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~1~

M.N. Forgy

#2 The Scars That Define Us

Série The Devil's Dust

Two Worlds Colliding Copyright © 2014 M.N. Forgy

~2~
SINOPSE
The Devil's Dust MCtem uma lista de novas ameaças à vida do
clube. Dani, para provar sua lealdade, está tentando abraçar uma parte
de si mesma que ela nunca soube que existia até agora. Uma besta
pecaminosa à espreita abaixo de sua superfície foi despertada e está
pronta para eliminar qualquer um que fique em seu caminho. Olhando
para as mãos manchadas com sangue sobre elas. Ela se resigna a
inocência perdida e se congratula com sua sede de mais sangue.

Depois de um turno de tirar o fôlego de eventos, Shadow está


olhando para a vida de uma perspectiva diferente. Sem saber em quem
ele pode confiar ou quem ele pode perdoar o deixou se sentindo
desolado e sozinho. Enquanto Shadow está se preparando atrás de seu
rifle, ele se pergunta se ele pode puxar o gatilho para eliminar a
ameaça. Ele respira fundo e aperta o gatilho, o coice do rifle inflama o
combustível que o impulsiona.

Retaliações serão necessárias.

Limites serão abalados.

Redenção será perdida.

A traição é tão profunda, mas eles ainda anseiam um pelo outro.


Shadow pode ignorar as transgressões de Dani? Dani pode ignorar a
desconfiança que Shadow colocou sobre ela?

~3~
A SÉRIE

The Devil's Dust – M.N.Forgy

~4~
Capítulo Um
DANI
Um trovão irrompe de cima quando a
escuridão sinistra do céu se abre, permitindo que
faíscas caíssem em cascata para baixo. Eu
pestanejo, a chuva apegada aos meus cílios
enquanto olho para o clube de longe. O cheiro de
asfalto molhado é pesado no ar enquanto a chuva
bate contra o asfalto. Eu estive pensando nas
minhas opções, o meu destino. Eu estive aqui de pé
por uma hora, sabendo que a caminhada para o
clube poderia selar o meu futuro com uma bala na
cabeça, possivelmente por aquele que eu mais amo, Shadow, mas voltar
para a vida que eu tinha antes, apenas me irá conceder o destino de
sobreviver; eu não estaria vivendo.

Eu estava tão chocada quanto o clube, quando minha mãe e o


seu namorado Stevin, apareceram no show de motos com uma equipe
de agentes federais. Não só eu me senti traída, como também me senti
ferida. Como é que eu não sabia que minha mãe fazia parte do FBI?
Aquela cadela me manteve presa durante dois dias e meio tentando
arrancar informações de mim como testemunha. Depois que eles viram
que não iam a nenhum lugar, eles tentaram me manter como possível
suspeita. Stevin e minha mãe foram motivo de chacota pelos seus
colegas de trabalho.

— Olha, nós já desperdiçamos um monte dos nossos recursos


nesse clube. Quando o informante foi baleado, tivemos que intervir,
quebrando o nosso disfarce de seis meses nos El Locos. Apenas um dos
membros do Devil tinha uma arma, e ele deu negativo nos testes para
resíduos de pólvora. Nós não temos nenhuma evidência, e nós não vamos
obter nenhuma; eles cobrem as suas bundas bem demais para serem
pegos. Eu estou dando isto por terminado. — a conversa estava sendo
feita por detrás da porta, o que levava a minha sala de interrogatório. O
detetive parecia agitado, como aquele que tinha estado a me questionar
todo o dia.

— Eu sei que posso fazer ela falar. Apenas me dê mais algum


tempo, — pediu a minha mãe. A sua insistência em me fazer o rato dela

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me irritou. Isto também me mostrou o quanto minha mãe me odeia; ela só
me manteve na sua vida para este propósito; derrubar o meu pai e o seu
clube e fazer da sua filha, eu, aquela que o derrubou. Isso não vai
acontecer, embora; eu vou morrer nas mãos do clube do meu pai e ser
honesta ao invés de viver e ser um rato.

— Ela é sua filha, Sadie, — disse o agente com desgosto.

— O sangue não faz dela minha filha, — minha mãe falou


asperamente. Isso devia doer, mas isso não aconteceu.

— Nenhum juiz vai assinar a detenção dela por mais tempo, —


disse o agente do FBI com firmeza.

— Acabou, Sadie; é hora de deixar ela ir. Nós demos o nosso


máximo. Eu dei tudo de mim, para você, — Stevin disse suavemente.

Três horas depois, aqui estou eu.

A chuva começa a bater nos meus ombros enquanto o vento


passa, a sua velocidade é tão hostil que eu tenho que plantar
firmemente meus pés no chão para não expelida. Isso não seria uma
coisa ruim agora. Longe soa melhor do que aqui, mas não tenho mais
para onde ir.

— Você!

Eu olho para cima e vejo o meu pai Bull Locks, e Bobby todos do
lado de fora do clube. Merda, há quanto tempo eles estavam lá de pé?
Bull está na frente dos outros com as mãos nos quadris, a chuva bate
forte no seu colete de couro; seu colete o afirma como membro dos
Devil’s Dust. O meu pai é o presidente do clube. Eu deveria estar bem,
mas com o olhar que ele tem em seu rosto; eu não tenho certeza de que
minha segurança esteja no topo das suas prioridades. Eu respiro fundo,
possivelmente, pela última vez, e sigo em frente, hesitante.

— Isso é longe o suficiente, — diz Bull, a sua voz fria e


ameaçadora.

Eu paro alguns metros à frente deles, meu corpo tremendo de


medo. Eu me endireito para parecer que não estou afetada, mas não
adianta. Eu estou morrendo de medo.

— O que diabos você está fazendo aqui? Você tem o desejo de


morrer? — Locks late, a mão firmemente plantada dentro do seu colete,
sem dúvida, numa arma. Locks, sendo o vice-presidente, poderia atirar
em mim aqui no pátio e nada aconteceria.

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—Eu— eu engasgo, — eu não sou uma deles, — eu digo
timidamente. O vento é tão forte que é difícil falar sobre ele.

Eu olho na direção de Bobby, curiosa para saber onde Shadow


está. Ele deveria estar aqui me protegendo. Eu quero acreditar que
Shadow vai me manter segura, que ele vai me proteger dos espasmos de
violência do clube. No entanto, se eu fechar os meus olhos, ainda posso
ver o seu rosto quando o olhar de desconfiança deslizou através dele.

Bull me olha nos olhos ao longe, os olhos correndo para cima e


para baixo tentando ler a minha linguagem corporal. Nós estamos em
silêncio. O vento uiva e trovões rugem de cima. Meus olhos imploram
para ele acreditar em mim, acreditar que eu não tenho nada a ver com a
minha mãe e os seus planos para derrubar o clube. O meu maior medo
é dele não me matar; e em vez disso, me mandar embora e eu vá ter que
voltar para a minha mãe ou viver nas ruas.

— Eu não tenho mais para onde ir, — eu choro acima do trovão.

— Bobby, reviste ela.

— Me revistar?

Sem aviso, Bobby pisa para frente, agarra a barra da minha


camisa, e a eleva, expondo o meu sutiã. A chuva fria explode contra a
minha carne como lâminas de barbear, enquanto ele dá um tapinha nas
minhas costas, pernas, cabeça, e em todos os outros centímetros do
meu corpo.

— Limpa, sem fios, — Bobby informa.

Fios?

— Eu não sou uma deles! — eu grito de frustração.

O vento assobia, e a luz dos relâmpagos irrompe do alto,


enquanto o meu coração sangra por eles não acreditarem em mim.

— Vamos resolver isto lá dentro. — Bull acena com a cabeça na


direção do clube.

Bobby me empurra na parte lombar das minhas costas em


direção ao clube, me fazendo tropeçar. Todo mundo me trata como um
rato, o que me faz ponderar se devo entrar, mas pelo aperto que Bobby
tem no meu braço, eu não acho que tenho muita escolha.

******

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Estou sentada no lugar na mesa de madeira onde eu sempre me
sentei. Parece que eu estou sempre em apuros quando estou sentada
nessa mesa.

— Que porra você disse a eles? — o meu pai pergunta. — E, Dani,


— ele faz uma pausa, — Eu quero tudo. — sua voz é exigente, e seus
olhos ameaçadores penetram na minha alma. O pai amoroso se foi, ao
contrário do que era antes, antes da minha mãe tentar trazer o clube
para baixo. Eu não posso acreditar que ela teve a coragem de fazer
parecer que eu fazia parte do grupo dela.

Sua voz é fria e atada com o aviso, me fazendo pensar muito


antes de responder.

— Eles perguntaram se eu conhecia o Ricky, o namorado da mãe


de Shadow, Cassie. Eu disse que não. O agente mostrou uma foto de
Shadow me levando para fora da casa de Ricky e Cassie, quando vocês
me salvaram de ser sequestrada, me fazendo parecer uma mentirosa.
Então eu disse que eu acordei enquanto Shadow estava me levando e
eu não nem me lembro de mais nada. — eu paro para olhar ao redor da
mesa para Locks e Bobby, seus rostos não dando nenhuma indicação
de que estão acreditando em mim ou não. — Eu não disse nada. Eu
juro.

— Ela é uma mentirosa, Prez, — Locks diz como se eu não


estivesse na sala. Minhas mãos começam a tremer de medo; se o meu
pai lhe escutar, eu não vou estar viva por muito mais tempo.

— Ela é do meu sangue. — meu pai fala com emoção. Isso me


acalma. Talvez eu ainda possa ter esperança.

— Eu acho que ela está dizendo a verdade, — diz Bobby, olhando


diretamente para mim, as palavras dele me fazem sorrir um pouco.

— Que porra você sabe? — Locks cospe.

— Eu conheço a vagalume um pouco, e eu acho que eu teria visto


alguma coisa ao longo desse tempo que indicasse que ela tinha algo a
ver com isto, e eu não vi, — Bobby insiste. O nome vagalume me pega
de surpresa. Eu me lembro quando ele me deu e o quão ridículo soou.
No entanto, eu me apaixonei por ele após Shadow me dizer que era
perfeito para mim; que eu era a sua luz no seu cruel mundo escuro.
Shadow. Onde ele está?

— Votação, — demanda Lock.

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Votar? O que diabos isso significa?

Bobby e meu pai olham em sua direção, o rosto de Bobby ilegível


e com raiva do meu pai.

— Tudo bem, mas, até então, a leve para o seu quarto, Bobby.
Coloque todos os caras a postos lá em cima. Eu quero essa merda
tratada agora. — Bull move a sua mão em direção à porta, indicando
Bobby para me levar embora.

Me levanto, a cadeira raspando o piso de madeira com um


guincho. Eu faço o meu caminho para fora das portas, sem olhar para
trás para a mesa, onde se irá decidir o meu destino.

— Eu não preciso ficar em seu quarto, Bobby. Eu posso ficar com


Shadow no meu antigo quarto, — eu declaro, sacudindo o aperto do
meu ombro enquanto nos dirigimos para o corredor.

— Não, você precisa para ficar comigo, vagalume. É o melhor, —


Bobby sussurra baixinho, enquanto ele tenta agarrar meu braço
novamente.

— Você pode enfiar isso que pensou na sua bunda, Bobby. Eu


não vou ficar com você. Shadow não permitiria isso. — eu olho para ele
por cima do ombro com as sobrancelhas levantadas. Ele parece chocado
com o meu tom rude, mas se eu aprendi alguma coisa com tudo isso, é
que você não pode ser suave. Suave significa que você é fraca e fraca
pode quebrar você.

Abro a porta do quarto meu e de Shadow, e o vejo deitado na


cama nu, com um lençol amassado em torno da sua virilha. Há garrafas
de cerveja vazias no chão, e o criado-mudo tem droga em todo ele.

— Shad-

— Quem diabos é você? — uma voz feminina interrompe a partir


do banheiro do quarto. Tirando o meu olhar de Shadow em direção a
ela, e eu avisto uma mulher alta e magra. Ela tem cabelo castanho-
escuro, que é longo e confuso; no geral, é simplesmente repugnante. Ela
está amarrando o vestido em volta do pescoço como se ela estivesse nua
apenas momentos antes. Meu olhar desliza de volta para Shadow, que
parece que ele viu um fantasma. De repente eu me sinto mal do
estômago, e eu quero agarrar o meu coração no meu peito a com a dor
insuportável se começa a espalhar a partir dele.

— Que porra é que ela está fazendo aqui? — Shadow pergunta a


Bobby como se eu fosse um cão vadio que veio da chuva.

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Essa é a primeira coisa que sai da sua boca? Não um ‘Eu sinto
muito, babe; não é o que parece?’ Não, ele nem sequer tenta esconder
que ele andou fodendo por aí.

— Reunião agora, — diz Bobby, me puxando da porta. —Vamos,


vagalume. — eu puxo meu braço dele e olho para Shadow, os meus
olhos começam a revirar de lágrimas. Como ele pôde? Eu quero pular
na cama e bater na cabeça dele com o despertador que está na mesa de
cabeceira, mas eu nem consigo me mexer de tanta mágoa que irradia
através de minhas veias.

— Está tudo bem, vagalume. Eu tenho você. Vamos lá. — Bobby


me puxa com um pouco mais de força para colocar os meus pés em
movimento antes dele fechar a porta e abrir outra em frente ao
corredor.

******

— Você sumiu por alguns dias. Todo mundo pensou que estava
dentro da armação, incluindo Shadow, — explica Bobby, enquanto eu
sento na cama pasma. Seus jeans azuis penduram abaixo nos seus
quadris, e sua camisa branca está dobrada para cima em seu estômago
duro. Eu desvio meus olhos para o chão esburacado.

— A minha mãe me manteve em interrogatório, tentando me usar


como testemunha, — eu digo categoricamente. De repente com frio, eu
aperto a minha jaqueta de couro com força em volta do meu corpo.
Bobby acena com a cabeça em compreensão enquanto ele coloca os
dedos nas presilhas.

— Inferno, eles deixaram os irmãos ir embora assim que não


conseguiram provar que eles tinham alguma coisa a ver com a morte de
Cassie. Eles não tinham merda nenhuma, — disse Bobby, cruzando os
braços e ampliando a sua postura. Eu esqueci que eu o vi correndo com
uma arma após que a mãe de Shadow, Cassie, havia sido baleada. Eu
acho que ele fugiu. Eu ainda estou em estado de choque, a minha mãe
usava Cassie como informante criminal. A minha mãe é como uma
cobra venenosa, deslizando o seu caminho de qualquer forma que ela
veja um ajuste. Cassie quase me matou, chateada porque Shadow tinha
matado o seu namorado, Ricky. Ela queria levar o único amor de
Shadow, eu. Ela teve o seu desejo realizado, só que foi a minha própria
carne e sangue que me derrubou.

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— Você matou Cassie, — afirmo. Bobby encolhe os ombros e olha
para outra direção. — Você salvou a minha vida, obrigada, —
acrescento calmamente.

— Eu fiz o que tinha que ser feito. — ele olha diretamente para
mim, seu olhar me avisa que foi pelo clube, não por mim. Estamos aqui
sentados em silêncio, o ar cheio de tantas perguntas, mas o silêncio
enche o desconhecido em seu lugar.

— Eu só preciso dizer a Shadow que eu não tenho nada a ver com


os planos cancerosos da minha mãe. Tudo vai voltar a ser do jeito que
era, — eu digo para mim mesma mais do que para ele. Eu estou
delirando com esperança, não vendo claramente a traição das ações de
Shadow.

— Você realmente não acredita nisso, não é? — Bobby olha para


mim como se eu fosse uma idiota. Eu dou de ombros, sabendo que isso
não vai ser um processo simples de perdoar e esquecer com Shadow. A
sua mãe arruinou a sua confiança e a capacidade de amar facilmente, o
negligenciando e o fazendo cuidar de si mesmo em uma idade tão jovem
que fez ele questionar em quem ele pode confiar neste mundo, se ele
não pode nem mesmo depender da sua própria mãe.

—Não, — eu respondo, jogando minha cabeça em minhas mãos.

— Olha, fica aqui, toma um banho e eu vou voltar e falar com


você mais tarde, — explica Bobby, agarrando a maçaneta da porta de
madeira velha.

Eu olho ao redor do quarto. Está uma bagunça. Tenho certeza de


que o banheiro não está melhor.

Antes de dizer outra palavra, Bobby sai e fecha a porta atrás de


si.

Olhando para o quarto sujo em volta de mim, o meu coração de


repente deixa de bater. Um soluço escapa da minha boca quando eu
percebo a extensão do inferno que a minha mãe deixou para eu
suportar. Se eu a ver novamente, eu poderia matá-la, fazê-la sangrar
como meu coração está sangrando agora e Shadow, ele apenas brincou
comigo sem um pingo de vergonha. Eu olho para os meus braços e vejo
a jaqueta de couro de reinvindicação, minha jaqueta me afirmando
como propriedade de Shadow, dizendo ao mundo que eu sou a sua old
lady. O meu peito parece pesado e começo a suar. Eu estou sufocando.
Eu puxo a jaqueta de couro, arranhando e gritando para tirar a maldita
coisa. Eu não sou nada de Shadow mais. Eu tiro e jogo em todo o

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quarto como se fosse uma praga. Um grito violento irrompe da minha
garganta em desespero.

Vá se foder Shadow!

SHADOW
Meus pulmões levam um segundo para recuperar o fluxo de ar
enquanto Bobby fecha a porta. A última fodida pessoa que eu pensei
que iria ver quando entrei no meu quarto, Dani.

Eu acho que ela estava na armação com a mãe dela, me usando


para obter informações sobre o clube e me usando para se vingar de
sua mãe no processo. Mesmo com tudo isso, eu não consigo tirá-la da
minha cabeça. Eu ainda amo a mulher que me usou e traiu o meu
clube. Como vou lidar com esse sentimento de traição? Da única
maneira que eu sei: com drogas e mulheres. Não está funcionando, no
entanto. Costumava funcionar antes de eu encontrar Dani, antes dela
se tornar a minha vagalume, iluminando o tormento escuro que estava
guiando na minha auto aversão. Ela era a minha droga, em vez da
droga de matar. Matar me deu o controle, me fez sentir como se eu
tivesse uma mão em mim mesmo, na minha vida. Agora, nada ajuda,
não importa quantas drogas eu tomo ou a quantidade. Eu cheirei tanta
cocaína ontem que meu nariz sangrou e a visão das mulheres só me
deixava com raiva. Nada pode me fazer sentir como Dani fazia, e nada
pode anestesiar a dor que ela causou.

— Era a sua garota? — Mandy ou Sandy, me pergunta.

— Pegue suas coisas e saia, — eu digo, me sentando na cama.


Apenas vê-la já faz com que a minha mandíbula aperte.

— Ela é a razão porque você não pode levantá-lo? — pergunta ela,


com as mãos nos quadris.

Como eu disse, até mesmo a miragem de outras mulheres me


irrita. Eu ainda tento entreter a ideia que eu quero buceta, mas uma
vez que as tenho nuas, eu não consigo olhar para elas. Sabendo que
não é Dani e do fato de que a única mulher que eu quero é a porra de
uma traidora, faz o meu estômago revirar. Depois que eu comecei com
essa puta aqui, eu não consegui nem tocá-la, ficando raiva de mim

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mesmo. Dani fez isso comigo. Ela me quebrou além do reparo. A porra
da minha vagalume me jogou em uma escuridão que eu não consigo
escapar.

— Vadia, se você sabe o que é bom para você, você vai dar o fora,
agora. — eu aponto para a porta. — Só a sua presença me faz querer te
matar, esqueça a ideia de te foder, — eu digo friamente. Sua boca forma
um ‘O’ perfeitamente escancarado; tenho certeza que ela daria um
perfeito boquete. Eu assisto ela ficar com raiva quando bate a porta
atrás dela.

Me levanto, visto as roupas de ontem e coloco o meu colete. Passo


as minhas mãos pelo meu cabelo, que tem uma necessidade
desesperada de um corte e água e saio pela porta do quarto. Eu paro e
olho para a porta do outro lado do hall, sabendo que detém Dani, o
remédio para a minha dor, mas uma toxina para a minha mente. Como
ela me pôde enganar tão bem? Eu nunca vou esquecer a sensação que
eu tive quando a sua mãe a pegou do chão gritando que ela era uma
testemunha. Me foi dito que Dani estava dizendo a eles tudo, mas eu
esperava que fosse uma mentira e que eles estivessem apenas tentando
fazer com que eu me dedurasse. Não há palavras para descrever isso,
mas o que confunde a minha mente mais do que tudo é por que Dani
voltou?

******

Me sento no meu lugar à mesa e, instantaneamente, sinto o


perfume de Dani. Seu cheiro de pêssegos enche o ar, fazendo com que o
cabelo do meu pescoço fique em pé. Eu olho sobre a mesa e vejo Bobby
olhando para mim, com o rosto em uma careta. Tenho certeza de que
ele não está feliz, visto que ele e Dani acabaram de me encontrar no que
parecia eu fodendo. Ele que se foda.

— Dani está aqui, — diz Bull, duramente enquanto acende um


cigarro

— O quê? — a voz áspera de Hawk pergunta, junto com todos os


outros que também estavam surpresos.

— Sim, aparentemente, ela estava tão fora sobre todo o tipo de


travessuras que a sua mãe tinha na manga como nós estávamos, —
Bull nos informa enquanto dá uma tragada em seu cigarro.

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— Eu acho que ela é uma ameaça para o clube. Ela precisa ser
vigiada, — diz Locks, repugnância alta em sua voz. No mesmo instante,
me lembro de que Dani conhece a escuridão, o que me seduz. Se ela
disse alguma coisa para os federais, eu vou estar no corredor da morte,
com certeza.

— Você sabe o que fazer com as ameaças. — Old Guy acena em


minha direção, indicando que eles me enviam após receberem ameaças,
para garantir que eles nunca têm a chance de falar. Eu os mato e, por
mais sádico que pareça, eu costumo aproveitar.

— Vagalume não é uma ameaça, — cospe Bobby, de olho em Old


Guy. O que estava pensando Dani para voltar aqui? Eu mato ameaças.
Se isso vai em frente, Bull poderia me pedir para matar Dani.
Conseguirei matá-la?

— Independentemente da sua mãe, Dani não é como ela. Ela tem


Devil’s Dust nela. Nós todos a vimos enquanto ela esteve aqui, — diz
Bull, chamando a atenção de todos. — A luta entre a sua mãe e ela
naquele dia foi intensa. Dani é o meu sangue e ela não tem para onde
ir.

Eu sorrio com a memória. Dani quase matou a sua mãe naquele


dia. Foi ótimo vê-la cuidar de si mesma; quem diria que uma beleza
como ela poderia ser tão brutal.

Todo mundo fica em silêncio enquanto Bull olha para mim. Ele
sabe a merda em que eu mergulhei no último par de dias. Vendo como
ele acha que Dani é inocente, eu estou, sem dúvida, na sua lista de
merda.

— Dani não é como a sua mãe. Posso dizer isso, — Bobby diz
sorrindo. O que ele sabe? Por que diabos ele está protegendo ela tanto?

— Então, o que você quer de nós? — Hawk pergunta.

Bull se senta, esfregando o queixo desalinhado enquanto pensa.

— Depois da tempestade, ela vai, — Bull faz uma pausa e olha


para mim. — Ela pode ficar com Bobby, por enquanto, ajudando a se
compor. Eu vou mantê-la longe do clube até que todo mundo se sinta
confortável com a sua presença, — Bull diz a Bobby, que acena com a
cabeça em concordância. — Eu vou ter Tom Cat a levando para onde
ela precise ir. — Bull olha para mim, com os olhos irritados e esperando
que eu proteste. Eu olho para longe e comtemplo a parede, não sei o
que estou sentindo. — As coisas virão à tona se ela estava envolvida ou

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não. Se ela esteve, — Bull me olha com tristeza, — então nós vamos
lidar com isso. Todos a favor? — pergunta ele. Todo mundo diz aye
exceto Locks e eu. Eu suspiro em voz alta; toda esta situação é um
tornado de merda. E se eu for enviado para garantir o seu silêncio? O
pensamento me dá raiva e me assusta ao mesmo tempo. Eu não sei se
posso confiar em Dani, e se ela for responsável por tentar derrubar o
clube? Eu não sei se eu posso permitir que alguém machuque Dani se
essa for a ordem para resolver a situação, me fazendo ir contra a minha
irmandade para salvar Dani. Bull bate o martelo, declarando o voto
final.

— Isso é besteira, — Locks fole, franzindo o rosto com raiva


enquanto ele se aproxima de Bull com descrença. O rosto de Locks está
alucinantemente vermelho, fazendo o seu cabelo longo, loiro e bigode
parecer mais claro contra a sua pele.

Eu não sei por que eu não concordo inteiramente. Talvez porque a


minha cabeça esteja me dizendo que eu preciso lavar as mãos de Dani
por ser uma ameaça, mas minha alma ainda me puxa para ela. Até que
eu saiba a verdade sobre o seu envolvimento com a mãe, eu preciso
manter o seu rabo traidor longe de mim. Mantendo na minha cabeça
que ela é uma ameaça e nada mais.

DANI
Dentro do banheiro sujo de Bobby, que é tudo menos sanitário,
eu pego um frasco de xampu para lavar o meu cabelo. Libera um cheiro
de baunilha e coco; cheira como Bobby. Eu lavo o meu cabelo e corpo,
me perguntando como eu me permiti entrar nessa confusão. E se o voto
for contra mim? Será que alguém me arrastará para fora do chuveiro
pelo meu cabelo molhado e vai me atirar no pátio? Eu gemo com o
pensamento e desligo a água. Eu empurro a porta do chuveiro e agarro
a toalha vermelha pendurada no porta-toalhas. Envolvo em torno de
mim e observo que está esfarrapado e o tamanho é pequeno. Gostaria
de saber se tem alguma das camisas de Bobby limpas para me
emprestar até eu pegar minhas coisas. Eu ando para fora do banheiro e
percebo Bobby entrando pela porta do quarto com uma mala na mão.

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— Merda. Desculpe, vagalume, — Bobby diz, notando que eu
estou indecente. Seu tom é apologético, mas seus olhos nunca deixam o
meu corpo seminu. Corando, eu tento puxar a toalha pequena
apertada.

— Aqui estão algumas coisas que eu peguei do apartamento. Vou


te dar um minuto para se vestir, então vamos conversar. — ele me dá
um último olhar, seus olhos piscando com o desejo. Minha boca abre
com surpresa. — Bobby!

Ele sorri e fecha a porta.

Abrindo a mala, acho as minhas coisas jogadas lá dentro, sem


dúvida, por Bobby. Eu noto um saco de papel branco desconhecido e o
agarro. Eu esvazio o seu conteúdo no chão e encontro um pacote de
anticoncepcional. O pacote rosa me lembra que Shadow ia pedir a
Bobby para a doutora me prescrever uma receita algumas semanas
atrás. Pobre doutora, eu aposto que ela se cansa de trabalhar como
médica para o clube. Eu me pergunto quantas garotas que rastejam por
aqui é que ela coloca no controle de natalidade. Eu jogo o pacote na
bolsa. Eu comecei o meu período alguns dias atrás, e com os recentes
acontecimentos, eu não vou estar tendo sexo tão cedo, então qual é o
ponto de tomá-los? Eu encontro um sutiã preto com calcinha
combinando, e um top cinza com shorts rasgados e rapidamente os
coloco, não tendo a certeza quando Bobby vai arrebentar a porta
novamente.

— Ei, — diz Bobby, entrando no quarto, logo que eu coloquei a


minha última peça de roupa.

— Ei, — eu respondo, jogando meu cabelo em um rabo de cavalo


bagunçado.

— Então, parece que você vai ficar aqui até a tempestade passar,
— Bobby afirma, cruzando os braços, com os braços nus cobertos de
músculo tatuado.

— Tudo bem, — eu digo, meu tom o incentivando a continuar.

— Depois disso, você vai comigo de volta para o apartamento até


que tudo seja planejado.

Ele quer dizer até que o clube esteja convencido que eu tenho
alguma coisa a ver com o FBI ou não.

— E quanto a Shadow? — pergunto, curiosa para saber o que ele


pensa de tudo isso.

~ 16 ~
Bobby vira a cabeça para olhar para a parede.

— O quê? — eu questiono, sentindo que algo está errado. —


Como é que a votação foi?

— Você está aqui, não é? — ele pergunta, pegando algum lixo do


chão.

— Sim, mas Shadow votou a meu favor, ou o que vocês estavam


votando? — eu pergunto, curiosa.

Bobby para e olha para mim, seus olhos azuis escondendo a


verdade que ele não quer me dizer.

— Eu não posso falar com você sobre negócios do clube,


vagalume, — diz ele, virando a cabeça rapidamente. Sua evasão me diz
o que eu já sei; Shadow votou contra mim, mas qual foi o voto? Será
que ele votou para me matar? Será que ele quer que eu saia daqui?

Dirijo o meu olhar em direção ao chão e fecho os olhos com


mágoa. Esta dor no meu peito está realmente começando a se tornar
insuportável. Toda a vez que Shadow me dá um golpe, o meu coração se
estilhaça um muito mais.

— Você votou contra mim? — eu pergunto, olhando para Bobby,


me perguntando se eu tinha um amigo neste inferno.

Bobby olha para mim e sorri, minha persistência o faz balançar a


cabeça, mas o sorriso dele me deixa saber que ele que me protege.

******

Durante o resto do dia, Bobby insiste eu ficar no seu quarto.


Sabendo que há uma possibilidade de Shadow ter votado contra mim,
que ele pode ser incumbido de me matar, ou até mesmo que queira que
eu deixe o clube, me corrói. Apesar de me manter tão ocupada quanto
posso no quarto de Bobby, os meus pensamentos vão constantemente
para ele, mas eu ainda quero dar um soco na cabeça dele por ser um
canalha. As luzes piscam, me puxando de meus pensamentos, o quarto
escurece segundos de cada vez enquanto a tempestade continua ao
redor do estado.

A porta range aberta, aquela coisa mal está pendurada nas suas
dobradiças.

~ 17 ~
— Ei, você? Tudo certo? — pergunta Bobby, entrando no quarto.

— A tempestade parece muito ruim, — eu digo, apontando para a


oscilação de luz acima de nós.

— Sim, está muito desagradável, — ele responde, jogando alguns


lençóis pretos na cama. — Aqui estão alguns lençóis limpos.

— Obrigada, — eu digo, tocando o tecido escuro de malha jersey.


— Onde está Shadow? — eu digo, quase vomitando.

Bobby para no seu caminho. — Ele está em seu quarto. — sua


voz é hesitante. Posso dizer que ele quer que eu mantenha a minha
distância.

— Oh, — é tudo o que eu consigo dizer. Eu sei que eu deveria


ficar longe de Shadow, mas eu não consigo, quero correr para o seu
quarto e ficar com ele. A minha cabeça e o meu coração estão em
conflito.

— Tudo bem, boa... noite, vagalume, — diz ele, dando um passo


para fora do quarto.

— Espere. Onde você está indo? — pergunto. Eu odeio estar presa


neste quarto sozinha.

— Vou dormir no sofá. Vou te deixar ter a cama para si mesma.

— Oh, obrigada. — eu sorrio em apreciação.

— Boa noite, vagalume.

— Boa noite, Bobby.

******

Eu acordo com um suor quente, o vento assobiando contra o


edifício e as rajadas do trovão. Os pesadelos de sequestro ainda me
assombram quando eu durmo. Gostaria de saber quando é que vou ser
capaz de finalmente dormir a noite toda sem a lembrança da voz de
Ricky. Eu escorrego para fora da cama, sem fôlego e acendo o
interruptor, mas ele só pisca e desliga. A energia elétrica é instável
devido a tempestade violenta. Isso explica por que está tão abafado
aqui. Eu abro a porta e espreito, mas não vejo nada, apenas escuridão.
— Bobby! — eu sussurro em voz alta, mas não há resposta. Eu poderia

~ 18 ~
correr, basta pegar meus sapatos e fugir daqui. Eu olho em frente no
hall em frente a porta de Shadow e sei que não posso sair daqui. Se eu
sair, vou parecer culpada, e eles vão me encontrar. Eu ando na ponta
dos pés para a escuridão, a minha mão se arrasta contra a parede para
me ajudar a guiar durante o caminho. As luzes acendem e apagam, me
dando a oportunidade de navegar pelo corredor e entrar na cozinha.
Acho a pia por acaso e trilho minhas mãos ao longo do balcão com
pratos limpos. Eu toco num copo que estava no escorredor, encho com
água e depois me encosto na pia e desfruto do líquido frio na minha
garganta. Meu corpo está coberto com suor. Como é que alguém
consegue dormir? Está tão quente.

— Luzes do caralho! — ouço Shadow dizer quando abre a porta


da cozinha. Nós dois paramos e olhamos um para o outro enquanto as
luzes piscam e desligam. Meu corpo fica rígido, e meu coração dispara
enquanto Shadow olha de volta para mim, seus olhos sinistros e
escuros, me perfurando. Um trovão rebenta e as luzes se apagam.
Assustada, eu lanço meu copo na pia, o vidro estilhaça quando atinge o
aço inoxidável. Eu faço o meu caminho rapidamente na escuridão em
direção às portas da cozinha para fugir. O último lugar que eu quero
estar é numa sala escura com Shadow.

Eu tropeço num banquinho enquanto as luzes piscam de forma


breve, as minhas mãos caem contra o chão empoeirado com força,
fazendo com que as palmas das mãos queimem do impacto. Eu olho
para cima e percebo Shadow perto da pia onde eu estava antes, as luzes
dando a minha localização. Os seus olhos pegam os meus antes do
lugar ficar preto novamente, e eu rastejo em direção a porta na
escuridão. Quando minha mão toca, as luzes piscam e Shadow está de
pé onde a minha mão está tocando em vez de estar na porta. Abro a
boca para gritar, e ele coloca a mão contra a minha boca para me
acalmar enquanto me puxa para cima violentamente e me empurra
contra o seu peito.

~ 19 ~
Capítulo dois
DANI
— Não grite, — sussurra Shadow no meu
ouvido, seu tom é alarmante e ameaçador. — Você
entende o que eu disse para você? Se eu deixar você
ir e você gritar, você não vai gostar do que eu vou
fazer em seguida.

Concordo com a cabeça em compreensão, o


meu coração bate contra o meu peito com medo. Ele
libera lentamente a mão da minha boca. Eu tiro o
braço que ele me está segurando contra ele, e fujo
para longe dele. Ele está vestindo shorts pretos, sem camisa, e o seu
cabelo escuro está colado na testa pelo calor. Mesmo que eu não esteja
cem por cento certa de que ele não vá me matar, eu me encontro a
pensar que ele é digno de lamber. Seu peito brilhando por pequenas
gotas de suor que se formaram a partir do calor.

— Por que você veio aqui, Dani? — ele pergunta, em tom áspero.
As luzes piscam, dando a ele um brilho estranho. Um lado do rosto está
sombreado com o escuro enquanto o outro brilha com o pequeno brilho
de luzes, que ligam e desligam brevemente. Seu rosto é desenhado para
baixo, seus olhos cobertos com um olhar de morte iminente. Seus
lábios sorriem para o lado enquanto ele lê a minha linguagem corporal
assustada.

Eu endireito as minhas costas e tento agir de forma não afetada.


— O que eu deveria fazer? Voltar para Nova York com a minha mãe? —
eu não tento esconder a amargura no meu tom.

— Vir para cá foi estúpido. A única razão pela qual você ainda
está aqui é porque o seu pai é o presidente. Caso contrário, o seu rabo
traidor estaria a seis pés debaixo do solo. — as palavras de Shadow
acertam o que restou do meu coração. Eu posso literalmente sentir o
meu coração despedaçado levantar muros de defesa e abrir cicatrizes
feitas de amor.

— Vá se foder, Shadow. Eu não sou um rato, — eu cuspo.

~ 20 ~
— Certo, — Shadow diz sarcasticamente. — Então, eu tenho que
acreditar que você não contou nada á sua mãe? — ele incha o peito
suado e coloca os polegares no elástico dos calções.

— Você quer saber se eu disse que você é um assassino? —,


pergunto carrancuda. — Se eu tivesse, você ainda estaria aqui de pé?

Shadow bufa com a minha declaração; ele claramente não


acredita em mim.

— Então, eu deveria apenas confiar em você? — Shadow zomba.


— Confiar na menina que foi arrastada pelo FBI, que alegou que ela era
uma testemunha. Confiar na menina que tomou a minha alma e a
sufocou com as suas mentiras? — ele inclina a cabeça para o lado e
sorri. — Eu acho que não, babe.

Vacilo com suas palavras cruéis, sentindo a pressão da minha


última carência. Eu sorrio, desgostosa pelas suas palavras ofensivas. —
Shadow, para começar, eu nunca tive a sua confiança, por isso acredite
no que diabos você quiser.

O rosto de Shadow muda de diversão para uma expressão de


raiva. Sua mandíbula endurece, e as suas sobrancelhas se estreitam.
Eu tremo, lamentando a minha súbita bravura.

— Dani, eu te vou dizer isto. Você não quer me irritar, — diz ele
com olhos vidrados.

— Certeza que eu já irritei. — eu olho feio para ele, dizendo o que


nós dois já sabemos. Eu sou o inimigo, não só para ele, mas também
para toda a gente neste clube.

Ele olha para mim, com um poder sinistro em seus olhos.


Gostaria de saber como eu me meti nessa situação. Como é que eu
acreditei que Shadow e eu seríamos mais do que um acidente de trem?

— Você me prometeu que não seríamos esse casal, — eu digo,


tentando esconder a dor dele me trair, mas eu não sou forte o
suficiente. Eu mexo os meus pés e inclino a cabeça para o lado, olhando
para o chão, que se acende e fica escuro por alguns segundos de cada
vez. — Você disse que você não era aquele cara, — eu continuo.

Eu olho para ele, esperando pelo que ele tem a dizer sobre sua
promessa quebrada. Os seus olhos mudam para aqueles de pesar,
antes de endurecer tão rapidamente que eu questiono se isso aconteceu
mesmo ou se eu apenas imaginei.

~ 21 ~
Shadow ri, ampliando a sua postura e cruzando os braços sobre o
peito suado. — Você quer dizer que um bandido de um clube quebrou
uma promessa? Mentiu para você? — ele ri. — Isso é um choque.

Meu corpo é atingido com uma onda de adrenalina diretamente


no coração. Pensei que Shadow era diferente, que ele era o tal, mas eu
estava claramente errada. Ele é o oposto. Ele é apenas a pessoa que
quebrou o meu coração.

— Vagalume, você está aqui? — Bobby pergunta, empurrando as


portas da cozinha.

Bobby olha entre Shadow e eu. — Você está bem, vagalume? —


Bobby pergunta com preocupação, os lábios e os olhos levantados com
preocupação.

Shadow encara Bobby quando ele entra na cozinha.

— Sim, eu estou bem. — eu faço o meu caminho para as portas,


mas paro em frente a Shadow.

— Vá. Se. Foder, — eu sussurro.

Shadow morde o lábio inferior enquanto franze as sobrancelhas,


fazendo uma leve ruga entre eles. Bobby empurra as minhas costas e
me dirige de volta para a minha prisão.

******

No dia seguinte, a maior parte da tempestade já passou. Alguns


burburinhos de trovão ainda se ouvem, mas já temos a eletricidade
completamente funcionando e o ar condicionado está de volta. Bobby
me trouxe café da manhã e almoço, juntamente com uma toalha limpa
para tomar banho. Eu estou esperando que amanhã a gente possa ir
para o apartamento; eu não quero estar perto de Shadow ou deste clube
por mais tempo. Depois de olhar para a minha sexta revista de motos,
eu tive o suficiente de ficar presa neste quarto. Talvez Bobby possa me
arranjar uma das suas bebidas com whisky ou algo assim. Passar o dia
entorpecida e bêbada não soa ruim. Eu olho para a cômoda de Bobby e
procuro algum tipo de arma, no caso de me deparar com Shadow
novamente. Eu não sei se consigo machucá-lo, mas eu gostaria de
pensar que eu o faria se eu precisasse muito. Merda. Não há nada além
de balas nas suas gavetas. Depois de ficar de mãos vazias, e sem nada

~ 22 ~
para usar como arma, eu abro a porta devagar e coloco a cabeça para
fora, à procura de qualquer sinal de Shadow. Eu não ouço nada. Está
tudo completamente em silêncio, o que é estranho; geralmente há caras
gritando e meninas rindo.

Eu entro na área do bar e Babs está de pé atrás do balcão


olhando para uma revista. O seu cabelo vermelho está preso e tem
cachos se jogando em toda parte. Ela está vestindo uma camisa de
manga longa, preta com calças pretas. Não é algo que eu pegaria para
usar - estranho.

— Ei, você aí, como vai você? — pergunta ela, fechando a revista.
Seus olhos e tom pareceram surpresos ao me ver.

— Eu poderia estar melhor, — eu digo, me sentando, não tendo


certeza se posso confiar nela. Ela parece desempenhar o papel de mãe
do clube e é mal-humorada com sua atitude implacável. Eu não duvido
que ela por um segundo possa querer tentar me eliminar por ser uma
possível ameaça para o clube.

— Onde estão os meninos? — eu pergunto, olhando ao redor do


espaço vazio.

— Numa corrida, — diz ela, sem rodeios.

— Uma corrida? Ainda está trovejando, — eu digo, apontando


para as portas de vidro.

— Isso não vai impedir os idiotas, — diz ela com um sorriso.

As portas da cozinha de repente se abrem.

— Tudo bem, estamos prontos. Você está pronta? — diz Vera,


indo para o lado de Babs com um conjunto de chaves na mão. O cabelo
castanho-avermelhado de Vera está puxado para cima num rabo de
cavalo alto. A sua camisa preta, apertada está rasgada curta, shorts
rasgados, que estão cobertos com patch de propriedade de Old Guy. Eu
só encontrei Vera uma vez, logo antes do rally de motos, onde tudo foi a
merda. Ela não foi muito simpática se bem me lembro. Old Guy, seu
homem, eu conheci antes também. Ele não tentou esconder a sua
atração por mim quando nos conhecemos, ele estava muito a frente em
seus avanços. Os olhos de Vera preguiçosamente me encontram
sentada no bar antes de fazer cara feia.

— Ótimo, o que vamos fazer com ela? — pergunta ela, seus olhos
nunca deixando os meus.

~ 23 ~
— O quê? — eu pergunto, soando um pouco nervosa.

Babs sorri maldosamente. — Levamos ela junto.

— O quê? — Vera pergunta, confusa.

— Ela diz que é inocente, e que é uma de nós. Faça ela provar a
sua lealdade, — diz Babs, olhando para Vera.

Vera sorri. — Pra gente, pelo menos. Os meninos terão que


decidir se ela é leal por conta própria.

— Você quer me por a par do que vocês estão falando? — eu


pergunto, ficando um pouco irritada por estarem falando como se eu
não estivesse sequer na sala.

— Eu tenho uma sobrinha que tem quase dezoito anos. O seu


nome é Silvia. Ela acabou de sair do hospital na noite passada porque o
namorado decidiu usá-la como saco de pancadas, — diz Babs,
balançando a cabeça em consternação e, lentamente, deslizando a
língua sobre o lábio superior vermelho.

— Deslocou a mandíbula, — diz Vera, pisando em torno do bar.


— Babs trouxe a atenção de Locks, para que ele pudesse trazer isso
para a mesa, mas ele disse que não. — o tom de Vera está irritado e
hostil com a decisão de Locks. Parece que Vera apoia Babs, e não
gostou de Locks não ter cedido ao pedido de sua esposa para envolver o
clube.

— E então, o que isso tem a ver comigo? — eu pergunto,


encolhendo os ombros.

— Nós, e agora você, estamos indo mostrar a esse imbecil o que


acontece quando você fode um dos nossos, — diz Babs, colocando as
mãos nos quadris, seu tom orgulhoso.

— E o papai e o namoradinho não podem descobrir sobre isso, —


Vera enfatiza.

Eu olho para as duas, considerando as minhas opções. Eu


poderia usar isto com as senhoras em meu favor neste momento. Não
vai convencer Shadow de nada, mas pelo menos eu vou ter o meu pé na
porta. Mostrando as old ladies que consigo manter um segredo fazendo
exatamente isso, e se alguma coisa ilegal estiver prestes a acontecer,
elas vão provar que eu não estou com a minha mãe e seu clã de
agentes.

~ 24 ~
— Estou dentro, — eu digo, de pé.

— Como se você tivesse escolha, — Babs ri.

— Se você dissesse o contrário, eu teria que bater em você e te


jogar no armário até estarmos de volta, — diz Vera, seu tom sério.

— Vera! — Babs adverte.

******

Estou sentada num banco na parte de trás de uma das vans


pretas do clube, com um par de old ladies vestindo os seus coletes.
Babs está dirigindo e Vera está no lado do passageiro. Eu estou sentada
ao lado de Cherry, Molly e Pepper sentadas em frente a nós. Me lembro
de vê-las brevemente antes do rally de motos, quando o ataque
aconteceu, mas eu não sei muito sobre elas.

— Você está legal? — Molly pergunta, jogando o seu cabelo


marrom em um coque apertado.

Concordo com a cabeça, sem saber o que dizer ou esperar.

— Ela está bem, — diz Cherry, me cutucando no meu ombro. —


Ela tem isto em seu sangue.

— Sou a old lady de Phillip, a propósito, — Cherry diz,


estendendo a mão para cumprimentar.

Eu aceito. — Eu acho que não conheço ele, — eu respondo,


tentando colocar uma cara ao nome.

— Sim, ele está cumprindo pena agora, — diz ela, olhando para
baixo. O seu cabelo está espalhado em todo o seu rosto, escondendo os
seus olhos gentis.

— Oh, eu sinto muito, — eu respondo, tentando soar tão


simpática quanto possível. Eu me questiono o que ele fez, mas eu não
pergunto.

— Não se preocupe, ele deve sair em alguns meses.

— Essa merda em que você estava metida, — Pepper acrescenta,


apontando para mim. — Eles dizem que você não tem nada a ver com
isso. Você tem? — pergunta ela, sem rodeios.

~ 25 ~
Eu balanço a minha cabeça. — Não, isso foi tudo trabalho da
cadela da minha cadela mãe. — eu rolo os meus olhos.

Todas as meninas começam a rir, me pegando de surpresa.

— O quê? — eu pergunto, confusa.

— Você parece exatamente como ele, — diz Cherry, com um


sorriso enorme.

— Como quem? — eu pergunto, olhando em volta para as outras


meninas.

— Como Shadow, — diz Molly, rindo.

Eu olho para as minhas mãos. Shadow. Só o seu nome é como


um soco no estômago e isso dói.

— Nós chegámos, senhoras! — Babs grita por cima do ombro.

— Onde? — pergunto.

— Silvia disse que este é o lugar onde o fodido faz os negócios. —


Bab explica, a palavra negócios pega a minha atenção. Como, traficante
de drogas? Meus olhos se arregalam com medo, querendo saber o que
vamos enfrentar quando sairmos da van.

Nós sentamos em silêncio por alguns momentos enquanto Babs e


Vera exploram o lugar. A van não tem nenhuma janela, então eu não
consigo ver nada.

— Por que ele bateu nela? — pergunto a ninguém em particular.

— Ele precisa de um motivo? — Pepper aponta.

— Não, eu só estou dizendo-

— Ele a acusou de pegar as suas drogas, exigiu que ela pagasse


pelo que ela tomou. Ela jurou que ela não tinha nada, e ele retrucou: —
Babs informa.

— Lá está ele. — Vera aponta o para-brisa dianteiro.

Molly puxa a porta dos fundos da van e saltamos para fora. Meu
coração está batendo tão forte que eu posso ouvir o barulho de acúmulo
de sangue em meus ouvidos enquanto eu ando. O fluxo de adrenalina
se espalha através de mim como um vírus, consumindo minha
educação justa, aplicada pela minha mãe. Eu sorrio para a intrusão de
corrupção, congratulando o sentimento de ser mal-intencionada. Eu

~ 26 ~
olho em volta e percebo que estamos por trás de um grande edifício.
Batidas de música tocam a partir do interior, que é uma espécie de
boate com luzes verdes que contornam o telhado. O céu ilumina com
luz remanescente e com os rasgões de trovões, a tempestade nos
lembrando da sua presença. Eu sigo as meninas que estão se
aproximando de um cara mais jovem. Tem uma bandana verde
puxando o cabelo para trás com uma camiseta branca suja e jeans
largas.

— Você é Darin? — Babs pergunta, apontando um bastão para


ele.

— Que porra é essa? — ele diz, inclinando a cabeça erguida, com


a mão na cintura da calça jeans.

— Isto é pela Silvia! — Babs grita enquanto balança o bastão tão


ferozmente que as mechas de seu cabelo caem soltas. Ele cai no chão,
desmaiado.

— Dani, pegue a arma dele, — Babs ordena, apontando para


virilha do rapaz com o bastão. Hesito enquanto fico olhando para o
sangue escorrendo da cabeça de Darin e pelo seu rosto.

— Faça isso! — Vera grita, me sujando de sangue. Eu salto para


frente, chego em seus jeans e puxo uma arma polida. É pesada, e
parece poderosa apenas pousada em minhas mãos ociosas.

— Meninas, peguem os pés dele. Vera e eu vamos pegar os seus


braços. Dani, abre a porta da van, — comanda Babs, me entregando o
bastão. Eu carrego o bastão e a arma; a pressa do perigo correndo
através de cada uma das minhas mãos faz com que minhas mãos
tremem.

Uma vez que colocamos Darin inconsciente na parte de trás da


van, nós dirigimos para longe como um morcego saindo do inferno.
Babs está dirigindo tão rápido que eu quase voamos ao redor da van
em. Nós dirigimos por cerca de vinte minutos antes de Babs encostar e
pular para fora.

Desço da van, ouço as ondas quebrando, e sinto o cheiro de sal.


Eu olho em volta e percebo um edifício em ruínas, mas não muito mais.
Babs estala os dedos para mim, para que eu lhe entregue o bastão
enquanto seguro a arma.

~ 27 ~
Babs agarra Darin ainda inconsciente e o arrasta pelos pés, com a
cabeça dele batendo no chão com um baque forte. Um gemido baixo
escapa de seus lábios quando ele acorda.

— Que diabos?— Darin geme, alcançando suas calças. Com uma


súbita sensação de coragem impressionante, eu dou um chute firme
nele.

— Procurando por isso?— pergunto. O pensamento de que um


cara poderia fazer tais danos a uma menina me faz sentir enjoada.

— Você é uma cadela morta, — diz ele, olhando para mim com
um sorriso promissor. Seu sorriso é grande, mostrando os dentes
sangrentos, para onde o sangue de seu ferimento na cabeça escorreu,
mas seus olhos estão estreitos em advertência. A sua ameaça me faz
pulsar com raiva; estou cansada de ameaças.

— Então, você gosta de bater em meninas? — pergunta a Vera.

Darin ri maliciosamente. — Essa cadela já sabia o que lhe


esperava. Ela sabia que não devia pegar o meu estoque, — diz ele com
naturalidade.

— Dani, cale ele, —, diz Babs. Eu olho para ela, chocada. Será
que ela quer que eu atire nele? Pensando comigo mesma, eu aperto a
arma e bato duramente na boca dele. O som de metal batendo em sua
mandíbula faz o cabelo do meu pescoço levantar. Ele grita de dor,
agarrando o seu lábio cortado pelo impacto.

— O que está errado? Eu pensei que você gostava de lutar? — eu


pergunto, uma onda de bravura subindo, fazendo as minhas mãos
tremerem de excitação nervosa.

Ele olha para mim a partir do chão. Seus olhos sem vergonha me
mantêm no lugar enquanto ele limpa o sangue da sua boca com as
costas da mão e começa a rir. Isso me irrita. Violência arrasta o seu
caminho em meu sistema, ansiosa para mostrar as minhas cores
verdadeiras, não só para as meninas, mas para mim mesma.

— Caramba, menina, — Cherry ri. — Eu posso ver porque eles te


chamam de vagalume, — diz ela, olhando para mim com um sorriso.

— Silvia sabe que se ela quiser drogas, pode pedir para mim. De
qualquer maneira, você não bate em meninas. Especialmente aquelas
associadas com os Devil’s Dust, — diz Babs, chutando ele nas costelas.

~ 28 ~
— Dani, você quer provar a si mesma? Mostre a ele o que
acontece quando você mexe com os Devil’s Dust, — diz Babs, me
entregando o bastão. Eu entrego a ela a arma e pego o bastão com
força, meus dedos deslizando com o suor das minhas palmas das mãos.
Eu olho para o cara que está sangrando; seus olhos pesados pelas
drogas. Ele me lembra Ricky e Cassie que me sequestraram. Me
sequestraram por causa da minha mãe que fez a mãe de Shadow uma
informante criminal. O meu sangue ferve na conexão; talvez eu precise
de terapia depois da experiência traumática que eles me fizeram passar.
Eu balanço o taco com um emocional gritando enquanto eu estalo,
dividindo a sua rótula. Darin se eleva e agarra o seu joelho, gritando de
dor. Eu sorrio, sentindo alívio, que se foda a terapia, isto vai servir.

— Essa é uma menina! — Molly ri, chutando o cara no intestino.

Eu aperto o bastão mais forte e bato em seu braço, sinto a


adrenalina como uma droga.

Depois de uma surra que o cara nunca vai esquecer, todas nós
saltamos de volta na van e voltamos para o clube, deixando um
sangrento bandido inconsciente num estacionamento vazio, sem saber
se ele está vivo ou morto. Na viagem de volta, as meninas começam a
repetir tudo o que aconteceu, mas tudo o que eu sinto é vergonha.
Saindo da excitação da raiva, eu sinto a culpa comer no meu
consciente. O que diabos eu acabei de fazer?

Babs estaciona a van ao lado da garagem e todas nós saltamos


para fora.

— Você foi bem garota, — diz Vera, me dando tapinhas nas


costas.

— Sim, essa merda com sua mãe vai desaparecer em breve, —


Cherry observa docemente.

— Bem-vinda ao grupo, — diz Pepper, batendo na minha bunda.

Eu sorrio levemente enquanto todas elas caminham para o clube,


agindo como se nada selvagem tivesse acontecido. É uma loucura
quando você pensa sobre isso. A barreira de abandono na vida nos
deixa cicatrizes, acordamos todos os dias na esperança de redenção, de
hoje ser melhor, mas é uma mentira. Na realidade, você tem que nadar
para sobreviver, mesmo que isso signifique afogar os inocentes para
chegar à costa da esperança.

~ 29 ~
Vou para o quarto de Bobby e vejo sangue em minhas mãos,
então eu ando até o banheiro e ligo o chuveiro quente. O quarto se
enche de vapor, enquanto eu olho para o espelho e percebo manchas de
sangue por todo o meu rosto e roupas. Eu me dispo rapidamente e salto
no chuveiro para enxaguar. A água quente corre para baixo do meu
corpo, lavando os vestígios de sangue como se não tivesse acontecido.
Olhando para a água de sangue e pecados correndo pelo ralo, eu penso
em minha mãe, quão perturbada ela ficaria se ela descobrisse que eu fiz
parte de um sequestro, agressão e assalto, e possivelmente de um
assassinato. Quebrando a educação de uma filha inocente. Um riso
escapa da minha boca, um riso cruel tão forte que causa cãibras na
minha barriga. Meu riso começa a vacilar, pois entendo que ao me
provar para as meninas hoje à noite, desencadeei algo muito mais
escuro do que eu poderia ter imaginado. É perigoso, maníaco, e ele
anseia por espasmos de violência. É exatamente o que a minha mãe
tentou me impedir de descobrir toda a minha vida.

******

Ao acordar de manhã, eu me sento diferente. Eu sento a inocente,


a mente frágil, que era a minha normalidade desaparecer com o vento,
como pétalas de um dente-de-leão sopradas para a escuridão e
pousando num mundo de angústia e bravura. As asas brancas que
uma vez foram o meu sinal de inocência, viraram penas escuras,
sinistras, arrancadas uma por uma.

Bobby me leva para o apartamento logo cedo; felizmente eu não


encontro com Shadow. Quando eu entro no apartamento, está muito
mais limpo do que a última vez em que estive aqui. Me lembro de vir
aqui depois de Shadow e eu termos viajado; o lugar estava todo
destruído por Bobby. Eu fecho os meus olhos com força tentando
empurrar para longe as imagens de Shadow e eu na casa de praia. Será
que a dor da traição nunca vai desaparecer?

— Então, eu vou colocar as suas coisas no meu quarto apenas no


caso de Shadow decidir aparecer, — diz Bobby, e vai arrumar a porcaria
em seu quarto. Eu o sigo e percebo que o seu quarto tem um layout
semelhante, apenas com cores diferentes do de Shadow. A cama de
Bobby está desfeita e tem uma colcha vermelha com lençóis brancos, e
seu tamanho é tão grande quanto a de Shadow. A cômoda de Bobby é
branca com um enorme espelho por trás e o seu quarto tem roupas

~ 30 ~
jogadas de um lado para o outro. Eu não posso mesmo dizer a cor do
tapete que ele tem, ou se ele ainda tem tapete. É apenas um mar de
roupa suja.

— Precisa de limpeza, mas é um lar, — diz ele, sorrindo.

— Obrigada, Bobby. Você tem sido um salva-vidas em tudo isso,


— eu digo, meu tom apreciativo.

Bobby balança a cabeça. — Só estou fazendo o que foi solicitado.


— ele olha para mim com um olhar indecifrável.

— Então, o primeiro passo é obter um emprego, — diz Bobby,


esfregando as mãos.

— Oh, deus, — eu digo de forma dramática.

— Eu vou pegar alguns jornais da cidade, ver se alguma coisa


desperta o seu interesse, — diz ele, sorrindo.

— Isso seria ótimo, obrigada. — eu inclino minha cabeça para o


lado com um sorriso de agradecimento.

— Sim, não há problema, — diz Bobby, sorrindo um sorriso de


fazer cair calcinha. Ele coça o peito, o ato trazendo sua camisa para
cima e mostrando os seus abdominais duros. Eu chupo uma respiração
apertada e olho para a roupa suja em torno de meus pés; qualquer
coisa para manter a minha mente longe do tesão que sinto e em como
Shadow não está aqui para aliviá-la. A minhas bochechas coradas
denunciam o quanto eu acho Bobby atraente, ele ri e entra na sala de
estar. Eu respiro firme e sigo.

— Deve haver comida e merdas na geladeira, se você ficar com


fome. Volto mais tarde, — diz ele, indo em direção a porta.

— Oh, e vagalume, — ele hesita, parando na porta.

— Sim? — eu viro o meu olhar da geladeira até á porta, onde ele


está parado.

— Mantenha sua bunda neste apartamento, — manda Bobby,


com a mão apontando para o chão, seu tom áspero me faz pular. Antes
que eu possa perguntar por que, ele bate a porta fechada.

~ 31 ~
Capítulo três
SHADOW

Eu tiro minha .45 e acerto o alvo em todo o


campo gramado, respire fundo e faço pressão no
gatilho. Instantaneamente, a arma atira, me dando
um breve segundo de alívio, mas não o suficiente
para a minha ânsia escuridão: matança.

— Ei, filho da puta.

Eu olho por cima do meu ombro e vejo Bobby


andando atrás de mim. Eu aceno para ele e aponto minha arma de volta
no alvo.

— Você vai me ignorar para sempre? — ele pergunta.

Irritado, eu abaixo minha arma e faço cara feia para ele.

— Eu não estou ignorando você, apenas tenho estado ocupado, —


eu respondo, mas é uma mentira. Desde que ele assumiu Dani sob sua
asa, eu tenho evitado ele a qualquer chance que eu poderia.

— Sim, que seja, — diz ele, pegando a arma para carregar. —


Qual é o negócio com você e vagalume? — ele pergunta. Eu olho para
ele, incrédulo. Como diabos ele está me perguntando isso?
Especialmente quando eu tenho uma arma carregada na minha mão.

— Não há muito a dizer; ela é um fodido rato, — eu declaro,


disparando a arma para o alvo. Só em dizer essas palavras faz meu
estômago dar um nó. Eu não tenho certeza se é porque eu sinto que é
muito longe da verdade ou porque eu sinto que ela pode muito bem ser
uma ameaça. De qualquer forma, eu tenho que tentar manter minha
cabeça focada; ela não vai ser confiável.

— Você ainda acha que ela não está dizendo a verdade? — Bobby
pergunta, mirando o alvo e disparando. Olhando para Bobby, não posso
deixar de notar que seu alvo está um pouco fora.

— Levante sua arma para cima uma polegada, — digo a ele.

~ 32 ~
— Eu vi como cadelas manipulam e enganam para conseguir o
que querem. Me enganaram uma vez. — eu aponto a minha arma para
o alvo. — Isso é tudo o que você tem, — eu sussurro. Eu disparo o resto
das minhas balas em uma raiva, acertando o alvo cada vez. É a
verdade; as mulheres vão fazer qualquer coisa, usar qualquer arma que
entenderem para conseguir o que querem. Eu não. Eu não vou ser um
daqueles caras deixados no meio da tempestade por uma fêmea
enganadora.

Bobby balança a cabeça. — Eu acho que você está errado, meu


irmão.

— Não me importo pelo que você acha, Bobby, — eu cuspo, sua


atitude provocando chamas de raiva incontrolável.

— Certo, então a briguinha entre você e Tom Cat não era nada? —
Bobby estala. Eu me viro e encaro ele, é claro que ele teria visto isso.

Depois de Bull nomear Tom Cat para transportar Dani, eu vi Tom


ir para o quarto de Dani mais tarde naquela noite. Eu não consegui
parar, mas fui até lá pra ver o que diabos ele estava fazendo no quarto
dela. Dani estava sentada na cama, seu corpo caído sobre ela. Ela
parecia muito triste, e isso me matou. Eu sei o que a deixou triste, uma
parte de mim queria confortá-la. Mas eu não poderia passar por cima
de que ela poderia ser uma ameaça. Tom Cat descansou a mão no
ombro de Dani, ganhando sua atenção. O toque inocente provocou um
ataque de fúria dentro de mim. Ele se apresentou, seu tom alegre, e
amigável. Ele me irritava. Depois dele sair do quarto, eu o segui até o
pátio.

— Tom Cat, eu posso ter uma palavra? — pergunto.

— Ei irmão, que está acontecendo? — ele pergunta, colocando as


mãos nos quadris.

— Você circulando ao redor de Dani, hein?

— Sim, aparentemente, — diz Tom Cat, sorrindo de orelha a orelha.


Ele levanta as sobrancelhas em um gesto que me deixa furioso. Eu sinto
ciúmes e raiva, e eu odeio isso. Eu ponho minha mão sobre seu ombro, e
cavo meus dedos profundamente em sua carne.

— Não pense em tentar qualquer coisa,— eu fervo. — Você vai levar


Dani onde ela precisa ir, e manter a boca de merda fechada merda, — eu
sussurro, meu tom áspero e ameaçador. Eu aperto meu aperto em seu

~ 33 ~
ombro, fazendo com que meus dedos fiquem brancos pela pressão. —
Você entende? — pergunto.

Tom Cat estremece sob meu aperto. — Sim, cara! — ele fole com
dor.

— E se você vir alguma coisa sobre a mãe dela, você vem a mim
primeiro, — eu exijo. Tom olha para mim como se eu fosse louco, os olhos
arregalados com a incerteza. Eu encaro e aperto ainda mais. Os joelhos
de Tom se curvam pela força, fazendo ele finalmente acenar em
concordância. Eu libero o meu domínio sobre ele, e vou embora. Eu ainda
me preocupo com Dani e isso dói.

— A mesma merda de sempre, cara, — diz Bobby, me quebrando


do meu pensamento. Ele joga as mãos para mim e vai embora.

Fodida Dani. Se já não fosse ruim o suficiente, agora ela está


virando porra meu irmão contra mim. Nunca deveria ter me envolvido
com sua bunda.

DANI
Uma semana se passou e eu tenho estado trancada no
apartamento maldito como uma prisioneira. Bobby me trouxe todos os
tipos de jornais e eu ainda olhei na internet para um trabalho, mas a
menos que eu queira ser uma dog walker 1 ou recepcionista em um
salão de bronzeamento, eu não consigo encontrar nada que acende o
meu interesse. Não para uma carreira, de qualquer maneira.

Eu limpo o apartamento de um lado para o outro, tudo, exceto o


quarto de Shadow; eu não posso suportar entrar lá. Basta olhar para a
porta e faíscas de imagens de Shadow e me põe em êxtase para um
amante.

1 Uma pessoa que leva os cachorros para passear.

~ 34 ~
Eu empurro pelas portas duplas, que levam à varanda do
apartamento e sento na espreguiçadeira. A única vantagem de estar
aqui é a de tomar banhos de sol na varanda.

Eu posiciono meu top de biquíni preto e noto que eu tenho


marcas de biquíni. Deito na minha barriga e desato parte de trás do
meu top em tentativa de obter meu bronzeado uniforme. Eu realmente
desejo ter conseguido encontrar o meu iPod. Minhas emoções estão
funcionando no quente e frio e eu não posso distinguir como me sinto
sobre qualquer coisa em minha vida. Música iria ajudar a resolver os
meus pensamentos de fugir.

******

— Ei, eu trouxe comida chinesa. — eu me levanto ao som de uma


voz e vejo que o sol está se pondo e Bobby está segurando um saco de
papel marrom.

— Porra, — ele murmura, olhando para mim com os olhos


pesados. Olho para o que ele está encarando e noto o meu topless.

— Merda! — eu grito, agarrando o meu top. Eu pressiono para o


meu peito e corro em direção ao quarto.

— Merda. Merda, merda, — eu me castigo, correndo para o quarto


e batendo a porta. Eu pego uma camisa vermelha do armário e coloco.
Ele trava do meu ombro e vai para meus quadris.

— Ái! — eu grito pela queimadura proveniente do tecido


arranhando a minha pele. Eu vou ao banheiro e olho para o espelho.
Percebendo que meu rosto está um pouco vermelho, eu viro e puxo a
camisa para cima e ver que as minhas costas estão realmente
vermelhas. Eu não posso acreditar que eu adormeci lá fora; agora estou
queimada como uma batata frita.

— Tudo bem, vagalume? — o tom de Bobby está preocupado


quando ele entra no quarto.

— Sim, eu sou apenas queimada, — eu digo, abaixando minha


camisa. Bobby entra no banheiro, seu grande corpo tomando o lugar.
Ele se inclina para baixo, abre o armário abaixo da pia e pega uma
garrafa de aloe vera.

~ 35 ~
— Vira, — Bobby exige, girando o dedo para eu virar de costas
para ele. Me viro lentamente, ainda um pouco envergonhada dele ter
acabado de ver meus seios nus. Bobby puxa a parte de trás da minha
camisa para cima e passa suas grandes mãos nas minhas costas. A
geleia verde parece como o gelo, fazendo meu corpo estremecer em seu
toque.

— Desculpe, — ele diz, esfregando o aloe. — Adormecer no deck é


fácil de fazer. Eu fiz isso uma ou duas vezes, — diz ele, esfregando a
geleia. Meus olhos pegam os dele no espelho; seus olhos azuis estão
olhando para mim. Minha respiração trava quando seus dedos pastam
pelo tecido mole do lado do meu peito. Eu olho por cima do meu ombro,
olho para Bobby, seus olhos ousados e encapuzados. Meu estômago
vira ao pensar que Bobby poderia me achar atraente, que ele me quer,
mas com a bagunça em que estou, eu não posso baixar a guarda e por
mais confuso que pareça, eu ainda amo Shadow. Como se Bobby
pudesse ler meus pensamentos, ele se afasta ao mesmo tempo que eu.

Bobby limpa a garganta quando ele limpa as mãos nos jeans. —


Eu trouxe comida, está com fome?

— Sim, morrendo de fome, na verdade, — eu respondo. A situação


parecendo desconfortável, faço o meu caminho para fora do banheiro.

Eu entro na sala e me sento no chão quando Bobby me entrega


um recipiente de comida chinesa. Ele se senta ao meu lado no chão,
cruzando suas longas pernas na altura dos tornozelos enquanto ele
mergulha o garfo em seu próprio recipiente.

— Trouxe alguns filmes. Supostamente comédia, — diz ele,


agarrando o controle remoto do sofá.

— Eu poderia usar de umas risadas, — eu digo, olhando para o


meu recipiente de plástico, encontrando macarrão Lo Mein, o meu
favorito.

Nós sentamos em silêncio, assistindo TV e comemos o jantar. De


vez em quando, um de nós ri quando alguma coisa boba acontece no
filme.

— Quer uma bebida, vagalume? — Bobby pergunta, se


levantando e indo em direção à cozinha.

— Sim, claro, — eu digo, chupando um macarrão na minha boca.

~ 36 ~
Bobby me entrega uma cerveja e se senta no chão. — Obrigada,
Bobby, — eu digo. — Bobby, é esse seu nome verdadeiro? — pergunto,
dando outra mordida.

— Não, — ele responde sorrindo. — Não sou fã do meu primeiro


nome. Essa é a razão pela qual todo mundo me chama Bobby, —
explica ele, dando um enorme gole de sua cerveja.

— Ah, vamos lá, me diz. — eu cutuco seu ombro, tentando incitá-


lo a se abrir.

Bobby ri. — Robert, — diz ele, a boca cheia de macarrão.

— Robert? — eu questiono com uma sobrancelha levantada.

Bobby balança a cabeça com os lábios franzidos. Eu observo suas


feições, seu cabelo loiro ondulado estilo surfista e olhos azuis; seus
grandes braços musculosos com tatuagens; eu nem percebi seus
grandes lábios macios.

— Sim, você não parece como um Robert, — eu rio com o rosto


amassado.

— Sim, meu nome todo é Robert Zane Whitfield, — diz ele com
desgosto.

— Eu gosto de Zane, mas não sou fã de Robert, — eu digo


sorrindo.

— Eu já fui chamado de coisas piores, — ele brinca.

Sentado calmamente, eu noto que eu não vi a doutora ao redor,


ou ouvi Bobby falar muito sobre ela, também.

— Onde está a Doc?

Bobby balança a cabeça. — Ela é complicada.

— Mais complicado do que Shadow e eu? — eu pergunto com um


sorriso.

Bobby ri. — Possivelmente.

Ele coloca seu prato vazio ao lado do sofá atrás dele enquanto ele
limpa a boca com a mão, o som da nuca esfregando contra a palma da
mão.

— Começamos a ficar bem, mas ela sempre puxa para trás. — o


tom de Bobby soa derrotado, como se ele não pudesse descobrir isso.

~ 37 ~
— O que aconteceu? — eu pergunto, colocando meu recipiente
vazio para baixo.

— Eu disse a ela que queria conhecer sua filha um dia. — ele olha
para mim com um olhar lunático. — Ela congelou, me disse que não
estava em seu melhor interesse para me permitir me envolver com a
filha ou que nós fôssemos tão longe em tudo o que temos. — ele estala
os nós dos dedos, o som disso fazendo meu corpo tremer.

— Isso é péssimo. — eu tento oferecer algo mais compreensivo,


mas realmente eu posso entender sua decisão. Bobby está envolvido em
um clube, é criminoso e faz inimigos a torto e a direito.

— Acho que sou apenas um amigo de foda pra ela, — diz ele,
passando as mãos pelo seu cabelo dourado. — Por mim tudo bem, —
Bobby ri, ganhando um revirar de olhos de mim. Dando um olhar para
ele, percebo seus olhos apertarem com preocupação. Eu me pergunto
qual é a história deles.

Nós terminamos nossas cervejas enquanto continuamos o


pequeno bate-papo. Eu aprendi que Bobby odeia surf, ama futebol, mas
odeia beisebol. Ele adora animais e come praticamente qualquer coisa.
Toda a sua atitude é diferente da de Shadow; Bobby é despreocupado e
animado, onde Shadow é escuro e complicado.

Após o terceiro filme, eu mal posso manter meus olhos abertos e


começo a cochilar.

Eu acordo com grandes braços sob minhas pernas e pescoço, me


levantando do chão.

— Onde você está me levando? — pergunto meio adormecida.

— Te levando para a cama, vagalume, — diz Bobby, sua voz


acordado e alerta. Eu sinto meu corpo relaxar a cada passo. Seu corpo
é duro contra o meu, me fazendo me sentir pequena. Eu não posso
deixar de notar o cheiro de coco na curva do pescoço dele.

Eu sinto meu corpo ser colocado na cama e puxo o cobertor em


cima de mim.

— Eu gostei de hoje à noite, Bobby. Obrigada. — murmuro. Foi


bom ter algum tipo de interação humana. Por mais que eu gostaria que
fosse Shadow, eu acho que é hora de perceber que Shadow e eu não
seríamos nada menos do que carnificina.

~ 38 ~
— Sim, nós devemos fazer isso novamente, — diz Bobby, seu tom
sincero. Ele se dirige para a porta e começa a fechar.

— Noite, Vagalume.

SHADOW
Sento no meu lugar habitual, longe de outros clientes e da ação.
O couro está rachado em minha cadeira e cheira a perfume barato, mas
o som não é tão alto aqui. Realmente não importa onde eu me sento,
porque as meninas sempre parecem vir em hordas em direção a mim. A
iluminação é esmaecida para um brilho sedutor, o ar cheio de nevoeiro
e a sala repleta de meninas seminuas, homens cheios de tesão, e
música alta.

— Ei, Shadow, — uma das strippers diz, andando em minha


direção.

— Ei, Jasmine, — eu digo casualmente. Jasmine tem o cabelo


escuro, olhos verdes e está vestindo um vestido preto sobre seu corpo
nu. Ele não deixa muito para a imaginação, como eu posso ver tudo.
Percebo Bobby sentando na cadeira ao meu lado. Eu olho e dou a ele
um aceno de cabeça enquanto ele olha fixamente em Jasmine.

— Não vi você aqui por um tempo, — diz Jasmine, sentada no


meu colo sem ser convidada. Eu olho para o rosto dela enquanto ela se
vira e sorri para mim, seus olhos verdes me pegando pelas bolas. Eu
vim aqui na esperança de escapar de Dani, e eu me viro e caio de cara
nela.

— Ei, babe, por que você não trás pra gente a bebida de costume?
— Bobby sugere a Jasmine.

Jasmine se levanta do meu colo instantaneamente. — É isso aí,


babe, — ela lança sobre o ombro enquanto seus olhos flertam com
Bobby. Seus olhos verdes me fazem ver Dani em vez da stripper sacana.
Eu aperto meus olhos fechados e tento afastar qualquer coisa sobre
Dani da minha cabeça.

— Você me pediu para vir aqui, Bobby, então o que está


acontecendo? — eu pergunto, olhando para as meninas no palco

~ 39 ~
dançando por um dinheirinho rápido. Uma garota peituda loira pisca
para mim quando ela agarra o pole de cromo e balança as pernas em
torno dele, fazendo com que todo o corpo dela circule.

— Apenas preocupado com você, cara; pensei que fazia bem você
sair, — ele diz com sinceridade. Eu não preciso da empatia dele.

— Se preocupe com a sua própria merda, eu estou bem, — eu


digo, meu tom frio e com raiva.

— Como você quiser, irmão, — Bobby ri. Ele sabe que eu não
estou nada bem; às vezes eu odeio o quão bem nós nos conhecemos.

— Como é que Dani está indo? — pergunto.

— Ela está bem. Ela está tentando conseguir um emprego agora,


— diz Bobby, ajustando suas calças enquanto a loira mói o pole no
centro do palco.

— Não é possível encontrar um? — eu pergunto, olhando em sua


direção. Acho difícil acreditar que ela não pode conseguir um emprego.
Nós temos conexões em todos os lugares.

— Nah, não qualquer que ela queira, — Bobby responde. — Acho


que ela está à procura de um trabalho que ela pode se estabelecer e
fazer uma carreira, eu não-

— Ela quer dançar, — eu digo, interrompendo Bobby. Ele me olha


sem jeito. — Tipo ballet. Ela me disse que adora dançar ballet. Ela
ajudava a ensinar crianças pequenas ou alguma merda assim em Nova
York antes da sua mãe aparecer. — eu olho e vejo Jasmine entregar a
Bobby sua bebida antes de entregar a minha.

— Então, Shadow, você vai me levar em suas costas e me mostrar


diversão? — Jasmine pergunta, me olhando com aqueles olhos verdes.
Olhando para essas piscinas verdes, tudo que eu posso pensar, tudo o
que posso ver é Dani. O quanto eu sinto falta dela. Como eu quero
sentir seu aroma de pêssegos e senti-la em volta do meu pau.

— Sim. Vamos, — eu digo, me levantando. Ela vincula os dedos


pequenos e magros nos meus e me puxa para a parte de trás em uma
sala privada.

~ 40 ~
DANI
O sol está fora queimando e brilhante quando nós montamos
para a cidade. Bobby me acordou depois de dormir até meio-dia, me
dizendo que ele tinha um trabalho marcado para mim em algum lugar.
Estou nervosa; quem sabe que tipo de trabalho Bobby encontrou. Eu
não posso deixar de notar o desconforto que sinto andando na traseira
de sua moto. Eu odeio me sentir como se eu estivesse quebrando uma
lei do clube quando eu nem sequer pertenço a Shadow mais. A moto
ruge para frente, me tirando dos meus pensamentos quando entramos
em um estacionamento cheio de empresas. Eu escalo para fora da moto
e entrego a Bobby meu capacete.

— Aí está, — diz Bobby, apontando através do lote. Eu olho nessa


direção e noto um prédio de dois andares. Tem uma grande frente de
vidro e a base é feita de tijolos cor de barro. Eu olho para o sinal e
quase perco o meu almoço.

„Of The Ballet‟

É um estúdio de balé.

— Shadow mencionou algo sobre você gostar de balé, portanto,


algumas cordas foram puxadas para que você tivesse o trabalho, — diz
ele, colocando o capacete na moto.

— Quem mexeu uns pauzinhos? — pergunto quando eu olho para


o edifício em reverência.

— Vamos lá, você vai se atrasar, — ele afirma, puxando meu


braço e ignorando a minha pergunta.

Eu caminho até a porta e um grupo de meninas em collants,


sorrindo e rindo, correm para fora com seus pais. Percebo espelhos
colados nas paredes, com barras de balé ao longo deles. O teto é alto,
com janelas ao longo do topo, filtrando uma generosa quantidade de luz
solar. À direita de nós fica um balcão curvo com um par de sapatilhas
de balé pendurados em uma vitrine na parede entre medalhas e
prêmios.

— Ah, você deve ser Dani? — uma voz atrás de uma mesa
pergunta.

— Sim, — eu digo, sorrindo, de pé na ponta dos pés para ver


sobre a mesa.

~ 41 ~
Uma mulher está por trás da mesa e caminha em direção a mim.
Ela é alta e magra, com uma tez pálida. Seu cabelo loiro está puxado
em um coque apertado, e ela tem olhos cor de mel.

— Prazer em te conhecer. Eu sou Mila. — ela estende mão fina.

— Oi, — eu digo, balançando a mão.

— Você está aqui sobre o trabalho, certo? — ela pergunta.

— Sim, — eu respondo com um sorriso amável. Ela se inclina


para o lado e olha Bobby pé atrás de mim antes de olhar para mim.

— Você tem alguma experiência? — ela pergunta.

— Tenho praticado balé desde que eu era uma garotinha, — eu


informo.

— Certo. Me mostre, — diz ela, cruzando os braços, nenhum


humor a ser encontrado em seu tom.

Eu olho por cima do meu ombro e vejo Bobby ali de pé me


olhando, então eu olho de volta em Mila e respiro fundo.

Eu estou na posição, os lados do meu pé tocam e os dedos dos


pés apontam para o calcanhar do pé oposto. Equilibro na minha perna
esquerda e lentamente levanto meu pé direito do chão em um ângulo de
quarenta graus. Eu desloco meu quadril direito e endireito o meu joelho
direito. Então, eu me levanto para estar no meu pé, meu pé esquerdo
em um en pointe - tanto quanto eu pusso, sem os sapatos adequados -
enquanto eu aponto os meus dedos no meu pé direito. Eu levanto o
braço para cima, enquanto curvo o outro para fora do meu corpo. Eu
sorrio porque, mesmo depois de não praticar durante o tempo que eu
tenho, meu corpo se lembra imediatamente. Eu deixo o meu quadro de
facilidade quando meu pé gritos da minha en pointe, e minhas
panturrilhas queimam de não está sendo usado em um tempo.

— Arabesque, muito bom, — diz ela, sorrindo. — Temos diferentes


sapatilhas de balé na parte de trás que você pode usar, juntamente com
um collant até que você possa comprar o seu próprio, — diz ela,
apontando para uma porta para o lado de nós. — Eu vou começar com
as meninas mais jovens, três vezes por semana. Quando precisamos
preencher, você trabalha com as garotas mais velhas. Você começa
amanhã, — ela explica, me entregando papéis para preencher.

— Muito obrigada! — eu digo entusiasmada, sacudindo a mão um


pouco ansiosa demais. Eu não posso acreditar que eu acabei de

~ 42 ~
consegui meu emprego dos sonhos, finalmente começando a fazer o que
eu amo. Eu nunca pensei que eu iria usar outro par de sapatilhas de
balé novamente.

— Bem-vinda. Traga esses papéis preenchidos antes de você


voltar, Dani. — ela se vira e caminha de volta para trás de sua mesa,
assim quando o telefone dela começa a tocar.

— Sim! — eu grito e dou um tapa no braço de Bobby. — Eu


consegui o emprego. Eu não posso acreditar. — eu digo, deixando
escapar um suspiro quando nós saímos do estúdio.

— Parece que temos de comemorar, Vagalume, — diz Bobby,


sorrindo esfaimadamente.

— Inferno sim! — eu digo, rindo.

SHADOW
Olhando para o reflexo no espelho, tudo o que vejo é um monstro
olhando para mim, um arrependimento feio olhando de volta. Quando
Jasmine me levou na sala atrás do clube de strip na noite passada,
tudo o que eu podia ver era os olhos verdes de Dani, olhando por cima
do ombro de uma aparência que me fez lembrar da minha vagalume.
Fechei os olhos e imaginei ela rindo, seu sorriso e a boca inteligente.
Em seguida, a cadela falou, e eu abri meus olhos e vi nada, não vi Dani;
eu vi um erro sorrindo para mim. Eu puxei as minhas calças para cima
e consegui dar o fora de lá, deixando Bobby pra trás. Vim direto de volta
ao clube onde me afogado em uísque e cocaína.

Sem Dani, meus dias parecem frios e longos, acordando com um


vazio constante em torno da minha alma. Eu sei que eu ainda amo
Dani, mas minha cabeça não pode se locomover se posso confiar nela
ou não. Eu tento me entorpecer da verdade, mas eu não consigo
superar este obstáculo de traição persistente profundo dentro da minha
alma fodida. Eu olho da pia e vejo os meus olhos azuis no espelho.
Olhando para eles, eu imagino os ferozes olhos verdes de Dani.

Eu rujo de raiva e bato meu punho no espelho. Minha imagem


quebra em pedaços, caindo na pia. Explosões de ardor e queimação
preenchem minha mão instantaneamente; eu olho para baixo e vejo

~ 43 ~
rastros de sangue escorrendo de minha mão. Eu saboreio a sensação de
dor em algum lugar além do meu peito, quando o sangue me faz
lembrar Eu ainda estou vivo, embora eu me sinta como um cadáver
ambulante. Eu quero Dani, mas eu tenho que saber que ela não é uma
ameaça. Não é um destino selado a linha prisão ou morte, porque uma
vez que eu a tiver outra vez, não há nenhuma maneira que eu posso
segurar.

Eu ando para o corredor em busca de uma toalha para embrulhar


ao redor da minha mão sangrando quando a voz da Bull me para.

— Então, ela conseguiu um emprego, hein? — ele faz uma pausa;


ele deve estar falando sobre Dani. — Isso é uma grande notícia. Você vai
voltar aqui mais tarde? Penso que nós estamos indo deixar a coisa
solta; os irmãos poderia usar isso depois de tudo que está acontecendo.
— ele faz uma pausa novamente. — Como vocês vão comemorar?

Eu estou supondo que Bobby vai levar Dani para felicitá-la por
conseguir o emprego, e o pensamento me irrita.

— Bem, parece divertido. Me deixe falar com ela. — ele faz uma
pausa. — Ei, boneca, eu ouvi dizer que você conseguiu um emprego. Eu
não poderia estar mais feliz por você. Eu vou tentar passar aí algum
tempo e te ver, — diz ele em voz baixa antes de desligar.

Eu viro a esquina, esperando que o ato de minha espionagem não


seja aparente.

— O que diabos aconteceu com a sua mão? — Bull pergunta,


apontando para minha mão manchada de sangue.

— Nada, — eu respondo friamente.

DANI
Assim que saímos do balé, Bobby nos levou para beber, onde me
disseram que eu não tinha permissão para escolher, porque
aparentemente eu tenho um gosto fodido para álcool e escolho bebidas
fracas. Ele pegou duas garrafas, uma de cor âmbar e outra de algum
tipo de tequila. Paramos e pegamos comida antes de voltar para o
apartamento. Estou contente pelo destino ter decidido finalmente me

~ 44 ~
entregar uma pilha de cartões em meu favor. Desembarcar neste
trabalho pode me permitir finalmente por a minha vida no caminho
certo e seguir em frente. Meu peito aperta; o pensamento de ter que
avançar sem Shadow no jogo dói. Eu não entendo como ele pode
simplesmente lavar as mãos de mim tão facilmente; ele não sente nada
por mim? Nós nos apaixonamos um pelo outro muito rapidamente.
Como assim você pode esquecer alguém em curto espaço de tempo?

— Aqui, tome esta dose, vagalume. — Bobby me dá um copo de


tequila entre devorar macarrão de minha caixa. Nós estivemos no
apartamento por cerca de uma hora, e nós não paramos de beber desde
que entramos.

— Esta é a minha terceira. Você se lembra do que aconteceu da


última vez que você me entregou dose após dose? — eu o lembro
quando eu jogo o fogo na minha garganta. Eu fiquei tão bêbada da
última vez, mas foi uma experiência que eu nunca vou esquecer.

— Sim, isso foi alguma merda engraçada, — diz ele, rindo para si
mesmo. — Oh, eu tenho algo para você, — diz Bobby, pegando seu
colete pendurado na parte de trás do sofá.

— Ah, é? — eu pergunto animadamente. Eu o sigo em direção ao


sofá com uma dose na mão.

— Para te manter segura, — diz ele, me entregando uma pistola


preta lustrosa. Eu coloco o copo na mesa de café e pego arma, minha
mão suando instantaneamente.

— É uma pistola indetectável, não dá pra ser pega com isso, —


diz ele, sorrindo. — Aqui está como você destrava a segurança. — ele
clica em um botão no lado e olha para mim para ver se eu entendi o que
ele fez. Ele, então, puxa a parte superior dela para trás, fazendo um
estalo alto. — E é assim que você carrega, — ele instrui, entregando de
volta para mim.

— Nunca aponte para alguém a menos que você tenha toda a


intenção de matar, — diz ele sério. — Eu vou tentar te levar para o
campo de tiro para disparar em algum momento. — ele se senta
novamente no chão, onde eu estava sentada momentos antes.

Eu olho a arma colocada na minha mão. Isso me deixa nervosa


segurando isso, mas eu me sinto poderosa com ela. Eu seguro o destino
de outra pessoa em minhas mãos com esta arma.

~ 45 ~
Eu coloco a segurança de volta e ponho a pistola em cima do
balcão por agora.

— Eu não posso acreditar que você passou a festa para ficar e se


misturar com a minha bunda lamentadora, — eu digo a ele, bebendo
outra dose. Eu estremeço de seu ataque brutal na minha garganta,
ganhando um riso de Bobby.

— Gah, eu vou me arrepender disso na parte da manhã, — eu


digo, batendo meus lábios. Eu posso sentir a dormência subindo plos
lados da minha boca a partir do álcool, me deixando saber que está
tendo efeito.

— Minha mãe sempre tinha um ditado: sem arrependimento na


vida, nenhum medo no amor. — seu rosto se ilumina quando ele fala.
Ele segura um copo num brinde antes de jogar o líquido âmbar na boca.

— Sua mãe? — pergunto.

— Sim, ela e os meu pops faleceram em um acidente de carro há


um tempo atrás, — diz ele com tristeza.

— Sinto muito por ouvir isso, Bobby. Vocês eram próximos?

Bobby acena com a cabeça. — Muito. Meu pop diria, ‘viva a vida
ao máximo e nunca veja algo como um lamento, mas como uma lição.
Quando você amar, ame descaradamente e não com medo’. Então,
eventualmente, o meu pai dizia: ‘nenhum arrependimento na vida’ e
minha mãe iria gritar, ‘nenhum medo no amor’, — diz Bobby, seus
lábios se curvando em um sorriso.

— Mas estamos aqui para comemorar, vagalume. Agora, beba, —


ele ordena, me entregando outra dose.

Eu levanto. — Sem arrependimento na vida. Sem medo no amor,


— eu canto quando eu tomo e grito pela queimadura deslizando pela
minha garganta. Meu corpo está começando a desacelerar, e eu sinto
minha temperatura subir. Eu assisto Bobby puxar sua camisa quando
ele está começando a sentir o álcool produzir efeitos e fica com calor,
também. Ele vai para o aparelho de som e liga a música. Justin
Timberlake rasga através dos altifalantes quando Bobby desliza para a
esquerda, a mão cobrindo a virilha vestida de jeans enquanto ele canta
com a música. Eu não consigo parar, mas rio dele. Vendo um homem
tão musculoso como Bobby, coberto de tatuagens, dançar para Justin
Timberlake é um espetáculo para ser visto, mas Bobby não parece outra
coisa senão muito sedutor no meu estado de espírito tonto.

~ 46 ~
— Vamos, vagalume. Levante-se e dance comigo, — ele acena,
segurando sua mão para fora. Eu subo na minha vertigem e começo a
cantar com ele, mas as minhas palavras são arrastadas e os meus pés
tropeçam. Suas mãos reivindicam meus quadris enquanto nós
dançamos a música.

Quatro doses e três cervejas mais tarde, eu estou despedaçada.


Bobby, que teve muito mais do que eu, está ainda pior. Ele se vira e
puxa uma caixa de madeira marrom de debaixo do sofá depois de jogar
uma garrafa de cerveja vazia aleatoriamente pelo chão.

— O que é isso? — eu pergunto, minha visão começando a se


confundir. Na verdade, tem sido um pouco confuso por um tempo,
agora que penso nisso.

— Isso? — ele pergunta de volta.

Concordo com a cabeça fortemente.

Ele abre a tampa, e eu tenho que olhar de perto por causa da


minha visão embaçada. Eu vejo um cachimbo de vidro azul e branco e
um pacote contendo o que eu acho que é maconha.

— Já tentou, vagalume? — pergunta ele, embalando o vidro com o


material verde do pacote.

— Não. — eu balanço minha cabeça, fazendo a sala girar. Eu


fecho meus olhos esperando que quando eu os abrir, tudo tenha parado
de rodar.

Ele acende o pequeno vidro e suga a fumaça do outro lado. —


Aqui, — diz ele, com a voz estridente expulsando a fumaça.

— Uh, eu nunca usei drogas antes. Eu não sei, — eu hesito,


mordiscando meu lábio inferior.

— Se você não quiser, eu não vou te forçar, — diz ele calmamente,


soltando uma nuvem de fumaça.

— E se o meu trabalho tem testes de drogas? — eu pergunto.

Bobby quase engasga com a fumaça que ele está segurando. —


Nah, eu duvido, — ele ri. — Mila mergulha seus dedos em muito pior do
baseado.

Eu nunca tentei maconha, mas eu sempre quis. O que eu tenho a


perder? Eu pego o tubo de vidro e inalo profundamente.

~ 47 ~
— Lá vai você, vagalume. Deixe sua bandeira arrepiante voar, —
ele ri.

Eu prendo a fumaça em meus pulmões, sentindo o aumento da


queimadura lentamente. É duro com meus pulmões e parece como fogo
na minha garganta, me fazendo exalar a fumaça. Eu começo a asfixiar,
a queimadura em minha garganta não parando.

— Isso foi uma grande tragada, — diz ele, colocando as coisas de


volta na caixa.

— Isso é ruim? — eu pergunto, ainda tossindo.

— Nah, mas você provavelmente vai estar alta como uma pipa, —
ele diz.

Me sento para trás, meu corpo parecendo voar e tonta. Eu sinto


que meu estado de embriaguez aumentar pelos efeitos da erva, se
tornando difícil não vomitar ou desmaiar. Eu fecho meus olhos e tento
me concentrar em onde eu estou sentada, dizendo a mim mesma
mentalmente que a sala não está girando. Eu afogo nos efeitos de sentir
como se eu estivesse flutuando em uma piscina de nuvens e mergulho
na escuridão. Meu corpo entorpecido cai para frente com um golpe
duro, mas eu não tenho isso em mim para dar a mínima.

~ 48 ~
Capítulo quatro
DANI
Eu acordo pela luz do sol entrando na sala de
estar. Eu estou deitada no sofá com um cobertor
jogado sobre mim. Eu me puxo para uma posição
sentada e gemo pela dor passando através do meu
ombro. Quando eu olho, vejo uma contusão de bom
tamanho.

— Você fez isso quando você desmaiou ontem


à noite, — diz Bobby. Espio para cima e o vejo
encostado no batente da porta. Seu cabelo loiro está
molhado e seu peito está nu; a única coisa que ele está usando é uma
toalha branca enrolada na cintura.

— Minha cabeça dói tanto, — eu coaxo. Eu bato meus lábios


juntos e engulo; minha boca fica seca e pegajosa.

— Aqui, beba isso, — Bobby ordena, colocando um copo cheio de


líquido vermelho na mesa de café.

— Que diabos é isso? — eu pergunto, apontando para o vidro.

— O seu remédio para ressaca. Beba, tome um banho, e você vai


se sentir melhor, — diz ele, rindo.

Eu estico e pego o copo frio. Eu cheiro e sinto o cheiro de tomate e


limão. Eu engasgo instantaneamente.

Bobby ri e caminha pelo corredor.

Eu respiro fundo e tento tomar um gole. Assim que o líquido frio


atinge a minha boca, eu sinto o vômito subir na minha garganta. Me
levanto e decolo em direção ao banheiro, passando Bobby para chegar a
ele.

******

~ 49 ~
É o meu primeiro dia no meu novo trabalho e eu adoro isso. As
meninas são tão bonitas. Digo a elas para fazer uma posição e elas só
giram e perguntam se elas se parecem com uma princesa. Eu não posso
deixar de rir e torcer com elas. Felizmente, eu não tenho uma ressaca e
me sinto bem para girar. Bobby teve que me alimentar com o suco
vermelho gole por gole esta manhã, mas ele conseguiu me fazer tomar e
eu comecei a me sentir melhor.

— Você não é um pouco velha demais para ser uma fada


açucarada?

Me viro a partir das meninas dançando e vejo um senhor vestido


com um terno muito caro. Ele tem cabelo castanho-claro curto e olhos
castanhos vibrantes, um queixo talhado e lábios grossos. Seus braços
são magros, e seu quadro parece um pouco musculoso, mas não muito.

— Como? — pergunto, a cabeça inclinada.

— Eu sou o pai de Kelsey, Parker, — diz ele, passando as mãos


pelo seu cabelo com um sorriso. Seu tom é suave e acentuado.

— Eu sou Dani, — eu sorrio.

— Essa é uma abreviação de Danielle? — ele pergunta com um


sorriso bonito.

— Sim, é.

Parker me olha da cabeça aos pés em meu collant; seus olhos de


chocolate absorvendo tudo, me fazendo morder o lábio inferior,
desconfortável.

— Bem, Danielle, eu adoraria jantar com você em algum


momento, — diz Parker, seu tom flertador e seus olhos escuros
intimidantes. Ele caminha para sua filha Kelsey e agarra sua mão.

— Eu não sei...

— Não pense nisso como um encontro. Apenas uma noite para se


divertir, — Parker interrompe, caminhando até mim. Seu passo é
preciso e calculado, seu tom profundo e reconfortante. Seria bom sair e
tirar Shadow da minha mente, juntamente com o clube. Olhando para a
forma como as coisas estão indo com o clube e o fato de que não há
nenhum sinal de eu ganhar a confiança deles, eu deveria pensar em
seguir em frente. Olho para Kelsey que está girando para trás e para
frente, seu pai segurando sua mão com firmeza.

~ 50 ~
— Isso soa muito bom, — eu digo com um engolir em seco.

— Perfeito, — ele exclama, com a boca girando para cima em um


sorriso lindo. Ele desliza a mão ao longo do lado da cabeça, alisando os
cabelos, tentando enrolar um pouco acima da orelha.

— Onde eu deveria buscá-la?

Vou até a mesa, anoto o endereço do apartamento e entrego a ele.

— Eu vou te ver amanhã, às oito, Danielle. — ele se inclina e bica


meu rosto levemente. Eu não posso evitar, mas sinto seu cheiro de
menta e loção pós-barba quando ele se inclina para trás.

Ele pisca para mim e sai quando Bobby está entrando.

— Quem é esse babaca? — Bobby pergunta em voz alta, não se


importando se Parker ou as meninas ouçam.

— Uma noite fora, — eu digo, levantando minha sobrancelha.

— Não me diga? — Bobby pergunta, recuando em direção à porta


para obter outro olhar para Parker. — O filho da puta tem dinheiro.

Eu ando até a porta e olho para fora. Parker e sua filha estão
subindo em um carro preto e elegante de aparência agradável.

— O nome dele é Parker, e é apenas uma noite, — eu digo, me


tranquilizando que não é nada mais.

— Isso é um Aston Martin, muito caro, — afirma Bobby, tocando


os dedos sobre o vidro. — O que você vê naquele idiota? — pergunta ele,
seu tom atado com repulsa.

Olhando para Parker, ele seria a fantasia de qualquer menina. Ele


é bonito, parece ser um cavalheiro, e parece inteligente. Por que eu não
estou vendida na ideia tem me intrigado.

— Eu não sei, — eu sussurro contra a janela, minha respiração


embaçando o vidro quando eu respiro contra ela.

Eu sinto Bobby olhando para mim, mas eu não olho de volto.


Acabo de assistir Parker sair do estacionamento, perguntando o que
diabos eu estou pensando.

— É bom para você sair. Tenho certeza que você vai se divertir, —
comenta Bobby, sua mão acariciando minhas costas. Seu incentivo
para sair me tem puxando a partir do vidro e olhando para ele um
pouco chocada.

~ 51 ~
******

Eu coloco um vestido vermelho com um decote alto, a bainha


parando logo acima do meu joelho. Shadow comprou para mim na
nossa viagem; ele disse que eu iria parecer sexy como o inferno em
vermelho. Eu suspiro. Esta noite é para esquecer Shadow,
simplesmente esquecer a dor. Ouço batidas vindas da porta, então eu
pego meus saltos prata e os deslizo quando eu faço me caminho para
atender.

— Ela não está pronta, — ouço Bobby dizer na sala de estar, com
a voz fria e gotejando com ódio.

— Tudo bem, — Parker arrasta para fora.

— Eu estou aqui, — eu digo, correndo para a sala.

— Danielle, você parece impressionante, — exclama Parker, suas


mãos estendendo para mim. Ele segura minha mão e a vira, beijando o
topo da suavemente.

— Você parece bonito, Parker, — eu digo em troca. Ele tem o


cabelo curto, castanho segurado para trás com gel, e ele está vestido em
um terno cinza que abraça bem os ombros.

— Onde você está levando ela? — Bobby pergunta, em pé de


perto, seus olhos esfaqueando Parker. O musculoso corpo de Bobby
toma conta da sala, fazendo Parker parecer pequeno em comparação.
Olhando para Parker, eu não tenho certeza que ele tem qualquer
músculo agora.

— Hum, — Parker hesita. Posso dizer que ele está tão satisfeito
com Bobby como eu estou. Eu levanto uma sobrancelha para Bobby,
meu olhar de morte tentando dizer a ele para cortar as besteiras
paternais.

— Vou levá-la para o Short Vine, — afirma Parker, me puxando


em direção à porta, seu tom pesado com irritação.

Bobby faz careta enquanto ele se senta no sofá de couro. — É


claro que você vai, — diz Bobby, seu tom ilegível.

Eu posso ver Parker bufar com raiva.

~ 52 ~
— Vamos, — digo a ele. Se eu não conseguir nos tirar daqui, eu
sei de fato que Bobby vai causar problemas.

— Sim. Vamos, — diz Parker, de olho em Bobby com uma


sobrancelha levantada.

— Tenha uma boa noite, — Bobby canta, seus olhos azuis


vagando em Parker quando nós caminhamos para fora da porta.

À medida que saímos para o bonito carro preto, eu posso


literalmente sentir a raiva vibrando de Parker.

— São esses o tipo de pessoas que você sai? — Parker pergunta,


seu tom de voz gotejando com nojo. Eu paro antes de atingir a
maçaneta da porta e olho para ele. ‘Essas pessoas’ que ele está falando
são a minha família, mas eu posso ver por que ele acha que Bobby é
algum tipo de animal. Uma vez eu costumava pensar a mesma coisa.

— Eles não são ruins, uma vez que você começa a conhecê-los, —
eu digo com um sorriso amável.

Parker sorri e abre a porta do carro para mim.

Subo no assento de couro caro, envolvendo meu corpo como uma


luva quando Parker fecha a porta do passageiro. Um console fica entre o
banco do motorista e do meu próprio, preenchido com uma marcha e
muitos controles. Segundos depois, Parker sobe ao volante. Seus olhos
cor de chocolate me levam da cabeça aos pés, fazendo minhas
bochechas corarem.

— Linda, — diz Parker, balançando a cabeça como se ele não


conseguisse acreditar.

Quando chegamos ao restaurante, eu me sinto fora de lugar


instantaneamente. Só de olhar para o lugar do lado de fora, parece
elegante e com classe. Há vinhas varrendo o pátio onde os casais estão
comendo, os escondendo dos olhos do público. A porta está brilhando
com pequenas lâmpadas, que cercam a sua entrada, emitindo luz
apenas o suficiente para ver a passarela de pedra. Quando entramos, a
iluminação é fraca e há prateleiras de cristal e garrafas de vinho
elegantes colocados para exibição com um bar estabelecido a direita e
as mulheres e homens o rodeando. Somos estabelecidos imediatamente
por uma jovem senhora vestida com um vestido de cocktail preto com
pulseiras de ouro. Ela não fala; ela apenas sorri e olha Parker como
sobremesa. Ela nos mostra a nossa mesa e pisca a Parker um sorriso.

~ 53 ~
— Você vem muito aqui? — eu pergunto, observando o olhar da
menina sobre o ombro para Parker quando ela retorna à seu pódio.

— Uh, às vezes, — diz Parker, tropeçando em suas palavras. A


mesa é elegante com uma toalha branca e um pouco de luz no meio,
emitindo uma energia romântica. Um garçom vestido para impressionar
em um smoking preto nos entrega menus antes de se curvar e se
afastar. Este lugar é um exagero e me faz sentir extremamente mal
vestida. Eu começo a bater o meu pé, me sentindo ansiosa e
desconfortável, e abro o menu. Meus olhos se arregalaram e eu quase
tenho um ataque cardíaco com os preços. Parker dá uma risada leve
com a expressão no meu rosto. — Peça o que quiser, Danielle. — eu
sorrio levemente e olho para a coisa mais barata no menu; o dinheiro
não me impressiona. Depois de temos pedido e estamos saboreando
algum vinho muito saboroso, eu olho para Parker, que está me olhando
atentamente. Eu engulo o gole de vinho escuro e sorrio nervosa.

— Você é muito bonita, Danielle. Alguém já te disse isso? —


Parker pergunta. Eu giro o vinho no meu copo, olhando para as ondas
roxo-escura ao lado do cristal.

— Sim, já disseram, — eu sussurro. Shadow vem à mente, me


levando a partir do jantar caro com a intenção de me impressionar para
o primeiro encontro meu e de Shadow. Ele fez sanduíches e me levou
para a praia; eu amo a praia. Foi muito melhor do que isso. Eu balanço
minha cabeça de Shadow e bebo o resto do meu vinho.

Durante o jantar, eu aprendo que Parker tem uma carreira de


sucesso como advogado, seu carro é o seu bebê, e ele está divorciado
recentemente. Finalmente, depois de pagar a conta, voltamos para o seu
carro de luxo. Quando eu chego para a porta, Parker pega a minha mão
com força, a puxando para longe da maçaneta da porta.

— Deixe-me, — diz ele sem problemas, seu corpo está tão perto
do meu que eu posso sentir o calor vindo de cima dele. Ele abre a porta,
mas a prende, então não posso entrar.

— Você está em uma corrida para ficar longe de mim? — ele


sussurra em meu ouvido.

Eu não digo nada, porque eu não posso. Meu coração está


batendo tão rápido, e minhas mãos estão começando a suar. Seus olhos
estão encapuzados e marcados com a luxúria, me dizendo que ele me
quer para a sobremesa. Ele enfia o dedo no meu queixo e levanta a
minha cabeça e eu tento puxar de suas mãos, mas ele aperta seu aperto

~ 54 ~
no meu queixo dolorosamente. Ele aperta seus lábios nos meus
suavemente antes de me deixar ir e abrir a porta do passageiro.

— Puta merda, — murmuro. Eu pensei que isto não era suposto


ser um encontro, mas realmente parece como se fosse. Isto é muito
rápido.

******

Ele dirige pelo trânsito, seguindo precisamente todas as leis de


trânsito. Ele aproxima a sua mão tão bem cuidada e enlaça com a
minha.

— Eu posso ver que algo está prendendo você de mim, Danielle, e


isso está perfeitamente bem. Vou esperar, — diz ele, dando um aperto
de mão leve antes de colocá-la de volta no volante.

— Você não sabe nada sobre mim, — eu respondo, olhando pela


janela. Como pode um cara esperar por alguém que ele não sabe nada?

— Estou ansioso para te conhecer melhor, — diz ele, rindo. Eu


tiro os meus olhos da janela e olho para ele, um pouco chocada.

Ele tira os olhos da estrada e olha para mim, seus olhos


chocolates olhando profundamente nos meus.

— Você tem os olhos mais verdes que eu já vi, Danielle, — Parker


declara sinceramente quando ele observa a minha cara. Eu puxo o meu
olhar do dele e olho para fora da janela. Quando Shadow testemunhou
meus olhos verdes, pela primeira vez, ele ficou chocado. Tendo olhos de
cores vibrantes como o meu pai, entregando o presidente dele e eu
somos relacionados, isso assustou Shadow. A memória me faz sorrir.

Nós paramos do lado de fora do apartamento de Bobby e Shadow,


o carro sexy ronrona quando você acelera, chegando a um zumbido
baixo antes dele desligar o motor.

— Eu tive um grande momento esta noite, Danielle. Eu não tenho


saído muito desde o meu divórcio. Eu adoraria que você se juntasse a
mim para o almoço. Me dê a oportunidade de te conhecer melhor, — diz
ele, esfregando o lado do meu rosto com os dedos moles. Viro a cabeça e
olho em seus olhos escuros. Isso dói, estar aqui com outro cara, aquele
que é qualquer coisa, mas não Shadow. Onde Shadow é áspero, Parker

~ 55 ~
é suave. Shadow tem um vocabulário colorido, onde Parker é muito
comportado e educado. Eles são preto e branco. Eu olho para fora da
janela e para o apartamento antes de olhar para Parker. Almoço; o que
poderia machucar? Almoçar com Parker, eu sei que não tenho que me
preocupar em ser arrastada para um local isolado e ter minha boca
costurada por ser um rato. Ele é seguro.

— Sim, com certeza.

— Que tal amanhã? — Parker pede ansiosamente.

— Claro, — eu respondo, abrindo a porta do carro.

Eu saio e ouço Parker deixando o carro, também. Viro-me um


pouco, surpresa; Eu pensei que a noite terminou.

— Gostaria que eu a levasse à sua porta? — Pergunta ele,


andando perto de mim.

— Não. Eu vou ficar bem, — eu digo a ele, dando um passo em


direção à calçada.

Parker, de repente pega a minha mão e me puxa para ele. Seus


rosto a centímetros do meu, ele se inclina para frente lentamente e beija
meus lábios com ternura. Seu toque é tão suave, eu não tenho certeza
se ele realmente está me beijando, então eu abro meus olhos.

— Boa noite, Danielle, — diz ele docemente.

— Boa noite, Parker, — eu respondo atordoada.

Eu faço o meu caminho até o apartamento, a noite inteira


passando em minha mente. Parker é um príncipe encantado. Ele é
gentil e doce, mas eu não me vejo de ponta-cabeça para ele. Seu toque é
muito mole, como se ele estivesse com medo de que eu vá quebrar, e
seu dinheiro não me impressiona.

Eu abro a porta e entro no apartamento, que tem cheiro de pizza


e cerveja. Eu acho o cheiro convidativo ao invés do cheiro de vinho caro
e couro. Bobby entra na sala, vindo da varanda.

— Isso não é como você beija uma mulher, — diz ele, com um
sorriso.

Ah merda.

— Como foi o encontro com o menino bonito? — Bobby pergunta,


se estatelando no sofá.

~ 56 ~
— Eh, bem, — eu respondo, tirando meus saltos.

— Você não parece muito impressionada, — Bobby sugere.

— Eu não sei. Ele é bonito e doce; talvez doce demais. Eu não sei
por que eu não estou louca por ele; ele seria um excelente partido.
Talvez eu só precise entrar lentamente. Essa coisa toda com Shadow vai
levar tempo para superar, — eu digo, me sentando ao lado de Bobby.

Bobby bufa. — Isso vai levar a vida inteira, vagalume.

Eu pego a cerveja de sua mão e tomo um gole com um olhar


interrogativo no meu rosto.

— Você nunca vai se apaixonar por esse cara; ele é um maricas.


Eu vi o olhar em seu rosto quando ele beijou você. Você quer alguém
para te agarrar pelo seu cabelo e te beijar como se eles quisessem fazer
isso, — Bobby especula, pegando a cerveja de minhas mãos. Eu me
recuso a acreditar, mesmo que isso possa ser verdade.

Me levanto e pego a cerveja da mão de Bobby com força, quase a


derramando no colo dele. — Não, eu só estava chocada, é tudo. — eu
fiquei chocada, mas eu não desfrutei do beijo. Não houve faísca,
nenhum desejo de esperança de que Parker iria levar mais longe.

— Diga isso a si mesma, — Bobby grita quando eu ando pelo


corredor.

~ 57 ~
Capítulo cinco
SHADOW
Caminhando para fora do meu quarto esta
manhã, noto que o clube está repleto de copos
vermelhos e o cheiro de cerveja velha é
esmagadoramente doentio. Eu festejei sozinho,
debatendo se eu deveria ir ver Dani ou não. Eu não
fui; ela não gostaria de me ver. Eu tenho tanta
agressão acumulada, minha besta almejando o
derramamento de sangue, e minha confusão com
Dani não ajuda. Minhas emoções e pensamentos
têm estado tão fora de controle aqui ultimamente.
Eu posso literalmente sentir minhas extremidades esgarçando para o
controle que eu tão desesperadamente desejo. Eu sigo em direção a
garagem para levantar pesos, fazer meu sangue bombear.

Eu estava nas minhas costas e levantando, os pesos pesados de


modo que eu sinto a queimadura em meu bíceps instantaneamente.
Tendo dor em algum lugar diferente do que o meu peito é acolhedor.
Após cerca de quatro sets, eu ouço botas batendo em minha direção
contra o pavimento.

Eu olho e vejo Bobby sentar em alguns blocos de concreto e


levantar pesos, com o braço esquerdo.

— Escutei que Dani começou o trabalho. Vocês vão comemorar


ou algo assim? — eu questiono quando eu continuo a levantar, o
pensamento que eu deveria ter estado lá para comemorar com ela
suprime a dor no meu bíceps. Inferno, foi eu que consegui a porra do
trabalho dela; assim que eu consegui voltar para o clube após o clube
de strip, eu pedi um favor. Eu disse a Mila que eu socorreria a mãe dela
fora da prisão e a colocaria numa clínica de reabilitação, se ela desse a
Dani um emprego. Mila e eu vamos a muito tempo atrás, e ela mesma
tem algumas tendências de drogas, mas não é tão grave como o vício de
sua mãe. Eu não comi Mila, também; ela é muito puta para o meu
gosto. Nós apenas fomos para a escola juntos. Bem, pelo tempo que eu
fui para a escola de qualquer maneira.

~ 58 ~
— Sim. Vagalume é selvagem, — diz Bobby, rindo. Eu cerro os
dentes de raiva; eu confio em Bobby, mas eu não gosto dele em torno de
Dani.

— Bom para ela, — eu corto.

Bobby me olha de lado. — Você ainda nessa viagem sobre ela ser
uma ameaça, né?

— Nada mudou para eu acreditar no contrário, — eu chio, sem


ar, quando eu levanto os pesos. Quero Dani, mas é como se eu tivesse
TOC e não vou me permitir tê-la até que eu saiba que ela está dizendo a
verdade.

— Eu sabia que você ia foder isso. Essa menina não vai ser uma
daqueles que se senta ao redor e espera por você descobrir sua merda,
— Bobby informa, seu tom mostrando o quão irritado ele está.

— O que diabos você está falando? — eu pergunto, colocando os


pesos em seu local de origem.

— Dani foi a um encontro, — Bobby responde com um sorriso,


seu tom de irritação se foi.

Eu levanto, imediatamente chateado. — O quê?

— Você me ouviu. Ela conheceu um cara nesse trabalho de ballet,


e ele a pegou na noite passada. O filho da puta é carregado com
dinheiro e é chique como a merda, — Bobby ironiza, esfregando as
mãos pelo cabelo.

Meu queixo dói. Estou apertando até o ponto que estou prestes a
esmagar os meus dentes.

— Por que você a deixou ir a um encontro? — eu exijo. Dani é


uma ameaça para o clube; ela deve estar indo para o trabalho e do
trabalho para casa, em nenhum outro lugar.

— Eu não sabia que era para eu amarrá-la na cama e mantê-la


cativa. Sinto muito, — Bobby diz sarcasticamente, me irritando mais.

— Ela é uma ameaça para o clube; ela não deveria estar indo a
qualquer lugar! — eu grito. — Ela poderia falar, — eu o lembro.

Bobby zomba como se eu tivesse acabado de dizer a coisa mais


ridícula.

~ 59 ~
— Bem, ela vai almoçar com ele hoje, — Bobby continua com um
sorriso. — Além disso, considerando que você já tenha jogado ela para o
lado, eu acho que é melhor ela ficar tão longe de você quanto possível.
— Bobby incha o peito para fora, se preparando para a minha raiva.

— Eu disse a ela que era uma boa ideia, — ele dá de ombros.

Eu aperto meus punhos fechados com raiva. Como diabos ele


incentiva ela a me deixar?

— Pela aparência do beijo na noite passada, eu repensaria-

Antes de eu deixar ele terminar a frase, eu bato meu punho ao


lado de sua mandíbula tão duro quanto eu posso. Minha força faz com
que ele tropece para trás, e meu punho começa a irradiar com a dor.

— Porra! — Bobby grita, agarrando sua mandíbula, o movendo


lado a lado. — Que diabo, cara?

Eu não posso ter o pensamento de Dani com outra pessoa; ela


não pode seguir em frente. Eu não posso lidar com a ideia de que
alguém a beijou, e acima de tudo, eu não posso aceitar a ideia de que
Bobby a encorajou.

Enfio minha mão em seu intestino, fazendo ele dobrar durante e


tossir. A raiva da situação me tem pensando irracionalmente. Me dirijo
para longe dele, jogando minhas duas mãos sobre minha cabeça, e
respiro estável.

— Quem é esse idiota? — pergunto a Bobby.

— Seu nome é Parker. Ele dirige um Aston Martin e deve ir buscá-


la para o almoço de hoje, — Bobby silaba.

— Por que você a deixou ir? Por que você não me disse antes? —
eu questiono.

— Você deixou claro que não queria Dani! — Bobby grita,


curvado.

— Tem mais alguém chegado perto dela, colocando a porra de um


dedo sobre ela? — eu questiono, minha voz tremendo de raiva.

Bobby olha para o chão, sua hesitação me deixando nervoso, e


me irritando mais.

— O que você não está me dizendo? — pergunto.

~ 60 ~
— Não foi nada, mas eu ajudei Dani a colocar a loção em suas
costas queimadas e minha mão deslizou contra o peito dela.

Meu corpo se eleva com raiva incontrolável e meu coração pula


tentando se manter com a quantidade de fúria pulsando através de
mim.

— Eu me sinto mal por isso, cara. Eu não deveria ter cruzado a


linha, eu penso em Dani como uma irmã. — Bobby olha para o chão
balançando a cabeça.

Eu não posso evitar, mas dou um soco diretamente em seu rosto


montado com culpa, a cabeça dele estalando para trás quando ele leva o
golpe. Eu o agarro pela cabeça e passo meu braço em torno de seu
pescoço em um bloqueio de cabeça, meu braço constringindo seu
pescoço.

— Eu nunca removi minha reivindicação dela como minha old


lady, — eu grito. A lei é, uma old lady é sua a menos que você remova a
reivindicação dela. Ela não tem uma palavra a dizer sobre o assunto;
ninguém tem.

Bobby de repente me chuta atrás dos joelhos, fazendo minhas


pernas dobrarem e me fazendo cair duro na minha bunda. Levanto,
pronto para matar o filho da puta, mas sou parado por seu punho
batendo na lateral do meu olho. A minha visão fica branca brilhante por
um segundo com um grito de toque no meu ouvido a partir do impacto.
Eu uso a palma da minha mão para limpar o sangue jorrando da minha
sobrancelha e encaro Bobby.

Bobby levanta, bufando.

— Que porra é essa que você está pensando, Shadow? —


pergunta ele, sem fôlego. — Você está fodendo ao redor dela, alegando
que ela é um inimigo, mas não deixa ela ir. — ele encolhe os ombros em
confusão.

Eu olho para o chão. Suas palavras são verdades, mas se eu não


posso ter Dani, ninguém pode.

— Eu entendo que você se afastou porque você poderia ter tido


que escolher o clube sobre Dani, se ela era de fato uma ameaça-

— Eu escolhi o clube sobre Dani, — eu interrompo, minhas ações


em fazer isso como peso pesado na minha consciência.

~ 61 ~
— Mas essa besteira subjacente de confiança que você tem em
curso tem que ir, irmão, — Bobby acaba.

Eu olho para longe, sabendo que ele está certo, e eu o odeio ainda
mais por isso. Eu amo Dani, e eu odeio que eu amo ela, ao mesmo
tempo. Eu aperto meus olhos, a dor do meu corte na sobrancelha
começando a subir.

— Ela ainda o ama, você sabe, — Bobby aconselha, me olhando


de lado.

Eu faço careta em sua observação. Foda-se o amor.

— A única razão pela qual ela está com esse cara é porque ele é
um rebote. Ela parece repelida por ele. — a confissão de Bobby me faz
ver vermelho, mas o pensamento que Dani ainda pode ter algum tipo de
sentimentos por mim está substituindo a minha raiva com esperança.
Talvez ela esteja tentando seguir em frente, mas não pode. Eu posso
entender.

— Por que eu me importo? — eu pergunto, tentando obter um


controle de mim mesmo. Bobby olha para mim com um sorriso
arrogante, sabendo que eu me importo e isso está me irritando. Eu
rosno em frustração. Eu não consigo superar a ideia que Dani tentar
seguir em frente; dói mais do que qualquer coisa que eu já senti antes.
Eu prefiro ficar com Dani e tê-la arrancando meu coração por me
entregar do que viver nesta dor sem ela. Eu não posso viver com a ideia
de encontrar ela na rua em algum lugar com outro homem. Eu sei
profundamente isso neste exato momento, que me voltaria contra o
clube para proteger Dani se necessário, me fazendo sentir como um
traidor da minha própria irmandade. Se eu tiver que escolher Dani
sobre o clube, poderia me matar.

— Você está fodidamente com sorte de eu não ter a minha pistola,


ou eu iria atirar em você no pau, — eu digo, apontando para sua
virilha.

— Por que isso? — Bobby pergunta, seu tom exasperado.

— Você me traiu, — murmuro.

— Você fodeu e você sabe disso. Dani não tem nada a ver com a
mãe dela e ainda assim você a colocou de lado, — ele declara,
enquadrando seus ombros. — Ela merece ir em frente. Não é culpa dele
que você está tão fodido que você não pode ver uma coisa boa quando
está de pé na frente de você! — ele grita.

~ 62 ~
Foda-se ele. Se eu tivesse a minha arma, eu realmente teria atirar
nele.

******

Eu assisto Parker pegar Dani do apartamento para o almoço. O


tempo todo, eu estou segurando o guidão de minha moto com tanta
força que meus dedos estão brancos. Juro por Deus, se ele a beijar, eu
vou matá-lo. Eu estaciono em frente à lanchonete onde ele leva Dani
para o almoço e fico esperando eles sair. Eu puxo o meu telefone para
fora e olho para o tempo; eles estiveram lá por trinta minutos. Quanto
tempo leva para comer a porra de um sanduíche?

Eu olho para cima e os vejo sair, finalmente. Ele está vestido com
um terno, e seu cabelo está varrido para trás. Ele se parece com alguém
que deveria estar com Dani; não há como negar que ela merece melhor
do que eu. Dani está linda, como sempre, vestindo jeans rasgado e um
sexy top vermelho. Meu corpo vibra com hostilidade de apenas os ver
juntos. Ele estica e agarra a mão de Dani. Eu posso ver seu corpo
enrijecer e seu rosto ficar pálido. A ideia dela desconfortável com esse
cara me faz sorrir. Ela não está seguindo em frente. Ela está apenas
tentando enganar sua mente em pensar que ela está. Parker se estica e
abre a porta do carro para Dani, a deixando entrar. Que maricas! Eu
teria, pelo menos, batido em seu rabo antes dela entrar.

Ele dá a volta no corro e ajusta seu pinto, vestindo um olhar


orgulhoso no rosto. Ele não parece muito educado no momento; ele está
fingindo todo esse ato de cavalheiro. Ele sobe no carro e lentamente
puxa para a estrada. Eu ligo a minha moto e sigo. O que Dani viu neste
imbecil? Eu fico alguns carros a distância para que eu não seja notado e
o vejo deixar Dani no apartamento. Eu não posso ver o interior do carro,
porque eu estou longe, mas isso é provavelmente uma coisa boa.
Normalmente, quando você deixa um encontro em casa, você as beija
em um adeus. Eu fico olhando para o carro preto, esperando por ela
para sair. Eu gemo muito e olho para o céu. Perseguindo uma ex-
namorada, é um novo padrão para mim.

Dani sai do carro e quase corre em direção a porta da frente do


prédio. — Aqui vamos nós, — murmuro. Eu ligo a minha moto e sigo
Parker para a estrada. Gostaria de ir para dentro e agitar Dani como
uma boneca de pano, perguntando o que diabos ela está pensando, mas
estou intrigado com este Parker. Ele se lança fora para a estrada e fora

~ 63 ~
da rampa de saída; não há nada neste lado da cidade além de bares e
clubes de strip. Não é algo que eu imagino para o Sr. Extravagante. Ele
estaciona no estacionamento do Dirty Barrels e sai. Sento na minha
moto e assisto, interessado no que sua espécie estaria fazendo em um
bar tão barato. Imagino ele mais para um filho da puta de tipo de
coquetéis e Bloody Mary.

Depois que dez minutos já passou, ele sai com uma morena, que
cambaleia e oscila quando ela anda em direção ao estacionamento. Ele
aponta para o seu carro, a menina bêbada acende. Ela caminha mais
rápido em direção a ela e começa a correr a mão sobre o capô. Ele chega
por trás dela e agarra sua parte traseira, fazendo a menina empurrar a
bunda dela para ele. Ele a agarra pelos pulsos e a empurra para a porta
do carro de passageiro, abre e a empurra para o banco de trás com
força antes de subir. Eu suspiro e olho para longe. Este idiota não é
quem Dani pensa que ele é, e eu serei amaldiçoado se eu o deixar perto
dela.

Após dez minutos do carro balançando, a porta se abre, a menina


é empurrada para fora. Ela tropeça para o estacionamento sujo, rolando
de costas; ela está realmente bêbada. Parker sai, puxando as calças o
resto do caminho para cima antes de usar o pé para rolar
grosseiramente a menina a poucos metros de seu carro. Em seguida, ele
sobe em seu carro e sai, jogando terra e cascalho sobre a menina. Eu
balanço minha cabeça e coloco meu capacete de volta antes de seguir.
Ele se dirige para o lado bom da cidade, onde as casas são grandes e
você está pagando para que seus vizinhos sejam mais do que a
qualidade de uma casa. Quando ele estaciona em uma garagem, eu
encosto e o vejo entrar. Sua casa é enorme e pode ser vista a partir da
estrada; não há como negar que ele tem dinheiro.

******

Eu espero no carro, inclinando contra ele com as pernas cruzadas


na frente. Eu vou garantir que ele nunca veja Dani novamente.

Cerca de uma hora depois que ele entrou, Parker deixa sua casa e
caminha em direção ao carro que eu estou esperando.

— Saia do meu carro, idiota, — ele grita, apontando sua pasta


para mim.

~ 64 ~
Eu olho para trás no carro, em seguida, de volta para ele. — Você
quer dizer este carro? — eu insulto.

— Sim, este carro, — diz ele, em tom irritado. Eu sorrio e ando


para frente, os meus passos de uma promessa mortal.

— Se você não sair da minha propriedade agora, eu vou chamar a


polícia, — ele rosna. Sua testa começa a suar, fazendo com que seu
cabelo se enrole em torno de sua testa. Assim que ele está ao meu
alcance, eu o agarro pela parte de trás de sua cabeça e o puxo para
perto.

— A polícia não pode te salvar, garoto bonito, — eu ranjo, meus


dentes cerrados de raiva. Eu aperto forte na parte de trás do pescoço
dele e o levo até o carro dele com força. Com um golpe violento, eu bato
o rosto dele no espelho lateral. Seu rosto quebra o espelho
completamente, o fazendo gritar de dor. Seu corpo cai no chão, com o
rosto ensanguentado e seu nariz provavelmente quebrado.

— O que você quer de mim? Você quer dinheiro? Posso conseguir


o dinheiro! — ele pergunta, segurando o nariz sangrando. Eu inclino
minha cabeça para o lado e rio. Em seguida, o chuto no intestino tão
duro quanto eu posso. Ele grunhe em dor e começa a tossir.

— Eu acho que faria bem você ficar longe do que é meu, — eu


zombo, o puxando pelos cabelos com gel. Seu rosto mutilado olha para
mim quando eu o ameaço. Eu o jogo sobre o capô de seu carro, o peso
de seu corpo amassando quando ele cai para fora do capô. Eu ando ao
redor, não terminando.

— Ela veio em cima de mim, perguntou se poderíamos brincar na


parte de trás do meu carro, — ele justifica, falando sobre a garota que
ele mexeu mais cedo.

— Eu não estou falando sobre essa menina, mas você deve ser
chutado na cabeça por isso. Você ia tratar Dani assim? — eu agarro.

— Dani? — ele questiona. Seus olhos assumem um olhar confuso


antes de clarear. — Você quer dizer Danielle. — ele olha para o chão e
balança a cabeça. — Eu deveria saber, — ele murmura. — Não, é por
isso que eu encontrei alguma zé ninguém em um bar. — ele faz uma
pausa e limpa o sangue do rosto com um lenço. — Eu não faria mal a
Danielle. — o nome de Dani na boca dele me faz explodir com ódio para
este filho da puta.

~ 65 ~
— Tisk, tisk. Você deve saber, ela é propriedade do Devil’s Dust,
— eu o informo. Eu o agarro pelo colarinho e o arrasto de pé. — Você
vai ficar longe dela e nunca falar com ela novamente, — eu exijo.

— Danielle é grande o suficiente para decidir por si mesma com


quem ela quer estar, — afirma Parker, sua voz calma. Eu tentei ser bom
em dar a ele a opção de deixá-la em paz.

Eu o agarro pela camisa e o puxo para perto. — Resposta errada,


idiota.

Eu puxo o meu punho para trás e o bato em seu olho, marcando


o rosto com o impacto da minha mão.

— Ok. Ok. Eu não vou falar com ela novamente. Vamos apenas
voltar e pensar as coisas, — diz ele pateticamente. Ele é um mentiroso.
A primeira chance que tiver, ele vai estar de volta cheirando o caminho
de Dani como um predador.

Eu puxo seu rosto perto do meu. — Não há como voltar atrás, —


eu sussurro.

Eu o agarro pelo pescoço e bato a cabeça dele na janela do lado


do passageiro, a força quebrando o vidro quando ele cai no chão,
inconsciente. Eu puxo a minha arma do meu coldre e a aponto na parte
de trás de sua cabeça. Quando o meu dedo toca o gatilho, eu ouço um
grito agudo vindo de sua casa. Eu olho e vejo uma mulher de idade
frenética vestida como uma empregada me olhando com medo.

Merda. Eu coloco minha arma no coldre e apressadamente


caminho de volta para a minha moto. Eu fui desleixado; Dani me deixa
desfocado e descuidado com o que eu faço melhor. Eu olho para trás
antes de me retirar e vejo a velhinha correndo para o corpo inerte de
Parker.

DANI
Uma semana se passou, e eu não vi Parker. Ele também não
pegou sua filha do ballet ou me ligou.

~ 66 ~
Pego minha bolsa e saio do trabalho. Um prospecto chamado Tom
geralmente aparece para me levar para o trabalho e me pega depois. Eu
não sei como ele sabe a minha agenda; eu não sei se ele até mesmo fala.
Ele está sempre à espera do lado de fora em sua moto com óculos de sol
e um capacete, vestindo uma jaqueta do Devil’s e calça jeans.

— Obrigada, Tom! — eu grito por cima do meu ombro, entrando


no apartamento depois de um longo dia ensinando meninas para
dançar en pointe. Quando eu entro no apartamento, vejo Bobby sentado
no sofá assistindo TV.

— Oh, olá, — eu guincho, chocada com a presença de Bobby. Eu


não o vi em cerca de uma semana, também.

— Ei, — ele responde, levantando de sua posição relaxada.

— Você sumiu, — eu digo, puxando minhas chaves da porta.

— Sim, fui em uma corrida, — ele responde.

Coloco a bolsa contendo o meu collant e vou para a geladeira.

— Shadow sabe, — Bobby me diz calmamente.

— Sabe o que? — eu pergunto, mas eu já sei. Bobby abriu a


maldita boca sobre Parker e eu. Aposto que essa é a razão pela qual eu
não o vi por aí.

— Ele sabe sobre você e menino bonito, — ele me informa.

Isso me chama a atenção, eu ando de volta para a sala e me sento


ao lado dele.

— Como é que ele levou? — pergunto.

— Não bem, confia em mim, — Bobby sorri.

— Então, o que aconteceu? — meu tom o empurra a me dizer


mais. Ele olha para mim, segurando meu olhar por um momento antes
de se levantar do sofá.

— Vocês realmente precisam trabalhar essa merda. Apenas fale


com ele, porra. — ele pega sua jaqueta do sofá e sai.

Eu caio de volta contra o sofá com um suspiro. A última vez que


falei com Shadow não foi muito bem. Este mundo não é para mim; eu
não posso lidar com a vida de ser uma old lady. Qualquer lugar onde o
amor de sua vida toma o lado dos homens que podem matá-lo e traem

~ 67 ~
suas mulheres em uma base diária não é algo que eu tenho na loja para
mim.

******

É tarde da noite e eu acabo de imergir meus pés doloridos no gelo


enquanto assisto histórias de amor bobas. Elas parecem ser a única
coisa passando agora. Eu começo a apagar as luzes e vou para a cama
quando a porta se abre. Faço uma pausa de desligo a última lâmpada
no apartamento. Shadow entra pela porta, fazendo a minha boca abrir
com medo. Ele está vestindo jeans rasgado; uma camisa branca
confortável; e, claro, a sua jaqueta, o fazendo parecer durão. Engulo em
seco ao vê-lo.

Seus olhos travam com os meus, o tormento neles me segurando


parada. Ele franze a testa, os olhos estreitando com raiva, me
lembrando que Bobby disse a ele sobre Parker e eu. Com isso, eu
esqueço a lâmpada e vou em direção ao quarto rapidamente. Medo
passeia pela minha espinha, esperando que eu possa chegar a ele e
tranco a porta antes que Shadow possa me alcançar. Ele salta sobre a
mesa do café e me agarra pelos cabelos, me fazendo gritar de dor. Em
seguida, ele puxa minha cabeça para trás em direção ao seu rosto, o
cheiro de graxa e colônia me despertando enquanto os cabelos do meu
pescoço sobem em medo.

— Ouvi dizer que você estava com alguém. Pensando em me


deixar, vagalume? — ele fala baixinho no meu ouvido, mas seu tom de
voz não é nada gentil.

— Como se você não arrumasse outras? — eu fervo, os dentes


cerrados. A minha escolha de palavras não está ajudando a minha
situação. Shadow sacode o meu cabelo mais apertado com raiva, me
fazendo gemer.

— Parker não vai incomodar você mais, confie em mim, —


Shadow declara, suas palavras afiadas e ferozes. Eu tento girar em suas
mãos para ver o rosto dele, para ver se ele está sério, mas ele me puxa
para perto.

— Você é minha, Dani, — ele sussurra, o cheiro forte de álcool em


seu hálito. Suas palavras me irritam; eu me recuso a deixar que ele me
possua e me use apenas quando lhe couber.

~ 68 ~
— Vá pro inferno. — eu levanto a minha voz quando meus dedos
tentam erguer as mãos dele do meu cabelo. Eu queria ser de Shadow,
ser seu tudo. Eu vim para ele duramente quando nos conhecemos. Não
havia como negar a nossa ligação, mas após os recentes
acontecimentos, eu não tenho tanta certeza de mais nada.

— Você é minha propriedade até que eu diga que não, — diz ele
asperamente. Eu posso ouvir seus dentes rangerem com raiva quando
eu o desafio.

— Foda. Se. — eu anuncio cada palavra com ódio.

Shadow ri maliciosamente.

— Já fiz isso. — ele diz isso como se eu não fosse nada, me


machucando mais.

Eu faço careta de seu comentário, tentando agir como se suas


palavras não me afetassem.

— Não tente agir como se você não me quisesse, — ele provoca,


beliscando meu ouvido duramente.

Eu mexo e tento puxar de seu aperto, mas não adianta; ele é


muito forte.

— Talvez eu devesse te lembrar como é estar com um homem de


verdade, — diz ele, arrastando a língua até a borda do meu ouvido,
deixando um rastro úmido. Sua outra mão brinca com o elástico da
minha calcinha branca de renda, fazendo molhar com excitação. Seu
jeito alfa-macho me faz entrar em erupção de raiva, mas mais do que
tudo, eu quero que ele me jogue no chão e coloque a reivindicação no
meu corpo, que me deixa ainda mais furiosa. Por que eu não posso
escapar do aperto voraz que Shadow tem em mim? Não mereço melhor?
Eu mereço algum príncipe encantado que você lê nos livros.

Ele segura meu peito grosseiramente com a mão livre, me fazendo


suspirar. Seu toque é como uma antiga paixão, e inflama minha
excitação sem a minha submissão. Meu corpo cantarola com medo, mas
aquece com seu toque.

Eu mordo minha bochecha e prendo a respiração, tentando


controlar o meu suspiro e gemido de luxúria.

— Você e eu sabemos que você nunca vai escapar do meu inferno.


— Shadow empurra sua virilha na minha bunda, me fazendo gemer
ligeiramente.

~ 69 ~
Eu engulo o caroço se formando na minha garganta pela minha
respiração pesada. — Eu vou encontrar um caminho, — eu sussurro.

— Eu não contaria com isso, — Shadow sibila, o som de sua voz


áspera me faz apertar minhas coxas com força.

— Não vai ser com Parker. Posso te assegurar isso, — ele zomba.
— Príncipe Encantado gosta de encontrar meninas bêbadas em bares e
empurrá-las em bancos traseiros de seu carro. Eu não estou totalmente
certo se aquela pobre menina consentiu ou não, — diz ele no meu
ouvido. Meu corpo, quente do toque de Shadow, agora esfria. Parker
não faria algo assim; Shadow está mentindo.

— É mentira, — eu rosno sob a minha respiração.

— Acredite no que quiser. — ele dá de ombros, puxando minha


cabeça para o lado pelo meu cabelo. — Mas acredite nisso, você é
minha. — seu tom é promissor e ameaçador, mas reconfortante.

Cedendo, Shadow me empurra para frente.

— Com quantos outros homens você esteve? — ele questiona,


entrando na cozinha com seus ombros enquadrados e corpo inchado.
Seus olhos azuis brilham no quarto escuro quando ele acende a
lâmpada, dando a ele o olhar de um animal temível, pronto para
desmantelar sua presa.

— Como? — eu falo, humilhada.

— Você me ouviu. Você dormiu com aquele cara? — ele escava


suas garras em mim.

— Não é da sua maldita conta, — retruco.

— Oh, mas é. — ele sorri um sorriso tão diabólico que faz meu
corpo tremer.

Minha cabeça gira quando batidas soam na porta. Curiosa de


quem estaria batendo a esta hora tardia, eu ando e a abro. Duas
garotas seminuas estão na porta, com uma expressão de mau gosto em
seus rostos. Uma delas é uma loira com seu cabelo trançado em
chiquinhas, vestindo uma saia pavão-colorida com um top verde. A
outra é uma ruiva encaracolada com uma saia rosa e blusa rosa
decotada.

Me viro e inclino a minha cabeça para o lado. — Amigas suas? —


pergunto a Shadow, a minha língua na bochecha.

~ 70 ~
— Shadow, baby, — uma das meninas anuncia quando entram
no apartamento, sem ser convidadas.

— Meninas! — Shadow diz animadamente, seus olhos nunca


deixando os meus. Eu nem sequer tento esconder a dor em meus olhos.
Em vez disso, eu olho para seus olhos azuis vingativos e lhe mostro o
dano que ele está causando. Eu olho para as meninas, me olhando
como se eu fosse a única fora do lugar. Eu dou a Shadow uma última
olhada antes de fazer o meu caminho para o meu quarto.

Uma vez lá dentro, eu bato com a porta e deslizo para o chão. Eu


ouço as meninas dando risinhos enquanto eu tento esconder meus
soluços com a palma da minha mão. O som me faz mal. Por que
Shadow me faz tão fraca?

Eu mereço isso. Fui avisada da vida que o clube viveu. Eu criei


este inferno que agora é meu.

SHADOW
Eu fico olhando para a porta de Bobby, a porta que impede a
garota que eu quero estar, mas estou em conflito. Ao ouvir que ela
estava com outro homem me deixou pensando coisas impensáveis. Eu
quero matar alguém; quero marcar Dani para que todos no mundo
saibam que ela é minha. Mas de alguma forma, eu ainda sinto a
necessidade de mantê-la no comprimento do braço. Eu balanço minha
cabeça, chateado que eu fiz isso para mim mesmo. Eu tinha um código,
regras que eu vivia religiosamente para ter certeza que eu nunca me
sentisse assim, mas Dani deslizou seu caminho com sua inocência e
desafio subjacente, me fazendo sentir como se eu pudesse ser normal,
confiar e amar alguém. Eu zombo de mim. Confiança. Amor. Me escute;
eu soo fraco para caralho. Eu fecho meus olhos e arrasto as minhas
mãos pelo meu cabelo. Fraco é o que eu me tornei, no entanto. O amor
de Dani é como uma praga, me matando lentamente, me fazendo
impotente. Me fazendo pensar irracionalmente, me dando falsa
esperança do que poderia ser. É veneno.

— Você está bem, baby?

~ 71 ~
Abro os olhos para ver duas vadias em pé na minha sala de estar,
me olhando com preocupação. Eu queria machucar Dani, queria
machucá-la como ela fez quando eu soube que ela estava seguindo em
frente. Mas depois de ver a dor em seus olhos, vendo-a quebrar mais
longe do que ela pensou que ela poderia cair, senti pesar. Eu me sinto
como um idiota. Eu cerro os dentes. Eu me sinto dessa maneira porque
eu estou apaixonado por Dani. Se eu estava pensando claramente, eu
iria arrastar essas meninas na parte de trás e fodê-las, vê-las foder uma
a outra e, em seguida, fodê-las novamente, fazendo elas gritarem meu
nome. Mas eu não posso.

Eu levanto, bato meu caminho em direção ao sofá e entrego uma


das meninas a sua bolsa. — Saia, — eu lato, a imagem delas me
irritam.

— Mas acabamos de chegar aqui, — uma diz, tentando soar


flertadora. Poderia ter sido sexy no bar, mas agora é repulsivo. Essas
meninas não conseguem segurar uma chama para Dani; elas são
apenas lixo.

Eu aponto para a porta. — E agora vocês estão saindo. Caiam.


Fora. Porra! — grito.

— Você é um idiota, você sabe disso? — uma faz escárnio,


atirando sua bolsa enorme sobre seu ombro. Ela não está me dizendo
nada que eu já não sei, no entanto.

Eu pego a minha cerveja, que eu provavelmente não preciso e


caminho de volta para o corredor lentamente, de pé contra a parede em
frente à porta que detém uma Dani quebrada. Eu deslizo para baixo da
parede em derrota, minhas emoções por essa mulher me matando de
dentro para fora. Eu estou condenado em nos destruir e eu sou incapaz
de preservar um relacionamento normal. Eu sou como um menino
manuseando uma borboleta muito bruscamente, batendo a poeira
vibrante de cor que a torna única, soltando, em seguida, puxando suas
asas, uma por uma, a mantendo de ser livre e tornando uma prisioneira
de voar. Eu coloco a mão no bolso e tiro o iPod de Dani. Eu não sei por
que eu guardei. Eu poderia comprar o meu próprio, colocar melhor
gosto de música nele, mas por alguma razão, toda noite eu me acho
ouvindo isso. Eu coloco os fones de ouvido e o ligo ‘Torn to Pieces’ de
Pop Evil. A canção é mais adequada, descrevendo minha vida com tanta
precisão.

~ 72 ~
Capítulo seis
DANI
Eu abro a porta e encontro Shadow dormindo
no chão em frente ao hall esta manhã. Ele parece
doce e em paz quando está dormindo. Olhando para
ele com o seu colete, tatuagens que espreitam para
fora sob a camisa, eu percebo por que eu não posso
ter um príncipe encantado; eu caí de amores por um
vilão. Viver a vida na borda e quebrando todas as
regras, eu quero encontrar a redenção em nós.
Nosso amor não era para acontecer, mas acordou
por acaso. Só o tempo dirá se a esperança nos leva
a qualquer lugar ou se é apenas uma palavra que eles ensinam as
pessoas que estão desistindo.

Olhando para ele, o iPod na sua mão me chama a atenção, o meu


iPod. Que idiota, eu estive procurando em todos os lugares por essa
coisa. Eu gentilmente agarro e olho sobre ele, em seguida, olho de volta
para Shadow, observando ele dormir. Seu rosto é suave enquanto ele
está dormindo. Eu não entendo ele e nem nos entendo. Eu o ouvi gritar
para aquelas meninas saírem ontem à noite, mas por quê? Ele
claramente as trouxe aqui para me fazer ciúmes, para assistir a minha
dor. Eu olho para o meu iPod e encontro ‘Not A Bad Thing’ de Justin
Timberlake e coloco no repeat. Coloco de volta para baixo ao lado da
sua mão e sigo em direção à cozinha. Eu quero que ele saiba que me
amar não é uma coisa ruim; é um tremor de terra. Por mais difícil que
seja aceitar, Shadow será sempre uma parte de mim. Ele trouxe à tona
um lado meu que foi acorrentado e mantido prisioneiro. Eu fui libertada
quando conheci Shadow, libertada da agonia de mentiras detidas e voei
para a verdade escura do que está debaixo da minha superfície.

Agarro a minha tigela do café da manhã quando ouço Shadow


gemer quando acorda no fundo do corredor. Ele entra e imediatamente
o meu corpo está vivo com a sua presença. Ele se inclina contra o
balcão e me olha com os seus tempestuosos olhos azuis. Eu olho para
longe, tentando lutar contra a batalha interna que o meu corpo está
tendo com a minha mente.

~ 73 ~
— Eu não dormi com elas, — diz ele a grosso modo, com a voz
ainda sonolenta. Ele está falando sobre aquelas duas meninas da noite
passada. Eu sei que ele não dormiu com elas, mas eu não vou dizer
isso.

— Parabéns, você se salvou de uma DST ou duas, — eu respondo


com condescendência.

Shadow sorri, mas os seus olhos seguram alguma tristeza.


Tristeza de quê, de nós? De eu ter tentando seguir em frente com a
minha vida?

Nós sentamos em silêncio, nossos corpos gritando para nos


atirarmos um para o outro, querendo compensar o dano que causámos.

— Eu só queria sair, fugir da ideia de ser uma prisioneira. Parker


parecia bom, — eu balbuciei, quebrando o silêncio. Não havia nenhuma
chance de eu ter ficado com Parker; estar ao lado de Shadow e da
maneira como ele faz o meu corpo se sentir vivo confirma isso. — Eu só
queria falar com alguém que não me visse como uma inimiga, — eu
sussurro. Shadow recua com as minhas palavras como se eu apenas
tivesse estendido a mão e lhe tivesse dado um tapa.

Ele esfrega as mãos para cima e para baixo no seu rosto enquanto
geme em frustração. Sua reação me mostra que eu fiz exatamente isso,
no entanto. Eu o feri. Ele me machucou também.

— O que estamos fazendo, Shadow? — eu pergunto, plantando


minhas mãos sobre o balcão. — Estou cansada desta charada. Se você
me quer, então esteja comigo. Se não...

Shadow olha para mim, os olhos duros e com raiva.

— Você é a minha old lady até eu dizer o contrário, — ele sibila,


suas palavras cortadas. Eu olho em seus olhos danificados; imagens de
nós juntos antes do redemoinho incrustar nas profundezas deles.

Ele balança a cabeça do nosso silêncio, me encarando e


abruptamente se dirige para a porta.

— Shadow! — eu grito.

Ele para e olha para mim, nossos olhares de confusão e de dor


tentando falar silenciosamente um com o outro antes dele fechar a
porta.

~ 74 ~
******

— Muito bom, meninas: — eu elogio, tentando incentivar as


meninas que tentam aprender a dançar en pointe. Eu olho para o
relógio e vejo que já passou das seis horas, hora de ir embora.

— Tudo bem, vamos terminar por hoje e eu vejo vocês na próxima


semana, — comento alegremente e sigo em direção à porta. Fico feliz
que é hora de terminar o dia; meus pés estão me matando, e eu tenho
certeza que parti uma unha. Meus pés estão realmente levando uma
surra. Eu dispo o meu collant e coloco uns shorts largos e uma blusa
branca. Quando eu tiro os meus sapatos de ballet, um dos meus dedos
dos pés está pegajoso com sangue seco.

Merda.

Eu manco até ao banheiro e limpo o meu pé antes de tentar


colocá-lo no meu sapato. Colocar os meus sapatos é mais difícil do que
eu imaginava com a dor irradiando pela minha perna enquanto eu
aperto o meu pé. Eu manco para fora e tranco as portas atrás de mim.
Tom está geralmente esperando por mim diante das portas, mas eu não
o vejo hoje à noite; ele deve estar atrasado. Eu sento e espero, porque
em pé é muito doloroso. Uma porta de carro fecha, pegando a minha
atenção do outro lado do estacionamento. Eu mal posso ver o carro,
uma vez que está escondido nas profundezas da noite, ocultando a sua
presença.

Eu estreito o olhar na figura sombria andando na minha direção,


tentando descobrir quem é.

— Eu imaginei que eu iria te encontrar brincando de bailarina, —


diz a minha mãe, seu tom áspero. Eu me levanto imediatamente e
congelo.

— O que diabos você está fazendo aqui? — eu exijo, dando um


passo para trás e segurando a minha bolsa mais apertada contra o meu
corpo. Os postes de luz a iluminam enquanto ela anda em frente; ela
está vestida para impressionar, como de costume. Ela tem umas calças
pretas com uma blusa branca de botões, o cabelo dela apanhado com
um penteado fino. Parece que ela não perdeu um pouco de sono,
mesmo depois de tudo o que ela fez ao clube e a mim. Vai entender.
Cadela sem coração.

~ 75 ~
Ela olha para o tráfego na estrada ao longe. — Eu pensei que
conseguiria colocar algum juízo em você antes eu ir para Nova York.

— Você está desperdiçando o seu tempo. Vá embora, — eu


ordeno, apontando para o carro preto em que ela chegou.

Ela ri, me irritando. Ela é estúpida se ela acha que eu não estou
falando sério.

— Você não sabe o que está fazendo, Dani, — afirma ela, seu tom
condescendente.

— Você sabe que tipo de inferno você deixou para trás depois da
porcaria que você fez? — pergunto com raiva.

— Você é mais burra do que eu pensava por voltar a esse clube.


Estou surpresa por não terem matado você. — ela bufa seu último
comentário. — Eles nunca vão confiar em você, — diz ela, colocando as
mãos nos quadris. Eu dou de ombros em sua tentativa de me assustar.

— Pegue suas coisas e vamos voltar para Nova York, Dani. Onde
você pertence, — ela insiste, dando um passo em minha direção. Eu
recuo em direção à porta.

— Eu não vou a lugar nenhum. — a única razão pela qual ela


quer que eu vá com ela é para tentar quebrar o meu pai na próxima vez.

Ela avança e agarra o meu braço ao ponto de fazer contusões, as


unhas cavando profundamente em minha carne.

— Sim, você vai. Você vai voltar para Nova York, quer você goste
ou não, — ela exige, me arrastando pelo estacionamento.

Eu rasgo o meu braço do seu aperto e as suas unhas cortam a


minha pele. Ela tenta pegar o meu braço novamente, mas falha quando
eu a empurro com força. Seus pés tropeçam, a fazendo desequilibrar,
mas ela pega o seu equilíbrio antes de cair e me olha com fogo em seus
olhos.

— Sua vadia! — ela grita, e me dá um tapa forte no rosto. Minha


cabeça lateja com a dor a partir do contato duro. Ela agarra meu braço
novamente e começa a me puxar para o seu carro. Meu raciocínio
dispersa e meu corpo vibra com raiva súbita. Eu agarro seu braço e a
puxo para mim antes de eu cerrar o punho e bater tão duro quanto eu
podsso em seu olho. Ela grita de dor, soltando meu braço.

~ 76 ~
— Você quer jogar duro? — ela zomba, segurando seu olho. Antes
que eu possa processar o que ela diz, ela me chuta forte no estômago,
me fazendo cair no chão sem fôlego. Ela se inclina para baixo na minha
cara. — Você é igual ao seu pai. Fraca, — ela cospe, seu tom atado com
nojo enquanto ela agarra meu braço com força. Pensando rapidamente,
eu pego seu cotovelo e a puxo para o chão, com um puxão forte. Ela
chega para trás e agarra meu cabelo, o puxando duramente. Eu tento
me afastar, tentando chegar a minha bolsa, que está a metros de
distância. Ela alcança as minhas costas, puxando o meu cabelo duro
enquanto eu rastejo em direção a bolsa, mas meus seios arranham
contra o asfalto quebrado, se tornando doloroso. Eu engatinho para o
chão, tentando me levantar com o peso da minha mãe em cima de mim
quando um pedaço quebrado de asfalto solta sob meus dedos. Eu o
aperto com força e empurrou para trás em direção a cabeça da minha
mãe. Ele se conecta com o seu couro cabeludo de forma dura, a fazendo
dar um grito de dor quando me solta e agarra a sua cabeça. Eu tropeço
para frente, a empurrando de cima de mim no processo, e pego a minha
bolsa. Eu puxo os botões, procurando a arma que Bobby me deu. Eu
olho por cima do meu ombro e a vejo correr para mim, sangue
escorrendo pelo rosto, então eu tiro a trava de segurança e aponto para
a sua cabeça em uma fração de segundo.

Dani, espere, — ela comanda lentamente. Sua sobrancelha está


sangrando onde eu bati nela, e ela tem um corte enorme na parte
superior da testa pela rocha que eu bati na cabeça dela.

— Eu te odeio, — afirmo com calma, meu tom ameaçador.

Ela dá um passo para trás, seus olhos olhando diretamente nos


meus.

— Você fodeu a minha vida o suficiente. Volte para New York e


nunca mais volte aqui de novo, — eu exijo, ainda apontando a arma
para ela.

— Dani, você não é uma deles. — ela pega o braço que segurava a
arma, mas o meu dedo puxa o gatilho para trás sem pensar duas vezes
e uma bala atinge o solo ao lado dos seus pés. Ela olha para onde a
bala bateu e depois de volta para mim.

— O próximo vai na sua cabeça: — eu advirto, mas eu não tenho


certeza se o meu objetivo vai justificar a minha ameaça. — Isto, — eu
aceno a arma entre nós duas, — acabou.

~ 77 ~
Ela morde o lábio e sorri. Então minha mãe lentamente caminha
de volta para o seu carro e bate a porta, assim que entra e sai do
estacionamento. Ela vai voltar, eu sei disso.

Deixo escapar um suspiro quando o seu carro está


completamente fora de vista. As palavras de Bobby se fundem em meus
pensamentos.

„Nunca aponte uma arma para alguém, a menos que você tenha
toda a intenção de matá-lo‟. Eu mordo meu lábio, tentando segurar o
soluço que quer desesperadamente fugir com o pensamento de que eu
queria matar a minha própria carne e sangue e me faz sentir mal. Eu
mando um suspiro firme, tentando segurar as minhas emoções, coloco
a segurança de volta na arma. Pego minha bolsa do chão e coloco a
arma de volta nela.

— É melhor você ir; a polícia vai estar aqui em breve.

Eu chicoteio a minha cabeça ao redor e vejo Shadow na sua moto


ao lado do edifício.

— Há quanto tempo você está aí? — pergunto, não pensando em


olhar para lá enquanto eu ando para longe.

— Tempo suficiente para saber que alguém certamente denunciou


aquele tiro, — responde ele, segurando um capacete para eu pegar. —
Suba.

Eu pego o capacete e balanço a perna em torno dele na sua moto.


Meus braços envolvem a sua cintura como nos velhos tempos e o meu
corpo molda ao seu na perfeição, aquecendo com o toque do seu contra
o meu, e eu não posso evitar, a não ser encontrar conforto no cheiro do
seu colete de couro. Eu odeio quão perfeito me faz sentir, porque eu sei
que estamos longe de ser perfeitos juntos. Meu corpo começa a tremer
pela adrenalina sumindo, o que torna difícil me segurar enquanto nós
dirigimos pela estrada.

******

Chegando de volta ao apartamento, Shadow entra no seu lugar de


estacionamento designado após parar o motor da sua moto. Eu saio da
garupa e assim que meus pés tocam o chão, o meu peso assenta, me

~ 78 ~
fazendo tremer de dor. Eu dou a Shadow o meu capacete e começo a
mancar até à porta.

— O que há de errado? — Shadow pergunta, olhando para o meu


caminhar instável.

— Nada, — eu minto.

Sem outra palavra, Shadow me levanta como uma noiva.

— O que diabos você está fazendo? — eu dou um tapa no ombro


dele, tentando me erguer de suas garras.

— Te levando, o que é que parece? — ele afirma, entrando no


elevador.

— Eu posso andar por mim mesma, — eu digo a ele, apertando


meu queixo.

— Não muito bem, — ele ri.

Eu suspiro em derrota e o deixo me levar para dentro do


apartamento.

Assim que entramos, ele me coloca suavemente sobre os meus


pés.

— Você vai me dizer porque você não consegue andar? — ele


pergunta, apontando para os meus pés. — Você torceu o tornozelo na
briga com a sua mãe?

Eu olho para os meus pés. — Eles estão apenas doloridos é, tudo.


Eu não danço há algum tempo e eles não estão se adaptando bem.

— Como é que o trabalho está indo? — ele questiona. Eu não


posso evitar o olhar de surpresa no meu rosto. O fato de Shadow querer
fazer a coisa de bate-papo põe a minha mente em um turbilhão
completo.

— É...— eu tropeço em minhas palavras, — bem. Eu adoro ele, —


eu finalmente respondo, sendo verdadeiramente honesta.

— Eu imaginei que você iria, — diz ele, olhando para baixo com
um sorriso, enquanto sua mão desliza pelo seu cabelo daquele jeito sexy
que ele faz.

— Você me arranjou o trabalho. — eu estou declarando um fato,


em vez de questioná-lo.

~ 79 ~
Shadow dá uma encolhida evasiva de ombros e avança através da
sala para a cozinha. Ele abre a geladeira e mergulha dentro, puxando
uma cerveja. Então, ele dá de ombros para fora do seu colete e o coloca
na parte de trás do sofá, revelando sua camisa preta confortável em seu
torso. O olhar dele faz o calor do meu corpo subir para níveis perigosos.

Ele olha para mim com olhos que prendem o olhar de cobiça e
perigo com a maneira como ele franze as sobrancelhas e os abre os
lábios.

O peso do seu olhar me faz sentir vulnerável, então eu ando em


direção ao sofá, quebrando o contato visual.

Eu puxo meus sapatos devagar e observo que a minha meia está


encharcada de sangue.

— Merda, — eu sussurro enquanto eu descalço lentamente a


meia do meu pé.

— Porra, Dani, — Shadow observa, andando na minha direção.

— Sim, está tão ruim quanto parece, — eu admito, olhando para


a unha do pé rachada.

Shadow coloca a sua cerveja na mesa do café e caminha até a


cozinha. Ouço as portas do armário batendo e água correr na torneira,
antes dele estar de volta onde eu estou sentada. Ele se senta na mesa
de café diretamente na minha frente e começa a limpar suavemente o
meu dedo do pé sangrento.

— Eu posso fazer isso, — digo a ele, estendendo a mão para a


toalha.

Ele puxa para fora do alcance. — Eu consigo, — diz ele,


enxugando o meu pé de novo.

Por que ele está sendo tão doce?

— Parece uma merda. Talvez você deva tirar uma semana e deixá-
lo curar, — sugere ele, seu tom atado com sinceridade. Sua mão esfrega
o calcanhar do meu pé e a tensão libera instantaneamente, me fazendo
gemer involuntariamente. A cabeça de Shadow contorce com o som
lascivo não intencional deixando minha boca. Eu mantenho os lábios
fechados e olho para os olhos azuis famintos olhando de volta para
mim. Sua mão viaja até minha panturrilha, esfregando ao longo do
caminho, e merda, se isso não é fantástico. Eu posso sentir meu corpo
ganhar vida sob o seu toque mágico, minhas pernas querendo abrir

~ 80 ~
mais amplamente, o convidando. Eu cerro as coxas para ajudar a
sufocar o desejo crescente entre elas. Quero Shadow. Eu sempre o quis.
A ideia de que eu pudesse seguir em frente sem ele me faz rir por
dentro. Shadow me arruinou para qualquer um.

Os olhos de Shadow estudam lentamente o meu rosto, e ele lambe


os lábios lentamente antes de deixar cair a minha perna suavemente. A
perda de seu toque faz a minha pele queimar. Ele se levanta e vira as
costas para mim. Eu posso ver o seu corpo levantar com a respiração
constante. Eu fecho os olhos e respiro fundo eu mesma.

— Eu só estou indo para a cama, — afirmo categoricamente


enquanto começo a mancar em direção ao quarto. Esta atração
irresistível por Shadow está quebrando meu coração mais do que posso
suportar. Sem mencionar as cólicas menstruais escavando profundo em
meu abdômen.

— Dani, — Shadow chama, o desespero em sua voz. Abro a porta


do quarto e entro. Quando eu me viro e olho para trás, Shadow está de
pé lá, segurando o pano sangrento, com desespero escrito em seu rosto.

— Boa noite, Shadow, — eu digo docemente antes de fechar a


porta.

SHADOW
Eu deixo cair o pano molhado e cambaleio pelo corredor,
deslizando contra a parede até a minha bunda bater no chão. Eu olho
para a porta fechada, a mesma porta que eu olhei ontem à noite
durante horas. Vi Dani dançando com aquelas meninas hoje à noite; ela
parecia tão angelical, tão inocente. O sorriso que ela tinha, a energia
que ela tinha, ela estava realmente perdida em seu próprio mundo.

Vi sua mãe chegar e esperar por ela, e então eu vi toda a


altercação. Eu não a parei ou entrei em cena, porque eu sabia que a
minha questão de saber se Dani era uma ameaça ou não seriam
respondidas assim que ela saísse daquele estúdio de dança. Eu não
esperava que Dani tentasse matar a mãe dela, no entanto. Eu tive que
me afastar dela quando ela retornou ao clube, sem saber se eu poderia

~ 81 ~
ir contra o meu clube cem por cento. Eu não seria a pessoa segurando a
arma fumegante que tirou a vida da única garota que eu já amei.

Sabendo que ela não estava envolvida, sabendo que era tudo obra
da sua mãe agora, eu não sei o que está me impedindo de entrar
naquele quarto e reivindicar o corpo de Dani como meu mais uma vez.
Talvez seja o fato de que eu não sei se ela quer mais estar comigo. Eu
corro minhas mãos sobre meu rosto. De quem a culpa por ela não
querer ficar comigo? Que tipo de homem alega que ele ama uma
mulher, mas não fica do seu lado, não confia nela? Eu deveria ter
agarrado Dani e fugido para longe com ela, a protegido.

Eu alcanço o meu bolso e retiro o seu iPod, colocando os


auscultadores em meus ouvidos, ouvindo Justin Timberlake, e ‘Not A
Bad Thing’ começa a tocar. Olho para o iPod, pasmo. Eu sei de fato que
eu não estava em nenhum lugar perto desta canção. Eu fico olhando
para a porta segurando minha vagalume, esperança aumentando
dentro de mim de que talvez ela colocou a música só para eu ouvir. De
qualquer forma, vou fazer isso por Dani de alguma forma. Eu deveria
ter confiado nela. Eu deveria ter escutado ela, mas eu não o fiz. Tomei o
caminho da desconfiança e danifiquei a nós dois. Agora eu vou ter que
ganhar a confiança dela mais uma vez.

******

Estou sentado à mesa, na missa, onde temos todas as nossas


reuniões. Estive aqui durante toda a manhã, esperando para que todos
possam arrastar suas bundas preguiçosas até aqui para que eu possa
dizer a eles o que rolou entre Dani e sua mãe na noite passada. Eu nem
sequer fui dormir. Em cima disso, tudo o que posso pensar é Dani.

— Shadow, você madrugou, — comenta Bull, sentado em sua


cadeira com uma xícara de café, os outros caras seguindo de perto.

— Eu tenho algumas informações importantes, — eu digo, me


sentando na cadeira.

— Eu espero que sim. Você me chamou para uma reunião às três


da manhã, filho, — observa Bull, tomando seu café.

— Você parece uma merda! — Hawk brinca, seus velhos olhos


enrugados olhando diretamente para mim.

~ 82 ~
— Ya, eu não dormi muito, — eu digo, frustrado. Quem dá a
mínima para o que eu pareço? Eu só disse que eu tenho uma notícia
importante.

— Tudo bem, derrama, — Bull implora, acendendo um cigarro.

— Ontem à noite, fui buscar Dani, e a sua mãe parou para uma
visita. — todo mundo começa a falar entre si.

— Porra, eu disse a você, — diz Locks, apontando para mim com


um cigarro na mão.

— Vá em frente, — Bull insiste, se sentando ereto na cadeira.

— Ela queria que Dani se voltasse contra nós. — eu explico.

— O que ela disse? — Bobby interrompe. Eu olho para longe de


Bull para encarar Bobby. O fodido ainda está na minha lista de merda.

— Dani disse que não e quando sua mãe não a deixou ir, Dani
tentou matá-la. Disse a ela para voltar para Nova York e se ela voltasse,
ela iria matá-la. — eu libero a respiração que eu estava segurando
desde o momento em toda a merda aconteceu na noite passada.

— Bem, eu vou, — exclama Bull, esfregando as suas bochechas.

— Isso não prova merda nenhuma, — diz Locks, batendo com o


punho na mesa.

Bull revira os olhos, mas antes que ele possa chegar em Locks,
uma batida pequena chega às portas.

— O quê! — Bull ruge.

Babs avança com um sorriso de orelha a orelha.

— Ei, rapazes. Eu só queria lembrá-los que a festa do quatro de


julho é no próximo fim de semana, por isso não se esqueçam. — ela
sorri um último sorriso e fecha a porta.

— Você está brincando comigo? — diz Locks, apontando para a


porta. As mulheres não têm permissão para interromper uma reunião a
menos que seja importante, mas não é nenhuma surpresa que Babs
pode tudo. Eu não ficaria chocado se ela estivesse flertando com Bull da
maneira como ele a vê acima de todas as outras mulheres, mas o que
eu sei? Eu não posso avaliar o meu próprio relacionamento agora, e
muito menos o de outra pessoa.

~ 83 ~
Bull começa a rir. — Malditas mulheres. — ele se volta para a
mesa. — Certifique-se de que Dani esteja naquela festa. Ela é livre de
quaisquer ameaças potenciais para o clube, então vamos trazê-la de
volta aqui e começar a fazê-la se sentir como família, — ele ordena,
apagando o cigarro.

— Que diabos, Prez? — Locks pergunta, olhando para Bull como


se ele fosse estúpido. — Você não está pensando claramente. Esse
menino é apaixonado por ela. Ele vai dizer tudo! — Locks grita para
todos na mesa, com a mão apontando para mim. Seu tom está me
irritando, e eu cerro os dentes.

— Ela não fez porra nenhuma errada, Locks. Nós fizemos, por não
confiar nela. É melhor você tirar o pé para fora de sua bunda e começar
a mostrar a ela algum maldito respeito agora, porra! —Bull rosna, a sua
voz ecoa pela sala.

Locks se levanta, batendo sua cadeira contra a parede. — Dane-


se essa merda, — ele ruge antes de sair do quarto.

— Eu vou dar uma olhada nele, — Old Guy diz, o seguindo.

— Eu juro que você tem um monte de bucetas neste clube. Um


grupo de mulheres birrentas, — grunhe Hawck, ganhando um suspiro
de Bull.

DANI
Eu acordo grata por ter um dia de folga; meus pés doem
inacreditavelmente. Eu abro a porta devagar para ver se Shadow está
dormindo em frente ao hall de novo, mas vejo um local vazio. No interior
eu estou fazendo beicinho, mas na minha mente eu estou grata. Quanto
menos de Shadow, melhor, até que eu possa fazer a minha mente sobre
ele. Eu faço o meu caminho para a cozinha e paro completamente. Em
cima do balcão da cozinha está uma cesta de vime de madeira cheia de
cremes de pés, compressas de gelo, analgésico e bem no meio, meu
iPod. Eu não consigo evitar o sorriso que se arrasta no meu rosto com o
gesto. Eu pego o iPod, vejo uma determinada canção e faço uma pausa,
então eu coloco os fones de ouvido em meus ouvidos e ouço ‘The
Reason’ de Hoobastank. Eu sorrio quando penso Shadow e eu. Deus,

~ 84 ~
como eu sinto falta dele, e com esta cesta e essa música, eu acho que
ele sente falta de mim, também.

Passo a maior parte do meu dia sentada no sofá assistindo TV,


usando o pacote de cuidados que Shadow me deixou para recuperar os
meus pés. Já para não falar que eu escutei a música que Shadow me
deixou na repetição quase vinte vezes. Não comi muito no café da
manhã ou almoço, eu decidi dar descanso à TV e fazer uma refeição
real.

Eu faço o meu caminho para a cozinha quando a porta do


apartamento se abre e Shadow entra. Ele está carregando uma caixa de
pizza em um braço e uma Pepsi de dois litros debaixo do outro.

— Eu trouxe o jantar. Sente-se, — ele exige, colocando a caixa de


pizza no balcão ao lado da Pepsi.

— Tudo bem. Eu vou fazer o meu próprio jantar, — eu respondo,


trazendo uma bandeja do armário. É doce, ele me trouxe o jantar, mas
a última coisa que eu preciso é que ele me sinta dependente dele.

— Não, você não vai, — responde ele, agarrando a panela,


colocando-a de volta em seu lugar original.

Eu suspiro com o seu comportamento controlador. Jogo a panela


de volta para baixo e a coloco sobre o fogão.

— Sim. Eu acho que eu vou, — eu digo, levantando a minha voz.

Shadow abaixa a cabeça e dá grunhidos. Seus olhos estão


cobertos com raiva quando ele me agarra pela cintura, me jogando por
cima do ombro.

— Shadow, me coloque para baixo! — eu grito, minhas mãos


batendo em suas costas.

Ele me deita no sofá e aponta para mim. — Não se levante ou eu


trarei sua bunda de volta aqui. Te trouxe o jantar, então você pode ficar
fora de seus pés, — diz ele, abrindo a caixa de pizza.

Eu gemo de frustração e sento no sofá.

Ele pega uma fatia da caixa e entrega para mim. — Coma, — ele
exige.

— Sem prato? — eu pergunto.

~ 85 ~
Shadow me olha como se eu tivesse perdido a minha mente. —
Prato? É comida de dedo.

Eu dou de ombros e dou uma mordida da pizza. Eu nunca soube


que a pizza era um alimento de dedo. Minha mãe sempre me fazia usar
um prato para tudo o que comíamos, mesmo que fosse batatas fritas,
tínhamos que colocar em uma tigela.

— Como estão os pés? — pergunta ele, mastigando sua própria


fatia de pizza.

Olho para eles e percebo que parecem melhor do que antes.

— Melhor. Obrigada, — eu respondo com gratidão, evitando o


contato visual. Isto é tão estranho; há tanta coisa que precisa ser dita,
mas não é.

— Por que você está fazendo tudo isso? — eu pergunto, antes de


terminar a minha fatia de pizza.

— Tudo o quê? — Shadow pergunta, esfregando as mãos


gordurosas em seus jeans.

— Você quer jogar esse jogo? — eu me levanto, irritada por ele


não falar comigo. Eu gemo de frustração e caminho em direção à
cozinha para pegar um copo, mas não consigo passar por Shadow.

— Dani, — Shadow diz, agarrando o meu braço, me parando. Eu


olho para ele, esperando ele explicar por que temos que ser quebrados e
incivilizados um com o outro. Seu rosto fica olhando para as minhas
pernas antes de ele levantar lentamente o seu olhar para cima.

Ele solta o meu braço e suspira: — Eu não sei nem por onde
começar a fazer as coisas direito entre nós.

Meu coração palpita contra meu peito, e minha respiração se


acelera. Eu não sei o que dizer sobre isso. Ele apenas admitiu que ele
queria que as coisas se tornassem boas entre nós. Se eu for honesta, eu
admito que não quero seguir em frente com o clube ou Shadow. Quão
estúpido isto parece, eu estou apaixonada pelo diabo e eu não posso
escapar do porão que ele tem em mim, mesmo que me esmague.

— Experimente, — exorto, me sentando no sofá.

Shadow se senta na mesa de café, apoiando os cotovelos sobre os


joelhos e suspirando profundamente, suas costas levantando enquanto
ele inala.

~ 86 ~
— O clube tem sido a minha vida mesmo antes de eu conhecer
você. Eles me levaram para dentro e se tornaram a minha família
quando eu não tinha nada, — diz ele, dando um longo suspiro. — Se o
clube não acredita em você, — ele faz uma pausa, — quem sabe qual
seria a ordem? Eu não poderia lidar com o pensamento do clube te
machucando, e eu não podia aceitar a ideia de que eu poderia ter
escolhido ir contra o meu clube para te salvar. O pior de tudo, quem
sabe se eu teria sido encarregado das ordens.

Suas palavras sugam o ar dos meus pulmões. Eu sabia que o


clube poderia ter me achado culpada por estar envolvida com o FBI, e
eu sabia que as ações contra mim poderiam ocorrer. Eu só não sabia o
quão perto da realidade essa possibilidade era até agora. Eu levanto e
começo a andar, pensando no que ele acabou de dizer.

— No início, eu pensei que você estivesse dentro com a sua mãe,


mas depois que você voltou. Mesmo com os meus problemas de
confiança, o pensamento de prejudicar você estava me sufocando. — ele
diz isso com tanta tristeza, os olhos piscam causando rugas nos cantos.
Eu não posso evitar a crescente raiva dentro de mim.

— Meu pai nunca iria deixar que nada acontecesse comigo, — eu


sussurro, emoção pesando na minha voz. Eu pisco as lágrimas caindo
dos meus olhos, se tornando difícil de ver.

— Dani, — Shadow faz uma pausa, — ele teria sido o único a dar
a ordem.

Eu caio no chão, o peso da situação demais para me mexer.

Shadow cai de joelhos na minha frente. — Dani, — ele murmura


baixinho.

— Depois de ontem à noite, eu assegurei o clube que você não é


uma ameaça. O clube fodeu tudo por não confiar em você, e todo
mundo quer mostrar o seu pedido de desculpas e recebê-la de volta. Eu
fodi tudo, — ele sussurra. — Eu deveria ter confiado em você, mas o
laço que você tem sobre mim me deixou morrendo de medo de deixá-la
entrar de volta. Aquela sensação quando você foi levada como
testemunha foi aterrorizante. Eu nunca me senti tão quebrado na
minha vida.

Tudo o que posso fazer é soluçar, tentando lutar contra as


lágrimas de medo. Ele fala sobre como fosse difícil confiar nas pessoas,
mas como eu posso confiar que ele não vai mudar de ideia e me matar
durante o meu sono?

~ 87 ~
— Este é o nosso mundo, Dani, — diz ele, seu tom soando como
se estivesse tudo bem. Como se isto fosse normal.

— Eu não sei se eu posso viver neste mundo. Como é que eu sei


que posso confiar em você? — eu pergunto, enxugando as lágrimas de
meu rosto.

— Se você quiser sair, vamos fazer as malas agora e fugir, —


responde ele, roçando uma lágrima do meu rosto.

Minha cabeça se levanta, pegando o que ele disse na sua


declaração. Ele deixaria o clube e tudo o que tem para trás, por mim? O
raio de esperança de que Shadow e eu pudéssemos ser capazes de
resgatar o que sobrou de nós faz com que as minhas esperanças
subam.

Os olhos azuis de Shadow bloqueiam os meus. — Você está louca


se pensa que eu vou deixar você ir assim tão fácil, — ele me informa,
com o rosto sério.

Ele se inclina e beija meu lábio inferior suavemente. — Eu disse


que no começo você iria me odiar mais do que gostar de mim, mas eu
serei amaldiçoado se eu te deixar ir de novo, — ele sussurra contra os
meus lábios.

A minha boca se abre em descrença, suas palavras batem no meu


coração em todos os lugares certos.

— Eu quebrei as leis do clube ao sair com esse cara, não é? —


assim que a questão deixa a minha boca, eu me arrependo. A cara de
Shadow aperta e fica vermelha.

— Sim, bem, eu não tenho sido um anjo, — ele afirma,


justificando minhas ações. Eu tremo ao ouvir suas palavras. Eu não
quero saber com quem ele dormiu. Não agora, de qualquer maneira.

— Não significa que eu não estou chateado com isso, mas nós
dois estamos fodidos, — diz ele, passando as mãos pelos cabelos.

— Somos tão confusos, — murmuro. Que casal tem uma conversa


como essa?

— Sem argumentação, — Shadow observa, encostando na parede.

Eu coloco minha cabeça contra a parede, também, e me viro para


olhar para o seu perfil bonito, perguntando por que ele estava sentado

~ 88 ~
em sua moto na noite passada e deixou que as coisas escalassem entre
a minha mãe e eu.

— Na noite passada, com a minha mãe... — eu começo,


enxugando as minhas lágrimas do meu rosto.

— O que tem ela? — pergunta ele.

— Você viu o que estava acontecendo, então por que não tentou
parar com isso? Ou melhor ainda, por que você não tentou me impedir
de matar um agente federal? — eu questiono, levantando a minha voz.

Shadow sorri e olha para mim, como se eu conseguisse saber


porque ele tinha aquele sorriso no rosto.

— O quê? — pergunto.

— O jeito que você estava segurando a arma, não havia nenhuma


maneira de você acertar em nada, — ele ri, me fazendo rir junto com
ele.

— Sim, bem, Bobby era para me ensinar a atirar, — afirmo com


naturalidade.

— Bobby não estará te ensinando qualquer coisa, — ele zomba


friamente. — Eu vou te ensinar. — ele se levanta e olha para mim,
brincando com os seus lábios.

— O quê? — pergunto.

— Se você não fosse uma merda na pontaria e pudesse fazer tudo


de novo, teria matado a sua mãe? — ele pergunta, olhando para mim
com as sobrancelhas franzidas.

Eu penso sobre tudo: a forma como a minha mãe me odiava


enquanto eu crescia, ela nunca esteve ao redor e eu nunca fui o
suficiente para ela. Ela só me mantinha por perto para destruir o clube,
nunca me amou, nunca se importou. Quando eu encontrei o amor,
encontrei o meu lugar no mundo, e ela tentou estragar tudo.

Eu olho para Shadow, e a resposta é clara. — Absolutamente.

~ 89 ~
Capítulo sete
SHADOW
Eu entro com o meu carro no estacionamento
atrás de um posto de gasolina, pego a minha mala
com o rifle, e a coloco ás costas para a caminhada
ao longo do gramado. Os meus pés fazem barulho a
cada passo que dou no gramado; o sol tem estado
quente e brutal neste verão, matando tudo no seu
caminho. A camisa de manga comprida que estou
usando para cobrir as minhas tatuagens começa a
ficar colada ao meu corpo, com a transpiração da
caminhada; esta porra está um calor ridículo. Eu
finalmente chego ao topo da colina e ponho a minha bolsa no chão. Eu
olho em toda a rodovia e miro o hotel sujo a cerca de quatro centenas
de metros de distância. Uma coisa que eu sou bom é matar, e é isso que
eu vou fazer com prazer. Eu defino o bipé para o meu sniper e carrego o
rifle com as balas, pegue os binóculos para dar uma olhada melhor no
hotel e o espaço da área circundante.

Desde que Dani me disse que queria a sua mãe morta há alguns
dias atrás, eu percebi que eu faria a honra de conceder a ela esse
desejo. Não só isso, mas eu não tenho nenhuma dúvida na minha
mente de que Dani iria matar a mãe dela na próxima vez que a visse.
Isso não é algo que eu queira para Dani. Ela pode ter um traço escuro,
mas eu não tenho certeza de que ela pode lidar com o peso de matar a
sua mãe. Além disso, ela iria fazer uma bagunça com a situação,
deixando DNA ou testemunhas.

Eu sou grato a Bobby por me salvar da dor de matar a minha


mãe. Eu ainda gostaria de ter sido eu a acabar com a sua vida, mas,
por outro lado não. Já que ela está morta, eu esqueço a prostituta
desagradável que ela foi e me lembro dos momentos em que ela foi
realmente uma mãe, antes das drogas, bebidas e negligência
começarem. Balanço a cabeça das memórias e olho para o hotel - com
certeza é um lugar de merda. Eu rio. Aposto que a Lady pensou que ela
estava a salvo em um hotel abandonado fora de suspeitas. Ou isso, ou
ela é tão burra que ela pensou que iria sair da cidade viva sem
retaliação por parte do clube. Eu olho pelo binóculo para o quarto dela,

~ 90 ~
ela tem estado no quarto número nove. Eu sei porque eu a persegui ao
longo dos últimos dois dias, vi por onde ela tem andado e com quem ela
tem falado. Ela principalmente tem estado fora ao redor do clube e ao
redor do meu apartamento, circulando Dani como um tubarão. Eu sei
no meu interior que ela vai foder com Dani, usá-la a seu favor. Eu não
posso permitir que isso aconteça, considerando que é um milagre o
clube não ter matado Dani. Se algo der errado de novo, eu não estou tão
convencido de que ela vai sair desta viva.

Eu olho para longe do binóculo e suspiro. Estou matando pela


Dani ou pelo clube? Eu não sei pra qual dos dois. Estou com Locks de
que Bull coloca a família acima do clube, então matar Lady (que
costumava ser sua ol'lady) pode não acontecer muito bem com ele. Da
mesma forma, dizer a Dani que eu matei a sua mãe iria irritá-la, porque
eu não a deixei fazer isso. Eu me ajusto atrás do rifle e olho para baixo
pelo monóculo. Ela não entende que matar a sua mãe iria matar um
pedaço dela. Meu corpo tem tido tiques da falta de controle que tive
ultimamente, tremendo pelo desejo de assumir a responsabilidade e
puxar o gatilho. Eu miro em Lady, sentada na cama, escovando os
cabelos; parece que ela está se preparando para sair. Meu dedo
encontra o gatilho quando ouço passos esmagando a grama atrás de
mim, fazendo o meu sangue correr para os meus ouvidos. Alguém já me
viu. Eu olho por cima do meu ombro e vejo pela luz da lua que alguém
está andando na minha direção. Eu alcanço a minha cintura e puxo a
minha pistola. Parece que eu estou me livrando de duas pessoas esta
noite. Assim que a pessoa entra na luz onde eu possa vê-la, eu aponto a
minha arma, diretamente para ela.

— Que porra é essa? — Bobby exclama, levantando as mãos no


ar.

— Puta que pariu, Bobby! — eu sussurro; o filho da puta fez o


meu coração acelerar.

— Você tem agido sorrateiramente nos últimos dois dias, então eu


segui você até aqui, — ele explica, de cócoras.

— Eu poderia ter atirado em você, — eu o repreendo em um


sussurro baixo.

— Quem você está mirando? — pergunta ele, agarrando os


binóculos do chão e ignorando a minha raiva.

Eu espero por isso, ridículo como ele é, ele late para mim quando
ele vê Lady. Seu quarto é o único iluminado e aberto para o mundo ver.

~ 91 ~
Ele varre o hotel mais uma vez antes de parar.

Ele puxa os binóculos para baixo e me olha com olhos


acusadores. Sua mandíbula está contraída e a sua testa franzida.

— Bull ordenou isso? — ele pergunta.

Eu olho sobre a rodovia no hotel. — Não.

Eu espero por ele tentar me convencer do contrário. Não vai


funcionar, no entanto. Lady precisa morrer por várias razões. A maior
delas é que ela é cancerígena para o bem-estar de Dani, e nós nunca
vamos estar juntos enquanto ela estiver viva.

— Dani? — ele questiona, querendo saber se eu disse a Dani os


meus planos de assassinar a sua mãe.

— Não, ela não sabe, — eu respondo desafiadoramente,


levantando o meu queixo, pronto para a batalha.

Bobby suspira alto e se deita em sua barriga, ficando confortável.

— O que você está fazendo? — eu pergunto, minha voz baixa para


que ninguém me ouça.

— Ajudando você a manter a vigília, o que é que parece? — diz


ele, olhando para o quarto de hotel.

Bobby e eu temos feito isto um monte de vezes, principalmente


para o clube. Ele nunca veio comigo em um trabalho de fora. Eu nunca
precisei, mas eu não iria mandá-lo embora se ele quisesse vir. Ele me
entende e ele não julga.

— Pena que ela não está nua. Aposto que ela tem uns belos seios,
— ele brinca, olhando satisfeito pelos binóculos.

Eu miro e me posiciono atrás do rifle, respirando estável


enquanto o meu dedo encontra o gatilho novamente.

Eu assisto Lady de pé e se movendo em direção à porta.

— Ela está indo para a porta, — Bobby sussurra.

— Eu vi, — eu confirmo.

Ela abre a posta, tentando segurá-la com o pé, mas a sua força
continua empurrando seu pequeno corpo de volta. Eu libero a minha
respiração com firmeza e pressiono levemente sobre o gatilho.

~ 92 ~
— Espera-

Eu salto ao som da voz de Bobby enquanto puxo o gatilho. O rifle


recua de volta para o meu ombro enquanto eu continuo a olhar na
lente. Lady é sacudida para trás e cai no chão. Eu observo o seu pé em
movimento perto da porta. Ela ainda está viva.

— Porra, Bobby. Você me fez perder a minha chance! — eu grito,


me levantando.

— Eu pensei que alguém estava andando no estacionamento, mas


foi um maldito gato. Desculpe, cara, — Bobby pede desculpas, se
levantando.

Eu desmonto o meu rifle enquanto Bobby vigia. Eu o coloco de


volta na bolsa, fecho e jogo por cima do meu ombro antes de me dirigir
para o carro rapidamente.

Eu começo a andar mais rápido em direção ao meu carro, a


grama esmaga alto enquanto eu ando. Eu passo pela moto de Bobby
estacionada à direita ao lado do carro roubado. Eu jogo a mala da arma
no banco de trás e pego a minha bolsa, em seguida, pego uma máscara,
luvas extra e jogo para Bobby colocar. Alcanço, pego o silenciador, e
aperto no final do cano da minha pistola e em seguida, subo no volante
enquanto Bobby monta no passageiro. Nós dirigimos através do viaduto
para o hotel fodido, esperando que ninguém reconheça o carro roubado.
Felizmente, já é tarde e não existem muitos carros passando nesta área.
Eu puxo a minha máscara sobre o meu rosto e aperto as luvas nas
minhas mãos antes de sair e caminhar em direção ao quarto onde Lady
está escondida. O seu pé está preso na porta, deixando ela ligeiramente
aberta. Eu chuto o pé enquanto entro e a porta bate depois de Bobby
entrar. Lady está deitada de costas com um tiro no peito e está com
falta de ar. Eu não posso deixar de sorrir.

Eu ando até ela e olho na sua linha de visão, apontada para o


teto. Eu puxo a minha máscara até ao meu cabelo e sorriso. Seus olhos
baços se acentuam com medo.

— Eu aposto que eu era o último filho da puta que você pensou


que iria ver de novo, — eu zombo, com um sorriso de lobo.

Ela tenta falar, mas nada mais que um mero sufoco vem para
fora, sangue escorre pelo seu queixo. Eu agacho, puxo a minha arma da
minha cintura, e coloco contra os seus lábios sangrentos. — Shhhh, —
eu sussurro. A arma contra a sua boca abafa os seus gritos
estrangulados.

~ 93 ~
— Você não pode machucar Dani mais, — eu digo baixinho. Ela
começa a choramingar e tenta se afastar de mim, mas ela está muito
fraca para fazer muito esforço.

Me levanto, aponto a arma para a cabeça e puxo o gatilho. A bala


rasga em seu crânio, jogando pedaços de cérebro em cima de mim.

— Aqui estão as chaves dela, — aponta Bobby, se inclinando para


pegar as chaves do chão, que estão jogadas ao acaso no tapete. Eu
coloco a minha arma de volta na minha cintura e pego o seu corpo, a
jogando por cima do ombro de forma fácil e caminhando até à porta. Eu
tento abrir a porta, mas tem uma mola a fazendo fechar, o que torna
quase impossível manter aberta.

— Você vai abrir a merda da porta? — pergunto a Bobby, que está


olhando para fotos dos sócios do clube jogados sobre a cama.

— Merda. Desculpe, irmão, — ele pede desculpas, correndo em


direção à porta. É incrível que ele não é um prospecto ainda.

Ele mantém a porta aberta enquanto eu passo.

— É com mola, — explica Bobby, empurrando a porta para trás e


para frente, fascinado pela mola de prata na parte superior da porta.

— É bom saber, — eu falo, lutando com o corpo mole de Lady.

— Porta malas, — eu o lembro. Ele tem as chaves na mão e


aperta o botão na chave. Ela se abre com um flash de luzes. Quando eu
disse que eu não me importo de ter Bobby comigo nesses tipos de
passeios ao fim da noite, eu retiro tudo o que disse. Eu lanço o corpo
sem vida de Lady na parte traseira do carro e o fecho. Eu reentro no
quarto e corto a carpete que tem o seu sangue. Abaixo disso tem
concreto, eu retiro uma pequena garrafa de água sanitária das minhas
calças cargo e a derramo em todo o concreto e tapete circundante, na
esperança de eliminar qualquer vestígio de sangue. Tenho a certeza que
se alguém visse a peça faltando, eles saberiam o que aconteceu. Ainda
assim, sem evidência, sem prisão.

— Vamos, antes que alguém nos veja, — eu digo, abrindo a porta.


Eu ando casualmente para o carro roubado e entro enquanto Bobby fica
no carro de Lady.

Nós dirigimos para fora da rampa de saída em busca de uma área


abandonada.

~ 94 ~
Cerca de uma hora depois, eu viro debaixo de uma ponte. Não vi
ninguém nos últimos trinta minutos, e eu não vi qualquer tráfego na
ponte.

Eu paro sob ela e vejo os faróis do carro preto de Lady quicando


no espelho retrovisor, puxando para cima atrás de mim.

— Que porra de passeio, — diz Bobby, batendo a porta do BMW


preto.

Ele agarra a parte inferior de sua camisa, a puxa sobre a sua


cabeça, e joga por cima do ombro. Ele abre tanque de gasolina e
encharca a camisa. Então enfia a mão no bolso da calça e tira um
isqueiro, acendendo a ponta da camisa em chamas antes de fugir.

— Isso é bom, — afirma Bobby, cavando nos bolsos.

— O quê? — pergunto.

— Você e eu, de volta aos nossos velhos hábitos, — diz ele,


sorrindo com um sorriso pateta.

Eu continuo a olhar fixamente para a chama crescendo. — Não


há nenhum nós, e nós não estamos voltando com qualquer coisa, — eu
digo friamente.

Eu sinto o ar pegar tensão quando Bobby percebe que eu não o


perdoei tão facilmente por ele não ter me apoiado com Dani, mesmo que
ele estivesse certo. Já para não falar que ele pôs as mãos sobre ela.

— Shadow, eu só quero o que é melhor para vagalume, — ele diz


isso como se ele se importasse e acredito que ele se importa, mas eu
não poderia me importar menos. A sua transgressão apodrece dentro de
mim até que eu possa encontrar uma forma de vingança.

— A menos que você queira acabar no porta malas também, essa


conversa acabou, — eu declaro, olhando para ele.

— Tudo bem, acabou, — Bobby cospe. — Mas, sério, — continua


ele, inclinando a cabeça para o lado, não querendo desistir do assunto.

— Bobby! — eu grito, esperando que a minha ascensão na voz vá


calá-lo.

— Tudo bem, — diz ele com um suspiro.

O carro explode, jogando um som na nossa direção e estilhaços


por toda parte.

~ 95 ~
— Porra, isto nunca fica velho, — Bobby ri.

Ele coloca um baseado na boca e caminha até o carro em


chamas, se inclinando para a chama tentando acendê-lo.

— Você vai queimar seu rosto, — eu rio.

— Nah, — diz ele, dando um passo para trás e soprando a


fumaça.

— Vamos sair daqui, — eu digo, voltando para o carro roubado.

******

Ao acordar esta manhã, senti o cheiro de produtos de limpeza e


de fogo. Passou uma semana desde que eu disse a Dani tudo, o que foi
a coisa mais difícil que eu acho que eu já fiz. Vê-la quebrar me fez
perceber o quão frágil ela é, e isso me fez querer abrigá-la e protegê-la
do perigo. Se ela quisesse fazer as malas e ir embora, eu teria ido. Eu já
fodi as coisas uma vez ao escolher o clube e os meus irmãos em vez
dela. A partir de agora, ela vem em primeiro lugar.

Ela trabalhou duas vezes esta semana, e ambas as vezes eu a


levei e busquei. Nós assistimos TV e falamos sobre merda sem sentido.
No entanto, tudo o que posso pensar é em atirar Dani sobre o balcão e
transar com ela, reivindicando o que é meu, mais uma vez, lembrando
de que ela é minha por toda a eternidade até que eu diga o contrário,
mas a gravidade da nossa situação me tem feito questionar se ela me
quer. Não me leve a mal, se eu quisesse a Dani, eu poderia facilmente
tê-la, quer ela quisesse ou não; afinal de contas ela é a minha old lady,
mas não seríamos nós. Não seria a vagalume, a menos que eu saiba que
ela confia em mim. Eu não quero a metade da Dani - eu quero ela toda.
Eu quero que ela grite que me pertence, arruiná-la para qualquer
homem que possa estar por trás de mim. Dada a minha natureza, existe
uma forte possibilidade de que eu vá foder esse relacionamento
novamente. Conhecendo a natureza angelical de Dani em nosso mundo,
haverá de certeza homens atrás de mim. Independentemente do que
Bobby diz, e ao contrário do que ele pensa, ele estaria na fila para tomar
Dani como sua; ele seria estúpido se não o fizesse.

Me tirando dos meus pensamentos, Dani chega com uma toalha


enrolada a sua volta, cantando alguma canção de menina enquanto se
inclina sobre nas sacolas de compras no balcão. A toalha levanta

~ 96 ~
quando ela se inclina sobre o balcão, mostrando a bunda dela, o cabelo
escorrendo pelas costas. Eu não consigo evitar o gemido que sai do meu
peito.

Dani vira e agarra a toalha em seu peito.

— Merda. Eu não sabia que você estava de volta, — ela engasga


com surpresa.

— Sim, acabei de voltar, — eu respondo, ajustando o meu pau,


sua pele bronzeada do sol gritando para a minha boca devorá-la.

Dani olha para si mesma. — Eu vou me trocar, — diz ela


mansamente, antes de decolar.

Ela foge pelo corredor e leva tudo de mim para não segui-la como
um adolescente com tesão. Eu quero ver o corpo dela novamente. Com
esse pensamento, o meu pau contrai, me fazendo rosnar em frustração.
As coisas foram ficando um pouco melhor entre Dani e eu, mas eu
ainda posso sentir um pouco da tensão no ar entre nós, e eu não tenho
certeza se é porque eu admiti que eu escolhi o clube sobre ela, ou se é
sexual.

— Então, quais são os planos para o fim de semana? — pergunta


ela, se estatelando no sofá ao meu lado, seu cheiro de perfeição me
lembra o que eu quero e não posso ter. Ela está usando um top solto
cor de pêssego que paira fora do seu ombro com shorts que antes eram
calças de malhar, cortados muito curtos.

— Hum, — suas palavras arrastam na minha garganta enquanto


eu a olho com tesão, — hoje à noite, eu pensei que nós poderíamos
apenas relaxar. Em dois dias, há a festa do Quatro de Julho na praia,
— eu a informo, tentando olhar para qualquer coisa, para além dela,
mas não está funcionando.

— Oh, sim, que horas vai ser? — ela questiona, pegando o


controle remoto da mesa de café. Quando ela se inclina para agarrá-lo,
a sua camisa balança solta, me dando um vislumbre dos seus seios
rosados. Meu pau incha com a visão.

Eu olho para cima e a vejo olhar para mim, um leve sorriso


cruzando seu rosto enquanto ela se inclina para trás no sofá e muda os
canais. Ela está me provocando.

— Costuma começar à tarde, mas eu só costumo ir à noite, — eu


digo, tentando pensar em qualquer coisa, exceto em sexo.

~ 97 ~
— Por que isso? — pergunta ela, ainda olhando para a tela.

— É quando os pecadores saem à rua. — eu olho para expressão


atordoada de Dani, seus olhos verdes vívidos arregalados de surpresa, e
eu pestanejo.

******

Eu deslizo a minha cerveja vazia em frente ao bar para Babs. Eu


tive que fugir de Dani; aqueles peitos sensuais dela estavam gritando
para minha boca levá-los todo a dia, e minhas mãos tremeram com a
vontade de agarrá-los. É estranho não ter a confiança de outra pessoa
e, na verdade, ligar para isso.

— Temos um problema, — afirma Bull, entrando na sede do


clube. Eu vejo Bull frustrado, inclinado contra o bar. Ele pega o lado do
balcão com as duas mãos e arqueia as costas olhando para o chão.

— O que está acontecendo? — Bobby pergunta estalando a tampa


sua cerveja com o lado do balcão do bar.

— Locks acabou de me ligar. Ele disse que a sua moto pegou fogo,
— confidencia Bull, olhando para nós, com o rosto parecendo cansado e
desgastado.

— Puta merda. Ele está bem? — Bobby pergunta, dando um gole


de cerveja.

— Sim, ele estava dentro da loja quando pegou fogo, — Bull


confirma com uma sobrancelha levantada.

— Alguém ateou fogo? — pergunta Bobby. Eu me viro para olhar


para Bull, curioso. Parece que temos feito nada além de irritar as
pessoas aqui ultimamente; não me surpreenderia se essa lista cresceu.

— Vamos chegar lá e conferir, — ordena Bull, empurrando para


fora do balcão. — Tom Cat, dirija o caminhão até lá, — ele grita com o
nosso mais novo prospecto. Vamos apenas dizer que o nosso último,
Charlie, não fez o que devia depois que ele deixou Dani ser sequestrada.

******

~ 98 ~
Nós vamos até à tabacaria onde Locks compra o seu tabaco; ele
enrola os próprios cigarros, por isso ele está sempre aqui comprando
suprimentos. Quando entro no estacionamento, há peças de moto em
todo o lado. No meio está o que sobrou da moto com fumaça em torno
dela. É um desastre, e parece mais como se ela tivesse explodido do que
pegado fogo. Posso ver uma roda contra a loja, que foi soprada da moto,
e eu tenho que desviar os pedaços de estilhaços por toda parte. A
apenas alguns metros da moto desfeita está Locks. Ele está sentado
contra um poste de luz que está no estacionamento, uma perna
dobrada, enquanto a outra está em linha reta. Ele parece
completamente relaxado para alguém que apenas teve o seu orgulho e
alegria arrancada de suas mãos.

— Isso não é um fogo casual, meus amigos. Isto é cem por cento
vá se foder, — Bobby ri.

— Isso é o que eu temia. — Bull balança a cabeça, jogando a


perna por cima da sua moto.

— O que diabos aconteceu? — eu pergunto, passando por cima


da parte de um tubo de escape.

— Eu não sei. A maldita coisa tem tido um vazamento de


combustível, tenho pensado em consertá-la. — Locks joga um pedaço
de cascalho.

— Você deixou isso funcionando? — Bull pergunta, examinando o


caroço queimado de moto.

Locks olha para Bull. — Não, mas o motor estava quente.

— Nhaa, eu estou pensando que isto é uma mensagem, — Bobby


conclui, chutando o asfalto carbonizado.

— Eu concordo. Você irritou alguém ultimamente? — eu


pergunto.

— Não. Eu não irritei, — Locks me encara, franzindo os olhos com


raiva na minha direção. — No entanto, eu tenho uma forte ideia de que
alguém ouviu que tivemos o FBI na nossa bunda, para não mencionar
que nós deixamos a porra de um rato no nosso clube. Isso pode não
cair muito bem para os outros clubes, — Locks cospe enquanto se
levanta.

Bull olha para Locks e o encara, e me encontro olhando para ele


também. Eu não consigo evitar, mas me sinto protetor de Dani, e ouvir
Locks falar merda sobre ela me deixa furioso. Dani não é uma ameaça;

~ 99 ~
ela mereceu a confiança. Aparentemente, nem todo mundo pensa
assim. Eu posso sentir meus dedos apertarem com o impulso de levar o
meu punho na boca de Locks por falar mal sobre Dani. Eu estou
começando a questionar o seu compromisso com a fraternidade
ultimamente.

— É um aviso, — Bobby afirma, olhando para Locks.

Bobby está certo. Isto não foi um acidente. Isto foi de propósito, e
quem fez isto enviou como um aviso. Eles estarão de volta e, de
surpresa.

Ouvimos sirenes soarem atrás de nós, e virando encontramos um


carro da polícia preto e branco estacionado a metros de distância. Eu
nem sequer ouvi a maldita coisa chegar; os caras são sorrateiros.

— Merda, — resmunga Bobby.

— Bem, olá, rapazes.

Skeeter fecha a porta do carro da polícia e coloca a mão no coldre.


Ele tem cabelo curto, preto, que sempre parece que ele colocou de
alguma forma demasiada merda nele, e um bigode estúpido - ridículo
sobre o lábio superior. Ele é alto e muito rápido. Eu sei, porque eu tive
que fugir dele algumas vezes. Policiais são uma raça com sombra, mas
quando você conhece um policial corrupto, ele é mais escuro do que
uma sombra.

Skeeter costumava estar nos nossos bolsos à cerca de um ano


atrás, mas ele ficou ganancioso. O preço das suas recompensas ficaram
ridículas, e em cima disso, ele começou a pedir um por cento de nossas
vendas. Me ofereci para levar o filho da puta para fora da grade, mas
Bull disse que era ruim para os negócios. Em vez disso, nós mudamos
todas as nossas mercadorias e ficamos limpos de qualquer corrida ilegal
por alguns meses. Quando Skeeter percebeu que não estávamos
correspondendo às suas demandas, ele fez exatamente o que nós
pensamos que ele iria fazer, ele foi chorar para os seus amigos policiais.
Disse a eles que estávamos traficando armas e drogas e ele sabia
exatamente onde tudo estava sendo realizado. Depois de um mandado
de busca que não deu em nada, Skeeter perdeu as conexões na policia
e, infelizmente, ele nos colocou em sua lista de merda.

— O que temos aqui? — Skeeter pergunta, olhando a cena.

~ 100 ~
Outro policial sai do lado do passageiro do carro-patrulha. Ele é
careca, pálido e sardento e parece jovem e assustado com a visão de um
grupo de motoqueiros.

— Vazamento de gasolina, está tudo certo, — afirma Bull, dando


um passo à frente de Skeeter.

— Estará tudo certo quando eu disser que está. Agora, cheguem


para o lado, — Skeeter ordena arrogantemente enquanto aponta para
Bull se afastar quando ele se volta para o policial em treinamento. —
Oficial Manny, mantenha um olho neste.

— Vocês se multiplicam como baratas, — Bobby brinca, me


fazendo rir.

Skeeter chicoteia a cabeça na direção de Bobby. — Cuidado,


menino.

Bobby bufa e cruza os braços.

Skeeter caminha até o que sobrou da moto e se agacha.

— Vazamento de gasolina, você diz? Deve ter sido um inferno de


um vazamento.

— Sim, — Locks concorda.

— Como eu disse, está tudo certo, — afirma Bull novamente,


cruzando os braços na frente do peito.

— Vocês conduzem por estas ruas sem terem em conta a


segurança dos outros, indo rápido demais, desobedecendo as leis de
trânsito. Não é de admirar que uma dessas engenhocas mortais tenha
pegado fogo. — Skeeter fala enquanto mastiga e cospe no lado da boca.
Eu assisto quando ele cospe perto das botas de Bull e o desrespeito me
faz ferver. Eu avanço pronto para um mano a mano, mas Bobby puxa o
meu ombro, me segurando.

— Seria um dia para marcar no calendário se todas as suas


motos de merda pegassem fogo. — Skeeter ri enquanto mastiga restos
de tabaco.

— Estamos terminados aqui? — Bobby pergunta, rodando os


ombros com raiva.

Skeeter zomba enquanto anda no cenário. — Era a sua moto,


Locks? — ele questiona.

~ 101 ~
— Sim, — responde Locks, esfregando a parte de trás do seu
pescoço.

— Eu vou ter que escrever uma multa. — Skeeter puxa um


caderno do bolso de trás.

— Por quê? — Bull pergunta com descrença.

— Operação insegura de um veículo a motor, — vem a resposta de


Skeeter enquanto escreve em seu livro de multas.

— Você está brincando comigo? — eu cuspo fora. Certamente, ele


pode chegar a algo melhor do que isso.

— Você quer dar um passeio até o posto? — Skeeter pergunta,


levantando seu peito para fora.

Dou um passo à altura do desafio, pronto para dar um soco.

— Eu acho que você acabou de agredir um oficial, — Skeeter


mente, tirando um par de algemas cromadas da cintura. — Você viu
isso, não é, oficial Manny? — eu olho e vejo um Manny pálido
parecendo morrendo de medo com a situação que se desdobra.

— Mentira de merda, — Bobby grita, se aproximando, pronto para


enfrentar Skeeter por tentar me prender. Se Skeeter vai mentir e
afirmar que eu o agredi, ele vai conseguir o que ele deseja.

— Tudo bem, vamos acalmar, — ordena Bull, deslizando a mão


entre mim e Skeeter.

— Locks, pague a porra da multa. Nós vamos limpar toda esta


bagunça, Skeeter. Não há necessidade de prender ninguém, — Bull
tenta acalmar as coisas.

— Eu não gosto do seu tom. É melhor tomar cuidado, rapaz. Eu


acho que você esqueceu cuja cidade você está, — Skeeter afirma,
levantando a sobrancelha. Meus dentes rangem com raiva, algumas
noites na prisão por agredir um policial, Skeeter em particular, não soa
muito ruim no momento.

Ele rasga o papel do bloco e joga em direção Locks.

— Aproveite o resto do seu dia, — Skeeter praticamente canta


antes de caminhar de volta para o seu carro.

— Palhaço fodido, — eu murmuro com raiva.

— Você está tentando ficar na prisão? — pergunta Bull.

~ 102 ~
Eu dou de ombros e murmuro, — Valeria a pena.

— Locks, eu disse para Tom trazer o caminhão, volte ao clube


com ele. Vou ligar para um grupo de rapazes para limpar isto, —diz
Bull, subindo em sua moto.

— Eu tenho que andar naquela merda? — Locks pergunta,


apontando para o SUV. Ele odeia veículos; eu o vi andar de moto em
todo tipo de clima só para evitar estar em um veículo.

— A menos que você queira montar de cadela? — Bull ri.

Locks anda até ao SUV e sobe, balançando a cabeça em maldição.


Eu não sei o que aconteceu com a moto dele, mas eu sei que não pegou
fogo por um vazamento de gasolina. Ele cuida daquela coisa bem
demais para deixar algo assim passar.

******

Depois de voltar para o clube, eu estou pronto para outra cerveja.


Mas quando eu encontro Locks sentado no bar tomando drinques na
sede do clube, eu não consigo lidar com a tentação de estrangulá-lo e
preciso ir para outro lugar. Eu não me esqueci como ele desrespeitou
Dani tão facilmente.

— O que vai ser, babe? — a bartender pergunta, seu cabelo


vermelho enrolado e aderindo a testa suada. Quando apenas nós
meninos estamos pensando em sair para beber pouco de cerveja fresca,
nós vamos até este bar buraco de merda. Eu nem sei se ele tem um
nome, além de Bar.

— O costume, — eu respondo, quebrando um amendoim pela


metade.

— Me dê uma também, babe, — Bobby diz na direção dela,


deslizando para um banquinho ao meu lado.

— Você me seguiu de novo. — eu digo, em vez de perguntar,


jogando o amendoim na minha boca.

— Sim, eu quero limpar o ar entre nós, — diz ele, tomando a sua


cerveja da bartender.

~ 103 ~
— Não há nada para falar, — eu digo, agarrando a minha cerveja,
também.

— O caralho que não.

Eu olho para a TV e vejo o anúncio do desaparecimento de Parker


entre os comerciais. Eu sorrio, eles nunca vão encontrar Parker. Eu
posso ou não ter feito uma visita durante a noite recentemente. Eu
nunca deixo um trabalho inacabado.

— Ei, eu sou Heather. — eu olho e vejo a pequena menina loira


deslizando até o lado de Bobby. Ela tem meias arrastão rasgadas com
uma saia vermelha e um espartilho preto.

— Bem, ei, boneca,— Bobby sorri, deslizando a mão para baixo


sobre a sua bunda contornando e dando a ela um aperto.

— Heather, vamos embora. Temos negócios. — outra garota


vestindo da mesma roupa grita da porta.

— Merda, eu tenho que ir, — diz Heather, puxando do aperto de


Bobby e caminhando em direção à porta.

Eu não consigo evitar, mas continuo a julgar Bobby, o meu olhar


revoltado diz a ele exatamente isso. Essa menina seria nojenta, mesmo
que eu estivesse fodidamente bêbado.

— O quê? Qualquer coisa vai com putas, — Bobby ri.

— Isso é repulsivo. Você não tem nenhum padrão? — eu


pergunto, estalando um amendoim na minha boca.

— Eu não teria dormido com ela, — Bobby me diz, em tom sério,


enquanto ele racha um amendoim. — Mas eu não vou ser um idiota
com ela também, — continua ele, com sinceridade.

— Certo, — eu zombo. Eu não posso deixar de ficar chateado com


Bobby, já que ele incentivou Dani a seguir em frente sem mim e colocou
as mãos sobre ela.

— Ei, idiota! — Bobby e eu olhamos por cima dos nossos ombros


para ver três homens de pé na porta, aquele que está na frente
apontando para Bobby. Ele tem calças largas e uma camisa sem
mangas, sua cabeça é calva e brilhante. Os dois atrás dele, um tem
uma camisa de flanela com as mangas arrancadas e o outro está
vestindo uma camisa branca com buracos por toda parte. Todas as
esferas da vida neste bar.

~ 104 ~
— Eu? — pergunta Bobby, apontando para si mesmo.

— Você mexe com as minhas meninas, você paga, — o homem


careca ruge, batendo no peito com um latido alto.

— Eu não mexi em nada, e é melhor você ver com quem está


falando, — Bobby retruca, apontando para o homem.

— Isso não é o que a minha menina disse, você está chamando


ela de mentirosa? — o homem careca caminhada até Bobby.

De repente, Bobby é arrancado do seu banco e jogado no chão. O


careca atravessa ele e dá um soco quadrado no rosto de Bobby. Eu me
inclino ligeiramente no meu banquinho para ter uma melhor visão da
ação. Ninguém parece notar a luta; todo mundo está ocupado com os
seus próprios negócios, bebendo, dançando e jogando sinuca. As brigas
neste lugar não são incomuns. Bobby leva e lança seu próprio soco,
fazendo com que o cara caia. Então Bobby rola e soca o cara no rosto de
novo; ele pode realmente ganhar essa luta. O careca cospe sangue para
o lado e sorri para Bobby maliciosamente. Os dois rapazes que seguiam
o careca de repente pegam Bobby pelos cotovelos, um de cada lado, e o
puxam até ao cara no comando. Ele se levanta e limpa o sangue de seu
lábio antes de dar um soco no estômago de Bobby sem aviso prévio.
Bobby grunhe de dor quando o homem joga outro.

— Uma ajudinha aqui, cara, — Bobby geme.

Eu racho um amendoim e assisto os dois caras que prendem


Bobby enquanto o careca dá um soco nele novamente. Sim, eu deveria
ajudá-lo, e em qualquer outro momento eu o faria. Eu teria a certeza
que estes três idiotas perderiam os dentes. Mas vendo como Bobby é
um traidor e eu realmente ainda não apliquei a minha vingança nele,
isto vai ter que servir.

Eu pisco um sorriso e atiro um amendoim.

— Eu deveria ter tido a minha volta com Dani. O que você fez não
foi a coisa mais fraternal de se fazer; tocar o que não era seu, irmão, —
eu zombo.

O cara joga outro soco no estômago de Bobby antes dos dois cães
soltarem os cotovelos, o deixando cair de joelhos.

— Pague! — um deles grita, colocando a palma da mão para cima


na cara de Bobby.

~ 105 ~
Bobby tosse e pega a sua carteira no bolso de trás, puxando uns
vinte dólares e jogando no chão. O careca pega o dinheiro e enfia no
bolso antes de prosseguir para fora do bar.

— Que porra é essa, cara? — Bobby pergunta, deslizando para o


banco bar lentamente, segurando o estômago e tossindo enquanto toma
um gole de sua cerveja.

— Você mereceu, — eu dou de ombros.

— Você me deve sessenta dólares, — diz ele, segurando sua


barriga de dor.

Me viro e olho para Bobby. Sua boca está aberta e sangrando e


ele está curvado, agarrando seu estômago. Me faz sorrir vê-lo com tanta
dor.

~ 106 ~
Capítulo oito
DANI
Eu acordei sozinha esta manhã. Passei o dia inteiro
com Shadow ontem. Ficamos no apartamento,
sentados comendo comida e assistindo TV. Eu
descobri que ele é sensível sob as axilas, e em troca
ele descobriu que eu sou sensível em todos os
lugares. Foi bom não pensar sobre o peso do clube
ou nossos problemas de confiança. Era apenas a
nós e nada do lado de fora interferindo com isso.
Hoje fui ao supermercado e eu parei pelo estúdio de
dança para ver as meninas mais velhas ensaiarem
para a Swan Lake.

Eu volto para o apartamento quando o sol começa a se pôr, na


esperança de ver Shadow, mas está vazio. Eu faço pipoca e sento no
sofá para pintar os dedos dos pés. Depois de surfar pelos canais e
chegar com nada, eu desligo, entediada. O meu telefone vibra no balcão,
pegando a minha atenção, e eu atendo sem olhar para o identificador de
chamadas. Agora eu falaria até com uma pessoa de vendas de tão
entediada que eu estou.

— Ei, garota! — Cherry diz na outra extremidade da linha.

— Uh, hey, — eu respondo, surpresa ao receber uma ligação dela.

— Você está fazendo alguma coisa hoje à noite? Eu e um par de


as meninas estamos indo para um clube onde meu irmão está de JD.

— Isso soa muito bom, — eu respondo, animada.

— Ótimo, vamos estar lá em breve, — diz ela, desligando o


telefone.

Eu bato palmas animada e fujo em direção ao quarto, indo para o


armário e pego um vestido preto sem alças que cai no meio da coxa. É
sexy e provocante, e eu não posso esperar para usá-lo. Eu jogo meu
cabelo em um frouxo rabo de cavalo; aplico uma sombra esfumaçada
olho, gloss e uma borrifada de perfume pra finalizar. A porta bate

~ 107 ~
quando eu estou colocando saltos pretos; meus pés doloridos nem
parecem se importar com o aperto.

— Uau, você está gostosa! — diz Cherry, me olhando quando eu


abro a porta. Ela está usando um vestido roxo curto que amarra na
nuca, e seu olho tem sombra combinando. Ela também está vestindo
seu colete de propriedade sobre seu vestido, que faz seu look parecer
feroz. Eu a sigo até o estacionamento quando ela pula em um carro
vermelho. Quando eu subir no lado do passageiro, Babs e Molly estão
sentadas na parte de trás sorrindo para mim.

— Ei, menina, — Babs sorri.

— Eu não esperava que você fosse uma festeira, — eu brinco com


Babs.

— Ugh, Locks sumiu por dias, eu estou entediada como o inferno,


— ela responde, revirando os olhos.

Cherry acelera para fora do meio-fio, fazendo com que as garotas


guinchem de volta. Ela transpassa por dentro e fora do tráfego. Como
ela teve sua licença eu não sei; ela não poderia estar usando outra coisa
agora, porque a menina é a morte sobre rodas. Nós estacionamos na
frente de um edifício que brilha em luz brilhante dourada em torno das
portas.

— The Rogue? — eu questiono, lendo o letreiro do clube.

— Sim, é a sensação do momento agora, — responde Cherry,


saindo do carro.

— Meu irmão Tyler está em êxtase por ser DJ aqui, — continua


ela, torcendo o rosto em humor. — Não é de todo ruim. Ficamos com
bebidas gratuitas e entramos de graça. — ela aponta para uma fila de
pessoas à espera para entrar.

Nós caminhamos até o segurança que está vestindo um terno


preto, com a cabeça raspada. Ele é enorme e se parece com alguém que
você veria jogando futebol profissional ou luta livre.

— Nomes? — pergunta o segurança, olhando para a multidão. Ele


nem sequer olha para as meninas e eu. Ele não tem uma prancheta ou
qualquer coisa; ele deve ter a lista de convidados memorizado.

— Nome é Cherry. Estou com Twistin Tyler, — ela grita, a música


estridente das portas do clube tornando difícil de escutar.

~ 108 ~
Ele olha longe do clube e de volta para nós.

— Você vai nos deixar entrar ou o quê? — Cherry guincha,


colocando a mão em seu quadril. O segurança musculoso se move para
o lado, abrindo um caminho para as portas que levam para o clube
batendo.

— Idiota, — diz ela, passando por ele.

— Yo, assume para mim. — o segurança grita com um cara


vestindo um terno preto combinando, ele parece tão intimidante.

Caminhando para o clube é uma loucura como nada que eu já vi


antes. Há sacadas com cortinas para festas particulares e cabines em
torno das paredes com lâmpadas douras postas encima das mesas. A
iluminação é fraca, exceto as cores de holofotes acima do palco e ao
redor das pessoas na pista de dança. Um grande bar fica ao lado da
estação de DJ na extremidade do clube, e meus olhos estreitam para o
que está no bar. Ele tem uma gaiola de prata descansando em cima
com uma garota em um brilhante biquíni dourado dançando nela.

Seguimos Cherry sobre um guichê ao lado da estação de DJ. —


Ei, eu vou dizer ao meu irmão que eu estou aqui rapidinho e depois
vamos dançar, — diz ela, saindo. Eu deslizo para o centro da cabine,
abrindo espaço para as meninas.

— Ha. Eu não vou dançar, mas eu vou beber, — Babs nos diz,
apontando para o bar.

— Eu vou te acompanhar, — diz Molly, me deixando sozinha.

Eu bato meus dedos contra a mesa enquanto eu assisto Molly e


Babs pedir drinques quando, de repente, uma bebida azul é colocada
em minha linha de visão.

— Isto é do Sr. Ross, — a garota diz. Ela está usando um vestido


dourado brilhante, e seu cabelo ondulado preto oscila pelas costas.

— Quem? — pergunto, confusa.

— Sr. Ross, — ela responde, apontando para uma cabine em


frente. Eu me esforço para olhar sobre a multidão e vejo um homem
vestindo uma camisa de botão branca. Ele tem o cabelo escuro e parece
ser de meia-idade. Eu nunca o conheci antes.

Eu olho para a bebida. Não é suposto você rejeitar bebidas de


estranhos em um bar, ou eu assisto CSI demais?

~ 109 ~
— Uh, não, obrigada, — eu respondo, empurrando a bebida de
lado.

A menina olha para mim surpresa, em seguida, dá de ombros,


levando a bebida para longe.

Molly e Babs voltam para a cabine com bebidas na mão, rindo de


alguma coisa.

— Então, eu ouvi que você foi a um encontro com um cara rico, —


diz Babs, tomando um pequeno gole do copo e dançando de volta para a
cabine.

— Sim, eu fiz. Ele era um cavalheiro. Bem, pelo menos eu achava


que ele era. — eu dou um sorriso fraco. Eu continuo a achar que é
difícil acreditar que Parker iria tratar uma mulher daquele jeito, mas
Shadow insistiu que ele viu com seus próprios olhos.

Babs em histeria. — Eu aposto que Shadow foder esse cara.

— Esse rapaz deve ter tido suas bolas arrancadas por ter mexido
com propriedade de um Devil, — diz Molly com um sorriso. Eu gemo de
frustração. Apenas o próprio Diabo sabe o que aconteceu com Parker, e
eu não estou prestes a perguntar a ele.

— Vamos dançar; ele está tocando minha música daqui a pouco,


— diz Cherry, agarrando minha mão e me puxando para fora da cabine.
Ela me arrasta através de corpos suados em uma pequena abertura na
pista de dança. O clube ruge as letras de ‘Turn Down For What’ por DJ
Cobra & Lil Jon, e Cherry começa a jogar os braços para cima com a
batida. Ela dobra seus joelhos e balança seus quadris, dançando como
ninguém. Eu, por outro lado, fico lá, não sabendo o que fazer. Eu nunca
fui a um clube; minha mãe nunca permitiu.

— Só se solte. Ninguém está te olhando! — Cherry grita acima da


música.

Eu começo a balançar minha cabeça para a música, tentando


seguir seu conselho.

De repente, Cherry me agarra pela cintura e se mói sobre a minha


pélvis.

— Assim, — diz ela, me mostrando como mover meu corpo


sedutoramente.

~ 110 ~
Ela me agarra ao redor do meu pescoço, e seu perfume floral me
sufoca. Seu corpo rola contra o meu como se estivéssemos no abraço de
amantes. Eu a levo e começo a torcer meu corpo contra o dela como ela
me mostrou.

— É isso aí, — ela sorri.

Eu sorrio de volta e agarro seus quadris, sentindo como se eu


tivesse o jeito das coisas quando eu moo contra seu quadril enquanto
ela continua a dançar.

Sentindo a confiança substituir minhas inseguranças, eu me


solto e me divirto. Eu bombeio minhas mãos na frente de mim enquanto
balanço minha bunda. A batida é tão alta que vibra através de meu
peito e pelas minhas pernas. Eu passo meus dedos no meu cabelo e
atiro minha cabeça para trás e para a frente na música.

‘Animals’ por Martin Garraix toca em seguida, e eu fecho os olhos


e continuo a dançar. Eu me sinto livre e sexy. Este é exatamente o que
eu precisava, apenas sair e se divertir com algumas meninas. Mãos
captam em torno de meus quadris e me batem em um corpo duro, e de
repente eu sinto o cheiro de maconha e álcool. Meu corpo enrijece, e
meus olhos se abrem. Eu me afasto do corpo estranho pressionado
firmemente contra o meu traseiro e giro ao redor para ver o cara do
outro lado do clube, o Sr. Ross.

Ele desliza suas mãos sobre a minha bunda e bate o meu corpo
contra o dele.

— Eu não quero dançar. Obrigada. — eu me contorço, tentando


me erguer de seu alcance, sem sucesso.

— Eu te mandei uma bebida, e você recusou. Isso não foi muito


bom, — afirma contra o meu ouvido, seu aperto áspero.

— Foda-se você e sua bebida. — eu cuspo, empurrando ele para


longe. Eu olho em volta para Cherry freneticamente, mas não a vejo em
qualquer lugar. Eu mergulho em toda a pista de dança lotada, tecendo
através das pessoas para fazer o meu caminho de volta para a cabine.

— Sua fresca! Tome isso! — Babs grita com Molly, entregando a


ela um copo com uma dose quando eu deslizo para dentro da cabine.

Me sentindo um pouco paranóica, eu olho para a multidão à


procura do Sr. Ross.

~ 111 ~
— Eca, você está todo suada, — diz Molly, cutucando meu braço
com um dedo.

— Sim, eu dancei um pouco, — peço desculpas, tentando sorrir.

— Ei, você! Vai tocar uma ótima música agora, — Cherry me diz,
agarrando minha mão e me puxando da cabine. — Venha. Você pode
descansar quando você estiver morta!

Cherry percebe minha hesitação e para, olhando para mim. —


Você está bem?

— Havia um cara assustador lá. Ele me deu uma vibração


estranha, — eu admito, olhando para as meninas, me perguntando se
eu estou sendo ridícula ou não.

— Que cara? Eu vou acabar com ele, — Babs ameaça.

— Você apenas tem que ser firme com eles. Então eles te deixem
em paz, — Cherry aconselha, me puxando para frente. — Isso acontece
o tempo todo, — ela grita por cima do ombro.

Eu sigo Cherry na pista de dança - na verdade, eu sou arrastada.


Eu procuro o Sr. Ross porque algo sobre ele me assusta. Ele não parece
ser um cara normal, tentando ter sorte, seus olhos escuros e tom solene
me dão arrepios.

‘No Hands’ de Waka Flocka Flame começa a tocar e Cherry


começa a saltar para cima e para baixo com entusiasmo. Olho ao meu
redor, sem saber; eu sinto que ele está me observando.

— Você está bem, — diz ela, batendo em meu ombro. De repente,


me sinto boba; isso acontece o tempo todo em clubes e os homens são
um pouco ansiosos demais para conseguir mulheres. Eu preciso soltar
e me divertir. Eu jogo minhas mãos para cima e começo a cantar as
letras como Cherry grita de volta para mim.

Cherry começa a sacodir seus ombros quando outra menina loira


aparece e começa a dançar com ela. Eu esqueço tudo sobre o cara
assustador e começo a dançar e cantar com elas. De repente, eu sinto o
cheiro de álcool e de maconha fortemente novamente; eu cheiro Sr.
Ross. Eu paro de dançar e olho ao redor de mim, mas tudo que eu vejo
é uma massa de pessoas dançando suadas. Meu corpo trava e frio
desce quando meu coração bate com medo.

— Procurando por mim? — uma voz atrás de mim sussurra em


meu ouvido. Meu sangue corre frio quando meu corpo trava. Ele escava

~ 112 ~
os dedos em meus braços tão forte que eu sinto como se eles fossem
penetrar.

— O que você quer de mim? — eu pergunto, sem saber se ele me


ouve pela música alta. Meu instinto de lutar sobe de meu medo; eu sou
forte e não vou me permitir vacilar. Eu começo a procurar uma arma,
meu salto alto, a única coisa que vem à mente.

O cara ri. — Basta tomar um drinque comigo. Apenas um e- — ele


para de falar e a música trava instantaneamente a um impasse.

Cherry se vira para mim e seu rosto fica pálido como se ela tivesse
visto um fantasma. Eu ouço uma menina gritar a distância, enquanto a
multidão começa a embaralhar. Eu lentamente viro e vejo o que está
olhando para Cherry, por que a música parou, e por que todo mundo
tem o olhar de medo escrito em seus rostos. Um grupo de motoqueiros
empurram seu caminho através da entrada – Devil’s Dust, para ser
exata - e Shadow. Sua mandíbula se aperta, com o rosto vermelho de
raiva.

Shadow aponta para o Sr. Ross enquanto ele caminha para


frente. O idiota coloca as mãos em sinal de rendição e abre a boca para
falar, mas antes que possa dizer uma palavra, Shadow o agarra pela
camisa e o joga em suas costas. Sr. Ross pousa no chão sujo com um
baque forte, e todo mundo engasga e mais pessoas começam a correr
para fora do clube.

— Ouvi dizer que você coloca as mãos onde elas não pertencem!
— Shadow rosna.

Ele atravessa o Sr. Ross e impulsiona o punho direito em sua


boca, fazendo sangue jorrar, quando suas mãos fazem contato. Shadow
se inclina e bate a bota nas costelas do cara, fazendo o Sr. Ross gritar
de dor.

Bobby anda para frente e puxa o ombro de Shadow, o agarrando


do lugar escuro que ele está caído e de volta à realidade. Eu não posso
deixar de notar que Bobby tem um lábio partido quando ele está
puxando Shadow para fora do cara. Que diabos aconteceu com Bobby?

Shadow bufa e esfrega a parte de trás do seu pescoço, tentando


recuperar a compostura antes de olhar para mim. Suas sobrancelhas
sulcam, dando aquela pequena linha que sempre fica quando eu estou
o irritando.

~ 113 ~
Ele pisa sobre Sr. Ross, que está deitado no chão com dor, me
agarrando pelo braço com uma mão e na cintura com a outra, me
jogando sobre seus ombros. Quando eu sou empurrada para cima, eu
sinto meu sapato sair do meu pé.

— Você perdeu a cabeça? — eu grito com Shadow. Esta é a coisa


mais humilhante que já aconteceu.

Shadow finalmente me coloca no chão assim que saímos do clube,


sua moto estacionada à direita ao lado da porta, juntamente com todas
as outras.

— Leve a sua bunda até a moto, Dani, — ele exige, me entregando


um capacete.

— Eu não estou recebendo ordens de você, — eu assobio,


chateada com ele.

— Dani! — Cherry grita, saindo das portas clube, meu sapato


preto na mão.

— Obrigada, — eu digo, agarrando o sapato dela, meu rosto


ficando vermelho com humilhação.

— Por que você não está vestindo seu colete de propriedade,


porra? — Shadow me pergunta quando ele olha para Cherry, o colete
dela difícil de passar despercebido.

— Você está brincando comigo? — eu estalo. Ele não pode estar


falando sério. Eu não usava esse colete de propriedade desde que eu
peguei ele com outra garota.

Shadow bufa com a minha resposta. — Suba na moto, ou eu vou


colocar você na porra da moto.

Eu sei que ele vai, e eu tive vergonha o suficiente para uma noite.
Eu coloco meu sapato no meu pé e arrebato o capacete dele.

— Como eu vou montar neste maldito vestido? — eu jogo minhas


mãos para fora, apontando para a minha roupa.

— Suba. Na. Porra. Da. Moto. — grita Shadow quando ele liga a
moto.

Eu rosno de raiva, bato com o capacete na cabeça e subo na


maldita moto.

A viagem de volta para a casa é rápida e furiosa.

~ 114 ~
Assim que estamos no apartamento, eu me inclino para baixo,
puxo meu salto esquerdo para fora do meu pé e jogo em Shadow. Erro
inteiramente, o calçado bate contra a parede atrás dele quando ele olha
para mim surpreso. — Você está jogando esses malditos sapatos em
mim?

Eu me abaixo, retiro o direito e jogo nele, também. Ele rebate a


antes de cair no chão. — Eu nunca fui tão humilhada na minha vida! —
eu grito, caminhando em direção ao quarto.

— Ser apalpada por um idiota não é? — ele grita, me seguindo


pelo corredor.

Eu olho feio para ele. — Eu posso me cuidar.

Eu admito que eu estava pirando quando o cara, Ross, me


agarrou. Meu único pensamento era de esfaqueá-lo no olho com o meu
salto alto, mas eu poderia ter manipulado ele se as coisas piorasse.

— Sim, claramente. Se isso fosse verdade, o segurança não teria


chamado seu pai, — diz Shadow.

Eu me viro em choque.

— O fodido segurança? Existe alguém nesta cidade que não beija


a bunda do clube? — Claro, Cherry vestindo o colete de propriedade foi
uma oferta inoperante. Eu acho que com Cherry vestindo o colete e eu
estando lá com ela, o segurança não queria deixar nada ao acaso
quando ele ligou para meu pai.

Shadow ri. — Não realmente.

Eu vou até o zíper na parte de trás do meu vestido, mas eu não


consigo puxar.

— Me deixe, — oferece Shadow, andando atrás de mim e


segurando o zíper.

Me viro e enfrento o espelho na minha frente, meus olhos olhando


para os seus no reflexo.

Ele puxa lentamente o zíper para baixo até os montes de minhas


nádegas, seus dedos fazem cócegas minha espinha e seus olhos nunca
deixam os meus. Eu ligeiramente torço meu corpo, deixando o vestido
cair para o chão, se reunindo em torno de meus pés. Meu sutiã preto
sem alças e calcinhas são a única coisa que eu estou vestindo. Os olhos
de Shadow deixam os meus, olhando para o reflexo do meu corpo no

~ 115 ~
espelho. Seus olhos se tornam encapuzados com o desejo e ele inala
acentuadamente. Meu lábios abrem em antecipação, esperando que ele
vá me tocar mais. Ele desliza um de seus dedos calejados na minha
espinha, o simples toque me fazendo gemer. Após o abandono de nosso
relacionamento, a reconexão faz meu corpo vibrar de desejo.

Shadow empurra a frente de seu corpo contra as minhas costas e


quebra a mão ao redor da minha frente, agarrando meu pescoço, ele
puxa suavemente a cabeça para olhar para o nosso reflexo no espelho.

— Minha, ele sussurra em meu ouvido, sua quente respiração


pegajosa me deixando cheia de tesão. Ele morde meu pescoço, seus
dentes raspando a carne sensível enquanto um gemido escapa de meus
lábios quando os meus olhos pegar os seus. Estrangulando os meus
sentidos, eu arqueio minhas costas para ele, querendo mais. Seu olhar
duro amacia antes dele apertar os olhos fechados como se estivesse
com dor. Ele se afasta, me deixando ofegante para mais. Então ele me
olha uma última vez antes dele me deixar em um frenesi de emoções.
Eu não entendi; ele diz que eu sou dele, mas ele não me trata como sua.
Não é como ele costumava fazer, de qualquer maneira. Eu olho para o
espelho e vejo as minhas bochechas coradas e lábios inchados com
antecipação. Eu pareço uma bagunça.

******

Eu durmo bem na manhã e no período da tarde. Depois de um


longo banho, eu olho através do armário, à procura de algo provocativo,
mas não óbvio. Shadow queria ir mais longe na noite passada, mas algo
o deteve. Eu trago o pensamento para baixo e começo a lançar através
das minhas roupas. Pego uma camisola de seda preta, que vai para as
minhas coxas, e opto por não usar calcinhas. Ok, talvez por isso seja
um pouco óbvio, mas eu preciso de respostas. Agora que está tudo no
ar, eu quero seguir em frente.

Eu olho no espelho na parte de trás da cômoda e despenteio o


cabelo longo e escuro. Eu belisco meu rosto para cor e caminho para
fora do quarto em busca de Shadow. Ele está sentado no sofá com as
pernas apoiadas na mesa de café. Sinto o cheiro de comida e noto um
balde de frango no balcão.

Eu pego um prato e finjo derrubar acidentalmente, o prato


fazendo barulho no chão e pegando a sua atenção. Eu me posiciono

~ 116 ~
para onde minha bunda está enfrentando Shadow e lentamente abaixo
para pegar, a minha camisola de seda subindo no processo, deixando
minha bunda nua por baixo.

Ouço Shadow levantar sofá e antes de eu estar em linha reta,


suas mãos apertam meus quadris duramente. Ele puxa a minha bunda
com força contra sua virilha e move o meu cabelo para o lado do meu
pescoço para descansar no meu ombro.

— Eu sei o que você está fazendo, — ele rosna no meu ouvido.


sua mão desliza lentamente debaixo da minha camisola e derrapa o seu
caminho através do meu quadril e para baixo sobre o ápice das minhas
coxas, fazendo minha cabeça cair para trás com prazer.

— O que você quer dizer? — eu sussurro, minha respiração se


tornando irregular.

— Você sabe exatamente o que quero dizer. Você esteve me


atraindo durante dias, — ele responde, empurrando seu comprimento
duro contra o meu traseiro, o sentimento divino.

— Eu realmente não sei o que você está falando, — eu digo em


um sussurro, esperando que ele mova sua mão um pouco mais para
baixo.

— Certo, — Shadow diz sarcasticamente, me deixando ir.

Nossos olhos se seguram por um momento enquanto ele libera


uma respiração estável.

— Eu recebi uma ligação para fazer uma corrida esta noite. Eu


não sei quando eu estarei de volta. — ele pega uma coxa de frango do
balde e dá uma mordida. Então ele me olha para cima e para baixo
como se ele estivesse me programando para a memória antes de
caminhar até a porta e sair.

— Droga, — murmuro.

******

Depois de ter que me aliviar a última noite da tortura sexual entre


Shadow e eu, eu finalmente caio no sono. Acordo hoje, eu percebo que é
o quarto de julho. Estou ansiosa para sair da casa, então eu chamo

~ 117 ~
Tom para vir me pegar e me levar para a festa do clube está
acontecendo.

Pego meu biquíni de couro preto, esperando que ver Shadow. Eu


sei que este é o seu biquíni favorito e eu estou esperando que seja a
última gota em sua abstinência.

Depois de chegar à praia e me trocar, eu saio para a areia quente


e detecto imediatamente o meu pai. Sua presença não é tão cativante,
sabendo que ele poderia ter dado ordens violentas para garantir meu
silêncio para o clube. O fato de que ele poderia ter enviado Shadow é o
pior.

— Dani, querida, — chama meu pai, andando em minha direção.


Ele joga seu braço corpulento em volta dos meus ombros e me dá um
grande abraço, o cheiro de bebida mais forte do que sua loção pós-
barba.

De repente, ele recua e os olha meu biquíni. — Você não pode


usar isso, — declara ele, apontando para mim.

— O quê? — eu olho para mim mesma.

— Vá trocar, — diz ele sério, apontando para os banheiros em


toda a praia.

— Oh, deixe a garota em paz, — Babs diz a ele, andando atrás de


meu pai.

— Você vê a merda que ela está vestindo ou não se importa? —


ele aponta, seu tom soando frustrado.

— Ela parece bem, Bull. É uma festa na praia, — ela responde,


colocando as mãos nos quadris.

Meu pai suspira em derrota e vai embora, balançando a cabeça


em consternação.

— Como vai você, boneca? — diz Babs, mascando seu chiclete.

— Eu estou bem, — eu sorrio.

— Isso é bom. É melhor você se acostumar com seu pai tentando


fazer você usar um saco de papel, — ela ri. — Divirta-se, ouviu? — ela
grita por cima do ombro enquanto ela caminha até a mesa cheia de
comida.

~ 118 ~
Eu lanço minha toalha para baixo e coloco sobre a areia, ouvindo
as crianças gritar e brincar na água e as old ladies rindo umas com as
outras no fundo.

— Ei. — meu pai se senta ao meu lado.

— Ei, pai, — eu digo, me sentando.

— Eu não tive a chance de chegar até o apartamento e te ver. Tem


sido uma loucura no clube, — ele pede desculpas, tomando um gole de
uma lata de cerveja.

— Eu entendo, — eu sorrio.

— Estou orgulhoso de você, no entanto. — ele sorri para mim. —


Saia e arrume um trabalho que você goste, fazendo algo de si mesmo. —
ele levanta a lata, derramando a última gota da cerveja na sua boca.

— Eu sinto muito, Dani, — ele diz com tristeza. Eu olho sob meus
cílios para ele, observando seu rosto com pesar e tristeza. — Sinto
muito sobre a forma como as coisas foram tratadas quando você voltou.
Eu tinha minhas dúvidas sobre isso, mas porque eu sou o presidente,
eu tenho que dar o exemplo.

Eu olho para o sol poente, a pergunta que eu quero perguntar


tocando na minha cabeça.

— E se eu tivesse sido culpada de conspirar com a minha mãe ou


se você não pudesse provar que eu não era? Você ia me matar? — Eu
questiono, estreitando meus olhos.

Ele suspira profundamente, olhando de voltar antes de se inclinar


em mim.

— Eu sabia que você não era uma ameaça quando você voltou,
independentemente se você estivesse dentro disso com sua mãe ou não,
— responde ele, beijando minha cabeça. — Mas o clube tem regras, e eu
tenho que ir em frente com as regras. Eu sabia que sua inocência
subiria em breve; eu só precisava de você fora do clube até que
acontecesse, para sua proteção, — continua ele, levantando o meu
queixo para olhar para ele. — Sua inocência mostra que você tem esse
clube de volta e este clube estará para sempre em dívida com você,
Dani. — ele olha para mim com os olhos brilhantes e sorri.

Eu penso sobre isso por um segundo, sabendo que o mundo em


que eu costumava viver na era duro e vil. Não importava quantas vezes
eu me impus a ele; era implacável, sempre voltando para te morder na

~ 119 ~
bunda. Sabendo que eu me provei aos Devil’s Dust e, ouvir que eles
sempre estarão a minha volta é um alívio.

— E de jeito nenhum eu teria deixado alguém te machucar, — diz


ele em voz baixa. Meus olhos se arregalam, não esperava ouvir isso. —
Se chegasse a hora, eu teria enchido seus bolsos com dinheiro e te
mandado correr. O clube deve vir em primeiro lugar, eu sei, mas a
última vez que eu coloquei o clube antes da minha família, eu perdi a
sua mãe. Algo que eu nunca vou voltar a fazer. — ele amassa a lata de
cerveja vazia na mão. — Não me interprete mal: eu vou morrer por este
clube, e essa fraternidade é tudo o que tenho. — ele enrola sua grande
mão no meu cabelo, olhando para mim com um olhar sincero. — Mas
não de jeito nenhum eu poderia deixar alguém te machucar, — ele me
diz, seu tom de voz grave, as sobrancelhas franzidas com força.

— E eu sabia que Shadow não iria te machucar, não fisicamente,


de qualquer maneira. Esse menino está caindo em você, — diz ele com
uma risada quando ele se levanta, se inclinando para me beijar na
minha testa suavemente.

— Se divirta, Darlin, — ele termina, caminhando até Babs e o


grupo.

******

— Você está um pouco queimada. — eu abro meus olhos para ver


Tom, só que ele parece diferente agora que ele não está se escondendo
sob um capacete e óculos de sol. Eu posso ver seu cabelo, que é
castanho e curto, e seus olhos são marrons claros e convidativos. A
única coisa que ele está usando é um short azul listrado. Ele tem pele
bronzeada e é um pouco fino no tronco, em vez de construído. Me sento
e percebo que está escuro. Tenho estado aqui tomando banho de sol e
ouvindo a todos por mais tempo do que eu pensava.

— Você tem cabelo, — eu comento, despenteando o topo da


cabeça de Tom.

— Sim, eu tenho, — diz ele, olhando para a minha mão com um


sorriso quando ele me dá uma cerveja gelada. — Trouxe uma cerveja.

— Obrigada, — eu respondo, pegando a lata fria dele. Eu abro e


bebo um pequeno gole.

~ 120 ~
Eu olho para fora e vejo que todas as crianças sumiram. Meus
olhos caem sobre Shadow de frente à praia, ao redor de uma pequena
fogueira. Seu olhar ardente me penetra.

— Onde estão todas as crianças? — pergunto.

— O sol desaparece, hora da família acaba, — Tom sorri. — Isso é


o que me foi dito de qualquer maneira, — diz ele.

— Mesmo para o quarto de julho? É quando todas as peças


emocionantes acontecem. — eu levanto minha sobrancelha.

— Sim, eles vão para casa, — diz ele, bebericando sua cerveja.

Eu olho através da fogueira e vejo o meu pai dar um tapinha nas


costas de Shadow, rindo como se Shadow tivesse acabado de contar
uma piada, me fazendo sorrir. Ele é como o pai que Shadow nunca teve.

Me levanto e me dirijo para a fogueira, que parece como se ela


tinha acabado de ser iniciada.

— Obrigada pela cerveja, — eu digo a Tom, em pé. Eu posso


sentir Shadow olhando para mim, os olhos azuis atormentados
causando arrepios contra a minha espinha. Eu olho para onde ele
estava e vejo Candy em um maiô brilhante-rosa andando na direção
dele. Minhas garras se abrem imediatamente, querendo arranhar a cara
dessa vadia.

— Dani! — Alguém grita, chamando minha atenção. Eu olho e


vejo Doc tropeçar seu caminho até mim.

Bobby chega por trás dela, envolvendo o braço em volta da


cintura dela tentando estabilizá-la.

— Sim, Doc bebeu um pouco demais, — explica ele, olhando por


cima do meu ombro. Eu olho para ver o que Bobby está olhando e vejo
Shadow caminhando em nossa direção.

— Quanto você bebeu? — eu pergunto, olhando de volta em Doc.


Ela vira seu cabelo longo e louro por cima do ombro e ri como se eu
tivesse feito a pergunta mais engraçada.

— Parece que Bobby gosta de meninas bêbadas, — Shadow diz


friamente atrás de mim.

Doc ri e balança a cabeça em concordância.

~ 121 ~
— Vamos, — Bobby ordena Doc enquanto seus olhos estreitam
com raiva em Shadow.

Eu assisto Bobby ajudar uma Doc tropeçando em direção ao


estacionamento. Eu simpatizo com ela. Bobby pode ser mais do que
animado com suas bebidas alcoólicas; nenhuma menina poderia dizer
não a ele.

— O que você e Tom tem pra falar? — Shadow pergunta, tomando


um gole de sua garrafa de cerveja casualmente.

Eu olho para ele. — Por que, com ciúmes?

Shadow cerra o maxilar enquanto seu dedo desliza para baixo em


minhas costas, seu toque dispara faíscas através de mim. Meu corpo
quer ele mais do que eu já quis algo, a privação se tornando
insuportável.

— Você não tem que me seduzir, Dani, — adverte ele, ignorando a


mão para baixo e agarrando minha bunda com firmeza.

Eu suspiro do contato; meu corpo quer mais dele, mas Shadow


não vai ceder. Ele caminha para longe de mim, e olhando para trás, ele
sorri, fazendo meu biquíni derreter.

Sentindo a vontade de fazer xixi, eu começo a fazer o meu


caminho para o banheiro; no meu caminho, eu ouço um gemido alto e
respiração ofegante. Eu olho para a escuridão onde o barulho está
vindo, a lua brilhante iluminando a noite para que eu apenas mal possa
ver. Eu vejo Locks sentado no chão com as calças puxadas até os
tornozelos, Candy moendo em cima dele. Ele traz Candy para mais
perto, mordendo em seu ombro quando seu olhar pega o meu. Eu
rapidamente desvio os olhos para o chão e continuo. Ver ele traind Babs
me deixa enojada. Onde inferno está Babs? Certamente ela ficou?

Depois de fazer o meu negócio no banheiro molhado, eu saio e


sou arrebatada para o lado do prédio. Minha boca se abre, pronta para
gritar, mas é golpeada com uma mão fechada e musculoso. Meus olhos
piscam com medo e eu noto Shadow, cujo rosto está cheio de humor
rindo de mim.

— Idiota! — eu grito, batendo o braço com raiva.

Shadow rosna e me puxa para mais perto.

— Seu temperamento tem uma maneira de me excitar, — ele


sussurra contra minha clavícula.

~ 122 ~
Ele corre o nariz pelo meu pescoço, fazendo minha cabeça cair
para trás contra a parede de tijolos. Ele desliza as mãos pelo meu corpo
até que elas atinjam a minha bunda onde ele cava os dedos em minha
carne. A sensação de seu alcance áspero me faz gemer e meu corpo
faíscas vivas, querendo mais.

— Cara, eu sinto falta disso, — ele geme, apertando seu aperto no


meu traseiro com um globo em cada uma das suas grandes mãos.
Minha respiração se torna pesada com a luxúria, eu trago a minha boca
para Shadow e esmago meus lábios nos dele, exigente. Ele
imediatamente belisca meu lábio com os dentes e desliza sua língua em
minha boca, devorando meus sentidos. Essa sensação que tenho
quando estou com Shadow me bate, a sensação de que nada mais
importa. Ele é o ar que enche meus pulmões, e cada vez que ele se
afasta, sou privada da respiração refrescante que me mantém viva.

Minhas mãos arrastam para baixo em seu peito nu até seus


calções vermelhos, sua excitação me pressionando contra o tecido. Um
grande estrondo explode no céu, e cores vermelho, azul, branco nos
ilumina, nossos corpos emaranhados em uma exibição de quarto de
julho ao redor. Shadow trilha seu dedo pelo meu estômago sobre o meu
umbigo e brinca com o elástico do meu biquíni. Meu corpo vibra com o
desejo, o desejo por ele para ir mais longe.

— Você em couro é muito tentador, — sussurra Shadow em


minha boca quando ele continua a me beijar. Eu sorrio contra seus
lábios; meu plano para trazer Shadow de joelhos com o biquíni de couro
está funcionando.

Assobios estridentes soam a distância, captando a nossa atenção.


Ele rompe com o nosso beijo e olha para os fogos de artifício iluminando
o céu noturno antes dele soltar seu aperto em mim e se afastar.

Eu suspiro de frustração, chateada dele se abster de fazer


qualquer coisa comigo quando ele claramente quer.

— Por que vocês está resistindo? — eu pergunto, minha voz


pesada com a luxúria.

Shadow sorri enquanto ele corre as mãos pelo cabelo preto,


ondulado. — Seu corpo pode me querer, mas eu sou ganancioso. Eu
preciso de você por inteira, Dani, — responde ele sombriamente. —
Incluindo o seu coração.

~ 123 ~
Eu engulo o nó se construindo na garganta; eu sempre amei
Shadow, mesmo quando ele quebrou meu coração. Se eu odiei alguém,
era eu mesma por não ser capaz de odiá-lo.

— Eu sempre amei você, Shadow, — eu sussurro candidamente,


emoção abafando a minha voz.

Shadow anda para perto, agarrando a nuca do meu pescoço e me


forçando a olhar para ele. — Como você pode me amar? Como você
pode me amar quando eu abandonei você quando você precisou de
mim? — pergunta ele, seu tom profundo e com raiva, me dando a
impressão de que ele não se sente digno do meu amor.

O que eu devo dizer sobre isso? Ele está certo. Eu deveria odiá-lo,
devia traçar a minha vingança selvagem que flui como um rio
caudaloso, mas eu o amo. Eu estou tão danificada que eu posso olhar o
passado, a besta maníaco diante de mim e ver o homem carinhoso que
ele quer ser. Acima de tudo, eu posso relacionar a sua escuridão, nosso
desespero é tão espesso que vou fazer de tudo para sentir algo além da
dor venenosa que consome nossas vidas.

— Você ainda me ama? — pergunto.

Shadow olha para os fogos de artifício que florescem no céu da


noite, seus olhos estreitando enquanto ele está fundo em pensamentos.
Ele se vira e olha para mim com uma cara séria, uma ruga aparece
entre os olhos. — Eu nunca parei.

Meu coração salta uma batida quando suas palavras se definem.

— Eu te amo do mesmo jeito que você me ama. Não importa o que


fazemos para quebrar um ao outro, somos irreparáveis sem o outro, —
eu sussurro.

Ele roça um dedo calejado por cima do meu lábio inferior, em


seguida, corre ao longo da minha bochecha enquanto sua boca se
levanta levemente em um sorriso. — Está tarde. Você quer que eu te
leve para casa? — pergunta ele, como se não estivéssemos apenas tendo
uma conversa profunda.

— Eu posso pedir a Tom para me levar. Você pode ficar e se


divertir, — eu respondo, empurrando da parede.

Shadow bufa. — Isso não vai acontecer.

Eu me viro para discutir, mas sou interrompida. — Vocês viram


Babs? — meu pai pergunta. Ele olha para mim e Shadow e aperta os

~ 124 ~
olhos com raiva. Shadow e eu escondidos atrás do balneário
provavelmente não parece bom.

— Não, por quê? — eu pergunto, em causa.

— Ela saiu para buscar comida há uma hora e ninguém ouviu


falar dela, — ele responde, puxando o seu telefone para fora, claramente
tentando ligar para ela. Os cabelos em meu braço sobem com alerta.
Algo parece fora e eu sei que não pode ser bom.

— Desculpe, meu irmão. Eu não vi, — diz Shadow, agarrando


minha mão. — Eu vou levar Dani para casa.

~ 125 ~
Capítulo nove
SHADOW
Depois de um longo banho frio, eu estava
deitado na cama pensando sobre Dani nesse biquíni
de couro preto de merda. Não me ajudando com
esses pensamentos, eu acabo em outro banho de
água fria. Eu sabia que o remédio para meu pau
estava no outro quarto, e esse pensamento ainda
me irrita. Eu saio da cama e vou para o quarto de
Bobby. Ao entrar no quarto, eu vejo as luzes
apagadas e Dani dormindo na cama. Sua camisa
está esfarrapada, grande demais para ela, e está
puxada para cima mostrando seu estômago e uma espiada no seu seio
direito, o mamilo rosa mal aparecendo. Eu jogo minha cabeça para trás
e gemo na dor pulsante no meu pau. Quero Dani, e eu quero ela tanto.
Mas não vai ser hoje a noite, não quando ela está meio adormecida: eu
quero sua atenção total. Eu quero saber que ela sabe qual é a minha
vontade e eu quero saber que ela confia em mim.

Eu puxo sua camisa sobre a calcinha-rendada-rosa que não


ajuda com as minhas bolas azuis no momento e a levanto da cama. Ela
se aconchega contra o meu peito e geme meu nome. Meu nome em seus
lábios é bem vindo.

Eu a deito na minha cama e a puxo para perto, seu corpo se


encaixando no meu como uma luva. Eu acaricio seu cabelo e cheiro seu
aroma de pêssegos, perguntando como eu poderia pensar em
possivelmente prejudicar ela. Olhando para trás, eu sei que eu não
poderia ter puxado o gatilho para Dani. Eu quero acreditar que eu faria
isso pelos meus irmãos se tivessem pedido, mas considerando quão
confuso sou sobre ela, eu sei que eu nunca poderia machucá-la.

******

~ 126 ~
— Acorde. — eu sussurro, puxando os lençóis de Dani. Ela se
estende e geme, sua camisa caindo do seu peito novamente, me
lembrando do que eu quero e não posso ter.

— Espere. Como eu cheguei aqui? — pergunta ela, puxando o


lençol para se cobrir.

Eu sorrio com a reação dela. Eu podia foder com a sua cabeça,


mas eu não vou.

— Não se preocupe, você saberia se nós transamos. — eu digo


piscando, ganhando um revirar de olhos dela. — Vista-se. — eu exijo.

— Por quê? — pergunta ela, olhando para o relógio.

— Porque eu estou ensinando como atirar com uma arma


corretamente hoje. — ela olha para mim pasma, me fazendo pressionar
os meus lábios para não rir.

******

Dani não poderia fazer isso mais difícil para um homem. Ela sai
do quarto com os cabelos em tranças, vestindo uma blusa apertada
preta com shorts rasgados. A viagem para o clube de arma era mais do
que desconfortável com meu pau tão duro que eu pensei que iria furar o
tanque de gasolina.

— Não preciso de tampões de ouvido ou algo assim? — pergunta


ela, olhando para os alvos.

— Você vai para puxar os seus tampões e colocá-los antes de


atirar no seu atacante? — eu me oponho, carregando a arma.

— Não. — responde ela, revirando os olhos. Eu estendo a mão e


bato na bunda dela, recebendo seu grito no contato.

— Ái! — ela grita, esfregando a bochecha da bunda.

— Role seus olhos outra vez. — eu ameaço.

— Eu não acho que eu quero. — diz ela, sorrindo.

— Ok, me mostre como segurar uma arma. — eu ordeno, lhe


entregando a arma.

~ 127 ~
Ela pega a arma e aponta para o alvo, bloqueando os dois braços
em linha reta na altura do cotovelo, as pernas tão largas que eu poderia
rastejar entre elas.

— Errado!

— Bem, nós estabelecemos que eu não sei o que diabos eu estou


fazendo. — ela fala, abaixando a arma e franzindo aqueles lindos lábios
para mim. Eu mordo meu lábio para não sorrir com sua atitude
atrevida.

— Suas pernas precisa estar na largura dos ombros. — eu


explico, chutando seus pés. Eu caminho logo atrás dela e destravo seu
braço direito levemente. Então eu dobro o cotovelo esquerdo e ajusto a
sua mão direita para segurar a arma. Sua mão esquerda apoia na
aderência, e seu dedo indicador da mão direita fica ao lado do gatilho.

— Puxe o gatilho com o dedo direito quando-

Um estrondo ecoa através da área, me interrompendo.

— Merda!

— Você disse para puxar o gatilho. — ela sorri, levantando a


sobrancelha de forma maliciosa.

— Eu ia dizer puxe o gatilho quando estivesse pronta. Você nem


sequer apontou. — eu digo, apontando em direção ao alvo.

Ela revira os olhos para mim e se vira para o alvo. Rangendo os


dentes, eu bato na sua bunda mais forte que antes.

— Ái! — ela grita, se virando para mim.

— Com arma ou sem arma, você não revira os olhos para mim. —
eu respondo. Me coloco atrás dela e ajudo ela a segurar a arma
novamente.

— Firme sua respiração, e quando você estiver pronta, puxe o


gatilho em uma expiração — eu sussurro em seu ouvido.

Eu sinto seu corpo inalar enquanto estuda o alvo, e com um


grande estrondo, ela libera o fôlego.

— Eu acertei? — ela pergunta.

Eu estreito meus olhos e olhamos para o alvo. — Eu não posso


dizer. Atire mais algumas vezes e vamos olhar. — eu lhe digo.

~ 128 ~
Ela coloca seus pés, como eu disse a ela, agarra a arma como
uma profissional, aperta os olhos e começa a atirar.

— Puta merda. — eu digo para mim mesmo.

— O quê? — pergunta ela, sem tirar os olhos do alvo para olhar


para mim.

— A visão diante de mim faria uma freira chorar. — eu respondo


com sinceridade.

Sua boca se transforma em um sorriso enquanto ela atira. Como


se ela tivesse feito isso toda a sua vida, ela atira até o pente estar vazio.
Meu ouvido vibra a partir dos estrondos altos, mas não há nada que eu
queria mais do que recarregar o pente em um piscar de olhos para vê-la
atirar novamente. Ela se vira para mim e sorri, me tirando dos meus
pensamentos.

— Vamos ver como você fez. — eu digo, caminhando para o


campo.

— Uau. — eu sussurro, olhando para o alvo. Ela só perdeu o


centro do alvo uma vez. Eu nunca vi uma mulher atirar tão bem.

— Deus, você é fodidamente incrível. — eu sussurro, espantado


com a mulher atrás de mim.

Não sendo capaz de reter meus impulsos mais, eu pego a arma


dela e a atiro no chão ao nosso lado, vendo como seu corpo incha com o
reconhecimento do meu desejo por ela. Eu a agarro pela cintura e nos
empurro para o chão.

Ela empurra as mãos no meu cabelo e os puxa firmemente. Cara,


eu perdi as mãos no meu cabelo; eu sentia falta dela, tanto. Meus lábios
beijam seu pescoço, mordendo, beliscando e sugando; o gosto dela é
uma droga, uma maldição, a minha fraqueza. Suas unhas cavam em
minhas costas enquanto ela balança os quadris em mim. Eu puxo os
laços de seu cabelo, liberando suas tranças; eu quero sentir seu cabelo
sedoso em minhas mãos. Ela geme enquanto nossos lábios se acariciam
um ao outro, nossas línguas reivindicando o que era deles antes.

— Me tome, Shadow. — ela ordena.

— Você confia em mim, Dani? — eu sussurro contra seus lábios.


Eu preciso saber que ela confia que vou protegê-la a todo o custo, não
vou cometer o mesmo erro novamente. Ela se afasta e olha para mim,
seus olhos verdes me atormentando com sua hesitação.

~ 129 ~
— Eu confio. — ela responde baixinho, os olhos verdes pesados
com o desejo.

Eu a agarro pelos quadris e desabotoo seus shorts, empurrando


eles e sua calcinha até os tornozelos, nossas ações apressadas com a
antecipação. Eu queria ir mais devagar e tomar meu tempo quando eu
tivesse Dani, mas ao tê-la debaixo de mim e eu não posso evitar a
vontade de estar dentro dela. Ela empurra o meu jeans e cuecas para
baixo em uma corrida. Eu chuto as minhas botas e puxo minha calça o
resto do caminho livre, meus olhos nunca deixando seu corpo lindo. Ela
puxa a calcinha e shorts emaranhados em torno de seus tornozelos, e
como um fogo que necessita do calor, seu corpo bate no meu, seus
lábios me beijando em todos os lugares a vista. Ela agarra a barra da
minha camisa e a puxa para cima e eu levanto os braços, a ajudando a
tirá-la. Eu agarro sua camisa rudemente e a retiro dela não tão
gentilmente, não sendo capaz de esperar mais. Eu coloco a mão em
suas costas e gentilmente a deito de costas na grama enquanto ela abre
as pernas, me convidando. Sem pensar duas vezes, eu mergulho meu
pau mais-que-pronto profundamente dentro dela. Ela arqueia as costas
e geme alto com prazer, os nossos corpos finalmente ligados, nos dando
uma alta dose do que tanto ansiávamos. Minha cabeça cai para trás
com o calor úmido que envolve minha dureza. Eu tenho saudades dela.
Eu senti falta disso. Nenhuma mulher jamais poderia se comparar com
Dani; ela é para mim.

Eu começo a me empurrar nela devagar, querendo saborear tudo


o que ela tem a oferecer. Me sento e coloco minhas mãos sobre os
joelhos, olhando para a menina que me tem mudado de maneiras que
eu não entendo. Eu nunca entendi o perdão, nunca me importei se
alguém confiava em mim, nunca precisei, até ela.

Seus olhos verdes abertos com a luxúria e eles são cativantes, me


lembrando por que eu me apaixonei por ela, primeiro.

Eu me abaixo para o chão, coloco meus braços ao lado da sua


cabeça, e começo a beijá-la. Ela arrasta as unhas em minhas costas
enquanto ela aprofunda o beijo, sua língua deslizando contra a minha.

— Eu senti sua falta, Shadow. — ela sussurra em minha boca.

Sentindo minhas bolas apertar pelo prazer, eu acelero o ritmo,


descendo a minha mão e agarrando a parte de trás da sua coxa, a
puxando mais para mim. Eu vou de lento para urgente, batendo nela,
os seios empinados saltando para fora de seu sutiã preto a partir dos
impulsos urgentes. Ela arqueia as costas e começa a gemer, as paredes

~ 130 ~
de sua vagina apertando meu pau. Sua boca se abre e se fecha como se
ela engasgasse para respirar quando o pico de seu orgasmo começa a
vir à tona.

Sem querer, eu puxo para fora, a privando do que ela precisava


para cair sobre a borda. Eu não estou plenamente convencido de que
ela sabe que é minha e eu não vou continuar até que eu esteja
convencido. Ela coloca a cabeça ereta, puta, ela se puxa sobre os
cotovelos e fecha a cara para mim.

—Que diabos? — ela rosna, irritada e sem fôlego.

—A quem você pertence, Dani? — eu a agarro pelo cabelo


grosseiramente e puxo seu rosto perto do meu.

Ela olha para mim chocada, com os olhos arregalados e boca


aberta.

— A quem você pertence? — repito, apertando a minha mão em


seu cabelo com mais força.

— A você. — ela choraminga.

— Isto. — eu pego sua umidade com a minha mão e deslizo dois


dedos, a fazendo gemer. — A quem isso pertence? — eu pergunto,
deslizando os dedos dentro e fora.

— Oh, Deus. — ela sussurra alto, jogando a cabeça para trás em


êxtase. Eu paro e espero por sua resposta. — A você, — diz ela,
tentando montar minha mão.

— É isso mesmo. — eu concordo, puxando meu dedo dela e


batendo meu pau de volta em seu lugar, o contato a faz gemer, é o som
mais sexy que eu já ouvi.

Ela envolve as pernas ao redor dos meus quadris e atende minhas


estocadas com as dela própria, o aperto em minhas bolas retornam
enquanto eu continuo a deslizar para dentro e para fora dela.

— Eu sempre amei você. — ela geme, sua voz suave com prazer.
Eu sinto seus muros apertando meu pau como um vício enquanto seu
gemido aumenta a solta um grunhido animalesco. Com isso, os meus
joelhos começam a tremer quando minhas bolas puxam e eu gozo. Gozo
tão duro. Eu sinto como se meu pau pudesse explodir. Eu rosno para o
sentimento de realização da liberação e colapso em seu peito, nossos
corpos arfando pelo esforço e da montanha-russa emocional que
colocamos na frente do outro.

~ 131 ~
— Eu me levanto do seu corpo e rolo sobre a grama morta.

Estamos ali fora ao ar livre, olhando para o céu azul e as nuvens


que passam, quando meu telefone toca.

— Merda. — eu solto para cima, procurando por meus jeans. Os


acho ao avesso, enfio a mão no bolso para tirar o meu telefone.

— O que está acontecendo? — eu questiono, tentando firmar


minha respiração.

— É Babs. — diz Bull.

— O que tem ela? — pergunto um pouco irritado em sua


imprecisão.

— Ela está no hospital. — eu olho para Dani que sente que algo
está errado pelo olhar em seu rosto.

— O que aconteceu? — eu questiono, ainda olhando para Dani.

— Atropelamento e fuga. Traga seu rabo no clube, agora. — ele


comanda antes de desligar.

DANI
A viagem para o clube é rápida e apressada. Eu posso sentir o
aumento da tensão nos braços de Shadow quanto mais nos
aproximamos. Aparentemente, Babs está no hospital por conta de um
atropelamento. Eu não posso acreditar nisso; este mundo está virando
uma porcaria. Shadow chega na parte de trás e coloca a mão na minha
perna, me afirmando como a sua. Eu não posso ajudar o sorriso que
corre no meu rosto. Sentindo esta conexão mais uma vez com Shadow é
a melhor que o céu e o Inferno têm para oferecer.

Nós paramos no clube e descemos da moto. Olhando em volta,


vejo um monte de motos e carros estacionados, todos aleatoriamente
em todo o lugar.

— Vamos lá. — diz Shadow, me empurrando pelas minhas costas.

Andando através das portas do clube, vejo as meninas pelo bar.


Eu noto Cherry chorando e fungando em um banquinho do bar

~ 132 ~
enquanto Vera senta do outro lado, fumando um cigarro. Vera não está
chorando, mas você pode sentir sua inquietação pelo olhar em seu
rosto. Ela tem essa carranca que estreita todo o seu rosto para baixo.

— Vou sair daqui a pouco. — Shadow diz, dando a minha bunda


um tapa enquanto ele me beija apaixonadamente, não se importando se
o seu clube vê sua demonstração de afeto. Eu odeio como eu me sinto
nas nuvens enquanto uma situação terrível está se desdobrando à
nossa frente.

— Parece que você e o conquistador estão de volta às boas graças.


— Vera diz enquanto ela sopra fumaça de cigarro no ar. Acabei de lhe
dar um sorriso amável e me sento ao lado de Cherry. Ela está pendendo
para frente com as mãos em seu cabelo cor de morango, que está
atuando como uma cortina, protegendo o rosto de todos.

— É tão horrível. — lamenta Cherry, se virando para mim. Seus


olhos estão vermelhos e inchados enquanto rímel está manchando pelo
seu rosto.

Eu esfrego as suas costas e dou um meio sorriso. — Ela vai ficar


bem, — eu a tranquilizo.

— Ela está em um fodido coma. Como é que ela vai ficar bem? —
Vera cospe.

— Ela está em coma? — pergunto chocada, ao saber a


informação.

— Eles a encontraram na rua com sacos de batatas fritas em


todos os lugares em uma confusão mutilada. Ela tem um batimento
cardíaco, mas está em coma. — explica Vera, acendendo um cigarro
com um cigarro.

— Merda. — eu digo, pensando na pobre Babs.

— Você sabe quem fez isso. — Cherry declara, olhando para Vera.

— Cale a boca, Cherry. Você não sabe de nada. — Vera exige,


batendo um dos cigarros em um cinzeiro.

Cherry despenca para frente novamente e começa a soluçar. Eu


dou a Vera um olhar confuso quanto ela olha para mim irritada.

— Quem? — eu pergunto, quem Cherry acha que fez isso com


Babs.

— Ninguém. — Vera responde.

~ 133 ~
SHADOW
— Então, a gente não sabe quem bateu nela? — pergunto a Locks
do outro lado da mesa e todo mundo olha para ele, esperando por sua
resposta.

Ele olha para o chão. — Eu não sei, provavelmente apenas algum


bêbado sem prestar atenção. — ele responde casualmente. Eu não
posso evitar o olhar de incerteza no meu rosto. Por que ele não está
pirando, gritando por causa do sangue da pessoa que fez isso com sua
old lady?

— O que a polícia disse? — Bull pergunta, batendo os dedos na


mesa.

— Oh, você sabe, a mesma besteira que eles dizem a todos. —


responde Locks, esfregando a barba.

— Que é? — eu empurro, irritado.

Locks olha para mim, contraindo seu bigode loiro salpicado de


branco com irritação. — Que eles farão o seu melhor.

— Quem a encontrou? — Bobby pergunta.

— Alguns passantes, — Bull responde.

— Qualquer câmera de segurança ao redor da área? — Old Guy


pergunta.

— Sim. Mas ele só mostra um carro branco com excesso de


velocidade como um morcego saindo do inferno. Não pode ver nada
além de um borrão branco. — Locks anda, sua voz vacilante.

Bobby olha para mim do outro lado da mesa, sua sobrancelha


levantada.

— Certo. Bem, eu vou lá ver ela. — Bull diz, batendo em Locks no


ombro.

— Nós vamos chegar ao fundo da questão, Locks. — talvez eu


esteja sendo irracional, mas eu sinto que há algo que Locks não está
nos dizendo.

~ 134 ~
DANI
A porta bate aberta e botas masculinas saem para fora.

— Vamos. — Shadow chama, dando aos meus ombros um leve


aperto. Eu esfrego suavemente as costas de Cherry antes de escorregar
do meu banquinho. Shadow pega a minha mão e me puxa para baixo
no corredor até seu quarto, longe da multidão.

Ele fecha a porta atrás de nós e passa as mãos sobre o rosto com
irritação. Eu cruzo meus braços sobre meu corpo enquanto eu olho
para o banheiro; a última vez que estive aqui, uma puta estava lá
dentro. Eu fecho meus olhos, sentindo a tensão da dor, que residia na
minha cavidade torácica tentando ressurgir.

— O que há de errado? — Shadow pergunta.

— Eu não sei se eu posso estar aqui. — eu respondo


sinceramente, olhando de volta para o banheiro.

Shadow zomba.

— Por que, porque eu tinha uma menina aqui? — ele exige


arrogantemente.

— Sim, é exatamente por isso. — eu respondo, descruzando os


braços e me sentindo defensiva.

Ele cai de costas. — Inacreditável. — ele sussurra. Ele se senta


nos cotovelos e fecha a cara para mim. — Você está chateada porque eu
te trouxe aqui, porque eu posso ou não ter fodido outra mulher aqui?

— Sim, eu não preciso de você esfregando isso na minha cara,


acredite em mim.

Eu levanto as sobrancelhas; agora eu estou chateada. Ele rosna


em frustração e dá um tapinha na cama ao lado dele para eu sentar.

Eu vou hesitante, e ele me agarra pela cintura e me puxa para


cima dele. Montada nele, eu coloco minhas mãos no peito dele para me
manter.

~ 135 ~
— Vamos deixar o passado no passado. Olhar para trás não faz
nada para o futuro. Especialmente para nós. — diz ele, arrastando os
dedos para cima e para baixo no meu braço. Seu toque levanta
pequenos arrepios na minha pele morena, e eu saboreio a sensação do
seu toque.

— Com quantas mulheres você dormiu? — pergunto. Eu não


posso deixar isso no passado, até que eu saiba o que estou deixando
para trás.

— Nenhuma. — diz ele, sem rodeios. Meus olhos quase travam


em choque. Eu certamente pensei que ele tinha voltado aos seus
antigos caminhos, dormindo com inúmeras mulheres.

— Nenhuma? — eu repito, perguntando.

— O que, chocada? — ele zomba, sentando sobre os cotovelos e


olhando para mim. — eu não poderia tirar sua inocência, seu rosto, ou
esses malditos olhos da minha cabeça. — ele balança a cabeça como se
ouvir isso em voz alta parecesse uma loucura. — Ninguém pode se
comparar a você. — explica ele me puxando para me colocar em cima
dele.

Deito em seu peito, ouvindo seu batimento cardíaco embaixo de


mim. Por que ele sente que eu sou tão inocente, tão angelical, digna de
nunca fazer nada de errado? Vivendo em um pedaço do estilo de vida do
Devil’s Dust me ensinou uma coisa: eu não sou nenhum anjo. Longe
disso até. Eu quebrei a lei do clube, indo naquela festa, usei drogas,
tentei matar a minha mãe, e eu praticamente bati em um cara até a
morte.

— Shadow? — pergunto, para sua atenção.

— Sim? — ele questiona, sua voz retumbante dentro de seu peito


contra o lado do meu rosto.

— Eu não sou tão inocente como você pensa. — eu afirmo,


olhando para a parede.

Shadow ri. — Eu sei. É por isso que a nossa relação é ideal.

— Eu não posso acreditar no que aconteceu com Babs. E Locks.


— eu sussurro.

— O que tem ele? — Shadow pergunta. Eu olho para cima,


surpresa que ele me ouviu.

~ 136 ~
— Nada. — eu digo, me sentando. Shadow me pega pela nuca, me
forçando a olhar para seus olhos azuis de raiva.

— Não mantenha porra segredos de mim, Dani. — sua voz é fria e


com raiva, não me fazendo sentir melhor sobre qualquer um dos
segredos que eu tenho. Mas o que é o pior que poderia acontecer? Além
disso, trair old ladies é normal por aqui.

— Não é nada que já não aconteceu por aqui, mas quando todo
mundo estava preocupado sobre onde Babs estava, Locks estava
ocupado brincando com Candy.

— Tem certeza? — pergunta ele, se sentando nos cotovelos.

— Sim. — eu lembro de ter visto meus olhos capturando os de


Locks; eles eram estranhos e hostis. Shadow balança a cabeça em
compreensão.

— Eu entendo porque você está chateada, mas você precisa se


manter fora disso. — ele ordena com tanta sinceridade que ele pode,
mas ainda atinge um nervo.

— Filha ou não do presidente, você não pode sair por aí mexendo


com coisas como essa. Eu vou lidar com isso. — ele termina, passando
as mãos pelo meu cabelo.

SHADOW
— Eu vou entrar e vê-la. — diz Dani, beijando minha bochecha.

— Sim, vá em frente. — eu incentivo, ficando para trás esperando


no corredor. Hospitais me deixam inquieto.

Eu olho para cima e vejo Locks digitando em seu telefone com um


sorriso no rosto. Ele está me irritando. — O que diabos você está rindo?
— pergunto, levantando da parede.

Ele olha para mim por um segundo antes de guardar o seu


telefone no bolso. — Qual é a porra do seu problema? — Locks
pergunta.

~ 137 ~
— Você é minha merda de problema. — eu cuspo, meu tom
irritado e grampeado. Eu caminho para frente do seu rosto, o meu
sangue pulsando através do meu corpo com tanta força que pulsa em
minhas têmporas.

— E por que isso? — ele responde, colocando seu peito para fora.

— Que porra é essa que você está fazendo quando Babs


desapareceu?

— Eu estava-

— Me diga, por que estamos todos preocupados com ela,


enquanto você está aqui sorrindo em seu telefone em vez de estar lá
com ela? — eu questiono, ganhando a atenção do posto de enfermagem.

— Com quem você estava quando sua esposa quase morreu? —


eu rujo. Estou com tanta raiva. Eu posso sentir as veias do meu
pescoço aparecer. Babs tem sido como uma mãe para mim desde que
entrei neste clube, e é hora dela receber o respeito que merece deste
imbecil.

— O que diabos está acontecendo aqui? — Bull pergunta,


deixando o quarto do hospital com Dani o seguindo.

— Seja o que for que a sua namoradinha de merda disse, é uma


mentira de merda! — grita Locks. — Ou você esqueceu que ela é o
inimigo quando você estava transando com ela? — continua ele, seu
tom paternalista. Sem pensar duas vezes, eu golpeio meu punho em seu
rosto. Com quem diabos ele pensa que está falando? Bobby chega e me
agarra por trás quanto Bull pega Locks.

— Você tem a porra das prioridades desarrumadas, irmão. Isto é


o que essa cadela está tentando fazer, acabar com o clube! — Locks
grita enquanto ele limpa o sangue de seu lábio cortado.

— Deixa para lá, irmão. — Bobby sussurra em meu ouvido.

Ele me empurra para fora das portas do hospital antes que eu


possa virar e colocar Locks na porra do chão. — Temos certeza que sabe
como fazer uma impressão, não é? — Bobby ri, mas eu não estou rindo.
— O que diabos foi isso? — Bobby pergunta.

— Ele está escondendo alguma coisa. — eu anuncio, flexionando


os dedos por causa da dor subindo em meus dedos. A contusão já está
se formando por bater em Locks.

~ 138 ~
— Ya, eu peguei isso. — afirma Bobby.

— Você acha que Bull notou? — pergunto.

— Sim. — Bull responde, saindo do hospital.

Bobby e eu olhamos em sua direção.

— Até eu descobrir isso, você precisa manter a calma. — comanda


Bull, apontando para mim. Eu zombo dele.

— Onde está Dani? — eu não posso levar a raiva que senti


quando Locks a amaldiçoou para fora da minha mente.

— Ela está no banheiro. — diz Bull. — Algo não está certo com
Babs sendo atropelada. Um pedaço do quebra-cabeça está faltando. —
murmura

— Idiota. — Dani diz baixinho, xingando Locks quanto ela sai do


hospital. Sua atitude de cabeça quente traz um sorriso ao meu rosto.

— Por que você não fica no clube, apenas por alguns dias? — Bull
pergunta a ela.

— Sim, claro. — ela concorda, olhando com os olhos contra o sol.

~ 139 ~
Capítulo dez
DANI
Depois de parar no apartamento para pegar
algumas das minhas roupas, chegamos na sede do
clube, mas é praticamente uma cidade fantasma.
Com o acidente de Babs, ninguém está no clima
para companhia. Isso mostra que Babs é
verdadeiramente a cola desta família.

— Eu tenho que ir ver alguma merda. Eu vou


estar de volta. — Shadow diz, deixando cair a minha
mala em cima da cama. Eu sei que é melhor não
perguntar, então eu apenas assinto.

— Não deixe o clube. — ele ordena, dando a minha cabeça um


leve beijo antes de sair. Tudo isso parece tão surreal; eu nunca pensei
nem por um segundo que Shadow e eu acabaríamos voltando pra cá.

Guardo minhas coisas e me limpo no banheiro. Ainda à espera de


Shadow voltar, eu vou para a cozinha para comer alguma coisa. O lugar
está estranhamente silencioso e me deixa nervosa.

Pego algumas massas que Babs deve ter feito recentemente e as


jogo no micro-ondas para aquecer antes de voltar para o meu quarto.
Eu como minha massa e deito na cama, olhando para o teto lascado,
querendo saber se é isso tudo que ele tem visto em anos.

Em algum momento, eu devo ter dormido na noite passada, e eu


acordo com o sol brilhando, esta manhã. O clube ganhou mais pessoas,
mas não muitas. Meu pai pegou uma garrafa de bebida alcoólica e se
recolheu no seu quarto na última vez que o vi. Ele parece estar mais
afetado pelo acidente de Babs do que todo mundo. Eu noto Old Guy
perseguindo uma garota que não é sua old lady pelo corredor em um
quarto, e Hawk tem olhado para o mesmo jornal por mais de uma hora.
Eu caminho para o meu quarto e deito na cama, esperando o retorno de
Shadow.

— Vejo que você conseguiu achar o seu caminho de volta. —


Candy diz, sua voz irritante. Eu viro e a noto encostada no batente da
porta.

~ 140 ~
Me sento na cama devagar e percebo sua roupa habitual de vadia.
Seu cabelo loiro está em ondas e ela está usando um vestido rosa que é
curto demais e mostrando muita pele.

— O que você quer? — pergunto irritada.

— Você sabe que a única razão pela qual você está de volta é
porque você é pequena princesa do papai? Caso contrário, o homem que
você está fodendo teria colocado uma bala em sua cabeça. — ela
responde com um sorriso. Meu temperamento subindo, eu pulo para os
meus pés.

— Você não sabe nada. — eu cuspo.

Ela ri, o som dela me deixando mais irritada. Eu vou em sua


direção.

— Eu sei que você está transando com Locks. — eu digo em


defesa.

— Sim, e daí? — ela questiona, rindo. Será que ela não tem
nenhum remorso por estar com ele na noite do acidente de Babs? Eu
sinto meu punho coçando para desmantelar seu rostinho bonito.

— Você vai me dedurar para Babs? Ouvi dizer que é o que você
faz de melhor: Delatora.

Agarro a garganta de Candy, a ação me pega de surpresa, mas eu


não retiro minha mão, no entanto. Seus olhos se arregalam quando
meus dedos começam a aplicar uma leve pressão. Eu deveria sentir o
medo dela e soltar, mas tudo o que eu sinto é a raiva tamborilando pelo
meu corpo e a pulsão no pescoço de Candy sob meus dedos. Como um
animal que se alimenta do medo nela, eu gosto disso e tenho sede por
mais. Minha visão começa a se confundir com a raiva e minha
temperatura corporal aumenta rapidamente, fazendo com que as gotas
de suor se formem entre os meus seios. Meu top se gruda à minha pele
enquanto meu aperto se intensifica. O olhar de medo esculpido no rosto
de Candy se torna um olhar de uma alma cuja vida acaba de passar
diante de seus olhos. Suas mãos começam a arranhar as minhas,
deixando pequenas marcas vermelhas em meus dedos. Seu rosto
começa a avermelhar, mas eu não posso deixar ir nem se minha vida
dependesse disso. Eu quero, mas meus dedos não vão obedecer.

— Dani!

Me tirando do meu estado induzido pelo fúria, eu olho e vejo


Shadow de pé ao meu lado. A raiva foge do meu sistema e minha visão

~ 141 ~
se torna clara. Eu viro em direção a Candy e noto que ela está uma
tonalidade de vermelho e roxo sob o meu aperto de morte. Minha
respiração engata com o que eu estou fazendo, mas eu ainda não a
solto. Minha mão é arrancada da garganta de Candy, enquanto eu
assisto, seu corpo em colapso no chão como um barulho. Ela pega em
sua garganta e faz um som ofegante horrível.

— Você poderia ter me matado, cadela. —Candy golpeia, com a


voz rouca e tensa. Ela está certa. Eu poderia ter matado Candy; minhas
ações foram maníacas e imprevisíveis.

— Nunca chegue perto de mim de novo. — eu ameaço em voz


baixa. Ela olha para mim, seus olhos derramam lágrimas, mas eu não
tenho pena dela. Ela tira as mãos de sua garganta e eu
instantaneamente vejo hematomas, me fazendo me sentir enjoada que
eu seja capaz de uma coisa dessas.

— Dê o fora daqui, Candy. — Shadow fala, apontando para longe.


Candy rasteja aos pés dela e foge, soluçando.

— O que diabos foi isso? — Shadow rosna. Eu balanço a cabeça,


sem saber. Eu estive no clube a um mês e eu já quase matei três
pessoas. Se Shadow não tivesse aparecido, eu sei que eu a teria
matado.

— Eu não sei o que me tornei. — eu sussurro, chocada com o


meu comportamento. Eu olho para baixo e percebo minhas mãos
trêmulas com o choque. As imagens de manchas de sangue do cara que
eu bati aparecem através das minhas mãos e eu fecho meus olhos,
tentando lavar as imagens para longe. Por que eu não posso deixar pra
lá?

Shadow me leva para o quarto. — Você é Devil's Dust. — eu olho


para ele, sem saber o que isso significa. — Você tem a fúria do inferno
dentro de você; que possui você e consome seus pensamentos. Não há
como escapar disso. A raiva e a escuridão que se abriga dentro de você
irá te surpreender, marcando a sua presença quando considerar
apropriado. — Shadow explica.

— Fora da Devil's Dust, onde a civilização molda pessoas como


nós, porque eles não nos entendem – essa é a prisão deles. Aqui com a
gente, este é o lugar onde você é livre; esta é a sua família, onde nós
somos iguais e temos um ao outro. — Shadow coloca as mãos do lado
do meu rosto e traz sua testa para a minha.

~ 142 ~
— Eu me sinto como um monstro, como se eu estivesse fora de
controle. — eu sussurro. Eu sinto as lágrimas caírem ao longo da
minha bochecha e deslizar em meus lábios.

Shadow levanta meu queixo para que eu seja forçada a olhar para
ele. — Somos mais parecidos do que você jamais saberá. — ele
murmura, olhando nos meus olhos. Eu posso ver, o animal que se
alimenta de sangue, o meu outro lado que está dizendo que a criatura
escura que reside dentro de mim, que acabou de começar a ressuscitar
e Shadow não são tão diferentes um do outro.

Meu lábio inferior começa a tremer só de pensar que eu sou capaz


de tirar a vida de outra pessoa.

— E se eu tivesse a matado? — eu questiono.

— Você não é uma assassina. Uma lutadora, sim, mas não é uma
assassina. — ele corre as mãos para cima e para baixo nas minhas
costas.

— Se você não aparecesse, eu poderia ter matado ela, Shadow. —


eu insisto, a minha voz severa.

— Eu vou te ensinar a controlar. — Shadow responde,


mordiscando meu lábio trêmulo.

A sua ligação é o meu conforto. Eu chupo em seu lábio inferior e o


beijo apaixonadamente. Shadow me agarra pela cintura e apoia minhas
costas contra a parede enquanto eu me atrapalho com o botão de sua
calça jeans, tão desesperadamente precisando da conexão. Shadow
puxa minha camisa e a joga para o lado rapidamente, e então pega meu
shorts. O ajudo em um transe apressado, eu os puxo para baixo junto
com minha calcinha em um movimento rápido. Eu me estico e pego em
suas bochechas enquanto eu bloqueio os meus lábios com os seus
fervorosamente. Shadow agarra a bainha de sua camisa e a puxa sobre
a sua cabeça, quebrando nosso beijo momentaneamente.

Em poucos segundos, ele traz os lábios macios de volta para os


meus e me agarra pelos quadris. Eu envolvo minhas pernas em volta da
sua cintura enquanto ele nos vira e nos derruba em cima da cama. Eu
sinto seu comprimento, a prova da sua excitação deslizando pela minha
perna enquanto ele se move sobre mim, deixando um rastro de emoção
para trás. Shadow se senta e desliza a cabeça contra a minha abertura,
me provocando. Eu fecho os olhos e gemo de frustração.

~ 143 ~
— Olhos. — Shadow exige. Eu os abro e vejo seus penetrantes
olhos azuis se trancarem com os meus.

— Não seja gentil. — eu sussurro. Eu me estico e enfio os dedos


em seu cabelo espesso. Eu preciso da dor. Eu preciso saber que estou
viva e que não sou um fantasma andando sem alma, incapaz de
remorso.

— Eu não estava planejando isso. — Shadow afirma ferozmente,


batendo em mim tão profundo que ele está enterrado até o punho. Eu
arqueio em resposta, e eu suspiro alto com satisfação.

Shadow desliza o peito duro sobre o meu e puxa o meu cabelo


grosseiramente, movendo a minha cabeça para o lado. Ele mergulha
sua boca e morde meu ombro, fazendo meu prazer aumentar a novos
níveis.

Fazendo as coisas que eu fiz, os desumanos atos selvagens, o que


deveria fazer uma pessoa normal sentir dor, quando quase matou
alguém, não me afetaram dessa maneira. Não até que o pior já tinha
passado, de qualquer maneira. Caso contrário, eu teria soltado Candy e
eu não fiz. Eu sei que não teria se Shadow não tivesse aparecido.

Eu estendo meus braços, tanto quanto eles vão e agarro suas


nádegas firmes, o empurrando ainda mais dentro de mim, querendo
que ele bata no fundo da minha buceta. O sentindo de bater até onde
ele pode ir me faz gemer de dor. Shadow tenta parar, mas lhe peço para
continuar, empurrando sua bunda para frente com as mãos.

— Não pare. — eu exijo, minha voz estrangulada com a falta de ar


que entra meus pulmões.

Shadow chupa meu peito direito duro, enquanto ele enfia em mim
implacavelmente.

— Porra, sim. — Shadow rosna quando minhas unhas cavam em


suas costas. Seus quadris começando a ir mais rápido, e minha
respiração se tornando irregular enquanto eu sinto o meu núcleo
interno aquecer. Meus dedos dos pés começam a enrolar e meus olhos
se apertam fechados quando eu sinto o pico do meu orgasmo chegar a
superfície. Um tapa soa através da sala, seguido por uma sensação de
queimação poderosa no lado direito da minha coxa.

— Mantenha os olhos abertos. — grunhe Shadow, minha dor se


tornando prazer quando eu sinto que ele começava a pulsar dentro de
mim, a sua velocidade pegando quando eu começo a gemer com cada

~ 144 ~
impulso poderoso. Há uma formigamento de calor na minha coxa, antes
de um tapa alto ecoar no quarto por Shadow bater na minha coxa, mais
uma vez. Sensações da minha libertação começam dos meus pés e se
estendem a todas as terminações nervosas do meu corpo quanto um
estrondo explode entre minhas pernas. Ao ver minha ruína, ele goza
rapidamente, gemendo profundamente na curva do meu pescoço. Ele
empurra mais algumas vezes antes de cair ao meu lado. Eu olho e o
vejo sorrir para minha energia gasta e incapacidade de me mover.

— O sexo ajuda. — eu digo com um sorriso.

— Sim, é verdade. — ele concorda com olhos fechados.

******

Shadow me leva ao trabalho hoje. Ele parece mais aberto comigo


desde que ele descobriu que eu não sou tão diferente dele. Essa última
barreira de confiança que eu sinto que não poderia romper, desde que
bati contra a minha escuridão. Agora nós temos um ao outro para
puxar através das profundezas de violência e talvez juntos vamos
descobrir uma maneira para ter misericórdia de quem cruzar a linha de
Devil’s Dust.

— Ei, na próxima semana há uma festa beneficente. Eu preciso


de você para trazer um encontro vestido em algo agradável, — informa
Mila, refazendo seu cabelo loiro em um coque apertado.

— Uma festa beneficente? — eu questiono, tirando meus chinelos.

— Sim. Eu tenho parceria com outro estúdio de balé na cidade, e


uma vez por ano temos uma festa assim juntos. O governador estará lá
junto com muitos outros perfis de alta, então você tem que estar lá, —
ela responde, desligando as luzes para o estúdio.

— Sim, eu vou pensar em alguma coisa, — eu digo insegura. Eu


termino de arrumar, o tempo todo perguntando como eu vou trazer um
encontro pra isso. Shadow não vai querer ir.

Eu ando para fora e o vejo limpar as unhas com uma faca.


Quando ele olha para cima e me vê andando na direção dele, seu rosto
se ilumina.

— Alguém está feliz em me ver, — eu repreendo.

~ 145 ~
— Você tem um decote agradável, e eu não iria sorrir, — Shadow
diz arrogantemente.

Eu rio e pego o capacete dele antes de balançar a minha perna


sobre sua moto.

Na viagem para o apartamento, eu penso em como eu vou pedir


um motoqueiro fora da lei para participar de uma festa beneficente de
ballet, e se vestir em um smoking para esse assunto. Minha mente está
completamente em branco; eu não tenho nenhuma ideia de como isso
vai acontecer. Eu vou ter que ir a isso sozinha.

Eu saio da moto e entrego a ele o meu capacete.

— Onde está sua mente? — pergunta ele, agarrando meu pulso


quando eu começo a me afastar.

Eu olho para ele, pasma. Como ele faz isso?

— Eu tenho que ir a uma festa beneficente na próxima semana,


— digo finalmente.

— Então? — ele pergunta, calmo.

— Eu tenho que trazer um encontro. — Shadow me olha com


curiosidade. — E é um evento vestido-para-impressionar, — eu coaxo.

— Porra. Isso, — diz Shadow, correndo por mim.

— O governador vai estar lá junto com outras pessoas


importantes. — Shadow para de repente e olha para mim com aqueles
olhos azuis lindos. — Eu entendo se você não quiser ir, mas eu tenho
que, — eu dou de ombros. Shadow olha a distância, o vento soprando o
cabelo de preto em volta, ele coloca as mãos nos quadris.

— O que, e deixar uma daquelas ferramentas ricas tentar te


abocanhar de novo? — ele pergunta, olhando para mim com um sorriso
fatal.

Eu sorrio estupidamente junto com ele. — Então, você vai?

Shadow sorri ainda mais. — Sim, eu vou.

Não sendo capaz de conter a minha emoção, eu guincho com


prazer e salto para ele. Ele me pega com seus braços musculosos e
esmaga seus lábios nos meus.

— Só você poderia me fazer vestir um fodido smoking, — ele


sussurra contra os meus lábios.

~ 146 ~
SHADOW
— Acorde, Shadow!

— Vá embora, — murmuro no travesseiro debaixo da minha


cabeça.

A porta está escancarada e bate contra a parede.

— Você vai perder a missa de novo, — Bobby lamenta.

Eu quase caio da cama tentando encontrar minha roupa, mas em


última análise, acho minhas calças e as puxo. Abotoando, Bobby joga
uma camisa do chão para mim. Eu pego minhas meias e coloco,
juntamente com minhas botas sem amarrá-las. Me inclino e dou um
beijo em Dani sobre a cabeça enquanto ela dorme, então eu pego o meu
colete e faço o meu caminho para a missa. Me lembro de Bull comer
minha bunda por ter faltado ontem, ele não vai ficar feliz se eu fazer
isso hoje.

Os últimos três dias foram uma bagunça. No outro dia, eu quase


perdi uma corrida com os meninos, porque Dani e eu ficamos na praia
por muito tempo. Eu faltei a missa ontem, porque Dani e eu ficamos
acordado a noite toda jogando strip poker, e ontem à noite fomos até a
noite toda fodendo, algo que eu nunca vou cansar Antes de Dani, houve
noites que eu não dormi, em vez disso, eu estava fazendo corridas ou
festas. Mas ela é, de longe, a minha razão favorita para não dormir. Ela
tem o meu foco em outro lugar e é uma grande distração, mas eu não
posso dizer que eu odeio.

Eu empurro as portas abertas lentamente, esperando que eu


possa deslizar despercebido quando eu acabo tropeçando. Merda. Sento
na minha cadeira e olho ao redor da mesa, todos os olhos estão em
mim. Meus olhos param de digitalizar os irmãos quando me deparo com
o rosto de Bobby cheio de humor. Ele aponta para o meu colete como se
algo está errado. Eu olho para baixo e noto que eu coloquei ao avesso,
então eu retiro e coloco no lado direito.

— Como eu estava dizendo, — Bull continua, com os olhos


levantados com aborrecimento quando ele olha para mim, — nós não
temos nenhuma pista sobre a batida de Babs e aparentemente Locks

~ 147 ~
não dá a mínima. — eu olho para o lugar de Locks na mesa e vejo que
ele está faltando. Ele nunca perde uma missa, que inferno?

— Eu tenho uma cópia da fita da câmera, Prez, e você não pode


ver nada, — Old Guy admite, arranhando seu peito.

— Que ótimo, — Bull exala com uma respiração pesada,


esfregando as mãos para cima e para baixo em seu rosto. — Bem, nada
sugere que este é um ataque contra o clube, mas prestam atenção a
suas costas por precaução. — ele bate o martelo para baixo,
descartando todos.

— Shadow, fique, — ruge Bull. Eu olho para cima e vejo Bobby


rindo, claramente divertido que eu estou prestes a ter a minha bunda
mastigada.

Todo mundo sai e eu espero pelo meu sermão.

— Você está desfocado e desleixado, por quê? — Bull pergunta,


olhando diretamente para mim com seus olhos verdes. Eles são como os
de Dani, mas os dela são mais vibrantes com a juventude. O que posso
dizer? Eu estou tão confuso da cabeça com sua filha que eu me tornei
descuidado?

— É minha filha, não é? — ele contrapõe, esfregando a barba que


ele deixou crescer.

Eu não respondo.

— É por isso que eu não queria você com ela. — ele suspira. —
Eu preciso de você focado e no jogo, mas eu quero ver minha filha feliz,
também. Me diga, o que eu devo fazer?

— Isso não vai acontecer de novo, — eu minto, sabendo muito


bem que sim.

— Certo, — diz Bull com uma sobrancelha levantada. Ele sabe


que eu estou mentindo. — Fique focado, filho, — ele resmunga.

DANI

~ 148 ~
O próximo par de dias são preenchidos com muito sexo; é a nossa
maneira de compensar o tempo perdido. Nossos corpos anseiam um ao
outro, precisando do contato humano para nos lembrar que estamos
vivos. Tenho visto Babs algumas vezes, mas ela apenas fica lá. Às vezes,
ela geme e eu subo na emoção que ela pode acordar, mas ela nunca
acorda. Todo dia eu fui lá ver ela e eu não vi Locks nenhuma vez, mas
Babs é uma mulher forte. Ela é a cola para uma família quebrada que
precisa de sua força para mantê-los juntos.

Eu entro na cozinha e vejo Shadow encostado na pia em nada


além de sua cueca. Seus pés estão cruzados nos tornozelos e ele está
comendo de um pote de sorvete de chocolate.

Eu sorrio quando eu ando até a geladeira e pego um pouco de


suco.

— Você quer que eu faça alguma coisa? — pergunta ele,


colocando o pote de volta para a geladeira. O pensamento de alimentos
tem me fazendo mal.

— Yuck. Não, eu vou ficar com meu suco, — eu digo, bebendo.

— Eu tenho que ir para fora da cidade alguns dias, — diz ele em


voz baixa.

— Sério? — eu coloco o meu copo na pia.

— Sim. Eu estou esperando estar de volta a tempo para o evento,


mas eu não posso prometer nada, — ele admite, balançando a cabeça.
Eu não posso nem esconder a decepção no meu rosto.

Shadow me agarra pela cintura. — Vou tentar como o diabo voltar


a tempo, — ele promete, beijando minha testa.

Coloco um sorriso falso quando eu ponho minha cabeça no peito


dele. — Está tudo bem. Quando você vai?

— Agora.

Eu fecho meus olhos e respiro pesado. Acho que vou ter que me
acostumar a ele saindo a qualquer momento.

— Quais são seus planos para o dia? — pergunta ele, enredando


os dedos pelo meu cabelo.

— Trabalho, talvez ir às compras por um vestido, — eu respondo.


Mesmo que ele não pode conseguir ir para o evento, eu ainda tenho que
ir.

~ 149 ~
— Eu não quero você fazendo compras sozinha, — ele exige, em
tom sério.

Eu rolo os olhos para sua superproteção.

— Estou falando sério, Dani, — insiste ele, levantando o meu


queixo com o polegar e o indicador.

— Bem. Vou levar Cherry.

— Bom. — ele sorri, batendo meus lábios com os seus. Sua língua
tem gosto de chocolate quando ele desliza ao longo da minha com ânsia.

Shadow olha para mim enquanto ele caminha até a porta.

— Oh, e vista seu colete de propriedade, caramba! — ele rosna


antes de fechar a porta.

******

Ei, quer ir às compras para um vestido hoje à noite? - Dani

Oh sim! - Cherry

Eu estou no trabalho agora, mas eu saio em uma hora. - Dani

Eu vou te buscar. - Cherry

Depois de uma hora ensaiando as crianças pequenas a dançar


balé - o que geralmente acaba por elas girando muito rápido em um
círculo - eu sento e espero por Cherry.

Eu ouço música em alto volume enquanto seu Bug vermelho vem


voando para dentro do estacionamento.

— Entra aí, cadela! — ela ri, puxando seus óculos de sol para o
nariz.

Eu sorrio e pulo no carro enquanto ela diminui a música e me


olha.

— O quê? — eu pergunto nervosamente.

— Eu vejo que você está vestindo seu colete de propriedade, — ela


sorri, sua mão apontada para minha jaqueta de couro.

~ 150 ~
Eu olho para fora da janela, e não sabia o que dizer.

— Estou feliz por vocês. Eu estava torcendo por vocês dois, —


admite ela, observando o tráfego.

Eu olho para ver se ela está séria ou sendo sarcástica, mas


realmente não posso dizer.

— Então, um vestido, hein? — ela pergunta.

— Sim. Eu vou a uma festa beneficente para o meu trabalho.

— Shadow vai? — ela pergunta.

— Ele ia até que ele foi colocado em uma corrida hoje, — eu digo
com um suspiro.

— Muito ruim. Eu adoraria ver um motoqueiro em um terno, —


ela ri.

— Cara, eu teria gostado de ter visto isso, — eu concordo, rindo.

Cherry puxa estaciona na frente de uma pequena loja na faixa


principal.

— Eu amo este lugar. — ela sai do carro, olhando para a frente da


loja. — Eu acho que as pessoas famosas compram aqui.

Eu rapidamente salto para fora e olho para a pequena loja de


tijolo elegante.

— Vamos, — ela chama, abrindo a porta da frente.

Cherry me olha do busto até a cintura e começa a agarrar


vestidos das prateleiras à medida que caminhamos através da loja.

— E esse aqui? — eu pergunto, apontando para um vestido rosa


que flui com flores impressas tudo sobre ele.

— Você não vai à igreja. Você tem que se vestir algo um pouco
menos... infantil, — ela zomba, olhando para o vestido que eu acabei de
apontar com nojo.

Depois que seus braços estão completamente cheios de vestidos,


nos dirigimos para o vestiário.

Eu começo a olhar através dos vestidos que ela escolheu: um


muito curto preto, decotado demais. Cherry tem peitos grandes e ficaria
de morrer nestes, mas eu não tenho tanta certeza que eu faria.

~ 151 ~
— Eu não acho que qualquer um deles ficaria bem em mim, — eu
protesto, olhando através da pilha uma última vez.

— Aqui, tente este. — ela dá um tapa em um vestido por cima da


porta.

É de cor champanhe e tem pequenas flores de renda na frente


com um laço na lateral. É sem alças e passa um pouco dos meus pés,
arrastando atrás dele.

— Eu amo este, — exclamo, olhando para o preço.

Eu pego um calçado que combina e compro.

— Vamos conseguir alguma comida. Estou morrendo de fome, —


Cherry diz, correndo em frente a uma lanchonete, indo para o pátio.

Eu pego o menu, à procura de algo para pedir, quando é


arrancado de minhas mãos.

— Você tem que pedir batatas fritas daqui. É delicioso. — ela


revira a língua sobre os lábios.

— Parece bom, — eu rio.

Meu telefone emite um som, pegando a minha atenção.

Encontre um vestido sexy? - Shadow

Muito sexy. - Dani

Não muito sexy, embora. - Shadow

De tremer a terra. - Dani

Então você não vai - Shadow

Eu rio.

Boa tentativa. - Dani

— Cara, eu sinto falta de Phillip, — Cherry confidencia, mexendo


a colher em sua xícara, com o rosto triste me lembrando que Phillip foi
para a cadeia e aqui estou eu, sorrindo como uma idiota para o meu
telefone, dando claramente a entender que eu estava conversando com
Shadow. Enfio meu telefone no meu bolso, me sentindo como uma
cadela.

— Por que ele foi para a cadeia? — pergunto.

~ 152 ~
— Eu não sei totalmente, — admite ela, organizando os pacotes
de açúcar. — O clube entrou em alguma merda em uma corrida, ele
assumiu a culpa por Bull, é tudo que eu sei.

— Uau, isso parece uma merda, — eu respondo.

— Phillip fez o que tinha que fazer. Ele protegeu o seu presidente
e, para isso, Bull terá sempre a sua volta, — afirma ela, movendo as
mãos para o garçom para colocar a nossa comida na mesa.

— Esta vida é difícil, mas é um inferno de um passeio, — ela me


diz com um sorriso de Cheshire.

— Como você e Phillip se conheceram? — eu pergunto, levando


uma mordida de minhas batatas fritas.

Ela ri ao olhar para a multidão.

— Eu costumava ser uma criança selvagem antes de conhecer


Phillip. Você e Shadow não são os únicos que cresceram com infâncias
difíceis. — ela mexe a sua salada com o garfo enquanto ela fala.

— Eu deixei minha casa quando eu tinha quatorze anos. Meu pai


era um bêbado abusivo e minha mãe foi embora quando eu era apenas
um bebê. — ela olha para as suas batatas fritas enquanto ela continua.
— Eu tinha que fornecer meu próprio modo de viver, e vamos apenas
dizer, não era honesto. — ela olha para cima e sorri para mim
esfaimadamente. — Uma das maneiras que eu conseguia dinheiro era
furto; eu usava quase nada e fingia que meu carro quebrou na estrada.
Um dia, Phillip apareceu para me ajudar com o meu carro, e eu roubei
sua carteira. — ela sorri enquanto ela joga o cabelo por cima do ombro.

— Você não estava com medo dele? — eu pergunto, chocada. Não


haveria nenhuma maneira no inferno que eu poderia pensar sobre
roubar um motoqueiro.

— Onde eu cresci, homens como Phillip eram seus vizinhos, — ela


responde, seu rosto não revelando nada que ela poderia estar
brincando.

— De qualquer forma, isso não foi muito longe antes dele


perceber que eu surrupiei. Inferno, eu nem tinha puxado para a estrada
antes dele voltou pedindo por isso. Eu tentei fingir que eu não fiz nada,
mas ele me se inclinou sobre o capô do meu carro e puxou do meu
bolso de trás. Antes dele subir na moto e ir embora, ele pediu meu
número. — seu rosto se ilumina em um grande sorriso feliz depois que
ela termina sua história, me fazendo sorrir para ela.

~ 153 ~
— Não é a melhor história para dizer a seus filhos de como seus
pais se conheceram, mas é nossa, — ela termina, levando uma mordida
de suas batatas fritas. Ela joga o cabelo sobre o ombro e olha para mim,
esperando minha resposta.

— Eu amo isso. Não é qualquer besteira fingida que acontece nos


filmes ou nos contos de fadas que você lê quando pequena. É real e é
crua, exatamente como o amor é suposto ser: Inesperado e
impronunciável

Ela balança a cabeça. — Exatamente. Nós fomos duas almas


danificadas que encontraram um ao outro.

~ 154 ~
Capítulo onze
DANI
O resto da semana passou voando. Shadow
manda mensagens quando pode, mas ainda era
solitário como o inferno.

O que você está vestindo? - Shadow.

Uma camiseta rasgada da Budweiser e


calcinha branca. Sexy, certo? - Dani

Parece quente, me mostre. - Shadow.

Eu mordo meu lábio de vergonha enquanto eu ajusto o telefone e


tiro uma selfie.

Eu vou usar isso mais tarde. - Shadow.

O que você está vestindo? - Dani

Segundos depois, meu telefone toca. Eu o abro e vejo um Shadow


nu contra um fundo branco.

Eu vou usar isso mais tarde, também. ;) - Dani

É melhor não; você vai esperar por mim. - Shadow

Vamos ver.

Esta noite é a festa para arrecadar fundos, e não estou com


vontade de ir. Eu tomo um banho longo e, finalmente, decido me vestir.
Eu pensei que se eu levasse o meu tempo me preparando, talvez
Shadow fosse aparecer, mas eu vou me atrasar se esperar por mais
tempo. Eu deslizo meu vestido que abraça minhas curvas e enrolo meu
cabelo escuro. Eu puxo meus saltos cor de champanhe e saio pela
porta. Não tendo certeza de como eu vou chegar ao evento, então eu tiro
o meu telefone da minha bolsa para chamar um táxi; eu realmente
preciso tirar carteira. Enquanto eu estou procurando o meu telefone,
uma longa e elegante limusine preta aparece. O motorista, vestindo um
terno, sai e abre a porta dos fundos, as luvas brancas se destacando
entre a noite. Eu fico lá olhando estranhamente; não pode ser para
mim.

~ 155 ~
— Lexington? — o motorista pergunta com um forte sotaque.

Concordo com a cabeça e sigo para a porta que se abriu. Eu


deslizo para dentro da limusine e vejo uma rosa negra em cima do
banco com uma carta sob ela.

“Você disse que apenas as pessoas mais importantes apareceriam.


Você, sendo a mais importante, deve chegar com classe.” — Shadow.

Eu não posso evitar a risada alta que me escapa, mas ver a rosa e
a carta me faz sentir falta de Shadow ainda mais.

A limusine é luxuosa, com assentos de couro em toda a volta e


luzes douradas ao longo do teto. Tem uma pequena TV, que está
desligada perto da frente, e além disso há um pequeno mini-bar. Eu
nunca estive em uma limusine, nem mesmo para um baile.

Chegamos ao grande evento e estou nervosa. É um enorme


edifício com uma cúpula de vidro redonda no centro, e há luzes
piscando de câmeras e limusines de um lado para o outro.

O motorista se aproxima até o tapete vermelho e alguém abre


minha porta. Eu coloco meu pé para fora e imediatamente câmeras
começam a piscar para mim. Eu não sei por que eles estão tirando fotos
minhas; eu não sou famosa. Eu protejo os olhos com o braço, tentando
passar pelo amontoado de pessoas, orando para não tropeçar no meu
vestido longo, quando alguém entrelaça o braço com o meu e
gentilmente me puxa para frente.

— Obrigado. Isso foi uma loucura, — eu ri, endireitando o meu


vestido. Eu olho para a pessoa que me resgatou para encontrar um
Shadow muito bonito vestindo um smoking.

— Você conseguiu, — eu digo com um sorriso.

— Sim, — ele responde, sorrindo. — Você parece gostosa nesse


vestido. Não é de couro, mas para mim parece tão bom como renda, —
ele sussurra em meu ouvido, sua voz ainda conseguindo ser profunda e
sexy, fazendo a minha pele aquecer com afeição.

Ele parece quente, vestido com um terno preto e branco com um


laço vermelho.

— Você não parece tão ruim, — eu admito, tentando disfarçar o


desejo em meu tom.

~ 156 ~
— Eu conheço esse olhar, — diz Shadow com uma sobrancelha
levantada.

Viro a cabeça para longe, presa em meus planos impertinentes.

— Finalmente, — Mila chora, caminhando em nossa direção. —


Shadow, você está deslumbrante. — ela o olha, avaliando.

Shadow acena com a cabeça com seu jeito masculino.

— O governador está prestes a fazer seu discurso, por isso,


encontrem a sua mesa, — Mila pleiteia, nos empurrando.

Nós andamos até as portas duplas que entram na cúpula, mas


um grupo de pessoas que pararam para conversar entre si, bloqueiam a
passagem, tornando difícil para qualquer um entrar. Eu olho em todo o
caminho e vejo uma mulher de cabelos negros, com o rosto parecendo
familiar para mim. Ela está usando um vestido vermelho apertado, que
se arrasta atrás de si, e seu cabelo escuro cai sobre os ombros. Ela joga
a cabeça para trás numa gargalhada, e quando ela vira a cabeça para a
direita, os seus olhos encontram os meus. Ela aperta os olhos e então
eles ficam arregalados. Ela me conhece, mas como vou saber quem é
ela? Ela sussurra algo para o homem de pé ao lado dela e caminha em
direção a Shadow e eu.

— Shadow, o que você está fazendo aqui? — pergunta ela,


cruzando os braços e olhando em volta como se estivesse
desconfortável.

— Chelsea? — Shadow pergunta, surpreso. Chelsea, agora me


lembro. Ela era a garota na festa de um tempo atrás. Eu fiquei bêbada
com Bobby para me impedir de mata-la. Ela estava vestindo roupas de
couro e me fez sentir inadequada e como se Shadow estivesse fora do
meu alcance. Ela estava toda sobre Shadow naquela noite e eu queria
chutar a bunda dela, mas Bobby me disse que se eu fizesse uma cena,
ela iria trazer meu segredo e o de Shadow a tona. Ela parece diferente
agora: ela tem a maquiagem glamorosa, joias e aplique de cabelo caros,
o que deixa o seu cabelo preto abaixo dos ombros.

— O que vocês dois estão fazendo aqui? — ela sussurra.

— O que diabos você está fazendo aqui? — Shadow pergunta ao


mesmo tempo.

— Aí está você, Chelsea, minha querida. Quem são seus amigos?


— um senhor mais velho empurra o seu caminho através da multidão e
desliza o braço em volta da cintura de Chelsea, reivindicando-a.

~ 157 ~
Ele é mais velho, muito mais velho do que ela. Ele é calvo e tem
cabelo branco e rugas, e eu acho que ele está em torno de cinquenta
anos de idade. Ele está vestindo um terno, também, com um relógio que
brilha quando as luzes o tocam.

— Estes são alguns convidados Eu estava apenas jogando


conversa fora, querido. — ela se vira para ele, com um grande sorriso.

— Bem, você não vai me apresentar? — ele insiste com um


sorriso.

— Estes são Shadow e Dani, — Chelsea diz a ele, apontando para


nós. — Dani e Shadow, este é o meu marido, Sir Franklin.

— Casados? — questiona Shadow.

— Sim, por quatro anos, — diz Sir Franklin, puxando Chelsea


para perto e beijando ela na cabeça. — É difícil de acreditar que eu
poderia conseguir manter algo tão bonito por tanto tempo. — ela olha
para baixo, suas bochechas ruborizadas de vergonha. Um homem
magro em um terno vem se apressando em direção a Sir Franklin e
sussurra em seu ouvido. Quando ele balança a cabeça, o homem magro
se retira.

— Prazer em conhecê-los, mas com sua licença, eu tenho que ver


o meu irmão dar um discurso agora, — diz ele, puxando o braço de
Chelsea.

— Você tem que estar brincando comigo, — murmura Shadow


sob sua respiração. Quem imaginaria que Chelsea sairia com bandidos,
vivendo uma vida dupla, traindo o marido nos finais de semana, sendo
uma glamourosa caçadora de ouro nos dias de semana?

Eu agarro a mão de Shadow e procuro por nossa mesa.

A sala está cheia de pequenas mesas de um lado ao outro, todas


cobertas com toalhas brancas elegantes. Há pequenas luzes amarradas
ao longo da parede e candelabros nas mesas.

Eu encontro nossos nomes escritos em letra cursiva em pequenos


cartões em uma mesa e sento. Eu não posso evitar de olhar para
Shadow; ver ele em um terno é a coisa mais erótica que eu já vi. As
mangas são apertadas onde eu sei que embaixo está o seu tonificado
bíceps, e minhas mãos se contorcem para puxar o laço em torno do seu
pescoço.

~ 158 ~
— Obrigado, Senhoras e Senhores Deputados, — o governador
diz, interrompendo meus pensamentos sinistros.

— É uma honra estar aqui esta noite, para ajudar a fazer...

Eu perco o foco sobre o que o governador está dizendo quando eu


sinto a mão Shadow escorregar até minha coxa, meu vestido longo não
o impede quando ele começa a esfregar entre as minhas coxas. Eu
deslizo minha mão debaixo da mesa e alcanço a perna da sua calça em
troca. Quando a minha mão alcança sua virilha, eu encontro com uma
protuberância dura. Meus olhos deslizam do governador para Shadow
que arrogantemente sorri. Ele agarra minha mão com força, me puxa da
minha cadeira, e se dirige para as portas.

— Para onde estamos indo? — pergunto, meus saltos clicando


contra o chão de azulejos.

— Estamos indo para o banheiro. O governador está me


chateando, — Shadow me informa, me puxando mais rápido.

Ele me puxa para o banheiro das mulheres e fecha a porta.

— Você não vai trancar? — pergunto.

— Onde está a diversão nisso? — Shadow sorri.

Ele pega a barra do meu vestido e começa a puxá-lo em torno de


meus quadris enquanto ele me ergue para cima do frio balcão de
granito. Ele procura por minha roupa de baixo para descobrir que não
estou usando.

— Sem lingerie? — Shadow pergunta, chocado. Ele aperta os


olhos e sorri. — Que menina má. — ele desliza o dedo em minha buceta
já molhada, fazendo minhas pernas vibrarem de prazer construindo
entre elas.

Eu o agarro por sua gravata e puxo sua boca para a minha, então
mordo o lábio inferior e sussurro contra seus lábios macios. — Eu não
sei se você notou, mas eu não sou muito boa menina.

Eu coloco meus pés na beira do balcão, enquanto Shadow puxa o


seu comprimento duro de dentro do zíper de suas calças. Ele me agarra
pela cintura e puxa minha bunda até a borda antes de se empurrar
profundamente dentro de mim.

Eu lanço minha cabeça para trás, a sensação dele dentro de mim


e o pensamento de que poderíamos ser pegos é tudo muito erótico.

~ 159 ~
Ele se inclina para baixo e empurra o nariz na curva do meu
pescoço antes de morder forte. Eu gemo pela dor penetrante
consumindo a área enquanto ele continua a empurrar seus quadris
para frente.

— Sim, — eu gemo alto. Shadow aperta sua mão sobre a minha


boca com um sorriso. Meu êxtase borrando minha racionalidade de
onde estou.

Eu agarro seu cabelo para me segurar, enquanto eu sinto seu pau


começar a se contrair. Sabendo que ele está perto, eu me concentro na
sensação dele deslizando dentro e fora de mim. Shadow começa a pegar
o ritmo, fazendo minhas costas baterem contra o espelho colocado ao
longo da parede. Sua força me faz desequilibrar e meu pé escorrega,
fazendo com que o salto caia do meu pé.

Shadow me agarra rudemente, enquanto ele começa a rosnar com


a sua libertação, a sensação dele gozar dentro de mim me empurrando
para a borda alguns segundos mais tarde. Tentando manter a calma da
eletricidade esmagadora espalhada através de meu corpo, eu aperto
meu queixo com força, esperando o desaquecimento antes de eu abrir
meus dentes cerrados.

Eu me puxo da minha posição e caio de cima do balcão. Meu


cabelo tem que ser um emaranhado de onde eu estava pressionada
contra o espelho, e meu vestido ainda está erguido até o meu estômago.

Shadow se abaixa, pega o meu salto do chão, e o entrega para


mim.

Eu o coloco de volta no meu pé enquanto ele se enfia de volta em


suas calças.

Eu pulo fora do balcão e endireito o meu vestido enquanto


Shadow estica o se braço. — Vamos? — pergunta ele com uma risada.

Eu enrosco meu braço com o seu e saímos do banheiro. — Dani,


eu posso ter uma palavra? — Chelsea pergunta, encostada na parede ao
lado do banheiro. Há quanto tempo ela estava aqui? Será que ela nos
seguiu até o banheiro e viu eu e Shadow?

Ele olha para mim, questionando.

— Eu estarei lá, — digo a ele. Eu poderia usar o banheiro de


qualquer maneira; eu posso sentir a umidade de Shadow escorrer para
baixo da minha coxa.

~ 160 ~
Shadow olha Chelsea com desgosto antes de caminhar em direção
a nossa mesa.

— Podemos? — Chelsea aponta para o banheiro.

Concordo com a cabeça e a sigo ao banheiro que eu estava dentro


agora a pouco.

Eu olho no espelho e percebo minhas bochechas coradas e o rímel


manchado. Eu pareço completamente fodida.

— Eu não sei por que você está aqui, ou o que você acha que
sabe, mas você não diz nada para o meu marido, — ela exige, batendo a
mão no balcão.

Eu paro de tentar domar meus cachos e olho para ela. — Você


quer dizer sobre sua vida dupla?

Ela aperta os lábios com força. — Você não sabe de nada sobre a
minha vida.

Eu suspiro, sabendo que este bate-papo não vai acabar bem, e


vou em direção a um cubículo para me limpar.

— Eu sei o suficiente para saber que você é uma mentirosa,


cadela trapaceira. Eu não preciso saber muito mais, — eu grito,
esperando que ela me ouça do outro lado do cubículo. Ela permanece
em silêncio, e como eu quero saber se ela ainda está lá, eu abro a porta
para ver uma Chelsea afobada. Ela flexiona as mãos como se quisesse
me bater, o que me faz sorrir; eu estou fazendo ela perder o controle. Eu
ando até o balcão e enxugo o pouco de rímel que escorreu debaixo do
meu olho.

— O que eu quero saber, é se você teria conseguido um colete de


propriedade, mulher de um motoqueiro nos finais de semana, e a
esposa que faz biscoitos durante a semana? — eu zombo.

Ela fica de um vermelho vibrante e me dá um tapa forte no rosto.


Minha cabeça chicoteia para o lado com a queimadura rastejando para
o meu rosto. Eu levanto minha mão e a estapeio de volta tão duro
quanto eu posso, fazendo ela arremessar cabeça para o lado. Ela
engasga, segurando seu rosto, onde eu bati nela com choque
estampado em seus olhos.

— Me bata de novo e eu vou arrancar cada uma desses cabelos


falsos da sua cabeça: — eu ameaço, levantando o meu queixo.

~ 161 ~
— Fique longe de mim, — ela exige, segurando seu rosto com a
palma da mão.

— Você queria falar comigo, lembra? Eu vou ficar longe de você,


enquanto você ficar longe do meu clube. — ela levanta uma
sobrancelha, como se ela não pudesse acreditar no que estava ouvindo.

— Você me ouviu. Vá encontrar outro lugar onde você pode fingir


que você não odeia sua vida. Aparece no meu clube de novo e você vai
desejar nunca ter aparecido, cadela, — eu fervo de raiva.

Ela dá um tapa no balcão de raiva antes de sair do banheiro. Eu


olho no espelho para o meu reflexo, uma imagem de perigo e satisfação
olhando de volta. Eu sorrio maliciosamente; Devil’s Dust fica bem em
mim.

SHADOW
O sol está lançando um brilho em toda a pele impecável de Dani e
incapaz de dormir, eu fico observando ela. Minha camisa branca de
botões é grande demais para ela, escondendo sua forma minúscula
dentro dela. Ela parece adorável como o inferno esta manhã.

Ela está diferente de quando a conheci. Uma vez uma menina


ingênua, agora ela é uma mulher tão danificada quanto eu, sua
inocência e sedução sua arma de escolha. Quem sabe o que esta bela
criatura é capaz de fazer?

Ela era tudo que eu conseguia pensar em nossa corrida. Com Bull
ganhando mais conexões, tivemos de nos encontrar pessoalmente para
assegurar que a merda desceu bem com o novo comprador. Os caras
ficaram, recebendo presentes de outro clube, o que implicou em drogas
e sexo. Eu pulei fora.

Dani começa a gemer enquanto ela acorda, fazendo meu pau


inchar.

— Há quanto tempo que você está acordado? — pergunta ela, com


a voz estrangulada com o sono.

~ 162 ~
— Não muito tempo, — eu minto. — Você se divertiu na noite
passada? — eu pergunto a ela, escovando o cabelo longe de seus olhos.
A marca vermelha de seu rosto agora desapareceu. Eu estava sentado
do lado de fora do banheiro esperando por ela quando a furiosa Chelsea
saiu do banheiro, segurando seu rosto. Eu estava preocupado que algo
tinha acontecido com Dani, então eu corri para o banheiro, apenas para
descobrir Dani sorrindo com uma marca vermelha em sua bochecha,
mas de um tom mais claro.

— O que aconteceu? — eu tinha perguntado a ela.

— O que tinha que acontecer para manter você e meu clube seguro,
— disse ela ajeitando o cabelo. Eu sabia que eu estava mais apaixonado
por ela do que nunca, e confiava nela mais do que eu jamais pensei que
faria.

— Estou dolorida, — ela ri, me levando dos meus pensamentos.


Não só transei com ela no banheiro do evento, então eu a levei para
casa e a peguei no balcão da cozinha, ainda de saltos e vestido; ela
parecia um anjo em rendas. Gosto de vê-la em couro, mas eu poderia
ter uma coisa para ela em rendas, também. É um dos dois mundos,
Céu e Inferno.

— Se você ficar gemendo assim, eu vou te foder novamente esta


manhã, — eu ameaço.

— Eu acho que eu vou me vestir e ir ver Babs, — ela contraria, se


sentando.

— Você já esteve lá todos os dias, querida. Ela pode não acordar


por um longo tempo. — eu sei que ela se importa com Babs - todos nós
nos importamos e o que aconteceu foi uma coisa de merda, mas ela não
pode continuar fazendo isso para si mesma, não é saudável.

— Eu vou, — ela diz num estalo.

Eu olho feio para ela, seu tom de voz errado.

— Talvez eu devesse te lembrar de com quem você está falando, —


Eu castigo, a rolando em seu estômago. Ela espia aqueles olhos cor de
esmeralda por cima do ombro. Eu puxo a camisa de sua bunda e em
torno de sua cintura e dou a ela um tapa na bunda.

Ela geme com o contato áspero e olha por cima do ombro de novo,
os olhos verdes cheio de ousadia.

— Eu disse que eu vou. — sua voz é forte e desafiadora.

~ 163 ~
Eu dou a bunda outro tapa, desta vez um pouco mais forte. A
impressão da minha mão subindo em sua pele oliva deixa meu pau
duro.

Ela pula debaixo de mim. — Você está indo para onde? —


pergunto.

Ela olha por cima do ombro, sua respiração pesada de desejo.

— Eu estou indo para ver Babs! — ela grita. Eu deslizo minha


mão para baixo entre o monte de sua bunda e deslizo o dedo para
dentro dela. Dou outro tapa duro em sua bunda, fazendo sua cabeça
empurrar para trás com um gemido alto.

— Você não pode me controlar, — ela geme, com a voz vacilante.


Eu deslizo os dedos para fora e os posiciono sobre a abertura de sua
bunda. Seus olhos estão nublados por cima do ombro com o choque
escrito em seu rosto. Nunca a tomei aqui, mas cara, como eu quero. Eu
empurro meus dedos dentro e fora de sua buceta devagar, sentindo o
aperto no meu dedo, então eu sei que ela está perto.

Dou a ela outro tapa na bunda para ajudar a estimulá-la.

— Por favor, posso ir? — ela suspira, se submetendo a mim.

Eu dou a bunda dela um último tapa, observando sua pele


brilhar vermelho brilhante. Eu aplico lentamente pressão com o dedo na
abertura de sua bunda, seu prazer subindo enquanto ela geme alto. Ela
aperta o rosto no colchão enquanto monta seu orgasmo, e eu sei que ela
está saciada.

DANI
Eu ando no quarto do hospital e vejo que Babs está acordada. —
Você está acordada? — exclamo.

Ela sorri sem entusiasmo.

— Há quanto tempo você está acordada? — eu pergunto, me


sentando ao lado dela.

~ 164 ~
— Eu acordei... — ela faz uma pausa. Sua voz soa horrível e é
difícil de entender o que ela está dizendo. Seu cabelo vermelho está
emaranhado em um ninho em torno de sua cabeça, e seu rosto está
cortado. Ela tem hematomas de cor feia manchando todo o seu rosto e a
testa. Ela parece terrível.

— Ontem à noite, — diz ela, lutando com as palavras. Meus olhos


se enchem de lágrimas; suas palavras são estranguladas com força.

— Vejo que temos visitantes nesta manhã, — diz um médico,


entrando no quarto vestindo uniforme azul.

— Posso ter uma palavra? — pergunto a ele.

— Certamente, — diz ele, dando um passo para o outro lado do


quarto.

— Por que ela está falando desse jeito? — eu questiono, tentando


não fazer barulho para não ofender Babs.

— Bem, ela foi atingida por um carro-

— Eu sinto como se tivesse sido atropelada por um caminhão, —


Babs grita, interrompendo o médico.

Eu dou um sorriso fraco, caminhando para o seu lado da cama, e


agarrando sua mão para lhe dar apoio.

— Bem, — o médico continua, — ela foi atropelada por um carro,


e quando ela caiu, bateu com a cabeça. Com um pouco de terapia, eu
sinto que ela vai fazer alguma recuperação, mas ela ainda precisa
passar por alguns testes e observação extensa antes que eu possa ter
certeza de qualquer coisa.

Concordo com a cabeça em compreensão. — Vocês avisaram ao


marido dela? — eu pergunto, olhando para uma Babs assustada. Seus
olhos estão apertados, causando pequenas rugas nos lados, os lábios
(geralmente em um sorriso) estão atravessados com preocupação. Odeio
vê-la assim.

— Nós fizemos, — diz ele, colocando um estetoscópio em seu


peito. — Ele era o único listado como um contato de emergência.

Eu olho de volta para Babs. — Locks tem vindo vê-la?

Ela balança a cabeça negativamente. Se eu alguma vez já quis


matar alguém, era ele agora.

~ 165 ~
— Você pode visitar por alguns momentos, mas é crucial que ela
descanse neste momento, — ele me diz, escrevendo em uma prancheta.

— Me deixe saber se você precisar de alguma coisa, — diz ele a


Babs antes de sair do quarto.

— Você sabe quem bateu em você? — pergunto.

Ela balança a cabeça novamente.

— Você precisa de alguma coisa? — eu não quero sair desde que


eu acabei de chegar, mas eu sei que tenho que ir antes que eu seja
expulsa.

— Não. — suas palavras são arrastadas e difíceis de entender


enquanto ela olha para a janela do hospital. Eu me aproximo mais e
dou a ela um beijo na cabeça, antes de sair com relutância.

Como poderia Locks não aparecer? Entendo que as coisas não


estão bem entre ele e Babs, mas que merda de maneira de dizer ‘Eu
quero o divórcio’.

Eu mordo meu lábio com raiva e caminho para o elevador.

******

Shadow e eu estamos no sofá assistindo TV. Eu tenho as minhas


pernas em seu colo e minha cabeça sobre um travesseiro que arrastei
do quarto.

Eu tiro os olhos da tela e olho para Shadow, curiosa porque ele


não está com os meninos ou por que Bobby não voltou para o
apartamento recentemente.

— Você e Bobby ainda não estão se falando? — eu pergunto, mas


eu já sei a resposta.

Shadow move lentamente os olhos da TV para mim, uma


sobrancelha levantada.

Eu sinto que naufraguei a amizade de Bobby e Shadow. Bobby


tem estado com Shadow por muito tempo, muito antes de mim e muito
mais do que eu jamais poderia estar. Bobby entende Shadow; não há
dúvida de que eles são da família. Me sento, de repente, me sentindo
doente.

~ 166 ~
— Você não pode continuar fazendo isso, Shadow, — eu digo a ele
com raiva. Ele está segurando um grande rancor contra Bobby, mas
não contra mim, e eu não entendo o porquê.

— Não comece comigo, Dani, — Shadow adverte.

— Não me venha com essa merda, — eu estalo. O rosto de


Shadow fica em branco com o som da minha voz. — Você pode agir
como um idiota com o seu irmão, mas não comigo. — ele move as
minhas pernas de seu colo e espera.

— O que você queria que Bobby fizesse? Me amarrasse na cama


para eu não sair? Pensei que você tivesse terminado comigo, e todos me
trataram como merda. Eu pensei que uma simples noite seria bom! —
eu grito, a situação me irritando. Eu devo isso a Bobby, de estar lá para
ele, considerando que ele esteve lá para mim quando ninguém mais o
fez.

Shadow esfrega a parte de trás de sua cabeça com uma mão,


enquanto a outra descansa em seu quadril, com o rosto vermelho de
raiva e hostilidade.

— Eu sei que Bobby tocou em você, eu sei que ele colocou as


mãos onde não deviam, — Shadow sibila.

Meus dentes mordem o lábio com raiva. O que aconteceu foi


inconsequente, Bobby e eu nunca iríamos cruzar a linha.

— Se você vai odiar Bobby, você tem que me odiar, também, — eu


continuo, dando um passo para ele.

— Eu nunca vou te odiar, Dani. Acredite em mim, eu tentei. Odiar


você teria tornado as coisas muito mais fáceis. — seu tom de voz é
áspero e irritado. Ele lambe os lábios carnudos enquanto agarra a parte
de trás do meu pescoço e me puxa para mais perto. — Eu não quero
mais falar sobre isso. Não traga isso de novo, Dani. — eu abro meus
olhos para ver dois olhos azuis torturados olhando para mim,
esperando minha resposta.

— Tudo bem, — eu sussurro, sem a energia para discutir mais.

— Você não parece tão bem, — ele afirma, percebendo meu


desconforto.

— Com tudo o que está acontecendo, eu passei do ponto de


estressada, — eu respondo.

~ 167 ~
— Vamos para a cama, babe, — diz ele, me empurrando para o
quarto.

Subo na cama e me afogo no cobertor macio enquanto Shadow se


enrola em torno de mim, se aninhando no meu pescoço.

— Eu nunca poderia te odiar, Dani, — ele sussurra contra a pele


do meu pescoço.

— Eu sei, — eu concordo, olhando para a escuridão.

******

Uma semana passa e o estresse não vai embora. Ver diariamente


Babs entrar e sair da consciência dói. Depois de passar o dia na praia
com Shadow, voltamos para o clube. Ele vai para a missa e eu planto a
minha bunda no bar. Não é o mesmo sem Babs por trás dele; o clube
não é o mesmo. Eu olho em volta, imaginando se Candy ainda está aqui
e se ela é tola o suficiente para mexer comigo de novo, mas eu não vejo
nenhum sinal dela. Eu levanto do banco e me dirijo para a cozinha em
busca de algo para fazer um lanche; talvez isso ajude o meu estômago
enjoado. Ouço frascos de vidro batendo um no outro, chamando a
minha atenção enquanto eu olho para a geladeira. Ela bate e eu fico
cara-a-cara com Locks. Ele me olha e funga enquanto ele me perfura
com os olhos. Eu sinto uma súbita raiva, vingativa por Babs.

— Você já foi ver Babs? — eu pergunto, sabendo a resposta.

— Você faria bem em manter a boca fechada, cadela, — ele rosna.

Meus olhos se arregalam com raiva, chocada por ele falar assim
comigo.

— Como? — eu questiono.

Ele pisa em minha direção, suas botas batendo contra o chão


sujo.

— Você me ouviu. Seu pai pode pensar que sua merda não fede,
mas eu estou aqui para te dizer que fede. Você devia estar a seis pés
abaixo, e todo mundo por aqui sabe disso.

— Vá se foder! — eu grito, empurrando ele no peito.

~ 168 ~
Ele olha para onde eu o empurrei e de repente me golpeia com as
costas das mãos] me fazendo tropeçar no balcão. Minhas mãos agarram
a pia de aço inoxidável e os pratos sujos na pia chamam minha
atenção, uma faca em particular. Eu alcanço e agarro a faca de
açougueiro suja e então me viro e encaro Locks. Ele tem um olhar
orgulhoso no rosto, orgulhoso, por bater em mim, e pela aparência dele
flexionando as mãos, ele está pronto para fazer novamente. O
sentimento de raiva, que emerge quando as coisas ficam feias, me
empurra para frente, se arrastando sobre o meu pensamento racional.
Eu aperto a faca e avalio onde eu deveria esfaqueá-lo. Nenhum homem
jamais vai me bater. Assim que eu me empurro da pia pronta para
atacar, as portas da cozinha se escancaram e Shadow entra. Ele olha a
cena com uma sobrancelha levantada. — O que está acontecendo? —
ele exige.

Eu olho para Locks, cuja atenção está em Shadow.

— Você precisa manter essa cadela em uma coleira!— Locks grita


enquanto ele aponta para mim.

— Você bateu nela, porra? — Shadow pergunta incisivamente.

Locks olha para mim com um sorriso. A adrenalina começa a


diminuir e aumenta a dor no meu rosto, onde ele me bateu. Eu levanto
minha mão para tocar o ponto sensível e estremeço.

— Ele bateu em você? — Shadow me pergunta. Se o calor subindo


ao meu rosto indica qualquer coisa, tenho certeza que Shadow sabe a
resposta.

Shadow caminha a passos largos para frente com um olhar


enlouquecido em seus olhos. Ele agarra Locks pelas roupas de couro
com as duas mãos e o puxa para a distância de um fio de cabelo de seu
rosto.

— Você acaba de assinar seu próprio atestado de óbito, irmão, —


Shadow ameaça.

Antes que Locks possa reagir, Shadow lhe dá uma cabeçada no


rosto, fazendo Locks cair de joelhos tonto e confuso. Shadow caminha
para frente e para trás em sua frente, flexionando as mãos com raiva.
Locks tenta ficar de pé, mas Shadow lança um golpe na sua mandíbula
e o joga de volta contra as cadeiras da cozinha.

~ 169 ~
— O que diabos está acontecendo aqui? — meu pai berra,
empurrando as portas da cozinha com força. Eu deixo a faca sobre a
pia, esperando que meu pai não tenha visto.

— Ele colocou as mãos na Dani, e eu vou mata-lo, — Shadow


grita.

— Ele te tocou, Dani? — meu pai pergunta.

— Eu posso cuidar de mim mesma, — eu respondo, endireitando


a minha camisa.

— Dê o fora daqui, Locks, antes que eu mesmo te mate, — ordena


meu pai, apontando para as portas.

— Tudo bem, mas este clube foi para a merda desde quando a
pequena cadela apareceu. Lembrem-se disso, — cospe Locks, com a voz
embargada enquanto ele empurra passando por todos.

— O que diabos foi isso? — Shadow pergunta ao meu pai. — Ele


vai se foder por bater em Dani. — Shadow caminha até mim, me
levando pelo queixo e levantamento meu rosto. Minha bochecha direita
parece quente e irritada pelo tapa.

— Eu entendo isso. Confie em mim. Eu quero ver ele morto tanto


quanto você, — meu pai admite, esfregando a parte de trás de sua
cabeça em frustração. — Mas até eu descobrir o que diabos ele está
fazendo, eu preciso dele vivo. — ele sopra um suspiro estrangulado e
olha para o meu rosto. — Você está bem, boneca?

Concordo com a cabeça em resposta.

— Fique fora do caminho dele. Se você vir ele, vá para o outro


lado, — ele exige.

Concordo com a cabeça novamente, mas realmente eu quero


agarrar a faca suja e enfiar no rim de Lock. Mostrar a ele o que acontece
quando ele coloca suas mãos em mim.

— O que você acha que ele tem na manga? — Shadow pergunta,


deixando meu queixo ir.

— Eu não sei. Talvez ele esteja com outro clube. Precisamos ficar
de olho em nossa mercadoria. — meu pai balança a cabeça, dando de
ombros.

— Acho que ele iria vender debaixo de nós? — Shadow pergunta,


em tom alto com o choque.

~ 170 ~
— Eu não sei de nada, — meu pai responde, levando um maço de
cigarros do bolso. — Leve ela para casa, longe do clube por enquanto.

~ 171 ~
Capítulo doze
SHADOW
— Eu vou tomar um banho. Eu tenho que
trabalhar amanhã, — Dani avisa, entrando no
banheiro.

Estou deitado na cama, olhando para o teto


do apartamento. Dói olhar para Dani, com uma
mancha rosa claro em seu rosto, onde Locks bateu
nela. Eu deveria ter matado aquele filho da puta
antes de Bull ter a chance de entrar e poupá-lo.
Quando eu fecho meus olhos, eu posso ver o olhar
de defesa escrita no rosto de Dani quando ela agarrou a faca. Seu
instinto de lutar me deixa um pouco aliviado, mas não muito. Eu sinto
como se eu tivesse falhado com ela; eu não a protegi, novamente.

— O que você está pensando?

Eu olho para cima e vejo Dani com o cabelo molhado e com a


camiseta do Devil’s Dust, a bochecha dela me lembrando do pedaço de
merda que eu sou. Ela é linda, ainda assim, brilhante.

— Você se parece com o céu, — eu digo, olhando as gotas caindo


do seu cabelo e escorrendo pelo seu pescoço.

Ela sorri. — Isso não vai acontecer hoje à noite. Eu não me sinto
bem, — diz ela, subindo na cama.

— Eu percebi que você não comeu seu jantar, — eu comento, me


movendo para que ela possa subir na cama. Ela não está se sentindo
bem por um tempo agora, e ela tem me preocupado.

Talvez eu devesse levá-la para longe de tudo isso por algum


tempo. Com a sua mãe e os eventos do clube ultimamente, parece ter
tomado o seu preço sobre ela. Se nós deixássemos este lugar, mesmo
que por pouco tempo, eu poderia me concentrar apenas nela.

— Eu vou ficar bem. Apenas muita coisa acontecendo, — ela


contraria, afofando um dos travesseiros. Eu saio da cama, desligo as
luzes, e depois volto, deitando por trás dela. Eu puxo sua bunda mais
próximo, onde ela pertence, seu cheiro de pêssegos me cerca.

~ 172 ~
— Confie em mim quando eu digo que eu vou matar aquele filho
da puta nem que seja a última coisa que eu faça, Dani, — eu sussurro
em seu ouvido. Eu não tenho que dizer o nome; ela sabe de quem eu
estou falando.

— Eu sei que você vai. Eu confio em você, — ela sussurra de


volta.

DANI
Eu acordo com o cheiro de comida sendo feito e me estico,
tentando me acordar e chegar até a cozinha. Quando eu chego mais
perto, eu posso ver que a casa está cheia de fumaça e o cheiro de
comida queimada paira no ar.

— Alguém levantou cedo, — eu digo, limpando o sono dos meus


olhos.

— Ei! — Shadow cumprimenta enquanto óleo estala da frigideira.


— Porra, isso dói, — ele grita, chupando o dedo e me fazendo rir.

— Bem, eu tentei fazer o café da manhã, mas tudo o que estou


provando é que minha bunda não pode cozinhar, — admite ele,
voltando para a torneira e jogando a frigideira com comida preta na pia.

— Vamos tomar o café da manhã, — diz ele.

— Nós não precisamos fazer isso, — eu sugiro, encolhendo os


ombros.

— Sim, nós precisamos. Você precisa comer, — declara ele,


contornando a ilha, vestindo apenas cuecas pretas, a visão me fazendo
querer ele no café da manhã. Ele tira o cabelo do meu rosto antes de
continuar: — Nós podemos comer o que quiser: panquecas, ovos, você
escolhe.

— Para ser honesta, o som de comida me faz querer vomitar, —


digo, tentando manter o vômito subindo minha garganta.

Ele esfrega o dedo sobre a minha bochecha dolorida, me fazendo


estremecer. Eu me afasto, furiosa por não ter matado Locks eu mesma
por ter me batido.

~ 173 ~
— Eu vou matar aquele idiota por me bater, — murmuro.

Shadow me olha de soslaio, como se ele estivesse esperando que


eu dissesse que estou brincando.

— Não se eu pegar ele primeiro, — diz ele, me surpreendendo. Eu


não posso deixar de sorrir, e depois uma risada me escapa.

— O que é tão engraçado? — ele questiona, inclinando a cabeça


para o lado.

— Aqui estamos sobre o café da manhã queimado, planejando a


morte de alguém que você considera da família.

Ele sorri. — Soa como uma típica manhã de sexta-feira para mim.
— ele se inclina e beija minha testa antes de ir para o quarto. Vista-se;
vamos conseguir comida.

— Mas-

— Agora, Dani, — ele exige, me cortando.

******

Depois do almoço, que consistiu de um bolinho inglês, Shadow


continuou me empurrando comida; voltamos para o apartamento. Eu
jogo minha bolsa no final da mesa e me jogo de cabeça no sofá, exausta.

— O que você quer fazer hoje? — Shadow pergunta, indo para a


cozinha.

— Dormir, — murmuro na almofada do sofá.

Ele ri e se senta ao lado da minha cabeça.

— Por alguma razão, eu não posso dormir o suficiente. Eu me


sinto como um urso hibernando, — eu me queixo.

— Você dorme e eu vou jogar video-game, — ele oferece, dando


um tapa na minha bunda e ligando o console de jogos.

Eu gemo e viro, enterrando a cabeça no sofá antes de eu


desmaiar.

~ 174 ~
******

— Dani.

Eu acordo e vejo Shadow de pé em cima de mim.

— Você vai se atrasar para o trabalho, — diz ele, apontando para


o relógio na parede.

Eu olho e percebo que é quatro da tarde. — Merda! — eu grito,


pulando do sofá. Esqueci que vou substituir um dos instrutores hoje.

Pego minha bolsa ao lado da mesa de café e abro a porta com


Shadow me seguindo de perto.

A brisa do mar me faz sentir bem enquanto nós dirigimos; é


refrescante e me faz sentir mais desperta do que eu tenho estado em
dias. Chegamos ao estúdio de dança e eu desço da moto. — Obrigada
pela carona, — eu digo com apreço, dando a ele um beijo na bochecha.

— Eu vou estar aqui mais tarde, — ele me lembra, acelerando o


motor da moto e saindo. Adoro quando ele faz isso; o rugido do motor
soa sexy.

Entro no estúdio de dança, já me desculpando.

— Eu sei que estou atrasada, — eu digo, notando apenas um par


de meninas que estão em atendimento em vez do grupo de costume.

— Será que os pais se cansaram de esperar? — pergunto,


apontando para as meninas que se alongam.

— Um monte deles ligou. Parece que a gripe está solta, — diz


Mila, enfiando a língua para fora em desgosto.

— Sim. Eu mesma não estou me sentindo bem. — eu admito,


agarrando o collant da minha bolsa.

— Bem, eu estou indo trabalhar com os livros, — ela me diz,


pegando um livro com ‘mensalidades’ gravado nele, com um marcador
preto.

— Ok, — eu respondo, indo para o vestiário.

— Ok, meninas, vamos praticar as cinco posições básicas de


ballet, começando com a primeira posição, — eu ordeno, batendo
palmas, esperando que o barulho vá motivar as meninas.

~ 175 ~
— Senhorita Lexington?

— Sim? — e respondo a uma das meninas, percebendo que sua


pele está um pouco pálida.

Ela abre a boca para falar, mas vômito transborda, pedaços de


comida e líquido se esparramam no chão, seguido de um odor estranho.
Eu tenho que olhar para longe e engolir devagar ou eu vou vomitar
também.

As outras meninas começam a engasgar. Este vai ser um longo


dia.

Depois de chamar os pais de Hayden e limpar a bagunça, eu


decidi chamar os pais das outras meninas e informá-los que uma virose
está acontecendo ao redor e para vir buscar seus filhos. Eu não quero
mais limpar vômito, e eu não estou me sentindo bem, portanto, será
uma curta noite de trabalho.

— Ei, eu estou saindo, — diz Mila.

— Ok, eu vou sair também quando os pais vierem pegar minha


última fadinha, — eu digo a ela, apontando para a última menina
girando em um círculo.

Mila ri. — Tudo bem, tenha uma boa noite.

Finalmente, após a última criança ser pega, eu decido mandar


uma mensagem para Shadow para avisar que eu estou saindo do
trabalho mais cedo. Eu apago todas as luzes e vou pegar o meu salário,
apenas para descobrir que Mila se esqueceu de separá-lo. — Droga, —
murmuro.

Deixo o estúdio de dança e começo a andar para onde Shadow


tem estacionado ultimamente.

Eu chuto uma pedra perdida enquanto eu faço o meu caminho


através da quadra e observo um raio brilhante de luzes incendiarem
atrás de mim.

Me viro e fico cega, então eu protejo os olhos com o braço,


tentando olhar, as luzes brilhantes tornando difícil de ver alguma coisa.
O carro dá a partida e os pneus do carro guincham com velocidade
súbita. Os cabelos do meu pescoço se arrepiam e meu coração começa a
pular enquanto o carro voa em minha direção. Eu me viro e começo a
correr, não sabendo mais o que fazer. Meu coração está batendo com o
medo enquanto a minha boca solta um gemido assustado. Eu olho por

~ 176 ~
cima do meu ombro e percebo que o carro está se aproximando. Eu
largo minha bolsa tentando aliviar a minha carga para conseguir mais
velocidade. O carro aumenta a velocidade e se aproxima de mim, eu
cerro os olhos fechados por um segundo, tentando correr mais rápido.
Quando eu os abro, a porta do carro se abre de repente e bate em mim.
O asfalto morde meus joelhos, rasgando minha carne quando eu sou
arremessada para frente. Eu ouço os pneus de carro gritar com a
freada, fazendo meu coração pular uma batida. Eu rastejo em minhas
mãos e joelhos e solto um grito estrangulado na carne viva cavando o
chão. Eu olho atrás de mim para o carro para encontrar um bando de
homens saindo. Eu procuro a minha bolsa para pegar minha arma, mas
lembro que ela caiu, então eu me esforço para levantar, mas um dos
rapazes me chuta de volta para baixo, me fazendo cair nas minhas
costas dolorosamente.

— Isto é por Darin! — um dos caras grita enquanto um bastão de


madeira bate na minha frente. O nome Darin me atinge como um raio:
o cara que eu e as meninas batemos até virar uma polpa sangrenta e o
deixamos para morrer.

Eu protejo meu rosto e me enrolo em posição fetal, sabendo que


isso vai doer. O bastão atinge o meu braço com força. Eu grito enquanto
um terremoto de dor entra fundo nos meus ossos. Meus pulmões
buscam o ar para gritar, me deixando ofegante por mais.

— Puta do caralho! — um deles grita enquanto acerta o bastão de


volta no mesmo braço. Se ele não tinha quebrado antes, está quebrado
agora. Meus ouvidos zumbem enquanto minha visão embaça de dor e
eu mordo minha bochecha para tentar me impedir de gritar novamente.
A única coisa que eu quero é sair disso, mas não adianta; eu não posso
evitar gritar de dor.

Minha cabeça é empurrada com um chute repentino no rosto. Eu


sinto minha sobrancelha cortar quando a sola de borracha faz o
contato. Eu fecho meus olhos quando o sangue começa a escorrer. Todo
o meu corpo machucado, dor insuportável pulsante de um lado para o
outro.

— Cala a boca! — outro grita enquanto eu continuo a gritar de


dor.

Todos eles começam a chutar e bater os pés em mim. Meus


sentidos começam a se desvanecer lentamente, e eu posso me sentir
cada vez mais entorpecida com a quantidade de dor que o meu corpo
está consumindo.

~ 177 ~
— Ei, vamos dar o fora de perto dela! — eu ouço uma voz gritar.
— Eu chamei a polícia. Eles estão a caminho! — eu tento abrir meus
olhos para ver quem está gritando, mas não consigo.

— Vamos, — um dos caras grita. Ouço passos desaparecer, junto


com tudo.

SHADOW
— Royal Flush, caras, — eu rio, baixando minhas cartas para que
todos eles possam ver.

— Trapaceiro fodido, — diz Locks, batendo suas cartas. Eu


levanto minha sobrancelha, perguntando por que eu estou mesmo
ouvindo as ordens de Bull. Locks deveria estar morto agora.

— Ele é um trapaceiro, — Bobby concorda, jogando suas cartas


ao longo da mesa. Bobby sempre pensa que eu estou roubando quando
eu ganho; tem sido assim desde que éramos crianças.

Meu telefone toca no meu bolso, quebrando meu riso. Eu


endireito minhas pernas para que eu possa retirá-lo. Isso mostra que eu
perdi uma mensagem de Dani, uma vez que continua a tocar, e o ID de
chamadas diz que é do hospital.

— Olá?

— É Adrian Kingsmen? — a senhora pergunta.

Bobby ri e chama Bulls, tornando difícil de ouvir.

— Talvez, quem é? — eu pergunto, virando a cabeça para ouvir


melhor.

— Houve um acidente, e o médico pediu para contatá-lo neste


número, — a senhora responde calmamente.

— Que acidente? — pergunto.

— É a respeito da paciente Danielle Lexington.

~ 178 ~
Eu salto do meu assento, pânico crescendo em meu peito.

— O que há de errado? Ela está bem? — eu estou movendo


freneticamente, meu coração acelerando a um nível consistente com a
utilização de cocaína.

— É melhor se você puder vir aqui. Então, podemos te dar mais


detalhes, senhor, — ela responde docemente.

Hesitante, eu desligo. A foto de Danielle dormindo no background


do meu telefone me chama a atenção. Meu dedo desliza pela tela do
meu telefone. Eu não oro - nunca fez qualquer bem antes, mas eu me
encontro orando agora. Pode o Diabo orar? Ou será que ele se lançou
para o lado com o resto dos pecadores, apostando em uma segunda
chance?

— Está tudo bem, filho? — Bulls olha para mim, me tirando da


minha oração silenciosa, a minha esperança de que existe um Deus e
ele está me ouvindo.

— Dani está no hospital, algum tipo de acidente, — eu respondo,


tirando os olhos da tela do meu telefone.

— O quê? — diz Bobby, de pé em pânico.

— Vamos, — ordena Bull, jogando suas cartas na mesa.

******

Corro em direção ao hospital, Bobby e Bull tentando acompanhar,


mas a minha moto é mais rápida.

Eu estaciono na zona de descarga, não dando a mínima para a lei


agora, e correndo para dentro. Eu corro em direção à recepção e dou
um tapa no balcão para chamar a atenção da recepcionista.

— Uma senhora me chamou, disse que Danielle Lexington sofreu


um acidente.

A senhora começa a digitar em seu computador, lentamente, eu


poderia acrescentar.

— Sim, ela está na sala de emergência no final do corredor.

~ 179 ~
Sem mais detalhes, eu vou pelo corredor como um morcego
fugindo do inferno.

Ao virar a esquina, vejo Mila na sala de espera, sentada em uma


cadeira chorando.

— Mila, o que diabos aconteceu? — exijo, caminhando em direção


a ela.

— Eu voltei para o estúdio porque eu esqueci o cheque de Dani,


— diz ela, soluçando.

— O que aconteceu? — eu repito, pedindo a ela para pular as


informações sem importância.

— Havia este carro cheio de homens, e eles perseguiram Dani


com seu carro, então eu chamei a polícia. Quando eu voltei para fora,
eles foram batendo nela com um taco, — ela chora, suas palavras
difíceis de entender.

— Puta merda, — Bobby sussurra atrás de mim.

— Nós temos sido alvo, — Bulls diz gravemente. Isto confirma que
a batida de Babs não foi por um bêbado. Isso foi pessoal.

Eu olho em cada quarto, tentando encontrar Dani.

— Senhor? — a enfermeira chama atrás de mim depois que eu


olho para o quinto quarto. Eu a ignoro.

— Senhor? — ela chama de novo, com a voz mais alta do que


antes. Eu ainda a ignoro.

Abro a última porta no final do corredor e vejo Dani. Lágrimas


enchem meus olhos imediatamente, e eu tenho que dar um passo atrás
antes que eu possa ir para frente. Seu rosto está coberto com sangue e
há um corte profundo em sua sobrancelha.

— Senhor, você não pode ficar aqui, — diz a enfermeira, de pé, na


frente de Dani.

— Cristo, — eu sussurro, incrédulo, enquanto as lágrimas caem


dos meus olhos. Eu vou matar a pessoa que fez isso com ela.

— Ele está bem, Sandy. — eu me viro e vejo Doc de pé na porta,


incitando à enfermeira para me deixar em paz.

— Ela está bem? — pergunto freneticamente.

~ 180 ~
— Ela está em um monte de dor. Eu dei a ela uma dose baixa de
analgésicos para a dor até que eu possa fazer alguns exames, — ela me
diz, cobrindo Dani com um lençol.

— Seu braço está quebrado, por isso vamos ter de engessá-lo e


ela também precisa de pontos em sua sobrancelha. Ela precisa de mais
exames feitos para se certificar de que não há lesões internas também,
— ela informa, escovando o cabelo do rosto.

— Eu não a vi em um tempo. Como ela estava? — Doc pergunta,


ajustando o travesseiro de Dani.

Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo, freneticamente. — Ela


está se sentindo doente e não come muito. Mas ela está fazendo tudo
certo, — eu respondo.

Doc franze as sobrancelhas para mim. — Ela teve febre?

— Não, não que eu saiba, — afirmo, meus olhos nunca deixam o


rosto de Dani.

— Ela está tomando os comprimidos que eu dei a ela? — Doc


pergunta.

— Que comprimidos? — eu pergunto, confuso. Eu não sabia que


Dani estava tomando pílulas.

— Certo. Bem, eu vou fazer outro exame de sangue antes de


continuar. — Doc pega a prancheta pendurada na parede e sai do
quarto, me deixando com mais perguntas do que quando eu cheguei.

Dois homens em jalecos brancos vem carregando um recipiente


cheio de agulhas e tubos. Eles colocaram uma faixa de borracha em
torno do braço de Dani e empurram a agulha na dobra do cotovelo, em
seguida, puxam a tampa e apertaram um tubo com ele, fazendo
esguichar o sangue para dentro do tubo.

— Para que são esses exames? — eu questiono, apontando para


as agulhas.

Eles me ignoraram, envolvem o braço dela com fita colorida, e


saem do quarto. Estou ficando sem respostas, e isso está começando a
me irritar.

Olho para Bobby e Bull. — Que porra é essa?

~ 181 ~
Me sento ao lado de Dani e agarro a sua mão boa, aquela que o
braço não está quebrado, e dou um aperto. Eu trago a mão mole na
minha boca e dou um beijo. Quem fez isso com ela, vai pagar.

Ela geme e se mexe na sua cama. Sento-me, esperando que ela


acorde.

— Dani? — pergunto em voz trêmula.

— Shadow? — sua voz falha.

— Eu estou aqui, — eu digo a ela, levantando e olhando por cima


dela. Eu nunca estive mais destruído em toda a minha vida do que eu
estou agora, preocupado que Deus pode me punir pela vida que eu vivi,
tirando Dani de mim.

— Onde estou? — pergunta ela, olhando ao redor o quarto.

— Você está no hospital, boneca, — Bull informa ela, andando até


a cabeceira.

Ela pisca os olhos algumas vezes. — Oh, sim, — diz ela, num
sussurro.

— Você se lembra de algo que aconteceu? — Bobby pergunta.

Ela lambe os lábios secos e olha para mim. — Apenas que— ela
faz uma pausa como uma comoção na porta agarra sua atenção.

— Eu vou olhar. — eu passo para longe de sua cama e olho para


o corredor para ver dois policiais na recepção do hotel.

— Se ela está acordada, gostaríamos de fazer algumas perguntas,


— um dos policiais diz a uma enfermeira.

— Ela passou por uma experiência traumática; isso pode esperar?


— Doc diz, dando um passo até a mesa.

— Eu temo que não, — um dos policiais responde.

Eu recuo para o quarto e vou para o lado de Dani.

— A polícia está aqui. Não diga nada a eles. Você entendeu? — eu


pergunto, tentando mascarar meu tom áspero com tanta força quanto
eu posso.

Ela olha para mim em confusão.

~ 182 ~
— Nós cuidamos disso para fora do nosso caminho. Eu vou matar
a pessoa que fez isso com você. Isso é uma promessa, — eu a informo,
meu tom em fúria. — Confie em mim, — eu sussurro, esperando que
ela saiba que eu vou cuidar disso.

Ela balança a cabeça em concordância.

Uma batida soa na porta, nos interrompendo.

— Sinto muito querida, mas alguns cavalheiros estão aqui para


lhe fazer algumas perguntas, — Doc diz, entrando no quarto, a polícia a
seguindo.

— Precisamos falar com ela sozinhos, — diz um deles, tirando um


bloco de notas, com os olhos me acusando. Pela expressão de seu rosto,
ele provavelmente acha que eu fiz isso com ela. De certa forma, eu fiz.
Eu não estava lá para protegê-la.

DANI
— Então, você não se lembra o que aconteceu? — um policial me
pergunta com uma sobrancelha levantada; ele não acredita em mim. Eu
nunca fui boa mentindo. Eu tento não olhar para os dois, mas eles são
um par impar, um careca e gordo, com óculos, o outro com sardas, alto
e magro.

— Não, eu não me lembro de nada, — eu digo, brincando com o


bracelete do hospital em torno de meu pulso.

— Vamos passar por isso mais uma vez, — o policial gordo


suspira, lançando seu bloco de notas sobre a uma nova folha de papel.

— Você deixou o trabalho e...? — pergunta ele, girando a mão e


me incentivando a continuar de onde parou.

— Eu acordei aqui, — eu minto.

O oficial magro geme em irritação. — Certo, bem, nós não


podemos ajudar você ou qualquer outra pessoa se você não pode nos
ajudar, senhorita Lexington.

~ 183 ~
— Você não tem ideia de quem poderia querer te machucar? — o
com uma pança pergunta com um gemido.

Eu olho para eles, irritada. — Eu disse a vocês o que eu sei.


Agora, por favor, saiam! — eu grito.

— Eu acho que a hora do interrogatório terminou, senhores. Eu


não posso permitir que vocês a chateiem, — Doc declara, entrando no
quarto rapidamente. Ela deve ter estado apenas fora da porta.

— Tudo bem, então, — o magro diz, colocando o bloco de notas no


bolso da camisa.

Eles saem enquanto os meninos entram.

— Você fez bem, garota, — meu pai diz, me dando um leve beijo
na testa.

— Dani, eu fiz alguns exames enquanto você estava inconsciente


e gostaria de discutir algo com você em particular, posso? — Doc
pergunta, olhando para os garotos em questão.

Eu olho para Shadow e percebo que ele não está satisfeito com o
pedido de Doc.

— Não, está tudo bem. Você pode falar na frente de todos, — eu


digo, tentando me sentar, mas fazendo uma careta de dor.

— Eu aconselho a reconsiderar, — ela força, olhando para o papel


em suas mãos.

— Jessica, — Bobby adverte, usando o nome verdadeiro de Doc.

Doc olha para Bobby. — Bem. Fiz um teste de gravidez por não
saber se você está tomando seu anticoncepcional ou não, — ela me diz,
olhando para o papel.

— Anticoncepcional? — Shadow pergunta em estado de choque.

— E? — eu pergunto, o medo minando em meu coração do que


ela está prestes a dizer.

— Ele deu positivo. —ela me entrega o papel com informações


impressas sobre ele que eu não consigo entender.

— Você está grávida.

— Oh, merda, — Shadow suspira enquanto ele se atrapalha em


uma cadeira para sentar.

~ 184 ~
— Caramba! — meu pai grita em emoção.

— Grávida? — eu questiono, ainda em choque.

— Sim, de algumas semanas, de acordo com os níveis de seus


hormônios, — diz ela, apontando para a folha.

— De quanto tempo ela está exatamente? — Shadow pergunta,


com preocupação.

— Eu não tenho certeza. Eu vou fazer uma chamada e levá-la até


o andar obstétrico, fazer uma ecografia e certificar de que o bebê não
tenha sofrido nenhuma lesão, — ela promete antes de dar ao meu braço
um tapinha.

— Grávida? — repito

— Grávida, — Doc confirma com um sorriso. A realidade da


situação me atinge, fazendo minha cabeça doer mais do que já doía.
Como eu pude ser tão ingênua por pensar que eu não iria ficar grávida?
Eu tive sorte de não ter ficado grávida antes, e eu aproveitei dela.

Eu suspiro e deixo cair o papel das minhas mãos. Quão estúpida


eu sou? Como é que eu não imaginei que isso iria acontecer?

— Puta merda, — murmura Shadow enquanto ele pega a minha


mão a partir do lado da cama.

******

Sou levada para um quarto escuro no terceiro andar do hospital,


momentos depois. O quarto é esmaecido e na parede, pintado de
amarelo, há uma televisão de tela plana de médio porte. No canto do
pequeno quarto, há um par de cadeiras e do outro lado da cama há
máquina de ultra-som.

Uma enfermeira com cabelo encaracolado preto e curto, coloca


um manto branco em volta da minha cintura e puxa o vestido de
hospital um pouco.

— Eu vou tentar isso primeiro, então eu vou precisar que você


puxe os joelhos para cima, — adverte a enfermeira enquanto ela pega
uma longa varinha e coloca um preservativo nele. Eu olho para Shadow
que está sentado ao meu lado. Ele está focado na TV, o rosto enrugado

~ 185 ~
de preocupação. Meu pai e Bobby olharam para a parede para me dar
privacidade. Eu tomo um grande gole e puxo meus joelhos para cima.
Ela lança a longa varinha através de meus joelhos abertos e desliza
dentro de mim.

Eu olho para a tela, mas tudo que eu vejo é manchas pretas e


brancas. Ela angula a varinha e pressiona com firmeza. A enfermeira
começa a clicar e botões quando linhas se formam entre os pontos na
tela.

— O bebê parece estar bem, — a enfermeira diz com um sorriso.


Eu vejo quando ela amplia em um pouco oval preto e branco.

— Esse é o bebê, — ela sussurra, e a visão me faz chupar uma


respiração.

— Bem, eu vou ser avô, — meu pai comenta com um grande


sorriso.

Eu olho para Shadow; seu rosto está apertado e olhando


fixamente para a tela. Suas sobrancelhas estão franzidas e está fazendo
um pouco de ruga bem entre os olhos.

— Olhando para as medições, você está com um mês, — diz ela,


puxando a varinha para fora de mim. Eu puxo instantaneamente meus
joelhos juntos e puxo o cobertor para baixo. A senhora me dá uma
imagem preto e branco de nosso bebê. — Parabéns. Eu vou trazer
alguém para te levar de volta para seu quarto em apenas um momento.
— ela se levanta e sai.

— Puta merda, — Shadow diz de novo, sua voz cheia de choque e


descrença.

Eu olho para ele; seus olhos estão fechados e seu braço está
trazido para cima, esfregando a parte de trás do seu pescoço.

Meus olhos começam a se encher de lágrimas.

— Porra, — diz Bobby, olhando para o meu estômago como se


algo fosse saltar para fora para ele.

— Estamos saindo para dar a vocês um pouco de espaço, — meu


pai diz, empurrando Bobby em direção à porta.

Shadow olha a tela de TV em branco na parede, passando as


mãos para frente e para trás através de seu cabelo freneticamente.

— Eu não posso ser pai, — sussurra Shadow.

~ 186 ~
— Bem, você é, — eu digo em voz baixa.

— Olhe para mim, olhe para o que eu sou! — ruge Shadow, sua
voz me fazendo pular.

Ele caminha para mais perto e se inclina para mim. — Eu sou a


porra de um monstro, um assassino. Eu vivo uma vida infernal. Eu não
mereço você, e eu com certeza não mereço uma criança, — ele sussurra,
em tom sombrio.

— Este é o nosso filho, Shadow, não um garoto de rua, — eu


agarro, meu tom cortante e frio.

— Você tem estado em torno de mim por alguns meses e já


sucumbiu a minha escuridão. Eu matei a sua inocência. Como você
espera manter uma criança segura em torno de mim? — pergunta
Shadow, seus olhos azuis olhando diretamente para mim.

— Os meus impulsos violentos sempre foram uma parte de mim,


Shadow. Se estou perto de você, ou do clube, ou do cara irritado da rua,
os impulsos são obrigados a sair, — eu digo, me sentando. — Você tem
outro lado de você, assim como eu tenho outro lado de mim. Você vai
ser um grande pai, você só tem que dar-

— Eu preciso de algum tempo para pensar, — Shadow


interrompe.

— O quê? — eu pergunto, incrédula.

Shadow se inclina e beija minha testa suavemente. — Eu preciso


de algum tempo para processar isso, Dani, — Shadow diz gravemente
antes de sair correndo

~ 187 ~
Capítulo treze
DANI
Estou rodando sozinha depois que Shadow
me deixar.

— Tudo bem, então vamos ter que prescrever


alguma medicação para a dor de forma diferente, —
Doc diz, sua voz terna e carinhosa. Eu fico olhando
para a imagem do ultrassom que a enfermeira me
deu do pequeno ponto preto e branco, minha mente
indo em todos os lugares, e não apenas se
concentrando em uma coisa ou outra.

— Todo mundo vai superar isso, e se não, eles vão quando virem
o seu bebê, — ela continua docemente.

Eu rasgo meus olhos da imagem e dou um fraco sorriso, não tão


certa de seu otimismo.

— Você vai manter ele? — ela questiona. Eu olho pela janela


escura do quarto do hospital, ela pergunta e eu repito na minha cabeça.
Devo ficar com ele? Existem muitas razões pelas quais eu não deveria,
mas acima de tudo, este estilo de vida não é seguro para uma criança.

— Eu vou aplicar um remédio e você vai se sentir melhor, — ela


promete, batendo na minha perna, me deixando com os meus
pensamentos de negligência.

******

Um bater na porta me faz despertar do meu sono. Meu corpo


protestando pelo abuso, dói e queima com o movimento.

— Dani, você tem um visitante, — a enfermeira diz, acendendo a


luz vibrante, o que me faz olhar de soslaio.

Eu olho para a janela do hospital e vejo que o sol apenas está


começando a subir; só poderia ser seis da manhã, se fosse.

~ 188 ~
— Desculpe te acordar, Dani. — meu estado de sono é limpo
quando meu pulso salta para uma galope..

Eu me viro rapidamente na cama, ignorando o meu corpo doendo.

— Steven, o que você está fazendo aqui? — pergunto chocada. A


última vez que o vi foi quando minha mãe me arrastou para fora. Eu o
olho. Ele está vestido com calça preta e uma camisa de botão azul e
carregando uma xícara de café, mas seu rosto se parece com merda. Tal
como ele tenha sido sobrecarregado e não teve bastante sono.

— Você precisa ir embora, agora. Segurança! — eu grito, mas a


porta está fechada e eu duvido que alguém possa me ouvir. Ele precisa
dar o fora do meu quarto antes de algum membro do clube o veja.

Eu olho em volta da cama para a luz de chamada de emergência,


mas não consigo encontrá-lo nos lençóis e travesseiro extra que as
enfermeiras me trouxeram para o meu conforto.

— Eu só preciso de um segundo de seu tempo, por favor, — ele


implora, andando na minha direção. Eu olho para ele. Eu não posso
acreditar que ele e minha mãe estavam juntos, um romance comum no
trabalho, só que o trabalho era para derrubar meu pai, e quem se
importa se eu me atropelasse no processo. Eu esqueço a luz de
chamada e coloco a minha mão para ele parar de andar mais perto. Ele
para abruptamente e coloca as mãos em sinal de rendição.

— Eu não estou dizendo nada, — eu cuspo, meu tom irritado e


frio.

— Sua mãe sumiu, Dani, — ele responde em voz alta.

— Ela estava voltando para Nova York da última vez que eu falei
com ela, — eu digo, esperando que ele tome essa informação e corra
para fora da porta com ela.

— Ela deveria me encontrar de volta em Nova York, mas ela


nunca chegou, — ele exclama, as linhas de tensão crescendo mais
profundo em torno de sua boca quando ele fala. Me sento, curiosa. —
Eu conversei com ela na noite anterior da sua fuga, mas não tenho
notícias dela desde então. Ela e o carro sumiram do hotel onde ela
estava hospedada. — ele está balançando a cabeça enquanto ele fala,
aparentemente sem querer acreditar no que ele está me dizendo.

Eu mordo meu lábio tentando pensar, mas tudo que eu posso me


perguntar é como ele sabia que eu estava aqui. O FBI esta me seguindo?

~ 189 ~
— Como você sabia que eu estava aqui? — pergunto.

— Seu ataque foi para as notícias; sua colega de trabalho foi


entrevistada e tudo, — explica ele, dando de ombros como se eu devesse
saber isso.

— Bem, eu não vi ou ouvi de minha mãe. A última vez que a vi,


ameacei matá-la se eu a visse novamente, — eu digo, olhando ele nos
olhos, meu tom promissor.

Ele olha para mim com uma expressão atônita. — Devo


considerar você uma suspeita no desaparecimento de sua mãe, Dani?
— ele questiona, inclinando a cabeça para o lado.

Eu rio. — Você pode fazer o que quiser, mas eu posso prometer


que eu não matei ela. — eu franzo os olhos para ele, — ainda não, de
qualquer maneira.

— Certo. Bem, eu vou descobrir o que aconteceu com sua mãe, —


ele ameaça, sua mão apertando sua xícara de café com força.

— Eu acho que é melhor você ir, — eu declaro, franzindo o rosto


com raiva e apontando para a porta.

Ele olha pra mim antes de arrastar seus sapatos polidos para
sair.

Eu caio para trás suavemente contra o meu travesseiro. Minha


mãe sumiu. Gostaria de saber se Shadow teve a ver com isso, ou se o
grupo de pessoas que atacaram Babs e eu tiveram uma mão sobre
minha mãe.

SHADOW
Eu não posso acreditar que eu deixei isso acontecer, eu sinto que
estou sendo chutado quando eu já estou para baixo. Que porra é essa?
Minha menina, minha old Lady, está grávida da desgraça do meu DNA.
Estou longe de ser o homem que Dani precisa e muito menos um pai
para uma criança. Se eu fosse um homem, um homem de merda como
o meu pai, eu teria tomado conta de Dani quando a merda bateu no
ventilador. Mas não o fiz; em vez disso, eu corri para uma garrafa de

~ 190 ~
bebida alcoólica e tentei esquecê-la com outras mulheres. Dani chegou
em casa do hospital hoje, e eu não sei que porra dizer a ela. Pego outra
lata de cerveja e abro, as deliciosas bolhas efervescendo e estalando a
partir da abertura. Eu deito de volta no capô do meu Mustang do lado
de fora do apartamento e olho para o céu. Está virando essa cor cinza
quando o sol apenas começa a se ajustar.

Ouço passos pesados vindo em minha direção, mas eu não


levanto a cabeça para olhar. Eu só dou um gole na minha cerveja,
esperando a resposta de como eu deveria me sentir.

— Você vai beber para se sentir melhor? — Bull pergunta.

— Esse é o plano, — digo com desdém.

— Você vai foder isso, — declara ele, se sentando sobre o capô do


meu lado.

— O que diabos você está falando? — eu pergunto, virando a


cabeça para olhar para ele. Eu realmente não me importo de ouvir isso,
mas eu sei que ele vai me dizer, independentemente.

— Quando a merda desceu com Dani, você apenas bebeu até o


esquecimento. Não fez você se sentir melhor, e com certeza como a
merda não te tornou mais esperto. Mas fez Dani correr para os braços
de outro homem, — afirma, olhando para mim com a cara de ‘eu sei o
que eu estou falando’.

Eu olho para ele, curioso como ele sabe sobre Dani e Parker.
Provavelmente Bobby, que tanto homem como Babs é com fofocas.

Eu zombo e olho de volta para o céu.

— Eu sei que eu fiz a mesma coisa quando a merda ficou difícil


entre mim e a mãe da Dani e eu perdi ela, em vez de descobrir a minha
merda, — ele confidencia, acertando a minha perna para chamar minha
atenção. — Perder a mãe da Dani foi o pior arrependimento que eu já
vivi.

Sabendo sobre mãe de Dani, eu discordo. Eu acho que perdê-la


foi, provavelmente, a melhor coisa.

— Então, o que você está dizendo? — eu pergunto, minha voz


mostrando minha irritação em seu sermão.

— Eu sei que você acha que será um pai de merda, da forma que
sua mãe era e tudo isso, mas independentemente do que você pensa

~ 191 ~
sobre si mesmo, você será um ótimo pai. Não é o fim do mundo; você
escolher ser alguém na vida de Dani, é apenas o começo. — Bull
começa a rir, me fazendo sorrir.

— Você a ama? — pergunta ele.

Me sento e olho para ele, pensando em sua pergunta. Eu amo


Dani, mesmo depois de tudo o que aconteceu. É uma porra louca. Bull
está certo. Dani e eu sabemos como pais de merda são, fomos criados
por eles. Nós sabemos o que não fazer e sabemos como controlar os
impulsos que possam influenciar na corrente sanguínea da nossa
criança.

— Eu a amo, — eu insisto, tomando um gole da minha cerveja.

— Então, não deixe ela ir. Posso te dizer, se você não fizer as
pazes com essa situação, ela vai te deixar e nunca mais vai olhar para
trás. — meus olhos se encontram com os seus. — A mãe e uma criança
são algo que nenhum homem pode escolher entre a mulher. — ele desce
do capô do meu carro e me olha com firmeza.

— Não foda com isso, Shadow. — ele aperta os olhos para mim
como se me alertando e caminha em direção ao prédio do apartamento,
para ver Dani.

Eu suspiro alto, amassando a lata na minha mão antes de deixar


cair no chão com as outras.

Ver Dani tentar seguir em frente da última vez fez meu coração
quase parar de bater. Eu senti o desejo de sentir de novo, como eu
precisava recorrer aos antigos modos de sentir - matar. Dani é minha
vida, literalmente; me mantém vivo e me faz sentir. Perdê-la será mais
do que acabar com a minha existência.

Eu gemo e caio contra o capô. Eu costumo falar com Bobby sobre


essa merda. Ele tem sido meu caminho sobre família antes de eu saber
o que essa palavra significava, muito antes do clube. Me sento e deslizo
para fora do capô do meu carro. Subo e ligo, o ronronar do motor com
raiva, querendo ser liberado. Ponho o carro em primeira marcha e solto
a embreagem, deixando os pneus comerem o asfalto.

Eu dirijo em direção ao clube, não estou pronto para conversar


com Dani. Eu quero falar com ela, mas eu preciso falar com Bobby
primeiro, e eu definitivamente não estou pronto para isso. Como posso
ser um bom pai? Eu sou uma máquina, alimentada pelo sangue de

~ 192 ~
outro. Minha maldição é a necessidade de controle, o resultado,
prejudica todos ao meu redor.

O relacionamento meu e de Dani não é história de amor com


algum felizes para sempre. O que temos é real. É escuro e isso dói. Dani
é angelical do lado de fora, mas ela é um anjo com asas negras. Esta é a
vida de inferno que temos resgatados por nós mesmos. Dani e eu
estamos destinados a nada melhor do que a uma estrada à frente cheia
de voltas e reviravoltas, e isso não e vida para uma criança. Ela está no
caminho que sua mãe tentou tão duro ficar longe, mas não pode fazer
nada, isso traz o pecado em Dani, mas, pelo menos, isso é algo que
pode se relacionar. Eu sei muito sobre o pecado. É a única coisa que
posso fazer direito. Gosto de pensar que estamos juntos e podemos
navegar entre si através da escuridão que consome nossa racionalidade.
Ambos criados sem o conhecimento do que é amor e carinho, e é
apenas natural que vamos estragar e perder a nossa posição no mundo
cruel que consiste em amor.

Eu paro no estacionamento do clube, gritando a uma parada na


frente das portas do clube, não dando a mínima para o que Bull odeia.
Eu coloco em ponto morto e puxo as chaves.

— Bull vai chutar o seu traseiro, garoto bonito, — Hawk grita


para mim, se inclinando contra o prédio e tossindo em um cigarro.

Eu bufo. — Eu gostaria de ver ele tentar, — eu digo.

Eu empurro as portas para o clube e ouço alguns dos meninos


rindo e gritando no bar. Eu olho e vejo Candy deitada de costas, com
um corpo que deixa um aperto no peito. Como eu pude achar ela sexy?
É simplesmente revoltante vê-la. Eu empurro as portas para a sala de
reuniões e me sento em uma das cadeiras, descansando os cotovelos
sobre a mesa e deixando minha cabeça cair em minhas mãos. Eu sou
uma bagunça.

— Quero jogar cartas?

Olho para cima e vejo Tom puxando uma cadeira ao meu lado.
Ele senta e dá um tapa em uma pilha de cartas.

— Parece que você precisa botar sua mente para fora das coisas,
— diz ele, embaralhando as cartas.

— Claro, — eu concordo, me endireitando.

— Tudo bem?

~ 193 ~
— Não realmente, — respondo cem um tom cortante.

— Sim, eu ouvi, — ele me diz, olhando para sua mão.

Eu olho para a minha mão e percebo que eu não tenho muito de


uma.

— Sim, e que é? — eu questiono.

Tom para e olha para mim com suas mãos sobre as cartas. Eu sei
que ele ouviu, e ele sabe que eu sei.

— Que tal nós não falamos sobre isso, — eu digo, olhando ele de
volta.

— Você tem isso, — ele sorri, pegando uma carta da pilha.

— Bobby! — chama Candy do outro quarto.

— Ele esta lá? — eu ouço Bobby perguntar quando seus passos


fica, mais altos em direção as portas duplas.

— Se importa se eu falar com Shadow sozinho por um segundo?


— Bobby pergunta, andando em minha direção.

Tom olha para mim por um segundo antes de colocar suas cartas
sobre a mesa.

— Claro. — Tom se levanta de sua cadeira para sair. Bobby


contorna a mesa e se senta na minha frente, seus olhos perfurando o
lado da minha cabeça.

— Vamos conversar sobre isso? — Bobby pergunta, quebrando o


silêncio. Sua presença me deixa com raiva; eu não estou pronto para
falar sobre essa merda.

Eu puxo minha pistola do coldre e coloco ela sobre a mesa de


madeira, o metal tintilando.

— Sim, vamos conversar, — eu fervo.

— Você está olhando para essa gravidez de um jeito errado. Você


vai tirar de letra como um pai, e Dani vai ser quente como o inferno
grávida, — ele sorri, a minha arma de frente para ele, mas não o afeta.
Ele sabe que eu não vou matá-lo; não de propósito, de qualquer
maneira. Eu olho para ele, porque só o pensamento dele pensando que
Dani é quente me irrita.

Nós sentamos em silêncio enquanto eu tomo o que ele me disse.

~ 194 ~
— Você vai ser um ótimo pai, Shadow, — Bobby sussurra. Meus
olhos saem da minha arma e vão para o rosto dele. — Vai ser cabeça
quente como sua mãe, e uma lutadora como você, — diz ele com um
sorriso. Eu não posso evitar o sorriso que se arrasta em meu próprio
rosto com o pensamento de uma menina que se parece com Dani.

Isso vai ficar bem. Dani e eu vamos ficar bem. Ter um filho com
Dani é apenas mais de Dani, algo que eu nunca vou ter o suficiente
dela. Eu preciso ir encontrá-la e ver onde sua cabeça está com tudo
isso. Me levanto e pego a minha pistola da mesa, colocando no meu
coldre. Eu sorrio para Bobby e ele ri.

— Dani é minha e o bebê é meu, independentemente do meu DNA


estragado, — eu digo a mim mesmo, em vez de Bobby enquanto me
levanto.

A boca de Bobby se abre com surpresa então ele dá um sorriso


largo.

— Então, estamos bem com isso. — ele pergunta.

— Claro, — eu respondo com um sorriso. — Ter alguém pra te


espancar para mim, foi muito mais fácil.

Eu empurro as portas e sou cumprimentado com uma Candy


bêbada. Ela desliza a mão para cima do meu peito e gira uma mecha do
meu cabelo.

— Ei, então eu ouvi que você está solteiro novamente, babe, — ela
murmura, mastigando uma goma em sua boca.

— Nem de perto, — eu digo, tentando escapar de seu cheiro de


chiclete desprezível.

Ela desliza a mão sobre a minha virilha e aperta.

— Ouvi dizer que você e Dani não são mais, — ela insultou.

Eu agarro ela pelos cabelos e a puxo, fazendo ela me encarar. —


Dani poderia queimar este clube ao chão, e eu ainda não iria deixa ela
para trás na minha cama, — eu esclareço cuidadosamente.

— Você tem que estar de brincadeira comigo!

Eu olho por cima do ombro de Candy e vejo uma Dani nervosa.


Eu solto minha mão do cabelo de Candy e a empurro para longe de
mim. Caralho.

~ 195 ~
Dani pisa em direção de Candy e de mim, com o rosto vermelho
de raiva. Ela vai matar Candy se eu não a impedir.

— Dani! — eu grito, tentando chamar sua atenção, mas ela não


para. Bato Candy para fora do caminho e pego Dani pela cintura,
segurando ela forte em meu aperto e a levando para o fundo do
corredor.

— Candy, leve seu traseiro sujo para fora do meu clube! — Bull
grita.

Eu empurro a porta do quarto e coloco uma Dani hospital para


dentro. — Você está grávida, você não pode fazer essa merda, — eu
digo, apontando para sua cintura.

— E o que te importa? — ela zomba, inclinando a cabeça para o


lado. Sua sobrancelha tem marcas e tem uma contusão em sua
bochecha. Mesmo sob toda a dor física, ela ainda está brilhando. Ela
está chateada que eu a deixei no hospital, e eu não a culpo.

— Eu precisava descobrir algumas coisas, — eu justifico.

— Bem... — ela resmungou.

— Por que você esta aqui? — eu pergunto, tentando não soar


como um idiota, mas falhando miseravelmente.

Ela se vira a cabeça para me encarar. — Meu pai quer que eu


fique aqui. — ela traz a mão para cima e brinca com o lábio inferior; ela
está nervosa.

— Eu estou mantendo o bebê, — ela sussurra.

Eu caminho em direção a ela, ver ela sofrendo é pior do que


qualquer coisa que eu estou experimentando. Eu a pego pela nuca de
modo rude, fazendo ela tomar um fôlego de surpresa.

Eu levanto seu queixo para que ela seja forçada a olhar para mim.
Eu me inclino mais baixo e dou em seu lábio inferior um beijo
carinhoso. — Eu não iria deixar você escolher outra coisa, — eu
declaro, meus olhos olhando para os dela atentamente. Sinto ela
tremer, sua boca contra a minha, enquanto as lágrimas começam a
escorrer por suas bochechas coradas. As letras abafadas de ‘Wild
Horses’ dos The Rolling Stones bate contra a parede do quarto.

Eu esfrego meu polegar áspero através de seu delicado rosto,


enxugando suas lágrimas; a última coisa que eu quero é vê-la chorar.

~ 196 ~
Agarro o seu pulso e coloco beijos suaves sobre a carne tenra, meus
olhos nunca deixando os dela. Eu passo meus dedos com a minha
outra mão pelo seu braço quebrado, as pontas dos meus dedos coçam
quando entram em contato com o gesso rosa. Eu não posso evitar, mas
sinto o fogo queimar no fundo com o pensamento dela machucada. Eu
vou matar quem fez isso com ela.

Ela agarra ambos os lados do meu rosto e começa a beijar meu


queixo, seus beijos carinhosos fazendo o meu desejo por ela subir. Eu
beijo seus lábios cor de rosa, levando ela para trás, para a cama.

— Dani, você é minha. Isso não mudou e nunca mudará. Só me


assusta pra caralho que eu vou ter de compartilhar a sua companhia,
— eu sussurro, arrastando o dedo para baixo de seu abdômen. — Mas
se você acha que eu estava te controlando antes, você não viu a merda
ainda. Você vai começar a comer e descansar mais.

— Faça amor comigo, Shadow, — ela sussurra. Eu quero fazer


amor com Dani; eu não faço isso com frequência suficiente. Eu não
posso ajudá-la, embora, porque quando Dani me toca, ela libera uma
energia animalesca de mim. Quero reivindicar sua bunda com a marca
de minha mão, deixar a minha marca em seu ombro com meus dentes,
e fazer suas pernas tremerem depois que eu terminar com ela. Ela beija
meus lábios e suavemente o suga no fundo em sua boca. Eu rosno em
resposta e agarro a bainha de sua camisa, a puxando para cima
lentamente. Ela levanta os braços para eu retirar, revelando seus seios
rosados. Eu sorrio; ela não está usando um sutiã. Estar em torno do
clube faz dela selvagem, eu adoro isso.

Eu me inclino para baixo e chupo o seio na minha boca, ela


arqueia de volta em resposta e entrelaça os dedos no meu cabelo. Seu
doce mamilo fica duro contra minha língua, fazendo meu pau pulsar
entusiasmado. Coloco seu corpo na cama desfeita e deslizo as mãos
para baixo em seu torso e desabotoo seu short, puxando para fora. Eu
sugo uma respiração com a visão de seus joelhos enfaixados;
novamente, eu vou matar quem fez isso com ela. Encolho os ombros
diante da visão, puxo minha camisa sobre a minha cabeça, e tiro as
minhas botas. Eu puxo de uma vez minha calça para baixo com minha
cueca preta, meu pau tão duro e irritado que parece roxo. Eu não quero
mais nada do que levá-la duramente, mas esta noite eu vou fazer amor
com Dani. Eu vou mostrar a ela a pressa depravada que ela traz para
fora de mim quando ela me nega, a minha falta de clareza quando ela
age como se não precisasse de mim.

~ 197 ~
Eu escalo seu pequeno corpo, meus joelhos pressionando
profundamente no colchão quando o meu corpo reclama o dela. Exijo os
lábios, a língua dela os tomando como reféns, com sua intrusão. Ela
envolve seus braços em volta do meu pescoço e abre as pernas, se
entregando a mim. Eu pego a base do meu pau para guiá-lo em sua
abertura quente. No mesmo instante, o meu corpo ferve com esse
reconhecimento, tomando o corpo de Dani como um viciado em drogas
em um só frenesi. Eu empurro nela lentamente quando tudo o que eu
quero fazer é bater nela e ouvir que gemido que ela dará quando o meu
pau levar tudo o que ela tem a oferecer. Ela arqueia de volta como se
deslizasse em águas profundas, suas pernas apertando ao redor da
minha cintura. Eu sugo uma respiração apertada quanto sua buceta se
aperta em baixo no meu pau. Começo a empurrar devagar, saboreando
a sensação de sua pele contra a minha. Eu posso sentir seus seios
esfregar contra o meu peito enquanto eu deslizo para dentro e para fora
dela sensualmente. Eu olho entre os nossos corpos e observo seus
peitos empinados, eles parecem pouco mais cheios. Eu sorrio. Dani fica
bem grávida.

Meu pau desliza para dentro e para fora, sua excitação guiando
meu eixo com facilidade. Corro o meu nariz ao longo de seu pescoço,
dando a sua pele beijinhos suaves. Ela geme levemente enquanto suas
paredes apertam em torno de meu pau, o aperto ampliando a minha
ânsia de libertação. A respiração se torna irregular quando ela
mergulha naquele reino do êxtase. Sinto espasmos nas minhas
panturrilhas quando minhas bolas apertam, o sentimento é quase
demais, então eu baixo o meu rosto na curva do pescoço de Dani,
enquanto meus punhos agarram os lençóis ao seu lado. Meu corpo
começa a vibrar com a minha própria ruína, enquanto eu grito alto. Eu
me retiro do pescoço de Dani e olho para seu rosto bonito; ela é minha,
e meu inferno e meu céu. O bom e o mau. Eu mal posso lidar com ela, e
agora eu vou criar um filho com seu espírito. Eu beijo seus lábios
apaixonadamente, em silêncio, aceitando o desafio.

DANI
Eu acordo com meu braço quebrado coçando como louco, tento
colocar o meu dedo dentro do gesso, na medida em que vai, mas não
adianta. Eu gemo em frustração e olho ao redor da sala por algo para

~ 198 ~
colocar lá no gesso. Avisto uma caneta na ponta da mesa e quase
esmago Shadow tentando chegar a ela. Ele geme enquanto eu me
reposiciono no meu lugar e bato com a caneta para o lado de dentro
meu gesso. Eu gemo com satisfação quando atinge a coceira.

Shadow rola e sorri quando ele percebe o que eu quase o sufoquei


até a morte para chegar a caneta que estava na mesa de cabeceira.

******

— Melhor? — pergunta ele gravemente, sua voz carregada de


sono.

— Sim, — eu suspiro, puxando a caneta.

Eu olho e pego Shadow de olho em meu braço no gesso rosa. Ele


rola, puxa a gaveta aberta na mesa de cabeceira, e tira um gigante,
marcador de tinta negra.

— O que você está fazendo com isso? — eu pergunto, nervosa.

Ele agarra meu braço e posiciona apenas como ele precisa, puxa a
parte de cima do marcador com os dentes e pressiona no gesso rosa.

Ele faz uns rabiscos no meu braço, eu não posso deixar de


entrelaçar os dedos em seu cabelo espesso. Apenas o toque dele tem me
disposta a rolar nos lençóis com ele. Então, novamente, poderia ser os
hormônios. Será que as mulheres grávidas deveriam estar excitadas o
tempo todo?

Ele puxa a mão de volta do meu braço e coloca a tampa para o


marcador. Eu olho para baixo e olho a obra de arte no meu gesso
enquanto ele coloca o marcador de volta em seu lugar.

Propriedade de Shadow

Está escrito em tinta preta grossa com um esboço de uma cabeça


de esqueleto sob ele. A rosa do gesso enche o crânio, se tornando uma
cabeça de esqueleto rosa.

Eu olho para ele em choque. Eu pensei que ele gostaria de colocar


seu nome ou uma figura de um pau, não isso.

— Você nunca usa seu maldito colete. — ele aponta para o meu
braço, vestindo um sorriso em seu rosto. — Esse você não pode tirar.

~ 199 ~
Ele se senta na cama e esfrega o sono dos olhos como uma
criança.

— Eu vou pegar para você e meu bebê algum café da manhã, —


diz Shadow.

— Sim. O pensamento de comida soa bem, — eu respondo,


furando a minha língua para fora.

— Você vai comer, Dani, — Shadow diz, olhando para mim com
aquela sobrancelha franzida que deixa aquela pequena ruga. Ele parece
tão bonito quando ele faz isso que eu mordo minha bochecha para não
sorrir para ele enquanto ele está tentando ser sério.

— Isso me lembra que eu tenho uma coisa, — Shadow faz uma


observação. Ele caminha até uma das gavetas da cômoda e abre. Eu
tento olhar ao redor de seu corpo para ver o que ele tem, mas seu corpo
musculoso bloqueia a vista.

Ele se vira com livros e uma caixa na parte superior.

— Você tem alguns livros sobre o que esperar quando está


grávida, um livro com nomes de bebê, algumas vitaminas, e esta é uma
caixa com alguns remédios que vão ajudar com o seu enjoo matinal. —
ele coloca os livros para baixo com a caixa e joga os comprimidos ao
meu lado.

Eu pego a caixa de remédios e passo o meu dedo ao longo da capa


de um dos livros.

— Por que você conseguiu isso para mim? — pergunto em


reverência.

— Porque eu sabia que te deixar no hospital para descobrir minha


merda foi um movimento errado. — ele se senta na cama e agarra meu
queixo, movendo meu rosto para olhar para ele. — Porque eu quero que
você e meu bebê estejam saudáveis, — ele sussurra. Ele se inclina e
beija meus lábios com ternura, sua sensibilidade me tirando o fôlego.

— Eu não quis te deixar quando eu saí. Eu só precisava descobrir


como eu ia ser o homem que você e meu filho merecem. — ele pega um
fio de cabelo do meu rosto e beija minha testa, suas palavras fazendo
meu coração inchar com carinho.

— Você vai me dizer o que aconteceu exatamente? — ele


pergunta, apontando para o gesso no meu braço.

~ 200 ~
Eu mordo meu lábio ansiosamente. A gravidez apanhou todos de
surpresa após o ataque, e eu deveria saber que não iria durar.

— Você já sabe tudo, — eu minto. Eu posso sentir meu rosto


ficando vermelho de culpa.

— Por que você não me diz de novo? — ele insiste, seu tom
ameaçador.

— Eu saí do trabalho e fui atacada, — digo a ele, olhando para a


parede e evitando o contato visual. Ele me agarra pelo queixo
duramente, me fazendo olhar para ele.

— Então, por que você não me olha nos olhos e tenta de novo, —
ele ordena, nervoso. Eu fecho meus olhos, tentando escapar daqueles
olhos azuis tempestuosos de penetrar em minha concha de mentiras.
Eu não deveria dizer nada, mas merda suficiente rolou após os
acontecimentos de que eu e as meninas tínhamos feito.

— Fale logo, Dani, — ele resmunga.

— Eu não posso, — eu digo, me puxando para fora de seu


controle.

— Você está escondendo alguma coisa de mim, porra, — ele


rosna, de pé. Ele se abaixa e pega meu queixo. — Você me pertence, e
você e o nosso bebê são meus para eu cuidar. Eu não posso fazer isso a
menos que você me conte tudo e pare de esconder essa merda de mim.

Eu estou bem, com raiva e francamente chateada. — Esconder


alguma merda? E o fato do sumiço da minha mãe! Você não estaria
escondendo nada de mim sobre isso, não é? — eu pergunto, cruzando
os braços na frente do meu peito.

Shadow flexiona a mão, e eu posso sentir a raiva construindo


dentro dele.

— Você tem cerca de dois segundos para explicar, Dani, —


adverte ele, ignorando a minha acusação dele ter algo a ver com o
desaparecimento da minha mãe. Eu fecho meus olhos, sabendo que se
Shadow tem alguma coisa a ver com isso, significa que ela não está viva
mais. Eu não tenho certeza se eu me sinto aliviada ou triste com o
pensamento. Abro os olhos para ver um Shadow muito irritado, inchado
e furioso, esperando pela minha resposta.

— Tudo bem, — eu sussurro, esperando que Babs me perdoe. —


Saí de onde você esteve estacionando, e um carro muito rápido veio em

~ 201 ~
minha direção. A porta do motorista me bateu, me fazendo cair. — eu
aponto para o machucado comendo meus joelhos. — Um grupo de
homens saiu do carro e disse: ‘isto é por Darin’ antes de bater me bater
com um bastão. — estou estranhamente calma quando eu digo a ele
tudo isso.

— Darin? — pergunta Shadow na confusão.

Eu viro minha cabeça, não querendo dizer mais.

— Dani, — ele ameaça.

Eu não vou ser um rato; meu status por aqui já é exatamente


isso.

Eu olho em seus olhos irritados olhando de volta para mim. —


Você vai ter que perguntar a Babs sobre o resto, — digo a ele.

SHADOW
A palavra com raiva não é nem mesmo no meu vocabulário agora.
Estou além disso. Eu puxo minhas botas mancando pelo corredor até o
quarto de Bull.

Eu bato, o meu punho batendo contra a velha porta.

Ele abre a porta. — Que porra é essa? — ele grita. Seu cabelo é
uma bagunça e ele está vestindo nada além de boxers puídos.

— Vista-se; precisamos ver Babs agora! — eu exijo antes de me


afastar.

Espero Bull no meu carro enquanto ele retira sua bunda para
fora da cama.

— Você quer explicar o que diabos está acontecendo? — Bull


pergunta, caminhando para fora do clube e acendendo um cigarro.

— Vamos no carro. Vou explicar no caminho até lá, — eu digo a


ele, subindo para o meu carro.

— Você nem fodendo estacione assim de novo. Quantas vezes eu


tenho que te dizer, garoto? — pergunta Bull, ficando ao meu lado.

~ 202 ~
Eu ligo o carro e saio do pátio, o ignorando.

— Você vai me dizer por que você me acordou, Shadow? — ele


pergunta, descansando a cabeça no encosto de cabeça.

— Os ataques de Dani e Babs estão relacionados. Elas se


colocaram em alguma merda e Dani não vai me dizer: — eu informo.
Bull olha para mim instantaneamente.

— Teimosa como a mãe dela, — Bull sorri. — O que Dani disse?

— Que eu deveria pergunta a Babs, — eu respondo, levantando


as sobrancelhas, irritado com a situação.

— Merda, — murmura Bull sob sua respiração. — Vocês dois


descobriram o que vão fazer? — pergunta ele, se referindo a gravidez de
Dani.

— Sim. Parei em alguma loja de gravidez para pegar livros e


remédio para ela, — eu respondo.

Bull ri. — Você já está aprendendo.

Me lembrei de andar na loja de gravidez maldita antes de ir para o


clube na noite passada. Eu sabia que eu fodi tudo deixando Dani para
descobrir o que fazer, mas eu não queria dizer algo que eu não queria
dizer, então eu saí.

— Posso ajudar? — a pequena mulher diz quando ela percebe que


estou de pé em uma loja cheia de mulheres grávidas, vestindo meu colete
e de atitude áspera para todo mundo ver. Tenho certeza de que parecia
que eu tinha tomado um rumo errado.

— Minha mulher está grávida e que ela fica doente o tempo todo, —
eu respondo, a sensação de ansiedade.

— Oh, parabéns, — ela disse. — Eu tenho as coisas.

Aquela senhora sentou lá explicando uma caixa de remédios para


mim por vinte minutos, e em seguida me mostrou uma prateleira cheia de
vitaminas por mais vinte minutos. Eu disse „Dane-se‟.

Quando fui pagar, a senhora começou a falar de nomes do bebê e


nomes do bebê das celebridades; ela não calava a boca. Eu só queria
meu troco de volta.

— Há uma vaga, — diz Bull, apontando para um lugar de


estacionamento perto das portas do hospital.

~ 203 ~
Eu o ignora estaciono na ‘não zona de estacionamento’ ao invés.

Nós entramos no quarto de Babs e olhamos um monte de


enfermeiras e um médico de pé em torno de sua cama.

— Hora da morte: 4h45, — diz o médico, olhando para o relógio


na parede.

— Que porra é essa? — pergunta Bulls.

— Sinto muito. Você é um familiar? — uma enfermeira pergunta,


correndo na frente de Bulls.

— Isso mesmo, eu sou, — Bulls grita, empurrando a enfermeira


fora do caminho. Ele faz o seu caminho para Babs e pendura a cabeça
baixa. — O que aconteceu? — ele pergunta baixinho.

— Eu estava em cirurgia quando recebi a chamada de socorro.


Ela teve um acidente vascular cerebral; isto pode ter sido causado por
um coágulo no cérebro. Sua cabeça levou bastante impacto quando ela
caiu, e coágulos cerebrais são difíceis de encontrar. Fizemos tudo o que
podíamos, — diz o médico, seu tom sombrio, olhando para um gráfico.

— Eu liguei para o marido dela há dez minutos quando a paciente


começou a ter problemas, — diz uma enfermeira, dando um passo atrás
do médico.

— Você conseguiu uma resposta dele? — pergunto.

— Sim, — ela responde.

Bulls pega a mão de Babs e fecha os olhos, seu corpo caindo para
frente com um soluço. Eu sempre me perguntei se Babs e Bull tinha
alguma coisa, e agora eu sei que eles tiveram.

Vou até Babs e olho para ela, sabendo que não vou ver a mãe do
MC novamente. Seu cabelo vermelho brilhante está enrolado em torno
de seu rosto, e as sardas são vibrantes contra sua pele pálida. Eu fecho
meus olhos e esfrego com os dedos, a emoção da situação pesando em
mim. Ela era como uma mãe para mim e Bobby, a única que eu
realmente já tive.

— Alguém vai pagar por isso, — Bulls ameaça, com os olhos


fechados e os lábios perfurados com raiva.

Ele se levanta e beija os lábios de Babs com ternura. Enquanto


seus lábios se tocam, um ligeiro soluço lhe escapa. Me viro e caminho
para fora, dando a ele um tempo. Vendo o presidente do seu clube - o

~ 204 ~
fodão que não engole sapo nenhum - não é algo que qualquer um pode
segurar de ânimo leve.

Segundos depois, Bulls sai do quarto do hospital, com o rosto


triste e pendurado.

— Você vai começar dizendo tudo pra Dani, — ordena de Bull,


seu tom afiado e exigente.

~ 205 ~
Capítulo catorze
DANI
Eu enxáguo o sabão do meu rosto e fecho a
torneira, o cheiro de sabão de Shadow ainda
persistente no ar enevoado. Eu pego uma toalha e
salto para fora do chuveiro, então eu espreito o
espelho, com medo do que eu possa ver. Eu não
olhei no espelho desde meu ataque. Notei o pequeno
arredondamento, pontos negros serpenteando
dentro e fora do canto da minha sobrancelha e
manchas amareladas e azuladas no meu pescoço e
ombros, onde eles me chutaram. Eu fecho meus
olhos para tentar lavar as imagens para longe, mas eu ainda as vejo
nadando na escuridão por trás de minhas pálpebras fechadas. Eu os
abro e volto para me vestir, colocando alguns shorts jérsei e um top leve
branco - algo leve e arejado.

A porta do quarto se abre e Shadow entra, esfregando a parte de


trás do seu pescoço

— Sente-se, Dani, — Shadow pede.

Eu faço o que ele pede, hesitantemente.

Shadow caminha e se ajoelha na minha frente.

— Babs faleceu, — ele sussurra.

— O que? — eu questiono, saltando para fora da cama,


perturbada.

— Ela faleceu hoje, — Shadow afirma, em pé comigo.

— Mas como pode ser? — eu pergunto, chocada que sua saúde se


desintegrou tão rapidamente.

— O médico disse que ela teve um acidente vascular cerebral,


possivelmente por um coágulo no cérebro que poderia ter sido causado
por sua queda, — explica Shadow, me puxando para perto. Eu agarro a
sua camisa e o puxo para perto. Um grito estrangulado quebra em

~ 206 ~
minha boca, conforme Shadow envolve seus braços em volta de mim,
enquanto a turbulência da situação lança através de mim.

— Dani, eu preciso que você me conte tudo o que sabe, —


Shadow diz, puxando meu queixo para cima. — Eu não posso te manter
segura se você não contar.

— Tudo bem, — eu sussurro, enquanto as lágrimas deslizam pelo


meu rosto. Poderia facilmente ter sido eu naquela cama, e se eu não
contar ao Shadow o que aconteceu, poderia ser outra old lady.

— Babs tinha uma sobrinha cujo namorado a espancava para


entrar em suas drogas. Então, eu e as meninas fomos e pegamos o cara
na van do clube e levamos ele em algum lugar para ensinar a ele uma
lição. Agora eles estão vindo por nós, — eu deixo escapar.

— Onde vocês pegaram esse cara? — Shadow questiona, seu tom


de voz grave e mandíbula apertada.

— Eu não sei. Eu estava na parte de trás da van, então eu não


podia ver nada. Nós o encontramos atrás de um prédio com luzes
verdes em todo seu entorno, e ele estava vestindo uma bandana verde.
Isso é tudo que eu sei.

— Merda, — Shadow murmura.

— O que? — pergunto humildemente.

— Eu acho que vocês meninas nos jogaram em uma guerra de


territórios do caralho. Nós não somos permitidos ao longo daquele lado
da cidade, e eles não são permitidos aqui. Você meninas indo lá e
mexendo com aquele cara foi estúpido. Por que Babs apenas não o
trouxe para a mesa?

— Babs disse que ela disse ao Locks, mas ele disse a ela que não;
que não era negócios do clube, — eu informo.

— Mantenha sua bunda aqui. Eu tenho que ir encontrar o seu


pai, — Shadow ordena, apontando para a cama.

Eu me sento na cama, lanço meu rosto em minhas mãos e soluço.


Eu não posso acreditar que Babs realmente se foi. Ela tem sido uma
amiga para mim desde que cheguei aqui, ela era família.

~ 207 ~
SHADOW
— Eu chamei todos vocês aqui, porque eu tenho uma má notícia,
juntamente com o clube estar em bloqueio2, — Bull declara, tomando
um gole de uma garrafa cheia de uísque.

— O que? — Bobby pergunta, olhando Bull com preocupação.

— Babs faleceu há uma hora, — Bull revela lentamente, seus


olhos começando a revirarem. Eu posso dizer que ele está tentando agir
duro pelo clube, mas ele está falhando.

— O quê? — Bobby exclama, se levantando de sua cadeira.

— Calma, — Bull afirma categoricamente.

— Onde diabos está Locks? — Old Guy pergunta.

Eu olho ao lado de Bull onde Locks geralmente se senta, mas só


há uma cadeira vazia.

— Eu imagino que ele provavelmente está levando isso muito


difícil, — diz Bull. Com a forma como Locks vem tratando Babs
ultimamente eu duvido disso.

— De qualquer forma, estamos em bloqueio porque parece que


nossas old ladies foram em uma missão para resgatar a honra da
sobrinha de Babs sem o nosso conhecimento, — Bull continua,
esfregando as mãos para cima e para baixo em seu rosto. — Achamos
que o cara que elas atacaram está sob a proteção de Augustus. — ele
olha para cima de sob suas mãos, esperando pela explosão dos caras
que está prestes a acontecer.

— O Kingpin? — pergunta Bobby.

— Sim. Elas sequestraram um cara, bateram nele e o deixaram ao


lado da estrada, — informa Bull.

2Do original lock down, é quando acontece algo no clube e eles se fecham. Ninguém
entra e ninguém sai por um determinado tempo.

~ 208 ~
— Elas o pegaram atrás de um clube com luzes verdes. Eu estou
pensando que é o The Green Room, que está no lado errado da cidade,
território de Augustus, — eu sibilo.

— Malditas mulheres, — Hawk ruge.

— Por que elas não trouxeram para a mesa? — Bobby pergunta.

— Aparentemente, Locks não achou digno da mesa, — eu fervo.


Isso não era para ele decidir; ele deveria ter trazido para a mesa de
votação.

— Então, o que agora? — Old Guy pergunta.

— Ir contra Augustus e seus meninos vai ser um inferno de uma


guerra. Eu nem tenho certeza se ele é o único atacando. Nós temos que
pensar nisso antes de ir para esse lado da cidade e fazer rondas, — Bull
nos diz, acendendo um cigarro.

— Vou fazer algumas escavações, ver com o que eu posso


conseguir. Até então, o clube está em bloqueio, — Bull termina.

— Todos estão contabilizados, exceto Cherry, — diz Hawk a partir


da extremidade da mesa. Eu sorrio. Cherry é uma rebelde. Ela está
sempre contra o clube, quebrando leis a torto e a direito. Ela é a pior
dor na bunda que este clube tem que aturar. Ela tem sorte que devemos
a Phillip.

Bull geme um estrondo de frustração.

— É claro que ela não está.

DANI
Eu me sento na cama e eu posso ouvir o clube se tornar pesado
com bate-papo ocioso conforme ele é preenchido com a família e amigos
íntimos. Se eu soubesse que atacar aquele menino com Babs teria
levado a isso, eu não nunca teria ido até o fim. Eu não me senti a
mesma desde que quase matamos aquele cara. Eu nem sei se ele está
vivo. Shadow entra no quarto e se inclina contra a parte de trás da
porta; ele parece exausto.

~ 209 ~
— Reunião difícil? — pergunto.

— Você poderia dizer isso, — ele responde com sarcasmo. — A


notícia de que Babs se foi e você senhoras nos jogaram em uma guerra
de territórios não é exatamente algo para se comemorar.

Eu mordo meu lábio inferior e olho para o chão; ele está certo.

— O que me irrita mais é Locks. Ele deveria estar tentando vingar


a morte de sua esposa, — Shadow continua, com as mãos em punhos
ao seu lado. — Ele já estaria preso se não fosse pelo respeito que tenho
por seu pai. — ele olha para mim, seus olhos me prometendo que faria
qualquer coisa para me proteger.

O quarto está cheio de tensão e silêncio.

— Eu estou indo buscar algo para comer, — ele finalmente diz,


mudando de assunto e saindo, batendo a porta atrás de si.

Minutos depois, ele volta para o quarto com um pote de sorvete de


chocolate e uma colher. Ele inclina suas musculosas costas contra a
porta de madeira e tira a tampa do recipiente de plástico usando o
polegar.

Eu não posso deixar de rir. Ele está sempre comendo sorvete de


chocolate.

— O que é tão engraçado? — ele pergunta, enfiando uma


colherada na boca.

— Você, — eu respondo, apontando para seu pote de sorvete.

Ele olha para cima de debaixo de seus cílios grossos com olhos
encapuzados.

— Você quer um pouco? — ele oferece, se empurrando da porta e


caminhando em minha direção. Ele mergulha a colher de prata no
chocolate cremoso e o coloca a centímetros da minha boca. Eu olho
para seus olhos azuis travessos e abro minha boca lentamente assim
que ele move a colher um pouco para frente. Eu avanço para envolver o
chocolate, mas ele o puxa antes que eu possa fazer contato.

Eu lanço minha cabeça para trás e rio de sua brincadeira.

Ele olha para trás no armário, em seguida, de volta para mim com
o olhar de um homem em uma missão antes de pegar uma bandana
preta da cômoda.

~ 210 ~
— O que você acha que você vai fazer com isso? — eu pergunto
nervosamente.

Shadow sorri como o próprio diabo com os olhos encapuzados. Eu


reconheço aquele olhar de cobiça em seus olhos, e eu avalio em ter
relações sexuais com Shadow depois de apenas ouvir sobre a morte de
Babs.

Ele coloca o pote de chocolate de lado e gesticula a mão com um


giro. — Vire-se, — diz ele.

Eu olho para ele, sem saber se eu quero que ele me vende. —


Confie em mim, — diz ele em voz baixa, com os olhos levantados com
emoção.

— Parece errado, com Babs e tudo, — eu sussurro.

Shadow lambe o chocolate de seus lábios lentamente enquanto


ele manuseia a bandana.

— As pessoas têm diferentes maneiras de lidar com a morte, —


ele responde. Eu não posso negar Shadow. Eu anseio por sua afeição
nesta hora escura - apenas nós juntos, aliviando a nossa dor.

Eu inalo uma respiração profunda e viro lentamente. Ele envolve


o tecido mole ao redor do meu rosto manchado de lágrimas, minha
visão escurece assim que ele é colocado sobre os olhos. Ele o puxa
enquanto ele amarra atrás da minha cabeça com força. Tudo o que vejo
é escuro como breu. Não há nem mesmo um feixe de luz escorrendo
para dentro. Eu posso sentir minha respiração ir pesada conforme meu
coração dispara contra meu peito. Confio em Shadow, mas isso está
levando a confiança em um nível totalmente novo.

— Você acha que o sexo era grande antes, mas você não tem
ideia, — ele sussurra em meu ouvido, o cheiro de chocolate vindo de
sua respiração.

Suas palavras me fazem lembrar o quanto mais de sexo ele teve


do que eu. O pensamento de que ele vendou os olhos de outras antes
me faz inveja.

Ele puxa minha camisa sobre a minha cabeça, as mãos


deslizando pelo meu corpo enquanto seus dedos se ligam com a bainha
do meu short jérsei. Ele lentamente os puxa, o nariz trilha atrás deles
ao longo de minhas pernas.

~ 211 ~
Shadow me dirige para trás até que as costas das minhas pernas
batem na cômoda. Ele agarra meus quadris e me levanta em cima dela,
seu topo frio contra o meu traseiro, fazendo arrepios rastejarem em
meus braços.

Ele traz seus lábios nos meus, me dando um gosto do chocolate


que ele me negou, sua língua é exigente e ávida. Ele quebra o abraço e
beijos começam à direita no meu pescoço, para baixo na minha
clavícula, sobre os montes de meus seios. Meu corpo cantarola com o
desejo do toque carinhoso que Shadow oferece, me trazendo do meu
luto para alegria. Ele dá um duro beliscão no meu mamilo, fazendo meu
corpo acender com prazer. Ele continua a me beijar para baixo do vale
dos meus seios, em toda a minha barriga, indo para o sul. Meu
estômago aperta com antecipação, imaginando qual é seu próximo
passo.

Ele agarra a parte inferior das minhas coxas e corre de volta,


empurrando meu corpo em direção ao espelho atrás, em seguida, puxa
para cima, dobrando minha metade inferior para cima. Tento mexer a
cabeça para soltar o lenço, mas não adianta. Eu sinto minhas pernas
sobre seus ombros e antes que eu possa protestar, sua boca colide
contra o meu núcleo molhado, a sensação de frio me sacudindo.

— Oh, meu Deus! — eu grito, enquanto ele ri contra na minha


abertura.

Ele desliza os dedos quentes em mim e começa a bombeá*los


dentro e fora dolorosamente lento.

— Nunca pensei que o chocolate poderia ter um gosto melhor, —


ele murmura, sua voz retumbante contra o meu clitóris.

Minha mão bate sobre sua cabeça enquanto ele envolve meu
clitóris, a intensidade das sensações esmagadora. Sua língua gelada
assalta minha buceta e seus dedos aquecidos mergulham dentro e fora.
Meu corpo está vibrando com a liberação, enquanto sua língua molhada
devora meus sucos, confuso com o calor no interior e a nevasca no lado
de fora. Eu começo a ofegar em respirações curtas enquanto eu começo
a rodar meus quadris em um movimento circular, tentando agarrar
essa liberação que a língua de Shadow está causando. Ele para por um
segundo, me fazendo murchar, e minha mão perde o contato com sua
cabeça enquanto ele se curva do seu lugar. Em poucos segundos, ele
está de volta, e minhas mãos retomam seu lugar. Eu me preparo para o
ataque frio que está prestes a acontecer, mas não adianta. Assim que
sua boca cai para baixo na minha abertura aquecida, eu clamo; ele é

~ 212 ~
tão frio que beira ao doloroso. Eu gemo alto assim que minhas ondas
começam a bater duro. Quando eu acho que eu não aguento mais,
Shadow circula o polegar ao longo do meu clitóris enquanto sua língua
se lança dentro e para fora, fazendo meu orgasmo atingir seu auge. Eu
arqueio para cima e grito com a minha libertação, o calor avassalador e
o congelamento ártico na língua de Shadow.

Eu bato de volta contra a cômoda, meu corpo arfando, sem fôlego.

Shadow desata a escuridão, que consome a minha visão. Seu


cabelo está em estado de acabou de foder e sua boca forma um sorriso
diabólico. Ele desliza os dedos em sua boca, sugando minha umidade e
chocolate a partir deles.

— Minha vez, — ele sorri. Shadow me agarra pela cintura e me


vira, assim a minha bunda está no ar e meu peito está deitado em cima
da cômoda.

Ele pega meu cabelo em seus punhos e dirige seu comprimento


dentro de mim, me fazendo perguntar quando ele tirou a roupa.

Ele empurra duro, seu pau insaciável e sedento por mim. O


prazer começa a construir novamente. Shadow grunhe conforme ele
serpenteia sua mão ao redor e pega minha garganta levemente, me
fazendo gemer alto. A cômoda bate contra a parede, me fazendo
perguntar o quanto mais ele pode tomar. Eu olho para o espelho e
observo Shadow - seus olhos estão olhando para seu comprimento
batendo dentro e fora de mim sem descanso, sua boca se separara um
pouco com os olhos encapuzados. Ele acelera seus quadris para cima
assim que ele começa a pulsar dentro de mim. Ele rosna e puxa para
fora, então me vira e pulveriza seu sêmen em todo o meu estômago e
peito. Pequenos solavancos de pingos brancos batem contra a minha
pele, reivindicando meu estômago. Ele leva a mão e o esfrega em torno
na minha pele.

— Minha, — ele declara enquanto ele esfrega a mão em círculos


sobre mim e o bebê, reivindicando a sua propriedade.

Uma batida vem à porta, me fazendo correr ao banheiro. Shadow


guarda seu pau rapidamente a porta arremessa aberta.

— Ahhh, porra, cara! — Bobby grita, protegendo os olhos. Eu


espreito a minha cabeça em torno do batente da porta do banheiro e
vejo Bobby segurando sua mão na frente de seus olhos.

— Que inferno você quer? — Shadow pergunta.

~ 213 ~
— Nós temos um problema com Cherry, — Bobby responde,
olhando para longe de Shadow.

— Estarei lá em um segundo, — Shadow diz. Bobby fecha a porta,


amaldiçoando sobre sua respiração.

— Você acha que ela está bem? — pergunto, andando para o


quarto.

— Eu não sei. Ela se recusou a aparecer quando ela foi convidada


a trazer sua bunda aqui, — explica Shadow, puxando sua calça jeans,
sem cuecas. Shadow sem cueca é algo que nenhuma mulher poderia se
acostumar.

— Eu estou indo, — digo a ele, pegando minha camisa do chão.

Acho minhas roupas e as deslizo rapidamente, não me


importando com o chocolate pegajoso entre as minhas pernas ou o fato
de eu ter Shadow manchando em toda minha metade inferior.

Nós andamos pelo corredor e vemos Vera e Molly dando tapinhas


Cherry nas costas.

— Cherry? — eu sussurro, andando até a banqueta que ela está


sentada.

Ela olha para mim e percebo o rímel manchado em seu rosto,


seus olhos verdes cinzentos vermelhos de tanto chorar.

— Oh, Dani, foi horrível, — ela soluça.

— O que aconteceu? — pergunto conforme ela bate a cabeça no


meu peito.

— Eu quase morri. Um carro me perseguiu, — ela exclama


histericamente. — Eu corri em uma loja e me escondi lá até que eles
foram embora. — suas palavras são tão altas que eu mal consigo
entende-la.

Eu esfrego a parte de trás de sua cabeça em apoio — Eu posso me


relacionar. Não há medo como correr de um veículo, olhando por cima
do seu ombro e sabendo que isso pode acabar com sua vida como você
a conhece a qualquer segundo.

— Missa, agora, — meu pai ordena, apontando para as portas da


sala.

~ 214 ~
SHADOW
— Essa é a terceira old lady que foi atacada, — Bull diz,
acendendo um cigarro.

— Os ataques estão aumentando, — Old Guy aponta.

— Eu acho que precisamos chegar a isto e rápido, — eu estalo,


meus dedos coçando para matar o homem que machucou Dani e matou
Babs.

— Eu concordo, mas nós retaliamos de forma inteligente, — diz


Bobby, me olhando. Ele sabe que eu adoraria ir lá com armas em
punho, e acabar com Augustus, ele está protegido fortemente, por isso
precisamos ter cuidado.

O telefone de Bull começa a tocar enquanto os meninos


conversam sobre estratégia. Eu não posso deixar de notar o olhar de
choque em seu rosto quando ele olha para quem está chamando.

— Silêncio, rapazes, — ele exige enquanto ele clica em um botão e


coloca o telefone em cima da mesa.

— Augustus, — Bull cumprimenta.

— Bull, — a voz profunda responde do outro lado da linha, o


telefone no viva-voz para que todos possamos ouvir.

— Você atacou três das minhas senhoras, uma das quais está
agora morta, — Bull declara, apertando sua mandíbula.

— Senhoras que cruzaram sua linha de território, e isso é


novidade para mim que uma delas está morta. Eu sinto muito em ouvir
isso, — diz Augustus, seu tom sem emoção.

Eu cerro meus dentes em seu pedido de desculpas patético, ele


não poderia me importar menos.

— Você quer uma guerra, você tem isso, — Bull declara, olhando
para o telefone conforme ele atinge sua mão para desliga-lo.

— A menos que você queira que eu coloque sua muito pequena


filha no chão junto com o resto desses motoqueiros lixos brancos, eu

~ 215 ~
espero você no meu armazém em duas horas. — a linha clica,
terminando a chamada.

Bull pega o telefone e olha para mim, seus olhos combinando com
os meus, com medo de que se não cumprirmos, a garota que nós dois
nos importamos pagará.

— Vamos cuidar de negócios, meninos, — Bull ordena, colocando


o telefone no bolso rapidamente.

— Vamos montar, — Bobby concorda, jogando sua cadeira para


trás.

Eu ando para meu quarto e puxo uma gaveta para fora,


agarrando munição extra e outra arma para a cintura de minhas calças
antes de colocar minha pistola favorita no meu coldre.

— Você está saindo? — Dani diz, entrando no quarto. Seus olhos


pegam minha arma no coldre e ela para. — Isso é muito perigoso,
Shadow, — ela me diz, acelerando e agarrando minha camisa.

— Eu vou provar para você que eu posso proteger você e o bebê,


Dani, — eu declaro, encolhendo os ombros no meu colete.

— E se você se machucar, ou pior, morrer? — pergunta ela, seu


dedo traçando a tatuagem no meu braço.

Eu rio. — O único que vai se machucar é o cara que te atacou. —


eu me inclino para baixo e reivindico aqueles lábios, os possuindo e os
guardando na memória. Eu sou homem o suficiente para dizer que eu
estou receoso que eu não possa retornar. Augustus é um filho da puta
duro, e poderíamos caminhar para uma armadilha e não saber, mas
não vamos garantir a toe tag3 de Dani e das outras mulheres.

— Eu não estou dizendo adeus, porque não é, — afirma contra os


meus lábios.

— Justo o suficiente, — digo.

— Mate os bastardos, — ela sussurra, com o rosto sério. Eu amo


essa corrupta menina que sabe que isso tem de ser feito e me apoia,
ainda que teme pela minha segurança da mesma forma.

3Toe tag é um pedaço de papelão normalmente ligado com corda ao dedão do pé de


uma pessoa morta no necrotério.

~ 216 ~
— Eu amo você, porra, — quero expressar tão sinceramente
quanto possível, apanhando seus lábios mais uma vez.

Eu me lanço para trás e ficando ao lado da minha moto,


esperando pelos outros quando Bobby sai das portas.

— Eu sei que já passamos por alguma merda juntos, irmão, mas


eu quero que você saiba que eu tenho hoje à noite a suas costas, — diz
ele, me batendo nas minhas costas.

Eu olho para ele, — o cara com quem eu cresci, quem me aceitou


por quem eu era, meu irmão.

— Eu não quereria mais ninguém, — eu respondo com


sinceridade. Bobby sorri enquanto ele monta em sua moto, assim como
os outros começam a derramar para fora do clube.

Eu dou partida na minha moto e aguardo Bull ligar a sua. Eu


olho para o clube e vejo uma Dani brilhante de pé ao lado das outras
meninas, a visão dela naquele aspecto rosa alimenta minha necessidade
por redenção.

Haverá almas pagando dívidas hoje à noite.

******

Montando, tudo no que posso pensar é em Dani e o bebê. E se eu


não conseguir voltar, ou se ela acabar sendo morta? Minhas mãos
apertam o guidão com raiva. Isso é tudo culpa de Locks. Sua bunda
nem sequer teve a coragem de atender o telefone quando Bull ligou
mais cedo. Bull disse foda-se e decidiu se reunir com Augustus sem ele.

Bobby acelera seu motor enquanto monta perto de mim, me


tirando dos meus pensamentos.

A noite está se aproximando rapidamente enquanto nós vamos


para Augustus. Quando estacionamos, nós puxamos no que parece ser
um armazém abandonado. Descemos de nossas motos e olhamos a
ligação a baixo, enquanto o vento uiva, fazendo uma cerca de arame
enferrujada chacoalhar. Relâmpagos iluminam o céu, nos advertindo de
uma tempestade. O pavimento está rachado com mato que brotam
através das fendas.

~ 217 ~
— Vamos acabar logo com isso, rapazes, — diz Bull, caminhando
em direção ao prédio. De passagem, notamos uma lona azul rasgada
sobre o que parece ser um veículo. Não dando a mínima, Bobby o puxa
para olhar por baixo. É um Monte Carlo branco com sangue no para-
brisa e capô. Tem que ser o carro que atingiu Babs.

— Jesus, — Bull exclama, seu tom de voz embargado de emoção e


os punhos cerrados ao lado do corpo.

— Eu acho que nós sabemos agora que foi definitivamente


Augustus e seus homens que bateram em Babs, — Old Guy diz,
observando o sangrento e rachado para-brisa.

Bobby recua a lona, sacudindo a cabeça com raiva. Nós andamos


ao redor, vemos uma entrada sem porta e entramos. Minha mão vai
imediatamente para a minha arma, pronto para um tiroteio.

~ 218 ~
Capítulo quinze
SHADOW
— Ah, os Devil’s Dust estão aqui, — diz
Augustus, descendo uma escada com corrimão e
ajustando sua gravata, a qual combina com o terno
preto. Seu cabelo preto longo está penteado para
trás em um rabo de cavalo, e seus sapatos pretos
brilham por causa da luminária fluorescente que
paira acima. — Tão bom que vocês pararam por
aqui.

— Alguém vai pagar pela vida de uma das


minhas meninas, — Bull grita.

— Entendo, — Augustus diz, alisando o cabelo para trás com a


mão. — George gostava de brincar de ‘gato e rato’ com suas meninas,
mas ele não segue as ordens diretamente. Parece que ele se empolgou
com uma, e peço desculpa por isso. — ele aponta na direção de George.
Ele é baixo e tem uma bandana verde abaixada para que você não
possa ver seus olhos. Ele tem tatuagens que não fazem qualquer
sentido esboçado em todo seu pescoço, e nos nós dos dedos. Ele vai
morrer esta noite. Ele só não sabe disso ainda.

— Sejam gentis e abaixem suas armas, meninos, — Augustus


ordena, chutando uma caixa azul em nossa direção.

— Nós parecemos estúpidos? — Bobby pergunta.

— Façam isso, — Augustus demanda. Ele estala os dedos e dois


rapazes de pé atrás dele apontam um rifle para nós.

Eu puxo a minha arma do meu coldre e a jogo na caixa enquanto


os outros caras fazem o mesmo.

— Fale, — diz Bull.

— Certo, — Augustus diz, afrouxando aos punhos em suas


mangas. — Quando suas pequenas cadelas aleijaram meu sobrinho, eu
ia matar cada uma delas.

~ 219 ~
Meu nariz se alarga com raiva; eu o mataria agora se eu pudesse,
mas Augustus está muito protegido, então se eu mata-lo, eu asseguro a
minha morte e do resto de nós.

— Eu até mesmo enviei um aviso para que você soubesse que a


guerra tinha começado. — ele olha para cima de seus punhos e funga.

— Eu amava aquela moto. — a voz de Locks soa atrás de mim. Eu


me viro e encontro Locks andando atrás de nós.

— Que merda? — murmuro.

— Locks? — Old Guy questiona, tão chocado quanto eu que ele


está aqui.

— Quando eu descobri que uma das meninas que bateram no


meu sobrinho era sua filha, uma nova oportunidade de negócio veio à
luz. Eu pensei em barganhar com você, — continua Augustus, ajeitando
a gravata.

— Barganhar comigo o quê? — Bull pergunta, tirando seu olhar


de Locks para Augustus.

— A vida da sua menina por um pequeno negócio, — explica


Augustus. — Você me deixa correr as drogas no seu lado, e você pode
correr as armas do meu lado. Você ganha algum dinheiro, e sua menina
pode viver. — ele dá de ombros como se não fosse grande coisa.

Bull vira a sua cabeça, olhando para mim, seus olhos


silenciosamente me perguntando se ele acha que deveríamos fazer isso.
Eu assinto. Eu concordaria com qualquer coisa para garantir a
segurança de Dani.

— Então isso está acabado? — Bull pergunta.

— Acabado. — diz Augustus, acenando.

— Tudo bem, — Bull diz.

— Fantástico, — Augustus sorri, mas continua casualmente, —


No entanto, eu não tolero negócios com clubes que têm ratos entre eles.

— Que porra você está falando? — pergunta Bull.

— Por que você não conta a eles, Locks? — diz Augustus, olhando
para o nosso irmão. Todos nós viramos e olhamos para Locks que está
de pé a poucos metros atrás de mim.

— Sobre o que diabos ele está falando? — Bull reitera.

~ 220 ~
— Você pode muito bem dizer a eles, — Augustus sorri.

Locks olha para Augustus e depois de volta para Bull.

— Você perdeu suas prioridades quando você deixou sua família


no clube. Você jogou o cuidado para o vento quando sua filha voltou, —
cospe Locks, apontando para Bull. — Dani era uma ameaça para o
clube, e ela deveria ter tido uma bala colocada em sua cabeça. — ele
olha para mim, especulando que deveria ter sido eu a mata-la. —
Quando Babs me contou sobre a sobrinha dela, eu disse a ela não, e
deveria ter sido o fim de tudo. Mas como você estava transando com ela,
ela pensou que podia fazer o que quisesse. — Bull recua em suas
palavras.

— Você nunca mereceu Babs, — Bull ferve, suas palavras calmas


e serenas. Seu rosto se aperta, seus olhos encapuzados com ódio.

— Eh, isso é motivo de debate, — Locks rosna. — Eu sabia que


Augustus estaria louco por sangue, então eu comprei o meu tempo.
Quando minha moto foi explodida, eu sabia que foi Augustus e eu sabia
que era apenas o começo de uma guerra.

— Como você saberia que foi Augustus? — Bobby pergunta.

— Eu encontrei o cara que a sobrinha de Babs estava namorando


uma vez, eu sabia que ele era um dos meninos de Augustus pela
bandana verde, — responde Locks.

Se ele sabia quem o namorado era, e que Babs não ia deixar a


situação do cara bater em sua sobrinha, então Locks armou para Babs.
Meus dedos se contorcem com vontade de estrangular meu irmão
traiçoeiro.

— De qualquer forma, eu vim para Augustus com um negócio, e


em troca eu estaria protegido de sua retaliação, — ele termina, sua
calma e tom casual, como se isso devesse fazer sentido.

— Que acordo? — Bull rosna.

— Ele me deu a localização de cada uma das suas garotas, — diz


Augustus, mexendo o pote de traição. — Na verdade, se o menino
amante não tivesse aparecido, sua filha poderia ter morrido naquela
noite no clube. — ele olha diretamente para mim e, em seguida, à sua
esquerda. Eu sigo sua linha de visão e vejo o cara que estava dando um
tempo difícil a Dani naquela noite no clube há um tempo atrás.

~ 221 ~
— Mas o Menino Amante foi uma bênção disfarçada. Se eu tivesse
matado sua filha, eu não teria sido capaz de fazer este negócio, agora,
iria? — Augustus sorri.

— Você me traiu, — afirma Bull com os dentes cerrados para


Locks.

— Você fez isso a si mesmo. Você deixou os negócios do clube vir


em segundo lugar quando sua filha apareceu, jogando todos em perigo,
— Locks responde, seus lábios se curvam com raiva.

— De qualquer maneira, isso tem que ser tratado, — Augustus


solicita, puxando uma pistola do paletó.

Ele a aponta em Locks, que está bem atrás de mim. Os olhos de


Locks se alargam quando ele percebe que a arma está apontada para
ele e me agarra pelos ombros, me usando como escudo. A arma dispara,
indo diretamente para mim, e eu pisco, esperando que a bala me atinja.
Assim que eu acho que eu estou prestes a ser baleado, eu sou
derrubado no chão.

O ar é tirado de mim quando o meu corpo atinge o chão do


armazém pedregoso, me fazendo ofegar. Eu ouço uma tosse descontente
ao meu lado e percebo Bobby deitado de costas no chão. O sangue
derramando do seu lado enquanto suas pernas chutam para tentar se
levantar.

Eu rastejo até ele e puxo sua cabeça para cima, colocando-a em


meu colo para avaliar onde ele foi baleado. Bem no intestino, merda.

— Que porra você estava pensando, cara? — eu freneticamente o


interrogo, notando o rosto pálido de Bobby rapidamente.

— Salvando sua bunda, — Bobby responde, tossindo. Ele cerra os


olhos e geme de dor.

— Eu chamei uma ambulância. Eles estarão aqui em breve, filho;


aguenta aí, — diz Bull, se agachando ao meu lado.

— Você chamou uma ambulância? — Augustus grita com


descrença. — Veja o que vocês podem esconder, meninos! — ele aponta
para algumas caixas no prédio.

— Acho que estou muito fodido, — Bobby diz, seus olhos azuis
olhando diretamente para mim para a verdade.

— Não, é apenas uma ferida na carne, — eu minto.

~ 222 ~
— Mentiroso, — Bobby sussurra. Percebo sangue rastejando para
fora debaixo dele.

— Você não pode morrer, — murmuro. Eu sinto meus olhos picar


com lágrimas, e eu as deixo cair. Eu não aguento a ideia de perder meu
irmão.

— Cuide da vagalume e do bebê, — Bobby gagueja quando seus


olhos começam a tomar um olhar distante.

— Você vai ficar bem. Você vai se arrepender de tentar salvar


minha bunda amanhã, — digo a ele, tentando ser otimista, mas o olhar
nos olhos de Bobby me tem questionando minha confiança.

— Sem arrependimento na vida, nenhum medo no amor, irmão,


— ele sussurra enquanto seus olhos começam a fechar. Eu posso sentir
a vida escorregar dele enquanto seu corpo fica mole, as profundezas de
fogo do inferno tomando o meu melhor amigo.

— Bobby, aguenta aí, — digo, dando a ele uma sacudida.

Seus olhos estalam abertos, e ele começa a tossir.

— Cara, isso dói tanto, — ele sussurra, suas mãos tremendo.

— Você pode fazer isso, irmão, — Old Guy sussurra para Bobby.

Bull inclina para frente e aperta a mão no estômago de Bobby,


tentando parar o sangramento, mas ele só jorra entre os dedos.

— Isso vai parar um pouco, mas não vai ajudar por muito tempo,
— afirma Bull, colocando as duas mãos sobre a ferida.

Olho para Bobby e percebo que seus olhos estão fechados.

— Não, Bobby! — eu grito, com a voz irritada e forçada. Tentando


acordá-lo, eu dou nele um empurrão, mas ele não abre seus olhos.

— Não. Não. Não! — eu berro.

Isso não pode estar acontecendo. Meu irmão, a única pessoa que
eu considerava minha própria família antes de eu ser aceito por alguém,
me deixou para viver neste mundo insensível sozinho.

Deito a cabeça de Bobby para baixo no chão de concreto e me


levanto, enxugando os olhos com as costas da minha mão no meu rosto
e o manchando com o sangue de Bobby no processo. Eu puxo a arma
que eu tinha escondido na minha cintura e a aponto para Augustus.

~ 223 ~
Instantaneamente, armas de trás Augustus e na varanda acima dele
são puxadas e apontadas para mim.

— Você matou a minha família, — eu cerro, meu dedo pesado no


gatilho.

— Ele pulou na frente da minha bala destinada a um traidor, —


Augustus responde casualmente, minha arma apontada para sua
cabeça não afeta ele em tudo. — Ele matou seu irmão. — Augustus
aponta atrás de mim. Eu viro minha linha de visão para seguir o seu
gesto e vejo Locks.

Ele está certo. Isso é tudo culpa de Locks. Ele foi o fodido, foi
contra o clube, e fez Babs morrer e quase matou Dani e meu bebê, tudo
porque ele queria provar um ponto. Eu balanço a armas ao redor e
aponto para Locks, que abre a boca para falar, mas antes que ele possa
dizer suas últimas palavras, eu puxo o gatilho. Eu vejo conforme as
balas batem em seu peito, fazendo ele cair de joelhos. Suas
sobrancelhas sulcam quando ele olha para baixo em seu peito, onde o
sangue começa fazer uma piscina a partir da ferida de bala, que escorre
para baixo em sua camisa cinza. Prometi a Dani eu iria mata-lo por
machuca-la, e eu estou mantendo minha palavra. Eu aponto a minha
arma para Locks, pronto para dar o último tiro, quando Bull vem para
meu lado e puxa uma arma da cintura.

— Isto é por Babs, — sussurra Bull enquanto ele puxa o gatilho,


batendo um tiro certo na garganta de Locks. Locks cai no chão,
aterrissando de costas. Sangue borbulha do buraco de bala na
garganta, seguido por um murmúrio e ofegar. Ele está se afogando em
seu próprio sangue.

— Agora que terminou, estamos acabados aqui? — Augustus diz,


ouvindo sirenes por perto.

— Nem perto, — eu rosno. Eu aponto a minha arma em direção


ao cara que passou por cima de Babs e bateu com um taco em Dani,
prosseguindo com a minha última promessa de derrubar a pessoa que
machucou Dani. O cara pega a arma na frente de seu jeans assim que
eu puxo o gatilho. A bala atravessa diretamente em seu crânio,
pulverizando cérebro ao longo de toda a parede atrás dele enquanto ele
cai pelas escadas como um saco de roupa suja.

Eu me viro e espero o fogo de retorno de Augustus e sua


tripulação. Augustus levanta a mão, impedindo seus meninos de
disparar em mim, olha para o cara que eu acabo de atirar e encolhe os
ombros. — Eu ia me livrar dele de qualquer maneira; ele não consegue

~ 224 ~
seguir ordens. Chame isso de seguro para a nossa nova transação
comercial, — diz Augustus com um encolher de ombros.

— Vou te ligar com os detalhes, Bull, — ele grita, saindo do


edifício com seus capangas no reboque.

— Deveríamos tê-lo matado, — eu digo, cerrando os dentes,


conforme Augustus vai embora.

— Se nós tocarmos nele, seus homens matariam cada um de nós,


e todos nós sabemos disso, — Bull responde, olhando para o corpo
morto de Locks.

— Deseje como um santo, confie como um pecador, — ele


murmura. Eu olho para Bull e noto as sobrancelhas comprimidas
juntas, enquanto ele olha para Locks com descrença. Locks traindo o
clube vai bater na confiança de Bull. Locks era um membro de clube
ideal, e eu nunca o vi se virar contra o clube nem por um segundo.

— Eu vou lidar com a polícia, — diz Bull, puxando seu olhar de


Locks.

Olho para Bobby com descrença. Uma ambulância vem e o


recolhe em uma corrida, colocando ele na maca e correndo de volta para
uma ambulância. Eu assisto os enfermeiros levantar a maca para
colocar Bobby dentro e eu ando bem atrás deles.

— Senhor, você é da família? — uma loira pergunta.

— Sim.

Ela olha para mim com a cabeça erguida.

— Sinto muito, mas só a família imediata. Você pode acompanhar


em seu próprio veículo, se você quiser, — diz ela com um tom
monótono. Eu recuo e corro minhas mãos pelo meu cabelo, tentando
me recompor.

Quando a ambulância sai sem as luzes piscando ou sirenes, eu a


assisto colidindo e passando por cima de buracos no estacionamento e
para a estrada principal. Segundos depois, as luzes piscam e sirenes
saem conforme a ambulância dispara em direção à rodovia.

— Eu deveria ter mantido um olho melhor sobre ele, — murmuro


à Bull, de pé ao meu lado.

~ 225 ~
— Ele salvou sua vida; ele sabia o que estava fazendo, — Bull
replica, me dando tapinhas nas costas. — Ele nunca vai ser esquecido,
— ele promete a voz sombria quando ele sobe na sua moto.

Bobby não será esquecido. Ele é o irmão que eu nunca tive.

— Eu sou Bobby, você está aqui pelo quê? — o loiro, com aparência
de menino me perguntou. Eu o encaro, sem saber se eu deveria dizer
alguma coisa. Ninguém foi simpático comigo desde que cheguei aqui. Eu
já estive em três lutas desde que eu cheguei ontem.

— Alguma besteira, — eu digo, encolhendo os ombros.

— Sim, eu te ouvi, — ele responde, se deslizando atrás de mim com


sua bandeja de comida. Ele sorri para mim, revelando uma boca cheia de
aparelhos.

— Ei, você quer ser amigos? — o menino pergunta e eu olho para


ele, curioso para saber qual é a dele. Quem apenas sai e pede para
serem amigos?

— Eu sou Robert Zane Whitfield, — ele se apresenta, estendendo a


mão para um comprimento, seu gesto um pouco geeky. — Mas todo
mundo me chama Bobby.

— Sou Adrian Kingsmen, — eu respondo, apertando a mão dele.

— Legal, quer me ajudar a roubar um pouco de pão de milho? —


pergunta ele causalmente.

Eu fico olhando para ele, tentando ler se ele está falando sério ou
fazendo uma brincadeira, mas ele só olha para mim, nada oferece que
seja uma piada.

— Como? — eu pergunto, interessado. Causando problemas em um


lugar onde fui enviado para por causar problemas? Eu estou no jogo.

— Eu vou distrair a cozinheira, você chega perto e pega alguns


rolos extras. — ele sorri com a boca cheia de metal.

— Eu mencionei o quão bonita você está hoje, Sra. Sangaurd? —


Bobby elogia a senhora do almoço.

Eu sorrio. Meu primeiro amigo de verdade que eu já tive, e eu o


conheci no reformatório.

— Vamos montar, Shadow, — Bull chama, quebrando minha


linha de pensamento.

~ 226 ~
Eu olho para Bull antes de subir na minha moto, o rosto longo e
tomado com tristeza como o meu. Vivendo em um mundo malicioso,
que é o clube, vemos irmãos caírem, e nós vemos famílias quebrarem.
Mas eu nunca senti o desespero que eu estou sentindo agora. Entre
Dani e Bobby, eles me tiraram da minha vida de desolação, eles toleram
minhas indiferenças e abraçaram a besta que eu sou. Tudo começou
com Bobby, e isso cresceu com Dani. Perder Bobby e a morte de Babs
não será algo que o clube vai seguir em frente com tanta facilidade. Eles
trouxeram um espírito para o clube que ninguém teve antes.

— Vamos montar, — eu concordo solenemente, ligando minha


moto.

Eu monto de volta ao clube e a única pessoa que eu quero ver é


Dani. Eu quero dar a notícia para ela eu mesmo. Bobby morreu
salvando a minha bunda, isso precisa vir de mim.

Eu puxo para o pátio e para o clube e desligo motor da moto.

Eu balanço minha perna sobre minha moto e vou em direção ao


clube para entregar a notícia que não virá de ânimo leve. Assim que eu
entro no clube, eu ouço as motos de Bull e dos outros caras
estacionando, mas eu continuo no meu caminho em direção a Dani.
Bull pode deixar o resto do clube saber o que aconteceu. Abro a porta
do meu quarto e de Dani e a vejo sentada na cama, lendo um livro de
gravidez. Ela espia para mim por trás do livro e se ilumina.

— Graças a Deus, você está vivo. Eu estava tão preocupada, —


ela exclama, jogando o livro para o lado. Ela sai correndo para fora da
cama e se agarra ao meu corpo. Eu quero abraçá-la de volta; eu quero
sentir essa conexão que eu preciso tão desesperadamente, mas, eu não
posso. Eu não quero lhe dar a falsa esperança de que tudo está bem,
que eu estou bem, quando na verdade tudo está longe de ser
satisfatório.

Ela se afasta, hesitante, com os braços ainda em volta da minha


cintura, e olha para mim. Eu me afasto, a visão de seus olhos verdes
fazem isso mais difícil.

— O que há de errado? — pergunta ela com cautela.

— Sente-se, Dani, — eu ordeno, apontando para a cama. Eu


semicerro meus olhos, tentando conter a emoção, tão desesperada para
escapar.

— Você está me assustando, — diz ela, sentada na cama.

~ 227 ~
— Merda aconteceu, e as coisas não foram tão bem como se
esperava, — eu começo, passando minhas mãos pelo meu cabelo.

— Cuspa, Shadow, — ela estala.

Eu olho para ela, furioso com o seu tom de voz, mas quando eu
vejo o brilho de sua pele, o verde de seus olhos, eu não posso usar
contra ela.

— Bobby... ele, uh... — eu tropeço em minhas palavras, não tendo


certeza como entregar a mensagem sem o golpe. No final, não há
nenhuma maneira fácil de dizer isso.

— Bobby foi baleado. Ele não conseguiu, Dani.

Ela engasga, o som fazendo o pelo em meus braços se arrepiarem.

— O quê? O que quer dizer que ele não conseguiu? — ela chora.

— Exatamente o que eu disse: ele não conseguiu. Ele levou um


tiro por mim e não sobreviveu à lesão, — eu grito, eu não quis soar
antipático, mas eu não posso evitar. Eu arrisco uma olhada em Dani, e
ela tem as mãos em concha através de sua boca e um olhar de horror
em seu rosto.

— Eu queria ser o único a dizer a você, — eu sussurro. — Eu vou


para o hospital, ver sobre arranjos e tudo. — eu inclino minha cabeça e
dou a ela um beijo suave. Eu quero estar lá para ela, para ser o mais
forte que ela precisa, mas eu mal estou pendurando sobre mim mesmo.

— Eu vou junto, — ela declara, levantando o queixo

— Dani, eu não acho que seja uma boa ideia. — a última coisa
que eu quero é que a lembrança final de Bobby para ela seja um de
morte. Não é assim que eu quero que ele seja lembrado.

— Eu vou, Shadow! — ela grita. Sabendo que eu não vou ganhar


esse argumento, eu aceno em acordo. Quando chegar a hora, eu vou ter
certeza que ela saia da sala.

Nós saiamos do quarto e ouvimos gritos e soluços vindo do clube -


Bull deve ter entregue a notícia. Eu pego a mão de Dani e a puxo
através do clube. Eu não quero que ela quebre mais do que ela já tem, e
se sentar ao redor do clube com todas essas pessoas vai fazer
exatamente isso.

Nós chegamos ao hospital e eu estaciono na zona de ‘Proibido


Estacionar’ de costume. Eu pego o capacete de Dani e o coloco ao meu

~ 228 ~
lado, a visão de seus olhos vidrados e meu colete nela me fazendo
questionar deixá-la entrar.

— Dani, você tem certeza que quer fazer isso? — eu pergunto,


inclinando minha cabeça contra a dela e empurrando uma mecha de
cabelo atrás da orelha. Você já passou por muita coisa hoje.

— Absolutamente, — ela sussurra. Ela olha para o hospital,


quebrando o nosso contato. — Além disso, alguém precisa dizer a Doc.

Eu passo pelas portas deslizantes de vidro para entrar no hospital


e ouço os alarmes lá de fora, luzes piscando freneticamente. Uma onda
de enfermeiros em uniformes de cores diferentes, juntamente com
médicos em jalecos brancos vêm correndo por nós, quase batendo em
Dani e eu nas portas que acabamos de entrar.

— Código azul. Nós temos um código azul, — inflama do


interfone.

— Puta merda, — Dani sussurra.

— Parece que o ceifeiro está se movendo rapidamente esta noite,


— eu comento a ninguém em particular.

Olhamos para baixo no corredor para onde todos os médicos


estão correndo e vemos uma loira em uniforme rosa vindo voando a
partir do quarto todos os enfermeiros e médicos que acabaram de
entrar.

— É Doc, — Dani diz, indo na direção dela.

Eu corro atrás dela, não sei o que está acontecendo.

— Oh, meu Deus, — Doc chora, segurando seu rosto, perturbada.

— O que está acontecendo? — Dani pergunta.

— Ele perdeu muito sangue. Eu não tenho certeza se ele vai


conseguir, — ela chora. Suas palavras agarrando minha atenção, eu
agarro ela pelos ombros bruscamente.

— Que porra é essa que você quer dizer? Ele está vivo? — eu
praticamente interrogo ela. Ela só chora mais alto, o som me irritando.
Empurro por ela e vou para o quarto para ver fios no peito de Bobby e
tubos na sua garganta. Um beep começa a emitir um sinal sonoro,
chamando a atenção de todos no quarto.

~ 229 ~
— Nós trouxemos ele de volta, mas não por muito tempo.
Precisamos levar ele para a cirurgia, agora. — uma senhora pequena,
de cabelos castanhos insiste, olhando para uma tela. Em segundos, eles
puxam para cima as grades da cama e apressam a cama de Bobby para
fora do quarto.

Bobby está vivo - meu irmão ainda tem uma chance de lutar. Eu
não posso evitar o jorro de esperança que flui através de mim. Uma vez
eu odiava esse sentimento, não importando com a sua fachada, mas eu
seria um mentiroso se eu dissesse que eu não espero que os deuses
puxem meu irmão por isso.

DANI
Eu me sento na cadeira ao lado de Shadow enquanto Doc entrega
a nós dois cafés.

— Vocês dois deveriam ir para casa. Eu vou chama-los se alguma


coisa mudar, — ela insiste, sentada em uma cadeira em frente a nós na
sala de espera.

— Eu não vou a lugar nenhum, — Shadow responde, tomando


um gole do café quente.

— Será que ele vai ficar bem? — pergunto.

— Ele está em uma condição crítica, a bala cortou uma artéria.


Ele morreu uma vez na ambulância e mais uma vez quando ele chegou
aqui. Não se pode dizer se ele vai passar por isso ou não. — ela olha
para seu café e soluça.

— Porra. — Shadow sussurra.

Doc funga e limpa o nariz com as costas da mão. — Leve Dani


casa, durma um pouco.

Shadow olha para mim, seus olhos azuis cheios de mágoa, me


matando por dentro. Eu quero tirar a dor que ele está sentindo,
adicionar a minha, mas eu não posso. Shadow está vivendo um inferno
que eu não posso imaginar. Bobby levou uma bala por ele, salvou sua

~ 230 ~
vida, e ele perdeu uma mulher que ele considerava uma mãe tudo em
um dia.

— Você vai me chamar se alguma coisa mudar, certo? — Shadow


pergunta, olhando para o chão.

— Absolutamente, — ela promete, tomando um gole de café.

— Eu estou bem, Shadow. Podemos ficar, — eu ofereço.

— Não, você está grávida e precisa descansar, — diz Shadow, de


pé e se voltando para Doc. — Me chame se alguma coisa acontecer.

— Eu vou, — ela reitera, ficando de pé com a gente.

******

Eu acordo para a noite escura e deslizo a perna do outro lado da


cama, buscando para um local fresco. Quando minha perna desliza ao
longo dela e eu não sinto Shadow, eu levanto da cama e afago seu
travesseiro. Nada. Ele não está na cama. Eu deslizo para fora da cama e
entro em alguns shorts antes de sair do quarto. Eu tamborilo meus pés
descalços no corredor e encontro Shadow sentado no sofá de couro
desgastado que fica diagonalmente em frente do bar. Ele está ajustando
pó branco em linhas em um espelho na mesa de café usando um
canivete.

— O que você está fazendo? — eu pergunto.

— Não consigo dormir, — ele corta, seu tom frio.

— Então, você pensou em cheirar cocaína? — eu questiono.

Shadow zomba de mim.

— Apenas venha para a cama comigo, — eu ofereço docemente,


mas Shadow não cede.

— Eu entendo que você está machucado, Shadow.

— Você não sabe merda nenhuma sobre a dor, Dani, — Shadow


cospe, lambendo o dedo que escova o pó branco em cima. Ele olha para
cima a partir cocaína e me bate com olhos azuis danificados.

~ 231 ~
— Dor é assistir sua mãe em overdose de drogas e você vê-la
morrer, se perguntando se revivê-la seria um inferno maior do que
deixa-la morrer. Dor é ter o seu pai, - o único modelo que você já teve
enquanto crescia - morto a sangue frio em um país do terceiro mundo.
Dor é assistir seu irmão sofrer porque ele levou uma bala dirigida para
você. — os olhos de Shadow se encobrem antes dele olhar de volta para
baixo. Suas palavras me batem duro. Eu mordo meu lábio inferior para
não coloca-lo em seu lugar, porque eu sei que ele está sofrendo. Eu
quero estar lá para ele, mas ele claramente não quer que eu esteja ao
redor.

Eu começo a andar de volta para o quarto, dando a Shadow seu


espaço.

— Dani, espere, — Shadow suspira, mas eu não paro. Eu sei que


nada de bom virá de nós tendo uma conversa enquanto estamos
sofrendo tanto e ele está drogado.

Eu entro no quarto e bato a porta em seguida, deslizo contra ela,


jogo minha cabeça em minhas mãos, e suspiro pesadamente.

Eu rastejo pelo chão e para cima da cama e me enrolo nos


lençóis. A porta se abre, pintando a parede com luz do corredor antes
de fechar lentamente. Eu sinto a cama mergulhar para baixo e uma
mão é colocada nas minhas costas.

— Você está bem, boneca? — meu pai pergunta. Eu vacilo,


surpreendida que é o meu pai e não Shadow.

— Sim, — eu minto.

— Este é apenas o processo de cura, querida, — ele exaspera.

— Com drogas? — eu questiono.

— Infelizmente, as formas de cura são diferentes para todos. Os


meninos do clube não são homens de muitas palavras quando eles
estão sofrendo, e as drogas parecem ajudar com o pensar demais nas
coisas. — meu pai acaricia minhas costas, e ele fala como se ele
estivesse falando por experiência própria. — Basta estar feliz que ele
não está se afogando nas meninas, ou, — ele faz uma pausa. Eu sei o
que ele ia dizer: meninas e assassinato. Ele está certo, embora; Shadow
poderia estar fazendo coisas muito piores agora tentando desistiu da
Bobby tirou sua vida para salvar a dele.

A cama mergulha conforme ele escova os lábios contra minha


têmpora. — Apenas para você saber, eu não queria nada disso para

~ 232 ~
você. Mas eu sei que você é forte o suficiente para sobreviver neste
mundo, Dani e você cresce mais forte com a dor. Você apenas tem que
sobreviver a ela. — meu pai dá as minhas costas mais um tapinha
antes de me deixar no escuro com os meus pensamentos.

******

Eu sinto calor de casulo no meu corpo, me acordando do meu


sono.

— Sinto muito, — Shadow sussurra em meu ouvido.

— Está tudo bem, — sussurro de volta.

— Bobby levou um tiro por mim, salvando alguém que não


merece o ato de ser salvo. — suas palavras são demarcadas com
tristeza, mas me deixa irritada. Eu me viro, então nossos narizes estão
quase se tocando.

— Você vale a pena salvar, Shadow. Você significa algo para mim
e para seu bebê. — eu corto.

Shadow me puxa e beija minha testa, colocando minha cabeça


sob o queixo.

— Você acha que é menino ou menina? — ele pergunta.

— Eu não sei, — eu respondo contra seu pescoço.

— Se for um menino, quero dar o nome de Bobby, — Shadow


sugere. Eu ergo minha cabeça e olho para ele, seus olhos encapuzados
com emoção.

— Qual o verdadeiro nome de Babs? — pergunto.

— Delilah, — Shadow murmura.

— Se for uma menina, devemos chama-la disso, em homenagem a


Babs, — eu sussurro. Delilah é um nome bonito.

— Eu acho que é uma ótima ideia, — ele concorda.

— Me beije, vagalume.

Sem pensar duas vezes, eu esmago meus lábios nos dele, minha
boca tentando ultrapassar a sua dor e afoga-lo com amor.

~ 233 ~
Capítulo dezesseis
SHADOW
— Shadow, seu celular está tocando.

Abro os olhos para ver uma Dani seminua


segurando meu telefone polegadas do meu rosto. Eu
o agarro e atendo, esperando sejam boas notícia de
Doc.

— Alô, — eu digo, meio dormindo.

— Ele está acordado, — Doc canta.

— Estou a caminho, — exclamo, pulando para fora da cama.

— O que é? — Dani pergunta.

— Ele está acordado, — conto a ela, pegando roupas da cômoda.

— Sério? — ela pergunta com entusiasmo.

— Se apresse. Vamos para lá. — eu estou puxando meu jeans tão


rápido que eu posso. Eu não consegui dormir na noite passada, mas
para ser justo, eu não queria dormir. Eu pensei que eu iria cair no sono
e não ouviria o meu telefone tocar se Doc me chamasse. Eu ficava
pensando em coisas que eu queria dizer a Bobby antes que ele deixasse
este mundo, palavras que eu estava com medo que teria que esperar e
ser faladas em elogio fúnebre em seu lugar. Eu queria dizer a ele que
sentia muito por agir como um maricas quando as merdas ficaram
loucas com Dani. Que ele é a única família que eu sempre considerei
como minha. A ideia de que alguém que eu considerava um irmão se
virou contra o clube é um choque por conta própria. E uma mulher que
eu considerei como uma mãe agora se foi por causa desse idiota. Orei,
algo que eu venho fazendo um monte recentemente.

Pego meu colete e o jogo por cima. Olho para Dani para ver se ela
está pronta, e ela parece absolutamente deslumbrante esta manhã. Sua
pele está brilhante e ela tem essa energia sobre ela. Porra, eu amo ela
grávida.

~ 234 ~
Nós montamos para o hospital rapidamente. Quando
estacionamos, temos pressa para entrar, com medo de que o momento
de Bobby acordado vai passar e eu vou perder a minha chance de falar
com ele.

Eu pego a mão de Dani e corro na direção de seu quarto. Assim


que eu entro, Bobby desliza a cabeça de olhar para Doc e se vira para
mim. Ele parece pálido como o inferno.

Vou até o lado da cama e pego sua mão com firmeza.

— Irmão? — eu questiono, perguntando se ele pode ouvir ou me


responder.

— Todos os seus sinais vitais estão subindo lentamente. Eu acho


que ele vai fazer uma recuperação completa, — Doc nos informa com
um sorriso.

Bobby sorri. — Você me deve, cara, — diz ele com uma voz grossa
e baixa, sua energia fraca. Tudo o que posso fazer é rir e acenar. O
idiota tem minhas emoções correndo como uma adolescente que foi
despejada no baile.

Eu sinto Dani dobrar o braço em volta da minha cintura


enquanto ela desliza meu lado.

— Vagalume, — Bobby sussurra.

Dani sorri aquele sorriso de morrer.

DANI
O próximo par de dias Bobby nada mais é que um furacão de
raiva. Ele se recusa ao tratamento e tenta se dar alta do hospital mais
cedo. Ele não quer ver ninguém, a menos que eles estejam o levando
para casa. Doc diz que ela tentou argumentar com ele, mas ele
simplesmente não ouve. Então, eu vou tentar fazer minha magia hoje
para ver se consigo convencê-lo a deixar de ser um idiota. Shadow
permanece no clube, sua única solução para o problema é dar um tiro
na perna de Bobby para manter sua bunda na cama do hospital.

~ 235 ~
Eu entro no quarto do hospital e vejo Bobby deitado na cama
assistindo TV. Seu rosto está pálido e ele tem máquinas ligadas a ele em
todos os lugares. Ele se parece como uma merda e isso é pra dizer o
mínimo.

— Ouvi dizer que você está sendo estúpido e tentando sair mais
cedo.

Bobby olha para mim e levanta uma sobrancelha. — Estou bem.


Eu não preciso estar aqui, — diz ele, em tom amargo. Ele leva o seu
olhar de mim de volta para a TV, me dispensando completamente.

— Ele precisa estar aqui, — Doc diz, caminhando pelo quarto.

Eu o alcanço e pego sua mão, dando a ele um aperto amigável. —


Bobby, você morreu. Você nos matou junto com sua morte. Não
podemos ter você de volta apenas para te perder novamente por causa
da sua teimosia. — o olhar de Bobby permanece na TV, me irritando
por me ignorar.

Eu o alcanço e dou um soco em seu braço.

— Que porra, vagalume.

— Você acha que isso machuca? Pense sobre o que vai sentir
quando sua ferida estiver infectada, — Doc grita. Eu respiro fundo, ele
está testando minha paciência.

Bobby sorri, seus olhos enrugam ao lado. — Você me ama e você


sabe disso. — Doc revira os olhos e começa a mexer com os lençóis da
cama.

Eu sorrio. — Você não vai sair até que você esteja liberado, —
afirmo, sem deixar nenhum espaço para discussão. — Você vai ser tio.
Você precisa começar a pensar sobre esse papel.

— Ela está certa, — Doc comenta.

Bobby balança a cabeça, seu sorriso se transformando em um


sorriso completo. — Tudo bem, eu vou ficar, mas só porque eu não
quero Dani chutando a minha bunda, — ele brinca, me fazendo rir. Ele
estremece de sua própria risada, ganhando a atenção de Doc.

— Algum arrependimento? — eu questiono, olhando para Bobby


segurando seu lado enfaixado.

Bobby sorri. — Não.

~ 236 ~
Epílogo
DANI
Um par de anos mais tarde

Eu me deito toalha de praia e deixo meu corpo


absorver os raios do sol – parece bom.

Zane puxa meu braço e aponta para a água.


Ele faz dois anos em poucos meses; ele está ficando
grande rápido demais. Eu rio e começo a levantar
quando uma mão é colocada no meu ombro.

— Deixa comigo, Big Momma, senta e relaxa.


Eu não quero a minha menina vindo mais cedo do que ela precisa, —
Shadow insiste, se inclinando e beijando minha barriga crescendo.
Shadow queria me engravidar logo que eu tive Zane, mas eu fiz ele
esperar. Ter Zane for duro: minha pressão ficou muito alta, então eles
tiveram que me induzir mais cedo, terminando em um nascimento de
cesariana. Zane deixou todos assustados quando ele chegou, mas ele
fez a sua entrada no mundo para se lembrarem.

Shadow e eu decidimos nomear a nossa menina a nascer em


homenagem a Babs, chamando ela de Delilah. Babs era uma figura
maternal que nunca tivemos, e ela realmente faz falta para o clube. Seu
funeral foi bonito, e eu vou visitar o túmulo dela muitas vezes.

Meu pai tomou a maior queda após a morte de Babs. Eu nunca


soube que os dois eram amantes secretos - Shadow foi quem me disse.
Shadow assumiu o clube quando o meu pai chegou ao fundo do poço,
mas eu acho que meu pai está finalmente começando a obter o
equilíbrio de volta e está tomando a carga do clube novamente. Shadow
deu a posição de volta, sem perguntas. Ele tem muito respeito pelo meu
pai.

— Vamos, filho, — diz Shadow, tomando a mão de Zane e


correndo em direção à água. Shadow tem sido o herói de Zane desde o
primeiro dia. Ele é um grande pai, assim como eu sabia que ele seria.
Eu assisto Zane dar risadinhas e gargalhar, seu cabelo escuro é igual
ao de Shadow, se deslocando no vento conforme a brisa sopra. Ele é
Shadow em tudo: cabelo escuro, olhos azuis, e uma atitude a combinar.

~ 237 ~
— Ei, espere por nós!

A areia é empurrada para cima e pulverizada em toda minha


perna assim que Bobby decola em direção à costa, suas costas
bronzeadas e tatuadas e sunga amarela nada além de um borrão.
Percebo Doc sair correndo para a água bem atrás dele.

Eu rio e escovo a areia dos meus pés, vendo minha família


brincar na água. Parece tão surreal. Eu nunca pensei que seria tão feliz,
ou que Shadow e eu iríamos encontrar este lugar. Ainda temos nossas
tendências escuras, mas, juntos, ajudamos um ao outro a passar por
isso. Principalmente com o remédio de fazer sexo com raiva.

Bobby e Doc voltam a partir da costa rindo, a cicatriz de Bobby se


destacando contra o seu corpo bronzeado, pegando a minha atenção.

— Sua cicatriz está parecendo muito irritada hoje, — eu indico.


Bobby olha para ela. — Sim, eu adoro quando ela se destaca, e as
meninas adoram também, — diz ele, sorrindo, ganhando um revirar de
olhos de mim e um zombar de Doc.

Shadow chega por trás de Bobby, escovando a areia de suas


pernas.

— Esse garoto tem muita energia, — diz ele, sem fôlego. — O que
estamos falando? — pergunta ele, puxando a água do cooler.

— Como você pensou que eu estava morto, mas não teve tanta
sorte, — Bobby responde, levantando a sobrancelha para Shadow.

Doc começa a rir enquanto ela se senta ao meu lado. O topo do


maiô que ela está usando desliza fora de seu ombro, mostrando o
aspecto feroz das cicatrizes cortando por suas costas. Meus olhos se
arregalam, e minha boca abre em horror. Eu abro minha boca para
perguntar o que aconteceu, mas Bobby me chama a atenção em pé em
cima dela. Eu olho para cima e o vejo balançando a cabeça com um
olhar severo em seu rosto. Eu estalo minha boca fechada e olho para as
cicatrizes de novo, mas Doc puxa o topo por cima do ombro,
escondendo.

— Nós já passamos por isso, — diz Shadow. — Eu não sou um


fodido médico; como eu ia saber que você ainda estava vivo?

— Zane, não fique muito perto da água, Bug, — Bobby grita. Eu


vislumbro em volta dos meninos e olho para ver se ele está perto. Ele
não está perto em tudo; ele está fazendo um castelo de areia a metros
de distância. Com um pai e um tio mais protetores do que uma mãe e

~ 238 ~
ambos em um clube de motoqueiros, eu estarei surpresa se Zane não os
odiar no momento em que ele fizer dez anos.

Shadow, Bobby, e Doc decolam em direção à água, eu me deito e


olho para as nuvens que passam no céu. As coisas têm sido pacíficas
por aqui: ninguém foi baleado ou atropelado por um carro, e eu não
tenho visto ou ouvido falar da minha mãe, me fazendo cem por cento
positiva de que Shadow de fato cuidou dela. Agora que tenho filhos,
porém, eu estou feliz que ela se foi. Quem sabe que tipo de plano
confuso ela iria tentar envolve-los para conseguir o que queria. Ela era
de coração frio e só se preocupava com seu coração desprezado.

— Você parece perdida em pensamento, — diz Shadow. Eu olho


para vê-lo deitado sobre uma toalha, olhando para o céu.

— Eu acho que é hora de eu reivindicar você para o clube, —


Shadow declara, sorrindo. Eu enrugo meu nariz, sem saber o que ele
quer dizer, mas então isso me bate.

— Você está falando sério? — pergunto.

Shadow sorri. — Eu quero que todos dentro e fora do clube


saibam que você é minha. Eu quero que você seja minha propriedade e
minha esposa, — ele responde, escovando um fio de cabelo do meu
rosto.

— Você está me pedindo em casamento? — eu questiono, me


apoiando em meus cotovelos.

Shadow ri. — Quando você me conheceu por pedir? Eu estou


dizendo a você, você vai ser minha esposa, — ele insiste com uma voz
severa.

Eu jogo minha cabeça para trás e rio.

— Eu não posso esperar para ser sua, tanto dentro do clube como
fora, — eu digo a ele com um sorriso.

FIM

…por enquanto

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