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Capítulo Um

Blakely

Eu não entendo qual é o grande problema.

Olhando ao redor do bar moderno, que foi apelidado de go-


to 1por todos os meus colegas de trabalho, eu simplesmente não
entendo.

A atmosfera é boa se você gosta de ouro rosado e espelhos


em todos os lugares, para que você possa ver seu reflexo de
todas maneiras possíveis, exceto pelas garrafas de álcool que
revestem as paredes à minha frente. E essas garrafas? Os
bartenders as usam para servir coquetéis de grife para clientes
que vêem as bebidas como ícone de maturidade. A música
eletrônica é tocada suavemente pelos alto-falantes, bem como
jazz no elevador, tocando ao fundo das conversas da multidão
de quase todos na faixa dos vinte e poucos anos. Eles voam de
mesa em mesa com gritos altos quando encontram seu próximo
melhor amigo da noite. Câmeras de telefones celulares piscam
com a mesma freqüência que os gritos.

1 Vamos para – tradução literal.


Você está saindo da sua zona de conforto, Blakely. Não é
sobre isso que é? Vendo como o outro lado vive para que você
possa se relacionar melhor?

Não foi isso que Heather disse? Se eu quiser me relacionar


com meu grupo demográfico, eu preciso entendê-los melhor.
Saia, visite os espaços que frequentam e familiarize-se com o
que eles consideram legal. Ela disse que minhas ideias sobre
minha campanha pareciam velhas. Desatualizada. Como se eu
ainda achasse que usar nylons ainda estava na moda ou algo
assim.

O garçom coloca minha bebida no balcão de mármore à


minha frente, assim que meu ombro esquerdo é atingido por
alguém escorregando no banquinho ao meu lado.

— Desculpe. Sinto muito, — uma voz profunda se


desculpa, mas minha irritação por ter que vir aqui já está no
topo, então eu apenas aceno sem olhar em sua direção.

Que dia de merda.

É só nisso que me concentro enquanto levo o copo com um


líquido âmbar aos lábios. Eu resmungo e dou boas-vindas à
queimação enquanto ela desliza pela minha garganta em uma
tentativa inútil de lavar a merda da tarde que tive.
— Isso é uma bebida de verdade, — diz o homem. — Eu
teria pensado que você é o tipo de garota que gosta de vinho
tinto.

Não estou acostumada com homens aleatórios se


aproximando de mim em bares, eu abro meus olhos e os
mantenho focados em onde minhas mãos estão em volta do
meu copo.

Não há nenhuma chance de que ele esteja falando comigo.

Apenas não é possível.

— O que é isso? Uísque?

Agora eu sei que ele definitivamente está falando comigo.


Uma garota não pode se sentar em um bar em paz e desfrutar
de uma bebida antes de voltar para sua casa tranquila e sua
cama vazia?

— Brandy então? — Ele continua.

Ele não percebeu que não estou interessada?

Ele não sente a vibração de que estou de péssimo humor e


não, não vou para casa e ter uma noite bêbada com ele? Não,
eu não vou acariciar seu ego e rir como uma estúpida enquanto
sacudo meu cabelo. Eu já fiz isso antes, e francamente, me fodi
no processo.

E, não, não foi essa forma boa de ser fodida.


— Dia difícil, então? — Ele continua.

Ele não tem ideia. Primeiro foi minha chefe, Heather, e as


críticas que ela fez durante nossa reunião de produção criativa
de hoje. Em seguida, foi a mensagem do meu ex, me avisando
que ele tinha conseguido a promoção que eu passei anos
ajudando ele a conseguir, e oh, ela disse que sim ao seu pedido
de casamento. Como se eu quisesse saber com que rapidez ele
me substituiu e jogou fora os dezessete anos em que estávamos
casados.

Sete meses para ser mais exata.

Eu não deveria me importar. Eu não deveria. Mas ainda foi


um golpe.

— Tenho certeza de que não foi tão ruim, — ele diz como
se eu estivesse realmente ouvindo. — Nada é tão ruim quanto
parece. Então me diga, o que está fazendo você beber algo forte
assim?

Algo forte? Jesus. Ele realmente pega mulheres com esse


papinho?

— Às vezes é bom falar sobre isso.

Ele quer saber?

Eu vou contar a ele.


— Às vezes é tão ruim quanto parece, — eu digo, os olhos
ainda fixos na bebida na minha frente. — Eu tenho uma chefe
nova, que não sabe o que diabos ela está fazendo. E não é
apenas uma incompetência do tipo preciso-algumas-semanas-
para-entender-os-detalhes. É mais do tipo eu-não-me-importo-
muito-até-que-alguém-mais-faça. Para piorar, eu juro que ela
quer se livrar de qualquer um que a questione. Por exemplo, eu.
Adicione a lista, de repente ela está determinada a deixar nosso
escritório mais jovem, — eu digo, adicionando uma dose
saudável de sarcasmo à última palavra. — Depois, há o fato de
que estou atrás de uma promoção que tenho certeza de que não
vou conseguir, apesar de ser a pessoa mais qualificada de sua
equipe, porque ela está tentando me fazer parecer mal a cada
passo. O quê mais? Meu ex-marido por sete meses agora, me
informou hoje que ele conseguiu, de fato, sua nova promoção –
como se eu me importasse – e oh, novidade, ele está noivo de
uma mulher que tenho certeza que é jovem o suficiente para ser
minha filha. Acrescente isso também, meu carro está fazendo
algum tipo de barulho, então ele está na oficina, e tenho certeza
de que será bem barato... e o carro emprestado que me deram
quebrou a caminho do trabalho esta manhã. E a horrível
Heather não ficou muito feliz com essa desculpa, então ela me
deu uma tarefa idiota como punição que desperdiçou um dia de
trabalho inteiro. E mais do que qualquer coisa, — eu digo
enquanto me viro para encará-lo pela primeira vez, — Eu odeio
quando... — os caras não percebem que uma mulher só quer
ficar sozinha.

O pensamento não foi dito porque, é claro, o homem com


quem estou sendo uma vadia e sarcástica, é incrivelmente
bonito.

Tão lindo que me causa esquecimento de palavras, e anula


meus pensamentos.

E jovem.

Tipo, dez anos mais novo do que eu, bem jovem.

E caramba.

Meu sorriso é automático, mas é difícil parecer inteligente


depois de ser rude com alguém e então falhar com as palavras.

Mas essa sou eu, me sentindo como um peixe fora d'água


em um bar moderno que me disseram para conhecer como uma
espécie de dever de casa.

E há ele, se encaixando perfeitamente com a multidão e


direcionando seu lindo sorriso na minha direção e me fazendo
sentir estúpida quando sei que sou uma mulher forte. Ele que
não fica com os joelhos fracos nem se apaixona por falas
estúpidas.

Já fiz isso antes. Veja onde isso me levou – descartada e


divorciada. Mas meu Deus. Eu fico olhando para ele como uma
idiota com olhos de corça, me perguntando como eu saio do
problema que minhas palavras me colocaram.

Sou uma mulher cuja carreira se baseia em prestar


atenção aos detalhes e, acredite, estou observando cada detalhe
sobre ele.

O cabelo escuro que está um pouco despenteado, embora


seja estiloso. A pele bronzeada e os ombros largos sob sua
camisa preta lisa. Ele é casual quando ninguém mais aqui é, e
ainda assim, ele se encaixa totalmente.

Seus olhos são implacáveis quando encontram os meus.


Eles podem ser verdes, azuis ou até mesmo cinza. A luz fraca do
bar torna difícil decifrar a cor deles, e na chance de eu estar
parecendo uma aberração porque o estou encarrando, eu desvio
meu olhar.

Meu olhar vai direto para suas mãos cruzadas em torno de


seu copo. Para seu uísque. Para os punhos de sua camisa social
e como ela está enrolada para revelar seus antebraços
esculpidos. E grandes braços pornográfico. Mãos sexy de ator
pornô.

Até pensar nisso me faz sentir-me velha.

Eu não deveria estar me concentrando nisto? Sobre por


que eu aqui? Sobre como eu fui uma vadia total com um cara
que parece ser tão legal? Em vez disso, estou sentada aqui
cética em relação a ele simplesmente porque ele está falando
comigo.

Concentre-se, Blakely.

É mais fácil falar do que fazer quando ele está sentado ao


meu lado.

Definitivamente, faz muito tempo que um homem não


presta atenção em mim.

— Você odeia quando, o quê? — Ele pergunta, me puxando


de volta dos muitos pensamentos sobre ele e lhe dou um rápido
olhar.

Sim. Ele ainda está aqui. Suas sobrancelhas estão um


pouco estreitas, e aqueles lábios estão lutando contra um
sorriso.

— Você não terminou o que estava dizendo. — Ele levanta


uma sobrancelha solitária.

— Hum... nada. Deixa pra lá. Eu não quis dizer... pensei


que você fosse outra pessoa. — Eu balanço minha cabeça e
desejo ter mais cinco dessas bebidas ou um buraco para entrar.
— Eu sinto muito.

— Não se desculpe. É bom colocar pra fora às vezes.

Lanço outro olhar para ele, tentando descobrir por que, em


um bar cheio de mulheres atraentes e obviamente disponíveis,
ele está falando comigo. — Acho que coloquei o suficiente para
fora. Novamente, sinto muito. Eu não queria ser uma vadia.

— Sim, você queria. — Meus olhos se voltam para ele e


pegam as covinhas que acompanham seu sorriso devastador
quando ele se vira em seu banquinho para me encarar. — E eu
entendo. Você está em um bar. Ou você quer ficar sozinha ou
está esperando por outra pessoa e não quer que ela pense que
você está batendo papo com um homem incrivelmente bonito
como eu. — Ele pisca e eu odeio ficar encantada com isso. . .

Por ele.

Eu rio e balanço minha cabeça. Não posso evitar, mas o


homem ao meu lado é a última coisa, pessoa - seja lá o que for -
no mundo que eu esperava encontrar quando me sentei neste
bar. — Não estou esperando por ninguém, — digo e retribuo o
sorriso.

Isso foi um flerte?

Eu realmente acabei de flertar com esse cara que é


definitivamente mais jovem do que eu e muito mais bonito do
que meu ex, Paul, quando todo mundo pensa que Paul é top
das galáxias.

Top das galáxias?

Jesus. Definitivamente, não diga isso em voz alta.


— Me fale sobre ela.

— Sobre quem?

Por que ele ainda está falando comigo?

— Sua chefe.

Ele está apenas sendo legal.

— Minha chefe?

Ou perdido.

— Sim. A horrível Heather, eu acredito, é como você a


chamou. Você disse que estava pronta para uma promoção,
mas não se encaixa no molde ou algo parecido. O que você faz?

Ou qualquer coisa diferente do tipo de cara que ele parece


ser, porque caras legais não falam com mulheres como eu.

Ou melhor, pelo que aprendi depois de entrar sem


entusiasmo no lance de namoro de novo, caras legais, jovens e
atraentes como ele, não falam com divorciadas que estão
chegando aos quarenta.

Eu fico olhando para ele, piscando por alguns segundos


enquanto meus pensamentos correm soltos. — Estou em
publicidade. Eu trabalho para uma empresa de cosméticos.

— Qual?
— Glamour.

— Legal. — Ele diz a palavra com um aceno de cabeça


enquanto toma um gole de sua bebida. Acho que Paul não se
preocupou em lembrar em que empresa trabalhei a maioria dos
dias. — E sua chefe. Essa Heather. Ela é nova?

— Alguns meses a menos. Sim.

Ele descansa a mão nas costas da minha cadeira em uma


pose casual, seus dedos tocando levemente minhas costas.

— Qual é a promoção?

— Vice-presidente de marketing — eu digo.

— Grande oportunidade. — Ele levanta as sobrancelhas e


olha para o bar, onde uma linda morena encontra seus olhos
por um momento antes dele olhar de voltar para mim sem se
incomodar. — Por que você acha que não conseguirá a
promoção?

Eu meio que bufo, meio sorrio. — Porque ela está


determinada a trazer uma vibração nova e jovem para o
escritório. Fácil para ela, não tão fácil para mim.

— E como exatamente alguém faz com que seus


funcionários tenham uma vibração jovem e, mais importante,
como ela é qualificada para ser a juíza disso?
— A vibração jovem será demonstrada na próxima
campanha da empresa nas montanhas, onde devemos
experimentar uma união da equipe, para cada um dar o seu
melhor para que possamos partir, nos sentindo como uma
família. — Enfatizo a última frase em uma voz cantada. — E ela
se autodenominou rainha e governante da juventude.

— Oh. Uma daquelas. — Ele bufa.

— Exatamente. — Por que é tão bom ter alguém que


parece realmente entender?

— Você tem algo contra as montanhas? — Ele pergunta,


seus olhos brilhando com humor.

— O que você quer dizer?

— Bem, você disse a palavra montanhas com uma boa


dose de desdém.

— Eu fiz, não foi? Eu sou uma garota da cidade, então, a


menos que estar nas montanhas envolva sentar em um balanço
da varanda tomando vinho, então isso não me atrai.

— Você está perdendo grandes momentos. — Ele balança a


cabeça sutilmente enquanto o barman coloca bebidas frescas
em nossa frente. — Mas o que não gostar das montanhas tem a
ver com odiar sua chefe? É simplesmente porque ela está
fazendo você ir para a sessão de ligação do grupo?
— Eu posso tolerar a união entre a equipe porque é o meu
trabalho, e acho que é melhor formar conexões mais próximas
com meus colegas de trabalho. Mais é porque não há nada que
ela amaria mais do que se eu não aparecesse. Ela teria um
motivo perfeitamente bom para dizer que não sou uma jogadora
com a equipe e vai garantir que o mundo saiba, então seria uma
praga contra minha possível avaliação de promoção.

— Então, você vai. Certo?

O que ele se importa?

Não importa, porque é bom conversar com alguém que


realmente ouve.

— É um beco sem saída. Se eu falto ao evento, apenas irá


confirmar o que eles pensam de mim - que eu sou a matriarca
do grupo que não é divertida - ou eu vou e pareço à matriarca
do grupo que não tem um namorado, então não sou escolhida
para nenhuma das atividades. Não sei, tenho a sensação de que
passei da fase fofa do final dos anos 20, e a fase vamos lá, sem
perder tempo, é um prejuízo para os olhos dela.

— E é por isso que você não gosta dela? Porque ela é mais
jovem? — Ele inclina a cabeça para o lado e não recua o seu
olhar.

Claro, eu acabei de descrevê-lo.

E então o ofendi.
Esse buraco que estou cavando fica cada vez mais
profundo.

— Não. Sim. Quero dizer... não.

— Isso é mais do que claro. — Ele ri e estende a mão para


mim. — Slade Henderson. Mais novo que você. Gosto das
montanhas, o ar livre e posso tolerar a união entre a equipe de
trabalho, mesmo que nem sempre siga as regras. Também me
divirto com os longos ataques de uma mulher bonita e aleatória
sentada ao meu lado no bar a qual estou tentando decifrar.

Slade.

Seu nome é Slade.

Isso não é típico de um jovem de vinte e poucos anos? Ter


um nome que prova que sua mãe se esforçou demais para
torná-lo único daquele jeito fofo de sou-uma-mãe-incrível?

Ela é provavelmente uma perfeccionista do Pinterest, que


sempre traz a sobremesa certa para uma festa, faz presentes
caseiros artesanais que todos comentam e que nunca perde a
paciência com os filhos.

E então há eu. Não fui uma mãe porque estava muito


focada no trabalho e então, quando eu estava pronta para ter
filhos, Paul me disse que isso prejudicaria o estilo de vida que
havíamos construído. E o Pinterest? Digamos que sou a rainha
por falhar em tudo o que tentei. Tanto que desisti de tentar.
Minhas inadequações no departamento feminino são
bastante brilhantes.

Apenas na minha própria cabeça, é claro.

Espera! Ele acabou de me chamar de linda?

— E você é? — Slade pergunta.

— Blakely. — Eu rolo meus olhos de brincadeira, mas


estendo minha mão para apertar a dele. — Eu sou Blakely Foxx.
Mais velha do que você, grata por você estar sendo legal comigo
em vez de pedir para que eu seja removida do local...

— Você diz isso como uma mulher que foi removida antes.
E obviamente está tendo um dia horrível.

— Você esqueceu a parte sobre ter um ex-marido.

Eu apenas olho para ele e balanço minha cabeça enquanto


rio. — Desculpe. Muita informação.

— Na verdade, não — diz ele — isso vai fazer você se sentir


melhor se apenas colocar para fora da sua mente.

Eu olho para ele e me pergunto qual é o problema. É


algum programa de televisão com uma câmera escondida e eu
sou a pessoa inocente que está sendo enganada?
Quando ele acena com a cabeça em encorajamento, eu rio
e olho para o meu copo como se não pudesse acreditar que
realmente vou. — Bem. Ele é um ex-marido idiota.

— Veja? — Ele me cutuca. — Se sente melhor, não é?

Eu ri. — Sim. Certo.

— Vamos lá. Você sabe que sim.

Ele tem razão. É verdade. Mesmo que seja malicioso e


infantil, é.

— Então, me diga uma coisa, Blakely, você tem algo contra


vibrações juvenis? — Ele pergunta inocentemente e, por um
breve segundo, esqueço que é o termo que usei – vibrações
juvenis – e quase engasgo com a minha bebida.

— Não. É mais do que isso. É difícil de explicar. — Me


lembro da reunião que tive esta tarde. Como Heather rejeitou
todas as minhas ideias – chamando todas de antiquadas, apesar
de seu histórico de alto desempenho, enquanto divulgava ideias
que qualquer estudante do ensino médio poderia considerar
brilhantes quando os membros mais jovens da equipe as
propusessem. Seus olhares de desaprovação e suspiros altos
toda vez que eu dava uma opinião me diziam que minhas
preocupações eram justificadas. Ela olha para mim e vê um
dinossauro que quer extinguir.

— Você gosta do seu emprego?


— O que? — Eu pergunto.

— Você gosta do que faz? Você é boa nisso? — Há uma


indiferença na maneira como ele pergunta que não me coloca na
defensiva como poderia ter ficado se meu chefe me fizesse a
mesma pergunta.

— Eu sou muito boa. É a minha paixão.

Ele franze os lábios e acena com a cabeça. — Então qual é


o problema?

— O problema é que trabalhei ‘pra’ caramba por quase


vinte anos para estar onde estou. Comecei com a Glamour
quando eles não eram nada e os ajudei a crescer e se tornar a
marca conhecida que são hoje. E quando outras empresas
maiores tentaram me atrair para longe, eu não me desviei. Sou
uma trabalhadora esforçada. Eu contribuo. Eu mereço minha
posição e a promoção...

— Mas? — Ele pergunta.

Hesito porque ele não me conhece, e definitivamente não


sou o tipo dele, mas o que dói usar o ouvido que alguém
oferece?

— Estou com medo de perder minha posição porque não


sou quem eles - quem Heather - querem que eu seja.

— E quem eles querem que você seja?


— Hipper. Mais moderna. Sem bagagem. — Tomo um gole
do meu uísque. — Seja o que for, eu sei que não sou...

Ele não responde, e quando olho em sua direção, seus


lábios estão franzidos e ele está balançando a cabeça muito
sutilmente. Ele dá um daqueles olhares misteriosos com seus
olhos coloridos na minha direção. — Sabe ou sente?

— Qual é a diferença?

— Sentir é algo que se alimenta de inseguranças, saber é


algo que se apoia em fatos.

— Não estamos cheios de sabedoria? — Eu digo e recebo


um encolher de ombros adorável e uma de suas sobrancelhas
levantada.

— É uma raridade, mas aparece de vez em quando. — Ele


olha para a esquerda, onde alguém deslizou ao lado dele e
depois se volta para mim. — Como é que você sabe que Heather
quer que você fora da equipe?

— Está presente a cada momento. É como ela fala com


todos nós nas reuniões. As novas pessoas que ela trouxe. — Eu
rio, mas é mais para mim do que para ele. — Eles ouvem há
quanto tempo estou lá e, em vez de pensar, uau, ela tem um
conhecimento amplo do qual podemos nos beneficiar, eles
pensam, uau, ela é tão velha que não pode saber o que está na
moda agora. — Acrescento um sorriso para esconder minha
defesa e finjo que não estou incomodada com isso, mas não
estou enganando ninguém.

— Você está assumindo no entanto. Não há como você


saber o que eles estão pensando. — Ele encolhe os ombros
como se me dizendo que minha insegurança é o que está
alimentando minhas opiniões é algo que eu não deveria estar
ofendido. — Olhe ao redor. Você acha que eles estão julgando
você, mas talvez você os veja como adolescentes com acne e
aparelho ortodôntico e os julgue por não terem idade suficiente,
em vez de dar-lhes o benefício da dúvida de que são
qualificados. É tudo uma questão de perspectiva.

— Não consigo esconder minha idade. — Eu bufo, os


efeitos do uísque começando a fazer efeito e me relaxando um
pouco.

— Eu não diria isso, — ele murmura e não tem vergonha


enquanto seus olhos vagueiam preguiçosamente para cima e
para baixo no comprimento do meu corpo. Eles passam sobre
minhas pernas, que estão cruzadas no joelho, e pegam meus
saltos na cor nude antes de rastejarem de volta para encontrar
meus olhos.

Não consigo me lembrar da última vez em que fui


observada de forma tão descarada. Abro a boca para dizer algo –
contestar – mas por que estragar o momento em que está
fazendo meu punho bombear mais rápido?
Quando o calor que sobrou no rastro de seu olhar ainda
está aquecendo minha pele.

Então a realidade me bate.

Slade, com seu nome perfeitamente na moda e seus braços


pornograficamente sexys, só está jogando osso para uma
mulher de meia-idade como eu, porque ele é gay.

Ele tem que ser.

Seria um prejuízo para as mulheres em todos os lugares se


eu estivesse certa, mas por que outro motivo ele estaria sentado
em um bar como este em uma quinta-feira à noite falando
comigo quando ele poderia estar dando em cima da linda
morena algumas cadeiras abaixo que está de olho nele?

Não mais perturbada por seu olhar muito longo, volto a


conversa com ele. — E você, Slade? Por que você está aqui esta
noite? Matando tempo até sua namorada sair do trabalho?

O rolar de seus olhos e o brilho de seu sorriso não


deveriam me afetar da maneira que afetam, mas afetam.

— Mais como evitar minha mãe, que está visitando a


cidade e que atualmente está invadindo minha casa. — Ele dá
um gole em sua bebida e emite um suspiro audível.

— Tão ruim assim?


— Já teve uma mãe italiana intrometida que faz muitas
perguntas, repreende você pois todas as mulheres com quem
você namorou não são boas o suficiente e culpa você por ela não
ter nenhum neto quando ela tem três outros filhos que podem
fazer o serviço?

Ele não é gay.

— Não posso dizer que sim. — Eu sorrio com simpatia.

— Se você gostaria de experimentar, seja minha


convidada. Ela provavelmente está fazendo algum tipo de jantar
incrível para baixar suas defesas e conquistá-la antes de atacar
sua jugular, — diz ele e ri.

— Pelo menos ela alimenta você antes de liberar a ‘culpa


de mãe’ dela em você.

— Verdade. — O gelo em seu copo tilinta enquanto ele gira


seu copo, os olhos focados nele. — Mas tem sido um grande
ajuste ter ela comigo por alguns dias.

— Limitando seu estilo.

— Algo assim, — ele murmura e, em seguida, olha na


minha direção novamente. — Porque aqui?

— Porquê o que? — Eu pergunto.

— Esse bar de todos os bares. Eu nunca vi você aqui


antes.
— Você vem aqui com frequência? — Eu pergunto, e ele faz
um estrondo baixo de uma risada.

— De vez em quando, quando não estou trabalhando, mas


você... não parece alguém que se preocupa em vim a lugares
modernos assim para chamar atenção.

— O que eu pareço? — Eu pergunto e então gostaria de


poder retirar as palavras porque temo a resposta.

Seus olhos brilham enquanto eles descaradamente me


olham, e eu quero me contorcer sob seu exame. — Cautelosa,
mas curiosa. Linda mas não reconhece isso. Está aqui, mas não
sabe o porquê. E definitivamente está interessada no homem
com quem está conversando, mas não tem certeza de como
deixá-lo saber. Mas essas são apenas observações. Me dê um
pouco mais e eu direi se estou certo ou não.

Oh. Ok. Hum... pensamentos. Coloque-os juntos. Eu sei


que estou fora de contato com namoro, flerte, qualquer que seja
esse tipo de coisa, mas eu não deveria estar tão confusa.

Normalmente, se um cara falasse coisas assim para mim,


eu diria que ele estava se esforçando demais e nunca daria
certo... mas há algo em Slade – a maneira sincera e
despretensiosa com que ele pronuncia as falas - que me faz
corar em vez de estremecer.
— Então... — Ele deixa a palavra flutuar entre nós até que
eu encontre seus olhos. — Porque aqui?

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa. Porque aqui?


Você está aqui para ser visto nesse local moderno?

Ele ri. — Eu não poderia dar a mínima sobre estar na


moda. Vou encontrar um amigo daqui a pouco e decidi parar
para tomar uma bebida antes disso. E você? Porque aqui?

— Não sei, — murmuro, sabendo que não posso explicar


exatamente que estou aqui para entender melhor alguém de sua
idade. — Eu ouvi um burburinho sobre esse lugar, então depois
do dia que tive... eu pensei, por que não?

— Bem, estou feliz que, por qualquer motivo, você tenha


passado aqui esta noite.

Nossos olhares se mantêm, aquele sorriso dele inabalável


enquanto minhas bochechas ficam vermelhas com o calor. Eu
faço o meu melhor para afastar todas as minhas inseguranças
que ameaçam atrapalhar meus pensamentos.

Eu pulo quando o celular toca no balcão do bar entre nós.


Slade geme ao pegá-lo e vê o número na tela.

— Com licença um segundo. Estou esperando por essa


ligação. Você se importa?
— Não. Claro que não, — eu digo enquanto ele desliza para
fora de seu banco.

— Outra rodada, por favor, — ele diz ao barman antes de


se afastar e colocar o telefone no ouvido. — Olá? Oi. Sim... —
Sua voz é abafada pela tagarelice do bar, mas continuo a
observá-lo enquanto ele vagueia pelas mesas e se aproxima da
saída.

Ele é mais alto do que eu pensava, e aproveito o momento


para admirá-lo e sua bela bunda. As mulheres que o notam não
o fazem porque sua risada está ecoando. Elas estão olhando
para ele porque ele é muito gostoso.

Ele passa a mão pelo cabelo enquanto ri novamente, e


pouco antes de sair pela porta lateral do bar para o pátio, ele
olha para mim e abre um sorriso.

— Bem, estou feliz que, por qualquer motivo, você tenha


passado aqui esta noite.

Suas palavras repetem em minha cabeça e inflam meu ego


mais do que foi inflamado no que parece uma eternidade. Não
tenho vergonha de admitir que é bom.

E acredito que ele estava flertando comigo.

Comigo.
Uma divorciada de 39 anos que geralmente vai direto para
casa depois do trabalho e tira o sutiã, antes que a porta de sua
casa se feche atrás dela.

E não entrei em pânico.

Bem, eu fiz. Quer dizer, estou fazendo isso agora, pois


tenho um minuto para fazer isso, mas tudo isso é território
desconhecido para mim. Não consigo me lembrar da última vez
que flertei com alguém.

Isto é real?

Eu quero que seja real?

Claro que eu quero. Mesmo que eu não esteja nem perto


de interessada, o que dói ter um homem bonito me fazendo
sentir desejada e bem comigo mesma?

Eu aliso minhas mãos no meu vestido e balanço minha


cabeça. Eu vou continuar com isso e me divertir um pouco
flertando de volta. O que isso vai me custar?

Com um gole da minha bebida e um olhar para a porta


pela qual Slade desapareceu, eu aceno, e percebo que é assim
que a vida após o divórcio é. Confusa em meu caminho e
levando as pequenas vitórias à medida que aparecem. Tento
ganhar confiança juntando os pontos positivos do meu dia.
Tentando me lembrar da mulher que fui - aquela que quero ser
- depois de deixar Paul tirar o melhor de mim por tantos anos.
— Com licença.

— Eu sinto muito. Este lugar está ocupado, — eu digo


para a linda morena que está de olho em Slade desde que ele se
sentou.

— Oh. Eu sei. Eu só...

— Sim? — Eu pergunto enquanto ela se mexe e brinca com


o cartão de visita na mão.

— Eu sou tímida... e não quero ser muito ousada, mas


gostaria de saber se você poderia dar ao seu filho meu número
de telefone? — Ela estende o cartão de visita para mim e me dá
o que considero um sorriso tímido, mas provavelmente o tipo de
sorriso você-está-fora-do-seu-círculo. — Eu não tenho coragem
de dar isso a ele, mas ele é muito fofo.

Paro de piscar rápido e abro e fecho de minha boca como


se eu fosse um peixe fora d'água enquanto registro o que ela
está dizendo, enquanto deixo o peso de seu pedido me atingir.

— Meu filho? — Eu rio, minhas sobrancelhas estreitando e


minha cabeça balançando em descrença.

— Sim. Eu apenas presumi, já que ele estava falando com


você, e você...

— Ele não é meu-


— Oh meu Deus. — Seu rosto fica em branco e o queixo
cai. — Eu sinto muito. — Ela dá um passo para trás, seu cartão
ainda firmemente entre meus dedos. — Eu apenas presumi
porque ele tem a minha idade e você parece ter a idade da
minha mãe que-

— Você provavelmente deveria parar de falar e ir embora


agora, — murmuro enquanto viro minhas costas para ela e
enfrento o bar.

A mãe dele?

Jesus.

Eu pareço tão velha?

Eu engulo o resto do meu uísque enquanto o pânico o qual


eu estava lutando antes – o bom tipo de pânico porque um
homem atraente estava falando comigo – se transforma no tipo
de ansiedade que me faz imaginar o que diabos eu estava
pensando?

Eu pareço tão desesperada?

— Cristo, Blake, — murmuro enquanto me levanto do meu


banquinho, nervosa e de repente morrendo de vontade de sair
daqui antes de fazer um papel de idiota maior do que já fiz.

Não há nenhuma maneira de Slade estar interessado em


uma mulher como eu.
Eu empurro algum dinheiro pelo bar para pagar as
bebidas.

Ele tem que estar esperando por alguém.

Então deslizo o cartão dela sob a bebida dele.

Ou talvez ele tenha problemas com a mãe.

Eu olho por cima do ombro para onde ele foi mais uma
vez, e então saio do bar.

É um movimento covarde?

Claro que sim.

Mas o que estou fazendo pensando que um cara jovem


como ele estaria realmente flertando com uma mulher mais
velha como eu?
Capítulo Dois

Slade

Eu fico olhando para o cartão de visita em minha mão.


Aquele com o nome de Hillary e bordas esfarrapadas de onde
brinquei com seus cantos enquanto ouvia as besteiras de minha
equipe.

Um tinha uma senhora louca que se recusou a manter o


vestido.

Outro fez um transplante de coração.

Um terceiro brigou com um assistente e foi colocado em


um caso de verrugas genitais como retribuição.

São todas queixas que vêm com esse ambiente, mas são
coisas de que sinto muita falta e mal posso esperar para voltar.

— O que foi, Henderson? Você está no mundo da lua?

— Nah. Desculpe, — eu digo enquanto quatro pares de


olhos se voltam em minha direção e coloco o cartão inútil no
copo de água vazio de Leigh, deixando os cubos de gelo
escurecerem suas bordas. — Só pensando no quanto sinto falta
disso. — Levanto minha mão para as pessoas sentadas ao redor
da mesa. — Mas não sinto falta de não ter tempo para dormir.

— Filho da puta, — murmura John, mas sorri.

— Você perdeu nossa última fogueira, — diz Leigh. — Para


um homem que não tem nada para fazer, você parece muito
ocupado.

Eu sorrio e dou de ombros, muito teimoso para admitir


que era muito difícil andar com eles. Claro, eles são meus
melhores amigos, mas estar com eles também me lembra do
que estou perdendo. — Minha mãe está na cidade.

— Ohhhh, — John diz. — Nada como uma repreensão da


Mamãe Henderson para torná-lo antissocial. Ela ainda está
reclamando sobre você namorar todas as mulheres erradas?
Sobre precisar de netos?

— Algo parecido. — Empurro o cartão de visita ainda mais


para baixo no vidro.

— Você vai estar no próximo? — Sarah pergunta.

— Sim. Claro.

— A propósito, você continua olhando para aquele cartão,


deve ser importante, — Prisha diz e me cutuca.

— Não. Sim. Não mais. — Eu meio que ri.


— Uma mulher? — Seu sorriso é largo e seus olhos
brilham divertidos.

— É sempre uma mulher quando se trata de Henderson,


— John diz com um sorriso rápido e um aceno de cabeça.

Minha mente volta para a noite passada. Para os olhos


verdes cheios de caráter e uma boca carnuda sem medo de falar
o que pensa. Para um par de saltos sexy e pernas longas que
tenho certeza que eram ainda mais impressionantes quando ela
fica de pé. Para uma mulher deslumbrante de uma forma
clássica e sofisticada que me intrigou. Ela tinha uma
autoconfiança misturada com insegurança, um desafio cercado
pela dúvida e uma natureza cativante que brilhava quando ela
baixava a guarda e esquecia que deveria estar com raiva.

— Uma mulher? Que mulher? — Leigh acrescenta.

— Você realmente tem tempo para ter um relacionamento


saudável e depois simplesmente recusou a oferta que veio com
aquele cartão? — Prisha pergunta. — Ou deixaram você na
mão?

— Meu homem aqui não é deixando na mão, — diz John,


me defendendo, em uma conversa sobre mim eles obviamente
estão bem sem a minha participação. — Todos nós sabemos
melhor do que isso.
— Eu estou certa, não é? — Prisha pergunta, mas antes
que eu possa responder, ela se vira para o resto de nossos
amigos. — Ele foi deixado na mão.

— Definitivamente, — Leigh fala como se eu não estivesse


sentado entre eles. — Ele nunca fica emburrado e
definitivamente está emburrado.

— Desde quando eu sou rejeitado? — Eu digo e jogo


minhas mãos para cima com um encolher de ombros, mas o
telefonema que fiz anteriormente provou que eu estava com o
número errado.

— Olá? — A voz feminina veio através da linha enquanto


eu olhava ao redor da lanchonete, esperando que todos
aparecessem.

— Oi. Não tenho certeza de quem deveria estar


procurando. — Eu ri. — Você disse que seu nome era Blakely,
mas seu cartão diz que é Hillary. Essa foi uma daquelas
situações em que você me deu o nome errado até ter certeza de
que realmente gostava de mim?

— Blakely? Não tenho certeza de quem é, — ela disse, a


confusão em sua voz tão clara quanto a minha própria
confusão. — Aqui é Hillary da Edge Pharmaceuticals, posso
ajudá-lo?
— Na outra noite. Você estava bebendo uísque. Eu te
perguntei sobre isso? — Eu disse ao silêncio do outro lado da
conexão. — A ida para a montanha com o seu trabalho. Seu ex-
marido idiota. Tudo isso?

— Eu sinto muito. Eu não...

— O final amargo?

— Oh meu Deus. Você. Você era o único com o cabelo


escuro, camisa preta.

Aleluia.

— Sim. Era eu.

— Eu não posso acreditar que ela realmente lhe deu meu


cartão.

— Hã? Do que você está falando? — Eu perguntei.

— Eu estava muito tímida para abordar você e dizer que


estava interessada. Eu estava com o vestido rosa e estava
sentada no final do bar? Dei à mulher com quem você estava
sentado – sua mãe, irmã ou quem quer que seja a pessoa – meu
cartão para dar a você.

Minha mão parou minha cerveja quando estava a meio


caminho da minha boca.

Minha mãe ou irmã ou quem quer que seja. Que diabos?


— Espere. Então você está me dizendo que não nos
conhecemos?

— Não. Eu estava muito tímida para entregar diretamente.


— Sua risada foi gutural, sexy, e nada parecida com a mulher
tímida que ela dizia ser... E ainda assim, eu me lembrei dela. A
morena deslumbrante do bar. Com o olhar de venha-me-foder
com que ela tentava me pegar.

Esta mulher não era tímida.

Não. Ela estava tentando cortar qualquer competição.


Filha da puta!

— Você está aí? — Ela perguntou.

Não tenha tempo para jogos.

— Obrigado. Achei que você fosse outra pessoa.

— Mas...

— Talvez outra hora.

— Terra chamando Slade, — John diz, estalando os dedos


na frente do meu rosto.

— Definitivamente uma mulher, — diz Leigh enquanto tira


o cartão de visita do seu copo. Tirar da mão dela seria um golpe
estúpido e, francamente, eu vivi, respirei e sofri com esses
quatro, não é como se eles não fossem arrancar de mim de
qualquer forma. — Quem é Hillary? Foi ela quem terminou com
você?

— Nah. — Eu balanço minha cabeça com um sorriso


tímido. — Mas ela pode ser apenas o motivo pelo qual alguém
que eu queria conhecer melhor, foi embora.

Eu presumi que Blakely tinha que sair quando eu atendi o


telefonema. Achei que ela havia me deixado seu cartão para que
eu soubesse como entrar em contato com ela. Eu pensei que a
atração era mútua.

— Vamos, Romeu. Quem é ela? — Prisha pergunta.

— Ninguém em particular. Apenas uma mulher em um


bar.

Ela é alguém que, por algum motivo, não consigo tirar da


minha mente.

Talvez seja porque ela não era nada com o que estou
acostumado e... Tão intrigante.

— Não é assim que sempre começa? — John brinca. —


Apenas uma mulher em um bar.

— Ah, — Leigh murmurou, — Slade encontrou outro


cachorrinho perdido para cuidar e amar antes de colocá-lo de
volta para adoção?

— Vá se ferrar. — Eu rio e tomo um gole da minha cerveja.


— Isso são ossos ofício, não é? — John diz com um
encolher de ombros do outro lado da mesa. Ele está usando
uniforme, e eu percebo que usar meu próprio uniforme é uma
das coisas que sinto falta mais do que posso expressar. — A
necessidade de salvar, cuidar e fazer tudo novamente.

— Eu não sei do que diabos você está falando. — Eu me


inclino para trás, imitando sua postura casual.

— Projetos. Todos nós, residentes, adoramos ter projetos


para os dias em que não podemos salvar alguém, então pelo
menos podemos salvar o projeto em que estamos trabalhando.
— Prisha envolve o braço em volta dos meus ombros e me dá
um aperto rápido.

Projetos?

Ela é louca.

— Eu conversei com a dama por uns vinte minutos. Ela


não era um projeto. Ela era... eu não sei o que ela era.

— A dama? — Prisha ri. — Por que tão formal? Isso é o que


você faz quando está escondendo algo de nós.

— Ohhh, — Leigh prolongou o som, — acho que havia


interesse legítimo com a dama, rapazes. — Ela bate sua taça de
vinho na ponta da garrafa de cerveja de John. — Henderson não
fica assim nem com uma chamada de emergência para a sala de
plantão. Eu deveria saber. — Ela levanta a mão, e todos nós
rimos, atraindo o olhar de quem está ao nosso redor.

— Por que você tem que trazer coisas que aconteceram


anos atrás? — Eu provoco. Nossa aventura foi curta, mais do
que calorosa, mas definitivamente ampliada pelo fato de que
éramos apenas dois residentes exaustos do primeiro ano que
precisavam de alguém que os entendesse.

— Está bem. Nós sabemos como você joga, Henderson. —


John ri. — Começo – faça-os ficarem viciados em você. Final –
oh merda, eles estão viciados em você. Completo-próximo, por
favor.

— Vocês me fazem parecer como um homem prostituto, —


eu digo e inclino minha cabeça contra a parte de trás da cabine
com um aceno de cabeça.

— Mas você faz isso de uma maneira tão boa, — diz


Prisha. — Nunca conheci um homem com tantas ex...

— Na verdade, não ex, — tento explicar.

— ...que ainda o ama depois do fato.

Eu levanto minha cerveja e ignoro as piadas. Estou


acostumado com esse grupo. — Vocês estão confusos.
— E você sente muita falta de nós, — diz John, e a mesa
acalma um pouco, o sorriso de Prisha se suaviza e os dedos de
Leigh brincam com a haste de seu copo.

— Eu sinto. — Eu meio que bufo, meio rio, enquanto meu


tom fica sóbrio. — Mais do que você podem imaginar.

— Quanto tempo mais? — Prisha pergunta.

— Seu palpite é tão bom quanto o meu. — Eu encolho os


ombros. — Eles querem ouvir a própria Ivy. Ela é a vítima, e até
que ela possa fazer uma declaração, são 'minhas suspeitas e
reações exageradas' - suas palavras, não minhas - contra suas
declarações.

— E então, o quê? Você está no limbo até então? — John


pergunta.

— Basicamente. Estou esperando que o conselho de


revisão se reúna na próxima semana ou algo assim, mas sei que
nada será decidido até que eles terem notícias dela. Tenho
certeza que, em algum momento, terei que fazer algum show de
cachorro e pônei para conseguir os poderes necessários para ser
aceito de volta no programa sem preconceito. — Eu tomo um
gole da minha cerveja, agindo como se não fosse grande coisa
quando eles sabem que é exatamente o contrário. É todo o meu
maldito mundo sabe. — Mas é o que é.
— Como ela está? — Leigh pergunta gentilmente e eu
encontro cada um de seus olhos, sabendo que tecnicamente não
deveria saber a resposta, considerando que não deveria estar
em qualquer lugar perto do hospital.

— Ainda em coma. Ainda... esperando. Não tenho


permissão para verificar como ela está, então isso é tudo que
sei.

— Essa coisa toda é fodida. — John suspira. Cada um


deles me disse que teriam feito à mesma coisa se estivessem no
meu lugar. Teria deixado à emoção tomar conta deles e proteger
seu paciente. Que eles teriam agido como eu.

Mas eles não fizeram isso.

Eu fiz.

E estou pagando o preço.

— Eu não me arrependo. Quer dizer, me arrependo da


suspensão e da burocracia que terei que lidar agora, mas não
me arrependo do que fiz em relação a ele... apenas não diga isso
ao conselho.

— Sem chance, irmão, — John diz.

— Sem chance, — Prisha reitera.


Capítulo Três

Blakely

— Eu posso fazer um melhor, — eu digo e dou uma


mordida na pizza antes de me acomodar no sofá.

— Nada pode ser pior do que entrar no escritório do seu


chefe muito gostoso com a saia presa na calcinha. E calcinha é
um termo vago para aquelas de fundo da gaveta que peguei
porque não tinha lavado roupa. Nada. — Minha melhor amiga,
Kelsie, diz com um aceno indiscutível enquanto ela esvazia sua
taça de vinho e não tem vergonha de enchê-la novamente com a
garrafa na mesa de café entre nós.

— Que tal estar sentada em um bar, pensando que o


bonito, sexy, jovem cara sentado seu lado está flertando com
você.

— E o problema com isso é o quê?

— Estou longe de terminar, Kels. — Eu tomo um gole do


meu próprio vinho, e o ridículo do meu pensamento de que ele
estava realmente flertando comigo me atinge mais uma vez. —
O cara, Slade-
— Slade?

— Sim. Apenas me deixa continuar.

— É meio sexy. Me diga como ele era. — Eu fico olhando


para ela e balanço minha cabeça. — O que? Preciso de todo o
visual e, além disso, você deve me agradar. Isso será a maior
ação que tive em meses.

Eu rio e sou muito grata por tê-la em minha vida. — Alto.


Cabelo escuro. Olhos super claros e lindos. Sorriso fantástico.
Bem vestido. E suas mãos e braços eram super sexy com a
camisa social enrolada.

— Um relógio? — Ela pergunta. — Relógios são sexy.

— Acho que sim. Sim. Eu acho. Não importa, — eu digo,


mas seus olhos me dizem que importa para seu visual completo.
— Claro, sim, ele tinha um relógio.

— Esse visual me deu arrepios. — Ela bate palmas.

— Sim, bem, eu meio que descarreguei sobre ele quando


pensei que ele estava dando em cima de mim, e-

— Por que você faria uma coisa dessas? — Ela grita.

— Você pode me deixar terminar, por favor? — Eu


pergunto, esta conversa de parar e começar entre nós não é
incomum.
— Sim. Certo. Só não entendo por que você repreendeu um
cara jovem e gostoso.

Eu a olho acima da borda do meu copo. — Primeiro, eu


não o repreendi. Em segundo lugar, não sabia que ele era
gostoso quando comecei meu discurso retórico. E terceiro, eu
tinha acabado de sair de uma reunião de merda com Heather.

— Não estrague o visual trazendo-a à tona. Não gostamos


dela, mas gostamos de Slade. — Ela cantarola.

— Oh meu Deus. Você é... Você é -

— Só estou dizendo as coisas que você pensou. — Ela ri


daquele jeito alto e detestável de hiena dela que me desafia a
não sorrir. — Termine. Slade. Quente. Sexy. Usar relógio.

— O que eu ia dizer é que mais do que ele ser todas essas


coisas, ele era super legal. E engraçado. E interessado. Quero
dizer, com que frequência você encontra um cara que realmente
faz uma pergunta e ouve a resposta?

— Qualquer homem vai ouvir você se achar que vai


transar.

— Não era assim sabe – falta de atenção, ou os olhos


vagando ao redor, apenas-estava-lá-por-um-tipo-coisa como a
maioria dos caras. Ele era diferente. Não posso explicar por quê,
mas ele era.
— Ele era gay?

— Eu pensei a mesma coisa, mas ele mencionou como sua


mãe não gosta das mulheres que ele namora.

— Oh. — Ela torce o nariz. — Um filho da mamãe, então.

— Eu também não acho. — E eu balanço minha cabeça


porque eu pensei isso também. — Ele era simplesmente bom,
engraçado e cativante. E... Foi tão bom conversar com alguém
por um tempo. Ter alguém falando comigo.

— Chocante — diz ela sarcasticamente.

— Kelsie!

— O que? Talvez seu cartaz de 'Sou amarga, me deixa só'


não estava pendurado em seu pescoço pela primeira vez, então
você não o assustou.

— O que isso deveria significar?

— Significa que você faz todas as coisas que indicam que


está solteira, mas apenas porque sente que precisa. Você vai a
um bar, mas parece inacessível. Você conhece um cara legal,
mas parece amarga. Você se expõe porque está descobrindo
como navegar neste novo mundo, mas quando o faz, é apenas
para mostrar.

Deixe que sua melhor amiga chame sua atenção.


— Você pode me culpar?

Sua expressão se suaviza. — Não. Eu não te culpo. Acho


que você foi emocionalmente espancada e machucada e, embora
saiba que está melhor sem Paul, ele também tirou algumas
partes de você durante o casamento que você está tentando
reencontrar. Isso leva tempo e uma vontade de reconhecer e
aceitar que ele fez.

Meu suspiro enche a sala porque ela não disse nada que
eu já não soubesse. Mesmo assim, é difícil ouvir.

— Lamento que você esteja passando por tudo isso. Claro,


você gostou da companhia de Slade. Inferno, você estava com o
idiota do Paul, que só ouvia a si mesmo e se preocupava com
suas próprias necessidades, por tanto tempo que qualquer um é
melhor do que ele, — diz ela, seu ódio pelo meu ex crescendo
exponencialmente a cada dia que passa. — Então, me diga o
resto. Se as coisas estavam tão boas, por que você está
comparando sua conversa com ele, e eu mostrando minha
bunda para meu chefe?

— Porque, em algum momento, Slade teve que atender um


telefonema, então ele saiu, então essa linda mulher veio até
mim. Ela explicou que era super tímida e perguntou se eu
poderia dar ao meu filho seu número de telefone.

— Seu filho? — Kelsie engasga com seu gole de vinho. —


Você está brincando comigo, certo? — E antes que eu possa
dizer qualquer outra coisa, ela se joga de volta em sua cadeira e
começa a rir tanto que não consegue falar. O som enche a sala,
e eu não posso acreditar que meus lábios estão puxando os
cantos enquanto eu a vejo enxugar as lágrimas debaixo dos
olhos.

— Você terminou? — Eu pergunto, fazendo um show ao


cruzar os braços sobre o peito em falso aborrecimento.

— Eu só - como ela realmente pensou que você era a mãe


dele? Ele tinha quinze anos ou algo assim?

— Engraçada.

— Não, estou falando sério, — ela diz, colocando o copo na


mesa e percebendo que não acho sua encenação tão divertida
quanto ela. - Ou ela não tinha noção de como estava sendo
ofensiva ou pensou que fazendo você se sentir insegura faria
com que você se afastasse dando ela uma chance, porque ela
era uma cadela maliciosa. Aposto qualquer coisa que foi por
isso que ela disso isso.

— Oh, por favor.

— Oh, por favor? Não há nada mais irritante do que uma


pessoa magrinha reclamando de como é gorda ou uma mulher
linda agindo como se não entendesse por que os homens a
acham atraente. Caso em questão, — ela diz, apontando para
mim.
— Tanto faz. — Eu aceno uma mão em sua direção.

— Você tem ótimas curvas e cabelo digno de um salão de


beleza -

— Eu acho que você bebeu demais-

— E você é inteligente e dedicada, e eu poderia continuar


indefinidamente.

— Obrigada, mas você é minha melhor amiga - você me


conheceu quando eu tinha cabelos crespos e usava óculos -
então você tem que dizer isso.

— Eu não tenho não. — Ela levanta a mão para parar meu


argumento. — Isso é uma briga para outro dia.— Ela enche meu
copo quando eu o seguro. — Vamos voltar a ver como a
Pequena Miss Thang reagiu quando você rasgou o cartão dela e
disse a ela para ir para o inferno.

Eu fico olhando para a minha melhor amiga de mais de


vinte anos e mordo meus lábios em resposta. Posso ter repetido
a cena em minha cabeça algumas (cem) vezes, e em cada uma
delas, nenhuma vez saí correndo como uma fêmea de rato e
deixei a linda morena levar o melhor de mim e da minha
autoconfiança.

— Por favor, me diga que você a repreendeu. — Há uma


descrença suplicante em sua voz que me faz desviar os olhos. —
Blake.— Ela espera até que eu encontre seus olhos e então
bufa. — Por que você não a colocaria no lugar dela?

Eu fico olhando para ela enquanto luto contra as lágrimas


nos meus olhos e dou de ombros, envergonhada. — Eu deveria
ter feito. Eu me senti tão bem comigo mesma pela primeira vez
em muito tempo, e então... eu não estava mais.

— O que você fez?

Eu coloco minhas mãos sobre meu rosto como se quisesse


me esconder dela. — Não pergunte.

— Blakely. — Meu nome é um aviso. — Desembucha.

— Eu coloquei o cartão dela debaixo de sua bebida e


escapei enquanto ele ainda estava em sua ligação. — A
vergonha aquece minhas bochechas enquanto me forço a
encontrar seus olhos.

— Por que diabos você faria isso? — Ela pergunta. — Por


que você a deixaria vencer?

— Eu me perguntei isso um milhão de vezes. Mas não é


como se algo fosse acontecer entre nós de qualquer maneira.
Ele estava lá por outra razão, e eu estava tentando relaxar...

— Mas vocês obviamente se deram bem.


— Isso é um exagero. Mal nos conhecemos. — Eu digo as
palavras, me recusando a reconhecer que havia uma conexão,
então não me sinto mais idiota do que já me sinto.

— Ele flertou com você?

— Eu não sei. Quero dizer, ele estava apenas sendo legal,


— eu desisto.

— Houve algum toque casual? Você sabe, o tipo em que o


joelho dele acidentalmente atinge o seu, mas não se move?

Penso em sua mão nas costas da minha cadeira, no toque


suave de seu polegar no meu ombro, e não respondo.

— Houve uma sensação de formigamento? — Ela balança


as sobrancelhas e eu rio.

O engraçado? Kelsie e eu somos melhores amigas no nível


de contarmos tudo um para o outra. Ela sabe as coisas que
Paul fazia na cama que eu odiava e as que eu amava. Eu
conheço as peculiaridades dos homens com quem ela sai.
Mesmo assim, hesito em admitir que realmente gostei de Slade.

Bem, estou feliz que, por qualquer motivo, você tenha


passado aqui esta noite.

— Ei, Blake?

— Hmm?
— Você nunca deve deixar outra mulher roubar seu brilho.
Você sabe disso.

Ela está certa. Eu sei disso — Essa coisa com Paul - sua
mudança - realmente me afetou. — Dói admitir, mas é isso.

— Afetaria a qualquer um. Inferno, você não é feita de


pedra, mas ao mesmo tempo, quem diabos era ela para dizer
isso a você?

— Foi provavelmente o melhor. Eu realmente pensei que


algo iria sair disso?

— Isso não vem ao caso, — ela diz resolutamente enquanto


se levanta e vai para a cozinha para escolher outra garrafa de
vinho. — Pelo que você sabe, Slade estava se apaixonando
enormemente por você. Você teria um caso de amor rápido e
tórrido em que ele a fez perceber que você era uma gata
selvagem na cama, que Paul era mais do que egoísta dando um
oral e que você é uma fodona no trabalho que vai conseguir essa
promoção.

— Acho que você bebeu demais, — digo em meio a uma


risada, enquanto o gargalo da garrafa bate contra a borda de
sua taça de vinho enquanto ela a enche.

— E eu acho que um homem como Slade é exatamente o


que você precisa - um pouco de juventude para lembrá-la de
que você pode ser divorciada, mas não está morta. Um pequeno
lembrete para você que — oh meu Deus! — Ela grita como se
tivesse acabado de ter a maior revelação de todos os tempos.

— O que?

— Você sabe como seria incrível se ele fosse com você no


retiro da sua empresa? Algum homem quente e sexy de quem
todas as mulheres ficariam com ciúmes? Ele faria as cadelas em
seu escritório vê-la sob uma nova luz.

— Puxa. Obrigada. — Eu reviro meus olhos. — Porque,


obviamente, você não tem fé que eu possa conquistá-los
sozinha.

— Não, não é isso que eu quero dizer. Você sabe que tenho
fé em você, mas as mulheres prestam atenção nos homens.
Todos estariam competindo por um pedaço da atenção dele
enquanto ele está muito ocupado sendo amoroso com você.
Então eles vão se perguntar o que você tem que ele vê, mas eles
não veem, e então, — ela joga as mãos para cima, — voilá. Eles
entram na linha e você se torna aquela que todos desejam ser.

— Você está se esquecendo de um fato muito importante.

— E o que é isso? Que ele tem um pau enorme.

— Sim, é exatamente isso. Em todos os vinte minutos que


conversamos, falamos sobre o quão grande era seu pau. Você
realmente precisa de ajuda.
— Não posso culpar uma garota por pensar alto. — Ela me
oferece um sorriso sarcástico. — E esse é um traço muito
importante.

— Bem, o fato de que eu estava opinando, — eu limpo


minha garganta, — é que você pode inventar toda essa fantasia
de Blake e Slade o quanto quiser, mas isso não vai acontecer.

— Quem disse?

— Diz o fato de que saí sem descobrir nada sobre ele além
de seu nome, — eu digo. — Portanto, mesmo que você invente a
história de amor mais linda de todas, isso não vai acontecer.

As engrenagens em seu cérebro parecem se encaixar no


lugar enquanto ela se acomoda em seu assento. — Mas se você
fizesse - se o destino funcionasse de alguma forma engraçada e
você tivesse o número de telefone dele - você ligaria para ele?

— Não vamos deixar você inventar cenários falsos e viver


indiretamente através de mim, hein?

— Estou falando sério. — Ela gesticula dramaticamente. —


Se você tivesse o número dele - não, melhor ainda, se ele
dissesse que realmente queria te levar para a retiro da sua
empresa, qual seria a sua resposta?

Eu fico olhando para ela e suas ideias ridículas com um


olhar perplexo no meu rosto. — Eu diria para tomar outra taça,
e uma garrafa de vinho.
— A resposta é sim. É sempre sim.

— Tanto faz. — Eu aceno a mão para ela.

— Estou falando sério. Se Slade estivesse parado na sua


frente agora, a resposta seria 'Sim, por favor, venha para um
retiro nas montanhas comigo. Mostre a todos os outros com seu
charme fácil, bela bunda, sorriso incrível e enorme pe...'

— Você nem mesmo o conheceu.

— Eu não preciso.

— Ele pode ser um assassino em série.

— Ele não é. — Ela levanta a mão para me impedir de


perguntar como ela sabe disso. — Ele é o rebote perfeito para
você.

— Ai Jesus.

— Qual a melhor maneira de superar o relutante Paul do


que ter um cara jovem e gostoso com todos os tipos de energia
que faria com que você recuperasse a autoconfiança com
prazer.

— Sua imaginação é incansável. — O vinho está me


atingindo e meus lábios estão começando a formigar.

— A resposta, Blakely, seria sim.

— Você é Insana.
— Diga isso comigo. Sim. — Ela desenha a palavra
monossílaba.

— Posso dizer sim a você o quanto quiser, mas não


importa. Nada vai sair disso. Ele foi um encontro casual que se
foi e será esquecido.

— E às vezes o destino funciona de maneiras misteriosas.

Eu rolo meus olhos dramaticamente. — Desde quando


você acredita no destino? — Murmuro para a única mulher que
agarra o que quer pelas bolas e pega sem pedir.

Ela é destemida.

E muito mais como quem eu adoraria ser, mas não consigo


encontrar uma maneira de fazer isso.

— Não vou te dar mais vinho até que você diga. — Seus
olhos se estreitam.

— Kels...

— Diga.

— Sim, — eu digo. — Certo.

Sua risada enche a sala. — Eu não estou acreditando. Eu


quero a frase completa: sim. É sempre sim.
Lanço um olhar maligno em sua direção, porque sei que
ela não vai parar até que eu desista. É sempre sim, — eu digo
na minha voz mais melodramática.

— Sim! — Ela joga sua mão livre para cima e finalmente


caminha em minha direção e meu copo vazio. — Basta você se
lembrar disso! Da próxima vez que o ver, dirá: 'Oi, Slade. Sim,
Slade.’

— Jesus. Você é... — Um tipo de alerta emana de seu


telefone, dizendo a ela que alguém acabou de parar em sua
garagem, e ela geme.

Em segundos, a porta da frente abre e depois bate. Nós


duas esperamos que ela chame por sua mãe como ela
costumava fazer. Uma única palavra cheia de emoção que
significa ela está em casa e mal pode esperar para dizer a Kelsie
o quanto ela se divertiu na casa de sua amiga.

— Três. Dois. Um, — Kelsie sussurra, sabendo do tornado


de hormônios ambulantes que sua filha tem sido ultimamente.

Direi apenas que minha afilhada e o termo — pacote de


alegria — estão bem distantes quanto humanamente possível
neste ponto.

— Oi, querida, — Kelsie diz enquanto Jenna vira em


direção a sala de estar.
Meu coração se enche de amor ao vê-la. Sei que Kelsie está
tentando controlar o quanto ama sua filha e, ao mesmo tempo,
tem dias em que quer arrancar o próprio cabelo de frustração.

— Bebendo de novo? — Jenna pergunta quando ela olha


os copos em nossas mãos, aqueles lábios lindos puxados em um
sorriso de zombaria.

— Você se divertiu na casa de Andrea? — Kelsie pergunta


com um sorriso tímido.

— Você realmente se importa? — Uma atitude adolescente


com força total.

Eu roubo um olhar para minha melhor amiga, sabendo


que ela está debatendo se repreender sua filha vale a pena ou se
deixar passar é a melhor opção para preservar a paz pelo resto
da noite.

Kelsie toma um gole de vinho e suspira antes de dar a sua


filha um sorriso de advertência. — Vou ignorar o que você disse.

— Eu não vou, — eu grito porque posso me safar com mais


coisas do que Kelsie, já que não sou sua mãe. — Me deixe
adivinhar, você estava tirando fotos e batendo papo? Podemos
ver alguns das fotos? — Eu estendo minha mão para seu
telefone.

— Eeew. De jeito nenhum. — Jenna dá um passo para fora


da sala em horror absoluto, embora ela saiba muito bem que eu
sei o que é TikTok e Snapchat. Mas há uma rachadura de
sorriso ali, uma sugestão da doce garotinha que eu conhecia e,
por enquanto, é o suficiente. — Eu tenho dever de casa para
fazer.

— Bom. Vá fazer isso e seja responsável enquanto sua mãe


e eu bebemos um pouco mais de vinho, conversamos sobre
garotos bonitos e descobrimos como tornar sua vida mais
miserável do que já é. — Meu sorriso e encolher de ombros fez
Jenna revirar os olhos.

— Tão nojento. — Ela bufa e então segue pelo corredor e


entra em seu quarto, fechando a porta ruidosamente atrás dela.

— É uma fase, — eu digo enquanto Kelsie leva sua bebida


aos lábios.

— Eu sei que tenho que escolher minhas batalhas, mas


ultimamente, parece que tudo com ela é uma guerra, então é
mais fácil ignorar a atitude e seguir em frente.

— Hormônios, imaginar se os meninos gostam de você ou


não, a pressão de tudo mais... é muito para uma garota de
quatorze anos lidar. Eu entendo, é claro, porque me sinto da
mesma maneira na maioria dos dias.

Eu rio para me esconder atrás da piada, mas sei que ela vê


o que mantenho escondido na maioria dos dias - a dúvida de
como estou lidando com a situação, o constrangimento e o
fracasso de não ser capaz de manter meu casamento, mais do
que tudo, minha perda de autoestima.

Sua expressão se suaviza, e ela olha para o vinho por um


instante antes de encontrar meus olhos novamente. — Você
precisa se soltar, B. Você precisa dizer foda-se para tudo que
você nunca teria feito antes e apenas tentar. O que está
prendendo você? Claro, você é divorciada e, caramba, está
flertando aos quarenta, mas não está morta. Você deixou cair a
bola e a corrente e agora é sua vez de voar.

Levanto minhas sobrancelhas e solto um suspiro pesado,


essas são as únicas respostas que dou a ela.

— Diga sim. A resposta é sempre sim.


Capítulo Quatro

Blakely

— É apenas uma maneira desatualizada de pensar e fazer


marketing. Nós precisamos -

— Tenho anos de dados de vendas para sustentar o


sucesso desta campanha de marketing. No passado, fizemos
questão de veicular a campanha esporadicamente, então,
quando a usamos, ela atinge com o máximo de força, — digo,
tentando conter minha frustração. Heather captura isso. Eu sei
que ela fez. E o mais leve sorriso fantasmagórico em sua boca
diz que ela realmente não se importa.

A pior parte? Os outros quinze participantes sentados na


reunião da campanha do produto podem ver o olhar dela e
deduzir que ela não confia em mim.

Ou isso ou eles acham que ela se sente ameaçada por


mim.

— Podemos definitivamente adicioná-lo à nossa lista de


opções, mas é uma abordagem antiga quando queremos ser
progressivos. O mundo está se movendo, e ainda assim, você...
Você parece gostar do passado.

Seus olhos seguram os meus, e a condescendência em seu


tom me faz agarrar minha caneta com tanta força que meus
dedos doem.

Há um silêncio desconfortável enquanto os outros se


mexem em seus assentos, e tudo que posso fazer é acenar em
agradecimento por ela ter colocado minha ideia na lista.

E então eu sento lá e ouço enquanto todas as outras


pessoas apresentam ideias que exige mais substância ou
mesmo criatividade.

— Ok, vamos lá, — Heather finalmente diz com um falso


soco, provavelmente cansada de ouvir sua própria voz. Então,
novamente, talvez não. — Blakely, fique um segundo, certo?

Oh, alegria.

— Certo. Não é um problema. — Eu coloco um sorriso no


rosto e me recosto na cadeira de onde acabei de me levantar,
meu laptop e caderno ainda pressionados contra meu peito. —
O que posso fazer para você?

— De agora em diante, se você não consegue parar de me


colocar em evidência em nossas reuniões criativas, então terei
que pedir para você ficar fora delas.
— Eu sinto muito... — Eu balancei minha cabeça. —
Colocar você em evidência?

— Sim. Todos nós sabemos que você está aqui desde


sempre. Não preciso que você fale sobre isso constantemente na
frente de todas as pessoas novas que contratei. Francamente,
isso faz você parecer antiquada, e quando sou eu que estou
constantemente tentando lutar por você, isso torna muito mais
difícil de fazer.

Lutar por mim? Ela pensa que eu compro suas besteiras


quando estou constantemente com medo de virar as costas para
ela?

Minha pausa é simplesmente para ter certeza de que estou


bem antes de falar. Eu preciso desse trabalho. Eu amo este
trabalho. Já enfrentei chefes incompetentes antes. Eu posso
fazer isso mais uma vez.

Ou assim espero.

— A experiência não me deixa desatualizada. Meu


conhecimento de como certas campanhas de marketing e de
vendas afetam a marca Glamour, que conheço por dentro e por
fora, deve ser visto como um valor a ser agregado.

Ela franze os lábios enquanto fica parada ali, os braços


cruzados sobre o peito, o desdém estampado em seu rosto.
— Não tenho certeza de como começamos com o pé errado,
— digo enquanto me levanto da cadeira novamente e faço meu
caminho em direção à porta onde minha chefe de quatro meses
inteiros está parada. Acho que cabe a mim ser a mais madura
na sala. — Mas de alguma forma nós o fizemos. Amo meu
trabalho e a última coisa que quero fazer é colocar alguém em
evidência - muito menos você. Além disso, se eu conseguir a
promoção, estaremos compartilhando essa responsabilidade,
então cabe a nós resolver isso.

Nossos olhos se mantêm enquanto o silêncio se estende, e


minhas palmas ficam úmidas com o desdém gravado nas linhas
de seu rosto. Por que ela me deixa nervosa?

Porque passei toda a minha carreira trabalhando para a


posição de vice-presidente de marketing e, agora que está ao
meu alcance, ela é a única que pode tirar isso de mim.

— Talvez seja algo em que possamos trabalhar no retiro de


união da equipe. — Seu sorriso é rápido e mantém ainda menos
calor. — Estou ansiosa para ver você e seu... marido? — Ela
acena com a mão em minha direção. — Me desculpe, eu
esqueci. Você é divorciada. Tudo bem se você estiver solteira.
Temos alguns que estão também. Podemos modificar alguns dos
desafios para que você não esteja sozinha o tempo todo.

Sua vaca arrogante.


— Meu namorado estará lá. — Minha resposta é muito
rápida, e eu interiormente estremeço com o quão pseudo-
desesperado isso soa.

— Namorado?

— Sim. Namorado.

Eu ofereço um sorriso malicioso e, em seguida, surto


silenciosamente o tempo todo que caminho ao longo das
paredes de vidro que abrigam a sala de conferências, sabendo
que ela está olhando para mim.

Não tenho ideia de como diabos vou tirar um namorado da


minha bunda para esse retiro de união.

Talvez Kelsie estivesse certa. Talvez eu esteja me


sabotando para não ter outra opção a não ser não ir.

Não ajuda que, três horas após o fato, eu ainda esteja


preocupada com a minha mentira. Quando saio do meu
escritório, com a bolsa vagabunda debaixo do braço e o celular
perto do ouvido, atravesso a rua completamente distraída.

Tão distraída que, quando olho para cima, paro de repente


no meu caminho no segundo que os vejo.

A pessoa atrás de mim esbarra em mim, e um carro que


quer usar a faixa de conversão em que estou buzina. Mas não
importa, porque tudo o que vejo são eles.
Paul está parado a três metros de mim, mais bonito do que
nunca. Sua pele é bronzeada, seu cabelo um pouco mais
comprido, e sua típica camisa de botões branca que eu nunca
conseguiria fazer com que ele trocasse foi embora. Foi
substituída por uma prateada com as mangas enroladas até os
cotovelos e a gola um pouco desabotoada. Ele parece relaxado, e
o sorriso espalhado em seus lábios me diz que ele está feliz. Não
consigo me lembrar da última vez que o fiz ficar assim.

Uma pontada me atinge no fundo do estômago. Não


importa o quanto eu o odeio porque uma vez o amei. Uma vez
eu o adorei. Eu me mudei pelo país inteiro e me afastei da
minha família para começar uma vida com ele. Certa vez,
coloquei meus sonhos em espera – crianças, a cerca branca,
toda a existência de Norman Rockwell – por ele e suas
aspirações de carreira.

Tudo para ficar sem nada.

Então, dói vê-lo de longe? Claro que sim.

Quando ele chega à sua esquerda, todas as pontadas se


transformam em uma raiva que treme enquanto ele passa a
mão pela cintura da mulher que caminha em sua direção. Ele a
puxa para si e a beija por muito tempo. É o tipo de
demonstração pública de afeto que deixa qualquer um que
assiste desconfortável, mas também grita de intimidade e amor
ainda novo.
Mas eu não consigo me mover. Eu não consigo desviar o
olhar. E quando ela dá um passo para trás, fico surpresa ao vê-
la. É a primeira vez que vejo sua nova noiva, e só consigo
pensar em como ela se parece comigo... O eu de vinte anos
atrás.

Como se Paul me sentisse da mesma forma que eu o senti,


seus olhos encontram os meus. Nossos olhares se fixam por um
instante, seu sorriso vacilando e, em seguida, se alargando
enquanto ele pressiona um beijo em sua bochecha antes de
apontar para mim e chamar meu nome.

— Blakely!
Capítulo Cinco

Slade

— Eu a amo até a morte... mas, cara...

— O que? Você é um homem adulto que precisa de seu


espaço? — A risada de Lane vem através da conexão.

— Meu próprio espaço. Silêncio sem a constante


insistência sobre quem eu estou namorando, por que as garotas
do passado não eram boas o suficiente, como eu preciso
encontrar uma boa mulher para me estabelecer, mas só depois
que ela aprovar. Merda, Lane, sinto falta dela até que ela esteja
aqui, mas quando ela está, estou pronto para mandá-la de volta
para casa.

— Você não quer dizer isso, — diz meu primo.

E ele está certo. Eu não. Eu amo meus pais até a morte,


mas amá-los até a morte e ter minha mãe assumindo a
responsabilidade de se mudar por algumas semanas enquanto
estou suspenso do trabalho está testando minha paciência.
O que está fazendo? Onde você vai? O que aconteceu com
qual-o-nome-dela? Aquela com cabelo loiro e dedos tortos? Por
que organizou as gavetas da cozinha assim? É contra o fluxo do
espaço.

— As perguntas são infinitas, mas não vou reclamar das


refeições caseiras e do serviço de lavanderia.

— Desgraçado. — Ele bufa. — Então, além de evitar sua


mãe, o que você tem feito?

— Estou trabalhando em alguns artigos médicos para


publicações e revistas. Você me conhece -

— Você nunca conseguiria ficar parado.

— Nunca. Ei... — Eu olho para a calçada à minha frente.

Reconheço o cabelo escuro, boca carnuda e sofisticação


sutil. Cada parte de mim é golpeada pela visão dela.

Blakely Foxx.

A mulher que foi embora na outra noite.

— Eu tenho que ir. Um amigo está se aproximando, —


minto para Lane, encerrando a ligação sem esperar por sua
resposta.

Meu primeiro instinto é caminhar até ela e colocá-la em


seu lugar. Perguntar a ela por que diabos ela me deixou o
cartão de visita de outra pessoa antes de me abandonar no bar
na semana passada.

Ninguém nunca fez isso antes.

Ninguém.

Eu não deveria me importar porque, quem é ela, afinal?


Uma mulher aleatória em meio a um milhão de outras mulheres
aleatórias nesta cidade? Apenas outro peixe no mar?

Percebendo que o confronto não vale meu tempo,


independentemente de quão intrigante eu a ache, assim que eu
tomo a decisão de ir embora, eu vejo. A queda repentina de seus
ombros. A emoção foi embora quando ela olhou para o homem à
sua frente, e o sorriso falso que ela estampou em seu rosto
quando ela voltou sua atenção para a mulher ao lado dele. Uma
mulher que poderia facilmente ser sua sósia em todos os
sentidos da palavra, exceto pela idade.

Estou a cerca de seis metros de distância, incapaz de


desviar os olhos enquanto analiso a situação. Como a sósia faz
um show ao usar sua mão esquerda enquanto fala, garantindo
que o sol brilhe no diamante em seu dedo anelar. Como ela
continua se virando para o homem ao seu lado, o tocando e
rindo muito alto, como se para fazer valer sua reivindicação
recém-conquistada.

Não é da minha conta.


Nenhuma parte disso é.

E, no entanto, eu imagino o olhar nos olhos de Blakely na


outra noite, quando ela me atacou. A raiva mesclada com a
frustração acompanhada de vergonha e exasperação. Como,
quando ela chegou à parte sobre o ex-marido ficar noivo, eu
pude sentir a dor ali.

Olhando para os três, ainda posso sentir.

— Não é problema seu, — murmuro enquanto encurto a


distância, sabendo que vou me arrepender do que estou prestes
a fazer, mas sei que vou fazer de qualquer maneira.

— Blakely. Querida, — eu digo. Sua cabeça se assusta ao


som de seu nome, e então seus olhos se arregalam quando
pousam em mim.

Sim, sou o homem do bar.

Mas melhor ainda é a confusão gravada em sua expressão


quando eu me aproximo dela, deslizo a mão em sua cintura e a
puxo para mim. — Pensei que íamos nos encontrar no
restaurante?

Sua hesitação me permite terminar a frase e me inclinar e


dar um beijo casto contra seus lábios totalmente chocados. Eu
levanto minhas sobrancelhas enquanto espero sua resposta, e
então decido usar o momento para me virar e olhar para um ex-
marido de olhos muito arregalados.
Perfeito.

— Oh, ei. Eu sinto muito. Eu não queria interromper. —


Eu mantenho minha mão firmemente onde está na cintura de
Blakely. — Slade Henderson. Namorado de Blakely, homem ou
brinquedinho. Eu respondo por todos esses nomes. — Eu rio,
observando o rosto de seu ex apertar enquanto eu ofereço
minha mão livre para ele apertar. Meu sorriso é cem por cento
destinado a provocar. — E você é?

Ele olha para minha mão e depois para Blakely. Quando


ele finalmente se vira para mim, ele estende a mão e pega
minha mão estritamente por educação.

— Paul Foxx. Eu sou Blakely...

— Ex-marido. — Eu aceno e aperto minha mão na lateral


de sua cintura. — Prazer em conhecê-lo desse jeito... Ninguém-
quer-conhecer-o-ex... Estranho.

Nós nos encaramos, avaliamos um ao outro e, naquele


breve segundo, posso supor que ele é um idiota bajulador, bom
demais para todos, sabe tudo. Do tipo fodido.

E no momento perfeito, Blakely supera sua surpresa


absoluta e acorda para a vida. — Oi. Sim. — Ela dá um aperto
sutil com a mão enquanto seu braço desliza em volta da minha
cintura e ela aproxima seu corpo mais no meu. — Eu estava
indo te encontrar quando encontrei Paul aqui e sua garota -
— Noiva, — a sósia diz, seus olhos vagando para cima e
para baixo pelo meu corpo. O olhar me diz que o anel em seu
dedo não a impediria se eu oferecesse. Ela estende os dedos
para mim naquele jeito de - a mão em concha como se
esperasse que eu beijasse o topo de sua mão em vez de apertar.

Eu não beijo os nós dos dedos, querida.

— Eu sou a Barbie que em breve será uma Foxx.

— Prazer em conhecê-la, — eu digo.

Eu posso ver isso mais claramente agora. As semelhanças


nas duas mulheres. A presunção em seu rosto. Como ela
pensou que a grama do outro lado seria muito mais verde, e
ainda assim Barbie é tão jovem que provavelmente não tem
ideia de como manter a grama viva.

E pelo amor de Deus! Barbie? Depois de se casar com uma


Blakely? Ele não tem medo de dizer o nome errado quando está
gemendo um nome no meio do orgasmo?

— Barbie, — diz Blakely, com o rosto apertado enquanto


aperto suavemente sua cintura, — estava me contando que ela
e Paul acabaram de voltar de uma viagem maravilhosa das ilhas
Fiji.

— Fiji. — Eu levanto minhas sobrancelhas. — Que


moderno.
— Ficamos noivos lá, — Barbie jorra enquanto Paul muda
de posição, definitivamente desconfortável agora que estou no
meio.

— Eu assumi com a parte noiva. — Pisco para ela e ela


sorri timidamente.

— E agora estamos ocupados planejando o casamento e


imaginando quando queremos ter filhos. Eu quero esperar um
ano, mas Paul acha que devemos começar imediatamente. —
Sua voz range quando o corpo de Blakely fica tenso.
Claramente, isso é novidade para ela.

— Olhe para você, Paul, tentando deixá-la toda gorda e


feliz para que ninguém mais a afaste de você. — A ironia acerta
o alvo e Paul estremece, mas meu sorriso é caloroso como o de
um político experiente. Não tenho certeza se Barbie está muito
preocupada em fazer seu diamante brilhar, mas ela com certeza
não entende meu ponto. — Bom para você. Seus planos são um
pouco mais ambiciosos do que os planos que Blakely e eu
fizemos.

— Como o quê? — Paul pergunta, mais do que disposto a


brigar comigo.

— Quando você está apaixonado como nós dois estamos,


tudo o que você quer fazer é passar todos os minutos juntos. Na
cama. Fora da cama. Em seguida, de volta para a cama.
— Oh, então essa coisa entre vocês é nova? — Paul
pergunta, porque é claro, ele é tão arrogante que não consegue
imaginar que Blakely poderia passar por ele como ele fez com
ela.

— Nova? — Eu rio em descrença porque o idiota merece. —


O que tem sido? Quatro meses? Ou já estamos no quinto? — Eu
encontro os olhos de Blakely e a deixo assumir a liderança
enquanto a respiração gaguejada de Paul me diz que ele está
fodidamente lívido.

Bem feito filho da puta.

— Quase cinco, — Blakely diz e sorri tão docemente para


mim que quase acredito na mentira.

Faço uma pausa para absorver antes de olhar de Blakely


para ele e adoro quando o faço, o repentino vermelhidão em
suas bochechas me diz que ele está acreditando. Acreditando e
não está gostando, porque ele acabou de perceber que Blakely
não está sentada em casa chorando por sua bunda arrogante e
que ela seguiu em frente antes que ele imaginasse.

— Oh. — Ele limpa a garganta. — Eu não sabia que-

— Ninguém sabia — Eu sorrio. — Quando algo é tão bom,


às vezes você não quer que nenhuma influência externa
estrague o quão bom é. — Paul começa a falar, mas eu continuo
em cima dele e coloco tudo em cima - assim como Barbie e seu
maldito anel de diamante cegante. — Mas eu finalmente
expliquei para Blakely na outra noite que estou tão orgulhoso
de tê-la ao meu lado que mal posso esperar para que o mundo
saiba. Então, você pode ter tido Fiji e, pelo que parece, logo terá
noites sem dormir, fraldas para trocar e nenhuma vida social,
mas teremos The Hamptons no próximo mês para um
casamento de família, — digo, acariciando o pescoço de Blakely
da maneira menos assustadora possível, considerando que não
nos conhecemos de verdade. — O retiro nas montanhas na
próxima semana. Então, depois disso -

— Montanhas? Você, Blakely? — Paul ri, se agarrando a


algo, qualquer coisa, para me impedir de esfregar sal na ferida.
— Você nunca andaria com esses saltos para fora de uma
calçada na cidade.

— Esses saltos, — digo com um assobio e erguendo as


sobrancelhas daquele jeito que garotos vão ser garotos, — são
fantásticos em muito mais lugares do que apenas uma calçada.
— Eu deslizo minha mão sutilmente contra suas costelas,
espelhando sua postura com a Barbie, para deixar a insinuação
bater em casa.

A irritação se espalha pela mandíbula de Paul enquanto a


Barbie continuava a sorrir despreocupadamente enquanto ele
me empurra de volta. — Ela nunca arriscaria arruiná-los.
Acredite em mim. Eu sei.
Outra reclamação feita sobre a mulher de quem ele se
afastou.

— Eu não acho que você sabe. É incrível como as coisas


com uma nova perspectiva podem mudar. Você sabe, sem o
velho, com o novo. Traz à tona lados de você que você nunca
soube que tinha. — Eu digo as palavras para Blakely, mas elas
são um puro foda-se para o ex dela.

— E o que você faz? — Paul pergunta, com a cabeça


inclinada para o lado, o macho alfa tentando bater no peito,
pronto para me deixar saber quanto dinheiro ele ganha ou
alguma merda assim.

Idiota.

— Eu sou um cirurgião cardiotorácico. — Blakely fica


parada ao meu lado quando encontro seus olhos. Eu desafio a
pergunta dele, a guerra, a conhecida régua de medição que
apenas escorregou de seus dedos. Sim, eu salvo vidas. Se eu
dissesse a ele que também sou um voluntário e que adoro
cachorrinhos, então sua nova noiva viria em minha direção em
segundos. — E você? — Eu pergunto.

— Investimento bancário. Fusões e aquisições. Acabei de


me tornar sócio.

A maneira como ele diz essa última parte, como se


estivesse esticando uma bandeira em algum território
desconhecido para que eu o elogie por suas realizações, é mais
do que patética.

— Mmm. — É tudo o que digo. O suficiente para deixar seu


grande ego idiota se perguntar o que isso significa e por que não
o estou parabenizando. — Isso não está salvando vidas — eu
exalo audivelmente enquanto ele range os dentes — mas,
novamente, o dinheiro parece fazer o mundo girar atualmente.

— Foi assim que vocês se conheceram? No Hospital? —


Paul pergunta. A coisa de cinco meses deve estar fodendo com
sua cabeça.

— Nah. Eu estava em um bar quando olhei e vi Blakely.


Foi como levar um soco. Especialmente depois que eu percebi
que teria que competir com os três outros homens que estavam
tentando chamar a atenção dela.

— Blakely não vai a bares, — diz ele discordando.

— Parece que você não conhece Blakely muito bem então -


ou optou por não perder tempo. Primeiros saltos altos. Agora
bares. Parece que você perdeu bastante.

Ele é como um boneco de vodu que eu fico enfiando


alfinetes. Cada um quebrando aquela expressão presunçosa
pouco a pouco.

E pelo leve balançar de sua cabeça e o sorriso


autodepreciativo que ele dá, eu só posso supor que ele está
prestes a dizer algo que vai me irritar - inferno, se eu estivesse
no lugar dele, eu iria - e não há necessidade disso ficar
desagradável. Pelo bem de Blakely, pelo menos.

Eu mais do que afirmei que ela mudou para maior e


melhor e não está sentada em casa lamentando por ele
enquanto ele deveria estar fechando aquele novo acordo pré-
nupcial. Para amenizar qualquer problema, desvio minha
atenção de Paul e Barbie, que ainda está esfregando a mão para
cima e para baixo no braço de Paul, e sorrio para Blakely. O
choque ainda pinta sua expressão, mas a diversão brilha em
seus olhos.

— Você estava vindo do trabalho? — Eu pergunto e jogo o


polegar por cima do ombro em uma direção aleatória.

— Você trabalha? — Barbie pergunta como se fosse um


crime.

— Sim. Meu bebê tem uma grande posição na Glamour.

— Oh meu Deus, — Barbie diz, cada palavra enfatizada


demais. — Paul não me disse que você trabalhava para a
Glamour! Minha melhor amiga, a quem conto todos os meus
segredos — ela cutuca Paul como se ele tivesse uma ideia de
quem ela está falando — ela também trabalha para a Glamour!
— Ela bate palmas como uma criança, quase tonta de
entusiasmo enquanto quase salta na ponta dos pés.
— Que mundo pequeno. Você provavelmente a conhece, —
digo a Blakely.

— Tenho certeza que sim. Acho que ela é importante


também... mas provavelmente não maior do que você, — Barbie
estende a mão e dá um tapinha no braço de Blakely como se
fossem melhores amigas. — O nome dela é Heather. Heather
Mendell.

E eu vejo cada parte do rosto de Blakely cair. Cada


músculo congela um por um.

— Oh. — O jeito como ela engasga com uma única sílaba


me diz que Heather Mendell é a pessoa que Blakely estava
reclamando no bar. A chefe dela.

— Heather? — Eu deixo minha testa franzir e


desempenhar o meu papel. Dou um beijo no ombro nu de
Blakely, minha própria maneira de marcar falsamente meu
território para Paul, e olho para ela. — Essa não seria a mesma
Heather que — seus olhos se arregalam de medo — é sua nova
chefe? Aquela com o qual você estava tão animada?

O alívio cintila naqueles olhos verdes dela, mas seu sorriso


é tão frágil que pode quebrar. — Sim. — Ela limpa a garganta.
— É ela.

— Que mundo pequeno. — Barbie junta as mãos na frente


da boca. Esse diamante gigante cintilante. — Não é uma
loucura, Paul? É tipo, o destino que todos nós nos conheçamos.
Algum tipo de intervenção cósmica nos aproximando.

— Algo assim, — murmura Blakely no momento em que


Barbie solta um grito que assusta a todos.

— As montanhas! Eu apenas coloquei tudo junto agora.


Vocês dois vão para o retiro nas montanhas com a Glamour. O
retiro da Heather. É tudo que ela está falando. Tantas coisas
divertidas planejadas. Que legal. — Ela grita novamente de
empolgação. — Eu não posso esperar para dizer a ela que
conheci você e para ouvir sobre todos os laços de amizade que
vocês fizeram nessa viagem.

— Kumbaya! — Blakely diz com sarcasmo escorrendo de


suas palavras.

Eu sorrio, mas posso dizer que Blakely encontrou seu


limite nesta conversa. — Foi um prazer conhecê-lo, mas temos
reservas no Metta's — - eu olho para o meu relógio — cinco
minutos atrás.

— Sem chance! — Barbie estende a mão. — É para lá que


estávamos indo também!

— Oh, Jesus, — Blakely murmura enquanto eu deslizo


minha mão para baixo para caber na dela e aperto.

— Então, veremos vocês lá, — eu digo e aceno para Paul


antes de direcionar Blakely para o restaurante. — Apenas ande,
— murmuro. — Aposto vinte dólares que eles estão nos
observando.

E nós fazemos. Caminhamos de mãos dadas como um


casal apaixonado que estão animados para uma noite fora, mas
posso senti-la finalmente perceber o que acabou de acontecer. É
a umidade de suas mãos. A dificuldade em sua respiração. O
milhão de perguntas que ela provavelmente quer fazer, mas está
tentando descobrir as respostas primeiro.

No minuto em que viramos a esquina fora de sua visão, ela


puxa sua mão da minha e se vira para me encarar.

— Que raio foi aquilo? — Ela exige, aqueles olhos


esmeralda dela estão arregalados e brilham na sombra do
edifício.

— Isso era eu saindo para fazer algumas coisas antes de ir


me encontrar com meu primo para uns drinques quando, veja
só, olhei para cima e lá estava você – a mulher do bar, que me
passou o cartão de outra pessoa em vez de me dizer ela não
estava interessada.

— Eu nunca disse isso.

Ha! Bom saber.

— Suas ações falaram mais alto. Você foi embora.

— É uma longa história. — Ela gagueja.


— Nós temos tempo. — Eu levanto minhas sobrancelhas e
me inclino contra a parede nas minhas costas.

— Não é isso que estou falando, é sobre aquilo, bem ali, ali
atrás, é isso que quero dizer. — Ela tropeça nas palavras
enquanto suas bochechas ficam vermelhas. Pelo menos eu sei
que não estava louco. O interesse era mútuo. Por que ela não
pode simplesmente admitir isso?

— O que tem aquilo? — Eu pergunto o mais casual


possível. Achei que ela era sexy quando estava calma e
controlada na outra noite, mas inferno, ela é ainda mais sexy
quando está nervosa e irritada.

Blakely olha para trás em direção de onde viemos e depois


para mim. — Você está louco? Você simplesmente se aproximou
e me beijou e agiu como se...

— Acho que as palavras que você está procurando são:


'Obrigada por me salvar, Slade'.

— Salvar? — Ela gagueja.

Definitivamente sexy.

— Sim. Da desigualdade com Barbie e seu ex. — Eu olho


para a pequena multidão que está começando a se reunir fora
do Metta e levanto meu queixo na direção deles. — Devíamos ir
para conseguir uma mesa antes deles. Eles não aceitam
reservas, nem mesmo para as mesas do bar.
— Você acabou de dizer a eles que tínhamos uma.

— Tive que pensar rápido. — Meu sorriso se aprofunda. —


Uma bebida rápida? Podemos concretizar o seu status de
relacionamento, já que estaremos próximos deles.

— O qu-do que você está falando? — Ela pergunta, sua voz


tão dispersa quanto seus olhos se movendo para frente e para
trás entre o Mettas, eu e a direção de onde viemos. Uma mulher
acostumada a estar no controle que não aguenta quando ela
não está.

— Quero dizer, podemos brincar com o fato de que você


não me beijou de volta porque você estava em choque por vê-los
juntos pela primeira vez... Mas não acho que Paul vai acreditar
uma segunda vez. Então, precisamos chegar ao Mettas antes
deles. Se não estivermos lá, eles vão saber que tudo aquilo lá
atrás foi uma farsa.

Ela apenas pisca. — E o que exatamente era então?

— Achei que já tínhamos falado sobre isso. Isso era eu


salvando sua bunda e deixando seu ex saber que ele não é o
único que mudou para melhor.

Seu sorriso é incrédulo, mas ela balança a cabeça


lentamente como se ainda estivesse tentando compreender os
últimos dez minutos. — Eu não entendo. Por quê?
Há tanta confusão atada nessa última palavra que eu
apenas fico olhando para ela e me pergunto quando foi a última
vez que ela foi tratada bem.

— Porque existem caras legais lá fora, Blakely. Caras que


intervêm e fazem a coisa certa. Aqueles que tratam bem a
mulher mesmo quando ela não é deles. Aparentemente, você
não os conheceu antes, mas eu sei com certeza que eles
existem.

Ela abre a boca e fecha. Suas bochechas ficam vermelhas


e seus olhos se enchem de lágrimas mais ela pestaneja tão
rápido que elas desaparecem.

Há um momento - o mais breve dos segundos - quando


aquela parede dela escorrega e sua vulnerabilidade surge. É
lindo e fugaz e me faz querer ter aquele sorriso de volta em seus
lábios.

Aponto para o toldo do restaurante e dou de ombros. —


Vamos comigo ou vá embora. É a sua escolha. De qualquer
forma, vou ao Metta's porque um, os aperitivos são matadores, e
dois, não sei quais são as circunstâncias entre vocês dois, mas
ele é um idiota e merece nada menos do que o ciúme que
sentirá quando ele vê você rindo independentemente dele.
Capítulo Seis

Blakely

Nossas bebidas são servidas, e eu ainda estou tentando


processar como diabos eu fui de uma reunião de merda com
Heather, para um inesperado encontro com Paul e seu novo
brinquedo, para sentada em frente a Slade, o homem que eu
fugi outra noite no bar.

O homem que assumiu a responsabilidade de me salvar


daquela conversa estranha da qual eu certamente teria saído,
sem dúvida me sentindo péssima comigo mesma. Em vez disso,
Paul provavelmente está se perguntando o que diabos
aconteceu com sua esposa e quem diabos é esse Slade.

Estou meio que me perguntando as mesmas coisas.

Eu olho para onde Paul e Barbie estão sentados do outro


lado da pequena sala de jantar, absortos em sua demonstração
pública de afeto, antes de olhar para trás.

— Ela nunca vai ficar com ele se servir de consolo. — As


palavras de Slade são tão rudes quanto seu olhar é inquisitivo.
— Por que você diz isso? — Eu pergunto, ainda tentando
compreender que nossa conexão no bar não foi unilateral ou
feita por uma mulher mais velha e endurecida (eu) desesperada
por atenção.

— Porque eu conheço o tipo dela. Ela teria pulado em mim


na calçada se eu tivesse dado a ela uma pista de que estava
interessado.

— Quanta arrogância, — eu digo provocando ele porque há


uma facilidade com Slade que eu não consigo definir. Uma
maneira que me deixa confortável quando deveria estar
mortificada por tudo que ele sabe sobre mim até agora, e nada
me coloca em uma posição favorável.

— Ah, mas isso é arrogância se for verdade? — Ele toma


um gole de sua cerveja. — Qual é a história entre vocês dois,
afinal?

— Nós nos conhecemos na faculdade. Namoramos e


ficamos noivos. Ele se mudou para cá a trabalho e eu o segui.
— Eu encolho os ombros. — Tínhamos o que eu pensava ser um
casamento normal, até que não estava nada normal. Ele me
disse que estava infeliz e queria terminar... que estava dormindo
com sua recepcionista. Aparentemente, a descrição do trabalho
da Barbie envolvia muito mais do que apenas preencher papéis
e atender telefones.

— Você ficou arrasada?


Eu franzo meus lábios em pensamento. — Sim e não.
Achei que o que tínhamos era como deveria ser... Mas quando
fui forçada a sentar e olhar para ele, percebi que estávamos
apenas seguindo o fluxo, com muito medo de admitir que tinha
acabado muito antes disso.

— Isso não torna mais fácil de engolir, — ele murmura.

— Ainda dói. Ainda me sentia um fracasso. E vê-los hoje


foi como um soco no estômago. — Eu fico olhando para minha
bebida, um sorriso agridoce em meus lábios. — Eu sempre quis
ter filhos, mas ele sempre empurrou a ideia... então ouvir que
ele os quer agora, depois que eu desisti deles por ele, foi um
pouco chocante.

— Ninguém gosta de ver algo em que se esforçou tanto


falhar.

— Verdade, mas direi que talvez tenha sido o melhor. Perdi


uma parte de mim mesma e agora é meu trabalho encontrá-la
novamente. — Eu rio suavemente. — Inferno, não tenho certeza
se é pior saber que meu marido está prestes a se casar com
uma mulher que eu não acho que vai ficar com ele ou se eu
deveria estar feliz com o fato de que, com o tempo, Karma
provavelmente vai fazer o mesmo com ele e retribuir o favor.

Ele me olha nos olhos por cima da borda do copo. —


Talvez um pouco dos dois.
Eu balanço minha cabeça, não gostando de estar sentada
em um bom restaurante com um homem bonito, que
inesperadamente me ajudou a ter um pequeno momento de
olho por olho com meu ex, e tudo o que estamos falando é sobre
mim, Paul e Barbie.

— Eu agradeço por você estar me divertindo com tudo isso,


— eu digo, — mas e você? Não sei nada sobre o homem que
acabou de me salvar de parecer uma idiota. — Eu inclino minha
cabeça para o lado e olho para ele.

— Sim, você sabe. Você sabe que gosto das montanhas,


que tenho uma mãe que amo loucamente, mas que precisa
terminar sua viagem logo porque é intrometida, e... e acredito
em segundas chances para mulheres que saem de bares depois
de me dar um número falso. — O sorriso rápido que ele me dá
faz coisas nas minhas entranhas que eu não sentia pelo que
parecia uma eternidade. Mas eu dou as boas-vindas à vibração,
a faísca, o que quer que você queira chamar.

Então percebo o que ele acabou de dizer - que ligou para o


número do cartão pensando que era eu.

Devo dizer algo? Pedir desculpas? Explicar?

Isso só me faria parecer mais idiota. O pânico me fez optar


por fingir que não acabei de entender o que ele fez.
— Mas, sério, — murmuro, — você não precisava intervir.
Você foi mais do que gentil. Eu fiquei um pouco chocada ao vê-
lo, mais você ter vindo para o resgate...

— Você tem uma caneta? — Ele pergunta.

— Uh, claro. Por quê? — Eu pergunto, sem saber se eu


deveria estar chateada por ele não estar reconhecendo o que
estou dizendo, mas pela repentina urgência em sua voz, eu
deixo passar, vasculho minha bolsa e entrego minha caneta
para ele. Ele a pega e, sem dizer uma palavra, começa a
escrever no guardanapo na frente dele. Estou tentando não ler
de cabeça para baixo, mas a curiosidade está me matando.

Enquanto espero, olho ao redor do restaurante. Se os


aromas deliciosos que saíam da cozinha não fossem suficientes
para conquistar alguém, a decoração escura, os assentos
aconchegantes, a vibração relaxada seriam o suficiente para
garantir a fila de pessoas esperando do lado de fora para entrar.

— Pronto, — diz Slade enquanto empurra o guardanapo


sobre a mesa para mim.

— Pronto?

— Sim. — Ele se inclina para trás com um sorriso


presunçoso nos lábios enquanto faz um gesto para a garçonete,
mas não ouço o que ele diz a ela porque estou muito perdida
nas palavras no guardanapo escritas em um garrancho.
Lista de tarefas pendentes da Blade:

Faça Paul se arrepender de ter deixado você.

Descubra nossa história: quando nos conhecemos, quão


longas suas pernas realmente são, se gosta de animais de
estimação, etc.

Faça a horrible Heather vê-la de forma diferente.

Conquiste seus colegas de trabalho sendo incrível.

Convença a todos que estamos loucamente apaixonados e


que estamos destinados a ficar juntos.

Consiga sua promoção.

Encontre a Blakely real novamente.

Se apaixone perdidamente.

Eu li três vezes, vendo o que dizia, mas tentando entender


por que ele escreveria isso.

— O que é isso?

— Nossa lista de tarefas, — diz ele com naturalidade.

— Nossa?

— Sim. Nossa.

— Da Blade?
— Blakely e Slade. — Ele dá com os ombros e me dá um
sorriso adorável de menino que faz minha garganta apertar e
meu coração disparar. — Todos os casais incríveis têm que ter
um apelido combinado. Esse é o nosso.

— Se apaixonar perdidamente?

— Deveria haver uma recompensa. Você sabe — ele dá de


ombros — como eu. — Eu rio e fico olhando para ele, tentando
descobrir se ele é real ou não. — Eu só estou brincando,
Blakely.

Ele me dá aquele sorriso novamente.

— Ao final do retiro, é isso que precisamos realizar.


Sempre acho que funciona melhor quando você tem algo para
riscar para que possa ver seu progresso.

No final do retiro?

— Sinto muito, estou perdendo alguma coisa? — Eu


pergunto com uma risada.

— Você precisará me dar detalhes sobre o que levar. Ah, e


teremos que fazer algum trabalho de preparação para resolver
nossa história. Você sabe que a Barbie vai correr direto para
Heather com esta fofoca... — ele diz antes de olhar para onde
Barbie e Paul estão sentados. — Ela provavelmente está fazendo
isso agora. Então, precisamos colocar nossos patos em uma
linha.
Sua franqueza me surpreende, e pelo que parece ser a
centésima vez nos últimos trinta minutos, me atrapalho com as
palavras. — Patos?

— Sim. — Ele sorri. — Patos para o retiro, — ele continua


como se esta fosse a conversa mais normal de todas. — Parece
que você se encurralou desde que Barbie conhece sua chefe.
Não há como você recuar e não ir agora.

Eu bufo e bebo o resto do vinho na minha taça. — Como


Kelsie encontrou você? — Eu pergunto, parte brincando, parte
me perguntando se minha melhor amiga de alguma forma o
rastreou e o colocou nisso para me testar.

— Kelsie?

— Deixa pra lá. — Reviro os olhos, rio e agradeço à


garçonete por reabastecer meu copo, mas quando olho para
Slade, ele ainda está olhando para mim. — O que?

— Estou falando sério. Eu só faço listas quando estou


falando sério.

— E eu acho que você está louco.

— Por quê? Porque gosto de fazer listas e riscar itens para


sentir que realizei algo?

— Não estou falando sobre a lista. — Estou pasma que ele


soe muito sério. — Você realmente pararia sua vida e iria em
um retiro de união entre os funcionários da minha empresa por
mim - uma mulher que você realmente não conhece?

— Você disse montanhas. Você precisa de ajuda. Eu gosto


de você. — Ele marca cada coisa em seus dedos. — Isso é tudo
que eu preciso saber. — Estou com inveja de sua facilidade e
segurança nas coisas, mas ainda não entendo por que ele faria
isso.

— Estou falando sério, — eu digo.

— Eu também. Tenho tempo livre e poderia realmente usar


alguma terapia ao ar livre. Você tem que ir e precisa de um
namorado para ir com você. Parece bastante autoexplicativo
para mim.

— Pensei que você disse que era médico. — Eu olho para


ele e não sou imune à emoção que pisca momentaneamente em
seus olhos. Emoção que me faz querer perguntar mais sobre
isso, mas isso não é o ponto em questão. — Ou isso foi apenas
parte de todo o jogo que estamos jogando?

— Isso importa?

Sua pergunta me surpreende. — Não. Por quê?

— Só estou perguntando, — ele diz como se eu tivesse


passado em um teste que não sabia que estava fazendo. — É a
verdade. Estou no meio da minha residência cardíaca, por isso
a caligrafia de merda, — diz ele, apontando para sua caligrafia
no guardanapo antes de desviar os olhos para as mãos por um
instante. — Estou de licença por enquanto e estou entediado de
chorar. — Há um puxão suave em um canto de sua boca que
limpa qualquer emoção de seus olhos.

— Tão ruim assim, hein?

— Você só pode olhar para tantos livros didáticos e


reescrever tantos artigos antes que seus olhos queiram queimar
fora de órbita. — Sua risada é suave.

— Existe um termo médico para isso? — Eu pergunto.

— Não, mas estou falando sério, e temos uma lista para


resolver. Por que você está tão hesitante em dizer sim?

— Por muitas razões... eu simplesmente não consigo. Você


já fez mais do que o suficiente.

Kelsie vai me matar.

— Isso está vindo da mesma mulher que está sentada em


um bar comigo para provar ao ex que somos um casal legítimo,
certo?

— Culpada, — eu digo e ofereço um sorriso tímido.

A resposta é sempre sim.

Eu o estudo descaradamente. Eu aprecio sua natureza


fácil e sorriso encantador, sua aparência linda de morrer e eu
sinto como se eu o conhecesse desde sempre... E digo a mim
mesma que isso nunca vai acontecer.

Ele. Isso. Fingir namoro. Nada disso.

— Simples assim? Você decidiu acompanhar uma


estranha aleatória em um retiro da empresa por nenhum outro
motivo além de estar entediado? Quero dizer... isso é estranho
para mim.

— Talvez para você seja estranho, mas de onde eu venho,


em meu círculo de amigos, faríamos isso um pelo outro em um
piscar de olhos.

Meu sorriso se alarga e depois vacila enquanto tento me


convencer de todas as razões pelas quais devo agradecê-lo e
depois ir embora. — Você tem sorte de ter amigos assim, mas -

— Ou talvez seja tão simples como há algo sobre você que


me faz querer conhecê-la melhor. Talvez seja esse lado seu que
aparece quando você não está tentando descobrir quem ser e
simplesmente é. Eu quero conhecê-la melhor... E talvez, seja
por simplesmente gostar de você, Blake.

Depois de tudo que passei com Paul, eu deveria aceitar os


elogios, as palavras gentis e deixá-las preencher todos os
lugares sombrios que meu divórcio esvaziou, mas é muito mais
fácil rejeitá-los do que aceitá-los. Muito mais fácil me esconder
nas profundezas de minhas inseguranças do que realmente
ouvir suas palavras.

Abro a boca e meu sarcasmo me coloca em apuros.

— Bem, eu gosto de sorvete também, mas isso não


significa que eu teria a chance de lamber cada casquinha com a
qual minha boca entra em contato. — Isso soou muito pior do
que eu pretendia, e coro cinquenta tons de vermelho com o
quão estúpida pareço. — Deixa pra lá. Esqueça que eu disse
isso.

Seu sorriso torto é como verão e sol, e de onde diabos veio


aquele comentário do cartão Hallmark? Jesus. Um homem me
diz que gosta de mim, e transformo isso em lamber sorvete e
morrer de vergonha.

— Lamber nunca é ruim, hein? — Ele dá uma longa


olhada em meus lábios antes de voltar aos meus olhos. Há
desejo escurecendo o seu olhar e, claro, meu cérebro luta sobre
o que dizer para que eu possa pelo menos soar espirituosa. —
Isso significa que você gosta ou não gosta de mim, então?

— Não. Eu não disse isso. — Tanto para tentar parecer


inteligente. — Eu gosto de você. Muito. — Pelo amor de Deus,
pare de falar. — Ou o que eu sei de você. — Estou divagando. —
É mais isso... quer dizer, eu simplesmente não entendo. —
Estou me fazendo de idiota. — Por que você iria... as pessoas
simplesmente não fazem isso.
O silêncio cai sobre a nossa mesa quando eu finalmente
paro de falar, e tudo e qualquer coisa é mais interessante de se
olhar do que Slade. Qualquer coisa.

O logotipo cor de vinho no guardanapo com a lista de


tarefas pendentes. Seus dedos brincando sobre a base do copo.

O silêncio se estende até que eu olho para cima e encontro


aquelas íris cinza-azuladas claras.

— Algumas pessoas fazem. — Sua voz é suave, e a


diversão em seus olhos é provocadora. — O que doeria? Você
pode salvar a situação com o ex e também mostrar a sua nova
chefe que você está lá para jogar o jogo dela.

Eu balancei minha cabeça. — Eu sei que dizem para


nunca olhar os dentes de um cavalo dado, mas...

— Então diga sim. O que de ruim pode acontecer? Você


conseguir um amigo no processo?

Um amigo. Ok. Então, sim, mensagem mista.

— Ninguém nunca vai acreditar que você é meu namorado.

— Eles acabaram de fazer isso, — diz ele, erguendo o


queixo na direção de Paul e Barbie.

— Isso é diferente. Ele está cego por ela.


— A maneira como ela exibe aquele anel como um troféu
mostra sua importância, é fácil ficar cego.

Meu sorriso é suave. — As pessoas no meu trabalho... eles


nunca acreditariam que você namoraria uma mulher como eu.
— Isso seria uma humilhação.

— Como você?

Eu aceno, minhas bochechas aquecendo.

— Você quer dizer uma mulher linda, bem equilibrada e


obviamente inteligente?

— Obrigada. — Ele está mentindo. — Mas não é isso que


eu quero dizer. — Ele está apenas sendo legal.

— Então o que você quer dizer?

— Há uma diferença de idade óbvia entre nós. — As


palavras parecem tão estúpidas saindo da minha boca.

— Sim, eu tenho trinta e um e você tem alguma idade que


não me incomodou o bastante para perguntar a você, porque
isso não importa.

Trinta e um. Jesus.

— E não, você não tem idade suficiente para ser minha


mãe, — diz ele, lendo meus pensamentos não ditos. — Então vá
se ferrar, Hillary.
— Hillary? — Eu rio, totalmente emocionada com o nome.

— A mulher no bar que te expulsou na outra noite. —


Tenho dificuldade em como responder isso. — Ela foi a razão
por você ter ido embora, certo? Ela acrescentou idade à mistura
porque se sentiu ameaçada pelo fato de que eu estava muito
mais interessado em você do que pelo seu olhar de venha-me
foder que ela continuou me dando a noite toda.

— Você estava?

Ele se vira de modo que seus joelhos fiquem de cada lado


da minha cadeira. Prendo minha respiração quando ele se
inclina para mim, seus lábios tão próximos que posso sentir o
calor de sua respiração. — No caso de você não ter notado — a
ponta do nariz bate na concha da minha orelha, causando
arrepios na minha espinha — Eu estava.

Ele se afasta um pouco e, por apenas um segundo, acho


que ele vai me beijar. Eu quero que ele me beije. Nossos olhares
se seguram, se prendem, se provocam.

— Do jeito que eu vejo, você me deve uma. — Sua voz é


alta o suficiente para eu ouvir sobre o barulho do restaurante.

— Eu devo uma a você? — Eu gaguejo.

— Mm-hm. — Ele acena com a cabeça enquanto coloca


mais espaço entre nós, e meus pulmões encontram uma
maneira de respirar. — Você saiu correndo na outra noite sem
me dar uma chance. Eu poderia ser a melhor coisa que já
aconteceu com você - platônico ou não - e você poderia ter
perdido essa oportunidade se não tivéssemos nos encontrado na
rua esta tarde.

Ou então?

Ele está falando bobagem, mas está fazendo isso de forma


tão convincente que estou tendo que me convencer do contrário
do que ele está me fazendo acredita com êxito. — Eu não -

— A minha idade te incomoda? — Ele pergunta.

— Sua idade não importa.

— Exatamente. — Ele sorri. — Então, por que você está


tornando isso difícil?

Eu me coloquei nesse beco sem saída.

— Estamos em diferentes fases de nossas vidas. Você está


em sua residência. Sou divorciada com bagagem.

— Todo mundo tem bagagem. Parece diferente de pessoa


para pessoa. — Ele se recosta na cadeira. — Do que você tem
medo? Conhecer alguém novo? Se arriscar? Sair da caixa pela
primeira vez? Se encontrar novamente?

Suas palavras se enraízam profundamente em mim e se


firmam. — Eu aprecio você tentar... Mas nunca vamos
conseguir.
— Sim, nós podemos.

— Ninguém jamais acreditaria.

— Pare de deixar eles – sejam eles quem forem – colocar


você em um padrão, Blakely. Faça seu próprio padrão. Você
pode se surpreender no processo. — Suas covinhas se
aprofundam e seus olhos são inabaláveis em sua determinação.

— Como vou saber que você não é um assassino em série?

Sua risada é gutural e rica e atrai o olhar de quem está ao


nosso redor. — Meu negócio é salvar vidas, não tirá-las. — Ele
toma um gole de sua cerveja. — Próxima desculpa?

— Eu estou... — Estou perdida, e há uma pequena porção


de adrenalina que dispara por mim. Isso não é algo que eu faria
e, ainda assim, a ideia é revigorante, quase libertadora. Eu
mastigo o interior da minha bochecha enquanto contemplo
concordar com o esquema maluco de Slade.

— O que você diz?

Diga sim.

— Não é crime para um homem mais jovem pensar que


uma mulher mais velha é atraente.

Eu mordo meu lábio inferior enquanto o sorriso se arrasta


em meu rosto.
Ele é lindo de morrer.

— Nós vamos como amigos. Eu te ajudo. Sem condições.

A resposta é sim.

— Quando foi a última vez que você jogou a cautela ao


vento? Quando foi a última vez que você fez algo inesperado,
não importa o quão pequeno seja? — Ele pergunta.

É sempre sim.

— Não acredito que estou dizendo isso, — murmuro.

— Dizendo o quê?

— Claro. Sim. Ok.


Capítulo Sete

Blakely

Slade: Apenas testando para ter certeza de que o número


que você me deu realmente é seu.

Eu: Espertinho.

Slade: Você pode me culpar?

Eu: Sou eu. Eu prometo.

Slade: Desculpe se tive que sair correndo do Metta's.

Eu: Você tinha planos. Não tem problema.

Slade: Você não vai desistir agora, vai?

Eu: Não.

Slade: Eu sei onde você trabalha. Se você desistir, irei


simplesmente aparecer e causar uma cena ainda maior lá,
bancando o namorado apaixonado.

Eu: Você não ousaria.


Slade: Algo que você deveria saber sobre mim é que sou
um pouco agressivo.

Eu: Não brinca!

Slade: Mas apenas para um bem maior.

Eu: Sorte minha.

Slade: E quando digo que vou fazer algo, eu faço. E adoro


ousar.

Eu: Achei que você adorasse fazer listas.

Slade: Isso também. Irei entrar em contato para que


possamos nós encontrar novamente.

Eu: Para?

Slade: Detalhes.

Eu: Detalhes?

Slade: Sobre nossa viagem. Se vamos desempenhar um


papel, pelo menos precisamos saber algo um sobre o outro.

Eu. Sim. Certo.

Slade: Isso não pareceu convincente.

Eu: Yay. Vamos equipe!

Slade: Melhor assim.


Eu: Obrigada novamente, Slade.

Slade: Apenas me chame de assassino em série.

Eu: Engraçado. Muito engraçado.


Capítulo Oito

Slade

— UTI.

— Amy Gannon, por favor, — eu digo enquanto me inclino


para trás na cadeira da minha mesa e olho pela janela para o
meu quintal.

— A enfermeira Gannon está doente. Esta é Nancy


Weaverman, estou substituindo-a hoje, posso ajudá-lo em algo?

Porra. Uma nova enfermeira, mas ela poderia ser uma


enfermeira temporária que não conhece a história de Ivy. Tento
descobrir como fazer isso sem a Gannon, a única disposta a
quebrar as regras e me dar atualizações, não está lá hoje.

— Sim, aqui é o Doutor Henderson, precisando se


atualizar sobre um paciente. Ivy Keller.

O som de unhas clicando em um teclado é filtrado pela


linha e eu cruzo meus dedos, esperando que ela não tenha sido
avisada para não me dar informações ou que ela não leia as
notas mais profundamente no arquivo. Isso pode acontecer de
qualquer maneira.

— E em qual departamento você está?

— Pronto-Socorro. Eu estava de plantão quando ela entrou


na UTI. O caso dela ficou comigo, então estou acompanhando
sua recuperação.

— Deve ser difícil estar no pronto-socorro e nunca saber


como as coisas acabam, — ela murmura enquanto seus dedos
continuam a clicar nas teclas.

— Com certeza.

— Vocês, doutores, são um tipo especial de raça. Nem todo


mundo consegue lidar com o que vocês veem.

— Demora algum tempo para se acostumar, com certeza.

— É realmente revigorante saber que você se preocupa


com seus pacientes o suficiente para acompanhá-los.

Vamos, Chatty Cathy2. Apenas me dê à atualização.

— Oh, aqui está ela. Vamos ver como você está, Srta. Ivy -
ela murmura para si mesma enquanto lê o computador. — Não
estou vendo nenhuma mudança em seu status no prontuário.
Parece ser o mesmo.

2 Catthy tagarela – ele faz um trocadilho com o apelido e tagarela.


— Ok. — Merda. — Obrigado.

— E seu nome de novo?

Eu termino a ligação sem responder, agarrando o celular


com força e levando-o até a minha testa enquanto eu oro para
Ivy melhorar.

Aquela maldita garotinha roubou meu coração.


Capítulo Nove

Blakely

— Então, vamos falar sobre o estado do sua vagina?

Eu dou um olhar para Kelsie, que está sentada


perfeitamente satisfeita na minha espreguiçadeira enquanto eu
me movo pela sala de estar, afofando todas e qualquer almofada
que encontro.

— Eu preferiria que não. — Eu digo e rio.

— Isso é mais do que importante. Você a barbeou?


aparou? Ou você deixou cheia apenas para enroscar todos os
homens aí embaixo? — Ela pergunta.

— Por que você se importa?

— Porque em menos de vinte e quatro horas, você irá para


um retiro de cinco dias com seu namorado falso. O estado da
linha do seu biquíni me diz tudo que eu preciso saber sobre o
que você espera obter nesta viagem.

Eu paro no meio e fico olhando para ela. — Não. Eu não fiz


a barbeei.
— Moita selvagem. — Ela levanta as sobrancelhas. — Isso
definitivamente fará uma declaração.

Eu ri. — O que isso deveria significar?

— Isso significa que estou desapontada com você porque


você não planeja nenhuma ação.

— Eu conheço o cara há alguns dias. O que eu deveria


fazer? Pular na cama com ele e fazer sexo selvagem e louco?

— Sim. — Ela acena definitivamente. — Isso é exatamente


o que você deve fazer.

— Eu não faço sexo de uma noite, Kels. Não sou assim.

— Ainda bem que o retiro dura mais do que uma noite. —


Ela balança as sobrancelhas. — Porque sexo de cinco noites é
muito melhor. Você pode fazer sexo pela primeira vez. Você pode
fazer sexo peluda. Sexo de reboque. Sexo na mesa de
piquenique. Pense em toda a diversão que você terá.

— Você está ouvindo a si mesma?

— Eu estou, e estou ficando quente e incomodada em


pensar sobre isso.

— Você tem algo muito errado com você, — eu digo, mas


rindo. — Não haverá nada disso. Estaremos em um
acampamento, pelo amor de Deus. Pense em uma grande sala
comum com beliches, pijamas de futebol e sem privacidade.
Além -

— Não há nada além. Não há pijamas de futebol. Beliches


comuns ou não, você ainda pode ter um pouco de ação e andar
por aí com o maior sorriso presunçoso para que todas as outras
mulheres saibam em quem Slade está deslizando.

— Nada vai acontecer.

— Shhh. Não estou te ouvindo porque estou muito


ocupada inventando todos os tipos de cenários sexy que vão
acontecer – beijos contra árvores, boquetes atrás da sala de
jantar... — Ela mexe os ombros como se estivesse imaginando
cada um deles. — Vou viver diariamente através de você.

— Agulhas de pinheiro presas onde não deveriam estar,


picadas de mosquito na minha bunda.

— Às vezes, sexo incrível vem com alguns perigos. Tenho


certeza de que você está disposta a aceitá-los se a compensação
for orgasmos de arrepiar os dedos dos pés.

— Tanto faz. — Reviro os olhos, mas admito para mim


mesma que pensei muito sobre a outra noite no Metta's. Sobre
seus lábios sussurrando em meu ouvido. Sobre os olhares
longos demais sobre a mesa. Sobre o abraço de urso e o beijo na
bochecha quando nos separamos.
— Vamos lá, o homem tem uma lista de tarefas para vocês.
E bem em cima, escrito em tinta invisível, o que ele quer fazer
você.

— Ele está apenas sendo legal. E organizado e...

— Legal, bonito, sexy, e não vamos esquecer que é um


maldito cirurgião cardíaco. É perfeito que ele saiba como
consertar um coração partido.

— Meu coração está bem, obrigada.

— Eu não concordo.

— A última coisa que preciso é me envolver com alguém


por algum um tempo.

— É exatamente por isso que toda essa situação é perfeita.


Ele está obviamente a fim de você ou então ele não estaria
fazendo isso. Você precisa ter um pouco de sexo pós-Paul para
despertar suas partes femininas e perceber o que está
perdendo. Uma volta por cima de proporções épicas. Qual a
melhor maneira de recomeçar a namorar do que com um
médico sexy e gostoso?

— Mais fácil falar do que fazer.

— Quem se importa se é por uma noite, uma semana ou


um mês? Você desempenhou o papel de esposa educada e
pretensiosa por muito tempo, é hora de você fazer o que quiser
sem se importar com o que os outros pensam. Você sabe com
certeza que não vai ser eu a julgá-la.

— Eu sei, mas... — Meu suspiro enche a sala e sufoca a


emoção que ela acabou de preencher. Ela percebe isso
imediatamente e se move para se sentar na mesa de café na
minha frente para que eu não possa evitar seu olhar.

— Ei. — Ela espera até que eu olhe para ela. — O que há


de errado? Fale comigo. Me diga por que você está lutando
contra com isso?

Por onde eu começo quando sinto que há tanta coisa


errada comigo?

— Por que é tão difícil para mim aceitar isso? E pensar que
Slade pode realmente gostar de mim? — Eu olho para as
minhas mãos cruzadas no topo do meu colo. Penso na última
linha da lista de afazeres de Slade e sei que esse é o problema.
— Jurei que, quando o divórcio fosse final, eu seria uma pessoa
maior e melhor. Que eu seria mais espontânea. Preocupar-me
mais com meus desejos e menos com o que os outros
esperavam. Mas você sabe o quê, Kels? É muito difícil ser essa
nova eu, e eu não tenho certeza de como usar esses sapatos
ainda.

Ela coloca a mão no meu joelho e aperta, me dando um


momento para controlar minhas emoções. — Para que conste,
eu ainda gosto da antiga você.
— A velha eu era um par de calcinhas de vovó. — Eu ri. —
Eu não quero mais ser a calcinha da vovó. Eu quero que a nova
eu seja...

— Um fio dental?

— Mais como shorts femininos rendados e sexy, — eu digo.

— Essa é a essência, cobrir em todas as áreas certas, mas


sexy como o inferno quando precisam ser.

Eu olho para ela e balanço minha cabeça até que o aperto


na minha garganta se transforma em lágrimas nos meus olhos.
— Estou farta de ser a ex-mulher perfeita que finge que está
tudo bem e depois chora no travesseiro à noite porque falhou.
Estou farta de ser a sempre-cautelosa, sempre-preocupada-
com-o-que-os-outros-pensam, Blakely Foxx que está tão
cansada de aceitar a merda de todo mundo, mas sorri de
qualquer maneira.

— Não sei quem você é ou o que fez com minha amiga. —


Ela ri, seu rosto se iluminando. — Mas eu gosto de onde você
quer chegar com isso.

— Estou aqui. Ainda a mesma, mas tentando ser


diferente... E por mais difícil que seja admitir, estou com muito
medo desta semana.

— O que tem essa semana?


— Apenas o milhão de coisas que podem dar errado. E se
não nos dermos bem? E se ele acabar sendo um idiota? E se eu
piorar as coisas no trabalho? E se eles descobrirem que não
somos realmente um casal? E se-

— E se vocês dois se derem bem e uma conexão real for


feita? E se ele te fizer rir até doer e as coisas correrem bem?
Existem aspectos positivos que podem acontecer aqui, sabe?

Eu caio de volta no sofá e cubro meus olhos com as mãos.


— Isso tem todas as características de um desastre de um filme
sobre comédia romântica. Você sabe o tipo.

— Onde a heroína é uma ruína, o herói é um idiota e todo


o plano deles vai para o inferno?

— Se você quiser colocar dessa maneira. — Eu concordo.

— Basta lembrar que a garota sempre pega o cara no final.

— Isso não é ficção.

— Não, mas vai ser muito melhor.

Ficamos sentadas em silêncio, os anos de amizade entre


nós fizeram com que ela me desse o espaço que preciso para
processar tudo o que ela disse. Para finalmente admitir o que
ela já sabe.
— Eu gosto dele. Muito. E... Talvez eu tenha medo disso. E
talvez eu esteja com medo de gostar dele simplesmente porque
ele é o primeiro homem a realmente prestar atenção em mim.

— Muitos prestaram atenção, — ela murmura e levanta a


mão para parar meu argumento. — Você está apenas muito
ocupada para não notar.

— Mas estou interessada desta vez, e estou questionando


por que eu estou e por que ele está, e isso me leva a pensar se
eu seria o suficiente para ele. Quer dizer, só estive com um
homem nos últimos vinte anos. Como posso saber se as coisas
são feitas de forma diferente hoje em dia?

Seu sorriso puxa um sorriso de mim. — Garanto que o


sexo é feito da mesma forma.

— Você sabe o que eu quero dizer.

— Eu sei. Eu sei que é assustador e provavelmente


emocionante, tudo ao mesmo tempo, mas eu digo para ir em
frente. Eu digo para ser como o shortinho rendado. O tipo que
Slade não pode esperar para arrancá-lo de você antes de
devorá-la.

— Devorar?

— Devorar, — ela repete com um aceno de cabeça. — E


não tenho dúvidas de que ele o fará, e você se sairá bem com
isso. Na verdade, você vai realmente gostar.
— Veremos sobre isso. — Eu rio.

— Eu te disse que você o veria novamente e que ele iria


para o retiro com você, certo? — Ela joga as mãos para cima. —
Então, do nada, aconteceu, então eu não duvido de mim. Eu
acredito que posso ter algum tipo de poderes mágicos.

Eu jogo um travesseiro nela. — Não vou encorajar essa


teoria por medo de sua cabeça ficar tão grande que nunca vai
passar pela porta.

— Eu tenho poderes, então tenho certeza que posso


administrar independentemente do tamanho da porta. — Kelsie
me segue até a cozinha, onde começo a limpar nosso tabuleiro
de queijo e carnes que sobrou. — Seu plano é sair juntos
amanhã?

— Mm-hm. — Jogo um guardanapo no lixo. — Vamos


descobrir nossa história no caminho até as montanhas. Três
horas é muito tempo para matar.

— Tem certeza de que é tempo suficiente? — Ela pergunta


enquanto coloca uma azeitona na boca.

— Ele já tinha planos. Quem sou eu para pedir mais


tempo dele quando ele já está me dando cinco dias... sabe?

— Sim, mas sei como seu pequeno coração planejador


provavelmente está pirando por não saber nada ainda.
— Estou bem. Está tudo bem. Eu só preciso fazer as malas
e estou pronta.

Meu telefone toca no balcão e eu pulo com o som. Antes


que eu possa pegá-lo, Kelsie o tem na mão. — Falando no diabo.
— Ela segura meu telefone para que eu possa ver seu nome na
tela. — Coloque-o no viva-voz para que eu possa ouvir sua voz
sexy.

— Me dê o telefone. — Estendo minha mão, mas há um


sorriso preso em meu rosto e uma sensação de vertigem no
estômago, o que é estúpido, considerando que vou vê-lo
amanhã.

Em um movimento que parece colegial e irritante e muito


Kelsie, ela aperta o botão de atender e o alto-falante ao mesmo
tempo. — Olá? — Ela diz bem no momento que eu pego o
telefone dela.

— Ei. — O timbre profundo de Slade chega pelo alto-


falante. É o sexo personificado, e junto com toda essa conversa
sobre sexo e reboques com Kelsie me faz ter pensamentos e
criar cenários dos quais Kels se orgulharia. — Você está pronta
para amanhã?

Kelsie leva as costas da mão à testa e à boca, desmaio.

— Oi. Sim. Apenas fazendo algumas coisas de última hora.


— Esqueça essas coisas de última hora. Vista uma jaqueta
e venha nos encontrar.

— O que? — Eu rio como se ele fosse louco. — Onde? Nós?


Do que você está falando?

— Espontaneidade, Blakely. É disso que estou falando. —


Há alguém rindo ao fundo enquanto eu viro minhas costas para
Kelsie e inclino meus quadris contra o balcão. — Meus amigos e
eu fazemos uma fogueira mensal na praia. Perdi a última, mas
estou aqui. Agora mesmo. As ondas estão nas minhas costas e o
fogo está na minha frente.

— E você me quer aí?

— Sim. — Sua risada é despreocupada. — Percebi que


você pode ter algumas reservas sobre entrar em um carro e
viajar com um homem que você só conhece por seus próprios
comentários.

— Parece um pensamento racional.

— Então venha encontrar com a gente. Venha me conhecer


e ficar tranquila. Obtenha uma vantagem inicial sobre o último
item da lista de tarefas.

Diga sim.
— Eu não quero atrapalhar seu tempo com seus amigos.
— É uma contradição total ao sim que minha cabeça está me
dizendo para dizer.

— Que melhor maneira de me conhecer do que através dos


meus amigos? Eles são brutalmente honestos, mesmo quando
eu não quero que eles sejam.

— Slade... Eu...

— Vamos, Blakely. — Sua voz é melodiosa e possivelmente


um pouco de zumbido, mas a maneira como ele diz meu nome
me faz ficar um pouco mais alta. — Venha colocar os pés na
areia um pouco.

— Estamos saindo pela manhã.

— A noite ainda é uma criança.

— Eu...

— Não estou aceitando não como resposta. Estou


mandando o endereço por mensagem para você. Vejo você em
breve, — ele diz antes de encerrar a ligação.

— Sério? — Kelsie diz nas minhas costas. — Você ia


mesmo dizer não a uma voz como a dele e a um pedido como
aquele? Você está louca?

— Sim. Não. — Solto um suspiro audível.


Mas ele me ligou.

Ele me pediu para o encontrar.

Quando Kelsie se move pela minha linha de visão, há uma


expressão severa em seu rosto e seus braços estão cruzados
sobre o peito. O olhar em seus olhos me avisa que ela vai lutar
contra a velha eu se eu recusar sua oferta.

E ela está certa.

Isso termina aqui. Agora mesmo.

Fora com a calcinha da vovó. Com os shorts masculinos


rendados.

— Eu preciso ir me trocar, — Eu digo.

Os lábios de Kelsie se esticam em um sorriso quando um


grito alto sai de seus lábios. — Você está transando esta
semana!!
Capítulo Dez

Blakely

A cena diante de mim é linda - o luar sobre a água e o fogo


dançando na areia.

Não tenho desculpa para não sair do carro. Quase não há


biquínis em mulheres bêbadas. Sem aquela atmosfera de garoto
de fraternidade. Apenas um pequeno grupo de amigos rindo e
relaxando. Não tenho motivo para me virar e ir para casa.

Ainda assim, sento e observo por um momento, ganhando


coragem para caminhar até um grupo de pessoas onde não
conheço ninguém, exceto Slade.

Das oito pessoas sentadas ao redor do fogo, há um número


igual de homens e mulheres. Alguns estão sentados lado a lado,
abraçados, enquanto outros estão de pé com os quadris
balançando ao som de uma música que não consigo ouvir.

Então há Slade. Ele está sentado sobre uma toalha na


areia, uma garrafa de cerveja está jogada ao seu lado dele e o
brilho do fogo ilumina seus cabelos. Sua expressão é estóica,
talvez reflexiva, e há um sorriso suave em seus lábios enquanto
ele olha para as brasas.

Naquele momento, não sei como tenho certeza que ele vai
ser um problema para mim, mas eu sei. Esse sorriso calmo.
Essa maneira fácil. A maneira como ele me leva a fazer coisas
que eu nunca faria, como ir a uma fogueira na praia na noite
anterior à uma viagem.

E eu só o conheço há uma semana.

Eu posso fazer isso. Eu posso ser uma calcinha rendada.


Eu posso... eu posso deixar acontecer.

Com uma respiração profunda, eu deslizo para fora do


meu carro, meus dedos do pé cavando na areia e a brisa suave
do oceano batendo em minhas bochechas quando me aproximo
do grupo.

Eu fico ao redor do seu círculo por um momento, não


querendo interromper a história sendo contada com
gesticulações selvagens e expressões animadas do homem ainda
vestindo seu uniforme. Mas quando Slade me vê, ele se levanta
de sua toalha na areia, momentaneamente chamando a atenção
do grupo para mim.

— Oi. — Eu levanto minha mão em um aceno estranho e


olho para Slade.
Eu juro que meu coração afunda quando ele direciona seu
sorriso na minha direção. Covinhas, calor e excitação estão
gravados nas linhas de seu rosto.

Estou muito velha para isso. Muito velha para ter essa
sensação de vertigem quando um homem olha para mim. Muito
velha para me permitir ser enganada por um belo sorriso com
covinhas. Muito velha para acreditar que é uma boa ideia jogar
a cautela ao vento e deixar as cartas caírem onde for possível.

E ainda...

— Você veio, — diz ele e me puxa para ele em um abraço


inesperado. Ele cheira a sol, cerveja e frutas cítricas, e me sinto
uma idiota por apenas querer ficar assim e sentir seu cheiro.

— Oi.

O abraço termina, mas ele mantém a mão nas minhas


costas enquanto se vira em direção ao grupo. — Blakely,
conheça a todos. Todos, conheçam Blakely. — Há um coro de
saudações que me faz acenar desajeitadamente novamente, mas
sou recebida com sorrisos e calor. — Quer alguma coisa para
beber?

— Eu estou bem.

— Tem certeza? — Ele pergunta enquanto pega minha mão


como se fosse a coisa mais natural do mundo e me leva até
onde ele estava sentado.
— Sim. Obrigada mesmo assim.

Ele estende a toalha e faz um gesto para que eu me sente,


enquanto o cara que estava contando sua história animada
continua após minha interrupção. Slade se acomoda ao meu
lado, então estamos ombro a ombro, meu corpo tenso quando
sua respiração atinge meu ouvido e ele murmura: — Estou feliz
que você veio.

Eu ignoro os calafrios que perseguem minha pele. É


apenas a brisa do oceano. Mas eu mesma não compro minha
própria mentira.

— Obrigada por me convidar. — Não me viro para encará-


lo porque, se o fizer, nossos rostos estariam a centímetros um
do outro e muito perto da zona do beijo.

— Fazemos isso uma vez por mês - aqueles de nós que não
estão de plantão, quero dizer. Só um tempinho para descontrair
e relaxar depois de todo o estresse do trabalho. Isso nos obriga
a nos reunir fora do hospital.

— Não é uma maneira ruim de relaxar, — eu digo


enquanto o riso ressoa pelo grupo.

— Nah. Não em noites tão bonitas quanto essa. — Ele se


inclina para trás em suas mãos e olha para as estrelas
brilhando acima de nós antes que os olhos dele encontrem os
meus novamente. — Eles são todos muito legais. John, Prisha e
Leigh são residentes comigo. Jason e Carly estão em pediatria...
— Ele analisa a lista de todos. — Eu não espero que você se
lembre de nada disso. Na verdade, foi muito rude eu te convidar
aqui para ouvir John sendo monótono, mas eu pensei que
poderia ser uma boa maneira de você ver quem eu sou, então
você não está preocupada se eu sou um idiota ou algo assim
durante a viagem.

— Eu não vou mentir e dizer que não pensei nisso uma vez
ou dez vezes, — Eu provoco enquanto ele zomba de se ofender
antes de bater em meu ombro com o seu. — E eu agradeço que
tenha passado por sua mente por tempo suficiente para me
ligar e me convidar para sair com seus amigos.

Passamos a hora seguinte rindo de histórias que são


divertidas para mim, mas muito mais engraçadas para aqueles
que entendem a terminologia médica, preciso de tradução logo
após cada palavra ser pronunciada. Slade se inclina a cada
minuto para explicar algo quando minha expressão mostra
claramente que não entendi ou simplesmente para ter certeza
de que estou bem.

Mas estou mais do que bem enquanto estou sentada e


ouvindo pessoas que claramente se entendem e se preocupam
umas com as outras. Existe uma camaradagem entre eles, e
eles me incluíram nisso sem questionar. É bom se sentar sob as
estrelas com alguém que não tem expectativas. Quando eu
estava com Paul, cada saída vinha com um olhar crítico sobre o
que eu estava vestindo e a preocupação se eu passaria no teste
de parecer a esposa de um executivo. Então veio a lista de quais
tópicos eram proibidos para seus clientes e como eu tinha que
fingir que a amante ou esposa com quem o cliente estava da
última vez não existia.

Muitas coisas para esclarecer. Muitas linhas que não podia


cruzar. E ainda isso? Assistir Slade jogar uma bola de futebol ao
luar com seus amigos enquanto estou sendo aquecida por uma
fogueira? Não é nada como eu esperava que fosse e,
provavelmente, tudo que eu não sabia que precisava.

— Então, você é aquela que está mantendo ele afastado de


nós, — uma voz à minha direita diz.

Eu me viro para encontrar sua amiga, Prisha, se sentando


ao meu lado. Seus cabelos negros brilham à luz do fogo e seus
olhos castanhos escuros são calorosos e convidativos.

— Não. — Eu sorrio. — Não sou eu. Somos... apenas


amigos. Quer dizer, nós só nos conhecemos na verdade há uma
semana. Ele está me ajudando com uma coisa do trabalho nos
próximos dias.

— Ah, o retiro.

— Sim, — eu digo, surpresa que ele disse a eles algo sobre


isso.
— Ele é quase bom demais para ser verdade, não é? — Ela
murmura, e nossos olhares se fixam por um momento.

— O que você quer dizer?

— Caras como ele – genuíno, cortês, respeitoso – são


poucos e difícil de encontrar.

— Não é verdade, — eu digo, meus olhos de volta em


Slade. Ele corre pela areia com os braços para cima, pedindo o
passe antes de pular no ar para agarrá-lo com uma mão com
um atletismo natural.

— Eu estava procurando pela pegadinha quando o


conheci. A maioria das pessoas não é tão generosa quanto ele,
com seu tempo, sobre ajudar o próximo ou... qualquer outra
coisa sem querer algo em troca. Eu estava esperando pelo
inevitável. — Ela leva a cerveja aos lábios. — E em cinco anos,
nunca aconteceu.

Observamos os homens correndo e se enfrentando na


praia, um sorriso em meus lábios enquanto suas risadas e
travessuras voltam para nós.

Tem que haver uma razão para ela me contar tudo isso.
Talvez seja porque ele trata a todos assim e ela não quer que eu
interprete mal sua bondade e tenha esperanças de mais.

A questão é: como faço para perguntar a ela sem parecer


uma vadia quando realmente acho que ela está sendo sincera?
— Ele teve alguns meses difíceis no trabalho. Talvez seu
retiro dê a ele um tempo longe de tudo.

— Não tenho certeza de como. — Eu ri. — Ser forçado a se


relacionar com pessoas pretensiosas não é exatamente o que
considero relaxante. — Eu me inclino para trás em minhas
mãos e coloco meu rosto para o céu e fecho meus olhos.

— Qualquer coisa é melhor do que a espera interminável


para ele ser reintegrado de sua suspensão de merda. Como você
pode disciplinar um médico por cuidar de seus pacientes?

— Eu concordo totalmente, — murmuro, feliz por meus


olhos estarem fechados, porque esconde a surpresa no meu
rosto. Ele me disse que está em um ano sabático, não em uma
suspensão.

— Ele é um cara legal. Um dos melhores.

Eu inclino minha cabeça em direção a ela. — Por que você


está me contando isso?

— Porque eu vi muitas mulheres virem para um passeio


com Slade. Eu as vi ficarem de olhos arregalados e se
apaixonarem perdidamente por ele por causa de quem ele é e
como ele as trata bem. Então eu as vejo serem esmagadas
quando ele segue em frente, sem perceber o quão apegadas elas
se tornaram.

— Então, você está me avisando?


— Na verdade não. — Ela ri quando Slade ataca John. —
Ou talvez, sim. — Ela sorri. — Só quero que você saiba no que
está se metendo, só isso. Já posso ver quando você olha para
ele, e nós, mulheres, deveríamos cuidar umas das outras
mulheres.

— Obrigada, — eu digo secamente. — Aviso recebido.

Sua risada é repentina. — Oh meu Deus. Eu entendo como


isso parece. Que estou interessada nele e com ciúme. — Ela
cobre os olhos com as mãos e geme. — Isso não poderia estar
mais longe da verdade. Ele é um irmão para mim. Eu prometo.
Você deve pensar que sou uma vadia total.

— De modo nenhum.

— Veja. — Ela toma um gole de sua cerveja, e posso ver


sua luta para encontrar suas palavras. — Slade é um cara tão
bom que não percebe por que as pessoas se interessam tanto
por ele. Isso nunca passa por sua mente. Ele é generoso e
disperso e brilhante e carinhoso e lindo, mas ele está apenas...
sendo ele. É tudo o que ele sabe. Ele não está enrolando
mulheres para levá-las para cama ou aumentar seu status de
garanhão... Ele é simplesmente magnético. Então, acho que o
que estou dizendo é...

— Não confunda quem ele é - como ele é - e pense que ele


está mais interessado em mim por causa disso?
— Sim, eu acho, mas soando menos áspero, — ela diz e ri.

— Eu entendo o que você está dizendo, e agradeço a dica.


Ele é um cara ótimo que iluminou um pouco meus dias. Estou
apenas aceitando o que é.

Seu sorriso é suave. — Se eu estivesse no seu lugar, ainda


acharia que sou uma vadia.

Eu rio e me viro para encontrar Slade e o resto dos caras


vindo até nós. — Belos movimentos, — eu provoco.

— Patético você quer dizer. — Seu sorriso me diz que ele


sabe que não, e gostou que eu percebesse. — É hora de ir, — ele
diz enquanto se joga na areia ao meu lado.

— Então por que você está sentado?

— Porque é a minha vez de garantir que o fogo apague


antes de ir embora. — Alguém joga um copo d'água no fogo, e
ele chia. — Você está com frio? — Ele pergunta.

— Estou bem.

— Venha aqui, — diz ele e envolve um braço sobre meus


ombros e me puxa contra ele. Eu congelo no começo, minha
necessidade de lutar contra minha atração é mais forte do que a
decisão que tenho de seguir o fluxo. Mas o calor de seu corpo, o
cheiro em sua pele e a maneira como seu polegar continua
roçando para frente e para trás por cima do meu ombro me faz
querer me fundir a ele. — Melhor?

— Mm-hmm, — murmuro enquanto descanso minha


cabeça em seu ombro.

Seus amigos terminam de arrumar as coisas e se


despedem, e momentos depois, um motor ganha vida antes de
desaparecer a distância. Então, ficamos apenas com o estalar
do fogo e o rugido das ondas quando pousam na praia.

Mas há um silêncio confortável entre nós, uma facilidade


enquanto absorvemos a atmosfera. Não falamos sobre o papel
que devemos começar a desempenhar amanhã. Nós apenas
sentamos e desfrutamos da companhia um do outro, sem
pressão ou expectativas.

— Você estava terrivelmente quieta esta noite, — Slade


finalmente murmura, o calor de sua respiração atingindo o topo
da minha cabeça.

Eu dó com os ombros. — Foi divertido. Obrigada por me


convidar. Eles parecem um ótimo grupo de pessoas.

— Eles são. Tenho sorte de chamá-los de amigos. Eu vi


Prisha cochichando para você. Ela não estava revelando meus
segredos profundos e sombrios, estava?

Eu rio. — Ela pode ter me dito que cara incrível você é.


— Claramente, eu a paguei para fazer isso.

— Claramente, — eu digo enquanto seus avisos passam


pela minha mente. Enquanto aquele charme dele me puxa para
baixo de seu feitiço e eu fico sem querer que a noite acabe.

— Você se sente melhor em ir para o retiro agora que sabe


que não sou um assassino em série e tudo mais?

— Muito melhor, — murmuro. — Ainda não estou


convencida de que outros vão comprá-lo.

— Por que?

— Porque vivemos em dois mundos diferentes.

— E os opostos se atraem. — Seu suspiro preenche o


espaço. — Você ainda está presa à questão da idade, não é?

Abro a boca para falar e depois fecho, sabendo o quão


estúpido parece quando nenhum de seus amigos olhou para
mim de forma diferente porque eu era mais velha do que eles.
Nenhuma vez eles me fizeram sentir estranha. — Eu fico
dizendo a mim mesma para ir com o fluxo. Que ninguém
percebe a diferença de idade, mas então penso como Paul fica
ridículo com Barbie ao seu lado, e fico pressa a este fato. É isso
que as pessoas vão ver quando olharem você e eu juntos?

Seu silêncio é acentuado pelo barulho das ondas, e ele


aperta o braço em volta de mim. — Eu acho que eles parecem
ridículos porque eles se esforçam demais e porque ela quer que
todos saibam que ela conseguiu o que ela acha que é uma boa
captura, mais sabemos a diferença. Acho que alguém que está
seguro em seu relacionamento não precisa ficar tentando provar
a todos que está. — Ele pressiona um beijo no topo da minha
cabeça e eu fico tensa com a conexão - não porque eu não
queira, mas porque não entendo por que é tão natural aceitar
isso. — Eu sou mais jovem que você? Sim. Isso importa para
mim? Eu não estaria sentado aqui se isso importasse.

— Eu não quis dizer isso... não sei o que quis dizer, —


murmuro, de repente me sentindo estúpida. Eu sou aquela que
é mais velha, e que deveria ser mais madura e, no entanto, é ele
quem está me mostrando que isso não importa. Nada disso
importa. — Eu sinto muito. Vim aqui essa noite determinada a
mudar minha atitude, e não me importar mais com o que as
pessoas pensam – ser mais como você, mas acho que é difícil
perder velhos hábitos.

— Não seja como eu, Blake. Seja como você. Lembra da


nossa lista de tarefas? — Ele bate seu joelho contra o meu.

— Sim.

— Isso não parece muito convincente. Você está em uma


praia deserta com a lua no alto e um homem muito bonito ao
seu lado, — brinca. — O que mais você poderia pedir? — Ele
esfrega a mão para cima e para baixo no meu braço. — Deixe
acontecer. Aceite a carona. Coloque os dedos dos pés na areia.
Uive para a lua. Faça o que quiser, contanto que seja em busca
de reencontrá-la novamente.

Eu pisco para afastar as lágrimas em meus olhos. Claro,


Kelsie me disse coisas semelhantes, mas ela é minha melhor
amiga, ela é obrigada a dizer coisas assim. Mas ele disse isso
quando não precisava. Ele está me encorajando como ninguém
nunca fez.

Eu aceno. — Você está absolutamente correto.

— Você nunca disse palavras mais verdadeiras, — ele


brinca, e eu o bato de brincadeira enquanto nossas risadas
ecoam.

E ele está certo.

Dane-se o que as pessoas pensam.

Meus pés estão na areia, agora só preciso encontrar


coragem para uivar para a lua.

Ele se levanta, e o frio da noite assalta minha pele


novamente quando ele começa a chutar areia no que sobrou do
fogo. — Devemos ir antes de sermos expulsos daqui.

Ele estende a mão para mim e me puxa com um pouco


mais de força do que o esperado quando me levanto, e perco o
equilíbrio. Nossas reações são naturais e automática, eu coloco
minhas mãos em seu peito enquanto ele agarra meus quadris
para me firmar.

Isso nos deixa peito a peito, a risada dos meus lábios


morrendo quando eu olho para cima e vejo seu rosto a
centímetros do meu.

— Desculpe. Eu sinto muito. — Perturbada, tento


empurrar os músculos mais do que firmes sob minhas palmas e
dou um passo para trás.

Mas suas mãos em meus quadris apertam e me seguram


no lugar.

— Você sabe que vai ter que ficar muito mais confortável
comigo tocando em você se quisermos fazer isso, certo?

— Sim. Certo.

— Porque toda vez que toco em você, você fica tensa como
se estivesse com medo de que eu morda.

— Não é minha intenção.

— Nós vamos ter que nos beijar, sabe? Para vender a


mentira.

— Nós nos beijamos outro dia na rua. — Eu falho tentando


encontrar o que dizer porque, por mais que eu tenha pensado
sobre ele me beijando a noite toda, estou surtando
silenciosamente. — Eu estava bem com isso.
Sua risada mal é audível enquanto ele enfia uma mecha de
cabelo solto atrás da minha orelha. — Ninguém vai acreditar
que estamos interessados um no outro se eu beijar você daquele
jeito.

Ele descansa a mão na curva do meu ombro para que seu


polegar possa deslizar para frente e para trás sobre o oco do
meu pescoço. Arrepios cobrem minha pele enquanto a luz do
fogo minguante pisca e dança em seus olhos. Seu sorriso é
suave, sedutor e divertido, tudo ao mesmo tempo.

— Eu acho que não. — Minha voz é quase um sussurro.

— Então talvez... — Seus olhos vão para os meus lábios e


depois voltam para os meus. — Então talvez devêssemos tirar o
primeiro do caminho para sabermos o que esperar.

Uma linha tão suave.

— Talvez devêssemos, — Murmuro, meu corpo vibrando


com uma antecipação, em partes iguais de desejo e alegria.

Uma mulher tão disposta.

Quando seus lábios encontram os meus, eles são suaves e


exigentes, e eu esqueço que isso é uma atuação. Eu esqueço
que estamos praticando, e cada parte de mim cai no feitiço do
momento.

O cheiro salgado no ar.


O calor de seus lábios.

O gosto de cerveja na língua.

O toque de sua mão emoldura meu rosto.

O miado suave que sai dos meus lábios.

É o tipo de beijo que você quer continuar e continuar. Do


tipo em que você sabe que, assim que parar, você vai voltar a
ser você mesmo. Então os nervos vão golpear e sua
sensibilidade vai disparar, então você decide que é muito mais
fácil estar sob sua atração do que escorregar por debaixo dela.

Mas nós escapamos com um último toque de lábios, mas


ele mantém suas mãos emoldurando meu rosto. — O que você
acha, Blakely? Você acha que poderíamos fazer os outros
acreditar que é real?

Não confio na minha voz para dizer algo, então aceno


enquanto minhas mãos, que ainda estão presas em seu
moletom, relaxam um pouco e meu pulso dispara rapidamente
que tenho vergonha que ele possa sentir isso.

— Pelo menos sabemos que acertamos em algo. — Sua voz


é baixa, carregada com um desejo que ele não está tentando
disfarçar enquanto seu polegar esfrega meu lábio inferior.

— Bom saber.
— E não foi uivar para a lua... — Um sorriso desliza em
seus lábios, e é tão devastador quanto seu beijo.

Com meu lábio inferior entre os dentes, dou um passo


para trás. — Mas meus pés estão na areia.

Seus olhos seguram os meus, e eu juro que o olhar neles


torna difícil para eu respirar.

Posso dizer a mim mesma que isso foi apenas prática.

Mas quem estou enganando?

Já se passaram anos desde que beijei um homem assim.

Paul e eu paramos de nos beijar alguns anos depois de


relacionamento.

Eu tinha esquecido a intimidade e o romantismo disso até


agora.

Até os lábios de Slade e nosso beijo de mentira, isso era


muito mais do que fingimento.

Foi só um beijo.

Foi apenas prática.

O conselho de Prisha pode ter sido bom e, por mais que eu


queira ouvi-los, partes de mim estão muito mais profundamente
influenciadas por Slade Henderson do que eu pensava e,
portanto, não quero lembrar disso agora.
Eu quero ouvir como meu corpo se sente. Como meu
coração está disparado. Como minha cabeça está girando.
Como aquela dor em mim que ele criou, está queimando. E
como eu quero... simplesmente desejar pela primeira vez no que
parece uma eternidade.

Ele é um reboque.

Isso é o que é.

E aquele beijo apenas me mostrou que ele é exatamente o


que eu preciso.

Rápido. Sujo. Devastador. Um jogo de reboque.

Meu único pensamento quando saio do estacionamento e,


vou para casa?

Eu definitivamente preciso ir para casa e me barbear.


Capítulo Onze

Slade

Eu olho para a pilha de roupas dobradas na cama diante


de mim. Acho que tenho tudo de que preciso, inclusive a caixa
de preservativos.

Porque, porra, aquele beijo na noite passada? Me deixou


em chamas.

Eu estava interessado em Blakely na primeira noite em


que nos conhecemos. Quando ela jantou comigo no Metta's,
devo ter me apaixonado por ela. E ontem à noite? Depois que
ela me destruiu com aqueles lábios macios e mãos apertadas
em meu moletom? Estou definitivamente no jogo.

Que reviravolta inesperada.

Um risco que estou mais do que disposto a correr porquê...


essa mulher me pegou de alguma forma.

Havia uma confiança reservada sobre ela na noite


passada, uma mudança sutil em seu comportamento que me
excitou. Uma força silenciosa envolta em uma beleza
estonteante.

Uma beleza que não fazia esforço.

E não há como aquele beijo não ter afetado ela também.

Meu pau ganha vida com o simples pensamento.

— Sim. Definitivamente trazendo os preservativos.

Quando meu celular começa a tocar e vejo o nome na tela,


meus pensamentos mudam rapidamente.

Isso sim é uma forma de matar um bom devaneio.

— Faz menos de 48 horas e você já está ligando? — Eu


provoco quando pego o telefone.

— A maneira correta de atender o telefone é: Mãe, já estou


com muita saudade de você.

Eu bufo, mas eu amo a maldita mulher de qualquer


maneira. — Eu poderia, ou poderia perguntar por que você está
ligando.

— Eu só queria dizer a você que faça uma boa viagem.

— Viagem? — Eu finjo ignorância para descobrir o quanto


ela bisbilhotou antes de sair.
— Sua mochila estava fora, imaginei que você estava
tirando umas pequenas férias para comemorar minha partida.

Eu tusso sobre uma risada. — Eu nunca faria isso.

— Sim, você faria. — Ela é tão prática, mas a diversão em


seu tom é hilária. — Por que você acha que eu não deixei
nenhuma refeição pré-cozinhada para você quando saí? Achei
que você não ficaria em casa por tempo suficiente para comê-
los. — O silêncio cai por um breve momento enquanto fico
maravilhado com sua habilidade de descobrir as coisas. Então,
é claro, ela vai para matança. — Então, quem é ela?

— Quem é quem? — Pego minha bolsa de higiene e coloco


na pilha.

— Quem é a mulher que está colocando esse sorriso no


seu rosto e com quem você está fugindo? Quer dizer, se ela não
fosse nada especial, você teria dito algo. Esconder ela diz muito.

— E você se pergunta por que eu disse para você ir para


casa.

— Desviar do assunto não vai funcionar, — diz ela em seu


tom mais maternal possível.

— Não há mulher nenhuma, mãe.

— Uh-huh. Você com certeza voltou todo sorrisos na outra


noite, depois de encontrar seu primo para bebidas.
— Eu tenho que fazer as malas agora.

— Ela tem três cabeças? Ela é uma celebridade?

— Você precisa de ajuda. — Eu balanço minha cabeça e


rio.

— Ou ela é a escolhida? — Ela engasga. — É isso, não é?

— Diga ao papai para medir sua temperatura.

— Foi amor à primeira vista?

— Ou, melhor ainda, leve você para o pronto-socorro


porque acho que você bateu com a cabeça. Não existe amor à
primeira vista.

— E foi aí, meu filho, que criei você de maneira totalmente


errada.

— Eu sei que o que você e papai foram um, o único e


exclusivo caso, mas simplesmente não é assim hoje em dia.

— Eu não acredito. No minuto em que conheci seu pai,


soube que era ele. Houve uma atração que nos fez estar no
lugar certo na hora certa. Você poderia imaginar se eu tivesse
resistido a esse sentimento incômodo e não tivesse ido à festa
de Natal onde o conheci? Eu não tinha intenção de ir, mas
decidi no último minuto. Você pode imaginar se eu tivesse dado
ouvidos a todos que me disseram que eu era louca quando disse
que era amor na primeira noite?
— Sorte minha que você não fez isso.

— Você está certo, — ela brinca.

— Mas não vejo como você e papai têm algo a ver com
minha vida amorosa.

— Então, existe uma vida amorosa? — Posso imaginá-la


esfregando as mãos como se estivesse se preparando para
alguns detalhes interessantes.

— Adeus, mãe.

— Divirtam-se. Quando você sabe que ela é a única,


apenas sabe. Eu te amo. Ah, e não me faça uma avó antes de
colocar um anel nela.

Eu suspiro e balanço minha cabeça. A mulher é louca,


incrível e exaustiva ao mesmo tempo.

Bem quando eu afasto meu celular do ouvido, ele toca


novamente.

Jesus Cristo, é como a Grand Central Station agora.


Quando olho para a tela, meu estômago embrulha.

Merda.

Respiro fundo e me preparo para enfrentar as


consequências de minhas ações. — Dr. Schultz, — eu digo em
saudação.
— Oi, Slade. Como você está indo?

É uma pergunta carregada feita pelo homem que tem nas


mãos o destino de minha carreira médica no Memorial General.
Eu digo que estou bem e não estou com remorso. Digo que
estou infeliz e não sei o que isso diz a ele. Meu advogado disse
para ter cuidado, já que o hospital está em uma posição
complicada neste caso, então me atrapalho com uma resposta.
— Estou ansioso para fazer o que for preciso, senhor, para
poder voltar ao trabalho.

— Isso é bom de ouvir. Bom de se ouvir. — Ele suspira. —


Chegou ao meu conhecimento que você está acompanhando sua
paciente. Aquele sobre o qual você foi expressamente solicitado
a se manter afastado.

Eu aperto a ponta do meu nariz e luto com uma resposta,


sem saber a armadilha em que estarei entrando. Foda-se. Eu
posso muito bem ser honesto. — Na faculdade de medicina,
fomos informados de que haveria aqueles casos que nos
testariam. Aqueles que nos tocariam tão profundamente que
pensaríamos neles anos depois. Não podemos deixar de lado até
sabermos o resultado. Ivy é minha, senhor. Se você tivesse visto
como ela estava machucada e quebrada quando entrou, como
ela segurou minha mão e não largou. — Como eu prometi a ela
que ninguém nunca iria machucá-la novamente quando ela
entrou em coma. — Não estou ligando para nada além de querer
saber se ela mostrou algum sinal de melhora.
— Você colocou nossas enfermeiras em uma situação
difícil, considerando que seu arquivo diz que você está
estritamente proibido de solicitar informações.

— Lamento por isso, mas não lamento por me preocupar


sobre com ela está.

Sua pausa longa parece uma faca contra minha garganta -


mordendo e oscilando à beira de acabar com tudo isso ou me
deixar viver.

— Você é apenas o médico neste caso, Sr. Henderson. Não


o juiz, o júri ou o executor, e é por isso que estamos onde
estamos hoje.

— Sim senhor.

— Tenho minhas próprias opiniões sobre o assunto.


Alguns pessoais que não posso expressar enquanto seu caso
está sendo analisado, mas talvez, com o tempo, eu as
compartilhe com você.

— Eu gostaria de ouvi-las, senhor.

— Com isso dito, o conselho se reuniu ontem, e


gostaríamos que você viesse esta manhã para discutir algumas
coisas, se isso lhe convier?

Foda-se.
Olho para minhas roupas estendidas, a mochila ao lado
delas e o relógio de novo, mas já sei a resposta antes de fazer a
pergunta. — A que horas?

— Podemos nos encontrar assim que você chegar aqui,


desde que seja antes do início dos turnos. Se você não estiver
disponível, podemos nos encontrar esta tarde. Não levará mais
de uma hora ou mais do seu tempo. Temos mais algumas
perguntas antes de tomarmos nossa decisão final.

Não tenho certeza se isso é bom ou ruim, mas, porra, se


não está um passo mais perto de me tirar deste limbo em que
estou sentado.

Eu faço um rápido cálculo mental de quanto tempo isso


vai levar e se ainda posso encontrar Blakely para dirigirmos
juntos como tínhamos planejado. Não importa, eu tenho que
entrar. — Estou indo.

Depois de encerrar a ligação, me dou um minuto para


enviar um apelo silencioso aos poderes constituídos para que eu
possa suportar o que quer que eles joguem em mim e,
finalmente, então entro em ação.

E então eu disco o número dela.

— Você está fugindo de mim, não é? — Ela provoca


quando ela responde. Sua voz rouca sedutora está fazendo mais
por mim esta manhã, agora que eu sei qual é o gosto de seu
beijo.

— Bom dia. — Eu rio e suspiro. — Você ainda está na


cama?

— Mm-hmm. — O som evoca imagens de suas pernas de


quilômetros de comprimento enroladas em seu edredom.
Pensamentos de outras coisas que elas poderiam envolver
enchem minha cabeça. — Não consegui dormir quando cheguei
em casa, então fiquei acordada até tarde e fiz as malas para a
viagem.

— Estou fazendo as malas agora.

— Você não está desistindo?

— Não, mas tenho uma pequena mudança de planos.

— Oh. — A preocupação passa por aquele som simples e


eu estremeço.

— Fui chamado ao trabalho para uma reunião rápida à


qual não posso dizer não. Tem a ver com um caso em que estou
trabalhando e... É complicado.

— Ok.

— Mas deve levar apenas cerca de uma hora, então por


que você não vai na frente, e eu estarei bem atrás de você. Eu
diria para você esperar por mim, mas se as coisas demorarem
um pouco mais e acabarmos pegando a estrada tarde, isso vai
dar a horrível Heather outro motivo para pegar no seu pé.

—Ok.

Dois ok’s seguidos de uma mulher nunca é bom.

— Eu sei que deveríamos repassar nossa história no


caminho para lá... mas acho que vamos ficar bem. E vamos nos
certificar de ficar sozinhos a noite e resolver tudo.

— Ok.

Agora são três.

— Nós ficaremos bem. Eu prometo a você que estarei lá.


Eu não desisti de ir com você. Se eu chegar um pouco atrasado,
diga a eles que estou ocupado salvando uma vida. Ninguém
nunca discute com essa desculpa. Confie em mim.

Ela ri, e se eu não estivesse tão preocupado em pensar no


que está para acontecer com o conselho, teria ficado duro. Não
há nada mais sexy do que uma voz matinal drogada pelo sono.

— Ok. Eu confio em você.

— Além disso, gosto de fazer grandes entradas.


Capítulo Doze

Blakely

Eu fico na brisa fresca da montanha e aprecio a vista.

Árvores sobre árvores sobre árvores.

Há um lago à minha direita, completo com água e um cais


com canoas e pranchas de remo amarradas.

Uma cabana de madeira com a placa — Bem-vindo ao Red


Mountain Lodge — acima de sua entrada está aninhada em
mais árvores e situada bem à minha frente. É grande para todos
os padrões, e com a luz refletida no lago e brilhando nas janelas
escuras, parece mais um resort sofisticado do que um
acampamento de verão.

Não é o acampamento da sexta série.

Graças a Deus por isso. Posso estar presa em algumas


montanhas infestadas de mosquitos, mas pelo menos, pelo que
posso ver, as acomodações são melhores do que eu esperava.

Eu olho para o estacionamento novamente, mas ninguém


mais parou.
Onde você está, Slade?

Ele disse que estaria aqui. Tenho certeza que ele está
vindo.

Mas não posso demorar mais.

Com uma respiração profunda, abro a porta do alojamento


e o cheiro de canela quente e a conversa animada de meus
colegas em algum lugar no caminho assalta meus sentidos
enquanto eu absorvo o charme rústico-ainda-moderno que
cobre cada centímetro da entrada principal.

— Você deve ser Blakely Foxx, — uma ruiva muito


animada diz enquanto ela salta seu corpo de fada para mim, a
prancheta agarrada ao peito. — Eu sou Sue. Bem-vinda ao Red
Mountain Ranch, estamos felizes em ter você e sua equipe.

— Oi. Obrigada. — Seu entusiasmo me assusta.

— Achei que estávamos esperando outra pessoa com você.

— Ele estará aqui em breve.

— Oh que bom. — Ela bate em sua prancheta enquanto


seu sorriso se estende impossivelmente mais largo. — Vamos
começar pelo começo. Aqui está a sua agenda durante a sua
estadia. — Ela entrega um envelope pardo com crachás de papel
preso na frente para Slade e eu e começa a andar, esperando
que eu a siga. — Vou mandar você colocar seus pertences aqui
na área do nosso alojamento, — ela diz, me levando a uma
enorme abertura à direita, onde as malas estão ao lado de
números atribuídos. Ela me fez colocar a minha ao lado do
número oito no chão.

Eu olho para a sala enorme e percebo os números em


todos os beliches que coincidem com os números no chão onde
a bagagem está. Ótimo. Mal posso esperar por beliches e
dormitórios coletivos.

— Por aqui, por favor. — Ela começa a caminhar em


direção às vozes na outra extremidade do complexo. — Faremos
todas as refeições na sala principal. — Ela aponta para uma
sala de jantar que está muito longe de um acampamento de
verão com seus grandes lustres, bar montado na outra
extremidade e garrafas de álcool expostas em um armário tipo
casa de fazenda industrial. — As atividades são planejadas
todos os dias, de acordo com a sua agenda. Como você é a
última convidada a chegar, vamos deixá-la relaxar com todos
por alguns minutos antes de apresentarmos nossa equipe ao
seu grupo. Depois que terminarmos o meet-and-greet3, daremos
a todos algum tempo para se acomodarem, e então nos
encontraremos para um churrasco e uma fogueira. Gostamos
de manter a primeira noite um pouco leve, mas vamos acordar
bem cedo amanhã, então esteja pronta para algumas atividades

3 Conhecer e cumprimentar
emocionantes. — Vamos em direção ao grupo e ela gesticula
para que eu entre.

Lá dentro, encontro uma parede de janelas de um lado,


uma mesa com cerveja, vinho e cupcakes do outro, e meus
colegas de trabalho circulando no centro. Há um punhado de
pessoas que não reconheço, então presumo que sejam outros
acompanhantes.

— Você conseguiu, — Heather diz quando ela me vê antes


que eu possa pegar uma bebida para me ajudar a lidar com ela.

— Sim, acabei de chegar. Este lugar é lindo.

— Estávamos esperando por você para começarmos. Não é


normal você se atrasar, mas às vezes somos forçados a fazer
exceções, não é?

— Oh droga. Meu relógio deve estar atrasado. — Eu olho


para ele. — Não. É na hora certa. Veja? Ele diz 2:55,
exatamente como o relógio na parede atrás de você. — Eu
aponto para o dito relógio, balanço minha cabeça enquanto ela
olha para ele, e forço o sorriso bajulador dos meus lábios antes
que ela se vire para me encarar.

Ela tem uma audiência neste momento. Estou curiosa


para saber como ela vai jogar isso.

— Bem. Talvez meu relógio está adiantado. — Seu sorriso


pode refletir diversão, mas seus olhos me dizem que ela está
chateada porque eu apenas a desafiei na frente do resto do
time.

Oh. Bem.

Dessa vez, fiz de propósito.

— Acontece. — Eu encolho os ombros como se não fosse


grande coisa.

— Eu entendi mal? — Ela pergunta, olhando por cima do


meu ombro. — Você não estava trazendo seu namorado com
você?

— Ele está a caminho. Ele foi chamado para trabalhar


como consultor em uma emergência, então dirigimos
separadamente.

— E o que exatamente ele faz para viver? — Seus olhos


voam para alguém atrás de mim, sem dúvida alguém da
empresa que secretamente a odeia, mas que segue junto para se
salvar de sua ira.

— Ele é um cirurgião cardíaco. — Meu sorriso é fechado e


rápido. — Salvar vidas é o que ele faz.

— Oh. — Sua cabeça se assusta de surpresa. — Isso é...


Isso é ótimo.

— Você está pronta para começar? — Sue pergunta da


porta, alheia à tensão que cresce na sala.
— Sim, é claro, — Heather diz enquanto se afasta e eu
aproveito a chance para fugir.

Meus colegas sorriem para mim em saudação enquanto eu


caminho até a mesa de refrescos e o copo de vinho chama meu
nome. O gosto está na minha língua quando Heather começa
seu discurso de abertura.

— Eu gostaria de dar as boas-vindas a todos vocês no Red


Mountain Retreat. Meus objetivos para nós são simples nos
próximos cinco dias. Já que todos nós viemos de diferentes
estilos de vida, juntamos experiência de diferentes empresas -
exceto por Blakely, nossa garota Glamour residente, eu gostaria
que usássemos esse tempo para nos tornarmos uma equipe.
Embora devamos comemorar nossas diferenças, quaisquer que
sejam, precisamos nos unir para sabermos que podemos confiar
uns nos outros e aprender a compartilhar nossas opiniões sem
medo de sermos abatidos. — Ela faz uma pausa e leva um
momento para encontrar cada um de nossos olhares, e eu juro
por Deus, o sorriso doce e enjoativo em seu rosto é o suficiente
para me fazer querer revirar os olhos.

Ela continua a falar monotonamente. Frase após frase,


enquanto observo suas roupas novas e botas de caminhadas
gastas que a fazem parecer uma caminhante ávida. Eu
apostaria dinheiro na ideia de que ela cortou as etiquetas delas
esta manhã antes de vir para cá e que eles estão sentados em
seu lixo em casa.
Aproveito o momento para olhar em volta para meus
colegas – os seis outros que estão aqui e seus acompanhantes.
Obviamente, trabalho com eles diariamente, mas são todos
novos o suficiente para não ter cem por cento de certeza sobre o
que fazer com eles ou saber o que eles pensam de mim.

Independentemente disso, eu me pergunto o que eles


pensam de Heather. O trabalho deles é apenas um cheque de
pagamento ou eles estão apenas ganhando tempo porque
acham que ela vai esgotar suas boas-vindas mais cedo ou mais
tarde e um novo chefe vai tomar seu lugar?

Estou inclinada a pensar no último.

Já trabalhei ao lado deles, com eles, e passei tarde da noite


no escritório preparando os argumentos de venda, mas ainda
não os conheço realmente. Enquanto ela fala, eu sorrio para
alguns deles quando seus olhos encontram os meus enquanto
outros a ouvem atentamente.

Onde você está, Slade?

— Para concluir, eu esperava que todos nós pudéssemos


nos reunir em sete casais, ter algumas aventuras juntos, criar
laços e depois sair daqui como uma grande família feliz. Pelo
menos nas noites em que peço que você trabalhe até tarde, seu
cônjuge ou namorado saberá com quem você está os traindo...
eu. — Sua risada é desagradável, mas eu dou crédito a ela por
tentar fazer isso. — Então, vamos fazer uma introdução rápida
para que todos se familiarizem.

Levamos os próximos minutos para percorrer a sala,


apresentando nossos namorados ou cônjuges - ou melhor, todo
mundo faz isso, menos eu, porque ainda estou esperando que
Slade apareça.

— Colocaremos crachás mais tarde para que possamos


saber os nomes dos acompanhantes um do outro, caso nos
esqueçamos deles, mas enquanto isso, — Heather olha para
Sue, que está de pé contra a parede oposta da sala grande. —
Sue vai dizer algumas coisas.

— Obrigada, Heather, — Sue diz, seu tom contagiante


enchendo a sala. — Estamos muito felizes por ter vocês aqui e
por ajudá-los a construir sua unidade familiar Glamour.
Gostaria de apresentá-lo à nossa equipe durante sua estadia
aqui. Os diretores de atividades, ou D.A.s para abreviar, estão
aqui para ajudar a facilitar as atividades que planejamos para
vocês esta semana. Austin aqui, — ela diz, apontando para um
homem parado no fundo da sala. Seu cabelo loiro cacheado sob
o boné da Red Mountain, e ele tem uma linha de bronzeamento
no nariz devido aos óculos de sol. Ele tem vinte e poucos anos e,
quando levanta a mão para acenar em saudação, seu bíceps se
tensiona contra o punho da camiseta. — É o mestre de todas as
coisas relacionadas à água.
— Bem, eu acredito que posso precisar de ajuda nesta
viagem, — uma voz à minha direita murmura em uma fala
exageradamente arrastada. Eu olho e encontro Maddie ao meu
lado.

Maddie com seu cabelo ruivo vibrante e maquiagem


espalhafatosa, suas roupas da moda e histórias chocantes, é a
única pessoa neste grupo que veio com Heather de sua empresa
anterior. Ela sempre acena com a cabeça e diz sim para tudo o
que Heather diz, a seguindo cegamente, e seu tempo de duração
com os homens é de menos de um mês. Ela os troca como se
fosse sua roupa íntima, então embora ela esteja aqui com
qualquer um dos homens que estão perto da mesa de bebidas
com ela, isso não significa que eles ainda estarão juntos quando
deixarem este retiro.

Ela não é exatamente a minha favorita, e várias coisas que


ela me ouviu dizer acabaram de alguma forma no ouvido de
Heather.

— E perto da porta está Leo. — Todos nós mudamos nossa


atenção para um homem igualmente atraente, com pele mais
escura e um sorriso que conquistaria qualquer pessoa.

— Bem-vindos. — Ele levanta a mão.

— Jesus. Está cada vez melhor, — murmura Maddie.


— Evan está por aí em algum lugar. Ele é nosso outro
ajudante aqui, — Sue continua enquanto eu me viro para
colocar minha taça de vinho vazia na mesa.

E no minuto em que minhas costas estão viradas, Maddie


murmura: — Não. Ele é quem eu quero. Com certeza.

Calma, garota. Fale sobre uma coisa desagradável para


dizer quando seu namorado estiver perto de você.

Mas, é claro, eu me viro para ver como é esse Evan e então


congelo porque a pessoa que caminha pela sala não é alguém
chamado Evan.

É Slade.

E estamos falando de Slade parecendo absolutamente


irresistível em seus jeans azul escuro e camiseta preta lisa.

Mas não é apenas o que ele está vestindo que faz meu
pulso disparar e meus dentes afundando no meu lábio inferior
para reprimir meu sorriso, é a atitude que ele tem. A absoluta
confiança e indiferença sobre entrar na sala e ter todos o
observando.

É uma facilidade que eu mataria para ter, mas amo que ele
tenha.
É o seu sorriso genuíno e feliz que me dirige. Aquele que
diz que sou todo o seu mundo e que ele esperou o dia todo para
me ver.

São os olhos dele, que hoje são mais cinzentos do que


azuis, que estão fixos em mim e brilham com a piada particular
que só nós dois conhecemos.

E, mais uma vez, esqueço por um breve momento que tudo


isso é fingimento e que a expressão em seu rosto é apenas para
se exibir.

— Desculpe pelo atraso, — Slade diz para a sala, sem


especificar ninguém em particular.

— Sem sombra de dúvida. Cem por cento fodível, —


Maddie murmura assim que Slade me alcança.

— Pura verdade, — eu digo, olhando para ela antes de


voltar para Slade, — Eu deveria saber.

— Ei, você - diz Slade, suas covinhas piscando enquanto


ele dá um passo à frente e dá um beijo casto em meus lábios
antes de se virar para o grupo. Eu pego Maddie tentando não
engasgar com seu vinho quando ele o faz. — Oi. Acho que perdi
as apresentações, hein? — Ele passa a mão pelo cabelo e a
expressão tímida que ele faz é adorável. — Sou Slade
Henderson. — Ele entrelaça seus dedos com os meus para fazer
uma declaração de porque ele está aqui, como se o beijo em
meus lábios não fosse suficiente. — Mais uma vez, minhas
desculpas pelo atraso.

É mesquinho, mas a expressão no rosto de Heather não


tem preço – lábios formados em forma de O, olhos piscando,
surpresa gravada em cada linha de sua expressão. Ela está em
completo choque que este espetáculo está comigo.

Me sinto superficial pela primeira vez desde que me


lembro, e não me importo.

— Não se preocupe. — Seu sorriso é largo, seus olhos


percorrendo a sala. — Bem-vindo.
Capítulo Treze

Slade

— Ótimo momento para aparecer, hein? — Eu sussurro no


ouvido de Blakely.

— Incrível, — ela murmura, seu corpo fica tenso


momentaneamente quando eu coloco minha mão em suas
costas para guiá-la para o pequeno grupo de pessoas do outro
lado da sala.

Estamos fazendo uma espécie de coquetel pseudo informal


onde todos basicamente já se conhecem, mas onde ninguém
parece estar à vontade.

Estranho pra caralho.

— Desculpe de novo.

Ela para e olha para mim, uma preocupação que não


espero em seus olhos. — Correu tudo bem?

Os pensamentos se acumulam na minha cabeça. Os


nervos de sentar diante do conselho de revisão. As respostas
que tive de recitar - as desculpas e as garantias de como isso
nunca mais acontecerá, que aprendi minha lição, que meu
trabalho é curar em vez de ser o juiz e o júri - quando eles
sabem muito bem que a única coisa que eu sentia muito foi por
não ter sido capaz de proteger Ivy antes. Eu tive que colocar um
freio no meu sarcasmo e nas perguntas que eu queria
confrontá-los.

Eu deveria deixá-lo ficar sozinho com ela, a única


testemunha do crime que eu sei perfeitamente que ele cometeu?
O única que poderia acordar e apontar o dedo para ele? Porque
isso não estaria prejudicando meu paciente também? Isso não
seria estar falhando com ela?

Me sentei lá e assenti como um bom menino que aprendeu


a lição quando tudo que eu conseguia pensar era na pequena
Ivy cinco andares acima de mim e em como ela precisava
acordar.

Tive de mostrar que estava usando minha suspensão com


sabedoria, entregando os trechos do diário que havia escrito no
meu tempo livre. Eles deveriam ajudar a provar que eu ainda
estava comprometido em ser um melhor médico que já fui.

Eu imagino seus rostos estoicos e vozes sem emoção


enquanto me contavam que sabiam tudo o que precisavam
saber. Que lamentavam que a ligação me desse a impressão de
que eles chegaram a uma conclusão sobre quando minha
suspensão terminaria, mas que ficariam paralisados até que Ivy
pudesse prestar depoimento à polícia.

Então, em vez de ver a luz no fim do túnel, passei as três


horas dirigindo até aqui repetindo toda a reunião na minha
cabeça, ainda no limbo se serei retirado do programa de
medicina quando tudo estiver dito e feito.

Isso abre espaço para muito barulho na minha cabeça.


Como meu futuro depende em que uma criança abusada de
cinco anos pode ou não dizer quando acordar.

Porque ela tem que acordar.

Mas estou nas montanhas, então é isso. Um ótimo lugar


para acalmar um pouco daquele barulho. Também estou com
ela - a mulher cujos olhos verdes olham nos meus e imploram
para que eu responda.

— Correu tudo bem. — Não querendo que ela olhasse


muito de perto, eu me inclino e coloco minha boca em seu
ouvido. — Você está aguentando bem? Nenhuma traição
aconteceu antes de eu chegar aqui?

Seu sorriso é rápido e ilumina seus olhos com uma


confiança recém-descoberta que fica bem nela. — Nah. Ainda é
cedo. Mas sua entrada funcionou perfeitamente. — Ela ri. — E
este grupo não precisa esperar que você vire as costas, eles vão
te esfaquear enquanto você olha nos olhos deles.
Eu olho ao redor e rio. — Não comigo, eles não vão. — Com
uma piscadela, pego sua mão e a levo até horrível Heather para
que eu possa me apresentar como o namorado apaixonado.

Isto vai ser divertido.

— Eu a terei conquistada para o seu lado em algum


momento, — digo a Blakely enquanto nos inclinamos para trás
nas espreguiçadeiras no pátio externo do chalé.

— Shh — diz Blakely enquanto olha ao redor em pânico,


como se eu tivesse esquecido o objetivo aqui.

— O que? — Eu digo. — É a verdade.

— Nem mesmo você é tão bom.

— Quer apostar? — Eu me estendo, pego a mão dela e


levanto minha mão livre em um aceno para o casal – Muita
exibição de afeto entre Olivia e seu brinquedo de menino do
momento, Harley Hal – do outro lado do pátio. Ela já me disse
que ele é uma coisa temporária e deixou um convite de um
quilômetro e meio para eu entrar.
— Oh, por favor. — Ela ri, e é um som tão bom tecido no
farfalhar das árvores e o chilrear dos pássaros. — Mas não vou
reclamar se você o fizer.

— Aposto que até o final da viagem...

— Slade — Blakely avisa novamente para eu baixar a voz.

Eu deslizo para a beirada da minha cadeira e me inclino


para ela para que meus lábios estejam em seu ouvido. Eu amo a
pequena dificuldade em sua respiração que ela faz quando
minha mão repousa em sua coxa. — Não se preocupe. Eu sei
porque estamos aqui. E eu aposto com você que, no final da
viagem, Heather será sua nova melhor amiga.

— Eu não iria tão longe, — ela diz enquanto se inclina


para trás e encontra meus olhos.

Seus lábios estão bem ali. Tão fodidamente perto que é


doloroso não prová-los novamente.

— Você duvida das minhas habilidades?

Nossos olhares se fixam e seus olhos escurecem enquanto


sua mente vai para o mesmo lugar que a minha vai com o meu
duplo sentido. Mas o perfume dela está enchendo meu nariz, e o
perfume sutil do sol e das flores me provoca para beijá-la. Eu
culparia o show, mas seria uma desculpa apenas para mim.

— Oh, então agora você gosta de listas e apostas?


Ela está me provocando e eu mostro um sorriso. — Gosto
de tudo que tem um prêmio esperando no final.

— Você gosta agora?

Assentindo, eu olho para baixo para sua língua, que


apenas saiu para molhar seu lábio inferior, e digo: — Eu gosto.
— Eu me movo, então estou sentado no assento de sua cadeira
de frente para ela, meus quadris batendo contra os dela, e
coloco a mão do outro lado de suas pernas.

— E que prêmio estaremos esperando aqui? — Sua voz é


baixa, rouca, sexy. É uma sedução por si só.

— Que tal quem ganhar... — deixo um sorriso lento


rastejar em meus lábios — terá uma noite de sua escolha
quando tudo isso estiver acabado?

— Uma noite de sua escolha?

— Sim. — Estendo a mão e coloco uma mecha de cabelo


atrás da orelha, deixando meus dedos demorarem. — Quem
perde tem que dar ao vencedor uma noite de sua escolha.

— Isso é justo. — Ela olha para onde outro de seus colegas


de trabalho se aventurou no pátio para ter esta vista incrível. —
Como exatamente nós mediríamos isso?

— Em satisfação.
Eu amo o flash de seus olhos para encontrar os meus e o
rápido sobressalto de sua cabeça. A maneira como posso afetá-
la é uma sensação inebriante.

— Isso é uma coisa bastante difícil de medir, você não


acha? — Ela murmura.

— Às vezes, mas outras vezes, a satisfação é clara como o


dia. — Eu rio. — Vou deixar você decidir isso. Como você mede
satisfação?

— Eu consigo uma promoção.

— Uma promoção? E como conseguir uma promoção é


uma medida de satisfação? — Eu rio e aperto sua coxa. —
Estou começando a achar que você está tentando fazer essa
aposta aqui, me dando algo para tentar alcançar que não pode
ser quantificado ou medido.

— Conseguir uma promoção me daria a satisfação de


atingir a única meta pela qual trabalhei durante anos – o cargo
de vice-presidente de marketing. Se eu conseguir o emprego, a
satisfação final é alcançada.

— Você está basicamente torcendo o parâmetro que eu


defini de satisfação para atender às suas necessidades.

— Eu sou uma garota que vai fazer o que for preciso para
conseguir o que quer, — ela diz, e o pequeno encolher de
ombros e o sorriso brincalhão que ela me mostra são uma
combinação mortal para minha contenção. Ela é irresistível. —
E eu quero a vaga de vice-presidente de marketing. Tudo que eu
preciso é que Heather...

— Você quer dizer a horrível Heather

— Shh. — Ela estende a mão e coloca a mão na minha


boca enquanto eu rio, chamando a atenção para nós.

— Desculpe. Tenho que ter o melhor comportamento aqui,


— eu digo na minha voz mais nerd enquanto agarro sua mão,
todos os pensamentos sobre Heather desaparecem agora que
nossos dedos estão ligados.

— Então, é uma aposta? — Há uma diversão sedutora em


seus olhos que é impossível de ignorar.

— Ainda acho que você está me colocando em


desvantagem desde o início com esse parâmetro incomensurável
que você definiu.

— Você tem medo de não conseguir me satisfazer? — Ela


passa um dedo pelo topo da minha coxa. — Eu pensei que você
nunca desistisse de uma aposta, Slade.

Ela precisa parar de sorrir porque isso só me faz querer


beijá-la.

De novo.

E então alguns mais.


— Eu não. — Eu me inclino mais perto e baixo minha voz.
— Há muitas coisas que não posso controlar, e você conseguir
essa posição é uma delas.

Ela torce o dedo em torno de uma mecha de cabelo


enquanto bate os cílios. — Você não tem fé em mim, Slade?

O meu nome. Os lábios dela. Jesus.

— Muita fé.

— Então, qual é o problema?

— Não há nenhum. — Eu inclino minha cabeça enquanto


olho para ela. — Aposta feita. Você vai conseguir essa
promoção. Vou me certificar de que você esteja satisfeita.

E não me importa o quão subjetiva seja sua satisfação.


Risque isso. Eu me importo. Especialmente quando minha
capacidade de satisfazê-la está sendo julgada. A parte mais
importante é que acabei de prolongar este fim de semana por
pelo menos mais uma noite com ela.

Não tenho certeza por que isso parece tão importante,


antes mesmo de começarmos esse final de semana... mas esta
mulher.

Há simplesmente algo sobre ela.


Capítulo Quatorze

Blakely

Satisfação.

Que homem mede as coisas em satisfação?

Aqueles que obviamente sabem como satisfazer.

Por que isso domina meus pensamentos enquanto Slade e


eu caminhamos em direção a nossa cabana não sei.

Isso é uma mentira. Eu sei por que ele se repete na minha


cabeça. Eu sei por que meu corpo reagiu visceralmente ao
pensamento.

Porque tudo que eu conseguia pensar quando ele estava


sentado na espreguiçadeira comigo era sobre o nosso beijo na
noite passada.

Noite passada? Parece uma eternidade.

E estamos indo para uma cabana. Sim, eu disse isso. Uma


cabana. Onde estaremos sozinhos.

À noite.
O homem que desejo. O homem que eu quero que me
beije. O homem que apenas entrelaçou seus dedos nos meus
como se fosse a coisa mais natural do mundo a se fazer.

Isso tudo se conecta em meu cérebro super pensativo.

Havia conforto na ideia de uma cabana comunitária com


beliches. Claro, teria sido uma dor no traseiro estar com todos
sem parar, mas também teria me permitido traçar uma linha
entre Slade e eu.

E agora não há segurança. Há apenas Slade e eu e nada


além de muito desejo vibrante em um espaço muito pequeno.

— Você está terrivelmente quieta, — diz Slade.

— Apenas curtindo a paisagem.

Sua risada ressoa através do silêncio. — Você quer dizer o


cenário nas montanhas que você despreza?

Eu ri. Pega na minha mentira. — Não estou muito


entusiasmada com esta agenda, — digo, estendendo o jornal e
sacudindo a cabeça. — Uma pista de obstáculos. Aulas de
yoga... quero dizer, não estou vendo em lugar nenhum como
isso é caminho para unir uma equipe.

— Um concurso de pesca. Capturar bandeiras. Corridas de


canoa. Corridas de revezamento. Esconde-esconde. — Ele
levanta as sobrancelhas para os jogos da escola primária. —
Parece que sua chefe perdeu o acampamento infantil e está
tentando recuperar o tempo perdido.

— Estava esperando um curso de confiança e tirolesa ou


algo assim. Você sabe, coisas que nos obrigam a aprender a
confiar uns nos outros. Isso definitivamente não era o que eu
esperava.

— Diz a garota da cidade.

Eu encolho os ombros e dou-lhe um sorriso tímido


enquanto subimos os degraus até a pequena varanda coberta
da cabana. Em segundos, sua chave está na porta e ele a abre.

— Bem, isso vai ser interessante, — ele murmura


enquanto sai do caminho para que eu entre antes dele.

Entro na cabana e tenho que parar o pânico que começa a


se espalhar dentro de mim. Tudo é novo, bonito e limpo, mas o
interior tem, na melhor das hipóteses, 3,6 por 3,6 metros. Há
uma cama grande ou talvez uma cama queen-size no centro do
quarto, e nossas malas estão no chão ao lado dela. Há cerca de
um metro de cada lado da cama, e há o que parece ser uma
espécie de trocador de bebê sob as janelas para colocarmos
nossa bagagem. Do outro lado da cama há uma porta, que
presumo levar a um banheiro.

Estou quase com medo de olhar.


— Não é muito espaço, — Slade diz enquanto pula na
cama e coloca as mãos atrás da cabeça. — Mas pelo menos a
cama é confortável.

E parece extremamente confortável. Ele também parece


extremamente pequeno com seu corpo ocupando o espaço.
Espaço que ele e eu teremos que dividir enquanto dormimos.

Memórias de seu beijo se misturam com a certeza de que


estaremos lado a lado... tocando, e eu sei que não vou dormir.

O sorriso arrogante curvando o canto de seus lábios me dá


a sensação de que ele está pensando a mesma coisa.

Eu passo por cima de nossas malas para conseguir um


pouco de espaço entre nós e para investigar o banheiro. Há uma
pia, um balcão e um espelho e... É isso aí.

— Você está bem? — Slade pergunta de seu lugar na


cama.

— Umm... — Isso não é engraçado. — Não há banheiro ou


chuveiro. — Nem remotamente engraçado.

— Ok.

— Como você pode soar tão desinteressado sobre não


haver banheiro ou chuveiro? — Eu começo a pirar. Quer dizer,
estou lidando com essa merda da natureza muito bem até agora
– externamente, pelo menos – mas isso? Isso não é bom.
Ele ri. — Eu acho que eu esperava por isso, — diz ele como
se estivesse testando as águas. — A maioria dos locais de
acampamento tem chuveiro e banheiro coletivos. O único ponto
positivo é que Sue disse que não há mais ninguém perto de
nossas instalações, então, provavelmente, teremos o nosso
apenas para nós mesmos.

— Ótimo. Isso vai me fazer muito bem quando eu tiver que


fazer xixi às três da manhã e um urso vier vagando por aí.

— Não há ursos aqui.

— Então por que há placas em todos os lugares nos


dizendo para colocar nosso lixo naquelas latas de metal para
não atrair os ursos? Ursos, Slade. Ursos.

— Eles não vêm nessas redondezas. É apenas uma


precaução. — Ele levanta a cabeça e me estuda. — Você está
realmente assustada com isso, não é?

— Não. Sim. É estúpido.

— Eu protegerei você.

— Contra um urso de um bilhão de kilos?

— Você não tem fé em mim? — Ele pergunta, aquele


sorriso brincalhão em seus lábios quando ele dá um tapinha na
cama ao lado dele. — O lado positivo é que você sabe que
poderei remendar você depois que o urso acabar com você.
— E agora você é um comediante.

— Pelo menos você sabe que tenho humor para ajudá-la a


superar a dor, — diz ele enquanto eu olho para ele. — Vamos.
Esqueça os ursos e venha traçar nossa história comigo.

Enlouquecendo com ursos ou falando com Slade sobre


nós, mesmo que seja um falso nós?

Eu sei qual vou pegar em qualquer dia da semana.

Dou um único passo e a parte da frente das minhas coxas


bate na lateral da cama enquanto olho para ele. A camisa preta
contra sua pele bronzeada e os bíceps em plena exibição com os
braços cruzados sob a cabeça. Suas coxas musculosas
flexionando sob o jeans enquanto ele descruza e recruza os
tornozelos. Aqueles olhos, curiosos e sedutores ao mesmo
tempo.

Ele estende a mão e conecta seu dedo mínimo ao meu. —


Você está bem?

— Mm-hmm. — Eu sorrio. — Desculpe pelo pequeno


ataque de pânico. — Então eu suspiro. — Então, qual será o
melhor curso de ação? Quero dizer, como vamos explicar...

Eu corto minhas próprias palavras com um grito alto


enquanto ele me puxa para baixo na cama ao lado dele e
começa a me fazer cócegas.
— Pare! Pare! — Eu luto de brincadeira até que estou de
costas na cama e ele está me fazendo cócegas de cima de mim.
Depois de alguns momentos, ele me deixa prender suas mãos
contra meu corpo.

Nossa respiração é difícil, mas há uma quietude que grita


se um de nós fizer o próximo movimento, o outro estará
totalmente dentro.

Espero o próximo segundo passar, espero que ele se


incline e me beije. Há alguns segundos em que eu juro que o
tempo para antes de sua respiração desacelerar um pouco e
seus lábios se transformarem em um sorriso. — Você precisa
parar de se preocupar, Blakely. É simples. Vamos manter as
coisas simples. — Eu solto suas mãos, mas ele as mantém onde
estão com uma mão no meu abdômen e a outra na minha mão.
— Nós nos conhecemos em um bar. Houve química
instantânea, mas você saiu, com medo do quão forte sua
atração era por mim.

— É assim mesmo?

Seu sorriso se alarga. — É isso mesmo. E porque o destino


é a vadia engraçada que estava determinada a nos juntar,
apenas alguns dias depois nos reencontramos na rua.

— Muito criativo.

— E o resto é história.
— Mas não é. — Eu rio e descanso minha cabeça para trás
e olho para o teto. O branco mundano disso me deixa muito
menos nervosa do que o rosto de Slade bem na minha frente
enquanto sua mão aquece minha pele sob seu toque. — Há
quanto tempo estamos juntos?

— Dissemos ao seu ex cinco meses, então vamos continuar


com isso. — Ele apoia a cabeça na mão e se acomoda ao meu
lado, sem tirar a outra mão da minha barriga. — Você não deve
a eles nenhuma explicação ou detalhe. E, tecnicamente, não
estamos mentindo. Quanto mais mentiras você contar, mais
tropeçará e então seremos descobertos... quanto menos
detalhes, melhor.

— Por que você tem que ser tão lógico?

Ainda estou olhando para o teto, mas posso sentir o peso


de seu olhar sobre mim, e isso está me deixando constrangida.

— Lamento que não tenha um balanço na varanda?

— O que? — Eu pergunto e me viro para olhar para ele.

— A cabine. Não tem balanço na varanda. Você disse que


só consideraria as montanhas com um balanço na varanda e
vinho. — Ele dá um tapinha no meu quadril. — Tenho certeza
de que posso consertar o problema do vinho, mas a parte do
balanço pode ser um pouco difícil.

— Você é bom demais para ser verdade.


E aí está. O pensamento que estive pensando o tempo todo
de repente está fora da minha boca, e me sinto uma idiota por
dizê-lo porque não posso voltar atrás.

No perfeito estilo Slade, ele me dá um sorriso infantil antes


de cair de costas. — Não me odeie por dizer isso, mas ela não
era tão ruim quanto eu pensei que seria.

— Quem? Horrível Heather?

— Mm-hmm. Acho que esperava um dragão cuspidor de


fogo que fala como uma garota do campo e cospe unhas roídas,
mas ela era aparentemente legal — diz ele.

— Claro, ela foi legal com o jovem e quente cirurgião


cardíaco que entrou na sala com um atrevimento que a maioria
mataria por ter um pouco.

— Atrevimento? — Ele começa a rir.

— Se eu estivesse no seu lugar - interromper o discurso de


abertura e entrar como você fez - ela teria me tratado como se
eu fosse uma ameaça.

— É a boa aparência, — ele acrescenta com uma


piscadela. Meu gemido sarcástico o fez rir. — Estou confuso.
Por que você é uma ameaça se quer uma posição diferente?

— É uma explicação longa e chata.


— Não é por isso que estamos aqui? Preciso entender
melhor o que estou tentando resolver. — Ele me cutuca com o
cotovelo. — Então, comece a falar, querida.

— Na Glamour, eles têm um vice-presidente de vendas e


um vice-presidente de marketing. Eles devem ter
responsabilidades igualmente ponderadas para impulsionar o
sucesso dos produtos. Eles compartilham o sucesso, as falhas e
os bônus.

— Em vez de ter uma empresa de marketing externa?

— Exatamente. É ótimo no sentido de que temos todo esse


lado do nosso negócio trabalhando juntos, mas é ruim quando
as duas posições de liderança estão em conflito.

— E ela é a vice-presidente de vendas? Quem é o atual VP


de marketing e eles não deveriam estar aqui no retiro?

— Debbie, a atual VP, está se aposentando por motivos de


saúde. Ela é uma grande senhora, mas ela não esteve muito
presente. Todos nós sabíamos que ela estava insinuando se
aposentar antes de ficar doente, mas ela acaba de anunciar que
se retirará oficialmente assim que o conselho tiver um
candidato para ocupar seu cargo.

— Você, naturalmente.

— Podemos ter esperança.


— Por que ela tem essa tensão sobre você?

— Porque ela não está tão qualificada para ocupar o cargo


de vice-presidente de vendas como pretendia.

— Então isso não faria com que ter alguém como você com
tanta história e experiência na Glamour fosse a melhor escolha
para ser seu companheiro?

— Você pensaria isso, mas é aqui que entra o jogo vamos-


adivinhar o que Heather-está-pensando. — Eu suspiro. — Pode
ser que ela de alguma forma descobriu que me ofereceram seu
cargo antes dela e eu recusei.

— Foi oferecido a você a posição dela? — Ele pergunta


levantando as sobrancelhas. — Por que você recusaria?

— Porque as vendas face a face não são minha praia.


Gosto do processo de estudar um grupo demográfico, de
embalar um produto para atraí-los e de fazer com que vejam ou
ouçam nossa publicidade e sintam que estou falando com eles
especificamente. Vendas parecem muito agressivas para mim.

— Eu posso entender isso.

— Quando você não sabe o que está fazendo, a última


coisa que você quer é alguém que saiba ver quando você estraga
tudo. Eu notei que ela cometeu erros e mostrei alguns deles. No
momento, sou 'menos do que' ela aos olhos da empresa – é o
peso da sua influência – e é assim que ela quer, porque então é
a palavra dela contra a minha quando ela estragar tudo.

— Daí a razão de porque você é uma ameaça. — Ele faz


uma pausa. — Ela é competente? Quero dizer, quando você
conseguir o trabalho, como você vai lidar com ser igual a ela?

— Ela poderia ser competente se colocasse o trabalho, mas


acho que ela gosta mais do título brilhante e do salário pesado
do que do trabalho em si. Ela não vai durar muito e, se durar,
terá que fazer sua curva de aprendizado muito intensa. — Eu
ajusto o travesseiro sob minha cabeça. — Pelo que ouvi, ela está
tentando convencer o conselho de curadores da Glamour a
contratar o vice-presidente de marketing – ahn, seu melhor
amigo – da empresa de onde veio para o cargo. Então, sua
agressividade constante é uma tentativa de me fazer ficar mal.

— Faz sentido. Traga o melhor amigo para que ela tenha


uma pessoa infalível para protegê-la e cobrir sua bunda quando
ela bagunçar as coisas.

— Sim, mas ela está esquecendo que o conselho me


conhece e conhece meu histórico, o que significa que terei um
pouco de vantagem, pela minha reputação. Não terei que provar
meu valor, pois já passei anos fazendo isso.

— E ela teme que você exponha suas inadequações.


Eu levanto minhas mãos. — É tudo um palpite, mas do
jeito que ela está tentando me empurrar para fora, eu acho que
é muito educado.

— Então, matamos todo mundo com gentileza e você


vence, o que significa que eu também ganho. Fácil.

É a minha vez de me apoiar no cotovelo e olhar para ele. —


Por que você tem que ser tão racional? Ugh.

— Ah, mas racional te leva a muitos lugares. Quer dizer,


tudo o que precisamos fazer é convencer o resto de seus colegas
de trabalho de que você é muito valiosa. Isso vai virar a maré e
fazer as pessoas falarem positivamente sobre você. Então tudo o
que temos que fazer é de alguma forma fazer Heather ver que
você não é uma ameaça para ela de forma alguma.

— Você faz isso parecer fácil.

— Não me entenda mal, eu sei que as mulheres são cruéis.


Eu vi isso na escola de medicina e na minha residência. As
mulheres não se importam se você não está tentando assumir a
posição delas. Eles se importam se você é uma ameaça em
geral. Toda a filosofia que as garotas postam nas redes sociais
sobre consertar as coroas umas das outras é tudo mentira. Elas
vão fazer em público, desde que possam falar merda sobre você
em particular.
Eu rio, mas é indiferente quando balanço minha cabeça. —
Eu concordo. Cem por cento.

— Ok, precisamos fazer com que ela não se sinta


ameaçada. Você a ajuda a salvar a cara com o grupo lá fora, e
você vai se sair bem.

— É mais fácil falar do que fazer, considerando que ela


respira fogo em mim toda vez que eu falo.

— Bem, está na lista de tarefas do Slade então será feito.


— Ele olha para mim e eu tenho que lutar para não estender a
mão e tirar o cabelo de sua testa.

— Sim, vai.

— Nós só precisamos descobrir quem será seu parceiro.


Será Maddie materialista, que já me disse quanto ela gastou na
Nordstrom para completar seu guarda-roupa de montanha, ou
a livro aberto da Olivia, que já me disse como planeja fazer amor
irresponsável por Harley Hal floresta.

Eu zombo. Isso soa exatamente como aqueles dois diriam


a ele.

— Ainda não terminei, — ele diz e levanta a mão para me


impedir de falar. — Então há Buff Becky, que está chateada por
perder seu desafio CrossFit porque está aqui. A ironia é que ela
está muito bem de saúde, mas está morando com o Stoned
Steven.
— Como diabos você conseguiu toda essa informação com
um pequeno encontro na apresentação?

— Eu aprendo rápido. Além disso, normalmente não tenho


mais do que alguns segundos para avaliar as pessoas antes de
tratá-las, especialmente se estou de plantão no pronto-socorro.
Aprendi a ser um bom juiz de caráter. Se eu não confiasse em
meus instintos, não teria exatamente me oferecido para passar
uma semana com você aqui agora, não é?

— Obrigada. Novamente. Eu...

Sua expressão se suaviza, e na luz do dia que se


desvanece, este quarto, esta cama, de repente parece mais
íntimo do que eu esperava. A brincadeira ainda está lá, mas as
sombras e o silêncio me fazem pensar no final desta noite,
quando estarei aqui sozinha com ele.

— Devemos nos preparar para o que vem a seguir na


agenda, — digo antes de rolar para fora da cama para encontrar
o envelope que foi entregue a mim quando cheguei. — Tenho
medo de ver o que está acontecendo aqui. Você se lembra?

Eu olho por cima do ombro e o pego olhando minha


bunda.

Isso nunca é uma coisa ruim.


Espero seus olhos encontrarem os meus, e não há
absolutamente nenhuma vergonha em ser pego olhando para
mim.

— Churrasco e fogueira, certo? — Ele pergunta enquanto


se levanta.

— De acordo com a agenda, você está correto, conselheiro


do acampamento Henderson.

— Muito fofo, — ele diz enquanto puxa a camiseta pela


cabeça daquele jeito que os caras fazem com uma mão,
agarrando-a pela nuca.

Meu primeiro pensamento é que Paul nunca fez isso.

Meu segundo? Paul também nunca foi assim.

Tento não encarar, mas como posso não olhar quando ele
tem a pele bronzeada, bíceps tonificados, músculos tensos em
todos os lugares e até mesmo aquelas marcas gloriosas no
quadril logo acima da cintura da calça. Isso me faz pensar
quantas horas por dia ele tem que trabalhar para conseguí-los.
Para conseguir isso.

— Você está bem? — Slade pergunta.

— O que? Hã? — Eu levanto minha cabeça para pegar a


diversão em seus olhos.
— Com esta noite? Você está bem? — Ele pergunta, seu
sorriso aumentando enquanto tento olhar para qualquer lugar,
menos para seu corpo.

Calcinha rendada, Blakely. Você não é a calcinha da vovó.


Você é um shortinho rendado.

Respirando fundo, encontro minha coragem e levo meu


tempo olhando Slade de cima a baixo.

— Sim. Eu estou bem.


Capítulo Quinze

Blakely

Duas fogueiras em duas noites onde eu pude assistir as


chamas refletir o rosto de Slade e dançando contra as mechas
do seu cabelo. Ontem à noite ele estava descontraído e relaxado
– sorrisos suaves e brisa do mar com seus amigos do hospital
na praia. Esta noite, no entanto, ele está desempenhando o
papel de namorado perfeito com movimentos muito mais
calculados.

Duas fogueiras em duas noites com este homem. Eu diria


que a vida não é tão ruim agora.

Slade joga a cabeça para trás e ri, atraindo os olhos de


todos para onde ele está falando com Harley Hal sobre sabe-se
lá o quê. Ele tem uma garrafa de cerveja em uma das mãos,
está gesticulando com a outra e tem um sorriso genuíno nos
lábios.

— Bem, vocês dois não formam um casal interessante? —


Heather diz e me assusta.

— Como assim? — Onde você está indo com isso?


— Foi apenas uma observação. — Ela me dá um sorriso de
boca fechada em vez de expor.

— Daniel parece... legal, — eu digo e olho para trás em


direção ao fogo. — Só uma observação, no entanto.

Na minha visão periférica, pego Gemma congelando sobre


minha sutil reclamação sobre o namorado de Heather e sua
completa falta de interesse em estar aqui. O pobre rapaz parece
que está sendo conduzindo por uma coleira.

Talvez Gemma também percebeu.

— Estou bastante surpresa que você decidiu aparecer, —


Heather tenta novamente dar um soco, mas eu apenas sorrio e
aceno quando Slade me olha de longe onde, é claro, ele está
encantando todo mundo.

E há algo sobre a facilidade que ele tem, a capacidade de


me fazer sentir como se tivéssemos feito isso antes, que me faz
pensar que realmente podemos fazer isso.

Heather limpa a garganta, certamente irritada por eu está


mais interessada pelo meu homem do que por ela.

— Eu sinto muito. Você estava dizendo? — Eu pergunto e


volto minha atenção para ela.

— Como vocês dois se conheceram?


— Nós nos conhecemos no The Bitter End bar. — Seus
olhos se arregalam.

Sim, sou legal como você e vou lá.

— Ele realmente te pegou em um bar?

Meu sorriso se torna sarcástico e tão mordaz quanto o


julgamento em seu tom.

— Nós conversamos. Nós nos demos bem. Saí sem dar


meu número a ele. Do nada, por acaso nos encontramos na
semana seguinte e acabamos saindo para jantar.

— Jantar? Foi só isso?

— Slade tem um jeito único — murmuro como se as


palavras fossem um zumbido de apreciação quando me levanto
da minha cadeira. — Ele não é uma pessoa fácil de dizer não.

E sem outra palavra, ofereço a ela um sorriso apaziguador


e uma piscadela antes de me mover pela área externa em
direção a Slade.

Eu deixei as outras mulheres brincarem com ele por tempo


suficiente.

Ele é meu, e qualquer mulher legitimamente nesse papel


iria e faria sua presença conhecida.
— Ei, você — diz ele e estende o braço para me puxar
contra ele e pressiona um beijo na minha têmpora. — Gemma
aqui — ele gesticula com sua cerveja em direção ao meu colega
— estava apenas me contando como ela conheceu seu
namorado, Ted. — Ele aponta através do fogo para onde Ted
está. Ele tem mais de um metro e oitenta de altura, ombros
largos e mãos enormes, mas não houve uma única vez em que
ele tenha desligado o telefone desde que chegou.

— Mal posso esperar para conhecê-lo, — digo com


sinceridade.

— Bem, — diz ela e solta um suspiro, — talvez se eu jogar


o telefone dele no lago, ele vai interagir de verdade. — Ela dá
um sorriso misturado com constrangimento. — Isso não é algo
que ele ache divertido ou interessante suficiente.

— Vamos fazer com que ele desligue, — diz Slade. —


Podemos ter uma aventura de caras quando vocês, senhoras,
estão em uma reunião. Um pouco de vínculo fará com que ele
aproveite mais o momento.

— Obrigada. De verdade. — O alívio inunda sua expressão


enquanto ela olha para Heather e depois para trás. — Eu
idolatro Heather e quero que ela goste dele.

— Tudo vai ficar bem, — diz Slade, apertando meu lado em


vez de revirar os olhos.
— Ela com certeza ficou surpresa em ver você, — diz ela e
bate no braço dele como se eu não estivesse ali.

— Blakely gosta de me manter só para ela, e estou


totalmente bem com isso.

Ele pressiona um beijo rápido em meus lábios antes que


sua conversa vá para infraestrutura de dados ou algo que faça
meus olhos vidrarem, e Gemma lentamente começa a se
apaixonar por ele. Sua risada fica um pouco mais leve, e a
cabeça de Ted levanta para olhar em nossa direção uma ou
duas vezes quando a ouve.

É uma bela noite com um vento frio no ar e estrelas


pontuando o céu acima dos pinheiros ao nosso redor. Me recuso
a pensar nos mosquitos esperando para me picar, ou ainda
mais assustadores, em qualquer outra coisa que possa estar à
espreita na escuridão. Em vez disso, penso em Slade.

De como estou lenta e conscientemente sendo seduzida


por tudo sobre ele e como há um estranho poder nisso. Por ter
seu braço em volta de mim e por ter outras mulheres com
ciúme dele. De estar ao seu lado e amar a luz em seus olhos
quando ele olha para mim a cada segundo.

Vamos mais devagar, Tigresa.

Como se as forças maiores soubessem que eu preciso


parar de pensar, demais nesse momento, o diretor de atividades
de plantão - esqueci qual é o nome dele - aumenta o volume da
música.

— Sweet Caroline — de Neil Diamond explode pelos alto-


falantes. Slade joga as mãos para cima e grita: — Cante comigo,
— logo antes de o refrão começar e ele grita — Bom, bom, bom,
— com o punho no ar para acentuar cada palavra.

Todos nós cantamos a música com ele, e ele agarra minha


mão e me gira para longe e de volta para ele. Em seguida, ele
coloca os braços em volta de mim para uma dança lenta e
rápida.

Mas foi definitivamente longo o suficiente para ficar


hiperconsciente de todo o comprimento dele contra o meu
corpo.

Assim como eu sinto isso, assim como eu quero afundar


nele, ele me gira ao redor e eu jogo minha cabeça para trás e
rindo. E sou eu quem está chamando atenção e as pessoas
estão sorrindo.

Antes que a risada pare de ecoar pela plataforma de


concreto, Slade me puxa de volta e me beija profundamente nos
lábios.

Eu congelo.
Quero dizer, claro, é o que eu quero, mas ao mesmo
tempo, há uma audiência de meus colegas de trabalho
assistindo, e a atenção me deixa desconfortável.

Para minha sorte, a música termina e a festa segue em


frente. Eu respiro fundo e vou encher minha taça de vinho e,
em seguida, paro nos arredores da área da fogueira e absorvo
tudo.

— Você deveria agir de forma um pouco mais profissional


se tiver alguma esperança de conseguir a promoção.

Ah, Horrível Heather ataca novamente.

Eu sei que não fiz nada de errado. Eu sei que ela está
apenas atacando porque ela deveria estar festejando e meu
namorado roubou isso dela.

Também sei que não confio nela ou no que ela pode usar
como munição contra mim para o conselho.

— Não vou me desculpar por me divertir e me soltar um


pouco com meus colegas de trabalho. Não é sobre isso que este
retiro de união deveria ser? Se tornar uma família? E todo
aquele discurso de antes?

Ela apenas franze os lábios e sorri com escárnio enquanto


Slade ri com Olivia.
— Oh, é isso, — murmuro. — Você está com medo de que
outra pessoa roube seus holofotes. Não se preocupe. Mas talvez
se você parasse de se esforçar tanto, todos relaxariam perto de
você também.
Capítulo Dezesseis

Blakely

— Ela está brava com você, você sabe disso né. — Há um


frio no ar que normalmente me faria querer entrar, mas aquela
cabana é muito pequena para nós dois e o desejo em mim que
vem crescendo a noite toda. Também estou tonta suficiente por
causa da coragem líquida que bebi durante a noite toda me
preparando para este momento.

Tenho que entrar e dormir ao lado dele enquanto estou


tento não deixar meus sentimentos por ele crescerem.

— Você acha que eu me importo? — Slade encosta o


ombro no batente da porta da cabana enquanto bebo o resto do
meu vinho. — Que pecado não devo reparar?

— Você estava roubando a atenção dela.

— Então ela não deveria ser tão chata. — Ele está


completamente sem remorso.

— Você me beijou. — E aí estou eu, completamente


acusatório.
— E?

— Segundo ela, ainda tenho que agir profissionalmente.

— Eu não sabia que você não estava. — Ele enganchou os


polegares nas presilhas do cinto da calça jeans e se mexeu para
encostar todas as costas no batente da porta. As sombras da luz
da lua acima obscurecem seu rosto enquanto as árvores
farfalham.

— Eu estou. Eu estava. É que você me beijou e agiu


como...

— Como um homem que está muito apaixonado por sua


mulher e quer mostrar isso. — Seu tom é firme, mas há uma
expressão em seus olhos que possui partes de mim que ainda
não quero admitir.

Um olhar que me diz que estou sendo ridícula por me


sentir como se ele quisesse dizer isso quando eu sei a verdade.

Um olhar que me diz que estou louca se meu coração está


batendo forte por causa de um cara que mal conheço.

— Bem, não sinta. — As palavras saem antes que eu possa


detê-las.

Slade dá um passo em minha direção. — Aconteceu algo


esta noite que eu não estou ciente?

Você.
Você aconteceu.

Você com seu sorriso sonhador e olhos bondosos e


irresistíveis.

Você com sua maneira estúpida que me faz sentir - bonita,


engraçada, desejada e importante.

— Porque vai ser uma noite longa se você não vai me dizer
o que está acontecendo.

Estou ficando louca e estou nervosa e tudo porque o


quero. Passei os últimos vinte anos com o mesmo homem, e se
me esqueci de como fazer isso?

— Está bem. Tudo está bem. Devíamos apenas ir dormir


porque bebi o suficiente e a cama está chamando meu nome.

— Ok— ele diz quando eu passo por ele, tentando manter


a maior distância entre nós que posso enquanto me espremo
pela porta. E, é claro, eu paro no meio do caminho agora que
me lembro do quão pequeno é este espaço que estamos
compartilhando. — Eu posso dormir... hum, na varanda, se
você se sentir desconfortável com isso.

Eu olho para ele por cima do ombro. — Não seja ridículo.

Tortura. Tortura absoluta.

— Tudo bem, então, — ele murmura, segurando meu


olhar, o dele me perguntando o que está acontecendo.
Antes que ele possa olhar muito de perto, antes que possa
ver o nervosismo que estou sentindo de repente, apesar do
vinho, eu desvio o olhar.

— Você se importa se eu tomar um banho rápido? — Ele


pergunta.

— Certo. Bem. Vou me trocar enquanto você estiver lá. —


Eu aponto na direção do chuveiro.

Ele acende as luzes e se move atrás de mim em direção a


sua bolsa. O som do zíper, a batida de seus pés, os sons
distintos de chinelos enquanto ele sai pela porta novamente
com uma toalha pendurada no pescoço e as roupas debaixo do
braço.

Eu coloco minha blusa e calça de pijama e tomo um tempo


sozinha para lavar meu rosto, o tempo todo me recusando a
admitir que estou propositalmente tentando arranjar uma briga
com ele.

Mas estou porque faria dormir nesta cama minúscula um


pouco mais fácil. Serei capaz de me concentrar na minha raiva,
em vez de fazer papel de boba por querer que ele me beije.

Quem estou enganando? Eu quero que ele faça muito mais


do que apenas me beijar.
Estou tirando minhas roupas para amanhã quando a
porta se abre e ele atravessa a sala atrás de mim. O cheiro de
seu sabonete atinge meu nariz e sei que preciso me desculpar.

Não é culpa dele que eu o queira.

— Olha. Eu sinto muito. — Eu me viro para encontrá-lo


parado a poucos metros de mim, seus quadris encostados na
cômoda e completamente sem camisa.

Senhor tenha piedade.

— Pelo quê?

Eu rio porque ele está apenas sendo legal ao dizer isso. —


Por tentar arranjar uma briga com você.

— Quer me dizer por quê?

Abro a boca para dar uma desculpa qualquer, mas não sai
nada. — Porque estou tentando descobrir como uivar para a
lua, mas estou com medo de dar o próximo passo que me
permite fazer isso.

O silêncio cobre o ambiente fechado enquanto ele dá um


passo em minha direção. — Às vezes, você só precisa pular do
trampolim sem testar como está a água primeiro.

— Prisha me disse que você é tão bom para todas e eu não


deveria interpretar isso de uma forma errada.
— Ela fez isso? — Ele dá mais um passo em minha
direção, a água de seu cabelo ainda molhado escorrendo por
seu peito nu em um riacho que eu não consigo desviar o olhar.
— Eu sabia que havia mais do que você revelou ontem a noite.
Me lembre de dizer que ela deve cuidar da própria vida. Ela
pode ser um pouco superprotetora e muito parecida com uma
irmã mais velha.

Eu respiro instavelmente quando ele estende a mão e tira


uma mecha de cabelo do meu ombro. — Então, você não é legal
com todos? — Minha voz é quase inaudível, e graças a Deus por
isso, já que tenho certeza que meus nervos estão vibrando.

— Não, eu sou... Mas não quero beijar a todos como quero


beijar você agora.

— Você quer?

— Mm-hmm. — Esse som ajuda a construir a dor de


repente queimando entre minhas coxas. — Tenho pensado nos
seus lábios há dias.

— Mais nos conhecemos há alguns dias. — Eu rio, mas


meu riso é engolido pela tensão sexual que está consumindo a
sala.

— Então, estive pensando nisso por horas. — Ele passa o


polegar sobre o oco da minha garganta.

— Horas?
— Mm-hmm. Desde que eu fingi que precisávamos nos
beijar por causa do nosso disfarce. — Ele traz a outra mão para
segurar o lado do meu rosto.

— Então, não foi apenas para o nosso disfarce?

— Não. — Ele lança sua língua para umedecer os lábios


enquanto seus olhos escurecem na luz fraca do quarto. —
Definitivamente não.

— Oh.

— Oh? — Ele murmura enquanto seus lábios se erguem de


um lado.

— Sim. Oh. — Respiração profunda. Não pense, apenas


pergunte. — Por que você não me beijou de novo, então?

Com uma coragem que nunca tive antes e uma vontade


reforçada por muitos copos de vinho, me aproximo de Slade
Henderson e o beijo.

Fico hesitante no início, com medo de ter ultrapassado,


mas quando minha boca encontra a dele, quando seus lábios se
movem em sintonia com os meus, todas as minhas
preocupações se transformam em desejo. Toda a minha
ansiedade se transforma em desejo. Necessidade. Em tudo e
qualquer coisa com o gosto de seu beijo e a dureza suave de seu
peito sob as palmas das minhas mãos.
Ele me deixa assumir a liderança, apesar do controle que
posso sentir zumbindo logo abaixo da superfície de seus
músculos tensos. No minuto em que suas mãos deslizam pelas
laterais do meu torso e seus polegares roçam levemente os
cumes dos meus seios, sei que ele é um participante tão
disposto quanto eu nesta dança delicada.

Sua língua mergulha entre meus lábios enquanto suas


mãos espalham sobre minha bunda e me puxam contra ele.
Através da minha calça de pijama fina e de seu short de
ginástica, não há dúvidas de como ele está duro, e se eu
dissesse que a sensação dele não atiçou ainda mais meu fogo,
estaria mentindo.

Há uma eletricidade zumbindo em minhas veias que é


partes iguais de emoção, luxúria e desejo, e eu quero que os
três ganhem.

Seus beijos são um ataque por si só. Macio e terno


entrelaçado com desespero e fome. Necessidade e sutileza
afiadas com desejo e ganância. Contradições prazerosas que
estou ansiosa por explorar.

Um após o outro.

Nossos gemidos suaves preenchem o pequeno espaço


enquanto as tábuas do assoalho rangem sob nossos pés.
— Blake. — Ele geme quando eu alcanço e seguro sua
dureza, seu pau pulsando sob o meu toque. A doce e ardente
dor que cria entre minhas coxas beira a dor.

Ele beija seu caminho pelo meu pescoço enquanto seus


dedos deslizam por baixo da minha cintura e agarram meus
quadris. Sua carícia implora para que eu fique quieta e o deixe
tocar mais em mim, mas quando seus lábios se fecham sobre
meu mamilo através do tecido da minha blusa, pensar de forma
coerente se torna impossível.

Qualquer coisa, exceto se concentrar nas sensações que


ele está evocando em mim se torna irrelevante.

— Slade, — murmuro.

— Mmm?

— Me toque, — digo entre suspiros enquanto seus lábios


se fecham sobre meu outro seio e sugam o tecido.

— Oh, estou chegando lá, — ele diz com uma risada


enquanto me empurra para sentar na beira da cama, me
ajudando a tirar minha regata. Quando o tecido sai pela minha
cabeça, seu pau está bem na frente do meu rosto, pressionando
contra a costura de seu short.

Incapaz de resistir, puxo seu short para baixo. Quando seu


pau salta livre acima do elástico, deixo escapar um suspiro. É
impressionante em qualquer medida, longo e grosso com uma
ponta perfeitamente moldada, e tão gloriosamente duro que eu
nem penso duas vezes antes de me inclinar para frente e levá-lo
entre meus lábios.

— Oh, merda, Deus. — As três palavras que ele meio


rosna, meio geme são tão sexy quanto o peso dele contra a
minha língua.

Nada mais importa, exceto o sabor salgado de Slade na


minha língua e como seus dedos apertam meu cabelo enquanto
eu o sugo antes de lentamente deslizá-lo para fora.

Há apenas o agora. Só agora. Apenas eu dizendo — dane-


se a calcinha rendada, — quero ser o fio dental que possui
todas as sensações.

— Blakely. — Um rosnado gutural enquanto seu pau incha


na minha boca. — Blake. — Um aperto em seu punho para que
meu cabelo fique apertado. — Blak...

E antes que ele possa até mesmo dizer meu nome, ele se
puxa da minha boca e tem seus lábios nos meus. Há uma fome
recém-descoberta em seu beijo. Um desespero em seu toque.
Uma sensação de controle quando ele empurra minhas calças
para baixo, me move para cima da cama e rasteja sobre meu
corpo, seu pau pesado na minha barriga enquanto ele se inclina
e captura meus lábios novamente.
Capítulo Dezessete

Slade

Jesus Cristo.

Sério?

Essa mulher é tudo... tudo porra. O jeito que ela me olha.


A maneira como ela responde a mim. O jeito que ela pergunta
como uivar para a lua em um momento e depois me pega pelas
bolas sem pedir permissão. A maneira como ela está deitada lá
com sua boceta exposta para que eu faça o que eu quiser com
ela.

— O quê, Slade? Você não me quer?

Um gemido desliza por entre meus lábios com o tom


inocente vindo daquele corpo dela que foi feito para o pecado.

— Oh, eu quero você, ok — murmuro enquanto deixo


meus dedos percorrerem as pontas de seus seios, seus mamilos
se contraem em reação. — Mas eu preciso saber que isso é o
que você quer. Eu sei que você bebeu, e quero ter certeza de que
não é o álcool falando e você não vai se arrepender disso pela
manhã.

— Eu ficaria muito constrangida em fazer isso com você


sóbria. — Ela ri enquanto desliza as mãos sobre o peito e brinca
com os mamilos entre os dedos e polegares.

— Por quê? — Eu me inclino e puxo suavemente seu lábio


inferior com meus dentes. — Você é linda e deslumbrante e
deixaria qualquer mulher essa noite envergonhada.

— Me beije, Slade.

Eu me inclino para frente e deslizo minha língua entre


seus lábios, um traço de vinho ainda lá, mas todo o resto é puro
Blakely. Ela é doce e calorosa e tudo isso me torna mais duro do
que eu pensava ser possível.

— Quando eu te foder, Blakely, quero que você se lembre


de cada maldito segundo disso. Cada toque. — Meus dedos
deslizam sobre o topo de sua fenda. — Cada beijo. — Eu
capturei seu suspiro com meus lábios. — Cada maldita
sensação. — Eu deixo meus dentes arranharem os mamilos que
suas mãos estão segurando no lugar para mim. — E sim, eu
quero te foder. Desesperadamente. Mas preciso saber que seu
sim é porque você quer e não por causa da bebida.

Foi um grande esforço da minha parte tentar ser o


mocinho. Eu estava tentando dar a ela a oportunidade de
culpar o álcool ou alegar que ela foi pega no momento e não tem
certeza se quer isso.

Porque eu com certeza quero.

Ela morde o lábio inferior e desce lentamente os dedos pelo


abdômen inferior até o V de suas coxas, que estão espalhadas
com meus joelhos pressionados contra elas.

Eu olho para cima em seus olhos e depois volto para onde


seus dedos deslizam entre a costura de sua boceta.

Me dói vê-la e não participar enquanto coloco um


preservativo. Mas foda-se se ver o vermelho do esmalte da sua
unha desaparecer entre o rosa de suas dobras antes de
reaparecer segundos depois, brilhando com sua excitação, não é
a porra da coisa mais sexy que eu já vi. Seu gemido ofegante é a
segunda coisa mais sexy. Quando consigo impedir que meus
olhos observem seu prazer, o olhar em seu rosto - os olhos
sedutores, os lábios entreabertos, o rubor em suas bochechas -
é algo que não esquecerei tão cedo.

Se eu pensei que ela tinha me pegado naquela noite na rua


fora do Metta's, eu estava errado. Esta mulher e sua constante
contradição de insegurança e confiança repentina é mais sexy
do que eu jamais poderia ter imaginado. Eu amo isso nela. Eu
quero reivindicar as duas coisas dela de uma forma que não
consigo colocar em palavras.
Sim, estava tentando ser valente, mas sou um cara. Posso
ser nobre o quanto quiser, mas em algum momento, o desejo
assume o controle.

Sua resposta é deslizar a mão de volta pelo corpo para que


seus dedos possam, mais uma vez, desaparecer em sua
umidade. É mais um gemido suave quebra o silêncio.

Eu me abaixo e deslizo meu dedo sobre a ponta do dela e


assumo. É a minha vez de ficar escorregadio com sua excitação.
É a minha vez de deslizar em seu calor quente e úmido até que
ela se agarre ao meu redor. É a minha vez de cair em seu
esquecimento.

Se ela soubesse quão pouco seria necessário.

É o gemido quando deslizo para dentro dela. É o aperto de


seus músculos em torno de mim quando bato naquele feixe de
nervos por dentro. É a tensão de suas pernas quando adiciono
meu polegar à mistura.

Quando eu olho para ela e encontro seus olhos vidrados de


desejo, o controle que eu estava testando se foi.

Extinto.

Em segundos, estou levantando e usando meus joelhos


para afastar suas coxas enquanto levanto seus quadris para
fora da cama. Eu resisto à urgência que está tentando me
possuir e lentamente empurro para dentro dela. Polegada por
polegada. Suas mãos agarram os lençóis ao lado do corpo. Meus
dedos cavam no topo de suas coxas.

— Cristo. — É uma parte silvo, uma parte gemido, e é tudo


uma felicidade do caralho enquanto eu afundo dentro dela e
dou a ela um momento para se ajustar a mim. Minha visão fica
turva enquanto cada maldito nervo dentro de mim carrega o
fardo do controle.

E então começo a me mover.

Um deslizamento lento para fora da boceta que agarra meu


pau. Há algo nessa visão que pode deixar qualquer homem de
joelhos. Seu gemido ofegante quando meu polegar circula sobre
seu clitóris antes de eu mergulhar de volta em seu calor úmido
e quente novamente.

A lenta sedução de nossos quadris se torna um pouco


mais urgente a cada impulso.

O balançar de seus seios quando nossos quadris batem.

A dor em minhas bolas enquanto a pressão aumenta.

A curvatura de suas costas toda vez que me esfrego contra


ela.

— Slade. — Retiro. — Deus, sim. — Um gemido. Um


deslizar de suas mãos entre suas coxas para ajudar a empurrá-
la ao longo da borda. — Eu estou quase lá. — Sua umidade
cobre minhas bolas.

Enquanto seu grito enche a sala, é alto e misturado com a


sua desistência. Ela arqueia o pescoço, seus lábios relaxando
com cada onda de prazer que a atinge.

Se a sensação dela não for o suficiente para me puxar para


o limite, a visão dela assim é – cabelos desgrenhados sobre os
lençóis, dedos apertados, corpo tenso de prazer - com certeza.

E eu chego ao limite. Eu bato nas suas coxas com meus


quadris bombeando meus pensamentos sobre ela, nisso e como
ela se sente maravilhosamente incrível.

Como ela é incrível.

Meus lábios encontram os dela mais uma vez antes de


descansar minha testa na dela enquanto um milhão de
pensamentos lutam por atenção, mas o maior de todos é uau.

Apenas Uau.
Capítulo Dezoito

Blakely

Oh. Meu. Deus.

Eu dormi com Slade.

Bem, mais do que dormi com ele, mas sim. Eu fiz. E agora,
nas primeiras horas da manhã, enquanto soa como um maldito
canto da Branca de Neve com animais da floresta em torno da
cabana, estou deitada aqui com as pernas dele em cima de
mim, tentando não enlouquecer.

Talvez eu esteja pirando um pouco, mas é porque


realmente aconteceu – cada lento deslizar para dentro e para
fora de seu glorioso pau – e não porque eu não sei o que fazer
ou dizer quando ele acordar.

Eu deveria estar pirando? Devo ficar preocupada que ele


vá entrar no modo eu-a-tive-agora-eu-não-a-quero que Paul
entrou depois da primeira vez que fizemos sexo.

Mas eu não estou.


Em vez disso, mantenho meus olhos fechados e revivo
cada momento da noite passada na minha cabeça. Claro, há um
sorriso no meu rosto, porque como pode não haver?

Kelsie ficaria orgulhosa.

É estúpido pensar, mas isso não significa que não seja


verdade.

Estico um pouco e sinto a dor gloriosa de uma noite muito


boa em todos os lugares certos.

Então é essa a sensação de uma recuperação.


Despreocupada. Sem complicações. Diversão. Satisfação.

Slade se mexe atrás de mim, e quando sinto sua ereção


óbvia contra minhas costas, me afasto por reflexo.

Slade ri. — Por que você está com tanto medo disso agora,
quando ontem à noite você estava cantando seus elogios, — ele
murmura naquele tom meio adormecido e rouco que faz coisas
engraçadas nas minhas entranhas. Ele desliza um braço em
volta da minha cintura e me puxa contra ele antes de apoiar a
cabeça em uma mão e descansar o queixo no meu ombro. —
Uh-uh. Você não pode corar. Não depois da noite passada. Não
depois do que você fez comigo.

O que eu fiz com ele?


Ele está me dizendo que achou a noite passada tão boa
quanto eu pensei que fosse?

Ele aperta os braços em volta de mim enquanto sua


respiração se equilibra, mas não há nenhuma maneira no
inferno de eu adormecer novamente. Minha mente está tão
desperta quanto meu corpo, e é tudo por causa dele.

Mas tudo parece um pouco fácil demais. Minha primeira


vez com Paul me deixou pensando se tinha sido um erro,
enquanto isso? Isso é tão confortável quando deveria ser
estranho.

Ele muda de novo, e eu fico tensa quando seu pau me


atinge novamente.

— É perfeitamente normal, sabe? Ereção pela manhã. Eu


poderia assumir meu lado médico com você e dar-lhe uma lista
realmente longa de termos médicos e complicados para explicar
por que acontece e como acontece, mas direi apenas que é
indicativo de um homem saudável. Você sabe, no caso da noite
passada não ter sido prova suficiente para você. — Seu tom
brincalhão é tudo que preciso ouvir para saber que ele
realmente é bom demais para ser verdade.

— Nenhuma explicação é necessária.

— Então, foi prova suficiente para você?


Eu olho para cima para encontrar um sorriso largo em
seus lábios e seus olhos entreabertos.

— Achei que deveríamos medir as coisas em termos de


satisfação? — Eu levanto uma sobrancelha.

— Verdade. Muito verdade. Acho que preciso melhorar


meu jogo então.

Eu congelo quando ele se estica, parcialmente rolando em


cima de mim, meu corpo despertando totalmente com a
sensação de cada centímetro longo e duro de seu peso em mim.

— O que? — Eu ri.

— Tirando minha régua de satisfação.

Slade pega algo da minha mesa de cabeceira e depois se


retira para o seu lado da cama. Para minha surpresa, ele está
segurando o guardanapo do nosso jantar no Mettas no ar para
que ambos possamos olhar para ele.

— O que? Você o guardou?

— Claro que sim, — diz ele. — Você não achou que eu


deixaria a lista de tarefas da Blade pendentes para qualquer um
realizar, não é?

Lista de tarefas pendentes do Blade:


Faça Paul se arrepender de ter deixado você ir.

Descubra nossa história: quando nos conhecemos, quão


longas suas pernas realmente são, irritações de animais de
estimação, etc.

Faça Horrible Heather vê-lo de forma diferente.

Conquiste seus colegas de trabalho sendo incrível.

Convença a todos que estamos loucamente apaixonados e


que deveríamos estar.

Obtenha a promoção.

Encontre o Blakely real novamente.

Apaixone-se perdidamente.

— Por que o primeiro está riscado? — Eu pergunto.

— Porque Paul definitivamente sabe que você era a melhor


opção.

— Tanto faz. — Eu rio e bato nele.

— Não, é sério. Ele não conseguia tirar os olhos de você


naquela noite.

— Ele pode olhar o quanto quiser. Não há como voltar com


ele.
— Realmente? — Ele pergunta.

— Sim.

O silêncio cai sobre a pequena cabana. — Estamos no


meio do caminho para riscar o segundo, — ele murmura.

— Estamos?

— Nós conhecemos nossa história. — Ele se apoia no


cotovelo, com um brilho nos olhos. — Só precisamos ver quão
longas essas suas pernas são.

— Achei que você teve muito tempo para estudá-las na


noite passada.

— Eu estava um pouco ocupado curtindo outras coisas. —


Sua covinha se aprofunda com seu sorriso e, entre isso e o
olhar em seus olhos, aquela deliciosa torção na minha barriga
aperta.

Ele passa a mão pelo comprimento do meu quadril até o


joelho, sua mão descansando lá como um choque elétrico no
meu sistema.

— E como exatamente você planeja medir o comprimento


delas.

Seus lábios se torcem enquanto ele luta contra um sorriso.


— Como as mãos.
— Como se faz com um cavalo? — Eu digo rindo.

— Estou surpreso que uma garota da cidade como você


saiba sobre isso. — Sua mão corre de volta para o meu quadril
e, quando desce novamente, leva o lençol com ela. — Existem
outros meios de medição, você sabe.

— Como? — Eu pergunto, não confiando na minha própria


voz para falar.

— Com a minha língua.

— Oh. — É pouco mais que um chio.

— Você parece fazer muito esse som, — ele brinca


enquanto meu pulso começa a acelerar e a deliciosa dor da
noite passada implora para ser testada novamente.

Não tenho certeza do que me faz virar para olhar para ele
no ângulo exato que eu faço, mas me dá uma linha de visão
limpa para a mesa de cabeceira.

E o relógio digital que me diz que tenho dez minutos para


chegar à minha primeira reunião.

— Estou atrasada! — Eu grito enquanto pulo da cama


como uma mulher em uma missão.

Sua risada ressoa pela cabana enquanto ele apóia o


travesseiro na cabeceira da cama e se inclina para trás contra
ela para me ver tropeçando.
Corro para o banheiro, preocupada demais em me atrasar
para me preocupar em ser atacada por um urso. Cinco minutos
depois, estou de volta à sala, pulando de um pé para o outro,
tentando calçar os sapatos.

— Qual é a reunião desta manhã? — Ele pergunta.

— Quem sabe? Como repreender seus funcionários para


que eles te odeiem? — Eu murmuro.

— Parece divertido.

Eu olho para ele enquanto pego meu caderno. Sua mão


está atrás da cabeça, seu cabelo está espetado nos dedos que
ele acabou de passar e uma de suas pernas bronzeadas está
enrolada no lençol branco.

Ele é de tirar o fôlego. Mesmo no meu estado perturbado, é


difícil não notar.

— Eu estarei de volta Deus sabe quando, para nos


preparar para nossa primeira atividade em grupo, — eu digo
com um falso soco de empolgação.

— Mal posso esperar. — Ele sorri.

— O que você vai fazer enquanto eu estiver fora?

— Causar alguns problemas. — Ele encolhe os ombros. —


Fazer alguns estragos.
Ele já o fez.

Em mim.
Capítulo Dezenove

Blakely

— Vamos começar com você, Blakely, já que parece que


você não se deu ao trabalho de chegar aqui a tempo esta
manhã. — O sorriso de Heather é tudo menos caloroso
enquanto ela tenta passar seu comentário como benigno.

— Com prazer. — Me sento reta na cadeira, me recusando


a morder a isca. — Com o que você gostaria de começar?

Heather toma um gole de seu café enquanto o resto das


senhoras sentadas na mesa circular puxam suas canetas para
fazer anotações.

— E qual é o objetivo disso? — Minka pergunta.


Claramente, ela não é uma pessoa matinal e provavelmente está
chateada por ela ter chegado na hora quando eu não cheguei.

— Nosso objetivo é entender melhor como ser construtivo


com as críticas para manter a equipe avançando. — Ela olha
para seu bloco de papel. — Vou apresentar a você um cenário,
Blakely, e então você explica ao grupo como você diria ao seu
colega de trabalho que a ideia não se encaixa na direção que a
empresa está tomando em uma campanha.

— Ok. — Mas eu não confio nela.

— Vamos todos olhar para o primeiro slide, certo?

Eu olho para a tela e minha sobrancelha franze levemente


em confusão. Mesmo que meu nome esteja apagado, sei que é
minha proposta e os gráficos de uma campanha que encabecei
há alguns anos.

— Como podem ver aqui, temos uma proposta bem


elaborada, mas erra completamente o alvo. A pessoa não tem
visão. Ela claramente não entende a demografia ou como
direcioná-la. Esta proposta estaria morta na chegada, uma vez
que chegasse à minha caixa de entrada, e eu me pergunto se o
funcionário que entregou algo como esse lixo era qualificado
para trabalhar aqui.

Quando Heather termina seu discurso, ela desvia sua


atenção do slide e o direciona diretamente para mim.

Tenho muito pouco tempo para descobrir se quero desafiá-


la e, em caso afirmativo, como exatamente irei fazer isso sem
irritá-la e reunir seus lacaios em sua defesa.

Ela é uma vadia, e o sorriso bajulador em seu rosto e seu


exemplo sombrio enfatizam isso.
— Blakely? — Ela pede.

Heather vs. Blakely: Primeira Rodada.

Eu respiro fundo e falo. — Como chefe dela, eu me


sentaria com ela e pediria mais detalhes. Por que ela escolheu
comercializar esse grupo demográfico. Quais fatores ela
considerou ao fazer seu plano. Qual era seu objetivo secundário
com esta proposta.

— Objetivo secundário? — Heather pergunta.

— Sim. Obviamente, a principal prioridade é gerar vendas,


mas o que mais a Glamour está tentando alcançar?
Conscientização da marca? Repetir as compras do cliente? Uma
introdução do novo cliente em nossa linha de produtos? Sempre
deve haver um objetivo secundário para uma campanha. Então,
é isso que eu pediria ao meu funcionário, porque toda ideia
merece ser ouvida, independentemente do que você pensa no
início. Você nunca sabe que outras ideias podem despertar.

Heather continua a me olhar enquanto meus colegas


concordam. Espero até que ela vá falar e continuo, a
interrompendo de propósito.

— A questão é: como essa campanha se saiu?

— Como eu iria saber? — Ela zomba.


— Bem, há uma data nesta campanha, então sabemos que
ela foi veiculada. Se você clicar na segunda guia dessa planilha
bem ali, você verá como se saiu bem.

— Isso não é necessário, — Heather diz e muda a tela.

— Se você vai criticar meu trabalho na frente dos meus


colegas de trabalho, pelo menos mostre o quadro todo.

Há uma inspiração acentuada à minha direita por Karen


enquanto os outros se mexem desconfortavelmente em seus
assentos.

— A crítica é como aprendemos, — Heather diz, uma


repreensão afiada em seu tom.

— Se fosse esse o caso, você seria justa e olharia para o


quadro todo. Você clicaria na segunda guia e mostraria que,
apesar de seus comentários sobre a campanha, nosso
lançamento foi bem-sucedido. A nova linha que estávamos
promovendo teve um dos melhores lançamentos até o momento,
com um aumento de quarenta por cento nas vendas gerais.
Esse pico se manteve por quatro meses, o que é mais, em
média, do que outros. Portanto, embora a campanha possa
parecer desatualizada para você, ela foi, na verdade, muito bem-
sucedida.

Engraçado como, quando eu termino, parece que todo o ar


foi sugado de repente da sala.
— Seguindo em frente, — Heather descarta com um aceno
rápido de cabeça. E ela continua passando de um slide para o
outro. Nenhum deles era meu como o primeiro, mas são de
alguém mesmo assim.

No momento em que trabalhamos com seus slides, a


natureza está me chamando. E não quero dizer ir ao banheiro.
Quero dizer, o ar livre de qual nunca gostei antes parece cem
vezes melhor do que estar neste quarto abafado com a Horrible
Heather.

Isso, e eu poderei ver Slade novamente. Apenas o


pensamento me deixa tonta como se fosse uma paixão do
colégio. Eu deveria ter vergonha disso, mas não tenho.

— Então, veremos vocês em quarenta minutos no cais


para ioga sobre a prancha, pessoal!

Percebo o estremecimento de Gemma e fico feliz por não


ser a única que não gosta da combinação das duas atividades.
Separadas, eu consigo gerenciar, mas colocá-las juntas vai ser
um desastre.

— Blakely, posso dar uma palavrinha com você?

O ar esvazia no meu peito, mas minha voz continua


agitada. — Certo. Sim. — Eu fico de costas para ela com a mão
na porta.

— Eu não estava tentando ofendê-la com a crítica hoje.


Eu coloco meu sorriso foda-se em meus lábios quando me
viro para olhar para ela. — Claro que você não estava. Você
estava muito ocupada apontando para todos como eu sou
inadequada para tentar arruinar qualquer apoio que pudesse
ter para o cargo de VP.

— Eu nunca faria uma coisa dessas. — Ela cruza os


braços sobre o peito. — Você tem mais experiência do que
qualquer um para esse trabalho.

Exatamente. Eu tenho mais experiência do que você.

— Barbie estava me contando tudo sobre seu encontro


com você e Slade na semana passada.

— Oh? — Eu estive esperando por isso acontecer.

— Ela estava apenas dizendo que Paul achou interessante


como você esperou que os dois voltassem a ficar juntos, e aí
estava você com Slade. Muito conveniente se você me
perguntar.

Eu rio. — Conveniente? Só porque sua melhor amiga vai se


casar com meu ex, não te dá o direito de fazer qualquer
comentário sobre minha vida pessoal. Paul perdeu o direito de
ter quaisquer pensamentos ou opiniões sobre mim há muito
tempo, então eu não daria muita importância às suas opiniões,
considerando que ele não sabe nada sobre mim. Agora, se me
der licença, preciso ir buscar meu traje para a ioga.
Bem quando eu alcanço a maçaneta, suas palavras me
atingem por trás. — Boa sorte em tentar manter um homem
assim.

Eu congelo enquanto tento descobrir como responder.


Penso na garota no bar e em como a deixei me assustar sem
que eu dissesse uma palavra. Penso em como jurei nunca mais
me acovardar de um comentário novamente, e então evidencio
que não tenho escolha a não ser ir embora sem dizer uma
palavra desta vez.

Por que dar a ela mais combustível para seu fogo? Por que
latir de volta quando sei que ela está procurando uma briga?

Eu cerro os dentes, engulo minha vontade responder dela,


e então me viro e olho para ela com o profissionalismo que eu
realmente não sinto. — Para alguém que passou as últimas
vinte e quatro horas pregando sobre nós nos unirmos como
uma equipe, comentários como esse do líder de nossa equipe
parecem negativos. Mas o que eu sei, sou apenas a pessoa que
recusou seu trabalho antes de oferecerem a você.
Capítulo Vinte

Blakely

Eu grito quando braços me envolvem e me puxam para


fora do caminho em direção à cabana. Completamente em
pânico. Naqueles poucos segundos, vivi minha própria história
de terror em minha imaginação hiperativa. Um onde eu tinha
sido sequestrada fora da trilha em Red Mountain Lodge, para
nunca mais ser vista novamente. Slade procuraria
incessantemente por mim, sem sucesso, antes de jurar nunca
estar com outra mulher porque eu era tudo para ele.

Meu ridículo devaneio dura apenas alguns segundos antes


que meu sequestrador me gire e incline seus lábios sobre os
meus.

— Slade. — Seu nome é uma respiração ofegante de alívio


antes de eu me perder na luxúria do beijo de Slade. No
desespero, posso sentir o gosto em sua língua e a necessidade
que manifesto fechando minhas mãos em sua camisa. Me
permito esquecer o que Heather disse e o quanto isso dominou
meus pensamentos desde que deixei a sala de reunião há
alguns minutos.
Slade e seus lábios são exatamente o que preciso.

— O que foi isso? — Murmuro quando o beijo termina e ele


se inclina para trás.

— Eu precisava de algo para me motivar antes de fazer a


próxima atividade.

Estendo a mão para puxar um pedaço de folha de seu


cabelo. — Yoga não é sua praia?

— É a praia de alguém? — Ele ri, apontando para a


cabana. — Vamos colocar nossas roupas de banho?

Eu aceno e bato os pés de brincadeira como uma criança.


— Nós temos que fazer isso?

— Infelizmente, sim, ou isso anula todo o propósito de vir


aqui. — Ele levanta um queixo de volta na direção de onde eu
vim. — Como foi sua reunião?

— Oh, foi tão divertido. — Eu balancei minha cabeça. —


Na verdade, não.

— O que aconteceu?

Desvio meus olhos e empurro o comentário de Heather da


minha mente e finjo que as inadequações que ela evocou ainda
não estão lá.
É engraçado como posso lidar com ela destruindo meu
trabalho sem pensar duas vezes, mas quando ela insinua que
não sou o suficiente para Slade, tenho um pequeno lapso de
saúde mental.

Eu forço um sorriso em meus lábios. — Ela estava apenas


sendo encantadora, como de costume.

— Me atrevo a perguntar como?

— Não. — Eu encolho os ombros. — Não vale a pena


arruinar nosso humor.

— Ei? — Ele diz e gentilmente aperta meu queixo entre o


polegar e o indicador para me fazer olhar para ele. — Ela que se
dane. Ela não terá chance, uma vez que colocarmos nosso plano
de conquistá-la em ação.

— Temos um plano? — Eu pergunto e levanto minhas


sobrancelhas.

— Você acha que eu não tenho um plano? — ele pergunta


com um flash de um sorriso antes de juntar seus dedos aos
meus e nos direcionar de volta para a trilha.

— Qual é?

— O inferno se eu sei. — Ele ri. — Neste momento, apenas


devemos ir, nos divertir e parecer como idiotas enquanto
tentamos não cair na água.
— Isso é um plano? — Eu olho em sua direção e amo o
sorriso tímido que ele me dá.

— Parece que você estar feliz irritar a Horrível Heather,


então, embora isso não vá exatamente conquistá-la, ainda será
bom apenas ser feliz. — Ele encolhe os ombros. — E quem sabe,
pode ser contagioso e outros podem acabar admirando você
apenas por ser você. Se você conquistar a maioria, ela não terá
escolha a não ser seguir.

— É um plano muito bom.

— Você duvidou de mim?

Balançamos nossos braços para frente e para trás


enquanto caminhamos em direção à cabana. Tento limpar
minha mente de toda a negatividade de antes e aproveitar este
momento simples com Slade o máximo que posso.

— Ao meu ver, é oficialmente o primeiro dia, então


precisamos aumentar o ritmo um pouco.

— Isso é você tentando descobrir o plano? — Eu provoco e


recebo um encolher de ombros infantil em resposta.

— O que você sabe sobre mim até agora?

— Você gosta de apostas. Você é agressivo. — Você é


adorável.

— E sou muito competitivo.


— Então? — Eu pergunto quando a cabana fica à vista.

— Então, vamos vencer todos os malditos desafios.

Eu sorrio. — Você não ganha fazendo ioga, Slade. Não é


um esporte de equipe.

— Não, mas você pode vencer cativando os outros. Fazê-los


querer ser mais como você, que é charmosa e acolhedora, em
vez de ser como ela, que é controladora, exigente e
desagradável.

— É mais fácil falar do que fazer, já que eles são todos


amigos dela, — eu digo enquanto subimos os degraus para a
porta.

— É aí que eu acho que você está errada. Dê a eles uma


tábua de salvação e eles a aceitarão, — diz ele, e antes que eu
tenha muito tempo para pensar em seu comentário, ele abre a
porta. — Vou esperar aqui enquanto você muda sua roupa.

— Eu pensei que estávamos vindo aqui para você se


trocar? — Eu coloco meu notebook e puxo meu cabelo em um
coque bagunçado.

— Já estou com o shortinho. Se vista.

É minha vez de rir. — Você realmente acha que vou me


abrir para as críticas em torno dessas mulheres de corpo
perfeito com quem trabalho? De jeito nenhum. Vou pegar meus
carboidratos e minhas curvas arredondadas e usar minha
camiseta e shorts — eu os seguro como se ele não soubesse
como é uma camiseta e shorts — muito obrigada.

Slade ri, mas quando não me movo para pegar uma troca,
sua diversão desaparece. — Você está falando sério, não está?

— Que parte de você pensou que eu não estava? — Eu rio.


— Tudo que ouço falar no trabalho é como eles são perfeitos em
comparação com todos os outros. A última coisa que quero fazer
é me colocar na posição de eles me julgarem ainda mais.

— E no que exatamente eles estariam julgando você,


Blakely? — Ele pergunta enquanto caminha até mim, as
sobrancelhas franzidas. — Porque eu certamente não vejo nada
que eles possam estar separando.

Centenas de coisas passam pela minha mente. Como a


pele das minhas pernas não são tão firme quanto costumava
ser. Como minha barriga não é perfeitamente plana como a
delas. Como meus seios definitivamente não estão tão animados
como eram há dez anos. Todas as imperfeições que vejo quando
olho no espelho explodem em minha cabeça como uma sirene.

Acima de tudo, também não quero que Slade os veja em


plena luz do dia. Quer dizer, claro que fizemos sexo ontem à
noite, mas foi no escuro. O brilho do luar nunca faz nada
parecer ruim.
— Blakely?

— Não é nada. Eu estou apenas...

— Você está apenas se recusando a admitir o quão linda


você é.

Thump. Lá se vai meu coração quando meu coração não


deveria ter nenhuma parte neste jogo.

— Tanto faz. — Eu reviro meus olhos.

— Oh. Eu sei o que é isso. Você não quer mostrá-los como


seu corpo é incrível.

— Estou começando a pensar que o problema em que você


disse que ia se meter era em um armário de bebidas em algum
lugar, — digo, e um sorriso tímido aparece no canto de sua
boca. A visão diz que ele está tramando algo. — O que?

— Eu te desafio a usar roupa de banho, Blakely.

— Legal, tente, mas eu não sou como você. Eu não aceito


desafios. — Eu me movo em direção ao pequeno banheiro.

— Vamos, todo mundo adora um bom desafio, — ele diz às


minhas costas.

— Essa garota aqui não. — Eu levanto minha mão e mexo


meus dedos.
— Estou tão decepcionado com você, — diz ele
dramaticamente, e odeio sentir que o estou decepcionando.

Não, não o decepcionando.

Me decepcionando.

O homem esteve dentro de mim. Eu realmente pensei que


ele iria hesitar em ver que a parte de trás das minhas coxas
poderia ter uma covinha aqui ou ali?

— Está bem então... — Ele suspira e se senta na cama.

Com raiva de mim mesma e chateada por estar tão


preocupada com isso que não consigo ver a floresta por entre as
árvores, deixo escapar. — Vestir um maiô não é nem mesmo um
desafio, em primeiro lugar.

— Não? O que exatamente é um, então? — Ele pergunta


enquanto se inclina para trás nos cotovelos.

— Não sei, mas não é isso. — Eu rio porque essa conversa


é ridícula.

— Um desafio é algo como, eu desafio você de alguma


forma derrubar Heather e suas poses de ioga perfeitas na água
para que ela não pareça mais tão perfeita.

— Combinado.
Slade responde tão rápido que acho que levo uma
chicotada por levantar a cabeça rapidamente. — Não. Isso é
apenas um exemplo porque estou chateada com ela agora. Por
mais cedo. — Eu forço um sorriso no meu rosto. — Você não
pode empurrá-la para dentro da água.

Ele reprime um sorriso e se mexe para que possa erguer as


mãos. — Acidentes acontecem.

— Eu estava brincando.

— Parcialmente, — ele diz por meio de uma risada. — Que


tal agora? Você veste seu maiô e Horrível Heather será salva de
um fim trágico.

— Porque isso importa para você? — Eu pergunto.

— Por um lado, terei em que me concentrar enquanto


tento não perder o equilíbrio e cair fazendo ioga na prancha. —
Ele levanta as sobrancelhas e deixa seus olhos vagarem pelo
meu corpo.

— E?

— E, estamos tentando reencontrar Blakely novamente. —


Ele aponta para o guardanapo na mesa de cabeceira e continua:
— Não se importar com o que as pessoas pensam é parte disso.

— Você é incorrigível.

— Você age como se estivesse surpresa.


Capítulo Vinte e Um

Blakely

Eu coloquei o maldito maiô.

Não porque ele me disse para colocar, mas porque ele


estava certo. Se vou usar calcinha rendada, com certeza devo
poder usar meu maiô.

Não é nada revelador, de forma alguma, e tenho que


admitir que não me sinto tão insegura quanto pensei que me
sentiria.

Minhas colegas de trabalho têm imperfeições assim como


eu. Agora preciso trabalhar para me ver tão bonita quanto as
vejo.

— É tudo uma questão de equilíbrio e encontrar sua, —


Heather continua o que soa como falas que ela encontrou na
Namaste Revista ou em qualquer coisa que as pessoas que
praticam ioga leiam. — A paz interior existe se você procurar
por ela.
Se eu pensava que Horrível Heather era hipócrita antes,
estava errada. Ela está alcançando novos níveis agora. Porém,
eu não deveria ter ficado chocada quando ela se apresentou
como instrutora.

Não me entenda mal, eu sou totalmente a favor de ioga. Já


tive aulas antes, me tornei consciente e liberei a negatividade.
Mas relaxar não é exatamente algo que eu quero fazer com
minha chefe que estava sendo uma vadia maliciosa uma hora
atrás.

Além disso? Ela está sugerindo que façamos poses que


estão longe de ser iniciantes. Ela está quer que todos nós
falhemos para que ela pareça incrível ou está tão envolvida em
si mesma que não pensou de outra forma.

Do jeito que está, quatro dos acompanhantes escaparam


dessa experiência da união. Tenho certeza de que Slade
desejava ser um deles.

— Mantenha essas poses como se fossem orações. Adore o


seu corpo como se fosse um templo.

Não olhe para Slade.

Não olhe para ele.

Eu mordo o interior da minha bochecha enquanto me


esforço para não rir. Heather pede outra pose e, claro, não
tenho ideia do que ela está falando, então, quando levanto os
olhos para ver o que devo fazer, seus olhos estão focados em
mim.

Eu mordo minha boca com tanta força que dói.

— Devemos nos concentrar em nossa luz interior e não rir


de nós mesmos neste momento.

Jesus. Sério?

— É óbvio que alguns de nós estão lutando para encontrar


a maturidade necessária para fazer esta atividade.

— Desculpe, — diz Slade enquanto quase perde o


equilíbrio. — Esta não é a coisa mais fácil de fazer para um cara
que nunca fez isso antes.

— Quer que eu nada ai para tentar ajudá-lo? — Ela


pergunta, ligando o charme. Eu vejo o brilho e ele recebe a
oferta.

— Estou bem, — diz ele. — Continue.

E ela faz. Ela nos move através da pose da montanha,


dobra para a frente, da pose da cobra e do cão invertido, todas
as quais eu conheço agora, porque ela as repete tantas vezes. É
como se ela estivesse tentando nos convencer de que realmente
conhece sobre ioga na prancha. E com cada repetição da pose,
posso ver Slade não apenas lutando com o equilíbrio como eu,
mas também lutando contra sua diversão sobre o quão sério ela
está levando isso.

Ou talvez eu esteja apenas distraída por ele.

Eu sei que deveria estar de cabeça baixa para a pose atual,


mas eu olho para cima para ver todos ao meu redor. Todos eles
parecem tão sérios e estão se esforçando tanto que me faz
pensar que sou uma vadia crítica.

Ou talvez eles sejam apenas melhores em fingir.

Eu ouço uma risadinha à minha esquerda e olho por baixo


dos meus braços para Slade, que está falhando terrivelmente na
pose. Nossos olhos se encontram, e a risada que ele dá se
transforma em uma gargalhada.

— Podemos tentar nos concentrar? — Ela pergunta,


ficando irritada.

Mas a risada de Slade é contagiante.

Tanto que começo a rir.

Então, é claro, ele ri ainda mais e perde o equilíbrio, o que


não foi muito bom para começar. Eu interrompo minha pose,
incapaz de segurar o meu riso mais, e assim como eu faço,
Slade perde a luta para permanecer em sua prancha. Em vez de
cai inocentemente na água, ele muda seu peso para o lado o
qual estou perto de modo que, quando ele atinge a água, seu
corpo atinge a borda da minha prancha, me levando para baixo
com ele.

Quando volto à superfície, estou rindo tanto que mal


consigo respirar. Slade está ao meu lado, ajudando a me
empurrar em direção à minha prancha que está de cabeça para
baixo, tossindo através de sua própria risada.

Convenientemente, sua mão encontra minha bunda e


aperta. Eu grito e jogo água em seu rosto, nós dois entrando na
água novamente antes de voltarmos à superfície em outro
ataque de riso.

Por um minuto, esqueço que todos estão ao nosso redor.


Estou perdida no momento de nossas risadas e na água e não
me importando, que é a melhor sensação de todas.

Eu flutuo nas minhas costas até que minhas risadas


diminuam e meus pés tocam outra prancha. Eu olho para cima
para ver Buff Becky reprimindo seu próprio sorriso enquanto
ela olha por cima do meu ombro para onde Heather sem dúvida
está atirando punhais em mim.

— Podemos continuar? Estamos em um cronograma, como


você sabe, — Heather diz, sua irritação clara.

— Desculpe, — eu digo como uma criança repreendida que


não se importa enquanto eu nado até a minha prancha, que
Slade virou de volta para mim.
Claro, eu tenho que descobrir como entrar nisso sem fazer
mais uma cena, mas Slade se adianta. Ele se levanta na minha
prancha e passa a mão em volta do meu pulso para ajudar a me
puxar para cima.

Na terceira tentativa, ele finalmente me tirou da água, e


quando finalmente coloco meu joelho na prancha, Slade perde o
equilíbrio novamente.

Seu grito é alto e cheio de diversão enquanto ele cai no que


parece ser em câmera lenta. Ele cai de costas ao lado da
prancha de Heather e, em sua tentativa exagerada de não ser
atingida pelo enorme respingo que está prestes a atingi-la, ela
vira o corpo para a direita e perde o equilíbrio imediatamente.

Eu fico olhando em choque quando ela cai de cara na


água.
Capítulo Vinte e Dois

Blakely

— Você realmente tem que dizer isso? — Eu pergunto,


minhas bochechas e meus lados doendo de tanto sorrir, me
referindo ao seu comentário para Heather quando ela
reapareceu, cuspindo fogo.

Ele puxa as duas pontas da toalha enrolada em seu


pescoço. — Era tudo que eu conseguia pensar no momento.

— Você é o pega da vez? — Eu balanço minha cabeça,


revivendo como engasguei com minha próxima respiração
depois que ele jogou essas palavras em Heather quando ela
ressurgiu.

— Todo mundo achou engraçado. Eles riram, — diz ele


sem se desculpar.

— Engraçado ou não, você acabou de colocar o maior alvo


nas minhas costas.
— Odeio dizer isso a você, mas com base no olhar que ela
estava te dando, ela já tem um alvo aí. Agora ela está apenas
reajustando seu objetivo.

— E isso deveria me fazer sentir melhor?

— Não, mas algo tem que levar isso ao limite entre vocês
duas, mais cedo ou mais tarde, então... — ele se curva em uma
profunda reverência e faz um gesto afirmativo com a mão —
feliz por poder servir.

— Então, foi de propósito? — Eu pergunto de novo porque


ele não me deu uma resposta de uma forma ou de outra. Em
vez disso, ele me dá de ombros adoravelmente e levanta as mãos
aleatoriamente. — Você é enlouquecedor.

— Eu sei. — Ele sorri. — E você ama isso.

Eu fico na pequena cabana com minhas mãos na cintura e


sei que ele está certo - eu amo. Ele é a razão pela qual este
retiro estúpido arrancou tantas risadas de mim. Ele é a razão de
eu ter esquecido os ursos e mosquitos e tudo o mais que se
esconde além dessas árvores e realmente me diverti um pouco.

— Eu vou te trazer de volta de alguma forma.

— Eu conto com isso.

— Vá tomar seu banho. — Eu aceno minha mão para ele.

— Ei, Blakely?
Eu olho por cima do ombro para ele. — Sim?

— Obrigado por usar seu maiô. — Ele me dá uma


piscadela e não diz mais nada antes de descer correndo os
degraus da cabana com a toalha por cima do ombro e as roupas
limpas debaixo do braço.

Não sei por quanto tempo fico olhando para ele, mas tenho
certeza de que tenho um sorriso bobo no rosto que precisa ser
controlado de alguma forma. Mas como? Por quê? Não é assim
que se deve deixar meu passado para trás? Não é assim que
aproveitar o agora deveria ser?

Por que ele me agradecer por usar um maiô e me faz sentir


tão bem quando eu deveria tê-lo usado sem ele pedir?

Antes que eu possa pensar muito sobre esse ataque de


sentimentos... essa luxúria que parece tão real mais em um
curto espaço de tempo, meu telefone alerta com uma
mensagem.

Eu rio quando olho para ele, surpresa com sua contenção


ao enviar mensagens de texto em vez de ligar.

Kelsie: Me atrevo a perguntar se você ainda está se


arrependendo da decisão de se barbear?

Eu: A barbeei antes de sair.


Kelsie: Acho que a única outra pergunta que resta é:
alguém viu seu trabalho?

Eu fico olhando para o texto, e uma parte de mim quer


brincar com ela enquanto a outra parte está morrendo de
vontade de deixar ela saber como tudo está indo.

Eu: Afinal, o ar livre não parece tão ruim.

Rindo, jogo meu telefone na cama, assim que a maneira


perfeita de fazer Slade pagar pelo que fez me bate.

Preciso agir rápido para fazer funcionar.

Os próximos minutos são gastos com a adrenalina


correndo em minhas veias enquanto eu mordo de volta o riso
que parece estar fluindo livremente hoje.

Então eu espero.

Provavelmente mais cinco minutos antes de ouvir meu


nome sendo gritado no chuveiro comunitário.

— Tem certeza de que é assim que quer jogar, Blakely? —


Ele avisa de brincadeira. — Sem pele nas minhas costas.

Estou sentada nos degraus da varanda com suas roupas e


toalha penduradas na ponta dos meus dedos e o sorriso que
ganha todos os sorrisos em meus lábios.
— Você se esqueceu de algo? — Eu o chamo quando ele sai
do chuveiro com nada além de que a natureza lhe deu.

Isso deveria ser um truque que ele faria, mas eu não sabia
que poderia ser um truque que eu poderia fazer também. Como
assisti-lo fechar a distância entre nós em todo seu esplendor?
Seu cabelo está molhado, a água pinga de seu peito, seu pênis
quica em sua coxa a cada passo, e um desejo tortuoso surge em
seus olhos.

— Não esqueci de nada, — ele diz e então assobia como se


andasse nu todos os dias por um acampamento. — Ainda bem
que eu ainda estava com meus chinelos no banho.

— Coisa boa.

— Ou poderia ter sido uma caminhada de volta espinhosa.

—Espinhosa de fato, — murmuro, sem se preocupar em


esconder a meu longo, olhar apreciativo para ele quando ele
pisa na sombra da cabine. Seguro a toalha de praia verde um
pouco mais alto. — Você parece estar um pouco molhado? Você
precisava disso?

— Eu preciso de um monte de coisas. — Ele retorna a


avaliação demorada antes de encontrar meus olhos. — Virar o
jogo contra você, e deixá-la um pouco molhada, pode ser apenas
uma delas.
Suas palavras se enterram sob minha pele até que meu
corpo reaja visceralmente a elas. Meus mamilos endurecem.
Calafrios cobrem meus braços. Essa dor lenta e doce começa a
ferver porque a memória dele faz a promessa em suas palavras
queimar muito mais brilhante.

— É isso mesmo? — Eu pergunto.

Ele dá um passo em minha direção, seu pau ficando mais


duro a cada segundo que passa. — Você sabe que isso significa
guerra, — diz ele, sorrindo maliciosamente.

Em um piscar de olhos, ele está subindo as escadas. Eu


grito e corro para a cabana. Não esqueci que estou correndo
para um pequeno quarto com apenas uma cama com um
homem nu e sexy me perseguindo. Em segundos, ele tem seus
braços em volta do meu estômago, seu comprimento duro
pressionando contra minha bunda enquanto ele me puxa contra
ele.

— Alguém está se sentindo um pouco mal-humorada hoje,


não é? — Ele murmura contra a curva do meu pescoço, o
arranhão de sua mandíbula acendendo pequenos fogos em toda
a minha pele.

Ele desliza as mãos para segurar meus seios e brinca com


meus mamilos através do tecido fino do meu maiô, e sua boca
define um curso em direção à devastação logo abaixo da minha
orelha.
— Se você não consegue lidar com o calor...

Sua risada ressoa de seu peito em minhas costas.

Como posso querer tanto ele e tão rápido? Não é apenas o


sexo incrível que tivemos na noite passada – bem, é, mas
também é a maneira como Slade me faz sentir. Jovem. Vibrante.
Despreocupada. Nada como a debutante perfeita de que Paul
precisava para suas reuniões com camisa de botão e sua
atitude de eu-deveria-esta-recebendo-com-uma-chupada-para-
fechar-esta-fusão.

— Se você não parar, podemos nos atrasar para a próxima


atividade, — murmuro e gemo enquanto seus dedos seguram
meu sexo.

— Essa é a questão.

Meu pescoço se arqueia e minha cabeça cai para trás em


seu ombro enquanto ele desliza os dedos por baixo do tecido e
encontra aquele feixe de nervos lá. Eu levanto meu pé sobre a
cama para dar a ele mais acesso, para implorar a ele para pegar
o que ele quer, porque inferno, já está pronto para ele.

Entre seus beijos, a raspagem suave de seus dentes contra


a curva do meu ombro, seus dedos se movendo com maestria,
pensamentos de estar atrasada pela segunda vez hoje tremulam
e desaparecem.
Não tenho como me concentrar neles quando ele está
fazendo isso comigo.

— Slade. — Seu nome sai de meus lábios como um gemido


assim que ele me vira e inclina sua boca sobre a minha. Onde
ontem à noite estávamos facilitando o que quer que seja, hoje
ele está pegando o que quer, e uma pequena emoção dispara
por mim ao mesmo tempo que seus dentes puxam meu lábio
inferior.

A batida na porta nos assusta pra caralho.

Meu primeiro pensamento é quão alto foi aquele gemido


que acabei de emitir?

O segundo é que quero que seja quem for lá fora, vá


embora.

Nossos lábios se encontram novamente, desta vez uma


risadinha escapando de meus lábios enquanto meu corpo
estremece com o desejo correndo por ele.

— Eu deveria atender, — murmuro entre outro beijo.

— A menos que seja Horrível Heath...

— Shhh! — Eu digo enquanto cubro a boca de Slade antes


que ele possa terminar o apelido. Com a minha sorte, é ela do
outro lado da porta.
Sua língua lambe a palma da minha mão cobrindo sua
boca e eu jogo minha cabeça para trás e rio.

— Apenas um minuto! — Eu grito para a porta.

Outro beijo.

— Você deveria atender, — diz ele.

Então outro.

— Eu deveria. — Dou um passo muito doloroso para trás e


rio dele parado ali completamente nu. — Você deveria cobrir
isso, — provoco e jogo a toalha nele.

— Isso terá continuação, — ele murmura, e eu rio de novo


antes de abrir a porta.
Capítulo Vinte e Três

Slade

— Gemma! — Blakely diz enquanto sai e fecha a porta


atrás dela.

Eu imagino a mulher. Mais baixa com cabelo


encaracolado, um belo sorriso, um pouco tímida e
definitivamente um pouco germofóbica. A mulher retira
desinfetante para as mãos a cada cinco minutos.

Ela também escolheu um momento horrível para aparecer


aqui.

Elas conversam um pouco enquanto minha ereção


desaparece e meus pensamentos se espalham por toda a porra
do lugar.

Eles são principalmente sobre Blakely.

Da cor que vive em suas bochechas e do sorriso que


dominou seu rosto sem parar desde que a peguei na trilha esta
manhã. O que diabos aconteceu em sua reunião esta manhã a
afetou o suficiente para que houvesse nuvens de tempestade em
seus olhos quando ela merecia apenas arco-íris.

Além disso, ela usava um maiô.

Ela pensou que era sobre eu a fazer usar o maiô quando


eu preferia tê-la sem nada, mas era muito mais do que isso. Era
sobre como, quando ela duvidava de si mesma, ficava nervosa e
depois na defensiva. O fato de ela não querer usá-lo não tinha
nada a ver com seus malditos colegas de trabalho e como ela
considerava seus corpos de ioga perfeitos. Tinha tudo a ver no
modo como ela se vê.

Não tenho certeza do que aquele babaca do ex fez com sua


auto-estima, mas foda-se.

Estou assumindo a missão de livrá-la de suas


inseguranças, uma por uma.

É o mínimo que ela merece.

Sua risada soa novamente, e minhas bolas apertam. Esta


mulher. Ela conseguiu me segurar de alguma forma.

— O motivo pelo qual eu realmente parei foi meio


constrangedor, — disse Gemma e chamou minha atenção.

— O que há de errado? — Blakely pergunta.

— Oh. Não. Não há nada de errado, — ela diz, e quando eu


espio pelas cortinas, posso vê-la corando e mudando os pés. —
É mais... Só queria dizer o quanto estava com inveja de você
hoje. Todos nós pensamos que toda aquela coisa de yoga em
pranchas foi mais para Heather mostrar como ela é boa, em vez
de nos reunir como uma equipe.

— Ela é boa naquilo, — Blakely diz suavemente enquanto


eu coloco meu short e o puxo para cima. — Mas por que você
estava com inveja de mim? Eu caí da prancha e não conseguia
parar de rir.

— Exatamente, — ela diz, seu sorriso ficando mais seguro.


— Você e Slade estavam rindo e se divertindo tanto enquanto o
resto de nós estava com medo de respirar errado por medo de
ser repreendido. Você simplesmente não se importou.

Blakely suspira daquele jeito que diz que ela está pisando
levemente para não ofender, mas, ao mesmo tempo, diz que está
ouvindo sua colega de trabalho. Um som de chefe tão perfeito.
— Claro, eu me importo, mas-

— Todos nós podemos ver que ela está tentando te pegar, e


ainda assim, você não está com medo. — Ela ri nervosamente,
como se não pudesse acreditar que acabou de dizer isso. — Já
estava na hora.

— Oh. Eu... eu não sabia que era tão óbvio.


— Vemos mais do que você pensa que vemos - ou, pelo
menos, eu vejo, — diz ela. — Você quer ir para a nossa próxima
sessão juntas?

— Hum, sim. Certo. Me deixe tirar meu maiô primeiro. Vou


demorar apenas um segundo, — diz Blakely.

Um segundo depois, a porta abre e fecha e Blakely me


encara como se estivesse chocada.

— Não olhe agora, mas acredito que outra coisa está sendo
riscada de nossa lista de tarefas do Blade — sussurro para que
Gemma não ouça.

— Você nos ouviu? — Ela sussurra de volta enquanto


caminha até sua mala.

— Eu ouvi.

Ela está de costas para mim enquanto desliza os braços


para fora das alças do maiô e começa aquela mágica que as
mulheres fazem para colocar seus sutiãs. — Ela é uma das que
eu pensei ser a líder de torcida da Heather.

— Não mais, ao que parece, — murmuro, gostando


bastante de vê-la se vestir. Há uma eficiência nisso que é em
partes admirável e sexy.
— Tudo porque estávamos rindo. — Ela puxa uma camisa
sobre a cabeça e fica logo abaixo de sua bunda. — Tudo porque
estávamos nos divertindo.

— Você provou que não tinha medo da ira de Heather. —


Ela tira o terno e desliza uma calcinha rendada bem sexy por
aquele trecho de pernas de um quilômetro até que eu não posso
mais vê-las. — A esperança pode ser contagiante.

Ela olha para mim novamente e ri. — Esperança?

— Esperança. — Dou um passo em sua direção. —


Quando se dá as pessoas, mesmo de uma forma tão simples
como o riso, é contagiante. — Ela pisa em um par de jeans. —
Eu vejo isso o tempo todo no hospital.

— Acho que você está me dando muito crédito aqui. — Ela


se vira enquanto enfia a camisa e fecha a cintura. — Pelo que
sei, irei para a próxima sessão e toda essa conversa será
duvidosa.

— Eu duvido. — Eu dou mais um passo em direção a ela.


Afasto uma mecha de seu cabelo que está solta do rabo de
cavalo e coloco atrás da orelha. — Mas se eu estiver errado, vou
ficar chateado por termos sido interrompidos. — Eu me inclino
para frente e beijo seu sorriso.

— Eu vou compensar você.


— Famosas últimas palavras, — eu digo e ando em direção
à porta e a abro. — Ei, Gemma. Você está bem? Não está muito
dolorido depois daqueles movimentos estúpidos? — Eu estou
brincando. — O que Ted está tramando?

Sua risada diz tudo. — Frustrado por estar aqui. Ele não é
exatamente um homem de ioga.

— Eu acho que é evidente que eu também não. — Eu


sorrio. — Não é exatamente uma coisa fácil para os homens.

— Devo me preocupar se você está formulando outro


plano? — Blakely pergunta enquanto fecha a porta atrás dela.

— Eu estou. — Eu pisco para Gemma. — Eu pretendo


mudar a perspectiva masculina um pouco enquanto vocês,
garotas, fazem o que estarão fazendo a seguir. Você está bem
com isso?

— Eu quero saber? — Gemma pergunta.

— Não. — Eu pressiono um beijo casto nos lábios de


Blakely. — Mas você vai me agradecer por isso.
Capítulo Vinte e Quatro

Blakely

— Ei cara, odeio perguntar, mas você pode dar uma olhada


nela para mim? — Slade caminha de um lado a outro do cais e
ri baixinho. — Nah. A mesma velha merda. Eles têm que
esperar ela acordar. Nenhuma decisão até então. — Seus
ombros estão tensos e ele aperta a ponte do nariz no que parece
ser frustração. — Eu agradeço. Sim, eu posso esperar.

Slade não fala por alguns momentos enquanto espera.

— Cristo, — ele finalmente murmura, com os ombros


caídos. — Obrigado por verificar. Eu sei em que posição
coloquei você perguntando. — Ele concorda. — Parece bom.
Mais tarde, cara.

— Merda. — Ele sibila a palavra para si mesmo enquanto


se senta no final do cais.

O observo por alguns segundos, eu debato se devo deixá-lo


em paz ou me aproximar dele. Ele parece tão solitário que eu sei
que não posso simplesmente ir embora. Não depois que ele foi
meu maior líder de torcida.
Eu sei que ele sabe que estou lá enquanto meus passos
vibram no cais, mas ele apenas mantém os olhos na água à
frente.

— Ei, — murmuro.

— Oi. — Ele não olha na minha direção.

— Posso sentar ou você quer ficar sozinho?

— Sente. Por favor. — Ele olha para mim e oferece um


sorriso que não alcança seus olhos. — Claro, sente-se.

Eu deixo meus chinelos ao lado de onde estão os dele e me


sento ao lado dele, deixando minhas pernas balançarem para o
lado para que meus dedos dos pés deslizem na água. Ficamos
sentados em um silêncio confortável por alguns minutos
enquanto eu aprecio a sensação do calor do sol em minhas
bochechas e o brilho de seus raios na água ao nosso redor.

Mesmo que nossas mãos estejam atrás de nós, ele


consegue deslizar para mais perto das minhas e enganchar
nossos dedos mínimos.

Não sei por que o movimento me faz desmaiar, mas faz.

— Tudo certo? — Eu finalmente me arrisco a perguntar.

— Apenas trabalho.

— Gostaria de falar sobre isso?


— Na verdade não.

— Você disse que precisava de uma terapia ao ar livre.


Tem a ver com o que quer que seja essa ligação?

— Mm-hmm.

— Ok, — eu digo e descanso minha cabeça em seu ombro.


Sinto o leve cheiro de cerveja em seu hálito e rio. — Devo
perguntar o que você e os maridos, namorados e brinquedos
fizeram enquanto estávamos em mais uma sessão entorpecente,
ou seria melhor não perguntar?

— Podemos ter compartilhado algumas bebidas e eu posso


ter sido o barman. — Ele dá uma risada curta. — Não é preciso
dizer que Tom testosterona, Stoned Steven e Bobbie do beisebol
podem estar de bom humor para as festividades desta noite.

— Eles estão bêbados?

— Eles estão muito felizes. — Sim, não quero saber.


Quaisquer que sejam os laços que esses caras fizeram, são
deles, então eu não cavo.

— Obrigada por isso, — eu digo e pressiono um beijo em


seu ombro em agradecimento.

Mais silêncio passa entre nós enquanto o sol lentamente


começa a cair em direção ao horizonte e o céu começa a dançar
com cores.
Não posso dizer que me importo de compartilhar isso com
ele.

— Me diga algo sobre você que eu não saiba, — digo,


repentinamente curiosa sobre quem é esse homem.

— Como o quê? Você conhece o básico.

— Sua mãe. Na primeira noite em que nos conhecemos,


você disse que tinha uma mãe intrometida. Me fale sobre ela.
Minha mãe está tão distante e ocupada com sua vida em
Michigan, que sinto falta do amor que é igualmente irritante e
acolhedor.

— Verdade. — Ele balança a cabeça antes de cair em um


silêncio pensativo por um momento. — Ela é louca, mas tem
boas intenções.

— Você disse que ela estava aqui visitando?

— Sim, e por mais que eu a ame, estou feliz que ela foi
embora. — Ele ri. — Ela tem um jeito de assumir tudo e saber
das coisas antes de mim.

Eu rio, amando como a simples menção dela faz o sorriso


finalmente alcançar seus olhos.

— E seu pai? — Eu pergunto.

— Ele é incrível em seu próprio jeito. Ele é um cirurgião


plástico que só lida com reconstruções mamárias.
— É por isso que você entrou no campo?

— Gosto de dizer que entrei na medicina porque quero


salvar as pessoas, mas sim, tenho certeza de que parte disso é
que eu queria que ele tivesse orgulho de mim.

Sua franqueza é revigorante. Estou acostumada a ter que


arrancar dentes para obter qualquer tipo de reação de um
homem.

— Por que o coração?

— Porque não é aí que tudo começa e termina? — Ele


pergunta, seus olhos fixos nos meus. — Com o coração?

Estou sem palavras. Tenho certeza de que ele não quis


dizer como eu as considero, mas elas ainda me atingem de
forma profunda.

— Sim. — Minha língua está pesada na minha boca. — É


verdade.

— Minha mãe era terapeuta. Ela ajudou as mulheres a


lidar com a perda que acompanha esse tipo de cirurgia. Muitas
mulheres tentam se convencer de que são apenas seios e que
podem viver sem eles, mas é um grande golpe para a mente, e
ela as ajudava a superar isso.

— Eu não posso imaginar. Deve ser bom fazer um trabalho


que torna as pessoas melhores.
— Sim, mas você faz o mesmo.

Eu rio de sua tentativa. — Eu aprecio você colocá-lo no


mesmo campo, mas não é. Salvar vidas e vender maquiagem
não é realmente comparável.

— É tudo uma questão de perspectiva. Como você sabe


que a maquiagem que vendeu não ajudou ninguém a se sentir
bem consigo mesmo quando se olhou no espelho? Como você
pode descartar o fato de que, para algumas pessoas lá fora, um
pequeno aumento em sua autoestima pode significar a diferença
entre cair nas profundezas da depressão ou ter um ótimo dia.

Eu mudo minha cabeça para apenas olhar para ele.

— O que? — Ele pergunta.

— Você sempre tem essa visão das coisas? Quero dizer,


como você aprendeu a olhar as coisas dessa forma.

Ele encolhe os ombros timidamente. — Eu não sei. Lendo.


Ouvindo os outros. Assistindo à maneira como a vida de muitas
pessoas termina cedo demais no pronto-socorro me forçou a
olhar para o lado positivo de tudo. Se não o fizer, também vou
ser puxado pelo peso disso.

— É incrível se você me perguntar. — Seus dedos em cima


dos meus apertam e eu volto a descansar minha cabeça em seu
ombro.
— Foi assim que eles se conheceram? — Eu pergunto,
pensando em seus pais novamente. — Sua mãe e seu pai, quero
dizer. Através do trabalho deles?

— A história que eles contam é que ela o viu do outro lado


da sala na festa de Natal do hospital. Ele estava conversando
com outras duas mulheres, mas ela disse que ele olhou nos
olhos dela, e ela sabia que ele era a pessoa certa.

— Amor à primeira vista? — Eu pergunto em descrença.

— De acordo com ela, foi. Ele levou alguns dias para


descobrir quem ela era e encontrá-la. Ela diz que ele demorou
muito, mas eles estão juntos desde então. — Há tanto carinho
em sua voz que não posso deixar de sorrir. — Mas isso foi há
trinta e poucos anos.

— Eu acho que é bom saber que é realmente uma coisa


que ainda existe, — murmuro baixinho.

— Eu acho. Ou isso ou é o destino fazendo você está no


lugar certo na hora certa. — Ele ri. — Quem sabe? Não é algo
em que penso muito. E você? Você disse que sua mãe mora em
Michigan?

— Não há muito a dizer. Meu pai nunca foi presente, então


éramos apenas nós, e aquela mulher é um redemoinho. Acho
que ela passou tanto tempo vivendo para mim como uma mãe
solteira que agora está ocupada vivendo para ela. Não somos
tão próximas como costumávamos ser, mas ela me encaixa
quando tem tempo. — Não estou chateada com isso e adoro que
ela finalmente aproveite a vida que merece.

— Ela era uma mãe divertida?

— Eu acho que não convencional é a palavra correta. A


escola nem sempre era obrigatória, mas viajar era. Os códigos
de vestimenta eram o diabo e usar as piores opções possíveis.
Por que fazer aulas de educação cívica quando você pode sair e
protestar? A parte tipo A de mim resistiu a esse tipo de
educação, mas posso apreciá-lo agora.

— Foi difícil crescer sem um pai?

— É tudo que eu sempre soube, então para mim,


simplesmente foi. Claro, eu estava desesperada para ter um
para que pudesse ser como as outras crianças, mas meu avô
estava sempre lá, sendo meu pai quando minha mãe não podia
ser. Recentemente, me perguntei se é por isso que me apeguei
tão fortemente ao meu casamento por tanto tempo. Ele morreu
anos antes que qualquer um de nós percebesse. Agora que
consegui me distanciar dele, percebo que foi mais o meu medo
de falhar que nos manteve juntos, mais do que qualquer coisa.

Ele opta por não dizer nada e, por isso, sou grata. A água
fria em meus dedos do pé, o sol em minhas bochechas e o calor
de sua pele ao meu lado são perfeitos demais para seguir essa
linha de conversa.
Capítulo Vinte e Cinco

Slade

— Pelo menos os caras estão um pouco mais animados


agora, hein? — Eu pergunto enquanto Blakely e eu tentamos
descobrir onde queremos colocar nossas coisas para a noite de
cinema sob as estrelas.

Parece luxuoso. E não é.

Uma tela portátil foi instalada na extremidade inferior de


um anfiteatro. Há seções de grama com cerca de três metros de
largura que são divididas por um degrau curvo de concreto com
cerca de trinta centímetros de altura antes de outra seção de
grama. Ao todo, existem dez níveis diferentes de assentos de
grama para nos espalharmos.

Há também uma barraca de concessão, completo com


coquetéis, montado ao lado.

Nós subimos os níveis, meus olhos já observando mais


acima... E por um bom motivo.
Testosterona Ted levanta uma garrafa de cerveja em
saudação quando passamos por ele, e Gemma acena
animadamente para mim. Harley Hal grita de onde está sentada
em uma cadeira no gramado enquanto Beisebol Bobbie levanta
a mão em uma saudação simulada.

Definitivamente nos unimos com as fotos que tiramos e as


reclamações que fizemos sobre Horrível Heather. Queixas que
nenhum

deles jamais teria expressado na frente de suas esposas ou


namoradas, mas depois de um pouco de álcool, estavam
totalmente bem se expressando na minha frente.

— Estou começando a achar que nós, mulheres,


precisamos invadir o bar também. — Ela ri. — Talvez então
todos nós relaxássemos e nos uníssemos, em vez de estar
sempre no limite.

Eu puxo sua mão e a puxo para mais perto para que eu


possa beijá-la bem no meio de todos. Desta vez, não é para
mostrar. É porque eu quero mesmo.

Inferno, eu queria no cais, mas disse a mim mesmo para


não fazer. Ela vai começar a pensar que a única razão pela qual
pedi para acompanhá-la é para fazer sexo com ela, e embora eu
não vá mentir e dizer que não é um bônus, não é a verdadeira
razão de eu ter vindo.
Sentar em casa e esperar Ivy acordar para que uma
decisão pudesse finalmente ser tomada se eu irei voltar para
minha residência estava pesando muito para mim. Eu precisava
de uma pausa.

Ela se inclina para trás quando o beijo termina e o sorriso


que ilumina seus olhos faz com que todos nos observem agora.
— O que foi isso? — Ela pergunta.

— Pela doca hoje mais cedo. — É tudo o que digo antes de


agarrar sua mão e levá-la para o fundo do cinema improvisado.

Foi pelo seu conforto silencioso quando descobri que as


últimas novidades sobre Ivy eram as mesmas. Foi por ela ter me
lembrado de como sou sortudo por ter os pais que tenho e a
educação que tive, e por apenas sentar comigo e assistir ao pôr
do sol com nossos dedos entrelaçados e sem palavras.

— Você quer subir até aqui? — Ela pergunta enquanto eu


coloco o cobertor e ela joga alguns travesseiros contra a parede
de concreto para que possamos descansar nossas costas.

— Mm-hmm. A vista é muito boa aqui.

Ela me lança um olhar que diz que ela não acredita nisso.
E ela não deveria, porque eu não dou a mínima para assistir ao
filme Chefe Horrível… A ironia é que Horrível Heather o
escolheu.

Talvez ela tenha senso de humor, afinal.


Realmente não importa. Tenho outros planos para nós.

Como escapar para terminar o que começamos antes.

Demora alguns minutos para que todos se acomodem, e


Blakely e eu colocamos o enorme cobertor Pendleton sobre nós.
Há um frio no ar essa noite que a faz se aconchegar mais perto
de mim, e eu aceito.

Horrível Heather e seu namorado, que apelidei de Dan


Sombrio porque ele se recusou a se juntar a nós, rapazes, hoje
cedo, entram logo antes das luzes piscando na frente do
anfiteatro para nos dizer que o filme começará em breve. Claro,
foi perfeitamente planejado que ela ocupasse o centro do palco.
Qualquer um que não pode ver isso é cego.

Ela acena com o dedo mínimo falso para todos e, como


uma rainha, se senta no meio. Perfeito. Ela está longe de nós.

As luzes se apagam completamente, o filme começa a rodar


e as pessoas se acomodam.

—O que aconteceu hoje com ela? — Eu pergunto baixinho.

—Nada que realmente importe.

Mas há um conflito em seu tom que me diz de forma


diferente. Eu me inclino para sussurrar em seu ouvido, e adoro
quando noto sua respiração quando o faço. Afetar uma mulher
nunca é uma coisa ruim.
—Eu completei seu desafio esta manhã, — murmuro. —
Eu acredito que é minha vez de escolher o próximo.

Sua risada atrai alguns olhares para onde estamos


sentados. — Você se esqueceu, eu não aceito desafios.

—Eu ainda vou converter você. — Eu corro a ponta do


meu nariz em torno da concha de sua orelha e sinto seu corpo
estremecer em resposta. —Você está com frio? — Pergunto
quando sei que aquele arrepio foi muito mais do que isso. — Se
Aproxime. Vou mantê-la aquecida.

E ela faz. Nós nos reposicionamos de modo que ela fique


sentada entre minhas pernas abertas, suas costas estão para a
minha frente e meu queixo está em seu ombro.

Claro, com meu pau pressionado contra sua bunda, tudo


que posso pensar é no que estávamos fazendo quando fomos
interrompidos anteriormente.

Minhas mãos estão em sua cintura, então eu as deslizo


por baixo de seu moletom volumoso para que meu polegar
possa esfregar sem rumo sobre a faixa de suas calças de ioga.
Ela se acomoda com mais força contra mim, e suas mãos se
movem para descansar em meus antebraços.

Eu deixei minha mão permanecer lá por alguns minutos


antes de caminhar meus dedos sob a faixa de sua calça.
— O que você está fazendo? — ela murmura em protesto
simulado, seu corpo tenso enquanto seus dedos apertam meu
braço.

— Garantindo que este filme seja memorável, — eu


sussurro em seu ouvido. — E eu não consigo tirar minhas mãos
de você.

Sua única resposta é empurrar minha mão para baixo em


consentimento. E eu faço. Encontro o caminho entre suas coxas
separadas, escondido pela escuridão da noite e a espessura do
cobertor.

Eu corro meus dedos sobre o topo de seu monte em


círculos preguiçosos antes de adicionar minha outra mão à
mistura e deslizá-la para baixo. Em segundos, eu separei seus
lábios para que eu possa ter um acesso um pouco melhor.

Eu cerro os dentes para conter o gemido que quero emitir


quando deslizo meus dedos para baixo, a encontrando já
molhada e desejosa.

Seu gemido contido é um afrodisíaco por si só. O som


absorve como me sinto cada vez que olho para ela: desejo
envolvido em necessidade e desejo forjado com luxúria.

Ela cobre meus dedos para que, quando eu deslizar de


volta para onde minha outra mão ainda a separou, eu consiga
encontrar apoio em seu clitóris. Eu levo meu tempo com
círculos lentos sobre o feixe de nervos. Meus movimentos são
preguiçosos, minhas intenções são singulares.

Há uma consciência intensificada do que estamos fazendo,


sabendo que podemos ser pegos, e isso me faz notar cada
pequena coisa sobre ela. A escavação de suas unhas em minha
pele. A elevação de seus quadris em minha mão. A moldura de
sua bunda contra meu pau. A respiração ofegante e gaguejada.
O cheiro de sua excitação que é como um feromônio me
incitando.

Eu crio um ritmo: brinco com seu clitóris um pouco,


adicionando fricção para que ele inche antes de deslizar de volta
para seu centro e dedilhar a áspera área de nervos lá. Todo o
tempo, meus lábios se concentram na pele logo abaixo de sua
orelha, que eu aprendi na noite passada é uma de suas zonas
mais sensíveis.

Muitos lugares para obter uma resposta dela. Muitas


maneiras de dar prazer a ela. Tantos meios de levá-la até o fim.

Eu quero virar ela e me enterrar nela? Claro que sim. Mas


também há algo incrível em saber que posso trazê-la a este
ponto apenas com meus dedos. Há algo inebriante em testar
seus limites e ver até onde ela está disposta a ir. E porra, há
algo a ser dito sobre fazer ela se desfazer.

Sua respiração se torna mais curta, e eu examino todos


perto de nós para ter certeza de que ninguém está prestando
atenção enquanto a trabalho para levá-la até a borda, um dedo
de cada vez.

E quando ela se aproxima, quando posso sentir seu corpo


ficar tenso e minha mão ficar encharcada, sussurro em seu
ouvido: — Eu te desafio a não gozar.
Capítulo Vinte e Seis

Blakely

— Você é um bastardo, — digo enquanto empurro Slade


por trás.

Mas eu não quis dizer isso.

Nem uma única palavra.

Não quando estou tão descrente e cheia de desejo com as


coisas que ele fez durante o filme.

Ele anda na minha frente, as mãos nos bolsos, assobiando


uma melodia como se nada tivesse acontecido, enquanto estou
atrás dele, revivendo lentamente cada momento cheio de
adrenalina.

Caramba, eu nunca fiz algo assim em um cinema com um


namorado antes, muito menos em um ambiente íntimo onde
minha chefe e meus colegas de trabalho estavam tão próximos.

Como ninguém percebeu?


Como ninguém percebeu a risada que eu dei quando Slade
me fez aquele desafio dois segundos antes de eu realmente
gozar era estranho?

E oh Deus, eu gozei forte.

Devia ser a emoção de ser pega durante o orgasmo. Isso,


ou é apenas o que Slade faz comigo, e não tenho certeza de qual
me enerva mais.

— Você pode me chamar de bastardo o quanto quiser, mas


eu acredito que ganhei esse desafio.

— Você jogou sujo, — eu digo enquanto corro ao lado dele.

— Só quando é diversão e jogos, — ele me provoca com seu


sorriso.

— E se tivéssemos sido pegos?

— Mas não fomos, — diz ele, dando os passos finais até a


cabana.

— Por que você fez aquilo? — Meu cérebro limitado tem


dificuldade em computar.

— Porque, às vezes na vida, Blakely, você precisa fazer o


que quiser, e ali mesmo naquele anfiteatro, assistindo aquele
filme idiota, eu queria você. Simples assim. Eu não conseguia
tirar você da minha cabeça, então queria que você sentisse o
que eu sentia.
— Oh.

— Boa resposta. — Ele coloca a chave na fechadura, gira e


então empurra a porta.

Ele se vira para mim, a luz interna formando um halo em


torno de sua silhueta. Há tantas coisas sobre ele neste
momento que me atingem como um soco no estômago, e eu luto
com as palavras enquanto tento entender como tudo isso
aconteceu tão rapidamente – o bar, a lista de tarefas do
guardanapo, ele, e meus crescentes sentimentos por ele.

Mas não tenho uma resposta.

E isso não é possível.

Um sorriso torto desliza em seus lábios. — Não olhe agora,


Blakely, — ele sussurra como se fôssemos as únicas duas
pessoas que restaram na terra. — Mas você pode apenas estar
descobrindo como uivar para a lua.

Enquanto o vejo me observando, tento descobrir se devo


ficar irritada com ele por empurrar meus limites como ele fez
esta noite ou se devo amá-lo por isso. Nossos olhos se fixam na
curta distância, a natureza uma sinfonia na noite ao nosso
redor, enquanto seu sorriso se alarga e provoca.

Com um uivo fingido, que provavelmente parece patético,


eu me lanço nele. Lábios, mãos e corpos colidem, enquanto eu
pulo em seus braços.
Ele tropeça para trás, pego de surpresa, mas sua risada
ecoa quando ele fecha a porta atrás de nós.

Nossa risada se transforma em gemidos.

Nossas fantasias se fundem com a realidade.


Capítulo Vinte e Sete

Blakely

Assim que volto do chuveiro do acampamento, meu cabelo


está molhado, partes de mim estão descaradamente doloridas e
não estou querendo deixar minha risada com Slade por minha
miséria com Heather.

Mas não é como se eu tivesse escolha.

Eu subo os degraus com o meu material de banho na mão


e sorrio quando vejo o guardanapo colado na porta.

Lista de tarefas pendentes do Blade:

Faça Paul se arrepender de ter deixado você ir.

Descubra nossa história: quando nos conhecemos, quão


longas suas pernas realmente são, irritações de animais de
estimação, etc.

Faça Horrível Heather vê-lo de forma diferente.

Conquiste seus colegas de trabalho sendo incrível.


Convença a todos que estamos loucamente apaixonados e
que deveríamos estar.

Obtenha a promoção.

Encontre a Blakely real novamente.

Apaixone-se perdidamente.

Eu estudo a lista e rio de seus itens meio riscados.


Quando vou abrir a porta, porém, ela está trancada.

— Ei, — eu digo e bato nele. — Abra.

— Não até que você me dê o código secreto, — diz ele por


trás da porta.

Eu penduro minha cabeça e mordo meu sorriso. —


Engraçado. Vamos, preciso me arrumar para não me atrasar
hoje.

— Você tem muito tempo.

— Abra a porta, Slade.

— Qual é a senha secreta, então?

— Trinta e seis polegadas, — eu digo, sabendo que essa


era sua estimativa áspera (e errada) do comprimento das
minhas pernas na noite passada enquanto ele passava a língua
na minha costura. Apenas o pensamento do que aquela língua
fez comigo me fez aperta as pernas.

— Embora eu ache que precisamos tentar medi-las


novamente apenas para ter certeza, essa não é a senha.

— Então por que foi riscado da lista?

— Porque às vezes precisamos nos sentir realizados, e


depois da noite passada, — diz ele, — me sinto realizado.

— Slade. — Minha voz é um aviso.

— O código é: Slade é um garanhão, — diz ele.

E embora eu possa concordar, deixo o sorriso brincar no


canto da minha boca antes de dar a ele o que ele quer. — Slade
é um garanhão, eu gemo as palavras, brincando para ter o
efeito máximo, mas nada acontece. A porta não destranca.
Nada. — Slade, eu te dei a senha, agora abra a porta.

Eu posso ouvir sua risada do outro lado. — Essa não é a


senha, eu só queria ouvir você dizer isso.

— Bastardo, — murmuro de brincadeira.

— Não consigo ouvir você, o que foi isso?

— Slade. — Eu suspiro, mas contradiz o sorriso. Não


consigo parar de sorrir.

— Foda-se, Heather, — ele diz.


— O quê?

— Essa é a senha. Foda-se, Heather.

— Eu não posso dizer isso.

— Certamente você pode. Tenho certeza de que você disse


isso um milhão de vezes em sua cabeça. Agora você só precisa
dizer isso em voz alta.

— Alguém pode me ouvir.

— Não vou abrir a porta até que você diga.

Meus ombros caem e balanço a cabeça enquanto rio,


porque sei por experiência que ele não vai desistir até que eu
diga. — Foda-se, Heather, — murmuro.

— O que é que foi isso?

— Eu disse isso. Agora você vai abrir a porta?

— Eu não conseguia ouvir. Você precisa falar um pouco


mais alto.

— Você está me enlouquecendo.

— E você ama isso.

E eu amo mesmo. Eu não posso negar. Quem mais me


faria gritar senhas para entrar na cabana?

— Foda-se, Heather, — eu digo um pouco mais alto.


Assim que eu digo isso, ele abre a porta com um puxão, e
Slade está lá em seu short e uma camisa Henley com as
mangas compridas puxadas até os cotovelos. Seu sorriso é largo
e seus olhos brilham com malícia enquanto ele passa a mão
pelo cabelo.

Deus, ele é lindo.

— Você está feliz? — Eu pergunto.

— Estou sempre feliz. Acho que a pergunta que você


queria fazer era: estou satisfeito. — Eu olho para ele. — E como
você sabe, a satisfação é algo difícil de medir.

— Engraçadinho.

— Você sabe qual é nosso objetivo hoje para trazer a


Blakely de volta?

— Acho que tenho medo de perguntar.

— É a sua vez de enfrentá-la hoje. Se ela aparecer na


reunião desta manhã, ou em qualquer outro momento, se
levante. Você está ganhando força com seus colegas, então você
os terá silenciosamente torcendo por você.

Não dou uma resposta porque o que ele está me pedindo


não é a coisa mais fácil de fazer, e se eu disser que vou fazer e
depois falhar, odeio desapontá-lo.
— Vamos lá. Encontre aquela minha garota que estava
uivando para a lua na noite passada e a solte.

— Eu sabia que você não seria capaz de resistir a ligar, —


digo em saudação quando paro um pouco antes de entrar no
anfiteatro para falar com Kelsie antes de ir para a minha
reunião.

— Você sabe que estou morrendo de vontade de saber o


que está acontecendo, — Kelsie diz, sua voz quase um grito. —
Você já ficou na horizontal?

— Para dormir? Sim. Eu acredito que dormir funciona


muito melhor quando você está na horizontal.

— Oh, você é atrevida. Faz muito tempo que não ouço isso,
o que me leva a crer que você, de fato, você estava na
horizontal.

Meu sorriso é automático, assim como a necessidade de


dizer a ela que sim. Não é porque quero me gabar, mas porque
estou muito feliz. — Possivelmente.
— Isso é um claro sim. Mais por que você não está
gritando nos telhados? Ou por que você está onde quer que
esteja falando comigo e não na cama com ele?

Eu rio. — Estou indo para uma reunião, então ele está de


volta à cabana se preparando para reunir os homens e fazer
sabe-se lá o que com eles. Seja o que for, tenho certeza que será
muito mais divertido do que o que estou prestes a suportar.

— Tão ruim assim, hein?

Eu torço meus lábios por um instante enquanto penso em


como responder. — Na verdade, não é nada ruim se excluirmos
os momentos que tenho que passar com ela, — eu digo, olhando
ao redor para ter certeza de que ninguém está por perto. — Eu
não ria tanto há muito tempo.

— Não me dê uma pausa como essa, — ela diz, sua voz


ficando séria. — Eu te conheço bem o suficiente para saber um
mas sempre vem depois de suas pausas dramáticas. — Eu não
respondo. — Fale logo, B. o sexo foi tão ruim assim?

— Não. Deus não. — Eu rio e aperto a ponta do meu nariz.


— Ele é incrível, e todas as vezes tem sido ótimo.

— Todas as vezes? — Ela tosse a palavra. — Houve mais


de uma vez?

— Sim. Não. Grrr, — eu digo com uma parte risada, parte


suspiro.
— Você não deve soar insegura depois de ter um sexo
incrível e alucinante, o que tenho certeza que foi, então por que
você está assim?

— Eu não sei o que dizer.

— Palavras. Palavras são o que você diz.

Mas ela não empurra enquanto o silêncio preenche a


linha, e eu descobri como articular meus pensamentos. Maddie
me vê do outro lado do caminho enquanto entra no prédio e
levanta a mão em um aceno. — Como é possível se sentir nas
nuvens com um homem que eu mal conheço, mas realmente
sinto que conheço, Kels? E, pior ainda, estou muito feliz, o que
provavelmente é apenas por causa da onda de endorfinas por
estar com ele nos últimos dias. E não vou me incomodar em
explicar por que já estou silenciosamente entrando em pânico
com o que vai acontecer quando isso acabar, mas estou.

— Ai Jesus. Você tomou seu comprimido para pensar


demais esta manhã? — Ela ri.

— Sou eu, não é? Eu sempre penso demais. E, claro, eu


preciso entrar, então não posso falar...

— Então eu serei rápida. — Ela fala. — Você tem


permissão para estar em qualquer maldita nuvem que quiser e
sem nenhuma vergonha. Quem disse que você não o conhece?
Às vezes você simplesmente tem uma conexão com alguém, e
talvez Slade seja esse alguém. Desde o início, essa coisa toda
com vocês dois foi inesperada e estranhamente certa. Portanto,
não questione o universo. Apenas aceite.

— Uh-huh. — Ela é louca, mas eu aceno em concordância


silenciosa.

— Você não está feliz porque está com ele. Você está feliz
por causa de como ele a faz sentir sobre si mesma. Você está
feliz porque fez um bom sexo com alguém que presumo que está
tratando você bem. Você está feliz por sua causa. Claro, ele
pode apontar coisas que fazem você ver as coisas de forma
diferente, mas ninguém pode fazer você se sentir feliz, exceto
você mesma. Então, limpe esse absurdo da sua cabeça.

— Tenho que ir, — digo e começo a andar pela área


gramada em direção à sala de reuniões.

— E, por último, — ela diz como se não tivesse me ouvido,


— é normal se perguntar o que acontece a seguir porque algo
atraiu vocês dois um para o outro. Se for realmente um
reboque, então cada um seguirá seu curso e você saltará ainda
mais alto. Se for algo mais, só o tempo dirá. Já se passaram
dias, pare de enlouquecer.

O problema não é que estou pirando, é porque não estou.


Já se passaram dias, e partes de mim desmaiam demais com as
coisas que Slade diz, e sei que meus sentimentos estão
envolvidos quando eles ainda não deveria estar.
Capítulo Vinte e Oito

Blakely

— Você está se divertindo? — Eu olho para Olivia. Seu


sorriso é largo e não confio cem por cento em sua sinceridade.

— Sim, e você? — Eu pergunto.

— Entre você, eu e o poste da cerca, precisamos fazer


menos atividades e beber mais. Eu sinto que tudo isso é
encenado. Muito configurado. Nós temos muito disso no
trabalho. — Eu olho ao redor para ter certeza de que ninguém
está prestando atenção. — Quero dizer, como devemos nos
relacionar se cada atividade nos une aos nossos homens? Isso
anula o propósito de união. Isso me diz que Heather realmente
não planejou isso. — Ela olha para a porta que Heather acabou
de passar. — Ou isso, ou sua entrada tardia, e apenas para nós
deixar esperando para ela fazer sua grande entrada.

Abro a boca para dizer algo, mas hesito, ainda não


confiando que ela está sendo genuína.
É melhor se eu apenas sorrir, acenar com a cabeça e
seguir a linha da empresa de que apoio Heather em vez de
questioná-la publicamente.

— Ei. Oi, — Gemma diz, suas bochechas coram.

— Ei, Gemma, — eu digo enquanto Olivia sorri para ela.

— Eu queria saber se talvez você fosse minha parceira no


desafio de canoagem que teremos mais tarde. Quero dizer, isso
é se Slade não estiver participando deste, e...

— Hal está fora da canoagem, — diz Olivia.

— Claro, — digo a Gemma, sabendo que Slade não vai se


importar. Ele está mais animado para o desafio de pesca do que
de canoagem, de qualquer maneira.

— É muito divertido conversar com você e-

— Qual é o ponto de todos nós termos laços de equipe e


essas besteiras se só estamos desafiando nossos namorados? —
Olivia interrompe Gemma novamente e se repete. — Isso não
anula o propósito de aprender a confiar uns nos outros como
colegas de trabalho quando nunca somos exatamente
desafiados a trabalhar juntos? — Ela bufa e revira os olhos de
uma forma que me faz pensar que ela não ama Heather tanto
quanto eu pensava.
É a segunda vez que Olivia menciona isso na conversa. Ela
está procurando uma afirmação ou está esperando para ver se
vou falar mal de Heather para que ela possa correr e contar a
ela.

Eu avalio como responder e opto por uma abordagem


cautelosa.

— Verdade, — eu pondero enquanto Olivia acena com a


cabeça e levanta as sobrancelhas como se fosse ver se eu vou
fazer algo sobre isso. — Slade e eu discutimos a mesma coisa
ontem à noite.

— Não demoraria muito...

— Bom dia, amigos, — Heather diz enquanto entra na sala,


emocionada com toda a atenção direcionada para ela. — Estou
muito animada para passar mais um dia maravilhoso
consolidando nossos laços e entrelaçando nossos pensamentos,
— diz ela e faz o gesto Namaste com as mãos.

Ela bebeu uma xícara de gentileza esta manhã, porque


isso não soa como ela.

— Algumas coisas antes de começarmos. Eu acho que na


noite passada havia um urso vagando pelo acampamento, — ela
diz enquanto todos na mesa olham para frente e para trás uns
com os outros com conversas irritantes e animadas enquanto
eu sento imóvel, enraizada em minha cadeira. — O que há de
errado, Blakely?

Eu limpo minha garganta. — Nada.

— Você realmente não está preocupada com a existência


de um urso la fora, está? — Sua voz é semelhante a uma micro
pigmentação. Deixa pequenos cortes em minha pele
repetidamente, e não importa o quão desconfortável fique,
sempre digo a mim mesma que eles valem a pena quando sei
que não valem.

— Bem, a equipe do acampamento não teria pedido que


você mencionasse isso para nós se não fosse uma preocupação.

— Blakely Foxx com medo de um urso. Quão fofo é isso?


— Ela ri e acena com a mão em minha direção. — Você
provavelmente deveria ter mais medo de mim do que de um
urso.

— Isso não preocupa você? — Eu pergunto.

— Não. Mas se assim fosse, eu sou a líder da equipe e não


demonstraria, porque acredito piamente na liderança faz o
exemplo. Mostrar seu medo não é exatamente isso, não é? Ficar
com medo iria levar o time pelo mesmo caminho. — Ela me
encara, aquele sorriso que odeio brincar nos cantos de sua
boca, me provocando para questioná-la. — Se você tem alguma
esperança de avançar, é melhor descobrir como fazer uma cara
mais corajosa.

Cada parte de mim se agita com seu comentário e a


repreensão pública, mas eu mordo minha língua e apenas
sorrio como se eu soubesse algo que ela não sabe.

Eu acho que atingiu seu alvo. Sua mandíbula aperta. Suas


mãos se fecham em punho, e eu sei o momento em que ela
percebe, porque ela as empurra para trás. E aquela sobrancelha
solitária dela sobe até a linha do cabelo enquanto ela contempla
o que exatamente o fantasma de um sorriso em meus lábios diz.

— Estamos perdendo tempo aqui. — Ela volta sua atenção


para o resto do grupo. — Agora vamos ao tópico de hoje...

E então ela começa a fazer uma longa crítica sobre o


propósito de diversos pensamentos, enquanto sozinha ela fecha
a opinião de cada pessoa nessa sala ao verdadeiro estilo de
Heather.

O tempo todo em que estamos discutindo, estou me


preparando para o que vou dizer depois. Linha por linha. O tom
que usarei. A maneira como moverei minhas mãos para que ela
não leia os nervos que correm soltos por baixo. Tudo.

Quando finalmente chega a hora de todos irem embora,


fico em meu lugar até que ela perceba que ainda estou lá.
— Há algo que você precisa, Blakely? — Ela pergunta com
aquele estalo afiado ao meu nome.

— Estou apenas tentando descobrir algo.

Suas mãos param de empilhar papéis e ela levanta


deliberadamente a cabeça para que seus olhos encontrem os
meus. — E o que exatamente?

Meu coração está acelerado, meu pulso batendo forte no


meu ouvido.

— Por que você constantemente sente a necessidade de me


cortar e criticar na frente dos meus colegas de trabalho? Se você
está insatisfeita com o meu trabalho, por que não me demitiu?

Seu corpo estremece de surpresa antes que ela se


recupere, mas ela está piscando muito rápido para aparentar
imperturbável. — Desculpe?

— Você me ouviu.

— Sim, estou surpresa que você tenha coragem suficiente


para perguntar isso. — Ela inclina os quadris na mesa atrás
dela e cruza os braços sobre o peito.

— Eu tenho muita coragem, Heather. Estou neste jogo há


tempo suficiente para saber qual é o melhor momento para
jogar.

— E você escolheu agora?


— Não parece que você discrimina quando se trata de
mim, então por que você deveria ficar ofendida por eu ter
escolhido agora, quando estamos sozinhas para perguntar a
você? — Eu lanço um sorriso malicioso. — Quero dizer, a menos
que você prefira que eu a confronte na frente da equipe. Acho
que agir dessa maneira é a maneira adequada para uma líder.
Não é?

— Você sempre pensou que é melhor do que eu.

Você está correta nisso.

— Você é a única que já pensou isso, então é por sua


conta, — eu digo e esfrego minhas mãos nas coxas do meu
jeans. — Então?

Ela lambe os lábios e sua expressão se torna calculista. —


Só porque você está aqui há muito tempo... sabe de uma coisa?
Deixa pra lá.

— Não. — Eu fico de pé, ouvindo palavras que afirmam


tudo que pensei sobre como ela olha para mim. — Só porque
estou aqui há muito tempo, o quê?

Heather se empurra para fora da mesa e muda de posição.


— Você parece ser a queridinha do conselho. Essa é a única
justificativa que posso encontrar para a razão de você durar
tanto tempo quando ninguém mais faz.
— Como eu disse antes, acho que você consideraria isso
positivo. Eu sei o que o conselho quer do nosso departamento.
Sei como abordá-los para obter aprovação para novas ideias. E
minha experiência e tempo na Glamour me permitem ver como
uma faixa etária diferente pode olhar para uma campanha
voltada para um subconjunto mais jovem.

— E sua estabilidade pode ser a única razão pela qual você


ainda tem um emprego, — ela range para fora.

— Desculpe? — Finalmente. Algo sólido sobre qual é o


problema dela comigo.

— Não posso despedi-la porque o conselho não aceitaria


isso muito bem.

— E daí? Você só vai tornar minha vida miserável até eu


desistir?

Por que não pensei em gravar esta conversa no meu


telefone?

Seu sorriso se alarga e ela pisca. — Esse é o plano.

E então ela sai.


Capítulo Vinte e Nove

Slade

Minhas pernas estão queimando e meus músculos estão


definitivamente sentindo o álcool e, possivelmente, o sexo
assassino da noite passada, enquanto eu corro a milha de volta
para a cabine.

Missão cumprida.

Corrida. Procurar os melhores locais de pesca para a —


competição — que supostamente teremos hoje. E voltar a tempo
para ver o quão bem Blakely chutou a bunda de Heather.

Graças a Deus. É tudo o que consigo pensar quando a


cabana surge no meio das árvores.

É para isso que vim aqui. O ar livre, um pouco de ar puro


em meus pulmões e um pouco de distância de tudo. Uma
distração para passar o tempo enquanto espero o telefonema me
restabelecer.

E pode acontecer a qualquer hora.


A única coisa que eu não esperava era Blakely se tornando
uma grande parte disso.

Sem fôlego e me sentindo muito melhor, corro escada


acima e fico surpreso quando encontro Blakely já de volta de
suas reuniões matinais.

— Ei... — Eu digo, mas minhas palavras desaparecem no


minuto em que ela vira as costas para mim e afasta o que eu só
posso presumir que sejam lágrimas porque não posso vê-las. —
O que está acontecendo, Blake? — Eu pergunto, minha voz
suavizando enquanto um milhão de coisas fodidas que a vadia
da Heather poderia ter dito ou feito passam pela minha mente.

— Estou bem. Não é nada. — Sua voz está abafada


enquanto ela vasculha sua mala sem rumo para me evitar.

— Você chorar em nossa cabana não é nada.

— Você apenas - você não entende.

— Olhe para mim, — eu digo. Leva um segundo, mas


quando ela olha, isso me atinge. Seus olhos estão vermelhos e,
pior ainda, a faísca se foi. — Por que você a atura? — Eu
pergunto sem saber um pingo do que aconteceu. Tudo o que sei
é que esta é a segunda vez em poucos dias que Heather coloca
lágrimas naqueles olhos verde-esmeralda, e estou farto disso. —
Porque a mulher séria que conheci naquele bar, aquela que me
fez rir e depois desejá-la. Aquela que me fez tramar e planejar
listas em um guardanapo depois de fingir ser algo que não
éramos? Aquela que estava rindo tanto que não conseguia parar
ontem quando estávamos quebrando todas as regras da ioga...
Aquela mulher séria diria a sua chefe para ir para o inferno.

Ela balança a cabeça. — Essa mulher não sou eu. — A


risada que sai de seus lábios é carregada de dúvida. — Ela é
uma farsa que está tentando provar seu valor e está fazendo
isso miseravelmente.

— É aí que você está errada. Essa é você. Você está se


recusando a ver isso.

— Quem disse? — Ela exige.

— Eu estou dizendo.

— Você nem me conhece. — Suas palavras são suaves,


mas cortantes.

Eu acredito que Blakely Foxx está querendo brigar, e talvez


se eu der isso a ela... talvez se eu irritá-la o suficiente, ela se
vire e direcione essa raiva para onde precisa ser focada.

Dou um passo em direção a ela, meus olhos exigindo mais.


— Eu não acho que você se conhece, Blakely. Você vive dizendo
que quer reencontrá-la, mas continua a enterrando embaixo de
tudo de que tem medo. Talvez seja a hora de você parar de usar
a velha você como desculpa e deixar a nova você aparecer.
Seu lábio inferior estremece, e odeio ver isso. — Vá para o
inferno, Slade.

— Esta é a nossa primeira briga? — Eu pergunto e rio. —


É isso que estamos fazendo? Devemos voltar para o prédio
principal e fazer isso lá para que todos no acampamento nos
ouçam e saibam que somos um casal de verdade? Isso lhe daria
outra desculpa para dizer o porque não termos certo por muito
tempo. Por que parece que você não pode se defender ou lutar
pelo o que você quer.

Sua promoção.

Seu orgulho de volta.

Por mim.

— O que? — Ela se assustar com o golpe baixo.

E foi baixo, mas também foi dito para chamar sua atenção.

Com certeza chamo a minha também.

Eu?

Que merda é essa?

Eu não tenho tempo para descobrir. Blakely está parada


na minha frente com os lábios entreabertos e olhos feridos, e
foda-se se odeio ter colocado isso lá, mas ainda quero que ela
me questione e possua cada maldita coisa que ela deseja.
— Você me ouviu, — provoco.

— Sim, e tudo que ouço é arrogância.

— Bem, alguém tem que dizer.

— Você não pode falar por mim, — ela diz e aponta um


dedo contra meu peito para enfatizar suas palavras.

— Então é melhor você começar a fazer isso por si mesma,


porque o seu silêncio é o seu pior inimigo.

— Pare de falar.

— Sem chance. Você precisa ouvir isso.

— Saia. — Seu corpo vibra de frustração não muito


diferente do tipo que sinto. Mais a dela é porque ela não quer
ouvir, e a minha é porque eu finalmente quero que ela veja que
pessoa incrível ela é. A mulher em que Paul nunca permitiu que
uma luz brilhasse. — Por favor. Apenas vá.

Uma lágrima escorre por sua bochecha, mas ela pisca o


resto antes que outra caia.

Cristo.

— Tudo bem, — eu digo com minhas mãos para cima. —


Vou te dar seu espaço, mas só depois de dizer o que preciso
dizer.

— Economize seu fôlego, — ela murmura.


—Não sei o que você vê quando se olha no espelho,
Blakely, mas definitivamente não é a mesma coisa que vejo
quando olho para você. Você briga comigo por não querer usar
um maiô para ir ao lago, religiosamente coloca todas aquelas
loções no que chama de pés de galinha à noite e se pergunta
por que não está à altura das pessoas estúpidas com quem
trabalha. Você dá desculpas por que não pode, por que é melhor
esperar seu tempo do que balançar o barco, e então se pergunta
por que eles olham para você de forma diferente.

— Slade...

— Minha vez, Blakely. Já é a segunda vez que você voltou


de uma reunião com lágrimas nos olhos, então é a minha vez.
— Eu levanto meu dedo para impedi-la. — Você quer saber o
que eu vejo quando olho para você? Aquele maiô que você
discutiu sobre usar ontem porque se achou gorda ou parecia
mal ou qualquer que seja a razão que você tinha? Você o vestiu,
se olhou no espelho e se encolheu. Você quer saber o que eu vi?
Eu vi suas curvas. As que quero mapear uma por uma com
minhas mãos. Elas são sexy e bonitas e...

— Slade...

— Não vejo as rugas em volta dos seus olhos sobre as


quais você faz piadas. Vejo evidências de rir e viver, e se dane,
quero saber a história por trás de cada uma delas. Você está tão
presa à sua idade, Blakely, mas quando eu olho para você? Eu
apenas vejo você.

Ela balança a cabeça para rejeitar minhas palavras, mas


eu aceno para contradizê-la.

— Eu ouvi você falar com seus colegas de trabalho e vi


você se trair quase todas as vezes. Você minimiza o seu
conhecimento para não pisar nos dedos dos pés deles. Você
sabe a resposta para todas as perguntas que Heather lança
para você, mas fica petrificada por saber demais ou de ser
muito esperta, porque vai irritá-la. Bem, foda-se ela, Blakely.
Maldita seja quem você é. Seja a mulher que você é. — A raiva
me devora. Do tipo que vem para querer ajudar alguém, mas
sabendo que você não pode fazer isso por essa pessoa. Tudo o
que você pode fazer é mostrar a ela a estrada e esperar que ela
caminhe por ela.

— É a sua dúvida que a mata, e eu me sentei aqui e me


perguntei por quê. Por que você acha que não merece isso? O
respeito? A promoção? A risada? A admiração? Eu disse a mim
mesmo que Paul era o culpado por tudo isso, por desgastar você
e matar sua autoestima. É mais fácil do que pensar que você
está escolhendo ser essa pessoa... Mas ele não pode ser sua
desculpa o tempo todo. Você é quem tem que se olhar no
espelho todos os dias, e até poder gostar de quem você está a
olhando de volta, até ver a mesma mulher que eu admiro, você
vai ter que lutar no seu trabalho e vai definitivamente lutar para
aceitar o fato de que gosto de você, Blakely Foxx. — Eu respiro
fundo e dou um passo para trás enquanto seus olhos piscam e
encontram os meus. — Eu gosto de você e não tenho certeza do
que fazer sobre isso porque isso não é do meu feitio. Eu fico e
depois sigo em frente. Eu não faço vínculos... mas há algo sobre
você que me implora para descobrir mais. Há algo em mim que
está me dizendo que você vale a pena, mesmo que fazer você ver
isso seja um pé no saco.

Não tenho certeza se ela está tão chocada quanto eu com o


que acabei de dizer, mas há um aperto em sua respiração e
seus ombros estremecem como se ela estivesse segurando um
soluço.

Eu me sinto um idiota.

— Isso é por sua conta. — Minha voz está baixa, quase


inaudível. — Você quer a promoção? Então a pegue. Você quer
repreender Heather? Então diga a ela o que ela precisa ouvir.
Você me quer? Então ame a nova Blakely primeiro porque é com
ela que eu quero rir. Não aquela que você acha que todas essas
pessoas querem que você seja - quem quer que seja. Eu quero
aquela da fogueira na praia que estava disposta a enterrar os
pés na areia e uivar para a lua. Aquela que odeia o ar livre e
bebe uísque em um bar após um longo dia de trabalho e
repreende os homens que tentam conversar com ela. Aquela
que está disposta a seguir com esquemas malucos que eu
inventei porque temia não receber uma segunda olhada de
outra forma. É essa a quem eu escolho todas as vezes. Sem
sobra de dúvidas. Você.

Há mágoa, negação e uma imensidade de outras emoções


que se acumularam nos olhos dela, mas ela precisa descobrir
essa merda.

Não dou a ela chance de responder porque falei demais.


Eu chamei a atenção dela quando eu não tinha o direito de
fazer isso.

Sem outra palavra, saio e bato a porta minúscula atrás de


mim, corro escada abaixo, precisando limpar minha própria
cabeça.

Precisando colocar juntos meus próprios pensamentos em


torno de minhas próprias afirmações.
Capítulo Trinta

Blakely

Você está certo.

Puta merda. É assim que as pessoas me veem?

Espere. Volte.

Todas essas seriam respostas razoáveis a Slade para fazê-


lo ficar.

Mas eu não disse nenhuma delas.

Nem uma única maldita palavra. Tudo o que fiz foi sentar
lá com raiva dele por ser tão brutalmente honesto, rejeitando as
coisas que ele disse em vez de aceitá-las.

Você, Blakely.

Todas essas verdades continuaram soando em meus


ouvidos, ofuscando algumas das mais importantes que ele
disse.

Gosto de você e não tenho certeza do que fazer a respeito,


porque isso não é do meu feitio.
Eu o deixei sair quando deveria ter chamado por ele.

Eu deveria estar me reencontrando, e toda vez que


realmente preciso ser a nova eu, não consigo invocá-la.

Tipo, no meio de seu discurso, a nova eu só queria agarrá-


lo e beijá-lo até perder os sentidos. O problema é que a velha eu
estava morrendo de medo de fazer isso porque está muito fora
do meu normal pegar o que eu quero.

E, oh, como eu queria.

Então aqui estou eu, questionando minhas ações e


frustrada por isso.

Há um milhão de maneiras pelas quais a conversa poderia


ter acontecido se eu tivesse falado em vez de deixá-lo ir embora.
Como se eu pudesse ter dito que ele estava absolutamente certo
e que estou tentando muito reencontrar a Blakely Foxx que ele
está me dizendo que vê escondida.

— Você está bem? Você parece um pouco preocupada.

Eu olho para Gemma e sorrio enquanto corro o remo da


canoa na água. — Estou bem. Desculpe, estou apenas quieta.
Eu estava apenas repassando uma conversa na minha cabeça.
Eu não queria ser rude.

— Repassando porque você está pensando em todas as


coisas que deveria ter dito ou repassando porque você disso
tudo que deveria e está orgulhosa de si mesma? — Ela levanta
uma sobrancelha solitária acima da linha de seus óculos de sol.
— Normalmente é a primeira opção.

— Sim. Eu também. — Eu ri. — E sim, isso é exatamente o


que eu estava fazendo. Pensando nas milhões de coisas que eu
deveria ter dito em vez do enorme nada que eu disse.

— Devo presumir que você está falando sobre Heather? —


ela pergunta, baixando a voz e olhando ao redor, embora a
canoa mais próxima esteja a mais de trinta metros de distância.

Eu não estava, mas se o sapato servir.

— Acho que é assim que me sinto depois de cada conversa


com ela. — Eu rio e descanso a remo no meu colo.

— Eu deveria ter falado algo quando ela disse isso sobre


você esta manhã. Sobre o urso.

— Eu posso lutar minhas próprias batalhas, mas obrigada


por pensar em ajudar, — eu digo.

— Os ursos também me assustam. — Ela ri nervosamente.


— Assim como Heather faz.

Agora ela tem toda a minha atenção, mas eu caminho com


cuidado. — Todos os chefes são um pouco intimidantes.

— Você não é.
Eu me assusto com seu comentário. — Mas eu não sou
sua chefe.

— Você será em breve.

— Gemma, — eu gaguejo, — o que lhe dá essa impressão?

— Eu estava bebendo com Minka ontem à noite depois do


filme e conversei enquanto os caras falavam de esportes. — Ela
revira os olhos e toma um gole da cidra alcoólica que
contrabandeou na mochila.

— Ok. — A palavra é lenta e reflete a cautela que sinto.

— Estávamos conversando sobre essa viagem. Nós duas


falamos como é estranho estarmos aqui neste retiro para nos
tornarmos uma equipe mais forte e, ainda assim, Heather fez
questão de que nenhum de nós realmente fizesse uma ligação
com os outros.

Eu aceno, não querendo parecer que estou pescando o que


quer que ela queira dizer.

— Você viu a expressão no rosto dela quando perguntei se


eu poderia ser sua parceira de remo? Seus olhos saltaram das
órbitas.

E ela está certa. O desdém de Heather estava estampado


em seu rosto quando Gemma levantou a mão e disse que queria
ser minha parceira.
— Acho que ela ficou um pouco mais irritada que os
maridos – bem, exceto o dela – optaram por ir beber com Slade
novamente. Não acho que o fato dela estar nervosa tenha algo a
ver com você pedir para ser minha parceira.

— Você pode culpá-los por quererem beber com Slade? —


Gemma ri. — Eu me juntaria a eles se pudesse. E ela ficou
zangada, Blakely. Eu sei que você tem que pegar o caminho
certo aqui, mas eu não. Tudo o que sei é que Minka disse que
Heather tem a intenção de consegui parceiros para que ela
possa controlar quem fala e com quem. Ela quer ter certeza de
que tem um aliado em cada lugar, para que não falemos merda
sobre ela. — Ela levanta as mãos à sua frente de forma
dramática. — Porque uau! Não é como se fôssemos adultos que
não vamos falar por conta própria de qualquer maneira.

— Verdade.

— De qualquer forma, é como se ela tivesse planejado todo


esse retiro para nós, para que o conselho tenha a impressão de
que ela está sendo uma boa chefe, mas é tudo para mostrar.

— Mostrar para quê?

— Para dar a ela alguns pontos de bônus, já que você


roubou a maioria deles.

— Por favor. — Eu rio, mas estou muito curiosa para saber


o que ela quer dizer. — Ela tem mais influência do que eu.
— Ela realmente não tem. — Ela toma outro gole. — Minka
disse que é por isso que ela tem medo de você.

— De mim? Mas eu não quero o trabalho dela.

— Mas você poderia ter ficado com ele, e isso não é tão
assustador para a pessoa que o pegou? Saber que há alguém
nos bastidores que o conselho considera mais capaz de fazer o
trabalho do que você? Saber que você foi a segunda escolha?

— Posso ter um pouco disso? — Eu pergunto sobre o


frasco dela. Eu tomo um gole quando ela oferece, precisando de
um momento para organizar meus pensamentos. Deixo o álcool
queimar minha garganta e aquecer minha barriga enquanto
olho para o lago. — Obrigada.

— A maneira como nós a vemos

— Nós? — Eu gaguejo com a palavra simples.

— Nós. Alguns de nós somos o Team Blakely. Outros estão


lá apenas para receber um cheque de pagamento. E então os
dois que Heather trouxe com ela quando começou a trabalhar
aqui na Glamour estão obviamente ao lado dela. — Ela encontra
meus olhos como se eu estivesse louca por não perceber que
havia um componente 'nós' aqui. — Mas sim, existe um nós e
nós protegemos você.

— Eu não sabia que nenhum de vocês se sentia assim.


— Nós fazemos, mas temos que enfiar a linha na agulha
com o mesmo cuidado que você, porque não temos o apoio do
conselho. Afinal, ela é nossa chefe, então não podemos
exatamente revirar os olhos na frente dela. Mas nós vemos. E
estamos torcendo por você. Apenas saiba disso.

— Eu nem sei o que dizer. — Desta vez, pego o frasco sem


perguntar, pois toda a ideia me bate de que tenho todo esse
suporte silencioso que eu nem sabia que tinha.

— De qualquer forma. A nosso ver, você é a única que


conhece as curvas da Glamour. A diretoria ama você, e por mais
que ela esteja pressionando por sua melhor amiga para o cargo,
porque ela precisa dela...

— O que você quer dizer com ela precisa dela? — Eu quase


rio com a pergunta enquanto a pergunto. Achei que fosse a
única a par das intrigas de Heather.

— Para cobrir suas falhas e salvar sua bunda? — Os olhos


de Gemma se arregalam. — Certamente, você sabe disso e está
apenas sendo profissional. Quero dizer, depois daquela primeira
sessão de novas ideias que tivemos sobre como marcar a nova
paleta de sombras de Goody-Girl, quando você corrigiu os fatos
dela umas cinco vezes. Você fingiu que a falta de preparação
dela era compreensível porque ela era nova, mas todos nós
vimos.

— Eu não sabia que era tão óbvio, — murmuro.


— Garota, ela está mirando em você desde então. — Ela
acena com a mão para mim. — Mas não se preocupe. Ela pode
fazer influência para que sua melhor amiga consiga o trabalho
que ela quiser, mas nos certificamos de deixar dicas para a
gerência de que você é a única responsável pelo cargo de
marketing.

— Obrigada. Verdadeiramente. — Suas palavras reforçam


minha confiança. — Mas o boato é que ela consegue a
aprovação final na escolha deles, já que os cargos funcionam
lado a lado.

— É por isso que você está sendo tão cordial e aguentando


a merda dela? Porque você precisa da aprovação dela? — Ela
pergunta, colocando um ponto de exclamação em toda a
situação. Também me faz perceber que meu ressentimento
silencioso também pode passar para alguns como se eu não
fosse um líder forte.

Merda.

Meu sorriso é tímido. — Bem, mesmo que Minka esteja


certa e Heather tenha pavor de mim, ainda tenho que agir com
cuidado. Eu não acreditaria que ela me colocaria em uma
posição comprometedora neste retiro de união apenas para ter
uma negativa que ela possa mostrar na frente dos membros do
conselho.
Gemma olha para mim, a perplexidade gravada nas linhas
de seus traços. — Você não parece alguém que deixaria alguém
ficar no seu caminho.

Abro a boca para contradizer, mas algo que Heather disse


esta manhã ecoa em meus ouvidos. Se você é a líder, às vezes
precisa esconder seus medos – ou, no meu caso, minhas
dúvidas – e simplesmente desempenhar o seu papel.

E, ao representar o papel, tenho uma de duas opções.


Posso me rebaixar ao nível de Heather e usar minha boa
reputação com a diretoria para forçá-la a concordar caso receba
a promoção. Mas essa não sou eu e não quero ser como ela.
Minha outra opção é provar a Heather que não sou uma ameaça
para ela ou seu cargo brilhante.

— Então, o que você vai fazer, Blakely? — Gemma


pergunta.

Eu dou a ela um sorriso conhecedor.

Talvez eu tenha vindo aqui já sabendo o que iria fazer, mas


bastou o estímulo de Gemma, o conhecimento de que tenho
alguns dos meus colegas de trabalho por trás de mim e o
comentário na cara de Slade para tornar a ideia que está me
incomodando na parte de trás da minha cabeça para se
concretizar.
Talvez este seja apenas o empurrão que preciso para saber
quem é a nova Blakely e uivar para a lua.
Capítulo Trinta e Um

Blakely

Nervos agitados através de mim como eu faço o meu


caminho de volta para a cabana para fazer uma pausa rápida e
pegar um suéter para a próxima atividade.

E Slade.

Pelo menos, eu espero pegar também para vir junto.


Depois de como ele saiu daqui mais cedo, não tenho certeza de
como ele se sente por estar perto de mim agora.

Quando um galho se quebra atrás de mim, eu giro ao


redor, a ideia de haver um maldito urso lá é mais do que
aterrorizante, mas dou um grande suspiro de alívio quando vejo
Slade. Ele está de pé com as mãos enfiadas nos bolsos da calça
jeans, o ombro está apoiado em uma árvore à sua direita e há a
expressão mais resignada em seu rosto.

— Ei, — ele diz.

— Oi. — Eu ofereço um sorriso, não tenho certeza do que


dizer.
— Eu te devo desculpas. — Ele dá um passo em minha
direção, olhos atentos e suspiro pesado.

— Por que se desculpar quando tudo o que você disse foi a


verdade? — É a minha vez de dar um passo em direção a ele
para me desculpar. — Eu sei-

— Eu não tinha o direito. — O fantasma de um sorriso


aparece no canto de seus lábios e aquece meu coração. — Você
está sob muita pressão e a última coisa que quero fazer é
aumentar isso, mas caramba, Blakely, quero que veja quem eu
vejo quando olho para você. Eu quero que você confie nessa
mesma pessoa também.

Meus olhos queimam de lágrimas porque a sinceridade em


seu tom e a emoção inundando sua voz são o suficiente para
fazer meu coração derreter.

— Nem todo mundo tem o tipo de confiança que você tem.

— Eu sei. — Ele acena com a cabeça e liga seus dedos aos


meus, criando uma conexão sólida através de um mar
turbulento, e estou tão grata por ele não tentar dizer mais nada
e apenas me deixar ter minhas próprias inseguranças. E ainda
assim ele se conecta comigo. — Eu tenho algo para você.

— Para mim?

— Mm-hmm. — Ele puxa minha mão para segui-lo. Faço


isso em silêncio enquanto tento descobrir o que preciso dizer.
Como explico a ele que sentada em uma canoa no meio do lago,
decidi que ele está certo e que meus dedos estão de volta na
areia.

— O que é isso?

— Não seria uma surpresa se eu te contasse. — Ele ri e


aperta minha mão. — Mas você precisa fechar os olhos daqui
em diante.

— Por quê?

Ele me olha como um pai impaciente faria, e eu sorrio de


volta. — Não vou deixar você topar com nada, mas você tem que
prometer mantê-los fechados.

Eu dou a ele um suspiro desafiador e sigo seu jogo, fecho


meus olhos enquanto ele nos leva pela floresta. Caminhamos
por um terreno irregular, depois subimos algumas escadas e
presumo que estamos na cabana.

— Fique bem aí. Não se mova, — ele diz antes de soltar


minha mão. Eu ouço atentamente seus passos pousando no
piso elevado de madeira da cabana.

— Slade?

— Paciência, — ele repreende de brincadeira. Há um pouco


mais de barulho e, em seguida, um som estranho de rangido
que me faz inclinar a cabeça. Eu pulo quando suas mãos
enquadram meus quadris e ainda mais quando seus lábios
encontram minha orelha. — Você confia em mim, Blakely?

A risada que sai dos meus lábios não diz exatamente, mas
eu aceno.

— Abra os olhos.

Quando eu faço isso, a risada assustada que sai dos meus


lábios é simplesmente um esforço para fingir que meu coração
não simplesmente saltou do meu peito e caiu a seus pés. — O
que é isso? — Eu pergunto, mas já posso ver isso claro como o
dia.

Slade montou algum tipo de balanço na varanda da frente


da cabana. São duas cordas presas às duas extremidades de
uma grande ripa de madeira. E, além disso, Slade está parado
ao lado, segurando uma xícara vermelha para mim, e uma
garrafa de vinho repousa no parapeito da janela ao lado dele.

— Slade. — Eu sorrio e balanço minha cabeça lentamente.


Estou completamente surpresa com sua consideração. — Estou
sem palavras.

— E eu sinto muito.

— Você não precisa se desculpar, — eu digo, e sem pensar,


eu ando para ele, corro minha mão sobre a nuca até sua
mandíbula e escovo o mais suave dos beijos contra seus lábios.
— Esta é a coisa mais doce que alguém já fez por mim.
Ele estende o vinho para mim enquanto se senta em uma
das pontas da prancha de madeira. — Se junte a mim?

— Vai segurar nós dois? — Eu pergunto.

— Está a cerca de meio metro do chão, então mesmo se


cairmos, eu prometo que você não vai se machucar.

Ele me fez um balanço. Ele me trouxe vinho. Ele tentou me


dar a única coisa que eu pedi para que pudesse aproveitar o ar
livre.

Engraçado, tenho gostado disso o tempo todo,


simplesmente porque ele está comigo.

Eu pego a mão que ele oferece e hesitantemente sento na


ripa de madeira, testando meu peso pouco a pouco. Há um
momento em que espero que o telhado se arrebente ou que a
corda se rompa, nos fazendo cair no chão.

— Veja? — Ele diz, seu sorriso se alargando.

— É perfeito, — murmuro, ainda atordoada por causa


desse balanço idiota que ele fez para tentar me fazer feliz.

Ficamos sentados em silêncio por alguns momentos, os


sons dos pássaros cantando e risos de alguém em algum lugar
do acampamento se filtrando pelas árvores. Tenho vinho na
mão, um balanço embaixo de mim, uma brisa no rosto e ele ao
meu lado.
Eu não me importo com o que acontece com Heather
porque isso - bem aqui, agora - vale a pena.

— Todos nós temos medos, sabe? — Slade diz


sombriamente.

— O que você quer dizer, Slade? — Eu pergunto,


entrelaçando meus dedos com os dele.

— Eu falei sobre você engolir e confrontar Heather, mas é


justo admitir que todos nós temos nossos próprios medos
quando se trata de nosso trabalho. Todos nós temos nossas
próprias inseguranças quando se trata de nossas ações. Foi
besteira da minha parte dizer aquelas coisas sobre os seus
medos quando não lhe dei o suficiente de mim para fazer o
mesmo.

Pela primeira vez desde que conheci Slade, vejo dúvida ou


discórdia ou algo que não consigo ler em seus olhos. É uma
vulnerabilidade que é tão atraente quanto surpreendente.

— Você me deu mais do que o suficiente. — Eu sorrio, mas


os pensamentos sobre o telefonema que interrompi no outro dia
na floresta volta em minha mente, e fico imaginando o que
exatamente Slade tem a temer. Prisha mencionou que ele havia
sido suspenso, mas ela disse isso com tanta indiferença, que
presumi que não era nada importante. Talvez tenha sido. Talvez
haja muito mais acontecendo com Slade, mas ele esconde isso
sob o pretexto de estar tão feliz. Como é que fui tão egocêntrica
que nunca pensei em perguntar mais a ele sobre isso? — Prisha
me disse que você foi suspenso. — Não tenho certeza do que
espero da reação, mas ele balançando a cabeça levemente. —
Você quer falar sobre isso?

Ele olha para o lago à distância, solta um suspiro pesado e


passa os dedos pelos cabelos. — O nome dela é Ivy, — diz ele, a
voz baixa e cheia de arrependimento. — Eu estava saindo de
uma cirurgia de emergência para a qual fui chamado. A merda
da rotina, mas mesmo assim urgente. O pronto-socorro foi
fechado naquela noite - lua cheia ou alguma merda - quando
ela entrou. Eu estava passando quando um atendente gritou
por ajuda, dizendo que precisava de um cardio porque eles
tiveram que reanimá-la na ambulância no caminho. — Ele faz
uma pausa, e há tanta dor em seu rosto que meu estômago
aperta com o que quer que ele vá dizer a seguir. — Ela foi
destruída, Blakely. — Sua voz falha, e cada parte de mim quer
estender a mão e abraçá-lo.

— Eu sinto muito. — É estúpido e não faz nada para


consertar, mas é tudo o que posso pensar para dizer.

— Ela era uma garotinha que havia sido espancada quase


até o fim da vida, e eu congelei. Todos os anos de treinamento
que passei voaram pela janela.

— Você é humano.
Ele emite um bufo. — Sim, bem, quando o pai dela veio
correndo com sua camisa social impecável e relógio caro como
um idiota de elite, ele alegou que ela caiu da escada e exigiu que
eu fizesse meu trabalho e salvasse sua filhinha. Merda, eu dei
uma olhada no sangue e hematomas em seus dedos, e eu sabia.
Eu sabia que ele foi quem a machucou, e se eu não soubesse
seu choro repentino quando ela o viu e o jeito que ela agarrou
minha mão teriam me dito. E seu choro? Deus, Blakely, ficará
para sempre gravado em minha mente. De medo total e
impotência e – merda. Apenas fodidamente brutal. Mas não
mais brutal do que o que ele fez com ela.

— Eu nem sei o que dizer.

— Vamos apenas dizer que ele não queria que ela dissesse
nada. — Ele ri, mas é autodepreciativo, na melhor das
hipóteses. — Eu me recusei a deixá-la sozinha com aquele filho
da puta. Eu disse a ele que ele não poderia ficar com ela
enquanto eu trabalhava nela. E eu juro que quando ele se
inclinou para sussurrar algo em seu ouvido, ele a ameaçou.
Seus olhos ficaram enormes e seu queixo estremeceu enquanto
ela segurava as lágrimas. Eu o empurrei para fora da sala. Eu
estava ocupado lutando com ele para mantê-lo longe de sua
própria filha quando ela entrou em coma. — Sua voz é quase
inaudível. — Lá estava eu, reagindo a ele e traindo o único
princípio pelo qual eu deveria viver, não causar nenhum mal.

— Eu não entendo. Você estava tentando deixá-la segura.


— Eu era o médico dela e, em vez de examiná-la para ver
se havia sangramento cerebral como deveria, estava ocupado o
provocando.

— Você não pode se culpar por uma reação natural.

— Mas esse é o meu trabalho, Blakely. Esse é o juramento


que fiz. Reagi ao exterior quando tudo em que deveria estar
focado era o interior. Eu deixei minhas emoções tomarem conta
de mim quando deveria estar cem por cento focado em Ivy. Perdi
minutos com ele, minutos que poderiam significar avaliar seus
ferimentos e salvá-la de mais danos.

Eu chego mais perto dele e inclino minha cabeça em seu


ombro. — Ninguém culparia você por sua reação, mas eu
entendo por que você se sente assim. — Eu pressiono um beijo
em seu ombro e, em seguida, descanso meu queixo lá enquanto
olho para seu perfil. O nariz forte e os cílios grossos. O queixo
orgulhoso e a barba por fazer que ele deixou crescer durante
nosso tempo aqui. Meu coração incha. — Então é por isso que
você foi suspenso? Porque você estava lidando com ele e não
tratando dela? Eu não entendo.

— Vamos apenas dizer que eu não confiei exatamente no


filho da puta. Depois que a estabilizamos e a transferimos para
a UTI, argumentei para a polícia que ele pode parecer o pai
solteiro apaixonado que nunca saiu do lado seu lado, mas eu
sabia e ainda tenho certeza de que foi ele quem a machucou. Eu
não o queria perto dela.

— Compreensível.

— Minha história falhou quando os ferimentos dela podem


ter sido causados por uma queda das escadas. Mas eu vi o
sangue em seus dedos que ele lavou. Eu vi o terror em seus
olhos antes que ela caísse inconsciente. Não importava o quão
insistente eu fosse, porque ele já tinha convencido a polícia de
que ele era algum pilar da porra da comunidade que nunca
machucou uma alma. É a minha palavra contra a dele até que
Ivy acorde e possa prestar contas.

— Estou sem palavras. — Eu aperto sua mão com mais


força, odiando essa história, odiando que ele a esteja revivendo
apenas para que eu possa ouvi-la, mas pedir a ele para parar
não é algo que eu posso fazer. Ele está sangrando, então não
vou deixá-lo sangrar sozinho.

— Sim, bem, onde eles viram um pai amoroso que se


sentava ao lado de sua cama dia após dia, eu vi um homem
disposto a proteger sua reputação e vida por todos os meios. Ele
a machucou tanto, quem disse que ele não iria dar um passo
adiante? Então eu proibi ele de ficar na UTI. A mudei para uma
sala diferente quando ele envolveu meu superior. Então,
convenci um guarda de que ela estava em perigo e o fiz ficar em
seu quarto sempre que ele estava presente. Foi isso que me
suspendeu. Ele reclamou para alguém que ele conhece na
diretoria do hospital, e eu fui suspenso do meu programa de
residência, bem como impedido de acessar o caso dela,
aguardando revisão.

— E Ivy?

— Ela está em coma desde então. Seus outros ferimentos


foram curados, mas seu cérebro, sua função cognitiva, é o que
estamos esperando. Ela precisa acordar. Ela precisa... — Ele
levanta a mão livre em derrota. — Posso te dizer o quanto odeio
dizer que preciso que ela acorde? Parece muito egoísta. Ela
acordar e dizer a verdade vai me livrar de qualquer
irregularidade e colocar aquele filho da puta na prisão. Eu
recuperaria meu emprego, minha vida. Mas não é isso que
quero dizer quando digo isso. Eu só quero que ela acorde
porque ela merece uma chance de saber como é a vida sem uma
mão levantada para ela.

Ele é incrível. O pensamento passa pela minha cabeça


indefinidamente, mas não o expresso porque sei que ele
simplesmente o negaria. Ele só vê uma garotinha que ele não
ajudou, quando ele não teria sido capaz de evitar a situação em
primeiro lugar.

— É sobre isso que você estava falando no telefone ontem?

Ele assente, mas mantém os olhos fixos à frente. — Eu


estava pedindo a John que verificasse o estado dela para mim.
Eu deslizo meu braço em volta dele, e ele desliza o seu em
volta de mim para que eu possa me aconchegar ao lado dele e
oferecer conforto. — Sem mudança?

— Sem alterações.

— Então, é um jogo de espera?

— Sim. O motivo pelo qual não pude vir aqui com você foi
porque tive uma reunião com os chefes do programa de
residência. Eles estavam fazendo perguntas e revisando minhas
ações para discutir minha suspensão, mas no final, eles querem
ouvir Ivy. Se ela diz que seu pai abusou dela, então pareço um
herói tentando protegê-la. Se eu estiver errado, então veremos.

— E se você não for reinserido no programa? — Eu


pergunto.

— Então, pelo menos, fui chutado por uma causa nobre.

O fato de que ele se preocupa mais com uma garotinha do


que com sua própria carreira diz muito mais sobre o homem
que ele é do que qualquer outra coisa.

— Lamento que você tenha passado por isso.

Ele se vira e olha para mim finalmente. — Obrigado por


ouvir.

— Claro. A qualquer momento. Existe-


Slade se inclina para frente e me beija e não apenas um
roçar nos lábios. É o tipo de beijo que faz meus dedos do pé se
curvarem, enrolar por dentro e uma dor quebrar em cada parte
de mim.

Mas não há urgência no beijo, não há fim em seus


movimentos. Há apenas suas mãos emoldurando meu rosto e
sua língua encontrando a minha em uma dança íntima que
domina minhas emoções tanto quanto meu corpo.

É um beijo puro, e não consigo me lembrar da última vez


que beijei assim.

Apenas beijar.

Apenas se conectar.

Apenas estar neste espaço com um homem que adora


minha boca com uma reverência inexplicável, como se ele
estivesse ganhando tanto quanto eu.

Eu amo a sensação dos meus dedos se enfiando em seu


cabelo na nuca. Eu memorizo o suspiro suave que ele dá
quando aprofunda o beijo. Eu me deleito com o gosto de seu
beijo na minha língua.

Afasto os pensamentos de como isso é perfeito, de como


estou com medo do quanto gosto dele, e simplesmente me
permito ser puxada para a névoa do beijo de Slade.
Cada segundo disso. O puxão no meu lábio inferior. A
pressão suave de seus dedos guiando minha cabeça. A
habilidade de seus lábios.

Quando termina, quando sua testa está apoiada na minha


e nossas mãos ainda estão uma sobre a outra, bem quando
estou prestes a falar, a corda do balanço estala e caímos com
um uivo e um baque.

Risos.

É tudo que ouço. Rimos tanto que ficamos deitados de


costas com as mãos na barriga e o vinho derramado sobre nós.
Rimos até doerem e as lágrimas correrem pelos cantos dos
meus olhos até meus ouvidos e depois pelo chão.

— Oh meu Deus. Isso foi incrível, — diz ele, as palavras


saindo em gargalhadas.

— 'Confie em mim', disse ele. 'Não vai quebrar', disse ele.


— Eu mal consigo pronunciar as palavras antes de começarmos
a rir novamente.

E quando ele entrelaça seus dedos com os meus enquanto


estamos deitados na varanda da cabana com um balanço
quebrado embaixo de nós e o vinho pegajoso nos cobrindo,
tenho certeza de que este será o meu momento favorito desta
viagem.
Capítulo Trinta e Dois

Slade

— Quem achou que seria uma boa ideia fazer um grupo de


mulheres fazer um concurso de pesca? — Blakely pergunta
enquanto reunimos as caixas de equipamento e varas que a
equipe deixou para nós.

— Você tem algo contra a pesca como você tem contra o ar


livre? — Eu pergunto. — Porque eu sempre poderia fazer um
balanço para você se isso fizesse você se sentir melhor. — Ela se
vira e olha para mim, seus olhos vivos. — Aí está aquele sorriso
de novo.

Aquele maldito balanço ainda era meu melhor fracasso


épico de todos os tempos.

— Gemma disse que Heather está falando sério sobre isso.

— Ela parecia assim durante as instruções. — Duas horas.


Pontos de pesca designados para cada equipe. Os caras podem
iscar os anzóis se necessário, mas eles não podem participar
além disso. O maior peixe ganha uma sessão de
aconselhamento um-a-um com ninguém menos que a própria
Heather. — Então você quer me contar por que você passou
todo o retiro tentando ficar o mais longe possível de Heather e
agora, de repente, você está me dizendo que tem que ganhar
este concurso? O que estou perdendo aqui?

— Não posso me esconder dela para sempre e,


francamente, é hora de ela aprender que somos iguais.

Bem, olá, Blakely. Eu acredito que você finalmente decidiu


sair e jogar.

— Não olhe agora, mas acredito que você está se


preparando para uivar para a lua, Blakely. — Eu pisquei. —
Ainda bem que tenho informações privilegiadas sobre como
fazer isso acontecer.

— Quais? — Ela pergunta.

— Eu vou te dizer assim que chegarmos ao nosso lugar.

Blakely não sabe, mas ela acabou de ser forçada a perder a


competição, e eu já tenho um plano de como consertá-lo.

— O que você quer dizer com informações privilegiadas? —


Seus olhos se estreitam.

— Vamos, maníaco por controle. — Eu bato um beijo forte


em seus lábios. — São uns bons quinze minutos para chegar ao
local. Precisamos de todo o tempo que conseguirmos. Vamos
começar a andar.
— Eu tenho as bebidas, — ela diz e segura o refrigerador.

— Você sabe que há minhocas lá também, certo?

Ela para por causa de uma tosse e eu morro de rir.


Definitivamente não era uma garota do campo... mas adoro que
ela esteja tentando.

— Você está falando sério?

— Estou falando sério, — eu digo com um aceno de


cabeça. — E você mesmo vai iscar o anzol com elas.

— Ai Jesus.

Eu a puxo para o meu lado e pressiono um beijo no lado


de sua cabeça. — Não é grande coisa. Então, novamente, não
tenho certeza se valerá a pena.

— O que isso significa?

— Eu direi quando você chegar lá.

Caminhamos até nosso local designado no outro lado do


lago. Aquele que Heather atribuiu a Blakely. Além de ser o local
mais distante possível do alojamento, também não há peixes lá.

Eu perguntei sobre isso.

Em minhas corridas matinais, fiz amizade com alguns


pescadores locais... e eu tenho um plano.
— Estamos quase lá — murmuro enquanto olho para o
mapa, a mente ainda processando a vadia que Heather é, por
provocar Blakely sobre seu medo de ursos. Blakely também me
contou como Heather admitiu tentar deixá-la tão infeliz que
desistiu de argumentar.

Devo dizer que adoro o fato de que há muito mais fogo e


desafio na resolução de Blakely do que antes. Melhor ainda, ela
está trabalhando em um plano para colocar Heather
prontamente em seu lugar.

Eu odeio que ela não me diga.

Eu amo que ela queira fazer isso sozinha.

— Ei, Slade?

— Sim?

Ela não está mais ao meu lado e, quando olho para trás, a
encontro a poucos metros. Seus lábios estão separados e seus
olhos continuam indo para o meu pau e depois de volta para os
meus olhos. — Você vai querer me seguir.

— Eu estou, não estou? — Dou um passo em direção a ela,


meu pau já se contorcendo para a vida. — Achei que devíamos
estar pescando. — Outro passo — Isca o anzol. — Droga, ela é
sexy. — Competindo pelo primeiro lugar.
— Nós chegaremos a isso em breve. — Ela passa a língua
sobre o lábio inferior antes de cravar os dentes nele, seus olhos
me deixando saber exatamente o que está em sua mente.

Oh, estou acompanhando, certo.

Eu entro na pequena clareira enquanto um sorriso sedutor


puxa aqueles lábios carnudos dela. — Largue a caixa de
equipamento, Slade.

Nossos olhos se prendem um breve segundo enquanto eu


encaro a mulher que balançou meu mundo.

Então eu largo a caixa de equipamento.

— Desabotoe suas calças, — ela exige.

Eu levanto uma sobrancelha e luto contra meu próprio


sorriso. — Mandona, mandona.

Ela dá um passo em minha direção. — Você me disse


antes que, se eu quiser algo, preciso ir atrás e pegar.

— Em poucas palavras, sim. — Há um leve tremor em


suas mãos, seus nervos tremendo por um momento. Eu sei que
isso deve ser difícil para ela, mas dane-se se não estou
orgulhoso dela por sair de sua zona de conforto.
Definitivamente, não vou reclamar que ela está fazendo isso
comigo. — O que é que você quer?
Ela me dá um sorriso diabólico antes de dar mais um
passo à frente. — Você.

A confiança fica tão boa nela.

— Você está tentando uivar para a lua, Blake?

Ela me empurra de volta contra uma árvore e depois cai de


joelhos. — Você vai me impedir? — Eu fico tenso em
antecipação quando suas mãos encontram meu zíper e nossos
olhares se encontram. Meu sorriso está meio inclinado e um
gemido gutural ressoa por mim quando os lábios dela envolvem
meu pau. Ela agita os cílios para mim e interrompe sua sucção.
— Eu te desafio a me dizer que você não quer isso.

Eu rio quando minha mão em punhos em seu cabelo,


então ela é forçada a olhar para mim quando eu digo isso. —
Não nessa vida, querida.

Meu gemido se estabelece por entre as árvores enquanto


ela me leva profundamente em sua boca com o primeiro toque
de seus lábios.

Todos os pensamentos desaparecem.

Todas as preocupações se foram.

Somos apenas eu e sua boca e a sucção quente e úmida


que ela usa que faz minha cabeça cair para trás e minha mão
envolvendo os fios de seu rabo de cavalo, implorando a ela para
ir mais devagar para que eu não goze tão rápido e a encorajando
a ir mais forte para que eu goze.

É o paraíso e o inferno e fogo e gelo e cada puxão lascivo


entre eles.

Eu vejo estrelas enquanto sua língua desliza sobre mim e


ao redor da minha ponta. Ela geme enquanto sua mão agarra
minhas bolas para brincar com elas enquanto sua boca suga
em torno de mim e me leva profundamente.

— Blake. — Meu gemido é gutural e cru e é exatamente


como ela me faz sentir.

Ela adiciona pressão com as mãos, os dedos, os lábios.


Mais rápido. Mais devagar. Mais suave. Mais forte. Eu começo a
foder sua boca enquanto a pressão aumenta e a necessidade
aumenta.

Minhas mãos apertam com mais força. Meus músculos


ficam tensos. Meu pau lateja. Meu rosnado corta o silêncio
enquanto ela engole até a última gota que eu dou a ela.

Minha cabeça gira e meu corpo canta com hormônios.

Demora alguns segundos para sair da névoa que me


envolve, mas, quando o faço, Blakely está diante de mim. Seus
lábios estão inchados, seus olhos estão pesados de desejo e seu
cabelo uma bagunça. Ela nunca esteve mais bonita.
— O que? — Eu pergunto enquanto ela apenas me olha.

— Estamos quites.

— Quites? — Eu rio enquanto coloco meu pau de volta em


minhas calças.

— Você me surpreendeu ontem à noite. Eu te surpreendi


hoje.

Eu dou um passo à frente. — É um jogo perigoso para


começar a jogar com um homem que ama ousadia e desafios. —
Eu coloco minha mão em sua nuca e a puxo para mim para que
eu possa beijá-la. É breve, mas é um golpe, e quando termina,
eu a mantenho perto para que ela possa ver meus olhos quando
eu falar. — Não existe está quites no sexo, Blakely. Existe
prazer. Existe um desejo de fazer a pessoa com quem você está
voar. É divertido vê-los voar alto e saber que você deu isso a
eles. Se o sexo é uma competição que você tem que vencer,
então você está fazendo tudo errado. — Outro beijo que, desta
vez, me implora para transar com ela. — Eu sempre terei o meu
no final... é a jornada para chegar lá que torna o meu muito
mais agradável.

— Oh.

Meu som favorito dela novamente.


Mas eu amo a maneira como sua garganta se move
enquanto ela engole em seco, como seus olhos se arregalam,
como sua respiração engata.

— Ei, Blake? — Eu pego a caixa de equipamento e rio. —


Você pode ser mandona comigo a qualquer hora.
Capítulo Trinta e Três

Blakely

— Você não deveria estar me ajudando a pescar? — Eu


pergunto enquanto olho para Slade, que está enviando uma
mensagem de texto para alguém novamente.

Ele tem sido o homem mais atencioso do mundo em toda


esta viagem, mas agora que preciso da ajuda dele, ele está ao
telefone.

— Achei que isso fosse contra as regras? — Ele levanta


uma sobrancelha.

— Para mim, não parece que você se preocupa muito com


as regras.

— Culpado da acusação. — Ele me abre um sorriso que


grita travessura. — E sim, estou de fato ajudando você
enquanto conversamos.

— No seu celular?

— Sim.
— Se importa de me explicar porque enviar mensagens de
texto não está me ajudando.

— Sim, está. — Ele joga o celular no refrigerador e se apóia


nas mãos. — Você deve pegar um peixe em cerca de dez
minutos.

— Eu ainda estou perdida?

— Eu vou te dizer se você me contar o que você planejou


para Heather? — Ele oferece.

Não tenho certeza se gosto dessa troca.

— Você saberá quando isso acontecer.

— Ok. — Ele leva a garrafa de cerveja aos lábios e dá um


longo gole. — Então eu acho que não posso te dizer como você
vai ganhar o concurso de pesca hoje.

Eu solto uma risada. — Ganhar? Estamos sentados aqui


há mais de uma hora sem uma única mordida na minha linha,
enquanto podemos ouvir os outros gritarem de entusiasmo
quando pegam um em qualquer local designado que ela lhes
deu.

— Exatamente. Todo esse concurso foi fraudado, que foi o


que imaginei que aconteceria depois de sair para beber com os
caras no outro dia. O homem da Horrível Heather estava um
pouco boca solta quando finalmente decidiu se juntar a nós. Ele
continuou falando sobre como ela estava escolhendo os locais
de pesca de todos. — Ele encolhe os ombros. — Eu posso ter
feito algum reconhecimento em minhas corridas matinais. Fiz
amizade com alguns moradores que pescam aqui diariamente.

— Então, você está dizendo...

— Estou dizendo que ela deu a você o único lugar em todo


o lago onde você tem a pior chance de pegar um peixe. O
colchão d'água aqui tem algum tipo de alga que os peixes não
comem, então eles não se importam com a área.

— Aquela vadia.

— Sim. — Ele concorda. — E de acordo com Dan, ela sabe


qual local é afetado por isso.

— Não deveria me surpreender.

— Não deveria, mas o que eu fiz para consertar deveria. —


Ele olha por cima do ombro. — E aí está ele. Bem na hora.

— Slade? — Eu digo enquanto fico de pé quando ouço


alguém assobiando no caminho que leva à nossa pequena praia.
— Quem é aquele?

— Sincronismo impecável, — Slade diz ao homem


enquanto ele se levanta e corre até onde o velhinho mais fofo
aparece. Ele está com um chapéu de balde coberto de ganchos e
iscas, e tufos de seu cabelo grisalho estão aparecendo sob a
borda. Ele está vestindo pernaltas verde-escuras e está
carregando um grande balde em uma das mãos. — Ed. O cara.

Os dois apertam as mãos enquanto a água espirra pela


lateral do balde. Eu fico olhando, meu queixo cai com o choque,
porque é fácil supor o que está na água.

— Perfeito, — diz Slade e os dois riem de alguma coisa


antes de Slade dar um tapinha nas costas dele e agradecê-lo.
Ed me dá um sorriso malicioso antes de me dar uma saudação
simulada e depois se virar para voltar para o lugar de onde veio.

— Slade Henderson. Quem é Ed? O que é isso?

Ele me oferece um sorriso diabólico. — Ed é Ed e esta é a


sua captura vencedora.

Eu olho para o balde e grito para os peixes nadando dentro


dele. Ele é marrom, gordo e enorme para meus padrões de
pesca.

— Como? O que? Isso é trapaça!

— Exatamente. — Ele pressiona um beijo em meus lábios


antes de balançar o balde um pouco perto de mim e me fazer
pular para trás. — E um pouco de trapaça quando o jogo já está
manipulado não fará mal a ninguém.

— Como diabos você fez... — Estou pasma. Aponto na


direção de onde Ed estava. — Um dos locais?
— Sim. — Ele olha para o balde. — Posso ter parado para
conversar um pouco com ele nas minhas corridas matinais.
Conversamos sobre pesca. Discutimos um conhecido mútuo
que conhecemos no hospital. E ele estava mais do que disposto
a ajudar um cara legal como eu a ganhar um concurso para
impressionar uma garota. — Ele pisca para mim.

E se Ed sabe que Slade estava tentando impressionar uma


garota, isso significa que ele estava falando sobre mim.

Com um estranho aleatório.

— Eu contei a ele um pouco sobre o que estava


acontecendo. Ele me contou muito sobre como pode ter feito
algumas coisas para enganar sua esposa para que ela se
apaixonasse por ele. — Ele balança a cabeça enquanto o sorriso
mais bonito se forma em seus lábios. — Depois disso, ele
perguntou se poderia ajudar.

— Mas por quê? — Eu pergunto. Por que aquele homem


ajudaria Slade, e por que Slade faria isso por mim?

— Porque eu não sabia se você colocaria Heather no lugar


dela ou não - veja bem, isso foi antes de eu saber que você tinha
um plano secreto então achei que deveria ajudar um pouco.
Além disso, ele não saiu do negócio de mãos vazias.

— Se importa de explicar?
Ele sorri timidamente. — Eu dei a ele alguns conselhos
sobre um problema médico — ele realmente ama sua esposa—

— Você prescreveu Viagra para ele? — Eu gaguejo.

— Não. Isso seria pouco profissional da minha parte, e já


estou com problemas suficientes nesse departamento. Mas dei a
ele o nome de alguns especialistas que conheço no hospital que
provavelmente podem ajudá-lo. Por sua vez, ele se ofereceu para
me dar o maior peixe que ele pescou hoje, contanto que eu
prometesse não matá-lo e depois soltá-lo quando todos o
vissem.

— Você está falando sério, não está?

— Como um ataque cardíaco, e você sabe que nós, caras


do cardio, não dizemos isso levianamente. — Ele ri e se inclina.
— Agora, só precisamos gritar bem alto para que todos saibam
que você pegou um.

— Você é tão mau.

— Eu sei, e não é ser mau as vezes? — Ele se inclina para


frente e pressiona um beijo casto e inesperado em meus lábios.
— Então vamos gritar e fazer barulho, então vou pegar esse
cara para que você possa tirar uma foto dele - sem o balde no
fundo, é claro - e então vamos jogá-lo de volta na água para
viver mais um dia.

— Estamos realmente fazendo isso? — Eu pergunto.


— Sim, Blakely, nós estamos. Ela não hesitaria em fazer
isso com você.
Capítulo Trinta e Quatro

Blakely

— Foi mais frio do que legal. Você tem que saber disso.

Slade está recostado na espreguiçadeira, com uma das


pernas engancha sob a outra e com o braço atrás da cabeça.
Aqueles olhos azul-acinzentados claros apenas olham para
mim.

— O que foi? — Eu pergunto e tomo um gole de vinho


enquanto o cheiro de carne na churrasqueira do outro lado da
pousada sopra em nossa direção. Meu estômago ronca, mas
independentemente de quão faminta eu esteja, estou imersa
neste silêncio com ele.

— Você dizendo à equipe que, mesmo tendo vencido o


concurso, você queria que eles participassem também. A oferta
de levá-los para jantar será de grande ajuda. É algo que um
líder faz, e acho que no futuro eles se lembrarão de que essa foi
a sua vitória, mas você também conquistou isso. Foi admirável
da sua parte.
— É o mínimo que eu poderia fazer, considerando que não
ganhei de forma justa. — Eu encolho os ombros. — Além disso,
somos uma equipe. Devemos vencer juntos e perder juntos.

— E pensar que você ainda tem uma reunião de mentoria


individual com Heather, — ele diz sarcasticamente e então bufa.
— A expressão em seu rosto foi impagável quando ela percebeu
que você era a vencedora de seu estimado prêmio.

— Levou tudo que eu tinha para não cair na gargalhada.

Sua expressão afetada quando os conselheiros postaram


as fotos na tela do projetor e o nosso, er, o peixe de Ed, era de
longe o maior.

Seu sorriso tenso. Seu entusiasmo falso. Suas palavras


muito elaboradas quando ela teve que admitir sua perda para
mim porque, vamos encarar, a maneira como ela falava antes
da publicação da prova, você pensaria que ela tinha ganhado.

Mas ela não ganhou.

Ponto para os mocinhos.

— Eu realmente acho que ela tinha toda a intenção de


vencer o concurso, então toda aquela coisa cara a cara com ela
para o vencedor foi pura besteira.
— Eu não poderia concordar mais. — Eu levanto meu copo
para brindar a ponta de sua garrafa de cerveja. — Obrigada. Eu
realmente quero dizer isso.

Ele sorri. É um sorriso macio e quente e me faz querer


rastejar para aquele pequeno espaço ao lado dele em sua
cadeira.

— Acredito que estou progredindo para ganhar nossa


pequena aposta paralela. Ela está se chegando. A promoção
está à vista.

— Eu não sei... eu disse a você que a satisfação era uma


coisa difícil de medir, — provoco.

— Então acho que terei que tentar um pouco mais forte, —


diz ele antes de se sentar e dar um beijo em meus lábios.

Quando ele se inclina para trás, quando aqueles olhos dele


dançam com humor, fico imaginando quando exatamente esse
quebra-cabeças que estávamos montando começou a parecer
mais do que apenas uma distração sexy.

Porque ninguém estava por perto para que aquele beijo


fosse necessário.

Ninguém estava lá para fingir.

É só ele e eu e muita satisfação em jogo.


Capítulo Trinta e Cinco

Slade

Ela é linda.

Cabelo escuro espalhado sobre o travesseiro, pele que foi


beijada pelo sol contrastando com os lençóis brancos, cílios
escuros contra suas bochechas, lábios que imploram para
serem beijados.

É um momento rápido e único que quero memorizar.

Eu penso na noite passada. De ela sentada em cima de


mim com o luar entrando pelas cortinas abertas. Do arco de
suas costas. Do grito chamando meu nome. Da pura exaustão
que nos fez cair no sono logo depois.

Ela se mexe. Seu peito sobe e desce com cada respiração,


os bicos de seus mamilos me provocando através das finas
mantas de algodão.

Quando estou com ela, é tão fácil esquecer a merda que


está acontecendo na minha vida – a espera, a dúvida, o desejo.
No entanto, ao mesmo tempo, se a merda bater no ventilador e
for contra meu favor, seria muito mais fácil por causa dela.

Cristo.

Ela é uma garota. Apenas uma mulher. Um que conheço


há menos de duas semanas, então por que estou pensando uma
merda assim? Por que estou me perguntando o que vai
acontecer quando a vida ficar no caminho e mudanças
intermináveis me chamarem de novo?

— Bom dia. — Sua voz sonolenta invade meus


pensamentos.

É por isso que estou pensando. Isso aqui. Aqueles olhos


verdes tremulando abertos. Esse sorriso sonolento arrastando
em seus lábios. O desejo de puxá-la para perto de mim e apenas
segurar.

— Dia.

— Por favor, me diga que você não estava me olhando


dormir.

— Claro que não. Você é uma visão horrível de se ver.


Babando, roncando e olhos semicerrados. — Eu zombo de um
arrepio. — E você ainda é absolutamente linda.
O rubor de suas bochechas com o simples comentário
valida todos aqueles pensamentos que eu estava apenas
negando.

Estendo a mão e coloco a mão em seu joelho, que está


dobrado pelo meu quadril, e passo o polegar para frente e para
trás sobre o tecido frio do lençol.

O silêncio cai mais uma vez, o sono começa a me puxar de


volta para suas garras quando ela fala.

— Você falou sobre medo ontem. — Ela limpa a garganta e


eu abro meus olhos para encontrar os dela, curioso para saber
onde ela quer chegar com isso. Eu dou um aceno sutil para ela
continuar. — Antes desta viagem... Antes de você, na verdade,
eu estava com medo de perder meu emprego.

— Compreensível, mas além do óbvio, posso perguntar por


quê? — Eu aperto seu quadril para tranquilizá-la. — Você tem
uma tonelada de experiência. Qualquer outra empresa teria
sorte em ter você. Você até disse que outras empresas já
tentaram recrutá-la antes... então, por que o medo?

Seu suspiro é pesado. — Porque, por mais que Paul e eu


nos separarmos fosse o melhor, ainda me confundia. Ele fazia
parte da minha identidade e, com a morte dele, acho que talvez
eu estivesse perdida. Meu trabalho era a única parte de mim
que eu conhecia sem questionar. Não preciso me atrapalhar
para reencontrar a Glamour Blakely como estou tentando
encontrar a nova Blakely. Meu trabalho é o eu que entendo e
então... — Ela desvia os olhos, de repente perdida na
vulnerabilidade que senti ontem.

— Faz sentido — murmuro.

E é verdade. Isso até traz à tona sua repentina


insegurança quando se trata de Heather. Uma mulher da
mesma idade da mulher por quem seu marido a substituiu.
Ambas as mulheres são ameaçadas por ela de maneiras
diferentes, mas apenas uma delas pode levar o que ela quer -
sua promoção.

— Obrigada — ela diz, seus olhos encontrando os meus


novamente.

— Pelo que?

— Por ser honesto comigo ontem. Pode não ter sido o que
eu queria ouvir, mas era o que eu precisava ouvir. Quer dizer,
estou tão obcecada por certas coisas que meio que me perdi. —
Ela estende a mão e passa a mão no meu queixo. Eu viro meu
rosto para ela e pressiono um beijo em sua palma.

— Eu falei sério sobre o que vejo quando olho para você,


Blakely. Você tem uma força silenciosa que nega e uma
confiança que minimiza. Se você apenas percebesse o quão
deslumbrante você é... cuidado, mundo.
Seu sorriso é suave, tímido, e eu deslizo meu braço em
volta de sua cintura e a puxo para mais perto. Eu não consigo
resistir. Sua bochecha está contra o meu peito e meu queixo
está no topo de sua cabeça enquanto deitamos com nossas
pernas entrelaçadas e garantias não ditas.

Nossos corpos se encaixam perfeitamente. É estranho


como isso acontece.

— Você não deveria estar se preparando para suas


primeiras reuniões?

— Sim, — diz ela, o calor de sua respiração atingindo meu


peito, — mas acho que vou sacudir algumas coisas hoje.

— Você vai, não é?

— Mm-hmm .

— Um rebelde agora? — Eu pressiono um beijo no topo de


sua cabeça.

— O que posso dizer? Você me inspira.


Capítulo Trinta e Seis

Slade

— Dr. Schultz. É bom ouvir de você.

Respire, Slade. Porra, respire.

— Obrigado por vir na segunda-feira para responder às


nossas perguntas. O conselho de revisão do hospital precisava
ouvir sua voz e dar uma cara a ela.

— Claro. — Eu ando de um lado a outro da costa, meu


telefone na mão enquanto espero pelo que quer que seja tão
importante que ele precise me ligar, meu maldito futuro
depende de suas próximas palavras.

— Isso não muda o resultado – que ainda precisamos


esperar que ela acorde – mas acho que eles precisavam
entender que você agiu por preocupação e não porque tinha um
complexo de Deus.

— Obrigado pela oportunidade, senhor.


Ele limpa a garganta. — Eu sei que você foi proibido de
verificar Ivy, então achei que você gostaria de um status
atualizado sobre a condição dela.

Suas palavras me levam de volta. — Sim senhor. Claro.

— Ela ainda não recuperou a consciência, mas está


mostrando sinais de melhora. Seus sinais vitais estão mais
fortes e ela está reagindo aos estímulos mais do que antes. Seu
médico está otimista. Ela é uma lutadora.

— É bom saber. Obrigado por me atualizar. — Eu corro a


mão pelo meu cabelo e apenas olho para a água.

— Como conselheiro do hospital e diretor do programa,


devo condenar abertamente o que você fez. Ao mesmo tempo,
quero que saiba que suas ações mostraram o quão humano
você é, enquanto o resto de nós se maravilha com seu
extraordinário talento como médico.

— Obrigado, senhor. Não tenho certeza do que mais dizer,


mas obrigado.

Estou de pé sob o sol quente, mas calafrios cobrem minha


pele.

— E se você contar a alguém que eu disse isso, eu negarei.


— Ele ri.
Um silêncio constrangedor pesa na linha. Eu sinto que ele
tem mais a dizer, mas não está dizendo, e eu com certeza não
quero impedi-lo de expressar isso.

— Ok, então, — ele finalmente diz.

— Por que você estava verificando ela, senhor? — É o


único pensamento que está passando pela minha mente.

Ele fica quieto de novo, mas eu sei que ele me ouviu


porque não desligou a ligação. — Por causa de Kelly Flink, Gary
Goodman, Andre Bastly, Dominic Gaffney... eu posso continuar
com os nomes. Eles são todos Ivy para mim, Slade. Esses são
todos os pacientes que se enterraram tão profundamente em
minha pele que, depois de trinta anos praticando medicina,
ainda me lembro de seus nomes. Ainda tenho cada detalhe do
arquivo do caso memorizado. Todos os bons médicos têm esses
casos. Todos os bons médicos seguram com muita força uma
vez ou outra.

A emoção aperta minha garganta, e eu tenho que levar um


segundo antes de conseguir dizer: — Obrigado, senhor.

— Pelo quê? — Ele ri. — Por te lembrar que você é


humano? Por deixar você saber que se um paciente não tocasse
fundo em você de vez em quando, eu não iria querer você como
um médico na minha equipe? — Ele faz uma pausa. — Estou
impressionado com o seu trabalho até agora. Sei que ficarei
impressionado com seu trabalho daqui para frente, quando este
assunto se resolver.

— Obrigado, senhor, — repito antes que a chamada


termine.

Os gritos de riso rompem o silêncio das árvores. Se ouve


gritos e gargalhadas.

Distraído, encontro os donos das vozes bem no momento


em que as mulheres aparecem a cerca de trinta metros de mim.
Completamente vestidas e lideradas por ninguém menos que
Blakely, elas correram pelo cais mais próximo de nossa cabana
e pularam na água. Uma após a outra. Mais risadas e salpicos.

A visão delas me faz sorrir.

Quem estou enganando? As palavras do Dr. Schultz são


parcialmente a razão do porque estou sorrindo, mas tudo sobre
o que estou assistindo também.

Melhor ainda, foi Blakely quem liderou o ataque.

Não percebi que desci a praia em direção a elas até ouvir


alguém pigarrear atrás de mim. Virando, encontro Heather
parada ali, braços sobre o peito, um olhar de desdém
destacando seu rosto.

— Por que você não está se juntando a elas? — Eu


pergunto.
— Ela literalmente apenas se levantou perto do final da
reunião e disse: 'Você sabe do que precisamos? Precisamos de
um intervalo para beber água!' e saiu pela porta com todas as
seguindo. Literalmente, cada uma delas.

— Exceto você.

Seus olhos piscam para mim. — Eu sou a chefe. Eu não


posso fazer isso.

Mas ela quer. Oh, como ela quer. Posso ver nos olhos dela.
A necessidade de ser amada. O desejo de ser adorada. O
desespero de ser seguida da mesma forma que Blakely foi.

Não sei o quanto Heather é mais jovem do que eu, mas ela
com certeza perdeu a lição de vida sobre seguir exemplos. Que,
às vezes, é normal quebrar as regras e se divertir. Esse respeito
e admiração podem ser conquistados por meio da bondade.

— Claro que você pode, — eu digo. — Só porque você é a


chefe não a torna melhor do que elas, significa apenas que você
tem mais responsabilidade às vezes.

— Você obviamente não sabe o que eu faço. — Sua


insegurança impera no comentário. Sua necessidade de provar
que é digna de sua posição. De seu pagamento. De seu respeito.
Assisti isso a semana toda e não sei como ninguém mais vê.

Então, novamente, talvez eles façam, mas não podem


exatamente confrontar sua chefe sobre isso.
Mas eu posso.

Não sou funcionário da Glamour.

Ela emite um som de desaprovação quando Blakely escala


a lateral do cais e pula novamente como uma criança,
brincando como uma bala de canhão.

— Ela não quer o seu trabalho, você sabe disso.

— Ninguém nunca disse que ela quer, — ela responde.

— Mas, em sua mente, ela é uma ameaça para você,


quando na verdade não é.

— Por que eu seria ameaçada por ela?

— Porque ela é muito boa em seu trabalho, e ela tem todos


os membros do conselho ao seu lado. Se você fosse uma equipe,
se a apoiasse nesta promoção, você sabe que ela a apoiaria no
futuro. Com outra pessoa? Quem sabe o que aconteceria. Além
disso, olhe para elas. — Aponto para as mulheres brincando na
água como crianças. — Você tem uma equipe que a admira.
Elas a respeitam porque ela a respeita. Se você fizer o mesmo,
elas também a respeitarão.

— Elas me respeitam.

— Medo e respeito não são a mesma coisa.


Ela bufa. É sua maneira imatura de dizer que não tem
certeza de como negar o que falo, mas quer fazer de qualquer
maneira.

— Tenho certeza de que você é tão talentosa e habilidosa à


sua maneira, mas ter essas qualidades e saber como usá-las
para motivar as pessoas são duas coisas diferentes.

— Você está passando dos limites-

— Eu peço desculpa, mas não concordo. — Eu me viro


para olhar para ela. — Eu falo a você para descobrir como
aceitar a experiência de Blakely é muito melhor do que deixar
você ser processada por discriminação de idade e assédio depois
de forçá-la a sair. — Meu sorriso é rápido e a sacudida de
minha cabeça é sutil. — Tenho quase certeza de que sei com
quem a diretoria ficaria do lado disso. Quero dizer, eles
ofereceram seu trabalho a ela antes de você, certo?

Se seu olhar pudesse matar, eu estaria morto agora pelo


brilho que ela está lançando para mim, mas eu o recebo com
um sorriso meio torto.

— Slade! — Blakely está fora da água e caminhando em


nossa direção. Suas roupas estão grudadas em seu corpo, e ela
está deixando um rastro de pegadas molhadas atrás dela
enquanto anda em minha direção.
Mas é o sorriso em seu rosto que me faz mover em direção
a ela sem dar a Heather e a nossa conversa mais nenhum
segundo de importância.

Porque aquele sorriso é o mais vivo desde que a conheci.

— Incitando um tulmuto, é isso mesmo? — Eu pergunto


antes de pegá-la, encharcando as minhas roupas e tudo mais, e
a segurando contra mim.

Sim, seus olhos são ainda melhores assim tão perto.

Ela ri. — Eu estava sendo espontânea.

— Cuidado, mundo, Blakely Foxx pode ter se


reencontrado.

— E ainda não terminei, — ela sussurra.

— Uma rebelde. — Eu pressiono meus lábios nos dela, não


me importando com quem está por perto para ver o beijo que eu
dou nela. — É tão excitante, — murmuro contra sua boca.

— A seu serviço.

Eu lentamente a deixo deslizar pelo comprimento do meu


corpo, ensopando minhas próprias roupas enquanto ela desce,
mas não me importo. Eu a beijo mais uma vez como se
fôssemos as únicas duas pessoas aqui, apesar dos sons de risos
na água.
— Para que é isso? — Ela pergunta.

— Não há razão, — digo, embora seja exatamente o que eu


precisava depois da minha ligação do Dr. Schultz.

Um pouco de Blakely para beijar e deixar tudo melhor.


Capítulo Trinta e Sete

Blakely

O esgotamento se instala profundamente em meus ossos e


tudo que quero fazer é me aninhar com Slade de volta no cais e
aproveitar o momento. Não quero estar aqui, para fazer sabe-se
lá o quê.

Claro, a união de equipes é o motivo de estarmos neste


retiro, mas minhas prioridades mudaram um pouco nos últimos
dias.

Ele é dono da minha mente. Meu corpo. E não vou falar


sobre a vibração que sinto em meu coração.

— Essa coisa está quase acabando ou o que? — Gemma


geme à minha direita.

— Quase. — Eu afundo em meu assento, fecho meus olhos


e levanto meu rosto para o sol. Pelo menos o tempo está bom.
Pelo menos existe isso.

— Cristo, — ela murmura, — quanto mais podemos fazer


hoje? Corridas de revezamento, que este corpo não queria fazer,
e depois tiro com arco? Quero dizer, se ela quer que façamos
Jogos Vorazes um contra o outro, é melhor ela se cuidar. E
agora temos que ir para a floresta e captura algumas pistas de
obstáculos? Que tal eu capturar uma garrafa de tequila atrás do
bar ali?

Eu rio alto. — Só mais um e então terminaremos com essa


porcaria de formação de equipe.

— Ah, você está esquecendo o jogo de ‘Ele disse, ela disse’


que marcamos para hoje à noite.

— Eu sou má por querer dizer que estou doente para


poder fugir com Slade? — Eu pergunto provocativamente
quando estou falando sério sobre isso.

— Mulher, eu teria fingido estar doente durante toda a


viagem só por causa daquele homem, — ela sussurra de volta.
— Quanto você quer apostar que Heather tem essa coisa de
parceiro predeterminada para essa próxima coisa? Ela será
parceira de Maddie porque ela ainda está chateada com sua
pequena rebelião esta manhã e ela terá sua melhor amiga para
desabafar.

Um sorriso lento desliza em meus lábios. — Ela foi


parceira de Maddie, mas posso ter trocado alguns nomes. — Eu
pisquei para ela.
— Sua diaba astuta. — Ela me olha com olhos
arregalados. — Quando você fez isso?

— Ela me pediu para pegar suas coisas para ela durante a


última reunião. Eu posso ter trocado os cartões nos envelopes e
retirado os de Maddie.

— Com quem você juntou Heather?

— Eu.

— Você o que? — Ela pergunta, chamando atenção


daqueles ao nosso redor. — Você é louca?

— É hora de nós duas colocarmos as cartas na mesa, e a


melhor maneira de fazer isso e forçá-la a trabalhar comigo.

— Você é incrível. — Ela ri. — E vou guardar aquela


garrafa de tequila para você. Você vai precisar disso depois de
ficar sozinha com ela nas próximas horas.

— Isso é besteira, — murmura Heather, uma parceira


bastante alegre.
— Você não gosta dessas pistas de obstáculos? — Eu
pergunto inocentemente enquanto olho para ela.

— Você pode me dizer aonde diabos eu devo ir? — Ela


exige, a bandana preta enrolada em volta dos olhos.

— Você está indo muito bem. Vá direto como eu disse. —


Eu digo. — E se lembre essas são suas regras – a pessoa que
usa a venda não pode falar.

Ela rosna no fundo da garganta, e meu sorriso é o mais


amplo possível, porque ela está à minha mercê pela primeira
vez, e eu amo isso.

Assim como eu amei o choque absoluto em seu rosto


quando ela puxou os envelopes que tinham os pares —
aleatórios— neles para os companheiros de equipe e viu que ela
e eu tínhamos sido colocadas juntas.

Ela tinha que saber que foi eu, mas se ela reclamasse,
então todos saberiam que ela tinha escolhido a dedo para ser
parceira de Maddie a materialista.

— Apenas mantenha o curso. Eu vou deixar você saber


antes de tropeçar em um tronco ou bater em uma árvore, — eu
digo docemente.

— Puxa. Obrigada.
— Uh. Uh. Uh, — advirto. — Não devemos seguir o
exemplo? Quero dizer, se você disse não pode falar e então
alguém ouvir sua voz através das árvores, você terá derrotado o
propósito de todo este exercício de união.

Caminhamos alguns metros.

— Um passo à sua direita. Bom trabalho. — Eu olho e


quase posso vê-la revirando os olhos pela venda. — Então,
agora que tenho toda a sua atenção, vou fazer as perguntas que
acho que ambas queremos saber as respostas. O que há com
você, Heather? Qual é exatamente a razão de você me odiar
tanto? — Eu toco seu braço e a puxo para mim para que ela
evite uma pedra. — Porque você odeia que eu tenho
experiência? Porque você odeia qualquer um que a desafie a ser
melhor? É por que você quer que eu vá embora para que sua
melhor amiga do seu último emprego receba a promoção, já que
você não sabe tudo o que afirma saber e precisa que ela segure
sua mão? Quer dizer, temos tempo agora e eu realmente
adoraria saber.

Ela fica em silêncio por alguns momentos, mas eu sei que


ela está fervendo. Seu silêncio não durará muito. Dou a ela
alguns minutos antes que ela perca a calma e exploda.

Quando eu estava com os olhos vendados, as únicas


palavras que ela falou foram instruções. Palavras curtas e
afiadas e nada mais.
Acho que ela esperava que eu fizesse o mesmo.

Não nessa vida.

— Desacelere. Você vai intensificar em alguns segundos.


Ok. Bem aqui.

Caminhamos em silêncio, mas sua raiva só parece crescer.

— Com você por perto, ninguém nunca vai me levar a


sério, — ela cuspe como se fosse o insulto mais vil na face da
terra.

Que bom que ela não consegue ver meu sorriso.

— E por que seria isso?

— Como se você não soubesse. — Ela suspira.

— Eu não. Porque tenho a sensação de que você acha que


quero o seu emprego. — Eu paro no meu caminho e vejo ela se
mover lentamente com as mãos estendidas na frente dela como
uma idiota, e eu balanço minha cabeça em descrença. — Não,
não pode ser isso, pois você já sabe que recusei.

Seu suspiro de frustração anula o silêncio.

— Não importa quantas vezes eu diga isso porque você


prefere me fazer parecer o inimigo. Se eu sou o inimigo, você
tem todos os motivos para dizer ao conselho que não pode
trabalhar comigo e, portanto, eles deveriam contratar sua amiga
para o cargo. O que você não entende, Heather, é que se
beneficiaria muito mais em ser minha aliada do que minha
inimiga. O que você acha que o conselho faria se você realmente
os pressionasse nisso? Você acha que eles iriam me despedir
porque você não se dá bem comigo, ou você acha que eles iriam
despedi-lo porque você não consegue se dar bem com um
membro da equipe valioso que produziu consistentemente
ideias sólidas e lucrativas? — Seus dentes estão rangendo neste
ponto, mas quando eu digo: — Pare, — ela o faz e empurra as
mãos como se houvesse uma árvore bem na frente dela. — Acho
que você é inteligente o suficiente para saber a resposta, mesmo
que se recuse a verbalizá-la. Mesmo assim, estou falando sério
quando digo que não quero seu emprego. Nossas posições
devem se complementar, não precisa ser uma rivalidade.

— Complementar uma a outra? É isso que você chama de


aproveitar cada chance que tem para questionar publicamente
minhas decisões para que todos saibam que você tem mais
experiência do que eu? É apenas uma questão de tempo até que
o conselho veja que você está perfeitamente bem preparada para
fazer os dois trabalhos e então eles irão fundir os cargos como
fizeram na minha antiga empresa e então eu estarei sem
emprego.

Fundir as posições? Foi isso que aconteceu em seu antigo


emprego? Sempre achei que ela tinha desistido.
Seu silêncio e seus lábios se separaram em um chocado O
me dizem que ela não queria que eu soubesse disso.

Eu a encaro e sinto que tudo faz sentido agora – sua


insegurança, sua necessidade de se cercar de pessoas em quem
ela confia, sua hostilidade – e, ainda assim, isso não desculpa
sua recusa em aceitar o ramo de oliveira que continuo
estendendo para ela. Ela simplesmente fica repetindo a mesma
bobagem, e isso me faz pensar se eu soei assim antes, quando
estava dando minhas desculpas.

Assim como o medo fez comigo, mais as dela vêm da


insegurança.

Embora eu me sinta desconsiderada porque sou mais


velha, Heather sente que precisa provar tudo porque é mais
jovem e não tem experiência. Cenários semelhantes, reações tão
diferentes.

— Podemos caminhar e acabar com essa maldita coisa


agora? — Ela sussurra a pergunta e cruza os braços sobre o
peito.

Eu me movo alguns metros em direção a ela. — Tire a


venda.

— Por quê? — Ela pergunta.


— Porque se você e eu vamos descobrir isso, não vai
parecer uma situação de refém. — Ela fica parada como uma
criança petulante. — Tire, — eu ordeno.

Ela arranca a venda e me encara enquanto cerra a


mandíbula. — Feliz?

— Veja. Podemos trabalhar juntas ou separadas, mas não


quero saber se você acha que vai me expulsar de uma empresa
em que trabalhei mais de metade da minha vida. Direi mais
uma vez: não quero seu trabalho. Vender não é minha praia,
mas adoro descobrir como colocar um laço no maldito pacote
para torná-lo mais bonito para você, para que você possa vendê-
lo. Quando eu faço bem, você faz bem. Então, o que você
precisa se perguntar é como vai aguentar trabalhar comigo. É
isso ou encontre um novo emprego. Entendeu?

Heather fica parada ali como um peixei abrindo e fechando


a boca. Sem seu esquadrão de defesa, ela não parece ter
coragem de responder. As farpas rápidas são inexistentes, o que
é apenas mais uma prova de que sua idade e imaturidade são
parte do problema.

— Eu só não acho que isso vai funcionar.

— Por quê? — Dou mais um passo em direção a ela,


determinado a deixar este retiro com o que quer que seja isso
resolvido entre nós. — Porque você se recusa a se comprometer?
Ou porque você escolheu me ver como uma ameaça em vez de
um recurso ou uma aliada?

Nossos olhos se encontram, seguram, e ela está prestes a


dizer algo quando há um barulho alto cerca de trinta metros à
nossa esquerda. Parte embaralhando, parte quebrando galhos,
e eu digo a primeira coisa que vem à mente. — Urso.

— Urso! — Heather grita a plenos pulmões como uma


criança petrificada.

Fique quieta.

Fica parada.

Tenho certeza de que não é um urso.

Todos os três passam pela minha mente, mas antes que eu


possa dizer qualquer coisa, Heather emite um grito agudo
segundos antes de se lançar em minha direção de puro terror.

Demoro um segundo para processar que Heather está se


agarrando a mim para salvar sua vida. A mesma Heather que
zombou de mim por ter medo de ursos e me disse que eu
deveria fingir e dar o exemplo agora está tremendo
incontrolavelmente e balbuciando incoerentemente. Ainda mais
estranho, eu estou surpreendentemente calma.
— Está bem. Shh. Você precisa ficar calma, — digo a ela
enquanto olho de todas as maneiras que posso para ver se foi
realmente um urso que fez o barulho.

Mas embora eu não consiga ver nada, posso ouvir tudo.

Os gritos dos homens enquanto eles invadem a floresta em


nossa direção, suas capas de heróis voando.

— Blake? Heather? — Eles gritaram sem parar.

— Aqui — eu grito de volta.

— Urso! — Heather grita de novo antes de me empurrar de


repente, um segundo antes dos homens aparecerem.

— Vocês estão bem? — A testosterona de Ted chega até


nós primeiro, mas Slade está bem atrás dele com Harley Hal e
um dos diretores de atividades da loja. Todos eles olham ao
redor com cautela, o diretor de atividades segurando uma lata
de spray para urso em direção às árvores ao nosso redor em
defesa.

— O que quer que fosse, se foi, — diz Heather, com as


mãos agora enfiadas nos bolsos para impedir que todos vejam
como estão tremendo.

— Do jeito que você gritou, eu poderia jurar que o urso


estava comendo uma de vocês, — Hal diz, bufando da corrida
para nós.
Há mais agitação na folhagem, e todas nós giramos para
ver Maddie e Gemma pararem correndo.

— Quem foi aquela com esses pulmões de partir os


ouvidos? — Maddie pergunta, seu olhar pousando
imediatamente em mim.

Por uma fração de segundo, eu fico olhando para Heather,


seus olhos arregalados e seu comportamento repentinamente
contido, e eu sei que seria tão fácil falar dela. Eu poderia deixar
todo mundo saber que a mulher maliciosa que zombou de mim
por ter medo de ursos é na verdade aquela que ficou apavorada
quando chegou a hora.

Eu poderia usar o momento para fazê-la parecer tão mal


quando ela me fez parecer repetidas vezes, mas não faço. Eu me
recuso a ser como ela. Eu escolho liderar pelo exemplo.

Sim, sou o mais velho de nós duas.

Sim, eu serei a mais madura.

Sim, vou mostrar a ela que não estamos competindo e que,


às vezes, sim, vou levar para o lado bom a nossa parceria.

— Fui eu, — digo com uma risada e um tímido


levantamento da minha mão. — Você sabe o quanto eu temo os
ursos.
E com o canto do olho, vejo Heather gaguejar em
movimento, lábios relaxados, olhos piscando rapidamente.

Sim, acabei de cobrir para você. Agora é a hora de você


crescer e fazer o mesmo, digo com o olhar que dou para ela.

— Graças a Deus foi só um susto, — diz Gemma enquanto


Slade desliza a mão em volta da minha cintura e dá um beijo na
minha têmpora.

— Vamos sair daqui, — diz o diretor de atividades. —


Apenas no caso de ser um urso de verdade.

Ele se vira para liderar o caminho para fora da floresta,


mas Slade puxa minha mão, sua cabeça baixando para que ele
possa olhar diretamente nos meus olhos.

— Você está bem? — Ele murmura baixinho.

— Estou. — Meu sorriso é rápido, tenso.

Quando vou andar, ele me mantém no lugar.

— O que? — Eu pergunto.

— Não foi você quem gritou, foi?

— Não sei do que você está falando.

— Eu ouvi você gritar meu nome bastante nesta viagem —


seu sorriso é rápido como um relâmpago — e não foi você.
Eu dó com os ombros timidamente, e então nós dois
pulamos quando há um farfalhar alto em nossas costas. Slade
me empurra para trás por segurança enquanto viramos, então
ele joga a cabeça para trás e ri, e eu não tenha ideia do porquê.

Eu saio por trás para ver o que é tão engraçado.

E ali, coberto com folhas verdes, vara de pescar em uma


das mãos e chapéu de balde carregado com ganchos no topo de
sua cabeça, está o urso de Heather, Ed. Seu sorriso é enorme e
seus olhos são travessos.

— Ed? — Slade ri enquanto se aproxima dele. — O que


diabos você está fazendo aqui?

— Ei pessoal. — Ele levanta a mão livre em saudação. —


Só estou pegando um atalho aqui para um novo ponto quente
que encontrei quando acho que assustei daquela garota com
quem você estava falando. — Ele levanta o queixo na direção de
onde Heather e o resto deles foram embora.

— Você nos fez pensar que era um urso, — eu digo em


meio a uma risada.

— Sim, bem, ela não estava sendo muito legal com você,
então achei que ela merecia um pouco de susto para colocar
algum sentido nela. — Ele dá com os ombros. — Um pouco de
medo nunca faz mal a ninguém.
— Ed, — diz Slade e ri, balançando a cabeça em
descrença, — o mundo precisa de mais homens como você.

— Pode ser, — diz ele, — mas este aqui precisa pescar


antes que o sol se mova para trás das colinas. — Ele começa a
arrastar os pés. — Vocês dois aproveitem o resto do dia.

— Obrigado. Boa sorte, — diz Slade.

— Não preciso disso, mas obrigado. — Sua risada é filtrada


enquanto nós dois paramos e olhamos para a direção que ele
foi.

— Isso realmente aconteceu? — Eu pergunto.

— Sim. — Ele bufa. — Porra, Ed.

— Estou feliz em saber que realmente não havia um urso,


mas estou feliz em saber que também não agi como uma idiota.

— Verdade. — Slade estende a mão e liga seus dedos aos


meus. — Heather entendeu que você acabou de levar a culpa
para salvar sua cara dela?

— Acho que sim.

— Por que você faria isso depois de tudo que ela fez com
você?
— Às vezes, você tem que ser a pessoa madura para
desencadear a mudança, e outras vezes, você simplesmente tem
que jogar com o jogo.

Ele balança a cabeça e ri. — Isso está certo?

— Há mais de uma maneira de uivar para a lua,


Henderson. — Eu dou um passo para longe dele, mas não solto
sua mão. — Alguém muito incrível me ensinou isso.
Capítulo Trinta e Oito

Blakely

— Você está com frio?

— Não.

É exatamente onde eu quero estar - na doca, os pés na


água, o braço de Slade em volta de mim e com a lua bem no
alto.

— Ainda não consigo acreditar que vencemos aquele jogo


idiota. — Ele ri e balança a cabeça.

— Como é que adivinhamos todas essas coisas um sobre o


outro? — Penso nas perguntas bobas desta noite em nossa
versão Glamour do antigo game show testando o conhecimento
dos competidores sobre seu cônjuge.

Qual é a sua noite de encontro ideal?

O que você veste para dormir?

Que comida você odeia?


— Somos nós que fingimos e vencemos todos os que não
estavam.

Eu rio suavemente com suas palavras, enquanto elas


picam ao mesmo tempo. Porque ele está certo, estamos
fingindo.

Ou talvez estivéssemos fingindo e me esqueci disso. Eu


fiquei presa em como tudo é tão fácil entre nós - a conversa, a
brincadeira, o sexo - que esqueci que estávamos, na verdade,
fingindo.

Fiz exatamente o que Prisha me advertiu para não fazer.


Deixei a facilidade de Slade e como ele me trata bagunçar
minha cabeça.

Claro, o sexo é fantástico, mas pode haver sexo sem


emoções de longo prazo.

E eu deixei isso crescer quando eu sabia que não deveria.

Cometi o erro de pensar que isso era mais.

Respire fundo, Blakely.

Ele é um reboque.

Não estrague a última noite juntos.

Você esqueceu que era isso.

Guarde seus pensamentos.


É o que você precisava, então você pegou.

Aproveite o tempo.

Ele é apenas uma recuperação.

— Me diga, quando você for reintegrado no trabalho.

— Quando?

— Sim, quando. Exatamente como quando recebo a


promoção. O qual é o proximo passo para você? — Eu pergunto.
— Será difícil voltar às suas rondas no hospital depois de ter
ficado longe por tanto tempo?

— Não deve ser muito difícil. Tenho certeza de que minha


caixa de entrada será carregada com casos no minuto em que
eu puder retornar. — Ele bate seu joelho contra o meu. — E se
você? Você acha que seu sacrifício do urso vai compensar com
Heather?

— Não tenho certeza. — Eu encolho os ombros. — Mas sei


que vou embora daqui estando em um lugar muito melhor com
ela do que quando chegamos. Não apenas o resto dos meus
colegas me vêem de uma maneira diferente, mas também
confrontei Heather. Eu tentei limpar o ar com ela, e tentei ser
uma pessoa melhor. Se ela não pode aceitar minha oferta de
paz, então pelo menos eu sei que tentei e tenho uma perna para
me firmar com o tabuleiro.
— Estou tão orgulhoso de você, Blakely.

Essas sete palavras simples têm emoções obstruindo


minha garganta. Tanto é que fecho os olhos para tentar deixar
passar enquanto memorizo tudo sobre o momento. Seu calor ao
meu lado, a maneira como ele me faz sentir, o som da água
batendo contra o cais, o cheiro de sua colônia, a adoração
completa e absoluta que tenho por ele, tudo se cimenta em
minha mente.

— Você está quieta, — ele diz, me puxando de volta ao


presente.

— Estou apenas aproveitando disso. — Eu descanso


minha cabeça contra ele.

— Você acabou de dizer que está aproveitando isso? O ar


livre. Natureza. Não está pendurado em um balanço quebrado
da varanda?

— Sim. Eu acredito que estou gostando disso.

Ele me puxa com força contra ele e me dá um abraço de


urso antes de pressionar um beijo no topo da minha cabeça. —
Veja todo esse crescimento pessoal. Quem diria? — Sua risada
ressoa em seu peito e em mim.

— Ei, Slade?

— Hmm?
Eu inclino minha cabeça para trás para olhar para a lua,
deixo tudo que aprendi sobre mim nesta viagem correr pela
minha mente, abro minha boca e solto o melhor que posso para
uivar.

É coxo e cafona e acaba comigo rindo e enterrando o rosto


nas mãos, mas pelo menos tentei.

— Essa é minha garota! — Slade diz enquanto se junta a


me com um uivo antes de me colocar de volta no cais e me
beijar.

Em seguida, ele está me despindo.

Então fazendo amor comigo.

Uma última vez.


Capítulo Trinta e Nove

Blakely

— Eu acredito que isso é seu.

Fecho a porta do carro atrás de mim enquanto Slade


estende o guardanapo. Eu mordo meu lábio inferior e sorrio
quando olho para ele.

Lista de tarefas pendentes do Blade:

Faça Paul se arrepender de ter deixado você ir.

Descubra nossa história: quando nos conhecemos, quão


longas suas pernas realmente são, irritações de animais de
estimação, etc.

Faça Horrible Heather vê-lo de forma diferente.

Conquiste seus colegas de trabalho sendo incrível.

Convença a todos que estamos loucamente apaixonados e


que deveríamos estar.

Obtenha a promoção.
Encontre a Blakely real novamente.

Apaixone-se perdidamente.

— Acho que nos saímos muito bem, não é? — Ele pergunta


enquanto meus olhos deslizam para baixo e tropeçam no último
item de linha. Pegando a lista em minha mão, mantenho meu
olhar focado nele enquanto tento reprimir meus sentimentos
que estão saindo fora de controle.

A última coisa que quero que ele veja nadando em meus


olhos é que, de alguma forma, esqueci que a última tarefa era
uma piada.

Me leva um segundo para sentir controle suficiente de


minhas emoções antes de poder encontrar aquele olhar azul-
acinzentado dele. — Nós fizemos, não é?

— Formamos uma boa equipe, você e eu. — Ele estende a


mão para unir seus dedos aos meus enquanto eu inclino
minhas costas contra o meu carro. — Há mais a ser feito.

— Oh? — Eu digo, esquecendo o item de linha de


promoção e deixando minhas esperanças levarem o melhor de
mim.

— Sim. Acredito que temos uma aposta da qual ainda não


podemos determinar o vencedor. Aparentemente, a satisfação é
medida em termos de uma promoção quando se trata de você.
— Ele pisca. — E já que isso ainda não foi determinado,
devemos dizer que estamos em um padrão de espera?

— Sim. Concordo. — Eu engulo o alívio que vou conseguir


vê-lo novamente. — Estamos combinados.

Ele bate os nós dos dedos no topo do meu carro. — Sinto


muito por termos que dirigir dois carros até aqui, mas tenho
certeza de que você provavelmente está cansada de mim e mal
pode esperar para ter um pouco de paz e sossego.

— Não seja ridículo. — São as únicas palavras que confio


em mim mesma para dizer quando outra pontada de tristeza me
atinge.

— Tem certeza de que está bem para dirigir?

—Sim. Claro. — Eu mordo minha bochecha e rio


nervosamente. Quão bobo foi em não seguir o conselho de
Prisha de não se apaixonar por ele? O quão ridículo eu sou por
me permitir pensar que o último item da lista era uma coisa
real?

— Tem certeza?

Meu sorriso é forçado quando coloco minha bolsa e o


guardanapo dentro do meu carro. — Então, que ato covarde
devo cometer para nos fazer terminar? — É estúpido, e eu não
deveria ter dito isso, mas ficar nervosa e manter minha boca
fechada não funcionam bem juntos.

— Nah. A culpa é minha. — Seu sorriso é suave, voz


calma. — Digamos que minha residência foi demais e eu não
poderia me comprometer a lhe dar tudo o que você merece.

— Isso não é algo que eu diria.

— Qualquer pessoa que me conhece concordaria com essa


afirmação, então não é exatamente uma mentira. — Outro
sorriso reticente que li como um pedido de desculpas silencioso.
— Você merece o mundo, Blake. Nunca se esqueça disso.

Eu fico olhando para ele, me perguntando se essa é sua


maneira de me dizer que nunca funcionariamos. Seus olhos e
suas palavras não estão combinando, mas inferno se vou
questioná-lo. Não deveria apenas ficar feliz por ter passado esse
tempo com ele, por ter sido capaz de vivenciar tudo o que há
sobre Slade Henderson e seu eterno otimismo, e não reclamar?

Mas eu quero reclamar. Quero colocar minha mão em sua


camisa, puxá-lo para perto para que sua boca encontre a minha
e derramar cada gota de emoção no beijo para que, quando nos
separarmos, ele saiba exatamente como me sinto.

O medo da rejeição tem me enraizado no lugar e


balançando nos meus calcanhares nas chances perdidas.

— Obrigada. Eu acho. — Estranheza me consome.


— Não precisa me agradecer. É apenas a verdade. — Slade
estende a mão e coloca uma mecha de cabelo atrás da minha
orelha, a palma da sua mão demorando na linha do meu
queixo. Nossos olhos se fixam, e eu juro que vejo tudo o que
está girando em mim refletido em seus olhos. Se for esse o caso,
por que ele não diz nada? Por que não me disse nada?

— Ok, então, — ele murmura. — Obrigado por me deixar


vir brincar de fingir com você.

— Não precisa me agradecer também. — Eu encaro um


sorriso que é cem por cento agridoce.

Ele se inclina para frente e me dá o mais simples, mas


mais terno dos beijos que já recebi antes na minha vida. Meu
coração pula na minha garganta e lágrimas brotam em meus
olhos. Sou grata por ele descansar sua testa contra a minha,
sua mão ainda na curva do meu pescoço, então tenho um
momento para me recuperar.

— Foi um prazer ver você se reencontrar, Blakely. Nunca


se esqueça de como você se sentiu esta semana. Nunca se
esqueça de quem você é. Nos falamos em breve.

Quando ele se inclina para trás para encontrar meu olhar


novamente, eu tenho um motivo para as lágrimas brotando em
meus olhos – um que ele pode entender, pelo menos – suas
palavras.
Mas quando ele abre a porta do meu carro para mim e
depois a fecha, sei que as lágrimas são por muito mais.

Elas são para quem eu encontrei.

Quem eu temo ter perdido.

Slade não disse que o coração é onde tudo começa e


termina?

Nunca pensei que essas palavras fossem mais verdadeiras


do que agora, enquanto deixo um pedaço meu para trás com
ele.
Capítulo Quarenta

Slade

Com a minha mão no volante e meu polegar batendo a um


ritmo desconhecido, eu assisto até que suas luzes traseiras
desaparecer em torno da primeira curva.

Então eu inclino minha cabeça contra o assento do meu


carro e me pergunto como aquela sensação repentina de vazio
está dentro de mim.

Você acabou de ser despejado.

Eu rio, mas não torna mais fácil engolir.

— Volte para sua vida, Slade. — Eu solto um suspiro.

Uma vida consumida por intermináveis horas de trabalho.

Isso não leva a nada mais do que casual o que quer que eu
esteja fazendo.

Mas isso foi antes de um encontro casual com Blakely


Foxx.

Isso foi antes deste retiro de união.


Isso foi um pouco antes.
Capítulo Quarenta e Um

Blakely

— Então havia o sexo quente, as risadas de doer na


barriga, as longas conversas ao luar e o silêncio confortável nas
docas, — diz Kelsie, — e vocês não se falaram desde então?
Você está louca? — Ela bate na minha coxa. — Quero dizer,
todos os sinais estão lá!

— Sinais? — Eu rio. — Sinais de quê?

— Que havia algo mais. — Sua voz aumenta de volume


com cada palavra.

Eu me viro para olhar para ela deitada em cima do meu


edredom ao meu lado. — Não, era só ficar preso no momento.
Duas pessoas juntas no estilo de reality show - você sabe, esse
tipo de coisa forçada a morar junto. — É muito mais fácil mentir
para mim mesma do que acreditar que Slade e eu poderíamos
ter algo real.

— Veja! Eu disse que ele seria o reboque perfeito para


você. Não há nada como um sexo arrepiante nas mãos de um
homem mais jovem e viril que tem um sorriso bonito para fazer
você superar seu ex idiota.

— Viril? — Eu rio quando a dor da falta dele irradia por


mim.

— Esse era o meu código para um pau habilidoso e


competente.

Eu engasgo com minha próxima respiração e tusso através


da risada. — Jesus, Kels.

— Você vai contestar isso?

— Eu imploro a quinta emenda. — Eu levanto minhas


mãos em sinal de rendição.

— Mas era só isso, Blake?

— O que você quer dizer?

— Você não desenvolveu sentimentos por ele? Quero


dizer... é normal – seja um reboque ou não.

— Não importa se eu fiz ou não fiz, só importa se for


mútuo.

— Bem? Você perguntou como ele se sentia por você? —


Ela pergunta e ri em descrença. — Claro que não.

— Eu acredito que suas palavras foram algo como, 'Foi


divertido fingir com você.' E então ele passou a dizer como todos
acreditariam se nós terminássemos, porque ele não se
compromete com ninguém. Eu não sei sobre você, mas não fica
mais claro do que isso.

— E seu ponto é o que? Às vezes, dizemos coisas que


achamos que a outra pessoa deseja ouvir, mesmo quando não
são exatamente a verdade.

Eu sorrio e balanço minha cabeça. — Não é a mesma


coisa.

— Ele deu um beijo de despedida em você, certo? Quero


dizer, você não dá um beijo de despedida na sua namorada
falsa quando ninguém mais está olhando.

Eu fecho meus olhos e deixo as lágrimas queimarem lá.


Aqueles momentos de descrença de que Slade sente o mesmo.
Levei menos de uma semana para sentir isso por ele, então por
que demorou a mesma quantidade de dias para duvidar de cada
segundo disso?

— Vamos encarar, ele foi um reboque. Exatamente como


você disse que ele era. Perfeito para o momento - para o que eu
precisava para superar tudo com Paul, mas não para a
realidade.

— Eu chamo isso de besteira.

— Você pode chamá-lo do que quiser, mas é o que é. — Eu


fecho meus olhos e suspiro.
— O que é isso, você está sendo uma covarde que tem
medo de se jogar.

— Você esqueceu. Eu me joguei. E não é como se não


tivéssemos nos falado desde então. Mandamos mensagens e
perguntei a ele se havia algo novo sobre Ivy. Ele me perguntou
se eu já tinha ouvido falar da promoção. Não houve palavras
sobre se divertir ou sobre sentir saudades um do outro. Não
havia, talvez devêssemos tentar essa coisa entre nós. Foi causal.
Foi fácil. — Assim como Prisha me avisou que seria. Ele não
tem ideia do quanto eu estou apaixonada por ele porque,
simplesmente, ele é um cara muito legal. — É isso aí.

—Mensagem. Mensagem. Mensagem. Obrigada por


ingressar no século vinte e um, mas você precisa pegar o
telefone e ligar para ele. Quero dizer, você está de ponta-cabeça
por esse cara.

Não é esse o problema?

Como posso estar perdidamente apaixonada por um cara


neste curto espaço de tempo? Como posso admitir isso sem soar
como uma louca que deveria estar se convencendo de que ele é
apenas um reboque? Tem que ser.

Ninguém se apaixona tão rapidamente, a menos que esteja


emocionalmente instável após um grande rompimento. Ninguém
se apaixona tão rapidamente sem se arruinar quando a outra
pessoa percebe que está se recuperando e segue em frente.
— Ele é bom demais para ser verdade. Provavelmente é
melhor deixar como está. — Eu coloco um sorriso em meus
lábios que espero que ela acredite e tento reconhecer meu
comentário. Parece que tenho feito muito isso ultimamente.

— Se você diz, — ela diz enquanto eu olho para o teto para


desviar meus olhos porque não quero que ela olhe muito de
perto. Se ela fizer isso, ela verá a verdade. Ela me cutuca com o
cotovelo. — Olhe para você batendo e desistindo. Eu nunca
soube que você tinha isso em você. — Ela dá um tapinha no
coração e suspira afetuosamente. — Estou tão orgulhosa de
quão longe você chegou em tão pouco tempo.

— Você é uma rainha do drama.

— Sempre. Tudo o que tenho a dizer é, droga, posso


conseguir uma recuperação dessas? Eu sei que meu divórcio foi
há anos, mas mamãe precisa de um pouco disso. — Ela
adiciona um aceno para enfatizar, e eu aproveito a chance de
seguir a conversa longe de Slade e da dor no meu peito cada vez
que ela menciona o nome dele.

— Além disso, a última coisa que preciso agora é ser


distraída por um homem quando tenho minha grande entrevista
para me preparar.

— Está certo! — Kelsie estende a mão, agarra minha mão e


aperta. — Mas eu não acho que você precisa de muita
preparação. Posso sentir em meus ossos que você vai conseguir.
É a sua hora de brilhar e mal posso esperar para colocar meus
óculos de sol e ver você brilhar.

Eu aperto a mão dela em retorno, deixando o silêncio


confortável de duas melhores amigas se estabelecer no espaço
entre nós.

Estou mais do que certa de que ela vê o quão nervosa


estou com a minha entrevista esta semana.

E eu a deixei.

Mal sabe ela que estou cuidando de um coração partido e


tenho vergonha de admitir isso para ela. Pior ainda, sou muito
covarde para pensar que mereço o que realmente quero.

Reciprocidade da última tarefa da lista de afazeres.

Isso, e um Slade Henderson.


Capítulo Quarenta e Dois

Slade

— Trabalhar em escritório fica bem em você, Henderson.

Eu olho para as pilhas de pastas empilhadas na mesa na


minha frente e olho para Prisha. Estamos nas entranhas do
hospital, uma sala sem janelas com paredes brancas e nada
mais do que papelada, um laptop antigo e mais papelada.

— Estou começando a me arrepender de ter oferecido


ajuda ao Dr. Schultz para registrar todos os resultados dos
testes de seu estudo, mas estava perdendo a cabeça ao esperar.
— Eu me inclino para trás na minha cadeira e passo a mão nos
meus olhos turvos.

— Deve ser um bom sinal que ele está deixando você voltar
ao hospital, certo? — Ela inclina o quadril na mesa oposta à
minha e abafa um bocejo. — Quero dizer, se ele fosse expulsá-lo
do programa, alguém poderia supor que ele não deixaria você
tocar em todos os seus dados amados.
— Foi isso que pensei quando ele ligou, mas agora? —
Aponto para as pilhas infinitas de estatísticas a serem
registradas. — Agora, não tenho tanta certeza.

Prisha inclina a cabeça para o lado e me olha por um


instante. — Você não a mencionou, você sabe. Você está aqui
há cinco dias, e nós enviamos mensagens o tempo todo, mas
você não a mencionou, a não ser para redirecionar a conversa.

— Isso é besteira, — eu argumento, mas sei que ela está


certa.

— Você seguiu em frente assim?

Esfrego meus olhos turvos antes de olhar para Prisha.

— Seguiu em frente? — Eu pergunto.

— Sim. Você brincou de homem da montanha com Blakely


e depois lavou as mãos? Um movimento clássico de Henderson.
Devo presumir que você está procurando ativamente por um
novo projeto para consertar?

Eu rio tanto quanto posso rir. — Eu não lavei minhas


mãos, Prisha. Estou apenas metido nessa merda até o cotovelo
e tentando ter minha vida de volta.

— E?
— E estar do lado de fora, vendo vocês correndo de um
lugar para outro, exaustos, engolindo uma refeição quando
podem e tendo apenas momentos furtivos para dormir...

— Você perde cada segundo.

— Inferno, sim, eu faço. Desesperadamente. Mas dar um


passo para trás e ver a dedicação e o sacrifício de tudo isso bem
na minha frente foi um lembrete enorme do por que nada me
pegou antes com uma mulher. Não tenho tempo para gerenciar
isso e fazer isso.

— Muitos de nós fazemos.

— Bom para você.

—Muitas desculpas e pouca ação. Se for esse o caso, ela


provavelmente fez bem em se livrar de você. — Ela suspira
antes de rolar os ombros e esticar os braços.

— Muito engraçado, — murmuro e jogo minha caneta


sobre a mesa.

— Estou falando sério. Eu gostava dela... e acho que parte


de sua infelicidade é porque você também gosta dela, mas não
tem certeza do que fazer a respeito.

— Obrigado pela avaliação psicológica, mas estou bem.


Mas eu não sou. Estou longe disso. Eu fodidamente sinto
falta dela. O sorriso dela. O cheiro de sua pele. O som de sua
risada. O brilho em seus olhos.

Puta merda.

— Eu acho que parte do problema de Slade é que ele está


passando por abstinências sexuais, — John diz enquanto entra.
— O que é isso? Festa no porão?

— Algo assim, — murmuro e dou um soco em John.

— Você é louca, Prisha, se você acha que Blakely foi algo


mais do que um pouco divertido para Slade. Todos nós sabemos
seus jogos.

— Foda-se, — eu brinco enquanto ele pisca para mim.

— Você está pronta para a ronda? — John pergunta a


Prisha, que concorda. — Mais tarde, garoto apaixonado, — ele
fala por cima do ombro enquanto eles seguem pelo corredor. Eu
daria qualquer coisa para ir com eles.

Meu gemido preenche a sala enquanto eu afundo em


minha cadeira.

John está certo? Ainda não estou no ponto da minha vida


em que posso envolver alguém no meu dia a dia? Onde posso
pedir a ela para lidar com o peso da minha residência?
Fecho os olhos e me pergunto como posso justificar e pedir
a Blakely para fazer isso comigo. Ela acabou de terminar um
relacionamento em que não era cuidada, então como posso
pedir a ela para ter um comigo quando vou estar longe mais do
que por perto. E em tempos normais, mesmo quando estou por
perto, tudo que quero fazer é rastejar para a cama e dormir.

Ela merece muito mais do que isso.

Estávamos em uma situação de fantasia no retiro. Não era


a vida real.

Sem falar que nem sei como me relacionar.

Problemas de primeiro mundo, eu sei.

Mas como a convido para esta vida quando estou por um


fio quase todos os dias?

Estou arrastando minha bunda. Grande momento. Sentir


falta dela também não torna as coisas melhores.

Pego meu telefone para mandar uma mensagem para ela -


algo, qualquer coisa para falar com ela - mas depois me
questiono.

Talvez eu esteja errado.

Talvez eu tenha desenvolvido sentimentos por ela, mas ela


estava apenas curtindo um pouco de sexo livre depois de se
divorciar.
Então, novamente, quando a testosterona Ted me mandou
uma mensagem outro dia, ele pareceu pensar que ainda
estávamos juntos. Então, ela não terminou publicamente
comigo em seu escritório?

Não tenho certeza de como ler isso.

Pego meu telefone para ligar para ela, confrontá-la... ouço


sua voz e, quando o faço, sou chamado pelo sistema de PA.

Talvez haja notícias sobre Ivy. Talvez o Dr. Schultz tenha


boas notícias para mim. Talvez eu finalmente consiga minha
vida de volta.

Eu olho para o cursor piscando no meu texto em branco e,


em seguida, coloco meu telefone no bolso do meu jaleco.

Vou mandar uma mensagem para ela. Eu vou.

Só vai ter que esperar até depois dessa mudança.


Capítulo Quarenta e Três

Blakely

— Nós quatro teremos que sair e comemorar, — diz


Gemma enquanto dá a volta na minha mesa.

Eu sorrio com a exaustão do dia. — Nós vamos. Nós


definitivamente iremos.

— Parabéns, VP. — Ela me dá um sorriso largo e balança


uma dança.

— Obrigada. Está tarde. Agradeço toda a sua ajuda, mas


tenho certeza de que Ted está se perguntando onde diabos você
está.

— Eu disse a ele que estava trabalhando até tarde.


Ajudando você a se instalar e a mudar oficialmente de
escritórios. Ele manda parabéns.

— Obrigada, novamente. — Eu olho em volta da bagunça


de um escritório em que não estive sozinha o dia todo. — Acho
que vou apenas ficar sentada aqui em silêncio por um tempo e
deixar que tudo seja absorvido.
— Tem certeza que não posso ficar e ajudar?

— Nah. Você já ajudou bastante.

— Boa noite então.

— Boa noite.

Eu sento na minha cadeira e suspiro no espaço vazio.


Estou dividida entre fechar meus olhos e absorver tudo e olhar
pela janela para as luzes da cidade abaixo. À distância, vejo a
luz vermelha piscando no heliporto do Memorial General e
sorrio.

Slade.

Preciso ligar para ele - pelo menos agora tenho uma


desculpa válida para isso.

Pego meu telefone de onde ele está sobre o cartão de


felicitações das flores que Heather me comprou. Sua
sinceridade ainda está em questão, mas é o primeiro de uma
longa linha de muitos passos para ela, então estou levando isso
a sério.

Já se passaram nove dias desde que Slade e eu nos


separamos. Nove dias desejando ligar para ele e preocupada em
fazer isso porque não tenho nenhum motivo real para fazer isso,
a não ser para ouvir sua voz. Já se passaram nove dias
sentindo sua falta e me sentindo boba por sentir sua falta, tudo
ao mesmo tempo. Foram nove dias tentando adivinhar tudo o
que sinto por ele e se é real.

Eu digito o texto — Me ligue quando tiver um minuto — e,


em seguida, clico em enviar.

Leva apenas um segundo antes que meu telefone toque.


Borboletas voam em meu estômago, mas não consigo responder
rápido o suficiente... mas então, no minuto em que o faço, os
nervos reverberam em mim.

— Olá?

— Você sempre pode me ligar, sabe. — A voz dele. Essa


voz. Ouvir isso é um bálsamo que acalma todas as
preocupações e me traz de volta a ele e ao cais e ao luar em seu
rosto.

— Eu sei que você provavelmente está ocupado e-

— E se eu não puder atender quando você ligar, ligo de


volta quando puder falar.

— Ok.

O silêncio cai sobre a linha, e odeio essa sensação de mal-


estar quando nunca tivemos isso entre nós antes.

— Você está bem? — Ele pergunta, o sistema de PA no


fundo chamando algo.
— Sim. Ótima, na verdade. — Eu faço uma pausa. —
Consegui a promoção.

— O que? Você fez? Eu sabia que você iria. — Posso


imaginar o sorriso em seus lábios tão claramente quanto posso
ouvir em seu tom. — Parabéns. Deus, Blake, estou tão
orgulhoso de você.

E com essas poucas palavras, estou de volta àquela doca


com meu coração inchando, minhas emoções crescendo e a
esperança crescendo.

Mas eu não posso ser - isso não pode ser - ou então já


seríamos. Tenho idade suficiente para saber que não posso
desejar que algo exista.

— Obrigada. Eu... eu não poderia ter feito isso sem você.

— Isso é besteira, e você sabe disso. Você estava fazendo


isso sem mim o tempo todo. Você só precisava de um pouco de
encorajamento, só isso.

— Eu estava querendo ligar. Eu queria ouvir sua voz. —


Não é o que eu quis dizer, mas é a verdade. A voz dele. Ele. Isso
é tudo que eu estive esperando o dia todo e aqui estamos nós e
estou tropeçando em minhas palavras.

— Estou com saudades, Blakely. — Sua voz é um estrondo


profundo e me faz recuperar o fôlego.
— As coisas têm estado malucas. Apenas tem sido... eu
não sei.

— Eu me senti da mesma forma. Essa coisa da vida real


é...

— Sim. Eu sei. Isso meio que atrapalha, — digo, pensando


na desculpa que ele deu para terminar o namoro que ainda
estou para usar.

Acho que ainda tenho esperança.

Então, e agora? Eu quero perguntar. Por que nós dois


estamos dizendo que sentimos falta um do outro, mas nenhum
de nós está fazendo a pergunta? Estamos tentando sentir um ao
outro? É por isso que estamos sendo tão cautelosos? Ou é sua
hesitação porque ele é o Slade sobre o qual Prisha me avisou?
Um homem que não percebe que é fácil se apaixonar? Um
homem que agora percebe que eu realmente caí de ponta-
cabeça por ele e agora está tentando me desapontar lentamente
para que meus sentimentos não sejam feridos?

Slade não é o tipo de meditar palavras, então o fato de que


ele agora me disse tudo que preciso saber. Isso “nós” é demais
para ele, muito real, quando tudo que ele está acostumado são
encontros casuais, então agora ele está tentando descobrir
como seguir em frente. Exatamente como Prisha disse que
aconteceria.
Cristo. É por isso que o casamento era mais fácil. Você
apenas sabia que esperava decepção e desconsideração. Você
não tem que se perguntar e ler no silêncio.

— Heather é melhor para você agora? — Ele pergunta,


mudando a conversa de nosso tópico sobre o desastre de trem
para algo menos traiçoeiro.

— Eu ainda não confio nela tanto, ainda estou dando


passos de bebê. — Eu rio suavemente. — E você? Você voltou
ao trabalho? Como está Ivy?

— Não estou oficialmente de volta ainda, — diz ele, sua


falta de resposta sobre Ivy me faz ler nas entrelinhas. — A
pessoa que supervisiona o programa teve pena de mim e está
me deixando fazer algumas entradas de análise de dados em
um estudo que ele está fazendo, mas quanto a atender
pacientes, ainda estou suspenso.

— Eu sinto muito. Eu esperava que você já tivesse voltado


ao ritmo das coisas agora. — E, claro, minha cabeça vai longe.
Para o lugar que pensa demais em como ele não está exausto de
trabalhar em turnos de 24 horas e desacredita nas desculpas
que dei a mim mesma por ele não ter me ligado - que ele tem
estado muito ocupado voltando ao ritmo das coisas - agora
parece sem peso.

— Eu também. Mas tenho trabalhado sem parar tentando


ganhar algum favor fazendo isso. A boa notícia é que Ivy está
lentamente mostrando mais sinais de que vai acordar: olhos
tremulando abertos por minutos de cada vez, pegando uma
bebida antes de cair novamente, esse tipo de coisa. Então
dedos cruzados que ela vai acordar em breve e terá resistido à
tempestade sem nenhum dano de longo prazo - fisicamente, é
claro - e então todos nós podemos deixar isso para trás.

Acho que, para ele, será uma vitória vazia simplesmente


porque obter a confirmação de que a garota foi abusada pode
validar suas ações, mas não o fará se sentir melhor.

— Isso é bom, certo? — Eu pergunto, desesperada para


continuar falando com ele. Estou sozinha nesta torre de um
prédio de escritórios, mas ele me faz sentir um pouco menos só.
— Que ela está respondendo. Que ela está tendo momentos de
consciência.

— Só o tempo dirá, — ele murmura. — Você não terminou


comigo ainda. Por quê?

Sua pergunta me joga e eu dou uma risada nervosa. — Eu


não poderia... eu não queria.

— Por que isso?

Tempo de vida ou morte, Blakely.

Eu respiro fundo e fecho meus olhos. — Eu sinto que há


muitos negócios inacabados entre nós. A lista de tarefas
pendentes. O... E eu...
— Eu também.

— Você também? — Eu pergunto. O que isso significa? O


que ele está dizendo? — Então, o que vamos fazer sobre isso?

— Bem, eu ganhei a aposta, então não é o último de


nossos negócios inacabados para cuidar? Você está me devendo
jantar? — O sorriso em sua voz alivia o aperto no meu peito até
que eu percebo que há mais para cuidar do que apenas uma
aposta - como a última tarefa naquele maldito guardanapo.

Foi uma brincadeira. Ele disse isso desde o início. E, no


entanto, aqui estou eu, uma mulher ridícula ainda pensando
que quero que seja verdade.

Meu sorriso é agridoce e, quando falo, minha voz não


reflete nada da turbulência que está passando dentro de mim.
— Você está assumindo que ganhou? Que estou satisfeita,
Slade?

Sua risada retumba através da linha. — Você conseguiu a


promoção.

— Talvez eu precise de outras coisas para me sentir


satisfeita.

— Você está insinuando que eu não a satisfiz? Uivamos


para a lua, Foxx, — ele brinca.
— Talvez eu precise testar os produtos novamente para ter
certeza.

Este. Isto é o que eu preciso. A brincadeira sexy. O flerte


brincalhão. Isso é o que me faz sentir como nós novamente...
não que haja um nós, mas é normal para nós.

— Que tal sexta-feira à noite? Isso funciona para você?

Eu fecho meus olhos e sorrio para a sala vazia. — Sim.


Sexta-feira parece bom.

—Devemos nos encontrar depois que você sair do


trabalho? Podemos ir ao Metta e realmente comer lá ou...

— Depois do trabalho está bom.

— Eu sinto muito. — Sua risada retumba através do


telefone. — Eu estou controlando e decidindo quando este
deveria ser seu encontro. Me diga o que você quer fazer e
garantirei que aconteça. Inferno, você é a nova Blakely no
comando, então vou deixar você assumir o comando e calar
minha boca.

— Não. Está bem. Eu não me importo. Que tal nos


encontrarmos no Metta's, tomarmos alguns drinks, e então eu
vou achar um lugar para irmos depois disso?

— Então, você vai me surpreender?


— Algo assim, — eu digo. — Que tal sete horas? É muito
tarde?

— Está perfeito.

— Está bem então.

O silêncio se apega à linha porque não quero que a ligação


termine. Há algo sobre ele que torna meu dia muito melhor.

— Estou ansioso para ver você, Blakely.

— Eu também.

— Até lá então.

E quando a ligação termina, quando o silêncio do prédio de


escritórios vazio se instala ao meu redor, há um sorriso em
meus lábios e um bolso cheio de esperança crescendo dentro de
mim... apenas talvez, Slade e eu possamos tentar nossa sorte
no que quer que seja.

Mesmo assim, me sinto uma fraude porque a nova Blakely


no comando teria acabado de dizer a ele o quanto eu quero que
haja mais do que apenas um jantar de comemoração.

Ela também teria dito a ele que queria aquela última tarefa
na lista de afazeres.

Ela teria colocado as cartas na mesa.

Mais sempre há sexta à noite.


Capítulo Quarenta e Quatro

Blakely

— Grande buquê de flores para a Srta. Foxx, — diz Minka


enquanto carrega um vaso cheio de peônias para o meu
escritório.

— Huh, — eu digo enquanto vou até elas e tiro o cartão de


seu suporte.

— De quem são? — Ela praticamente dança na ponta dos


pés.

— Não tenho nenhuma ideia. — Mas eu sei. Pelo menos a


parte feminina e tonta de mim pensa que sim. Abro o cartão e
meu coração suspira enquanto desmaio.

Para Blakely,

Continue uivando para a lua.

Você merece cada pedacinho disso.

—Slade
— Slade? — Minka pergunta.

Eu aceno e leio novamente. — Sim.

— Deus, você é tão sortuda. Eu gostaria que Jared olhasse


para mim do jeito que Slade olha para você.

O nó na minha garganta fica ainda maior.

Eu olho para cima e sorrio para ela. — Eu sou uma garota


de sorte. — Mas as palavras soam um pouco mais instáveis do
que pretendo que soem.

Porque me ocorre o quanto gosto de Slade.

Não me importo, a quem estou enganando? Amor.

Eu mordo meus lábios e admito isso para mim mesma.

Acho que me apaixonei por Slade.

Jesus, até eu sei como isso soa estúpido.

Se ele soubesse, ele correria para o outro lado.

É o tipo de emoção que as pessoas vão me dizer que sou


louca por sentir tão rápido.

Mas é verdade.
Pego meu telefone e ligo para ele, mas ele não atende. Em
segundos, meu telefone alerta uma mensagem.

Slade: Tudo bem? Eu não posso atender agora.

Eu: Sim. Estou bem. Obrigada pelas flores. Elas são lindas.

Slade: Você as merece.

Eu: Como você sabia que as peônias eram minhas


favoritas? Adoro elas.

Slade: Elas são? Bom palpite então. Mas não é assim que
as coisas são conosco?

Eu: Estranhamente, sim. Vejo você na sexta-feira.

Slade: Estarei aí junto com os sinos.

Eu rio porque eu não acho que ele realmente usa sinos.


Olhando para nossos textos, tudo que posso pensar é o quão
certo é o comentário dele sobre saber que peônias são minhas
favoritas.

É assim que as coisas são conosco.


Capítulo Quarenta e Cinco

Slade

— Estou confuso, — digo quando abro a porta da frente,


com os olhos turvos e desejando minha cama mais do que o
macarrão meio comido esperando no balcão. — Achei que você
já esteve aqui e já tivesse ido embora, jurando nunca mais
voltar.

O sorriso da minha mãe se alarga quando ela entra e dá


um beijo na minha bochecha. — Você parece exausto, — ela diz
e passa por mim como se ela fosse a dona do lugar. — Como é
que você parece estar trabalhando quando ainda não está
trabalhando?

— Hum... O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto


enquanto estou na porta e fico olhando para ela. Ainda estou de
calça, mas sem camisa, e tenho uma cerveja pela metade na
mão.

— Eu disse que precisava voltar para a cirurgia da tia


Millie. Não se preocupe — ela olha por cima do ombro — Eu não
vou ficar aqui. — Ela para no meio do caminho e olha para o
corredor e depois de volta para mim, os olhos arregalados e a
boca aberta em choque. — Não estou interrompendo nada,
estou?

Demoro um segundo para entender sua reação. — Não!


Deus. Mãe. — Suspiro o nome dela. — A única coisa que você
está interrompendo são minhas cinco preciosas horas de sono.
Estou tão cansado que não poderia nem mesmo fazer isso se
tentasse.

— Fazer isso? — Ela ri enquanto dá a volta na bancada e


olha na minha tigela antes de ir para a geladeira. — Se chama
sexo, querido, e estou mais do que ciente de que você o faz.

— Esta conversa está errada em muitos níveis. — Eu


afundo em minha cadeira e continuo a comer. Está frio agora,
mas não tenho energia para fazer nada diferente.

Mas quando eu olho para cima, minha mãe já está


cortando alface e tomate e fazendo uma salada. — Você precisa
de legumes, — diz ela. — Todos esses carboidratos não são
saudáveis.

— Obrigado pela aula de nutrição, — eu resmungo.

— Você prefere conversar sobre por que você tem evitado


minhas ligações? — Ela pergunta como se fosse Mary Freaking
Poppins.
— Estive trabalhando. Não estou de volta como residente
ainda, mas como eu disse a você, estou ajudando ao Dr. Schultz
- tentando receber suas boas graças - e você sabe o quanto eu
adoro fazer besteiras estúpidas.

— Estúpido, sim, mas pelo menos você não está fazendo


turnos de vinte e quatro horas.

— Eu meio que estou, entretanto, tentando colocar meu


corpo de volta no ritmo das coisas na chance de eu ser
readmitido logo.

— Deve ser por isso que você é uma tigela cheia de bom
humor.

Eu olho para ela. — Por que você está aqui?

— Você está me evitando.

Ela está certa. Eu estou.

— Não, eu não estou.

— Você nunca ignora minhas mensagens. — Eu dou a ela


um daqueles olhares de você-tem-que-estar-brincando-comigo.
— Bem, você os ignora, mas não desta forma.

— E de que forma é essa? — Eu pergunto em torno de um


pedaço de macarrão.
— Da forma em que você não me dá uma ideia de como foi
sua viagem de acampamento.

— É por isso que você está aqui? — Eu ri. — Você quer


saber sobre minha viagem?

Cristo.

— Aquela garota da Glamour com quem você foi. Qual é o


nome dela mesmo?

Meus olhos brilham e se estreitam. — O que você quer


dizer com garota da Glamour?

— Eu estava checando seu Instagram e vi alguém


marcando você em um retiro de união. Dizia algo sobre ser da
Glamour e todos os tipos de sinais de libra estranhos depois
disso.

— Hashtags.

— Sim. Isso aí. Sempre esqueço seu novo nome.

— Isso não vem ao caso. Sua perseguição, intromissão...


Habilidades irritantes realmente precisam ficar em segundo
plano.

— Eu não estava perseguindo. Eu simplesmente vi isso. —


Ela acena com a mão para mim. — Qual é mesmo o nome dela?

— Quem? Você quer dizer, Blakely?


— Sim. Um nome tão bonito. Sem falar que é clássico e
sofisticado, tudo ao mesmo tempo.

Minha mãe está perseguindo minha vida amorosa através


do Instagram. Não existe nada pior do que isso.

— Sim, ela é outro nível.

E inferno, se essa não for a maldita verdade.

— Bem, Lane disse...

— Lane? — Eu grito o nome do meu primo. Vou matar o


filho da puta assim que me lembrar do que realmente disse a
ele. Estive tanto na minha cabeça nas últimas duas semanas
que estou meio confuso com o que eu disse e simplesmente
pensei. — Por favor, me diga o que você e Lane conversaram. —
Cruzo os braços sobre o peito e me inclino para trás na cadeira.

— Ele apenas disse que você realmente se divertiu. Que


você realmente gostou dela.

— Uh-huh. — Eu puxo a palavra enquanto tomo um gole


da minha garrafa de cerveja. — E o seu ponto é?

— Meu ponto é nada. Simplesmente não é típico de você


não me dizer algo sobre uma mulher com quem você sai.

— Sim. Normalmente, eu só digo alguma merda para você


não encher o saco.
— Exatamente, mas desta vez você não disse
absolutamente nada.

— Mãe, estou cansado. Você pode simplesmente parar de


enrolar e dizer o porquê parou por aqui, porque eu sei que é
mais do que apenas dizer oi e preparar uma salada para mim.

Ela desliza a salada pelo balcão e, em seguida, pega um


pouco de molho para salada da geladeira para mim.

— Obrigado, — murmuro.

— Você sabe.n— Ela suspira e inclina seus quadris contra


o balcão oposto a mim. — Você chega a esse momento em sua
vida em que percebe que está crescendo. Que o que você
pensava que era suficiente antes, não é mais suficiente.

— E?

— E eu só estou me perguntando se você realmente gosta


desse Blakely, mas não consegue entender por que desta vez é
diferente, por que ela é diferente, então você está lutando contra
si mesmo para admitir isso.

Eu olho por cima da minha comida e encontro seus olhos.


Há tanta bondade e amor olhando para mim que minhas
defesas desmoronam um pouco. — Todas as opções acima e
mais algumas.
O susto de sua cabeça me diz que ela está chocada por eu
apenas me abrir para ela. Eu também.

— Então qual é o problema? Se você gosta dela e ela gosta


de você, por que está tão mal-humorado? O amor deveria te
fazer feliz.

— Vamos diminuir a velocidade com a palavra com gosta,


ok?

— Por que isso te assusta?

E porra, isso me assusta.

— Não sou eu quem está com medo, certo?

Um sorriso lento desliza em seus lábios enquanto ela


inclina a cabeça para o lado. Eu realmente acabei de admitir
para minha mãe que me apaixonei por Blakely? Eu realmente
acabei de admitir isso para mim mesmo?

— Me fale sobre ela, — diz ela suavemente.

Eu luto contra meu desejo inato de desviar de perguntas


relacionadas à minha vida amorosa, e não parece muito difícil
porque sinto falta de Blakely como um louco e ao mesmo tempo
me pergunto como diabos isso aconteceu.

Eu não luto contra o sorriso que surge. — Ela é... algo


mais. Ela é confiante e inteligente, e tem uma ótima risada. —
Eu olho para onde minhas mãos estão cruzadas em torno da
minha garrafa de cerveja e balanço minha cabeça. — Nós
apenas clicamos. Essa é a única maneira que posso descrever.
Eu fui naquela viagem idiota para tentar ajudá-la e saí me
perguntando o que diabos aconteceu comigo.

Minha risada é um pouco autodepreciativa, mas o sorriso


da minha mãe é sincero.

— Você sabe o que é engraçado, Slade? Se eu lhe fizesse


essa pergunta sobre outra pessoa com quem você namorou, sua
resposta seria como ela tem olhos lindos ou pernas incríveis. É
sempre uma questão de aparência. Com essa Blakely, você não
fez um único comentário sobre a aparência dela e nós dois
sabemos que ela é linda... então, eu não sei sobre você, mas
para mim, isso diz muito.

— Não sei como isso aconteceu. — Eu me levanto da


minha cadeira e pego outra cerveja que realmente não preciso.

— Eu sei. É difícil acreditar que alguém realmente ama


você e sua agressividade e bom coração, — ela brinca.

— Bem. Não vamos tão longe. — A abertura da tampa da


garrafa enche a cozinha.

— Ela sabe como você se sente?

— Eu nem tenho certeza de como me sinto. — Eu rio e me


sento.
— Sim, você sabe, — ela murmura enquanto passa uma
esponja sobre o balcão. — Está em seus olhos quando você fala
sobre ela. Está no seu tom. Por que você não contou a ela?

— Por muitas razões. — Eu bocejo.

— Tente uma.

— Seu último relacionamento foi um casamento. — Eu


levanto uma sobrancelha, esperando o julgamento da minha
mãe, mas não há nenhum. Apenas olhos pacientes esperando
por uma explicação. — Estou pensando que desde que seu
marido a deixou por uma mulher mais jovem, a última coisa
que ela está pronta para ouvir ou quer ouvir é que eu estou
apaixonado por ela.

E esse é o ponto crucial, não é? Claro, se apaixonar neste


curto período de tempo é loucura, mas admitir isso e ser
rejeitado é dez vezes pior.

— Como você sabe a menos que diga a ela?

— E se ela ficar assustada? Onde exatamente isso me


deixa?

— E se ela estiver se sentindo da mesma maneira que você


e tiver medo de expressar isso? — Eu começo a falar, mas ela
me interrompe. — Você é o cara que diz o que sente o tempo
todo. Você é espontâneo e direto e incentiva as pessoas a
viverem suas vidas sem olhar para trás. Você é aquele que não
se detém, então por que está fazendo isso agora, quando não
precisa mais?

A expressão de Blakely no estacionamento do chalé pisca


em minha mente. A emoção escondida em seus olhos. A ternura
em seu beijo. O tremor em sua risada.

Então, penso no espaço que inconscientemente me dei,


esperando que essa dor em meu peito vá embora ou se
dissipasse. Não devia estar doendo mais forte. Penso na
distância que dei a ela para ver se ela simplesmente segue em
frente, me usou como seu reboque e percebeu que ela não quer
um homem agora.

E eu penso em quão miserável tenho feito tudo isso - estar


sem ela.

— Você realmente gosta dela, não é?

Eu suspiro. — Eu gosto, mãe. Eu gosto quando não


deveria. Sim, e não consigo explicar por quê.

— Oh, Slade, querido, esse é o melhor tipo. — Ela se senta


ao meu lado, girando sua cadeira para que seus pés fiquem nos
degraus inferiores da minha. — Você sabe, o medo faz as
pessoas fazerem coisas estúpidas às vezes.

Como se apaixonar por alguém depois de apenas algumas


semanas.
— Isso é profundo. — Eu não levanto os olhos da minha
salada.

— Medo. De ser amado. De ser rejeitado. De se magoar, —


ela continua como se eu não falasse. — Às vezes, faz com que as
pessoas façam coisas estúpidas.

— Gostar?

— Como afastar as pessoas porque é bom demais para


acreditar que é verdade.

— Vou vê-la em três dias. Eu vou deixar você saber como


sua teoria se desdobra, — eu digo inexpressivamente, não
oficialmente a deixando saber que esta pequena conversa
acabou.

Ela se inclina e dá um beijo na minha têmpora. Eu deslizo


meus braços em volta de sua cintura para um abraço. Ela fica
parada e passa os dedos pelo meu cabelo. — Talvez possamos
jantar antes de eu voltar para casa?

Eu bufo. — Isso é apenas mais uma desculpa para você se


intrometer nos meus assuntos.

— Durma um pouco, — ela murmura.

Vou tomar isso como um sim.


Capítulo Quarenta e Seis

Blakely

Eu paro momentaneamente para olhar para mim mesma


na vitrine alta à minha direita.

O vestido que comprei para esta noite - vinho com um


decote em V profundo e um corte que desce até a minha cintura
e se alarga um pouco nas pernas - é a escolha perfeita. Diz que
não estou me esforçando muito, mas ainda sou sutilmente sexy
de todas as maneiras certas.

Meus sapatos, por outro lado? Os saltos altos pretos que


adicionam dez centímetros à minha altura dizem que quero que
ele tire o vestido de mim e exija que eu deixe apenas os sapatos.

Os nervos agitam meu estômago enquanto levo a mão ao


cabelo para colocar uma mecha errante atrás da orelha. Estou
animada e ansiosa e preocupada sobre o que quer que aconteça
esta noite.

Isso é uma mentira.


Eu sei o que vai acontecer esta noite. Eu vou ser a nova
Blakely que pega o que quer. Aquela que estava desaparecida da
última vez que vi Slade quando estávamos no estacionamento
do chalé e foi covarde demais para dizer o que eu queria - ele.

Eu posso fazer isso.

Consegui o emprego e agora também vou conseguir o


homem.

Virando à esquerda na esquina da rua, paro no meio do


caminho quando fico cara a cara com Paul. Déja vu me bate.
Mas desta vez Paul está sozinho. Não há Barbie para distraí-lo
ou exibi-lo como um troféu. Somos só eu e ele e um mundo
cheio de bagagem que quero jogar na lixeira, toca fogo e nunca
mais olhar.

— Blakely. — Seus olhos percorrem todo o meu corpo, de


cima a baixo, e se houvesse remorso, sua expressão seria a
marca registrada.

Não vou mentir e dizer que não gosto de ver isso.

— Paul. Que surpresa. — Quando ele se inclina para me


dar um beijo na bochecha, dou um passo para trás. — O que
você está fazendo?

— Só dizendo Oi. Desde quando é um problema beijar você


na bochecha?
— Desde que você me deixou. Já que somos divorciados.
Já que não desejo mais tentar ser cordial com você... você
perdeu o direito de assumir qualquer coisa sobre mim.

Sua expressão congela e ele pisca os olhos várias vezes


enquanto tenta se ajustar a essa nova eu. Aquela que fala em
vez de engolir os comentários para não fazer cena.

— Uau. Ok. — Ele acena com a cabeça quando aquele


sorriso bajulador enfeita seus lábios. — Não sabia que ser
cordial era crime.

— Não é. Mas cordial é tudo o que você sempre foi para


mim. Não havia paixão, nem faísca, nada além de tentar
constantemente satisfazer aquele seu ego enorme, e agora que
não estou mais casada com você, não preciso mais fingir. — Eu
olho para a minha direita, onde alguém ri alto. — Se você me
der licença, Slade está esperando por mim.

Orgulhosa de mim mesma, passo por ele, mas então ele


agarra meu braço. Leva tudo o que tenho para não dar a ele a
satisfação de puxar meu braço para trás. Em vez disso, eu o
olho diretamente nos olhos e levanto uma sobrancelha em
questão.

— Onde estava essa Blakely quando nos casamos? — Ele


pergunta.
— Ela sempre esteve aqui. Você estava muito preocupado
consigo mesmo para notá-la.

E sem outra palavra, eu saio pela calçada em direção ao


Metta com um balanço extra nos meus quadris e na esperança
de que ele esteja me observando e vendo o que ele desistiu.

No momento em que entro no Metta's e peço uma mesa,


percebo que não me importo se Paul estava olhando. Na
verdade, a melhor parte de toda essa interação foi seu pequeno
impulso à minha confiança e o reforço de que a nova Blakely
veio para ficar.

Deslizando para uma mesa no canto traseiro, tenho


certeza de que não estava lendo as dicas de Slade. Percebo que
o conselho de Prisha era apenas isso - conselho - e que eu
deveria atendê-lo, mas usar minhas próprias interações com ele
para formar minha própria opinião.

E minha opinião é que existe algo entre nós.

A cada minuto que passa, tenho mais e mais certeza disso,


mais e mais ansiosa para vê-lo novamente e cair de cabeça no
que quer que possamos estar juntos.

Eu pulo quando meu telefone toca e luto para atender


quando vejo o nome de Slade na tela.

— Oi. Tudo certo? — Eu pergunto, percebendo que ele


deveria estar aqui há quinze minutos.
— Está tudo bem. Eu não vou conseguir.

Eu balanço minha cabeça como se eu não o tivesse ouvido


corretamente. — Slade?

— Aconteceu alguma coisa, — diz ele quando ouço uma


mulher rindo ao fundo e um déja vu me atinge pela segunda vez
esta noite.

Ainda é do Paul, mas dessa vez é das ligações que ele


atendia, mas estava sempre com pressa para terminar. Aqueles
onde uma risada gutural podia ser ouvida pouco antes de ele
desligar. As risadas que agora conheço eram da Barbie.

— Slade?

— Eu tenho que ir. Eu só... sinto muito.

Sem outra palavra, a conexão cai.

E cada grama de confiança em que eu estava subindo


desaba ao meu redor.

Quando chego em casa com meu vestido novo em folha e


salto alto, estou muito nervosa. Meu único texto para ele
permanece sem resposta, e todas as desculpas que inventei
para explicar por que eu levei um toco.

A voz da mulher ao fundo não ajuda minha imaginação


hiperativa a reviver tudo com Paul, ao mesmo tempo em que
segue o maldito conselho de Prisha se encaixar na narrativa.
Para dizer o mínimo, estou magoada e mais do que brava
comigo mesma por acreditar que isso poderia ser real.

Que um cara bom como Slade Henderson poderia


realmente gostar de uma divorciada de quase 40 anos.

Então, novamente, talvez não haja mais nenhum cara


legal, afinal.
Capítulo Quarenta e Sete

Slade

Meu pulso bate como um trem de carga em meus ouvidos


enquanto eu espero por Dr. Schultz para examinar o gráfico em
sua mão.

Não era assim que eu esperava que esta noite acontecesse.


Um telefonema quando estou parado no meio da floricultura e,
em seguida, correndo para chegar ao hospital o mais rápido
possível. Uma ordem de meu mentor para pegar meu jaleco de
meu armário, vesti-lo e encontrá-lo na unidade pediátrica o
mais rápido possível.

Colocar aquele jaleco foi a coisa mais próxima que senti de


ser um médico em muito tempo. É uma coisa boa.

Eu acho.

— Ela está perguntando por você. — Sua voz é um silêncio


sombrio enquanto seus olhos piscam para a porta fechada à
nossa direita antes de encontrar os meus. Ivy está naquela sala
falando com o psicólogo da polícia.
— Por mim? — Eu pergunto, surpreso que Ivy ainda se
lembra de mim. A pobre menina já passou pelo inferno e voltou,
eu deveria ser a última coisa de que ela se lembraria.

Ele concorda. — Ela está se mexendo na semana passada,


sinais aqui e ali, mas ela acordou tarde esta manhã. Ela estava
confusa e agitada, mas uma vez que entendeu o que aconteceu,
ela acalmou um pouco.

Eu odeio estar apenas descobrindo sobre isso agora e grato


por ter descoberto tudo.

Deve ser um lugar grande e assustador para acordar


quando, da última vez em que você estava consciente, estava
sangrando e com dor enquanto as pessoas gritavam ordens e
coisas estavam sendo cutucadas e enfiadas em seu corpo.

— É realmente a melhor ideia a polícia estar lá a


interrogando tão cedo? — Eu pergunto naquele mesmo
murmúrio abafado.

— Isso não deveria te deixar feliz, Slade? As respostas dela


às suas perguntas são o que pode fazer você voltar para esse
jaleco permanentemente.

— É claro que isso é importante para mim, mas o bem-


estar dela é o mais importante.

Ele balança a cabeça enquanto me encara, aqueles olhos


escuros dele me estudando atentamente. — Olhando as notas
em seu prontuário, ela parece estar indo tão bem quanto o
esperado depois de um mês em coma. Ela pode estar um pouco
confusa em algumas coisas, músculos rígidos, você sabe o que
fazer — ele acena com a mão em minha direção -— mas ela é
jovem, e seu braço ainda precisa ser engessado, seu corpo
estava se curando durante esse tempo. Na maioria das vezes,
parece que todos os sinais indicam que ela terá uma
recuperação completa.

Uma sensação de alívio semelhante à que senti quando


ouvi que ela acordou me inunda. Ela está falando, seus sinais
vitais estão fortes e parece que não há danos a longo prazo.
Graças a Deus.

— Ótima notícia, senhor. O resultado poderia ter sido


muito pior. — Um silêncio se instala entre nós quando uma
enfermeira passa, e ele dá um passo para trás em uma pequena
sala no andar principal. Eu sigo. — Há mais alguma coisa?

— Ivy está ocupada contando à polícia como o pai dela fez


isso com ela. E não apenas desta vez, mas várias vezes. Para
uma menina, ela tem uma memória incrível.

Meu estômago se revira, mas isso não é novidade para


mim. Eu soube em minhas entranhas no minuto em que aquele
filho da puta entrou aqui naquela noite com sua atitude
arrogante, indiferença para com sua própria filha, e o sangue
endurecendo em seus dedos.
Eu concordo. É tudo o que posso fazer porque estou
levando um minuto para processar tudo. O pai bastardo. A doce
menina maltratada. Que eu estava certo - e com certeza, sempre
soube que estava certo, mas havia momentos no meio da noite
em que me perguntava se estava errado. Se eu tivesse
exagerado quando impedi seu pai de estar na sala com ela. Se
eu tivesse arruinado minha carreira.

— Eu não sei o que dizer, — eu finalmente murmuro e


corro a mão pelo meu cabelo. — Estou perdido.

— Este não é meu departamento, — diz ele, — mas estou


aqui por causa das consequências e como elas podem afetar um
dos meus residentes mais talentosos. — Ele balança a cabeça
com um suspiro prolongado. — Ela perguntou por você porque
disse que se lembrava de você dizendo que ela estava segura
com você. — Quando ele olha para mim, seus olhos estão cheios
de lágrimas, assim como os meus. Nós dois piscamos para
afastá-los e ele pigarreou. — Embora eu não possa tolerar o que
você fez e como você fez, posso dizer que definitivamente deixou
sua marca. Isso é algo que todos nós nos esforçamos para fazer
e frequentemente falhamos. Parabéns, Dr. Henderson, não só
por ser reintegrado, mas também por ser o tipo de médico de
que mais precisamos. Aquele que se preocupa com o bem-estar
do paciente mais do que com o seu próprio.

— Obrigado, senhor, — eu consigo dizer com a emoção


obstruindo minha garganta.
— E vamos ter certeza de que isso não aconteça de novo,
— acrescenta ele com uma risada antes de me dar um tapinha
nas costas. — Você está autorizado a entrar e vê-la quando a
polícia sair.

— O que acontece depois? — Eu pergunto, a questão


ampla.

— O pai apodrece na prisão, com sorte, ela vai viver uma


vida gloriosamente feliz, e você se torna um cirurgião
cardiotorácico conceituado. — Ele encolhe os ombros como se
não tivesse questionado.

— Nada nunca é tão fácil.

— Vamos torcer para que esta tenha sido a sua parte


difícil e de agora em diante seja um passeio tranquilo.

— Sim senhor.

— Me ligue quando terminar e me diga o que aconteceu.


Tenho que voltar para meus pacientes.

— Eu irei — digo enquanto dou um tapinha no bolso e


percebo que meu telefone não está lá. Minha mente e emoções
estão sobrecarregadas, então quem sabe onde eu o deixei.

E, honestamente, quem se importa? Este momento é muito


maior do que qualquer coisa que fiz até agora em minha
carreira. Eu fui reintegrado. E ela está acordada.
Por mais que pareça que um enorme fardo acabou de ser
tirado de meus ombros, o peso do momento ainda é esmagador.

Ivy está lá, dando informações à polícia para deixar seu pai
preso por um longo tempo.

Ela perguntou por mim. Ela disse que eu a fazia se sentir


segura.

Soltando um suspiro, eu recosto contra a parede e toco no


meu telefone novamente. Meu primeiro instinto é contar a
Blakely. Não meus pais ou John, Prisha e Leigh... Mas Blakely.

A porta ao meu lado se abre e uma mulher sai. Ela é


pequena em estatura, seu cabelo é de um branco acinzentado
claro e está preso em um daqueles clipes, e os óculos de leitura
estão pendurados no V de sua camisa.

Nossos olhos se encontram e ela sorri calorosamente. —


Dr. Henderson, eu presumo?

— Sim. Como ela está?

— Sou Felice Philemon, psicóloga infantil. Eu trabalho com


o departamento de polícia quando se trata de menores.

— Prazer em conhecê-la. Slade Henderson. — Apertamos


as mãos enquanto sua expressão se suaviza. — Não tenho
liberdade para falar sobre o que discutimos, mas acho que você
pode imaginar o que foi dito, considerando o quanto você fez
para protegê-la às custas de sua carreira. — Ela balança a
cabeça levemente. — Essa é uma garotinha incrível que, sem
dúvida, vai prosperar depois de dar algum tempo para se curar.

— O que acontece agora? Quero dizer, se o pai dela...

— Quando e se o que acontecer com seu pai, ela vai morar


com familiares. Vários deram um passo à frente e se ofereceram
para ser seus guardiões. O CPS irá examiná-los, ver quem está
empenhado em seguir o aconselhamentos de que ela irá
precisar e perguntar com quem ela se sente mais confortável -
esse tipo de coisa. Ela vai ser cuidada.

— Se você estava esperando ela acordar para prestar


queixa, por que as pessoas já se apresentaram? — Eu pergunto.
— Quero dizer, isso implica que você sabia o tempo todo o que
tinha acontecido e...

— Não tenho a resposta para isso, mas pelo que percebi, o


pai dela é bem conhecido em muitos círculos importantes que
têm muita influência. Talvez o promotor público quisesse ter
certeza de que ele tinha todas as ferramentas de que precisava
para garantir que ele não escaparia das acusações. Com as
declarações e avaliações de Ivy, acho que ele terá tudo o que
precisa. Mas, é claro, tudo isso é suposição, já que não tenho
liberdade para discutir nada disso com ninguém.
— Claro. Suposição estrita, — eu digo. — Não entendo por
que ela perguntou por mim. — Não é o que eu planejava dizer,
mas saiu e não posso voltar atrás.

— Quando você está sofrendo no escuro, é incrível o


quanto você se apega à única pessoa que lhe traz um raio de
luz. — Ela dá um tapinha no meu braço e levanta o queixo em
direção à porta. — Você deveria entrar.

Eu fico olhando para ela por mais um segundo antes de


olhar para a porta que preciso passar. Os nervos estremecem
com uma expectativa ansiosa e hesitação.

Respirando fundo, eu abro e entro.

Não vejo Ivy há semanas. Não sem sua cabeça enfaixada,


hematomas estragando sua pele oliva, ou sem máquinas
conectadas e monitorando seus sinais vitais.

Seus olhos encontram os meus. Eles são de um azul


chocante, da cor de safiras, e percebo que não me lembrava
disso. Possivelmente porque as hemorragias subconjuntivais em
ambos os olhos impossibilitaram que eu visse a cor de seus
olhos.

Mas agora eles estão azuis e estão olhando diretamente


para mim como se ela estivesse memorizando cada coisa sobre
mim.
Eu fico olhando também, porque ela é minúscula. A cama
de hospital que encanta seu pequeno corpo, os lençóis sob os
braços e as duas tranças em que seu cabelo loiro arenoso foi
colocado para facilitar o controle sobre seus ombros.

Seu sorriso é tímido, hesitante, como deveria ser para uma


menina que está acordando para um mundo totalmente novo
para si mesma.

— Oi, — digo baixinho enquanto olho para trás para


Felice, que entrou no quarto atrás de mim, antes de dar alguns
passos cautelosos em direção ao lado da cama oposto ao braço
engessado de Ivy. — Eu sou o Dr. Henderson.

— Você é ele. Sua voz. Você era o único naquela noite.

Meu peito se contrai enquanto luto contra a emoção que


essas palavras simples evocam em mim. — Eu sou. — Eu
concordo. — Eu não posso te dizer o quão feliz estou em
conhecê-la, Ivy.

— Desculpe. Eu esqueci minhas maneiras. Eu sou a Ivy.

— Eu sei. — Eu rio e fico maravilhado com ela, tudo ao


mesmo tempo. — Ouvi dizer que você queria me ver.

Ela acena com a cabeça, seus olhos cintilando para Felice


antes de voltarem para os meus. — Está tudo bem, você pode
apenas sentar e segurar minha mão um pouco como você fez
naquela noite?
Eu pisco minhas lágrimas, aquelas que eu não deveria
mostrar como médico, mas porra, eu sou humano. Como posso
não ser oprimido no momento por esta menina incrível?

— Claro. — Puxo a cadeira para o lado da cama e me sento


enquanto deslizo sua mãozinha na minha. Alguém pintou suas
unhas de rosa enquanto ela estava inconsciente. Não sei por
que isso me afeta, mas incomoda. Um pequeno gesto que diz
que ela é amada por alguém. — Eu posso sentar aqui a noite
toda se você quiser, — murmuro.

Ela sorri de novo, mas posso ver a exaustão nas manchas


sob seus olhos e na maneira como suas pálpebras demoram a
levantar quando ela pisca. — Obrigada. — Outra piscada de
pálpebras pesadas. — Apenas obrigada.
Capítulo Quarenta e Oito

Blakely

— Sinto muito por esta noite. — A voz de Slade é um


estrondo profundo que não tenho certeza se quero ouvir. — Eu
posso explicar.

— Não se preocupe. — A risada da mulher ecoa em meu


ouvido. A garrafa e mais um pouco de vinho que bebi não ajuda
a amortecer a dor teimosa que apodreceu dentro de mim a cada
minuto da noite. — Não importa. — Tento parecer indiferente,
mas a mordida em meu tom diz que estou magoada.

— Blakely

— Não. Sério. Eu entendi. Você tinha coisas mais


importantes para fazer.

— Isso não é o que aconte...

— Você sabe o quanto eu queria te ver? Você ao menos


entende...

— Iv..
— Eu preciso ir.

— Iv...

Eu termino a ligação com sua última palavra inacabada e


agarro o maldito telefone na minha mão enquanto tento lutar
contra a quantidade ridícula de dor que irradia em meu peito.
Dor? Talvez seja mais como a esperança morrendo dentro de
mim.

Disse a mim mesma que nunca deixaria um homem me


tratar como Paul tratou, e não vou deixar isso acontecer de
novo.

Meu celular toca novamente e eu coloco a chamada no


correio de voz.

Isso é para melhor. É muito cedo para se envolver com um


homem. Eu preciso ser eu apenas por um tempo. Eu preciso me
estabelecer com esses novos sapatos. O que eu estava pensando
quando pensei que Slade estava afim de mim?

Deixa as coisas assim, é para melhor.

Pelo menos é o que repito para mim mesma enquanto


empurro as lágrimas do meu rosto determinada a permanecer
imperturbável.

Ou querer ligar de volta para ele.

Em segundos, o telefone toca um alerta.


Não olhe.

Não olhe.

Eu olho.

E meu coração cai aos meus pés.

Slade: Ivy acordou esta noite. Fui chamado para o hospital.


Eu acidentalmente deixei meu telefone no meu armário e não
pude responder à sua mensagem. Todo esse calvário acabou. Fui
reintegrado, mas o mais importante, ela pediu para me ver. Ela
queria que eu me sentasse com ela e segurasse sua mão. Foi
onde eu estive. Você realmente acha que eu teria cancelado por
algo que não era importante?

Eu reli o texto uma dúzia de vezes enquanto o medo e o


constrangimento se filtram por cada fibra do meu ser. Minhas
mãos começam a tremer enquanto a série de emoções que
passei esta noite cobram seu preço. O mais elevado é a
vergonha.

Aqui estou eu, a noite toda pensando em mim, eu, eu. Nem
uma vez parei para considerar que Slade não estava me
ferrando. Nem uma única vez eu pensei que talvez Ivy tivesse
acordado ou houvesse algum tipo de emergência que ele tivesse
que cuidar.

Tudo que eu conseguia focar era na risada da mulher e ele


cancelando comigo.
Fale sobre ser uma vadia egoísta.

Ainda estou olhando para a sua mensagem, me


perguntando como exatamente devo responder quando sua
próxima mensagem chega.

Slade: Eu amo que você esteja sendo a nova, e forte


Blakely, mas você não pode dar uma folga a um cara? Eu
prometo fazer as pazes com você.

Eu deveria ser a única a dizer isso. Eu deveria ser a única


enviando mensagens de texto freneticamente para pedir seu
perdão, porque eu presumi o pior quando deveria ter dado a ele
o benefício da dúvida.

Slade: Posso te dar uma prova de que estava onde disse


que estava, se é disso que você precisa.

E essa declaração é como uma adaga no meu peito. Isso


solidifica minha linha de pensamento de merda de que não
estou pronta para um relacionamento. Pelo menos não com um
homem tão merecedor quanto Slade Henderson. Não estou nem
perto de onde preciso estar emocionalmente para fazer isso. Sou
eu que tenho quase quarenta anos. Eu deveria ser a mais
madura. E aqui está ele, cuidando de minhas necessidades e
presumindo que preciso de provas por causa do que Paul fez
comigo.

Eu sou a psicopata ciumenta e ele é o santo desgraçado.


Ele merece muito mais do que isso. Do que eu.

Eu tenho dificuldade em saber o que responder. Com o


que dizer.

Um pedido de desculpas seria o que ele merece, mas como


posso dizer a ele que sinto muito por presumir que ele estava
com outra mulher quando nem mesmo há um nós? Como posso
explicar que obviamente não estou cem por cento acima da dor
que Paul causou quando eu claramente pensei que estava?
Como posso dizer que não tenho certeza de como faria para
aceitar todos os encontros noturnos, eventos especiais e
momentos familiares em nossas vidas que ele, sem dúvida,
perderia uma e outra vez por causa da emergência médica de
outra pessoa? Eu nunca quero que ele sinta que tem que
escolher entre seu amor por seu trabalho e me chatear ou me
decepcionar.

Além de tudo isso, quando uma dessas emergências


médicas acontecesse, eu ficaria me perguntando se ele está de
fato falando a verdade?

Não acabei de provar que não consigo lidar com isso?

Não acabei de validar o quanto preciso trabalhar comigo


para não derrubar os outros?
Eu digito e apago e digito e apago um milhão de coisas,
mas nenhuma delas expressa qualquer uma das emoções
confusas que me possuem.

Então, eu não digito um pedido de desculpas. Eu nem


mesmo abordo o problema. Quem é o maduro agora?

Não sou eu.

Eu: Parabéns por ser reintregado. Estou feliz que ela esteja
acordada.

Slade: Quando posso compensar você?

Eu: Não precisa. Você merece alguém muito melhor do que


eu. Obrigada por tudo.

Slade: O que isso quer dizer?

Eu: Parabéns novamente.

Eu ligo meu telefone de novo em modo silencioso e o jogo


na minha cômoda antes de cair de cara na minha cama,
sabendo que acabei de empurrar a melhor coisa que já me
aconteceu para longe, porque eu não sou a melhor coisa que
aconteceu para ele.

E eu quero ser. Deus como eu quero ser.

Mas minha reação esta noite me diz que não o mereço ou a


sua bondade e coração enorme.
Preciso de um tempo para pensar.

Para classificar minhas próprias emoções.

Para descobrir se eu posso ser a mulher que ele merece,


quando sei muito bem que ele merece todo o maldito mundo.
Capítulo Quarenta e Nove

Slade

— Você vai ficar de novo esta noite, cara?

Levanto os olhos do prontuário que estou revisando no


posto de enfermagem e olho para John. Estou tão exausto que
até meus ossos estão cansados. — Este é meu segundo turno de
trinta horas consecutivas, — murmuro antes de tomar um gole
de café escaldante. — Então sim. A resposta seria sim.

— Ahh, seu corpo esqueceu o que era estar puxando esse


tipo de hora, não é?

— Você poderia dizer isso. — Eu esfrego a mão no rosto e


reprimo um bocejo.

— O que há com... Qual é o nome dela? Blakely! Como foi


o jantar?

Eu dou uma risada parcial. — Não aconteceu. Foi a noite


em que Ivy acordou.

— Oh merda.
— Você pode dizer isso de novo.

— Oh, merda, — ele repete com um sorriso inteligente.

— Engraçado.

— Você vai fazer as pazes com ela? — Ele pergunta assim


que uma enfermeira do outro lado chama seu nome. Ele dá um
passo para trás. — Quero dizer, se você não dormir no meio
disso.

Eu o viro, mas balanço minha cabeça.

Essa é a grande questão, não é? Eu vou fazer as pazes com


ela?

Como posso fazer isso quando não consigo fazer com que
ela atenda minhas ligações ou mensagens de texto?

Se eu soubesse onde ela mora, tentaria fazer com que ela


atendesse a porta, mas não sei. Então, além de ficar do lado de
fora da Glamour como um perseguidor para fazê-la falar
comigo, não tenho certeza do que fazer.

Deus, eu fodidamente sinto falta dela, mas inferno se eu


tenho uma maldita ideia do que aconteceu.

Trabalho. Residência. Encontrar o hospital certo. É isso


que importa. O certo é aqui e o agora e não bagunçar depois de
tudo o que aconteceu.
É nisso que preciso estar focado, não em um novo
relacionamento quando estou voltando de cabeça para o
trabalho.

Relacionamento?

Eu realmente acabei de usar a palavra R? Quando comecei


a pensar em Blakely nesses termos? E como isso é possível se
não nos vemos desde o estacionamento do chalé?

Eu preciso manter minha cabeça focada.

Então, por que fico olhando para o meu telefone sempre


que posso, esperando que ela ligue ou mande mensagem?

É a exaustão.

Tem que ser.


Capítulo Cinquenta

Blakely

— Você está bem?

Eu olho para cima para ver Gemma de pé com o ombro


encostado no batente da porta.

— Sim. Claro. Por quê?

Ela encolhe os ombros. — Eu não sei. Apenas checando. —


Ela se move para o meu escritório e empoleira a bunda na ponta
de uma das minhas cadeiras. — Tom disse que está trocando
mensagens de texto com Slade. Ele perguntou se poderíamos
sair todos para beber, mas Slade disse que você tem estado tão
ocupada que ele não tem certeza se você poderia ir com a gente.

A pontada que me atinge é real e crua, e eu aceno para


ganhar tempo para encontrar minhas palavras para responder.
— Ele tem razão. Só estou tentando me atualizar sobre tudo, —
minto.

Não fale muito.

Não a olhe nos olhos.


Ela vai ver através de você.

— Você tem certeza que está tudo bem com vocês dois?
Você sabe que estou aqui se precisar conversar.

Eu coloco um sorriso em meus lábios e olho para cima


para encontrar seus olhos e longe do texto diário de hoje que
Slade me deixou. Aquele que pergunta se poderíamos conversar.

— Sim. Claro. Estou bem. Estamos bem.


Capítulo Cinquenta e Um

Slade

Eu fico olhando para o teto do meu quarto.

Meu corpo e minha mente estão cansados, mas os


pensamentos correm soltos com a única coisa que não consigo
parar de pensar, mesmo com a exaustão.

Blakely.

Meu maldito coração pula do meu peito toda vez que penso
no nome dela.

Tudo começa e termina com o coração.

A ironia.

Ela vai mudar de ideia. Ela vai atender o telefone. Ela vai...
eu não sei o quê...

Ela tem que fazer algo.

Essa merda de coração partido é para os pássaros.


Capítulo Cinquenta e Dois

Blakely

— Você está me zoando, — Kelsie diz enquanto olha para a


minha sala de estar, onde estou sentada em meus travesseiros
recém-arrumados e fofos.

— O que?

— É isso que ele manda para você?

Eu pulo de consciência e, em seguida, empurro a miséria


que estou tentando esconder de volta para baixo. — Não é
grande coisa.

— Vamos, Blakely. Não vou desistir até que você fale


comigo. Por quanto tempo você vai ficar com raiva? — Ela diz,
lendo seu texto em voz alta para mim. — Quer dizer, isso soa
muito doce para mim.

— Você chama de doce, eu chamo de perseguição, — minto


e dou um sorriso tenso antes de tomar um gole do meu vinho.
Os textos estão ficando cada vez mais difíceis de resistir, mas
sua natureza doce só prova porque eu não o mereço. — Não
existe algum tipo de regra em algum lugar que diz não se
apaixone por seu reboque? — Eu dou com os ombros. — E eu
não fiz, então me processe.

Ela anda pela ilha e encosta a bunda nela enquanto me


estuda, a expressão em seu rosto que conheço de anos de
amizade. Diz que ela não está acreditando e não estou com
humor para uma palestra de Kelsie. Não quando estou infeliz
nos últimos sete dias com uma dor no coração que tento me
convencer, é porque estou fazendo a coisa certa pela primeira
vez.

E não por mim, mas por ele.

Eu posso ser altruísta.

É isso que estou sendo.

E se eu continuar dizendo isso a mim mesma, talvez


comece a acreditar.

Talvez.

— Processar você? — Ela ri. — Quantos anos você tem, dez


anos?

Eu inclino minha cabeça no encosto do sofá e olho para o


teto. É muito mais fácil estudar a parede de gesso do que
encontrar seus olhos e deixá-la ver como estou infeliz.

— Você não entende.


— Hã. — Ela permanece em silêncio até eu olhar para ela.
— O que eu não entendo é por que você não vai apenas fala com
ele, dizer a ele que sua imaginação foi um pouco longe, que você
exagerou, e se desculpar. Sabe, a verdade.

— A verdade é que eu li muito sobre tudo. Eu confundi o


retiro divertido e sem amarras, e criei mais em minha mente
porque ele foi o primeiro homem que me fez sentir bem
novamente desde Paul... Então, é claro, era fácil confundir se
sentir bem com ter sentimentos por ele.

— É, e isso foi uma boca cheia de palavras onde você


mencionou a palavra 'sentir' três vezes apenas para provar que
não tinha sentimentos. Se vamos falar como crianças de dez
anos, então aqui está o meu: 'Eu vejo uma mentira.'

— Tanto faz.

— Oh, há outra resposta juvenil. Podemos fazer isso a


noite toda, indo e voltando, ou você pode me dizer por que de
repente está fugindo de uma das melhores coisas que
aconteceram com você como se ele tivesse a peste.

— Eu não estou, — eu afirmo.

— Você está. — Ela toma um gole de seu vinho enquanto


meu telefone emite o segundo alerta na mensagem. — E a única
coisa que eu posso entender é que você realmente, realmente
gosta dele e agora que você percebeu, você está morrendo de
medo.

— Não foi você quem estava me aplaudindo por aceitar e


desistir?

— Eu estava errada.

Eu dou uma segunda olhada, tossindo no meu gole de


vinho. — O que é que foi isso?

— Eu estava errada, — ela diz com tanta naturalidade que


tudo que posso fazer é rir.

Kelsie nunca está errada. Nunca. Basta perguntar a ela.


Ela vai te contar.

— Tome um pouco mais de vinho. Isso vai fazer você


perceber o erro.

— Sem erro. — Ela encolhe os ombros. — É a verdade. Eu


estava errada, Blake. Você realmente gosta dele, não é?

Seu olhar é implacável e as lágrimas brotam dos meus


olhos com sua intensidade. Tudo o que posso fazer é acenar
com a cabeça. — Só preciso de tempo para pensar.

— Sobre o que? Sobre como você vai ligar para ele, pedir
desculpas por ter sido irracional e marcar um horário para ter
aquele encontro em que você vai confessar para ele que as
poucas noites no meio da floresta não foram suficientes? Que
você quer mais? Ele é tudo?

Ela me oferece um sorriso meio idiota com um balançar de


sobrancelhas, mas não ajuda com o pânico repentino que sobe
pela minha garganta.

— Qualquer homem que me torne este tipo de vadia louca


e ciumenta... quer dizer, eu quero isso? Eu quero ser essa
pessoa?

— Talvez isso signifique que ele vale a pena.

— Você está apenas argumentando para se encaixar na


sua narrativa, — eu digo enquanto secretamente me apego às
palavras dela.

— Pense o que quiser.

Mas há uma indiferença nas palavras e no comportamento


de Kelsie que quase me faz querer lutar para provar que ela está
errada. Na verdade, minha melhor amiga nunca é indiferente.
Ela é apaixonada e está na sua cara e esta mudança de
comportamento me fez querer fazer um ponto.

Ou me fazer acreditar em minhas próprias mentiras.

— E daí? — Eu coloco meu copo na mesa e cruzo os


braços sobre o peito. — Você está me dizendo que eu deveria
ficar louca por ele, e você não ficaria preocupada?
Seu suspiro é lento e frustrado. — Não é isso que estou
dizendo Srta. Dramática. O que estou dizendo é que com tudo o
que aconteceu, dê uma folga. Ter medo é normal.

— Olha, eu fui casada com um homem que sempre


colocou o trabalho em primeiro lugar... eu realmente quero
seguir esse caminho de novo? Quero dizer...

— Essa é a desculpa mais idiota que já ouvi. Qual é a sua


próxima, porque tenho a noite toda para desmascarar todas as
desculpas que você vai lançar no meu caminho. — Ela se joga
no sofá na minha frente. — Você gosta do cara. Você quer
explorar o que mais poderia haver. É normal admitir, querer, ao
mesmo tempo estar um pouco sobrecarregada por isso.

— Você não deveria estar me encorajando. Você deveria


estar me dizendo que eu acertei, parei e agora preciso seguir em
frente.

— Eu nunca vi você assim antes. Na defensiva quando


você quer acreditar no que estou dizendo. — Com um aceno de
cabeça, começo a rejeitar suas palavras quando ela levanta a
mão para me impedir. — Eu nunca vi você tão miserável. Você
ficou deprimida a semana toda. Você está com raiva e cínica
quando normalmente não é. Você se recusa a falar sobre The
Bachelor comigo porque você diz que o amor é estúpido e não se
pode se apaixonar tão rapidamente.

— É verdade.
— Você é a prova viva de que é mentira.

— Pelo amor de Deus, Kels...

— Ele te fez feliz. Ele fez você voltar à vida. Por que você
jogaria essa chance fora por causa de alguma noção estúpida de
que você não é boa o suficiente para ele porque você teve um
pequeno colapso por ele ter que romper um encontro com você?

— Ele deveria ser um reboque, — eu sussurro, a briga que


eu estava lutando contra agora inexistente com suas palavras.

— Oh, Blakely. Quem sou eu para dizer que ele era apenas
um reboque quando parece que sem ele, você está no chão?

— Você sabe mais do que tudo que um homem não deve


fazer ou destruir a pessoa que você é. Eu deixei Paul fazer isso
comigo. Nunca mais vai acontecer de novo.

— Mas Slade não é Paul e você está lutando contra ele


como se ele fosse. Slade não tem que fazer ou quebrar você
como mulher, mas com certeza pode ajudá-la a brilhar. — Ela
se move para se sentar ao meu lado, seu sorriso suave e
conhecedor enquanto ela coloca a mão no meu joelho e aperta.
— Slade ajudou você a brilhar. Ele fez você se ver na mesma luz
que eu vejo em você, mas nunca conseguiu fazer você acreditar
que era e é real.

— Eu fiz uma bagunça real com isso, não foi?


— Mais ou menos. — Ela torce o nariz enquanto eu afundo
nas almofadas.

— Ótimo. Eu deveria ser esta forte e nova Blakely, e em vez


disso sou a antiga: chorona, indecisa, insegura e solitária.

— Você vai escorregar às vezes. Isso era de se esperar.

— Mas eu escorreguei com alguém de quem gosto.

— Há uma maneira infalível de consertar isso, — ela diz


enquanto se levanta do sofá, caminha até onde meu telefone
está e o joga no sofá ao meu lado. — Eu vou indo. Acho que há
uma ligação que você precisa fazer.
Capítulo Cinquenta e Três

Slade

— Alô?

A voz dela. Aquela voz. Tem alívio cintilando através de


mim.

— Ei. Como você está?

— Bem. Terrível. — Ela ri, e eu adoro o tom de nervosismo


porque, por algum motivo, posso me identificar com o som
disso.

— Bem, essas duas coisas não devem ser mutuamente


exclusivas, então devemos separar cada uma delas? — Eu
pergunto.

— Porque você faz isso? Por que você tenta me fazer sentir
à vontade quando sou eu que deveria estar pedindo desculpas a
você?

Eu rio. — Vamos lá, novamente?


— Há algo sobre você, Slade, que imediatamente faz uma
situação ruim parecer muito melhor. É enlouquecedor.

— Eu acho que é uma coisa boa, — eu digo.

— É enlouquecedor apenas porque eu gostaria de poder


fazer o mesmo. Mas estou adiando. Estou me concentrando
nisso, em vez de por que liguei.

— É bom ouvir a sua voz.

— Está vendo? — Ela ri, e é um pouco mais leve dessa vez.


— Lá vai você de novo, tentando colocar as coisas à vontade
quando sou eu que preciso fazer isso.

Ela é adorável quando está nervosa. Eu sei que não posso


vê-la através da ligação, mas droga, ela é adorável.

E eu sinto falta dela.

— Então, com certeza, Sra. Foxx, a palavra é sua.

O silêncio cobre a linha seguido por uma inspiração


audível. — Estraguei tudo. É difícil para mim dizer isso, mas eu
errei e inventei todos os tipos de desculpas para mim mesma
porque minha bagunça era justificada, mas no final, eles foram
todas estúpidas. Eu sinto muito.

São três estragos.


Eu sorrio. É o sorriso mais sincero que tive nos últimos
dez dias, porque me lembra da noite em que nos conhecemos.

E eu sei que isso – seja o que for – vai ficar bem.

— Todos nós erramos.

— Sim, mas eu empurrei você para longe. Você ligou para


cancelar, e eu entendo o porquê, mas na minha cabeça, fiz
parecer mais do que era e então, é claro, me senti uma idiota
quando você me contou o verdadeiro motivo. Eu estava com
vergonha de admitir que estava sendo egoísta e... vou me parar
agora.

— Por favor. Continue. — Eu me acomodo de volta no meu


sofá. — Eu gosto de ouvir você falar.

— Slade.

Cristo. A voz dela. Meu nome.

— Peço desculpas por não ter dado mais informação a


você. Eu estava nervoso e deixei meu telefone no meu armário.
Você merecia uma explicação.

— Você não precisa se desculpar por nada. É minha culpa.


Totalmente minha culpa. Eu deveria ser a nova Blakely, mas
quando ouvi uma mulher rir ao fundo, eu imediatamente...

— Eu não sou Paul. Longe disso. — E a verdade vem à


tona. Como não vi isso antes? Ela achou que eu estava
inventando desculpas, o que posso entender devido à sua
história. É compreensível que ela seja insegura e talvez tenha
chegado à conclusão de que eu segui em frente. Ela não
entende que eu não acho que eu poderia seguir em frente?
Inferno, eu estou tendo um momento difícil apenas tentando
passar uma hora sem olhar para o meu telefone, esperando que
ela ligue.

— Eu sei que você não é.

— E a senhora que riu foi a florista de quem eu estava


comprando flores para você.

— Oh. — Tem aquele som que adoro que ela faz. — Não
quero flores - quero dizer, gosto delas, mas não preciso de
flores.

— A menos que sejam peônias?

A risada dela é baixa antes de ela dizer: — Exceto peônias.

Mesmo que ela não diga mais nada, posso ouvir seu
sorriso sobre o silêncio.

— O que é que você quer, Blakely?

— Você. — Ela faz um som estrangulado. — Eu quero ver


você. Para que eu possa cumprir minha parte do acordo que
fizemos.

Você.
Sua primeira resposta foi a certa.

É a mesma que eu tenho.

A questão é: o que isso significa no esquema das coisas?

— Eu acho que posso administrar isso, — eu digo


brincando. — Na verdade, seria o ponto alto da minha semana.

— Sério?

— Mmm-hmm. Me encontre onde nos conhecemos. Sete


horas. Esta sexta à noite.

— Eu estarei lá com os sinos.

Eu termino a ligação, jogo meu celular no sofá ao meu lado


e fecho os olhos.

Estou exausto pra caralho, mas inferno se isso não apenas


tornasse tudo melhor.

Ela ligou.

Obrigado porra por isso.


Capítulo Cinquenta e Quatro

Blakely

Minha respiração fica presa quando o vejo sentado ali. Ele


está com a mesma camiseta preta e jeans escuro que vestia na
primeira vez que nos conhecemos.

Eu coloco a mão na minha barriga, onde as borboletas


voam e sei que é agora ou nunca.

Com a outra mão na minha bolsa e o guardanapo dentro,


eu faço meu caminho para o bar e deslizo para a banqueta ao
lado dele, sorrindo quando percebo o uísque que o barman
coloca na minha frente.

Ele lembrou.

Eu quero olhar para ele, apenas beber e compensar todo o


tempo perdido, mas em vez disso, continuo olhando para frente
enquanto tomo um gole, meu coração batendo a um milhão de
milhas por minuto.
— Isso é uma bebida, — Slade diz ao meu lado. — Eu teria
pensado que você fosse o tipo de garota do vinho tinto. — Seu
joelho bate contra o meu. — Ou isso é uísque?

— Mm-hmm, — murmuro.

— Dia difícil, então.

— Semana difícil, na verdade.

Estou tomando tudo que tenho para não me virar para ele
e ver aqueles olhos e aquele sorriso dele.

— O que aconteceu? Seu chefe irritou você?

— Eu sou a chefe agora.

— Impressionante, — ele murmura. — Seu carro quebrou?

— Não. — Eu tomo outro gole. — Eu dei um fora no meu


ex outro dia. Aquilo foi um ponto positivo da semana.

Eu sinto seu corpo sacudir ao meu lado, mas eu continuo


olhando para frente, continuo jogando este jogo porque há
muito que preciso dizer a ele, mas eu sei que no minuto que eu
me virar para ele tudo o que vai sair é que eu estou apaixonada
por ele... E ele merece ouvir tudo.

— Ele provavelmente mereceu.

— Ele mereceu, mas não vale a pena perder meu fôlego


com ele.
— Uma senhora inteligente. — Ele abaixa a cabeça e ri. Eu
o vejo na minha visão periférica, e meus dedos coçam para
estender a mão e tocá-lo. — Então, não é o trabalho, nem o
carro, nem o ex... Posso perguntar o que tornou sua semana tão
difícil?

— Você vê, eu conheci esse cara. — Finalmente me viro


para encará-lo, e o que pensei que aconteceria, acontece.
Minhas palavras escapam - inferno, o mundo foge - quando
nossos olhos se encontram como na primeira noite. Naquela
época, minha perda de palavras foi porque ele era incrivelmente
bonito e eu me perguntei por que diabos ele estava falando
comigo. Agora eu sei que há muito mais nele do que sua
aparência, e não quero que ele pare de falar comigo.

Ele me oferece um sorriso torto. — Cara sortudo.

— Isso depende de como você encara as coisas, —


murmuro, com medo de desviar o olhar e perder mais um
segundo de tudo sobre ele.

— O que isso significa?

— Significa que conheci esse cara. Ele era insistente e


bonito e tão legal que eu não pude dizer não a ele quando ele
insistiu passar um tempo comigo. Ele foi inesperado e nem
estava no meu radar. Ele trouxe à tona lados de mim que eu
nunca soube que tinha, e... E agora não tenho certeza do que
fazer com ele.
— O que há para se preocupar se você gosta dele? — Ele
inclina a cabeça para o lado enquanto apoia a mão na parte de
trás da minha banqueta. Seu polegar esfrega para cima e para
baixo sobre meu ombro nu, enviando correntes elétricas por
todos os meus nervos.

— Há tudo para se preocupar. — Eu rio quando tudo que


quero fazer é estender a mão e tocá-lo em troca.

— Tipo o que?

— Tipo como eu digo a ele que gosto dele mais do que


deveria. Gosto de como fico pensando nele e em como nos
divertimos e me perguntando se seria assim sempre. Então eu
me preocupo se nossa conexão era tão forte simplesmente
porque fomos retirados da realidade e agora que estamos de
volta, não seria a mesma. — Eu respiro fundo e continuo antes
de perder a coragem. — Então há o fato de que ele é um cara
tão genuinamente bom que me pergunto todos os dias se eu
mereço ter alguém como ele - quero dizer, se ele quisesse me
ter, isso é. Acrescente a isso que ele me deixa louca com o
quanto eu o quero, mas tenho medo de dizer a ele ou colocar
meu coração na linha porque me disseram no passado que ele
normalmente não fica com uma mulher por muito tempo-

E antes que eu possa terminar a ladainha de coisas que


quero dizer, os lábios de Slade estão nos meus. Tento continuar
falando, continuar explicando, implorar a ele, mas ele apenas
coloca as mãos nos dois lados do meu rosto e desliza a língua
entre meus lábios para me impedir de fala.

Nunca me disseram para calar a boca tão perfeitamente.

Não me importo que estejamos no meio deste bar moderno


onde as pessoas provavelmente estão pensando o quão cafonas
somos, porque elas não importam. Nem uma única pessoa ou
qualquer uma de suas opiniões importam. A única coisa que
importa é ele e este momento e a esperança que está surgindo
em mim.

Ele termina o beijo com um toque de seus lábios e então se


afasta levemente com suas mãos ainda emoldurando meu rosto.
— Deixo você louca? — Ele levanta uma sobrancelha. — Algo
me diz que isso deveria me preocupar.

— Ok, Ted Bundy.

Seu sorriso é tão largo quanto o meu, enquanto olhamos


um para o outro como adolescentes, aproveitando o momento.

— Touché. — Seu polegar passa pelo meu lábio inferior. —


Então, sobre esse cara?

Eu rio. É barulhento, rico e despreocupado e parece tão


bom depois do estresse da semana passada.

— Acho que talvez meu medo estivesse me impedindo de


aceitar o que eu sentia por ele e acho o que ele se sentia por
mim. — Esperança ressoa em minha voz e o olhar de menino
em seu rosto me derrete.

— O amor às vezes é difícil de aceitar, — diz ele.

— E às vezes é tão fácil que chega a ser assustador.

— Talvez seja quando você sabe que está certo. — Ele


escova seus lábios contra os meus novamente.

— Espera. Amor? — Eu pergunto tentando me afastar,


mas ele me segura no lugar enquanto seus lábios sorriem
contra os meus.

— Sim, amor.

Desta vez, ele se inclina para trás, nossos olhos presos


enquanto nossos corações batem em sincronia.

— Uau. — Eu olho ao redor do bar. — Espero que ele


apareça esta noite.

É a vez de Slade jogar a cabeça para trás e rir, atraindo o


olhar daqueles ao nosso redor.

— Por que? — Ele pergunta por cima da borda do copo,


jogando junto.

— Porque tenho algo importante para dar a ele.

— Seus documentos de caminhada?


— Nah. — Eu deslizo a lista de afazeres do Blade pela
parte superior da balção para que fique na frente dele. — Isso.

Lista de tarefas pendentes do Blade:

Faça Paul se arrepender de ter deixado você ir.

Descubra nossa história: quando nos conhecemos, quão


longas suas pernas realmente são, irritações de animais de
estimação, etc.

Faça Horrible Heather vê-lo de forma diferente.

Conquiste seus colegas de trabalho sendo incrível.

Convença a todos que estamos loucamente apaixonados e


que deveríamos estar.

Obtenha a promoção.

Encontre o Blakely real novamente.

Apaixone-se perdidamente.

— O que é isso? — Ele pergunta enquanto olha para baixo,


a risada suave em seus lábios silenciando quando ele a vê.
— Uma coisinha que cruzei esta noite antes de vir aqui.
Pode ter sido um pouco presunçoso, mas não havia nenhuma
maneira de eu deixar algo ao acaso desta vez.

— Uma mulher que assume o comando. Eu meio que gosto


disso.

— Alguém me ensinou que confiança era atraente.

— Isto é. Uivar para a lua é ainda mais sexy.

— Eu acredito que posso ter feito isso uma ou duas vezes.

— Nunca pare.

O sorriso brinca com o canto de sua boca enquanto seus


dedos deslizam para baixo e se conectam aos meus.

— Isso é verdade? — Ele pergunta do guardanapo, olhos


intensos, voz cheia de emoção.

— É uma loucura se eu disser que sim? — Eu sussurro. —


Eu nunca acreditei em amor à primeira vista, mas, Slade...
Acho que você possuía um pedacinho do meu coração naquela
primeira noite quando saí daqui.

— Você me possuiu desde o seu primeiro discurso retórico.

Encantador. Mas isso não é tão perfeitamente nós?

— Cometerei erros, mas tentarei corrigi-los.


— Obrigado. — Ele se inclina para frente e me beija. O tipo
de beijo que faz a dor começar a queimar e a necessidade
começar a implorar.

— Você sabe o que eu aprecio ainda mais?

— Hmm .

— Uma lista de tarefas pendentes completa.

Eu jogo minha cabeça para trás e rio. — Isso é tudo que


você precisava? — Eu provoco. — Isso é tudo o que preciso para
te excitar?

— Não. Você é tudo de que preciso, Blakely. Você é quem


eu escolheria todas as vezes. Sem nenhuma dúvida. — Nossos
lábios se encontram novamente. — Só você.
Epílogo

Blakely

Dezoito meses depois...

— Sem intercorrências é bom, certo?

— Sem intercorrências é ótimo, mas embora eu admita que


vou receber o sono extra no próximo mês, quando minha
residência terminar, vou definitivamente sentir falta dessa
emoção toda.

— Tenho certeza que você vai, — eu digo enquanto olho


para as árvores que se elevam acima de nós enquanto dirigimos
pelo trecho da estrada rural.

Ele perguntou se eu queria dar um passeio de carro no


sábado - em algum lugar fora da cidade, fora do caminho
conhecido. Talvez comamos algo em algum buraco
desconhecido ou se sentarmos para assistir ao pôr do sol em
um dos muitos lagos não muito longe da cidade.

Coisas da natureza do campo para as quais eu costumava


revirar os olhos, mas agora percebo que é uma das maneiras
pelas quais Slade desoprimi depois de uma longa semana
salvando e perdendo pacientes.

Ele aperta meu joelho. — Tudo indo bem com o


planejamento da festa?

— Por enquanto, tudo bem.

— Eu diria a você novamente que minha mãe está disposta


a voar mais cedo para ajudar, mas isso significa que ela gostaria
de ficar na minha casa, e minha casa significa que ela está
sendo intrometida, e ela ser intrometida significa nada de sexo
quando você ficar lá, então...

— Então, não a convide para ajudar. — Eu rio e inclino


meu rosto para cima e fecho meus olhos, apreciando o vento
frio e o sol quente entrando pela janela aberta. Eu amo a mãe
dele. Ela é tudo que eu nunca tive em uma mãe e mais do que
qualquer um quer. Deus a ama, suas vinte perguntas e sua
interminável intromissão.

Eu tinha considerado tentar envolvê-la nos estágios de


planejamento da festa de formatura de Slade e de seus amigos
para completar sua residência e passar nos conselhos, mas a
coisa sem sexo tornava isso um obstáculo. — Você pode
acreditar é quase oficial? Jaleco comprido, aqui vem.

— É surreal, — ele murmura enquanto sai da estrada


principal, me fazendo virar e olhar para ele.
— O que você está fazendo?

— Não se preocupe. Ainda não sou um assassino em série.

— Engraçadinho. — Eu olho em volta para o nosso entorno


na estreita estrada de uma faixa única que serpenteia entre as
árvores. — Mas seriamente. O sol está se pondo em breve, não
quero me perder aqui no escuro.

— Eu queria dar uma olhada neste lugar de que Ed me


falou.

— Ed? — Eu rio seu nome com afeto, enquanto balanço


minha cabeça na estranha amizade que os dois cultivaram nos
últimos dezoito meses. É definitivamente uma dupla estranha,
mas eles mandam mensagens de vez em quando, e Slade até foi
pescar com ele uma ou duas vezes.

— Sim. Ele tem um amigo que está vendendo uma cabana


aqui. Ele me disse para vir verificar para ele, porque
provavelmente tem um lago cheio de peixes.

— Ele está pensando em comprar?

— Quem sabe, — ele murmura enquanto as árvores se


abrem para uma clareira.

— Quão fofo é isso? — Eu digo mais para mim mesma do


que para ele. A pequena casa tem revestimento de madeira
cinza claro com venezianas brancas nas janelas. Um pátio
coberto se curva na frente com um deck elevado para combinar.
Os degraus que levam até a porta da frente estão gastos no
centro e me fazem pensar em quantas pessoas provavelmente já
gostaram desta casa ao longo dos anos. Há um grande pedaço
de grama verde vibrante perto de onde estacionamos, mas é o
lago nos fundos da casa que chama minha atenção.

Sereno.

Essa é a primeira palavra que vem à mente.

— O que você está...

— Está à venda, — diz Slade, sem me deixar fazer a


pergunta, enquanto desliza para fora do carro. — O tornozelo de
Ed ainda está dolorido por causa da queda, então ele perguntou
se eu poderia dar uma olhada para ele.

— Então, você só vai entrar? — Saio do carro enquanto ele


caminha em direção à porta da frente como um homem em uma
missão.

Ele se vira, estende as mãos e me dá um sorriso maroto. —


Uma pequena invasão nunca fez mal a ninguém. — Ele ri
enquanto eu olho com os olhos arregalados para ele. — Relaxe,
Foxx. Eu tenho o código do cofre. Venha, verifique comigo.

Corro atrás dele, maravilhada com o quanto ele me fez sair


da minha zona de conforto no último ano e meio: mergulhando
no luar, fazendo amor durante uma parada na estrada,
cantando a plenos pulmões durante a noite de karaokê. Achava
que estava vivendo antes de Slade Henderson, e agora sei que
não tinha ideia do que realmente era viver.

Cada dia é definitivamente uma aventura com ele.

— É esquisito, hein? — Ele pergunta enquanto balança a


chave na fechadura enquanto eu caminho por trás dele e
pressiono um beijo em seu ombro.

— Claro.

— Eu farei você amar a natureza um dia desses, — ele


brinca.

— Ei. — Eu golpeio sua bunda. — Eu melhorei e... oh.—


Eu puxo a palavra enquanto entro na cabana que não se parece
em nada com o que eu esperava. Os pisos parecem de madeira
rústica de celeiro com toques aconchegantes de cinza e azul,
mas é a parede das janelas que mostra o lago que rouba a cena.

Eu caminho em direção a ele, meus olhos atraídos para as


sombras das árvores caindo sobre o lago e as cores do sol
poente lentamente pintando o céu. Estou hipnotizada pela
beleza e como tudo parece e é sereno.

— Lindo, não é?

— A cabana ou a vista? — Eu pergunto.

— Todos três.
— Três? — Eu me viro para olhar para ele.

— A cabana, a vista e você.

Desmaio.

Eu fico lá e coro quando ele espreita a cabeça pela porta


da sala grande. — Quarto principal de bom tamanho. Banheiro
privativo. — Ele se move em direção às janelas e vira à direita
no que parece ser uma cozinha recém-reformada. — Ótimos
aparelhos. Bancadas de granito.

— Sem escadas, exceto para as da frente. Você acha que


Ed poderia administrar tudo bem?

— Provavelmente, — ele diz enquanto sacode a maçaneta


da porta da cozinha que leva ao deck dos fundos. — Vamos
verificar a parte de trás.

— Slade. — Seu nome é um suspiro exasperado.

— Me dê humor.

— Bem. — Eu caminho até onde ele está. Não me atrevo a


dizer isso em voz alta, mas se algum dia eu quisesse comprar
uma cabana, esta seria definitivamente uma em que eu poderia
entender.

É quando saio pela porta dos fundos que eu vacilo. Claro,


o lago é lindo, mas Slade está parado ao lado do que parece ser
um novo balanço branco na varanda com o fantasma de um
sorriso nos lábios e uma taça de vinho estendida para mim.

— O que é isso? — Eu pergunto, um pouco surpresa.

— Eu queria fazer algo bom para você. — Ele dá de ombros


timidamente. — Eu aluguei por uma noite, completa com o
balanço branco na varanda e a taça de vinho que devo a você e
agora finalmente posso te dá.

— Slade. — Meu coração incha quando eu pego a taça de


vinho de sua mão antes de dar um passo a frente e dar um beijo
em seus lábios. — Tudo isso para mim?

— Eu posso te dar mais se você continuar esse beijo.

E eu faço quando ele coloca a mão nas minhas costas e me


puxa contra ele. Nossas línguas se encontram e nossos suspiros
suaves preenchem o crepúsculo ao nosso redor enquanto nos
beijamos.

Eu me inclino para trás e olho para ele, minha


sobrancelha levantada enquanto olho para o balanço e depois
de volta para ele. — Devo confiar que este não vai cair?

— Tenho certeza de que este é um pouco mais sólido do


que o que montei no chalé. — Ele ri. — Mas você não vai me
pegar reclamando do resultado.
Ele range quando nos sentamos, mas não cai. Eu me
aconchego nele e ele envolve seu braço em volta de mim e me
puxa para perto, como fez naquela primeira noite na fogueira
que ainda frequentamos mensalmente com seus colegas.

— Como diabos chegamos aqui, hein? — Ele pergunta e


pressiona um beijo no topo da minha cabeça. Fecho os olhos e
me deleito com tudo que ele me faz sentir: segura, amada,
cuidada, respeitada e completa.

— Eu não sei, mas eu com certeza não mudaria nada.

— Havia algo sobre você naquela primeira noite, sabe? —


Ele diz, sua voz cheia de emoção que me faz olhar para ele. —
Foi como se eu entrasse e visse uma mulher linda bebendo um
uísque e fiquei intrigado. Então você teve a ousadia de me
ignorar.

— Eu estava fazendo você trabalhar por isso, — provoco,


lembrando o quão irritada eu estava por ele não ter me deixado
em paz.

Graças a Deus ele não fez isso.

— A parte engraçada é que esta foi a coisa mais fácil que


eu já tive que trabalhar na minha vida. E só com você, Blakely,
— diz ele como eu pressionar um beijo para o lado de sua
mandíbula. — Antes de você, eu pensei que teria que haver uma
troca - uma mulher ou meu trabalho. É uma tarefa exigente e
não pensei que pudesse dar cem por cento a ambas... mas eu
estava completamente errado. O que eu não percebi é que ter
você ao meu lado torna o trabalho ainda melhor porque tenho
alguém para quem voltar à noite. Tenho alguém com quem
compartilhar coisas.

— De onde vem tudo isso? — Murmuro enquanto as luzes


na grama entre onde estamos sentados e o lago começam a
piscar para a vida.

— Eu não sei. — Ele balança a cabeça. — Talvez eu esteja


apenas percebendo o quão grato eu sou por você ter tolerado
minhas ideias malucas e espontâneas, como dar um passeio
nas montanhas, quando eu sei que você as odeia. Talvez seja
porque algo que eu fiz colocou um sorriso em seu rosto ou
sentir seu beijo no meu ombro quando você acorda e desliza
para fora da cama para me deixar dormir mais algumas horas.

Repito a mesma coisa que digo a mim mesma o tempo todo


quando se trata de Slade: ele é bom demais para ser verdade.

E ele é.

Graças a Deus ele é meu.

— Você sabe, — eu digo enquanto mais luzes solares se


iluminam, — se você quiser ter uma conversa sobre todas as
maneiras que você me faz feliz, eu estaria mais do que disposta
a começa, mas acho que ficaríamos aqui a noite toda.
— Perfeito. O balanço da varanda. Vinho. Uma...

— Mosquitos, — eu digo, e nós dois rimos enquanto um


grilo à nossa direita começa a piar. — Poderíamos fazer uma
lista então. Comparar as listas. Você sabe, comportamento
típico de encontro noturno.

— Ah, uma mulher segundo o meu coração, oferecendo


fazer listas como um passatempo romântico.

— O que posso dizer, você me converteu.

Ele limpa a garganta. — Só resta uma coisa na minha lista


agora.

— Sério? O que é isso? Sexo no pátio com os grilos


assistindo?

Seu sorriso puxa para cima um canto de sua boca. — Não


é uma má ideia, mas não é a que eu tinha em mente.

— Você está recusando sexo? Nossa. Dezoito meses e a


espontaneidade e a paixão se foram, — provoco.

— Não foi embora. — Ele ri baixinho. — Eles estão apenas


começando, Blakely.

— O que? — Eu me viro para olhar para ele. Há emoção


brotando em seus olhos, e vejo que ele está segurando algo para
mim. — O que é... — Mas as palavras desaparecem quando
meus dedos seguram o guardanapo gasto e esfarrapado de
Metta meses atrás.

E engasgo com um soluço de surpresa quando vejo o


último item de linha.

Lista de tarefas pendentes do Blade:

Faça Paul se arrepender de ter deixado você ir.

Descubra nossa história: quando nos conhecemos, quão


longas suas pernas realmente são, irritações de animais de
estimação, etc.

Faça Horrible Heather vê-lo de forma diferente.

Conquiste seus colegas de trabalho sendo incrível.

Convença a todos que estamos loucamente apaixonados e


que deveríamos estar.

Obtenha a promoção.

Encontre o Blakely real novamente.

Apaixone-se perdidamente.

Peça a Blakely em casamento.


— Slade? — Pergunto quando meus olhos são muito
capazes de ler o que ele escreveu.

— Quero dizer. Você é tudo para mim, Blakely. O começo,


o fim e cada respiração e momento entre eles. Às vezes é difícil
imaginar que não existe nada melhor do que isso, mas quando
se trata de nós, eu realmente acredito que não. Eu me apaixono
mais por você a cada dia, e sei que nunca conversamos sobre se
você quer se casar de novo, e se não quiser, eu entendo, mas
isso não significa que não quero que você saiba que ainda quero
passar o resto de nossas vidas juntos em qualquer cargo que
seja. E-

— Você vai parar de falar? — Eu rio as palavras enquanto


enrosco meus dedos pelo cabelo em sua nuca e o puxo em
minha direção para um beijo, da mesma forma que ele fez
comigo naquela noite em que decidimos que havia um nós.

Desta vez, há algo um pouco mais doce em nosso beijo,


algo um pouco mais comovente no momento. Desta vez, tem
gosto de amanhã e para o futuro e todas as coisas que você
deseja compartilhar com alguém. Desta vez eu sei que é real.

— Blakely...

— Você vai parar de tentar me convencer quando eu já sei


como me sinto. Quando eu já sei.

— Você não precisa de um anel...


— Eu não me importo com um anel. Eu só me importo
com você. Sobre nós dois. E... oh meu Deus, é lindo. — Eu fico
olhando para o diamante cintilando ao luar, enquanto as
lágrimas brotam dos meus olhos. — É... Slade. — Eu olho para
ele enquanto estou sem palavras e vejo lágrimas brilhando em
seus olhos também. — Sim. A resposta é sempre um milhão de
vezes, sim, quando se trata de você.

Nossos lábios se encontram através de nossos sorrisos e


do gosto das lágrimas em nossas línguas, meu coração é
irrevogavelmente dele. E nosso beijo se transforma em uma
risada que ecoa ao nosso redor como se a floresta que nos
rodeia também e junte-se à nossa felicidade.

— Graças a Deus você disse sim. Você sabe como eu gosto


que minhas listas de tarefas sejam concluídas.

— Oh puxa. — Eu reviro meus olhos.

— Acho que é uma boa hora para dizer que comprei esta
cabana também.

— Você o que? — Eu grito.

E, desta vez, quando me lanço sobre ele, caímos


desajeitadamente na grama.

Nossos beijos se transformam em suspiros.

Nossos suspiros se transformam em gemidos.


E fazemos amor pela primeira vez com tantas promessas
diante de nós. Com um futuro, não podemos esperar para viver
plenamente.

Slade Henderson me pediu em casamento.

A mim.

Acho que quarenta anos não é tão ruim assim.


Epílogo 2

Blakely

Lista de tarefas pendentes do Blade:

Faça Paul se arrepender de ter deixado você ir.

Descubra nossa história: quando nos conhecemos, quão


longas suas pernas realmente são, irritações de animais de
estimação, etc.

Faça Horrible Heather vê-lo de forma diferente.

Conquiste seus colegas de trabalho sendo incrível.

Convença a todos que estamos loucamente apaixonados e


que deveríamos estar.

Obtenha a promoção.

Encontre o Blakely real novamente.

Apaixone-se perdidamente.

Peça a Blakely em casamento.

Viva felizes para sempre.


Fim

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