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55 - Heather
56 - Heather
Epílogo
Cena Bônus
Visualizar - Tentação Tripla
Autora
Uma babá
para os
Fuzileiros
Por Cassie Cole
Copyright © 2022 Juicy Gems Publishing
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode
ser reproduzida, distribuída ou transmitida de nenhuma forma sem
consentimento prévio da autora.
Traduzido por Moema Sarrapio
Revisado por Thomas Frizeiro
www.cassiecoleromance.com
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Português)
Uma Babá Colorida
Tentação Tripla
Uma babá para los Fuzileiros
Heather
Rogan
Heather
Heather
Heather
Heather
Acordei na penumbra.
A primeira coisa que notei foi minha cabeça. Doía
terrivelmente, como se todas as ressacas da minha vida tivessem
voltado para me assombrar. A dor pulsava na minha têmpora a cada
batimento cardíaco.
Estava úmido e eu estava suando. Abri meus olhos e pisquei.
Nada mudou. Virei a cabeça e senti algo se mexer. Havia um saco
cobrindo minha cabeça. Era por isso que eu não conseguia ver
nada. Era por isso que eu sentia a umidade – porque minha
respiração estava molhando meu rosto.
Eu gemi enquanto tentava me lembrar do que havia
acontecido. Eu estava saindo da sessão do Sr. Howard e então algo
aconteceu. Estava quase me vindo a memória, mas quando eu
tentava lembrar, a recordação evaporava feito nuvem.
Ouvi um som abafado e, de repente, alguém tirou o saco da
minha cabeça. A relativa claridade me atingiu como um caminhão e
piorou a enxaqueca. Senti como se um parafuso girasse no meu
cérebro.
Pisquei e meus olhos começaram a focar.
Eu estava sentada em uma cadeira em um armazém vazio.
Cheirava a ferrugem e mofo. Três homens estavam parados na
minha frente. Eles usavam um uniforme camuflado, como se
estivessem prestes a ir caçar. Com a exceção de que eles também
usavam máscaras de ski para cobrir seus rostos: uma verde, uma
azul e outra rosa. E, ao invés de rifles de caça nas costas, cada um
deles tinha uma pistola na cintura.
Minha última memória me atingiu com uma certeza mórbida.
Eu tinha sigo sequestrada por esses três homens na saída da aula.
A parte do meu cérebro responsável pelo pânico se acendeu e
despejou uma grande dose de adrenalina no meu corpo. Todo
mundo reage lutando ou fugindo. E diferente da última vez, a fuga
estava vencendo.
Gritei e fiquei de pé. A cadeira em que eu estava sentada veio
comigo, porque aparentemente eu estava algemada a ela, mas eu
não me importava muito naquele momento. Escolhi uma direção e
corri o mais rápido que podia naquelas condições.
“SOCORRO!”, gritei, minha voz ecoou pelo armazém.
“ALGUÉM ME AJUDE!”
Consegui percorrer uns seis metros antes de alguém me
segurar. Tentei lutar, chutar, mas a resistência de uma mulher
algemada era ridícula. Um dos homens – o de máscara rosa –
enfiou uma bola de pano na minha boca.
“Achei que ela ia estar mais grogue”, disse o Sr. Rosa. Ele
pronunciou grogue com um sotaque estranho. Aquilo me era
familiar, mas eu estava muito ocupada para conseguir pensar
naquilo.
“O efeito não deveria ter passado tão rápido”, o homem de
máscara azul – Sr. Azul – disse.
Eles me arrastaram de volta para o lugar original, no canto do
armazém, perto de uma maleta de metal preta. O Sr. Rosa usou
dois lacres para prender meus tornozelos nos pés da cadeira.
Isso não está acontecendo. Isso não pode estar acontecendo.
Sr. Verde ficou de pé na minha frente. O buraco na máscara de
ski onde sua boca estava se abriu e uma voz profunda disse,
“Queremos te fazer algumas perguntas. Vai ser mais rápido, e mais
fácil, se você cooperar.”
Sr. Green removeu o pano da minha boca. Assim que me livrei
dele, respirei profundamente e gritei a plenos pulmões: “VÃO À
MERDA, SEU BANDO DE FILHOS DA PUTA.”
A bola de pano voltou imediatamente para minha boca.
O Sr. Rosa, riu do meu lado direito. “Não me ameace assim,
queridinha”, com a pronúncia estranha de queridinha. Então ele
olhou para o Sr. Verde e completou, “Eu te disse que ela era
agressiva.”
O Sr. Verde suspirou. “Não queremos te machucar. A verdade
é essa. Só queremos fazer umas perguntas. Você pode se
comportar?”
Com o peito pesado, acenei devagar. Sr. Green removeu o
tecido da minha boca de novo.
“COMAM MERDA, SEUS BOQUETEIROS DE UMA FIGA.”
Sr. Verde enfiou a bola na minha boca de novo.
“Boqueteiros”, Sr. Rosa repetiu rindo. “Tenho que me lembrar
dessa. Foi muito boa.”
Sr. Verde olhou para ele e colocou um dedo nos lábios.
“Vai ser mais fácil se nós a matarmos”, disse o Sr. Azul,
silenciosamente.
Minha espinha gelou. Eu sabia que estava em perigo –
obviamente – mas ouvir aquelas palavras em voz alta, tão
casualmente, como se ele estivesse sugerindo um restaurante para
o jantar…
Sr. Verde se agachou na minha frente. Seus olhos eram como
piscinas escuras atrás da máscara. “Gritar não vai ajudar, não tem
ninguém a quilômetros daqui. Você só vai ficar rouca. Então esta é
sua última chance.”
Respirar pelo nariz era difícil, porque meu corpo estava
hiperventilando, então assenti. Sr. Verde removeu o tecido. Todo
mundo pausou esperando para ver se eu ia fazer uma cena.
Quando eu não fiz nada, o Sr. Azul entregou alguma coisa para
o Sr. Verde. Uma garrafa d’água. O plástico fez um barulho quando
ele removeu a tampa e a esticou para mim.
Meu instinto me disse para morder seu dedo. Meu pai tinha me
ensinado que arrancar um dedo humano na mordida requeria a
mesma força de morder uma cenoura, e eu queria testar sua teoria
naquele momento. Mas minha garganta estava tão seca que
queimava quando eu respirava. Eu não tinha me dado conta da
sede até aquele momento.
Ele derramou água na minha boca e eu bebi avidamente,
engolindo cada gota até escorrer pelo meu queixo. O homem era
estranhamente gentil comigo e a colônia dele era cheirosa. Me
lembrou alguma coisa quando ele segurou meu queixo e me deu o
resto da água. Apesar daquela situação, senti alguma coisa com
aquele cheiro.
Cale a boca, vagina. Tô meio ocupada agora.
Sr. Verde atirou a garrafa vazia para o lado. Minha mente
estava voltando a se sentir menos nebulosa.
Ok, então eu fui sequestrada. Mas por quê? Eu era só uma
aspirante a atriz. Eu servia mesas. Minha família não tinha dinheiro
– meu pai era um fuzileiro aposentado vivendo de pensão. Me
sequestrar não fazia o menor sentido. Não é como se eu fosse
famosa feito…
Amirah Pratt.
Já tinham me confundido com ela na noite anterior. Aqueles
caras devem ter achado que eu era ela. Era a única explicação
possível.
“Vocês estão cometendo um erro!”, eu disse, falando com mais
facilidade após beber água. “Eu não sou Amirah Pratt. Só me
pareço com ela.”
Assim que eu disse isso, me arrependi. Se eles achavam que
eu era Amirah Pratt, eles iam provavelmente pedir resgate. Assim
que souberem que eu era uma zé ninguém, iam me matar – como o
Sr. Azul tinha sugerido.
Mas os três homens olharam uns para os outros e riram.
“Nós sabemos quem você é, Heather”, disse o Sr. Verde.
“Apesar de você ser um pouco parecida com ela”, adicionou Sr.
Rosa secamente.
Ok, teoria refutada.
Sr. Verde olhou para mim. “Você é Heather Hart, originalmente
de Tyler, Texas. Mora em Los Angeles faz três anos. Sabemos tudo
sobre o seu passado. O que não sabemos é para quem você
trabalha. Conte e te deixamos ir.”
Pisquei, confusa. “É isso?”
“É isso.”
“Eu trabalho no Outback”, disse calmamente. “Aquele no
Boulevard South Harbor, perto da Disney.”
Sr. Rosa chacoalhou a cabeça e olhou para o outro lado. Eu
não podia saber por causa da máscara, mas parecia que o Sr. Verde
estava de cara feia.
“Sabemos que é só um disfarce. Para quem você trabalha de
verdade?”
“O que você quer dizer? É o único emprego que tenho.”
“Não se faça de burra”, disse o Sr. Verde.
“Então não faça perguntas burras!”, gritei de volta. “Eu não sei
o que mais vocês querem saber. Eu trabalho no Outback.”
“Você só trabalha lá três ou quatro noites por semana”, disse
Sr. Verde.
“Porque eles mantem os contratos inferiores a trinta horas por
semana”, respondi acidamente. “Assim eles não precisam pagar
benefícios. E eu não consigo arrumar um segundo emprego porque
minha escala varia toda semana. É uma merda.”
“Isso é uma merda mesmo”, concordou Sr. Rosa. Sr. Verde
lançou um olhar furioso para ele.
"Pronto, respondi sua pergunta", eu disse. "Posso ir agora?”
O punho do Sr. Verde se fechou. “Você pode ir quando me
contar para quem realmente trabalha.”
Respondi calmamente, enunciando cada palavra como se
estivesse falando com alguém com perda auditiva. “Out-back. A-
néis-de-ce-bo-la. Você fala inglês?”
Sr. Verde suspirou e tocou no nariz através da máscara de ski.
“Eu gostava mais de você quando estava xingando.”
“Eu posso voltar a xingar, boqueteiro.”
Ele segurou a bola de tecido. “E eu posso voltar a fazer isso.”
Calei a boca rapidamente.
“Pra quem você trabalha?”, ele perguntou, com menos
paciência dessa vez. “Pegasus ou Heimdall?”
“Cara, eu realmente não tenho a menor ideia do que você está
falando.”
“São empresas. Você trabalha para eles?”
“Não”, eu disse num gemido. “Eu não trabalho na churrascaria
Pegasus ou churrascaria Heimdall.”
“Não são… ah, você está dificultando as coisas.”
“Viu?”, disse o Sr. Rosa “Ela não sabe de porra nenhuma.
Devíamos jogá-la de volta no carro e devolvê-la.”
“Falei para você parar de falar”, sibilou Sr. Verde.
Alguma coisa no jeito de falar do Sr. Rosa me acende uma
memória. Já tinha sentido aquilo antes e naquele momento de novo.
Ele pronunciava de forma diferente.
Boston. Ele era de Boston.
Reuni várias memórias e rapidamente elas aumentaram na
minha cabeça, como uma bola de neve descendo uma colina.
“Oh, merda!”, deixei escapar. “Vocês são os caras de ontem!
Os donos da tribuna de honra que invadimos!”, olhei para o Sr.
Verde. Você é Rogan Holt!”
7
Rogan
Heather
O Sr. Azul – acho que o nome dele era Asher – tinha um belo
sorriso. Que o fazia ficar muito sexy.
“Você tem um belo sorriso”, eu disse para ele. “Que te deixa
muito sexy.”
As palavras continuavam saindo da minha boca
automaticamente. Como se alguém tivesse deixado um portão
aberto e todos os cachorros continuassem fugindo. Eu sabia que
devia ter sido mais cuidadosa com o que disse, mas não conseguia
parar.
Asher colocou um band-aid no meu braço. “Achei que você não
gostasse de loiros.”
“Não são meus favoritos, de fato”, admiti. “Gosto de homens
tipo James Bond para mim: altos, sarados e cheios de álcool. Mas
mesmo que eu prefira bife a frango, minha boca ainda saliva quando
vejo uma bela coxa assada.
“Não sou fã de frangos”, Asher disse distraidamente. “Muitos
conservantes.”
“É uma metáfora. Ainda estou falando de pintos, Sr. Azul”, eu
disse, rindo. O comentário soou estranho quando saiu da minha
boca. Como se tivesse sido feito por outra pessoa.
“Você devia parar de falar”, ele me disse com um sorriso sexy.
Ele não fazia de propósito – era naturalmente sexy. “Você vai voltar
ao normal rapidamente.”
“Eu te disse: não quero voltar ao normal. Quero aproveitar para
abusar de você. Venha aqui, me deixe apertar.”
Ele riu e caminhou para o outro lado do armazém, onde o Sr.
Rosa e o Sr. Verde – Brady e Rogan – estavam conversando em
voz baixa. Observei-o ir e mudei de ideia sobre as roupas
camufladas que eles estavam usando. Daquele ângulo, a bunda de
Asher parecia fabulosa naquelas calças.
Abri minha boca para dizer isso em voz alta, mas algo me
impediu. Era como se um lençol fino estivesse se esticando pelo
meu cérebro. E ele me impedia de simplesmente vomitar o que me
viesse à cabeça.
“Isso foi estranho”, sussurrei par mim mesma. Era um
comentário normal, diferente do que todas as coisas que eu estava
dizendo automaticamente antes.
Todas as coisas que eu havia dito.
De repente, me lembrei de tudo. Cada palavra que tinha saído
da minha boca. Revivi os últimos cinco minutos na minha cabeça
como quem revive um encontro horrível, agonizando ao pensar em
cada coisa idiota que eu tinha dito.
Quando os rapazes terminaram a conversa e voltaram para
mim, minhas bochechas estavam vermelhas.
“Mudei de ideia”, eu disse quietamente. “Vocês podem me
matar agora. Na verdade, solicito que me matem. Por favor, acabem
com a minha miséria.”
Brady deu um sorriso largo. “Se lembrando de tudo o que
disse? Sobre pintos na boca de Maurice e fetiche de pé?”
Eu não quis dizer nada com medo da minha boca traidora me
meter em confusão de novo. Então só acenei.
“Não se preocupe, doçura. Pés não são a minha fantasia.
Prefiro bundas”, ele pontuou com uma piscadela.
Eu queria ter sorrido, mas sabe, a vergonha ainda tomava
conta de mim.
Rogan ficou de pé na minha frente e limpou a garganta.
“Gostaria de pedir desculpas por tudo. Pensamos que você fosse
outra pessoa.”
“Sim, vocês pensaram que eu fosse Amirah Pratt”, eu respondi.
“Eu estava lá. Me lembro.”
“Não”, Rogan respondeu. “Pensamos que você trabalhasse
para uma das agências concorrentes. Pegasus ou Heimdall
Segurança.”
O nome me lembrou de Heimdall, o personagem dos filmes do
Thor, e então me lembrei do que eu tinha falado sobre Idris Elba e
isso fez minhas bochechas ficarem ainda mais vermelhas.
“Por que eu trabalharia para eles?”, perguntei.
Rogan deu um sorrisinho. “Você entrou de penetra na nossa
cabine e fingiu ser outra pessoa. Então você se revelou uma
impostora e insultou nossas habilidades de proteção. Você pode não
trabalhar para a concorrência, mas certamente você os ajudou na
noite passada.”
“Não foi tão ruim”, disse Brady. “Acho que Amirah Pratt ainda
pode querer nos contratar.
“Duvido muito”, Asher respondeu.
“Ok”, eu disse, tentando colocar todas as peças juntas. “Vocês
pensaram que eu era uma agente e agora vocês sabem que eu não
sou. O que vocês vão fazer comigo então? Me deixar ir?”
Rogan se debruçou sobre a minha cadeira e me desamarrou.
“Exatamente."
Esfreguei meus punhos, mas permaneci sentada na cadeira. O
cheiro pungente de Rogan, picante e masculino, encheu minhas
narinas de novo. Tentei ignorar. “Então o que vai me impedir de ir
até a polícia? Vocês me raptaram e me drogaram contra a minha
vontade.”
Rogan ficou de pé e seu cheiro intoxicante o acompanhou.
“Este último ponto é questionável. Você consentiu a injeção. E sobre
o primeiro ponto… esperamos que você não acione a polícia.”
Eu pisquei. “Vocês esperam que eu simplesmente… o quê?
Esqueça que isso tudo aconteceu?”
“Exatamente”, disse Brady.
Deixei uma risada de nervoso escapar. “E como isso vai
funcionar? Vocês vão me ameaçar?”
“Não”, disse Rogan sorrindo. “Vamos te oferecer um trabalho.”
Olhei para ele, incrédula.
“Um trabalho.”
Brady arrastou a mala de equipamento de Asher para perto
para se sentar sobre ela, o que provocou uma cara feia no colega.
“Você costumava ser babá profissional.”
“Como diabos vocês sabem disso?”, perguntei.
Rogan sorriu. “Da mesma forma que conhecemos seu histórico
médico, seus registros de trabalho e sua relação com Eugene
Howard. Nós temos uma agência de segurança pessoal. Nosso
acesso à informação é basicamente ilimitado.”
“Ah.”
“Você era uma babá exemplar”, Rogan continuou. “Você
trabalhou para duas famílias por três anos, os Smiths e os Jennings,
ambas em Dallas. Eles te deram recomendações excelentes. Você
era uma das babás mais procuradas no norte do estado, havia
quinze famílias na sua lista de espera.”
“Vamos direto ao ponto”, disse Brady com impaciência.
“Nossos filhos são um pesadelo do caralho.”
“Seus filhos são pesadelos”, Asher respondeu suavemente.
“Cora é bem-comportada.”
“Você não pode saber”, disse Brady. “Aposto que ela é a líder
secreta de todo o caos.”
Eu olhei para cada um deles. “Esperem um minuto. Vocês têm
filhos?”
Brady recuou. “O que diabos você quer dizer? Você acha que
não podemos ser bons pais?”
“Sequestrar pessoas não te fazem exatamente o pai do ano.”
“Nós temos um filho cada, sim”, disse Rogan. “Micah é meu
filho. Dustin é o garoto de Brady e Cora é a filha de Asher. Eles
todos tem seis anos. Nossa babá atual é… vamos apenas dizer que
ela não está apta a lidar com eles.”
“Lidar com Micah e Dustin”, insistiu Asher. “Cora é
comportada.”
“Sim, ok, entendemos”, Brady virou os olhos. “Sua garotinha é
um anjo perfeito.”
Asher consentiu, mesmo que Brady estivesse sendo
sarcástico.
“Precisamos de alguém cinco dias na semana”, disse Rogan.
“Você vai ter acesso a um carro e benefícios. Vamos contribuir para
a sua previdência e pagar seu plano de saúde. Acho que você não
tem um no momento.”
Meu plano de saúde no momento era simples: eu planejava
não ficar doente, porque não podia pagar por tratamento médico.
Mas eu não ia contar a eles.
“Me mudei para Los Angeles para me tornar atriz”, eu disse.
“Por que eu desistiria do meu sonho para ser babá de novo? Eu
ficaria no Texas se fosse assim.”
“Porque a sua carreira de atriz é um fracasso”, disse Brady
diretamente.
“Como você pode saber disso?”, sussurrei.
“O que meu sócio deselegante está tentando dizer é que nós
conhecemos pessoas”, respondeu Rogan. “Você viu quem estava
naquela cabine ontem. Jonah Weiman, Amirah Pratt, Boras
Scottsdale. Eles são todos grandes nomes no meio. Se você for
nossa babá, podemos te ajudar. Te colocar em contato com pessoas
que podem impulsionar sua carreira. Se você for nossa babá por
pelo menos seis meses, podemos fazer isso por você.”
“Ok”, eu disse, pensando em voz alta. “Digamos que eu
concorde com isso por seis meses. Por que vocês me ajudariam a
impulsionar minha carreira de atriz? Vocês não têm nenhum
interesse nisso, porque vão acabar ficando sem babá.”
“Precisamos de ajuda agora”, disse Asher. “Nossos filhos – os
filhos deles, devo ressaltar – são terríveis. Precisamos de alguém
que possa começar imediatamente e mantê-los sob controle. Vai ser
um desafio tremendo. E em seis meses eles estarão no jardim de
infância. Então não vamos mais precisar de uma babá em tempo
integral.
Rogan acenou. “Nossa babá atual, a irmã de Brady, estava
ficando louca com esses garotos. E quando fizemos uma verificação
do passado da mulher que invadiu nossa cabine, vi que ela tem uma
experiência sólida como babá. Você meio que caiu do céu, Heather.”
“Isso é muito tentador”, eu disse, “mas não posso deixar minha
carreira de lado para ser babá dos seus filhos horríveis.”
“Os filhos horríveis deles”, insistiu Asher.
“A questão é, eu ainda quero frequentar as aulas. Elas
acontecem duas vezes por semana na hora do almoço.”
“Podemos chegar num acordo”, Rogan respondeu
suavemente.
“E testes. Se eu conseguir algum teste ou convite para um
papel, preciso de flexibilidade de horário.”
“Podemos usar minha irmã Patty como plano B”, disse Brady.
“Se você precisar se ausentar pelo motivo que for. Ela não vai se
importar de nos ajudar por uma hora ou duas.”
“Sua acomodação será garantida, é claro”, Rogan cruzou os
braços musculosos sobre o peito. “Temos um quarto de hóspedes
que você pode ocupar quando quiser. Se não for aceitável, somos
amigos do concierge do Four Seasons de Los Angeles e podemos
conseguir um quarto para você rapidamente.”
Aquilo tudo era avassalador e não só porque eu ainda estava
me recuperando daquela droga que deixou minha língua solta.
Parecia quase bom demais para ser verdade. Depois de seis meses
como babá eles me colocariam em contato com seus contatos na
indústria. Um atalho que me levaria diretamente para a realização
do meu sonho de me tornar atriz. Então eu não precisaria perder
tempo em comerciais ridículos de TV.
Esfreguei meus punhos. Eles estavam doloridos porque
ficaram atados muito tempo.
“Só tem um problema”, eu disse, gesticulando. “Tudo o que
aconteceu hoje. Por que diabos eu trabalharia para três caras que
me sequestraram?”
“Boa pergunta!”, Rogan respondeu. Ele pegou um bloco de
notas e uma caneta, escreveu alguma coisa e arrancou a folha.
“Esta é sua compensação. Espero que ajude a fazê-la esquecer do
que aconteceu hoje.”
Peguei o pedaço de papel e fiz uma careta. “Este vai ser meu
pagamento pelos seis meses?”, era uma quantia considerável. Mais
do que eu ganharia no Outback, com certeza.
Rogan sacudiu a cabeça. “Este é seu pagamento mensal. Mais
os benefícios que mencionei antes.”
Todas as minhas inibições desapareceram. Agora realmente
parecia bom demais para ser verdade. Mas eu sabia que eles
estavam falando sério. Era uma oferta real, legítima.
Mal posso esperar para contar ao Maurice.
Pensar no meu amigo me lembrou da promessa que fiz. Ele
precisava do apartamento naquela noite porque tinha um encontro.
“Preciso de uma noite para pensar no assunto”, eu disse com
um sorriso digno de um Oscar. “Uma noite naquele hotel elegante
que vocês mencionaram.”
9
Asher
Heather
Heather
Rogan
Heather
Esse homem.
Esse inferno de homem.
Ele se achava muito esperto. Vestindo suas roupas e indo
embora. Geralmente era eu quem dava a última palavra. Mas ele
tinha me dado um beijo de tchau e ido embora, me deixando
sentada ali na cama de boca aberta.
Eu não me importava, na verdade. Não depois de toda a
diversão. Me deitei de volta nos lençóis macios e suspirei com
alegria, abraçando o travesseiro contra meu peito e inalando o que
restava do cheiro de Rogan.
Minha vida sexual era boa. Apenas boa. Los Angeles encheu
minha vida com caras lindos, mais do que qualquer outra cidade no
planeta. Mas tinha uma coisa com os caras que eram sensuais e
sabiam: eles geralmente eram ruins de cama. Eles viviam a vida se
apoiando na aparência e no charme ostensivo, sem nunca precisar
se esforçar para levar uma mulher para a cama. Eu já tinha estado
com esse tipo de cara o suficiente para saber como era entediante.
Era mais emocionante roçar em um totem de papelão do Ryan
Gosling.
Mas Rogan? Meu Deus, Rogan não era nada como eles. Ele
era sexy, com certeza, cada pedaço seu era tão lindo quanto dos
atores e modelos com os quais eu já tinha dormido. Mas seu
charme era real. Sua intensidade era palpável. A forma como ele me
segurou na cama, lambendo o chocolate do meu corpo e me
fodendo de um jeito que parecia que ele queria literalmente quebrar
seu pau dentro de mim…
Me arrepiei só com a memória, ainda fresca e real na minha
cabeça.
A única parte ruim do nosso ato era que eu ainda tinha restos
de chocolate espalhado pela minha pele. A língua de Rogan era
boa, mas nada substituía um bom banho. Tomei um rapidamente
para ficar limpa e voltei para a cama.
“Merda, agora não estou mais com o cheiro dele”, eu disse em
voz alta. Abracei o travesseiro mais perto e respirei profundamente,
como uma viciada tentando aproveitar o último trago de um cigarro.
Assim que me preparei para dormir, me dei conta de que tinha
um punhado de motivos para aceitar o trabalho de babá. O primeiro
era o dinheiro. Para ser bem direta: mais dinheiro era melhor do que
menos dinheiro. E a quantia que eles me ofereceram parecia erro de
digitação. Sim, era tanto assim. Eu faria coisas sujas, depravadas
por aquela quantia. Ser babá era relativamente fácil.
A segunda razão, obviamente, era para ajudar na minha
carreira. A empresa de Rogan andava ao lado de grandes nomes de
Hollywood. Em várias indústrias, é mais sobre quem você conhece.
E Hollywood era definitivamente este tipo de indústria. Havia muitos
atores talentosos e jovens naquela cidade: os que chegavam longe
geralmente tiveram ajuda.
Ah, e ajudar a carreira de Maurice. Seria rude não dar a ele
uma passagem para este trem bala em direção ao estrelato.
Mas agora eu tinha um terceiro motivo, mais primitivo que os
outros: Rogan. Especificamente o pau enorme de Rogan e seu
corpo bem desenhado e musculoso que vinha de brinde. Talvez
fosse a endorfina do sexo falando, mas eu estava mais animada em
vê-lo novamente do que com os outros benefícios.
Ok, talvez o dinheiro ainda fosse o primeiro fator. Rogan era o
segundo, bem de perto.
Dormi como um bebê na cama enorme do hotel. O fato de não
ter um colega de quarto roncando a alguns metros de mim me
ajudou. Pedi café da manhã no quarto, mas não foi Timmy quem
levou. Foi um homem de meia-idade e cara amarrada. Ainda assim
dei a ele uma boa gorjeta. Eu sabia o quanto servir pessoas era
uma merda.
Pelo menos, eu costumava saber. Meus dias de garçonete
acabaram, agora era uma babá!
Eu precisava de uma muda de roupas, então peguei um Uber e
fui para o meu apartamento. Me senti como a Cinderela saindo do
baile e voltando para o quarto de empregada na casa da madrasta.
Subi as escadas até o terceiro andar e franzi o nariz. Nosso prédio
sempre teve aquele cheiro?
“Uma noite no luxo e eu me tornei burguesa demais para
minha própria casa”, sussurrei.
Maurice estava roncando suavemente quando entrei na
quitinete. Havia uma figura grande abraçada nele debaixo das
cobertas. Sorri. O encontro tinha dado certo.
Peguei uma muda de roupas, entrei no banheiro para me vestir
e coloquei, em silêncio, minhas roupas sujas no cesto. Assim que
fechei a gaveta da cômoda, Maurice se sentou na cama.
“O quê, quem… ah, é você!”, perto de Maurice, seu
acompanhante rolou na cama.
“Você consegue dormir com o barulho de motosserra do seu
próprio ronco”, eu disse, “mas uma gaveta se fechando te acorda
instantaneamente?”
Maurice esfregou um olho com o punho. “O gerente está puto
porque você não apareceu pra trabalhar ontem à noite. O que
aconteceu?”
“Ele que se acostume. Me demito. Mas não até eu deixá-lo na
mão algumas outras vezes. Ele merece depois de foder com a
minha escala no mês passado.”
Maurice ficou boquiaberto. “Você vai sair? E fazer o quê?”
“Vou ser babá.”
“O quê? Vão refilmar O clube das babás e eu não estou
sabendo?”
“Não é atuação. Vou ser babá. De crianças. Dos filhos dos
caras que me sequestraram.”
“Sequestro… garota, nada do que você está falando faz
sentido nessa ordem. Isso tem a ver com a noite no hotel? Você
encontrou um sugar daddy?”
Olhei no relógio. “É muita coisa para explicar agora. Vai dormir.
Seu urso parece estar com frio.”
Maurice olhou para o cocuruto perto dele na cama. Por um
momento ele pareceu se preocupar mais com fofoca do que com
afeto físico. Mas no final, bem no final, o amor venceu e ele se
enroscou no homem.
“Não faça nada que Alicia Silverstone não faria!”, ele disse
enquanto eu saia pela porta.
Normalmente eu me recusaria a chamar dois carros no mesmo
dia, mas eu não precisava mais me preocupar com dinheiro. Era
prazeroso. Digitei o endereço que Rogan me deu no aplicativo,
chamei o Uber e atravessei a cidade. Era perto do Four Seasons,
em um parque comercial com prédios empresariais modernos que
tinham entre dois e três andares. O motorista parou em frente a um
dos prédios e estacionou.
“Esse é o lugar certo?”, perguntei a ele.
Ele deu de ombros. “É o endereço que você colocou.”
Parei de me preocupar quando vi Rogan sair pela porta da
frente. Ele me deu um pequeno aceno. Desci do carro e me
aproximei. Ele me deu um beijo educado na bochecha e me deixou
querendo mais.
“Bem-vinda à HLS Segurança!”, ele disse. “Nossos escritórios
são no primeiro andar e a casa é no andar de cima.”
Ele me guiou pela porta da frente, que tinha a logo da HLS
Segurança impressa no vidro: um escudo desenhado por uma única
linha que formava um labirinto no centro. A porta se abriu em duas
automaticamente, havia outro vidro fosco que dava nos escritórios e
havia uma escada próxima a ele para o segundo andar.
“Preciso te alertar!”, disse Rogan enquanto subíamos as
escadas, “As crianças estão mais selvagens do que o normal
agora.”
“Já lidei com diabinhos antes”, respondi, encarando a bunda de
Rogan. “Vou ficar bem.”
Assim como sua bunda, pensei.
Rogan abriu a porta da frente da casa que dava para uma sala
de estar ampla e aberta. Havia dois sofás grandes e três poltronas
de couro em um dos cantos de frente para uma enorme tela de TV.
Uma mesa de jantar ocupava o lado esquerdo, e a cozinha era um
pouco além. O teto era alto, estilo loft, e o piso era feito de madeira
de lei laminada ou algo semelhante.
Mas era difícil enxergar o piso porque o lugar estava uma zona!
Brinquedos de todos os formatos e tamanhos se espalhavam pelo
cômodo: Legos, bonecos de heróis, bonecas, velocípedes. Até
pedaços de massinha de modelar e manchas que pareciam tinta
guache.
Um rugido animalesco anunciou os dois garotos. Um tinha a
cabeça coberta por cachos pretos e o outro tinha cabelo cor de
cenoura. O ruivo estava correndo atrás do outro, ambos gritando
feito malucos. O ruivo arremessou um pequeno cubo de plástico no
outro garoto e espalhou um trilho de lama marrom pelo chão. Me dei
conta de que era um potinho de Danete.
“Ok”, eu disse. “Você não estava brincando.”
“Eles são demônios!”, Rogan apontou para o ruivo. “Aquele é
Micah, meu filho. O de cabelo preto é Dustin, filho de Brady.”
“Achei que eram três.”
“Cora, filha de Asher, está lendo no quarto”, Rogan levantou a
voz. “Garotos! Venham aqui. Quero que vocês conheçam a nova
babá. O nome dela é Senhorita Hart.”
“Me chamem de Heather”, eu disse.
Os meninos gritaram e agitaram as mãos no que parecia ter
sido um aceno, mas eles ainda estavam muito ocupados se
perseguindo para se preocupar. Um deles – Micah, o ruivo – pegou
o pote de Danete e levou o braço para trás para arremessá-lo.
Segurei seu punho antes dele jogar. “O que você acha que
está fazendo, carinha?”, perguntei com a voz séria.
Ele arregalou os olhos e ficou boquiaberto. Claramente ele
nunca tinha sido repreendido antes. Aqueles meninos iam precisar
de muita disciplina.
“Isso é comida!”, eu disse, pegando o pote da sua mão. “Na
minha casa, comida é pra comer, não pra jogar.”
O choque no seu rosto sardento se transformou em desafio.
“Essa não é sua casa!”
“Com certeza é. Eu sou a nova babá! Agora, se você não
colocar esse pote imediatamente no lixo eu vou colocar você de
castigo.”
Ele pegou o pote da minha mão, envergonhado. Soltei seu
punho e acenei. Ele ia obedecer, o que me fazia parecer boa na
frente do Rogan.
Mas então Micah lançou o pote contra meu peito à queima-
roupa. A gosma de chocolate se espalhou por toda a minha camisa.
Micah rugiu gargalhando e saiu correndo.
“Eles, hm, não entendem o conceito de castigo” disse Rogan,
apologeticamente.
Olhei para a minha camisa. “Filho da puta!”
“Vamos acrescentar subsídio pra roupas”, Rogan me deu um
tapinha nas costas. “E cuidado com o palavreado perto das
crianças.”
Travei meu maxilar enquanto observei os dois garotos
correrem pela sala. Eu definitivamente ia cortar um dobrado.
14
Heather
Heather
Heather
Heather
Heather
Brady
Heather
Asher
Heather
Heather
Heather: Pensei que você tinha dito que não tinha fetiche com
babás.
Rogan: Não tenho. Mas estou aberto a brincar, se você tiver
esse tipo de vontade.
Rogan: Talvez não hoje, eu mal consigo manter os olhos
abertos.
Heather: Acho que você está mentindo! Você quer bater na
babá safada que eu sei.
Rogan: Agora que você falou, me parece divertido. Vou fazer
algumas ligações e ver se encontro uma babá safada pra dar uns
tapas hoje à noite.
Heather: (emoji bravo)
Heather: Não tem nada errado em admitir. Eu gosto que você
esteja pensando em mim.
Rogan: Como eu disse, eu tenho fetiche com Heather Hart.
Você escolhe se quer ser babá, aeromoça ou garçonete.
Heather: Eu já fui garçonete. No Outback.
Rogan: E nós dormimos juntos antes de você virar babá. Viu
só? Fetiche por Heather Hart, não por babás.
Heather
Rogan
Rogan
Heather
Brady
Heather
Heather
Heather
Rogan
Heather
Heather
Heather
Heather
*
Cheguei em casa depois das nove da noite. Ninguém tinha
respondido minhas mensagens, então eu esperava chegar em casa
e encontrar a residência destruída. Mas quando cheguei, estava
tudo quieto.
Será que quem estava cuidando das crianças tinha ido embora
mais cedo? Rogan me disse que eles ainda estavam fora no jantar
com a Agência Weiman, então seria péssimo se as crianças
tivessem sido deixadas sozinhas dormindo…
Escutei risadas no fim do corredor, fracas e abafadas. Segui o
ruído até a sala de descanso. A porta estava entreaberta, dei uma
olhada para dentro.
“Foi meu primeiro show!”, dizia Maurice empolgado. Suas
pernas estavam encolhidas no sofá e seus braços estavam
apoiados no encosto, seu torso virado na direção de Brady, que
preparava um coquetel no bar. “Eu tinha uma queda pelo Nick, faria
várias coisas deliciosas com ele se pudesse.”
No bar, Brady enchia uma coqueteleira. “Que azar o Lance ser
o cara gay do grupo.”
Maurice rolou os olhos. “Meu amor, Lance era do NSYNC.”
Brady se virou e entregou o coquetel para Maurice. Ele estava
usando sua camiseta dos Backstreet Boys. “Desculpa, estou
enferrujado. Confundindo as boybands dos anos noventa”, foi então
que ele me notou. Seu rosto se iluminou. “Ei! Aí está nossa garota!
Como foi a filmagem?”
Meu estômago deu uma pirueta quando ele disse nossa
garota, mesmo que sua intenção não tivesse sido aquela. “A
filmagem foi longa! Até o Sr. Howard aparecer e dar uma bronca no
diretor”, gesticulei. “Não esperava encontrar vocês dois de papo
aqui.”
Brady pegou sua caneca de café e se sentou ao lado de
Maurice. “Cheguei cedo da reunião com a Agência Weiman, porque
vou cobrir a casa de Amirah essa noite”, ele levantou a xícara. “Por
isso, café para mim. Quer beber alguma coisa?”
“Adoraria!”, eu disse.
“O garoto de Boston faz os melhores Manhattans”, Maurice se
emocionou. “É o suficiente pra me fazer ignorar esse sotaque
horroroso.”
“Uou, cara!”, disse Brady enquanto fazia outro coquetel. “Qual
é o problema com o meu sotaque?”
“Não vou nem me dar o trabalho de responder”, Maurice deu
uma golada na bebida e mudou de assunto, “Como é Amirah Pratt
de verdade? Uma grande vaca? Ela parece ser o tipo de garota que
deixa a fama subir à cabeça.”
“Ei!”, eu disse. “Você está falando da minha sósia!”
Maurice se virou para mim. “Prometo não dizer mais nada.”
Brady deu uma gargalhada. “De jeito nenhum. Amirah é uma
querida. Muito humilde. Ela cresceu em uma fazenda em Iowa, eu
acho. E é sempre muito agradável”, disse enquanto me entregava
um Manhattan.
“Obrigada”, dei uma golada longa e perguntei, “Como estão as
crianças?”
Maurice bufou. “Você se importa se eu for brutalmente
honesto?”
“Não te imagino agindo de outra forma”, respondi.
“Eles se comportaram como o legado de satanás!”, Maurice
respondeu imediatamente. “Foi como cuidar de três pequenos
Hitlers.”
Suspirei. “Estávamos progredindo até semana passada. Não
sei o que está acontecendo. Minha próxima medida é proibi-los de
fazer o que gostam toda vez que eles se comportarem mal, mas não
queria ter que fazer isso com os meninos…”
“Não só os meninos!”, disse Maurice. “Cora fez tanta bagunça
quanto eles.”
Fiquei em choque. “Não pode ser. Como?”
Brady acenou e apontou para Maurice. “Conte a ela. Conte a
ela o que você viu.”
Maurice se esticou na minha direção. “Eu sei por que os
garotos retrocederam. Foi Cora. Ela está causando isso.”
37
Heather
Asher
Heather
Não sei por que você decidiu ser uma GRANDE VACA. Essa
noite eu vou me certificar que ninguém nunca mais a ame
novamente. Se eu não posso, ninguém mais pode. Você vai morrer
essa noite, PIRANHA.
Brady
Heather
Heather
Rogan
Heather
Heather
Brady
Tudo aquilo era uma estupidez e eu era o único que parecia ter
se dado conta.
Estávamos no trailer do set de filmagens. Três especialistas em
vídeo estavam sentados em frente a dezoito monitores de
computador na parede que mostravam o set de todos os ângulos.
Aquilo era para filmar umas cenas com muita pirotecnia, mas
também para nos permitir monitorar o que acontecia ao redor da
Heather.
“Todos os agentes disponíveis, confirmem a posição”, eu disse
no canal aberto.
“Cooper, no set com a Harpa Harmônica.”
“Lopez, na interseção noroeste.”
“Crowe, ao lado da Starbucks, atrás da barricada sul.”
“Matthews, na frente da barricada oeste.”
Quando eles terminaram, anotei as localizações no mapa.
Tínhamos dois agentes extras na missão daquele dia para manter
Heather o mais segura possível, para nos certificar de que iríamos
pegar os desgraçados que estavam fazendo aquilo. Além disso,
havia a própria segurança do estúdio. Sem contar o departamento
de polícia de LA, que havia colocado oficiais para vigiar as barreiras.
Havia uma lista curta de pessoas que estavam autorizadas a entrar
no set, uma lista que eu mesmo avaliei no dia anterior. O lugar
estava mais seguro do que o palácio de Buckingham. Eu não queria
arriscar.
Asher caminhou na minha direção e abaixou a voz. “Essa é a
terceira checagem que você faz em dez minutos.”
“Estou mantendo todos alertas”, respondi com teimosia. “Não
quero ninguém com preguiça.”
Asher deu um tapinha nas minhas costas para me tranquilizar.
“Vai ficar tudo bem.”
“Você não sabe.”
“Eu sei”, ele respondeu. “Porque estamos nos certificando de
que tudo fique bem.”
Fiz uma careta. “É isso que me preocupa, Asher. Se alguma
coisa acontecer com a Heather vai ser nossa culpa, e…”
Interrompi a fala quando a porta se abriu e a última pessoa que
eu queria ver na terra entrou no trailer. A porra do Jimmy
Cardannon.
Rogan se virou para ele. “O que você está fazendo aqui?”
Cardannon deu uma olhada no trailer e ajustou seu terno.
“Fomos contratados por Pedro Ortega, o ator principal. Ele não se
sente seguro pelo ambiente atual criado pela situação de Amirah
Pratt. Estou aqui para ficar de olho.”
Eu não podia acreditar que ele estava ali em carne e osso. Era
como se ele estivesse zoando com a nossa cara. Cerrei o punho e
me preparei para desferir um golpe.
Mas Rogan me conteve.
“Você acha que não sei o que está acontecendo?”, Rogan
cresceu para cima dele como um lutador de MMA. “Primeiro você
aparece no restaurante onde os tiros ocorreram e agora você está
aqui no set?”
O sorriso de comedor de merda do Cardannon se escancarou.
“Aquele restaurante tem o melhor sushi da cidade. Na verdade, eu
estava esperando encontrar alguns atores que iam para a festa e
convencê-los a contratar os serviços da Heimdall, mas a sua
empresazinha vulgar fracassou tanto que eu nem precisei. Devo
dizer que tenho que agradecê-los.”
Ele estendeu sua mão e Rogan a repeliu com um tapa. “Devo
dizer que tenho que te encher de porrada bem agora.”
Rogan desferiu um soco e eu o segurei antes que ele pudesse
acertar Cardannon. Asher o segurou pelo outro lado e afastamos
nosso amigo antes que ele fizesse algo que pudesse se arrepender.
“Não se preocupem – Tenho dois agentes da Heimdall
patrulhando as barricadas”, Cardannon disse. “Já que seu grupinho
ridículo não consegue proteger Amirah Pratt, faremos isso por
vocês. Ela pode dar o tanto de autógrafos que quiser sem uma ruga
de preocupação naquela carinha bonita.”
Rogan abriu a boca, mas hesitou. Eu estava pensando a
mesma coisa que ele: Cardannon sabia que Heather estava
substituindo Amirah? Se sim, nosso plano tinha fracassado desde o
começo. Estávamos fazendo papel de bobos.
Cardannon sorriu amplamente. “Vou patrulhar a área. Prefiro
estar entre a multidão ao invés de sentado com a bunda no ar-
condicionado. Quando a Agência Weiman demitir vocês e
finalmente nos contratar, eu pago uma rodada de cerveja para
compensar.”
“Você não vai conseguir continuar seu showzinho”, eu disse.
“Vamos te impedir.”
“Duvido”, ele deu uma risadinha. “O quê? Nenhuma piadinha
sobre minha palidez? Ninguém vai me mandar passar filtro solar na
cabeça? Vocês três devem estar realmente preocupados com o
serviço. Como deveriam”, ele continuou rindo quando saiu do trailer.
“Vocês acham que ele sabe?”, perguntei.
Rogan chacoalhou a cabeça. “Parece que não. Ele não teria
resistido em fazer piada com nosso plano.”
“Verificamos o histórico de todo mundo trabalhando no set
hoje”, Asher disse pensativo. “E ainda assim Cardannon está
aqui…”
Ele deve ter implantado alguém, pensei. O set não estava tão
seguro quanto pensamos.
“Você acha que ele tentaria algo mesmo sabendo que estamos
aqui para tentar impedi-lo?”, eu disse.
“Acho que ele é arrogante o suficiente pra pensar que pode se
dar bem”, Rogan respondeu. “Fazer isso bem debaixo dos nossos
narizes vai ser muito mais vergonhoso pra nós”
“Isso faria com que realmente perdêssemos o contrato com a
Weiman”, Asher concordou.
“Vamos ter que manter nossos olhos e ouvidos atentos”, Rogan
disse firmemente. “Heather vai distribuir autógrafos logo após a
cena de pirotecnia. Fiquem prontos.”
“Eu deveria tentar obter a localização dos agentes dele?”,
Asher perguntou.
“Não precisa”, respondi. “Aposto mil dólares que é uma
distração.”
Rogan assentiu. “Concordo com o Brady. Vamos continuar com
o nosso plano conforme combinamos.”
Achei a tela de computador que mostrava a localização do
diretor. Heather estava parada a alguns metros, mudando de um pé
para o outro no seu vestido verde. Apertei a mandíbula com tanta
força que doeu.
Vamos te proteger, Heather.
“Sala de controle pronta”, um dos produtores disse de trás da
mesa. Ele estava falando num comunicador. “Todas as câmeras
estão em posição.”
Eu nunca tinha acompanhado as filmagens em um set antes.
Era legal ver os caras coordenando a equipe de pirotecnia e os
operadores de câmera por todo o set. Uma pilha de pedras e vidro
de uns 60 metros era o foco da atenção de todo mundo, uma
estrutura feita para parecer o canto de um arranha-céu. Homens
usando capacetes de segurança desenrolavam arame farpado da
estrutura até atingir 160 metros, além de onde estavam o diretor,
Heather e o resto da equipe. Um som que parecia um alerta de
tornado tocou, avisando a todos que mantivessem distância.
Um dos caras no trailer falou no comunicador: “Preparar para
a demolição em quatro, três, dois…”
Não houve uma grande explosão, só um clarão em volta da
base da coluna de pedra. Senti a onda de choque sacudir meu pé e
então a estrutura toda colapsou. As telas no trailer mostravam a
cena de doze ângulos diferentes. Os produtores deram uma
enxurrada de comandos nos seus rádios.
“A demolição foi um sucesso, mas os destroços no ar são
maiores do que antecipamos.”
“Tomada completa – iniciar limpeza da nuvem de poeira.”
“O vento mudou pro Sudoeste. Sigam ao Norte para evitar o
pó.”
Eu via sobre o que eles falavam nas telas: a demolição criou
uma nuvem de poeira cinza enorme. Ela se espalhava em todas as
direções, mas principalmente para o sul e o oeste – na direção do
diretor e sua equipe.
“Não! Não! Não!”, o diretor gritava. “Você disse que o vento
estava na direção leste!”
A equipe se dispersou. O caminhão de tacos atrás de Heather
começou a fechar as janelas rapidamente, como se estivesse se
preparando para partir, espalhando jarras de condimentos e
guardanapos em todas as direções.
“Não gosto nada disso”, eu disse.
Rogan continuou encarando a tela, com os olhos arregalados e
intensos.
“Será que isso é um ataque?”, Asher perguntou. “Destroços na
nuvem de poeira?”
“Saiam já daí”, Rogan falou no seu rádio. “Repito: removam a
Harpa Harmônica do local imediatamente. Abortar missão.”
Na tela, Cooper colocava um braço em volta de Heather e a
guiava em outra direção, mas era tarde demais. A enorme nuvem de
poeira e detritos estava rolando em direção a eles como ondas
contra a costa, encobrindo todo mundo com uma névoa grossa e
cinza.
“Visibilidade prejudicada”, disse Cooper. “Removendo a Harpa
Harmônica pelo Sul até…”, ele foi interrompido por um ataque de
tosse.
Os caras dentro do trailer estavam rindo da cena. “Sherman vai
ficar puto!”
Em qualquer outro contexto teria sido engraçado: um bando de
atores de elite de Hollywood engolidos repentinamente por uma
nuvem de poeira, arruinando as roupas caríssimas que usavam. A
poeira não continha nada como fibra de vidro ou partículas
perigosas. Só ia causar um desconforto por um ou dois dias.
Mas Rogan, Asher e eu estávamos entrando em pânico.
“Perdi a Harpa Harmônica de vista!”, disse Asher. Ele tocou em
um dos controladores que estavam no trailer e disse. “Você pode
dar zoom na tela seis?”
“Claro, cara, mas não vai adiantar muito…”
Peguei meu telefone, e abri o aplicativo de rastreamento.
Heather ainda estava presa no meio da nuvem de poeira. Ela tinha
se movido alguns metros, mas não para muito longe.
“Cooper: volte pro trailer!”, Rogan gritou no rádio.
Um pensamento doentio me ocorreu. “Rogan, e se essa for a
estratégia? Fazê-la voltar ao trailer e emboscá-la?”
O terror invadiu seus olhos. “Lopez, venha pro trailer
imediatamente!”
“Afirmativo.”
A porta de repente se abriu e Jimmy Cardannon irrompeu
dentro do trailer. Ele segurava seu próprio comunicador e olhava
para as telas. “Não vejo Pedro Ortega em nenhuma das telas.”
“Ele estava no meio da nuvem, com o diretor e Amirah”, um
dos caras disse a ele.
Rogan rosnou para Cardannon. “É este seu plano? Usar a
demolição como distração?”
Cardannon ignorou o que ele disse enquanto ouvia seu
comunicador. Ele estava suando e nervosamente roçando seus
dedos. Ele era um cara arrogante, eu nunca o tinha visto nervoso
antes.
“Eu não me importo com as barricadas!”, Cardannon xingava
no rádio, “Andem logo e certifiquem-se da segurança de Pedro!”
Respirei aliviado por um tempo. Cardannon não tinha
orquestrado aquilo como uma distração. Não era parte de um plano
para machucar Amirah.
O que significava que, apesar da inalação de poeira, Heather
estava segura. Encarei o ponto no meu aplicativo de GPS e relaxei.
Bem naquele momento, a nuvem de poeira começou a
dissipar. Um dos membros da equipe tinha encontrado um ventilador
industrial que era usado para manter a temperatura e o virou na
direção da poeira. Um por um, o diretor e os outros ficaram visíveis
de novo, com os rostos cobertos e acenando freneticamente.
“Cooper, vamos lá!”, Rogan disse. “Perdemos vocês de vista.
Você está trazendo a Harpa Harmônica pro trailer?”
Nenhuma resposta.
Fiz uma careta olhando para o telefone. “Ainda vejo a Harpa
Harmônica no mesmo lugar que antes, perto do diretor…”, parei e
encarei a tela. “Ela deveria estar bem ali. Onde ela está?”
“Lopez?”, Rogan demandou.
“Estou no trailer”, Lopez respondeu. “Nem sinal de Cooper ou
Harpa Harmônica.”
Meu estômago deu uma reviravolta.
Rogan e Asher começaram a gritar pedindo para os caras
darem zoom na tela, mas eu sabia a verdade. Corri para fora do
trailer em direção ao set em super velocidade naquele dia
ensolarado.
Não, não, não, pensei, em pânico. Por favor, não.
Alcancei o diretor, que estava gritando com alguém, qualquer
pessoa, para que trouxessem água para ele. Heather e Cooper
tinham estado bem ao seu lado esquerdo, mas não estavam mais.
De acordo com o aplicativo, ela deveria estar bem ali.
“Brady?”, Asher perguntou no rádio. “Você os vê?”
Procurei em todas as direções. O pânico cresceu no meu peito
e me deixou sem respirar.
Então notei o par de sapatos pretos de salto caros, no qual
Asher havia inserido o rastreador GPS, em cima de um engradado
de garrafas de água.
“Negativo!”, eu disse com a voz trêmula. “Harpa Harmônica
desapareceu. Heather desapareceu.”
47
Heather
Heather
Rogan
Rogan
Heather
Heather
Asher
Heather
Heather
Eu me arrependia de tudo.
E para todas as mulheres que fingem que gravidez é linda,
natural e gloriosa: vocês são ridículas!
Os primeiros meses de gravidez não foram ruins. Eu tinha
enjoos matinais uma ou duas vezes por semana. Fiquei sensível a
alguns cheiros, como alcaçuz ou lavanda. Se eu cheirasse qualquer
nota disso, eu imediatamente ficava enjoada. A pior parte dos
primeiros meses era não poder consumir cafeína. Para ser sincera,
eu sentia falta de café mais do que de álcool.
Os rapazes nunca estiveram tão atraídos por mim. Eu achava
que estavam sendo carinhosos no meu primeiro mês como babá,
mas não se comparava à maneira como eles estavam me tratando
agora que eu carregava o filho deles. Eles diziam que eu era linda.
Alegavam que eu estava radiante. Não conseguiam tirar as mãos de
mim e insistiam em fazer amor a qualquer hora do dia. Os três se
alternavam me visitando enquanto as crianças estavam cochilando
para podermos aproveitar a tarde.
Mas eles me tratavam como se eu fosse feita de vidro. Era
como se eles estivessem com medo de realmente me dar sexo
radical e intenso. Brady estava especialmente mal com isso. Depois
de fazer sexo na posição da missionária três vezes em sequência,
finalmente parei de me conter e disse a ele para me tratar
normalmente.
“Você não precisa ser gentil”, insisti. “Estou bem. O bebê está
bem!”
“Eu gosto de fazer isso devagar. Estou amando isso”, ele
respondia, mas eu sabia que era só uma desculpa.
Felizmente, Asher me dava exatamente o que eu queria.
Depois de encorajá-lo, ele me dobrava sobre a cama do quarto de
hospedes, me golpeando como se eu fosse um daqueles postes que
você martela com a maior força que puder para ganhar o prêmio em
parques de diversão. E, ai meu Deus, Asher sabia como me
martelar. São sempre os mais calados que sabem o que estão
fazendo.
Às vezes uma garota só precisa ser fodida corretamente.
Então sim, os primeiros quatro meses não foram tão ruins. Mas
à medida que eu me aproximava do final do segundo trimestre, e
então do terceiro, a gravidez deixou de ser gatinhos e arco-íris.
Eu estava inchada o tempo todo. Não só minha barriga, mas
tudo! Tive que comprar sapatos novos, porque meus pés
aumentaram de tamanho três vezes. Meus dedos pareciam
salsichas em conserva e minhas mãos estavam só um pouco menos
inchadas.
O resto do meu guarda-roupas se tornou inútil. Ir às compras
era um saco naquela condição, então comprei cinco togas online e
as revezava.
Comecei a sentir os sintomas de menopausa. Ninguém fala
sobre isso, não é? Em um minuto eu sentia um calor insuportável e,
no momento seguinte, parecia que meu corpo estava mergulhado
no gelo. Eu tomava mais ou menos sete duchas por dia. Eu tinha
que trocar de roupa todas as vezes que ia ao banheiro, porque
suava feito uma louca.
Falando sobre banheiro, eu fazia xixi a cada duas horas. Não
importava se eu tinha tomado alguma coisa de manhã, meu corpo
ainda achava xixi para se livrar. Um inferno. Se eu pensasse em um
copo d’água, tinha que ir ao banheiro. O anjinho ocupando minha
barriga parecia ocupar a bexiga também. Obrigada, futuro filho.
Eu estava cheia de gases. Não vou elaborar muito nem
responder perguntas.
E ainda havia as mudanças emocionais. A menor
inconveniência me deixava completamente furiosa. No minuto
seguinte, eu via um filhote num comercial de TV e começava a
chorar. Um pouco mais tarde, eu ficava inebriada e ria de qualquer
idiotice nos desenhos animados das crianças. Era toda uma gama
de emoções.
Hormônios são estúpidos. Quer ganhar um bilhão de dólares?
Invente uma pílula que estabilize todos estes picos emocionais.
Eu tinha certeza de que o bebê seria jogador de futebol na
próxima geração da Seleção dos Estados Unidos. Porque ele ou ela
amava chutar. A primeira vez que senti foi um deleite: prova de que
meu bebê estava saudável e vivo! E ele era agressivo assim como a
mãe!
O deleite virou ódio rapidamente. O bebê devia estar
entediado, porque ele não fazia mais nada a não ser chutar as
paredes do meu útero. De manhã, de tarde e, obviamente, de noite.
E de madrugada, enquanto eu tentava dormir. Bebês não tem a
mesma agenda que suas mães antes de nascer.
“Eu te dou um milhão de dólares se você me deixar em paz”,
resmunguei uma noite.
“Combinado”, Brady murmurou ao meu lado. Ele estava quase
dormindo porque ele não tinha um aspirante a jogador de futebol
praticando dentro do seu saco. “Não vale retirar o que disse.”
E falando em dinheiro, finanças não eram mais um problema
para mim. Pelo menos não a curto prazo. Em seis meses como
babá eu tinha juntado uma reserva tão grande que poderia ficar à
toa por alguns anos se quisesse. E além disso, eu não tinha
despesas reais: não renovei meu contrato de aluguel no
apartamento com Maurice, continuei morando na residência dos
rapazes e eles pagavam por toda a comida e o resto. Eles até
encontraram uma forma de me inserir na folha de pagamento da
HLS Segurança para que eu pudesse ter acesso ao plano de saúde
da empresa. O que era excelente, porque estar grávida é muito
caro. Sério, se você não quer engravidar, compre camisinhas. Elas
são muito mais baratas do que as consultas médicas e sessões de
pré-natal. Além disso, o preço só aumenta depois que o bebê nasce.
Mas era bom saber que eu tinha dinheiro no banco naquele
momento. Eu não estava acostumada a me sentir daquele jeito.
Muito melhor do que estar quebrada o tempo todo, sobrevivendo de
restos do Outback toda noite.
Mas enfim, o terceiro trimestre é uma merda. Pode anotar. Vale
a pena lembrar as pessoas que não levam isso a sério. Escute sua
boa amiga Heather Hart.
A única parte boa eram os rapazes. Rogan, Brady e Asher
foram absolutamente perfeitos durante todo o processo. Cuidaram
de todas as minhas necessidades, mesmo quando eu tinha desejos
irracionais como sorvete de chocolate no meio da noite. Brady fazia
massagens nos meus pés todas as noites quando chegava do
trabalho, mesmo exausto.
Seu apoio era forte e inabalável. Eles me amavam de verdade,
nos bons e nos maus momentos. Foi uma experiência maravilhosa.
Eu me sentia segura.
Os três ainda fizeram amor comigo, mesmo comigo me
sentindo mais feia do que nunca. “Deve ser tipo transar com uma
almofada gorda”, eu disse numa noite.
Rogan gentilmente beijou minha bochecha. “Heather, nunca
estive tão atraído por você.”
“Você é um grande mentiroso”, respondi, “mas mente bem,
então tudo bem.”
Assim que superei o fato de me sentir um balão, o sexo ficou
ótimo. Surpreendentemente. Existe algo na liberação de hormônios
que me ajudava a aliviar as cólicas. Não importava como, eu estava
feliz por ter três homens satisfazendo todos as minhas
necessidades.
Apesar de Brady ainda me tocar como se eu fosse vidro fino
que ia se quebrar se ele empurrasse com muita força.
Todo o resto nas nossas vidas durante a gravidez também era
ótimo. Pegar os assediadores de Amirah Pratt fez com que a HLS
Segurança deslanchasse. Eles assinaram mais uma dúzia de
contratos com clientes da Agência Weiman e logo conseguiram
tantos clientes no Sul da Califórnia que tiveram que contratar mais
pessoal.
Rogan até contratou alguns gerentes para ajudá-lo na
administração, o que permitia que ele passasse menos tempo no
escritório e mais tempo com a família. Passamos um dia na Disney
e, apesar da multidão e da comida superfaturada, foi um ótimo dia.
Os trigêmeos estavam ótimos. Eles encararam com
tranquilidade o fato de que teriam um novo irmãozinho ou irmãzinha.
Dustin e Micah estavam especialmente doces, se oferecendo para
me trazer comida e bebidas. Depois de um acidente particularmente
confuso com suco de laranja, eu não os deixei fazer isso mais. Mas
o gesto foi doce e me encantou ainda mais.
Os três foram para a escola. Dustin e Micah se deram bem
naquele ambiente e amavam estar rodeados por outras crianças.
Cora foi quem mais demorou a se adaptar. Ela estava acostumada a
ficar quieta lendo seus livros o dia todo e, de repente, ela não podia
mais fazer isso numa sala de aula com muita matéria sendo dada.
Os dois primeiros meses foram duros: Cora inventava desculpas e
doenças falsas para não precisar ir à escola. Era uma batalha por
dia.
“Por que não posso ficar aqui com você?”, ela implorou um dia.
“Os meninos podem sair enquanto as meninas ficam em casa.”
Acariciei seu cabeço para trás e fiz um rabo de cavalo. “Não é
assim que funciona, querida. Eu também não gostava da escola
quando tinha sua idade, mas ainda bem que fui assim mesmo. Vai
ser bom para você, eu prometo.”
Finalmente ela aceitou que a escola era parte da sua vida e
parou de nos dar trabalho de manhã. Mais tarde descobri que era
porque ela tinha feito amizade com a bibliotecária da escola, que a
tinha recrutado para ajudar a arrumar os livros durante o recreio.
Logo Cora estava se vangloriando para todos que ela seria
bibliotecária quando crescesse.
“Bibliotecas são estúpidas!”, Micah disse.
“Você é estúpido!”, Cora gritou de volta. “Se você disser isso de
novo, vou te bater.”
Micah correu para o seu quarto. Mencionei que Cora foi a
primeira a ter o famoso estirão? Ela era uma cabeça maior que os
irmãos naquele momento e não tinha medo de usar isso contra eles.
A escola estava ajudando-a a sair da sua concha.
As aulas acabavam às duas todos os dias. Como eu estava no
terceiro semestre da gravidez, Maurice e Jason ficavam com as
crianças quase sempre. Maurice tinha jeito, mas era totalmente
natural para Jason. E as crianças o adoravam. Eles o chamavam de
Tio Jota e estavam sempre felizes em vê-lo quando chegavam em
casa.
“Ele vai ser um ótimo pai”, disse Maurice numa noite, enquanto
tomávamos coquetéis. Ele bebia uísque com Coca enquanto eu
bebia a versão não alcoólica (Coca Diet). “Quero ter vários filhos
com ele. Pelo menos três.”
“Fácil falar quando você não precisa carregá-los dentro da
barriga”, eu disse, apoiando a mão na minha barriga enorme.
“Alguém vai fazer todo o trabalho difícil por você.”
“Eu sei!”, ele disse, com alegria. “Não é ótimo?”
Joguei minha lata vazia de Coca Diet nele.
“Ei! Cuidado com meu rosto. Vou gravar amanhã!”
“Ah, é?”, eu disse. “O vídeo para a universidade?”
“Sim!”, ele respondeu. “Você está olhando para o estudante
negro número três.”
Maurice e eu estávamos sendo agenciados pela Agência
William Morris. Eu não queria filmar nada enquanto estava grávida,
embora houvesse muitos testes para grávidas acontecendo. Mas
Maurice estava percorrendo seu trajeto devagar.
“Você está animada pra voltar a trabalhar?”, ele perguntou.
“No momento só estou animada pra tirar essa criança de
dentro de mim.”
“Você está grávida, isso é um saco, eu sei”, ele disse
secamente, “mas chega disso. Vamos falar sobre bolo. O
casamento é em quatro semanas e ele precisa decidir.”
Não, não estávamos falando sobre o meu casamento. Maurice
pediu Jason em casamento há dois meses e o ex-fuzileiro disse sim
imediatamente. Ajudar Maurice com o planejamento era uma boa
distração do meu estado de espírito de balão exausto.
Eu era sua madrinha, mas ele me livrou da maioria das
responsabilidades. Ele disse que a despedida de solteiro podia ficar
para o ano seguinte, já que, depois do parto, eu poderia voltar a me
divertir.
“Queria que vocês tivessem marcado a data pra depois do
parto também, murmurei, olhando o catálogo de bolos.”
“A igreja de Jason teve um cancelamento”, Maurice disse
pacientemente. Não era a primeira vez que falávamos sobre aquilo.
“Não é minha culpa se você vai parir duas semanas depois do
casamento”, ele apontou para minha barriga, “diga a esse serzinho
que se apresse. Pisa no acelerador ou algo assim!”
“Não me provoque”, eu disse, “estou prestes a ligar para o
médico e pedir uma cesariana amanhã, pouco me importa se é um
mês antes da hora.”
Heather
Para todas as mães que fingem que gravidez é fácil: vocês são
as mesmas mentirosas que falam que o parto é natural e fácil.
Advinha só: não é. Não é fácil, nem bonito, nem romântico, mas é
definitivamente natural, da mesma forma que um tigre comer uma
gazela é natural.
Também foi dolorido. Mais dolorido do que andar numa
bicicleta com o assento feito de lâminas. Então, para todas as mães:
obrigada por embelezarem as piores horas da minha vida.
A maioria dos detalhes será poupado, mas acredite no que eu
digo: parir é um inferno. Se houvesse uma próxima vez, eu
escolheria cesariana. Me corte, doutor.
Mas consegui. Meus três homens estavam ali, usando a
proteção do hospital por cima do uniforme azul de fuzileiros. Eles se
revezaram segurando minha mão enquanto eu empurrava e gritava
e chorava.
Uma das enfermeiras fez um comentário sobre qual dos três
era o pai. Não me lembro exatamente do que disse, mas não foi
legal.
Quando acabou, o médico segurou o bebê na nossa direção.
Brady imediatamente explodiu em lágrimas.
“É um menino! E que garotão!”
“Isso é o cordão umbilical”, o médico disse, fazendo um
pequeno corte. “Mas você tem razão, é um menino.”
Ele – era realmente um menino! – gritou a plenos pulmões
quando respirou pela primeira vez. Seus olhos estavam
comprimidos e fechados e ele estava coberto de gosma, mas era o
mais lindo pacotinho que eu tinha visto na vida.
O médico colocou o bebê no meu peito desnudo. Contato com
a pele da mãe é importante, fato que aprendi em um dos mil livros
sobre gravidez que havia lido no mês anterior. Assim que ele tocou
minha pele, parou imediatamente de chorar.
“Ai meu Deus…”, eu disse.
Era uma sensação difícil de explicar para alguém que nunca
passou por isso. Eu nunca tinha amado alguém tanto na vida. Era
como se eu tivesse um filhotinho agarrado no meu peito, só que o
bichinho tinha vindo de dentro de mim.
Na verdade, sei como descrever: como um sexto sentido. Eu já
era dotada de visão, audição, tato, paladar e olfato, o amor
incondicional por aquele bebê completava o time. Era um
sentimento especial, que mudou a forma como meu cérebro
funcionava. Eu conseguia entender por que as mulheres passam
por todos os horrores da gravidez e do parto para ter aquela
recompensa no final.
Olha só, meus hormônios estavam tomando conta e me
fazendo esquecer das partes ruins.
Adormeci com o bebê no meu peito. Acordei algumas horas
mais tarde num quarto diferente e os homens puderam pegá-lo.
Rogan deu um beijo na cabeça do bebê e sentiu seu cheirinho.
Asher não conseguia parar de sorrir.
Depois da vez de Brady, estiquei meus braços para pegá-lo de
volta. “Não. Não vou soltar esse rapazinho”, ele me disse. “Vá fazer
outro pra você.”
Sorri e o deixei segurar o bebê por mais tempo.
“Micah e Dustin vão ficar muito felizes com outro garoto”,
Rogan disse.
Asher assentiu. “Cora queria uma irmãzinha, mas acho que ela
vai adorar cuidar do irmãozinho.”
As coisas eram um borrão. Comi alguma coisa, então dormi.
Os enfermeiros me acordaram porque era a hora de amamentar,
então eu o alimentei. O bebê pegou meu peito facilmente e não
ficou agitado.
Maurice e Jason me visitaram no dia seguinte. “O que vocês
estão fazendo aqui?”, perguntei quando os vi entrar no quarto.
“Nosso voo para Honolulu é só no fim da tarde”, Maurice disse.
“Heather, querida, você está brilhando!”
“Você me falou isso ontem no casamento, enquanto eu ainda
era uma bola de praia”, respondi.
“Sim, mas hoje está ainda mais!”, ele me deu um abraço.
“Onde está meu pequeno sobrinho? Eu quero segurá-lo primeiro.
Jason, espere lá fora.”
“Um dia de casados e já sou coadjuvante”, Jason disse
sorrindo.
Maurice o beijou na bochecha. “Você sabe com quem se
casou. Rogan. Bebê. Agora.”
Rogan entregou o pacotinho para Maurice. Ele estava
embrulhado em um cobertor azul e dormia gentilmente. Maurice
olhou para ele por alguns minutos e então olhou em volta.
“Ele tem as bochechas de Asher”, ele apontou, “o cabelo
cacheado de Brady e os olhos pretos de Rogan.”
“Querido?”, Jason colocou uma mão no seu ombro. “Não sou
geneticista, mas não é assim que funciona.”
“Estou dizendo que é interessante que não dê para saber
quem é o pai”, Maurice respondeu. “Poderia ser qualquer um dos
três.”
“Ou um quarto homem secreto”, interrompi.
Os três me olharam alarmados.
“Ela já está toda piadista?”, Maurice perguntou. “O parto deve
ter sido fácil.”
“Não foi”, respondi. “Sinto muito ter perdido o final da sua festa
de casamento.”
“É melhor sentir. Eu pretendia jogar o buquê diretamente pra
você, mas não tive a oportunidade. Uma garotinha que eu nem
conheço pegou no seu lugar. Ai, se você não tem dezesseis anos
ainda, não deveria poder disputar o buquê.”
Sorri enquanto Maurice ninava o bebê. Fiquei feliz por não ser
óbvio saber quem era o pai naquele momento ainda. Queria que os
três o amassem igualmente. Não que eles tivessem favoritos entre
os outros três, mas… sabe como é.
“Toc-toc!”, Sr. Howard chamou do corredor. Ele trazia um urso
de pelúcia nas mãos. “Aqui está minha aluna favorita”.
“Sim, aqui estou eu”, disse Maurice. “Sua melhor aluna.”
Sr. Howard ignorou sua piada e se inclinou para beijar minha
mão. “Trouxe pra criança. O que é?”
“Não tem rabo, então acho que é humano”, disse Brady.
Sr. Howard olhou para ele pacientemente. “Um garoto,
suponho pelo cobertor azul?”
“Sim, é um menino.”
Maurice deu o bebê para Jason. Ele era tão pequeno naqueles
braços enormes, mas o fuzileiro era terno e gentil com ele. Maurice
imediatamente pegou o telefone e tirou uma foto do marido
segurando o bebê.
“Mal posso esperar pra ter nossos quatro”, ele disse.
Sr. Howard esticou a mão para apertar a bochecha do bebê. “E
qual vai ser o nome desse futuro ator, hein?”
Sorri para Rogan, Brady e Asher. Eu ainda não tinha contado
para eles e eles não tinham perguntado. “Seu nome é Mark. Mark
Eugene Hart.”
Sr. Howard mexeu a cabeça. “Eugene?”
“Acho que Eugene é um nome bonito!”, eu disse.
“Mark Eugene”, disse Asher, testando as palavras. “Gostei.”
“Suas iniciais são M-E-H. Mé”, disse Brady. “O bebê de
Heather é doce como o mé.”
Todo mundo riu. “Pare, você vai arruinar o nome!”, eu disse,
mas ria mais do que todos.
“Obrigado, minha querida”, Sr. Howard disse. Ele beijou as
costas da minha mão. “Tenho certeza de que ele vai crescer e se
tornar um ótimo homem. Ele parece o Adrian Grenier. E falando em
atuar, ouvi dizer que seu agente na William Morris está ansioso pra
enviar suas fotos à Netflix. Eles estão abrindo audições pra vários
episódios pilotos. Se você quiser, é claro.”
“Você quer?”, Brady perguntou.
“Não a pressione”, Rogan alertou. “Só faz um dia.”
“Eu andei pensando”, respondi. “E tenho algumas ideias sobre
esses pilotos da Netflix…”
Epílogo
Heather
Um ano depois
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Juliana
Tentação Tripla
Cassie Cole é uma escritora de Romances de Harém Reverso
que vive em Forth Worth, no Texas. Uma apaixonada piegas de
coração, acredita que romances são melhores com um enredo
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