Você está na página 1de 465

A presente tradução foi efetuada por um grupo de fãs da autora, de

modo a proporcionar aos restantes fãs o acesso à obra, incentivando à


posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão
de publicação no Brasil, traduzindo-os de fã para fã, e disponibilizando-
os aos leitores fãs da autora, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele
direto ou indireto.

Levamos como objetivo sério, o incentivo para os leitores fãs


adquirirem as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo,
não poderiam ser lidos, a não ser no idioma original, impossibilitando o
conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de
preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, este
grupo de fãs poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário,
suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos
mesmos, daqueles que forem lançados por editoras brasileiras. Todo
aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o download
se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o
divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de
tradução dos grupos, sem que exista uma prévia autorização expressa dos
mesmos.

O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo


uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo este grupo de fãs de qualquer
parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido por
aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar a
presente obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos
termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.
SINOPSE
Ele deveria ser minha primeira e única aventura de uma noite.
Definitivamente, ele nunca deveria ter se tornado meu chefe.
Eu sempre tinha sido a boa garota - a workaholic com cada segundo de
sua vida mapeado.
Depois fiquei presa em um elevador com Julian Hoult.
Ele era... irresistível. Um homem sofisticado. Só a voz dele me deixou de
joelhos.

O que eu deveria fazer? Bem...


Posso lhe dizer o que eu definitivamente não deveria fazer.
Não era para eu me encontrar com ele nunca mais.
Eu não deveria estar desesperadamente desempregada, e eu
definitivamente não deveria aceitar sua oferta de trabalho sujo. Mas eu
não podia resistir.
Como CEO da Hoult Communications, Julian não para até conseguir o
que ele quer.

Assim, para seu próximo empreendimento com os bilionários mais


lascivos de Manhattan, ele me contratou para desempenhar o papel de
isca. E enquanto meu título oficial é o de Assistente Executiva, meu
trabalho atual requer ostentar tudo o que tenho até que seus clientes
sejam fáceis de dobrar - até que eles mal possam mais pensar por si
mesmos.
É sujo e errado. Contra tudo pelo qual trabalhei.
Mas, com Julian ao meu lado, não posso deixar de
aproveitar cada segundo.
Graças a ele, estou abraçando o mal e juro...
Nunca na minha vida me senti tão bem.
1

Sara

Puta merda.

Ofeguei no banco de trás do táxi, ainda correndo com a


adrenalina da potencialmente desastrosa tomada de decisão desta
noite. Podia ser o maior erro da minha vida, mas, foda-se, fiz isso.

Finalmente eu me demiti.

Eu deveria ser a Sara Estável com planilhas Excel para tudo,


desde seus impostos até suas compras e seu orçamento para os
presentes de Natal do próximo ano, mas esta noite eu tinha
oficialmente atingido meu limite e desistido do emprego dos sonhos
ao qual tinha dedicado toda a minha vida adulta, apesar de todos
me implorando para ficar. Mas a empresa é tão famosa, tão icônica.
Você já dedicou muito tempo. Por que não ficar por aqui? Você não
deveria se considerar sortuda por estar aqui em primeiro lugar?

Franzi meu rosto enquanto me libertava do meu blazer.

É, não. Não muito.


Ter sorte significava nove anos perseguindo promoções
inexistentes, sendo enganada para trabalhar milhares de horas
extras sem pagamento, sendo jogada debaixo do ônibus por
qualquer coisa que os chefões fizessem de errado e gastando os
últimos três meses em um artigo que meu editor não tinha intenção
de me dar os créditos - um fato engraçado que descobri hoje -
então, claro, tive sorte. Tanta sorte que acabei apagando
permanentemente todo o histórico de minhas pesquisas, contatos
e escritos, deixando o escritório em uma labareda de glória que
atrasou meus chefes três meses de trabalho duro.

Então... pontes?

Todas queimadas.

Definitivamente não havia como voltar atrás. E embora fosse


estimulante agora, sabia que pela manhã, uma vez que a realidade
aparecesse, ficaria horrorizada. Eu trabalhava na empresa desde
os dezoito anos. Minha vida centrada no escritório era tudo que eu
conhecia. Estar sobrecarregada era tudo que eu sabia. Na verdade,
não tinha ideia do que fazer com meu tempo se não estivesse
amarrada a uma mesa, e por volta das 8 da manhã de amanhã,
provavelmente me lembraria de tudo isso e teria um colapso
completo.

Então, por enquanto, eu iria para o alto.

— Você disse Lower East Side, senhorita? — o taxista chamou


de volta para confirmar.
— Sim, Ludlow Street, logo abaixo de Houston.

Também conhecido como o local de Drink My Ass Off1 e Dance


Till Four2, declarei silenciosamente, puxando meu laço de cabelo e
sacudindo meu coque.

Eu estava com um humor estranho.

Estava me sentindo ousada... liberal. Praticamente bêbada


pela emoção de não ter responsabilidades amanhã. Pela primeira
vez na minha vida adulta, eu não tinha ninguém a quem me
reportar, nenhuma alma para estar de plantão, e me senti bem
com isso, que era algo que sabia que não iria durar, então... por
que não aproveitar esta noite e fazer uma loucura?

Bem.

Mordi meu lábio. Eu tinha respostas para isso.

Um bando delas que tinha a ver com decisões impulsivas


tendo consequências profundas e duradouras, e como eu deveria
realmente, realmente saber disso melhor do que ninguém. Mas
antes que pudesse entrar naquele estraga prazeres comigo mesma,
uma tempestade de mensagens de texto pingou no meu telefone.

1
Expressão com o sentido de Beber Todas.

2
Expressão para Beber até às Quatro.
No momento ideal. Enfiei a mão no bolso, sabendo sem olhar
que as mensagens eram todas da minha melhor amiga.

LIA: Olaaaaaa! Por que você me mandou uma mensagem e


depois desapareceu??

LIA: Espere, não entendo, você realmente vai sobreviver esta


noite? Como você saiu do trabalho??

LIA: Você finalmente colou sua chefe na cadeira dela como eu


disse para você?

EU: Oi. Eu o fiz... de certa forma. Vou te dizer quando eu chegar


aí. É uma longa história na qual você não vai acreditar e vai exigir
uma bebida primeiro. Talvez três.

LIA: Simmm hora da história tão animada

LIA: Lukas também conhece os donos daqui, então... bar


aberto :)

EU: SIM. Estou a 5 minutos de distância. Terraço no Victorian


Hotel?

LIA: Sim, no terraço! Basta dar a eles o nome de Lukas na


porta. Devo ter uma bebida pronta para você?

EU: Não, mas se você conseguir encontrar um cara gostoso que


pareça ser um assassino na cama, por favor, agarre-o e conte-lhe
tudo sobre mim
Eu estava quase brincando, mas isso não impediu a
enxurrada de emojis chocados antes que a próxima mensagem de
Lia chegasse.

LIA: O queeeeee?

Eu bufei enquanto observava as reticências repetidamente


desaparecer e retornar enquanto minha melhor amiga tentava
decidir qual das suas muitas perguntas fazer primeiro. Eu sabia o
que ela estava pensando, quando tive coragem de ter um caso de
uma noite? Não fui eu a garota que manteve o mesmo amigo
baunilha com benefícios ao longo dos últimos cinco anos?

Sim. Sim, fui eu.

O nome dele era Jeff e ele era meu editor na revista da qual
acabei de sair e, figurativamente, coloquei fogo. Eu o escolhi
porque ele já estava no escritório e ele era fofo o suficiente, sem ser
distraidamente quente. Ele era muito bom sem ser ótimo. Ele não
era forte o suficiente para me fazer suar muito durante o sexo e
aparecer no meu próximo compromisso desgrenhada - o que
parecia horrível, sim, mas esse era o ponto.

Jeff foi apenas o suficiente para satisfazer minha libido, mas


não o suficiente para lançar meus hormônios em modo de
esmagamento. Ele tinha o trabalho feito para que eu pudesse
realizar o meu trabalho e, finalmente, ganhar um lugar no topo do
corpo editorial como cada um dos meus chefes sempre prometia.
Para essa empresa, eu me adaptei a uma vida sexual ativa, mas
profundamente medíocre.

E tudo por nada.

Esses idiotas, fiz uma careta quando a mensagem de Lia


finalmente chegou.

LIA: Espere, estou tão confusa. O que diabos está


acontecendo, você pode me dizer em uma frase, por favor?

EU: BEM

EU: Basicamente acabei de sair da June Magazine de uma


forma que pode me colocar na lista negra das publicações, então,
antes de me lançar ao controle de desastres amanhã, vou
compensar todos os anos de sexo ruim que tive com aquela empresa,
encontrar o cara mais gostoso no bar hoje à noite e conseguir que
ele faça TUDO comigo.

Uma vez que bati para enviar, deixei escapar um pesado


whoosh de um fôlego. Eu não percebi até um segundo depois de
enviar o texto, mas aparentemente minha mente estava tomada.

Eu estava cedendo esta noite.

Em tudo.

Foda-se - por apenas uma noite, eu iria me permitir ter o que


quisesse, do jeito que quisesse - tão duro e suado pra caralho
quanto eu queria.
Em dez horas, seriam 8 da manhã, mas até lá todas as
minhas regras deixariam de existir.

Qualquer fantasia que tivesse, meu desejo era meu próprio


comando, porque eu era tanto Cinderela quanto sua própria fada
madrinha no baile no terraço do hotel. Amanhã, estaria de volta à
realidade.

Mas esta noite, eu estava fazendo cada segundo valer a pena.


2

Sara

— Lia, estamos oficialmente no mesmo prédio - isso não pode


esperar até que eu encontre você no terraço? — implorei, meu
telefone pressionado entre meu ombro e minha orelha enquanto
eu entregava ao segurança minha identificação. Assim que passei
por ele, eu me vi no saguão elegante e sedutor da entrada lateral
mais silenciosa do hotel, esperando sozinha talvez pelo elevador
mais lento conhecido pelo homem.

— Não, Sara, não posso esperar, porque você me amarrou a


noite toda com seus textos enigmáticos e agora que finalmente sei
o que diabos está acontecendo, estou bêbada e animada e pronta
para embebedar alguns gatos para você, para que fiquem bem e
quentes quando você chegar aqui!

— Oh, isso soa... tão assustador, Lia.

— Foi? — ela fez um pequeno som triste. — Eu acho. Lukas


está me dando um olhar estranho agora. Mas tanto faz, não é a
sua noite, Lukas - estou falando com Lukas agora - é a noite de
Sara. Certo, Sara? Estou falando com você agora.
Eu tive que rir de como minha melhor amiga se transformou
em um show de merda adorável depois de apenas algumas taças
de vinho. — Claro, bêbada, é sim.

— Exatamente. Então ouça. Eu estava conversando com um


cara agora que é uma nota nove - não me olhe assim, Lukas - e ele
é um amor total. Tipo, uma pessoa tão legal.

— Uh-huh.

A voz de Lia sumiu quando optei por verificar meu reflexo nas
portas espelhadas do elevador.

Todas as coisas consideradas, não estava tão ruim.

Apesar de eu ter chorado feio no banheiro feminino do


trabalho duas horas atrás, meu rímel ainda estava bastante
intacto, assim como o blush que apliquei de manhã cedo.
Inclinando meu rosto para o lado, admirei o brilho natural
nas maçãs do meu rosto, as quais herdei de minha mãe -
muito altas e ansiosas para refletir qualquer resquício de luz
no ambiente. Lia carinhosamente as chamava de meretrizes
sujas. Minhas maçãs do rosto e minha bunda aparentemente
espetacular eram as melhores partes do meu corpo.
Oh, Lia. Eu tive que interrompê-la quando ela chegou à parte
sobre os três gatos de resgate desse cara tão legal.

— Lia - ouça — comecei com cuidado. — Agradeço sua dica e


te amo muito, mas não acho que um querido pai de gato não é o
que estou procurando esta noite.
— O que? Por quê?

— Esta é uma pergunta séria? — Apertei o botão do elevador


novamente por pura inquietação. — E nós realmente precisamos
ter essa conversa agora?

— Sim, Sara, é uma questão séria, porque estou bêbada, e


quando estou bêbada tenho problemas de compreensão, o que
torna cada pergunta uma questão séria — Lia explicou com
frustração, ao mesmo tempo encantando e irritando a merda em
mim como só ela poderia fazer. — Agora me explique por que você
não quer o cara legal que escolhi para você quando já contei a ele
tudo sobre você, e por favor me diga por que você fica tentando
desligar o telefone comigo a noite toda!

— Porque — eu assobiei — para começar, eu só passei os


últimos anos tendo um monte de sexo legal com um cara por quem
eu estava minimamente atraída, então esta noite eu
especificamente não quero esse tipo de sexo. Eu quero sexo bom,
suado... tipo de sexo cruel com um homem que vai apenas me
prender e... me foder com tanta força que ele vai quebrar a
cabeceira da cama. E para responder à sua segunda pergunta,
quero desligar o telefone porque não quero falar sobre o sexo
alucinante que vou ter esta noite, só quero ter. Pensar nisso está
me deixando no ponto da tortura agora e estar no telefone com
você enquanto estou nesse nível insano de tesão na verdade é meio
estranho, então, por favor, deixe-me entrar no elevador, Li? —
perguntei exasperada enquanto arrastava meus pés para dentro.
— Porque está aqui, estou dentro e eu-
Porra.

Meu coração parou quando me virei para ver a porra do


homem mais impressionante do mundo caminhando atrás de
mim, vestindo um terno ridiculamente caro, uma camisa branca
incrivelmente limpa, e apenas o suficiente de um sorriso na boca
perfeita para me deixar saber que ele tinha ouvido.

Tudo.

— Hum. — Arranjei meu sorriso estranho entre os dentes


enquanto fazíamos dois segundos de contato visual tão quente que
eu poderia ter rasgado minhas roupas ali mesmo. Desliguei
rapidamente a chamada com Lia e olhei para o estranho.

Bom Deus.

Ele era uma estátua ambulante - alto, estóico e esculpido em


pedra. Seu cabelo castanho espesso estava penteado para trás
apenas o suficiente para me dar uma visão imaculada de maçãs
do rosto esculpidas e uma mandíbula tão afiada que eu queria
correr meu dedo em sua borda perfeita. Eu limpei minha garganta.

— Oi.

Ele olhou por cima, acertando-me com o azul penetrante de


seus olhos assim que ele se inclinou para apertar o botão de seu
lado.

— Oi.
Aquela voz. Eu podia sentir o gosto. Era baixa e sexy, escura,
mas suave, e combinava perfeitamente com o resto de sua beleza
irreal. Um movimento rápido do meu olhar sobre seu corpo e eu já
podia ver que ele era longo e magro, vários centímetros mais de
um metro e oitenta de altura com uma construção sólida e
musculosa. Mesmo sob aquela jaqueta feita sob medida, percebi a
força de seus ombros largos, o V afilado de seu peito. Ele era o
poder e o sexo envolto em um terno italiano, e isso me fez imaginá-
lo em algum escritório brilhante de Manhattan, conduzindo os
negócios como de costume enquanto era sugado debaixo de sua
mesa.

Ok, Sara.

— Então... — Eu mordi meu lábio, meu coração batendo forte


quando ele ergueu seu olhar para encontrar o meu nas portas. —
Você... — Foi enviado do Céu? Brincadeira. — Você esteve lá
durante toda a conversa? No andar de baixo? — eu completei
minha pergunta com uma risadinha nervosa que não foi
respondida.

Droga. A estátua já estava entediada comigo. Ele estava


totalmente inexpressivo, sem sequer uma contração de emoção
naqueles traços requintados. Mas assim que o constrangimento
começou a inundar minhas bochechas, vi um pequeno brilho em
seus olhos.

— Não — ele demorou para responder. — Apenas o suficiente


para ouvir sobre o quão duro você quer ser fodida esta noite.
Oh.

Meu Deus.

— Certo — comecei lentamente, mordendo meu lábio com


força. — Em minha defesa, tive um dia um pouco catastrófico e
provavelmente amanhã será pior. Então, estou me dando
basicamente as próximas dez horas para fazer o que quiser.

— Dez horas. — Ele me olhou com curiosidade. — Isso não é


muito tempo.

Eu estava tão nervosa quanto possível, então tentei encolher


os ombros casualmente.

— Tudo bem. Eu sou uma garota simples.

Minha pulsação aumentou enquanto eu observava as linhas


nítidas de seus traços se moverem, formando a pequena carranca
mais sexy entre sua sobrancelha. Era isso...? Era. Ele estava me
provocando.

— Não tenho certeza se essa é a palavra que usaria para


descrever você.

Minha pulsação disparou, mas não demonstrei. — Não? Por


quê?

— Simples implica fácil explicação.

— O que eu não sou?


Ele hesitou por meio segundo, então deu uma risada. Foi um
som baixo e aveludado que me viciou instantaneamente.

— Não. Já tenho... mais do que algumas perguntas sobre


você.

Deus, por que parecia que ele estava falando coisas sujas
comigo? Ele ofereceu poucas palavras, mas cada uma me deixou
absurdamente quente. Até mesmo suas pausas me excitaram. Eu
não pude deixar de estimulá-lo a pedir mais.

— Que tipo de perguntas? — indaguei, tentando minimizar


minha curiosidade febril. — Você não precisa ser tímido. Como eu
disse, é uma noite meio foda para mim.

Ele sorriu. — Tem certeza do que está dizendo?

Não. Mas, deste ponto em diante, vou agir como se tivesse.

— Sim.

— Então acho que estou apenas me perguntando como uma


garota que se parece com você tem dificuldade para conseguir
alguém para prendê-la — ele me olhou — e fodê-la tão forte quanto
ela quer. Certeza de que qualquer homem hétero ficaria feliz em
sacrificar uma cabeceira ou duas por isso.

Oh, Jesus.

Levou tudo em mim para abster-me de realmente me abanar.


Eu não tinha ideia de como responder a isso. Tudo que sabia era
que precisava me recompor. Eu tinha apenas um passeio de
elevador com este homem misterioso de poucas palavras, e não iria
deixá-lo me atordoando em silêncio. Seria o maior desperdício de
casualidade conhecido pelo homem.

Então, prendendo meu cabelo atrás da orelha, limpei minha


garganta.

— O que... o que você quer dizer com alguém que se parece


comigo? — eu finalmente perguntei.

— Não seja tímida. Você sabe o que eu quero dizer.

Eu ri. — Eu quero dizer que sim, mas sinto que preciso


confirmar, porque tudo isso parece muito surreal agora.

Merda. Eu deveria admitir isso? Eu não estava tentando


parecer legal? Tanto faz. Considerando o nível de calor desse cara,
o fato de que eu ainda estava respirando era nada menos que um
milagre.

— Certo. Eu quis dizer que você não é apenas uma garota


bonita comum. Você é... — Ele me deu aquela risada sexy de novo
enquanto observava a cor subir para minhas bochechas. —
Quente. Realmente gostosa pra caralho. O tipo que faz os homens
sentirem urgência.

— Urgência como?
Ele olhou para mim como se eu estivesse sendo insolente. —
Como se eles precisassem sacudir ou foder sua imagem para fora
de sua cabeça. Isso pinta uma imagem clara para você?

Engoli. — Com justiça.

— Mais alguma pergunta? — ele brincou.

— Possivelmente — eu provoquei de volta.

— Como?

Eu cruzei meus braços. — Você se consideraria entre esses


homens?

Ele não hesitou.

— Considerando que te fodi mentalmente em quatro posições


diferentes antes de você colocar os olhos em mim, eu estaria
inclinado a dizer que a resposta é sim.

Ai, meu Deus. Fiquei quieta por um segundo.

— E qual posição você mais gostou?

Duplamente ai, meu Deus! Puta merda, Sara. Agradável.

— Eu gostei daquela em que você se curvou sobre a pia para


que eu pudesse ver tudo quicando no espelho. — Um sorriso
vagaroso curvou sua boca. — Mas você montando em mim para
cavalgar o meu pau foi uma segunda muito próxima.
E... sem palavras.

Sem palavras era na verdade um eufemismo para como eu


estava, o elevador finalmente abrindo no bar onde eu deveria
descer. Quase explodi em chamas quando duas mulheres
entraram, nos viram e prontamente saíram dando risadinhas uma
para a outra. Elas já sabiam o que eu ainda tinha que processar
completamente até que as portas se fecharam e o elevador
continuou até a cobertura.

— Acho que você perdeu seu andar — disse ele. Deus, seis
palavras nunca soaram tão sugestivas.

Pelo menos não até as minhas.

— Acho que vou para o seu.

Um borrão.

Um borrão quente e sem fôlego - era a única maneira que eu


poderia descrever a viagem do elevador até a porta.

Em nenhuma outra noite do mundo eu estaria bem com meus


seios seminus sendo expostos no meio de um hotel, mas esta noite
fui consumida pelo momento, pela loucura, por ele. Eu nem sabia
o nome dele, mas não me importava. Minha boceta estava
latejando sem misericórdia por ele, então, neste momento
particular, a única coisa que me importava era em ter este homem
nu e sentir cada centímetro quente e duro dentro de mim.

— Tão doce.

Seu murmúrio na minha boca era um contraste gritante com


seu toque quando ele me empurrou contra a porta, prendendo
meus braços ao lado do corpo. Meu corpo se esticou
impacientemente por ele, mas ele estava demorando comigo,
forçando meus dedos a se flexionar e se curvar enquanto ele
lambia uma linha espessa e molhada ao longo da curva do meu
pescoço. Ele não usou a ponta da língua. ele usou a parte plana
dela, enviando raios de prazer a cada terminação nervosa do meu
corpo.

Puta merda. Sua boca se curvou ao sentir cada tremor da


minha reação. Ele sabia que estava me torturando, e isso o fez ir
ainda mais lento, girando sua língua na minha pele enquanto
empurrava sua ereção pulsante contra minha barriga. Foi ao
mesmo tempo quente como o inferno e completamente
insuportável pra caralho.

— Suficiente.

Eu o empurrei com força, meu estômago se contorcendo de


medo e excitação enquanto ele estava diante de mim, os olhos
brilhando.
— Não me provoque. Eu já preciso de você dentro de mim -
por favor — eu ofeguei, engolindo em seco quando seus olhos
caíram para meu peito arfante.

De repente, eu me dei conta de que estava de pé apenas com


meu sutiã de renda preta e jeans preto, no corredor aberto de um
dos hotéis mais caros de Manhattan. Isso me fez sentir como se as
taças que me continham estivessem diminuindo de tamanho,
apertando meus seios com uma força desconfortável a cada
respiração curta.

— Tire-o primeiro.

Eu exalei. — O que?

— Eu quero ver você brincar com seus peitos. Então nós


entraremos.

Devo ter ficado louca porque não pensei duas vezes antes de
obedecer. Na verdade, nem me lembrava de ter tirado as alças de
cetim dos ombros. Só acordei quando arqueei as costas para fora
da porta, estendendo a mão para trás e desfazendo o fecho até que
meu sutiã caiu no chão. Eu chutei para ele. Ele pegou com os olhos
ainda fixos nos meus seios.

— Brinque com seus mamilos.

Eu gostei do gemido baixo que retumbou de seu peito quando


o fiz - quase tanto quanto eu gostei do contorno claro como o dia
de seu pênis contra suas calças. Ele era uma porra de barra de
aço, e cada centímetro do que eu precisava esta noite.

— Deus, apenas me leve para dentro — eu implorei.

Desta vez, ele obedeceu.

Entrelaçados dentro da sala, eu gemi de antecipação. Era


minha primeira vez em uma cobertura de hotel, mas não me
importei. Não tomei conhecimento de qualquer decoração ou
mobília até que ele me inclinou sobre o encosto do sofá que ficava
de frente para o espelho, dando-me uma visão dele tirando a
gravata e o paletó antes de tirar primeiro meu jeans pelas minhas
pernas, depois minha calcinha.

— Cristo. Isso só fica melhor e melhor — ele murmurou,


aquela carranca perfeita beliscando sua sobrancelha enquanto ele
inclinava a cabeça e passava a mão pela curva da minha bunda.
Ele avaliou com um pequeno movimento. Em seguida, cobrindo a
parte mais arredondada de sua curva, ele puxou a palma da mão
para trás e me bateu com tanta força que eu assobiei.

— Foda-se.

Eu agarrei o sofá, fechando meus olhos com força enquanto


ele acariciava minha pele dolorida. Mas uma vez que ele esfregou
totalmente a dor, ele me bateu novamente. Eu engoli quando meus
dedos do pé cravaram no tapete.

— Mais.
— O que é que foi isso? — Sua voz estava rouca.

— Eu quero mais.

Ele não esperou. Eu engasguei fortemente quando consegui


meu desejo, e meu gemido cresceu para um grito enquanto pelos
próximos segundos, ele administrava golpe após golpe, me
espancando com tanta força que eu podia me sentir balançando.

— Mmmm... Deus! — O som áspero deixou minha boca em


um crescendo, puxando um grunhido de seus lábios quando ele
agarrou um punhado do meu cabelo.

— Cristo, você está me deixando tão fodidamente duro — ele


rosnou. — Olhe como você é fodidamente sexy.

Eu olhei no espelho e soltei um pequeno suspiro.

Merda, Sara. Eu não reconheci aquele reflexo. Meu cabelo


estava úmido, minhas bochechas coradas e havia satisfação em
meu sorriso ofegante e de boca aberta. O que você fez comigo? Eu
queria perguntar enquanto olhava para ele através do espelho,
bebendo-o. Ele era uma mistura de bonito e brutal enquanto
inclinava a cabeça, deslizando um longo dedo em minha boceta.

Porra, porra, isso é bom.

Foi ainda melhor quando ele se inclinou para frente,


aprofundando com um empurrão seu dedo dentro de mim
enquanto sua mão livre segurava meu seio.
— Aperte-os com força — eu sussurrei.

— O prazer é meu.

Eu tinha que ser sem vergonha. Tinha que pedir o que queria,
porque de manhã tudo estaria acabado. Eu nunca veria esse
homem novamente e não poderia ter um único arrependimento.
Então, deixei tudo sair com ele.

— Mais — eu respirei, gemendo incontrolavelmente enquanto


ele massageava meus seios com uma mão, a outra ainda
brincando com minha boceta. Ele tinha dois dedos bombeando
rapidamente dentro de mim agora, e eu não podia acreditar como
parecia molhada. Eu não conseguia acreditar como me sentia
incrivelmente bem.

Com um grito gutural, caí para frente. Seus braços fortes me


pegaram quando fiquei mole, e houve uma batida de silêncio antes
que eu ouvisse seu sussurro rouco.

— Você acabou de gozar na minha mão, linda?

— Sim — eu respondi, ofegando em estado de choque


enquanto ele esfregava meus próprios sucos por todo o meu seio,
sua mão escorregadia na minha pele. Puta merda. Eu rolei minha
cabeça para trás em seu ombro, fechando meus olhos quando o
senti esfregar sua ereção contra minha bunda. — Eu devo estar
molhada o suficiente para que você se encaixe facilmente agora —
eu murmurei.
Ele fez uma pausa.

— O que você disse? — Ele riu quando me virei para seu olhar
intenso. Por um momento, ele me olhou, seus olhos indo dos meus
seios molhados aos meus lábios entreabertos. — E aqui eu pensei
que não poderia ficar mais duro — ele murmurou, agarrando sua
fivela pesada e dando três puxões rápidos para desfazer o cinto.

Minha pulsação aumentou em antecipação.

Ele piscou no momento em que seu pau saltou livre, fazendo


minha boca se abrir. Eu sabia que ele estava sorrindo enquanto
me olhava. Sua mão segurou minha cintura enquanto eu deslizava
minha palma sob seu eixo, meus dedos do pé enrolando enquanto
eu tentava envolver meus dedos em torno de sua espessura.
Parecia surpreendentemente sedoso na minha pele. Eu amei o
calor, o peso, e me deleitei com o som de seu gemido quando
comecei a acariciar.

Apenas espere, eu mordi meu lábio.

Eu nunca me importei particularmente em chupar, mas eu


queria seu pau na minha boca. Eu queria prová-lo - ser a única no
controle por um momento antes de deixá-lo me foder como
quisesse em qualquer superfície que escolhesse.

— O que você está fazendo?

Gostei da surpresa desenfreada em sua voz quando me


ajoelhei diante dele. Agarrando sua raiz espessa, eu escovei meus
lábios contra a cabeça lisa de seu pênis, recuando a tempo de ver
seu pré-sêmen brilhante. Sob meus cílios, olhei para cima para vê-
lo respirar com dificuldade e sem piscar, praticamente bêbado com
a vista.

Deus, sim.

Ele era forte, sem dúvida alguém com poder nesta cidade,
mas eu o tinha à minha mercê e esperando desesperadamente
apenas pela ponta da minha língua.

— Faça isso — murmurou, sua urgência palpável no aperto


em meu cabelo. — Chupe-o. Puta que pariu, por favor — ele
sibilou. — Deixe-me sentir sua linda boca no meu pau.

Satisfeita, puxei minha língua sobre sua ponta pulsante,


girando ao redor e puxando o gemido mais sexy de sua garganta.

Eu o ouvi apenas um segundo antes da porta da frente da


sala explodir aberta.

— Oh, meu Deus!

O grito que perfurou meus ouvidos veio de minha própria


boca, e foi seguido por seu rosnado: — Filho da puta! — Para a
porta.

Meu Deus.
Que porra, que porra, que porra, pensei enquanto me lançava
em direção às minhas roupas espalhadas por todas as partes do
chão.

Em meio ao caos absoluto de gritos, concluí que nosso intruso


era amigo dele, mas ainda não estava por perto. Seminua com
minha boceta encharcada e meus lábios ainda formigando com o
gosto do seu pau, a última coisa que eu queria era uma audiência.
Eu estava com calor e humilhada e, em segundos, estava fora da
porra da porta.
3

Julian

Eu fingia assistir ao jogo enquanto me sentava na parte de


trás do meu camarote localizado atrás da base principal. Tanto
quanto eu poderia dizer, ninguém sabia que eu estava fervendo.
Acenei com a cabeça e bati palmas no quinto turno, quando
saímos de congestionamentos de bases carregadas. Posei para
algumas fotos e tive uma boa conversa com meu presidente de
operações de beisebol. Mas eu não estava prestando atenção a
nenhuma dessas coisas.

Meu foco estava inteiramente nos irmãos idiotas encostados


em seus assentos, sem sapatos e flertando com garotas com
metade de sua idade como se não estivéssemos no meio de uma
reunião que eles solicitaram.

Respire. Inspire.

Pense em números.

Meditação do bilionário.

Esse poderia ser o nome do jogo. Obriguei-me a jogar sempre


que negociava com clientes ou parceiros que me faziam perder
tempo. Em vez de cancelar todas as negociações e dizer a todos
para se foderem, disse a mim mesmo para respirar e calculei
quanto da minha fortuna foi acumulada mantendo
relacionamentos com pessoas que eu desprezava.

A resposta era muito.

E esta noite, a resposta estava me ajudando a superar minha


reunião com Turner e Carter Roth. Os bebês de fundo fiduciário
criados na Califórnia eram surfistas semiprofissionais há três
anos. Eles não tinham nenhum traço detectável de bom senso,
discrição ou conhecimento de negócios, mas desde o falecimento
de seu pai, três meses atrás, eles herdaram sete bilhões de dólares
cada um e o controle total do Roth Entertainment Group, o maior
apresentador de esportes e entretenimento do mundo. Eles
estavam por trás de tudo, desde as maiores lutas de boxe do
mundo a shows de rock e turnês, e não tinham ideia de como eram
poderosos.

Felizmente, eu tinha.

A desvantagem era que eu tinha uma pequena janela de


tempo para chegar a um acordo com eles, o que tornava cada
reunião cada vez mais urgente. E, infelizmente, embora já
tivéssemos tido quatro pessoalmente até agora, praticamente
terminaram assim - descarrilados pela visão de qualquer rosto
moderadamente atraente emparelhado com pernas longas o
suficiente.
— Ei, Hoult — Turner chamou por cima do ombro. — Eu
tenho uma garota bonita que quer dizer oi.

Eu tinha acabado de fazer buracos na parte de trás de sua


cabeça estúpida, mas no momento em que ele se virou na cadeira,
meu brilho mudou para algo plácido e fácil.

— Sim?

— Sim, ouça, hoje é o vigésimo aniversário dela e a primeira


vez dela no Empire Stadium — ele disse, balançando a
sobrancelha e acenando para a loira de pernas compridas à sua
esquerda. Ela usava duas tranças sob o boné do Empires e uma
camisa infantil como vestido. — Você não, uh... você não acha que
ela deveria fazer um tour agradável com o dono dos campeões da
Liga Americana? Um passeio agradável e pessoal? — Turner deu
uma piscadela, como se tivesse sido tão sutil agora que eu pudesse
precisar de uma dica extra para entender o que ele queria dizer.
Ofereci à garota de olhos brilhantes um quase sorriso antes de
olhar para ele.

— Sabe, acabei de ter uma ideia.

Suas sobrancelhas saltaram alto. — Sim?

— Sim. — Fiz uma pausa até ter toda a sua atenção. — Eu


estava pensando que deveríamos fazer uma viagem para a
propriedade de Biarritz. Você pode dar uma olhada pessoalmente
em nossa clientela e em todas as melhorias que fizemos desde-
— Ah, porra, você está falando de negócios. — Turner
estremeceu e sacudiu a cabeça como se eu o tivesse enganado para
segurar uma pilha de merda de cachorro. — Jesus, cara. Eu fiquei
animado por um segundo. Achei que você estava prestes a sugerir
que tentássemos algo diferente.

— Este é um estádio familiar — falei. — Seu animal de merda


— eu tive que acrescentar com irritação. Então fiz questão de rir.
Enquanto eu risse, aparentemente, eu poderia dizer qualquer
coisa. Era considerado um clássico rebatimento de bola.

— Tudo bem, fácil. Esse cara — Turner gargalhou. — Muito


bem. Sem riscos. Mas, por favor, seja um cavalheiro e leve... — Ele
parou de falar e olhou para a loira.

— Hayley — ela forneceu.

— Hayley. Você poderia levar Hayley para um passeio ao redor


do estádio enquanto eu converso com... — Ele apertou os olhos
para a garota na cadeira à sua direita.

— Cass.

—Cass — Turner gemeu em direção ao céu. — Como eu


poderia esquecer? Cass com a bunda — ele rosnou, alisando a mão
sobre suas coxas. Então, com seus olhos de volta para mim, ele
baixou a voz. — Dê-me no máximo vinte minutos. Então você, eu
e a criança vamos voltar ao trabalho.
Por criança, ele quis dizer seu irmão, Carter, que estava no
banheiro com a amiga de Hayley por cerca de dez minutos agora.
Eu o culpava por tudo isso. Eu tinha realmente feito um trabalho
decente em manter Turner no tópico sobre a compra do meu resort
até Carter sair com a garota. Nesse ponto, toda esperança estava
perdida. Como o mais velho dos dois, Turner nunca ficava para
trás, e se a criança conseguia se dar bem, Turner tinha que fazer
também.

Acenando para a loira, eu a fiz andar na minha frente para


fora da suíte. — Vinte minutos — eu repeti para Turner.

— Talvez trinta.

— Quinze agora — eu disse, ouvindo sua bufada antes de


sair.

— Quem é essa? — Emmett perguntou enquanto eu colocava


a loira trançada em seu camarote. Foi uma curta caminhada desde
o meu, mas um contraste gritante. Apesar do jogo, geralmente
havia música tocando e mesas cheias de cerveja, asas e travessas
gigantes de sashimi. Para as garotas com baixo teor de
carboidratos, Emmett dizia, já que ele raramente ia a um jogo sem
pelo menos duas ou três coisas parecidas com modelos a reboque.
Parados na parte de trás do camarote, esquecemos tanto o
jogo quanto as travessuras de seu círculo social único. Os amigos
do meu irmão mais novo iam de advogados a atletas e garotos ricos
desempregados, mas todos eles tinham uma coisa em comum:
uma afinidade com a bebida todas as noites da semana.

— O nome dela é Hayley — respondi à pergunta de Emmett,


observando Hayley se misturar instantaneamente com seus
amigos. — Eu realmente não a conheço.

— Não pensei assim. Deixe-me adivinhar - você está cuidando


dela para um dos Roths.

— Bingo.

Emmett bufou, torcendo seu boné de beisebol para trás e


tomando um gole de sua cerveja. — Eu diria para esquecê-los neste
momento, mas, porra, esses idiotas têm tudo que você precisa. E
todo esse poder simplesmente caiu em seus colos. Eles nem sabem
o que fazer com isso.

— Eu prefiro que você não me lembre.

— Tudo bem, vamos mudar de assunto. — Sua pausa foi


deliberadamente curta. — Oh, espere, não há nenhum outro
assunto com você além de trabalho. Certo? — Não disse nada
porque não adiantava corrigi-lo. Isso, e eu podia sentir um certo
tópico surgindo que eu não tinha interesse em discutir. — Exceto...

— Não faça isso.


— Tem um assunto que ainda não tivemos a chance de
esclarecer.

— Largue isso, Emmett.

— Vamos, cara. Eu preciso de uma explicação. Quem era ela?


Como você a conheceu? Eu nunca vi você ficar tão chateado por
uma garota antes.

Arrastei minha palma sobre meu queixo e resmunguei


baixinho. — Eu não estava chateado por uma garota. Eu estava
chateado porque você entrou na sala enquanto eu estava
claramente no meio de algo com ela.

Eu não queria pensar sobre isso, mas, Cristo, aquela noite na


semana passada foi surreal. Eu estive com o meu quinhão de
mulheres bonitas, mas a morena que conheci na noite de quinta-
feira no hotel tinha meu pau meio duro mesmo antes de ouvi-la
falar sobre querer ser presa e fodida até perder os sentidos. Tudo,
desde seus seios perfeitos até sua risada nervosa, fez meu pau
pular. Ela era a fantasia sexual que eu nunca soube que tinha, e
dizer que estava chateado por não ter terminado minha noite com
ela era um eufemismo grosseiro e incrivelmente ofensivo.

Ótimo.

Agora eu estava pensando nela.

— Eu posso dizer que você está pensando nela.


— Foda-se.

— O que?

Eu olhei para meu irmão. — Eu quase admiro a sua coragem


de foder sozinho com a minha noite, em seguida, zombar de mim
sobre isso.

— Você está bravo comigo ou você está bravo por ainda não
ter superado?

— Ambos.

— Cristo, J. — A boca de Emmett estava cheia de pizza


enquanto ele ria. — Não é a coisa mais maluca do mundo se você
pensar em uma garota por mais de uma noite.

Não sei. Cinco dias depois e eu ainda não tinha me


masturbado com nenhum pensamento além dela.

— Pega leve, irmão. Isso significa apenas que você é humano


pela primeira vez. Além disso, é Nova York. É uma cidade pequena.
Você vai topar com ela de novo.

— É a quarta maior cidade do mundo, mas agradeço sua


capacidade de sempre olhar pelo lado positivo. — Entreguei a ele
minha cerveja. — Eu deveria voltar para meu camarote.

— Sim, por que não se apressar e esperar? Você vai voltar lá


bem a tempo de ouvir as garotas de 20 anos de idade fodendo o
rosto dos Roths no banheiro.
Eu fiz uma careta. — Obrigado por seu fraseado colorido. E
por colocar essa imagem na minha cabeça.

— A qualquer momento. Agora sente-se e assista a este jogo


comigo. Você é o dono deste maldito time, você pode muito bem
tentar se preocupar com ele como você realmente fazia quando
éramos crianças.

Eu atirei para ele o olhar que eu geralmente fazia quando


estava ficando completamente cansado de suas merdas. Ainda
assim, sentei-me e peguei as últimas eliminações antes do sétimo
turno, e quando a versão costumeira de “God Bless America” soou,
minha mente vagou.

Eu puxei meu lábio.

Deus abençoe aquelas malditas curvas.

Graças a Emmett, eu estava de volta à perigosa toca de coelho


ao pensar sobre a minha morena misteriosa da noite no hotel.
Deus abençoe aquelas curvas e a forma como aqueles peitos cheios
balançaram quando eu bati naquela bunda perfeita sobre o sofá.
Reviver a memória de sua língua rosa na ponta do meu pau foi o
suficiente para me deixar duro como uma rocha e irritado, porque
eu nem mesmo tinha o nome dela.

Tudo que eu consegui foi sua calcinha.

Ela era sedosa, preta, e eu poderia tê-la deixado no quarto do


hotel após o check-out, mas neste exato momento, ela repousava
na minha cômoda em casa, ao lado da placa de prata que coloquei
meu relógio no final do dia... no que me dizia respeito, ela era
minha agora. Ela era minha única lembrança do nocaute sem
nome que me deixou tão duro tão rápido que eu estava pronto para
persegui-la quando ela foi embora e fodê-la na rua se fosse
necessário.

Claro, logo depois que eu coloquei minhas calças de volta, o


fluxo interminável de amigos de Emmett entrou e, assim, ela
estava perdida para sempre.

Mas foi o melhor.

Isso foi pelo menos o que eu disse a mim mesmo enquanto


olhava fixamente para o campo, observando a equipe de
jardinagem preparar a terra para o final do sétimo.

Eu tinha nomes suficientes para lidar. Turner Roth, Carter


Roth, Hayley com as tranças, Cass com a bunda. Assim que
colocava um nome em um rosto, não me esquecia. Eu construí
meu negócio do zero e, ao longo do caminho, descobri que não
havia como prever quando as informações poderiam ser úteis, por
mais insignificantes que parecessem.

— Jennifer. — Eu parei a garçonete do camarote quando ela


estava saindo. Ela parou ansiosamente.

— Sim, Sr. Hoult?


— Tenho que voltar ao escritório, mas gostaria que me fizesse
um favor, se puder.

— Sim, senhor. Absolutamente.

— Eu preciso que você vá para minha suíte algumas portas


abaixo. Turner Roth é o cara de cabelo loiro com cerca de um metro
e oitenta. Ele está vestindo uma camisa azul e está com uma garota
em um vestido amarelo chamada Cass. Peço desculpas
antecipadamente por qualquer coisa que você possa vê-los
fazendo, mas quando eles terminarem, você pode dar isso a ele? —
Entreguei a ela o cartão de visita no qual havia rabiscado uma
mensagem no verso.

Ela riu sem fôlego. — Claro, senhor.

— Obrigado, Jennifer.

— De nada, Sr. Hoult. — Ela ficou em silêncio por um


segundo, como sempre fazia. Então ela saiu e eu me levantei da
cadeira, tirando meu telefone do bolso.

Eu havia deixado de lado qualquer ilusão de que seria capaz


de recuperar a atenção de Turner esta noite, então decidi tirar o
melhor proveito da situação fazendo alguma manutenção. Com
uma ligação, reservei a Turner a mesma cobertura que aproveitei
na semana passada no The Victorian Hotel, e fiz questão de
solicitar um bilhete ao lado do Cristal no gelo, dirigido a ele e Cass
- um gesto simples que iria sem dúvida fazê-la se sentir especial,
já que fazê-la se sentir especial era pelo menos metade da batalha
para fechar o negócio.

Sim, eu estava bajulando os idiotas.

Porque, assim como o sexo, o negócio era fazer o cliente se


sentir especial, bem cuidado - como algo entre um amigo e um
astro do rock. Então, se não poderia ter uma reunião produtiva
com os Roths, iria pelo menos ganhar o favor deles em um nível
pessoal, garantindo o que eles claramente se importavam -
transar. O que era desprezível, com certeza.

Mas, muitas vezes, desprezível passou a ser um grande


negócio.
4

Sara

A semana passada não tinha saído como planejado - nem de


longe, e isso ficou claro no meu rosto quando Lia abriu a porta de
nossa cafeteria favorita e me viu no canto.

— Ah, amorzinho — ela imediatamente fez beicinho.

Eu estava de mau humor na nossa mesa de costume, usando


um vestido longo vermelho e simbolizando a frase ‘toda bem
vestida e sem ter para onde ir’.

— Estou supondo que o jantar não foi tão bem.

Eu fiz uma careta. — Foi ruim. E estranho. E um pouco


machista até.

— O quê? O que ele disse?

— Muitas coisas sobre como eu deveria parar de enlouquecer


por estar desempregada, que não há problema em garotas bonitas
não terem empregos. Depois, algo sobre como as mulheres são
realmente um fardo para as empresas e que a licença-maternidade
é injusta para os homens.
— Uau — Lia respirou. — Isso é super charmoso para um
primeiro encontro.

— Não é? — falei secamente.

Em desespero, tentei um encontro esta noite. O par que


encontrei no Tinder foi um graduado da Cornell com o que parecia
ser um belo sorriso e um corpo mais agradável. Eu esperava que
ele pudesse ser uma distração do fato de que eu enviei centenas
de currículos na semana passada e não obtive respostas. Seis dias
não era muito tempo para ficar sem emprego, mas ainda assim
estava ficando inquieta, impaciente e, o pior de tudo, estava sendo
frequentemente distraída da minha caça ao trabalho por memórias
daquele homem lindo e fodido, com o qual estive tão perto de
dormir no hotel na semana passada.

Parecia dramático, mas tinha certeza de que ele me arruinou.

Eu não conseguia me vestir sem olhar para o meu próprio


corpo nu e lembrar a maneira como ele me tocou, a maneira como
ele lambeu meu pescoço e beijou meus seios. No chuveiro, corri
minhas mãos sobre as partes de mim que ele chupou, apertou e
espancou sem misericórdia, e só de pensar nisso me deixou mais
quente do que qualquer sexo que eu já tive.

Foi uma tortura. Tortura pura.

A quantidade de vezes que tive que pausar meu dia e subir


na minha cama com meu vibrador foi realmente embaraçosa,
então Josh do Tinder era minha esperança de alívio.
Mas ele acabou se revelando um idiota que odiava a licença
de maternidade.

— Está tudo bem, garota. Para o próximo, certo? — Lia tentou


ajudar.

— Eu diria isso, mas acho que o Elevator Babe3 pode ter


arruinado meu gosto por homens para sempre. As comparações
são muito altas agora.

— Ele era realmente tão bonito? — Lia sussurrou


vertiginosamente.

Eu gemi em minhas mãos. — Ele era literalmente a pessoa


mais bonita que eu já vi na vida. Na verdade, tenho quase certeza
de que ele é a pessoa mais bonita que alguém já viu na vida. Na
história e em todo o mundo.

— Desculpe. Posso ser tendenciosa, mas acho que a pessoa


mais bonita do mundo é meu namorado, Lukas, mas antes que
você role os olhos para mim — Lia disse apressadamente enquanto
eu revirava os olhos para ela — sei de alguém no círculo social de
Lukas que você consideraria atraente. Na verdade, eu já te falei
sobre ele antes, mas você nunca se interessou em ouvir e ele
também é um grande idiota, então achei que poderia ser o melhor.
— Lia riu para si mesma. — Mas de qualquer maneira, se não for
namoro e tudo o que você está procurando, um cara realmente

3
Apelido que pode ser traduzido como o Querido do Elevador.
gostoso para terminar o trabalho que o Elevator Babe começou é
Julian. — Ela fez uma pausa para efeito após dizer o nome dele. —
Ele pode ser o cara.

— Certo. Acho que você já o mencionou antes.

— Eu definitivamente o fiz. Você estaria interessada em


conhecê-lo?

— Eu acho.

Lia revirou os olhos com a minha indiferença. — Oh, meu


Deus, olhe, eu sei que ele pode não acabar sendo tão quente
quanto o seu misterioso Elevator God4, mas eu prometo que ele é
dez bilhões de mundos melhor do que Tinder Josh. Na verdade,
posso dizer, apesar de estar absurdamente apaixonada por Lukas,
que Julian é objetivamente lindo. Tipo, realmente, realmente,
quase irritantemente bonito - e mega rico, se você gosta disso. Mas,
de qualquer forma, vou procurá-lo no Google e provar isso a você
agora, para poder prosseguir e dizer que avisei.

— Lia. — Eu gentilmente coloquei seu telefone de volta na


mesa. — Está tudo bem, garota, eu confio em você. Vou te dizer
uma coisa, da próxima vez que você me enviar uma mensagem
dizendo que estão todos juntos, eu vou participar. Sempre quis,
mas agora tenho tempo. Na verdade, tenho muito tempo agora —

4
Outro apelido, Deus do Elevador.
murmurei, estatelando meu queixo pontudo na minha mão e
olhando com frustração para fora da janela.

— Ah, ah. Sem chafurdar, Sara. Eu proíbo — disse Lia com


firmeza. Pegando minha mão, ela deu um aperto encorajador. —
Ei, olhe para mim. Você quer fazer algo divertido esta noite? Quer
ver se tem um bom filme feminino no Alamo Drafthouse? Podemos
ficar bêbadas com margaritas e rir de como as pessoas nunca
dizem ‘tchau’ ao telefone nos filmes.

— Essa é uma ideia.

— Ou. — Lia ergueu um dedo enquanto mandava uma


mensagem de texto com a outra mão em seu telefone. —
Poderíamos beber Veuve Cliquot ilimitado de graça em alguma
arrecadação de fundos bilionária no West Side.

Tive que demorar um segundo para processar.

— Essas são duas opções muito diferentes.

— Eu sei. Mas Lukas está na festa de arrecadação de fundos


agora, e ele disse que não é black tie, então podemos simplesmente
ir. Além disso... — Ela parou para escrever um pouco mais, em
silêncio por vários segundos extremamente focados na digitação
rápida. Do nada, ela se engasgou e ergueu o punho. — Sim! Julian
está lá. Estamos indo!

— Oh, Deus — eu gemi provocativamente enquanto a deixava


me arrastar para fora da minha cadeira.
— Não me diga ‘oh, Deus’, você vai me agradecer em breve —
Lia retrucou, jogando algumas notas na mesa antes de me levar
para fora da porta. — Você e Julian, garota. Está acontecendo.
Quero dizer, ele é o pior tipo, mas provavelmente é pelo menos
decente na cama.

— Legal. Você o vendeu — eu bufei quando saímos para a


calçada e chamamos um táxi.

Não era um caso de black-tie, mas eu ainda me sentia mal


vestida, principalmente porque todos ao meu redor apenas
exalavam riqueza. Deslizando elegantemente por mim em todas as
direções estavam pessoas em Cartier, Prada, Chanel - pessoas
ostentando o tipo de brilho e polimento que eu não poderia imitar
com H&M da cabeça aos pés. E se a discrepância de guarda-roupa
não me dissesse que eu estava entre o um por cento, o Maserati
prateado parado no fundo da sala certamente sim.

— Mas por quê? — Eu apertei os olhos para Lia.

— Leilão silencioso? — Lia encolheu os ombros. Bebendo seu


champanhe, ela se recostou no bar e examinou a sala. — Lá está
Lukas falando com algumas pessoas — ela murmurou. Sua voz
era casual, mas quando eu olhei para ela, ela estava com o sorriso
mais estúpido de apenas olhar para seu namorado. Eu suprimi
minha risada. — Eu não vejo Julian em qualquer lugar perto dele,
no entanto. Eu me pergunto onde esse idiota está.

— Mais uma vez, você realmente o está vendendo.

— Oh, cale-se. Eu não poderia cantar nada além de elogios e


você ainda não se importaria. Você está tão... obcecada por esse
cara do elevador.

ECA. Era verdade.

Eu fui em frente e me apaixonei completamente por um


homem com quem passei um total de quinze minutos. Eu deveria
esquecer aquela noite, uma vez que acabou, mas em minha defesa,
nunca foi realmente concluído. Eu estava no auge da minha
excitação, mais excitada do que jamais estive em minha vida
quando algum idiota entrou no quarto, arruinou nossa noite e
deixou minha libido pairando indefinidamente, ao que parecia.

A pior parte é que eu não conseguia alimentar nem mesmo


meu menor desejo por ele. Sem o nome dele, eu não poderia nem
mesmo pesquisar sobre ele no Google e ficar obcecada por uma
única foto dele no Facebook ou LinkedIn. Eu não tinha nenhum
nome, nenhuma pista e, infelizmente, nenhum interesse em
qualquer outro cara até agora. Olhando ao redor da sala, havia
muitos homens atraentes, impecavelmente bem vestidos e
presumivelmente muito ricos, mas nenhum deles estava fazendo
algo por mim. Era desolador.
— Oh, oh! — Lia engasgou. — Eu vejo Julian!

Priorizei meu último gole de champanhe antes de erguer os


olhos e esticar o pescoço preguiçosamente para olhar para onde
ela assentiu. — Qual é ele? O cara loiro de azul?

— Ugh, não, aquele cara está bloqueando-o agora.

— Mm. — Perdi o interesse e abri o Instagram. Lia me deu um


tapa.

— Ei! Aja como se você se importasse! O Terno Azul está


prestes a se mover para que você possa ver Julian — ela disse
ansiosamente. — Pronto, pronto! Aquele de cinza escuro! Rápido,
rápido, olhe!

— Está bem, está bem! — Enfiei meu telefone de volta na


minha bolsa e olhei para cima.

Então eu senti o sangue drenar rapidamente do meu rosto.

A música e a conversa se dissolveram em meus ouvidos


enquanto meus olhos focavam no sexo ambulante e na perfeição
que eu reconheceria a uma milha de distância. Eu não pude
acreditar. Era ele - minha conexão sem nome naquela noite
imunda e inesquecível no hotel. Ele estava parado sob o ponto
mais alto do teto de vidro abobadado, cercado por meia dúzia de
colegas, amigos e admiradores, todos parecendo muito ricos,
importantes e vestidos para matar.
Seus olhos estavam todos nele.

E ele estava olhando diretamente para mim.


5

Julian

Tomei um gole maior do que o normal de uísque, deixando o


líquido queimar minha garganta. Tinha acabado de perder a
atenção de Carter para uma garota, mas a dele não era tão
importante para mim, de qualquer maneira. Quando se tratava de
negócios, ele se rendia ao irmão, cujo foco eu ainda mantinha.

Até este segundo, aparentemente.

— Aquele filho da puta! — ele riu, apontando através da sala


para Carter. De acordo com Turner, seu irmão tinha acabado de
reivindicar o único talento real na festa, e agora parecia que ele
estava fazendo o seu melhor para impressioná-la com um lance no
estúpido Maserati.

— Ei. — Turner me deu uma cotovelada. — Vamos lá e supere


o lance dele na frente dela. Vai ser épico.

Eu olhei para o carro. — Não.

— Oh, certo, você não está impressionado. Você tem muitos


desses bebês.
Eu tinha. Eu mantinha minha coleção de carros e
motocicletas em uma garagem de quatro andares que possuía na
Eleventh Avenue, e por um momento pensei em ir lá, pegar minha
moto e dirigir as três horas até minha casa em East Hampton - só
para não ficar tentado a perder mais um minuto tentando cortejar
esses idiotas. Mas a fantasia foi passageira.

— Ei, por que não vamos dar uma volta em um de seus


carros? Talvez viajar pela cidade e encontrar algum talento real, já
que claramente não há nenhum nesta sala — Turner disse, seus
olhos seguindo uma morena pequena. — Chata — ele comentou.

— Turner — eu mascarei meu nojo. — Devo lembrá-lo de que


estou tentando vender o resort Biarritz o mais rápido possível e
você não é a única pessoa interessada em comprar — falei,
referindo-me ao imóvel carro-chefe da minha pequena rede de
hotéis de luxo.

Ele estava desfrutando de lucros recordes este ano, mas eu


ainda estava ansioso para tirá-lo de minhas mãos. Eu não queria
mais olhar para ele. Além da razão óbvia pela qual eu queria que
ele fosse embora, eu também estava no processo de liberar capital
para uma reforma com financiamento privado do Empire Stadium.
Fazer isso em parceria com a Roth Entertainment seria o ideal.
Isso me colocaria em vantagem para reservar shows e turnês,
capitalizando os jogos de rua e a entressafra para tornar o estádio
lucrativo o ano todo. Eu poderia ficar duro pensando sobre quanto
dinheiro poderia ser feito com nossos esforços colaborativos.
Claro, esses esforços exigiam a atenção concentrada de
Turner, o que eu sabia que não estava recebendo quando ele
agarrou meu ombro e sorriu.

— Ei. Alguém já te disse para apenas relaxar, Hoult? Estamos


em uma festa. Divirta-se. — Ele me deu uma sacudida. — Vou te
dizer uma coisa, cara. — Esta era a parte em que ele sugeria que
fôssemos para um clube para beber e foder a noite toda antes de
começarmos a trabalhar na segunda-feira. — Por que não vemos o
que está acontecendo no 1OAK hoje à noite? Vamos pegar Carter,
dar uma volta em um de seus carros, e teremos um grande final
festejando antes de apertar o cinto na segunda-feira e realmente
conseguir... — Ele interrompeu. — Foda-se.

Eu olhei para ele, quase certo de que não era o fim real de sua
frase. — O que? — perguntei com irritação.

— Quem é essa porra de beleza? — ele perguntou, seu rosto


se iluminando como uma máquina caça-níqueis em Vegas.
Ridículo. Tive que esconder meu ressentimento quando me virei
em direção ao bar para ver o que ele estava vendo.

O longo cabelo preto me atingiu primeiro. Em seguida, foi a


porra da figura nocaute envolvida em um longo vestido vermelho.
Tenho que concordar com ele desta vez, pensei ironicamente
enquanto meu olhar se movia o resto do caminho até o rosto da
garota.
Quando meus olhos se fixaram nos dela, meu coração pulou
na minha garganta.

Eu recuei.

— O que diabos ela está fazendo aqui? — Eu não queria que


a pergunta escapasse da minha boca, mas saiu em um murmúrio
chocado que mais do que chamou a atenção de Turner.

— O que? Você a conhece? Quem é ela?

Ela era a mulher que eu nunca deveria ver novamente, mas


aqui estávamos. Ela era mil vezes mais sexy do que eu me
lembrava, e eu estava completamente sem palavras.

— Jesus, Hoult. Olá? Não me deixe esperando. Estou


morrendo aqui.

Eu tirei meu olhar dela para olhar para o olhar de Turner


fixado com uma urgência cômica em mim. Notei com diversão que
pela primeira vez esta noite, ele tinha ganhado vida.

— Ela é minha assistente — eu disse.

As palavras saíram da minha língua antes que eu realmente


pensasse no que estava dizendo. Limpei a garganta quando
finalmente processei o que acabara de fazer.

— Sua assistente? Por que você não a trouxe aqui? Você está
louco, porra? — Turner riu alegremente como se tivesse acabado
de ganhar a sorte grande.
Eu olhei para ela novamente. Ela me viu com aqueles olhos
grandes, e eu não queria nada mais do que ir direto para ela,
arrancar aquele vestido de seus seios e dobrar aquele corpo
perfeito sobre o bar.

Mas eu tinha um idiota desajeitado para cuidar.

— O que? — Eu fiz uma careta para Turner.

— Jesus, perguntei por que você nunca a trouxe aqui antes.


Se ela é sua assistente, onde diabos ela esteve?

Eu pensei um pouco.

— Ela esteve fora nas últimas semanas — falei, meu coração


batendo mais rápido quando contei minha história. — Ela estava
supervisionando a reforma e a mudança administrativa no resort
de Biarritz. O voo dela acabou de chegar esta noite, então eu não
esperava vê-la aqui.

Nada mal. Eu tive que me parabenizar quando Turner


assentiu, aceitando minha mentira.

— Não me diga — ele murmurou, nós dois olhando para ela


agora. — A pobre garota só quer festa.

Eu suprimi meu sorriso quando ela corou e se contorceu em


sua cadeira. Eu conhecia o visual.

Sua boceta estava molhada.


Cristo. Eu apertei minha mandíbula, desejando muito poder
voltar a provar cada centímetro dela para meu lazer. Tanto quanto
eu estava, podia ver que seus mamilos perfeitos estavam duros,
lutando contra aquele vestido vermelho fino. Foda-me. Eu sabia
exatamente como eles eram lá embaixo. Lembrei-me exatamente
de quão doce eles eram na minha língua, e minha boca encheu de
água com a necessidade de chupá-los novamente.

Mas externamente eu não tinha nenhum indício de expressão


quando Turner sorriu para mim.

— Hoult, devo desculpas a você — declarou ele, dando um


tapinha nas minhas costas. — Achei que você fosse muito certinho
para contratar garotas quentes e gostosas como ela. Porra, como
meu pai as chamava mesmo? — Ele estalou os dedos quando
lembrou disso. — Destruidoras de escritórios.

— Eu contrato com base na capacidade e tenho uma regra


estrita contra relacionamentos no escritório.

— Você é louco. — Turner lambeu os lábios. — Quero dizer,


Cristo, você vê aqueles peitos? Olhe aqueles peitos.

Confie em mim, idiota. Estou olhando.

— Eu tenho olhos. Eu sei que ela é atraente. Ela é uma


funcionária valiosa demais para arriscar alguma coisa.
— Uh-huh — ele respondeu distraidamente. — Então você,
uh... você disse que ela é sua especialista no resort de Biarritz?
Qual é o nome do lugar mesmo?

— Hotel Piera. — Minha mente disparou, mas tomei um gole


casual para esconder. — Se você estiver interessado em ouvir os
relatórios dela, ficaria feliz em recebê-lo no escritório na terça-feira.
É o seu primeiro dia oficial de volta.

— Sim? — Turner olhou para ela novamente. — Prepare-se,


Hoult. Terça-feira. Meio-dia está bom para você?

— Meio-dia é perfeito — falei suavemente enquanto voltava


meus olhos para a mulher que eu tinha acabado de fazer como
meu peão não consentido. Merda. Eu pensei rápido enquanto
olhava para ela. Ela mostrava aquele seu olhar sensual, tipo foda-
me, que me fez querer esquecer tudo e apenas me enterrar dentro
dela, mas eu precisava me concentrar e me afastar de Turner
rápido.

Eu tinha um plano que estava improvisando enquanto


caminhava em sua direção.

E isso envolvia cem por cento de sua disposição de mentir por


mim.
Sara

Eu mal tive tempo de respirar, muito menos entender.

— Não fique surpresa. Venha comigo.

Essas foram suas únicas palavras antes de pegar minha mão


e me levar por um grande corredor em direção a uma escadaria de
mármore. Eu rapidamente peguei minha saia em minhas mãos
enquanto subíamos, nossos sapatos um coro barulhento de click-
clacks que ecoavam a cada passo.

Meus pensamentos estavam confusos.

— O que está acontecendo? — perguntei, sem fôlego, uma vez


que estávamos quase sozinhos no segundo andar. Dois garçons
empalhados empurraram um carrinho de pratos sujos de um salão
de baile vazio no final do corredor, mas, exceto por alguns olhares
curiosos, eles não ligaram para nós. — Ei. — Eu agarrei o
antebraço de Julian para chamar sua atenção deles de volta para
mim, mas deixei cair como uma batata quente quando senti aquele
nó rígido de músculos. Respostas. Eu precisava priorizar a
obtenção de respostas ao invés de me distrair com meu desejo
inacreditável por ele. — Ei. Você pode me dizer o que está
acontecendo?

Seus olhos voltaram para mim. — Meu colega lá embaixo está


de olho em você — disse ele, sua mandíbula ligeiramente cerrada
quando olhou meu vestido. Eu olhei para mim mesma, percebendo
que em nossa pressa, a alça do meu vestido tinha caído bem do
meu ombro. Eu não a consertei. — E eu preciso informá-la sobre
uma mentira na qual te envolvi antes que ele tente se apresentar.

— Do que diabos você está falando, Julian?

Ele fez uma pausa forte ao som de seu nome em meus lábios.
Eu poderia dizer que ele queria perguntar como eu sabia disso,
mas estava claro que tudo o que ele estava falando tinha
prioridade.

— Você tem a atenção de Turner Roth. Eu quero a dele. Por


isso, gostaria de contratá-la para um trabalho muito curto e
específico. Para estar segura, podemos fazer um contrato de três
meses, e eu vou pagar o quanto seu último empregador ofereceu
por um ano inteiro.

— O quê? — Sério, o quê? — Espere. Eu não entendo, que tipo


de trabalho é esse?

— Você se passaria por minha assistente e, na terça-feira,


precisaria memorizar um relatório completo sobre uma reforma de
20 milhões de dólares em um resort em Biarritz, França, que
pretendo vender para Turner e Carter Roth. — Ele olhou para a
alça caída do meu vestido. — Eu também vou precisar que você
apresente esta informação a eles de uma forma bastante
específica.

— Como é isso?
— Eu preciso que você os seduza.

Eu o olhei. — Com licença?

— Por seduzir, eu não quero dizer dormir com eles.

— Graças a Deus por isso, mas então o que você quer dizer?
Porque eu acho que preciso de uma explicação muito completa. —
Apesar da minha frustração, eu olhei sem piscar para a maneira
como ele passou a mão pelo queixo.

— Eu tenho um tempo limitado para fechar um acordo


importante com os Roths — ele explicou, ficando perto enquanto
eu me encostava na parede. — Eles simplesmente herdaram a
maior empresa no ramo de apresentação de esportes e
entretenimento da América, apesar do fato de não serem, de forma
alguma, empresários reais ou experientes. Na verdade, seus egos
particulares fazem com que sintam poucos motivos para prestar
atenção a qualquer coisa, a menos que envolva gratificação
instantânea, geralmente na forma de impressionar uma bela
mulher. É claro que, pelo que descobri, eles perdem esse interesse
no momento em que realmente fazem sexo com a mulher, então
seu trabalho é ser profissional e ao mesmo tempo se vestir de
forma provocante e flertar o suficiente para manter o interesse
deles. Tudo que preciso é que eles ouçam por tempo suficiente para
me conectar com seus consultores de negócios, com quem terei
reuniões produtivas. Portanto, de forma realista, a parte mais
difícil do seu trabalho poderia ser realizada em apenas algumas
reuniões.
Eu o encarava. Eu não conseguia acreditar no que estava
ouvindo. Mas presumindo que eu tivesse entendido corretamente,
fiquei curiosa e... emocionada, até?

Eu molhei meus lábios.

— Ok, então... corrija-me se eu estiver errada, mas você está


dizendo que quer que eu amarre esses caras com meu fascínio
sexual e os force a prestar atenção ao seu discurso no processo?

— Sim. Mas você nunca vai ficar sozinha com eles. Você só
vai me acompanhar durante reuniões e viagens de negócios, e
quando não estivermos fazendo nada envolvendo os Roths, o que
provavelmente será na maioria dos dias da sua semana, você está
livre para usar os recursos do meu escritório para enviar
currículos ou trabalhar em seus próprios projetos.

Droga. Eu já estava meio vendida antes de saber que poderia


usar o tempo para continuar minha busca de emprego.

— O que você está pensando? — Julian perguntou.

— Que isso é loucura — falei, apenas para me lembrar que


era. O quase estranho que eu quase fodi em um elevador na
semana passada, por quem passei os últimos seis dias obcecada,
estava propondo me contratar como isca sexual para um casal de
bilionários desprezíveis. O dinheiro me fez querer dizer sim, mas
eu sabia que devia a mim mesma um momento para considerar os
contras da situação. Provavelmente havia toneladas.
Eu simplesmente não conseguia pensar em nenhum.

— Conte-me sobre o emprego que você largou — disse Julian,


interrompendo minha linha de raciocínio fraca. — Onde estava?

— June Magazine.

Ele riu. — Você está brincando.

Eu olhei para ele com curiosidade. — Eu não estou. Por que?

— Por nada — ele respondeu, o mais perto que eu já o vi de


presunçoso. — Mas se eu dissesse que poderia garantir a você o
seu emprego de volta ou um melhor após o término do nosso
contrato, você concordaria em trabalhar para mim?

Eu pisquei.

Ok, esse era um dos contras - o fato de que este homem


estava fazendo promessas tão grandiosas enquanto permanecia
um mistério completo para mim. Eu não tinha motivo para confiar
nele. Eu não sabia nada sobre ele, exceto que tomei decisões
precipitadas em torno dele, e que ele desativou minha lógica com
apenas um olhar nos meus olhos. Meu batimento cardíaco nunca
foi constante perto dele, e sempre me inclinou a fazer algo
imprudente, impulsivo.

Então, em que mundo era uma boa ideia trabalhar para ele?
E em um papel tão estranho e sexual?
Minha melhor aposta aqui era recusar, convidá-lo para voltar
ao meu apartamento e dormir com ele pela primeira e última vez.
Depois disso, eu me desligaria antes de ficar viciada. Essa era a
coisa mais inteligente a fazer. A coisa certa a fazer.

Claro, eu estabeleci um padrão de fazer muitas coisas erradas


perto de Julian.

— Ok — eu soltei antes que pudesse me impedir.

Até Julian pareceu parcialmente surpreso com a velocidade


da minha resposta, o que me fez questionar instantaneamente
minha decisão. Mas quando ele estendeu a mão e perguntou: —
Temos um acordo? — Eu olhei para aquela curva leve, mas
impressionante de seus lábios e esqueci de voltar atrás ou pelo
menos fazer algumas perguntas como eu disse a mim mesma que
faria.

— Sim. — Soltei a respiração que estava prendendo. — Nós


temos um acordo. — Eu engoli o nó na minha garganta. — E no
caso de você estar interessado, meu nome é Sara.

Sua voz suavizou inesperadamente.

— Sara — Julian repetiu enquanto apertava minha mão.


Minha pulsação acelerou enquanto seu olhar ficava pesado,
demorando para me olhar de cima a baixo. — Foi um prazer
conhecê-la na semana passada, Sara. — Ele sorriu, enviando um
arrepio na minha espinha. — Estou ansioso para trabalhar com
você.
— Da mesma forma — eu disse, fingindo ser casual, apesar
do fato de que ainda estava processando o que acabara de fazer, e
me dizendo o mesmo ao repetir na minha cabeça.

Você está ferrada, Sara.

Você está incrivelmente fodida.


6

Sara

Eu chegaria atrasada no meu primeiro dia no escritório


se não parasse de pesquisar no Google, mas simplesmente
estava atrasada. Atormentada. Atordoada.
Achei que as surpresas haviam acabado depois de não apenas
ver meu homem misterioso de novo ontem, mas também de
perceber que ele era o Julian de Lukas e Lia. Tudo isso foi chocante
o suficiente sem a bomba que caiu durante a minha corrida de táxi
para casa enquanto procurava o nome completo do cartão de visita
branco que Julian me deu.

Julian Hoult.

Ele era Julian Hoult. Como da Hoult Communications, que


era dona da Hoult Publishing, que obviamente possuía cerca de
metade das revistas dos meus sonhos de carreira. A empresa era
tão reverenciada no mundo das revistas que meu ex-empregador
sempre havia tentado e falhado durante anos ser comprado por
Hoult. O fato de que agora eu trabalhava tão perto do homem por
quem caíam de joelhos era estimulante. Já parecia doce, doce
vingança por conta própria. Claro, seria ainda melhor se eles
soubessem, mas tanto faz. Eu não estava mais pensando neles. Eu
estava pensando sobre o novo capítulo emocionante da minha vida
que caiu no meu colo.

E, claro, eu ainda estava pesquisando no Google.

— Eu afirmo que já te falei sobre ele antes — Lia disse pela


quinta vez esta manhã, agora tilintando seus pratos. Estávamos
preguiçosamente no viva-voz uma com a outra desde 6h30,
entrando e saindo de nossa discussão estúpida para escovar os
dentes, fazer café e nos prepararmos.

— Discordo. — Sentei-me curvada sobre o meu laptop no final


da minha mesa de jantar, vestindo apenas um sutiã e uma saia
lápis com zíper pela metade. Eu realmente precisava me recompor,
mas perseguir na Internet era como Pringles. Depois de começar,
a diversão não para. — Eu juro, você não me contou merda
nenhuma, mulher.

— Oh não — Lia murmurou distraidamente para si mesma.


— Acabei de quebrar minha caneca favorita? — Eu ouvi alguns
remendos antes que ela soltasse o ar de alívio. — Oh, graças a
Deus, eu não o fiz. Você sabe o que eu fiz? Falei com você sobre
Julian. Um longo tempo atrás. Em três ou quatro ocasiões
diferentes.

Sim, ela provavelmente estava certa. Eu estava tão absorta no


trabalho naquela época.

— Bem, se você fez, você não me assediou forte o suficiente


para ouvir. Ou oferecer detalhes interessantes, como a forma como
ele é o dono da Hoult Freaking5 Publishing — eu disse enquanto
percorria as Imagens Getty de Julian em ternos impecáveis,
parecendo devastadoramente bonito em vários eventos
chamativos. Calma, disse a mim mesma enquanto comparava
duas fotos, tentando distinguir se ele estava posando com a
mesma garota bonita em ambas. A resposta era não, mas não
fiquei satisfeita comigo mesma por ter trabalhado nisso por um
segundo.

— Tanto faz. Pare de pesquisar fotos dele no Google. Posso


ouvir você clicando furiosamente.

— Hoult Publishing, Lia — descarrilei. — Eu nunca vou te


perdoar por isso.

— Sim, sim. — Eu a ouvi quebrando ovos do outro lado


enquanto ela ria. — Para ser justa, não tenho ideia do que é a Hoult
Publishing. Quando conheci Julian, todo mundo estava falando
sobre como ele acabou de comprar um time de beisebol, então
pensei que era isso que ele fazia.

— Sim, isso também é louco pra caralho. O fato de ele ser o


dono do Empires? Eles estão arrasando nesta temporada.

— Não importa. No beisebol a bola é marrom ou a bola é


branca? E você já está saindo para o trabalho?

5
Termo usado no sentido de maldita, referindo-se à grandiosidade da empresa.
— Quase. Eu só preciso terminar de me vestir.

— Não é o objetivo do seu trabalho sujo não estar vestida? —


Lia brincou.

— Só nos dias em que me encontrar com os Perv Brothers6 e,


mesmo assim, tenho que manter o bom gosto. Eu não posso
simplesmente entrar na sala de conferências usando uma tanga e
meia arrastão.

Lia zombou. — Claro que não. Você precisaria de borlas de


mamilo com lantejoulas também.

— Eu nunca usaria lantejoulas para trabalhar, Lia. Você sabe


que eu iria mantê-lo elegante - borlas de mamilo listradas, apenas.
Talvez cáqui às sextas-feiras. — Eu sorri enquanto ela se
engasgava com o café. — Com toda a seriedade, eu preciso manter
um ar de profissionalismo... o que provavelmente também requer
pontualidade — eu gemi, finalmente arrastando minha bunda para
longe do meu laptop e para o meu armário. Peguei a camisa de
botão azul que passei na noite anterior e meu cinto vermelho fino
com fecho dourado. Lia leu minha mente.

— Agora são oito e quinze.

— Merda, realmente? — Meus dedos voaram sobre meus


botões enquanto eu olhava para o relógio na mesa de cabeceira. —

6
Apelido - Irmãos Pervertidos.
Deus, eu me recuso a chegar atrasada. No primeiro dia ou em
qualquer outro.

— Respire, garota. Você não vai se atrasar se você sair agora.


Apenas verifique se há marcas de calcinha no caminho — Lia
instruiu assim que eu torci meu corpo ao passar pelo espelho do
banheiro.

— Tudo bom.

— Botões retos?

Pegando minha bolsa, olhei para baixo para confirmar os


botões, mas em vez disso, ri alto ao ver meu decote.

— Oh, Deus. Este sutiã é matador — falei enquanto colocava


os fones de ouvido no meu telefone para tirar Lia do viva-voz e levá-
la comigo para fora da porta.

— Diga-me que você usou o Único.

— Eu o fiz. — Ele era de longe o melhor da minha pequena


coleção, mas o Único raramente era usado. Seus poderes de
levantamento eram muito intensos para um dia normal, então ele
era guardado para ocasiões especiais e, aparentemente, para os
primeiros dias de trabalho.

— Ele vai dar uma olhada nas garotas nessa coisa e


enlouquecer. Espero que você esteja preparada para um pouco de
sexo quente, suado e inclinado sobre a mesa no escritório. Você
percebe que isso está acontecendo, certo?

— Por mais que eu não me importasse, não tenho certeza. —


Sorri enquanto voava pelo corredor do meu prédio e para fora da
porta.

— O que? Por que você não tem certeza? — Lia perguntou


incrédula. — Esse homem está definitivamente morrendo de
vontade de já ter um momento a sós com você. Primeiro foi aquela
invasão no hotel, depois estava escondendo você daquele cara
ontem — disse ela, referindo-se a Julian me mandando
apressadamente para casa em um táxi para que eu pudesse evitar
Turner Roth e quaisquer perguntas sobre como trabalhar para
Julian que eu não saberia como responder. — Confie em mim,
garota. Esse homem está esperando para atacar.

— Veremos. A julgar por ontem, Julian Hoult é uma fera


muito diferente quando está no modo de trabalho. Ele está em um
mundo completamente diferente. Ele é intenso e está focado e, na
verdade, é incrivelmente quente pra caralho e eu realmente não
tenho certeza de como vou lidar com isso. De qualquer forma,
estou quase no trem, então vou perder o serviço. Ligo para você no
final do dia.

— Não, você vai me mandar mensagens com atualizações ao


vivo conforme o seu dia passar, exceto quando você estiver fazendo
sexo ativamente com Julian.
— Ha. Falo com você mais tarde.

— Mais tarde, garota — disse Lia. — Aproveite o seu primeiro


dia como uma gatinha sexual profissional.

Merda.

Eu não esperava que esta primeira parte do dia fosse me


confundir. Claro, eu deveria ter adivinhado que teria algum tipo de
problema em um elevador. Isso estava se tornando o padrão esta
semana.

Apenas sorria e seja confiante, eu disse a mim mesma, apesar


do fato de ter recebido uma olhada de todas as pessoas que
entraram no elevador. Eram homens e mulheres iguais, e não era
nada ofensivamente malicioso ou crítico, era apenas,
aparentemente, um edifício enorme, mas surpreendentemente
pequeno, e todos eles sabiam silenciosamente que eu não
pertencia.

O fato só ficou mais claro quando o elevador começou a se


mover. Apesar de todos irem para andares diferentes, todos
começaram a conversar casualmente. Eles sorriam e riam
enquanto falavam sobre seus fins de semana - sobre finalmente
tentar aquele omakase na Twelfth Street ou fugir para a casa de
um amigo nos Hamptons. Todo mundo tinha um certo status aqui.
Todos mantinham um certo estilo de vida e todos se conheciam.

Exceto eu.

Eu desviei o olhar depois de chamar a atenção de alguém e


ouvi-lo baixar a voz para um murmúrio: — Quem é essa? —
perguntou ao colega, que respondeu com algo que não consegui
ouvir. Fosse o que fosse, os dois começaram a rir.

Bom Deus.

Quem diria que os ternos da Torre Hoult podiam ser tão


maliciosos? E quem diria que depois de todos esses anos, o
sentimento de nova garota ainda causaria medo em meu coração?
Isso me trouxe de volta todas as memórias que eu tinha me
convencido já ter deixado ir. Deus, eu claramente fui prematura
em me dar tapinhas nas costas por ter superado tudo isso.

Aparentemente, bastava ser uma estranha de novo para que


tudo voltasse.

Droga, Sara, você tem vinte e sete anos, eu me repreendi. Essa


parecia a idade certa para superar as memórias ruins. Certo? Eu
não tinha a resposta para essa pergunta e realmente não queria
pensar sobre isso agora, então apenas me enfiei no canto e fechei
os olhos, fazendo o meu melhor para tirar os pensamentos inúteis
da minha cabeça. Ótimo, pensei enquanto o elevador parava
novamente. Isso me deu mais tempo para meditar.
Pelo menos eu pensei que sim. Mas então eu senti o silêncio
cair sobre o pequeno espaço. Senti uma pequena mudança
estranha no ar e praticamente pude ouvir a postura de todos se
retraindo.

Então veio o primeiro: — Bom dia, Sr. Hoult.

Eu abri meus olhos para encontrar o olhar elétrico de Julian


já preso no meu da porta. Minha pulsação saltou, mas com um
movimento rápido, ele voltou seu olhar para o homem que o
cumprimentou. Eles trocaram uma linha de conversa educada
antes que Julian se movesse pelo pequeno amontoado de ternos.
Observei a maneira como todos mudavam rapidamente ao redor
dele. Eles ficavam em posição de sentido, se apresentavam melhor.
Era fascinante.

— Bom dia, senhor.

— Bom dia, Sr. Hoult.

Ele agradeceu cada saudação com um aceno de cabeça


eficiente antes de encontrar o caminho para o canto de trás.
Minhas bochechas estavam em chamas, mas eu fiz o meu melhor
para manter o profissionalismo enquanto o olhava nos olhos e
sorria.

— Sr. Hoult — eu disse.

— Srta. Hanna.
Eu podia sentir a atenção dos outros quando ele me
cumprimentou pelo nome. Só assim, um holofote invisível foi
lançado sobre mim. Felizmente, apesar de um sorriso conhecedor
e quase perverso, Julian falou com o máximo profissionalismo.

— Como você está nesta manhã? — ele perguntou-me.

— Muito bem, obrigada — respondi, permitindo-me dar uma


espiada nele. Sim, por favor. Terno azul escuro e gravata.
Abotoaduras que valiam mais do que minhas economias. Ele era
uma beleza sem esforço, como de costume, mas eu estava ficando
melhor em respirar com firmeza em torno dele. — Eu comecei um
pouco nervosa, mas estou melhor agora — confessei quando o
elevador se abriu novamente para deixar entrar mais alguns.

O amontoado mudou sem palavras para abrir espaço, e eu


mordi meu lábio quando me vi pressionada contra a parede de
trás, Julian parado diretamente acima de mim. Ele se entregou a
um segundo longo olhar para meus seios absurdamente
arqueados, mas rapidamente desviou o olhar quando perguntei: —
Como vai você?

Seus olhos se fixaram nos meus. — Melhor agora também.


Obrigado.

Eu corei. Os ternos estavam todos quietos como ratos agora,


lançando um olhar ocasional para mim e Julian através dos
espelhos. Sim, se você acha que isso é escandaloso, deveria ter visto
o último elevador em que entramos, pensei enquanto as portas se
abriam novamente, desta vez dando as boas-vindas a um homem
mais velho e incrivelmente turbulento reclamando de uma coisa
ou outra. Quem quer que fosse, os muitos olhos revirados que vi
me disseram que os ternos estavam acostumados com suas
travessuras diárias. Com uma risada curta, Julian se inclinou
para mim.

— Prepare-se — ele sussurrou.

Antes que eu pudesse perguntar o que ele quis dizer, senti


um empurrão forte, o amontoado aumentando dramaticamente
para abrir espaço para o tamanho e o volume de nosso novo
convidado. Senti por um segundo o peito de Julian pressionado
com força contra o meu, e minha boca ficou travada em um
pequeno O quando ele se afastou para encontrar minha palma
sobre seu abdômen sólido.

Suas sobrancelhas se ergueram no mesmo ritmo lânguido


que eu enrolei meus dedos contra seus cumes.

Opa.

Eu precisei.

— Srta. Hanna — Julian fingiu uma carranca quando olhei


para cima com uma pequena emoção vergonhosa em meus olhos.
— Um pouco atrevida de sua parte — ele murmurou com um
sorriso.
— Desculpe — sussurrei para ele, um pouco surpresa comigo
mesma também.

— Não se desculpe, apenas não faça essa cara agora.

— Que cara?

— Aquela que você fez antes de colocar meu pau em sua boca.

Meu queixo caiu e meus olhos prontamente correram ao redor


para ter certeza de que ninguém tinha ouvido, mas estava claro
que Big Guy tinha ocupado o foco coletivamente.

— Agora você está apenas me provocando — disse Julian.


Fechando minha boca, eu olhei de volta para ele, com um sorriso
malicioso enquanto continha minha vontade de bater com força no
peito dele.

— É arriscado da sua parte — comentei baixinho.

— Você tira isso de mim, mas eu concordo — Julian


murmurou. — Vamos nos comportar.

Com isso, ambos enfrentamos o ataque a tempo de ver o Big


Guy sair. Quando os olhos voltaram para nós, éramos os únicos
de pé perfeitamente parados no fundo e quietos como ratos. Mas
eu ainda podia sentir a travessura no ar entre nós, e era tão difícil
não sorrir enquanto estávamos lado a lado, as mãos cruzadas na
frente como as boas crianças que não éramos.

Sim. Continue. Saia.


Malícia tocou meu sorriso plácido enquanto o elevador
esvaziava andar por andar. Julian e eu permanecemos parados na
parte de trás, mas seus lábios estavam se torcendo lentamente,
lindamente em um sorriso, e eu quase podia ouvir o crepitar de
energia entre nós quando as portas se abriram para deixar os dois
últimos saírem.

Ficamos sozinhos por apenas um segundo quando ele falou.

— Eu deveria te foder bem neste elevador.

A rouquidão em sua voz acelerou meu pulso, e eu respirei


fundo quando ele me colocou contra a parede.

— Você não pode.

— Por que não?

— Não temos tempo suficiente — eu sibilei, meus dedos


enganchados em seu cinto.

— É a falta de tempo o seu único escrúpulo em ser fodida


aqui? — ele perguntou, alisando minha mão para moldar seu pau.
Minhas coxas bombearam quando ele endureceu contra minha
palma.

— Sim — eu sussurrei sem fôlego. — Essa é a única razão.

Julian olhou por cima do ombro para o indicador. Tínhamos


cinco andares pela frente.
— Então vamos fazer o que temos tempo — disse ele enquanto
se ajoelhava, não me dando tempo para pensar antes de empurrar
minha saia para cima em minhas coxas e puxar minha calcinha
de lado para expor minha boceta.

— Julian! — Eu engasguei quando ele abriu meus lábios


apenas o suficiente para lamber meu clitóris. — Oh, meu Deus. —
Meus olhos lacrimejaram com a sensação instantânea, do raio de
prazer ao meu núcleo enquanto ele passava a língua sobre mim e
depois chupava. Meus joelhos dobraram quando ele empurrou
dois dedos dentro de mim, lambendo e cavando furiosamente por
mais dois segundos antes de arrebatar a felicidade e voltar
rapidamente a seus pés.

Minha respiração ainda estava presa na minha garganta


quando o senti puxar minha saia de volta para baixo sobre minhas
pernas. Eu estava apenas começando a recuperar o fôlego quando
Julian ajeitou a gravata e me olhou nos olhos.

— Preparada? — ele perguntou.

E então as portas se abriram para os escritórios da Hoult


Communications.
7

Julian

Eu tinha que ficar impressionado com ela.

Pelo que pude perceber e pelo que me contaram, Sara se saiu


bem no primeiro dia - tarefa nada fácil para uma recém-chegada.
Ser novo no meu escritório era assustador. Minha equipe falava
rapidamente, com pouca paciência para explicar seus métodos há
muito estabelecidos, mas Sara havia encontrado uma maneira de
se integrar à mistura com graça e determinação. Ela era ousada,
mas respeitosa - sem medo de fazer perguntas, mas bem ciente de
quando e como abordar. Era uma habilidade que eu desejava mais
de minha equipe, e eu tinha que admirá-la por isso.

Especialmente considerando o que aconteceu esta manhã no


elevador.

Para alguém que começou seu dia com talvez cinco segundos
inteiros da língua de seu chefe entre as pernas, ela estava se
comportando bem. Exceto pelo café que ela derramou pela metade
na única vez em que me pegou olhando, seu dia tinha passado sem
uma mancha.
— Ela está bem inteirada sobre fatos gerais - a construção,
arquitetura, o próprio País Basco. Ela vai levar informações para
casa para continuar estudando, mas nessa última hora, ela tem
olhado as páginas trimestrais. Só para que ela possa começar a se
familiarizar com a venda — Colin disse, sentado em frente à minha
mesa e remexendo em seus arquivos. Ele era um dos meus
assistentes reais - a pessoa que realmente passou as últimas duas
semanas supervisionando as novas mudanças em meu resort em
Biarritz. Sara estaria essencialmente desempenhando o papel de
Colin na frente dos irmãos Roth e, até agora, parecia que ela estava
absorvendo suas informações com facilidade.

— Então ela está dentro do cronograma.

— Adiante, se alguma coisa. Como você disse, é improvável


que os Roth perguntem sobre os números amanhã.

— Sim, e ela sabe que o objetivo de curto prazo aqui é fazer


os Roth concordarem em uma viagem para Biarritz?

— Sim — disse Colin. — Ela está confiante de que pode


influenciá-los. Ela está muito ansiosa.

Isso ela estava.

Ansiosa era na verdade a palavra que eu usaria para


descrever Sara hoje. Desde que entrou no escritório, ela estava
ansiosa para aprender, se apresentar e agir como se nada tivesse
acontecido no elevador. Suas bochechas ainda estavam rosadas e
coradas durante seus primeiros dez minutos ou mais no escritório,
mas logo estava evitando ansiosamente meu olhar para deixar
Colin mostrar a ela o que fazer.

Eu admirava seu respeito inato pelo trabalho.

Lukas mencionou algo sobre Sara ter tendências workaholic


semelhantes às minhas, e eu pude ver isso ao vê-la moldar-se
instantaneamente ao ambiente do escritório. Ela queria trabalhar,
estar ocupada. Era seu estado natural, e eu gostava disso nela
muito mais do que queria. Eu não precisava de mais nada para
alimentar minha fixação. Eu a observei do meu escritório o dia
todo e não tinha tempo para ficar tão curioso sobre ela. Eu não
tinha feito o suficiente hoje fantasiando tanto sobre a sentar nua
no meu colo, brincar com seus seios enquanto eu trabalhava e, em
seguida, a foder com força sobre a minha mesa.

Agora, parecia que não havia nada que eu quisesse mais do


que fazer exatamente isso.

Claro que não podia permitir.

Por mais doloroso que fosse, eu tinha minha regra. Minha


única regra. Estava ali por um motivo e não poderia haver exceção.
Elas eram uma ladeira escorregadia, e eu não cheguei onde estava
no ritmo que cheguei ao me dar margem de manobra em todas as
restrições autoimpostas.

Nem mesmo para alguém como Sara.


Mais do que tudo, eu era um homem de palavra, e a melhor
maneira de me forçar a cumprir algo era fazer uma promessa a
outra pessoa - o que planejava fazer agora.

Antes eu não sabia.

— Então, se estivermos prontos, posso mandá-la para casa?


— Colin perguntou, levantando-se e recolhendo suas pastas. Eu
olhei para o relógio. Cinco e quinze.

— Sim. Mas faça com que ela pare aqui antes de sair.

— Você manda.

— Obrigado — falei enquanto agarrava o nó da minha


gravata. Eu me inclinei para trás enquanto o afrouxava,
preparando-me para Sara vir bater em alguns minutos. Mas
quando ela o fez, eu ainda fui forçado a cerrar minha mandíbula.
Foda-se. Antes preso em um rabo de cavalo, seu longo cabelo
escuro estava solto agora, jogado para o lado e preso sobre o
ombro. Imaginei o momento em que ela arqueou as costas e o
soltou. Imaginei seus seios no ar enquanto ela passava os dedos
por eles, e invejei Colin por provavelmente ter testemunhado tudo.

— Entre. Sente-se. — Contornei a mesa para me encostar na


frente dela. — Como foi seu primeiro dia?

— Bom. Eu me diverti. — Sara sorriu enquanto cruzava as


mãos no colo. Agora que era o fim do dia, eu podia vê-la começando
a flertar novamente. Eu fiz o meu melhor para ignorar isso.
— Colin disse que você fez um ótimo trabalho. Você se sente
confortável com o material que examinou com ele?

— Absolutamente. Esse resort é... — ela exalou com


admiração genuína. — Tão lindo, Julian. Mal posso acreditar que
você quer vendê-lo quando o construiu do zero.

Meu olhar cintilou sobre o olhar sério em seu rosto. Fiquei


irritado por ela achar isso uma coisa apropriada a se dizer, mas
talvez eu estivesse sendo irracional. Talvez eu estivesse
procurando um motivo para não estar nada satisfeito com ela.
Ajustando minhas abotoaduras, passei pelo comentário sobre o
resort.

— Você tem alguma pergunta até agora?

— Sobre o resort? Ou meu dia em geral?

— Qualquer um.

Ela mordeu o lábio, alisando as mãos sobre a saia que eu


fantasiava o dia todo.

— Bem, eu estava me perguntando... obviamente, Colin sabe


alguns detalhes sobre o meu contrato desde que ele está me
treinando nas informações do resort. Mas o que o resto do seu
escritório sabe sobre a minha função nesta empresa? Eles sabem...
para que fui contratada?
— Absolutamente não. No que diz respeito ao escritório, você
está treinando para ser uma terceira assistente. Em nenhum
momento eles aprenderão sobre os detalhes de seu contrato. É
uma informação sensível.

— Ok, graças a Deus — ela respirou. — Eu só não gostaria


que meu papel aqui fosse mal interpretado, considerando como é
meio... picante por natureza. Obviamente, confio em você com as
informações, mas não em mais ninguém.

— Compreendido inteiramente. Ninguém neste escritório ou


prédio saberá sobre o seu contrato. Não tenho intenção de colocá-
la em uma posição em que possa ser vista de forma diferente aqui.

— Eu agradeço — Sara disse com alívio. Um sorriso malicioso


apareceu em seus lábios. — Presumo então que o que aconteceu
no elevador antes do trabalho é uma exceção.

— Na verdade, eu chamei você aqui para falar sobre isso.

— Oh? — Ela arqueou uma sobrancelha. — O que exatamente


você gostaria de abordar?

Sua frase atraiu meus olhos para seu corpinho apertado. O


que eu gostaria de abordar? Eu tinha muitas respostas para essa
pergunta, nenhuma delas utilizável.

Apenas diga isso, Hoult.


— Eu queria falar com você sobre uma regra que aplico nesta
empresa desde que ela existe. Isso se aplica a todos, inclusive a
mim, e tem sido crucial para nós em termos de administrar os
negócios de uma forma totalmente profissional — eu disse.
Observei a mudança lenta do olhar em seu rosto.

Gradualmente, seu leve sorriso desapareceu. Seu calor e


qualquer sugestão de brincadeira se desvaneceram em algo
cauteloso, rígido. Eu odiava ser responsável por isso, mas me forcei
a continuar.

— Resumindo, eu tenho uma regra de tolerância zero para


relacionamentos no escritório. Romances, relações sexuais de
qualquer tipo - estão todos fora de questão, e senti a necessidade
de dizer a você que, apesar de seu contrato único, e apesar do que
aconteceu entre nós antes do trabalho esta manhã, não posso
permitir nenhuma exceção a essa regra.

Sara ergueu as sobrancelhas.

— Então, o que aconteceu esta manhã não contou? — ela


perguntou lentamente. — Simplesmente porque ainda não tinha
começado oficialmente o trabalho?

— Não vim esta manhã com a intenção de aproveitar alguma


brecha. Eu realmente não tinha pensado nisso. Minha intenção
era ser profissional com você desde o início. Claro, eu não me
controlei exatamente como deveria esta manhã, e assumo total
responsabilidade por isso — eu disse. — Mas, no futuro, espero
que possamos começar de novo e dar ao seu contrato com esta
empresa o total respeito que ele merece.

Esperei por algum tipo de confusão ou protesto quando


terminei. Eu me preparei para isso, mas houve apenas um
momento de pausa antes que Sara piscasse e assentisse.

— Ok.

Minhas sobrancelhas se ergueram. Eu a estudei, sem saber


se deveria me sentir aliviado ou desconfiado.

— Agradeço sua compreensão. — O meu olhar ainda treinado


com incerteza sobre ela quando se levantou de seu assento. Ela
percebeu minha expressão e abriu um sorriso.

— Claro. Você pode não saber disso, mas se alguém pode


entender as regras de trabalho, sou eu — disse ela.

— Então é um alívio ouvir isso. E obrigado novamente pela


compreensão — falei, incapaz de tirar meus olhos dela. — Eu
agradeço.

— Bem, eu agradeço a oportunidade apenas de trabalhar aqui


— ela disse despreocupadamente. — É uma loucura o quanto eu
consegui de sua equipe em um dia. Tenho certeza de que vou
aprender algumas coisas em apenas alguns meses aqui.

— Eu espero que você o faça.


Seus olhos escuros brilharam quando ela assentiu. — Isso é
tudo que você queria discutir comigo, Sr. Hoult?

Senhor. Hoult. Meu instinto foi convidá-la a me chamar de


Julian, mas me contive.

— Sim, isso é tudo. Você está livre para ir embora.

— Excelente. Obrigada de novo por tudo — disse ela ao sair.


— E tenha uma boa noite. Vejo você amanhã.

— Você também — devolvi, memorizando o sorriso que ela me


deu por cima do ombro antes de deixar aquele traseiro apertado
me hipnotizar no caminho para fora.

Foda-me. Isso ia ser difícil.


8

Sara

Eu era uma idiota por ignorar as ligações da minha mãe desde


que larguei a revista. Mas ignorá-la na noite passada, depois de
utilizar a cara de pôquer deslumbrante que eu nunca teria sem
ela, foi especialmente uma merda.

— Eu sinto muito, Sara. Eu sinto que é minha culpa — Lia


suspirou enquanto colocava uma bandeja com formas de trufas
revestidas de chocolate em seu freezer industrial. Eram quase 8 da
manhã e estávamos na cozinha de sua loja. Ela esteve nos
Hamptons com Lukas na noite passada, então não estava
disponível para receber apropriadamente minhas reclamações e
delírios sobre a última bomba da minha semana.

Por mais que eu odiasse admitir, eu estava chateada.

Na verdade, fiquei extremamente chateada com o que Julian


deixou cair sobre mim ontem à noite, no final do meu primeiro dia
de trabalho.

Mas você aceitou esse emprego pelas vantagens, pelas


conexões, pelo dinheiro incrível para compensar por estar
desempregada. Não é como se você aceitasse esse trabalho para
ficar perto de Julian. Não é como se você quisesse trabalhar com ele
porque queria estar com ele. Eu disse isso a mim mesma.

E eu também acreditei. Mas depois de uma longa caminhada


da Torre Hoult para casa, visto que aparentemente precisava de
tempo para processar a cláusula de proibição de sexo, cheguei a
uma avaliação muito mais honesta de mim mesma - e a verdade é
que embora eu tivesse muitos bons motivos para aceitar a oferta
de emprego, eu disse sim por pura atração sexual.

Eu deixei minha maldita libido tomar uma decisão importante


na vida, e agora, como eu claramente merecia, estava pagando o
preço.

— É minha culpa, Lia, confie em mim. Você não me disse para


aceitar esta oferta de trabalho.

— Sim, mas eu tentei armar para você com Julian.

— E poderia ter funcionado se eu não decidisse me tornar sua


subordinada. Agora ele provavelmente já cessou toda atração
sexual por mim como o robô viciado em trabalho que é.

— Psh, certo. Lukas disse que nunca viu Julian olhar para
uma garota com a intensidade com que olhava para você.

— Sim, porque eu sou um elemento de seu trabalho agora —


eu bufei. — Ele saliva sobre mim porque mal pode esperar para me
utilizar para os fins deste contrato estúpido com os Perv Bros. Eu
sou tão boa quanto um grampeador para ele agora. Ou um clipe
de papel extra resistente.

— Oh, cale-se. Você sabe que apesar dessa regra estúpida


dele, ele definitivamente ainda tem pensamentos sexuais sobre
você. Quero dizer, ele admitiu isso ontem no elevador, certo?

Deus. Sim, ele fez. E levou tudo em mim para continuar como
de costume depois disso, entrar em seu escritório impressionante
de pé-direito duplo e cumprimentar profissionalmente seu
assistente, Colin, apesar do fato de que meu rosto estava
queimando quente e minha calcinha estava encharcada.

Em minha própria defesa, de que outra forma eu deveria


reagir?

Eu tinha acabado de passar uma viagem de elevador


observando todos no prédio ficarem atentos a Julian Hoult. Ele era
reverenciado e respeitado, uma presença à qual até mesmo as
pessoas mais intimidadoras cediam.

E ele tinha acabado de se ajoelhar no elevador para passar a


língua pelo meu clitóris.

— Terra para Sara.

Eu estava vagamente ciente de Lia acenando em minha visão


periférica, mas não saí da minha névoa até que ela acenou uma
trufa de lavanda fresca em meu rosto. Eu pisquei e sorri para ela.
— Obrigada. Eu precisava sair dessa.

— Sim, isso foi desconfortável para mim. Você parecia estar a


segundos do grande O.

— Cale-se. E me dê uma folga. Estou lidando com um chefe


absurdamente gostoso que fez de tudo, menos me foder, e agora
que trabalhamos no mesmo escritório, não ganho nada. Eu
também não tenho ideia de como me desligar quando penso nele.

— Deixa-me ajudar. Sua mãe está ligando. Novamente. — Lia


estendeu meu telefone. Eu balancei minha cabeça até que ela o
abaixou.

— Eu não posso agora. Eu sou péssima em mentir para ela e


tenho certeza de que ela está ligando porque ela tem um sexto
sentido quando se trata de mim. Ela definitivamente sabe que fiz
uma coisa ruim esta semana.

— Uma coisa ruim? — Lia deu uma risadinha. — A qual das


suas muitas coisas ruins você está se referindo? Você é uma
pessoa diferente esta semana.

— Ei, não fale comigo sobre transformações abruptas - você


passou do celibato de três anos para fazer sexo com Lukas em um
banheiro público.

— Sara! — Lia riu tanto que bufou algo legitimamente


surpreendente que nos fez rir ainda mais. — Oh, Deus. Você
precisa sair daqui ou nunca vou terminar este lote — ela ofegou.
— E você não tem sua reunião tão importante com os Perv Bros
hoje?

— Sim. Mas posso chegar um pouco tarde. Eu tenho que estar


na reunião durante o almoço em algum restaurante no SoHo.

— E você está vestindo isso? — Lia perguntou, acenando com


a cabeça para a minha roupa.

— Totalmente — eu disse enquanto nós duas nos virávamos


para nos espiar no espelho. Éramos gêmeas com aventais
manchados de manteiga, nossos topetes bagunçados enfiados em
redes de cabelo amarelas para proteger os chocolates. Se havia
algo sexy no ambiente, era o chocolate. O próximo seria a geladeira
de aço inoxidável. — Eu trouxe uma muda de roupa, obviamente.

— Ok, ufa. Então vá em frente com sua bunda bonita. — Lia


riu, me cutucando em direção à porta. — E garota, é melhor você
matá-lo porque estou chateada com Julian em seu nome e quero
que você o torture com o quão difícil você o deixará nesta reunião.

— Acredite em mim, estou preparada e tenho toda a intenção


de fazer doer para ele hoje.

— Ah, garota. É disso que se trata? — Lia sorriu, acenando


com a cabeça em direção à bolsa de roupas que eu pendurei em
seu escritório.

— Mm-hm. — Eu sorri enquanto tirava minha rede de cabelo


e avental.
O lado bom de ter trabalhado para uma revista foi ter acesso
a roupas que nunca me atreveria a comprar, e o vestido de hoje
certamente se qualificava como uma daquelas roupas que eu
nunca poderia, mas que finalmente estava criando coragem de
vestir. Com ele, eu estava preparada para balançar os saltos
plataforma cinco centímetros mais altos do que eu já tinha usado,
e um batom fosco com um tom de morango tão delicioso que era
quase audível na forma como gritava sexo.

Na maioria dos dias, a perspectiva de desperdiçar meu batom


MAC, ou talvez cair de cara no chão, era o suficiente para me
impedir de me vestir assim. Mas hoje eu tinha toda a motivação
para não ter medo. Em todos os sentidos - a maneira como eu
parecia, a maneira como eu falava e a maneira como comandava
uma sala. Eu estava me encontrando com os infames Turner e
Carter Roth, mas além disso, eu tinha um chefe idiota lindo que
falava sujo comigo em um segundo e me evitava no seguinte.
Irritante para dizer o mínimo, mas nada que eu não pudesse
superar simplesmente provocando-o hoje e deixando-o tão
atordoado quanto ele me deixou ontem.

Com um beijo na bochecha de Lia, peguei minhas bolsas e


disse tchau, sacudindo meu cabelo e indo rapidamente para a
porta.

Julian Hoult, a arrogância de hoje é dedicada a você.


9

Julian

Ela estava atrasada.

Ou pelo menos minha definição de atraso, que era tudo a não


ser se sentar cinco minutos mais cedo. Tamborilando meus dedos
na mesa de conferência, olhei para o mostrador laqueado do velho
Rolex do meu pai. Certo. Faltavam quinze minutos para o meio-
dia. Ela não estava atrasada, eu só estava ansioso para vê-la
entrar. Os Roths chegaram milagrosamente adiantados para variar
e já estavam impacientes, jogando uma bola de beisebol da minha
mesa para lá e para cá enquanto perguntavam sobre a assistente.

— Sara. Ela se parece com uma Sara — Turner decidiu depois


de perguntar por seu nome.

— Como é esta Sara? — Carter perguntou.

— Morena. Pernas longas. Ótimos peitos.

— Cavalheiros. — Eu lancei um olhar de desculpas para


minha gerente de escritório há seis anos, Tori. Ela era sensata
mesmo antes de engravidar. Com oito semanas agora, ela era
incapaz de entreter esse tipo de besteira. Seus lábios estavam
franzidos quando ela colocou as garrafas de água diante de nós, e
não disse nada antes de sair da sala.

— Jesus Cristo. Ela parece divertida — Turner bufou. Porque


as mulheres existem para serem divertidas para você. — Minha
pergunta é quem achou que era uma boa ideia engravidá-la?

— Eu quero comprar uma cerveja para o cara. — Carter riu.

— Foda-se uma cerveja. Scotch duplo é o que ele precisa —


disse Turner. — Veja, essa é a questão de contratar mulheres. Você
tem que contratá-las bonitas para fazer valer a pena.

Bati uma vez na mesa para chamar a atenção deles. — Não


fale sobre meus funcionários assim.

— Oh... Je-sus. Senhor. Não tem diversão aqui. — Turner riu,


lançando a Carter um olhar que dizia eca.

Olhando para eles, considerei encerrar isso novamente, como


fiz pelo menos uma vez durante cada uma de nossas reuniões. Mas
desta vez, o pensamento não desaparece imediatamente porque eu
estava pensando em Sara. Eu estava rapidamente me
arrependendo de colocá-la nessa situação. Considerando que eu
mal conseguia suportar a misoginia idiota dos Roths, tive
dificuldade em imaginar que ela conseguiria. Era para ela que eles
estariam olhando, batendo, tocando o máximo que podiam. Eu já
podia ver todo o contato desnecessário - pequenos beliscões em
seu braço, as mãos rápidas em sua cintura aqui e ali. Meu lábio
enrolou quando imaginei Turner eventualmente escalando sua
saia com a mão ou a chave do hotel deslizando em sua palma.

Peguei meu telefone.

EU: Possível mudança de planos. Ligue-me antes de entrar.

Enviei a mensagem para ela antes que pudesse pensar duas


vezes sobre isso. Eu ia dar uma chance a ela.

Apenas nos últimos segundos, eu tinha me decidido sobre


isso.

É claro que no momento em que a mensagem apareceu como


entregue, a porta da sala de conferências se abiu e minha boca se
fechou quando Sara entrou na sala. Ela estava balançando uma
sacola de papel em cada pulso esguio e usando um vestido muito
branco e apertado para coexistir com calcinha. Meus olhos
frenéticos a beberam duas vezes antes mesmo de eu perceber que,
como os Roths, de repente estava de pé e sentindo uma pontada
de raiva pelo fato de Turner receber seu primeiro sorriso
deslumbrante.

— Muito obrigada! — ela riu quando Turner correu para pegar


as sacolas dela.

— De nada. Sara, certo? Eu não posso acreditar que Julian


fez você carregar sacolas pesadas como estas — ele cacarejou. Foi
então que os olhos brilhantes de Sara me encontraram.
— Oh, ele sabe que eu aguento. — Ela sorriu, o som de sua
voz indo direto para o meu pau. Ela deixou seu olhar demorar por
apenas mais um segundo antes de se envolver com o que Turner
estava falando agora. Minha pulsação aumentou continuamente
enquanto eu observava seus olhos devorá-la. Não demorou muito
para que ela tivesse os dois irmãos muito perto dela, dando-lhe
quase nenhum espaço para respirar com suas introduções
excessivamente zelosas. Jesus Cristo, se eu odiava assistir apenas
isso, então eu estava fodido.

Alcançando meu limite, limpei minha garganta.

— Senhores, por que não nos sentamos?

Dei a sugestão verbal, mas Sara a cumpriu enquanto se


dirigia para sua cadeira. Três pares de olhos observaram em
silêncio enquanto seus quadris balançavam de um lado para o
outro, levando-nos a um transe. Sua silhueta era particularmente
impressionante quando ela se inclinou sobre a mesa para deslizar
em seu assento, alisando as mãos na curva de seus lados.

Eu tive que sorrir. Como se houvesse uma única ruga naquele


vestido. Estava praticamente costurado em sua figura de dar água
na boca. Mas eu entendi. Era tudo para mostrar. O mesmo que eu
pedi a ela para fazer.

Então, novamente, talvez ela tivesse isso na bolsa.

— Então — Sara começou brilhantemente. — Estou animada


para finalmente conhecer vocês, senhores. Julian me disse
enquanto eu estava em Biarritz que havia muitas pessoas
interessadas na propriedade e isso me deixou muito feliz. E, bem,
um pouco triste ao mesmo tempo — ela acrescentou com uma
risada tímida.

Turner sorriu largamente. — Feliz e triste? Por que isso?

— Oh, bem — Sara mordeu o sorriso enquanto me olhava. —


Eu acho que Julian odeia quando eu digo isso, mas esse resort é
de morrer. É tão elegante, com um design tão bonito. Cada detalhe
é deliberadamente pensado para garantir o momento mais
relaxante de todos os tempos - eu mal me sentia como se estivesse
trabalhando.

— Uau — Turner murmurou enquanto eu dizia a mim mesmo


para não ficar irritado. O resort era um local dolorido, mas Sara
não sabia. Além disso, ela estava atuando e cativou o público. —
Isso é verdade, Hoult? — Turner finalmente tirou os olhos dela
para sorrir para mim.

— Eu odeio quando ela diz isso. Não é como se eu não fosse


sentir falta do lugar uma vez vendido. Estou apenas me afastando
do ramo da hospitalidade, e o resort não se ajusta mais à minha
direção.

— Mas é mais do que combina com a sua, certo, senhores? —


Sara perguntou, olhando para Carter e depois para Turner. — Eu
sei que vocês eram surfistas profissionais - o que, a propósito, é
realmente incrível.
Turner se sentou direito. — Eu era profissional. Carter era
semiprofissional.

— Eu era profissional — Carter argumentou.

— Vocês dois eram profissionais então — Sara acalmou-os


calorosamente, calando-os. — E eu entendo que você está no
mercado para o resort porque...

Ela se inclinou para pegar um arquivo que eu a observei


empurrar quando ela se sentou pela primeira vez. Agora eu percebi
que ela tinha feito isso apenas para dar a si mesma uma desculpa
para se inclinar para frente e mostrar o decote o suficiente para
deixar nós três querendo mais.

— Você quer levar uma... competição de surfe de luxo para


Biarritz? — Sara disse, lendo algumas notas. — Uau. — Ela fez
uma pausa para causar efeito. — Isso é tão interessante.

Cristo. Ela estava soprando fumaça em suas bundas, mas


fazia com que parecesse muito bom. Cada pequena torção e virada
de seu corpo, cada movimento de seu cabelo provocava uma
reação. Sem fazer muito, ela exalava apelo sexual e, neste ponto,
eu não conseguia parar de assistir. Eu estava fascinado. Tive que
disfarçar um sorriso para esconder minha diversão quando ela deu
uma olhada em mim antes de dar a Turner sua atenção total,
acenando com a cabeça e oferecendo ocasionais uau e
absolutamente enquanto ele lhe apresentava sua visão para uma
competição de surfe do País Basco.
Eu já estava impressionado como estava.

Mas ela não parou por aí.

— E Carter - estou tão perdida. Você poderia me ajudar com


a logística de levar um novo evento de surfe para esta cidade? —
Sara perguntou depois de passar seis minutos seguidos em
Turner. — Quanto tempo isso levaria?

Carter aproveitou a chance de ser útil. Claro, Turner nunca


ficou para trás, então os dois irmãos acabaram explicando
ansiosamente, garantindo a ela que com seus recursos de esportes
e entretenimento, eles poderiam conseguir um evento profissional
totalmente patrocinado em funcionamento em dois anos.

— Uau — Sara respirou, embaralhando seus papéis. — Então


vocês vão precisar desta propriedade mais cedo do que eu pensava.

Eu levantei minhas sobrancelhas. Quando ela olhou para


mim, eu lancei um olhar que dizia, eu vejo o que você está fazendo.
Ela me deu o sorrisinho mais rápido enquanto Turner ria.

— Droga, acho que sim. Temos que colocar as coisas em


movimento — ele disse a Carter, mantendo os olhos em Sara.

Ele estava olhando para ela simplesmente estudar algumas


notas, vagarosamente correndo as pontas dos dedos ao longo de
sua clavícula. Seu olhar permaneceu quando ela inclinou a
cabeça, sorriu e perguntou a Carter quando ele começou a surfar.
Ela conversou com um brilho tão casual que nem Roth notou
quando ela mudou de assunto de volta aos negócios, sugerindo
uma viagem para Biarritz.

— Vocês podem me ensinar a surfar como prometeram —


disse ela. — E, claro, podemos fazer com que vocês verifiquem a
propriedade em primeira mão para que possam avaliar o seu
interesse.

— Oh, eu vou te ensinar a surfar. Eu vou ter você quebrando


ondas como The Duke.

— Eu não tenho ideia de quem seja, mas estou ansiosa para


receber uma aula de surf completa de você, Turner. — Sara deu
uma risadinha.

— Você vai, você vai. Teremos que definir uma data em breve.

E assim, ela os tinha.

Tudo o que eu tive que fazer foi me sentar e assistir a cena se


desenrolar, Sara dirigindo cada segundo com um charme tão fácil
que os Roths não tinham ideia de que estavam caindo em
armadilhas preparadas. Porra. Como eu duvidei dela? Ela estava
acertando em cheio melhor do que eu jamais poderia imaginar, e
eu estava tão excitado com esse fato que mal conseguia ficar
parado. Eu tinha visto essa mulher nua curvada sobre um sofá
para mim na semana passada, mas eu tinha certeza de que nunca
me senti mais atraído por ela do que agora. Cada som que ela fazia,
cada virada curiosa da cabeça e pequena explosão de um sorriso
levantava um peso em meu peito que eu não sabia que tinha.
Se o ato dela estava trabalhando até mesmo no meu coração
frio e morto, então os Roths não tinham chance.

Abrindo minha mensagem em grupo com Emmett e Lukas,


disparei um rápido resumo da reunião que eles haviam insistido.

EU: Ela acabou de fazer com que concordassem com a viagem


a Biarritz sem nem mesmo tentar.

EMMETT: Droga. Você deve considerar cultivar um par de


tetas.

EU: Ela tem mais em seu arsenal do que apenas isso.

EMMETT: Ahh, olha ele a está defendendo.

LUKAS: Adorável.

Lamentando minha mensagem, desliguei meu telefone e o


deslizei pela mesa.

Quando a reunião acabou, eu vi os Roths entrarem no


elevador, Sara seguindo de perto. Os pequenos cliques de seus
saltos eram uma provocação inacreditável para o meu pau. Tudo
o que eu queria era me virar e dar uma boa olhada nessas fodidas
pernas sexys, mas era a minha vez de realmente fazer a minha
parte neste encontro.

— Cavalheiros. Entraremos em contato em breve — eu disse,


usando a própria linha vaga de Turner sobre eles. Desta vez, foi ele
quem foi específico.
— Sim, sim, bem, por que não marcamos para algum dia na
próxima semana? Estou reservado para o fim de semana, mas que
tal nos conectarmos novamente na segunda-feira? — Turner
perguntou, certificando-se de desviar os olhos do meu ombro para
Sara. Presumi que ela assentiu porque ele sorriu.

— Então segunda-feira — decidi, observando Turner lutar


para ir embora sem chamar a atenção de Sara mais algumas vezes.
Quando eles finalmente se foram, eu me virei para encontrar seus
olhos estreitos em mim.

— Você não achou que eu pudesse fazer isso — ela falou antes
que eu pudesse parabenizá-la pelo trabalho bem feito. Eu levantei
uma sobrancelha.

— Desculpe?

— Você me mandou uma mensagem antes da reunião


começar. ‘Possível mudança de planos?’ — ela me citou. O sorriso
em meus lábios estava apertado quando me vi pego em flagrante.
Segurei minha gravata e me ajustei ao começarmos a andar.

— Eu não estava duvidando de sua habilidade, mas tentando


te dar uma chance. Os Roths estavam sendo particularmente
intoleráveis antes de você chegar, e isso me deu algumas ideias de
como eles se comportariam perto de você.

— Certas ideias? Como?


Eu respirei fundo entre os dentes. — Como usar certa
linguagem e colocar as mãos em cima de você de maneiras que eu
não gostaria de ver.

— Achei que você tivesse me contratado por esse motivo


específico, senhor.

Eu vacilei com a palavra senhor.

— Eu o fiz. Hoje, eu pensei duas vezes — eu respondi


bruscamente.

— Eu não o culparia por alguém agir assim — Sara cantou,


me irritando e me excitando ao mesmo tempo.

— Bem, imagino que haja uma primeira vez para tudo, Sara.

— Certo. Mas se aconteceu porque você se sente de alguma


forma protetor ou duvidoso de mim, você pode relaxar — ela disse,
subindo as escadas na minha frente. Minha mandíbula apertou
enquanto meus olhos instintivamente caíram para sua bunda
redonda. — Pelo que eu posso dizer, você tem total confiança em
Colin e Tori e todos os outros funcionários seus neste escritório.
Então, se eu sou apenas mais um deles, senhor, pode ficar à
vontade para me deixar fazer meu trabalho.

— Há uma natureza única no seu contrato — eu gritei quando


ela parou no meio do caminho para me encarar. Ela parecia um
pouco presunçosa quando viu meus olhos onde eles não deveriam
estar.
— Sim, há uma natureza única em meu contrato, mas se
todas as mesmas regras se aplicam a mim, então o que eu
simplesmente peço é que você me respeite da mesma forma que
faz com todos os outros. Qualquer coisa abaixo disso é
completamente hipócrita — disse ela. Então, como se ela não
tivesse acabado de me atacar, ela ergueu a voz e sorriu. — De
qualquer forma, posso sair para minha pausa para o almoço agora,
senhor?

— Por que você está fazendo isso? — perguntei.

Ela inclinou a cabeça. — Fazendo o que?

— O jeito que você está me chamando de ‘senhor’. É estranho.

— Só estou tentando ser tão profissional quanto você quer


que eu seja.

Minha risada foi brusca quando confirmei minha suspeita de


que ela estava essencialmente me provocando com a palavra.

— Eu acredito que o termo que você está procurando é


passivo-agressivo.

Sara se irritou. — Como prefere que eu chame você?

— Julian.

— Tudo bem, Julian. Tudo bem se eu sair para a minha pausa


para o almoço agora? — ela perguntou, voltando a me mostrar
aquele sorriso deliberadamente educado que me fez querer puni-
la de um milhão de maneiras nas quais eu não conseguia pensar
agora. Suprimindo minhas fantasias, espelhei seu sorriso
corporativo.

— Você pode ir almoçar.

— Obrigada, Julian.

— De nada, Sara — eu disse, mantendo minha cara de pôquer


enquanto observava sua bunda balançar.

Porra, porra.

Eu deveria gostar disso - ter uma nova funcionária que estava


ansiosa para cumprir todas as suas obrigações e simplesmente
fazer o seu trabalho. Considerando minha necessidade de
eficiência, devo ser grato por ter alguém tão pronta, disposta e
capaz como Sara em minha equipe.

A única coisa era que ela estava jogando meu jogo um pouco
bem demais.

E o fato é que eu já odiava.


10

Sara

Houve progresso no elevador na manhã de quinta-feira, e ele


veio com os passageiros que eu apelidei de Gucci e Careca - Gucci
por sua bolsa, e Careca por, bem, razões óbvias.

Tudo bem, eu me parabenizei depois que ambos entraram e


me deram aquela saudação silenciosa, mas cordial. Dois acenos.
Eu colecionei dois acenos e alguns companheiros de almoço
durante minha primeira semana na nada acolhedora Torre Hoult.
Os desenvolvimentos eram pequenos, mas ainda era algo em
termos de derrubar o muro.

Mas ao entrar no escritório, descobri que um novo estava


oficialmente pronto.

Como ontem, não recebi nenhum olá de Julian quando ele


passou por mim com Colin e alguns outros. Ele estava vestido para
matar com um terno de três peças que fez meu coração parar por
alguns segundos, e sim, ele estava ocupado, mas ele teve tempo
para virar aqueles olhos azuis para mim e deslizá-los para a frente
do meu vestido envelope. Ele permaneceu totalmente estóico no
processo, e enquanto os outros conseguiram acenar com a cabeça
ou cumprimentar rapidamente ao passar, Julian optou por não
fazer isso.

Isso pode não significar nada, tentei dizer a mim mesma.

Mas então houve as duas ocasiões em que minha entrada em


uma sala específica resultou em sua saída no minuto seguinte,
com apenas um olhar em minha direção. Novamente, nenhuma
confirmação sólida, especialmente porque ainda falamos
cordialmente sobre os Roths, mas ainda assim.

A estrita falta de contato visual ou conversa fora do trabalho


foram suficientes para que eu considerasse que estávamos em
algum tipo de Guerra Fria no escritório - alguns lances
profissionais de um para o outro e, para ser honesta, era uma
batalha bem combinada. Éramos ambos orgulhosos, tenazes e
totalmente obstinados. Poderíamos muito bem fazer essa dança
para sempre.

Essa ideia não interessava a Lia.

— Eu não acho que você o está levando com força o suficiente


— ela decidiu enquanto nos sentávamos na copa do décimo andar
da Torre Hoult - a palavra chique para o refeitório. — Este poderia
ser um encontro duplo agora, mas não é.

Como que para compensar Julian e minha Guerra Fria no


escritório, o clima durante toda a semana estava sufocante e, na
sexta-feira, finalmente tínhamos chegado a mais de quarenta
graus - horrível em qualquer lugar, mas particularmente em
Manhattan. Você poderia muito bem colocar a língua para fora e
lamber a umidade, então, graças a isso, a copa estava
estranhamente lotada ultimamente. Até os chefões estavam
desistindo de suas caminhadas de dois minutos até a churrascaria
de costume para almoçar no prédio.

Ao contrário de meus colegas regulares de café, eu não me


importava com a multidão. A luxuosa sala era grande e bonita
demais para a escassa quantidade de pessoas que geralmente
atraía. Como os escritórios da Hoult Communications, era um
espaço elegante e ofuscantemente branco de pé-direito duplo com
um segundo andar e janelas de pé-direito duplo para permitir que
o sol entrasse. Cheio de gente, parecia muito menos um museu
estéril e futurista.

E, claro, o movimento também era melhor para ver gente, o


que pude curtir com Lia esta tarde, já que ela estava no prédio
para visitar o Lukas.

— Desculpa, querida. — Eu mexi em torno da minha salada


antes de comer. — Tenho certeza de que o chefe e eu estamos
parados.

— Eu deveria saber que vocês dois eram muito parecidos —


Lia franziu o nariz. — Você e Julian fazendo sexo provavelmente
estariam rolando sem parar para lutar pelo topo. Vocês
precisariam de esteiras de luta livre e um ginásio inteiro.
Engasguei-me com um crouton. — Por favor, tenha em mente
que o homem trabalha neste prédio.

— Ele é o dono do prédio. O que eu me importo?

— Sim, também, por favor, não me lembre que ele é o dono


do prédio.

— Por que não? — Lia sorriu, estudando a frustração em meu


rosto. — Porque o poder dele te excita?

— Sim, muito, na verdade. E agora, estou tentando controlar


minha excitação por uma questão de manter o máximo de
profissionalismo.

— Certo. A propósito, como está indo?

— Facilmente. Daí a paralisação.

— Então você oficialmente domina o visual casual-apesar-da-


minha-calcinha-molhada?

— Você ficará orgulhosa em saber que eu tenho.

Lia colocou um dos meus croutons na boca. — Bem, isso é


bom porque aí vem meu namorado e seu chefe parecendo um
outdoor da Armani.

Pela segunda vez, quase me asfixiei. Tossindo fortemente,


encontrei-me com tempo suficiente para atirar adagas em Lia
antes que Lukas se aproximasse de nossa mesa com Julian o
seguindo dois passos atrás. Seus olhos já estavam fixos em mim
e, a menos que eu tivesse imaginado, ele não parecia satisfeito.

— Ei, Julian — Lia o cumprimentou alegremente. Ele estava


sem humor quando deslizou as mãos nos bolsos e olhou para ela
como se soubesse que ela estava falando merda um segundo atrás.

— Olá. — Dela, seus olhos se voltaram para mim. — Sara.

— Sr. Hoult.

— Oh, Deus. — Lia fez uma careta. — Você realmente a faz te


chamar assim? — ela perguntou a Julian, que decididamente
olhou para outro lugar, como se procurasse uma fuga. Não vendo
nenhuma, ele respondeu a Lia sem expressão: — Eu não, na
verdade. — Ele ergueu o olhar para mim. — Eu me lembro de ter
dito isso a você, Sara.

— Desculpe-me. Devo ter esquecido.

— Ah, não. Briga de casal? — Lia se encolheu. Eu olhei para


ela. — O que? — Ela se fez de boba. — Posso dizer a vocês o que
Lukas e eu fazemos para consertar as coisas depois de brigarmos.

— Lia — avisei em uníssono com Lukas. Quase uma


ocorrência rara, considerando as bolas que ela cresceu
ultimamente.
— Sério. Todos vocês sabem que eu mesma ignorei esse
conselho por muito tempo, mas às vezes você só precisa dar um
jeito e-

— Estou pegando um café — anunciei, fazendo um caminho


mais curto para o bar enquanto enviava uma mensagem de texto
furiosamente ao longo do caminho.

EU: Puta merda, mulher, acalme-se. Ele ainda é meu chefe.


Lembra daquela coisa de profissionalismo?

LIA: Sim.

LIA: E me faz pensar por que ele está removendo sua saia
mentalmente enquanto você se afasta.

Eu me virei para pegar Julian me olhando. Não houve


nenhum lampejo de desculpas em seus olhos, o que eu achei
estranhamente assustador, então desviei meu olhar e foquei em
me aproximar do café. Comecei a pedir, mas percebi pela maneira
como o jovem barista parou e olhou para além de mim que Julian
estava se aproximando.

— Eu deveria ter considerado Lia antes de contratá-la.

Meu pulso disparou. Não precisei me virar para avaliar sua


proximidade. Atingida com seu perfume masculino, meu corpo
inteiro ficou tenso.

— O que sobre ela?


— Ela está aqui o suficiente para Lukas — disse Julian antes
de terminar meu pedido de café com o barista e adicionar um
expresso duplo para ele. — Mas, fora isso, prefiro que vocês duas
evitem discutir o que quer que seja que vocês claramente estavam
discutindo agora.

Eu recuei para olhar para ele sem acreditar.

— Eu acharia que isso era óbvio, mas proibir certos tópicos


de conversa com meus amigos está fora do reino do que você pode
fazer como meu chefe.

— Estou ciente disso — falou secamente. — O que estou


pedindo é que você não discuta nada sexual que aconteceu entre
nós enquanto você está no local de trabalho. Tenho certeza de que
você percebeu, mas este grande edifício é uma comunidade
bastante pequena. As pessoas falam e não tenho interesse em dar-
lhes nada para discutir.

— Justo. Peço desculpas em nome de Lia — eu disse


asperamente. — Ela geralmente não é assim.

— Eu também a conheço, Sara, e ela é sempre assim.

— Você só a conhece desde que ela está namorando Lukas —


argumentei. — E é só por causa dele que ela ficou despreocupada
e franca, o que, em sua defesa, não é uma coisa ruim. Eu acho que
é apenas o que acontece quando você está em um relacionamento
feliz e gratificante.
— Você acha? — Julian repetiu.

Minha resposta foi cortada. — Sim. Eu só posso adivinhar.

— Isso mesmo. — Julian se apoiou nos calcanhares,


oferecendo um sorriso cordial à barista enquanto ela colocava
nossas bebidas no balcão. — Gratificante era o oposto do último
relacionamento que você teve — ele sorriu enquanto pegava nossos
cafés e me entregava o meu. — Vejo você de volta no escritório,
Srta. Hanna.

Meu queixo caiu enquanto eu o observava ir, percebendo com


atraso a que ele estava se referindo - a vida sexual deprimente e
nada assombrosa que eu tive uma vez com Vanilla Jeff7, meu ex-
amigo com benefícios.

O que... que foda?

Parada ali, eu bufei. Bem, isso definitivamente não era jogo


justo. As regras do nosso escritório na Guerra Fria eram uma, seja
profissional e duas, seja profissional. Mencionar a vida sexual que
ele me ouviu falar na noite em que me apontou para o orgasmo
não era profissional. Em absoluto.

Eu franzi meus lábios em uma linha enquanto o observava ir,


mas com toda a honestidade, não foi nenhum problema para mim.

7
Jeff Baunilha, apelido dado a ele por causa do relacionamento morno, sem paixão.
Eu estava ansiosa para cruzar a linha com ele, mesmo que
ligeiramente, então se Julian queria jogar sujo, tudo bem.

Eu estava mais do que feliz.


11

Sara

— Sara você não quer vir com a gente? — Colin perguntou,


jogando a alça de sua pasta em seu ombro. — É por causa do short
de abacaxi? — Seu sorriso era deliberadamente estranho. — Oh,
Deus, é por causa do short de abacaxi.

— Não é por causa do short de abacaxi. — Eu ri, apesar de


precisar de uma segunda olhada nas imagens de abacaxi
impressas no short.

Graças à onda de calor, um memorando foi enviado no início


da semana sobre as trocas de roupas após o trabalho. A regra geral
para a Torre Hoult era que roupas adequadas para o trabalho eram
necessárias enquanto você estivesse no prédio, mesmo que não
estivesse trabalhando. Isso significava não mudar até o final do dia
e sair de bermuda e camiseta. Enquanto você estivesse dentro de
suas paredes, você representaria adequadamente a Torre Hoult.

Exceto esta semana.


Ainda não tinha aproveitado a emenda, mas hoje mudei de
ideia – e tinha uma muda de roupa comigo, graças à bolsa que Lia
deixou na recepção.

LIA: Eu sei que você disse para levar algo razoavelmente sexy,
mas decidi que não era divertido. Vou para os Hamptons com Lukas
agora, então você não pode me matar ok, te amo, tchau.

Ai, Jesus.

Eu me preparei enquanto ia até a recepção para pegar minha


muda de roupa. Eu espiei dentro da bolsa no meu caminho para o
banheiro e tive que dizer Jesus, Lia para o que ela comprou para
eu vestir. Eu pedi uma roupa de verão razoavelmente sexy, mas
nada muito louco. Ela me deu shorts jeans rasgados que fariam
Daisy Duke corar. Um era branco, o outro azul claro. Felizmente,
os tops que ela escolheu não eram bustiês cravejados como eu
meio que esperava que fossem, então, depois algumas mensagens
para meus colegas regulares da cafeteria, comecei a me trocar.

Quando saí do banheiro, Colin me pegou.

— Uau — falou, ajustando sua armação preta.

Eu ri. Bem, isso é um bom sinal. No que diz respeito ao


profissionalismo, Colin era a única pessoa que superava até
Julian. Eu tinha certeza de que seguir as regras era sua excitação
número um, então para ele me dar uma olhada era algo grande.
— Você está... muito wow — disse ele, corando enquanto
olhava para o meu shortinho azul e blusa branca fluida. Mas com
um olhar nervoso escada acima, ele pigarreou. — Oh, Cristo, ele
vai me despedir agora. — Ele riu baixinho antes de abrir um
sorriso de lábios apertados e sair correndo.

Mordi o canto da boca, bem ciente de que iria me virar para


encontrar Julian no topo da escada. Ainda assim, quando o fiz,
meu coração bateu forte. Sua autoridade era inquestionável deste
ângulo, e sua voz praticamente ecoou no escritório vazio.

— Sara. Uma palavra.

Aí está. Eu esperava algum tipo de reação, então com um


aceno de cabeça, comecei a subir as escadas. Mas ele me parou no
meio do caminho.

— Eu preciso que você mude isso primeiro.

Eu pausei. — Desculpe?

— Isso não é apropriado para o local de trabalho. Vista o que


você estava usando antes — Julian disse antes de desaparecer em
seu escritório.

Completamente atordoada, olhei escada acima, fisicamente


incapaz de piscar.

Está falando sério?


Eu esperava uma reação, mas definitivamente não esta. Isso
acabou com a diversão imediatamente.

Já furiosa, eu me arrastei de volta para o banheiro feminino


para sacudir violentamente meu short e arrancar meu top, meu
batimento cardíaco aumentando enquanto eu me abotoava de
volta em minha camisa e fechava de volta a minha saia. Por puro
desafio, optei por não colocar o cinto que usava antes. Foi a minha
pequena forma patética de rebelião antes de marchar escada
acima e entrar no escritório de Julian.

Ele estava se sentando atrás de sua mesa quando eu entrei.

— Aquilo era mesmo necessário? — eu exigi


antecipadamente.

Ele olhou para mim enquanto ajustava sua gravata. — Você


não pode se vestir assim aqui — disse ele casualmente antes de
virar os olhos para a tela do computador. Minha mandíbula se
apertou.

— Todo mundo se trocou depois do trabalho hoje. Não só eu.

— Todo mundo mudou para algo casual, como um vestido de


verão ou uma camisa pólo e short. — Julian deslizou seu olhar
para mim e o deixou mergulhar. — Calcinhas jeans não eram o
que eu tinha em mente quando enviei aquele memorando.

— Bem, eu peço desculpas — falei tão uniformemente quanto


pude com os dentes cerrados. — Mas eu sinto a necessidade de
salientar que várias outras mulheres neste escritório saíram com
vestidos do mesmo comprimento que o meu short, sem mangas, e
você não as chamou para repreendê-las.

— Você tem razão. Eu não o fiz — ele disse.

Não houve acompanhamento.

Idiota. De pé diante da mesa de Julian, eu me irritei,


totalmente incomodada com o quão relaxado ele estava quando se
recostou, seu paletó pendurado nas costas da cadeira e as mangas
puxadas até os cotovelos. Eu arranquei meus olhos das linhas
profundas de seus antebraços para arquear uma sobrancelha
expectante para ele.

— Então, eu não consigo uma explicação para essa


inconsistência?

Julian levou um tempo para mudar seu olhar de sua tela para
mim.

— Não — ele finalmente disse.

Descrença assobiou de meus lábios.

— Isso dificilmente parece justo, e novamente, eu não posso


deixar de suspeitar que você está me tratando de maneira diferente
do que o resto do escritório — eu disse calorosamente. — Na
verdade, você está me tratando de maneira diferente do que o resto
do escritório. O fato é que eu sei por que você está me destacando.
Ambos sabemos. E usar isso como uma razão para dificultar
minha vida hoje é completamente injusto, já que seu problema é
algo que você criou sozinho.

Merda.

Eu estava sem fôlego. Eu não sabia como isso aconteceu, mas


simplesmente deixei tudo sair. Eu tinha dado minha versão
apropriada para o escritório de ‘se você quer me foder, então me
foda’ e de repente, foi a vez de Julian levantar as sobrancelhas.

— E por que razão você acha que estou te destacando? — ele


perguntou.

— Posso dizer isso ou preciso usar o seu amado discurso


corporativo?

— Basta dizer isso.

— Porque você quer me foder, Julian — eu grunhi. — Você


quer me foder, você não vai deixar-me foder, então você o está
tomando de mim - e faz muito sentido, certo? — Eu dei a ele um
segundo para responder e não obtive nada. — Certo. Bem, se você
não tem mais nada a dizer, então já eu vou. Eu tenho que
encontrar uma Starbucks para me trocar agora, e tenho certeza de
que vou chegar atrasada para encontrar os caras para o happy
hour, então tchau.

— Quem você irá encontrar?


Era menos uma pergunta do que uma exigência e fez todo o
meu corpo formigar de fúria. Eu me virei para encará-lo.

— Caras de Kinsley-Weiss — respondi, referindo-me ao


notório clube de meninos no trigésimo terceiro andar. Senti um
prazer doentio na forma como as sobrancelhas de Julian se
franziram.

— Só você e eles?

— Só eu e eles.

— Achei que você fosse beber com o Colin.

Eu cruzei meus braços sobre meu peito. — Eu decidi contra


isso. Ele trabalha em meu escritório, então provavelmente é mais
seguro beber com homens com quem não corro o risco de perder
meu emprego, caso decida ir para casa com eles.

Os ombros de Julian ficaram rígidos. Ele ainda parecia


equilibrado, controlado, mas eu podia ver o brilho do fogo por trás
de seus olhos azuis.

— Então, seu plano é dormir com alguém esta noite.

— Isso não é da sua conta, e eu estou saindo — murmurei,


mas minha respiração ficou presa na garganta porque Julian
estava na minha frente em segundos. Comecei novamente em
direção à porta, mas ele deu um passo habilmente para o lado para
me bloquear.
— É da minha conta quando você sai com pessoas que
conheço e, em particular, não confio.

Eu dei uma risada amarga.

— Você me parece alguém que não confia, ponto final, e já


estabelecemos os parâmetros de sua autoridade sobre mim,
Julian. Sim, você pode me dizer o que posso e o que não posso
vestir, mas não, você não decide para onde vou depois do trabalho
ou com quem quero trepar, especialmente quando sou eu que
estou esperando por você — fervi. — Você é quem tem a regra,
então dê um passo, idiota, ou saia do meu caminho.

Eu poderia jurar que vi o ódio fervendo em seus olhos. Eu


praticamente o ouvi em sua voz quando, com um olhar para sua
mesa, ele finalmente falou.

— Sente-se, Sara — disse ele.

— Julian, eu te disse-

— Desabotoe sua camisa antes de se sentar.

Eu fechei minha boca. Um arrepio percorreu minha pele


enquanto eu observava Julian tirar a mão da porta, seus ombros
relaxando ligeiramente.

— O que exatamente você está pedindo agora? — esclareci.

— Estou pedindo que você se sente na frente da minha mesa,


Sara. E eu quero que você tire sua camisa para mim.
Entendi.

Virando-me rigidamente, eu o vi retornar calmamente para


sua cadeira, observando-me de perto enquanto eu o encarava mais
uma vez. Eu estava com calor um segundo atrás, mas agora estava
queimando. Eu engoli o aperto na minha garganta enquanto
caminhava lentamente em direção à mesa, sentando-me na frente
de Julian como ele me pediu.

— Desabotoe — disse ele com um olhar para a minha frente.


Molhei meus lábios quando comecei trêmula, mas ele me parou.
— Devagar.

Eu o olhei. — Você vai me foder?

— Não gosto de me contradizer. Se você está me fazendo


quebrar minha regra, vou levar meu tempo com você.

Eu engoli em seco.

Muito justo.

Respirando firme, eu lentamente desabotoei minha camisa,


meus olhos se movendo da espreitadela do meu sutiã rendado para
o olhar de lobo de Julian enquanto ele me olhava por trás de sua
mesa. Eu mantive meu ritmo sem pressa por ele, apesar do fato de
que isso me atormentava. Isso me forçou a sentir cada onda de
sensação em câmera lenta, da pulsação entre minhas próprias
pernas ao arrepio que rastejou sobre os meus seios quando o ar
gelado atingiu minha pele.
Inclinando-se para trás, Julian simplesmente me observou
enquanto eu tirava minha blusa totalmente desabotoada da saia.

— Devagar — ele me lembrou enquanto eu deixava a camisa


cair dos meus ombros e braços. Eu lancei a ele um olhar como se
dissesse, não force. Ele sorriu. — Estou exaurindo sua paciência
agora, Srta. Hanna?

— Você está. — Arqueando minhas costas, cruzei as mãos no


colo, sentando-me perfeitamente reta diante dele em apenas meu
sutiã preto e saia lápis bege. — Você está me torturando, na
verdade, mas eu percebo que é esse o ponto.

— Você pega as coisas rapidamente — ele murmurou, os


olhos ainda em mim enquanto desabotoava o cinto. — Você sabe
o que eu quero ver a seguir.

Ele riu enquanto eu revirava meus olhos para longe dele,


olhando decididamente pela janela para a vista do Empire State
enquanto eu estendia a mão para trás e desabotoava meu sutiã.
Meus seios estavam inchados, dolorosamente pesados enquanto
as xícaras de renda caíam de baixo deles. Eu ouvi a respiração
forte que Julian inspirou, e quando voltei meus olhos para ele,
mordi meu lábio com força. Ele parecia ter a autoridade experiente
e polida de sempre naquela cadeira.

A única diferença agora era que ele tinha seu pau duro para
fora, sua mão em volta dele, acariciando languidamente da raiz a
ponta.
Meu sexo apertou apenas com a visão. Minhas mãos
instintivamente se moveram em direção ao zíper atrás da minha
saia, mas Julian me parou.

— Continue assim — disse ele. — Levante-se para mim.

Eu sorri.

— Deixe-me adivinhar — falei, avançando meus dedos pelas


laterais do corpo e enrolando-os para fechar minha saia. Eu senti
a umidade na minha boceta enquanto eu ficava lá puxando minha
saia para cima para Julian, seu olhar preso em mim com tanta
força que me senti magnética. Ele nem piscou, muito menos
desviou o olhar quando me sentei de calcinha, minha saia subiu e
minha mão ficou entre minhas coxas.

— Faça isso — disse ele. — Toque-se.

Eu o fiz, fechando meus olhos enquanto empurrava a renda


de lado para circular meus dedos sobre meu clitóris. A primeira
onda de calor subiu pelo meu corpo e se estabeleceu em minhas
bochechas. Minha pulsação estava em meus ouvidos, mas ainda
podia ouvir quando a cadeira de Julian rangeu para trás e seus
passos se aproximaram.

Contorcendo-me sob meus próprios dedos, mantive meus


olhos fechados. Eu não estava pronta para vê-lo ainda. Eu queria
processar isso primeiro - o fato de que estava sentada sem camisa
e me tocando no escritório brilhante de Julian Hoult no topo da
torre.
Mas eu tive pouco tempo antes de senti-lo descer por cima de
mim, as pontas dos dedos na parte de baixo do meu seio. Eu
estremeci quando sua mão me segurou totalmente e lentamente
apertou.

Com um suspiro, abri meus olhos.

Puta merda.

Julian ficou ao meu lado. Sem olhar para a minha direita,


tudo que eu podia ver era seu antebraço, seu relógio caro e sua
mão brincando com meu seio enquanto eu olhava para fora das
janelas em Midtown Manhattan.

Era surreal.

Tudo ainda estava no lugar. Sua mesa era arrumada, uma


superfície brilhante que continha apenas seu laptop, seu
planejador, uma pasta e uma caneta. Sua estante era uma
exibição imponente de livros, prêmios e bolas de beisebol
guardadas em caixas de vidro.

Tudo estava como deveria ser.

Exceto nós.

— Julian. — Eu apertei minha mão sobre a dele, segurando-


a ainda sobre meu peito enquanto me virei para olhar para ele.

Todos os seus músculos estavam tensos enquanto ele


observava minha outra mão provocar meu clitóris. Seus olhos
estavam encobertos e ele ainda se acariciava. Minha visão
combinada com seu toque era inacreditável. Tinha que ser a
definição de erótico: meu chefe parecendo elegante em sua camisa
branca brilhante e gravata cara, se masturbando enquanto
massageava meus seios nus em seu escritório.

— Fique em pé — ele murmurou.

Eu estava de pé apenas um segundo antes de ele me beijar,


ambas as mãos em concha em volta do meu rosto enquanto eu
bombeava seu pau. Eu gemi contra sua boca quando ele
reivindicou a minha, cada golpe molhado de sua língua me
lembrando que ele estava no controle. Eu estava frenética,
desesperada para sentir mais e mais rápido, mas ele me manteve
sob controle apenas com os movimentos deliberados de sua língua
- afiados em um segundo, vagarosos no seguinte.

Como ele disse, ele iria demorar comigo.

— Três dias — Julian murmurou enquanto me levava para o


final do sofá de couro. — Você me fez quebrar em três dias.

Ele beliscou meu mamilo entre os dedos e se afastou dos


meus lábios, fazendo com que minha boca se abrisse
desesperadamente em sua ausência. Eu gemi quando ele me
puxou levemente. Então mais difícil.

— Olhe para mim — disse ele. Forcei meus olhos a abrirem,


apesar da mistura perfeita de tormento e prazer que ele tinha em
meu corpo. — Você sabe que está brincando com fogo, certo? —
ele perguntou enquanto sua mão livre puxava minha calcinha para
baixo. Eu respondi assim que ela caiu em um anel de renda em
volta dos meus pés: — Sim.

Julian absorveu minha resposta por um segundo antes de me


virar suavemente e levantar minha perna para colocar meu joelho
no braço. Inclinei-me para frente para agarrar o encosto do sofá,
arqueando fortemente minhas costas quando senti seus dedos
mergulharem em minha boceta.

— Bom. — Seu ronco baixo e a facilidade com que ele deslizou


me disseram o quão incrivelmente molhada eu estava. Já ofegante,
eu encarei meus nós dos dedos brancos, meus ouvidos se
animando ao som de papel laminado amassado atrás de mim.
Olhei ligeiramente por cima do ombro para ver um preservativo
esticado, brilhante e fino sobre a ponta dilatada de seu pênis. Ele
empurrou para baixo até a última polegada de seu eixo grosso,
fazendo com que a antecipação quente se agitasse em minha
barriga enquanto ele se aproximava. Com os olhos fixos nos meus,
Julian balançou a cabeça. — Você deveria ver o quão fodidamente
sexy você está agora.

— Por que você simplesmente não me faz sentir isso?

— Eu vou te foder mais forte por isso.

— Faça isso — murmurei, colocando um sorriso em seus


lábios. Ele se espalhou mais enquanto ele corria a cabeça de seu
pau ao longo do comprimento do meu sexo, tendo prazer em
minhas sobrancelhas puxadas com força e minha boca aberta.
Assim que encontrei fôlego para implorar por isso, ele mergulhou
dentro de mim.

A partir daí, devagar não estava mais em nosso vocabulário.

Agarrando meus quadris, ele bombeou tão fundo e tão forte


dentro de mim que meus seios saltaram logo abaixo do meu
queixo. Minhas unhas cravaram no couro quando ele se inclinou
e beijou meus ombros, meu pescoço. Circulando um braço
apertado em volta da minha cintura, ele libertou o outro para pegar
meu queixo e virar meu rosto para ele.

— É isto o que você queria? — ele exigiu em um sussurro


baixo. — Ou você quer que eu te prenda e te foda no chão?

Ele riu da minha incapacidade de respondê-lo.

— Onde você quer que eu te foda amanhã, Sara? — ele


perguntou, estimulando minhas emoções com seu pau batendo
dentro de mim. Até que ponto ele estava tentando me pegar?

— Eu não me importo, Julian. — As palavras saíram de meus


lábios. — Eu só quero que você me foda e me faça gozar.

— Eu vou. Você abriu as comportas, Sara, então tenho toda


a intenção de te foder quando e como eu quiser neste escritório. —
Suas palavras implacáveis incendiaram todas as minhas
terminações nervosas. — E eu prometo que vou fazer essa boceta
gozar. — Ele empurrou com força por trás. — Novamente. — Outro.
— E de novo. — Eu gemi. — E de novo — ele rosnou enquanto se
mantinha pressionado dentro de mim, esfregando-se contra um
ponto doce que me fez gritar. — Eu posso apenas ter que carregá-
la para casa quando eu terminar — ele murmurou, lambendo a
parte inferior da minha mandíbula enquanto batia dentro de mim.

Porra.

Eu não conseguia parar de gemer. Tentei controlar meu


volume, mas foi em vão, e Julian amou cada segundo disso,
fingindo surpresa enquanto me provocava em um murmúrio baixo.

— Você é uma garota tão boa no meu escritório. Quem diria


que eu poderia fazer você gemer tão alto?

— Vá se foder. — Sorri antes de soltar um grito quando ele


me levantou rapidamente e me deitou de costas no sofá. Eu
engasguei quando ele envolveu minhas pernas em suas costas e
entrou em mim novamente, mas agora em um ritmo que eu achei
brutalmente lento. Centímetro por centímetro, nossos olhos fixos
um no outro, seu comprimento de aço me separou.

E de repente, fiquei impressionada.

Eu me deliciei com seu peso em cima do meu corpo. Cara a


cara com Julian, seu pau se sentia delirantemente bem. Cada
golpe parecia mais longo, mais profundo - menos frenético, mais
deliberado. O ar saiu dos meus pulmões enquanto ele me estudava
dos olhos, do nariz e dos lábios, balançando dentro de mim em um
ritmo torturantemente lânguido. Meus dedos mergulharam em
cada flexão lenta de seus músculos enquanto eu agarrava sua
bunda, e meus calcanhares cravaram em suas costas esculpidas
enquanto o trazia para dentro de mim.

Nossos olhos ficaram presos enquanto o prazer crescia.

E à medida que crescia, o ar mudou.

O suor gotejou na minha testa. Jurei que levou cada grama


de minha força apenas para devolver o olhar eletrizante de Julian.
Seu poder, seu intelecto já estavam acima de tudo, mas dentro de
mim, ele se multiplicava. Isso me fez sentir como se ele estivesse
reivindicando algo meu, descobrindo algo sobre mim que eu nunca
soube. Sem dizer uma palavra, ele me fez uma pergunta e então
encontrou a resposta por si mesmo.

Foi insanamente assustador pra caralho. Eu mal conseguia


aguentar mais.

— Olhe para mim — Julian rosnou quando eu me virei. Seu


ritmo acelerou dentro de mim, sua intensidade aumentando. —
Olhe para mim, Sara. Você vai me deixar ver você gozar.

Eu o ignorei, então ele pegou meu queixo e me beijou com


força, o choque de sua língua enviando meu corpo a um orgasmo.

Oh, Deus.

Parecia grande demais para o meu corpo. Devo ter feito um


som, porque Julian murmurou: — Estou com você. — Antes de me
prender e absorver cada segundo selvagem do meu prazer, sua
força engolindo cada contração e sacudida do meu corpo até que
ele estava sibilando porra sob sua respiração. Seu corpo enjaulado
em torno de mim. Então, com um empurrão vicioso, ele soltou um
gemido, o som tão profundo e gutural que enviou tremores
sacudindo através de mim.

Ele não se levantou imediatamente. Seus lábios estavam


contra o meu pescoço quando recuperamos o fôlego, e só quando
ele se afastou percebi que nossas mãos estavam acima da minha
cabeça, entrelaçadas o tempo todo.

O vazio que senti quando ele se afastou de mim doeu.

Minhas unhas cravaram no sofá e eu encarei a ponta do


preservativo cheio de esperma enquanto ele se levantava
lentamente, seus olhos ainda em mim. Ele estudou minha nudez
da cabeça aos pés, se recusando a quebrar seu olhar, mesmo
quando eu puxei minhas pernas para o meu peito e me levantei.

— Sara.

Sua voz voltou a ficar firme enquanto eu corria para me vestir.


Eu lancei a ele um sorriso apressado, embora eu soubesse que não
o estava enganando. Algo estava me incomodando. Ele sabia disso.

Mas eu mesma não sabia o que era.

Tudo que eu sabia era que enquanto eu queria ser fodida,


Julian tinha feito algo um pouco mais do que me foder agora. E
apesar do prazer quente de corpo inteiro do qual ainda estava me
recuperando, de repente estava me sentindo um pouco perdida,
sem nenhuma pista de como me sentir.
12

Julian

Era domingo e eu tive que limpar minha cabeça antes de sair


para encontrá-los.

Minha esperança era que isso ajudasse.

Inclinando-me para trás na cadeira, abaixei minha cabeça.


Meu pescoço estava rígido enquanto meu olhar viajava sobre meus
peitorais vacilantes, minha palma correndo sobre meu abdômen
tenso enquanto eu me sentia chegando mais perto.

Como o da Torre Hoult, o escritório em meu loft em TriBeCa


estava localizado no ponto mais alto do edifício, em uma sala
iluminada pelo céu com paredes de janelas voltadas para o sul e
oeste. Minha cadeira foi virada para elas quando me sentei com
minhas pernas abertas e minhas coxas flexionando enquanto eu
levantava meu pau em um ritmo furioso.

Eu ainda estava pensando nela.

Eu não conseguia parar.


Foder geralmente ajudava nessas situações, mas,
aparentemente, este era um caso atípico, e eu provavelmente
deveria ter adivinhado que seria.

Eu fantasiei longamente com Sara por quase duas semanas


depois que nos conhecemos. As imagens explícitas começaram no
segundo em que coloquei os olhos nela e continuaram em seu
primeiro dia de trabalho. Depois do que fizemos no elevador, fechei
a porta do meu escritório e me masturbei como um animal em um
terno de três mil dólares.

Em suma, passei muito tempo pensando em como seria


incrivelmente bom transar com ela.

Mas combinadas, nenhuma dessas fantasias chegou perto de


quão bom realmente foi.

Sua boceta estava tão apertada, mas ansiosa, um ajuste


perfeito para o meu pau. Eu poderia tê-la levado novamente na
sexta-feira - a noite toda, se ela tivesse me permitido. Mas ela
acabou fazendo o que nenhuma mulher tinha feito comigo depois
do sexo, e foi voluntariamente embora. Eu tinha provado outra vez
sua boca e o pequeno ponto doce sob sua mandíbula antes dela
sair correndo com os lábios inchados, o sutiã no meu chão e os
botões mal fechados em sua camisa.

Mais uma imagem para eu superar.

— Foda-se.
Eu rolei minha cabeça para trás, todos os meus músculos
flexionados com força até o segundo em que bombeei jatos grossos
de esperma da minha ponta, pegando-os em sua calcinha.
Respirando com dificuldade, segurei a carranca profunda em
minha testa enquanto inclinei minha cabeça para frente
novamente para olhar para o meu trabalho. Cordas grossas de
branco em sua fina seda preta.

Deus, eu queria gozar com ela. Dentro dela.

Eu queria me esfregar em sua pele e vê-la brilhar sob a luz.

Agora que eu a tive, as fantasias apenas se multiplicaram, e


pelo amor de Deus, eu não poderia pagar por isso - especialmente
não hoje. Por esse motivo, quase fiquei grato quando cerca de dez
minutos depois, enquanto eu estava de pé no meu armário,
Emmett ligou.

— O que? — respondi.

— Acha que é legal se eu levar uma garota de novo esta


semana?

— Não. Acho que é cruel, na verdade.

— Para quem? A garota? — Emmett perguntou. Ao fundo, eu


podia ouvi-lo fazendo seu primeiro shake de proteína do dia. — Ou
mamãe?
— Mamãe. Você está brincando com ela com a ideia de
casamento, apesar do fato de que todos nós sabemos que você vai
levar mais quinze ou vinte anos para isso.

Emmett desligou seu liquidificador e eu estremeci enquanto


removia uma camisa azul clara do cabide.

— Vocês não me dão crédito — disse ele, uma vez que o som
terminou. — Eu namoro muito para avaliar com eficácia minhas
preferências, assim como seu verdadeiro potencial. Tenho certeza
de que você pode entender isso, especialmente porque eu o
apresentei com o jeito Julian de falar.

— Muito agradável.

— Não aprecio o sarcasmo, mas pelo menos posso me


consolar com o fato de que ainda vou me casar antes de você.

— Improvável — eu rebati, mas parei no meio de abotoar


minha camisa, percebendo que meu instinto de lutar com Emmett
saiu antes que eu reconhecesse que ele estava me provocando. —
Se você perguntar sobre ela de novo, vou matá-lo no segundo em
que te vir — falei entre os dentes.

— Mas isso valeria a pena? A pena de prisão significaria não


ter a porra da Sara.

— Não fale sobre transar com ela.

— Estou falando sobre você transando com ela, idiota.


Rosnei quando percebi que havia perdido um botão. — Não
fale sobre ela em geral, é o que quero dizer — eu murmurei,
olhando para a hora. — E no caso de você ainda cheirar a tequila
da noite passada, sugiro que você tome um banho agora e vá, para
que não se atrase trinta minutos como na semana passada.

— Certo. Ei, alguém já te disse o quanto você não é divertido?

Tirei uma gravata da gaveta e revirei os olhos.

— Estou desligando, Emmett. Vejo você no estádio.

— Quem é esse?

Eu olhei para o meu telefone. Eu vagamente registrei o som


de seu toque, mas havia muito em minha mente para processá-lo
completamente até que minha mãe me cutucou e fez a pergunta.
Era Turner ligando. Eu desviei o olhar.

— Você não vai atender? — perguntou a mãe.

Seu sexagésimo aniversário foi na semana passada, mas ela


ainda parecia a garota real e de olhos brilhantes que meu pai
chamava de princesa desde o dia em que a conheceu. Eu me
afastei do jogo para encará-la com um olhar interrogativo.
— Desde quando você fica ansiosa para que eu receba
ligações de trabalho aos domingos?

— Eu não estou — ela disse, movendo seu cabelo com ela


enquanto dava de ombros. Ela ainda o usava para baixo e enrolado
logo acima do ombro como fazia quando Emmett e eu éramos
crianças. A única diferença agora era que era tingido de cinza
prateado em vez de loiro. Mas qualquer que fosse a cor que ela
usasse, ela parecia classicamente bonita. A única vez que Lia se
tornou querida por mim foi quando disse que mamãe a lembrava
de Grace Kelly.

Sempre pensei o mesmo, embora deva admitir que sua voz


contrastava fortemente com a delicadeza da velha Hollywood.

Quando ela falava, a voz da minha mãe era contundente,


quase áspera. E eu não faria de outra maneira.

— Achei que poderia ser alguém importante ligando. E sim,


eu sei, ‘é sempre alguém importante ligando’, mas considerando
que você deixou duas chamadas irem para o correio de voz desde
que estamos aqui, pensei que talvez algo ou alguém tivesse tirado
sua cabeça do trabalho pela primeira vez.

— Emmett apresenta uma nova namorada a cada semana.


Por que não depositar suas esperanças de netos nele em vez disso?
— provoquei.

— Exatamente por essa razão. Ele não vai se estabelecer com


ninguém tão cedo.
— Você não sabe disso! — Emmett falou por cima do ombro
para nós. Ele estava no nosso camarote, atrás da placa principal,
um braço segurando Ozzy contra o peito e o outro sobre os ombros
diminutos da vovó. No ano passado, ela não se aproximava do
cachorro de Emmett. Agora, ela tinha aquela coisa comendo
amendoim de sua mão. — Vovó, não mais — Emmett gemeu, se
virando.

Mamãe riu dos dois, mas eu podia ver aquele olhar caindo
sobre ela, e seu sorriso desaparecendo lentamente enquanto seus
olhos azuis como lago flutuavam em direção ao campo externo.

Agora não, mãe. Por favor.

Eu não estava preparado para outra viagem pela estrada da


memória, mas tinha acontecido durante o jogo do domingo
passado também, então eu provavelmente deveria saber que
estava chegando.

Seguindo o olhar de minha mãe, olhei para a parte de trás do


estádio.

Costumávamos ficar sentados lá uns bons vinte, vinte e cinco


anos atrás - na época em que os Hoults andavam em grupo, como
Emmett dizia. Nossa família ocupava um grande pedaço do campo
todos os domingos, quando arrumávamos nossas coisas para
passar o dia no estádio. Eram nossos avós, minha família, dois
pares de tios e tias e seus filhos. Com o passar dos anos, nos
tornamos amigos dos outros detentores de ingressos para a
temporada nas arquibancadas, bem como de seus próprios filhos,
e parecia que éramos donos do campo externo.

Ao contrário da vovó, mamãe nunca se importou com


beisebol. Ela disse que ia aos jogos todos os domingos para brincar
com as crianças. Funcionou bem. O amor de ninguém pelo
beisebol igualava o da vovó, e o amor de ninguém pelas crianças
igualava o da minha mãe. Todos estavam felizes.

Naquela época, pelo menos.

Com um olhar para mim, mamãe avaliou que eu segui sua


linha de olhos e, portanto, sua linha de pensamento.

— Você era tão bom com eles — disse ela. — Você sempre me
ajudou a manter os pequenos comportados.

— Apesar de eu mesmo ser uma criança. Eu tinha dez anos


quando você me colocou como babá de todos.

— Mas você se divertiu, lembra? Você adorava inventar jogos


para mantê-los distraídos. Eu não posso nem contar o número de
acessos de raiva que você nos salvou. — Ela riu para si mesma. E
se transformou em um suspiro. — Você é como seu pai. Muito
severo, muito sério. Mas você se ilumina perto das crianças.

— Mãe — eu avisei.

— Ok, tudo bem. — Ela ergueu as mãos, sua voz rapidamente


perdendo sua qualidade sonhadora. — Eu sinto muito. Eu estava
examinando os álbuns de fotos antigos ontem à noite e encontrei
muitas fotos de bebês — explicou ela. — Na verdade, eu tenho um
de Lucie. Não sei se você pode querer isso.

Virei o rosto para minha mãe, sem saber se era uma pergunta
séria. — Não. Eu não quero isso.

— Ok. Desculpe. — Ela estava genuinamente se desculpando


dessa vez. Eu pude sentir que ela estava me observando pelos
próximos segundos que mantive meus olhos decididamente no
jogo. Alcançando minha mão, mamãe a apertou. — Escute, Julian
— ela começou séria. Eu temia o discurso que ela estava se
preparando para lançar. Mas com um sorriso, ela disse: — Ozzy é
meu neto.

Eu abri um sorriso. Meus olhos deslizaram para Ozzy.

— Sim. Seu neto laranja babão — falei, divertindo-me como


sempre com o Staffordshire Bull Terrier olhando para mim por
cima do ombro de Emmett. Ele estava sempre com o mesmo sorriso
permanente estúpido do meu irmão, e os dois eram simples,
descontraídos - geralmente motivados pela comida, então eles
realmente tinham uma semelhança entre pai e filho.

— De qualquer forma, queria dizer que fiz uma reserva no


Greta's para o Dia dos Pais na próxima semana, já que era o
favorito do papai. Todos os seis de seus primos estarão presentes
este ano. Outros parentes também.
— Isso parece bom — eu menti, pegando a bola de tênis que
Emmett arremessou em mim sem aviso. Eu a joguei em algum
lugar seguro para Ozzy buscar. — Há uma pequena chance de eu
estar viajando a negócios, mas duvido que caia no Dia dos Pais.

— Oh. — Sua voz estava deliberadamente monótona. — Você


finalmente está vendendo a coisa?

A coisa. Era assim que ela chamava aquele resort


multimilionário em Biarritz. Meus dentes cerraram no início, mas
eu relaxei.

— Sim. O mais rápido possível, e esperançosamente para


Turner e Carter Roth. Você os conheceu.

— Oh, sim, eu me lembro daqueles dois.

— Sim, eles são... idiotas. Mas idiotas que podem fazer muito
bem por este estádio. Os recursos deles podem nos ajudar a fazer
deste estádio o que todos nós sonhamos — falei assim que Ozzy
pulou em mim com a bola de tênis meio aniquilada em sua boca.
Mamãe mal se encolheu enquanto lutava para tirar a coisa babada
de suas mandíbulas e jogá-la em Emmett.

— Você tem trabalhado tanto — disse ela, observando Ozzy


dar voltas. — Ambos ficariam orgulhosos de você, Julian. Eu
sinceramente espero que você saiba disso.

Era tanto um elogio quanto um pedido para que eu relaxasse


em algum momento e deixasse tudo passar. Eu não tinha certeza
se isso iria acontecer, nem queria entreter a discussão. Felizmente,
mamãe me deixou fora do gancho para dar um sermão em Emmett.

— Emmett, talvez você devesse arranjar um irmão para ele


brincar.

— Mãe, você deve estar brincando. Ozzy vale por três. Eu não
posso lidar com outro agora.

— Eu li em algum lugar que não é bom manter um cachorro


sem dar a ele um amigo.

— Mãe — Emmett gemeu para o céu. — Pare com a coisa dos


netos — disse ele. — Pergunte a Julian sobre uma garota chamada
Sara.

Mamãe se endireitou para me olhar.

— Quem?

Merda. Direcionei meu olhar mortal para Emmett antes de me


desculpar imediatamente e sair do camarote antes que pudesse
ser questionado.

EU: Vou banir você do estádio.

Enviei a mensagem para Emmett enquanto meus passos


ecoavam pelo corredor vazio. Ele atirou de volta rápido.

EMMETT: Vovó iria te matar. Eu sou o favorito dela.


EMMETT: Você vai ver a garota?

EU: Não. O que te faz pensar isso?

Ele ignorou minha última mensagem, o que me irritou,


porque deixou a conversa sobre Sara inacabada, e eu estava me
divertindo muito, pois estava tentando pensar em algo, qualquer
coisa além dela.

O fato de que teríamos nossa próxima reunião com os Roths


amanhã estava me consumindo também, porque embora eu
amasse vê-la fazer um show para eles, eu também odiava. Eu
odiava ver suas línguas penduradas para fora de suas bocas
enquanto eles arrastavam seus olhos gananciosos por todo o corpo
dela, e odiava antecipar as maneiras que eles tentariam tocá-la,
chegar mais perto dela.

Mas eu me coloquei nesta posição.

Eu pedi por tudo isso e tentei me lembrar disso enquanto


estava no corredor vazio. Claro, a tentativa foi em vão, porque
quando meu telefone zumbiu no bolso, atendi com um torto: — O
que?

— Jesus Cristo. Olá para você também, Hoult.

Eu reconheci a voz de Turner e exalei.

— Desculpe. Achei que você fosse meu irmão.

— Emmett? Amo aquele cara.


— Você ama. — Eu ri, quase genuinamente.

— Sim, eu nem sei como vocês dois são parentes — Turner


bufou, a voz de alguma garota ao fundo. — De qualquer forma,
ouça, eu sei que dissemos que íamos nos encontrar amanhã...

— Você não vai cancelar comigo.

— Calma, Hoult. Eu não ia cancelar, eu ia dizer que sei que


marcamos para meio-dia em seu escritório amanhã, mas alguma...
coisa simplesmente aconteceu para mim — ele disse, soando meio
estúpido. — Estou em Miami agora, e na verdade estarei voando
de volta para Nova York por volta das cinco amanhã, então o que
você acha de nós todos nos encontrarmos por volta das seis?

Não pude deixar de suspeitar que Turner estava em Miami


apenas para festa e que preferia uma reunião tarde amanhã
porque isso nos tiraria da sala de conferências e, mais do que
provavelmente, em algum lugar com mais distrações.

— Onde você quer se encontrar? — perguntei.

— Eu realmente gostei daquele hotel que você arranjou para


mim algumas semanas atrás. Quando eu comi aquela coisa com
bunda?

— Cass.

— Jesus, você realmente não esquece nada. Sim, ela. Eles


têm alguns bares na cobertura lá. E piscinas. Achei que
poderíamos ter nosso encontro em uma parte bonita do telhado
com uma boa vista - pegar um pouco de sol para definir o clima
para conversar sobre Biarritz. Certo?

— Vai estar quarente graus lá fora, Turner.

Ele riu por mais tempo do que eu gostaria de ouvir. — Oh, eu


sei. Você me ouviu dizer piscinas? Além disso, você pode usar
apenas uma camiseta e short - você sabe que eu não dou a
mínima. Mantenha-o casual pelo menos uma vez — ele disse,
murmurando rapidamente para a garota com ele antes de voltar
para mim. — De fato, eu tenho uma surpresa para Sara, então
vocês dois deveriam usar trajes de banho, na verdade. Ou algo que
você não se importe de molhar.

Foi a minha vez de rir. — Isso não está acontecendo de jeito


nenhum.

— Não diga isso para mim. Além disso, enviei uma pequena
cesta de presentes para o seu escritório. Deve chegar amanhã de
manhã.

— O que é? — perguntei.

— Antraz - que porra você acha que é? É equipamento de surf


da minha linha. Merda que se esgotou nas lojas na semana em que
chegou, então de nada — Turner falou. Eu segurei o telefone longe
do meu ouvido quando de repente ele gemeu. Eu não sabia o que
diabos ele estava fazendo com aquela garota, mas não queria
saber.
— Jesus Cristo, Turner. Eu vou falar com você amanhã. Seis
horas no topo do The Victorian — confirmei enquanto ele ria, ainda
meio gemendo durante seu adeus.

— Vejo você lá, amigo.


13

Sara

Eu não sabia o que esperar quando entrei no escritório na


segunda de manhã. Eu passei o fim de semana em um limbo
mental.

Sexta-feira à noite foi uma foda completa para mim, e um fim


de semana depois, eu não tinha certeza do porquê. Tudo o que eu
realmente sabia era que tinha feito sexo com Julian em seu
escritório, foi muito melhor do que eu imaginava e, possivelmente,
muito melhor do que eu queria.

O que isso significava, no entanto, eu não tinha certeza.


Quanto mais distante eu estava daquele dia, menos entendia
minha reação ao que quer que Julian e eu compartilhamos. Na
hora, parecia que eu tinha que ir embora, senão não conseguiria
respirar. Mas, durante o fim de semana, desejei repetidamente ter
ficado.

Especialmente porque Julian estava pronto para ir


novamente quando eu saí pela porta. Ele continuou me parando
enquanto eu me vestia, correndo seus lábios suaves ao longo da
minha boca, meu pescoço. Eu passei o sábado e o domingo
pensando em como ele passou de meio mastro para duro
novamente no momento em que o beijei de volta. Isso me fez sentir
tão bem, tão insanamente sexy.

Mas ele não me contatou uma vez no fim de semana. E,


naturalmente, disse a mim mesma que ele estava com uma garota.

Na verdade, uma mulher. Eu o imaginei com uma mulher, na


verdade - uma socialite esbelta e de estilo impecável que
trabalhava em uma galeria em Chelsea. Eu o imaginei levando-a a
um restaurante com estrela Michelin perto do Central Park, onde
conversariam sobre uma exposição de arte, ou a última vez que
foram a Ibiza, e como ele perdeu seu je ne sais quois desde sua
última visita há dez anos, apenas um monte de tópicos sofisticados
e limítrofes dos quais eu nunca teria nenhuma participação.

Oh, sim.

Eu estava me drogando psicologicamente. E era uma merda.

Eu nunca tinha feito isso antes, mas tinha visto várias


namoradas durante o processo. Eu disse a elas que, embora
estivessem sendo irracionais, estava tudo bem. Esperado, mesmo.
Os hormônios ficavam um pouco loucos depois de um bom sexo
com um homem atraente, mas tudo acabaria se acalmando e se
encaixando.

Você apenas tem que aguentar, eu disse.


Agora, eu gostaria de poder ligar pessoalmente para cada uma
das minhas amigas para quem fiz aquele discurso genérico e me
desculpar profusamente, porque enquanto eu tentava em mim
mesma, percebi que não funcionava merda nenhuma.

— Ei.

Ao som da voz de Julian, eu pulei. Assim que o enfrentei no


balcão da cozinha no escritório, eu o encontrei já carrancudo para
mim.

— Você está bem? — ele perguntou.

— Sim — eu respondi muito rapidamente.

— Parece que você acabou de ver um fantasma.

— Estou bem — sorri um pouco mais convincente agora,


embora ainda segurando meu café com força. Era outro dia quente
e Julian estava sem paletó, usando uma gravata preta com uma
camisa cinza claro que se ajustava bem ao seu delicioso torso em
forma de V. Eu enrolei meu lábio inferior contra minha língua.

Eu não o tinha visto totalmente nu ainda.

Esse pensamento cruzou minha mente assim que ele se


inclinou para pegar algo atrás de mim. Minhas pálpebras ficaram
pesadas no segundo em que respirei seu cheiro inebriante. Sabão
e pele. Era tudo natural, mas engarrafado e vendido, faria milhões.
— Você derramou em si mesma — disse Julian, usando o
guardanapo que ele agarrou para limpar o café escorrendo pelo
meu braço.

Eu pisquei para mim mesma.

— Oh. Eu não percebi — eu murmurei, corando quando


peguei o olhar curioso de Colin quando ele passou. Merda. Eu não
tinha certeza de como estávamos agora, e gostaria de saber
exatamente por que me senti tão desconcertada - como se tivesse
esquecido completamente como agir perto de Julian.

Deus, Sara. Uma parte de mim realmente pensou que eu


poderia apenas bater tudo com este homem e seguir em frente. O
resto de mim estava rindo dessa parte agora, especialmente
quando Julian deu aquele aceno sexy para indicar meu escritório.

Meu batimento cardíaco acelerou enquanto eu o seguia para


fora da cozinha e me dirigia para as escadas.

— Então, eu sei que você provavelmente está preparada para


se encontrar com os Roths em algumas horas, mas devo informá-
la de que eles adiaram nossa reunião para as seis.

A notícia foi surpreendente o suficiente para que eu saísse de


minha névoa.

— Mesmo? — Eu fiz uma careta. Mas quando nos olhamos,


nós dois rimos. — Na verdade, sim. Isso parece certo.
— Sim, não é? Embora eu devesse ter dito a você para guardar
sua surpresa inicial para o local que ele escolheu.

— Ah, não. Onde ele escolheu? — perguntei, observando


Julian balançar a cabeça para si mesmo, esfregando o queixo
enquanto sorria. Você pode esfriar isso? Com a sensualidade?
Sério. Eu já estava ficando nervosa e com calor, e isso foi antes de
ele falar suas próximas palavras.

— Ele nos quer no hotel.

— O hotel? — repeti.

— The Victorian. — Julian me olhou com malícia quando


chegamos ao topo da escada. — Eu acredito que você está
familiarizada com isso.

Meu coração pulou uma batida.

— Sim. — Meus olhos tremularam quando olhei para cima e


deixei seu lindo sorriso realmente me atingir. — Eu estou.

Nossos olhos estavam um no outro quando entramos em seu


escritório, mas assim que entrei, minha atenção foi atraída
rapidamente para a caixa grande e feia em sua mesa. Era amarelo
brilhante, uma monstruosidade gritante entre a decoração
sofisticada de Julian.

— Infelizmente — ele começou quando ficamos lado a lado na


frente de sua mesa, apenas olhando para a caixa feia. — Não
vamos nos encontrar no conforto de uma sala esta noite, mas em
alguma parte privativa do telhado, apesar deste clima.

Eu levantei minhas sobrancelhas. — Nós vamos queimar.

— Eu sei. Não tenho certeza do que Turner tem na manga


para esta noite, mas como você pode ver, ele nos enviou muitos
equipamentos de surfe para os quais realmente não temos uso.

Eu comecei a rir.

— O que ele está usando?

— Eu gostaria de saber. Mas ele disse que a surpresa que nos


reservou esta noite exigia mais. — Se uma voz podia revirar os
olhos, a de Julian acabou de fazer. — E embora eu não tenha
nenhuma intenção de aceitar o pedido de maiô, recomendo que
você vá para casa e encontre uma muda de roupa ou leve isso para
comprar algo leve para esta noite.

Eu olhei para baixo para encontrar Julian me entregando um


cartão de crédito preto.

— Despesas da empresa. Você pode comprar algo ou pegar


em casa — disse ele, dando a volta em sua mesa e sentando-se em
sua cadeira. — Qualquer que seja a opção que você escolher, fique
à vontade para tirar o dia de folga até as seis, já que você estará
trabalhando a partir de então até, presumivelmente, oito ou nove
da noite.
— Oh.

Eu encarei o cartão. Por um lado, era bom ter a empresa


pagando por minhas adições pessoais ao guarda-roupa. Por outro
lado, não queria sair do escritório. Eu esperava ficar e sentir a
energia entre Julian e eu, porque se tivesse mais tempo a sós com
meus pensamentos, poderia realmente implodir.

— Devo... sair agora? — perguntei.

— Sim, eu prefiro. — Julian recostou-se para estudar o que


imaginei ser uma decepção visível no meu rosto. — Eu estava um
pouco ansioso para usar o tempo que abriu depois que os Roths
foram remarcados, então tenho reuniões consecutivas começando
em quinze minutos — disse ele. Fora do meu silêncio, ele sorriu.
— Caso eu não esteja sendo claro o suficiente, não considero
quinze minutos tempo suficiente para fazer qualquer coisa por
prazer.

O sorriso que curvou meus lábios foi lento.

— Obrigada pelo esclarecimento.

— Você é muito bem-vinda.

— Mas, nesse caso, devo lembrá-lo do que você me submeteu


no meu primeiro dia de trabalho aqui.

Julian se sentou para frente, sobrancelha erguida - seu


convite silencioso para que eu continuasse. Eu sorri.
— Colocado sem rodeios, Sr. Hoult, você lambeu minha
boceta no elevador por cerca de seis segundos antes de parar. Em
sua opinião, era para isso que tínhamos tempo, então — eu olhei
para o relógio — não posso deixar de imaginar que quatorze
minutos é tempo mais do que suficiente para o que tenho em
mente.

Sua abotoadura brilhou quando ele levou a mão ao queixo.

— E o que você tem em mente?

— Quero terminar o que comecei na noite em que nos


conhecemos.

— Por favor, esclareça.

— Eu quero seu pau na minha boca, Julian — eu disse


enquanto um olhar perverso brilhou em seus olhos. — E desta vez,
eu quero fazer você gozar.

Ele ficou quieto por dois segundos, em seguida, respirou


fundo e gemeu.

— Você está me matando — murmurou, mas antes que eu


percebesse, pude ouvir seu cinto tilintando sob a mesa.

Seus olhos permaneceram fixos nos meus enquanto eu


caminhava até ele, sua mandíbula crescendo mais apertada a cada
clique preciso dos meus calcanhares. Era como se o som o
hipnotizasse porque demorou um pouco antes que ele se
contivesse e murmurasse apressadamente: — Feche a porta.

Eu olhei de volta para a porta aberta, em seguida, para sua


mesa. Era enorme e descia totalmente até o chão, então decidi
ignorar seu pedido.

— Você só pode estar brincando comigo. — A voz de Julian


estava rouca quando o alcancei. Depois de outra olhada rápida
para fora, eu me abaixei de joelhos, desabotoando o botão de sua
calça preta e puxando o zíper. Eu olhei para cima para ver seu
olhar cintilando entre a porta e eu, sua expressão uma mistura de
alto alerta e antecipação maior.

Sua respiração encurtou quando alcancei sua boxer cinza


para liberar sua ereção quente, e ele abafou seu gemido contra o
punho quando dei a primeira lambida em seu eixo. Achatando
minha língua contra sua parte inferior lisa, puxei-a lentamente até
que pudesse envolver meus lábios ao redor da cabeça, sugando
vigorosamente até que meu cabelo caísse em meus olhos.

— O que você está fazendo? — Julian implorou quando eu me


afastei de repente.

Eu respondi pegando a caneta de sua mesa e arqueando


minhas costas. Seus olhos ficaram vidrados enquanto eu
lentamente enrolei meu cabelo comprido em um nó no topo da
minha cabeça. Eu demorei, apreciando minha visão de Julian
Hoult esperando ansiosamente por mim. Mas sua paciência se
esgotou rapidamente.

— Puta que pariu — ele sussurrou, inclinando-se para frente


para agarrar meu queixo e me beijar enquanto sua mão livre
apertava meu seio.

Prendendo meu topete com a caneta, meus lábios sorridentes


retribuíram o beijo de Julian, mas no momento em que passos
soaram do lado de fora, ele se afastou rapidamente. Com meu
cabelo fora do caminho, olhei para cima para ver Julian acenando
um olá para alguém. Ele mal tinha terminado antes que eu tivesse
seu pau de volta na minha boca.

— Foda-se. — Sua mão agarrou o topo do apoio de braço


enquanto eu balançava para cima e para baixo sobre ele, cada
golpe meu mais liso e suave do que o anterior. — Cristo, Sara —
Julian sibilou, agarrando meu topete enquanto eu deixava minha
língua familiarizar-se com cada cume e veia em seu eixo
impressionante.

Por vários minutos, consegui estragá-lo ininterruptamente,


sugando com tanta ansiedade que me perguntei se os sons de
batidas estavam ecoando pelo corredor. Eu decidi que não. Por
mais ocupados que meus lábios estivessem, eu ainda podia ouvir
a sujeira grave de Julian murmurando para mim quando eu o
coloquei duro como pedra em minha boca. Ele me segurou mais
perto dele, seu aperto no meu topete apertando com cada puxão
molhado.
Eu sabia quando ele soltou meu cabelo que alguém tinha
acabado de passar por sua porta. Fiz uma pausa, esperando o
momento passar.

Mas desta vez, isso não aconteceu.

— Ei, Julian. McKinley está aqui um pouco mais cedo para a


reunião.

Parei, os olhos arregalados quando reconheci a voz de Colin


na porta. Meu coração batia forte quando deslizei meus olhos para
Julian.

Puta merda. Em nenhum momento, ele executou sua


transição impossivelmente suave para o puro estoicismo. Seu pau
latejante ainda descansava no meu lábio inferior enquanto eu o
observava, a boca aberta com admiração. Um pouco de espanto
provocador, realmente. Eu queria que ele olhasse para mim, mas
ele não olhou.

Então, naturalmente, comecei a chupar novamente.

O grunhido estranho que consegui dele fez valer a pena.

— Se você pudesse pegar água ou café para ele agora, seria


ótimo — Julian disse, me punindo com um puxão rápido no meu
cabelo. — Eu vou encontrá-lo na sala de conferências em breve.

— Excelente. Ele disse que Eli não pôde vir porque-


— Tudo bem — Julian o interrompeu, sua voz firme quando
toquei seu pau no fundo da minha garganta. Eu vi seus nós dos
dedos ficarem brancos quando ele agarrou o apoio de braço. — Isso
é bom. Apenas... vá — ele exalou forte. — Eu estarei lá em breve.

Uma emoção diabólica percorreu minhas veias quando ouvi


Colin se afastar. Mas o sorriso sumiu rapidamente dos meus lábios
quando Julian saiu abruptamente da minha boca e se ajeitou.

Caí brevemente sobre minhas mãos e joelhos quando ele se


levantou de seu assento e foi para a porta. Meu coração bateu
rápido enquanto eu o antecipei saindo em fúria. Mas do chão atrás
de sua mesa, não ouvi seus passos no corredor.

Em vez disso, eu o ouvi fechar a porta e trancá-la.

Meu pulso estava acelerado no momento em que ele


reapareceu para ficar acima de mim, seus olhos frios e duros
enquanto ele abria o zíper novamente e puxava seu pênis.

— Levante-se — disse ele.

Minha boceta latejava em resposta ao comando.

— Dê-me sua calcinha.

Julian me observou enfiar a mão por baixo da saia, seu olhar


feroz se acalmando um pouco quando meu fio dental caiu até meus
tornozelos. Eu deixei minha boca roçar em seu pau no caminho
para recuperá-lo, sorrindo ao ver como ele flexionou sua
mandíbula durante o breve contato. Nesse ponto, eu ainda o tinha
à minha mercê.

Mas uma vez que meu fio dental estava em sua palma, ele me
fez girar rapidamente e me inclinar sobre sua mesa.

Eu gritei de surpresa quando ele puxou meus braços para


trás, amarrando minha própria calcinha em volta dos meus pulsos
antes de segurar a parte mais cheia da minha bunda e espancá-la
com força.

— Isso foi divertido para você? — ele perguntou, esquecendo-


se de esfregar a dor antes de me espancar novamente. Quando eu
gritei, um estrondo baixo escapou de seu peito. — Você gostou de
me atormentar, não é?

Uma emoção aguda correu para o meu clitóris.

— Sim.

— Eu podia sentir você sorrindo contra meu pau enquanto eu


estava conversando com Colin. Estou feliz que você se divertiu
tanto com isso — Julian disse, sua voz tingida de malícia.

Uh, oh. Eu sabia apenas pelo som que a mesa tinha virado -
como se ser amarrada e espancada em sua mesa não fosse uma
punição boa o suficiente.
— Mas agora que você se divertiu — Julian acariciou
audivelmente seu pau atrás de mim com a umidade que deixei em
seu eixo. — Eu vou ter a minha.

Ele alisou a mão sobre a minha bunda novamente,


construindo meus sentidos para se preparar para outro golpe de
formigamento.

Mas o que eu senti em vez disso foi o plano quente de sua


língua na minha boceta.

Minha boca se abriu quando meus joelhos dobraram com


força contra a mesa. Eu gemi quando Julian agarrou minhas
pernas com segurança, segurando-as ligeiramente dobradas e
juntas enquanto ele alternava entre lamber e me lamber
furiosamente. Ele gemeu baixo, de prazer, como se eu fosse a
melhor coisa que ele já provou.

— Puta merda.

Meus olhos fecharam com força enquanto Julian me


devorava, apertando meus joelhos e levantando meus calcanhares
do chão enquanto ainda lambia minha boceta. Oh, meu Deus. Eu
me contorci na mesa, ofegando com minha pura instabilidade -
com o fato de que eu ainda podia sentir tanto êxtase sem ter
nenhum controle sobre meu equilíbrio. Minhas pernas tremiam
nas garras de Julian, minhas mãos ainda amarradas nas costas e
meus pés agora bem longe do chão. Tudo que eu sabia com certeza
era que minha bochecha e seios estavam pressionados contra sua
mesa, e sua língua estava deslizando tão profundamente em
minha boceta que eu mal conseguia entender sua habilidade.

Se havia uma definição para à sua mercê, era esta.

E enquanto eu tinha certeza de que Julian não me deixaria


gozar, ele me fez sua prioridade pelos últimos cinco minutos que
ele tinha antes de seu encontro, sua língua banhando minha
boceta até que eu vi estrelas atrás dos meus olhos.

Meu orgasmo demorou um segundo para me rasgar quando


ele parou e se levantou.

— Julian! — eu chorei alto o suficiente para pelo menos


alguém ouvir lá fora, mas ele apenas deu uma risada sombria.

Liberando meus pulsos, ele me girou e me içou para a beira


de sua mesa, bem na frente de sua cadeira. Sentando-se, ele abriu
minhas pernas, colocando-as sobre seus ombros antes de se
inclinar e lamber todo o comprimento do meu sexo.

— Oh, meu Deus.

Isso foi o suficiente para lançar meus sentidos de volta para


onde ele me deixou. Empurrando seu próprio pau, Julian chupou
furiosamente meu clitóris até que eu estava segurando seu cabelo
e ofegando seu nome. Quando meu furioso orgasmo bateu, eu mal
abafei meus lábios a tempo. Eu estava delirando. Minhas costas
arquearam tensas quando uma onda de umidade correu para a
língua de Julian, e minhas bochechas queimaram enquanto eu
tentava empurrar sua cabeça para longe. Mas ele se recusou a
ceder. Sua boca perversa era gananciosa, me encharcando como
se eu fosse seu próprio suprimento pessoal de mel.

— Oh, meu Deus, Julian...

— Porra, eu vou gozar.

Suas palavras foram duras, tensas e me encheram de uma


sensação desconhecida de urgência. Antes que eu percebesse, eu
estava de joelhos na frente dele, minha boca envolvendo seu pau e
dando dois golpes molhados antes que seu calor líquido inundasse
minha língua.

— Porra, Sara — Julian gemeu, olhando para mim. Ele me


viu levá-lo a um verdadeiro final, limpando-o com minha boca e,
em seguida, enfiando seu pau ainda duro de volta em sua boxer.
— Jesus fodido Cristo, você é tão sexy — ele rosnou, liberando seu
punhado do meu cabelo. — Venha aqui, porra.

Ele me puxou para cima em seu colo e nos últimos sessenta


segundos que tivemos, ele beijou suavemente ao longo do meu
pescoço enquanto acariciava minhas coxas. E assim como da
última vez, parecia um pouco perigosamente bom.
14

Julian

Foi a minha vez de me atrasar pela primeira vez.

Eu mantive os Roths esperando no telhado enquanto me


sentava na parte de trás do meu carro, estacionado em frente à
entrada lateral do hotel. Meu olhar treinado para fora da janela,
dando apenas olhares ocasionais para os textos estúpidos de
Turner.

TURNER: 6:02 Hoult. Você está me enrolando??

TURNER: Por seu atraso, você beberá grandes quantidades de


tequila comigo esta noite.

TURNER: O mesmo vale para aquela sua pequena assistente.

TURNER: Posso ter que fazer fotos de corpo com ela

O último veio assim que vi aquele cabelo comprido e escuro


no quarteirão.

Eu fiquei tenso quando me sentei para frente. Eu não tinha


visto Sara desde que ela ordenhou cada gota de esperma do meu
pau esta manhã, e eu estava praticamente tonto pra caralho
olhando para ela agora. Ela estava envolta em um vestido marrom
claro que não mostrava nem um traço de decote, mas era justo
com uma bainha que descia vários centímetros acima do meio da
coxa. Isso me fez querer lamber aquelas malditas pernas do
tornozelo à boceta.

Cristo.

Eu não tinha certeza de como já estava sentindo falta do gosto


de sua pele em meus lábios. Eu tive mais do que o meu quinhão
de satisfação esta manhã, mas vendo-a agora, eu estava de volta à
estaca zero.

— Ei. — Sua saudação foi ofegante, meio surpresa quando ela


me viu. — Eu pensei que você já estaria lá em cima. Já passa das
seis.

— Sim. Turner me manteve dolorosamente ciente da hora —


eu disse, caminhando um pouco atrás dela quando entramos no
hotel. — Ele está adiantado de novo.

— Chocante, na verdade. E você está atrasado.

— Eu preferi esperar você chegar.

— Certo. Não acha que eu poderia lidar em ficar sozinha com


aqueles dois?
— Não, eu não queria que aqueles dois vissem meu olhar para
você esta noite. Eu precisava de algum tempo para reagir sozinho
primeiro.

— Oh.

Isso certamente calou sua boca inteligente. Meus lábios


tremeram de diversão quando entramos no hotel pela entrada
lateral menos conhecida, nossos olhos se encontrando enquanto
esperávamos pelo elevador em que nos encontramos.

— Então, você já reagiu totalmente? — Sara brincou. Eu sorri


quando, na deixa, o elevador chegou.

— Quase — respondi quando entramos.

No momento em que as portas se fecharam, minhas mãos


estavam sobre ela.

Ela gemeu quando eu espalmei sua boceta sob sua saia,


sugando seu lábio em minha boca.

Eu me torturei enquanto tateava seu corpo e não sentia


nenhum sutiã sob o vestido.

Cada pequena respiração dela foi direto para minhas bolas.


Cada pequeno gemido enviava meu sangue correndo pra caralho.

Mas tão rapidamente quanto tínhamos começado, paramos e


nos separamos quando um casal entrou no décimo andar. Eles
subiram conosco até o telhado, saindo antes de nós e me dando a
chance de esfregar minha mão na bunda de Sara antes de sermos
prontamente recebidos e levados para encontrar os Roths.

Sara

Não havia nem um guarda-sol para nos proteger em nossa


mesa, e toda vez que eu me abanava, Turner parava o que dizia
para me observar.

— Eu tenho uma surpresa para você. Não se preocupe. — Ele


sorria todas as vezes.

Eu não tinha ideia do que ele queria dizer. Na verdade, Carter


parecia tão confuso quanto Julian e eu. Mas não fiz perguntas.
Uma parte de mim esperava que qualquer que fosse a surpresa,
Turner esqueceria depois de margaritas o suficiente.

Ele estava na quarta, Carter na terceira.

Julian e eu estávamos na segunda - tecnicamente. Turner


insistiu, mas enquanto ele e eu conversávamos depois que ele
pediu as bebidas, vi a troca rápida de Julian com a garçonete pela
minha visão periférica. E com isso, nos serviram novas bebidas
depois de Turner pedir.
— Sinto muito — Julian sussurrou para mim. — Não vou
beber tequila com esses caras. Nós vamos conseguir bebidas de
verdade quando isso acabar.

Fiz o meu melhor para não rir do convite para uma noite
privada. Carter já havia percebido um olhar de flerte que eu dei a
Julian no início da reunião. Depois, ele manteve seu olhar fixo em
mim até que eu olhasse para ele, como se me forçando a
reconhecer o que ele tinha acabado de ver.

— Obviamente, vamos precisar de mais do que alguns


quartos quando formos lá — disse Turner, ainda falando sobre que
tipo de suítes Julian lhe ofereceria para a viagem para o resort em
Biarritz. — Não seremos apenas eu e Carter lá. Eu tenho meus
consultores de negócios, consultores financeiros, advogados. —
Ele ergueu as sobrancelhas para Julian como se esperasse que ele
ficasse impressionado, ou talvez amedrontado. Claro, ele não
estava nenhum dos dois.

Ele parecia calmo, controlado, elegante demais em tons


clássicos de Persol e uma camisa de linho branco com as mangas
arregaçadas. Ele me pareceu que deveria estar dirigindo uma
lancha de madeira reluzente no Lago Como, não lidando com a
embriaguez insuportável de Turner Roth.

— Estou ansioso para encontrar seus conselheiros — Julian


disse uniformemente.
— Você deve. Eles são homens inteligentes. Estou levando a
porra da equipe inteira, e eles com certeza não vão dividir quartos.

— É alta temporada, mas assim que você combinar uma data


real, com certeza ligarei para o resort para providenciar a
quantidade adequada de suítes — disse Julian.

— Sim... estou levando um bando de velhos idiotas que


dormem por volta das dez, então seus quartos realmente importam
— Turner bufou, passando o braço sobre o parapeito de vidro da
varanda. Estávamos vinte andares acima do solo, mas com um
movimento rápido, ele jogou a guarnição pela lateral do telhado. —
Mas nós quatro... espero que você saiba que vamos passar
algumas noites em Biarritz.

— E por que isto? — Julian perguntou.

— Bem, eu não vou lá há anos, e vocês dois são os


especialistas. Você tem que me mostrar onde estão as joias. Eu
tenho que sentir que quero levar meu negócio para aquela cidade,
você sabe o que quero dizer?

— Isso soa apenas como uma desculpa para você ficar bêbado
em vez de trabalhar — disse Julian.

Meu queixo caiu. Seguiu-se um breve silêncio e ergui os olhos


da minha bebida para ver Julian e Turner sorrindo um para o
outro, apesar da tensão palpável na mesa.
— O que posso dizer? Você me conhece agora, Hoult. Trabalho
muito e me divirto muito.

A risada de Julian foi genuína, e eu sabia que era porque ele


descobriu que apenas a última metade da afirmação de Turner era
verdadeira. Ele se divertia muito, e ele se divertiu muito. Até eu
sabia disso neste momento.

— Bem, independentemente, eu terei pelo menos seus


conselheiros a bordo nesse ponto. Isso vai me garantir pelo menos
algumas mentes sóbrias para conversar.

— Sim, talvez vocês possam conversar sobre negócios e


dormir às dez enquanto levo Sara para beber. Que tal isso? —
Turner perguntou, seus olhos vítreos sem piscar para Julian.

— Que tal voltarmos ao tópico? — Julian sugeriu, sua boca


ainda ligeiramente curvada para cima, apesar de sua voz soar
frágil como gelo. Até Carter me deu um olhar sobre o que aconteceu
na troca.

Eu não tinha ideia, e Julian não estava me dando nenhuma


direção, então me sentindo um pouco estranha, pedi licença.

No banheiro, usei uma toalha de papel para enxugar as gotas


de suor que se formavam no meu couro cabeludo. Eu estava
morrendo de vontade de prender o meu cabelo, mas eu tinha
deixado o meu único prendedor com Julian, e eu não tinha
intenção de dar aos Roths esse tipo de show. Além disso, a maior
batalha estava quase acabada. Turner e Carter haviam combinado
a viagem para o resort de Biarritz e, assim que saíssemos, seus
conselheiros provavelmente lhes diriam que a compra era óbvia e
que tudo estaria acabado. Provavelmente terminaríamos a viagem
nas próximas semanas, e as negociações seriam feitas por algum
tempo depois.

Bem antes do final do verão, tudo isso estaria feito.

Segurando meu cabelo na nuca, eu me encarei no espelho.

Não queria admitir para mim mesma que já temia que isso
acabasse. Mas essa era uma verdade difícil de suprimir,
considerando que sempre que eu tanto me olhava no espelho
ultimamente, eu via o corpo do qual Julian não conseguia tirar as
mãos. Eu imaginei o calor de seu peito largo atrás de mim, seus
lábios no meu pescoço e suas palmas alisando meus quadris.

Ele era o responsável por qualquer despertar que eu tive


desde que deixei meu trabalho, e agora eu estava ferrada. Agora,
eu não poderia imaginar querer mais ninguém. Eu tinha visto
muitos homens bonitos desde que conheci Julian - no baile de
gala, na Torre Hoult. Eles eram todos polidos, bonitos e bem
arranjados. Tecnicamente, Turner e Carter eram bonitos. Mas o
fascínio de Julian tinha me estragado completamente a ponto de
quase me irritar com o pouco que meus atores e estrelas de TV
favoritos faziam por mim naquele momento.

Ele realmente tinha arruinado meu gosto e capacidade de ter


uma atração normal pelos outros. Então, o que eu deveria fazer
comigo mesma quando ele se afastar de mim? Tornar-se
assexuada? O pensamento me fez sentir sombria.

Mas eu não podia me dar ao luxo de ser severa.

Eu tinha que ser estritamente inteligente e envolvente para


os Roths, então com um jato de água no meu rosto, eu saí dessa,
ou pelo menos tentei.

Claro, quando voltei para a mesa, encontrei Julian parecendo


tão escuro e sombrio quanto eu estava um segundo atrás.

— O que está acontecendo? — perguntei, sentindo-me


cautelosa quando notei o grande sorriso de comedor de merda de
Turner.

— Oh, eu estava dizendo a Julian que antes de definirmos


uma data para a viagem, temos que ter certeza de uma coisa.

Eu inclinei minha cabeça. — O que é isso?

Turner ergueu as sobrancelhas.

— Precisamos ter certeza de que você sabe surfar.


15

Sara

Luzes brilhavam do fundo da piscina coberta no décimo


segundo andar. Havia um tom azulado na longa extensão da sala,
e o reflexo tranquilo da água cintilava nas paredes de pedra,
fazendo com que parecessem que estavam dançando lentamente.
Espreguiçadeiras luxuosamente brancas alinhavam-se nas bordas
da piscina, velas tremeluzentes centradas nas mesas baixas ao
lado delas.

Era tudo para nós.

Mas por mais bonito que fosse, Julian e eu estávamos rígidos


e silenciosos enquanto Turner, bêbado e cambaleante, nos
conduzia para o espaço.

Flutuando ameaçadoramente no meio da água estava uma


prancha de surfe - branca brilhante com meu nome pintado em
letra cursiva rosa por cima. Ele escreveu Sarah com um h, mas eu
não disse nada. Eu não estava satisfeita com o que ele queria que
eu fizesse, e nem mesmo Julian, mas eu não podia deixar
transparecer.
Não com Turner segurando toda a viagem sobre nossas
cabeças.

— Não seria possível me comprometer com um encontro para


a viagem até que eu soubesse que Sara tinha o básico — disse ele,
parecendo gostar de qualquer descrença que atingiu Julian e meu
rosto. — Além do mais, você não pode dizer não quando eu me
esforcei tanto para tornar esta uma noite agradável. Certo?

Ele realmente não esperou ou se importou por uma resposta.


De nos assar como porcos no telhado a fornecer maiôs, já que ele
sabia que não traríamos os nossos, estava claro que Turner
planejava há muito tempo me colocar na piscina e fazer com que
Julian jogasse o jogo do seu jeito pela primeira vez. No momento
em que ele se afastou para dizer oi para as garotas que Carter
trouxe, Julian deu as costas para ele para me encarar.

— Ele está tentando ver o quanto pode conseguir de mim


antes de se comprometer com a viagem — disse ele. Sua expressão
e sua voz eram neutras, mas seus olhos estavam lívidos. A água
da piscina cintilou em seu olhar intenso. — E, obviamente, ele quer
ver você de maiô.

— Eu imaginei — falei baixinho enquanto segurava a bolsa de


biquínis que Turner me deu. Parecia que eu era sua marionete esta
noite, mas por medo de deixar Julian mais nervoso do que já
estava, eu ignorei. — Não é grande coisa, Julian. Vamos dar um
mergulho, vamos fingir aproveitar essa festa e depois marcaremos
uma data para a viagem. Se o humor de Turner nos levar a Biarritz
e conectar você com seus conselheiros, vale a pena. Pelo menos
então você não terá que lidar com a tentativa de falar com ele ou
Carter sobre negócios que eles claramente não sabem como
discutir.

Julian me olhou. Pela primeira vez desde o encontro com os


Roths esta noite, detectei um sorriso verdadeiro em seus lábios.

— O que? — sussurrei, o som rebatendo nas paredes no


silêncio da sala. Julian abaixou a voz.

— Isso foi estranhamente excitante.

— O que?

— Você assumindo o controle. Eu só posso imaginar o quão


bem você fica por cima.

Eu sorri apesar do meu rubor. — Podemos descobrir esta


noite. Isto é, se você estiver interessado.

— Eu acho que você sabe neste momento que estou


interessado, Sara — Julian murmurou, seus olhos cintilantes. —
Quer eu queira ou não.

Meu sorriso vacilou. — Você tinha que adicionar essa última


parte?

— Por que eu não deveria?

— Não sei. Porque doeu — eu disse verdadeiramente.


— Você sabe o que é ter regras — disse Julian, sem remorso.
— Você deveria saber como é quebrá-las.

— Não foi nada além de bom para mim até agora — murmurei
quando vi Turner voltando. — Mas suponho que você se arrependa
do que aconteceu entre nós.

Ele teve exatamente dois segundos para responder, mas não


os usou. E logo, Turner voltou para perguntar o que estávamos
fazendo. De lá, seguimos em direções opostas para nos trocar nos
vestiários.

Nem uma única gota d'água soava no vestiário de pedra e


mármore.

Estava completamente silencioso, e de alguma forma ainda


mais quieto enquanto eu estava sozinha perto dos chuveiros com
vidros e pisos de mármore, olhando entorpecida para o espelho.

Percebi vagamente que na verdade gostava desse biquíni


preto simples, mas apesar dos meus olhos no meu reflexo, eu não
estava mais olhando para mim mesma. Eu tinha acabado de me
trocar cinco, talvez dez minutos atrás, mas não me mexi. Eu estava
desafiando alguém a vir aqui e me pegar. Se não, talvez eu ficasse
aqui para sempre. Eu precisava refletir, de qualquer maneira. Para
entender como cheguei a esse ponto.

Colocando meu cabelo escuro sobre meu ombro, movi meus


olhos em meu reflexo, tentando reconhecer até mesmo uma parte
de mim. Sem dados. Minha familiaridade comigo mesma havia
desaparecido completamente desde a última vez que estive aqui,
há menos de três semanas.

Dezoito dias, para ser exata.

Há dezoito dias, neste hotel, conheci Julian Hoult. Isso nunca


pareceu muito tempo para mim antes. Na época em que eu tinha
prazos, tarefas empilhadas em cima de tarefas, dezoito dias não
era nada. Mas desde o dia em que me demiti, esse período de
alguma forma se tornou uma eternidade.

Foi o suficiente para me tirar da caixa que passei anos


construindo em torno de mim, e foi o suficiente para me fisgar em
um novo vício. Foi-se embora a minha dependência de trabalhar
dia e noite, de encontrar o meu valor na emoção de apenas fazer
isso sempre - apenas cumprir o prazo e, de alguma forma,
permanecer viva no processo.

Substituída agora pela minha necessidade por um homem


que tentei me lembrar que não conhecia.

Eu sabia o nome dele. Eu sabia o que ele fazia para viver. Eu


sabia que ele me fazia perceber a capacidade total do que minha
mente e meu corpo podiam sentir.
Mas, além disso, eu não sabia mais nada. Eu não sabia onde
ele morava, como vivia, como ou se passava as noites em casa.
Noventa e nove por cento do tempo, eu não sabia o que ele
pensava, do que ele era capaz, e se uma manhã eu entraria no
escritório e encontraria sua parede erguida novamente.

Eu não sabia de nada disso, então por que estava arriscando


esses sentimentos por ele? Por que eu estava desperdiçando minha
dor com o fato de ele se arrepender de dormir comigo?

Eu me encarei.

Eu realmente gostaria de não me fazer essas perguntas,


porque sabia todas as respostas. Só demorava um pouco para
perceber às vezes, já que eu havia acabado de me enganar por
tanto tempo acreditando que era uma mulher normal, não uma
garota escondendo algo feio e constrangedor.

— Você é tão, tão ruim...

Eu ouvi uma das garotas de Carter dançando lá fora. Outra


riu de alguma coisa, seu tom estridente quicando nas paredes. O
som me acordou o suficiente para me lembrar de como seus olhos
grandes seguiram Julian no momento em que entraram na sala
com seus coquetéis de frutas, usando aqueles biquínis. Elas
ficaram elegantemente ao redor de Carter, mas depois de uma
olhada em meu chefe, seus olhos continuaram voltando.

Eu as imaginei rastejando sobre ele agora, montando nele na


espreguiçadeira enquanto ele se recostava e observava a água da
piscina pingar das pontas de seus cabelos em seu peito. Eu
imaginei aquele sorriso fraco que às vezes fantasiava que ele
reservava apenas para mim.

Porra, Sara, eu me xinguei quando finalmente comecei a sair


do vestiário.

Eu queria confirmar se aquelas garotas estavam ou não


voltadas para ele, o que odiei em mim mesma. Continuei tentando
me importar menos. Continuei fingindo que só estava aqui para o
trabalho.

E vez após vez, eu falhei.

— Lá está ela.

Foi Turner quem me anunciou, seus olhos vermelhos e


lacrimejantes iluminando-se com a minha entrada. Mas, para meu
alívio, a garota de biquíni azul sussurrou algo em seu ouvido para
chamar sua atenção de volta para ela. Sua amiga mais loira estava
sentada no colo de Carter, e provavelmente foi seu biquíni
estampado com a bandeira, mas de repente eu estava imaginando
os anos normais de colégio e faculdade americanos que os
trouxeram aqui. Em minha mente, eles nunca lutaram para se
encaixar. Eram a imagem das crianças no cinema que davam
festas de toga e jogavam cerveja pong com copos vermelhos Solo.
Eu era tão apegada a essas imagens quando criança que pensar
nelas agora, aos 27 anos, me fazia sentir como se estivesse
regredindo.
Agradeço a Deus pela energia que de repente me agarrou,
puxando meus olhos para longe deles e da boca da espiral negra e
viciosa. Foi uma distração que salvou minha vida, e eu sabia pela
força disso que era Julian.

Deslizando meu olhar através do brilho da piscina, meus


olhos encontraram os dele assim que ele saiu do vestiário
masculino.

Sem camisa.

A visão me atingiu com tanta força que doeu, mas meus pés
me levaram imediatamente para mais perto. Masoquista.

Eu mal conseguia respirar, meus olhos roubando o oxigênio


dos meus pulmões para absorver Julian totalmente. Seu corpo era
rasgado, mas magro, cada corte em seu peito e abdômen
esculpidos para ostentar uma simetria e definição perfeitas. Como
se ele não parecesse irresistível o suficiente, a água refletia em sua
pele, cintilando como pequenos cristais em seu rosto e corpo.

Eu estava entorpecida antes. Agora meus dedos se


contorciam ao meu lado.

Eu queria tocá-lo. Eu sentia que precisava. Não era justo que


meu primeiro olhar para ele assim tivesse que ser na frente dos
Roths. Eu queria rédea solta para fazer o que eu quisesse com
Julian, e seu olhar firme e intenso em mim me disse que talvez ele
sentisse o mesmo.
Como se repentinamente cientes de quanto tempo não
tínhamos, nossos olhos começaram a percorrer rapidamente o
corpo um do outro. Senti seu olhar se mover para baixo na minha
frente enquanto o meu deslizou pela largura de seus ombros,
viajando por seus tríceps rochosos até seus antebraços, até que eu
estava seguindo aquelas linhas lindamente inclinadas de seus
ossos do quadril. Eu tracei o contorno de seu pau lutando contra
sua sunga preta, e quando voltei meus olhos para os dele, eu sabia
que tinha sido pega em flagrante.

Sua cabeça estava ligeiramente inclinada para cima agora,


seu olhar pesado, mas com um sorriso delicioso enquanto me
observava.

Permaneceu comigo mesmo quando Turner veio por trás de


mim e me levou para a piscina. Sua garota de biquíni azul pulou
alegremente para Julian, mas eu não vacilei enquanto descia os
degraus de ladrilho na água.

Eu tinha o olhar de Julian preso com tanta força em mim que


ela recuou por um segundo.

Sem dizer uma palavra, nossa conexão era magnética o


suficiente para ela fazer uma pausa. Eu sabia que deveríamos
desacelerar, especialmente porque Turner me ajudava a subir na
prancha, mas ele parecia muito bêbado para notar, e Carter estava
muito ocupado para olhar.
— Você fica bem neste biquíni — Turner murmurou enquanto
eu me deitava de bruços.

Seus olhos estavam em meus seios pressionados contra a


prancha. Ele tirou minhas mãos de debaixo do meu queixo,
envolvendo sua mão levemente em volta do meu braço enquanto o
colocava na água. O olhar de Julian queimava em mim da
superfície da piscina enquanto Turner então murmurava perto do
meu ouvido.

— Equilibrar-se não é a parte difícil — ele disse, seu cabelo


loiro escuro agora que estava molhado. — Remar para fora e depois
aparecer - isso é metade da batalha.

Tentei remar na minha barriga. Fiz uma tentativa séria de


aparecer no quadro. Eu me saí bem, mas não estava prestando
atenção em mim.

Apesar de me envolver com Turner, parecia que minha


atenção nunca tinha realmente deixado Julian desde que deixei o
vestiário. A dele certamente não me deixou. Na verdade, seu foco
havia apenas se fortalecido, recusando-se agora até mesmo a
reconhecer a garota. Eles haviam conversado antes. Ele respondeu
suas perguntas educadamente.

Agora, enquanto ele me observava pingando na prancha, ele


não conseguia mais ouvi-la ou não se importava mais com isso.

Mal processei a mão de Turner tocando a parte de trás das


minhas coxas quando ele alcançou meu corpo. Segurando as
bordas da prancha, ele me mostrou como afundar sua ponta
pontuda na água - nadar sob as ondas nas quais fingíamos estar.
Eu até dei uma risada para ele depois que tentei a primeira vez e
fiquei com água demais nos olhos.

Exteriormente, parecia que estava gostando da lição de


Turner.

Mas, na verdade, eu estava tão longe de estar aqui com ele


que era uma loucura.

Eu ainda estava sincronizada com Julian. Eu não sabia como,


considerando que estava na água e ele estava seco no chão, mas
tínhamos acabado de passar os últimos dez minutos em uma
conversa silenciosa. Eu sabia o que ele estava dizendo. Ele disse
isso para mim antes.

Eu tenho você.

Turner tinha suas mãos em meus ombros, meus braços,


minhas costas. Mas Julian estava de olho em mim, seus instintos
aguçados e preparados para o segundo em que Turner cruzasse a
linha.

Para minha surpresa, ele não o fez.

Pelos próximos vinte minutos, Turner alternou entre me dar


dicas e me contar histórias sobre seus piores wipeouts. Eu ri e
escutei genuinamente sua recontagem da vez em que ele quase
desmaiou por ter visto um tubarão no Havaí. Mas, no fim das
contas, não era um tubarão, mas um golfinho que segundo ele
estava tentando foder com ele.

— Golfinhos são espertos — eu apontei.

— E um pouco de merda às vezes — disse Turner. — Ele


estava me circulando como se soubesse que é o que os tubarões
fazem nos filmes. Então, bem quando eu ia ter um ataque cardíaco,
ele apareceu com um grande sorriso, como um psicopata, tipo
‘peguei você, vadia’.

Eu desabei. Apoiada em minha prancha, olhei para Julian,


meio que esperando vê-lo com uma aparência rígida ou
descontente.

Ele não estava nenhum dos dois.

Seus cotovelos repousaram sobre os joelhos, seus dedos


entrelaçados e sua expressão neutra até que eu chamei sua
atenção. Então ele sorriu. Fácil, contente e me encheu de calma
até Turner falar novamente.

— O que é isso?

Ele segurou meu pulso com força com a palma da mão


voltada para cima. Eu puxei meu braço para trás antes mesmo de
olhar para ele.
— Uau. — Tivemos alguns bons minutos, mas aquele sorriso
de merda voltou aos seus lábios enquanto ele olhava por cima das
minhas cicatrizes. — Ponto dolorido, hein?

— Isso é incrivelmente rude, Turner — falei, sentindo-me


como se estivesse falando com uma criança. Ele reagiu como uma.

— O quê, você está envergonhada agora? — Ele sorriu. — Não


fique. Não há nada de errado em ter um lado sombrio. Deus sabe
que sim.

Meu estômago revirou e o sangue foi drenado do meu rosto


quando Turner baixou a voz para dizer mais alguma coisa, mas
assim que começou, foi interrompido.

— Roth.

Nós dois olhamos para cima ao mesmo tempo para ver Julian
parado na beira da piscina. Turner sorriu como uma criança que
acabou de ser pego por seu pai.

— Terminamos aqui, correto? — Julian disse, estendendo a


mão para mim. Eu fui até ele rápido.

— Ela foi ótima. Mal posso esperar por Biarritz — Turner


respondeu. Eu sabia que seus olhos caíram para a minha bunda
enquanto eu me içava para fora da piscina, porque Julian lançou
a ele um olhar que enviou um arrepio na minha espinha.
— Perfeito. Faça com que seus assistentes mandem um e-
mail para Colin ou para mim pela manhã.

— Você entendeu. Ei, Sara.

Virei-me para ver Turner olhando para mim, sua cabeça


começando a balançar do jeito que fazia antes de uma noite de
bebedeira se transformar em um apagão.

— O que significa ‘F’? — ele perguntou.

Senti Julian me puxar um pouco mais perto. Eu sabia que ele


não entendia a pergunta, mas de alguma forma ele sabia que isso
me abalou. Minhas mãos tremiam, e qualquer que fosse a cara que
eu estava fazendo, Turner parecia completamente satisfeito.

— Boa noite, Turner — eu falei finalmente. — Beba muita


água esta noite.

Ele respondeu com uma grande risada.

— Não é meu primeiro rodeio, amor.

Sentei-me na pia de pedra do vestiário, de costas para o


espelho.
Eu ainda era capaz de ouvir os Roths e as meninas do lado
de fora, rindo e jogando água na piscina. Ou mais garotas se
juntaram, ou as mesmas estavam ficando mais bêbadas e
barulhentas. Seus sons não eram particularmente agradáveis,
mas me concentrei neles para me distrair do poço de pavor
crescendo em meu estômago.

Meu coração estava batendo forte e eu estava paranoica que


cada respiração que eu puxava estava ficando mais curta. Mas eu
sabia o que era, então tentei desistir disso.

Você não está morrendo.

Você está bem.

Só respire.

Eu precisava que isso desaparecesse rápido, porque não


tinha dúvidas de que Julian, de alguma forma, encontraria seu
caminho até aqui em breve. Eu não sabia como ele entraria sem
chamar a atenção - eu apenas sabia que ele era perfeitamente
capaz de fazer isso.

Mais importante, eu sabia que ele queria.

Eu senti isso em nossa conversa sem palavras lá fora, e na


hesitação que ele teve ao me deixar ir antes que eu entrasse no
vestiário.

Não que eu tivesse começado a me trocar.


Meu cabelo estava quase seco neste momento, e meu maiô
também. Mas eu ainda me sentava aqui mentalmente andando na
corda bamba entre normal e espiral. Eu não tinha escolhido um
lado ainda quando a voz baixa de Julian soou diante de mim.

— O que Turner disse para você?

Eu tinha ouvido seus passos, então sabia que sua voz estava
vindo. Ainda assim, isso fez meu coração bater forte.

— Não muito, na verdade — meu sussurro estava trêmulo de


uma forma que o atraiu imediatamente para perto.

— O que está acontecendo? Você está bem?

Eu controlei minha respiração enquanto olhava para os


botões de sua camisa. Ele tinha se trocado novamente, parecendo
como se nunca tivéssemos feito aquele intervalo inútil. Fechei
meus olhos enquanto o deixava inclinar meu rosto em direção ao
dele. Quando os abri, meu corpo ficou tenso.

Ele estava olhando para mim de uma forma diferente do que


eu já tinha visto.

Em vez de parecer conhecedor e à vontade, como se pudesse


ver sob minhas roupas, até mesmo minha pele, o olhar de Julian
estava exposto enquanto me observava agora. Eu tinha visto
quando ele me ajudou a sair da piscina. Eu pensei que era apenas
o reflexo da água então, mas agora eu sabia que via um brilho de
emoção. Eu não tinha certeza de que tipo, mas estava lá. Encheu
meus pulmões de ar e tirou meu fôlego ao mesmo tempo.

Não era o melhor momento para essa sensação.

— Eu não posso... — Fechei meus olhos novamente para dizer


isso corretamente. Pelo que aprendi, deixar escapar não consigo
respirar perto de pessoas que não estavam bem familiarizadas com
a minha situação era qualquer coisa, de surpreendente a
aterrorizante pra caralho, então procurei por palavras melhores.
— Eu preciso de um minuto. — Minhas palavras soaram como um
carro pequeno passando por lombadas. Pressionando os lábios em
uma linha, Julian ergueu meu queixo novamente.

— Você está tendo um ataque de pânico.

— Eu sei.

— Se você já os teve antes, então sabe que tudo vai ficar bem.
Apenas respire — ele murmurou, olhando meus dedos na borda
do balcão. Eu estava mexendo neles para sacudir a dormência, não
que isso ajudasse. — Você sabe o que desencadeia isso?

— Muitas coisas. Não tenho um há muito tempo.

— Qual é a sensação agora?

— Não consigo respirar. O coração está batendo rápido.


Parece que eu poderia morrer. — Tentei rir da última parte, mas
foi difícil. — Eu sei que parece que estou sendo uma rainha do
drama. Quando eu digo isso. Eu acabei de-

— Estou informado sobre ataques de pânico. Eu sei que você


não está sendo dramática — Julian disse severamente enquanto
estendia a mão atrás de mim para abrir a torneira. — Levante-se
e vire-se.

— O que? — O olhar que dei a ele o fez sorrir.

— Eu não estou prestes a foder você no meio do seu ataque


de pânico, Sara, então não me olhe assim. Quero que você coloque
os pulsos sob a água fria e veja se isso ajuda.

Eu calei a boca e fiz o que me foi dito. Eu estremeci e fechei


meus olhos. Eu mal podia dizer se a água estava gelada ou muito
quente, mas para minha surpresa, ela me fez respirar novamente
em cinco minutos.

Também teve o olhar de Julian em minhas cicatrizes por cerca


de três segundos, mas ele não disse nada, e o silêncio continuou
quando eu finalmente comecei a me mover, agarrando o vestido
que eu estava usando antes de Turner insistir na piscina.

Parecia muito quieto quando mudei meu biquíni na frente de


Julian.

— Você já viu tudo — falei suavemente enquanto ele ficava na


minha frente, seu olhar direcionado incisivamente para outro
lugar.
— Não estou interessado em ficar duro agora, Sara.

Eu não questionei. Eu tinha outras coisas para perguntar - a


saber, seu truque. Eu tinha passado por dezenas de abordagens
ao longo dos anos, mas o truque da água gelada de Julian foi de
longe o mais rápido em conter meu ataque de pânico.

— Você os tem também? — perguntei.

— O que?

— Ataques de pânico.

Ele olhou para mim. — Não. — Seus olhos percorreram meu


peito sem sutiã enquanto eu colocava meu vestido de volta.

— Onde você aprendeu esse truque? — perguntei. Corri


minhas mãos pelo meu cabelo, mas elas abaixaram quando
observei a expressão de Julian escurecer. Ele se virou para mim,
avaliando meu corpo totalmente vestido antes de acenar com a
cabeça em direção à porta.

— Vamos levá-la para casa antes que Turner perceba que


ainda estamos aqui — disse ele.

E foi isso.
16

Julian

— Como está tudo até agora, senhores?

Não tirei os olhos do telefone para responder a garçonete.


Lukas e Emmett o fizeram, e eu estava vagamente irritado por ela
ter feito a mesma pergunta três vezes em dez minutos. Não era
uma ocorrência incomum nós três sairmos para almoçar, mas isso
não tornava as coisas mais toleráveis para mim.

Eu também estava particularmente nervoso graças ao


conteúdo dos meus textos e ao tópico da conversa que Lukas e
Emmett vinham mantendo por muito tempo agora. Eu consegui
acompanhar por uns seis minutos o assunto de decoração de casa,
mas nem um segundo a mais. Era um milagre que Lukas ainda
tivesse Emmett envolvido em histórias sobre decorar sua nova
casa nos Hamptons com Lia. Então, novamente, ele estava falando
sobre dar uma festa nela, o que oferecia pelo menos alguma
explicação.

— Devemos acabar com tudo em torno do aniversário de Lia


— disse Lukas. — Portanto, pode ser uma festa combinada de
aniversário e inauguração da casa.
— Cristo, parece que você dirige uma minivan e caga nos
árbitros dos jogos da liga infantil dos seus filhos.

— Esse é realmente o objetivo em algum ponto, sem o abuso


aos árbitros. — Lukas sorriu. — A propósito, você deveria levar
Sara para a festa — ele acrescentou, parecendo satisfeito com o
olhar que eu dirigi a ele.

— Você deveria parar de deixar sua namorada influenciar as


coisas sobre as quais conversamos.

— Essa sugestão na verdade foi toda minha, embora eu não


vá negar que Lia está torcendo para que vocês dois se tornem
algum tipo de coisa. O que é estranho, honestamente, porque ela
ama Sara, mas você — ele fez uma pausa — nem tanto.

— Eu diria que o sentimento é mútuo, mas prefiro que você


não faça birra em público.

— Boa decisão. Qualquer homem decente defenderia sua


mulher — disse Lukas. — Tenho certeza de que você está bem
familiarizado com o sentimento ultimamente. Algo me diz que você
particularmente não gosta de assistir os Roths babando em cima
de Sara.

— Você não está incorreto.

Eu não gostava, e definitivamente não gostei do que quer que


tenha acontecido na segunda à noite na piscina. Ainda estava me
atormentando e, mais uma vez, eu estava questionando se Turner
Roth valia a pena.

Abandonar este projeto teria sido uma boa ideia a considerar


três semanas atrás, quando eu ainda não tinha feito progresso com
eles. Agora, com a data marcada para a viagem a Biarritz e a
compra finalmente parecendo séria, era uma ideia absurda. Se
alguém tivesse me dito três semanas atrás que eu consideraria
interromper as negociações pelo bem de qualquer pessoa além da
minha família ou de mim, eu teria dito a essa pessoa para se foder.

Mas graças a segunda-feira, estava com dúvidas.

Eu estraguei tudo naquela noite.

Eu me certifiquei de manter todos os meus sentidos treinados


firmemente em Sara para garantir a intervenção antes que Turner
a irritasse. Mas eu falhei nesse aspecto. Eu a deixei cair em algum
lugar escuro no final da noite, e dias depois eu ainda estava
trabalhando na raiva que sentia por isso.

Esfregando meu queixo, coloquei meu telefone de lado,


percebendo que minhas mensagens tinham se tornado
ineloquentes desde que comecei a pensar em Sara.

— Para quem você está enviando mensagens de texto, afinal?


— Emmett perguntou enquanto Lukas pedia licença para atender
uma ligação.

— Ninguém.
— Bem, ninguém tem certeza de que você se irritou — Emmett
disse, olhando meu telefone quando acendeu com uma nova
mensagem. Tirei-o da mesa, mas era tarde demais, ele viu. — Você
tem que estar me zoando — disse ele, com o corpo todo relaxado
de descrença. Eu o olhei.

— Cuide da sua vida, Emmett.

— Como diabos isso não é da minha conta? — ele perguntou,


perdendo todo o humor em sua voz. — Achei que você estava
encerrando oficialmente aquele capítulo de sua vida.

— Confie em mim, eu estou. Você não me vê tentando vender


aquele resort?

Emmett segurou sua mandíbula enquanto balançava a


cabeça e zombava. — Sabe, é loucura pra caralho. Você é um
durão noventa e nove vírgula nove por cento do tempo, e então o
outro um por cento-

— Sua matemática está errada.

— Cale-se. Escute-me. Eu nunca dou merda pra você, Julian.


Eu sou tão fácil quanto eles vêm. Você sabe disso — Emmett fala
seriamente. — Então, quando eu digo que você precisa cortar essa
pessoa louca, eu estou falando sério. Você não deve nada a
ninguém. Além de sua família - sua família real - você não deveria
ter que quebrar suas costas para ninguém.
Fiquei em silêncio por um momento enquanto suprimia o
desejo de saltar no meu irmão mais novo.

Eu queria dizer a ele que ele não possuía nada que se


parecesse com um fragmento de responsabilidade em sua vida,
então ele não entenderia. Exceto por seu cachorro, ele era um
homem de lazer que vivia de interesses minoritários no The
Victorian Hotel e algumas boates na cidade. Ele fez alguns bons
investimentos iniciais com meu conselho e, desde então, não teve
nenhum emprego de verdade, não teve relacionamentos sérios e
geralmente perdia o equilíbrio no dia a dia.

Eu queria dizer tudo isso.

Mas então me lembrei da porra do desastre com que o deixei


onze anos atrás, e do fato de que ele não passou despercebido. Ele
estava preso sendo a rocha de todos enquanto eu estava fora, e eu
seria um pedaço de merda se me entregasse dando aqueles golpes
baixos nele.

— Supere isso — eu simplesmente disse.

— Quanto dinheiro você está enviando desta vez?

— Eu disse para superar isso.

Emmett soltou uma respiração forte, mas depois de esfregar


todo o rosto várias vezes, ele inspirou, expirou e estava feito.
Sempre considerei isso como um maldito truque de mágica
todas as vezes. Como ele conseguia superar as coisas tão
rapidamente estava além de mim, mas eu o invejava por isso.

— Tudo bem, bem, agora você me deve alguns minutos


falando sobre Sara.

— Eu não consigo entender por que você está tão interessado


neste tópico.

— Bem, eu não vejo você realmente investindo em uma garota


há muito tempo, e quanto mais cedo você se estabelecer e tiver
filhos, mais cedo mamãe vai parar de me chatear com isso. —
Emmett enfiou um punhado de batatas fritas na boca. — Você vai
levá-la para um encontro de verdade em breve?

— Absolutamente não.

— Por que diabos não?

— Eu a vejo todos os dias no trabalho. O que mais eu preciso?

Emmett se engasgou com sua comida, em seguida, olhou


como se eu tivesse feito uma piada.

— Espera. Essa é uma pergunta séria? — ele perguntou. Eu


não respondi, então ele apontou o dedo para mim quando Lukas
voltou e deslizou de volta para seu assento. — Ele apenas disse
que nunca vai convidar Sara para sair, porque ele já a vê no
trabalho todos os dias.
Lukas começou a rir. — Jesus. Sim, isso parece certo.

Eu desviei o olhar da mesa, a garçonete autoritária de repente


parecendo uma boa parceira de conversa para mim. Sem surpresa,
ela notou minha atenção e imediatamente saltou.

— Está tudo bem aqui? — ela me perguntou.

— Sim, vou ficar com a conta, por favor — eu disse,


provocando gemidos simultâneos de Emmett e Lukas. A garçonete
riu com eles ao informá-la de que eu não era divertido e que deveria
colocar algumas garrafas de champanhe na conta antes de
entregá-la a mim. Quando ela desapareceu em uma onda de risos,
voltei meus olhos para eles. — Você sabe, vocês dois são bastante
intoleráveis em uma base regular, mas quando suas forças se
combinam, podem realmente limpar uma sala.

— Você nos ama — Emmett disse, jogando para mim uma


batata frita que eu peguei e joguei de volta.

— Aproveitem o resto de seu almoço, senhores — falei para


seus estúpidos rostos sorridentes.

Depois de pagar a conta, fiz uma linha reta para a saída. Eu


quase escapei quando Emmett me alcançou na porta.

— Ei.

— O que?

Ele riu da minha concisão.


— Escute, faça-me um favor, certo? Não... mande uma
mensagem para a velha pessoa maluca antes de domingo. Dê um
tempo nessa merda e aproveite as coisas boas que estão
acontecendo agora, como o fato de que você tem uma data
marcada para esta viagem, a parte difícil acabou, e você pode ou
não ter uma garota na qual está interessado. Concentre-se apenas
no que é bom. Pelos próximos cinco dias. Isso é tudo que eu peço
de você.

Eu sorri. — Então viva como você, você quer dizer.

— Sim. Por que mais você acha que estou sempre tão feliz? —
Emmett perguntou, segurando seus braços bem abertos. — Se eu
gosto de algo, cara, eu me permito ter - sem me estressar com as
possíveis consequências.

— Isso é incrivelmente imprudente, tenho certeza de que você


sabe.

— Claro. É por isso que não sou você. Eu não sou um


bilionário workaholic, porra. — Emmett riu. — Mas como você já
é, você pode muito bem se dar alguns dias para realmente relaxar
e se entregar às coisas que deseja. Não estou dizendo para você
tirar uma semana inteira de licença médica e pular o trabalho,
estou apenas dizendo para relaxar pelo menos uma vez. Não se
force a apagar todos os pequenos incêndios. Deixe-os queimar um
pouco — disse ele. — Até domingo - que tal isso? Então, depois do
nosso grande e gordo brunch de Dia dos Pais, você pode voltar a
ser o velho Julian sem graça.
— Você realmente o vendeu com a última linha.

Emmett sorriu. — Certo?

Eu tive que rir. — Vejo você no domingo.

— Basta pensar nisso! — ele gritou atrás de mim quando eu


pisei na calçada.
17

Sara

— Que tipo de tarefa é essa? Você teve mil prazos, Sara. Você
ainda assim sempre responderia por mensagem — mamãe
apontou.

O fato de eu não poder ouvi-la se movendo pela casa fazendo


um milhão de coisas diferentes enquanto falava ao telefone era
enervante. Minha mãe nunca ficava parada, nem mesmo enquanto
assistia TV. Se ela estava realmente sentada para dar a esta
conversa toda a sua atenção, isso significava que ela ainda estava
em alerta máximo.

Ela sabia que eu estava mentindo sobre algo.

E eu estava. Eu ainda não tinha contado a ela sobre sair da


June Magazine. Eu ainda não conseguia fazer isso.

— É... uma tarefa muito complicada, mamãe — falei,


suprimindo meu suspiro na minha mesa.

— Diga a Robin que você não pode trabalhar mais aos


domingos. Diga a ela que isso vai colocar menos pressão sobre você
e você terá mais energia — disse mamãe, referindo-se a minha
chefe na June. Minha ex-chefe, na verdade, e a mulher que sorriu
friamente e me disse que eu não valeria nada no dia em que me
demiti. O som de seu nome fez meus dentes cerrarem.

— Vou falar com ela sobre isso — falei assim que vi Julian
subindo as escadas de seu horário de almoço. Ele estava sem o
paletó de seu terno de três peças, dando-me uma visão melhor do
que o normal daquele torso estreito. Olhando para o seu Rolex, ele
então olhou para mim, com uma carranca leve que perguntou por
que eu ainda não tinha saído para almoçar. Ele sabia que eu
estava morrendo de fome, mas estive presa em uma longa
teleconferência com Colin e as pessoas no resort antes e não pude
sair.

Então, quando ia sair, minha mãe ligou.

— Escute, mamãe, Robin está vindo, então eu tenho que


desligar — falei apressadamente sob minha respiração, mas eu
sabia que Julian me ouviu porque percebi a inclinação inquisitiva
de sua cabeça antes que ele desaparecesse em seu escritório. —
Sim. Ok. Prometo que te ligo esta noite para conversar mais. Ok,
eu vou - tchau.

Desliguei e me sentei congelada com a mão ainda no receptor,


ouvindo os passos de Julian voltando para fora, as mãos nos
bolsos enquanto ele parava na frente da minha mesa. Eu levantei
meus olhos da brilhante fivela do seu cinto, arrastando-os
lentamente até os botões de seu colete cinza justo até que eu
estava sorrindo de volta com o olhar provocador que ele tinha para
mim.

— Tenho quase certeza de que meu nome não é Robin.

— Sim. Não é. É só, hum... — Eu limpei minha garganta. —


A coisa é que-

— Está tudo bem, você não tem que explicar se não quiser —
disse ele sinceramente, apesar de seu olhar de pura diversão. —
Eu só vim aqui para ver se você gostaria de almoçar comigo.

Meus olhos tremularam. — Eu pensei que você tinha acabado


de almoçar?

— Estive em péssima companhia. Eu gostaria de fazer de


novo.

— Oh. — Tirei minha mão do receptor e endireitei a postura.


— Isso é para que possamos discutir o itinerário de Biarritz? —
perguntei.

— Não. Lembre-se, faremos isso com Colin às três na sala de


conferências. Eu te lembrei esta manhã.

— Você o fez, eu só... — Queria ver se este era um almoço de


negócios ou um... almoço-almoço. — Deixa pra lá. — Eu dei a ele
um sorriso e peguei minha bolsa. — Vamos comer.
Cadeiras de couro cremoso e tampos de mesa de nogueira
enfeitavam a enorme sala de jantar do restaurante que Julian
escolheu para nosso almoço energético. Ao me sentar, não fiquei
surpresa ao descobrir que, como o maitre, os garçons conheciam
Julian pelo nome. Um pouco mais surpreendente, porém, foi o fato
de que ele se lembrava de todos os deles.

— Você vem aqui frequentemente? — perguntei assim que


terminamos o pedido.

— Não tão frequentemente quanto em outros lugares. Por que


você pergunta?

— Você sabe o nome de todo mundo.

— Tento me lembrar dos nomes depois de os ouvir. Sempre


foi útil para mim, especialmente quando se trata de administrar
uma empresa.

Eu levantei minhas sobrancelhas. — Isso faz sentido. É esse


o truque para possuir o império que você tem na sua idade?

— Um de vários. — Ele sorriu. — Também levou uma boa


quantidade de noites sem dormir e estourando minha bunda. Nada
que você não saiba.
Eu sorri com a maneira como ele se recostou e deixou seus
olhos pousarem em mim. Eu não tinha certeza do que tinha feito
ou do que estava fazendo para merecer o jeito que olhava para
mim, mas não questionei.

— Sim, é claro, todo o seu esforço o levou para onde está


agora, enquanto o meu aparentemente foi em vão — falei com um
estremecimento. — Não sei por que dediquei tanto tempo àquela
empresa quando eles me trataram como uma merda.

Na verdade, eu sabia por que e orei a Deus para que Julian


não me pressionasse para obter detalhes sobre por que fiquei. Ele
não fez isso.

— Acho que você não quer que eu consiga seu trabalho de


volta quando nosso contrato terminar.

— Na verdade, não. Eu não. — Eu ri, percebendo isso apenas


agora.

— Há alguma outra revista da Hoult Publishing para a qual


você gostaria de trabalhar? — ele perguntou.

— Várias — eu respondi tão rápida e vigorosamente que o fez


rir. Eu corei um pouco. — Na verdade, uma revista em particular
é a razão pela qual eu até mudei meu curso para jornalismo na
faculdade.

— Mesmo? — Ele se inclinou para frente com interesse. —


Qual?
— Una Magazine — respondi. — Acho que sua empresa a
adquiriu há dois ou três anos.

— Quatro.

Eu pisquei. Deus, ele nunca parava de estar por cima disso.

— Certo. Foi nomeada depois de The Una, que foi um dos


primeiros periódicos femininos naquela época.

— Nos anos de 1800, correto?

— 1853 — falei lentamente, inclinando minha cabeça para


ele. — Você continua sabendo mais do que eu acho que você
saberia.

— Obrigado, tenho certeza.

Eu ri. — É um elogio. Mas de qualquer forma, essa é a revista


dos meus sonhos. Isso teve um impacto muito significativo em
mim durante meus anos de formação, e se eu pudesse trabalhar
para eles e ajudar a mudar até mesmo a vida de outra garota, eu
ficaria extremamente grata.

Julian acenou com a cabeça enquanto me estudava. Ficamos


em silêncio por um breve momento, quando um ajudante de
garçom veio para encher nossas águas. Quando ele se foi, Julian
recostou-se.

— Eu vou ter certeza de encontrar uma posição para você


quando terminarmos com os Roths.
Eu consegui não me engasgar com nada. — Mesmo?

— Eu não prometi isso quando você concordou em trabalhar


para mim?

— Você fez, eu só...

— Não acreditou em mim.

— Tenho quase certeza de que acreditei em você, mas eu


realmente não te conhecia na época e não tinha certeza se tudo
que saía de sua boca era verdade.

As pontas de seus lábios permaneceram curvadas enquanto


suas sobrancelhas se juntaram. — Isso me irrita.

Mordi meu sorriso nervoso. — Não é como um desrespeito a


você, Julian. Eu simplesmente não te conhecia naquela época. Eu
ainda não sei muito sobre você agora.

— O que você quer saber?

Sua intensidade foi brevemente assustadora enquanto eu


procurava pela resposta. Mas eu tinha muitas.

— O que eu não quero saber é provavelmente uma pergunta


mais apropriada — eu respondi com um pouco de vergonha,
retornando o sorriso torto a seus lábios.

— Comece pequeno.
Eu interiormente me alegrei com o convite de duas palavras,
mas alisando meu guardanapo no colo, mantive meu equilíbrio.

— Ok. — Eu me inclinei para trás para permitir que dois


garçons servissem graciosamente nosso primeiro prato. — Você
mencionou que tem um irmão. Fale-me sobre ele.

— Emmett? Foi ele quem nos atrapalhou na noite em que nos


conhecemos.

— Você mencionou isso antes — eu provoquei. — E com


profunda irritação, devo acrescentar.

— Ele vive para me irritar profundamente, então isso faz


sentido — disse Julian, em silêncio por um momento, enquanto
me observava dar uma mordida em meu atum rabilho de
Nantucket. — Ele é cinco anos mais novo que eu, e se não fosse o
fato de compartilharmos muitas das mesmas características,
ninguém acreditaria que somos parentes.

— Agora estou curiosa para ver uma foto — falei, sorrindo


com o olhar que Julian me deu. Ele o segurou enquanto colocava
a mão no bolso para pegar o telefone.

— Não tenho muitas fotos — ele avisou quando começou a


rolar a tela. — Isso é o melhor que você vai conseguir — disse ele,
estendendo o telefone sobre a mesa. Eu o peguei com cuidado,
segurando-o com as duas mãos enquanto olhava para a foto.
— Uau. Olhe esse sorriso — comentei, sorrindo para a alegria
desenfreada nos rostos de Julian e Emmett. Na verdade, eles
tinham os mesmos olhos e lábios, até mesmo o mesmo sorriso,
mas, fora isso, não eram muito parecidos. — Você parece tão feliz.
Quando foi isso?

— No ano passado, quando o Empires ganhou o galhardete


da Liga Americana. Primeira vez desde os anos oitenta e a primeira
vez na minha era como proprietário, então foi bom.

Eu olhei para cima para pegá-lo sorrindo largamente para seu


telefone na minha mão. Eu olhei para baixo rapidamente para que
ele se sentisse livre para continuar sorrindo.

— E quem é esta? — Eu segurei a tela e apontei para a mulher


de cabelos brancos com quem ele e seu irmão posaram. Ela não
podia ter mais de um metro e meio de altura, mas estava
segurando e bebendo de sua própria garrafa de champanhe. Os
olhos de Julian enrugaram-se adoravelmente enquanto ele ria.

Senhor, pensei comigo mesma, notando que não tinha visto


aquela risada em particular antes.

— Essa é minha avó. Rosemarie Hoult — ele respondeu com


um vislumbre de orgulho em sua voz e em seus olhos. — Ela
imigrou da Alemanha quando tinha dezoito anos e a primeira coisa
que fez quando chegou foi ir a um jogo de beisebol. Ela disse que
parecia apropriadamente americano.
— Parece certo — falei, já encantada. — Vou presumir que foi
um jogo do Empires.

— Absolutamente. Ela estava decidida a aprender cada


detalhe do jogo, e suas irmãs eram muito desinteressadas, então
ela foi sozinha e, eventualmente, meu avô a viu. Ele era um
porteiro, e no dia em que ela se sentou em sua seção - de acordo
com ele - decidiu que tinha que se casar com ela.

— Oh, Deus, isso é muito fofo.

— Isso é. — Julian franziu o nariz. Outro novo! Pensei com


prazer, recolhendo mentalmente todas as suas novas expressões
esta tarde. — Não é preciso dizer que crescemos como uma família
do Empires.

— E agora você é o dono do time. — Eu balancei minha


cabeça. — Se essa não é a história mais feliz que já ouvi, então não
sei o que é.

Sua expressão vacilou ligeiramente. — Sim, bem, certamente


muita coisa aconteceu no meio, mas no final das contas, é uma
história feliz — disse ele, um pouco menos entusiasmado do que
há um segundo.

Minha expressão caiu enquanto observava todos os


fragmentos de alegria ou excitação deixarem o rosto de Julian.
Droga, o que eu disse? Eu lamentei pelo sorriso de Julian quando
ele desapareceu totalmente de volta ao seu olhar neutro. Toquei
meu pescoço, perguntando-me se estava forçando a barra para
perguntar se algo específico havia acontecido no meio para tornar
isso tudo menos que a perfeita história dos sonhos americanos.
Toquei meu pescoço insegura.

— Havia... algo que-

— Conte-me sobre sua família — Julian interrompeu. O olhar


severo em seu rosto foi minha confirmação de que ele não queria
se aprofundar mais no tópico dos Hoults. Ele tomou um gole
d'água. — Você disse a sua mãe que meu nome era Robin. — Fiquei
aliviada com o olhar provocador em seus olhos. — Se você quiser
explicar isso agora, sou todo ouvidos.

Eu fiz uma careta quando tomei meu próprio gole lento de


água para parar.

— Robin foi minha última chefe. Disse o nome dela porque


minha mãe... ainda não sabe que saí da June Magazine. — Eu
encarei minha água enquanto torcia minhas mãos no meu colo. —
Ela vê aquele lugar como meu trabalho milagroso - prestígio,
salário decente, benefícios de saúde completos. Então, tenho agido
como se ainda trabalhasse lá.

— Por que você não pode dizer a ela que agora trabalha para
a Hoult Communications? Eu imagino que isso soaria ainda mais
prestigioso.

— Bem, porque meu contrato com a Hoult Communications


termina em alguns meses, senhor — falei, gostando da maneira
como Julian odiava tanto aquela palavra da minha boca. Ele
ergueu o olhar dos meus lábios para os meus olhos e deu um
sorriso malicioso.

— Estou feliz que você esteja tão satisfeita consigo mesma.

— Tirar reações de você é divertido.

— Espero que você e Emmett nunca se encontrem — disse ele


antes de voltar ao nosso tópico original. — Você não pode dizer a
sua mãe que depois que este contrato terminar, você estará com a
Hoult Publishing?

Soltei um suspiro. — De novo, isso não é desrespeito a você,


mas prefiro não dizer nada disso a ela até que um contrato seja
assinado e tudo esteja sólido. Ela é absolutamente paranoica e
desconfiada quando se trata de mim, e ela não deixa pedra sobre
pedra ao questionar, mesmo as pequenas mudanças em minha
vida.

Eu poderia dizer que Julian estava confuso porque enquanto


franzia a testa apenas ligeiramente, ele ficou quieto por vários
segundos. Eu sabia que ele devia estar se perguntando se minha
mãe era apenas paranoica por natureza, ou se eu tinha dado a ela
algum motivo para ser assim. Eu me preparei para uma pergunta
sobre isso, mas em vez disso, ele mudou de assunto.

— A Una Magazine é sediada perto de Columbus Circle. É


perto de onde você mora?
— Não, mas posso pegar o trem D na Broadway-Lafayette. Eu
moro na Mulberry Street. Eu sou uma garota do centro.

— Eu mesmo prefiro o centro da cidade.

— Oh? Onde você vive?

— TriBeCa.

Revirei os olhos com um sorriso. — Claro. Tenho certeza de


que você possui edifícios inteiros em TriBeCa.

— Não. Apenas um. Mas tenho outros por perto no SoHo e


DUMBO.

— Eu estava apenas brincando com você — eu bufei. — Mas


obrigada por me lembrar de toda a extensão de sua riqueza.
Enquanto isso, só espero poder comprar um estúdio de cinquenta
metros quadrados nesta cidade antes de completar trinta e cinco
anos.

— Bem, eu ouvi que a Una Magazine paga bem, então você


está com sorte.

— Oh, sim? — Eu levantei uma sobrancelha. — O que mais


você ouviu sobre a Una, já que você sabe tanto?

Ele respondeu sem o menor sinal da minha brincadeira.

— Eu sei que é uma revista feminina que lida especificamente


com saúde mental e trauma.
Tossi quando minha água imediatamente desceu pelo cano
errado.

Merda.

Como diabos eu não percebi o que tinha revelado sobre mim


antes? A revista para a qual ansiava trabalhar era famosa por ser
uma das primeiras publicações a falar francamente sobre as lutas
das mulheres com coisas como depressão e abuso. Embora
oferecesse o conteúdo usual, como moda, notícias sociais e
mundiais, era mais famosa por suas reportagens mensais que
iluminavam descaradamente tudo, desde a depressão pós-parto ao
trauma de abuso sexual. Era uma revista incrível.

Mas acabou de me expor a Julian Hoult.

— Hum. — Agradeci a Deus pelos garçons que voltaram para


trocar nossos pratos pelos seguintes. Isso me deu tempo para
pensar em uma resposta. Se eu usaria ou não esse tempo, era uma
história diferente.

— Por que aquela revista em particular te influenciou tanto?


— Julian perguntou, me dando pouco tempo para me recuperar.

Jesus Cristo. Vá para a jugular, por que não? Eu levantei meu


dedo enquanto mastigava minha comida. Ele tomou um gole
d'água enquanto esperava minha resposta.

— Motivos — eu finalmente disse, apreciando seu olhar


desinteressado.
— Não tenho certeza se isso constitui uma resposta.

— Por que sua compra do Empires não é uma história feliz?


— eu rebati.

Ele se recostou. — Touché. Como está o seu paillard?

— Muito bom. — Eu cortei um pedaço. — E seu bife?

— Excelente.

Trocamos pequenos sorrisos para reconhecer nosso pequeno


impasse agora, e então, sem perder o ritmo, nossa conversa
continuou suavemente.

Do almoço, Julian saiu diretamente para uma reunião no


Distrito Financeiro, mas fez questão de me chamar um carro.
Quando chegou, ele saiu da calçada para me ajudar com a porta,
mas contornando rapidamente o veículo foi o motorista que a
segurou aberta para mim.

Deixando Julian e eu parados na calçada, próximos e apenas


olhando um para o outro.

Nós tínhamos os mesmos sorrisos que ostentamos depois do


nosso pequeno impasse antes, mas ao contrário daquele, este
terminou com um pequeno obstáculo.

— Ok, acho que te vejo... — Eu parei enquanto o observava


dar um passo mais perto de mim. Suas mãos enganchadas nos
bolsos, ele inclinou a cabeça para baixo para mim, olhando a
maneira como eu nervosamente molhei meus lábios. Então ele
olhou tão diretamente em meus olhos que senti calor em meu rosto
e a pressão dobrando meus joelhos. — Ok, até mais. Tchau.

Corri para dentro do carro após minha saída


inexplicavelmente estranha e tive vontade de gritar ‘cale a boca!’
pela janela quando vi Julian rindo sozinho na calçada.

Jesus, Sara.

Sexualmente, o homem tinha feito tudo para mim até agora,


mas, aparentemente, eu não pude me conter para um adeus não
corporativo depois do almoço. Até o motorista riu enquanto eu
balancei minha cabeça em minhas mãos e chutei meus pés no
banco de trás, tentando me livrar dos formigamentos de vergonha
em toda a minha pele.

Demorou uns bons dois minutos para superar, mas começou


novamente quando uma mensagem vibrou no meu telefone.

Julian: Sim, eu ia te dar um beijo. Você deveria me deixar na


próxima vez. Vejo você às 3.
18

Julian

Fui saudado pelo baixo zumbido de eficiência quando voltei


para o escritório. Eu balancei a cabeça em resposta a cada olá
murmurado enquanto subia as escadas, indo direto para a sala de
conferências para começar minha reunião com Sara e Colin. Eu
esperava vê-los sentados com seus roteiros impressos e prontos
para partir.

Em vez disso, encontrei Sara sentada sozinha.

Parei na porta, satisfeito com a forma como os fones de ouvido


a deixaram alheia à minha presença.

Aproveitei o momento, observando-a enquanto tirava minha


jaqueta e ajustava minhas abotoaduras. Ela estava em profunda
concentração, ainda lendo seu itinerário enquanto puxava o cabelo
para cima em um rabo de cavalo. Eu sorri quando duas mechas
escuras flutuaram para baixo para enquadrar frouxamente seu
rosto.

Não pude deixar de apreciar o quão grandes aqueles olhos


ficaram quando me viram.
— Oh, meu Deus, Julian. — Ela arrancou os fones de ouvido
e colocou a mão sobre o coração. — Você me assustou.

— Eu sinto muito.

— Você não parece sentir — ela brincou enquanto eu me


sentava ao lado dela. Suas bochechas coraram quando ela viu para
mim olhando para ela. — O que?

— Você não respondeu à minha mensagem — falei, tendo


total prazer na maneira como ela imediatamente começou a se
contorcer.

— O que eu deveria dizer? — Ela estava divertidamente na


defensiva enquanto voltava os olhos para o itinerário.

— Você poderia ter me deixado te beijar — eu ri. — Eu já fiz


isso antes. Na verdade, coloquei minha boca em quase todas as
partes do seu corpo.

— Não me deixe excitada agora. Colin deve estar aqui em dez


minutos — ela disse, ajeitando-se na cadeira e marcando algo com
sua caneta vermelha.

— Ele deveria estar aqui agora. Por que ele está atrasado?

— Quem ele foi encontrar no estádio não estava lá quando ele


chegou, então ele teve que esperar. Ele me pediu para lhe contar e
disse que não ligou porque não queria atrapalhar sua reunião.
— Justo. São esses extras que você imprimiu? — perguntei,
olhando a pilha de papéis sobre a mesa.

— Sim. Quer um?

— Por favor.

Eu me inclinei para trás enquanto Sara se levantava e


estendia a mão pela ampla superfície da mesa. Eu sabia que ela
olhava para trás, não havia como ela não sentir o calor dos meus
olhos em suas costas, mas eu não desviei o olhar.

— Você está espiando a minha saia, Sr. Hoult?

— Sim — respondi quando meu telefone tocou. — Colin —


falei enquanto puxava Sara na minha frente, correndo minha mão
lentamente para cima e para baixo em seus quadris. — Sim, ela
me disse que McKinley não estava aí quando você chegou ao
estádio. Está tudo bem — eu disse enquanto espalmava o material
macio esticado sobre as curvas de Sara.

Inclinando minha cabeça, eu levantei sua saia para me


apresentar a visão daquela bunda perfeita dela num inferno de
uma calcinha de renda minúscula. Jesus, porra, Cristo. Ela se
esticava sobre suas bochechas redondas, implorando para ser
arrancada.

— Se ele disser que chegará logo, espere por ele, Colin. Você
já está aí — eu continuei ao telefone, olhando para cima para pegar
o brilho sujo nos olhos de Sara. Ela tinha as duas mãos sobre a
mesa, as costas arqueadas e um sorriso malicioso por cima do
ombro. Ele se espalhou em um riso malicioso quando eu disse: —
Vou revisar o itinerário com Sara por enquanto. Vamos alcançá-lo
assim que você voltar.

— Uau. Você é um chefe tão compreensivo — Sara disse


ironicamente quando desliguei.

— O que posso dizer. — Deslizando meu telefone sobre a


mesa, olhei para a porta da sala de conferências. Estava fechada,
não trancada, mas foda-se. Eu não estava me levantando neste
momento. — Faça-me um favor. Leia a hora do nosso voo na
próxima semana?

— Posso me sentar ou você gostaria que eu ficasse assim?

— Fique assim — falei enquanto levantava sua saia


completamente para liberar minhas mãos. — Agora que horas é o
nosso voo? — Eu olhei para o cronograma atrás dela enquanto
puxava sua calcinha para baixo em sua bunda e pernas.

— Fretamento particular às seis e quinze de Teterboro — Sara


respondeu, levantando as pernas para fora da calcinha sem minha
instrução.

— Boa menina — eu murmurei, empurrando sua calcinha no


meu bolso. — E a que horas chegaremos em Biarritz?

Sara respirou fundo enquanto eu abria suas nádegas para ver


o quão molhada sua boceta estava para mim.
— Nós chegaremos... — Eu ouvi o papel dela enrugar em suas
mãos. — Oh, Deus, o que você está fazendo?

— Estou admirando como você está molhada.

— Quero dizer, você vai fazer mais do que isso? Porque eu não
aguento a provocação.

— Você pode — eu assegurei a ela provocativamente. — E


você vai. Agora me diga a que horas nosso voo chegará.

— Oito da noite em Biarritz — Sara murmurou rápido,


contorcendo-se contra a mesa enquanto eu massageava sua
bunda com uma mão, usando a outra para desfazer meu cinto. O
som de metal da minha fivela foi o suficiente para fazê-la gemer.

— Não tão alto — eu sorri e liberei meu pau da tenda que ele
armava, soltando meu aperto de Sara para alcançar meu bolso. Eu
a ouvi sussurrar ‘graças a Deus’ depois de me virar para confirmar
meus dentes rasgando uma camisinha. — Agora me diga quanto
tempo teremos em Biarritz antes que os Roth cheguem.

— Você e eu chegaremos na noite antes dos Roths, para que


eu possa me familiarizar com a propriedade. Colin chegará na
manhã seguinte, quando Turner, Carter e seus conselheiros devem
pousar. Oh, Deus, Julian...

Porra, eu estava gostando muito disso. Eu queria ouvir cada


pequeno som sexy e torturado que Sara pudesse fazer para mim.
— Julian... — Ela apertou as coxas enquanto esperava
impacientemente pela minha instrução. Eu amei cada merda de
segundo disso. — Por favor. Diga-me o que agora.

— Desabotoe sua camisa. Apenas o suficiente para puxar seu


sutiã para baixo — eu disse enquanto puxava meu assento
diretamente para trás dela, observando seus braços se moverem
apressadamente para liberar seus seios. Quando ela terminou com
meu pedido, ela se apoiou com as mãos de volta na mesa.

— E agora?

Eu alisei minha mão sobre a borracha esticada com força


sobre mim. — Eu quero que você sente no meu pau.

Suas coxas flexionaram ao meu comando e nossos olhos se


encontraram enquanto ela olhava por cima do ombro. Eu agarrei
a base do meu pau enquanto ela se posicionava sobre a cabeça.
Com minha mão livre, segurei sua bunda, guiando-a até que ela
estivesse exatamente onde ela precisava estar.

— Devagar — eu murmurei, observando sua boceta lisa se


esticar perfeitamente para mim enquanto ela se abaixava em meu
eixo. — Foda-se.

A palavra se formou em duas sílabas. Ela era tão apertada.


Mais apertada do que eu lembrava. Eu gemi, inclinando minha
cabeça para trás por dois segundos antes de voltar minha atenção
para a minha vista incrível. Ela estava nos cotovelos agora, seu
rabo de cavalo balançando na minha frente enquanto ela avançava
mais para baixo em direção à minha base.

— Deus, isso não para — ela gemeu, apertando minhas bolas.


— Está perto?

— Faltam poucos centímetros.

— Puta merda, eu simplesmente senti você ficar muito mais


duro — ela sussurrou.

— Continue falando sujo assim.

— Eu não estou tentando.

— É por isso que eu gosto — eu murmurei, deixando escapar


um grunhido quando ela se sentou em cima de mim, seu corpo
rígido enquanto lutava para tomar meu tamanho. — Respire.

Eu circulei meus braços em volta de sua cintura, apertando


minha mandíbula enquanto me concentrava em não estourar
minha porra de carga imediatamente. Era impossível. Ela parecia
como se o céu estivesse úmido e apertado ao redor do meu pau, e
toda vez que eu me controlava, ela fazia algum barulho ofegante
para me colocar de volta em perigo.

— Deus, você é tão fodidamente grande — ela praticamente


choramingou. Jesus, porra, ela ia me fazer explodir.

— Vá devagar. — Eu me inclinei em suas costas e beijei seus


ombros. — Respire por mim.
— Respirando — ela exalou suavemente.

— Boa menina. Sente-se todo o caminho. Dê-me todo o seu


peso.

Sara choramingou, mas obedeceu, deixando seu corpo


derreter contra mim. Ela se inclinou para trás no meu peito,
rolando a cabeça no meu ombro e fazendo os pequenos sons mais
sexy quando ela começou a mover seus quadris ao meu redor.

— Oh... isso é bom — ela começou a rir, colocando um sorriso


em meus lábios. — Oh, Deus, isso é muito bom.

— Bom. — Mudei minhas mãos até seus seios nus


derramando para fora de sua camisa. — Continue. — Eu balancei
lentamente nela enquanto ela balançava firmemente de volta
contra mim. — Continue me cavalgando assim. Bem desse jeito.
Isso é tão bom pra caralho.

Os sons do escritório voltaram a desaparecer em meus


ouvidos conforme encontramos um ritmo.

Os telefones tocando, o elevador apitando - cada som que eu


ouvia diariamente me deixava duro como uma rocha enquanto
Sara se sentava no meu colo na sala de conferências, apertando a
borda da mesa enquanto me fodia por baixo da saia. Ela era
incrível, sua boceta me agarrando, absolutamente ordenhando
meu pau enquanto ela saltava sobre ele.

— Oh, Deus, Julian. Eu vou falar alto — Sara avisou.


— Fale alto — eu murmurei, deslizando minha mão até seu
pescoço enquanto sua boceta apertava em torno de mim como um
torno. Um gemido agudo escapou de seus lábios. — Merda. — Eu
sorri.

— Eu te avisei.

— Eu gostei. — Eu deixei cair minha mão para esfregar seu


clitóris.

Ela gritou fortemente novamente, arqueando seu corpo tão


para trás que agarrei a base de seu rabo de cavalo e puxei seus
lábios nos meus. Minhas bolas se agitaram enquanto eu varria
minha língua por sua boca aberta.

— Goze no meu pau, Sara. Eu posso sentir sua boceta


apertando em torno de mim — eu rosnei, acariciando furiosamente
entre suas pernas até que senti seu sexo pulsando rapidamente ao
meu redor.

Eu coloquei uma mão firme sobre sua boca quando ela gozou,
seus gritos abafados contra a minha palma enquanto eu olhava
para seus seios cheios. Eles tremiam com força, aqueles mamilos
rosados tão apertados que pareciam doces.

O visual me enviou ao limite.

— Goze dentro de mim, Julian.

Foda-se. Talvez sim.


Um gemido baixo saiu da minha garganta quando meu
orgasmo bateu em mim. A satisfação continuou a rolar pelo meu
corpo enquanto Sara continuava girando suavemente em torno de
mim, seus olhos me olhando por cima do ombro enquanto ela
tirava cada gota do meu esperma do jeito que ela amava fazer.

Jesus Cristo, esta mulher era alguma coisa.

Nós mantivemos nossos olhos fixos um no outro enquanto


recuperávamos o fôlego. Eu não conseguiria parar de olhar para
ela se tentasse, e quando pensei que ela não poderia ficar mais
sexy, ela estendeu a mão sobre a mesa para pegar o itinerário
bastante amarrotado.

— Eu tinha uma pergunta sobre quem faria o tour no segundo


dia. Vai ser o pessoal de lá ou eu? — ela perguntou, seu pequeno
sorriso reconhecendo o fato de que ela ainda estava sentada no
meu colo, e meu pau ainda latejava dentro dela.

— Vai ser um pouco dos dois, dependendo de quão bem


podemos fazê-la se familiarizar com o resort no tempo em que
estivermos lá sozinhos — eu respondi, mal conseguindo manter
uma cara séria.

Mas ela manteve as perguntas vindo enquanto meu pau


amolecia dentro dela, minhas mãos ainda brincando suavemente
com seus seios enquanto revisávamos a programação. Era
incrivelmente quente e eu jurei por Deus naquele momento que
poderia me casar com essa mulher.
Sem surpresa, eu estava pronto para ir novamente em dez
minutos.
19

Sara

— Graças a Deus o tempo finalmente está perfeito. — Lia


colocou os óculos escuros enquanto inclinava a cabeça para trás,
se aquecendo sob o sol com a brisa do clima em torno dos vinte
graus.

A onda de calor da semana passada estava oficialmente


encerrada, tornando o lounge do terraço do vigésimo andar na
Torre Hoult o novo local para almoçar. Era um espaço lindo com
bancos de vime preto, almofadas brancas e plantas verdes e
brilhantes que serviam como divisórias para privacidade. Graças a
Deus por isso, porque não havia como adivinhar o que poderia sair
da boca de Lia.

— Talvez sua vida sexual com Julian controle o tempo.

E aí estava. Eu ajustei o Persol8 de Julian em meu rosto


enquanto virei minha cabeça lentamente para ela.

— Hesito em perguntar, mas do que diabos você está falando?

8
Marca de óculos.
— Como você não vê isso? — ela foi atrevida. — A onda de
calor veio quando vocês estavam sendo frios e maus um com o
outro. Agora acabou porque vocês têm feito sexo suado sem parar
no escritório. E está particularmente legal hoje porque vocês...
realmente se esforçaram esta manhã, quero dizer, caramba.

Ela não estava errada sobre isso, e eu sabia que me


arrependeria de contar a ela, mas a brincadeira desta manhã era
boa demais para ser mantida em segredo.

— Acho que ele aprendeu esse movimento com Lukas.

— Lia! — Eu pulei para cima. — Ai, credo!

— O que? Estou falando sobre a localização, não as posições


reais! Mas tudo bem, tudo bem, Lukas não inventou a foda no
banheiro — Lia concedeu enquanto eu enterrava meu rosto em
minhas mãos.

Nós fizemos sexo no banheiro de uma churrascaria chique


hoje, e eu estava ficando molhada só de pensar nisso agora. Eu
não tinha tirado meus olhos de Julian nenhuma vez naquele
espelho. Eu tive o prazer de assistir a cada segundo dele - a
maneira como seu queixo perfeito caiu quando ele entrou em mim
pela primeira vez, a forma como suas lindas feições se contraíram
tanto quando ele explodiu dentro de mim. Foi o nosso sexo
apressado e quente de sempre, mas também foi diferente porque
ele me beijou profundamente por uns bons dois ou três minutos
depois, ignorando as batidas na porta de todas as pobres pessoas
que tinham que usar o banheiro.

— Eu preciso me saciar antes de ir — ele explicou, sorrindo.

Graças à nossa viagem a Biarritz na segunda-feira, ele estava


lotado de reuniões fora do escritório das onze às seis, então não
protestei. Eu precisava me saciar também.

— Presumo que todas as pessoas do escritório já saibam? —


Lia perguntou, me tirando da memória. — Que você está dormindo
com Julian?

— Eu acho que se você falar mais alto, Lia, eles


definitivamente saberão.

— Tenho quase certeza de que não é o meu volume que está


denunciando vocês — disse Lia. — Você não me disse que fizeram
um concurso de gemidos na sala de conferências na quarta-feira?

— Tenho quase certeza de que não disse isso dessa maneira.

— Você está começando a falar como ele — Lia se engasgou.

— Eu considero isso um elogio — respondi.

— Oh, Deus, vocês são nojentos. Seu nível de admiração um


pelo outro é quase autocongratulatório, porque vocês são
basicamente a mesma pessoa.
Eu comecei a rir enquanto jogava um guardanapo amassado
nela.

— É verdade! — Lia deu uma risadinha. — Mas eu


secretamente amo isso em vocês dois. Vocês dois são muito
semelhantes em grandes aspectos, e é exatamente por isso que
falei em primeiro lugar que vocês formariam um casal incrível. Eu.
Lia. Eu disse isso. — Lia apontou o polegar para si mesma. — Na
verdade, fiz uma aposta sobre isso, o que me lembra que Lukas me
deve vinte dólares.

— Lukas apostou contra mim? — Eu fingi um suspiro. — Que


rude.

— Com toda a justiça, ele apostou contra a capacidade de


Julian de sentir as coisas — Lia bufou. — Aquele cara. Juro que
ele nunca tem namoradas. Ele nunca fala sobre casos ou casos de
uma noite, então nem temos certeza se ele os tem. Ele é tão louco
por trabalho.

— Sim, bem... vamos ver se essa coisa entre nós dura mais
do que o trabalho.

— O que você está falando? — Lia franziu a testa.

Eu gemi enquanto me endireitei.

— Não sei, Lia, nem quero falar sobre isso agora — murmurei,
sacudindo o gelo que sobrou no meu café. — Meu contrato dura
três meses ou o tempo que durar as negociações de Roth. Depois
disso, tenho dificuldade em imaginar que Julian vai pensar muito
sobre mim se eu não estiver em seu escritório e na frente de seu
rosto todos os dias.

— Você não sabe disso.

— Não, eu não sei de nada com certeza, mas eu sei qual seria
o resultado mais realista — falei, mantendo minha voz casual para
disfarçar o quanto meu coração estava torcendo sob meu peito.

— E o que seria isso? — Lia perguntou, levantando seus


óculos escuros.

Eu respirei fundo. — Que mesmo que Julian Hoult sentisse


uma pequena fração de uma coisa por mim, ele provavelmente
seria muito bom em se forçar a esquecer, se precisasse. Quero
dizer, olhe quem ele é, onde ele se meteu. Eu sou uma workaholic,
mas ele é uma máquina, e um turbilhão de um mês não vai afetar
uma máquina. Vai ricochetear nele porque ele é feito de aço. Isso
é o que é preciso para administrar um império como o dele. Certo?

Eu olhei para encontrar Lia quieta e abraçando os joelhos


contra o peito, como se eu tivesse acabado de magoá-la.

— Jesus, menina — disse ela. — Essa não é a atitude.

Soltei um suspiro e encolhi os ombros. — Desculpe. Eu só


quero ser uma menina crescida sobre isso agora, para que não me
machuque mais tarde.
— Eu entendo — disse ela em voz baixa. — Você sabe que eu
entendo isso totalmente. Eu só... — Ela respirou fundo e soltou o
ar. — Eu não teria agarrado Lukas sem você me empurrando e
sendo a pequena encrenqueira que você é. — Ela sorriu. — Às
vezes eu penso sobre o que poderia ter escapado dos meus dedos
se você não me obrigasse a ser mulher e apenas ir em frente com
ele. Ele é a melhor coisa que já aconteceu comigo, e depois de toda
a merda que você passou, eu só quero que a melhor coisa aconteça
com você.

— Uau. Lia. — Eu mexi meus lábios para esconder o fato de


que ela acabou de me emocionar. — Eu agradeço isso — falei
enquanto ela me fazia um beicinho de desculpe, porque ela sabia
que eu não gostava de ficar mole ou chorosa. Eu sorri. — Mas ei,
você já considerou que talvez você seja a melhor coisa que já
aconteceu comigo?

— Oh, concordo plenamente que sou — disse ela para me


fazer rir. — Mas eu sou a melhor em uma categoria diferente.
Existem algumas. Vida social, vida amorosa e carreira.

— Jesus, você tem tudo — eu apontei. — Sua puta suja.

— Ha! Este é um momento ruim para dizer que Lukas está


enviando mensagens de texto e quer que a gente saia agora para
os Hamptons?

— Não, não é um momento ruim, porque eu cansei de falar


com você — eu brinquei, bagunçando seu cabelo enquanto nos
levantávamos dos bancos. — Vá mobiliar essa sua linda casa de
praia, sua criaturinha.

— Tem certeza de que não quer vir? Posso dizer a Lukas para
esperar até as cinco.

— Absolutamente não. Vocês pegariam a hora do rush. Além


disso, eu vomitaria pela janela nos primeiros dois minutos ao ver
vocês dois se olhando com olhos arregalados.

— Nós ficamos muito nojentos às vezes — Lia admitiu com


uma risada. — Tudo bem, mulher. Então aproveite sua sexta-feira
e o resto do fim de semana sem ser uma Nancy Negativa, certo? —
falou com firmeza, estreitando os olhos para mim. — Nada de
analisar demais as coisas enquanto eu não estiver aqui para
conversar com você. Apenas... — Ela estendeu as mãos em alguma
pose de meditação zen. — Aproveite o agora.

— Eu vou aproveitar o agora ainda mais se você sair já daqui.

— Rude. Abraço de adeus! — Lia exigiu, o qual eu claro dei,


jogando um monte de beijos na sua bochecha antes de mandá-la
embora.
Depois de um longo dia de teleconferências com Colin e o
pessoal do resort de Biarritz, eu estava exausta. Parecia o dia de
trabalho mais real que tive até agora, e não ajudou o fato de Julian
estar fora em reuniões desde a manhã. Eu não percebi o quanto o
tempo passava mais devagar sem ele por perto para olhar
ocasionalmente.

Ou, é claro, esgueirar rapidinhas de escritório com ele.

— Uau. O tempo vai estar bom neste fim de semana — Colin


disse, olhando para a previsão em seu telefone enquanto íamos
para o elevador. — Algum plano? — ele perguntou.

— Na verdade, não — eu percebi com um estremecimento de


decepção.

— Aw. Por que não?

Eu ri. — Provavelmente porque ainda não estou acostumada


a ter fins de semana. Trabalhei pelo menos seis dias por semana
em meu último emprego, e se eu tivesse folga aos domingos, era
estritamente para descomprimir — contei, silenciosamente
maravilhada com o quão incrivelmente distante isso parecia. —
Além disso, agora que eu realmente tenho algum tempo livre,
minha melhor amiga é aquela que está sempre ocupada. Ela e o
namorado acabaram de comprar uma casa nos Hamptons, então
eles estão sempre por lá.
— Uau! Muito bom — Colin comentou quando entramos no
elevador. — Pelo lado positivo, iremos para a ensolarada Biarritz,
França, na segunda-feira.

— Sim! Deus, surgiu tão rápido. Eu realmente não posso


esperar. Faz muito tempo que não saio do país.

— Bem, você vai adorar lá. E Julian é muito legal em dar aos
funcionários tempo para explorar quando estão em viagens de
negócios.

— Sim? — Eu sorri. — Isso é legal da parte dele.

— Sim, ele é um grande chefe. Realmente é legal trabalhar


para ele.

Eu balancei a cabeça e fiquei quieta.

Foi uma observação inócua, mas foi mais um lembrete de que,


em algum momento, eu não estaria mais trabalhando para Julian.
E por mais ridículo que fosse perder alguma coisa antes mesmo
que tivesse acabado, eu estava começando a fazer isso.

— Tudo bem, Sara, aproveite seu fim de semana! — Colin


acenou um adeus quando o elevador finalmente abriu para o
saguão.

— Você também! — falei atrás dele quando ele saiu correndo


do prédio, provavelmente para encontrar seus colegas de quarto
com quem ele mencionou ter planos.
Caminhando pelo saguão, ouvi o barulho estrondoso do que
parecia mil pares de sapatos no mármore. Era a corrida usual de
sexta-feira, quando os funcionários da torre controlavam sua
vontade de apenas correr para as portas e começar logo o fim de
semana. Isso me deixou naturalmente impaciente para andar mais
rápido, apesar do fato de que eu tinha um clima maravilhoso de
uns vinte e cinco graus e absolutamente nenhum lugar para ir.

Bolas. Eu fiz uma careta para mim mesma, percebendo o


quão chateada eu realmente estava com isso.

Mas quando saí da torre, meus olhos foram imediatamente


atraídos para um sedã preto brilhante estacionado bem em frente
às suas portas.

Por razões que eu ainda não conseguia entender, um sorriso


apareceu em meus lábios.

Nunca na minha vida senti como se um carro estivesse me


observando, mas por algum motivo, eu senti isso agora, enquanto
olhava para as janelas escuras do banco de trás. Eu nem percebi
que meus pés gravitaram pela calçada em direção ao carro até que
eu estava de pé na porta do passageiro e observando a janela
abaixar.

— Olá — Julian me cumprimentou do banco de trás.

— Oi — eu respondi, incapaz de conter meu sorriso. Ele


parecia tão sexy apenas sentado lá com seu paletó, mas sem
gravata, e aqueles olhos azuis brilhando para mim com um toque
de travessura. Meu coração pulou porque eu soube imediatamente
que ele estava esperando por mim. Eu li suas intenções desde o
primeiro segundo que o vi. Mas talvez por uma questão de
diversão, passamos pela formalidade da conversa fiada.

— Como foi seu dia? — Julian perguntou.

— Bom — falei, a brisa fresca soprando o cabelo do meu rosto.


— E como foi o seu, Sr. Hoult?

— Bom também — Julian respondeu com um sorriso


malicioso.

— Fico feliz em ouvir isso — eu balancei a cabeça.

O mesmo sorriso conhecedor curvou nossos lábios enquanto


eu simplesmente ficava na calçada, nós dois olhando um para o
outro por mais um momento de silêncio antes de Julian rir e dizer:
— Você tem planos para esta noite?

Um sorriso explodiu em meus lábios.

— Nem um pouco — respondi e ouvi o som dele destrancando


as portas.

— Bom. Então entre.


20

Julian

Eu fiquei parado apreciando minha visão de Sara no meio do


estacionamento, girando lentamente ao redor com aquela saia azul
enquanto ela observava tudo.

— Julian... nem sei como reagir a isso agora — ela murmurou


ao flutuar até a Hellcat.

Da torre, fomos levados até os carros - especificamente


aqueles na minha garagem na Eleventh Avenue. No momento em
que acendi as luzes do estacionamento, Sara ficou em transe. O
lento clique de seus saltos ecoou no grande espaço enquanto ela
vagava maravilhada, principalmente em silêncio com as mãos
cruzadas na frente dela.

— Parece que você está em sua primeira excursão ao museu.

— Quieto. Você percebe que isso é incrível, certo?

— Eu gosto disso. — Eu deslizei minhas mãos nos bolsos


enquanto fazia meu caminho em direção a ela. — Eu também gosto
de como você não prestou atenção aos carros até agora. Eles eram
mais o que eu tinha em mente quando pedi que você escolhesse
nossa carona para esta noite.

— Mas eu quero isso — Sara sussurrou ansiosamente,


passando as mãos ao longo do assento de couro costurado à mão
do que era na verdade minha motocicleta favorita. — Por que temos
que pegar um carro? Olha como esta coisa é linda.

— Embora você tenha um gosto impecável, essa é uma F131


Hellcat Combat, e não tem assento de passageiro, então eu garanto
a você, não vamos pegar isso — falei, dando uma risada quando
ela prontamente saiu para encontrar uma motocicleta diferente
para admirar.

— Hm. Algo me diz que você dirige motocicletas com o


propósito expresso de ficar sozinho — observou ela secamente, o
que era correto, após passar por mais três sem assento de
passageiro. — Uh-oh. Olha o que eu encontrei — ela cantou
enquanto caminhava para a minha Norton Commando. Uma onda
perversa tocou seus lábios enquanto ela corria as pontas dos dedos
ao longo do banco do passageiro. — Parece que temos uma
vencedora.

— Sara. Prefiro algo com portas. E cintos de segurança.

Ela deu um sorriso provocante enquanto montava a Norton


em sua saia. Cristo.

— Por quê? Você monta essas coisas — ela apontou.


— Sim. Eu faço.

— Bem, se você não está preocupado com sua segurança,


então não precisa se preocupar com a minha.

— Estabelecemos que tenho dificuldade com isso — falei, mas


já havia perdido a atenção dela neste momento. A cortina de cabelo
escuro caiu sobre seu ombro enquanto ela inclinava a cabeça para
olhar para algo.

— Oh. Norton — ela murmurou com familiaridade.

— Você conhece?

— Sim. O meu pai tinha um cinto Norton enquanto eu crescia


— disse ela, com a voz perdida na memória. — Tinha este logotipo
e uma pequena bandeira britânica.

— Ele tinha uma motocicleta?

— Definitivamente não, mas ele era britânico. Ainda é, pelo


que eu sei.

Eu sorri enquanto a observava se inclinar e envolver os dedos


no guidão.

— Não sei por que eu não esperava que seus pais fossem
britânicos.

— Eles não. Apenas papai. A mamãe é de um vilarejo


minúsculo nas montanhas que papai estava fotografando há
muitos anos, durante suas viagens — disse ela melancolicamente,
soando como se estivesse recitando a forma como a história foi
contada para ela enquanto crescia. Eu sorri ao imaginar os
grandes olhos de Sara em uma mini versão de si mesma.

— Seu pai era fotógrafo? — perguntei.

— Nem um pouco — ela riu. — Ele era um mochileiro de 18


anos quando conheceu minha pobre e desavisada mãe. Ela diz que
não gostou dele durante todo o primeiro verão que se conheceram.
Ele era barulhento, emotivo e um pouco opressor. Mas apesar de
quão jovem ele era, ele disse que ela era ‘bonita demais para
simplesmente esquecer’, então ele continuou a visitá-la verão após
verão até que ela começou a achar suas peculiaridades charmosas
o suficiente para se mudar para Londres com ele.

— Isso é uma persistência séria.

— Sim, meu pai é... extravagante, como ele gosta de dizer. Ele
é um advogado que adora suas meias coloridas e bater na orelha
de qualquer pessoa. Dizem que ‘ele nunca conheceu um estranho’.
Ele é esse cara.

— Mm. Sim, estou familiarizado com esse tipo de cara.

— Oh, sim — Sara deu uma risadinha enquanto tentava as


cavilhas para os pés na moto. — Enquanto isso, minha mãe não
confia em ninguém neste mundo. Exceto ele. Você nunca a verá
admitir, porque ela é tão ridiculamente estóica quanto você. —
Sara olhou para mim com um sorriso. — Ela ainda acha meu pai
muito charmoso e ‘insuportavelmente engraçado’, como ela diz. É
fofo.

— Parecem os meus pais — sorri.

— Apaixonados para sempre?

— Sim.

Sara soltou um suspiro. — Essa é a maneira de ser.

— Então eu ouvi. Você está de salto, por falar nisso.

— O que?

— Você não está exatamente vestida para andar de moto esta


noite.

Ela piscou, como se ainda processasse a mudança de tópico.

— Oh. Eu tenho outro par de sapatos na minha bolsa.

— Sério?

— Sim. Qualquer garota de salto alto que carregue uma bolsa


grande tem sapatilhas ou tênis nela. Eu te garanto.

Eu olhei para ela. — Sua saia lápis não combina bem para
montar uma bicicleta.

— Eu montei você nesta saia.


Eu segurei um gemido. — Escute, tudo o que você está
fazendo nessa moto agora está indo direto para o meu pau, então,
por uma questão de chegar aos nossos planos a tempo, não fale
sobre me montar — falei enquanto ela inclinava a cabeça para
frente e ria. — Diga-me por que você está decidida a pegar a
motocicleta esta noite.

— Porque você disse que está escolhendo para onde iremos,


então eu escolho como chegaremos lá — Sara disse simplesmente.
— E eu escolho essa. Além disso, eu sou meio obcecada por
motocicletas desde o colégio — ela sorriu sonhadora.

— Também inesperado.

— Sim, bem, eu fantasiei em grandes detalhes sobre escapar


daquele lugar — ela murmurou distraidamente. Mas eu vi o jeito
que ela piscou quando se controlou. Eu inclinei minha cabeça.

— Escapar de que lugar?

Ela olhou para mim. — Exceto pelas lanchas, as motocicletas


são a forma mais legal de fuga em filmes de assalto — ela disse
alegremente, ignorando propositalmente minha pergunta. —
Então, cem por cento de certeza, vamos levar esta motocicleta. E
se você está preocupado sobre ser minha primeira viagem, não é.
Então, pronto. Está decidido.

Eu tive que admirar sua determinação.


— Certo. Mas você usará um capacete e vou ensiná-la a
maneira correta de montar e viajar como passageira. Mais
importante, quando eu me inclino, você se inclina. Não tente me
equilibrar indo na direção oposta. Mesmo se você pensar que
estamos prestes a cair, você não vai cair.

Sara estreitou os olhos para mim.

— Você está tentando me assustar? — ela questionou


enquanto eu ria.

— Um pouco. Última chance de desistir.

— Nunca — ela sussurrou dramaticamente.

— Você nem sabe para onde estamos indo — sorri.

Ela sorriu enquanto inclinava a cabeça para mim com


curiosidade.

— Que diferença isso faz?


21

Sara

Para responder à minha própria pergunta: uma grande


diferença.

O local da nossa noite fez uma grande diferença, porque


estávamos indo para um lugar no qual Emmett tinha investido
recentemente chamado Blue Harbor. Era um restaurante e bar
recém-construído com o estilo de sala de estar chique, com
enormes janelas salientes e um deck aberto de frente para o mar.
Aparentemente, estava se tornando um ponto quente neste verão.

Ele também estava localizado nos Hamptons, a mais de duas


horas de distância.

Fiquei chocada quando Julian jogou isso em mim, e muito


intimidada. Mas eu também já tinha tido toda a conversa na
garagem, então me recusei a desistir - e fiquei grata por isso
quando nossa corrida começou.

Porque desde o primeiro segundo que Julian acelerou para a


rodovia, a alegria nunca parou.

Olhos abertos ou fechados, parecia que eu estava voando.


Era um clichê, mas eu realmente me senti selvagem e livre -
de longe o mais viva que já me senti na vida. A onda interminável
de adrenalina era quase sufocante enquanto eu montava atrás de
Julian, meus braços em volta de seu torso forte e minhas palmas
absorvendo cada aperto nele quando nos inclinávamos nas curvas.

Estávamos completamente expostos aos elementos enquanto


passávamos por carros, caminhões e veículos de dezoito rodas,
mas qualquer medo da estrada se dissipou no momento em que
coloquei meu peito contra suas costas. Eu me sentia segura com
ele. De um modo único, a confiança de Julian emanava dele
diariamente infiltrando-se em minha pele enquanto acelerávamos
pela estrada aberta, sob o brilho rosado do sol poente.

Você está sonhando.

Eu continuei dizendo isso a mim mesma. Continuei fechando


os olhos para processar tudo, mas cada vez que os abria, o espanto
me batia novamente. Os tons cada vez mais profundos do pôr do
sol me atingiram novamente, e o fato de que eu estava deixando a
cidade com Julian me atingiu com mais força. Com meu queixo em
seu ombro e o vento em meu rosto, eu me senti como a garota mais
sortuda do mundo.

E considerando a emoção da viagem, era difícil acreditar que


havia mais do que o planejado.

O melhor ainda estava por vir.


O sol estava quase se pondo quando paramos em um posto
de gasolina para uma pausa muito necessária. Minha bunda
estava realmente zumbindo com a vibração do assento, e eu tive
que rir de mim mesma enquanto me refrescava em particular
dentro do banheiro.

LIA: Droga, mulher, por que suas mensagens são sempre tão
enigmáticas? Você parece muito fofa, mas onde diabos você está??
Diga-me!!

Eu bufei com a mensagem de Lia. Eu tinha enviado a ela uma


selfie no banheiro como um agradecimento tardio pelos shorts
Daisy Duk que ela deixou no escritório para mim há duas semanas,
durante a onda de calor. Eu finalmente os enfiei na bolsa para
levar para casa depois do trabalho hoje, e graças a Deus por isso,
porque andar de moto com uma saia lápis seria uma merda.

Além disso, a saia não teria ficado tão bonita com a camiseta
branca e macia de Julian.

Eu estava usando por cima e, enquanto sorria para meu


reflexo no espelho, jurei que poderia muito bem usar essa roupa
para sempre. Era fofa e confortável, especialmente combinando
com meus Converses vermelhos, mas mais do que tudo, servia
como um lembrete de que hoje era real. Uma hora de viagem e
ainda me sentia como se estivesse em um sonho. Parecia uma cena
de um filme que eu teria ficado obcecada quando adolescente.
Enviar mensagem para Lia era quase uma forma figurativa de me
beliscar, só para me mostrar que isso era de fato real.

EU: O que você vai fazer esta noite?

LIA: Emmett está aqui, então vamos jantar com ele.


Restaurante lindo chamado Blue Harbor. Eu realmente não posso
esperar para trazê-la. Queria que você estivesse aqui!!

LIA: Onde está vocêêê?

Eu me diverti muito ao ignorar propositalmente a última


mensagem de Lia, deslizando meu telefone no bolso enquanto saía
para a loja de conveniência, onde avistei duas mulheres com
grandes chapéus de sol e coberturas de praia listradas
amontoadas perto da janela.

Oh, sim. Estou totalmente com vocês, senhoras, eu ri comigo


mesma quando percebi que elas estavam olhando para Julian pela
janela. De volta ao posto, ele havia mudado para uma roupa casual
também - uma camiseta branca, jaqueta de couro preta e jeans
cinza escuro. Era o tipo de look casual que eu nunca imaginei que
ele usasse, mas obviamente, ele o usava muito bem.

Ele parecia ainda melhor agora com o fim do pôr do sol


batendo nele enquanto esperava por mim do lado de fora,
encostado na lateral da moto.
— Bom Deus — eu tive que murmurar com um pequeno
sorriso para mim mesma. Seria estranho tirar uma foto? Talvez.
Sim, e com o som ligado também. Quando um homem parecia tão
bem, esse tipo de descaramento era garantido.

— Oh, querida, ele é seu? — uma das senhoras de chapéu de


sol me perguntou, olhando minha roupa de cima a baixo. — Oh,
sim, você combina muito bem para não estar com ele — ela
assobiou.

— Sim, acho que ele é meu hoje — eu ri, a porta soando


enquanto eu empurrava para sair. A Dama do Chapéu do Sol me
parou com um dedo sacudindo.

— Ah, ah - só hoje? Oh, não, não, querida. Essa não é a


atitude — ela gracejou, ecoando as palavras exatas que Lia me
disse hoje no terraço. Ela até me lançou um olhar tsk tsk através
da janela enquanto eu saía. Mas eu peguei seu pequeno sorriso e
pisquei quando senti a mão de Julian tocar minha cintura.

— Ei. — Ele enganchou seus dedos em meu short para me


puxar para perto. Corei quando ele segurou a parte de trás das
minhas coxas com as mãos, seus olhos nos meus lábios por dois
segundos antes de olhar para mim. — Como é?

Este dia? Em geral? Estar com você?

Ah, você sabe. Fodidamente perfeito.


— Você quer dizer o passeio? — perguntei baixinho,
impressionada com o quão estranhamente íntimo o momento
parecia. — É bom. Nada mal.

— Quando mais você andou de moto?

Molhei meus lábios, brevemente hesitante em responder.

— Com minha melhor amiga na faculdade — respondi. Eu


não pude evitar a careta. Meu coração batia rápido quando eu
pensava nela, e nunca foi uma transição gradual - foi apenas uma
batida repentina e brutal. — Devemos ir? — indaguei, ansiosa para
mudar de assunto.

Eu poderia dizer pela maneira como Julian me estudou que


ele queria fazer outra pergunta, mas para meu alívio, ele me
entregou meu capacete. Com a cabeça inclinada sobre o ombro,
ele observou com um sorriso enquanto eu montava na moto.

— Boa menina — ele murmurou enquanto eu passava meus


braços ao redor dele.

Então, mais uma vez, partimos.


22

Sara

No momento em que chegamos ao restaurante de Emmett,


estávamos aparentemente muito atrasados para jantar.
Felizmente, todos ainda estavam lá e se reuniam ao redor da
fogueira na praia. Sorri quando rapidamente avistei a silhueta de
Lia, seu cabelo preso no topo de sua cabeça e seus braços em volta
do pescoço de Lukas enquanto ela se sentava em seu colo.

— Ridícula — eu comentei enquanto Julian e eu


caminhávamos em direção a eles.

— Eu concordo. — Ele sorriu, embora fosse uma coisa meio


hipócrita de se dizer, visto que sua mão massageava suavemente
minha nuca enquanto caminhávamos pela praia. Eu tinha
mencionado que me sentia um pouco rígida por causa da viagem
e, desde aquela menção, Julian tinha inconscientemente colocado
suas mãos em cima de mim - esfregando minhas costas, meus
ombros, meu pescoço. Eu tinha certeza de que ele nem sabia que
estava fazendo isso, considerando seus olhos ocupados
examinando o restaurante procurando por Lukas e Emmett.
Mas, quer ele fizesse ou não, eu definitivamente não estava
reclamando.

— Oh, meu Deus! Eu sabia — Lia gritou, saltando do colo de


Lukas e vindo em minha direção ao nos ver. — Oi, oi, oi, oi, oi! —
ela gritou, batendo em mim com um abraço que me jogou para trás
em Julian. Eu o ouvi rir quando ele me pegou, dando um aperto
rápido na minha bunda antes de me colocar de pé.

— Ei, louca. — Eu ri, beijando Lia na bochecha. Ela me


ignorou para apontar um dedo severo para Julian.

— Você! Você poderia ter dito a Lukas que a estava trazendo,


então eu teria um aviso!

— Eu contei a Lukas — respondeu Julian.

O rosto de Lia se contraiu com um segundo de confusão antes


que ela se engasgasse e gritasse: — Lukas!

Eu ria enquanto a observava chutando areia e marchando de


volta para ele para perguntar por que não compartilhou com ela
as boas notícias. Julian exalou enquanto me conduzia com uma
mão nas minhas costas.

— É difícil acreditar nas histórias sobre ela já ter sido alguma


coisa parecida com uma pessoa calma ou bem-educada.

Eu comecei a rir. — Ela realmente foi muito reservada por um


tempo.
— Não consigo imaginar.

— Eu juro. — Sorri quando senti as pontas dos dedos de


Julian deslizarem para debaixo do meu short. — Ela é de uma
cidade pequena e de merda como eu, e aquele lugar a prejudicou
por um tempo, então acho que quando Lukas apareceu, esse foi o
ponto de virada.

— Você é de uma cidade pequena e de merda? — Julian se


virou para mim. — Onde?

Fiz uma pausa e pisquei para ele, esquecendo que até disse
isso. Meus dedos alisaram o nó repentino que senti na minha
garganta, mas me recompus rapidamente.

— Sabe, é típico de você eliminar qualquer coisa que eu digo


sobre Lia e apenas ouvir a parte sobre mim.

— Sim. Eu não gosto dela. Gosto de você. Isso é


surpreendente?

Eu bati nele com tanta força no peito que ele realmente


estremeceu enquanto ria.

— Não se atreva a dizer que não gosta da minha melhor


amiga, Julian. Quero dizer isso. Especialmente quando sei que
você gosta dela como ser humano. Se você é amigo de Lukas, você
precisa. Não é como se ela não fizesse muito bem para ele também.

— Justo.
— Diga uma coisa boa sobre Lia.

— Ela tem o bom senso de se associar com pessoas como


Lukas e você.

— Isso não conta! — Eu fingi raiva, afastando-me para andar


na frente de Julian. Mas com as duas mãos em meus quadris, ele
me agarrou de volta, e eu sorri quando senti seus lábios no meu
cabelo.

— Eu gosto de como você fica quando fica na defensiva por


ela — falou baixo no meu ouvido.

— Ainda não conta — eu bufei, embora, na realidade, eu


estivesse longe de estar chateada. Eu não estava nada além de
satisfeita com os braços de Julian cruzados em volta do meu corpo,
minhas mãos penduradas em seus antebraços. Meu coração
estava batendo rápido sobre como era bom simplesmente derreter
de volta em seu peito.

Eu estava a segundos de cair em uma nuvem quando ouvi


uma voz gritar: — Oh, merda! Olha quem é!

E de repente, Julian foi arrancado de mim, perdido em uma


multidão de pessoas ansiosas para cumprimentá-lo.

Havia mais de meia dúzia de pessoas ao redor dele, mas não


pude deixar de notar a mulher no vestido longo esmeralda com um
corte de fada sofisticado aparado à perfeição. Eu a olhei pela
primeira vez porque nunca deixei de ficar maravilhada com as
mulheres que usavam aquele penteado. Para mim, tinha
específicas características de estrutura óssea como pré-requisito
que muito poucas pessoas possuíam. Minha mãe estava entre elas,
mas eu definitivamente não estava, então isso nunca deixou de
despertar meu interesse.

Mas então, é claro, comecei a notar Pixie Cut9 por diferentes


razões.

A julgar pela maneira como ela com muito cuidado pousou a


mão no ombro de Julian e muito lentamente beijou sua bochecha,
ela o conhecia. E a julgar pela forma como seus olhos passaram
de mim para ele antes de sorrir e murmurar algo, ela
provavelmente o conhecia como mais do que apenas um amigo.

Oh.

Porra.

Não esperava lidar com isso - a situação ou as emoções


envolvidas - e não estava preparada. Para começar, eu não estava
usando um vestido de baile maldito como Pixie, nem estava
pingando em joias lindamente finas e de aparência cara como ela
estava. O campo de jogo não estava exatamente nivelado, mas, ao
mesmo tempo, por que senti que precisava estar? Julian não era
meu. Ele nunca tinha chamado isso de encontro. Realisticamente

9
Corte de Fada, referência ao seu corte de cabelo.
era, tinha que ser, mas ele não tinha me apresentado a ninguém
ainda.

Então, novamente, um Emmett decentemente zumbido se


aproximou rapidamente para se apresentar a mim. Ele tinha um
grande sorriso animado no rosto quando disse, em uma voz
estranhamente contida: — Prazer em conhecê-la. Julian falou
sobre você. — Ele estendeu os braços defensivamente e gritou: —
O quê? — Quando Julian lhe lançou um olhar através da fogueira.
— O quê? Eu não disse nada estranho!

Eu estava grata por Emmett, porque eu definitivamente


precisava daquela risada. Além disso, o mero fato de que ele estava
perto de mim era, aparentemente, uma razão boa o suficiente para
Julian voltar, colocar um braço em volta da minha cintura e me
reclamar.

— Vocês tiveram uma boa introdução? — Julian perguntou


com diversão cautelosa, seu olhar envolvido em algum tipo de
conversa silenciosa com o Emmett.

— Tivemos uma introdução perfeitamente normal, durante a


qual não revelei mais informações do que o necessário. — Emmett
sorriu para Julian. Ele apontou o polegar para Julian quando se
virou para mim. — Às vezes, eu falo como ele para que entenda o
que diabos estou dizendo.

— Eu ainda não entendo merda nenhuma. — Julian riu e me


levou para as duas cadeiras vazias ao lado de Lukas e Lia.
Lia estava enrolada em um cobertor agora. Subia até o meio
de seu nariz e fazia seus olhos tontos me olhando parecerem ainda
mais de desenho animado. Para o aborrecimento de Julian, ela
pediu para trocar de lugar com ele um pouco para que pudesse
ficar ao meu lado. O fogo cintilou com malícia em seus olhos
quando ela se sentou, deixou cair as pernas no meu colo e se
inclinou em meu ouvido.

— Oh, meu Deus, ele está sendo tão pouco Julian agora —
ela sussurrou, colocando um grande sorriso no meu rosto.

— Ele está definitivamente sendo... muito fofo.

— E essa é definitivamente a primeira vez que ‘fofo’ é usado


para descrever Julian Hoult. Com certeza, mesmo quando ele era
um bebê, sua mãe o chamava de ‘bonito’ e ‘eficiente’.

Eu ri forte o suficiente para atrair a atenção de Julian e Lukas


por um segundo. Mordendo meu lábio, troquei um pequeno sorriso
com Julian antes que ele voltasse para sua conversa.

— Então? Isso agora? Vocês estão agindo como um casal ou


algo assim — Lia sibilou. — Sara, eu juro por Deus, estou
atualmente sobrecarregada com as possibilidades do nosso verão
se você começar a namorar Julian.

— Oh, meu Deus, você vai se acalmar? — Eu ri. — Posso lidar


com isso um dia de cada vez, por favor?
— Isso é o que dizem as pessoas normais que praticam a
cautela. Você não é mais essa pessoa. Você acabou de passar duas
horas na estrada em seu primeiro passeio de motocicleta.

— Para ser justo, eu já andei de moto em um estacionamento


vazio antes.

— Sim. Totalmente comparável — Lia disse pouco antes de


ser puxada para a conversa de Emmett. Eu estava muito ocupada
trocando olhares com Julian no assento de Lia para prestar
atenção à pergunta que estava sendo feita, então me perdi quando
fui forçada a dar minha resposta sobre o assunto.

— Desculpe, o que está acontecendo? — Eu ri timidamente


enquanto Lia e Julian trocavam de lugar novamente. Emmett
acenou com a cabeça em direção ao restaurante.

— Eu estava apenas dizendo como investi neste lugar porque


fiz meu pós-baile em Southampton depois do colégio, e esses
idiotas — ele gesticulou ao redor da fogueira — estão me dizendo
que pós-baile nos Hamptons é ridículo, então eu quero saber o que
todos fizeram nos seus.

— Pós-baile? — repeti para ganhar tempo. Eu engoli


enquanto piscava para as chamas chicoteando na fogueira. —
Hum, na minha cidade... — Merda. Minha garganta ficou seca de
repente. — As pessoas iam a locais de festas para a ‘festa depois
do baile’, e era supervisionada por um adulto, mas eu sei que eles
ainda podiam se safar levando álcool e outras coisas.
— Você não parece que foi lá — observou uma voz clara e
brilhante. Eu me virei para o lado para perceber que pertencia a
Pixie. Ela não estava sendo particularmente rude, mas eu
mentalmente a amaldiçoei por apontar isso.

— Sim, eu não fui — eu admiti.

— Por que não?

— Hum. — Foda-se. Todo o círculo estava olhando para mim


agora, e eu era uma merda em mentir. Eu praticamente podia
ouvir a mente de Lia correndo para descobrir como intervir, mas
ela estava tão devagar quanto a minha. Caramba. Eu poderia
mentir facilmente com regularidade, se estivesse preparada para
isso, mas essa pergunta me pegou completamente de surpresa. —
Eu me formei no ensino médio um ano antes — eu finalmente
confessei, alguns olhares impressionados ao redor do poço.
Parecia uma explicação suficiente para a maioria, mas Pixie
continuou.

— Então você era um pouco mais jovem no último ano. Isso


não significa que você não podia ir ao baile — ela disse com
simpatia em sua voz. Se era real ou não, eu não sabia.

— Sim, eu só... — parei, meu coração batendo muito rápido


agora para eu pensar em meu próximo pensamento.

— Emmett, por que você não conta a todos sobre o incêndio


que você começou no seu baile? — Julian disse, fazendo até
mesmo eu olhar prontamente para Emmett por uma explicação.
— Você começou um incêndio no seu baile, E? — Algum cara
riu.

— Você está surpreso? — Julian sorriu.

— Eu, pelo menos, não estou — Lukas ofereceu. — Mas eu


definitivamente preciso ouvir a história agora.

E assim, crise evitada. Eu tinha certeza de que ninguém se


lembrava da minha falta de comparecimento ao meu baile
enquanto Emmett explicava exatamente como ele cometeu um
incêndio acidental no dele. Respirei facilmente novamente e fechei
os olhos contente quando senti a mão de Julian massageando
minha nuca novamente.

Teria sido bom abri-los sem ver Pixie olhando fixamente para
mim.

— Lia, quem é essa mulher? — eu tive de perguntar quando


Lia e eu fomos ao banheiro com o único propósito de fazer esse
tipo de pergunta. — Aquela de verde que me interrogou sobre o
meu baile.

— Não sei, mas acredite em mim, estava fazendo a mesma


pergunta a Lukas depois que ela disse aquela merda de estou tão
curiosa. Tipo, ela não conseguia ver que você não queria falar sobre
isso? Jesus.

— O que Lukas disse? Ele sabe quem ela é? — indaguei.


— Não. — Lia me lançou um olhar de desculpas. — Eu juro
que há tanto que ele não sabe sobre Julian, e ele é de longe o mais
próximo de Julian fora da família.

Droga. Era uma loucura pensar que apesar do muito tempo


que passei com Julian nos últimos dias, não tinha nem
remotamente arranhado sua superfície. Se um amigo como Lukas
ainda não sabia uma boa parte sobre ele, eu imaginava que não
haveria chance de obter uma resposta se de alguma forma ousasse
perguntar quem era Pixie.

— Então, Emmett é engraçado — eu falei para aliviar o clima.

— Sim, ele é louco — Lia riu. — E um animal de festa. Dê a


ele mais algumas horas, ele vai transformar este kumbaya em um
rager completo.

— Oh, Deus. Ansiosa por isso — eu bufei antes de decidirmos


que finalmente era hora de voltar para fora.

— Oh, vamos lá — Lia murmurou quando nossos pés


atingiram a areia e nossos olhos avistaram Pixie em meu assento
ao lado de Julian. Lia olhou para mim. Devo ter parecido chateada
porque ela a ignorou. — Tudo bem. Não é nada demais. Isso é
provavelmente um jogo justo quando as pessoas deixam seus
lugares para ir ao banheiro. Não é guerra a menos que eles se
recusem a se levantar.

Engraçado, Pixie se recusou a se levantar.


— Oh — ela fez uma careta depois que eu disse com licença.
Ela acenou com a cabeça por cima do ombro nu em sua própria
cadeira vazia cinco lugares depois. — Podemos trocar um pouco?
Eu só preciso alcançar esse homem. Tem sido assim por muito
tempo — disse ela, virando os olhos de flerte a Julian para o fim de
sua sentença.

Eu podia sentir Lia pronta para explodir atrás de mim, mas


antes que ela o fizesse, Julian interveio.

— Sara, venha aqui — disse ele para mim, as mãos na minha


cintura enquanto me puxava para me sentar em seu colo.

— Oh, meu Deus — Lia disse em voz alta antes de abafar a


risada e voltar para Lukas.

Meu coração estava batendo rápido agora enquanto eu me


encontrava devolvendo o olhar duro de Pixie enquanto estava
sentada no colo de Julian, suas mãos descansando no meu colo
nu. Eu fiz o meu melhor para não me contorcer quando senti as
pontas dos dedos dele roçando a pele das minhas coxas, mas eu
claramente fiz um trabalho ruim porque no segundo Pixie pausou
a conversa para checar seu telefone, ele sussurrou para mim: —
Pare com isso.

— Parar o que? — sussurrei de volta.

— Apertar sua boceta. Posso sentir nas minhas coxas e


prefiro não ficar mais duro do que estou na frente dessas pessoas.
Eu não tive tempo de responder, mordendo meu lábio com
força quando os olhos de Pixie piscaram de volta para nós - mais
especificamente para mim.

— Então, você montou na garupa hoje — disse ela.

— Garupa? — repeti.

Ela olhou para Julian com um sorriso malicioso, em seguida,


trouxe os olhos de volta para mim.

— Isso significa o banco do passageiro, querida.

Oh, inferno, não. Eu sabia que até Lia a tinha ouvido falar
sobre o querida condescendente porque houve uma parada
abrupta em sua conversa com Lukas.

— Oh. Bem, nesse caso, sim. Eu montei na garupa —


respondi com um sorriso que me recusei a deixá-la quebrar.

— Estou um pouco surpresa que você levaria alguém


inexperiente para um passeio de duas horas — Pixie comentou
com Julian. — Você geralmente é tão bom em seguir regras.

— Sim, bem. — Julian acariciou suas mãos para cima e para


baixo na minha cintura de uma forma que colocou todo o meu
corpo em chamas. — Ela pode ser muito persuasiva.

A rouquidão baixa em sua voz me fez apertar novamente, o


que por sua vez o fez dar uma risada baixa no meu ouvido.
Ai, meu Deus.

Lia estava definitivamente escutando, porque sua risada


repentina e aguda chamou a atenção de todos para o nosso
pequeno lado da fogueira.

— O que foi, risadinha? — Emmett perguntou.

— Oh, nada. Acabei de ouvir Julian chamar Sara de ‘muito


persuasiva’ e tive que concordar. — Pendurada no pescoço de
Lukas, ela se virou para olhar para mim enquanto ainda se dirigia
a todos os outros. — Ela é incomparável quando se trata de fazer
as pessoas fazerem coisas. Certo, Lukas? Não vamos esquecer que
essa vadia má aqui é a razão pela qual você e eu ficamos juntos.

Lukas alegremente estendeu a mão para eu apertar. — Eu


devo a você um grande obrigado — ele disse. — Obrigado por se
intrometer quando eu estava cortejando esta mulher. Você é a
melhor, e qualquer idiota bilionário tenso nesta vizinhança teria
sorte de ter você — ele acrescentou, deslizando um sorriso
malicioso para Julian. Eu já estava corando muito, mas Lia foi
além.

— Todo mundo ouviu isso? Sara é a melhor, então não


brinque com ela — ela anunciou para ninguém em particular,
embora eu soubesse exatamente a quem esta mensagem era
direcionada.
— Sim, ela é a porra da supermulher — Emmett entrou na
conversa. — Certeza de que ninguém mais poderia ter prendido
aqueles idiotas Roth tão rápido quanto você.

Não. Não, não, não...

Eu enrijeci, o nó na minha garganta instantâneo.

— Emmett — Julian grunhiu atrás de mim, mas era tarde


demais. Alguém já tinha perguntado sobre o que Emmett estava
falando, e agora, sem pensar, ele estava explicando meu papel
como sedutora profissional nas negociações de Roth.

Oh, meu Deus. Pare.

O som da minha pulsação em meus ouvidos abafou a


conversa ao meu redor. Ninguém deveria saber sobre a natureza
do meu contrato. Lia sabia. Claramente, Emmett sabia. Mas agora
todos esses estranhos sabiam, e eu não pude deixar de imaginar
que eles estavam tirando conclusões injustamente desprezíveis
sobre mim. Então, novamente, meu trabalho era me vestir com
roupas colantes para atrair um par de bilionários perseguindo saia
para dar um lance no resort de Julian. Talvez as conclusões
desprezíveis não fossem injustas.

Talvez essa seja apenas uma parte de mim que eu nunca


tinha realmente apagado.

Tarde demais, amaldiçoei internamente enquanto observava


Emmett tentar voltar atrás. Não pude ouvir o que Julian e Lia
disseram para fazer o controle de danos. Fosse o que fosse,
claramente não funcionou porque já havia vários caras no círculo
olhando para mim de forma diferente agora. Eles estavam
erguendo as sobrancelhas para mim, suas expressões desprovidas
do respeito que tinham quando pensavam que eu era a garota de
Julian.

Uma sensação de sujeira percorreu minha pele.

Era exatamente o mesmo olhar que recebi dos caras do


campus após o incidente. Foi exatamente isso. As meninas se
encolhiam como se estivessem enojadas, mas os caras pareciam
que estavam animados. Agradavelmente surpresos até, de uma
forma suja e sórdida.

Eu sabia o que eles estavam pensando. Eu não parecia aquele


tipo de garota - a garota louca, pervertida e imprudente que
provavelmente seria uma transa fácil.

— Então, espere, eu não entendo. — A voz afiada de Pixie


atravessou meu flashback. — Você é como... uma acompanhante
para esses homens?

Meu estômago revirou e meu silêncio fez seus pequenos lábios


vermelhos se abrirem.

— Uau, isso é... — Ela olhou para uma amiga ao seu lado e
sussurrou em voz alta: — Caramba.

Meu coração bateu forte no meu peito.


Eu já estava de pé e fora, meus pés cavando na areia
enquanto eu andava para longe da fogueira. Eu podia ouvir Julian
e Lia discutindo baixinho atrás de mim. Eu esperava que Lia
vencesse a luta sobre quem iria atrás de mim, mas suspeitei que
Lukas a tivesse segurado, porque era a única maneira possível de
Julian vencer aquela luta em particular.

— Sara.

— Eu não quero falar com você — falei entre os dentes. — Ou


qualquer um.

— Meu irmão é um idiota do caralho, Sara, me desculpe. Eu


sinto muito — ele murmurou furiosamente. Eu tirei meu braço de
seu aperto na primeira vez, mas na segunda, eu o deixei me puxar
para perto. — Por favor, deixe-me falar com você.

— Não quero estar aqui agora, Julian, eu me sinto nojenta —


protestei. — Eu me sinto tão suja e nojenta agora. Aqueles caras -
eles estavam olhando para mim como se eu fosse algum tipo de...
— Eu balancei minha cabeça, incapaz de terminar.

Eu estava chorando. Aparentemente, eu estava. Eu nem tinha


certeza de quando começou, mas rezei para que as lágrimas
tivessem esperado até que eu fugisse do buraco. Com Julian me
segurando com força, olhei para as estrelas para me distrair da dor
em meus pulmões em convulsão. Eu podia sentir as memórias
ruins voltando vividamente para mim, e eu não conseguia
aguentar. Elas me lembraram de toda a culpa que eu consegui
deixar de lado no mês passado com Julian. Elas me lembravam da
minha mãe e de como eu sabia que ela ainda estava preocupada
com algo retorcido vivendo dentro de mim. Eu sabia que ela estava
preocupada porque o que eu fiz na faculdade não foi por acaso, e
minha imprudência estava apenas esperando para voltar.

Eu me senti culpada por ignorar suas ligações.

Eu me senti culpada por me vestir de maneira provocante e


ser tão sexual.

Eu tinha sido tão boa em mantê-la longe por tanto tempo,


mas, de repente, a garota que se odiava estava de volta, e ela mal
conseguia respirar enquanto pensava sobre o que tinha feito nas
últimas quatro semanas.

— Vamos. Você vem comigo. — A voz de Julian estava firme


enquanto ele me guiava para longe. Eu queria empurrá-lo para
longe de mim, mas também precisava que ele me acalmasse como
naquela noite na piscina.

Antes que eu percebesse, ele me colocou no banco do


passageiro de um carro, nós dois acelerando para longe.
23

Julian

Eu a forcei a falar comigo.

Eu não tinha percebido o quanto estava precisando de


respostas sobre ela até agora, e o fato de que meus instintos
chegaram tarde demais me deixou fodidamente furioso comigo
mesmo. Eu geralmente era bom nisso. Se eu estava perdendo as
informações de que precisava, as avaliava rapidamente e
encontrava uma maneira de obtê-las.

Claro, isso era na minha vida profissional, e confundi Sara


com algo que eu simplesmente queria.

Eu queria saber sobre ela. Eu queria entender por que


aqueles olhares sombrios ficaram nublados. Eles aconteciam
raramente, e por apenas alguns segundos, mas eu os tinha visto
em seus olhos e queria saber o porquê. O problema é que eu pensei
que só queria isso, então, para evitar indulgências, não pressionei
as respostas.

Claro, eu estava percebendo agora que entender Sara era


mais do que apenas um desejo neste momento.
— Você realmente precisa saber disso? — Sara sussurrou.

Estávamos perto de uma da manhã, mas eu não estava


recuando. Eu a trouxe para minha casa e ela insistiu em dormir.
Por mais cruel que fosse, eu me recusei a deixá-la. Eu sabia que
ela não estava com sono - ela estava evitando minhas perguntas
sobre seu passado do jeito que vinha fazendo há dias.

— Eu preciso saber — eu confirmei, não mostrando


misericórdia para as lágrimas suplicantes em seus olhos quando
ela se sentou na beira da minha cama. — Eu não gosto de sentir
que não posso te proteger. Quanto mais você me diz, melhor
saberei como evitar que alguém te machuque. Então fale.

— Você primeiro. Quem era aquela mulher de vestido verde?


— ela perguntou, olhando para mim. — Ela parecia um pouco
possessiva com sua atenção.

— Aquela era Madeline — eu disse. — Eu a conheci há cinco


anos, enquanto eu estava com Emmett uma noite. Não sei onde
ele a encontrou. Ele geralmente reúne novos amigos durante a
noite.

— E vocês dois dormiram juntos? — ela perguntou.

— Duas vezes — respondi. — Ela é apenas uma mulher com


quem eu dormi antes, Sara. Seu problema com ela deve ser apenas
com o fato de que ela cruzou os limites na conversa de hoje. Você
não tem nenhuma razão para se sentir ameaçada por qualquer
mulher com quem eu tive uma história, não importa quão longa
ou breve.

— Não? Diga-me por que não? — disse Sara. Suas lágrimas


pararam há uma hora, mas seus olhos escuros ainda estavam
úmidos e eu me descobri incapaz de dizer não a eles.

— Eu me importo com você mais do que já me importei com


outra mulher. Essa é a sua resposta.

— Isso é difícil de acreditar — ela murmurou enquanto se


levantava e ia direto para o banheiro. Eu apertei minha mandíbula
enquanto a seguia.

— Por quê? — perguntei. — Que razão eu dei a você para


duvidar de que me importo com você?

— Nenhuma — ela respondeu sem remorso. — Eu só não te


conheço. Eu não sei nada sobre você — ela disse, furiosamente
enxugando um lenço de papel em seus olhos quando sua voz
começou a vacilar. — Estou obviamente sentindo coisas por você.
Você não torna mais fácil eu evitar isso, mas quero me manter pelo
menos um pouco protegida de você. Explicar meu passado para
você sou apenas eu me oferecendo como voluntária para derrubar
o que restou da minha parede, e não sei se isso vale a pena com
você, Julian. Não quando esta pequena coisa aqui estará feita
antes que eu perceba.

Meu coração processou suas palavras antes de mim, porque


mal tive um aviso antes de meu pulso começar a martelar.
— Que diabos você está falando? — perguntei. Ela me atirou
adagas por causa do meu tom.

— Você realmente vai fingir que o que está acontecendo entre


nós é algo em que você está disposto a investir seu tempo? — ela
exigiu. — Olhe para você. Olhe quem você é. Você não faz esse tipo
de coisa. Você não tem namoradas. Há uma boa parte da sua vida
que você não revelou ao seu melhor amigo. Você está protegido e
eu entendo. É a melhor maneira de fazer o trabalho. Ambos
usamos esse método de vida. Nós dois sabemos como é, então por
que você está me pedindo para me expor para você quando você
nunca faria o mesmo por ninguém, muito menos eu?

Ponto justo.

Na verdade, tudo o que ela disse estava tão fodidamente certo


que me irritou. Isso apenas intensificou minha necessidade de
saber sobre ela. Se ela era assim tão parecida comigo, então o
trabalho era uma distração de algo profundo e escuro, e eu
precisava saber.

— Eu direi o que você quiser saber sobre mim se você me


contar sobre você.

A oferta foi lançada antes que eu pudesse mudar de ideia.


Mas ela ainda não mordeu.

— Você não vai querer olhar para mim, muito menos falar
comigo depois que eu terminar — disse ela. Meu peito ficou quente
quando ouvi sua voz vacilar e observei seus olhos nublarem com
novas lágrimas.

— Você sabe que isso não é verdade. Eu não consigo parar de


olhar para você. Esse tem sido o problema desde a noite em que
nos conhecemos.

Eu assisti a tempestade de emoções conflitantes cintilar em


seus olhos.

— Certo. Se você está tão convencido disso, deixe-me ir em


frente. Fiquei quase dez anos na June Magazine, apesar da forma
como me trataram, porque estava convencida de que nenhuma
outra empresa me contrataria. Minha mãe estava convencida de
que a June negligenciou minha verificação de antecedentes porque
fui contratada diretamente do meu estágio. Fui presa na
faculdade, Julian. Você consegue adivinhar quais foram as
acusações? — ela perguntou acaloradamente, sua voz trêmula.
Uma lágrima caiu do canto de seus olhos quando ela balançou a
cabeça. — Prostituição. Você gostaria de correr agora? — ela
sibilou, seus olhos selvagens passando por toda a minha
expressão.

Eu parecia atordoado.

Eu sabia que sim. Eu não tinha movido um músculo do rosto,


mas podia dizer pela maneira como as lágrimas de Sara estavam
caindo agora que meus olhos me delataram. Parecia que uma
adaga havia se estilhaçado em meu coração enquanto eu a
observava cobrir o rosto e cair no chão, deixando tudo sair. Cada
lágrima, cada grito, cada estremecimento. Ela estava soluçando
incontrolavelmente aos meus pés, e eu sabia o quanto isso devia
doer para ela. Como eu, ela viveu para reprimir e controlar. Ela
encontrou seu caminho para enterrar seu passado e se agarrou a
ele, não importando o quão insalubre ou desgastante fosse, ou o
quanto custasse, era melhor do que deixar as emoções engoli-la do
jeito que estavam fazendo agora.

— Olhe para mim — falei, levantando seu queixo para me


encarar. Eu estava no chão com ela agora e não tinha ideia do que
estava prestes a dizer. Mas em vez de medir cada palavra minha
com cuidado, pela primeira vez deixei que saíssem como bem
entendiam. — Olhe para mim, Sara. Entenda. Você sabe que não
vou a lugar nenhum. Estou bem aqui e tudo que quero é saber que
posso consertar o que você sente. Eu não suporto quando você está
infeliz, e eu vou ter você sorrindo até o final desta noite, eu prometo
a você. Eu só preciso que você fale comigo primeiro, Sara. Por
favor.

Ela balançou a cabeça e chorou, mas me deixou beijá-la e,


embora demorasse mais alguns minutos, ela levantou os joelhos
contra o peito e se forçou a respirar. Outro minuto de silêncio e ela
finalmente começou a liderar.

— A cicatriz que eu tenho... você sabe do que estou falando.

— Aquela que Turner mencionou na noite na piscina. — Eu


balancei a cabeça.
— Essa. Você viu quando estava me ajudando a sair do meu
ataque de pânico.

— Sim.

— Eu geralmente a mantenho coberta com maquiagem. Está


na forma de um ‘F’ porque as meninas da escola queriam queimar
a palavra ‘freak’10 em mim com seus cigarros.

Senti minhas unhas cravarem na palma da mão, mas não


deixei transparecer minha fúria. Eu sabia que ela pararia de falar
para me acalmar. Ela tinha aquela necessidade de cuidar
completamente de mim. Eu percebi isso há algum tempo, em tudo,
desde a maneira como ela me fodeu até a maneira como ela me
acalmou perto dos Roths. Eu amava isso. Mas eu não estava
interessado nesse prazer egoísta esta noite.

— Você foi intimidada? — perguntei.

— No começo. Mas era o que eu esperava — ela murmurou,


olhando fixamente para o chão. — Meu pai... ele nos mudou para
o Texas por um capricho. Depois que sua mãe morreu, ele queria
deixar Londres e escolheu esta pequena cidade onde um de seus
companheiros de viagem vivia desde sempre. Eu já era diferente
quando chegamos lá - parecia diferente. Eu falava diferente. Meu
pai tinha sotaque, minha mãe estava nervosa demais para falar
com outras mães. Eu era um alvo fácil. Mas ficou muito pior

10
Termo que significa aberração.
quando meu pai decidiu representar seu amigo em um caso de
agressão. Alguma briga de bar. O réu era popular na cidade - ele
era o treinador de futebol do colégio e tinha um filho na minha
série. Também muito adorado. Também popular. — Ela respirou
fundo, trêmula. — Então todo mundo tornou minha vida miserável
daquele ponto em diante. E ficou muito pior depois que meu pai
ganhou.

Seus olhos lacrimejantes olharam para mim enquanto eu


gentilmente puxei suas pernas para longe de seu peito,
envolvendo-as em torno da minha barriga enquanto a colocava no
meu colo.

— Vá em frente — falei quando encontrei a cicatriz em seu


braço. Estava bem disfarçada, mas eu via agora, e nós dois
olhamos para ela por um momento.

— Demorou alguns dias para terminarem o ‘F’ — ela


murmurou. — As meninas me encurralavam no banheiro. Uma
vez, elas até levaram alguns meninos para me manter contida
enquanto me queimavam. Lembrei-me de chorar, mas não fiz
nenhum som porque senti que era uma validação para eles. Eu
estava pensando em como sair daquele lugar. — Ela sorriu um
pouco. — Eu fantasiava muito sobre fugas. É aí que a coisa da
motocicleta entrou. Mas isso não era realista, obviamente, então
eu apenas trabalhei para me formar cedo e começar de novo na
faculdade. Eu já sabia para qual queria ir e que podíamos pagar,
e sabia a qual fraternidade queria entrar. Eu sabia como me
vestiria e agiria, então não pareceria diferente de novo, como uma
pária de novo. Eu sonhava em ir ao baile desde que era pequena e
usar aquele vestido grande e fofo. Mas já que isso claramente não
iria acontecer, eu disse a mim mesma que iria a festas de
fraternidades e mixers, e teria aquela vida adolescente totalmente
americana na faculdade.

— Você o fez? — Eu fiz uma careta. Eu queria acreditar que


a dor acabou no colégio, mas me lembrei da nuvem que pairou
sobre seus olhos quando ela mencionou a faculdade no posto de
gasolina. — Você disse que andou na garupa de uma motocicleta
com sua melhor amiga na faculdade.

— Ashleigh — Sara respirou. O som do nome drenou a cor de


suas bochechas. — Ash era como a chamávamos. Ela era mais
velha. Entrei na fraternidade que queria, consegui todos os amigos
que queria e a ganhei como minha irmã mais velha, e parecia estar
ganhando o grande prêmio na época. Ela era uma garota
incrivelmente popular, parecida com uma Barbie, que todos
adoravam no campus, e o fato de que ela me colocou sob sua
proteção era como um sonho. Éramos inseparáveis desde o
segundo em que nos conhecemos e, de repente, apenas um verão
depois de toda aquela tortura no colégio, eu tinha tudo o que
sempre quis. Eu tinha construído isso, uma família com minhas
irmãs, e eu tinha uma garota que me levava por aí, me levava para
sair, era um ombro para chorar. Eu tinha dezessete anos e ela era
como uma deusa para mim. Ela me envolveu em seu dedo
mindinho com tanta força que não questionava nada que ela me
pedia.
Afastei o cabelo que caiu no rosto de Sara quando ela olhou
para baixo. Seus olhos se recusaram a olhar para mim, mesmo
depois que segurei seu queixo e o trouxe de volta para mim.

— O que ela pediu a você?

— Ela me pediu... — Ela respirou fundo por um momento. —


Ela me fez prestar favores — ela finalmente murmurou, olhando
para mim em busca de uma reação que eu não dei. — Para os
caras da fraternidade com os quais estávamos emparelhadas. Eu
sabia que não me sentia bem, mas realmente não entendia o que
estava acontecendo. Eu estava tão desesperada para acreditar que
essas meninas eram minhas amigas. Eu não tinha encontros para
tomar café, ou festas do pijama, ou festas na época do colégio, e
tinha tudo isso com essas garotas. Elas me ajudavam a estudar,
elas me encontravam depois da aula, elas me defendiam até a
morte se alguém fosse um pouco rude comigo em uma festa.
Então, eu estava tão confusa. Eu era... — Sara balançou a cabeça
admirada consigo mesma. — Tão porra estúpida.

— Você tinha dezessete anos — eu disse, enxugando as


lágrimas. — Os jovens do colégio eram vilões desavergonhados.
Você sabia como fugir deles. Mas essas meninas eram diferentes.
Elas agiram como amigas para jogar com sua vulnerabilidade, e o
que elas fizeram com você foi hediondo.

— Essa não foi nem a pior parte — Sara sussurrou, olhando


para o teto. — Ash me convenceu de que ela precisava de dinheiro.
Algo sobre sua família estar em apuros. Ela me lembrou de todas
as vezes em que dirigiu, ou pagou por mim, ou fez qualquer coisa
por mim. E ela me culpou por dizer sim a algo nojento, porque ela
disse que eu estaria ferrada se não fizesse isso. Essa faculdade
podia ser tão ruim quanto era no colégio. Pior talvez.

Passei seus braços em volta do meu pescoço e a beijei


enquanto ela lutava para pronunciar as palavras.

— Tudo bem. Não tenha pressa — falei. Mas ela acelerou,


como se quisesse tirar o gosto ruim da boca.

— Elas encontraram alguém - um homem que pagaria muito


dinheiro para dormir comigo. Elas me disseram que ele era um dos
primos mais velhos da nossa amiga, mas quando cheguei ao motel,
o homem era muito mais velho e de outro lugar. Ele disse que
encontrou Ash online. Lembro-me de ter me sentido tão traída e
de como ele ficou irritado por eu ter chorado na frente dele.

Ela chorou de novo, e desta vez eu a levantei do chão para


carregá-la para a minha cama. Ela soltou um suspiro de conforto
quando eu a deitei e pressionei meus lábios em sua testa, mas ela
não me deixou beijá-la.

— Eu preciso que você saiba que eu não fiz sexo com aquele
homem. Ok?

— Ok — eu sussurrei. — Está tudo bem, Sara.

— Uma das minhas irmãs chamou a polícia. Eu disse a ela


antes de sairmos sobre o que Ash e as outras garotas mais velhas
estavam me pedindo para fazer, e implorei a ela que chamasse a
polícia. Eu não pensei que ela faria, mas ela fez. Eu me senti tão
nojenta por estar nua quando eles me encontraram. Eu já havia
tentado tocar aquele homem. Sinceramente, parecia que os
policiais chegaram no último segundo possível. Mas agradeço a
Deus por eles de qualquer maneira, e agradeço a Deus pela menina
que os chamou para mim. Eu nem estava brava com ela por ser
como todo mundo e me ignorar depois do incidente.

— Porque você chamou a polícia.

— Sim. Ash e as meninas foram presas. Seus nomes estavam


no papel, e o meu foi retirado quando perceberam que eu era
menor de idade. Eles retiraram as acusações contra mim quando
perceberam o que estava acontecendo, e todos na faculdade
acharam isso injusto. Eles me culparam por tudo - disseram que
eu estava pedindo isso pela maneira como me vestia, pela maneira
como usava maquiagem. Eles já tinham salvado o artigo que tinha
meu nome nele. Ainda está arquivado online. Tentei retirá-lo, mas
alguém o colocou de volta, mesmo depois de eu ter me transferido
para milhares de quilômetros de distância. E parece que sou um
lembrete irritante de que eu já fui essa... coisinha que existia
apenas para sexo. Isso me faz sentir suja, nojenta e culpada por
querer sexo. Principalmente do jeito que eu quero. Uma parte de
mim sente que ainda deveria estar me arrependendo.

— Você se sente culpada pelo que fizemos nas últimas


semanas? — eu perguntei, meu peito apertando em antecipação à
sua resposta de que eu a machuquei sem saber. Que ela se odiava
parcialmente cada vez que dormíamos juntos. Mas com as mãos
segurando meu queixo, ela estudou meus olhos e balançou a
cabeça.

— Não — ela disse com um suspiro de admiração. Foi como


se ela tivesse percebido sua resposta naquele mesmo segundo. O
som cristalino de seu sussurro perfurou o silêncio da sala
enquanto ela continuava. — Tudo que eu sinto é bom perto de
você. Sinto que estou fazendo algo um pouco mais selvagem e
louco do que estou acostumada, mas nunca me sinto mal por isso.
Não com você. Não me sinto culpada por nada entre nós e isso me
faz sentir como se estivesse realmente livre com você. Como se eu
realmente estivesse agindo como eu mesma, em vez da garota que
me forcei a ser. Eu estava apenas tentando compensar a mim
mesma e aos meus pais pelo que fiz quando tinha dezessete anos.

— Isso foi há dez anos, Sara. Não foi sua culpa, nem você deve
se sentir culpada pelo que deseja. Você não é definida pelo que
aquelas garotas fizeram com você. Você não pode continuar se
culpando.

— Eu empurrei para a parte de trás da minha cabeça por um


tempo — ela insistiu suavemente. — Eu nem pensei muito nisso
enquanto estava na June Magazine. Eu estava tão sobrecarregada,
mas acho que gostei. Eu estava sempre exausta, ocupada demais
para beber muito, definitivamente sem namoro, e isso me fez sentir
como se tivesse me transformado com sucesso em alguém novo.
Alguém não sujo e imprudente. Minha mãe estava orgulhosa de
mim. Tudo parecia bem.
— Até você se demitir.

— Sim. — Seus olhos estavam mais secos, mais calmos agora,


enquanto percorriam meu rosto. — Aceitei sua oferta de trabalho
porque queria estar perto de você. Não vou mentir sobre isso neste
momento. Mas desde que comecei, eu me sinto apenas... melhor
comigo mesma. Como se eu pudesse desfrutar das coisas pelas
quais costumava me sentir culpada, e como se eu fosse a única no
controle agora.

Ela me puxou para mais perto pela minha camisa até que
baixei meu peso sobre ela. Senti as correntes pesadas em volta do
meu peito se soltarem no segundo que ela sorriu.

— Você me faz sentir... feliz — ela murmurou. Ela fez uma


pausa. — Como eu nunca senti antes em minha vida — ela exalou.
Mas então ela engoliu em seco, parecendo se desculpar. — E eu
sei que isso é muito para você ouvir agora, então você não precisa
dizer nada. Basta acenar com a cabeça ou dizer uma palavra para
reconhecer que você ouviu e seguiremos em frente. Basta dizer ‘ok’.

— Que tal o ‘mesmo’? — indaguei enquanto ela piscava


confusa para mim. — Eu sinto o mesmo.

Eu vi aquele pequeno sorriso em sua boca se transformar em


um sorriso.

— Mas eu quero ter certeza de que você continuará feliz — eu


sussurrei, beijando seus lábios curvos. — Eu não vou deixar
ninguém te machucar novamente. Eu te prometo isso. Ok?
Ela expirou devagar, com firmeza agora, e fechou os olhos.

— Ok.
24

Sara

Então ele dorme.

Deitei-me de lado por um minuto depois de acordar. A


exaustão da noite anterior tinha me atingido rápido e forte, e me
lembrei de adormecer com Julian na cama comigo. Durante a
primeira hora entrei e saí do sono, e sabia que ele estava acordado,
porque ele murmurava algo para mim ou passava a mão pelo meu
cabelo. Em minha névoa semiconsciente, lembrei-me de estar
convencida de que o homem não dormia.

É assim que você passa de um cara normal trabalhador a


bilionário. Zero horas de sono por noite.

Lembrei-me de me mexer às três da manhã e de estar sozinha


na cama. Às seis horas, a mesma coisa.

Então, acordar às oito e meia ao lado de Julian com nada


além de uma calça de moletom foi um pouco chocante. Era como
avistar uma estrela cadente. Deixando de lado aquele tanquinho
magro, era impressionante vê-lo simplesmente descansando por
uma vez, e apenas sendo humano. Havia o mais leve sorriso
natural em seus lábios macios e rosados, e me fez rir de mim
mesma ao pensar que Julian Hoult realmente sorria mais em seu
sono do que em sua vida cotidiana.

Para evitar ficar olhando para ele para sempre como uma
pessoa maluca, acabei me arrastando para fora da cama. Eu
coloquei meus pés cuidadosamente na madeira, esperando sentir
um pouco de atraso ou uma névoa, ou algum tipo de ressaca
emocional da noite passada.

Mas não senti nada.

Eu me senti... bem.

Apesar de ir para a cama com um sorriso nos lábios, não


esperava acordar feliz. Confessar tudo para Julian na noite
anterior foi uma montanha-russa. Em alguns momentos, senti
pavor e medo pelo que ele estava aprendendo sobre mim. Em
outras, senti quase a mesma alegria que senti quando estava na
moto com ele.

Eu me senti aberta. E livre.

Com meus pés leves, em sua camiseta branca e minha


calcinha azul, eu vaguei pela bela casa que eu não tive a chance
de mergulhar na noite passada. Na verdade, era grande demais
para eu explorar todos os cômodos e, de qualquer forma, tive
pouco interesse depois de encontrar a parede de livros do chão ao
teto na sala de estar.
Devia haver mil deles. Talvez mais. As prateleiras se
estendiam até os cantos da parede, com uma escada de madeira
polida presa. Meus olhos famintos percorreram as lombadas de
provavelmente uma centena de livros antes de pousar em um que
me fez sorrir, porque era o único com marcadores saindo de suas
páginas.

A Língua Francesa: Expressões Idiomáticas e Frases.

Eu não pude deixar de agarrá-lo. Era a segunda prova


adorável na manhã de que Julian Hoult era de fato humano. Ele
não sabia falar francês e queria aprender. Simples assim.

Imaginei que fosse para fins comerciais, considerando o


resort de Biarritz, que ficava do lado francês do País Basco. Então,
tirando-o da prateleira, fui para a varanda do lado de fora, em
direção ao balanço vintage que estava chamando meu nome desde
que o vi pela janela. Descalça, afundei nas almofadas luxuosas,
com um pequeno sorriso nos lábios. A viagem para Biarritz era
depois de amanhã.

Mas nos primeiros marcadores que olhei, percebi que Julian


não havia comprado este livro com o propósito de trabalhar.

Meus olhos sem piscar, eu folheei, recolhendo mentalmente


todas as frases que ele salvou para aprender.

Eu sinto sua falta.

Eu penso em você.
Eu te amo mais do que você imagina.

Eu respirei fundo.

Ok, Sara. Eu me lembrei que não era grande coisa - que todos
os adultos tinham histórias de namoro. Era apenas parte da vida.
Mas então me lembrei do que Julian tinha me dito apenas oito
horas atrás, antes de me permitir contar tudo a ele.

— Eu me importo com você mais do que jamais me importei com


outra mulher.

Eu não pude deixar de duvidar disso com esses marcadores


no meu colo. Eu não podia nem negar que eram dele. Ele tinha
anotações rabiscadas com aquela caligrafia perfeita que eu vim a
memorizar em meu tempo em seu escritório. E se isso não fosse
prova suficiente, um pedaço solto de papel de carta floral prensado
caiu da página seguinte.

Era uma carta escrita em letras cursivas claras, mas


ondulantes, e era inteiramente em francês.

A única palavra que reconheci foi Biarritz.

— Bom dia.

A voz de Julian provocou meu suspiro agudo. Apertando meu


coração, eu olhei para cima para encontrá-lo parado na varanda
na minha frente, o sol batendo em seus ombros largos e
musculosos, e seus olhos azuis cintilantes olhando para mim.
— Bom dia — eu retornei, um toque de culpa em minha voz.
Eu olhei para o livro francês. — Eu pensei que era para fins de
trabalho — expliquei, minha voz tensa. — Eu não sabia que era...

— O que? — Julian desafiou levemente. — O que é que você


pensa que está olhando agora? — ele perguntou. Engoli.

— Resquícios de um caso muito apaixonado.

— Não. — Ele deu uma risada curta. — Na maior parte, você


está errada.

— Maior parte? — Minha sobrancelha se contraiu. O balanço


da varanda balançou levemente com o mais fraco rangido
enquanto eu estava sentada ali de pernas cruzadas, olhando
curiosamente para a expressão ilegível de Julian. — Você vai me
contar a história por trás disso? — eu finalmente perguntei.

A única revelação da respiração profunda que ele deu foi a


pesada subida e descida de seu peito esculpido.

— Sim — ele respondeu. — Mas vamos precisar tomar café da


manhã primeiro.
25

Sara

Eu me perguntei se a história de Julian era algo horrível, e o


deslumbrante iate Riva que ele me fez embarcar tinha o único
propósito de suavizar o golpe.

Depois de comprar o café da manhã para viagem numa


pequena confeitaria charmosa, fomos na caminhonete de Emmett
até uma marina branca e reluzente, onde me vi diante de uma
lancha de mogno preta e brilhante de quarenta pés que poderia
jurar que também tinha visto nos sonhos antes.

— Se essa é sua maneira de me manter distraída enquanto


confessa seus segredos, não agradeço, porque está meio que
funcionando — falei, mal conseguindo evitar um sorriso enquanto
olhava para Julian. Ele tinha seu Persol empurrado para cima,
dando-me uma visão clara daqueles olhos parecendo mais azuis
do que nunca. Eu não tinha certeza se eles estavam refletindo a
água ou seu botão azul claro, mas eram impressionantes o
suficiente para que eu quase tropeçasse ao entrar no barco.

Sem pestanejar, Julian me pegou.


— Na realidade. — Ele apertou minha mão com força até que
eu estivesse firmemente de pé. — O barco tem o propósito de me
distrair.

— Oh.

Opa.

Não havia considerado até agora que poderia ser difícil para
Julian falar sobre si mesmo ou sobre seu passado. Não foi meu
instinto imaginar que algo era difícil para ele. É por isso que o livro
francês marcado foi tão charmoso e curioso para mim.

Pelo menos foi até eu ver as cartas de amor - ou o que quer


que fossem.

— Como você aprendeu a dirigir um barco? — perguntei, no


assento ao lado de Julian enquanto ele navegava para fora do cais.

— Meu avô me ensinou. — Ele parecia uma estrela do cinema


clássico de Hollywood, com o cabelo levemente penteado para trás,
as mangas arregaçadas e o Persol colocado de volta. Decidi fazer
um cruzamento entre o jovem Clint Eastwood e o primeiro James
Dean.

— O pai da sua mãe? — perguntei.

— O pai do meu pai. Ele me ensinou como dirigir um barco,


como usar uma vara de pescar - ele também ensinou a todos os
oito netos como usar nossas vozes de peito ao incomodar os
adversários. Portanto, estaríamos altos o suficiente para distraí-
los.

O sol ricocheteou nos óculos de Julian enquanto ele sorria,


sua mão no volante e sua postura relaxaram enquanto o barco
acelerava para atravessar a água azul cintilante. Era uma visão de
tirar o fôlego.

— Seu avô parece divertido.

— Ele era. Ele também era ‘aquele cara’. Semelhante ao seu


pai. — Julian olhou para mim para pegar meu grande sorriso. —
Sim, ele era alto, feliz e animado. Ele convidou minha avó para um
encontro cerca de dois minutos depois de tê-la visto pela primeira
vez no estádio e, quando a levou para sair naquela noite, disse que
ia se casar com ela, teriam três filhos e compraria o Empires para
ela.

— E ele fez? — Eu sorri. — Quero dizer a parte dos três filhos.

— Sim. Isso ele acertou. O mesmo com a parte do casamento,


obviamente. Ele era um garoto de classe média baixa do Brooklyn,
mas acabou ganhando a maior parte de seu dinheiro com o aluguel
de propriedades, e ele tentou comprar o Empires duas vezes antes,
mas seus lances foram rejeitados.

— Ah, não. Sua avó o estava cobrando sobre comprar o time


para ela?
— De jeito nenhum. Ela o provocava todos os dias sobre como
ela não acreditava que ele jamais seria capaz de fazer isso, e que
ele estava batendo sessenta e sete em promessas.

— Senhor. Uma família de beisebol. — Eu sorri. — Eles


parecem muito fofos. Seu pai também é ‘aquele cara’?

— Não, meu pai seria mais parecido comigo.

— Sério e assustador?

Julian riu. — Sim, mas menos assustador. Um pouco mais


legal. Não, muito melhor.

— Mesmo? Fale-me sobre ele.

— Bem, ele herdou um pouco do lado romântico do meu avô.


A ponto de crescer pensando que todas as crianças comemoravam
o Dia das Mães com a mesma fanfarra do Dia de Ação de Graças e
do Natal. Costumávamos passar o mês inteiro antes do dia
planejando sua surpresa. Nós comprávamos todas as suas
comidas favoritas, decorávamos a casa inteira com suas flores
favoritas.

— Quais eram?

— Flores de ranúnculo — disse Julian, seu cabelo perfeito


balançando levemente com o vento. — O nome é enganador. Elas
são realmente lindas.

Eu exagerei minha surpresa para provocá-lo.


— Huh. Julian Hoult gosta de flores?

— É difícil não pensar assim com a maneira como eu cresci.


Todo mês de abril na minha vida girava em torno de flores. — Ele
sorriu. — As dálias também estavam no topo da lista. Hortênsias
também. Mamãe gostava de todas as cores mais difíceis de
encontrar, então Emmett e eu geralmente começávamos a pedir
um mês antes do Dia das Mães. Papai era encarregado de planejar
e executar o menu para a noite, e Emmett e eu os pedidos e a
decoração.

— E por Emmett e você, você quer dizer...

— Só eu. — Julian riu, seus olhos enrugando adoravelmente


por trás dos óculos de sol. — Havia aqueles morangos grandes com
cobertura de chocolate que eram os favoritos da mamãe, e
sincronizar esse pedido para que permanecessem frescos sempre
faria com que Emmett os derretesse. Sempre havia um ponto em
que ele ficava sobrecarregado e meditava ao colorir e fazer cartões.

— Ah, não! Pobre Emmett. — Eu não conseguia parar de


sorrir enquanto passávamos rápido agora sob o sol e através da
água, minha mente cheia de imagens do bebê Emmett tendo um
colapso total enquanto o bebê Julian fazia ligações e planilhas em
preparação para o Dia das Mães da Família Hoult. — Então, é aqui
que as famosas habilidades de organização e planejamento de
Julian Hoult se originaram?
— Possivelmente. Embora meu pai tenha me iniciado nas
aulas de administração no ensino médio. Ele disse que todos os
bens imóveis do meu avô foram comprados por capricho, quando
a propriedade era barata, então não era razoável acreditar que seu
tipo de sucesso iria apenas se replicar ou cair em nosso colo.
Tínhamos que merecê-lo.

— Ah. Agora eu vejo como você e seu pai são mais parecidos.
— Balancei a cabeça, olhando para trás para ver o quão longe
tínhamos ido. Neste ponto, a marina era um ponto branco
cintilante muito, muito longe. — Acho que Emmett é mais parecido
com sua mãe?

— Não, minha mãe é um bom equilíbrio entre diversão e


seriedade. Emmett seria mais como meu avô louco. Não é uma
surpresa que ele sempre foi o neto favorito dos meus avós.

— Mesmo? Não você?

— Eu fui um segundo próximo — Julian riu. — Eu era um


pouco inconstante. Eu não era nada fácil de divertir, e isso acaba
com a diversão de brincar com crianças.

Eu ri com a imagem de Julian brincando com crianças.


Novamente, não é algo que eu imaginaria para ele, mas claramente
ele estava cheio de mais surpresas do que eu acreditava. Ou ele
era apenas muito mais humano do que eu poderia realmente
imaginar.

— Então Emmett era o garoto feliz e sorridente.


— Chocante, certo? — Julian disse secamente apesar de seu
sorriso. — Eu admito que ele era hilário e fofo quando criança.
Praticamente nunca parava de sorrir, pensava que qualquer coisa
que você dissesse ou fizesse era incrível. Meu avô costumava levá-
lo pelas arquibancadas quando Emmett era criança e o
apresentava a completos estranhos. Ele apenas pensava que não
havia chance de alguém em um jogo do Empires preferir realmente
assistir ao jogo do que conhecer aquele ‘bom jovem cavalheiro’.

— Oh, Deus. Isso é realmente muito fofo. — Eu senti como se


meu coração fosse explodir no meu peito enquanto eu observava
Julian. Talvez fosse o sol batendo em seu sorriso brilhante, mas
parecia que ele estava radiante ao mero pensamento de sua
família.

— Enquanto isso, minha avó estava colada ao jogo. Ela amava


seus netos, mas se havia beisebol acontecendo, ela não tirava os
olhos do campo por nada.

— Então, ela veio da Alemanha para cá, foi direto para um


jogo para sentir o clima da cultura americana e se tornou a fã de
beisebol mais ardorosa da sua família? — eu esclareci,
completamente encantada.

— Absolutamente — respondeu Julian. Oh, sim. O homem


estava radiante. — Ela gosta de puxar meu presidente de
Operações de Beisebol de lado de vez em quando e dar-lhe algumas
dicas sobre quem contratar durante o free agency. Ela está com
quase noventa agora, mas ainda mantém um Rolodex mental dos
contratos e salários dos jogadores em toda a liga, só para pensar
em possíveis cenários de troca. Os jogadores acham que ela é
assustadora. Eles a chamam de Rosemarie The Reaper11.

— Oh, meu Deus. — Tive que tirar meus óculos escuros para
enxugar as lágrimas que escorriam pelo canto dos olhos de tanto
rir. — Tem certeza de que não é com a sua avó que você parece,
Julian?

— Sabe, deve ser uma mistura dela e do papai — Julian


decidiu com um pequeno sorriso. — Eu sou um reflexo deles.
Emmett é um reflexo do vovô.

— Nesse caso, toda a sua família tinha que ser a favorita dos
seus avós. Não tem como não ser.

— Oh, nós éramos. E ainda somos. Embora por razões


diferentes agora, provavelmente.

Eu me acalmei ao lembrar que havia uma razão para


estarmos aqui neste barco. Havia uma parte dessa história que
não era sobre flores e beisebol e estritamente bons momentos. Eu
sabia que essa parte estava chegando enquanto eu observava a
boca curva de Julian se transformar em uma linha.

— Eu tinha vinte e três anos quando o câncer do meu avô se


espalhou para os ossos. Lembro-me de mim e Emmett e meus pais
passando muito tempo no hospital com ele e vovó. Nós apenas

11
The Reaper significa O Ceifador.
jogávamos cartas, ou conversávamos, ou assistíamos ao jogo, mas
era bom. Parecia que estávamos nos despedindo, e estávamos
parando com algumas risadas e uma boa conversa. Aproveitamos
para criar novas memórias em vez de apenas falar sobre as antigas.
Embora nós também tenhamos feito isso. Foi apenas uma época
agradável e pacífica, considerando todas as coisas. Ambos os meus
avós aceitaram o que estava acontecendo e, na maioria das vezes,
estavam em paz com isso.

— Mas minhas tias, tios e primos me visitavam


ocasionalmente para perguntar rapidamente como meu avô estava
se sentindo antes de interrogá-lo sobre o testamento. Eles estavam
com medo de que ele estivesse deixando seu melhor imóvel para
meu pai, porque ele era o favorito.

— Oh, Jesus — eu sussurrei.

Eu só tinha ouvido falar sobre essas batalhas familiares por


testamentos e dinheiro. Eu não tinha uma família grande o
suficiente para ver isso acontecer, e eu realmente não conseguia
processar que as coisas pudessem ficar tão feias entre o sangue -
especialmente por algo tão trivial como dinheiro.

— Sim, eles eram sem vergonha. E horríveis — Julian disse


uniformemente.

Lá vai ele.

Eu sempre sabia quando um assunto incomodava Julian. Ele


sempre extraía cuidadosamente toda e qualquer emoção de sua
voz, continuando com uma calma que era estritamente
ininterpretável. A única indicação estava em seus olhos, mas hoje
ele os tinha coberto. Nesse sentido, as sombras eram como sua
capa de super-herói.

— Meu pai queria ficar em paz com seus irmãos — disse


Julian. — Ele sentiu que meu avô merecia ver sua família inteira
antes de ir. E eu me ressenti disso. Eu odiava ficar quieto quando
essas pessoas entravam correndo durante nossas últimas
conversas com ele. Estávamos conversando sobre algo que fazia o
vovô rir e eles invadiam exigindo respostas sobre o testamento.
Meu primo Paul era o pior de todos. Ele era o mais velho, era
casado e tinha seu segundo filho a caminho, então estava decidido
a herdar alguns imóveis. Ele empurrou todos de lado para
atormentar meu avô até que ele chorasse. Não me lembro o que fiz,
mas estalei. Lembrei-me de todos gritando para eu parar, e sei que
pelo menos arrastei Paul para fora da sala antes de sufocá-lo.
Emmett me puxou de cima dele antes que eu pudesse causar mais
danos. Mas, realmente, o dano estava feito. Todo mundo estava
gritando e chorando. Meu pai me puxou de lado e me chamou de
idiota por tratar a família assim.

— Mas e a maneira como tratavam a família? — argumentei,


minha própria voz tremendo com a fúria que eu sentia pelo idiota
do primo de Julian forçando seu avô a chorar em seu leito de
morte. — Como ele poderia se preocupar apenas com a
propriedade quando seu avô estava prestes a-
Eu cortei porque não queria dizer isso. Julian agarrou o
volante do barco com força.

— Eu sei. Nada fez sentido para mim naquele dia, e eu me


senti impotente pela primeira vez. Todos estavam furiosos comigo
e eu não poderia ficar por lá sem causar mais danos, então
conversei a sós com meu avô. Ele disse que me amava, que
entendia e sabia que eu precisava apenas me afastar um pouco -
para me acalmar. Ele disse que deveríamos dizer adeus naquele
momento. Apenas no caso de.

Eu abracei meus joelhos com força contra meu peito. Eu


sabia para onde essa história estava indo, e não podia aguentar.
Meu coração estava torcendo e girando enquanto esperava Julian
apenas dizer isso, mas, obviamente, ele precisava de tempo.

Por algum tempo, foi apenas o silêncio e o som do motor


enquanto o iate continuava navegando em direção ao horizonte.

— Então eu peguei minha motocicleta. Era a minha fuga


preferida também — Julian finalmente disse, com o tipo de sorriso
tenso que eu sabia que tinha o propósito de fortalecer suas
emoções. Aproximando-me dele, ousei alcançar sua mão. Antes
que eu pudesse dizer a mim mesma para recuar e dar-lhe algum
espaço, ele pegou minha mão na sua. Fiquei olhando para nossos
dedos entrelaçados, um pouco surpresa com a noção do meu toque
proporcionando-lhe conforto.

— Onde você foi? — perguntei suavemente.


— Nenhum lugar em particular — disse ele. — Eu apenas
dirigi. Dirigi por provavelmente cinco horas para me acalmar. Eu
estava perto de Martha's Vineyard quando meu coração voltou a
bater normalmente. Mas quando verifiquei meu telefone, tinha
mais de cinquenta chamadas perdidas, mensagens de texto e
mensagens de voz.

Fechei meus olhos por um segundo. — Seu avô morreu? —


Eu não tinha certeza se ele tinha ouvido meu sussurro de uma
pergunta, mas então ele apertou minha mão.

— Não — disse ele. — Foi meu pai. Ele teve um ataque


cardíaco fulminante uma hora depois que eu saí.

Eu cobri minha boca.

Não consegui falar por um momento.

Vários momentos, na verdade. Meu coração batia forte como


se tivesse crescido dez vezes, e eu quase podia sentir o quão
abalado Julian estava parado ao lado de sua motocicleta todos
aqueles anos atrás, em um estado diferente, impotente e quebrado
pela notícia. Eu não tinha ideia de como ele poderia continuar
falando, mas ele continuou. Sua voz estava quase firme, mas seu
aperto afogou o volante enquanto ele dirigia e explicava tudo.

Seu pai havia morrido naquela mesma noite, e na seguinte,


seu avô de coração partido os deixou também. E, claro, os Hoults
estavam em ruínas - pelo menos a avó, a mãe e o irmão de Julian
estavam.
O imóvel acabou indo para sua tia, tio e primos vis. Sua mãe
obviamente não se importou. Ela nunca o quis em primeiro lugar.
E agora, tudo que ela queria era seu marido que de repente se foi.

Aparentemente, ela descontou sua dor no filho.

— Ela se desculpou profusamente desde então, mas ela me


culpou na ocasião. Ela disse que tinha levado meu pai a esse
ponto. E eu o fiz. Você não pode negar isso — disse ele, sabendo
muito bem que eu estava prestes a tentar. — Você realmente não
pode — ele repetiu com o tremor mais fraco detectável em sua voz.
— Eu o choquei, e eu o irritei tanto que o matou. Não consegui
dizer adeus a ele. Nós apenas paramos. Ainda parece que estamos
no ar, e onde quer que ele esteja, ele sempre deseja poder dizer
algo para mim.

Meu coração estava completamente partido por ele. Pude


perceber pela maneira como ele limpou a garganta que estava
engasgado e, mais do que qualquer coisa, queria apenas rastejar
para o seu colo e dar-lhe o maior abraço, mas ele ainda estava
dirigindo. Levei um momento para organizar minha confusão
fragmentada de pensamentos.

— Você tem que saber que ele está orgulhoso de você, Julian
— eu murmurei. — Como ele poderia estar qualquer coisa além
disso? Você colocou as primeiras lições de negócios dele para
funcionar, fundou sua empresa - até mesmo cumpriu a promessa
de seu avô de comprar o New York Empires. Isso é loucura, Julian.
Você e as pessoas ao seu redor podem estar acostumados com seu
sucesso e realizações neste momento, mas como uma parte
externa, deixe-me dizer que estou constantemente maravilhada
com você. Você é imparável e, considerando as realizações irreais
que teve até agora, não posso imaginar uma honra maior do que
ser a motivação para o seu sucesso, do jeito que sua família é.

Julian não disse nada, mas apertou minha mão com força,
esfregando o polegar na palma da minha mão.

— Você me disse ontem para parar de me culpar e tentar me


arrepender do passado — eu indiquei gentilmente — então estou
lhe dizendo agora para permitir o mesmo por si mesmo. Uma parte
de você precisa saber que você merece. Você deu à sua avó a
oportunidade de ser Rosie The Reaper para um bando de grandes
jogadores profissionais. Seu avô está definitivamente em algum
lugar rindo com seu pai sobre isso — falei, um pequeno sorriso
tocando meus lábios enquanto eu observava Julian sorrir.

— Eles estão definitivamente satisfeitos com isso.

— Exatamente.

Julian sorriu um pouco e eu me permiti aproveitar. Mas eu


sabia que havia mais.

— Minha culpa não termina aí — ele finalmente quebrou o


silêncio. Eu respirei fundo.

— O que mais aconteceu?


— Eu estive afastado por anos da minha mãe e de Emmett.

Eu levantei minhas sobrancelhas. A julgar por seu


relacionamento com Emmett agora, era difícil acreditar que Julian
foi algo diferente disso. Mas, evidentemente, houve um período em
que eles passaram anos sem falar.

— Fui para casa para os funerais de meu pai e meu avô, mas
me mudei para o exterior logo depois. Apenas algumas semanas
depois. Houve uma barreira repentina entre mim e o resto da
minha família. Minha mãe não conseguia olhar para mim. Ela não
queria. Emmett alegou que era porque eu a lembrava muito de
nosso pai, e não porque ela me culpava por sua morte, mas eu
sabia que era uma mentira. Então, eu me mudei para Estocolmo.

— Estocolmo? Como na Suécia? — falei surpresa.

— Sim. As pessoas não associam a cidade como o centro de


tecnologia que é, mas foi lá que acabei abrindo a empresa que se
tornaria a Hoult Communications. Na época, era a Hoult Media e
oferecia conteúdo móvel como notícias, placares de esportes etc.
Depois de desenvolver uma tecnologia de pagamento móvel, a
empresa ultrapassou o valor de um bilhão de dólares. Eu tinha
vinte e sete anos quando a vendi.

— Puta merda. — Eu deixei tudo processar por um tempo


enquanto o barco diminuía significativamente, zumbindo ao longo
da água agora. — Então você passou quatro anos longe de sua
família — murmurei. Minha mãe era exaustiva e meu pai falava
muito ao mesmo tempo, mas eu não conseguia imaginar passar
um ano sem vê-los.

— Não foi fácil. Mas com o passar do tempo, a parede entre


nós ficou cada vez mais alta. Mais e mais falhas de comunicação
se acumulavam. Minha mãe pode ser incrivelmente orgulhosa e
teimosa, e quando perguntei se eu poderia mandar dinheiro para
ela, ela entendeu como um desprezo. Ela pensou que eu estava
tentando comprar seu perdão por abandoná-los, quando durante
todo esse tempo, eu jurei que foi ela quem me abandonou. Fiquei
com tanta raiva por tanto tempo e sentia falta do meu pai. Muito.
Eu sempre cresci dizendo a mim mesmo que seria exatamente
como ele, então com minha mãe e meu relacionamento nas rochas,
e Emmett apenas fazendo o que podia para mantê-la à tona,
preenchi o vazio com uma mulher com quem trabalhava. Elizabet.
Ou Liz.

— Eu vou adivinhar que ela é francesa.

— Sim. Ela era uma espécie de assistente para mim na Hoult


Media.

— Você estava apaixonado por ela? — perguntei, fazendo o


meu melhor para soar casual, apesar do quão rápido meu coração
estava batendo.

— Eu pensei que sim. Na verdade, eu só queria substituir a


família que perdi e fui apressado. Escolhi alguém que achei
importante para mim porque confundi sua importância para mim
com o sucesso de minha empresa. Ela estava no escritório todos
os dias me observando desenvolvê-la desde uma startup, e minha
percepção dela foi distorcida graças a isso. Depois que nos
separamos para sempre, eu fiz uma regra para mim.

— Tolerância zero. Nunca durma ou namore com uma


funcionária — eu recitei tão secamente que Julian olhou para mim
com uma risada.

— Sim.

— Separou para sempre? — Eu me lembrei do que ele disse.


— O que causou a separação final?

Pela pausa de Julian e a maneira como ele passou a palma


da mão sobre o queixo, eu sabia que tínhamos alcançado outro
pico doloroso em sua história.

— Liz disse que por um longo tempo foi fácil fingir que eu a
amava do jeito que ela me amava. Mas então Lucie apareceu, e ela
viu o que o verdadeiro amor parecia nos meus olhos.

Engoli. — Lucie? — repeti, um pequeno calafrio percorreu


meu braço pouco antes de Julian responder.

— Minha filha.

Parecia que todos os meus órgãos haviam caído em meus pés


antes que ele esclarecesse.
— Ela não é biologicamente minha — disse Julian, olhando
para mim. — Liz engravidou dela na época de um de nossos
intervalos, mas eu especificamente não fiz nada para confirmar a
paternidade quando Liz disse que a criança me pertencia. Eu
queria um filho. Eu queria aquela família. Eu criei Lucie até ela ter
quatro anos.

— Oh, meu Deus — eu respirei. Foi um período muito mais


significativo do que eu pensava. — Quantos anos você tinha?

— Vinte e cinco — respondeu Julian. — Dos vinte e cinco aos


vinte e nove anos, eu fui seu pai. E um bom pra caralho. Fui o pai
que meu próprio pai me criou para ser e estava orgulhoso de mim
mesmo. Eu adorava Lucie de uma maneira que não sabia ser
possível. Mas Liz não aguentou. Lucie e eu éramos mais próximos
do que ela de qualquer um de nós. Lucie era ansiosa. Ataques de
pânico.

Julian olhou para mim e minha reação à explicação que eu


agora tinha para aquela noite. Ele foi capaz de colocar o ar de volta
em meus pulmões na noite na piscina com Turner e Carter Roth,
porque ele passou anos usando os mesmos truques para acalmar
a garota que ele criou como sua filha.

— Eu era o único que conseguia acalmá-la, e Liz se ressentia


disso — disse Julian. — Ela se ressentia de ser a segunda melhor
para nós dois. Ela se ressentia que o amor que Lucie e eu tínhamos
juntos ofuscava tudo o que tínhamos por ela, e era uma dolorosa
lembrança diária.
— Isso parece difícil — eu não pude deixar de murmurar.
Realmente era. Não havia nada mais doloroso do que não ser
amado e desejado, e eu sabia bem que ser lembrado disso todos os
dias era como uma tortura após a tortura. Uma porta giratória de
dor.

— Tinha que ser difícil. Eu nem mesmo percebi o quanto


deveria doer — Julian disse, com remorso em sua voz. — Eu estava
tão decidido a ter uma família novamente. Fiquei fascinado por
Lucie e por ser pai. Parecia que, através do universo, meu pai e eu
estávamos de alguma forma compartilhando uma conexão
novamente. Eu sabia exatamente o que ele sentiu quando estava
criando Emmett e eu. — Julian fez uma pausa, como se de repente
perdesse o fôlego. Eu apertei sua mão. — Lucie olhava as fotos do
meu pai e dizia ‘vovô’, e era a melhor sensação. Eu estava tão feliz
que não sabia que Liz estava infeliz. Eu não tinha ideia de que a
estava machucando constantemente. — Ele engoliu em seco. — E
eu não tinha ideia de que ela estava planejando me machucar de
volta.

Uma pontada de medo atingiu meu peito. — Como?

— Acordei em uma manhã de dezembro e elas haviam partido.


Malas prontas. Desapareceram. Liz não me disse aonde ela foi com
Lucie, e só meses depois eu descobri que elas se mudaram para a
França, de onde Liz é.

— Biarritz? — imaginei.
— Não, mas perto. Ela sempre falou sobre ir para lá com sua
família enquanto crescia, e como isso sempre foi um sonho, e ela
queria criar seus filhos lá.

— Então você construiu o resort — eu murmurei, olhando


para a nossa frente em puro temor atordoado.

— Sim. Antes de todas as reformas e ampliações, começou


como uma casa. Uma grande. Liz disse que se eu de alguma forma
mostrasse meu amor a ela, talvez ela voltasse. Apenas talvez.
Então eu projetei uma porra de uma mansão para ela. Pelo menos
eu disse que era para ela.

— Mas era para Lucie.

— Sim.

O calor do sol era quase insuportável agora.

Eu fiquei sem palavras.

Eu tinha certeza de que Julian Hoult era insensível, feito de


aço. Mas por essa garotinha, ele se virou do avesso e trabalhou
com unhas e dentes - tudo pela chance de talvez vê-la novamente.

E, aparentemente, ele o fez. Mas foi de curta duração.

Liz retornou para Julian, e eles passaram quatro meses


inteiros na casa de Biarritz antes que ela detectasse a mentira de
seu amor e desaparecesse novamente.
— Elas vivem em algum lugar fora de Paris agora. Liz me disse
que ela iria se certificar de que eu nunca estaria perto de Lucie
novamente. Ela me prometeu que pararia de falar inglês com ela e
a colocaria em uma escola estritamente de língua francesa.

Meu queixo caiu com a crueldade incrivelmente calculada de


tudo isso.

— Então Lucie seria incapaz de se comunicar com você?

— Sim. Ela escreve cartas aqui e ali, e eu forneço apoio


financeiro aqui e ali. Mas o relacionamento que tínhamos acabou,
e agora que ela tem quase nove anos, duvido que ela realmente se
lembre disso. O que está certo. É menos doloroso para ela.

A angústia em sua voz era mais do que evidente agora, então


eu o deixei por um tempo. Eu também precisava ficar quieta,
porque minha imagem de Julian tinha sido completamente
abalada. Ele não era apenas frio, duro e eficiente.

Ele tinha um milhão de camadas de complexidades que


fizeram meu coração doer mais por ele. Ele conhecia a dor e o
sofrimento muito bem - ele apenas os mantinha sempre trancados
firmemente dentro daquele exterior blindado.

Exceto por agora. Comigo.

O vento bagunçou meu cabelo enquanto eu subia até a


metade em seu colo.
— Ei. — Passei meus braços em volta do pescoço e beijei sua
bochecha. Ele voltou seus olhos para mim por alguns segundos,
estudando-me com um olhar de alívio não filtrado que fez meu
coração inchar. — Eu sei que foi difícil dizer tudo isso.

Ele olhou para mim por mais alguns segundos antes de se


inclinar para beijar meus lábios.

— Não tão difícil quanto poderia ter sido.


26

Julian

Acordei de manhã quando senti Sara se mexer, mas não abri


os olhos mesmo depois que ela subiu no meu peito, dando beijos
sonolentos em meus lábios.

— Você está acordado — ela murmurou com uma risadinha


suave. — Eu posso ver isso.

Eu sorri. — Estou acordado. Mas ainda estou me


recuperando.

Ela sabia bem o que tinha feito comigo na noite passada.

Ficamos contentes em ficar em silêncio durante o passeio de


barco de volta à marina e, depois de chegar em casa, ela entrou no
chuveiro sem dizer nada. Sem palavras, eu a segui. Eu tinha me
masturbado no banco de mármore enquanto a observava ensaboar
aquele belo corpo, suas mãos tomando tempo extra em seus seios
quando ela ouviu o jeito que eu gemi.

Cristo, eu estava satisfeito em apenas observá-la a noite toda.


Ela era tão linda. Ela tinha um jeito de me hipnotizar sem
nem mesmo tentar, e me fascinar apenas com a maneira como ela
falava ou se movia. Eu estive sob o feitiço de Sara desde o momento
em que ela me puxou para ficar na frente dela no chuveiro, seus
olhos brilhando para mim enquanto ela tomava seu tempo para
ensaboar meu corpo com sabão. Passamos um tempo parados sob
a água, contentes em apenas observar um ao outro enquanto ela
passava as mãos em cima de mim. Eu estava duro, obviamente,
mas não queria perder o momento de conseguir uma camisinha.

Eu estava feliz onde estava. Nós dois estávamos.

Claro, nossos corpos se entrelaçaram no momento em que


saímos do chuveiro. Não chegamos a um metro da cama, mas a
poltrona funcionou bem, e fiquei cego por um momento depois de
vir dentro dela e afogar a porra do preservativo no meu esperma.

À noite, me deitei ao lado de Sara, tão doce e linda enquanto


dormia. Tão fodido quanto me fez sentir, eu fiquei duro rápido
enquanto olhava para seus lábios. Eles eram rosa e perfeitos,
ligeiramente separados enquanto respirava. Eu estudei a forma
como sua blusa fina se esticava sobre os montes cheios de seus
seios, e eu jurei que poderia ter gozado apenas de vê-la dormir.

Mas com um pequeno ruído doce, ela acordou.

Ela estava grogue, sorrindo, meio adormecida quando puxou


suavemente a blusa, até que um de seus seios se soltou. Eu tinha
todos os músculos flexionados quando ela estendeu a mão e
envolveu seus dedos em volta do meu pau, tomando seu tempo,
suspirando com o conteúdo turvo enquanto ela ajudava a me
empurrar.

Foi surreal.

— Você gozou na minha mão ontem à noite — Sara sussurrou


quando eu abri meus olhos, um sorriso de satisfação em meus
lábios.

— Você estava com muito sono e uma garota sexy na noite


passada.

— Mm, bem, eu não vou ficar deitada sem fazer nada se meu
homem precisar gozar.

Eu levantei minhas sobrancelhas. — Seu homem? — repeti,


apreciando a minha visão dela corando furiosamente enquanto
estava deitada em cima de mim.

Eu a deixei gaguejar um pouco. Era cruel, mas ela era bonita,


e eu precisava de tempo para descobrir o que diabos estava
acontecendo com meu próprio coração.

Eu me senti diferente esta manhã - acordado de uma maneira


que não sentia há algum tempo. E eu não tinha ilusão de que
nossa conversa no barco ontem não tinha nada a ver com isso.

Eu não tinha falado sobre nada disso desde que aconteceu -


não sobre meu pai, Liz ou Lucie. As únicas pessoas para quem
contei a história foram mamãe e Emmett, e então, foi por uma
questão de explicação e defendendo o meu lado da história sobre
o porquê de eu ter partido por tanto tempo. Houve lágrimas, gritos
e perguntas exigidas principalmente por mamãe. Não foi uma
conversa pacífica, mas foi o primeiro passo para quebrar a parede.
Então é claro que foi difícil.

Mas ontem com Sara foi fácil. Na verdade, foi


surpreendentemente bom. Aliviando. Nunca senti necessidade de
revisitar essa história, mas parecia estranhamente natural fazê-lo
com ela.

E eu estava retribuindo isso esta manhã, forçando-a a


gaguejar sobre como ela não queria me chamar de seu homem. Eu
sorri.

— Fácil — eu murmurei suavemente. — Diga-me o que você


quer para o café da manhã. Eu vou cozinhar para você.

Ela piscou. — Você?

— Sim. Mas isso requer algumas coisas primeiro.

— O que?

— Precisamos fazer as malas para estarmos prontos para ir


depois de comer. Mas, mesmo antes disso, precisamos sair para
fazer compras no mercado.
— E mesmo antes disso? — Sara sorriu, contorcendo-se no
meu peito enquanto minha mão passava de segurar sua bunda
para tocar sua boceta escorregadia por trás. Eu sorri quando ela
espalmou as mãos no meu peito e empurrou até que ela estava
montada em mim.

— Eu acho que você sabe a resposta para isso.

— Mm-hm. — Sara molhou os lábios, achatando as mãos


contra meu peito nu enquanto se sentava para montar em mim.
Sua boca se separou levemente quando ela sentiu meu pau se
contorcer sob sua boceta, e ela riu enquanto ele se contorcia
novamente em resposta ao jeito que ela me provocou com sua
blusa.

Ela a puxou lentamente, usando a bainha enrolada para


levantar a parte inferior do peito. Quando ela finalmente tirou a
blusa, seus seios saltaram com tanta força que rosnei e agarrei
sua cintura para recuperar a blusa. Eu rodei minha língua sobre
seus mamilos tensos, chupando-os como um doce enquanto me
abaixava para liberar meu pau. Eu gostei de seus pequenos
suspiros enquanto esfregava minha cabeça nua contra seu clitóris
inchado.

Porra, isso é bom demais.

Antes mesmo de encontrar um preservativo, ela leu minha


mente.
— Estou tomando pílula, Julian — ela respirou. — E eu estou
limpa.

Eu olhei pra ela. Eu mal tinha retornado suas duas últimas


palavras antes de estarmos nos beijando tão profundamente que
beirava a violência. Ela gritou enquanto eu arrancava sua calcinha
de seu corpo, jogando-a de lado para agarrar meu pau e empurrar
profundamente dentro dela.

Eu gemi como se já estivesse gozando.

Eu poderia, porra.

Ela se sentia incrivelmente bem. Seu calor, sua respiração,


sua pele na minha - nada na minha vida parecia tão certo quanto
isso. Eu estava moendo profundamente como estava, mas ela me
encontrou no meio de cada impulso, me empurrando tão fundo
dentro dela que o prazer me fez sentir bêbado pra caralho. Sua
boceta estava tão molhada que eu podia ouvir, e eu sabia que ela
devia estar pingando em meus lençóis enquanto gritava meu
nome.

Eu não conseguia pensar. Eu nunca me senti assim e, por


acaso, não gostei.

Mas agora, eu me deixei ir. Porque quanto mais fundo eu


ficava em Sara, mais eu conseguia respirar, mais eu realmente
queria respirar. Por muito tempo, eu não me importei com aquele
peso sufocante em meu peito. Era apenas algo que eu carregava
comigo todos os dias, e eu aceitei. Isso me manteve acostumado
com a dor. Mas agora que eu sabia o que era leveza, era tudo o que
eu sempre quis.

Era melhor do que qualquer coisa que eu conhecia.

E eu tinha certeza de que nunca poderia voltar.

Sara

Senti os olhos de Julian em mim enquanto me movia pela


cozinha, secando os pratos que ele lavou à mão. Eu raciocinei que
não fazia sentido usar a máquina de lavar louça para seis pratos,
e ele preguiçosamente argumentou o ponto oposto apenas para me
irritar, com certeza.

Ele tinha uma expressão diferente em seus olhos desde a


manhã. Não reconheci, mas adorei. Ele parecia... ouso dizer
relaxado? Eu tinha quase certeza de que era isso.

— Vamos ficar mais uma noite. Vamos partir daqui para o


aeroporto — disse Julian, cruzando a cozinha e beijando o topo da
minha cabeça em seu caminho para a geladeira.

— O que? Você acabou de me dizer que tinha um lugar para


estar às duas. Está tudo embalado. Assim que terminar de secar
este copo, estamos prontos para ir — falei, observando-o pegar
uma garrafa de água da geladeira e sorrir para mim enquanto a
abria.

— Você é fofa quando está com raiva de mim por algo


pequeno.

— Contra? — Estendi a mão para colocar o copo d'água de


volta no armário.

— Quando você está com raiva de mim por algo como forçá-
la a vestir roupas adequadas para o trabalho.

Eu inclinei minha cabeça para trás e ri. — Deus, isso parece


uma eternidade.

Julian semicerrou os olhos. — Não é? — ele perguntou de


uma forma que não exigia uma resposta. Ele estava muito alegre
esta manhã, e apesar do nosso tempo apertado, eu gostei de
assistir enquanto ele andava pela casa em uma camiseta branca e
jeans azul.

— Ei, você não está sempre pegando no pé do Emmett por


estar atrasado? — eu provoquei, secando minhas mãos em um
guardanapo de pano listrado de azul. — Julian. Levante-se do sofá.

Ele riu. — Venha aqui.

Tentei resistir, mas falhei quando ele deu um tapinha em seu


colo. Aproximando-me dele, sorri, apreciando a sensação de seu
peito pressionado contra o meu enquanto o montava.
— E aí? — Eu inclinei minha cabeça. — Você está parando
porque não quer ir?

— Sim.

Eu dei um sorriso simpático enquanto corria meus dedos ao


longo de seu peito. — Eu posso imaginar o quão difícil é ter que
sorrir e fingir gentileza para o resto da sua família. Eu também não
poderia perdoá-los. Mas é apenas um dia por ano. É para sua avó.
E para seu avô e o seu pai.

— Eu sei. — Julian recolheu minhas mãos e beijou minhas


pontas dos dedos. Ele não olhou para mim quando disse: — Quero
que você vá comigo.

Meus olhos tremularam. — O que? — Mordi meu lábio


quando ele olhou para mim. — Mesmo?

— Sim. Você poderia?

— Claro — eu soltei. — Mas... será que todo mundo não vai


pensar que eu sou sua namorada?

— Sim. Mas você pode fingir, certo?

— Eu não tive que fingir durante todo o mês passado, então


posso estar sem prática.

Julian esfregou minhas coxas. — Você está tentando me


excitar ou me tirar pela porta?
— O último — eu sorri, pulando de seu colo tão rápido que
ele gemeu. — Vamos, Hoult. Vamos colocar nossos traseiros
naquela moto. Está no papo.
27

Sara

— Oh, meu Deus. Estou vendo coisas. Rosie, estou vendo


coisas?

De pé diante de mim, literalmente segurando suas pérolas,


estava Audrey Hoult, a linda mãe de Julian que aparentemente
precisava da sogra para confirmar que eu estava de fato ali, e não
era uma ilusão.

— Mãe — Julian disse com o que só poderia ser descrito como


uma exasperação encantada. Estávamos no meio de um
restaurante movimentado e ele me avisou que ela poderia ter essa
reação, então fiz o possível para não rir. Também fiz questão de
esperar até que Audrey estivesse visivelmente respirando de novo
antes de me apresentar.

— Ah, não! Sem aperto de mão. Preciso abraçar a primeira


mulher que meu filho trouxe para casa — ela insistiu enquanto me
abraçava. Eu ri por cima do ombro dela enquanto Julian estava lá,
com as mãos nos bolsos e os olhos fixos em mim enquanto
balançava a cabeça como se dissesse, sim, exatamente como avisei.
— Bem, tecnicamente-

— Ah, eu sei, Julian, tecnicamente, não estamos em casa,


isso é um restaurante, mas mesmo assim. Sara, por favor. Venha
conhecer Rosemarie.

Não pude deixar de parecer completamente encantada ao


apertar a mão da minúscula Rosemarie Hoult. Eu senti como se
estivesse conhecendo uma celebridade, e provavelmente isso
transpareceu no meu rosto, porque Rosemarie disse com orgulho:
— Ele disse a você meu apelido?

— Rosemarie The Reaper — falei, provocando risos de vários


dos primos.

— Isso mesmo. — Rosemarie sorriu para Julian. — Aqueles


meninos estão com medo de mim.

A partir daí, Rosemarie me apresentou a seus dois filhos, para


os quais consegui sorrir enquanto apertava suas mãos. Eu sabia
que haviam sido eles que lutaram como animais pela propriedade
do avô de Julian. Mas também soube por Julian que Rosemarie,
apesar de deplorar o comportamento dos filhos, desejava que eles
simplesmente voltassem a ser uma família.

Portanto, uma vez por ano, em seu outrora habitual domingo,


eles se reuniam.

— Você se saiu melhor do que eu — Julian murmurou para


mim depois que cumprimentei o infame primo Paul. Ele era um
homem calvo em seus trinta e tantos anos com um bebê amarrado
ao peito. Ele sorriu brilhantemente para mim e não parecia
particularmente vilão, mas eu sabia muito bem que os vilões nem
sempre aparentavam o papel.

— Obrigada. Você está bem? — perguntei a Julian, ficando


perto enquanto segurava sua mão frouxamente na minha.

— Estou muito bem agora, na verdade — disse ele, olhando


para algo atrás de mim enquanto se inclinava para beijar minha
testa. — Vamos. Agora estou bem. — Julian sorriu de uma forma
que me disse que Emmett estava atrás de nós.

Eu espiei por cima do ombro para vê-lo parado lá em uma


gravata preta justa e uma camisa de botões cinza esticada sobre
seu corpo grande e musculoso. Sua carranca adoravelmente
profunda parecia não ter lugar em seu rosto normalmente jovial.

— Oi, Emmett. — Sorri.

— Oi. Eu... acho que devo desculpas a você — disse ele, então
olhou para Julian. — Se importa se eu a pegar emprestada um
segundo, irmão?

— Eu me importo. — A resposta rápida de Julian fez Emmett


rir. — Para onde você a está levando?

— Julian — eu lancei um olhar provocador. Cerrando a


mandíbula, ele cedeu.
— Tudo bem, pegue-a emprestada. Mas devolva-a para mim
o mais rápido possível, por favor.

— É isso aí, meu namorado.

Quase ouvi os olhos de Julian rolarem enquanto Emmett me


levava para fora da sala de jantar iluminada e para uma pequena
estufa de um corredor que levava ao pátio do jardim do lado de
fora. Tentei não parecer muito encantada ou divertida enquanto
Emmett lutava para começar seu pedido de desculpas.

— Olha, eu... — Emmett pigarreou. — Eu nem mesmo... bem,


em primeiro lugar-

— Emmett. Não se preocupe — eu o aliviei. — Eu sei que


parecia muito ruim naquela noite quando eu fugi. Não vou tentar
explicar por que reagi com tanta força, mas o que direi é que seu
irmão cuidou muito bem de mim naquela noite. Estou bem agora.
Você escorregou, mas não é o fim do mundo. Tive um ótimo fim de
semana e não estou com raiva de nada.

Emmett piscou, em silêncio por um segundo.

— Uau. Foi muito melhor do que eu pensava.

— O que, você pensou que eu seria uma vadia furiosa sobre


isso? — provoquei.

— Não, mas Julian me rasgou o verbo a noite toda depois que


vocês foram embora. Ele realmente não deixou passar, ele estava
além de chateado por você. Eu estava prestes a oferecer a ele
minha caminhonete como um pedido de desculpas.

— Bem, nós levamos sua caminhonete para casa naquela


noite. — Eu ri.

— Sim, mas quero dizer para sempre. De qualquer forma,


obrigado Sara. Estou muito grato por você não estar chateada
comigo — Emmett exalou, passando a mão pelo cabelo curto. —
Você provavelmente sabe disso, mas meu irmão gosta muito de
você. Eu posso dizer.

Eu sorri. — Como você sabe?

— Cara. — Emmett respirou fundo novamente enquanto


olhava para o corredor e para a sala de jantar. — É meio louco,
mas posso ver a diferença nele. Exatamente na maneira como ele
olha e fala. Às vezes, ele pode estar meio... vazio. Como se ele
estivesse no piloto automático. E parece que ele não tem estado
ultimamente. — Emmett semicerrou os olhos enquanto estudava
seu irmão de longe. Virei-me para encontrá-lo sentado com sua
mãe, os dois rindo. — Parece que ele está realmente no momento,
presente e reagindo. Como se você ligasse um interruptor de luz
nele. Isso faz sentido? — ele estremeceu.

— Faz todo o sentido. E é incrivelmente lisonjeiro para mim.

— Bem, na verdade não estou tentando bajulá-la. — Emmett


sorriu. — É apenas a verdade. E escute, eu sei que vocês estão
indo para Biarritz amanhã, e eu só quero dizer, quando você estiver
lá com ele... se você vir ou ouvir qualquer coisa que mencione o
nome Lucie, não... tire conclusões precipitadas. Não é o que você
pensa.

Eu sorri para a necessidade de Emmett de proteger seu irmão


enquanto tentava, pela primeira vez, não contar um segredo.

— Você é muito doce, Emmett, mas Julian já me contou sobre


Liz e Lucie.

— Jesus, porra, sério? — Emmett parecia surpreso. — Uau,


isso é... — Ele olhou para mim como se eu tivesse acabado de dizer
que era secretamente a Rainha da Inglaterra. — Isso é realmente
incrível. Isso é muito legal, porque eu achei que ele nunca... — Ele
se interrompeu novamente. Ele esfregou o queixo e pigarreou. —
Olha, eu devo parar de explodir o lugar dele, mas eu só tenho que
dizer - seja o que for que ele sinta por você, Sara, eu acho que é
muito grande. Certo? Tem que ser. Levei dois anos para tirar dele
toda a história sobre Liz e Lucie. Lukas nem sabe quase tudo,
então... obrigado por ser alguém com quem meu irmão sente que
pode conversar. Ele nunca escolheu ter um desses.

Eu mordi meu sorriso. Eu sabia que Emmett não estava


tentando me lisonjear, mas, de alguma forma, aquela simples
declaração me deixou mais honrada do que eu poderia me lembrar
de ter sentido.

— Bem. — Eu ouvi a voz de Julian logo depois que seus


passos distintos começaram a se aproximar. — Tenho certeza de
que tudo o que você disse agora já é dano suficiente — falou para
o irmão. — Eu vim buscá-la se você terminou aqui.

— Claro que terminei.

Julian me olhou com um sorriso. — Eu sei que você pode ter


acabado de atingir seu limite de Hoults por hoje, mas minha mãe
está solicitando um tempo com você, se estiver tudo bem.

— Isso é mais do que bom — respondi.

— Merda, espere — disse Emmett. — Na verdade, eu tenho


mais uma coisa a dizer para Sara, ok? — ele disse, rindo do olhar
de Julian tipo você está me zoando. — Vá embora, J. Ela já vai
chegar lá. Eu prometo — ele insistiu.

Ele manteve os olhos em seu irmão até que ele se virou para
sair. Uma vez que Julian estava fora do alcance da voz, Emmett
me encarou com um sorriso.

— Olha, eu só queria dizer... no caso de ele te irritar, porque


Deus sabe que ele me irrita muito... meu irmão é um homem muito
bom. O melhor que eu conheço. E quando ele se preocupa com
alguém, ele não vai parar por nada para se certificar de que essa
pessoa está feliz e segura, e completamente cuidada pelo resto de
sua vida — Emmett falou sinceramente, todo sério pela primeira
vez. — Na verdade, existem apenas algumas pessoas que ele
considera fora de sua família - Lukas sendo um deles, e eu acho
que você é outra.
— Tem certeza de que você não está tentando me bajular
agora, Emmett? — eu o provoquei para disfarçar o fato de que meu
coração estava batendo forte.

— Sim, eu não sou inteligente o suficiente para explodir a


fumaça na bunda das pessoas — Emmett bufou, me fazendo rir.
— O que você vê é o que você obtém. E, honestamente, eu só estava
dizendo isso porque às vezes Julian... ele pode machucar as
pessoas sem perceber — ele disse, fazendo meu sorriso vacilar um
pouco. — Ele não tem a intenção - ele está tão focado em outra
coisa, geralmente no trabalho. E se ele de alguma forma ferir seus
sentimentos durante esta viagem porque, digamos, ele está muito
ocupado, ou distraído, ou simplesmente sendo ele mesmo - saiba
que vale a pena ficar com ele. Mesmo que você não saiba o que
diabos ele está pensando na metade do tempo, e não puder
suportar que ele não fale muito. Ele ainda é um bom homem que
vai cuidar de você. Quer dizer, ele é definitivamente o melhor cara
que conheço. Eu ainda estou meio que esperando ser ele quando
eu crescer. — Emmett sorriu, colocando o sorriso de volta em meus
lábios.

— Obrigada, Emmett. Eu agradeço — falei, dando-lhe um


abraço.

— Bem. Vá falar com minha mãe agora — disse ele. — E


desculpe antecipadamente se ela mencionar netos! — ele falou
atrás de mim.
28

Sara

A última vez que estive fora do país foi quando tinha dezoito
anos.

Ainda não era verão. Eu havia abandonado a faculdade e já


tinha uma nova planejada para me transferir no outono.

Mas isso não seria antes de cinco ou seis meses, e eu odiava


cada minuto de estar em casa, na minha pequena cidade de
merda.

Meu pai tinha um escritório de advocacia próspero a cerca de


dez minutos dali, então não havia chance de nos mudarmos. Eu
estava presa em casa, no lugar onde a miséria começou e, pior,
onde muitos dos meus colegas de escola ainda moravam. Eles
sabiam que eu estava de volta, sabiam o que eu tinha feito e isso
os encantou. Eles deixaram impressões do artigo cobrindo minha
prisão em nossa porta. Eles zombavam de minha mãe quando a
viam no posto de gasolina ou no supermercado.

Eu mesmo não saía de casa.

Eu estava apavorada.
Então, eventualmente, mamãe começou a nos levar em mini
viagens rodoviárias. Ela trabalhava meio período na biblioteca
local, mas largou o emprego para ficar em casa comigo todos os
dias. E se eu tivesse energia, ou me encontrasse de bom humor,
ela me levaria para explorar as outras partes do Texas.

— Há mais coisas do que onde vivemos — disse ela ao volante


de seu velho Camry, usando óculos escuros grandes e quadrados
demais para o rosto. — Papai me ensinou isso — acrescentou ela,
sorrindo tanto quanto podia para alguém tão reservada como ela.

— Sim, ele te ensinou isso trazendo você de Londres e então


forçando-a a morar aqui — eu reclamei.

— Sim, mas agora eu tenho um carro. Eu tenho essas


estradas grandes. Posso ir aonde eu quiser.

— Você nunca vai.

— O que estou fazendo agora?

— O que, eu ter problemas fez você começar a explorar? Isso


é triste. — Meu ranzinza pessimismo adolescente era uma força a
ser considerada.

— Talvez isso seja triste — mamãe admitiu. — Mas às vezes é


preciso uma tragédia para nos movermos. Para encontrar a força
para procurar coisas melhores.

— Então eu sou uma tragédia agora?


Novamente, o pessimismo.

Definitivamente, eu não estava em uma fase particularmente


charmosa ou agradável de minha vida. Depois do bullying no
colégio, e depois do tipo totalmente diferente na faculdade, senti
que o mundo estava contra mim. Às vezes, eu sentia que até minha
mãe estava contra mim. Eu podia ver e sentir o quanto ela me
amava com cada fibra de seu ser, mas às vezes eu a pegava
olhando para mim com um olhar temeroso. Como se ela não
soubesse bem quem eu era, ou quem eu cresci para ser.

Passei muito tempo no meu quarto apenas assistindo filmes


e TV. Mamãe se oferecia para se sentar comigo, mas era péssima
em ficar parada e sempre me dava um sermão sobre meu gosto por
filmes românticos sentimentais.

Mas as viagens rodoviárias nos ajudaram.

Eles começaram pequenas, apenas viagens de meia hora para


Dallas. Então elas ficaram mais longas. Eu levava meus
exemplares da Una Magazine comigo para esses passeios. Numa
viagem de três horas e meia até Austin, meu pai se juntou a nós e
cantou o caminho todo. Minhas revistas foram um conforto
especial para mim naquela época, pois minha mãe e eu
alternávamos entre nos divertir e ficar furiosa com ele.

Em Austin, fomos ao jardim botânico e, apesar dos protestos


de meu pai por causa dos joelhos fracos, escalamos o Monte
Bonnell. No topo, encontrei duas mulheres em seus vinte e poucos
anos que se ofereceram para tirar uma foto nossa na frente da
vista. Elas acabaram nos convidando para assistir a sua luta de
roller derby naquela noite, o que nós fizemos. Papai adorou.
Mamãe nem tanto. Mas ela gostou que uma das garotas me viu na
arquibancada e passou para dizer olá.

Foi divertido. Eu senti que fiz mais memórias durante essas


viagens do que em todos os meus anos na escola. Fiquei
visivelmente mais brilhante depois das viagens. Minha mãe
percebeu isso. Isso me fez sentir que havia muito mais lá fora do
que eu estava dando crédito no mundo, e que eu de fato tinha o
potencial para começar de novo - desta vez de verdade.

No meu aniversário, meu pai sugeriu que todos fizéssemos


uma viagem a Londres. Seria a primeira para mim e minha mãe
desde a mudança para os Estados Unidos.

Não me lembrava muito. Percebi agora que tinha quatro anos


quando parti - a mesma idade que Lucie tinha quando sua mãe a
tirou de Julian. Quatro anos era um período significativo, mas
aparentemente ainda fácil para perder na memória.

A viagem de avião para o aeroporto foi apertada e


desconfortável, e não senti nenhuma afinidade com Londres
quando nosso táxi finalmente chegou ao centro da cidade. Fiquei
desapontada porque um lugar que deveria fazer parte da minha
identidade era tão estranho para mim quanto qualquer outra
cidade europeia.
Mas em dois dias, eu estava apaixonada.

Eu amei o quão grande a cidade era. Eu amei a arquitetura.


Eu amei a maneira como todos soavam como meu pai. De alguma
forma, eu me sentia menos um estranha lá do que em casa.

Lá, parecia que tudo era possível.

— Você deveria ter encontrado uma faculdade em Londres


para a transferência. Sua mãe teria voltado para cá com você em
um piscar de olhos — meu pai disse enquanto estávamos sentados
em um café uma manhã, minha mãe ainda dormindo.

— Okay, certo. Como se você sobrevivesse tanto estando longe


dela.

— Eu voaria para ver vocês duas toda sexta-feira. E então eu


voltaria ao trabalho na segunda-feira.

Eu ri. — Não temos dinheiro para isso. Desculpe. Mas um dia,


vou merecê-lo para você. Promessa.

— Eu acredito em você. — Papai tilintou sua xícara de


cappuccino na minha. — Você é trabalhadora o suficiente, e o fato
de ter escolhido Nova York para recomeçar me diz que não tem
medo de nada. Mas deixe-me dizer uma coisa. Algumas pessoas
com seu cérebro e seu talento ainda se perdem em uma cidade tão
grande como aquela, porque há tanta gente e muito o que fazer.
Mas eu acredito que você vai olhar a tentação nos olhos, passar
direto por ela e se orgulhar.
— E deixar você e mamãe orgulhosos.

— Nós também — disse papai. — Não importa o que você


pense às vezes, nunca poderíamos ficar com raiva de você. Às
vezes, o desgosto vai nos atingir do nada, porque você é nossa filha
e gostaríamos que você nunca tivesse que passar pela experiência
que passou naquela escola. Ficamos com raiva porque você se
machucou. Você pode nos ver nessas horas e pensar que estamos
com raiva de você, mas não estamos. Vamos apenas dar tempo
para esquecer o que aconteceu, Sara. Mas, eventualmente, nós o
faremos. Sua mãe e eu só queremos que você esteja segura e feliz.
Isso é tudo que qualquer pai deseja. Estamos orgulhosos de você,
Sara, e acreditamos muito em você.

Não conseguia esquecer suas palavras ou aquela viagem.

Eu me surpreendi com o perdão de meus pais. Minha mãe,


em particular, sacrificou toda a sua vida e tudo o que ela sabia
para me criar. Ela então me viu bagunçar seu trabalho árduo,
metendo-me nos problemas que eu criei, e mesmo depois disso,
ela continuou a se sacrificar simplesmente para garantir que eu
fosse feliz e encorajada. Ela tinha apenas começado a se aclimatar
e atingir seu ritmo no Texas quando tudo aconteceu comigo na
faculdade. Ela desistiu de cada um de seus sonhos apenas para
me dar a chance de conhecer o meu.

Portanto, foi desse ponto em diante que jurei a mim mesma


que me arrependeria pelo que fiz. Meus pais mereciam tudo de
mim, e eu faria de tudo para fazer seus corações incharem de
orgulho por mim.

Minha mãe chorou no dia em que consegui aquele emprego


na June Magazine ao sair da faculdade. Meu pai reservou
passagens para Nova York naquele mesmo fim de semana, para
que ele pudesse me levar a um brunch de comemoração.

Era difícil não confundir a felicidade deles com a minha


felicidade no trabalho. Eu associei meu trabalho a nós seguindo
em frente com o que aconteceu.

O drama do meu primeiro ano de faculdade tornou-se uma


memória distante da qual não falávamos. Ainda pairava sobre
nossas cabeças todos os dias, mas agora está mais distante -
quase imperceptível, exceto quando certos tópicos surgiam, como
querer procurar um novo emprego. Minha mãe perguntava o que
estava coberto nas verificações de antecedentes, eu calmamente
pesquisava no Google e nenhum de nós dizia por que ela havia
perguntado. Nós duas sabíamos, mas não precisávamos dizer isso
em voz alta. Ainda doía muito.

Então, com o tempo, disse a mim mesma que estava feliz por
ficar na mesma empresa. Talvez eu pudesse ter saído, mas o
processo de até mesmo pensar sobre isso me enviou de volta às
lembranças ruins, e eu preferi ficar onde estava - em um estado de
conforto. Previsibilidade.
Por muito tempo, tive certeza de que gostava da minha vida
assim.

— Eu gostaria de ter encontrado você mais cedo — Julian


murmurou enquanto eu me sentava em seu colo, nós dois
entrelaçados em um assento do nosso voo privado. — Eu teria
contratado você para minha empresa em um piscar de olhos.

Eu sorri. — Sim, mas esse é o ponto. Você não teria me


encontrado antes, porque me senti muito segura lá — eu
sussurrei. — E depois de tudo que passei, não havia nada mais
importante para mim do que me sentir segura. Como se não
houvesse nada com que me preocupar e eu pudesse apenas
relaxar.

— Entendi — Julian murmurou, passando os dedos pelo meu


cabelo. Fechei meus olhos enquanto me deliciava com a sensação
de sua calma se mesclando com a minha.

Eu mal podia esperar para pousar em Biarritz, mas logo após


nossa conversa, adormeci contra seu peito.
29

Julian

Chegamos à noite e a vista de Biarritz a deixou sem fôlego.

Foi divertido assistir.

Os prédios ao longo da costa estavam iluminados, brilhando


em ouro contra o breu do céu. Foi uma boa prévia do glamour da
cidade durante o dia. Sem uma visão completa, porém, Sara já
estava apaixonada.

— É tão louco. Há castelos antigos, mas há Art Déco e há essa


água — ela murmurou enquanto eu a deixava andar na minha
frente, observando tudo em ambos os lados dela. Ela parou em
cada prédio à sua esquerda e cada pedra irregular na água à sua
direita. Ele batia suavemente na costa, atingindo nossos pés
descalços enquanto carregávamos nossos sapatos. — Se “O
Grande Gatsby” acontecesse em qualquer lugar que não fosse West
Egg, seria aqui — ela decidiu antes de finalmente se virar e me dar
a chance de olhar seu rosto.

Sua excitação era desenfreada e seus olhos estavam mais


brilhantes do que nunca.
Mas ela os fechou e sorriu quando segurei sua bochecha. Com
a luz da lua brilhando sobre ela, ela estava tão bonita como eu
nunca a tinha visto. Era difícil conciliar que às nove da noite ainda
tínhamos trabalho a fazer. Tudo que eu queria era levá-la para o
meu quarto de hotel e cair na cama com ela. Para ouvir mais sobre
suas pequenas viagens com a mãe pelo Texas. Eu queria descobrir
tudo o que pudesse sobre ela, e o fato de não ter todo o tempo do
mundo para fazer isso me enfureceu.

Eu me perguntei como não havia planejado melhor esta


viagem e me dado mais tempo com ela antes da chegada dos Roths.

Tudo que eu queria era tocar Sara de todas as maneiras que


a fizessem sorrir. Eu queria mostrar a ela todas as minhas partes
favoritas da cidade e guardar minhas memórias com ela como as
últimas daqui ao deixar Biarritz. Eu queria fazer a ela um milhão
de perguntas simples para as quais de alguma forma ainda não
tinha as respostas.

Eu não sabia onde era seu restaurante favorito em casa, e


isso por algum motivo me incomodou.

Eu queria ser aquele que tinha todas as informações, todos


os elementos para torná-la a mulher mais feliz do mundo. Mas com
os Roths e seus conselheiros chegando em 12 horas, e Sara longe
para se atualizar sobre como fazer um tour pelo resort, eu não
tinha tempo. Eu tinha trabalho a fazer e, pela primeira vez, odiei
isso. Pela primeira vez, eu só queria relaxar.
Eu só queria estar com Sara.

— O que você está pensando? — ela perguntou quando


finalmente abriu aqueles olhos brilhantes novamente. Eu sorri
para ela enquanto respondia.

— Nada.

Foi difícil deixar o quarto de Sara pela manhã enquanto ela


ainda estava dormindo, mas eu tinha acabado de receber uma
mensagem de Colin avisando que havia chegado, e os Roths com
sua equipe também.

Eu deixei Sara descansar. Ficamos acordados até tarde


depois de chegar ontem à noite, e passamos as três horas
seguintes visitando a propriedade antes de voltar para o quarto
dela.

Eu fiz mais algumas perguntas na noite passada enquanto


relaxávamos no banho, minha frente em suas costas, sua cabeça
apoiada na curva do meu pescoço.

Desavergonhadamente, seu restaurante favorito na cidade


era um local no West Village que vendia apenas batatas fritas e,
aparentemente, uma gloriosa seleção de condimentos. As férias
dos seus sonhos eram na Toscana ou em Mônaco.

— Por que Toscana? — perguntei.

— Porque tem vinho.

— Justo. Por que Mônaco?

— Por causa de Grace Kelly.

— Sua melhor amiga uma vez disse que minha mãe se parecia
com Grace Kelly.

— Ela se parece! Eu totalmente pensei isso ontem. E Lia


pensou em Grace Kelly por minha causa. Ela nunca assistia a
filmes antigos de Hollywood sem que eu a incomodasse.

Então eu coletei algumas respostas com batatas fritas e Grace


Kelly. Sem surpresa, eu queria mais.

— Maior objetivo?

Ela cantarolava contra a borda de sua taça de vinho enquanto


pensava.

— A coisa com a qual eu sonhei por mais tempo foi


definitivamente ir ao baile e me sentir como uma princesa em um
vestido de baile grande e fofo — ela bufou. — Desde os cinco anos,
eu fantasiava com cada detalhe, até a grande revelação do meu
vestido, e a descida das escadas, e meu encontro colocando meu
buquê enquanto meus pais tiravam fotos.

— Jesus.

— Não me culpe. Os filmes estúpidos me arruinaram — ela


riu. — Mas de qualquer forma, como aquele navio claramente
partiu, eu diria que o grande objetivo é ganhar dinheiro suficiente
no futuro para comprar uma casa para meus pais em Londres.
Assim, eles podem voar de um lado para o outro, entre lá e o Texas.
De preferência com três quartos. Para quando eu visitar.

— Por que três quartos? Seus pais dormem separados?

— Meu pai ronca como uma besta, mas não. Eu imaginei tipo,
meus filhos.

— Sim? E quantos filhos você quer?

— Três. — Ela se virou para me encarar quando perguntou:


— E você?

— Pelo menos um. Não mais do que três — eu respondi.

Esta manhã, eu ainda estava pensando sobre o pequeno som


melancólico de hmm que ela fez depois que eu dei minha resposta.
Isso me fez sorrir mesmo depois de fechar a porta do quarto dela
atrás de mim, o som puxando as cordas do coração que eu não
sabia que tinha.

Um momento depois, vi Colin no corredor.


Ele estava vindo depois de bater inutilmente na minha porta
no final do corredor. Afastando-se disso, seus olhos mudaram da
porta de Sara atrás de mim para minha camisa amassada. Seu
sorriso foi de surpresa, mas encantado, e muito menos contido do
que eu esperava dele.

— Desculpe — ele se desculpou apressadamente antes de ir


direto para o modo de trabalho. — Então, Turner e Carter estão
aqui, e eles... claramente não estão acostumados a trabalhar direto
em um voo. Carter vai dormir em seu quarto agora, mas Turner
insiste em ir para a sua reunião com os conselheiros. — Colin
sorriu afetadamente. — Ele deu muita importância ao fato de estar
nos dando sua presença, considerando seu fuso horário.

Eu ri. — Jesus. Eu nem preciso mais dele aqui. Seu trabalho


está feito.

— Sim, bem, agora ele só precisa ser babá e acariciar o ego


enquanto você fala com os caras com os cérebros. Falando neles,
eles estão adiantados para a reunião no salão, mas eu pedi para a
cozinha preparar café e um prato de café da manhã nesse meio
tempo. É, hum, Sara está se arrumando? — Colin perguntou,
olhando para a porta de seu quarto não muito longe de mim. O
sorriso infantil reapareceu em seu rosto.

— Eu diria que não é o que parece, mas é — falei enquanto


acenava para começarmos a andar. Colin se ajustou rapidamente
para sua surpresa com minha franqueza.
— Oh. Bem, ela é extremamente inteligente, gentil e capaz,
então se uma regra fosse quebrada por alguém, deveria ser ela.

— Eu agradeço. — Trocamos um olhar divertido antes de


voltar ao trabalho. — Para responder à sua pergunta, Sara não
participará desta reunião. Ela precisa se reunir com os membros
da equipe do hotel para preparar a excursão dos Roths depois do
café da manhã — eu disse quando cheguei ao meu quarto. Colin
me parou quando abri a porta.

— Uh, senhor, eu sei que o itinerário está claro, mas Turner


solicitou especificamente que ela se juntasse a nós no café da
manhã — disse ele. Eu exalei.

— Ela está ocupada agora, então vou mandá-la se juntar mais


tarde. Vejo você lá em dez.
30

Sara

Eu tinha mencionado que queria um segundo apenas para


passear fora do resort na noite passada, então, apesar de Turner
aparentemente esperando por mim no salão, escapei pelos fundos
do hotel para dar uma olhada em Biarritz durante o dia.

Saudando-me na porta estava o Cadillac Eldorado 1958 verde


que Julian chamou para me levar para um passeio de quinze
minutos. Com a capota abaixada, combinava particularmente com
a vibração glamorosa da cidade. Eu tive que rir para mim mesma,
agradecendo ao motorista que segurou a porta para mim antes de
pegar meu telefone para mandar uma mensagem para Julian.

EU: Você está tentando me fazer sentir como a velha


Hollywood neste carro?

JULIAN: O que quer que coloque um sorriso nesse rosto.

EU: Acredite em mim, há um grande agora.

Eu não conseguia parar de sorrir enquanto o motorista me


levava rapidamente pela rua, proporcionando o passeio com um
sotaque encantador por Biarritz, a joia da Costa Basca, que já
serviu como local de férias exclusivo para a nobreza europeia.

Eu estava tão maravilhada.

Cada rua parecia uma mistura de estilos que eu nunca soube


que existiam. Havia cores brilhantes e pastéis, assim como
castelos de pedra e penhascos. Era uma cidade moderna do surfe
e um reino de contos de fadas, e eu mal podia acreditar que era
real.

Embora tivéssemos parado algumas vezes para eu vagar e


tirar fotos, não achei que tivesse tempo suficiente. Claro, meu
consolo em voltar para o resort era ver Julian. Uma parte de mim
já sentia falta dele. Ele escapou cedo esta manhã enquanto eu
estava dormindo e, de alguma forma, tendo apenas acordado ao
lado dele nas últimas três manhãs, eu já estava estragada. Eu
precisava de mais.

Minhas bochechas ainda estavam rosadas de excitação


quando voltei para o hotel, e no momento em que cheguei ao salão
chique, avistei Julian em uma mesa com Colin, Turner e quatro
outros homens. Turner, apesar de parecer mortalmente de ressaca
com seu cabelo loiro arenoso nos olhos, me viu primeiro e se
levantou rapidamente para me abraçar com seus braços pesados.

— Esta! — ele explodiu. — A festa não começa até que esta


chegue. Senhores, conheçam a estrela do show, Srta. Sara Hanna.
Eu sorri graciosamente enquanto dava a volta na mesa
apertando as mãos e fazendo apresentações. Todos os conselheiros
eram pelo menos dez anos mais velhos que Turner, mas pelo
menos alguns deles tinham o mesmo olhar errante que ele.

Minha roupa esta manhã era uma blusa listrada com calças
esvoaçantes de cintura alta e alpercatas. Topete. Lenço de cabeça.
Simples, sexy e não muito vistoso. Eu usaria um maiô com esses
caras mais tarde, então resolvi me controlar.

Claro, esta roupa por si só estava fazendo com que a mão de


Turner demorasse mais do que o necessário nas minhas costas.
Eu poderia dizer que Julian percebeu porque seus olhos estavam
grudados no braço de Turner e sua postura estava visivelmente
rígida sob a camisa branca.

— Cara, mal posso esperar para levá-la para surfar mais


tarde. — Turner sorriu enquanto seus conselheiros conversavam
com Julian sobre inspeções.

— Turner, acho que deixamos claro que não sou muito boa
nisso — falei, dando uma risada. Ele sorriu e baixou a voz.

— Bem, eu pensei que estava claro que meu prazer vinha


menos de ver você ter sucesso e mais de ver você divertir-se em um
biquíni.

Oh.
O que restou do meu sorriso ficou rígido quando Turner e eu
simplesmente ficamos ali por um momento, usando expressões
amigáveis um para o outro para manter o disfarce de um encontro
perfeito.

Mas eu esperava isso em algum momento. Eu tinha me


preparado para que Turner ficasse prático e inapropriado, e não
estava com medo. Afinal, estávamos provocando-o, e isso era
esperado. Tudo que eu tinha que fazer era me manter agradável o
suficiente para manter seu ego acariciado e sua atenção ainda
aguçada. Assim que a papelada estivesse em andamento, meu
trabalho como sedutora profissional exigiria muito menos
tolerância com Turner. Assim que a papelada fosse finalizada, eu
poderia muito bem dizer a ele para se foder se eu quisesse.

Estávamos perto. E eu estava confiante.

Dito isso, eu ainda estava um pouco aliviada que o tempo


mudou quando chegou a hora de nossa viagem de surf e passeios
de barco. Tínhamos esperado meia hora, mas com a chuva ainda
caindo, cancelamos nosso passeio na praia e optamos pelo que
estava originalmente programado para amanhã - um passeio pelo
spa.

Era um oásis escondido bem no centro do resort com colunas


brancas brilhantes, piscinas cintilantes e banhos turcos, bem
como vistas da costa deslumbrante. Mal terminei de falar sobre o
que foi acrescentado durante as reformas, quando Turner decidiu
que precisava de uma massagem.
— Minhas costas estão rígidas por causa do voo — disse ele,
estremecendo ao passar a mão pelos ombros e se esfregar.

Ele fixou seus olhos em mim enquanto o fazia. Eu levantei


uma sobrancelha e ele sorriu em resposta. Eu não sabia
exatamente o que ele estava dizendo, mas tive a sensação de que
era obsceno, e esse sentimento foi confirmado pouco depois.

— Parece que Sara precisa de uma massagem — Turner


anunciou, seus olhos ainda em mim enquanto ele interrompia
seus conselheiros. — Talvez devêssemos receber uma massagem
de casal. Você parece provavelmente muito tensa — ele disse com
um sorriso.

— Jesus, Turner — um de seus conselheiros riu


nervosamente enquanto Julian oferecia um sorriso fácil apesar do
fogo que peguei em seus olhos.

— Turner. Deixe-me marcar para você uma massagem sueca


de uma hora. Vamos?

— Tentando me tirar da sua cola, Hoult?

— Com certeza — Julian disse para a risada rouca dos


conselheiros. — Vamos. Deixe-me apresentá-lo ao nosso gerente
de spa.
No início, hesitei em ficar no spa enquanto Julian conversava
com os conselheiros, mas ele disse que preferia algum tempo a sós
com eles e que Colin também estaria comigo.

— Sara, ele está nos pagando para fazer massagens agora.


Vamos — Colin riu baixinho enquanto Julian esperava que eu
cedesse.

— Eu só quero que você tenha algum tempo para se divertir


enquanto estiver aqui — ele murmurou, conduzindo-me para o
lado. — E eu gosto de manter os elementos do meu negócio para
mim. Espero que entenda.

Eu balancei a cabeça embora não o fizesse.

Mas então me lembrei de como Julian havia associado Liz ao


sucesso de seu primeiro negócio de um bilhão de dólares, e como
isso havia distorcido positivamente sua percepção dela. Eu mordi
meu lábio enquanto considerava que, ao me excluir desta reunião,
Julian estava tentando colocar uma barreira entre sua carreira e
eu. Eu não tinha certeza se isso era bom ou ruim. Eu senti que
possivelmente era o último, mas disse a mim mesma para não
pensar muito nisso.

Então eu me distraí com a música tranquila tocando


enquanto me despia no vestiário feminino, eventualmente
emergindo em um robe para encontrar uma garota chamada Anaïs
esperando por mim.
Para alguém tão pequena e delicada, a mulher era forte.
Incrivelmente forte. Eu ainda estava vagamente incomodada com
o pedido de Julian antes de entrar na sala de massagem escura,
mas apenas um minuto depois, eu estava mentalmente
agradecendo a ele pelo tratamento. Só então me ocorreu que,
exceto pelas massagens de cortesia na manicure, eu nunca tinha
feito uma massagem antes na minha vida.

E foi incrível.

Minha pele estava coberta de óleo de coco natural e


escorregadia o suficiente para tornar mais fácil para Anaïs esfregar
as palmas das mãos enquanto massageava minhas costas e, em
seguida, minhas pernas. Até as pontas de seus dedos eram fortes.

Deus, essa garota é boa. Sinceramente, gostaria de poder


pagar por ela diariamente, apenas para ajudar a afastar todos os
pensamentos estúpidos e tão analisados em minha cabeça.
Quarenta minutos de massagem e ela ainda não tinha se cansado
ou perdido um grama de força.

Eu estava praticamente dormindo devido ao relaxamento


profundo quando uma batida soou na porta.

— Oh. — Eu realmente podia ouvir a carranca de Anaïs. Ela


parecia tão surpresa quanto eu com a interrupção repentina,
pedindo desculpas rapidamente antes de sair da sala.

Logo, eu podia ouvir uma voz baixa e masculina se juntando


à dela do lado de fora da porta.
Foi um murmúrio que não consegui entender, mas soou
muito baixo para ser Colin. Deitada nua na mesa, endureci com o
pensamento de quem poderia ser. Meu estômago se apertou com
uma suspeita sombria, mas antes que eu pudesse analisar mais,
a porta se abriu lentamente.

Olhos no chão, eu congelei.

Eu estava olhando para os sapatos masculinos entrando.


Meu coração bateu como uma pedra contra a mesa e, antes que
eu percebesse, uma mão estava levantando a toalha da minha
bunda nua.

Pelo simples toque dos dedos, eu sabia que não era Turner.

— Oh, meu Deus, idiota! — sibilei, levantando minha cabeça


para encontrar Julian de pé sobre meu corpo, um sorriso torto em
seus lábios.

— Deite-se.

Sua ordem foi um murmúrio baixo, mas ainda carregava mais


autoridade do que eu poderia negar. Deitada na mesa, espiei para
ver Julian olhar para o óleo de coco.

— Você vai terminar minha massagem? — Eu sorri. — Eu


tinha vinte minutos restantes.

— Você terá seus vinte minutos — Julian disse enquanto seus


dedos hábeis agitavam a frente de sua camisa para desabotoá-la.
Quando se abriu, tive uma visão deliciosa de dois segundos de seu
pacote de seis antes que ele dissesse: — De cabeça baixa.

Mordendo meu lábio, coloquei minha cabeça para baixo,


observando seus pés ao redor da mesa para ficar bem na frente,
logo acima de mim. Eu ainda estava rindo quando o ouvi passar
óleo nas palmas das mãos.

Mas fechei meus olhos e gemi quando senti suas mãos fortes
pressionando minhas omoplatas. Minha boca se separou quando
ele começou a esfregar nas minhas costas, então na parte inferior
antes que ele se inclinasse o suficiente para agarrar um punhado
de minha bunda. Embora ele apertasse um pouco para seu próprio
prazer, ele ainda me massageava, pressionando a palma da mão
contra todos os lugares certos.

Seu toque era distintamente diferente do da massagista. Era


firme, relaxante, mas inegavelmente sexual. As pontas de seus
dedos me acariciavam em movimentos lentos, quase circulares -
como se ele estivesse saboreando minha pele.

Oh, Deus, isso é bom demais.

Erguendo a cabeça, pude ver Julian ficando duro em sua


calça enquanto pairava sobre mim. Eu separei meus lábios. Eu
estava a apenas alguns centímetros de conseguir segurar seu
pacote com minha boca, e só o pensamento me deixou
incrivelmente molhada.
Também ficou particularmente torturante quando Julian
começou a massagear minhas coxas.

Deslizando a mão entre elas, ele deu longos golpes para baixo,
escavando minha boceta no caminho todas as vezes.

— Você está tão pronta para mim — Julian murmurou,


juntando mais e mais da minha umidade em sua palma com cada
carícia em minha coxa. Mordi a ponta do meu punho enquanto
tentava me abafar, mas a antecipação estava me matando.

— Coloque seus dedos em mim — eu sussurrei suplicante.

— Eu pensei que você queria uma massagem — ele brincou


enquanto abria minhas pernas, apoiando um joelho ligeiramente
para expor minha boceta. Então, com apenas seu dedo indicador
e médio, ele esfregou entre minhas coxas, provocando minhas
dobras escorregadias e deixando-as incrivelmente quentes com
cada carícia. — Sua bunda parece tão boa assim — ele murmurou.
Eu engasguei quando ele bateu, sua outra mão ainda
massageando minha boceta. — Olhe o quão duro você me tem.

Inclinei minha cabeça para cima novamente, ofegando com a


barra de aço que pressionava contra a calça de Julian.

— Tire-o — eu implorei suavemente.

— Deite-se de costas — Julian rebateu enquanto se virava


para o lado da mesa, apresentando-me a vista deliciosa de seu
corpo sem camisa.
Senti outra onda de umidade na minha boceta quando ele
deu aqueles três puxões rápidos para desfazer o cinto. Eu fiquei
viciada nessa visão.

— Massageie seus seios com óleo — disse Julian enquanto


desabotoava e abria o zíper das calças.

Estendi a mão para mergulhar meus dedos no óleo,


segurando minha mão acima do meu peito para ver o líquido
pingar em meus mamilos duros, em seguida, deslizar para baixo
em minha curva nua. A visão era tentadora até para mim. Tive que
olhar para baixo e observar enquanto esfregava meus próprios
seios, deixando escapar uma risadinha pelo fato de que estava
praticamente brilhando para Julian.

Mas ele não compartilhou da minha diversão. Na verdade,


enquanto ele me observava, sua mandíbula se apertou. Ele
realmente parecia excitado a ponto de ficar irritado quando se
aproximou de mim, passando a mão sobre o comprimento de sua
ereção vestida.

— Eu não acho que você percebe, Sara. — Ele puxou minhas


mãos para longe do meu corpo. — Em quão fodido animal você me
transforma — ele terminou em um murmúrio, empurrando meus
seios para cima e juntos. Eles eram tão redondos e reflexivos que
pareciam quase falsos, e eu nunca em um milhão de anos pensei
que acharia isso excitante, mas, agora, eu estava tão molhada que
estava caindo sobre a mesa. — Você tem ideia de como é difícil
continuar com uma reunião quando eu só consigo pensar em você?
Quando tudo que eu posso ver é a porra do seu corpo perfeito
sendo esfregado por mãos que não são minhas?

— Desculpe-me por ter arruinado sua reunião. — Eu sorri.

— Você vai me compensar — disse Julian, enviando um


arrepio na minha pele. Com cascalho em sua voz, ele murmurou:
— Abra suas pernas para mim.

Assim que o fiz, ele segurou minha coxa esquerda, puxando-


me para a beira da mesa e levantando minha perna. Descansando
em seu peito nu, ele puxou seu pau, acariciando-o duas vezes em
sua mão antes de deslizar em minha boceta.

— Oh, meu Deus.

Agarrei o lençol de seda sobre a mesa enquanto Julian se


inclinava para frente, me penetrando totalmente. Seus olhos eram
como aço quando me observaram. Ele parecia tão incrivelmente
lindo na iluminação quente, mas tão assustadoramente sério.
Seus lábios estavam pressionados em uma linha enquanto ele os
molhava. Mas ele se permitiu um rosnado baixo quando se
inclinou para frente para brincar com meus seios novamente,
apertando e beliscando enquanto empurrava fundo.

Eu mal conseguia fazer um som. Eu estava cheia até o fim,


meu prazer mesclado com a quantidade certa de dor enquanto
Julian bombeava furiosamente seus quadris. Cada músculo seu
flexionou e cada tendão se contraiu enquanto seu ritmo
aumentava constantemente dentro de mim.
— Diga-me como é, baby — ele sussurrou, seu olhar elétrico
brilhando forte no quarto escuro. Eu me esforcei para falar. — Isso
é bom?

— Muito bom — eu respirei com admiração, meus olhos


seguindo cada movimento seu.

Eu me senti mais exposta do que nunca quando ele baixou


minha perna de seu peito, agarrando minhas duas coxas e
segurando-as separadas para ter uma visão desobstruída de seu
pau dirigindo em minha boceta. Seu lábio inferior dobrado logo
abaixo dos dentes enquanto ele se observava me foder. Puta merda.
Havia algo tão carnal e erótico em seu foco extasiado na imagem.
Parecia que ele estava me reivindicando - mostrando a si mesmo
que quando ele me tinha assim, eu não pertencia a ninguém além
dele.

Ele parecia absolutamente fascinado por sua visão.

Mas quando gozei, sua boca estava prontamente na minha -


como se ele não perdesse meu orgasmo por nada neste mundo.
Seu beijo foi profundo, rápido e exuberante, e com seu pau ainda
enterrado dentro de mim, parecia que ele estava me devorando.
Possuindo cada centímetro de mim.

E eu queria que ele fizesse.

Eu assisti com fascinação selvagem quando Julian rangeu os


dentes e terminou dentro de mim, seus dedos cavando em meu
corpo, seus músculos rígidos relaxando lentamente enquanto ele
gemia meu nome. Enquanto recuperávamos nossa respiração,
parecia que eu respirava o que ele exalava.

Foi uma sensação milagrosa.

Eu nunca queria deixar isso ir.


31

Julian

A primeira reunião do nosso segundo dia em Biarritz foi


simplificada para incluir apenas Colin, dois conselheiros e eu. Era
um pouco antes do meio-dia, e pelo que eu sabia, Turner e Carter
estavam dormindo. Sara estava em outro passeio pela cidade que
eu arrumei no mesmo Eldorado verde.

Eu sabia que ela estava aborrecida quando saí do meu quarto


de hotel para a reunião esta manhã. Enquanto eu dava o nó na
minha gravata, ela se sentou na beira da minha cama com um
vestido amarelo que caía em seus ombros. Ela estava com os
tornozelos cruzados e as mãos cruzadas no colo, enquanto parecia
completamente irritada comigo. Foi estranhamente charmoso e eu
não conseguia parar de olhar na direção dela, mas não mudei de
ideia.

Eu queria ir para esta reunião sem ela. O tópico da discussão


de hoje estava muito além dos materiais de estudo que Colin e eu
tínhamos dado a ela sobre o resort, e não fazia sentido para ela
comparecer.
Além disso, provavelmente era hora de começar a separá-la
do projeto.

Então, eu a enviei em uma pequena aventura durante o dia,


esperando que à noite pudesse ouvi-la falar sem fôlego sem parar
sobre isso.

— Esta é uma bela vista — disse o conselheiro de Turner, Irv,


enquanto nos sentávamos no amplo terraço do restaurante
requintado do resort com vista para a costa. — Para ser franco com
você, Julian, os Roth há muito se decidiram. Acho que você sabe
disso. — Ele riu, erguendo as mãos em um leve pedido de
desculpas. — Neste ponto, realmente só precisamos passar pelas
formalidades. Em seguida, entraremos na extensa papelada, mas,
como você sabe, estamos todos muito satisfeitos com o quão bem
isso se encaixa nos esforços de Turner e Carter. Sei que mal é meio-
dia, mas devemos brindar a isso.

— Bem na hora — Colin comentou quando os garçons


voltaram com as garrafas de champanhe que eu pedi.

— Claro, você está sempre um passo à frente. — Irv riu,


acenando para o garçom servir as taças enquanto seu colega,
Robert, olhava para o oceano. Parecia particularmente azul sob o
sol desta manhã.

— Você surfa, Julian? — ele perguntou.

— Eu faço.
— Ah, claro que você faz. O que você não faz?

— Não faço isso há muito tempo — admiti, semicerrando os


olhos ao sol desde que dei meu Persol para Sara. — Não tenho
certeza de como me sairia bem depois de tantos anos.

— Quantos anos já se passaram?

Não importa quantos anos tenha se passado desde que vi


Lucie.

— Provavelmente cinco agora. Talvez seis — eu respondi,


olhando para a água.

Pude ver o local exato onde passei dezenas de manhãs com


Lucie. Eu ainda conseguia me lembrar daquelas ridículas tranças
douradas balançando ao vento. Seu cabelo era curto. Para
desgosto de sua mãe, ele se recusava a crescer. Mas Lucie nunca
se incomodou com isso. Ela adorava fitas e laços, então ela ainda
arrumava seu próprio cabelo pela manhã, prendendo rabos-de-
cavalo de cinco centímetros no topo de sua cabeça que eu chamava
de orelhas de hamster.

Toda vez que eu dizia hamster, ela dizia oinc. E toda vez que
eu explicava a ela que esse não era o som que um hamster fazia,
ela ria. Dessa forma, ela me lembrava muito Emmett. Ela fazia
coisas apenas para se divertir com a minha reação.
Seu senso de humor era uma semelhança tão impressionante
que uma manhã eu cedi e liguei para Emmett para apresentá-lo a
Lucie.

Eles conversaram com facilidade e trocaram histórias bobas


por mais de uma hora, o que surpreendeu até a mim. Enquanto
ainda estava no telefone, Lucie me perguntou quando ela iria
encontrar seu tio, e Emmett e eu nos entreolhamos, respiramos e,
simplesmente assim, esquecemos a parede entre nós para reservar
um voo para a França. Lucie ficou tão emocionada que saiu
correndo para lhe fazer um cartão de boas-vindas, apesar do fato
de que seu voo estava a duas semanas de distância. Pelo menos
estava até que ele cancelou.

Dois dias depois da nossa ótima conversa, Emmett mandou


uma mensagem e disse que não podia vir, e para não ligar mais
para ele - mamãe estava magoada por ele estar tentando abraçar
a família com a qual eu os substituí. Fiz o possível para explicar e
acho que ele tentou me ouvir, mas a ligação terminou antes que
qualquer coisa boa pudesse vir de alguma coisa.

E assim, outro tijolo se cimentou na parede cada vez mais


alta entre nós.

Então, passei o máximo de tempo que pude com Lucie.

Adorávamos ver os surfistas juntos pela manhã, antes mesmo


de Liz acordar. Apesar de quantas vezes ela pediu, eu estava
hesitante em ensinar Lucie a surfar. Mas depois de ver tantos pais
lá fora com crianças de apenas dois anos, eu cedi. Ela era uma
nadadora absurdamente boa, de qualquer maneira, sem nenhum
medo perceptível da água. Remar para fora sempre foi meu maior
desafio em uma prancha, mas Lucie agia como se não fosse nada.

Olhando para a água esta manhã, vi um menino um pouco


mais velho do que ela lá fora, e me perguntei como Lucie estava
agora. Ela havia dito em uma de suas cartas que ainda surfava
quando podia, mas isso foi há algum tempo. Realisticamente, ela
se esqueceu do surf da mesma forma que tinha feito com o inglês.
Lembrava do básico. Não era bom o suficiente para querer praticar.

— Hoult, Turner me contou grandes coisas sobre o


tratamento com pedras quentes aqui.

Voltando meus olhos para a mesa, eu relaxei suavemente de


volta na conversa. Irv e Robert estavam conversando sobre o spa
que Turner aparentemente havia elogiado. Eu me ofereci para
agendá-los lá antes do nosso jantar esta noite.

Mas, apesar da minha atenção convincentemente exclusiva


sobre eles, eu estava pensando sobre a distância.

Eu estava provavelmente a uma hora e meia de distância de


Lucie de avião agora. Eu poderia realmente pegar o jato e estar lá
mais rápido do que isso. Eu pediria a um membro de confiança da
equipe do hotel que se juntasse a mim, e essa pessoa serviria como
minha tradutora, para que eu pudesse explicar tudo para Lucie.
Eu não tinha ideia do que sua mãe havia contado a ela sobre
mim.

Eu não queria pensar sobre isso, mas conhecendo Liz, era


algo cruel - provavelmente eu as deixei voluntariamente porque
estava muito ocupado para ter uma família. Que eu havia pedido
a elas que se mudassem. Eu poderia dizer pela empolgação
minguante nas cartas que Lucie enviou que sua imagem de mim
estava mudando conforme ela crescia. Imaginei que ela podia
entender melhor as histórias que sua mãe lhe contava. Quaisquer
que fossem as palavras em francês para abandonada e
indisponível, ela provavelmente as ouviu muito quando Liz falou
sobre mim. Se Lucie a atormentasse o suficiente, eu não duvidava
Liz até mencionar que ela não era biologicamente minha. Ela era
implacável quando se tratava de machucar as pessoas. Ela disse
que aprendeu isso comigo.

Então, eu acreditava totalmente que ela machucaria Lucie só


para me arrastar pela lama. E por essa razão, eu desejava muito
uma chance de me explicar. Eu considerei a curta viagem de avião
cerca de mil vezes durante este almoço sozinho.

Mas por mais que eu quisesse e tecnicamente pudesse ver


Lucie, eu sabia muito bem que reaparecer em sua vida agora só
iria machucá-la.

Em suas cartas, ela mencionou amigos e escola, e todas as


novas memórias que ela estava criando no lugar das que já
tivemos. Ela estava seguindo em frente. As crianças se saíam bem.
Eles eram mais rápidos do que os adultos quando se tratava de
olhar para uma realidade diferente e aceitá-la como sua nova
realidade.

Não queria dizer que Lucie não se magoou por mim.


Provavelmente houve muitas noites de perguntas e choro logo
depois que elas saíram de casa. Mas com o tempo, esse desgosto
diminuiu e agora Lucie tinha acertado o passo em termos de se
esquecer de mim. A diminuição da frequência de suas cartas e a
maneira como falavam alegremente dos amigos me mostraram
isso. Agora, ela estava simplesmente focada em ser uma menina
feliz.

Então, enquanto me sentava nesta mesa com os conselheiros


de Turner Roth, decidi finalmente deixá-la ir.

Se havia um lado bom, era que eu tinha meus próprios novos


capítulos pela frente.
32

Sara

Eu tinha coberto tudo, da praia ao aquário e ao Musée Bonnat


quando voltei para o resort por volta das cinco.

Por me excluir da reunião esta manhã, eu estava decidida a


ficar pelo menos ranzinza com Julian, mas isso não funcionou. Ele
me enviou mensagens o dia todo durante minhas aventuras,
pedindo atualizações sobre o que eu tinha visto. Depois de muita
insistência, ele até cedeu ao meu pedido para fazer o download do
Snapchat, uma ideia da qual ele foi veementemente contra até
cerca de 2 da tarde.

Mas daquele ponto em diante, enviei a ele foto após foto de


onde eu estava. E onde quer que eu estivesse, parava e sorria ao
ler tudo o que ele prontamente mandava de volta. Para fotos de
cenário, geralmente era muito bom e uma sugestão de algo legal
para ver ou ler nas proximidades. Mas para selfies, as respostas
de Julian se tornaram cada vez mais urgentes, começando com
‘você está linda’ até ‘droga, Sara’, antes de finalmente chegar a
‘volte agora para que eu possa tirar seu vestido’.
EU: Se você realmente tiver tempo entre as reuniões para fazer
isso, ficarei feliz em ignorar o Casino Barrière.

JULIAN: Volte para mim, por favor.

EU: Tudo bem?

Julian: Nada mal, considerando que não tive que lidar com
Turner ou Carter o dia todo.

EU: Não é ruim, mas também não é bom?

Julian: Está tudo bem. Só preciso de você agora.

Parei no meio da praça da cidade, meu coração pulando uma


batida enquanto eu lia aquela mensagem. Então, sem perder mais
um segundo, me virei para voltar ao resort.

Eu estava subindo para o nosso andar no elevador antigo


quando ele parou no meio do caminho, abrindo-se para me
apresentar Turner. Sua camisa estava meio desabotoada e torcida,
graças a uma garota vestida de maneira semelhante pendurada
em seu corpo.

— Puta merda, chega. — Ele riu, afastando-a dele antes de


tropeçar e me notar. — Ah. Merda! Olha quem é. Rápido, pressione
a porta para fechar para que ela não me siga — ele disse,
atingindo-me com o fedor de sexo e suor enquanto apertava o
botão.

— Olá, Turner — eu finalmente ofereci minha saudação.


— Olá para você. Jesus, olhe para você. Eu só quero puxar
isso — ele falou, puxando o nó do meu biquíni na parte de trás do
meu pescoço. Eu me esquivei.

— Por favor, não faça isso.

— Tudo bem, eu posso ver bastante como é. — Ele riu,


olhando para a roupa que eu tinha trocado para ir para a praia -
um vestido de túnica branca com decote em V sobre meu biquíni
azul claro. Turner manteve os olhos fixos em meu decote. —
Escute, Sara, o que você pode me dizer sobre a faixa etária nesta
cidade? — ele perguntou com uma carranca séria, apesar de ainda
olhar para o meu peito.

— A população residencial ou a população turística?

Turner sorriu. — Tanto faz.

— Bem, começando com a população em uma base regular,


há cerca de 25 mil com uma idade média em torno de-

— Honestamente, tudo que eu realmente quero saber é por


que estou tendo problemas para encontrar garotas tão bonitas
quanto você.

Ugh. Eu estiquei meus lábios em um sorriso para evitar


vomitar no rosto de Turner, o que eu realmente queria fazer,
considerando que ele tinha acabado de me provocar com uma
conversa de trabalho com o único propósito de me levar a uma
conversa de merda.
— Acho que está acima do meu nível salarial, Turner.

— Você é engraçada. Mas, falando sério, Sara - como é ser a


mulher mais bonita de Biarritz agora? — Turner pressionou, quase
dobrando meus joelhos com seu forte cheiro de queijo. — Não ria!
Acredite em mim, estive procurando, dei uma olhada aqui e ali,
mas, até agora, o talento é surpreendentemente sombrio para uma
cidade do surf — disse ele enquanto o elevador se aproximava do
meu andar.

— Você nunca pressionou o seu andar, Turner. — Sorri


quando as portas se abriram no meu. Eu franzi meus lábios
quando ele me seguiu.

— Eu tenho uma pergunta sobre a idade demográfica. Coisas


de negócios. — Ele caminhou atrás de mim com um sorriso em sua
voz. — Você pode me ajudar?

— Absolutamente. Gostaria de marcar um encontro com


todos nós um pouco mais cedo antes do jantar? Tenho certeza de
que Julian está no local, então isso pode ser facilmente arranjado
— falei, diminuindo a velocidade para parar na frente da minha
porta. Turner sorriu para mim.

— Nah. Eu já tenho você aqui. Vamos conversar no seu quarto


— ele disse, balançando a cabeça atrás de mim. Ele estava ciente,
como de costume, que eu via através de suas besteiras - ele
simplesmente não se importava. Ele estava confiante de que ainda
funcionaria.
— Não, Turner, devemos nos encontrar no salão — respondi
educadamente.

— Oh, vamos, querida. Não seja tão rígida. — Oh, por favor.
Eu fiz o meu melhor para não revirar os olhos. Sinceramente,
gostaria de ter uma câmera oculta transmitindo ao vivo tudo isso
e intitulado babaca para Lia. Ela adoraria. — Apenas me anime,
Sara.

— Tudo bem, Turner — falei observando suas sobrancelhas


se mexerem em antecipação à minha chave na porta. Mas eu não
dei a ele essa satisfação. — Dê-me sua pergunta bem aqui. Sobre
a faixa etária? É isso que você queria perguntar?

Eu fiz o meu melhor para não rir quando o rosto de Turner


caiu. Mas, com a mesma rapidez, ele voltou à vida com aquele
sorriso de comedor de merda característico dele.

— Jesus. Você realmente não confia em mim o suficiente para


entrar no seu quarto? — ele perguntou, dando uma risadinha.

— Meu quarto não é um espaço para uma reunião de


negócios, Turner.

— Tudo bem, então vamos fazer algo além dos negócios.

Ok, então você claramente está indo em frente agora. Eu cruzei


meus braços.
— Considerando que os negócios são exatamente para o que
estamos aqui, minha resposta será não.

— Vamos ser realistas - o seu negócio aqui é um pouco


diferente do dos rapazes.

— Diga novamente?

Turner coçou o queixo e riu. — Oh, não... você acha que eu


não sei, não é?

Meu coração bateu forte, mas eu inclinei minha cabeça para


brincar.

— Sabe o que?

— Por que você foi contratada — disse ele, aproximando-se


de mim. Eu tinha certeza de que seu peito estava totalmente perto
do meu, mas não dei a ele a satisfação de olhar para baixo para
confirmar. Eu mantive meu olhar fixo no dele, recusando-me a
parecer nada além de destemida.

— E por que você acha que fui contratada, Turner?

— Vamos, Sara — ele sussurrou maliciosamente. — Garotas


como você conseguem empregos como esses porque são bonitas.
Porque suas bundas ficam bem em saias pequenas. Você é
contratada estritamente para fazer negócios mais fáceis para caras
como Julian. É por isso que ele a contratou para supervisionar as
mudanças neste resort — disse ele, deixando-me saber que não
tinha realmente as informações que eu pensei que ele tinha. Soltei
um suspiro de alívio inaudível quando Turner sorriu. — Julian
colocou você aqui porque as pessoas estão mais inclinadas a fazer
o que você diz, Sara. Você é doce, amigável e bonita, e eles
inconscientemente querem agradá-la. Inferno, eu sei que quero
agradar você.

— Turner, pelo que observei antes de você se juntar a mim no


elevador, você pode escolher as mulheres aqui — falei calmamente.

— Bem, elas não fazem isso por mim. Tentei usá-las para
coçar a coceira - não funcionou.

Eu estava chegando rapidamente ao meu limite de ser capaz


de até mesmo fingir uma risada, então com o mesmo sorriso
educado que eu estava dando a ele, eu disse: — Turner, eu tenho
que me preparar. Vejo-o no jantar.

Sua voz estava presunçosa quando me virei para abrir a


porta.

— Essa sua bunda está me dizendo para entrar.

— Eu garanto que não está — atirei de volta sem olhar para


trás.

— Cristo. Então, por que se vestir assim se você não quer que
eu reaja? — ele perguntou. Eu estava na metade do caminho para
o meu quarto quando congelei de nojo total. — Você está me
pedindo para foder com você e depois me dizendo que não quer
isso. Não é isso que está acontecendo?

Senhor, Turner. Sério?

Suas perguntas eram terríveis. Inegavelmente. Ainda assim,


esperei sentir aquela onda de vergonha ou culpa. Esperei sentir a
necessidade de me cobrir e dizer a mim mesma que pedi por isso,
mas a sensação não veio.

Bloqueando firmemente minha porta aberta, eu me virei para


encará-lo.

— Sr. Roth, ao que parece, as mulheres às vezes fazem coisas


para seu próprio prazer e felicidade. Eu visto minhas roupas
porque gosto delas e porque me sinto bem com elas. Gosto de me
sentir atraente e, se isso chamar sua atenção, fique à vontade para
olhar. Mas, a menos que eu o convide, nunca toque ou assuma
que você tem direito. Usar a maneira como me visto como desculpa
para sua falta de respeito ou autocontrole não é justificado ou
suficiente. — Eu inclinei minha cabeça. — Ok? — perguntei com
um brilho deliberado que só poderia ser interpretado como
amigável.

Turner olhou para mim por vários segundos, seus olhos


brilhando.

— Sabe, você é diferente de todas as outras garotas.


— Eu não sou. Sou apenas diferente daquelas que você
persegue. Lance uma rede mais ampla e você encontrará muitas
mulheres dispostas a falar o que pensam.

O sorriso de comedor de merda estava de volta. — Por que


procurá-las quando eu já estou com você? — Turner perguntou,
me olhando de cima a baixo. — Vamos, querida. Só me deixe entrar
por um segundo — ele persistiu. — Vou manter isso estritamente
profissional - juro.

Eu o encarei. — Podemos discutir o que você quiser neste


corredor.

— Eu não quero discutir isso no corredor, Sara, e


considerando que sou eu quem toma todas as decisões finais nesta
viagem, você provavelmente deveria pensar duas vezes antes de ser
tão difícil de trabalhar — ele falou, provocando com tom tingido de
gelo agora. Ele sorriu com a ligeira vacilação em minha expressão.
— Você sabe que Hoult precisa deste acordo. Eu sou de longe o
maior lance para este resort, e a Roth Entertainment é a única, e
quero dizer, a única empresa que pode lançar o Empire Stadium
para se tornar o estádio mais lucrativo de Nova York.
Considerando a competição, isso é um grande negócio naquela
cidade. E é um grande problema para sua família - tenho certeza
de que você sabe o quão importante sua família é para ele. Certo?

— Eu sei — eu murmurei, meu coração disparado.


Engoli em seco enquanto pensava sobre esse negócio se
resumindo a um encontro casual com Turner, e sua necessidade
estúpida e egoísta de conseguir o que queria e entrar no meu
quarto. Eu não conseguia suportar a ideia de Julian fracassar
neste empreendimento apenas por minha causa, ou a ideia de me
tornar outra mulher que se interpusesse entre ele e sua família.
Considerei que deixar Turner entrar no meu quarto poderia ser
rápido - que eu poderia enviar uma mensagem de texto para Julian
no momento em que entrasse e deixá-lo saber para passar o mais
rápido possível. Se as intenções de Turner fossem de fato tão
obscenas quanto eu imaginava, então eu simplesmente teria que
protelar por dez, quinze minutos antes de Julian chegar.

Para o bem de todo este negócio, aqueles quinze minutos


pareciam potencialmente valer a pena.

Ao mesmo tempo, embora corresse mais riscos ultimamente,


decidi parar de correr esses.

Eu me respeitava demais para isso.

— Sinto muito, Turner. Mas você não vai entrar no meu


quarto — eu disse, entrando e quase fechando a porta na cara dele.
Meu coração bateu forte quando Turner empurrou a mão contra
ela, mas para meu leve alívio, ele apenas a segurou aberta o
suficiente para dizer uma última coisa.
— Venha trabalhar para mim. — Ele ficou quieto por um
momento, seus olhos estudando os meus com curiosidade. — Vou
triplicar o salário que você tem com Hoult.

— Agradeço a oferta, Turner, mas não, obrigada.

Ele riu. — Você mal pensou nisso.

— Eu não precisei. Vejo você no jantar.

Eu abri outro sorriso perfeitamente bom antes de fechar a


porta com força e trancá-la.
33

Julian

Na movimentada sala de jantar, com jazz ao vivo flutuando ao


nosso redor, sentei-me com Irv à minha esquerda e Robert à minha
direita. Bem do outro lado da mesa estava Sara, imprensada entre
os irmãos Roth, parecendo tão bonita que eu mal conseguia pensar
direito.

Minha frequência cardíaca não diminuiu desde que ela


chegou para jantar com um vestido bege claro com alças finas que
eu mal conseguia distinguir contra sua pele brilhante. O material
parecia macio e abraçava com força todo o corpo dela, enquanto
mergulhava frouxamente em seus seios. Seu decote profundo
apareceu apenas quando ela alcançou ou se inclinou em certas
posições, tornando a noite um jogo de antecipar silenciosamente
cada movimento de Sara, não importa o que estivesse fazendo.
Como todo mundo, eu era culpado de olhar cada vez que o decote
abaixava.

Mas, ao contrário de todo mundo, eu estava muito longe de


Sara para falar com ela, o que fazia com que olhar para ela doesse
fisicamente.
Eu queria estar ao lado dela.

Foda-se - na verdade, eu precisava estar.

Eu estava realmente inseguro de que poderia sentar-me


durante este jantar. Eu tinha visto Turner e Carter salivar por Sara
antes, mas algo estava diferente esta noite. Para começar, eu não
tive tempo de vê-la ou tocá-la desde o início da manhã. Eu ansiava
pela chance de ouvi-la contar sem fôlego suas histórias do dia, mas
graças às perguntas incessantes de Irv e Robert, eu não consegui
chegar ao quarto dela depois que ela voltou para o resort.

Foi um soluço tecnicamente pequeno em um dia sem costura


de grandes reuniões, mas parecia enorme para mim.

Eu poderia admitir que queria seu conforto. Havia uma dor


surda em meu coração hoje. Eu sabia que tinha a ver com Lucie e
sabia que precisava de apenas alguns momentos com Sara para
que aquela dor passasse. Apenas um ou dois segundos de seus
braços em volta do meu pescoço e sua cabeça apoiada no meu
peito era tudo que eu precisava para respirar.

— Outra taça de champanhe para você, senhor? — o garçom


ofereceu enquanto ele passava. Eu estava no meio de um declínio
quando Turner gritou do outro lado da mesa.

— Outra rodada para todos. Estamos comemorando — disse


ele ao garçom jovialmente. — Turner Roth. — Ele estendeu a mão.
— Este é meu irmão, Carter. Lembre-se dos nomes, porque
estamos comprando este resort, então você nos verá muito mais
em breve.

Pelo amor de Deus. Eu me preparei para me desculpar em


seu nome, mas o garçom se foi rapidamente e Turner logo voltou a
murmurar no ouvido de Sara.

Sob a mesa, meus dedos dispararam uma mensagem rápida.

EU: Você está bem?

SARA: Sim.

SARA: Mas estou com saudade.

Puta que pariu.

Nós nos olhamos enquanto Turner inclinava seu braço sobre


a mesa na frente de Sara, enjaulando-a como sua presa. Seu olhar
firme confirmou que ela ainda estava bem, que ela tinha tudo sob
controle, mas não aliviou meu coração. Minha paciência para ficar
longe dela estava se esgotando o dia todo, e agora, enquanto eu a
observava remover a mão de Turner de seu ombro nu, oficialmente
tinha sumido.

— Senhores — falei de repente, encarando Irv e Robert


enquanto enviava outra mensagem rápida.

EU: Temos uma reunião com a equipe de marketing do resort


amanhã às 8h, antes da reunião final com os Roths às 10h.
COLIN: Oh, Deus, temos?

EU: Não. Mas vá com isso.

— Você está brincando. Você já tem que ir? — Irv parecia


genuinamente desapontado. Eu sabia bem que ele não gostava de
ficar perto dos Roths tanto quanto eu. — Mas Turner acabou de
pedir uma rodada de champanhe.

— Sim, infelizmente, nós três devemos terminar logo. Colin —


eu olhei para ele alguns lugares abaixo. — Lembre-me da hora de
nossa reunião com a equipe de marketing amanhã?

— Oito da manhã, senhor.

— Oh, uau — murmurou Irv, tirando o guardanapo do colo


para se levantar e se despedir. — Bem, estamos ansiosos para vê-
lo amanhã ao meio-dia — disse ele, apertando minha mão antes
de Robert se levantar para fazer o mesmo.

Do outro lado da mesa, Turner praticamente fez beicinho.

— Você está me zoando, Hoult? Você vai deixar o tio Rob e o


vovô Irv sobreviverem a você esta noite? — ele exigiu incrédulo. —
Pelo menos deixe Sara ficar. A garota só quer uma festa. Não é,
Sara?

Eu poderia dizer pela maneira como ela se encolheu, que ele


apertou seu joelho sob a mesa. Meu coração parecia um tijolo
enquanto martelava no meu peito, meus olhos brilhando em
Turner enquanto Sara se levantava da mesa.

— Não, Turner, acho que gostaria apenas de dormir — disse


ela com uma calma admirável. — Cavalheiros. — Ela enfrentou Irv
e Robert com um sorriso tenso, mas convincente o suficiente. —
Estou ansiosa para nossa reunião final amanhã.

— Assim como nós, Stra. Hanna — disse Irv. — Tenha uma


boa noite agora.

— Você também.

Com isso, nós três saímos, andando rapidamente e em


uníssono para fora da área de jantar movimentada. A sala era
grande, mas o ar ainda estava quente enquanto eu caminhava ao
lado de Sara, nós dois, sem palavras, ansiosos para nos tocar.

Não foi até que estávamos fora da visão dos Roths que os
olhos de Sara brilharam para mim, o canto do lábio entre os
dentes. Abaixei meus olhos para ver sua mão alcançando
cautelosamente a minha. Aparentemente, ela não podia esperar.

Aparentemente, nem eu.

Em vez de segurar a mão dela, toquei as costas de Sara e nos


conduzi em uma curva fechada escada abaixo em direção aos
banheiros. Ela não perguntou o que estávamos fazendo. Ela não
hesitou quando lado a lado descemos as escadas.
No momento em que chegamos embaixo, eu a empurrei
contra a parede.

— Eu preciso de você agora — eu sibilei, pegando sua


mandíbula e segurando-a com firmeza enquanto a beijava
profundamente.

Sua energia imediatamente combinou com a minha. Com as


duas mãos segurando meu cinto, Sara me puxou com força contra
seu corpo, avidamente abrindo sua boca para minha língua.

— Julian — ela engasgou enquanto eu nos empurrava para o


banheiro masculino. Não tinha como saber que estava vazio, mas
estava, e graças a Deus por isso, porque não podia esperar mais
um segundo para senti-la. — Você é louco — ela sussurrou sem
fôlego através do sorriso que pressionou contra meus lábios. Sua
risada ricocheteou no mármore do cômodo vazio quando eu a
puxei para uma cabine e nos tranquei. — Julian — ela gemeu
enquanto eu esfregava sua palma contra meu pau totalmente
duro. — Você é louco pra caralho.

— Você é a única que me deixa assim.

— Eu sei — ela sussurrou.

— Satisfeita com você mesma? — Eu sorri, lambendo uma


linha molhada em seu pescoço. Seus seios tremeram em minhas
mãos enquanto ela estremecia. — Você está feliz por eu não ter
controle com você? — murmurei, colocando-a em minhas palmas
e passando os dedos em círculos sobre seus mamilos até que eles
endureceram. — Você me faz sentir como se estivesse perdendo a
porra da minha cabeça, Sara.

— Você faz pior para mim — ela respirou. Seus dedos se


moveram rapidamente, desfazendo meu cinto enquanto eu beijava
as alças de seus ombros e observava seu vestido cair até a cintura.
Eu cavei meus dedos em seus quadris enquanto beijava o topo
redondo de seus seios, gemendo quando ela libertou minha ereção
e a acariciou em suas mãos macias.

Meus antebraços bateram contra a tenda, prendendo-a


enquanto eu me preparava. A cabeça do meu pau latejava quando
ela o esfregou contra sua barriga nua e sussurrou: — Eu quero
que você me foda.

Eu tinha toda a intenção de fazer isso. Mas então as portas


se abriram e ouvimos uma voz irritantemente familiar.

— Sério, cara. Foda-se Hoult por sair logo depois que eu pedi
champanhe.

Sara

Minha boca ficou aberta por vários segundos, meu coração


batendo forte em descrença.
Sem vestido no banheiro masculino, o pau de Julian
pulsando quente em minhas mãos, eu me encontrei de repente a
dois metros de Turner e Carter Roth. Graças a Deus pelas portas
da cabine que chegavam até o chão. Elas protegiam os sapatos de
Julian e meus saltos enquanto os irmãos Roth urinavam nos
mictórios.

Eles eram como meninas do ensino médio. Mesmo depois de


terminarem seus negócios, eles ficaram para falar merda sobre
ninguém menos que nós.

— Ele só está bravo por você querer foder sua assistente antes
dele — Carter riu, lavando as mãos. Meus olhos se fixaram nos de
Julian, vi o fogo retornar atrás deles. Queimou mais quente
quando Turner entrou na conversa com sua besteira de costume.

— Aquele cara tem um pau no rabo. Se ela trabalhasse para


mim, eu estaria arrasando todos os dias no escritório. Eu transaria
com ela bem na frente de qualquer um. Eu não me importaria.

— Os caras adorariam isso. — Carter riu. — Ela tem uns


peitos do caralho.

O pescoço de Julian estava tenso. Notei uma veia em sua


testa que não tinha antes. Eu desejei silenciosamente que ele se
acalmasse, mas isso era impossível com Turner aumentando sua
idiotice.

— Sim, estou chateado por não ter conseguido ver essas


coisas naquela noite na piscina. Eu juro que ela estava sacudindo-
os de propósito para deixar meu pau duro pra caralho — ele disse,
fazendo com que meu lábio se curvasse em um sorriso de escárnio.
Você está delirando, Turner? Meu peito arfou enquanto suas
mentiras flagrantes continuavam. — Deveria ter fodido ela bem na
frente de Julian.

A mão de Julian formou um punho contra a parede acima da


minha cabeça. Ele pareceu a um segundo de perder o controle,
então com a mão em seu queixo eu o virei para me encarar, meus
olhos o incitando a respirar enquanto minha mão livre retomou a
acariciar seu pau.

— Baby — ele sussurrou seu aviso torturado. Seus olhos se


fecharam enquanto eu lentamente aumentava meu ritmo.

— Eu tentei entrar no quarto dela hoje. Ela me bloqueou.

Mordi meu lábio com força quando Turner revelou o que


ainda tinha para dizer a Julian. Meus olhos estavam grandes, sem
piscar enquanto Julian olhava para mim, suas sobrancelhas se
franzindo em uma pergunta silenciosa sobre o que aconteceu hoje
antes do jantar. Eu não sabia como acalmá-lo. Meu pulso estava
rápido enquanto eu observava as cavidades de suas bochechas
flexionarem enquanto ele apertava sua mandíbula. Seus ombros
ficaram rígidos de novo, e seu peito expandiu sob sua camisa,
parecendo tão apertado que eu jurei que poderia quicar com
moedas dele.
Ele estava lívido, mas sua raiva não era para mim. Era para
eles.

— Apenas chute a porta aberta da próxima vez — Carter


brincou.

— Para ela, talvez eu tenha que fazer. Eu vou transar com ela
de uma forma ou de outra.

Foi isso.

Merda.

Minha respiração ficou presa na garganta enquanto eu


observava a última parte da compostura de Julian sumir de seus
olhos. Mas em vez de voar e bater a cabeça de Turner na parede,
ele puxou minha perna contra seu corpo, empurrando minha
calcinha de lado com seu pau.

Puta merda.

O choque ondulou meu corpo quando o pau duro de Julian


empurrou dentro de mim. Eletricidade estalou entre nós, nossos
olhares travaram sem piscar um no outro enquanto ele entrava em
mim centímetro por centímetro sólido.

— Nós vamos encontrar uma maneira de tirar a roupa dela —


Carter bufou enquanto eu cravava minhas unhas nos ombros de
Julian, me levantando para dar a ele mais força para balançar seus
quadris dentro de mim.
Eu mergulhei em sua intensidade sem palavras enquanto me
esfregava contra ele, meu corpo inundado com uma mistura de
raiva, satisfação e vingança.

Os Roths poderiam sugerir tudo o que queriam para que eu


pudesse ser deles, mas a verdade estava na minha frente e dentro
de mim, e me fodendo com força quando os irmãos deixaram o
banheiro.

— Minha — Julian rosnou, seus lábios nos meus enquanto


ele balançava o reservado, seus quadris empurrando
incansavelmente dentro de mim. — Você pertence a mim. — Ele
me beijou com uma fome que crescia a cada segundo. — Só a mim,
Sara.

— Isso é tudo que eu quero — sussurrei tremulamente


enquanto ele mantinha o ritmo de sua carícia e chupava as pontas
dos meus seios em sua boca. Eu rolei minha cabeça para trás
contra a parede, minha respiração ficando irregular enquanto ele
sacudia e rodava sua língua sobre mim, meu prazer crescendo tão
alto e tão rápido que eu apenas vagamente senti Julian me
levantando como uma pena do chão.

Presa contra a parede, seu pau me perfurava profundamente


e seu abdômen esfregava contra meu clitóris por apenas cinco
segundos antes que a sensação se tornasse insuportável.

— Goze para mim, baby — Julian murmurou com fervor.


Meu corpo obedeceu e o levou comigo, meus lábios ofegando
por ar quando Julian terminou dentro de mim com um rugido
ecoante. Estávamos barulhentos demais para o ambiente, mas não
nos importamos - nem mesmo se tentássemos. Estávamos com
muito calor, com raiva e ansiosos para apostar nossos direitos um
no outro esta noite.

E nós dois estávamos longe demais para nos conter.


34

Sara

Depois do jantar, voltamos direto para o nosso quarto de hotel


– ou melhor, meu quarto de hotel que aparentemente estávamos
dividindo agora.

Depois de pegar sua bolsa em sua suíte no final do corredor,


Julian voltou para a minha. Parado na porta do banheiro, ele
silenciosamente desabotoou a camisa, tirando a roupa
vagarosamente enquanto me observava tomar banho pela porta de
vidro. Eu podia ver atrás dele a sala de estar e pelas janelas o luar
brilhando sobre a água.

Pela primeira vez, gostei da divisão entre mim e Julian. Limpei


a névoa que vaporizava a porta do chuveiro enquanto continuava
a observá-lo entrar e sair do banheiro enquanto tirava suas
roupas, relógio e sapatos. Sem algo nos separando, eu tinha
certeza de que escalaria em cima dele de novo - era difícil não fazer
isso, mesmo quando eu ainda estava recuperando o fôlego do que
ele tinha acabado de fazer comigo no restaurante.
Puro e simples, não havia como olhar para Julian sem desejá-
lo. Mas me forcei a apenas fazer uma pausa e aproveitar este
momento para olhar para a minha realidade atual.

Há pouco mais de um mês, eu passava de seis a sete dias por


semana em uma área sem janelas no meu escritório na June
Magazine. Eu trabalhava horas extras não remuneradas todos os
dias para completar as tarefas de meus superiores, fazia meu
ritual de sexo com Vanilla Jeff em seu escritório bagunçado e
minha ideia de férias eram trinta minutos em um café com Lia.

Agora eu estava em Biarritz, França, no quarto de hotel mais


lindo que eu já tinha visto com uma vista deslumbrante da costa
basca. Para piorar, Julian Hoult relaxava comigo depois de um
longo dia fora. Só de vê-lo se preparando para dormir era
fascinante. Apenas dormir na cama com ele era fascinante.
Aparentemente, tudo sobre aquele homem me fazia sentir melhor,
mais feliz, mais esperançosa, e embora eu tivesse feito um ótimo
trabalho até ontem, enquanto observava Julian agora, não podia
negar.

Eu estava caindo.

Duro.

Eu não me sentia nada perto de segura sobre isso, mas estava


acontecendo e, por mais que tentasse, não conseguia mais parar.

— Ei. — Sorri quando ele entrou no chuveiro comigo. Eu ri


quando ele deu um sorriso torto e inclinou seu corpo cansado em
mim por vários segundos. E fechei meus olhos enquanto ele
beijava meu pescoço. — Você está quase lá — murmurei. Amanhã
seria nosso último dia antes de voltar para casa. De alguma forma,
parecia uma eternidade desde que saímos de Nova York.

— Obrigado, a propósito — Julian disse quando ele se


afastou. Meus olhos seguiram minhas mãos enquanto percorriam
seus peitorais sólidos, em seguida, lentamente descendo as cristas
de seu abdômen.

— Pelo que? — perguntei suavemente.

— Tornar esta viagem mais fácil para mim.

— Eu quase não fiz nada com os Roths nesta viagem.

— Não me refiro a respeito da venda — disse ele, pegando o


pequeno pedaço de sabão e passando sua superfície lisa ao longo
do meu lado. — Quero dizer apenas... estar aqui. Em Biarritz.
Normalmente não é uma viagem fácil para mim.

Pisquei, a água escorrendo pelo meu cabelo e pelo rosto.


Como eu nem havia considerado isso? Este resort em que eu
estava tendo o melhor momento da minha vida começou como um
lar - aquele que ele construiu para ter Lucie de volta.

Claro que doía estar aqui.

— Eu nem pensei sobre o quão difícil foi para você voltar aqui
— eu murmurei, franzindo a testa para mim mesma.
— Normalmente é, mas não foi desta vez. Eu mal reconheço
este lugar quando estou aqui com você. Eu me sinto como se fosse
outra bela cidade francesa quando eu a vejo através de seus olhos,
— Julian disse seriamente, alheio ao quão incrivelmente doce eu
achei suas palavras. Ele olhou para mim e sorriu. — Dito isso,
espero que você não tenha gostado muito do seu tempo aqui,
porque não tenho nenhuma intenção de voltar quando tivermos
partido.

— Eu sempre posso vir aqui sozinha — eu provoquei.

— Seria um desperdício deixá-la ir a algum lugar sozinha —


disse Julian.

— Por que isso?

— Porque você fica tão bonita quando vê algo pela primeira


vez — ele respondeu imediatamente. — Eu não gostaria de perder
todas aquelas caras que você faz.

Eu sorri largo. — Você está tentando fazer minhas bochechas


doerem?

— Eu não estou. Mas eu me tornei muito dependente de ver


esse sorriso, então o que quer que te faça feliz, eu continuarei
fazendo. — Ele riu, deixando a água escorrer por sua cabeça
enquanto se inclinava para me beijar.

À noite, adormeci enquanto Julian se sentava ao meu lado na


cama, olhando algumas anotações. Ele perguntou se eu queria que
ele se mudasse para a sala de estar para que eu pudesse desligar
as luzes para dormir, mas eu disse que não. Eu me sentia muito
em paz deitada lá com ele lendo ao meu lado. Adorava cada
segundo disso, mesmo durante o sono.

Nem me importei ao despertar por volta das duas da manhã


e encontrá-lo ainda acordado e lendo, embora seu material tenha
mudado desde a última vez que o vi.

— O que é isso? — perguntei, minha voz falhando de torpor.


Julian olhou para mim e franziu a testa.

— Ei. Sinto muito ter acordado você.

— Você não fez isso. Eu apenas me mexo aqui e ali — eu


murmurei, olhando o papel de carta de flores prensado em sua
mão. — Isso é da Lucie? — sussurrei com sono. Meus lábios se
curvaram em um sorriso quando Julian pegou minha mão e
acenou para que eu rastejasse contra ele. Só quando eu estava
com minha cabeça apoiada em seu peito, ele respondeu
suavemente.

— É a última carta que ela enviou, onde escreveu que sentia


minha falta e ainda não entendia por que não conseguia me ver.

— Há quanto tempo?

— Há cerca de dois anos e meio. Ela tinha acabado de fazer


seis anos. Ela está me agradecendo pelos presentes de aniversário
aqui — disse Julian, passando o polegar pelo papel.
— Oh. Você... sabe onde elas moram?

— Sim.

— E você nunca fica tentado a ir lá e encontrá-las? — Minha


voz estava baixa quando fiz a pergunta - como se isso pudesse
diminuir a dor de sua resposta.

— Pensei nisso em todas as viagens de negócios que fiz para


cá. Eu pensei sobre isso hoje — Julian admitiu em um murmúrio,
puxando minha perna sobre seu colo. Inclinei-me para mais perto
dele, alisando minha mão de seu peito até o ombro. Eu esfreguei
suavemente enquanto ele falava: — Achei que era quase como uma
última chance. Mas eu decidi contra isso.

— Por quê?

— Porque ela está perfeitamente ajustada agora. Ela mudou


suas memórias de mim, e seria egoísmo da minha parte entrar em
sua vida agora e arruinar a paz. Ela ainda é muito jovem para
entender completamente a situação. Ela não saberia como lidar
com o fato de que sua mãe a alimentou com mentiras sobre mim.
Ela apenas sentiria confusão e ressentimento, e tudo que eu quero
é que ela seja feliz. Eu não quero que ela sinta o que eu sinto.

Eu olhei para Julian, seu perfil deslumbrante destacado pelo


brilho suave da lâmpada. Meu coração doeu por ele, e eu desejei
tanto que ele pudesse apenas ver Lucie, mas eu entendi
exatamente o que ele quis dizer.
— Você é um bom homem por dar a ela paz para seguir em
frente — falei. — A maioria das pessoas simplesmente satisfaria
seus impulsos sem pensar em como isso poderia afetar a outra
pessoa. — Eu segurei sua nuca e esfreguei suavemente. — Eu acho
que é nobre para você assumir a dor por ela. Nem todo mundo faria
isso — eu disse, pensando nas noites em que ouvi o choro abafado
de minha mãe em seu quarto. Ela estava quebrada por causa de
mim, da prisão e de tudo que fui forçada a fazer na faculdade.
Algumas noites, ela cedeu e veio ao meu quarto, perguntando o
que diabos eu estava pensando, e como eu poderia deixar aquelas
garotas me tratarem daquela maneira. Eu não me respeitava?

Essas noites doeram.

Mas eram poucas e distantes entre considerar quantas outras


noites ela apenas se segurou, chorando em seu travesseiro.

— Talvez no futuro, vocês dois possam se reconectar e dar a


ela o seu lado da história — eu disse.

— Espero que ela entenda por que acabei parando de tentar


vê-la.

— Ela vai — eu sussurrei. — Todo mundo acaba descobrindo


como o processo de cura é frágil. Talvez ela descubra isso depois
de sua primeira grande separação, e ela vai entender que mesmo
depois que a ferida está fechada, ainda é delicada e sensível, e
ainda precisa de tempo.

Julian me olhou nos olhos. — E a sua? — ele perguntou.


— O que? Minha ferida? — eu ofereci um pequeno sorriso. —
Tem se curado desde que deixamos os Hamptons. Está em muito
bom estado até agora.

— Bom. — Julian colocou a carta na mesa de cabeceira,


puxando-me totalmente para o seu colo. Ele pressionou seus
lábios contra minha testa enquanto eu o montava. — A propósito,
você é boa nisso — ele sussurrou.

— O que?

— Fazer-me feliz.

Fechei meus olhos e soltei um suspiro de puro


contentamento.

— Você tem esse toque comigo também — eu murmurei,


interrompendo-me ali mesmo, porque havia muito mais que eu
poderia dizer.

Você me faz feliz.

Mais feliz do que eu jamais pensei que merecia.

E acho que estou me apaixonando por você.

Meu batimento cardíaco aumentou no meu peito quando


Julian ergueu meu queixo para me beijar. Eu queria tanto dizer as
palavras, apenas tirá-las do meu peito. Mas eu não o fiz.

Disse a mim mesma para guardar para outra hora.


35

Sara

Julian e eu adormecemos juntos algumas horas depois que


ele acidentalmente me acordou.

Mas pensei ter sonhado com ele sentado na cama novamente


no meio da noite, o brilho de seu telefone iluminando sua silhueta
na escuridão do quarto. Lembrei-me de piscar sonolentamente
para ele, e poderia ter jurado isso duas vezes, estendi a mão para
ele e murmurei seu nome.

Mas ele não respondeu e, por esse motivo, tive certeza de que
tinha sonhado.

Neste momento, entretanto, eu não estava sonhando.

— Julian? — Eu estava enevoada, já meio em pânico quando


acordei para vê-lo entrando no quarto em um terno cinza, tanto a
sua quanto a minha mochila totalmente embaladas e colocadas no
baú no final da cama. Peguei meu telefone da mesa de cabeceira e
pisquei na hora. Quase oito da manhã. — De onde você acabou de
sair? — perguntei.
— A última reunião. Eles queriam subir e eu não queria
acordar você. Você estava sorrindo enquanto dormia.

— Eu estava? — Eu não pude deixar de sorrir novamente


agora.

— Você estava. Foi fofo. — Julian sorriu para mim. — Mas


nós temos que ir agora. Temos um voo para pegar em menos de
uma hora.

Meus olhos tremularam. — Mesmo? Então está... tudo feito?


Tudo? — Eu estava tão desorientada por algum motivo. Talvez a
falta de sono, embora eu geralmente funcionasse bem com o
mínimo de descanso. Sentei-me na beira da cama, processando
tudo em um atraso enquanto observava Julian se mover ao redor
do quarto. Mas ele finalmente parou para cuidar de mim quando
viu como eu parecia muito perdida.

— Vista-se, Sara — ele disse, olhando para mim enquanto


segurava minha bochecha. — Eu preciso que você esteja pronta
para ir o mais rápido possível.

— Está tudo bem? Você finalizou o negócio?

— Quase. Tudo será finalizado em Nova York.

— Você não está feliz que acabou? — Eu sorri, esfregando o


sono dos meus olhos.
— Muito — Julian respondeu, pegando minha mão e me
levando para o armário. — Mas podemos comemorar no avião. Nós
realmente temos que partir logo.

Pisquei para um vestido solitário meu pendurado no armário,


todo o resto aparentemente embalado. Não pude deixar de me
sentir estranha e ligeiramente desconcertada com a pressa
inesperada, mas quando olhei para Julian, peguei aquele sorriso
devastadoramente bonito quando ele deu o nó na gravata. E, de
repente, esqueci minhas preocupações.

— Ok — falei brilhantemente. — Estarei pronta para ir em


dez.

Do aeroporto de Teterboro, o carro de Julian nos pegou e nos


levou direto para sua cobertura de frente para o rio em TriBeCa.
Tudo o que ele disse enquanto caminhávamos pela pista foi: —
Fique comigo esta noite. — E eu fui vendida.

O fato de ele morar no que parecia ser um palácio alto era


apenas um bônus.

Da estrada de paralelepípedos, nosso carro entrou em um


pátio privado, parando em frente a uma entrada em arco, onde
saímos. Um brilho caloroso nos cumprimentou quando entramos
no saguão de pé direito duplo com esculturas e obras de arte mais
bonitas do que eu tinha visto em museus.

— Claro que é aqui que você mora — murmurei,


principalmente para mim mesma enquanto caminhava ao lado de
Julian em direção ao elevador.

Era necessária uma chave para o mover até o último andar


do edifício e, quando as portas se abriram, elas o fizeram
diretamente no deslumbrante triplex de Julian.

— Uau.

Eu o senti me observando enquanto eu vagava maravilhada


sob o teto de mais de seis metros, no brilho noturno das luzes do
centro brilhando nas janelas. Elas se estendiam do teto ao chão,
voltadas para o norte, leste, sul e oeste. Só a vista panorâmica já
bombeava meu coração de adrenalina.

— Encontre-me no terraço — disse Julian, apontando para


uma porta de vidro. — Vou nos servir um pouco de vinho.

Não precisei ouvir duas vezes.

Flutuando para o terraço, um sorriso quase choroso explodiu


em meus lábios.

Deus. Eu morava em Nova York há quase dez anos e nunca


tinha visto uma paisagem como esta. Depois da minha viagem a
Biarritz, essa vista era como um lembrete final de que, de fato,
havia muito mais coisas por aí.

Três vezes eu pensei ‘então é isso, lide com isso’. A primeira


vez foi no ensino médio, a segunda foi no meu primeiro ano na
faculdade e a terceira foi minha difícil passagem pela June
Magazine.

Continuei me permitindo pensar que já tinha visto de tudo e


sabia todas as minhas opções.

Nunca estive tão errada e nunca estive tão feliz por estar.

— Apreciando a vista?

Virei-me para encontrar Julian segurando duas taças de


vinho tinto quando saiu para se juntar a mim.

— Como eu não poderia? — perguntei, balançando a cabeça


em agradecimento quando ele me entregou a taça de vinho. — Por
favor, diga-me que você não está muito cansado de vir aqui, porque
se for esse o caso, posso realmente ter que bater em você.

Julian riu. — Na verdade, estou aqui com frequência.


Geralmente quando não consigo dormir.

— Então, o quê, você vem aqui em seu manto de veludo com


um copo de uísque e olha para Gotham como Bruce Wayne? — Eu
sorri.
Julian sorriu. — Mais para uma calça de moletom, um livro e
um copo d'água.

— Mm. Essa é uma imagem ainda mais sexy — eu disse


enquanto Julian me dava uma risada baixa, sexy e cansada. Algo
sobre isso me obrigou a me aconchegar em seu peito e fechar os
olhos. Ficamos quietos por um momento enquanto apenas
respirávamos um contra o outro, ambos exaustos, mas nenhum
de nós com sono. Julian foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Eu tenho uma proposta para você.

Eu olhei para ele. — Hm?

— Eu quero que você fique em casa amanhã.

Eu fiz uma careta e me afastei ligeiramente. — Por quê?

— Porque eu quero que você fique aqui — Julian disse, sua


boca se curvando em um sorriso quando eu arqueei minhas
sobrancelhas em surpresa. — Acho que peguei uma página do seu
livro e desenvolvi uma fantasia vívida enquanto estávamos em
Biarritz.

— Oh? Que fantasia?

— Voltando para casa para você depois de um longo dia de


trabalho.

Meu coração praticamente cantou.


— Julian Hoult — eu fingi choque. — Isso é imundo.

— Estou ciente. — Seus lindos lábios se espalharam em um


sorriso irresistível. — Eu sou um pouco doente, caso você não
tenha notado.

— Mm, totalmente. Então, me conte mais sobre essa fantasia.


O que eu estou... o que estou vestindo nela? — perguntei
escandalosamente, bebendo meu vinho. Julian riu forte o
suficiente para formar rugas nos olhos. Deus, eu amava o
enrugamento dos olhos.

— Honestamente, eu imaginei tudo. Um robe. Uma das


minhas camisas sobre a sua calcinha. Um dos meus moletons-

— Você possui moletons? — Eu engasguei provocativamente.

— Dois.

— Deixe-me adivinhar, um deles é um moletom do Empires


American League Champs.

— Correto — Julian sorriu. — O outro é dos meus dias em


Columbia. Provavelmente não o uso desde os dezenove anos.

— É estranho pensar que você já teve dezenove anos.

— Não tenho certeza do que dizer sobre isso.


— Você apenas parece que sempre foi um homem adulto
sábio e ridiculamente bonito. — Eu ri. — Então, de alguma forma,
isso foi um elogio.

— Obrigado, então. — Julian sorriu, puxando-me de volta em


seu peito, envolvendo seu braço em volta de mim e beijando o topo
da minha cabeça. Gah.

Outra coisa minúscula que eu amava pra caralho.

À noite, quando fomos dormir, fizemos a mesma dança de


nossa última noite em Biarritz - Julian sentou-se lendo enquanto
eu me deitava ao lado dele, nossa conversa de travesseiro se
transformando em um murmúrio sonolento enquanto eu cochilava
lentamente, embalada para dormir ao som de suas páginas
virando.

Mais uma vez, acordei no meio da noite e o encontrei ainda


sentado ali, acordado e lendo com um joelho para cima e o braço
apoiado sobre ele.

— Não consegue dormir? — murmurei, meus olhos ainda


semicerrados. Senti seus dedos pentearem suavemente meu
cabelo.

— Não.

— Não é quando você costuma ir ao terraço? — perguntei.

Ele deu uma risadinha. — Sim.


Não disse mais nada enquanto esperava que ele se levantasse
e fosse embora, mas ele não o fez. Então, com um sorriso em meus
lábios e as pontas de seus dedos massageando suavemente minha
cabeça, voltei a dormir.
36

Sara

Não saí no dia seguinte.

Estava muito quente e, mesmo que não estivesse, eu tinha


casa demais para explorar e desfrutar.

Julian havia saído para o trabalho de manhã cedo, por volta


das sete. Eu o ouvi murmurar e rir baixinho no meu ouvido,
provavelmente por causa de qualquer jargão sonolento que estava
saindo da minha boca, e então o senti beijar meu pescoço até o
topo dos meus seios antes de seus passos saírem pela porta.

Quando finalmente acordei e verifiquei minhas mensagens,


encontrei uma única de Julian.

Julian: Por favor, sinta-se em casa. Pode ser difícil, já que toda
a casa é controlada por controles automatizados, mas deixei
algumas instruções lá embaixo. Aproveite seu dia. Vou vê-la hoje à
noite.

Eu já estava vagamente divertida enquanto meus pés


descalços vagavam lentamente escada abaixo, mas abri um sorriso
enorme quando encontrei post-it presos a cada sistema de controle
sofisticado, das persianas automatizadas à iluminação, e nos
aparelhos de aço e vidro na cozinha lindamente elegante. No final
das contas, eu realmente precisava dessas instruções. A primeira
hora do meu dia foi dedicada a descobrir todos os sistemas.

Mas assim que o fiz, o dia foi uma brisa. Parecia mais férias
do que Biarritz. Acabei passando a tarde e a noite inteiras apenas
cozinhando, lendo e vagando pelas luxuosas comodidades do
prédio antes de voltar para a cobertura por volta das sete, bem a
tempo de encontrar Julian.

Eu estava com uma de suas camisas, as mangas dobradas e


os botões pela metade. Eu estava com o cabelo preso no topo da
cabeça e apenas calcinha preta por baixo. Ele me mandou uma
mensagem quando estava virando a esquina, então eu fiquei no
elevador, esperando para cumprimentá-lo e colocar aquele grande
sorriso de olhos enrugados em seu rosto.

Mas fiquei surpresa quando a porta se abriu.

Parado ali estava Julian, estonteante como sempre com a


usual camisa branca e terno cinza escuro, a gravata de seda ainda
perfeitamente reta. Eu queria sorrir com o quão lindo ele era, mas
eu imediatamente senti a nuvem negra pairando sobre ele.

— Ei. — Eu inclinei minha cabeça, minha voz leve e


interrogativa quando seus olhos azuis me encontraram.
Finalmente, um sorriso tocou os cantos de seus lábios. Não o
grande que eu esperava, mas ainda assim lindo. — Trabalhou
bem? — perguntei gentilmente, franzindo a testa quando ele
colocou sua pasta no chão e veio direto em minha direção para
segurar meu rosto em suas mãos.

Eu senti um peso nele quando ele me beijou, e uma urgência


que me fez lutar rapidamente para recuperar o fôlego. Sua língua
foi áspera na minha enquanto suas mãos caíram no meu peito.
Apesar da minha surpresa, não fiz nenhum barulho quando Julian
apertou os punhos sobre a minha camisa e a abriu, pisando nos
botões espalhados e deixando o algodão cair no chão.

O puro calor de sua intensidade me deixou tonta.

Eu ainda não tinha entendido o que estava acontecendo. Eu


estava apenas vagamente ciente de seus braços fortes me movendo
para o sofá e me deitando. O peso de seu corpo em cima de mim
provocou meu gemido suave contra seus lábios. Eles ainda
estavam presos aos meus quando ele alcançou entre nossos corpos
para puxar seu cinto e libertar seu pau, deixando seu peso cair
sobre meu estômago e se arrastar pesadamente sobre mim
enquanto nossas línguas continuavam explorando uma a outra,
como se fosse nossa primeira prova...

— Julian — eu sussurrei interrogativamente, mas ele beijou


minha confusão.

Sua boca nunca deixou a minha, mesmo quando ele se


abaixou para puxar minha calcinha pelas minhas pernas. Meus
braços penduraram ao redor de seu pescoço forte enquanto ele se
guiava entre minhas pernas, separando minhas dobras com a
ponta de seu pênis e correndo para cima e para baixo ao longo da
minha boceta molhada, repetidamente até que eu estava toda
molhada. Os grunhidos mais profundos escaparam de seu peito
quando ele sentiu meu sexo pulsando em torno de sua ponta, já
implorando por ele.

— Sara — ele murmurou, o som de sua voz como o ar para


mim. Sua mão segurou firmemente a parte de trás do meu pescoço
enquanto ele chupava meu lábio inferior, deixando-o arranhar com
força entre seus dentes.

Um grito rouco e irregular escapou dos meus lábios quando


ele finalmente afundou em mim, me esticando e me enchendo com
a dor mais deleitável. Ofegando fortemente, eu engoli o ar quente
que ele respirou em mim enquanto nosso beijo ficava mais
profundo, mais raivoso. Quase forte.

Minha língua lutou enquanto eu fechava minhas pernas ao


redor dele.

Meu abdômen se apertou. Nossos corpos estavam firmes,


compactos, pois usamos apenas um pequeno canto do enorme sofá
para balançar um no outro. Nossa pele já estava pegajosa,
escorregadia de suor, e nossas bocas estavam inchadas, quentes e
frenéticas com o mesmo prazer que se acumulava dentro de nós.

— Julian — eu gemi. — Oh, meu Deus. Não pare.


— Eu não vou, baby — ele murmurou. — Não há nada que
eu queira mais do que você. — Frustração rouca tingia sua voz
enquanto sua respiração se acelerava. — Eu penso em você todas
as noites. — Ele aprofundou seu empurrão dentro de mim. — E
todas as manhãs quando eu acordo. Eu não sei o que você fez
comigo — ele sussurrou. — O que você fez comigo? — Ele
endureceu dentro de mim enquanto sussurrava sua demanda
repetidamente.

Não pude responder, mas tinha algo mais na ponta da língua.


Eu não sabia o que estava acontecendo, mas de repente senti que
precisava dizer isso.

— Eu te amo — sussurrei para Julian, segurando seu rosto,


olhando em seus olhos enquanto eu dizia isso. Eles eram de um
azul selvagem e feroz, mas no momento em que essas três palavras
escaparam da minha língua, elas se suavizaram. Seu aperto na
nuca ficou mais forte e seu corpo estremeceu de tal forma que senti
seu violento tremor dentro de mim.

— Julian...

Ele manteve seus olhos azuis fixos em mim enquanto, sem


dúvida, sentia minha boceta pulsando, apertando em torno dele.
Nossos peitos estavam escorregadios um contra o outro agora,
nossos membros mais emaranhados do que nunca. Meu prazer
estava a segundos de seu pico quando me convenci de que ele não
diria de volta. Mas então eu senti suas unhas cravarem em minha
pele.
— Eu te amo, Sara — ele rosnou apenas um segundo antes
de explodir em um puxão duro dentro de mim.

Eu engasguei para respirar - ou talvez de choque. Eu não


tinha certeza. Tudo que eu sabia era que estava em puro êxtase
quando senti o peso de Julian ainda batendo dentro de mim
enquanto seu calor inundava minha boceta. Seus dentes estavam
rangendo, seus músculos tremendo enquanto ele exauria o resto
de sua energia para continuar me fodendo, dando um grunhido
selvagem e gutural para cada impulso curto e poderoso entre
minhas pernas.

— Oh, Deus, Julian!

Quando eu gozei, ele agarrou minha bunda e me puxou até a


base de seu pau, dando a cada centímetro o prazer total do meu
clímax trêmulo. Eu estava mole em seus braços enquanto ele
reclamava cada arrepio e tremor em meu corpo, segurando-me
com força contra ele e murmurando em meu ouvido.

Ele disse de volta, eu me lembrei, minha felicidade me


enviando para uma nuvem pós-orgástica.

Eu não tinha certeza se conseguiria sair dela.


Julian

Como de costume, ela adormeceu antes de mim.

Seus lábios estavam ligeiramente separados enquanto ela


estava deitada de lado na minha cama, parecendo tão fodidamente
perfeita e em paz que eu senti como se pudesse vê-la para sempre.
Eu mantive meus olhos nela mesmo enquanto tirava minha
camisa sobre minha cabeça e empurrava meu moletom de meus
quadris.

Eu verifiquei meu telefone antes de subir na cama com ela.

Eu tinha a mensagem de Colin de horas atrás esperando por


mim, mas eu queria esperar até que ela adormecesse para abri-la.
Eu queria aproveitar o jantar que ela preparou para mim, e a forma
como os fios de cabelo caíam de seu rabo de cavalo alto enquanto
ela dançava pela cozinha ao som do velho jazz tocando em meus
alto-falantes.

Uma parte de mim ainda tinha esperança, apesar do fato de


que eu sabia que tipo de notícia Colin iria relatar para mim.

Eu disse a ele para ser breve e amável - que eu sabia no que


daria o resultado da minha mudança de última hora em Biarritz.
Eu só queria tentar um último esforço, apenas no caso de
funcionar.
Meu lábio enrolou quando eu finalmente abri as mensagens
de Colin.

COLIN: Desculpe. Sem notícias.

COLIN: Carter vetou.

Pensei isso.

Depois do que fiz na última noite em Biarritz, eu sabia muito


bem que essa era a direção que estávamos tomando. Na verdade,
eu me preparei para isso o dia todo e cheguei a um plano
alternativo quando tudo deu errado.

Mas depois de voltar para casa para Sara, eu me permiti


segurar algum vislumbre idiota de esperança.

Era difícil não ter com ela.

Nunca imaginei preferir nada mais na vida que construí para


mim mesmo quando me mudei de volta para Nova York. Aproveitei
meus dias na torre, minhas noites no estádio e os domingos com
minha família. No meio tempo, eu caia em bebidas com meus
amigos e algumas mulheres aqui e ali. Isso funcionou bem para
mim por muito tempo. Na verdade, depois de tudo o que aconteceu
em Estocolmo e Biarritz, eu estava convencido de que era o melhor
que podia

Mas então Sara apareceu e eu percebi que minha vida poderia


de fato melhorar. Mundos melhores.
Infelizmente, não havia como fazer funcionar.
37

Sara

Eu não tinha certeza se Julian me esperava no trabalho na


manhã seguinte, e menos ainda quando acordei um pouco antes
das sete e descobri que ele tinha ido embora. Eu fiz uma careta
enquanto me sentava na cama, meus olhos flutuando pelo quarto
enquanto eu tentava me lembrar dele saindo. Eu não o fiz, e não
me lembrava de senti-lo me tocar de alguma forma antes de ir.

Felizmente, quando verifiquei minhas mensagens, encontrei


uma dele.

JULIAN: Bom dia. Vou precisar que você venha trabalhar esta
manhã. Se você pudesse me encontrar em meu escritório às 9, seria
ótimo.

Esfreguei meus olhos, sorrindo com o profissionalismo rígido


de sua mensagem.

EU: Sim, senhor. Eu vou. ;)

Não houve resposta de Julian quando terminei de me vestir


e, com toda a justiça, não fiz uma pergunta.
Mas não pude deixar de me sentir estranhamente tensa.

Eu não queria admitir para mim mesma enquanto me vestia


e estava pronta para o trabalho, mas quando me espremi no trem
lotado da hora do rush, tive que admitir que estava paranoica por
ele ter acordado e se arrependido disto.

Essas três palavras.

Elas não foram fáceis de dizer também, mas eu fui consumida


pelo momento - pela emoção palpável movendo-se no ar entre nós.
Foi bom ao sair do meu peito. Foi ainda melhor quando Julian me
olhou nos olhos e devolveu as palavras.

Mas hoje algo parecia inegavelmente errado.

Eu não conseguia explicar e ainda esperava estar imaginando


coisas, mas qualquer esperança de que isso acontecesse foi
rejeitada no momento em que entrei nos escritórios luminosos da
Hoult Communications.

Fui saudada pelo zumbido usual de digitação rápida e


conversas murmuradas. Isso era normal.

Mas a maneira como Colin me evitou não foi.

Eu tinha tirado apenas metade da minha pergunta sobre


como ele estava antes de ele murmurar desculpe e alguma coisa
apressada sobre a necessidade de se encontrar com Tori. Esse foi
o primeiro golpe.
O segundo golpe veio quando cheguei ao escritório de Julian
e o encontrei sentado e conversando com uma mulher jovem, mas
com os cabelos grisalhos, que não reconheci. Ele estava sem o
paletó de seu terno azul elegante, o qual estava estendido sobre a
cadeira. A luz do sol que entrava pela janela ricocheteou
diretamente em seu relógio e em seu rosto, forçando-me a proteger
meus olhos, mesmo quando a mulher em frente a Julian se virou
e me lançou um sorriso caloroso.

— Oh! Deve ser Sara.

— Realmente é.

Eu inclinei minha cabeça, sorrindo educadamente apesar da


minha confusão, e apesar da sensação estranha agitando meu
estômago. Não reconheci o olhar de Julian esta manhã. Apesar de
seu tom amigável e cordial ao facilitar minha apresentação à
mulher misteriosa, seus olhos estavam estranhamente vagos. Ele
parecia frio e de aço - nada como o homem que me agarrou no
momento em que pôs os olhos em mim na noite anterior e me
beijou como se fosse sua última chance de sentir meus lábios.

Então, novamente, talvez fosse.

— Quem era aquela? — eu perguntei no momento em que a


mulher saiu. O nome dela era Grayson Short, e ela sabia tudo
sobre meu curso de jornalismo, bem como meu trabalho com a
June Magazine. Mas quando ela saiu, eu não tinha descoberto
nada sobre ela além de seu nome.
Julian acenou para que eu me sentasse diante dele.

— Grayson trabalha com a Hoult Publishing. Ela é a pessoa


que está planejando sua mudança para a Una Magazine.

Minhas sobrancelhas se ergueram. Eu ainda estava


desconfiada, no limite, mas dei um grande sorriso. Os cantos dos
meus lábios tremeram um pouco enquanto eu tentava descobrir o
que estava acontecendo.

— Então... eu não vou ficar nas negociações de Roth? —


perguntei.

— Não — respondeu Julian. — Você não vai.

— Por que não?

— A vaga para essa posição com a Una é sensível ao tempo.


É um lugar que as pessoas estão disputando, e se seu objetivo é
trabalhar com a empresa, sugiro que você aproveite essa chance.

Eu não conseguia conciliar a maneira como estava me


sentindo. O fato de que eu poderia realmente trabalhar para a Una
Magazine me deu vontade de girar no ar e enviar mensagens de
texto para todas as pessoas que eu conhecia. Ao mesmo tempo, eu
odiava a porra da maneira estéril com que Julian estava falando
comigo. Parecia cruel e insultuoso, e tentei dizer a mim mesma que
ele estava apenas trabalhando, mas não estava convencida.
Ele poderia ter me dado um sorrisinho malicioso ou um
sorriso cúmplice. Ele poderia ter me enviado uma mensagem de
texto e avisado sobre como manter um relacionamento adequado
no trabalho no momento em que estávamos de volta ao escritório.

Mas ele não fez nada disso. Ele se lançou direto ao


profissionalismo estrito e parecia uma declaração.

Minha fúria foi de zero a sessenta enquanto ele falava sobre


Grayson, seu trabalho, suas credenciais e um milhão de coisas que
não chegavam perto de reconhecer a barreira repentina entre nós.
Sentei-me pacientemente durante metade de sua palestra, porque
ainda tinha o instinto irritante de espelhar o profissionalismo em
um ambiente de escritório.

Mas então me lembrei que não estava sentada em frente ao


meu chefe.

Eu estava sentada em frente ao homem que na noite passada


me disse que me amava.

— Julian - o que diabos está acontecendo? — exigi,


finalmente explodindo quando o ouvi mencionar a Hoult
Publishing International pela terceira vez. — Por que você está
falando assim comigo? E por que você continua mencionando a
Hoult International? O que eles têm a ver com essa conversa?

Julian nem mesmo estremeceu.


— Não havia vagas abertas na Una Magazine nos Estados
Unidos — disse ele, sem expressão. — O cargo que estou definindo
para você é na Una UK, com sede em Londres.

Meu coração bateu forte contra minhas costelas enquanto eu


olhava para ele.

— O que você está falando? — perguntei, minha voz reduzida


a um sussurro áspero. — Julian, o que você está tentando fazer
comigo agora?

— Estou dizendo a verdade quando digo que não havia vagas


disponíveis nos Estados Unidos — disse Julian. Uma ligeira
carranca apareceu entre suas sobrancelhas quando ele olhou para
mim. — Eu não posso mais ter você trabalhando aqui, Sara. Eu
sinto muito.

— Não faça isso comigo, Julian — falei entre meus dentes. —


Eu sei que você está aí, e eu sei que você reconhece como isso está
fodido agora. — A raiva em meu peito ferveu, subindo para minha
garganta enquanto ele continuava sentado lá, uma estátua em um
terno, me dando absolutamente nada. — Pelo menos me dê a
explicação — eu exigi, desejando não soar tão instável quanto
parecia. Mas pelo menos eu estava falando. Julian continuou com
seu silêncio enquanto se sentava lá, me estudando com os olhos
que normalmente revelavam suas emoções.

Agora, eles estavam vazios. Como se ele tivesse voltado a ser


a pessoa insensível que era antes de nos conhecermos.
Não sabia que seria tão fácil para ele. Ele pensava como eu,
ele mudou gradualmente. Juntos encontramos um novo lado dele
da mesma forma que encontramos comigo. Nesse ponto, não havia
como me livrar do que descobri sobre mim - sobre o quanto eu
poderia me abrir e o quão profundo eu poderia realmente sentir.

Mas, aparentemente, Julian estava conectado de forma


diferente.

E eu deveria ter adivinhado, porra.

— O que aconteceu ontem? — eu desafiei, recusando-me a


recuar sem uma resposta direta. — Diga-me o que aconteceu,
porque eu sei que você quis dizer aquilo quando o fez, Julian — eu
sibilei, meu coração martelando enquanto observava seus olhos
azuis brilharem para a vida. — Eu sei que você fez. E sim, eu nutro
muitos sonhos e fantasias, mas não sou do tipo que imagina
coisas, ou vê algo onde não há nada. Eu não sou uma pessoa
esperançosa por natureza - você sabe disso agora — eu rosnei. —
Então, se você se recusa a se permitir sentir mais por mim, então
tudo bem. Eu não vou rastejar. Mas pelo menos me explique o que
aconteceu aqui, porque você disse que me amava ontem à noite e,
um dia depois, está tentando me levar para o mais longe possível
de você. Você sabe como está sendo cruel agora. E você sabe que
eu mereço uma resposta.

Minhas mãos tremiam. Eu não sabia quando me levantei,


mas eu fiz. E agora eu fiquei esperando pelo que pareceram anos,
porque como sempre, Julian demorou para responder.
— Esta empresa é e sempre será minha prioridade, Sara —
ele finalmente disse, afundando meu coração como uma pedra. —
Esta empresa é como eu encontrei meu caminho de volta para
minha família. Preciso de tudo de mim para administrar este lugar
e o estádio da maneira que eu achar melhor. — Ele fez uma pausa,
as linhas afiadas de sua mandíbula se contraíram. — Eu nunca
quis algo como eu queria você, Sara — ele disse, sua voz um
murmúrio baixo. — Mas o que eu quero e o que preciso são duas
coisas muito diferentes.

— Eu não sinto que você quis dizer isso — eu sussurrei.

— Sim — Julian rebateu, sua carranca se aprofundando. —


Estou contente perto de você, Sara. Limítrofe complacente, e não
posso pagar por isso. Nós dois precisamos nos concentrar em nós
mesmos agora, Sara. Nós dois temos muito trabalho a fazer.

Foi um último tapa na cara, porque tudo que ouvi foi: — Você
é um trabalho em andamento. Muito longe de estar próxima para eu
me preocupar.

Meu corpo inteiro tremia enquanto eu ficava ali olhando para


a concha de Julian Hoult - a pessoa sobre a qual Emmett havia
me avisado. Ele estava de volta ao piloto automático, satisfeito em
simplesmente ficar sentado ali sem dizer outra palavra. Eu
balancei minha cabeça em total descrença. Eu não conseguia
aceitar essa realidade, mas depois de mais um minuto de silêncio,
ficou claro que essa era a única opção que eu tinha.
E como eu disse a ele, eu me recusava a rastejar. Se havia
algo que eu era veementemente contra, era ser aquela garota de
novo - aquela que faria qualquer coisa para ser desejada, quando
claramente ela não era. Eu absolutamente recusei.

Então, com um último olhar para Julian, girei nos


calcanhares e me forcei a ir.
38

Julian

— Você não é permitido em meu camarote se não tomar uma


cerveja. Pelo menos a segure, pelo amor de Cristo.

Eu olhei para cima para encontrar Emmett tentando


novamente me fazer beber. Foi sua quarta tentativa e, desta vez,
sua última gota de paciência se foi junto com seu sorriso habitual.

— Sim, sim, sim — ele falou sobre mim quando eu abri minha
boca. — Tecnicamente, é seu camarote porque você é o dono do
estádio. Percebi. Não se importe. Se você vai se sentar comigo, você
vai pelo menos tentar se divertir — disse ele, segurando a cerveja
na minha cara até que eu a pegasse. — Um imbecil de merda.

— Não tenho certeza se esse é o ditado.

— Sim, bem, é para você.

Ele me deixou sozinho pelos próximos turnos, embora eu o


tenha ouvido falar sobre mim para uma das muitas garotas que
ele trouxe esta noite.
— Sim, ele está bem. Não, não diga a sua amiga para vir -
acredite em mim, isso será inútil. Ele está superando uma garota.
— Emmett olhou para mim. — Ela está se mudando para Milão
hoje. Ou Paris?

Londres, idiota.

Emmett sabia exatamente para onde Sara estava indo. Ele


errou de propósito para me atrair para falar, mas mais de uma
semana depois, eu não estava interessado. Era mais fácil deixar
Emmett assumir os motivos pelos quais ofereci o emprego a Sara
em Londres. Como todo mundo, ele percebeu que tinha a ver com
minha relação particular com o trabalho.

Eu preferia isso do que contar a ele sobre Turner.

Ele iria descobrir eventualmente de qualquer maneira, uma


vez que percebesse que nenhum negócio foi fechado, eu ainda era
o dono do resort em Biarritz, e o estádio não tinha uma parceria
com a Roth Entertainment, agora ou nunca.

Graças às ligações bêbadas das 4 da manhã de Turner que


me puxaram para o corredor durante aquela última noite em
Biarritz, estávamos de volta ao ponto de partida.

— Para um burro tão duro, você não tem o controle adequado


de seus subordinados, Hoult.

— Você ao menos se ouve, Turner? — perguntei enquanto


estávamos no corredor do meu quarto. Ele estava bêbado, e eu não
deveria ter considerado encontrá-lo aqui para esta conversa, mas a
última coisa que eu queria era que Sara ouvisse isso. — Você
honestamente acredita que eu pediria isso a qualquer um que
trabalhe para mim?

— Você poderia. Você sabe muito bem que poderia — Turner


arrastou. Ele estava cambaleando, com os olhos vermelhos e
fedendo a todas as bebidas existentes, mas se manteve firme em
seu ponto. — Você é Julian Hoult. Você gosta de mim. Você tem
recursos. Você tem dinheiro, bens e conexões que as pessoas nunca
terão em suas vidas, mesmo que trabalhem mais arduamente —
zombou Turner. — Agora, vamos. Pense em uma coisa que você pode
segurar na cabeça de Sara. Pode ser tão simples quanto seu
trabalho. Apenas diga a ela que você a despedirá se ela não disser
que sim. Quer dizer, pelo amor de Deus, estou pedindo um fim de
semana. Um fim de semana. E vou levá-la a algum lugar legal. Não
vou trancá-la em uma masmorra - vou jantar e beber vinho com ela
e todo aquele jogo. Você só precisa deixar claro que espero que ela
retribua.

— Você está louco, e isso não vai acontecer.

— Então estou saindo desse acordo e colocando o Empire


Stadium na lista negra de todos os eventos futuros da Roth
Entertainment. — Turner sorriu como o maldito Coringa. — Não
acredita que vou fazer isso? Experimente. — Ele riu. — Mas antes
de fazer isso, pergunte-se se realmente vale a pena por alguma
garota. Eu não vou comprá-la de você e transformá-la em minha
escrava sexual. Eu quero transar com ela algumas vezes no fim de
semana e seguir em frente. Você me conhece. Eu gosto da
perseguição.

— Então você vai adorar o fato de que nunca em sua vida


encostará um dedo em Sara.

— Hoult. Não fale sobre ela como se ela fosse uma queridinha
preciosa. Acredite em mim, ela tem experiência nesse tipo de coisa.
Você não sabe do que estou falando?

Evidentemente, a curiosidade de Turner o obrigou a dar o


nome de Sara a alguém em seu escritório em Nova York. E,
aparentemente, essa pessoa encontrou o artigo detalhando a
prisão de Sara quando ela tinha dezessete anos.

Eu me senti mal quando percebi isso.

Eu sabia muito bem que era o único culpado por colocar Sara
no radar de alguém como Turner. Sua obsessão por gratificação
instantânea era perigosa por si só - combinada com sua riqueza,
direitos e recursos, e você tinha essa porra de show de merda.

Foi revoltante, e levou tudo em mim para não o estrangular


ali mesmo, especialmente quando ele chamou Sara de uma coceira
que ele precisava coçar. Para seu próprio desejo fugaz, ele estava
disposto a enviá-la de volta ao momento mais doloroso de sua vida.

Então, novamente, ele não sabia sobre seu passado.

Mas eu sim.
Eu tinha aberto aquela velha ferida dela naquela noite nos
Hamptons. Eu fiz Sara enfrentar o passado que ela varreu para
debaixo do tapete porque eu precisava saber mais sobre ela. Eu
precisava protegê-la.

E ao enviá-la para Londres, esperava estar fazendo


exatamente isso.

Mesmo se ele a rastreasse, os impulsos de Turner dificilmente


seguiriam Sara para Londres. Tive um palpite de que essa
gratificação não era instantânea o suficiente para ele.

Também tive um palpite de que entre mim e Turner, o pior


ainda estava por vir. Era improvável que ele simplesmente
esquecesse e mudasse o fato de que eu o nocauteei durante nossa
última noite em Biarritz e o deixei para ser cuidado pelos
funcionários do hotel. Ele era orgulhoso, egoísta demais para
deixar as coisas onde estavam, e qualquer besteira que ele
planejou para mim, eu não queria Sara por perto para ver.

Eu não queria que ela se sentisse culpada do jeito que eu


sabia que ela se sentiria - como se ela tivesse algo novo para se
arrepender. Eu só queria que ela fosse alegremente alheia, como
Lucie.

E se isso significasse o nosso fim, eu teria que lidar. Ela


eventualmente seguiria em frente. Sua nova vida em Londres
garantiria isso.

Eu também seguiria em frente.


Eu voltaria a me concentrar no meu trabalho com tudo o que
tinha em mim. Eu caçaria por novas maneiras de lançar meu
estádio ao topo, e voltaria à minha rotina de passar todos os dias
no escritório, algumas noites fora com Emmett e Lukas, e todos os
domingos com minha família.

Eu faria uma transição perfeita de volta para essa realidade.

Isso foi o que eu disse a mim mesmo, pelo menos.


39

SARA

Três semanas depois, eu ainda estava presa em um ciclo


cruel. Esperei todos os dias que fosse diferente, mas todos os dias
eram a mesma coisa.

Desde o momento em que acordava todas as manhãs em meu


pequeno apartamento, eu me sentia desorientada.

Alguns dias, pulei da cama, meu coração batendo forte com


a perspectiva de chegar atrasada para a June Magazine. Outros
dias, rolei esperando ver a janela do meu quarto de hotel com vista
para Biarritz.

Essas manhãs eram obviamente piores. Elas nunca deixaram


de começar meu dia de forma errada, me deixando tão mal que eu
teria que me sentar na beira da cama por cinco minutos,
observando tudo ao meu redor para que pudesse compreender
totalmente onde estava.

Eu culpava meus sonhos.

Eles eram tão vívidos e se recusavam a me deixar esquecer


Nova York ou Biarritz, ou o homem que, a essa altura, parecia mais
uma de minhas fantasias. Mesmo depois de dias particularmente
bons no trabalho, eu voltava para casa, jantava, assistia um pouco
de TV, dormia e sonhava imediatamente com ele. Era ridículo,
considerando quantas coisas novas maravilhosas eu estava
vivendo.

Para começar, o trabalho na Una era bom. Ótimo, na verdade.


Eu adorava Grayson e todas as outras mulheres do escritório.
Levamos lanches e café umas para as outras, e colamos anotações
e rabiscos nos computadores umas das outras. Ajudando-nos com
pesquisa e redação, e esperando umas pelas outras ao sair do
prédio no final do dia. No bar, depois do trabalho, continuávamos
felizes conversando sobre negócios, porque realmente amávamos o
que fazíamos.

Era um contraste gritante com a competição e aspereza que


a June Magazine fomentava entre sua equipe, e era tecnicamente
tudo que eu sempre sonhei em um emprego.

Eu até fiz minha mãe ficar em Londres indefinidamente. Ela


não me contou como conseguiu um quarto de hotel tão perto do
meu estúdio. Ela não falou sobre quanto custou para papai voar e
nos visitar no fim de semana passado, e ela me disse para não
perguntar, então não perguntei. Eu estava simplesmente grata por
tê-la e por sentir um pouco de casa, já que havia tantas coisas que
eu sentia falta de estar de volta a Nova York.

Eu sentia falta de Lia, obviamente. Mesmo em minha mais


movimentada rotina na June Magazine, eu ainda falava com ela
todos os dias, e a via pelo menos uma vez por semana no nosso
pequeno café na 18th Street.

Sentia falta do meu apartamento na Little Italy. Eu morei lá


por tanto tempo e personalizei cada centímetro ao meu gosto.
Romper o contrato que eu tinha desde a formatura na faculdade
aos vinte e dois anos foi, por mais dramático que parecesse, meio
horripilante. Mas Lia fez o possível para me confortar nesse
aspecto.

— Está tudo bem, porque quando você voltar, pode morar


comigo — ela disse no aeroporto, agindo como se seu sorriso
brilhante disfarçasse as lágrimas ativamente escorrendo por seu
rosto. — Lukas vai se mudar para a casa dos Hamptons em tempo
integral. Ele nem se importará. E se ele fizer isso, então será difícil.
Isso é o que ele ganha por permanecer amigo daquele cara.

Ela se recusou a dizer o nome dele, como se ele fosse


Voldemort. Ela me encorajou a seguir o exemplo, e eu o fiz.

Mas isso não me impedia de vê-lo em todos os lugares que eu


fosse. Nas ruas movimentadas, durante as primeiras corridas, eu
me convenci diariamente de que o via. No metrô, fantasiei que a
mecha de cabelo castanho atrás do trio de mulheres era ele.
Quando meu telefone tocava, no trabalho ou em casa, imaginava
atender e ouvir sua linda voz.

Eu tinha certeza que minha recusa em dizer seu nome foi o


que me levou a sonhar com ele de forma tão vívida. Era como se
minha mente rejeitasse a ideia de Lia para esquecê-lo. Parecia que
estava trabalhando mais para produzir imagens dele enquanto eu
estava dormindo, incapaz de me distrair ou me defender.

Daí as manhãs desorientadas.

Mas só estava aqui há três semanas apenas. Disse a mim


mesma para esperar até as cinco. Foi quanto tempo eu estive em
seu escritório, trabalhando em seu emprego e, às vezes, indo para
a cama ao lado dele. Aparentemente, cinco semanas foi o que levou
para meu corpo se ajustar a uma nova realidade, então, em cinco
semanas, prometi que me examinaria e me certificaria de que
estava bem.

Afinal, ele provavelmente já havia mudado.

Ele provavelmente estava trabalhando duro todos os dias e


vendo Lukas e Emmett à noite. Embora eu nem tivesse saído para
um encontro, ele provavelmente dormiu com pelo menos meia
dúzia de novas mulheres.

Matava-me só de pensar, o que odiava, porque isso significava


que ainda me importava. Isso significava que eu ainda ansiava por
alguém que não me queria. Era o mesmo que ansiar pela
aprovação dos jovens que me torturaram no colégio e das garotas
que arruinaram minha vida na faculdade. Era completamente
errado, e contra tudo que eu defendia para me respeitar.

Então me obriguei a resistir.


Cinco semanas, Sara. Era o meu número mágico e a estrela
da minha nova fantasia de que algum dia, em breve, tudo se
encaixaria e ficaria perfeitamente bem.
40

Sara

— Eu ouvi uma coisa — Lia disse enigmaticamente enquanto


eu secava meus pratos pós-jantar. Polindo um prato, estreitei
meus olhos através da minha pequena bancada da cozinha, para
o banquinho em que coloquei meu telefone. Estávamos no viva-
voz, mas a voz de Lia estava estranhamente abafada.

— Você pode falar mais alto? — pedi.

— Não. Estou no escritório do Lukas. Ele estava na sala de


conferências e eu estava do lado de fora da porta quando percebi
que ele estava falando com Julian.

— Oh, meu Deus, você disse o nome dele.

— Meu Deus! Merda — Lia amaldiçoou. — Caramba. Tivemos


uma sequência inesquecível.

— Está tudo bem — eu disse com uma risada - ou pelo menos


minha tentativa de rir. Eu não tinha sucesso em um que parecesse
real há algum tempo.

Cinco semanas depois, eu não estava me sentindo melhor.


Eu dormia menos horas agora, mas não o via menos em meus
sonhos, nas ruas, no metrô - mesmo no elevador do meu escritório.

De acordo com minha mãe, minha voz estava cansada esses


dias. Eu tinha olheiras por ficar acordada até tarde da noite. As
mulheres do trabalho sussurravam sobre mim no canto,
quebrando a cabeça para ter ideias para me animar. Três dias
seguidos, elas me levaram para almoçar em um lugar bonito.
Quando isso não funcionou, elas me levaram a um clube de strip
masculino na esperança de pelo menos me fazer rir, o que eu
lembro de ter feito.

Mas elas sabiam que eu estava quebrada.

Cheguei a Londres com alguma esperança de recomeçar.


Havia um pouco de brilho em meus olhos. Porém, mais de um mês
depois, eu havia oficialmente murchado como uma nova planta
que havia sido regada apenas uma vez. Eu ficaria sem energia.
Sentia saudades de casa e ainda me sentia completamente
desorientada - como se não soubesse o que era real ou não.

Como nossas ligações diárias continuavam, notava que Lia


sabia. Ela podia sentir uma diferença em mim apenas por quantos
toques levava para atender o telefone. Então, quando ela disse que
tinha ouvido algo, eu sabia que era mais provável que ela, para
meu benefício, tivesse espionado deliberadamente algo.

— Você lembra... — ela começou, me mantendo no limite.

— Eu lembro do que, Lia? — perguntei.


— Qual era mesmo o nome do lugar para onde você foi na
França?

— Biarritz — eu respondi, meu coração dando uma torção. —


Por que você está perguntando sobre Biarritz? — indaguei, meu
pulso de repente irregular.

— Você estava lá para vender o resort de Julian para aqueles


caras, certo?

— Sim. Eles estão em negociações agora. Eles provavelmente


vão terminar em breve — murmurei, voltando a polir meu prato.
Eu ouvi Lia farfalhar do outro lado da linha.

— Hum...

— Lia. O que?

— Eu ouvi hoje que esse negócio nunca foi fechado.

Eu pausei. — O que?

— O negócio com os Perv Bros? Foi cancelado enquanto vocês


ainda estavam em hum, Bi... Buh... como se diz de novo?

— Biarritz.

— Isso. De qualquer forma, posso ou não ter ameaçado Lukas


pedindo informações ao chegarmos em casa, com a promessa de
que nunca lhe contaria...
— Ele realmente acreditou que você não me contaria?

— Não, provavelmente foi por sua própria consciência — Lia


disse apressadamente. — Mas, de qualquer forma, o que Lukas
contou foi que Turner disse algo ‘indecente’ para Julian que
resultou em Julian o ‘nocauteando’ no último dia em que vocês
estiveram lá. E qualquer que seja o Perv Bro que ele nocauteou,
aquele cara ainda o está incomodando. Então eu acho que agora
Julian e Lukas estão juntando suas mentes para combater fogo
com fogo. Juro por Deus, se você der àqueles meninos um rancor
contra alguém, eles se unirão para aniquilar você. Seus cérebros
juntos são assustadores.

— Espere, Lia - concentre-se — implorei, meu coração


batendo rápido. — Então Julian não fez negócios com os Roths
esse tempo todo em que estive fora?

— Garota, não. A menos que por fazer negócios signifique


tramar maneiras de matar um ao outro.

— Merda — sussurrei, praticamente deixando cair o prato no


meu balcão com um barulho alto que a fez xingar. — Sinto muito
— eu me desculpei apressadamente enquanto minha mente
tentava juntar as peças.

Não pude deixar de imaginar que Turner havia dito algo sobre
mim.

Lembrei-me da raiva nos olhos de Julian quando ele viu


Turner sussurrar para mim durante o último jantar. Lembro-me
de pensar que ele poderia realmente matar Turner quando o
ouvimos me destruindo no banheiro masculino, e tive uma forte
sensação agora que o negócio de Biarritz havia fracassado
inteiramente por minha causa.

— Porra. Eu ferrei com ele — eu sussurrei.

— Com certeza, garota. Em todas as superfícies de seu


escritório.

— Lia.

— Desculpe, desculpe. Mas, por favor, Sara, não me castigue


por te dizer isso culpando a si mesma e mergulhando em algum
lugar escuro. Eu sei que sou tendenciosa aqui, mas se isso é culpa
de alguém além daqueles desagradáveis Perv Bros, é do Julian.

— Lia, pare-

— Estou falando sério. Ele optou por contratá-la quando já


tinha sentimentos por você - mesmo que fossem apenas pequenos
na época, ele sabia dos riscos que isso implicava. Ele estava
convencido de que poderia permanecer profissional como sempre.
Ele não tinha ideia do que diabos ele estava enfrentando com você
— ela disse, com um sorriso em sua voz.

— Você está tendo muito prazer com essa conversa agora.

— Só porque eu sinto as engrenagens girando em seu cérebro


agora, e isso está me dando esse estranho palpite de melhor amiga.
— Mesmo. E o que estou pensando agora? — eu a desafiei.

— Que você precisa falar com ele pessoalmente.

— Certo.

— Em Nova York. Certo?

— Sim. — Meu estômago embrulhou com a ideia de ir para


casa. A ideia por si só me tirou do torpor de cinco semanas em que
estive. — Mas só de pensar nisso me assusta agora. Não consigo
suportar a ideia de ir aí, chegar ao seu escritório e ouvir na
recepção que ele não tem tempo para mim. Ou pior, sendo dito por
Julian que ele não tem tempo para mim.

Lia suspirou.

— Olha, Sara. Nada disso teria explodido se Julian não tivesse


investido emocionalmente em você. Ele poderia ter fechado o
negócio facilmente se não fosse pelo fato de que ele se apaixonou
por você. Você sabe quantas vezes ele fez negócios olhando para o
outro lado quando alguém se ferrou? Ele é um idiota implacável —
disse Lia.

— Eu não sei aonde você quer chegar com isso.

— Estou dizendo que ele provavelmente ainda se preocupa


com você. Neste ponto, ambos temos motivos para suspeitar que o
negócio fracassou porque ele estava, de alguma forma, defendendo
você. Então, por que você tem medo de apenas voar para casa no
fim de semana e conseguir um fechamento real?

— Porque eu vi como Julian pode ligar o interruptor


facilmente, Lia, e é tão doloroso quanto assustador. Ele pode
passar de amoroso em um segundo a completamente
irreconhecível no próximo. Ele age frio e distante, como se nunca
tivesse te conhecido. Não é algo que você pode esquecer facilmente
e tenho medo de vê-lo novamente. Tenho medo de que isso vá me
machucar de novo.

— Bem, você ficou na June Magazine por mais tempo do que


gostaria porque estava com medo de que nenhum outro emprego
a aceitasse. Talvez você fique em Londres mais tempo do que
gostaria, porque tem medo de voltar para Nova York.

— Jesus, Lia — falei, sem saber se estava impressionada ou


chateada com seu amor duro.

— Você sabe que estou certa.

Eu apertei minha mandíbula. — Eu também sei que você está


fazendo algo incompleto agora. Por que você está digitando tão
rápido?

— Procurando voos.

— ECA.
— Dê-me humor. Conte-me uma coisa boa sobre Julian. Sua
memória favorita.

— Por quê?

— Apenas faça.

Eu tinha flutuado até o sofá sem perceber. O pano de prato


ainda estava na minha mão. Eu joguei de lado e me sentei para
poder pensar.

Na verdade, havia muitas boas lembranças para escolher. Eu


nem tinha certeza de como havíamos feito tantas em apenas cinco
semanas. Eu sorri só de pensar na maneira como ele segurou a
parte de trás das minhas coxas enquanto se encostava em sua
motocicleta naquele posto de gasolina. O sol estava se pondo atrás
dele, e ele me estudou como se estivesse tentando me entender.
Pensei nas noites que passamos na cama, quando eu dormia e ele
ficava acordado, acariciando ternamente os dedos pelos meus
cabelos.

Eu não tinha certeza de por que aquelas memórias surgiram


e tive a sensação de que Lia não iria apreciá-las como eu, então fui
com uma história diferente para ela - o primeiro almoço quando
me levou para sair no escritório. Ela disse que não ficou
impressionada com a história e pediu uma nova. Revirei os olhos
e contei a ela, pela primeira vez, na verdade, sobre a noite em que
Julian me confortou depois da explosão na fogueira.

— Isso é suficiente? — perguntei a Lia quando terminei.


— Diga-me você. Eu só estava pedindo para você me contar
todas essas histórias para que você se lembrasse de como ele é um
cara surpreendentemente bom — disse ela, fazendo minhas
bochechas ficarem vermelhas. — Você ainda está convencida de
que ele vai te dar uma bronca se você voltar?

Soltei um suspiro. — Não. Acho que ele pelo menos vai me


ouvir. Talvez até durante o almoço.

— Ele provavelmente usará aquela voz corporativa que você


ama.

— ECA. — Eu rolei minha cabeça para trás. — Foda-se.


Envie-me os links do voo. Eu vou aguentar se ele escolher Julian
Corporativo a mim. Eu só preciso das respostas.

— É isso aí, garota — disse Lia.

Eu ouvi seus dedos estalando, e assim que recebi seu e-mail,


passamos os próximos dez minutos comparando voos para
descobrir qual era o melhor. Eu queria um daqui a sete dias, na
sexta-feira.

Claro, Lia preferia um partisse amanhã de manhã.

— Isso não me dá tempo para me preparar mentalmente —


protestei.

— A preparação mental leva a você desistir disso — ela


argumentou. — Além disso, acabei de reservar.
— Você está brincando?

— Não. Feliz aniversário.

— Não é meu aniversário.

— Feliz quatro de julho então, eu não sei! Você não está


animada para me ver amanhã? — Lia exigiu. — Já se passaram
cinco semanas desde que cheirei seu cabelo.

— Arrepiante.

— Garota, você nem sabe o quão assustadora eu posso ficar.


Senti muito a sua falta!

Eu ri - quase de verdade. Claro que acabou em um suspiro.

— Oh, Deus. Está acontecendo — murmurei, olhando para a


confirmação de voo que Lia me encaminhou. — Partindo amanhã
às sete e quarenta e cinco da manhã? Você está brincando, Lia?

— Novamente, não dando a você tempo para pensar duas


vezes sobre isso. Ainda está com medo? — ela perguntou.

— Mais, na verdade.

— Não se preocupe com isso. Comece a relaxar para dormir


agora, porque você tem que acordar cedo. E não importa o que você
faça, não surte. Aconteça o que acontecer com aquele idiota, pelo
menos você conseguirá encerrar. E pelo menos sempre vou te
amar.
Eu bufei, e depois de mais alguns minutos de conversa, fui
escovar os dentes. Eu tinha minha escova de dentes balançando
para fora da minha boca enquanto fazia a mala de fim de semana,
questionando-me pela centésima vez se esse momento estava
realmente acontecendo.

Quando fui para a cama por volta da meia-noite, me forcei a


reviver o último dia em que vi Julian. Foi para engrossar minha
pele. Queria estar preparada para o caso de o ver de novo, porque
era provável que o veria. Julian sacrificou seu negócio por mim.
Não havia nenhuma maneira no inferno que ele não se ressentisse
de mim, assim como do fato de que ele tinha que trabalhar ainda
mais duro agora para compensar todo o tempo que ele perdeu com
os Roths.

Sem surpresa, eu me revirei a noite toda, mal conseguindo


uma piscadela de sono entre meus sonhos de Julian sentado em
sua mesa, recusando-se a dizer uma única palavra para mim.
41

Sara

Como a maioria dos outros viajantes matinais ao meu redor,


eu estava no piloto automático enquanto passava pela segurança,
removendo minha bolsa e minha mala, e observando os dois itens
flutuando à minha frente pela esteira rolante.

Depois de uma noite agitada, seguir as regras do aeroporto


praticamente me embalou para dormir. Mas eu acordava de
repente cada vez que me lembrava do motivo de estar fazendo essa
viagem.

Eu precisava saber o que aconteceu em Biarritz. Mesmo que


explicar fizesse Julian me odiar novamente, eu precisava pelo
menos ouvir e encerrar aquele capítulo da minha vida. Nesse
ponto, eu faria qualquer coisa para parar de sonhar com ele. Eu
queria tanto seguir em frente, mas estava presa. Portanto, esta era
minha última esperança de tirar Julian da minha mente para
sempre.

— Você gostaria de um assento, senhorita? — um homem


ofereceu quando cheguei ao meu portão lotado.
— Oh, não, obrigada. Não está pesada — eu disse quando ele
mencionou algo sobre a bolsa no meu ombro.

Na verdade, estava pesada - embalando com um monte de


salgadinhos e quinquilharias que eu colecionei para Lia ao longo
de cinco semanas. Mas eu não estava com vontade de me sentar.
Eu preferia ficar perto da janela enorme e olhar para a multidão
que se aglomerava sob o enorme saguão. Era estranhamente
reconfortante. Isso me fez sentir menos sozinha e menos louca por
ter vindo aqui em primeiro lugar.

Não que o navio maluco já não tivesse navegado.

A falta de sono me fez ver as coisas mais do que o normal


hoje. Todos os homens de terno me lembravam de Julian, apesar
de nenhum deles se parecer nem remotamente com ele.

Não havia ninguém parecido com Julian Hoult, especialmente


Julian Hoult de terno.

Eu ainda me lembrava do impacto da cabeça aos pés que ele


teve em mim na primeira vez que coloquei os olhos nele naquele
elevador.

Olhando fixamente para a multidão, lembrei-me do azul de


seus olhos, a maneira como eles perfuravam facilmente dentro de
mim. Lembrei-me de como seus lábios se curvavam em um leve
sorriso, e eu podia ver agora enquanto olhava por cima das
centenas de cabeças no meu portão.
Eu realmente pude ver Julian.

— Senhorita? — O homem que ofereceu seu assento se


levantou.

Meu pulso estava acelerado. Eu não percebi que tinha


deixado minha bolsa cair no chão até que ele a pegou e ofereceu
para mim.

— Sinto muito — eu disse apressadamente, piscando com


força e murmurando algo mais sobre estar bem, embora não
tivesse certeza se estava.

Meus olhos estavam selvagens quando voltaram ao local onde


tinham visto Julian. Estava vazio agora, mas no meio da multidão,
um brilho prateado chamou minha atenção. Era baixo - abaixo do
nível do quadril - mas eu o segui como uma estrela cadente,
confirmando para mim mesma que era seu Rolex antes que meus
olhos viajassem pela manga de seu terno, meu coração pulando do
meu peito quando eu finalmente olhei para cima e o vi caminhando
em minha direção.

Em um terno azul sob medida, separando a densa multidão


de viajantes e comissários de bordo, Julian Hoult estava
caminhando em minha direção.

Oh, meu Deus.


Eu não pisquei. Eu não queria perdê-lo e nem percebi que
estava andando em direção a ele até que vi seus lábios se erguerem
levemente.

Oh, Deus.

Aquele sorriso.

Senti a mesma adrenalina que senti na primeira vez na


garupa de sua moto. Ela correu por mim tão rápido e com tanta
força que eu não conseguia respirar. Nossos passos se aceleraram
e diminuíram em uníssono enquanto fechamos o longo espaço
entre nós, e deixei cair minha bolsa aos nossos pés quando
finalmente estava perto o suficiente para confirmar que não estava
vendo coisas.

Ele era real, bem na minha frente, e por vários momentos


segurei minha respiração e apenas o encarei.

— Você está aqui — eu disse finalmente.

— Estou aqui — ele murmurou, o som de sua voz rolando


como um cobertor sobre minha pele. Eu respirei fundo, fechando
meus olhos quando senti as lágrimas queimando-os. Eu balancei
minha cabeça quando senti sua mão tocar minha bochecha e
reduzir minha voz a um sussurro.

— Como você...? — Abri meus olhos e estudei cada centímetro


de seu rosto para me certificar de que este era Julian. Meu Julian.
Aquele que me amou, e não aquele que me mandou embora. — O
que você está fazendo aqui? — perguntei. Sua resposta quase
dobrou meus joelhos.

— Eu vim para te levar para casa.

As lágrimas caíram, apesar da risada suave escapando dos


meus lábios. — Lia...? — indaguei.

— Enviou-me as informações do seu voo? Sim. — Julian riu,


puxando-me para perto e deixando minhas lágrimas escorrerem
por sua camisa. Senti olhos de todas as direções em nós enquanto
chorava, mas não me importei. Eu estava tão aliviada que
simplesmente não me importei.

— Não sabia que o negócio não deu certo, Julian. Eu teria-

— Não se preocupe com isso — disse ele, segurando meu


rosto com as duas mãos e enxugando minhas lágrimas. — Essa
era a última coisa que eu queria que você pensasse.

Eu balancei minha cabeça. — Você trabalhou tão duro para


esse negócio, Julian — falei, minha voz falhando. — Não deve ter
sido fácil para você o perder. Eu sei.

— Não foi. Mas ainda foi mais fácil do que deixar você ir.

O peito de Julian subiu e desceu sob minhas palmas


enquanto ele soltava um suspiro. Foi curto, mal estava lá, mas
ouvi o som de sua dor e culpa nele. Eu vi o mesmo em seus olhos
quando olhei para ele.
— Você tinha que saber que eu não queria deixar você ir,
Sara. Eu queria mantê-la enquanto você me quisesse. Eu juro. —
Ele riu baixinho de si mesmo, roçando o polegar no meu lábio
inferior. — Eu fiquei tão viciado nesse sorriso — ele murmurou. —
Eu odiei ver você sair. Eu apenas pensei que era o melhor.

— Eu já disse um milhão de vezes que você não precisa me


proteger — protestei. — Eu não sei o que Turner disse a você
naquela noite, mas considerando o que eu o ouvi dizer sobre mim,
tanto na minha frente quanto nas minhas costas, eu posso
adivinhar.

— Ele queria que eu forçasse sua obediência, Sara. Ele queria


que eu ameaçasse seu trabalho, para que você concordasse em
passar um fim de semana com ele — Julian falou, me deixando em
silêncio por vários momentos. Isso eu não sabia. E ele nem tinha
terminado. — As pessoas que trabalham para ele descobriram
sobre a sua prisão. Tive medo de que ele descobrisse você e a
assediasse. Eu não sabia como isso afetaria você, Sara, e eu não
ia supor. Não quando envolvia algo que te machucou tanto no
passado — Julian disse, uma carranca profunda em sua testa. —
Eu só queria que você continuasse se curando. Você mesma disse
que é um processo frágil.

— Isto é. Mas é ainda mais difícil sem o homem que me


ajudou a começar.
Julian puxou o lábio inferior enquanto sorria. Foi a coisa mais
próxima de um sorriso tímido que eu já vi nele, e isso provocou
minha primeira risada real em cinco semanas.

Maldição, essa beleza. Eu só queria pular essa maldita


manhã e já estar em Nova York com ele. Eu queria subir na cama
com ele, beijá-lo e lembrar como era me sentir bem de novo e
inteira de novo.

— Eu prometo a você que vou ficar bem, Julian — eu disse, e


eu estava falando sério. — Eu posso fazer qualquer coisa sozinha,
mas com você eu faço muito melhor.

A maneira como ele brilhava para mim era contagiosa,


aparentemente, porque um trio de mulheres que passavam sorria
largamente enquanto nos olhava. Isso me lembrou um pouco as
senhoras de chapéus de sol no posto de gasolina, que nem
precisaram me conhecer para me dizer para fazer Julian meu. Eu
ri comigo mesma enquanto pensava nelas, e esperava que onde
quer que a Dama do Chapéu do Sol estivesse agora, eu a deixasse
orgulhosa.

— Deus, você não tem ideia do quanto eu senti sua falta, Sara
— Julian disse enquanto seus dedos teciam em meu cabelo. Ele
beijou o topo da minha cabeça. — Eu sonhei com você todos os
dias desde que você se foi.

Minhas lágrimas caíram em meus cílios enquanto ele me


abraçava com força contra seu peito.
— Confie em mim. Eu sei como é isso.

Julian

Saí do trabalho na primeira semana em que Sara voltou para


casa. Trocamos o mesmo sorriso conhecedor quando ofereci a ela
meu lugar para ficar, já que ela havia encerrado seu aluguel. Ela
iria morar comigo. Nós dois estávamos bem cientes disso - apenas
não dissemos ainda.

Mas nos primeiros três dias, caímos em uma pequena rotina


doméstica perfeita. Acordar cedo para ir correr, voltar para casa
para tomar banho e depois preparar o café da manhã. Eu deixava
esfriando no balcão enquanto rastejava de volta para a cama e
beijava Sara para acordá-la. Geralmente o café da manhã esfriava
enquanto fazíamos sexo em qualquer lugar da cama até no
banheiro, mas não importava porque qualquer coisa ficava gostosa
depois que o apetite aumentava.

Durante o dia, íamos comprar coisas de que ela precisava,


que se perderam ou foram jogadas fora durante a mudança.
Trocamos aquele mesmo sorriso conhecedor enquanto
comprávamos tudo, desde uma escova de dentes até uma pequena
bandeja de prata para colocar seus brincos na minha cômoda.
Depois dessa compra em particular, ela não conseguiu segurar a
língua.
— Quanto tempo você acha que vou ficar no seu
apartamento? — ela perguntou enquanto saíamos da loja. Ela riu
do sorriso no meu rosto.

— Meu palpite é um pouco.

Durante a noite, ela preparava o jantar enquanto eu lia ou


recebia ligações do trabalho. Eu nunca poderia estar
completamente desligado, mas certamente era bom conduzir os
negócios com a visão de Sara dançando na cozinha, sua bunda
balançando enquanto ela provava seu molho vermelho no fogão.

Como havíamos estabelecido durante aquela viagem a


Biarritz, ela dormia antes de mim à noite enquanto eu me sentava
ao lado dela na cama, lendo ou preparando anotações para o
trabalho.

Era uma rotina que todos os outros casais tinham e,


aparentemente, era tudo de que eu precisava para estar
perfeitamente feliz e contente.

Minhas noites favoritas eram aquelas em que mamãe ou


Emmett apareciam, para deixar alguma comida caseira ou, no
caso de Emmett, para comê-la. Eu amava essas noites, porque eu
tinha que ficar para trás e assistir Sara se sentar com eles no sofá
enquanto eu servia um pouco de vinho. Eu podia ouvi-la falar e rir
alegremente com eles, como se ela os conhecesse há anos.
Eu morava neste apartamento há anos, mas de alguma forma
o som de sua voz era o que precisava para fazer com que eu
realmente me sentisse em casa.

Então, novamente, ela tinha uma maneira de carregar esse


sentimento com ela aonde quer que fôssemos. A primeira vez que
senti isso foi quando a levei para minha casa nos Hamptons. Senti
isso mais em Biarritz e mais forte agora que a tinha no lugar para
onde voltava todas as noites depois do trabalho.

Ela era minha sensação de lar. Meu senso de família. Ela era
tudo pelo que eu havia tentado trabalhar e me esforçado para
encontrar quando era mais jovem. Eu gostaria de ter dito a mim
mesmo para me salvar da dor - que se eu pudesse esperar o tempo
suficiente, a resposta para cada um dos meus sonhos viria na
forma de uma garota chamada Sara.

Ela foi a cola que juntou tudo para mim e foi a motivação por
trás da minha nova prioridade na vida.

Não importa o que aconteça, mantenha-a feliz.

Mantenha os pais dela felizes. Mantenha até Lia feliz.

Faça o que for preciso para tirar o menor peso de seus ombros
e manter aquele lindo sorriso no rosto.

Essa era a minha nova meta, e era elevada. Mas eu era


conhecido por trabalhar pra caralho por algo que realmente queria.
E pura e simplesmente era ela.
EPÍLOGO

Sara

Doze meses depois

— O que... está acontecendo? — perguntei, diminuindo a


velocidade no topo da escada quando vi Julian lá embaixo,
parecendo arrojado como sempre em seu terno preto e gravata
cinza.

Não era incomum que ele esperasse por mim lá quando eu


estava demorando muito para me preparar para o jantar, mas esta
noite ele tinha música tocando e exibia um sorrisinho torto
enquanto segurava o que parecia ser uma rosa branca em cada
mão. Ele não respondeu à minha pergunta, simplesmente dizendo:
— Venha aqui, baby.

Era difícil dizer não a isso.

Quando cheguei ao último degrau, Julian me parou, pegando


minha mão e deslizando o que pensei ser apenas uma rosa em meu
pulso. Na verdade, era um buquê pequeno, mas intrincado. Eu
ainda estava um pouco perdida, mas abri um sorriso enorme
quando ele prendeu a outra rosa ao lado de sua lapela - sua flor
na lapela.

— Julian Hoult. Você vai me levar ao baile? — perguntei,


rindo pra caramba enquanto ele me ajudava a descer o último
degrau.

— Cobrimos o passeio de moto em sua lista de desejos. Já


estivemos na sua casa de batatas fritas cerca de uma dúzia de
vezes — falou, seus lindos lábios se curvando. — Achei que
devíamos ter o baile antes de chegarmos ao resto.

— É justo — eu sorri quando ele me levou para o chão entre


a cozinha aberta e a sala de estar, nós dois rindo enquanto “You
Are The Best Thing” de Ray Amontanhe tocava nos alto-falantes. —
Mas você percebe que estabeleceu um precedente ruim para si
mesmo aqui, certo? — provoquei, meus lábios perto dos dele
enquanto dançávamos.

— Como assim?

— Você se lembra daquela lista de desejos, certo? Agora você


tem que me levar para Mônaco e Toscana.

— Não é um problema. Lembre-me do que mais está na lista


de desejos? Porque eu realmente vou chegar à outra parte hoje à
noite.
Eu levantei minhas sobrancelhas. — Realmente, Sr. Hoult.
Isso é interessante, uma vez que o resto da lista de desejos é
inteiramente minha para completar.

— Algo sobre comprar para seus pais um apartamento de três


quartos em Londres.

— Sim. E acredite em mim, estou economizando — falei, rindo


enquanto dava uma olhada no meu buquê ao lado de sua flor na
lapela. Das rosas brancas, olhei para seu belo rosto - para suas
feições perfeitamente esculpidas que, uma vez, raramente se
incomodavam em se mover. Era engraçado pensar nisso agora,
considerando que eu recebia pelo menos uma daquelas risadas
estranhas todos os dias. A milagreira. Foi assim que Lukas e
Emmett me chamaram por trazer vida a Julian de uma forma que
eles nunca tinham visto.

Desde que comecei a trabalhar para conseguir meu emprego


na Una Magazine nos Estados Unidos, eu consegui muitas coisas.
Mas ser a milagreira de Julian talvez ainda seja minha conquista
de maior orgulho até agora.

— Então, para onde você está me levando esta noite? Mônaco


ou Toscana? — murmurei minha pergunta contra os lábios de
Julian enquanto ele me beijava suavemente. — E Lukas e Lia
sabem da viagem? — Eu ri. — Porque eles estão nos esperando em
nossa reserva em trinta minutos.

— Sinto muito, baby, mas não vamos deixar o país esta noite.
— Mas você disse que cobriríamos outra parte da lista de
desejos esta noite, e não me vejo comprando uma casa para meus
pais antes da meia-noite.

Julian riu, tirando o buquê do meu pulso e soltando a flor da


lapela enquanto Ray LaMontagne desaparecia. Observei divertida
enquanto ele colocava as flores no balcão da cozinha, voltando
para mim com uma mão no bolso da jaqueta.

O sorriso sumiu do meu rosto enquanto eu o observava puxar


uma pequena caixa de veludo.

— Julian...

Seus olhos azuis brilhavam ao olhar para mim.

— Você disse que queria comprar um apartamento de três


quartos para seus pais, para que pudesse visitar com seus filhos.
E eu meio que imaginei desde aquele dia que eles seriam nossos
filhos — Julian disse suavemente, rindo das minhas lágrimas
instantâneas. Foram apenas algumas no início, mas no momento
em que ele se ajoelhou, elas derramaram. — Sara, você tem sido
tudo que eu sempre quis desde o momento em que coloquei os
olhos em você, e a cada dia que passo com você, encontro-me
querendo mais. Eu quero levar você para Mônaco e Toscana. Eu
quero ver você andando pelo corredor até mim em um grande
vestido branco. Quero ver como seus olhos se iluminam ao redor
de nossos filhos. Acho que você o passou para mim, porque tudo
o que faço hoje em dia é fantasiar sobre você, nós e a vida que
teremos juntos. Você me faz querer ser um homem melhor e o
melhor pai do mundo. Por todas as maneiras como você mudou
minha vida e por toda a felicidade que você me trouxe, você não
merece nada menos que isso.

Eu mal conseguia ver através das minhas lágrimas, e meus


joelhos estavam fracos o suficiente para que Julian lesse minha
mente e voltasse a ficar de pé, rindo enquanto me segurava com
força contra seu peito e beijava minha testa.

— Fazer você feliz foi de longe a minha conquista de maior


orgulho, Sara. E eu nunca vou parar de trabalhar para manter
esse sorriso em seu rosto — ele murmurou, seus lábios se
espalhando em um sorriso quando soltei mais um soluço. — Então
casa comigo. Estou esperando há algum tempo para chamá-la de
minha esposa.

— Claro que vou me casar com você — sussurrei, focando


meus olhos úmidos em nossas mãos enquanto ele deslizava o anel
mais lindo em meu dedo. Seu rosto se iluminou tanto quanto o
meu quando o vimos deslizar perfeitamente no lugar. — Sara Hoult
— eu respirei com pura admiração enquanto ele dava beijos ao
longo da minha bochecha.

— Soa perfeito.

— É verdade.

Como um sonho, na verdade.


Eu não poderia ter imaginado isso tão bem quando garota.
Eu não poderia ter imaginado alguém tão perfeito quanto Julian,
que poderia tirar cada grama da minha dor simplesmente me
envolvendo com força em seus braços.

Eu vivia apenas pelo jeito que ele me olhava, pelo jeito que ele
me beijava pela manhã quando eu acordava, e o jeito que ele dizia
eu te amo quando eu adormecia todas as noites. Ele era tanto
minha fantasia quanto minha realidade, meu sonho se tornando
realidade.

A única parte maluca era que o melhor ainda estava por vir.

Fim...

Você também pode gostar