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Renata Costa – Comprada por Ele


Serviços Editoriais: Agência Lunas
Esta é uma obra de ficção. Os fatos e os personagens presentes nessa obra,
assim como nomes e diálogos são unicamente fruto da imaginação e da livre
expressão artística do autor. Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização dos
autores. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei no
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do código penal.
Todos os direitos reservados.
Sumário
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Epílogo
Encantada por ele
Capítulo 1
Capítulo 2
Agradecimentos
“Livre arbítrio, quanta responsabilidade exige para essa ação. Temos
inúmeros caminhos que podemos escolher em nossas vidas, um leque de
escolhas de variados tipos. Devemos sempre ter muita calma e destreza para
saber o que é bom e o que é ruim. Antes de fazer qualquer escolha, pense,
analise e respire. Depois que estiver certa que o que escolheu lhe fará
progredir, então siga. Nunca tome decisões importantes para sua vida
enquanto o desespero lhe domina, espere! Com serenidade, você conseguirá
saber o que é bom para você.” Por Renata Costa.
U
ma vida normal, era assim
a minha. Uma casa bem
pequena e confortável com
um gramado verde e
macio, onde cresci correndo de um lado para o outro. A cidade de Winchester
tem poucos habitantes e aquele ar de cidade pequena, a calmaria onde boa
parte das pessoas se conhecem. Morava apenas com meu pai, minha mãe se
foi quando eu tinha oito anos. Eu era apenas uma criança e aquilo foi
diferente, não entendia muito bem o que aconteceu, apenas senti a sua falta
em seguida, e muita. Por sorte, tinha um pai que se esforçou ao máximo para
suprir aquele vazio, sei que era impossível, mas se tornava menos doloroso.
Aos meus vinte anos, meu pai descobre um câncer avançado e,
mesmo que nunca tivesse nos faltado nada, não teria todo esse capital para
investir em seus tratamentos por inteiro. Fizemos todo o possível mesmo
assim, mas não demorou muito para ele falecer e, tudo que não senti por falta
de maturidade na época da minha mãe, estava sentindo dez vezes mais
naquele momento, ou melhor, mil vezes mais.
O vazio que ficou depois que ele se foi era imensurável. Não sei onde
encontrei forças para voltar para minha casa e olhar a velha garagem onde ele
consertava carros, o sofá onde assistia aos jogos com uma garrafa de cerveja
em mão e, muito menos, o quarto onde tinha suas roupas e objetos pessoais.
O silêncio tomou conta daqueles cômodos.
Logo se passaram quatro meses após a morte do meu pai. Nos três
primeiros, tinha conseguido me virar com o que restava, mas, depois, tive que
me virar de alguma forma. Após procurar bastante por emprego, a única coisa
que encontrei foi uma pequena cafeteria a algumas quadras de onde morava,
não era muita coisa, mas era um começo. Já estava com quinze dias
trabalhando lá, tinha que fazer de tudo para ganhar poucos dólares que eram
para a minha alimentação. Era cedo, estava saindo de casa para ir ao trabalho,
quando minha vizinha correu em minha direção.
— Amy… Amy… — chamou.
— Sim, Senhora Parker? — Fiquei intrigada.
— Ontem tentaram lhe entregar esses papéis, mas como você não
estava, recebi para lhe entregar. — Ela estende a mão entregando-me.
— Obrigada!
Ela voltou em direção a sua casa e eu olho o papel em mãos, meu
coração apertou quando vi do que se tratava. Meu pai havia feito um
empréstimo para o seu tratamento colocando nossa casa como garantia, pois
não tinha outra saída. Como não conseguimos pagar, estavam reivindicando a
casa. Não o abri, comecei a fazer o caminho para a cafeteria, pois já devia
estar atrasada.
Depois que cheguei lá, fui até uma despensa e abri os papéis para ler
com mais atenção e dizia claramente que, em dois meses, se não quitasse
todas as parcelas que estavam em atraso, iria perder definitivamente o
imóvel. Eu iria ficar, literalmente, sem teto.
Chorei copiosamente por minutos, a casa onde preservo toda a minha
história, onde podia sentir um pouco dos meus pais e, assim, não me sentir
tão sozinha. A família do meu pai morava em outro país, não tínhamos
contato, e da minha mãe, que era filha única, seus pais já haviam partido há
muito tempo também. Eu não tinha a quem recorrer e, naquele momento, a
única coisa que me restava era limpar o chão e arrumar tudo ali, pois
esqueceria um pouco da minha desgraça.
Como o lugar era pequeno, eram apenas dois funcionários para dar
conta de tudo. Naquele dia, a garota que trabalhava comigo não havia ido e
fiquei responsável por todas as tarefas, desde lavar toda a louça, limpar o
local e servir os clientes. Como eu dava conta? Não me perguntem, apenas
tentava dar o meu melhor. Quando estava no balcão, escutei a porta abrir, me
virei e vi um homem alto de cabelos loiros e uma roupa extravagante entrar,
caminhando em minha direção. Ele se sentou em um dos bancos ali a frente e
ficou me olhando demoradamente.
— Deseja alguma coisa?
— Um cappuccino e panquecas, por favor! — Já foi fazendo seu
pedido.
Eu o atendi de imediato, fazendo o seu pedido e, depois de alguns
minutos o servindo, notei o olhar dele atento sobre mim, não chegava a ser
um assédio, mas era analítico.
— Já pensou em trabalhar como modelo? Você tem perfil para isso!
Quando ele perguntou aquilo, parei imediatamente e fixei por alguns
segundos, seguido de uma risada baixa. Isso nunca passou pela minha cabeça
e muito menos imaginaria que um cliente naquela cafeteria pequena iria
perguntar tal coisa. Realmente aconteceu inúmeras vezes algum homem fazer
comentários como flerte, mas nada daquele tipo.
— Eu? Não tenho nem perfil para ser modelo — afirmei com
convicção.
Minha altura era 1,65, meu corpo era relativamente normal para as
pessoas dessa altura, tinha os cabelos longos e castanhos, olhos azuis e os
lábios levemente carnudos, minha pele era clara, eu me considerava,
definitivamente, uma pessoa com traços físicos totalmente fora do padrão
exigido em modelos, altas e magras.
— Por que não? Existe modelo de passarela e modelo fotográfica e
sua beleza, sem dúvida, iria se dar muito bem na segunda opção. — Ele
tentava explicar. — Trabalho em uma agência de modelos em Nova York, a
maioria das meninas que agencio são modelos fotográficas e são assim como
você… só um minuto!
Ele estava com uma maleta da cor preta, quando abriu, tirou alguns
papéis com letras impressas e depois algumas fotos de garotas muito bonitas
posando para as câmeras. As fotos eram profissionais, os papéis que ele
mostrou, afirmou que tinha contratos fechados com todas elas e que tirava
apenas dez por cento do valor do trabalho. A agência oferecia hospedagem
nos 3 primeiros meses até a modelo começar a se estabilizar, perguntou
minha idade, sobre minha família e, eu estava em um momento tão triste, que
poderia desabafar até com as paredes. Aquilo estava me deixando curiosa,
poderia ser uma luz no fim do túnel para sair daquela situação, ele falou com
veemência que os contratos eram de valores consideráveis e eu imaginei que
poderia quitar as parcelas que estavam pendentes do empréstimo e,
consequentemente, recuperar a minha casa, isso era minha prioridade.
— Preciso ir, se mudar de ideia… — Ele me entrega um cartão. —
Esse é o meu contato!
Ele saiu de lá e reparei que o carro em que estava era bem luxuoso,
suas roupas, mesmo que extravagantes e bregas, aparentavam ser de grife.
Fiquei verdadeiramente balançada com aquela proposta, não tinha a quem
recorrer e poderia ser uma boa oportunidade, mas ainda queria pensar um
pouco sobre isso.
Quando cheguei em casa, fiquei assistindo TV até o sono dar sinal,
mas aquilo que havia acontecido pela manhã não saía da minha mente e, no
dia seguinte quando acordei, olhei para os cômodos da casa imaginando que
eles poderiam não me pertencer mais em alguns meses. Não pensei duas
vezes e liguei para o homem, que no cartão tinha o nome de Dylan, atendeu
no segundo toque com um alô.
— Dylan? É esse seu nome? Sou Amy da cafeteria, eu aceito sua
proposta!
Alguns segundos de silêncio foram dados por ele, depois começou a
passar informações avisando que iria sair de Winchester em uma semana, era
o tempo para eu organizar tudo para a viagem.

No dia marcado, estava esperando-o no horário combinado na


pequena varanda de casa e não demorou muito. Seguimos viajando por horas
e horas, estava exausta, mas ele se mostrava, até certo momento, prestativo,
parando em alguns lugares e fazendo algumas refeições. A ansiedade
aumentava à medida que nos aproximávamos do destino: Nova York!
Quando finalmente estávamos chegando, fiquei deslumbrada com a
diferença dali e meu lugar de origem, do qual nunca havia saído, pois, mesmo
meu pai sendo maravilhoso, era bastante rígido e cuidadoso, nunca havia ido
tão distante assim. Os prédios espelhados de vários andares, o trânsito e tudo
que uma cidade grande tinha como característica, estavam me deixando
encantada. Era um mundo novo em minha vida e, da janela do carro, não
perdia nem um detalhe.
Após pouco mais de uma hora, ele parou o carro em um lugar
diferente, tinha um letreiro gigante com o nome escrito “Dream Place”
(Lugar dos Sonhos). Naquele momento, eu estava confusa e aérea com tanta
informação nova ao mesmo tempo. Desceu do carro estendendo a mão para
eu pegar.
— Vamos, princesa! Chegamos ao seu novo lar, seja bem-vinda.
Depois que o acompanhei, seu comportamento mudou
completamente. Desde que o conheci na cafeteria, independente daquele
estilo excêntrico, se dirigia a mim de forma um pouco mais cordial e séria ao
mesmo tempo. Quando, enfim, estava no lugar, vi parecer um bar, com mesas
estofadas e um palco no meio com uma barra de ferro brilhante, era
relativamente grande e tinham algumas portas em alguns cantos daquele
salão. Parei onde estava imediatamente, tinham alguns homens com correntes
enormes de ouro no pescoço e camisas com estampas ridículas, alguns
funcionários com camisetas estampadas com o mesmo nome do letreiro
organizando o lugar. Onde eu havia parado? Foi naquele exato momento que
percebi, fiz a maior besteira da minha vida.
— Quero ir para casa! — Dei as costas numa tentativa inútil de sair
de lá e um homem alto tomou a frente com os braços cruzados.
— Opa… lamento, princesinha, mas essa é sua nova casa e é melhor
colaborar! — Ele gargalhava.
O homem alto e cheio de músculos – aparentemente um segurança –
me puxou pelo braço em direção a uma das portas do lugar e ali me soltou
como um saco de lixo enquanto Dylan seguia logo atrás.
— Entra… — Dylan ordenou.
Fiquei parada, sem querer entrar. Estava trêmula e não sabia o que
fazer, correr já via que não adiantava, pois tinham seguranças ali, estava
apavorada. Já tinha visto inúmeras notícias de tráfico de mulheres e quanto
elas sofrem, e achava aquilo um completo absurdo. Fui uma verdadeira
idiota, tomada pelo desespero de recuperar a casa e ter uma vida melhor
daqui para a frente, eu não passaria por aquilo se não estivesse tão sozinha.
— Mandei entrar, porra! — gritou.
Eu me assustei com sua agressividade, entrando rapidamente no local
onde ordenava. Lá tinha mulheres de cabelos preto, loiros, ruivos, corpo
curvilíneo de todas as formas, seios fartos e pequenos. As roupas eram
apenas lingerie que cobriam parcialmente suas intimidades, andavam de um
lado para o outro em um enorme corredor com várias portas e, à medida que
fui andando, olhava para alguma das portas abertas e via que eram quartos
pequenos com duas camas de solteiro e muita bagunça. Nesse momento já
comecei a imaginar como seria a minha vida ali, logo eu que sempre estava
com aquele jeans confortável e uma camiseta branca regata que não
decepciona nunca. Não precisava ter uma bola de cristal para saber que eu
seria mais uma daquelas mulheres.
Entrei em um dos quartos e olhei ao redor, duas camas de solteiro, um
frigobar não muito novo e um guarda-roupa pequeno que, sem dúvidas,
deveria caber absolutamente nada faziam parte do quarto com paredes que
não eram nem tão limpas assim. Também havia uma pequena televisão e uma
porta que dava em um banheiro minúsculo. A minha casa em Winchester não
era uma mansão, mas era confortável e aconchegante, nada comparado àquele
lugar. Foi nesse momento que a lembrança do meu pai veio à tona e tinha
certeza de que, se ele ainda estivesse ao meu lado, não estaria passando por
isso.
— Essa é a Ashley… vai dividir o quarto com você. E trate de se
arrumar, em uma hora vocês entram… vista isso aqui! — falou em tom de
arrogância me desviando das boas recordações que estava tendo em silêncio.
Ele jogou algo como uma lingerie de renda preta um tanto
transparente, saltos da mesma cor em cima do colchão e entendi
perfeitamente o recado, deveria vestir aquilo. Meu olhar direcionado a ele
demonstrava que eu não iria obedecer ao que dizia.
— Nada de gracinha. Está ouvindo, garota! Ou você vai saber como é
morrer bem de devagar! — Bateu à porta e se foi.
Senti um arrepio, os olhos cheios de lágrimas e a mente
completamente perturbada. Era um pesadelo, só podia ser, e eu deveria
acordar a qualquer momento. Me sentei naquela cama e desabei a chorar,
colocando as mãos no rosto mostrando o meu total desespero. Como fui parar
ali, como me deixei levar pelo desespero, tenho certeza de que eu não
merecia passar por algo tão horrendo.
— Sei bem como é isso… foi igualzinho comigo! —falou a mulher,
estava sentada na cama de frente para mim.
— Não tem jeito? Não tem como ir embora… fugir? — perguntei a
soluçar.
Ela riu. Um riso irônico, mas cheio de amargura dentro de si, saiu dos
seus lábios e balançou a cabeça.
— Acha que eu não tentei… mas eles me pegaram. Duas vezes…
Sabe por que não me mataram? Porque eu era nova, todos me queriam e eu
estava dando muito lucro. Mas agora… desisti, se eu fizer algo… já era!
— Ela levantou, tirou sua roupa, ficando nua sem nenhum pudor, e vestiu
uma lingerie vermelha.
— Como você se chama? — perguntou a garota chamada Ashley.
— Sou Amy Carter… — informei enquanto limpava as lágrimas.
— Seu sobrenome não importa aqui… a partir de agora é só Amy ou
o que você escolher. — Ela colocou os saltos. — Estou indo para o salão…
melhor ser rápida. Eles odeiam que se atrasem! E coloque alguma
maquiagem… pode pegar as minhas que estão no banheiro.
Um sorriso de canto apareceu em seu rosto. Fiquei sozinha sem saber
o que fazer, olhei ao redor, observando o quarto ainda sem acreditar naquela
situação. Lembrei do meu pai, da minha casa, que eu já estava morrendo de
saudades. Prometi a ele realizar muitos sonhos e olha onde fui parar.

Tomei um banho a fim de relaxar um pouco da longa viagem que tive,


o meu corpo doía e queria apenas descansar, mas isso seria impossível no
momento. Coloquei aquela roupa, se é que podia considerar assim, pois
cobria dez por cento do meu corpo, e os saltos para completar. Quando
terminei, olhei no pequeno espelho de parede e me senti estranha, suja, estava
morrendo de vergonha em expor meu corpo para homens que olhavam com a
intenção de me tocar. Nunca havia colocado algo daquele jeito, não sabia ao
menos como agir, tanto que não fiz praticamente nada de maquiagem, não via
motivos para me arrumar naquele lugar asqueroso.
Respirei fundo e saí do quarto. Demorei uma hora e meia para me
arrumar e, enquanto andava no corredor em direção a porta que outras
meninas passavam, senti uma mão pegar no meu braço com tanta força que
chegou a doer bastante.
— Você está surda, porra? Eu disse uma hora!!! Nem um minuto de
atraso entendeu. — Dylan saiu me puxando até uma porta.
Quando passei na porta para onde ele saiu a me puxar, fui ofuscada
pelas luzes coloridas e extremamente claras do lugar, além de uma música
alta, eram músicas pop como uma balada normal, que de “normal” não tinha
nada.
Ele me empurrou e eu entrei no lugar me equilibrando ao máximo
naqueles saltos enormes, esforçando-me para não cair. Algumas mulheres
também de lingerie me olharam com raiva, outras com curiosidade e eu não
estava entendendo o motivo daquilo. Olhei em volta e homens – velhos e
novos – bebiam, as mulheres se esfregavam e passavam a mão na calça deles
deixando-os excitados, outra dançava nua na barra de ferro brilhante que
avistei ao chegar.
Andei sem saber para onde ir, o que fazer. Todos me olhavam. Agora
me sentia um pedaço de carne jogado aos leões. Velhos passando a língua
nos lábios, um homem passou a mão nos meus seios e eu me assustei
empurrando sua mão imediatamente.
— Ei… Amy! — Ashley gritou, estava em um balcão à frente.
Eu me aproximei desesperada, sem saber o que fazer e com medo que
tivesse que fazer algo ainda pior. Tentava planejar algo para caso algum
homem chegasse a me tocar naquela noite, ao mesmo tempo, tinha medo,
pois, por mais que estivesse sozinha, lógico que não queria morrer. Apesar
disso, eu não iria desistir e daria um jeito de tentar fugir dali de qualquer
forma.
— Eu não sei o que fazer… — falei alto para ela escutar melhor por
conta do barulho.
— Primeiro bebe, assim relaxa. Não tem outro jeito. — Ela empurrou
o copo de bebida.
Só havia bebido uma vez na vida com umas amigas quando completei
dezoito anos e foi uma péssima experiência, pois fiquei uma bêbada
desastrada e com uma ressaca infernal no dia seguinte. Mas já estava em uma
situação lamentável, então peguei o copo e dei um gole. Fiz uma careta
horrorosa quando senti aquilo queimar em minha boca, fazendo até sentir
lágrimas em meus olhos. Ela gargalhava e eu dei um sorriso pequeno pela
primeira vez no dia. Estava tudo relativamente bem, até que Dylan se
aproximou e pegou no meu braço com agressividade novamente e me
arrastou para algum lugar.
— Já tem cliente, princesa! — Levou-me até um velho nojento que
estava sentado.
— Essa é fresquinha como você gosta, Jones! — Empurrou-me para
os braços horrendos daquele velho.
Parei na frente do homem, que pegou nos meus seios e eu afastei suas
mãos cobrindo-os. Fiz muito esforço para tentar sair daqueles braços, mas
não tive sucesso.
— Ela é meio arisca. Sei que você gosta de domar — falava Dylan e o
velho dava gargalhadas, satisfeito com a situação.
Eu não estava suportando, estava querendo correr dali e até cogitei
morrer nesse momento. Aquelas mãos grossas que chegavam a arranhar
minha pele e me arrepiar de nojo. O cheiro de cigarro e bebida era forte. Foi
nesse exato momento que um homem usando um terno escuro alinhado, mas
com os botões do blazer abertos, assim como dois botões da sua camisa
social branca, barba por fazer e olhos claros, com o maxilar másculo e o olhar
penetrante – também segurava um copo de bebida –, olhou para Dylan com
cara de poucos amigos.
— Eu a quero! — Ele foi direto.
Quem eu tinha me tornado para esses homens falarem desse jeito,
cada minuto que passava tudo se tornava cada vez pior. Estava em pânico.
Estava me sentindo um pedaço de carne sendo disputada, e pior, minha voz
não teria nenhuma força sequer. Poder de escolha? Livre arbítrio não existia
de forma nenhuma. Eu não queria nem um velho fedido, nem mesmo um
homem tão… tão… lindo, cheiroso, charmoso, sexy… ahhhh não, não
mesmo.
— Já está comigo… essa delícia! — O velho me segurou na cintura.
Eu me esquivei, empurrei e fiz de tudo para me afastar e nada.
— Dylan… Eu pago o triplo que ele pagará! — disse o homem com o
tom ainda mais forte.
Dylan deu uma gargalhada e bateu palmas. Ele estava conseguindo o
que queria e isso estava tomando uma proporção absurda.
— Desculpa, senhor Jones, mas ela é dele primeiro. Quando voltar ou
amanhã será todinha do senhor. — Ele segurou meu braço e me direcionou
ao homem. Eu quase caí.
— Fique à vontade, Cleveland… — Ele apontou para mim e sorriu
satisfeito.
Estava parada, em choque. Não estava entendendo o que deveria fazer
agora, nem o que ele seria capaz de fazer comigo. Um homem do balcão se
aproximou e trocou algumas palavras com o meu “acompanhante”, logo em
seguida mostrou a máquina de cartão e ele passou o seu imediatamente. Eu
não tinha nem ideia de quanto foi aquilo, nem queria saber, pois era um
absurdo completo se prestar a isso.
Então nos acompanhou até um corredor vermelho, mulheres saem
abraçadas com homens, algumas davam risadas e alisavam as partes íntimas
deles. Meus braços cruzados a fim de me sentir mais coberta e olhando para o
chão com muito medo, cada passo que eu dava era trêmulo e estava tão
nervosa pensando o que iria acontecer ali. O funcionário do lugar abre uma
porta e indica o quarto para entrar e eu assim fiz, virando-me imediatamente à
frente do homem de terno, a fim de me proteger seja lá do que for. O homem
estava sério e em silêncio, ele trancou a porta e olhou-me.
E
u não sabia o que fazer,
olhei de um lado para o
outro observando o lugar
em que estava. Era um
quarto com decoração vermelha e bem mais organizado que o que éramos
hospedadas, com uma cama redonda da cor vermelha e decorações da mesma
cor. Dei alguns passos para trás chegando a me encostar na parede, como um
animal acuado. Coloquei as mãos nos seios, na verdade, de forma
involuntária, pois não fazia a menor ideia de como agir naquela situação na
qual nunca imaginei passar em toda a minha vida. Estava com muita
vergonha, o olhar dele era muito intenso, olhando-me da cabeça aos pés, os
seus olhos brilhavam e o maxilar estava rígido. Eu aparentava ser um animal
acuado, ele muito pelo contrário, um animal faminto.
Procurei não encarar e tinha certeza de que estava completamente
corada, sentia meus lábios trêmulos. Mas, quando ele se aproximou mais e
notou a forma que eu estava me comportando, parou a um passo largo de
distância.
— O que houve? — Ele abriu os braços sem entender.
Eu não disse nada, Dylan também proibiu de falar qualquer coisa do
que se passou até chegar ali e, muito menos, o que acontecia. Se descobrisse
já sabia o que aconteceria, eu cheguei hoje, mas o que já tinha notado é que
aqueles homens seriam capazes de qualquer coisa. Quanto tempo poderia
durar até eu conseguir uma forma de fugir? Era totalmente imprevisível.
Ele tirou algumas peças de roupa e ficou apenas com a calça do terno.
Seu corpo era lindo, definido e forte, um verdadeiro conjunto completo. Sem
dúvida, em Winchester não tinha homens assim, ou ao menos não vi nenhum.
Voltei a realidade e quando vi minha respiração já estava ofegante e não tinha
como ir mais para trás, exceto se quebrasse a parede.
— Não me diga que… — Deu um passo à frente e me olhou
intrigado.
— Não me diga que você nunca fez sexo… — Ele deu uma risada
debochada.
Queria falar tanta coisa, que odiava aquilo, que não queria estar ali,
que estava sendo forçada e que tudo que mais queria no mundo era estar em
minha casa, mesmo que naquela solidão. Pensei antes de falar para não agir
por impulso. Queria dizer que ele era nojento por pagar para fazer sexo com
uma mulher quando era um homem que poderia ter várias em qualquer
momento.
— Sim… Eu nunca… Nunca… você sabe… — Fiquei irritada com o
deboche.
Ele deu uma risada nervosa e andou de um lado para o outro. Parece
incrédulo.
— Então veio dar a primeira vez aqui? Para quem pagar? — falou
bravo. Estava um pouco alterado.
Arregalei meus olhos, abri os lábios para falar alguma coisa, mas o nó
em minha garganta foi maior e o choro veio. Meu Deus, que injustiça, como
queria passar por todo aquele processo clichê de ter seu namorado, estar
apaixonada e se entregar pela primeira vez como num filme, mas, ao
contrário, estava ali a força e não podia ao menos expressar meu ódio. Ele
não tirava os olhos e agora era uma expressão analítica, parecia ter notado
minha angústia e se aproximou.
— Tá… tá bom! Sente-se aqui… fica tranquila. — Ele bateu na cama
ao seu lado para me sentar ali.
Eu me sentei com cautela e com certa distância, pois sabia que não
poderia confiar, mas já era um começo, ele estava sendo gentil e tinha plena
convicção que seria bem pior se fosse algum daqueles homens asquerosos lá
fora. Olhei em seus olhos, mas ainda tímida, não sabia o que esperar dele.
Estava do seu lado e ele me olhava ainda estranhamente, mas dessa vez
menos rígida, era como se procurasse palavras e estava, talvez, tentando ser
gentil ou eu poderia estar completamente enganada.
—Está nervosa? — perguntou, dessa vez calmo.
– Sim… é meu… primeiro dia em muitos sentidos. — Dei um sorriso
fraco e tristonho, aquilo iria acontecer de qualquer forma.
Poderia surtar, gritar, correr e, ao menos, uma dezena de seguranças,
incluindo Dylan, iriam fazer de mim picadinho. Eu não queria simplesmente
ceder, queria apenas ganhar mais tempo talvez, mesmo sabendo que não
seriam todos pacientes daquela forma, outro no seu lugar ia ficar tão
instigado sabendo da minha virgindade que me pegaria a força e, sim, ali
existiam muitas hipóteses.
Ele tocou meu rosto, fez eu sentir um arrepio involuntário e
inesperado. Tinha um namorado quando mais nova, porém nem os beijos me
faziam sentir aquilo que senti com apenas seu toque. Então, ele se aproximou
um pouco mais, puxando meu queixo para o meu rosto ficar alinhado ao seu e
pude sentir a sua respiração unir-se a minha quando tocou meus lábios,
abrindo devagar para encaixar nos meus se assim eu permitisse.
Não era invadindo o espaço ou forçando, mas sim devagar e eu
correspondi, fui levada pelo gosto de whisky que estava em sua boca. Minha
língua tocou a sua e nosso beijo se intensificou mais a cada segundo. Toquei
seu pescoço e me deixei levar, unindo mais o nosso corpo e encostando meus
seios em seu peito nu, não sabia explicar como estava gostando daquilo,
mesmo praticamente não o conhecendo, nem tendo a mínima oportunidade de
escolha. Ele se moveu me fazendo deitar, sem parar o beijo. Ficou sobre mim
e deixei se alinhar em meu corpo com as pernas abertas e joelhos
flexionados, estava sentindo algo diferente. Era excitante, sentia-me úmida e
aquilo era novo.
Ele parou o beijo e tirou a parte de cima daquela roupa, desceu pelo
meu pescoço e chegou nos meus seios, não tinha a mínima ideia de como era
bom sentir aquilo e os arrepios eram iminentes. Acariciou o bico e passou a
língua em movimentos circulares, arrepiei inteira e fechei os olhos. Quando
ele parou e voltou para cima começando a me beijar novamente, senti seu
membro duro coberto pela calça social roçar na minha intimidade e soltei um
gemido baixo. Ele fez o mesmo. Estava conseguindo me deixar relaxada e,
por um instante, nem lembrava da situação que estava vivendo.
Foi aí que dei por mim, eu não sabia nem quem ele era. Nem ao
menos seu nome. Empurrei seus ombros, fazendo-o se afastar e me senti
ofegante enquanto ele se levantou com a respiração igual à minha. Os cabelos
bagunçados e a boca entreaberta me olhando confuso, eu dez vezes mais que
ele.
— Desculpa… desculpa… Eu… — Senti as lágrimas no meu rosto.
Ele não disse nada, pegou suas roupas e começou a vestir em
completo silêncio, visivelmente irritado. Quando terminou, saiu do quarto
sem dizer nada, batendo a porta. Fiquei ali, o que foi isso? Iria ser castigada
por acontecer isso? Coloquei a roupa no lugar novamente e quando sai do
quarto Dylan vinha em minha direção. Eu sabia que iria pagar por aquilo,
apenas abaixei a cabeça me encolhendo como se tivesse levado um susto.
— Boa menina… Cleveland saiu muito satisfeito. Foi rápida hein!!!
Vai deitar-se… viajou o dia todo. Quero você inteira amanhã para me dar
muito dinheiro.
Como assim? Satisfeito? Ele saiu muito irritado e o seu dinheiro, que
não fazia ideia quanto foi, completamente perdido. Ele fez isso para me
proteger? Não queria acreditar em algo e depois não ser o que eu esperava.
Não conseguia assimilar absolutamente nada, mas, ao mesmo tempo, estava
tranquila por não precisar voltar àquele lugar por hoje.
Sai rapidamente sem dizer nada até o corredor dos quartos das
meninas. Entrei no quarto que dividia com Ashley e fui para o banho,
precisava relaxar, pois meu corpo estava em chamas. Deixava a água cair,
lembrando daquele homem e da sua boca sobre minha pele. Do beijo, do
toque e da sua ereção roçando em mim, como aquilo ficava rígido de
verdade. Estava excitada só de imaginar, aquilo tudo era muito novo e o
comportamento dele também foi diferente. Ele tinha me protegido, imaginava
que iria pedir o dinheiro de volta ou coisa do tipo.

Já estava deitada na pequena cama desconfortável quando Ashley


entrou no quarto com os saltos na mão. Olhou para mim e viu que eu ainda
estava acordada olhando a pequena TV do quarto, que por sinal a imagem era
horrível.
— Amadaaa… você saiu com o gatão!!! Ele nunca saiu com nenhuma
menina aqui, veio umas três vezes com um grupo de empresários, alguns
saem com garota, mas ele não! Achávamos que era gay! — Ela se jogou na
cama ao lado.
— É, mas… Não aconteceu nada! — falei baixo.
— Como? Então é gay mesmo. — Ela pulou da cama.
— Não… Eu que não consegui — falei timidamente.
— Sabe quanto ele pagou por algumas horas? Sessenta mil dólares!!!
O triplo do velho Jones… você é novidade. O Dylan não te castigou? Eu em
seu lugar, iria aproveitar, garota! — Ela parecia incrédula.
— Ele não disse nada! — suspirei.
— Nossa… que sorte menina! — Ela deitou-se novamente.
— E você? Como foi sua noite? — Estava gostando da companhia
dela.
— Ah, bebi com alguns velhos. Já tenho 3 anos aqui… ninguém me
quer mais. Tirando alguns que aparecem. Ao menos faço todos beberem
muito! Gastam…, mas tenho medo de me tornar inútil e… — Ela se calou.
Entendi o que ela quis dizer e meu coração apertou por ela, estava há
um dia naquele lugar e já era sufocante, imagina anos sofrendo todos os maus
tratos possíveis, torturas físicas e psicológicas, alimentação ruim e as
acomodações nem se fala. Enquanto o sono não chegava, ficamos
conversando, contando um pouco da nossa vida, logo o sono chegou e não sei
quem dormiu primeiro.

No dia seguinte, não tinha nada de novo a aguardar, um dia tedioso e


sem expectativas de como ter melhora. Ficávamos no quarto boa parte do
tempo, mulheres passavam constantemente gritando e falando alto. Algumas
bêbadas àquela hora da manhã, acho que deveriam ficar naqueles quartos até
de manhã dependendo dos seus clientes e do que eles ofereciam, fazendo com
que se tornasse ainda mais difícil dormir, tinham um comportamento como se
não tivessem se importando em estarem ali, mas eu não julgaria, pois talvez
tenha sido a forma que elas encontravam de seguir o andar da carruagem. A
alimentação chegava em uma marmita qualquer, sem muito sabor, mas
também não estava nem com apetite. Ashley me aconselhou a comer, pois
aguentar aquela rotina sem alimentação adequada iria acabar adoecendo. Ela
conversava comigo dando dicas de como me cuidar, digamos que um manual
de sobrevivência, ter cuidado com as mulheres, pois eram traiçoeiras e
gananciosas, naquele momento eu só agradecia por estar dividindo o quarto
com ela.
E assim passou o dia, presa naquele lugar, em um momento olhando o
teto com pensamentos que estavam a quilômetros de distância. Não consegui
comer direito e a noite chegou, parecia uma eternidade cada hora que se
passava. Escutei passos do lado de fora, bateram nas portas ordenando se
arrumar para o inferno. Trouxeram-me mais uma lingerie e a minha colega de
quarto afirmou que eles cobravam por tudo e que isso se tornaria uma dívida
eterna e sem receber nada daquilo que fazia, tudo uma desculpa para manter
todas presas ali.
Ela me contou enquanto se arrumava que tinha um filho que ficou
com sua mãe, foi mãe solteira cedo e eles ameaçaram fazer algo com sua
família quando chegou, pois no começo ela foi bastante resistente em ceder
ao que era obrigado fazer. Saiu pensando que iria trabalhar como modelo e há
três anos desapareceu. Fiquei muito angustiada. Quando ela me falava do
filho ficava emocionada, eu via a dor em seu olhar e o brilho que aparecia
quando deveria estar com a lembrança do filho em mente, imaginando como
ele estaria agora, tantos anos depois, e o que pensava sobre a mãe dele.
Logo deu a hora do inferno. Sai junto de Ashley e, na hora certa,
entramos naquele salão. Ela se tornava outra pessoa, parecia vestir a sua
armadura e ir para a luta, sorria e brincava com os homens, estava fazendo
isso tudo por pura sobrevivência. Ela foi em direção do balcão e eu a
acompanhei, mas quando estávamos andando, uma loira alta e bem
espalhafatosa bateu em meu ombro de propósito e com certa força.
— Está cega, garota?! — gritou.
— Você quem esbarrou em mim! — falei sem pensar duas vezes.
— Ah, é? Tá se achando a queridinha, sua idiota? — Ela veio em
minha direção e Ashley a deteve.
— Para, Hilary!!! Fica na sua, tá?! — falou num tom bravo.
A mulher saiu pisando o pé e me encostei no balcão, quando olhei
para o lado, vi aquele homem do dia anterior. Ele estava sentado, duas
mulheres ao seu redor tocando seu corpo a fim de instigar e,
consequentemente, conseguir ir para o quarto com ele. Meu olhar parou no
seu, ele também me olhava fixamente, tão sério, e parecia não se importar
com as duas querendo chamar a sua atenção. Hoje ele ficaria com uma delas,
ou até mesmo as duas, e aquilo me incomodava. Não sabia o porquê e não
deveria, pois não conseguia fazer dez por cento do que elas fariam.
Foi perdida em pensamentos que senti mãos passarem em meu corpo.
Me assustei e virei imediatamente, aquele velho estava lá, bem perto de mim
e me tocando sem pudor nenhum, sua mão chegava a arranhar minha pele e o
toque era grosseiro.
— Vim só para te comer, princesa! — sussurrou.
Me deu mais nojo ainda do que no dia anterior, ele era completamente
ridículo. Tentei me afastar e ele me agarrava sem se importar com minha
recusa. Eu iria quebrar qualquer coisa naquele homem até que uma voz atrás
o fez parar, chamando a atenção de todos ao redor.
— Sai de perto dela!
Olhei para trás assustada, era ele. O delicioso de olhos claros com
cara de poucos amigos.
– Tá achando o quê? Ela é uma vadia seu idiota… não tem dono não
— gritou o velho.
— Tem… Ela tem! Venha! — Ele estendeu a mão.
Em um impulso, segurei sua mão, pois sem dúvidas era a melhor
escolha naquele momento, querendo sair dos braços daquele velho e
querendo estar perto dele novamente. Ele começou a me guiar em direção
àquele lugar familiar do dia anterior, Dylan olhou para ele dando passagem
livre e esticando a mão, indicando a porta do corredor, e entramos no quarto.
— Você ia dar para aquele cara? — gritou.
— Heeey! Não é culpa minha… — gritei também. Estava cansada de
ser boba.
— Ah, não? E de quem é? — Ele continuou cruzando os braços.
– Quer saber… Não gasta seu dinheiro comigo, chama qualquer outra
menina que saiba fazer algo para lhe satisfazer! — Irritei-me e saí em direção
a porta.
Ele segurou meu braço e puxou para seu corpo. Abraçando-me
possessivamente.
—Para! — Debati-me.
Ele tomou meus lábios e, me prendendo, beijou com toda intensidade
possível, tentei sair dos seus braços, mas não resisti. Me entreguei ao beijo
possessivo dele que também passava sua mão em meu corpo, explorando
cada detalhe. Só seu toque já me deixava excitada e era inevitável. Pegou-me
nos braços e levou até a cama. Deitando-me ali, começou a tirar meu sutiã,
beijou meus seios, não eram calmo e sim voraz, sugando levemente os
mamilos rígidos de tesão. Desceu beijando minha barriga, segurou a lateral
da minha calcinha e tirou rapidamente. Abriu minhas pernas enquanto me
olhava e se aproximou da minha intimidade, passou a ponta da língua no
clitóris e me fez gemer alto. Nunca tinha sentido algo tão delicioso.
Fez movimentos circulares e sugava levemente, fazendo-me agarrar
os lençóis e arquear minhas costas, louca com sua boca. Nem notei que ele
abaixou sua calça e tocava em seu membro grande e duro rapidamente.
Enquanto me chupava, ele se masturbava. Eu não ia conseguir segurar
gemendo e segurando seus cabelos.
— Goza para mim, Amy…!
Joguei minha cabeça para trás e gemi ainda mais alto, gozando em sua
boca enquanto ele se masturbava e gozava. Foi uma sensação única, estava
ofegante e pulsando, sentindo isso pela primeira vez.
Ele parou com a respiração descompassada e subiu devagar até mim,
selando os lábios e caiu para o lado aparentemente extasiado, respirando
fundo e fechando os olhos por alguns segundos.
Em pouco tempo estávamos mais recuperados do que havia acabado
de acontecer, nossa! Mesmo com toda a situação que tinha à nossa volta,
aquilo foi maravilhoso. Eu estava em briga inteira comigo mesma e me virei
de lado para olhá-lo apoiando o cotovelo na cama.
— Qual seu nome? — falei baixo.
Ele riu baixo. Acabei de ter um orgasmo com um homem e nem ao
menos sabia o nome dele. Ótimo!
— Chamo-me Matthew Cleveland. — Ele virou também para me
olhar.
— Agora sei o seu nome. Legal! — Dei um sorriso irônico.
— De onde você é, Amy?
— Sou de Winchester… — disse apenas isso.
Ele ficou pensativo, parecia processar as informações. Eu já estava
exausta, não havia dormido quase nada a noite passada e me aproximei um
pouco para sentir a segurança que ele transmitia, ele ficou surpreso, mas nada
disse. Estava tremendamente carente de carinho e cuidado. Meu pai era um
homem muito carinhoso e amava conversar por horas, contar aquelas
histórias longas que incluíam vários personagens, desde uma mocinha
encantada ou mesmo uma vilã furiosa.
— Quero dormir um pouco — falei sonolenta.
Ele riu e me puxou para mais perto.
— Tudo bem!
Senti seu cheiro, era o único momento que me sentia segura ali e,
mesmo sendo tão recente, qualquer coisa que fosse ofertada naquele
momento teria peso. Quando estava naquele quarto com ele esquecia ao
redor, então não demorou muito para que eu fechasse os olhos e pegasse no
sono.
A
bri os olhos devagar,
peguei no sono logo, olhei
ao redor e estava sozinha,
estava tão cansada que nem
ao menos o vi sair. Parece até que não era real o que aconteceu e agora caía
na realidade sem saber como consegui. Não sabia explicar como era estar
naqueles braços fortes, era uma válvula de escape de toda aquela situação que
estava vivendo e, se não o tivesse conhecido nos primeiros dias, nem sabia
como iria estar naquele momento.
Levantei-me, coloquei as peças ali espalhadas e saí do quarto. Já era
quase dia, tudo já estava fechado e sem ninguém, pelo jeito bem mais calmo.
Apenas Dylan, que parecia que não dormia nenhum momento, era um zumbi
ambulante.
— Oi, garotinha de ouro… Ótimo trabalho! Ele pagou muito bem. O
cara grudou em você! Você é gostosa assim? — Ele se aproximou e eu
empurrei.
Sai de lá após afastá-lo e fui para o quarto. Quando entrei, Ashley
estava deitada em sua cama, conseguia ver alguns hematomas em seu braço e
em seu rosto. Meu deus, o que havia acontecido enquanto estava fora? Como
já estava dormindo a deixei quieta, tomei um banho e fiz minha higiene
matinal. Após me sentir bem melhor, deitei-me novamente, pois não tinha
nada para fazer presa naquele lugar. A única questão era que, quando me
deitava, não vinha sono algum, a não ser quando estava nos braços de
Matthew, agora sabia seu nome.
Ashley acordou bem tarde e eu fiz o mínimo de barulho possível para
não incomodar. Em um momento, ela se sentou na cama e, como eu estava
acordada, a olhei, com receio de perguntar o que houve, fiquei a encarando.
—Ontem foi péssimo, fui para o quarto com um homem e ele era
ridículo. Bateu-me, pegou-me a força e… —contava tristonha.
— E as pessoas daqui, não fazem nada?
Ela deu uma risada e se levantou indo até o banheiro escovar seus
dentes.
— Somos apenas vadias para eles, Amy. Ainda mais eu que já estou
aqui a tanto tempo, pouco importa — fala já bem acostumada.
Ali era realmente o inferno. Éramos objetos que faziam o que
quisessem, a única coisa boa foi conhecer Matthew, que respeitou-me muito.
Não sabia o que fazer quando ele não quisesse mais e acabasse sendo
obrigada a ficar com um homem violento como esse ou, então, com velhos
fedidos. Estava com o coração apertado por Ashley, que sempre demonstrou
ser tão prestativa e tinha que passar por coisas tão terríveis. Não conseguia
imaginar tudo que ela já devia ter passado nesses anos tenebrosos.
Então as horas foram passando como de costume. Marmita péssima e
não consegui comer praticamente nada novamente. Acho que nesses poucos
dias já estava começando a emagrecer, pois a alimentação era precária e o
ânimo não colabora.
Quando chegava na hora, sempre a mesma, pontualmente às 19 horas,
eles já passavam fazendo o mesmo ritual, lá vinha mais uma lingerie para ser
vestida. Mas enquanto organizava tudo, não conseguia parar de pensar se ele
viria hoje, será que iria me querer novamente? Era o único momento que
conseguia esquecer de estar no inferno. Mas deveria ter os pés no chão e
saber que, mesmo se ele viesse, a sua escolha poderia ser outra, hoje ou a
qualquer momento, pois para eles, como a própria Ashley afirma, somos
vadias descartáveis e eles podem enjoar e querer algo novo.
Saímos no horário, Ashley cobriu os machucados com maquiagem e,
como sempre, quando entrava no salão se tornava outra mulher, forte e
desinibida. Como nos acostumamos, ficamos ali no balcão e olhei ao redor
atentamente a procurar algo. Nada de Matthew ali. Pedi uma bebida daquelas,
era vodca e tomei fazendo uma careta ao sentir queimar na garganta.
Precisava tirar aquela tensão e cair na real era o mais indicado. Foi então que
Dylan se aproximou e segurou meu braço.
— Vamos trabalhar, princesinha! — Puxando-me para a porta do
corredor vermelho.
Matthew já estava lá? Não o vi chegar. Estava confusa, mas pelo jeito
seria o que eu estava esperando. Dylan me deixou na porta e mandou entrar e,
quando abri a porta, o Velho Jones estava nu, uma barriga saliente, bêbado e
fumando um cigarro, deixando o quarto repleto de fumaça e cheiro forte de
fumo.
— Vem cá, baby! — Esfregou-se em meu corpo e em o empurrei com
toda força existente em meu ser.
Estava com nojo, desesperada, corri para a porta e tentei abrir, mas o
desgraçado do Dylan havia trancado por fora. Ele cheirava a bebida e cigarro
e se aproximava ainda mais de mim, que batia na porta para que abrissem.
Quando ele notou que eu tentava fugir daquela situação, parecia ter ficado
irritado e me segurou pelos braços jogando na cama, rasgou minhas roupas.
— Vadia fazendo charme, não é? — Subiu em cima de mim.
Eu tentava sair, procurava uma solução e, então, chutei entre suas
pernas, fazendo-o cair de lado. Corri para a porta novamente e dessa vez
estava aberta e já estava fora do quarto enquanto ele xingava. Fui para o meu
e de Ashley numa velocidade que nem eu mesma saberia explicar, encolhi-
me no canto. Lágrimas desciam como uma cachoeira. Meu Deus, me tire
daqui, suplicava. A imagem daquele homem em minha cabeça estava me
deixando muito perturbada, soluçava copiosamente e estava me sentindo suja.
Foi aí que a porta se abriu com toda a força. Dylan estava furioso me
olhando no canto, seus olhos pareciam brasa e, nesse momento, vi que iria
pagar por aquilo, mas acho que seria menos doloroso que aquele velho me
tocando. Foi até mim, pisando firme e pegou nos meus cabelos.
— Como você fez isso com um dos melhores clientes, vadia! Puta!
— Ele me deu um tapa forte no rosto.
Senti queimar e acabei caindo para o lado. Ele chutou minhas pernas e
apertava meus ombros. Mais dois tapas na cara, queimando como fogo, cai
no chão, deitada ali… humilhada.
Nem mesmo meu pai havia levantado a mão para mim em algum
momento da minha vida, estava sentindo que meu corpo não tinha mais
utilidade, que não era mais útil e estava ali na Terra apenas por estar. Foi
nesse momento que pensei em tirar minha própria vida, seria menos doloroso
que tudo aquilo que estava passando, mas eu não faria isso porque meu pai
tentou tanto viver e eu não seria egoísta a ponto de tirar a minha por opção,
eu iria conseguir.
— Nunca mais faça isso, entendeu!!! Porra!!! — Saiu de lá e bateu à
porta.
Fiquei ali no chão por um bom tempo. Eu não sei se teria forças de
suportar mais.
Quando o expediente acabou, Ashley entrou no quarto e me viu no
chão. Correu me pegando pelos ombros e ajudando-me a levantar.
— Hey, menina… Meu Deus! — Ela me olhou tirando os cabelos do
meu rosto.
Deitou-me na cama e não consegui falar nada. Apenas me encolhi e
fiquei ali pensando. Por que Matthew não veio? Chorei, já que dormir era
impossível. Ela não se deitou, ficou ali abraçada em mim por um tempo
indeterminado.

No dia seguinte acordei com muita dor de cabeça e sabia que tinha
dormido muito pouco. Tinha hematomas nas pernas, nos ombros e no rosto.
Eles nem se importavam com isso, pois a maioria dos clientes não ligavam
para o que acontecia com nenhum ali. Disfarcei o do rosto, mas muito pouco,
pois não tinha muito jeito com maquiagens. Na boca tinha um pequeno corte
no canto e ali não tinha o que fazer. Saímos para o salão e fizemos o mesmo
de sempre, pois o balcão era o lugar mais seguro, outras mulheres iam até os
homens.
Dylan nunca me obrigou a fazer isso, deve ser que sempre quando
chegava algum deles, iriam querer a novidade do lugar. Estava com muito
medo, muito. A minha cabeça não parava de pensar no que eu poderia fazer
para acabar com tudo aquilo.
Senti uma mão tocar meu braço e me assustei, achando que iria
apertar e doer os machucados.
— Não toca, por favor! — Encolhi-me, pedindo com todo o jeito para
Dylan não se irritar novamente.
Quando direcionei o olhar ao homem que tocava, era Matthew,
intrigado me observando. Soltei o ar, aliviada e o abracei, agradecendo a
Deus por aquilo. Não era porque estava forçando nada, nem querendo
demonstrar sentimentos que não existiam, mas sim por lembrar tudo que
passei na noite anterior e saber que, com ele ali, ao menos aquela noite isso
não se repetiria, foi involuntário. Ele retribui segurando minha cintura com
cuidado.
— Me acompanha? — perguntou.
— Sim, sim… claro! — Fui junto, então Dylan se aproximou,
tomando a frente e impedindo a passagem.
— Sinto muito, Cleveland, mas a princesinha já tem cliente essa
noite. — Ele estendeu a mão para mim e eu paralisei.
— Com quem você pensa que está falando? Cubro qualquer valor
miserável. Você sabe que isso não é problema para mim. Agora saia, estou
com pressa! — Matthew fez Dylan ficar no lugar dele.
Abrimos a passagem e partimos para o quarto. Quando entramos fui
tirar o sutiã, queria agradecê-lo por fazer aquilo e, já que servimos apenas
para isso, era a única maneira.
— Não, não… Não precisa. Vem cá… — Sentou-se na cama e me
chamou para seu colo.
Eu me sentei, o abraçando pelos ombros e ele segurou minha cintura.
Eu precisava de um pouco de afeto.
— O que foi isso? — Ele apontou para os machucados e levantou
meu queixo.
— Não foi nada — falei baixo.
Ele me senta na cama e anda de um lado para o outro passando a mão
nos cabelos. Nervoso, bem mais que o primeiro dia.
— Algum desgraçado te pegou a força? Ele… Ele transou com você?
— Ele estava furioso e eu tremi com os gritos.
— Não… Eu, fugi, bati nele… — Minha cabeça estava baixa, as
lágrimas descendo em meu rosto involuntariamente.
— Ele abusou de você?
Não consegui responder, falar sobre aquilo me trazia muita mágoa,
ativava um gatilho em mim. Lembrando daquele velho rasgando o que vestia
e esfregando seu corpo em mim. Mas não conseguia explicar que Dylan fez
tudo aquilo, me castigando.
Ele parece ter ficado ainda mais irritado. Nem mesmo no primeiro dia
que saiu irritado estava assim, via a qualquer momento quebrar algo ali. Ele
não olhava para minha direção, estava pensativo e ainda andava de um lado
para o outro, passando a mão em sua barba bem feita. Foi quando respirou
fundo e me olhou novamente.
— Fique aí… espere-me! — ordenou.
Saiu porta afora. Por Deus o que ele ia fazer? Eu ia acabar apanhando
mais uma vez? Estava completamente acabada depois de hoje. Dessa vez
Dylan ia ficar ainda mais furioso, ia notar que acabei deixando transparecer o
que aconteceu. Após vinte minutos, ele abre a porta repentinamente, estende-
me a mão e eu a pego sem pestanejar.
— Vamos sair daqui…agora! — Ele segura minha mão.
— Sair como? Não entendi. — Será que estava sonhando? Levantei-
me.
— Você vem comigo, eu te comprei… você é só minha agora.
Ninguém fará isso com você! — Ele me guiava para fora daquele quarto.
Eu não sabia dizer o que isso significava. Era bom? Me comprar
como um objeto. Pior era ficar naquele lugar, sem dúvida. Sair dali dessa
forma seria muito melhor que em um caixão, pois a sensação era que sair dali
só se fosse assim. Não, ele não era meu príncipe encantado que veio me
buscar com uma carruagem, ele pagou para estar comigo, essa atitude era
ruim, mas ao menos nunca me bateu ou foi agressivo.
— Preciso pegar minhas coisas.
— Só pegue seus documentos necessários. Você não precisará de
nada daqui. — Ele parou, aguardando.
Corri para o quarto e comecei imediatamente a procurar meus
documentos na pequena bolsa. Dylan entrou no quarto e eu levei um susto
dando passos para trás. Afastei-me dele o máximo, ainda amedrontada.
— Olha aqui, vadia. Eu te vendi, pois foi uma oferta irrecusável. Não
é todo dia que recebemos milhões por uma puta. Mas sem uma palavra sobre
isso aqui, pois eu te acho. Tá ouvindo? — ameaçou.
Ignorei e peguei os documentos. Saindo de lá apressada mesmo que
de lingerie. Não queria escutar nem um minuto sequer a voz daquele homem.
Quando estava no corredor, Ashley veio ao meu encontro.
— Já estou sabendo, fico tão feliz por você. Boa sorte, querida! —
Ela foi a minha força naquele lugar.
— Prometo que tirarei você daqui. Prometo, Ashley! — Ela deu um
pequeno sorriso e me abraçou.
Quando cheguei próximo a Matthew, ele tirou seu blazer e colocou
em mim. Ficava um pouco maior então cobriu bem, me senti um pouco mais
vestida. Saímos daquele lugar horrível e, quando senti o vento bater em meu
rosto, fechei os olhos e respirei fundo. Ele me olhava confuso no primeiro
momento, mas depois sei que ele compreendia o que passava em minha
cabeça.
— O que quer fazer primeiro? — disse mais animado.
— Eu só quero comer algo delicioso e dormir bem! — Fui sincera.
Pareceu ter ficado sentido com aquela situação, notando que não
éramos tão bem tratadas assim. Um homem alto o esperava do lado de um
Audi preto, seu porte era de ser um segurança, abriu a porta e entramos no
carro. Em alguns minutos, estávamos pelas ruas, não sabia para onde iríamos,
mas eu aproveitava cada detalhe, afinal, eu não havia conhecido Nova York.
Desde que saí da pequena cidade em que morava, fui direto para aquele lugar
e nada mais vi.
Foram alguns dias que pareciam anos, demoravam a passar. Imagina
então para Ashley que está lá há três anos, só de pensar nisso senti um aperto
no peito por deixá-la. Ela foi maravilhosa, mas não sairia nenhum momento
da minha cabeça a promessa, precisava reunir forças para acabar com tudo
aquilo. Eu não era ninguém ao lado de Dylan.
U
m tempo depois despertei,
havia cochilado um pouco
no ombro de Matt. Percebi
que o homem que dirigia
entrou em um luxuoso condomínio, com enormes portões e com bastante
segurança, a frente, entrando na garagem subterrânea de uma das casas
daquele lugar que era enorme. Naquela garagem estavam muitos carros,
esportivos e clássicos, para todos os gostos e vi que pelo jeito ele era bem
eclético.
Matthew tinha realmente muito dinheiro e aquilo chegava a me
assustar. Naquele momento bateu uma realidade do que pretendia fazer
comigo, eu era apenas uma garota que não tinha absolutamente nada a
oferecer naquele momento, tirada de um lugar nojento. Se ele queria por
maldade ou bondade, não sabia se podia piorar, então só me deixei levar. O
homem de terno escuro saltou e abriu a porta para que a gente saísse de
dentro do carro.
Cobria meu corpo com o blazer de Matt e o acompanhei em silêncio.
Ele caminhava sem dizer uma palavra, vez ou outra olhava para trás me
observando, mas nada dizia. Aquele silêncio estava me matando, mas não
sabia o que falar, nem como agir. Então entramos na luxuosa e enorme casa,
que estava silenciosa, deduzi que devesse morar sozinho ali ou talvez fosse
apenas o horário. Ela era em tons cinza e branco, elegante e moderna, o piso
brilhava como espelho e os móveis atuais, com uma decoração digna de
filme. Cada detalhe bem-planejado, desde um pequeno objeto em cima de
uma mesa de centro entre os sofás enormes da sala de estar até os quadros
que deveriam valer mais que os meus dois rins juntos.
— Você está com fome? Venha! — Ele foi em direção a cozinha e eu
acompanhei.
Chegando lá, era enorme e completamente organizada. Seguia a
mesma pegada do resto da casa, a diferença eram detalhes pretos nos
armários e despensa. Agachei-me e tirei os saltos, estava exausta e meus
dedos doíam. Ele virou para mim, ainda estava meio distante e aquilo me
deixava completamente confusa, não me tocou ou se aproximou. Eu deveria
entender. Se ele iria me escravizar, ou me deixar ir para achar um emprego
nem que fosse em um trailer de revistas, eu estaria imensamente agradecida
por isso.
— Pode ficar à vontade, tem tudo que precisar. Mary estará aqui pela
manhã, ela cuida de tudo. Preciso de um banho! — E saiu.
Simples assim, deixou-me ali sozinha e eu realmente estava faminta,
era até melhor, pois poderia me sentir um pouco mais à vontade sem o olhar
dele sobre mim. Desde que cheguei na cidade, não comi direito naquele
lugar. Estava aliviada, mas cheia de receio de como seria minha vida daqui
para frente, dependendo dele. O que ele faria comigo? Me perguntei
novamente, sentia que não me queria mal e era com essa sensação que me
confortava a partir de agora.
Fui até a geladeira, tinha tudo que imaginar. Peguei queijo, presunto e
suco de laranja. Vasculhei a cozinha e, achando tudo, fiz um sanduíche
improvisado. Comi com todo o gosto, provando o quanto estava faminta, foi
até demais, estava muito satisfeita. Deixei tudo organizado novamente, meu
pai me deu educação o suficiente para não deixar tudo largado, muito menos
para fazer papel de folgada.
Matthew voltou – tinha se passado quase uma hora desde que saiu –
usando uma calça de moletom e uma blusa branca lisa. Estava ainda mais
lindo fora daqueles ternos, vestido assim estava tão leve e a vontade, senti-me
confortável também, mesmo louca por um banho para tirar toda a lembrança
daquele lugar.
— Está satisfeita? — Cruzou os braços e me olhou.
— Sim, muito! Obrigada. Eu… bem, preciso de um banho também se
não for incômodo. — Fiquei de pé segurando os sapatos na mão.
— Vou mostrar seu quarto, você precisa descansar. Ficará aqui em
casa — falava quando interrompi.
— O que vai fazer comigo, Matthew? Estou completamente inerte,
sem entender. — Dei um suspiro.
Ele se aproximou pela primeira vez naquela noite. Tocou meu rosto e
eu deixei ser acariciada, já desejava por mais. Queria mais, tinha toda a
certeza. Já tinha sentido seus lábios em mim, não só nos lábios. Então, um
frio na barriga se deu só para imaginar o que mais poderia desfrutar com ele.
— Você é minha! Só isso. Pertence-me! — Ele tocou meus lábios
com o polegar e se afastou novamente — Vem…
Saiu de lá, andava com calma e foi em direção a uma linda escada, eu
estava logo atrás o acompanhando, sem perder o olhar atento. Subi junto a ele
e chegamos a um corredor com várias portas brancas, abriu uma delas e um
quarto enorme, com paredes claras, apareceu a minha frente. Janelas grandes
que davam no Jardim e cortinas num tom rosado e lilás. Tinha penteadeira e
poltronas, só o quarto era maior que a minha antiga casa em Winchester.
— Você pode ficar nesse quarto, amanhã providenciarei tudo que
precisa. Agora descanse! — ordenou.
Ele falava como se eu fosse uma boneca, eu não gostava muito
daquilo, mas não estava em posição de reclamar naquele momento. Eu o
queria, queria como naquela noite que senti sua boca e língua me tocar. Dei
passos até ele, coloquei as mãos em seu ombro e ele ficou paralisado, era
estranho porque, mesmo sentindo que ele desejava o mesmo que eu, parecia
arredio, se esquivava como um afastamento proposital que muitas vezes se
tornava falho. Aproveitei e tirei o blazer que ele emprestou ficando
novamente de lingerie, mesmo não tendo experiência nisso, quando alguém
consegue aflorar um desejo tão forte em uma mulher, sei que nos tornamos
decididas em determinados momentos.
Ele olhou para meu corpo, estava ofegante e sua calça de moletom
estava com um volume imenso. Seus olhos pareciam analisar cada centímetro
do meu corpo, a sensação de querer me agarrar e algo que o impedia, sim!
Ele estava se contendo por algum motivo. Dou um passo à frente e grudo
meu corpo no dele, olhando em seus olhos como se estivesse o acostumando
com aquela aproximação. Fiquei na ponta dos pés para alcançar seus lábios
deixando o desejo levar e deposito um beijo demorado em seus lábios. Ele
continuava parado e sentia sua respiração ofegante com os rostos tão
próximos um do outro. Não fechei os olhos, olhava nos dele a fim de
observar a sua luta interna para se controlar.
Não demorou muito, ele tocou minha cintura e apertou contra ele com
força, uma força que não chegava a machucar, mas sim demonstrar o desejo
que estava controlando dentro de si. Seu volume coberto pela calça de
moletom tocava minha pele e isso o provocou ainda mais, não só a ele como
a mim também. Seus lábios se abriram rapidamente, intensificando o beijo,
tirando uma das mãos da cintura para a minha nuca, começando um beijo
intenso e frenético. Senti seu gosto, um contato diferente daquele a uns dias
atrás, não era mais aquele quarto pequeno e desconfortável com barulho em
volta, era um silêncio e privacidade, liberdade seria a palavra. Eu queria tanto
aquilo, poderia ser uma situação imprevisível, poderia ser errado, mas era o
que tinha vontade e iria saciá-la. Parei o beijo e o encarei, nossos lábios perto
um do outro e ele abriu os olhos em êxtase.
— Sou sua… — sussurrei.
Ele olhava nos meus olhos, parecia que minhas palavras despertaram
nele algo, as minhas mãos estavam em seu peito forte ainda coberto pela
camisa, sentia que as batidas do coração, naquele momento, estavam
aceleradas. Não pensou muito, rasgou aquela roupa que eu usava, deixando-
me nua a sua frente. Tirou sua camisa e sua calça, estava sem cueca e seu
membro ereto saltou para fora. Mordi meu lábio olhando aquela cena a frente
e ele me segurou forte, jogou na cama e ficou sobre mim, beijou meus lábios
mais uma vez antes de descer até meu pescoço.
— Sim… Você é minha! Me pertence! — Sua voz era rouca, me
fazendo arrepiar.
Ele saiu dali, me deixando deitada. Olhei para a porta tentando voltar
a respiração normal, mas em pouco tempo ele voltou com um pequeno
pacote, um preservativo. Eu estava completamente úmida entre as pernas
olhando aquela cena, queria senti-lo… Mais do que nunca.
De volta a cama, ficou sobre mim e abri minhas pernas para ele deixar
seu corpo entre elas. Voltou a me beijar e, com cuidado, posicionou sua
ereção deslizando lentamente, preenchendo-me deliciosamente quando sinto
um leve ardor. Sim, nunca fiz aquilo, mas como estava tão ansiosa por aquele
momento, não era nada que atrapalhasse, o prazer era muito maior. Ele me
olhou nos olhos, entendendo o que estava acontecendo. Soltei um gemido de
prazer a fim de que ele não desistisse. Então ele entrou em mim, senti arder,
mas logo um prazer imenso tomou conta. Seu membro estava todo dentro,
fazendo movimentos de vai e vem, sua respiração ficava pesada. Aquele
gemido rouco me arrepiava inteira. O olhar dele era algo hipnotizador, o
maxilar estava rígido e seus olhos fechavam vez ou outra.
— Só minha… entendeu? — Ele pulsava dentro de mim e eu sabia
que não iria demorar até chegar ao ápice.
Foi minutos repetindo aquele movimento, ele me beijava, ia até o meu
pescoço, segurava minha perna e apertava sem chegar a machucar. Os seus
olhos eram abertos e direcionados a mim como se ele estivesse querendo
acompanhar todas as minhas reações. Quando acelerou, eu senti a melhor
sensação da vida. Estava realmente gozando e apertando ele dentro de mim,
foi o necessário para ele fazer o mesmo. Soltou um gemido mais alto, os
músculos dos braços que estavam apoiados na cama ficaram tensos e
contraídos. Minhas unhas estavam cravadas em suas costas e, sem ao menos
perceber, eu o arranhava.
Depois disso, com a respiração ofegante, tanto eu quanto ele, voltando
a si colou seu corpo no meu selando nossos lábios entre a respiração pesada.
Pude sentir seu membro pulsar enquanto gozava deliciosamente. Foi uma
sensação incrível.
Após recuperar a respiração, ele me olha. Estava confusa, ele nada
dizia, nem tinha expressão alguma em seu rosto, aquela barreira de alguns
minutos atrás havia voltado. No seu olhar percebia um misto de confusão,
raiva e, ao mesmo tempo, vontades. Foi aí que ele logo saiu de cima de mim,
tirando o preservativo.
Pegou suas roupas e saiu do quarto sem dizer nada. Fiquei ali olhando
para a porta sendo fechada, ainda deitada e imóvel como ele havia deixado,
como pode mudar assim de uma hora para outra? Eu estava exausta, mas
também relaxada depois do orgasmo e, foi ali deitada, que peguei no sono
instantaneamente. A cama era tão macia, nada comparado àquele lugar.

Já era manhã, abri os olhos preguiçosamente e vi a luz invadir a


enorme janela do quarto, o dia estava lindo, ensolarado, deixando à vista um
jardim encantador com uma piscina enorme mais a frente, composta por uma
área de lazer sem defeitos algum. Aquela casa era realmente magnífica.
Levantei-me e olhei o relógio da mesa de cabeceira, já era mais de 10
horas, dormi até demais. Ou nem tanto comparado a hora que chegamos e
terminamos de… nossa, que noite!
Fui até o banheiro e fiz minha higiene sem pressa alguma. Tinha
escova nova e tudo que precisava sobre a pia luxuosa do banheiro. Mas
roupas, não fazia ideia já que ele não deixou que trouxesse nada de lá, o que
não era lá muita coisa. Fiquei com o roupão depois do banho, não tinha outro
jeito e saí do quarto em busca de saber mais, estava me sentindo um peixe
fora d’água. Um barulho em direção a cozinha me chamou a atenção, então
segui até lá ainda tímida. Chegando ao cômodo, notei uma senhora de em
média cinquenta anos que estava lá dando algumas instruções para mais duas
mulheres um pouco mais jovens que deveriam auxiliar nos afazeres da casa,
já que era tão grande. Ela, quando viu minha presença, virou-se e abriu um
sorriso caloroso.
— Olá, dormiu bem? Sou Mary… você é a Amy então? — Ela secava
suas mãos com um pano.
— Muito bem, obrigada, Mary, sim, eu sou. Fico feliz em conhecê-la.
— Dei um sorriso caloroso. Ela aparentava ser uma pessoa adorável.
— Deve estar faminta… Prepararei algo e servi seu café. — Ela então
começou a pegar algumas coisas na geladeira.
— Posso te ajudar. Não quero incomodar e nunca ninguém fez nada
para mim… é tão estranho. — Dei um sorriso sem graça e ela gargalhou.
– Nada disso… sobre o sofá tem algumas coisas para você. Jacob
deixou lá, enquanto você dá uma olhada, organizo isso. Não se preocupe!
Fiquei curiosa, dei um sorriso para ela e sai em direção a sala, não vi
Matt ainda, mas não queria ousar em perguntar. Chegando lá, tinha muitas
sacolas de lojas, então me senti aliviada, pois assim não teria que estar
andando de roupão por aí, peguei as mesmas e levei até o quarto para dar
uma olhada. Abrindo uma por uma, tinham calças jeans, shorts, blusas,
pijamas, vestidos de várias formas. Era o meu tamanho, pelo jeito Matt havia
passado ótimas informações sobre o meu corpo. Mordi meu lábio me
lembrando de ontem à noite, senti-lo dentro de mim foi uma sensação
maravilhosa e ainda sentia os vestígios do acontecido.
O que me deixava ainda mais intrigada era o seu comportamento logo
após do sexo, mas como até agora nada na minha vida estava com uma
explicação plausível, ignorei os pensamentos.
Vesti uma calça jeans colada e adorei, pois realçou bastante meu
corpo, uma blusa branca de mangas bastante confortável, coloquei um tênis
casual branco com detalhes pretos e organizei tudo no pequeno closet do
quarto de hóspedes. Tinha uma sacola bem mais luxuosa ali, abri com muita
curiosidade e encontrei um vestido dourado deslumbrante, uma fenda que se
estendia pela perna, com muita pedraria que chegava a ser pesada, era um
sonho em forma de vestido. Uma sandália nos mesmos tons com tiras sutis
também estava ali, era uma grife que dava para comprar até uma pequena
casa em Winchester. Guardei com cuidado, pois não sabia quando que aquilo
tudo seria necessário.
Quando estava dobrando tudo, escutei uma batida na porta, levei um
susto e corri para o quarto pensando.
— É ele! —Senti-me nervosa e corri abrindo a porta com certa
ansiedade, dando de cara com uma das funcionárias da casa.
— Senhorita, deseja que organize suas compras? — perguntou
educadamente.
Aquilo era muito estranho mesmo, ter alguém para fazer tudo. Será
que algum momento os ricos não ficam entediados? Porque não precisam
fazer quase nada. Eu gostava de me sentir útil.
— Obrigada, mas não é necessário! — Dei um sorriso amigável à
moça e ela retirou-se.
Depois que terminei a organização, fui novamente para a cozinha e
Mary me convidou até o jardim. Uma mesa de ferro branca fixa sobre o
gramado verde e bem cuidado, também próxima a algumas flores, estava
arrumada com o café da manhã que parecia delicioso. Quanta delicadeza.
— Já que é seu primeiro café da manhã por aqui, nada melhor que um
pouco de ar livre, não é mesmo? — Ela sorria e aquele sorriso me contagiou.
— Não tenho como lhe agradecer, Mary! — Estava ficando mesmo
emocionada.
— Agradeça-me comendo bastante, Matthew me recomendou muito
isso —afirmou e saiu de lá.
Fiquei sozinha ali, observando o ambiente em volta. Agradecida por
ter aqueles momentos, poderia mudar e ser expulsa em algumas horas? Sim,
mas ao menos não seria de barriga vazia e imediatamente fui me servir.
Estava muito delicioso, sucos, bolos e pães, uma variedade que achei até
exagero para uma pessoa só. Estava tão aérea que não notei que alguém se
aproximava, olhei para o lado e vi que uma mulher de idade mais avançada,
porém muito elegante, se aproximava com o olhar sereno. Levantei-me e
fiquei sem jeito, limpando minhas mãos no guardanapo.
— Bom dia, você é a…? — Ela ofereceu sua mão, me analisando.
— Sou Amy Carter, senhora. — Não sabia muito o que dizer. Apertei
sua mão.
— Olá, Amy. Sou Meredith, mãe de Matthew. Nunca vi nenhuma
namorada do meu filho por aqui, isso é uma novidade. — Ela sorriu de forma
amigável.
Eu não sabia o que dizer, senti meu rosto corar. Namorada? Não
senhora, na verdade, sou uma mercadoria dele pelo jeito, pensei comigo
mesma. E não foi em aplicativos que ele comprou, tá. Era uma história um
tanto dramática. Ofereci a cadeira ao lado para que ela pudesse sentar-se.
— Onde se conheceram? Me deixou curiosa, Amy. — Ela se sentou
ali e eu fiz o mesmo logo após oferecer o café, mas ela recusou afirmando já
ter feito isso.
Tomei um gole enorme de suco, bem nervosa. Não sabia o que
responder, poderia acabar respondendo bobagem e não estava preparada para
bolar algo tão aleatório naquele momento
– Bem… é, Matt… Bom, eu o conheci… — Estava tentando inventar
algo e nada saia da cabeça.
—Eu a conheci em um evento de publicidade da empresa, mãe. Não
bombardeia a Amy de perguntas, por favor!
Matthew apareceu ali do nada ou eu estava tão conturbada com as
perguntas da sua mãe que não reparei que se aproximava, me salvando
naquele momento mais uma vez.
Meredith se levantou e abraçou o filho beijando seu rosto. Ele não
estava muito satisfeito, mas parecia se conter por conta da presença da mãe.
— Fico feliz que não esteja mais sozinho, querido, preocupo-me com
você! Você está sabendo do leilão beneficente esta noite, não é? Vim logo te
lembrar disso! Não escape dessa vez querido… por favor?! — suplicou.
Matthew se aproximou e beijou minha testa, senti o rosto corar e sabia
que ele estava fazendo aquilo apenas porque sua mãe estava ali. Eu tentava
manter o semblante de garota plena, mas por dentro estava apavorada.
— Sim, eu sei. Estaremos lá! — Ele tocou meu ombro.
Como assim? Nós? Eu? Fiquei um pouco perdida. Lembrei do vestido
luxuoso que estava guardado e entendi o porquê. Agora passo de amante
sexual para Barbie de leilões.
Sua mãe trocou mais algumas palavras, ela era muito agradável e
consegui me sentir à vontade em alguns momentos, mesmo com o olhar de
Matthew sobre mim muitas vezes. Não sei se era reprovação ou estava
gostando da forma que eu estava lidando com a situação. Não era
responsabilidade minha se Meredith apareceu ali do nada enquanto me
alimentava, ou ele queria que eu dissesse toda a verdade?
— Qual sua cidade natal, Amy? Seu sotaque não é o mesmo daqui. —
Meredith era bem observadora pelo jeito.
— Sou de Winchester, na Virgínia, cidade pequena. Não sei se deve
conhecer. — Era bom conversar com alguém.
— Ah, sim, sim, não fui lá ainda, mas sei da sua existência! — Ela
deu risadas, me contagiando a rir também. — Aliás não me chame de
senhora, sei que minhas linhas de expressão estão visíveis a esse ponto, mas
me chame de Meredith ou Mere, como costumam chamar. —Ela ficou de pé.
Foram alguns minutos bastante agradáveis. Era uma mulher alegre e
espontânea, sua companhia era leve. Matthew estava em outra cadeira
observando enquanto conversávamos e poucas vezes tentou entrar no
diálogo, na maioria quando era perguntado algo a ele apenas. Quando sua
mãe foi embora, olhei para ele ainda confusa por conta do leilão. Ele parecia
ler meus pensamentos.
— Terá um evento hoje, acredito que tenha visto tudo que Jacob
trouxe. Quero companhia, pois esses eventos são bem tediosos. Vem um
profissional para estar pronta às 20 horas! — afirmou e saiu de lá sem dizer
mais nada.
O momento carinhoso pelo visto foi apenas enquanto sua mãe estava
ali, ele me tirou de lá por pena e acho que agora estava batendo o
arrependimento pelo seu ato impulsivo. Não queria incomodar nem ser um
estorvo, iria pensar em algo para minha vida tomar um curso diferente.
Quando terminei o café, fui levando algumas coisas para a cozinha
quando Mary tomou tudo da minha mão, mandando parar imediatamente e
demos risadas. Quando entrei na casa, Matt não estava mais ali, estava me
sentindo um pouco perdida sem saber o que fazer naquela casa enorme. Nem
sabia o que me esperava naquele lugar.
Uma das meninas que ajudava Mary com os afazeres da casa me
informou que ele me esperava no escritório. Guiou-me até lá e, depois que
bateu, ele mandou entrar. Estava lindo, usava um terno, o blazer sobre a
cadeira e a camisa branca com alguns botões abertos, e a gravata folgada,
achava muito sexy aquela forma que se vestia, os seus cabelos eram tão bem
penteados e sua barba bem feita.
— Preciso lhe informar algumas coisas, sei que não está entendendo
nada. — Apontou para a cadeira a frente e eu logo me sentei.
— Realmente, estou muito confusa com isso tudo. — Tomei um
pouco de coragem.
— Bom… lhe tirei de lá, pois pode ser muito útil. Tenho muitos
negócios a serem fechados e eles são pessoas que prezam muito a seriedade
daqueles com quem fecham negócios. Eu… é… nunca fui de
relacionamentos e nem quero. Isso tira o meu foco! — Ele batia os dedos na
mesa, me olhava bem sério.
— Então… meus advogados acabaram sugerindo que eu deveria ter
um relacionamento. Ao menos um noivado, morando juntos, algo do tipo,
para pensar que estou construindo a tal da família que eles todos prezam.
Então você ficaria aqui comigo por um ano, seria minha noiva. Após esse
tempo afirmamos que acabou, cada um segue sua vida e você receberá um
bom dinheiro para recomeçar a sua. E a dívida sobre sua casa será perdoada!
— falou tão rápido que prestei mais atenção na parte da casa.
Como ele sabia da dívida da casa? Não fizemos empréstimos para
fazer o tratamento do meu pai, hipotecamos a casa e, quando sai de manhã,
estava prestes a perder o único lugar que tinha para sobreviver. Ele sabia
disso, ele então pagou por ela? Meu Deus!
Fiquei atenta analisando tudo que disse, ou tentando analisar, no
mínimo. Não tinha muita escolha. Não tinha ninguém, não tinha de onde
começar e fazendo isso, em um ano eu teria uma vida normal novamente.
Mas a realidade é que ele estava me usando, ele sempre teve essa intenção.
— Quais são suas exigências? — perguntei fazendo ele levantar uma
sobrancelha.
— Faço o que eu quiser com você! Acho que não tem muita escolha.
Aquela primeira frase me fez arrepiar lembrando de ontem, já a
segunda me deixou muito magoada fazendo esquecer qualquer coisa do tipo.
Abaixo o olhar e olho para minhas mãos. Poderia sair dali, dormir na
rua a ponto de ser sequestrada novamente para um lugar onde vende
mulheres, eu não saberia nada, pois tinha pouco tempo ali, em um ano
poderia conhecer mais e teria minha casa de volta.
— Como você mesmo disse, não tenho escolha, então minha opinião
não importa! — Levantei-me e sai em direção a porta.
— Eu não mandei você sair, Amy! — falou com a voz cheia de
autoridade.
Me viro e coloco as mãos na cintura o olhando com raiva. Respirei
fundo.
— Deseja mais alguma coisa, senhor? — falei de forma irônica.
Ele parece não ter gostado nada daquilo. Seu olhar ficou intenso e
raivoso. Se levantou e foi até mim, meu coração acelerou com um pouco de
medo, mas não abaixei o queixo. Chegou bem perto, eu sentia sua respiração
no meu rosto e ele olhava nos meus olhos. Pegou no meu queixo e levantou,
me fazendo ficar com o rosto ainda mais próximo ao dele.
— Não banque a rebelde, Amy! — falou enfurecido.
Fiquei imóvel, ele tinha me comprado e estava demonstrando aquilo
com aquela atitude. Eu era o objeto dele, na qual sairia beneficiado com o que
eu poderia proporcionar. Mas não seria tão tola para abaixar a minha cabeça
sempre que ele falasse daquela forma. Ele me soltou e eu respirei fundo, em
silêncio esperando a tal ordem. Mesmo que sentindo uma vontade imensa de
poder sentir aquela sensação de ontem novamente. Ele nada falou sobre o
assunto, foi até frio e estranho. Depois de alguns segundos, ele apontou a
porta com o queixo e eu vi ser minha deixa para sair de lá.
Sai do escritório e suspirei, que vida aquela minha. Mas não estava
sendo pior que naquele lugar, lembrei-me de Ashley, queria ter notícias dela.
Estava torcendo para ela aguentar mais um pouco, logo queria trabalhar ou
pegar aquele dinheiro que ele prometeu para tirá-la de lá. Talvez denunciar,
se isso não fosse pior para todas que estavam lá dentro. Teria que calcular
muito antes de tomar qualquer decisão, eles são perigosos.
A tarde foi tranquila, fiquei na cozinha com Mary e mesmo ela
pegando no meu pé, ajudei a fazer algumas coisas que resultaram em muita
gargalhada. Eu cuidava do meu pai, sabia cozinhar e arrumar bem uma casa.
Pela primeira vez desde que meu pai morreu, consegui sorrir alegre,
realmente tudo tem seus prós e contras, nada tem como ser perfeito.
Quando estava no fim da tarde, um cabeleireiro e maquiador chegou
lá. Ele era gay, estiloso e muito bonito, além de divertido.
— Sou Pierre! Fui contratado para lhe produzir… só não imaginava
ser tão linda! Não terei trabalho algum! — falava empolgado.
Subimos para meu quarto e chegando lá, preparou todos os seus
equipamentos necessários. Era bastante comunicativo e me enchia de ideias
com base no evento desta noite. Foi então que decidimos dar uma iluminada
nos meus cabelos castanhos e fazer ondas, deixando-os soltos e charmosos. A
maquiagem deixou meu olho leve, muitos cílios e os lábios vermelhos.
Quando olhei no espelho estava me sentindo mais linda que nunca, Pierre,
que era francês e tinha um sotaque lindo, me enchia de elogios.
— Está magnífica, Cherry! Já quero ver esse vestido escândalo que
usará essa noite. — Ele se sentou na cama animado.
— Você conhece Matthew há muito tempo, Pierre? — perguntei, pois
senti que ele já conhecia o lugar.
— Alguns anos, trabalhei para Meredith também, ela é um
amorzinho! — falava engraçado.
Já tinha tomado banho e estava com um roupão, tirei o vestido e
sapatos do closet. Comecei a vesti-lo e ele me ajudou com alguns detalhes,
sempre muito prestativo. Aquela roupa caiu perfeitamente ao meu corpo,
marcando curvas e deixando sexy com a fenda em uma das pernas. Olhei no
espelho e imaginei que se tudo aquilo que me foi prometido antes de sair da
cidade em que morava fosse verdade, a minha vida teria sido completamente
diferente. Eu era jovem e claro que algumas coisas agradam, mas o contexto
inteiro não era um conto de fadas.
Pierre percebendo que fiquei um pouco aérea e pensativa em frente ao
espelho bateu palmas e girou-me animadamente, percebi seu esforço para me
alegrar.
— Você é um furacão dourado, Cherry. Quando entrar naquela festa
vai ofuscar todo mundo com tanto brilho, cuidado para não cegar as pessoas,
baby! — falava como se fosse sério.
Dei uma gargalhada divertida. Olhava-me no espelho agora um pouco
mais animada, observei o relógio ali e vi que já iria dar oito da noite, não
queria atrasar Matt. Sabia como ele se irritava e o clima já não era dos
melhores. Despedi-me de Pierre e combinei para vir novamente ainda nessa
semana. Havia amado a sua companhia e boas risadas, como não tinha muito
o que fazer ali durante o dia, seria ótimo passar um pouco mais do tempo em
sua companhia.
Logo depois, estava indo até a sala, olhei para a escada e lá embaixo
Matthew me aguardava com as mãos nos bolsos, usava um terno escuro
elaborado completamente sob medida, deixando o seu corpo imponente e
másculo. Meu coração palpitava, o olhar dele direto a mim me deixava
desnorteada e ele estava mais lindo que nunca. Respirei fundo para não
acabar tropeçando em algum degrau, pois minhas pernas estavam trêmulas.
Ao chegar no último, ele me ofereceu a mão e eu segurei a dele.
— Você está linda, Amy! — Ele me olhava intensamente.
— Você também, Matt! — Foi a primeira vez que chamei ele pelo
apelido. Mas ele não reclamou, então fiquei tranquila.
O motorista aguardava, assim como outro carro logo atrás que seria
dos seguranças. Seguimos em direção ao local onde acontecia o evento. O
trajeto foi silencioso, mas não era aquele clima pesado que predominava, na
verdade, sentia algo um pouco mais leve, o elogio que trocamos parece ter
quebrado um pouco a barreira de gelo que ali predominava.
Ao chegar no local, era iluminado e repleto de pessoas finas e
elegantes. Agora estava me sentindo verdadeiramente nervosa, nunca havia
ido a um local assim. Matthew parecia notar que eu estava inquieta e
desconcertada, apertou minha mão e, quando a porta do carro foi aberta, nós
descemos.
Lembrei do acordo que ele fez, eu seria sua namoradinha para todos
ao redor e, se ele queria reconhecimento, eu tinha que me comportar como
tal, tinha apenas 21 anos, mas se o destino queria que eu amadurecesse
duramente, assim seria. Ele segurou minha cintura e eu toquei seu ombro,
flashes e mais flashes me faziam ficar um pouco desconfortável, mas
disfarcei sorrindo para algumas fotos e saímos em direção a entrada, pessoas
perguntavam o nome da felizarda ou como nos conhecemos ao longo do
caminho, microfones eram apontados para nós e logo afastado por
seguranças, seguimos em silêncio distribuindo sorrisos.
Quando entramos no lugar badalado, Matt cumprimentava as pessoas
e eu sorria educadamente. Reparei em pessoas famosas, atores e atrizes que
só via pela TV, tentei demonstrar costume porque aquela situação era surreal.
Conheci alguns casais, conversei com algumas pessoas e o garçom serviu
bebida, ele pegou duas taças de champanhe, tomei com calma apenas para
ficar mais tranquila naquele ambiente. Ele pediu licença alguns minutos e eu
fiquei conversando com algumas mulheres dos homens que o acompanharam
para conversar.
Passaram alguns minutos e nada de Matt, já estava me sentindo uma
agulha no palheiro. Pedi licença às mulheres que conversavam sobre coisas
fúteis e estava se tornando algo tedioso. Caminhei um pouco pelo local e
ainda não o via. Olhei para uma porta que dava em um local aberto como um
jardim para quem queria tomar um pouco de ar e fui até lá. Senti alguém
tocar meu braço, me viro na esperança de ser Matthew e dou de cara com um
homem alto, cabelos claros e olhos azuis.
— Com licença… O que uma mulher tão encantadora faz sozinha? A
observei por um tempo.
— Não estou sozinha… Estou procurando o meu namorado que saiu
para tratar de negócios! — falei tentando deixar claro que estava
acompanhada.
— Desculpa a curiosidade, mas quem é seu namorado? — Ele dava
um gole na bebida escura que tomava.
– Matthew Cleveland, com licença — Tentei sair, mas ele respondeu
um pouco mais alto.
— Acho que o vi um pouco mais a frente, mas não me parecia estar
tratando de negócios. Como se chama?
Fiquei um pouco confusa, o que ele queria dizer.
—Amy Carter! Com licença! — Sai de lá imediatamente indo mais
adiante, onde a iluminação era mais baixa.
Caminhei um pouco e notei Matt ali parado, segurava um copo de
bebida escura, uma mulher loira com um vestido vermelho e muito bonita
estava com as mãos envolta do seu pescoço. Conversando atentamente
próximo ao seu rosto. Meu coração apertou, ele me deixou sozinha para ficar
ali com aquela mulher. Dei o melhor de mim, horas me preparando e sendo
gentil com todos ali. Para que me levar então? Ele não poderia fazer isso ao
menos quando eu não estava presente? Era humilhante.
Notei que ele olhou para o lado e me viu. Ela fez o mesmo e revirou
os olhos. Não queria ficar ali para ver aquilo, dei as costas imediatamente.
Escutei a voz dele chamar meu nome logo atrás e eu ignorei. Mas logo
silenciou. Entrei novamente na festa e caminhei para o local onde o garçom
servia bebida. Peguei a taça de champanhe e tomei de uma só vez. Sei que era
um acordo, que essa droga era tudo mentira e que ele não me devia nada, mas
poderia fazer isso em qualquer outro momento. Como manter o papel de
casal apaixonado se em plena festa ele não consegue ficar com suas malditas
mãos longe de uma mulher, de outra mulher.
E
stava irritada e me senti
humilhada. Para que tanto
empenho em roupas e
produção para trazer até
aqui e ficar sozinha em meio a tanta gente desconhecida, conversando
bobagens e ainda tendo que fingir interesse em assuntos banais.
A intimidade que ele demonstrava estar com aquela mulher, o papel
de idiota que fiz enquanto ele se retirava sem ao menos importar onde eu
estava, me deixou completamente magoada.
O homem que a pouco havia mostrado onde Matthew estava, se
aproxima de mim mais uma vez e em seu rosto um sorriso irônico
permanecia. Aquela noite parecia só piorar.
— Acho que você o encontrou! — Ele dava um sorriso esnobe.
— Por que você está tão preocupado com isso? — O olhei irritada.
— Bem… Eu jamais deixaria uma mulher tão linda sozinha. Ainda
mais dessa forma, você merece toda atenção de um homem, aliás, me
chamo…
— Eliot, ela merece atenção sim. Para isso que tem a mim! —
Matthew aparece ali, fica ao meu lado e segura minha cintura com muita
força.
Aquilo só podia ser brincadeira. Quer dizer que ele estava me dando
toda atenção então. Ele não tinha um pingo sequer de bom senso só pode.
Olhei para ele irritada.
— Querido, ele me fez companhia enquanto você estava ocupado!
Obrigada, Elliot, sua companhia foi agradável. — Não consegui ficar quieta
sem ironizar.
Ele apertou um pouco mais minha cintura e senti sua respiração
pesada. Não tive muita coragem de olhá-lo nesse momento e mantive meu
olhar a frente com um sorriso de canto dos lábios. Tenho certeza de que seus
olhos estavam me fuzilando, mas quem fez tudo isso foi ele. Quem provocou
essa situação não fui eu.
Eliot deu uma leve risada e eu via a qualquer momento Matt ir para
cima dele. Estava torcendo para ele não abrir a boca novamente e acabar
provocando-o ainda mais, pois aquela festa poderia acabar em um tremendo
barraco.
— Você tem uma namorada adorável Matthew, até a próxima, Amy!
—Ele saiu de lá e Matthew parecia soltar fogo pelos olhos.
Ele se virou para mim, tomou toda a bebida que restava no copo e
ficou de frente. Segurou meu braço e puxou saindo do local até a frente. Eu
olhava para os lados e algumas pessoas olhavam rapidamente. Tentei acelerar
os passos para acompanhar e não acabar caindo no trajeto. Já na parte de fora
do salão de festa, o motorista apareceu com o carro rapidamente e ele me fez
entrar com pressa.
— Você acha que está aonde? Na boate de onde te tirei? — gritava,
virado para mim no banco de trás.
—Não fala assim comigo! — Não deixei por isso.
— Falo como quiser! Está fazendo papel de vadia!
— Eu??? Você diz que me usa para ter prestígio, mas que prestígio
tem, levando sua suposta namorada e estando com outra na mesma festa!
Eu não suportava quando ele falava isso.
Acha que fui para aquele lugar de livre e espontânea vontade. Não
sabia nada do que passei ou o que algumas meninas dali passavam. Não dei
mais ouvidos, virei-me para a janela e o ignorei. Em silêncio e sentindo
algumas lágrimas que rolavam em meu rosto. E foi assim que se passaram
longos minutos até chegarmos a sua casa. Nada daquilo foi escolha minha,
perdi a liberdade de escolher até as roupas que estou vestindo. Fui obrigada a
ser tocada, fui agredida e oferecida como um pedaço de carne e, mesmo
assim, tinha que suportar isso ser jogado na minha cara como uma escolha
que eu mesma fiz e nunca foi minha.
Desci do carro rapidamente e ele nada fez, entrei apressada. Não
queria escutar mais suas palavras grosseiras e subi para o quarto de hóspedes
que seria o “meu quarto” pelo jeito. Queria tanto ir embora, ter uma vida
normal, aquilo parecia impossível.

Quando cheguei, peguei no sono imediatamente, só deu tempo de tirar


aquele vestido e me deitar na cama, chorando até adormecer de exaustão.
Acordei ainda pela manhã com o semblante abatido, logo tomei um banho
demorado, coloquei alguns sais de banho na banheira enorme que tinha ali ao
lado uma janela, deixava a vista para uma parte onde tinha várias árvores e
poderíamos apreciar a paisagem, mas sem ser vista do outro lado.
Demorei um bom tempo ali, não tinha a mínima vontade de sair do
quarto e dar de cara com ele, mas seria inevitável. Resolvi sair de lá após me
recompor, a escolha do dia foi um vestido confortável e solto em azul-claro,
os cabelos amarrados em um rabo de cavalo e nos pés um par de tênis
brancos casuais.
Encontro Mary e pergunto sobre Matt, ela diz que ele saiu logo cedo,
aquilo me deu um certo alívio, pois ao menos não iria começar o dia tão mal.
E assim seguiu o dia, sem vê-lo. Fiquei com Mary um bom tempo na cozinha,
depois procurei alguma série que me fizesse esquecer um pouco de tudo.
Entre esse tempo, pensei em algo produtivo que eu poderia fazer para ocupar
mais o meu tempo.
Quando ele chegou já era tarde e foi direto ao seu quarto. Muitas das
vezes eu apenas escutava os seus passos quando estava por perto ou quando
Mary lhe consultava alguma coisa. E assim seguiu durante toda a semana, via
ele poucas vezes e não trocamos muitas palavras. Estava me sentindo
péssima, sentindo-me um peso morto naquela casa, ele deveria estar muito
ocupado com a loira daquele dia ou qualquer outra, enfim, mas isso era
problema dele. Eu queria trabalhar, fazer alguma coisa útil.
Já tinha dez dias ali e seguia da mesma forma. Ele chegava tarde às
vezes, ficava imaginando se estava indo àquele lugar. Ele poderia estar com
outra daquelas garotas e não sabia o que fazer comigo. Muitas coisas
passavam em minha cabeça e aquela noite estava decidida a conversar com
ele, pois aquilo deveria ter uma solução. Não era justo ficar ali dia após dia,
sempre a mesma coisa. Mary havia colocado o jantar, ele não tinha chegado,
então acabei me alimentando logo. Quando era por volta das onze da noite,
saí do quarto a fim de saber se Matt chegou, usava um short e blusa de
dormir. Desci as escadas e a iluminação estava baixa. Olhei para o lado e vi
que a grande porta de vidro que dava na área da piscina estava aberta. Fui em
direção a ela e olhei para o local querendo encontrá-lo.
Ele estava lá, sentado em uma das cadeiras à beira da piscina, usando
uma camisa social com botões abertos e uma calça também social escura. Ele
não me viu chegando, me aproximei devagar notando que ele bebia algo,
deveria ser seu whisky de sempre. Parei um pouco mais de um metro de
distância dele e respirei fundo antes de falar.
— Matt, posso conversar contigo? — falei baixo.
Ele virou apenas um pouco do rosto, olhou-me de canto e deu mais
um gole na bebida.
— Sim… — Foi direto.
Aproximei-me um pouco mais, sentei-me em uma das cadeiras ao
lado e olhei para meus dedos nervosos, tentando saber como começar.
— Bem… sei que é ocupado. Não quero lhe causar transtornos. Mas,
estou aqui todos os dias me sentindo inútil. As horas demoram a passar,
queria ter uma utilidade, queria preencher um pouco esse vazio. — Dei
voltas, nervosa.
Por sorte ele parecia calmo naquela noite, virou-se lentamente para
mim. Ficamos frente a frente um do outro e ele se inclinou, apoiando-se em
seus cotovelos sobre o joelho.
— O que você quer dizer, Amy?
— Quero trabalhar, fazer alguma coisa. Eu me sinto um nada! —
Abaixei a cabeça.
Ele tocou meu queixo e o levantou, fazendo-me olhar para ele. Não
queria admitir, mas estava com tanta saudade dele aqueles dias. Ele era a
única pessoa que poderia contar naquele momento. Embora cogitei todos os
dias fugir daquele lugar, não tinha para onde, pois minha casa ainda pertencia
a ele.
— Você fica com um cartão de crédito, o segurança à disposição para
te levar e fazer algo. Não vou te prender! — Ele estava tão calmo.
— Não é questão de dinheiro e sim de ter alguma meta. Preencher
meu dia.
Ele respirou fundo, abaixou a cabeça um pouco pensativo. Depois de
alguns segundos, voltou a me olhar e tomou o último gole da bebida.
— O que pensa em fazer então?
Uma ponta de esperança tomou conta e eu me empolguei indo para a
ponta da cadeira e segurando suas mãos.
— Qualquer coisa, eu trabalhava em uma cafeteria em Winchester.
Fazia de tudo, posso fazer qualquer coisa.
Ele olhou para as minhas mãos e sorriu de canto. Levou ela aos lábios
e depositou um beijo, aquilo me fez arrepiar de saudade.
— Tudo bem, amanhã verei algo em que possa lhe encaixar. Seja na
empresa ou em algum lugar.
Pela primeira vez desde que aquele inferno começou em minha vida
tive esperança de ter uma vida normal. Ao menos um pouco normal tirando
aquele falso relacionamento com data para acabar. Minha felicidade foi tão
grande que pulei sobre ele, abraçando apertado. Ele ficou paralisado, mas
depois retribui o abraço. Ficamos quietos por alguns segundos e me dei conta
do quão quente estava em seus braços. Fechei os olhos e toquei o meu nariz
em seu pescoço, respirei sentindo seu cheiro amadeirado e ele reagiu
apertando levemente minhas costas.
Afastei-me um pouco e seu rosto ficou frente a frente com o meu.
Nossos lábios se tocaram, um beijo começou lento. Seu gosto de álcool
misturado com o seu me fez querer intensificar, sem ao menos notar já estava
em seu colo, me fazia sentir sua ereção começar coberta pela calça e eu não
ficava atrás, pois minha calcinha já estava ficando molhada àquela altura.
Ele me pegou nos braços, caminhou com calma para dentro da casa.
Seus braços fortes me pegavam com segurança e logo chegamos ao seu
quarto, eu nunca havia entrado ali desde o primeiro dia que cheguei àquela
casa, mas não prestei muita atenção, pois estava atenta em outra coisa
naquele momento. Ele me deitou na cama, tirou sua camisa e a calça
rapidamente e eu estava com tanta saudade e vontade que tirei também a
minha roupa a fim de chegar logo na melhor parte. Ele se deitou novamente
sobre mim e nosso corpo nu se uniu, passei minhas unhas levemente sobre
suas costas e ele gemeu rouco e baixo. Matt se apressava e aquilo me dizia
sentir minha falta tanto quanto eu. Seus lábios desceram por meu pescoço,
chegando aos seios e fazendo movimentos circulares em meus mamilos
rígidos de excitação. Seguiu ali, descendo por minha barriga e eu estava
completamente arrepiada, já sabia o que ele pretendia fazer e aquilo me
deixava ainda mais excitada.
Seus lábios tocaram minha intimidade, a ponta da sua língua deslizava
suavemente. Minhas costas levantaram um pouco da cama, me contorcendo
de prazer e, quando estava quase chegando ao ápice, ele parou, girou meu
corpo, afastando os cabelos da minha nuca e tocando seu nariz ali, me
fazendo arrepiar da cabeça aos pés. Desceu seus lábios pelos ombros e costas,
eu me contorcia com seus toques ficando completamente entregue e, nesse
tempo, ouvi o barulho baixo de algo que deveria ser o preservativo.
Estava pronta para ele, quando senti tocar entre minhas pernas, ele
penetra deslizando inteiro dentro de mim começando um movimento de vai e
vem constante. Os meus gemidos se misturavam com os dele, esses que eu
adorava ouvir.
— Tão apertada…! — Essa voz entrecortada me deixava louca.
— Sou sua… — sussurrei involuntariamente.
Ele colocava agora mais rápido. Estava inteiro dentro de mim,
preenchendo-me completamente, sentindo cada vez mais fundo, não iria
segurar muito tempo, suas mãos agora seguravam minha cintura e aquilo o
fez ir ainda mais fundo.
—Amy! — Ele pulsava.
Tentou falar algo, eu estava chegando ao orgasmo e não iria segurar
mais, quando meu nome saía dos seus lábios era bom de ouvir como se ele, a
todo momento, queria afirmar ser apenas em mim que pensava. Ele
demonstrava o mesmo, segurou em meus cabelos, mas não puxando a ponto
de machucar, aquilo me deixou ainda mais pronta para ele e gozamos com
gemidos altos e o corpo trêmulo.
Depois do que aconteceu ali o meu corpo estava leve, fiquei deitada
aproveitando a sensação de relaxamento que havia proporcionado.
Acomodei-me ali quando vi que ele saía da cama em direção ao banheiro.
Depois de alguns minutos, eu estava sonolenta e praticamente dormindo
quando ele se deitou ao meu lado. Beijou meus cabelos e puxou meu corpo
para o dele, não demorei muito a dormir de tão confortável que estava em
seus braços.
Q
uando acordei, senti o braço envolta
da minha cintura e olhei com calma
para o lado, Matt estava dormindo, a
sua feição estava relaxada. Era a
coisa mais linda que vi em todos esses dias. Não queria acordá-lo, mas não
demorou muito para ele despertar.
Acordamos fazendo carinho e logo já estávamos fazendo amor
novamente e notei que era a melhor forma de acordar pela manhã. Tomamos
banho juntos e conversamos, concordando que iria à médica ainda hoje a fim
de fazer exames e usar algum método contraceptivo.
Ele não tomou café, já que queria ficar mais tempo quando acordou, e
saiu apressado para a empresa. Estava muito leve e feliz aquela manhã, minha
noite havia sido perfeita. Iria aproveitar o cartão que ele deixou comigo para
comprar algumas roupas de trabalho, pois logo estaria focando em algo
construtivo.
Coloquei um vestido solto e confortável, rasteira e uma bolsa com
tudo que iria precisar, além de fazer o exame que Matt, muito influente,
achou um horário de imediato naquela tarde com uma ótima ginecologista de
Nova York. Esperava que aquele dia continuasse assim, além da mudança
comportamental dele também estava animada por fazer algo, ter um papel
importante que não era apenas ficar ali o dia inteiro. Desci e Mary me
esperava com um café da manhã delicioso.
— Você está radiante, menina! Que bom vê-la assim! — Ela sorria.
— Acho que tudo está se acertando, Mary. — Corri e a abracei,
beijando sua testa.
Eu tinha muita sorte por tê-la ali cuidando de mim todos os dias como
uma mãe, sei que o trabalho dela era aquele, mas podia perceber o carinho
com que ela me tratava, não era apenas mecânico, mas sim involuntário e
cuidadoso. Terminei o café e já estava de saída quando, então, Meredith
entrou, sempre luxuosa, uma mulher imponente. Gostava quando ela
aparecia, pois assim não me sentia tão só, não tinha muito o que fazer ali e
isso fazia com que o dia se tornasse mais longo.
— Bom dia, Amy. Que bom encontrá-la! Vim aqui pensando que
poderíamos tomar um café ou fazer algum programa de sogra e nora! — Ela
sorria, mesmo com um jeito firme, era um amor.
— Meredith, estou indo ao shopping comprar algumas coisas e logo
depois a um exame. Poderia me acompanhar, iria adorar! — Beijei seu rosto.
— Exame, querida? Não me diga que serei avó!!! — Segurava meus
ombros com um sorriso imenso.
Engasguei-me de imediato. Não conseguia nem pensar naquela
hipótese tão nova a vida era, na verdade, uma mentira e uma loucura só.
Nunca cheguei nem a cogitar isso acontecer, muito menos ele, tinha certeza
disso, justamente por isso estava indo a esse exame, para garantir que teria
todos os cuidados necessários. Da forma que minha vida estava tão
conturbada, poderia pensar em qualquer coisa, menos um filho.
— Não!!! Exame de rotina! — Dei uma risada nervosa.
Ela concordou em me acompanhar e saímos com seu motorista e
segurança. Paramos no shopping e ela me indicou algumas lojas, o valor nem
preciso comentar, mas Matt disse ser a última coisa com que precisava me
preocupar. Comprei vestidos formais, algumas saias até o joelho e algo para
compor, Meredith aproveitou e comprou algumas coisas, estava sendo uma
companhia muito agradável, estávamos nos divertindo muito. Seguimos para
um restaurante escolhido por ela, já passava um pouco da hora do almoço.
— Você não sabe a felicidade que está me dando, meu filho precisava
de alguém que o fizesse bem. Sempre tão fechado e calculista. — Ela
provava a primeira garfada.
Estava me sentindo mal por ela depositar tanto carinho em algo que
começou tão sórdido e que não tinha fundamento algum. Em algum tempo
estaríamos longe um do outro e de todas as pessoas que agora fazem parte da
minha vida, sei que todos ficarão desapontados e eu voltaria a solidão que
vivia após perder o meu pai.
— Eu quem agradeço todos os dias por ter o conhecido! — Isso era a
mais pura verdade. Ao menos se não fosse ele, estaria naquele lugar até
agora.
— Vejo em seus olhos o quanto o ama querida! — Ela tocou minha
mão.
Amor? Não! Não, eu tinha muita gratidão pelo que ele fez. Mas amor,
não… Nem pensar. Forcei um sorriso e continuei com a minha refeição.
Assim que terminamos, seguimos para o consultório onde Matt me indicou e
ajudou a marcar mais cedo.
Quando chegamos, dei meu nome na recepção e logo fui atendida.
Meredith ficou lendo algumas revistas enquanto aguardava. Entrei na sala e
uma menina de cabelos negros e alta, parecia ser muito simpática, veio até
mim, cumprimentando educadamente. Conversamos sobre tudo, contei sobre
ter sido meu primeiro homem até então, recolhi um pouco de sangue para os
exames e a eficiência era tanta que, em um tempo, chegaram os resultados.
Tudo estava muito bem, pediu apenas para prestar mais atenção na
alimentação. Lembrei dos dias naquele lugar, deveria ter ficado com a
imunidade baixa. Ela me passou uma injeção mensal para evitar surpresas e
ter segurança.
— Foi um prazer, senhorita Carter. Mande lembranças a meu amigo
Matthew e volte sempre para fazer a avaliação novamente no período certo!
—falou enquanto me acompanhava até a porta.
Quando saí, Meredith se levantou, ajeitou sua roupa e sua bolsa
aproximando-se.
— Então, querida, tudo bem? — perguntou prestativa.
Minha mãe morreu tão cedo que eu não sabia como era ter uma
mulher assim ao meu lado, me dando apoio e, principalmente, preocupando-
se comigo. Tanto ela quanto Mary estavam preenchendo esse vazio, pois
nunca nenhuma mulher se preocupou comigo daquela forma, poderiam dizer
ser boba e emocionada, mas só quem sofre um desfalque tão grande e cresceu
sem mãe ou figura feminina sabe do que estou falando.
Dei um sorriso e expliquei a ela que tudo estava ótimo. Seguimos para
a casa de Matt e, quando cheguei, ele já estava em casa. Usava uma calça de
moletom e uma camisa branca, conseguia ficar tão lindo quanto seus ternos.
Sua mãe se aproximou e deu um abraço e um beijo caloroso.
— Oi, meu querido, roubei Amy um pouquinho hoje! — Ela brincou.
— O dia aparentemente foi ótimo então! — responde com um sorriso
lindo nos lábios.
Ele a convidou para jantar, mas ela afirmou que Kevin, seu atual
marido, padrasto de Matt, aguardava. Comentou no caminho de volta que o
pai de Matthew havia adoecido e morreu há 10 anos e ela conheceu um
empresário há cinco anos. No começo, o ciúme do filho foi absurdo, mas
logo ele notou que Kevin era um bom homem e que sua mãe merecia, sim,
ser feliz. Mas através do que conversei com Mary durante nosso tempo
juntas, Matt era um pouco recluso, afastado, e frequentava pouco a sua casa,
muitas vezes não atendia ou falava breve ao telefone, mesmo com tantas
tentativas da sua mãe em se aproximar.
Quando ficamos sozinhos não sabia o que poderia vir ali, o Matt frio e
imprevisível ou o caloroso e amável, pois era completamente imprevisível,
tomei um banho demorado e Mary convida para a mesa, pois o jantar estava
servido.
— Eu lhe prometi que iria analisar algo para você na empresa
— falou enquanto aproveitava o jantar.
— Sim, por quê? — perguntei curiosa.
— Acho que encontrei algo que você possa colaborar e gostar
— afirmou.
— Não acredito! É sério? O quê? — Parei de comer imediatamente,
ansiosa para saber.
— Massagear meus pés durante as reuniões! — Ele tentou falar sério.
— O quê? — gritei, mas percebi a brincadeira, joguei o guardanapo
nele. — Idiota!
Estava tão feliz naquele momento que sentia até medo. O dia encerrou
entre carinhos e sexo, dormindo mais uma vez no quarto dele. Por sorte, não
foi seu lado frio que estava ali naquela noite, mas sim aquele que me fazia
sentir bem.
N
ão tinha como reclamar de
tudo que estava
acontecendo agora. Não
tinha ideia do que passava
em sua cabeça e, muito menos, o motivo da sua mudança, mas havia
melhorado bastante aquela relação estranha que tínhamos. Ainda sentia uma
briga interna dentro dele e, em alguns momentos, ficava pensativo, mas
depois voltava a si.
À noite, quando decidimos assistir a um filme, entre pipoca e
chocolates – sim um momento bem clichê, mas não deixava de ser uma
delícia –, ele me explicou resumidamente qual função iria exercer ali em
primeiro momento, eu seria assistente do diretor de marketing da empresa.
Era uma empresa de publicidade, então seria uma responsabilidade dobrada a
minha. Era uma ótima oportunidade, assim ganharia bastante conhecimento
com um profissional renomado. Não poderia negar que me sentia nervosa
com a oportunidade que ele estava oferecendo, mas iria agarrá-la com afinco.
Acordamos bem cedo aquele dia e tomamos um delicioso café da
manhã, preparado por aquele anjo chamado Mary. Demorou um pouco no
escritório, respondendo alguns e-mails importantes e, em seguida, foi até
mim.
— Pronta? —Ele abriu a porta do meu quarto.
— Acho que sim! — respondi com um sorriso nervoso.
Eu estava em frente ao espelho analisando a roupa que escolhi para
meu primeiro dia de trabalho. Era um vestido preto com detalhes brancos e
na altura do joelho, formal e elegante, mesmo sendo justo ao corpo se tornava
adequado para a ocasião. Nos pés, um scarpin preto para compor com uma
bolsa, estava levando praticamente um carro pendurado no braço, pois a bolsa
era o valor de um. Cabelos lisos e soltos, finalizando com uma maquiagem
super leve.
Matthew ficou parado me olhando, passou a mão coçando sua barba
bem feita e eu fiquei ainda mais nervosa.
— Acho melhor rever isso… melhor você ser minha assistente. Não
acha uma ótima ideia? — falou num tom brincalhão.
— Você iria focar em seu trabalho? — perguntei caminhando ao seu
encontro.
— Não! —afirmou.
— Então melhor não! — Selamos os lábios e saímos para o meu
primeiro dia.
Ao chegar no prédio, entramos lado a lado. Sei que o intuito era
demonstrar ser um casal e agora estava bem mais fácil exercer esse papel.
Cumprimento de bom dia eram dados à medida que entrávamos. Matt fez
questão de apresentar pessoalmente o meu chefe, o diretor de marketing se
chamava Bruce, ele era um senhor de aproximadamente 50 anos. Um pouco
de conversa, já dava para notar o quão inteligente ele era e seria maravilhosa
a experiência que iria adquirir. Matt me deixou claro várias vezes que queria
como sua assistente, mas não pegaria nada bem para a “namorada” do CEO,
ser assistente dele.
O horário de almoço chegou, após passar a manhã junto ao senhor
Bruce, explicando-me tudo que era necessário e fundamental ali. Confesso
que não achei difícil, acho que pelo fato de estar tão empolgada e querer me
dedicar ao máximo, aquilo se tornava fácil. Estava em minha sala terminando
de fazer algumas anotações no notebook, o lugar era lindo. Não era a
cobertura enorme da sala do presidente, mas era uma sala com tamanho
confortável, nos tons de branco e cinza, logo atrás de mim, o vidro inteiro
deixava a vista de Nova York tomar conta do lugar como um quadro. Ali de
cima dava para ver o Central Park.
Matthew entrou de uma vez, ao abrir a porta notei que estava com o
blazer pendurado em seu antebraço e parou colocando a outra mão no bolso
da calça.
— Hora do almoço, vamos? — Ele fez um gesto com a cabeça.
Fechei o notebook e peguei a bolsa, indo em direção a ele. Fui
surpreendida quando ele me agarrou forte, colou nossas testas e, dando
passos para trás, me fez encostar na mesa da sala. Levantou a parte de trás do
meu vestido e sentou-me na mesa, ficando em pé entre minhas pernas.
— Tenho que me controlar para não querer vir aqui todo dia! — falou
baixo, um tom tão sexy.
— Quando vier… será bem-vindo, querido! — sussurrei em seu
ouvido.
Ele jogou o pescoço para trás, reclamando porque continuar não seria
possível, então saímos em busca do almoço.
A escolha dele foi um restaurante italiano e eu adorava massas, lá
conversamos e contei que, desde adolescente, gostava de pesquisar sobre a
Itália, Veneza era um lugar mágico pelo que havia lido e por fotos. Ele
escolheu o seu melhor vinho para relaxar um pouco e o horário do almoço
não teria como ser melhor, ele estava relaxado e, consequentemente, me fazia
ficar da mesma forma.

Passou-se, aproximadamente, um mês trabalhando, pelas manhãs


íamos juntos. Algumas vezes ele saía mais cedo e eu ia junto ao motorista.
Estava empenhada e gostando muito do trabalho, meu chefe era muito
prestativo e parecia estar muito contente com meu trabalho.
Estava me sentindo útil e o que recebia depositava em uma conta que
abri para mim. Eu iria fazer isso sempre, não precisava gastar agora e queria
juntar para tirar Ashley de lá, rezava para tudo ficar bem com ela e para ela
resistir ao tempo que eu iria levar para conseguir. Em nenhum momento a
esqueci, aqui iria tentar encontrar sua família, mas ainda sentia medo das
ameaças de Dylan e sabia que essas pessoas tinham um alcance que nós não
poderíamos subestimar.
Terminei uma reunião com Bruce, chamava ele assim, pois estava
muito próximo e ele parecia um tio mais velho. A minha sala era em frente a
dele, estava organizando as coisas, pois era tarde e tinha que ir embora.
Então, escuto algumas batidas na porta e quando levantei o olhar, Matt
entrava na sala com as mãos nos bolsos e com um meio sorriso no rosto,
coloquei as mãos na cintura segurando o riso.
— O que o chefe do meu chefe faz aqui em minha sala? — falei
brincalhona.
— Acho que… estava passando por ali, senti falta de um beijo! — Ele
apontou para fora gesticulando.
Dei a volta na mesa e me aproximei, colocando as mãos em volta dos
seus ombros e ele segurou minha cintura. Há um mês nossa relação estava
tranquila. Ele ficava mais em casa e fazíamos amor todos os dias, na verdade,
sempre que estávamos juntos.
Ele me beijou, toquei sua língua e nosso beijo ganhou intensidade.
Segurava-me muito para não acabar sobre aquela mesa e sentir ele dentro de
mim, mas não foi falta de tentativa dele. Era melhor não arriscar.
Saímos juntos do prédio, entramos no carro e estava sentindo-o
estranho, meio que misterioso. Olhei de canto de olho e notei que o carro
tomava um trajeto diferente do normal. Olhei para Matt confusa e ele estava
com uma expressão de euforia.
— Aonde vamos? O que está havendo? — pergunto confusa.
— Sou o chefe do seu chefe, estou lhe dando férias — falou tranquilo.
Ainda estava confuso para mim, como assim? Eu nem havia
começado a trabalhar direito e já estava tirando férias, então esse seria um
dos benefícios de ter algum tipo de relacionamento com o dono da empresa,
não sabia qual, mas era alguma coisa. Em alguns minutos chegamos a um
local particular do aeroporto, um jato aguardava e abri um enorme sorriso,
pois pelo que via iriamos para longe. O que ele estava aprontando? Até hoje
só sai de Winchester até Nova York e de uma forma bem traumatizante por
sinal. O olhei mais uma vez.
— Matt… não fizemos malas. Como…?
— Mary cuidou disso para a gente mais cedo. Temos tudo que
precisamos — completou.
Saímos do carro caminhando até a escada, ele fez questão de segurar
minha mão e entramos no jato, uma mulher vestida formalmente para o
trabalho de comissária e dois pilotos nos recepcionaram. Entramos no jato e
me sentei em uma poltrona na frente dele, colocamos os cintos e da minha
cabeça não saía a curiosidade de para aonde ele estava nos levando.
— Já pode me contar para onde vamos? — Olhei para ele sorrindo de
canto a canto.
— A viagem é muito longa, melhor a gente se preocupar apenas no
que faremos para o tempo passar! — Um sorriso safado surgiu nos seus
lábios.
Arrepiei-me apenas com aquilo. Eu tiraria o cinto naquele momento
se não estivéssemos decolando.
Quando o jato se estabilizou no ar. A moça nos trouxe duas taças de
champanhe e levei aos lábios imediatamente, aproveitando o sabor. Já com os
cintos retirados, Matt se levantou e estendeu a mão para mim. Não sei se foi o
champanhe ou aquela cara dele, mas senti um frio na barriga. Mordi o lábio
inferior e caminhei com ele até uma porta, no fundo do avião. Quando
abrimos, tinha ali um quarto confortável, compacto, mas muito lindo.
Ele segurou minha cintura, apertando contra seu corpo e olhou nos
meus olhos. Ataquei seus lábios e nos beijamos intensamente, suas mãos
desciam e apertava meu quadril no seu, sentindo sua ereção deliciosa. Usava
apenas a camisa social branca e a calça. Agora eu que queria brincar com ele,
parei o beijo, beijei seu pescoço enquanto meus dedos abriam rapidamente
sua camisa até tirá-la do seu corpo por completo, ele me olhava curioso e
excitado. Desci meus lábios pelo seu corpo, passando por sua barriga definida
e, a essa altura, ele estava ofegante. Abri sua calça e abaixei tirando-a junto
da sua cueca. Seu membro saltou para frente, olhei para cima e vi ele com a
boca entreaberta e os olhos cerrados, jogando a cabeça para trás em seguida.
Segurei seu membro, ele soltou um gemido rouco e então passei a
ponta da língua na ponta. Matt jogou a cabeça para trás novamente e aquilo
me instigou ainda mais. Coloquei na boca, primeiro devagar, centímetro por
centímetro mais fundo. Ele pulsava e estava muito rígido, fazia-me querer
ainda mais.
— Porra…! Isso, Amy!
Acelerei o movimento, ele coloca as mãos em meus cabelos e segurou
como um rabo de cavalo. Ele tocava minha garganta e eu estava tão excitada
quanto ele. Seu gemido ficava mais intenso e eu sabia que ele poderia gozar
ali e não ia me importar, mas ele me afastou, me fez levantar. Tirou o vestido,
colocou-me de costas apoiada na parede do lugar, beijou meu ombro, sua
mão foi até a minha intimidade e tocou meu clitóris, estremeci naquele
momento. Gemi e mordi o lábio a fim de abafar o mesmo.
— Tão molhada! O que você quer, Amy? — provocava.
— Quero você…
— Seja mais específica, querida.
— Me fode! — Era só o que estava faltando para ele não esperar
mais.
Ele brincava com o dedo e eu estava completamente molhada e pronta
para ele, que já sabia bem disso. Colocou seu membro duro como pedra na
minha entrada molhada e deslizou lentamente, não segurei e gemi mais alto
quando senti me preencher. Suas mãos foram até minha cintura, segurando-
me e fazendo com que conseguisse ir ainda mais fundo. Eu o sentia tocar,
forte. Eu não iria segurar mais, ele entrava sem dó e aquilo estava delicioso.
Os seus dedos apertavam minha pele, quanto mais eu notava que ele estava
louco e completamente entregue, ficava mais excitada. Então, tirou as mãos
da cintura levando aos meus seios e apertava de uma forma prazerosa que não
machucava,
— Matt… eu… eu. — Não conseguia nem falar.
— Vai gozar? Vem… Comigo!
Gozei muito com ele dentro de mim, senti ele fazer o mesmo e chegar
ao ápice, juntos era incrível, pois conseguimos sentir um ao outro.
Terminamos ofegantes, imóveis a fim de recuperar ao menos a respiração e
olhando um para o outro dando risada, pois imaginei a tripulação lá fora e,
mesmo que não gritasse, tanto assim ali não era um quarto de uma casa que
amenizasse barulhos.
Depois de alguns minutos me senti leve, ficamos alguns minutos
recuperando a energia e nos deitamos enfim naquela cama, estava exausta do
dia de trabalho e acabei cochilando. Mas sabia que, se a viagem fosse longa,
aproveitaríamos muito mais.
M
uitas horas se passaram.
O destino escolhido por
Matt era realmente
longe. Mas esse tempo
não foi nada tedioso, aproveitamos muito aquele tempo de viagem no quarto
até a moça bater na porta e avisar que iríamos pousar em 20 minutos. Um
banho rápido e saímos de lá. Ele me indicou usar roupas leves, pois era um
lugar praiano, abri a mala e notei vários biquínis novos, saídas de banho –
uma mais linda que a outra. Escolhi um maiô branco que vestia perfeitamente
e uma saia que servia como saída da mesma cor, com transparência e na
cabeça um chapéu panamá.
Matt estava incrível com uma bermuda creme e camisa branca de
tecido leve e alguns botões abertos. Aquilo me deixou ainda mais animada,
pois eu não havia conhecido nenhum lugar daquela forma. Minha vida
sempre foi daquela cidade de, praticamente, trinta mil habitantes, meu pai
tinha uma oficina de carros na cidade e parou seus trabalhos quando se viu
doente, cuidei dele por anos e era apenas com aquilo que eu me preocupava.
Quando me sentei na poltrona, olhei pela janela do jato e minha
respiração parou, era a tarde e tudo estava nítido. Ali embaixo estava um mar
completamente azul e cristalino. Olhei para Matt e ele sorria de forma
travessa, voltei a olhar a janela sem acreditar ainda, que lugar incrivelmente
lindo. Estava realmente sem palavras, pois não consegui falar absolutamente
nada. Descemos em uma pista e, assim que saí do avião, um calor e sol
delicioso tocou minha pele, o clima era perfeito. Depois, fizemos mais um
trajeto de barco a caminho do hotel escolhido por ele. Eu estava em êxtase
apreciando o calor e aquela paisagem que parecia mais uma pintura em cada
lugar que olhávamos.
Matthew tocou minha cintura e me guiou até um carro adaptado que
era próprio para os hóspedes se locomoverem. Não queria fazer perguntas, só
queria ver aonde pararíamos. Ele também estava relaxado, tinha certeza de
que aquilo seria ótimo para ele, já que se dedicava tanto em seu trabalho.
O trajeto foi curto, chegamos a um local cheio de árvores e areia.
Estava com sandálias rasteiras e agradecia por, ao menos, ter me preparado.
Atravessamos um caminho de madeira e muita areia branca envolta. Após
passar por algumas árvores, a imagem mais linda da minha vida estava à
frente. Um mar azul, limpo e deslumbrante. Olhei para Matt que sorria e eu
ainda estava querendo acreditar.
— Estamos em…
— Maldivas, teremos alguns dias só para nós dois! — Ele segurou
minha mão indo em direção ao barco.
Estava em Maldivas e isso jamais imaginava que iria fazer, exceto se
fosse em outra vida, quem sabe. Dois homens nos acompanhavam com as
malas, subimos no barco e seguimos pelo mar. Olhei a água ali embaixo e
fiquei sem ar, conseguia ver tudo nitidamente ali embaixo. Era incrível. Em
alguns minutos chegamos a uma casa, parecia estar submersa sobre a água.
Não tinha nada próximo dali, apenas mais distante, ele pensou em tudo,
naqueles dois meses estava me sentindo melhor que nunca.
Descemos do barco e subimos uma escada que dava acesso à casa.
Matt sempre ao meu lado, falava com os homens ali dando instruções e eles
deixavam as malas numa pequena sala linda e decorada da casa. Tinha
cozinha, ao lado um quarto e tudo estava organizado aguardando nossa
chegada. Caminhei pelo lugar apreciando tudo, estava tão eufórica que não
sabia o que fazer. Aquele clima, o estilo do lugar de madeira. O banheiro
então, uma vista esplêndida com partes do piso de vidro dando para ver a
água logo abaixo e uma banheira completava ainda mais a beleza.
Matt chegou por trás e me abraçou, colocando as mãos em minha
cintura, beijando meu pescoço e, quando senti aqueles carinhos, me sentia
leve como nunca.
— Então… o que achou? — perguntou.
— É perfeito, maravilhoso! Não tenho como agradecer o que está
fazendo por mim. — Meus olhos ficaram marejados e ele me virou, ficando
frente a frente.
— Não fique assim, não pensaremos nisso agora! Que tal começar
com um banho enquanto não trazem nosso almoço. — Ele toca meu rosto.
Concordei e fui para as malas, abri algumas pegando um biquíni de
cor branca com detalhes que estava ali, para ajudar Matt também abri sua
mala e peguei uma bermuda masculina de banho, ele preferia assim, a deixei
sobre a cama e vesti o biquíni para pegar uma marquinha legal. Amarrei os
cabelos em um coque e sai, ele me olha quando estava na varanda. Sei que
aquela cara era de desejo e aquela viagem prometia muito. Corei, melhor
seria nós dois sem nada, mas as pessoas iriam vir para servir a comida como
ele afirmou.
Ele entrou para se trocar e deixei ter um pouco de privacidade. Fui até
a piscina, toquei a ponta do pé na água e vi estar numa temperatura perfeita
com aquele sol. Entrei devagar, quando já estava lá, ele apareceu, não
cansava de olhar para ele. Então, entrou na piscina e se aproximou de mim,
nos olhamos por alguns segundos até começar um beijo lento, carinhoso.
Segurei sua nuca enquanto aquele beijo se intensificava. Nos beijamos sem
pressa e sem pudor. Coloquei minhas pernas ao seu redor, ele me segurava
em seu corpo e de surpresa ele mergulhou nós dois.
Quando subi, meu cabelo estava completamente bagunçado, passava
as mãos desesperadamente a fim de tirá-lo do rosto e ele ria, gargalhava do
que via. Dou um tapa em seu ombro.
— Seu bobo, pode ao menos avisar! — Tentei me manter brava.
Aquele sorriso me desmonta e comecei a rir junto dele. Poderia ficar
mais perfeito?
Nos abraçamos e aproveitamos muito um ao outro. Ele estava
excitado e eu, então, nem precisava falar. Senti sua mão descer até a calcinha
do biquíni e me tocar, mordi seu lábio e arranhei levemente seu ombro. Ele
coloca a calcinha de lado, abaixa um pouco seu short deixando seu membro
enorme e delicioso para fora. Encaixou em mim, mesmo ali na água, com
cuidado e pouco a pouco foi entrando, nossos lábios tão próximos. Sentia sua
respiração enquanto me penetrava lentamente.
E, quando conseguiu encaixar inteiro, começou movimentos lentos, a
água balançava à medida que ele fazia o vai e vem. A sensação era
maravilhosa, gemi em seus lábios e ele me olhou.
— Você é minha! — Apertou minha cintura.
— Sou sua… só sua!
Adoro quando ele fala dessa maneira. Agarrou meus lábios em um
beijo intenso e apressado. Foi minutos entre beijos e sussurros provocando
um ao outro, ele mordiscava o meu pescoço, a minha orelha e suas mãos
desciam segurando meu quadril ajudando a rebolar lentamente. Encostei
minha testa na dele e me deixei levar, olhava em seus olhos e ele fazia o
mesmo, chegando ao meu limite sem pudor, gemendo alto e ele assim fez.
Gozamos juntos um no outro, foi tão perfeito. Ficamos naquela posição ainda
um bom tempo acariciando um ao outro.
Ajeitamos o que usávamos, pois, mesmo sendo afastado, o serviço de
quarto era bastante eficiente e estavam, vez ou outra por ali. Logo dois
homens subiram. Enquanto um colocava a mesa lá dentro, outro se
aproximou com cautela. Eu sabia que estava corada, com o que tinha
acontecido agora a pouco, então fiquei ainda mais.
— Senhor Cleveland, com licença, servimos sua refeição. Espero que
esteja do seu agrado. Senhora… — Ele fez uma referência e saiu dali.
Saímos da piscina, chegamos na mesa que era junto a sala de estar e
estava perfeitamente colocada. Tinha de tudo ali, comida até demais para
duas pessoas. Sentemos um à frente do outro e nos servimos.
— Você nunca me falou sobre você. — Ele tocou no assunto.
Comi com calma, pensei um pouco sobre o que ele falou e suspirei.
— Perdi minha mãe muito cedo. Meu pai me criou sozinha em
Winchester, ele tinha um cantinho ao lado da minha casa que realizava
consertos de carros. Então, há um tempo ele ficou doente e era bem
avançado… ele… faleceu e eu estava trabalhando em uma cafeteria pequena
da cidade, ganhava alguns dólares para me alimentar. — Comia com calma
enquanto falava.
— Então… você foi parar naquele lugar. Estava passando por alguma
necessidade? — Ele me olhava com cautela.
Respirei fundo e pensei muito antes de falar sobre aquilo. Mas ele fez
tanta coisa por mim que eu não iria omitir ou deixar que ele ficasse pensando
algo desagradável sobre minha pessoa.
— Aquele homem foi até a cafeteria, me encheu de elogios. Eu estava
sozinha… precisava dar um novo rumo a minha vida e estava prestes a perder
a casa. Então, disse que eu podia ter uma carreira promissora como modelo,
mostrou-me muitas coisas de meninas em uma renomada agência de Nova
York… provou de um tudo.
Abaixei o olhar ao lembrar, sentindo na pele como se fosse naquele
mesmo momento. Matt estava sério, deixando-me falar. Podia notar estar
ficando bem irritado pela sua expressão.
— Ele foi me buscar no dia combinado e, quando cheguei, era aquele
lugar. São ameaças, agressões… — Senti uma lágrima rolar no meu rosto.
Não consegui nem concluir, o copo que ele estava segurando foi
quebrado em sua mão. Eu me assustei, um pequeno corte fazia o sangue
aparecer ali. Pulei e fui até ele, peguei um guardanapo de pano e coloquei em
sua mão, preocupada.
— Matt, sua mão!!! Deixa-me ajudar com isso. — Ele pegou o pano e
limpou por ele mesmo.
— Você era virgem… você… poderia ter passado por alguém… por
algum desgraçado, poderia se machucar, ele abusava… ele… — Estava fora
de si.
Segurei seu rosto, olhei em seus olhos e respirei fundo tentando
acalmá-lo.
— Matthew, foi você! Chegou no momento certo. Foi com você e eu
não me arrependo! Não vamos pensar nisso, por favor! —Beijei seus lábios,
selando-os.
Ele respirava fundo, aquele assunto o deixou frustrado. Mas não
queria acabar com o clima perfeito que estava acontecendo agora a pouco.
Beijei seu rosto várias vezes a fim de que se acalmasse.
C ombinamos de não falar
mais sobre tudo que
aconteceu a meses atrás, por
enquanto. Ele ainda ficou um
tempo pensativo e cheio de ódio, sem dúvida nenhuma, mas depois de um
tempo conseguimos nos acalmar e esquecer um pouco do que nos perturbava.
Seria impossível esquecer de uma vez por todas, pois aquilo marcou,
ao menos para mim. Talvez me faça ter marcas até o resto da minha vida, o
que poderia ser feito de hoje em diante era escrever novos capítulos e tratar
disso como um pesadelo apenas, que depois de tudo acordei e passou. Tinha
medo, isso era evidente, mas não podia viver temendo para sempre.
Já era noite, o silêncio trazia uma paz na qual tanto eu quanto ele
estávamos precisando. A lua naquela noite estava cheia, enorme e brilhante
fazendo a água refletir como um quadro, uma pintura perfeita. Depois do
jantar, decidimos aproveitar aquela paisagem e a privacidade que o local
oferecia. Tiramos as roupas e descemos as escadas que davam acesso ao mar.
Nós dois, nus e sem nenhum pudor, nos abraçamos e beijamos por um longo
tempo. Ele estava carinhoso e, por um momento, eu esquecia de tudo que
estava envolvendo o nosso relacionamento completamente indefinido, era
namorada, noiva, ao mesmo tempo, não era nada, mas não queria pensar mais
nisso temporariamente. Ficamos um bom tempo ali, entre beijos e carinhos
deliciosos. A água era levemente morna, o clima ao dia era quente naquela
época. Um lugar mágico.
Após aproveitar bastante, tomamos um banho juntos e nos deitamos.
A melhor coisa era deitar-se ao seu lado, nesses dois meses às vezes
dormíamos juntos. Algumas vezes ia ao meu quarto e ficava sem jeito de
incomodar, mesmo que ele fosse lá inúmeras vezes e me pegasse nos braços
levando para seu quarto novamente. Acomodei-me naquela cama, mais uma
vez sem roupas, sabia que não iriamos precisar de muitas pelo tempo que
iriamos ficar ali.

Amanheceu, a claridade entrou no lugar e eu olho para o lado, Matt


dormia tão perfeito e sereno. Sai da cama devagar a fim de não o acordar,
peguei um roupão que havia pendurado ali perto e coloco em meu corpo, fiz
minha higiene matinal me sentindo leve naquela manhã. Saí em direção a
cozinha e observei que tudo estava organizado, incluindo o café da manhã
que estava à beira da piscina, uma variedade de pães, sucos, geleias, frutas
etc. O atendimento ali era realmente eficiente.
Olhei em volta e pensei o que seria daqui a dez meses. Eu pegaria o
dinheiro, iria dar um jeito de ajudar Ashley. Voltaria para casa talvez, tentaria
investir em alguém, quem sabe ter uma vida normal após Matt e, só de
imaginar isso, me dava uma angústia, Me imaginar longe dele e com uma
nova rotina era estranho, tinha medo. Ele se tornou uma pessoa tão especial,
na verdade, especial era pouco. Eu o amava!
Precisava assumir isso para mim mesma que fazia de tudo para ter
frieza e discernimento para lidar com tanta coisa.
Perdida em pensamentos senti ele me abraçar por trás
carinhosamente.
— Fiquei curioso, o que está se passando nessa cabeça? — Sua voz
era de sono.
Encostei meu rosto no seu, fechei um pouco os olhos e só tinha uma
coisa na cabeça, iria aproveitar todo tempo que tinha com ele por perto.
— Apenas bobagem, acredite! — Virei-me de frente para ele. — E
sua mão? Como está?
— Foi um corte bobo, está tudo bem! — Olhei para ela junto dele e vi
que foi superficial.
— Vamos à ilha, preciso saber de algo importante, coisa rápida —
avisou.
Concordei e entramos, tomamos nosso café e quando acabou, peguei
mais um biquíni que estava na mala. Ele tinha realmente se programado para
aquilo. Coloquei um short jeans confortável e uma regata branca, concluindo
com uma sandália rasteira muito linda, de cor vibrante. Também uma bolsa
com estilo bem praiano, os cabelos, deixei soltos, eles estavam ondulados
combinando com o lugar, assim como meu rosto, que estava corado como se
estivesse passando blush. Ele colocou um short masculino de banho e uma
camisa leve de botões, roupa leve conforme a ocasião.
Pegamos tudo que iríamos precisar e, em alguns minutos, o barco
chegou ali. Seguimos em direção à ilha e quando chegamos, notei ter um
luxuoso hotel ali que se dividia entre hospedagens no mar e em terra firme,
ele segurava em minha mão e na outra, uma maleta com alguns equipamentos
eletrônicos. Paramos no bar do hotel, sentamo-nos em uma das mesas e ele
perguntou se queria algo. Pedi um coquetel de frutas sem álcool.
Ele abriu o notebook, começou a digitar algumas coisas e o Matthew
sério e CEO voltou naquele momento. Aproveitei minha bebida e depois
decidi entrar um pouco na piscina. Tirei as roupas e fui até lá, entrei com
calma para o corpo se adaptar a temperatura e aproveitei a água. Estava tão
entretida que não notei quando um homem se aproximou.
— Oi, princesa!
Assustei-me e virei. Olhando um homem alto, cabelos loiros,
queimado de sol parecendo surfista.
— Com licença! — Tentei sair, não estava gostando do olhar daquele
homem.
— Calma, linda… eu não mordo. Quer dizer, isso depende! Como se
chama? — Ele segurou meu braço.
Não deu nem tempo de dar uma resposta naquele homem, já tinha
alguém na beira da piscina com uma cara péssima.
— O nome dela é um soco na sua cara! Saia de perto da minha mulher
agora mesmo! — Matt estava vermelho.
O homem se afastou e levantou os braços como se estivesse se
rendendo. Eu saí da piscina e, quando cheguei ao seu lado, ele me olhava
com cara de poucos amigos.
— Vista-se. — Foi direto.
— Mas eu… — Tentei justificar.
— Estou falando, Amy, vista-se! Está chamando muita atenção.
A parte idiota dele começava a ganhar espaço. Olhei para ele
indignada e caminhei irritada até a mesa onde estavam as coisas. Coloquei
minha roupa e, quando ele se sentou, saí de lá sem dizer nada.
— Amy!!! — gritou.
Não dei importância, caminhei o mais rápido que pude até chegar à
praia. Lá tinha muitos barcos e o rapaz encarregado de cuidar de tudo para
Matt estava lá parado.
— Por favor, pode me levar de volta?
— Sim, senhora! — falou se acomodando imediatamente.
Em alguns minutos chegamos à casa, desci e ele retornou, não antes
de perguntar se eu desejava mais alguma coisa. Só queria ficar sozinha,
caminhei até a sala e coloquei uma dose de whisky, tomei com vontade e olha
que não tinha nem o hábito, fiz uma careta imensa depois.

Já tinha tomado várias, Matt demorou a vir e parecia não se importar


muito. Era fim da tarde e o sol estava se pondo. Fiquei sentada na cadeira à
beira da piscina e minha visão estava bem turva. Estava bêbada e eu só fiquei
assim uma vez na vida quando completei dezoito anos, uma fase um pouco
rebelde. Ouvi o barulho do barco e caminhei até o alto da escada, não antes
de levar um tombo devido ao álcool. Matt sobe rapidamente e me olha de
olhos arregalados.
— Você está bêbada, Amy?
Levantei-me e ajeitei os cabelos bagunçados.
— Não! Eu? Não! Estou ó… tima! — Solucei e coloquei as mãos na
cintura fazendo pose.
— Sim! Você! Vem… banho já! — Ele segura meu braço.
— Não é porque me comprou que… que… farei tudo como um,
cachorro, senhor Cleveland!!! — Apontei para ele bem tonta.
— Não fale assim! Vem… — Ele tenta me puxar mais uma vez.
— Falo… falo, falo! — respondo e ele revira os olhos.
Largou então sua maleta lá mesmo e me pegou nos braços,
carregando-me até o banheiro do quarto. Chegando ao banheiro me colocou
no chão, ligou o chuveiro entrando na água comigo de roupa e tudo. Fechei
os olhos sentindo a água fria, foi aí que senti o mundo girar. Ele começou a
tirar minha roupa, agarrei então seu pescoço.
— Humm, agora é a parte que você faz amor comigo… é sim!
— Não, Amy, é a parte que você tomará um banho e irá dormir! —
falava passando o sabonete cuidadosamente.
— Não! Você me comprou para transar com você… claro! — Ele
revirou os olhos novamente enquanto eu falava.
— Pare de falar isso!
— … haaaramm… isso é uma ordem! — Apontei o dedo
gesticulando.
Depois que terminou, ele enrolou uma toalha e levou-me até a cama.
Secou meus cabelos com calma.
—Eu te amo… sabia?
Ele parou um segundo parecendo assustado e depois eu não vi mais
nada, apaguei ali.
A
bri os olhos, mas preferia
não ter feito isso. A dor de
cabeça tomou conta e eu
estava com uma ressaca
infernal, a primeira da vida. Olhei para o lado e estava sozinha, meu Deus, o
que houve? Estava nua, cabelo bagunçado e no joelho um pequeno hematoma
escuro, como se tivesse esbarrado em algo. Me levantei, pegando o roupão
dobrado ali do lado. Fui até o banheiro e antes mesmo de escovar os dentes o
estômago embrulhou e vomitei praticamente nada. Jurei para mim que não
iria beber, terminantemente não!
Após me preparar para encarar Matt e saber o que aconteceu ou se ele
estava muito bravo. Sai devagar do quarto, olhei a sala e ele não estava. Fui
até a beira da piscina e ele estava ali deitado na cadeira de sol, com um
óculos escuro e a roupa de banho. Uma mesa estava posta com o café e
minha vontade não era nenhuma. Caminhei devagar até ele, que parece ter a
audição impecável. Nem sequer olhou, mas foi falando.
— Como está sendo seu dia pós-porre? — Abriu os olhos e sentou na
cadeira.
Eu corei, estava tão envergonhada. Queria saber o que aconteceu,
pedir desculpas ou talvez não, pois foi ele que provocou aquilo. Estava tudo
bem, não fui forte o suficiente, mas quem nunca ficou bêbada na vida?
— Eu não sabia que era tão ruim! — Fiz uma careta.
Ele apontou para a mesa de café da manhã na frente. Apenas olhei e
balancei a cabeça negando.
— Você precisa comer, não comeu nada desde ontem. Tome um suco
para amenizar! — Sempre autoritário.
Me sentei e servi o suco de laranja. Foi a única coisa que me atraiu.
Também comi algumas frutas que tinham ali, o abacaxi estava salvando
minha vida também.
— Eu não… me lembro, apenas quando ouvi o barulho do barco. —
Evitei olhar para ele.
— Ah, não? Isso na sua perna foi uma tentativa sua de beijar o chão
pelo jeito! — Ele apontou para hematoma na perna — Depois você ficou
falando e falando, levei para o banho e você tentou me agarrar!
Coloquei as mãos no rosto e depois nas orelhas completamente
corada.
— Não quero mais saber!
Ele deu uma risada baixa e me olhava se divertindo da minha
desgraça.
— Foi só isso. — Ele mudou um pouco a expressão, ficou pensativo e
tive certeza que tinha mais coisa.
Mas não queria saber, não agora. Bastava tudo isso que aconteceu de
ontem para hoje. Consegui comer frutas bem melhor que as outras coisas ali e
estava um pouco mais aliviada.
— Preciso ir novamente ao hotel, nós vamos! Coisas de trabalho, aqui
é bem isolado como vê.
— Pode ir, prefiro ficar! — Respiro fundo lembrando-me de ontem.
Não queria arriscar ir e presenciar novamente ele conversando com
aquela mulher. Principalmente pelo fato de saber que não tinha o direito de
me sentir incomodada com aquilo, muito menos de reivindicar alguma coisa
a ele.
Sei que não me sentir assim seria absolutamente impossível, mesmo
ele fazendo tudo aquilo como viagem e os momentos carinhosos que ele
proporciona, sentia que não era por inteiro. Ele poderia estar apenas se
aproveitando da companhia e se aproveitando de mim também. Não podia
negar ter vontade de expressar tudo que estava sentindo e pedir alguma
explicação, mas o livre arbítrio que perdi desde o dia que sai da minha cidade
me faz acostumar àquilo, era errado? Com toda certeza, mas acho que boa
parte das pessoas que poderiam estar em minha posição iriam pensar o
mesmo. Talvez um dia a minha autoconfiança possa voltar e espero que seja
logo.
— Ah, mas você vai, não arriscarei de chegar e lhe encontrar sabe lá
como. — Estava me castigando.
— E eu não vou arriscar de ir e você me tratar daquele jeito. — Me
encostei na cadeira.
— Eu estava cheio de coisas na minha cabeça e vem um cara, toca em
você, queria quebrar no mínimo dois dentes da frente dele. — Ele ficou sério
e se levantou indo na direção do quarto.
Terminei ali e o acompanhei, aquilo queria dizer que ele tinha ciúmes
de mim. Então, ao menos, alguma coisa ele sentia e me confortou. Ele pegou
uma camisa confortável e fresca, eu fui até a mala e peguei calcinha, um
vestido longo, claro e estampado bem leve com sandálias rosadas e de tiras
finas.
Quando estava vestindo a roupa ele me olhou e eu fiquei sem jeito.
Sabia o que ele estava querendo, mas conteve-se e deu as costas. Estava
notando que sempre que acontecia algo e ele demonstrava algum tipo de
sentimento, seja de qualquer tipo, logo após ficava pensativo e distante. Era
como se ele colocasse uma barreira ou chegasse a sentir um tipo de
arrependimento por demonstrar aquilo. Por outro lado, não queria me iludir
que seria realmente aquilo e depois acabar quebrando a cara por ser apenas a
sua personalidade autoritária e controladora.

Chegamos ao hotel e paramos em um lugar mais afastado dessa vez.


Era um quarto de frente ao mar, dava diretamente na areia da praia. Ali não
tinha nenhum lugar que deixasse a desejar pela beleza, cada espaço era mais
lindo que o outro e os detalhes faziam toda a diferença. Ele se sentou e
organizou seus eletrônicos, começando uma chamada de vídeo com uma
mulher.
— Ângela, você conseguiu as informações que pedi? — Ele era firme.
— Não, é algo muito bem discreto e cuidadosamente apagado. Mas
conseguiremos, nossa equipe é muito eficiente e terá o que precisa. —
Olhava fixo, me deito em um enorme sofá na varanda e fecho os olhos.
Só queria descansar um pouco, relaxar da noite de ontem. Escutava
ele falar da empresa e mais desse assunto tão cheio de sigilo. Foi então que
ouvi algo que foi um soco em meu estômago.
— Estou com saudades, quando irá voltar? Sem você aqui não é a
mesma coisa.
Abri os olhos imediatamente e olho para Matt, surpresa e sem chão.
Até então era uma mensagem para tratar de negócios e pelo jeito era muito
mais que isso . Ele me olha e vê que eu havia escutado aquilo. Olhou para a
tela novamente e suspirou antes de falar. Fiquei parada o observando por
algum tempo enquanto ele disfarçava o desconforto sem desviar o olhar da
tela do notebook. Voltei à minha posição inicial e fechei os olhos respirando
fundo, buscando toda a força para ignorar aquilo.
— Em dois dias, Amy precisava viajar um pouco! Cuide de tudo
enquanto isso, quero relatórios elaborados com todo rigor. — Ele fechou o
notebook.
Eu ainda estava em choque, não sabia quem era essa mulher. Como
pode falar assim com ele com tamanha intimidade. Como sempre criando
expectativas e pagando por elas. Eles tinham algo, pois ninguém falaria
daquela forma sem tamanha intimidade.
— Sei o que deve estar passando na sua cabeça. — Ele se aproximou.
— Você tem outr… quer dizer, você tem alguém… ou… — Coloquei
a mão na testa completamente confusa. — O que foi isso?
— Ângela e eu já tivemos, sim, um relacionamento não muito sério
há muito tempo. Ela trabalha para mim a alguns anos, não temos mais nada.
Ela apenas sempre me tratou dessa forma depois que acabou, é o jeito dela.
Ah, o jeito dela? Sentir falta, sem ele não era a mesma coisa. Isso era
um pouco demais para minha cabeça. O que eu podia fazer? Queria matá-lo,
mas quem era eu nessa história toda. A mulher que ele tirou de um lugar
asqueroso por pena ou para se aproveitar e que estava ali por aparência. Meu
coração estava apertado, desvio o olhar e ele senta ao meu lado, toca meus
cabelos e mantenho-me firme. Fecho os olhos e ignoro.
—Para todos, somos namorados. Noivos em breve, não iria manter
um relacionamento com alguém colocando em risco minha credibilidade
perante todos — falou.
Aquilo doeu ainda mais, estava tentando se explicar e magoando
ainda mais meu coração ao lembrar que aquilo era um relacionamento para
dar credibilidade e demonstrar que ele era um homem íntegro, sério e queria
montar uma família em breve. Fiquei em silêncio, ele ficou algum tempo ali
do meu lado e sabia que estava me olhando. Eu estava muito magoada agora,
não queria trocar mais nenhuma palavra nesse momento. Se ele queria
demonstrar algo, apenas poderíamos ficar andando por Nova York aos beijos
e carinhos dando a fotógrafos e notícias o que elas queriam. Ao invés disso,
vem para Maldivas como um homem realmente apaixonado e fica
provocando cenas ridículas de ciúmes. Vai entender!
P
assei o resto do dia em
silêncio, dormi um pouco
para me recuperar por
completo, quando ele
terminou tudo e voltamos para a casa, mantive a postura. Não iria conseguir
ser como chegamos depois daquilo tudo. E, sim, eu me importava por
imaginar ele com outra mulher, mesmo não tendo o direito de sentir isso.
Chegando na casa, a noite estava começando e fui direto ao quarto. Entrei no
banheiro e tirei a roupa, queria um banho e tirar aquilo da minha cabeça, nem
que fosse por alguns minutos. A porta do banheiro se abriu e eu estava
embaixo do chuveiro, olhos fechados e não abri mesmo sabendo que ele
estava ali.
O barulho de roupas sendo depositadas em algum lugar e, não
demorou muito, senti o corpo dele atrás de mim. Não foi malicioso, foi
carinhoso. Beijou meu ombro e falou.
— Não faz isso, não tenho nada com ela há muito tempo. É nossa
viagem.
Aquelas palavras me fizeram sentir um aperto. Sim, era nossa viagem,
mas ele estava mesmo assim falando com ela, trabalhava com ela. Sabe-se lá
mais o que. Ele me virou com calma à sua frente.
— Olha para mim! — Não soou como uma ordem. Mas sim como
pedido.
Eu abri os olhos e olhei para ele, seus olhos claros me analisaram
então tocou meus lábios. Só de senti-los meu corpo se rendia, ficar distante
dele todo esse tempo era demais para mim.
— Não faz nada sem importância estragar o tempo que temos —
falou baixo.
Ele tinha razão, concordei que iria aproveitar e era isso que faria.
Independentemente do que iria acontecer amanhã, semana que vem ou daqui
10 meses.
Começamos a nos beijar, agora com aquela intensidade que adorava e
estava sentindo muita falta. Ele segurou em minha cintura e levantou-me,
coloquei as pernas ao redor do seu corpo e Matt me encostou na parede.
Sentia seu membro tocar em mim, duro e pronto como sempre estava. Eu
também já estava mais que pronta para ele e sempre estaria.
— Não preciso de mais nada! — sussurra me fazendo arrepiar.
— E eu preciso de você…agora! — sussurrei também.
Aquilo parece ter o instigado, encaixou seu mastro na minha
intimidade molhada de tanta vontade dele, entrou apenas a sua ponta rosada e
aquilo me deixou louca. Ele parou, me castigando.
— Isso que você quer? — Ele me olhava, provocando.
— Sim, é isso… — Segurava em seus ombros e arranhava os
mesmos.
Ele entrou só mais um pouco e o senti me invadindo, deslizando tão
lentamente e tremi.
— Assim? … Tão apertada! — continuou.
— Quero todo dentro de mim. Vai… por favor! — Estava entregue.
Então, entrou de uma vez até o fundo. Gemi alto sentindo-o todo me
preenchendo. Começou um vai e vem rápido, com seu gemido rouco
acompanhando. Depois desci rapidamente do seu corpo e dei as costas para
ele, apoiando minha mão na parede e com meu quadril empinado para ele,
que logo entendeu o recado e colocou dentro de mim novamente, segurando
minha cintura e esticando forte e rápido por minutos, aproveitando cada
segundo daquela sensação. Não iria segurar mais e ele sentia isso enquanto eu
pulsava, foi então que chegamos ao ápice juntos, nossos gemidos se juntaram
no banheiro e o corpo relaxou imediatamente.
Terminamos nosso banho entre beijos e carícias. Depois seguimos
para o quarto e dormimos, sempre colados, e era assim o melhor sono como
sempre afirmava.

No dia seguinte ele não foi ao hotel, pegamos o barco e conhecemos


ainda mais ao redor. Fizemos mergulho, vimos cardumes, jet skis e passeios
diversos, de tudo um pouco naquele lugar mágico. Foi muito mais que
divertido, a tarde passou voando. À noite, um lindo jantar estava preparado
para nós, um jantar com direito a velas etc. Rimos, contamos histórias da
nossa infância e acabei descobrindo que Matt tinha uma irmã mais nova. Ela
estudava moda em Paris.
Antes de voltar, passamos por uma festa que o bar do hotel estava
promovendo, ele não queria, mas eu insisti. O lugar estava repleto de pessoas
animadas, dançando e bebendo, as músicas eram variadas, de diversos países,
tomei alguns coquetéis de fruta que estavam deliciosos e Matt tomou algumas
doses do seu whisky predileto. Dançamos, rimos e aquela noite foi muito
divertida. Uma das melhores.
No dia seguinte era o momento de voltar ao mundo real. Onde tudo
era imprevisível. Fizemos o trajeto de volta, pegamos o jato e estávamos
exaustos, ao contrário da vinda. Em muitas horas chegamos a Nova York e o
motorista nos aguardava no aeroporto, nós seguimos para casa. Ou melhor, a
casa de Matthew.
Quando chegamos, parecia mesmo que eu morava ali há muito tempo,
que por mais maravilhoso que fosse aquele lugar, ali tinha se tornado meu lar.
Provisório, mas lar. Mary foi repousar, ela morava em uma casa que tinha no
enorme quintal que foi construída para ela e era muito confortável. Um dos
seguranças de Matt era seu filho e morava lá com ela.
Estávamos exaustos da viagem, aproveitamos ao máximo contando
também com tantas frustrações ocorridas, mas o nosso relacionamento era
baseado nisso pelo jeito. Fui até meu quarto e tomei um banho para relaxar.
Coloquei um pijama e, quando estava puxando o cobertor da cama, escuto
batidas na porta. Vou até lá e Matt estava com uma calça de moletom cinza e
sem camisa.
— Acho que tive um pesadelo! Posso dormir com você? — Ele
brincou, eu não segurei o riso.
Ele entrou e nos deitamos, só queríamos dormir. Durante a viagem foi
bastante exaustivo e, para falar a verdade, dormir longe dele seria muito
difícil.

Acordei cedo pela manhã, Matthew já tinha levantado. Iria voltar a


rotina de trabalhos hoje, após ficar fora esses dias. Tomei um banho, coloquei
um vestido branco levemente justo até o joelho e um decote leve, um sapato
preto e uma bolsa da mesma cor. Desci as escadas e Mary estava servindo o
café. Corri até ela e a abracei cheia de saudades, ela se tornou muito especial
para mim.
— Como foi a viagem, menina? Vocês chegaram com uma cor ótima!
— Ela sorria gentil.
— Foi incrível, Mary, acho que precisávamos disso.
— Sei que precisavam! — afirmou sorrindo.
Não entendi o que ela quis dizer, mas estava muito apressada. Tomei
um copo de suco rapidamente e um pedaço do seu bolo caseiro. Sai rápido e
David, o filho dela, ficou encarregado de me levar e assim fez. Chegando na
empresa, subi até a minha sala. O diretor parecia louco de um lado para o
outro. Quando me viu levantou os braços.
— Por Deus… Amy voltou! Nunca mais deixarei Cleveland lhe raptar
assim, estou precisando de sua ajuda com alguns papéis — chamou-me até
sua sala.
Estava com muito trabalho e fui o mais cautelosa possível. Fazendo
tudo que estava ao meu alcance e muito mais. Na hora do almoço ainda
estávamos embolados com isso, iria pedir comida ali mesmo. Só que antes
iria procurar Matt, não havia falado com ele ainda naquele dia.
Peguei um elevador, cheguei no último andar que era o dele. Sua
secretária estava sentada à frente e, mesmo que ele tivesse deixado claro que
eu não precisava ser anunciada, preferia não ser indelicada.
— O Matthew se encontra em sua sala? — perguntei com um sorriso
educado no rosto.
— Não, senhora Carter, ele saiu para almoçar há algum tempo. Deve
estar retornando pelo horário.
Agradeci, voltaria em outro momento. Quando dei a volta, vi sair do
elevador e caminhar pelo corredor numa conversa distraída, Matt e uma loira,
alta, magra, olhos azuis e uma roupa vinho que colava em seu corpo. Ela me
viu primeiro, então colocou a mão no ombro dele que estava entretido.
Quando me viu ficou surpreso. Parecia ter ficado tenso e então chegou perto
de mim.
— Aconteceu alguma coisa? — Ele tocou meu braço preocupado.
— Não… Não, meu amor. Apenas queria ver se já tinha almoçado. —
Toquei seu rosto, de propósito.
Então a loira deu um passo à frente, se intrometendo com algo que
não foi perguntado a ela.
— Almoçamos em um restaurante que adoramos há muito tempo.
Velhos hábitos não morrem. Aliás… prazer, Ângela! — Ela esticou a mão.
Fiquei imóvel, quer dizer que velhos hábitos nunca morrem. Era uma
afronta, já que tinha o papel de noiva naquele relacionamento merecia ao
menos o respeito e pelo contrário, estava fazendo papel de idiota.
O
lhei para Matt depois para a
mulher e não quis cair na
pilha. Não na dela, pois com
ele eu resolveria depois.
Chegamos de viagem e a primeira coisa que fez ao chegar na empresa foi
almoçar com ela. Respirei fundo e dei um sorriso.
— Ou a gente não percebe que eles morrem, não é verdade? — falei
um tanto calma.
Ela fez uma cara de poucos amigos dessa vez. Olhei para Matt,
aproximei-me e selei seus lábios rapidamente, ele retribui ainda um pouco
surpreso com a situação.
— Que bom que já almoçou! Eu agora tenho que voltar ao trabalho.
Foi uma satisfação conhecê-la… é Ângela, não é? Com licença! — Então saí
de lá o mais rápido.
Quando entrei no elevador, coloquei a mão no peito sentindo um
aperto imenso. Lembrei de como o olhava, como colocou aquelas mãos em
cima dele mesmo quando me viu. Como ele permitia tamanha intimidade.
Tenho certeza de que se fosse ao contrário ele estaria fora de si e falaria
qualquer coisa absurda para me magoar.
Quando cheguei a minha sala, Bruce estava lá terminando de
organizar tudo. Olhou para mim e deu um sorriso aliviado.
— Pedi almoço para nós, Amy. Conseguimos adiantar tudo, muito
obrigado, estava enlouquecido com isso. Você é muito eficiente, garota.
Parabéns! — Ele era um senhor de uma energia ótima.
— Eu agradeço, fiquei sem apetite. Mas logo comerei algo, Bruce.
Obrigada!
Ele voltou à sua sala.
Sentei-me à mesa, o pensamento ainda no que havia acontecido agora
a pouco. Respirei fundo e balancei a cabeça a fim de tirar aqueles
pensamentos de uma vez, aquela nova vida e a situação que estava vivendo,
obrigava-me a amadurecer a força e não tinha escolha alguma.
Então, depois de alguns minutos a porta se abre e Matt entra vindo
direto a minha mesa. Ele parecia apreensivo, parou na minha frente e, pela
primeira vez, eu o vi sem saber como começar a falar.
— Está tudo bem mesmo? Aconteceu alguma coisa? — Ele se apoiou
na mesa.
— Por que pergunta isso? E o seu almoço, como foi? Em ótima
companhia como eu vi. — Ignorei, mexendo no notebook sobre a mesa.
Ele levou a mão até a tela e fechou de uma vez fazendo tirar minha
mão rapidamente e ficando surpresa. Depois voltei o olhar para ele, essas
atitudes só me surpreendiam nos primeiros segundos.
— Eu precisava me atualizar de assuntos do trabalho. — Ele me
encarava.
— Sim, claro! Como é mesmo? Velhos hábitos nunca morrem! — Fui
irônica.
Ele respirou fundo, abaixou um pouco a cabeça e voltou a me olhar.
Parecia estar buscando paciência. Mas quem deveria estar fazendo isso, era
eu.
— Minha mãe nos convidou para jantar hoje à noite… Claire chegou
de Paris e ela insiste em lhe apresentar. — Ele volta a sua posição.
— A companhia da sua mãe é sempre ótima — afirmei, fria.
Ele me olhou impaciente, mas preferiu se conter. Aqueles olhos claros
estavam ainda mais aparentes, olhou-me novamente e quando ia saindo
lembrou de algo.
— Você se alimentou? — perguntou.
– Estou sem fome. Depois como algo. — Abro novamente o
notebook.
— Você quer passar mal sem se alimentar, é isso? Parece uma
criança.
— Deixe-me em paz, Matthew! — Olhei séria para ele, ele ficou
surpreso.
Depois de algum tempo sua expressão passou para raiva. Sabia que
ele suportava aquilo, pois estava na empresa, mas por dentro estava mais que
irritado. Então saiu de lá batendo os pés, havíamos voltado a realidade.

No fim da tarde, tomei um cappuccino e alguns biscoitos enquanto


terminava de bolar um evento de divulgação de um novo produto. Tínhamos
que ver tudo, local, decoração, convites do evento e aquilo me manteve
entretida o resto do dia. Quando estava saindo da empresa, procurei o
telefone para falar com David, Matt estava lá embaixo com as mãos nos
bolsos me esperando.
— David foi dispensado. Vamos! — Ele me olhou e saiu em direção
ao carro estacionado na entrada.
Sabia que ele faria isso, respirei fundo e caminhei em direção ao seu
carro. Entrei e me acomodei, colocando o cinto de segurança. Ele fez o
mesmo e seguiu em direção a sua casa. O silêncio prevaleceu, nem ele e
muito menos eu falei nada. O clima estava tão tenso que era melhor estar
longe um do outro naquele momento e eu não estava a fim de mudar aquilo.
Quando chegamos a casa, subi direto para o quarto, pois o jantar com
Meredith seria em pouco mais de uma hora. Precisava me arrumar e tirar
aquela cara horrível de cansaço e estresse. Liguei para Pierre, que chegou
rapidamente, ao longo desse tempo já tinha vindo para cá não só a trabalho,
mas para conversarmos, precisamos sempre distrair um pouco, pois lidar com
aquele homem era uma loucura. Tomei um belo banho e quando sai do quarto
escutei a voz de Mary na porta do quarto anunciar a chegada de Pierre e eu
autorizei a sua entrada. Ele sempre cheio de estilo e com aquele sorriso
enorme em seu rosto, aproximou-se então.
— Minha querida, que bom te ver, está tão bronzeada, Cherry! — Ele
me abraça e eu relaxo.
— Também senti sua falta, estive alguns dias nas Maldivas com
Matthew, foi incrível. — Bate palmas sorrindo.
— Conte-me tudo e não esconda nada! — Sentei-me na cadeira para
ele cuidar do cabelo, pois estava apressada.
Contei sobre a viagem e sobre Ângela. Claro que não contei sobre
nosso relacionamento de mentira, isso não vinha ao caso. Quando
terminamos, olhei no espelho e ele fez um milagre naquela cara horrível de
cansaço. Nos cabelos um coque formal, estava muito lindo e uma maquiagem
com delineado bem feito e uma boca vermelha estilo vintage. Peguei um
vestido vermelho, parecia formal na frente, um pouco acima do joelho. Mas
atrás, as costas eram nuas. Coloquei o perfume, uma sandália de tiras finas
preta de salto fino e a bolsa da mesma cor. Para completar, alguns acessórios
dourados.
— Obrigada, você sempre fazendo me sentir melhor! — Olhei no
espelho feliz com o que via.
Ele deu um sorriso, segurou minhas mãos e me depositou um olhar
carinhoso e sincero que estava precisando naquele momento.
— Não deixe que essa pi.ra.nha estrague o amor de vocês. — Ele me
pegou de surpresa. — Vocês se amam e basta olhar para os dois, notamos
isso mon cher!
Suas palavras me tocaram. Mas isso não dependia de mim, estava
amando sozinha naquela história toda.
— Se quiser um quarto para você aqui, Pierre, só avisar. Frequenta a
minha casa mais que eu mesmo! — Matt apareceu falando na porta.
Ele estava todo de preto, camisa e calça social preta. A barba bem
feita e os cabelos bem penteados, o cheiro do seu perfume adentrou no
quarto. Ele sempre brincava com Pierre daquele jeito, ele já parecia estar
acostumado.
— Você é um ogro, Matthew Cleveland! Credo! — Ele pegou sua
maleta segurando o riso.
Descemos até a entrada da casa, despedi-me levando-o até a porta e
combinamos um café algum dia. Quando ficamos só nós dois, olhei para ele e
ele me olhava de um jeito que eu não sabia decifrar.
— Você está linda!
— Você… Não está nada mal! Vamos… — Desviei o olhar do dele e
tinha certeza de que ele havia revirado os olhos.
E
stava pensativa no trajeto
até a casa de Meredith, mais
uma vez iria fingir sermos
um casal perfeito. Que se
conheceram por acaso apresentados em um momento qualquer. Olhei de
canto para ele e seu olhar estava fixo à frente. Estava conhecendo-o muito
bem ultimamente e jurava estar nervoso. Voltei o olhar para a janela, um
pouco distante. Passou rápido até que chegamos a um condomínio afastado e
muito luxuoso.
Ainda não tinha me acostumado com tudo que estava vivendo.
Também estava nervosa, pois não sabia o que esperar da irmã dele, se ela
seria metida e antipática ou seria uma pessoa legal. Independente, pedia que
fosse tudo bem e não tivessem mais perguntas, pois saber responder todas
fora da realidade me deixava toda confusa.
Chegamos a uma casa linda e iluminada. Uma fonte logo a frente,
palmeiras enormes. Matt parou o carro e desceu. Abriu a porta para mim e eu
desci segurando em sua mão, era o momento de o casal de novela entrar em
ação. Caminhamos até a porta, logo ela foi aberta pela própria Meredith que
fez questão de nos receber alegremente.
— Olá, meus queridos, que felicidade os ter aqui. — Ela me abraçou
carinhosamente — Filho, estou tão feliz.
Parecia um acontecimento Matt estar por lá e tinha uma euforia que
ultrapassa um pouco. Não estava entendendo muito, talvez fosse a sua filha
que estava ali depois de muito tempo. Kevin, o padrasto de Matthew, estava
logo atrás com um enorme sorriso no rosto. Era um homem alto, cabelos
grisalhos e parecia ser uma boa pessoa. Se aproximou e apertou a mão do
meu “namorado”. Depois aproximou-se de mim e deu um beijo em meu
rosto, educadamente.
— Meredith não fala em outra coisa. É um prazer conhecê-la, Amy!
— contou ele.
— O prazer é todo meu. Estou muito feliz por conhecê-lo! — Sorri,
educadamente.
Meredith nos guiou até a enorme sala de estar. Sentamo-nos em um
dos sofás, Matt deixava uma das suas mãos em minhas costas e acariciava
com o polegar lentamente. Conversávamos tranquilamente sobre coisas
aleatórias, foi servido vinho e aproveitei dele para relaxar um pouco e ao
menos sentir-me mais à vontade. Quando uma garota de olhos verdes,
cabelos loiros e com uma roupa bem fashionista descia as escadas e se
juntava a nós.
— Amy, essa é minha irmã… Claire! — Matt me apresenta.
Fico de pé e nos aproximamos, dando um beijo em cada lado do rosto.
Ela era linda, assim como ele. Ao menos naquele primeiro momento, o seu
sorriso era radiante e a energia que ela passava era boa. Ficava agradecida aos
céus pela família dele ser acessível, pois lidar com pessoas arrogantes seria
muito mais difícil para mim.
— Olá, Amy. Você fisgou o coração do meu irmão cabeça dura. Isso
é um marco histórico. Temos champanhe essa noite para comemorar, mama?
— falava humorada.
Matthew tinha se levantado e assanhando os seus cabelos que a fez
dar um tapa em seu ombro.
— Odeio quando você faz isso! — Ela arruma o cabelo novamente.
Todos riam, eu estava me divertindo. Toda a família era muito
agradável e educada. Além de se divertirem muito quando estavam juntos
pelo jeito.
Em alguns minutos o jantar estava servido. A comida estava
maravilhosa, vez ou outra, Matt tocava a minha perna e fazia carinho, isso me
acalmava… depois me deixava mais confusa. Depois do jantar voltamos para
a sala, bebidas foram servidas. Eu sabia bem o que a bebida fazia comigo e
tomei apenas uma taça de champanhe, enquanto Claire acaba com um litro.
— Como amo isso! — Virou a taça.
— Filha, tenha modos! — Meredith a repreendia.
— Mama, um pouco de champanhe não irá tirar a lady que tem dentro
de mim. — Ela brincou e todos nós rimos.
Matthew levantou-se com a taça na mão, olhei para ele de pé e fiquei
curiosa pelo que ele pretendia falar. Meredith levou as mãos à boca
emocionada e eu olhei ao redor.
Claire olhava atenta e depois me olhava, eu estava começando a ficar
constrangida com a situação, pois percebi que a atenção estava voltada a mim
e a ele. Meu rosto parecia brasa, ardia e eu estava mais vermelha que um
pimentão naquele momento. Agora, o champanhe que estava em minha mão
sendo tomado lentamente, iria servir para algo e virei o que restava todo de
uma vez.
— Quero aproveitar que minha família está aqui. Família é a coisa
mais importante que temos, às vezes não depositamos a ela o seu devido
valor na nossa vida. Mas, quando amadurecemos, desejamos, além de
preservar nossa família, fazer a nossa própria. Então, é por isso que…
Eu olhava ele fazendo aquele discurso e apenas pensava “Que diabos
ele estava fazendo?”. Ele coloca a taça na mesa de centro, pega uma caixa de
veludo em seu bolso. Estica a mão para mim, eu estava tremendo e sem
entender absolutamente nada. Ele falou que isso ia acontecer, mas por que
assim? Por que tão real? Por que estava fazendo isso comigo? Fiquei de pé,
as pernas tremiam e estava sendo um esforço imenso manter a postura, ele
abriu a caixa olhando em meus olhos.
— Amy Carter, aceita se casar comigo? — Eu quase caio.
Minhas pernas tremeram, lágrimas caiam dos meus olhos. Não sabia o
que pensar. Queria tanto que aquilo fosse verdadeiro, algumas lágrimas eram
de tristeza, sim, mas iria segurar essa. Engoli o choro, passei a mão no rosto
levemente e respirei. A minha real vontade era olhar para ele e perguntar por
que ele estava brincando comigo daquela forma, que já não bastava tudo que
eu passava diariamente e precisava brincar comigo assim. Era só ter me
informado em casa mesmo que agora éramos oficialmente noivos e eu iria
fazer o meu papel como estava fazendo a meses. Mas estavam todos ali,
emocionados, olhos marejados e sorrisos radiantes e era injusto com eles
também. Mas se assim fosse, eu iria responder como se fosse verdade e me
sentir noiva de verdade ao menos aquela noite.
— Sim… eu aceito! — falei com a voz embargada.
Ele tirou a aliança de noivado de caixa, era um solitário enorme.
Segurou minha mão e colocou a aliança em meu dedo. Eu estava tão confusa.
O abracei e deixei meu rosto em seu ombro, ele segurou minha cintura e eu
fechei os olhos procurando forças para olhar para todos ali. Fiquei
imaginando como seria quando esse ano acabasse, nós decepcionaríamos
tanta gente. Depois de um tempo afastei-me um pouco de Matt e olho ao
redor. Meredith chorava, Kevin sorria alegremente e Claire segurava a taça
de champanhe, levantou-a para cima em comemoração.
— Olha como vocês me deixaram, estou aos prantos. Que momento
lindo, meu filho… Amy, minha querida, como estou feliz! — Ela se
aproximou me abraçando.
— Parabéns aos pombinhos, eu desenharei seu vestido, Amy. Já estou
logo avisando! — Claire ordena, era idêntica ao irmão.
Se tivesse mesmo um vestido para ser usado, poderíamos fazer isso.
Mas não tem, nem terá. Na minha cabeça imaginei um vestido de noiva e ele
esperando-me no altar, eu estava perdida sonhando com algo ilusório.
— Sem dúvida, Claire — concordei ainda um pouco extasiada—
Acho que vocês já esperavam isso e me pegaram a fim de fazer surpresa! —
Olhei para o anel em meu dedo e suspiro.
Kevin e Matthew se abraçaram, falando coisas de homem um para o
outro e sorrindo. Matt parecia atuar tão bem que estava lidando com aquilo
como se fosse realmente um noivado.
— Confesso… ajudei na aliança! A mama obrigou o Theo a vir jantar
e pedir aqui… — falou divertidamente.
Ele tocou minha mão, sabia que estava entendendo toda minha
confusão.
— Preciso de uns minutos com minha noiva…já voltamos! — Ele me
puxava para fora.
Sua mãe estava radiante, falava de netos e Claire de sobrinha para
vesti-la como uma boneca. Minha cabeça parecia que ia explodir de tanta
informação junta. Apenas segurei a mão dele e deixei que me levasse para
fora. Caminhamos para um lugar que deu em um jardim, lá também tinha
uma enorme piscina, tinha ponte e a iluminação deixava o lugar ainda mais
lindo. Paramos em um lugar pouco iluminado e ficou de frente a mim, me
olhando e analisando com certeza. Respirei fundo.
— Por que você fez isso? Isso… tudo… — Abri os braços
gesticulando.
— Iriamos ficar noivos e… — Ele estava nervoso pelo jeito.
— Não poderia só chegar com um anel, me entregar e avisar a todos
que agora éramos noivos. Por que na frente da sua família que acredita tanto
em nós, por que aquelas palavras? Esse… esse pedido! Você não liga para os
meus sentimentos? — Olhei nos seus olhos — Tenho algo aqui… — Apontei
o meu peito — Que se chama coração, se você tem uma pedra aí… não é
culpa minha!
Ele parece ter levado um soco ou algo do tipo. Pois sua expressão
agora foi de dor. Engoliu seco. Por um momento acreditei em suas palavras,
no seu olhar.
— Eu… eu quis fazer da forma certa. Eu… não sei explicar! — Ele
estava perdido no que dizia.
— Essa é a forma certa. Mas somos errados! — As lágrimas desciam
dos meus olhos.
Ele tocou meu rosto, limpando-as. Matt também não estava bem, eu
sabia disso. Mas não falava o que sentia, não se abria. Aquilo me matava por
dentro, pois demonstrava o quanto ele estava calculando tudo até nosso
tempo acabar. Ele me abraçou e eu fiz o mesmo, ficamos em silêncio algum
tempo. Ninguém sabia o que dizer mais naquele momento.
— Vamos nos despedir de todo mundo — disse e eu apenas
concordei.
Chegamos na sala, eles conversavam tranquilamente. Eu estava
abraçada a Matthew e ele segurava meu ombro me dando o conforto que
precisava.
— Nós já vamos, foi emoção demais para Amy e ela não se sentiu
muito bem… — Ele beijou minha cabeça.
Meredith se levantou e estendeu as mãos, eu coloquei as minhas sobre
as dela e ela tinha aquele sorriso maternal nos lábios.
— Não se sentiu bem, querida? — perguntava com um misto de
preocupação e curiosidade.
Não! Ainda não seria avó, deu vontade de falar me lembrando da
primeira vez que ela perguntou isso. Então me recordei da médica, a viagem
surpresa. O trabalho e agora aquilo, perdi-me completamente da data, tinha
que tomar mais uma injeção.
— Juntou o cansaço da viagem, trabalho de hoje e esse momento…
tão especial. Minha cabeça ficou a mil! — Tentei cortar o assunto.
Ela entendeu perfeitamente, nos despedimos de todos e seguimos para
o carro. Quando me acomodei, olhei o anel de noivado em meu dedo, tinha
uma aparência delicada, ao mesmo tempo, era um diamante tão forte. Eu
acreditava que se remetia a mim, pois tudo que eu estava passando era uma
provação imensa. Ele me olhou, sabia que também estava angustiado, mas
me deixou quieta com meus pensamentos. Se tudo aquilo fosse verdade, eu
estaria tão radiante, estaria eufórica. Seria lindo e emocionante, mas, na
verdade, aquele momento se tornou torturante. Eu estava completamente
atordoada.
Q
uando chegamos em casa aquela noite,
fui para o meu quarto. Preparei-me para
dormir, queria ficar sozinha. Quando me
deitei na cama, um vazio tomou conta, estava dormindo ao seu lado há dias,
como era estranho saber que ele estava no quarto do lado. Tão perto e tão
longe ao mesmo tempo, respirei fundo e depois de muito tempo consigo
dormir. Mas foi uma noite nada agradável, acordei várias vezes, rolei de um
lado para o outro e isso resultou em olheira no dia seguinte.
Fui ao trabalho com David, pela manhã foi muito tranquilo. Almocei
com Pierre em um restaurante próximo, que pegou meu anel e babou dez mil
vezes e eu tentei demonstrar felicidade, mas ele percebeu algo, só não entrou
em detalhes. Quando voltei para o prédio me perdi novamente no trabalho,
liguei para a médica, ela estava de férias e retornaria em um mês, então
marquei a consulta assim que chegasse. Teria que me prevenir novamente
com Matt até o retorno dela. Lembrei o quanto sentia falta do seu corpo,
aquele clima era tão ruim.
Depois do trabalho, voltei para casa. Tomei um demorado banho,
troquei-me e ajudei Mary com o jantar, sempre era muito divertido aqueles
momentos com ela. Era realmente a mãe que não tive.
— Sei que não estão bem. — Ela me olhou carinhosamente.
— Ah… não… não, são só problemas de trabalho, Mary —
desconversei sem olhar para ela.
— Sei como isso tudo aconteceu, olha minha idade, minha menina. O
jeito assustado que chegou, a forma de vocês dois. Conheço ele desde
criança! — Ela me fez abaixar a cabeça.
— Ei… — Ela levantou meu queixo — Ele te ama tanto quanto você
a ele, se está difícil para você, não acha que ele está passando o mesmo?
Acha que é um fardo que só você carrega?
Poderia ter ficar sem aquela por hoje, se não fosse tão necessário.
Senti uma lágrima rolar e olhei para ela.
— Eu não sei como posso fazer isso. — Segurei sua mão e ela retribui
apertando levemente.
— Seja sincera com ele ainda mais, não espere que ele faça isso em
troca, deixe que ele consiga naturalmente. Você foi uma surpresa na vida
dele, não tem como ele simplesmente saber lidar do dia para a noite!
As palavras dela eram as mais certas que ouvi há muito tempo. Estava
sendo egoísta, se ele gostava de mim, eu estava sufocando e exigindo coisas.
Ele me tirou do inferno, trouxe-me para sua casa e a única coisa que fez foi
me agradar, tinha seus momentos, mas isso seria normal. Abracei Mary e
agradeci por ser a mãe que precisava naquele momento. Depois terminamos o
jantar, ouvi a porta abrir e Matt entrar com seu blazer na mão, a expressão de
cansaço e desânimo estava em seu rosto.
Aproximei-me um pouco tímida, olhei para ele. Ele me olhou com a
cara “o que aconteceu dessa vez?”. Deixei um pouco tudo aquilo de lado, só
sentia falta de ficar perto dele, dias pareciam meses ou anos. Aproximei-me,
tirei a maleta da sua mão e coloquei sobre o sofá junto do blazer. Folguei sua
gravata e ele deu um sorriso de canto.
— Você bebeu? Espero que não!
Segurei o riso, um bobo realmente. Tirei sua gravata e segurei sua
mão.
— Não, você está bem exausto. Quero te ajudar a relaxar. — Subimos
as escadas em direção ao seu quarto.
Ele tirou os sapatos e meia, deixando ali antes de entrar no banheiro.
Ajudei a tirar sua roupa, ele ajudou com a minha e entramos no box. A água
morna caía em nosso corpo e era um momento que os dois estavam
precisando. Como naquela viagem. Ele beijou meus lábios, desceu pelo meu
pescoço até meus seios e passava a ponta da língua em meu mamilo já
pontudo com seu toque. Desceu pela minha barriga e eu apoiei as costas na
parede, pois estava trêmula.
Ele olhou para cima, bem perto da minha intimidade. Colocou minha
perna sobre seu ombro.
— Quero sentir seu gosto, fazer você gozar em minha boca!
Sua língua tocou meu clitóris e eu quase caí naquele momento, minha
perna tremeu de imediato. Ele lentamente sugava e passava a língua com
movimentos circulares.
— Nossa, como isso é bom! — Segurei seus cabelos molhados.
Ele acelerou as lambidas leves e sugando tão gostoso que eu não
consegui segurar mais. Puxei seu cabelo, gozei em sua língua gemendo alto e
muito, por sinal.
Ele subiu novamente e beijou meus lábios, eu o beijei com toda
intensidade dividindo aquela sensação com ele. Toquei seu membro duro, as
veias saltadas.
— Sentindo tanto a sua falta, está vendo! — Ele estava tão excitado.
Sai do box rapidamente até uma gaveta ali no banheiro. Peguei o
preservativo e voltei. Ele me olhou com cara de poucos amigos.
— Quero te sentir, por que isso agora? — Segurou minha nuca e me
beijou.
— Só por agora amor, eu juro! — falei e ele concordou.
Colocou o preservativo que chegava a ficar apertado de tanto que
estava excitado. Virou-me de costas, encaixou seu pau em mim e entrou
lentamente. Segurou em minha cintura, entrou inteiro dentro de mim e
começou com o vai e vem rápido. Mordi o lábio contendo o gemido. Com
uma das mãos ele segurou meu cabelo, puxando para trás não com muita
força, mas de um jeito que me fez adorar.
— É assim que você gosta? Ham? — provocava.
— Sim…! — respondi sussurrando.
— Vai gozar para mim de novo? — Ele estava ofegante.
— Eu vou…
Nós não conseguimos terminar a frase e nem segurar, chegamos ao
nosso limite junto. Ele não escondeu nem um momento a saudade que sentiu
esses dias. E eu muito menos.

Saímos do quarto, vesti uma das suas camisas e ele uma calça de
dormir. A essa altura o jantar já estava servido e Mary foi para sua casa,
afirmei que eu tiraria o jantar aquela noite. Sentamos a mesa e nos servimos.
Nossa expressão havia mudado, era bem melhor quando estávamos assim.
— Por que precisamos de preservativo hoje? — Ele me olhou
confuso.
— A doutora está de férias, tanta coisa aconteceu esses dias e estava
no momento de tomar a injeção novamente. Então temos que segurar até ela
voltar, não quero mudar de médica. — Terminei o jantar.
Ele deu nos ombros e voltou a comer. Quando terminamos, tirei a
mesa e ele me ajudou com a desculpa de me querer mais tempo por perto.
Resolvemos assistir algo, tinha uma sala de cinema ali e, pelo jeito, não usava
muito. Levamos chocolates, pipoca, escolhemos o filme e não prestamos
muita atenção, pois nos beijamos boa parte do tempo, até que dormi em seus
braços, exausta.
M
atthew precisava fazer
uma viagem a trabalho e
isso era bom, pois
mesmo que sentisse sua
falta, a distância nos deixava pensar melhor. Dez dias fora e meu coração já
estava apertado, ficar longe dele todo esse tempo. Teria que viajar a dois
lugares, pois planejava expandir mais seus negócios.
Cheguei mais cedo do trabalho naquele dia e ajudei Mary a arrumar a
mala. Não tocamos mais em outro assunto e esses dias que se passaram, mais
estava decidida que assim que ele voltasse, iríamos conversar sobre isso. Eu
precisava parar de evitar o inevitável e, se aquilo era tudo mentira, o certo
seria fazer o que era básico naquela atuação e não tratar como se fosse uma
verdade absoluta. Quando nos despedimos, ele prometeu ligar e estar sempre
em contato comigo e, na hora que saiu por aquela porta, meu coração estava
junto na mala, tenho certeza!
Depois daquele pedido de noivado, as coisas ficaram um pouco
estranhas entre nós, não só ele como eu também. Ainda tinha o acontecido
com aquela mulher, mas eu não levava esses assuntos a frente, pois não tinha
esse direito, exceto se aquela relação fosse sólida, aí sim eu poderia bater o pé
e exigir explicações, do contrário deveria me contentar e tentar entender.
Três dias se passaram e ele estava cumprindo o prometido. Ligava e
mandava mensagens constantemente e não tinha pudor em falar o quanto
estava sentindo minha falta. Combinamos que eu iria passar para seu quarto,
ele disse humorado que tinha muitos pesadelos à noite e quando estava
comigo eles não aconteciam. Sei! Mas não achei nada ruim, mudei minhas
coisas e organizei tudo ali. Estava me sentindo bem melhor assim, o seu
closet era imenso e, mesmo ele tendo uma infinidade de coisas nele,
conseguimos organizar tudo adicionando as minhas ali.
Eu ia à empresa, trabalhava e quando voltava me ocupava com
qualquer coisa para poder passar o tempo. Então, o fim de semana chegou,
acordei com muita preguiça. Tomei o meu café e fiquei em seu escritório
usando seu computador para adiantar algumas coisas para Bruce. Precisava
de papéis e procurava nas gavetas ali ao lado quando algo me chamou a
atenção.
Tinha muitos papéis com a foto de Dylan, aquele infeliz que me levou
para aquele lugar, só de olhar para aquela foto me fez sentir embrulhos, nojo
e joguei ali sem querer olhar mais. Tinha dados pessoais, tudo sobre sua vida.
Matthew estava investigando, senti meu coração acelerar. Uma mistura de
medo e de ansiedade por ele estar lidando com isso por mim. Deixei tudo lá
quando escutei uma batida na porta. Então Claire entrou como um furacão,
sempre parecendo sair de uma passarela, até o seu andar. Eu estava tremendo
e respirei fundo tentando voltar à realidade.
— Cunhadinha, querida, vim lhe tirar desse Mausoléu! Como
consegue ficar tanto em casa? — Ela se aproximou da mesa.
— Resolvendo coisas de trabalho, Claire. Acabo ficando com a
cabeça ocupada. — Levantei-me indo em sua direção e abraçando-a em
cumprimento.
— Hoje é sábado, nada de trabalho, compraremos alguma coisa.
Quem sabe ver algo sobre casamento, marcaram a data? — perguntou
curiosa.
Respirei fundo lembrando ter um casamento para acontecer na cabeça
de todo mundo que soube que estávamos noivos. Não sabia como deveria
agir, se realmente deveria olhar algo ao menos para eles acreditarem ainda
mais naquela mentira.
— Ainda não, estamos pensando no melhor momento ainda.
— Desviei.
— Vocês são muito sistemáticos, eu ein! — Ela revirou os olhos. —
Sem desculpas, vamos sair um pouco — afirmou.
Fui até o quarto enquanto Claire ficou na cozinha com Mary
relembrando histórias. Coloquei um conjunto de short e blusa não tão colado
ao corpo, uma sapatilha confortável e peguei uma bolsa que ficasse de
acordo. Arrumei-me o máximo que a preguiça deixou, que não foi muita
coisa, e fui a encontrá-la embaixo. Meu celular tocou, chegando uma
mensagem de Matt.
Matthew: Entrando em uma reunião em alguns minutos, estava
pensando em você. Acho que isso não é nenhuma novidade rs.
Olhei o celular sorrindo, respondendo imediatamente.
Amy: Estou sendo sequestrada por sua irmã que quer me tirar um
pouco de casa e daremos uma volta. Tenha uma ótima reunião!
Não demorou muito e enquanto descia as escadas o celular tocou
rapidamente.
Matthew: Boa sorte! Haha Se cuida tá?!
Dei uma risada e me encontrei com sua irmã lá embaixo. Nos
despedimos de Mary e saímos em seu carro em direção ao shopping
escolhido por ela. No caminho, colocou uma música pop no carro, o som bem
alto e começou a cantar, olhei para ela e não aguentei caindo na gargalhada e
ela abaixou o som novamente.
— Você está rindo dos meus talentos como cantora? Ah, Amy, que
crueldade! Vamos, se solta! — Ela aumentou novamente.
Eu continuava rindo quando ela cantava e assim fui me rendendo a
situação, cantando baixo aquela música, o que foi muito divertido, ela estava
conseguindo. Em alguns minutos estávamos no lugar escolhido por ela, que
já sabia o destino a ir. Todas as lojas de grife que tinha naquele shopping. Ela
estava olhando algumas bolsas e eu acompanhei observando algumas.
— Tenho três melhores amigas que nunca me decepcionam, uma se
chama Dona Bolsa, outra Senhorita Roupa e, por último, o Divo Sapato —
falava divertidamente.
Gargalhei de suas brincadeiras e confirmei aquilo porque ela já
segurava muitas bolsas de compras. Não era à toa que estava se formando em
moda e, por mais que o seu estilo fosse diferente, eram roupas lindas e um
bom gosto inquestionável.
Passamos um bom tempo, a hora estava passando rapidamente, o dia
havia se tornado realmente divertido, se eu tivesse uma irmã, queria que fosse
exatamente como ela. Almoçamos, depois tomamos algumas taças de
champanhe e rimos muito. Passamos a tarde bebendo e conversando. Como
ela veio no seu carro com segurança, não se importou em beber.
Quando saímos do local, estava entretida conversando com ela
quando senti alguém esbarrar muito forte em mim, perdi um pouco o
equilíbrio, mas consegui me manter de pé.
— Desculpe, Senhorita!
Um homem falou e aquela voz me fez trazer as piores lembranças.
Dylan me olhava, com um sorriso irônico e nada surpreso.
— Você está bem, cunhada? — Claire tocou meu ombro.
Fiquei paralisada. Meu coração acelerou e tenho certeza de que perdi
a cor naquele momento. Achei que iria desmaiar e engoli seco.
— Melhor estar mais atenta aonde anda! — finalizou e saiu.
Aquele tom foi ameaçador. Eu não consegui sair do lugar. Claire me
balançou a fim de me fazer acordar daquele choque. Senti tontura, boca seca,
foi um choque enorme para mim aquele desgraçado tão perto novamente.
— Amy, estou começando a me preocupar. — Ela ficou a minha
frente e eu acordei.
— Não, só me senti tonta por conta do champanhe! Não se preocupe.
Vamos! — Saímos de lá.
Antes de entrar no carro, olhei mais uma vez para o restaurante e
Dylan levantou o copo de bebida com aquele sorriso nojento. Entrei no carro
apressadamente. Não foi um acaso, eu acho que não. Ou poderia estar ficando
neurótica, teria sido uma coincidência. Já no carro, minha cabeça passava um
filme desde o momento que saí de Winchester e fui levada por aquele
homem.
Lembrei-me de Ashley, das agressões, o quarto precário e aquela
comida horrível, homens olhando para o nosso corpo quase nu. Um ataque de
ansiedade estava tomando conta de mim, eu nem ao menos reparei quando as
lágrimas começaram a rolar involuntariamente, estava soluçando muito, não
conseguia controlar minhas emoções.
— Amy, você está bem? — Claire tocava meu rosto. — O que houve?
Conversa comigo, Amy. Aconteceu alguma coisa? — insistia.
Eu não conseguia falar absolutamente nada, a cabeça baixa entre um
choro dolorido, toda a dor que sentia estava sendo demonstrada naquele
momento. Ela abraçava-me apenas e, sabendo que eu não falaria nada, não
insistiu mais, dando apenas o carinho que eu estava precisando.

Cheguei em casa um pouco mais calma, os olhos inchados de tanto


chorar. Não foi uma coincidência, ele aparentou fazer aquilo de propósito e
ao falar “Cuidado aonde anda” era como se fosse um alerta, o que poderia
acontecer? Por que isso novamente me atormenta?
— Ficarei aqui com você, tá?! — Claire me acompanha abraçada até
a sala.
— Estou bem, Claire, não se preocupe! — Era melhor ficar só, não
queria preocupá-la.
— Amy, ninguém está bem dessa forma! — insistia.
— Prometo a você que ficarei bem, é muita coisa acontecendo,
casamento, saudades do seu irmão. Tive uma crise de ansiedade, mas já estou
bem… ficarei bem. Quero apenas descansar. — Tentei ser convincente.
— Qualquer coisa me liga, por favor! — finalizou dando um beijo em
meu rosto.
Vi que ela não ficou convencida, mas saiu mesmo assim me deixando
sozinha. Não sabia o que fazer, fui até o escritório e revirei os papéis que
Matt havia guardado, toda sua vida estava lá, mas nada criminosa. Lembrei
da conversa de Matthew e Ângela naquele dia sobre não achar nada. Até
quanto daquela história ela sabia? O que Matt pretendia com aquilo?
Não sabia o que deveria fazer, contar a ele, mas talvez fosse coisa da
minha cabeça. Não! Eu o conheci, sabia que não era. Quando ele chegasse,
iria contar aquilo com calma. A história do casamento deveria ter tomado
uma proporção enorme e aquele monstro deveria ter tomado conhecimento. O
que ele queria realmente? Dinheiro talvez.
Não tive vontade de comer nada, fiquei sentada ali perdida em
pensamentos e nem sei quanto tempo se passou. Meu telefone começou a
tocar me tirando do transe, peguei ele na bolsa sobre a mesa, ao olhar a tela vi
o nome Matthew na tela, respirei fundo e atendi tentando manter a calma.
— Oi… — Só isso que consegui falar.
“O que aconteceu?”. Ele foi direto.
Pelo jeito Claire ligou para ele, respirei fundo e pensei no que deveria
dizer e, pelo que conheço dele, se falasse toda a verdade iria ficar fora de si.
Passei a mão na testa e respirei antes de falar qualquer coisa.
— Não foi nada, Matt, não se preocupa — menti.
“Amy, como não foi nada? Claire me ligou muito preocupada com
você.”
— Você sabe que tanta coisa me deixa assim, não está sendo fácil.
Por favor, vamos conversar quando você voltar? — pedi com a voz
embargada.
Ele suspirou e passou alguns segundos em silêncio. É lógico que
queria ele aqui comigo e isso estava deixando-me ainda mais emotiva e triste.
Mas precisava me conter.
“Tudo bem, você tem Mary e Claire também está a sua disposição.
Não pense duas vezes se precisar de alguma coisa. Eu também… estou
aqui!”
Aquelas palavras apertaram ainda mais o meu peito. Quanta falta ele
estava fazendo e, naquele momento, eu precisava dele por perto. Lágrimas
rolaram no meu rosto e me esforcei para passar o máximo de confiança em
minha voz.
— Tudo bem, não se preocupe! Eu… sinto sua falta!
“Eu também, acredite!”.
Finalizamos a ligação e eu chorei novamente.
E
sses dez dias que passaram
mais pareciam uma
eternidade. Depois do dia
no shopping, foram ainda
pior. Não havia acordado bem naquela manhã, resolvi não ir ao trabalho, pois
Matt estaria chegando à tarde. Levantei da cama mais tarde e quase que não
levantava. O meu estômago estava revirado e me lembrei da ressaca de mais
ou menos um mês atrás, era praticamente daquele jeito. Desci de pijama e
com a cara amassada, Mary dava instruções para as outras duas mulheres que
trabalhavam lá e elas iam imediatamente para seus afazeres.
— Está tudo bem, menina? — Ela me olhou assustada.
Sentei no balcão da cozinha e coloquei a mão na testa. Estava tonta.
— Parece que um caminhão passou por cima de mim!
Ela pegou um copo com suco e uma panqueca, colocando em cima do
balcão.
— Você não se alimentou direito esses últimos dias. Olha como fica.
— Ela apontou preocupada.
Quando olhei para a comida a minha frente foi a pior sensação da
minha vida. O cheiro da panqueca parecia ter entrado em minha mente como
a pior comida do mundo, mas eu amava. Corri para o banheiro mais próximo
e vomitei, mesmo de barriga vazia. Respirei fundo, subi até meu quarto e
tomei um banho frio, fiz a higiene matinal de sempre e coloquei um jeans
com camiseta. Quando desci novamente, apenas o suco estava no balcão.
Marry me olhou desconfiada e eu fiquei confusa.
— Há quanto tempo está se sentindo assim?
Tomei o suco, desceu até tranquilo.
— Só hoje, algum momento da vida a gente se sente mal, não é? —
Meu humor estava péssimo aquela manhã.
— Uhum, algum momento da VIDA mesmo! — ironizou e eu
ignorei.
Fui até a sala de cinema, fiquei assistindo algumas séries e passando o
tempo. Aos poucos me senti bem melhor. Peguei no sono não sei em que
momento, quando senti uma mão tocar meus cabelos e acordei assustada,
quase pulando.
—Hey… calma. Sou eu! — Matt estava ali na minha frente e eu não
sabia se estava ainda imaginando ou era verdade.
Pisquei os olhos e me sentei, quando senti ser real me joguei em seus
braços apertando-o contra mim. Que saudade, era tudo que eu precisava
naquele momento. Ele me abraçou forte, olhou meu rosto e beijou meus
lábios. Comecei a chorar, por quê? Não me pergunte. Deve ter sido de tanta
saudade. Quanta coisa havia acontecido naqueles últimos dias, meu humor
estava uma bagunça.
— Meu bem… calma! Eu estou aqui, calma! — Ele alisava meu rosto
e eu parecendo uma criança.
— Eu… eu, senti… — Soluçava com o choro e ele segurou um
sorriso lindo nos lábios.
— Psiu! Respira… Estou aqui! — Ele selou várias vezes meus lábios.
Acalmei-me, aquela sensação de angústia passou um pouco. Fiquei
abraçada a ele sem largar.
— Você chegou mais cedo — falei manhosa.
— Não, meu bem. São três da tarde já, Mary disse que está dormindo
há horas. Não tomou café e nem almoçou. Está querendo se matar? É greve?
— falou em tom de brincadeira.
— Não estava me sentindo bem, agora, sim, eu estou. — Ele se
levantou e me puxou.
— Que bom que você está, porque agora vai comer! — Ele me
puxava para fora.
Até sentia fome realmente, ter dormido um pouco tinha me deixado
melhor. Chegamos na cozinha e Mary sorriu quando nos viu chegando
abraçados. Ela colocou a mesa, vi que a sua mala ainda estava na sala, então
deduzi que ele foi direto me ver. Sentamos à mesa, servindo-nos a comida
que estava com um sabor maravilhoso.
—Como foi sua viagem? Produtiva? — perguntei curiosa.
— Consegui fechar negócio. Foram muitas reuniões, o tempo parecia
não passar. — Ele comia apreciando o sabor
Quando terminamos, subimos para o quarto. Ele ficou feliz por ter
mudado as coisas. Tomou um banho, eu coloquei um pijama com short,
assim ficaria mais confortável, e me deitei lendo um livro que havia
começado esses dias. Quando Matt saiu do banheiro secando-se, veio até a
cama e ficou sobre mim sem colocar todo o peso. Tocamos nossos lábios, que
saudade daquele homem!
A toalha envolta da cintura foi tirada por mim, ele estava excitado e
enorme. Seu membro passava em minha intimidade coberta e eu o olho, ele
sabia que era necessário o preservativo por conta do atraso na última consulta
e foram tantos acontecimentos e trabalho que não conseguia organizar a
rotina. Ele não suportava, mas foi necessário. Fizemos amor bem devagar, a
tarde inteira matando a saudade. Pegamos no sono depois, exaustos.

Acordei às três da manhã, abri os olhos e estava escuro. Matt dormia


calmo na cama e na minha cabeça só se passava uma coisa, sorvete de
chocolate e morango. Fiquei olhando Matt com sua respiração calma,
tentando não pensar naquilo. Mas foi mais forte que eu, sai com todo
cuidado, coloquei um robe de seda que tinha ali e desci até a cozinha. Peguei
o pote de sorvete da geladeira e morangos. Me servi e comecei a comer com
toda a vontade do mundo, uma colherada no sorvete e uma mordida no
morango. Estava tão entretida que não notei que Mary havia entrado na
cozinha. Virei-me assustada e levei a mão ao peito.
— Que susto! — Respirei fundo.
— O que faz essa hora acordada? Vi a luz acesa e vim ver se precisa
de algo, menina. — Ela sempre sendo uma mãe preocupada.
— Vim tomar sorvete… com morango. Volte a dormir, está tudo bem
— falei enquanto comia.
Ela se aproximou mais, olhou para o balcão e depois para mim.
— A essa hora? Querida, tenho alguns cabelos brancos de
experiência. Você não acha que pode estar grávida? — perguntou.
Eu me engasguei e feio. Tossindo e chegando a ficar vermelha, deixei
o resto do sorvete de lado. Grávida? Claro que não. Nós nos cuidamos desde
que chegamos das Maldivas. E lá? Tudo aconteceu tão repentinamente que
não consegui calcular isso tudo. Não podia ser, não, não, não. Se fosse
verdade, o que seria de nós? O que Matthew faria comigo? O que ele iria
pensar? Minha cabeça ia explodir. Se eu não conseguisse dormir agora pior.
—Não, Mary… não pode ser. Alimentei-me pouco esses dias, agora
foi só vontade de comer algo. Só isso! Vou me deitar.
Ela me olhava de canto.
Sai de lá em direção ao quarto. Entrei em silêncio e o vi tão lindo
deitado. Se fosse possível que estivesse, o que ele faria? Olhei o anel em meu
dedo lembrando mais uma vez o quanto seria bom se fosse verdade.
Aproximei-me, deitando com cuidado, ele se mexeu e sua mão me procurou.
Puxando-me para si e me acomodando. Demorei muito para voltar a dormir,
pensando no que Mary havia dito, mas logo fui vencida pelo cansaço.
A
bri os olhos e vi que Matt
ainda estava dormindo.
Quando me sentei na cama,
o mundo girou e o enjoo
começou novamente pela manhã. Corri para o banheiro e só deu tempo de
encostar a porta. Coloquei o que tinha para fora mais uma vez e era mais forte
que eu. Senti uma mão em minhas costas, logo tirando meu cabelo que caía
no rosto e segurando-os.
— Você não está bem, Amy? — A voz dele foi num tom preocupado.
Terminei, indo até a pia e escovando os dentes demoradamente. Ele
estava de cueca, braços cruzados e uma expressão séria.
— Tem que ir ao médico, hoje mesmo. Precisa se cuidar! No trabalho
sequer se alimenta direito. — Continuou.
— Tudo bem, farei isso. Prometo. — Ele pareceu relaxar.
Tirei o pijama, entrei no chuveiro e tomei um banho para, logo em
seguida, preparar-me e ir ao trabalho. Matt fez o mesmo e saiu antes de tomar
café, estava apressado. Era tanta coisa acontecendo que ainda não havia
conversado com ele sobre Dylan. Após certificar-me que não estava grávida e
era apenas problema de estômago, eu conversaria.
Tomei um café rápido e sai com David para o escritório. No caminho,
pedi que ele parasse em uma farmácia, na prateleira peguei dois testes de
gravidez, melhor quatro! Caminhei e parei repentinamente. Seis não é
possível que erre. Levei seis testes, guardei tudo e fui para a empresa.
Chegando lá adiantei algumas coisas, estava adiando fazer aquilo de
tão nervosa que estava, mas não tinha como evitar. Fui para o banheiro da
minha sala, segui todas as instruções do teste. Fiz um por um, coloquei eles
na pia, meu coração estava acelerado. Não tirei os olhos um segundo sequer
até que apareceram, exatamente em todos da mesma forma: positivo!
Fiquei tonta imediatamente, precisava de água. Caminhei para fora e
peguei um pouco de água, tomando com a mão trêmula. Então bateram na
porta, sem esperar ao menos que eu falasse algo, Claire entrou. Ah não! Logo
agora em meio a minha confusão mental. A ficha não tinha caído e acho que
demoraria bastante para isso acontecer.
— Oi, cunhadinha, vim falar com meu irmão e passei para lhe dar um
oi… Nossa! Você está pálida… — Ela se aproximou preocupada.
— Ficarei bem. — Foi a única coisa que consegui falar.
— Que bom, minha festa de aniversário está chegando e eu quero sua
opinião.
Então, pegou o batom em sua bolsa e caminhou até o banheiro. Nesse
momento lembrei dos testes espalhados na pia, sentei-me na cadeira e fechei
os olhos. Ela deu um grito que chegou a doer o ouvido. Correu até mim com
os olhos arregalados.
— Eu… vou… ser tia?
— Pelo jeito… sim! — Forcei um sorriso.
– Ah meu Deus! Minha mãe vai surtar. Acho que vai se mudar para a
casa de vocês e largar o Kevin. E Theo, já sabe? Ai meu Deus! Um bebê…
— Ela não parava.
— Não, ele não sabe. Por favor, Claire, guarde isso para você até Matt
saber. Tudo bem? — falei preocupada.
Ela se sentou na cadeira à frente e me olhou preocupada. Sem dúvidas
eu não conseguia disfarçar o quão preocupada estava, na verdade, estava sem
chão.
— Você deveria estar radiante, Amy. — Ela notou.
— Eu só estou preocupada com o que Matt vai pensar.
— Vocês estão noivos, vão se casar. Ter filhos é algo que pode e se
espera fazer. Tenho certeza de que meu irmão ficará muito feliz — falou
compreensiva.
Ah se tudo que ela disse fosse exatamente assim. Nesse momento eu
estaria realmente radiante e despreocupada. Iria bolar algo clichê para dar a
notícia de que ele seria pai e tudo que tinha direito. Mas não era bem assim,
antes de ir à médica que ele mesmo indicou já para evitar que isso
acontecesse e era responsabilidade minha. A realidade estava aí e eu iria arcar
com ela, independente do que estivesse para acontecer.
Não demorou muito e Claire se foi. Mais feliz impossível. Eu não
conseguia focar muito no trabalho, estava distante e quando lembrava ter um
serzinho crescendo dentro de mim, meus olhos ficavam em lágrimas e o
medo do futuro me atormentava. Na hora do almoço, Matt apareceu na sala e
foi até meu lado, dando um beijo em minha testa e se sentando na cadeira à
frente da minha.
— Pedi almoço para nós dois hoje. Quero te ver comer… aliás, já
marcou o médico? — Ele sempre preocupado.
— Farei isso amanhã, eu prometo. — Ele me olhou.
—Você está estranha, o que aconteceu? — Ele me conhecia muito
bem.
— Estou cheia de demandas aqui, Bruce tirou alguns dias para
descansar e deixou muitas coisas sob minha responsabilidade. — Forcei um
sorriso.
O almoço chegou e havia pedido uma variedade de coisas, achei até
um exagero. O cheiro que ficou ali estava me deixando ainda mais enjoada,
Matt me olhava atento e confuso e eu não imaginava como poderia estar meu
semblante naquele momento. Senti apenas meu corpo ficar leve por alguns
segundos, os olhos estavam pesados e uma sensação de pressão baixa tomou
conta de mim. Ele se levantou rapidamente, dando a volta na mesa e
segurando meu rosto.
— Amy, o que está acontecendo? Você está pálida. Você não está
bem, vamos ao hospital agora mesmo. — Ficou bastante nervoso.
Segurei suas mãos em meu rosto, a vontade de falar que isso era o
bebê que esperava era enorme, mas estava tentando ver o melhor momento e
a coragem para enfrentar aquilo.
— Não… Estou bem. Como você sabe, não me alimentei nesses
dias… Minha pressão cai bastante, amanhã eu vou, já lhe disse. — Tentei
amenizar.
Nunca havia engravidado, mas desde já, sei que é muito difícil, era
um mal-estar incontrolável e corriqueiro. Minha vida pode ser qualquer coisa,
menos monótona, pois é um acontecimento após o outro.
Quando terminamos de comer, na verdade, ele que comeu mais, eu
beliscava sem muita vontade e tomava os sucos que ali estavam, sua
secretária bateu na porta, entrou depois de algumas batidas e também da
autorização para entrar, e informou que a reunião ia começar em 5 minutos.
— Vá para casa, descanse e não se preocupe com nada! Chegarei
logo! — Ele me olhou, selou nossos lábios e saiu.

Era fim da tarde, mesmo que ele tenha dado a ideia de ir para casa, eu
sabia que tinha obrigações com o senhor Bruce que confiou a mim muitas
coisas e eu me sentia bem, pois ao menos estava sendo eficiente. Estava
organizando minhas coisas para ir embora quando a recepcionista bateu na
porta entrando em seguida quando pedi para entrar.
— Senhorita Carter, um rapaz chegou na recepção com esse envelope
pedindo para ser entregue a senhora. — Ela esticou a mão.
Agradeci e fiquei curiosa. Estava lacrado, abri com cuidado e notei
serem fotos e um papel escrito junto. Quando tirei elas do envelope, meu
mundo simplesmente caiu. Era Matt, na frente de um restaurante, e Ângela o
beijando. As mãos daquela asquerosa no rosto de Matt. Mais fotos deles
sentados na mesa do restaurante conversando. Mas foi o papel escrito que deu
uma facada em meu peito.
“Os dez dias do seu noivo viajando, pelo jeito, foram muito
divertidos!”
Levei a mão na barriga sentindo um pouco de cólica. As lágrimas
rolaram involuntariamente, peguei tudo sai às pressas de lá, David estava a
postos e me olhava preocupado pelo retrovisor várias vezes durante o
caminho. Quando cheguei em casa, fui até o quarto de hóspedes e me deitei
na cama, chorando muito. Por que ele fez isso comigo? Eles estavam juntos
naquela viagem. Beijando, fazendo sabe-se lá o que. E eu estava agora
grávida e perdida. Não conseguia raciocinar porque ele faria aquilo tudo
comigo. Para quê?
Não demorou muito para Matt chegar e começar a bater na porta
insistentemente.
— Amy… abre! O que aconteceu? — falou alto, ainda batendo.
Não respondi, continuei em silêncio e ignorei, pois não conseguia
olhá-lo.
— Amy! Eu vou arrombar essa porta!!! O que está acontecendo!?
— gritou.
Levantei-me e fui até lá, abri a porta e dei as costas, cruzando os
braços, e de cabeça baixa, evitando qualquer contato visual.
— Amor, me falaram que você saiu não muito bem da empresa. O
que houve? Você está bem? Como está se sentindo? — Ele tocou meu ombro
e eu me afastei.
Peguei as fotos e joguei na cama, virando minha cabeça para não ver
aquilo outra vez, pois me causava asco. Ele olhou incrédulo, pegou foto por
foto e parecia confuso.
— Não foi o que você está pensando, não é o que parece, Amy. Juro
por tudo que existe! — Ele jogou as fotos.
— Ela foi com você. Você nem se quer me contou. Passou… dez dias
com ela! — Virei, olhando para ele com ódio.
— Não queria te deixar preocupada. Nem pensando bobagens com
algo sem importância! — Ele tentou se aproximar.
— Era algo sem importância até você beijar ela… seu… seu…
— Comecei a dar soco em seu peito, chorando. — mentiroso!
Ele segurou meus pulsos a fim de que me fizesse parar, pois estava
completamente magoada.
— Amy, deixe-me explicar o que aconteceu… Se acalma! —
Suspirou.
Estava sentindo cólica desde que vi aquilo. Puxei minha mão e levei a
barriga sentando-me na cama com dor, os dentes cerrados. Ele correu até
mim, olhando-me confuso e preocupado.
— Amy, amor… o que foi? O que está sentindo? Calma!
Olhei para ele entre as lágrimas e falei de uma só vez, alto o suficiente
para que entendesse cada letra que eu pronunciava.
— Eu estou grávida!
Ele paralisou, olhou para minha barriga com seus lábios entre abertos
e olhos arregalados, depois para meu rosto com a expressão completamente
surpresa. O sangue fugiu do seu rosto, senti mais uma vez uma cólica intensa.
Ele correu até a porta gritando por ajuda.
– Mary, chame o médico. Agora! — Voltou correndo até mim.
Ele não sabia o que dizer e, consequentemente, não disse nada.
Abraçou-me com força e ficou ali todo o tempo enquanto o médico solicitado
por Mary estava para chegar. A dor estava ainda mais aguda. Cólicas
intermináveis e o sofrimento enorme por talvez estar perdendo o meu bebê
que, mesmo sabendo por tão pouco tempo, já amava mais que a mim mesma.
Matthew Cleveland

O
médico estava atendendo
Amy no quarto, fiquei no
corredor de um lado para o
outro e o pavor de acontecer
algo estava iminente. Ela estava grávida, eu iria ser pai. Não sabia o que
pensar, aconteceu tudo de uma vez só. Aquelas fotos ridículas, Ângela foi
realmente comigo apenas porque ela estava me ajudando nas investigações
contra aquele desgraçado do Dylan. Naquele dia, quis dar um ponto final em
suas provocações, conversar com ela como adultos e nos sentamos para
almoçar.
Disse amar minha noiva, essa parte não menti. Amo a Amy e não
queria lutar contra isso. Avisei que não iríamos trabalhar mais juntos, pois
isso a machucava e eu queria apenas o melhor. Quando estávamos saindo ela
veio até mim repentinamente e me beijou de forma completamente
inesperada. Eu repreendi sua atitude de imediato, nem ao menos retribui e,
desde então, não a vi mais.
Mary chegou com um copo de água em suas mãos e me entregou a
fim de ajudar.
— Ela está grávida, Mary… serei pai! Ela está… perdendo o bebê?
— Suspeitei querido, tenha fé, nada disso irá acontecer! Ficará tudo
bem!
Nesse momento o médico saiu do quarto e me olhou. Estava sentado
no sofá e imediatamente pulei de lá ficando em pé, ansioso por boas notícias.
— Ela passou por uma emoção muito forte e como a gestação está no
começo, corre esse risco. Dei um calmante, um remédio para agir rápido e
passar a dor. O resto agora é repouso e sem emoções! — Escutei atento.
— E o bebê doutor? Como está? — Lembrei imediatamente.
— Até então, tudo bem, não aconteceu sangramento nem pareceu ter
complicações maiores. Mas deve começar o acompanhamento e com exames
mais detalhados saber detalhes do bebê e como ele está realmente, ouvir seu
coração e toda a avaliação necessária — indicou.
— Graças a Deus! — Mary falou do meu lado.
Apertei a mão do médico e agradeci o seu atendimento. Ela o
acompanhou até a porta e eu entrei no quarto para ficar mais perto. Amy
estava deitada, os olhos fechados e agora relaxada me fazendo respirar com
um pouco mais de calma. Estava me sentindo muito mal com aquilo, ela
passara por tanta coisa e era tão forte, tinha certeza de que não suportaria
passar por metade de tudo que ela passou. Sentei-me ao lado na cama e fiz
carinho em seus cabelos.
—Juro que não fiz nada para te magoar. Eu te amo! — falei baixo.
Era um fraco que não conseguia falar aquilo olhando em seus olhos.
Tinha um bebê ali agora, já estava mais que na hora de consertar toda aquela
bagunça que se tornou nossa vida. Tentei a todo momento me afastar e
quanto mais sentia ciúmes, quanto mais sentia estar me apegando, tentava
ficar longe dela, mas estava sendo impossível. Noto o meu telefone tocar,
para não acabar incomodando-a, saí do quarto apressado até o escritório.
Sentei-me na cadeira junto a mesa e atendi ansioso.
— Pode falar!
— Senhor, já conseguimos as provas contra ele. Esse cara tem mais
crimes do que imaginamos. Chega a tráfico, assassinato e entre tantos outros.
Só falar que larguei tudo e vão fechar aquele lugar agora mesmo. — A voz
do investigador foi eufórica.
Dei um soco na mesa, desgraçado. Demorou, mas consegui, desde
que trouxe Amy para casa luto incessantemente para conseguir acabar com
aquele lugar de uma vez por todas. Ele iria pagar pelo que fez a Amy e tantas
outras.
— Faça isso! Quero esse merda preso. Mantenha-me informado.

Pouco mais de duas horas se passaram e Amy ainda dormia. Ligaram-


me avisando que a polícia estava no local indicado pela denúncia que foi bem
elaborada e planejada. Prenderam mais de 5 pessoas, mas Dylan fugiu. Não
queria sair do lado dela, porém precisava e fui até a delegacia querendo ver
isso de perto.
Chegando lá, o investigador, o advogado, que estava no lugar de
Ângela, e toda a equipe que contratei estavam lá, passaram-me informações
do que aconteceu. Teve troca de tiros e ele conseguiu fugir, mas toda polícia
estava a sua procura. Tinham muitas mulheres lá, assustadas e aliviadas de
alguma forma, a maioria emocionada por conseguir se livrar e, tinha certeza
de que, boa parte delas não tinham para onde ir, pedi que a minha equipe
cuidasse disso ajudando para que, ao menos, conseguissem ter um lugar para
comer e dormir até encontrar suas respectivas famílias.
Notei que uma mulher morena me olhava um pouco apreensiva, como
se tivesse medo de se aproximar. Lembrei que estava sempre com Amy nos
dias que fui até aquele lugar. Que, aliás, só fui pois um colaborador e cliente
da empresa sempre pedia por companhia para ir lá. Depois que conheci Amy
ali, não consegui pensar em outra coisa, ela era tão inocente para aquele
lugar.
A mulher estava com o braço quebrado e imobilizado. Seu rosto tinha
hematomas e uma expressão de tristeza, mas aliviada. Ela se aproximou
timidamente.
—Senhor, você é quem levou Amy de lá, não é? – falou baixo apenas
para que eu escutasse.
— Sim, vocês eram próximas?
— O pouco que ela ficou lá, sim. Ela é uma menina especial. Como
ela está?
Aquela pergunta me fez pensar no estado dela e como ela estaria em
casa àquela altura, se já tinha acordado e estava sem dores. Respiro fundo e a
olho novamente.
— Está bem, é minha noiva agora. Você tem para onde ir? — Sei que
Amy faria o mesmo.
— Estou tentando encontrar minha família, está complicado. — Ela
abaixou a cabeça.
— Venha, sei que minha mulher gostará de ver você. Assim
encontramos sua família e não fica em uma delegacia até isso acontecer.
Sai de lá, ela me acompanhou e, dentro do carro, chorava olhando a
janela. Emocionada com as coisas que via. Não conseguia nem imaginar o
que aquelas mulheres haviam passado ali, vidas que eram praticamente
interrompidas forçadamente para alimentar o bolso daqueles infelizes.
Aproveitando-se de mulheres inocentes que sonhavam apenas em uma
oportunidade de melhora. Estava inconformado que Dylan havia conseguido
fugir e agora ele era um perigo eminente, pois estava à solta e sabia que eu
tinha sido o principal responsável por isso e poderia tentar fazer mal a Amy.
Eu não permitiria nunca, ela e o bebê que carregava seriam protegidos por
mim sempre. Chegamos em casa, já era tarde e estava ansioso para ver como
ela estava.
—Eu vou vê-la. Preparar para não ter surpresas, ela está grávida.
— Dei um pequeno sorriso.
—Oh, Deus, ela merece ser feliz! — A mulher se emocionava
sinceramente.
Entrei em casa e ela ficou ali embaixo aguardando. Mary vinha no
corredor e trazia uma bandeja de comida que levou para Amy anteriormente.
Sinal que havia acordado e acabei ficando ainda mais aliviado.
— Uma moça está aguardando lá embaixo, prepare o quarto de
hóspedes para ela, pois ficará aqui alguns dias — falei para Mary cuidar de
Ashley.
Bati na porta do quarto mesmo a porta estando aberta e ela me olhou.
Estava deitada na cama, a expressão ainda séria e fria. Só que mais calma em
relação ao que estava sentindo fisicamente, já que mentalmente eu sabia que
ela não estava bem.
— Queria estar aqui quando acordasse, mas aconteceram algumas
coisas! — Aproximei-me sem jeito.
Ela não disse nada, desviou o olhar para a janela. Eu estava muito
nervoso, não estava bem sendo tratado daquele jeito, mas também não tirava
a sua razão, eu não sei do que seria capaz se me entregassem algo desse tipo.
— Tenho uma surpresa para você… — Ela me olhou intrigada.
Sai do quarto com o peito esmagado por me tratar tão friamente, mas,
ao mesmo tempo, aceitava, pois ela estava na sua plena razão de estar
magoada. Olhei para a mulher que esperava ali.
—Ashley, Mary vai lhe preparar o jantar e um quarto para poder
descansar. Pode vir até o quarto? Tenho certeza de que você alegrará o dia
dela.
Amy tinha me falado sobre ela algumas vezes e o quão era agradecida
por ela ser tão acessível enquanto esteve lá. Indiquei o quarto que deveria ir
ver sua amiga e ela seguiu. Desci as escadas e servi uma dose de whisky, pois
aquele dia foi um completo alvoroço.
Amy Carter ♡

A
cordei sentindo o corpo um
pouco pesado. Já não tinha
dor, coloquei a mão na
barriga preocupada com o
bebê. Tentei me levantar e Mary entrou segurando uma bandeja com comida
e o cheiro fez ela roncar. Certeza que tomei algo para enjoo, pois estava com
uma fome de leão.
—Não ouse se levantar sem comer, pense em seu bebê! — Ela
colocou a bandeja sobre minhas pernas com os pés apoiados na cama.
Comecei a comer e olhava a porta procurando por Matt. Queria saber
onde ele estava, mas ainda estava tão magoada. Quando estava descansando,
ainda não havia pegado no sono, mas tenho certeza de ter ouvido ele falar que
tinha uma explicação para aquilo e que me amava. Ou eu estava alucinando
por conta do remédio. Ele já sabia do bebê e eu não tinha a mínima ideia do
que estava pensando, o que passava por aquela cabeça confusa. Tinha saído
mesmo eu estando daquela forma, então não estava tão feliz com a situação,
mas já era de se esperar.
— Ele saiu para resolver um problema rápido. Você não tem noção de
como ele ficou preocupado, menina, falou emocionado que seria pai
— contou.
Meus olhos estavam marejados, levei a mão à minha barriga. Ao
menos ele ou ela não seria indesejado por seu pai. Terminei de comer e ela
retirou a bandeja. Foi quando vi ele entrar, pela primeira vez notei estar sem
jeito ou cauteloso. A imagem da foto surgia em minha mente e ainda
magoava, porque não me disse que ela iria. Então falou sobre uma surpresa e
minha curiosidade foi provocada. Olhei para a porta e não acreditei quando
Ashley entrou. Levantei-me com calma e fui até ela, abraçando-a com força.
— Por Deus, essa é a melhor surpresa! Não parei de pensar em te
ajudar todos esses meses! — Lá vem mais choro, estava derretida mesmo.
— Eu sei, querida, tenho certeza disso. Devo tudo isso ao seu noivo!
Ele acabou com aquele lugar, você, claro, tem participação, pois se não
tivesse com aquele “homão” maravilhoso não havia acontecido nada disso.
— Sentamo-nos na cama.
— Para você não preciso mentir, nós… bem… não é bem um noivado
assim! — Abaixei a cabeça.
— É, sim, ele falou com todas as letras e ainda disse que minha
“mulher está grávida”! Que felicidade, Amy, um filho é tudo. Estou com
medo, faz anos que não vejo minha família. — Ela abaixou a cabeça.
— Dará tudo certo, vamos te ajudar. E o seu braço, seu rosto… o que
aconteceu?
— Se isso não tivesse acontecido, tenho certeza de que logo, logo
estaria morta. Eu era a mais velha, os homens procuravam novidade, Dylan
estava me batendo ainda mais, chegou a dizer que eu não servia mais e era
descartável — desabafa.
— Tudo vai ficar bem agora, não se preocupe!
Levantei-me e seguimos para a cozinha. Já era tarde, ela precisava
comer algo também e pedi para Mary preparar um quarto de hóspedes, ela me
informou que Matt já tinha pedido o mesmo. Estava muito feliz por ele estar
fazendo tudo aquilo por Ashley. Amanhã começaremos a busca pela sua
família. Deixei-a na cozinha acompanhada de Mary e fui até o escritório onde
ela me informou que Matt estaria. Bati na porta e ele autorizou a entrada.
Estava sentado em sua mesa, o semblante cansado e um pouco triste.
Caminhei com calma e procurei as palavras certas a serem ditas.
— Primeiro, quero agradecer-te pelo que fez… tanto por mim quanto
pela Ashley. Ela poderia ter morrido se continuasse naquele lugar! — Estava
um tanto nervosa.
— Não precisa agradecer, foi uma das melhores coisas que fiz! — Ele
parecia estar pisando em ovos.
— … Eu também, queria falar sobre o bebê. Sei que… não foi isso
que planejamos. Sei também que agora tudo está uma confusão.
— O que temos para falar sobre o bebê? Estamos juntos e…
aconteceu. Agora serei pai e você mãe. Não precisa de justificativas para o
que aconteceu! Tentarei dar o meu melhor! — Ele me interrompeu
conseguindo me deixar sem palavras.
— E quando esse tempo acabar? O que acontecerá? — Abaixei o
olhar.
Ele respirou fundo, ficando um pouco irritado, mas se conteve.
Levantou-se da sua cadeira, caminhou até mim. Colocou as mãos nos bolsos
e me olhou sério.
— Só você que não percebeu que não existe mais tempo, nem nada
relacionado a isso. Estou contigo há meses tentando ser alguém melhor, não
penso em outra coisa. E a única coisa que passa na sua cabeça é que tudo isso
é uma mentira. Na minha não é! Mas não ficarei tentando colocar algo na sua
cabeça enquanto você não relaxar um pouco! — Ele beijou minha testa e
saiu. Deixando-me sozinha.
Ele tinha razão, eu estava com tanta coisa na minha cabeça que tudo
se tornava um problema tremendo e não via tudo que ele fazia de bom.
Estava me sentindo mal-agradecida. Sai de lá, arrumei algumas roupas para
Ashley que disse estar explodindo de tanto comer. Quando ela se acomodou e
Mary também, parei na porta do quarto. Não sabia se deveria, se ele queria
ficar sozinho e desisti. Peguei um livro e fui até a sala, deitei-me no sofá
confortável e começo a ler com calma. Até que peguei no sono.
Não sabia que horas, mas senti braços fortes me puxando do sofá.
Matt me colocou nos braços e eu deitei minha cabeça em seu peito,
sonolenta. Quando me deitou na cama, acomodei-me sentindo seu cheiro e
ele se deitou ali ao lado. Um pouco distante, sabia que ele não queria invadir
um espaço sem saber se deveria ou eu permitiria aquilo. Peguei no sono
novamente, pois tudo que estava sentindo era fome, sono e muito enjoo
ultimamente.
Quando acordei, ele já tinha saído. Era tão ruim aquele clima, dava-
me angústia e não sabia como acabar com isso. Fiz minha higiene e não iria
para o trabalho, pois o médico me recomendou repouso. Além disso, Ashley
estava ali precisando de ajuda para rever sua família. Ela estava na mesa
tomando café, entretida.
—Amy, bom dia! Faz anos que não durmo em um lugar tão macio.
Chegava a dar um aperto no coração, se passei poucos dias e foi o
pior pesadelo da vida, imagina só o que ela não havia passado durante anos.
— Bom dia, Ashley… Mary, bom dia. E Matt? — perguntei.
— Não tomou café, saiu cedo, menina! — Ela me respondeu sempre
calma.
— Tenho que ir à médica agora à tarde. Quando eu chegar daremos
um jeito de encontrar sua família tá? — Dei um sorriso amoroso e ela
retribuiu. — Sabe o que aconteceu lá? E aquele… desgraçado, está preso?
— perguntei curiosa.
— Amy eu estava no quarto quando escutei muito barulho, tiros e
pessoas correndo. Fiquei com medo e não quis sair, foi aí que um policial
abriu a porta e me chamou para fora e fui correndo. Eu estava bem
machucada e lá não me deram atendimento algum, foi na delegacia que tive
atendimento e aí que encontrei o seu bonitão. — Ela deu um sorriso. —
Sobre Dylan, bem… é… deve estar preso — gaguejou e eu fiquei com a
impressão de que estavam escondendo algo.
P
reparei-me para ir à médica.
Ela havia voltado de suas
férias e aquilo me deixava
aliviada. Chegando no
prédio, estava ansiosa para saber como estava o bebê depois desses dias.
Também estava nervosa, pois não passei por nada parecido, era tudo novo
para mim e estava sozinha. Aguardei poucos minutos e, quando a
recepcionista avisou que eu já podia entrar, alguém entrou ali rapidamente,
quando olhei para trás era Matthew. Ele parecia ofegante e arrumava seu
terno apressado.
— Atrasei-me? — Ele se aproximou tocando minhas costas.
— Como… quer dizer você… — Fiquei surpresa sem entender.
— Liguei me informando do seu horário. Acha que eu iria perder a
primeira consulta do nosso filho, ou filha… — falou baixo perto do meu
ouvido.
Meu coração se desmanchou e aquele nervosismo diminuiu um pouco
com ele ao meu lado. Estava sendo tão perfeito e cuidadoso que sentia
confiança nele cada vez mais. Entramos na sala e a doutora sorriu assim que
entramos, ficando em pé, me cumprimentou e logo depois fez o mesmo com
Matt.
— Que surpresa você a acompanhando, Cleveland! — Ela tinha uma
alegria contagiante.
— Surpresa é o que você terá quando souber o motivo. — Ele riu a
deixando curiosa e dirigindo o olhar a mim.
— É, bem… eu estou grávida! — Dei um sorriso sem jeito.
Ela abriu um largo sorriso e me abraçou com muito carinho.
— Meus parabéns aos dois. E eu achando que era um exame apenas
de rotina! — É, eu também achava que seria. — Passou alguns dias da
injeção mensal, minha atendente tentou ligar, mas seu número estava
incomunicável.
— Estávamos viajando, na verdade. — Dei um sorriso ao lembrar da
viagem.
Logo após me explicar tudo que era necessário, ela tirou um pouco do
meu sangue. Depois pediu para me preparar para uma ultrassonografia e o
frio na barriga começou naquele momento. Deitei-me ali e ela começou todo
o processo passando algo transparente e gelado em meu ventre. Matt estava
ao meu lado com a mão segurada na minha, que estava gelada de nervosismo,
a fim de que estivesse tudo bem com meu filho. Ele olhava atento a tela que
não dava para entender muita coisa até então.
—E então, como está o bebê? — Ele estava impaciente.
— Calma, papai! Estamos dando uma olhada! — Ela mexia e
observava com atenção.
Apertei sua mão apreensiva. Foi um choque no começo, mas agora a
ideia de um serzinho nos meus braços me deixava tão ansiosa e a única coisa
que queria ouvir era que tudo estava bem.
— Aqui está… bem pequenininho por sinal. Você está com cinco
semanas, um pouco mais de um mês, escutaremos o coração! — Matt
continuava com os olhos fixos.
Foi então que o barulho tomou conta da sala. Batidas rápidas de um
coração tão forte se juntaram ao meu que também estava acelerado e eu
deixei uma lágrima cair escutando atenta e aproveitando a melhor sensação
da minha vida. Era real, agora mais que verdade, cai na realidade. Matt abriu
um sorriso e não sei se era impressão minha, mas seus olhos brilharam
marejados.
— Não está muito rápido, doutora? — perguntou ele sem entender.
— Não, não, está tudo ótimo. Os batimentos de um bebê durante a
gestação são fortes! Ele parece ser muito aliás. — Ela sorria e passava
tranquilidade.
Explicou também o pontinho na tela que seria nosso filho. Matt
prestava atenção em tudo e fazia muitas perguntas, estava bem pior que eu de
curiosidade. Terminamos ali e seguimos para o exame de sangue, ela me
repreendeu sobre a alimentação. Tinha que me alimentar bem melhor agora e
era exatamente o que iria fazer. Matthew não perdeu a oportunidade de dizer:
“Está ouvido bem, Amy?”
Quando saímos de lá, agora me sentindo realmente mãe depois de
tudo que vi, paramos na frente do consultório, David esperava no carro e
Matt tinha o seu estacionado logo atrás.
— Claire me ligou trezentas vezes perguntando se eu tinha novidades
para contar. Pelo que presumo, ela já sabe. — Ele riu e tocou meu rosto.
— Ela descobriu de um jeito exclusivo dela. — Fechei os olhos com o
seu carinho.
— Minha mãe vai nos matar se não contarmos logo. Que tal um jantar
hoje à noite?
Ele tinha razão, Meredith queria tanto um neto que se ela sonhasse
que não foi informada iria ficar muito magoada. Agora que sabia que estava
tudo bem, era o momento. Estava radiante, agora sentia que tudo estava
entrando nos eixos, que estava se tornando real, que tudo aquilo era
verdadeiro e não fachada. Contar sobre o bebê para as pessoas próximas
estava sendo magnífico, não com receios e precisando fingir felicidade, até
porque a vida dele já era um motivo de alegria imensa.
— Sim… claro! Aliás, eu quero ajudar Ashley a voltar para casa.
— Solicitei que o investigador que me ajudou nesse caso, fosse atrás
de informações utilizando os arquivos das meninas que encontraram naquele
lugar. Ele encontrou uma cidade, vai até ela hoje fazer algumas perguntas e
só um pouco mais de tempo ele encontrará, tenho certeza!
Como ele estava sendo tão perfeito? Ou melhor, sempre foi mesmo
com seus defeitos e pudores. Do seu jeito, mas sempre foi. Olhei nos seus
olhos, estava sentindo tanta falta dos seus carinhos, toquei seu rosto e me
aproximei, selando seus lábios demoradamente. Ele tocou minha cintura
colando em seu corpo. Aquilo me fez esquecer de estarmos na frente do
consultório e me afastei com o rosto corado e vi um sorriso em seu rosto.
— Preciso voltar, tenho uma reunião chata daqui a pouco. Até mais
tarde. — Ele selou mais uma vez meus lábios e foi até seu carro.

A tarde se passou tranquila, era bom ter a companhia da minha amiga


ali, mesmo que por pouco tempo, mas seria por uma boa causa, ela merecia.
Ashley recebeu o investigador e deu todas as informações necessárias, ele
afirmou estar entre duas cidades que conseguiu localizar sua família e ela
ficou tão animada, não via a hora de ver seu filho e eu estava tão maternal e
cheia de hormônios loucos que tudo me deixava emocionada.
Depois disso, ajudamos Mary para o jantar à noite. Fiquei com
vontade de comer carpaccio e aquilo não saía da minha cabeça, então
preparamos essa comida italiana, até mesmo uma bela lasanha. Fui até meu
quarto me preparar para aquele jantar especial, quando saí do banho Matt
estava entrando no quarto e tirando sua gravata.
— O cheiro naquela cozinha está ótimo! — Ele parece ter chegado
com apetite.
— Não é por nada, mas mandamos muito bem no jantar de hoje! —
Estava muito animada depois de tantas coisas boas naquele dia.
Ele tirava a camisa se preparando para o banho. Sentia que ele estava
lidando comigo pisando em ovos realmente depois do que aconteceu, mas eu
queria que aquele clima acabasse de uma vez por todas. Aproximei-me e
coloquei as mãos sobre seus ombros, ele me abraçou pela cintura e nos
aproximamos, começando um beijo lento e molhado. Delicioso sentir seu
gosto e seu cheiro, se demorasse um pouco mais a gente estaria fazendo amor
imediatamente. Só que sua família estaria chegando logo, logo e ainda não
estávamos prontos.
— Convidei Pierre, você se importa? — perguntei.
— Claro que não, quero que se divirta! — Ele me beija mais uma vez.
Sentia sua ereção coberta pela calça. Eu também estava excitada,
parecia ainda mais intenso agora e li sobre isso na gravidez.
— Melhor a gente terminar de se arrumar ou vamos nos atrasar!
— falei segurando o riso.
Ele sorriu também e selou os lábios rapidamente indo em direção ao
banheiro. Sequei meus cabelos, fiz uma maquiagem leve e coloquei um
vestido branco estampado com flores, preso na cintura e levemente rodado
embaixo. Calcei uma sandália rosada de tiras finas e salto pequeno, estava
com um estilo bem romântico aquela noite. Parei em frente ao espelho e
fiquei olhando para a minha imagem ali, passei as mãos sobre a barriga ainda
sem sinal algum, mas que ali estava, a pessoa que, desde a descoberta da sua
existência, era a mais importante da minha vida. Não via hora de olhar-me no
espelho como nesse momento e observar a barriga crescer mês a mês. Foi aí
que Matt saiu do banho ainda com a toalha envolta da cintura e ficou logo
atrás, abraçava-me e fazia carinho em minha barriga.
— Eu nunca consegui imaginar ser pai! Mas depois que descobri,
aparecem sentimentos novos… —falava abertamente. — Nunca tive medo,
mas agora tenho. Por você, por esse bebê que está crescendo! — Ele parecia
pensativo.
— Não tenha, sei que será um pai maravilhoso! — Virei para ele e
encostei minha testa a sua — Vamos nos atrasar! — falei a sorrir.
Saí do quarto enquanto Matt se arrumava e fui até o quarto de Ashley.
Tinha lhe ajudado com algumas roupas, então ela colocou um vestido preto
que tinha ali. Estava linda e discreta.
— Acha certo mesmo eu participar desse jantar? É para a família,
Amy. — Estava apreensiva.
— Você se tornou parte dela desde que me ajudou. Pare com isso! —
afirmei a fim de que ficasse à vontade.
— Meu Deus, eu estou linda! Quanto tempo não usava uma roupa
assim, não tinha jeito porque nesse valor nunca pude comprar, mas me sentir
vestida é diferente. — Ela passava a mão sobre o vestido.
Naquele momento lembrei quando cheguei àquele lugar, a mulher que
encontrei ali sem vida, apenas existindo. Com roupas velhas e as únicas que
mudavam eram peças de lingerie transparentes que usava à noite inteira.
— Eu não canso de agradecer a você e ao seu noivo por tudo isso que
está acontecendo em minha vida, estava sem esperanças! — Ela segurou
minhas mãos.
— Não agradeça, você merece! — Nos abraçamos.
Descemos e logo a campainha tocou, atendi a porta e Pierre estava ali
sorridente e bastante elegante, como de costume.
— Cherry, já estou curioso por esse jantar repentino. — Ele me deu
dois beijos em cada lado do rosto e depois foi até Ashley.
A apresentei como minha amiga que estava resolvendo algumas
coisas na cidade e ele, sempre um amor, começou a conversar com ela
amigavelmente. Dez minutos depois, a campainha tocou novamente e atendi,
lá estava Claire, Meredith e Kevin com seus sorrisos encantadores, eu tinha
por eles um carinho e gratidão imensa por sempre me tratarem tão bem e
nunca me deixarem desconfortável. Abracei um por um, Claire estava tão
ansiosa quanto nós, quando conheceu Pierre e ficaram fofocando sobre Paris
e seus lugares.
— Querida, não deixe de ir nos visitar. Ficamos com saudade! —
Meredith falava.
— Esses dias foram uma loucura, desculpe-me. Prometo que irei
sempre que possível — reforcei.
Então Matthew desceu as escadas com um sorriso lindo nos lábios,
que homem lindo meu Deus. Estava todo de preto, com uma camisa social de
gola e parei um tempão o olhando cumprimentar todos, apreciando o quão
lindo ele era. Por dentro e por fora. Assim que falou com todos, as ajudantes
de Mary trouxeram bebidas para todos que estavam na sala conversando
animadamente.
Pedi licença e fui até a cozinha, Mary estava dando algumas ordens às
mulheres e então segurei em seus ombros e a puxei.
— Não, não, senhora, você é uma das pessoas mais especiais para
mim e quero essa noite conosco! — Ela estava teimosa.
— Menina, eu tenho muitas coisas aqui na cozinha, não posso,
aproveita seu jantar! — Ela tentou voltar.
— Meninas, vocês conseguem se virar sem a Mary, não é isso?
— perguntei sorrindo e piscando o olho.
Todas responderam em coro com um longo “sim” e olhei para Mary
novamente. Ela tirou seu uniforme que por baixo tinha sua roupa e eu a
segurei pelo ombro, levando-a para fora da cozinha. Ela não poderia faltar
naquela noite. O que teria sido de mim desde o primeiro dia que entrei
naquela casa sem ela que, assim que cheguei, já estava me enchendo de
comida, e sua companhia nas tardes chatas e monótonas quando nada tinha
para fazer. Jamais a deixaria na cozinha num momento tão especial para mim
e seria maravilhoso ter ela junto quando de fato me tornar mãe.
O
clima estava ótimo e
divertido, Claire e Pierre
juntos eram um furacão e
demos muitas risadas. Então
Matt aproveitou para fazer o anúncio antes do jantar, pois durante a refeição
seria bem engraçado quando eu imaginava a reação de Meredith. Ele pediu
champanhe, eu não poderia beber, é claro.
— Amy, não brindará conosco? — Meredith perguntava.
— Ah, sim, claro… quero um suco de maçã, por favor — pedi para
uma das funcionárias. Mary estava junto a Meredith.
— Suco, querida? Está tudo bem?
Foi aí que peguei a taça com suco e não sabia como começar. Todos
nos olhavam curiosos e Matt me olhou, sabia que estava travada e não
conseguiria, então pediu licença para começar.
— Bom… convidamos vocês, pessoas especiais em nossas vidas, para
dizer que a família crescerá um pouco mais. Amy está grávida, serei pai!
— falou com toda a euforia.
Olhei em volta, Pierre estava emocionado. Ashley também tinha seus
olhos marejados. Claire pulava e batia palmas e Meredith… ah! Ela derrubou
a taça sem querer e, depois do susto, todo mundo deu risada.
— Oh, Deus… isso é sério? Serei avó? — Ela veio em minha direção
e me abraçou quase me amassando inteira.
— Obrigada, minha querida. Você trouxe tanta felicidade a meu filho
e a essa família. Fez todos os exames? Como está minha netinha ou meu
netinho? Já sabe o sexo? Quanto tempo está? — Ela tocava minha barriga
fazendo carinho.
— Mãe, sem interrogatório com Amy, tá? — falava aquilo sempre.
— Estou com cinco semanas, bem no começo. Saberemos em breve!
— respondi.
Ela abraçou o filho e tocou seu rosto com tanto amor que me fez
emocionar.
— Você será um pai tão maravilhoso quanto o seu foi. Ele deve estar
orgulhoso de você meu filho! — Pela primeira vez vi Matt derramar uma
lágrima e eu não fiquei atrás.
Depois que os ânimos se acalmaram, Matt se recompôs, pediu a
palavra novamente e eu fiquei curiosa dessa vez.
— Aproveitando esse momento especial, queria junto de Amy, marcar
a data do nosso casamento! O que acha, amor? — Ele me olha.
Travei, levei a mão no peito e as lágrimas rolaram sem trégua. Todo
mundo dizia “que fofo”, “eles são tão lindos”. Olhei para Matt sem acreditar.
— Eu estou grávida, Matt, quase meu coração sai pela boca! — Ele ri.
— Pensei em três meses, é o tempo para organizar tudo. Você estará
com quatro. Já terá passado essa fase! — falou.
Coloquei as mãos em seu rosto esquecendo de todos ali. Beijei seus
lábios entre as lágrimas e falei entre o beijo.
— Sim… sim… sim! Eu te amo! — sussurrei.
— Eu também te amo! — Ele me fez a mulher mais feliz do mundo
naquele momento. E então ouvi palmas.
Depois de tanta emoção, nós jantamos. Fiz questão que Mary sentasse
à mesa com todos. Ela era como uma mãe para mim e uma segunda mãe para
Matt. A comida estava deliciosa, comi bastante e por sorte não me senti mal,
ao contrário. Senti-me melhor que nunca.
Aquela noite foi a melhor em toda a minha vida. Ashley estava livre,
estava rodeada de pessoas que se tornaram a minha família, ia ser mãe, me
casaria em três meses e Matt me amava, pela primeira vez em meses consigo
falar com todas as palavras que estou feliz, estou transbordando. Nem em
meus melhores sonhos chegaria a tanto. Ver todos ansiosos pela vinda do
meu filho ou filha era de uma felicidade imensa, saber que o meu pequeno já
é amado por todos.
Já era um pouco tarde e nos despedimos de todos, Ashley foi deitar e
nós seguimos para o quarto. Chegando lá, pedi sua ajuda para tirar aquele
vestido e ele também tirou minhas sandálias.
— Agora tenho minha futura esposa só para mim! — Ele me puxou
para seu corpo.
— Sempre, amor! — Nos beijamos.
Tão apaixonados, ajudei a tirar sua roupa. Não conseguia esperar e ele
também não. Ele me deitou e ficou sobre mim, seu membro estava enorme,
cheio de vontade guardada todos esses dias. Eu? Já molhada com mais
vontade do que nunca. Nos beijamos demoradamente com ele sobre mim,
esfregando um corpo ao outro. E, quando encaixou na minha entrada,
deslizando para dentro preenchendo por inteiro, fazendo-me pulsar em seu
membro, soltei um gemido involuntário e ele começou com um vai e vem
bem devagar.
— Como eu te amo, Amy! — falava com a voz rouca.
Arrepiei-me inteira, mordendo os seus lábios e jogando a cabeça para
trás de tanta excitação.
— Eu te amo… tanto! Isso, amor! — Ele acelerou um pouco.
Já estávamos suados, o calor do corpo um do outro e os movimentos
deliciosos de Matthew, não consegui mais segurar, gozei muito apertando ele
dentro de mim, que também não demorou a me preencher.

No dia seguinte, Meredith me ligou quando estava no café da manhã


dizendo que, quando fosse fazer a próxima ultrassom, ela iria junto e ponto
final. Eu ri muito, como ela estava engraçada, e prometi que iria avisar
quando fosse em um mês novamente. Toquei minha barriga sorrindo.
— Você já é muito amado, viu! — falei sozinha com o bebê.
Estava um pouco atrasada e corri para o trabalho. Chegando lá, fiz
algumas ligações. Assinei alguns pedidos para a festa de lançamento de um
comercial que a empresa produziu. Nós da parte de publicidade iríamos fazer
um evento em dois meses. Agora precisava pensar também em meu
casamento, havia marcado também com Meredith para olharmos detalhes e
Claire elaboraria meu vestido. Estava tão feliz e ansiosa. Era real, tudo era
real, iriamos nos casar e ter nosso filho. Eu não conseguia acreditar.
Já era meio-dia e tinha que almoçar, já que prometi que iria alimentar
bem o meu serzinho aqui dentro. Tinha alguns restaurantes bem ao lado e eu
decidi ir a um deles e respirar ar fresco. Entrei no restaurante e fiz o pedido,
comi com calma e então paguei, saindo de lá em seguida. Estava andando na
calçada, voltando para o prédio, quando um carro parou rapidamente, dois
homens pularam para fora. Pegaram-me a força, tentei me livrar só que eram
fortes e fui jogada para dentro do carro e uma arma foi apontada para minha
cabeça. Tremia e não tive forças para olhar para o lado. Apenas escutei
aquela voz que não queria escutar nunca mais.
— Oi, vadia! Estava com saudades de mim? — Dylan cuspiu as
palavras.
Senti um pano em minha boca, respirei me debatendo até que
desmaiei. Tudo então apagou a minha volta.

Horas depois estávamos num galpão abandonado. Eu estava no chão,


as mãos amarradas, assim como os pés. Abri os olhos e com dificuldade me
sentei. Dylan estava sentado em uma cadeira à minha frente. Olhando-me
com cara de psicopata.
— Acordou, piranha, que bom! Espero que esteja confortável. — Ele
apontava a arma para mim, ainda sentado e de pernas cruzadas.
Meu deus, por que aquilo estava acontecendo? Meu bebê, só pensava
em meu bebê. Rezava para nada acontecer. Não queria falar nada, pois
poderia ser ainda pior se ele descobrisse a gravidez. Minhas mãos doíam,
assim como meus pés. Na verdade, o corpo inteiro, pois estava naquele chão
sujo não sei há quanto tempo.
— Acho que você lembra quando eu disse, se você abrisse a boca eu
te achava. E olha só… achei! — Ele ficou de pé e se aproximou de mim
pegando o queixo com força. — Seu noivinho acabou com meus negócios e
eu vou acabar com o negocinho dele aqui, só não sei se eu te como antes,
deixo toda fodida, depois te mato e mando fotos, ou se pego um dinheiro
antes… sinceramente não sei!
Eu soluçava, chorava. Minha cabeça doía, iria morrer. Ninguém iria
me achar e meu bebê, tão pequeno. Ele me deu um tapa na cara tão forte que
cai, meu rosto queimou. Senti tanta dor.
— Achou o que, vadia desgraçada? Que isso iria ficar assim? Você
está toda “felizinha” com seu amorzinho? Não… não, querida.
Estava em choque, não conseguia falar, apenas chorar. Um homem ali
chegou chamando-o e ele saiu imediatamente. Por que tinha que ser assim?
Eu sabia que aquele desgraçado não iria sumir, que iria querer se vingar do
que aconteceu com ele. Estava tudo tão bem, estava tão feliz como nunca, o
meu filho. Era a única coisa que passava em minha cabeça.
Matthew Cleveland

F ui até a sala de Amy, estava


com uma sensação ruim e
queria me certificar que ela
estava bem. Quando
cheguei, a recepcionista do setor sabia que eu iria atrás da minha mulher e se
adiantou. Eu dava passos rápidos, parei de imediato quando ela informa:
— Senhor Cleveland, a senhorita Carter saiu tem algumas horas e não
retornou ainda — avisou.
— Há algumas horas? Ela avisou por quê? — Comecei a ficar
preocupado, ela não saia assim.
—Foi almoçar e ainda não retornou, senhor — concluiu.
Já eram quatro da tarde, como almoçar e não voltou. Será que sentiu
alguma coisa? Saí de lá apressado e fui até o estacionamento. David, o
motorista e filho de Mary, estava lá próximo ao carro.
— Onde está Amy? — Cheguei rapidamente até ele.
— Não a vi desde manhã, senhor! — falou, também preocupado.
— Como? Ela não foi para casa? — Peguei meu celular
imediatamente e liguei para lá.
— Alô… Mary, Amy está aí? Ela chegou em casa? — perguntei
apressado.
— Não, ela saiu pela manhã. O que aconteceu? — Algo havia
acontecido. Desliguei imediatamente.
Dei ordens para David sair e ver se conseguia descobrir algo. Fui
direto para casa enquanto liguei para minha mãe e Claire. Ninguém sabia
nada de Amy. Chegando em casa, entrei às pressas e Ashley já estava junto
de Mary, sentadas esperando algo.
— Ela não está em lugar nenhum. Não faço ideia do que aconteceu!
— Andei de um lado para o outro enlouquecendo.
David chegou com cara de espanto e eu fui até ele.
— Senhor, fui em todos os locais ao redor. Próximo a um restaurante
viram uma mulher com as características da senhorita Carter e informaram
que um carro preto parou e ela foi levada. Ninguém entendeu nada, então
aguardaram para saber o que estava acontecendo.
Meus pés estavam colados no chão, o corpo tremeu e fiquei
paralisado. Levei as mãos aos cabelos e disquei o número ali. Lembrei
daquele infeliz, estava solto, ninguém sabia seu paradeiro e o ódio que ele
deveria estar sentindo por ter seus negócios arruinados por mim, sabia que a
forma que mais me afetaria seria através dela. E o bebê? Eu estava
desesperado. A essa hora como ela estaria? Se acontecesse algo com ela e o
nosso filho? Não sei o que faria.
— Quero todos aqui agora. Minha mulher foi sequestrada, eu não sei
o que fazer… chame a polícia, o papa se for preciso, quero todo mundo aqui
agora! — falei gritando.
Minha mãe nesse momento já entrava correndo com Claire ao seu
lado.
— Meu filho, o que está acontecendo?
Não consegui responder, sentei-me no sofá e cobri o rosto com as
mãos desesperado. Eu não sabia o que fazer, mas iria matar com minhas
próprias mãos quem estivesse fazendo isso e ainda mais se minhas suspeitas
fossem comprovadas.
— Calma, tudo ficará bem! — Ela me confortava, mas era inútil.
Os policiais, investigadores e tudo que foi possível chegaram a minha
casa. Já era noite e nenhuma notícia. Não consegui parar um minuto e, então,
o telefone tocou. Atendi de imediato.
— Oi, Cleveland, lembra de mim? Fui eu que lhe apresentei a
“vadiazinha” que você tem como noiva. Você foi muito mal-agradecido. Eu
deveria ser padrinho de casamento, sabia?! — Dei um soco no jarro ao lado
fazendo quebrar em pedaços.
— Onde está minha mulher, seu desgraçado!!! Eu vou matar você,
vou acabar com você! — Eu queria esmagar o celular com minha mão.
— Calma, amigo, ela é muito gostosa! Por isso você se apegou tanto e
a comprou. — Ia quebrar o celular quando um dos investigadores pegou
rapidamente.
— Calma, Cleveland, assim não chegará a lugar nenhum!
— Calma merda nenhuma!!! Minha mulher está lá, grávida e frágil
nas mãos deste filho da puta. Você diz para ter calma.
Eles vão com o celular direto ao computador e ficam lá por alguns
minutos. Eu não conseguia parar, só de imaginar o que ele estaria fazendo,
fiquei fora de mim.
— É muito difícil o que ele fez com esses celulares, mas não tão
difícil assim para mim. Preciso do outro sistema, Bryan!!!! — gritou para
outro homem ali.
O rapaz chamado Bryan corre com outro notebook até ele começar
mais buscas por minutos. Minhas mãos na cabeça, os passos de um lado a
outro. Se eu não fosse um homem naquele momento, pedia que, se existisse
um Deus, protegesse os dois. Foi aí que escutei o agente.
— Otário!!! Conseguimos um sinal! — gritou.
Fui em direção a porta imediatamente, a fim de sairmos no mesmo
instante. E o policial me segurou.
— Calma, chamarei reforços. Não podemos ir assim, quer colocar a
vida dela em risco?
Esperar era algo impossível para mim. Cerca de alguns minutos
depois, todos seguimos para o local onde a localização estava indicando.
Fizeram uma estratégia para conseguir se aproximar do lugar sem serem
notados. Era um terreno afastado, muitas árvores, uma casa praticamente
abandonada. Uma garagem velha ao lado estava fechada e notaram ter um
carro e que não teriam muitos com ele.

Amy Carter
Quando ele voltou, eu estava fraca e pensei em suplicar, pedir que não
fizesse aquilo, mas sabendo o monstro que ele era, sabia que seria em vão.
Ainda mais se soubesse que estava esperando um filho de Matthew.
— Seu noivinho é bem nervoso, não é, princesa? Então vou acabar
logo com isso. — Ele se aproximou.
Pegou em meus cabelos e apontou a arma em minha cabeça, foi
quando escutei sons de tiros para todos os lados. Estava tão machucada que
poderia jurar que fui atingida. Quando senti soltar meus cabelos cai
imediatamente sem nenhum movimento, deitada ali com os olhos
semiabertos, via que os dois homens que estavam com ele caíram
machucados no chão. Dylan me pegou novamente puxando pelo braço e
ficou atrás de mim segurando meu corpo com toda a força e foi só por isso
que estava conseguindo ficar de pé, com a mão envolta do meu pescoço e a
arma em minha cabeça.
— Se aproximarem, eu a mato! Isso não será difícil para mim… eu
juro! — Muitos homens corriam em nossa direção com a arma apontada.
Matthew apareceu entre eles, eu não estava conseguindo enxergar
bem. Mas ele era a minha força, assim como nosso filho.
— Amy, ficará tudo bem!!! — falou tentando me acalmar.
— Ahh, mas não vai mesmo! — Quando ele se preparou para atirar,
um barulho forte foi ouvido.
Ele tinha sido atingido e caiu no chão me soltando. Minhas pernas
estavam moles e caí em seguida, senti algo molhar entre minhas pernas e
tinha certeza de que estava perdendo meu bebê ou até mesmo minha vida,
Matt me segurou, olhando-me e segurando meu rosto.
— Amor… olha para mim. Fica acordada, ficará tudo bem! Olha para
mim! Amy!!! — Ele tentava me manter acordada e estava muito difícil.
— Você é tão forte! Sei disso! Por favor… por favor!
Ele pedia em tom de súplica. Lágrimas rolavam em meus olhos e
sussurrei.
— Me desculpa, nosso bebê… Eu tentei tanto…
Só consegui dizer aquilo até que o peso em meus olhos foi maior e a
última coisa que ouvi foram seus gritos e vozes.
— Ela está sangrando! Não, não… — Era desesperador.
— Calma, senhor, calma! A ambulância já está aqui… todos estão…
Aquilo foi a última coisa que pude ouvir, depois o escuro e o silêncio
tomaram conta, apagando completamente.
Matthew Cleveland

Q
uando a vi cair no chão, corri o mais
rápido que pude atrás dela. Aquele
desgraçado estava caído com um tiro,
provavelmente morto por um dos
policiais antes que ele disparasse em Amy.
Segurei ela e a ouvi sussurrar pedindo desculpa. Ela deve ter lutado
tanto naquelas horas, beijei seus lábios quando ficou desacordada. Sangrava
entre as pernas e meu coração estava esmagado. Gritei como um louco e,
imediatamente, médicos e enfermeiros chegaram fazendo todo o
procedimento com ela. Não queria a largar, mas era necessário. Kevin (o
marido de minha mãe), estava lá agora é me segurou forte.
— Calma, garoto! Dará tudo certo! —Ele confortava.
Não saí do seu lado um minuto sequer, um helicóptero foi solicitado
para chegar ao hospital mais rápido. Ao chegar, me sentei ao lado da sua
maca até uma grande porta quando a enfermeira me parou.
— O senhor tem que aguardar aqui fora, pois… — Olhei para o
corredor desesperado.
— Não! É minha mulher e meu filho, eu não ficarei aqui! — Tentei
passar.
— Senhor, sei que está muito preocupado, mas confie em nós,
faremos de um tudo para sua mulher e seu filho ficarem bem! — Respirei
fundo e todos que estavam em casa entravam pelo corredor.
— Meu filho, meu Deus. Você se machucou também? Todo esse
sangue? — Minha camisa estava suja.
— Não, antes fosse eu mãe. — Ela me abraçou e eu não segurei dessa
vez. Coloquei o rosto em seu ombro e chorei feito uma criança.
— Tenhamos fé… Amy é forte e um filho de vocês dois, imagina,
ainda mais! — Mary esfregava minhas costas.
Ficamos sentados ali por horas, trouxeram comida e eu recusei. Não
queria absolutamente nada a não ser minha família bem. Um médico saiu de
lá e olhou procurando por algo.
— Parentes de Amy Carter… — Dei um pulo e me aproximei
imediatamente.
— Sim, doutor. Sou o noivo!
— Senhor, ela teve uma hemorragia devido às agressões e o esforço
físico. Conseguimos conter o deslocamento da placenta para não perder o
bebê e foi um sucesso até então. Infelizmente, é muito imprevisível,
precisamos de 48 horas para afastar a hipótese de aborto espontâneo. Ela está
medicada, deve ficar inconsciente por algumas horas. Sem fraturas, apenas
machucados superficiais. Estamos acompanhando a senhorita constantemente
— explicou e eu soltei o ar dos pulmões.
— Posso vê-la?
— Apenas um por vez por enquanto. Alguém terá que acompanhá-la,
é uma recuperação imprevisível.
Todo mundo se ofereceu para acompanhar, só que eu não ficaria
nunca longe dela. Primeiro, higienizei-me completamente e, quando entrei na
sala, ela estava lá. Parecia dormir, seu rosto estava cheio de hematomas
escuros, assim como seus braços. Por que não foi comigo aquilo? Ela nunca
mereceu nada disso. Sentei-me ali ao lado e toquei seu rosto, depois sua
barriga ainda lisa, mas cheia de amor ali dentro.
— Obrigado por ser forte como sua mãe, aguenta aí, vai! — Olhei
para seu rosto novamente — Eu te amo tanto… isso tudo acabou! Nunca
mais passará por isso — falei baixo.
Sai lá fora avisando que iria ficar com ela e Mary avisou que iria
mandar David ou Jacob trazer roupas limpas para que eu me trocasse. Uma
por uma, elas entraram a fim de passar força para Amy. Quando todas foram
embora, voltei para o quarto. Um tempo depois, peguei tudo que Jacob
trouxe, voltei para o quarto. Tomei um banho, coloquei o jeans e a camiseta
que ali estava e me sentei na poltrona confortável que tinha em frente a sua
cama. Não demorei muito para pegar no sono.
Acordei algumas vezes um pouco assustado me lembrando de Amy
ali caída e sem cor. Olhei para ela, certificando-me que todos os
equipamentos estavam funcionando normalmente e voltava para a poltrona.
Muitas horas se passaram, acho que já era de manhã quando escutei
por longe me chamarem. Abri os olhos e Amy estava de olhos abertos me
olhando. Levantei-me em um salto piscando muito os olhos para acordar de
uma vez. Ela deu um sorriso de canto e beijei sua testa.
— Bom dia, meu amor! — falei baixo.
— Como está nosso bebê? — Ela me olhou com cara de choro, eu
acariciei seus cabelos para ela se acalmar.
— Ele está bem, precisa ficar calma e relaxada para ele ficar ainda
melhor. Está se sentindo bem? — Partia o coração vê-la daquele jeito.
— Estou com dor no corpo só. Tive tanto medo! — Começou a
chorar.
Continuei com os carinhos e beijando sua testa carinhosamente.
— Isso passou! Vamos pensar em nós três agora e o quanto tudo será
perfeito. — Ela se acalmou aos poucos.
Nunca mais seria necessário ver aquele desgraçado, ele foi apagado
de uma vez por todas e eu não podia negar que aquilo foi melhor que ser
apenas preso, assim ele sumia de uma vez por todas da nossa vida e de tantas
outras que haviam sofrido.
O médico chegou na sala e fez uma avaliação nela. Até então estava
tudo bem e o procedimento estava dando certo. Havia desenvolvido uma
gravidez de risco nesses primeiros 3 meses e precisaria ter muito repouso –
absoluto – até o terceiro mês. Ao longo do dia, Amy recebeu visita de todos,
o quarto acabou ficando colorido com tantas flores que ganhou.
Quando já era noite, Ashley se ofereceu para ficar com ela, eu me
recusei milhões de vezes, mas Amy disse que minha cara estava péssima e
precisava dormir um pouco em uma cama confortável. Não discuti e fui para
casa, comi algo preparado por Mary e fui para a cama, pegando no sono,
estava exausto daqueles últimos dois dias. Por saber que ela estava melhor,
consegui descansar, mas em meus pensamentos não passava outra coisa.

Acordei cedo, tudo indicava que Amy teria alta hoje. Queria minha
mulher em casa comigo. O investigador ligou avisando que achou a família
de Ashley e queria conversar com ela para contar detalhes e planejar um
reencontro.
Quando cheguei lá, Amy já usava suas próprias roupas e estava
sentada confortavelmente na cama. Abri um sorriso ao vê-la e ela fez o
mesmo. Fui até ela dando um beijo cheio de saudade.
— Como os dois estão? — Selei seus lábios e passei a mão em sua
barriga.
— Felizes por irmos para casa! — falou animada.
Contei a Amy sobre o investigador, ela parecia ter ficado
eufórica. Esperei o médico passar todas as informações e exigências, ela
estava ouvindo e eu não iria deixar fazer nenhuma bobagem. Seguimos para
casa logo em seguida. Para a nossa casa!
Amy Carter

N
ão voltaria a trabalhar
nesses dois meses,
precisava de repouso
absoluto e faria qualquer
coisa pelo meu filho que crescia a cada dia dentro de mim. Chegando em
casa, todos estavam lá para me receber, mas logo foram embora a fim de me
deixar descansar.
Nos dias que seguiram, Ashley reencontrou sua mãe e seu filho, já
estava grande, mas nunca deixou de lembrar a ele que tinha uma mãe. Tudo
foi explicado, foi um momento muito lindo e emocionante de reencontro e
fiquei muito feliz por ela. Fazia questão que viesse em meu casamento.
Queria algo reservado e para a família, já que estava de repouso em
casa, aproveitava para me reunir com Claire. Ela trouxe cinco croquis de
vestidos desenhados, conforme a minha escolha, e Meredith me ajudava com
profissionais para escolha de decoração etc. Seria ali no jardim, queria me
sentir confortável e aquele lugar era o meu refúgio desde que saí daquele
pesadelo.
Minha família tinha se tornado todos eles, tinha tias que moravam em
lugares distantes, mas nunca foram próximas nem dos meus pais e nem de
mim. Então, iria continuar assim, antes eu era sozinha e agora tinha uma
família que eu amava muito.
Matt era tão carinhoso e cuidadoso, além de ansioso por querer saber
logo o sexo do bebê. Estava dormindo calma com ele ao meu lado, abri os
olhos e não sabia porque a mania de nosso filho ou filha em me fazer ter
desejos de madrugada. Olhei para o lado e Matt estava dormindo, levantei-me
e fui até a cozinha dar uma olhada na despensa. Estava com tanta vontade de
comer Cheetos de requeijão com iogurte, minha boca chegava a salivar. Na
despensa não tinha necessariamente o que queria. Voltei para o quarto e
toquei o ombro de Matt, que pulou assustado.
— … ham? O que aconteceu? — perguntou sonolento.
— Amor… estou com desejo — falei ansiosa.
— Ah…sim! Quer que eu vá lá embaixo, é isso? — Ele coçou o olho.
— Na verdade, já fui, não achei na despensa. Queria comer Cheetos
de requeijão com iogurte. Não tem o Cheetos. — Mordi o lábio.
— Comer isso a essa hora? Tá, eu vou. — Ele se assustou. Mas se
levantou e foi até o closet colocando uma roupa qualquer.
Fiquei esperando-o chegar. Olhava da janela a fim de ver quando o
carro iria aparecer ali. Desci até a cozinha e peguei o iogurte na geladeira, foi
quando ouvi o barulho da porta se abrir e sorrio. Tadinho! Ele apareceu com
8 pacotes de Cheetos.
— Melhor garantir! — disse com voz de sono.
Peguei o pacote e comecei a comer com muita vontade, estava
delicioso até então. Ele ficou ali me acompanhando e olhando com uma cara
estranha pela mistura que estava fazendo.
Terminei e subimos para o quarto, quando cheguei lá em cima não
consegui segurar. Corri até o banheiro e vomitei tudo que havia comido. O
desejo era bem assim, depois colocava tudo para fora. Quando estava
escovando os dentes, Matt entrou.
— Nem nasceu e já está brincando com a cara do pai! Como que pede
Cheetos três da manhã e bota para fora em 10 minutos? — fala num tom
divertido.
— Imagine quando nascer se não dormir à noite! — falei sorrindo.
Seguimos para o quarto novamente. Deitamos e eu já estava satisfeita.
Ele me abraçou e dormimos rapidamente, exaustos.

Três meses depois…


Faltava um dia para o casamento. Hoje Matt foi expulso de casa por
todas as mulheres – que eram muitas pelo jeito –, mas antes, fiz ele prometer
que não teria despedidas com mulher pelada ou bebida, perguntei trinta vezes
e ele confirmou as trinta que não iria ter nada disso. Ele então foi junto a
Kevin e os amigos aproveitar sua despedida de solteiro.
Minha barriga já estava parecendo, bem discreta, apenas sem roupa
que conseguia notá-la um pouco mais, o vestido foi feito de acordo. Não via a
hora de saber o sexo e escolher o nome. Como estava no quarto mês, fiz a
ultrassom, mas Meredith junto de Claire guardaram o resultado e junto do
nosso bolo de casamento teria um andar que iria revelar o sexo do bebê, era
muita emoção para um dia só.
Ali no jardim começavam muitos preparativos para o dia seguinte. Na
decoração escolhi muitas flores brancas, principalmente “copos de leite”, que
achava muito romântico. No local onde os convidados iriam sentar, cadeiras
clássicas para casamento ao ar livre. A passarela foi feita sobre uma das
piscinas e tudo foi pensado nos mínimos detalhes. Luzes, lustres e muita
iluminação, pois era um dia brilhante.
Já à noite, a casa estava cheia. Ashley estava lá com seu filho e
marido, reconciliaram-se depois da sua volta, mas ele saiu com Matt. Os
homens iriam para a casa de Meredith onde Kevin, o seu padrasto, faria a
despedida de solteiro. As mulheres ficaram ali em casa, nesses últimos três
meses era tão prazeroso falar “minha casa”. Realmente estava em casa agora,
com meu futuro marido e filhos. Nem pensar deixar nosso primogênito ou
primogênita como único. Fui filha única e senti muita falta de um irmão para
discutir e brincar.
Estava sentada no sofá, com uma venda nos olhos. Todas falavam ao
mesmo tempo, e eu tinha que adivinhar qual seria o presente. Peguei uma
caixa.
— Esse é o meu! — Claire gritou.
Eu abri meio desastrada e comecei a tocar. Era um tecido, tinha
muitas peças e pareciam pequenas.
— Uma… lingerie!? — falei.
Gritaram “quase” e eu tirei a venda. Era uma fantasia sexual de
secretária. Corei na mesma hora.
— Ah, cunhadinha… sei lá! Vocês lá no trabalho, vai que têm
fetiches. Quem não tem, né, gente?! — falou esperando por reforço.
Todas riram e algumas concordaram. Coloquei a faixa novamente e
peguei o próximo, era uma caixa pequena. Notei que deveria ser algum
acessório. Abri e toquei, parecia uma pulseira com alguns pingentes.
— É um colar… ou pulseira. — Tirei e quando vi era uma pulseira
linda.
— Esse é o meu, menina. — Mary me pegou de surpresa.
Tinha três pingentes, uma frigideira pequena, um de garotinha, outro
de sorvete.
— A frigideira representa todos os nossos dias na cozinha. A
garotinha é que você se tornou uma filha para mim e o sorvete foi quando me
acordou de madrugada com desejo! — falou emocionada.
Eu já estava em lágrimas e a abracei. Todas emocionadas assim como
nós duas.
— Obrigado por tudo, eu te amo como uma mãe! — Sentamo-nos
novamente.
Claire já estava de braços cruzados.
— Mary, você fez todos os outros presentes perderem a graça. Poxa!
— Rimos muito depois.
Meredith me trouxe uma caixa tamanho médio, aveludada em azul-
marinho. Peguei o presente e abri, era um par de joias impecáveis, brilhavam
como estrelas, um colar e brincos delicados, mas, ao mesmo tempo,
imponentes. Olhei para ela completamente surpresa e sorrindo.
— Esse conjunto usei no meu casamento com o pai de Matthew,
fiquei muito feliz. Quero que vocês sejam muito felizes! — Ela estava
emocionada e eu mais ainda.
— Usarei amanhã com todo o amor do mundo, Meredith. Obrigada
por ser tão maravilhosa comigo sempre. — Meu coração estava derretido.
Era uma joia de geração e sem dúvidas a passaria para uma filha
futuramente. Pierre, com ajuda de Claire, trouxe mais uma caixa aveludada
maior, essa na cor vinho.
— Vocês estão querendo me matar do coração, gente… por favor!
— Eu estava emocionada ao nível máximo com tudo aquilo.
— Precisei da ajuda de Claire já que ela estava desenhando seu
vestido, precisava ser de acordo ou então ela iria me matar! — Ele fez um
gesto de cortar o pescoço.
Quando abri, era uma linda tiara, delicada e com lindas pedras que
brilhavam como pontos de luz. Meu Deus, era a coisa mais linda. Era feita
sob medida e com o meu nome gravado na caixa. Eu estava em êxtase
naquela noite, cada um foi maravilhoso do seu jeito. Estava repleta de
pessoas maravilhosas.
Depois de tanta emoção, seguíamos comendo, elas bebendo e eu
apenas suco. Vi Claire alguns minutos atrás no telefone, mas ignorei. Depois
o meu tocou, olhei na tela e era Matt, já estava com saudades.
— Oi, amor! — falei carinhosa.
— Que história é essa de strippers em casa, Amy? — Olhei ao redor
sem entender e vi Claire segurando o riso.
Ela adorava provocar Matt e imagino como ele estava nesse
momento. Decidi brincar também.
— Amor, é só um. Claire trouxe de surpresa! — Não queria imaginar
a cara dele.
— Eu vou para casa agora. — Dei uma risada e acho que ele
percebeu. — Ah, não… a dançarina no bolo chega já, já! — Levantei-me.
— Como é?? — Vai saber se era mentira.
— Estou brincando!!! Sem homens nem dançarinas. Por falar nisso,
hora de dormir, descansa nosso filho aí! — Respirei fundo e nos despedimos.
Olhei para Claire e ela disfarçava.
— Ué… Só para dar uma agitada!

Depois de um tempo, estava exausta, foram tantas emoções em um só


dia, imagine então amanhã, seria um dia longo. Preparei-me para dormir.
Dormir sem Matt era algum castigo. Não queria aquilo não, vontade de ligar
e pedir para vir para casa. Mas era provável que Claire colocasse algum
alarme caso ele se aproximasse, ô menina sistemática.
Estava tão cansada que logo peguei no sono. Amanhã seria o dia mais
especial da minha vida.
Q
uando acordei, fui até a janela e vi o
enorme jardim decorado e muito mais
detalhes por vir, cadeiras tradicionais
para casamentos brancas e
transparentes, flores brancas também em todos os lugares, estava ficando
incrível.
Era real, havia sonhado a noite inteira com aquele momento, um filme
passou em minha cabeça de tudo que passamos até aqui, tocava minha
barriga e sentia todo nosso amor junto ali dentro. Corri para o banho, quente
e demorado, fechei os olhos e estava sentindo frio na barriga só de imaginar
aquele momento e de aproveitar meus únicos momentos em silêncio por hoje.
Quando saí, a porta já estava sendo atacada por batidas frenéticas e, assim
que abri, entraram todas aquelas mulheres ansiosas.
— Temos muita coisa para fazer, querida… Bom dia! — Meredith me
abraçava e eu retribui.
Uma enorme bandeja de café da manhã foi colocada sobre a cama e
eu estava com muita fome. Mas, antes, a primeira coisa que quis fazer foi
escutar a voz do meu noivo, olhei ao redor e procurei meu telefone para falar
com Matt, mas quando vi estava na mão de Claire.
— Confiscado, cunhadinha! Vocês adiaram o casamento até demais,
pelo menos um dia sem se falar para os votos serem mais emocionantes!
— Ela era impossível.
Meu coração já estava apertado sem ouvir a voz dele, o casamento era
quando o sol estivesse se pondo e seria uma eternidade.
Pierre também estava lá. Ele e Claire agora eram muito amigos e
ouvir fofocas de que iam à balada e pegavam geral não era nenhuma
surpresa. Depois do café, apareceu massagista, manicures e era tanta gente
que estava ficando confusa, mas depois relaxei e aproveitei meu dia. Minha
pele já estava uma seda com todos aqueles cuidados, meu corpo leve feito
pena.
— O amigo de faculdade do Theo vem. Conversamos por redes
sociais, ele é muito lindo! — Claire se animava.
— Ele não tem nenhum amigo gay, Cherry? Que injustiça! — Pierre
lamentava.
Eles eram incríveis, todos ao meu redor. Ashley estava ali
conversando com Meredith sobre a decoração, elas estavam focadas em tudo
sair perfeito. E assim seguiu nosso dia, cheio de afazeres e de muita alegria.
Mas, no minuto que passava, só conseguia pensar onde estaria meu noivo.
Que saudade!

Já próximo ao final da tarde, o frio na barriga começou a ficar mais


forte ainda. O vestido de noiva apareceu em meu quarto seguro com todo
cuidado possível. Levei as mãos ao rosto querendo me emocionar, segurei-
me para não borrar a maquiagem. Claire o tirou com cautela e me ajudou a
colocar, passei as mãos nele sentindo a renda delicada. Era mais perfeito do
que esperava, suas mangas de renda tão lindas como pedi. Marcou a cintura
sem deixar eu e meu bebê desconfortáveis e um decote coração nos seios, as
pedras ali bordadas a mão era uma joia a parte, tão bem-preparado. Será que
iria chegar com a maquiagem intacta naquele casamento com tanta emoção a
cada segundo?
Olhei para o espelho e me senti mais linda que nunca, todas davam
suspiros e elogios. Minha sogra então já estava com um lencinho passando
em seu nariz constantemente. Mary me entregou o buquê de rosas brancas,
Pierre ajeitava os cabelos em cachos soltos, dando ênfase a tiara maravilhosa
com que ele me presenteou, retocava o pó e passava mais um pouco de gloss
nude nos lábios.
Ashley se aproximou sorrindo.
— O noivo já está impaciente. Quase que ele entrava! — avisa.
Meu noivo, futuro marido, pai do meu filho ou filha e homem da
minha vida me esperava tão ansioso quanto eu, meu coração estava
acelerado.
Todas desceram para o jardim, apenas Claire e Pierre ficaram me
ajudando com o vestido até o local. Algumas pessoas próximas da empresa, a
família de Matthew e as pessoas que participaram da nossa vida todo esse
tempo. Kevin, o seu padrasto veio até mim muito elegante. Lembrei do meu
pai, sabia que ele estaria comigo, segurando minha mão para a felicidade tão
sonhada por ele para sua pequena, como me chamava. Lembrei de um
momento com ele quando tinha apenas dez anos.
“ — Papai… papai… — Corria pelo gramado da pequena casa em
Winchester.
Ele estava atendo a um motor de uma caminhonete deixada ali para o
conserto. Quando me viu chegar correndo, pegou-me nos braços, girando-
me no ar entre gargalhadas, parou, colocando-me no chão novamente.
— Papai, olha esse vestido, sou uma noiva e ele gira! — Dei um giro
com o vestido rodado.
— Verdade, filha, a noiva mais linda do mundo. — Ele me admirava
como ninguém.
— Vem, papai! — Dei a pequena mão a ele.
Ele a segurou com todo carinho e amor, acompanhou-me,
pois independente do que estivesse a fazer, largava tudo para dar
a atenção que pedia.”
Meus olhos estavam em lágrimas lembrando das suas palavras, Kevin
beijou minha testa e limpou com cuidado as lágrimas que rolavam.
— Bem-vinda a família! Seja muito feliz. — Então me deu o abraço
mais caloroso.
A música All of me começou a tocar e eu respirei fundo dando o
primeiro passo para o lugar. Uma das mãos apoiadas a Kevin também
segurava o buquê, mas a outra estava em minha barriga, alguém me
acompanhava ali também.
Meus olhos só encontraram uma única coisa quando apareci ali em
direção ao altar, Matthew. Ele estava lindo com o terno escuro, a postura
forte e os olhos vidrados em mim, eu dei um sorriso e ele olhou para minha
mão na barriga. Nesse momento notei que ele apertou seus olhos e colocou a
mão no rosto rapidamente. Meu homem de ferro estava emocionado. Eu dava
cada passo no caminho mais importante que estava seguindo naquele
momento e tinha lá um homem incrível me esperando ansioso.
Quando cheguei perto, ele desceu ao meu encontro. Apertou a mão de
Kevin e depois segurou meu rosto, beijou minha testa demoradamente e me
olhou sussurrando.
— Eu te amo! Tanto! — E tocou minha barriga.
Também sussurrei um “eu te amo” e seguimos para o altar onde o
padre aguardava, começando a cerimônia que já estava cheia de
emoção. Disse palavras lindas e Matt segurava minha mão, apertando
levemente e beijando carinhosamente vez ou outra, parecia descontar o dia
longe um do outro.
Mas foi na hora dos votos que eu estava com medo, não sabia se
conseguiria falar sem chorar. Então, ele começou:
— Eu imaginava, Amy, que esse dia seria especial. O que eu não
imaginava era que seria tão incrível. Você entrou em minha vida do nada,
uma menina com seus medos e com sonhos. Olhei e, mesmo com minha
cabeça dura, naquele momento sabia que você merecia muito mais, você
merecia esse sorriso lindo que dá todos os dias, só não tinha certeza se eu
merecia tanto. Se merecia a mulher incrível do meu lado, suportou tanta coisa
que nem sei se eu mesmo suportaria. A única certeza é que não suportaria te
perder, quero ser merecedor de todos… TODOS os dias que acordar com
você ao meu lado. Todos os dias observar o seu sorriso e agradecer, por
trazer felicidade à minha vida, me fazer ser pai… E lhe garanto que estarei ao
seu lado cada segundo dos meus dias. Eu te amo! — Ele beijou minhas mãos.
Eu chorei, sim! Não tinha como segurar, levei minha mão ao peito
para me acalmar, ele estava emocionado e eu só procurava ar para falar tudo
que ele merecia também. Depois de alguns segundos respirei fundo.
— Matthew, eu me pergunto todos os dias que acordo se é real. Se
você não é um anjo que apareceu em minha vida. Não consigo nem imaginar
como seria se você não existisse. Foi minha base, minha proteção quando eu
mais precisei. Nunca me deu as costas, entendeu-me e me amou quando eu
nem sabia como era ser amada desse jeito. Eu que deveria me perguntar se
sou merecedora desse homem tão incrível e quero dividir tudo pelo resto da
minha vida. E saiba que meu amor está aqui em dobro… — Toquei meu
ventre — … Já é um pai incrível e nós te amamos tanto! Estarei com você, de
corpo e alma, todos os dias da minha vida. Eu te amo!
Ele abaixava algumas vezes a cabeça segurando-se. E eu só queria
beijá-lo, muito, muito. Olhamo-nos e aplausos foram dados, todos pareciam
ter caído algum cisco no olho. E, após nos recuperarmos, o padre nos guiou
perguntando o nosso sim, que já era mais do que notório nossa resposta, e
para a troca de alianças. Peguei a dele, segurei sua mão e comecei a fazer o
juramento.
— Eu, Amy… recebo a ti, Matthew, como meu legítimo esposo.
Prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza. Todos os dias da nossa vida, até que a morte
nos separe. — Coloquei sua aliança e a beijei.
— Eu, Matthew… recebo a ti, Amy, como minha legítima esposa.
Prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza. Todos os dias da nossa vida, até que a morte
nos separe. — Ele beijou minha mão.
E então escutamos a frase que selava nossas vidas.
— Então, o que Deus uniu… o homem não separa. Eu vos declaro…
marido e mulher! Pode beijar a noiva!
Matthew levantou as mãos sorrindo — Até que enfim!!! — Todos
deram risada.
Ele se aproximou, tocou meu pescoço e assim selamos nossos lábios,
esquecendo de todos ao redor. Seu gosto, sua língua. Beijamos
demoradamente.
— Guardem para a lua de mel, ainda tem a festa! — Claire gritou e
paramos, rindo do comentário.
Nesse momento, senti algo na minha barriga. Não entendi muito bem,
parei um pouco e senti novamente, já com quatro meses ainda não tinha
sentido aquilo.
— O que aconteceu, amor? — Ele me olha preocupado.
— Acho que o bebê mexeu! — falei surpresa.
— Como? Mexeu??? — Ele coloca a mão na minha barriga, depois de
alguns segundos acaba sentindo. Olhando-me com cara de bobo.
Todo mundo curioso. Meredith, Mary e Claire já estavam ali do lado
querendo sentir. E, quando saímos, recebemos as felicitações de todos e os
elogios do quanto a cerimônia havia sido linda.
S
eguimos para a festa e outra
ansiedade começava a surgir,
descobrir o sexo do bebê
através do bolo. Por sinal,
ficou bem agitado depois da cerimônia, mas já tinha se acalmado. O jardim
estava lindo, cheio de flores e a iluminação dando um ar
romântico. Cumprimentamos todos os convidados, mas estava muito cansada
e resolvemos sentar um pouco para descansar enquanto aproveitavam a festa.
Peguei algo para comer, fiquei com uma fome de leão e, agora que os enjoos
passaram, estava conseguindo comer até demais. Abracei Matt e beijei seus
lábios com muito amor. Olhei em seus olhos e toquei seus cabelos fazendo
carinho.
— O que estava pensando, senhora Cleveland? — perguntou a sorrir
Chamar-me daquele jeito me encheu de felicidade e orgulho por estar
levando o seu nome agora, um filme passava em minha cabeça desde quando
tudo começou e não imaginava chegarmos até ali. Quando pisei em sua casa
– que agora podia chamar também de minha – insegura, estava cheia de
medos e incertezas. Minha vida estava completamente sem rumo e não fazia
a mínima ideia do que esperar a cada dia que se iniciava. Estava rodeada de
pessoas maravilhosas que me amavam tanto quanto eu as amava e, se a
tempos atrás eu me sentia sozinha, agora estava preenchida, ainda mais por
saber que o bebê está vindo e eu não me sentirei só nunca mais. Abri um
sorriso e coloquei minha cabeça em seu ombro sentindo seu cheiro.
— Estou com saudades de fazer amor com meu marido — falei
manhosa.
Ele me olhou de canto, senti um suspiro ali e toco sua barba que
adorava.
— Não fale essas coisas, Amy, estou um tanto… sensível a esses
comentários! — Ele tomou um pouco de champanhe.
Gostei do jeito que ele ficou nervoso, adorava saber que ele me
desejava tanto quando eu a ele, toquei a ponta do nariz em seu pescoço e
passei os lábios ali levemente. Ele se arrepiou.
— Estou com tanta vontade de fazer amor. Iria para a lua de mel
agora mesmo! — sussurrei e ele estava ficando inquieto.
— Amy, estou ficando excitado e não quer que eu me levante assim,
não é? — Ele olhou para baixo rapidamente.
Fiz o mesmo, dando uma olhada sutil e vendo seu membro duro
marcado, coberto pela calça. Queria tirar ele dali, mas ele ficar daquele jeito
não seria nada legal mesmo. Se bem que estava ótimo observar a cara dele
sem poder fazer nada. Até Claire aparecer lá e pegar a mão dele.
— Vem cá, Theo! — Ela tentou fazer com que ele se levantasse.
Ele ficou firme, não iria se levantar daquele jeito. Puxou novamente a
mão.
— O que aconteceu? — Ele estava sem jeito e eu segurando o riso.
— Quero que me apresente aquele seu amigo, mereço vai? — Ela
cruzou os braços.
— Deixa eu terminar o que estava conversando com Amy e farei isso.
— Ele me olhou e eu sorrindo — Ah… e só farei isso porque sei que ele é
um cara legal! — Ela sorriu e saiu de lá.
Olhei para ele segurando o riso e ele respirou fundo, aliviado vendo
ela sair. Após descansar um pouco, era a hora de cortar o bolo e descobrir em
um dos andares – que eram muitos – o sexo do nosso bebê. Meredith nos
chamou, seguimos para a mesa de doces, Mary nos trouxe a espátula e olhei
para Matt bem ansiosa e ele parecia estar da mesma forma. Nunca
conversamos sobre preferência nem nada do tipo, pois para pais que amavam
tanto desde pequeno na barriga, tanto menina quanto menino seriam perfeitos
do mesmo jeito. Segurei em sua mão e era uma ansiedade imensa na qual
nunca tinha sentido em toda a minha vida, colocamos a espátula em um dos
andares e em uma contagem de um a três, cortamos!
O bolo estava branco, então aquele não era o andar certo, Claire e
suas surpresas. Todo mundo gritou “ahhhh” e seguimos para o andar de cima
ainda mais ansiosos. Colocamos a espátula novamente e respiramos fundo,
quando cortamos já conseguimos distinguir a cor do bolo lá dentro. Olhei
para Matt com os olhos arregalados e marejados, ele ria como um bobo. Era
azul! Um menino! Eram tantas mulheres que Matt agora teria seu
“companheirinho”. Claire já gritava que ia ter um sobrinho.
Matt e eu nos abraçamos com força, depois selando meus lábios.
— É um rapazinho, amor! — falei emocionada.
Ele se abaixou, beijou minha barriga pequena e ria como bobo.
— E aí, garotão! — Ele brincou.
Agora tudo estava completo, teríamos um menino lindo em breve
correndo pela casa e já imaginava a palavra “mamãe” saindo dos seus
pequenos lábios. Eu não conseguia parar de agradecer por tudo que estava
acontecendo em minha vida, mesmo entre tantos altos e baixos. Todos foram
servidos depois dessa grande descoberta e a festa continuava animada.
Matt apresentou o seu amigo para Claire ou então ela não o deixaria
em paz. Depois ele me puxou e me abraçou.
— Acho que é hora de irmos! Lua de mel, por favor?
— Hummm, disso eu não sabia! Aonde vamos? — perguntei curiosa.
— Isso é surpresa! Deveria estar acostumada, senhora Cleveland.
Nos despedimos de todos e nossas malas estavam prontas, é claro, eu
nem sabia desse detalhe. Seguimos com o motorista para o aeroporto onde
seu jato esperava em uma área particular. Estava bem cansada, mas muito
feliz por ter momentos só para nós dois. Então chegamos no lugar já
conhecido da outra vez. Os funcionários, pilotos e aeromoças já nos recebiam
com felicitações. Entramos e nos acomodamos, uma das mulheres ali nos
serviu algo para tomar. Eu apenas suco. Então o avião decolou, ele me
informou que não seria mais longa que a primeira. Seguimos para a cabine,
queria muito ele ali, mas não queria nossa noite de núpcias após casados
numa cabine. E eu estava grávida e exausta daquele dia. Ele me deitou,
acomodou-me em seus braços e eu consegui pegar no sono tranquilamente.
S
enti uma mão tomar meus
cabelos e depois meu rosto.
Abri os olhos confusa e Matt
estava sorrindo me olhando
amorosamente.
— Precisamos nos preparar para o pouso, amor! — Ele estava tão carinhoso.
— Adianta eu perguntar onde estamos? — falei sonolenta, sorrindo
levemente.
— Você vai ver! — Ele me ajudou a levantar e seguimos para a
poltrona.
Quando estava sobrevoando o lugar, observei serem ruas, mas
cobertas de água. Pequenos riachos de água estreitos e um grande rio. Estava
tentando assimilar. Ainda não tinha certeza de que lugar era aquele. Olhei
para Matt confusa, queria que ele me confirmasse enfim onde estávamos.
— Bem-vinda a Veneza! — Arregalei os olhos.
Meu sonho de criança era conhecer a Itália. Qualquer lugar da Itália,
ver pessoas falando italiano, comer pizza italiana. Comer Carpaccio na Itália,
andar de gôndola pelas vielas de Veneza, ah meu Deus! Minha lua de mel era
na cidade dos amantes. Acomodei-me no banco, não tirava os olhos da janela.
— Pelo visto você gostou — falou a sorrir.
— Eu estou… muito, muito feliz! Parece que estou sonhando desde o
momento do nosso casamento. — Dei um sorriso.
Nesse momento, senti nosso menino mexer, ainda era leve, mas cada
movimento me deixava tão feliz.
— Nosso rapazinho está muito feliz também pelo jeito. — Toco
minha barriga.
Sempre que falava isso, ele abria um largo sorriso de pai bobão.
Olhou para minha barriga.
— Acho que boa parte dessa agitação pode ser fome. Ele gosta muito
de acordar os pais de madrugada, hoje nos deixou quietos. Dançou muito na
festa! — Ele riu.
Em algum tempo, pousamos em um local apropriado e um carro nos
guiou pelas ruas de Veneza até um lindo hotel rústico, feito de pedra e com o
verde das plantas em vários lugares ao redor. Entramos no lugar e fomos
imediatamente recebidos e levados para a suíte presidencial. Quando
entramos, tinha uma linda decoração felicitando o casamento. Era quase um
apartamento, sala, quarto e uma linda varanda para Veneza. Como era de
manhã, um café reforçado estava à nossa espera. Eles eram realmente muito
profissionais e se preocupavam com cada detalhe. Assim que deixamos as
malas ali, olhando o lugar com curiosidade, Matt segurou minha mão e puxou
para fora do quarto, parando na frente da porta.
— Vamos fazer isso certo! — Ele me pegou nos braços.
— Eu não acredito, Matt! Não… ei… — Ele entrava ignorando
minha surpresa, mas com cuidado.
— Enfim sós, amor! — Ele me olhou, descarado.
— Você é um bobo. — Eu ria muito.
Quando ele me colocou no chão novamente. Fui até minha mala com
pressa e ele ficou me olhando intrigado.
— Se é para fazer isso certo, faremos! — Corri para o banheiro e
tranquei.
— Não estou entendendo, Amy! — Ele gritou grudado na porta.
Tomei um banho quente, peguei uma lingerie branca de renda, minha
barriga de 4 meses já estava grandinha e não sabia se isso ia realmente me
deixar sexy. Coloquei um robe de seda branca, perfumei-me e respirei fundo,
procurando coragem para sair. Então, quando isso aconteceu, Matt estava na
varanda, sem camisa, olhando o nada, e se virou rapidamente.
— Já estava ficando preocu… — Ele parou e me olhou.
Estava pedindo muito por dentro para estar sexy, mesmo com nosso
pequeno crescendo ali.
— Estou meio… barrigudinha, mas é por uma boa causa! — Dei um
sorriso sem graça.
Ele se aproximou de mim, abraçou-me tocando meu rosto e beijando
meus lábios lentamente.
— Você está mais linda que nunca! — E então nos beijamos.
Sua língua tocava a minha e aproveitei o máximo do seu gosto. Ele
tirou o robe pelos ombros, deixando cair no chão e escorregando no meu
corpo, me arrepiando inteira. Seus dedos rápidos foram até meu sutiã e
liberou meus seios que estavam enormes. Ele me olhou, mordeu o lábio
demonstrando o quanto estava cheio de desejo. Toquei o botão da sua calça e
abri, ele fez questão de tirar o resto. Quando olhei, seu membro estava duro e
empinado. Não fazíamos amor todo esse tempo, agora estava pronta para ele.
Matt me deitou na cama, ficou sobre mim com cuidado. Deixei
minhas pernas afastadas e ele entre elas. Olhei nos seus olhos e sussurrei:
— Mais sua do que nunca!
Ele mordeu o lábio e vi que o que eu disse surtiu efeito.
— Minha mulher! — Ele beijou meus lábios e colocou em minha
entrada.
Quando ele deslizou para dentro de mim, joguei a cabeça para trás e
apertei forte o cobertor.
— Amor… isso! Fode sua mulher! — Gemia alucinada de excitação.
— Eu vou… te foder sempre! Todo dia! Em todo lugar! — Ele
começou o vai e vem devagar.
Aos poucos foi acelerando enquanto minha intimidade se acostumava
com seu pau grosso. Depois de alguns minutos, ele sai de cima e se deita ao
lado, me levanto e coloco as pernas abertas sobre ele, uma a cada lado e
apoiando as mãos em seu peito. Olhava seu rosto e adorava quando ele fazia
aquela expressão de excitação. Rebolo lentamente sentando-me sobre ele, que
colocava suas mãos em meus seios, apertando os mamilos rígidos e
excitados. Joguei a cabeça para trás fechando os olhos, soltando gemidos
involuntários. Ele desce as mãos na minha cintura e, sem apertar muito,
ajudava para ir ainda mais rápido e a essa altura ele estava pulsando dentro de
mim, eu sentia ainda mais rígido.
Ele levantou-se segurando meu corpo e levantando-se sem desgrudar
nosso corpo e foi até uma mesa onde estava algumas bolsas sobre ela.
Empurrou todas fazendo cair no chão sem se importar com o que seria ali,
colocando meu quadril fazendo sentar-se no lugar, estava segurando-o pelo
pescoço e ele continuou os movimentos frenéticos. Nossos lábios colaram um
no outro, o beijo era intenso, a língua tocava uma na outra sentindo o gosto
delicioso. Ele parou o beijo e me olhou, aquele olhar que me fazia ficar ainda
mais molhada.
— Vai gozar para mim, Amy? — Ele estava com a voz sexy me
olhando.
— Goza comigo… — A melhor coisa era quando chegamos ao ápice
juntos.
Ele pulsou dentro de mim e foi naquele momento que não segurei
mais. Tremi inteira, as unhas cravadas em seus braços e ele gemeu rouco.
Aproveitamos cada segundo até que nossa respiração – que estava ofegante –
ia se acalmando aos poucos. Quando voltamos a respirar normalmente,
seguimos para o banheiro. Ele ainda estava excitado e eu da mesma forma e,
como banheiro tinha muitas histórias nossas, não poderíamos deixar de fazer
amor embaixo do chuveiro novamente. A minha obstetra, durante todas as
avaliações, sempre afirmava que o nosso bebê estava maravilhosamente bem
e o descolamento foi revertido.
Sobre sexo, pois claro que iria perguntar sobre isso, até porque a
gestação tinha me deixado com o dobro de libido, ela deixou claro que
poderia, sim, ter minha vida sexual tranquila, apenas fazendo o que fosse
confortável para mim e estava liberadíssima, até era indicado, pois ajudava
no vínculo afetivo com o marido e, mais a frente, a ter um parto normal
tranquilo.
Quando terminamos, voltamos para o quarto, tomamos o café e
coloquei um vestido rosa bebê soltinho na barriga, assim parecia bem maior e
ia até um pouco acima do joelho. Nos pés uma rasteira nude e delicada.
Sequei os cabelos rapidamente e fiquei com o rosto natural. Estava corada
por conta do começo daquela manhã deliciosa. Matt estava informal com
uma bermuda e camiseta branca de botões meio abertos.
Peguei a bolsa com algumas coisas necessárias e ele se aproximou
pegando em minha mão.
— Acho que tivemos uma manhã de núpcias e sol de mel! — Ele ri e
eu não segurei.
Iríamos conhecer Veneza. Estava tão animada.
S
aímos pelas ruas de Veneza
aproveitando aquilo que
sempre foi um sonho que eu
não imaginava realizar jamais,
o clima estava quente e agradável, sentia a temperatura esquentar meu rosto e
estava adorando, pois em Nova York aquela época estava um pouco mais
fria. Estava grata, pois um dia ensolarado valorizava ainda mais a beleza
daquele lugar e faria questão de aproveitar tudo que tinha para oferecer.
Olhava atentamente apreciando as imagens que saiam da minha lembrança
quando olhava em fotos, pois era o máximo que conseguia ver de lá há algum
tempo quando era apenas uma garota cheia de sonhos, era bem mais
encantador estando lá.
Era difícil acreditar que há anos tinha um sonho e hoje estava casada
com um homem incrível, mesmo que tenha chegado de uma forma
completamente conturbada em minha vida, se tornou uma das pessoas mais
importantes dela. Agora estava na “doce espera” do meu primeiro filho que
iria completar qualquer vazio existente em mim.
Tinha realmente fascinação e mais fascinação ainda pelo homem que
estava comigo me fazendo a mulher mais feliz do mundo. Matt era divertido,
carinhoso e mesmo quando estava sério resolvendo coisas da empresa,
conseguia ser incrível. Ele também havia mudado muito, observava que após
descobrir estar grávida, Matt se dedicou ainda mais a empresa e seus
negócios afirmando que aquilo ali seria do nosso filho um dia e queria fazer o
melhor por ele, por mim e pelos próximos filhos.
Ele deixou claro que queria mais dois no mínimo. Há quem diga que
aquela história não era nada boa, mas tudo que faz bem às pessoas é bom e
puro, se não me fez bem em algum momento no começo eu entendia, pois eu
não cheguei na vida dele conhecendo em um parque, difícil tanto para mim
quanto para ele.
Mesmo sabendo que poderia ser diferente, tenho certeza de que ele
nunca iria me fazer algo ruim, que era uma luta interna que ele sofria dentro
dele, assim como eu e quando lembramos do nosso casamento e o quanto foi
lindo, ficava relembrando várias e várias vezes as suas palavras. O
sentimento que ele deixou nítido, dava para sentir com o coração cada
palavra que ele disse e não esqueceria nunca.
Almoçamos em um lindo e romântico restaurante italiano. Ele fez
questão de escolher os mínimos detalhes da nossa Lua de mel e sabia
exatamente tudo que eu gostava, fiquei até surpresa por ver o quanto ele me
conhecia tão bem. Mas eu não ficava muito atrás, pois também conhecia
muito dele e suas manias, que eram muitas… não gostava de nada
desalinhado e notava que aquilo era um toque, um quadro ao lado do outro
milimetricamente torto, ele conseguia enxergar e arrumá-lo, num jantar ele
ajeitava perfeitamente os seus talheres e eu achava aquilo muito engraçado. A
comida estava magnífica e eu, claro, iria aproveitar de um tudo, pois a mamãe
aqui queria saciar todos os desejos, literalmente.
Durante a tarde, saímos para um passeio de gôndola, que era uma
atração específica de Veneza, acho que ir até lá e não fazer esse passeio
ficaria faltando algo, ainda mais sendo casais, e estava muito ansiosa por isso.
O homem fala em italiano e Matt o responde com facilidade, eu o olho
abismada. Como é? Agora ele fala italiano? Como? Consegue ter noção o
quanto aquele homem ficou sexy falando italiano, nossa! Subimos na
gôndola, ele me ajudou e logo em seguida subiu ali também, sentando-se ao
meu lado em estofados vermelhos confortáveis.
— Grazie, signore! — Matthew agradece.
Olho ele de canto enquanto colocava seu braço sobre meus ombros
num abraço caloroso, beijando o alto da minha cabeça e seguida.
— Não sabe o quão sexy você está falando italiano, amore mio!
— sussurrei em seu ouvido.
Ele aperta os lábios, respira fundo e desvia o olhar. Sabia que adorava
provocá-lo e me divertia muito com suas caras e bocas quando eu fazia isso,
não tinha nada melhor que saber que seu marido a desejava de tal forma,
como também depois da gravidez, não me deixando sentir insegura. E sabia
também do esforço que ele fazia para não acabar ficando com uma ereção em
público, então como não queria que chegasse a tal ponto parei com a
provocação.
Após mudar de assunto até segunda ordem, aproveitamos o passeio
pelas vielas de Veneza, passando por baixo de pontes e observando o casario
antigo, eu amava aquele clima rústico, era leve, elegante e romântico
realmente. Sentia seus lábios tocarem os meus vez ou outra, não ficávamos
longe um do outro. E quando o passeio acabou, voltamos para o hotel e logo
na chegada estava uma grande decoração festiva, cores brilhantes e
funcionários andando para todos os lados, responsáveis pela organização do
evento. Uma das recepcionistas nos entregaram papéis assim que entramos no
hotel.
— Senhores, o Hotel oferece um Baile de Máscaras para seus
hóspedes e faz questão da presença. Várias atrações para o entretenimento do
casal — avisa.
Agradecemos e seguimos para o quarto olhando o papel enquanto
subia no elevador. Era em duas horas e parecia estar muito animado lá
embaixo. Matt me olhou, decerto querendo saber minha opinião sobre a festa.
— Prefere descansar, amor? — Ele se preocupa.
— Não, é nossa lua de mel. Vamos aproveitar! — O abracei, selando
os lábios.
Quando chegamos ao quarto que era a suíte presidencial do lugar,
parecia mais um apartamento que um quarto de hotel. Matt pediu o jantar
antes que nos prepararmos para o baile, era muito engraçado, pois a última
vez que vi a palavra baile foi na época de escola e achava algo muito legal de
ser feito.
Aproveitamos a ótima comida italiana, servida em alguns minutos,
sempre muito capricho até nos detalhes que se dedicavam a fazer como um
simples guardanapo, achava impecável. Há quem diga que sou emocionada,
mas, na verdade, nada daquilo era minha realidade, não tinha o hábito de
pessoas fazendo nada para mim, ao contrário, eu sempre fui responsável pela
casa e por meu pai.
Depois seguimos para nos arrumarmos e estava muito animada,
lembrei de Pierre naquele momento e como fez falta, pois sei que a produção
que ele faria seria simplesmente impecável.
Aproveitamos o banho na enorme banheira de hidromassagem, onde
tinha uma enorme janela de vidro que dava para enxergar boa parte de
Veneza do último andar do prédio, que mesmo não sendo muito alto, a vista
era deslumbrante. Matt fez uma massagem dos deuses em meus ombros
enquanto estava sentada entre suas pernas, abaixei a cabeça e fechei os olhos
enquanto sentia suas mãos firmes deslizarem e estava completamente
relaxada. Só não concluímos porque se fizéssemos amor mais uma vez,
iríamos chegar muito tarde.
Por sorte, Claire sempre colocando vestidos elegantes para mim, pois
como ela dizia: “uma mulher deveria sempre andar prevenida”. Na minha
mala, escolhi um dourado, decotado nos seios e as costas nuas e, por mais
que não fosse meu estilo, o evento era um baile de máscaras e pedia algo
mais temático. Ele era marcado um pouco acima da minha cintura, deixando
a barriga de quatro meses à mostra aparecendo para quem tivesse mais
atenção. Sequei meus cabelos e ondulei como Pierre tinha me ensinado para
casos rápidos. Assim como a maquiagem, um delineador gatinho e a boca
vermelha matte. Olhei para trás e vi Matt ajeitando as mangas da camisa
social, aproximo-me e começo a ajudá-lo a fechar os botões. Ele me olha
fixamente por segundos.
— Você está linda, Amy! — E sorri.
Corei levemente, sempre iria corar até quando estivesse velhinha ao
seu lado, tenho certeza. Agora peguei a gravata borboleta e comecei a colocar
a mesma em seu pescoço, pois no folheto informativo davam dicas de
figurino para o evento.
— Você está delicioso, senhor Cleveland! — falei em um tom
malicioso.
— Você está bem safadinha, senhora Cleveland! Não me tente ou tiro
esse vestido imediatamente… e vou foder você — falou com seu tom de voz
grave.
Eu me arrepio com suas palavras, sinto minha intimidade ficar úmida
com a sua provocação e mordo meu lábio.
— Cobrarei isso! — Selo os lábios com cuidado e o puxo para fora.
Quando chegamos na entrada do evento, máscaras eram distribuídas
para os convidados e poderíamos escolher a que cairia melhor com nossas
roupas. Peguei uma dourada com preto, cheia de brilho, sensual e poderosa.
A que Matt escolheu foi uma preta formal, assim como ele gostava. Entramos
no lugar indicado, o local estava bem decorado e animado. As pessoas se
divertiam, algumas dançavam e bebiam aproveitando cada detalhe, outras
conversavam alegremente. Matt pegou um drink para ele e para mim sem
álcool, apenas de morango e estava muito delicioso. Dançamos com calma e
eu ria alegremente dos comentários que ele fazia em meu ouvindo,
divertindo-me, estávamos muito relaxados.
Até que decidi ir até o banheiro, a gravidez estava começando a me
fazer ir ao banheiro várias vezes, imagina quando nosso menino estivesse
enorme, acho que iria residir em um de uma vez por todas. Terminei, lavando
as mãos e aproveitando para retocar a maquiagem. Quando voltei até onde
Matt estava, depois de alguns minutos, estava uma mulher, na verdade, uma
vadia descarada, com seu vestido vulgar vermelho com os seios quase na cara
do meu marido e, mesmo que ele não a desse ousadia, ela insistia e era nítido.
Ele estava desconfortável, sorte dele. Tirei a máscara, caminhei até o lugar e
coloquei as mãos nos ombros de Matt que imediatamente me abraça pela
cintura.
— A senhorita precisa de óculos? Tem miopia, astigmatismo ou o
quê? — falei com um sorriso falso nos lábios.
— Não entendi! — Ela se faz de boba.
— Está vendo isso? Casado! Não tem vergonha? — Levantei a mão
de Matt mostrando a aliança e ele segura o riso.
— Eu não notei! — Ela disfarçou.
— Ah não? Faz um exame de vista, tem muitos outros aí para você
não notar! Vai… — Apontei para a festa e ela sai revirando os olhos.
Olho para Matt e dou um tapa em seu ombro. Ele fica sem entender.
— Amor… o que eu fiz? Nada! Falei estar aguardando minha mulher.
— Ele justifica.
— Só queria descontar a raiva em alguém mesmo. Ahh… não! — Fiz
um bico, estava muito irritada.
Ele me abraça sorrindo, beijando o meu bico feito e minha testa.
— Não preciso de mais nada. Tenho tudo que quero e mais um
pouco! — Ele me olha.
Derreto-me e sorrio de leve. Ele faz o mesmo e aproxima os lábios
dos meus, ainda não os tocando, seus olhos eram fixos aos meu e vez ou
outra descia até meus lábios.
— Eu não vejo a hora de chegar naquele quarto…tirar essa sua roupa.
Hoje você vai fazer o que eu mandar — sussurra.
Apertei minhas pernas sentindo a excitação me consumir, ele tinha
uma voz grave que não precisava de muito para conseguir provocar aquela
reação. Mordo os lábios e meus mamilos ficam rígidos com suas palavras,
mas cobertos pelo bojo do vestido, agora ele que tinha me tocado… e muito!
— Então vamos, precisando do meu homem dentro de mim! —
Retribui e foi o suficiente para ele me segurar pela cintura e ir em direção da
suíte.

Seguimos para o quarto, abri a porta e entrei imediatamente. Matt


veio logo atrás segurando minha mão, eu ia direto à penteadeira me desfazer
para o banho quando escutei a ordem dele, sua voz firme e rouca.
— Fica onde está! — Ele foi breve.
Parei imediatamente, mas não olhei para trás, dei um sorriso
malicioso e fiquei em silêncio aguardando mais ordens. Até que ele se
aproximou, colando seu corpo atrás do meu, consegui sentir sua ereção
esfregar em mim, seus lábios aproximando da minha orelha e as mãos
grandes em meus ombros.
—Olha como me deixa, Amy! Gosta de provocar seu marido, não é?
— sussurra e beija meu pescoço.
Joguei a cabeça para trás e solto um gemido baixo, arrepiada, e minha
calcinha fica molhada imediatamente.
— Responda! — ordena.
—Sim… — falei entre um gemido.
— Sim o que, Amy? — Ele continua.
— Adoro provocar meu marido! — Aquilo estava me deixando louca.
Seus dedos ágeis abrem o zíper do vestido em minhas costas,
deixando-o cair no chão. Meus seios maiores, mamilos rígidos e o corpo
arrepiado ficava ainda mais evidente. As mãos de Matt toca meus seios,
apertando os mamilos, levemente fazendo sentir minha intimidade pulsar.
Sua mão desce pelo meu corpo e entra na minha calcinha, toca meu clitóris e
faz um movimento circular delicioso fazendo minhas pernas tremerem.
— Matthew… isso é… — Gemi ofegante.
Estava lambuzando seu dedo com meu tesão absurdo com o que ele
fazia comigo. Seu pau esfregava em minha bunda, tão grande e delicioso. Eu
queria mais, queria ele dentro de mim agora mesmo.
— O que você quer agora? — Ele continuava.
— Quero você dentro de mim! Por favor… — Eu iria gozar logo com
seu dedo massageando minha carne sensível.
— Ainda não estou convencido, amor… — Ele tirou sua roupa tão
rapidamente.
Castigou-me quando tirou seu dedo do meu montinho excitado. Mas
não demorou muito, seu pau quente estava livre agora tocando minhas costas,
podia sentir ele pulsar.
— Me fode, quero você dentro de mim — falei suplicando.
— Agora sim! — Ele dá uma risadinha maliciosa.
Rapidamente senti um pano rasgar e lá se ia uma calcinha. Ele fez
minhas mãos ficarem apoiadas na parede e encaixou seu pau em minha
entrada que o deixou lubrificado. Entrou só a cabeça rosada e me provocou.
— Tão apertada, Amy!
Queria ele logo, empurrei meu corpo para trás querendo ele por
inteiro dentro de mim e ele entendeu o recado. Segurou minha cintura e
começou a meter seu pau em mim. Entrando cada vez mais, ele deslizava
quente, me preenchendo. Um vai e vem forte, rápido e delicioso, uma das
suas mãos foram para o meu clitóris, acariciando ali a ponto de não aguentar
mais.
— Goza para mim!
Ele aumentou o ritmo e eu não aguentei mais, gozei em seu membro
apertando-o dentro de mim, ele fez o mesmo. Enchendo-me com seu gozo,
beijando e mordiscando meu ombro. Nossa respiração ofegante e minhas
pernas trêmulas, ele recuperava o fôlego e saía de dentro de mim, que logo
me joguei na cama ao lado, recuperando-me. Ele me olhou e estendeu a mão.
— Um banho quente? — Ele dá aquele sorriso amoroso.
— Sim, marido! — Segurei sua mão e seguimos para o banheiro.
Ele era incrível, desde o primeiro momento, conseguiu me fazer sentir
desejada, relaxada, quando eu nem ao menos sabia o seu nome, mas agora
sabia bem tanto que seu sobrenome também me pertencia. Uma verdadeira
ironia do destino.
O
s nossos dias em Veneza
estavam cada vez mais
incríveis, as vielas eram
inúmeras e nos perdemos
algumas vezes caminhando, gerando muita risada, pois as ruas eram muito
iguais entre si, mas ele, com seu italiano perfeito, conseguia achar o caminho
de volta.
Algumas vezes para não andar tanto por conta da gravidez íamos de
vaporetto, que era uma embarcação feito um ônibus para levar de um lugar
para o outro. Matt insistia que pegasse uma lancha particular, mas eu queria
aproveitar tudo que Veneza tinha a oferecer. Conheci também outro ponto
importantíssimo, que era a praça principal de Veneza, a Piazza de San Marco,
onde tinha milhares de pombos e as crianças se divertiam muito com aquilo,
correndo de um lado para o outro, e eu não parava de imaginar nosso menino
conhecendo tudo isso junto.
A ponte Rialto foi um dos meus lugares preferidos, pois tinha um
enorme simbolismo no lugar, e para concluir nossos últimos dias ali,
seguimos para Murano, uma ilha que era um pouco distante, mas pertencia à
cidade e era muito conhecida por sua produção de peças de cristais e vidro.
fiquei muito encantada, pois queria levar tudo para casa. Tudo não seria
possível, mesmo assim fui insistente e comprei muitas peças de cristal para
levar como lembrança e decorar nossa casa, e dar às pessoas próximas como
presente. Seguimos para Burano, outra Ilha encantadora, conheci as rendeiras
que eram muito conhecidas, Claire me recomendou já que ela amava tanto
tudo que envolvesse moda e aquele lugar era incrível com suas casas
coloridas que lembravam casas de boneca.
— Temos que ir mesmo? Eu queria morar aqui! — Fiz bico.
— Morarmos ainda não é possível, infelizmente, mas quem sabe
quando tivermos velhinhos e nosso filhos adultos bem resolvidos. — Ele
sorriu me abraçando.
— Amo você! — sussurrei.
— Eu também a amo, muito! — Ele retribui olhando sem desviar o
olhar.

Quatro meses se passaram…


Desde a nossa lua mel, cada detalhe ainda estava vivo em minha
memória. Imaginava que seria muito feliz esses dias, mas não acreditava
poder ser muito melhor. Nunca pensei que poderia ter tamanha felicidade
todos esses meses. Quando voltamos para casa, começamos a organizar o
quarto do nosso menino, pois estava ainda mais próxima a sua chegada e o
frio na barriga aumentando cada dia mais.
Escolhi tons de cinza com amarelo, pois sempre foi algo que
imaginei, ficou muito lindo, moderno e, o que mais me surpreendeu, é que
mesmo com todo o dinheiro que meu marido possuía, fez questão de arrumar
o quarto do bebê. Comprou tintas e materiais, foi até o quarto escolhido da
casa que era próximo ao nosso com uma calça jeans, que sem dúvidas seria
jogada fora depois, já que estava completamente suja de tinta. Quando entrei,
encostei-me na porta e cruzei os braços apreciando aquela imagem. O pai do
meu filho se dedicando para organizar ele mesmo o quarto, era tão simbólico
e meu coração ficava aquecido com tanto amor.
— Você sabe que não precisa fazer isso, amor! — lembrei.
— Meu pai fez o mesmo quando minha mãe estava grávida, isso
significou muito para mim! — falou e eu podia jurar que ele estava
emocionado.
— Mas os móveis planejados, você que colocará também?
— perguntei segurando o riso.
— Isso meu pai não fez, então acho que não preciso fazer
— respondeu e eu dei muita risada.
Depois do casamento, Matt se abriu muito e vez ou outra estávamos
deitados descansando e conversando sobre nossas vidas antes de
conhecermos um ao outro, ele sempre falou que mesmo seu pai sendo rígido,
era um bom pai, que a única coisa que ele queria era ver seus filhos bem.
Aproveitei que havia contratado alguns profissionais da área e mudei
um pouco a casa, dando um ar mais familiar e aconchegante, mexendo em
algumas paredes e móveis, também integrei um quarto de hóspedes para fazer
um quarto de brinquedos do bebê para quando estivesse um pouco maior.
Matt aprovou tudo, ele estava sendo o melhor pai e marido do mundo. Muitas
vezes ficamos debatendo qual seria o nome do bebê e chegamos a uma
conclusão, ele se chamaria Theo, Theo Carter Cleveland. Era um nome curto
e objetivo, além disso, era o apelido que Claire chamava Matt e achava lindo
e carinhoso.
Minha barriga estava enorme, os pés inchados e, para dormir, nunca
imaginei sentir tanta falta de ficar de barriga para baixo. Theo estava um
meninão ali dentro e agradecia todos os dias pela saúde do meu filho, pois
passamos por coisas terríveis no começo da gestação. Ria comigo mesma,
estava sentada em uma cadeira confortável próximo à piscina. Tomando um
pouco de sol no fim da tarde. Minha mão estava sobre a barriga dura e
enorme, sentia Theo brincar de nado sincronizado ali dentro, pé para um lado,
cotovelos e mãozinhas do outro.
— Filho, está dando oi para a mamãe? — Brinquei.
Fiquei perdida em meu bate-papo com Theo quando senti uma
sensação de ser observada. Virei e vi Matt ali perto com as mãos nos bolsos
me observando atentamente. Abri um largo sorriso e mandei um beijo pelo ar
para ele.
— Melhor coisa é chegar em casa e ver essa cena! — Ele abre aquele
sorriso maravilhoso.
Levanto-me com cuidado e vou ao seu encontro, selei os lábios do
meu marido que retribui carinhosamente, tocando em minha barriga onde
nosso menino fazia a festa. Era tão mágico, Theo parecia conhecer o toque do
pai e fazia um carnaval quando ele ficava falando bobagens próximo a minha
barriga. No começo ainda era tudo novo, mas agora a realidade estava
batendo na porta avisando que tudo aquilo era real.
Ficamos o resto dos dias grudados na sala de cinema, comendo pipoca
e recebendo carinho. Estava sentindo um pouco de cólica há três dias, mas a
médica falou que àquela altura isso era normal, caso intensificasse deveria ir
até ela imediatamente para mais avaliação. Até então nada aconteceu de
anormal e eu poderia ficar tranquila esperando meu pequeno querer vir ao
mundo. Tomamos banho juntos, Matthew fazia uma massagem relaxante em
meus ombros na banheira e eu não poderia ter encontrado um marido melhor,
depois fez o mesmo com os meus pés e, naquele momento, eu sabia que era o
que eu mais precisava, meus pés inchados agradeciam. Depois de um banho
relaxante, deitamo-nos e pegamos no sono, sempre ele acariciando a minha
enorme barriga.
Era madrugada quando senti a cólica ficar mais forte, abri os olhos e
fiz uma careta. Respirei fundo e me sentei devagar, depois de alguns
segundos aquela cólica passou e me tranquilizei, pois estava sentindo algo
parecido constantemente e ainda faltavam alguns dias para ele vir na data
prevista. Levantei-me e fui até o jarro de água ao lado quando senti um
líquido escorrer das minhas pernas involuntariamente. Meu coração disparou
naquele momento, arregalei os olhos assustada, mas era uma mistura de
ansiedade e felicidade ao mesmo tempo.
— Matt… ei… — falei paralisada onde estava.
Ele acordou um pouco confuso e assustado, sempre nos preocupamos
quando iria saber que era o momento escolhido por Theo para nascer.
— O que aconteceu? Está tudo bem? — Ele se levantou da cama
rápido e veio até mim.
— A bolsa…acho que Theo vai nascer… — falei apressada.
— Pegar as bolsas? Sim, sim… claro! — Ele estava sonolento e
atordoado.
— Não, amor, quer dizer sim, as bolsas também. O que quero dizer é
que a bolsa rompeu! — expliquei apressada.
Ele arregalou mais ainda os olhos e agora, sim, havia acordado pelo
jeito, andou de um lado para o outro perdido e passou as mãos nos cabelos.
— Está…certo! Primeiro mantenha a calma. — Ele tocou meu rosto.
— Eu estou calma, amor… — Segurei o riso, vendo-o mais nervoso
que eu.
— Tá, então respire… com calma, está bem? — Ele respirava
mostrando como eu tinha que fazer.
Se não fosse novamente a cólica voltando ainda mais forte eu teria
tido uma crise de risos da forma que Matt estava. Ele correu até o quarto do
bebê e pegou as bolsas que arrumei com Mary para a maternidade. Nos
arrumamos rapidamente e saímos em direção ao carro, Mary vinha logo atrás
correndo e para na porta do carro emocionada.
— Que esse pequeno venha com muita saúde para encher essa casa de
alegria, querida! Vai dar tudo certo, estou rezando por você. — Ela era um
amor.
Agradeci beijando as suas mãos, pois era a mãe que o destino colocou
em minha vida. As cólicas estavam aumentando consideravelmente quando,
enfim, o carro saía de casa, agora estava respirando como o Matt.
Ele dirigia e me olhava preocupado, mas com toda atenção e cuidado
do mundo a frente, eu tocava sua mão, ele segurava a minha e, quando a
cólica vinha novamente, eu apertava a mão dele com tanta força que tenho
certeza de que ele estava aguentando firme. Estava com oito meses, mas a
médica sempre deixou claro que ele poderia vir a qualquer momento e tudo
estaria pronto para o momento que ele viesse ao mundo, ela me passou
confiança e eu não queria me preocupar naquele momento.
Chegamos no hospital, ele me ajudou a descer do carro e eu já sentia
uma dor tão forte que parecia estar sendo aberta ao meio e cerrava os dentes
segurando o grito, pois tinha vontade de dar um bem alto. Um enfermeiro me
traz uma cadeira de rodas e sou informada que a doutora chegou e já me
aguardava.
Entrei e fui preparada para a sala de parto. A dilatação já estava
favorável para o nascimento e logo, logo iria ver o rostinho do meu filho. A
dor me consumia, Matt estava ali ao meu lado segurando minha mão e
beijando minha testa e sei que ele estava muito nervoso.
— Nosso menino está vindo, amor, ele tem uma mãe incrível! — Ele
me dava forças.
— Amy, respire fundo e força! Theo quer conhecer os pais… —
Incentivava a médica.
Gritei, apertei os olhos e fiz toda a força que tinha dentro de mim.
Procurei ar para respirar e novamente senti minha cabeça doer de tanta força
que colocava. Joguei a cabeça para trás algumas vezes procurando ar e força
novamente para tentar mais uma vez, forcei todos os meus músculos para
trazer meu menino ao mundo.
— Isso, amor… Theo está vindo! — Matt continuava.
Sem ele ali comigo não sei como seria, era o meu pilar, meu alicerce,
estava tão feliz e ansioso quanto eu. Olhei nos seus olhos, suada e exausta.
Procurei forças mais uma vez, respirei fundo e usei o resto de força que tinha,
foi aí que escutei o som mais maravilhoso e perfeito de toda a minha vida.
Theo chorou, aquele chorinho tomou conta de toda a sala. Olhei para Matt
que estava com os olhos marejados vidrados no bebê, entregue em seus
braços, ele segurava o pequeno e ria, chorava, não sabia ao certo a sua reação.
Nos meus olhos as lágrimas caíam com facilidade e Matt aproximou Theo de
mim, tão grande e forte.
— Oi, filho… você é tão lindo, meu amor! — falei com a voz
embargada.
Logo depois, Theo foi colocado em meu colo próximo ao meu seio,
fiquei sentindo sua pele junta da minha, passando todo o meu calor e amor
sendo que nem toda a minha vida seria capaz para demonstrar a ele o amor
que sentia. Ainda colocaram no meu seio para tentar a primeira pega e ele
abocanhou com rapidez, sugando forte o pouco de colostro que saía de
primeiro momento. Levaram meu pequeno para deixar pronto para ir aos
meus braços novamente depois. Matt beijou minha testa e depois meus lábios
rapidamente.
— Você foi perfeita, amor — sussurrou.
A médica e enfermeiras cuidaram de mim, prepararam-me e me
levaram para um quarto muito confortável do hospital, queria meu filho logo
comigo e a avaliação dele seria bem detalhada, ainda mais pelo fato do seu
tempo de nascido, mas enquanto esperava fui vencida pelo cansaço, acabei
dormindo… exausta!
A
cordei um pouco confusa,
mas a primeira coisa que
lembrei foi do meu menino
e da minha família, que
agora estava completa. Quando meus olhos estavam bem abertos então, virei
para o lado à procura deles e vi a imagem mais maravilhosa do mundo. Matt
segurava Theo tão pequeno e perfeito nos braços, o olhar que ele havia
direcionado ao filho era de tanto amor e admiração, o sorriso bobo em seu
rosto demonstrava o quanto ele estava encantando com Theo, parecia que já
nasceu para ser pai de tão perfeito que cuidava dele. Um sorriso emocionado
apareceu em meus lábios e o homem da minha vida com o outro homem da
minha vida nos braços me olhou.
— Acordou a bela adormecida, Theo… ela merecia um descanso, não
é, filho? — conversava com o bebê.
Eu sabia que teria que amamentar imediatamente, pois acabei
dormindo exausta pelo parto e por todo esforço, queria meu filho bem
alimentado e em meus braços já.
— Vem, amor, traga-o aqui! — Estendi os braços.
Meu instinto de mãe dizia que meu filho precisava de mim, ele abriu
um choro e apertou meu coração. Será que toda vez que ele chorasse sentiria
tanta aflição assim?
Segurei meu menino no colo, como tudo era perfeito! Ele era um
príncipe, lindo e maravilhoso como nem eu imaginava que seria, na verdade,
todas às vezes que imaginava seu rosto, ou idealizava o meu filho durante a
gravidez, era pouco comparado ao que recebi nos braços. Era muito além do
que conseguia imaginar, era muito mais do que poderia pedir.
Como pode ter algo tão perfeito como ser mãe? Quando Theo estava
em meu ventre eu já o amava incondicionalmente, mas agora, não tinha
palavras para descrever o que ele significa. Aqueles dedinhos, aquela boca
rosa e os “olhinhos” fechados estavam inundando meu coração de amor e era
só o começo.
Meu marido, meu homem incrível, beijava minha testa, enchendo-me
de elogios dizendo o quanto fui perfeita e forte durante o parto e de
comentários sobre o quanto nosso filho era forte e calmo, que enquanto
dormia ele se comportou perfeitamente bem. Olhei em seus olhos, dei um
sorriso tão amoroso quanto tudo que poderia demonstrar e mesmo assim seria
pouco.
— Obrigada por tudo! Por uma família, por uma razão de viver. Pelo
nosso Theo. Meu Deus!!! Matt…o que seria de mim sem você? — desabafei.
Ele abriu um largo sorriso, tocou meu rosto. Depois olhou para nosso
menino sugando meu seio, sim, ele foi rapidinho como da primeira vez, sua
boca procurou meu seio cheio de leite quando estava tentando fazê-lo pegar.
Deus explica todas as coisas, como pode ele nascer e já saber onde estava sua
mãe com todo alimento que necessitava.
— Não me agradeça, você e nossa família é tudo para mim e eu que
lhe digo, Amy, o que seria de mim sem você na minha vida? — Ele tocou
meus lábios rapidamente.

Rosas, brancas, amarelas… vermelhas. Orquídeas raras etc. Meu


quarto, que tinha uma sala anterior com doces, lanches e lembrancinhas para
as visitas, estava parecendo um jardim único de tantas flores que recebi.
Meredith, Mary, Claire com o amigo de Matt, que parecia estar ficando sério.
Quando foi a tarde, consegui enfim tomar um banho e recuperar a
dignidade, mas o banho foi rápido, pois o chorinho baixo de Theo me fez
correr para terminar, já que ele me solicitava novamente. Em algum tempo,
apareceram as primeiras visitas que foram Claire, Meredith e Kevin, eles
vinham eufóricos para conhecer o bebê, Meredith ficou encantada e
emocionada olhando com atenção Theo em meu colo.
— Ele é idêntico a Matthew quando era bebê, meu netinho! Obrigada,
Amy, por me proporcionar saber o que é ser vovó! — fala com a voz
embargada.
Olhei para Claire e ela, que era sempre risonha e cheia de vida, estava
olhando fixamente e parecia estar hipnotizada com o sobrinho, seu olhar
emocionado e cheio de amor pelo pequeno era notado facilmente.
— Ele é tão lindo! — sussurrou.
Ficaram ali por um tempo e depois foi a vez de Mary que vinha
apressada para conhecer o bebê. Dava para ver os seus olhos sobre Theo
como uma segunda mãe realmente, ela entrou em uma guerra com Matt para
que ficasse ali comigo e ele voltasse para casa, mas ele não desistiu de ficar
conosco nenhum momento e ela se deu por vencida. Ela foi embora e ficamos
lá mais uma noite e o papai fazia questão de ajudar, muito prestativo.
Eu e Theo estávamos ótimos e ganhamos alta no dia seguinte.
Seguimos para nossa casa, onde tinha uma linda festinha de boas-vindas para
Theo, mas não foi muito demorada, pois todos sabiam que precisávamos
descansar.
E tudo ocorreu como esperado, nos primeiros dias da fase de
adaptação e noites de sono, que eram apenas algumas horas divididas em
minutos rápidos de cochilo, pouco sono e muita amamentação em livre
demanda para Theo. Estava me recuperando muito bem ao longo de um mês
e Matt estava sendo um pai incrível, sempre conosco e me ajudando sempre
que necessário, algumas noites ele pedia para eu descansar e ficava ninando o
bebê até ele se acalmar, colocar para arrotar e até trocar fralda algumas vezes.
Eu acabava dando muita risada, pois um simples engasgo após alimentado, o
que seria normal, Matt se desesperava preocupado e eu achava muito
engraçado a sua reação.
Um mês se passou, eu estava completamente recuperada, o parto
normal era a melhor coisa como sempre escutei falar durante a gravidez.
Estava com o meu filho nos braços, o colocando para dormir e conversando
coisas aleatórias com Mary na cozinha enquanto Matt terminava seus
trabalhos no escritório. Então, observo Jacob entrar ali e anunciar.
— Boa tarde, senhora, mãe…Brandon está aí e quer ver o Matthew.
— Mande-o entrar querido, vou chamá-lo no escritório! — Ela abria
um sorriso.
Olhei para ela com uma cara de que não entendi muito, mas ela
retribuiu como se dissesse explicar melhor depois. Olhei para Theo em meu
colo que dormia como um anjo e decidi deitar ele em seu quarto. Saindo da
cozinha e passando pela sala observo o homem de idade avançada entrar na
companhia de Jacob que logo retornou para fora. Ele me olhou com um largo
sorriso em seu rosto.
— Então, você é a Amy, a mulher que conseguiu colocar Matthew no
caminho certo, e esse deve ser o… — Ele olhava para o bebê em meus
braços.
— Theo! — Matt apareceu e ia direto até ele, abraçando forte a sorrir.
— Olha só para você, como desejei ver você dessa forma. Tenho
certeza de que o seu pai está muito orgulhoso seja onde estiver. Os puxões de
orelha na empresa surtiram efeito, não é?! — Eles estavam animados.
Pedi licença e saí para colocar o Theo em seu berço para depois
retornar e fazer companhia, a fim de conhecer o homem que Matt
demonstrava naquele instante ter muita admiração. Logo mais voltei a sala e
Mary havia servido café e suco ali na mesa de centro e me servi com suco
mesmo. O homem parecia ser muito querido pelo meu marido e fiquei feliz o
vendo da mesma forma.
— Amy, esse rapaz me deu um trabalhão na empresa! Fiquei
responsável por ele como um filho, pois o vi crescer e seu pai era um grande
amigo. Eu só saí de lá quando vocês, enfim, se conheceram e vi que logo
entraria nos eixos. Hoje, graças ao bom Deus, estou aposentado! — Ele
levanta as mãos aos céus.
— Isso é verdade, devo muita coisa a ele e os conselhos que ele nunca
desistiu de me dar, mesmo quando eu não merecia! — Matt parecia parar um
pouco e lembrar do passado.
Brandon demorou mais um pouco e contou estar aproveitando sua
aposentadoria visitando o mundo junto da sua mulher, que tinha a mesma
idade que ele. Foram assuntos diversos até que ele se despediu avisando que
retornaria em breve para mais uma visita e, pelo pouco que conheci, já avisei
que seria bem-vindo sempre. Era bom conhecer pessoas do convívio de Matt,
pois cada vez que isso acontecia, eu conhecia um pouco mais dele.

Dias se passaram e Theo estava cada vez mais ativo e grande, depois
de muita luta consegui que ele dormisse no seu horário habitual. Deitei o
pequeno em seu berço, olhei a câmera da babá eletrônica constatando estar
tudo ok e saí devagar. Quando olhei o corredor, Matt vinha com uma pasta
em mãos, o blazer na outra e seu semblante cansado, assim me aproximei do
meu marido carinhosamente, tocando seu rosto e unindo os lábios por alguns
segundos.
— Como foi seu dia, amor? — Fui carinhosa.
— Longo e cansativo longe de vocês… e Theo? Como está? — Ele
olhou a porta do quarto.
— Está dormindo como um anjo, já estou imaginando o tamanho que
ele ficará de tão guloso. — Dei risada do meu bochechudo.
— Isso é ótimo!
Seguimos para o quarto e então me aproximei abrindo os botões da
sua blusa social. Ele beijou minha testa e me olhou nos olhos, eu estava com
muitas saudades.
— O que está fazendo, senhora Cleveland? — Sua voz rouca me
arrepiou.
— Quero proporcionar um banho relaxante ao meu marido!
— provoquei.
Sabia que ele sentia tanta falta quanto eu e nós, nesse começo de
rotina como pais, não tínhamos tempo. Tirei sua camisa e ele logo a calça
junto da cueca ficando nu, aquele corpo incrível e seu pau duro já
demonstrando querer matar a saudade. Eu não ficava atrás, estava molhada e
com uma sensação de ansiedade enorme. Tirei minha roupa com facilidade,
quando ele olhou meu corpo e seus olhos brilhando com tanto desejo avançou
em minha direção, tomando meus lábios para ele e sugando forte com tanta
necessidade. Arranhei seus ombros, suguei sua língua sentindo seu gosto
maravilhoso e já sentia uma umidade enorme entre as pernas quando ele
tocou seu membro empinado, roçando, me provocando ainda mais. Ele me
encostou na parede, tocou minha intimidade, o dedo indicador no meu
clitóris, provocando, e eu estava a ponto de gozar imediatamente.
— Porra, que saudades da minha mulher! — falou com a respiração
ofegante.
— Sou sua! Sempre… — sussurrei entre seus lábios.
Era o que ele precisava naquele momento, deitou-me na cama e ficou
sobre mim, encaixando seu pau duro e delicioso em mim. Quando entrou
deslizando, me preenchendo toda, a sensação foi de um orgasmo instantâneo,
mas aproveitei o corpo do meu marido, gemendo e chamando seu nome. Ele
tinha uma expressão tão selvagem e sedenta que só de olhar me deixava ainda
mais louca de tesão.
— Goza para sua mulher, Matthew… — provoquei.
Já tinha começado a tomar o contraceptivo, filhos só mais para frente,
é claro. Queria só sentir meu homem dentro de mim, me tomando mais e
mais para ele se é que isso era possível. Ele metia com força e eu gemia como
louca com seu pau entrando fundo, trocamos olhares e aquilo foi intenso.
Gozamos juntos, ele me enchendo inteira e eu tremendo e pulsando em seu
pau, fazendo ele ofegar depois do orgasmo.
Nos abraçamos, fazendo carinho e matando toda a saudade. Tomamos
nosso banho, e claro, com mais carícias e prazer. Como que iria falar daquela
vida? Ele era mais perfeito do que eu imaginava, eu havia ganhado uma
família incrível quando não tinha mais nada, nada além de dúvidas e medos,
medo era pouco, na verdade, pavor. Ele chegou em minha vida do nada,
quando eu achava que acabaria sendo de qualquer um… fui apenas dele! Só
dele até que a morte nos separe.
Quando saímos do banho, já estávamos devidamente vestidos para
dormir quando escutei o choro de Theo para mais uma mamada e eu entendia
seus horários, afinal ele que comandava aquela casa agora. Levantei-me até o
quarto e quando cheguei no quartinho do meu filho ele chutava o berço e
colocava a mãozinha na boca faminto, era “bravinho” e ansioso. A quem
puxou? Dei um sorriso e peguei meu príncipe nos braços indo até a poltrona
para amamentá-lo. Quando estava olhando Theo sugar guloso todo seu leite,
vi Matt entrar, se encostar na porta e olhar atento. Dei um sorriso tímido em
troca e fiquei me perguntando o que se passava em sua cabeça, até que ele,
parecendo ler minha mente, fala:
— Essa é a cena mais linda da minha vida, Amy! Vocês são tudo para
mim.
— Mamãe, já estamos chegando! Só mais um pouquinho! — Alyssa
falou me guiando pela mão.
— Tem um degrau, mamãe! — Theo me ajudou cuidadoso como
sempre
Meus olhos estavam vendados, meus dois amores seguravam um em
cada mão. Theo, meu menino maravilhoso que já tinha oito anos, tão educado
e carinhoso, enchia-me de orgulho por ser tão bondoso e prestativo, parecia
muito comigo. Comunicativo, o primogênito que me fez mãe e saber o que
era um amor incondicional. Ele sempre estava conversando, fazendo novas
perguntas e impondo suas opiniões, cabelos castanhos claros e olhos azuis, eu
era suspeita para falar.
E Alyssa… O que falar da minha princesa de seis anos? Nasceu
praticamente dois anos depois de Theo. Essa, meu Deus! Igual o pai, gênio
forte, tinha uma opinião única desde tão pequena, olhos verdes exatamente
iguais ao dele, cabelos levemente dourados, ela sempre conseguia o que
queria com aquele jeito forte e fofo ao mesmo tempo. Deus parece ter me
recompensado por tudo aquilo que passei anos atrás e eu não poderia estar
mais completa e realizada como estava agora.
— Ainda não! — Alyssa ordenou.
Era meu aniversário de 30 anos, quem diria? Aos vinte e um conheci
o homem da minha vida e esses anos de casamento nunca foram
questionados. Nos amamos incondicionalmente, nossa vida era digna de
receber prêmios, pois lutamos dia após dia para que nossos filhos e nossa
família fossem sempre os únicos focos e para oferecer a eles uma base sólida
construída com muito amor.
Senti Alyssa me puxar para baixo, imaginei que ela queria que eu
ficasse igualmente com seu tamanho e, então, senti a venda ser tirada.
Quando meus olhos tomaram as cores do jardim tão colorido, uma decoração
tão linda quanto as de finais de filmes de romance. Matt estava sorrindo,
animado com a ideia da surpresa. Tinha flores por todos os lados, Claire
estava com Dominic, amigo de Matt que ela conheceu em nosso casamento,
eles já tinham uma filha chamada Mandy, de três anos, e ela era igual à mãe,
meu Deus… e como, ela só parava quando estava dormindo.
Ashley e seu então marido abriram um restaurante e tinham seu
próprio negócio, seu filho já era um rapaz e ela não conseguia engravidar ao
longo desse tempo, então eles adotaram um bebê que agora tinha seus 10
meses, chegava a lembrar dos meus pequenos, como da saudade daqueles
tempos e como passam tão rápido.
Meu marido incrível vinha em minha direção, como pode ficar cada
dia mais charmoso e delicioso? Olhei em seus olhos e abri um sorriso imenso
quando me abraçou, beijou meu pescoço e logo depois selou nossos lábios
demoradamente.
— As crianças planejaram isso tudo, conseguiram esconder direitinho
de você, amor! — Ele gargalhou.
— Vocês estavam armando por minhas costas! — falei
divertidamente.
Meredith me abraçou, desejando feliz aniversário e falando palavras
que me deixavam completamente emocionada. Mary também me abraçou
forte, as crianças a chamavam de vovó e era a mais pura verdade, pois era
uma verdadeira mãe para mim. Mandy correu até mim, a peguei no colo
enchendo de beijos.
— “Palabéns”, titia!
Ah, quanto amor estava junto àquele dia, sendo que sempre
estávamos juntos quando possível. Mesmo quando me ocupava bastante,
estava trabalhando com palestras e ajudava mulheres que sofriam de
agressões físicas ou psicológicas, a fim de fazer com que o que aconteceu
comigo, com Ashley, com muitas meninas e pior ainda, com tantas que
morrem diariamente, não aconteça ou ao menos possa salvar vidas.
Mostrando que para tudo há um caminho, elevando a autoestima e dando
oportunidade de emprego para não ficarem desesperadas a ponto de tomar
decisões ruins.
Todas temos capacidade de encontrar a direção, de procurar um dom
que floresça desde novas até com a idade avançada. Nunca é tarde para
nenhuma mulher e para ninguém independente do sexo. Havia formado uma
ONG para mulheres com diversos cursos profissionalizantes totalmente grátis
a todas, assim elas encontrariam o que se identificavam e entrariam no
mercado de trabalho.
Ashley também fazia parte desse projeto e era diretora da instituição.
Mesmo agradecendo todos os dias da minha existência por encontrar
Matthew em minha vida, sei que poderia me tornar alguém esnobe com todo
seu dinheiro e não fazer nada, mas encontrei o meu caminho ao longo desses
anos, ajudar.

A festa seguiu animada, meus pequenos brincavam entre si correndo


de um lado para o outro no jardim e pegando doces na grande mesa ali
montada, Mary e Meredith corriam atrás como duas avós cuidadosas e
babonas dizendo que não podiam comer tantos doces. Rimos e nos
divertimos lembrando de tudo ao longo desses anos e tomamos alguns drinks.
Cantaram os parabéns, que por sinal era um momento que me deixava
corada, não sei explicar, mas sempre ficava assim em cada aniversário.
E quando já era tarde, todos se despediram e eu agradeci por mais um
ano estar rodeada de pessoas tão maravilhosas. A casa então silenciou, Mary
junto de uma babá que estava há anos conosco para ajudar com as crianças,
estavam lá dentro dando banho e preparando-os para dormir. Segurei a mão
do meu marido e seguimos para dentro, indo até o quarto de Alyssa, que já
estava deitada na sua cama, segurando um urso de pelúcia pronta para
dormir.
— Boa noite, minha bonequinha! — Abaixo-me e beijo sua testa.
— Hora de princesa dormir! — Matt completou.
— Boa noite, papai, boa noite, mamãe. — Ela sopra um beijo
invisível da mão.
O pequeno abajur iluminava o quarto lilás, escolhido a dedo por ela,
tão dona de si. Todas as noites possíveis fazíamos o mesmo, fazendo questão
de estar presentes na vida dos nossos filhos o máximo. Então, seguimos para
o quarto de Theo. Esse que já dormia, se cansou muito pelo jeito, aproximo-
me dando um boa noite em forma de sussurro e um beijo no alto da sua
cabeça, Matt faz o mesmo e me acompanha para fora do quarto.
Quando chegamos ao nosso quarto, tiro os sapatos aliviada, então
sinto as mãos carinhosas de Matthew tocar meus ombros, fecho os olhos e
sorrio, como amava os seus toques.
— Nunca imaginei me sentir tão completo — sussurrou próximo ao
meu ouvido.
Tocou o zíper do vestido em minhas costas e abriu lentamente.
Automaticamente senti minha intimidade pulsar, nunca iria me cansar
daquilo. Ele deixou o vestido cair ali, me deixando com uma lingerie preta.
— Nunca imaginei ser tão feliz — sussurro me virando de frente para
ele, olhando nos olhos.
—O que minha mulher quer com esse olhar? — Ele é malicioso.
— Quero você… dentro de mim, me faz sua, cada dia, cada hora e
segundo ainda mais! — falo baixo e maliciosa.
Aquilo parecia ter mexido com ele, que fechou os olhos e puxou a
respiração, encostando em mim e mostrando o quanto estava excitado
preparado para me saciar.
—Seu pedido é uma ordem! — Ele me beija sedento, intenso.
Nossas línguas tocam uma à outra, sentindo seu gosto e suas mãos em
meu corpo. Paramos com a boca tão próxima uma da outra que podia sentir
sua respiração ofegante. Mesmo após anos, nosso desejo e amor apenas
aumentavam.
—Eu te amo, Amy! — sussurra.
— Eu te amo Matthew, para sempre!

•° FIM °•
LIVRO 2
O livro COMPRADA POR ELE é um tremendo sucesso, então nada
mais justo que ter uma continuação dessa linda história. Amy e Matthew
Cleveland tiveram dois lindos filhos, Alyssa e Theo. Nesse livro irão
acompanhar a belíssima história de Alyssa.

Por Renata Costa

Sinopse
Alyssa Carter Cleveland é uma garota determinada, dona de si e
desinibida. Desde muito nova sonha em ser presidente da empresa da sua
família, ao contrário do seu irmão. Para isso, cursa administração em uma das
melhores faculdades de Nova York, mas é justamente lá que conhece Elliot
Spencer, o seu novo professor. Ele é um homem sedutor, inteligente e
dedicado ao seu trabalho.
Ela se vê encantada, fazendo de tudo para ter um momento com ele. O
que não esperava era que iria se apaixonar perdidamente, assim como ele,
dando início a uma história intensa, quente e apaixonante.
A primeira vista

— Alyssa… O seu café… Alyssa, volta aqui menina.

— Estou atrasada, Vivian!

De fato eu estava atrasadíssima, perdera a hora de ir à faculdade


aquela manhã depois de uma noite divertida com meu irmão Theo e algumas
amigas. Ah! Vivian era a pessoa que cuidava de mim, na verdade, ela me
conhece desde muito pequena quando a minha mãe Amy precisou de uma
babá, ela fazia um trabalho lindo com palestras por todo o mundo, além de
cuidar de uma ONG para mulheres. Ela cuidava muito bem de mim, a tinha
como parte da minha família, pois quando completei 18 anos, decidi mudar
para um apartamento a fim de ter minha independência. Vivian não pensou
duas vezes em me acompanhar e eu fico imensamente agradecida, pois não
sei o que seria de mim sem ela.

Ah! O meu irmão Theo, cerca de dois anos mais velho que eu,
cuidava da empresa da família na ausência do meu pai. Ele foi bem adiantado
em seus estudos. Eu pedi um tempo para meu pai, apenas para ter certeza de
qual curso queria para o meu futuro e ele me deixou à vontade para escolher,
mas depois dos vinte anos entendi que seria mesmo administração, pois Theo
me aguardava para cuidar da empresa ao seu lado. Meu irmão era um pouco
mais tímido e carinhoso, eu sempre fui bem mais agitada, queria fazer muitas
coisas simultaneamente. Theo também tinha seu apartamento e, mesmo
estando com vinte quatro anos, ele era tão responsável quanto um homem
acima dos seus trinta.

Jacob estava me aguardando no estacionamento, sim… ele ainda


trabalhava para nós, agora necessariamente para mim, pois só assim meus
pais ficaram mais tranquilos e não pegam tanto no pé. Era filho de Mary, uma
verdadeira avó para mim que hoje está bem mais velhinha com seus cabelos
brancos, tão amorosa como sempre foi e eu a visitava constantemente.

— Para a faculdade, Jacob, estou atrasadíssima! — Entro rapidamente


no carro.

Quando estava a caminho, sentada no banco do carona, aproveitava


para conferir em minha bolsa se coloquei alguns formulários que precisava
entregar na aula de hoje. Meu telefone toca e, ao observar o número ligar, era
a minha mãe. Deduzi que pelo horário que ela estava ligando, Vivian tinha
falado algo.

— Oi, mãe, bom dia…

“Filha, Vivian me informou que você tem saído sempre apressada e


não está se alimentando bem. Alyssa, você precisa se cuidar filha.” Ela
falava preocupada.

— Mãe, não é nada demais… Apenas está bastante corrido, eu


entendo sua preocupação, mas não sou mais criança. — Tenho que falar da
melhor forma.

“Vocês chegam aos vinte e poucos anos e pensam que sabem tudo da
vida, se cuida para não acabar adoecendo.”

Tranquilizei ela mais um pouco, eu entendia sua preocupação. Na


verdade, meus pais sempre foram muito protetores, tanto comigo quanto com
Theo. Mas deveria confessar que eu sentia esse cuidado ainda maior comigo,
pois Theo era bem diferente de mim, também aparentemente. Herdei alguns
traços do meu pai, os cabelos escuros e longos, meus olhos eram claros, às
vezes estavam verdes e outras vezes estavam num tom azulado e não tinha
como distinguir uma cor exata. Já Theo lembrava muito a minha mãe,
cabelos claros, bastante vaidoso, mas os olhos eram exatamente iguais aos
meus.

Quando Jacob estacionou, desço rapidamente caminhando em passos


largos para poder chegar a sala onde seria a primeira aula de hoje. Os
corredores estavam calmos, pois àquela hora a maioria já estava em suas
salas e eu me deslocava em direção a minha, quando cheguei no local
desejado, olhei pelo pequeno vidro da porta e todos estavam atentos. Uma
professora de planejamento estratégico estava lá e eu bati na porta, ela olha e
permite que entre e vá até o meu lugar.

Cloe estava lá como sempre, ela era minha melhor amiga há anos e
decidimos juntas fazer a faculdade, na verdade, eu a incentivei bastante e
como ela não teria como pagar, fiz meu pai mexer os “pauzinhos” com a sua
influência e conseguir uma bolsa para minha amiga. Mesmo se ele não
conseguisse, eu faria questão de pagar por ela, como de fato fazia quando era
necessário algum custo da faculdade. Como meus pais sempre falam,
dinheiro gasto com educação é o mais bem empregado, então não iria ficar
tranquila sabendo que Cloe sonhava em se formar e eu, tendo tudo que quero,
não a ajudar.

— Alyssa, amiga, você perdeu a hora… Como foi ontem? — fala


sussurrando.
— Mike fazendo o mesmo de sempre, sem muita novidade. — Reviro
os olhos.

— Alyssa e Cloe, peço que prestem atenção na aula, principalmente


você Alyssa, que já chegou atrasada — chama a nossa atenção a professora.

Mike era um garoto que cursava direito, um riquinho esnobe e


playboy. Ele realmente é um gato, mas sua personalidade o transformava
num verdadeiro babaca e ele não me deixa em paz. Tem um certo amor
platônico, só pode! Está sempre no meu pé, sendo que nunca dei nenhuma
esperança porque, definitivamente, o seu jeito não me agrada, muito menos
me atrai. Já tive um namorado quando tinha vinte anos. Meu pai tinha uma
enorme parcela de culpa por não ter dado certo? Sim! Mas, no final, ele
estava certo, pois era um idiota interesseiro.

A aula seguiu tediosa, mas com aproveitamento, mesmo que eu


tivesse menos apreço por algumas matérias, conseguia passar por elas com
êxito, até me dedicava. Escolhi esse curso por conta do meu pai, não que ele
me havia me obrigado, mas pelo fato de que eu gostava dessa parte de
comandar, de gerenciar um negócio e, assim, estaria apta a cuidar da empresa
ao lado de Theo. Quando a aula acabou, saímos da sala para lanchar algo na
cafeteria da faculdade. Escolhemos uma mesa e nos acomodamos ali fazendo
nossos pedidos, tinha vontade de tirar uma foto e mandar para a minha mãe
só para ver se ficava menos paranoica, mas se fizesse isso seria possível ela
se acostumar e iria pedir foto de cada refeição, não mesmo.

— Mike ficou a noite inteira pedindo para eu sair com ele… que eu
iria gostar e blábláblá. — Gesticulo revirando os olhos.

— Ele não cansa, não né? Nossa, mas fiquei sabendo que ele acabou a
noite com a Melany —fala baixo.

— Não é nenhuma surpresa, sua personalidade não exige menos que


isso. — Nós gargalhamos, Melany era da nossa turma também e, assim como
Mike, acreditava ser o centro das atenções e, por seu pai ter algo, pensava que
sobressaia todo mundo.
Eu tinha plena convicção de como era a minha vida, realmente meu
pai tinha mais dinheiro do que muitos ali ou juntando alguns deles e, mesmo
assim, não conseguia ser esnobe, aproveitava a minha vida de regalias lógico,
mas com os pés no chão. Minha mãe sempre tratou de me ensinar esses
princípios e se colocava como exemplo, contando sobre meu avô, ressaltando
sua vida quando moravam em Winchester. Conheci a casa que lhe pertencia e
ainda estava lá, minha mãe fez uma reforma a fim de manter em bom estado,
pois queria ter essa recordação por toda a vida. Se tinha uma coisa que eu
adorava escutar eram as histórias que os meus pais contavam, mesmo que
eles repetissem inúmeras vezes.

O nosso pedido já tinha chegado quando sinto Cloe tocar meu braço, a
fim de me mostrar algo, quando direciono o olhar para onde ela indicou,
observei um homem entrar na cafeteria e sentar no balcão. O homem que
estava ali era simplesmente lindo, cabelos bem penteados, barba bem feita e o
seu corpo era delicioso… quer dizer muito bonito. Era forte, mas sem
exageros, fazendo a camisa preta que usava ficar um pouco mais justa, sobre
ela uma jaqueta da mesma cor, não conseguia ver bem, mas seus olhos
pareciam ser claros. Estava atento a alguns papéis em suas mãos, tomava uma
xícara de café e eu estava hipnotizada com aquela imagem, mesmo tendo
vários homens bonitos naquele lugar, ele era charmoso.

— Quem é ele, amiga? — Cloe pergunta.

— Não faço a mínima ideia, nunca o vi por aqui. — Ainda observava.

— Eu também não — finaliza.

Ele continuou atento aos papéis e quando terminou ficou de pé, eu…
como filha de Matthew Cleveland e obstinada que sou, puxo o braço de Cloe
para me acompanhar.

— Ainda não terminei, amiga… — Ela mordiscava o seu croissant.

— Vem rápido, Cloe! — Apressei.

Ela me acompanha ao lado, eu seguia em direção a ele como quem


não quer nada, como se estivesse saindo da cafeteria num dia normal e,
quando chego bem perto, esbarro tocando meu ombro. Finjo surpresa
olhando para seu rosto agora de perto, Jesus! Ele era o charme em pessoa, os
lábios levemente carnudos e os olhos que pareciam um verde acinzentado,
não conseguia distinguir.

— Desculpa, eu não o vi… — Minha mãe sempre dizia que eu era


uma boa atriz.
— Sem problemas! — responde com um sorriso educado.

Mas ele ignora e sai, eu não consegui formular nada mais relevante
antes que ele se fosse. Nem tive tempo, na verdade, e aquilo me deixou
irritada. Cruzo os braços e mordo o lábio contrariada.

— Amiga, você é terrível. Meu Deus, que louca!

— Nem ao menos o nome eu consegui, ele nem me olhou, você viu?


— resmungo.

Meu lado mimada estava ativo naquele momento, eu costumava


conseguir o que queria e era tão simples ao menos saber seu nome e o curso
que estava fazendo, outro no seu lugar iria ao menos dar um pouco mais de
atenção. Eu não ia parar por ali se o visse novamente.

O horário de mais uma aula estava chegando e estávamos na sala


conversando enquanto o próximo professor não chegava. Melany entra, me
olha da cabeça aos pés como se estivesse contando vitória por passar a noite
com Mike, sendo que perdi as contas de quantas vezes dei o fora nele e,
principalmente porque, antes dela ontem, ele estava rastejando aos meus pés,
não dei a mínima.

— Vamos à empresa depois da aula? Prometi para Theo que iria


ajudá-lo com alguns papéis. — Convido minha amiga.

Ela abriu um largo sorriso e confirma de imediato que iria, sim, me


acompanhar. Como suspeitava a um tempo, ela tinha alguma queda por Theo,
não teria outra explicação, mas infelizmente ele tinha uma namorada e ela era
insuportável, e ele também tratava Cloe como uma irmã, pois nos
conhecíamos desde o fim do segundo grau.

A aula já havia começado e era a matéria de finanças e orçamentos, eu


me identificava bastante com ela, pois era algo que realmente gostava nessa
parte da administração. O professor era bastante dedicado, tinha uma idade
avançada e sua qualificação era excelente.

Nossa atenção foi tomada quando o diretor na universidade pediu


alguns minutos daquela aula, sempre quando aparecia trazia alguma
informação relevante e todos ficavam atentos.

— Bom dia a todos, venho até aqui interromper a aula do professor


para anunciar a vocês que a matéria de planejamento estratégico terá um novo
professor, depois que a senhora Thompson se afastou por problemas de
saúde. Então vamos dar boas-vindas calorosas ao novo professor, Elliot
Spencer.

Ele começa a bater palmas e o homem entra na sala, minha garganta


deu um nó, meus olhos ficaram vidrados sem acreditar no que via. Era ele, o
homem da cafeteria que tentei saber quem seria de fato. Custei muito a
acreditar, ele era jovem ou aparentava ser jovem.

Os alunos bateram palmas, recebendo-o com animação e ele tinha um


sorriso incrível, olhava para todos atentamente, por um momento notei que
me olhou também, ou poderia ser coisa da minha cabeça, pois fiquei um
pouco atordoada com a notícia.

— Amiga, Alyssa… ei… — Cloe me chamava.

Fiquei realmente surpresa porque ele parecia ser jovem e já era um


professor da universidade, Além de encantada com a sua beleza e com o
sorriso espontâneo que transmitia.

— Bom dia, alunos. Como informado, me chamo Eliot Spencer, seu


novo professor de planejamento estratégico e espero dar o meu melhor para
colaborar com a formação acadêmica de todos vocês — fala tranquilamente.

Se tivesse um babador para mim não seria uma má ideia, que homem
charmoso. Seu estilo era casual, diferente de alguns professores e achava isso
o máximo, mas não tinha que achar nada, aliás, ele estava ali apenas para dar
aula e eu aqui o avaliando de outra forma.
O primeiro beijo

D
epois que ele saiu, a sala
ficou inteira comentando
sobre o assunto e Cloe me
olhava surpresa com a
novidade, não podíamos comentar sobre o assunto, pois a aula continuava
logo após a saída, é claro. O que não continuava como antes eram meus
pensamentos que estavam fixos no novo professor de planejamento
estratégico. Talvez essa se tornasse a minha matéria preferida do curso.
Quando acabaram todas as aulas, saímos da sala caminhando até o
estacionamento, Cloe me acompanhava, pois iria comigo até a empresa onde
Theo nos aguardava.
— Eu poderia imaginar qualquer coisa menos que ele fosse um
professor — falava enquanto caminhávamos.
— Nem me fale, ele é um gato! — afirmo com convicção.
— Viu a cara da Melany quando ele se apresentou? Ah como ela é
irritante. — Cloe revira os olhos.
— Irritante, mas também insignificante. — Nós duas rimos.
Jacob estava aguardando no estacionamento como de costume e
entramos no carro.
— Para casa pequena? — pergunta.
Ele me chamava assim desde criança até hoje, mas não me importava,
pois tinha um carinho enorme por ele, afinal cresci com a sua presença
constante como motorista e segurança.
Afirmei que iria para a empresa e pediríamos algo para comer lá
mesmo, já que queria dar uma mão a Theo em suas funções como
administrador. Ele se formou mais cedo que eu, então meu pai aproveitou
para viver a sua eterna lua de mel junto a minha mãe, mesmo que viessem
sempre visitar e ver como estavam as coisas.
Uma hora depois, chegamos no prédio familiar. Eu tinha muito
carinho por aquele lugar, pois desde muito nova meu pai nos levava para a
empresa afirmando que tudo aquilo era nosso e deveríamos zelar. Conhecia
cada canto do prédio como uma boa criança serelepe que sempre fui, ficava
me aventurando em seus andares enquanto meu pai saia feito um louco
perguntando a todos se alguém tinha me visto.
Entrei no lugar acompanhada de Cloe, todos me conheciam e eu
entrava diretamente até o último andar onde Theo ocupava o lugar do meu
pai em sua ausência. Cheguei no corredor da cobertura e sua secretária estava
sempre prestativa me olhando passar por ela.
— Olá, senhorita Cleveland.
Eu a cumprimento educadamente e abro a porta do escritório vendo
meu irmão na cadeira antes ocupada pelo meu pai, meu irmão era lindo e eu
era suspeita para falar.
— Olá, senhor Matthew Cleveland, ops… quer dizer, Theo Cleveland
— falei bem humorada.
— Até que enfim, estava ficando louco… não vejo a hora de você
acabar essa faculdade e poder se dedicar a empresa junto comigo, é muita
coisa, falta pouco não é?! Ah! Olá, Cloe, como vai? — Ele estava agitado.
— Oi! Theo, vou muito bem — fala tímida.
Sentei na poltrona que era o lugar do meu pai e girei nela
animadamente. Nasci para aquilo e tinha certeza. Não achava nenhum
sacrifício ou obrigação, Theo gostava, mas não tanto quanto eu. Ele sempre
foi muito sonhador e gostava de pintar quadros, em seu apartamento tinha
várias pinturas que ele mesmo produziu e eu achava incrível, tinha muito
talento.
— Onde estão as pendências? — pergunto.
Agora o modo administradora estava ativado, ele abriu alguns e-mails
e espalhou folhas pela mesa me explicando que alguns números não estavam
batendo por conta da soma que ele estava fazendo, comparado a alguns
outros documentos. Pedimos comida em um restaurante que já éramos
acostumados a pedir e não demorou muito, paramos apenas para nos
alimentar. Cloe também me ajudava naquela missão.
Fiz todos os cálculos e reorganizei o que estava atrapalhando as
contas e conseguimos, enfim, bater todas as contas que estavam pendentes.
Olhei para o meu irmão, ele levanta as mãos gesticulando um alívio imediato.
— Até que enfim… ótimo, estou livre. — Ele relaxa.
Nem vi a hora passar, já estava começando a anoitecer e fiquei
surpresa, não imaginava que havia passado tanto tempo assim, estava
exausta, a única coisa que queria era chegar logo em casa e tomar um banho
relaxante.
— Que tal ir para um bar legal que conheço relaxar um pouco,
irmãzinha? Eu pago! — Ele brinca.
— Não, irmão querido, estou muito cansada. Prefiro ir para casa.
— Ah não, Alyssa, vamos, por favor… quer dizer, será legal — Cloe
insiste.
Ela tinha me ajudado também, não custava nada ir nós três aproveitar
um pouco, sendo que eu não iria voltar tarde porque amanhã tinha aula… e
que aula, estava ansiosa, queria ir amanhã relaxada e sem olheiras.
Meia hora depois, estávamos no bar que Theo indicou, ele afirmou
que ali era um lugar bastante frequentado e tinha apresentação ao vivo com
músicas atuais. Não me importei muito, pois de toda forma iria embora logo.
Entramos no lugar e escolhemos onde ficar, uma mesa no canto do bar. Cada
um fez seus pedidos e eu queria apenas um coquetel de frutas com pouco
álcool, pois não estava muito disposta, queria descansar tranquilamente ao
chegar em casa, mas também porque não era acostumada a beber muito. Cloe
pediu cerveja que ela amava e o meu irmão fez o mesmo.
Até que estava divertido, era um lugar espaçoso e com uma
iluminação agradável. A música também era boa, nós estávamos
aproveitando bastante, conversando e dando boas risadas. Então passei o
olhar pelo bar e parei de imediato quando avisto no balcão do lugar, sentado
em um dos bancos, o homem que seria o tal professor. Ele estava de costas e
cotovelos apoiados no balcão, bebendo uma dose de uísque. Prestei muita
atenção, pelo que via ele estava sozinho. Seria a minha oportunidade de
descobrir mais sobre ele. Fico de pé e, tanto Cloe quanto Theo, me olham
intrigados.
— Para onde vai? —pergunta meu irmão ao me ver ficando de pé e
arrumando a roupa.
— Só um minuto — aviso.
Se tinha uma coisa que eu valorizava eram as pessoas que corriam
atrás daquilo que sonhavam e eu sempre fui assim, como minha mãe sempre
dizia que eu era obstinada desde muito pequena, realmente, quando queria
algo, eu conseguia de um jeito ou de outro.
Fiquei de pé e caminhei em direção ao homem que estava com o
pensamento distante sentado ali. Escutei a voz de Theo me chamar, suponho
que ele não estava entendendo o que se passava, mas ignoro e sigo caminho.
Parei ao lado dele, me apoiando no balcão e ele notou a minha
presença olhando para o lado, seus olhos eram lindos, na verdade, ele inteiro
era lindo e de perto então, muito mais!
— Oi, lembra de mim? — pergunto.
Dou um sorriso gentil, pois iria tentar saber mais dele, estava
encantada. Eu sabia que, pelo fato dele ser meu professor, era proibido
qualquer tipo de aproximação afetiva, mas dane-se, eu adorava um desafio e
coisas que exigiam esforço. Ele me olhava confuso e com um sorriso
pequeno nos lábios.
— Desculpe-me… mas… — afirma.
Ele queria que eu desse mais alguns detalhes para talvez lembrar, mas
não tinha muito o que dizer, pois apenas nos esbarramos na faculdade, um
esbarrão proposital que não funcionou muito bem. Respiro fundo e dou um
meio sorriso, ele era bem sério e eu tinha uma leve impressão que os meus
esforços não iriam surtir muito efeito, então preferi desistir, pois estava
agindo de forma aleatória ao extremo
— Não, deixa… — Sorrio e me afasto.
Ele se virou para me olhar. Quando dei as costas, o homem segura em
meu braço com cuidado me impedindo de sair dali.
— Me diz, agora fiquei curioso!
Ele me olhava de um jeito que chego a arrepiar. Eu não sabia como
dar sequência no que inventei de fazer, não sabia se inventava algo para
ganhar tempo de conhecê-lo mais um pouco ou se deveria ser sincera, isso
poderia acabar afastando ele, se ele seguisse à risca as regras da faculdade.
— Esbarramos na faculdade, sei que devem ser tantas pessoas que
você nem deve lembrar. — Volto a me encostar no balcão ao seu lado.
— Como você se chama? — Ele demonstra mais interesse.
— Sou Alyssa, você é Eliot, se não me engano…. — Fiquei tímida ao
demonstrar lembrar bem do seu nome.
— Sim, esse é o meu nome. Você é aluna, Alyssa?
Naquele momento tive um plano súbito de não revelar que seria
aluna, pois isso poderia fazer com que ele se afastasse imediatamente e eu
não teria a oportunidade de me aproximar um pouco mais. Se ele não
lembrava e sua primeira aula seria apenas no dia seguinte, eu teria ao menos
um tempinho antes dele fugir das minhas tentativas de puxar assunto.
— Fui acompanhar uma amiga e te vi lá. — Uma mentirinha não faria
mal.
Ele ainda tinha um sorriso singelo nos lábios, olhou para o garçom
além do bar, sinalizando querer mais bebida. Olho para o meu irmão que
estava junto a Cloe me olhando confuso, enquanto minha amiga ficava
surpresa com a coragem que eu estava tendo.
— Está bebendo algo, Alyssa? Acompanha-me? — Ele convida.
Era tudo que eu precisava ouvir, agora, sim, estava conseguindo o que
queria. Sento-me no banco ao seu lado e peço um Dry Martíni.
— Aquele rapaz não tira os olhos de nossa direção, suponho que está
enciumado. — Ele mexe a cabeça indicando Theo logo atrás.
Sim, meu irmão era bastante ciumento. Desde pequeno tinha um
cuidado exagerado comigo. Quando crescemos, foi uma luta para ele
conseguir entender que eu não era mais aquela garotinha que brincava com
ele, mas uma mulher, também afirmando que se relacionar com seja quem for
era o mais normal que poderia acontecer.
— Ele é meu irmão, sabe como é… — Reviro os olhos.
— Não, eu não sei… sou filho único. — Ele ri e eu fico com
vergonha.
— De onde você é, Eliot? — pergunto bastante empolgava pela
conversa — Desculpa a pergunta evasiva, mas realmente fiquei muito curiosa
em conhecer um pouco mais de você.
Sim, eu iria começar um jogo de sedução, pois sabia que não tinha
tempo a perder, pois quando descobrisse que sou sua aluna, sem dúvidas, iria
me tratar de outra forma. Quando falei isso, olhei em seus olhos e vi sua
expressão mudar, ele engole seco e dá sorriso tímido dando um gole enorme
no whisky, como ele era fofo com vergonha.
— Sou de Austin, Texas! Você conhece? — Ele sorri ao falar.
— Sim! Já fui até lá com meus pais… Aqueles lagos são
maravilhosos, a música no Texas parece ter um… toque diferente. Gostei
muito! — respondo eufórica.
Nesse momento vejo Theo se aproximando e reviro os olhos, lá vem!
Quando eu estava conseguindo uma conversa descontraída, ele aparece do
nada, com certeza, para atrapalhar.
— Vamos, Aly… — Ele é direto.
— Pode ir, deixa a Cloe na casa dela que ficarei mais um pouco —
falo olhando para Eliot.
Ele, muito educado que já era de se notar, oferece a mão para Theo se
apresentando cordialmente. Meu irmão o encarava, mas retribui o gesto com
educação.
— E como você irá embora? — insiste.
— Ligo para Jacob. Não esquenta, Theo. — Encaro irritada o meu
irmão.
Penso que o professor estava me achando uma pirralha agora porque o
meu irmão estava em cima com seu jeito autoritário como se eu tivesse dez
anos, a forma que o olhei já avisava estar sendo inconveniente e ele parece ter
notado. Olhou nos dois uma última vez e deu as costas, seguindo para onde
Cloe já o aguardava e acenou para mim, dando um “tchauzinho”.
— Seu irmão é bem cuidadoso. — Ele sorri dando mais um gole na
bebida.
— E como, chega a ser exagerado. — Reviro os olhos.
Passamos cerca de uma hora conversando e era incrível como
conseguimos fluir diversos assuntos, ele falou mais sobre sua vida e a cidade
natal. Eu também falei sobre a minha, mas superficialmente, pois assim ele
ainda não iria saber que, na verdade, era aluna dele e não conseguia imaginar
nem a sua cara quando me visse na sala amanhã. Mesmo tendo a impressão
que ele tinha me notado mais cedo, acredito que não passava de uma má
impressão.
— Tenho que ir, passei o dia inteiro fora e estou exausta — informo
procurando meu celular na bolsa.
— Se você não julgar que sou um sequestrador ou algo do tipo, posso
lhe deixar em casa, sem problema algum. — Ele abre aquele sorriso perfeito.
— Claro, por mim tudo bem — falei animada.
Não poderia ser melhor, assim ficaria mais um tempo apreciando a
sua companhia agradável. Estava completamente encantada com seu sorriso e
o quanto ele era educado e comunicativo.
Saímos do bar – e ele fez questão de pagar todos os drinks tomados –
em direção ao estacionamento e encontramos seu carro, não era um
automóvel tão luxuoso, mas também não era simples demais. Um carro bom
e confortável.
Eu sabia que um professor de universidade ganhava muito bem, o que
tornava diferente é que eu tinha um pai milionário e cresci ao redor disso
tudo. Ele abre a porta educadamente e eu sento no banco do mesmo. Indiquei
que seguisse para Upper East Side, era onde eu morava e o bairro mais
conhecido por abrigar famílias ricas e tradicionais de Nova York. Ele me olha
e fica surpreso, pois sabia que aquela área era uma das mais caras, mas
ignoro, pois aquilo para mim era completamente normal.
Quando chegamos no endereço, havia um enorme prédio residencial
espelhado e imponente. Ele dá a volta no carro e abre a porta, eu desço logo
em seguida, agradecendo a gentileza. Ele para a minha frente, coloca as mãos
nos bolsos com aquele sorriso singelo. Não podia negar que estivesse muito
tentada a beijar aquela boca que chamava minha atenção o tempo inteiro, os
drinks que havia tomado talvez seriam o suficiente para usar como desculpa
pela coragem de uma iniciativa.
— Está devidamente entregue, segura. Sem sequestro ou qualquer
coisa do tipo — fala bem-humorado.
— Então tenho que lhe agradecer. — Olhei em seus olhos.
— Não precis…
Não deixei nem ao menos ele terminar e me aproximo colando os
lábios nos dele, tocando sua nuca e puxando-o mais para mim. Ele ficou
surpreso e demorou alguns segundos para se entregar, mas quando fez isso
foi delicioso. Seu gosto era maravilhoso e seus lábios macios. Colei meu
corpo no seu e ele me segurava pela cintura, com sua outra mão na minha
nunca entre meus cabelos. Eu estava arrepiada e com muita vontade de mais e
mais. Por mim, chamaria ele para subir e terminarmos o que começamos, mas
ele parou o beijo ainda sem se afastar. Sentia a sua respiração em meu rosto e
seus olhos me encaravam e notei que ele estava desejando o mesmo que eu.
— Tenho que ir — afirma quase não sussurro.
— É uma pena, tem mesmo que ir? — Mordo seu lábio inferior
provocando.
— Não faz isso, Alyssa — sussurra.
Voltamos a nos beijar, quanto mais sentia seus lábios, mas eu queria
que subisse comigo, estava excitada, nunca imaginei sentir tanto desejo assim
por alguém. Tive o meu namorado a algum tempo, mas não era nada
comparado ao desejo que sentia naquele momento. A voz, o toque, o seu
gosto, tudo era perfeito.
Ele para o beijo novamente e eu o olho se afastar dessa vez, estava
corado e realmente senti a temperatura subir do mesmo jeito. Nossos lábios
deveriam estar vermelhos, pois foi um beijo sedento.
— Tenho mesmo que ir. — Ele sorri.
Eliot passa a mão em sua barba bem feita parecendo contrariado.
Agora eu não queria nem imaginar quando ele descobrisse que era sua aluna
e iria ficar com vontade de concluir o que começamos.
— Então boa noite, Eliot. — Retribuo o sorriso.
— Boa noite, Alyssa. — Caminha até o carro.
Eu olho mais uma vez enquanto ele se senta ali, logo dá a partida.
Suspiro tentando me recompor para entrar no apartamento e assim fiz,
seguindo para a entrada do prédio pensando: ai meu Deus, que homem!

Disponível na AMAZON - KINDLE.


Comecei a escrever este livro em uma plataforma digital a fim de preencher o
vazio em alguns momentos de ansiedade. Ele tomou uma proporção que nem
eu mesma imaginava, chegando até agora, no ano de 2022, à uma marca de
mais de 12 milhões de visualizações e leitoras apaixonadas. Dedico-o com
todo amor à minha família, que me apoia incondicionalmente, minha mãe
Sofia, meus filhos Ryan Clécio e Maria Yasmin. Também dedico ao meu
irmão Roniclécio (em memória), que mesmo não estando mais entre nós,
sempre foi a pessoa que mais acreditava em mim quando nem eu mesma
acreditava. Obrigada!

Renata Costa

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