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SINOPSE

Nathan Pope alcançou tudo. Isso desde que pegou um livro financeiro
quando ainda era uma criança. Ele é inteligente, bonito e extremamente rico.
Pope Financials está subindo rapidamente para o próximo nível e Nathan é
o grande responsável por isso, tomando as decisões importantes.
Normalmente, quando Nathan decide alguma coisa, não deixa nada em sua
vida distraí-lo, e isso inclui mulheres. Ele tem sido um playboy, um
bilionário sem paciência para as escavadoras de ouro ou o estresse das
relações... Até encontrar com Ruby Woods.

Ruby é sexy, inteligente e cheia de um atrevimento que usa para


defender seus interesses em todos os aspectos da vida. Ela tem lutado por
causas desde que tinha idade suficiente para segurar um cartaz de protesto e
não deixa nada atrapalhar seus objetivos morais. Durante o dia luta por
justiça social com uma pequena firma em Nova York, e à noite cria cartazes
e reúne as pessoas contra as grandes empresas. No que diz respeito à vida
pessoal, Ruby a considera inexistente, exausta dos homens idiotas que
continuam aparecendo... Até Nathan se aproximar.

Será que a paixão manterá esses dois juntos ou um segredo que Nathan
está escondendo fará esse romance desmoronar?

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CAPÍTULO UM
Nathan

Sexta à noite e eu ainda estava no trabalho. Tarde, como sempre.


Merda. Sou CEO de uma empresa enorme e não consigo descobrir como
diabos ter um pouco de tempo para mim mesmo. Não que eu precisasse
disso. Eu provavelmente gastaria muito. Mas esbanjar era divertido... Ou
deveria ser.

Lá estava eu, porém, girando na cadeira do meu escritório e olhando


para os livros nas prateleiras que cobriam minhas paredes. Eu não acho que
já tenha lido todos eles. Na verdade, eu tenho certeza que o decorador os
colocou lá apenas para impressionar. Quando eu era mais jovem, você
sempre me encontraria com um livro na mão, fosse Thoreau1, um pouco de
Platão2, ou mesmo uma biografia. No entanto, quando cheguei à
adolescência, percebi que as pessoas não gostavam de estar perto de
pessoas inteligentes, se sentiam intimidadas, então parei naquele
momento. Em vez disso, peguei um livro sobre finanças chamado “O
Investidor Inteligente”, de Benjamin Graham. Isso aconteceu quando tinha
quatorze anos e então eu soube qual era o meu caminho.

1
autor estadunidense, poeta, naturalista, ativista anti-impostos, crítico da ideia de desenvolvimento,
pesquisador, historiador, filósofo e transcendentalista.
2
filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e
fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental.

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Essa é a pequena versão de como eu cheguei onde estou, com 33
anos, CEO da mais prestigiada empresa de contabilidade da América, Pope
Financials, e me preparando para fazer avanços em direção a um mercado
ainda mais amplo. As pessoas pensam que eu comecei tudo isso depois de
me formar em Harvard, mas na realidade, Harvard era apenas uma
ferramenta para mim, uma maneira de competir com os grandes, e
funcionou. Passei a maior parte da minha vida até agora criando um
império, construindo-o tijolo por tijolo e depois o cobrindo em aço para
torná-lo sólido e duradouro.

Olhei para Chris de pé no escritório falando com alguém em seu


celular.

Eu gosto de Chris, sempre gostei, embora às vezes ele esquecesse


quem dirigia a empresa. Ele era meu conselheiro corporativo e meu melhor
amigo. Eu falava com ele sobre tudo, desde desafios empresariais até
alguns problemas pessoais que eu pudesse ter.

Eu não era um cara que gostava de drama, nem tive tempo de


satisfazer uma mulher em tempo integral, então acho que você poderia me
considerar um tipo de playboy. As mulheres vinham para mim por causa do
dinheiro e da boa aparência, mas raramente você encontraria alguém que
quisesse estar comigo por quem eu era por dentro, o que era bom para
mim, eu não me sentia confortável com o compromisso quando sabia que
meu dinheiro era o que elas queriam no final.

— Cara, — disse Chris, desligando o telefone e sentando-se na


cadeira em frente a mim. — Que dia maldito.

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— Bem, por que ainda estamos aqui?

— Quero falar com você sobre expansão no exterior, — disse Chris.


— Acho que o caminho a percorrer é através da terceirização. É preciso
muito dinheiro para entrar no exterior, e isso nos permitiria terceirizar
muitas das nossas principais coisas, especialmente TI, e poupar cargas de
dinheiro. Esse dinheiro pode ser aplicado de volta no sistema para criar
essas unidades no exterior.

— Não sei, — eu disse. — Eu quero estar no exterior, não há dúvida.


No entanto não estou convencido sobre a terceirização.

— Medite sobre isso, — disse Chris. — Nós temos tempo. E,


enquanto isso, vamos tirar as nossas bundas deste escritório e ir ao Exposé
Club3, ouvi dizer que há algumas gatas quentes no terceiro andar hoje à
noite.

— Bem, eu não paguei uma tonelada de dinheiro obtendo meu


cartão de ouro para sair e não ter meu pau sugado, — eu ri.

Dei uns tapinhas nas costas de Chris, apaguei as luzes e saímos do


escritório. Nenhum de nós queria ir direto para casa, o que era bom, já que
eram apenas dez da noite. Dirigimos direto para o clube, e eu, que não
estava com vontade de socializar, subi o elevador até ao terceiro andar.

Enquanto a música vibrava e as luzes piscavam, olhei ao redor da


sala, vendo se havia alguma mulher com quem já tivesse estado antes. A
semana tinha sido brutalmente longa, e não estava com paciência para ter
que conversar com uma garota até conseguir levá-la para uma sala privada.
3 Clube noturno com dançarinas, voltado para o público masculino.

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Além disso, nós fomos direto para lá porque aquele andar não era para
conversas intelectuais.

— Oi, bonitão, — disse uma voz atrás de mim.

Eu me virei para ver Mindy, uma garota com a qual tive mais de um
encontro na sala de trás. Ela não era de dramas e confusões, o que era
exatamente o que eu estava procurando. Para completar, ela era jovem,
firme e gostava de um pinto em sua boca. Acenei com a cabeça para ela e
sorri, vendo seus olhos se dilatarem pelo interesse que eu estava
mostrando.

— Vamos, — eu disse, acenando com a cabeça para a porta.

— Não está falador esta noite, hein?

— De jeito nenhum, — eu ri. — Além disso, eu tenho uma boa ideia


do que você vai fazer com a sua boca.

Ela olhou para mim por um segundo e então puxou meu pulso, me
levando para um dos quartos privados. Entrei, caminhei até ao sofá e me
sentei olhando para ela. Ela trancou a porta e virou-se para mim, seus olhos
escureceram e seus lábios estavam cheios e suculentos. Ela foi até um
travesseiro e o jogou no chão na minha frente, olhou para mim e sorriu
cautelosamente enquanto abria a fivela do meu cinto e depois, lentamente,
desceu o zíper. Mindy puxou minha calça e levantei minha bunda, deixando
que ela a deslizasse, junto com minha cueca boxer, até meus tornozelos.
Afastei os joelhos e levei meus braços para trás da cabeça quando ela
estendeu a mão e agarrou meu membro já rígido. Eu tinha estado pronto
para isso o dia todo.
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Ela deslizou as mãos pelas minhas coxas e cravou as unhas, fazendo-
me saltar um pouco. Eu podia ver o prazer da minha dor piscar em seus
olhos, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a sensação de sua boca
quente e úmida fluindo sobre a ponta do meu pau me deixou sem palavras.
Sua língua passou pela cabeça, fazendo movimentos de um lado para o
outro, me provocando e aumentando a intensidade. Mindy puxou meu pau
um pouco mais fundo em sua boca e sugou forte, massageando logo abaixo
da cabeça com a língua.

— Porra, — gritei, sentindo seus lábios úmidos e carnudos se


arrastando em cada centímetro do meu pau. Ela era tão boa no que estava
fazendo que eu me perguntei a quantidade de homens em que a prostituta
bonitinha já tinha colocado a boca. O pensamento durou pouco. O prazer
inchando minhas bolas foi o suficiente para me trazer de volta ao
momento.

Cheguei a minha cabeça para a frente e enrolei meus dedos pelo


cabelo dela, empurrando-a para baixo quando ela deslizou meu pau fundo
na sua garganta. Deixei-a ficar por vários segundos antes de puxar sua
cabeça lentamente para cima. Ela olhou para mim com seus olhos azuis
cheios de lágrimas e gemeu, a vibração tremendo pelo meu corpo inteiro.
Imediatamente queria mais e soltei sua cabeça, sabendo que ela sabia
exatamente o que eu desejava.

A cabeça dela balançava para cima e para baixo, o som da sua saliva
pulsava em meus ouvidos. Eu podia sentir sua boca úmida se arrastando
para baixo do meu eixo e de volta para cima, o ar frio do clube batendo nas

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áreas molhadas e aumentando minha necessidade de liberação. Ela ergueu
a mão direita e segurou minhas bolas, rolando-as suavemente na palma da
mão. Gritei alto, sentindo que minhas bolas começavam a latejar quando
ela puxou a cabeça para trás e sugou com força. Colocou a mão esquerda
logo abaixo de sua boca, torcendo-a e criando uma sensação de atrito
quente contra minha pele.

— Você sabe o que eu quero, — rosnei e depois abaixei minha voz,


comandando-a. — Me faça gozar.

Movi minhas mãos para baixo e agarrei a borda do sofá sabendo


exatamente qual seria a próxima jogada dela. Suas duas mãos agarraram
minhas coxas para se preparar, e seus lábios formaram um círculo que
envolveu os dentes. Ela se levantou de joelhos e começou a subir e descer
no meu pau com tanta força que seu rosto estava batendo no meu
estômago. Eu gemi alto agarrando os músculos nas minhas coxas enquanto
ela engolia minha ereção repetidamente até eu não aguentar mais. Abaixei
a mão e agarrei a cabeça dela, diminuindo sua velocidade apenas o
suficiente para me segurar por mais alguns segundos. Ela sorriu através da
sucção, e eu balancei a cabeça, querendo vê-la tomar meu pau em sua
boca.

Assim que soltei o cabelo dela, ela acelerou de novo, colocando as


mãos nas minhas coxas e agarrando com força. Seus seios bateram contra o
interior das minhas pernas enquanto seu rosto se movia para cima e para
baixo em um ritmo frenético. Quando a sensação no meu estômago
começou a transbordar, eu estiquei meus músculos e empurrei sua cabeça

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para baixo, olhando enquanto ela colocava a cabeça do meu pau na parte
de trás de sua língua e chupava. Eu podia sentir a explosão dentro de sua
boca, sua garganta pulsando contra o meu pau enquanto ela engolia meu
sêmen quente. Ela gemeu alto, fazendo meu pau vibrar e eu caí para trás,
meu líquido ainda escorrendo.

E essa era a melhor maneira que eu conhecia de aliviar o estresse


depois de uma semana de trabalho. Nada era melhor que a sensação do
calor da boca doce de uma menina disposta. E especialmente aquela que
sabia exatamente o que estava fazendo.

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CAPÍTULO DOIS
Ruby

— É importante que a gente transmita a mensagem, — eu disse à


multidão na assembleia. — Queremos superar essa má impressão que as
pessoas têm sobre os manifestantes. Precisamos que eles estejam abertos
a ouvir o que temos a dizer. A hora de compartilhar coisas de origem
duvidosa no Facebook acabou. Quero que vocês sempre apresentem
evidências da nossa causa através de informações confiáveis, claras e
revisadas. Em um esforço para combater os compartilhadores do
Huffington Post4, juntamos um pacote de links que todos receberão
amanhã de manhã. São links para artigos completamente legítimos e que
foram testados e considerados verdadeiros e imparciais. Temos alguns
protestos grandes pela frente, e quero que todos fiquem seguros.
Lembrem-se de que somos manifestantes pacíficos. Nas palavras de Martin
Luther King, ‘A Não-Violência é uma arma poderosa e justa, que corta sem
ferir e enobrece o homem que a empunha. É uma espada que cura’.
Obrigada a todos pela presença.

Todos se levantaram e bateram palmas, fazendo eu me sentir


satisfeita pelo fato do discurso ter sido bem sucedido. Eu tenho protestado
há anos, por muitos temas diferentes, mas nesse momento meu foco
estava centrado nas terceirizações e os danos que estão causando ao clima
4 site americano agregador de blogues.

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econômico e social neste país. Tecnicamente, eu trabalhava para uma
organização chamada Climate X, que se concentrava em diferentes
questões de justiça social. Mas no meu tempo livre, eu comandava a
unidade de Nova York do Keep Jobs At Home, um grupo de cidadãos
interessados em fazer a diferença no nosso atual e futuro cenário político
quando se trata de terceirizar empregos para pessoas de outros países.
Hoje foi a última reunião geral antes de marchar pelas ruas da cidade na
próxima semana.

— Ruby, — Elizabeth, a co-presidente da KJAH5 chamou por mim


enquanto eu caminhava em direção a uma mesa na parte de trás da sala.

— O que achou?

— Foi um grande discurso, — ela disse segurando algumas pastas


perto de seu peito.

Elizabeth era uma jovem estudante universitária, interessada em


justiça social, apaixonada pelas causas, mas não levava jeito para sair e
protestar com todas as suas forças. Nem todo mundo foi feito para
manifestações, segurar cartazes e marchar pela cidade, então peguei
Elizabeth e coloquei-a em uma posição onde poderíamos usar seus talentos
de organização da melhor forma possível. Ela gostava muito de mim, o que
eu não entendia, já que mal tinha dito duas palavras para ela desde que
começou na organização.

5Keep Jobs At Home – Manter os trabalhos em casa, como referência a manter o trabalho em casa,
contra a terceirização.

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— Obrigada, — falei sorrindo. — Estou entusiasmada com o protesto
na próxima semana. Disseram-me que você especificamente tem se
empenhado além do esperado, e provavelmente vamos ter um aumento
notável desta vez.

— Sim, — ela disse com entusiasmo. — Quero dizer, o evento do


Facebook sozinho tem mais de três mil pessoas que confirmaram presença.
Mesmo que apenas a metade delas apareça, será o triplo do que da última
vez. Sua mensagem está sendo passada.

— Não é minha mensagem, — eu disse dando um tapinha no ombro


dela. — É a mensagem das pessoas. A mensagem daqueles que estão sem
empregos, sem empresas, estão lutando porque a América está
trabalhando contra seus próprios interesses quando se trata de negócios. É
também sobre as pessoas que têm esse tipo de emprego. Eles trabalham
em ambientes inacreditáveis, recebem uma ninharia e são submetidos a
cenários tortuosos, passam por tudo isso pra depois ir para casa e viver na
pobreza.

— Com certeza, — disse ela corando.

— Bom, eu vou encontrar minha irmã para tomar algumas bebidas,


— eu disse. — Você se encarrega do resto.

— Sim, — ela disse balançando a cabeça. — Te vejo em breve.

Quando saí do prédio, parei para apertar várias mãos de


manifestantes. Eu não sabia como tinha me tornado o rosto local desse
movimento, mas era meio cansativo tentar fazer o trabalho quando todos
queriam conversar. O dia acabou, e prometi a minha irmã, Lisa, que
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também é minha melhor amiga, que nos veríamos para umas bebidas em
um bar. Ela queria ir para o atrevido Exposé Club em Manhattan, mas eu
não estava muito a fim. Fiquei feliz por ela ter concedido e escolhido um
ponto mais discreto.

Quando cheguei, paguei o motorista do táxi e perambulei pelo lugar,


procurando Lisa. Eu a vi no final do bar, tomando uma cerveja e tentando
ignorar os caras idiotas atrás dela na mesa de bilhar. Sorri enquanto
caminhava para ela, abraçando-a com força.

— Minha irmã, — ela suspirou. — Como foi sua reunião? Você salvou
alguma criança pequena ou um grande animal?

— Não hoje, minha amiga, não hoje, — falei rindo. — Foi uma
organização sobre terceirização. Temos um protesto na próxima semana.

— Legal, — disse, olhando para o barman para chamar sua atenção.


— Você citou Thoreau?

— Não, — resmunguei. — Isso sempre vem à mente das pessoas.


Citei o Dr. King desta vez porque estava falando de protestos pacíficos.

— Boa escolha, — ela disse balançando a cabeça. — Então, sobre o


quê exatamente você está falando.

— É uma injustiça social, outra forma de grandes empresas


separarem as classes, — falei tomando um gole. — As pessoas neste país
têm empregos que não pagam as contas porque não há mais nada,
especialmente para a classe trabalhadora. Enquanto isso, grandes empresas
cheias de dinheiro estão enviando empregos para o exterior, pagando

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salários ridiculamente baixos, e estão usando esse dinheiro para comprar
casas maiores e mais jatos, enquanto pessoas passam fome nas ruas. Para
não mencionar que contornam a maioria das leis trabalhistas que este país
promulgou para garantir que os trabalhadores sejam tratados de forma
justa, promovendo a degradação de outros países e mantendo sua linha de
pobreza em níveis desnecessariamente baixos.

— As empresas não fazem isso para que possam permanecer nos


negócios por causa das medidas extremamente rígidas sobre diretrizes de
impostos e fabricação?

— Eles usam isso como uma desculpa. Mas na realidade quando você
olha seus lucros trimestrais, eles ganham mais dinheiro do que o suficiente
para manter todos felizes na empresa e ainda criar empregos nos Estados
Unidos, o que ajudaria a diminuir nossa própria linha de pobreza, —
expliquei. — No final, entretanto, o CEO e seus acionistas não querem
tomar um corte de um milhão de dólares em seus salários.

— Mas você iria querer?

— Se eu ganhasse centenas de milhões por ano? Sim, eu sacrificaria


um milhão ou dois, — eu disse balançando a cabeça. — É muita ganancia e
poder controlando isso, e eles querem manter as classes tão afastadas que
ninguém jamais poderá subir, melhorar suas vidas e criar um sistema de
salários mais justo neste país.

— Eu não sei, — disse Lisa. — Há prós e contras para tudo.

Eu não queria ter essa conversa com ela novamente. Nós tínhamos
visões muito diferentes sobre muitas coisas, e conseguíamos manter a paz
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ao não discutir isso. Ela era intensa, eu era passional, e nós duas sempre
transformávamos um debate em uma disputa de gritos. Então, há muito
tempo, decidimos interromper as conversas antes de chegarem a esse
ponto.

— Sim, há, — respondi. — Mudando de assunto, como andam as


coisas? Como está o trabalho, a vida?

— Bem, — ela disse, obviamente, tranquila comigo mudando o


assunto. — Estressante e sempre corrido, mas você sabe como é.

— Sim, — eu bufei. — Eu não acho que tenha tido oito horas de sono
desde que era criança. E pensar que me queixei quando nossa mãe me
deixava dormir por mais de dez horas durante o verão. Eu mataria para ter
dez horas de sono agora.

— Oh, — Lisa disse virando-se para mim. — Isto me lembrou... Quero


marcar um encontro às cegas pra você.

— Ok, — eu disse cautelosamente.

— Ele é um cara legal, um amigo meu, — disse ela encolhendo os


ombros. — Ele quer levá-la para jantar na sexta-feira.

— Claro, — eu disse sorrindo.

— Sério? Eu pensei que você iria lutar, — ela riu.

— Não, eu preciso conhecer pessoas, mesmo que não seja um


encontro romântico, — falei. — Todo mundo que conheço é do meu meio
profissional, fica difícil conversar depois de um tempo. Preciso sair da
minha zona de conforto.

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— Isso é fantástico, — disse ela, levantando o copo. — Para novos
começos.

— Sim, aqui, — eu disse batendo em seu copo e tomando um gole.

Claro, o cara poderia ser um idiota imaturo como os outros caras com
quem eu saí, mas pelo menos eu conheceria alguém novo. Tive um tempo
desafiador com caras porque todos só queriam saber de jogos e diversão.
Eu tinha metas, uma vida e estava muito ocupada. Eu estava começando a
pensar que não havia sobrado mais nenhum cara maduro por aí.

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CAPÍTULO TRÊS
Nathan

Eu morava no 51º andar do The Avalon, um complexo de


apartamentos dedicado a servir os excessivamente ricos. Havia 69 andares,
um café, serviço de limpeza, serviço de portaria, e todas as comodidades
que você poderia imaginar. Eu gostava porque todos tinham suas próprias
panelinhas, e eu não fazia parte de nenhuma delas, então eles me deixaram
em paz. Eu nasci em uma família rica, então ter uma empregada e tudo o
que o lugar oferecia era perfeito para mim. Nunca tive que me preocupar
com as pequenas coisas. Parei no café e peguei uma xícara de expresso,
dizendo oi à barista habitual, Gabby, que sempre me dava um sorriso doce.
Eu gostava de pessoas agradáveis e também queria ser amigável com os
outros.

Enquanto caminhava em direção à porta da frente, olhei para ver


George, o porteiro de Avalon, de pé ao lado, olhando alguns papéis. Ele era
uma das minhas pessoas favoritas no complexo, e ficava feliz em vê-lo já
que ele tinha uma boa compreensão sobre as coisas e geralmente dava
bons conselhos. Era um homem corpulento, em seus cinquenta e poucos
anos, e sempre usava o uniforme vermelho com detalhes dourados, padrão
dos carregadores de mala dos hotéis. Isso me lembrava daqueles macacos
de circo. Também me fez agradecer meu terno Louis Vuitton que ficava
elegante e perfeito em mim.

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— George, — eu disse sorrindo e estendendo a mão. — Você parece
mais jovem a cada dia, senhor.

— Sr.Pope, — ele disse sorrindo de volta e agarrando minha mão


firmemente. — Eu também me sinto cada dia mais jovem. Como vão os
negócios?

— Ótimos, — eu disse, acenando afirmativamente com a cabeça.

— Estamos pensando em expandir para o exterior, é um


empreendimento enorme.

— Ouvi dizer, — disse ele, interessado. — Li na Forbes, porém, que as


empresas que querem continuar por décadas são quase obrigadas a se
expandir internacionalmente, senão ficam para trás.

— Isso é bem verdade, manter tudo na América só funciona em


alguns poucos casos, — respondi. — Meu consultor tem tentado me
convencer a avançar com a terceirização para financiar nossa expansão,
mas estou lutando com a ideia.

— Bem, como homem da classe trabalhadora, a terceirização não é


algo que eu apoie, — disse ele. — Mas tenho uma perspectiva diferente da
sua. Você, pessoalmente, precisa escolher o que é melhor para a empresa,
mas lembre-se de que o melhor nem sempre é o mais lucrativo por
natureza. Às vezes tem que perder um pouco para ganhar muito. Mas esses
são somente meus pensamentos sobre isso.

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— Seus pensamentos são sempre perspicazes, — eu disse sorrindo e
apertando sua mão novamente. — Estou indo trabalhar, tenha um dia
fantástico e não deixe que esses ricaços lhe dêem problemas.

— Você também, — ele disse com uma piscadela.

Uma coisa que sempre amei foi o discernimento que ganhei de


George em relação ao coletivo comum. Isso ajudou a tirar meu rosto dos
relatórios trimestrais e lembrar de que minha empresa tem um impacto em
todos os outros. Era difícil ver isso da torre de marfim no topo da empresa,
mas George sempre foi o homem que me deixava saber quando eu não
estava pensando em tudo. Era verdade, eu tinha que fazer o que era
melhor para a empresa, e por um lado a terceirização parecia ser a escolha
certa, mas precisava de mais tempo para descobrir quais eram minhas
outras opções.

O carro que eu usava para andar pela cidade estava esperando por
mim para ir ao escritório, que ficava a apenas sete quarteirões do The
Avalon. Olhei pela janela para o Central Park, que ficava do outro lado da
rua e me perguntei sobre as pessoas que iam ao parque brincar com os
cachorros, ler um livro ou simplesmente andar por aí. Como eram suas
vidas? Eles faziam parte do sistema corrompido pela terceirização e
ganância corporativa? Era um pensamento profundo, algo que eu
geralmente tentava manter longe, mas agora teria um impacto direto sobre
a forma como eu administrava minha empresa.

Quando cheguei ao escritório, sentei-me para ver meus e-mails,


respondendo aos importantes. Havia sempre tantos malditos e-mails que

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eu poderia sentar aqui o dia inteiro, todos os dias, e ainda não faria
diferença. Eu precisava contratar alguém apenas para olhar minha caixa de
entrada todos os dias.

— Sr.Pope, — disse minha secretária do interfone. — Chris Cantu


está aqui para te ver.

— Sim, mande-o entrar, — eu disse, fechando meu computador.

— Chris, — disse, quando ele entrou no escritório. — Como você


está?

— Ainda me recuperando da nossa depravação no sábado, — ele


disse sentando na cadeira em frente à minha mesa.

— Você também? Eu praticamente passei o dia todo ontem deitado


no apartamento lendo o jornal, — eu disse. — Nem mesmo a minha
habitual vitamina verde me ajudou.

— Nem a minha pratada de frituras, — Chris disse rindo.

— Você precisa considerar uma dieta mais saudável, — respondi, eu


sempre pegava no pé dele por comer como um adolescente. — Um dia
você vai acordar com artérias entupidas e cem quilos extras.

— Eu não acho que isso aconteça durante a noite, — ele riu.

— Mais uma razão para se antecipar, — eu disse sorrindo. — Além


disso, garotas não gostam de caras gordos, a menos que tenham dinheiro
suficiente para que valha a pena.

— É verdade, — ele disse levantando as sobrancelhas. — Mas,


falando de se antecipar, você pensou mais sobre a terceirização?
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— É claro, tenho pensado nisso, — eu disse com um suspiro. — Não
estou totalmente pronto para tomar uma decisão. Há um monte de coisas a
serem pesadas e isso vai contra a razão pela qual eu comecei esta empresa
em primeiro lugar.

— Entendo que você tenha sua maneira de fazer as coisas, — ele


disse inclinando-se para frente. — Mas em algum momento, você pode ter
que sair da sua zona de conforto para empurrar a empresa para o nível
seguinte.

— Isso é verdade, mas para isso eu preciso de todos os fatos, — eu


disse respirando fundo.

— Bem, me avise se você quiser ver os números, — Chris respondeu


levantando-se. — Tenho de comparecer a algumas reuniões, te encontro
mais tarde.

— Parece bem, — eu disse, me levantando e apertando a mão dele.

Assisti Chris sair do escritório, fechando a porta atrás dele. Ele era um
cara bom e tinha, de coração, o melhor interesse financeiro para a
empresa, mas estava muito desconectado do resto. Quando comecei o
negócio, eu sabia que poderia crescer rápido o suficiente para que fizesse
um impacto significativo na estimulação da nossa economia, e foi
exatamente o que aconteceu. Hoje, era um dos maiores estimuladores da
economia do nosso país, mas eu podia ver que isso estava mudando. A
América corporativa não era o que eu desejava para Pope Financials, e
embora soubesse que era impossível ficar totalmente fora do circuito uma

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vez que a empresa atingisse um tamanho substancial, me incomodava que
estivesse começando a ir rápido demais, em vez de ir devagar.

Eu sabia, observando meu pai, lendo e vendo as tendências das


maiores corporações do mundo, que uma vez que você mergulhava
completamente na política e nas políticas corporativas, a empresa perdia a
vontade de continuar sendo uma organização moralmente intacta. Isso era
do que eu tinha medo, ter e dirigir uma empresa que era questionada pelas
próprias pessoas que a faziam funcionar. Eu não queria ser o mais recente
escândalo corporativo, ou a empresa que trabalhava junto com o grande
governo para encher os bolsos de políticos. Eu tinha chegado até aqui sem
mexer em ações moralmente questionáveis, e isso tinha sido difícil,
especialmente quando Pope Financials entrou no grupo das dez maiores
empresas. Estava começando a se tornar cada vez mais difícil.

Inclinei-me para trás na cadeira e esfreguei meu queixo, me


perguntando o que outras empresas pensavam sobre isso. Eu sabia que não
tinha que terceirizar para entrar no exterior, mas também sabia que,
financeiramente, era um risco expandir os lucros atuais. Se alguma coisa
desse errado, não haveria rede para amparar a queda. Com a terceirização,
poderíamos poupar muito dinheiro e colocá-lo novamente em expansão.
Ao mesmo tempo, isso afastaria muitas pessoas, tiraria trabalho a milhares
de pessoas e criaria um estigma de operações moralmente questionáveis
com o público e também nos bastidores. Pessoalmente, criaria um
problema na minha mente.

A decisão era difícil e eu sabia que não podia ser precipitado.

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CAPÍTULO QUATRO
Ruby

A semana tinha passado tão rápido que nem sabia mais o que estava
fazendo. Era sexta-feira, o que significava que a marcha de protesto estava
quase acontecendo. Não tive muitos momentos livres para ter um tempo
pra mim, mas prometi a Lisa que conheceria seu amigo, então era o que eu
ia fazer. Tinha que me lembrar que ela não me obrigou a isso, eu concordei
sabendo que precisava sair e ampliar um pouco meus horizontes, mas
nunca parecia ser o momento certo para fazer isso.

Olhei meu cabelo longo e escuro no espelho e o puxei para um lado.


Meus olhos castanhos brilhavam contra a maquiagem escura que havia
aplicado, e estava satisfeita com minha roupa. Era um vestido preto
apertado com uma jaqueta preta sobre ele, criando um efeito sério, mas
divertido ao mesmo tempo. Este era um dos meus problemas, eu pensava
demais em tudo. As pessoas não gostavam de pessoas inteligentes, isso as
deixava desconfortáveis, mas eu tinha dificuldade em bancar a boba,
especialmente com tanta ignorância no mundo.

Essa ignorância estava com força total esta semana, quando as


grandes potências descobriram o número de pessoas que a marcha e o
protesto trariam. Ninguém nunca prestou atenção quando esse número
estava abaixo de mil, mas ultrapassando essa marca eles estavam

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começando a sentir o impacto. Nós tínhamos feito isso e muito mais,
especialmente com a polêmica que rondava em torno das atuais
administrações. As pessoas estavam prontas, não estavam mais escondidas
por trás da proteção de suas portas. Eles queriam mudanças de qualquer
modo que pudessem tê-las. De certa forma, o descontentamento político
fortaleceu nossa capacidade de fazer com que os problemas fossem
notados. Três anos atrás, ninguém se importaria com um protesto contra a
terceirização, não era uma das questões populares de direitos humanos,
mas agora as pessoas estavam começando a tomar conhecimento de tudo.

Isso era bom para nós, mas também trouxe a oposição para cima de
nós com força total. Eu tinha visto isso durante anos, desde tentativas de
subornos financeiros até ameaças de morte e desta vez não era diferente.
Você sabia que estava indo na direção certa quando as pessoas começavam
a ficar desagradáveis e a se mostrar de verdade. Eles estavam prestando
atenção e percebendo a manifestação como um perigo para seus bolsos. O
que precisávamos lembrar era que eles eram pessoas como nós, e suas
ameaças e palavras cruéis não significavam nada mais do que o fato de
estarem tomando conhecimento. Ainda assim, trouxe certo nível de
desconforto e estresse à minha vida desde que eu, de alguma forma, me
tornei líder desse movimento.

Agarrei minha bolsa e saí pela porta, pronta para encontrar esse cara
em um restaurante de Manhattan. Minha irmã o descreveu como
engraçado e bonito, duas coisas que eram uma vantagem, mas não o
principal que eu procurava em um homem. Só tinha que continuar me

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dizendo que gostando ou não, eu estava saindo e conhecendo pessoas,
porque precisava desesperadamente ter isso na minha vida.

Quando cheguei, ele estava de pé em frente ao restaurante com uma


calça social, uma camisa de botão que parecia um pouco grande demais
para ele e um sorriso nervoso. Saí do carro e observei seus olhos se abrirem
um pouco mais, obviamente estava satisfeito com a minha aparência. Sorri
e me aproximei, inclinando-me e beijando-o na bochecha.

— Jack, eu presumo?

— Sim, — ele disse sorrindo. — Ruby, você está linda.

— Obrigada, — respondi, gostando do cheiro de sua colônia.

— Podemos entrar?

Acenei com a cabeça e atravessei a porta que ele abriu para mim. A
recepcionista nos mostrou nossa mesa na parte de trás do restaurante
onde poderíamos falar mais privadamente. Não era possível saber como
seria o encontro nos primeiros vinte minutos, especialmente com duas
pessoas nervosas avaliando uma à outra. Este era o momento em que
decidíamos se estávamos atraídos fisicamente um pelo outro. Ele era
bonito, eu tinha que admitir, mas seus movimentos não eram nada
harmoniosos. Parecia uma criança grande se atrapalhando em um
restaurante chique.

Tentei ignorar e dar-lhe o benefício da dúvida. No entanto, depois de


uma garrafa de vinho e um pouco de comida, eu tinha uma ideia melhor de
quem era esse cara. Jack era o típico macho mimado de classe média, de

27
uma família com dinheiro suficiente para manter sua atenção focada em
subir no mundo, mas não o suficiente para desfrutar de jantares em lugares
como aquele onde estávamos sentados. Ele era tão mimado que não tinha
ideia do que acontecia no mundo ao seu redor. Era como assistir às
notícias, ouvi-las, recitar as diferentes besteiras faladas de canal em canal
até que a verdade fosse totalmente irreconhecível. Ele não tinha a
capacidade de fazer uma afirmação clara e inteligente, sem replicar
exatamente o que lia em seu feed do Facebook. Eu estava tentando não ser
rude, mas ele estava dificultando muito.

— Você realmente acredita que os CEOs dessas empresas se


importam com alguns milhões de dólares? Eles estão tomando decisões
pensando no que fará crescer seus negócios. — Disse ele balançando a
cabeça.

— Claro, eles se importam, — eu zombei. — E também os seus


acionistas. Quando você fica tão grande, começa a perder contato com o
motivo pelo qual você começou em primeiro lugar. No entanto, alguns
desses caras sabiam exatamente o que queriam, sem qualquer base moral
ou patriota para tomar suas decisões. Há mais de um jeito de atingir um
objetivo, Jack, e a mais lucrativa é quase sempre a maneira mais fácil e
rápida de resolver o problema.

— Você soa como uma teórica da conspiração, — ele riu.

— Você soa como um idiota, — eu respondi, sem me sentir mal por


isso.

28
Eu olhei para a minha bolsa, peguei um pouco de dinheiro para o
jantar e joguei na mesa. Eu tentei. Era por isso que eu evitava me colocar
nesse tipo de situação, acabava comigo irritada e saindo em disparada dos
meus encontros.

— Obrigado por uma noite encantadora, — disse, olhando para ele.

— Oh, vamos, Ruby, — ele riu. — Foi uma conversa inofensiva. Não
vá.

— Não foi inofensiva, — eu disse virando. — É o mundo em que


vivemos, e não posso ficar sentada e até mesmo considerar passar um
tempo com alguém que vê as coisas através dos olhos daqueles que nos
levaram a essa bagunça em primeiro lugar. Desculpe, tenho certeza que
você é uma pessoa encantadora para sair sem ter esse tipo de conversa,
mas essa é a minha vida.

Ele balançou a cabeça com um sorriso sarcástico no rosto quando eu


me virei e saí do restaurante. Eu estava chateada, não porque ele era o
mesmo cara sem inteligência que eu sempre encontrava, mas porque o
mundo era tão cego para tudo. Eu não conseguia me socializar por tempo
suficiente para fazer amigos. Talvez eu estivesse me enganando e
realmente as únicas pessoas com as quais eu iria me sentir confortável
fossem as que trabalhavam e protestavam comigo.

Parei na calçada e olhei ao redor, não estava pronta para ir para casa
ainda. Estava muito agitada para voltar e sentar no meu apartamento, e
também não queria ir a algum lugar onde sabia que ia encontrar pessoas
que me conheciam. Eu precisava de uma bebida e de algum tempo para

29
mim. Olhei para o outro lado da rua e reconheci o nome, era aquele clube,
Exposé, que Lisa queria ir. Eu tinha certeza que eles possuíam um bar no
primeiro andar. Caminhei e mostrei minha identidade, sorrindo para o
segurança enquanto ele me deixava passar. Em frente havia uma sala
escura com luzes girando ao redor e a batida forte da música. À esquerda,
um bar mais silencioso, com chão de carpete vermelho e balcões de
mármore. Havia pequenas velas acesas em todas as superfícies e algumas
outras pessoas sentadas, distraídas em suas conversas. Ainda era cedo e
esse era, provavelmente, o motivo do lugar ainda não estar lotado.

Entrei, sentei-me num banquinho do bar e sorri para o barman. Pedi


um uísque com coca diet e suspirei, olhando para as televisões sem som
que mostravam as notícias mais recentes. Olhei para o lado e havia um
casal abraçado e dois caras conversando sobre os jogos locais e com quais
garotas se divertiriam hoje. Olhei para a minha bebida enquanto girava o
canudo no copo. Talvez eu precisasse deixar para lá a ideia de um
relacionamento. Na verdade, eu não tinha tempo para isso.

Chateada por chegar a essa conclusão, terminei minha bebida e pedi


outra. Se meus encontros estavam terminados, eu poderia me embebedar
e afogar minhas mágoas.

30
CAPÍTULO CINCO
Nathan

Tinha concordado em encontrar Chris no Exposé naquela noite, mas


quando cheguei, ele já estava no 3º andar. Costumava acontecer pouco,
mas hoje eu estava me sentindo bastante sociável, embora soubesse que
provavelmente não duraria muito, já que a maioria das pessoas que vinham
aqui estavam tão focadas nelas mesmas que uma conversa era quase
impossível. Ainda assim, andei pelo clube, explorando o local. As garotas
estavam todas vestidas com suas roupas mais excitantes, algumas me
encarando e flertando, outras já tinham escolhido sua vítima da noite.
Quando cheguei ao primeiro andar, o ambiente estava escuro, era onde a
maioria dos não-VIPs acabava se divertindo. Parecia uma ideia interessante,
conversar com algumas mulheres comuns, mas também poderia ser uma
enorme dor de cabeça. Me preparei para dar um passo à frente em direção
ao lugar, mas olhei para o outro lado e percebi que eles tinham um bar ali.
Frequentava o Exposé há anos e nunca havia percebido que eles tinham um
bar quieto agradável.

Encolhi os ombros imaginando que valia a pena tentar e entrei na


sala. Tinha pouca iluminação como o resto do lugar, mas parecia muito
mais elegante do que qualquer um dos bares que eu costumava frequentar.
Caminhei até ao final do bar e acenei para o barman. Eles tinham quase
qualquer licor que eu pudesse imaginar e mais alguns dos quais eu nunca

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tinha ouvido falar antes. Nisso eu não iria arriscar, melhor ficar com o que
já conhecia.

— O que eu posso te servir?

— Um Blanton6 com gelo, por favor, — eu disse.

Alcancei meu bolso de trás para pegar a carteira e olhei para a pessoa
sentada alguns bancos ao lado. Parei para olhar esta mulher, que estava
tomando sua bebida e parecia um pouco infeliz. Ela tinha um par de copos
vazios na sua frente. Seu cabelo era longo e tinha um tom escuro de
castanho e, enquanto olhava para a televisão, pude ver que seus brilhantes
olhos eram castanhos também. Tinha uma pele clara com bochechas
rosadas, e parecia tão perfeita que era difícil acreditar que era real.

— Senhor?

— Oh, — disse, olhando para o barman e pegando minha bebida.

Mudei-me para o lugar mais próximo que eu podia sentar sem


parecer esquisito e puxei o banquinho. Ela olhou para mim, e eu sorri,
observando suas bochechas ficarem um pouco mais vermelhas. Ela sorriu
docemente de volta e então olhou para a televisão. Na tela, estava
passando um tipo de canal de notícias local, as palavras passando pela
parte inferior da tela em legendas.

— Toda vez que o noticiário começa, eu sinto que eles querem que
você pense que o mundo está acabando, — eu disse olhando para a tela. —

6 Marca de uísque.

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Não sei como alguém faz esse trabalho sem se perder e contar a todos a
verdade em um glorioso colapso na TV.

Ela olhou para mim por um momento com um olhar chocado no


rosto e imediatamente me lembrei porque não conversava regularmente
com as pessoas. Eu disse a coisa errada, como de costume, esquecendo que
a maioria das pessoas eram ovelhas, assim como os principais meios de
comunicação. Inferno, eu não sabia nada sobre a moça, ela podia ser um
desses repórteres.

— Eu tenho dito isso desde que eu era criança, — ela disse com um
sorriso no rosto. — A verdade está em todo lugar, exceto lá em cima
naquela tela. É dinheiro, poder e política.

— Eu sou Nathan, — disse, imediatamente impressionado.

— Ruby, — ela respondeu.

— Eu nem estava assistindo, era apenas um lugar para focar meu


rosto, para não ficar olhando fixamente para outras pessoas, — disse ela,
ligeiramente embriagada.

— Ah, — eu disse jogando minha cabeça para trás. — Isso é


totalmente a minha jogada. Estive em um bar, assisti a um jogo de
basquete inteiro e depois não tinha a menor ideia de quem jogou.

— Bares podem ser estranhos, — ela riu.

Deslizei e sentei no assento ao lado dela, continuando a conversa.


Conversamos sobre a política na tela, a verdade do dinheiro e do poder na
sociedade, e muitos outros tópicos de conversas profundas. Eu gostava

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dela. Não era apenas linda, mas também parecia ser relativamente
inteligente. Ela era extremamente fervorosa, mas não de uma maneira que
deixasse suas emoções assumirem demais, o que era bom porque muitas
pessoas tomam grandes decisões com base em suas reações emocionais às
coisas. Não que eu não tivesse emoções, só que conseguia separá-las da
realidade de uma situação.

Nós nos sentamos lá por várias horas, conversando, bebendo e


simplesmente nos divertindo. Ela era um pouco difícil de ler já que sua
primeira reação não foi flertar comigo, mas, ao mesmo tempo, a minha
também não. Flertar nunca foi natural para mim e, depois de um tempo e
várias frases de efeito bastante embaraçosas, decidi que ser eu mesmo era
a melhor opção.

— Uau, — eu disse olhando para o meu relógio. — Já é meia-noite.

— Mesmo?

— O tempo voa quando estamos nos divertindo, — eu disse com um


sorriso.

— Isso é verdade, — disse ela, parecendo um pouco paqueradora


pela primeira vez naquela noite.

— Só uma hipótese, mas você gostaria de ir para minha casa e tomar


uma bebida? Moro a apenas alguns quarteirões do Central Park, —
perguntei, me sentindo um pouco inseguro sobre a pergunta.

— Claro, — disse ela depois de alguns segundos. — Deixe-me apenas


pagar a minha conta.

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— Por favor, — eu disse. — Permita-me.

Eu entreguei ao barman meu cartão de crédito e olhei para ela, o


deixando saber que eu queria cobrir a conta dela também. Ela olhou para o
cartão preto na minha mão e suspirou um pouco, mas eu ignorei achando
que ela estava apenas reagindo ao fato de que eu estava pagando suas
bebidas. Deixamos o clube e tomamos um táxi, porque estávamos um
pouco bêbados.

Chegamos ao The Avalon e ela não disse uma palavra, apenas me


seguiu até ao elevador que nos levou ao 51º andar. Quando entramos no
apartamento, ela olhou em volta, os olhos arregalados com o espaço amplo
e bem equipado. Correu os dedos pela grande mesa de vidro que eu tinha
na sala de jantar e se virou para mim, sacudindo a cabeça.

— Impressionante, — disse ela. — O que você disse que faz?

Ignorei a sua pergunta enquanto servia uma bebida no bar para nós
dois. Sorri pensando na reação dela se eu dissesse que comandava uma
grande corporação. Ela teria algo a dizer sobre isso. Mas eu não queria que
ela soubesse por enquanto. Eu me virei e me aproximei, entregando-lhe um
copo e batendo o meu contra o dela.

— Eu não disse, — respondi, com um sorriso travesso.

Ela sorriu de volta e estendeu a mão, puxando meu copo dos meus
lábios e da minha mão. Colocou-o na mesa e se virou para mim, dando um
passo à frente. Lentamente, ela se inclinou e roçou os lábios contra os
meus, o cheiro de seu perfume de lavanda pulsando através das minhas
narinas. Eu podia sentir meu coração acelerar quando nossos lábios quase
35
se tocaram e senti sua respiração quente na minha boca. Cheguei para a
frente e agarrei-a pela cintura, puxando-a para mim e inclinando a cabeça
para o lado, abrindo a boca enquanto deixava a nossa atração tomar conta.
Empurrei minha língua através de seus lábios e encontrei a dela,
saboreando o gosto do uísque em nossas bocas. Era erótico, e havia algo
sobre essa mulher que me fazia querer mais.

Ela gemeu levemente em minha boca enquanto envolvia seus braços


ao redor do meu pescoço, inclinando-se ainda mais para o beijo. A
eletricidade atravessou meu peito enquanto ela empurrava seus quadris
para a frente, pressionando contra o meu pau que estava totalmente ereto
dentro da minha calça. Levantei-a com um braço, segurando-a com força, e
puxei minha cabeça para trás olhando em seus olhos por vários momentos.
A tensão entre nós era densa e quente, e eu só conseguia pensar em levá-la
para o quarto e despi-la lentamente. Seu peito estava subindo e descendo,
e ela moveu a cabeça de volta para a minha, puxando as pernas para cima e
envolvendo-as na minha cintura.

Passei pela sala de estar e pelo corredor, entrando no meu quarto. O


lugar estava escuro, mas a luz da lua entrava em cascata pela janela. Ela
caminhou lentamente até aos vidros que iam do chão ao teto e que tinham
vista para a cidade e para o parque, desabotoou a jaqueta e deixou que ela
caísse no chão.

Eu mal podia esperar para descobrir o gosto que ela tinha.

36
CAPÍTULO SEIS
Ruby

Eu sabia que a única razão pela qual estava no The Avalon tirando
minhas roupas para um estranho era porque eu estava perdida, mas não
me importava, era hora de viver um pouco. Esse cara não era apenas
incrivelmente bonito com seu cabelo preto e olhos azuis brilhantes, mas ele
era educado, inteligente e olhava além do que estava bem na frente do seu
rosto, se importava com o interior das pessoas. Só isso já estava me
excitando, mas seus músculos bem definidos não eram nada ruins.

Eu podia sentir Nathan andando atrás de mim, meu rosto estava tão
perto da janela que ela embaçava a cada respiração que eu dava. Seus
dedos deslizaram pelas minhas costas e agarraram o zíper do meu vestido,
lentamente puxando-o para baixo. Ele estendeu a mão, desceu as alças
pelos meus braços e depois as soltou, permitindo que o vestido caísse no
chão ao redor dos meus saltos pretos de quinze centímetros. Pisei para fora
dele, inclinando minha cabeça para trás contra o ombro de Nathan,
sentindo seus lábios correrem pela minha nuca enquanto as pontas de seus
dedos roçavam do meu colo até aos seios. Ele esfregou os dedos sobre
meus mamilos duros enviando eletricidade através do meu peito. Gemi
baixinho quando ele segurou meus seios e os massageou, sua boca se
movendo de volta para a minha quando virei a cabeça.

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Virei de frente para ele, mantendo nossos lábios presos. Minhas
mãos encontraram os botões de sua camisa e, lentamente, os desfiz,
sentindo suas mãos grandes ainda tateando meus seios. Ele soltou meus
seios e abriu os botões dos punhos, tirando a camisa e soltando-a no chão.
Olhando fixamente para o seu peitoral definido, abaixei-me e soltei o cinto,
desabotoando sua calça e puxando o zíper para baixo sobre o volume na
sua virilha. Suas calças caíram no chão, e ele saiu delas, vestindo apenas sua
cueca boxer preta apertada. Caminhou para a frente, me empurrando para
a cama até que eu pudesse sentir o edredom batendo na parte de trás das
minhas pernas. Caí no meio da cama e ele me seguiu, rastejando em minha
direção com os olhos fixos nos meus.

Gentilmente deitei minha cabeça no travesseiro enquanto ele beijava


meu estômago e corria a língua por meu abdômen. Nathan estendeu as
mãos e tirou minha pequena calcinha de cetim preto, colocando-a ao lado.
Luxúria correu pelas minhas veias enquanto ele olhava para mim,
lambendo os lábios e sorrindo. Colocou um braço de cada lado dos meus
quadris, abriu as minhas pernas, estendeu a mão e me puxou, inclinando-se
para frente e lambendo entre as minhas pernas. Ofeguei sentindo a sua
língua quente me acariciar. Sua língua moveu-se para baixo e depois para
cima, girando sobre meu clitóris com pressão.

— Huumm, — ele gemeu enviando um fogo no meu estômago com a


vibração de sua voz.

Sem aviso, mergulhou e aumentou em dez vezes a intensidade,


rodando com sua boca através de mim, sugando e puxando meus lábios

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enquanto tratava minha boceta da mesma forma que tratou minha boca
momentos antes. Ele apertou minha coxa com uma mão enquanto colocava
dois dedos da outra dentro de mim, empurrando para dentro e para fora.
Agarrei meus seios segurando firme enquanto meu prazer aumentava cada
vez mais. Sua boca parecia tão incrível no meu corpo. Meus quadris se
inclinaram para cima, sentindo o aperto desesperado em meu estômago.
Eu precisava me liberar. Minha mão deslizou e segurei o cabelo dele
tomando o controle, fodendo sua boca com força e rapidez.

E, de repente, eu me perdi. Arqueei minhas costas e joguei minha


cabeça para trás, respirando fundo e sentindo cada onda de prazer que
tomou conta de mim enquanto gozei. Incapaz de se segurar por mais
tempo, ele rosnou alto, lambendo meus sucos, seus dedos me fodendo
com mais força, a luxúria e o prazer ainda em erupção por meu corpo
inteiro. Minhas pernas tremiam e, assim que meus músculos começaram a
relaxar, ele levantou a cabeça, olhando profundamente nos meus olhos.
Sentou-se na cama e tirou sua boxer, o enorme pau saltando para fora.
Estendeu a mão para a mesa de cabeceira e pegou um preservativo envolto
em alumínio dourado, removendo o lacre e encaixando-o em seu membro.

Nathan se moveu para a frente empurrando minhas coxas e


inclinando-se para cima de mim, seu rosto a centímetros do meu. Sua boca
brilhava com os meus sucos, me chamando, então peguei seu lábio inferior
em minha boca e chupei forte. Enrolei minhas pernas em volta do seu
quadril quando ele rolou para baixo e deslizou seu pau profundamente
dentro de mim. Mordi o lábio e fechei os olhos, sentindo cada centímetro
dele empurrando mais e mais profundamente, enquanto seus quadris
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bombeavam forte sobre mim. Olhei para cima e passei minhas mãos por
seu abdômen definido, gemendo com a sensação do seu corpo se
esfregando contra o meu clitóris. Puxei meus quadris para cima e observei
enquanto ele batia fundo e duro, gemendo quando minha boceta engolia
cada centímetro de seu membro.

Nathan se ajoelhou e me puxou pelos quadris, para me colocar na


posição certa. Empurrou minhas pernas para a frente, e eu agarrei meus
tornozelos, puxando-os em direção à minha cabeça. Ele estendeu a mão e
agarrou a parte de trás das minhas coxas para se apoiar antes de começar a
bombear. Gritei, sentindo seu abdômen bater com força contra o meu
clitóris, e suas bolas contra a minha bunda. Eu podia ver as gotas de suor se
acumulando em seu peito liso e bronzeado, enquanto ele empurrava
profundamente e puxava para fora novamente. Assim como havia
acontecido antes, a sensação de calor no meu estômago começou a ferver.
Eu estendi a mão e agarrei seu braço, gritando de prazer.

— Não pare, — eu gemi alto. — Porra, não pare.

Como se aquelas palavras fossem a gota que faltava, ele rosnou, seus
olhos alguns tons mais escuro, empurrando para a frente e cravando seus
dedos em minhas coxas. Estendi a mão, gritando em êxtase quando outro
orgasmo me atingiu. Eu não controlava mais o meu corpo. Podia senti-lo
empurrando para a frente mais uma vez, inclinando-se o mais
profundamente que podia e gemendo alto. Seu pênis pulsava dentro de
mim enquanto meus sucos lubrificavam seu eixo. Seu quadril começou a se

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mover com mais intensidade, até que ele também não conseguiu mais se
controlar e gozou profundamente em mim.

Depois que meu corpo parou de tremer e minha respiração voltou ao


normal, abri meus olhos e observei os últimos segundos de seu orgasmo.
Lentamente, soltou o ar preso em seus pulmões e seu corpo relaxou.
Sentou-se em seus calcanhares, puxando seu pênis para fora de mim e
desabando para o lado. Ficamos lá por vários minutos, tentando controlar
nossas respirações e nossos batimentos cardíacos. Quando nos acalmamos,
Nathan abriu os olhos e olhou para mim, um olhar reconfortante de um
homem que eu mal conhecia. Inclinou-se para a frente e me beijou
gentilmente, envolvendo seus braços em volta da minha cintura. Ele se
abaixou, puxou o edredom branco sobre nós e aconchegou seu rosto na
parte de trás do meu pescoço.

O quarto estava girando ligeiramente por causa do álcool que eu


tinha bebido, mas mesmo assim eu me sentia completamente à vontade,
envolvida nos braços deste homem. Ele era inteligente, sexy, ambicioso e,
baseado no fato de que ele morava no The Avalon, capaz de cuidar de si
mesmo. Era uma folga depois dos vários idiotas com os quais eu acabava
saindo. Eu não me importava com o dinheiro dele, mas me importava com
o fato de que ele era capaz de manter uma conversa inteligente e ver
através das besteiras do mundo ao nosso redor. Estar ali, deitada em seus
braços era diferente para mim, já que na maioria das vezes eu estava indo
embora antes que o sol pudesse entrar pelas janelas. No entanto, desta vez
eu fiquei lá e pensei comigo mesma que talvez, apenas talvez, eu estivesse
errada em achar que não encontraria alguém que pudesse me acompanhar
41
em um nível intelectual e pessoal. Talvez Nathan tivesse um sério potencial
para isso.

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CAPÍTULO SETE
Nathan

Abri os olhos, percebendo que não tinha mudado de posição


quando adormeci. Deitada em meus braços, com o cabelo espalhado pelo
travesseiro estava aquela linda mulher que eu havia encontrado no bar na
noite anterior. Ela ainda cheirava a lavanda, e respirei profundamente, sem
me preocupar com o fato de que ela era a primeira mulher em muito
tempo a passar a noite na minha casa. Era inteligente e atrevida, e eu
imediatamente a achei interessante o suficiente para sentar em um bar por
várias horas falando sobre política e negócios. Ela tinha que ter percebido
que eu tinha dinheiro já que eu morava no Avalon, mas ela não sabia disso
quando concordou em ir para a minha casa. Talvez, apenas talvez, ela não
estivesse lá por causa do meu dinheiro ou do meu charme. Talvez ela
estivesse lá porque viu em mim mais do que apenas a minha boa aparência.

Eu fiquei lá pensando nisso, lutando com a ideia de que ela pudesse


gostar de mim mais do que apenas para uma aventura de uma noite. Eu
estava acostumado a encontros de uma noite, e a vida que tinha não
permitia que saísse da minha bolha com muita frequência. No entanto,
havia uma razão pela qual ela ainda estava lá, eu queria deixar esse
controle de lado, mesmo que fosse apenas por um sábado. Lentamente
puxei meu braço que estava embaixo dela e deslizei da cama, vestindo
minha cueca e uma camiseta. Saí do quarto na ponta dos pés e fechei a

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porta silenciosamente atrás de mim. Eu não estava acostumado a ter
mulheres no meu apartamento, então não sabia o que fazer em seguida. Eu
sabia, no entanto, que não estava pronto para que ela fosse embora, havia
algo bom em tê-la dormindo na minha cama.

Entrei na cozinha e peguei uma garrafa de água, bebendo-a em uma


tentativa de acalmar a minha cabeça dolorida da ressaca. Eu não deveria
ter bebido tanto, mas a conversa era tão intrigante que não tinha prestado
atenção no que estava consumindo. Olhei ao redor da casa e para o meu
liquidificador, percebendo que provavelmente não poderia dar a ela meu
suco de espinafre de sempre. Abri a geladeira, peguei tudo o que eu tinha
que pudesse parecer com um café da manhã e comecei a cozinhar,
esperando que ela gostasse de omelete vegetariana e café com leite.
Quando terminei, coloquei tudo em uma bandeja, voltei para o quarto e
deixei em cima da mesa enquanto a acordava gentilmente com um beijo na
bochecha.

Ela abriu os olhos e piscou algumas vezes, provavelmente tentando


reconhecer onde estava. Olhou por cima do ombro para mim e sorriu,
estendendo a mão e esfregando meu braço. Ela era ainda mais bonita de
manhã do que todas as mulheres produzidas do bar.

— Bom dia, — eu disse. — Fiz o café da manhã para nós.

— Uau, — respondeu ela, esfregando as têmporas. — Isso é tão


gentil.

— Aqui, beba esta água, você provavelmente está desidratada, — eu


disse, entregando-lhe uma garrafa.

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Nós nos sentamos na cama tomando café da manhã, rindo de como
estávamos bêbados na noite anterior. Não foi estranho como eu pensei que
seria, embora eu estivesse muito acostumado a me sentir estranho. Seu
sorriso era caloroso, e a conversa muito agradável. Quando terminamos de
comer, liguei para a recepção e pedi que enviassem algumas roupas do
tamanho dela.

— Por que você fez isso?

— Eu pensei que talvez pudéssemos sair e passar um pouco de


tempo juntos, — respondi com um sorriso.

Ela gostou dessa ideia, então nos vestimos e saímos, começando pelo
Central Park. Estava um dia lindo, apenas um pouco quente e com uma
brisa leve, o suficiente para que eu estivesse feliz com a chegada da
primavera. O inverno tinha sido duro no ano passado e essa cidade tinha
virado uma bagunça. Enquanto caminhávamos, conversamos sobre muitas
coisas diferentes, ela me contou sobre crescer no interior de Nova York,
sobre sua família e que sua irmã também morava na cidade.

— É difícil fazer amigos aqui, — disse ela. — Há tantas pessoas, mas


ninguém quer se conectar. E esqueça o mundo dos relacionamentos, é
cruel.

— Eu sei o que você quer dizer, — respondi. — A maioria das pessoas


que conheço são difíceis de conversar, muito envolvidas na mídia, nos
assuntos mais falados do Twitter, no Instagram, no Facebook e no que todo
mundo está fazendo. Eu sinto que sou a única pessoa da minha idade com
motivação e capacidade para olhar além de todas essas coisas.

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— É verdade, — ela disse virando-se para mim e sorrindo. — Ontem
à noite mesmo eu não consegui terminar a conversa que estava tendo com
uma pessoa. Eu estava no bar porque saí de um terrível encontro às cegas
em que minha irmã me colocou. O cara era o típico perdido, cego, robô,
sem disposição para sair da sua zona de conforto. Eu sei que isso não
deveria me incomodar, mas essas pessoas me irritam demais. Por que todo
mundo tem tanto medo de estar errado?

— Não sei, — eu ri. — Estar errado significa apenas que você aprende
algo no final. E então você pode estar certo de novo.

— Exatamente, — ela riu projetando suas mãos fervorosamente. —


Ah, é cansativo.

Saímos do parque e descemos a rua, parando para almoçar em uma


pequena lanchonete na esquina. Não era o melhor lugar da cidade, mas eu
gostava das pessoas de lá. Eram simpáticas e prestativas, e os proprietários
também trabalhavam ali. Ainda podia me lembrar como foi difícil quando
Pope Financials começou, trabalhei sem parar, sete dias por semana. Eu era
grato a todos que depositaram sua fé em mim, então tentava ajudar como
pudesse.

O dia pareceu voar e, antes que eu percebesse, o sol começava a se


pôr. Nós estávamos de pé em frente ao The Avalon depois de passar o dia
todo andando pela cidade e conversando. Não houve um momento sequer
que eu pensei que essa mulher era chata ou sem inteligência e essa foi a
primeira vez na minha vida adulta que eu não tive esses pensamentos em
algum momento. Ela olhou para mim e sorriu, alongando seus braços.

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— Eu acho que deveria ir para casa, — disse.

— Sem problema, vamos para o carro, — respondi.

Ela assentiu com a cabeça, então fui até ao carro e abri a porta para
que ela entrasse. Sentei ao seu lado e escutei enquanto ela dizia ao
motorista o endereço. Ela vivia fora de Manhattan em um dos prédios que
sempre achei bonitinhos. Pela primeira vez, me senti autoconsciente de
que vivia em um lugar muito exagerado, mas eu não tinha tempo para ser
tão auto-suficiente quanto presumi que ela fosse. Eu trabalhava o dia todo
e a maior parte da noite contava com o meu dinheiro para facilitar as
coisas. Sabia que era uma desculpa patética, mas era o jeito que eu sempre
fazia as coisas.

Enquanto observávamos as luzes da cidade pelo caminho, me


aproximei e peguei a mão dela, puxando-a para o meu colo. Ela olhou para
mim e sorriu, seus olhos brilhando com o reflexo dos edifícios que
passavam. Ela era tão linda que eu ainda não tinha conseguido superar.
Estive com muitas mulheres bonitas na minha vida, coisas que o dinheiro e
um sorriso encantador proporcionam para um cara, mas havia algo
diferente nela que me atraía, e não apenas sexualmente. Afastei a
sensação, sabendo que estava sendo emocional e que isso não tinha
sentido, eu só conhecia a garota há vinte e quatro horas.

Quando paramos em frente à casa dela, sorri, vendo a guirlanda


pendurada na porta. Levei-a até ao final da escada e observei quando ela
sorriu e respirou fundo. Era a primeira vez durante todo o dia que eu não
sabia o que dizer.

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— Bem, — ela disse. — Chegamos.

— É linda, — eu disse olhando para a casa.

— Obrigada, — ela respondeu. — Obrigada por hoje, foi


surpreendentemente relaxante. Era o que eu precisava.

— Dê-me o seu telefone, — eu disse, entregando-lhe meu celular.

Ficamos ali, adicionando nossos números, antes de trocar os


telefones de volta. Eu me inclinei e a beijei gentilmente, mas com
significado, querendo que ela soubesse que eu tinha passado um tempo
incrível, mesmo que não conseguisse reunir as palavras. Quando nos
separamos, ela levou alguns segundos para abrir os olhos e deu uma
risadinha, virando-se para subir as escadas. Eu a observei e acenei
enquanto ela sorria e fechava a porta. Caminhei calmamente de volta para
o carro, sentindo que poderia vencer uma corrida. Ela foi a primeira mulher
com quem eu pude conversar. Eu queria conhecer mais de Ruby.

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CAPÍTULO OITO
Ruby

Caminhei pelas calçadas da cidade, olhando-a de uma maneira


diferente daquela que tinha feito apenas alguns dias antes. Nathan me
deixou em casa na noite anterior, eu já esperava que ele ligasse e me
convidasse pra sair novamente. Conhecê-lo foi uma surpresa, algo que não
acho que aconteceria em um milhão de anos. Eu literalmente fui ao bar
para me afastar dos caras depois daquele horrível encontro às cegas, mas
com certeza estava feliz por tê-lo feito, porque uma noite e um dia faziam
maravilhas pela minha fé nos homens. Ainda não sabia se iria encontrar
com Nathan de novo, mas tinha um bom pressentimento sobre isso.

Andei até à porta de Marie’s, uma padaria deliciosa onde encontraria


Lisa para nossa sessão semanal de café da manhã e fofocas. Quando entrei,
ela estava na cabine traseira agitando sua mão e a boca cheia de comida.
Juro que ela era a mais magra das pessoas, mas comia como um cara de
trezentos quilos. Aproximei-me e sentei na cabine, soltando um profundo
suspiro.

— Olá,— Lisa disse, olhando para mim com curiosidade. — Como tá


indo?

— Esquisitamente incrível, — eu disse, balançando a cabeça.

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— Bem, eu sei que não foi o meu amigo porque ele me chamou
depois do encontro para me informar o quanto você era uma vadia, —
disse ela, rindo.

— Sim, não, ele era um idiota completo, — eu disse esfregando meu


nariz. — O que você estava pensando?

— Você precisava transar, — admitiu ela.

— Nojento, — respondi.

— Ok, então, se não foi ele, quem?

— Por que tem que ser alguém? Eu sou capaz de ser feliz sem um
homem , — eu disse, sem convencer.

— Sério?

— Tudo bem, — eu disse, inclinando-me para frente com


entusiasmo. — Depois de sair do restaurante, atravessei a rua até ao
Exposé e sentei-me no bar deles.

— Eles têm um bar?

— Sim, — eu disse. — Então, eu estava sentada ali afogando minhas


tristezas com whisky e uma televisão com noticiário da maneira
convencional, quando entra um cara lindo em um terno que, eu juro,
provavelmente custa mais do que minha educação universitária.

— Provavelmente vale mais,— ela disse sarcasticamente.

— De qualquer forma, — eu disse revirando os olhos. — Ele se


sentou e começou a falar comigo, e eu pensei que seria mais uma besteira,

50
mas estava tão longe disso que eu nem poderia explicar. Ele era inteligente,
de mente aberta, e praticamente meu clone masculino.

— Oh, senhor, — ela respondeu.

— Então, bebemos e conversamos. Depois fomos para o seu


apartamento. — falei. — No Avalon.

— O quê? Ele mora no Avalon? Que diabos ele faz?

— Não sei, — eu disse. — Ainda não perguntei. Mas, na manhã


seguinte, ele me levou café da manhã na cama e depois me levou para a
cidade durante todo o dia, conversando e caminhando.

— Como falar sobre a vida ou o quê?

— Tudo, — eu disse com entusiasmo. — Política, visões do mundo,


pessoas, comida, cidade, família, tudo.

— Eu não entendo, — ela disse me olhando estranhamente.

— Não entende o quê?

— Você encontra um cara em um bar, dorme com ele, então passa o


dia todo com ele, — ela disse como se fosse uma pergunta e uma
declaração ao mesmo tempo.

— Sim, e?

— E você está brincando comigo? E você nem sabe o que ele faz para
ganhar a vida, — disse ela. — Ele mora no lugar mais luxuoso e caro da
cidade, vai para Exposé nos fins de semana, e você não pensou em

51
perguntar o que ele faz? Ele poderia ser da máfia ou alguém que extorque
dinheiro das pessoas.

— Não, — eu disse, balançando a cabeça. — Tenho certeza de que


ele possui uma empresa ou algo assim.

— Então, quando você vai voltar a sair com esse cara?

— Não sei, — suspirei. — Quando ele me chamar e me convidar, eu


acho.

— Mmmm, — ela disse olhando para o relógio e empacotando a


comida. — Nós temos um compromisso às dez horas na manicure. Temos
que ir.

Deixamos Marie’s apressadamente. Quase que derramei o café em


cima de mim mesma enquanto corria para o táxi. Nós sempre fazíamos isso,
ficando envolvidas em conversas e depois ter pressa para qualquer
compromisso que tivéssemos. Sinceramente, esqueci tudo sobre o horario
das unhas, já que geralmente nunca paguei para obter uma manicure. Eu
sabia que Lisa gostava, era sua pausa depois de se ter focado em tudo
menos em si mesma. Ela era professora na Universidade de Nova York, e
seus dias e noites estavam sempre preenchidos com problemas de
estudantes e professores. Ela era a professora mais nova da história da
NYU, mas para obter esse título, ela teve que chutar alguns traseiros e
dedicar-se um bom tempo.

Quando chegamos ao salão de beleza, escolhemos nossas cores e nos


sentamos uma ao lado do outra. A mulher atrás da mesa puxou minha mão
e acendeu as luzes, começando a cuidar das minhas unhas. Lisa sentou-se
52
ao meu lado, sorrindo para o seu técnico, que, por acaso, era um cara
atraente, que também usava uma camiseta Gay Pride do desfile desse ano.
Quando ele se afastou, eu apontei para Lisa, e ela pegou rapidamente.

— Então, como é esse homem misterioso?

— Ele é alto, bronzeado, extremamente musculoso, com cabelos


escuros e olhos azuis, — eu disse. — Algo como lindo de morrer.

— Quando você diz extremamente musculoso, você quer dizer como


um cara sexy, ou com músculos tão grandes que as veias aparecem, e você
pode ver o sangue circulando?

— Ew, — eu ri. — Eu quero dizer, como cara sexy. Como Channing


Tatum.

— Bom, — disse ela. — Bem, acho que você me deve então.

— Porquê?

— Por ajudar você a encontrar esse cara, — disse ela.

— Você não teve nada a ver com eu encontrá-lo, — eu ri.

— Pelo contrário, — disse ela com voz do professora. — Eu coloquei-


a num encontro.

— Um fracasso miserável, — acrescentei.

— Ainda assim, se não fosse por isso, você não teria terminado no
bar do Club Exposé, e assim você não teria conhecido o Sr. Olhos Sexy.

— Você está exagerando, — eu disse sem expressão.

53
— Seja como for, — ela cantou. — Não tem de quê, a menos que ele
se torne um idiota, então é culpa sua.

— Claro, — eu ri.

Passamos o resto de nossas manicures a discutir quem era


responsável por eu conhecer Nathan. Finalmente, desisti e deixei-a ter o
crédito, era muito mais fácil do que lutar com ela sobre isso. Além disso, ela
tinha um ponto, se eu não conhecesse o idiota, eu nunca teria acabado do
outro lado da rua. Naquele momento, estava descobrindo que era uma
coisa de sorte, mas não tinha certeza se minha visão sobre isso mudaria ou
não. Se ele não ligasse, eu poderia voltar a ser aquela cadela cínica que se
irritava em cada encontro que tinha.

Depois das manicures, fui para o apartamento de Lisa, já que estava


no caminho para o meu. Quando paramos, ela olhou para mim e sorriu. Ela
alcançou e pegou minha mão, parecendo como se ela fosse um pouco
sentimental.

— Olhe, — disse ela. — Deixando as brincadeiras de lado. Fico feliz


que você conheceu alguém que fez você ficar excitada. Eu não vi você tão
séria desde que éramos crianças. Espero que ele ligue, e mesmo que ele
não faça, não se esqueça do sentimento que você tem agora, é o que nos
mantém em pé.

— Eu te amo, — disse-lhe, inclinando-me e beijando sua bochecha.

— Te amo também, — ela respondeu e abriu a porta. — Agora, vá


passar o resto do seu domingo sendo preguiçosa, e me chame se ele ligar!

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— Eu vou, — gritei ao fechar a porta.

Ri e balancei minha cabeça quando o táxi andou, indo para minha


casa. Ela era tão pateta, mas eu a amava, no entanto. Crescendo, eu nunca
poderia ter imaginado que minha irmã mais velha era minha amiga mais
próxima, mas sinto seriamente que, mais vezes do que aquelas que poderia
contar, se ela não estivesse lá, eu teria ficado louca. O táxi parou na frente
do meu apartamento, e eu paguei o motorista e depois pulei na calçada.
Acenei para o meu vizinho quando subi as escadas, pronta para me divertir
com minhas unhas recém-pintadas. Quando coloquei a chave na porta,
meu telefone começou a tocar. Coloquei a mão na minha bolsa e puxei o
telefone para fora, sem sequer olhar para o número.

— Olá, — eu disse alegremente.

— Ei aí, — disse Nathan na outra linha, fazendo-me quase soltar o


telefone. — Você está ocupada?

— Ocupada? Não, — gaguejei.

— Eu estava ligando por dois motivos, — disse ele. — Eu queria saber


como você está hoje.

— Eu me sinto ótima, — eu disse sorrindo. — Tomei café da manhã


com minha irmã, e agora estou entrando na casa.

— Bom, — disse ele. — E a minha outra razão era que eu queria


convidá-la para jantar amanhã à noite.

— Eu adoraria, — respondi com entusiasmo.

Oh, rapaz, eu já estava caidinha.

55
CAPÍTULO NOVE
Nathan

Meu reflexo no espelho me deixou nervoso sobre o encontro que eu


estava prestes a ter. Senti como se estivesse me esforçando demais,
obcecado com cada fio de cabelo e sua colocação. Eu tinha mudado minha
roupa pelo menos seis vezes, e nem tinha certeza se escolhia a colônia
certa, embora naquele momento já fosse tarde demais. Puxei minha
camisa, certificando-me de que estava dobrada e minha gravata estava
perfeitamente alinhada. Não conseguia entender porque estava tão
nervoso, eu estava levando Ruby para jantar, não propondo casamento.
Ainda assim, não estava tão preocupado com um encontro desde que levei
Kathy Lane para o baile de formatura. Claro, se parasse e pensasse sobre
isso, eu estava tão obcecado com o trabalho e tão desanimado com todas
as garimpeiras por aí que não tinha estado num encontro com alguém que
eu gostasse, antes. Esta ia ser uma noite interessante.

Finalmente decidi que meu cabelo estava bem como estava e saí do
banheiro, desligando a luz. Peguei minha jaqueta da cadeira e olhei para
todo o meu conjunto no espelho na parte de trás da porta. Tinha que
admitir, eu parecia elegante, especialmente para um cara que detestava
moda e se conformava com os habituais ternos caros e laços chatos.
Suspirei e abri a porta, saindo do meu quarto e saindo para a sala de estar.

56
Antes de sair, peguei algumas coisas espalhadas pelo apartamento, para o
caso de Ruby vir ao apartamento mais tarde naquela noite.

Peguei as chaves do apartamento, minha carteira e meu celular e saí


para o elevador. Quando finalmente chegou ao meu andar, entrei e fui para
o saguão. Balancei a cabeça para George que estava saindo do seu turno, e
ele acenou para mim com um sorriso gentil. Às vezes, quando o lugar
estava praticamente vazio, e eu não recebia muitos olhares por ser tão
gentil com a equipe, eu meio que gostava do lugar. Eu imaginava minha
próxima casa tendo uma equipe tão amigável quanto o Avalon. Pelo menos
eu tentaria fazer desse jeito e teria alguma companhia na minha solidão.

Saí do prédio e entrei na limusine que tinha contratado para a noite e


fui pegar Ruby. Quando parou em frente a casa de Ruby, subi os degraus,
tocando a campainha ansiosamente. Ruby atendeu a porta e minha boca se
abriu, olhando para a linda mulher em pé na minha frente. Ela estava
usando um vestido preto sem alças que abraçava cada uma de suas curvas
perfeitamente e descia até suas panturrilhas. Ela usava saltos pretos de
doze centímetros e tinha o cabelo preso para trás, com uma grande divisão
frontal caindo para o lado e enrolada. Seus lábios eram cheios e suculentos,
e sua maquiagem estava escura, destacando seus incríveis olhos verdes. Eu
me inclinei para frente e beijei sua bochecha, dando-lhe o braço enquanto
caminhávamos até à limusine.

A viagem foi tranquila, mas extremamente confortável, e quando


paramos, saí primeiro e dei minha mão a Ruby para ajudá-la a sair do carro.
Fiquei impressionado com minhas habilidades românticas, já que eu não

57
tinha necessitado usá-las há muito tempo. Antes de Ruby, pensei que ser
gentil significava entregar à garota meu lenço para limpar a porra de seus
lábios depois de chupar meu pau nos quartos privados do 3º andar. Isso
agora parecia barato. A anfitriã mostrou-nos a nossa mesa no canto de trás,
onde nos foi dada alguma privacidade em relação a todos os outros.

Pedi uma garrafa de vinho e alguns aperitivos e esperei até depois


que o garçom serviu nosso primeiro copo para começar a conversa. Olhei
por cima da mesa para Ruby, que estava admirando o restaurante mal
iluminado. Eu estava curioso sobre onde ela normalmente ia comer, pois
parecia estar maravilhada em todos os lugares que íamos. Talvez fosse
apenas a encantadora curiosidade dela que eu achava adorável.

— Então, — disse ela tomando um gole de vinho. — Diga-me,


Nathan, o que você faz para viver?

— Eu estava me perguntando quando você ia perguntar isso, — eu ri.


— Possuo uma firma de contabilidade chamada Pope Financials.

— Você é dono da Financials? — Ela engasgou um pouco com o


vinho.

— Ouviu falar de nós?

— Sim, — ela zombou. — Isso é impressionante para alguém tão


jovem. Ouvi algumas coisas ótimas sobre sua empresa e como elas tratam
seus funcionários. Bravo, senhor.

— Obrigado, — eu disse com orgulho. — E você?

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— Um pouco menos de glamour, — disse ela engolindo em seco. —
Eu trabalho para uma empresa de justiça social no centro da cidade.
Ajudamos pessoas que foram alvo de racismo, sexismo, homofobia,
xenofobia e muito mais. Ajudamos a que tenham bons conselhos e
orientações durante a longa e árdua tarefa de obter justiça.

— Isso soa como um trabalho incrível, — eu disse, muito


impressionado.

— É, — disse ela. — Às vezes pode ser estressante, mas muito


gratificante.

Passamos o resto do jantar conversando sobre nossos empregos,


nossos hobbies e onde queríamos ir no futuro. Nós mudamos para pontos
de vista pessoais e ideias rapidamente, o que foi bom para mim uma vez
que eu tinha tido o suficiente de falar a respeito da empresa. Todo mundo
queria fazer perguntas sobre a Pope Financials, mas Ruby, ela fez perguntas
sobre mim. Quando o jantar acabou, a convidei para o meu apartamento,
animada ela disse que sim.

Quando chegamos, tive uma ideia, então a deixei no saguão e fui até
ao recepcionista, sussurrando meu pedido por cima da mesa. Como de
costume, eles estavam mais do que felizes em atender um pedido meu e
mandaram-me seguir com duas toalhas e um cartão-chave. Ruby olhou
para as toalhas com confusão, mas eu não disse uma palavra. Em vez disso,
a levei até ao elevador e nos levei até o 50º andar, escoltando-a para fora
do elevador. Segui pelo corredor até à última porta e deslizei o cartão,

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levando-a para o salão. Ela sorriu ao ver a piscina do infinito7 e tranquei a
porta atrás de nós.

— Isso é lindo, — disse ela. — E a visão, é para morrer.

— Eu percebi que depois de uma boa refeição nós poderíamos dar


um mergulho, — eu disse tirando minha jaqueta, gravata e camisa.

— Eu não trouxe um maiô, — disse ela, virando-se para mim.

— Nem eu, — eu disse, largando minhas calças e boxers no chão.

— E se alguém entrar?

— Eles não vão, — eu disse andando até à borda. — Aluguei a piscina


para a noite.

Mergulhei de cabeça na água e voltei para a superfície, sentindo a


água morna banhar meu corpo. Foi tão refrescante e libertador, e virei para
ver Ruby começando a se despir. Eu sorri e me afastei, não querendo que
ela se sentisse desconfortável. Quando ouvi seu corpo espirrar na piscina,
virei-me e observei seu corpo nu deslizar pela água e pela superfície
diretamente na minha frente. Ela era linda com os cabelos soltos e
molhados em volta dos ombros. Sorriu para mim com os olhos escuros, e
eu estendi a mão, trazendo-a para perto de mim. Eu podia sentir seus
grandes seios firmes pressionados contra o meu peito, e me inclinei,
beijando seus lábios quentes e molhados.

7 Uma piscina de infinito é um espelho ou piscina onde a água flui sobre uma ou mais bordas, produzindo
um efeito visual da água sem limites. Tais associações são projetadas frequentemente de modo a que a
borda pareça se fundir com o oceano, ou o céu, ou seja, na paisagem. São uma tendência em hotéis,
resorts e em outros lugares luxuosos..

60
— Você é tão cheio de surpresas, — ela sussurrou. — É uma aventura
com você e eu gosto disso.

— Fico contente — eu disse, inclinando-me e beijando seu pescoço.


— Gostaria de levá-la em outra aventura, aqui e agora.

— Mmmm, — ela gemeu quando minhas mãos deslizaram por seus


lados macios sob a água.

Puxei-a contra mim e empurrei meus quadris para a frente, deixando-


a sentir meu pau duro do meu desejo por ela. Ela sorriu, alcançando abaixo
da superfície da água e envolvendo a mão em volta do meu eixo. Apertou
com força quando se aproximou e segurou minhas bolas com a outra mão.
Gemi alto, querendo sentir ainda mais dela. Sorriu timidamente quando sua
mão começou a subir e descer na minha ereção, a água fluindo ao nosso
redor. Agarrei a borda da piscina e fechei meus olhos, deixando-a tomar
meu pau e empurrá-lo com força. Quando abri os olhos, vi a malícia em
seus olhos, e ela mergulhou embaixo da água, encontrando meu pênis com
a boca.

Essa garota era incrível.

61
CAPÍTULO DEZ
Ruby

Eu tinha passado a maior parte da minha vida nadando, então essa


nova ideia de sugar o pênis de Nathan sob as águas paradas da piscina
infinita parecia um plano bem pensado. Bem, depois de alguns impulsos e
um pouco de água no meu nariz, decidi que seria melhor ficar com algo
mais convencional. Quando saí da água, nenhum de nós pôde deixar de rir,
mas essa risada silenciou rapidamente quando ele deu um passo à frente e
afastou meu cabelo do rosto com a mão. Ele se inclinou e beijou meus
lábios suavemente, encontrando prazer em nossa conexão. Havia algo
familiar e quente nele, e eu corri minhas mãos pelo seu peito, sentindo
seus grandes músculos protuberantes.

Quando ficamos olhando e acariciando um ao outro, ele deslizou a


mão pelo meu estômago e pressionou entre as minhas pernas. Gemi
baixinho enquanto seus dedos se moviam contra mim, meu corpo se
contorcendo contra o dele, paixão fluindo em minhas veias. Ele envolveu a
outra mão em volta da minha cintura e me levantou um pouco, deslizando
os dedos para dentro de mim e pressionando sua boca contra a minha.
Passei meus braços em volta do seu pescoço e gemi em sua boca, sentindo
o calor do orgasmo começando a borbulhar dentro de mim. Ergui minhas
pernas e as envolvi em torno de sua cintura, me inclinando para trás e
dando-lhe espaço para continuar sua magia. Ele deslizou os dedos

62
lentamente dentro e fora de mim, usando a outra mão para massagear
meu clitóris. Eu gemi alto, ouvindo minha voz ecoar nas paredes da sala.
Olhei para Nathan e vi seus olhos escurecerem quando ele percebeu que eu
estava perto de explodir.

Ele pegou o ritmo, seus dedos me fodendo forte e rápido, girando o


polegar sobre meu clitóris. Meus quadris começaram a ranger contra ele
em movimento com as ondas que nossos corpos estavam produzindo. Ele
mordeu o lábio inferior e soltou um grunhido, seu pau duro esfregando
contra a minha bunda enquanto eu gritava contra sua mão. Inclinei minha
cabeça para trás e fechei meus olhos, absorvendo cada onda de prazer que
seus dedos criaram. Minha respiração aumentou, e eu podia sentir meu
coração batendo na garganta. Ele empurrou profundamente e com força, e
arqueei minhas costas, mal conseguindo segurar meu pescoço enquanto
meu corpo explodia no orgasmo. Gritei, sentindo que ele continuava a
esfregar meu clitóris e a deslizar seus dedos pelos meus sucos. Meu corpo
estremeceu e sacudiu o topo da água até que finalmente o orgasmo se
dissipou e relaxei, puxando-me para ele e abraçando-o com força, meus
braços e pernas fortemente enredados em torno dele.

Sem perder tempo, ele se abaixou entre nós e agarrou o eixo de seu
pênis, acariciando-o levemente enquanto eu me abaixei um pouco. Ele
posicionou a cabeça de seu pênis na minha boceta, e olhei em seus olhos,
ofegante quando puxei meus quadris para frente, levando-o até que meus
quadris alcançassem os dele. Ele gemeu alto e começou a andar para a
frente, meus quadris puxando para trás e empurrando para frente,
sentindo seu pau duro como pedra pulsando dentro de mim. Eu queria
63
tanto que ele parasse, me inclinasse e me fodesse com força, mas eu
poderia dizer que ele tinha outra coisa em mente. Ele moveu-se
rapidamente através da água e subiu as escadas segurando minha bunda
enquanto ele subia e segurava. Empurrei meus quadris com força, levando-
o profundamente enquanto ele se movia através do quarto e me deitava
suavemente sobre a mobília reclinada.

Abri minhas pernas e observei quando ele se ajoelhava, segurando


seu pênis na base. Seu corpo se moveu para o meu, sua enorme ereção
afundando através dos meus sucos e enchendo-me completamente. Gemi
alto, sentindo aquele empurrão inicial de novo. Estendi o braço e o puxei
para baixo, seus braços fortes segurando a cadeira com força. Ele puxou os
joelhos para baixo dele e puxou para cima em meus quadris, empurrando
profundamente enquanto eu arqueava minhas costas, meus seios firmes
saltando para cima e para baixo com os movimentos de seus quadris.
Agarrei meus seios massageando-os com força enquanto a paixão entre nós
ficava mais intensa a cada segundo. A sala estava quente, e o suor brilhava
em seu peito enquanto ele gemia descontroladamente, sentindo cada
centímetro de mim implorando por mais. Ele empurrou profundamente e
lentamente puxou para fora, mal deixando a ponta dentro e, em seguida,
com um aperto firme na cadeira, ele bateu em mim, forçando um grito
erótico do meu peito.

De novo e de novo ele puxou lentamente para fora apenas para


empurrar de volta para dentro de mim. O som das nossas peles molhadas
batendo juntas soou, e eu me abaixei, agarrando-me nas laterais da cadeira
e levantando meus quadris para lhe dar mais força. Ele agarrou meus
64
quadris e rosnou quando começou a se mover mais e mais rápido, o som da
nossa paixão se espalhando pela borda da piscina. Eu gemi alto, esfregando
meus mamilos e sentindo o calor dentro de mim transbordando. Quando
ele se abaixou e esfregou o polegar no meu clitóris, eu arqueei minhas
costas, sendo um toque suficiente para me levar ao orgasmo total. Ele
estendeu as mãos para baixo e agarrou meus quadris com força,
observando meu corpo endurecer e liberar quando o orgasmo encheu
minha alma.

Quando ele não podia mais esperar, puxou e me virou, colocando-me


de joelhos e empurrando com força em mim. Deu um tapa na minha bunda
e segurou enquanto os sucos fluíam para fora e sobre sua ereção. Eu podia
sentir seus músculos tensos enquanto ele dirigia seu pau para dentro e para
fora, grunhindo alto a cada estocada.

— Pooorra, Ruby, — ele gemeu quando minha boceta se contraiu e


soltou em torno de seu eixo.

Depois de mais quatro investidas, ele se inclinou para a frente e


empurrou dentro de mim, agarrando meus ombros para impulsionar. Seus
quadris fizeram movimentos curtos para a frente, tentando chegar o mais
longe possível dentro de mim. De repente, ele puxou para fora, soltando
uma respiração profunda e acariciando seu eixo duro e rápido. Gemi com a
sensação de sua semente quente explodindo em riachos ao longo das
minhas costas enquanto suas pernas e estômago ficavam tensos e soltos
contra a minha bunda. Ele ficou lá, acariciando por mais alguns momentos
antes de se sentar de volta e deixar seu coração baixar a batida.

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Quando Nathan se acalmou, ele se levantou, pegou minha mão e me
puxou para o lado onde estavam os chuveiros da piscina. Ele me virou, até
ficar de costas para ele e sorriu docemente enquanto a água fria corria
sobre o meu corpo, os restos de seu prazer descendo pelo ralo. Desligou a
água, e eu fiquei lá observando enquanto ele se aproximava e pegava as
toalhas. Secou meus ombros, meus seios, meu estômago e minhas pernas
antes de envolver a toalha ao meu redor, sob meus braços, e prendê-la no
topo. Ele não disse nada enquanto se movia pela divisão, pegando nossas
roupas e sapatos e dobrando-os perfeitamente em uma pilha com a minha
bolsa. Ele envolveu a outra toalha em volta de sua cintura e piscou para
mim, pegando sua mão livre e me puxando dali na direção do elevador. Ele
apertou o botão e esperou. Fiquei lá, segurando a toalha na minha frente e
olhando em volta, não querendo que ninguém me visse daquela maneira,
especialmente no Avalon. Ele olhou para mim e riu.

— Relaxe, — ele sussurrou no meu ouvido. — Todos eles estão neste


momento fumando charutos, bebendo uísque e se gabando sobre como
são incríveis.

Beijou minha bochecha e segurou minha mão enquanto eu olhava


para ele e sorria. Quando o elevador chegou, entramos. Minhas bochechas
queimavam assistindo o operador do elevador olhar para a frente, sem
expressão em seu rosto. Nathan só morava um andar acima, pelo que fiquei
aliviada, já que eu não queria estar no elevador apenas com a minha toalha
quando alguém entrasse. Saímos e seguimos pelo corredor até à grande
porta da frente, ainda segurando as mãos. Quando entramos, respirei

66
fundo, o cheiro de sua colônia flutuando no ar. Eu me perguntei se o
mesmo aconteceu com ele na minha casa com o meu perfume.

Nathan me beijou na testa, colocou nossas coisas no balcão da


cozinha e voltamos para sua cama. Assim que o vi, percebi o quanto estava
cansada e entreguei-lhe minha toalha, subindo e aninhando-me debaixo
das cobertas. Quando ele subiu atrás de mim e passou os braços em volta
do meu corpo, me puxando para perto, sorri. Foi uma loucura, mas eu
estava começando a gostar desse cara, e em um nível que eu não estava
completamente familiarizada.

67
CAPÍTULO ONZE
Nathan

Acordar ao lado de Ruby foi algo que me fez sentir vivo, feliz e
parecia certo. Foi uma sensação estranha, e embora eu pudesse sentir-me
tentando afastá-la, não dava em nada. A noite anterior foi incrível. Comida
incrível, sexo incrível e depois um sono incrível com ela embrulhada em
meus braços. Ela era provavelmente uma das mulheres mais bonitas que eu
já tive na vida. Acordou não muito tempo depois que eu e entrou no
banheiro, onde eu estava tomando banho. Ela já estava vestida e me beijou
na bochecha, deixando-me saber que precisava ir para casa para que
pudesse se trocar para o trabalho. Eu estava triste porque não seria capaz
de ir com ela para o trabalho como eu esperava, mas quando ela me
mostrou aquele lindo sorriso, senti meu coração derretendo.

Escutei quando a porta da frente fechou atrás dela e mergulhei


minha cabeça sob o chuveiro em cascata. Esfreguei a água para cima e para
baixo no meu rosto, tentando controlar o que estava sentindo, mas antes
que pudesse impedi-lo, sorria de orelha a orelha. Isso era insano, mas era o
que era, e eu o aceitaria. Saí do chuveiro e me enxuguei, me olhando no
espelho, parecia mais feliz do que em um longo tempo. Eu me preparei
para o trabalho, demorando um pouco para me certificar de que meu terno
estava perfeito, a gravata combinando, e meu cabelo estava penteado do

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jeito que eu gostava. Borrifei a colônia que Ruby amava tanto e saí do
apartamento.

Quando cheguei ao saguão, parei no Avalon Café e peguei um café,


dizendo oi para a barista que eu estava acostumado a ver, Gabby. George
apontou o chapéu para mim e acenei enquanto pegava um jornal e saía
para o carro. Subi e coloquei meu café no suporte, abrindo o papel e
pensando no dia seguinte. Na seção local, havia uma foto de um protesto
ocorrido na semana anterior. As pessoas na frente estavam carregando
cartazes protestando contra a terceirização por empresas americanas. Era
estranho que eu me sentisse mais em sintonia com suas crenças do que
com as da minha própria empresa.

Quando cheguei ao escritório, sentei-me na cadeira, jogando a xícara


vazia do café no lixo. Chris entrou pela porta atrás de mim e assentiu,
entregando-me um arquivo. Ele se sentou na cadeira na minha frente e
cruzou as pernas.

— O que é isso?

— É um relatório das diferentes áreas em que você vai economizar


dinheiro com terceirização, — disse ele. — Fiquei realmente surpreso com
quantas áreas seriam afetadas. Marketing, treinamento, publicidade,
benefícios e uma tonelada de outras. Isso faria um bom dinheiro e rápido.

Abri a pasta e folheei as informações, sabendo que não importava o


quanto eu não gostasse da ideia, eu precisava pelo menos dar uma olhada
nisso. A empresa estava parada em termos de crescimento, e eu precisava
nos empurrar para os mercados estrangeiros. Eu ainda não tinha os

69
números, sobre como nossa empresa seria afetada por pegar parte de
nossas receitas e ativos, e investir em expansão, em vez de cortar milhares
de empregos e transferi-los para o exterior.

— A média de TI aqui faz mais de vinte dólares por hora, —


continuou Chris. — O funcionário médio terceirizado faz menos de dois.

— E você não vê nada de errado com isso?

— Sua natureza política de como outros países lidam com seu próprio
povo e seus salários não é nossa preocupação, — disse ele. — Mas pense
desta maneira, essas pessoas podem não ter um trabalho de outra forma.

— Você acha que, porque essas pessoas vivem em um lugar


diferente, elas não deveriam receber o mesmo tipo de luxo que nós?— Eu
estava um pouco irritado.

— Olha, Nathan, eu não estou aqui para um debate político ou uma


aula de moralidade, esse é o seu forte, — disse ele. — No final, faz as
escolhas que incluem essas coisas. Estou aqui para lhe dizer qual é o
caminho mais lucrativo para a empresa.

— Você está aqui para aconselhar sobre o melhor caminho, — eu


respondi, tentando levá-lo a ouvir. Eu sabia do que estava falando. Período.
— O mais lucrativo nem sempre é o melhor.

— Você está certo, — ele suspirou, entregando-me outro arquivo. Ele


precisava me ouvir, mas por alguma maldita razão, ele não estava
facilitando isso. — Então, eu fiz uma análise sobre pegarmos ativos e
receitas correntes e investirmos numa expansão. Levaria três vezes mais

70
tempo, e isso apenas se os acionistas concordassem com esse encargo
financeiro.

— Obrigado, — eu disse, respirando profundamente e soltando a


respiração lentamente. — Eu vou olhar isso e dar-lhe um retorno.

— Tudo bem, — disse ele em pé. — Bebidas hoje à noite naquele bar
em Exposé?

— Claro, — eu respondi, olhando para os números de terceirização,


embora eu preferisse que tivesse escolhido em qualquer outro lugar. —
Venha me pegar no final do dia.

Passei o resto do dia entrando e saindo de reuniões, revisando


material diferente para as opções de terceirização e sentado na minha
cadeira pensando. Pensei muito nessa cadeira ao longo dos anos, mas tinha
de ser honesto, era a primeira vez que o pensamento era interrompido com
a visão de uma mulher correndo pela minha mente. Queria ligar-lhe e
pedir-lhe para vir naquela noite, mas não queria sufocá-la. Eu precisava
manter pelo menos um pouco o foco nas questões da minha empresa. Já
era ruim o suficiente que eu não estivesse fazendo minhas revisões
regulares da noite, eu não poderia gastar tempo no trabalho pensando em
Ruby.

O final do dia veio bastante rápido, e quando Chris chegou ao meu


escritório, eu estava mais do que pronto para sair de lá. Estava correndo o
dia todo, e minha mente estava preparada para relaxar e tomar um
drinque. Havia tantas decisões a serem tomadas, mas não tinha ideia de
como fazer isso. Agora era aquele momento em que eu gostaria de ter

71
alguém em casa e conversar sobre tudo. Alguém que não estava
diretamente conectado à empresa. Talvez um dia, mas, por enquanto, fui
ao bar com Chris e pedi um copo de uísque.

O Exposé estava sempre relativamente ocupado, mas para uma


terça-feira parecia um pouco mais cheio do que o previsto. Presumi que
todos os outros tiveram um dia duro no escritório, como eu, e não os culpei
por aparecerem no bar. Chris e eu ficamos sentados lá, e enquanto ele
estava examinando as mulheres, eu estava olhando para a televisão que
estava no mudo, pensando na última vez que eu tinha sentado lá. Ruby
estava tão bonita quando eu entrei na porta, e não esperava que ela fosse a
mulher que ela era. Tomei um gole do meu uísque e suspirei.

— Ei cara, — disse Chris balançando a cabeça no bar. — Olhe para


essas duas. Vamos. Vamos fazer um movimento.

Antes que eu pudesse protestar, ele levantou da cadeira e sentou-se


ao lado da loira no final. Suspirei e me movi com ele, sentando-me ao lado
da morena. Chris imediatamente começou a cuspir seu jogo normal e,
claro, a loira se apaixonou por ele. Eu estava ocupado olhando para a tela e
nem percebi que a morena se inclinou.

— Então, o que você faz?— Ela sussurrou em uma voz sensual. Foi
um pouco exagerado, mas a maioria das mulheres que eram agressivas o
suficiente para começar o jogo eram as que estavam dispostas a acabar
com isso. Ela era corajosa, mas eu não tinha certeza se estava de bom
humor. Tinha um monte de merdas em minha mente, e ela não era meu
tipo. Não que eu a tivesse verificado completamente.

72
— Finanças, — eu disse com pouco interesse.

— Ele é modesto, — Chris riu. — Ele é dono da Pope Financials.

— Ohh, — ela disse flertando, estendendo a mão e roçando a minha.


— Você gosta de ser o grande chefe?

— Sim, — eu ri puxando minha mão para trás e me levantei. — Se


você me der licença.

Eu olhei para Chris, que me deu um olhar selvagem, sem entender


por que eu acabei de rejeitar essa garota. Ela era sexy como o inferno, a
garota típica com quem eu acabaria no terceiro andar, mas não tinha
interesse nela. Assim que a mão dela tocou a minha, Ruby passou pela
minha cabeça e instantaneamente eu queria estar com ela. Peguei minha
bebida e passeei pelo clube, tentando entender o que aconteceu. Não sabia
por que recusaria uma mulher por uma com quem passei muito pouco
tempo, mas só conseguia pensar em Ruby com seus lindos olhos e espírito
contagiante. Independentemente das paredes que eu construíra, como eu
me sentia sobre relacionamentos, e todas as coisas que eu tinha dito a mim
mesmo através dos anos, eu queria ver Ruby de novo, e meu cérebro não ia
me deixar sair disso até que eu o fizesse.

As coisas estavam indo de um jeito que eu nunca pensei que elas


iriam, mas por alguma razão, eu não me importava nem um pouco. Na
realidade, congratulei-me com a mudança. Uma mulher como Ruby não
aparecia com frequência, e eu precisava ter certeza de que não estragaria
tudo.

73
CAPÍTULO DOZE
Ruby

Andando pelos corredores da NYU tive flashbacks8 do meu tempo na


faculdade. Claro, este lugar era muito mais silencioso do que eu me
lembrava, mas os cheiros e sons eram os mesmos. Você podia ouvir os
instrutores dentro dos quartos, a acústica aumentando suas vozes e
ecoando por toda a sala. O cheiro de livros didáticos, desespero e lágrimas
permanecia no ar, como na maioria das faculdades. Os alunos estavam
andando para o pátio, e cartazes pendurados em todos os lugares para os
eventos no campus. Isso fez com que eu sentisse falta dos meus dias de
faculdade, quando a única preocupação que tinha era chegar na aula na
hora certa e ter notas boas o suficiente para deixar meus pais satisfeitos.
Para mim as aulas sempre foram fáceis, mas minha mente estava envolvida
em qualquer protesto que os grupos aos quais eu pertencia estivessem
planejando. Sempre fui uma líder desde que me lembro, mas nunca me
coloquei nessa posição. Eu sempre fui empurrada para lá, e antes que
percebesse, todo mundo estava procurando por orientação.

Eu peguei a esquerda e silenciosamente abri a porta da classe onde


Lisa estava, certificando-me de que a porta não se fechasse. Andei
sorrateiramente e me sentei na fila de trás, acenando para Lisa enquanto
ela sorria para mim. Eu adorava vê-la trabalhar, ela amava seu trabalho. Ela
8 Regresso às suas memórias.

74
sempre foi professora, mesmo quando éramos crianças. Adorava
compartilhar seu conhecimento comigo, mas a maneira como ela olhava
para as causas e protestos me deixava louca. Eu tinha certeza de que nunca
havia encontrado ninguém mais no meio da estrada9 do que Lisa. Ela
sempre quebrou cientificamente todas as causas e olhou para os prós e
contras. A coisa era, ela nunca chegou a uma decisão concisa se algo era
ruim ou não. Ela acabou de aceitar que todas as situações estavam
divididas, o que não era a verdade aos meus olhos. Eu a amava, porém, sua
sensibilidade me manteve de castigo mais de uma vez, especialmente
porque eu tinha uma maneira de me tornar extremamente apaixonada
pelas causas pelas quais eu estava trabalhando. No momento em que meus
pés estavam prestes a levantar do chão, ela procurava e me lembrava que
eu tinha que ser mais sensata para qualquer um ouvir o que eu estava
dizendo e de certa forma, ela estava certa.

Quando a aula acabou, sentei-me observando os alunos fazerem as


malas e começarem a sair da sala de aula. Lisa desligou o projetor e limpou
os quadros, juntando suas coisas e suspirando. Era quarta-feira, o que
significava que ela ensinava três aulas naquele dia e eu sabia que ela estava
mais do que exausta. Além disso, ela tinha outros deveres do corpo
docente que incluíam um enorme projeto de pesquisa cujos fundos a
faculdade recebera para que ela levasse a cabo. Ela era minha heroína
quando se tratava de dedicação e ética de trabalho. Levantei-me e
encontrei-a no topo das escadas, jogando o braço em volta do ombro dela.

9The middle of the road – alguém que está ‘no meio da estrada’ é alguém que não vê tudo
apenas a preto e branco; que pesa prós e contras de tudo; e analisa tudo sobre todos os lados,
antes de se decidir sobre algo, o que nem sempre faz.

75
— Uma aula a menos, — ela suspirou. — Faltam duas para terminar.

— Você consegue, — eu disse. — Vamos reabastecer.

— Estou morrendo de fome, — ela gemeu. — Vamos para o tailandês


do outro lado da rua. Eu não posso ir muito longe, tenho que checar meus
alunos de pesquisa.

— Okey-dokey, — respondi saltitando para fora da faculdade com ela


e atravessando a rua.

Sentamos em uma cabine na parte de trás para fugir das conversas


que os outros frequentadores, a maioria estudantes da escola, estavam
tendo. Pegamos nossa comida e nos acomodamos, comendo em silêncio
por alguns instantes antes que Lisa abordasse o assunto. Eu percebi que ela
estava curiosa.

— Então, como estão as coisas com o grande cara financeiro?

— Incrível, — eu disse revirando os olhos. — A sério, incrível. Saímos


na outra noite, jantamos, conversamos sobre tudo, depois voltamos,
mergulhamos na piscina infinita e ficamos na casa dele.

— De novo?— Lisa pareceu chocada. — Você com certeza está


pasando muito tempo com esse cara.

— Ele me faz sorrir, — disse, com as bochechas coradas. — Ele é


inteligente, bonito, motivado e estável, tudo o que eu procurava em um
parceiro.

— Então, espere, vocês são oficiais?

76
— Não, ainda não, — eu disse. — Quero dizer, eu estava somente
pensando sobre isso. Se as coisas continuarem assim, não vejo como elas
não poderiam se tornar oficiais.

— Vocês já conversaram sobre isso?

— Oh, deus não, — eu disse rindo. — Você sabe como os homens são
sobre esse tipo de coisa. Eu estou esperando por ele para puxar o assunto.
Não quero ser esse tipo de garota e não quero assustá-lo.

— Uau, — disse ela levantando as sobrancelhas.

— O quê?

— Eu só estou chocada com a forma como você está falando sobre


ele, — ela deu de ombros. — É estranho ouvir isso vindo de você.

— Não é como se eu estivesse empenhada em ser uma velha


solteirona com gatos, — eu ri. — Você sabe que eu sempre quis me
estabelecer e ter uma família. Eu não estou dizendo que ele é o tal, mas ele
é o melhor que eu já vi.

— Uau, desde sempre?

— Lisa, eu acho que nunca me senti assim sobre um homem, — eu


disse. — Especialmente não um homem que eu conheço em tão pouco
tempo. Ele me surpreende constantemente. É tão doce e gentil, e meu
Deus, o sexo é de outro mundo.

— Ele sabe o que você faz?

— Quero dizer, ele sabe que eu trabalho para o Climate X fazendo


trabalho de justiça social, — eu disse.
77
— Certo, mas ele sabe que você gasta seu tempo livre protestando
contra empresas como a dele?

— Eu protesto contra causas, não empresas, — eu indiquei. — E não,


eu ainda não lhe disse, mas será somente no momento certo. Ele ama o
quanto eu sou apaixonada pelas coisas, tenho certeza de que ele não se
importará com isso.

— Ok, — Lisa cantou comendo sua sopa.

— Sim, fale logo, — eu disse. — Eu sei o que esse tom significa. O que
você está pensando?

— Eu não sei, Ruby, — disse ela olhando para mim. — Acho que
estou um pouco preocupada.

— Sobre o quê?

— Você é obstinada e se atira da cabeça nas coisas, — ela respondeu.


— Acho que você deveria ter cuidado com esse cara. Conheça-o. Eu posso
dizer que você está se apaixonando por ele e rápido.

— O que há de errado com isso? Acontece o tempo todo, — eu disse.


— Quando está certo, está certo.

— Sim, — ela disse tentando não me chatear. — Mas ele é um jovem


bilionário que é extremamente atraente e obcecado por carreira. Homens
assim, geralmente não estão interessados no longo prazo. Eles são
playboys, homens que querem o que querem quando querem, e quando
terminam, é um chute rápido na direção da porta. Playboys como ele e os

78
outros normalmente nunca ficam com uma garota e muito menos se
comprometem com uma.

— Eu não acho que o Nathan seja assim, — eu disse, balançando a


cabeça. — Ele é diferente. Ele faz um esforço e é inteligente. Tão inteligente
que eu sei que um estilo de vida como esse seria chato rapidamente para
ele.

— Só tome cuidado, ok?

— Eu tomo, — eu disse sorrindo. — Prometo. Vou manter minhas


emoções sob controle e viver dia após dia.

Enquanto as palavras saíam da minha boca, eu sabia que elas eram


uma mentira e, à sua maneira, eu tinha certeza de que Lisa sabia que elas
também eram. Eu simplesmente não conseguia imaginar Nathan me
jogando de lado assim. Ele mostrou em todos os sentidos que ele estava
interessado em mim para mais do que apenas sexo. Para um homem que
poderia conseguir qualquer mulher a qualquer momento, por que ele faria
tanto esforço para me encontrar e fazer todas as coisas que ele fez? O fato
era que eu sentia como se o conhecesse melhor do que isso, mesmo que
tivéssemos estado juntos por pouco tempo.

Eu conheci os playboys, até dormi com alguns deles, e não era assim
que Nathan agia de qualquer forma. Ele me ouviu quando falei, e eu sabia
disso porque ele tinha a capacidade de responder de forma inteligente. Não
era apenas ele me deixando falar para me sentir importante quando
estávamos juntos. Era como se estivéssemos em sintonia um com o outro.
Eu precisava tirar as palavras da minha irmã da minha mente antes de

79
deixar que me afetasse na maneira como eu estava me sentindo. Eu era
uma boa juíza de caráter, e nada sobre Nathan apontava para playboy, se
ele era um antes de me conhecer ou não. Eu não me importava com o
passado dele como Lisa achava que deveria. Tudo o que me importava era
o futuro dele e se ele me via como parte disso, como eu o via como uma
parte do meu.

80
CAPÍTULO TREZE
Nathan

Faz um mês desde que comecei seriamente a namorar Ruby. Nós


nunca tivemos nenhum tipo de relacionamento, mas tudo se encaixou
como deveria. Ela é inteligente, engraçada, apaixonada, e eu senti como se
pudesse falar com ela sobre a minha vida. Nós nos víamos de um jeito ou
de outro quase todos os dias. Às vezes nós só tínhamos tempo para
encontros no almoço, enquanto o resto do tempo ela vinha passar a noite
comigo no meu apartamento no The Avalon. Jantamos fora algumas vezes,
mas eu estava gostando do fato de Ruby ter começado a fazer compras e
cozinhar o jantar em casa. A casa não era a mesma quando ela não estava
lá, e estava começando a incluir Ruby mais e mais a cada dia. Eu queria que
ela se sentisse confortável em minha casa, e embora eu soubesse que ela
provavelmente queria que eu fosse à casa dela, nunca reclamou ou
perguntou, então eu fui com o fluxo. Ela trouxe algumas roupas e eu lhe dei
espaço no armário, então, quando ela ficava a noite, não precisava ir para
casa antes de ir para o trabalho.

Embora eu soubesse que podia falar com Ruby sobre qualquer coisa,
havia várias conversas que me faziam sentir um pouco apreensivo ao
abordar o tema da terceirização. De suas outras visões sobre as coisas, a
maioria delas sendo visões que eu mesmo compartilhava com ela, eu tinha
a sensação de que já sabia como ela se sentiria sobre o conceito. Eu ainda

81
não tinha me decidido sobre o que fazer, e poderia dizer que Chris estava
começando a ficar ansioso. O mercado estava bom, melhor do que em anos
anteriores e estava chegando a um ponto em que eu precisava capitalizar e
tomar uma decisão. A última coisa que queríamos era uma expansão no
exterior quando o mercado estivesse em baixa, isso não ajudaria ninguém.

— Estou animada para vê-lo hoje à noite, — disse Ruby na outra


extremidade do telefone.

— Eu também, — eu disse sorrindo. — O que você quer fazer para o


jantar?

— Eu ia parar no mercado e pegar um pouco de comida, — disse ela.


— Estou pensando em espaguete com molho caseiro. Tenho uma receita
deliciosa que minha mãe e minha avó faziam quando eu estava crescendo.
Nunca fiz isso sozinha, mas tenho certeza que posso arrasar.

— Eu gosto dessa ideia, — eu disse. — E tenho o Chardonnay perfeito


para acompanhar.

— Pensei que depois poderíamos nos aconchegar e assistir a um


filme, — disse ela. — Sua escolha.

— Minha escolha? Qual é a ocasião especial?

— Nada de especial, — ela riu. — Eu só sei que você provavelmente


está cansado de assistir comédias românticas e filmes sobre política.

— Você tem um gosto estranho em filmes, — eu ri. — Mas isso só


torna mais fácil para mim ficar mexendo em seus seios enquanto você não
está prestando atenção.

82
— Eu claramente lembro de você ter tido mais do que um aperto nos
meus seios da última vez,— ela riu.

— Você não pode culpar um cara por tentar, — eu ri.

— De jeito nenhum, — ela respondeu rindo. — Na verdade, eu


encorajo isso.

— Como está o trabalho hoje?

— Ok, — ela suspirou. — Está calmo. Há vários membros da equipe


em DC para algumas das decisões do Congresso sobre questões que
tratamos. Eu estou presa em papelada.

— Você não queria ir?

— Eu queria em cinquenta por cento, — ela riu. — Além disso,


acabamos de contratar uma rodada de novatos recém-saídos da faculdade.
É a vez deles passarem por esse inferno, especialmente uma vez que o
tempo em DC está quente nesta época do ano e os lugares onde ficamos
enquanto estamos lá não são de altos orçamentos. Não sei porque parece
estar sempre mais quente lá do que aqui.

— O ar quente do Capitólio, — eu ri.

— Ah, — ela disse. — Muito verdadeiro.

Olhei para a porta e vi Chris indo para o escritório. Suspirei baixinho,


não estava pronto para desligar o telefone ainda. Parecia que ele estava em
uma missão, e eu sabia que precisava ir até ele antes que explodisse
enquanto eu estava com Ruby no telefone.

83
— Ei, querida, — eu disse. — Eu tenho que deixar você ir, tenho uma
reunião chegando.

— Ok, — ela suspirou. — Eu provavelmente deveria voltar ao


trabalho de qualquer maneira. Vou vê-lo hoje à noite. Me envie uma
mensagem se pensar em algo que você quer da loja.

— Eu vou, tenha um bom dia, — eu disse antes de desligar o


telefone.

— Ruby?— Chris olhou para mim sorrindo.

— Sim, — eu disse, respirando fundo. — Só planejando o jantar mais


tarde.

— Vocês dois são adoráveis, — ele disse sarcasticamente.

— Sem ódio, — eu disse apontando meu dedo.

— Eu não sonharia com isso, — ele disse rindo. — Então, eu tenho


uma viagem planejada para nós.

— Uma viagem?

— Eu acho que antes que você possa tomar uma decisão ponderada
sobre terceirização, você deve ver alguns dos recursos que eu tenho
procurado, — disse ele. — Dessa forma, você pode ver como isso é feito em
primeira mão, em vez de mostrar o que você leu ou ouviu da mídia. Sei
como você gosta de explorar e se informar a partir da fonte.

— Hmm, — eu disse balançando a cabeça. — Onde estaríamos indo?

84
— Índia, — disse ele. — Hyderabad para ser exato. Tem uma
infraestrutura sólida, alguns aspectos de cidade e está classificada em
terceiro lugar nos principais destinos de terceirização no país e tem
algumas instalações respeitáveis. Eu posso dizer que isso pode fazer você se
sentir um pouco melhor, porque nos dá a mão de obra mais barata,
mantendo um mínimo de direitos dos funcionários.

— Tudo bem, — eu disse com uma respiração profunda. — Vamos


fazer isso. Quando vamos embora?

— Muito cedo na manhã de quarta-feira para que possamos chegar


lá à noite, — explicou ele.

Gostei da ideia que Chris me trouxe, vendo o processo com meus


próprios olhos. Não eliminou o fato de que eu teria que demitir milhares de
meus próprios trabalhadores, mas pelo menos eu podia ver o que estava
acontecendo antes de tomar uma decisão de uma forma ou de outra. Este
era um tema muito complicado para mim, e eu senti que era em parte
emocional também uma vez que sempre vi minha empresa indo em uma
direção diferente. No entanto, com o crash do mercado uma década antes,
e o fluxo e refluxo da indústria financeira, eu tinha de seguir a corrente.
Éramos uma das poucas instituições financeiras que mantinham nossa
moralidade e nunca havia sido investigada por nenhum tipo de crime pelo
governo federal. Eu levei a integridade da minha empresa muito a sério, e
essa foi a coisa que mais me atraiu. Não consegui descobrir onde a
terceirização caiu dentro dessas linhas.

85
— Prometo que isso vai ajudá-lo a tomar a decisão que é melhor para
a empresa, — disse ele.

Balancei a cabeça quando Chris se levantou e saiu do escritório. Eu


estava animado para fazer isso e até senti que poderia ser uma espécie de
férias, algo que eu não tinha tirado há muito tempo. Eu me dediquei ao
meu trabalho, construí minha empresa e achava que as férias eram inúteis
até conhecer Ruby. Ela já havia começado a me mostrar que havia outro
lado da vida fora do trabalho diário dos negócios. Eu não tinha trabalhado
um fim de semana desde que a conheci e só isso era um grande passo para
mim. Eu poderia dizer que Chris não gostava muito da ideia de eu ter uma
namorada, mas não era sua escolha. Ele tinha uma necessidade insaciável
de ter sucesso, que foi uma das razões pelas quais eu o contratei em
primeiro lugar. No entanto, às vezes ele tendia a esquecer que era minha
empresa, não a dele. Eu sabia que ele não tinha nada pessoal contra Ruby,
mas minha disponibilidade tinha diminuído, e seus comentários maliciosos
eram muito reveladores.

Falando em Ruby, se eu fosse tirar férias, não teria como deixá-la.


Imagino que seria o momento perfeito para ela e eu agitarmos um pouco as
coisas e acrescentarmos alguma cultura ao nosso relacionamento. Eu sabia
que ela adorava viajar, mas não conseguia fazer isso com muita frequência.
Eu lhe pediria que me acompanhasse até à Índia durante o jantar, eu tinha
certeza de que seria uma fantástica surpresa para ela. Peguei o telefone e
liguei para o escritório de Chris.

— Sim chefe, — disse ele respondendo.

86
— Eu vou levar Ruby, — eu disse.

— Tudo bem, — ele respondeu em uma voz monótona. — Vou fazer


os arranjos.

— Obrigado, — respondi. — E Chris, eu gostaria de manter o motivo


da nossa viagem entre nós, não sei como ela vai reagir, e gostaria de evitar
qualquer conflito estranho.

— Você é o chefe, — ele respondeu antes de desligar.

Com sorte, ela ficaria tão animada com isso quanto eu.

87
CAPÍTULO QUATORZE
Ruby

Andar pelo Avalon sozinha sempre me fazia sentir autoconsciente.


Quando cheguei, não sabia ao certo para onde ir, pois não tinha um cartão
para o elevador. Havia um homem adorável na frente chamado George, e
ele parecia especialmente animado quando eu lhe disse que estava lá para
ver Nathan. Ele ligou para o apartamento e, em seguida, me acompanhou
pessoalmente até seu andar, ajudando-me a levar as compras que eu
estava carregando. Nathan deu uma gorjeta generosa e depois me ajudou a
entrar. Fui tratar do jantar imediatamente, fazendo o molho que eu tinha
visto minha mãe preparar tantas vezes antes. Eu adorava cozinhar mas
nunca tinha ninguém para cozinhar, e achei que era estúpido colocar tanto
trabalho nisso só por mim. Olhei para Nathan enquanto mexia o macarrão,
percebendo que ele parecia ter algo em mente. Achei que provavelmente
era um longo dia de trabalho para ele e se ele queria falar sobre isso,
acabaria por o fazer. Não costumava segurar muito tempo.

Coloquei a mesa enquanto ele repassava seu telefone, para terminar


alguns e-mails que não respondido no trabalho. Percebi rapidamente que
não me sentia mais perdida em sua casa e sabia onde estavam as coisas
que ele nem sabia que estavam lá. Era bem engraçado. Eu já estava lá há
tempo suficiente para que o lugar parecesse uma casa para mim. Quando

88
finalmente me sentei, sorri para ele, vendo-o terminar a digitação e afastar
o telefone. Ele sorriu para mim e olhou para a comida.

— Parece delicioso, — disse, sorrindo.

— Obrigada, — eu disse com orgulho. — Então, como foi seu dia?

— Foi longo, — disse ele estendendo seu prato enquanto eu lhe


servia um pouco do espaguete e do pão. — Eu tive que fazer muita coisa
hoje que eu não achava que teria de me preocupar.

— Porquê?

— Bem, estou tirando férias de trabalho, — ele disse olhando para


mim.

— O que exatamente é uma viagem de trabalho? Não parece


divertido, — eu ri.

— Eu tenho um pequeno assunto para cuidar na Índia na quinta-


feira, então pensei, por que não fazer férias, eu nunca tirei umas, — disse
ele sorrindo.

— Oh, uau, — eu respondi. — Isso parece fabuloso. Eu sempre quis ir


para a Índia. Sua cultura é tão bonita.

— Eu esperava que você se sentisse assim, — ele riu. — Quero que vá


comigo. Sairíamos amanhã à noite, o vôo é bem cedo na manhã de quarta-
feira, mas teríamos que estar no aeroporto algumas horas antes.

— Isso parece incrível, — eu disse animadamente. — Tenho certeza


que poderia ter tempo livre para isso, especialmente porque todo mundo
está voltando de DC esta noite.
89
— Bom, — ele disse orgulhosamente. — Então está resolvido. Depois
do jantar, iremos para sua casa e arrumaremos algumas roupas para você.

— Estou tão animada, — eu disse, levantando-me e inclinando-me


sobre a mesa para beijá-lo.

Passamos o resto do jantar conversando sobre a viagem, onde ficava,


o que poderíamos fazer lá. Era uma viagem curta, de apenas alguns dias,
mas era a primeira vez que eu ia viajar para fora do país. Bem, exceto
quando fui para o México, mas isso foi mais um borrão com infusão de
álcool na época. Ele parecia quase bobo, como se eu dizendo que iria com
ele o tivesse feito ganhar o dia. Parte de mim começou a se perguntar que
tipo de negócio uma empresa americana teria na Índia, mas rapidamente
tirei isso da cabeça, muito empolgada com tudo o mais para pensar muito
sobre isso.

Quando o jantar terminou, Nathan ajudou a limpar a mesa. Lavou os


pratos enquanto eu colocava as sobras em recipientes e os colocava na
geladeira. Nós nos colocamos em um ritmo onde eu nem pensava nisso
quando o jantar acabou. Ele me ajudou a limpar a mesa e, em seguida, um
de nós lavou enquanto o outro cuidava da comida. Era meio fofo quando eu
pensava sobre isso, mas não dizia nada, não queria perturbar o ritmo suave
que desenvolvemos. Quando terminamos, Nathan trocou de roupa de
trabalho e fomos para minha casa.

Foi bom estar lá com ele, não passamos muito tempo na minha casa.
Eu não me importava, mas às vezes era bom estar em casa. Ele me seguiu
até à cama, batendo na minha bunda e piscando enquanto passava. Eu

90
podia sentir minhas bochechas esquentando, abri o armário e peguei minha
mala. Eu não tinha empacotado uma viagem há tanto tempo que nem sabia
por onde começar. Olhei para o clima na Índia em abril e fiquei surpresa ao
ver que ia ser mais quente que o inferno, mais de quarenta graus em alguns
lugares. Para onde estávamos indo era um pouco mais frio, mas só porque
estava na costa. Puxei minhas roupas de verão e comecei a passar por elas.

— Você deveria usar esse biquíni o tempo todo, — disse ele olhando
para o biquíni vermelho na caixa.

— Sim, certo, — eu ri. — Eu quero passar um bom tempo e não ser


perseguida com forcados e tochas.

— Você é ridícula, — disse ele andando atrás de mim. — Você está


absolutamente maravilhosa.

Eu me virei e o beijei apaixonadamente, sentindo seus braços em


volta da minha cintura. Quando nos afastamos, eu o beijei no nariz e sorri.
Ele olhou para mim sonhadoramente, e eu sabia o que estava em sua
mente, mas eu precisava me arrumar.

— Acalme-se, senhor, — eu ri, batendo-lhe no peito. — Eu tenho que


embalar a mala.

— Ok, tudo bem, — disse ele, caminhando até à cama e caindo sobre
ela. — Isso é confortável.

— Sim, meu pai a conseguiu para mim quando me mudei, — eu disse.

Eu passei por todas as minhas roupas, perguntando a Nathan a


opinião dele, colocando os itens de volta, trocando peças, e pela primeira

91
vez na minha vida desejando que não tivesse tantas roupas. Quando
terminei, fui ao banheiro e levei os meus produtos de higiene, sabendo que
precisaria deles na manhã seguinte. Entrei no quarto segurando minha
garrafa de spray de cabelo.

— Eles vão permitir isso no avião?

— Estamos levando o jato da empresa, — disse ele com indiferença.


— Você pode trazer o que quiser.

— Oh, que chique, — eu ri. — Levando o jato particular para a Índia


para um pequeno fim de semana fora.

Voltei para o banheiro e fiz as malas, ouvindo-o rindo da minha


indecência. Quando terminei, suspirei, agradecida por ter terminado a
parte difícil. Desliguei a luz do banheiro e sentei na cama ao lado dele,
enrolando-me com a cabeça em seu peito. Eu estava tão confortável e não
queria me mexer.

— Por que não ficamos aqui esta noite?

— Sério?— Eu levantei minha cabeça em surpresa.

— Sim, — ele riu, escorregando seus sapatos no chão. — Já estamos


aqui. Teremos tempo amanhã para voltar ao meu apartamento para que eu
possa mudar e pegar minhas malas. Eu estive em tantas viagens que tenho
três gavetas de roupas para viagens. Torna a embalagem mais fácil.

— Você é tão mimado, — eu ri.

Estendi a mão e desliguei as luzes, peguei o controle remoto e liguei a


televisão. Nathan sentou-se e tirou a camisa e as calças, e eu fiz o mesmo,

92
ficando confortável debaixo das cobertas. Coloquei minha cabeça de volta
em seu peito e assisti o velho filme em preto e branco na tela, sentindo seu
peito subir e descer enquanto ele respirava. Podia ouvir seu coração
batendo em seu peito, e era quase como uma canção de ninar me
confortando ainda mais do que eu já estava. Esse homem me fazia sentir
em casa, não importa onde estivéssemos. Eu estava nervosa em visitar um
novo país, mas saber que Nathan estaria lá era todo o conforto que eu
precisava.

Assistimos o filme e quando acabou mudamos para outro. Eu poderia


dizer que ele estava distraído por outras coisas em sua mente, então
apenas fiquei lá ouvindo seu coração e sentindo sua mão acariciando
minhas costas. Eu não sabia onde isso iria chegar, mas pela primeira vez na
minha vida, me sentia bem em não ter controle sobre isso. Eu sabia que,
quer ficasse bem ou não, eu teria algumas lindas lembranças e um monte
de aventuras únicas na vida. Com aqueles pensamentos presos
cuidadosamente em minha mente, bocejei e deixei sua respiração me
embalar em um sono profundo e desimpedido.

93
CAPÍTULO QUINZE
Nathan
Adormecer com Ruby no meu peito foi a melhor coisa que eu poderia
ter imaginado para ontem à noite. Nós dois dormimos profundamente em
sua cama, acordando e ouvindo o canto dos pássaros fora da janela.
Juntamos suas coisas e voltamos para minha casa, parando para tomar café
da manhã no caminho. Ela estava quieta mas contente, e eu não pude
deixar de pensar sobre como ela era bonita. Eu estava me preparando para
tirar minhas primeiras férias depois de não sei quanto tempo, e ia tirá-las
com esta mulher que estava mudando minha vida para melhor.

Quando terminamos de empacotar tudo, recebi um telefonema de


Chris dizendo que, se quiséssemos sair mais cedo, o avião estava livre e
pronto para ir. Então, fomos em frente, lotamos a limusine com a nossa
bagagem e dirigimos para o aeroporto. Era um voo de 19 horas de Nova
York para Hyderabad, então seria começo da noite quando chegássemos lá.
Eu queria ter tempo para levar Ruby em um encontro, então pensei que
esta mudança de itinerário funcionava bem.

Quando entramos no avião, podia ver o quão impressionada Rubi


estava com as acomodações. Era óbvio que ela nunca tinha estado em um
jato particular antes. Chris sentou-se à direita, e Ruby e eu nos sentamos
confortavelmente na minha área habitual à esquerda. Na parte de trás do
avião havia um quarto onde iríamos dormir mais tarde e na frente havia um
bar no caso de alguém precisar de uma bebida.

94
— Isso é melhor do que eu imaginava, — ela disse com assombro. —
Eu poderia viver nesse jato.

— Isso seria uma casa cara,— Chris riu. — Custa cerca de cinco mil
para usar uma hora de um desses.

— Uou, — disse ela voltando-se para mim. — Uma viagem só de ida


para a Índia custaria US $100.000?

— Sim, — eu ri. — Mas não é tão ruim, porque ele nos pertence e
quando não o estamos usando, é alugado para festas privadas. Ele meio
que se paga por si mesmo.

— Oh, — disse ela. De repente, ela não parecia tão entusiasmada


com o jato.

Depois que decolamos e era seguro desatar o cinto de segurança, a


aeromoça nos fez alguns drinks, e nos recostamos para trás, observando as
nuvens passando pelas janelas. Nós conversamos e rimos enquanto Chris
flertava com a aeromoça. Nosso jantar foi servido em bandejas de prata, e
comemos assistindo o sol desaparecer no horizonte. Quando já era tarde o
suficiente, nos retiramos para o quarto, e percebi que Ruby tinha dormido
antes que eu pudesse subir na cama. Era fofo, e percebi que ela não sabia
que álcool afeta você de forma diferente em um avião do que na terra. Ela
dormiu durante toda a noite até tarde da manhã.

Quando acordou, tomamos café da manhã e depois nos


acomodamos para assistir filmes, tentando passar o tempo. Foi um voo
muito longo, mas valeu a pena. Quando pousamos, seus olhos se
arregalaram, e nós dirigimos pelas ruas de Hyderabad. Havia tantas
95
pessoas, mais do que eu já tinha visto nas ruas de Nova York. Eles
caminhavam, passavam de bicicleta, e nos rodeavam em carros pequenos.
Estávamos hospedados no Daspalla Hotel, que era um dos mais luxuosos
hotéis da cidade. A cobertura tinha sido reservada para mim e Ruby, e uma
suíte de luxo para Chris. Fizemos o check-in e subimos para o quarto,
sorrindo gentilmente para os funcionários que eram dez vezes mais
amigáveis do que os da América.

A cobertura foi decorada ricamente com belas mantas, tapeçarias


drapeadas, e detalhes de ouro em todos os lugares. A cama estava
arrumada com edredons macios e luxuosos e cerca de uma dúzia de
travesseiros. Eu não tinha sequer certeza de onde iríamos dormir.
Guardamos nossas coisas, e ambos tomamos um banho rápido, nos
vestindo para uma noite na Índia. Eu não tinha programado para ver as
comodidades até à manhã seguinte, e queria começar a nossa estadia lá
com uma noite romântica.

O carro nos pegou do lado de fora e nos levou para o Zafraan Exotica,
um restaurante nas Colinas de Banjara. O ambiente do restaurante era
perfeito com mesas à luz de velas e iluminação baixa. Solicitei uma mesa do
lado de fora, e apreciamos as vistas e sons da cidade indiana enquanto
jantávamos. Ruby estava tão curiosa, olhando ao redor, fazendo perguntas
ao garçom e absorvendo tudo. Quando ela se aquietou um pouco, eu a
olhei, atravessando meu braço sobre a mesa e pegando sua mão.

96
— Obrigado por ter vindo comigo, — eu disse sorrindo. — Quando
descobri que estava vindo aqui, imediatamente pensei no quanto eu queria
trazê-la comigo.

— Estou feliz que me tenha trazido, — disse ela. — Esta é uma


aventura e tanto, e eu não gostaria de fazê-la com mais ninguém além de
você.

Sentamos falando sobre tudo, desde onde estávamos, para onde


iríamos quando voltássemos para Nova York. Era quase como se toda a
espera para saber o que sentíamos um pelo outro tivesse acabado e eu
sabia como me sentia em relação a Ruby. Ela era a mulher mais incrível que
eu já tinha conhecido, e sabia que estava me apaixonando por ela.
Normalmente isso teria me assustado, mas em vez disso, só me fez querer
mantê-la ainda mais perto do que antes. Não havia nada sobre o que havia
entre nós que me desse um momento de hesitação, nem mesmo os olhares
maldosos de Chris e suas balançadas de cabeça. Nunca pensei em um
milhão de anos que eu me sentiria assim por qualquer mulher, mas Ruby
não era qualquer mulher. Ela tinha um brilho que iluminava qualquer lugar
em que fôssemos. Ela tinha uma natureza feroz e uma alma gentil, e sua
paixão era contagiante.

Quando terminamos de comer, demos um passeio ao redor da


cidade, olhando por fora das janelas para as milhares de pessoas que se
aglomeravam pelas ruas. Vimos os ricos, os pobres, e todos os outros no
meio termo. Vimos vendedores, vagantes e pessoas comuns andando para
casa, após o que parecia ser um longo dia de trabalho. Eu me perguntava

97
que tipo de impacto teria sobre essas pessoas, movendo minha empresa
para lá, ou pelo menos as vagas de trabalho da minha empresa.

Quando voltamos para o hotel, era muito tarde, e o recepcionista


enviou uma garrafa de champanhe. Ruby desculpou-se indo ao banheiro
para se trocar e lavar o rosto, e eu agarrei um par de calças de pijama e
troquei de roupa no quarto. Quando ela saiu, estava usando uma camisola
de seda que terminava bem no meio de suas coxas. Seu cabelo estava solto
e selvagem e caia suavemente sobre seus ombros e costas. Ela parecia mais
bonita do que eu já a tinha visto antes. Abri a garrafa de champanhe e
enchi nossas taças, jogando no chão os nove mil travesseiros da cama e me
sentando.

— Por belos momentos num lugar magnífico, — ela disse, levantando


sua taça.

— Com uma bela mulher,— eu adicionei tinindo a minha contra a


dela.

Suas bochechas coraram e ela tomou um gole de champanhe com os


olhos ainda fixos nos meus. Estendi a mão e peguei sua taça, colocando-a
na mesa de cabeceira. Ela sentou-se perfeitamente imóvel enquanto eu me
movia em sua direção, correndo minha mão pelo tecido macio de sua
camisola, através de sua barriga, e envolvendo-a em torno de sua cintura.
Eu a puxei para perto de mim, segurando seu rosto em minha mão. Olhei
profundamente em seus olhos, mostrando-lhe o quanto eu me importava,
o quanto eu a queria e pressionei meus lábios firmemente contra os seus.
Era quase como um beijo em um dos filmes preto e branco que nós

98
assistíamos, e ela se derreteu de encontro ao meu corpo. Beijámo-nos
apaixonadamente por um longo tempo, minhas mãos se movendo através
de seu cabelo. Ela baixou suas mãos até minhas coxas e parou no topo, seus
dedos apenas a centímetros de distância do meu pau já duro.

Eu me virei para ela e cuidadosamente a deitei de costas, movendo-


me entre suas pernas. Empurrei a camisola de cetim para cima dos seus
quadris e passei meus dedos sobre o tecido macio de sua calcinha. Ela
gemeu baixinho sentindo meu toque tão perto do seu núcleo molhado.
Afastei a calcinha para o lado e corri meus dedos por suas dobras,
separando-as e inclinando-me para correr minha língua em seus sucos. Ela
tinha um sabor doce, e eu podia sentir seu suspiro enquanto minha língua
tocava sua pele e se movia em torno de seu clitóris. Assisti suas costas
arquearem em um arco e seus braços se moverem para os lados, agarrando
os lençóis. Levantei minha cabeça e tirei sua calcinha, jogando-a no chão.
Coloquei suas pernas sobre meus ombros e mergulhei de volta para baixo,
determinado a dar-lhe mais prazer do que ela jamais sentiu antes.

99
CAPÍTULO DEZESSEIS
Ruby

Minhas pernas tremiam ligeiramente enquanto a língua de Nathan


rodopiava em meus sucos, acendendo um fogo na minha barriga. Ele
segurou firmemente minhas coxas enquanto mexia sua boca ao redor,
chupando e mordiscando meu clitóris. Era erótico mas sensual ao mesmo
tempo, e senti que ele estava tomando seu tempo, mostrando-me tudo o
que tinha. Passei meus dedos pelos seus cabelos, meus músculos
contraindo e relaxando a cada golpe de sua língua. Seus lábios se moviam
sobre a minha umidade, e gritei, não tendo certeza quanto tempo mais eu
poderia segurar a paixão crescente na minha barriga. Lentamente, ele
passou suas mãos pela parte inferior das minhas coxas e moveu-as para
dentro, pressionando dois dedos contra a minha boceta e empurrando.
Engoli em seco sentindo os dedos quentes deslizando dentro de mim,
girando enquanto ele empurrava profundo e, em seguida, tirava para fora.

Ele gemeu contra mim, enviando vibrações pelas minhas dobras e ao


redor do meu clitóris. Gemi agarrando os lençóis e tentando encontrar
qualquer coisa para ajudar a segurar a minha libertação. Ele começou a
mover os dedos dentro e fora de mim mais e mais rápido, sua língua
rodando freneticamente em minha boceta. De repente, eu podia sentir a
explosão dentro de mim e arqueei minhas costas, jogando a cabeça para
trás e gritando enquanto o orgasmo enchia meus sentidos. Era como se eu

100
já não pudesse ver o que era real e o que não era e prendi a respiração
enquanto as ondas de prazer tomavam conta de mim. Meu corpo se
contraiu nas mãos de Nathan, e deixei escapar uma respiração profunda,
relaxando de volta contra o travesseiro. Ele se sentou, limpando a boca em
seu braço e tirando as calças do pijama.

Eu queria mais e me sentei, rolando em direção a ele e rastejando


através dos cobertores. Coloquei uma mão em seu peito e o empurrei para
trás puxando sua cueca boxer até aos joelhos. Ele se inclinou para trás em
ambas as mãos e fechou os olhos enquanto eu mergulhava para a frente,
pegando seu eixo e correndo minha língua de um lado para o outro. Eu
podia ouvir um pequeno rosnado escapar de sua garganta enquanto minha
mão agarrava a base de seu pênis e meus lábios se moviam para cima.
Inclinei minha cabeça para a frente, tomando seu pau profundamente em
minha garganta e persisti ali por um momento, chupando duro na parte de
trás da minha língua. Ele estendeu a mão para cima e passou-a através do
meu cabelo, me puxando para cima e, em seguida, me empurrando de
volta para baixo. Ele gemeu descontroladamente, seus olhos fechados e
seus músculos tensos cada vez que minha cabeça mergulhava para baixo.

Movi minha mão e segurei suas bolas, arrastando minha língua até
seu eixo enquanto chupava forte e profundo. Sua mão segurou mais
apertado o meu cabelo e eu abri minha garganta, movendo-me mais e mais
rápido para cima e para baixo na sua ereção. Ele rosnou, puxando minha
cabeça para cima e segurando-a na ponta do seu eixo, seu pau vermelho e
pulsante na minha boca. Ele balançou a cabeça e tomou uma respiração
profunda, abrindo os olhos e olhando para mim.
101
— Porra, — disse ele sem fôlego. — Ainda não, eu não estou pronto
para gozar ainda.

Eu sorri e tentei empurrar minha cabeça para baixo novamente, mas


ele riu e puxou meu rosto, inclinando-se e beijando meus lábios. Ele me
levantou por debaixo dos meus braços e me deitou de costas. Puxou minha
camisola do meu corpo e jogou-a para o lado. Com um movimento fluido,
ele baixou seu corpo em cima do meu, separando minhas pernas. Enrolei-as
em torno dele e movi minhas mãos em sua direção, agarrando seu pênis e
guiando-o para dentro da minha boceta. Ele gemeu e parou, inclinando-se
para alcançar sua carteira na mesa de cabeceira e puxar um preservativo.
Rasgou a embalagem e tirou-o, rapidamente enrolando sobre seu pênis e,
em seguida, mergulhando seus quadris para baixo, entrando em mim com
força. Engoli em seco e gemi, sentindo-me encher completamente, meu
corpo tremendo com a sensação dele dentro de mim.

Ele estendeu suas mãos para cima e puxou meus braços sobre minha
cabeça, segurando-os com uma mão e se apoiando com a outra. Apertou
seu corpo contra mim, empurrando lento e profundamente dentro de mim.
Ele se movia dentro e fora, sua corpo flexionando enquanto afundava mais
profundo e batia no meu ponto G. Fechei os olhos e segurei a mão dele,
sentindo seu corpo se esfregando no meu, meu clitóris sendo massageado
com cada impulso dos seus quadris. Eu podia sentir o quão duro seu pênis
estava, e eu sabia que não demoraria muito até ele explodir. Inclinei meus
quadris para cima e comecei a me mover contra ele a cada vez que ele
estocava em mim. O calor estava mais uma vez se formando na minha

102
barriga, e eu queria sentir a minha boceta se contraindo firmemente em
torno de seu eixo.

Movendo meus quadris com mais força contra ele, começou a


empurrar mais rápido, inclinando a cabeça para baixo e pressionando sua
testa na minha. Gritei, sentindo seu corpo ficar mais tenso a cada segundo,
querendo sentir cada polegada dele. Coloquei meus pés em cima da cama e
empurrei meus quadris no ar, esfregando meu clitóris contra ele cada vez
que ele batia em mim. Seus quadris rolaram contra meu núcleo e um
gemido escapou de seus lábios. Eu arqueei minhas costas, a explosão de
prazer pulsando através de mim. Agarrei com força sua mão, cavando
minhas unhas em sua pele enquanto minha boceta contraia ao redor de seu
pênis duro. Ele gemeu, e o sentimento de puro prazer atravessou cada
músculo do meu corpo.

Abaixando meu quadril de volta na cama, ele soltou minhas mãos e


passou seus braços por baixo de mim, empurrando duro e profundamente
e fechando os olhos. Eu podia ver os músculos do seu rosto se contraindo
enquanto ele cerrava os dentes e rosnava. Seu corpo tremia, e eu podia
sentir seu pênis pulsando enquanto ele lançava sua semente quente e
pegajosa. Ele manteve um ligeiro movimento para a frente com seus
quadris até que seu corpo colapsou, e o ar saiu de seus pulmões. Ele baixou
a cabeça e foi para trás, puxando para fora e caindo de lado na cama.

Imediatamente, antes mesmo de tentar acalmar sua respiração,


Nathan passou os braços em volta da minha cintura e me puxou para perto
dele, beijando minha bochecha e relaxando na cama.

103
Nossos corpos permaneceram interligados por um bom tempo,
nossos corações batendo descontroladamente, e nossos pulmões
implorando por mais oxigênio. Quando recuperei meu fôlego, peguei sua
mão e a levei aos meus lábios, beijando-a suavemente antes de me virar
em sua direção. Ele rolou de costas e me puxou para perto dele,
descansando minha cabeça em seu peito. Eu podia ouvir seus batimentos
cardíacos diminuindo enquanto ele corria seus dedos para cima e para
baixo nas minhas costas. Minha mão acariciou seu peito suave e duro, e
percebi que meus sentimentos por este homem eram maiores do que eu
pensei que fossem.

Ele havia entrado em minha vida quando eu tinha desistido, e vinha


sendo um turbilhão desde então. Não houve um dia que passasse que ele
não tivesse estado em minha mente de uma forma ou de outra. Não houve
um dia que passasse que eu não tenha pensado sobre sentir sua falta. Ele
falou comigo como um igual, como alguém que poderia mostrar sua
inteligência e não ser ridicularizado. Ele ouviu atentamente cada palavra
que eu disse, e quando não havia nada a dizer em troca, ele beijava meus
lábios em entendimento. Quando faziamos amor, não era mais
desesperado ou lascivo, era sensual e sedutor. Eu não podia acreditar o
quão longe nós tínhamos chegado em um tão curto espaço de tempo.

— Obrigada por me trazer aqui, — eu sussurrei. — Eu não poderia


imaginar férias melhores.

— Obrigado por concordar em estar aqui comigo, — respondeu ele.


— E eu concordo, esta é, de longe, as melhores férias da minha vida.

104
Sorri e descansei minha cabeça de volta para baixo, minha mente
trabalhando a um milhão de quilómetros por minuto. Olhei através das
grandes janelas panorâmicas e lembrei que não estava mais em Nova York,
estava na Índia. Excitação passou por mim ao perceber que tínhamos mais
alguns dias para explorar o belo país, e ninguém para estragar isso para
nós. Era o tempo sozinhos que precisávamos com apenas um compromisso
de trabalho e o resto da viagem exclusivamente um com o outro.

Meus sentimentos por Nathan não eram mais complicados, era


evidente que eu estava ficando profundamente apaixonada por este
homem, e não havia como parar isso. Na realidade, eu não queria parar. Eu
queria sentir tudo o que pudesse por ele, mesmo que amá-lo fosse a coisa
errada a fazer.

105
CAPÍTULO DEZESSETE
Nathan

O telefone na mesa de cabeceira vibrou, obrigando-me a abrir os


olhos e olhar para fora da janela para a luz do sol da manhã. Estendi a mão
e peguei meu telefone, abrindo-o e olhando para uma mensagem de Chris
lembrando-me de acordar, porque tínhamos trabalho a fazer. Eu gemi e
rolei, sentindo Ruby perto e colocando sua cabeça no meu peito. Suspirei,
correndo a mão pelos seus cabelos, lembrando-me da noite fantástica que
tivemos. Mesmo quando eu estava diante de algo que não queria fazer, ela
me lembrava o lado brilhante da vida, era insano. Fiquei olhando para seu
belo rosto e observei um sorriso se espalhando por seus lábios.

— Eu pensei que férias significassem dormir, — ela sussurrou.

— Eu sei, — eu suspirei. — Sinto muito.

— Está tudo bem, — ela disse, bocejando. — O que Chris quer?

— Ele ligou para me lembrar que temos uma coisa do trabalho para
fazer hoje, — eu gemi.

— Não reclame, — disse ela sentando-se. — É a sua empresa, aquilo


pelo que você tem estado obcecado por toda sua vida. É só por algumas
horas de qualquer maneira.

— Algumas horas longe de você, — eu suspirei.

106
— Então eu vou com você, — ela disse alegremente. — Você pode
mentir e dizer que eu sou sua secretária ou algo assim.

— Uh, oh,— eu ri. — Fodendo a secretária. Isso é bem clichê, você


não acha?

— Eu não estou reclamando, — ela riu. — Embora eu não tenha visto


o meu salário.

— Eu tenho o seu salário, — eu respondi rolando e imobilizando-a na


cama.

Ela riu alto quando minhas mãos fizeram cócegas em seus lados.
Coloquei minha cabeça em seu peito e respirei profundamente, ouvindo
seu coração bater enquanto ela esfregava minhas costas suavemente. Eu
poderia ter ficado lá durante todo o dia, ou durante o ano todo na verdade.
Sua pele macia sob o meu rosto era intoxicante, mas ela era mais sábia do
que eu e saiu debaixo de mim, pulando da cama e rindo. Minha cabeça caiu
nos lençóis, e eu gemi, estendendo a mão para ela, e ouvindo ela rindo se
esquivando do meu braço.

— Vamos lá, — disse ela. — Estou com fome, vamos tomar café e
fazer isso logo para que possamos voltar às nossas férias.

— Tudo bem, — eu suspirei novamente.

Enquanto Ruby estava no chuveiro se arrumando, me vesti e pedi


serviço de quarto. Sentei-me na cadeira na sala de estar e digitalizei através
das minhas notas da semana anterior. Eu não estava ansioso por este dia
em tudo, mas sabia que precisava pelo menos ver o que estava

107
acontecendo. Ainda não queria que Ruby soubesse sobre a terceirização e
fiquei agradecido em saber que o lugar seria excursionado fora do horário
de funcionamento. Quando Ruby terminou de se ajeitar, os funcionários
entraram com o carrinho de alimentos, e nós nos sentamos no pátio para
tomar nosso tradicional café da manhã indiano. Provamos roti, que era
como um pão de torrada, dosas, que são uma espécie de crepe à base de
lentilha com um chutney10 de honeyberry11, e algumas batatas temperadas.
Estava delicioso, e eu praticamente me empanturrei, comendo nervoso e
esperando por Chris dizer que era hora de ir.

Quando recebi o texto de Chris gemi, e Ruby sorriu, caminhando e


sentando-se no meu colo. Colocou os braços em volta do meu pescoço e
me beijou docemente, o cheiro de seu xampu flutuando no meu nariz. Ela
se inclinou para trás e me olhou nos olhos, pronta para começar o dia.

— Quanto mais cedo terminamos, mais cedo eu posso te dar um


boquete, — disse ela sorrindo.

— Bem, vamos logo com isso então, — eu disse pegando-a no ar e


caminhando em direção à porta.

Seu riso era contagiante, e ambos estávamos rindo durante todo o


caminho para o piso inferior do hotel. Entramos no carro esperando na
frente e saímos em disparada em direção ao prédio onde Chris estava
esperando por nós. Saímos da área de alto padrão da cidade e
atravessamos uma área muito pobre. As pessoas nos olhavam dirigindo
entre eles, do lado de fora de seus barracos de um quarto ou das suas
10 Espécie de molho de origem indiana feito com frutos, açúcar, vinagre e especiarias.
11 Mel de frutos.

108
tendas, fazendo tarefas, algumas das mulheres segurando firmemente seus
bebês nus. Eu podia ver a tristeza nos olhos de Ruby enquanto passávamos,
e estendi minha mão para a sua. Ela sorriu calmamente de volta para mim,
e eu olhei para a frente, vendo o enorme edifício à minha frente.

A área de estacionamento aonde paramos era muito bem mantida,


mas eu poderia dizer que não era o estacionamento dos funcionários. Havia
um portão e um guarda na frente, e toda a propriedade era cercada por
grades. Eu saí depois de Ruby e peguei sua mão, andando pelo
estacionamento em direção a Chris. Nós o seguimos ao longo do edifício
até à porta, onde encontraríamos o guia. Olhei para o lado do edifício para
as grandes redes penduradas. Eu tinha lido sobre elas, embora pensasse
que elas existiam só no Japão. Essas eram redes que capturavam os
funcionários quando eles tentavam cometer suicídio. Imediatamente não
gostei da ideia da terceirização nem um pouco, e pensei sobre as condições
em que essas pessoas deveriam estar para chegar a esse ponto em suas
vidas. Não havia nenhuma maneira que eu ia deixar minha empresa
assumir esse tipo de dilema moral, especialmente desde que estava do
outro lado do mundo e quase fora do meu controle. A empresa na Índia iria
lidar com os trabalhadores, e eu nunca sequer saberia quem trabalhava lá.

Entramos pela porta da frente e encontramos o guia que nos levou


numa visita às instalações. Era óbvio que eles tentaram limpar tanto quanto
podiam, mas eu ainda podia ver as pegadas escuras que viajavam para cima
e para baixo pelos andares. O guia nos mostrou todas as áreas de
“laboração” de TI que estaríamos utilizando, se optássemos por terceirizar
nosso trabalho. Eu continuei olhando para Ruby que parecia cada vez mais
109
confusa a respeito de porque nós estávamos lá. Eu sabia que teria essa
discussão com ela mais tarde, mas aquele não era o momento certo. Eu
tinha certeza que ela sentiu que algo estava estranho, já que ela estava
caminhando em silêncio sempre atrás de mim.

Quando terminamos a visita, deixei Chris finalizando as coisas e andei


com Ruby de volta para a saída. Nem sequer percebi que havia um cheiro
estranho no edifício até que o ar fresco bateu no meu rosto. Que maneira
de ter essas pessoas trabalhando. Eu não podia nem imaginar como as
fábricas que eram consideradas ruins deveriam ser. Respirei fundo e fechei
os olhos, deixando o sol quente bater no meu rosto. Eu podia sentir Ruby
andando perto de mim e colocando os braços em volta da minha cintura,
me apertando com força. Eu sabia que ela iria ter perguntas, eu só estava
esperando que pudéssemos sair deste lugar antes de começar a tentar
respondê-las. Abri os olhos e olhei para ela sorrindo enquanto eu esfregava
suas costas.

— Nathan, — ela disse se afastando. — Porque estamos aqui? Ele


estava falando sobre pessoas que trabalham aqui, a capacidade de
computadores, e um monte de coisas que não entendi.

— Você pode confiar em mim sobre isso e eu vou explicar tudo


quando sairmos daqui, ok?

— Sim, — ela disse, desconfiada. — Eu posso fazer isso.

Chris virou a esquina e suspirou balançando a cabeça. Dei-lhe um


olhar de morte, mas ele parecia não ter se intimidado por ele. Olhei para
Ruby e de volta para Chris, esperando alguém dizer alguma coisa.

110
— O que vocês têm planejado para o resto do dia?

— Não tenho certeza, — eu disse, feliz que ele mudou de assunto. —


Talvez alguns passeios, ou um pouco de comida.

— Eu vou voltar para Nova York, — disse ele. — Vou mandar o jato
de volta quando chegar lá.

— Parece bom, — eu disse balançando a cabeça.

— Hey,— Ruby chamou, ainda de pé ao lado do edifício e olhando


para cima. — Para que servem essas grandes redes?

— Este trabalho pode ser tedioso, — Chris respondeu. — É para a


segurança dos empregados.

— Que tipo de fábrica é essa?

— Um edifício de terceirização de TI, tecnologia e informação., —


disse Chris sem pensar muito.

— Espere, o quê?

— Ruby, vamos apenas sair daqui, e eu vou explicar.

— Não, — ela disse, instantaneamente com raiva. — Eu pensei que


você se importasse com a moral da sua empresa, Nathan! Como você
poderia até mesmo olhar para algo como isso? E você me trouxe aqui?
Você está brincando comigo? Eu não posso acreditar que você fez isso.

— Ruby, por favor, — eu disse atrás dela.

— Vá com Chris, — ela latiu, virando-se e parando meu andar. — Eu


estou indo para casa. Não me siga.

111
Com essas palavras, ela correu para um dos dois carros parados no
estacionamento e entrou nele. O motorista parecia confuso e começou a
sentar no assento do motorista, hesitando por um momento e, em seguida,
dirigindo para a saída. Eu fiquei ali em choque completo, sem saber o que
fazer.

— Cara, — disse Chris. — Sinto muito, eu nem sequer pensei.

— Não é culpa sua,— eu disse. — Eu nunca deveria ter mentido em


primeiro lugar.

112
CAPÍTULO DEZOITO
Ruby

Não perdi tempo, indo direto para o hotel e pegando minha


bagagem. Eu não queria que Nathan me achasse facilmente, então eu disse
ao motorista que pegaria um táxi do hotel. Fui para a cobertura e reuni
todas as minhas coisas, empilhando-as em minha mala. Eu sabia que
deveria me sentir magoada, mas tudo o que eu podia sentir naquele
momento era raiva e eu precisava ir para casa. Não podia acreditar que eu
achei que ele fosse um proprietário empresarial ético. Eu acho que estava
cega demais me importando com ele e perdi os sinais. Eu sabia que ele não
sabia sobre o meu envolvimento com os protestos, mas ele tinha que saber
que eu não ficaria bem com a terceirização. Não precisava muito para ler
quem eu era.

Quando terminei de ajeitar minhas malas, entrei em um táxi e fui


para o aeroporto. Demorei no balcão por um tempo, mas eles finalmente
foram capazes de me reservar um voo de volta para casa. Ele não decolaria
antes de uma hora, por isso passei pela alfândega e peguei uma xícara de
café no Starbucks do local. Encontrei o meu portão e me sentei em uma
cadeira, olhando através das grandes janelas do chão ao teto que davam
para a pista. Aviões foram chegando e outros decolando. Peguei meu
telefone e disquei o número da minha irmã, precisando da orientação de

113
alguém, ou pelo menos um ouvido para falar. Sairia caro, mas eu me sentia
tão sozinha e chateada.

— Olá?

— Hey mana,— eu disse com um suspiro.

— Ei! Como é a Índia?

— Terrível, — eu disse. — Eu estou no aeroporto esperando meu


voo.

— Espera, o quê? Achei que você tinha voado para aí em um jato


particular,— disse ela confusa.

— Sim, mas eu deixei Nathan, e quero ir para casa, — respondi, um


caroço se formando em minha garganta.

— Ok, ok, acalme-se, — disse ela. — O que aconteceu?

— Tudo estava perfeito, e então ele tinha uma coisa do trabalho


aonde ele me levou, — eu expliquei. — Era um edifício onde as pessoas
aqui trabalham. Era um prédio de terceirização com redes e tudo do lado
de fora.

— Oh, Deus, — disse ela.

— Ele nunca me disse nada sobre isso, — eu disse. — Ele sabia o


quão apaixonada eu sou para com as pessoas e não só ele me mostrou que
nunca se importou com a moralidade de sua empresa, ele me trouxe para o
outro lado do mundo para esfregar meu nariz nela.

114
— Ruby, — ela disse calmamente. — Eu não acho que ele quis te
machucar.

— Bem, ele machucou, — eu disse.

— Olha, eu nunca ouvi você falar de nenhum homem como você fala
de Nathan, — disse ela. — Você não pode acabar com isso por causa de
algo como terceirização. Você pode nunca mais encontrar outro homem
pelo qual você se sinta assim.

— Então eu vou morrer sozinha e solteirona, — eu disse. — Eu não


vou ceder sobre como me sinto sobre esta questão.

— Eu acho que você está cometendo um erro, — ela suspirou. —


Mas eu te amo, e vou apoiar qualquer decisão que você tomar.

— Obrigada, — eu disse respirando profundamente. — Meu voo está


prestes a embarcar. Eu te ligo quando chegar.

— Ok, fique segura,— ela disse antes de desligar.

Esperei na fila para entrar no avião, secando as lágrimas e fungando.


Precisava me recompor, apesar de ter sido um choque que eu não
esperava. Ainda não conseguia entender como um homem como Nathan
poderia considerar a implementação de algo parecido. Embarquei e guardei
minha mala de mão, sentando perto da janela. Afivelei meu cinto de
segurança e esperei pela decolagem, olhando pela janela para os aviões
que passavam. Eu queria que tudo isso acabasse logo.

Depois que o avião decolou puxei minha bolsa debaixo do meu


assento e a vasculhei, encontrando minhas pílulas para dormir que eu tinha

115
trazido apenas no caso. Tomei duas delas e esperei, sabendo que seria uma
boa hora antes delas fazerem efeito. A aeromoça me ofereceu uma bebida,
notando como eu estava chateada, mas graciosamente recusei, sabendo
que álcool não iria me ajudar na minha situação. Pressionei minha testa
contra a janela, observando as nuvens passarem, enquanto o avião voltava
para casa. Essas tinham sido as piores e mais curtas férias que eu já tinha
tirado, e estava começando a me arrepender de tudo que eu tinha dito e
feito. Depois de um tempo, meus olhos começaram a ficar pesados, e eu
adormeci, esperando que fosse passar o voo sem me acabar em lágrimas.

Quando acordei, o sol estava brilhando diretamente nos meus olhos,


e percebi que tinha dormido durante mais da metade do tempo de voo. O
que foi bom, já que quando acordei o meu coração doía, e eu não me sentia
melhor. Comi a comida do avião e coloquei meus fones de ouvido, olhando
distraidamente para o que estava passando na tela à minha frente.
Comecei a sentir-me dormente, e estava bem com isso. Nunca tinha tido
um coração partido antes, e já podia dizer que ia ser um saco.

No momento em que pousei de volta em Nova York, estava pronta


para voltar para minha casa, tomar um banho, e ligar a televisão na minha
cama. Queria poder dormir durante o fim de semana todo, não querendo
me sentir do jeito que eu sabia que iria sentir. O aeroporto estava lotado,
como de costume, e me levou um tempo para pegar a minha bagagem na
esteira, passar pela alfândega e imigração, e encontrar um táxi. Estava
chovendo em Nova York, o que se encaixava no meu humor perfeitamente.
O motorista me perguntou se ele poderia me ajudar com as malas pela
escada, mas eu sorri o melhor que pude e agradeci, levando minhas
116
próprias malas degraus acima. Abri a porta da frente e entrei, olhando ao
redor da casa silenciosa. Fiquei ali por vários minutos, não querendo sentir
nada. Eu não podia acreditar que tinha me deixado apaixonar por ele sem
conhecer o verdadeiro Nathan que ele mantinha escondido.

A casa estava vazia, e eu podia sentir isso ecoando através do meu


peito. Dei dois passos para a frente e parei, ouvindo uma batida na porta
atrás de mim. Suspirei e larguei minhas malas, esperando que não fosse o
motorista de táxi ainda querendo ser útil. Fui até lá e abri a porta, meu
rosto pronto para explodir em lágrimas a qualquer segundo. Comecei
olhando para seus pés e lentamente subi meu olhar para a calça de grife e a
camisa de abotoar perfeitamente engomada. De pé na minha porta com
um olhar de necessidade estava Nathan, e eu não sabia como processar
isso no meu cérebro.

Eu tinha levado mais tempo para voltar porque viajei em um voo


comercial, e ele deve ter ido direto para o jato e voltado para casa. Olhei
por trás dele para o carro estacionado na frente e me perguntei há quanto
tempo ele estava esperando lá. Olhei de volta para ele e não sabia o que
dizer, não havia palavras. Sim, eu estava com raiva dele por considerar a
terceirização, mas eu ainda estava mais chateada que ele não tivesse sido
sincero comigo sobre qual era a sua visão para o futuro da sua empresa. Eu
levava minhas crenças e morais em muito alta conta, e embora muitas
pessoas dissessem que isso era estúpido, ou que eu ia perder coisas por
levá-las tão a sério, meus sentimentos sobre como as pessoas são tratadas
são a base do que eu sou. Até então, Nathan deveria ter sabido disso.

117
Tudo o que eu tinha feito na minha vida fora centrado em torno de
ajudar os outros, fosse através do contato direto ou segurando uma placa e
marchando pela rua. Eu não trabalho para a América corporativa, por isso
não, eu não ia perder meu trabalho para a terceirização, mas eu ia ser
afetada pelo efeito econômico que isso iria causar. Eu seria afetada pelas
pessoas que viviam na pobreza em torno de mim, e eu seria afetada pelo
fato de que a minha vida era controlada por um homem ganancioso em um
grande escritório em algum lugar. Pensei que Nathan fosse diferente.
Pensei que ele fosse um homem para o qual eu pudesse olhar e me
orgulhar de tê-lo ao meu lado. Como eu estive tão desesperadamente
errada sobre tudo?

Fiquei ali no corredor, lágrimas nos meus olhos, olhando para ele de
pé na porta. Não podia me mover ou falar e não tinha ideia de como iria
sequer ouvir o que ele tinha a dizer. Eu tinha me protegido por tanto
tempo, e num piscar de olhos, eu estraguei tudo por me apaixonar por
alguém que eu nem sequer sentia como se eu conhecesse mais. Eu não
sabia o que fazer.

118
CAPÍTULO DEZENOVE
Nathan

Quando ela saiu, eu sabia que precisava dar-lhe tempo para se


acalmar, então esperei até que ela tivesse recolhido suas coisas da
cobertura, e, em seguida, reuni as minhas coisas. Pude perceber, assim que
Chris viu o quanto eu estava chateado, que ele se sentia horrível. Eu não ia
bater nele, ele não era o único que estava verdadeiramente errado. Se eu
não tivesse mentido para ela, em primeiro lugar, nada disso seria um
problema. Chris tinha o avião fretado e pronto para ir no momento em que
chegamos lá, e nós decolamos em poucos minutos. Eu sabia que teria cerca
de uma hora de vantagem em cima dela, mesmo que nós precisássemos
parar antes de decolar e terminar de abastecer. De qualquer forma, eu
percebi que iria chegar em sua casa na mesma hora em que ela chegasse.
Eu sabia que ela não iria querer falar comigo, mas eu estava em pânico.
Não podia deixar Ruby ir, especialmente por causa de algo como isso.

Passei toda a viagem de avião olhando pela janela, observando o dia


se transformar em noite, e de volta ao dia. Minha cabeça estava girando
através de tudo o que eu queria dizer para Ruby, pensando no discurso
perfeito, e precisando saber como eu lidaria com tudo isso. Toda a
preparação do mundo não ia me ajudar a atravessar as barreiras que eu
imediatamente vi surgir quando ela percebeu por que estávamos na Índia
em primeiro lugar. Foi um pouco de uma surpresa para mim que ela agiu

119
com tanta paixão, mas essa era Ruby, uma mulher apaixonada que se
doava pelo que acreditava, não importa o que ela estivesse enfrentando.

Quando pousamos, pulei no carro e fui direto para a casa dela. Isso
era onde eu estava, naquele momento, em sua porta, olhando para ela
como ela olhava para mim. Ela parecia totalmente perturbada, totalmente
desolada, e chateada como o inferno. Eu acho que a viagem de volta de
dezenove horas não tinha sido tão calmante como eu esperava que fosse.
Acho que se eu tivesse que passar muito tempo em um voo comercial eu
provavelmente estaria agitado também. Eu precisava começar a falar, e
esperava que ela escutasse o que tinha a dizer.

Avancei para dentro da casa e fechei a porta atrás de mim. Olhei para
Ruby parada ali no corredor, e só queria colocar meus braços em torno
dela. No entanto, com o olhar em seu rosto, percebi que isso era o mais
longe que podia ir naquele momento.

— Ruby, — eu disse, colocando minhas mãos para cima. — Eu quero


explicar. Deixe-me explicar.

— Tudo bem, — ela disse cruzando os braços. — Fale.

— Quando eu criei Pope Financials eu tinha uma visão, — eu


comecei. — Eu queria uma instituição financeira em que as pessoas
pudessem confiar. Uma empresa que iria ajudar a impulsionar a economia.
Eu queria comandá-la da forma que eu gostava, e nunca quis ser parte da
América corporativa. Quando a empresa explodiu no mercado, eu não tive
escolha além de me abrir um pouco à ideia de mentalidade corporativa,
mas lutei a cada passo do caminho. Quero expandir, para levar os meus

120
serviços para outros países, mas é extremamente caro. Chris vem
empurrando a ideia de terceirização em mim por meses, e eu recusei
repetidamente. Finalmente, quando ele veio até mim com a ideia de ver as
fábricas por mim mesmo, eu concordei, sabendo que pelo menos quando
eu recusasse novamente, ele saberia que tomei a decisão baseada em fatos
e na realidade, e não só nos meus próprios pensamentos e sentimentos.
Assim, mesmo antes da visita acabar eu já sabia que terceirização não ia
funcionar para a Pope, mesmo que isso significasse que expandir não iria
ser possível por um longo tempo.

— Eu não entendo por que você iria sequer considerar isso, — disse
ela.

— Eu não considerei, — eu respondi. — Mas como CEO da empresa


eu tinha o dever de olhar para a informação que me foi dada e tomar uma
decisão correta. Eu queria dizer não desde o início, mas precisava ter um
suporte e razão a respeito de porque estava dizendo não. Eu tinha de fazer
política com meus acionistas para que eu pudesse conseguir o que queria,
sem olhares de desprezo ou volúveis. Acima de tudo isso, eu não tinha ideia
de que você era tão apaixonada sobre o assunto. Eu nunca teria levado
você lá, se soubesse. Não estou interessado em terceirização, e nunca iria
fazer uma escolha que me forçasse a desistir do meu relacionamento com
você. O dinheiro não vale a pena sacrificar a felicidade.

— O dinheiro é o que faz o mundo girar, — disse ela balançando a


cabeça. — Eu só não sei como deveria acreditar em você. Sinto que não sei
quem você é. Eu já vi esse Nathan que ninguém mais parece ter conhecido

121
e agora, isso me faz sentir como se ninguém tivesse conhecido porque não
é o seu verdadeiro eu, afinal. Sinto que fui enganada e não consigo
descobrir o porquê. Eu não posso fazer nada por você que você não possa
fazer sozinho. Eu não entendo Nathan, por favor, me ajude a entender.

Eu fiquei lá por um momento pensando na coisa certa a dizer,


sabendo no fundo da minha mente o que precisava ser revelado. Eu estava
nervoso, não apenas sobre a possibilidade de perder Ruby, mas por receio
de ser tão magoado que eu fosse voltar para o meu estado recluso, nunca
deixando ninguém entrar, e transformando minha vida em nada além
trabalho. Eu queria tanto consertar tudo isso, mas sabia que tinha que fazer
a escolha certa no que estava prestes a dizer. Ela merecia que eu fosse
aberto e honesto com ela, sem me esconder em meu próprio medo. Tomei
uma respiração profunda e dei um passo adiante.

— Ninguém mais me conheceu desta forma por uma razão, — eu


disse.

— Sim? E que razão é essa?

— Eu te amo, Ruby,— eu disse.

Ela ficou lá olhando para mim, com os braços soltos e caindo para
seus lados. Eu podia ver a raiva começando a desaparecer, mas ela também
estava observando meu rosto, tentando descobrir se eu estava dizendo a
verdade. Foi a primeira vez que eu disse a ela que a amava. Eu sabia há
algumas semanas que esses sentimentos estavam lá, mas estava com medo
de admiti-los em voz alta. Eu estava com medo, que se dissesse a ela, tudo
mudaria. Estava com medo que ela não se sentisse da mesma maneira, e a

122
última coisa que eu queria era assustá-la antes que tivesse a chance de
sentir o mesmo por mim. No entanto, no momento em que ela saiu
correndo, deixando-me na Índia, com Chris, eu sabia que tinha que afastar
esse medo e dizer-lhe como me sentia. Eu sabia que se não o fizesse, se
guardasse isso e nunca dissesse, e ela decidisse não me ver mais, eu iria me
arrepender pelo resto da minha vida.

— Ruby, eu estou apaixonado por você já faz um tempo, — eu disse.


— Você me fez um homem melhor, um homem mais aberto, um homem
que agora quer ver a luz do sol e não apenas ficar trancado no último andar
do meu escritório. Quero viajar e ver o mundo, e eu quero fazer tudo isso
ao seu lado. Errei por não lhe dizer sobre o negócio da terceirização
porque, no fundo da minha mente, eu sabia que você ficaria chateada e
isso me aterrorizava. Eu não sei por que não te disse que não estava
interessado e estava fazendo isso por nada, mas não disse, e eu não posso
desfazer isso. O homem que você conhece é o meu verdadeiro eu, não é
uma pessoa que eu inventei para você. O ponto principal de tudo isso é que
eu te amo mil vezes, eu te amo.

Ela ficou ali, com a cabeça inclinada para o lado por alguns instantes
antes de começar a caminhar em direção a mim. Ela estava perto do meu
corpo olhando profundamente em meus olhos, lágrimas transbordando em
seus olhos e lentamente escorrendo pelo seu rosto. Meu coração estava
disparado, querendo saber o que ela estava pensando, o que estava
sentindo, mas tudo que eu podia fazer era ficar lá e esperar. Pareceu uma
eternidade, um milhão de horas de pé e à espera de alguém para decidir o

123
meu destino. Ela limpou a garganta enquanto seu rosto se suavizou e ela
estendeu a mão, agarrando minha mão.

— Eu também te amo, Nathan, — disse ela.

Esperei o “mas” e ele nunca veio. Rubi se inclinou e apertou seus


lábios firmemente contra os meus, e eu sorri, sentindo o quanto ela quis
dizer isso. Este era o amor da minha vida, eu já sabia disso.

124
EPÍLOGO
Ruby

Havia se passado um ano desde que Nathan esteve em pé na minha


porta e me disse que me amava. Aquele dia tinha mudado minha vida de
maneiras que eu não poderia ter antecipado. Quando ele disse essas três
palavras, era como se tudo o que eu achava que sabia sobre mim e sobre
ele tivesse mudado e para melhor. Percebi que o homem que eu conhecia
era o verdadeiro Nathan, quem ele nunca deixou ninguém ver porque
estava com medo que fossem virar-lhe as costas. Ele era o homem que eu
tinha estado procurando por toda a minha vida, e eu não sabia disso até
aquele minuto.

Desde aquele dia, as coisas ficaram cada vez melhores e, depois de


passar tantos dias e noites em seu apartamento no The Avalon, ele me
pediu para me mudar permanentemente. Eu não poderia imaginar nada
mais perfeito, e imediatamente disse que sim. Colocamos minha casa no
mercado, e vendeu rapidamente, dando-me tempo suficiente para pegar
minhas coisas e sair. Nós redecoramos o apartamento e colocamos ambos
os nossos gostos em um único espaço. A rotina que tínhamos estabelecido
depois de apenas um mês, floresceu e evoluiu ao ponto de que éramos
nossa própria pequena família. Raramente jantávamos fora depois disso,
certificando-nos de que cozinhássemos em casa e passassemos um tempo
de qualidade juntos. Disse-lhe sobre a organização contra a terceirização e

125
todos os protestos em que eu tinha estado envolvida. Ele imediatamente
nos fez uma doação significativa, ajudando-nos a levar as nossas
preocupações até Washington. Havia um longo caminho a percorrer pela
causa, mas eu me sentia muito mais optimista com Nathan atrás de mim.

No que respeitava à Pope Financials, Nathan passou a trabalhar na


criação de um plano para expandir sem terceirização. Ele explicou para o
conselho porque sentiu que era o melhor caminho, e para sua surpresa,
todos concordaram. Eles queriam ver a expansão, e eles haviam se juntado
a sua equipe porque acreditavam em sua abordagem moral de negócio,
algo que era praticamente extinto na indústria. Eles começaram o projeto,
Chris dirigindo-o, e no próximo mês ou no outro eles irão abrir seu primeiro
escritório em Londres. Tudo o que ele queria fazer com sua empresa estava
acontecendo e ele se sentia bem sobre suas escolhas, porque elas estavam
em seus termos.

Fiquei ali no espelho, olhando para mim, e admirei o belo colar de


diamantes que ele tinha me dado apenas um par de semanas antes. Nathan
ficou atrás de mim, e eu sorri, sentindo-o pegar o zíper do meu vestido e
puxando-o para baixo. Ele se inclinou e beijou meu pescoço, provocando
arrepios na minha espinha. Estava me levando para jantar pelo nosso
aniversário de um ano, algo que eu tinha estado ansiosa durante toda a
semana. Ele não tinha me dito para onde estávamos indo, mas eu sabia
onde quer que fosse, teríamos um delicioso tempo juntos.

Peguei meu xale e segui Nathan pelo apartamento, descendo no


elevador até ao saguão e sorrindo docemente para George quando

126
passamos. Ele havia sido o maior líder de torcida para mim quando me
mudei para o Avalon e estava tentando me acostumar com todas as
pessoas ricas que estavam me julgando em uma base diária. Depois de
algumas semanas, no entanto, eles descobriram quem eu era, e eles me
deixaram em paz. Acontece que Nathan Pope é conhecido como um
homem muito poderoso, mesmo que ele pensasse que isso fosse um
absurdo. Eu acho que o dinheiro ainda equivale a poder, apenas uma outra
coisa que me deixava maluca sobre a sociedade.

Entramos na limusine e nos dirigimos para a cidade, olhando para


todas as luzes. Eu amava New York durante a noite, era sempre tão bonita.
As pessoas, os edifícios gigantes, e os sons da cidade me faziam sentir como
se eu estivesse onde deveria estar. Depois de alguns minutos paramos na
frente do restaurante e ele sorriu, sabendo que tinha escolhido um que eu
tinha estado ansiosa para experimentar. Foi o The Public, e mal sabia eu
quando chegamos, que Nathan tinha alugado toda a cobertura para o
nosso jantar. Ele continuamente me mimava com essas surpresas loucas, e
eu não iria mentir, era reconfortante e me fazia sentir amada.

Nós sentamos um em frente ao outro e olhamos para a vista. Era tão


lindo com todos os edifícios iluminados em segundo plano e as luzes no
terraço criando um ambiente sexy e romântico. Tínhamos o nosso próprio
garçom que nos trouxe vinho, aperitivos e bebidas que Nathan tinha
encomendado para a ocasião. Sentamos lá como se não tivesse passado um
dia desde que nos conhecemos, bebendo, falando, comendo, e rindo. Ele se
tornou meu melhor amigo e me acalmava ainda mais do que a minha irmã
era capaz de fazer. Ele sorriu e ouviu enquanto eu reclamava sobre algo
127
que aconteceu nas notícias ou em Washington e, em seguida, docemente
me lembrava de pensar grande, algo em que eu estava ficando cada vez
melhor à medida que o tempo passava.

Após o nosso prato principal eles trouxerem diversas sobremesas e


nós agarramos nossas colheres, compartilhando todas elas de uma vez. O
garçom tentou esconder um sorriso, mas eu tinha certeza que ele pensou o
que nos tinha sido dito um milhão de vezes. Nós não agíamos como um
típico poderoso casal bilionário, agíamos como pessoas normais, menos o
fato de que havíamos alugado o telhado de um dos lugares mais caros da
cidade. Fora isso, nós brincávamos, riamos e agíamos como crianças em
torno de nós. Era o relacionamento perfeito para mim, um que eu sabia
que nunca queria que terminasse. Quando tínhamos acabado com as
sobremesas, notei o garçom desaparecer de volta para dentro do
restaurante, deixando-nos sozinhos no telhado.

— Ruby, — disse Nathan. — Eu quero te contar uma coisa.

— O que é?

— Quando nos conhecemos eu não podia acreditar que havia uma


mulher lá fora, que não era apenas bonita, mas apaixonada, inteligente e
motivada, — disse ele. — Você era tudo que eu queria em uma mulher,
mas tinha desistido de encontrar, porque eu sentia como se nunca fosse
acontecer. Aquela noite no bar mudou meu mundo para sempre. Você me
mostrou que posso ser eu mesmo e não tenho que ter medo ou me
esconder. Você me mostrou que há muito mais vida do que ficar
trabalhando o tempo todo. Você me mostrou como ser compassivo e

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compreensivo para com os outros de formas que não só me melhoraram
como pessoa, mas têm melhorado a minha empresa como um todo. Dizem
que por trás de cada grande homem, há uma mulher ainda maior. Você
puxa as cordas, isso é certo, mas você puxa as cordas corretas. Não houve
um dia que passou desde a Índia que eu não agradeci ao Universo por me
permitir mantê-la na minha vida. Eu não quero nunca te perder de novo.

Eu sorri para ele e tentei pegar sua mão, mas ele já a tinha afastado.
Olhei para ele com curiosidade, enquanto ele se levantava de sua cadeira e
enfiava a mão no bolso de sua jaqueta. Lentamente tirou uma pequena
caixa de veludo preto e abaixou-se em um joelho. Engoli em seco, cobrindo
minha boca com as mãos e imediatamente comecei a chorar.

— Ruby Woods, você é tudo neste mundo que me faz feliz, — ele
disse. — Por favor, faça-me a honra de aceitar este anel e se tornar minha
esposa.

— Sim, — eu disse balançando a cabeça para cima e para baixo, com


lágrimas escorrendo pelo meu rosto. — Claro que sim.

Levantei-me ao mesmo tempo que ele e passei meus braços em volta


do seu pescoço, beijando seus lábios e rindo através das minhas lágrimas.
Olhei para a caixa do anel que estava aberta, e meus olhos se arregalaram,
o maior diamante que eu já tinha visto estava brilhando para mim. Ele
enfiou a mão na caixa e puxou-o para fora, pegando a minha mão e
escorregando-o em meu dedo. Abri minha mão e olhei para ele, surpresa
com o quanto ele brilhava. Me voltei para Nathan e abracei-o novamente,
desta vez pressionando meus lábios longo, forte e apaixonadamente contra

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os dele. Eu podia sentir o amor pulsando através de cada parte do meu
corpo, circulando-nos como uma bolha no terraço. Puxei minha cabeça
para trás e olhei profundamente em seus olhos.

— Eu te amo, Nathan, — eu disse. — Não posso esperar para ser sua


esposa.

Eu soube naquele momento que o felizes para sempre era real, e eu


tinha encontrado o meu.

FIM

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