida dela, dá um gole e estremece.
— Isso é muito forte para você.

Ela o arranca dele. — Covarde.

Henley e Antony estão realmente achando algo engraçado no


fundo. Henley diz algo para Antony e ele cai na gargalhada.

— Foda-se, — Blake sussurra enquanto lhe dá uma cotovelada


rápida nas costelas.

Espere um minuto... Blake tem uma queda por Rebecca?

Certamente não?

— É muito cedo, — Blake nos diz. — Ninguém está colocando


as mãos em você tão cedo. Estou me certificando disso.

Henley murmura algo baixinho e Antony joga a cabeça para


trás e ri muito.

O que há de tão engraçado?

Ok, acho que estou lendo a sala completamente errada. Achei


que Blake gostava de Chloe, mas agora, observando essa
interação, acho que ele realmente gosta de Rebecca. Faria sentido.
Ele depende de cada palavra dela.
Porra... espere até Chloe descobrir. Nada é fácil, não é?

Sempre há um maldito problema.

Eu gosto de Henley. Henley é um idiota inalcançável. Joel gosta


de mim; não gosto do Joel desse jeito. Chloe gosta de Blake; Blake
é um adepto de ménage em série que agora também tem uma
queda pela nossa amiga Rebecca; cujo marido está transando com
sua secretária faminta por anal.

Ugh... só de pensar nesta teia sórdida já me faz girar a cabeça.

— Estou indo para o bar. — Antony segue nessa direção.

Chloe vê alguém que ela conhece na pista de dança. — Volto


em um minuto. — Ela dança no meio da multidão em direção a
eles.

Olho para trás e encontro os olhos de Henley. Em câmera lenta,


seus olhos caem até os dedos dos pés e depois sobem para pousar
no meu rosto. Ele lambe os lábios como se estivesse imaginando
algo.

Meu estômago se agita. Eu conheço esse olhar.

Seria muito mais fácil superá-lo se o sexo não fosse tão


alucinante. Nossos corpos eram como um quebra-cabeça perfeito,
encaixando-se em todos os sentidos.

Ele preencheu todas as fantasias que eu já tive.

Dominante, poderoso e pendurado.

Tenho uma visão dele segurando minhas pernas para trás, seu
pau grosso, duro de desejo.
A transpiração brilhava em sua pele musculosa, a forma como
os músculos de seu estômago ondulavam com suas estocadas.

A expressão em seus olhos enquanto ele alimentava seu corpo


com o meu.

Meu sexo vibra com a memória.

Querido senhor...

Mil bebidas e um milhão de pensamentos sujos depois...

— Vamos dançar, — diz Blake. Ele agarra as mãos de Chloe e


Rebecca e as puxa para a pista de dança. Meus olhos se voltam
para Antony, que está conversando com um grupo de homens que
conhece no bar.

— Finalmente sozinhos. — murmura Henley. Seus olhos


permanecem em meus lábios e, sem pensar, ele ajusta a alça fina
do meu vestido. Seus dedos percorrem meu braço enquanto ele os
afasta.

Arrepios espalham-se pelos meus braços ao seu toque.

Não aguento mais isso. — O que você está pensando? —


Pergunto-lhe.

Ele franze a testa em dúvida.

— Você disse que pensa muito em mim.

— Eu penso.

— O que você pensa?

Ele coloca a boca no meu ouvido. — Coisas sujas. — Seus dedos


traçam um círculo na minha coxa enquanto ele fica perto.

— Você sente a minha falta?


Ele se aproxima. — Você sente a minha falta?

A excitação aquece meu sangue ao sentir seu toque, cada célula


despertando de um sono adormecido.

— Você sabe que eu sinto.

Seus lábios caem em meu pescoço e ele me beija lá. — Como


podemos contornar isso? — ele murmura contra minha pele. Meus
olhos se fecham instintivamente.

A sensação de seu grande corpo elevando-se sobre o meu, tão


perto que quase posso saboreá-lo...

Isto é primordial.

O tipo de atração física sobre a qual você apenas leu. Não posso
mais lutar contra isso. Não consigo nem fingir que quero.

— Você me beija, — murmuro.

Seus olhos prendem os meus, e ele segura meu rosto com uma
das mãos e lambe meus lábios. O fogo começa.

Eu sinto isso entre minhas pernas.

Ele coloca a boca de volta no meu ouvido. — Você é tudo em


que consigo pensar. — Ele morde o lóbulo da minha orelha e
arrepios percorrem minha espinha. — Eu sonho com você
enquanto durmo.

— Como um pesadelo? — Eu sorrio.

— Exatamente. — Ele agarra um punhado do meu cabelo e


segura meu rosto no dele. O domínio do ato faz com que meus
feromônios acelerem. — Não passa um dia sem que eu não me foda
enquanto imagino que é você.
O elástico da sanidade se rompe e não me importo com quem
nos vê – eu o beijo com tudo o que tenho.

Minha língua gira contra a dele. Suas mãos agarram meu


traseiro enquanto ele me segura perto.

E aqui mesmo, no meio do clube, esquecemos onde estamos.

Beijar como se nossas vidas dependessem disso.

Suas mãos me arrastam sobre seu pau endurecido em suas


calças e eu gemo.

Vai ser tão bom.

— Eu preciso de você embaixo de mim, — ele rosna em minha


boca enquanto morde meu lábio. — Agora, porra.

— Vamos, — eu ofego.

Ele agarra minha mão e me arrasta para fora do clube, e uma


vez lá fora, ele me arrasta para o beco lateral e me joga contra a
parede e me beija novamente.

Como animais, nós nos atropelamos, tentando


desesperadamente obter mais um do outro no menor tempo
possível. Suas mãos deslizam para cima e para baixo em minhas
pernas nuas. Sua ereção grossa cutuca firmemente minha barriga.

— Você vai me fazer explodir aqui mesmo, menina.

Eu olho para ele, perdida em algum lugar entre o céu e o


inferno. Ele passa a mão pela minha coxa e por baixo do meu
vestido. Seus dedos deslizam por baixo da lateral da minha
calcinha e ele inspira profundamente enquanto sente meu sexo
molhado.
— Tão molhada para mim. — Ele desliza dois de seus dedos
grossos em meu sexo e eu estremeço perto dele. — Eu vou te foder
tão bem, — ele rosna em meu ouvido.

Minha cabeça inclina para trás com um gemido. Seus dedos


aceleram quando ele começa a me foder com eles, e eu abro as
pernas para lhe dar maior acesso.

Meus olhos percorrem o beco em direção ao clube. Qualquer


um poderia virar a esquina agora e nos pegar.

O som do meu corpo molhado sugando-o ecoa ao nosso redor


e vejo estrelas.

Todas as lindas estrelas: toda a galáxia e mais algumas.

— Eu sabia que você mudaria de ideia, — ele murmura contra


meu pescoço. — Finalmente nos ver como somos.

Huh?

— E o que é isso? — Eu ofego. Seus dedos ficam quase


violentos.

Deus... isso é bom.

— É quando estamos no nosso melhor. — Ele torce os dedos e


nós dois gritamos à beira do orgasmo.

Tão perto que podemos provar.

— Almas gêmeas sexuais. Não precisamos de um


relacionamento, só precisamos foder a cabeça um do outro. — Ele
sacode a mão. — Cuidar das necessidades um do outro.

Minha névoa de excitação evapora e meus olhos se abrem.

— O que? — Afasto sua mão. — O que você quer dizer?


— Juliet. — Ele agarra meu traseiro para me arrastar de volta
sobre seu pau. — Vá em frente.

— Eu ainda quero a mesma coisa, Henley, — respondo. — Nada


mudou para mim.

Ele se afasta de mim, ofegante enquanto luta para se controlar.


— O que você está dizendo?

— O que você está dizendo?

— Sentimos falta um do outro. Precisamos foder, — ele retruca.

Eu pisco, chocada. — Eu não quero ser sua amiga de foda,


Henley. Eu quero estar em um relacionamento. Eu quero você para
me amar.

Ele revira os olhos. — Aqui vamos nós, porra, amor. Você vai
parar com essa besteira? — ele cospe. — Isso nunca vai acontecer.
Por que você iria querer arruinar o que temos? O que temos é
perfeito.

Dou um passo para trás dele. — Porque eu mereço coisa


melhor.

Ele ofega. Seus olhos são selvagens. — Você disse que sentiu
minha falta.

— Porque estou apaixonada por você, — eu cuspo. — Porque


eu sei que o que temos é especial. Eu sei que você sente o mesmo.
Eu posso sentir isso. Você acha que não consigo sentir isso? —
Minha voz aumenta quando começo a perder o controle das
minhas emoções.

— Eu não posso te dar isso, Juliet. Eu não sou capaz disso, —


ele dispara de volta. — Quantas vezes eu tenho que te dizer?
— Não pode ou não quer? — Meus olhos se enchem de
lágrimas.

— Se eu pudesse eu faria. — Seus olhos são selvagens, sua


postura é uma loucura.

E aí está... escrito em preto e branco.

— Eu quero estar em um relacionamento, Henley. Quero um


homem que tenha orgulho de me chamar de dele, — sussurro em
meio às lágrimas. — Eu não quero ser sua amiga cuja única moeda
são os orgasmos.

Ele coloca o peso no pé de trás. — Então siga em frente.

É isso.

É isso. Estou tão cansada desse idiota egocêntrico.

— Você sabe o que? — Eu estrago meu rosto em lágrimas. —


Eu vou. Amanhã à noite vou a um encontro.

— Com ele? — ele estala.

— Sim. Com Joel. — Eu levanto minhas mãos em sinal de


rendição. De repente, quero machucá-lo do jeito que ele me
machuca. — E adivinhe, Henley? Vou dormir com ele e serei a
melhor foda que ele já teve. Porque Chloe está certa: a única
maneira de superar um homem é foder outro. E eu preciso acabar
com você... porque tudo que você faz é pensar em si mesmo e me
machucar.

— Não se atreva a dormir com ele, — ele rosna.

— Você teve sua chance. — Balanço a cabeça com desgosto. —


Ah! Você teve cerca de cem chances e desperdiçou todas elas.
— Chega de drama, — ele cospe com raiva. — Você pertence a
mim.

— Apenas nos seus termos. Adivinha? Não sou uma covarde


que aceitará qualquer coisa que você me der.

— Você tem certeza disso? — ele zomba.

— Foda-se. — Eu me viro e saio furiosa.

— Não volte chorando quando ele não conseguir fazer o


trabalho, — ele grita atrás de mim. — Ninguém pode fazer você
gozar como eu.

Eu odeio que ele esteja certo.

Saio correndo pelo beco e, com meus ovários gritando para que
eu volte e aceite tudo o que ele está oferecendo, levanto a mão para
chamar um táxi.

Um deles chega e eu entro e olho pela janela.

Última chance.

Henley
Eu estou na escuridão. Do meu lugar na janela da frente do
andar de cima, posso ver tudo.

São 19h de sábado à noite e ele está na casa dela.

E depois das piores vinte e quatro horas da história, não sei por
que diabos preciso ver isso. É como sal na ferida, mas não consigo
desviar o olhar.
A porta da frente de Juliet se abre e ela sai. Ela está usando
um vestido preto justo e salto alto. O cabelo dela está preso e ela
está rindo e conversando com ele.

Não.

Ele abre a porta do carro para ela. Ela diz alguma coisa, e então
ele se inclina e a beija.

Meus punhos cerram-se ao meu lado, assassinato passa pela


minha cabeça.

Eu me viro e soco a parede com toda a força que posso. A


parede de gesso explode com o impacto, e a próxima coisa que vejo
é que estou na rua, marchando em direção a eles.

— O que você está fazendo? — Joel gagueja, com os olhos


arregalados.

— Não me faça machucar você, — eu o aviso.

Abro a porta do passageiro onde Juliet está sentada. — Saia do


carro. Agora.
Juliet
Expiro pesadamente enquanto olho para fora do carro, para o
maníaco. Como eu sabia que isso estava por vir?

Fique calma.

— Henley. — eu suspiro.

— Nós precisamos conversar. — Seu peito sobe e desce


enquanto ele luta para se controlar.

— É tarde demais.

— Não, não é, — ele dispara de volta.

— Não se atreva a fazer uma birra infantil, Henley. Estou


avisando agora mesmo. — eu grito. — Não temos nada para
conversar.

— Mas... — Seu rosto cai. — Temos tudo para conversar. —


Sua voz suaviza, e eu sei que de alguma forma a versão gentil da
personalidade de Henley James apareceu.

Aquela ao qual não consigo resistir.

— Por favor... — Seus olhos procuram os meus.

— Henley... — Passo a mão pelo cabelo. Caramba. Ele não


facilita nada, não é? — Agora não é a hora.

— Agora é a única hora. — Ele fica na frente da porta aberta do


meu carro para que não possamos ir embora. — Por favor.
Podemos apenas conversar sobre isso?
Eu exalo pesadamente.

— O que ele está fazendo? — Joel diz, impressionado, atrás do


volante.

— Apenas... — Eu suspiro. O que eu faço aqui? Isso é tão


estranho para Joel.

— Noite passada... Não sei por que digo as coisas que digo. —
ele gagueja em pânico. — Eu não me refiro a eles. Desculpe.

Pelo amor de Deus. Ele teve o dia todo para se desculpar e


escolhe fazê-lo agora?

Claro que sim.

Coloquei as mãos sobre os olhos. — Henley, — eu respondo. —


Honestamente... você é tão irritante. Vou a um encontro e não vou
falar com você sobre isso. — Aponto para a estrada. — Apenas
dirija, Joel.

— Noite passada... você disse que me amava... Isso ainda é


verdade? — ele gagueja.

Os olhos de Joel se movem para mim em questão. — Você o


ama?

Porra.

Fecho os olhos, com vergonha de mim mesmo. — Isso é...


complicado.

— Saia do carro. — Henley pega minha mão. — Por favor.

— Droga, Henley, — respondo frustrada. — Você não me ama.

— Quem disse? — ele cospe com raiva.

Eu aperto meus lábios, não impressionada.


— Estou tentando melhorar por você, — ele deixa escapar
rapidamente. — Eu juro que estou.

Porra...

O que eu faço?

— Você deveria... — Joel revira os olhos, sentindo que nosso


encontro acabou antes de começar — ir...

— Joel... — Eu olho para ele. — Nós não estamos juntos.

— Estamos juntos, — Henley interrompe. — Você simplesmente


ainda não percebeu.

Quem ainda não percebeu, seu filho da puta?

— Henley, caramba! — Eu estalo. — Entre em casa agora.

— Você está vindo?

— Sim, estou indo, — respondo. — Nunca conheci um homem


mais irritante do que você.

Ele se mantém firme.

— Agora. — Aponto para a casa.

Ele se aproxima e fica na calçada e cruza os braços, esperando


por mim desafiadoramente.

— Sinto muito, Joel. — Eu suspiro. — Isso é inaceitável.

— Eu sabia que ele gostava de você. — Nós dois olhamos para


Henley enquanto ele nos encara através do para-brisa. — Eu não
sabia que ele te amava.
Soltei um suspiro profundo. Não estou nem animada com essa
revelação. Na verdade, estou chateada. — Eu te ligo durante a
semana?

— OK. — Ele liga o carro.

Passo por Henley e entro em sua casa. Ele me segue com o rabo
entre as pernas.

Estou tão chateada que não consigo nem dizer uma palavra
para ele – nem uma maldita palavra.

Sento-me no sofá. Ele hesitantemente se senta ao meu lado.

— Comece a falar, — eu digo.

— Bem, em primeiro lugar... Eu quero pedir desculpas. Eu


estive fora da linha. — Ele faz uma pausa como se estivesse
organizando seus pensamentos.

Você acha?

— Meu comportamento ontem à noite foi apenas... terrível, —


continua ele. — Eu não quis dizer nada disso. Não sei o que deu
em mim e não sei por que agi assim.

— Como o que? Agressivo e abusivo?

Seu olhar cai para o chão.

Silêncio...

Meu coração afunda.

Por que me sinto mal por aborrecê-lo?

— Por que você age assim? — Pergunto-lhe.


— Não sei..., — ele sussurra. — É como... meus sentimentos
por você revelam a parte mais sombria da minha personalidade.

O que?

O que você diz sobre isso?

— Você disse que estava tentando melhorar? — Eu finalmente


pergunto.

— Eu estou, — ele diz esperançoso. — Vou duas vezes por


semana e Aaron diz que estou progredindo.

— Aaron?

— O psicólogo.

— Progredindo com o quê?

Ele hesita...

— Henley. — Eu o olho bem nos olhos. — Agora é a hora da


honestidade, — digo suavemente. — Você pelo menos me deve isso.

Ele concorda. — Eu... — Ele lambe o lábio inferior. — Eu sei.


— Ele torce as mãos nervosamente no colo. — A coisa é... e não há
maneira fácil de dizer isso, mas... Estou fodido.

Não brinca, Sherlock.

— Como assim?

Ele continua a torcer as mãos no colo...

— Henley?

— Bem, sempre pensei que era assim porque não tinha


encontrado a mulher certa e estava feliz sozinho. Isso nunca me
incomodou.
Para onde isso vai dar?

— Certo...

— Mas então eu conheci você e queria mais, mas... — Sua voz


desaparece.

— Mas o que?

— Mas eu não consegui.

— Fazer o que?

— Comprometer-me com um relacionamento.

Eu penso um pouco. — Mas você se comprometeu com uma


situação de amizade com benefícios sem nenhum problema.

— Eu fiz. — Ele pega minha mão na dele. — Porque matei dois


coelhos com uma cajadada só.

— Que coelhos?

— Eu pude passar um tempo com você sem estranhar.

— Estranhar? — Eu repito.

Ele dá de ombros, envergonhado. — Eu sou totalmente


estranho. Não se preocupe, estou bem ciente.

Eu luto para esconder meu sorriso. Você acertou.

— O que seu psicólogo diz sobre isso?

— Aaron acha que minha mente está tentando me proteger,


então bloqueia minhas emoções.

Eu franzo a testa, sem entender. — Por quê?

— Eu mesmo não entendo.

— Então você não tem nenhuma emoção?


— Não, eu tenho. — Ele dá de ombros. — Com você, eu tenho.

— E quais são essas emoções? — Eu pergunto.

Ele franze a testa como se estivesse perplexo. — Amor é uma


palavra forte.

— Isso é.

— Então... — Ele faz uma pausa, como se escolhesse as


palavras com muito cuidado. — Você disse que me amava.

— Uh-huh.

— Qual é a sensação disso?

— O que?

— Se você ama alguém, como é? — Ele continua. — Quero


dizer, quando ascende aquela lâmpada no momento em que estou
apaixonado?

Eu sorrio com sua imaturidade neste assunto. — Não é um


momento de lâmpada. São um milhão de pequenas coisas.

Seus olhos prendem os meus enquanto ele ouve.

— Estar ansioso para ver alguém. É pensar neles o dia todo. É


sentir falta deles quando vão para casa, mesmo que você os tenha
visto a noite toda. São risadas, conversas e atração sexual e, acima
de tudo, é um sentimento de pertencer a essa pessoa.

— Pertencer a essa pessoa?

— Como você não quer dormir com mais ninguém, você só quer
uma pessoa, e ninguém mais vai fazer isso. A ideia de entregar seu
corpo a outra pessoa é repugnante.

Ele acena com a cabeça como se finalmente entendesse.


Espero que ele explique o assunto, mas ele permanece em
silêncio.

— Bem? — Eu pergunto. — Alguma dessas coisas parece


familiar?

Ele engole o nó na garganta como se estivesse se preparando


para a pior coisa possível. — Talvez... Eu acho... de alguma
forma... quero dizer, não sei, mas acho que..... amo você. — Ele
olha para o chão, incapaz de fazer contato visual.

A empatia me preenche com sua declaração de amor malfeita.

— E isso é uma coisa ruim? — Eu sussurro.

— Não, eu acho que é uma... coisa boa. — Ele revira os lábios.


— Isso trouxe muita bagagem para mim.

— Que tipo de bagagem?

Ele hesita antes de responder. — Eu luto com a intimidade.

— Por quê?

— Não sei.

Mas ele sabe.

— Qual é o motivo de Aaron dizer?

Ele me encara como se estivesse processando a pergunta. —


Que não confiarei em ninguém como forma de proteção.

— Proteção contra o quê?

— De você me deixar.

Oh...

Meu coração...
— Henley, — eu sussurro suavemente.

— Mas não acho que isso seja verdade. Quero dizer... problema.
A minha mãe morreu. As mães de um milhão de pessoas morrem
todos os dias, e elas não andam por aí fodidas assim.

— Henley, em nosso primeiro encontro você me disse que a


morte de sua mãe foi um acontecimento catastrófico em sua vida.
— Aperto sua mão na minha. — Não subestime isso. O luto afeta
a todos de maneira diferente. Você estava em uma idade muito
vulnerável quando ela morreu.

Seus olhos se enchem de lágrimas enquanto ele olha para um


ponto no tapete, incapaz de olhar para mim.

Ele está fodido.

— Então... — Franzo a testa enquanto tento descobrir para


onde iremos a partir daqui. — O que você quer que aconteça agora?

— Eu quero estar com você, — ele responde sem hesitação. —


Em um... — Ele engole novamente.

Eu o interrompi. — Relacionamento?

Ele concorda. — Eu quero tentar.

Silêncio...

Ainda não é um compromisso... mas talvez uma promessa.

Eu sei que não deveria, mas eu o vejo, o homem lindo por quem
me apaixonei, perdido enquanto tenta navegar pelo mundo. Henley
é um bom homem, no fundo. Eu sempre soube disso. Ele não quer
viver assim. Ele não teve outra opção.

Seguro seu rosto em minha mão. — Com uma condição.


— Qualquer coisa.

— Seja honesto comigo daqui em diante.

Seus olhos procuram os meus.

— Preciso saber o que está acontecendo na sua cabeça, ou não


conseguiremos, Hen.

Um traço de sorriso cruza seu rosto quando ele pega minha


mão na sua.

Eu sorrio também e, naquele momento, sei que vai ficar tudo


bem entre nós.

— Beije-me, — eu sussurro. Ele se inclina e me beija. Seu rosto


se contrai contra o meu como se estivesse dominado pela emoção.

Meu lindo e torturado rei, tão confuso.

Tão adorável.

Um oceano de vulnerabilidade nadando entre nós.

— Henley. — Coloco minha mão sob seu queixo e trago seu


rosto para o meu. — Nós podemos fazer isso.

Ele fecha os olhos como se quisesse me bloquear.

— Henley, — eu exijo. — Abra os olhos e olhe para mim.

Ele abre os olhos.

— Me ame de volta, — eu sussurro. — Como eu sei que você


pode. — Eu o beijo suavemente. Minha língua desliza suavemente
por seus lábios abertos e eu o beijo novamente. — Eu só preciso
que você sempre seja honesto comigo. Se algo estiver incomodando
você, é só me dizer.
Seu beijo se aprofunda e então, como se estivesse se lembrando
de algo, ele se afasta para olhar para mim. — Estamos começando
a questão da honestidade agora?

Eu concordo. — Uh-huh.

— Então tire isso.

— O que? — Eu franzir a testa.

— A maquiagem que você colocou.

Incomoda-o que eu esteja toda arrumada para sair com outro


homem.

Eu também estaria.

— Você quer dizer a maquiagem que coloquei enquanto


pensava em você? — Eu sorrio suavemente.

Ele aponta para cima. — Lave isso. Tudo isso.

— Vou precisar tomar um banho.

— Provavelmente. — Ele estreita os olhos enquanto age sério.

A excitação corre pelas minhas veias. — Você vai precisar


entrar comigo para ajudar.

— Definitivamente.

Nós nos encaramos, a excitação zumbindo entre nós, o ar cheio


de promessas.

— Eu vou te foder tão bem que você não se lembrará do seu


nome. — Ele se abaixa e, em um movimento rápido, me pega e me
joga por cima do ombro. Eu rio enquanto subimos as escadas.

Seu passo vacila na metade do caminho.


— Você está se arrependendo desta decisão de me carregar
agora, Sr. Strong 12 ? — Eu sorrio enquanto fico pendurada de
cabeça para baixo com as mãos em suas costas.

— Um pouquinho, — ele bufa.

Eu rio alto e ele me dá um tapa nas costas. — Não fale.

— Estou rindo.

Ele me dá um tapa novamente. — Não ria também.

Chegamos ao banheiro e ele me desliza pelo seu corpo. Ficamos


em silêncio enquanto nos encaramos.

E é isso, o nosso começo, o verdadeiro começo.

Pelo menos espero que seja. É melhor que seja.

Ele tira meu vestido por cima dos ombros e o joga para o lado.
Ele desabotoa meu sutiã e desliza minha calcinha pelas minhas
pernas. Seus olhos caem e permanecem em meu corpo nu, e eu
quero tanto agradá-lo. Fazer tudo que posso para compensá-lo,
porque odeio ter maquiagem para outro homem também.

Tiro sua camiseta pela cabeça e deslizo o zíper de sua calça


jeans. Sou abençoada com a visão de seu pau grande quando ele
se liberta.

Então todo o controle é perdido. Ele me puxa para dentro da


água e nos beijamos como amantes há muito perdidos.

Porque é assim que parece.

12
Forte
As últimas seis semanas foram um inferno sem ele em meus
braços.

Ele me prende na parede e, enquanto nos beijamos, seu corpo


instintivamente desliza profundamente no meu. Nós dois gememos
profundamente quando a excitação assume o controle.

Achei que a primeira vez que faríamos isso seria uma grande e
louca sessão de preliminares com todos os sinos e assobios... mas
toda vez com Henley são todos os sinos e assobios.

— Eu te amo, — eu sussurro.

Ele sorri contra meus lábios e me bombeia mais


profundamente. — Você está melhor. — Eu rio, alto e livremente,
e ele também.

Estamos de volta, amor...

Deitamos em silêncio. Exausta não chega perto. Fizemos amor


no chuveiro, todos carinhosos e doces, e depois fodemos como
animais enquanto ele me mostrava exatamente a quem eu
pertenço.

É ele. Sempre foi ele...

— São as pequenas coisas, — ele sussurra enquanto olhamos


para o teto.

Olho para ele surpresa.

— É o jeito que seu sorriso deixa meu estômago embrulhado.

Oh...
— A maneira como você tritura gelo com os dentes me enfurece,
mas nunca digo nada porque de alguma forma acho isso cativante.

Eu sorrio para a escuridão.

— É o jeito que você brilha na luz da geladeira à meia-noite


quando está procurando um sorvete, — ele murmura enquanto
seus olhos ficam grudados no teto.

— Como faço para brilhar? — Eu pergunto.

— Simplesmente fodido e perfeito.

Meu coração incha.

— É assim que penso em você o dia todo. — Ele faz uma pausa
por um momento. — É assim que fico esperando seu carro voltar
para casa a noite toda.

Ele está sendo romântico?

— Do jeito que eu gosto do seu cachorro, mas não posso te


contar porque assim você saberá que me tem na palma da sua
mão.

Inesperadamente, a emoção me domina e sinto um nó na


garganta enquanto o observo.

Ele rola de lado e seus olhos finalmente encontram os meus. —


É assim que não suporto a ideia de dormir com outra pessoa.

— Gosto disso. — Eu sorrio.

Ele sorri também. — Oh... isso é a única que você gosta?

Eu rio e beijo seus lábios grandes e lindos. Seu braço me


envolve e eu aconchego minha cabeça em seu peito.
— Foi assim que fiquei tão chateado por você não querer mais
me ver que atropelei suas plantas com o cortador.

— Você teve que estragar tudo e trazer isso à tona... não foi? —
Murmuro secamente. — Você estava indo tão bem.

Ele ri e beija minha têmpora e me abraça.

— Não me deixe estragar tudo, — ele diz suavemente. — Diga-


me se eu chegar muito perto da linha.

— Ah, eu vou, e só para constar, se você atropelar uma planta


minha com o cortador novamente, eu vou atropelar você com ele.

— Fechado. — Ele sorri.

Ficamos em silêncio por um tempo, ambos perdidos em nossos


próprios pensamentos.

— Boa noite, minha linda Juliet, — ele sussurra. — Obrigado


por esperar eu chegar aqui...

Meu coração incha com sua vulnerabilidade recém-descoberta.


— Você valeu a pena esperar.

Meia-noite, a hora mágica


Deito e olho para o homem ao meu lado enquanto ele dorme.

Ele está deitado de costas, o cobertor branco enrolado na parte


inferior do estômago. Seu amplo corpo nu está em exibição.

Eu observo enquanto seu peito sobe... segura e depois cai


suavemente. Estou deitada aqui observando-o há duas horas.
Meus instintos protetores entraram em ação e eu só quero cuidar
dele. Para fazê-lo se sentir amado e seguro.
Como deve ser a sensação de estar tão traumatizado por não
poder se permitir ser amado? E o pai dele também está doente...

Eu me sinto tão triste por ele.

Afasto o cabelo de sua testa e o beijo suavemente.

Como é possível que esta noite meu apego a ele seja mais
profundo do que nunca?

É assim que parece?

Onde nada mais importa, e para o inferno com as


consequências. Porque há consequências em estar com Henley. Eu
sei que há.

Tenho vinte e sete anos e, no momento em que quero relaxar


em um relacionamento fácil e sem drama, sei que isso será tudo
menos isso. Como não poderia ser? Ele nunca teve namorada,
muito menos um relacionamento sério, e essas coisas exigem
prática. Anos e anos de prática. Estou prestes a fazer uma viagem
difícil.

Eu me apoio no cotovelo e a esperança me enche enquanto


sorrio para ele na escuridão. Seu cabelo escuro, cílios grandes e
lábios carnudos e beijáveis. De todos os homens que conheci na
vida, Henley James é aquele com quem comparo todos os outros.

Ele é o ponto de referência.

As últimas semanas foram um pesadelo – para nós dois, agora


sei.

Mas ele está aqui comigo, revelando sua vulnerabilidade e


declarando seu amor.
É estranho. Na verdade, mal nos conhecemos, mas a nossa
atração é tão profunda que chega a ser celular. É como se meu
corpo sempre fosse dele, como se ele sempre tivesse sido feito para
ser meu. Ele tem esse ingrediente especial. Cada palavra
sussurrada, cada toque significa muito mais do que deveria.

Solto um grande bocejo e sei que preciso dormir um pouco. Eu


rolo para o lado, de costas para ele, e sua mão sai e me puxa de
volta para ficar confortável contra seu corpo, ainda dormindo. Ele
beija meu ombro e sinto sua masculinidade contra meu traseiro, o
calor de sua pele.

Eu sorrio no meu travesseiro. Eu acho que talvez... Vai ficar


tudo bem.
Acordo com um cheiro familiar permeando meu quarto e franzo
a testa. O que é isso?

Panquecas.

Huh? Meus olhos se abrem. O que está acontecendo agora?


Alguém invadiu para me fazer comida?

Eu nunca acordei com Henley antes, muito menos pedi para


ele preparar o café da manhã para mim. Pulo da cama, visto meu
roupão e vou em busca do meu homem.

Encontro-o na cozinha, de pé sobre a frigideira, com um pano


de prato pendurado no ombro enquanto se concentra. Encosto-me
no batente da porta por um momento e o observo. Ele está vestindo
uma camiseta branca e calça de pijama, e enquanto vira as
panquecas posso ver os músculos de seus ombros se contraírem
por baixo da camisa.

Tão gostoso.

Ele olha para cima, me vê e me dá um sorriso lento e sexy. —


Bom dia, minha doce Juliet.

Sua doce Juliet... já houve um bom dia mais deslumbrado na


história da vida?

Eu acho que não.

Eu sorrio bobamente. — Bom dia, Henley.

Ele se aproxima e coloca a espátula no meu sexo e sopra o ar.


— O que você está fazendo? — Eu rio enquanto o afasto.

— Fazendo meu café da manhã. Com o que se parece?

— Você quer que seja feito dos dois lados?

— Apenas os melhores são virados para os dois lados. — Ele


sorri contra meus lábios enquanto me beija.

— O que você está fazendo aqui, Sr. James? — Nós nos


beijamos novamente enquanto suas mãos deslizam por baixo do
meu roupão.

— Colocando esforço. — Ele pisca.

— Oh, o café da manhã é seu esforço?

Ele me inclina para trás. — Depois de provar essas


panquecas... você nunca vai me deixar ir. — Ele morde meu
pescoço e eu rio e tento escapar dele.

Quem disse que eu iria deixar você ir?

— Comporte-se. — Ele me levanta. — Minhas panquecas estão


queimando. — Ele volta a virá-los.

— Tive uma ideia, — digo enquanto o observo.

— O que é isso?

— Vamos embora e fazer um reset total. Relaxar neste novo


estágio, nos conhecer adequadamente, sem nenhum ruído
externo.

— Não posso. — Ele volta aos seus deveres de panqueca. — Eu


tenho responsabilidades aqui.

— Vou pedir que Chloe visite seu pai todos os dias para ver
como ele está.
Uma carranca aparece em seu rosto enquanto seus olhos se
voltam para mim. — Como você...

— Tenho um segundo emprego na casa de repouso. Eu conheci


seu pai. Ele é um homem adorável.

— E você não pensou em me contar isso? — ele estala.

— Henley, você não fala comigo há seis semanas, — respondo.


— Quando tive a chance de te contar?

Ele revira os lábios e felizmente segura a língua porque sabe


que estou certa.

Ele coloca a mão sob meu roupão para segurar meu traseiro, e
eu olho para ele. — Podemos ir? — Eu sussurro. — Apenas nós
dois?

— Eu...

— Você precisa de uma pausa, — digo a ele. — Você nunca


esteve ausente desde que seu pai ficou doente.

— Ele precisa de mim.

— O que ele precisa é que você esteja feliz e relaxado.

Ele passa as mãos pelos cabelos como se estivesse em conflito.

— Poderíamos ir para algum lugar quente – sol, areia e mar. —


Eu sorrio esperançosamente.

— Bem, e quanto a Barry? — ele responde.

Eu sorrio, percebendo que ele está perto de ceder. — Chloe pode


cuidar de Barry. Ela pode vir e ficar com ele. Ele ama ela.
Queremos começar de novo e esta pode ser a oportunidade perfeita
para deixar todas as nossas porcarias no passado.
Seus olhos prendem os meus, e sei que ele também acha que é
uma boa ideia. — Vou pensar sobre isso.

— OK. — Eu o beijo suavemente, meus lábios permanecendo


sobre os dele. Enquanto beijamos seus olhos também, e eu sei que
ele se sente tão perdido nisso quanto eu. E está aí de novo, a
química maluca que temos. Isso me domina toda vez que estamos
sozinhos.

— Meu corpo doeu por você, — ele murmura contra meus


lábios. — Você é tudo em que eu conseguia pensar. — Nosso beijo
se aprofunda. Ele desliga a frigideira e se senta em uma cadeira e
me puxa para seu colo. Ele começa a me balançar sobre seu corpo
enquanto nos beijamos.

— Vamos voltar para a cama, — ele respira.

— Temos que comer.

— Temos que foder, — ele sussurra. — Não consigo chegar


perto o suficiente de você. — Ele me beija novamente. — Eu preciso
de mais.

Oh...

— Como eu pensei que poderia viver sem isso? — Murmuro


contra seus lábios enquanto ele me balança em seu corpo. Ele tira
a calça do pijama e se posiciona na minha entrada e desliza
lentamente para dentro.

— Mm, — ele geme baixinho enquanto agarra meu cabelo em


suas mãos, me puxando para ele com mais força. — Você parece
tão bem no meu pau.
Um estremecimento comovente corre entre nós. Cara a cara,
nos encaramos.

Balançando, beijando, sofrendo um pelo outro de uma forma


que ninguém mais poderia entender.

Primordial e urgente.

Não importa quais problemas enfrentemos, não importa quão


fodidas as coisas estejam, ninguém pode tirar isso de nós.

Quando Henley e eu estamos nus, o mundo é nosso.

Andamos pela rua de mãos dadas, e eu realmente espero que


os paparazzi estejam tirando sarro disso e prestes a postar tudo
na internet.

Tenho notícias de última hora.

Henley e eu estamos em um encontro... em nosso próprio


bairro... em uma noite de domingo.

Milagres acontecem.

Hoje, depois do café da manhã, ele foi visitar o pai enquanto eu


lavava a roupa, e hoje à tarde nos deitamos à beira da piscina. Foi
o melhor fim de semana de todos os tempos... exceto a parte de
ferir os sentimentos de Joel, mas cuidarei disso amanhã. Deus
sabe o que vou dizer a ele.

Não há desculpa para o comportamento meu e de Henley.

Abrimos a pesada porta de vidro e entramos no restaurante


italiano. — Olá, — diz Henley ao garçom. — Temos uma mesa
reservada em nome de James.
O garçom examina as reservas. — Ah sim. — Ele sorri. — Por
aqui, Sr. James. — Nós o seguimos pelo restaurante em direção à
nossa mesa.

James.

Eu amo esse sobrenome.

Juliet James... hmm, certamente tem algo a ver.

Sorrio com minha piada particular enquanto Henley puxa


minha cadeira para mim e me sento.

— Posso pegar alguma bebida para você começar?

Henley abre o menu para examinar as opções. — Vou tomar


um copo de água com gás, por favor? — Eu pergunto.

Os olhos de Henley disparam. — Sem vinho?

— Não para mim, obrigada. Não estou com vontade de beber.

O garçom sorri para mim. — E você, senhor?

— Você sabe o que? — Henley fecha o menu. — Eu também vou


me comportar. Água com gás também.

O garçom nos deixa sozinhos.

— Você pode tomar vinho. Não deixe de beber só porque eu não


vou.

— Não é divertido sozinho. — Ele sorri enquanto segura minha


mão sobre a mesa. — Olhar para você me deixa bêbado de
qualquer maneira.

Meu coração incha...

— Sabe, eu amo essa versão sua.


— Qual versão de mim?

— Aquela que não observa o que diz.

Ele ri e desvia o olhar como se estivesse envergonhado. —


Bem... tem sido... — Ele dá de ombros.

Eu o interrompi. — Tem sido bom para nós.

— Como assim?

— Bem, eu honestamente acredito que tudo acontece por uma


razão.

Ele se apoia na mão e coloca o dedo indicador na lateral do


rosto enquanto me observa. — E qual você acha que foi o motivo?

— Foi uma lição.

— De que?

— Vida.

Ele franze a testa. — Como assim?

— Para mim, a lição foi não abrir mão do que realmente quero
e mereço. Eu sabia que éramos mais e tínhamos uma chance real
de um futuro juntos. Teria sido tão fácil continuar sendo amigos
com benefícios só para que eu pudesse ter você.

Ele balança a cabeça enquanto ouve.

— O que você aprendeu? — Pergunto-lhe.

Ele pensa por um momento. — Que eu senti sua falta.

Sorrio suavemente para o homem lindo na minha frente e pego


sua mão na minha. — Também senti sua falta. O que mais você
aprendeu? Qual foi a lição de tudo isso?
Ele exala, sem saber como responder à minha pergunta.

— Vou lhe dizer qual foi a lição.

— Por favor faça. Estou claramente sem esperança com as


aulas. — Ele sorri.

— Quando as fichas caem e as coisas ficam difíceis, você se


inclina para a luz.

— O que você quer dizer?

— Você se inclina para a luz, Henley.

— Qual é a luz?

— Amor. O amor é a luz.

Seu rosto cai enquanto ele ouve.

— O amor costumava assustar você, mas é um escudo. Isso irá


proteger você. Eu... irei protegê-lo.

Suas narinas se dilatam enquanto seus olhos prendem os


meus.

— Eu te amo.

Ele aperta minha mão na dele.

— Quando as coisas ficam difíceis, você se inclina para a luz.

— E que luz linda você é, — ele sussurra.

O garçom volta com nossos dois copos de água com gás. — Aqui
temos. — Ele os coloca sobre a mesa.

— Você sabe o que? — Henley diz. — Eu mudei de ideia.


Podemos pedir uma garrafa do melhor champanhe que você tiver,
por favor? Dois copos. Estamos comemorando.
— Claro, senhor. — Ele desaparece mais uma vez.

— O que estamos comemorando? — Eu pergunto.

Seus olhos brilham com uma certa coisa. — Você.

A loção pós-barba me tira do coma, o perfume celestial


permeando o quarto. Abro os olhos e, quando centralizo a visão,
vejo o Sr. James vestido com seu terno, pronto para o dia. — Bom
dia. — Ele se inclina e me beija suavemente, seus lábios pairando
ternamente sobre os meus. — Você parece angelical na minha
cama. — Ele segura meu rosto com a mão e sorri. — Ilusão de
ótica, — ele murmura. — Eu sei disso.

Eu sorrio sonolento. — Que horas são?

— Hora de levantar. — Ele se levanta, vai até a cômoda e coloca


seu relógio caro. — Eu trouxe café para você. — Ele aponta para a
mesa lateral e eu olho para ver uma xícara de café fumegante ao
meu lado.

Eu me apoio na cabeceira da cama e pego meu café.

— O que você está fazendo hoje? — Ele pergunta enquanto


pendura meu roupão no banheiro.

— Eu tenho o dia de folga.

Ele anda pelo quarto arrumando. — E o que você planejou para


o seu dia de folga?

Fico confusa ao observá-lo. É por isso que sua casa é tão


imaculada. Ele limpa às cinco e meia da manhã. Ugh, temos
alguma coisa em comum?
— Estou almoçando com Joel.

Ele para e seus olhos encontram os meus.

— Para me desculpar por sábado à noite, — digo


apressadamente. — Esse almoço já estava planejado porque
estamos analisando opções de coberturas. Não tem nada a ver com
o fato de irmos a um encontro.

— Não.

— O que?

— Não! — ele responde. Ele volta a arrumar o quarto.

Coloquei meu café na mesa. — O que você quer dizer com não?

— Não, você não vai sair com o Designer de Interiores. — Ele


sacode uma camiseta antes de dobrá-la. — Não há necessidade de
ir almoçar. Você manda uma mensagem para ele e diz que está
comigo agora.

— O que?

— Se ele não respeitar isso, então terá que responder a mim. —


Ele fumega enquanto anda organizando seu quarto.

— Henley, preciso contar a ele pessoalmente.

— Dizer a ele o que exatamente? — ele responde


impacientemente.

— Que agora estou saindo com um homem das cavernas que


pensa que pode me dizer o que fazer.

— Eu não penso. — Ele olha para mim. — Eu sei isso.

— Você sabe que pode me dizer o que fazer? — Eu suspiro,


ofendida.
— Escute, — ele retruca. — Aquele decorador de interiores
idiota está atrás da minha garota desde o primeiro dia, então não
fique ofendida quando eu me recuso a tolerar isso.

Calma, calma... mantenha a calma, porra.

— Primeiro, só sou sua garota desde ontem porque você se


recusou a admitir seus verdadeiros sentimentos. Isso não é culpa
dele. Joel é um espectador inocente em tudo isso.

Ele abre a boca para dizer alguma coisa.

— Deixe-me terminar, — eu respondo, interrompendo-o. — Em


segundo lugar, sou uma adulta. Eu não fantasio as pessoas como
uma criança imatura, ao contrário de algumas pessoas que
conhecemos.

Ele estreita os olhos. — Cuidado.

— Tenha cuidado, Henley, — eu respondo. Saio da cama com


pressa, entro no banheiro e fecho a porta. Sento-me para ir ao
banheiro.

Ele entra. — Você não vai almoçar com ele. Fim. De. Porra.
História.

— Você se importa? Estou usando o banheiro, — respondo,


furiosa.

Ele coloca as mãos nos quadris e levanta uma sobrancelha. —


Então?

— Então, não estou tendo essa conversa no meio do caminho.

Ele marcha de volta e bate a porta.


Foda-se minha vida. Eu não preciso dessa besteira. Ainda não
são seis da manhã. Eu demoro, tentando acalmar meu
temperamento.

Tudo isso é novo para ele, lembro a mim mesma. Ele não sabe
lidar com o ciúme. Seja paciente.

OK...

Isto é bom. Consigo lidar com isso... ficar calma.

Lavo as mãos e saio para ver o quarto impecável e a cama feita.

Ele é como a porra de um sargento instrutor.

Ouço algo bater lá embaixo na cozinha, visto meu roupão e


desço as escadas para vê-lo fazendo um shake de proteína de
costas para mim.

Coloquei meus braços em volta dele por trás. — OK. — Eu beijo


seu ombro.

— Certo o que?

— Ok, não vou almoçar com ele. Em vez disso, irei almoçar com
você.

Ele se vira em meus braços e olha para mim. Eu beijo seus


lábios. — Depois que eu contar a ele pessoalmente, tomando uma
xícara de café.

Ele abre a boca e eu coloco meu dedo sobre seus lábios. —


Henley. Isso é inegociável. Ele tem sido um amigo e meu designer
de interiores. Estou contando a ele pessoalmente.

Ele torce os lábios, e eu sei que ele está tentando ao máximo


não reagir.
— Uma xícara de café rápida de dez minutos e depois vou
almoçar com você. — Eu sorrio para ele. — Eu devo isso a ele. Ele
gosta de mim.

— Eu sei que ele gosta de você.

— Mas isso é uma pena, porque eu te amo.

— Eu não gosto disso.

— Você não precisa. — Eu o beijo suavemente. — Mas você


precisa entender.

Ele exala pesadamente e tira meus braços de sua cintura. —


Eu tenho que ir.

— OK.

Ele segura seu shake de proteína na mão e me encara como se


estivesse pensando em sua próxima frase.

— Eu recebo um eu te amo esta manhã? — Eu sorrio


provocativamente.

— Quando você chegar ao meu escritório e estiver pronta, você


o fará.

— Precisamos de algum tempo sozinhos. Podemos sair de


férias?

— Tenho um milhão de coisas organizadas pra fazer.

— Hum. — Tento adoçar o acordo. — Uma semana ao sol e ao


mar comigo de biquíni, meu namorado corpulento passando óleo
bronzeador por todo o meu corpo. Fazendo amor na praia sob o
luar.
— Parece terrível. — Um traço de sorriso cruza seu rosto e sei
que nossa luta acabou.

Eu sorrio e o beijo. — Então podemos? — Eu realmente quero


me afastar daqui e de todas as nossas memórias ruins.

— Quando você quer ir? — ele pergunta.

— Semana que vem?

— Semana que vem? — ele engasga. — Não posso fazer as


malas e ir embora em uma semana.

— Por que não? Você não é o chefe? — Eu sorrio


esperançosamente. — Se eu conseguir alguém para cobrir meus
turnos na próxima semana e Chloe puder cuidar de Barry e
verificar seu pai, podemos ir?

Ele exala pesadamente.

— Chloe é enfermeira. Ela pode verificar seu pai todos os dias.


Ela nos ligará imediatamente se precisar de você aqui, e
poderemos voltar direto para casa.

— Vou pensar sobre isso.

— Então... Estou interpretando isso como um sim. Sou uma


otimista, você sabe.

Ele revira os olhos. — Tchau, Juliet.

Agarro as lapelas de seu terno e o puxo para mim. — Adeus,


meu namorado mal-humorado e gostoso.

Ele franze a cara de desgosto. — Não gosto desse termo.

— Mal-humorado?

— Namorado.
Eu rio. — Apresse-se e case-se comigo, então, para que você
possa ser meu senhor.

Seu rosto cai.

— Brincadeira! — Eu rio de seu horror. — Relaxe, foi uma


piada.

— Não é engraçado, Juliet.

— Sim...

Ele caminha até a porta e olha para Barry e para mim. — Você
precisa lavar as xícaras de café antes de sair.

Arregalo os olhos e aponto para a porta. — Vá trabalhar.

Sento-me no café com o coração na garganta. Eu me sinto uma


merda. Isso não é culpa de Joel. Esta é uma circunstância de
muito mau momento. Joel aparece e acena e sorri quando me vê.
— Oi. — Ele se inclina e beija minha bochecha.

Eu sou uma idiota.

— Olá. — Ele sorri enquanto cai na cadeira à minha frente.

— Eu já pedi café para nós. — Eu dou de ombros. — Espero


que esteja tudo bem.

— Claro, café antes do almoço. Estou em baixo.

Eu fico olhando para ele. Não há maneira fácil de dizer isso. —


Sinto muito pelo sábado, Joel, — digo suavemente.

— Eu também.

Eu tento explicar. — Foi o pior momento.


— Não foi um momento ruim, — ele bufa. — Ele sabia
exatamente o que estava fazendo.

— O que?

— Ele manteve você no gelo durante todo o tempo em que


morou na casa ao lado, Juliet, e assim que você conhece outra
pessoa, ele chega como uma criança mimada querendo seu
brinquedo de volta.

— Oh, — eu respondo, surpresa com seu veneno. Eu não estava


esperando essa reação.

— Então... deixe-me adivinhar, — ele diz sarcasticamente. —


Você marca um encontro comigo e de repente ele percebe que você
é a pessoa certa para ele, e ele milagrosamente superou seus
problemas de compromisso e agora pensa que está apaixonado por
você... mas ele não disse isso diretamente; foi de uma forma
indireta.

Eu franzo a testa.

— Como estou indo com minha previsão?

Surpreendentemente preciso.

— Você não precisa ser assim.

— Mas eu faço, porque você está sendo uma idiota e deixando


ele tocar você como um violino.

Eu exalo pesadamente. — Estou apaixonada por ele, Joel.

— Porque você faz sexo bom?

Eu olho para ele enquanto reviro meus lábios. Eu nem estou


respondendo a isso.
— Um relacionamento envolve muito mais do que sexo, Juliet,
e se você quer uma vida com alguém assim, vá em frente.

Já ouvi o suficiente dessa merda.

Jogo meu guardanapo na mesa. — Obrigada, eu irei. — Eu


estou. — Adeus, Joel. — Saio do restaurante.

Espero que Henley realmente saiba decorar casas.

O elevador sobe enquanto a excitação borbulha em meu


estômago. Estou indo para o escritório de Henley para almoçar
com ele. Meu café com Joel não saiu como planejado, mas depois
de me acalmar um pouco, entendo a desaprovação de Joel.

Escolhi Henley e, por mais doce que eu embrulhe a entrega, a


mensagem ainda é a mesma.

As portas do elevador se abrem para uma grande área de


recepção e eu entro. É toda de madeira moderna com lindos pisos
de mármore damasco. Uma enorme placa dourada está na parede
posterior.

HENLEY JAMES

ENGENHARIA

Oh... chique pra caralho.

Muito mais sofisticado do que eu esperava.

— Posso ajudar? — pergunta uma voz de mulher.

Olho e vejo uma linda morena sentada em uma mesa: longos


cabelos escuros e estrutura óssea perfeita. — Hum, sim. Estou
aqui para ver Henley.
— Você está? — Ela finge um sorriso e me olha de cima a baixo.
— E qual é o seu nome?

Por que esse tom condescendente, vadia?

— Eu sou Juliet, namorada de Henley, e você é? — Eu atiro de


volta.

Ela olha para mim, inexpressiva. — Estranho, nunca ouvi falar


de você antes.

— Seu nome? — Eu repito.

— Jenny, — ela responde categoricamente.

Jenny... Lembro-me da fodida Jenny; ela foi a bruxa que me


dispensou todos esses anos atrás. Então ela ainda está por aí,
hein? Ninguém me disse que ela também era uma bomba. — Olá,
Jenny. — Eu sorrio com os dentes cerrados.

— Olá.

— Onde está Henley? — Eu afirmo. Não me venha com suas


merdas, Jenny. Eu vou acabar com você.

— Ele está em seu escritório.

— Qual e é onde? — Começo a ficar irritada com essa mulher e


sua grosseria total.

— Sente-se e eu avisarei a ele que você está aqui.

Reviro os lábios e me sento no sofá. Eu mando uma mensagem


para Henley.

Quem diabos é essa recepcionista?


Uma porta se abre instantaneamente e Henley aparece. — Olá.
— Ele sorri. Ele lança um rápido olhar para Jenny e gesticula para
seu escritório, e eu me levanto e vou até lá.

Jenny finge olhar para o computador, sem sequer erguer os


olhos.

Entro no escritório e me viro para Henley, e ele fecha a porta


atrás de nós.

— Como foi? — ele pergunta.

— Foi uma conversa de cinco minutos. Saí antes mesmo de o


café dele chegar. — Cruzo os braços na minha frente. — A ação
está cumprida.

A satisfação brilha em seu rosto antes que ele me tome em seus


braços. — Bom. — Ele me beija suavemente.

— Esqueceu de me contar um pequeno detalhe que sua


recepcionista gostosa está apaixonada por você?

Ele ri. — Ela é só um pouco...

Eu o interrompi. — Rude.

— Protetora.

Reviro os olhos e suas mãos caem em meu traseiro, e ele bate


nossos quadris. — O que você quer para o almoço?

— Você... na mesa de Jenny parece bom, — eu bufo. Por que


diabos a recepcionista dele é tão gostosa?

— Isso poderia funcionar. — Ele sorri.


Reviro os olhos. Sério, preciso controlar essa coisa de ciúme.
Por que acho que todas as mulheres vivas estão atrás de Henley
James?

Porque elas estão.

— Liguei para Chloe e ela pode nos ajudar na próxima semana.

Ele olha para mim.

— Podemos ir?

— Juliet.

Eu pulo no local. — Diga-me que podemos ir.

— Tudo bem. — Ele arregala os olhos como se eu fosse um


grande inconveniente. — Nós podemos ir.

Eu sorrio amplamente.

— Com uma condição, — diz ele.

— O que é isso?

— Você me deixa organizar isso.

— Por que, porque você é um maníaco por controle?

— Precisamente. — Ele me dá um sorriso lento e sexy, e eu


sinto isso nos dedos dos pés.

— OK. — Eu o puxo para perto e o beijo. — Mal posso esperar


para ter você só para mim.

Suas mãos vão para o meu traseiro. — Você já tem.

Batidas na porta. Henley se afasta de mim. — Entre, — ele


chama.
Um homem abre a porta. — Henley. — Ele olha para cima e me
vê. — Ah, desculpe interromper.

— Não, não, por favor, entre. — Henley sorri. — Esta é Juliet.


Juliet, este é Ronan.

— Olá, Ronan. — Eu aperto sua mão.

— Olá, Juliet. Prazer em conhecê-la. — Seus olhos se voltam


para Henley. — Estou tendo alguns problemas para entrar no novo
programa.

— Você colocou a senha?

— Sim, mas está me pedindo algum código ou algo que será


enviado para o seu telefone.

— Ah ok. — Ele pega seu telefone. — Eu irei e resolverei isso


com você. Volto em um momento, Juliet. — Ele me senta em sua
cadeira atrás de sua grande e elegante mesa antes de sair com
Ronan.

Sento-me e olho ao redor de seu grande escritório e sorrio.


Uau... ele realmente é bem sucedido.

Quer dizer, eu sabia disso, mas até ver como seus escritórios
são chiques e toda a sua equipe movimentada, ainda não havia
percebido.

Passo as mãos pela mesa com tampo de vidro e olho para as


gavetas. Eu me pergunto o que ele guarda lá. Abro a de cima e
instantaneamente vejo algo que não quero.

Seu telefone portátil.


Ugh, eu odeio essa porra de telefone. Eu pego e olho para ele.
Quantas mulheres estão aqui esperando que ele ligue para elas?

— O que você está fazendo? — uma voz estala.

Olho para cima e vejo Jenny parada na porta. — Oh...

Porra.

— Não mexa nas coisas dele, — ela retruca antes de marchar e


pegar o telefone da minha mão.

— Perdão? — Eu franzo a testa, chocada.

— Não entre no escritório de Henley e mexa em suas coisas


particulares, — ela repete. — Eu não vou permitir isso.

Que porra é essa?

— Jenny, eu sou namorada dele. Não temos segredos.

Ela sorri sarcasticamente. — Claro que não.

Vá se foder... Jenny.

— Eu não aprecio o seu tom, — eu digo.

— Você não precisa. — Com outro sorriso falso, ela sai com o
telefone portátil em sua mãozinha quente.

Eu oficialmente odeio Jenny... ah, estou furiosa. Posso ouvir


meu batimento cardíaco irritado bombeando sangue pelo meu
corpo.

Ela está com ele há muito tempo. Tenho que ter calma em
relação a isso e jogar minhas cartas direito, ou vou parecer uma
namorada psicopata ciumenta.

Vamos começar, Jenny. Não brinque comigo.


Henley
— O que você quer dizer com tirar uma semana de folga? —
Jenny engasga. — Desde quando?

— Desde agora. — Sento-me novamente na minha mesa e ligo


para o computador.

— Sua agenda está muito ocupada este mês para tirar férias.

— Cancele meus compromissos. — Abro a planilha.

— Há mais de doze meses que adiei sua visita a Dubai. O único


lugar para onde você deveria ir é lá, — ela bufa quando chega e
fica ao lado da minha mesa. — Simplesmente não é possível, —
acrescenta ela.

Meus olhos se levantam para encontrar os dela, a impaciência


tomando conta de mim. — Jenny...

— Sim, senhor. — Ela cruza os braços.

— Não preciso da sua permissão para tirar uma folga.

— Isso é desagradável... — Ela reorganiza os papéis na minha


mesa. — Você está agindo fora do personagem.

Estreito os olhos enquanto olho para ela. — Você está se


referindo a Juliet?

— Eu... — Ela faz uma pausa.

— Você o que?

— Não tenho certeza se você está pensando claramente, senhor.

Eu me recosto na cadeira, minha caneta entre os dedos. — E


por que isto?
— Bem, você mal conhece essa mulher. Como você sabe que
ela não está atrás do seu dinheiro?

— Namoramos há três anos, muito antes de ela saber do meu


dinheiro.

Seus olhos prendem os meus.

— Eu a conheço muito melhor do que você pensa.

— Eu não gosto disso, — ela retruca.

— Você não precisa.

— Estou apenas preocupada...

— Chega, Jenny, — eu respondo, interrompendo-a. — Eu não


estou me explicando para você. Ouvi dizer que você foi rude com
ela ontem. — Juliet não me contou isso, mas estou lendo nas
entrelinhas. Ela definitivamente ficou irritada com alguma coisa
depois que voltei ao meu escritório. Conhecendo Jenny como
conheço, sei que algo aconteceu enquanto eu estava fora do
escritório.

Ela dá um passo para trás, ofendida.

— Você trata Juliet com o máximo respeito em todos os


momentos, ou terá que lidar comigo. Fui claro?

Ela torce os lábios, irritada. — Sim, senhor.

Eu exalo, frustrado. Seriamente... todo mundo está tentando


me irritar de propósito?

Ela caminha em direção à porta e se vira para mim. — Você


tem uma visita esperando no salão. Michael Swartz.

— Mande-o entrar.
— Sim, senhor. — Ela desaparece do escritório.

Juliet
Viro para minha rua, imersa em pensamentos. Meus olhos vão
instantaneamente para a casa de Henley. Está em toda escuridão.
Já passa da meia-noite. Ele obviamente está dormindo.

Não conversamos hoje.

Está bem. Ele vai me ligar amanhã. Pare de pensar demais em


tudo. Eu exalo pesadamente. Deus, eu odeio isso. O homem me
deixa nervosa. Seu comportamento passado foi tão esporádico que
não tenho ideia se sua loucura voltará para arruinar minha vida
amorosa.

Entro e vou direto para a porta dos fundos. Barry está


abanando o rabo como o melhor amigo que é. — Olá, meu
homenzinho. — eu murmuro. — Entre, garotão.

Ele entra correndo e mergulha na cama, todo animado. Acho


que vou arranjar uma companhia para ele. Eu odeio que ele esteja
aqui sozinho enquanto estou no trabalho.

Mas e se eu conseguir um amigo para ele e eles se odiarem e


brigarem o dia todo enquanto eu estiver fora? Hmm, vou ter que
pensar um pouco mais sobre isso. Espio pela janela da cozinha a
casa de Henley. Talvez eu devesse mandar uma mensagem para
ele?

Não.

Pare de ser carente.


Ugh, odeio que ele não tenha me ligado hoje. Quero que ele
sinta minha falta como eu sinto dele.

Preparo uma torrada, sento e assisto ao noticiário da noite.


Eventualmente eu me arrasto do sofá. Pego uma toalha e tomo
banho no banheiro do térreo. A pressão da água lá em cima está
me matando, e eu realmente não tenho paciência para um pingo
de água quente esta noite.

Quero pressão na mangueira de incêndio, forte o suficiente


para tirar essa sensação de merda que tenho na pele.

Eu realmente pensei que ele iria ligar, droga, por que ele não
fez isso?

Ele não sentiu minha falta hoje?

Saio e me seco, e com uma toalha enrolada em mim, abro a


porta dos fundos para poder olhar pela cerca da casa dele uma
última vez, só para ter certeza de que ele não está acordado e
esperando por mim.

Escuridão.

Honestamente...

O que diabos há de errado comigo? Por que estou pensando


demais em tudo? Estar apaixonada por esse homem me deixa
nervosa como o inferno.

É tarde...

Amanhã é um novo dia.


Subo as escadas e entro no meu quarto e entro no banheiro
para escovar os dentes. Acendo a luz. Eu pulo de medo. — Que
porra é essa?

Henley está na minha cama, deitado de lado, os cobertores


enrolados na cintura.

Ele está aqui.

Seus olhos se fixaram em mim.

— Você me assustou muito.

Ele me dá um sorriso lento e sexy, do tipo que causa arrepios


na minha espinha. — Entre aqui.

Ele joga o cobertor para trás, revelando seu corpo nu e


musculoso. Meus olhos percorrem seu torso endurecido e depois
param em sua grande ereção.

Meu sexo vibra.

— Está se ajudando enquanto espera por mim? — Murmuro


enquanto olho para ele, inchado e com raiva, pronto para explodir.

Seus olhos escurecem e ele se dá um golpe lento e forte. Vejo o


brilho da pré-ejaculação em sua ponta sob a luz filtrada. —
Talvez... — Ele se acaricia novamente, forte, longo e lento.

Eu aperto, a excitação filtrando através do meu sistema.

A luz da lua atinge os músculos de seu braço enquanto ele o


acaricia novamente. Com seus olhos escuros fixos nos meus, ele
acelera, se bombeando. Seus quadris subindo para obter uma
conexão mais profunda.

Minha respiração fica presa enquanto eu o observo.


Tão gostoso.

— Venha aqui, — ele rosna.

Deixo cair a toalha e caminho até a cama. Ele rola de lado e


levanta uma das minhas pernas na cama, levantando a língua
para me lamber ali.

Oh...

Minhas mãos vão para seu cabelo enquanto ele me separa com
os polegares, sua língua me lambendo profundamente, seus
dentes roçando meu clitóris.

Arrepios percorrem minha espinha, e ele me joga na cama, suas


mãos fortes na parte interna das minhas coxas, segurando minhas
pernas bem abertas. Sua língua não faz prisioneiros enquanto ele
me lambe profundamente, sugando, gemendo dentro de mim como
se isso fosse a melhor coisa que ele já fez. Como se ele fosse morrer
se eu não gozasse em sua língua.

Começo a me contorcer embaixo dele. Seu pau pende


pesadamente entre as pernas enquanto ele desce sobre mim. O
som de seus goles de minha excitação, ouvindo seus gemidos de
êxtase... sentindo o desejo na sala entre nós.

Cada célula está em chamas.

Droga, se este não é o melhor regresso a casa de todos os


tempos.

Alcanço sua ereção e ele a puxa da minha mão. — Eu não


preciso de nenhuma ajuda esta noite, anjo. Vou explodir com o seu
gosto. — Com meus olhos fixos na pré-ejaculação escorrendo de
sua extremidade, eu aperto com força.
Oh...

Minhas costas arqueiam da cama. — Henley. — Minhas mãos


seguram seu cabelo enquanto começo a montar seu rosto.

A necessidade do orgasmo me domina.

A queimadura da barba por fazer, a língua forte, os dentes


roçando. E então ele desliza três dedos grossos em meu sexo, e eu
estremeço quando gozo com força.

Ele me bombeia com força e rapidez, extraindo cada grito meu,


os músculos de seus ombros se contraindo.

Eu ofego, ofegante. E então ele continua lambendo... me


limpando. Seu rosto brilha com meu orgasmo. Seus olhos escuros
seguram os meus. — Eu preciso de mais.

Eu olho para ele sob a luz filtrada, sem palavras. Pela primeira
vez desde que nos conhecemos... Eu me pergunto se posso lidar
com ele. Nunca conheci alguém tão viril. Este é o acasalamento
primal em sua forma definitiva.

Henley James nasceu para foder, seu corpo é diferente de


qualquer outro que já conheci.

Meu templo.

Ele levanta meu corpo, trazendo minhas pernas sobre seus


antebraços até que elas estejam em volta de seus ombros. — Diga-
me se eu te machucar. — Ele lambe meu pescoço, seus dentes
roçando meu queixo.

Eu concordo.

Ele me beija agressivamente.


— Ok, — murmuro contra seus lábios.

Porra...

Há uma escuridão nele esta noite, uma intensidade que eu não


senti antes.

Ele desliza profundamente em um movimento brusco.

Fecho os olhos diante da dominação. Nesta posição, estou


completamente à sua mercê.

Ele circula os quadris para me soltar, primeiro para um lado e


depois para o outro. Sua respiração está trêmula e eu sei que ele
está segurando seu controle por um fio.

Ele puxa lentamente e depois desliza de volta, seus olhos


escuros fixos nos meus. — Você está bem assim? — ele sussurra,
seus dentes roçando meu pescoço mais uma vez.

Concordo com a cabeça, grata porque mesmo tão excitado


como ele está, ele está ciente de quão grande e forte ele é.

Quanto dano seu pênis poderia causar.

Ele abre os braços, os bíceps e os ombros salientes enquanto


ele se mantém em pé. E então ele se afasta e desliza com força,
tirando o ar dos meus pulmões. — Leve tudo, — ele sussurra
sombriamente. — Você leva cada centímetro desse pau. — Ele me
bombeia com força. — Você está me ouvindo, porra? — ele
sussurra com raiva.

Fecho os olhos na esperança de bloqueá-lo. Ele é muito


intenso... muito grande.

É demais foder tudo.


Meus pés estão em volta de seus ombros enquanto ele segura
minhas pernas para trás. O som do meu sexo molhado sugando-o
ecoa ao nosso redor.

— Abra a porra dos olhos, — ele rosna.

Eu os arrasto e o vejo olhando para mim, com suor escorrendo


por sua pele. Seu pênis funciona no ritmo do pistão enquanto pega
o que precisa.

Alimentando-se da minha carne.

Eu grito, com medo do orgasmo que ele está prestes a arrancar


de mim. — Henley...

Ele bate cada vez mais forte, a cama batendo na parede com
um som ensurdecedor. Suas mãos na parte de trás das minhas
coxas quase doem enquanto ele me mantém aberta com força.

Estremeço com força, gritando alto. Ele geme e se segura nas


profundezas do meu corpo enquanto ele o suga.

Eu sinto seu pau estremecer quando ele penetra


profundamente no meu corpo.

Nós nos encaramos, com o coração disparado. Seu corpo ainda


dentro do meu. Ele me bombeia lentamente enquanto esvazia
completamente seu corpo no meu.

Eu ofego enquanto tento me trazer de volta à terra. Que diabos?

Eu nunca... Não há palavras...

Ele puxa e cai de costas ao meu lado, seu peito subindo e


descendo enquanto ele respira com dificuldade.
Eu olho para ele em questão. Algo claramente o está
incomodando. — O que é? — Eu sussurro. — O que há de errado,
baby?

— Eu te amo.
Eu rio enquanto olho para o teto. — Bom.

— Bom? — Ele está lutando para respirar, sua respiração


difícil. — Não é bom, é assustador.

— Bem... — Encolho os ombros casualmente, como se tivesse


esse tipo de conversa todos os dias. — Você me ama... Eu te amo...
o resto é semântica.

Ele franze a testa para mim em questão.

Saio da cama para pegar os cobertores que estão espalhados


pelo chão. — Vai levar um tempo para você se acostumar, Hen.
Depender de uma pessoa não é fácil.

Ele se apoia no cotovelo como se estivesse interessado. — Você


se sente assim?

— Sim, eu acho. — Agora estou realmente agindo duro. Vou ao


banheiro e me limpo. Volto para o quarto e vejo o homem torturado
na minha cama. Eu aplico meu hidratante facial enquanto ele me
observa.

— Você planejou nossa viagem? — Peço a ele que mude de


assunto. Ele está a dois segundos de ter um colapso total. —
Estamos indo para a neve, certo?

Seus olhos se movem. — Você disse praia.

Eu rio. — Só estou verificando se você está me ouvindo. Quanto


devo a você por esta viagem? Diga-me para que eu possa transferi-
lo.
— Esta é minha surpresa para você.

— Eu não quero que você pague por tudo. Isso não é justo.

Ele se aproxima e me puxa em sua direção. Ele arruma meu


corpo sobre o dele e me segura com força. — Cale a boca, eu estou
pagando.

Eu relaxo contra seu peito. — Você sabe, arrombamento é


crime, certo?

Eu o sinto sorrir acima de mim. — Você me deu uma chave.

— Quando?

— Quando seu cachorro estava latindo e você me disse para


colocá-lo dentro de casa se ele não se acalmasse.

— Ah. — Eu sorrio enquanto penso no passado. Parece que foi


há dez anos que tivemos essa conversa. — Guarde-o, coloque-o no
seu chaveiro. — Eu beijo seu peito. — Esta é minha nova coisa
favorita.

— Eu esperando por você na cama como um cachorrinho? —


Ele suspira, enojado.

— Sendo punida por você me amar.

— Sim, bem, cale a boca, ou farei isso de novo. — Ele me cutuca


nas costelas e eu rio enquanto tento me afastar dele. Ele rola por
cima de mim e me beija com ternura, sua ereção crescendo contra
minha perna mais uma vez. Seus lábios permanecem sobre os
meus enquanto um momento de perfeita clareza corre entre nós.
Somos a tempestade perfeita, onde a normalidade parece errada e
o proibido parece quente.
Quero iluminar o momento, lembrá-lo de que está tudo bem
sermos nós.

— Sinto muito, fui uma menina má, Sr. James. — sussurro


enquanto brinco com ele. — Por favor, não me machuque, senhor.

Vejo fogo brilhando em seus olhos enquanto ele abre minhas


pernas com o joelho.

Eu rolo meus lábios para esconder meu sorriso. Conversa suja


é sua criptonita, a única coisa que eu sei que o tira da cabeça e o
traz de volta ao momento comigo.

— O que meu pai diria se soubesse que seu amigo mais próximo
estava prestes a tomar liberdades com sua filha intocada? Mal
tenho idade.

Ele ri, seus dentes roçando meu pescoço enquanto sinto sua
excitação se tornar perigosa.

— Por favor, não me marque, senhor... Eu te imploro.

Ele avança, reivindicando cada centímetro, prendendo-me na


cama. — Tonto, porra.

Henley caminha na minha frente pelo terminal do aeroporto.


Ele está carregando nossas duas malas e cuidando de tudo.
Divertida, eu o sigo.

Tivemos um grande dia e ele está no modo sargento instrutor.


Organizando Chloe, Barry, seu pai, nossas casas, seus negócios.
Tudo foi planejado com perfeita precisão.

Este é quem ele é.


Henley James gosta de controle, nada é deixado ao acaso.

Quanto mais vulnerável ele se sente, mais organizado e


estruturado ele fica, e por mim tudo bem. Ele pode ser isso o
suficiente para nós dois. Eu não poderia me importar menos com
as coisas serem perfeitas do jeito que ele é.

Todas as noites desta semana, ele esteve esperando por mim


na minha cama. Nós fodemos. Fizemos amor, rimos e conversamos
até altas horas da madrugada. Foi a semana perfeita que nos
aproximou.

Quando estamos sozinhos, ele parece ter nos concentrado...


embora isso possa ser apenas por causa de toda a conversa suja
que estou fazendo.

Todos a bordo do ônibus vagabundo.

No entanto, quando estamos juntos em público, a história é


diferente. Ele luta com a coisa do casal, e eu entendo.

Henley James é um trabalho em andamento – um trabalho em


andamento muito divertido.

Caminhamos até o agente de check-in. — Olá, estamos fazendo


check-in para um voo hoje, por favor, — diz Henley enquanto passa
nossos dois passaportes.

— Obrigada. — Ela olha nossos passaportes e digita em seu


computador. — Aqui está, duas passagens para a Tailândia.

Seus olhos se voltam para mim, impressionados, e eu sorrio


bobamente. Ele não me disse para onde estamos indo. Era para
ser uma surpresa.
Eu agarro sua mão e ele revira os lábios. Eu sei que ele quer
desesperadamente incomodá-la por ter arruinado seu plano.

— Aí está, Sr. James. — Ela sorri. — Coloque a bagagem da


sua esposa na esteira.

Ele limpa a garganta como se estivesse tendo um ataque.

— Agora a sua, senhor. — Ele coloca a mala, ela a pesa e depois


nos entrega nossos cartões de embarque. — Tenha uma boa
viagem.

— Obrigado. — Ele se vira e gesticula para que eu ande na


frente dele.

— Estamos indo para a Tailândia? — Eu sussurro


animadamente.

— Sim.

Eu sorrio para ele e passo meu braço pelo dele. — Estou tão
animada. Você está transando esta noite.

— Como se eu não estivesse, de qualquer maneira. — Ele


arregala os olhos como se eu fosse estúpida.

— Onde na Tailândia? — Eu sussurro enquanto passamos pela


segurança.

— Koh Samui.

— Ah, — eu suspiro. — Sempre quis ir para lá.

Caminhamos, meu braço ligado ao dele. — Podemos fazer


massagens na praia, tomar coquetéis e, meu Deus, Hen, esta vai
ser a melhor semana de todos os tempos.

Ele sorri enquanto me ouve delirando.


— Eu estava ouvindo o que ela estava dizendo e esperando que
ela deixasse escapar, e quando ela o fez..., — continuo enquanto
caminhamos até o saguão do aeroporto.

— Só ouvi uma coisa que ela disse durante o check-in, — ele


responde.

— O que?

— Quando ela te chamou de minha esposa.

— Oh...

Seus olhos seguram os meus. — Eu gostei.

Meu estômago revira enquanto olhamos um para o outro. — Eu


também.

Quero dizer algo lúdico e divertido, mas não parece caber aqui.

Ele gostou.

Estamos dando passos adiante a passos largos aqui.

Chegamos ao bar do aeroporto e nos sentamos. — O que você


quer beber? — ele pergunta.

— Estou comemorando com uma margarita. — Eu sorrio.

— Boa ideia. — Ele desaparece no bar e eu me sento sozinha à


mesa e tenho um pequeno colapso. Eu não posso acreditar que
isso aconteceu.

Ele gostou que eu fosse chamada de sua esposa. Isto é


progresso.

Isso é grande!

Enorme.
Ele volta para a mesa com nossas duas bebidas e desliza a
minha para mim e segura a sua. Eu brindo meu copo com o dele
e tomo um gole. — Obrigada.

Murmuro no meu copo: — Não sei se você percebe no que se


meteu ao me levar para a Tailândia.

— Por quê?

— Sou stripper na Tailândia, sabe?

Sua sobrancelha se levanta como se estivesse impressionado.


— Jura?

— Uh-huh. — Eu sorrio, orgulhosa de mim mesma.

Ele bebe sua margarita. — Bem, anal com uma stripper, estou
bem com isso.

Eu tusso e cheiro minha bebida pelo nariz. — Aah... não. Sua


stripper não faz isso.

Seus olhos brilham com malícia. — Por que isso?

— Eu nunca fiz isso.

— O que?

Eu balanço minha cabeça.

— O que... nunca? — Ele franze a testa, fascinado.

Balanço a cabeça e tenho a sensação de que acabei de colocar


um alvo na minha bunda... literalmente.

Ele sorri e ergue o copo em um brinde silencioso para mim, e


me sinto corar ao imaginá-lo indo até lá. Ele é grande demais para
isso... Eu não posso mesmo... Eu acabaria no hospital, com
certeza.
Caramba.

Preciso mudar de assunto. — Onde estamos sentados no avião?

— Adiante, primeira classe.

— Estamos voando na primeira classe? — Eu grito.

Ele beija meus dedos. Seus olhos sexy permanecem nos meus.
— Apenas o melhor para minha esposa.

Olho para o portão com impaciência. — Vamos perder o check-


in. — As pessoas têm feito fila e entrado em nosso avião.

Henley está lendo o jornal, sem pressa alguma. — Não vamos


perder.

— Se perdermos...

Ele revira os olhos e continua lendo.

Observo enquanto mais pessoas embarcam. — Henley...

— Não gosto de embarcar num avião muito cedo.

— Por que não?

— Porque você está aí há tempo suficiente. Tenha paciência,


mulher.

Eu exalo pesadamente. Se perdermos, vou ficar selvagem. Nos


quinze minutos seguintes, observo a fila diminuir. — Última
chamada de embarque para o voo 282 para Phuket.

Arregalo os olhos com impaciência.

— Agora podemos ir. — Ele se levanta e me leva até o portão de


embarque, entregamos nossas passagens à comissária de bordo e
ela as escaneia. — Olá, Sr. James, bem-vindo a bordo. — Ela sorri
para mim. — Olá.

— Oi. — Eu sorrio. Graças a Deus. Apenas me coloque no avião


já. Descemos o corredor até o avião. — Estou nervosa, — sussurro
enquanto agarro a mão de Henley.

— Por quê?

— Nunca voei na primeira classe executiva.

— Isso deixa você nervosa? — Ele franze a testa enquanto


entramos no avião.

— Uh-huh.

— Estranho, — ele murmura.

— Sr. James, esta é a sua. — Ela aponta para uma cadeira na


frente. — E esta é a sua, srta. Drinkwater. — Olho para os dois
assentos largos de couro em seu próprio cubículo. Há uma tela
elegante entre nossas duas cadeiras.

— Obrigada. — Eu sorrio. Ela vai servir outra pessoa e meus


olhos se voltam para Henley.

Ele franze a testa em dúvida.

— Há uma tela de vidro entre nós, — sussurro enquanto olho


para os outros assentos.

— Sim, alguns aviões têm esta configuração de assentos, —


responde ele.

— Eu preferiria estar na econômica, onde posso sentar ao seu


lado.
Ele pega minha bolsa e a coloca no bagageiro. — Estarei em
cima de você por dez dias. Aproveite a paz. — Ele me beija
rapidamente e me senta. — Aperte o cinto de segurança, — ele
instrui.

Reviro os olhos e faço o que me mandam.

Ele pega seu livro e se senta ao meu lado. Mesmo que ele esteja
perto, não consigo tocá-lo.

Ugh... pare com isso, Juliet. Você consegue ouvir o quão carente
você está sendo? O mundo não vai desmoronar porque você não
pode tocar no seu namorado durante um mísero voo.

Namorado.

Uma emoção passa por mim. Ainda não consigo acreditar em


tudo o que aconteceu em tão pouco tempo, mas então parece que
estamos juntos desde sempre ao mesmo tempo.

Estranho, mas surreal.

A comissária de bordo chega com uma bandeja de prata. —


Posso lhe oferecer uma taça de champanhe ou um suco de laranja?

— Oh. — Em um copo de verdade também. — Champanhe, por


favor. — Eu pego e curvo os ombros de excitação. Olho e Henley
me dá uma piscadela sexy.

Sento-me e sorrio. Pode vir.

O drone ao fundo faz um zumbido constante. Todos os outros


no avião parecem estar em modo de relaxamento profundo.

Eu, nem tanto.


Eu assisti dois filmes e revirei. Tentei assistir a um terceiro
filme, mas não consegui me concentrar, então parei depois de
quinze minutos.

Eu odeio ficar parada.

Olho para Henley, ele ainda está lendo o mesmo livro que lê há
horas. Ele vira a página, completamente absorto. Como ele
consegue se concentrar por tanto tempo?

Ugh...

Deito-me e me viro um pouco mais... pelo amor de Deus. Sento-


me novamente e Henley olha para mim. — O que está errado? —
ele murmura.

Dou de ombros, me sentindo desanimada.

Ele larga o livro e bate no colo. Eu ando e me inclino e o beijo.

— O que está acontecendo? — Ele pergunta suavemente


enquanto afasta o cabelo da minha testa.

— Não consigo dormir.

Ele me puxa para seu colo. — Sente-se comigo por um


momento. — Eu me enrolo em seu colo e ele estende o cobertor
sobre nós dois. — Eu também senti sua falta, — ele murmura
contra minha têmpora com um beijo suave.

Como ele sabia?

Com seus grandes braços em volta de mim, finalmente segura


em seus braços, sinto que começo a relaxar.

Ele me abraça forte enquanto fecha os olhos também.

Agora, dormimos.
Henley escaneia a chave e a porta da nossa cabana se abre.

Santa...

— Oh meu Deus, — eu sussurro enquanto olho em volta. É tão


lindo que não sei onde focar primeiro.

Henley sorri, orgulhoso de si mesmo. — Nada mal.

— Nada mal? — Eu suspiro. — Você está brincando? É


espetacular.

A parede dos fundos é toda de vidro, proporcionando a vista


mais deslumbrante que já vi.

Oceano azul, palmeiras e areia branca.

Construída na praia, é uma cabana de madeira com enorme


deck, piscina privativa e spa. Meus olhos vagam pelo interior. É
todo branco, com móveis de madeira clara. Parece algo saído de
uma casa de praia em uma revista. Entro no quarto e vejo uma
enorme cama de dossel e um banheiro privativo com banheira de
imersão. — Oh meu Deus, — eu suspiro novamente. — Henley
James. — Eu rio alto.

— Como eu me saí? — Ele sorri enquanto me pega em seus


braços.

— Você fez bem. — Eu o beijo suavemente. — Você se saiu


muito bem.

Ele ri e deita na cama e bate ao lado dele.


— De jeito nenhum. — Levo minha bolsa para o quarto. — Se
nos deitarmos agora, vou adormecer e não quero sofrer de jet lag.
Temos que ficar acordados até hoje à noite.

Ele exala pesadamente. — E como vamos fazer isso?

— Nós estamos indo para a praia.

— Agora?

— Agora mesmo.

As ondas batem suavemente na costa e o som das gaivotas ecoa


ao longe. — Eu estou no paraíso.

— Você já disse isso.

— Só para ter certeza de que você sabe o quanto eu amo este


lugar.

— Eu sei.

— Você também sabe o quanto agradeço por você reservar


tudo?

— Sim.

— E a classe executiva, nem acredito que voamos na classe


executiva. — Eu penso por um momento. — Eu só queria ter
colocado o pijama, sabe?

— Próxima vez. — Ele sorri.

Agarro a mão de Henley e beijo suas costas. — Obrigada. —


Beijo sua mão novamente. — Você pensou em tudo.
Henley se apoia no cotovelo enquanto se deita de lado, seu
corpo descansando contra o meu. — Você precisa de protetor solar.

Olho para mim mesmo. — Eu vou ficar bem.

Ele se senta e coloca um pouco de protetor solar na mão e passa


nas minhas costas. Sorrio com a sensação de suas mãos na minha
pele. Ele lentamente começa a esfregar na parte superior das
minhas coxas. As pontas dos dedos dele deslizam sobre meu sexo.
— Cuidado, estamos em outro país, — murmuro. — Você vai nos
prender.

— Qual seria a cobrança? Orgasmo em público por passar


protetor solar na minha namorada?

— Exatamente isso. — Eu sorrio sonolenta. — Veja, eu disse


que você se acostumaria com isso.

— Acostumar-se com o quê? — Ele desliza os dedos por baixo


do meu biquíni e belisca meu mamilo. Eu me contorço com a
sensação.

— Dizendo a palavra namorada.

— Meh. — Ele sorri enquanto se concentra em sua tarefa. —


Ainda é uma palavra comum. A esposa é mais flexível.

Abro os olhos e olho para ele. Grandes olhos castanhos. Seu


cabelo escuro está bagunçado por causa do mar salgado. Sua pele
ondulada já dourada e brilhante por estar exposta ao sol hoje.
Como alguém pode ser tão lindo?

— Esposa é muito mais flexível, — eu sussurro, distraída por


sua beleza.
Seu olhar segue sua mão enquanto ele continua a esfregar a
loção. — Onde você se vê daqui a cinco anos? — ele pergunta.

— Casada com o amor da minha vida, — respondo sem


hesitação. — Espero que estejamos grávidos, isso se formos
abençoados com filhos. Se não tivermos filhos, viajar pelo mundo
com meu marido também parece muito bom.

Seus dedos continuam vagando pela minha pele.

— Onde você se vê? — Eu pergunto.

Ele abre a boca para dizer alguma coisa e depois a fecha como
se estivesse questionando seus pensamentos.

— Diga-me...

— Não sei.

Eu o observo. — Sim, você sabe. Você pelo menos tem uma


ideia.

— Recentemente — ele dá de ombros, seus olhos ainda


seguindo suas mãos — tenho visto um futuro muito diferente do
que sempre pensei que teria.

Estico a mão e passo os dedos por sua barba escura. — E como


você se sente com isso?

Ele encolhe os ombros novamente, permanecendo em silêncio...

— Aterrorizado, horrorizado ou simplesmente petrificado? —


Eu sorrio.

Seus olhos se levantam para encontrar os meus. — Excitado.

Eu sorrio suavemente para o meu lindo homem.

O que?
— Temos muito o que nos animar, Hen. Não é?

Ele concorda.

— Então quem é a garota de sorte? — Eu provoco.

Seus olhos dançam de alegria. — Uma garota que adora sexo a


três que conheci em uma festa de swing há algum tempo.

Eu ri. Este homem me mata. — Ela é uma garota de sorte.

— Talvez. — Ele se inclina e me beija, seus lábios


permanecendo sobre os meus. — Devíamos foder agora.

Eu sorrio contra seus lábios. — Estamos esperando até


voltarmos do jantar hoje à noite, ou vou adormecer e não sairei
mais.

Ele exala em desgosto e rola de costas. — Minha amante


swinger de trio não diria isso. Ela seria totalmente a favor, me
chupando, aqui e agora.

Eu rio. — Quem, a futura Sra. James?

— Ela mesma.

— Talvez você a encontre no hotel.

Ele me dá um tapa forte na bunda. — Vamos.

Henley
Sento-me no deck com vista para o oceano. O que ela está
fazendo lá? Olho para o meu relógio, ela está demorando uma
eternidade para ficar pronta.
Nunca me senti tão relaxado e saciado. Essa viagem realmente
era necessária. Eu não percebi o quanto eu precisava fugir.

O vento açoita meu cabelo e eu sorrio para ele. Olho para o meu
relógio novamente.

Nós iremos nos atrasar. O que diabos ela está fazendo aí?

Volto para o quarto e abro a porta do banheiro. Dou um passo


para trás. O que...?

Juliet está usando uma longa peruca escura e tem o rosto cheio
de maquiagem sexy. Ela está com meias suspensas brancas e um
sutiã transparente combinando.

Meus olhos descem por seu corpo e minha boca se abre.

Isso é tão inesperado...

Ela está curvada sobre a pia, e meus olhos encontram os dela


no espelho quando meu pau começa a latejar.

Ela se vira e cai de joelhos na minha frente. — Swinger


apaixonada por trio ao seu serviço, senhor. — Ela abre o zíper da
minha calça e me leva em sua boca enquanto me dá uma chupada
forte.

Minha cabeça tomba para trás em êxtase. — Porra. — Agarro


seu rosto entre minhas duas mãos e deslizo profundamente em
sua garganta. Eu olho para seu lindo rosto, tão inocente e doce,
mas a prostituta suja e safada que eu preciso.

Sei exatamente onde estarei daqui a cinco anos.

Casado com ela.


O que?

Ela me chupa com força, e eu aperto meu pau em sua garganta


enquanto meu corpo assume o controle.

A necessidade de foder devasta minha alma.

Isto é uma armadilha.

As paredes começam a se fechar ao meu redor: a peruca escura,


a lingerie.

Sua boca perfeita. Seus olhos se fecham enquanto ela sorve e


me chupa ruidosamente. — Você tem um gosto tão bom.

Ela quer se casar.

Suas pernas estão mais abertas no chão, e eu a arrasto para


ficar de pé e giro-a em direção ao espelho e a inclino. Esfrego meu
dedo em sua bunda perfeita.

Eu a quero aqui. Quero que ela se sinta tão vulnerável quanto


eu.

Ela choraminga enquanto joga a cabeça para trás de prazer.

Eu odeio não ter controle sobre mim mesmo com ela.

Quando estamos no momento, que é a porra do tempo todo


agora... ela é minha dona.

E ela sabe disso.

Ouço meu batimento cardíaco em meus ouvidos enquanto a


excitação toma conta de mim.
Levanto a perna dela e descanso-a sobre a pia e deslizo meu
dedo profundamente em sua bunda.

Meu pau está chorando de antecipação.

Seus olhos escurecem enquanto seguram os meus no espelho.

Pego um punhado de cabelo acrílico escuro. — Pare de agir


como inocente, Juliet.

Ela joga a cabeça para trás e geme.

— Você quer meu pau tão fundo na sua bunda. — Eu a


empurro com força. — Não é?

Ela choraminga.

— Diga, — eu rosno. Algo tomou conta de mim, algo sombrio e


sinistro, meus antigos traços retornando. Não posso mais ser
gentil com ela.

Eu sou quem eu sou. Eu a quero aqui assim.

Agora mesmo.

Eu me posiciono na entrada dos fundos dela.

— Não, — ela chora.

Meus olhos encontram os dela no espelho.

— Assim não.

Ela me traz de volta ao momento.

— Foda-se. — Eu a inclino e bato em seu sexo. Os músculos


profundos de seu corpo ondulam ao meu redor. Eu vejo estrelas.

Todas as malditas estrelas... e eu as odeio.

E neste momento, eu a odeio pelo quão fraco ela me deixa.


Eu a levo para a cama e dou para ela, bem e com força, como
ela merece.

Ela grita enquanto eu a levo ao orgasmo de novo e de novo, e


dane-se.

Eu me seguro profundamente enquanto um orgasmo


devastador passa por mim. Estou sem fôlego, ofegante, coberto de
suor.

Eu saio e rolo para fora dela.

Ficamos deitados em silêncio, ambos com falta de ar.

Finalmente me levanto, vou até o banheiro e ligo o chuveiro.

Eu preciso colocar minha cabeça em torno de nós... e rápido.

Juliet
Acordo assustada. A sala está às escuras e, me sentindo
desorientada, olho em volta.

Que horas são?

Meu estômago ronca. Estou com fome... morrendo de fome.

Não conseguimos jantar. A exaustão se instalou. Não me


lembro de nada depois...

Olho para o homem ao meu lado, dormindo pacificamente de


costas.

Meu estômago ronca novamente. Preciso encontrar algo para


comer. Saio da cama, pego meu roupão, saio do quarto na ponta
dos pés e fecho suavemente a porta atrás de mim.
A cabana está iluminada. É lua cheia e a luz dança nas paredes
enquanto se reflete no oceano. O som do suave bater do oceano
está ecoando muito alto.

Tão perfeito.

Acendo a lâmpada e encontro uma grande tigela de frutas na


geladeira. Vou comer tudo isso. Abro a porta deslizante e olho a
escuridão, imóvel e silenciosa.

Um pouco assustador, para ser honesta.

Não tenho certeza se é seguro ficar sentada aqui sozinha à


noite. Quem sabe o que há lá fora? Olho a hora no meu celular: 3h
da manhã. A hora das bruxas.

Estar em outro país é perturbador. Tenho certeza de que ficaria


tudo bem, mas...

Decido não ficar do lado de fora e volto para dentro. Tranco a


porta de tela e sento no chão em frente a ela, de pernas cruzadas.
Descasco minha banana e olho para o mar enquanto como.

Minha mente está acelerada.

Algo aconteceu esta noite... noite passada.

Estava tudo indo bem e então..... Henley se afastou e voltou aos


seus velhos hábitos. Protegendo-se a todo custo.

Maldita agente de check-in estúpida me chamando de esposa.


Eu sabia naquele momento que isso iria assustá-lo. Mas na época,
ele disse que gostava que ela me chamasse assim... e não
surpreendentemente, eu também.

Lembro-me da minha pequena jogada com a roupa. Foi isso?


Eu fui longe demais?

Ele parecia adorar... fisicamente, ele estava totalmente dentro.


Emocionalmente, ele nem estava no mesmo prédio.

É o coração dele que eu quero, e alguns dias estamos lá, mas


como diabos consigo isso todos os dias? Cada vez que nos
aproximamos, ele levanta as paredes.

Eu sei que ele está tentando. Estamos juntos em férias que ele
organizou. Ele percorreu um longo caminho em muito pouco
tempo. Faz apenas algumas semanas, são dezoito anos de um
padrão de comportamento que temos que quebrar. Claro que vai
levar algum tempo para ele se ajustar.

Estou pensando demais nisso.

Como minha fruta lentamente e sento-me no chão, no escuro,


contemplando uma vida com Henley James.

É assim que sempre será com ele? Três passos para frente, um
passo para trás.

Quer dizer, como posso reclamar? Seu domínio sexual é tão


perfeito.

Deito-me no chão e ouço o mar. É tão alto. Como um anfiteatro,


o som ecoando na praia. Há um sentimento de melancolia que
toma conta de mim, o que é estranho porque eu sabia no que
estava me metendo com ele.

No entanto, quando ele se afasta... isso dói.

O que acontece se ele nunca superar isso? O que acontecerá se


eu passar os próximos dez anos tentando fazer com que ele me
deixe entrar, só para ele se virar e me deixar de qualquer maneira?
A porta do quarto se abre e Henley aparece. Ele está nu, com o
cabelo desgrenhado, e franze a testa quando me vê sentada no
chão. Sem dizer uma palavra, ele vem e se senta ao meu lado, e
nós dois olhamos para o mar. O sentimento entre nós é denso de
arrependimento.

Ele sabe.

Ele sabe como me faz sentir quando faz sexo.

Por muito tempo ficamos sentados em silêncio, ambos perdidos


em nossos próprios pensamentos. Para ser sincera, me senti
melhor quando ele ainda dormia, porque pelo menos nesse tempo
pensei que tudo isso estava na minha cabeça. Agora tenho certeza
que não é.

— Por que você está assim? — Eu sussurro.

— Não sei.

Silêncio...

— Você quer estar assim? — Eu pergunto.

— Não.

— Fale comigo. — Meus olhos procuram os dele. — Diga-me o


que está em seu coração.

— Meu coração não é o problema.

Eu franzo a testa enquanto ouço.

— Minha cabeça simplesmente atrapalha.

— O que aconteceu esta noite?

Ele fica em silêncio... sua mandíbula apertando como se ele


estivesse se contendo.
— Henley, se vamos dar certo, você precisa falar comigo.
Precisamos ter uma linha de comunicação clara e aberta.

Ele escuta, mas ainda permanece em silêncio.

— Qual foi o gatilho esta noite? O que te irritou?

Ele balança sutilmente a cabeça.

Seriamente... isso não tem sentido.

Estou batendo minha cabeça contra uma parede aqui.

Ele deita no chão e coloca a parte de trás do antebraço sobre


os olhos para cobrir o rosto. — Tive um pensamento fugaz de que
sabia onde queria estar em cinco anos, — ele murmura.

Oh não... ele não quer isso. Com medo da resposta, faço a


pergunta. — E onde foi isso?

— Casado... com você.

Eu franzir a testa. Não é a resposta que eu esperava. — E


isso...?

— Fodeu com minha cabeça.

Concordo com a cabeça quando começo a entender. — Você


está processando.

— Processando o quê... que eu sou um completo idiota?

Sorrio suavemente enquanto me deito ao lado dele. — Que as


coisas estão mudando.

Ficamos em silêncio por um tempo.

— Não sei como desligar minha cabeça. — Ele suspira.

— Então não faça isso.


Ele franze a testa.

— Henley, só porque você sente algo por mim não significa que
você está fora de controle.

— Com certeza parece que sim.

Eu rolo para o lado para poder ver seu rosto. — Qual é a


sensação?

Ele pensa por um momento enquanto tenta articular isso. —


Como se as comportas finalmente se abrissem e, como
consequência, eu estivesse prestes a me afogar.

— Porque você está se escondendo de todo mundo há tanto


tempo?

Ele concorda.

Fico em silêncio enquanto tento pensar na coisa certa a dizer


aqui.

— Sou uma pessoa do tipo tudo ou nada, Jules. No que diz


respeito aos relacionamentos, sempre fui nada.

Eu escuto.

— É apenas... — Ele solta um suspiro desanimado. — Estou


me movendo muito rápido. Isto não é... — Ele se interrompe. — Eu
não deveria estar...

— Você tem medo de que seja tudo... demais?

Seus olhos procuram os meus, e eu sei que é isso. Essa é a


resposta que estou procurando.

— Seu tudo não é demais para mim, Henley. É o que eu quero


também. — Eu faço uma pausa. Devo dizer isso em voz alta?
Foda-se.

Coloque tudo sobre a mesa.

— Eu sei que você é a pessoa certa para mim. Eu já sei disso


há algum tempo. Quero casamento, quero ver você em meus filhos
e, acima de tudo, quero o que mereço, o que ambos merecemos:
felizes para sempre.

Ele franze a testa. — Mas mal nos conhecemos. Não é normal


sentir-se assim tão rapidamente.

— Quem disse? — Eu o beijo suavemente. — Desde quando


você quer ser normal?

Seu braço desliza ternamente pelas minhas costas enquanto


ele olha para mim.

— Para que conste, você não pode se mover muito rápido para
mim. Estou totalmente dentro, totalmente sua. Estou aqui,
Henley. Pronta e esperando.

Ele pega meu rosto entre as mãos e me beija, sua língua


deslizando lentamente pelos meus lábios. — Eu realmente amo
você, — ele sussurra. — Estou tentando ser melhor, eu sei que não
parece, mas eu estou.

A emoção por trás de suas palavras traz lágrimas aos meus


olhos. — Eu sei, baby. — Eu o beijo suavemente e quero aliviar o
clima. — Então, a que horas vamos nos casar amanhã?

Ele abre um sorriso de tirar o fôlego. — Nem brinque. Estou me


sentindo perturbado o suficiente para realmente querer fazer isso.

Ficamos sérios enquanto nos encaramos, o ar girando entre


nós.
Então me pergunte.

— Prometa-me uma coisa. — eu sussurro.

— Qualquer coisa. — Ele me beija suavemente.

— Se você tiver um momento em que você surta... você apenas


diz, Juliet, estou tendo um momento.

Seus olhos seguram os meus.

— Dessa forma, saberei onde está sua cabeça, porque quando


você se afasta de mim no meio das coisas... é perturbador.

Ele pensa por um momento e finalmente concorda. — OK. —


Ele rola de lado, de frente para mim, seus dedos deslizando pelo
meu sexo.

Seu toque é diferente agora. Meu Henley está de volta, sua


ternura voltou. — Desculpe. Sinto muito. — ele sussurra como se
estivesse com dor. — Eu não queria... Eu machuquei você?

— Shh, — eu o acalmo. Eu o beijo suavemente. — Está tudo


bem, querido. Não, você não fez isso. Eu entendi você.

Ele rola sobre mim e seu corpo desliza profundamente no meu.


— Deixe-me compensar você, — ele murmura contra meus lábios.
— Desculpe. — Ele lentamente me bombeia.

E aqui mesmo no chão, no meio da noite, Henley James faz


amor doce e lento comigo pela primeira vez.

— Eu também te amo.

Eu estava com medo antes... mas agora estou apavorada.

Isso tem que dar certo porque não posso perdê-lo.

Nunca.
Os mercados noturnos estão repletos de atividade, e Henley e
eu caminhamos, absorvendo a atmosfera. Foi um ótimo dia, o
melhor.

Entramos em uma barraca de quinquilharias locais e olhamos


em volta; Henley pega uma enorme concha branca e sorri ao olhar
para ela. — Minha mãe adorava essas conchas.

— Ela adorava?

Essa é a primeira vez que ele menciona como ela era.

— Sim. — Ele o coloca de volta na prateleira.

— Podemos comprar? — Eu pergunto.

— Porque você iria querer aquilo?

— Porque sua mãe adoraria ter uma concha na minha casa, —


digo casualmente enquanto continuo olhando em volta.

Ele torce o nariz.

— Eu vou levar. — Levo-o ao balcão e pago à senhora enquanto


ela espera do lado de fora da loja. Eventualmente eu me junto a
ele. — Comprei. — Eu sorrio.

Ele concorda. — OK. — Começamos a caminhar de volta pela


rua.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Sim.

— Você já fez terapia do luto... você sabe, especificamente sobre


sua mãe?
— Não adianta, — ele diz enquanto olha em volta. — Minha
mãe morreu. As mães de muitas pessoas morrem. Já fiz terapia
suficiente.

— Sabe, eu fiz algumas pesquisas. Há um lugar chamado Camp


Angel. É uma instalação específica onde tratam o luto. — Este
lugar é incondicional. Eles não deixam você sair até que você esteja
no caminho de uma recuperação completa.

— Por que eu iria querer ir para lá?

— Para que você possa enfrentar seus demônios.

— Não preciso ir a um acampamento para fazer isso. — Ele


sorri, divertido. — Eu os enfrento todos os dias.

Oh...

— Apenas um pensamento. — Eu dou de ombros.

Ele coloca o braço em volta de mim e continuamos comprando.


Ele enfia a mão no bolso e atende o telefone com um sorriso. —
Olá, Jen.

Eca... porra da Jenny. Ela liga para ele todos os dias e não tem
nada a ver com trabalho.

— Sim? — Ele escuta enquanto eu finjo que não. — Dia de praia


hoje. — Ele escuta novamente e depois ri.

Minha cadela ciumenta interior levanta sua cabeça feia.


Caminhamos pelas lojas enquanto ele conversa alegremente com
ela enquanto segura minha mão.

Eu sei que ele é inocente. Ele não ficaria tão feliz em falar com
ela comigo aqui se não estivesse.
Ela... Não confio nem por um segundo.

Enrolo meu dedo no ar para indicar que vou dar corda.

— Eu tenho que ir, Jen.

— Estou com saudades de você, — ouço-a dizer.

— Sim, você também. — Ele sorri enquanto desliga.

Ela tem saudades dele.

Ugh... vá se foder, Jenny.

— Você acha que conhece alguém, — eu grito morro acima.

Henley ri enquanto se vira para mim. — Vamos, mulher.

— Por que você não me disse que era um esportista radical? —


Eu ofego e suspiro enquanto me arrasto colina acima.

— Atleta. — Ele pisca. — Sou um atleta de elite.

— Ugh. — Coloquei as mãos nos quadris para tentar fazer com


que a colina parecesse menos íngreme. Você sabe aquelas férias
para descansar ao sol e relaxar que eu planejei na minha cabeça?

Acontece que não são estas. Henley James não consegue


relaxar.

— Preciso de férias para superar minhas férias, — suspiro.

— Pare de choramingar ou vou encher sua boca.

— Com o que? — Eu chamo enquanto subo.

Ele agarra sua virilha. — Pau.

Eu rio. Andamos de moto, andamos de caiaque, montanhismo,


parasailing, andamos de bicicleta. Você escolhe – nós fizemos.
Acordamos de manhã, tomamos um café da manhã relaxante e
vamos nadar tranquilamente. Então, de alguma forma, ele me
convence a ser uma pessoa do tipo parkour extremo.

Fazemos coisas aleatórias de adrenalina o dia todo até que


finalmente conseguimos relaxar na praia no final da tarde.

Ele desce a colina e pega minha mão e começa a me puxar junto


com ele, e eu sorrio bobamente.

Quem estou enganando? Estas são as melhores férias da


minha vida.

Ação o dia todo, fazendo amor a noite toda.

— É aqui em cima, — diz ele enquanto olha um mapa em seu


telefone.

— O que é?

— Uma surpresa.

— Oh. — Eu curvo meus ombros de excitação. — Eu gosto de


surpresas.

Ele se vira para mim e tira uma máscara de seda preta do bolso.
— Põe isto.

Meu coração pula uma batida.

— O que?

Ele coloca a máscara em mim, pega minha mão e me leva colina


acima mais um pouco.

O que está acontecendo?

— Eu adoro surpresas. — Eu sorrio.


— Você? — Ele joga junto.

Oh meu Deus, é isso... este é o melhor dia de todos os tempos.

Qual é a surpresa?

Ele vai...

— Ta-da. — Ele levanta a máscara.

Eu olho em volta. Há um penhasco íngreme e uma tirolesa. Um


homem está esperando com dois arreios.

Meu rosto cai de horror. — Não, não, não. — Dou um passo


para trás. — Henley, você está drogado se acha que estou fazendo
isso.

Seus olhos brilham com malícia. — Você consegue.

— Eu poderia, — gaguejo com os olhos esbugalhados. — Mas


eu não quero.

Ele ri e pega meu rosto em suas mãos e me beija suavemente.


— Você disse que adora surpresas.

Quando penso que você está me pedindo em casamento, seu


idiota.

— Não esse tipo, — eu gaguejo.

— Querida, está tudo bem. Isso vai ser incrível.

— Por que, porque estarei morta em uma vala no meio de uma


floresta tropical em algum lugar do Oceano Pacífico?

— O Golfo da Tailândia, na verdade.

Olho para o penhasco e fico tonta. Dou um grande passo para


trás. — Não. De jeito nenhum.
— Você confia em mim? — Ele segura minhas duas mãos nas
suas. — Porque estou confiando em você. Estou seguindo você até
o penhasco todos os dias.

— Metaforicamente. — Eu arregalo meus olhos para ele. — Na


verdade, não.

— Amar você é muito mais assustador do que isso.

Engulo o nó na garganta. Quando ele coloca assim, droga...


agora eu meio que quero fazer isso.

— Se eu morrer... — eu aviso.

— Eu cuidarei de Barry.

— Henley, — eu gaguejo.

Ele ri alto. — Eu vou primeiro. — Ele pisa no arnês. — Vamos,


baby. — Ele estende a mão para mim. — Vamos fazer isso.

Torço os dedos enquanto olho para o guia, que espera


pacientemente com o arnês. — Você verifica os arreios? — Eu
pergunto.

— Sim.

— Com que frequência?

Henley ri e aperta a fivela. — Você vai relaxar?

— Diz o menino que tem medo da namorada, — sussurro com


raiva. — Você está me pressionando para uma morte prematura.

A travessura está estampada em seu rosto.

— Juliet. — Ele se inclina e me beija com ternura. — Eu te amo.


Eu não deixaria nada acontecer com você. Confie em mim.
— Tudo bem, — eu sussurro. — Só para você saber, estou
colocando isso no placar e é melhor você pagar muito.

Ele ri e me puxa para um abraço.

— Tipo cinco quilates de tamanho. — resmungo contra seu


ombro.

Ele inclina a cabeça para trás e ri alto, e isso ecoa pelo vale.

E de alguma forma, eu sei que tudo vai dar certo.

Com o coração batendo forte no peito, coloco o arnês e ouço as


instruções. Juntos estamos no limite.

— Está pronta? — Ele sorri para mim.

— Talvez seis quilates, — eu murmuro.

Ele ri e mergulha na borda. Ele sai voando pelo vale, o som de


sua risada ecoando nas rochas.

Thump, thump, thump.

Meu coração enlouquece.

Porra.

Apenas faça.

Fecho os olhos e, contra o meu melhor julgamento, deixo de


lado o limite.

Eu o seguiria para qualquer lugar.


Juliet
O avião desce pela pista e solto um suspiro profundo. Todas as
coisas boas devem chegar ao fim. Nossas férias perfeitas
acabaram.

Estamos tão apaixonados, os pequenos obstáculos que tivemos


enquanto estávamos fora apenas fortaleceram ainda mais nosso
vínculo.

Isto é tudo para nós, e nós dois sabemos disso.

Henley aprendeu que ainda pode ser sexualmente dominante e


estar apaixonado por mim.

Não há linhas que nós limitam, nem uma nem outra.

De alguma forma, em sua mente, ele pensou que tinha que


escolher, me amar... ou me dominar na cama, e ele estava lutando.
Incapaz de escolher entre o sexo que precisa e o amor que deseja.

Finalmente encontramos nosso lugar feliz onde podemos ter


tudo.

Ele me ama muito e agora tem a liberdade de me foder como se


me odiasse... e é tão bom.

Olho para meu companheiro de viagem, ele sorri e me dá uma


piscadela sexy.
Ugh, ele é irritante. Como ele parece tão bem mesmo depois de
um voo estupidamente longo? Eu pareço ter sido atropelada, e ele
está ali parecendo um modelo da GQ.

— Bem-vindo ao Aeroporto Internacional de Los Angeles. Hora


local, onze e quinze da noite. Obrigado por voar conosco e
esperamos recebê-los novamente em breve, — diz a voz no alto-
falante.

Saímos do avião e passamos pela alfândega no piloto


automático. — Mal posso esperar para ir para a cama. — Eu
suspiro. — Eu estou tão exausta.

— Eu sei, querida. — Henley coloca o braço em volta de mim e


me puxa para perto para beijar minha têmpora. — Breve.

Durmo no carro a caminho de casa. — Estamos em casa. —


Henley me acorda antes de levar nossas malas para dentro. Tento
terminar de acordar o suficiente para sair do carro. Droga, estou
destruída.

Barry está pulando e animado ao ver Henley quando ele abre a


porta. — Olá, meu pé no saco, — ele diz enquanto dá um tapinha
na cabeça.

Reviro os olhos. Ele pode agir de forma dura o quanto quiser,


mas eu sei a verdade.

Chloe foi para casa hoje, sabendo que estaríamos aqui esta
noite.

Devo um rim a ela por fazer isso por nós. Mal posso esperar
para encontrá-la amanhã.
Barry dá um pulo todo animado. — Olá, olá, — eu canto para
ele. Deito no sofá e o abraço com força. — Senti sua falta, você
sentiu minha falta?

— Eu não senti falta da sua voz de bebê do Barry, isso é certo,


— Henley murmura secamente.

Eu rio. É verdade. Barry traz à tona a conversa de bebê em


mim. Ele e eu falamos outra língua um com o outro.

Conversa de cachorrinho.

— Cama. — Henley agarra meus ombros e os encara em direção


às escadas. — Vou comer alguma coisa e depois subo.

— OK. — Coloco meus braços em volta de seu pescoço e o beijo


suavemente. Suas mãos vão para o meu traseiro. — Muito
obrigada. Eu me diverti muito.

— Eu também. — Ele sorri contra meus lábios.

— Podemos voltar no próximo ano?

— OK.

— Eu te amo.

— Eu também te amo. Estarei com você em breve.

Subo as escadas e ouço sua voz. — Ei, sim, acabei de voltar.

Eu franzo a testa. Com quem ele está falando?

Paro no mesmo lugar enquanto tento ouvir. Quem ligaria para


ele tão tarde?

Jenny.
Ele fala com ela enquanto anda organizando as coisas. Por que
ela está ligando para ele à noite?

Ele solta uma risada baixa. — Sim, eu sei.

E por que ele está respondendo a ela como se ela fosse sua
amiga há muito perdida?

Ugh, depois da melhor semana da minha vida, chego em casa


e percebo que o assistente pessoal do meu namorado está atrás
dele.

Ela é, no entanto... ou estou apenas sendo insegura?

Provavelmente um pouco de ambos.

— Você também, hein? — Eu ouço a resposta em voz baixa de


Henley. Você também o quê? — Tchau, Jen.

Subo rapidamente as escadas na ponta dos pés e entro no


chuveiro. Não quero que ele saiba que o ouvi ao telefone, e a última
coisa que quero fazer é brigar com ele por causa dela... mas preciso
de mais informações. Tomo um banho rápido, vou para a cama e
finjo que estou lendo meu livro enquanto minha mente corre a um
milhão de quilômetros por minuto.

Eventualmente ele vem para a cama. — Ei. — Ele sorri


enquanto entra no meu quarto. — Achei que você já estaria
dormindo. — Ele se senta na beira da cama, me beija e coloca uma
mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Eu perdi o sono. — Eu seguro meu livro. — Pensei em ler um


pouco.

— OK. — Ele me beija novamente e conecta o telefone para


carregar na mesa de cabeceira e entra no banheiro. Ouço o barulho
do chuveiro e olho para o telefone dele. Eu gostaria de saber o
código para poder ver quantas vezes ela liga para ele por dia.

Pare com isso.

Não seja essa pessoa.

Não serei a namorada ciumenta e insegura, por mais


apaixonada que esteja.

Henley toma banho e entra no quarto com a toalha branca na


cintura. — Você está ansioso para voltar ao trabalho amanhã? —
Eu pergunto casualmente.

— Sim, eu acho, — Henley responde enquanto anda


arrumando. Ele dobra minhas roupas que estavam no chão e as
coloca na cadeira.

— Há quanto tempo Jenny trabalha para você? — Eu ajo


desinteressado na resposta.

— Não sei, doze anos.

— Doze anos? — Eu suspiro. — Você é dono do seu negócio há


doze anos?

— Não, ela e eu trabalhamos juntos em outra empresa, e então


nós dois saímos para trabalhar em outra empresa antes de eu
pedir a ela para vir trabalhar para mim. — Ele coloca meus sapatos
no fundo do meu guarda-roupa. — Precisamos remodelar esse
guarda-roupa. Isso está me afetando. É muito difícil manter a
organização.

Eu não poderia me importar com a organização da porra do


guarda-roupa.
— Então você trabalhou com ela em três empresas?

— Uh-huh.

— Vocês devem ser próximos... — Eu torço meus lábios para


esconder minha desaprovação.

— Ela é uma boa amiga. — Ele se deita na cama ao meu lado.

— Você confia nela?

Ele franze a testa. — Claro que confio nela.

Isso faz um de nós.

— Qual é o interesse repentino por Jenny? — Ele pergunta


enquanto desliza o braço em volta de mim.

— Ela só... — Faço uma pausa enquanto tento organizar meus


pensamentos. — Ela liga muito para você.

— Ela se preocupa comigo. Por muito tempo ela foi a única


mulher na minha vida.

Eu pisco, chocada. — Eu sou a única mulher em sua vida


agora, Henley.

Ele sorri e se aconchega em mim. — Eu sei, querida. — Ele


beija meu braço. — É fofo que você esteja com ciúmes dela. Mas
você não precisa estar. Eu sou seu e somente seu.

— Não estou com ciúmes dela, — minto.

Verde de inveja, na verdade.

— Boa noite, querida, — ele diz enquanto se deita. Ele desliga


a luminária de cabeceira e fecha os olhos. — Estou exausto. — Ele
olha para mim. — Como você ainda está bem acordada?
Porque estou imaginando maneiras de queimar Jenny viva na
fogueira.

— Não estou cansada. — Eu finjo outro sorriso. — Boa noite.

Em cinco minutos, Henley está dormindo profundamente e


minha mente está acelerada.

Eu odeio que ele tenha essa amizade com ela e trabalhe com
ela... e que ela o vê todos os dias e que eu sei que ela não está do
meu lado.

Mas mais do que isso, odeio namoradas ciumentas e inseguras.

Eu tenho que deixar esse medo ir. Esta não é quem eu sou.

Juliet
— Então eu acho que é isso. — Rebeca dá de ombros.

Fomos tomar uns drinks na minha casa antes de irmos para a


festa de rua.

— Quero dizer, o que ele esperava que eu fizesse? — ela


continua.

Chloe e eu ouvimos atentamente. Rebecca se encontrou com


John hoje e pediu o divórcio.

— O que aconteceu então? — Chloe pega a mão de Rebecca.

— Ele chorou e implorou por outra chance. — Ela exala


profundamente. — E o mais patético é que se eu não soubesse com
certeza que ele ainda estava saindo com ela, provavelmente teria
tentado perdoá-lo.
Ficamos em silêncio, perdidas em nossos próprios
pensamentos.

— Eu me sinto um fracasso de merda como pessoa. — Rebeca


suspira.

— Você não fez nada de errado, Bec. Você sabe disso, não é?

— Coloquei um rastreador no carro dele. Isso não está bem.


Não sou inocente nisso tudo. Eu estava espionando meu próprio
marido. Eu ainda estou.

— Porque ele estava dormindo com outra pessoa, — Chloe


suspira. — Dê um tempo, porra. O que você deveria fazer, apenas
acreditar nas mentiras e permanecer casada com um adúltero pelo
resto da vida? E quanto a não contar a ele agora, você teve muita
sorte de não ter contado. Você o teria perdoado apenas para ter
seu coração partido novamente quando o pegasse em liberdade.
Ele nunca vai parar. Ele está saindo com ela o tempo todo. Claro
que ele a demitiu do trabalho, mas ainda vai lá todas as noites.
Não é apenas sexo – eles obviamente têm algum tipo de
relacionamento acontecendo aqui.

— Eu sei. Não consigo acreditar depois de tudo isso... ele ainda


está mentindo. — Os olhos de Rebecca se enchem de lágrimas. —
Eu simplesmente nunca me vi como uma pessoa divorciada, sabe?

— Eu sei, querida. — Eu sorrio tristemente. — Acho que


ninguém nunca faz isso. Mas o bom é que esta é uma grande lição
sobre o que você não quer na vida.

Rebeca arregala os olhos. — Você acertou.

Chloe carrega seu copo no ar. — Chega de desprezíveis.


— Nenhum. — Eu sorrio para Rebecca, tão linda mesmo
quando ela está tão quebrada.

— É isso... Eu cansei dos homens, então acabei.

Chloe torce o nariz. — Eu gostaria de poder terminar... o


problema é que eu gosto de paus.

Todos nós rimos.

— Por que Henley está dando uma festa de rua hoje à noite? —
Rebecca franze a testa. — É tão incomum ele ser o anfitrião.

— Eu sei, pensei a mesma coisa. — Dou de ombros e olho para


o meu relógio. — Devemos ir logo.

— Mais uma bebida. — Chloe enche nossas taças de vinho.

— Você vai ficar bem, Bec, — digo a ela.

— Eu vou? — Rebecca sorri esperançosa.

— Vamos nos certificar disso.

Henley
— OK. — Olho ao redor da minha sala. — Os coquetéis estão
prontos, os canapés estão fora. — Esfrego as mãos. — Acho que
estamos todos prontos.

Blake olha em volta enquanto toma um gole de sua bebida. —


Onde estão as meninas?

— Juliet. Elas estão tomando bebidas antes de virem.

— Rebecca ainda está vindo, certo?


Os olhos de Anthony e meus se encontram e eu balanço
sutilmente a cabeça. — Sim. Mas você não tem permissão para
falar com ela.

— Posso falar com ela se quiser, — ele retruca, indignado.

Finjo um sorriso e logo o deixo cair. — Vá para Taryn.

— Eu não quero a porra da Taryn.

— Rebecca não gosta de você. — Anthony revira os olhos em


sua bebida.

— Isso é metade da diversão, — Blake diz com naturalidade


enquanto olha ao redor.

— Toc, toc, — diz uma voz da porta da frente.

— Entre, Winston, — eu chamo.

A porta se abre e ele entra. Reviro os lábios para esconder o


sorriso. Winston tem pelo menos oitenta anos e é super magro,
com cabelos grisalhos que ele penteia em uma péssima tentativa
de esconder sua careca. Ele está de calça jeans justa e uma camisa
polo branca. — Você está elegante esta noite, Winston. — Eu
sorrio.

— Obrigado. — Ele sorri com orgulho enquanto olha para si


mesmo. — Pensei em me vestir bem para a ocasião.

— Bom para você, — eu respondo.

— Espere. — Blake franze a testa. — Há uma ocasião?

— Sim, há uma ocasião. — Eu arregalo meus olhos. — Você me


ouve?
— Claramente não. — Ele franze a testa. — Que porra é a
ocasião? — Seus olhos se voltam para Antony. — Espere um
minuto, este não é o seu casamento, é? Como... você não está
fazendo aquela surpresa idiota, está?

— Oh meu Deus. — Belisco a ponta do meu nariz. — Ninguém


sabe que Juliet e eu estamos juntos, — sussurro com raiva. —
Como isso pode ser a porra de um casamento, seu idiota?

Ele coloca a mão sobre o coração. — Graças a Deus por isso.


Eu pensei que você realmente tinha perdido o controle por um
segundo.

— Olá, meninos, — Carol chama enquanto passa pela porta


segurando uma bandeja de quiches. — Isso é tão amável da sua
parte, Henley. Eu fiz o seu favorito, querido.

— Olá, Carol. — Beijo sua bochecha e pego a bandeja dela. —


Obrigado. Vou colocar isso na mesa lá atrás.

— Ei, Dr. Grayson, — Winston diz enquanto se aproxima. —


Posso falar com você por um minuto?

— Chame-me de Blake, — ele responde.

Os olhos de Winston se voltam para nós. — Em particular.

Blake franze a testa. — Oh... ok. — Eles dão um passo para o


lado e Winston começa a sussurrar em seu ouvido.

— Sobre o que é isso? — Antony diz enquanto os observa.

— Eu não faço ideia. — Pego meu telefone e mando uma


mensagem para Juliet.

Onde está minha garota?


— Henley, — Taryn jorra enquanto se aproxima e me abraça.
— Oh, adoro vir à sua casa. É como voltar para casa. Esta casa é
tão eu.

Dificilmente não.

Antony inclina a cabeça para trás para tomar um gole de


cerveja, franzindo sutilmente o nariz.

Eu tiro os braços de Taryn ao meu redor. — Você deveria tomar


uma bebida, Taryn.

— Você está vindo? — Ela pisca os cílios. Por que ela acha isso
atraente está além da minha compreensão.

— Claro, me dê um minuto e eu irei.

Ela vai embora e Blake volta para nós.

— O que foi isso? — Antony pergunta a ele.

Blake se aproxima para que ninguém possa nos ouvir. —


Acontece que Winston é uma aberração nos lençóis.

— O que?

— Ele quer uma receita para Viagra.

— Você está brincando comigo, — respondo, fascinado. —


Quem diabos Winston está fodendo?

— Não faço ideia, ele disse que tem muitas opções. — Ele bate
sua garrafa de cerveja na minha e depois na de Antony. — Meta de
vida.

Os olhos de Antony estão fixos em Winston enquanto ele fala


com as pessoas. — Que tipo de opções?
Blake olha em volta casualmente. — Não sei. Ele está puxando
a vovó para a esquerda, para a direita e para o centro,
aparentemente.

Esguicho minha cerveja pelo nariz e Antony começa a rir. —


Essa é uma frase que nunca pensei que ouviria.

— Então você deu a ele? — Eu pergunto.

— O que?

— A receita.

— Eu tenho que examiná-lo primeiro. Não quero que o filho da


puta morra de ataque cardíaco no meio da ação.

— Bom ponto.

Mason aparece na porta. — Ei, — ele grita enquanto faz uma


grande entrada.

— Oi, Mason, — todos respondem.

— Foda-me, — Blake murmura baixinho. — Por que ele fala tão


alto? Não somos surdos, idiota.

— Não tinha notado isso antes, mas... — Eu dou de ombros. —


Você está certo, ele fala.

— Apenas fique grato por ele não estar sem camisa, — Anthony
murmura enquanto o olha de cima a baixo.

Eu rio. — Sentindo-se inferior, Ant?

— Não. — Ele bebe sua cerveja. — Só magro.

— Quem é aquele? — Blake franze a testa para a porta quando


alguém entra. Meus olhos vagam para o cara bonito que acabou
de chegar.
— Oh, esse é Liam, irmão de Juliet. Lembra daquele com quem
pensei que ela estava noiva? Acontece que ele não é um cara mau.

— Onde está a namorada dele?

— Ela morreu.

Blake torce os lábios em desgosto enquanto o olha de cima a


baixo. — O que, você o convidou para?

— Porque ele é irmão de Juliet. — Eu arregalo meus olhos. —


Comporte-se.

— Se ele tentar pegar Rebecca, você estará morto, — ele


sussurra com raiva. — As meninas adoram essa merda de luto.

— Você é tão burro que nem consigo aguentar, — sussurro. —


Ela não gosta de você.

— Me dê tempo. — Ele revira os lábios enquanto olha ao redor


da sala.

— Foda-me. — Ant revira os olhos. — Acabei de ter que


sobreviver ao show de merda de Henley com sua vizinha. — Ele
gesticula para mim. — Se você quiser namorar Rebecca, vou sair
da rua. Não consigo lidar com o drama.

— Bom. Vá se foder, — responde Blake. — Você é chato de


qualquer maneira.

— O que você quer dizer com meu show de merda? — Eu


retruco, ofendido.

— Ah, deixe-me pensar... você não consegue parar de pensar


nela, mas não a quer. Você não a quer, mas continua pulando a
cerca. O cachorro dela pensa que mora na sua casa. Você a odeia,
mas ela é o melhor sexo da sua vida... preciso continuar
indefinidamente? — Ele revira os olhos de forma dramática.

Eu sorrio. Foi um pouco assim, na verdade. — Bem... agora eu


a amo. Então meu show de merda acabou exatamente como
deveria.

— Você teve sorte, — Ant responde. — Não sei como ela


aguentou você por tanto tempo.

Eu sorrio. — Eu sei. Nem eu.

— Falando no diabo, — Blake sussurra.

Nós nos viramos e vemos Juliet entrando pela porta. Ela está
usando um vestido branco esvoaçante, seu cabelo está preso em
um coque bagunçado e ela está usando grandes brincos de argola
de ouro. Ela ri e beija Winston enquanto o cumprimenta.

E é a melhor risada, a felicidade está escorrendo de cada célula


dela. Posso sentir isso até os meus ossos.

Enquanto a observo, meu coração quase sai do peito. É como


se ela tivesse uma aura rosa brilhante ao seu redor, tão cheia de
amor e ternura. Nunca conheci alguém que fosse tão bonito por
dentro quanto por fora.

Ela olha e nossos olhos se encontram. Ela abre um grande e


largo sorriso e o tempo para. — Ela é tão perfeita que não aguento,
— sussurro para meus amigos.

— Oh Deus. — Blake revira os olhos. — Não me faça passar por


isso. Quem é você e o que fez com Henley? Acho que gostava mais
de você quando você estava fodido.

Eu rio.
— Você é patético pra caralho, cara. Tenha controle sobre você
mesmo. — Ant estremece.

No que diz respeito a Juliet, estou totalmente patético. Eu não


posso negar.

Nem eu gostaria.

— Boceta chicoteada, — Blake murmura baixinho.

Eu sorrio, porque nunca uma palavra mais verdadeira foi dita.


— Felizmente.

Juliet
Meus olhos se encontram com os de Henley, e ele me lança o
melhor olhar venha me foder de toda a história. Eu sinto isso até
os dedos dos pés. Ele imediatamente se aproxima. — Olá, Chloe.
Olá, Rebeca.

— Oi. — Ambos sorriem.

— Olá, senhorita Drinkwater. — Seus olhos brilham com


maldade.

— Olá, Sr. James.

Seus olhos descem pelo meu corpo e voltam para o meu rosto.
— Você está adorável.

— Obrigada. — Eu sorrio.

Ele se inclina e coloca a boca no meu ouvido. — Adorável o


suficiente para comer.

Eu rio.
— Devíamos subir, — ele sussurra.

Acabei de chegar aqui.

— Por que isso?

— Tenho um encontro marcado com sua boca.

Eu rio de surpresa. — Minha boca?

— Uhum. — Ele franze a testa como se estivesse imaginando


isso. Sua mão escova sutilmente minha perna.

— Por que você está tão obcecado em foder minha boca? — Eu


sussurro.

— Porque é bom. — Sua respiração faz cócegas na minha orelha


e causa arrepios na minha espinha. — Mais tarde. — Ele dá um
tapinha na minha coxa e desaparece na cozinha.

— Ei, você. — Sinto alguém colocar o braço em volta de mim


por trás. Viro-me para ver meu irmão. — Liam. — Eu sorrio,
surpresa. — O que você está...

— Henley me convidou.

— Ele fez?

Oh...

— Liam, esta é Rebecca, e você conhece Chloe.

Liam sorri. — Claro que conheço Chloe. — Ele beija a bochecha


dela e seus olhos encontram os de Rebecca. — Olá.

— Oi. — Ela sorri.

— Vocês querem uma bebida? — ele nos pergunta.

— Sim, por favor. — Eu sorrio.


— Eu também.

— E eu.

Ele caminha até o bar e Rebecca se inclina. — Você não me


disse que seu irmão é um gatinho.

— Não é? — Chloe concorda. — Pena que não tenho permissão


para tocá-lo.

— Ugh, ele é meu irmão. Ninguém tem permissão para tocá-lo.


Nojento.

— Nem mesmo eu? — Chloe levanta a sobrancelha.

— Especialmente você. Concentre-se no Dr. Grayson.

Todos os nossos olhos flutuam para Blake Grayson enquanto


ele está parado no canto. Alto, com uma aparência robusta e
bonita. — Caramba, ele é um lindo pedaço de carne humana, —
Chloe sussurra.

— Pena que ele é um homem totalmente prostituto, — Rebecca


responde.

— Isso é metade do apelo, — diz Chloe, com os olhos fixos em


Blake.

Rebecca torce o nariz em desgosto. — Não me atrai nem um


pouco.

Pelo canto do olho, vejo Taryn jogar os braços em volta do


pescoço de Henley e sinto meu arrepio subir. Henley se solta de
seu aperto e seus olhos vêm para mim. Ugh, ele sabe que me irrita
quando ela o toca.
— Qual é a história do seu irmão? — Rebeca pergunta. —
Casado ou...?

— Ele tinha uma namorada há anos e ela morreu em um


acidente de carro há três anos.

Seu rosto cai. — Oh, não.

Henley bate no copo com uma colher e todos se acalmam. — O


jantar está quase pronto, pessoal, mas antes de voltarmos para
comer, tenho algo que quero dizer.

Todos ficam em silêncio enquanto esperamos por sua piada


espertinha.

— Eu acabei de... — Ele faz uma pausa como se estivesse


organizando seus pensamentos.

— Você o que? — Blake diz impacientemente.

— Queria dizer... — Seus olhos encontram os meus.

O que ele está fazendo?

— Então, há alguns meses, ganhei uma nova vizinha. — Ele


levanta sua cerveja para mim. — E eu não percebi o quanto eu
estava precisando desesperadamente... — Ele inclina a cabeça
para o lado. — A amizade dela.

— Achei que vocês se odiavam, — diz Antony. Todo mundo ri.

— Nós fizemos, — ele concorda. — O que você não sabe é que


Juliet e eu já nos conhecíamos antes de ela se mudar. Na verdade,
anos atrás tivemos um encontro.

— Ah, não, — Taryn suspira. — Para onde isso vai dar?

Rebecca, Chloe e eu rimos.


— Diga isso, — diz Blake.

— O que estou tentando dizer é que Juliet e eu somos... — Seus


olhos flutuam para encontrar os meus e eu sorrio para o meu lindo
homem. — Estou muito feliz e extremamente abençoado.

— Pelo amor de Deus, fale logo — Blake suspira. Todos riem


mais uma vez.

— Juliet e eu estamos juntos. — Ele estende o braço para mim


e eu me aproximo e me junto a ele. Seu braço passa em volta dos
meus ombros e ele beija minha têmpora.

— Tipo juntos, juntos? — Taryn engasga, horrorizada.

— Sim. — Henley sorri orgulhosamente para mim. — Juntos,


juntos, e vocês não sabem o alívio que é finalmente confessar a
todos vocês.

Carol começa a rir. — Isso é uma piada, certo?

— O que?

— Você honestamente acha que não sabíamos?

— Espere... — Taryn franze a testa enquanto olha em volta. —


Todos vocês sabiam disso?

— É claro que sabíamos. É tão óbvio. Você pula a cerca todas


as noites. — Carol bate no nariz.

— Oh. — Henley ri. — Vigilância da vizinhança... certo.

Henley me beija suavemente e todos comemoram. Seus olhos


brilham com uma certa coisa. — Vamos comer. Jantar está
servido.
Ele agarra minha mão e saímos para o quintal com todos atrás
de nós. — Que diabos? — Henley grita.

Meus olhos se arregalam de horror quando olho em volta. —


Oh não.

A comida está por toda parte, pegadas enlameadas estão na


toalha de mesa branca e Barry está sentado no sofá branco
comendo um frango inteiro cozido.

— Barry, — eu choro. — O que você fez?

Henley olha em volta e avalia os danos e inspira profundamente


antes de dizer qualquer coisa. — Quem quer pizza?

Henley
Três meses depois...
Ando pela rua com Blake e Antony. É terça-feira e estamos indo
almoçar.

— Você deveria simplesmente ir em frente, — diz Antony.

— Eu não posso simplesmente ir em frente, — Blake retruca.


— Ela nem está divorciada ainda. A cama nem esfriou.

Reviro os olhos, não impressionado com a obsessão de Blake


por Rebecca. — Faça-me um favor e nunca vá em frente.

— Por quê? — ele estala.

— Porque ela é amiga de Juliet, e moramos na mesma rua, e


todos nós sabemos que você vai estragar tudo e eu nunca vou ouvir
o fim disso.
— Esse é um ponto muito bom, — concorda Antony.

Blake revira os olhos. — Eu só quero uma noite.

— Você não pode ter isso, porra. Encontre outra pessoa para
desejar. Rebecca está fora dos limites para você.
Permanentemente. — Passamos por uma joalheria, paro e espio.
Blake e Antony continuam andando, se viram para ver o que estou
olhando e voltam. Blake coloca as mãos nos bolsos do terno
enquanto olha as joias pela janela. — O que estamos vendo aqui?

— Anéis de noivado.

— Por quê? — Seus olhos se arregalam.

— Vou pedir Juliet em casamento.

— De novo, por quê? — Ele estremece, horrorizado.

— Foda-me. — Antony passa a mão pelo rosto. — Você está


com ela há dois malditos minutos. Acalme-se.

— Certo? — Blake concorda. — Por que você iria querer se


casar?

— Porque eu a amo. Foram os três melhores meses da minha


vida. Eu pensei muito sobre isso. Eu a quero como minha esposa.

Juliet e eu somos inseparáveis.

Blake agarra meu braço e me afasta da janela. — É muito cedo.


Não vou deixar você agir como um louco. Se daqui a doze meses
você ainda quiser fazer isso, fique à vontade. Você não pede alguém
em casamento depois de doze malditas semanas.

Descemos a rua. — Se eu quiser fazer isso, eu farei.

— Em doze meses, — ele responde.


— Apenas concentre-se em não dormir com Rebecca, —
respondo. — Fique fora da minha vida.

— Ela está se concentrando nisso o suficiente por nós dois, —


ele responde categoricamente.

— Ela realmente não tem nenhum interesse em você, —


acrescenta Antony.

— Estou ciente. — Blake suspira. — Burro. Ela não sabe o que


está perdendo?

— É claro que não, — murmura Antony.

Entramos no restaurante e esperamos ser servidos. Uma voz


sexy soa à esquerda. — Blake. — Nós nos viramos para ver uma
morena quente. Ela está usando um vestido colante que não deixa
nada para a imaginação.

— Ei, Cléo. — Ele sorri e beija a bochecha dela. — Você está


incrível pra caralho. — Ele segura a mão dela enquanto seus olhos
descem pelo corpo dela para que ele possa inspecioná-la
adequadamente. — Quando vamos nos atualizar?

— Essa noite? — Ela dá um sorriso sexy.

— Soa perfeito.

Ela sai andando e todos nós olhamos para ela.

Uau.

— Você não estava nos dizendo que queria Rebecca? — Eu


levanto minha sobrancelha.

— Acredito que isso seja verdade, — responde Antony.


Blake revira os olhos. — Um homem não é um camelo. Preciso
alimentar a fera. Estou aqui por um bom tempo, não muito tempo.

Eu rio com sua resposta. Típico Blake Grayson.

2h46
O telefone vibra na mesa de cabeceira e, meio adormecido, olho
para ele.

Quem estaria me ligando a essa hora da noite?

Lar de idosos.

O que?

Eu o pego e saio do quarto. Fecho a porta atrás de mim para


não acordar Juliet. — Olá.

— Olá, é você, Henley? — Sua voz é calma e inabalável.

— O que está errado? — Eu estalo.

— Infelizmente, seu pai sofreu uma queda e piorou. Não temos


certeza se ele teve primeiro um mal súbito que o fez cair da cama
ou se ele caiu da cama e isso desencadeou os acontecimentos. Ele
bateu forte com a cabeça e a ambulância está aqui. Eles estão
levando-o para a sala de emergência.

— Você acha que ele precisa de pontos na cabeça? — Eu


pergunto enquanto desço.

— Henley, ele está inconsciente.

Paro no meio da escada. — Ele não acordou depois de bater a


cabeça?
— Não, ele não fez isso.

O mundo gira...

— Desculpe.

O ar sai dos meus pulmões.

— Ele está indo para o Memorial Hospital.

— Estou a caminho.

Corro para casa e me visto o mais rápido que posso. Saio da


minha garagem em velocidade recorde.

Por favor, fique bem.

Agarro o volante com toda a força enquanto dirijo, minha mente


está confusa.

São 3h da manhã. Quanto tempo ele ficou deitado no chão


antes que alguém o encontrasse?

Ele estava pedindo ajuda e ninguém apareceu?

Meu estômago revira de arrependimento. Aqui estava eu, tendo


a melhor noite de todas, aninhado em segurança na cama com
Juliet, e ele deitado no chão de uma casa de repouso fria.

O semáforo fica amarelo e eu dirijo direto. Olho para o espelho


retrovisor para ver se uma câmera pisca.

Eu dirijo mais rápido.

Sinto muito, fizemos tudo o que podíamos.

Ela não sobreviveu.


A estrada fica borrada e enxugo as lágrimas com as costas do
antebraço. De repente, sou um garoto de quinze anos de novo,
revivendo meu pior pesadelo.

Desculpe. Fizemos tudo o que podíamos.

Mal consigo ver a estrada, com raiva, eu limpo meus olhos


novamente.

Eu acelero.

Só precisamos seguir em frente, filho. Somos só você e eu agora.

Suas palavras de sabedoria voltam para mim, mas não me


trazem conforto.

— Não me deixe, pai. — Eu estrago meu rosto em lágrimas. —


Ainda não. Eu não estou preparado. Você não pode me deixar
ainda.

Depois da viagem mais longa da história, finalmente chego ao


hospital. Estaciono em uma vaga reservada para médicos e corro
para dentro em alta velocidade. O segurança me olha de cima a
baixo.

— Meu pai acabou de ser trazido de ambulância?

— Vá para o departamento de emergência. — Ele aponta para


o corredor. — Siga as setas vermelhas.

— Obrigado. — Corro pelo corredor e vou até o balcão de check-


in. — Olá. Meu pai acabou de ser trazido de ambulância.

Ela me dá um sorriso gentil. Só então percebo como devo ser.

— Olá, — ela diz calmamente. — Qual é o nome dele, querido?

— Bernard James.
Ela digita o nome dele e depois lê a tela do computador e torce
os lábios como se não estivesse gostando do que está lendo.

— O que é? — Eu gaguejo. — O que aconteceu?

— Apenas sente-se, querido, — ela diz suavemente. — Alguém


sairá para buscá-lo em breve.

— Ele está bem?

— Não consigo ver nenhuma informação, apenas que ele


chegou. Eu tenho uma nota aqui para avisá-los quando um
parente próximo chegar. Qual era o seu nome, senhor?

Eu fico olhando para ela. — Henley James.

— Sente-se. — Ela aponta para as cadeiras na sala de espera.


— Vou avisar que você está aqui.

— OK.

Sento-me e apoio os cotovelos nos joelhos. Meu coração está


acelerando.

Descendente.

A gentil recepcionista liga para alguém e eu a observo com o


coração na garganta.

Para quem ela ligou?

As portas duplas se abrem e um homem de uniforme médico


com um estetoscópio pendurado no pescoço aparece. — Henley?

No piloto automático, eu fico. — Sim.

— Siga-me, por favor. — Ele se vira e caminha pelo corredor, e


eu o sigo até a enfermaria, onde há uma cama vazia em um quarto
privado.
— Onde ele está?

— Fazendo uma varredura. Ele levou uma pancada


significativa na cabeça e está inconsciente.

— Ainda? — Meus olhos estão arregalados. — Ele está fora há


quanto tempo?

— Mais de uma hora agora. — Ele aponta para uma cadeira. —


Sente-se. Eu preciso falar com você.

Eu me sento na cadeira.

— Eu só preciso revisar o plano de saúde do seu pai.

— Eu cobrirei tudo. Você não precisa se preocupar com o


pagamento. Apenas dê a ele o melhor tratamento que existe.

— Henley. — Ele faz uma pausa. — Ele tem uma ordem de não
ressuscitar em seu arquivo.

— O que?

— Ele especificou que se algo acontecer, ele não quer ser


ressuscitado.

A silhueta do médico fica embaçada.

— Isso é ridículo, — eu cuspo. — Você tem que fazer tudo o que


puder.

— Você precisa respeitar os desejos dele.

— Você faz isso, — eu cuspo com raiva. — Ele está


simplesmente desmaiado, ele vai ficar bem. — Eu sei. — Você vai
para aquela sala de exame e faz a porra do seu trabalho e conserta
ele. — Estou indignado. — Por que você está perdendo tempo aqui
falando essas bobagens para mim quando ele precisa de você lá?
O médico se levanta. — Ele estará de volta dos exames em
breve.

— E eu estarei aqui esperando por ele. — Não sei por que, mas
estou furioso com esse médico. — Ele estará acordado em breve.
Ele é um lutador, — digo a ele.

O médico me dá um sorriso triste e me deixa sozinho.

Começo a andar de um lado para o outro. Vai e volta.

Ele não quer ser ressuscitado... Por quê? Por que ele diria isso?

Não sou suficiente para viver?

Deixo-me cair na cadeira no canto, minha mente flutuando


entre o agora e o então.

Vejo meu pai e minha mãe, tão felizes e apaixonados. Nossas


férias em família e a casa cheia de barulho e risadas. O amor entre
eles em brilho Technicolor, tão exagerado que podia ser sentido
por todos que os conheciam.

Desculpe. Não conseguimos salvá-la.

E então... sua vida sem ela.

Os longos dias e noites intermináveis de silêncio ensurdecedor.

De repente, fica claro por que ele não quer ser reanimado.

Ele quer ficar com ela.

E quem pode culpá-lo?... Eu quero estar com ela também.

Onde o amor e a felicidade são tão gratificantes. A luz de seu


coração feliz, tão brilhante que eclipsa tudo e qualquer coisa.
Uma enfermeira aparece. — Aqui está ele. — Atrás dela estão
dois auxiliares empurrando meu pai na cama. Ele está dormindo...
inconsciente, seja lá o que diabos ele seja. Ele tem uma bandagem
na cabeça. Fico no canto e observo enquanto eles o conectam a
todas as máquinas. O bipe suave de seu coração agora soa pela
sala.

Bip... bip... bip.

— O médico chegará em breve. — A enfermeira sorri enquanto


nos deixa sozinhos.

— Obrigado. — Passo meus dedos por seu cabelo para alisá-lo


e pego sua mão na minha enquanto olho para ele. Sua pele é lisa.
Ele parece tranquilo.

— Eu entendo agora, pai, — eu sussurro enquanto seguro seu


rosto em minha mão e passo meu polegar para frente e para trás
sobre sua barba por fazer. — Agora que estou com Juliet, eu
entendo.

Ele não se move.

— Eu sei por que você escolheu esquecer tudo... me esquecer.


— Afasto seu cabelo da testa mais uma vez. O nó na minha
garganta é tão grande que chega a doer. — Era muito difícil
lembrar dela, não era?

Ele fica imóvel. Seu peito sobe e desce enquanto ele respira
suavemente.

— Está tudo bem, pai. — Sua silhueta fica embaçada. — Você


pode ir agora.

Bip... bip... bip.


— Obrigado por cuidar de mim tão bem, — eu sussurro. — Não
deve ter sido fácil viver com alguém que era igual a ela durante
todos esses anos... mas não foi. — Eu enxugo meu rosto em
lágrimas enquanto pego sua mão na minha. — Eu te amo muito,
pai. Você fez um bom trabalho sozinho. Tenho muito orgulho de
ser seu filho.

Suas pálpebras tremem e eu sorrio em meio às lágrimas. Ele


pode me ouvir. Ele está lá em algum lugar.

— Eu sei que você me ama, pai, — eu sussurro. Sua pálpebra


treme novamente e eu sorrio em meio às lágrimas. — Você pode ir
agora. Tudo bem. Eu entendo.

O médico entra na sala segurando uma prancheta, eu me


afasto e enxugo os olhos, ele me dá um sorriso triste. — Ok, os
resultados da verificação estão de volta.

— E?

— Ele teve um aneurisma.

— Quando ele caiu?

— Provavelmente antes, e foi por isso que ele caiu.

Eu concordo.

— Sinto muito, Henley. Infelizmente, não foi detectada


nenhuma atividade cerebral.

— Significando o quê?

— É altamente improvável que ele volte disso.

Eu já sabia.

— Então o que acontece agora? — Eu pergunto.


— As próximas vinte e quatro horas serão críticas. Nós o
deixaremos confortável.

Concordo com a cabeça enquanto olho para meu pai. — OK.

— Tenho outros pacientes para ver. Voltarei daqui a pouco. —


O médico coloca a mão no meu ombro. — Lamento que as notícias
não sejam melhores.

— Eu também. — O nó na minha garganta está de volta.

O médico desaparece porta afora e eu puxo uma cadeira ao lado


da cama, sento e seguro a mão do papai. Como já fiz tantas vezes
antes.

Só que desta vez é diferente.

Estou saboreando cada segundo, ouvindo sua respiração,


tentando ao máximo absorver cada mínimo detalhe.

Durante cinco horas eu o observo, relembrando nossa vida


juntos. Revendo cada pequeno detalhe de sua personalidade e o
que eu amo nele.

Ele respira fundo e segura o ar.

Beeeeeeeeeeeeeeep.

A linha do monitor cardíaco fica plana.

Não...

Eu cubro meu rosto enquanto seguro sua mão. Sua silhueta


fica embaçada.

O longo sinal sonoro da máquina de frequência cardíaca está


ecoando pela sala.
Mas eu não estou aqui. Estou tendo uma experiência
extracorpórea, pairando acima enquanto vejo meu pai morrer.

Duas enfermeiras atendem a porta.

— Deixe-nos em paz, — peço. — Dê-nos privacidade, por favor.

Eu seguro sua mão enquanto vejo a vida dele se esvair. O


homem que mais amo no mundo está deixando isso.

Não parece dramático o suficiente, grande o suficiente, digno o


suficiente. É tudo muito simples, mas o buraco que ele deixará no
meu coração é imensurável.

— Eu te amo, pai, — sussurro em meio às lágrimas. Se ao


menos ele pudesse dizer mais uma frase para mim.

Apenas uma.

Eu o observo enquanto espero por alguma coisa, algum sinal


devastador de que ele está bem, que mamãe veio para levá-lo para
a próxima vida. Que ele sabe o quanto é amado.

Que ele me amava.

Eu espero e espero.

Mas nenhum sinal chega...

Descanso minha cabeça em seu peito e choro.


Juliet
— Vamos, Barry. — Eu fico na porta com a coleira. Dormi como
um tronco, nem ouvi Henley sair esta manhã. Ele deve ter tido uma
reunião cedo ou algo assim. Ele saiu muito mais cedo do que de
costume. Saio pela porta da frente e me espreguiço na varanda.
Carol me vê e atravessa a rua.

— Bom dia, Carol. — Eu sorrio.

— Bom dia, querida. Está tudo bem com Henley?

— Sim. — Eu franzir a testa.

— Eu estava acordando para pegar um copo d'água e quando


o vi acelerando na rua às três da manhã, fiquei um pouco
preocupada.

— O que?

— Sim, ele foi a algum lugar com pressa no meio da noite.

— Oh.

Que porra é essa?

— Vou ver como ele está. Obrigada, Carol. — Volto para dentro
e Barry puxa a coleira na outra direção. — Deixe-me pegar meu
telefone.

— Eu vou cuidar dele. Vá pegar seu telefone, — diz Carol.

Corro para dentro, pego meu telefone do carregador e ligo


rapidamente para Henley. Vai direto para o correio de voz.
— Olá, você ligou para Henley James. Deixe um recado.

Hmm, ele está ao telefone ou está desligado.

Olho a hora: 6h30

Por que o telefone dele estaria desligado a esta hora do dia?


Saio na frente novamente.

— Qualquer notícia? — Carol pergunta.

— Ele não está respondendo, — respondo, distraída. — Talvez


ele tenha tido uma reunião antecipada do Zoom ou algo assim.

— Sim, claro. Seria isso, — Carol concorda. — Não deve ser


fácil administrar uma empresa multinacional com todos esses
fusos horários diferentes.

— Sim, — respondo, mas tenho a sensação de que algo está


errado. Ele não mencionou uma reunião ontem à noite. Talvez ele
simplesmente tenha esquecido. — Obrigada, Carol. Vou correr e
tentar novamente mais tarde.

— Deixe-me saber se está tudo bem, certo?

Eu sorrio. Para sempre o intrometido da vizinhança. — Claro


que sim. — Começo a subir a estrada com Barry. — Vamos, Baz.
Vamos.

São 10h e estou ficando preocupada.

Henley ainda não ligou o telefone. Algo está errado aqui.

Eu ligo para o escritório dele.

— Olá, Henley James Engenharia. Mônica falando.


— Oi, Mônica, é Juliet. Posso falar com Henley, por favor?

— Ele não está aqui hoje, Juliet.

Eu franzo a testa, surpreso. Ele disse claramente que estava


trabalhando hoje. — Posso falar com Jenny, por favor?

— Claro, vou transferir você agora. Tenha um bom dia.

Eu espero.

— Olá, Jenny falando.

— Oi, Jenny, desculpe incomodá-la.

— Olá, Juliet. E aí? — Seu tom é abrasivo.

— Desculpe incomodá-la, mas você teve notícias de Henley


hoje? — Eu pergunto.

— Ele enviou um e-mail esta manhã para dizer que tinha


reuniões externas o dia todo e que não estaria no escritório.

— Oh sim. Eu esqueci isso completamente. — Eu fico na linha


enquanto penso. Ela obviamente também não sabe de nada. — Ok,
obrigada. Eu simplesmente não consegui alcançá-lo. Tenho
certeza que ele me ligará de volta em breve.

— Ele é um homem muito ocupado, Juliet.

— Eu sei, — respondo com os dentes cerrados. Não mexa


comigo hoje, Jenny.

Não estou no clima.

— Obrigada, Jenny.

Obrigada por nada, vadia.


Faço uma limpeza e aspiro o chão. E então preparo meus
jantares da semana. Estou trabalhando no turno da tarde e quero
tentar ser organizado e saudável.

Onde ele poderia estar?

O pai dele.

Oh merda, eu nem tinha pensado nisso. Merda, merda, merda.

Procuro no Google o número de telefone da casa de repouso e


ligo.

— Olá. Lar de idosos São Sebastião.

— Olá, posso ser transferida para o posto de enfermagem de


nível dois, por favor?

— Transferindo você agora.

— Olá, nível dois. Christine falando.

Eu estremeço. Eu realmente não conheço Christine. Nunca


trabalhei com ela antes. — Olá, Christine, é Juliet Drinkwater
ligando. Na verdade nunca nos conhecemos, mas vi o seu nome na
lista. Faço um turno por semana.

— Sim, olá, Juliet. Eu vi seu nome na lista também. Como vai


você?

— Bem. — Eu faço uma pausa. Eu sei que ela não pode me


dizer nada.

— Esta é uma pergunta aleatória, mas eu queria saber como


está Bernard James do quarto 206?

— Oh... hum. — Ela faz uma pausa.


— Extraoficialmente, é claro, — eu digo. — Na verdade, ele é o
pai do meu namorado, e não consigo falar com meu namorado e
estou ficando preocupada. O nome dele é Henley James. Você o
viu?

— Oh..., — ela responde. — Você pode querer vir aqui.

— O que está acontecendo?

— O quarto do Sr. James está sendo limpo.

Meus olhos se arregalam. Só há uma razão para alguém limpar


um quarto.

Não.

— Ele morreu? — Eu suspiro.

— Você não ouviu isso de mim.

Meu coração para.

Não.

— Estou a caminho. — Desligo, pego minhas chaves e corro


para a porta.

Ando pelo corredor com uma profunda sensação de pavor. Não


tenho ideia no que estou prestes a me deparar.

Só que Henley não ligou para me avisar e seu telefone agora


está desligado.

Henley sendo Henley, presumo que ele queira lidar com isso
sozinho.

Ele é fechado e duro. Ele me pegou agora.


Chego até a porta e fico do lado de fora enquanto espio pela
janela de vidro.

Henley está metodicamente tirando as roupas do armário,


dobrando-as e colocando-as em uma caixa.

Ele está sem emoção, controlado.

Sua silhueta fica embaçada quando o nó na minha garganta se


fecha.

Bato suavemente e ele olha para cima e me vê. Antes que ele
pare, vejo um lampejo fugaz de raiva em seu rosto. — Entre, — ele
chama em um tom entrecortado. Ele continua dobrando as roupas
sem olhar para cima.

Ele está no piloto automático. A limpeza é sua forma de


controlar a situação.

Eu me preparo. Nem sei se fiz a coisa certa ao vir. Eu só sabia


que não queria que ele ficasse sozinho enquanto fazia isso. Abro a
porta, entro e fecho-a atrás de mim. — Oi, — eu digo suavemente.

— Você ouviu a notícia, sem dúvida, — ele retruca enquanto


sacode com raiva uma calça.

Fico em silêncio enquanto o observo.

— Você pode ir para casa. Estou bem. — Ele sacode as calças


novamente como se quisesse tirar alguma coisa delas.

Meu coração se parte.

— É o melhor, de qualquer maneira. — Ele continua dobrando


as roupas. — Ele não teve qualidade de vida por muito tempo.

Vou sentar na cama.


— Não fique aí sentada, — ele late.

Eu rapidamente me levanto.

— Eu quero... — Ele abre e fecha as mãos ao lado do corpo,


muito agitado. — Preciso trocar a roupa de cama.

Ele está no limite da sanidade.

Fico parada, sem saber o que fazer. — O que aconteceu? — Eu


sussurro.

— Ele está morto. Mas você já sabe disso. — Ele sacode as


calças novamente.

— Como ele morreu? — Eu pergunto um pouco mais forte.

— Ele tinha um aneurisma.

Meu coração está acelerado enquanto o observo. Ele é como


uma bomba prestes a explodir.

— Sinto muito, Henley.

— Não sinta. — Ele sacode as calças novamente sem sequer


olhar para mim. — Eu só preciso limpar este quarto e então posso
seguir em frente.

— Venha aqui. — Vou abraçá-lo.

Ele se afasta de mim. — Não. A última coisa no mundo que


quero é abraçá-la. Vá para casa, Juliet, — ele retruca frustrado.

Deus, como faço para lidar com isso?

— Ok, eu vou, — eu sussurro. — Posso ajudar um pouco antes


de ir?

— Não. — Ele joga uma camiseta no ar. — Eu tenho isso.


Talvez vir aqui não fosse a coisa certa a fazer.

— Vou limpar o banheiro, — ofereço.

— Não, Juliet, — ele grita. — Quantas vezes eu tenho que te


dizer? Vá para casa, porra.

Ele está zangado.

Meus olhos se enchem de lágrimas por ele. Ele está se sentindo


tão fora de controle na situação. Eu não o culpo. Estou me
sentindo muito fora de controle aqui.

— Eu não vou a lugar nenhum, Henley, — eu respondo. — Se


você acha que estou deixando você sozinho agora, você está
redondamente enganado.

Seus olhos furiosos se levantam para encontrar os meus. —


Saia ou vou chamar a segurança.

Que diabos?

— Henley.

— Quero dizer isso. Estou bem. Eu quero fazer isso sozinho. —


Ele sacode uma camiseta. — Voltarei mais tarde, quando tiver
resolvido tudo isso.

— Você promete?

— Sim. — Ele coloca uma pilha de camisetas em uma mala.

Eu o observo por um momento, sem saber se devo ir embora.


Ele quer fazer isso sozinho. Acho que preciso respeitar a vontade
dele e dar-lhe algum espaço.

— OK. — Vou até ele. — Posso dar um beijo de despedida?

Ele me dá um beijo rápido na bochecha.


— Você virá mais tarde? — Eu pergunto.

— Sim. — Sem fazer contato visual, ele volta a dobrar.

— Vou preparar o jantar para nós.

— OK. Obrigado.

Ele virá depois. Sinto-me um pouco melhor, mas realmente não


quero deixá-lo aqui. — Eu te amo.

— Eu também, — diz ele, distraído.

Com um último olhar para o meu querido homem de coração


partido, saio pela porta. Este é um pesadelo completo.

Espio o forno e depois o relógio: 19h46

Onde ele está?

Ele não voltou da casa de repouso – nem sequer esteve em casa


– e estou me esforçando muito para lhe dar algum espaço, mas
estou realmente preocupada com ele. É uma linha tênue entre
cuidar e sufocar. Vou ligar para ele. Eu disco o número dele e
espero enquanto ele toca.

— Olá, você ligou para Henley James. Deixe um recado.

Meu estômago cai. Porra.

Por que o deixei na casa de repouso? O que diabos eu estava


pensando?

Eu deveria estar lá para apoiá-lo. Eu deveria ter ficado.

Ele ia chamar a segurança.


Eu alimento Barry e mexo um pouco mais. Já são 20h30 e
ainda não há sinal. Ligo para ele novamente e ele atende no
primeiro toque. — Oi.

Fecho os olhos de alívio. — Oi, querido, você está perto?

— Sim, ao virar da esquina.

— Okay, vejo você em breve. — Graças a Deus. Tenho tido um


pequeno ataque de pânico o dia todo.

Dez minutos depois, ele sai de carro e entra na garagem. Espio


pelas cortinas enquanto o vejo se aproximar. Abro a tela enquanto
ele caminha solenemente pela varanda da frente. Ele me beija
rapidamente enquanto passa por mim e entra em casa.

Reviro os olhos enquanto finjo não notar. Ele está aqui. Isso é
tudo que importa.

Ele entra no banheiro, lava as mãos e sai. — Algo cheira bem,


— diz ele enquanto olha para todos os lugares, menos para mim.

— Espero que você esteja com fome?

— Morrendo de fome. Não como desde ontem.

Meu coração afunda. — Sente-se, querido. — Puxo uma cadeira


para ele e ele se senta à mesa de jantar. Começo a servir nosso
jantar. Não sei o que dizer ou fazer. Eu toco no assunto ou finjo
que não aconteceu, como ele aconteceu? — Você fez tudo o que
queria hoje? — Eu pergunto.

— Uh-huh.

— Podemos examinar as coisas no fim de semana e resolvê-las.

— Eu doei tudo para caridade.


— O que?

— Deixei-o na loja Goodwill na esquina, a caminho de casa.

Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto sirvo as ervilhas.


Ele deu todas as coisas de seu pai.

— Os álbuns de fotos?

— Joguei fora. Eu não os quero.

Como ele pode?

Ele não fez isso. Certamente, ele não fez isso. Ninguém é tão
frio.

Apenas fique calma... ele está empurrando você de propósito.


Este é o disfuncional Henley James no seu melhor.

Coloquei o prato de comida na mesa na frente dele.

— Obrigado.

Sento-me à mesa com meu prato e ele começa a comer em


silêncio. Ele realmente está com fome. Ele se sentirá melhor depois
de comer. Tenho certeza.

Falo durante o jantar sobre todos os assuntos do mundo. Eu


não mencionei o pai dele... Não sei como fazer e não quero provocá-
lo.

Eu só tenho que ser paciente, ele falará comigo sobre isso


quando estiver pronto.

Terminamos o jantar e eu coloco a máquina de lavar louça. —


Eu fiz um pudim de chocolate para você. — Eu sorrio
esperançosamente.
— Obrigado, querida. — Ele me beija suavemente. — Eu estou
apenas... cansado. Vou direto para a cama. — Ele me beija
novamente, seus lábios permanecendo sobre os meus. — Estou
exausto.

— OK. — Eu sorrio, me sentindo um pouco melhor.

Ele vai embora e eu o puxo de volta pela mão. — Você sabe o


quanto eu te amo, certo?

Ele concorda. — Vou comer o pudim amanhã.

— OK.

Ele sobe as escadas e ouço o chuveiro ser ligado. E pela


primeira vez hoje, uma sensação de calma toma conta de mim.
Acho que vai ficar tudo bem.

Acordo assustada. Henley se foi.

Ele parecia ter dormido bem, enquanto eu me revirei a noite


toda antes de cair em um sono exausto por volta das 3h. Não o
ouvi se levantar e sair porque a essa altura eu já estava apagada
como um tronco.

Acho que ele foi trabalhar, mas sinceramente, quem sabe?

Há uma coisa reconfortante, pelo menos. Eu sei que Henley usa


o piloto automático como um profissional. E se o piloto automático
é o que ele precisa fazer por um tempo, então tudo bem.

Manter-se ocupado é provavelmente o melhor para ele no


momento. Se ele precisa ser um workaholic esta semana, que
assim seja. Eu só queria não estar na porra do turno da tarde esta
semana. Vou trocar meus turnos ou tirar uma semana de folga.

Preciso estar em casa para ele esta semana.

Levanto e entro no chuveiro. Primeiras coisas primeiro. Vou ao


Goodwill recuperar as coisas do pai dele. Vou escondê-los no meu
sótão e sei que um dia Henley ficará grato por eu tê-los adquirido.

Ou talvez não... mas não suporto a ideia de seus álbuns de


fotos de família serem jogados no lixo. Eles são valiosos demais.
Vou guardá-los para mim se ele não os quiser.

Olho para o meu relógio. — Droga, Henley. — São 14h, liguei


para ele duas vezes e ele não me ligou de volta. Não consigo
imaginar a tortura que está acontecendo na cabeça dele agora e
sei que preciso dar espaço a ele, mas sério? Ele nem consegue
retornar minha ligação?

Porra.

Ele entrou no piloto automático e está me bloqueando. Eu sei


isso. Posso sentir isso na boca do estômago.

Um carro entra na rua e para na garagem de Henley. Quem é


aquele? Espio pela cortina, os parentes devem estar aparecendo.

Talvez ele tenha estado na funerária o dia todo hoje. Sim... é


isso. Claro que é onde ele está.

Continuo espiando pelas cortinas e, para minha surpresa,


Jenny sai do carro.

Que porra ela está fazendo aqui?


Observo enquanto ela caminha até a porta da frente e a abre
com uma chave.

Ela tem uma chave?

A adrenalina surge em meu sistema e, antes que eu possa me


conter, me vejo marchando até lá. Entro sem bater, — Ei? — Eu
chamo.

Jenny sai do escritório e exala pesadamente quando me vê,


como se eu fosse um grande inconveniente para ela. — Olá, Juliet.

— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto.

— Obtendo o passaporte de Henley.

— Por quê?

— Ele vai para Dubai esta noite.

— Ele não vai para Dubai sozinho, — respondo, furiosa.

— Ele não estará sozinho. Eu vou com ele.


— O que? — Eu me afasto dela em estado de choque. Não posso
ter ouvido isso direito. — O que você está falando? — Eu estalo,
enfurecida. — Henley não pode ir a lugar nenhum. Ele tem um
funeral para planejar.

Jenny revira os olhos de uma forma exagerada. — Se você o


conhecesse, saberia que o pai dele não queria um funeral.

Seu tom sarcástico acende meu temperamento, e perco todo o


controle e aponto para a porta. — Saia.

— O que?

— Saia desta maldita casa antes que eu chame a polícia por


invasão.

— Você não pode chamar a polícia para mim, — ela zomba. —


O que você pensa que está fazendo?

— O que eu deveria ter feito há muito tempo: expor você pela


funcionária desagradável que você é.

— Vá para o inferno, — ela dispara de volta. — Você se acha


muito importante, mas todos sabemos que você partirá em breve.

— Henley está de luto e, em um momento como este, ele precisa


de apoio, não ser convencido a fazer planos de viagem ridículos.

— Ele quer ir para Dubai, — ela cospe. — Trabalhar é o seu


lugar feliz.
— Trabalhar não é o seu lugar feliz, — grito, furiosa. — Ele
precisa de tempo para processar sua perda. Deixe de lado o
trabalho.

Foda-se essa vadia.

Ela revira os olhos. — Você não sabe nada sobre esta situação.
— Ela passa por mim e sai pela porta da frente.

— Ah, sim, Jenny. Isso não é inteiramente verdade, — eu grito


atrás dela. — Eu sei que você precisa procurar um novo emprego.

Ela me encara e entra no carro, e eu bato a porta da frente com


fúria.

Você está sendo demitida... vadia estúpida.

Ugh!

Estou furiosa.

Espero ela ir embora e vou até minha casa para pegar meu
telefone. Eu ligo para Henley.

Bip... Bip... Bip...

— Você ligou para Henley James. Deixe um recado.

— Droga, Henley. — Meu coração está acelerando. Ele não


partiria para Dubai esta noite, partiria?

Certamente não?

Ele não faria isso. Eu sei que ele não faria isso.

Ele está em modo de autodestruição. Tudo é possível.

Porra.

O que eu faço?
Eu ligo para ele novamente.

Bip... Bip... Bip...

— Você ligou para Henley James. Deixe um recado.

— Henley, é Juliet. Venha para casa, querido. Estou


preocupada com você. — Desligo e fecho os olhos enquanto
imagino o pesadelo que isso pode se transformar.

Se ele for com ela, se ele se afastar de mim num momento de


crise... nunca poderemos nos recuperar disso.

Deixo-me cair no sofá e coloco a cabeça entre as mãos, lágrimas


brotando dos meus olhos. — Trabalhamos muito duro para
ficarmos juntos. Não estrague tudo agora.

Estou em pânico com o que está por vir. Estou com medo por
Henley.

Ele está de luto e sozinho, e eu quero ir até ele no trabalho, mas


se ele estiver voltando para casa.....

O que eu faço?

— Blake. — Eu disco o número de Blake.

Bip... Bip... Bip...

— Você ligou para o Dr. Grayson. Não posso atender o telefone


agora. Se for uma emergência, ligue para 911. Alternativamente,
você pode ligar para meu escritório em (650) 944-9494.

— Porra. — Eu disco o número do escritório dele.

— Olá, Dr. Grayson.

— Olá, aqui é Juliet Drinkwater. Sou amiga de Blake e não


consigo contatá-lo. Ele está no escritório hoje?
— Dr. Grayson está em uma consulta hoje. Ele não sairá até
mais tarde esta noite. Pode deixar uma mensagem para ele
amanhã?

Eu fecho meus olhos. Porra.

— Não, tudo bem. Muito obrigada. — Desligo e procuro meu


telefone até chegar ao número de Antony. Eu ligo rapidamente.

Bip... Bip... Bip...

— Este é Antony Deluca. Estou no tribunal hoje. Deixe um


recado.

— Pelo amor de Deus, por que os amigos dele têm que estar
fora governando o mundo?

Começo a andar de um lado para o outro. Meu coração está na


garganta e me sinto mal do estômago. — Venha para casa, querido.
Por favor, volte para casa.

Henley
A campainha toca na minha mesa. — Seu compromisso às
quatro horas está aqui, Henley.

Eu respondo. — Obrigado, Jenny. Sairei em um minuto.

Com um suspiro profundo, levanto-me e caminho até a janela.


Coloco as mãos nos bolsos do terno e olho para o horizonte dos
arranha-céus.

Não há atividade cerebral.

Cerro a mandíbula enquanto olho para o horizonte. Meu amado


pai se foi.
Ninguém para visitar, ninguém para cuidar.

Há um vazio que não consigo explicar. Um vazio que nada mais


pode preencher.

Vou até minha mesa e procuro meu telefone. Nem na minha


mesa, nem nas minhas gavetas. Eu vasculho minha bolsa do
laptop. Não consegui encontrá-lo o dia todo. Deixei em algum
lugar?

— Onde diabos está?

Eu ligo para Jenny. — Jen, você viu meu telefone?

— Não, senhor. Você quer que eu vá e ajude você a procurar?

Coço a cabeça enquanto olho em volta. — Não, está tudo bem.


A que horas é minha próxima cliente?

— Ela está aqui agora.

— Ok, mande-a entrar.

— Obrigado por ter vindo. Foi ótimo finalmente dar uma cara
ao nome. — Aperto a mão de Erica ao sair do escritório. É o fim de
um dia que foi marcado com compromissos consecutivos.
Exaustivo não chega nem perto.

— Você também. Tenha uma boa noite. — Ela sorri. Observo-a


passar pela recepção e entrar no elevador. Jenny está sentada em
sua mesa, trabalhando.

— Vá para casa, Jen. — Eu suspiro. — Obrigado por hoje. —


Volto para meu escritório e começo a arrumar meu computador.
Uma batida suave soa na porta. Olho para cima e vejo Jenny
entrando.

— Entre, — eu respondo. — E aí?

Ela entra e fecha a porta atrás dela. — Eu só queria saber como


você estava.

— Estou bem.

— Você trabalha demais.

— Alguém tem que pagar as contas por aqui. — Eu sorrio


quando começo a fechar meus e-mails.

Ela se aproxima e se inclina na minha mesa. — Estou aqui para


ajudá-lo, Henley. Você sabe disso, não é?

Algo em seu tom me faz olhar para ela. Ela desfaz o botão
superior da blusa. — Qualquer coisa que você precisar... Estou
aqui por você.

O que?

Eu me recosto na cadeira enquanto olho para ela. — E o que


você acha que eu preciso?

— Relaxar. — Ela desabotoa outro botão da blusa, uma


sugestão de um sutiã de renda branca aparece.

— E como você vai me ajudar a fazer isso?

— Você sabe que pode confiar em mim... — Sua voz desaparece


quando ela desfaz outro botão. — Eu sei o quanto seu coração está
partido agora.

Huh?
— Lembra daquela vez na Alemanha, na conferência, onde
passamos a noite juntos?

— Isso foi há onze anos, Jen, e foi um caso único.

— Não precisa ser. — Ela desfaz outro botão. — Eu posso


satisfazê-lo, Henley. Você precisa apenas esquecer o mundo,
perder-se fisicamente. Eu posso ser seu lugar seguro para cair.

Ela abre a camisa para revelar um conjunto perfeito de seios


empinados. Sua barriga está tonificada e seu corpo é perfeito.

Ela anda até o meu lado da mesa e senta no meu colo, ela
segura meu rosto em sua mão. — Eu posso fazer você esquecer
tudo. Podemos partir para Dubai esta noite e fugir de tudo.

— Jen, que porra você está fazendo?

— Você precisa disso. — Ela olha para meus lábios. — Você


precisa de mim.

E neste momento, eu vejo isso. Clareza.

Clareza cristalina.

Com quem eu pertenço... a quem pertenço. Eu sempre soube


disso, mas ainda assim, a compreensão surge novamente.

— Estou apaixonado por Juliet.

Seus olhos procuram os meus.

— Estou triste, Jen. Meu coração está partido e agradeço tudo


o que você faz por mim. Mas não é assim entre nós.

— Temos algo, Henley.

— Nós temos. Eu sei que sim. Chama-se amizade. Uma


amizade muito especial.
— Eu reservei o voo noturno para Dubai. O voo é às dez.

— O que? — Eu estrago meu rosto. — O que diabos faria você


pensar que vamos para Dubai esta noite?

— Você disse que queria ir para Dubai o mais rápido possível.

— Hoje não, porra, — suspiro enquanto jogo meu laptop na


bolsa. — Eu tenho que ir para casa.

— Para ela? — Jenny cruza os braços com raiva.

— Sim, para ela. Já te disse um milhão de vezes, Jenny. Estou


apaixonado por Juliet. Vamos nos casar.

— Então o que diabos estou fazendo aqui? — ela chora.

— Agora mesmo... você está sendo a pessoa mais egoísta que


já conheci. — Eu jogo minhas mãos para o alto em sinal de
rendição. — Meu pai, porra, morreu ontem, Jenny, e aqui estou eu
lidando com você agindo e tentando me seduzir e me fazer voar
para o outro lado do mundo, longe da minha família.

— Você não tem família, — ela cospe.

O veneno.

— Sim. — Minha raiva aumenta. — Eu tenho. Tenho minha


família, aquela que escolhi: Juliet, Blake e Antony. — Meus olhos
prendem os dela. — E eu costumava ter a melhor PA do ramo.

Seus olhos se enchem de lágrimas. — Costumava ter?

— Terminei, Jen. — Eu dou de ombros. — Você não pode mais


trabalhar para mim. Estou transferindo você. Este não é um
comportamento aceitável. — Ando em direção à porta.

— Você não pode me deixar. Eu me demito, — ela grita.


Continuo andando e levanto minha mão em sinal de rendição.
— Bom. — Vá se foder.

Juliet
Sento-me nos degraus da frente, no escuro, meu otimismo
desaparecendo lentamente.

Fico imaginando Henley naquela cama de hospital naquele dia,


o pai deitado ao lado dele, dormindo com a cabeça apoiada no
peito, o braço de Henley protetoramente em volta dele.

Tenho uma visão de Henley raspando cuidadosamente o rosto


do pai e chicoteando-o com a camiseta enquanto o ajudava a se
vestir. A maneira como ele costumava ajudá-lo a tomar banho e ler
o jornal da manhã.

A maneira como ele o visitava todos os dias. A maneira como


eles riram juntos de tudo e de nada.

Para nunca mais acontecer...

Eu sei que o pai dele não se lembrava dele, mas isso não torna
tudo mais fácil ou menos significativo. A perda ainda é tão grande.

Meu pobre e lindo Henley.

Não consigo imaginar o que ele está passando. Eu não posso


nem fingir.

Estou tão preocupada que sinto enjoo no estômago. E se Henley


fizer algo maluco? Tipo, muito louco...

Porra.
Deixo cair a cabeça nas mãos em desespero. Não suporto a
ideia dele do outro lado do mundo. Ele não pode ir. Isso não pode
estar acontecendo.

Um carro aparece na rua e eu olho para cima e vejo que é um


Range Rover preto.

O que?

Ele está em casa.

Ele para na minha garagem e, com lágrimas nos olhos, no piloto


automático, eu me levanto. Ele sai do carro e seu rosto desaba ao
ver minhas lágrimas. — O que há de errado, baby?

— Você está bem? Fiquei tão preocupada.

Ele me puxa para seus braços. — Eu estou. — Ele me beija


suavemente. — Agora que estou com você. — Ele me abraça com
força e não posso deixar de chorar lágrimas de alívio em seu peito.

Meu grande e lindo homem, depois de tudo que passou.

Ele fez isso.

Ele se inclinou para a luz... e chegou em casa.


Doze meses depois
Sento-me no balcão da cozinha e sorrio para o meu café como
o gato que pegou o rato, porque foi exatamente isso que fiz.

Henley James, o maior prêmio de todos. O homem mais lindo


com o maior coração. Ele me adora tanto quanto eu o adoro.

Que ano turbulento, o ano mais feliz que já tive. Meu nome é
Juliet James e sou casada com o amor da minha vida.

Voltamos ontem da nossa lua de mel, um mês na Itália.

Foi incrível...

Cheio de amor e risos, o sol, a lua, o oceano e tudo mais.

E pensei que as coisas não poderiam melhorar, mas o destino


tem outras ideias.

Simplesmente aconteceu.

O carro de Henley para na garagem e eu salto para


cumprimentá-lo na porta. — Olá, Sra. James. — Ele sorri de
maneira sexy enquanto me puxa em seus braços e me beija. Sua
língua desliza suavemente pela minha boca aberta.

— Olá, marido. — Eu sorrio contra seus lábios.

Sua mão me agarra com força pelas costas enquanto ele me


leva de costas para dentro da casa. — Hoje foi muito tempo sem
você.
— Sem sexo, você quer dizer? — Eu sorrio enquanto ele me
beija.

— Sim. — Ele me joga para trás por cima do sofá e eu pulo


rindo. — Espere.

— Espere o que? — Ele sorri sombriamente enquanto tira o


paletó e o joga sobre a cadeira.

— Eu tenho notícias.

— Eu já sei disso. Você está prestes a ser fodida.

— Não. — Eu rio e mostro o teste de gravidez para ele.

Ele para e olha para baixo.

— Você vai ser pai, Hen.

— O que?

— Nossa própria família já começou. — Pego sua mão e coloco


sobre minha barriga. Ele abre os dedos com ternura.

— Tem certeza? — ele sussurra.

Eu concordo.

Através das lágrimas, seus olhos procuram os meus. — Ah,


Juliet... Eu te amo muito.

— E eu amo você...

Quando uma porta se fecha... outra abre.

O círculo da vida é uma coisa mística. Como algo velho é


perdido... uma nova alma é criada.

Magia em formação.
Se eu só aprendi uma coisa nesta vida, é isso...

Se você se inclinar para a luz, o amor sempre o encontrará lá.

Fim.

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