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Sinopse
1. Aflora
2. Aflora
3. Kols
4. Aflora
5. Kols
6. Aflora
7. Aflora
8. Aflora
9. Aflora
10. Zeph
11. Aflora
12. Aflora
13. Kols
14. Aflora
15. Aflora
16. Aflora
17. Kols
18. Zeph
19. Aflora
20. Aflora
21. Zeph
22. Aflora
23. Kols
24. Kols
25. Aflora
26. Zeph
27. Aflora
28. Shade
29. Kols
30. Aflora
Epílogo: Kols
Zeph
Rainha dos Vampiros: Livro Dois
Rainha dos Elementos: Livro Um
Ilha Carnage
Agradecimentos
Sobre a autora
Mais Livros de Lexi C. Foss
Bem-vindos à Academia Fae da Meia-Noite.
Lar das Artes das Trevas.
Vampiros.
E Faes cruelmente bonito.
Minha afinidade com a Terra está morrendo e sendo substituída por algo
mais sinistro. Algo poderoso. Algo mortal.
Dê o seu melhor.
Estou à espera.
E não ouse me morder.
Ou vou fazer você se arrepender.
G lacierDeestava
novo.
atrasado.
P arece
sólido.
um sonho imoral, pensei, me estendendo contra algo quente e
E u nãoA sentia
comida.
falta deste lugar.
Os corvos descansando.
A aura geral de miséria.
Em uma semana, este lugar seria a definição do inferno, cheio de alunos
ansiosos para continuar seus estudos.
Eu os invejava.
Minha vida inteira tinha sido determinada antes do meu nascimento,
meu dever para com uma família que passei a odiar. Tudo e qualquer coisa
que Malik Nacht me dizia para fazer, eu fazia.
Inclusive aceitar um emprego como diretor na Academia quando eu não
tinha interesse ou desejo de ensinar.
Tomei um gole de café, apreciando a forma como ele escaldava minha
boca e garganta enquanto descia. A dor me fez sentir vivo. Ao contrário do
meu ambiente atual.
Aflora se sentou à minha frente, fazendo um beicinho com os lábios
carnudos enquanto olhava o conteúdo de nossas bandejas. Selecionei uma
série dos meus pratos favoritos para ela experimentar, mas a garota não
parecia interessada em nenhum deles.
Mulher impossível.
Ela não pertencia a esse lugar, assim como eu.
Coloquei a caneca sobre a mesa e cruzei os braços, me inclinando em
sua direção.
— Quer uma aula de magia?
Não conversamos muito durante o tour. Gesticulei para os prédios e
disse a ela quais cursos eram realizados e onde, além de apontar as várias
unidades residenciais. Ela permaneceu quieta o tempo todo, provavelmente
porque não planejava ficar aqui por muito tempo.
Dado o que testemunhei dentro da AcaWard mais cedo, ela ficaria aqui
por muito mais tempo do que esperava. Porque Shade claramente possuía
um controle sobre sua psiquê, algo que sugeria que seu vínculo de sangue
era muito mais forte do que deveria.
O que significava que seus poderes iriam crescer juntos.
E isso provavelmente levaria à morte deles.
Um pensamento decepcionante, mas realista.
— Que tipo de lição? — Aflora perguntou, se referindo à minha
pergunta.
— Bem, como você não parece interessada na comida daqui, vou te
ensinar um feitiço fácil para adquirir alternativas. — E, por sua vez,
demonstrar por que ela precisava mudar sua atitude sobre nossas ofertas de
sustento.
Os feitiços de aquisição requeriam energia.
Algo que se tornaria bastante evidente para ela em questão de minutos.
Peguei minha varinha e a coloquei sobre a mesa.
— Como mencionei anteriormente, as varinhas não são a fonte da
magia. Nós apenas as usamos para ajudar a focar a energia. Vou te dar um
exemplo. — Tínhamos uma mesa inteira para trabalhar, as outras vinte
cadeiras ao redor estavam vazias, o que me dava espaço para exagerar um
pouco esta lição. — O feitiço para criar algo comestível é Tareero Tamida e
depois o item.
Bem simples, realmente. Mas sua expressão me disse que ela não
concordava.
— Então eu apenas digo as duas palavras e a comida que quero, então
aparece.
— Bem, você precisa colocar um pouco magia por trás disso. Mas sim,
essa é a ideia geral.
Ela franziu a testa para mim.
— E eu uso a varinha?
— Não é obrigatório. Como eu disse, uma varinha foca nossa magia. —
Sua testa enrugada me disse que ela não estava entendendo. — Aqui. vou
dar um exemplo. Me fale o nome de algo que você esteja com vontade.
— Ah, não sei. Um sanduíche?
Agora era eu quem estava franzindo a testa.
— Você já tem um sanduíche. — Apontei para o misto quente em seu
prato.
— Isso não é um sanduíche.
— Com certeza é.
— Isso tem pão, presunto e queijo. Um sanduíche tem folhas verdes
assadas com perfeição, recheio de inhame, frutas e às vezes uma lasca de
hortelã, se você estiver se sentindo guloso.
Certo. Eu não sabia o que eram essas coisas.
— Que tal outro pão em vez disso? — Que eu, pelo menos, sabia fazer
como já tinha comido antes.
Ela torceu os lábios quando deu de ombros.
— Certo. Pode ser. Você pode fazer pão de amora?
— Existem diferentes tipos de pães?
Depois de me observar por um longo momento, ela disse:
— Pode ser pão de cogumelos.
Que bom, porque era o único que eu sabia fazer. Ao invés de perder
tempo explicando o plano novamente, apenas executei o feitiço.
— Tareero Tamida pão.
Um pão do tamanho de seu prato inteiro apareceu, fazendo com que ela
arregalasse os olhos.
— Isso é enorme — ela ofegou.
— Sim. Porque não controlei o tamanho com a varinha. — Não era
exatamente verdade. As crianças podiam fazer esse tipo de mágica durante
o sono e ainda fazer um pão apropriado, mas eu queria exagerar os
resultados para fins didáticos.
Ei, olhe para mim fazendo jus ao meu papel de diretor, pensei com
amargura.
O rei Malik não ficaria orgulhoso?
Filho da puta arrogante.
Limpando a garganta, afastei os pensamentos negativos e me concentrei
novamente.
— Usando a varinha, você pode controlar o resultado mágico. — Peguei
a varinha e executei o feitiço novamente, desta vez criando um pão de
proporções perfeitas. Então murmurei um feitiço de limpeza que dissolveu
toda a comida na mesa – incluindo os itens que pegamos do chef – e falei:
— Tente você.
Ela considerou por um momento, então assentiu.
— Tudo bem. — Tirando a varinha da capa, ela deu um pequeno aceno
enquanto dizia: —Tareero Tamida sanduíche.
Nada.
Nem mesmo uma contração de magia.
Eu me inclinei para trás na cadeira e observei enquanto ela tentava
novamente.
E de novo.
E de novo.
Tudo sem qualquer tipo de resultado ou uma única pontada de
sentimento.
Depois de sua décima tentativa, ela bufou:
— Não está dando certo.
— É óbvio.
Ela olhou para mim, esperando.
Se ela esperava que eu lhe desse mais instruções, estava bem enganada.
Já expliquei como funcionava o processo. Se ela não conseguia descobrir
como aplicá-lo, isso era com ela, não comigo. Além disso, eu nem deveria
estar aqui.
— Minha varinha está quebrada? — ela perguntou, estendendo a
varinha mágica.
Nem olhei para o item.
— Não. — Porque não tem relação com a varinha, acrescentei a mim
mesmo. Ela precisava descobrir isso sozinha. A magia vinha do sangue. Eu
realmente não podia ajudá-la a encontrar o vínculo. Ela precisava fazer isso
sozinha.
— Bem, isso é útil — ela murmurou, guardando a varinha. — Você
poderia pelo menos explicar como eu faço isso funcionar? — ela perguntou
devagar como se estivesse falando com um idiota.
Respondi a ela no mesmo tom:
— Você tem que acessar sua magia.
— Certo. Como?
— Como você chama sua essência da terra? — contra-ataquei.
— É uma conexão natural através da minha alma.
— Então, aí está — respondi. — Classe dispensada.
Ela apontou para o colar em seu pescoço.
— Acho que você está se esquecendo disso.
— Você está deixando um colar te impedir? Que decepcionante. —
Aquilo só bloqueava sua magia da terra, não seu acesso às artes das trevas.
Eu poderia admitir isso em voz alta, mas diminuiria este exercício.
— Me impedir? — ela repetiu. — Isso me cortou dos meus dons!
— E?
Ela olhou boquiaberta para mim.
— Uau. Você é o pior professor que já conheci.
— É meu primeiro ano — ofereci em explicação. — E tecnicamente
ainda não comecei.
— Bem, você teve um começo horrível — ela murmurou.
Dei de ombros, sem me incomodar com sua tentativa de insulto. Esta
não era a minha escolha de carreira. E se eu tivesse feito do meu jeito,
estaria acabado antes mesmo de começar.
— Então vocês esperam que eu faça magia com uma deficiência — ela
falou. — Ah, mas posso não ter nenhuma magia sombria, o que este
exercício parece confirmar.
— No entanto, você desmantelou um feitiço de alto nível dentro de sua
mente ontem, o que sugere o contrário — apontei. — Não é qualquer um
que pode superar um feitiço de vínculo Nacht.
— A pequena teia, você quer dizer?
— Não havia nada de pequeno naquilo. — No entanto, o fato de ela
considerar aquilo pequeno dizia bastante. — Como você o desfez? — Eu
me perguntei a mesma coisa na noite passada, mas tinha me divertido
demais por ela atacar Kols com uma pancada. Perigoso, sim. E divertido pra
caramba. Quase fiquei desapontado quando ela perdeu.
Infelizmente, ela sempre perderia.
— Encontrei um pedaço da minha luz e a segui — ela respondeu
vagamente. — Não vejo nenhuma luz agora por causa disso. — Ela
gesticulou para seu pescoço novamente.
— Isso corta você de seus elementos, não da magia sombria que está
crescendo dentro de você. — Que eu sentia emanar. Outra dica que eu
poderia dar a ela, mas com que propósito? A melhor maneira de aprender
era fazendo, não sendo liderado. Se ela queria alguma esperança de
sobreviver em nosso mundo, então precisava começar a pensar e agir por si
mesma. Não confiar nos outros para protegê-la.
Mesmo que esse fosse tecnicamente o meu trabalho por enquanto.
Ela balançou a cabeça.
— Isso é uma perda de tempo.
— É mesmo? — questionei. — Eu não fazia ideia.
— Uau. Esta não é mesmo a carreira certa para você.
Eu sorri.
— Suas habilidades de raciocínio são excelentes, Aflora. — Eu me
inclinei para frente. — E você não poderia estar mais certa.
— Então por que você está aqui? — ela perguntou.
— Porque estou cumprindo meu dever para com a coroa conforme
prescrito. — Quer eu goste ou não, adicionei a mim mesmo. Mas chega
disso. — Em relação a seus poderes, o Fae da Meia-Noite puxa através de
nosso sangue, não de nossas almas. Então tente isso em vez do que estava
fazendo antes.
Pronto. Joguei um osso para ela. Agora ninguém poderia me acusar de
não tentar ajudar.
— Através do meu sangue — ela repetiu, com tom cético. — Certo.
— Olha, se você não quer tentar, então coma a merda oferecida no bufê
e vamos voltar. Eu poderia tirar uma soneca, e você tem uma pilha de livros
para começar a ler. Não que algum deles fosse ajudá-la.
Essa pobre garota estava completamente fodida.
E não era problema meu.
Então por que você está tentando ensiná-la? alguma voz inútil no fundo
da minha mente perguntou.
Eu a afastei. Não a estava ajudando, só dando algumas orientações para
ela começar.
Aflora me encarou e seus olhos azuis brilharam de um jeito que me
lembrou sexo.
Calorosa.
Apaixonada.
Feroz.
Sexo.
O tipo de transa que eu gostava.
Não. Vai. Acontecer.
Exceto que sempre fui a favor do proibido. E nada poderia ser mais
proibido do que a mulher sentada na minha frente. Com a boca carnuda,
mandíbula delicada, pescoço esbelto e, humm, aquele corpo. Ela podia estar
embrulhada em uma capa agora, mas eu já tinha notado seus amplos
recursos – peitos empinados, cintura fina e uma bunda em forma de
coração.
Eu não era cego.
Aflora era uma mulher deslumbrante. E estritamente fora dos limites
por uma infinidade de razões.
O que só a tornava mais atraente.
— Tareero Tamida sanduíche — ela disse de repente, seu tom repleto de
poder.
Entreabri os lábios quando uma bolha verde gigante, parecida com um
envoltório, apareceu. Sua extremidade frontal pousou entre nós enquanto se
estendia por toda a extensão da mesa muito longa e descia para o chão.
Aflora arregalou rapidamente os olhos que estavam semicerrados.
— Ah... varinha.
Sim. A varinha.
Mas eu não estava tão preocupado com o sanduíche que ainda estava
crescendo, mas sim com a palidez se espalhando por suas bochechas.
— Aflora...
Ela começou a tremer, suas íris cerúleas se reviraram, enquanto a
energia murchava de seu corpo pequeno.
Merda.
Pulei da minha cadeira e atravessei a mesa – e a monstruosidade cada
vez maior em cima dela – e aterrissei ao seu lado a tempo de pegá-la antes
que ela caísse.
— Qalto — resmunguei, fazendo meu feitiço superar o dela e dissolver
a atrocidade verde em pó.
Aflora gemeu. Sua consciência lutava pela vida enquanto seu corpo
cedeu completamente.
— É por isso que recomendo que você coma nossa comida — eu
informei baixinho. — A magia requer força, e a força vem da nutrição
adequada.
Se ela me ouviu, não respondeu.
Com um suspiro, eu a peguei no colo.
— Acho que vamos continuar esta lição mais tarde.
Assim que ela acordasse.
CAPÍTULO ONZE
AFLORA
— T udo bem, é aqui que deixo você — Ella falou, parando na frente
de um edifício de aparência sinistra com torres altas, pretas e
móveis. Bem, não exatamente se movendo. Era mais como se as videiras
em volta delas estivessem se movendo.
Por causa das cobras.
Reprimi um estremecimento.
— Vá até a gárgula, dê seu nome, e ela vai permitir que você passe —
Ella acrescentou, gesticulando para uma estátua de pedra rosnando a poucos
metros de distância.
— Sim, ela parece amigável — murmurei.
Ella bufou uma risada.
— São todos assim. Elas pensam que são donas do campus. — Ela
começou a andar para trás enquanto dizia: — Não recomendo chutá-las.
Cometi esse erro no início, e ela tentou arrancar meu pé. Na minha opinião,
idiotas irritantes. — Ela deu de ombros e se virou com um aceno. — Boa
sorte.
Enrolei meu manto com mais firmeza ao meu redor como se fosse um
cobertor em vez de uma peça do meu guarda-roupa da Academia. O toque
da varinha no bolso interno tornava impossível esquecer o verdadeiro
propósito.
Mordiscando o lábio, fui até a gárgula e disse:
— Sou Aflora, Fae Elemental da Terra.
Dois pontinhos de vermelho brilhante escanearam minha roupa, a
expressão hostil se tornando ainda mais malvada.
— Sua assinatura de energia é uma mistura intrigante de magia – parte
Real, parte Fae da Meia-Noite. — O ranger de pedras aprofundou a voz do
ser, dando-lhe um tom rouco que me fez estremecer.
— Tenho uma aula aqui hoje de magia da morte — falei. — Se você me
permitir entrar, estarei a caminho.
— Tão educada. Tão anormal. Assim como sua magia. Você é meio
difícil, não é? — Aqueles pontos afiados de luz vermelha encontraram meu
olhar. — Este não é o curso ou o campus para você.
— Apenas deixe-a passar, Sir Schmahl — Shade disse enquanto se
materializava ao meu lado. — Como minha companheira escolhida, ela tem
Sangue de Morte correndo em suas veias. Este é um curso apropriado para
ela, mesmo que ela seja muito fraca para lidar com isso.
— Muito fraca? — rebati, focando no toco de salgueiro à minha
esquerda. — Eu não sou fraca.
— Vamos ver, não é, amor? — Ele voltou a se concentrar na gárgula
eriçada. — Vamos, Sir Schmahl. Você sabe que quer ver o resultado deste
pequeno teste tanto quanto eu. Vai ser divertido vê-la falhar, não vai?
— Hum, sim. Sim, ela vai falhar — a gárgula concordou.
— Sério? — Olhei boquiaberta entre os dois. — Me intimidando no
meu primeiro dia de aula? Que encantador. — Não me passou despercebido
quantas vezes chamei Shade de encantador em um sentido sarcástico.
— Sem bullying, só estamos falando de forma prática — Shade
respondeu, exibindo suas covinhas. — O que me diz, Sir Schmahl? Está a
fim de um pouco de diversão rebelde?
— Se ela morrer, não sou responsável — foi a resposta sombria da
gárgula.
A porta se abriu ao lado dele, mostrando um túnel repleto de tochas.
Excelente. O interior combina com o exterior sinistro.
Shade pressionou a palma da mão na parte inferior das minhas costas,
me dando um empurrãozinho.
— Não se preocupe, Sir Schmahl. Vou dar um jeito em qualquer
confusão que ela criar.
Um bufo seguiu aquele comentário. Ou talvez fosse apenas a gárgula
mudando de posição. Eu realmente não poderia dizer, os sons eram difíceis
de decifrar.
— Venha, gatinha — Shade sussurrou em meu ouvido. — Vou te
acompanhar até a sala de aula.
Eu me irritei, mas não discuti. Principalmente porque eu não tinha ideia
de para onde estávamos indo. O cronograma que Zephyrus me deu não
listava os números das salas, apenas os prédios. E em nossos passeios esta
semana, ele não disse nada sobre onde ir uma vez dentro de cada estrutura
parecida com um castelo.
O calor de Shade penetrou na minha capa e seu cheiro de menta girando
em torno de mim em uma onda refrescante. Cada inspiração aumentava
meu estado de alerta, me acordando para este novo mundo Fae da Meia-
Noite enquanto também me acalmava de uma forma que não deveria.
É a mordida, eu disse a mim mesma. Ele hipnotizou meu sangue.
— Os corredores mudam — ele disse, movendo a mão para o meu
quadril para me impedir de dar outro passo. Ele colocou o braço em volta
das minhas costas de uma maneira decididamente íntima. Quando tentei me
afastar, ele me puxou mais para si. — seu aperto se apertou. — Aguente
firme.
— Pare de me maltratar...
Rochas em movimento cortaram minha declaração e me paralisaram no
lugar enquanto o corredor se deformava em uma nova dimensão de paredes
de masmorra. Minha garganta ficou seca com as portas de madeira sem
janelas e as chamas rastejando ao longo das diferentes tochas.
— Cada aluno cria um caminho diferente — Shade explicou baixinho.
— Nossa idade dita qual curso devemos seguir e leva à sala de aula
apropriada. Você pode ver o nosso delineado em fogo roxo lá embaixo. —
Ele apontou para o brilho violeta.
— Todos os prédios são assim? — Porque se fossem, esta seria uma
semana muito longa para encontrar meus cursos.
— Há semelhanças, mas cada assunto tem suas nuances. As artes
defensivas, por exemplo, exigem que você lute contra uma invenção para
entrar. Sua experiência e habilidade são determinadas pelo quanto você se
sai bem e você é colocada de acordo. Então suspeito que você estará em um
curso de nível iniciante de Guerreiro de Sangue. — Ele piscou para mim.
Fiz uma careta.
— Você não sabe nada sobre minhas habilidades. E não é minha culpa
que seu Conselho tenha me prejudicado. — Apontei para o colar, então
lembrei de sua declaração ontem à noite sobre suas algemas. — Espere...
— Ah, não. Sei onde você vai chegar e não, não vou te ajudar a removê-
lo. Prove seu próprio valor e descubra como fazer. Tenho fé em seu
fracasso, baby.
Argh!
— Você é um ignorante e impossível, seu toco de salgueiro!
Ele riu alto, balançando a cabeça.
— Não posso te levar a sério com palavras assim, Aflora. Tente me
chamar de idiota e vamos conversar.
— Que tal se eu te chamar de sanguessuga? — retruquei, lívida por sua
insensibilidade e comportamento conflitivo. — Um sugador de sangue
manipulador e impulsivo que usa a crueldade como ferramenta de flerte.
Seu sorriso morreu.
— Cuidado.
— Ou o quê?
— Ou você vai irritar todos os Fae da Meia-Noite neste prédio. Esse
termo não é algo que permitimos aqui.
Eu zombei disso.
— Bem, é o que você é, então não sei por que se esquiva disso.
Sanguessuga.
Ele me observou por um longo momento, seu sorriso maligno
retornando.
— Sabe de uma coisa? Mudei de ideia. Vá em frente e use esse termo.
Vamos ver o que acontece.
Com isso, ele se virou e foi em direção a nossa suposta aula.
Provavelmente era uma armadilha diretamente para o inferno, mas eu o
segui.
E parei na soleira quando encontrei um auditório de aparência normal,
com mesas, cadeiras e janelas que davam para um pátio de árvores em
chamas.
Este lugar era como um enigma. O corredor parecia uma caverna
subterrânea destinada a criminosos, e esta sala me lembrava um campus
universitário humano. Havia até um quadro-negro na frente.
Entrei, esperando que se transformasse em um pesadelo, mas nada
mudou.
Shade se sentou no meio de um grupo de alunas, que estavam com
expressões cheias de adoração enquanto falavam com ele.
Ele deve esconder sua atitude “encantadora” de mim, não dos outros.
Ou talvez gostassem desse lado dele.
Me sentei no lado oposto da sala, mantendo-o na minha visão periférica
enquanto assegurava uma ampla distância.
À medida que mais alunos entraram, eles o cumprimentaram com uma
variedade de apertos de mão estranhos, alguns batendo em seu punho, e
todos se sentaram perto dele, me deixando muito sozinha. O que estava
bem. Eu preferia assim.
Pelo menos até eles começarem a olhar para mim e sussurrar coisas para
ele que o fizeram rir.
Semicerrei os olhos. Esse jogo dele provou ser muito perigoso,
principalmente porque eu não sabia como jogá-lo corretamente. Ele me
mordeu, me seduziu, fingiu me proteger ontem à noite e me guiou hoje, sem
deixar de me insultar, e agora parecia que estava fazendo piadas sobre mim.
Eles estavam apostando na rapidez com que eu iria falhar?
Bem, eu teria que provar que todos estavam errados.
Exceto que eu não tinha ideia do que estava fazendo ou como usar
minha varinha.
E a gargantilha em volta do meu pescoço parecia um laço.
As palavras de Shade ecoaram em minha cabeça: Prove seu próprio
valor e descubra como fazer. Tenho fé em seu fracasso, baby.
Bobo pomposo, pensei. Sua provocação alimentou um fogo dentro de
mim, que se misturou com a energia cerúlea que criei na noite passada. Eu o
senti zumbindo sob minha pele, não tendo morrido mesmo enquanto eu
dormia. Como se agora me pertencesse, apesar da sensação estranha de sua
presença.
Observei meus dedos, esperando vê-los brilhando, quando um estrondo
alto na frente da sala me fez desviar o foco.
Um macho corpulento apareceu de uma nuvem de fumaça, com a capa
batendo ao seu redor como asas de morcego. Uma entrada apropriada
considerando sua cabeça pequena. Não se encaixava em seu físico robusto.
Não gordo, mas sólido. Seu pescoço inchou com força, suas coxas do
tamanho da minha cintura. E ele era pelo menos trinta centímetros mais alto
que eu.
Ele me lembrou um pouco de Sol, fazendo meu coração acelerar no
peito. Não do jeito que costumava quando eu tinha uma queda por ele, mas
de uma forma familiar. O macho praticamente me criou com a ajuda de sua
mãe. E sua irmã tinha sido minha melhor amiga antes de morrer.
Parecia uma vida atrás.
Uma memória distante diante da minha realidade atual.
O que incluía um gigante andando na base da sala de aula, segurando
um pergaminho. Todos ficaram quietos, esperando que ele falasse.
Um par de íris da cor da meia-noite observou a sala, pousando em mim.
Aqui vamos nós.
Mas em vez de dizer qualquer coisa, ele deu de ombros e voltou para
seu pergaminho, que cintilou em chamas roxas brilhantes um momento
depois, e ele bateu palmas.
— Bem-vindos à Conjuração Avançada. A maioria de vocês conhece
meus métodos de ensino. Para aqueles que não, prefiro ensinar em dupla.
Agora, preparem suas varinhas e podemos começar.
Todos os alunos pegaram suas varinhas, então fiz o mesmo.
— Vocês conhecem o feitiço — acrescentou. — Bem, talvez não.—
Essa última afirmação foi para mim, algo que ele confirmou quando
encontrou meu olhar. — Quando eu contar até três, acenem sua varinha em
um padrão cruzado três vezes e digam Sharikana.
Assenti para mostrar compreensão, mas ele já tinha desviado o olhar.
— E vá — ele disse.
Ecos do feitiço soaram ao redor da sala, e eu rapidamente segui o
exemplo, me assustando quando a energia passou ao meu redor. Uma
espécie de laço se formou em volta do meu pulso, e a substância mágica foi
amarrada diretamente a Shade do outro lado da sala.
Seus lábios se curvaram, e ele me jogou um beijo.
Tentei me afastar dele, o que apenas aumentou a conexão e enviou um
assobio penetrante pelo ar.
Me encolhendo, me abaixei em minha mesa e quase deixei a varinha
cair.
Então sentiu o puxão sutil de Shade de volta. Uma provocação. E isso
me empurrou para o penhasco em uma poça de fúria.
Apontando a varinha para ele, retruquei.
— Me solte.
O que não fez absolutamente nada além de diverti-lo.
Mandei uma rajada de fogo azul pela corda, diretamente para o pulso
dele.
Ele pulou da cadeira, largou a varinha e colocou a mão ao redor da linha
flamejante. Desta vez, eu caí da cadeira quando ele puxou.
Gritei e enviei outra rajada da magia cerúleo para ele, até que o vínculo
foi cortado.
E um professor furioso estava diante de mim.
— Você perdeu a cabeça, garota?
Sim, pensei para ele, limpando as mãos na saia preta e ajeitando a blusa
branca.
— Ele me laçou — expliquei. Porque ele tinha que ter visto isso, certo?
— Porque esse é o propósito do feitiço! — o professor rugiu. — Magia
de par. — Ele gesticulou ao redor da classe, indicando as cordas que
amarravam os outros alunos. — Sua magia escolheu a magia dele. Então
você tentou queimá-lo com seu poder, o que não é um comportamento
aceitável para minha classe.
Meu queixo caiu no chão.
— Minha magia escolheu a dele? — Isso era impossível. Eu nunca, em
um milhão de anos, escolheria aquele toco de salgueiro!
Outra percepção me atingiu com a mesma rapidez. Meu feitiço
funcionou. Ah, isso não podia ser um bom sinal. Devia parar, não começar
a funcionar.
Varinha de duende, isso era ruim. Muito ruim.
Shade estava a alguns metros de distância, seu entretenimento sobre a
nossa situação estava claro em seu olhar gelado.
— Talvez devêssemos tentar novamente, Diretor Irwin? Parece que a
Aflora não está interessada em ser minha parceira durante o ano.
O macho robusto se virou.
— O feitiço não pode simplesmente ser desfeito, Shadow. Ela é sua
parceira, e vocês aprenderão a trabalhar juntos. Começando na detenção
depois que terminarmos aqui hoje.
— Detenção — repeti, familiarizada com o termo, mas nunca tendo
experimentado.
— Sim. Onde você trabalhará em exercícios de união de pares até que
eu tenha certeza de que você entende o propósito do trabalho em equipe.
Ele proferiu um feitiço e acenou com sua varinha grossa, fazendo o
mundo se endireitar ao meu redor enquanto ele me mandava de volta para
minha cadeira com algum tipo de feitiço flutuante. Tentei afastá-lo,
desconfortável com a presença de tinta cobrindo meu ser, mas desapareceu
assim que minha bunda bateu no assento.
Shade não recebeu o mesmo tratamento.
Ele simplesmente desmoronou ao lado de sua escrivaninha em um
esparramado preguiçoso digno de um rei.
Eu o odiava.
O detestava.
Não suportava a mera visão dele.
E agora, estava presa a ele como companheira e parceira de classe.
Este ano não poderia ficar pior.
CAPÍTULO QUINZE
AFLORA
E u menti.
Este ano poderia piorar.
Quando me vi literalmente presa ao lado de Shade na versão de
detenção do Diretor Irwin, tudo que eu queria era morrer. Mas tínhamos um
ensaio para escrever. Juntos. Ele uniu nossas mãos com algum tipo de
caneta mágica que exigia que concordássemos com as palavras para que
funcionasse.
O tópico? Defina parceria.
Cerrei os dentes enquanto Shade tentava escrever algo sobre a parceria
cair para o mais forte do par liderar.
Quando o roteiro desapareceu, ele suspirou e olhou para mim.
— Tente você.
— Vá se foder — respondi.
— Ele não vai nos deixar sair até terminarmos.
— Então acho que vamos morar aqui. — Uma coisa infantil de se dizer,
mas de jeito nenhum eu ia trabalhar com esse monstro. — Você só tem a si
mesmo para culpar. Não foi como se eu tivesse pedido para você me
morder.
Ele bufou.
— Já voltamos àquela velha discussão?
— Não é velha — rebati. — É muito fresca, nova e errada.
Seu braço flexionou contra o meu, e a corda que amarrava seu membro
esquerdo ao meu direito apertou com o movimento. Havia outra faixa de
magia ao redor de nossos torsos, colando meu lado direito ao seu esquerdo.
Toda vez que ele respirava, eu sentia a alça puxando contra o meu peito.
Isso teria sido íntimo com qualquer outra pessoa.
Com Shade, só me fez querer matá-lo.
Mas fomos proibidos de sacar nossas varinhas.
Não que eu soubesse como usar a minha de qualquer maneira. A aula de
hoje consistia em uma série de tarefas insanas envolvendo conjurar objetos
mortais como crânios, ossos e corações.
Como Shade havia previsto, falhei em todas as tarefas.
Principalmente porque me recusei a tentar. Brincar com os mortos ia
contra todos os princípios que eu possuía como Fae da Terra. Eu conjurava
a vida, não a morte.
Shade, no entanto, se destacou de uma maneira assustadora. Cada
feitiço que ele proferia resultava em perfeição, sua aura era um manto
essencial de escuridão. Se ao menos eu pudesse transformá-lo em um
fantasma e fazê-lo desaparecer.
— Olha, se eu prometer te ensinar, você vai parar de agir como uma
pirralha? — ele perguntou. Seu tom genuíno era quase cômico.
Exceto que suas palavras me fizeram ver em tons de vermelho.
— Você é o último Fae em todos os reinos dos quais eu procuraria
tutoria. E eu não estou agindo como uma pirralha.
— Essa declaração inteira foi a definição de pirralha, Aflora — ele
respondeu, parecendo cansado. — Sou o melhor conjurador desta
Academia. Caramba, sou um dos melhores, ponto final. Dizer não à minha
oferta de tutoria é impraticável e estúpido. Você só está me recusando
porque está com raiva de mim. Por isso, comportamento de pirralha.
— Bem, sinto muito por estar um pouco irritada com nossa situação
atual. Você me colocou aqui.
— E o que está feito, está feito. É como usamos o passado para seguir
em frente que nos define e, até agora, você não está me impressionando.
— Ah, bem, que bom que não estou tentando te impressionar, Shade —
eu respondi, piscando.
Sua mandíbula estalou de apertar os dentes, o primeiro sinal de
frustração que eu já vi nele.
— Precisamos terminar esta porcaria de tarefa, Aflora. A menos que
você pretenda se juntar a mim em locais mais íntimos, como o banheiro ou
o chuveiro. — Seu olhar caiu para o botão de cima da minha blusa. — Na
verdade, isso soa como um belo plano. Devemos ir?
Tentei dar uma cotovelada nele, mas não consegui, graças às amarras.
Grunhi para ele.
— Não vai acontecer.
Ele contraiu os lábios quando se inclinou para pressionar sua boca
contra minha orelha.
— Isso não é o que você diz em seus sonhos, pequena rosa.
Engoli em seco e tentei encará-lo, apenas para ser puxada de volta para
o seu lado pelo poderoso feitiço.
— Você está na minha cabeça!
— Não, estou no seu sangue. — Ele beijou meu pescoço antes que eu
tivesse a chance de perceber sua intenção, em seguida, mordiscou meu
pulso. — Você é minha, princesa. Para todo sempre. Agora ou trabalhe
comigo ou vamos brincar na cama.
— Nunca.
— Pare de mentir para si mesma — ele falou baixinho. — Sei como
você realmente se sente e você também sabe. Quanto mais cedo passarmos
por esse período brutal de namoro, melhor. Porque estou morrendo de
vontade de transar com você.
— Shadow!
— O quê? — ele questionou e seus olhos azuis brilharam com poder. —
Você prefere que eu minta também? Finja que meu pau não está duro como
granito agora com seu perfume florido e curvas sedutoras? — Ele bufou. —
E eu nem gosto de flores. No entanto, tudo o que posso pensar é em
explorar sua pele macia como pétalas e mergulhar a língua em sua boceta
úmida. Porque vamos ser honestos, nós dois sabemos que você está
molhada. Posso sentir o cheiro, Aflora.
Meu queixo quase caiu no chão, Suas palavras grosseiras provocaram
coisas em mim que certamente não deveriam.
E com o Diretor Irwin à espreita na outra sala.
Ah, Mãe Terra, me salve deste Fae cruelmente bonito!
— Humm, e agora está se intensificando — ele comentou, se inclinando
para mordiscar meu pescoço mais uma vez. — O Glacier não falava com
você assim, baby? Com intenção e promessas cheias de luxúria?
Estremeci. Sua proximidade mexia com a minha cabeça.
Até que suas palavras foram totalmente registradas.
Glacier. Eu não conseguia me lembrar de ter mencionado o nome do
meu namorado. Bem, tecnicamente ex-namorado. Ele nunca priorizou
nosso tempo juntos, nosso último encontro perdido foi a gota d'água por
vários motivos. Principalmente por causa de Shade me sequestrar.
— Como você sabe sobre o Glacier? — perguntei. Minha voz soou
rouca, mas fingi não notar.
— Sei tudo sobre você, Aflora — ele sussurrou em meu ouvido. —
Você é minha há mais tempo do que imagina.
— Mas o que isso quer dizer? — Todas essas palavras enigmáticas
sobre um destino que ele parecia saber tudo a respeito estavam me deixando
louca. — Por que você me mordeu?
— Porque me mandaram — ele respondeu contra minha mandíbula
enquanto sua mão livre subia para segurar meu rosto.
Permiti que ele guiasse minha boca para a sua, só porque eu estava
muito nervosa para detê-lo. E uma pequena parte de mim queria saboreá-lo
novamente, sentir a carícia de seus lábios contra os meus.
Porque Shade sabia beijar.
Beijo de verdade mesmo.
Sua língua dominou a minha em um único movimento, silenciando a
conversa entre nós enquanto me proporcionava uma distração que eu não
sabia que desejava.
Ele tinha esse poder bizarro sobre mim, um que jogava a lógica pela
janela e a substituía por uma necessidade entorpecente.
Nesse estado, eu ansiava por outra mordida. Não que eu fosse admitir
isso em voz alta. Embora, algo me disse que eu não precisava. Shade alegou
estar no meu sangue, mas isso de alguma forma estava ligado à minha
mente. Eu podia senti-lo se infiltrando em cada centímetro meu, tomando
conta da minha existência com a dele.
— Odeio o que você está fazendo comigo — admiti em um sussurro, e
minha tentativa de me afastar foi frustrada por sua mão deslizando em meu
cabelo e me segurando no lugar.
— Seu pulso acelerado e excitação dizem o contrário — ele respondeu,
tomando minha boca mais uma vez.
Seu beijo anterior empalideceu em comparação com este. Ele tinha
pegado leve comigo antes. Agora, ele exigia submissão com cada carícia de
sua língua, seu aperto na minha nuca, onde ele me segurou no lugar para
sua dominação.
A amarração ao nosso redor pareceu afrouxar um pouco.
Seu braço se movia contra o meu.
Mas eu estava muito ocupada tentando acompanhar o ataque à minha
boca para considerar o que mais estava acontecendo.
Ele roubou minha capacidade de respirar. Seus lábios se tornaram
violentos de uma forma que eu deveria odiar. No entanto, minhas pernas se
apertaram em resposta. Meu abdômen se contorceu. E as minhas partes
íntimas imploraram por atenção.
Úmida não começava a descrever como eu estava. Por que isso estava
me excitando tão completamente? Por causa do nosso vínculo? Outro
feitiço? Ou eu gostava dessa atração de amor e ódio entre nós?
Gemi, em conflito.
Minha mente detestava esse macho.
Enquanto meu corpo sucumbia a cada toque dele, quase como se ele
tivesse me treinado em meus sonhos para responder dessa maneira.
Ele curvou os lábios contra os meus.
— Aí. Isso não foi tão difícil, foi? — ele perguntou baixinho, me
fazendo franzir a testa.
— O quê?
Ele roçou a boca contra minha bochecha antes de se acomodar de volta
em sua cadeira.
— Terminamos — ele gritou.
Eu pisquei para ele.
Em seguida, olhei para o papel que ele escreveu enquanto me beijava.
Desapareceu antes que eu pudesse ler, e o diretor Irwin apareceu na
porta segurando a redação. Sua expressão surpresa me disse que o que quer
que estava escrito não era o que ele esperava e provavelmente não era algo
com o qual eu concordaria. Shade tinha feito algo para anular a lição, além
de me beijar de forma intensa.
— Muito bem — o Diretor Irwin disse, nos libertando de suas amarras.
— Espero um comportamento melhor durante a nossa próxima sessão. —
Essa última parte foi direcionada a mim antes que ele desaparecesse em
uma nuvem de fumaça.
Shade se levantou e se espreguiçou, com sua protuberância
impressionante a centímetros do meu rosto.
Ele não estava mentindo sobre a parte de estar duro.
— Minha oferta de tutoria ainda vale sempre que você decidir
considerar a lógica sobre a emoção — Shade disse, em seguida segurou
meu queixo e levantou meu olhar para o dele. — Assim como minha oferta
de chuveiro e cama. — Com uma piscadela, ele se virou para a porta. —
Sugiro que você me siga, pequena rosa. Ou vai acabar perdida no prédio até
que os alunos comecem a chegar amanhã, o que vai atrapalhar
completamente sua agenda.
Ele desapareceu pela porta brilhante, não me dando um segundo para
organizar meus pensamentos ou minhas coisas.
Mas todos se foram.
O Diretor Irwin havia distribuído um texto e um caderno durante a aula,
junto com canetas. Os alunos levaram os seus embora. Mas os meus não
estavam em lugar algum.
Corri atrás de Shade e o encontrei esperando contra a parede, com seus
livros e os meus debaixo do braço.
— Como...?
— Como eu disse, conjurar é minha especialidade. — Ele inclinou a
cabeça, fazendo com que seu cabelo escuro caísse sobre a testa e em um
olho. — Eles estarão no seu quarto quando você voltar. Considere isso
minha versão de um ramo de oliveira. Aceite por sua conta e risco.
Ele não me permitiu responder, apenas continuou seguindo pelo
corredor. Fiquei perto dele, parando quando ele parava para permitir que as
paredes se movessem. Então dei um suspiro de alívio no segundo em que
saímos para a noite escura.
Até que encontrei Zephyrus esperando com uma carranca ao lado da
gárgula.
— Por que foi que você demorou tanto? — questionou, franzindo a testa
primeiro para mim e depois para Shade.
— Detenção — Shade respondeu. — Ela me atacou com fogo verde.
Foi realmente impressionante, mas me faz pensar de onde ela está tirando
essa influência de Guerreiro de Sangue. — Ele arqueou uma sobrancelha
para o diretor. — Alguma ideia?
Fiz uma careta para Shade.
— Não era verde. Era azul. E você mereceu.
— Eu acho que você pode ser daltônica, querida. Talvez devamos
verificar isso mais tarde. — Ele deu um sorriso por cima do ombro,
aparentemente decidindo que essa conversa estava encerrada, apesar de sua
pergunta a Zephyrus. — Vejo você em seus sonhos esta noite, pequena rosa.
— Fique fora da minha cabeça!
— Sangue, baby — ele me lembrou. As palavras soaram como um
sussurro em meu ouvido, apesar da distância que suas pernas tinham
colocado entre nós.
Bati no espaço vago, tentando me livrar de qualquer presença residual
ou feitiço que ele deixou em seu rastro. E encontrei Zephyrus olhando para
mim com uma sobrancelha arqueada.
— Fogo azul?
— Sim, azul.
— Você pode me mostrar? — ele perguntou.
Suspirando, estendi a mão, chamando o poder para a ponta dos meus
dedos. E, claro, nada aconteceu.
— Acho que o Shade sugou toda a minha energia por hoje — murmurei.
Zephyrus me considerou por um longo momento, então assentiu.
— Talvez amanhã, então. Estamos atrasados para a sala de jantar de
qualquer maneira, e você precisa comer.
— É seu trabalho me alimentar agora? — perguntei,.
— Não. Só quero que você sobreviva — ele respondeu. — Me siga se
você sente o mesmo.
Incapaz de lutar contra essa lógica, fiz o que ele pediu.
Comi um repugnante jantar humano em silêncio.
E encontrei meus livros esperando por mim na cama quando voltei para
o meu quarto. Ao lado havia uma rosa negra e um bilhete que dizia: Bons
sonhos.
CAPÍTULO DEZESSEIS
AFLORA
— T udo bem, então desta vez, tente não me matar, certo? — Ella
estava na minha frente em uma esteira, com as mãos no ar. Não
escapou ao meu conhecimento que Trayton pairava perto da borda. Seu
olhar tinha um aviso letal.
— Sem magia — ele disse. O tom de voz tinha uma inflexão real que
reconheci muito bem.
Ella demonstrou aborrecimento.
— Ela sabe, Tray. Esse é o objetivo desta aula de ginástica improvisada.
— Treinamento físico — Kols corrigiu, se juntando a seu irmão. Os
dois usavam camisas sem mangas que mostravam seu físico atlético. Eu
definitivamente podia ver as semelhanças entre eles, em suas posturas
régias e estrutura de mandíbula aristocrática. Mas Tray lembrava a noite,
enquanto Kols me lembrava o sol.
Um sol que eu sentia muita falta.
Começar as aulas à noite realmente mexeu com meu conceito de dias.
Terminamos mais perto da hora que eu costumava acordar, depois
dormimos durante as horas claras e começamos tudo de novo a cada noite.
Não admirava que os Faes da Meia-Noite fossem pálidos.
Bem, exceto Shade. Ele tinha um leve bronzeado, que eu suspeitava
estar ligado à sua propensão a desaparecer nas sombras.
Ele piscou para mim do outro lado do ginásio, onde estava esperando
sua vez no tatame.
Fiz uma careta para ele em resposta.
Seus sonhos à noite estavam me matando, e ele sabia disso. Discuti com
ele toda vez que ele entrava na minha cabeça, mas ainda assim acabava
quase nua e me contorcendo embaixo dele.
Exceto pela noite passada.
Minhas bochechas queimaram com a memória das coisas que fiz com
Kols enquanto dormia. Aquilo também estava na minha cabeça, um
mecanismo de enfrentamento que me ajudou a forçar Shade a sair, e eu
estava um pouco envergonhada com a forma com que usei o Fae Real. Ele
deveria estar me ajudando e orientando, mas passei a noite fazendo coisas
obscenas com seu físico esculpido.
Um físico que se flexionou quando ele deu um passo à frente e
levemente segurou meus braços.
— Você pode fazer isso, Aflora. É só um exercício de queda. A Ella vai
te mostrar como funciona. Só não chame seu fogo, certo?
Mãe Terra, mesmo agora ele estava tentando me ajudar e não tinha ideia
de como eu o usei na noite passada. Minha hesitação no tatame não tinha
nada a ver com medo e tudo a ver com culpa.
Só não pense nisso. Ou em como é bom ter suas mãos em meus braços
agora. Na verdade, você deveria dar um passo para trás, avisei a mim
mesma.
Só que não ouvi nada.
Olhei profundamente em suas íris douradas e pensei em como elas
brilhavam enquanto eu caía sobre ele. Engoli em seco. Seu gosto era uma
memória persistente na minha garganta.
— Posso fazer isso.
— Sei que pode.
Com um aceno de cabeça, me forcei a olhar para Ella. Ela arqueou uma
sobrancelha loira clara.
— Ah, você está pronta? Porque estou entediada e criando asas de fada
aqui.
Trayton bufou.
— É o que você deseja.
— Claro! — Ela jogou as mãos no ar. — Faes deveriam ter asas e
orelhas pontudas.
Minhas próprias orelhas se contraíram com o pensamento, e empurrei os
fios escuros atrás delas para mostrar as pontas.
— Tenho orelhas pontudas.
Ella se virou para me encarar, seus lábios se curvando em um enorme
sorriso.
— Aí! É assim que devemos nos parecer. Tudo o que ela precisa é de
asas.
— As fadas têm asas — Trayton explicou. — E elas não são reais.
— Bem, tecnicamente, os duendes existem e têm asas. — A diversão
tocou meu peito brevemente enquanto eu pensava na obsessão de Claire
com as pequenas criações provocadas por sua conexão com o elemento
Espírito.
— Nós temos nossa própria versão aqui — Trayton murmurou. — Ella
os ama.
— Mas ele não me deixa mantê-los como animais de estimação — ela
apontou.
— Porque eles mordem e gostam de atear fogo em todo o lugar.
— Vocês vão ficar parados conversando o dia todo ou vão trabalhar? —
A voz de Zephyrus soou logo atrás de mim e o calor de seu corpo provocou
um arrepio na minha espinha. Ele usava calça de moletom cinza e camiseta
branca hoje, algo que várias mulheres pareciam intrigadas em todo o
ginásio. Eu incluso.
Culpei Shade pelos meus hormônios descontrolados. Se ele não tivesse
passado todas as noites me provocando com seu toque e língua, eu não
estaria tendo todas essas fantasias ilícitas sobre Kols, e não acharia
Zephyrus particularmente irresistível hoje.
— Estou invisível? — o diretor exigiu.
— N-não — gaguejei, me virando para encará-lo e tendo que olhar para
cima para encontrar seus olhos verdes ardentes. Havia uma pontada de
marrom ao redor das pupilas que capturou minha atenção por um longo
momento antes de eu balançar a cabeça. — Já estávamos começando.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— É mesmo? Porque parece que vocês estão aqui fofocando. Talvez eu
precise reatribuir os pares. — Ele olhou para a esquerda e sua boca já estava
se movendo antes que eu tivesse a chance de responder. — Shade! Venha
aqui.
O Sangue de Morte veio até nós em uma onda de sua fumaça preta e sua
era expressão entediada quando ele apareceu.
— A coisa toda de diretor parece estar caindo bem para você, Zeph.
Aposto que é bom ser capaz de dar ordens uma vez ao invés de
constantemente ter que se submeter ao Kols.
— Ah, por favor, me atribua a ele — Kols pediu, dando um passo à
frente. — Vou mostrar a ele como se submeter.
Zephyrus deu de ombros.
— Eu ia dá-lo a Tray, mas vá em frente. — Ele olhou para o outro
membro da realeza. — Me ajude a administrar a partida entre Ella e Aflora,
depois vá treinar com Fang.
Olhando por cima do ombro, murmurei:
— Fang? — perguntei para Ella, esperando ter ouvido errado.
Ela começou a rir, assentindo.
— Sim, original. Eu sei.
— Parem de brincar — Zephyrus retrucou, segurando meu quadril e
forçando minha atenção de volta para ele. — Preciso ver com o que estou
lidando para poder planejar melhor nosso estudo independente na próxima
semana. A menos que você queira que eu assuma que tudo o que você sabe
fazer é colher flores do chão?
Me irritei com a insinuação negativa em seu tom.
— Não sou um duende indefeso, Zeph.
Ele arqueou a sobrancelha novamente, não dizendo nada e tudo apenas
com aquele olhar. Nós não éramos próximos o suficiente para eu usar seu
apelido. Isso meio que escapou.
— Diretor Zephyrus — corrigi baixinho.
— Não seja um idiota, Zeph — Ella interrompeu, dando um passo para
o meu lado. — Estávamos prestes a começar. E não precisamos ser
gerenciadas.
— Isso é que vamos ver — ele respondeu, mantendo os olhos nos meus.
— Vá então, duende flor. Me mostre o que você pode fazer. Estou à espera.
— Você acha que é sensato provocar a garota que quase me matou há
dois dias? — Ella perguntou, cruzando os braços. — Sem ofensa, Aflora.
— Ela está bem. Ela está usando a gargantilha nova e melhorada, certo?
— Ele parecia ver através de mim, suas íris verdes brilhando
conscientemente.
— Certo — eu disse, engolindo em seco. — Vai dar tudo certo.
— Então pare de enrolar e me dê um show, duende flor.
Um calor subiu pelo meu pescoço com suas palavras e o tom com que
ele as pronunciou. Duro, exigente e inflexível. Três palavras que
descreviam Zephyrus absolutamente.
Com um aceno resoluto, encarei Ella e peguei Kols e Shade ao lado de
Tray, observando toda a troca.
Excelente. Então eu daria um show a todos eles.
— É só me derrubar e acabar com essa merda — murmurei para Ella
quando entramos no círculo desenhado nos tatames.
Ela olhou boquiaberta para mim.
— Você acabou de xingar?
— Eu sei como xingar — eu disse, ficando no que eu esperava que se
assemelhasse a uma postura de luta. Assisti a alguns duelos de Campeão
Sem Poder no reino Elemental Fae. Sabia o que esperar. Eu simplesmente
não tinha me matriculado em nenhum dos cursos da Academia, preferindo o
atletismo solo aos esportes de combate.
— Sou pequena, mas sou rápida — Ella me avisou.
— Bom, então isso vai acabar bem rápido. — Porque eu não tinha ideia
do que estava fazendo e me recusava a machucá-la como da última vez.
Foi um milagre que ela tivesse me perdoado tão rapidamente. Na
verdade, isso me fez questionar sua inteligência. Mas ela alegou gostar de
mim e disse que tínhamos muito mais em comum do que eu imaginava.
Não querendo negar um presente de amizade, deixei passar a falta de bom
senso. Afinal, era a meu favor.
Ela me atacou com o punho na direção do meu rosto, me fazendo pular
para trás por instinto. Seguiu com um soco na minha cintura, que evitei
girando fora de seu alcance.
— É assim que vamos fazer? — murmurei, desviando de outro soco.
— Você disse para acabar com isso rapidamente. Fique parada e vou
atender ao seu desejo — ela ofegou, chutando desta vez.
— Por que é que as pessoas iriam querer fazer um curso violento? —
questionei, olhando para Zephyrus. — Para que propósito isso... — eu me
abaixei novamente, errando por pouco o cotovelo de Ella — serve?
— É o exercício físico que também permite que você se proteja em
situações adversas. — O braço de Zephyrus serpenteou ao redor da minha
cintura enquanto ele me puxava para trás em seu corpo duro.
— Que tipo de situações adversas? — Me virei e vi meus pulsos presos
em uma de suas mãos antes que eu pudesse sequer considerar meu próximo
movimento.
—Faes da meia-Noite frequentam o Reino Humano regularmente. —
Ele começou a me tirar do tatame.
— E há situações lá que exigem combate? — perguntei enquanto
tentava encontrar Ella por cima do ombro dele. Ele frustrou minha tentativa
de buscar sua intervenção acelerando o passo e praticamente me
empurrando para trás com seu aperto.
Tinha que haver uma saída de seu domínio, o que eu suspeitava ser a
lição aqui, mas meu corpo parecia obedecê-lo por impulso, apesar dos
comandos do meu cérebro em contrário.
— Existem muitos perigos no Reino Humano, Aflora — ele murmurou
quando minhas costas encontraram uma parede. Ele prendeu minhas mãos
sobre minha cabeça e sua mão oposta foi para minha garganta. — Você não
foi recentemente capturada e dominada lá?
— Por um Fae da Meia-Noite — respondi, olhando para ele. — Não por
um humano.
— Humm, mas se você soubesse como se defender de forma adequada,
talvez você não estivesse aqui — ele comentou, apertando mais a minha
garganta. —Mesmo agora, você está indefesa, sem ideia de como lutar
comigo. Eu posso sentir sua capitulação a cada ofego. Possuo você agora, e
não há nada que você possa fazer sobre isso.
As palavras eram suaves e seu olhar queimava no meu.
Tudo parecia desaparecer ao nosso redor, o momento se estendendo
enquanto ele me mantinha cativa em uma posição decididamente inferior.
Deveria ter me enfurecido. Em vez disso, aqueceu meu sangue, e não de
uma forma de combate. Mesmo se eu pudesse lutar com ele – o que eu não
poderia – eu não faria. Porque eu gostava dele me dominar.
A percepção tomou conta de mim, me fazendo derreter sob seu
domínio.
Eu queria que ele me possuísse, assim como ele disse.
Para me dizer o que fazer. Para me guiar. Para me ensinar de uma
maneira que não tinha nada a ver com essa aula e tudo a ver conosco.
Ah, estou em apuros.
Primeiro, Kols.
Agora, Zeph.
E sem mencionar Shade, que ainda assombrava cada respiração minha.
— Você gosta disso — Zephyrus sussurrou, e seu calor me cercou tão
completamente que me esqueci de como respirar corretamente. Cada
inalação me enchia com sua inebriante colônia amadeirada. Isso me deixou
tonta, confusa e dolorida por mais. — Você não deveria gostar — ele
continuou, aproximando seus lábios do meu ouvido. — É por isso que você
deixa o Shade te manipular tão completamente? Ele te deu um pouco de
atenção, e você mostrou seu pescoço para ele? Você é realmente tão fácil
assim?
Seu comentário acendeu um fogo em mim que consumiu o calor que
seu toque inspirou e me estimulou a agir. Meu joelho atingiu sua coxa dura
como aço, enviando uma pontada de dor pela minha perna. Isso só me
deixou mais irritada. Pisei em seu pé com toda a força que pude e me
contorci a sério contra ele.
Seus quadris prenderam os meus, me deixando totalmente indefesa e
fervendo de raiva.
— Me solte.
— Mas agora que estava ficando interessante — ele sussurrou, roçando
os dentes no lóbulo da minha orelha. Ele me mordiscou de leve, tirando um
grunhido da minha garganta.
— Você é grande demais para treinar comigo — rebati. — É uma luta
injusta.
— As lutas nunca são justas — ele respondeu.
— É para isso que serve a magia.
— Ah, mas é contra as regras do Conselho Fae da Meia-Noite expor
nossa espécie no Reino Humano. Então, o que você faria nesta situação,
duende flor? Deixaria um homem maior tirar vantagem de você? Ou usaria
magia nele e enterraria as evidências?
Parei de tentar me libertar e, em vez disso, encontrei seu olhar ardente.
— Você está perguntando se eu o deixaria me machucar ou o mataria
em vez disso?
— Um homem nesta posição faria mais do que apenas machucá-la —
ele respondeu baixinho. — Ele te destruiria.
— Então eu não teria escolha a não ser me defender de verdade.
— Então faça isso — ele encorajou. — Se defenda.
— Você acabou de dizer que a magia não é permitida em uma luta como
essa.
— Não estamos no Reino Humano.
— Não, estamos na aula de Defesa Sem Magia — retruquei. — Pare de
tentar me convencer a quebrar as regras, Zeph.
Ele levou a boca ao meu ouvido novamente, e senti sua respiração
quente contra minha pele.
— Estamos todos quebrando regras aqui, princesa. Esse seu colar é
apenas o começo do dilema em que nos encontramos, certo?
Paralisei. Meus pulmões pararam de funcionar.
E ele se afastou com um sorriso malicioso.
— Temos muito trabalho a fazer, Aflora. Espero que você venha
preparada para o nosso curso de estudo independente. Sugiro que você use
os próximos dois dias de folga para estudar.
Com isso, ele me soltou e saiu da sala.
Fiquei boquiaberta, olhando atrás dele, assim como vários outros
alunos.
Kols me lançou um olhar de desculpas, um que confirmou a declaração
de Zephyrus.
Ele contou ao diretor tudo sobre minha linhagem, bem como o colar no
meu pescoço. Não que eu pudesse culpá-lo, já que os dois eram claramente
próximos mesmo quando discutiam. Mas isso me deixou ainda mais
sozinha do que antes, me lembrando que eu não tinha aliados neste reino.
Qualquer que fosse a assistência que Kols fornecesse, provavelmente teria
um custo.
Porque ele sempre escolheria a si mesmo sobre mim.
Assim como ele deveria fazer.
Eu faria a mesma coisa na situação dele.
O que significava que eu só podia confiar nele até certo ponto, se tanto.
Enrijeci os ombros e endireitei a coluna. Eu não deixaria isso me
derrubar.
Zeph tinha razão. Eu tinha que lutar por mim mesma para sobreviver a
isso, o que significava que eu precisava aprender a me defender de forma
adequada. Tanto no Reino Humano quanto neste. Porque em breve, minha
vida dependeria disso.
CAPÍTULO VINTE
AFLORA
O aperto de Aflora aumentou quando ela me puxou para si, seus lábios
reivindicando os meus, fazendo com que eu me perdesse para ela
novamente.
Só que desta vez, dei boas-vindas à natureza proibida do nosso abraço.
Me deleitei com o doce perigo fermentando entre nós.
Permiti que seduzisse meus sentidos e me empurrasse para a promessa
licenciosa de puro pecado.
Sua camisa desapareceu, me permitindo o primeiro vislumbre real de
sua pele pálida.
— Tão linda — murmurei, fazendo um caminho de beijos para baixo
até a renda de seu sutiã. Seus olhos azuis queimavam com paixão e
necessidade, arrancando um sorriso de mim enquanto eu lambia ao longo
do vão de seu seio. Ela cravou as unhas em meu couro cabeludo e sua
respiração acelerou quando puxei o tecido para o lado com meus dentes
para revelar uma ponta dura e rosada.
Provei com hesitação, com um gemido preso na garganta com a pura
luxúria dilatando suas pupilas em resposta.
— Mais — ela implorou.
— Mais o que, linda?
— Apenas mais. — Ela se contorcia debaixo de mim, seu doce corpo
preparado e pronto para todos os nossos flertes noturnos. Eu quase podia
sentir sua necessidade dentro de mim como se estivéssemos conectados em
uma piscina íntima de pensamentos.
Seus gemidos eram música para meus ouvidos, me encorajando a sugar
seu mamilo profundamente.
— Kols! — ela gritou em resposta, inclinando a cabeça para trás na
cama em uma onda arrebatadora.
Mordisquei a ponta antes de repetir a ação no outro bico enquanto
segurava o seio oposto e dando-lhe um aperto suave. Puta merda, ela era
responsiva e seu corpo inteiro vibrava com desejo debaixo do meu por
quase nenhuma atenção em seus seios.
Todas aquelas fantasias me ensinaram o que ela gostava.
Mas também deram a ela uma visão das minhas preferências, o que ela
provou enganchando os dedos no cós da minha calça e empurrando-a para
baixo em um movimento ousado. Isso expôs meu pau.
Ela não se desculpou.
Não me procurou para aprovação.
Usei o pé para guiar o tecido pelas minhas pernas, ficando nu da cintura
para baixo.
— Puta merda, Aflora.
— Sim — ela respondeu, movendo as mãos para minha camisa para
tirá-la. — Sim, por favor.
Um rosnado se transformou em um gemido na minha garganta e apoiei
a testa em sua clavícula.
— Não diga isso a menos que seja sincero.
Ela tremeu, ainda segurando o tecido enrolado em meus ombros.
— Por favor, Kols. — Ela envolveu as pernas em minha cintura,
colocando meu pau contra seu centro aquecido. Eu podia sentir seu calor e
umidade através do tecido de suas calças pretas, sua necessidade penetrando
em minha pele enquanto ela se esfregava descaradamente contra mim.
Eu xinguei.
Meu pau pulsou.
Minhas bolas apertaram.
E quase me esqueci de como respirar.
Porque eu a queria. De verdade.
Tome-a, uma voz sombria sussurrou. Transe com ela intensamente.
Só a imagem disso quase me fez gozar em cima dela.
Que eu pudesse sentir sua própria necessidade crescente só intensificou
a experiência, me incitando a tomar o que eu queria, a entrar nas fantasias
proibidas à espreita entre nós.
Seus calcanhares empurraram minha bunda, exigindo ação. Pairei os
lábios perto de seus seios, com a testa ainda contra sua clavícula.
E então ela gemeu.
O som foi direto para minha virilha, envolvendo meu pau e dando-lhe
uma carícia figurativa que removeu a razão dos meus pensamentos.
Eu a queria.
Ela me queria.
Éramos adultos consentindo.
Isso vai acontecer.
Um cobertor proibido nos envolveu em um casulo de luxúria e desejos
ilícitos, minha mente correndo solta com todas as maneiras que eu queria
tomá-la. Mas primeiro, assim, com meu pau enterrado profundamente entre
suas coxas.
Eu a beijei novamente, penetrando sua boca com a língua e minha
resolução desmoronou em pó.
Ela me recebeu com um som doce e necessitado.
E o resto de nossas roupas desapareceu com um feitiço murmurado sob
minha respiração.
— Oh — ela se maravilhou enquanto a magia brilhava sobre sua pele.
Ela arqueou em mim e sua boceta quente acolheu meu pau em um beijo
molhado.
— Última chance, Aflora — avisei enquanto meu pau penetrava sua
umidade.
— Me coma — ela exigiu, assim como eu a ensinei em nossos sonhos.
Porque eu amava ouvir essas duas palavras de seus lábios.
Ela as fez soar tão inapropriadas, servindo assim como um lembrete de
como isso era errado entre nós e convidando meus instintos mais sombrios
para brincar.
Eu queria fazer coisas sacanas com ela.
Ensiná-la a transar das melhores maneiras.
Explorar cada centímetro dela.
Degradá-la.
Reivindicá-la.
Marcá-la.
Puta merda, eu estava tão duro que quase doía. Cada parte de mim
ansiava por terminar isso, torná-la minha, reivindicá-la tão resolutamente
que ninguém mais poderia satisfazê-la novamente.
— Por favor — ela sussurrou. — Me tome, Kols. Preciso disso. Eu
preciso de você. — A súplica em sua voz cortou a barreira final entre nós,
reduzindo meu controle pela metade.
Estoquei dentro dela e senti um choque de eletricidade subir e descer
por minha espinha. Puta merda, nunca me senti tão conectado a uma
mulher. Suas sensações eram minhas e as minhas eram dela, apenas
aumentando a experiência e nos estimulando em uma dança maliciosa entre
a pele e o espírito.
Ela gritou enquanto eu a penetrava, levando nós dois a um frenesi de
ofegos e êxtase que eu tinha certeza de que todos no campus tinham que
sentir. Porque nossos poderes estavam se misturando mais uma vez, o dom
dela tecendo com o meu de uma maneira inebriante da qual eu não
conseguia escapar.
Perigoso.
Devo. Parar.
Não posso.
Ah, que se foda.
Minha.
Lutei contra esse último pensamento, sentido meu corpo tenso contra o
dela, apenas para ser sugado de volta para sua teia de energia delirante
enquanto suas coxas apertavam ao meu redor. Isso estava errado. Muito,
muito, muito errado.
Argh, puta merda, não posso me afastar.
Mais.
Menos.
Destruição.
Lindo.
Meu nome escapou de seus lábios em um som de adoração que aqueceu
minha pele, sua forma linda colada à minha enquanto eu a levava a um
êxtase diferente de qualquer outro que eu já tinha alcançado. Ela gritou
quando alcançou o ápice, me levando consigo em um santuário arrebatador
de insanidade e felicidade, tudo misturado como um.
Seu prazer rivalizava com o meu, sua mente aberta para mim de uma
maneira que eu não entendia.
Eu podia sentir sua Terra.
Podia sentir o cheiro das árvores e flores que ela adorava em casa.
Podia sentir seu porto seguro me recebendo em casa.
O que está acontecendo? me perguntei, delirando de prazer e confusão,
sentindo meu pau pulsando em outro orgasmo dentro dela e me levando ao
clímax mais uma vez.
— Puta merda — murmurei, apoiando a cabeça em seu ombro.
Ela estremeceu, seu próprio êxtase se rompendo como resultado do
meu, nossa união se tornando muito mais poderosa do que qualquer sonho
já nos permitiu experimentar.
Só que isso me deixou com frio, minha alma instantaneamente sentiu
uma perturbação, uma presença estranha que não deveria estar dentro de
mim. Eu imediatamente a tranquei, sentindo o terror percorrer meu corpo
com o pensamento de outra mulher me usar.
No entanto, meus poderes me cercaram completamente, a assinatura de
energia normal e intocada.
Mas a essência desconhecida permaneceu, agarrada à minha fonte de
vida e me envolvendo de uma forma que não deveria.
Novamente tentei cortá-la, usando meu poder para atacar o vínculo e
paralisando quando Aflora gritou de dor.
Ela abriu os olhos, encontrando meu olhar ao mesmo tempo. Entreabriu
os lábios e os meus se curvaram em um grunhido.
— O que você fez? — questionei.
Porque eu podia ver em seu olhar que ela sabia de alguma coisa.
Pânico, horror e medo se misturaram em sua expressão ao mesmo
tempo.
Seus lábios se moveram sem som.
Suas pupilas se dilataram.
— Que merda você fez? — repeti, apoiando meus cotovelos em ambos
os lados de sua cabeça. Nossos corpos ainda estavam unidos, meu pau ainda
pulsava dentro dela. Mas a fúria superou o clímax arrebatador, minha mente
alcançando a sensação pulsando em meu coração. — Como?
— E-eu não sei — ela gaguejou. — Eu... não deveria...
Recuei, caindo de joelhos na cama e percebendo com desgosto o que
tínhamos acabado de fazer.
— Puta merda! — Ela tinha me vinculado. Não como um Fae da Meia-
Noite, mas como um Fae Elemental. Eu podia sentir a hera de sua magia da
Terra apertando ao meu redor, sufocando minha conexão com a fonte e me
afogando em uma essência que eu não queria. — Livre-se disso. Corte-o.
Remova.
— E-eu não posso — ela gaguejou, e sua expressão demonstrou um
horror astuto. — É o terceiro nível.
— O quê? — Eu sabia como funcionavam os vínculos dos Fae
Elementais. Havia quatro níveis, os dois primeiros quebráveis e o terceiro...
não. Isso nos marcava como noivos. Até a cerimônia final que unia para
sempre duas almas Faes Elementais. — Isso é impossível. — Exigia um
acordo de ambas as partes, ao contrário dos laços Faes da Meia-Noite que
podiam ser completamente unilaterais quando conduzidos pelo macho.
— Eu não...
— Como foi que isso aconteceu? — gritei, pulando da cama e tentando
ficar o mais longe possível dela. — Como você me enganou?
— Eu não te enganei!
— Até parece que não — rebati, começando a andar. — Eu não me
vincularia a você de bom grado. — Eu tinha um dever com meu reino, com
meu povo, que sempre vinha em primeiro lugar. E eu sabia que não deveria
permitir que uma Fae da Terra iniciasse a porcaria de um vínculo de
acasalamento.
Eu era o futuro rei.
Um membro da realeza.
Um poderoso Fae da Meia-Noite.
— Você me enganou de alguma forma — eu a acusei. — Eu só não
sabia como ou quando. Talvez tudo tenha sido uma manobra desde o início.
Um ardil para me seduzir para algo perverso. Isso explicaria a atração. —
Esse era o seu plano o tempo todo? — questionei quando outro pensamento
se seguiu rapidamente, um que ameaçou me puxar para um estado
assassino. — O Shade te colocou nisso?
— O quê? Não!
— Então por que você faria isso? Você está trabalhando com ele?
Tentando trazer vergonha para minha família? Para mim? Quer destruir meu
reinado antes mesmo de começar?
Seu lábio inferior tremeu e seus olhos azuis cuspiam fogo enquanto ela
subia na cama.
— Vá se ferrar, Kols!
— Já me ferrei, isso já aconteceu, princesa — retruquei, lívido comigo
mesmo por minha estupidez. Segurei a nuca, observei a visão na cama
novamente e me virei antes de fazer algo idiota como acender fogo. — Saia.
— As palavras escaparam dos meus lábios antes que eu pudesse retirá-las.
Então me ocorreu o quanto essa ordem era certa, o quanto eu precisava que
ela fosse embora neste segundo antes de matá-la.
Porque essa era a solução imediata – sua morte.
Isso quebraria o vínculo.
Acabaria com Shade.
Seria uma punição adequada para todas as partes envolvidas, inclusive a
mim, porque eu suspeitava que perdê-la me machucaria também, graças a
essa merda estranha que ela colocou dentro do meu peito.
Rosnei e apoiei a mão no peito.
— Saia daqui, Aflora — exigi, precisando dela o mais longe possível de
mim antes que eu fizesse algo que não pudesse voltar atrás.
— E vou para onde? — ela perguntou, com a voz muito baixa.
A tentação de olhar para ela, de pedir desculpas, me atingiu tão
rapidamente que rosnei. Ela que se danasse. Não merecia minha
preocupação. Ela me prendeu em sua teia proibida e garantiu que eu não
pudesse sair sem um sentimento significativo para nós dois!
Eu a odiava.
Detestava sua existência.
Desejei nunca tê-la conhecido.
— Saia! — gritei, sem me importar com o quanto soava perturbado. Era
como se tivesse lava derretida fervendo em minhas veias e meu poder
aumentava a cada segundo. Se ela não fosse embora, eu explodiria, e ela
suportaria o peso dessa erupção.
Seu soluço perfurou meus ouvidos.
Eu a ignorei.
Muito focado na raiva crescente que ameaçava destruir a nós dois.
Mal a notei correr, passando por mim usando um par de calças e camisa,
não considerei como ela se vestiu tão rapidamente e, em vez disso, ajoelhei
no chão para liberar o poder que ameaçava minha própria existência.
Chamas irromperam em cada centímetro do quarto, destruindo a evidência
de nossa transa, e devorando todos os seus pertences em uma varredura
completa de poder.
Objetos podiam ser substituídos.
Eu resolveria isso depois.
Quando pudesse pensar corretamente novamente.
— Puta merda! — berrei, sendo cercado por chamas vermelhas,
espiralando e guinchando pela sala. Uma explosão de poder bateu a porta
para impedir que se espalhasse pela suíte, me deixando preso dentro do
inferno furioso.
Acolhi o calor.
A punição por minhas ações.
E caí em culpa e tristeza.
Não só porque decepcionei os Faes da Meia-Noite e meus pais, mas
também Aflora.
Eu merecia queimar.
Acolhi a dor.
— Destrua-me — exigi, encostando a testa no chão. — Apenas me
destrua.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
AFLORA
Q uente.
Eu me sentia muito quente.
Como um vulcão à beira de uma erupção.
O calor fervia sob minha pele, avançando em minhas veias, me fazendo
suar enquanto corria sem rumo pelo ar da meia-noite.
Saia.
Saia daqui.
A fúria de Kols perfurou meu coração, sua raiva era como uma marca
açoitando meu coração a cada passo.
Eu podia sentir sua ira, sua raiva, sua culpa.
Mas não pretendia que isso acontecesse, não entendia como isso era
possível. Ele não é um Fae Elemental, pensei pela milésima vez. Não posso
me acasalar com ele. No entanto, senti a conexão inconfundível nos
unindo. Pulamos os níveis um e dois e fomos direto para o terceiro, nosso
vínculo resoluto.
Quebrá-lo seria impossível.
Como se os Faes precisassem de outro motivo para me matar.
Preciso sair daqui, pensei, girando em um círculo em algum lugar fora
dos muros da Academia. Atravessei o portão aberto, incerta do meu destino,
e agora não fazia ideia de onde estava. Um movimento estúpido nascido da
turbulência emocional.
Como um belo momento podia dar tão errado?
A essência de Kols ainda aquecia minhas coxas e seu sêmen umedecia
meu interior.
Mãe Terra, aquele homem podia se mover. Ele me levou a um estado de
incompreensão. Apenas para ser destruído pelo destino mostrando sua
cabeça feia.
Isso me deixou acasalada com dois Faes da Meia-Noite.
Gritei uma palavra incoerente no vazio da escuridão ao meu redor. Não
havia um único xingamento que pudesse expressar minha frustração. Nem
um que pudesse ajudar. Nem mesmo um encantamento. A menos que
existisse algo que pudesse desfazer o tempo, mas eu duvidava.
— Que merda você está fazendo aqui? — uma voz profunda
questionou, me fazendo girar em direção a uma sombra à espreita perto de
uma árvore.
Eu mal podia ver com a lua escondida acima dos galhos grossos da
floresta em que entrei.
— Zeph — falei com o coração na garganta.
Clove me seguiu para fora, apenas para levantar voo quando comecei a
correr, e eu não tinha ideia de para onde ela foi. Provavelmente a algum
lugar com o corvo de Kols, já que os dois pássaros me seguiram na minha
corrida louca para fora. Pelo menos, eles estavam a salvo da cobra vil de
Zeph.
Ele avançou com passos silenciosos.
— Você está bem?
Eu me assustei com seu tom preocupado, mas sabia que ele não estava.
Além disso, era uma coisa absurda de se perguntar porque obviamente eu
não estava bem.
Apenas a noção disso me fez rir alto e a vontade de chorar me atingiu
em cheio no estômago.
Responder a ele seria inútil, então o ignorei, me virei novamente e
retomei meu caminho entre as árvores.
Só que ele segurou meu braço e me puxou de volta para si.
Reagi instintivamente, passando a perna por baixo dele para
desequilibrá-lo e atingindo seu queixo com meu punho.
Os dois golpes me deixariam orgulhosa em sua aula de defesa. Mas seu
grunhido e rosnado resultantes me fizeram instantaneamente lamentar
minha reação imediata.
Saí correndo, precisando escapar dele.
Mas seus braços prenderam minha cintura apenas dois passos depois.
— Que merda é essa, Aflora? — ele questionou com os lábios contra
minha orelha. — É por causa de Raph?
— Raph? — repeti, perdida. — Quem é Raph?
— Minha cobra — ele respondeu baixinho, me apertando com mais
firmeza quando pressionou o nariz no meu pescoço. — Por que você está
com o cheiro do Kols? — Uma pergunta baixa, algo que eu não suportaria
responder.
Eu não queria que o vínculo se encaixasse.
Não pretendia me perder no momento.
Saia.
Saia daqui.
— Me solte — implorei, sentindo o calor crescendo dentro de mim mais
uma vez. Acalmou temporariamente devido ao choque de sua chegada, mas
voltou com força total, inundando minhas veias com fogo líquido.
— Não. — Seu tom não permitia discussão, mas eu precisava que ele
me liberasse, pois esse poder dentro de mim ameaçava cada respiração
minha.
— Zeph... — Tentei avisá-lo, mas minha respiração foi ficando ofegante
enquanto o suor escorria pela minha pele. — Queima — sussurrei, e meus
membros começaram a tremer sob o ataque de energia em cascata através
do meu espírito.
— O que você está fazendo? — Zeph perguntou, me girando em seus
braços e me pegando quando meus joelhos dobraram.
— Ela parece pronta para explodir, e não de uma forma atraente — uma
nova voz disse enquanto Shade se materializava ao nosso lado. Ele segurou
minha bochecha e seu olhar procurou o meu. — Por que você está tão
preocupada, pequena rosa? Por que sinto Kols em você?
— Como é que você sabia que estávamos aqui? — Zeph interrompeu.
— O medo dela me chamou — Shade murmurou, com os olhos ainda
nos meus. — O que o Kols fez com você, Aflora? Por que o poder dele está
se derramando através de nosso vínculo?
Eu não poderia dizer isso mesmo que quisesse, pois minha garganta
apertada com emoção e medo enquanto as chamas ameaçavam vir à tona.
Se Zeph não me soltasse, eu o queimaria vivo. E mesmo que ele merecesse
isso depois do que fez com Clove, eu não poderia machucá-lo. Não assim.
Engolindo em seco, empurrei o calor, mas o senti disparar dentro de
mim e formar faíscas nas pontas dos meus dedos.
— Seus olhos estão brilhando — Zeph disse. — Fogo cerúleo.
— Onde está o Kols? — Shade exigiu.
— Não sei.
— Não é o trabalho dele manter os poderes dela sob controle? — Ele
finalmente me soltou para focar no macho atrás de mim. — Ele fez algo
com os poderes dela.
Isso é preocupação na voz de Shade?, me perguntei, começando a me
sentir delirante. Não pode ser. Não.
— Também posso sentir — Zeph respondeu, a mesma nota em seu tom.
Isso é ruim, pensei, tremendo sob um zumbido de eletricidade que
percorria minha pele.
— Queima... — consegui sussurrar enquanto meus joelhos tremiam
violentamente. — Vou...
Um grito rasgou da minha garganta, cortando minhas palavras à medida
que uma dor diferente de tudo que eu já tinha sentido abriu um buraco no
meu peito. Zeph me soltou com um silvo, permitindo que eu caísse no chão
em uma onda de chamas cerúleas que queimaram o chão da floresta.
— Puta merda!
— Que porra é essa?
Suas vozes se misturaram, tornando impossível distingui-los. Eu não
conseguia ouvir além do rugido do poder lambendo minha essência e
ultrapassando minha alma.
Lágrimas caíram dos meus olhos.
Tudo doía.
Meu coração acelerou.
Muito.
Demais.
Eu não sabia encontrar meu equilíbrio. Isso me lembrou da primeira vez
que acessei a fonte do meu poder da Terra, aquela necessidade de aplacar
ambos os lados entre minha alma e o núcleo do meu elemento.
Só que não consegui encontrar esse centro.
Ele continuou se movendo para fora do meu alcance e me banhando em
eletricidade, cantarolando perigosamente no ar, me alertando sobre o erro
da minha presença.
— Me ajudem — implorei, sem ter certeza se falei as palavras em voz
alta ou murmurei em minha mente. — Muito quente. Morrendo.
Um grito agonizante chegou aos meus ouvidos, o som era excruciante,
algo que percebi ser meu. Tudo brilhava em tons de azul ao meu redor, um
efeito ondulante da minha aura superaquecida.
Foco, eu disse a mim mesma. Se controle.
Só que eu não sabia como, porque estava muito cheia de substância
energizada para aceitar mais.
Puxei o colar em volta do pescoço, precisando da minha Terra,
esperando me esconder na fonte para encontrar minha estabilidade mais
uma vez.
Pronto, pensei enquanto meu elemento respondia, apesar do dispositivo
em volta do meu pescoço. Se eu o desativei ou o anulei, eu não tinha
certeza, mas meus belos dons responderam e me firmaram com a
familiaridade do solo e da terra.
Eu me enraizei no chão, me deleitando com meu direito de
primogenitura e travando minha linhagem real para encontrar refúgio em
meu elemento lar.
Cada inspiração me enchia de aromas florais, e cada expiração
acalmava o fogo, até que finalmente emergi o suficiente para observar meus
arredores em um pátio queimado envolto em luz solar.
Brasas azuis cintilaram no ar, atraindo meu foco para os danos ao meu
redor.
Abri a boca, mas nenhum som me escapou, apenas outro gemido de dor
quando as chamas começaram a crescer mais uma vez dentro de mim.
Ah, não...
Meu estômago embrulhou, uma cãibra foi crescendo no meu abdômen e
se agitando com um poder não reprimido.
— Precisamos aterrá-la! — alguém gritou. Parecia Kols, mas isso não
podia estar certo.
— E como é que fazemos isso? — Humm, Shade, minha mente
concluiu, sua presença fornecendo um bálsamo temporário para minha alma
revoltada. Companheiro.
— Tenho uma ideia. — Isso ainda me lembrava Kols, uma parte de mim
reconhecendo sua aura próxima. Ou talvez em mim. Afinal, ele era meu
companheiro de Terra agora. Talvez.
O que eu fiz?
Tudo ficou quieto mais uma vez sob outra onda pulsante de dor
excruciante que me esmagou até a alma. Eu me enrolei como uma bola no
chão, buscando a utopia criada apenas pelo verdadeiro equilíbrio.
Isso me iludiu. Meus talentos estavam muito ferozes e indomáveis para
atender a qualquer tipo de ordem.
Choraminguei, então estremeci quando uma mão apertou minha
garganta, dando um aperto.
— Vamos ajudá-la — uma voz profunda me informou.
Zeph.
Ele me guiou para me deitar de costas, me segurando quando tentei me
enrolar mais uma vez.
— Precisamos de você assim — ele explicou, acomodando sua coxa
entre as minhas.
Pele contra pele.
Fiz uma careta.
Por que estou nua?
— É melhor que isso dê certo — Shade disse com os lábios de repente
na minha orelha enquanto ele se esticava ao meu lado.
— Se isso não acontecer, há apenas uma alternativa — Kols respondeu,
com a boca perto da outra orelha, seu calor penetrando a lateral do meu
corpo.
— Kols — consegui dizer. Minha garganta ficou seca enquanto eu
tentava olhar para ele, pedir desculpas, perguntar de onde ele veio ou como
ele chegou.
— Não — ele respondeu em tom rude.
A dor estilhaçou meu peito, sendo oprimida pela lava se derramando
através do meu ser. Eu poderia tentar novamente mais tarde. Assumindo
que sobreviveria a esta próxima explosão de calor.
Zeph soltou meu pescoço, descendo a mão pelo meu torso até meu
quadril enquanto ele se acomodava entre minhas coxas abertas.
— O que...? — Outro choque pulsante de calor silenciou minha
pergunta, frustrando minha capacidade de me concentrar em qualquer coisa
além dos tremores em meus membros.
— Agora! — Kols exigiu. — Antes que ela detone de novo!
De novo? pensei, estremecendo quando algo afiado beliscou meu
pescoço. Shade, reconheci imediatamente, nosso vínculo se encaixando
mais firmemente com sua mordida.
— Não! — gritei, mas me perdi para a onda de êxtase que sua boca
forçou através do meu organismo. Estremeci em conflito entre o inferno que
ameaçava meu ser e a euforia escorrendo em minhas veias.
Engoli em seco quando Kols mordeu o outro lado do meu pescoço, seus
incisivos deslizando profundamente em minha veia para sugar duramente
meu sangue.
Um grito se alojou em minha garganta, a dor se misturando com o
prazer quando uma terceira boca encontrou meu peito, o beijo quase suave.
O rasgo provocado pelos dentes seguiu contra minha pele macia, fazendo
com que minhas costas se curvassem no chão. Zeph. Senti sua
reivindicação, seu vínculo alcançando meu espírito e afundando
literalmente os dentes em minha alma. Junto com Kols.
Os três sugaram juntos, tomando meu sangue e me deixando fraca e
indefesa sob eles.
E totalmente impotente.
Quase chorei. Minha morte iminente era a experiência mais feliz e
arrebatadora que já senti.
Até que percebi que não estava morrendo, mas vivendo.
Prosperando.
Me equilibrando.
Eles estavam tomando meu excesso de energia, bebendo o suficiente e
me deixando esgotada. Criando um novo equilíbrio que me permitisse
respirar novamente, pensar, perceber a gravidade de seu sacrifício.
Todos os três me tomaram como companheira de uma só vez.
Bebendo minha essência em um esforço para me ajudar a criar ordem
dentro do meu poderoso caos.
E eu não tinha absolutamente nenhuma ideia do porquê.
Abri a boca para perguntar, mas meus lábios de repente ficaram
dormentes demais para se mover.
Eles estavam tomando demais.
Tentei dizer a eles, avisá-los, implorar para que parassem, mas cada
puxão me sugava mais fundo em uma teia de euforia da qual eu não
conseguia escapar. Duas bocas no meu pescoço, uma no meu peito, e uma
necessidade pulsante florescendo entre minhas coxas.
Como se Zeph soubesse, ele soltou meu seio para deslizar sua boca até
meu mamilo, seus olhos verdes encontrando os meus enquanto ele
gentilmente provocava a ponta com a língua.
Arqueei, meu corpo respondendo enquanto minha mente lutava para
alcançá-la. Só que ele sugou meu mamilo profundamente, fazendo com que
meu cérebro desaparecesse.
Kols riu contra o meu pescoço, passando a língua sobre a ferida que ele
criou.
— Isso é divertido — ele murmurou, traçando um caminho molhado até
minha orelha. — Se eu não quisesse te matar, eu me entregaria mais a essa
reação.
Estremeci, sem saber como reagir a essa ameaça.
— Você não vai matá-la — Shade falou, sussurrando sobre minha
mandíbula enquanto se movia para pairar contra meus lábios. — Vai doer
demais. — Ele me beijou com ternura, deslizando a língua entre meus
lábios para me dar um gosto do meu próprio sangue.
Zeph mordiscou meu peito com força, me fazendo ofegar, e Kols imitou
o movimento contra o lóbulo da minha orelha.
— Que merda vamos fazer agora? — ele perguntou.
— Humm, você é o futuro rei — Shade murmurou, falando cada
palavra contra minha boca. — Imagino que você vai descobrir. Por
enquanto, vou colocar nossa bela adormecida no meu quarto, já que você
destruiu o dela.
— Você não se atreva a....
Não ouvi o final da declaração de Kols. Suas palavras desapareceram
sob uma nuvem de fumaça. Algo que segundos depois se abriu para revelar
uma cama enfeitada com uma rica seda roxa.
A cama de Shade.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
ZEPH
— P uta merda! — Kols gritou, seu foco no espaço que Shade e Aflora
tinham acabado de desocupar. — Eu vou matá-lo.
— Isso supondo que você estará vivo para fazer isso — murmurei,
olhando ao redor do campo. — Você acasalou com ela, não foi?
Kols soltou um longo suspiro, várias xingamentos se seguiram antes que
ele dissesse:
— Nós três acabamos de fazer isso.
— Ah, eu sei essa parte. — Pressionei a palma da mão no meu peito,
irritado com o fio circulando meu coração e me ligando a uma mulher que
nenhum de nós tinha o direito de reivindicar como nossa. — Eu estava me
referindo à antes da nossa formação quadrupla. Aflora estava encharcada
em seu poder.
Kols fez uma careta, segurando a nuca com a palma da mão enquanto
soltava um longo suspiro.
— Nós, hum, transamos.
Concluí pelo estado dela. Aflora correu até aqui sem sapatos, seu cabelo
estava uma bagunça e sua camisa ao contrário. Foi parte da razão pela qual
eu a persegui. A outra parte foi movida pela culpa. Eu tinha sido duro com
ela hoje. Talvez um pouco duro demais.
E agora tudo tinha ido para o inferno.
— Entendo a parte de transar com ela — mais do que eu jamais queria
admitir — mas por que foi que você a mordeu? — Eu conhecia Kols. Ele
tinha controle, mesmo perto de alguém tão atraente quanto Aflora.
— Eu não mordi. Não até agora, de qualquer maneira. — Ele ficou de
pé, mudando o foco para o dano ao nosso redor. — Seu vínculo Fae
Elemental foi iniciado, nos levando ao terceiro nível.
Entreabri os lábios.
— É por isso que senti o cheiro dela em você. — Eu sabia que era mais
profundo do que sexo, mas não conseguia descobrir por que ela
praticamente escorria sua magia. Agora eu entendia. — Ela acasalou com
você.
— Sim. — A raiva ecoou em seu tom, mas eu suspeitava que ele estava
mais furioso consigo mesmo do que com ela. Kols sabia tão bem quanto eu
que o vínculo entre Faes Elementais exigia um acordo mútuo para tomar
forma.
O que significava que no fundo, ele queria acasalar com Aflora.
E isso devia estar irritando-o.
— Isso fez com que nossos poderes se fundissem — ele acrescentou
rispidamente, absorvendo a destruição. — Ela explodiu.
— Seu poder a enviou ao limite.
— E direto para o fundo do poço. — Ele balançou a cabeça. Seu
aborrecimento era palpável. — Não tenho ideia de como vamos consertar
isso. As consequências serão severas.
— Eles vão matá-la por isso, e provavelmente a mim também. —
Porque falhei em proteger Kols mais uma vez. Também participei do
vínculo de quatro vias, não para beneficiar Kols, mas para salvar uma
abominação. Isso não seria perdoado.
— Sim — Kols concordou baixinho. — Vão matá-la publicamente para
punir nós três. Também vão tirar sua vida para me machucar. E meu pai vai
minha ascensão. — Ele pronunciou as palavras em um tom morto, suas íris
douradas brilhando com poder e conhecimento.
Me levantei devagar, em seguida enfiei as mãos nos bolsos do moletom.
— É esse o caminho que você escolheu?
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Você está perguntando se eu vou deixá-los te matar?
— Você poderia?
— Não.
— Você não terá escolha. — Uma vez que o Conselho descobrisse isso,
eles teriam todas as nossas cabeças em uma bandeja.
— Sempre há uma escolha — Kols respondeu, seu olhar preso o meu.
— Matar Aflora destruirá um pedaço da minha alma – graças ao nosso
vínculo de acasalamento ilegal – e me deixará em miséria. Vi isso acontecer
com outros Faes. É o pior tipo de punição. — Ele deu um passo à frente
para agarrar minha camisa, me puxando para ele. — E perder você é um
destino que me recuso a aceitar. Não vou permitir que tirem você ou a
Aflora de mim.
Aflora, eu sabia, era mais para sua própria sobrevivência. Perder sua
companheira o destruiria, e ela o uniu como um Fae Elemental e um Fae da
Meia-Noite, marcando as consequências de sua perda como indefiníveis.
Poderia muito bem matá-lo.
No entanto, ele poderia viver sem mim.
Ele simplesmente não queria.
Agarrei sua camisa com uma mão, levando a outra para a parte de trás
de seu pescoço, e o beijei para retribuir o sentimento.
Por mais que eu às vezes desprezasse esse homem, também não poderia
viver sem ele.
Mesmo quando queria.
Ele retribuiu o beijo e senti o gosto de sua língua misturado com o
sangue de Aflora enquanto me beijava em uma demonstração dominante de
poder. Retribuí o movimento na mesma moeda, pegando-o com uma
ferocidade que eu sabia que ele não podia negar, e sorri quando ele gemeu.
Agora não era a hora nem o lugar.
Eu também queria adicionar Aflora à mistura. Nós iríamos para o
inferno de qualquer maneira, então eu poderia me conceder o sabor que eu
ansiava por semanas.
Mas primeiro, precisávamos de um plano e, para formá-lo
adequadamente, precisávamos de tempo.
— Seu pai teria sentido a perturbação do poder — eu disse, soltando
Kols quase tão rapidamente quanto eu o agarrei.
Ele assentiu.
— Eu sei.
— Ou você diz a ele a verdade e condena a todos nós ou conta uma
história que nos sirva de proteção. E se você escolher o último, precisamos
fazer algo para esconder nossa conexão com a Aflora. — Porque todo
mundo que andasse perto de nós seria capaz de sentir o cheiro dela em
nosso sangue e vice-versa. Seria óbvio para todos o que tínhamos feito esta
noite, e a notícia se espalharia rapidamente. Especialmente quando os filhos
de vários membros do Conselho participavam da Academia Fae da Meia-
Noite.
— Posso lidar com a história — Kols murmurou. — Mas precisamos ter
certeza de que o Shade está na mesma página, pois ele será o álibi.
— Você vai contar ao seu pai que vocês dois se envolveram em um
duelo ilegal — concluí.
Kols assentiu.
— Isso vai explicar o que aconteceu aqui. — Ele apontou para a clareira
queimada que Aflora havia criado com sua explosão de poder. — Meu pai
vai repreender a nós dois, mas será um aviso verbal. Ele vai alegar que é um
rito de passagem para nós lutarmos.
Um ponto bom e justo.
— Isso vai funcionar, mas precisamos de algo para esconder os
vínculos.
— Isso vai ser mais difícil — ele murmurou.
— Não, vai nos custar — corrigi. — Muito.
— O que você quer dizer?
— Eu conheço um cara — murmurei, massageando a mandíbula
enquanto considerava o que estava prestes a revelar. — Ele pode ajudar a
esconder coisas assim.
Kols semicerrou os olhos.
— Como juramentos de proteção?
— Sim. Como juramentos de proteção.
Ele ficou em silêncio, seu olhar astuto preso ao meu enquanto uma
miríade de emoções percorria sua expressão.
Compreensão.
Mágoa.
Raiva.
Dor.
Cada emoção me atingiu no estômago, me fazendo sentir pior a cada
segundo. Porque sim, eu conhecia o cara porque havia pesquisado sobre
como quebrar laços. Especificamente, o juramento de proteção que fiz para
Kols. Ele precisava de outra pessoa, alguém mais adequado para protegê-lo.
E eu já havia provado mais de uma vez que não era o homem certo para o
trabalho.
Como prova, ele acasalou uma abominação no meu turno.
Isso me marcava como o pior Guardião da história Fae da Meia-Noite.
— Vamos discutir como você o conhece mais tarde — Kols finalmente
falou. — Por enquanto, você pode entrar em contato para ver se ele pode
nos ajudar a mascarar o vínculo de acasalamento?
Assenti, não dizendo mais nada. Ele poderia trazer à tona o quanto
quisesse, mas não mudaria nada. O que estava feito, estava feito.
— É uma solução temporária que nos dá tempo para descobrir como
resolver essa merda. — Kols soltou um longo suspiro, mudando seu foco
para o céu amanhecendo. Um milhão de pensamentos passaram por suas
feições, cada um ligado a uma emoção que eu podia provar de sua aura sem
que ele tivesse que dizer uma palavra.
Porque eu sentia o mesmo.
Isso era muito fodido.
Quando Kols sugeriu que nós três a mordêssemos de uma vez, não
hesitei. Aceitei a solução quase com entusiasmo. Muito ansiosamente. Até o
ponto em que eu não tinha considerado as consequências. Eu só queria
salvar Aflora.
Eu deveria tê-la matado.
Teria tornado tudo isso muito mais fácil.
Se eu tivesse acabado com Aflora quando ela chegou, Kols nunca teria
acasalado com ela, seu futuro não estaria em perigo, e ele poderia ter vivido
sua vida do jeito que deveria.
Ela tinha sido uma fraqueza para todos nós desde o dia em que chegou.
Parte de mim a odiava por isso, daí o comportamento de Raph na aula hoje.
Ele agiu de acordo com minha agressão em relação a ela, descontando em
seu precioso encantamento.
Errado, sim.
No entanto, foi bom colocar para fora um pouco da minha frustração.
Até que a culpa me atingiu em cheio no peito.
A fêmea tinha algum tipo de atração mágica sobre todos nós, criando
uma teia de escolhas perigosas em que Kols e eu caímos quase
voluntariamente.
Eu a desprezava por isso.
E a adorava ao mesmo tempo.
— Estou feliz que minha solução deu certo — Kols falou, sua mente
claramente seguindo um caminho semelhante ao meu porque eu me sentia
exatamente da mesma maneira. — É errado, e eu a odeio, mas odiei ainda
mais vê-la sofrer.
— Porque você não a odeia. — Assim como eu não odiava.
— Eu sei — ele concordou. — Mas quero.
— Eu sei — respondi, repetindo propositalmente suas palavras.
Um momento de compreensão mútua caiu entre nós, nossas mentes
alinhadas daquela maneira estranha que passamos a respeitar ao longo dos
anos. Era por isso que trabalhávamos bem juntos, mesmo quando não
deveríamos.
— Vou lidar com o meu pai e o Shade, enquanto você... — Kols parou,
desviando seu foco para o chão. Ele se inclinou para pegar uma varinha
descartada, curvando os lábios para baixo. — Acho que vou falar com
Aflora também. Isso é dela, certo?
Eu não tinha prestado muito atenção na varinha dela, mas parecia ser.
— Acho que sim. Mas não me lembro dela usando.
— Ela provavelmente a convocou sem perceber. — Kols olhou a
ferramenta mágica com interesse, levantando-a para a luz fornecida pelo sol
nascente, e franziu a testa com mais força. — A essência dela está aqui,
então com certeza é dela, mas posso jurar que de alguma forma mudou.
Está vendo aquela faixa azul? Parece uma rachadura, não é?
Observei a ponta de ouro afiada e notei as letras inscritas no topo.
— Esta varinha pertencia a outra pessoa. Tem certeza de que é dela?
— Definitivamente é a dela — ele disse, pegando e seguindo meu foco
para a palavra. — Lahaz. Isso soa como um feitiço.
— Ou um nome.
— Vou perguntar se ela sabe o que significa quando confirmar que
pertence a ela. — Ele inclinou a varinha novamente, franzindo a testa. —
Como eu nunca notei as linhas cerúleas antes?
— Talvez a varinha tenha mudado de formação — sugeri. Condutos
mágicos eram conhecidos por crescer com seus mestres. — Pode estar
amadurecendo, assim como a conexão de Aflora com as artes das trevas.
Ele tensionou a mandíbula e seu olhar encontrou o meu mais uma vez.
— Ela vai ser terrível.
— Já é.
Ele bufou.
— Verdade. — Com um xingamento baixo, ele mudou o foco para a
clareira novamente. — Certo. Fale com o seu cara. Eu vou encontrar o
Shade e dar um esporro no idiota. Depois vou me certificar de que estamos
acertados.
— E se não estivermos?
— Então eu realmente terei um duelo para relatar. — Ele se virou,
repleto de frustração e irritação emanando de sua essência.
Tudo por causa de uma garota.
Alguém a quem nenhum de nós queria estar ligado.
No entanto, eu realmente não me arrependia de reivindicá-la, mesmo
sabendo que deveria.
Essa percepção irritante me seguiu enquanto eu ia para o portal e por
todo o caminho até a casa de Ching. Quando cheguei, ainda não tinha
respostas, apenas uma opinião resoluta de que havíamos feito o que
precisávamos fazer e que não havia alternativa real.
O que não podia ser totalmente verdade.
Destruímos nossos futuros por uma garota cujo lugar não era aqui.
Uma abominação.
Um erro.
Então, por que parecia tão certo?
CAPÍTULO VINTE E SETE
AFLORA
L ençóis de seda.
Tons suaves de violetas.
Móveis de obsidiana.
Tudo combinava com os móveis de Shade quando ele visitava meus
sonhos. Suas preferências apareciam em cada detalhe minucioso.
Me sentei no colchão, exausta demais para lutar com ele ou exigir que
ele levasse para o meu quarto. Afinal, o que importava? Eu não ficaria viva
por muito mais tempo. Podia muito bem partir em grande estilo.
Apoiei a cabeça nas mãos, sentindo meu corpo tremer com a troca de
poder no campo. Senti os três dentro de mim, a presença deles me
firmando. A questão era: isso seria permanente ou temporário?
Não que mudasse meu destino.
Eu era uma abominação, meu pico de energia provava isso.
— Sou um perigo para todos — sussurrei e meus ombros caíram.
— É mesmo — Shade concordou, tão prestativo como sempre. — Mas
podemos ajudá-la a gerenciar tudo.
Eu quase ri. Exceto que saiu como uma espécie de bufo meio soluço,
meio enlouquecido.
— Fae, estou sem esperança — murmurei, arrasada. — Quando me
tornei assim tão fraca?
— Você não é fraca, pequena rosa — ele sussurrou, roçando os dedos
em uma das minhas mãos que cobriam meu rosto. — Você é uma das
mulheres mais fortes que eu já conheci.
Desta vez eu ri e baixei minhas mãos para o colo enquanto encontrava
seu olhar.
— Não foi isso que você disse quando nos conhecemos. Acredito que
você me chamou de flor delicada, logo depois de dizer que alguém me
chamou de linda. — Fiz uma careta com a memória, meu foco se aguçando.
— Quem te disse que eu seria linda, Shade?
— Isso importa? — ele rebateu. — O que está feito, está feito.
— Como vou morrer em breve, gostaria de saber quem me submeteu a
esse destino. Então sim, isso importa. Quem me deu a você como missão?
Não era assim que ele me chamou quando nos conhecemos? Uma
missão...?
— Você não vai morrer logo, Aflora. — Ele segurou meu queixo entre o
polegar e o indicador, dando um aperto sutil. — Nós não vamos deixar
ninguém te machucar.
Nós sendo ele, Zeph e Kols.
Ah.
— Sim, eu acredito nisso. — Não. Os três tinham me ajudado a me
firmar? Sim. Mas isso não inspirava muita confiança, não depois dos meus
últimos meses com eles. — Por que vocês me morderam?
Me referi a todos de uma vez, o que ele deve ter entendido porque
respondeu:
— Para evitar que você explodisse novamente. — Seu tom sugeria que
sua resposta era óbvia.
Ele estava certo apenas porque não tinha me dito o que eu realmente
queria saber.
— Por que você se importaria se eu explodisse? Quero dizer, por que
não me mata? Sou um perigo para você, para todos. Por que me ajudar? —
Eu deveria estar morta. Uma abominação enterrada. Destruída. Não me
sentindo centrada na minha miríade de poder. Não tendo vínculos de
companheiros com três Faes.
Nada disso fazia sentido.
Ele suspirou, soltou meu queixo e se virou para uma das cômodas.
Esperei por uma resposta enquanto ele abria uma gaveta. Continuei
esperando enquanto ele abria mais uma. Então ele arqueou uma sobrancelha
quando se virou para me entregar uma cueca boxer e uma camisa.
— Não quero roupas. Quero respostas.
Ele desviou os olhos, o calor queimando em suas pupilas.
— Bem, você é quem sabe, mas tenho que admitir que meu foco está
um pouco distraído com você nua no meu quarto. Particularmente depois de
dois meses de preliminares em nossos sonhos.
Argh! Eu tinha me esquecido de que estava nua, com minha atenção
dividida entre meu destino e minha confusão sobre o que aconteceu lá fora.
— Como eu perdi todas as minhas roupas? — Saí correndo do meu
quarto de calça e camisa. Sem sapatos. Mas eu não tinha ideia de como...
— Você as destruiu quando explodiu no campo.
Eu pisquei.
— Explodi?
— Você pegou fogo, Aflora. — Ele deixou a camisa e a boxer ao meu
lado. — Chamas cerúleas brilhantes, devo acrescentar, e você destruiu toda
a clareira. Eu ficaria impressionado se você não tivesse quase me matado e
a Zeph no processo.
Arqueei as sobrancelhas.
— O quê?
Ele me observou por um longo momento, suas íris azuis cor de gelo se
afinaram enquanto suas pupilas se dilatavam.
— Há muito poder dentro de você, pequena rosa. Exigiu uma liberação,
apenas sua explosão não foi suficiente e você estava se preparando para
uma maior. Então reagimos de acordo.
Ao me morder, traduzi.
— Por quê? — perguntei.
— Por que precisa haver uma razão?
— Porque eu deveria estar morta, Shade! — rebati, irritada com sua
evasiva contínua. Este jogo de gato e rato precisava acabar. — Apenas me
diga por que isso está acontecendo. Por que você me mordeu? Quem te
colocou nisso? Qual é o seu...
Seus lábios cobriram os meus, assim como sempre faziam neste
momento em nossos sonhos.
Eu me abstive de mordê-lo, ciente do que isso faria.
Cravei as unhas em seu pescoço, fundo o suficiente para tirar sangue.
Ele se encolheu e envolveu meu pescoço com a palma da mão, me
empurrando para sua cama.
— É assim que você quer jogar, Aflora?
— Estou cansada de jogar — eu disse a ele, com um grunhido baixo. —
Quero informações, Shade. Chega dessas meias respostas.
— Uma meia resposta implica que lhe dei pelo menos uma resposta
parcial, o que na maioria das vezes não dei.
— Exatamente — eu disse, exasperada.
Ele usou seu aperto em meu pescoço para me puxar para cima da cama
até minha cabeça encontrar um travesseiro. Ele se acomodou ao meu lado,
equilibrando-se em seu cotovelo enquanto a outra mão permanecia em volta
do meu pescoço.
— Como você está se sentindo? — ele perguntou na voz mais suave
imaginável, seu jogo caloroso no ponto mais uma vez.
— Irritada. Nervosa. Com vontade de matar.
Seus lábios se curvaram, mas apenas ligeiramente.
— E fisicamente? Você está dolorida? Alguma coisa dói?
— Só meu cérebro — murmurei. — Com todas as respostas
enigmáticas e tudo mais.
Sua diversão desapareceu atrás de uma máscara de leve aborrecimento.
— Estou falando sério, Aflora. Você ficou em chamas. Achei que ia
queimar até virar cinzas sob aquela onda de poder. — Ele quase parecia
triste com a perspectiva, mas eu sabia que não devia acreditar em seu tom.
— Me diga como você está se sentindo. Por favor.
Quase perguntei se essa palavra o machucou, mas em vez disso lhe dei a
verdade porque eu estava muito exausta para brincar com ele.
— Me sinto equilibrada e cansada.
Ele assentiu, afrouxando seu aperto enquanto tocava mais para baixo,
entre meus seios, me lembrando que estava nua.
Eu deveria ter aceitado suas roupas.
Exceto que realmente não importava. Ele me viu nua inúmeras vezes
em nossos sonhos.
— Você está com dor em algum lugar? — ele perguntou baixinho,
refazendo sua pergunta anterior.
— Não. — Apenas na minha mente.
Outro aceno de cabeça, este mais solene. Ele segurou meu quadril para
me guiar para ficar de lado para enfrentá-lo enquanto abaixava a cabeça
para descansar no mesmo travesseiro que eu.
— O Kols ou o Zeph te contaram alguma coisa sobre Quandary de
sangue?
— Sei que eles podem desmontar a magia e reconstruí-la — eu disse. —
E que eles costumavam trabalhar com os Sangue de Morte e que os Elite de
Sangue os mataram.
Ele assentiu.
— Sim. Eles temem o que não podem controlar.
— Como abominações.
— Assim como abominações — ele concordou. — O que a torna volátil
e perigosa aos olhos deles.
— Porque sou muito poderosa para eles controlarem — sussurrei. —
Você mesmo disse, quase matei você e o Zeph esta noite. — Vacilei com as
palavras, sentindo uma pontada em meu coração com o pensamento de
machucar outra alma, quanto mais duas tão próximas da minha.
— Mas você não fez isso — ele murmurou. — Eu te acompanhei bem a
tempo, e você conteve sua própria explosão assim que ela foi lançada. Bem,
além de matar todas aquelas árvores.
Se ele quis dizer isso como uma piada, não achei muito engraçado.
— Qualquer perda de vida é inaceitável. Se não posso ser controlada,
devo ser exterminada.
— Essa é uma visão muito estreita, Aflora — ele murmurou, passando a
palma da mão ao longo da minha caixa torácica. — E se você pudesse
aprender a controlar?
— Tenho tentado isso desde que cheguei, e esta noite deve te dizer em
que pé estou.
— Mas agora você tem um sistema de suporte no qual confiar.
— Eu não tenho ninguém em quem confiar — rebati. — Você nunca me
diz nada de importante. Zeph é o pior professor do reino. E Kols me odeia.
Um sistema de apoio.
— Sim, ele é um professor de merda — Shade concordou, sorrindo. —
Mas Kols não te odeia, e eu te digo coisas importantes o tempo todo. Você
simplesmente não me ouve.
— Certo. — Não me incomodei em discutir com ele. Não fazia sentido
tentar quando isso não mudaria nada. Ele nem me disse por que me mordeu,
muito menos quem o colocou nisso.
Uma quietude tensa caiu entre nós. Ele me encarou com seus olhos cor
de gelo, enquanto continuava a passar a mão no meu corpo. Devagar.
Propositalmente. Com ternura. Arrepios percorreram meus braços, a
intimidade de sua proximidade evocando memórias de nossos sonhos e os
toques que se seguiram a essa carícia. Mas ele não tentou me beijar. Não
tentou fazer nada além de memorizar a curva do meu quadril.
— O avô de Kols ordenou o abate dos Quandary de Sangue logo depois
que eles ajudaram a família Nacht a ter acesso à fonte de magia sombria
sobre minha família. Acredito que seja porque eles não queriam arriscar que
esse realinhamento de poder fosse desfeito. É o ponto final de discórdia
entre os Elite de Sangue e os Sangue de Morte. É por isso que sua
existência deve ser protegida.
Foi a maior quantidade de informações que ele já me deu de uma só
vez, e ainda não era o suficiente.
— Você sabia? — perguntei em voz alta. — Você sabia que eu poderia
acessar a Magia Quandary?
Ele me considerou por um longo momento antes de dizer:
— Sim, me disseram do seu potencial. Não acreditei até sentir que você
substituiu o colar na sua primeira semana aqui, e tenho feito tudo o que
posso para ajudá-la a se esconder desde então.
Fiz uma careta.
— Ajudar a me esconder?
— Você não achou que o Kols era o único te ajudando, achou? — Seus
lábios se curvaram para cima. — Ele está na sua cabeça tanto quanto eu,
Aflora. Certamente você já percebeu isso.
— Ele me ajuda durante a aula.
— E à noite — ele acrescentou e um sorriso sinistro cintilou em seus
olhos. De alguma forma, aquele olhar só o deixou mais bonito, de uma
forma pecaminosa que fez meu coração bater forte.
Então suas palavras foram registradas.
— Ele sabe sobre os sonhos. — Não foi uma pergunta, mas uma
afirmação. Entreabri os lábios. — Mas eu pensei que era por causa do nosso
vínculo!
— Não, querida. Manipulação de sonhos é magia antiga. Você facilita
porque não sabe como se defender, e nenhum de nós se preocupou em
ensiná-la. Meu raciocínio deve ser óbvio, mas você teria que perguntar a
Kols qual é o propósito dele em sua mente. Se eu fosse adivinhar, diria que
era sua maneira de lutar contra uma atração óbvia. Para mim, só quero
brincar com minha pequena companheira mal-humorada.
Fiz uma careta para ele, o que só o fez sorrir ainda mais.
— Você é um diamante raro entre um mar de joias, Aflora. Não posso
culpar Zeph ou Kols por querer você. Estou até disposto a compartilhar,
mas você é minha em primeiro lugar. Porque minha reivindicação é mais
profunda. E em breve, finalizaremos nosso acasalamento. Então a verdade
poderá ser revelada. Pelo menos, em partes.
— Mais enigmas — murmurei, me virando de costas, mas ele me puxou
de volta.
— Te dar todas as respostas te enfraqueceria, Aflora. Enigmas, como
você os chama, são o que fazem um Quandary de Sangue prosperar. E há
alguns fatos na vida que devem ser descobertos por nós mesmos para que
possamos florescer. Mas isso não me faz menos aqui para você. Tenho te
ajudado desde o início, mais do que você jamais saberá.
— Ajudado a me atormentar e me tomando contra a minha vontade —
resmunguei. — Você é um companheiro incrível, Shade. — Não pude evitar
o sarcasmo grosseiro em meu tom. — Você destruiu minha vida, e agora
vou morrer por causa disso. E você nem vai me dizer por quê. — Desta vez,
ele me deixou me deitar de costas.
Fechei os olhos, cansada.
Ele não ia me contar nada de útil.
Ele nunca contava.
— Você não foi a única que não teve escolha — ele disse algum tempo
depois. — Somos todos peões em um tabuleiro servindo a um propósito
maior. Um destino que pode ou não se concretizar. Só o tempo dirá.
— O que isso quer dizer? — perguntei, abrindo os olhos para encontrá-
lo apoiado em seu cotovelo e olhando para mim com tristeza. — Alguém
disse para você me morder. Não lhe disseram por quê?
— Eu já sabia o porquê, Aflora. Mas isso não significa que eu queria
tomá-la contra sua vontade, que eu queria forçar um vínculo em você
mesmo sem conhecê-la. — Ele segurou minha bochecha, roçando o polegar
em meu lábio inferior. — Se é um pedido de desculpas que você quer, não
posso te dar. Porque não me arrependo. Não mais. Não depois de descobrir
tanto sobre você. Agora vejo por que nossos destinos deveriam se
entrelaçar.
— Por causa da minha Magia Quandary.
— Não, por sua causa. — Ele se inclinou para me beijar, sua boca
exigindo a minha. — Sei que nada disso faz sentido, que você me culpa por
tudo o que aconteceu, e tem todo o direito de se sentir assim. Mas um dia,
você entenderá e me agradecerá por forçar.
— Não acredito — resmunguei, seus lábios muito perto dos meus.
Ele sorriu.
— Estou muito ansioso para provar que você está errada.
Eu sabia que ele não seria capaz, que não era possível para mim
agradecê-lo por me arrastar para este mundo e destruir minha vida. Mas não
consegui parar a onda de calor que me dominou quando ele me beijou mais
uma vez.
Eu o odeio.
Queria machucá-lo como ele me machucou.
No entanto, o fogo que ele acendeu dentro de mim aumentou com cada
toque, lambida e mordiscada entre nós. Provou que a luxúria e o ódio eram
realmente vizinhos no círculo de emoções que ditavam a todos nós. Porque
a paixão entre nós queimava mais e mais a cada dia.
— Eu te odeio — sussurrei.
— Eu sei.
— Gostaria de nunca ter te conhecido — acrescentei com um grunhido
rouco em meu tom.
— Eu sei — ele repetiu, seu olhar gelado se abrindo para encontrar o
meu. — Mas se você não tivesse me conhecido, não saberia sobre seu
Sangue Quandary.
Outro beijo, este mais profundo, seus olhos presos nos meus o tempo
todo.
— Você nunca teria explorado os outros poderes — acrescentou, sua
voz ficando mais sombria, de uma forma que fez minha barriga se apertar.
Sua língua deslizou pelos meus lábios, provando, tentando e seduzindo
completamente.
Engoli um gemido, tentando não mostrar como ele me fazia sentir.
Tentando afastar a luxúria que ele despertava com muita facilidade.
No entanto, a coxa que separava minhas pernas soube imediatamente,
suas calças roçando em meu sexo exposto, minha umidade escorrendo pelo
tecido de suas calças em um instante.
— Sua pequena exibição esta noite teria sido uma eventualidade com ou
sem minha influência — ele continuou em um tom rude. — Porém, você
não teria ninguém para te colocar de castigo. — Ele flexionou a coxa de
uma forma que provocou prazer, fazendo minha carne sensível pulsar com
uma necessidade que ele habilmente despertou.
— Shade...
— Você não teria nenhum conhecimento do que estava acontecendo,
Aflora — ele sussurrou. — Ou como pará-lo.
Engoli em seco, reconhecendo seus comentários como verdadeiros, e
seu toque evocando uma reação de vulcão em chamas no meu baixo ventre,
ameaçando me consumir completamente.
— Sem minha interferência em sua vida, você teria machucado as
pessoas que ama. — Ele mordiscou meu lábio inferior ao mesmo tempo em
que sua coxa pressionou meu calor úmido.
Essa conversa não deveria estar me excitando.
Ele não deveria estar me deixando tão quente.
Enfiei os dedos em seu cabelo grosso e escuro, me agarrando a ele,
apesar de minha mente me dizer para ordenar que ele parasse.
Resistir a ele provou ser impossível.
— Você me faz sentir tão... — parei, incapaz de explicar. Meu corpo
estava em chamas de uma maneira semelhante ao que senti mais cedo, mas
ao mesmo tempo, diferente.
Kols tinha me incendiado com poder e sensação.
Shade de alguma forma acariciou minha alma com chamas geladas, um
elemento impossível que parecia existir apenas entre nós.
— Goze para mim, linda — ele sussurrou contra o meu ouvido.
Queria gritar para ele me soltar, implorar para ele me levar ao êxtase e
para matá-lo ao mesmo tempo. A intensidade entre nós transbordou, meu
mundo desmoronou em um clímax tão avassalador que quase esqueci como
respirar.
E então eu estava gritando seu nome como uma maldição e uma bênção
enquanto a energia explodia ao nosso redor.
Ele absorveu tudo, me permitindo flutuar em um estado de êxtase que
abalou cada centímetro do meu ser, me deixando sair do meu corpo e
retornar.
— Shade! — O quarto brilhava, meu coração batia em um ritmo caótico
que se recusava a desacelerar, até que sua boca me trouxe de volta à
realidade do nosso momento.
Sua língua acariciou a minha enquanto me acariciava e seu calor
aquecendo minha pele fria e úmida.
Estremeci, perdida para ele total e completamente, enquanto o
desprezava mais uma vez, ainda o beijando como se eu precisasse de sua
existência para sobreviver.
— Você é linda — ele elogiou, me acariciando em um gesto quase doce
demais para o nosso vínculo volátil. — Durma, Aflora. Vamos discutir mais
pela manhã.
Abri minha boca para argumentar, mas ela se fechou por causa de
qualquer feitiço que ele teceu sobre mim. Semicerrei os olhos em
aborrecimento, desejando que ele parasse de mexer com meus sonhos e
meus estados de sono.
Mas ele desapareceu em uma nuvem de sua fumaça inebriante antes que
eu pudesse transmitir a mensagem.
E meu mundo ficou preto.
CAPÍTULO VINTE E OITO
SHADE
— P orperguntou
que você ainda está com a varinha da Aflora? — Zeph
enquanto entrava no meu quarto sem bater. Coloquei
seu conduíte mágico na cômoda, desejando mantê-lo seguro para quando eu
voltasse para ela amanhã de manhã.
— Não cheguei a vê-la. O Shade já a colocou em sua cama. Fiz uma
careta com as palavras, não muito satisfeito por ela ter passado a noite com
ele. Claro, ele não tinha exatamente me dado muita escolha. Eu poderia ter
lutado com ele, exigido que ele a entregasse, mas decidi que não valia a
pena. Como eu podia sentir suas emoções agora – graças ao vínculo – sabia
que ela estava segura. Se e quando essa sensação mudasse, eu faria algo
sobre isso.
Por enquanto, eu o deixaria ficar com ela.
Só por esta noite.
Amanhã era um dia totalmente novo para negociação.
Também me daria tempo para substituir todos os seus pertences e os
móveis do quarto.
Parte de mim ainda queria matá-la por me prender nessa confusão.
Enquanto isso, o lado mais lógico de mim reconheceu que tinha sido uma
reivindicação mútua.
Eu a quis desde o momento em que nos conhecemos, e mesmo antes
disso, quando a vi na coroação de Cyrus. Ela era uma das mulheres mais
bonitas que eu já tinha visto, com seu longo cabelo preto realçado com
mechas azuis. Aqueles olhos lindos. Curvas deliciosas. Sorriso
pecaminosamente doce.
Cada atributo que ela possuía me atraiu para ela.
Juntamente com seu poder surpreendente e linhagem real, não era de se
admirar que minha alma Fae a procurasse como um par.
Eu estava fraco demais para lutar contra e, por isso, pagaria o preço
final.
Odiá-la era mais fácil do que me odiar. Isso não deu certo.
— Você parece péssimo — Zeph disse, parando na cama. Eu estava
deitado sobre os travesseiros com uma garrafa de uísque no colo. Sem
camisa. Sem sapatos. Apenas um par de moletom cinza.
— Obrigado. Eu me sinto péssimo. — Tomei outro gole, desejando
loucamente que já me deixasse bêbado. Mas o poder que absorvi de Aflora
parecia estar consumindo minha capacidade de me sentir intoxicado.
Peguei o peso de sua explosão, permiti que alimentasse minhas
entranhas e a alimentei diretamente de volta à fonte. Como uma espécie de
sifão.
Zeph e Shade ajudaram, mas não eram eles que tinham acesso direto às
artes das trevas. Então o peso disso caiu sobre mim.
A tinta ao longo dos meus braços se contorcia de contentamento,
enquanto minhas entranhas se revoltavam.
Eu não podia acreditar que nada disso tinha acontecido, não tinha a
menor ideia do que fazer agora. Menti para o meu pai, algo que nunca tinha
feito antes. Não sobre uma situação importante como esta, de qualquer
maneira. Pequenas mentiras, sim. Importantes, não.
— Puta merda — murmurei, tomando mais um gole antes de entregar a
garrafa para Zeph. — Quer?
Ele pegou a garrafa e a colocou de lado em vez de tomar um gole.
— Não vai ajudar.
— Nem me fala. — Eu estava tentando afogar minhas mágoas por mais
de uma hora sem sucesso. — O poder dela é como um fio vivo correndo
pela porra da minha alma.
— Não tenho certeza do que posso fazer, mas meu amigo nos fez isso.
— Ele deixou cair um par de pulseiras de couro marrom na cama ao lado do
meu quadril. — Ching disse que isso ajudará a esconder nossa conexão dos
outros.
— Ching?
— Meu amigo que é especialista em esconder vínculos. Aparentemente,
os laços de acasalamento são uma coisa popular para se esconder, então ele
já tinha várias ferramentas disponíveis à sua disposição para criá-los. —
Zeph estudou os braceletes. — Não dei sua identidade a ele, principalmente
porque imagino que ele surtaria se soubesse. Porque só há uma razão para
alguém se especializar nesse tipo de magia, que é esconder coisas do
Conselho.
— Mas ele sabe quem você é.
— Sabe. Assim como ele também sabe que quero ir embora. — Ele
encontrou meu olhar, me desafiando a comentar.
Não falei nada.
Principalmente porque eu estava exausto demais para brigar com ele
agora.
Eu só queria que essa noite acabasse.
Além disso...
— Não há como ir agora — eu disse a ele, voltando meu foco para as
pulseiras. — Então, como funciona? — perguntei, dando a ele a chance de
desviar e mudar a direção da nossa conversa.
Ele aceitou.
— São feitiços de ocultação genéricos. Usar a pulseira encobre o
vínculo de acasalamento, tornando impossível sentir ou rastrear.
— E a Aflora? Se ela usar uma, vai esconder seu vínculo com o Shade,
e as pessoas irão suspeitar que algo está acontecendo.
Zeph assentiu.
— Sim, o Ching está fazendo algo especial para ela. Ele vai tentar fazer
algo pela manhã. Se não, precisamos de uma desculpa para mantê-la fora da
aula.
— Vou dizer que ela foi atingida por alguma magia perdida durante meu
duelo com Shade. Ninguém vai questionar. Caramba, a Emelyn
provavelmente vai ficar feliz. A vadia pintou um alvo nas costas de Aflora
apenas por causa de sua ligação comigo. Bem, esse ódio se tornaria muito
pior quando ela percebesse que nos acasalamos.
Assumindo que viveremos o suficiente para que alguém descubra além
do Conselho.
Meus ombros caíram enquanto eu afundava mais nos travesseiros.
— Você não é do tipo que fica deprimido — Zeph disse, elevando seu
corpo alto sobre mim enquanto me olhava ao lado da cama.
— Vá se foder, Z — murmurei, puxando um travesseiro sobre minha
cabeça. Infantil, sim, inútil, também sim. Mas eu só queria me esconder por
toda a eternidade.
— Você percebe que essa conexão entre nós quatro é poderosa, certo?
— Zeph perguntou.
— Não tive um minuto para analisá-la. — Minhas palavras foram
abafadas pelo travesseiro.
Um travesseiro que desapareceu quando Zeph o tirou de mim.
— Pare de agir como um idiota preguiçoso, sente-se e comece a pensar.
Olhei para ele.
— Não quero pensar, idiota.
— Bem, sinto muito, idiota — ele respondeu. — Nós quebramos
algumas regras. E daí? As leis de acasalamento são arcaicas e você sabe
disso. Você também nunca quis acasalar com Emelyn mesmo. A Aflora é
uma combinação muito melhor. Ela é gostosa pra cacete também. Forte.
Poderosa. Uma Quandary de Sangue. Isso significa que, com o treinamento
certo, ela pode reescrever toda essa merda a nosso favor. A única parte
realmente ruim de tudo isso é ter o Shade envolvido. Eu sugeriria que o
matássemos, mas isso prejudicaria Aflora, o que enfraqueceria o vínculo em
geral.
Eu pisquei para ele.
— Quem fez de você o Rei Prático de repente?
— Eu sempre fui o prático, Príncipe Bebê Chorão — ele respondeu.
— Eu não sou um bebê chorão.
— Você está deitado em uma pilha de travesseiros sentindo pena de si
mesmo em vez de perceber a oportunidade que existe aqui. Ela é muito
poderosa. Você sentiu isso hoje à noite quando a derrubamos. O Conselho
vai ficar louco com isso porque eles não podem lutar contra, a menos que
nos curvemos. O que não tenho vontade de fazer. E você?
— O que aconteceu com eles provavelmente vão matá-la e depois a
você? — perguntei. — Não foi isso que você disse há apenas algumas
horas?
— Sim, e você me disse que não ia deixar isso acontecer. E eu acredito
em você. Então pare de sentir pena de si mesmo e me ajude a encontrar uma
solução. Como você disse, não há como sair disso agora. Vamos descobrir o
que fazer, a menos que você tenha um dispositivo de viagem no tempo
guardado por aí que eu não saiba.
— Esse é um reino totalmente diferente de seres feéricos — murmurei,
pensando no Paradoxo Fae. — Mas eles seriam bem úteis agora.
— Sim, exceto que não nos ajudariam. Na verdade, eles provavelmente
tornariam as coisas piores.
Eu bufei.
— Verdade. — Eles eram pequenos filhos da puta enganadores que
adoravam pregar peças com o tempo. Pedir um favor a eles exigia um
pagamento significativo e, mesmo assim, nunca era garantido que eles
seguiriam sem deixar alguma surpresa desonesta à espreita. — Ainda assim,
é um caminho para manter em mente — falei. Porque todas as opções
tinham que ser consideradas.
— Não realmente. Acho que acabaríamos nos unindo a ela,
independentemente do que fizéssemos.
Ele não estava errado.
— Senti a atração desde o momento em que a vi pela primeira vez.
— Eu também.
Trocamos um longo olhar que terminou em um suspiro mútuo.
— O que eu ainda quero saber é o que o Shade tem a ver com tudo isso
— Zeph continuou. — Ele sabia que isso aconteceria.
— O que você quer dizer?
— Ele não ficou nada surpreso esta noite. Apenas aceitou. Que tipo de
Fae da Meia-Noite não se importa com dois outros homens tomando
liberdades com sua companheira?
Fiz uma careta.
— Eu certamente não estou feliz que ela esteja na cama dele agora.
— Exatamente.
— No entanto, eu permiti — acrescentei.
— Porque você não se opõe a compartilhar mulheres. Mas o Shade é
notoriamente alfa em suas preferências e não do tipo que compartilha.
— Verdade. — Me sentei, esfregando a mão em meu rosto enquanto
pensava em tudo. — Ele não pareceu satisfeito com minha sugestão de
mordê-la, no entanto.
— Ele parecia preocupado — Zeph concordou. — Mas não com a nossa
reivindicação. Ele estava preocupado com ela e com o que aconteceria se
não conseguíssemos controlar seu poder. Há uma diferença.
— Sim, há — concordei, lembrando o medo em seus olhos enquanto ele
a observava desmoronar diante de nós. — Ele realmente se importa com
ela.
— Ele também salvou minha vida esta noite quando ela explodiu pela
primeira vez. Se ele tivesse me ignorado, eu teria queimado junto com ela.
Só que não estou equipado para sobreviver ao fogo cerúleo.
Foi quando cheguei, sentindo seu poder aumentar através do nosso
vínculo. Consegui absorver a maior parte de sua destruição, mantendo a
energia centralizada naquele pátio com uma corrente elétrica agitada
diretamente da fonte.
— Isso é confuso demais — eu disse, soltando um suspiro. — Perguntei
a ele sobre seu motivo esta noite. Ele respondeu com sua habitual palhaçada
enigmática.
— Você confia nele? — Zeph perguntou.
— Não. — Eu não confiava nada naquele cretino.
— Nem eu.
— Então, o que faremos?
— Vamos monitorá-lo. E proteger a Aflora. — Ele trocou olhares
comigo enquanto dizia isso. — Há algo sobre ela, Kols. Alguma coisa
importante. E é mais profundo do que seu Sangue Quandary.
— Ela é uma abominação — eu o lembrei. — Pode ser isso que você
esteja sentindo.
Ele balançou a cabeça.
— Continuo sentindo que ela é a chave para algum segredo há muito
enterrado. É apenas uma sensação que tenho. Um que eu quero entender
antes de decidirmos como proceder.
Os instintos de Zeph provaram ser confiáveis ao longo dos anos, e eu
não iria negá-los agora.
— Devemos começar investigando sua origem — eu disse, pensando
em seu passado. — Seus pais supostamente morreram quando ela era
jovem. Todos acharam que tinha a ver com a praga Fae da Terra, que mais
tarde perceberam que era causada por uma abominação.
— Eu apostaria que havia mais nessa história — Zeph respondeu.
— Eu também. — Eu teria que envolver Exos ou Cyrus nisso para
solicitar alguns detalhes. Talvez pudesse pedir informações sobre o passado
dela e alegar que precisava disso para ajudar a inocentá-la ou algo assim.
— Você está pensando em perguntar aos Membros da Realeza Fae
Elemental. — Um bom palpite, nascido de anos de conhecimento um do
outro.
— Estou — confirmei.
— Um bom começo.
Concordei com um aceno de cabeça antes de dizer:
— Bem, acho que precisamos colocar essas pulseiras e esperar que seu
amigo traga algo para Aflora.
— Ele vai trazer. — Zeph pegou as pulseiras de couro marrom e me
entregou uma. — Saúde, Kols.
Eu bufei uma risada.
— Sim. Saúde. — Bati a pulseira contra a dele, em seguida, a prendi em
meu pulso. Além de uma leve sensação de zumbido, não senti nada
diferente, mas o aceno de cabeça de Zeph me disse que funcionou. Quando
ele seguiu o exemplo, colocando a sua no lugar, eu entendi.
Os leves traços dos vínculos de acasalamento tinham desaparecido.
Agora só tínhamos que ver quanto tempo essas coisas duravam.
Resolver o mistério da existência de Aflora.
E descobrir o que Shade estava fazendo.
— Isso vai ser um grande desafio — eu disse.
Zeph sorriu.
— Sim. Vai mesmo. — Ele puxou os lençóis de volta na minha cama.
— Agora chega pra lá. Vou dormir aqui.
Arqueei uma sobrancelha.
— Seu quarto é ao lado, Guardião.
— Cale a boca e se mexa, Kols.
Curvei os lábios quando obedeci.
— Tire as calças.
— Nos seus sonhos.
— Ou podemos tocar em Aflora — sugeri, pensando em como seria
divertido implicar com Shade. — Fazê-la gemer nossos nomes tão alto que
o Sangue de Morte não consiga dormir.
Um brilho sinistro escureceu o olhar de Zeph para uma cor verde
floresta.
— Está tarde e eu não estava planejando descansar muito de qualquer
maneira.
Sim, era quase meio-dia lá fora.
— Então vamos nos divertir. Nós merecemos depois das últimas vinte e
quatro horas.
— Você já se divertiu antes — Zeph respondeu. — Esta noite, é a minha
vez.
— Então faça isso. Eu acompanho. — Eu não recusaria quando uma
chance era oferecida.
CAPÍTULO TRINTA
AFLORA
E speciarias ricas.
Hortelã-pimenta.
Colônia amadeirada.
Eu estava nadando em todos os aromas, sentindo o corpo excitado
apesar de mal ser tocado. Quando a noite caiu, tudo o que eu queria fazer
era dormir, já que meus companheiros não me deixaram descansar.
Eles estavam competindo por um lugar em meus sonhos, sua sedução
resoluta e muito tentadora.
Eu os detestava.
Ansiava por eles.
Queria matá-los.
Não os entendia.
— Você me odeia — eu disse a Kols, que estava com os braços em volta
de mim enquanto me puxava de volta para seu peito, levando os lábios ao
meu pescoço. Nada disso era real. Eu sabia. Mas não sabia como impedir
que nenhum deles entrasse na minha cabeça.
— Eu não te odeio, princesa — ele sussurrou.
— Você me culpou por nosso vínculo de acasalamento.
— Porque ele é um idiota que não sabe como se apropriar de suas
próprias ações — uma voz sombria falou diretamente no meu ouvido e
substituindo a voz de Kols na minha cabeça.
— O quê?
— Acorde, pequena rosa — Shade exigiu, roçando os dentes no meu
pescoço. — Acabamos de jogar este jogo. Por enquanto.
Abri os olhos e a risada de Kols era um som residual em minha mente.
Cortinas violetas estavam abertas para revelar uma noite estrelada e
lençóis de seda entrelaçados com minhas pernas. Shade estava deitado atrás
de mim, com o braço em volta da minha cintura, o peito nu nas minhas
costas e os lábios no meu ouvido novamente.
— Bem-vinda de volta, pequena rosa.
Engoli em seco, sentindo meu coração acelerar.
— Onde estou?
— No meu quarto. — Ele deu um beijo no meu pescoço mais uma vez,
então me guiou de costas para pairar sobre mim. — Você precisa dormir
mais. Que tal matarmos nossas aulas hoje e ficarmos aqui?
— Como eu...? — Eu parei, os eventos da noite passada surgindo em
minha mente em um ataque cruel da realidade.
A cobra de Zeph matando Clove.
Sexo com Kols.
Ele me mandando embora.
Eu correndo para a floresta.
Meus poderes explodindo.
Shade me seguindo aqui.
Cada memória passou por mim, me fazendo vacilar quando o pavor se
acumulou sombrio e espesso dentro da minha barriga.
— O que acontece agora?
— Vamos dormir — Shade respondeu. — Bem, supondo que você
esteja aceitando minha oferta de matar aula.
— Não. — Balancei minha cabeça em um esforço para limpá-la. — O
que acontece com nós quatro? Comigo?
— Ah, acredito que o plano é fingir que nada aconteceu. — Ele deu de
ombros. — Acho que vamos ver como isso funciona, não é?
— Eu... — O quê? — Isso vai funcionar mesmo? O Conselho não vai
saber? E os nossos vínculos? — Eu podia sentir os três machos dentro de
mim, rasgando meu coração com seus vários ganchos. A magia deles se
amontoou em minha alma também, como se cada um disputasse o domínio
sobre meus poderes, procurando me absorver inteiramente.
Me firmando, percebi. Eles estão absorvendo minha energia para me
manter firme e estável.
Eu os cutuquei em minha mente, recuando quando as linhas sibilaram
em resposta. Shade se encolheu visivelmente, curvando seus lábios para
baixo.
— O que você acabou de fazer?
— Toquei seu... vínculo? — Era um palpite. Eu realmente não sabia
como chamar, mas pareciam correntes ancoradas em torno do meu espírito,
me prendendo.
— Você pode vê-los?
Assenti devagar, olhando para dentro de mim mais uma vez.
— Sim. Acho que sim.
— Você pode descrevê-los?
— Como fios finos de magia se enrolando em torno do núcleo de
minhas habilidades — expliquei. — Estão pulsando com poder. Seus
poderes. — Estendi a mão para aquele com um vínculo mais sólido,
notando a essência de Shade enquanto cuidadosamente acariciava nossa
conexão.
Ele estremeceu em resposta, seus olhos azuis brilhando intensamente.
— Essa é a sua habilidade Quandary de Sangue — ele sussurrou. —
Não consigo ver nossa conexão. Não assim.
— O que você vê? — perguntei em voz alta.
— Você — ele disse baixinho, acariciando minha bochecha. — Ou
melhor, eu sinto você. Dentro de mim. Na minha mente, meu coração,
minha alma. — Ele se inclinou para mim, roçando seus lábios nos meus. —
Posso sentir suas emoções. Sei quando você está com dor ou excitada. Não
exatamente seus pensamentos, mas perto. Como se nossas almas estivessem
unidas de uma maneira que torna você mais fácil de ler. E, claro, posso
entrar nos seus sonhos.
Divertimento provocou seus lábios carnudos, fazendo-os se contorcer
enquanto eu revirei os olhos em resposta.
— Vou priorizar aprender a bloquear todos vocês — murmurei. Talvez
Ella pudesse me ensinar. Ou um dos meus livros.
— Humm, vou contra-feitiçar você, pequena rosa. Ou talvez eu apenas
brinque com você na realidade. — Ele passou os dentes pelo meu lábio
inferior, seu toque promissor.
— Não sei — respondi, querendo provocá-lo. — Você pode não
corresponder às expectativas dos meus sonhos.
Ele riu, senti seu fôlego de hortelã contra a minha língua.
— Querida, vou superar todas as fantasias, incluindo as que você
compartilhou com Kols.
Estremeci com o pensamento, lembrando o que o Príncipe da Meia-
Noite tinha me infligido na noite passada.
— Isso pode não ser possível depois de ontem à noite.
— Por quê? Porque ele permitiu que o Zeph se juntasse a ele desta vez?
— Shade parecia divertido de um jeito sombrio. — Conheço minhas
habilidades e elas estão absolutamente à altura.
— Você fala demais.
— Diz a fêmea que gozou contra minha coxa ontem à noite apenas com
minha boca tocando a dela — ele respondeu baixinho, me beijando
novamente, desta vez com propósito. — Continue assim, pequena rosa, e
vou lhe dar uma demonstração em vez de deixá-la dormir.
— Você provavelmente vai fazer isso em minha mente — retruquei.
Ele sorriu contra minha boca.
— Provavelmente. — Outro beijo. — Com certeza. — Desta vez com a
língua. — Definitivamente. — Adormeci em seus braços mais uma vez,
desta vez com uma estranha satisfação no peito.
Algo que que desapareceu quando acordei sozinha na cama e encontrei
sua metade do colchão fria. Uma rosa negra repousava no travesseiro com
um bilhete ao lado.
Eu bufei.
— Tudo conversa — murmurei, me recostando para ver as luminárias
de seu quarto. Eram elegantes de uma forma que eu meio que esperava dele.
Escuras também. A madeira de obsidiana com móveis violeta. Muito Shade.
Mas não havia itens pessoais. Não havia fotos. Nada de pequenas
bugigangas, apenas o essencial necessário para viver.
Talvez ele não passasse muito tempo aqui.
Como ele faltava às aulas regularmente, isso faria sentido.
Eu me espreguicei e me afastei dos lençóis. A boxer e a camisa que ele
me ofereceu na noite passada estavam dobradas no balcão do banheiro com
outra rosa negra. Tomei isso como um convite para tomar banho e me
trocar, o que fiz, usando seu shampoo com cheiro de menta e frescor, assim
como ele.
Prendendo as longas mechas do meu cabelo em um nó, vesti suas
roupas e me observei no espelho.
Meu colar havia desaparecido.
Eu não tinha notado antes.
Tinha caído ontem à noite ou Shade o removeu?
Provavelmente na noite passada, o que explicava como minhas
habilidades Faes Elementais haviam retornado. Fechei os olhos e sorri
quando a fonte me recebeu com um beijo aromático da Terra. Isso meio que
me lembrou Zeph e seu cheiro amadeirado.
Na verdade, cheirava quase demais como ele.
Quase como se...
— Aflora. — Sua voz soou da porta e seus olhos verdes estavam
selvagens com emoções. — Temos de ir.
Fiz uma careta para ele.
— O quê?
— Não há tempo para explicar. Preciso que você coloque isso, e nós
precisamos correr. Agora. — Ele estendeu uma coleira idêntica à que eu
havia perdido.
— Zeph, eu...
— O Conselho sabe, Aflora. Eles estão procurando o terreno para você.
Temos que ir agora.
— Não entendo.
— Nem nós, mas eles têm uma gravação sua admitindo que é perigoso.
Não sabemos de onde veio ou como.
— Uma gravação? — repeti, engolindo em seco.
Ele me entregou o colar e respondeu:
— Sim. Só ouvi parte dela antes de correr aqui para te encontrar.
— O que você ouviu? — sussurrei, sentindo meu coração bater a mil
por hora no meu peito.
— Você disse que qualquer perda de vida é inaceitável e que se não
pudesse ser controlada, então deveria ser exterminada. — Ele balançou sua
cabeça. — Podemos discutir isso mais tarde, mas precisamos ir. Eles logo
estarão a caminho daqui.
Segurei o colar distraidamente, com a cabeça muito consumida pelo que
ele acabou de dizer.
— Isso foi o que eu disse ao Shade ontem à noite — sussurrei,
engolindo em seco. — Eu disse a ele que deveria ser exterminada.
— Bem, então sabemos de onde veio a gravação — ele murmurou,
xingando baixinho. — Eu sabia que não podíamos confiar naquele idiota.
Mas por quê?, pensei. Por que ele faria isso comigo?
Por que ele fez tudo isso? eu me questionei. Nada sobre Shade poderia
ser previsto. Tudo o que ele fez era para si mesmo em primeiro lugar. Eu
ainda nem sabia por que ele tinha me mordido.
Surgiu uma coisa, ele havia escrito.
Algo como correr para o Conselho para contar a eles sobre a noite
passada?
— Aflora! — Zeph gritou. — Temos de ir.
Certo. Colar. Fechado. Pescoço. Pronto. Um zing imediato passou pelo
meu corpo quando a magia se encaixou, me fazendo tremer. Não apenas
removeu meu acesso à terra, mas também enfraqueceu significativamente
meu fogo cerúleo. Quase ao ponto de não o sentir.
— O que há nisso...? — Eu parei, a compreensão surgindo. — Espere,
isso é...?
A porta do quarto se abriu com um estrondo e dois Faes da Meia-Noite
entraram com varinhas em punho.
Zeph encostou-se na parede, com as mãos nos bolsos, enquanto Kols
seguia o que agora percebi serem Guardiões Reais. Eles usavam o brasão da
família Nacht em seus mantos, as cores verdes os denotando como
Guerreiros de Sangue.
Assim como Zeph.
— Ela está desarmada — Zeph os informou. Seu tom sério e sem
emoção. — Como pedido.
O quê?
— Excelente. Leve-a para as Masmorras do Conselho — Kols disse,
soando tão majestoso como sempre.
— Masmorras do Conselho? — repeti, com o coração na garganta.
Essa coisa toda foi planejada, percebi. De Shade me deixando com o
bilhete a Zeph aparecendo com o colar. E eu, como uma boba, a coloquei,
muito consumida pelo comentário sobre a gravação.
Agora eu estava indefesa.
E prestes a ser levada ao Conselho para extermínio.
— Uma fonte anônima forneceu uma gravação de você admitindo suas
habilidades aumentadas. — Kols disse e encontrou meu olhar. — Seus
poderes serão avaliados pelo Conselho. Se eles determinarem que essa
afirmação é verdadeira, uma reatribuição pode ser necessária.
Traduzi o que ele realmente quis dizer: extermínio. Assim como eu
disse ontem à noite. Só que Shade me deu um vislumbre de esperança, algo
que eu deveria saber que não deveria sentir.
Ele me enganou.
Todos haviam me enganado.
Shade gravou uma conversa privada e a compartilhou com o Conselho.
Zeph apareceu como um cavaleiro de armadura brilhante, alegando
querer me ajudar a escapar, tudo para me dar uma falsa sensação de
conforto enquanto eu colocava o colar que esgotava o poder.
E agora, Kols estava olhando para mim como se eu não significasse
nada para ele. Ele me queria morta. Ele me disse isso na noite passada.
Tornaria sua vida mais fácil se eu não existisse, mataria o vínculo entre nós
e o libertaria para seguir seu destino. Então, naturalmente, ele me queria
fora de cena. Por que não iria querer?
A parte rancorosa de mim quase o acusou, mas o meu lado inteligente
se segurou. Se eu falasse agora, ele poderia tirar minha vida e alegar
legítima defesa. Com Zeph como testemunha, ele também se safaria.
Provavelmente usaria a vida dos guardas como causa e alegaria que eu os
havia matado. Quando, na verdade, ele faria isso para silenciá-los.
Pelo menos, era assim que eu jogaria.
O que significava que eu precisava guardar a declaração para mais
tarde.
Anunciá-la na frente de outros membros do Conselho.
Porque se eu ia cair, ele também cairia.
Assim como Zeph.
E Shade, o cretino traiçoeiro.
Todos iriam para o túmulo comigo.
As pupilas de Kols dilataram, ele semicerrou o olhar com
conhecimento, como se ouvisse o plano se desenrolar em minha mente. Ou
talvez ele tenha visto o desejo de vingança em meu olhar.
Não me importei.
Eu o deixei ver minha raiva.
Permiti que ele testemunhasse minha promessa de retribuição.
Não vou cair sozinha, eu disse a ele com um olhar.
Porque no final, eles vão pagar pelo que fizeram comigo. Eu juro.
Bem-vindos ao purgatório, rapazes.
É melhor vocês aguentarem.
Vai ser um passeio selvagem.
A floraElaolhou para mim com um ódio que senti na alma.
achou que a traímos. No entanto, tudo o que fizemos foi para
salvá-la.
Se Zeph não tivesse colocado aquele colar no seu pescoço a tempo, os
Guardiões teriam sentido seus laços adicionais, o que exigiria que eu os
matasse. Porque eu não podia arriscar que eles voltassem ao Conselho com
esses detalhes.
Vendo a expressão de Aflora, ficou claro que Zeph não teve chance de
explicar.
Ela parecia pronta para me matar. Imaginei que isso funcionava a nosso
favor em termos de credibilidade, mas eu podia ver as rodas girando em sua
cabeça.
Se ela falasse uma palavra de nossos laços, estávamos fodidos.
Zeph e eu trocamos um olhar. Sua expressão me dizia que ele também
percebeu sua animosidade.
Aflora era uma bomba-relógio de muitas maneiras, tanto no que ela
podia dizer quanto em seus poderes crescentes. Sem mencionar Shade, o
cretino que traiu a todos nós.
Nossa primeira ordem de trabalho seria libertá-la.
Então lidaríamos com o Sangue de Morte.
De preferência, com uma estaca na porra de seu coração.
Continua...
Estou no purgatório.
Inferno.
Uma masmorra Fae da Meia-Noite.
Tudo porque meus companheiros me traíram.
Exceto que nossa busca despertou um poder antigo que está ameaçando
destruir o reino Fae da Meia-Noite com sua vingança.
A
R E :L U
Sensuais.
A
I C
Uma mestiça.
Rejeitada.
Uma loba sem companheiro.
Amazon
AGRADECIMENTOS
Ah, por onde começar? Este livro não teria sido possível sem muitos
fatores. Em primeiro lugar, a J.R. Thorn, por me ajudar a criar os Reinos
Fae. Foi um prazer e uma honra absolutos trabalhar em Rainha dos
Elementos com você, e amo que possamos continuar neste mundo com
outros personagens Faes. Mal posso esperar para ler Fortune Fae Academy
(ainda não lançado no Brasil)! Por favor se apresse.
Um sincero obrigado a Katie, por toda a sua ajuda e orientação ao longo
do caminho. Adoro trabalhar com você e sempre gosto de seus comentários
enquanto escrevo. Zeph envia seu amor (ou sua versão dele, de qualquer
maneira).
Para Bethany, obrigada por ser uma editora incrível e lidar
constantemente com meus prazos/contagens de palavras finais em
movimento. Um dia desses, terminarei um projeto no número de palavras
desejado e no prazo. Talvez. Eu culpo as vozes. Neste caso em particular, os
meninos são os culpados. Odeio todos eles. (Brincadeira, pessoal. Eu amo
vocês. Mais ou menos. Bem, realmente apenas Shade. Kols e Zeph, vocês
sabem por que estou irritada.)
A Vicki, Laura e Matt, obrigada por sua paciência e compreensão, e por
me deixar pular o dia da cervejaria/chocolate para terminar o primeiro livro
de Aflora. Da próxima vez que sairmos de férias, prometo não ter um prazo
perto da hora da viajar!
Para Lori, obrigada pela capa linda. É incrivelmente inspiradora, assim
como de toda a série. Sou muito apaixonada pela arte e design. Obrigada
por criar todos os pequenos detalhes que correspondem às minhas palavras.
Para Heather, obrigada pelos lindos cabeçalhos e página de título. Estou
muito apaixonada pela impressão do livro físico. Está incrível, assim como
o meu site, que eu te adoro por criá-lo e mantê-lo.
A Louise e Diane, obrigada por serem meus pilares figurativos e por
sempre estarem ao meu lado. Vocês duas me mantêm à tona quando preciso,
me dizem para me esconder e escrever (quando preciso que me digam para
me esconder e escrever) e me ajudam de maneiras que vocês provavelmente
nem percebem. Eu amo vocês duas!
À minha equipe de relações públicas da Essentially Chase, obrigada por
me orientarem e fornecerem sua ampla experiência neste setor. Adoro
vocês. Por favor, nunca me deixem. Não sou bom em correr, mas vou correr
atrás de vocês!
À minha equipe de ARC e ao Famous Owls de Foss, obrigada por seu
apoio e por amar meus livros! Eu aprecio todos vocês mais do que vocês
sabem.
E aos meus leitores, obrigada por estarem aqui! Adoro as mensagens,
comentários e e-mails de vocês. Vocês todos consistentemente tornam meus
dias melhores e me fornecem a motivação que preciso para continuar.
Compartilho minhas palavras porque vocês me convencem a fazer isso,
então obrigada por me deixarem contar ao mundo sobre as vozes na minha
cabeça.
Império Mershano
O Jogo do Príncipe: Livro 1
O Jogo do Playboy: Livro 2
A Redenção do Rebelde: Livro 3
Outros Livros
Ilha Carnage
Antologia: Entre Deuses