Você está na página 1de 332

K.

BROMBERG LIVRO UM
Distribuição: Eva

Tradução: Ane

Revisão: Iza

Leitura Final: Faby

Formatação: Eva

K. BROMBERG LIVRO UM
K. BROMBERG LIVRO UM
O Basebol nunca foi tão sexy como neste novo romance da Bestselling do New
York Times, a autora K. Bromberg.

Easton Wylder é a realeza do basebol. O jogo é a sua vida. Sua paixão. É tudo para ele.

Então, quando uma lesão ameaça acabar com a temporada de Easton, a equipe chama o
famoso fisioterapeuta Doc Dalton para supervisionar sua recuperação. Exceto que não é
Doc quem cumprimenta Easton em sua primeira sessão, mas sim sua filha Scout. Ela
pode ser mal humorada, atlética, desafiadora e deslumbrante, mas Easton se questiona
se ela tem o que é preciso para ajudá-lo.

Scout Dalton está disposta a provar que uma mulher pode lidar com a pressão de
administrar a rotina de fisioterapia de um clube MLB1. E essa prova vem na forma de
fazer com que o fenômeno Easton Wylder retorne ao campo. Para ele recuperar sua
forma ela precisará colocar a mão na massa.

E com um homem tão irresistível quanto Easton, colocar a mão na massa só pode levar a
uma coisa, problemas. Porque quanto mais o toca, mais ela o quer, e Scout não pode o
querer. Não quando é seu trabalho e interesse do clube que Easton se recupere e esteja

pronto para o jogo.


Mas quando as faíscas voam e linhas são cruzadas, eles podem suportar o calor ou um
deles será obrigado a se queimar?

K. BROMBERG
1 Major League Baseball - o nível mais alto de jogo no beisebol profissional LIVRO UM
nos Estados Unidos da América.
DEDICATÓRIA
Este livro é dedicado às mulheres que amam os esportes. Aquelas que
não pensaram duas vezes em ficar com manchas de grama nas suas
calças coladas quando garotinhas, e agora que estão mais velhas, não
têm vergonha de sentar para assistir um jogo com os caras.

Eu sempre fui uma garota do esporte.

O livro é dedicado às garotas nerds. Aquelas que gostam de ficar em


casa numa sexta à noite e se perder nas páginas de um bom livro.
Aquelas que sempre querem aprender coisas novas.

Não tenha vergonha de ser esperta.

Este livro é dedicado às garotas fortes. Para aquelas que preferem


ajudar suas amigas a ter sucesso ao invés de tentar derrubá-las.

Sempre fui uma garota forte.

Este livro é dedicado às garotas inseguras. Você. Eu vejo você.


Eu estou com você. Eu sou você. Está tudo bem espalhar suas asas
de vez em quando e ver quão longe você pode voar. Quem não arrisca
não petisca.

Olhe para mim, eu arrisco

K. BROMBERG LIVRO UM
PRÓLOGO
Easton

A corrida me atinge.

A adrenalina através do meu corpo.

O rugido da multidão nos meus ouvidos.

A mistura de aromas — sujeira, pipoca, couro, pine-tar1— no


meu nariz.

Eles são a minha salvação.

Minhas constantes.

A única religião em que me ensinaram a acreditar.

A única coisa que me permitiram ser.

Para aqueles poucos momentos antes da dor me atingir — dor


cega, excruciante e sem fim — quando a poeira está dançando ao meu
redor e sinto os grãos deslizando pelo meu corpo, lembro porque eu
amo o jogo.

Tudo sobre ele.

E então olho para cima

1 Substância pegajosa extraída da árvore de Pinho usada por jogadores para melhorar seu controle
sobre o bastão.

K. BROMBERG LIVRO UM
Nossos olhos se encontram. Numa fração de segundo. Mas eu
me lembro de algo. De alguém.

E depois desaparece.

Porque agora só há dor.

Toma conta de tudo.

Rouba minha respiração.

Mata minha série.

E espero que não arruíne o meu futuro.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 1
Scout
Quatro meses depois

“Como você me deseja?”

Olhos cor de avelã.

Um sorriso arrogante.

Essas são as duas primeiras coisas sobre Easton Wylder que


chamam a minha atenção quando ele espreita a cabeça pela porta da
sala de treinamento.

Abro minha boca para falar, mas fico em silêncio quando ele
atravessa a porta e aparece em plena vista. E não é só porque ele está
sem camisa — isso faz parte do meu trabalho — mas tudo sobre ele
rouba as palavras dos meus lábios. O peito nu, bronzeado e muito
tonificado. O calção baixo de ginástica mostrando um v perfeito de
músculos e uma trilha feliz ligeiramente visível, que atrai meus olhos
para onde eu não deveria estar olhando.

Mas eu olho.

E isso é um problema. Porque mesmo que seja só por um


momento, ainda é tempo suficiente para ele perceber. Estalo meus
olhos acima do seu pescoço e sou mais uma vez cumprimentada com
aquele sorrisinho convencido absolutamente seguro que, juro, zomba
de mim e pergunta se eu gosto do que vejo.

K. BROMBERG LIVRO UM
Outro dia. Outro cliente. Outro jogador.

Eu não deveria ter esperado nada menos.

Ele é gostoso. Tenho que admitir. O tipo que dá água na boca,


de parar o trânsito, o tipo que atrai-todos-os-olhares de tão quente. E
não é só isso, mas ele é um deus louco no campo. Um dos melhores
apanhadores que já vi. Média de rebatidas, porcentagem de chegada
na base, porcentagem de roubos capturados, pickoffs2, bolas
passadas — e todas as suas estatísticas dizem que se ele ficar nesta
faixa, será um dos grandes com certeza.

O pacote total.

Mas se as primeiras impressões forem alguma indicação —


levantamento arrogante de sobrancelhas e o jogo pretensioso de seus
ombros — já sei que ele será como qualquer outro pacote total com o
qual eu já trabalhei. Ótimo para olhar, mas uma chatice para lidar.
Convencido e unidimensional. Se não é sobre ele, ele não quer falar
sobre isso.

Espero estar errada, ou então isso se tornará três longos meses.


Não só isso, mas admirei sua carreira ao longo dos últimos anos e
prefiro continuar admirando o homem que sempre imaginei que ele
seria.

“Deitado de costas?” Ele reformula sua pergunta, antes que eu


possa recuperar meus pensamentos, e dá um passo mais perto. “De
barriga para baixo?” Ele para e esfrega uma toalha sobre seu rosto e
para quando o seu cabelo castanho escuro está espetado
desordenadamente, mas de alguma forma ele só fica ainda mais
atraente.

Dê uma chance a ele, Scout. Ele é da realeza do basebol. Além


disso, ele pode não ser tão ruim. Será que realmente importa se ele é
um idiota presunçoso? Ainda há um contrato, um prazo definido, e
Easton ainda é seu cliente. Então, rápido. Faça o seu trabalho.

2 Pickoff seria pegar um rival fora de posição ou isolado.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Uh,” digo enquanto olho novamente para baixo, tentando não
deixar aquele corpo — duro, danificado, uma perfeição — atrapalhar
meus pensamentos e minar meu profissionalismo.

“Uh?” Ele repete, com os olhos apertados pela risada de uma


piada que só ele parece entender.

“Desculpe, você me distraiu.” Assim que as palavras escapam


eu percebo como soam, dando a entender que seu corpo é o culpado.

“Distraí?” Um levantamento de sobrancelhas. A sombra de um


sorriso.

Começo novamente. “Sou a nova fisioterapeuta esportiva que o


clube contratou para ajudar no seu retorno ao campo.”

“O clube contratou você? Eu pensei que estavam contratando o


Doc… e definitivamente você não é o Doc.”

“Doc é quem me designou para o seu caso.” Meu tom é


defensivo, minha alma cedendo sob o peso de por que estou aqui e ele
não.

“Doc Dalton, Doc?” Descrença tinge seu tom.

“Sim, Doc Dalton, Doc. Eu sou sócia dele.”

“Sócia? Doc é famoso por trabalhar sozinho.” Ele estreita os


olhos e me estuda descaradamente por um momento. O escrutínio
silencioso fez com que eu trocasse o meu peso de lado, e assim que
estou prestes a falar, ele ri baixo de algo que, obviamente, não tenho
conhecimento. “Qual dos caras contratou você?”

“Seu Gerente Geral, Cory Tillman.”

“Cory?”

“Sim. Cory.” Por que é tão difícil ele entender?

“E ela até sabe o nome certo,” murmura, mais para ele que para
mim, só aumentando minha confusão. “Boa tentativa, no entanto.
Minha aposta está em Drew ou Tino. Eles cobriram todas as suas
bases com você, não foi?”

K. BROMBERG LIVRO UM
O que diabos ele está falando?

“Não que você se importe, mas eu não preciso de minhas bases


cobertas. Eu realmente gostaria de começar.”

“Não.”

“Não?” Ele está falando sério?

“Você acha que eu deixaria qualquer um tocar meu braço?”

“Com licença?” O insulto me atinge mais do que deveria. Isso já


era esperado — a suposição de que não posso ser tão boa quanto Doc
— e ainda assim meu temperamento acende. “Eu posso assegurar
que o meu toque é tão mágico quanto o do Doc.” Idiota.

“Tenho certeza de que é,” ele murmura, elaborando as palavras,


enquanto seus olhos vagam pelo meu corpo. Seu olhar — de pura
avaliação masculina — irrita ainda mais meu temperamento já
esgotado de paciência. E não quero meu temperamento fora de
controle. Eu não quero sentir nada quando se trata dele e de como
agora ele está provando ser um idiota estúpido.

“Experimente em outra pessoa, sabichão. Seu charme não vai


funcionar comigo.”

“Meu charme?” Amo o pequeno susto dele. Aquele que diz que
não está acostumado a ser colocado em seu devido lugar.

“Sim. O charme do ‘Eu sou um bastardo arrogante’. Você


realmente consegue alguma mulher quando age assim?”

“Não sabia que estava tentando arranjar uma mulher.” Os


olhos dele travam no meu. Há humor em suas profundezas de avelã,
mas sinto-me estupidamente ferida como se ele tivesse acabado de
me rejeitar, quando em primeiro lugar, na verdade, não quero nem
sequer ser desejada por ele. “E para o registro, isso funciona o tempo
todo.”

O que eu daria para tirar esse sorriso presunçoso da sua cara


agora.

K. BROMBERG LIVRO UM
“E daí? Você somente se aproxima e lança algumas estatísticas
sobre elas? ‘Ei, querida, estou tendo uma temporada assassina,
batendo trezentos e setenta e cinco com uma série de batidas de vinte
jogos. Quer sair?’”

“Não.” Ele luta para segurar a risada, e eu odeio isso, embora


saiba que estou sendo ridicularizada, o seu sorriso tímido me atrai a
dar um passo mais perto. “Eu só digo a elas que tenho um bastão
grande e eu sei exatamente como usá-lo.”

“Sério?”

Ele encolhe os ombros. “Não, mas você vai pensar o que quiser
de qualquer maneira, certo?”

“Claro que vou.”

“E você tem uma coisa contra bastões grandes, acertei?”

Ele está me provocando. Vendo até onde pode me empurrar.


Mal sabe ele que eu devolvo na mesma moeda.

“Nada contra bastões grandes, mas eles são inúteis a menos


que você saiba como usá-los. E os caras que usam frases como essa
que você acabou de dizer definitivamente vão levar um tempo para
aprender a usá-los corretamente.”

“Está falando por experiência própria? Muitos homens tentam


frases como essa em você?” Nossos olhos atravessam o pequeno
espaço.

“Não homens que eu daria uma hora do meu dia.”

“É uma pena. Talvez você não tenha encontrado o cara certo,


então.” Ele só olha para mim com um olhar implacável que faz
perguntas e faz suposições que prefiro que não faça. Esta conversa foi
por um caminho fora do curso de onde deveria estar.

Volte para ele.

Foco nele.

K. BROMBERG LIVRO UM
Eu não perdi meu senso de ironia afinal isto é exatamente o
oposto do que eu quis momentos atrás.

“Olha, estou aqui para fazer um trabalho. Provavelmente é


melhor nos atermos somente a isso,” digo em uma tentativa de
redefinir esta conversa pela segunda vez.

“Você tem certeza que quer? Sua hostilidade grita o quanto está
gostando da minha companhia.”

“Gostar de você não é uma necessidade. Sou boa em ignorar


pessoas que me pressionam do jeito errado.” Sigo com um sorriso
repugnantemente doce. “Vamos lá.” Aponto para a maca acolchoada
atrás dele.

Ele olha para a maca e depois de volta para mim. “E se eu te


falar que agradeço, mas não obrigado.”

“E se eu te disser que você não tem uma palavra a dizer? Estou


sendo paga para fazer um trabalho, e pretendo concluí-lo.” Dou
alguns passos mais perto dele e me certifico que a minha voz saia
mais autoritária possível. “De costas, agora.”

“Tenho que amar uma mulher que sabe o que quer.” Não há
dúvida de que existe sugestão em suas palavras, e é apenas reforçada
pela intensidade da maneira como ele olha para mim, como se com
cada segundo passado, outra camada da minha roupa está caindo
“Mas você vai aprender, em breve, que raramente faço o que me
mandam.”

“Muito obrigada.” O sarcasmo soa através da minha voz


enquanto realizamos uma guerra visual de vontades, mas não tenho
certeza sobre o quê. Estou aqui para lhe dar exatamente o que ele
quer — estar de volta ao campo — e assim o seu desafio é frustrante e
confuso.

Porque, embora eu possa ter sido questionada pelos jogadores


no passado — subestimada porque sou uma mulher, testada porque
não tenho experiência como Doc — tudo é tão diferente dessa vez.

K. BROMBERG LIVRO UM
Desta vez tenho o respaldo de Doc Dalton na referência da
minha carreira para a reabilitação de Easton Wylder. Tenho os
últimos desejos de meu pai para cumprir. Tenho a minha reputação
para solidificar.

“Mal-humorada, linda, inteligente e educada,” ele reflete,


cruzando os braços sobre o peito para que seu bíceps flexione com o
movimento. Sobrancelhas levantadas, ele ainda me dá um sorriso
cheio para completar. “Por causa disso, eu vou obedecer... mas
apenas desta vez.”

Pare de olhar para mim. “Vamos lá.” Pare de sorrir para mim
assim. “Sobre a maca.” Pare de flexionar seus bíceps. “Camisa fora.”
Pare de me irritar.

“Eu já estou sem camisa.”

“Oh. Sim. Desculpe.” Merda. Nada como mostrar que você é


capaz e controlada, perdendo completamente o óbvio. “Você quer dizer
onde mais incomoda, então posso iniciar o procedimento?”

“Eu tenho muitas dores.” Ele ri, e me irrita demais o fato de que
acho o som sexy. “Mas estou curioso, como você planeja me consertar
se tocar a clientela está fora dos limites?”

“Eu vou tocar, Wylde. Vou colocar minhas mãos e meu corpo
até que faça sua dor desaparecer, então, avançamos para sua
próxima dor e começamos o processo novamente.” Ignorando a
descrença em seu rosto, aponto para a maca atrás dele. “Eu pensei
que você ia obedecer desta vez?”

“Com uma condição.”

Condição? Ele está falando sério? Não tenho escolha a não ser
jogar junto. “O que seria?”

“Pare de fingir que você sabe o que está fazendo quando se


trata do meu braço.” Ele arqueia uma sobrancelha em desafio.

A maneira mais certa de irritar uma mulher é questionar suas


habilidades e ainda assim ele fez de novo. “Não seja idiota. Você está

K. BROMBERG LIVRO UM
me irritando. E desperdiçando meu tempo.” É a minha vez de levantar
as sobrancelhas. “Eu não gosto de ter o meu tempo desperdiçado.”

“Não é o cliente que sempre deve estar certo?”

“Sente-se.”

“O que a senhora quer, a senhora tem.” Aceita, mas com um


sorriso torto que diz de alguma forma que ele está conseguindo o que
exatamente quer de qualquer maneira, ele joga o traseiro na maca
acolchoada atrás dele, os olhos ainda estão trancados no meu. “Mais
uma condição?”

“Não há mais condições.” O homem é positivamente frustrante.

“Qual é o seu nome?”

“Scout,” respondo, já esgotada deste jogo no qual sou um


jogador sem entender nada totalmente.

“Scout?”

“Sim. Scout.” Prefiro deixar de fora o meu sobrenome. Não


preciso que ele questione ainda mais minhas habilidades.

“Isto não é exatamente o tipo da originalidade que esperava. O


que aconteceu com Star ou Trixie ou Kitty? Todos já foram usados?”

O que diabos ele está falando?

“Desculpe desapontá-lo, mas é apenas Scout.”

“Droga. Minha aposta estava em Kitty.”

“Não.”

“Scout. Hmm.” Ele acena com a cabeça, os olhos se estreitando


como se estivesse tentando descobrir algo. “Eu estava errado. Não foi
o Tino. Foi o Drew. Foi ele quem te contratou, treinou sobre o que
dizer e instruiu sobre o que deve fazer, certo?” Easton balança as
pernas na maca e eu juro que o escuto dizer algo sobre nada de
preliminares, mas quando se sustenta em seu cotovelo e encontra o

K. BROMBERG LIVRO UM
meu olhar perplexo tudo o que ele faz é me dar um maldito sorriso de
garotinho perfeitamente inocente.

“Desculpe, eu perdi alguma coisa?” Estou tão confusa.

“Não preocupe essa sua cabecinha.” Ele diz com um sorriso.


“Você não está perdendo nada.”

Escuto a zombaria em seu tom, os sinos de alarme me dizendo


que algo está acontecendo que não consigo entender, mas estou
momentaneamente distraída pela nossa proximidade. Pelo cheiro do
xampu em seu cabelo. Pela visão de desbotadas cicatrizes em seu
corpo, mais visível agora que estou próxima a ele. Pela cor única de
seus olhos, que são uma mistura de marrom e cinza com um anel de
azul em torno da íris.

Mas é o seu estremecimento que me puxa da terra do nunca. É


um movimento simples, o levantamento de seu braço atrás da cabeça,
mas pego a careta em seu rosto. Meus olhos estão em seu ombro. Na
vibração de seus músculos enquanto ele se desloca e se ajusta para
ficar confortável e a máscara agora no lugar tentando fingir que não
dói.

Meu treinamento entra em ação. Toma conta. Afasta longe essa


pontada indesejável de luxúria que momentaneamente me hipnotizou.
Coço para pôr as minhas mãos sobre ele assim posso alongar e
esticar e tentar dar-lhe o alívio da sua dor lancinante.

Mas quando estou prestes a tocar seu ombro, ele muda para
me olhar e pergunta, “Você não precisa de música ou algo assim?”

Minhas mãos congelam enquanto suas palavras rompem minha


concentração. Elas tocam meus ouvidos, e minhas sinapses disparam
para o que parece a primeira vez desde que ele entrou aqui. Tudo se
encaixa. As sugestões que estão mexendo na minha mente de repente
se juntam e fazem sentido.

O jogador irreverente.

O verdadeiro macho alfa no melhor modelo americano.

K. BROMBERG LIVRO UM
E um notório brincalhão.

Como não pude conectar os pontos anteriormente? Que o


homem que é conhecido nos vestiários de todo o país por trolar seus
companheiros de equipe — como aqueles que ele chamou momentos
atrás, Tino e Drew — pensa que eles estão armando algo para ele.
Devolvendo as lendárias brincadeiras que ele aprontou antes.

E Easton acha que estou nessa.

Preliminares. Música. Os nomes de palco ridículos.

Sim. Ele acha que sou uma stripper.

Ou uma prostituta.

Adorável.

E eu deveria me sentir insultada por ele achar que estou aqui


porque fui contratada por seus amigos para uma dança, porém pelo
menos agora toda a nossa conversa faz algum sentido.

Por que o pensamento me alivia? Porque isso o redime? Não


tem importância. Mas talvez ele não seja o idiota que eu imaginei.
Talvez, apenas talvez, ele estava reagindo à situação que ele assumiu
e isso não tem nada a ver comigo.

Mas, novamente, ele ainda está deitado, deixando isso rolar,


ainda me deixando — a mulher que ele acha que está aqui para fazer
um striptease para ele — tocá-lo.

E embora eu possa ter trabalhado em clubes suficientes para


saber que esta brincadeira é inofensiva no esquema das coisas,
também sei que não há melhor maneira de conseguir que um
brincalhão o leve a sério do que devolver a brincadeira. Então, faço a
decisão em uma fração de segundos e continuo essa farsa. Vou
desempenhar o papel, e então, quando for o momento certo, vou
revelar a verdade. Talvez sua decepção por não ser uma stripper, vá
derrubar um pouco a arrogância do seu sorriso.

Quando encontro seu olhar novamente, seguro o meu por mais


um tempo e dou um sorriso sedutor. “Se eu preciso de música? É

K. BROMBERG LIVRO UM
sua preferência. Você prefere que eu... faça isso com música? Ou você
prefere antes fazer um teste — ver o que é bom para você, o que não é
e então podemos começar daí?” Não acredito que minha voz já
ronronou antes, mas agora sinto que eu mereço o nome artístico
Kitty.

Os cílios grossos se abrem em choque pela minha súbita


mudança de comportamento. Ele olha para mim e depois para as
janelas da sala de treinamento e depois para além do vestiário vazio.
Deve estar se perguntando onde Drew e Tino estão, porque sem
dúvida eles estariam esperando para assistir seu jogo de brincadeiras.

Sem chance, sabichão. A piada é sobre você.

“Não há mais ninguém aqui, Easton. Só você. E eu.” Coloco


meu dedo em sua testa e empurro para que sua cabeça repouse. “E o
pequeno treino que vou te dar."

“Um treino? É assim que você vai chamar isso hoje?” Assim ele
puxa uma rápida respiração e estica seus músculos sob a ponta dos
meus dedos enquanto pressiono a pele em cima do manguito rotador
para sentir a presença de tecido cicatricial. Primeiro passo para tentar
avaliar por que seu braço está levando tanto tempo para curar
quando já deveria ter ultrapassado o estágio de estremecimento.

Sua pele é suave. Quente. E sinto um toque de eletricidade —


zumbindo algo — quando nossos corpos se conectam desse modo
mais inocente. É tão inesperado e diferente de tudo que já senti antes
que tenho que parar e puxar minha mão para longe em reação.

“Eu aprecio você fingir que sabe o que está fazendo e tudo,
mas—”

“Oh, eu sei o que estou fazendo, não se preocupe,” sussurro


para parar o seu protesto. “Vamos tentar isso agora. Isso dói?” Ele
resiste quando tento levantar o braço sobre sua cabeça. Pelo menos,
ele tem senso suficiente para questionar permitir uma stripper
trabalhar em seu braço de um milhão de dólares.

“Não. É só que... eu não acho que você deveria —”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Eu asseguro que estou mais do que qualificada.” Há um
pânico em seus olhos, medo sobre o quão longe essa stripper vai
continuar na rotina do Eu-sou-uma-fisioterapeuta. Então continuo.
“Uma Lesão Labral3 não é nada com que se deva brincar. Apenas um
profissional saberá como fazer você se sentir melhor. E fique
tranquilo, sou uma profissional.”

“Tocar em mim é uma coisa, Scout,” ele diz com um pouco de


perplexidade, “mas meu braço é outro assunto.”

“Você não confia em mim para corrigir isso?” Levo meus dedos
até seus bíceps e seu pomo de adão sobe e desce em reação enquanto
ele decide o que fazer a seguir.

“Duvido muito que é para isso você está aqui.”

“Ah é?” Finjo inocência. “Então por que não decidimos


exatamente para o que estou aqui?”

Em um movimento que uso diariamente para alongar meus


jogadores, e antes de perder o elemento surpresa, subo na maca para
que meus joelhos agarrem os lados de seus quadris.

“Espere. Caramba.” O rosto de Easton é a imagem da surpresa


— olhos arregalados, boca abrindo e fechando, sobrancelhas
arqueadas.

“Estou pronta se você estiver.” O ronronar está de volta quando


inclino para frente ficando de quatro com os nossos troncos paralelos
e os meus olhos trancados com o dele.

“Sim. Não.” Easton pisca rapidamente como se isso ajudasse a


entender o fato que o que foi todo o divertimento e jogo há um minuto
é muito verdadeiro agora. Uma parte de mim gosta que ele esteja
hesitante e não todo mãos bobas e pronto para ir com uma mulher
qualquer. A outra parte de mim pergunta se eu realmente fosse uma
stripper em uma brincadeira, o quão longe ele deixaria isso ir. “Meu

3 A lesão Labral pode causar dor e desconforto no ombro aos movimentos diários e são de difícil
diagnóstico.

K. BROMBERG LIVRO UM
reabilitador — Doc. Ele estará aqui a qualquer minuto.” Ele solta um
protesto.

“Não, ele não vai.”

“Ele não vai?” Sua voz aumenta.

“Não.” Balanço a cabeça e levanto minhas sobrancelhas.

“Eu sabia disso. Eu sabia que Drew e Tino estavam por trás
disso.” Ele solta um riso que é parte descrença, parte alívio, mas
quando começa a se sentar, eu permaneço onde estou.

“Não. Não é uma pegadinha.” Isso o deixa paralisado.

“O que você quer dizer? Você é uma...”

“Uma fisioterapeuta,” finalizo a frase por ele.

“Essa é boa. Linda. Mas eu chamo de besteira.”

“Na verdade, não é.” Estico apenas uma mão e quando estou
quase pegando em seu ombro, ele se afasta do meu alcance. O silvo
da dor, a reação automática, é audível. “E você precisa de mim.”

Seu olhar perfura o meu — medindo, julgando, duvidando —


antes que seu sorriso convencido retorne. “Tenho certeza que muitos
outros caras precisam de você... Scout, não é? Mas não sou um deles.
Eu não preciso pagar para ver um pouco de pele.”

“Primeiro, você não está me pagando, o clube está. E segundo,


eu estou completamente vestida.”

“Pare com a ceninha querida. O clube não te paga nada. Eles


estão pagando Doc, e agora, ele está em algum lugar esperando por
mim e eu preciso encontrá-lo. Então, o tempo acabou. Foi bonitinho,
você quase me convenceu por um momento, mas está na hora de você
ir embora.”

Concordo com a cabeça em resignação simulada enquanto


lentamente subo na maca, mas meus olhos nunca deixam os seus
quando inclino para perto de sua orelha. “Hoje eu vou deixar passar,
apenas para que você coloque nessa linda cabecinha o fato de que eu

K. BROMBERG LIVRO UM
sou sua nova fisioterapeuta. Esteja aqui amanhã. Mesmo horário.
Mesmo lugar. Não se engane com a minha aparência, porque vou dar
um jeito em você e só assim posso te levar de volta ao campo.” Recuo,
observo em sua expressão de olhos arregalados quando ele se
transforma lentamente de arrogância para a realização de que
realmente só posso estar dizendo a verdade. Eu sorrio. “Oh e deixe
suas suposições em casa. Não sou o Doc, mas eu tenho certeza que
sou uma Dalton. Foi um prazer.” E com isso, viro as costas e vou para
a porta. Minhas mãos estão tremendo e meu corpo está flutuando em
algo semelhante à adrenalina, mas estou satisfeita que ele vai me
levar a sério a partir de agora.

“Ei, Kitty.”

Apesar de todos os desejos no meu corpo de continuar a andar


e não reconhecer o apelido de stripper, meus pés param. E odeio isso,
mas, pelo menos, não lhe dou a satisfação de me virar para encará-lo.

“O nome é Scout. E, para que conste, não tenho a certeza se


devo ficar lisonjeada ou chateada por pensar que aceitaria dinheiro
para dançar ou dormir com você.”

“Portanto, você faria de graça então?" A risada que se segue é


suave como seda, cheio de sugestão e torce por dentro com uma
potente combinação de repulsa e desejo.

“Dificilmente,” eu minto.

“Que bom que não mordi a isca então. Eu estava pronto para te
beijar sem sentido apenas para chamar seu blefe e provar que você
era mesmo uma stripper.”

“Coisa boa que eu não preciso usar meu joelho em suas bolas,
por isso.”

Sua risada é mais quente desta vez. “Felizmente para mim, eu


pratiquei imobilização.”

“Lembre sempre dessa expressão — prática de imobilização,”


Digo, sentindo como que eu fiz algum progresso. “Eu não serei fácil
para você, você deve saber.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Vou contar com isso. E Scout? Eu sabia que você não era uma
stripper.”

“Boa desculpa para tentar livrar sua cara, sabichão.” Homens e


seus egos. “Mas se esse é o caso, então por que você me deixou
manter a farsa?”

“Só um homem estúpido pararia uma mulher bonita quando


ela está montando suas coxas.”

“E eu aqui pensando que você havia se redimido,” murmuro


através do sorriso que ele não pode ver.

“Redenção é chato. Eu prefiro a excitação,” ele diz.

“Ótimo.”

“Amanhã, Scout.”

“Sim. Sim.”

Saio do vestiário, o eco de meus passos no corredor de


concreto, e procuro um lugar tão ruidoso como sua voz se repetindo
em minha mente. ‘Eu estava pronto para te beijar sem sentido apenas
para chamar seu blefe.’

Se isso seria a minha punição por estar errada, por que diabos
eu iria querer estar certa?

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 2
Easton

“É só dor. Já joguei antes. Eu posso jogar com ela novamente.”

“E arriscar acabar com sua carreira.”

“Olha, eu conheço o meu corpo melhor do que ninguém. Não


vou arriscar a minha carreira forçando-o antes do tempo, é por isso
que —”

“É por isso que o clube contratou o Doc.”

“Não quero nem lembrar.” Meu riso é carregado com sarcasmo,


mas meus pensamentos já estão de volta a morena atlética, com
desafiadores olhos cinzentos e uma boca espertinha. Que
provavelmente pensei mais vezes nas últimas horas, enquanto
esperava o meu agente responder, do que gostaria de admitir. “E só
para esclarecer, não é Doc que fará a minha reabilitação. É Scout.
Quem diabos é Scout, porque eu fiz algumas chamadas, perguntado
por aí e não encontrei merda nenhuma sobre ela a não ser que é a
filha dele. Sua filha, Finn? Não é uma profissional de primeira que
está reservada por meses de antecedência porque todos querem
recorrer a ela. Olha, eu não sou o melhor quando se quer assumir a
profissão do velho porque... bem, seria o sujo falando do mal lavado.
Mas assumir e realmente ser tão bom quanto ele são duas coisas
totalmente diferentes. O clube prometeu que me pegariam o melhor
fisioterapeuta após a besteira que tive de aturar da porra do fisio
anterior. Segundo melhor não é o melhor, Finn. Estamos falando do
meu braço. Minha carreira, então —”

K. BROMBERG LIVRO UM
“O mesmo braço que você quer dar uma banana ao protocolo do
clube e se declarar pronto sem o consentimento do terapeuta, certo?”

Porra. Finn me pegou. Rolo meus ombros em reflexo e odeio


que há uma pequena fisgada de dor quando faço — minha constante
lembrança de que não estou pronto para jogar e mesmo assim é tudo
o que quero fazer para recuperar minha vida.

“Easton,” Ele suspira. “Você concordou com os termos e tem


que respeitar os parâmetros agora.”

Seu tom de desaprovação irrita meus nervos. “Já falamos sobre


isso.” O que parece um milhão de vezes.

“Bem, foi você quem assinou os papéis —”

“É claro que assinei. Eles me tiraram do campo e a dor era tão


brutal que teria assinado qualquer coisa para que eles conseguissem
um analgésico o mais rápido possível; então não me castigue como se
eu tivesse feito algo estúpido. Você teria feito exatamente a mesma
coisa.”

Seu silêncio é mais irritante do que seu tom de desaprovação.


“Eu teria pelo menos lido os papéis primeiro.”

“Sim. Sim. Eu sei. Mas não fiz, e agora sou forçado em suas
diretrizes de reabilitação. Eles podem realmente colocar um prazo
para o meu retorno? Não é como se todos curassem da mesma
forma.”

“Deveriam fazer? Não. Eles podem? Bem, você assinou o


documento que dizia que você voltaria no início de agosto, então sim,
agora, eles tecnicamente podem.”

Eu dou de ombros, chateado comigo mesmo por ter assinado,


com ele por lembrar constantemente sobre isso e em toda a merda
que não pode ser mudada. “E se eu não estiver pronto até lá?”

“Já te disse, eles podem negociar você.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“E você também disse durante a última negociação que eu
tinha um contrato blindado, Finn. Oito anos, com uma opção de
extensão.”

“É blindado… mas então você vai lá e assina os primeiros


papéis que colocaram na sua frente sem ao menos ler e —”

“Não foi assim... você não entende.” Frustrado, eu belisco a


ponta do meu nariz e fecho os olhos para não ver o estádio em minha
frente, me provocando. “Não importa. Eu não consigo entender este
novo Gerente Geral, mas acho que é o seu novo protocolo.”

“O que é?” Ele pergunta. “Fazer um jogador assinar algo


quando seu braço foi simplesmente rasgado? Parece muito insensível
se você me perguntar. Qual é o propósito? Colocar todos os pingos
nos ‘is’ e cortar todos os ‘tês’ era realmente tão importante naquele
momento?”

“Você está pregando ao vento, cara.”

“Todo mundo diz que ele é o melhor que existe quando se trata
deste tipo de coisa e não há nenhuma maneira que eles podem ser
todos loucos. Então aguente firme.”

“Mais fácil dizer do que fazer,” reclamo.

“Sim, o lado bom é que normalmente ele leva três anos para
reestruturar com sucesso uma organização, antes de se mover para a
próxima.”

“Três anos?” Porra.

“Vamos apenas esperar que todas essas novas políticas e


estratégias, em algum momento, vão valer a pena. Espero ver uma
taça do campeonato antes dele sair.”

“Sempre à procura do diamante em uma pilha cheia de bosta


de vaca não é, Finn?”

“Um de nós tem que esperar.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Estratégias são uma coisa, mas tratar seus jogadores com
respeito é outra. Estabelecer para mim uma quantidade finita de
tempo para a reabilitação e retornar para a formação inicial
definitivamente não é uma maneira de mostrar respeito.” Tudo sobre
a situação me irrita e me empurra no caminho errado.

“Eu sei. O prazo é provavelmente o caminho de Cory para


adicionar um pouco de pressão para que você volte ao campo o mais
rápido possível. Afinal, você é o seu jogador-estrela.”

“Ele sabe que este é o meu trabalho, certo? Jogador estrela ou


não, eu sou um menino grande que está bem ciente de quais são
minhas obrigações.”

“Ele sabe. Prometo que lhe dei uma bronca por isso. Mas olhe
para o lado positivo, ele te ouviu e trouxe o Doc — o contratou
exclusivamente para sua reabilitação. Isso mostra quanto o clube
quer — não, necessita — a sua volta para ajudá-los a ganhar esse
campeonato que ele prometeu a cidade.”

“Talvez. Mas se eles me quisessem de volta tão


desesperadamente, seria Doc aqui, não sua filha.”

“Ela não estaria aqui se não fosse qualificada. Você parece uma
menininha reclamona. Você queria um fisioterapeuta diferente e você
tem uma. Engole essa, Wylde. Você tem menos de três meses para
obter seus pontos de volta entre as linhas de giz, então use os
recursos que eles têm para você e pare —”

“De reclamar,” eu termino para ele quando esfrego uma mão no


meu cabelo e olho para o Estádio vazio. “Você está certo. Sinto
muito.”

“Não sinta.”

“Isso está ficando velho. Estou preso à fisioterapia para


retornar ao cronograma e sou pressionado pelo clube que eu joguei
por toda a minha carreira e tudo porque decidi ir fazer um Home

K. BROMBERG LIVRO UM
Run4 e tentei uma corrida extra? Santiago ainda não tinha a bola
quando ele bloqueou o home plate5. E daí? Ele se joga sobre mim,
fode o meu braço em uma porra de um jogo sujo e tudo que o filho da
puta recebe é uma multa de cem mil e uma suspensão de quatro
jogos? Quer saber por que estou de mau humor? É porque estou
ficando com a pior parte dessa merda toda, sem nenhuma maldita
pista do por que ele fez isso.”

Eu sei que ele já ouviu isso antes. Minha reclamação e lamento


sobre a lesão. Sobre eu ser arrancado do meu jogo, minha vida, e ser
forçado a sentar aqui em uma base diária e vê-los jogar sem mim.

“Não sei dizer por que Santiago tem uma rixa com você... mas
ele tem. Isso é muito óbvio.”

“Não me fale, quase nem percebi. Desculpe,” falo o que parece


ser, pelo menos, a décima vez. “Eu só vou dar uma festa de piedade.”

“Eu entendo, East. Você quer voltar logo.”

“Como malditamente para ontem.”

“Eu sei cara, mas não posso fazer seu braço curar mais rápido.
Você teve os melhores cirurgiões, os melhores recursos, e agora você
terá o melhor fisioterapeuta que existe no beisebol.”

“Mas —”

“Você acha que o Doc arriscaria a carreira dele arruinando a


sua? Se ele mandou a filha para sua reabilitação, então, sem dúvida,
ela está qualificada para recuperá-lo. Apenas enfrente. Coloque os
fones de ouvido se você precisa, ouça um desses fodidos audiobooks
que eu não posso pela minha vida entender como você escuta e

4 Home Run é toda a rebatida na parte válida que ultrapassa os limites do campo, indo para a
arquibancada. Nesse caso, tanto o rebatedor quanto os corredores (se houver) anotam corridas
automaticamente.
5 Home Plate - É uma placa que fica na base do campo. Para o time que está no ataque em uma partida
de beisebol, o jogo começa no home plate, que é também chamado de home base. É um pouco ao lado
dessa área que o rebatedor se posiciona para tentar acertar a bola e se encaminhar para a primeira,
segunda e terceira bases e, se obtiver sucesso na empreitada, anotará um ponto para a sua agremiação
quando retornar ao home plate.

K. BROMBERG LIVRO UM
esqueça o resto... mas dedique seu tempo. Você terá resultados. E
estará de volta antes que perceba.”

É mais fácil falar do que fazer.

“Sim. Certo.”

Termino a ligação, inclino-me no rígido assento plástico do


estádio e apoio meus pés na fileira vazia na minha frente.

E ouso olhar para o que estou perdendo. As redes de contenção


desaparecem enquanto olho para o lugar onde eu vivo minha vida —
entre as linhas de giz e atrás do home plate.

É malditamente bonito. Uma bênção e uma maldição. Meu


prazer e minha dor.

A única coisa que conheço na vida.

A única coisa que sempre quis fazer.

Eu me perco em meus pensamentos. O tempo passa, os


minutos correm para o jogo dos ACEs em mais uma noite que não
estarei jogando. E como em todas as noites que o meu time joga sem
mim, eu luto contra a raiva e a impotência que domina minha mente.

Eu sei que ele está lá. Posso senti-lo antes de ouvir o rangido do
assento abaixo do meu, seguido pelo pigarrear de sua garganta. Eu
não olho para frente — não tenho certeza se quero lidar com sua
besteira agora — então balanço minha cabeça em vez de falar.

“Pelo tempo que você está sentado aqui fora, e o fato de que
você não está na reunião da equipe agora, estou certo em assumir
que você não foi liberado para jogar ainda?”

“Oi pai. Como você está hoje?”

“Eu levo isso como um não?”

“O que você acha?”

“Não banque o engraçadinho.” Não há humor nenhum no seu


tom. Nenhum sorriso aquecendo sua voz.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Eu não fui liberado. Estou aqui. Eles estão lá. E passaram dois
dias desde a última vez que você fez a mesma pergunta e exatamente
perguntou três dias antes disso a mesma coisa, então você realmente
pensa que me recuperei milagrosamente desde então?”

Definitivamente não estou com paciência para aturar as merdas


dele.

“A equipe —”

“Pai, há mais coisas na vida do que beisebol.” Olho para ele


pela primeira vez. Não dou um sorriso, nem um aceno, apenas um
arquear das minhas sobrancelhas atrás dos meus óculos de sol em
uma tentativa insignificante de mascarar minha necessidade dele ser
apenas meu pai e não o Gigante do beisebol, Cal Wylder.

“Como o quê, filho? Você tem uma família para quem voltar
todas as noites? Não. Este clube é a sua família. Seus colegas são
seus irmãos. E você está atualmente os decepcionando por não
aparecer para o jantar todas as noites.”

Ah. Amor implacável, estilo Wylder. Tenho que amar isso. Mas,
novamente, não deveria esperar nada menos. Sempre foi mais uma
bola alta, mais um segundo arremesso, mais uma vez vamos fazer
isso até você entender, filho, antes de podermos almoçar, jantar ou ir
para casa.

Em um esforço para evitar a luta recorrente entre nós, afasto


meus olhos e descanso minha cabeça no encosto do assento. É muito
mais fácil me concentrar no céu azul acima sentindo pena de mim
mesmo do que lidar com ele. “Desculpe pai. Enquanto herdei sua
habilidade com uma bola, eu com certeza não herdei sua habilidade
divina de cura.”

“Talvez você não esteja colocando tempo suficiente na


academia. É preciso muita dedicação para voltar de uma lesão. Você
sabe, se você conseguir os músculos fortes ao redor da rotura, eles
ajudarão a tirar a pressão do manguito.”

“Entendi.” Aperto meu maxilar.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Todos os dias em que você está fora do campo, dá a outro
jogador a oportunidade de roubar a sua posição inicial. Você tem que
ser vigilante contra isso.”

“Claro que sim.”

“Estou falando sério, Easton. Isso é importante, então é melhor


você começar a tratá-lo como tal.” Engraçado como não importa
quantas vezes ele usou esta frase ao longo dos anos, ainda me faz
sentir com oito anos de idade e no campo da liga infantil, com
lágrimas de frustração em meus olhos porque não consegui fazer a
bola atingir a zona de ataque, e ele me dizendo que não tentei o
suficiente. E como, bem mais de uma hora após a última entrada
terminar, ele sentou no balde atrás do Home Plate e exigiu dez
ataques seguidos antes que pudéssemos ir para casa.

Eu o odiei naquele dia.

Eu o respeitei mais tarde, mas o odiei naquele dia.

Mais ou menos como agora. Nada mudou muito.

“Entendo que você está falando sério. Sem dúvida, pai. Ainda
bem, a direção também, porque eles apenas trouxeram o Doc para
ajudar na minha reabilitação.”

“Hmm,” ele murmura, e leva tudo em mim para manter os


olhos fechados e esperar por tudo o que vem a seguir. Esse som dele
nunca é seguido com uma afirmação benigna. “Doc, hein? Espero que
você não passe três sessões com ele, como você fez com o reabilitador
anterior. Isso seria motivo para o clube cortá-lo.”

“Eles não vão me cortar, pai.” Mas ele plantou a semente, e sei
que isso vai me assombrar esta noite quando eu não conseguir
dormir. “Além disso, faltei porque não tinha escolha. Eu tinha que
cuidar da mãe.”

Aguardo para ouvir a desaprovação que sempre sai de sua


boca, mas ela não vem. Na verdade, nada vem, e não tenho certeza se
o silêncio me faz agradecer ou ficar preocupado.

K. BROMBERG LIVRO UM
“É uma pena que a sua mãe... o problema... esteja afetando sua
carreira.”

Cerro meus dentes e seguro o suspiro. Tenho certeza de que


todo filho do divórcio sabe de coração quando um dos pais disseca o
outro “Sim, bem... seu problema foi resultado de coisas além do meu
controle. Ela estava sozinha e caiu. Alguém tinha que cuidar dela. E,
para sua informação, não faltei aos meus compromissos. Eu liguei,
organizei meu treinamento e fiz isso em meu próprio tempo.”

Ele limpa sua garganta, seu som universal para ‘não acredito’,
mas realmente não me importo agora. Amo meu pai mais do que
qualquer coisa, mas a maioria dos dias eu o detesto, e suas
expectativas exigentes, também.

“Não é a mesma coisa. Você tem que estar presente, ser visto. O
clube não está feliz, Easton...” Ele deixa sua frase desaparecer, mas
ainda vai fertilizar a maldita semente que ele plantou. “Seu bastão
estava em chamas. Você tinha a adrenalina, você estava escolhendo
os corredores que queria e suas chamadas de campo eram a
perfeição. Todos os dias que você se ausenta é outro dia em que esses
fatos são esquecidos, e em um jogo de estatísticas, isso é
preocupante.”

“E eu que pensei que você me faria um elogio e simplesmente


deixasse assim. Mas já devia saber.”

“Easton.” Meu nome é um aviso. Uma exigência de respeito. Um


que já ouvi mais vezes do que posso contar. E ainda há algo
subjacente que não consigo identificar.

“Que pena que meu manguito rotador foi lesionado. Deve ter
sido minha culpa que aquele imbecil me puxou por trás sobre a
marca. Eu deveria tê-lo chamado durante o intervalo e solicitado que
ele o machucasse em outro lugar ao invés? Quebre um osso porque
isso cura mais fácil do que os tendões? É isso que eu deveria fazer,
pai? Isso teria cumprido suas expectativas?” Minha voz aumenta com
cada palavra, minha raiva frustrada alta e clara. E porra, sim, eu

K. BROMBERG LIVRO UM
estou sendo desrespeitoso, mas ele também está, e estou cansado de
ouvir isso.

O silêncio desce em torno de nós na casa em que cresci, a


sombra do gigante de ferro sentado ao meu lado, que governou este
estádio por toda a sua carreira. Olho para onde o seu número, vinte e
dois, adorna a parede do campo de centro na aposentadoria e me
pergunto se eu superarei as expectativas que ele estabeleceu para
mim naquele dia no campo, quando eu tinha apenas oito anos.

Não tenho tanta certeza.

“Olha, você está certo.” Ele suspira em vez de se desculpar. “Eu


só quero o melhor para você, Easton. Sempre quis. Odeio que você
esteja machucado. Odeio que o seu ombro não se recupere tão rápido
quanto deveria. E odeio que estou aqui e não há nada que eu possa
fazer para ajudá-lo.”

Eu olho para ele, vejo seu cabelo escuro e prateado nas


têmporas e seus olhos que combinam com o meu e sei que ele tem
boas intenções. Duro e exigente com um filho que pode continuar o
legado que ele deixou quando se aposentou.

“Você só pode tentar ser o meu pai. Isso vai me ajudar muito.”

E mesmo assim eu sei que não há separação entre Cal, o


3.000-hit Player6, de Cal, o pai de Easton.

São um e a mesma coisa.

Sempre foi assim.

Sempre será.

6 Na Major League Baseball (MLB), a 3.000 hit clube é o grupo de batedores que fizeram 3.000 ou mais
rebatidas na temporada regular sucessos em suas carreiras. O topo da carreira no Beisebol.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 3
Scout

Cada batida de seu passo na esteira me irrita mais do que a


última.

Cada gemido pelo seu esforço só acrescenta mais irritação.

E depois há o bip. Aquele que me diz que seus trinta minutos


de corrida de alta intensidade está finalizado e agora é minha vez de
usar minhas mãos e completar a sessão.

Sorte a minha.

Estou irritada. Puta da vida. E não tenho certeza se o meu


humor atual decorre de exaustão depois de passar muitas horas na
noite passada stalkeando Easton Wylde, ou o fato de que ele parece
estar fazendo o mesmo sobre mim.

“Então você vai realmente tocar meu braço hoje, ou a


experiência que você se gabou ontem se limitou só a dizer esteira, 30
minutos, nível 10? Se você queria me evitar, talvez você devesse ter
ligado avisando que estará doente pelos próximos meses.” O sarcasmo
escorre da sua voz. Seu óbvio desprezo por mim faz o equilíbrio que
pensei que encontramos ontem parecer inexistente.

Eu preciso me virar e enfrentá-lo, mas vou atrasar. As imagens


do Google estão gravadas na minha mente. O calendário de caridade
onde no mês de abril é uma foto dele vestindo nada além de uma luva
de beisebol estrategicamente posicionada. Na ESPN o estudo do
movimento corporal onde ele está rebatendo — nu — a torção das

K. BROMBERG LIVRO UM
suas pernas esconde o seu pacote. No Espy Awards7 com ele parece
todo arrojado em um terno de três peças. Tudo está lá, circulando,
lembrando-me como todas as linhas duras e os músculos tonificados
se parecem pessoalmente.

É preciso ser uma mulher morta para não ser afetada por ele.

Então, me preparo para o impacto visceral de olhar para ele —


quente, suado e relaxado — mas isso não ajuda em nada quando me
viro. Não tenho certeza de que algo possa. Porque mesmo usando
uma camiseta suada, ele ainda é deslumbrantemente bonito com sua
mistura de perfeição e aspereza. Easton ainda exala aquele toque de
arrogância. E a coisa estranha é que hoje, quando olho para ele,
depois que olhei para suas imagens por horas ontem, de alguma
forma sua arrogância faz aumentar e muito a atração.

E então ele sorri, e eu balanço minha cabeça e questiono minha


própria sanidade.

“Então, você realmente quer que eu toque seu braço? Quer


dizer que você vai confiar em mim com ele? Fiquei com a impressão
de que você pensou que eu era apenas um tipo de fisioterapeuta
troféu.”

“Como?” Ele ri.

Tempo para limpar o ar entre nós. Ser bonito não substitui ser
um idiota. “Você sabe, fisioterapeuta troféu — alguém bom para você
olhar, mas incapaz de muito mais.”

Ele encolhe os ombros. “Se a carapuça serviu.”

Dou um passo mais perto dele, seu retorno sarcástico reaviva


as brasas do meu temperamento que ele acendeu ontem. “Não seja
um idiota. Se você quiser saber se sou qualificada para o trabalho —
capaz de trazer você de volta a sua melhor forma — Então peça as
minhas credenciais. Quer um currículo? Você quer referências?
Ficaria feliz em entregar uma lista deles, então não vá bisbilhotar,

7 O Espy Awards é uma premiação anual criada e mantida pela ESPN, para celebrar seu legado como um
canal esportivo.

K. BROMBERG LIVRO UM
nem fazer chamadas telefônicas e questionar tudo sobre mim, sem
falar comigo primeiro. Entendeu?”

Nossos olhos se prendem enquanto ele se preocupa em segurar


seu o lábio inferior entre os dentes para combater um sorriso. “Você
quer que eu leve minha reabilitação a sério, certo? Então não me
castigue por me certificar de que a pessoa encarregada para isso sabe
o que fazer e tem a experiência certa. Não confio entregar meu corpo a
qualquer um, muito menos uma fisioterapeuta novata e ainda
aprendendo as manhas. Entendeu?”

“Touché,” murmuro enquanto travamos uma guerra visual de


desafio e mal-entendido. “Estamos perdendo muito tempo. Vamos
começar?”

Talvez se começarmos, eu consiga esquecer sobre as ligações


que recebi ontem à noite, dos meus clientes anteriores e amigos
pessoais que reabilitei me informando que eu estava sendo checada.
Fiquei agradecida pelo alerta, e ao mesmo tempo, e chateada que ele
estava questionando minhas qualificações.

Mas ele fez a merda de um bom argumento.

Pego o carrinho de ultrassom e o conduzo em direção à mesa,


mas Easton ainda está parado lá como ontem, ainda me
questionando. Obviamente, ele não acredita que sou experiente o
suficiente para fazer o trabalho, encolho meus ombros, sabendo que
após minha repreensão, ele seria obrigado a me respeitar ou a me
testar, e pelo impasse atual, eu estou adivinhando que será o último.

“Sim?” Finalmente pergunto quando ele não se move.

“Você poderia dizer onde está o Doc?”

“Ele agora tem uma agenda lotada na costa leste. Como você
sabe, as lesões acontecem sem qualquer aviso.” Seguro seu olhar e
espero que ele não veja a mentira.

“Uh-huh.” Ele só acena, mas posso dizer que Easton não está
convencido. Foi ele que fez as ligações ontem à noite, então. Tenho
certeza que já sacou que faz um bom tempo que Doc não está por

K. BROMBERG LIVRO UM
perto. Mas deve haver algo em meus olhos que ele consegue ver — a
algo que estou tentando desesperadamente manter guardado — que o
impeça de cavar mais fundo. “Ele é o melhor que existe,” diz Easton.

“Concordo.”

“Devo me preocupar então?”

“Sobre?” Eu pergunto.

“Se ele é o melhor, então não significa que você é apenas a


segunda melhor?”

Sua observação atinge mais fundo do que eu gostaria, mas é


seu corpo, sua carreira, e seu direito perguntar.

“Ser o segundo melhor depois de Doc Dalton não é um mau


lugar para ocupar. Aprendi tudo que sei com ele. Asseguro-lhe que ele
é a última pessoa que eu quero decepcionar e você é o beneficiário
desse medo, então...” Curvo minhas sobrancelhas. “Sortudo.”

“Sortudo,” ele murmura, mas ainda não se move. “O problema é


que eu ainda não sei merda nenhuma sobre você, e mesmo assim
você está aí pronta para trabalhar no meu braço.”

“O que você quer saber?” Estou ficando impaciente. Outro dia,


outra rodada de besteira, e mais uma vez o tempo é desperdiçado.
Mas pelo menos ele ouviu e está me perguntando ao invés de
bisbilhotar por respostas.

“Quais foram as minhas estatísticas nas ligas principais?”

“O quê?”

“Eu perguntei as estatísticas. Erros. Porcentagem na base.


Média de rebatidas. Porcentagem de campo. Você sabe, as
estatísticas.”

“Eu sei o que são as estatísticas,” respondo secamente.

“Mas se você nunca atuou nas principais ligas, como você sabe
como meu braço deve se sentir para que você possa recuperá-lo cem
por cento?”

K. BROMBERG LIVRO UM
Easton está negligenciando o fato de que nenhum outro
reabilitador atuou nas ligas principais também, mas... tenho uma
maneira melhor de fazê-lo calar. “Você já foi uma mulher?”

“O quê?" É a sua vez de ser surpreendido por uma pergunta


inesperada. “Claro que não. Tenho muitas provas de que sou todo
homem.”

Rolo meus olhos, metade esperando que ele pegue sua virilha e
igualmente aliviada que ele não faz. “Bem, se você nunca foi uma
mulher, como é que você sabe como agradar uma na cama? Como
você sabe se você está atingindo o lugar certo? E lhe dá um
orgasmo?”

Easton luta para segurar uma risada, mas, eventualmente,


deixa escapar quando ele balança a cabeça. “Touché,” ele me devolve
a resposta.

“Se você vai encher o meu saco, Wylder, então deve saber que
eu posso dar tão bem quanto recebo.”

“Já percebi. Mas já que você é a única a ser acusada de encher


o meu saco na reabilitação pelos próximos três meses, tem que
admitir, foi uma pergunta válida.”

“Foi,” admito, “mas é seu trabalho falar comigo, me dizer o que


sente, onde dói e quando está bom, para que eu possa melhorar.” Um
sorriso inesperadamente tímido desliza em seus lábios Quando ele faz
a correlação entre a minha pergunta sobre como agradar uma mulher
e minha resposta.

“Assim como o sexo.”

“Talvez.” Só sorrio; é tudo o que posso fazer quando o calor


toma minhas bochechas e o espaço à nossa volta se torna muito
pequeno para ele e esta conversa cheia de insinuações. “Alguns
homens têm todas as ferramentas do mundo, mas se não sabem
como usá-las, elas são inúteis. É o mesmo com meu trabalho. Você
precisa saber como usar suas habilidades, e lhe asseguro, eu sei.
Então, se o cartão tem-vagina-então-desconfio foi resolvido, podemos

K. BROMBERG LIVRO UM
começar, por favor?” Levanto meu queixo em direção à maca atrás
dele enquanto ajusto as configurações da máquina.

“Você é uma negociante dura.” Ele ri quando se senta e tira a


camisa.

“Você ainda não viu nada.”

Nada mais é dito entre nós quando aplico o gel de ultrassom e


em seguida utilizo o ultrassom em seu ombro, apesar de estar muito
consciente que Easton ainda está olhando para mim.

Agradeço pelo silêncio, usando-o para me concentrar na tarefa


em mãos enquanto movo o ultrassom sobre a articulação do seu
ombro, passando pela cicatriz vermelha irritada várias vezes. Os
jogadores entram no vestiário distante de onde estamos. Posso ouvir
suas conversas — os assobios baixos, as risadas sugestivas, os
comentários únicos — mas aprendi a não dar atenção. Pode ser um
clube diferente, mas é basicamente a mesma reação que recebo
normalmente.

Eu sabia que seria uma multidão difícil de conquistar quando


segui os passos do meu pai. E sabia que ser uma mulher neste
mundo dominado por homens não seria uma caminhada dentro da
normalidade. Então ignoro os comentários como sempre, e
escolho considerá-los como elogios, deixando os mais sugestivos de
fora. Em um movimento treinado, mantenho meus olhos focados no
jogador ao qual estou trabalhando e mantenho minhas costas para os
armários, assim evito qualquer show de paus, o que aprendi há muito
tempo que são inevitáveis.

Isso me poupa constrangimentos e preserva o respeito que


tenho que mostrar para ser levada a sério.

“Relaxe,” murmuro enquanto corro as ondas ultrassônicas para


trás e para frente para reduzir a inflamação. Por alguma razão,
Easton fica tenso, e está atrapalhando a terapia que estou
fornecendo.

K. BROMBERG LIVRO UM
Há outro comentário pelas minhas costas, algo sobre eu colocar
algo bem mais divertido sobre a vara do meu atleta para melhorar o
resultado.

Se o cara é um machista, pelo menos ele é espirituoso sobre


isso.

Eu sufoco uma risada. É tudo o que posso fazer. Mas é Easton


que visivelmente fica tenso em reação.

Aparentemente, ele pode fazer, mas não quer que mais


ninguém faça.

Interessante.

E doce.

Easton parece estar chateado em meu nome, e ainda ontem ele


foi o único a pensar que eu era uma stripper que veio entretê-lo.

“Que bom que não mordi a isca. Eu estava pronto para te beijar
sem sentido apenas para chamar o seu blefe e provar que você era
realmente uma stripper.”

Suas palavras voltam para mim — as que se repetiram em


minha mente em momentos aleatórios ontem, o que me levou a
pesquisar sobre ele no Google. Minhas mãos o tocam agora, mas
minha mente lembra o calendário de caridade que encontrei — ele em
toda sua gloriosa nudez.

Outro comentário em algum lugar no vestiário.

Outro eriçar dele.

E não perco meu senso de humor. Easton está ficando


chateado em meu nome, e penso em como ele se parece nu. Bem,
quase nu. Minha imaginação preenche exatamente o que está por
baixo da luva de beisebol.

E, claro, agora estou completamente corada.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Onde você parou com seu antigo fisioterapeuta?” Pergunto
para tentar quebrar a tensão que está se tornando cada vez mais
evidente no aperto de seus músculos.

“Nós estávamos fazendo arremessos.”

“Total?”

“Cerca de cinquenta, sessenta por cento.”

“Rebateu algum?”

“Um pouco, em cerca de setenta por cento.”

“Okay.” Eu fico satisfeita por ele falar minha língua. “Descreva


como se sentiu quando você fez os arremessos.”

“Frustrado.”

“Se você fizer sexo comigo Wylder, então precisará fazer muito
mais do que isso para que eu goze.” Sua cabeça chicoteia e olhos
castanhos chocados encontram os meus cinzentos e eu sei que agora
tenho a sua atenção total. Então continuo. “Explique. Por que foi
frustrante? Doeu? Houve uma fisgada, ou estava apenas rígido por
não ser usado? Ou foi psicológico? Foi uma sensação diferente, então
ou é o receio de traumatizar ainda mais que está te segurando?”

Easton luta com o que dizer, seus olhos se estreitam quando


ele olha para longe. Baixo o ultrassom e limpo o excesso de gel do seu
ombro. “Que tal todas as opções acima?” Ele finalmente responde.

“Essa é uma resposta justa. Façamos assim — que tal um


alongamento hoje, passaremos por alguns novos exercícios que você
pode não ter feito ainda, e então amanhã nós começamos no campo e
trabalhamos com a bola?”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Sério?” Ele parece um menino descobrindo que pode jogar
depois de se sentar no banco pelas as últimas seis entradas8. Isso
quebra meu coração e o enche simultaneamente.

“Sério.” Ando para trás dele e começo a mover o seu braço a


procura de qualquer clique ou estalo com o movimento em seu
manguito rotador. “Vamos começar então.”

“Então, acho que você está no caminho certo,” digo com um


aceno conclusivo, precisando me afastar dele e da conexão que
nossos corpos tiveram durante a maior parte dos noventa minutos.

Trabalhei seu braço de todas as maneiras e agora tenho uma


melhor compreensão sobre o que preciso fazer para fortalecê-lo. Como
fazer um plano de ataque.

“Pode ficar um pouco dolorido mais tarde ou amanhã. Seu


assobio me diz que exigí de você um pouco mais do que o
fisioterapeuta anterior, mas estou satisfeita com o quanto a reparação
parece sólida. Só precisamos que volte a rotina lentamente e então os
movimentos começarão a voltar naturalmente.”

“Isso significa que trabalharei com a bola amanhã?”

“Sim, na verdade.” Seu sorriso é rápido em resposta e


completamente desconcertante.

Eu vi o sorriso Easton-o-cético. E até vi o sorriso Easton-pensa-


que-me-engana. Mas o sorriso do Easton-eu-vou-fazer-o-que-eu-amo-
amanhã é brilhante o suficiente para iluminar todo o espaço.

“Easton, meu amigo. Você está indo bem?” Por sorte somos
interrompidos então paro de olhar para ele. JP Gaston outro jogador,

8 Inning = entradas (igualando ao futebol, e como se fossem os dois tempos, só que no beisebol são 9).
São nove alternâncias entre ataque e defesa.

K. BROMBERG LIVRO UM
entra na nossa sala de treinamento. Ele agarra as mãos de Easton em
algum tipo de aperto e o puxa para um abraço viril antes de dar tapas
nas costas dele em saudação.

“Aguentando firme. Você arrebentou ontem à noite. Seu bastão


está pegando fogo, cara.”

“Não me dê azar, cara. A má sorte está em todos os lugares


ultimamente.”

“Olhe com quem você está falando,” Easton diz com um agito de
sua cabeça. “Sinto como se estivesse nadando nela há meses. Minha
sorte tem que voltar em breve.”

“Fodida má sorte,” JP diz com uma risada antes de se


aproximar de Easton e murmurando tão baixo que quase não consigo,
“Mas cara, o DL nunca pareceu tão atraente como agora.”

“Observe o controle deslizante de Guzman esta noite,” diz


Easton, falando sobre o comentário como se não tivesse
ouvido. “Estudei ele contra os Yankees na outra noite e isso está
começando se destacar.”

”Ah, curva de efeito amada,” diz JP quando ele toma alguns


passos para trás em direção à porta. Ele desliza os olhos em minha
direção e oferece um sorriso antes de olhar para Easton. “Que bom
que eu sei como balançar o meu pau.”

Easton pega sua camisa jogada ao seu lado, faz uma bola com
ela e atira contra ele, da mesma maneira que arremessa dardos fora
da entrada e além das janelas, nas instalações da sede do clube que
agora está cheia. Evito a inclinação natural para observá-lo, porque o
ritual pré-jogo começou lá fora, e isso significa que existe homens em
diferentes estágios de nudez, se aquecendo enquanto se preparam
mentalmente para mais uma noite de trabalho.

“Porra. Ela é tão quente de perto? Caralho,” alguém diz alto o


suficiente para que eu ouça. Parece que JP foi eleito para entrar e dar
uma olhada mais de perto na nova fisioterapeuta.

Há um em cada clube.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Dói muito, baby,” outro grita.

“Oh, Easton. Deixe-me te alongar, curvar e fazer coisas


impertinentes para você,” outro companheiro de equipe imita com
uma voz aguda.

Sem olhar para cima, levanto o dedo médio para os homens,


que estou bem certa, que estão assistindo e esperando pela minha
reação a zombaria como no pátio de escola. O riso toma conta por
todo o vestiário por causa da minha resposta, mas ouço um
murmurar, “Maldição,” de Easton.

“Deixe-me adivinhar? Tino e Drew?” Pergunto completamente


imperturbável.

“Sim,” ele suspira com um rolar de seus olhos.

“É bom ver que eles amadureceram desde o ensino médio,” digo


alegremente enquanto continuo guardando a máquina de ultra-
som. Mas quando viro, paro rapidamente pelo olhar em seu
rosto. Sua expressão é cautelosa, e, no entanto, há algo sobre isso —
talvez seja um pouco de surpresa — que ainda segura meus pés e
minha atenção. “O que é?”

“Estou apenas tentando entender você, só isso,” diz ele com


uma sacudida de sua cabeça.

“Não há muito para descobrir.”

“Eu discordo.”

“Bem, você está errado,” digo enquanto pulverizo


desinfetante na maca e começo a limpar, qualquer coisa para evitar o
amolecimento de seus olhos e as perguntas que eu não quero
responder. “Sou monótona. O-que-você-vê-é-o-que-você-tem, sem
surpresas, sou esse tipo de garota.”

“Exceto para expressar aberta e livremente suas emoções.”


Minha mão vacila no meio do movimento, então continuo limpando
com vigor renovado, mas Easton não sai como eu esperava. “Você
parece dura como aço, como se não deixasse a merda chegar até você

K. BROMBERG LIVRO UM
e ainda assim o coração que você esconde diz que há muito mais do
que o exterior resistente.”

“É o seu ponto de vista?”

“Nada. Apenas fazendo uma observação.”

Essas palavras raspam as emoções já cruas dos últimos


meses. Retorna e repreende todo redemoinho em minha cabeça, mas
cada um deles está na defensiva. E enquanto defensiva implica que
ele tem razão — e ele está certo — tenho certeza que não quero que
Easton saiba disso.

Isso é trabalho — a reputação que estou tentando


estabelecer. E ele é um cliente que detém o bilhete para ei atingir dois
dos meus objetivos.

“Scout e Easton sentados em uma árvore, b-e-i-j-a-n-d-o,”


alguém canta acima do barulho fora da porta.

“Deixem ela em paz, caras,” Easton grita por cima do ombro.

“Tudo bem,” eu digo.

“Claro que está. Qualquer coisa para salvar você de ter essa
discussão, certo?”

“Não há nada de errado em não mostrar abertamente o que se


sente.” Posso dizer as palavras para disfarçar, mas meu tom não soa
tão indulgente.

“Desculpe.” Ele suspira. “Pelo que eu disse... e pelos idiotas.”

“Não precisa. Estou aqui por você. Não por eles.” Arrisco um
olhar para ele e dou um sorriso. “Espero que nenhum se machuque,
porque eu teria que fazer a reabilitação deles e não seria nada suave.”
Pego o riso pelo qual eu trabalhei e espero que a discussão esteja
agora enterrada.

“É bom saber, mas, de qualquer forma, desculpe. Podemos


treinar em outro lugar, se quiser. Ou se isso te incomodar, falarei com
eles.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não precisa... mas obrigado pelo pensamento. Além disso,
parece que a sua zombaria é menor em comparação com as
brincadeiras lendárias que você aprontou com eles.”

“Verdade.” Seus lábios quebram em um sorriso presunçoso.


“Mas não é justo para você.”

“Não se preocupe comigo. Sou uma menina grande. Eu posso


lidar isso. Tenho uma espada escondida na minha bolsa caso precise
matar qualquer dragão.”

“Sua bolsa?”

“Sim, é grande e espaçosa.” Dou um sorriso, mais do que feliz


pela mudança de assunto, enquanto pego minha bolsa dentro do
armário.

“Guarda mais alguma coisa além de uma espada?”

“Saltos altos,” brinco, ganhando um arquear de suas


sobrancelhas. “Esta menina gosta de seus saltos quando está se
divertindo.”

“Tenho que amar uma mulher que tem mil facetas. Você está
de saída, também?” ele pergunta, mas nenhum de nós faz qualquer
movimento para sair, enquanto seus olhos continuam a fazer mais
perguntas do que eu quero responder ou mesmo reconhecer.

De repente, perturbada pela intensidade do seu olhar, começo a


caminhar. “Então, alterne o gelo e o calor a cada vinte minutos ou
mais durante as próximas horas. Isso ajudará com o inchaço e
inflamação que possa ter causado hoje. Tudo bem?”

Dou alguns passos, como se a conversa tivesse acabado, mas


Easton não se afasta do meu caminho. Ele fica lá, em pé, os olhos
ainda estão procurando, continuando a cavar em partes de mim que
precisam ficar esquecidas.

Mordo meus lábios. Mudo em meus pés.

“Conheço a rotina,” ele finalmente diz.

K. BROMBERG LIVRO UM
Mas ainda não nos movemos.

“Na mesma hora, amanhã.”

“Okay.”

Pare de me olhar assim.

“E, dependendo de como a semana transcorrer, podemos


aumentar nossas sessões para duas vezes ao dia.”

“Okay.”

Você não tem mais nada a dizer, Scout. Hora de ir agora

“Bem, verei você depois. Amanhã, quero dizer.” Rolo meus olhos
para mim mesma.

“Obviamente.” Um sorriso arrogante vira um canto de sua boca.

Se mova agora. Vá. Ande.

“Você não é nada como eu esperava.” Encolho-me uma vez que


percebo que apenas deixei escapar meus pensamentos e me odeio no
minuto que faço. Minhas bochechas queimam com o calor, mas o
meu constrangimento me dá a motivação que preciso para dar o
primeiro passo para longe dele.

“Eu nunca sou o que alguém espera. É uma bênção e


uma maldição.”

Seu comentário me implora a pedir mais, mas não quero. Não.


Este espaço é muito pequeno para nós — parece que não há ar
suficiente quando ele me olha desse jeito.

“Boa noite.”

“’Boa noite, Scout,” ele diz enquanto chego à porta. “Ei...”

“Sim?” Viro com uma mão no batente da porta, meus olhos


caem sobre ele.

“Para o registro, como você sabe que eu sei agradar uma


mulher na cama?”

K. BROMBERG LIVRO UM
Porcaria. Eu entrei nessa voluntariamente.

O sorriso arrogante que ele me dá é a imagem duradoura que


fica queimada em minha mente quando vou embora sem respondê-lo.

Porque eu sei.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 4
Scout

“Olá. Como vai você?”

“Qual é a avaliação?”

Luto contra as lágrimas que queimam quando ouço sua voz


novamente e sabendo, mesmo agora, que ele ainda está colocando o
negócio e a distância entre nós. Respiro fundo para controlar minhas
emoções loucas, porque sei que ele ficará chateado se ouvir um
vacilar na minha voz quando respondo.

“Scouty?”

“Sim, pai. Estou aqui.” Ele pode estar a apenas duas horas de
distância, mas agora parece como se estivesse milhões de quilômetro
distante.

“E?” Ele pressiona.

Como você está?

Eu sinto sua falta!

Você está com dor?

Você está piorando?

Eu preferia estar aí com você do que aqui.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Mente Clara. Coração duro.”

Aperto meu maxilar quando papai repete o mantra que espera


que eu use com um lema em minha vida e sinto a sua repreensão,
porque ele sabe que estou prestes a desmoronar. É claro que
sabe. Ele me conhece melhor que ninguém.

Limpo minha garganta, me recomponho e, em seguida, faço o


meu melhor para ser o que ele precisa que eu seja neste momento.
“Easton Wylder. Quatro meses de pós-operatório devido a um labrum9
rasgado. O aparecimento da lesão foi devido a um jogo questionável
pela equipe adversária quando o paciente estava deslizando para o
home plate. Ele foi marcado desnecessariamente, seu braço foi
enganchado pelo adversário e puxado para trás com força. A lesão
apresentou-se imediatamente e a cirurgia de reparo foi feita do no
prazo de vinte e quatro horas. Easton completou seus três meses
iniciais de reabilitação pós-operatória, mas não foi aprovado pelo
fisioterapeuta anterior. Após a observação inicial, ele parece ter uma
boa mobilidade. Eu diria que está em oitenta e cinco por cento. A
articulação parece rígida, como é de se esperar depois do uso restrito,
mas durante o alongamento eu testei seus limites, o que indica que a
mobilidade total está ao alcance. O paciente indicou que, em
tentativas anteriores com bastão e arremesso, sentiu dor. Planejo
retornar ao treino com bola o mais rápido possível para trabalhar o
aspecto psicológico, porque sinto que ele está se segurando por medo
de uma nova lesão. O prognóstico é bom, mas preciso de mais tempo
com ele para saber se a minha avaliação é precisa ou não.” Confiante,
cubro as bases e aguardo o feedback do meu pai.

O som da sua respiração vem através da linha e extrai a minha


necessidade de aprovação.

“Você quer dizer o jogador, certo?" É tudo o que ele diz e eu


morro um pouco por dentro.

9 O úmero (osso do braço) se encaixa numa cavidade da escápula chamada glenóide.


A glenóide, por sua vez, é revestida por uma cartilagem chamada labrum (ou lábio) glenoidal, que
serve para proteger e também aumentar a estabilidade do ombro. A lesão SLAP ocorre quando o
labrum se rompe ou se destaca da glenoide, podendo até entrar no meio da articulação do ombro,
alterando sua capacidade de movimento e gerando dor.

K. BROMBERG LIVRO UM
“O quê?”

“Você disse Easton.”

“Eu disse?”

“Sim. Duas vezes.”

“Sim. Uma vez para a introdução do paciente e a outra vez foi


um erro simples.”

“Scout. Quantas vezes tenho que lhe dizer que você deve
permanecer imparcial?”

“Eu sou. Eu estava. O nome dele está nas minhas anotações,


eu apenas olhei para elas e acidentalmente repeti o que vi.”

“Não deixe isso acontecer novamente.”

“Sim. Não vou.”

“E jogo questionável. Por que acrescentar isso? Não é seu


trabalho decidir o que é questionável ou sujo ou acidental. O seu
trabalho é devolver o seu jogador com o melhor desempenho, e não
fazer julgamento.”

“Eu sei, mas a jogada foi suja, pai. Você não pode argumentar
isso.”

“Você gosta dele, Scout?”

A questão me pega desprevenida, e estou incerta do que


exatamente ele quer dizer com isso. “Acabei de conhecê-lo.” É uma
resposta segura.

“Mas você gosta dele? Ele vai trabalhar duro? Ele quer voltar?
Ou é uma Prima Donna10 montando a aba do pai sem respeito pelo
esporte?”

“Você está brincando comigo, certo?" Gaguejo. “O homem joga


com mais coração do que qualquer um que já vi em muito tempo. Ele

10 Prima donna: Expressão italiana que significa pessoa esnobe ou diva.

K. BROMBERG LIVRO UM
veste a camisa do time. Um verdadeiro jogador. É o cara que você
quer com o bastão no home plate quando estiver atrás no placar ao
fim da contagem do nono tempo e no último segundo, com o
Campeonato Mundial em jogo.”

“Você está muito perto, Scout.” É tudo o que ele diz, mas é o
suficiente para me fazer perceber o quanto ardentemente eu apenas
defendi um homem que, segundos antes, disse que mal conhecia.
Acabei por provar o ponto do meu pai de que talvez eu realmente
esteja muito perto. Porque Easton deve ser apenas mais um jogador e
meu único trabalho é a sua reabilitação.

Mas ele não é só mais um jogador.

Ele é o jogador que pode me dar o que preciso para cumprir os


desejos do meu pai.

E ele é o homem que invadiu meus pensamentos e fixou


residência por lá.

“Esse é o jogador do qual você está falando. E o homem?”

É a mais estranha de todas as possíveis perguntas para o meu


pai perguntar, e ainda sinto que há mais nesta conversa e que não
estou captando a essência. Demoro um tempo para responder. “Como
eu disse, só o avaliei duas vezes, então não o conheço tão bem. A
primeira impressão é que ele é um cara legal. Quero dizer, ele me
defendeu quando os caras estavam fazendo suas besteiras de sempre
sobre minha presença no clube.”

“É mesmo?” É uma pergunta sugestiva, mas não compro


isso. Se ele quiser me perguntar algo, então ele precisa ser direto.

“Pai, o que está —”

“Qual é o seu plano de ação quando ele seguir em frente?”


Papai pergunta, como se eu nunca tivesse falado. E tanto quanto
odeio ser desconsiderada, este foco afiado em um jogador é uma coisa
que andava desaparecida nele, então deixo passar.

K. BROMBERG LIVRO UM
Examino meus pensamentos, explico ponto a ponto e descrevo
o que planejo fazer com o jogador. Meu pai faz sugestões e faço
anotações, observando seus conselhos sobre possíveis exercícios.

Mas me pego segurando o telefone em minha orelha com duas


mãos e apenas ouvindo. Memorizando o som da sua voz. O timbre
dela. As pequenas inflexões que apenas ele tem. E me perco na
presença da única pessoa que sempre foi uma constante na minha
vida.

“Soa como um bom plano, Scouty. Você precisará ajustar seu


ritmo ao dele, no entanto. Nada de bom vem de definir seus planos
em pedra.”

“Eu sei,” sussurro, pensando em todos os planos que fizemos


ao longo dos anos para quando chegasse o momento da sua
aposentadoria. E agora que ele tem isso forçadamente, nós nunca
chegaremos a cumpri-los.

“Scout.” É um aviso. Uma repreensão. Um pedido para que eu


seja forte.

Limpo minha garganta. “Ele parece ansioso para voltar,” digo


para manter as aparências, na esperança de que papai perceba que
não estou afetada por Easton. Mas antes que possa terminar meu
pensamento, ele sofre um forte ataque de tosse.

Parece pior que na semana passada. Isso é tudo que posso


pensar quando esse barulho faz calafrios correrem através da minha
pele e afundar o terror no meu estômago. As perguntas que quero
aprofundar, mas sei que ele não permitiria, se tornam cada vez mais
difícil de controlar. A necessidade de pular no carro e soltar meu pé
com um peso de chumbo no acelerador até estar ao lado dele fica
cada dia mais difícil de resistir.

“Papai?” A palavra escorre em um sussurro como a lágrima


solitária que escapa e desliza pela minha bochecha.

“Eu estou bem, Scouty. Bem. É apenas a maldita tosse,” ele


finalmente diz quando recupera seu fôlego.

K. BROMBERG LIVRO UM
Mas é muito mais do que isso.

“O que o médico disse ontem?” Pergunto, já preparada para a


repreensão.

“Sally disse que eu tinha uma consulta?” ele vocifera.

“Alguém precisa.” Por favor. Fale comigo.

“Está tudo na mesma. Nada vai mudar, então é ridículo ficar


preocupada comigo quando você precisa se preocupar sobre como
levar o jogador de volta ao home plate. É uma raridade ter uma lesão
do manguito não sendo um arremessador, portanto, fique atenta e
tenha precaução. E certifique-se de aprender com isso.”

“Okay,” concordo, mas minha mente está perdida procurando


em sua voz algo que ele não está me contando. O médico diminuiu
sua expectativa de vida? É por isso que ele não quer falar sobre isso?

A noção disso me assusta mesmo que eu já esteja atordoada o


suficiente ao longo dos últimos meses. E estou tão perdida no meu
medo que quase perco suas palavras suaves quando ele fala.

“Estou contando com você. Eu sei que é pedir muito... e eu


faria isso se pudesse...”

As palavras escapam enquanto as lágrimas escorrem livremente


por minhas bochechas, e meu coração torce dentro do meu
peito. “Papai.” É tudo o que posso dizer através do ataque de emoção
que estou tentando segurar.

“Falaremos em breve. Mente clara, coração duro, Scouty.


Lembre-se disso e você ficará bem.”

Mas não ficarei.

Eu estarei muito longe disso.

E é por isso que estou mais determinada do que nunca.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 5
Easton

Balanço a cabeça em reconhecimento e levanto minha cerveja


agradecendo a loira estonteante do outro lado do bar que acabou de
enviá-la.

“Você precisa investir nisso,” Tino diz com um pequeno gemido


de apreciação.

Sorrio para ela — olhos de corça, pernas tonificadas e longas,


uma saia reveladora e um decote tentador — e droga, eu poderia ter
uma boa foda agora mesmo. “Não,” murmuro, minha boca
contradizendo o que meu pau está concordando, então levo a garrafa
aos meus lábios e retorno meu olhar para os caras na minha mesa.

“Não?” Drew explode. ”Desde quando você diz não a uma


Betty11 como essa?”

Imagens queimam minha mente. Olhos cinzentos desafiadores.


Pequeno corpo tonificado. Cabelo castanho preso em um rabo de
cavalo bagunçado. Uma mulher que não está se esforçando e ainda é
mais sexy do que a Betty Boop loira do bar tentando adicionar mais
um entalhe de quantos Austin Aces12 eu fodi e provavelmente ela me
registraria de forma destacada na cabeceira da sua cama.

11 As mulheres que gostam dos jogadores de basebol são chamadas de Betty. Como a Betty Boop.
12 O nome do clube que eles jogam.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Ela é toda sua, D. Tenho certeza de que ela te quer como
prêmio de consolação,” provoco quando JP solta uma maldita
gargalhada com o olhar mortal que Drew lança para mim.

“Segundo é melhor do que terceiro,” Drew responde com uma


provocação direta a JP, já que ele joga na terceira base e Drew joga na
segunda base.

“Vai se foder.” JP ri, mas mostra o dedo médio para nós dois.

“Com prazer. Mas quero saber porque East aqui está passando
a ‘coxas doces’ adiante quando ele obviamente precisa de uma boa
foda,” Drew diz apontando seu queixo para a loira novamente.

“Como você sabe que eu preciso de uma boa foda?”

“Você frequentou um certo cômodo da casa por tempo demais,


o que significa que seus antebraços estão recebendo um treino, mas
não no sentido de beisebol.” Ele demonstra fazendo a simulação do
movimento de masturbação.

“Vai se foder.” Rolo meus olhos.

“Cara, um longo afastamento como seu é o bastante para fazer


qualquer um coçar por alguma ação, e desde que não pode adquirir
isso no campo, eu pensei que poderia querer adquirir entre alguns
lençóis.” Drew explica com todo o sentido.

“Tédio faz seu pau precisar de ação,” Tino afirma e não posso
deixar de rir de sua lógica fodida.

Completamente fodida, mas bastante precisa.

Volto minha atenção para a loira novamente, reconsiderando,


mas sei que quando uma garota compra cervejas para mim no
Sluggers, o ponto de encontro da nossa equipe, ela está à procura de
mais do que um agradecimento.

Pode ser divertido.

“Ah, agora tudo faz sentido.”

K. BROMBERG LIVRO UM
O murmúrio de JP me puxa de cometer um erro que de repente
quero fazer...

“É aquela sua fisioterapeuta gostosa que te agarrou pelas bolas,


não é?”

E ele faz um trabalho esplêndido ao colocar a imagem de Scout


em minha mente.

Não que ele precisou de muito trabalho para fazer isso.

“Não,” murmuro. Inferno se por acaso eu daria a satisfação dele


saber que está certo.

“Besteira. Cara, eu a deixaria me alongar em um


segundo. Adicione um pouco de óleo... e podemos ter o nosso próprio
escorregador, o Deslize-no-Drew,” Drew entra na conversa.

“Você está com a cabeça fodida,” dou risada.

“É essa a esperança,” ele medita quando levanta suas


sobrancelhas, “só que com um tipo diferente de cabeça.”

Sobre o meu cadáver.

Meu próprio pensamento me faz repensar. Sou forçado a virar


minha cerveja grátis e reconsiderar a oferta sem compromisso da
loirinha, mas agora não posso. Não quando Scout está na minha
cabeça e meu pau está reagindo ao pensamento dela mais do que o
pensamento da mulher no bar.

“Por alguma razão eu não acho que Scout está lá para foder
toda linha de partida,” digo com um arco da minha sobrancelha.
“Então, mãos para si, seu filho da puta.” Espero que minha pequena
ameaça velada seja ouvida, e ao mesmo tempo não seja ouvida. Eles
sabendo que tenho interesse por Scout só vai fazer a vida dela no
clube pior.

“Concordo. Se ela estivesse nessa, estaria no vestiário flertando


com todo mundo. Vai ser um chute no seu saco, no entanto.” JP bate
sua cerveja contra a minha.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Depende de quem vai chutar,” digo, recebendo uma risada pela
distração.

“Bem, o boato é que você é apenas o seu bilhete para conseguir


o contrato dos Aces,” Drew diz.

“Sério?” Ele tem a minha atenção agora.

“Ouvi dizer que o Doc trabalhou em todos os clubes da liga


principal, exceto o nosso. Supostamente, cumprindo este contrato e
colocando você de volta ao campo, ele irá propor ao clube estender o
contrato para que ele possa executar o Programa de Reabilitação da
equipe. O que dizem é que ele nunca teve um contrato de longo prazo
com um clube, mas depois de uma vida na estrada, viajando de
equipe em equipe para a reabilitação de suas estrelas... e lá está
você,” ele diz com um aceno, “ele quer terminar sua carreira assim.
Estabilizado em um lugar por um tempo.”

“O jogo perfeito para fechar uma carreira vencedora de títulos,”


eu penso, mas faz sentido.

“Exatamente.”

“E como sua filha se encaixa em tudo isso?”

“Não tenho certeza.” Drew encolheu os ombros. “Mas se ela for


tão boa quanto ele, isso seria mais do que suficiente. Além disso,
cara, você vai reclamar de ter aquele corpinho quente pressionado
contra a você todos os dias?”

Meu sorriso é automático. “Nah.” Eu ri.

“Isso é o que eu pensei,” ele diz enquanto chama a nossa


garçonete para outra rodada “Sorte sua, nosso adorável Gerente deu
aç Sumo Sam sua notificação por escrito. Ele tem noventa dias e o
contrato anulado.”

“Graças a Cristo,” murmuro, lembrando a última vez que deixei


o fisioterapeuta líder do time, Sam, tocar meu ombro. No pós-
operatório de cerca de três meses, meu ombro não estava em nenhum
lugar perto de onde deveria estar. Frustrado e me sentindo como se

K. BROMBERG LIVRO UM
estivesse dando voltas sem sair do lugar, exigí saber por que
estávamos fazendo a mesma merda todos os dias, em vez de tentar as
novas metodologias que outros clubes usavam e tinham
sucesso. Agora penso o quanto ele ficou irritado por ser
questionado. Então ele justificou o atraso na minha reabilitação
colocando a culpa no tempo necessário que eu estava dedicando a
isso, não por falta, mas por excesso, ele alegou que eu estava
exagerando. Tudo uma fodida merda.

“Sam não sabe a diferença entre a sua bunda e seu cotovelo,”


JP fala.

“É a mim que você diz.”

“Sim, Miller me contou que ouviu o Cory dizer a Sam que os


Aces são uma organização de pensamento direto e que, daqui em
diante, ele espera que todos os membros se inscrevam na ideia ou em
uma besteira assim. E como, desde que Sam se recusou a se atualizar
sobre as mais novas tendências — a reabilitação de seu ombro —
então ele estava violando a cópia fina do seu contrato e não teria mais
uma posição com os Aces.”

“Imbecil,” murmuro.

“Quem? Sam ou Cory ?” Pergunta Tino.

“Faça sua escolha.” Rolo meus olhos. “Olha, eu entendo o


motivo de trazer um novo Gerente para reestruturar a organização do
Aces. É sempre bom mudar as coisas e cortar custos depois de ter as
mesmas pessoas dirigindo o clube por tantos anos. O que eu não
entendo é Cory . Há algo sobre ele que não consigo colocar o dedo.”

“Ele é um mão de vaca.” Drew encolhe os ombros. “É o tipo de


cara ‘viva pelo contrato, morra pelo contrato’, mesmo quando as
palavras no contrato não fazem qualquer maldito
sentido. Compreendo que seu trabalho é tudo sobre dólares
e centavos, mas isso é beisebol, é disso que estamos falando aqui.”
Ele dá um longo gole em sua cerveja. “Então, novamente, estou tonto,
então, que porra eu sei?”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Muito.”

“Estou com você, East,” Tino diz. “O júri ainda está em Cory.
Quero dizer... pegue o Dr. Dalton. O homem tem um registro lendário
de sucesso. Como fodido é o Cory por barganhar um novo contrato de
longo prazo para ter um filho da puta feio como Easton aqui de volta
no campo?”

“Barganhar? Doc Dalton?” JP ri de incredulidade. “Isso é meio


engraçado.”

“O homem com as mãos douradas,” murmuro, pensando em


todas as vezes que estive na estrada com meu pai e vi o Doc trabalhar
sua magia nos jogadores adversários.

“Sem dúvida, as mãos da filha... e as coxas, são tão mágicas.”

Ouço o comentário, mas meus pensamentos estão no que Drew


acabou de dizer. Sobre o fato de que o novo gerente geral do clube
está pensando em trazer o time do Doc para realizar o programa de
fisioterapia do clube. É uma ótima notícia, já que vou precisar da
reabilitação contínua.

Mas também é assustador ter a peça final para a renomada


carreira desse homem atrelada ao meu retorno ao jogo dentro do
prazo designado.

Nada como adicionar um pouco mais de pressão ou qualquer


coisa.

“Se for o caso,” interrompo a conversa que avançou para a


decisão questionável do jogo anterior, “não seria para o Doc estar aqui
me reabilitando em vez de Scout?”

Três pares de olhos viram em minha direção. “Você quer as


mãos de um homem em você em vez das mãos de uma mulher?”
pergunta Tino e a mesa irrompe em riso.

“T, você está tão desesperado que levaria qualquer mão neste
momento.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Pelo menos eu não sou um bastardo exigente como você,” ele
responde.

“East tem um ponto,” JP diz. “Mas considerando que eu estava


pensando em distender a virilha esta noite só para que Scout possa
alongar e massageá-la para mim, meu voto é mantê-la ao redor.”

“Filho da puta,” eu ri. “No entanto, seu voto não serve. Scout
está aqui por mim. Somente por mim,” provoco. “Então você é um
merda sem sorte. No entanto, fique a vontade e distenda o músculo.
Tenho certeza que o Sumo Sam adoraria esfregar sua virilha e talvez
faça um desvio rápido para encontrar seu pau enquanto ele está te
alisando.”

“Vai precisar de uma lupa para isso,” JP zomba.

Os telefones disparam na mesa e interrompem a conversa


enquanto todos nos movemos para ver o que está acontecendo.

ESPN alerta: rumores de transações estão rodando... Jose


Santiago provavelmente será negociado pelas próximas semanas.

“Desgraçado.” O meu comentário é repetido em torno da mesa


enquanto olho para o nome da pessoa responsável pela minha estadia
no DL.

“Deus ajude qualquer time em que ele parar,” diz Drew.

Meu telefone dispara novamente e quando olho para a tela, eu


suspiro, mas por uma razão completamente diferente. Outra vez, não.
“Sinto muito rapazes. Ponha o meu na minha conta. Tenho que ir.”

“Você está bem para dirigir, cara?” Drew pergunta.

“Sim. Só bebi duas. Eu estou bem.”

Muito tempo para pensar.

K. BROMBERG LIVRO UM
Sobre Santiago.

Scout.

Se meu braço está fodido até não haver retorno.

E apenas um único desses pensamentos no passeio pelos


arredores de cidade é bem-vindo. Então, quando entro no lote familiar
de cascalho, pneus triturando abaixo de mim e do luar prateado ao
meu redor, não estou com vontade de enfrentar isso. Não é como se
eu tivesse uma escolha.

O golpe na porta da minha caminhonete ecoa enquanto faço o


percurso, que já conheço muito bem.

“Desculpa ter demorado tanto tempo, Marty,” digo enquanto


ando através da nuvem de fumaça do seu cigarro e para onde ele está
parado fora do bar degradado.

“Não se preocupe. Ela não está machucando ninguém. Sissy


ligou avisando que está doente. Eu estou trabalhando sozinho, então
não posso deixar o bar para levá-la de volta para casa.”

A mesma velha canção e dança. Apenas um dia diferente.

O ar cheira a fumo e licor barato e me bate no minuto em que


abro a porta de madeira mal pendurada e caminho para o bar
vagamente iluminado. Eu a vejo imediatamente. Ela está caída em
sua cabine com copos vazios sujando toda a mesa a sua frente.

“Mamãe.”

Ela salta ao som da minha voz, seus olhos pintados com muita
maquiagem olham para mim, e seus lábios, um vermelho brilhante,
aparecem em um sorriso. “Easton.” Ela diz meu nome como se fosse a
primeira vez que me vê em meses — animada, grata, e esperançosa.

“Oi, mamãe. Você tem que parar de fazer isso,” digo a ela
quando finjo o mesmo nível de entusiasmo, mas com o meu interior
exausto desta dança fodida.

“Eu sei, mas fiquei tão animada que você ganhou esta noite!”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não joguei esta noite. Meu braço ainda está ferido,” explico
enquanto a ajudo sair de trás da mesa e envolvo meu braço em torno
de sua cintura para levá-la porta afora.

“Mas você estava jogando na TV. Eu estava assistindo. Meu


belo garoto. Você foi três por três e escolheu duas pessoas fora da
base...”

“Boa noite, Marty. Obrigado por ligar,” digo enquanto passamos


por ele.

“E eu estava tão orgulhosa de você que pensei em celebrar e


esperei você para se juntar a mim... e aqui está você!” Ela joga as
mãos para cima, sua felicidade sincera quando a levanto para entrar
na cabine da caminhonete.

Nós dirigimos os quinhentos metros para seu trailer em


silêncio, mas seu sorriso permanece largo. Não há nada mais que eu
possa fazer além de apertar a mão que ela colocou na minha, tão feliz
por eu ter voltado para casa, por ela.

“Você estava assistindo a uma repetição de um dos meus jogos


no DVD novamente,” falo gentilmente enquanto abro a porta
desbloqueada de seu trailer para encontrar a TV e as luzes acesas.

“Eu estava?” Mamãe pergunta, como se fosse uma notícia nova


para ela, e uma pequena parte de mim pergunta se é o álcool que faz
com que ela se esqueça, ou se algo está errado com sua mente. As
duas opções me deixam mal.

“Sim, você estava. Gostaria que me deixasse te tirar daqui,


mãe.” Olho em volta do trailer de largura dupla que ela se nega a
deixar. O mobiliário está esfarrapado, as novas peças que comprei
retornaram várias vezes, e a parede a nossa frente está alinhada com
pilhas de caixas cheias de novidades que eu lhe dei, e ela
simplesmente se recusa a abrir.

“Eu não preciso de nada. Amo isso aqui,” ela murmura


enquanto senta na borda da cama e me pergunto se ela realmente
ama ou apenas acredita em suas próprias mentiras. Leva apenas um

K. BROMBERG LIVRO UM
minuto para encontrar os lenços de maquiagem e removo a tinta do
seu rosto.

“Aí está minha garota.” Sorrio quando ela olha para mim, rosto
limpo, lábios ainda em um sorriso para corresponder ao meu. “Muito
mais bonita sem toda essa gosma.”

“As garotas gostam dessa gosma, East.”

“Eu sei. Eu sei.” Retiro os sapatos dela, um por um. “Você


poderia se mudar para perto de mim. Seria muito mais agradável e
seguro e, além do mais, eu seria capaz de manter o olho em você.”

“Não vai acontecer. Não vou sair daqui. Ele vai voltar para mim
algum dia, e quero ter certeza que ele saberá onde estou quando ele
chegar... da mesma forma que você sabe onde me encontrar sempre.

“Quem, mãe? Quem vai voltar para você?” Repito a mesma


pergunta que fiz inúmeras vezes ao longo dos anos.

“O amor da minha vida.” Sua voz é sonhadora quando ela diz


isso, e o som aperta meu coração. Como é manter a esperança em
alguém por tantos anos?

“E quem é esse?” pergunto de novo, sabendo que ela não me


dirá, assim como ela nunca disse antes.

“Algumas coisas que as crianças não devem saber,” ela diz


sorrindo. Seus olhos estão cansados, mas o sorriso permanece. “Você
sempre é tão bom para mim. Eu não mereço você.”

“Você está falando bobagem agora. É hora de dormir um pouco.


Vai se sentir melhor de manhã.”

“Você vai me deixar?” Ela pergunta com a voz vacilante em


pânico.

“Não. Você sabe que nunca deixarei você. Estarei aqui quando
você acordar.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Ajudo-a a puxar as cobertas sobre ela, afasto o cabelo grisalho
do seu rosto, e a olho por alguns minutos enquanto seu sorriso
lentamente desaparece com o sono.

Meu suspiro é pesado quando desligo a televisão, as luzes, e


depois afundo no sofá encardido que mamãe não me deixa substituir.
Puxando o cobertor que ela fez com todas as minhas diversas camisas
de equipe até meu queixo, escuto o suave barulho de sua respiração e
me pergunto quantos anos mais eu vou me permitir continuar
fazendo isso.

“Boa noite, Mãe,” sussurro como costumava fazer quando era


menino. E, no entanto, desta vez eu sei que ninguém vai responder.

Eu sou o pai agora.

Mesmo quando na maioria dos dias ainda me sinto como uma


criança.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 6
Scout

“Mais rápido. Mais rápido.” Grito enquanto vejo a pura


perfeição masculina se mover no campo.

Os músculos afiados ondulam em um desempenho


impecável. Seu grunhido faz eco nos assentos de plástico vazios que
nos rodeiam. Suas chuteiras batem na base com um baque de som.

Quando paro o cronômetro, estou mais do que impressionada


com o seu tempo. “Nada mal,” pondero enquanto olho por trás das
minhas lentes espelhadas e espero que ele trote de volta.

“Você está tentando me matar? O que fiz para te irritar tanto?”


Easton estala as perguntas e então levanta uma garrafa e despeja um
pouco de água na boca.

“Não e nada,” respondo quando seguro o cronômetro para que


ele possa ver o display. “É um tempo impressionante.”

Ele grunhe em resposta enquanto engole mais água. “Nada mal.


Mas não é o meu melhor. Você vai explicar o que as bases de corrida
têm a ver com a reabilitação do meu braço?”

“Quando você corre, você balança os braços sem pensar


nisso. E, balançando os braços, move a articulação do ombro,” digo
isso colocando minhas mãos em seu braço para balançar e
demonstrar o ponto. “E quando você move seu ombro sem acentuar,
você também quebra qualquer tecido cicatricial que possa ter
acumulado na articulação. E esse tecido cicatricial é provavelmente o

K. BROMBERG LIVRO UM
que está lhe dando essa sensação de fisgada quando trabalhamos
com a bola.”

“Hã.”

“Isso não soa como se você estivesse convencido, mas não


preciso que você esteja convencido, eu só preciso de você não sinta
dor.”

“Ainda estou com a teoria ‘você está irritada comigo’.” Ele


inclina a cabeça e dá um passo para perto. “Ou com o mundo. Eu só
não decidi qual deles você está me dando agora.”

Fico eriçada, odiando que ele possa me ler com tanta facilidade
quando coloquei um enorme esforço na tentativa de aparecer
perfeitamente bem nos últimos dias. Mas não estive bem. Eu estou
bem longe disto. Estou chateada com meu pai, com raiva que ele está
me afastando quando tudo que eu preciso é ficar perto dele. Detesto
ter que ouvir de segunda mão, por Sally, que o resfriado que ele
contraiu piorou o seu estado. Eu odeio que o aniversário dO meu
irmão está chegando, outro ano passou, fazendo as memórias ainda
difusas.

Então, sim, Easton está certo; Estou chateada com o


mundo. Obviamente, estou fazendo uma merda para esconder isso.

“Venha, vamos alongar. A conversa acabou.” A conversa


acabou. Viro as costas para ele e caminho até a linha de marcação do
campo. Eu poderia perfeitamente ter feito seu alongamento onde
estávamos antes, mas preciso de distração para evitar ele olhando
mais de perto para mim e vendo que tem razão.

“Fuga clássica. Entendi.”

“Não, você é apenas o jogador.” O comentário escorrega da


minha língua, mais um lembrete para mim do que significava para
ele. O desdém que domina meu tom é destinado ao meu pai, mas em
troca estou descontando em Easton.

Como você pode estar brava com um homem que está


morrendo?

K. BROMBERG LIVRO UM
“O jogador?” A voz de Easton está bem atrás de mim, e eu
tremo. Ele definitivamente me ouviu.

Merda.

“Não pergunte.”

“Não, por favor. Estou intrigado.”

“É apenas uma idiossincrasia clássica do Doc Dalton.”


Mantenho minhas costas voltadas para ele quando as lágrimas
queimam em meus olhos. Momentos atrás, eu estava mentalmente
atacando meu pai, irritada com o mundo, e em questão de segundos,
estou sorrindo vagamente sobre a peculiaridade tão representativa do
meu pai.

Eu posso controlar isto a maioria dos dias, empurrar a tristeza


de lado, não acreditar no prognóstico, mas por algum motivo, esta
semana me atingiu duramente.

Mente clara. Coração duro.

Segure isso, Scout. Aqui não. Agora não.

“Não é assim que todos os pais são?”

Há uma mordida surpreendente em seu tom, e ainda estou


muito preocupada com o meu próprio mundo para me aprofundar no
seu. Limpo minha garganta, afasto a emoção, e me viro para enfrentá-
lo.

“Como está seu ombro?” Tempo para alterar os tópicos.

Sua risada soa no campo vazio e se perde na imensidão do


estádio. “Você realmente não gosta de falar sobre você mesma, não
é?”

Seu sorriso é genuíno quando encontro seus olhos, e eu odeio


que me estimula a dizer mais. Mas não posso. Não vou deixar. “Não.”

Sem outra palavra começo sua rotina. Trabalho em silêncio —


minhas mãos em seu corpo, seus batimentos cardíacos contra
minhas palmas — sentindo o aglomerado de músculos enquanto puxo

K. BROMBERG LIVRO UM
e empurro, trabalhando através do aperto em seu ombro. O silvo de
sua respiração é o meu único indicador para saber quando o
pressionei demais.

“Como se sente?” Me posiciono atrás dele, nossos corpos


pressionando um contra o outro, enquanto Easton me permite
manipular uma extensão maior dele.

“O que está te incomodando?”

Ignoro sua pergunta. “Está apertado? Dolorido? Essa fisgada


ainda é na parte superior do manguito?”

“Você está chateada. Isso é óbvio.”

“Estou bem. Podemos voltar para você e seu ombro? Para o


meu trabalho.” Meu tom é cortante. “O que está machucando você?”

“Eu não sei. O que está machucando você?”

Eu hesito, tentando entender se ele está realmente levando


adiante a questão, e apenas quando percebo que parei de me mover
— uma mão descansando em seu ombro, a outra em seu bíceps — ele
se vira para me enfrentar.

Agora estamos corpo a corpo, meus seios roçando o peito dele


enquanto seus olhos buscam os meus pelos segredos que guardo. E
estamos perto, muito perto, mas nenhum de nós se afasta. E agora
somos apenas nós dois dentro de um estádio ensolarado com
milhares de assentos vazios como espectadores.

Sua respiração para. Meu pulso acelera. Desvio o olhar em uma


tentativa desesperada de evitar sua pergunta e ignoro o repentino
zumbido do desejo cair dentro de mim como um fio de alta tensão
partido que torce em uma tempestade.

Mas não desesperada o suficiente para recuar.

“Uh-uh.” O dedo de Easton está no meu queixo, levantando o


meu rosto para que os meus olhos observem sua barba de um dia, até
seus lábios e sobre a curiosidade em seus olhos. “O que foi Scout?”

K. BROMBERG LIVRO UM
Nossos olhares travam. Se seguram. Pergunta sem palavras.
Simpatia, apesar de não saber o que o outro necessita.

E é estranho porque ficamos assim dezenas de vezes na


semana passada. Quando o alongo no aquecimento, no meio dos
exercícios, depois de trabalhar um pouco com a bola e novamente
depois que nossa rotina se completa — mas, por algum motivo, desta
vez existe uma intimidade.

É irritante. É excitante. Não pode acontecer.

Segundos passam antes que me atinja sobre onde estamos e o


que pode estar acontecendo — o que eu acho que quero que aconteça
— e me afasto dele o mais rapidamente possível. A conexão está
quebrada.

Mas o desejo permanece.

“Sinto muito.” Balanço a cabeça, e sem mais uma palavra,


corro para o abrigo em direção ao vestiário, precisando de espaço de
tudo o que me faz sentir — e impulsionar a cometer um grande erro.

Estúpida. Estúpida. Estúpida. Você está no estádio sua louca,


onde qualquer pessoa pode vê-la, e você está parada lá como uma
adolescente implorando para ser beijada. Você realmente arriscará
esse trabalho por um cara que terminaria com você antes do início da
temporada?

“Scout?”

"Está bom por hoje.” Continue caminhando. Continue andando.

Ele pragueja atrás de mim, e então seus passos se aproximam


dos meus quando e eu só quero que eles caminhem para o outro lado.

Ou talvez eu não queira.

Sei lá, porque esse pequeno momento foi suficiente para


bagunçar minha cabeça. Claro, Easton atinge todos os meus botões:
quente, atlético, divertido e um pouco misterioso. Mas neste trabalho,
esses botões são pressionados o tempo todo. Há muitos jogadores que

K. BROMBERG LIVRO UM
se encaixam neste perfil. É tudo o que ele me fez sentir que está me
confundindo.

É o fato de que queria que ele inclinasse e me beijasse.

É a noção de que me pressiono contra corpos duros,


masculinos o tempo todo — tanto que isso raramente me afeta — mas
agora, meu corpo está reagindo e querendo e irritado por reagir.
Easton Wylder acabou de me afetar.

É o reconhecimento de que, por alguma razão, ele pode ver as


coisas que eu acho que estou escondendo do mundo. Ele as vê, e não
tem nenhum problema em me arrancar delas, também.

E agora eu me sinto exposta nua e crua e odeio isso, mas ao


mesmo tempo fico aliviada que alguém possa enfim enxergar. Que
não sou invisível, quando ultimamente, isso é tudo que sinto
enquanto me esforço para garantir este trabalho. Ter sucesso
conseguindo o contrato de longo prazo. Qualquer coisa para tentar e
manter meu pai respirando, aguentando.

Meus passos ecoam pelo corredor de concreto, o clube está


vazio seus jogadores estão viajando. Preciso de um minuto para
limpar minha cabeça e afastar a súbita vulnerabilidade que sinto por
causa de tudo que está acontecendo com o meu pai.

Mente clara, coração duro, Scouty.

Talvez seja o efeito das minhas emoções, talvez não, mas


quando entro no vestiário vazio, meus pés falham com a visão. É
estranho e lindo e dolorido tudo ao mesmo tempo.

É assim que me lembro de quando era criança. Ford e eu íamos


com o meu pai para o trabalho e sentávamos no vestiário vazio
enquanto ele preparava tudo para quem fosse passar pela
reabilitação. Quando a equipe voltava, então seríamos enviados ao
escritório onde tinha uma máquina de venda automática cheia de
doces, que não era suposto que nós comêssemos, mas mesmo assim
enchíamos nossa cara de qualquer maneira. Nós ríamos da nossa

K. BROMBERG LIVRO UM
travessura fazendo Mad Libs13 com palavras que não eram
autorizadas a dizer na frente do nosso pai — como porra e merda — e
então resmungávamos sobre o nosso dever de casa, e Ford me
ajudava quando estava muito difícil. Era o jeito que o meu pai achou
para nos manter próximos a ele — o medo dele nos abandonar foi
constante nos primeiros anos depois que nossa mãe partiu — mas ele
procurava nos manter longe do caminho, sem atrapalhar nada, ou
ouvir qualquer xingamento ou ver os jogadores enquanto eles se
trocavam.

E de vez em quando, dependendo de quanto tempo ele


trabalhou com um clube, os jogadores entravam, brincavam com a
gente, nos davam high-fives, nos fazendo sentir como se fossemos
parte da equipe.

“O que é isso?” Easton me tira dos meus pensamentos. Quando


olho para ele, então percebo que sua mão está no meu braço, sua
cabeça baixa para que ele possa olhar nos meus olhos.

“Não é mágico?” sussurro. Oh Meu Deus. Eu disse mesmo isso?


Sou tão patética.

Sua risada é divertida, mas a expressão em seu rosto enquanto


ele olha ao redor — os armários vazios, as camisas penduradas, as
placas de identificação — diz que ele tem um relacionamento de
amor/ódio com essa sala. E para um cara que provavelmente cresceu
aqui mais do que em qualquer outro lugar, a expressão e
a curiosidade que ele suscita me surpreendem.

“Alguns dias sim. Outros não.” ele finalmente murmura,


confirmando minha suposição de seus sentimentos mistos enquanto
seu olhar retorna ao meu.

E ficamos assim por alguns segundos, sua mão no meu braço,


os olhos dele me perguntando o que está errado, e os meus

13 Um Mad Lib é jogo, uma história que foi estrategicamente editada para que algumas palavras sejam
substituídas por outras quaisquer, em um jogo com duas ou mais pessoas. O quão divertido e
engraçado ele poderá ser está limitado apenas pela imaginação de seu grupo, o que o torna um jogo
divertido para festas.

K. BROMBERG LIVRO UM
questionando por que esse lugar evoca o conflito que
vejo escondido no dele.

A limpeza de uma garganta me faz saltar de volta, como se


fôssemos duas crianças apanhadas fazendo algo que não devemos
fazer.

“Senhor,” diz Easton com um aceno lento quando encontro os


olhos do gigante que está a poucos metros de distância de nós, um
olhar indecifrável em seu rosto inconfundível.

“Easton.” Ele olha para o relógio e depois de volta, com olhos


cor de avelã que são uma imagem espelhada de seu filho. “Cortando
seu tempo de reabilitação um pouco mais cedo, não é?”

O riso que cai da boca de Easton é um que eu não havia


escutado antes. É vazio de qualquer humor. “Esta é a minha segunda
sessão de hoje, então não, na verdade, eu não estou.”

O olhar do homem muda de Easton para o meu quando ele


inclina a cabeça e me estuda. “Nós não nos conhecemos oficialmente.”

Fico atenta, de repente ciente de como a situação parece —


Easton e eu sozinhos no vestiário, ele com a mão no meu braço — e
caminho em direção a ele com a mão estendida. “Scout Dalton. Muito
prazer em conhecê-lo, Sr. Wylder.”

“O prazer é meu,” ele diz, as sobrancelhas se juntam enquanto


ele me olha nos olhos. “Então você é a única responsável por fazer
meu garoto voltar a sua velocidade.”

“Sim, senhor,” digo o mais decididamente possível, fascinada


por sua figura e muito consciente de que Cal Wylder tem uma
tonelada de influência na frente da organização do Austin Aces.
“Estamos avançando.”

“O que está segurando sua reabilitação?”

A questão me intriga. Por que ele não pergunta ao filho, que


está ao meu lado? Ele está procurando, quando sabe que não posso
contar. Discutir o status de Easton com qualquer um que não seja o

K. BROMBERG LIVRO UM
gerente geral está fora dos meus limites, para não mencionar que é
completamente antiprofissional.

Olho para Easton, que não me dá nenhuma indicação de que


ele quer que eu responda e depois de volta a Cal. Isso é algum tipo de
armadilha? Ver se a nova garota pode lidar com o confronto e
conseguir manter sua boca fechada ao mesmo tempo?

“Nada que eu possa dizer,” digo com cautela, tentando sentir a


situação. “Apenas criamos uma rotina para alongar e fortalecer, e dar
a Easton o tempo para aprender o que seu ombro reparado
necessita. Provavelmente ele sentirá sensações completamente
diferentes, então ele precisa aprender o que cada fisgada ou dor
indica.”

“Bom. Bom.” Finalmente, Cal volta a olhar para Easton. “De


onde eu estava assistindo na sala de imprensa, você parecia ter
perdido algum tempo em sua corrida para a primeira base. Não deixe
ele te enganar. Easton é mais rápido do que isso, Srta. Dalton. Ele só
tem o hábito de afrouxar um pouco se ninguém está empurrando-o.”

“A maioria dos jogadores matariam para ter o seu tempo.” Eu


ri, pensando que Cal está brincando até notar o olhar em seu rosto,
com as sobrancelhas apertadas enquanto seus olhos se voltam para o
meu. E agora estou sob o olhar impenetrável.

“Hmm.” Ele não diz mais nada, mas deixa o som da dúvida no
ar, como se não acreditasse em mim.

“O cronômetro nunca mente.”

“Bem, Easton pode fazer melhor,” Ele diz sacudindo sua cabeça
em desaprovação, rapidamente seguido pelo flash de um sorriso
deslumbrante, como se ele acabasse de lembrar que tem uma plateia.
“Mas estou feliz em ouvir sua avaliação de que o ombro dele não
diminuiu seu desempenho demais.”

E mesmo que as palavras pareçam sinceras, não tenho certeza


de que não haja a ponta dura sob elas de um pai que empurra seu
filho além de seus limites.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não, senhor,” digo para manter a paz e meu respeito no devido
lugar. Olho para Easton, observando o forte conjunto do seu maxilar,
a tensão visível em seus ombros e os olhos presos no pai, apesar do
sorriso apertado em seus lábios.

De repente, há uma tensão palpável entre os dois que cresce a


cada segundo que passa. Eu tento desviá-la.

“Foi um prazer conhecê-lo, Sr. Wylder.”

“Cal,” ele diz, finalmente afastando os olhos de Easton.

“Cal,” eu repito. “Vou levá-lo de volta ao campo, mas só porque


Easton está fazendo um trabalho extraordinário para chegar lá por ele
mesmo.”

Ele me dá esse olhar novamente, olhos avelã procurando, como


o de seu filho. “É bom saber,” ele murmura. “Mantenha o bom
trabalho.”

E com isso, o homem que assisti quebrar todos os recordes


quando eu era criança, se vira e sai do vestiário.

Cal pode ter fechado a porta quando saiu, mas a tensão que
trouxe com ele ainda persiste.

“Precisamos dar o fora daqui,” Easton resmunga quando se


vira para me enfrentar. “Troque de roupa se quiser e pegue sua
merda. Nós vamos dar uma volta.”

Fico lá, boquiaberta. Easton dá alguns passos e volta a olhar


para mim como se eu não o tivesse entendido. O olhar em seus olhos
é tão exigente quanto suas palavras. Quero mandar ele ir para o
inferno, que não recebo ordens de ninguém e ainda por algum motivo,
eu faço exatamente como ele pediu.

Desta vez.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 7
Scout

Dirigimos em silêncio enquanto Easton manobra pelas ruas


do centro de Austin. Ele ainda está chateado, o que posso dizer, mas
parece diminuir a cada quilômetro que colocamos entre nós e o
campo de beisebol.

A curiosidade sobre o confronto entre ele e o pai é dona de


meus pensamentos. A imagem perfeita de pai e filho. Ambos super
talentosos. É uma raridade neste jogo, porque eles passaram
suas carreiras jogando para apenas um clube. Os dois obscenamente
bonitos.

Mas depois do encontro no vestiário, fico imaginando como os


outros não conseguiram ver o que eu vi. O bom e agradável Cal
Wylder não é assim tão fácil e não é nada elogioso e muito menos
protetor com o seu filho.

“Desculpe por isso,” diz Easton depois de algum tempo, sua voz
resignada.

“Sobre o quê?” Viro-me para olhar para ele do meu assento na


frente da sua caminhonete, fazendo a minha pergunta, mas não
realmente significando isso.

“Meu velho pode ser... um pouco arrogante às vezes. Sinto


muito se isso te deixou desconfortável.”

“Eu estou bem. A minha escolha de carreira me ensinou a lidar


com todos os tipos de pessoas.” Olho para cima e para baixo para que

K. BROMBERG LIVRO UM
saiba que eu estou incluindo ele na generalidade. “Obrigado, no
entanto.”

“Eu notei.” Ele ri e olha para mim de relance antes de voltar


sua atenção para a estrada, seu sorriso sumindo e seus lábios se
torcendo quando ele retorna aos seus pensamentos.

Uso o tempo para estudá-lo. A linha de seu perfil, a flexibilidade


de seu bíceps enquanto gira o volante, o pulso do músculo em seu
maxilar. Easton sabe que estou observando, e ainda assim ele
continua, verificando o espelho lateral, o espelho retrovisor e usando
os sinais de mudança de direção.

Há tantas perguntas que quero fazer, mas é melhor que


não. Sobre o relacionamento com seu pai e a tensão óbvia entre
eles. Sobre o que foi que aconteceu entre nós no campo
anteriormente. Se eu colocar uma voz na minha curiosidade, estarei
apenas convidando suas perguntas sobre minha vida pessoal em
troca. E enquanto desenvolvemos uma pseudo amizade nas últimas
duas semanas, há segredos que eu preciso manter.

Então mordo minha língua e tento calar minha cabeça para que
possa desfrutar do silêncio confortável em que nos deslocamos. E logo
que faço, algo me atinge: eu gosto de Easton. E não apenas esse tipo
de atração indiferente que sinto ocasionalmente com jogadores com
quem trabalho. Do tipo, inferno sim, eles são gostosos e
provavelmente seriam candidatos voluntários se eu quisesse alguma
diversão temporária, mas não bom o suficiente para atravessar essa
linha tênue que separa minha vida profissional com minha vida
pessoal.

Eu nunca atravessei e nem tenho intenção de fazer agora.

Meus estudos, minha equipe de softbol, minha graduação no


topo da classe sempre vieram primeiro. Então joguei tudo que tinha
para vencer obstáculos e para provar que sou digna de ajudar a gerir
o negócio do Doc Dalton. Claro que ele é meu pai, mas queria ganhar
o cargo. E felizmente eu fiz, porque não havia nenhuma maneira de
saber o que o futuro reservaria para nós.

K. BROMBERG LIVRO UM
Houve diversão com os homens? Claro, mas desde que comecei
a trabalhar para o meu pai, nenhum jogador me instigou a querer
atravessar essa linha profissional, tanto quanto este homem
misterioso e atraente ao meu lado faz.

E esse é um grande problema.

Mas, novamente, não é. Já sou bem crescidinha. Posso muito


bem lidar com meus desejos lascivos. Ele é charmoso, atraente,
engraçado e muito mais do que eu pensava. Mesmo com tudo isso
ainda acho que apenas peguei um pequeno vislumbre real dele. Estou
intrigada, para dizer o mínimo.

Espere. A caminhonete parou. E ainda estou olhando para


Easton. E ele está olhando para mim, sorrindo cada vez mais a cada
segundo que ele espera que eu perceba.

“Sinto muito.” Balanço a cabeça com uma risada, embaraçada e


envergonhada.

“Não sinta. Eu espero que seja em mim que você está pensando
intensamente.” Seu sorriso é rápido e eu tento não morrer mil mortes.

“Claro que estava. Apenas tentando pensar sobre o que fazer


com você em seguida,” digo com os lábios franzidos e encolho os
ombros, e então percebo que soa exatamente como eu não queria que
isso soasse. Gaguejo para me corrigir. “Quero dizer, sua
reabilitação. No campo. O treinamento. Sobre o seu braço.”

“Uh-huh.” Tenho certeza que meu rosto adquiriu todos os tons


de rosa, até ao vermelho, quando ele só olha fixamente e aquele
sorriso enorme se transforma em um sorriso torto.

“Onde estamos?” Muito bom Scout. Realmente bom. Você é um


mestre em mudar o assunto. Para reforçar minha tentativa, olho para
o nosso entorno. Estamos em uma rua residencial com um parque ao
lado do passageiro e uma fileira de casas ao lado de Easton.

“Desculpe por te arrastar até aqui, mas preciso fazer algo


rápido. Espero que você não se importe, mas sinta-se livre para ligar o
rádio, se quiser. Vou deixar as chaves aqui.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Okay. Certo.”

Ele se vira para mim, sua mão empurrando a porta aberta,


sorri e coloca seus óculos de sol no rosto. “Ei, Scout?”

“Sim?”

“Estou indo agora.”

“Okay?” Desenho a palavra para deixá-lo saber que o que ele


está fazendo é bastante autoexplicativo.

“Isso significa que você pode continuar pensando sobre o que


sabe lá você estava pensando sobre mim e não ficar tão
envergonhada, já que não estarei mais sentado a alguns centímetros
de você.”

Deus do céu. “Eu estava pensando em seu braço. Seu braço,”


enfatizo.

Ele desliza sua língua para molhar seu lábio inferior. “Isso não
foi tudo o que você estava pensando.”

Sua risada enche a caminhonete antes que ele feche a porta e


me deixa com o eco dela através da janela aberta.

Sigo o seu traseiro muito firme enquanto ele corre através do


campo de grama para um pequeno grupo de pessoas. Há mesas com
cachos de bolões verdes espalhadas pelo pátio. Parece haver um
grupo de crianças sentadas em filas na grama e algum tipo de
personagem fantasiado na frente deles segurando um livro de
tamanho gigante.

Estou mais fascinada com o que está acontecendo e exatamente


o que Easton está fazendo aqui. Especialmente depois que ele chega
ao grupo de pessoas e aperta a mão de várias delas, enquanto abraça
algumas outras.

Depois de observar por alguns minutos, concluo que este é


algum tipo de função escolar, e de alguma forma Easton é parte
dela. Estou distraída momentaneamente observando ele quando o
personagem do ursinho lança suas mãos (ou são patas?) no

K. BROMBERG LIVRO UM
ar. Apesar da distância, posso ouvir o rugido quando as crianças
gritam em voz alta em resposta.

Seu entusiasmo traz um sorriso aos meus lábios. E quando vejo


Easton subir antes das filas de crianças, seus aplausos crescem
ainda mais selvagens. Algumas delas pulam de seus assentos e
correm para dar um abraço. Apesar da distância, posso ver o sorriso
largo em seu rosto e a sinceridade em sua expressão quando ele as
abraça de volta, revira seus cabelos e depois faz uma espécie de
rotina tola com o urso.

As crianças mudam para a próxima atividade, a próxima etapa,


e ainda assim fico olhando novamente para o espaço, reconhecendo
que Easton Wylder está voltando. Esse coração difícil que meu pai me
ensinou foi uma necessidade para passar pela vida é lentamente
suavizando.

E não sei bem como me sentir ou o que fazer a respeito.

Meus pensamentos são muito altos dentro desta caminhonete,


quando tudo o que desejo é paz e tranquilidade. Eu não quero pensar
sobre meu pai, o estresse do contrato, ou como vou deixar tanto ele
quanto Easton decepcionados se não conseguir. Em vez disso eu só
quero sentar estacionada na beira da estrada da minha cidade natal,
que sinto que mal conheço. Quando criança, estávamos sempre
passando para a próxima cidade, o próximo jogador lesionado, tanto
que os tutores se tornaram nossos professores e nossas camas em
casa não parecia familiar.

Perdi Austin — a paisagem e os sons e a beleza que eu


realmente não consegui desfrutar quando criança — e estar de volta
por este curto período de tempo só reforçou o pensamento.

O desejo de fazer uma vida aqui é de repente forte. Para ganhar


o contrato, encontrar um lugar meu e criar raízes. Preciso de algo
próprio, em algum lugar em que eu possa pertencer.

Porque muito em breve. . . estarei sozinha.

K. BROMBERG LIVRO UM
O sofrimento causado pela dor é incapacitante, o crescimento
das emoções é inevitável.

Desesperada em parar de pensar, em parar de sentir, giro a


chave na ignição e aperto o botão do rádio. Música é o que preciso. A
música vai me deixar fechar os olhos, inclinar minha cabeça para trás
e me perder na batida.

Exceto que quando o rádio liga, fico assustada quando a voz de


um homem começa a falar comigo. Ou não comigo, mas com o leitor,
porque parece que ele está narrando um livro em áudio.

Um áudio book?

Eu sei que é superficial, mas um livro de áudio é a última coisa


que esperava ouvir através dos alto-falantes de Easton. O homem
continua me jogando por loops toda vez que acho que já o conheço
bem.

Eu deveria desligar para que ele não perca o lugar, mas há algo
tão calmante sobre a voz do narrador que me aconchego no assento
com um sorriso suave no meu rosto e apenas me perco nas palavras
que ele fala.

Um pouco mais do que um capítulo mais tarde, sou sacudida


da história quando a porta da caminhonete abre. Sentindo-se como
um garoto pego com a mão no pote de biscoito, olho para Easton com
olhos arregalados e bochechas coradas com constrangimento.

Ele não diz uma palavra, mas apenas olha para mim por trás
das lentes escuras de seus óculos de sol por um momento antes de
subir na caminhonete, desligar o rádio, e depois se afastar do meio-
fio.

Nós dirigimos no silêncio que parece ter nos atormentado hoje,


e eu fico imaginando por que ele parece constrangido quando não há
nada para se envergonhar.

Ele ouve livros. Como ele pode pensar que eu o julgaria mal por
isso?

K. BROMBERG LIVRO UM
E ainda assim sinto seu desconforto, então tento aliviar da
única maneira que eu sei como. “Stephen King, hein? Eu meio que
imaginei você mais para um gênero de romance moderno.”

“Merda.” Seu riso quebra o silêncio constrangedor dentro da


caminhonete.

“O que há de errado com o romance?”

“Você realmente precisa me perguntar isso?”

“O quê?” Repito a postura que me meteu em problemas mais


cedo: corpo deslocado, joelhos angulados, olhos nele. “Você não gosta
de uma boa história? Ou é porque você não acredita em amor
verdadeiro? Talvez você só não tenha achado um bom romance de
ambientado no beisebol para te prender e roubar seu coração.”

“Veja! É aí que está. Esses livros dão às mulheres expectativas


irrealistas sobre como um relacionamento é suposto ser.”

É a minha risada que enche a caminhonete agora. “Talvez as


nossas expectativas estejam no lugar, e são os homens que não são
confiáveis.” Eu faço um beicinho quando ele olha para mim por cima
da armação de seus óculos de sol.

“Isso é uma grande balela.”

“Não, não é. Do que você tem medo? Que você realmente goste
da história e talvez tenha algumas dicas para ajudar a melhorar o seu
jogo?” Meu tom é tímido com um sorriso brincalhão enquanto ele olha
para mim.

“Você está me dizendo que você não acha que eu não tenho um
bom jogo?” Ele pergunta, zombando ofendido.

“No campo? Sim. Fora do campo? Não posso dizer.”

“Eu tenho o jogo certo. Não se preocupe Kitty. Apenas espere e


verá.” Sua voz pode parecer irritada, mas o sorriso em seus lábios diz
diferente.

K. BROMBERG LIVRO UM
Eu rolo meus olhos enquanto tento não ler em seu comentário.
Apenas espere e verá. Ele disse isso de improviso? Ou ele está
interessado em mim? E mais importante, eu quero que ele esteja?

“Sem jogo," ele murmura em voz baixa e depois ri. “Isso é


hilário.”

Vinte dólares em como ele vai ouvir um romance mais cedo ou


mais tarde.

O ego de um homem não aguenta ser coloca em cheque.

Ele vai ter que descobrir a verdade por si mesmo.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 8
Scout

“Então o que foi tudo isso no parque?”

Olho em volta da espelunca onde acabamos. Está no centro,


um pouco perto do estádio, mas fora da área dos esforços de
revitalização da cidade. As lembranças texanas enfeitam as paredes, e
a música country toca suavemente nos alto-falantes.

“Não foi nada. Apenas uma obrigação que precisava cumprir.”


Ele está indiferente em sua resposta e faz questão de desviar seus
olhos dos meus.

“Seja como for, Wylde.” Reviro os olhos. “Você não pode agir
como se não fosse nada, porque o que quer que estivesse
acontecendo, aquelas crianças adoraram por você estar lá, e isso é
muito incrível. Então, confesse. O que foi isso tudo?”

“Por que você estava tão chateada mais cedo?” Seus olhos
encontram o meu, buscando e questionando, quando ele levanta a
garrafa de cerveja para seus lábios e toma um gole.

Sacudo a cabeça. “Nós não vamos lá de novo.”

“Então acho que você não vai saber o que eu estava fazendo no
parque, agora, você vai?”

“Você é um pé no saco, sabia disso?”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Essa dor poderosa e perfeita que chegou aqui, também." As
palavras saem de uma boca transformada em um sorriso, mas com os
olhos carregados de sugestão.

“Bajulação não me faz derramar meus segredos.”

“Não foi bajulação. É a verdade.”

“Bem, nesse caso, bajulação o levará longe,” respondo, nossos


sorrisos amplo, mas as perguntas não respondidas ainda persistindo
entre nós. “Você realmente não vai me dizer o que estava
acontecendo?"

Ele encolhe os ombros. “Parece que é assim, não é?”

“Eu acho que nunca joguei este jogo mostre-o-seu-que-eu-


mostro-o-meu e duvido que eu começarei com vinte e cinco anos de
idade,” digo secamente.

Sua risada se sobressai sobre o barulho do bar. “É uma


pena. Você definitivamente deve jogar uma vez na sua vida. Você nem
imagina como pode ser divertido.” Esse brilho está de volta aos olhos,
destacados por um levantamento de sobrancelhas e, mais uma vez,
estou ciente de como ele me cativa sem sequer tentar.

“Diga algo sobre você.” Ele muda o tema, sua expressão me


desafiando a recusá-lo.

“Eu nunca joguei nas ligas principais.”

Ele estreita os olhos e aperta seus lábios. “Isso é o melhor que


você pode fazer?”

Eu encolho os ombros e imito sua postura. “Que tal isso,”


sussurro quando me inclino um pouco mais perto, “você me diz o que
estava fazendo mais cedo, e eu vou te contar algo sobre mim.”

Sua risada é rápida, mas reveladora. “Eu vejo que fui


superado. Você é complicada, voltando isso para mim, Scout Dalton,
mas vou morder. Deus sabe se eu não fizer, sua bunda teimosa nos
fará repetir a mesma pergunta durante toda a noite.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Estou tão feliz que você me entenda tão bem.”

“Dificilmente.” Ele se desloca no assento e olha para o rótulo da


cerveja com o qual ele está brincando. “Eu dirijo uma instituição de
alfabetização,” ele diz baixinho, levantando os olhos para encontrar o
meu. “Nós executamos programas em todas as escolas locais para
encorajar a leitura e para garantir que qualquer criança que esteja
lutando com a leitura, ou com dislexia, ou que precise de ajuda extra
ou de aulas particulares as obtenha.”

E lá vai ele, me surpreendendo de novo.

“Quem diria que o homem que tem um braço perverso e


arrogância que dura dias também tem um coração tão grande.” Eu
murmuro, mais para mim do que para ele, mas estou completamente
impressionada. Não só porque ele tem uma instituição de caridade,
porque muitos jogadores pagam de alguma forma para ter também,
mas depois de assisti-lo — sua interação com os organizadores, as
crianças, seu bom humor — é óbvio que isso é mais do que apenas
uma redução no imposto.

Adoro que suas bochechas fiquem levemente coradas e odeio


que ele esteja envergonhado por isso.

“Eu quis dizer isso como um elogio, Easton. É bom ver alguém
que investe na comunidade em retorno, e de uma maneira tão
importante. Nunca se sinta envergonhado por isso. Por favor.”

“Sua vez,” ele diz depois de um segundo, efetivamente mudando


o foco de volta para mim. "Derrame isso.”

Eu respiro e debato sobre ser honesta com ele, e manter minha


promessa ao meu pai. “Eu tenho um tio que está muito doente. Está
me atingindo mais do que o habitual hoje.”

“Scout.” A maneira como ele diz que meu nome — um pedido de


desculpas cheio de compaixão — faz com que um nódulo se forme na
minha garganta. “Eu pensei que estava sendo tão inteligente,
enganando você para me dizer algo, e agora me sinto como um

K. BROMBERG LIVRO UM
completo idiota. Eu sinto muito. A única coisa que posso dizer é que
espero que ele melhore logo.”

Eu não sei por que eu ri, mas eu fiz. O tom sai ansioso e
sarcástico e sei o motivo. Tenho medo de falar as palavras em voz alta
e que elas se tornarão realidade. “Sim, bem, obrigado, mas ele não vai
melhorar.” Concentro-me em triturar meu guardanapo — qualquer
coisa para evitar ver a simpatia em seus olhos. Não posso lidar com
sua simpatia agora. Posso lidar com a raiva. Posso lidar com a
descrença. Mas eu absolutamente não posso lidar com a simpatia.

A simpatia vai me quebrar, quando eu não posso quebrar.

Vai me fazer confessar o segredo que tenho guardado. Aquele


que tem me devorado inteira — pouco a pouco, dia a dia — porque eu
daria qualquer coisa para falar sobre o diagnóstico do meu pai. Seria
muito mais fácil se alguém soubesse para que eu pudesse deixar toda
essa emoção empacotada em vez de deixá-la implodir.

Mas não posso dizer a Easton. Eu prometi a meu pai que não
faria, então sento na cabine em frente a ele, olhando para onde eu
estou empurrando os pequenos pedaços de guardanapo triturados em
vez de olhar para ele.

De alguma forma, porém, ele sente que preciso de uma


conexão, de algo, então ele atravessa a mesa e liga seus dedos aos
meus. Olho para as nossas mãos entrelaçadas; Eu estudo as
cicatrizes na sua de uma vida de jogo, e seguro o pouco de conforto
que ele não tem ideia de quanto eu preciso.

“Obrigada,” digo depois de um momento para recuperar minha


compostura. Uma grande parte de mim gosta disso — nossos dedos
ligados — mas sabe que é uma má ideia. E, no entanto, quando me
inclino para trás na cabine, tento criar uma oportunidade para ele
retirar a mão e ele não faz.

“Eu costumava jogar bola,” digo, sentindo a necessidade de


corresponder com outra coisa sobre mim, considerando que não fui
completamente honesta com a minha primeira confissão. Qualquer

K. BROMBERG LIVRO UM
coisa para mudar o tópico e aliviar a atmosfera deprimida que
inesperadamente eu criei.

“Você jogou?” Ele pergunta com um tom tão cheio de calor que
me faz olhar para ele. Há uma gratidão surpreendida em seus olhos
que me diz que ele não esperava que permitisse ele entrar e só por
esse olhar já fico feliz por ter feito isso.

“Sim. Então, talvez eu não tenha jogado nas maiores, mas


ganhei alguns campeonatos colegiados.”

“Você está fodendo comigo agora.”

Eu ri. “Por que isso é tão difícil de acreditar?”

“Porque você é completamente imprevisível. Primeiro uma


stripper e agora uma jogadora.”

“Muito engraçado.” Rolo meus olhos quando ele estreita o seu


em pensamento.

“Deixe-me adivinhar... você era um segunda base.”

“Uh. Por favor,” digo com uma ofensa simulada porque sei que
ele não adivinhará em um milhão de anos em que posição joguei.

“Vamos lá. Com esse seu corpo pequeno e compacto, eu aposto


que você teria sido uma segunda base de arrasar.”

“Eu gosto de ganhar um pouco mais de ação do que a segunda


base,” digo conhecendo plenamente a insinuação que acompanha,
mas depois da primeira bebida, estou me sentindo um pouco mais
ousada do que normalmente seria.

Seus olhos seguram o meu por um momento prolongado, e eu


sei que ele quer dizer mais, mas ele não. Em vez disso, ele começa a
nomear cada posição no campo, enquanto eu os rejeito até que só
restam dois.

“O que resta?” Ele pergunta, sabendo bem a resposta.

“Arremessador e apanhador.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“De jeito nenhum,” ele murmura.

“Sim.” Curvo minha sobrancelha, o sorriso presunçoso em


meus lábios diz que estou gostando do fato dele ter me subestimado.

“E duas vezes em questão de minutos, você me faz sentir como


um idiota completo.” Ele solta meus dedos e deixa cair a cabeça em
suas mãos, sua risada soa quando ele esfrega através de seus
cabelos. O simples gesto me faz sorrir, mais ainda quando ele me olha
novamente, olhos intensos, sorriem desconcertados. “Sério?”

“Se ia jogar, eu queria jogar a melhor posição no campo. Aquela


que detém todo o controle.”

“Mandona.”

“Idem.” sussurro de volta com um sorriso suave, o álcool me


aquecendo de dentro para fora.

“Incrível.” Sua voz é parte admiração, parte surpresa, e faz com


que cada parte de mim fique de pé com orgulho.

“Meu pai costumava dizer que o melhor lugar no campo para


sentar estava atrás do home plate. Quando tinha uns dez anos, então
pensei que se realmente iria jogar, queria ter a certeza que teria o
melhor lugar do campo.”

Eu posso ouvir a voz do meu pai dizendo isso agora, a memória


é incandescente

“E meu pai me disse para jogar a primeira base,” ele diz com
uma sacudida de sua cabeça, “porque a captura causa muito
desgaste em seu corpo e pode encurtar sua carreira.”

“Então você sempre se rebelou contra ele, não é?”

Sua risada é rápida e seu sorriso arrogante. “Isso é perceptível,


hein?”

“Havia apenas um toque de tensão no vestiário.”

“Um toque? Foi isso tudo?”

K. BROMBERG LIVRO UM
Agora que está aliviado ele pode rir do que o chateou mais
cedo, eu coloco meu polegar e dedo indicador com meio centímetro de
distância. “Apenas um pouquinho.”

O sorriso suave em seus lábios não faz nada para aliviar


o conflito em seus olhos quando ele baixa o olhar para ver
a condensação correr pelo lado de sua garrafa de cerveja. Ele recolhe
seus pensamentos antes de olhar para mim para explicar. “Ele tem
boas intenções. Ele só é muito particular e extremamente
determinado que eu faça jus ao nome Wylder. Ele não quer que
eu desgrace o legado que ele deixou para trás, especialmente porque
eu jogo para o clube pelo qual ele passou toda a carreira jogando.”

“Isso é muita pressão.” Não consigo imaginar.

“Tenho certeza que a situação em que você está não é diferente,


corresponder ao lendário Doc Dalton.”

Eu torço meus lábios e considero sua declaração. “Pressão,


sim. Mas é algo que quero fazer, amo fazer... e quero que ele fique
orgulhoso.” Mas tenho a sensação de que, enquanto Easton se sente
da mesma forma sobre sua situação, pelo menos eu tinha a escolha
se queria seguir os passos do meu pai. Por alguma razão, acho que
ele não.

“Toda filho quer deixar seus pais orgulhosos,” ele reflete quando
inclina sua cabeça para o lado. “Mas cada pai tem um padrão
diferente para o que exatamente poderá permitir atingir esse objetivo."

E esse comentário confirma minha suposição que Easton sente


que ele nunca foi bom o suficiente para estar à altura do seu pai, a
lenda. Meu coração dói por ele, trabalhando tão duro quanto ele faz,
jogando um jogo que ele é mais do que talentoso, mas vivendo uma
vida para ganhar a aprovação de alguém.

“Verdade. Isso deve ser difícil para você.”

Ele encolhe de novo. Evita olhar. Toma um gole de sua cerveja.


“Quando estou jogando bem, não é.” Ele ri, e posso dizer que ele está
desconfortável com o tema da conversa.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Diga algo sobre você,” falo mais do que curiosa para encontrar
outra peça e completar este quebra-cabeça em figura de homem.

“Você está cheia de perguntas,” ele provoca.

“Por favor,” digo fazendo graça. “Tenho certeza que você prefere
falar de beisebol ou estatísticas ou algo fascinante.”

“Fascinante?” Ele ri.

“É uma boa palavra.”

“É,” diz ele com um aceno, “mas eu não falo sobre estatísticas.”

“Sério? Eu pensei que todos os jogadores gostavam de falar


sobre o jogo.”

“Eu não sou como todos os jogadores, no entanto.”

“Assim parece.”

“Primeiro, eu sou o jogador.” Ele mexe uma sobrancelha, e tudo


o que posso fazer é sorrir para a referência.

“E segundo?”

“Segundo,” Ele replica, “posso estar errado, mas acho que é


preciso muito mais para te impressionar que uma lista de estatísticas
acima do padrão.”

“Verdade.” Eu solto a palavra para fora, enquanto minha mente


sofre uma enxurrada de pensamentos.

Ele está flertando comigo? Easton quer me impressionar? Ou


estou interpretando este comentário quando ele não significa nada
disso?

“Estatísticas são chatas. Mas são o meu trabalho. E enquanto a


maioria dos dias eu vivo e respiro beisebol, dentro e fora do campo,
eles são a última coisa que vem à mente quando estou na companhia
de uma bela mulher.”

Esta é a segunda. Ele está flertando comigo.

K. BROMBERG LIVRO UM
“O que vem a sua mente, então?”

Oh, droga. Eu estou flertando de volta.

Ele pisca um sorriso megawatt que clareia seu semblante


escuro e ilumina os olhos. E se eu duvidei se devemos continuar essa
troca ou não, esse sorriso aí me puxa com linha, anzol e chumbada.

“Bem aqui? Agora?”

“Mm-hmm.”

Nossos olhos travam enquanto nós nos avaliamos e tentamos


descobrir o próximo passo nesta dança desconhecida para onde
estamos nos movendo.

“Dance comigo.”

Sufoco uma risada. Ele está lendo minha mente agora?

Mas o meu riso é de curta duração quando ele levanta da


cabine e estende a mão para mim. Ele não pode estar falando sério.

“De jeito nenhum!” Dou risada batendo a mão dele fora. “Eu
não vou deixar o rei das brincadeiras fazer de mim uma tola.”

“Eu amo uma boa brincadeira, mas dançar comigo não é uma
delas.” Ele estende a mão para mim novamente.

“Eu não sei dançar, muito menos música country.”

“Nem eu. Somos um par, não somos?” ele pergunta, aquele


sorriso de menino em seus lábios me conquista. “Um par de texanos
que não sabem dançar música country.”

“Deveríamos ter vergonha de nós mesmos e nos esconder neste


canto escuro aqui.”

Sua risada me diz que ele não está comprando. “Não há tempo
melhor que o presente para aprender.”

“Seremos os únicos na pista de dança.” Procuro pensar em


qualquer outra desculpa para evitar esta situação — não, evitando a
parte em ser o centro das atenções, mas a parte de dançar corpo a

K. BROMBERG LIVRO UM
corpo com Easton — porque ele já está abaixado minhas defesas e
dançar com ele pode ser tão tentadoramente desastroso para mim —
em mais de uma maneira. “Todos estarão olhando para nós.”

“Eu vivo minha vida sob as luzes, baby,” ele provoca enquanto
agarra a mão que eu recusei. “Você acha que essas luzes escuras do
bar irão me intimidar?”

“As pessoas vão olhar.”

Ele me põe de pé.

“Ótimo.”

“Ótimo? Estamos deslocados aqui.”

“Eu nunca me importei com o que as pessoas pensam de mim,


e eu com certeza não vou começar agora. Além disso, não há nada de
errado em obter um pouco de atenção de vez em quando.”

Ele me puxa pelo meu braço para que eu o siga.

“Ah, agora você não pode lidar com o fato de não ser o centro
das atenções, pode?” O provoco.

“Posso lidar com isso muito bem. E não sou eu que as pessoas
olharão, é você.”

“Eu?” digo isso mas a palavra saem em uma lufada de ar


quando ele para e gira sem aviso, fazendo com que eu bata
solidamente contra seu peito.

“Sim. Você.” Seu sorriso é uma justaposição de tímido e


sugestivo, e toca em tantas coisas dentro de mim. Quero. Preciso.
Negação. Desejo

Estamos de pé no meio da pista de dança vazia, e tudo o que


posso pensar quando ele olha para mim é que preciso lembrar de
respirar.

Porque conversar em uma mesa está bem. Esticando o seu


ombro no campo, posso lidar. Mas isso, cara a cara em uma pista de

K. BROMBERG LIVRO UM
dança sem nada entre nós, serve apenas para reforçar
minha epifania na caminhonete mais cedo — eu realmente gosto dele.

E como se o universo tentasse torcer esse erro, a música de


repente se torna mais alta e as luzes ficam mais fracas,
levando Easton a deslizar uma mão para a parte inferior das minhas
costas e levantar minha mão com a outra.

Respire, Scout.

E então ele começa a se mover.

“Relaxe,” ele murmura contra a minha orelha enquanto nos


guia em uma série de passos incompatíveis que não fazem sentido e
perfeito sentido ao mesmo tempo. Mas não é como se eu pudesse
me concentrar no movimento, com o calor de seu corpo contra o meu.
Tão familiar e tão diferente.

Estou sob sua tutela agora. Não sou eu mais trabalhando,


aquecendo ou alongando ele. É ele me guiando. Comandando. E
dessa vez a ondulação de seus músculos debaixo de sua camisa não
serve só para estudar e avaliar, e sim apenas sentir. Para reagir.
Querer.

Normalmente sou aquela que evita os holofotes, mas o Easton


acabou por me empurrar diretamente nele. A atenção silenciosa.
Olhos observando. E há algo sobre saber que estamos sendo vigiados
que amplia tudo.

Mais especificamente, tudo sobre Easton.

O aroma do seu shampoo. A força em sua mão enquanto ele


segura a minha e o calor que a outra espalha na parte inferior das
minhas costas. A vibração da sua voz contra o meu cabelo quando ele
cantarola junto com a melodia de Luke Bryan. O ritmo de seus
quadris quando eles se movem contra o meu.

“Você mentiu para mim, Scout.”

O calor de sua respiração contra o lado do meu rosto.

“Sobre o quê?”

K. BROMBERG LIVRO UM
A sensibilidade dos meus mamilos enquanto esfregam tão
suavemente contra a firmeza do seu peito.

“Você sabe muito bem como dançar.”

Eu rir em resposta, mas não olho para cima para encontrar


seus olhos, porque não quero que ele pare o que estamos fazendo. Há
algo de íntimo no momento, que quero respirar um pouco mais antes
de perder.

Sua reação ao meu riso é pressionar a mão contra as minhas


costas e me puxa mais perto. “Sempre me ensinaram que mentir vem
acompanhado de uma punição.” Sua voz cantando tem uma
qualidade que só serve para me atrair ainda mais profundo em
qualquer feitiço que ele parece estar lançando na minha concha
impenetrável.

“Punição?” Em algum lugar lá no fundo, essa palavra desperta


a curiosidade de algumas partes do meu corpo, mesmo inexperientes
em qualquer coisa dessa natureza, e de repente estou nervosa.

E excitada.

“Mm-hmm.” Sua voz soa tão sedutora quanto seu corpo se


sente contra o meu. “Algo que provoca dor."

Engulo os pensamentos enquanto meu interior começa aquecer


e estou bem ciente de que a atenção ainda está voltada para nós.

E antes que eu possa tomar meu próximo suspiro, Easton


me gira com uma risada até que nossos braços estejam totalmente
estendidos, as pontas dos dedos ainda se tocando levemente, antes de
me puxar de volta, então eu paro com um baque firme contra seu
peito.

“Vê?” Ele diz, levando-me a olhar para ele, a única coisa que eu
estava me dizendo o tempo todo para não fazer. E agora que fiz, estou
plenamente consciente de que nossos lábios estão a poucos
centímetros de distância.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Vê?” dou um sorriso, tentando compreender o que eu deveria
ver quando meu corpo ainda está cambaleando do sentimento de
nossos corpos colidindo entre si e a mortificação de ser girada em
uma exibição pública.

“Sendo o centro das atenções.” Sua voz é apenas um sussurro,


mas eu ouço cada palavra. “Dançar comigo não é tão doloroso para
um castigo agora, não é?”

Normalmente iria rir dele — em sua versão para um castigo —


mas tudo que consigo pensar é quanto eu quero que ele me beije
agora. Com seus lábios bem ali. E nossos corpos assim.

Respire Scout.

“Você tem uma mão pesada, Sr. Wylder.” Minha cabeça está tão
mexida que nem sei como consigo parecer tão espirituosa.

E sem fôlego.

É nesse momento que percebo que paramos de mover


completamente. Nossos pés. Nossos corpos. Estamos de pé sozinhos
no meio da pista de dança em um bar lotado, olhando um para o
outro.

“Com licença?” Na voz de mulher à nossa esquerda, nos


separamos em choque como duas crianças sendo pegas pela segunda
vez hoje. “Eu posso interromper?”

Eu olho para a atraente — e muito mais velha — ruiva que está


parada ao nosso lado, cujo sorriso é tão sugestivo quanto as roupas
que está usando, e depois de volta para Easton, um homem que não
deve achar estranho uma mulher dando em cima dele, tenho certeza.
Seu sorriso está fixo e os olhos arregalados enquanto ele tenta
descobrir o que fazer.

“Claro. Ele é todo seu,” digo enquanto passo para trás, apesar
de cada parte do meu corpo querendo se aproximar. Ele cospe um
protesto, mas seus bons modos arranca o melhor dele quando a
mulher, que deve ter pelo menos trinta anos a mais, não tem

K. BROMBERG LIVRO UM
absolutamente nenhum escrúpulo sobre pisar no lugar onde antes
meus sapatos estavam.

Mordo os meus lábios para lutar contra um sorriso, enquanto


ele me envia um SOS visual quando a mulher começa a levá-lo para a
pista de dança. Ele é todo sorriso para ela enquanto atira brincalhão
um olhar eu-vou-matar-você em minha direção.

E enquanto eu saboreio minha bebida fresca, enviada com os


cumprimentos da parceira de dança de Easton, pela primeira vez há
um tempão, percebo como é sentir ciúme de um homem.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 9
Scout

“Ela queria tanto você.” Meu riso é mais alto do que o normal,
um pouco estridente, e não me importo porque estou um pouco
bêbada e muito relaxada, e não me lembro de como é estar relaxada.

“Você é uma wingman14. Atirando-me aos lobos para beber


sozinha todo o álcool, sendo que poderia ter ajudado a acabar com
meu sofrimento.”

“Ela era doce, porém,” eu explico.

“É claro que você pensou isso. Você estava ficando bêbada com
as muitas bebidas que ela colocou pra você, enquanto eu estava
ocupado movendo suas mãos fora da minha bunda. E nem vou entrar
em seus pensamentos sobre as chances da equipe este ano, ou
quanto ela perguntou se é verdade que o filho é como pai.”

“Se é verdade que o filho é como pai?” Olho para ele com meus
olhos arregalados, e cubro minha boca com a mão.

“Sim. Exatamente.”

“Está me dizendo que ela dormiu com seu pai?”

“Eu não tenho nenhuma pista, e nem quero saber,” ele diz
secamente, fingindo um tremor.

14 Wingman é o parceiro que orienta e acompanha pessoas em saídas (bares) e ajuda na hora de
seduzir mulheres/homens.

K. BROMBERG LIVRO UM
Sufoco uma risada. “E pensar que você foi tão generoso com o
seu tempo para ela.”

“O que eu deveria fazer? Um escândalo? Tentei fugir, tentei


explicar que estava em um encontro com você, mas ela não me deixou
ir.”

“Ela só queria ver se a maçã caiu longe da árvore,” ri


dissimulada e ganho um olhar severo.

“Engraçadinha.”

“Bem, foi simpático da sua parte.” Seu brilho está de volta, e


tento abafar o meu riso. Ele só caminha na minha frente e balança a
cabeça. “Olha, eu sinto muito. Você estava sendo muito gentil com
ela. Ela provavelmente está sozinha, e você acabou de fazer a sua
noite.”

“E é exatamente por isso que não fui rude. Ela só queria se


sentir importante.”

E assim você a deixou ter esse momento.

É uma surpresa após a outra com ele, e a revelação só me faz


querer conhecê-lo ainda mais. “É melhor você ficar atento, ou posso
mudar minha opinião sobre você.”

“Você tem opiniões sobre mim? O que poderia ser?” Ele


pergunta com a voz divertida, mas os olhos sérios quando segura a
minha mão para me parar. Estamos em uma calçada no meio do
centro de Austin, sua caminhonete ficou no estacionamento do bar e
o meu a poucos quarteirões à frente no estacionamento do estádio.
Decidimos caminhar um pouco por causa das bebidas, mas não
estamos caminhando agora.

Estamos parados de costas para a parede de tijolos do edifício e


esta surpresa de homem em pé na minha frente.

“Eu estive em torno de jogadores toda a minha vida, Easton.”

“E?” Ele diz a palavra como se eu o tivesse insultado.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Eles são jogadores. Vão e vêm em um capricho. Tipicamente
precisam do máximo da atenção assim como recebem no campo para
prosperar. E se eles não conseguem encontrar, então eles vão
procurar em outro lugar... e isso nunca é bom para um
relacionamento.

“Então você já teve um relacionamento com um jogador de


beisebol?” Seus olhos se estreitam.

“Não. Nunca. É minha regra pessoal.” E mesmo que eu mesma


tenha dito isso, sei que já estou justificando na minha cabeça porque
eu posso fazer uma exceção para ele.

“É arrogante pincelar a sua opinião em grandes traços sobre


todos nós jogadores.” A noite escura me impede de ver o que mais
seus olhos estão dizendo.

“Verdade,” penso, “mas já ouvi o suficiente em conversas de


vestiário para conhecer a verdade.”

“Então você acha que eu sou assim também, certo?”

“Não. Sim.” Aperto meu rabo de cavalo e coloco os fios soltos


atrás das orelhas. “É só que. . . eles vão embora. Noite após noite.
Dia após dia. Jogo após jogo. E quando a temporada acaba e os
holofotes se apagam, eles buscam a atenção de alguém novo, alguém
que lhes devolva essa adrenalina. Essa emoção de encontrar alguém
novo, ou o prazer que vem com o risco de ser pego trapaceando.”

“Scout —”

“Já tive pessoas suficientes na minha vida me deixando,


Easton. Eu não vou andar voluntariamente para uma situação que vá
me proporcionar essa dor.” E odeio que acabei de lhe dar essa parte
de mim. Esse vislumbre do meu passado. Culpo o álcool por baixar
minha guarda, mas temo que seja muito mais do que isso.

Temo que seja por causa dele e de como ele me faz sentir.

“Você está errada.” Ele se aproxima de mim e da luz da rua. As


sombras em seu rosto lhe dão uma vantagem que é sexy, imprudente

K. BROMBERG LIVRO UM
e ousada. “Eu joguei na grama toda a minha vida, Scout. Não há
necessidade de querer ver o que está lá fora, quando está verde
debaixo dos meus pés.”

“Hoje existe um território imenso de gramas. Tudo é verde,”


resisto.

“Se há tanta grama, então não há razão para o seu argumento.


Ninguém vai procurar pastos mais verdes quando são todos da
mesma cor.” Ele abaixa a cabeça para que nossos olhos estejam no
mesmo nível, para reforçar o que ele disse.

Essas são apenas palavras, Scout. Declarações que não têm


base. Ele é apenas um homem tentando defender seu próprio
gênero. Seu próprio ego.

No entanto, eu quero acreditar nele.

Eu quero pensar que ele não é como os outros caras.

E Deus, como eu quero que ele me beije. Quero pagar pra


ver. Porque com o álcool no meu sangue e a memória de seu corpo
contra o meu no meu cérebro, é tudo o que consigo pensar.

Afasto-me da parede e longe da aproximação lenta entre


nós. “Há algum banheiro por aqui?” Pergunto a primeira coisa que
vem à mente que me dê motivo para uma fuga, as mãos gesticulando
animadamente e os nervos zumbindo imprudentemente. “Toda aquela
bebida agora está fazendo efeito.”

Ele avança à luz do prédio e apenas olha para mim. Easton


pode ver através de mim agora — a ansiedade, o medo, o desejo
confuso — e assim seguro seu olhar, finjo não estar afetada por ele, e
espera para ver se ele deixará isso passar ou insistirá no assunto.

“Eu moro ao virar da esquina,” ele diz finalmente me dando


uma folga, mas com um olhar avisando que vamos retornar esta
discussão onde coloquei o seu caráter em questão. “Eu te levo lá.”

Eu deveria dizer não.

K. BROMBERG LIVRO UM
Deveria rejeitar a oferta e me afastar de tudo o que ele
representa para mim.

Mas eu não falo. Em vez disso dou alguns passos e sigo ao lado
dele.

Atravessamos o recém revitalizado centro da cidade, os casais


passeando de mãos dadas e diversos grupos com jovens
universitários, trocam de um bar para o outro, a noite é uma criança.
Nosso silêncio só alimenta minha insegurança e o conhecimento de
que ele está bravo comigo porque insultei seu caráter. Eu sei que devo
me desculpar, falar que com base em suas ações hoje posso dizer que
ele não se encaixa na minha generalização, mas não digo uma
palavra. Não posso. Porque, no fundo, tenho a sensação de que
provavelmente é melhor se ele ficar com raiva de mim.

É mais seguro.

Quando chegamos ao lobby de um arranha-céu brilhante, eu


realmente preciso muito usar o banheiro. Easton ri de mim enquanto
danço de pé a pé durante o longo passeio do elevador até a cobertura.
As portas se abrem para o hall de entrada, onde uma lâmpada
solitária ilumina o espaço enquanto ele me guia imediatamente para
uma porta à minha esquerda.

Levo só alguns minutos para usar o banheiro e verificar minha


bagunça no reflexo — cabelo caindo do meu rabo de cavalo, batom vai
longe e minha sombra toda recolhida no vinco da minha palpebra.
Não há nenhuma maneira de consertar isso. Aqui não. Mas eu tento.

Solto meu rabo de cavalo, deixo meu cabelo marrom escuro


cair, e esfrego com os meus dedos. E agora pareço que acabei de
acordar. Merda. É assim tão ruim não querer parecer que acabei de
acordar?

Passo mais alguns minutos tentando parecer um pouco mais


apresentável, mas quando checo meu reflexo uma última vez —
cabelos macios e bochechas coradas — eu imediatamente pego meu
elástico de cabelo e puxo meu cabelo de volta para um coque
bagunçado. É assim que Easton me conhece — no modo de trabalho

K. BROMBERG LIVRO UM
— com minha maquiagem básica e meu cabelo jogado para trás.
Qualquer outra coisa sai como se eu estivesse tentando demais.

E não estou tentando nada.

Continue dizendo isso a si mesmo Scout, e talvez você comece a


acreditar.

Quando saio do banheiro, Easton está longe de ser encontrado.


Hesitante em passar dos limites, mas desejando saber onde ele está,
atravesso o hall e começo a andar pelo vasto e ainda escuro imóvel. É
todo em piso de madeira e ardósia cinza azulado. Ou acho que é a
partir do posso enxergar à medida que me movo através de seu layout
espaçoso. Só consigo enxergar isso porque há uma parede de janelas
à minha frente, onde encontro a silhueta de Easton, destacada
por luzes brilhantes que vem de fora.

Ambos me puxam. Tentando-me a olhar mais de perto.


Desafiando-me a querer o que estão me mostrando.

É uma visão — sua escuridão contra a luz — e não consigo


deixar de olhar para ele por nenhum momento. Estudo as suas
linhas. Os ombros largos e cintura esbelta. Postura ampla e braços
relaxados em seus lados

Tento me enganar quando dou o primeiro passo em direção a


ele, passando a cozinha gourmet à esquerda, com seus armários
brancos e suas bancadas de granito, que estou aqui apenas para usar
o banheiro.

Minto para mim mesmo enquanto atravesso a enorme sala de


estar, com seus sofás de grandes dimensões e eletrônicos de última
geração, que querer que ele me beije era apenas uma fantasia
passageira que veio e logo se foi.

Alimento a ideia ao passar pela enorme mesa de jantar, que vou


sair em poucos minutos de volta para minha casa e dormir uma boa
noite. Sozinha.

A pior parte sobre contar mentiras a si mesmo é que você


conhecer a verdade.

K. BROMBERG LIVRO UM
E a verdade é que quero tudo que eu tentei convencer a mim
mesmo que eu não quero.

A percepção ecoa na minha cabeça enquanto me preparo para


ser tragada por sua atração irrevogável, porque é inútil fingir que ele
não me afeta quando meu corpo já está cantarolando ao ver sua
silhueta.

“Sua cobertura é linda. A única coisa que falta é um


autêntico...” Minhas palavras somem antes que eu possa dizer um
vira-lata em quem se enroscar, porque quando paro ao seu lado, eu
estou sem palavras pela visão diante de nós — a fonte
de luzes brilhando lá fora.

“Uau.” É tudo o que posso dizer e pareço uma garotinha vendo


Papai Noel pela primeira vez — espantada. Hipnotizada. Atordoada.
“Você está perdoado por não ter um vira-lata,” murmuro e minhas
palavras saem quase inaudíveis, enquanto olho.

“Um vira-lata?”

“Silêncio e me deixe desfrutar essa visão.” Dou um tapa nele


para reforçar as minhas palavras, paralisadas por uma visão que é
tão bonita ao meu olhar quanto o homem de pé ao meu lado.

O tipo de cair o queixo e provocar calafrios incríveis.

Além desta parede de janelas acima da cidade, os edifícios que


pontilham a silhueta escura pintam um quadro único e lindo, mas
não são nada comparado com o que se encontra diretamente abaixo
de nós: o estádio dos Aces de Austin.

As luzes estão acesas, trazendo o estádio à vida apesar dos


cinquenta mil assentos vagos. Eles destacam o verde brilhante da
grama do campo externo e seu padrão de corte cruzado hipnotizante.
Elas iluminam o marrom da terra do campo, o branco das linhas
de giz e os uniformes azuis da equipe de manutenção que parecem
estar trabalhando na marca do arremessador.

Ele ri de mim e me arranca do transe. “Estou feliz por estar


perdoado quando nem sequer sabia que você gostava de cachorros.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Vira-lata. Eu prefiro os vira-latas. De preferência o tipo aquele-
que-ninguém-quer de vira-lata. E quero um desesperadamente, mas
com as viagens de trabalho e... caramba...” Estou divagando porque
minha atenção está absorvida em outro lugar.

E pela primeira vez esta noite, não é sobre ele.

“Eu sei.”

Agradeço o fato de ele não dizer mais nada. Que ele só me


permite apreciar a visão diante de nós — o único diamante que esta
menina já sonhou. E agora eu desafiaria qualquer um que me
dissesse que este diamante não brilha tão ofuscante quanto a pedra
que usa no dedo. Com lugares vazios, ou com uma multidão com
ingressos esgotados, este ofusca qualquer joia.

“É o seu Templo,” sussurro, nem mesmo certa se disse em voz


alta até que eu olho para Easton e encontro ele me observando. Há
um olhar em seu rosto. Sua expressão é uma parte admiração, parte
descrença, e grande parte um pequeno menino, misturados em um
só e rouba meu coração quando eu o tinha firmemente protegido sob
sete chaves.

Mas ele o roubou mesmo assim.

“Este é o lugar, não é?” Murmuro quando sei que ele deve saber
a que estou referindo — a casa lendária que ouvi alguns jogadores
falar, com as suas vistas reluzentes e o campo privado em
suas profundezas, logo ali a vinte e poucos andares abaixo. E porque
eu nunca ouvi dizer quem é o dono do lugar, pensei que era um tipo
de lenda, uma casa de fantasia que alguns jogadores aspiram e ainda
assim está aqui.

E, claro, ela é do Easton.

“É.” Ele acena com a cabeça, os olhos intensos e não consigo


descobrir o que eu quero olhar mais: o campo ou ele.

“É verdade?”

“Mm-hmm.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Há realmente uma área com uma gaiola de rebatidas privada e
mini-campo embaixo do prédio e que faz parte da sua casa?”

“Há.” Ele confirma com um aceno de cabeça, mas seus olhos


dizem muito mais. Estou atraída para olhar mais perto, mas tenho
medo do que possa ver, porque no fundo eu já sei que pode ser algo
de que não poderei me afastar.

“Por que precisaria disso quando tem todo o estádio


praticamente no seu quintal? No seu trabalho?”

Ele encolhe os ombros e desvia os olhos para o estádio. É quase


como se estivesse envergonhado ou incerto de sua resposta. “Porque
essa vista, ali mesmo. . . o poder disso, a força que tiro quando estou
tendo aquele tipo de jogo onde você pode sentir o zumbido em seus
ossos que avisa que algo indescritível está prestes a acontecer? Este é
o único lugar onde posso ter isso sozinho. O único lugar onde eu
posso acalmar a minha cabeça e ouvir o que o zumbido está me
dizendo sem os fãs ou a direção ou os meus colegas de equipe ou a
imprensa transmitindo para os que estão assistindo em casa.” Ele
esfrega uma mão em seus cabelos e respira fundo. “Deixa pra lá. Isso
soou completamente ridículo.”

“Nem um pouco.” Olho para ele até que meu silêncio o incite a
me enfrentar, encontrar meus olhos e ver que eu não estou nem perto
de rir dele “Favor. Terminar o que você ia dizer.”

“Eu não sei. Acho que algumas noites eu gosto de sentar aqui
quando as luzes estão apagadas, com este estádio fantasma abaixo de
mim ou Templo, se preferir. E pensar no meu jogo.” Seu exalar é
audível e seu desconforto por ser tão aberto é subitamente palpável.

“Viu? Eu sabia que você gostava de falar sobre suas


estatísticas.”

“Você e suas estatísticas.” Ele ri com um agito de sua cabeça,


mas seu desconforto se foi e seu sorriso é genuíno quando ele olha
para mim. “Quando estavam construindo o novo estádio, um
bilionário excêntrico comprou este lugar enquanto o prédio ainda
estava em construção. Ele estava obcecado com o jogo e pagou uma

K. BROMBERG LIVRO UM
quantidade estúpida de dinheiro para construir o campo no porão. O
lugar foi à venda há alguns anos atrás, e eu comprei. Como não
poderia? Mas tentei manter que era o novo proprietário em sigilo. É o
único lugar que eu tenho que é verdadeiramente meu, que é
completamente privado e removido de tudo o que vem com este jogo.”

“É perfeito.”

“Você ainda não viu o lugar com as luzes acesas,” ele


provoca.

“Estas são todas as luzes que esta menina precisa para saber
que é uma combinação perfeita para você,” digo e aponto para as
torres do estádio.

“Às vezes eu fico aqui após um jogo brutal ou um desempenho


ruim, olho, penso e de repente me sinto inspirado a trabalhar e
corrigir o que fiz errado. Às vezes acelero o ritmo, outras vezes desço
ainda em minha calça de pijama e trabalho sobre isso até que eu não
consiga ver direito e o relógio marque quatro da manhã.”

Eu não deveria me surpreender com sua dedicação e, no


entanto, acho tão refrescante saber que ele realmente precisa
trabalhar em alguma coisa, quando parece ser tão natural em tudo.

“Além disso, sou super competitivo por isso é bom poder


colocar o tempo extra sem que ninguém conheça. Nunca subestime o
elemento surpresa.”

“Nunca,” eu murmuro. “E também nunca há um interrupções


com a chuva.”

“Ultimamente eu sinto que há uma chuva permanente


interrompendo a minha carreira.” Sua risada muda para um suspiro
pesado. A resignação nele me provoca perguntar mais sobre o preço
que isso está cobrando dele, mas estou surpresa com o pensamento
quando, sem dizer uma palavra, ele alcança e entrelaça meu
mindinho com o dele.

E como encontrei conforto no toque de sua mão mais cedo, eu


me pergunto se talvez ele precise o mesmo de mim agora. Então eu

K. BROMBERG LIVRO UM
não interrompo o momento. Em vez disso, nos instalamos no silêncio,
tocando e assistindo e tentando descobrir o que estamos fazendo
aqui.

“Estou fazendo tudo que posso para você voltar para lá,” digo
depois de um tempo, o deixando saber que eu ouvi a frustração e a
derrota em sua declaração anterior. A permanente interrupção de
chuva em sua carreira.

“Essa é a maneira educada de dizer que você está chutando o


meu saco?”

E em segundos, passamos de sério para brincalhão, e eu adoro


que seja tão fácil fazer isso com ele.

“Você ainda não viu nada, Wylder.”

“Oh, realmente?” Ele puxa meu mindinho para me forçar a


enfrentá-lo. “Você tem mais movimentos na manga, Dalton?”

O meu sorriso é automático quando os nossos olhos se


encontram. A lenta e doce dor do querer também é. Como pode não
ser quando estamos em pé no escuro e ele envolto por um halo de luz
vindo do estádio de beisebol logo atrás, e que a carga elétrica entre
nós está agarrando uma corrente insondável por ter apenas os nossos
mindinhos se tocando?

Há algo sobre Easton que me faz querer quando eu não deveria,


preciso quando não devo precisar, e desejo quando sei que será
desastroso.

Mas que se lixem a porra das consequências, porque mais do


que tudo, eu quero sentir agora. Viva. Necessária. Desejada. Como
uma mulher.

Isso é uma coisa assim tão ruim?

Tenho certeza que não. Tenho certeza que é normal para a


maioria das mulheres, mas não para mim.

E não desta forma.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Vou mostrar o que está na minha manga se você me mostrar a
sua secreta fortaleza de beisebol lá embaixo.”

Seu riso ecoa fora do vidro ao nosso lado e de volta aos meus
ouvidos uma segunda vez. “Aha! Então é o que é preciso para
impressionar você.”

“Talvez.”

“Meu grande bastão não faz isso por você, mas o meu home
plate lá embaixo faz?” Ele balança a cabeça, mas quando nossos
olhos se encontram, sua risada desaparece quando o ar entre nós
muda e carrega com uma energia inconfundível.

“Scout.” Tudo o que ele diz é o meu nome, mas em seu timbre
eu ouço tantas coisas que não consigo entender porque a minha
cabeça está gritando que preciso voltar atrás.

Eu me aproximo dele.

O tempo parece parar.

Seu suspiro é suave, mas audível.

Em seguida, começa de novo em câmera lenta.

Um aperto suave de seu mindinho em torno do meu.

Em seguida, rompe em um avanço rápido.

Dentro de um batimento cardíaco, exatamente o que eu tanto


queria e temia acontece: os lábios dele estão nos meus. O beijo é lento
e de tirar o fôlego, com lábios macios, línguas suaves, suspiros
sussurrados e a ponta dos nossos dedos guiando toques suaves.

Isso é errado, Scout. Tão errado. Mas como pode ser errado
quando me sinto assim e tenho o gosto dele na boca?

“Easton.” digo a mim mesmo para me afastar, dar um passo


atrás. Para resistir. Não querer beijá-lo.

E então nossas línguas se encontram novamente em uma


dança suave de suspiros e necessidade.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Eu acho que devemos ir dar uma olhada —”

Seus lábios sufocam as palavras nos meus.

“— seu campo —”

Ele belisca meu lábio inferior.

“— suas bases —”

A língua provoca novamente.

“— seu —”

“Quer calar a boca, por favor?” Ele riu contra meus lábios.
“Você tem combatido este beijo o dia inteiro, e eu pratiquei
imobilização como você me disse para fazer... mas agora? Agora, eu
vou te beijar sem sentido, Scout, e quero aproveitar pra caralho.
Então, pelo amor de Deus, mulher, use esses seus lábios em mim e
não com palavras.”

Sua reprimenda sexy-como-inferno evoca uma enxurrada de


emoções dentro de mim e ainda há apenas um deles que posso
nomear: desejo.

E, Deus, como eu desejo.

Então inclino-me para ele e controle o beijo. Falo sem som


desta vez. Com lábios, dentes, língua e deixo que Easton saiba que
quero aproveitar do beijo tanto quanto ele.

Lanço minhas preocupações pela janela. Deixo para me


preocupar com elas mais tarde, sentir raiva de mim mais tarde, mas
por agora apenas quero desfrutar deste homem viril e atraente que
me quer tanto. Deslizo meus dedos no seu peito, tocando seu ombro
da mesma forma que costumo fazer quando trabalho com ele, mas
agora não penso em nada além do quanto quero sentir seu peso sobre
mim.

Easton corre sua mão pela linha do meu pescoço até a curva do
meu ombro e depois para baixo até que ele repousa na parte inferior
das minhas costas, como ele já havia feito esta noite. Mas desta vez,

K. BROMBERG LIVRO UM
quando ele me puxa com mais força contra ele, eu não resisto. Desta
vez o acolho com satisfação. O calor do seu corpo. O pressionar de
sua mão contra minhas costas em contenção tangível. O volume de
sua ereção quando ele empurra contra a parte inferior do meu
estômago.

E maldito seja se ele já não sabe que é difícil para mim não
acrescentar ainda mais combustível à minha tempestade de desejo.

“Scout.” É meu nome novamente, mas desta vez sei exatamente


o que ele está me pedindo.

“Sim.” Uma palavra. É tudo o que preciso dizer, para essa


necessidade e desejo entre nós aumente e inflame em um fogo
incontrolável onde o primeiro beijo cauteloso é consumido por luxúria
desenfreada e total abandono.

A mão nas minhas costas desliza sob meu decote em v e sobe


pelo meu tronco, seu polegar esfregando sempre suavemente sobre a
parte inferior dos meus seios em seu caminho para ajudar na
abertura do meu sutiã.

Meu corpo queima com a expectativa de seu toque.

E então acende o fogo quando seus dedos traçam seu caminho


de volta — pele com pele — abaixo do meu sutiã solto e sobre os
meus mamilos. Eles endurecem instantaneamente enquanto seus
polegares os esfrega em círculos — eles provocam prazer — enquanto
seus lábios e língua lançam outro assalto com um vigor renovado que
só me faz querer mais.

E Easton me dá mais quando levanta minhas mãos acima da


minha cabeça, tira minha camisa e leva meu mamilo em sua boca. O
calor de sua língua misturada com o arranhão de sua barba adiciona
um elemento de contraste, suave contra áspero, que torce por dentro
e me deixa querendo saber se ele é tão lento e completo com todos os
outros aspectos de sua atenção sexual.

K. BROMBERG LIVRO UM
Minhas mãos estão no seu cabelo enquanto ele prova um seio e
depois o outro, e não sei se quero que ele pare e volte a beijar meus
lábios, ou se quero que ele continue alimentando esse fogo vivo.

Ao emitir o rosnado mais sexy que já ouvi, Easton toma a


decisão por mim quando coloca as mãos na minha cintura e me
levanta como se eu fosse uma pena. Não há hesitação da minha
parte, só necessidade, quando enrolo minhas pernas ao redor de sua
cintura, passo meus dedos pelos seus cabelos e me perco sob o brilho
de desejo que seus beijos estão desencadeando nesse ponto sensível
abaixo do meu maxilar.

E então Easton começa a andar.

Sua boca está no meu pescoço. A mandíbula dele com sua


barba por fazer fazendo cócegas na minha clavícula. O ar fresco da
sala desliza sobre meus seios. Seus quadris repousam deliciosamente
entre minhas coxas.

Todas essas coisas me seduzem e provocam, mas é quando ele


me deita em sua cama, quando estou tão desesperada por mais dele,
que o meu próprio controle encaixa.

Nós alcançamos a cintura do jeans um do outro ao mesmo


tempo. Sem qualquer sutileza, buscamos e brigamos, nossa risada
nos força a subir em busca de ar e nos fazendo perceber que seria
muito mais rápido se cada um despir a si mesmo.

Então, em uma corrida de movimentos, tiramos e brincamos e


saímos das nossas roupas até que ficamos nus, rindo em respirações
ofegantes, famintos por mais e ansiosos para ter.

Mas quando olho para cima de onde estou deitada na cama


para onde ele está na beirada, meu riso cai. Easton está me
observando, me querendo, e tudo sobre ele, da expressão em seus
olhos até o seu corpo, é de tirar o fôlego. Ele tem linhas duras e pele
bronzeada. Ele está confiante com um sorriso meio insolente e com o
seu desejo contido no conjunto tenso de seus ombros. Seus dedos
estão dispostos a conquistar e reivindicar, e seus lábios estão
separados, prontos para liderar o assalto.

K. BROMBERG LIVRO UM
Mas são os olhos dele que comandam a minha atenção.

Eles pedem, exigem e querem quando se arrastam lentamente


no caminho até as minhas pernas, parando no vértice das coxas
antes de continuar pelo meu abdômen e direto para os meus seios.
Quando finalmente seu olhar retorna ao meu, seus olhos estão
escurecidos pelo desejo, o mesmo que estou desesperada para
afundar todo meu coração.

Tantas coisas sobre ele — o olhar em seus olhos, o conjunto de


seus ombros, seu pau impressionante de pé, duro e grosso entre suas
coxas musculosas e a tensão sexual que estala no ar que nos rodeia
— me faz envolver mais nele e disposta a implorar o que vem
depois. O empurrão e a atração. O dar e receber. A necessidade e a
ganância. O desejo e a vontade. A escalada e a libertação.

Perdida na névoa de luxúria e expectativa, minha boca saliva.


Meu corpo dói. Meus dedos imploram para passar por cima de cada
declive, entalhe e curva de seu corpo.

“Easton.” É o nome dele nos meus lábios desta vez. Minha vez
de pedir, exigir, implorar.

Meus joelhos desmoronam em convite.

Sua respiração engata.

Meu corpo cantarola, e calafrios correm pela minha pele.

Easton lambe os lábios. Mede. Olha. Admira.

E então ele está na cama, rastejando sobre mim e mergulhando


para pegar meu mamilo em sua boca novamente.

“Oh, isso é bom,” murmuro quando minhas costas arquearam


oferecendo mais.

Sua risada vibra a minha carne sensível. “Estou prestes a fazer


isso ficar muito melhor. Hora de foder sua linda buceta, Kitty.”

Eu consegui rir através das sensações que sua língua


experiente evoca, mas se transforma em um suspiro de prazer de

K. BROMBERG LIVRO UM
boas-vindas quando sua mão desliza entre minhas coxas. As pontas
de seus dedos dançam sobre minha fenda, provocando com um toque
leve antes de me separar lentamente para escovar tão ligeiramente
sobre meu clitóris. Fogo. Calor. Eletricidade. A corrente de desejo
sacode o meu sistema, e meus quadris ficam em suas mãos e
imploram por mais.

“Você gosta disso?”

“Deus, sim”

“Eu não acho que Deus tem algo a ver com isso, mas não hesite
em chamar o nome dele.” Easton ri e olha para mim sobre os meus
seios, seus olhos afiados de desejo e flash arrogante de um
sorriso. “Porque estamos prestes a nos tornar bíblicos.”

“Oh, por favor.” Eu ri, mas perco para ele quando seus lábios
reclamam os meus e seus dedos acariciam, provocam e trabalham
meu clitóris em um frenesi de sensações esmagadoras. Eu me
contorço, levanto e enrijeço, querendo prolongar este ataque de êxtase
e alcançar o meu clímax tudo ao mesmo tempo.

“Garota gananciosa,” ele murmura beijando toda a linha


abaixo do meu pescoço e até o meu ouvido onde morde a minha
orelha. “Eu meio que gosto disso.”

Seu simples elogio e a risada suave que se seguem apenas


contribuem para o tumulto dos hormônios que correm por todos os
meus nervos enquanto seus dedos continuam a provocar até o meu
limite.

“East...” gaguejo o seu nome e é tudo que eu consigo fazer


quando minhas mãos se agarram mais apertado em seus antebraços,
meu corpo afiando essa linha fina antes do clímax. “East.” Outro
gaguejar. Outro aviso que vou gozar.

Minhas unhas marcam sua pele. Meu corpo vibra com a


tensão.

E depois nada.

K. BROMBERG LIVRO UM
Os dedos param. Sua mão acalma. Minha cabeça dispara para
que eu possa olhá-lo nos olhos. E uma vez que nossos olhos se
encontram, uma vez que ele sabe que tem a minha atenção, Easton
leva a ponta de dois dedos e os desliza sarcasticamente lento abaixo
da linha de meu sexo. Ele me provoca, molhando-os com a minha
excitação antes deslizá-los devagar em mim.

Meu exalar é instável, os nervos já amarrados apertados e


preparados para estalar. Mas são os seus olhos nos meus —
inabaláveis e intensos — que me desafiam mais do que qualquer
coisa. Gozar por ele. Para agradá-lo.

Easton ouve cada engate de minha respiração. Ele observa o


arquear do meu pescoço. Ele percebe quando eu mordo meu lábio
inferior. Ele sente cada aperto dos meus músculos ao redor do seu
dedo. E é essa atenção completa que cria uma intimidade inesperada
e me encoraja a escorregar sob aquele véu de prazer.

O orgasmo bate em mim, sequestrando minha respiração


enquanto a explosão do desejo se transforma em um flash de calor
quente.

Minhas mãos agarram os lençóis. Meus quadris rebolam em


sua mão. Meus lábios separam, mas nenhum som escapa. O meu
corpo está queimado pelas sensações que ele acabou de trazer à vida.

A cama afunda quando ele se move, e eu mal posso ouvir o


rasgo revelador da embalagem do preservativo sobre o trovão do meu
pulso em meus ouvidos. E antes que eu tenha qualquer chance de me
recuperar do orgasmo ainda pulsando através de mim, as mãos de
Easton estão na parte de trás dos meus joelhos, puxando-me para a
borda da cama.

Ele encontra meus olhos enquanto fica entre minhas pernas e


não perde tempo fazendo essa primeira conexão carnal quando corre
a cabeça do seu pau subindo e descendo em minha buceta e nos
preparando para o que vem a seguir.

E ah, como eu quero o que vem a seguir. Especialmente se já


parece incrível e nem chegamos ainda a parte boa.

K. BROMBERG LIVRO UM
Ele geme, sua luta para levar isso lento escrito em seu rosto.
Mas não quero devagar. Eu o quero. Agora. E estou desesperada para
tê-lo, então, em uma tentativa de quebrar o seu controle e conseguir o
que quero, eu espalho minhas coxas tão amplas quanto possível em
convite.

Seus olhos piscam até o meu, um fantasma de um sorriso em


seus lábios que me diz que ele sabe o que estou fazendo, mas Easton
se sustenta. Resiste. E então me provoca de volta empurrando apenas
a ponta de seu pau dentro de mim para que eu possa sentir a
queimadura que é Oh, tão bom antes que ele lentamente retire.

Levanto meus quadris para tentar evitar que ele se retire


completamente, mas Easton apenas se afasta com seu pau na mão, e
sorri para mim.

Bastardo presunçoso.

Nós travamos uma guerra visual de vontades, mas quando ele


olha novamente para onde estou molhada e esperando-o, ele desiste.

Mas se achei que, desta vez, a espera acabaria, que ele me


daria o que quero — ele todo — eu estava enganada. Porque Easton
continua a brincar comigo, me provocando, me despertando
colocando a ponta do seu pau dentro de mim até eu gemer com
vontade, antes de puxar novamente.

E a melhor parte é a expressão dele. Não apenas as linhas


tensas em seu pescoço me dizem que ele está lutando pelo prazer
negado, como eu, mas a ampliação de seus olhos e como seus lábios
ficam relaxados de prazer cada vez que ele entra em mim.

Na próxima vez que ele empurra os quadris para frente, eu me


apoio em meus cotovelos para poder olhar entre as minhas coxas e
ver o que ele vê. Como a minha excitação — prova visual excitante do
que ele faz para mim — brilha no seu pau. Cada vez que o puxa, ele
desliza na próxima vez um pouco mais profundamente em mim, usa
sua mão para guiar seu pau, então esfrega habilmente todos os
pontos certos dentro de mim e depois se retira.

K. BROMBERG LIVRO UM
Antes de iniciar o processo novamente.

É excitante. Inebriante. Intoxicante. Para ver meu corpo aceitar


a grossura dura e difícil do seu pau. Para assistir como eu estico ao
redor dele, me ajusto a ele e então o levo um pouco mais. Para ver,
quando ele recua, minha carne rosa se apertando e o agarrando mais
sem querer que ele se afaste e se separe de mim ainda. Para saber
que, mesmo depois de gozar uma vez, meu corpo está mais do que
disposto a se entregar e gozar novamente com ele.

Sua paciência é admirável. A determinação de me estender


pouco a pouco, aumentar o desejo centímetro por centímetro é
frustrante e erótica e me deixa vibrando com a necessidade.

E então, finalmente, com um impulso final ele penetra fundo,


totalmente envolto, da raiz a ponta, dentro de mim. Nossos gemidos
mútuos enchem o quarto, quando cada um de nós permite que o
outro saboreie o momento, o sentimento, a nossa primeira vez.

Segundos passam. A antecipação rouba nossa respiração. E


então Easton se estende, coloca a mão no meu ombro e me mantém
no lugar para que ele possa moer os quadris contra os meus,
investindo seu pau ainda mais em mim.

Puta que pariu, ele é enorme.

Nós dois suspiramos, apanhados no círculo lento que faz com


sua pelve e o erotismo absoluto do momento.

E então ele começa a se mover.

Nossas testas estão pressionadas uma contra a outra. Nossos


lábios se beijam e depois ofegam e exaltam. Nossos quadris se
movem, estão triturando e trocando aquela dança pela primeira vez,
quando achamos a fricção que ambos precisamos para nos levar até o
limite. Nossas mãos estão tensas, agarradas e apertadas enquanto
Easton dita o ritmo.

Nós caímos juntos em uma torrente de luxúria, lábios e


línguas, onde agora se tornam necessidade. Onde a ganância se torna
o jogo, e satisfazê-la torna-se um tipo de estratégia de todos os meios

K. BROMBERG LIVRO UM
necessários. Onde os corpos engrenam, se encontram, provocam e se
divertem.

O quarto se enche de sons.

Porra, isso é bom.

Aí mesmo.

Scout.

Sim. Você é incrível.

Oh Deus.

Não consigo segurar por muito mais tempo.

Mais forte.

Bom?

Mais rápido.

Scout.

Suas mãos em punhos apertados.

“Scout.”

Seus quadris empurram mais duro.

“Scout.”

Um segundo aviso. Sua restrição se foi.

“Vou gozar.” Mal consigo tirar as palavras. O segundo orgasmo


que atinge é dez vezes mais intenso que o primeiro. Meu corpo, minha
respiração, meus pensamentos, minha sensibilidade é toda perdida
enquanto empurro, me contorço, pego e reivindico cada pedaço do
que Easton me oferece enquanto ele corre para reivindicar o seu
próprio.

Eu mal estou coerente, perdida em um mar implacável de


êxtase, mas quando os dedos de Easton apertam minhas coxas, eu
sou puxada apenas a tempo de ver o seu clímax bater através dele. O

K. BROMBERG LIVRO UM
gemido dele é gutural. Sua cabeça jogada para trás. Meu nome está
em seus lábios. Seus quadris rangem violentamente contra o meu.

É sexy como inferno assisti-lo gozar. Saber que fiz isso com ele.
Para ver seus músculos, tensos pela libertação, lentamente relaxar,
um por um. E quando seus dedos afrouxam seu controle sobre mim,
murmúrios de louvor estão em seus lábios até que ele se inclina e os
funde no meu para um último beijo.

E depois desabamos em sua cama macia, seu peso em cima de


mim, seu pau escorregando fora, e sua cabeça descansando no meu
peito.

Os segundos se transformam em minutos enquanto


recuperamos a respiração e deixamos que nossos batimentos
cardíacos se acalmem.

“Bem, não era o campo privado no andar de baixo, mas acho


que vai servir,” provoco, enquanto corro o dedo para cima e para
baixo na linha da sua coluna.

O riso dele ressoa do seu peito para o meu. “Vai servir?” ele
pergunta com fingida descrença; e somente isso — o raspar na nuca e
o calor de sua respiração ao falar — faz com que calafrios percorreu o
meu corpo já saciado. “Joguei no seu campo muito bem e escorreguei
perfeitamente pelo seu sua home plate.”

“Se você diz isso.” Minha voz é tímida e brincalhona enquanto


encolho os ombros e luto contra o sorriso nos meus lábios. “Este
campo é bastante exigente.”

“Eu acho que vou tentar mais na próxima vez para superar
isso.”

“Eu sou uma garota difícil de agradar.”

Easton se apoia em seus cotovelos e apenas olha para mim.


Mas há algo diferente sobre o olhar, o tipo diferente que de repente
me deixa em pânico e me sinto agitada como se eu precisasse sair,
mas querendo ficar.

K. BROMBERG LIVRO UM
Então faço a única coisa que vem a minha cabeça para silenciar
os pensamentos caóticos e impedir que eles arruinem o momento —
eu me inclino e encosto meus lábios tão gentilmente contra o dele.

“Uma mulher exigente, de fato,” ele murmura antes de me dar


aquele tipo de beijo que reverbera nos dedos dos pés e, em seguida,
volta até cair na sua barriga. Ou coração. “Que bom que eu tenho um
bastão grande e sei como usá-lo.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 10
Scout

O sol está cegando. Preciso de um minuto para me adaptar ao


seu brilho e quando sou capaz de abrir completamente os meus
olhos, o rosto de Easton está a centímetros do meu, com sua metade
escondida em um mar de fronha azul claro.

Minha primeira reação é correr os dedos ao longo da sombra


em seu maxilar. Tocar-lhe novamente. Para ter certeza de que ele é
real. E para validar cada sensação que senti na última noite quando
nós gozamos juntos novamente e novamente e novamente.

Minha segunda reação é Oh merda.

A excitação que experimentei nas primeiras horas da manhã


desapareceu, foi embora com o nascer do sol. Mas com o seu
desaparecimento vem uma consciência grogue do que eu permiti — o
que eu queria que acontecesse — mas sabia que não podia acontecer.

A realização do que fiz me atinge.

Oh. Meu. Deus.

Eu transei com Easton Wylder.

Quente, delicioso, tão-talentoso-na-cama-como-no-campo Easton


Wylder. Que está nu ao meu lado na cama, o seu corpo bronzeado e
esculpido aninhado debaixo destes lençóis imaculados.

O jogador.

K. BROMBERG LIVRO UM
Um cliente.

Meu ingresso para conseguir o contrato de longo prazo com o


Austin Aces. O último desejo deixado por meu pai em sua lista, para
coroar e colocar a cereja em cima de sua incrível carreira.

O desejo que arrisquei ao quebrar as regras do meu contrato.

Minha cabeça confusa com as possíveis consequências se


alguém descobrir.

Meu estômago dá voltas enquanto o vejo dormir, tão sereno, tão


apetitosamente lindo.

Então o pânico retorna. Não sobre a quebra do meu contrato,


como deveria ser, mas sim sobre como ontem à noite me fez sentir. E
cara, como eu senti. Mas agora que os lençóis esfriaram e a névoa da
luxúria se foi, não sei o que fazer com estes novos sentimentos. Ou o
que fazer agora quando eles ainda permanecem.

Oh droga.

O que estou pensando?

Não pode haver sentimentos.

Não pode haver nada.

Não era para ter sexo.

Deveria apenas haver reabilitação.

Supostamente eu deveria ser a responsável por fazer Easton


voltar ao mesmo nível de antes, atleticamente competitivo, então ele
poderia jogar novamente e eu poderia dizer ao meu pai que consegui.
Fazer com que ele se orgulhasse de mim. Dar a ele algo mais pelo que
viver.

Olhar para Easton só faz com que minhas emoções se agitem


muito mais, mas eu sei o que preciso fazer.

Com a culpa corroendo feito ácido levanto lentamente da cama


para não perturbá-lo. Como pude ser tão egoísta? Tão imprudente?

K. BROMBERG LIVRO UM
Procuro por minhas roupas, todo o tempo desesperada tentando
afastar esses sentimentos e rastejar de volta para a cama com ele.
Deixar que me abrace e beije novamente como fez ontem à noite,
quando finalmente decidimos que estávamos exaustos demais para
mais uma rodada.

Com o coração e a cabeça em conflito, visto meu jeans o mais


silenciosamente possível, saio do quarto e ando pelo apartamento
procurando meu sutiã e a minha blusa. Acho os dois jogados no chão,
um sentimento de vergonha e arrependimento desliza como um
lembrete do que estou prestes a fazer: sair o mais silenciosamente
possível.

A descida do elevador parece que leva uma eternidade.

Isso me dá muito tempo para pensar. Lamentar. E perceber que


ontem à noite ele me carregou. E eu deixei que ele fizesse isso,
quando definitivamente peso mais do que ele deve levantar com o seu
ombro lesionado. Ele se machucou? Ele sentiu alguma coisa?

Não. Ele está bem. É o meu pânico falando.

Porque não havia dor naquele momento. Havia apenas desejo,


ganância e necessidade, egoísmo e altruísmo. Definitivamente, não
existia dor. Esse grunhido sexy dele enche minha cabeça
e me pede para parar o elevador agora e pressionar a cobertura em vez
do térreo.

Volte.

Não posso.

Volte.

Pressiono minha mão na placa de botões acendendo cinco


andares aleatórios. O elevador para abruptamente no próximo andar,
suas portas se abrem para um corredor vazio forrado com carpete
caro e portas para outros apartamentos.

Eu olho para o vazio enquanto meu coração luta contra minha


mente.

K. BROMBERG LIVRO UM
Guerra do dever contra o desejo.

A batalha das promessas contra as necessidades pessoais.

A responsabilidade confronta a imprudência.

Abnegação batalha contra o egoísmo.

As portas se fecham, e eu fecho meus olhos e pressiono T para


o térreo.

Quando as portas se abrem, a minha compostura é mantida


por um fio. Preciso sair daqui, preciso de tempo e espaço para pensar.
Cega pelas emoções que ainda não consigo processar. Esbarro
acidentalmente contra uma jovem estudante, derrubando
sua pasta no chão. Eu me abaixo para ajudá-la a pegar os papéis que
caíram, focalizando as palavras nas páginas — uma coisa ou outra
sobre requisitos de credenciais de ensino e desenvolvimento em
adultos — porque é muito mais fácil olhar para isso do que encontrar
os olhos dela. Envergonhada, desgastada e a instantes de chorar, eu
balbucio um pedido de desculpas para um emblema de irmandade
impresso na frente do seu moletom.

“Desculpe,” murmuro tentando soar simpática quando tudo


que sinto é uma responsabilidade mais pesado do que o peso do meu
mundo.

Por meu pai.

Pelo Aces.

Por Easton.

E enquanto abro as portas para a rua e aspiro um enorme


sopro de ar da manhã, a primeira lágrima desliza pela minha
bochecha.

Eu me odeio por isso.

Mas eu me odeio mais quando meu celular vibra em minha


bolsa. O pânico que senti lá em cima empalidece em comparação com
o que sinto quando olho para a tela do meu celular.

K. BROMBERG LIVRO UM
E em um instante, todas as razões que eu tinha para escapulir
e deixar Easton lá em cima se torna válidas.

O bip do meu Bluetooth enche o silêncio do meu carro. Eu


silencio seu som, depois me encolerizo, porque sem sequer olhar para
ele, eu sei quem está chamando.

Ignoro a chamada.

Ele liga de volta.

Eu ignoro novamente.

Ele liga novamente.

Após mais três rodadas de tocar, ignorar, repetir, estou mais


ciente do que nunca que sair furtivamente foi uma completa ação
covarde. E por mais que eu queira ignorar de novo, não posso. Eu
tenho que enfrentá-lo, tenho que tentar suavizar isso sem danificar o
nosso relacionamento de trabalho, então eu respiro fundo e atendo.

“Alô?”

“Onde diabos você está?” A voz de Easton preenche a linha. Sua


confusão atada com incredulidade misturada com raiva e um toque
de rejeição.

“Bom dia.” Mantenha o profissionalismo, Scout.

“Teria sido uma manhã ainda melhor se você ainda estivesse


aqui. Mas você não está. E eu estou um pouco confuso sobre o
porquê.

“Easton.” Seu nome é um suspiro. Uma oferta de paz. É para


explicar o que verbalmente não posso.

“Nada de ‘Easton’, Scout. Onde você está? Porque na minha


cama com certeza você não está.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Meu pai está doente. Sally me enviou cinco mensagens enquanto
eu estava deitada em sua cama, dizendo que ele estava com
dificuldade de respirar. Perguntando se eu poderia ir para casa e
visitá-lo, não só para alegrar seu humor, mas para lembrá-lo porque ele
precisa lutar mais para superar o medo que está sentindo.

“Tenha algumas coisas para fazer,” minto.

Eu prefiro estar com você, também. Preferia tê-lo conhecido em


circunstâncias diferentes. Isso teria feito tudo isso dez vezes mais fácil.

“Coisas? Uau. Essa é uma maneira de fazer um cara se sentir


confiante em suas habilidades. ‘Ei Easton, foi tão bom ontem à noite,
mas eu prefiro ir para a loja e comprar papel higiênico do que ter sexo
sonolento pela manhã com você’.” Ele fala, mas seu tom mostra que
ele tenta manter sua irritação sob controle.

Olho por cima do meu ombro, em seguida, mudo de pista


enquanto trabalho a coragem para dizer as palavras que eu preciso
dizer, mas na verdade não quero dizer. “Ontem à noite foi um erro,”
eu sussurro como se não quisesse que ele ouvisse. Porque eu não
quero.

É mentira.

“Como?”

“Não podemos fazer isso.”

“Bem, nós fizemos isso, e foi incrível pra caralho, então me diga
algo que realmente me faça acreditar.”

Tenho medo do que vou encontrar quando ver o meu pai pela
primeira vez depois de um mês.

Limpo minha garganta, mas perco a batalha contra as lágrimas


pela segunda vez nesta manhã, e preciso que tudo pareça inalterado
quando falo. “Se Cory descobrisse, ele me demitiria.”

“Papo furado.” Ele diz isso, mas nós dois sabemos que é
verdade — o silêncio paira na linha, então aproveito o momento para
tentar argumentar com ele.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Eu fui contratada por seus empregadores, Easton. Preciso
permanecer imparcial... e com certeza não me sinto imparcial se
estiver dormindo com você em um minuto e dizendo-lhes para
reintegrar você no próximo. Me chame de louca, mas eles
adivinharão cada opinião que eu tenho quando se trata de
você. Minha credibilidade seria atingida pelo inferno quando isso é
uma parte vital e necessária do meu trabalho.”

“A credibilidade é uma coisa, Scout. Dormir comigo é outra.


Agora encontre outra maneira de girar isso para que você possa evitar
ter que explicar por que você falou como se você estivesse em uma
aventura de uma única noite. Eu vou esperar.”

Odeio que suas palavras façam com que cada parte em mim
caia em alívio e tristeza. Mas elas fazem, porque ele não me
considerou uma aventura de apenas uma noite e porque eu sei que
não pode acontecer novamente.

“Só não posso agora. Se alguém descobrir, então...”

“Ninguém vai descobrir. Você vai contar a alguém? Porque eu


não vou. Quem mais sabe sobre a noite passada e vai dizer algo?”

Minha mente busca uma explicação, uma validação. “E se


alguém me reconhecer deixando o seu apartamento? Outro jogador? A
mídia? A maldita garota da recepção? E eles vão e contam à
imprensa?”

“Garota da recepção? Do que você está falando?”

“Nada. Ninguém.” Agito minha cabeça e aperto o volante com


mais força, sabendo que soarei meio esquizofrênica, mas incapaz de
parar. “Apenas não importa.”

“Há algo que você não está me dizendo.”

“Não.” Minha voz quebra e eu limpo minha garganta. “Não há


nada. É só isso...”

“É só isso? Isso é tudo o que você vai me dar?”

“Eu tenho que ir.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Esta discussão não acabou, Scout.”

Sim, eu sei.

Desligo o telefone antes que o soluço se liberte. Eu sei que


estou sendo excessivamente emocional. Sei que tudo com meu pai
está me deixando sensível. Mas também sei que há algo sobre Easton
que não posso abandonar ainda, mas preciso.

Ele é do tipo que vai embora?

Claro que sim. Todos os homens vão embora, Scout. Todas as


pessoas vão embora. É o que eles fazem.

Mas e a noite passada? E como ele me fez sentir? E não apenas


o sexo — porque isso foi bastante incrível — mas todos os outros
sentimentos, eu fui para a cama no topo e acordei ainda flutuando.
Eles dizem alguma coisa? E mais importante, eu quero que eles
signifiquem algo?

Luto contra o desejo de retornar a ligação. Para lhe perguntar


se poderíamos colocar isso para outro lugar e tempo. Contar que meu
pai está doente, explicar por que esse contrato é tão importante,
deixá-lo saber que estou com medo, porque se estou sentindo tudo
isso depois de passar apenas uma noite com ele, como me sentiria se
fôssemos passar muito mais tempo juntos?

Mas não posso ligar de volta.

Porque tudo volta para o meu pai.

À promessa que fiz para ele.

Para o fato de que alguém que realmente amei na minha vida


me deixou.

E o que eu mais amo vai desaparecer em breve, também.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 11
Scout

“Ele vai ficar puto por você ter tirado um tempo para dirigir até
aqui, Scout.”

As linhas de preocupação gravadas no rosto de Sally aquecem


meu coração. “Eu sei que ele vai, mas duas horas não é uma viagem
tão longa assim. Além disso, estou farta que ele seja o único a ditar os
termos de visitação. E não se preocupe, eu não vou dizer a ele que
você ligou.” Puxo e dou um abraço nela e depois dou risada. “Por que,
eu só precisava dar um passeio para clarear a cabeça, Sally e do nada
acabei aqui.” Bato meus cílios e sorrio para reforçar a mentira.

Ela sorri, mas não diminui o cansaço em seus olhos. “Ele não
quer que você o veja assim,” Sally sussurra. “seu pai tem muito
orgulho, e é difícil para ele saber que você o vê fraco.”

Eu suspiro. “Ele é o homem mais forte que já conheci. Mesmo


agora. Como ele pode —”

“Com quem você está falando Sally?” A voz do meu pai ressoa
na cozinha onde estamos.

Meu sorriso é tão automático como a batida do meu coração no


meu estômago enquanto me preparo para o desconhecido. Como ele
se parece? Mais fraco? Enfermo? Magro? Ele piorou muito rápido e
mais do que o esperado para que eu fique chocada com a visão dele?

Com uma respiração forte ando até a sala onde sua cama
hospitalar foi colocada para tornar mais fácil para ele andar por aí,

K. BROMBERG LIVRO UM
para Sally cuidar dele e porque permite que ele olhe para um de seus
lugares favoritos no mundo, os campos infinitos de grama alta que se
estende até o horizonte.

Sou tomada por um alívio quando eu o vejo fora da cama,


sentado na sua cadeira favorita junto à janela. “Ela está falando
comigo.”

“Scouty?” O amor inunda sua voz enquanto ele se vira e me vê


parada ali, mas é rapidamente substituído por uma virada. “Por que
você está aqui?”

“Porque eu precisava te ver.” Nunca falei palavras mais


verdadeiras. E mesmo ele não parecendo mais fraco do que a última
vez que o vi, eu sei por Sally que ele está. Um resfriado que ele não
podia pegar acabou derrubando-o e abalou todo o seu sistema
imunológico já debilitado.

“Tolice.” Irritação surge no tom da sua voz. “Eu disse que você
poderia vir me ver uma vez que você ganhasse o contrato do Aces.”

Eu cerro meus dentes e mordo a dor que seu desrespeito causa.


“Bem, você pode querer me desligar, papai, mas você não consegue
me controlar.” Meu tom sai sem sentido enquanto meu coração dói.
Ele deve saber que Sally me chamou e me atualizou sobre a sua
semana difícil, mas me recuso permitir que ela leve a culpa. “Eu
queria dar uma volta hoje. Limpar minha cabeça, pensar em algumas
coisas. Então acabei aqui. O que você vai fazer pai? Vai me chutar?”

Seguro seu olhar e incito que ele faça exatamente isso e odeio
esse momento por um minuto, me pergunto se ele realmente faria. Ele
tem sido tão teimoso e difícil nos últimos seis meses que uma parte
de mim não descartaria essa hipótese.

“Você não vai me impedir de vê-lo. Se você tentar, eu deixarei o


jogador descobrir sua recuperação por conta própria e fixarei
residência aqui, no meu quarto.”

“Seu antigo quarto está cheio de coisas.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Sou uma menina grande, eu sei como jogar coisas fora.” E eu
sei que vai pegá-lo, quebrar sua obstinação — o medo de que eu me
meta aqui com sacos de lixo preto e limpe a sua desordem de
memórias empilhadas em caixas no meu antigo quarto. Recortes de
jornal sobre gigantes do esporte que ele ajudou a reabilitar. Artigos,
destacando as estatísticas de arremessos de Ford e a minha carreira
no softbol. Troféus e camisetas das equipes para quem ele trabalhou.
É um tesouro de recordações que qualquer colecionador de beisebol
morreria.

Ele me olha de novo, mas eu posso ver seus lábios lutando


contra um sorriso que eu sei que ele quer me dar por eu fazer
exatamente o que ele me ensinou: dando tão bem quanto eu estou
recebendo. “Você pode ficar um pouco, mas um único sinal de
lágrimas e estou te expulsando.”

Eu aceno, entendendo que o durão está me dando uma


segunda chance, enquanto eu conseguir não chorar. Caminhando ao
seu lado coloco minha mão em seu ombro e aperto, precisando tocá-
lo. E quando ele levanta uma mão para colocar em cima da minha, eu
daria qualquer coisa para ser uma menina novamente. Então poderia
rastejar em seu colo como costumava fazer e ouvir o rumor de sua voz
enquanto ele me conta histórias sobre uma mãe que eu nunca
conheci, mas quem ele jurou que me amava. As histórias que agora
eu sei que eram mentiras, porque uma mãe que sai quando seus dois
filhos se preparam para a cama e enquanto o seu marido está lavando
a louça sem ao menos olhar para trás nunca realmente os amou de
verdade.

Esta casa me trás muitas lembranças, boas e más e me


pergunto se talvez seja por isso que meu pai está me forçando a ficar
distante disso.

“Conte sobre a evolução do Easton.”

A dor no meu peito é real na menção de seu nome. As imagens


dele ontem à noite — o sorriso quando ele estava dançando comigo,
a adoração em seu rosto destacada pelas luzes brilhantes do estádio
ao fundo e a luz da lua em seu rosto enquanto ele se perdia em mim

K. BROMBERG LIVRO UM
— um breve instante e toda a minha mente foi forçada a agir como se
nada disso fosse importante quando cada coisa coisinha valia muito a
pena.

Forçada a mudar a direção da minha mente, eu tento me


importar com o trabalho agora.

Um meio-termo seguro para nós. Bem, é seguro para meu pai,


mas não tanto para mim.

“O jogador está indo bem,” murmuro sabendo muito bem que o


perfume de Easton ainda perdura na minha pele enquanto vou
detalhando a sua terapia, o que ainda dói, o que eu acho que ele está
escondendo, antes de ouvir o mestre do negócio, me orientar sobre o
que ele acha que eu preciso fazer de forma diferente ou adicionar ao
tratamento para acelerar. “O que eu não entendo além do óbvio —
que a equipe precisa dele no campo, porque ele é apenas muito bom
— é porque apressar? Por que dar um prazo para a recuperação de
um jogador da sua franquia?”

O meu pai inclina a cabeça enquanto contempla a pergunta.


“Não tenho ideia, Scout. Eu aprendi há muito tempo que os principais
executivos raramente fazem coisas que parecem razoáveis ao público,
mas no decorrer do tempo acaba fazendo todo sentido.”

“Sim, bem, como sobre eles fazem o senso comum em vez de


apontar para o sentido perfeito,” resmungo em defesa de Easton
quando não há necessidade de defendê-lo.

E é o olhar do meu pai que me incomoda. Aquele que diz que


está lendo meus pensamentos quando com certeza não quero que ele
o faça. “Você gosta dele, não é?”

“Sim, ele é legal, fácil de trabalhar e quer se recuperar. Quem


não gostaria disso em um jogador?” Eu acho que é tão seguro como
qualquer coisa.

“Verdade.” Ele acena com a cabeça novamente e mastiga o


interior de seu lábio. “Isso vai ser um problema?”

K. BROMBERG LIVRO UM
Há tantas maneiras de entender a sua pergunta, tantas
maneiras que eu posso responder e então decido não dizer nada. Ele
quer dizer com isso se terei sucesso em conseguir Easton de volta ao
campo no tempo previsto? Ou ele quer dizer que pode ver através de
mim, sabe que algo aconteceu entre Easton e eu, e está pensando se
isso vai comprometer minha posição no clube?

Quando ele ri de minha falta de resposta, é música para meus


ouvidos. Ele me liberou sem resposta.

“Como é que você pode ter dois filhos, criar exatamente da


mesma forma e eles se tornarem tão completamente diferentes?” Ele
pergunta, e eu sei agora que ele não me deixou escapar impune.
Seu riso estava apenas me preparando para a lição que ele está
prestes a dar. “Você estava sempre testando os limites enquanto Ford
estava... ele sempre estava tão preocupado com a felicidade de todos.
Você sempre estava disposta a correr riscos e ele sempre foi aquele
que mantinha tudo no lugar. Você sempre foi tão difícil de ler e ele era
um livro aberto. Vocês eram opostos de muitas maneiras e ainda
assim tão parecidos que isso me assustou alguns dias.”

Olho para ele. As linhas em seu rosto podem ter mudado ao


longo do tempo, com a idade e a doença, mas ele ainda parece o
mesmo, ainda continua o mesmo e é difícil acreditar que ele está
realmente doente. Que ele é mortal e não o homem invencível que a
menina em mim ainda vê.

“Mas você mudou, Scouty-girl. Depois que Ford morreu, eu sei


que você tentou ser os dois por mim. Que você tentou preencher o
vazio deixado por ele — tentou me dar pedaços de vocês dois —
embora alguns dias eu sei que matou você tentar ser alguém que você
não era... mas você fez isso por mim. Então, obrigado. Eu queria que
você soubesse que eu aprecio isso.”

“Papai...” Luto com as emoções que agita com o seu


reconhecimento. Ouvi-lo falar que sabia o quanto trabalhei duro para
tentar preencher o buraco que a morte de Ford deixou em nossa
família — e em seu coração — significa mais para mim do que ele
jamais saberá.

K. BROMBERG LIVRO UM
E, ao mesmo tempo, odeio ouvir isso. Odeio me perguntar se ele
está examinando os itens fora de sua lista mental de coisas para
dizer, e esse é o caminho lento e sinuoso dele começando a dizer
adeus.

“Você prometeu que não choraria.”

“Não estou.” Eu fungo e engulo o que parece uma pedra na


minha garganta. “Eu só não entendo por que você insiste em não me
deixar —”

“Tenho minhas razões,” ele corta e fico curiosa para saber o que
diabos apenas aborreceu tanto ele.

Olho para ele, querendo questioná-lo, para terminar meu


pensamento. Mas desloco meu olhar para o campo de novo, para as
boas lembranças de brincar de esconde-esconde com Ford por horas,
para tentar diminuir as lágrimas soluçando silenciosamente dentro de
mim.

“Ele teria trinta, este mês, você sabe.”

“Eu sei.” O silêncio se estende entre nós, interrompido apenas


pelo puxar da sua respiração. “Nenhum pai deveria ter que enterrar
seu filho,” sussurro e não tenho certeza se é para me lembrar ou para
tranquilizá-lo.

“E nenhuma filha deveria ficar sozinha para enterrar seu pai.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 12
Easton

Uma porra de mensagem?

É assim que ela vai jogar esta porcaria de jogo comigo?


Largando-me sozinho para fazer minha reabilitação, porque ela não
pode me encarar ou o fato de que a outra noite foi incrível e ela saiu
sem dizer uma palavra?

‘Eu simplesmente não posso’.

Sério? Essas quatro palavras eram tudo o que ela poderia me


dar antes de desligar, seguido por um texto detalhando minha rotina
de reabilitação durante o dia? Uma série de quatro repetições de
flexão de braço moderado e o resto do tratamento?

Besteira total.

Malditas mulheres.

Mas eu deveria estar feliz com isso, certo? Ela não é o Doc. Ela
está longe de ser tão hábil, experiente, ou qualificada como ele.
Então, talvez se eu reclamar sobre ela com o gerente, então
eles exigirão que o Doc se apresente. Ele é o melhor depois de tudo.

Se esse é o caso, então por que eu a quero? Como é que eu


continuo pensando naquele olhar nos seus olhos, na sensação do seu
corpo e no som do seu riso?

Ela é frustrante.

K. BROMBERG LIVRO UM
E sexy.

Ela é teimosa e implacável.

E malditamente linda.

Ela é irritante, é o que ela é.

Ela não quer atender a porra do telefone? Então tudo bem. Eu


tenho isto. Vou dar conta de mim mesmo. Não preciso dela. Eu sabia
disso no primeiro dia que a conheci.

Mas eu gosto dela.

Foda-se se isso não for perfeito. E adequado. Querer uma


mulher que não posso ter.

Querer uma mulher que poderia causar problemas se os outros


descobrissem.

Querer uma mulher que deixou claro que ela não me quer.

Esqueça isso. Não há nada sobre isso. Ela é tão clara como
lama, porque ela me quer. Uma maratona de sexo é uma validação
tão boa como qualquer outra.

Agora eu só preciso descobrir como fazê-la admitir isso.

Maldita mulher.

Ranjo meus dentes enquanto me preparo para a dor que


normalmente começa com a série de quatro repetições e depois me
assusto quando nada acontece.

Não há fisgadas. Sem queimaduras. Não há nada, porra.

Repito o movimento. Eu levanto e torço e giro algumas horas


extras.

E ainda nada.

Eu tento mais uma vez, empurro o meu ombro mais longe do


que eu deveria, até que sinto uma fisgada fraca antes de deixar cair o

K. BROMBERG LIVRO UM
peso. E quando me olho no espelho, tenho um sorriso estúpido na
cara. Faz tanto tempo que esqueci como é não sentir dor.

E é claro, eu imediatamente quero chamar Scout e convidar


para que ela possa comemorar comigo este pequeno marco de merda
que eu nem devia sentir como uma grande vitória, mas eu sinto.

Mas não posso. Porque ela não atende. E sei disso porque eu
liguei e mandei mensagens — muitas vezes que perdi a conta — sem
receber uma resposta de retorno.

Alguém fez uma merda muito grande com ela. É o que posso
dizer de toda a conversa sobre jogadores seguindo em frente e
deixando tudo para trás, mas porra, se eu descobrir quem foi.
Nenhuma das pessoas com quem falei se lembram dela namorando
qualquer cara. Suas contas nas redes sociais mostram merda
nenhuma, além de fotos dela em outros clubes e posando para a
câmera com vários jogadores com braços pendurados casualmente
sobre seus ombros.

Um caralho de tão adorável. Não é esse o melhor termo para


ela? Adorável? Bem, isso é a primeira coisa que me veio à mente
quando eu vi a foto dela imprensada entre Rizzo e Bryant depois que
ela trabalhou com o Cubs no ano passado. Ou da imagem de Posey
sem camisa rindo com ela no clube do Giants.

Nem uma única foto pessoal. Nada de vira-latas. Nada de


saídas em finais de semana e enchendo a cara com as amigas. Nem
sequer míseras frases inspiradoras que você deseja rolar os olhos e
rolar para o próximo. Nada.

Mas ela pode sair e dançar comigo. Ela pode olhar para o meu
estádio na escuridão do meu apartamento e colocar em palavras tudo
o que a visão dele me faz sentir. Uma mulher que pode entender essa
merda não é normal.

E agora ela não quer falar comigo? Não pode me encarar?

A outra noite não foi um erro. De maneira nenhuma. Não há


como.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Onde está a Sra. Dalton?” A voz do gerente do clube me
surpreende do outro lado da sala de treinamento. “Você está em seu
horário ou está colocando tempo extra por conta própria?”

Não sei por que hesito em responder, mas eu faço. É difícil


conseguir uma leitura dele e então a atenção é o nome do jogo até que
eu possa entender como fazer isso.

“Ei, Cory. Como está indo?” Limpando o suor do meu rosto com
uma toalha, eu ando em direção a ele.

Quando ele entra na sala, estou surpreso em ver meu pai bem
atrás dele. O melhor esquadrão de amigos. Legal.

“Bem. E você? Como está o braço?”

“Estou me sentindo ótimo. O ombro está no seu melhor estado


desde a cirurgia. Eu estou ansioso para retornar.”

“Tenho certeza que você está. A Scout está por perto?”

“Ela pegou um resfriado. Eu disse a ela para ficar em casa, mas


nós conversamos e ela passou a orientação e a sequência para o meu
treinamento assim podemos permanecer dentro da previsão.” A
mentira sai sem problemas, mas não consigo entender por nada deste
mundo por que eu sinto a necessidade de cobrir ela em tudo.

E ainda assim eu fiz com uma inesperada necessidade de


protegê-la. Parece o certo.

“Estou impressionado que você tenha entrado sozinho para


fazer isso,” diz o meu pai.

Eu olho para ele, tentando compreender por que ele pensaria


que estava tudo bem ele dizer isso. Nada menos do que na frente do
meu chefe. Esse é meu trabalho, e eu estou muito bom nisso, então
ele precisa me deixar em paz. O pensamento se manifesta em
palavras, mas eu mordo minha língua tão forte que dói.

Não vale a pena. Além disso, a expressão de Cory é cautelosa,


tornando quase impossível avaliar seus pensamentos. E como o

K. BROMBERG LIVRO UM
profissionalismo é sempre o melhor caminho, eu faço o papel que eles
esperam que eu jogue.

“Como eu disse, estou ansioso para voltar ao campo. Sinto falta


de contribuir para a equipe.” Solto o lema da empresa, e mesmo que
eles estão sorrindo em resposta, há algo no ar. Algo que não consigo
colocar o meu dedo, mas posso sentir, no entanto.

“Os caras também sentem sua falta. Os Aces não se sentem


bem sem um Wylder no campo.”

Meu pai ri e bate no meu ombro bom. “Continue com o bom


trabalho, filho. Não tenho dúvidas de que você estará de volta à forma
de luta em breve.”

“Eu também não,” respondo.

“Certifique-se de dizer a Srta. Dalton que eu gostaria de um


relatório amanhã ou depois sobre o seu progresso.”

“Eu direi.”

Observo os dois saindo e solto uma respiração enquanto tento


descobrir qual o motivo desta pequena visita. Eu não quero me
importar, mas preciso. Ele é meu chefe.

“Tudo de bom aqui, Easy E?”

Meu sorriso é automático, a irritação desaparece em um


batimento cardíaco pela voz que eu conheço desde os oito anos de
idade. Eu me viro para encontrar o rosto familiar do nosso gestor
do clube, o homem que costumava me divertir com histórias e piadas
quando meu pai estava muito ocupado sendo a figura pública.

“Ei, Manny-Man.” Digo na mesma troca de apelidos que temos


feito por mais de vinte anos. “Como vai hoje? Você vai ficar para
assistir o jogo hoje à noite?”

“Muito bom. E não. Você me conhece. Eu só fico por aqui,


quando os grandes jogam.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não há grandes jogando hoje?” Pergunto com uma sacudida da
minha cabeça.

“Grandes nomes são poucos e distantes, filho,” ele termina sua


réplica típica e me surpreende quando ele continua. “Eu já vi beisebol
suficiente na minha vida para segurar assistindo um outro jogo que
não tenha alguém que vai me deslumbrar com seu talento.”

“Exigente. Exigente.”

Seu sorriso se amplia e eu amo que mesmo que eu fique


lesionado, ele ainda é Manny-Man.

“Vejo que o velho ainda é tão duro com você como sempre,” ele
diz com um aceno de conhecimento, como costumava fazer quando
ele me encontraria sozinho no vestiário, chorando lágrimas em
segredo depois que eu fiquei machucado, por algo que meu pai diria.

“Sim, bem. Por que mudar agora, certo?”

Ele apenas acena nunca sendo desrespeitoso, mas um homem


que eu sou feliz por ter sempre ao meu lado.

“É verdade.” Ele ri, ao contrário da gravidade em seus olhos,


enquanto ele procura ter certeza de que estou bem. “Olhe para mim
— quarenta anos e ainda estou fazendo a mesma coisa.”

“Cuidando de nós, meninos bonitos?” Eu provoco.

“Não há nada de bonito em você, filho.” Ele atira uma risada de


provocação bem-humorada. “Mas aquele osso duro de roer que você
tem trabalhado ultimamente? Opa. Agora, ela? Ela é definitivamente
bonita.”

“Com certeza ela é,” murmuro antes que eu me surpreenda e


me pergunto por que quase todas as conversas parecem voltar com
ela.

Porque é ela quem comanda as decisões.

E é o que está atualmente nublando e fodendo com a minha


cabeça.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 13
Scout

Meus pulmões queimam.

Minhas pernas doem.

E tudo o que posso pensar é no outro lado do estádio antes que


meus nervos estejam calmos e as emoções entorpecidas o suficiente
para enfrentar Easton hoje.

Porque como faço para manter as coisas profissionais quando


toda vez que precisar tocar nele, vou ser obrigada a lembrar da outra
noite?

Então, vou correr em volta do estádio. Até um setor. Subindo e


descendo, através da fileira superior de assentos vazios, então para
baixo do outro lado.

Reproduzo minha reunião com Cory. Sua insistência para eu


responder se acho que Easton estará recuperado até meados de
agosto. Sua pressão sobre mim para que eu diga se ele vai voltar a ter
cem por cento do seu desempenho, ou se ele vai deslizar lentamente
para uma situação de lesionado e irreparável que às vezes acontece,
apesar de todos os esforços de reabilitação.

Frustrada com a sua atitude totalmente comercial quando se


trata de um ser humano — tendões, músculos e tecidos moles que
você simplesmente não pode colar juntos — eu me esforço mais. Para
a próxima seção, para o setor superior, para os camarotes, para as
fileiras de baixo e depois para o próximo.

K. BROMBERG LIVRO UM
Esqueça Scout. É seu trabalho conseguir bons jogadores no
campo e ganhar campeonatos. Os jogadores são mercadorias.

Eu corro através de uma fileira de assentos.

Que se lixe. Os jogadores são pessoas.

Meus pulmões queimam, mas preciso de mais.

Martinez bate uma bola sobre a parede do campo esquerdo em


sua sessão de rebatidas no início da manhã treinando a tacada
perfeita, mas a pancada de seu bastão é silenciada pelos meus fones
de ouvido. E eu preciso que seja. Posso estar no estádio, mas preciso
esquecer o beisebol por mais algum tempo. E, em particular,
um jogador de beisebol específico.

Então, continuo a estar meu limite. Para usar a dor física


queimar minha mente e aliviar minha alma. Para arrancar minha
raiva. Para me acalmar quando tudo o que sinto é incerteza.

Quando tudo o que quero é algo que não posso ter.

Então, eu vou lá. Seção por seção. Passo a passo. Tentando


derramar o fardo das minhas emoções com o suor que escorre do meu
corpo.

Mas quanto mais clara minha mente se torna, mais espaço eu


tenho pra pensar, e é claro que volto para onde eu não deveria. Para
Easton e tudo sobre ele. Os contrastes. O inesperado. O sorriso
desarmante e os olhos intensos. Seus gemidos suaves no escuro e sua
mão áspera por causa do bastão de beisebol na minha pele. A
vulnerabilidade que ele tira de mim, quando sou dura com todos os
outros.

Este não é um bom sinal — pensar nele.

De modo nenhum.

E, claro, quando eu me viro para correr para a próxima fileira


de assentos, ele está bem ali, correndo atrás de mim. Combinando
passo por passo.

K. BROMBERG LIVRO UM
O ignoro.

Ainda tenho mais trinta minutos para mim mesma antes de ter
que lidar com ele.

Eu ainda preciso de mais trinta minutos para descobrir como


olhar para ele e não sentir como me sinto agora.

Eu ainda quero mais trinta minutos para acalmar a vibração na


minha barriga só de saber que ele está perto de mim.

Então, eu corro mais rápido. Dou dois passos de cada vez.

Ele faz o mesmo e acelera o ritmo para que agora corra ao meu
lado em vez de atrás de mim.

Eu forço mais. Irritada. Competitiva. Não quero que ele ache


que sou a mais fraca entre nós dois, mesmo que ele nunca me fez
sentir assim em primeiro lugar.

Mas ter sentimentos por ele faz eu me sentir assim, e faz com
que seja culpa dele. Tudo isso.

E assim, eu corro. Mas desta vez, em vez de passar para a


próxima fileira, eu corro direto para além do túnel de saída.

Um dos meus fones de ouvido cai e meus sapatos rangem no


concreto enquanto eu corro através de uma aceleração final por todo
o corredor vazio, passando pelos stands vazios e quiosques de
mercadorias da equipe.

Seus sapatos batem no concreto atrás de mim e sua respiração


trabalhada ecoa pelo espaço.

Eu sei que ele é rápido. Tenho cronometrado seu tempo, e estou


bem ciente de que ele poderia estar dez passos à frente de mim em
segundos, se ele realmente quisesse e o fato de que ele não faz isso
estressa ainda mais os meus nervos já irritados.

E ao mesmo tempo, eu estou sem gás — minhas pernas, meus


pulmões, meu tudo — e então não tenho escolha a não ser parar

K. BROMBERG LIVRO UM
quando eu prefiro continuar correndo para fora do estádio em vez de
ter que enfrentar Easton.

“Scout.”

Continue correndo.

“Scout.”

Nem consigo respirar, muito menos falar.

“Ei.”

Não posso mais fazer isso. Não posso dar mais um passo, e
então paro, sabendo que terei que enfrentá-lo — bem aqui, agora
mesmo — com uma mente e um corpo tão exausto, será difícil manter
minha guarda.

Com minhas mãos nos joelhos, suor fazendo meus olhos


arderem e pulmões arfando severamente, eu olho para longe de
Easton, estranhamente satisfeita ao ver que ele está tão afetado
quanto eu. Mãos apoiadas atrás de sua cabeça, cotovelos para fora,
ele caminha em torno deste gigante de concreto cinza tentando se
acalmar.

“Ainda não é a sua hora. Vá embora.” Sei que estou sendo má.
Sei que ele não merece. E ainda assim eu preciso recuperar meu
fôlego para que eu possa pensar direito.

“Eu tenho tanto direito de estar neste estádio quanto você,


Kitty.” O apelido é uma provocação que eu tento ignorar. Ele tem uma
maneira de empurrar meus botões e esse maldito nome é apenas um
deles.

Especialmente quando me lembro de como ele estava


agradando o meu corpo da última vez que me chamou assim.

E isso me irrita mais. Odeio que eu deveria sentir que não me


importo quando tudo o que quero fazer é me importar.

“Ainda não estou no seu horário, então esse é o meu tempo.”

“O inferno que é.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Se ele estava procurando por toda a minha atenção, ele acabou
de achar. E não só isso, mas meu temperamento para acompanhar
isso, também.

“Desculpe?” Eu estico a minha postura ao máximo e olho para


ele pela primeira vez. E quando faço isso cada parte do meu corpo
quer se mover em direção a ele em vez de correr contra ele.

“Você me ouviu,” ele fala me encarando com um olhar


deslumbrante enquanto dá alguns passos em minha direção. “Eu
nunca imaginei que você fosse do tipo ‘ame-os e deixo-os’, mas ok,
você já me subestimou antes... então acho que estamos quites.
Certo?”

Há uma mordida no seu tom. Uma rejeição desafiadora afiada


com o ego machucado. E tudo isso e mais se reflete em seus olhos
quando ele dá um passo mais perto, enquanto eu olho em volta
freneticamente para ver se alguém está dentro do alcance que possa
escutar..

“Ninguém está perto o suficiente para me ouvir, Scout. Ou para


te livrar de ter esta conversa.”

“Não teremos essa conversa, por isso é um ponto discutível.”


Começo a me afastar e ele tenta evitar me bloqueando. Eu sou
forçada a parar, ou então acabarei com o rosto colado em seu peito e
tocar nele agora não é exatamente a coisa mais inteligente.

“Teremos sim porque há algumas coisas que precisamos


esclarecer. Primeiro: Eu tive muita diversão na minha vida, dentro e
fora dos lençóis. Mas nem uma única vez eu me esgueirei no início da
manhã e não enfrentei o que fiz ou não fiz na noite anterior. Sou uma
pessoa muito melhor do que isso, algo me diz que você também é.
Então, você quer me dizer o que está acontecendo?”

Sua indagação é real. Sua mágoa rompe o rancor em seu


tom. Odeio que o meu desejo imediato seja pedir desculpas e
explicar... mas não posso. Tenho que me defender dele. Não tenho
outra opção.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Como eu disse, ainda não estou no seu horário.”

“Pode ter certeza que você não está. Mas eu não sou seu
relógio, querida.”

“Me deixe em paz.” O comentário é rápido fora de meus lábios,


meu temperamento queima e deixa meu corpo em chamas por suas
palavras. Aquelas que me fazem ansiar que ele prove a raiva nos
meus lábios.

“O quê? Eu pensei que você não estava no horário ainda.


Lembra? Então, isso significa que você não pode me dizer o que
fazer...” Ele olha para o relógio e volta para mim com diversão nos
olhos. “Mais quinze minutos.”

O sorriso dele é irritante. E sexy como o inferno.

“Exatamente. Então, se você me desculpar.”

Sua mão está no meu braço em um piscar de olhos e agora


minhas costas estão contra o canto entre duas paredes e ele está
diretamente na minha frente.

“Você está determinada. Eu vou te dar isso.” Ele acena com a


cabeça e aperta meu braço tão ligeiramente enquanto ele invade mais
meu espaço pessoal. E agora, quando respiro, é o seu cheiro que
sinto. Seu shampoo. Sua colônia. Seu amaciante de roupa. Ele. “Mas
estou me perguntando onde aquela garota de fala rápida, risonha e
despreocupada que estava dançando comigo na outra noite foi parar
porque, enquanto você continua malditamente linda, todo o resto dela
está longe de ser visto.”

“Todos cometem erros, Easton.”

Sua risada é um estrondo baixo que enche meus ouvidos e ecoa


na minha cabeça quando ele se move para que nossos corpos fiquem
meramente um sussurro de distância. Calor. Quero. Preciso. Os três
dançam um tango problemático dentro de mim quando ele se inclina
para que seus lábios estejam colados ao meu ouvido quando ele
sussurra, “Não foi um erro. Sabe o que eu acho? Acho que peguei
você. Acho que quando você fecha seus olhos, você pensa em mim. Eu

K. BROMBERG LIVRO UM
acho que você pode até não querer, mas você não consegue, porque
Deus sabe que eu penso em você, Scout. Sobre o que fizemos. Sobre
como eu quero mais disso. Com você. E você pode jogar o lema e
regras da empresa tanto quanto quiser, sobre como você está sob
contrato e então não podemos perseguir isso, mas que se foda
isso. Não gosto de jogar de acordo com as regras. Um contrato é um
negócio, Scout. Mas isso? Você. Eu? Isso é prazer.”

Suas palavras inflamam cada grupo de desejo dentro de


mim. “Você não entende.”

“Então me explique.” A honestidade em suas


palavras combate as promessas que fiz em ficar fora disso. Quando
eu me recuso a encontrar seus olhos, ele me provoca. “Eu nunca
imaginei você como uma covarde, Scout.”

“Quer saber? Você está certo,” declaro com um aceno


entusiasmado e um encolher de ombros. Um artifício para esconder a
verdade. “A outra noite foi divertida. Incrível. O melhor sexo que tive
há um tempo, mas isso foi tudo — sexo. Um pouco de diversão para
relaxar e agora que conseguimos ter o que queríamos, podemos
esquecer tudo. Como você pode ver pela maneira que eu saí, não faço
compromissos. Eu não faço mais do que o que fizemos. Então,
obrigado pela diversão. Agora vamos trabalhar.”

Tento me esgueirar por ele e acabo com a sua mão no meu


braço, recusando me deixar correr de novo.

“Obrigado pela diversão?”

“Sim. Obrigado.”

Seus olhos castanhos se estreitam e as bordas são tingidas de


verde enquanto ele aperta meu braço. “Você está com medo.” E
declara de forma tão natural que minha negação é automática.

“Não.”

“Como eu não vi isso antes? Por que eu assusto você?”

K. BROMBERG LIVRO UM
Socorro. Socorro. Eu desvio os olhos. Mudo meus pés. “Isso é
besteira. Certifique-se de não se elogiar tanto enquanto você está
nisso.”

“Não é um elogio se é verdade,” ele brinca, tentando tirar um


sorriso de mim, mas é meio difícil sorrir quando seu coração se sente
como se estivesse batendo fora de seu peito e seu primeiro instinto é
correr, mas seus pés se recusam a mover. “Além disso, não havia
necessidade de você correr a menos que estivesse assustada.”

“O que, então, agora, uma mulher não pode simplesmente


transar sem precisar ter uma razão?”

“Bela jogada, mas sem sucesso. Você sabia que não era um
caso de uma noite, Scout. Sabia que teríamos que nos ver nas
próximas semanas. Então você pode tentar se convencer, mas eu não
acredito.”

Meus pensamentos voam fora de controle e nenhum deles


manifesta em palavras, então eu só fico lá olhando para ele, abrindo a
boca e fechando, ainda mais idiota do que eu já me sinto.

“Então, por que empurrar o problema? Se não acredita no que


estou dizendo, por que não vai embora?” Enfim. Eu disse algo

E ainda sinto tudo.

Ele ri, mas é tudo menos divertido. “Porque palavras não valem
nada, Scout. Seus lábios estão dizendo uma coisa, mas seu corpo e
seus olhos estão me dizendo algo completamente diferente. Já
esqueceu o quanto foi incrível a outra noite? Como eu fiz você se
sentir bem?” Seus olhos me prendem imóvel com um desafio para
refutá-lo. “Então, vá em frente e minta pra você — continue com sua
desculpa de apenas uma noite, mas saiba que não comprei nada nem
por um minuto. Eu estava lá. Eu sei a verdade.”

“Talvez eu seja apenas uma garota que gosta de ver quantos


entalhes posso adicionar ao meu cinto.” Desviar. Divertir. Distrair.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Você está cheia de graça hoje, não é? Você acha que a outra
noite teria acontecido se eu achasse que você era uma Betty do
beisebol tentando me seduzir com um campo entre suas coxas?”

“Então, por que aconteceu?” A questão está fora antes que eu


possa parar, e sei que ele fica surpreso, porque posso sentir seus
dedos endurecerem em meu braço. Eu imediatamente quero saber e
não quero saber a resposta.

“Porque você é incrível? Essa é uma resposta boa o suficiente?”


Ele inclina a cabeça e apenas olha para mim por um segundo e de
forma que o calor se espalhe do meu centro para os meus dedos dos
pés e retorne. “Porque nós tivemos um dia.”

“Um dia?”

“Sim. Não foi bom. Não foi mau. Foi apenas um dia preenchido
com um pouco de tudo, e você não compartilha um dia com alguém
que você não gosta.” Seu raciocínio é simples o suficiente e soa tão
doce vindo deste jogador de basebol áspero que é uma mistura de
tantas coisas. “E porque dançamos. Bebemos. Ficamos zangados.
Você ficou no meu apartamento e olhou para um símbolo que
representa a minha vida inteira e resumiu como eu me sinto, mas que
nunca consigo colocar em palavras. Você me pegou. E então você me
seduziu.”

“Eu o quê?” Eu tusso as palavras fora quando o sorriso suave


dele vira grande e brilhante.

“Você me seduziu. Uma mulher bonita com uma língua afiada,


uma mente mais afiada ainda e um olhar nos seus olhos que dizia
que estava com medo e mas confiava, brilhando pela luz de um
estádio de beisebol... quero dizer, um homem só tem muita inibição
quando se trata desse tipo de perfeição.”

E eu sou uma poça. Uma grande e confusa poça de


sentimentos que são tão estranhos que não tenho certeza do que fazer
ou dizer ou de agir além de rejeitar as palavras. Mas, por algum
motivo, nada vem dos meus lábios porque... porque, olhe para
ele. Virilidade completa misturada com sinceridade. Tudo o que uma

K. BROMBERG LIVRO UM
mulher normal cairia nos braços enquanto tudo o que penso é apenas
fugir.

Mas meus pés não se movem. Eles não ouvem minha cabeça
porque estão muito ocupados ouvindo Easton. Eles estão muito
ocupados deixando suas palavras quebrarem suas certezas e
alimentando um pouquinho de esperança quando a esperança deveria
está perdida.

Tudo o que posso fazer é olhar para ele — travar uma guerra
com tudo o que me condicionei em acreditar — e tentar confiar no
que ele está dizendo.

“Ou talvez estivesse apenas me usando para que você pudesse


ver meu campo de beisebol privado.” Ele solta a piada com um sorriso
suave, mas seus olhos me dizem que ele sabe que estou surtando por
dentro e está tentando adicionar alguma leveza para me acalmar.

“Talvez.” Eu dou apenas um centímetro e, secretamente, me


pergunto se eu faço isso porque eu quero que ele tome todo o metro.

"Vê?” Ele aponta o dedo para mim, quando o sorriso dele


cresce. “Você esquece que eu posso ler você. E você gosta de mim,
Scout Dalton. Então, finja que não. Continue dizendo que a outra
noite foi um erro. Mas eu vou estar aqui afastando o que quer que
esteja impedindo você de admitir, porque aquela noite foi incrível. E
não só o sexo. Isso também foi fenomenal. Mas você... você me
pegou. Em um mundo de pessoas que somente desejam a figura do
jogador que vêem no campo , você entende que existe mais em mim
do que apenas ele. Por algum motivo, você parece entender as coisas
que ninguém mais consegue, as partes em mim, que nem eu mesmo
tenho certeza e ainda assim você é capaz de colocar palavras para
elas. Então sim... o sexo foi ótimo. Você pode manter suas armas, me
dizer que não foi, me dizer que foi um erro, me dizer que você não
sente nada quando nos tocamos... mas eu sim, eu sinto. E quero
muito mesmo sair novamente com você.”

Ele se inclina para frente e me beija. Eu gostaria de dizer que é


contra a minha vontade, mas estou totalmente dentro, apesar de não

K. BROMBERG LIVRO UM
tentar demonstrar. Porque estamos aqui. No estádio. E eu não posso
beijá-lo.

Mas eu beijo. Com os lábios, a língua e o coração, enquanto


suas mãos mantêm meus ombros imóveis e meu corpo paralisado.

Senti falta dele.

Um único pensamento corre selvagem na minha cabeça ao


longo dos poucos segundos que me permito ser beijada sem sentido e
lembro como seu gosto é incrível.

E como nossa química é perfeita.

Eu quero. E não quero.

Sei que devemos parar. Mas não consigo me afastar.

Percebendo minha súbita hesitação, ele faz isso por mim. Ele
arranca os lábios dos meus e olha para mim com uma energia que
não vi antes nele.

“Easton —”

“Você pode me recusar o quanto quiser...” Ele ri, parando a


negação em meus lábios. “Mas devo avisá-la que sou um homem
determinado. Vou ganhar Scout. Eu sou um jogador, lembra? Então
vou conseguir esse encontro. O próximo beijo. Vou conquistar isso,
incluindo o brilho de luz do estádio em seu cabelo. E vou insistir
tanto até que você descubra que não há qualquer necessidade de ter
medo de mim.”

Ele solta os meus braços e recua enquanto a arrogância retorna


ao seu sorriso. “Vai ser uma merda, não é? Ter que me alongar. Corpo
a corpo. Ter suas mãos em mim. Ter que me ver ficar quente e suado.
Ter que me ouvir gemer quando levanto pesos e não lembrar que é o
mesmo som que eu faço quando gozo. Ter que me esfregar —
agradável e lento. Ter que estar ao meu redor por tanto tempo até
ficar cansada de mim e ao mesmo tempo tentar negar que haja algo
aqui que vale a pena descobrir.” Ele dá mais um passo para trás,
ajusta seu boné de beisebol e ajusta os óculos de sol escondendo seus

K. BROMBERG LIVRO UM
olhos. “Divirta-se com isso. Eu sei que eu vou. Você tem cinco
minutos antes de entrar em seu horário. Tic. Tac.”

E com um último sorriso, Easton gira o calcanhar e corre


pelo corredor como se nada tivesse acontecido e que somente
estávamos tendo uma corrida.

Ou que ele me beijou sem sentido e depois me deixou


totalmente sem fala.

Estou sem fôlego.

Estou atordoada.

Deus! Estou fodida.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 14
Scout

“Ei, Scout?”

“Hmm?” Murmuro enquanto me ocupo em tirar minha luva da


bolsa, qualquer coisa para manter alguma distância dele.

“Eu preciso ser alongado.” Seu tom suave, atado com a


promessa de suas palavras do corredor, flutua de onde ele está
sentado na grama de campo direito e me atinge diretamente no
estômago.

“Comece seu aquecimento.”

“Eu já me aqueci,” ele diz, me levando a virar em sua direção e


ver o seu sorriso em pleno efeito e destinado de todo o coração para
mim.

“Adorável,” eu murmuro enquanto ando para ele, mais do que


ciente do trio de jogadores trabalhando no campo esquerdo com
seu treinador e preparador físico. Sem repouso para os cansados,
mesmo em um dia fora em sua agenda insana.

“O que foi?” ele pergunta, com alegria infundida em sua voz,


porque eu sei que ele está pressionando os botões que ele mencionou
lá em cima.

“Nada.” Coloco minhas mãos nos meus quadris e olho para ele
do seu lugar sentado da grama. Ele agora está vestido com suas
calças de beisebol, chuteiras, camisa da equipe e um

K. BROMBERG LIVRO UM
novo boné. Adicione a essa mistura um sorriso em seu rosto e ele está
irresistível, mas inferno se eu vou deixá-lo saber o que acho.

“Como você me deseja?” Ele pergunta e eu sei que ele está


tentando me lembrar da primeira vez que nos conhecemos. Estamos
tanto tempo juntos, que isso parece ter acontecido há meses, mas, na
realidade, só faz algumas semanas.

Não dou a satisfação de uma resposta, mas gesticulo para ele


se levantar. Avanço para suas costas, começo nossa rotina —
alongando, trabalhando através da rigidez e sentindo qualquer estalo
em seu ombro.

Trabalho no silêncio tentando ouvir seu corpo e ignorar tudo ao


mesmo tempo. Suas provocações anteriores se repetem em minha
mente, me desafiando a desconsiderar, apesar da ondulação dos seus
músculos e o calor da sua pele na ponta dos meus dedos que só os
validam. Porque com cada toque do seu braço, cada rotação do seu
ombro, tudo que eu posso pensar é o que seus bíceps pareciam
quando fixou o seu corpo sobre mim. Quando ele se afundou em mim.
Quando ele me fez gozar.

“Você pode fazer isso de novo?,” ele pergunta suavemente.

Tão focada em seu ombro, repito o alongamento sem perder o


ritmo. E quando aperto o braço, me encontro com os olhos de espera
de Easton e se bem conheço um sorriso.

“Sério.” Digo, soltando seu braço instantaneamente, chateada


que voluntariamente entrei direto para seu alongamento extra lhe
dando a oportunidade de me manter mais próxima sem gerar
questionamento a isso ou ele.

Ele pisca os olhos algumas vezes e finge inocência. “Vai ser


uma merda, não é?”

“Você é um pé no saco.” Eu ri, querendo manter uma linha


dura, mas incapaz de fazer, porque eu sei que ele está certo. Encosto
nele batendo meu dedo em seu peito e tento me controlar de qualquer
maneira. “Se isso é contrato e se isso é prazer, então vamos continuar

K. BROMBERG LIVRO UM
assim. Não traga isso para o campo. Este é o meu trabalho. Você é
meu trabalho. Então, engula isso, espertinho, pegue seu
equipamento, e me encontre atrás do home plate,” digo as palavras
que eu sei que vai impedi-lo de dizer qualquer outra coisa.

“O quê?” Sua excitação é emocionante.

“Você vai fazer lançamentos.”

“O que você acabou de dizer?” Posso ouvir a esperança em sua


voz enquanto ele corre ao meu lado e puxa cada corda do meu
coração que ela ainda não alcançou.

“Você me ouviu.”

“Eu sei que você não acabou de dizer isso para me distrair da
conversa e não planeja seguir a diante.”

“Eu não faria isso. Não quando se trata do seu braço. Isso é
contrato, lembra?”

“Então diga novamente.” Seu sorriso é contagioso e eu sorrio


para sua reação, minhas emoções bipolares em curto circuito.

“Por favor, não me diga que você esqueceu o que é lançar.” Eu


brinco com ele, falando como um professor para uma criança, dedos
apontando para cada local enquanto eu explico. “Sei que já se
passaram alguns meses, então eu vou explicar. Lançamento é quando
o apanhador, você mesmo, fica atrás do home plate — essa é a coisa
branca ali atrás da caixa do rebatedor. E quando o arremessador —
essa é a pessoa no monte — lança a bola para você, você lança a bola
para a segunda base — aquele quadrado branco logo ali — para
tentar tirar o corredor que está tentando roubar a base.”

“Obrigado,” ele diz divertido enquanto gesticula para a luva na


minha mão e então para quando ele percebe seu equipamento já
colocado no abrigo. Felizmente, Manny estava por perto e me ajudou
a fazer essa parte. “Você está falando sério, não é?”

“Como um ataque cardíaco.”

K. BROMBERG LIVRO UM
O olhar em seu rosto ficará para sempre gravado na minha
memória, e ele me lembra o quanto o meu trabalho é
incrível. Reverência. Temor. Gratidão. Alívio. Todos estão refletidos
quando ele desliza em seu equipamento. A inscrição já quase
apagada: Não roubarás, riscada com marcador preto a numeração em
seu protetor de tórax, me faz rir.

Lembro que muitas vezes enquanto assistia pela televisão,


olhava para essa inscrição e me perguntava que tipo de idiota
arrogante iria insultar um corredor usando isso. Mas então dentro de
alguns arremessos ele escolheria o corredor fora da base com tal
facilidade, que ficava tão claro que se alguém podia aparecer usando
esse protetor de tórax, esse alguém seria Easton Wylder.

Espero por ele no home plate. Dou um momento para que ele
desfrute novamente sua rotina e se sinta confortável colocando seu
equipamento de volta pela primeira vez em meses. É um grande passo
— fisicamente e mentalmente. E adoro quando ele sai do abrigo e é
cumprimentado por assobios e gritos de seus companheiros de equipe
que estão ainda do lado esquerdo do campo.

“Já era a porra do tempo, Wylder!” um deles grita e ganha um


dedo médio de Easton, mas seu sorriso enorme não mente sobre
como ele se sente.

“Então, o negócio é o seguinte... vamos começar devagar.


Vamos aquecer jogando a bola e então, uma vez que você estiver
aquecido o suficiente, vou recuar um pouco — lançaremos a essa
distância — e depois vou recuar um pouco mais, então vamos dando
mais distância até onde for confortável para você e que não sinta
qualquer dor.”

“Soa bem, mas por que o equipamento?”

“Porque você joga diferente com seu equipamento. Você pode


não achar, mas isso acontece. Devagar se vai ao longe, Easton. Sem
esforço duro não há recompensa.”

“Muito apropriado.” Seu riso é alto e rico e me bate na mesma


hora quando percebo a insinuação em minhas palavras. Tudo o que

K. BROMBERG LIVRO UM
posso fazer é balançar a cabeça e descer para primeira base. “Eu sei
tudo sobre devagar e duro, Kitty. Não se preocupe.”

Eu me viro e dou um olhar de aviso para ele. “Isso é um


contrato, espertinho,” digo sabendo muito bem que ele está gostando
disso. “Vamos começar a trabalhar o nosso primeiro passo para a
primeira base, e então, dependendo de como você está se sentindo,
podemos passar para a segunda.”

Felizmente, ele deixa essa insinuação deslizar com apenas uma


riso silencioso quando eu levanto minha luva e movimento para ele
jogar a bola.

“Como se sente?” Já se passaram trinta minutos desde que


começámos, mas o sorriso em seu rosto já diz tudo o que preciso
saber.

Eu acho

“Bem. Melhor a cada lançamento.”

“Isso é bom.” Minhas mãos vão automaticamente para o seu


ombro, pressionando, amassando, sentindo. “Houve alguma tensão
ou fisgada ou —”

“Uma pequena pressão, mas isso é o máximo que fiz em meses,


então está bom.”

“Mm.” olho em seu rosto desejando que ele tirasse os óculos de


sol para que eu pudesse ver seus olhos e saber se ele está sendo
verdadeiro ou não. Mas é aqui que preciso confiar nele. Ele conhece o
seu corpo melhor, afinal.

“Então, eu posso avançar para a segunda base?” ele pergunta


esperançoso que eu permita seu arremesso para a distância total.

“Você não gostaria de saber.” Eu ri porque tudo isso — ele não


sentir dor, o quanto seu braço parece bem, nossa brincadeira de flerte

K. BROMBERG LIVRO UM
— me deixou em um bom estado de humor. Adicione a isso o
trabalhar com Easton no sol e fazer progressos me deu tempo
necessário para pensar.

“Você parece bem,” diz Drew Minski, enquanto ele corre para o
abrigo.

“É muito bom ter couro e cadarços nas mãos novamente,”


Easton diz sorridente.

“Oi, Drew.” Eu o cumprimento quando ele acena com a


cabeça. “Ótimo desempenho ontem à noite.”

“Obrigado.” Ele olha para Easton e depois de volta para


mim. “Ei, cara, alguns de nós estão pensando em sair esta noite, se
você quiser ficar com a gente.”

“Obrigado, mas já tenho planos,” Easton diz isso e eu odeio


que, independentemente do quanto o afastei, uma pequena parte de
mim está com ciúmes de com quem ele possa ter planos.

“Você é quem perde. Eu sei que é o seu jeito de manter todas


elas amarradas em cordas, mas aquela loirinha continua
perguntando por você.” Ele ri dessa maneira que diz, vá em frente. Já
estive em clubes suficientes para saber o som do encorajamento
quando o ouço.

E o som disso me irrita.

Ele tem planos com uma mulher, está enrolando uma loira, ao
mesmo tempo, fazendo promessas para mim. Farta com a conversa, e
não querendo que ele leia as emoções que não consigo esconder dele,
viro sem dizer outra palavra e caminho para pegar minha bolsa.

Tento ser racional. Eu tento não me importar e odeio que baixei


minha guarda o suficiente para me permitir esperar e pensar que ele
realmente gostava de mim. Acreditando que ele era diferente. Não
apenas mais um jogador.

E a ideia de outras mulheres gostando dele me irrita porque eu


sei que milhares de mulheres fariam muito mais do que apenas

K. BROMBERG LIVRO UM
gostar dele; Elas saltariam em sua cama sem um segundo
pensamento.

“Scout?”

“Acabamos por hoje.” Eu tento esconder a dor, tento esconder o


fato de que posso estar exagerando, porque eu deveria saber melhor.
A esperança é uma coisa perigosa, especialmente quando se está a
depositando em outra pessoa.

Um passo em frente e cinco passos para trás no jogo de como


fodida é a cabeça de Scout.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 15
Easton

Resfriamento como de rotina. Vinte minutos de gelo, vinte


minutos fora. Passe uma mensagem se tiver algum problema.

-Scout

Uma nota?

Ela me deixou a porra de uma nota?

Quem aprontou com ela é um filho da puta. Um grande idiota.


Mas não tenho tempo de me preocupar com ele, porque preciso
encontrá-la. Falar com ela. Ganhar no cansaço. Descobrir o que
diabos a assustou novamente.

Eu corro para fora do vestiário — ainda de chuteiras — e falo


com Manny. “E aí cara. Você viu para que lado a Scout foi?” Um
sorriso se espalha lentamente em seus lábios e eu sei que ele
assumiu que estou procurando por ela por mais do que apenas
minhas instruções legais. “Salve a palestra, velho.”

Seu sorriso se torna mais largo, e aponta para o túnel que leva
ao estacionamento. “Nada de palestras.”

Sua risada ecoa em minhas costas enquanto atravesso o


corredor para a entrada lateral do estádio. Só me leva alguns
segundos para encontrar Scout e correr atrás dela.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Uma nota, Scout?”

Ela congela imediatamente por uma fração de segundo antes de


começar a caminhar novamente. “Sim. Uma nota. Você trabalhou
bem. Você pode fazer seu resfriamento somente com as minhas
instruções. Sou sua fisioterapeuta e —”

“Se você é minha fisioterapeuta, então faça o seu maldito


trabalho!” Eu grito com ela, frustrado em todos os sentidos
imagináveis por esta mulher que continua a me testar, me afastar,
fugir, quando eu posso ver em seus olhos que ela me quer tanto
quanto eu a quero.

“Eu já faço isso. Você tem suas instruções. Você sabe o que
fazer. Não sabia que eu tinha que segurar sua mão, Wylder.”

“Ok, eu sei o que fazer,” murmuro enquanto olho ao redor para


ter certeza de que ninguém da equipe está por perto.

Jogá-la em meu ombro e levá-la até minha casa, então descobrir


como resolver toda essa porra. E, em seguida, deitá-la e aí sim,
melhorar tudo.

“Uma vez jogador sempre jogador, certo?” Ela zomba.

“Drew.” O nome dele é tudo o que tenho a dizer para saber o


que ela está chateada. Sou um idiota por não juntar dois mais dois.

“Enrolando todas? É o que você está fazendo comigo, então você


pode manter uma mulher em cada cidade, pronta e esperando para
quando você passar por lá?” A dor nos olhos dela é inegável e odeio
que eu coloquei isso lá.

“Que merda ele fez para fazer você pensar tão bem dos homens,
Scout?”

Emoções cintilam através de seus olhos antes que ela possa


limpar e evitar meu olhar. “Não importa. Esqueça que eu disse
qualquer coisa.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Eu corro atrás dela, chateado comigo mesmo por persegui-la e
ao mesmo tempo querendo descobrir o que exatamente está
acontecendo. “A loira não é ninguém.”

“Mm-hmm.” Ela mantém os olhos focados em frente e se recusa


a olhar para o meu rosto.

“Sério. Você quer manter isso tudo secreto —”

“Não existe isso.”

“E Drew faz parte do clube,” explico, ignorando completamente


sua observação. “O que você queria que eu fizesse? Corrigi-lo? Diga a
ele para calar a boca quando normalmente eu apenas dou risada de
todos os cara zombando sobre as mulheres em bares? Então ele
realmente saberia que existe algo acontecendo entre nós. E existe algo
acontecendo entre nós,” digo, cortando antes que ela possa discutir
comigo novamente. “Então poupe o seu argumento.”

“Você é um idiota arrogante, sabia?” Ela cospe fora quando se


vira para mim, com os braços cruzados em seu peito como se isso a
protegesse da verdade que ela não parece querer enfrentar.

“Talvez, mas você é adorável quando está com raiva de mim.”

Há uma pequena rachadura em sua raiva e a sombra de um


sorriso.

“E eu meio gosto que você também estava com ciúmes.”

“Eu não estava.”

“Ah, Kitty, você estava.” Outra rachadura no sorriso dela. “Uma


mulher só sai rapidamente quando está com ciúmes e mesmo a visão
da sua bunda balançando enquanto você ia embora ser quase o
suficiente para me manter muito chateado, você precisava saber a
verdade. Não há nenhuma loira no bar esperando por mim, porque
ela espera por qualquer um. Não há cordas em mulheres. Não há
mais ninguém em outra cidade.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Ela olha para mim. Avaliando para ver se deve acredita em mim
e foda... não só a mulher pode suportar seu chão, como também ela
pode cuidar de si mesma. Diga-me se isso não é sexy como o inferno.

E frustrante ao mesmo tempo.

“Fale o que você está pensando, Scout.” Existe muito silêncio.


Muito tempo para ela duvidar e cutucar buracos no que eu disse e
dobrar tudo para coincidir com as inseguranças que estão batendo
dentro dela.

“Eu só... você é apenas...”

“Eu acho que você está pensando o quanto você quer me beijar
agora.”

“Muito,” falamos ao mesmo tempo e nós dois sorrimos


suavemente quando parece que a onda explosiva do seu
temperamento pode ter finalmente tranquilizado.

“Então você quer me beijar muito?” falo sobre a nossa resposta


combinada e cobrando uma satisfação dela.

“Eu não sei o que fazer com você,” ela finalmente fala
suavemente e cheia de ansiedade.

“Nada, Scout. Não há nada a fazer. Só estamos nos divertindo.


Apenas nós dois tentando descobrir se existe alguma coisa aqui. Não
tem compromissos. Não existe necessidade de ninguém saber de
nada. Só estamos nos conhecendo e curtindo a companhia um do
outro.”

“E se eu não quiser isso?”

Há essa dúvida novamente. A insegurança que não entendo.

“Você quer isso.”

Leva todo o meu controle para não me inclinar e provar seus


lábios carnudos que me tentam cada vez que eu olho para eles. Para
não me inclinar e lembrá-la de como ela se sentiu quando nos
beijamos antes.

K. BROMBERG LIVRO UM
Há algo nela que não consigo esquecer e nem sequer a conheço
tão bem ainda.

Porque existe mulheres que são perfeitas para ter apenas uma
trepada rápida. Existem mulheres que você até foderia, mas é bem
melhor que permaneçam na zona da amizade. E então existe
mulheres como Scout. Elas fazem você se perguntar, fazem você
ansiar e ficar absolutamente fodido de tão louco por querer tanto
quando você não deveria. Elas são um enigma. Confusas, sedutoras,
tentadoras e a porra de uma perfeição.

Eu olho para ela, com o seu rabo de cavalo chicoteando em seu


rosto enquanto este em pé parada na calçada do centro e nunca quis
tanto puxar uma mulher contra mim e aliviar o problema em seus
olhos enquanto espero ouvir sua resposta.

Você quer isso.

“Easton. O contrato. Meu pai. É só —”

Eu olho em volta do lugar. Procuro por privacidade. Para o que


eu preciso fazer para provar o meu ponto e que ela precisa sentir, não
apenas ouvir.

“Complicado? Uma bagunça? Bem-vinda à vida, Scout. A


minha é tudo isso e mais um pouco e você não sabe nem a metade de
tudo.”

Seu sorriso mexe comigo. Faz com que eu queira cuidar dela
quando eu nunca quis tomar conta de alguém na minha vida que não
seja a minha mãe.

“Easton.”

“Você continua dizendo meu nome assim e eu vou pensar que


você gosta de mim.”

Ela ri. Limpando um pouco da escuridão em seus olhos e eu


sei que fiz uma conquista.

K. BROMBERG LIVRO UM
E, ao mesmo tempo, quando passamos por um pequeno beco
atrás do estádio, fora de vista do público e a empurro para ele. Antes
mesmo de sair da calçada tenho meus lábios sobre ela.

Deus. Maldição.

Ela é viciante.

Eu a quero.

O gosto dela.

Ela deve ser minha.

O cheiro do perfume dela.

Diga sim a isto, Scout.

A suavidade de seus lábios.

Diga sim para mim.

A indecisão da sua língua enquanto ela briga contra sua


vontade de mergulhar em mim.

Deixe-me entrar.

Até o temperamento dela me excita.

E então faço o que eu desejo dela. O que eu preciso dela. Meu


pau endurece pelo beijo. Pelo jeito que seus dedos se torciam na
minha camisa. Da sensação de seus seios esfregando contra meu
peito. Do maldito gemido que soa como a bandeira branca acenando
enquanto ela se rende a mim.

Não quero que isso acabe. Mas o meu pau está duro e eu ainda
estou com o meu protetor genital, foda, é um sensação
miserável. Além disso, estamos na rua. Perto do estádio. E enquanto
eu adoraria aliviar a dor em minhas bolas fazendo uma variedade de
coisas com ela — aqui mesmo, agora mesmo — dói ter que
interromper o beijo.

Para recuar e tentar segurar o meu controle que está apenas


suspenso por um fio.

K. BROMBERG LIVRO UM
Mas eu não a liberto do meu alcance quando me inclino para
trás e olho em seus olhos. Eu tento recuperar o fôlego, tento acalmar
o meu lado homem das cavernas e então ela fala.

“Bem, acho que isso é conhecer um ao outro tão bem quanto de


qualquer outra forma.”

O sorriso está lá, mas leva alguns segundos antes que o olhar
cauteloso em seus olhos reflete a mesma confiança refletida em sua
voz.

Mas que se foda. Eu aceito.

Estou me arriscando por uma mulher que quer fugir, quando


em toda a minha vida , eu nunca fui um de querer ficar.

Mas eu não vou a lugar nenhum.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 16
Scout
As emoções agitam dentro de mim quando elas não devem.

“Isto é... inacreditável.” Olho em volta da instalação. Há uma


gaiola de rebatidas de última geração com uma máquina de
lançamento de bolas automáticas configurada em uma extremidade, e
um piso inclinado para coletar as bolas e redirecioná-las a
máquina. O gramado além do abrigo é um campo completo. As
paredes estão repletas de recordações esportivas autografadas como
camisas, bastões e bolas de Mickey Mantle, Babe Ruth, Jackie
Robinson, Hank Aaron e Ted Williams... e alguns de Cal Wylder.

Eu ando ao longo das paredes, olho para a história viva que


está ali exposta e admiro o mini-museu de homens sobre os quais
cresci ouvindo o meu pai falar.

“É a minha parede,” ele medita em silêncio, permitindo-me


levar tudo à medida que eu me afasto das lendas ao meu lado
para enfrentar um que eu sinto que tem o mesmo potencial.

“É uma boa parede,” falo enquanto me aproximo do rack onde


tem bastões de tamanhos e pesos para combinar com qualquer
preferência. “Eu nunca vi nada parecido.”

“Sim, bem. . .” Ele encolhe os ombros e ruboriza o que é


adorável. “A máquina está com problemas, senão eu lhe diria para
bater um pouco.”

“Eu não toco em um bastão há pelo menos alguns anos.” Corro


meus dedos sobre as extremidades deles e, em seguida, continuo a

K. BROMBERG LIVRO UM
explorar o espaço. Nós dois caímos em silêncio, mas eu sei que ele
está me observando e não tenho certeza do que fazer sobre isso.

Eu pedi para ver o campo privado porque era mais seguro do


que entrar em seu apartamento, onde rapidamente lembraria a noite
anterior, quando ainda preciso processar os eventos do dia e como me
sinto sobre eles. Como deixei me convencer, me beijar sem sentido
duas vezes e então ainda conseguir me fazer admitir que talvez eu
queira ver até onde tudo isso nos leva, porque quando concordo em
estar aqui significa que, de fato, tudo está indo a algum lugar.

E isso me assusta como o inferno.

Há uma parede à esquerda de um banheiro. É forrada com


camisas emolduradas em diferentes cores e tamanhos e eu só levo
alguns minutos para descobrir o que elas são. “Estas são todas as
suas camisas da liga infantil, não são?”

Eu olho para a ideia simples e não consigo acreditar em o


quanto estou emocionada com a visão delas. A história que ele tem
com cada uma. As memórias a partir daí fizeram dele o homem que
ele é hoje.

“Sim. Meus pais guardaram todas.” Ele não diz nada mais e o
silêncio me faz saber mais sobre ele, sua família, mas tenho a
sensação de que é um tópico fora dos limites.

“Você sempre quis jogar beisebol?” É uma pergunta simples,


uma que esperava que fosse responder imediatamente e sua pausa
aumenta a minha curiosidade.

Viro e olho para ele enquanto ele está olhando sua história na
parede. Pego seu perfil — a aba do seu boné de beisebol sombreando
seu rosto, seus espessos cílios, nariz reto e lábios cheios. Sua barba é
maior hoje do que o normal e há algo sobre isso ser incrivelmente
sexy.

“Foi o que esperavam de mim.” A honestidade em sua voz é


assombrosa. Sua exalação é desigual. “Quero dizer, eu sou filho de
Cal Wylder.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Há uma emoção ilegível em seu tom e eu sinto que há muito
mais abaixo da superfície, mas eu tenho medo de bisbilhotar, mesmo
que eu queira.

“Você sempre foi bom nisso? Você é tão natural, mas tenho
certeza de que deve ser difícil viver à sombra do seu pai.”

Ele mastiga o interior de sua bochecha enquanto continua a


olhar para a parede. Ele aponta para uma das menores camisas lá em
cima. É uma com o verde já desbotado e com o número dez em suas
costas. “Essa foi do meu primeiro ano jogando. Eu lembro bem de ter
brigado com Joey Jones. Ele me disse que eu só podia ter sido
adotado, porque não havia como o filho de Cal Wylder ser tão ruim
jogando beisebol. Eu chorei por dias. Meu pai estava viajando com o
time e evitei seus telefonemas, envergonhado em contar o que tinha
acontecido. Eu sabia que ele ia ficar muito desapontado comigo —
não por causa da briga, mas devido ao meu desempenho ruim. Eu
passei dias e mais dias mal do estômago e preocupado com o que ele
iria dizer quando chegasse em casa e enxergasse isso por si mesmo.”

Eu quero caminhar até ele e segurar sua mão. Quero dizer que
sinto muito. Dizer que entendo sobre viver na sombra de gigantes e do
peso que essas sombras carregam. Quero fazer qualquer coisa além
de ouvir a tristeza em sua voz. Sim, ele tem o último riso agora, sendo
tão bem sucedido quanto ele, mas mesmo o sucesso não pode apagar
as cicatrizes das memórias de infância.

“Deve ter sido difícil.”

Ele acena, muda os pés e então aponta três camisas para baixo
até uma azul com o mesmo número nela. “Esse foi o ano que tudo se
encaixou para mim. Eu tinha oito anos. Minha coordenação motora
de repente amadureceu e aprendi a ler uma jogada de bola do
arremessador. De repente eu fui de zero a herói. E, claro, isso
significava que o meu pai veio para mais jogos, sempre que podia. De
repente eu era o Sr. Popular. Crianças que não me dariam uma hora
do seu dia antes, agora queriam ser minhas amigas na esperança de
conseguir dicas de um destaque da liga principal quando ele aparecia
para assistir meu jogo.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Fecho a distância entre nós parando ao seu lado, nossos braços
tocando e apenas deixo ele se perder em seus pensamentos.

Ele aponta para o próximo quadro, uma camisa vermelha e


branca; Desta vez o número na parte de trás é dezoito. “Esse é o ano
em que meus pais se divorciaram. Eu vivia no campo naquela época.
Era muito mais fácil do que estar em casa onde minha mãe chorava
sem parar, ou estar com meu pai quando ele estava na cidade e me
sentir culpado por deixar minha mãe sozinha em casa. O futebol
tornou-se minha fuga nesse ano. Coloquei tudo o que eu tinha
nele. Foi a primeira vez que me apaixonei pelo jogo.”

“Então, naquela época você jogava para escapar. Por que você
joga agora?”

Ele ri. “Porque faço uma merda de toneladas em dinheiro e


quem não quer jogar beisebol para viver?”

“É verdade.” Eu aceno, mas posso sentir as palavras não ditas e


a sugestão subjacente de sarcasmo. “Você ainda ama?”

“Alguns dias.”

“Se você já tem toneladas de merda em dinheiro, por que você


ainda joga?” Eu sei que estou pressionando, mas estou intrigada com
o fato de um homem que é incrivelmente talentoso e que rege o
respeito pelo jogo tem dúvidas sobre afirmar que ele ama o que faz.

“Pelo meu pai.”

“Pelo seu pai?” Sua resposta me surpreende. “Não por você?”

“Não.”

“Você ama isso?” Eu faço a pergunta novamente, esquecendo


que eu já tinha feito e antes que eu possa dizer para
ele desconsiderar, ele responde.

“Sim. Não. Droga, Scout, na maioria dos dias eu não sei.” Ele se
vira para mim pela primeira vez, e eu posso ver o conflito em seus
olhos, a incerteza em sua expressão e a tensão no conjunto dos seus
ombros. “É tudo que já conheci. Tudo que se esperava de mim. É

K. BROMBERG LIVRO UM
difícil de explicar sem parecer ingrato porque sou extremamente
abençoado com talento e sorte quando sei que há um milhão de
outros que matariam para estar em meu lugar. É complicado. Eu
tenho uma relação de amor e ódio com o jogo, assim como eu acho
que tenho com o meu pai.”

Encosto nele, entrelaço meus dedos com os seus. Não digo uma
palavra. Eu tento não julgar. Tudo o que faço é apenas ouvir, porque
a dor em sua expressão diz que é exatamente o que ele precisa que eu
faça.

Sua risada é inesperada e carregada de sarcasmo. “Que se


foda,” ele diz enquanto levanta o boné, passa uma mão pelos cabelos
e depois o põe de volta. “Quando eu disse que precisávamos saber
mais um sobre o outro, certamente não queria dizer isso. Estamos
muito longe de saber se o outro gosta ou não de sushi.”

Eu sorrio e aperto a mão dele. Para um homem que parece


muito aberto, posso dizer que ele está um pouco exposto e
desconfortável. “Sushi? Está tudo bem, se você contar califórnia rolls
como legítimo,” eu digo para tentar conseguir uma risada dele. “Eu
não sou muito aventureira com isso. E está conversa está correta.
Isso é real, Easton. Garanto que tenho mais real do que eu gostaria
de pensar na minha vida agora, então está tudo bem.”

“Sim. Obrigado.” Ele olha para as nossas mãos unidas e


balança a cabeça como se estivesse tentando se convencer de algo
que não consigo entender.

“É admirável jogar pelo seu pai, mas você nunca quis fazer
outra coisa? Por si mesmo?” Deixo a pergunta silenciosa pendurada
no ar. Aquela que acho que já conhecer a resposta: Você acha que seu
pai não vai te amar se você não jogar?

“Estou bem com isso, apesar de tudo.” Ele solta a minha mão e
anda para o outro lado da gaiola de beisebol e olha para uma foto dele
e do pai na parede. “Pareço tão covarde dizendo isso. Como se não
tivesse fibra, ou como se não gostasse de jogar, mas eu lhe garanto,
eu gosto. . . há apenas uma história que. . . meu pai é a porra do Cal

K. BROMBERG LIVRO UM
Wylder. Ele é perfeito em todos os sentidos. O gigante de ferro de
beisebol que quebrou recordes e ainda é o queridinho do público e do
clube. Ele nunca teve uma mancha em sua carreira. Na verdade, a
única marca que ele já teve contra ele na sua vida perfeita foi o seu
divórcio da minha mãe.”

“Ninguém é tão perfeito, Easton.”

“Ele é.” Há amargura em seu tom.

“Todos nós olhamos para os nossos pais através de óculos cor


de rosa. Essas lentes fazem você perder suas falhas, negligenciar suas
deficiências. . . e ainda ser capaz de amá-los incondicionalmente.” Ele
se vira para olhar para mim e estreita os olhos em pensamento. “Deus
sabe que meu pai está longe de ser perfeito e ainda assim, quando o
vejo, enxergo a pessoa que quero ser quando eu tiver a idade dele. Eu
ignoro seu mau humor e teimosia e sua necessidade de ter opiniões
sobre tudo, mesmo quando não peço por elas. Então tenho certeza
que seu pai não é perfeito.”

“Ele está bem perto disso, Scout. E mesmo que não, ele exige
isso de mim.”

Eu não tenho retorno para ele porque presenciei a dinâmica


deles outro dia no vestiário. Eu me pergunto se Cal Wylder sempre foi
tão exigente com seu único filho.

E detesto achar que já sei a resposta.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 17
Scout

“Lamento não ter um lugar para convidar você,” peço desculpas


quando me sento na grande ilha e vejo Easton mover-se com
facilidade ao redor da cozinha.

“Você acabou de se mudar para cá?”

“Eu meio que estou em movimento desde que concluí a


faculdade, mudando de clube para clube com meu pai ao longo dos
últimos três anos. Aprendendo com ele, então tudo poderia finalmente
fazer sentido nas coisas que eu assisti várias vezes quando era
criança, mas não entendia. Então, atualmente estou vivendo a poucos
quarteirões, do outro lado do estádio, em um apartamento mobiliado,
até descobrir o que vem a seguir.”

Easton olha para mim por um instante — algo fugaz nos olhos
que não consigo identificar — antes de abrir a garrafa de vinho e
derramar nossas taças em silêncio. Ele desliza a minha pelo balcão e
depois encontra meu olhar. “O que vem a seguir, Scout?”

“Conseguir sua reabilitação, deixar seu braço cem por cento e


tirar você da DL, para começar.”

“Você acha que isso vai acontecer?”

“Sim.” Balanço minha cabeça em ênfase. “Hoje foi um grande


começo. Como está sentido o seu ombro? Você agora deveria
realmente está colocando algum gelo sobre ele.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Ele ri enquanto se vira e pega uma bolsa térmica no freezer e
pressiona sobre ombro. Então, com uma habilidade que diz ter feito
isso ao longo de sua carreira mais vezes do que ele mesmo pode
contar, começa a envolver habilmente uma bandagem elástica
adesiva ao redor da bolsa para mantê-la no lugar.

“Então, você me reabilita e depois disso o que vem a seguir? Vai


para outro clube? Outra cidade? Seguir em frente?”

Uma parte de mim odeia o caroço que de repente se forma em


minha garganta quando percebo o que ele está perguntando. A
mulher que morre medo ter alguém muito perto, porque sofreu
abandonos está agora sendo pressionada a responder se agora será
ela que irá abandonar. E a outra parte de mim respira no sentimento
de ter alguém que se importa o suficiente para perguntar. Alguém que
eu quero muito me importar.

Tomo um gole do meu vinho e encontro seus olhos acima da


borda da taça. Tenho medo de responder, incerta deste próximo passo
entre nós. Lá embaixo foi fácil. Nós conversamos sobre beisebol,
conversamos sobre ele e evitamos os temas que governaram a nossa
tarde até agora.

Mas agora, as mesas viraram. Agora, o foco está em mim e


gostaria de poder responder isso a ele, mas não sei qual seria a
resposta ainda. Ou se quero mesmo ter uma, e correr o risco de ficar
assustada novamente e precisa mais uma vez fugir.

“Eu não tenho certeza.” Minha voz é apenas um sussurro


quando finalmente a encontro para que possa falar.

“Há rumores de que Doc está tentando obter o contrato


permanente com o clube para reabilitação física da equipe. Isso é
verdade?”

Eu concordo. “Sim. É isso mesmo. É o único clube que ele não


realizou qualquer tipo de contrato em toda a sua carreira.”

“E então é por isso que ele quer? Apenas por isso?”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Ele está pensando na possibilidade de se aposentar,” eu minto,
repetindo a história que ele me pediu para contar

“Aposentar? Não o vejo como alguém que queira se aposentar.”

“Sim, bem . . . há um monte de coisas sobre o meu pai que eu


não entendo, então o seu palpite é tão bom quanto o meu.”

“O que eu não entendo é. . . ele já não cumpriu esse objetivo,


então? Quero dizer, tecnicamente ele já tem um contrato com os Aces,
já que você está aqui por mim. Então, assim que você acabar comigo,
pode passar para o próximo clube? O próximo time? O próximo
jogador lesionado?”

Ele não cede. Não a intensidade em seus olhos. . . ou suas


perguntas diretas . . . ou as que não ditas. As que dizem: Fale se você
está indo embora.

“Esse é o seu típico modus operandi, mas desta vez, ele está
procurando um contrato mais extenso do que somente por uma
temporada. Um acordo de vários anos.”

“Hmm.”

“O que isso significa?” Eu queria que ele perguntasse logo o que


ele quer, porque sinto que ele está me conduzindo para algum lugar.

“Bem, se o Doc fez as coisas de uma maneira por todo esse


tempo. . . por que mudar agora?”

“Por minha causa.” A resposta é automática e percebo que lhe


dei a verdade, mas não posso lhe dar os motivos do por que.

“Você?”

“Sim. Ele viveu esta vida. Ele sabe como é difícil se sentir
realizado quando você não está em nenhum lugar o tempo suficiente
para deixar as raízes crescerem, muito menos ter uma família. . . e ele
não quer essa vida para mim, Então pensou que se ele tivesse um
contrato de longo prazo com uma equipe, então isso me daria a
chance de me estabelecer pela primeira vez em algum lugar desde que
me formei na faculdade.”

K. BROMBERG LIVRO UM
E porque ele sabe que prefiro desistir que não estar perto dele
nestes últimos meses.

“Portanto você seria a única a ficar então?” Ele inclina seu


quadril na ilha da cozinha e cava mais fundo. Eu aceno lentamente e
me concentro em traçar as linhas no granito da bancada.

“Você não mudaria para outra equipe?”

“Não, se eu conseguir o contrato.”

Ele está quieto por um instante. “É isso que realmente você


quer, ou você está apenas fazendo o que seu pai quer?”

A ironia em suas palavras não me passa despercebida. Ele está


devolvendo minhas perguntas. Levanto meu olhar para encontrar o
dele, de repente, muito consciente de quanto nossa situação é tão
semelhante.

“É o que eu quero,” falo suavemente.

“E depende de mim, certo?”

Eu olho para ele, vejo a curiosidade em seus olhos e pergunto


se, quando se trata de porque eu quero ficar na cidade, estamos
falando sobre a minha carreira, ou sobre isso acontecendo entre nós.

“De certa forma.” Eu mastigo as palavras, não querendo colocar


mais pressão sobre ele em sua recuperação para me ajudar a
conseguir o emprego, quando vi mais que o suficiente da quantidade
de pressão que seu pai coloca sobre ele.

Ele acena e depois engole o resto em sua taça sem dizer


qualquer palavra, me fazendo imaginar sobre o que ele está
pensando. O clima entre nós de repente torna-se desconfortável, os
dois com perguntas para fazer, mas sem saber como perguntar.

Se eu ficasse, como isso mudaria a dinâmica entre nós quando


já não estou na cidade apenas por alguns meses?

K. BROMBERG LIVRO UM
“O que sua mãe pensa sobre tudo isso?” Ele pergunta, me
jogando em um loop.

Eu gaguejo para responder quando uma parte de mim se


esconde de vergonha da minha própria mãe não me querer. Então,
novamente, ele compartilhou tanto comigo esta noite, foi tão aberto,
como eu não posso ser honesta sobre a única coisa que eu posso?

“Eu não sei. Não a vejo desde os cinco anos.”

“Scout...” Sua voz se afasta como a maioria das pessoas fazem


quando ouvem essa notícia, incerto do que falar.

“Ei, não é sushi, mas é o meu fato aposto-que-você-não-sabia-


sobre-a-Scout do dia,” eu brinco, tentando sufocar minha defesa
imediata para desligar após deixar alguém entrar.

É o meu problema. É o que eu faço. E cada parte de mim se


revolta na minha necessidade de evitar seus olhos e mudar o assunto.

E assim, quando levanto meu olhar e encontro seu, eu vejo


compaixão lá. Compreensão. Aceitação. Todos eles causam uma
vibração de ansiedade voar em minha barriga e, no entanto, o
sentimento está muito longe do pânico total
que geralmente me consome.

Mais uma vez, Easton está me fazendo sentir em vez de


desligar, e não tenho certeza do que dizer agora.

“Você disse sushi? Eu acho que é exatamente o que


precisamos.” Ele sorri suavemente, me dando o adiamento que ele de
alguma forma sabe que eu preciso. “Estou faminto. Quer pedir
alguma coisa? Eu conheço um ótimo lugar que entrega.”

Salva por um sushi.

“Perfeito.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Você pode pegar isso?” Easton grita do seu quarto quando o
alarme do elevador toca.

“Claro.” Meu estômago ronca com o pensamento da comida


estar do outro lado das portas deslizantes.

Eu aperto o botão para abrir o elevador e fico assustada quando


encontro os olhos castanhos e a expressão curiosa de Cal Wylder.

“Srta. Dalton?” ele diz tão calmo quanto possível e todo o tempo
me olhando sutilmente — porque, eu não sei. Provavelmente se
perguntando por que a fisioterapeuta de Easton está em sua casa.

“Você não é o sushi.” As palavras caem da minha boca quando


o pânico que eu evitei mais cedo volta em círculo e bate de volta para
mim. Então eu percebo o que eu acabei de dizer a ele. Para o pai de
Easton. O coordenador do clube. O homem que agora está
provavelmente colocando dois mais dois juntos o tanto que ele pode.
Que estou aqui. Fora do horário. E se ele disser ao Cory? Porra “Eu
quis dizer comida. Você não é comida. Comida chinesa. Quero dizer
comida japonesa. Você estava... era pra ser o entregador.”

Alguém pelo amor de Deus me mate agora mesmo antes que eu


faça de mim uma idiota ainda maior.

“Pai?” Easton sai para o hall de entrada e o som da voz dele


ajuda a acalmar meus nervos tumultuados. Mas quando olho para
seu lado, eu quero morrer. Ele estava ainda molhado de um banho
que eu nem sabia que ele estava tomando, usando calças de treino
penduradas nos quadris e ele estava esfregando uma toalha através
de seus cabelos que ainda escorria água.

“Bem, agora que eu sei que o seu ombro está bem e


administração do gelo já foi feita, eu devo ir," digo isso enquanto corro
da sala como o rato petrificado que sou.

“Scout,” Easton chama por mim, resignação e agitação


misturados em sua voz.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Típico, Easton.” A voz de Cal, seguida de um suspiro pesado,
me deixa mortificada no momento em que entro na cozinha e fora da
sua linha de visão. “Eu deveria saber.”

“Deveria saber o que, pai?”

“Sempre jogando com as mulheres, ficando distraído por um


pedaço de bunda, em vez de jogar tudo para o campo como você
deveria saber.”

Eu endireito minha coluna onde estou, precisando sair, mas


sabendo muito bem que significaria ter que passar por eles. Cada
parte de mim resiste à ideia de dar a Cal Wylder alguma satisfação da
minha fuga com o rabo enfiada entre minhas pernas.

“Um pedaço de bunda? Sério, pai? O que eu faço fora do campo


não é da sua conta ou do clube. Não, se tiver uma amiga para jantar e
depois assistir a um filme. Não, se tiver uma mulher e ela for mais
que uma amiga. Não, se minha maldita fisioterapeuta parar para
verificar o meu ombro e se certificar de que usei o gelo corretamente,
já que estava jogando nas bases hoje pela primeira vez desde minha
cirurgia e ela estava preocupada com o resultado disso. Então, você
não se atreva a entrar na minha casa e julgar uma situação quando
você não tem idéia de qual das três poderia ser.”

Há um silêncio tenso que posso sentir até na cozinha e só então


percebo que estou segurando minha respiração.

“Você tem o hábito de se distrair.”

“Distrair? Realmente? Eu coloquei seis horas hoje entre o


ginásio, condicionamento e reabilitação. E eu coloquei mais duas
como a primeira coisa esta manhã no hospital infantil visitando
crianças doentes. . . então, por favor, me diga o que mais eu deveria
estar fazendo quando eu estou na maldito DL?

“Easton.” Há uma pausa e minha mente logo projeta a imagem


deles em pé cara a cara, imagens espelhadas separadas por vinte e
cinco anos. Há um suspiro e posso imaginar Cal olhando apenas
como Easton faz quando ele corre uma mão através de seu cabelo e

K. BROMBERG LIVRO UM
tenta descobrir o que vai dizer a seguir. “Você está certo. Desculpe. Só
quero o melhor para você, filho. Eu quero volte ao campo mostrando a
todos que você está cem por cento recuperado.”

“Fodido Santiago,” Easton resmunga em tom ácido.

“Sempre haverá um Santiago na sua carreira, filho. Sempre.”


Há uma tristeza em sua voz que me puxa e me faz desejar ver a sua
expressão. “Outro jogador que está com inveja do seu sucesso ou
chateado com alguma jogada que você fez contra ele e vai tentar te
derrubar.”

Eu gostaria de ouvir a resposta de Easton, mas ele fala


baixinho.

“Então você jogou hoje? Como se sentiu? O que o Scout disse


sobre isso?”

“Foi tão bom voltar ao meu equipamento.” Posso ouvir o sorriso


em sua voz e bobo ou não, adoro saber que ajudei a colocá-lo lá. “E
está bom. Um pouco rígido e tenho certeza que ficará dolorido
amanhã, mas agora não posso reclamar.”

“E Scout?”

Embora ocorra uma mudança de humor na conversa, sinto


uma hesitação em Easton para responder. Não posso negar que
respiro um pouco mais aliviada sabendo que ele é tão cauteloso com
os outros sabendo que estou aqui — que, de fato, há algo
acontecendo entre nós — por eu estar aqui.

E leva apenas um momento para acertar o meu peito e me tirar


o ar. Quero ficar na cidade. Quero conhecer melhor Easton. Quero
saber o que é sentir acordar ao lado de alguém na parte da manhã
sem me assustar do quanto estou perto, muito excitada e preciso
criar algum espaço para me proteger, para quando ele sair.

Eu alcanço a taça de vinho que deixei no balcão e viro,


atordoada pela descoberta, mas gosto da sensação boa de vibração
que coloca na minha barriga. O mesmo tipo de vibração que eu recebo

K. BROMBERG LIVRO UM
quando Easton levanta sua cabeça e olha para mim com esse sorriso
de conhecimento em seus lábios.

E agora sinta o medo. A preocupação de que nos dois estamos


trabalhando em um negócio volátil, onde não há garantias de onde
tudo irá de um ano para o outro e isso significa que ele ainda pode me
deixar. Ele ainda pode seguir em frente.

Ainda posso ser deixada para trás.

Vamos viver um dia de cada vez, Scout. Aproveitar o tempo;


Não pense no amanhã. Mas, eu quero amanhãs com alguém. Eu
quero ontens e amanhãs e próximos anos com alguém porque eu
nunca tive essa oportunidade antes.

E é por isso que posso desfrutar Easton, mas não posso ficar
ligada a ele.

“Por que você está me pressionando tanto para voltar ao


campo?” A irritação de Easton rompe meus pensamentos, retira
minha atenção do meu medo e de volta à sua conversa.

“Porque nada é garantido,” Cal diz e sem saber confirma minha


determinação. Contratos são contratos, filho. Quando você assina em
sua linha pontilhada, você se torna uma mercadoria.

“Isso significa?” A frustração ressurge na voz de Easton.

“Significa que isto é um negócio. Enquanto você pode jogar por


amor ao jogo, a equipe está nele para fazer um lucro. E você não está
no campo não está ajudando a sua linha de arrecadação de fundos.”

“Você sabe algo que eu não sei, pai?” Sua voz aumenta, a
incredulidade vibra em seu timbre.

“Não. De modo nenhum. Só sei como funcionam os


clubes. Quatro meses é muito tempo para ficar longe.”

“Sim, bem, não é como se eu fosse um arremessador, entrando


em um jogo e depois ficando cinco dias de folga. Eu jogo todos os
dias. Meu braço devolve quase todos os arremessos, então eu não
estou sendo um buceta aqui. Já joguei com dores antes. Uma

K. BROMBERG LIVRO UM
dosagem de cortisona e oxicodona e estou pronto para um grande
jogo. . . mas isto não é apenas uma luxação e por algum motivo acho
que você ainda não entendeu.”

A fisioterapeuta em mim quer lhe dar uma ovação de pé por ele


entender a gravidade de sua lesão, enquanto a criança em mim
entende a situação de Easton em querer que seu pai compreenda de
onde ele está vindo.

“Eu sei que o que acontece. É que apenas... apenas ainda não
consegui ler o Cory. E enquanto posso ser o rosto do clube, em
primeiro lugar eu me preocupo com você como meu filho.”

“Eu sei que sim.”

O elevador apita e a entrega de comida chinesa esquecida


chega. Quando Easton entra na cozinha com os sacos em sua mão,
seu pai não está atrás dele.

Ele não diz nada no início — apenas coloca a comida na ilha


enquanto reúne pratos e talheres das gavetas com as quais não estou
familiarizada. Eu olho para ele, me perguntando se deveria sair e
deixá-lo ter um tempo sozinho com seus pensamentos, quando ele me
surpreende pegando minha cintura e me puxando contra ele.

Os braços fortes me envolvem e seu queixo encontra o caminho


no topo da minha cabeça. Meus braços serpenteiam sob o dele e em
torno de seu torso, sem saber o que mais fazer além de estar aqui
para o que quer que ele precise agora.

Posso senti-lo respirar profundamente, posso sentir seu maxilar


apertar e cerrar e posso escutar onde minha orelha repousa contra
seu peito o batimento do seu coração. A agitação do desejo que
sempre uma constante, quando ele está por perto vem à vida, mas sei
que é muito mais do que isso, então espero e deixo o momento
acontecer.

“Tem sido um dia,” eu murmuro provocando uma risada dele.

“Sim, ele tem,” ele suspira. “Vamos comer.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 18
Scout

“Você terá fome novamente em uma hora.” Easton ri enquanto


leio minha sorte quem veio no meu biscoito da sorte. “Muito atrevido,
mas provavelmente é verdade. O que diz o seu?”

Olho para ele lendo o seu e então ele entrega a tirinha com sua
sorte para mim. “Aqui.”

“A fortuna que você procura está no outro biscoito.” Reviro os


olhos. “Estas são engraçadas. Alguém estava definitivamente de bom
humor quando fizeram isso.”

“Parece que foi.”

Estou sentada no canto do sofá, as minhas costas contra o


braço e meus braços apoiados na parte de trás. Ele está ao meu lado,
inclinado para frente com os cotovelos nos joelhos, mexendo em sua
mão o biscoito da sorte que ele não comeu. Ele está aqui, mas ainda
um milhão de milhas distante. Meus olhos vagueiam sobre a definição
de seu tórax, admirando o trabalho óbvio que ele colocou em seu
físico e meus dedos coçam para alcançá-lo e tocar.

“Você está quieto. Você está bem?”

“Sim, apenas pensando,” ele fala com um suspiro quando joga o


biscoito em seu saco e se inclina para trás ao meu lado. Ele repousa a
cabeça contra as almofadas do sofá, em seguida, vira para o lado para
que possa encontrar meus olhos.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Pronto para compartilhar?”

“Um monte de coisas.”

“Sr. Comunicativo,” eu provoco.

“Você quer um resumo, então?” Seu sorriso é largo, e eu posso


sentir seu lado brincalhão surgindo.

“Um resumo?”

“Sim,” ele diz com um aceno de cabeça.

“Eu sou uma ‘menina da lista’, então você está falando com
meu coração agora mesmo.”

Ele balança a cabeça e rola os olhos. “Você quer uma lista?”

“Só se você quiser.”

“Ela quer uma lista,” ele provoca enquanto se estende e aperta


meu joelho como se fosse a coisa mais natural do mundo. A
normalidade disso causa uma discórdia bem-vinda. “Vamos ver. A
primeira coisa é como você definitivamente gosta muito de rolinhos
califórnia mas precisei mentir sobre os outros e dizer que eram de
camarão para tentar fazer você experimentá-los.”

“Oh, Deus. O que eu comi?” Seu sorriso é contagioso, e mesmo


que de repente eu esteja alarmada de ter comido algo fora do normal,
não posso deixar de sorrir com ele.

“Apenas um pouco disso e um pouco daquilo.”

“Não estou gostando do som disso.”

“Às vezes, quanto menos você sabe melhor,” ele divaga e tento
não me aprofundar no comentário. “Que mais? Hmm. Gostaria de
saber o que você costumava ser como receptor. Se você era tipo
tranquilo mas de comando ou o falador que irrita o inferno fora
dos batedores.”

“Um pouco dos dois.” Coro, mas permito que um sorriso cresça
em meus lábios.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Ah, então você era uma faladora. Isso é bom saber. Estou
tomando notas aqui na minha lista.”

“Você deveria. Eu posso ser problemática se você ficar no meu


lado ruim.” Seu riso é rico e chama a cada parte de mim. “O que mais
vai nessa sua mente intrigante?”

“Você é uma excelente corredora. Eu estava sem fôlego hoje


tentando manter o seu ritmo.”

“Oh, por favor. Você provavelmente poderia correr círculos em


torno de mim.”

“Talvez . . . mas se fizesse isso eu perderia a vista espetacular


do seu traseiro.”

Eu bato em seu braço enquanto meu interior se derrete um


pouco. . . e meu interior não derrete. Sempre.

“Bem. Você pode correr na frente da próxima vez para que eu


possa ver a sua bunda, então.” Eu ri.

“A minha?”

“Em calças de beisebol. Isso é uma exigência,” murmuro


sabendo muito bem com é a aparência de sua bunda em suas calças,
porque hoje eu estava mais do que verificando quando ele estava
atrás da home plate.

“Ah, sério? Fazendo exigências, agora, não é?”

“Eu posso ser muito exigente. Quero dizer, você disse que
queria me conhecer melhor. Então agora você sabe.” Aperto meus
lábios e levanto minhas sobrancelhas para ele. “E eu sou teimosa. . .
também uma defensora das regras. Não sei cozinhar. E tenho uma
ligeira obsessão por pastilhas de menta, bíceps e romances. Ah, e eu
sou conhecida por roncar. Horrivelmente.”

“Eu amo que você não tem a mínima vergonha.” Ele joga a
cabeça para trás e ri antes de estreitar os olhos quando ele olha meu
sorriso. “Mas por que eu tenho a sensação de que você está tentando
fazer com que eu não goste de você?”

K. BROMBERG LIVRO UM
Ele se desloca no sofá e se inclina para mim, agarrando minhas
coxas colocando as mãos em cada lado delas. E o bíceps sagrado. É
exatamente por isso que eu gosto deles. Firme, esculpido e tão
quente.

“Quem, eu?” Finjo. “Eu nunca faria algo assim.”

“Vamos adicionar manipuladora, também.” Ele mexe uma


sobrancelha e não cede com o seu olhar, apesar de seu sorriso me
desarmar de todas as formas imagináveis.

“Apenas o bom tipo de manipulação.”

“Do tipo bom? Existe uma coisa dessas? Bem, acho que chegou
a hora de nos esclarecermos algumas coisas,” ele murmura com seus
lábios tão perto que posso sentir o cheiro do vinho e ver as manchas
verdes em seus olhos. “Eu gosto exigente e teimosa. Isso significa que
você não para até conseguir o que você quer e como você quer. Você é
uma garota das regras, né? Posso lidar com isso. As regras são
divertidas porque eu gosto de quebrá-las, então continue me dizendo
coisas que eu não deveria estar fazendo, Kitty. . . como querer sair
com você . . . e continuarei fazendo. E cozinhar? Sou solteiro, então,
eu tenho todos os menus de entrega da cidade na gaveta da direita na
cozinha e eu posso fazer um queijo grelhado, se necessário e tão bom
quanto qualquer outro. Pastilhas de menta? Prefiro o sabor cereja,
mas contanto que eu possa pôr isto em minha boca e trabalhar
minha língua em sua buceta, então eu estou bem seguro que posso
chegar a um acordo.” Seu aperto de lábios e seus olhos presos ao meu
faz cada gota de sangue em meu corpo inflamar por sua insinuação.

Minha respiração acelera enquanto ele se aproxima e pega


minha mão que ainda está segurando o biscoito da sorte e traz para
o bíceps de seu outro braço. “E bíceps. É o que você está falando,
Scout? É isso que você gosta?”

Ele envolve meus dedos enquanto ele se flexiona para que eu


sinta cada músculo sob a torção com o movimento. Forço para engolir
e encontro seus olhos. “E o que acontece entre você e romances? São
os felizes para sempre? É o homem que sempre é muito bom para ser

K. BROMBERG LIVRO UM
verdade? Porque eu lhe asseguro, todos nós temos nossos defeitos,
mesmo os fictícios. Mas quanto ao felizes para sempre depende do
que você colocar nele. O trabalho árduo, o ouvir em vez de falar, o riso
em vez do choro, o enfrentamento em vez da fuga, o saber que às
vezes o silêncio é melhor, mas um abraço ainda pode resolver um
monte de problemas. Então, você pode ter seus romances enquanto
eu tenho o meu King e Follett e Patterson15 porque eu não quero ler
sobre ter esse tipo de amor um dia. Prefiro estar aqui tentando
arriscar na vida real.”

Abro a boca para discutir, mas nada sai porque não sei o que
dizer. Ele efetivamente apenas roubou um pedacinho do meu coração
quando ainda estava trancado.

“Oh, e quanto ao ronco? Quando você estiver comigo, garanto


que estaremos cansados demais para nos preocupar se você está
roncando ou não, então isso é um ponto discutível. Mas, uh, boa
tentativa.”

“Oh.”

“Sim. Oh.” Seu sorriso é rápido quando ele se inclina e toca


seus lábios tão ternamente contra os meus. É dolorosamente suave e
faz com que um calor se espalhe do meu centro para fora, infiltre-se
em todas as fibras do meu ser e em seguida, deixe-me um pouco
chocada e com vontade de mais. “Você cheira bem,” ele sussurra.

“Ewww. Não tomo banho desde minha corrida hoje. Eu fui


ignorada pela mesma pessoa que está me dizendo agora que eu cheiro
bem, então tenho certeza de que algo está errado com você.”

Ele ri, e então me surpreende ao colocar um beijo de boca


aberta no meu pescoço e depois lamber uma linha até logo abaixo do
meu lóbulo da orelha. A sensação, o ato, o tudo sobre ele é como um
fio desencapado exposto à água. “Você tem gosto salgado. E tudo o
que eu sinto é o cheiro do seu shampoo.” Ele puxa o meu lóbulo da

15 Autores dos livros que ele gosta. Stephen King, Ken Follett e James Patterson.

K. BROMBERG LIVRO UM
orelha com os dentes e aquela dor lenta e doce entre as minhas coxas
brilha. “Suor em você é sexy.”

“Homens.” Eu ri e empurro contra o seu peito, enquanto


desfruto o sentimento dele afundando contra mim.

“Eu te ofereci o chuveiro.”

“Sim, bem, ainda bem que não aceitei, senão eu iria estar
parada em sua cozinha em um roupão ou uma de suas camisas
quando seu pai apareceu e nós dois sabemos como isso iria parecer.”

“Ele não dirá nada a ninguém.”

“Uh-huh.”

“Eu gosto da ideia de como você ficaria na minha camisa.”

Não consigo resistir. Inclino em sua direção e tomo a iniciativa


beijando profundamente seus lábios. Surpreende-o. Mas eu adoro que
ele me deixa assumir a liderança. Adoro que ele me permite controlar
a profundidade, a demanda e a suavidade dele. Eu despejo tudo o que
estou sentindo, mas não consigo expressar a nossa conexão.

Mudamos um pouco, mas o ritmo nunca acelera e a urgência


não existe; Somos apenas nós, com um pôr do sol em nossas costas e
os dizeres de sorte dos nossos biscoitos largados no sofá enquanto
nos movemos. Sem mãos vagando, sem dedos desesperados para
tocar mais, porque nossos lábios, e tudo o que sua conexão evoca, é
simplesmente o suficiente.

É intoxicante. É inesperado. É tudo em um beijo que eu nunca


soube que precisava e ainda de alguma forma sabia que estava
faltando.

Não é um meio para um fim, mas sim uma sedução lenta e


doce dos sentidos, e quando finalmente termina — quando ele
encosta sua testa contra a minha, com nossas respirações suavizando
sobre os lábios do outro e nossas mentes tentando processar o
momento — ele fala.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Eu vou me odiar por isso, assim as palavras saírem da minha
boca,” ele murmura.

“Então não diga nada e apenas me beije novamente,” provoco


antes de me inclinar e levar minha boca à dele.

Seu gemido parece torturado quando, depois de alguns


segundos, arranca os lábios dos meus, reclina em suas costas e
aperta os olhos antes de olhar para mim. “Eu acho que jamais disse
essas palavras na minha vida.”

Agora ele tem a minha atenção. “Que palavras?”

“Não.”

“Não?” Sorri; o olhar aflito no seu rosto é o mais cômico. “Não


para o que?”

“Não para o que eu quero fazer com você agora.


Desesperadamente.”

“O que você quer fazer comigo, Easton? Minha voz é tímida,


meus olhos convidativos.”

Ele aperta o maxilar e o músculo que pulsa no canto é tão sexy.


Ele ri com um som de contenção audível. “Quero foder você, Scout.
Eu quero te levar para o meu quarto e fazer seu corpo cansar tanto
que você vai esquecer o que é roncar. Okay?”

E agora é a minha vez de apertar minha mandíbula — e minhas


coxas — juntas enquanto ele olha para mim com uma intensidade
que só aumenta seu fascínio. “Então, por que você não faz isso?”

Ele fala com um meio sorriso, “Porque eu fiz uma promessa


para mim e para você. Eu disse que iríamos nos conhecer melhor,
construir um pouco de confiança e ver onde essa coisa nos leva... e é
isso que estou tentando fazer. Embora, atualmente, onde eu
realmente quero que ele nos leve é para a minha cama.”

“Não sei o que dizer.” Me sinto lisonjeada. Estou perplexa. E,


puta merda, estou tão excitada daquele beijo e o sentimento das suas
coxas prendendo a minha.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Diga-me que você entende o sacrifício que estou fazendo,
porque agora, tudo o que eu quero é você. Debaixo de mim. Em cima
de mim. De qualquer maneira comigo.”

“Então vamos —”

“Você não entendeu, não é? Eu vejo nos seus olhos, Scout.


Posso dizer que você está assustada, com um pé na porta e um pé na
minha cama porque é mais fácil estar em qualquer um desses lugares
do que estar nesta posição. Aquela onde você tem que falar comigo,
onde você tem que me deixar te conhecer melhor, em vez de recuar
longe de tudo. Então, embora sob um grave protesto, a resposta é
não, não estamos fazendo sexo esta noite.”

“Isso é admirável,” eu murmuro ao me inclinar e provocar seus


lábios com os meus, “mas já dormimos juntos, então isso realmente
importa?”

Ele ri. “Sim, importa porque você está tentando me distrair com
esses lábios, quando toda a minha mente fica pensando em todas as
outras coisas que você poderia estar fazendo com eles.”

“Como o quê?” Eu ronrono.

Ele se inclina para trás e me dispara um olhar de


advertência. “Eu lhe disse, Scout. Estamos nos conhecendo.”

“Então mesmo que eu faça isso...” Corro a ponta da minha


unha sobre o contorno mais do que óbvio de seu pau endurecido
através de suas calças de treino.

Ele geme meu nome, o seu corpo fica tenso e sua cabeça cai
para trás enquanto completo o longo curso com a ponta do meu dedo.
E quando penso que venci a batalha, suas mãos rapidamente
apertam desesperadas em volta dos meus pulsos para impedir que eu
tente algo mais. “Não vai acontecer,” range determinado.

Tento mover meus braços, mas ele não permite o movimento. E


há algo sobre a sua reação e a força das suas mãos nos meus pulsos
que me levam a tentar novamente.

K. BROMBERG LIVRO UM
“E será que consigo convencê-lo se eu fizer isso?” Inclino e
circulo minha língua em torno do disco plano e bronzeado do seu
mamilo antes de chupar suavemente.

“Porra, mulher!” Seu tom é afiado, mas o gemido que o segue é


tão sexy que eu fico completamente molhada entre as minhas coxas.

“O quê?” Eu finjo inocência enquanto olho para ele e bato meus


cílios com meus lábios ainda pressionados contra seu peito.

Seu sorriso está cheio de advertência e ainda assim sua ereção


está pressionando contra a minha coxa. Com nossos olhares
trancados, me inclino para que possa lamber o outro mamilo,
sabendo que acabo de colocá-lo em um dilema.

E assim que eu faço contato, ele faz a sua jogada. O elemento


surpresa e provavelmente o meu próprio desejo crescente,
proporciona uma perfeita oportunidade para ele me puxar para o seu
colo, girar, então assim minhas costas estão contra seu peito e ele
envolve seus braços em volta de mim para que eu não consiga mover
meus braços.

“Aqui.”

“Seu bastardo.” Dou risada porque agora seu pau pressiona


contra a parte inferior das minhas costas e essa é a sua tortura
retribuída.

“Há algo de errado?” Ele provoca respirando quente contra a


minha orelha.

Eu mexo minha bunda sobre o pau dele e sinto suas coxas


tensas. Ele reposiciona e ajusta de modo que seus braços estão mais
apertados em torno de mim e ele traz as pernas sobre minhas
panturrilhas para acalmar meus movimentos.

Tudo o que posso fazer é rir.

Ele suspira. “Veja? Posição perfeita para assistir um filme


juntos.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Um filme? Essa é a primeira coisa que vem a sua mente
agora?”

“Sim.” Ele se desloca para que possa segurar o controle remoto


em uma mão e me manter segura entre seus braços. “Vamos nos
sentar aqui e assistir ao primeiro filme que encontrar no menu.”

Ele percorre o guia na tela. “Seu cabelo está na minha frente. . .


o que é que esse diz?,” ele pergunta e eu sorrio, sabendo exatamente
que filme é este. Perfeito.

“Clica nesse.”

E quando ele faz e o guia corta para o filme, a tela preenche


com uma cena de sexo muito explícito. Gemidos, nudez, socadas e
lambidas. Como eu poderia adivinhar que já estaria nessa cena?

“Jesus Cristo, caralho,” ele murmura com uma risada.


“Perfeito.”

“Parece que o destino está tentando te dizer o que você deve


fazer.”

“Destino ou uma mulher manipuladora e determinada.”

“Talvez um pouco dos dois. Mas este filme é realmente uma


excelente adaptação de um romance Best-seller, eu acho,” digo com
sarcasmo, enquanto o meu corpo está reagindo ao pornô visual na
minha frente e a pornografia tangível contra mim.

“Ah... e agora fica claro por que você gosta de livros de


romance.” Ele ri.

“Tem um grande enredo,” digo gracejando.

“Eu posso ver isso.”

“Sério. Você pode ter o sexo quente e uma excelente história.”


Tento fazer um gesto para a televisão, mas meus braços ainda estão
retidos. “Ou podemos ter apenas o sexo quente, em vez disso.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não vou ceder, Scout. Você me disse que eu precisava ler um
romance, então não há tempo melhor como o presente para assistir a
um. Com você.”

“Eu pensei que você só gostava de King e Follett e Patterson?”

“Eu gosto, mas recentemente alguém me disse que os romances


são tudo o que há.”

“Ah, por favor.” Rolo meus olhos e dou um sorriso, mas só


ganho um beijo no meu ombro em resposta.

Então, nós sentamos assim e assistimos ao filme.

E outro após esse.

Mas mais memorável do que os filmes que eu não posso muito


prestar atenção é o fato de que quando adormeço no final da noite, o
meu último pensamento é que eu nunca me deixei adormecer nos
braços de um homem antes, sem que houvesse sexo primeiro.

Mas desta vez eu fiz.

E quando eu acordo na manhã seguinte com seu corpo atrás do


meu no sofá e seu braço ainda me segurando contra ele, percebo que
isso não é tão ruim.

Mas o mais importante, por mais medo que eu tenha de deixá-


lo entrar, tenho um medo maior ainda de me afastar.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 19
Scout

“Eu só precisava ouvir sua voz.” É tudo o que digo, mas é a


verdade.

“Estou aqui, Scouty-girl. Estou aqui.” Sua voz soa através da


conexão e acalma o meu coração que estava tendo um ataque de
pânico sobre a necessidade de falar com ele por nenhuma outra razão
do que apenas saber que ele ainda estava lá.

Eu me apoio contra a parede ao meu lado e fecho os olhos,


desprezando as lágrimas que ameaçam.

“Você está bem?”

Não.

“Sim. Estou bem.” Limpo minha garganta e olho em volta do


corredor vazio fora do vestiário. “Às vezes, uma garota só precisa do
seu pai.”

“Entendo. Esta época do ano é sempre difícil para você,” ele


murmura. “Eu sentarei aqui e ficar na linha enquanto você precisar
de mim.”

“Obrigado.” A minha voz é quase um sussurro enquanto tento


conter as minhas emoções. Nós dois nos sentamos em lados opostos
da conexão, nós não falamos e ainda assim encontro conforto em
saber que ele está lá.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Preciso começar a trabalhar,” digo depois de alguns minutos,
embora se pudesse ficaria assim o dia todo. “Obrigado por. . .”

“A qualquer hora.” Ele limpa a garganta. “Lembre-se, mente


clara, coração duro.”

“Eu sei,” falo antes que a linha se desconecte e depois sussurro,


“eu amo você.” Eu sei que ele não está mais lá, mas digo as palavras
assim mesmo.

Eu tomo um momento para me recompor—as fracas emoções


femininas deixam homens ásperos desconfortáveis—antes de entrar
no vestiário e preparar as primeiras duas sessões de hoje para o
treino de Easton.

Mas quando entro em meu escritório para pegar as notas na


minha mesa que o sorriso falso estampado em meus lábios se torna
genuíno.

Em cima das minhas anotações está uma bagunça de pastilhas


de menta, grosseiramente disposto para parecer uma flor. Existem
três balas brancas formando cada pétala, e todos eles se conectam
para o centro. Exceto que no centro a pastilha não é branca.

É vermelha.

Vermelha, sabor cereja para ser mais exato.

E há uma nota Post-It ao lado dela que tem ‘Tivemos um dia’


rabiscado através dele.

É algo simples, que de relance, parecem doces jogados em uma


mesa, mas diz muito para mim. Diz que estou pensando em você. Diz
que lembra como gostaria de fazer com a pastilha cereja. Diz que ainda
estou aqui, ainda determinado a provar que você está errada. Diz que
lembra a primeira vez que ‘tivemos um dia’ juntos? Bem, um pouco
mais de dias como esses.

Meu coração faz uma pequena batucada no meu peito. Há


apenas uma pessoa que poderia ter feito isso. Uma pessoa que não

K. BROMBERG LIVRO UM
tinha a menor ideia de que precisava de algo assim justamente agora,
mas que me deu de qualquer jeito.

Eu puxo o invólucro de uma das pastilhas e olho para cima


através da janela da sala de treinamento para ver Easton em pé de
frente ao seu armário, olhando em minha direção. Nossos olhos se
conectam por um brevíssimo momento de modo a não transparecer o
que está acontecendo entre nós, mas é tempo suficiente para deslizar
o doce entre meus lábios e oferecer um vislumbre de um sorriso. Seu
aceno é leve e discreto antes de virar para dizer algo ao JP como se a
nossa troca nunca tivesse ocorrido.

Mas aconteceu.

E quando olho para a flor (menos um lote de pastilhas) eu


continuo lutando em como aceitar todas as coisas boas que
acontecem na minha vida — o contrato de reabilitação, meu tempo
gasto fora do campo com Easton, a perspectiva de um trabalho de
longo prazo que me permita ficar em um lugar por mais de alguns
meses — quando deveria estar pensando sobre o meu pai em vez
disso.

A culpa me come quando eu sei que não posso deixar isso. Eu


só tenho que levar as coisas um dia de cada vez.

Outro olhar rápido em Easton e isso fica bem claro, porque


embora eu tente não admitir isso para mim, o tempo que eu passo
com ele é o ponto alto do meu dia.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 20
Easton

“Onde você esteve ultimamente?”

Olho para Drew e espero que ele diga o que seus olhos estão
insinuando. “Vocês estavam viajando, então eu estava aqui, e você
não.” Eu estalo minha toalha nele para enfatizar meu ponto.

“Não teria nada a ver com aquela pequena fisio, que tem
massageado você ultimamente, não é mesmo?”

“Cai fora, Drew. Você só está com inveja por eu tenho uma
mulher me tocando.”

“Pode ter certeza, estou com inveja. Por favor, me diga que você
já testou as bases com ela, porque, cara, eu ficaria preocupado se
você não tivesse.”

Todas as cabeças viram para nós, ouvidos atentos, o vestiário


cheio de jogadores que voltaram de suas práticas de rebatidas, do
primeiro arremesso do jogo e um pouco mais de noventa minutos.

“Fui abatido, irmão.” Eu minto e ele bate meu punho e ri. “Ela é
toda negócios, o tempo todo. Na semana passada pensei que tinha
uma chance, quando ela apareceu na minha casa depois que peguei
pesado pela primeira vez. . . mas não. Eu estava com o meu telefone
desligado e não respondi, então ela apareceu para ter certeza que eu
havia usado o gelo em meu ombro. Não foi exatamente o tipo de
serviço de porta da frente que eu estava esperando.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Ainda há esperança para mim se Wylder enfim foi abatido.”

“Isso não foi legal, cara.”

Os comentários voam por todo vestiário gerando risadas


descrentes com o fato de que fui rejeitado por Scout.

Mal eles sabem que a maldita mulher possui os meus


pensamentos mais do que eu gostaria de admitir. Que é possível vê-la
todos os dias da maldita semana. Que a tenha atormentado para ter
alguns jantares comigo. E ficar bêbado em seu beijo é o meu maior
anseio.

Mas que inferno, essa merda de “conhecer melhor” tem que


acabar logo, porque um homem com tanta restrição só pode
conseguir ficar com suas bolas extremamente azuis. Além disso, só
Há apenas alguma satisfação em masturbar-se quando o que você
está fantasiando faz algo que ela fez hoje, aparecer usando um top
que faz você querer ceder a sua promessa imediatamente.

Oh, caralho, como eu quero ceder. E não porque ele estava


revelando muito, mas sim porque cada vez que ela esfregou contra
meu corpo durante a nossa rotina de alongamento, tudo o que
conseguia pensar era que sei como seus seios parecem abaixo dele.
Atrevido. Rosado. Fodível.

A seca definitivamente precisa terminar.

E logo.

Mas não é esse a merda problema? Mesmo quando pensei que


começamos a nos conhecer melhor, que o sexo era exatamente o que
queria e precisava, ela aparece hoje com este maldito olhar assustado.
O que a deixou tão impaciente que saiu logo depois que
desaquecemos encerrando mais cedo o nosso tempo.

Provavelmente deve está tendo apenas um dia ruim. Talvez o


tio dela ainda esteja doente. Mas quem sabe, porque porra ela não me
fala mais nada sobre ele.

Então, novamente, talvez ela só esteja assustada.

K. BROMBERG LIVRO UM
Malditas mulheres.

“Bem, uma coisa é certa,” Stanza diz que do outro lado do


vestiário, “Santiago vai pegar alguma chin music16 esta noite.”

Encontro seus olhos através da distância e aceno — um


silencioso obrigado por me deixar saber que quando ele arremessar
esta noite, Ele vai jogar alguns dentro para empurrar Santiago fora da
plate. Um pouco de ‘vá se foder’ por me lesionar.

Aquele que diz que não existe retaliação no beisebol nunca


jogou. Um arremesso passa um pouco perto demais da cabeça. Uma
marcação arremessada um pouco mais forte. Um ombro abaixo
ou uma chuteira em ângulo quando entra deslizando na base. Se
foder com o meu colega de equipe, vamos foder com você de volta, é o
lema para a maioria das equipes.

Especialmente a minha. Especialmente para mim porque a


jogada foi suja.

“Que se foda aquele filho da puta,” JP resmunga, recebendo o


apoio dos caras.

“Você vai ficar para assistir?” Drew bate no meu ombro e


pergunta.

Eu puxo minha camisa sobre minha cabeça e rumino a ideia


que eu considerei mais vezes do que gostaria de admitir.
“Provavelmente não. Última coisa que preciso fazer é cruzar com ele
no corredor. Alguns meses não é tempo suficiente para que eu não
queira rasgar sua garganta fora.” Os caras que estão ao meu redor
riem. “Além disso, se eu fizer, provavelmente só iria foder o meu
ombro ainda mais. . . então, não vou assistir.”

“Vamos nos encontrar depois?”

16 Na gíria de beisebol que isto se refere a uma quase colisão da cabeça ou o rosto do rebatedor,
quando um arremessador acidentalmente ou intencionalmente lança um passo acima e para a parte
interna da placa desestabilizando a marcação do rebatedor.

K. BROMBERG LIVRO UM
Eu olho para a sala de treinamento vazia. De onde Scout saiu
correndo mais cedo. Ela é a única pessoa que eu gostaria de estar
junto esta noite, mas porra, sair é provavelmente apenas o que
preciso para me sentir novamente como o meu antigo eu, em vez
desta cadela chorona que é exatamente como me sinto agora. “Não
tenho nada melhor para fazer do que ficar com meus meninos.”

E então eu o vejo. O novato que acabou de ser chamado para o


time vindo do Triple-A17 e de um lugar remoto, Nowhere. Ele está
sentado no banquinho, admirando o armário com seu nome no
cartaz, da mesma forma que fiz na minha primeira vez, há tantos
anos.

“Ei, Gonzo!”

O garoto se assusta quando se vira e me vê do outro lado do


vestiário. “Sim?”

“Obrigado por me substituir. Você vai se sair bem. Vai lá e


arrebenta esta noite.” Dou um sorriso para ele e aceno. Algo para
aliviar a pressão de sua primeira vez na primeira divisão e um
lembrete sutil para que não fique muito à vontade na posição, porque
eu estarei logo de volta.

Não tenho certeza de quem estou tentando convencer mais, ele


ou eu.

“Obrigado,” ele gagueja com os olhos tão grandes como pires.

“Bem, então nos vemos depois do jogo no Sluggers. Os caras


vão te mostrar onde fica. Não é toda noite que se faz uma estréia na
liga principal.”

Seu sorriso se amplia e acena. E eu estou sentado, olhando


para o meu próprio armário, contemplando como seria ter essa
sensação de volta — o pavor de entrar no estádio pela primeira vez, o

17 Triple-A (ou Classe AAA) é o mais alto nível de jogo da Liga menor de Beisebol dos Estados Unidos e
México.. As equipes deste nível são divididas em três ligas: Liga Internacional, Liga da Costa do Pacífico
e a Liga Mexicana, é composta por mais de trintas times. O objetivo principal dos times Triple-A é
preparar jogadores para as principais ligas.

K. BROMBERG LIVRO UM
nervosismo que embrulha seu estômago, a tremedeira nos joelhos
quando se senta no abrigo pela primeira vez e o conhecimento de que,
quando você passar por essa linha de giz, existem milhares de
pessoas nas arquibancadas que matariam para ocupar seu lugar.

Tudo isso é uma reafirmação do quanto sou sortudo, quando


estou sentado aqui sentindo pena de mim mesmo.

A conversa começa a morrer quando os caras começam a seguir


para o abrigo. Alguns dão tapinhas nas costas enquanto eles saem,
alguns dão soquinhos de punho. Boas sortes são dadas. E falar
merda é necessário quase uma imposição.

E quando sou o único no vestiário, eu saio, odiando a sensação


de que estou perdendo tudo isso com eles. Que eles estão seguindo
em frente — o próximo jogo, a próxima jogada, a próxima cidade
nesta longa temporada — enquanto eu ainda estou afastado e ficando
louco por estar em um jogo que eu amo, mas não posso jogar e uma
mulher que eu quero, mas não consigo entender.

Isto é que é ser muito fodido.

Rindo de mim mesmo paro no túnel decidindo se quero seguir


para a direita e enfrentar os eventos dos fãs VIP, onde serei
monopolizado ou seguir para cabine de locução e ser solicitado para
adicionar algum comentário ao jogo, como tenho feito algumas vezes
ao longo dos últimos meses, ou se quiser posso virar à esquerda e
tomar um rota longa.

Esquerda. Definitivamente à esquerda.

Não estou a fim de lidar com os fãs agora. Não quando estou
chateado e só quero sair da porra deste estádio que de repente parece
com uma prisão que não consigo escapar rápido o suficiente.

Meus sapatos ecoam contra o concreto enquanto atravesso o


labirinto de túneis. Meus pensamentos estão em todo lugar. No meu
ombro. Em Scout. Ao ver o jogo de hoje, a primeira vez que Santiago
está na linha de partida como nosso adversário desde que ele me
ferrou.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Você não vai a nenhum lugar perto dele.”

A voz vem do próximo corredor acima e a ameaça nele ressoa


até onde estou. Quando começo a ter a noção de que soa como meu
pai. Paro e estou de pé na abertura da passagem, olhando para ele e
Santiago.

Em pé, lado a lado.

A mão do meu pai em punho na camisa do meu inimigo.

Há um segundo tenso onde é preciso tudo o que tenho para não


fechar a distância e esmagar meu punho na porra do seu sorriso
bajulador que nunca disse nada perto de um pedido de desculpas.

“Que porra está acontecendo aqui?”

Ele está uniformizado e preparado para jogar. Assim como eu


deveria também estar, mas não posso.

Por causa dele.

“Pai?” Dirijo-me ao meu pai, mas não posso deixar de olhar


para Santiago e tentar descobrir qual é o problema dele.

Santiago se vira para olhar para o meu pai, sobrancelhas


levantadas. “Obrigado pelo papo, Cal, mas eu tenho um jogo para
jogar. Vejo você no campo, Wylder?” ele diz quando olha para mim.
“Oh. Espere. Foi mal. Você não estará lá.”

E com uma maldita risada que é como ácido no meu estômago,


ele dá tapinhas nas costas do meu pai e corre para o outro lado do
túnel. Nós dois ficamos olhando para ele sem dizer uma palavra.

“Que merda foi essa?" Cuspo fora as palavras, abrindo e


fechando minhas mãos tentando me impedir de socar a parede.

“Eu o vi caminhando pelo corredor em direção ao vestiário do


time. Perguntei para onde ele estava indo. Quando não respondeu,
imaginei que ele estava procurando por você. Então achei melhor
avisar que se ele chegasse perto de você eu teria que atirá-lo fora do
estádio.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Eu olho para o meu pai, mas a raiva nubla meu julgamento ao
ponto de questionar se o que ele está falando é a verdade. E, claro,
que ele é, ele é meu pai, mas é muito mais fácil ouvir a raiva e lutar
com ele.

“Você deveria ter deixado ele me procurar,” murmuro enquanto


esfrego minhas mãos sobre o meu rosto e passo por meu pai alguns
metros, em direção ao vestiário do clube adversário e, em seguida,
retorno ao mesmo lugar.

“Para quê, Easton? Assim você pode se machucar novamente e


irritar o clube porque o seu período de DL acabaria por se estender?
Nada de bom nunca sai da raiva. Nada.” Ele se aproxima de mim,
coloca a mão no meu ombro e aperta “Eu sei que você está frustrado.
Eu sei que está levando todo o seu controle agora para não entrar lá e
chutar o traseiro dele. E eu sei mais do que qualquer coisa que você
apenas quer sua rotina de volta. Continue fazendo o que você está
fazendo e você vai voltar daqui a seis semanas, de acordo com o
relatório que a Srta. Dalton deu a Diretoria.”

Seis semanas? Como eu não sabia isso?

Eu afasto isso. O pensamento. A excitação. Por ter recebido


uma data de retorno antes e nunca ter se concretizado. Um homem
não pode recuperar com a precisão de um relógio.

Mas algo mais se torna claro. Pela primeira vez no que parece
uma vida inteira meu pai está sendo meu pai, não Cal Wylder. É
exatamente o que eu precisava, embora ele possa não saber.

“Eu vou acabar ficando maluco.”

“É difícil ser afastado do que você ama.”

Eu olho para ele, vejo os olhos que espelham os meus e vejo a


preocupação. “Sim, bem, graças a ele.” Eu ando de um lado para o
outro mais vez mais. “Você sabe o que eu não entendo, porém, é por
quê. Por que me tirar? Por que me machucar? Por que isso?”

Meu pai limpa a garganta e morde o interior de sua bochecha


enquanto pensa sobre isso. “Eu simplesmente não sei, Easton. O

K. BROMBERG LIVRO UM
bastão do cara está em chamas. Ele tem uma ótima porcentagem na
base. Seu braço está impecável e ninguém se atreve a roubar com ele
atrás daquela plate. Seu estilo lembra muito o seu, mas ele
provavelmente está fazendo um terço do que você faz.”

“Você acha que isso tem alguma coisa a ver com ciúme? Não há
como. Eu quero dizer, Há centenas de nós tomando o campo todas as
noites em todos os graus de competência e posições iniciais. Se esse é
o caso, então por que me destacar? Simplesmente não faz sentido.”

“Parece que mais nada faz hoje em dia, filho.”

“O filho da puta foi três-por-três esta noite. Que merda é essa?”


Drew murmurou enquanto ele bebe um bom e longo gole de sua
garrafa.

“Má sorte, cara,” sussurro, cansado pra caralho, mas com zero
desejo de andar alguns quarteirões de volta ao meu apartamento.

“Sim, mas ganhamos por isso essa porra não pode ter sido tão
ruim,” Tino diz batendo a sua garrafa na minha. “Acho que mereço
foder por aquele Homer18, embora.”

“Então vá para casa para sua esposa,” digo, o mesmo que eu


faço cada vez que vamos beber. É inocente o suficiente, eu sei, porque
Tino adora o chão que a sua esposa pisa, mas ele nunca deixa de
dizer isso.

Quase como uma rotina.

Praticamente a mesma com os quatro aqui sentados depois de


um jogo em casa, revivendo os destaques, reclamando sobre a bola
que não nunca parecia querer cair, ou a chamada de merda que nos
custou o jogo e tendo tempo para relaxar por uma ou duas horas

18 Uma jogada de efeito. Uma bola curva, geralmente é uma variedade de 12 a 6.

K. BROMBERG LIVRO UM
antes de voltar para casa para nossas vidas fora do beisebol. Tino,
para sua esposa; Drew para seus três cães; JP para sua namorada; E
eu para minha cama vazia.

“Eu planejo isso,” Tino diz com um sorriso rápido, “mas eu


estava esperando o Gonzo chegar para tomar mais algumas cervejas e
perturbar ele um pouco.”

“Sim. Onde é que ele está?” JP diz esticando o pescoço em


torno do bar lotado para procurá-lo.

“Ele provavelmente ainda está sentado no banco de suplentes,


tentando acreditar que na verdade hoje ele fez a sua estreia no show,”
Drew diz e a imagem nos relembra a nossa primeira vez e a onda de
nervosismo e adrenalina que durou por dias.

“O garoto foi bem.” Eu aceno. “Muito bem.”

“Não é tão bom quanto você, East,” diz Tino. “Quando você vai
levar seu traseiro ao campo?”

“Em breve. Entre quatro ou cinco semanas. Preciso que Scout


me libere.”

“Ah, a misteriosa Scout,” JP provoca, mas eu não mordo a isca.


Porque porra sim, eu pensei sobre ela esta noite. Quando estava
sentado em casa assistindo o jogo, gritando para a TV e xingando
Santiago cada vez que a câmara focaliza nele, foi ela que imaginei
rindo de mim. Mesmo quando cheguei aqui para guarda nossa mesa
de canto e esperar por eles, com certeza, as mulheres que se
aproximaram eram atraentes, mas tudo o que eu continuava fazendo
era compará-las a ela.

Estou muito mal. Cristo. Falar com o sentimento de um homem


chicoteado quando você ainda não está recebendo qualquer buceta.

“Você quer dizer aquela misteriosa Scout?” Drew pergunta com


uma inclinação de sua cerveja na direção do outro lado do bar.

K. BROMBERG LIVRO UM
Eu olho imediatamente, odiando que a porra do meu coração
bate no meu peito tão violentamente em confusão quando a vejo do
outro lado do bar mal iluminado.

“Cara, ela está com...?”

“Bem, sabemos com certeza que time ela queria que ganhasse
hoje à noite,” JP murmura logo acima da vibração da multidão.

Mudo de lugar para ver melhor e tentar entender por que ela
está sentada com Penski e Cameron, os caras que acabamos de
chutar esta noite. Eu penso em sua página do Facebook. De foto após
foto dela com outros jogadores.

É a porra do trabalho dela, Easton. Lidar com outros homens é


o seu trabalho.

Então, por que ela não me disse nada sobre isso quando eu
perguntei se ela queria fazer algo hoje à noite? Se não houvesse nada
a esconder, então por que escondê-lo?

E se você está tentando esconder algo, então por que vem a


Sluggers quando você sabe que é aí que toda a equipe vai depois de
um jogo para extravasar?

Você não é o dono dela, Easton. Ela não é sua. Você não tem o
direito de saber o que ela está fazendo quando ela não está com você.
Você não pode reivindicá-la.

Que se foda. Eu posso muito bem.

Já cumpri o meu tempo. Eu a conheci. Tomei mais cuidado do


que nunca com uma mulher e então, que se foda, ela vai ser minha.

Não era esse o objetivo?

Nada está perdido para mim, mas não posso fazer merda
nenhuma sobre isso. Não preciso olhar muito tempo para ver que ela
está com uma saia jeans, com alguma fodida bota sexy de cowboy em
seus pés. Ou que o seu cabelo está cacheado e solto, quando
geralmente ele está preso em um rabo de cavalo. Ou que ela veste a

K. BROMBERG LIVRO UM
porra de um top que enche minha boca de água pensando sobre o
que está por baixo.

Ela se vestiu para eles, mas não para mim?

Meu sangue ferve sabendo que eles estão lá apreciando a visão


dela, ficando excitados por ela, enquanto estou aqui tentando
descobrir o que merda está acontecendo e porque eu não posso fazer
nada sobre isso.

Não com três caras me encarando. Caralho, os caras não


davam a mínima se eu estava ou não dormindo com ela; a única
razão que eles se importam é porque isso significa que eles não
podem tentar mais nada com ela. Mas se eles soubessem e dissessem
acidentalmente a alguém e isso chegar aos ouvidos da Diretoria,
então isso poderia causar problemas para o contrato de Scout e do
Doc.

Além disso, prometi que não diria nada. E com uma mulher
que tem dificuldade em acreditar em promessas, esta é um que eu
preciso manter.

O problema é que ela não parece está mantendo a sua palavra,


também.

Sua palavra? Bebe outra cerveja. Ela não fez promessas. Tudo
o que ela fez foi concordar em dar esse tempo para nos conhecermos,
para ver onde isso pode nos levar. . .

E passar todos os dias juntos, dentro e fora do campo não se


qualifica como isso?

O que está acontecendo aqui?

“Você está bem, Wylder?” Tino bate em meu ombro com o dele
me arrancando dos meus pensamentos e eu percebo que ainda estou
olhando para ela.

“Sim. Claro.” Eu baixo minha cerveja e levanto minha mão para


a garçonete por outra. “Apenas tentando dar sentido a isso.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Ela não disse nada para você durante a reabilitação hoje que
conhecia eles?” Drew pergunta, olhando novamente para ela e odeio
que quero seguir o exemplo, mas não posso sem ser muito óbvio.

Porque cada vez que olho para o seu lado, o meu temperamento
arde mais brilhante. Tento justificar que ela sabe que estou aqui.
Cristo, eles não estavam ali há uma hora, quando cheguei aqui para
pegar nossa mesa, então ela tinha que ter me visto quando ela
entrou. Por que ela não me reconheceu? Eu mantenho uma distância
pública para proteger nossa relação profissional e seu maldito
contrato, mas um simples aceno de cabeça não gritaria “Nós estamos
fodendo.”

“Se ela me disse que os conhecia? Nem uma palavra.” Agradeço


a garçonete pela nova cerveja e viro em um grande gole.

“Você acha que ela teria dito algo sobre dormir com o inimigo,”
JP faz a piada. Ele recebe a risada que ele estava procurando, mas
tudo o que faz é me irritar ainda mais.

Perco a visão dela através da multidão e digo a mim mesmo que


é uma coisa boa. A conversa segue como deveria, mesmo que eu só
possa pensar no que ela está fazendo aqui. Com eles. E por que ela
não mencionou isso comigo.

“Vou ao banheiro.” Drew está parado e quando olho em direção


a Scout, ela está olhando para mim.

Há um copo de bebida em seus lábios, mas ela não me oferece


um sorriso, não parece me reconhecer; Seu rosto é inexpressivo —
distante. E meus punhos apertam em reação ao pensamento fugaz
que ela está ferrada. Que ela de alguma forma se assustou e não tem
coragem de me dizer na cara que tudo tinha acabado então, em vez
disso ela saiu esta noite e se sentou ali de propósito, para que eu
pudesse vê-la na companhia deles. E então eu saberia que acabou.

Mas quando ela inclina a cabeça para trás e vira um


impressionante gole depois bate o copo na mesa entre os incontáveis
copos vazios que agora posso ver, tudo que eu posso pensar é que não

K. BROMBERG LIVRO UM
há nenhuma maneira que ela está indo em frente sem que eu comece
a ter uma palavra final sobre isso.

“Onde você está indo?” Tino pergunta quando eu viro minha


própria cerveja e engulo de uma só vez todo o seu conteúdo.

“Vou pegar uma bebida para uma senhora, já que parece ser
seu veneno de escolha esta noite.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 21
Scout

A queimadura da dose entorpece o significado da data de hoje e


ainda não faz nada para aliviar o choque ao meu sistema quando olho
ao redor e encontro o gelo nos olhos de Easton.

Eu deveria ter esperado que ele estivesse aqui. É o ponto de


encontro pós-jogo, afinal. Mas eu poderia lidar com ele se as coisas
seguissem o plano inicial — só Penski, Cameron e eu tomando
algumas doses em honra do meu irmão em seu aniversário. Mais um
pedaço da minha história que mantenho escondida.

Mas as coisas não seguiram o plano.

Porque agora estou sentada em frente ao único homem que eu


quero estar longe, mas não posso pedir para sair, considerando que
ele é o colega de equipe de Penski e Cameron.

“Foram dois,” diz Cameron com um aceno de cabeça. “Mais dois


e o Ford ficaria satisfeito.”

“Sirva um para mim.”

Eu olho através da mesa e apenas a visão dele me enoja. “Não.”


Solto a palavra, fazendo com que a Penski cutuque meu joelho
debaixo da mesa.

Santiago só olha para mim. A mistura de suas características


sombrias, a luz fraca do bar e o fato de estar no canto da cabine

K. BROMBERG LIVRO UM
(graças a Deus), faz que a sombra da parede cubra seu rosto fazendo
com que ele pareça o idiota que conjurei em minha mente.

E o mantém fora da linha de visão de Easton.

Porque se há gelo no olhar de Easton em me ver aqui com os


membros da equipe adversária — ou talvez apenas homens em geral
— então, vendo Santiago aqui o tiraria do sério.

Sem dúvida.

Porque com certeza me desarmou quando ele entrou e sentou


com a gente. Eu protestei, disse aos meninos que este era um ritual
que nós sempre fizemos apenas entre nós — os únicos que realmente
conheciam meu irmão — mas insistiram que Santiago ficar seria
inofensivo.

Mas ele é tudo menos inofensivo. Não com seus olhos curiosos
sempre me observando. Medindo. Deixando claro que ele me quer.

O gargalo da garrafa de tequila tilinta contra o vidro de copo


que Penski serve a dose a Santiago.

“Para Ford,” Cameron diz levantando seu copo. “Já se


passaram três anos sem você, irmão. Parece uma maldita vida desde
que ouvi essa sua risada. Foda-se por nos deixar. Sentimos sua falta.”

“Foda-se, Ford,” nós três murmuramos em uníssono e depois


viramos a dose. Desta vez, a queimadura é um pouco menos, mas as
memórias ainda são dolorosas como sempre.

Na verdade, algo sobre a reunião deste ano para lembrar e


amaldiçoar Ford por ter nos deixando para trás parece muito mais
difícil do que os dois últimos.

Talvez seja porque o que começou como uma promessa de uma


noite de bebedeira quando eles estavam tentando me fazer sentir
melhor sobre a morte do meu irmão é esta noite uma lembrança que
no próximo ano eu poderia ter que realizar dois desses memoriais em
vez de apenas um.

K. BROMBERG LIVRO UM
Levanto meu copo em brinde. “Para meu irmão,” sussurro
enquanto as lágrimas ameaçam. “Você não faz ideia do quanto sinto
sua falta agora. Quanto eu preciso de sua amizade e conselho. E
como se você estivesse aqui, eu nunca pensaria que todos em algum
momento partem. Daria tudo para deitar com você por mais uma hora
na grama alta na casa do papai e continuar fingindo que éramos os
únicos na terra. Eu sinto sua falta.”

“Foda-se, Ford,” dizemos em uníssono, mas quando termino


minha dose, enquanto minha cabeça fica tonta e uma lágrima
solitária desliza abaixo da minha bochecha, adiciono em um
sussurro, “Eu te amo.”

“Acho que as doses de bebidas são a ordem da noite.” A voz de


Easton me tira do meu nevoeiro melancólico e por uma fração de
segundo esqueço que temos diversos olhos sobre nós dois. Esqueço-
me que devemos ser somente a fisioterapeuta e o jogador. Alívio
inunda através de mim com a presença de uma pessoa que
inconscientemente comecei a ter necessidade.

Mas tão rápido quanto o alívio é a realidade que bate como uma
bola de demolição. Que Santiago está aqui. Em frente de mim.

Isto é um problema.

Mas os olhos de Easton seguram o meu, busca o meu rosto e


quando ele percebe a solitária lágrima escorrer pela minha bochecha,
ele atira um olhar acusatório para Penski e, em seguida, Cameron.
Mas quando o seu olhar muda, quando ele olha para a pessoa oculta
nas sombras do bar, sua expressão se transforma de curiosidade em
raiva.

“Que porra ele está fazendo aqui?” Sua voz é um rosnado de


fúria desenfreada quando ele empurra o seu caminho para a mesa,
testosterona em fúria e irritação pura.

“Não é o que você pensa.” As palavras saem da minha boca


quando Penski levanta da mesa, sentindo o caos prestes a se
desenrolar e fica entre Easton e Santiago, assim como também Tino e
Drew se aproximam.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não é o que ele pensa?” Santiago ri com um tom baixo e
provocante que me faz perceber o que exatamente eu deixei explícito.

“Deixe ela fora disso.” Easton tenta empurrar Penski fora do


caminho, seus punhos cerrados e corpo vibrando com uma raiva tão
palpável que rola fora dele e bate em mim.

“Calma, Easton.” Penski empurra contra o peito de Easton


enquanto Drew puxa o seu ombro bom. Eles podem tentar tudo o que
querem para evitar a luta, mas houve cerveja por tanto tempo que
tenho certeza de que nada pode detê-los agora.

“Anda fodendo sua fisioterapeuta agora, Wylder?” Santiago


provoca Easton, seu nome um escárnio marcado com desdém. “Um
pequeno vestiário amoroso?”

Easton investe contra Santiago, os copos vazios na mesa caem


no chão quando Penski usa toda a sua força para mantê-los
separados. “Seu filho da puta!” Easton range.

“Você tem esse direito, menino bonito,” Santiago provoca com


sua risada aumentando meu nervosismo.

“Você só presta para jogadas sujas?”

“Você saberia, não é? Pena que sua senhora estava planejando


ir para casa esta noite comigo.”

“Mentira!” Grito na confusão que agora está fazendo com que


uma multidão se forme.

“Cala a merda da boca desse filho da puta!” Penski grita para


Cameron enquanto ele levanta o queixo para Tino e Drew, pedindo
silenciosamente que eles tirem Easton fora daqui, porque parece que
Santiago vai continuar provocando até conseguir o que ele quer.

Em segundos, Drew e Tino flanquearam Easton e o


empurraram para a porta. Há uma grande quantidade de caos e
confusão girando ao meu redor, mas é o olhar no rosto
de Easton quando ele encontra o meu antes de ser empurrado para

K. BROMBERG LIVRO UM
fora da porta — o olhar que diz: “Que porra é essa, Scout?” — que fica
comigo mais do que qualquer coisa.

“Vamos levá-lo para casa,” diz JP antes de olhar para mim e


balançar a cabeça em desaprovação. “Não é o mais brilhante dos
movimentos, Scout.”

Com essa reprimenda, JP se afasta, me deixando em pé no


meio do Sluggers enquanto o homem que eu quero mais que qualquer
coisa está sendo escoltado para fora do outro lado do bar e o homem
que desprezo por seu comportamento desprezível e pela proeza que
acabou de fazer, está sendo empurrado por outra porta.

Eu afundo na minha cadeira, as doses restantes de tequila


parecendo tentadoras. Mas elas não são a resposta.

“Sinto muito.” A voz de Cameron está atrás de mim, resignado e


com pesar quando ele corre para sentar ao meu lado. “Não foi
exatamente como planejamos lembrar Ford esta noite.”

Olho para ele, o melhor amigo e colega da faculdade do meu


irmão e sei que ele sente a falta da Ford tanto quanto eu. Que este
ritual anual significa tanto para ele quanto para mim. E que nenhum
de nós vai voltar atrás na promessa que fizemos ao meu pai para
sempre comemorar o aniversário do Ford e garantir que sua memória
permaneça viva.

Mas como poderíamos esquecer o menino com o sorriso pateta,


risada irritante e um coração tão grande quanto o oceano?

“Eu sei,” suspiro. “No entanto, o tempo foi perfeito. Quando


estamos nós três na mesma cidade, ao mesmo tempo, em seu
aniversário. Além disso, Ford sempre gostou de uma boa luta por
isso...”

“Devíamos ter feito o Santiago ir embora. Desculpe não me


lembrei disso. Não com você trabalhando com Wylder ou com a gente
aqui, juntos, no Sluggers... é minha culpa.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Brinco com um copo vazio, pensando em como será que ele está
e muito preocupada de que um dos caras possa ter arruinado seu
ombro lesionado.

Mas mais do que tudo, eu só quero vê-lo. Preciso vê-lo.

“Você quer que eu te acompanhe?” Cameron pergunta e eu


agradeço que ele me conhece tão bem.

Eu concordo com um aceno.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 22
Scout

“Scout?”

Olho para Cameron. “Está tudo bem. Obrigada por me trazer de


volta.”

“Tem certeza?” Ele desvia seus olhos por sobre o meu ombro e
depois de volta para mim.

Aceno e recebo um enorme abraço de urso quando ele me puxa.


“Foi muito bom te ver novamente, mesmo que a noite tenha
terminado em merda.”

Eu ri com as lágrimas ameaçadoras, enquanto eu o


aperto. “Isso foi. E isso aconteceu.”

“Foda-se, Ford,” ele murmura e me faz soltar um soluço de riso.

“Obrigado por nunca esquecer.”

“Nunca,” ele diz enquanto me dá um beijinho na bochecha,


aperta a minha mão e olha mais uma vez sobre o meu ombro antes de
sair.

Puxo uma respiração profunda antes de me virar para encarar


a silhueta escura destacada pela luz solitária ainda no
estacionamento. Ele está encostado ao lado do meu carro, os braços
cruzados, o corpo tenso. Ficamos lá com distância entre nós e uma
eletricidade agitando à nossa volta. “Quer me dizer que porra foi
essa?”

K. BROMBERG LIVRO UM
E o engraçado é que, por mais que eu quisesse vê-lo, por mais
que eu sinta que preciso dele esta noite, ele só pressionou todos os
botões errados ao me procurar com raiva quando na verdade eu não
fiz nada de errado.

“Com licença?” Minha voz é duramente calma quando dou


outro passo em direção a ele e ao seu temperamento irracional.

“Você me ouviu, Scout. O que diabos você estava fazendo com


Santiago?”

“Em primeiro lugar, eu não estava com Santiago. E segundo, eu


não entendi um ponto essencial, quando foi que você pôs uma
reivindicação sobre mim?”

“Nem. um. pouco.” Ele rola seus ombros. Muda em seus pés.
Mas entre a noite escura e a aba do seu boné, não vejo os olhos dele
quando eu desesperadamente queria poder.

“Ótimo. Então você pode se afastar do meu caminho. Posso ir


embora. E, amanhã, quando nos encontrarmos para o seu
treinamento, podemos esquecer tudo isto sobre conhecer você e seguir
em frente.”

Sua risada enche a noite, mas se desfaz. “É muito fácil para


você, hein? Correr. Fugir. Evitar. Boa tentativa, Scout, mas eu não
vou deixar você usar isso comigo.”

“Você não tem uma palavra a dizer sobre o que faço ou deixo de
fazer, espertinho.” Dou um passo mais perto dele, parcialmente
ferida, parcialmente aliviada que tudo que o está deixando chateado
não é motivo para dissuadi-lo de tudo o que está acontecendo entre
nós.

“Bela saia,” Ele diz mudando completamente o rumo da


conversa e me deixando confusa. No entanto, há algo oculto em sua
voz.

“Onde você quer chegar?”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Um homem não pode elogiar uma mulher quando o que ela
veste lhe parece tão bem? Quero dizer, com certeza eu sei que você
não está vestida assim para mim. Recebo somente tênis e agasalhos
esportivos, mas Penski ou Cameron ou o fodido Santiago recebem a
merda de uma saia curta, pernas longas, botas e cabelos soltos.
‘Vestida para impressionar’ deve ter sido o lema para a noite, certo?”

Meu temperamento estala.

“Não tenho a porra de tempo para isso. Ou para você.” Vou até
o meu carro, com as mãos nos meus quadris. “Saia.”

Ele não se move, só fica lá com o maxilar cerrado e a morte em


seus olhos que reflete como eu também me sinto. “Você fala com
Santiago com essa boca suja, também?”

“Vá se foder!” Grito. Ele está forçando uma briga e sabe o quê?
Eu não estou para brincadeira agora. Tenho um turbilhão de emoções
rondando e agitando em meu interior — tristeza, solidão, desejo,
necessidade, incerteza, medo — e é muito mais fácil ficar com raiva
do que para enfrentar qualquer um deles.

Ou admitir que fiquei magoada por ele pensar que posso querer
Santiago, quando a única pessoa que realmente eu quero é ele.

Eu quero somente ele.

É um fugaz pensamento, um que minha cabeça anula, mas é


alto o suficiente para adicionar combustível à luta. Porque se eu
lutar, então não tenho de reconhecer que, embora costume afastar e
fechar todos fora, ele pode ser o primeiro quero eu deixar entrar.

“Vamos, Scout. Você está brincando comigo?” Posso ouvir a dor


em seu tom, sei que assim como eu ele teve algumas bebidas e sei
que nada intensifica mais a bravata quanto o álcool. “Você está
usando o contrato como uma desculpa para manter este seu
segredinho? Você continua me afastando, me segurando no
comprimento de um braço, porque realmente está namorando um
deles e não quer que nenhum de nós descubra isso?”

K. BROMBERG LIVRO UM
O quê? Meu temperamento está fora de controle para que possa
pensar racionalmente e então faço o que vem a seguir na lista de
merdas — vou ao ataque.

“Brincando com você? Fico feliz em saber que você pensa tão
bem de mim.” Passo por ele, nossos corpos centímetros de distância
um do outro.

“Bem, você sentada ali com Santiago me diz exatamente o que


você pensa de mim.” Suas palavras são armadas com cautela
enquanto ele grita, tranquilas mas carregadas com ácido.

“Do jeito que está agindo, não deveria nem pensar em você.”

Nós nos encaramos. Mágoa contra mágoa. Raiva, agitando no


ar fresco da noite. E nenhum de nós tenta recuar.

“Quer saber? Que se foda,” murmura, olha para mim uma


última vez através de olhos carregados de tristeza, balança a cabeça e
sai do estacionamento.

Leva somente um segundo para processar o que está


acontecendo. Para perceber que ele está se afastando de mim. E no
início, tudo o que posso pensar é que com ele longe, eu vou ser capaz
de respirar por um segundo. Ter a mente clara.

Deixe que ele vá, Scout. Se você fizer isso, então você não será
mais machucada. Porque as pessoas partem. Todas fazem isso. Ford.
Mamãe. Em algum momento em breve, papai também irá. Conte isso
com Easton como divertido enquanto durou. Sexo fantástico, um novo
amigo, mas nada prejudicial no fim. Ele está muito perto. Você está
muito perto. Se afaste dele ou você vai acabar devastada. E sozinha.

Vá embora agora, como ele fez com você.

Mente clara. Coração duro, Scouty-girl.

Mas e se eu não quiser mais um coração duro?

Meus pés se movem. Em direção a ele.

K. BROMBERG LIVRO UM
Meu coração, por mais duro que seja, sacoleja em minha
garganta.

E eu realmente queria ter agora meus tênis em vez de botas de


cowboy.

“Easton!”

A sua sombra adiante, a iluminação de rua que bate no seu


cabelo serve de farol para que eu siga.

“Easton!” Chamo enquanto vou atrás dele.

“Esqueça, Scout. Apenas esqueça isso.”

“Não, espere.”

“Em algum momento, esse problema já não vale a pena.”

Lágrimas queimam e minha visão borra quando o alcanço,


assim quando ele chega a recepção de seu edifício. Consciente das
outras pessoas, Eu não grito para que ele pare. Em vez disso, eu me
ando um pouco mais rápido. Ele entra no elevador e se vira para me
enfrentar com os ombros retos, corpo tenso e os olhos que dizem tudo
o que ele não fala.

Entre agora ou dê meia volta e continue andando. Agora ou


nunca.

Meu pulso lateja, sabendo a resposta, mas temendo ao mesmo


tempo.

Eu avanço.

Easton sopra uma respiração audível quando aperta o botão e


eu não tenho certeza se isso é um bom sinal ou um mau sinal, mas
não importa, porque meu coração me pediu para intervir quando cada
pensamento sensato gritou para eu ficar de fora.

O elevador se movimenta e depois me surpreende quando


começa a descer. Eu olho para ele, mas ele está apenas olhando em
frente — maxilar cerrado, mãos em punho, rosto intenso.

K. BROMBERG LIVRO UM
Malditamente lindo.

Eu o quero.

Em mais maneiras do que vamos nos divertir até que termine.

Porque quero arriscar. Com ele.

Claro, nós conhecemos somente por alguns meses, mas quando


olho para ele agora, quando penso nele, quando estou sozinha,
quando eu anseio vê-lo, isso me faz querer empurrar todo medo pela
janela. Dá vontade de grudar nele em vez de me afastar. Faz com que
eu perceba que não há problema em querer mais, quando antes, eu
nunca me permiti essa oportunidade.

E agora entendo. O que ele disse na outra noite sobre fazer o


seu próprio felizes para sempre. Sua implicação de que não é fácil.
Que às vezes leva tempo e paciência e é melhor calar em vez de gritar
mais alto. Que pode ser a coisa mais difícil do mundo, mas também
pode ser a mais recompensadora.

Nós só lutamos no estacionamento. Ele se afastou, e corri


atrás, pela primeira vez. Isso deveria me dizer algo... mas é maior do
que isso. Há a noção de que, mesmo que ele estivesse irritado, mesmo
que ele houvesse dito que não faria mais isso, ele ainda assim estava
no elevador com o dedo no botão da porta aberta e me dando uma
escolha para estar com ele. A ideia de que ele estava com raiva de
mim, mas ainda assim me queria. Que ele foi embora, mas isso não
quer dizer que ele estava me deixando.

Isso me atinge durante os poucos segundos que temos


enquanto o elevador desce — é sufocante e revigorante.

Quando as portas se abrem para o campo privado, eu sigo


enquanto ele entra na sala iluminada, o resto do espaço ainda no
escuro total. O elevador apita, as portas se fecham atrás de nós, o
silêncio retorna.

“Easton,” É um apelo. Uma pergunta. Uma. “fale comigo.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não me venha com essa de Easton,” diz quando vira para me
enfrentar, olhos vivos, mas postura cautelosa.

Então ficamos frente a frente nos olhando, mas não falamos


nada. Meu coração está na minha garganta. Minhas emoções são um
desastre de trem dentro de mim.

Espero que ele me peça para sair.

Espero que ele balance a cabeça e não diga mais nada.

Não seria apropriado, considerando que agora quero mais?

Mas ele também não faz. Nós ficamos parados lá enquanto o ar


que nos rodeia desloca e muda, reage e cobra. É difícil respirar
entretanto, eu sei muito bem que não é o ar que me faz sentir assim,
mas sim o olhar em seus olhos.

Então, no espaço de um segundo para o outro, ele me tem


contra a parede, seus lábios sobre os meus, seu corpo pressionado
contra o meu da maneira mais deliciosa. Nossas mãos agarram e
puxam e apertam e sentem.

Seus lábios sozinhos fazem um assalto total em meus sentidos.


Não há nada gentil sobre o beijo. Não há nada passivo. Está repleto
de ganância e necessidade, fome e um desejo violento que inflama
cada nervo dentro do meu corpo.

Eu reajo naturalmente. Minha raiva por suas acusações mais


cedo, minha tristeza sobre o aniversário de Ford e a confirmação dos
meus sentimentos — eles todos se enroscam em uma bola explosiva
de energia abrigada que dá apenas o melhor que consegue.

Há faíscas de fome em sua língua quando ele escova contra a


minha. Cada conexão é como um fio desencapado batendo contra a
água — evocativa, incendiária, inescapável.

E logo quando eu sinto que não consigo respirar — quando


estou me afogando em tudo o que é Easton Wylder — ele arranca a
sua boca da minha, as mãos cruzadas no meu cabelo, o joelho entre
minhas coxas e os olhos um caleidoscópio ardente de cores.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Jesus Cristo, estou tão bravo com você agora.”

E isso é tudo que recebo — o grunhido de sua raiva — antes de


provar isso na minha língua enquanto ele retorna, me pegando
desprevenida e levando o que ele quer o que eu lhe ofereço, mais uma
vez. Sua barba arranha minha pele, dedos agarrando meu cabelo e
seus dentes mordendo meus lábios já inchados dos seus.

Eu luto contra ele. Não porque não quero mais, mas porque eu
preciso explicar.

“Eu não estava lá com Santiago,” Arquejo quando ele nos deixa
ressurgir pelo ar. Seus olhos estreitos, sua língua se lança para
lamber seu lábio inferior e seus dedos enrolam em meu cabelo para
que ele possa puxar minha cabeça para trás.

Ele luta com as palavras. Eu posso vê-las se formar, depois


desaparecer e então ele fala com os lábios novamente, mas colocando-
os de volta no meu.

Mas não é suficiente. Tanto quanto não há hesitação em suas


ações, eu ainda posso sentir isso nele e sei que não acredita em mim
de todo o coração.

Por mais difícil que seja pará-lo de novo, não posso continuar
isso sem ele entender a verdade. “Eu estava lá pelo meu irmão,” eu
explico entre beijos.

Seus lábios se movem por mais alguns segundos, mas assim


que as palavras se dissipam, suas mãos ainda no meu cabelo ele se
inclina para trás para olhar para mim. “Você tem um irmão?”

Engulo alto e percebo que há mágoa em seus olhos que eu


nunca esperei estar lá. Eu não entendo isso. Além disso, prefiro não
entender porque se está lá, então eu sou a responsável por isso.

Então, me inclino para beijá-lo novamente. Para tentar fingir


que eu não vi, ou a confusão em suas feições. Para me absolver de ser
a idiota que de repente eu sinto que tenho sido.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não, Scout. Não. Você não pode esconder por trás da merda do
seu doce beijo. Você não pode esconder sua vida de mim quando eu
continuo dando a você cada vez mais da minha. Jesus Cristo.” Seu
rugido de frustração ecoa em torno das paredes de concreto quando
ele passa a poucos passos de mim, empurra as mãos através de seu
cabelo, a distância entre nós reforçando o quanto longe de mim ele se
sente agora. “Você não entende, não é? Isto. Você. Eu. Isto. Serve
para os dois lados.”

Suas palavras desaparecem e morrem no espaço ao nosso


redor. O olhar em seu rosto — resignado, incerto, desapontado — faz
com que o pânico inunde com toda a força através de mim. E o pânico
desta vez não é porque ele está chegando perto demais, mas sim
porque eu ferrei tudo. Porque eu não lhe dei o benefício da dúvida e
presumi que ele fugiria.

“O que você quer de mim?” Eu nunca falei uma declaração mais


verdadeira e tenha mais medo da resposta.

“Mais do que eu acho que você pode me dar.” Sua voz é a


mesma, mas parece que ele simplesmente gritou a pleno pulmões. A
rejeição é cegamente real, assustadora e esmagadora até certo ponto
que o medo fala por mim desta vez. A vergonha carrega a melodia.

“O que você quer saber, Easton? Que eu tinha um irmão mais


velho que eu dois anos? Que ele era meu melhor amigo, meu tudo e
três anos atrás ele morreu? Que eu tinha uma mãe que foi buscar o
leite quando eu tinha cinco anos — deixou meu pai lavando os pratos,
o meu irmão no banho e eu em meu de pijama da Moranguinho
esperando ela voltar para ler minha história antes de dormir — e
nunca mais voltou? Que éramos muito trabalho para ela? Por que não
valíamos a pena para ela que ela voltasse?” Grito cada palavra
aumentando o tom, meu corpo vibrando das palavras que eu odeio
admitir, mas agora não posso impedir de sair. “Ou deixe-me ver... que
outros segredos suculentos posso dizer para você que ninguém mais
sabe? O que mais posso confessar para te provar que eu realmente
estou tentando deixá-lo entrar em vez de afastá-lo?”

“Scout. Por favor. Pare com isso —”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não. Estou apenas lhe dando exatamente o que você quer.” A
catarse é real e assustadora e parece que uma rocha de mil
quilos está sendo levantada do meu peito com cada palavra. “Como o
meu pai está doente. Ele está morrendo, Easton. É isso que você
queria saber? Ou como está levando tudo que tenho para conseguir
esse maldito contrato com os Aces, que eu não dou a mínima, mas
tenho que conseguir porque esse é o único pedido dele? E uma vez
que o faça, ele vai me deixar também? É isso que você quer saber?”

Grito as últimas palavras para ele, lágrimas deslizando pelas


minhas bochechas, raiva enterrada em meu coração e todas expostas
e definidas. “Isso é o suficiente para você? Agora você sabe que cada
pessoa que amei, que eu já deixei conhecer o meu verdadeiro eu, me
deixou. Sabe o quanto estou amaldiçoada e petrificada em deixar você
entrar e que estou apenas me condenando porque sei que você vai me
deixar um dia, também?”

Minha voz está rouca. Minha alma despida. Meus medos


expostos.

Meus ombros estremecem com os soluços que não vou permitir


escapar. Minha mente enrola com a minha confissão enquanto a
poeira se instala e eu percebo tudo o que acabei de dizer.

Oh. Merda.

Essas duas palavras são a única coisa que corre na minha


cabeça quando as lágrimas escorrem pelas minhas bochechas
enquanto Easton apenas olha para mim, seu rosto uma imagem de
choque, seus olhos um mar de compaixão.

“Scout.” A voz dele está quebrada quando diz meu nome, bem
como eu me sinto.

“Não. Por favor, não,” imploro a ele.

Não posso fazer isso agora. Não quero ouvir a simpatia em sua
voz. Não quero piedade. Mas mais do que tudo, eu não aguento mais
a dor. Há uma razão para ter fechado toda esta emoção e não a ter
tocado durante anos. Esta é a explicação para o meu coração duro.

K. BROMBERG LIVRO UM
Então, desligo tudo e tento silenciá-lo. Com minhas mãos em
sua camisa, o puxo bem próximo e golpeio meus lábios no dele,
precisando senti-lo. Precisando me sentir desejada. Precisando saber
que, embora ele conheça meus medos, ele ainda me quer.

Ele me beija de volta, mas posso sentir sua hesitação, sentir


seu desconforto, imaginando que merda estou fazendo. Meu coração
cai e suas mãos se levantam para moldar minhas bochechas. Ele
ainda segura meu rosto enquanto se inclina para trás. “Scout.”
Nossos olhos se encontram e eu vejo a honestidade tão crua que não
posso lidar com isso. Também vejo a pena. A tristeza.

E não consigo ver mais nada disso.

Balanço minha cabeça de um lado para o outro e ele se inclina


para frente e escova seus lábios macios contra o meu, quase como se
ele achasse que agora eu precisava agradável e doce, para
acompanhar minha tristeza.

“Não.” Preciso exatamente o oposto dele. “Não.” Reitero


segurando a parte de trás do seu pescoço, não permitindo que ele se
afaste, acrescentando alguma urgência ao nosso beijo. E ele me deixa
tomar as rédeas novamente. Permite que eu derrame minhas emoções
desestabilizadas no beijo até que esteja ofegante e que minhas
lágrimas comecem a secar em minhas bochechas. “Faça com que eu
sinta Easton. Não preciso de simpatia. Preciso de verdade. Preciso
saber que você está aqui. Preciso saber que você me quer. Eu preciso
esquecer. Mas mais do que tudo, preciso de você.”

Ele se inclina novamente. Vejo sua garganta se agitar, vejo


apertar e soltar seu maxilar e observo quando a percepção afunda.

“Eu preciso de você,” falo as palavras para ele e é como se


tivesse jogado querosene em um fósforo iluminado.

Chegamos a um meio termo, uma massa de mãos e línguas,


comandos e pressa. Nos movemos ao ritmo de nossa própria música:
camisas sobre cabeças e sutiã aberto e jeans desabotoado empurrado
para baixo enquanto minha saia é puxada para cima e os seus dedos
encontram o caminho para o laço da minha calcinha.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Deus, sim.” Seus dedos me separam, brincam comigo, entram
em mim. Não há sutilezas. Não há sedução. Há apenas ele fazendo
exatamente o que eu lhe pedi para fazer — me fazendo sentir.
Empurro minha mente para a queda livre do esquecimento dado pelo
prazer, então não posso pensar em mais nada.

Ele está em todos os lugares ao mesmo tempo, as mãos, os


dentes, os lábios e a pele e não está perto do suficiente. Andamos
para trás de alguma forma, nossos pés se movendo enquanto nossos
corações aceleram, até bater na rede da gaiola de rebatidas atrás de
mim. Meus pés enroscam nela até que caio, deixando meu corpo se
apoiar na própria rede. Meu riso com a situação muda em um gemido
quando seus dentes mordiscam a minha mandíbula e seu polegar
desliza sobre o meu clitóris.

“Mmmm, segure firme, Kitty” ele ordena enquanto tira seus


dedos de dentro de mim e move minhas mãos para segurar a corda
tecida acima da minha cabeça. “Você está segurando?”

Meus olhos piscam para encontrar o olhar lascivo no seu,


aceno e procuro entender por que ele está perguntando; Ele sacode a
cabeça em advertência e desliza os dedos na minha boca. Provo a
minha própria excitação, sugo, enquanto ele os desliza de um lado
para o outro entre meus lábios.

“Não fale, Scout,” murmura. “Não questione. Não mova as


mãos. Apenas faça. Apenas permita. Apenas sinta.”

Aceno quando a minha respiração cresce superficial. Seus


dentes estão mordendo seu lábio inferior enquanto ele me olha, sua
mão livre acaricia para cima e para baixo sobre o seu pau. Mas é o
olhar em seus olhos, o desejo personificado, que faz minhas costas se
curvar e implorar por mais.

“Você quer que eu te toque?” Ele se inclina e murmura contra o


meu ouvido, seu corpo perto o suficiente para que sinta a ponta do
seu pau bater contra minha barriga enquanto ele se toca com sua
mão. Fale sobre uma tortura mais doce, sabendo o estrago que seu

K. BROMBERG LIVRO UM
pau pode causar no meu sistema, apenas ter a sua visão e sabendo
que não posso tocar.

Dou um gemido quando ele esfrega contra meu clitóris e


empurro os quadris para frente buscando a sensação novamente. Ele
meio que geme e ri, quando levo seu pau entre minhas coxas e lhe
mostro o que eu quero.

“Mmm, isso é bom,” ele diz enquanto empurra entre as minhas


coxas aumentando o atrito em meu clitóris.

Mas não é suficiente.

Nem perto o suficiente.

E ele deve concordar porque, inesperadamente, levanta meus


quadris e coloca minha bunda em uma prateleira da gaiola. No
momento em que minha bunda está instalada nela, Easton cai de
joelhos, espalha minhas coxas e olha para mim.

“Você quer sentir? Bem, eu quero provar você. Segure firme,


Kitty.”

Sem outra palavra e com os olhos presos ao meu, ele usa uma
mão para me separar e depois lambe uma linha do meu clitóris até
minha abertura e em seguida, de volta. E com a quantidade perfeita
de pressão e frequência, ele começa a deslizar a língua sobre o meu
clitóris. Suave e lento no início, e depois mais rápido e um pouco mais
duro.

Contorço sob seu toque. Mergulho no prazer e flutuou em sua


névoa. Cada sensação desperta ainda mais o meu prazer — o calor da
sua língua, as cócegas de sua respiração, a pressão quando desliza
seus dedos dentro de mim para me dar golpes duplos com a sua
língua no meu clitóris e dedos esfregando meu ponto G.

Dou um gemido, arqueio e puxo as cordas, tudo para aliviar a


crescente pressão dentro de mim. Querendo adiar meu orgasmo para
que possa criar uma pressão ainda mais forte. Sou uma confusão de
contradições, no entanto cada uma delas são tão prazerosas que o

K. BROMBERG LIVRO UM
gemido que escapou da minha boca não pode sequer expressar o
quão incrível elas são.

Estou excitada. Carente. Ávida. Desesperada por mais. Egoísta.


Ansiosa. E cada um desses sentimentos é amplificado pela fome em
seus olhos enquanto ele olha para mim com a língua enterrada entre
minhas coxas, minha excitação brilhando em sua pele e seus dedos
enterrados profundamente dentro de mim.

Um lamber de sua língua. Um carícia de seus dedos. O gemido


de seus lábios. A luxúria em seus olhos. A corda mordendo minha
pele.

Minha respiração diminui. Meu corpo aperta. Minha cabeça fica


tonta.

Então raios me atingem — meu centro, até os dedos dos meus


pés e mãos e em seguida volta e reverbera em uma segunda onda
ainda mais poderosa.

Meu grito ecoa quando ele lambe a umidade entre minhas


coxas, seu gemido de satisfação me faz tão bem quanto o meu
orgasmo. Ele prolonga meu prazer, as lambidas de sua língua
crescem mais suaves e suas mãos deslizam por minha barriga até
segurar meus seios, puxar suavemente meus mamilos e sustentar o
êxtase pulsando por todo o meu corpo.

E quando ele fica em pé, quando traz sua boca para a minha e
pega meus lábios com um desejo tão violento como quando sua língua
me levou ao clímax, estou imediatamente desesperada pela sensação
do seu pau escorregando em mim.

Não posso falar, mesmo que eu queria e então, com meu gosto
na sua língua, sugo tudo. Seu gemido, quebrado e implorando, é tudo
o que eu preciso ouvir para saber que eu vou conseguir o que desejo.

“Me foda, Easton.”

Quebrei as regras. Eu falei. Mas não me importo porque


quando ele alinha seu pau e mergulha a ponta dentro de mim, minha

K. BROMBERG LIVRO UM
cabeça já está voltando contra a rede, e meus lábios já estão caindo
em um som confuso de sim, por favor, agora e obrigado.

Ele puxa as mãos na rede ao lado dos meus quadris e puxa-o


para ele, de modo que ele fique parado, mas eu deslizo lentamente
sobre seu eixo duro. Quando está totalmente dentro da raiz até à
ponta, nosso gemido mútuo é o único som na sala, enquanto ele me
deixa apreciar a sensação dele me enchendo antes de me empurrar de
volta na rede para que possa deslizar fora.

E então, sem aviso, ele puxa a rede de volta para ele e eu bato
contra ele e ele em mim. A ação envia ondas de choque direto para o
meu clitóris já hipersensível.

Desta vez, quando estamos tão perto quanto possível, seus


lábios encontram os meus e os devoram, murmurando: “Espere
baby.”

“Por favor.”

E antes que o pedido seja concluído, já me empurrou para trás


e depois puxou de volta. Ele estabelece um ritmo contundente
manipulando a rede ao meu redor para controlar a profundidade e o
ângulo de seu impulso. Tudo o que posso fazer é segurar e ver quão
sexy ele parece, enquanto trabalha por sua própria liberação.

Seus bíceps flexionam e relaxam com cada puxar e empurrar.


Os tendões em seu pescoço crescem apertados. Seus dentes mordem
o lábio inferior, seu nariz encolhe enquanto ele se concentra. Mas
seus olhos permanecem firmes no meu. Todo o tempo até o fim,
quando ele joga sua cabeça para trás quando seus quadris avançam,
sua mão me segurando tão perto quanto eu posso ser para ele
enquanto ele rola seus quadris contra o meu e se perde.

Completamente.

E eu não acho que eu já vi nada mais sexy do que Easton


Wylder gozando. Não consigo tirar os olhos dele. Eu não posso deixar
de pensar como eu fiz isso a ele.

Com as minhas palavras.

K. BROMBERG LIVRO UM
Com a minha confissão.

Com o meu corpo.

E quando ele abaixa o queixo e encontra os meus olhos, tudo


que eu estava lutando contra os últimos meses se dissipa.

Eu me rendo.

Coração.

Corpo.

Mente.

Medo.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 23
Scout

“Podemos subir, sabe?” A voz de Easton é uma satisfação


murmurada, pois ele fala uma frase completa pela primeira vez desde
que nos mudamos das redes para ficar nus em cima de nossas
roupas descartadas no campo de beisebol.

“Eu acho que isso seria apropriado,” pondero grata por ouvir
sua risada. Seu silêncio tem me devorado, porque sei que
descarreguei uma tonelada nele e agora que nossos ânimos se
clarearam, tenho de explicar mais, mas preciso de mais alguns
minutos antes de fazer isso.

Aprecio sua paciência. Sou grata pelo seu silêncio. Mas com os
dois também vem a tranquilidade inquieta na minha cabeça que
desencadeia sobre como começar, já que essa coisa de
compartilhamento é novo para mim.

“Seria mais apropriado se estivéssemos deitados no home


plate,” ele rir enquanto seu dedo se arrasta vagarosamente para cima
e para baixo ao longo da minha coluna, parando para suavizar a
curva da minha bunda antes de iniciar o processo inteiro novamente.

“Então, por que você me trouxe aqui para baixo, afinal?”


Pergunto para ganhar mais tempo. A mão dele faz uma pausa e
continua.

“Porque, se fosse para você decidir ir embora, não queria que


acontecesse no meu apartamento. As memórias são uma merda e a

K. BROMBERG LIVRO UM
última coisa que eu preciso é fazer mais delas lá no balcão da
cozinha.”

“O balcão da cozinha?”

“Eu percebi que seria o mais longe que eu conseguiria te levar


ao entrar pela porta antes de agarrar você e o balcão da cozinha é a
superfície horizontal mais para...”

“Você sempre quer transar com alguém quando elas fazem você
sentir tanta raiva?”

“Só você, Kitty. Só você.” O silêncio desce novamente. Ele


brinca com um fio de cabelo enquanto meus dedos desenham círculos
sem rumo no seu peito.

Sinto-me em paz. É um sentimento tão estranho para mim.


Novo. Desconhecido. E, no entanto, o pânico pelo qual vivi por tanto
tempo é inexistente. É inquietante, mas também muito bem-vindo.

“Minha mãe é alcoólatra.”

Sua confissão no silêncio pacífico me fez mudar para que eu


possa ver seu rosto, mas seus olhos estão olhando para o teto.

“Easton, você não tem que fazer isso.”

“Sim, eu quero. Você compartilhou seus segredos comigo, então


você merece o meu,” ele diz com um aceno de cabeça, vejo sua
garganta subir e descer enquanto ele engole. Ouço sua exalação
instável. E ele continua, “ela não é uma bêbada ruim, mas ainda
assim é uma bêbada. Não há maneira suave de fingir que ela não
é. Ela está presa no tempo, não querendo deixar o passado, tanto que
na maioria dos dias ela nem sabe em que dia está.”

“Ela mora perto?”

“Mm-hmm.” Ele fica em silêncio, mas eu sei que existe mais,


então lhe dou esse tempo. “Ela vive cerca de uma hora fora da cidade.
Setenta e oito minutos para ser mais exato. Eu sei por que, muitas
vezes recebo chamadas tarde da noite quando ela se nega ou não

K. BROMBERG LIVRO UM
consegue sair do bar no parque de trailers em que mora e muitas
vezes se recusa e não me permite ajudá-la a se afastar disso.”

“Isso deve ser frustrante para você.”

“Tantas coisas sobre isso são,” ele suspira. “Seria diferente se


ela fosse uma bêbada violenta. Seria mais fácil odiá-la por isso. Mas
ela não é. Ela é doce e solitária e só me quer por perto. E me sinto tão
culpado por não passar mais tempo com ela... mas pelo menos dormir
em seu sofá uma noite ou duas durante a semana é o suficiente para
ela. Ela merece o mundo, mas o mundo dela é o seu trailer duplo,
atravancado com suas coisas, gravações dos meu jogos na TV, além
de tudo o que eu dou e ela nem sequer usa.”

Meu coração incha com amor transparente que soa em sua voz.
A medida de um homem muitas vezes não pode ser quantificada e, no
entanto com Easton, está em toda parte. Em seu amor por sua mãe.
Em visitas não divulgadas ao Hospital Infantil. Em sua organização
de caridade para a alfabetização. Em sua paciência com uma mulher
assustada.

“Você a ama.” É uma afirmação estúpida, mas tão verdadeira.

“Sim.” Posso ouvir o sorriso em seu tom. “Sabe, meu pai não
estava muito por perto quando eu era criança. Claro, ele estava aqui
na baixa temporada, mas eu tinha que passar o tempo no clube com
ele, mas ela era a mãe do dia-a-dia. Seria fácil ficar estar zangado
com ela por sua bebiba. Seria fácil quando o pessoal do bar chama
para eu possa levá-la para casa. . . mas esse é o meu trabalho como
seu filho. Ela cuidou de mim, agora é minha vez de cuidar dela.”

Emoção obstrui sua voz e tudo o que eu posso pensar em fazer


é pressionar um beijo em seu peito para que ele saiba o que penso
sobre ele.

“Foi por isso que ela e seu pai se divorciaram?”

“Eu não sei. Não me lembro dela bebendo naquela época, mas é
fácil para os pais esconderem as coisas de seus filhos quando são tão
jovens.”

K. BROMBERG LIVRO UM
É fácil para eles esconder coisas de seus filhos quando são
velhos, também. Como meu pai fez durante o ano passado.

“Meus pais nunca discutiram seu divórcio. Eu não me lembro


de qualquer briga entre eles. Não me lembro de nenhuma hostilidade.
Eu só consigo lembrar do dia que cheguei em casa após o treino e
meu pai me fez sentar e avisar que as coisas mudariam um pouco.
Foi isso. Mais tarde, aprendi com meus amigos como foi estranho que
nenhum dos meus pais tentou me jogar contra o outro... mas eles
simplesmente não fizeram.”

“Sorte sua. Eu acho,” emendo logo percebendo o quanto errado


isso soa.

“Não, você está certa. Eu entendi o que você quis dizer.” Seu
dedo começa a traçar sobre minhas costas novamente.

“Você é um bom filho. Um bom homem.”

“Sou tudo o que ela tem Scout.”

Pressiono outro beijo em seu peito. “Ela tem sorte.”

“Meu maior medo é uma negociação de troca. Ela não teria


ninguém para cuidar dela.”

Easton desloca e rola para o seu lado, a cabeça apoiada no


cotovelo e olha para mim pela primeira vez desde a conversa iniciada.
“Por que você não me falou sobre seu pai, Scout?” A compaixão está
de volta aos seus olhos, e não posso me esconder dessa vez.

Suspiro e encolho os ombros me contorcendo sob a intensidade


de seu olhar. “Porque ele me fez prometer não contar a
ninguém. Inferno, ele só me falou há alguns meses atrás.” Balanço a
cabeça e lembro a derrota que eu senti quando ele me disse. “O
coração dele está falhando. Doença cardíaca, que parece tão estranha
para mim, porque ele sempre foi tão saudável, mas acho que ele
passou por um longo tempo e nunca deu os passos para diminuir a
velocidade. Ele está em uma lista para doação, mas um milhão de
outras pessoas que possuem corpos mais fortes que podem suportar
um transplante também estão, enquanto os médicos determinaram

K. BROMBERG LIVRO UM
que, neste momento, ele não teria condições de fazer o procedimento.
Por que desperdiçar um coração precioso em alguém que não pode
suportar a cirurgia, quando eles têm dez outros que podem?” As
lágrimas ameaçam e queimam, mas eu as mantenho distantes.
Seguro quando reconheço que tudo isso que está acontecendo é real e
o meu pai realmente está doente.

“Eu sinto muito.” Easton se inclina e pressiona um beijo na


minha testa, o gesto é tão natural, tão doce, que uma das lágrimas
ameaçadoras escorrega e desliza pela minha bochecha.

“Quando ele me disse pela primeira vez, eu argumentei com ele.


Disse que ele estava mentindo. E até hoje, ainda espero que ele esteja
mentindo, mas ele é uma prova viva de que você não pode se
recuperar de um coração partido.” Os olhos de Easton se estreitam
quando ele entrelaça seus dedos aos meus e espera que eu explique.
“Minha mãe partir foi difícil para todos nós, mas especialmente para
ele. Ele teve que descobrir como viajar por semanas a trabalho
enquanto tentava nos dar o mais normal possível de uma infância. E
então quando meu irmão Ford morreu, acho que seu coração jamais
se recuperou.”

Posso ver seus olhos agitarem quando começa a conectar tudo.


“Espere. Ford? Como o Ford Marsden recrutado pela UCLA? O
menino-prodígio que costumava jogar com Cameron e Penski?” Ele
pergunta, ficando mais chocado a cada palavra.

Aceno com meu sorriso dolorido. “Ele não queria nenhum show
de favoritismo porque era filho do Doc, então durante a faculdade e o
recrutamento da MLB, ele decidiu usar o nome de solteira da minha
avó.”

“Lembro quando ele teve um colapso no campo.” A sensação de


entrar em uma realidade paralela reflete o que eu sinto sobre isso
ainda hoje. Como eu queria que todo fosse um sonho em vez do
pesadelo que era.

“Miocardiopatia hipertrófica.” murmuro o termo que eu nunca


tinha escutado antes até receber o telefonema histérico naquela tarde.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Um ataque cardíaco fulminante de uma condição que ele nem sabia
que tinha.”

“Todos os jogadores, incluindo eu, sempre pensamos ser


invencíveis. Nós corremos todos os dias, mantemos uma alimentação
saudável, buscamos a melhor forma física e então isso aconteceu com
ele. Isso assustou todo mundo por um tempo. Como isso pode
acontecer com ele, então...”

“Poderia acontecer com você. Sim, eu sei. Acho que tive meu
coração verificado de todas as maneiras possíveis para ter certeza que
não tenho a mesma condição.” Aceno, a preocupação é apenas uma
coisa com a qual eu vivo. “E obviamente, meu pai também foi
verificado... mas sua situação é uma questão diferente... e agora isso
vai tirá-lo de mim, também.”

Easton estende a mão e me puxa para ele. E desta vez, eu o


deixo. Aceito o calor, o conforto e a segurança de seus braços em volta
de mim. Eu escuto a batida de seu coração e memorizo a sensação de
sua pele sob minha bochecha quando acaricio seu pescoço.

“Quando Ford morreu, meu pai quebrou. Ele era seu orgulho e
alegria. Ele era a luz em nossa casa, aquele a quem sem
procurávamos por nossa risada. E então, assim, do nada ele se foi.
Fui deixada para tentar pegar as peças e preencher os buracos que
pareciam nos cercam constantemente. Então, mudei minha
especialidade na escola. Sempre me interessei em seguir os passos do
meu pai, mas ele não me deixava. Ele me disse que eu tinha que
tomar o mundo de assalto fazer isso a minha própria maneira. Mas
quando Ford morreu, era como se ele quisesse me manter perto e ter
certeza de que eu estaria bem, e então finalmente concordou em me
deixar aprender a sua profissão. Uma vez que me foi dada a chance,
me entreguei de corpo e alma para deixá-lo orgulhoso. Para tentar
fazê-lo feliz.”

“Ele está orgulhoso de você, Scout. Eu não tenho nenhuma


dúvida sobre isso,” ele murmura no topo da minha cabeça, o calor
da respiração batendo no meu cabelo.

K. BROMBERG LIVRO UM
“No entanto, o orgulho não conserta um coração partido.” Falo
meus pensamentos em voz alta e agradeço que ele não refute e nem
discorde da minha opinião, por mais que possa parecer irracional.
“Então é por isso que estou aqui em Austin. Garantindo o último
emprego para ele, para que ele possa saber que cumpriu o único
objetivo de carreira que ele ainda tem.”

“Isso é honroso e altruísta.”

“Estou apavorada de que eu posso decepcioná-lo.”

“Você não vai,” ele murmura. “Não se eu tiver alguma coisa a


ver com isso.”

Me aconchego ainda mais nele, apreciando a confiança, mas


mais do que ciente de que a diretoria tem a palavra final. Ele não.

“Há algo mais que precisamos esclarecer antes de nos levantar


do nosso campo de confessionário nu?” Provoco. Seu peito vibra
contra o meu com suas risadas, mas quando ele não diz nada, de
repente estou paranoica. “O que é isso? O que mais você precisa me
dizer?” Quando eu tento me inclinar para trás e olhar em seus olhos,
ele simplesmente me mantém imóvel.

“Para uma garota que se assusta facilmente, você faz muitas


perguntas. Ninguém lhe disse para não fazer perguntas para as quais
você não pode lidar com as respostas?”

“Easton.” Seu nome é um aviso divertido, mas meu pulso se


acende com seu comentário. “Por favor, me diga que você não tem
uma esposa em cada cidade, ou eu vou ficar muito chateada.”

“Dificilmente.”

“Então o que é?” Impaciência toca no meu tom quando o meu


corpo vem à vida com a sensação do seu corpo nu e do seu pau
lentamente endurecendo contra mim. Tento fazer cócegas nele para
conseguir uma resposta. Nós nos movemos e nos contorcemos um
contra o outro, mas ele tem a vantagem no departamento de força.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Vamos apenas dizer, você ainda não está pronta para ouvir o
que eu tenho a dizer,” ele ri entre meu ataque de cócegas, mas a
simples declaração tira todo meu ânimo, pois minha mente corre com
as possibilidades. Boas possibilidades, que nunca ousei pensar que
poderia até ser possível, mas que cintilam e desvanecem-se através da
minha mente, no entanto.

E ele usa meu lapso momentâneo em atenção para fugir de


mim. Me movo e fico de quatro para ir atrás dele.

“Eu sei como fazer você falar, Wylder.” Minha voz é cheia de
sugestão, e meu corpo alimentado com desejo quando eu rastejo
lentamente em sua direção.

“Prática de rebatidas pelada?”

É triste que haja esperança em sua voz quando ele diz isso,
mas eu explodo em risos. E é bom rir depois de tudo desta noite —
minha visita ao meu irmão no cemitério, a tensão com Santiago,
nossa briga, minha confissão, ele me fazendo sentir, a última hora
que passamos conversando — que recebo e agradeço o seu humor.

“Mmmm,” murmuro enquanto levanto minhas sobrancelhas.


“Isso não é exatamente o bastão e as bolas que eu estava pensando
em usar agora.”

“Não eram?” Ele luta para esconder seu sorriso, mas deixa seus
olhos vagarem pelos meus seios enquanto rastejo sobre suas pernas,
então meu rosto está perfeitamente posicionado acima do seu pau.

“Não. Além disso, minha atenção está mais em fazer você falar
do que provar que eu posso balançar um bastão decentemente.”

Easton desloca os quadris abaixo de mim. “Sua atenção, hein.”

Agora é a minha vez de lhe dar um rápido sorriso quando


mergulho minha cabeça lentamente e o levo em minha boca e até a
parte de trás da garganta.

Seu gemido enche a sala enquanto seu gosto agrava ainda


mais meus sentidos da maneira mais inebriante.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Meu Deus, mulher. Você vai me matar.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 24
Easton

Ela é linda.

Uma confusão absoluta de caos deslumbrante, com os cabelos


espalhados ao seu redor, vincos do travesseiro em suas bochechas,
um sorriso suave nos lábios e um poço de emoção em seus olhos.

Deus. Fodido.

O caos nunca pareceu tão convidativo.

Eu ganhei a batalha ontem à noite, mas eu sei que ainda há


uma guerra à minha frente. Ela foi deixada, vai ser deixada de novo, e
não há nada que eu possa fazer para protegê-la disso.

Mas tudo faz sentido agora. Ela não queria que eu chegasse
muito perto. Ela se fechou. Confiança é uma coisa difícil e sentir
medo é uma realidade.

Seus medos são válidos. Eu entendo, mas não compreendo. E


ainda preciso entender como fazer que ela não sinta quando pensar
em mim ou estiver comigo.

Ontem à noite foi o primeiro passo em uma longa jornada, mas


que se foda tudo se eu não quero viver isso com ela.

Olho para ela. Ela é ardente. Bonita. Engraçada. Inteligente.


Mas mais do que tudo isso, ela entende—meus pensamentos e minha
relação de amor e ódio com o jogo. Ela entende a minha carreira, que

K. BROMBERG LIVRO UM
para a maioria dos outros é excitante, mas perturbador como o
inferno para relacionamentos.

Estendo a mão e afasto um fio de cabelo do seu rosto quando


seus lábios se espalham em um sorriso sonolento e ela se aconchega
um pouco mais nas cobertas.

Que porra é essa que estou me deixando cair?

Se ela não assusta o inferno em você, East, então ela não vale o
trabalho.

E ontem à noite ela me assustou. Quando pensei que ela tinha


seguido em frente. Quando pensei que ela tinha me enganado.
Quando pensei que a tinha perdido.

“Bom dia.” Dos meus olhos ao som da minha voz eu sou um


maldito caso perdido.

Ferrado.

“Bom dia,” ela murmura, em uma voz rouca que sinto como se
fosse unhas raspando suavemente sobre as minhas bolas. Me faz ter
vontade. Ela me faz querer, quando eu deveria depois da noite
passada estar exausto ao ponto do meu pau continuar
profundamente adormecido.

“Só porque minhas chuteiras vão bater na terra novamente,


não significa que seguirei em frente e esquecerei ou largarei tudo.” As
palavras são uma verdade que ela precisa ouvir na manhã depois de
confessar seus segredos, seus medos, para ajudar a tranquilizá-la e
dizer que eu a ouvi e ainda não vou a lugar algum. Passo a mão em
suas costas, descanso em seu quadril e aperto para dar ênfase. “Você
não é aquela que pode ser facilmente esquecida, Scout Dalton.”

Seus olhos nublam de emoção, mas é a sua inalação instável


que chama a minha atenção. “Uh-uh. Eu não vou deixar você fazer
isso, Scout. Eu vejo esse olhar em seus olhos. Depois da noite
passada. . . você não consegue mais me assustar. Eu sei porque você
está com medo. Eu entendo. Mas você não consegue me desligar, você

K. BROMBERG LIVRO UM
não consegue me excluir mais. Fale comigo. Diga o que está
acontecendo nesta sua linda e assustada mente.”

“Você não pode controlar nossas vidas, Easton. Talvez eu não


consiga o contrato com a equipe. Você pode ser negociado. Não há
garantias.” Sua voz é suave, a emoção que não consegui ler,
obviamente é medo.

“Você está certa, não posso. A vida não oferece promessas e


garantias, apenas possibilidade e oportunidades. E posso te dizer
isso— você vai conseguir o contrato. Eu vou fazer o que for preciso
para voltar ao campo, então Cory vai saber que você fez o seu
trabalho, e eu colocarei todas as boas palavras que eu tenho para
você conseguir o emprego.” Ela balança a cabeça, começa a refutar,
Mas eu simplesmente levanto meu dedo e coloco em seus lábios para
silenciá-la. “E quanto a ser negociado, esse sempre foi o meu maior
medo por causa da minha mãe. Então, eu ouço e digo que este é um
fantasma que me assombra, Scout, mas estou igualando sua aposta,
então o que mais vai atirar em mim que eu possa derrubar.”

Seguramos nossos olhares, fico chocado como a merda quando


ela estende a mão e envolve seus braços em torno de mim. A mulher
que continua me afastando finalmente me puxou. E eu me sinto
fodidamente tão bem.

A única coisa que rivaliza com o sentimento é seu corpo


aconchegado contra o meu.

Meu pau se agita para a vida — como é que isso não seria
possível — se a cada pequeno movimento que ela faz, combinado com
o cheiro do seu shampoo no meu nariz e me faz querer tê-la
novamente.

“Preciso trabalhar,” dou um gemido, odiando meus próprios


lábios por ter que pronunciar essas palavras.

“Ouvi dizer que você tem uma fisioterapeuta malvada que gosta
de estalar o chicote.” Seus lábios se movem contra meu pescoço, seu
calor só faz o desejo de enterrar meu pau em sua buceta apertada,
viciante e muito tentadora, ainda maior.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Você não faz ideia,” murmuro e dou um beijo no alto de sua
cabeça enquanto minhas mãos deslizam para a curva da sua bunda,
puxando sua coxa sobre o meu quadril para abri-la para mim. “Ela é
muito exigente.”

“E manipuladora,” ela ri e então suspira enquanto meus dedos


tocam tão suavemente sobre aquela carne perfeita e rosa entre suas
coxas.

“Mmmm.” Porra. Ela já está molhada para mim. Posso sentir e


eu ainda nem escorreguei meus dedos dentro dela.

“Ou podemos tentar outra rodada de rebatidas com o bastão lá


em baixo.” Ela espalha mais as pernas, me concedendo acesso
enquanto meus dedos deslizam dentro.

Suas mãos estão tensas em meus ombros. Seus dentes


beliscam na minha clavícula.

Eu ri de seu comentário. “Não é a mesma coisa. Ele nunca mais


será o mesmo,” murmuro enquanto sua respiração fica ofegante.

“O que não vai?” Eu adoro como ela está tentando parecer


indiferente, mas quando a ponta dos meus dedos atinge o ponto G,
dentro da buceta molhada e suas mãos fecham reflexivamente, sei
que a tenho.

“Toda vez que colocar meu capacete naquela prateleira, será o


meu rosto entre as coxas que eu vou pensar.” Esfrego, acaricio,
deslizo. Seu gemido enche meus ouvidos. O calor queima minha pele.
“Toda vez que ficar na base sacudindo meu bastão em uma rebatida,
será a sua imagem na minha mente. Nua. Balançando o bastão como
se você o possuísse e batendo firme de volta para mim.”

“East.” Um suspiro de prazer. Meu polegar em seu clitóris. Ela


gozando em minha mão.

“E então, sua pequena dança feliz enquanto você corre pelas


bases.” Peitos balançando, cabelo solto para todos os lados, risos
preenchendo o espaço cinzento.

K. BROMBERG LIVRO UM
Inclino meu corpo, afasto ainda mais as suas pernas e alinho a
cabeça do meu pau até onde eu quero.

“Não, nunca será o mesmo.”

Eu empurro nela. E sou totalmente consumido por ela.

Sua sensação.

O seu toque.

Seus sons.

E eu estou bem ciente de que quando eu falo as últimas


palavras, quando suas mãos tensas estão em minhas costas e sua
boca encontra a curva do meu pescoço, eu não estou apenas falando
sobre o meu campo lá embaixo.

Estou falando de mim.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 25
Easton

“Olhando bem, Easton. Não vejo nada no raio-x ou algo


contrário que impediria que a sua recuperação seja completa.”

Se eu pudesse beijar meu médico faria isso agora mesmo.

“Ufa.” Eu sopro um suspiro de alívio. “Isso é bom de ouvir,


porque ele está ficando mais forte a cada dia.”

“Ainda rígido?”

“Cada vez menos a cada dia.”

“Eu não sinto mais o estalo quando faço o movimento. Eu


também não sinto nenhuma resistência. Seu cirurgião deve ter feito
um trabalho maravilhoso, se eu posso dizer.” Ele pisca para mim e ri.

“Nenhuma reclamação aqui.”

“Vou apresentar o meu relatório ao Cory. Vou deixá-lo saber


que não vejo nenhuma razão para que você não possa ingressar na
lista ativa até o final do mês.”

“Música para meus ouvidos.”

“Mas cabe ao seu fisioterapeuta. Ele tem a palavra final, já que


ele trabalha com você no dia-a-dia. O clube mantém o Doc
trabalhando com você?”

Dou um sorriso automaticamente. “Estou trabalhando com


Scout Dalton.” Flash de imagens dela mais cedo invade minha mente.

K. BROMBERG LIVRO UM
Pelo menos agora sei que eu estava certo sobre a teoria sobre o balcão
da cozinha.

“Ouvi dizer que ela realmente sabe das coisas.”

“Parece.” Encontro seus olhos. Espero que ele não veja que eu
estou falando sobre um inferno de coisas muito mais do que apenas
seu trabalho.

“Não tenho escutado muito sobre o Doc, ultimamente. Há


rumores de que ele planeja se aposentar.”

“Eu ouvi o mesmo,” respondo enquanto puxo minha camisa


sobre minha cabeça. Eu penso em Scout ontem, e as lágrimas que ela
tentou esconder quando desligou a ligação dele. Ela não vai falar
sobre isso e muito menos vou forçá-la. É o pai dela. É a sua
frustração em querer estar com ele e ele sendo um teimoso dizendo-
lhe para terminar o trabalho primeiro.

Para primeiro me fazer retornar a campo.

Pais e suas ações inexplicáveis.

Eu aperto a mão do Dr. Kimble e me despeço.

Espero que ele esteja certo. Que meu braço deve está bom o
suficiente para um retorno. Enquanto os raios x podem estar limpos,
às vezes são coisas que você não pode ver que estão esperando para
derrubá-lo quando menos se espera.

Estou na porra do paraíso.

O Dr. Kimble me deu sua autorização.

O Projeto de Alfabetização acabou de obter aprovação para uma


enorme concessão que nos ajudará a expandir nosso alcance para
mais escolas do centro da cidade.

K. BROMBERG LIVRO UM
Scout e eu praticamos arremessos para segunda base ontem e
nenhuma maldita dor apareceu.

Então, é claro, Scout me recompensou pelo meu progresso.


Surpreendeu-me com um pequeno piquenique no campo privado,
trabalhou meu corpo com uma maravilhosa massagem corporal
completa para relaxar e exercitar todos os músculos que por ventura
estivessem rígidos, e então depois me deixou trabalhar muito nela
também.

E Cristo, como nós trabalhamos.

Então, adiciono algumas repetições extras enquanto estou aqui


colocando o meu tempo e aproveitando todas as coisas que estão
caindo em meu caminho.

“Você deve ser ativado até o final do mês.”

As palavras de Kimble ecoam na minha cabeça enquanto


esfrego uma toalha sobre o meu rosto e vou para o vestiário.

Três semanas.

Parece que minha passagem no inferno — a lista de lesionados


— pode estar chegando ao fim.

“Eu pensei que você já tinha encerrado?” Miguel diz enquanto


ele me passa no túnel, uma estranha expressão em seu rosto que eu
imagino seja surpresa.

“Sim. Mas Mathers me disse que eu poderia entrar e pegar o


bullpen19 se quiser aquecer os arremessos e ajudar os meus reflexos a
acelerarem.”

“Legal. Tão perto, hein?”

“Eu quero tanto voltar ao campo que até sinto o sabor. Eu


poderia até desistir do sexo neste momento.” Ele me olha como se eu

19 A área usada por arremessadores e apanhadores para aquecer antes de tomar o campo quando
o jogo já começou. Esta área geralmente é deslocada para o lado ao longo da linha de base esquerda ou
direita, ou atrás de uma cerca de campo.

K. BROMBERG LIVRO UM
fosse louco e nós dois rimos. “Não. Eu nunca vou desistir disso.” Eu ri
quando nos passamos um pelo outro.

“Ei, Wylder?”

“Sim?” Eu me viro para encará-lo. Ele está parado no meio do


túnel, a luz do dia do campo às suas costas enquanto ele apenas olha
para mim.

“Não. Nada. Teremos o maior prazer em tê-lo de volta.”

“Obrigado. Eu também.”

Vibrando para estar receber meu equipamento e ser parte do


jogo de alguma forma, sigo para o vestiário, pronto para tomar banho
e verificar o meu telefone e ver se Scout me ligou.

“Ei.” Levanto meu queixo em saudação enquanto passo por


Drew. Ele se assusta quando me vê e passa um olhar para JP através
do vestiário, um olhar preocupado em seu rosto quando encontra
meu olhar novamente.

Que porra está acontecendo?

É alguma brincadeira que está me esperando? Eles finalmente


vão ser homens e me devolver à façanha em Cleveland? Vamos lá,
rapazes.

Mas quando encontro os olhos de JP e ele desvia para o outro


lado da sala, eu começo a duvidar. Eu sigo sua linha de visão e vejo
um grupo de caras, alguns com toalhas enroladas em torno de seus
quadris, outros com apenas o seu suporte atlético, alguns em seus
calções e suas camisas de jérsei.

Alguma coisa está acontecendo.

O armário do Gonzo está vazio e a placa com o seu nome


desapareceu. Pobre garoto. Ele teve um bom desempenho, mas
provavelmente foi enviado de volta ao Triple-A. O Dr. Kimble foi rápido
com a apresentação de seu relatório se eles já o enviaram de volta.

Mas então quem vai fazer a corrida agora?

K. BROMBERG LIVRO UM
Assim enquanto o pensamento passa pela minha mente, eu
noto o saco no chão em frente ao armário, na mesma hora em que o
quarto inteiro cai em silêncio. Maldita má sorte. Eu posso sentir isto
imediatamente, mas não faço ideia do por que. . . até que um homem
passeie pelo centro da sala. Sua cabeça está baixa, ele está usando
uma toalha branca para sacudir a água do cabelo, e outra toalha está
em volta da sua cintura.

Mas reconheço essa tatuagem no bíceps em qualquer lugar.

E, como se pudesse sentir, todo o vestiário olhando para ele, ele


abaixa a toalha da cabeça e olha para cima e direto em meus olhos.

Não é uma brincadeira.

Santiago.

Filho. Da. Puta.

“Diga-me que não é verdade, Finn,” grito as palavras.

Mantenho a cabeça baixa, a ponta do meu boné para baixo


cobrindo parcialmente meu rosto enquanto atravesso o fluxo da
multidão que lota em torno do estádio para assistir o treino dos
batedores.

Não sei para onde vou, mas sei que preciso


andar. Correr. Socar qualquer merda de coisa. Qualquer coisa
para diminuir a raiva me controlando agora.

“Estou tentando obter respostas.”

“Isso não é bom o suficiente.”

“É uma merda, é o que é,” ele zomba, e agradeço por isso


porque preciso que ele fique tão vivo quanto eu. Ele estava prestes a
ser demitido se não estivesse.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Cory não estava lá.” O Escritório principal foi o primeiro lugar
onde fui procurar respostas. “Nem meu pai, e nem ninguém teve
alguma resposta para mim além de ‘Cory voltará tarde esta noite’.”

“Talvez seja melhor que você não fale com ele agora.”

“Ele é um maldito covarde por fazer a negociação e não me dar


um único aviso.”

“Concordo totalmente com você.”

“Eles conhecem a história aqui. Ele é o bastardo que me tirou


da lista inicial, e então eles vão e assinam com o filho da puta?”

“Eu sei, Easton. Não faz sentido.” Estou tão irritado que começo
a andar de um lado a outro, sem saber onde vou, o que fazer agora ou
o que fazer em seguida. “Foi muito ruim?”

Meu riso preenche a conexão, mas parece tudo menos bem-


humorado. “Eu não dei nenhum soco, se é isso que você está
perguntando. Não por falta de vontade, no entanto.” Esfrego uma mão
sobre o meu rosto, meus pés comendo os quadrados da calçada como
se fossem infinitos “Tino e Drew estavam em mim antes que eu
pudesse agarrá-lo. E o restante do pessoal o segurou. Foi uma
bagunça fodida.”

“Tenho ligações. Ouvi dizer que foi Gonzo e mais dois jogadores
do Triple-A e mais Maddox.”

“Maddox? Eles trocaram a porra do Maddox?” Minha cabeça


gira com a notícia.

“Ele tinha um grande salário e não teve um grande ano.”

“A merda do Cory.”

“É por isto que ele é conhecido, jogadas de risco em negociações


— ele entra, limpa, aperta orçamentos, e ganha campeonatos.”

“Nós ganhamos. Não ele.” Belisco a ponte do meu nariz,


tentando processar como o inferno Santiago é um Aces. “Por favor,
me diga que estou blindado.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Com as cláusulas contratuais que negociamos. Você está bem
protegido.”

“Finn...” Eu suspiro enquanto atravesso a rua e ando o


suficiente, longe do estádio para respirar um pouco mais livre, onde
posso falar um pouco menos reservado, mas estou consciente de que
ainda estou na cidade pela qual eu jogo.

“Eu não sei,” ele murmura, respondendo a minha pergunta não


dita: por que a negociação com outro apanhador quando estou
recebendo minha liberação em breve? “Ele é um fodido de bom Left
fielder20, também. O desempenho do Circe foi fraco este ano. Talvez
estejam pensando em transferi-lo para lá quando você voltar. Isto é
um negócio, Easton. Você sabe o que é.”

“Má sorte, cara.”

“Fodida sorte,” ele murmura. “Apenas me diga que você pode


lidar em estar no mesmo clube que ele e que eu não vou receber uma
chamada para pagar sua fiança.”

“Eu não vou fazer merda de promessas.”

“É bom saber e fico feliz em ouvir isso. Vou enviar um texto


quando souber de algo.”

Olho para a tela em branco no meu telefone por um minuto,


querendo ligar para o meu pai, mas ao mesmo tempo, não querendo.
E quando olho para cima, percebo onde meus pés me levaram.

Scout.

Eu encaro a frente da sua pequena casa dúplex por quem sabe


quanto tempo, tentando fazer sentido sobre esta negociação e o clube
onde eu dediquei minha carreira.

E tudo o que sinto é a derrota. Eu quebrei minha bunda por


meses para voltar, e assim que eu chego lá, meu clube negocia meu
inimigo para a minha equipe? Para desempenhar a minha posição?

20 Left fielder: Mais importante que ter um bom braço, esse jogador deve ter boa noção espacial e ser
capaz de pegar bolas caso alguém erre em todas as outras partes do campo.

K. BROMBERG LIVRO UM
Eu deveria sair e tomar algumas bebidas.

Eu deveria virar, e seguir para os fundos do estádio, encontrar


um buraco escuro de bar e beber até o esquecimento enquanto
assistir o jogo. Enquanto vejo o Santiago na minha posição. No meu
uniforme da equipe.

Caralho.

Eu devia deixar Scout fora disso. Não estou no meu melhor,


não no que ela precisa lidar.

Olho em volta. Vejo um bar do outro lado, abaixo um pouco à


esquerda.

Bebida.

Scout.

Beber.

Scout.

Eu preciso dos dois.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 26
Scout

“Easton? Onde você esteve? Tenho tentado falar com você


durante a última hora!”

Alívio corre através de mim ao vê-lo de pé na minha porta,


ainda em seu uniforme de treino, quase como se ele tivesse escutado
as notícias que eu descobri um pouco atrás e fui direto ao campo. Ele
está com os olhos um pouco turvos e com seu equilíbrio instável, mas
é o seu rosto que se impregna na minha mente—parte um pequeno
menino perdido, parte adolescente desafiador e um monte de homem
irritado.

“Eu precisava de uma bebida. Eu precisava de você primeiro,


mas pensei que deveria tomar uma bebida antes.” Ele metade
gagueja, metade rir e balança a cabeça. “Não estou fazendo
sentido. Bem-vindo ao lema do meu dia: nada faz sentido.”

“Vamos. Entre.” Agarro e o puxo para dentro o levando pela


mão para o sofá. “Eu liguei a TV para assistir o jogo, e ele era do Aces.
Estive muito preocupada tentando falar com você.”

Ele se estatela no sofá, mas não diz uma única palavra


enquanto eu discuto, tentando aliviar a ansiedade que tive durante a
última hora e meia sobre se ele estava bem.

“Fale comigo. Por favor,” eu imploro enquanto olho para onde


ele está sentado na minha frente. Preciso saber o que fazer para
ajudá-lo.

K. BROMBERG LIVRO UM
O silêncio se prolonga exceto pelo som baixo das vozes dos
anunciantes no fundo do jogo e debato se devo ou não desligar. Sua
irritação é mais do que óbvia, ampliada pela bebida ou dez que ele
provavelmente teve, e me sinto impotente aqui olhando para ele
enquanto ele olha para suas mãos entre suas pernas.

“Eu vou pegar um pouco de água,” digo e ao dar um passo,


Easton me surpreende, agarrando-me pela cintura e me puxando
para ele, de modo que seus braços envolvem em torno de meus
quadris e ele descansa a testa contra minha barriga, o boné caindo
para trás da cabeça.

Meu coração se quebra por ele, pelo que ele deve estar
pensando, porque eu pensei o mesmo. Então eu faço a única coisa
que eu posso: Enfio meus dedos pelo seu cabelo e deixo ele me
segurar e levar tudo o que ele precisa de mim.

A metade de uma entrada expira enquanto ficamos assim e


tento descobrir o que é que posso dizer para melhorar. Então eu ri do
quão estúpido isso soa. Então digo a próxima melhor coisa em que
posso pensar.

“Falei com o Dr. Kimble hoje. Daremos a Santiago três semanas


para ocupar essa posição e mostrar suas habilidades. Então você
estará de volta, e quando você pisar no campo, a diferença em seu
nível de habilidade será tão óbvia, que todos vão perceber o quanto
eles sentiram falta de você.”

Ele ri. O calor dele atinge minha barriga enquanto seus dedos
se dilatam e se flexionam contra meus quadris antes que se incline
lentamente contra a parte de trás do sofá. Suas mãos puxam os meus
quadris e me guiam. Sigo sua liderança, meus olhos firmes no dele,
esperando que olhe para que eu possa ver o que ele está pensando.

Ele não faz.

Em vez disso, ele descansa a cabeça para trás e fecha os olhos;


Seus polegares, agora descansando nos lados dos meus quadris,
esfregam círculos contra o meu jeans. “Desliguei o telefone. Desculpe

K. BROMBERG LIVRO UM
não atender, mas pensei que seria melhor não falar com ninguém por
um tempo.”

Aceno com a cabeça e depois percebo que ele não pode vê.
“Compreensível. Tenho certeza de que seu pai está preocupado com
você. Você falou com ele?” Ele não responde, só dá um indiferente
encolher de ombros que não me dá qualquer ideia.

“Você sabe o que me irrita?” Pergunta com um ceticismo


audível que eu posso entender. “O que eu fiz para ele? Conseguir um
contrato melhor com um time melhor? Há uma centena de caras lá
fora, que têm contratos melhores. . . então por que escolher ferrar
comigo? É só porque eu sou o filho de legado privilegiado, então ele
não acha que mereço? É porque ele pensa que eu nasci com uma
colher de prata na minha boca e um bastão de ouro em minhas mãos
enquanto ele teve que lutar? Ele não percebeu que nem tudo são
fodidas flores em ser o filho de Cal Wylder? Que eu daria os meus
dentes e meus olhos para ter um momento na minha carreira no
beisebol que não seja ofuscada pelo fato de que poderia fazer melhor
do que o esperado para o filho do Gigante de Ferro?”

Ele levanta os olhos e olha para mim pela primeira vez, cansado
e um pouco perdido.

“Você sabe o que é ainda mais fodido? Você sabia o que pensei
enquanto sentava no bar do outro lado da rua?”

“O que?” Pergunto gentilmente.

“Eu amo esse jogo, Scout. Eu te disse no outro dia que eu


joguei por causa do meu pai, e foda-se Sim, eu sei. . . mas eu também
jogo porque amo este jogo. Beisebol é muito mais do que apenas um
jogo para mim. São vistas e sons e cheiros — o rugido da multidão
quando você liga um home run, a aderência do pine tar em seu
bastão, o cheiro da pipoca no ar, o som gritante que uma luva faz em
uma bola rápida, a picada de um bastão rebatendo vibrando através
de seus dedos e até o seu antebraço, o temor no rosto do garotinho de
pé acima do abrigo quando você lança a bola do jogo enquanto corre
para fora do campo. . . merda, Scout Eu poderia continuar para

K. BROMBERG LIVRO UM
sempre, mas essa é a trilha sonora, o filme, o tudo da minha
vida. Essa é minha vida. O quanto estúpido eu fui, que precisou de
um Santiago fazer o que fez para reafirmar o amor que eu tenho por
algo que faz parte de mim antes mesmo de nascer?”

Há lágrimas em meus olhos que eu nem mesmo me incomodo


em esconder. A reverência em sua voz fala mais alto que todas as
coisas que ele disse, e elas eram muito altas.

Inclino as mãos para encaixar suas bochechas e aperto um


beijo terno em seus lábios antes de descansar minha testa contra a
dele.

“Prometo que você estará em sua plena forma. Você já está


quase lá — nós só precisamos trabalhar mais o seu braço até
suportar um jogo completo.”

Ele acena com apenas sua respiração quente contra os meus


lábios, e o raspar de sua barba áspera contra a ponta dos meus
dedos.

“Santiago estar na equipe não significa nada. Talvez esta fosse


uma velha negociação que já estava em curso. Do tipo 'um jogador a
ser nomeado mais tarde'. Talvez eles o esteja usando para estimular
seu retorno ao campo.”

“Ou talvez Cory seja um idiota e só mesmo foder comigo.”

Eu sei que é o álcool falando, mas ele ainda tem um ponto. “Eu
entendo por que você se sente assim, mas no final do dia, você é
Easton Wylder. O jogador da franquia Aces. Você não vai a lugar
algum, então porque causar problemas só para adicionar conflitos.
Tem que haver uma razão válida.”

“E tenho certeza que se ouvir minhas trinta mensagens, haverá,


mas agora não me importo. Agora, eu só quero sentir pena de mim
mesmo, ter outra bebida, sentar aqui com você, e descobrir como
exatamente vou ver aquele filho da puta todos os dias e não quebrar
seu nariz.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Dou uma risada e pressiono meus lábios no seu antes de
mudar e encostar a minha testa contra o lado do seu pescoço. “O
ignore.”

“Mais fácil falar do que fazer.”

“Verdade, mas a melhor maneira de se vingar dele é retornar e


surpreendê-lo completamente. A suposição é que você está
machucado e não alcançou cem por cento. Não seria o melhor "vá se
foder" por ser exatamente o oposto?”

“O filho da puta merece.”

“Ele merece.”

“Você realmente acha que eu posso chegar lá?”

A esperança cautelosa em sua voz escava suas garras em meu


coração e não larga. "Eu sei que você pode.”

“Não há garantias.”

“Você está certo, não há garantias.” E devolvo suas palavras


para ele, “mas não são as possibilidades de que deve alimentá-las.”

Quando os caras o chamam depois do jogo e lhe pedem que se


encontre para algumas bebidas, eu encorajo que ele vá. Ele precisa de
sua camaradagem agora. Ele precisa ter certeza de que eles têm suas
costas.

E eu preciso de tempo para mim.

Para pensar.

Para processar.

Para reler o e-mail que Sally me encaminhou, explicando que


eles tiraram o nome do meu pai da lista de transplantes.

K. BROMBERG LIVRO UM
Não é que eu não esperava por isso. Um novo coração estava
fora de questão. Seu corpo é muito frágil, seu sistema imunológico
muito fraco para aceitar um órgão estranho.

Mas enquanto o nome dele estava na lista de doação, havia


uma falsa sensação de esperança.

E agora não há.

Meu coração só precisa de mais tempo para aceitar o que


minha mente já sabe.

Mas nunca haverá tempo suficiente para aceitar isto.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 27
Scout

Meus pés param no segundo que localizo Easton.

As mães empurrando seus carrinhos de bebê precisam desviar


em minha volta e um garotinho colide contra mim, mas fico parada,
tentando compreender como a simples visão dele alivia o estresse do
meu dia.

Ele está apoiado em uma encosta coberta de grama além da


cerca de campo esquerdo, suas pernas estão cruzadas sob seus
tornozelos, suas mãos estão apoiadas atrás dele, e um boné de
beisebol de Aces para baixo cobrindo sua testa. Sua atenção está
focada no jogo da Liga dos pequenos que joga logo a sua frente, onde
meninos de aproximadamente cinco ou seis anos estão tentando o
mais difícil para dominar seu jogo.

Os meninos são adoráveis e o homem observando de seu ponto


incógnito no campo ainda mais, e ainda assim posso dizer que algo
está incomodando ele. Ele nunca perdeu uma sessão de treinamento
como ele fez esta tarde, e o texto simples que ele me enviou não
ofereceu nenhuma explicação.

Eu deveria ir embora. O fato dele não ter respondido a


nenhuma das minhas mensagens deve ser um indicador grande o
suficiente de que ele quer ficar sozinho e eu aparecer aqui é qualquer
coisa bem distante de deixá-lo sozinho.

K. BROMBERG LIVRO UM
Mas eu não me movo. Não posso. E não estou cega ao fato de
que minha incapacidade para me afastar decorre muito mais do que
somente querer saber por que ele abandonou o treino hoje. O tipo do
muito mais que por diversas vezes me desperta nas primeiras horas
da manhã e me desafia a afastar um pensamento que não envolva
Easton de alguma maneira, forma, ou jeito, e ao mesmo tempo voltar
a dormir pelo ritmo da sua respiração ao meu lado.

O tipo do muito mais que me deixa em pé no meio de algum


parque recreativo, a poucas quadras do estádio, questionando por
que eu persegui um homem quando normalmente sou a que está
correndo para o outro lado.

Mas há algo sobre vê-lo neste elemento, observando o jogo que


ele ama na sua forma mais pura, que puxa meu coração e me fez
caminhar em direção a ele.

“Você simplesmente não pode ficar longe do jogo, pode?”

“Parece,” ele murmura sem sequer olhar para mim enquanto


me sento na grama ao lado dele.

Nós nos sentamos em silêncio enquanto as entradas de tempo


se desenrolam e assistimos os pais extremamente pacientes tentando
treinar seus filhos sobre como balançar o bastão ou dominar uma
bola rasteira. Eu não posso ajudar, mas pergunto o que Easton está
pensando. Será que ele trocaria suas experiências por isso? Aquele
tempo onde o jogo foi sobre ter diversão e ausente da pressão que
acompanha ao perceber que esperam de você um padrão de jogo que
foi definido por seu pai? É por isso que ele está aqui?

Outra entrada de tempo termina. Uma nova rodada de batidas


e cumprimentos de mãos começa enquanto as equipes entram ou
saem de seus respectivos abrigos. E eu ainda estou no escuro sobre o
que está acontecendo com o homem ao meu lado.

“Você me ignorou hoje,” digo depois de um tempo.

Ele acena com a cabeça. “Eu fiz.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Tudo bem com sua mãe?” Pescando uma conexão quando
sinto ele tão longe agora.

“Sim.”

“Só precisava respirar um pouco de ar fresco?´ Eu pergunto,


lutando por qualquer coisa para mantê-lo falando.

“Sim.”

“Quer conversar?”

“Não,” ele diz e depois joga a cabeça para uma batida antes de
esfregar a mão sobre o queixo. Quando levanta a cabeça, ele olha
para mim momentaneamente, expressão fechada, antes de olhar para
o jogo outra vez, mas vejo que está chateado agora. Ombros caídos. A
derrota em sua postura. O estresse gravado nas linhas em seu rosto
bonito.

“Você quer que eu vá embora?” Por favor, diga não.

“Não.”

Meu suspiro de alívio é audível. Tudo que eu quero fazer agora


é descansar minha cabeça em seu ombro, fazer qualquer tipo de com
ele, mas sei que não posso por causa dos olhos sempre curiosos do
público. Só é preciso uma pessoa para reconhecer que o homem no
campo é Easton e tirar uma foto com seu celular e . . .

“Manny?” Pergunta me tirando dos meus pensamentos com o


seu palpite sobre como eu soube onde ele estava.

“Sim.” Tirando uma página do seu livro de respostas


monossilábicas e ganho uma risada suave dele.

“Minha primeira temporada com os Aces foi difícil,” ele começa


a explicar. “Eu tinha alguns jogos que realmente me testaram e
mexeram com minha cabeça. Sem confiança, só a habilidade não
pode te leva longe neste jogo e minha confiança estava balançada. Eu
estava nesta perspectiva enorme rodeada por toda esta campanha
publicitária e não estava correspondendo. Companheiros de equipe e
treinadores estavam jogando conselhos no meu caminho, mas tudo o

K. BROMBERG LIVRO UM
que ouvi foi ruído branco Depois de um jogo de merda, Manny entrou
no vestiário e me disse para segui-lo. Eu pensei que ele estava louco.
Era quase meia-noite e eu estava perambulando atrás dele pelas ruas
da cidade até que acabamos aqui. E me fez sentar no meio do campo
vazio e me disse para dizer a ele o que eu lembrava sobre jogar
quando era apenas uma criança.”

“Ele trouxe a diversão de volta,” murmuro. Eu posso imaginar


os dois sentados aqui na escuridão e isso leva um sorriso aos meus
lábios.

“Ele fez. Ele me fez relembrar todos os primeiros momentos


quando finalmente eu me apaixonei pelo jogo. então ele me disse
para voltar no dia seguinte às dez horas. Eu fiz.” Ele sorri e balança a
cabeça com a memória. “Havia um jogo de T-Ball começando. As
crianças estavam correndo para as bases erradas, balançando o
bastão para trás, e brincando com as ervas daninhas no campo.
Parece estúpido, mas vendo aquelas crianças afogou um pouco mais o
ruído branco.”

“É estranhamente relaxante,” admito concordando com ele.

“É,” ele murmura, “e desde aquela noite é para onde eu sempre


venho quando preciso limpar minha cabeça.”

“É um bom lugar.”

“Ele é.”

Easton cai em silêncio novamente, enquanto eu reproduzo a


história em minha mente e pergunto o que ele está tentando limpar
de sua cabeça hoje.

Outra entrada passa. A equipe vermelha bate uma corrida, e


Easton solta um alto assobio em parabéns.

Se eles soubessem que o espectador aleatório de boné Aces


sentado no campo externo era, Easton Wylder.

“Eu simplesmente não conseguiria fazer isso hoje,” diz Easton


inesperadamente.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Fazer o que?”

“Estar no mesmo espaço que o filho da puta. O vestiário. O


campo. O ginásio. Ele está em toda parte. Estou cansado de ter os
caras me observando. Estou cansado de não poder andar na minha
clube sem querer dar um soco toda vez que eu ouço sua voz.” Ele faz
uma pausa, mas sua frustração continua a ressoar. “Desculpe por
renunciar a você, mas eu não podia fazer isso hoje.”

Não há nada que eu possa dizer para fazer ele se sentir


melhor. Honestamente, não sei como ele ocupou o mesmo espaço que
Santiago durante esse período, sem uma briga séria entre eles.

Então, não digo nada.

Em vez disso, coloco a minha mão na grama ao lado da dele,


em seguida, enganchar meu mindinho em torno do dele. Ele olha
para mim, seus olhos um poço de emoção não expressa, mas quando
ele aperta seu mindinho em torno do meu, é tudo que preciso saber
que a minha tentativa silenciosa de apoio e um pouco de carinho é
suficiente por enquanto.

Assim, com o sol lentamente se movendo em direção ao


horizonte, sentamos e assistimos o resto de um jogo da liga infantil
tentando lembrar como era a vida quando ainda éramos crianças. De
volta quando meu pai não estava doente e seu ombro não estava
lesionado. Quando não havia nenhum contrato a cumprir e só
poderíamos ser uma menina e um menino sentados numa encosta
gramada desfrutando juntos, uma noite quente do Texas.

Não sentimos a necessidade de falar apenas para preencher o


silêncio.

Nossos mindinhos estão ligados.

E essa conexão simples é tudo que precisamos agora para


tranquilizar um ao outro de que vamos superar isso.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 28
Easton

“Merda. Talvez eu precise ter uma lesão no ombro, se é assim


que você volta e balança seu bastão.”

O próximo passo vem. Eu balanço e me conecto. A rachadura


da bola contra o bastão é o som mais satisfatório do mundo. E o
melhor ainda, não existe qualquer dor. Sem fisgada. Assim como novo.

“Ele é o único sortudo que pode fazer isso.”

“Bando de mulheres faladeiras. Deixe o coitado em paz. Ele


precisa agora se familiarizar novamente com suas bolas.”

Dou risada deles enquanto balanço e tento entrar no ritmo forte


dos arremessos do treinador Walton. Os três caras dizem, ‘whiff’21, em
uníssono.

Eu dou o dedo médio com luvas até JP e Tino, que estão em pé


atrás do backstop portátil enquanto dou minhas cortadas. A brigada
anti-Santiago. Ao meu lado, sempre me seguindo como os três
mosqueteiros a qualquer momento que piso no campo ao mesmo
instante que Santiago.

Estão tentando manter meu nariz limpo e meu temperamento


na baía. Não parece ser muito bom quando o capitão da equipe quer
afundar a porra do punho na cara do seu substituto. Mas merda, o

21 A palavra Whiff vem do som que o bastão faz ao balançar pelo ar e não faz contato com nada.

K. BROMBERG LIVRO UM
quanto prazeroso isso seria, já que o filho da puta parece determinado
a me irritar em todas as chances que ele tem.

Outro arremesso. Canalizo minha raiva em Santiago, o meu


desejo de retornar, minha necessidade de provar a Scout que estou
pronto para o próximo passo.

E quando acerto o próximo arremesso — uma bola longa que


vai para a direita através do buraco cinco-ponto-cinco entre a terceira
base e Interbase — eu sei que estou de volta.

“O que você acha que ela está dizendo a Walton lá em cima?”


Drew diz em tom de brincadeira, tentando entrar na minha cabeça
enquanto assisto Scout inclinar-se e dizer algo na orelha de
Walton. E ele acena com a cabeça concordando.

“Oh, Walton, você é um inferno de tão bonito. Se acertar aquele


atraso de vida do Wylder em suas bolas, você pode me levar para
jantar hoje à noite,” diz Tino com uma voz aguda. Saio da caixa,
minha mão para cima para segurar o arremesso.

“Vai se foder, Tino.” Eu ri muito quando Walton e Scout olham


para mim a partir do monte, imaginando o que diabos está
acontecendo.

“É só a brigada dos idiotas,” eu grito para eles e aceno para


arremessarem mais.

Usado sempre para nossas palhaçadas, Walton sinaliza, joga o


arremesso, e quando eu solto no meu balanço, a rachadura ecoa em
meus ouvidos quando o vejo limpar a parede para além das
arquibancadas no campo esquerdo.

Inferno, sim! Eu estou de volta.

“Se saiu muito bem lá, espertinho,” Scout diz quando entro na
sala de treinamento.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Me senti muito bem. Rolo meus ombros e sorrio para ela.

“Eu posso dizer,” ela ri. “Você tem sua arrogância de volta.”

“Minha arrogância?”

“Sim. Esse sorriso um pouquinho arrogante que usa quando


passa pela caixa de rebatida estava lá hoje. É a primeira vez que o
vejo desde que comecei a treinar você.”

“Eu não tenho um sorriso arrogante quando passo pela caixa.”


Dou um sorriso e deslizo sobre a maca. Eu tenho? Ela se posiciona
atrás de mim e começa a trabalhar os músculos no meu ombro
enquanto eu tento pensar na minha rotina de rebatidas e sorrir
definitivamente não é algo que faço.

“Sim, você faz. Aceite, é melhor trazer o seu melhor material,


Sr. Arremessador, ou eu vou jogá-lo fora do campo,” ela sussurra. E
de nenhuma maneira eu deveria achar o que ela diz sexy, mas o fato
de que ela pode falar termos de beisebol, enquanto seus dedos
deslizam sobre o meu ombro é definitivamente excitante. Não importa
quantas vezes ela me toca — aqui em uma massagem comigo deitado
em sua maca ou em casa na minha cama — porque de qualquer
forma que ela faça isso só me faz querer ainda mais dela.

Não faz mal que o seu sussurro lembre quando ela sobe em
mim, desliza sobre minhas coxas, se inclina e diz no meu ouvido para
que eu me prepare antes de pegar meu pau para um passeio.

“Você é do tipo arrogante insolente quando joga. O tipo que me


excita,” ela diz em voz baixa, mas pego todas as malditas palavras.

“Você sabe o que eu gosto mais do que ouvir você dizer isso?”
Eu respondo com um gemido quando ela cava os nós dos seus dedos
em meu ombro.

“Minhas mãos mágicas?” ela ri.

“Bem, estas também, e isso não é a única coisa em você que é


mágico... mas gosto de saber que, antes de você ser minha

K. BROMBERG LIVRO UM
fisioterapeuta, você estava me observando. Que você notou que eu
tinha esse pequeno sorriso arrogante.

O engate em seu movimento me diz que ela não percebeu que


apenas acabou de revelar esse pequeno fato. “Você também mexe a
bunda duas vezes.”

“Eu não,” nego, mas sei muito bem que eu faço. Não é
intencional, mas sempre acontece.

“Sim. Você faz. Todo mundo conhece sua rotina.”

“Oh, por favor.” Eu rolo meus olhos, mesmo que ela não possa
ver.

“Estou falando sério. Todo mundo para e observa quando você


caminha até o home plate Wylder. Eles não podem esperar para ver o
que você vai fazer em seguida. O raio que você cria no garrafão. Você
é apenas esse tipo de jogador.”

“O jogador,” murmuro mais para mim do que ela, relembrando


a primeira semana que trabalhamos juntos.

“Percorremos um longo caminho desde então,” ela diz sabendo


para onde foram os meus pensamentos.

E sim, nós percorremos. Dou risada, no entanto, sem dar muita


bola, porque assim como ela se assusta facilmente, eu também me
assusto. Isso tem sido muito fácil, como entramos em sincronia um
com o outro e eu não quero dar azar.

Não quero nenhuma maldita má sorte fodendo isso.

Inclino a cabeça para poder olhar para ela. “Eu ainda estou
esperando por essa dança erótica, Kitty.”

“Se você joga suas cartas direito,” ela sussurra baixinho, “você
pode ganhar uma esta noite.”

Cacete.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Você parecia bem lá fora hoje, East.”

Eu olho para a porta da cabine de imprensa onde meu pai está


de pé, braços apoiados em ambos os lados do batente da porta com
um sorriso orgulhoso no rosto.

Ele parece velho. É o meu primeiro pensamento quando o vejo.


As linhas em seu rosto estão mais profundas, seus olhos sérios, a
alegria que é a sua marca registrada apagada.

“Obrigado. Foi muito bom.” Ângulo minha cabeça para estudá-


lo mais de perto.

“Você pareceu mais seguro do que da última vez que eu vi. O


tempo que colocou em sua reabilitação valeu a pena.” Espero pelo
‘mas’ dele — forma indireta de elogio clássica de Cal Wylder — mas
não vem. Ele ficou parado por algum tempo, ombros retos, com
orgulho no rosto. “Estou orgulhoso de você e de como você lidou com
tudo.”

A implicação por trás de tudo está lá e eu sorrio suavemente


acenando minha cabeça, sabendo que ele foi para bastão por mim
contra Cory, mesmo que eu nunca tenha pedido isso para ele e que
não fiquei sabendo de nada até depois do fato. O gigante de ferro, Cal
Wylder, tentou lançar seu peso e deixar que ele saiba que não se
administra um escritório central ou se vence campeonato fazendo
negociação que divide uma equipe quando eles estão em meia
temporada.

Felizmente, Manny me informou sobre a conversa que ele ouviu


entre Cory e meu pai, ou nunca teria conhecimento disso. Dizer que
chocou a merda em mim é um eufemismo. O fato de meu pai não ter
dito uma palavra sobre isso para mim ainda mais.

Mas sabendo que ele tentou sem querer glória para isso faz com
que isso signifique muito mais.

“Obrigado. Alguém uma vez me ensinou que só posso fazer meu


trabalho para provar que estão errados.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Seu sorriso é lento quando se espalha dos seus lábios para os
olhos — a tristeza não desaparece completamente — enquanto acena
com a cabeça quando ouve suas próprias palavras repetidas de volta
para ele.

“Você quer se juntar a nós um pouco, Sr. Wylder?” Bruce, o


locutor do Aces’ on-air sports pergunta para ele, me retirando do que
estou a ponto de fazer. Um bate-papo no ar, Pré-jogo com a rede de
difusão da equipe para atualizar os fãs sobre o meu progresso, como
eu estou sentindo, e quando eles podem me ver de volta ao jogo.
Espero pela resposta do meu pai, já afastando o meu assento
e ajustando meu fone de ouvido, porque ele nunca recusa falar sobre
beisebol.

“Não, obrigado. Easton, aqui, tem a equipe coberta. Os fãs


querem ouvir sobre ele, não sobre mim. Eu sou notícia velha.” Ele
pisca o olho com um sorriso suave antes de encontrar os meus olhos
e acenando para mim.

“Talvez outra hora, então.”

“Talvez,” meu pai diz antes de virar e sair da cabine de


imprensa, me deixando cuidar disso e preocupado por que ele parece
tão subjugado.

“Ok, vamos começar Easton. Aqui está a lista de perguntas no


caso de você queira se preparar antes do tempo.”

“Não, estou bem.” Eu nem sequer olho para a folha de papel


que ele me entrega. “Não há nada que você vá me perguntar que eu
não posso responder na mosca.”

“Mesmo sobre Santiago?”

Olho para ele e seus olhos me dizem que ele está comigo e meu
descontentamento com o movimento de merda da equipe.

“Vamos deixar o Santiago fora da mesa,” brinco. “Este é um


show de resultados depois de tudo."

K. BROMBERG LIVRO UM
Ele ri com um balançar de sua cabeça, e dá tapinhas em
minhas costas. “Você pode sempre nocauteá-lo e deixá-lo no chão se
for mais fácil."

“Eu gosto do jeito que você pensa Bruce.”

“Achei que você poderia. Você está pronto?” Eu aceno.


“Estamos bem para começar em cinco, quatro, três, dois, um.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 29
Scout

“Droga, Wylder!” A voz soa e depois mais algumas palavras de


maldição, seguido por um motim de risos estrondosos através do
clube.

Olho para fora da minha sala de treinamento e uma vez que


vejo que todos os caras estão cobertos e decentes, eu saio para ver o
que está acontecendo.

“Onde está esse idiota?” Acho que é a voz de Tino, ainda não
tenho certeza porque os jogadores estão todos juntos e bloqueando
minha visão do que está acontecendo.

“Isso é um modo para brilhar e lustrar no campo, Tino,” JP diz


através do riso que duplica.

“Ah cara, essa merda está em toda parte.” É Tino novamente e


os caras ao seu redor lentamente começam a se afastar enquanto eles
riem e abanam a cabeça. “É como se eu fosse a porra da fada
Sininho.”

“Você sempre disse que estava com a luz em seus pés, agora
você só tem o pó de fada para provar isso,” disse Drew, dizendo e
arrancando outro coro de risos dos caras.

Desta vez, quando a multidão se afasta, posso ver o que todos


estão rindo. Tino está em pé de frente ao seu armário com apenas
uma camiseta e calças protetivas deslizantes e um boné de beisebol
em uma de suas mãos e cada polegada dele coberta por glitter azul

K. BROMBERG LIVRO UM
brilhante. Pela quantidade que está concentrada em seus cabelos e
em suas costas, parece ter sido colocada no boné, então, quando ele
colocou em sua cabeça, tudo caiu sobre ele.

“Sininho Tino,” alguém chama e quando Tino olha, ele me vê


parado ali.

Não posso deixar de rir quando ele se move em minha direção,


todo o seu corpo cintilante e brilhando com as luzes do vestiário.

“Você é uma menina,” diz ele.

“Maneira de afirmar o óbvio, Einstein,” Drew diz e ganha um


olhar de morte de Tino antes que ele olhe de volta para mim.

“Sim, eu sou,” eu digo lutando contra o sorriso em meus


lábios. Agora que ele está mais perto, posso ver que o brilho é aquele
tipo muito fino de pó, que é basicamente é impossível de se livrar
facilmente.

“Como vou tirar essa merda de cima de mim? Quanto mais eu


limpo, mais ele adere.” Seus olhos me imploram, mas é tão difícil
manter um rosto sério quando percebo que até mesmo seus cílios
estão revestidos de azul.

“Por que você iria querer limpar? Eu acho que azul é a sua cor.”
Bato meus cílios e finjo inocência quando os caras buzinam e gritam
em resposta ao meu redor.

“Por que você tem que ser assim, Scout? Wylder está
começando a te influenciar. . .” Sua voz desaparece quando ele olha
para as mãos cobertas de brilhos azuis e faz a única coisa que pode,
rir.

“Você pode tomar banho Tino . . . mas você ainda vai brilhar
sob as luzes pelas próximas noites, se não semanas,” provoco
enquanto volto para minha sala de treinamento..

Há mais zombaria quando saio, mas há um comentário que soa


mais alto do que todos os outros para mim. “Wylder está voltando,
rapazes. Ele apenas acabou de provar isso.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Claro que sim.

O pensamento me faz sorrir mais do que qualquer


coisa durante todo o dia. Bem, desde que o vi a última vez, isso é
certo. Porque se Easton está trolando os caras de novo, isso significa
que ele está voltando em sua rotina — mental e fisicamente.

“Uma bola de manteiga de amendoim e chocolate em um copo,


por favor,” disse para a garota atrás do balcão esperando minha
seleção com a colher de sorvete na mão.

“Faça com três bolas.” Dou um grito com o som da voz de


Easton e antes que eu possa me virar, suas mãos escorregam em
volta da minha cintura e me puxa contra ele. “Oi.” Sua respiração
está quente contra minha orelha e depois de um longo dia é preciso
tudo o que eu tenho para não afundar contra ele e apenas fechar
meus olhos.

“Oi.” O meu sorriso é automático quando viro para encará-lo e


dou um passo atrás, sempre consciente do que pode ser percebido em
público. Paro, penso e pergunto se haverá um momento em que vou
olhar para ele e não sentir essa vibração na minha barriga. “Glitter
azul, hein?”

Seu sorriso torto longo se torna em um sorriso cheio, os olhos


iluminados pela trollagem e ele dá um pequeno encolher de ombros
como um garoto em um corpo de homem crescido. “Manteiga de
amendoim e chocolate, hein?”

Aceno concordando. “Sim.”

“Está tratando de algo particular?”

Meu dia brilha através da minha mente. A atualização de Sally


sobre meu pai. Minha sessão de treinamento duplo com Easton. A
chamada frenética do cliente de longo tempo do meu pai, os Red Sox,
pedindo para largar tudo e voar até lá para avaliar o seu

K. BROMBERG LIVRO UM
arremessador principal que machucou o braço na noite passada.
Minha recusa e em seguida, concordo em participar de uma chamada
de videoconferência para ajudar a desenvolver um regime para que
eles sigam. Em seguida, houve o relatório no qual tinha que colocar
os toques finais para Cory — minha proposta de como iria lidar com a
rotina no dia-a-dia dos jogadores se por acaso fosse efetivado o
contrato de longo prazo com o Aces.

“Sim. Sobrevivi.” Meu sorriso é suave quando respondo. “Só


mais um dia.”

“Tão ruim assim, hum?” Ele pergunta enquanto avança para


pagar o sorvete apesar dos meus protestos.

“Nada mal, apenas louco.”

“Eu gosto do seu tratamento a base de sorvete,” ele diz com um


sorriso quando nos sentamos em frente ao outro na área de estar
pequena.

“Eu gosto da sua escolha do glitter para mostrar os talentos de


Tino sob as luzes esta noite.” Levanto minhas sobrancelhas e mordo o
sorvete celestial.

“Se você está tentando me fazer admitir que fiz algo hoje,” ele
diz enquanto seu sapato bate o meu abaixo da mesa, “então você está
ladrando a árvore errada. A primeira regra sobre as trollagens no
clube é que não existe trollagens no clube.”

“Oh, por favor.” Dou risada e rolo meus olhos. “Bem, foi muito
engraçado e o pobre coitado vai esfregar isso por alguns dias.”

“Bom. Fico feliz em ouvir porque a Nutella que ele escondeu


dentro dos meus bolsos traseiros no início da temporada realmente
sugou minha bunda.” Meus olhos se alargam enquanto o suspiro sai
dos meus lábios. “Sim. Foi tão ruim assim. Fiquei atrasado depois de
uma entrevista demorada. Vesti meu uniforme rápido e corri para o
campo. Primeira entrada quando vou colocar algo no
meu bolso traseiro, tudo o que sinto é essa coisa maravilhosa. Então,
agora estou atrás do home plate com uma multidão as minhas costas

K. BROMBERG LIVRO UM
e algo que é da cor de merda em meus dedos. Onde exatamente eu ia
limpar essa porcaria? Na minha calça? Essa seria uma ótima história
para os locutores criarem enquanto tentam explicar por que Easton
Wylder está agachado atrás da plate com misteriosas manchas
marrons por toda sua calça e que tudo simplesmente apareceu do
nada de uma hora para outra.”

Dou tanta risada que meus olhos lacrimejam, porque entre o


desdém em sua voz e a imagem que ele pintou na minha cabeça,
posso ver tudo perfeitamente. E ele tem toda a razão. “Então o que
você fez?” Pergunto quando eu posso finalmente falar através das
risadas.

“Eu esfreguei minhas mãos na terra para tentar encobrir


alguma coisa,” ele diz com o olhar diabólico mais uma vez retornando
aos seus olhos. “Então... glitter.”

“Você acabou de quebrar a primeira regra do clube?” provoco,


percebendo que esta era a maneira perfeita para terminar o meu
dia. Sua única resposta é tomar uma grande colher de sorvete e
encher sua boca para que ele não possa falar. “Ei. Espere. Como você
sabia que eu estava aqui?”

“Eu estava indo à sua casa te chamar para comer alguma coisa
e vi você aqui.”

“Poderia apenas ter ligado, você sabe não é?”

“Eu sei, mas percebi que se estivesse aqui pessoalmente, você


teria mais dificuldade em dizer não.” Seu sorriso fica tímido e me
esforço muito para não me inclinar sobre a mesa e escovar um beijo
contra seus lábios.

Ele não percebe que ele é o único para quem eu sempre digo sim?

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 30
Scout

“Ele estará pronto?”

Eu me assusto com a voz de Cal ao meu lado, mas tento


manter minha calma, esquecer aquele maldito comentário ela é um
pedaço de bunda, volto minha atenção para onde Easton está
atualmente agachado e totalmente equipado atrás do home plate.

“Sr. Wylder.” Cumprimento e volto minha atenção para o filho,


mas o olhar em seus olhos — a preocupação genuína — me impede.

“Ele está bem, como nos velhos tempos, mas você acha que ele
realmente vai voltar para onde estava? No ápice do seu jogo?”

“Você está me perguntando como pai, ou como o coordenador


do clube?” Pergunto, tentando não parecer desrespeitosa, mas ao
mesmo tempo precisando proteger Easton.

Ele estreita os olhos e angula a cabeça enquanto olha para


mim, os lábios se abrindo e depois fechando um momento antes de
acenar com a cabeça como se ele enfim entendesse o que eu
dizia. “Eu mereço isso.”

“Eu não estou tentando ser desrespeitosa com o senhor, nem


estou tentando ultrapassar meus limites. Estou apenas perguntando
para saber qual relatório preciso dar. Porque com toda a porcaria que
aconteceu nas últimas duas semanas acho que ele precisa que você
seja seu pai mais do que seu empregador.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Ele acena com a cabeça e depois olha de volta para onde
Easton faz um lance perfeito para a segunda base, que bate
claramente o corredor tentando roubar. Sim, é apenas uma
prática. Sim, são os companheiros de equipe que o ajudam a voltar ao
ritmo. Mas seu talento é inconfundível. Sua habilidade natural é
fenomenal.

“Eu sei que você deve pensar que eu sou um idiota insistente.
Um cara que só pensa sobre o jogo, sobre sua própria imagem e não
em seu filho que também é um jogador.” Ele faz uma pausa, observa
Easton jogar a terceira base com uma perfeição a laser. “Easton é a
melhor coisa que já fiz. Eu só quero o melhor para ele.”

A emoção em sua voz me atordoa e é uma contradição com o


idiota que eu vi em pequenos pedaços.

“O que é melhor para ele ou o que é melhor para o seu legado?”

Ele chicoteia a cabeça em minha direção e eu sei que acabo de


ultrapassar um limite aqui, mas é Easton e ele merece ter um
relacionamento com seu pai. O tipo que eu tenho com o meu e que eu
vou perder em breve.

“Para ele.” Ele diz as palavras, mas posso ver que ele está se
questionando pelo sulco em sua sobrancelha e engolir em sua
garganta. “É um negócio difícil, Scout. Não é seu direito me julgar.” O
seu tom é severo. A expressão em seu rosto me diz que ele está
ofendido.

“Você está certo. Não posso julgá-lo. Acabei de passar dos


limites.” E odeio que uma parte de mim sinta a necessidade de recuar
para certificar de que não prejudique minha chance de obter o
contrato do clube, já que ele é parte integrante da linha de frente.
“Mas eu aprendi a me preocupar com seu filho, senhor. Você não
passa todo esse tempo reabilitando alguém, treinando com eles,
celebrando suas pequenas vitórias no caminho para o seu retorno ao
jogo que eles tanto amam sem se preocupar com a continuidade do
sucesso. E eu me importo com Easton. Ele tem mais talento em seu
mindinho do que a maioria dos caras sonharia em ter.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Ele é definitivamente mais talentoso do que eu fui,” ele
murmura enquanto a nossa atenção é puxada de volta para o campo.
Para o homem que é a causa da nossa preocupação, cuja arrogância
está de volta e é inconfundível. Observamos por alguns minutos e o
silêncio se instala entre nós.

“Talvez você devesse contar isso a ele.”

Na minha visão periférica, posso dizer que Cal voltou sua


atenção para mim. “Ele sabe disso.”

“Easton precisa, no entanto.” Encontro seus olhos. “Ele está


arranhando seu caminho para retornar de uma lesão que foi tão grave
que poderia ser fim de carreira para a maioria dos jogadores. Sua
equipe, que tem sido uma parte maior de sua vida, negocia com o
cara que causou a lesão e que atualmente ocupa a sua posição,
enquanto ele está no DL. Fisicamente, ele está se preparando para
entrar em campo e arrebentar... mas é seu jogo mental que me
preocupa agora. Demora muito para voltar de uma lesão e não ser
cauteloso com a possibilidade em sofrer a dor de um novo trauma.
Adicione a isso a toda essa merda com Santiago e um pai que é o
Gigante de ferro do basebol, perfeito em todos os sentidos. Isso é
muito para engolir ao mesmo tempo.”

“Eu estava e ainda estou longe de ser perfeito,” ele murmura,


numa voz distante que me diz que ele está falando de mais coisas do
que eu posso imaginar.

“Não aos olhos do seu filho.”

Há uma rachadura na armadura de Cal quando ele pisca


algumas lágrimas em seus olhos.

Há uma comoção no campo que chama nossa atenção. Os


caras estão praticando arremessos e tacadas aéreas lentas de modo
que Easton tem que escorrer por trás do plate, pegar a bola, forçando
um impulso logo em frente ao plate e depois lançar em uma posição
fora de linha até a primeira base.

K. BROMBERG LIVRO UM
É um jogo duro com certeza. Um que faz você jogar com o braço
em ângulos ímpares e muitas vezes inconsistentes. Vai ser um teste
para a amplitude de movimento do seu braço. Se houver algum tecido
cicatricial que vai causar um problema, ele vai notar isso agora
porque os caras estão exigindo dele, a adrenalina está pulsando e ele
não está nem perto de pensar como jogar corretamente a bola. Ele
está agindo de forma instintiva, voltando ao movimento que ele fez
centenas de vezes ao longo de sua carreira.

Vibro enquanto ele foge atrás do plate, chama os outros


jogadores para que eles saibam que ele a tem, pega a bola com a mão
nua, e depois joga para a primeira base em um pé e fora de
equilíbrio. E o lance é perfeito, batendo o corredor por alguns metros.

Mas mais importante do que a colocação da bola é Easton. Eu


observo enquanto ele caminha atrás do plate, levantando a mão para
reconhecer algo que lhe foi dito por JP antes de puxar sua máscara de
volta para baixo em seu rosto.

“Ele é um gigante de ferro por direito próprio, também, você


sabe.” Cal fala tão silenciosamente, mas a emoção embalada em cada
palavra é inconfundível. “Eu nunca puxei esse tipo de estatística. Eu
nunca tive a sua força ou compreendi o jogo como ele faz. Eu só usei
a minha habilidade natural, mas Easton... Ele tem a capacidade e
muita habilidade. Ele superará todos os recordes, todas as carreiras
que já tive, muito antes de me aposentar deste jogo.”

“E como isso faz você se sentir?” Se eu vou ultrapassar, então


vou fazer isso passando com um salto voador. Giro para vê-lo
enquanto ele observa seu filho jogar o jogo que ele não pode mais e
imagino o que isso faz para o ego de um homem quando seu ego
esteve em uma das maiores etapas do mundo do esporte há tantos
anos.

Ele não se vira para olhar para mim, e eu estou mais do que
surpreso quando ele responde. “Todos os pais querem que o filho
tenha mais do que eles. Mais oportunidades. Mais sucesso. Mais
felicidade. Mais vida. Mais amor.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“É difícil viver constantemente nas sombras; Talvez seja hora de
você o ajudar a sair debaixo delas. Dizer o que você acabou de me
dizer pode fazer isso.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 31
Scout

“Você vai me dizer para onde vamos?”

Olho para Easton no banco do motorista e entro. Estou


totalmente embevecida do quão atraente ele está agora ou quando a
mais ou menos quarenta minutos atrás inesperadamente bateu na
minha porta com um buquê de margaridas escolhidas a dedo e um
pedido para que eu me vestisse, porque ele estava me levando para
um verdadeiro encontro.

“Não vou dizer nada, mas vou apenas dizer que eu gosto da
saia,” murmura enquanto ele estende e descansa a mão em meu
joelho nu e desliza lentamente até minha coxa, o tecido subindo com
ela. “E das botas.”

Sem pensar nisso, deslizo minha mão em cima da dele e


entrelaço nossos dedos. É um gesto natural, tão indicativo de como
ele me faz sentir. Confortável. À vontade. Tudo bem, com seja lá o que
for.

Dirigimos um pouco mais, deixando a cidade para trás a cada


quilômetro. Casas cada vez mais distantes. Cada vez mais grama.
Cada vez as árvores ficando maiores. É tão diferente dos edifícios
altos e dos prédios de tijolos do revitalizado centro da cidade em torno
do estádio. E eu amo que mesmo tendo a sensação nova e moderna
dos edifícios, os revitalizadores tiveram a sensibilidade de fazer
parecer e manter o olhar envelhecido, isso é real. A paisagem ao

K. BROMBERG LIVRO UM
nosso redor. É tranquilo e idílico sob o céu azul, sentada ao lado de
Easton com Sam Hunt tocando suavemente no aparelho de som.

“Scout e Ford. Seus pais tinham uma coisa com carros?” Ele
pergunta do nada e eu ri da questão aleatória, mas muito válida.

“Diz o homem chamado Easton,” eu provoco.

“Não há mistério sobre o que meu nome homenageia.” Ele ri.

Meu sorriso alarga quando a paisagem rural surge fora de


minha janela e as recordações voltam. “Ford foi concebido dentro...
bem, na parte de trás de uma caminhonete Ford, isso foi o que meu
pai nos contou. Acho que ele e minha mãe estavam tendo problemas
com nomes e no caminho para o hospital, ele colocou o joelho no
pára-choque com entusiasmo. Enquanto ela estava debruçada com
dor, a mão se apoiou na porta traseira onde havia o emblema da Ford
e assim Ford foi nomeado.”

“Lógico,” ele sorri. “E você?”

“Meu irmão amava o carro do vizinho. Era um brilhante Scout


Internacional amarelo, mas sendo dois nomes, tudo o que ele
conseguiu dizer foi Scout. Então, quando meus pais disseram que ele
iria ter um irmão ou uma irmãzinha, ele disse: ‘Não, eu quero Scout’,
e aponta para o carro ao lado.” Easton ri. “E eu acho que ele
continuou a dizer isso durante toda a gravidez da minha mãe, então,
em algum momento, tornou-se uma piada e eles se referiam a mim
como Scout. Não preciso dizer que eles achavam que eu ia ser um
menino e achava que Scout seria fofo para combinar com o nome de
Ford.”

“Mas você definitivamente não é um menino,” Easton diz


brincalhão, com sua mão deslizando um pouco mais longe da minha
perna.

“Não, não sou, mas o nome ficou.”

“Eu gosto disso. Combina com você.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Sim, bem. . . as pessoas acham que meus pais tinham uma
coisa com O Sol é Para Todos22 e me deu o nome de Scout Finch. Eu
sempre desaponto quando explico que meu nome tem muito menos
significado do que isso.”

“É único. Assim como você.”

Eu olho para ele e sorri. "Obrigado. Eu costumava odiá-lo, mas


agora eu amo a sua originalidade. Estou feliz que minha mãe foi junto
com a sugestão do meu pai.”

“Você sente falta dela? Merda. Porra. Desculpe. Não responda a


isso.”

É fofo vê-lo todo atrapalhado. “Não, está tudo bem. As


pessoas sempre querem saber, mas então não sabem como
perguntar.”

“Sim, mas é uma coisa horrível de se perguntar. Desculpa.”

Aceno aceitando seu pedido de desculpas e pergunto


exatamente como me sinto quando não é algo que penso muito nestes
dias. “Se eu sinto falta dela? Hm. Acho que em certo sentido, porque
ela é minha mãe e ouço outras mulheres falando sobre como elas
fazem isso e aquilo com suas mães e quão sortudas elas são.. . e eu
não tenho isso. Na verdade, tenho exatamente o oposto. Estou perto
do meu pai. Trabalho em uma empresa dominada por
homens. . . então talvez subconscientemente me cerco de pessoas que
não me lembram constantemente e inconscientemente que eu não
tenho uma mãe.”

“Tem que ser difícil, no entanto. Quer dizer, eu tenho uma mãe.
Ela dificulta as coisas para mim, me faz passar por coisas, que a
maiorias dos filhos crescidos já não passam. . . mas ela é minha
mãe,” ele diz, o amor evidente em seu tom, tão sincero quanto o olhar
nos olhos duas noites atrás, quando ele recebeu um telefonema por
volta de uma da manhã, saiu da minha cama e foi cuidar dela.

22 To Kill a Mockingbird (O Sol é Para Todos – título no Brasil) é um romance vencedor do Pulitzer
escrito por Harper Lee e lançado em 1960. Foi um sucesso instantâneo, se tornando um dos maiores
clássicos da literatura norte-americana moderna. E Scout Finch é a personagem que narra a história.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Eu acho que...” começo e depois paro antes de começar de
novo. “Eu passei muito tempo ao longo dos anos me perguntando se
eu estou feliz que ela foi embora quando ela fez ou se gostaria que ela
demorasse mais um pouco e assim eu teria conseguido um pouco
mais de tempo com ela. E acho que estou feliz. Se ela tivesse ficado
mais, eu teria me acostumado com ela. Eu teria perdido mais. A
maneira como ela penteava o meu cabelo, ou a maneira como ela me
faria o lanche para a escola. Lembro ainda das músicas que ela me
cantava em boa noite, mas já não lembro muito das maneiras
predeterminadas de fazer coisas e isso significa que não podia sentir
falta delas. Eu não pude compará-los com meu pai tentando
atrapalhar o seu caminho através deles e aprender... foi mais difícil
para o Ford desde que ele era mais velho. E pode soar estranho, mas
se ela estava indo embora, estou feliz que ela fez isso quando ela fez.
Por mais que eu sentisse falta de ter uma mãe por perto, eu acho que
teria sido mais difícil se eu soubesse o que eu estava perdendo, se
isso faz algum sentido.”

Ele esfrega o polegar para trás e para frente por minha coxa em
consolo. “Sim, isso faz sentido. Obrigado por falar sobre isso. Eu sei
que não foi fácil... não há nenhuma maneira que poderia ter sido,
mas isso também me diz que seu pai é um homem tão bom como eu
sempre imaginei ele. Criando dois filhos por conta própria, dando-
lhes o mais estável de uma vida possível, todo o tempo sendo o
melhor dos melhores em seu trabalho. Eu o respeitava antes, mas
agora...” Ele balança a cabeça e suas amáveis palavras sobre o
melhor homem que já conheci me fazem sorrir.

“Sim, ele é muito fantástico. Eu sou uma garota de sorte.”

Nós caímos em nossos próprios pensamentos novamente,


nossos dedos entrelaçados enquanto cantarolamos sem pensar ao
longo da música e apenas desfrutamos do silêncio confortável entre
nós.

“Falando de pais, o meu me pagou uma visita inesperada


ontem.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Suas palavras soam e enquanto eu estou curiosa, também não
tenho certeza se devo falar sobre minha conversa com seu pai
também. “Hmm. Isso não é normal?”

“Não desse tipo, não.” Ele aperta minha coxa e quando olho
para ele, seus olhos estão escondidos atrás de seus óculos de sol, mas
seu sorriso é suave. “Ele disse que vocês dois conversaram no outro
dia.”

“Você estava no campo e ele me perguntou se achava que você


estaria pronto para jogar no prazo do clube. Isso é tudo.” Odeio que
eu minto, mas acho que é importante para ele pensar o que Cal pode
ou não ter dito foi por seu próprio reconhecimento, não porque a
amante de seu filho dissesse algo para estimular isso.

“Tenho certeza de que não é a metade," ele murmura.

“O que você quer dizer?”

“Ele me disse que se eu fosse inteligente, descobriria como


mantê-la perto. . . depois que o programa de reabilitação terminar.”

“Oh.”

“Basicamente.” Ele ri. “E então ele me disse que estava muito


orgulhoso de mim. Como deve ter sido difícil crescer em sua sombra,
e que eu preciso lidar com a transição de retorno para o jogo, com
Santiago no time, com a mesma quantidade de pressão que eu cresci
como seu filho.”

Ele limpa a garganta e não há nada que eu possa dizer para


expressar o quão grato eu estou que Cal me ouviu e realmente disse
algo. Posso dizer que isso tocou Easton, mesmo que ele esteja
tentando jogar fora de sua maneira grosseira. O fato dele não estar
falando agora está dizendo tudo.

“Aqui estamos.” Ele murmura quando ele desvia em uma


estrada arborizada. A poeira penetra atrás de nós enquanto dirigimos
e meu pescoço quase girando, tentando olhar tudo ao meu redor.

K. BROMBERG LIVRO UM
Quando as árvores separam, paramos em frente a uma casa de
tijolos de dois andares que se espalha em todas as direções sobre
uma parte do terreno. Cães estão latindo, ouço um cortador de grama
em algum lugar à distância e as sementes de algodão dançam ao
nosso redor na brisa.

Estreito meus olhos em Easton quando ele sai da caminhonete


e rodeia a frente para abrir a minha porta. Ele toma minha mão na
dele e no momento em que ele fecha a porta, ele me puxa contra ele,
em um beijo para rivalizar com todos os beijos. É suave, doce e macio
e tem calor, desejo e necessidade, que nunca está longe do alcance.

“Nós não estamos na cidade,” ele murmura contra meus


lábios. “Não há ninguém para me ver beijar você, então estou
aproveitando isso.”

Eu ri, amando que ele é tão protetor da nossa pequena bolha e


coloco minha mão livre na parte de trás de sua cabeça para puxá-lo
de volta. “Eu também.” Eu escovo mais um beijo contra seus lábios
habilidosos antes de deixá-lo me puxar pela minha mão em direção a
casa.

Ele tem o sorriso mais fofo enquanto aperta a campainha e


apenas olha para mim, os ombros contra a parede atrás dele, um pé
angulado e descansando contra ela. Seus olhos me desafiam a
descobrir o que estamos fazendo e honestamente não tenho idéia.

A porta se abre e uma mulher pequena com longos cabelos


grisalhos está lá dentro. Seu sorriso se alarga a proporções épicas
quando ela vê Easton. “Sr. Wylder. Muito obrigado por fazer seu
caminho até aqui para nos visitar.”

“O prazer é todo meu, Melinda. Obrigado por nos deixar vir tão
em cima da hora.”

“É tão longe da cidade.”

“É um belo passeio,” ele diz quando entra beijando-a na


bochecha em saudação.

K. BROMBERG LIVRO UM
“E você deve ser Scout.” Sua voz está cheia de calor enquanto
envolve seus braços em torno de mim em um breve abraço. “Tão bom
te conhecer.”

Estou um pouco surpresa com sua saudação excessivamente


amigável, mas sigo o exemplo de Easton e retribuo o abraço, ainda
assim no escuro sobre o que estamos fazendo na casa desta
mulher. “Você também.”

“Deixe te mostrar tudo,” Ela diz isso enquanto nos leva através
da aconchegante e enorme sala da casa. “Tive que expulsar o Timmy
com os rapazes, ou então eles teriam apenas grudado em você — o
verdadeiro Easton Wylder no nosso quintal. Narizes esmagados nas
janelas. Olhos arregalados como pires. Eles agarraram por qualquer
motivo para voltar e interromper você e eu não poderia controlar
isso.”

“Você não devia. Teriam sido bom,” percebo que esta é a


personalidade pública de Easton, já a vi várias vezes no campo, mas
esse também é o verdadeiro. “Talvez eles voltem antes de
sairmos. Conhecê-los é o mínimo que eu poderia fazer depois que
você tão graciosamente nos deixou vir aqui.”

“Você está brincando comigo?” Ela ri e seus dedos


nervosamente mexem em seus cabelos. Quero tranquilizá-la e dizer
que todos nós ficamos assim em torno de Easton. “Sua generosidade
é suficiente para manter o santuário alimentado para o próximo ano.
Somos nós que precisamos agradecer muito a você.”

“É bem merecido,” Easton diz enquanto Melinda abre a porta


para o quintal. O som dos latidos de cães nos atinge imediatamente,
antes mesmo de passar a entrada e quando faço, meus olhos se
alargam e o sorriso é instantâneo em meus lábios.

“Você me trouxe para ver cães?” Pergunto com minha voz


escalando um tom em cada palavra. Eu olho ao redor do quintal,
onde, organizado em um tipo de cercado hexagonal, há
aproximadamente quinze canis e um grande espaço cercado para
brincadeiras. E o espaço de brincadeiras atualmente está ocupado

K. BROMBERG LIVRO UM
por cerca de dez cães de diferentes cores, raças e tamanhos. Línguas
de fora, rabos abanando e corpos tremendo de excitação.

“Não apenas cães,” diz ele com uma risada, “os vira-latas.”

Meus pés se movem por conta própria, em direção ao cercado


onde todos os filhotes disputam atenção, pulando em cima um do
outro, tentando lamber minhas mãos através da cerca. “Posso
entrar?” Pergunto enquanto me viro para olhar Easton e Melinda, que
estão sorrindo para mim.

“Esse é o objetivo,” Melinda diz quando anda em minha direção


e me leva para o primeiro conjunto de portões que separa do resto
do quintal livre e antes de abrir o segundo conjunto que me leva para
o espaço de brincadeiras. “Esses bebês precisam de alguma atenção
extra e Easton disse que vocês dois adorariam sair e dar isso a eles.”

“Sério?” Eu olho para ela e em seguida, olho para Easton


quando o portão é aberto, mas a minha atenção é desviado no
momento que sou assaltada na melhor das maneiras, lambidas
afoitas em minhas mãos e caudas batendo contra as minhas pernas.
Há grunhidos e queixas e alguns rosnados.

O tempo passa entre carinhos e festa dos filhotes fofos. Eles


começam lentamente a acalmar; o interesse e ânsia ainda estão lá,
mas não tão desesperados. E estou tão perdida em dar e receber
atenção que leva um momento para notar Easton em pé dentro do
cercado, olhando para mim com um beagle aconchegado em seus
braços.

Há um sorriso suave em seus lábios, um sorriso calmo em seus


olhos, e há algo sobre sua expressão que faz com que essas
borboletas no meu estômago alcem voo, fazendo cócegas no meu
interior enquanto elas flutuam. Seu rosto é tipicamente rígido com
expressões fechadas, mas agora, com a luz do sol em seu rosto, tudo
que eu vejo são suas bordas macias — bordas macias que me
chamam e impulsionam meus pés para deixá-lo saber o quanto isso
significa para mim.

K. BROMBERG LIVRO UM
E ele deve sentir o que eu quero estar perto dele, mas
atualmente estou servindo como uma cadeira para Lola, a babona pit
bull com uma cicatriz no rosto e a disposição mais doce do mundo.
Quando abraço e acaricio Lola, Easton se aproxima.

Dou risada quando ele é assaltado pela animação e lambidas


assim como aconteceu comigo quando sentei pela primeira vez, mas
quando nossa risada desaparece e eu olho para ele, essas borboletas
se alvoroçaram novamente.

“O que é este lugar mágico?” Faço a pergunta e alcanço


apertando seu antebraço enquanto ele acaricia a barriga de um
cachorrinho com uma das patas defeituosa.

“É um santuário canino para cães abusados e abandonados.


Melinda costumava trabalhar para o ASPCA... e ela queria fazer mais,
então começou a adotar alguns dos cães que ela tinha cuidado da
saúde. Ela não podia abandoná-los, então começou com um e depois
outro e então...” Ele dá de ombros. “Então você já faz uma ideia.”

“Isso é incrível. Este lugar é incrível.” Sorrio quando um


cachorro marrom fofo me cutuca exigindo atenção. “Que menina tão
boazinha,” balbucio em tom de bebê, mas minhas próximas palavras
saem quando eu olho para cima para ver a cabeça de Easton
inclinada para o lado, olhando para mim. “O quê?”

“Nada.” Ele balança a cabeça como se estivesse tentando se


livrar de um pensamento e entrelaça seus dedos com os meus. Nós
sorrimos como adolescentes patetas por um momento, como se não
houvesse merda nenhuma no mundo e esta fosse a única coisa que
importa.

“Eu só pensei, como você tem trabalhando duro para me


recuperar no campo e tudo mais com o seu pai, que você precisava ter
algum amor extra.”

“É perfeito.” Sinto que usei essa palavra um milhão de vezes


enquanto estamos aqui, e não tenho certeza se eu fiz, ou se eu apenas
pensei que, mas é verdade. As árvores. O sol. O céu claro. A agitação
peluda. E Easton. O quanto melhor isso pode ficar?

K. BROMBERG LIVRO UM
“Eu acho que Melinda geralmente tem alguns alunos do ensino
médio que se voluntariam para ajudá-la aqui no Pet Haven. Eles dão
os cães alguma atenção extra ou banhos, quando as pessoas
aparecem para possivelmente adotá-los, mas há algum evento grande
na escola esta semana, por isso não estão disponíveis... e então, eu
nos voluntariei para isso.”

“Há quanto tempo você está envolvido com a organização?”

“Cerca de dois dias atrás.” Ele ri e se inclina para trás em seus


cotovelos, percebendo rapidamente seu grande erro quando logo é
atacado por línguas caninas e patas peludas. Seu riso se espalha pela
paisagem e os sons tão despreocupados, tão relaxados, me faz sorrir.
Quando pode finalmente sentar, depois de dar amor igual para os
cães ao redor dele, processo o que ele acabou de dizer.

“Espere. Há apenas dois dias?”

Ele acena afirmando. “A noite que eu tive que sair para cuidar
de minha mãe? Melinda estava lá para ajudar a resgatar um cachorro
que havia sido abandonado na rua. Eu acabei ajudando no resgate, e
começamos a conversar. Falei sobre você e de como você parecia
sentir falta da companhia e amor de um cachorrinho.”

“Mas espere... ela não disse apenas sobre uma doação que
ajudaria a alimentar os animais...” estreito meus olhos quando junto
dois mais dois e ele acena com a cabeça, tentando descobrir onde eu
vou com isso. “Easton Wylder, quanto dinheiro você doou para que eu
pudesse acariciar alguns cachorrinhos?”

“Eu amo quando está toda Easton Wylder sobre mim.” Ele ri ao
mesmo tempo sei que pareço uma ingrata. Começo a recuar e explico
que não preciso ficar impressionada, porque já estou — com tudo
sobre ele — mas ele só balança a cabeça, pega a minha mão na sua e
traz a sua boca, pressionando um beijo, o que me corta antes que as
palavras possam. “Primeiro de tudo, Kitty, eu nunca vou doar nada
para caridade apenas para impressionar uma garota. Eu posso doar
porque eu quero. Porque fui abençoado desmedidamente em minha
vida. Não doei por que sei que você ama cachorros. E definitivamente

K. BROMBERG LIVRO UM
não doei para trazê-la aqui e conseguir pontinhos extras que eu possa
trocar para meu benefício.” Ele levanta as sobrancelhas e um canto
de sua boca se enrola. “Mas eu fiz isso porque queria e porque eles
precisam de mais amor do que a maioria e para provar que não vão
machucá-los ou abandona-los.”

Eu olho para ele por uma fração de segundo, escuto o paralelo


sutil que ele está desenhando para minha vida e me pergunto que
homem faz isso. Que homem iria prestar atenção suficiente para o
que eu preciso e depois sair e encontrar uma maneira de me
tranquilizar e encontrar uma maneira que ele sabe que eu vou ouvir?

Deslizo para mais perto dele, a grama esfria debaixo de minha


saia e o sol aquece a minha pele, mas ele é o homem cujo ombro eu
acabei de colocar minha cabeça que continua esquentando meu
coração. E então nos sentamos lá um pouco e simplesmente
desfrutamos nossa companhia canina e o fato de que não precisamos
falar para preencher o silêncio. Nós podemos apenas sentar aqui em
um campo de grama com a brisa soprando em nossas bochechas e
deixar que a ideia de haver um nós se estabeleça entre nós.

“Você me trouxe para ver cachorrinhos,” finalmente digo e não


há outra maneira de descrever a minha voz além de completamente
apaixonado por ele e com o que ele fez por mim.

“Eu imaginei que isso iria te animar até conseguir um para


você.”

Se fosse possível para o meu coração se libertar de minha caixa


torácica e despencar no chão, então isso é o que ele estaria fazendo
agora. Esse meu coração duro já não parece mais tão duro. Não
quando se trata de Easton Wylder, pelo menos.

E como eu quero mais do que isso com ele — por mais que eu
ache que estou pronta — ainda me assusta. A ideia de que estou
amaldiçoada ainda está viva em minha mente, apesar do mês passado
ter sido o mais incrível.

“Eu amo isso.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Eu te amo.

O pensamento está lá. E uma vez que está lá, ele se apodera e
não vai sumir, não importa o quanto tente afastá-lo, tente fugir dele,
tente não ficar assustada com isso.

Porque realmente estou.

“Muito obrigada, Melinda, por nos deixar vir aqui hoje.”

“Obrigada, querida,” Melinda me diz mas acho que ela não


ouviu uma palavra do que eu disse, porque sua atenção está no
campo à esquerda da casa. Seus dois meninos, idades entre dez e
doze anos, estão ali com seus bastões em suas mãos enquanto
Easton lhes dá dicas sobre suas posições. Os olhares em seus rostos
são inesquecíveis, idolatria completa e ainda assim Easton continua
sua lição, fazendo-os rir e brincando com eles.

Ele é bom com crianças.

E com cães.

E com sua mãe doente.

E com mulheres assustadas.

Existe algo que esse homem pode fazer para não me fazer
gostar dele ainda mais?

Porque eu estou começando a pensar que ele vai precisar fazer


isso, ou então vou começar a acreditar que ele pendurou a lua.

Ou roubou meu coração.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 32
Easton

“Você cheira como um cachorro.” Ela ri, inclinando-se para me


beijar na bochecha antes de se acomodar no banco do passageiro.

“Quem é você para falar. Lola recebeu mais beijos do que eu.
Parece que ela te reivindicou como dela,” eu provoco e empurro uma
mão de brincadeira contra seu rosto quando ela chega perto e faz
uma cena como se estivesse me farejando. Ela agarra meu braço, seu
riso tocando para fora acima do ar quente da noite correndo pelas
janelas e ela tenta se afastar.

Deixo que ela ganhe. Deixo que ela agarre minha mão e
entrelace seus dedos nos meus, emaranhado como se não
estivéssemos já entrelaçados. Eu sou um tolo se admitir que gosto
disso? Um dia relaxante, um jantar casual em um restaurante à beira
da estrada e uma bela mulher na minha caminhonete. Só há uma
coisa que poderia fazer este dia melhor e eu com certeza planejo fazer
isso acontecer assim que chegar em casa.

Uma saia e botas de cowboy? Que homem sensato diz não a


isso?

“Sobre o que você está pensando?” Ela pergunta.

“Hoje.”

“O que sobre isso?”

“Como foi exatamente o que precisava.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Como assim?”

“Foi bom sair um pouco da cidade.”

“Foi.” Ela acena concordando.

“E foi bom conseguir fazer algo por você, algo diferente.” Ela
aperta a minha mão em resposta enquanto fecho as janelas. “Você
gastou tanto tempo e esforço comigo.”

“Isso é lindo. Obrigado por ser tão atencioso.”

“Você merecia um encontro apropriado.”

“Você só queria me ver usando uma saia e botas de cowboy


novamente,” ela ri.

“Agora isso... eu não vou negar.” Imagens dela na prateleira da


gaiola de rebatidas com suas pernas abertas, saia puxada ao redor de
seus quadris e suas mãos envoltas em torno da rede enchem minha
mente. “Ver suas pernas em qualquer coisa é muito excitante.”

A caminhonete fica em silêncio enquanto eu checo meus


espelhos e ligo a seta à direita na estrada solitária de volta para a
cidade.

“Quer dizer essas pernas?”

Olho para o seu lado e encontro ela se deslocando em seu


assento, de costas contra a porta, com uma perna dobrada para que
suas coxas se espalhem. Mas com o céu escurecendo e a sombra da
saia, não vejo merda nenhuma.

E que se foda como eu quero ver o que está por baixo, mesmo
que eu já tenha o gosto, o cheiro, a sensação de sua buceta impressa
na minha mente maldita.

“Sim. Essas. Pernas.” Desejo dispara meu sangue e meu pau


endurece apenas com o pensamento dela. Eu olho para cima para
encontrar seus olhos treinados no meu. A maldita mulher está me
testando, me provocando e está quente como o inferno.

“Sobre aqueles pontinhos...”

K. BROMBERG LIVRO UM
Música para meus ouvidos.

“Sim? O que têm eles?” Posso fingir indiferença, mas foda-se se


ela não consegue ouvir essa limitação em minha voz esticando a
corda fio por fio.

Ela não responde, não com palavras, de qualquer maneira. É o


suspiro dela que pega meu ouvido e quase me faz derrapar a
caminhonete fora da estrada quando vejo suas as pernas abertas e a
ponta dos dedos se movendo na escuridão e eu não consigo ver entre
suas coxas.

Deus. Porra. Droga.

A estrada, Easton . Olhe para a estrada.

Olho para a direita imediatamente, volto para ela. Para os


dedos escondidos debaixo do par de calcinhas brancas. Para seus
dentes afundando em seu lábio inferior. Para os mamilos
pressionando contra o tecido fino de sua camisa. Para a respiração
ofegante que se transforma em um gemido enquanto ela se acaricia.

“Olhos na estrada, espertinho,” ela murmura.

“Agora, isso não é justo,” dou um gemido, mas obedeço apenas


por um segundo antes que meus olhos voltem a ela.

Em seus olhos. Naquele sorriso lento e sedutor com os dentes


ainda mordendo o lábio.

“Siga em frente,” ela ordena e é uma porra de muito quente ser


comandado por ela.

“Você quer me foder,” murmuro em voz baixa, mas eu obedeço


sob protesto. Porque seus dedos ainda estão em sua calcinha. O
cheiro dela preenche todo a caminhonete.

“Isso depende se você vai ser um bom menino e fizer tudo que
eu digo.” Ela ri, agindo no papel da sedutora e me pisando ainda
mais.

Dou um gemido.

K. BROMBERG LIVRO UM
Ela ri. Preliminares de merda, se eu já ouvi isso. Profunda,
gutural e sugestiva.

Seu cinto de segurança clica.

Movo meu olhar para o seu lado e a mão dela está bem lá,
guiando o meu rosto para frente, então continuo olhando para a
estrada. Começo a protestar, mas me deparo com dois de seus dedos
escorregando entre os meus lábios.

Eles têm o gosto dela.

Doce.

Droga.

Perfeição.

Então chupo e luto contra a vontade de arrancar a


caminhonete ao lado da estrada e fodê-la duro e rápido aqui para
todos verem. Porque é Scout. Isso é o que ela faz comigo.

Ela puxa os dedos da minha boca e os desliza para o meu colo.


Arranha suas unhas subindo e descendo na minha coxa e sobre meu
pau pressionado contra a costura da calça, empurrando minhas
coxas mais amplas, assim ela pode provocar minhas bolas. Dou um
gemido alto e luto para não fechar os olhos e soltar a minha cabeça
contra o encosto de cabeça porque isso é fodido de tão bom.

“Aqui está o que vai acontecer,” ela murmura contra meu


ouvido, o calor da sua respiração fazendo cócegas na minha pele e
endurece ainda mais o meu pau. “Eu quero o seu pau, Easton
Wylder. Eu quero isso agora. Eu quero envolver meus lábios em torno
dele. Quero que bata no fundo da minha garganta. Eu quero tudo
isso. Eu quero te chupar. Quero te foder com a minha boca. Eu quero
cada gota que você tem para me dar.”

É a coisa mais quente que já ouvi.

“Você vai me ajudar a tirar o sua pau da sua calça, então você
vai colocar as duas mãos no volante e se concentrar em não bater.
Entendido?”

K. BROMBERG LIVRO UM
Meus quadris já foram levantados, meu zíper desfeito e minhas
calças caíram até os joelhos antes mesmo de terminar sua frase.

“Meu Deus, mulher.” É tudo o que posso dizer quando ela


envolve seus lábios e uma mão em volta do meu pau e, em seguida,
leva-me todo o caminho para o fundo da sua garganta na primeira
chupada. Os meus quadris levantam para dar a ela o máximo de mim
que ela pode tomar. Minhas mãos apertam o volante como um aperto
de torno. Meus dentes moem juntos quando me forço a manter os
olhos abertos e atentos na estrada.

É uma mistura de sensações. O calor de sua respiração


aquecendo e permanecendo na minha pele. A umidade da sua boca
quando ela desliza para cima e para baixo. A sucção dos lábios
quando puxa até a ponta do meu pau e o pequeno pop que ouço e
sinto enquanto ela me libera da sua boca. Ela torce a mão enquanto
trabalha sobre meu pau em um padrão variado; Assim que começo a
me acostumar com a sensação disso, acho que estou no ponto de não
retorno, ela muda o ângulo, o aperto, o movimento e me constrói tudo
novamente.

Agradável e lento, East.

“Você é tão gostoso,” ela murmura ao redor do meu pau, a


vibração faz cócegas até minhas bolas e depois de volta.

Mantenha o pedal do acelerador estável.

Ela faz o percurso dela, não retém nada quando suga, fode e
lambe cada centímetro de mim até que eu não posso segurar
mais. Eu vou bater ou gozar e que se fossa se eu fizer o primeiro.

Lembre-se da estrada.

A sensação corre pelas minhas bolas e depois através do meu


pau. Seu gemido quando prova meu pré-gozo é a gota d'água que me
empurra fora do limite.

Eu quebro as regras. Coloco minha mão em sua cabeça para


mantê-la imóvel enquanto empurro meus quadris e fodo seus lábios.
E Scout não luta contra mim. Ela não faz nada mais do que bombear

K. BROMBERG LIVRO UM
meu pau mais rápido e chupar com força enquanto gozo no fundo da
sua garganta.

O nome dela enche a cabine da caminhonete. Scout. É um


gemido quebrado quando ela faz o que prometeu — suga tudo de mim
até a última gota.

E não aguento mais. Não posso ficar sem minhas mãos nela.
Minha língua na sua.

Encosto a caminhonete ao lado da estrada. Ela grita de


surpresa e se senta assim que piso nos freios. E então eu me inclino
sobre o console rapidamente.

Minha mão está de volta ao seu cabelo, a outra deslizando para


o calor úmido de sua buceta e minha língua está entre seus lábios.

O meu gosto.

O gosto dela.

Os dois juntos são uma droga, que eu não me canso.

Eu preciso de mais.

Eu quero mais.

Eu vou levar mais.

Bem aqui. Agora mesmo. Nesta estrada campestre rural com


vaga-lumes fora da janela e o cheiro dela em todos os lugares.

E pouco antes de eu perder a porra da minha mente para


luxúria novamente, assim quando mudo nos limites da cabine para
deslizar e provar o céu entre suas coxas, um único pensamento está
em minha mente.

Estou tão fodido.

Estou tão longe.

Caramba, que sensação boa.

E não tenho certeza se algum dia eu quero voltar.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 33
Scout

“Papai?”

“Scouty-girl!”

Eu suspiro em alívio. Ele parece bem. Mais forte do que da


última vez que nos falamos. E prefiro isso todos os dias.

“Como vai você? Você está confortável? É —”

“Sally está cuidando de mim muito bem. Pare de pairar,


criança. Eu sou o pai. Devia ser o único a fazer isso, então pare com
isso ou eu vou desligar.”

“Sim, senhor.” Eu ri e me sinto tão bem quando ele faz o


mesmo. Eu sei que isso significa que ele está tendo um bom dia, como
Sally havia dito, mas um bom dia é um bom dia e é nisso que eu
quero me agarrar.

“Está faltando cinco dias. Como está o jogador?” Indaga quando


Easton entra na sala em um timing perfeito, ele nunca saberia. Eu
gosto do visual — a toalha pendurada baixa em seus quadris, a água
ainda frisada em sua pele e o flex de seus bíceps enquanto ele corre
outra toalha através do seu cabelo molhado.

“O jogador...” Eu digo encontrando o olhar de Easton. Ele para


seu caminho até a cômoda e estreita as sobrancelhas para mim, um
inquérito silencioso sobre o estado do meu pai. Quando balanço a

K. BROMBERG LIVRO UM
cabeça e dou um polegar para cima, seu sorriso se tranquiliza.
“Parece igual ou superior a cem por cento.”

Na minha visão periférica, posso ver o punho de Easton apertar


em resposta ao meu comentário, o seu sorriso com um quilômetro de
largura. E compartilho o mesmo sentimento de satisfação sabendo
que, em grande parte, eu o ajudei a chegar lá.

“Então você está pronta para dar sua recomendação?”

“Sim.”

“Você precisa ter certeza de ter um bom relatório escrito. Digite


tudo. Sua amplitude de movimento. Qual a porcentagem que você
acha que a força do braço pode alcançar. Se você acha que ele pode
durar um jogo inteiro ou se ele precisa tomar algumas entradas de
cada vez.”

Minhas bochechas doem de tanto sorrir. Acho que ele esqueceu


que eu estava por perto para vê-lo fazer isso tantas vezes em sua
carreira. Mas agora apenas estou muito grata por estar recebendo
essa sua orientação.

Então, deixo que ele divague.

Deixo ele me aconselhar.

Deixo que ele sinta que ainda está no jogo quando seus pés
provavelmente nunca mais tocarão um campo novamente.

É o mínimo que posso fazer depois de tudo o que ele já me deu.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 34
Easton

“Ei, Easton?”

“Ignore ele, Easton,” Tino adverte.

“Eu vejo isso,” murmuro quando estamos alinhamos na linha


do campo esquerda, sacudo a poucos metros e então seguimos os
restantes dos metros até a linha da base. Voltamos a correr
novamente e lá está ele, Santiago, com os braços cruzados sobre o
peito, os quadris encostados no trilho de campo esquerdo e aquele
maldito sorriso que eu quero golpear do seu rosto. “O idiota não é
bom o suficiente bom em deixar o assunto morrer sozinho.”

“Ele só está tentando foder sua cabeça. Ele sabe que em três
dias você estará por trás do plate e ele vai ser relegado para a corrida
ou ser o garoto bastão.”

Eu ri. É bom saber que os caras têm minhas costas. Mas


quando chegamos à linha novamente, ele ainda está lá. Ainda
sorrindo. Ainda me instigando.

“Foi a sua fisioterapeuta que vi com você na outra noite? Indo


para o seu prédio?”

Meus pés param

“Calma, E,” Tino adverte.

Meu sangue ferve.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Se esse é o tipo de reabilitação pessoal que os Aces fornecem,
então este é um excelente clube. Conte comigo. Vou solicitá-la agora
para danos futuros.”

Meu corpo vibra com raiva.

“Qual é o nome dela mesmo? Preciso escrever em meu


formulário de pedido.”

Meu temperamento estala.

Eu giro para acertá-lo, mas Tino me retira e assim que


me liberto, Drew está lá. Então JP.

A fodida brigada Santiago.

A risada do Santiago enche o ar. “É Scout? Ou Slut23?”

Eu vejo vermelho.

Maldito sangue vermelho.

E assim que eu estou prestes a socar meu próprio amigo para


pegar um pedaço do filho da puta, eu ouço um deles murmurar: “Ele
é todo seu.”

Suas mãos me soltaram.

E eu avanço.

Abaixo meu ombro e o derrubo no chão.

Tudo o que penso é Scout.

Rolamos pelo no chão.

Tudo o que vejo é fúria.

Eu grudo uma mão em sua camisa. Puxando.

Tudo o que sinto é satisfação.

Quando meu punho se conecta —

23 Ele faz um trocadilho com o nome e Slut significa vadia, vagabunda.

K. BROMBERG LIVRO UM
Tudo o que sinto é dor.

Depois, há mãos.

E gritos.

Somos separados.

Puxados para longe um do outro.

Controle de danos.

Mas eu não me importo. Já tive o suficiente.

E quando Tino e Drew me empurram para fora do campo, é a


cara do meu pai que eu vejo nas arquibancadas antes que eles me
empurrem para baixo pelos degraus do abrigo e eu não posso ler
completamente o que está dizendo.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 35
Scout

“Como você pode ser tão estúpido?”

Todo este trabalho — meses de recuperação, horas de


fortalecimento — e ele arrisca tudo lutando contra Santiago.

“Você deveria ter visto o outro cara,” ele brinca, então assobia
quando empurro sua mão que está com a bolsa de gelo de volta a sua
bochecha.

“Não é engraçado.”

Começo a juntar o material na sala de treinamento. A porta


está fechada para que ninguém possa nos ouvir, abro e fecho as
gavetas, empurro o carrinho de ultrassom contra a maca onde Easton
está sentado. Odeio precisar pegar novamente toda a merda que usei
quando comecei sua reabilitação, porque quem sabe o que ele acabou
de fazer com o seu ombro além de apenas me dizer que dói.

“É um pouco engraçado.”

“Não. Simplesmente não é!” Bato minhas mãos no balcão e as


deixo lá, enquanto espero controlar minhas emoções.

A confusão quando ouvi pela primeira vez o grito de ‘Eu vou te


matar’.

O choque de ver Tino e Drew impedindo fisicamente Easton de


correr de volta ao campo.

K. BROMBERG LIVRO UM
O espanto quando eles empurraram Easton para onde eu
estava na sala de treinamento, quando notei os nós dos seus dedos
sangrando, sua camisa rasgada e sua bochecha com uma marca
vermelha irritada.

E então a fúria, a maldita fúria, quando o vi estremecer


enquanto movia o ombro.

“Scout.” Ele suspira meu nome e o desafio resignado misturado


com desculpas só me enfurece ainda mais.

“O quê? Qual desculpa você vai dá para isso?” Grito enquanto


jogo minhas mãos para cima e viro para enfrentá-lo. “Você não
conseguiu se controlar? Você não podia tentar ser um homem melhor
e simplesmente virar e ir embora? Pelo menos por mais alguns dias?”

“Ah. Agora tudo faz sentido. Você agora não dá a mínima para o
meu ombro. Só se importa com a reunião. O maldito contrato e o que
está nele para você.”

Suas palavras perfuram o pequeno espaço e me golpeia com


mais força do que seus punhos provavelmente fizeram no rosto de
Santiago. Porque se ele está com o objetivo de me atacar, ele
provavelmente acabou por ser atingido por algo.

Por que estou lutando com ele? Por quê? O Santiago merecia
ser esmurrado há semanas. Melhor ainda, ele merecia isso meses
atrás, quando lesionou Easton e recebeu apenas uma multa e uma
ridícula suspensão por quatro dias.

Então, por que você está tão chateada com Easton por realmente
fazer isso?

Por que você está sendo tão dura com ele?

Porque estou com medo.

Sobre o que isso significa para ele e sua posição aqui. O que
isto significa para mim e para o trabalho com a equipe no futuro. O
que isso significa para nós dois como um casal. E definitivamente o
que significa para o último desejo do meu pai.

K. BROMBERG LIVRO UM
É muito mais do que o contrato. Ele não vê isso? No entanto, é
assim que ele pensa de mim agora — que valorizo o contrato antes
ele?

Adicione um pouco mais de dor à raiva, Scout.

“Como é?” Meu corpo treme em fúria inquieta. O tipo que você
pode sentir no fundo dos seus ossos e não tem ideia de como se
livrar.

“Você me ouviu.” Easton levanta e endireita seus ombros. Sua


raiva em direção a Santiago ainda está lá, ainda crua, mas agora é
dirigida a mim.

Bem, pode vir com tudo, espertinho, porque estou preparada


para uma luta, especialmente quando você diz besteiras como essa.

“Fico feliz em saber que a porra do seu precioso contrato é a


sua principal preocupação no momento. Não importa mais nada?”

“Sim. Claro que outras coisas importam.”

“Aposto que não pode nomear uma.” Ele olha para mim, olhos
procurando e um músculo pulsando em seu maxilar. Por mais que
tente me colocar em seu lugar em uma situação como essa e com sua
raiva voltada para mim eu não consigo pensar em apenas uma
quando eu sei que existem toneladas.

“Você está brincando comigo?” Grito e odeio por não conseguir


respondê-lo e apenas o ataco em troca. “Você vai virar isso para mim?
Foi tão difícil manter sua testosterona sob controle? Tentar ficar longe
dele? Você pensou mesmo uma vez que, talvez, quando eles o
reintegraram, isso cimentaria seu destino? Você voltou para sua
posição, eles o veriam lado a lado e logo ficaria claro que seu maldito
talento está muita acima, e...

“E você seria premiada com o contrato.” Sua voz está tranquila,


no entanto, odeio como seu tom soa ácido — decepção, tristeza, dor...
não tenho certeza do que, mas ele cava fundo em mim e faz meu
estômago revirar.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não se trata do maldito contrato! Você não entende?” Ando de
um lado para o outro. Estou tão zangada, tão confusa, que não
consigo colocar para fora as palavras que preciso dizer. É como se
tivesse tantas para falar que estou sufocada por elas, e ao mesmo
tempo, não tenho nenhuma. “É tudo sobre o tempo e esforço que você
colocou nisso. É sobre você finalmente voltar para o maldito
campo. De volta ao jogo que você ama.” Minha voz falha. As lágrimas
surgem. “O que é mais importante para você do que isso?”

Ele olha para mim, os tendões do pescoço esticado, a boca


apertada, seu corpo tensionado como um elástico prestes a estalar.
“Você simplesmente não consegue ver, não é?” Ele balança a cabeça,
sua voz vibrando com frustração resignada.

“Não consigo ver o quê? Que você não conseguiu controlar o


seu temperamento. Que você arriscou tudo pelo que trabalhamos?”

“Lá vai você de novo.” Ele sopra um suspiro.

“Tanto faz Easton.” Estou farta. Ele quer agir como o idiota,
então não quero fazer parte disso. Viro as costas para tentar esconder
a mágoa, a confusão, o sentimento incerto de que as coisas mudaram
muito entre nós, apesar de não ter nada a ver conosco.

“Tanto faz?” Ele grita, agarra meu braço e me gira, então


estamos cara a cara, corpo a corpo, temperamento contra o
temperamento. “Tanto faz? Há coisas mais importantes do que
conseguir um maldito contrato,” ele rosna e seu dedo cutuca meu
peito.

“Como o quê?” desafio.

“Como fazer o que é certo.”

“O que é certo é ficar fora de problemas e ser reintegrado. Não


há nada mais importante do que isso agora.”

“Jesus Cristo, você é frustrante.” Ele se afasta de mim, passa


uma mão por seus cabelos, sopra uma respiração alta e então volta
para mim. “O que é certo, Scout, é defender o que mais importa.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“E o que é isso?” Nossos olhos estão fechados, as emoções
saltando no espaço entre nós.

“Não o que, mas quem.” Ele faz uma pausa, aperta os olhos por
um instante e quando abre novamente, a raiva ainda está lá, mas há
algo mais, também.

“Quem? Sobre que diabos você está falando?” Aconteceu


alguma coisa com um dos caras? Com o pai dele? O que?

“Você. Eu me importo com você. Eu simplesmente daria mais


socos e foderia mil vezes mais o meu ombro, antes de permitir que ele
fale qualquer merda sobre você novamente. Você entendeu?”

“Oh.” Eu fico lá, atordoada. Nunca em um milhão de anos eu


pensaria que Easton e Santiago brigariam no campo, com todos os fãs
assistindo o treino de rebatidas e que seria por minha causa.

Como eu posso ter sido tão estúpida quando ele estava dizendo
isso o tempo todo?

Estamos frente a frente e tudo que quero fazer é colocar minhas


mãos em suas bochechas e beijá-lo sem sentido. Tranquilizá-lo.
Tentar me tranquilizar. Qualquer coisa para fazer uma conexão com
ele, para agradecer e falar do único modo que sei o quanto eu me
importo com ele.

Mas não posso. Há uma sala cheia com seus colegas de time
em nossas costas, que com certeza estava assistindo nosso embate se
desdobrar pela janela da sala. Estou certa de que foram feitas
suposições sobre por que estamos brigando. Eu sei que Easton
colocou suas mãos em mim muitas vezes para que possamos sair
daqui como apenas fisioterapeuta e jogador.

E, agora, não me importo, porque ele está chateado e eu quero


acalmá-lo. Não posso tocar e não posso beijar. Eu não posso envolver
meus braços ao redor dele ou pressionar meus lábios em sua
bochecha dolorida — o soco que ele levou por mim — e dar um beijo
para ele se sinta melhor.

Dou um passo a frente por instinto e ele recua.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Não, Scout.” Há tanta emoção em meu nome. Sei que ele está
se sentindo da mesma forma que eu, mas o olhar em seus olhos me
diz que seu controle foi quebrado uma vez e é melhor não testá-lo
novamente.

Ele ainda está tão alterado pela adrenalina que precisa menos
que um toque para ele não ser capaz de parar.

Então, eu uso a única coisa que posso para alcançá-lo: minhas


palavras.

“Sempre haverá homens falando merda sobre mim, Easton. Faz


parte do meu trabalho. Eu sei que vem junto com a carreira que
escolhi. Sempre haverá um cara que pensa que sou uma Kitty ou
uma Trixie.” Ele suspira e meu coração vai junto com ele. “Obrigado
por me defender, mas você não pode matar todos os dragões que eu
enfrento. É um trabalho em tempo integral nos dias de hoje, mas sou
forte e posso lidar com isso.”

Ele abre um sorriso. Um cheio de arrependimento, desculpas,


mas mais do que tudo, cheio de amor. É a primeira vez que o
reconheço e fico lá, tão sobrecarregada de emoções, que não sei o que
fazer.

“Você pode ser capaz de lidar com isso, mas não significa que
eu ficarei parado e tolerarei isso.”

Eu aceno com a cabeça, reconheço e sei que é uma batalha que


eu vou ter que lutar outro dia, mas agora, preciso olhar para o seu
ombro.

“Vamos, vamos ver se isso fez algum dano.” Vou para a maca e
começo a verificar o ombro. Não consigo mais ver o rosto dele, mas o
olhar que estava nos seus olhos é tudo sobre o que penso.

Sobre como está entranhado em mim o desejo de correr.

Mas um pensamento fica repetindo várias vezes em minha


mente.

Ele tentou matar dragões por mim.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 36
Scout

O apartamento está silencioso.

O trânsito ao longe e os para-brisas refletindo o sol do começo


da manhã.

O estádio está vazio. A grama está aparada em seu padrão


quadriculado confuso que hipnotiza os olhos a esta distância e a terra
do campo está arrastada e preparada com perfeição.

O café em minhas mãos está quente e a poltrona em que estou


sentada é do tipo afunde-nisso-e-nunca-mais-queira-sair de tão
confortável.

Easton também estava muito animado hoje para pisar mais


tarde aquela terra preparada, como se fosse a sua primeira vez e
agora ele está em algum lugar nesta cidade, correndo quilômetro após
quilômetro para diminuir um pouco sua ansiedade.

Tudo parece um perfeito conto de fadas.

Mas por dentro eu estou uma pilha de nervos.

Três horas.

Esse é todo o tempo que me resta antes que vire o nosso


mundo de cabeça para baixo. Nossas noites tranqüilas em casa.
Juntos todas as noites. A rotina do dia-a-dia que de alguma forma
estabelecemos neste relacionamento que não admitimos ser um
relacionamento.

K. BROMBERG LIVRO UM
Ou talvez tenhamos e só estou escolhendo não enxergar isso
por medo de amaldiçoá-lo.

Mas em três horas, tudo isso vai mudar.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 37
Easton

“Devo me preocupar com o que estou interrompendo?”

Porra Finn.

“Eu estou correndo, seu idiota,” digo ofegante.

“Oh,” ele ri. “Eu ia falar que ela não deve ser tão importante se
você para uma boa foda para atender seu telefone.”

“Eu te amo, cara, mas de jeito nenhum eu vou parar no meio de


uma boa foda se meu telefone tocar.” Inclino e apoio uma mão no
poste para tentar recuperar o fôlego.

“Homem esperto. É hoje o dia D... como você está? Está tudo
bem?”

“Cara.” Dou uma risada enquanto olho ao redor e analiso;


Estou a cerca de oito quilômetros de casa. “Estou tão animado, que
até se eu cruzar com o fodido Santiago não poderia estragar tudo.”

“Bem, isso diz tudo.” Ele ri, então fica um pouco mais sério.
“Eu sei que você está pronto, mas como está seu braço? Ainda está
dolorido da sua proeza no outro dia?”

Movimento meu ombro por força do hábito, espero a dor


chegar, mas sei que não vai acontecer. Scout estava certa quando
disse que eu estaria cem por cento. Mesmo depois de soltar alguns
socos. “Estou pronto, Finn. Parece que tem sido um fodido tempo —

K. BROMBERG LIVRO UM
desde que tive a multidão nas minhas costas. Apenas me coloque em
campo.”

“Isto é o trabalho de Scout para decidir por eles. Não o meu.


Está confiante que ela vai dizer que está bom para ir? Que seu braço
é capaz de suportar a pressão?”

Imagens passam através de minha mente. O chuveiro. As mãos


ensaboadas do Scout deslizando sobre minha pele, até o meu pau.
Sendo testado e provocado. Sustentando e segurando ela contra a
parede enquanto a fodia.

Pode suportar a pressão?

Acredito que ele fez exatamente isso a há cerca de seis horas


atrás.

“Easton,” ele resmunga confundindo meu silêncio com a


incerteza e fazendo meu sorriso se alargar. “Por favor, me diga que
você pensou em perguntar isso a ela.”

Eu ri — não pude fazer nada. Torturá-lo faz parte do meu


trabalho como seu cliente.

“Não estou me sentindo tão confiante sobre isso quanto eu


estava quando peguei o telefone para te ligar. Achei que vocês dois
estavam bem próximos. Por que diabos você não deveria perguntar a
ela?”

Sua tortura já foi longe demais. Consigo ouvir sua ansiedade


aumentar. “Relaxe. Não precisa se preocupar. É só divertido ouvir
você continuar resmungando como uma mulher velha.”

“Então seu braço está ok, certo?”

“Eu amo como você simplesmente me ignora completamente.”


Eu ri, precisando do alívio cômico que esta ligação trouxe.

“Easton,” Ele adverte enquanto continuo sorrindo.

“Nós tivemos um... uh... treino final ontem à noite. Foi ótimo.”

Se ele soubesse o que eu estava falando.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Sem efeitos colaterais ou qualquer coisa?”

Não do tipo que você pode quantificar. “Não. Eu dormi como um


bebê.”

“Bom. Bom.” Posso ouvir quando a mente do agente começar a


comandar, agora que ele sabe que estou pronto. “Prometa que daqui
em diante você não vai fazer nada estúpido, como assinar um
documento dizendo concordar em retornar ao campo com uma data
pré-definida.”

“Estamos de volta a isso novamente? Eu estava com muita


dor. Eles empurraram papéis na minha frente e então assinei. Isso
importa? Tudo funcionou e voltei com uma semana de sobra em seu
prazo.”

“Nós nos esquivamos de uma bala é o que fizemos.”

“Deixa de ser pessimista. Estou bem. Você está bem. Estamos


todos bem.”

“Você vai me matar um dia desses, Wylder.”

“Não, não vou. Eu sou seu cliente favorito.”

Seu silêncio me faz sorrir.

“Certifique-se apenas de estar no vestiário se preparando para


ajudar a pegar o bullpen como você tem feito. Assim, quando receber
a ligação avisando que você foi retirado do DL e reintegrado, você já
estará no campo.”

“Já estava planejado sobre isso.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 38
Scout

“Uau.”

A voz de Easton me surpreende. Eu estava tão perdida em


minha mente, tão ocupada ensaiando o que vou dizer, o que meu pai
me aconselhou a dizer, que não ouvi Easton voltar.

“O quê?” Viro para enfrentá-lo, observo quando ele puxa a


camisa encharcada de suor sobre a cabeça e joga no cesto.

“Scout usando roupas-de-treino é quente. Scout em saia-e-


botas-de-cowboy é sexy. Scout vestida-para-negócios é maravilhosa.”

“Obrigado. Estarei numa sala cheia de homens. Scout em


roupas-de-treino faz pensar que sou uma estagiária recebendo minhas
horas. Scout em saia-e-botas-de-cowboy faz com que eles pensem que
estou lá para rir e flertar e talvez namorar algum jogador de beisebol,”
falo enquanto ele levanta as sobrancelhas. “E Scout vestida-para-
negócios isso diz que levo meu trabalho a sério e sou uma profissional
que quer o melhor para a equipe e para o jogador.”

“E se o que é melhor para a equipe, para você e para o jogador


são coisas diferentes?”

“Neste caso, eles são os mesmos, então não importa,” digo,


sabendo que ele precisa da certeza de que eu tecnicamente não posso
verbalizar devido ao meu contrato, mas já o disse de uma maneira
diferente de qualquer maneira.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Mas e se fossem, porém?”

Eu não gosto dos sentimentos que a pergunta evoca, porque


poderiam ter sido diferentes quando ele socou Santiago no outro dia.
Mas isso foi um dia diferente, uma luta estúpida e nós seguimos em
frente, então eu tento mudar este assunto.

“Bem, desde que você disse Uau, quando me viu, eu usarei


meus astutos encantos femininos para cortejá-los e garantir que o
que penso é o melhor.”

“Ah, aí vem o seu lado manipuladora.”

“Não manipuladora.” Eu ri quando ele dá alguns passos em


minha direção. “Apenas determinada.”

“Você é muito sexy quando está no modo toda negócios,” ele diz
enquanto desliza seus braços ao meu redor e vai direto para a minha
bunda.

“Eca, você está todo suado.” Eu tento bater as mãos dele, mas
soando pouco convincente.

“Você não disse isso ontem à noite quando eu estava todo


suado.” Ele se inclina e todas as minhas dúvidas desaparecem com o
escovar de seus lábios e o sabor do seu beijo.

“Bem, esse tipo de suor é bem-vindo,” murmuro e, em seguida,


retiro suas mãos da minha bunda antes que se movam e para
desfazer o meu zíper.

Ele ri e me dá um tapinha na bunda quando me viro para


colocar minha maquiagem, o modelador,e as roupas sujas em minha
bolsa de viagem. Quando viro ele está apenas olhando para mim com
aquele olhar em seus olhos, o mesmo que ele tinha no Pet Haven.

Meu pulso acelera.

“O quê?”

“Você não precisa fazer isso, você sabe.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Fazer o quê?” Eu olho em volta como se não entendesse, mas o
eco súbito de pânico dentro de mim me diz que eu sei.

“Empacotar suas coisas.” Ele espera uma reação, e quando eu


não dou nenhuma, além de não dizer uma palavra, ele continua:
“Você pode ter uma gaveta aqui, Scout. Você pode ter um lado inteiro
do armário se quiser. Melhor ainda, por que você não fica
comigo. Você está nesse lugar temporário com móveis que nem são
seus. . . quando eu tenho todo esse espaço.”

Eu só olho para ele, pálpebras piscando e pânico lentamente


arranhando seu caminho para espremer meu coração. “Eu... nós...
não é... como pode...”

“Scout.” Easton diz meu nome enquanto ele toma minha mão
na dele e olha para mim com aqueles olhos cor de avelã que hoje
estão carregados com uma nuvem de tempestade. ”Você não
percebe?”

“Não percebo o que?”

“Este é o próximo passo para nós. Um tipo de


permanência. Nós estamos fazendo isso de qualquer maneira, então
porque não apenas admitir isso?”

Meu peito se contrai. É doloroso. O medo que eu pensei que


tinha afugentado é um peso fazendo doer. “Easton.”

“Não, uh-uh,” ele diz enquanto se aproxima de mim e molda


minhas bochechas com as mãos, de modo que sou forçada a olhar
para os seus olhos. “Você não pode se assustar agora. Você não pode
se esconder de mim.”

“Mas as coisas vão mudar.” Finalmente encontro minha


voz. “Você vai começar a viajar. Você vai me deixar.”

Ele balança a cabeça e sorri. “Só por algumas noites. E a


maioria das noites você estará lá também, uma vez que você terá o
contrato com a equipe. Não é um grande negócio, Scout. Meu retorno
à lista não significa que isso tenha que parar entre nós.”

K. BROMBERG LIVRO UM
Ele se inclina a frente e reforça suas palavras com seu beijo.
Para tentar combater o medo. Para aliviar a minha ansiedade.

Quando ele termina o beijo, seus olhos estão de volta ao meu.


“Nós podemos fazer isso funcionar.”

E eu vejo isso antes que ele diga.

Talvez eu tenha observado isso o tempo todo e acabei por


negar.

Mas então ele diz isso.

Alto.

Concreto.

E não tem volta.

“Estou apaixonando por você, Scout.”

As portas do elevador se abrem, eu saio e fico lá parada por um


segundo. Tento fingir que estou bem. Aceno para o porteiro. Eu sorrio
para a universitária com a camisa da irmandade, fazendo sua lição de
casa nas cadeiras do lobby, como de costume. E eu me concentro em
respirar.

Em me recompor.

Em dizer para mim mesmo que Easton confessando que e


estava apaixonando por mim não seria uma maldição para nós.
Repito suas palavras em minha cabeça. “Só porque eu disse as
palavras, não significa que eu vou te deixar, Scout. Você não está
dizendo isso, mas eu vejo nos seus olhos. E eu vou provar para você
que está errada. Que você não é amaldiçoada. É um dragão, que eu
vou matar por você e não há nada que possa fazer para me impedir.”

Mente clara.

Acredite nele, Scout.

K. BROMBERG LIVRO UM
Coração duro.

Ele já defendeu você antes.

Mente clara.

Ele acredita em felizes para sempre.

Coração duro.

Não é hora de você merecer um, também?

Sim. É.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 39
Easton

“Você está pronto?” A voz do meu pai explode em meu celular.

Eu acabei de foder tudo?

“Sim.” Minha resposta parece normal até para meus próprios


ouvidos, mas estou muito preocupado, duvidando de mim quando
olho para as portas do elevador que Scout desapareceu alguns
minutos atrás. Devo ir atrás dela e ter certeza de que não a assustei?

“Sim?” ele pergunta soando tão confuso quanto eu me sinto.

Porque, com certeza, eu me assustei.

“Sim,” resmungo, irritado que ele está me questionando.

Eu disse a ela que eu estava apaixonando por ela. Como posso


ser tão estúpido?

“Easton?”

Não é estupidez quando é a verdade.

“Você está bem, filho?”

A preocupação genuína em sua voz rompe meus


pensamentos. Isso me traz de volta ao presente. “Sim. Não. Desculpe.”
Sorrio enquanto respiro fundo, abalado quando eu nunca fico
abalado. “Eu estou bem. Apenas preocupado com algo e ansioso para
receber a chamada mais tarde dizendo que fui reintegrado.”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Bem, estou feliz que você tenha algo para manter sua mente
ocupada,” ele diz. “Desde que você está saindo da DL, provavelmente
é melhor se você tiver um desempenho forte esta noite. Você precisa ir
três por três e —”

“Obrigado, pai, mas tenho que ir.” Eu nem espero ele se


despedir para terminar a chamada, porque tenho coisas mais
importantes para fazer do que ouvir o que meu pai espera de mim no
meu primeiro jogo de volta.

Como processar o fato de Scout está em pé no meu quarto


como ela faz a maioria das manhãs ultimamente e meu único
pensamento ser o quanto ela perfeitamente se encaixava lá. Como
perfeitamente ela se tornou uma parte do meu dia-a-dia. Então, é
claro, como as palavras rolaram da minha língua.

O convite para morar comigo.

Minha declaração para ela.

Acredite, eu vi o medo em seus olhos, mas estava muito


ocupado tentando gerir o meu próprio pânico para tentar qualquer
coisa para acalmar o dela. Porque pensar que você está se
apaixonando por alguém é uma coisa, mas dizer isso em voz alta é
outra. Você não pode tirar essa merda de volta.

Mas agora que ela se foi, eu sei que não quero retirar o que
disse. Quem precisa de grama mais verde do outro lado quando você
tem a sorte de ter a grama ainda mais verde bem debaixo dos seus
pés?

Vamos apenas esperar que consiga provar isso para ela.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 40
Scout

“Senhores.”

Nervos chocalham e tremem todo o meu corpo e percebo que


isso é medo. Isso é pânico. Isso não é querer estragar tudo.

Tão diferente do que eu sinto com Easton. Tão diferente de


como Easton me faz sentir.

E eu sei que também estou pronta para matar dragões por ele.

Começando agora.

Encontro os olhos dos seis homens ao meu redor na mesa,


então começo, “Fui contratada para facilitar a reabilitação do jogador
Easton Wylder, e avaliar a sua capacidade de retorno sem limitações
para a linha de partida. Estou aqui para relatar minhas descobertas.
Vamos aguardar o agente do Sr. Wylder?”

“Ele não se juntará a nós,” diz Cory Tillman com um firme


aceno de cabeça.

“Oh, eu presumi —”

“Vamos começar.”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 41
Easton

Eu vejo isso no minuto em que entro no vestiário.

Minha camisa listrada.

Wylder 44

Passada e pendurada em meu armário, onde não esteve no que


parece uma eternidade.

Uma mão me bate no ombro. “Bem-vindo quase de volta, Easy


E.”

Viro para ver Manny e o brilho em seus olhos. “É melhor não


estar me irritando, Manny-Man.” Eu rio e aperto a mão dele. “Não
preciso de nenhum maldito mal olhado hoje.”

“Sem azar. Nada de mal olhado. Talvez eu quisesse dar ao velho


Santiago um lembrete sutil quando ele entrar aqui hoje quem foi o
primeiro e quem será o último.”

Balanço a cabeça e dou um sorriso. O bom e velho Manny. Ele


sempre esteve ao meu lado e ele ainda faz isso agora.

“Deus, eu te amo, velho.”

“Eu senti falta de assistir você jogar. Não posso esperar para
me sentar nas arquibancadas esta noite.”

Olho para ele, olhos arregalados, boca aberta. Ouvi direito?


“Arquibancadas?”

K. BROMBERG LIVRO UM
“Lógico.” Ele acena. “É o único lugar que eu gosto de assistir os
grandes jogar.”

Limpo minha garganta. Um comentário tão simples significa


muito para mim.

Porque é Manny.

E o que hoje significa para mim.

Todo o trabalho árduo.

Toda a dor.

Toda a dúvida.

Estou tão perto que já posso sentir o sabor.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 42
Scout

“E por isso é minha opinião profissional que o Sr. Wylder —”

“Merda!”

Cory diz a palavra, mas eu levo alguns minutos para entender o


líquido escuro que se desloca através da mesa de conferência em
todas as direções. A sala entra em um caos momentâneo enquanto
empurramos nossas cadeiras e tentamos salvar a pilha de
documentos que cobrem a mesa de ser arruinada pelo café
derramado.

Cory amaldiçoa novamente quando ele sacode o líquido do


teclado de seu laptop com um pedaço de Kleenex, enquanto seu
assistente corre pela sala por toalhas de papel. O cavalheiro que
estava sentado ao lado direito de Cory acrescenta a ladainha de
maldições, pois seu quadril atinge uma pilha
de pastas de arquivo bem na borda da mesa e derruba tudo no chão.

“Pegue as coisas na mesa,” aviso quando abaixo para ajudar a


recolher os que caíram no chão. “Eu vou pegar esses.” Há tanta
confusão, ninguém discute ou percebe que em uma sala cheia de
homens, eu sou a única com uma saia e saltos ajoelhada no chão.

Os papéis estão em toda parte. As pastas sanfonadas estão


abertas e seus conteúdos espalhados no tapete embaixo da mesa. Eu
observo os rótulos nas pastas à medida que os coleto — Easton
Wylder, Dalton Reabilitação, Contrato de Longo Prazo para o

K. BROMBERG LIVRO UM
Departamento de reabilitação, Opções — mas estou muito
preocupada agarrando tudo para processar exatamente o que eles
significam. Ou melhor, qual seria o seu conteúdo.

E é só quando eu tenho todos os documentos aleatoriamente


empilhados em uma pilha e estou prestes a rastejar para fora da
mesa que eu noto o que o papel no alto da pilha. As palavras. Os
números. As implicações.

Não tem como.

Não pode ser.

Tentando fazer sentido em tudo isso, eu lanço para a próxima


página, mas como os papéis estão fora de ordem, não acho nada.

Olho para o próximo. Nada.

Os mocassins de Cory entram em minha linha de visão apenas


alguns metros de onde eu estou de joelhos e me puxo de volta à
realidade — para o que estou fazendo bisbilhotando seus arquivos e
as consequências se eu fosse flagrada fazendo isso.

É quando olho para baixo outra vez para enterrar a primeira


página na pilha, então ninguém saberá o que eu vi, sou pega de
surpresa pela segunda vez.

Minha mente embaralha para processar o que estou lendo e por


que a assinatura de Easton está rabiscada em toda a parte inferior da
mesma em aceitação.

Minhas mãos tremem.

Eu digitalizo as palavras novamente.

Meu pulso troveja em meus ouvidos.

Santo. Merda.

“Você precisa de alguma ajuda aí em baixo Srta. Dalton?”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 43
Easton

“Você está apenas desperdiçando seu tempo, Wylder.” A voz de


Santiago toca acima da conversa de merda dos caras e os silencia
instantaneamente.

Todo osso do meu corpo vibra com a necessidade de esmagar


meu punho em seu rosto para fazer com que ele cale, mas eu
ignoro. Cerro meus dentes e apenas olho para minha camisa
pendurada no meu armário logo a minha frente. Ele não vale mais a
pena.

“Por que é isso?” Pergunto mais do que ciente de que toda a


equipe está esperando o desenrolar disso.

“Porque parece que a equipe tem Wylders demais na lista esses


dias.”

“Hmpf. Obrigado pelo aviso.” Não morda a isca. Não deixo que
ele saiba que ainda não tenho a chamada informando que fui
reintegrado então, tecnicamente, não há nenhum Wylder atualmente
em lista alguma.

“Coisa certa. Você ouviu essa piada que tem andado por aí? O
que é dez vezes pior do que um apanhador de merda?” Ele pergunta e
depois responde sem pular uma batida. “Um único Wylder.”

Cada músculo do meu corpo está tenso quando me viro para


enfrentá-lo.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Cala a boca, Santiago,” adverte JP, cansado de ouvir suas
besteiras assim como todos nós.

“O quê?” Ele encolhe os ombros e sorri. “Estou apenas me


divertindo um pouco com meu novo companheiro de equipe.”

Levo o meu tempo cruzando a distância, parando quando estou


a cerca de um pé do bastardo. Eu olho para ele por alguns segundos
antes de falar “Sabe de uma coisa, Santiago? Não sei qual é o seu
negócio e com certeza não sei o que fiz para você me odiar, mas
honestamente, eu estou me fodendo para isso. Eu sou parte desta
equipe, tenho sido durante muito tempo — somos uma família grande
e feliz — então, toda vez que você fode comigo, lembre-se que você
está fodendo com eles também.” Empurro meu polegar sobre meu
ombro em direção aos caras e dou mais um passo para ele. “E
garanto que a vida vai ficar terrivelmente difícil para você como um
Aces caso você queira continuar com essa merda. Entendeu?” Olho
para ele por mais alguns segundos, espero ele acenar a cabeça, em
seguida me viro e vou embora.

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 44
Scout

E se eu estiver errada?

E se as informações naquele papel não fossem sobre o que eu


estava pensando?

Mas e se fosse?

Olho para os pares de olhos olhando para mim, esperando


minha resposta e me pergunto onde diabos o agente de Easton
está. Nada disso faz sentido para mim e preciso que ele me ajude a
entender o que está acontecendo.

A imagem da assinatura de Easton aparece em minha mente.

Eu aprendi há muito tempo que os principais executivos


raramente fazem coisas que parecem razoáveis ao público, mas no
decorrer do tempo acaba fazendo todo sentido. A voz do meu pai toca
alto em meus ouvidos e eu daria qualquer coisa para chamá-lo agora
e perguntar o que fazer, mas os senhores que esperavam com
impaciência em toda mesa não pensariam muito bem disso. Na
verdade, isso só servirá para minar minha credibilidade.

Meu estômago está agitado. Há muito em jogo.

Para Easton.

E para mim.

K. BROMBERG LIVRO UM
A situação está fora do normal e estou perdida, mas acho que é
porque ainda estou abalada pela confissão de Easton esta manhã.

Você está muito perto, Scout. Meu pai estava certo, estou muito
perto.

“Srta. Dalton?” Cory pressiona.

E se o que é melhor para a equipe, para você e para o jogador


são coisas diferentes?

É a voz de Easton que ouço agora. Sua pergunta desta manhã


volta para me assombrar.

O. Que. Você. Faria. Scout?

“Em sua opinião especializada, Easton Wylder está


completamente reabilitado e pronto para retornar como um jogador
contribuinte para a formação do Aces?”

K. BROMBERG LIVRO UM
CAPÍTULO 45
Easton

“Primeiro Santiago e agora o tapete. Tenha calma, Turbo e


economize energia para o jogo desta noite.”

Dou uma olhada para Drew enquanto ele aperta o cadarço de


sua chuteira e enquanto eu faço buracos no tapete do vestiário.
“Porque diabos isso está demorando tanto?”

“Talvez aquela sua amiga esteja derramando seus segredos


obscuros.”

Paro a meio passo e encaro ele e o seu sorriso malicioso.

“Você acha que nenhum de nós que te conhece bem já não


sacou que vocês dois tem tesão um pelo outro? Cara, o jeito que você
olha para ela é o suficiente para me fazer ficar com tesão.”

Reviro os olhos. “Vai se foder.”

“Eu fiz você rir e te impedi de me deixar tonto olhando você


andar de um lado paro o outro como um animal enjaulado.”

“Que seja.” Assim que eu digo, percebo que já estou andando


novamente. Merda. Tudo que posso fazer é baixar minha cabeça e rir
com a prova que ele está certo.

“Meu trabalho aqui está feito.”

“Como um idiota,” eu murmuro.

K. BROMBERG LIVRO UM
“Você não iria me querer de outra forma.” Ele me dá tapinhas
nas costas. “É melhor ela se apressar porque se eu tiver que ver
Santiago atrás do home plate mais uma noite, em vez de sua cara
feia, você vai ficar me devendo mais do que apenas uma rodada de
cerveja.”

“Concordo,” sorrio enquanto ele entra no túnel e em direção ao


abrigo onde eu quero muito está também.

Meu telefone toca.

Não consigo chegar rápido o suficiente.

“Finn. Eu já estou usando minha camisa. Fala logo que estou


liberado.”

“Easton.”

“Fala logo.”

“Easton.” A voz dele é mais severa. Pede que eu pare de me


mover. “Acabei de ser informado.”

“Finn?”

“Você acabou de ser negociado.”

K. BROMBERG LIVRO UM

Você também pode gostar