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Meyer
Anelise sofreu o maior choque de sua vida aos 18 anos, quando teve
seu bebê, Peter, sequestrado de seus braços. Sem apoio da polícia, ela decidiu
mudar de vida para tentar esquecer. Sete anos depois, agora com 25 anos, ela
volta para sua cidade natal com apenas um objetivo: encontrar seu filho.
Após anos sem sair para se divertir, Anelise usa uma de suas
primeiras noites em sua cidade natal para beber e dançar. Ela só não contava
que seu caminho cruzaria com o de Liam, um homem bonito e sedutor, com
quem ela passa a noite. Anelise perceberia a consequência daquela diversão
crescendo em seu ventre semanas depois.
Liam, que por sua vez, havia terminado com sua namorada, não tinha
ideia de que seria pai. Foi só quando reatou o relacionamento e deu uma boa
olhada na melhor amiga de sua noiva que percebeu a furada em que se meteu.
Anelise não esperava que o pai do seu bebê se tornaria o noivo da sua
amiga de adolescência, e precisaria dar tudo de si para contornar a situação
sem que ninguém saísse machucado.
*Contém cenas inadequadas para menores de 18 anos.
Capítulo 1
[...]
Acordei cedo na segunda-feira. Eu iria visitar um apartamento. Eu
estava esperando por esse momento desde o dia que voltei para casa.
Vesti uma roupa quente e fui para a rua pedir um Uber.
Cheguei no lugar marcado depois de alguns minutos de viagem.
O local ficava há cerca de vinte minutos da casa de minha mãe.
Assim que cheguei, fiquei apaixonada pela vizinhança. Eu já
conhecia o bairro. Pelas lembranças que tinha, era um lugar muito familiar. O
melhor era que ficava perto do centro da cidade.
O prédio não era muito alto. Tinha seis andares. O meu era no quinto.
Percebi que havia uma pequena praça perto dali. Seria um ótimo
lugar para levar meu filho, Peter. Tinha algumas árvores, balanço e
escorregador. Por um instante, nos imaginei brincando naquela praça. Eu não
conseguia evitar, sempre que via uma criança com a idade aproximada da
sua, eu pensava que poderia ser ele, mesmo sabendo que não era.
No momento em que coloquei os olhos no lugar, eu me apaixonei.
Era lindo, e muito bem decorado, claro que eu daria uns toques pessoais.
Colocaria algumas flores. Não era muito grande, mas era perfeito para uma
pessoa.
A decoração era clara. Tudo muito iluminado. Havia uma grande
janela na sala, fazendo com que entrasse muita luz natural.
A sala era o maior cômodo. Tinha um sofá retrátil cinza, um tapete
também cinza e uma mesinha de centro. Em frente ao sofá, um painel com
uma televisão grande, não era enorme, mas era maior do que a que tinha na
casa de minha mãe. A cozinha era pequena e simples, não tinha tantos
eletrodomésticos quanto eu queria, mas eu daria um jeito. Faria umas
compras o quanto antes.
— Então, o que achou? — perguntou o corretor de imóveis.
— Eu amei! É incrível.
— É muito bem localizado.
— Sim, pretendo trabalhar aqui no centro, irá facilitar bastante.
— Com certeza ele não ficará no mercado por muito tempo.
Fui até a grande janela e olhei a vista. Apesar de não ser tão alto, era
lindo. Eu tinha uma ótima visão de parte da cidade. Eu podia ficar
observando a rua por horas.
— Você tem razão. Vou ficar com ele.
— Excelente escolha — disse o homem, sorrindo.
— Tenho certeza que passarei bons momentos aqui.
O aluguel era no limite do meu orçamento. Deixei três meses pago, o
que era bom, não precisaria me preocupar por três meses, caso demorasse a
encontrar um novo emprego. O bom era que ainda havia sobrado um pouco,
mas eu precisaria economizar, deixaria para comprar o que ainda estava
faltando somente depois de estar empregada.
Voltei para casa animada. Eu mal podia esperar para estar no meu
apartamento. A mudança seria em poucos dias.
Quando entrei em casa, encontrei minha mãe sentada no sofá,
assistindo televisão.
— Aluguei um apartamento — falei, empolgada.
Ela pareceu um pouco surpresa. Talvez não esperasse que eu fosse
alugar assim tão cedo.
— Onde fica?
— Não muito longe, cerca de vinte minutos de carro. Ele é bem
pequeno, mas eu adorei — falei sorrindo.
— Se acha que é o certo a fazer, então tudo bem.
— Assim que eu me instalar, vou levar a senhora lá, e o pai também.
Aliás, preciso contar essa novidade para ele. Vou ligar para ele mais tarde.
— Bom, vou indo preparar o almoço.
— Tudo bem, deixe comigo. Hoje eu faço o almoço. Quero fazer
alguma coisa, estou muito animada para ficar parada. O quer comer?
— Tanto faz. O que você fizer está bom.
Ela voltou sua atenção para a televisão. Não mostrou tanta
empolgação, mas também não foi contra. Exatamente como imaginei que
seria.
Fui para a cozinha e chequei a geladeira. Não havia tantos
ingredientes como eu gostaria, na verdade, não tinha muitas opções.
Lembrei que tinha alguns bifes no congelador, então optei por fazer
Schnitzel. Iria fritar algumas batatas para acompanhar. Era uma combinação
sem erro.
Eu gostava de cozinhar. Tive que aprender na marra quando me
mudei sozinha para Berlim, no começo não gostava, muitas vezes optava por
pedir comida pronta, mas com o passar do tempo, fui pegando gosto pela
culinária. E hoje em dia, adorava experimentar receitas novas. Me arrependia
por não ter me apaixonada pela culinária antes.
Capítulo 5
[...]
Eu já estava no meu apartamento novo há alguns dias. Estava me
adaptando muito bem.
Fui chamada para algumas entrevistas de emprego. Estava esperando
uma ligação, e tinha certeza que não iria demorar. Estava confiante.
Eu estava fazendo pesquisas na internet. Fui em grupos de adoção. Vi
relatos de mães que tiveram seus filhos sequestrados. Estava procurando
qualquer pista que me ajudasse a ir até meu filho.
Eu estava chocada com as minhas pesquisas. Muito bebês eram
sequestrados, eu não era a única. Li uma matéria sobre venda de bebês. Eles
pegavam os bebês na maternidade ou até mesmo do colo das mães e vendiam
para pessoas que queria ter filhos e não podiam. Entrar na fila de adoção era
algo muito burocrático, então algumas famílias optavam por comprar.
Provavelmente meu filho estava por aí, sendo criado por uma família.
Eu precisava investigar mais sobre isso.
O meu celular tocou, me tirando de meus pensamentos.
Olhei o número, porém, não o reconheci. Atendi sem demora. Era
uma das empresas que eu havia feito entrevista. Era a ligação que eu estava
esperando.
Era uma vaga para analista de marketing. Eu começaria na próxima
segunda.
Assim que desliguei o telefone, respirei aliviada. Estava tudo dando
certo. Os meus planos estavam seguindo o seu caminho, eu estava muito
esperançosa.
Disquei o número da minha mãe, queria contar a novidade.
Precisei fazer uma ligação, pois ela não era muito adepta a mensagem
de texto.
— Mãe?
— Anelise! Está tudo bem? — perguntou do outro lado da linha.
— Sim, só estou ligando para avisar que consegui um emprego.
— Sério? Isso é ótimo. Era o que você queria?
— Sim, estou muito animada.
— Fico feliz em saber. Já estava na hora né.
Sempre com algum comentário desnecessário.
— Vou ligar para o pai para contar. Até mais.
Liguei para meu pai e contei a novidade. Talvez ele tenha parecido
um pouco mais empolgado que minha mãe, mas não grande coisa.
Aproveitei e enviei uma mensagem para Mayla.
Desde que me mudei não nos vimos mais.
"Acabei de receber uma resposta. Consegui um emprego!"
Ela não demorou mais do que alguns minutos para responder.
"Sério? Eu sabia que você iria conseguir. Parabéns!"
"Começo na segunda-feira."
"Fico muito feliz por você. Eu também tenho uma novidade."
"O que? Conta logo."
"Estou noiva!"
Franzi o cenho ao ler sua mensagem.
"Como assim?"
"Lembra do cara que eu estava namorando? Tivemos uma briga e
terminamos. Estávamos saindo de novo, agora decidimos ficar juntos."
"Nossa! Eu estou surpresa, mas fico feliz."
"Vamos fazer um jantar aqui em casa no sábado à noite, e você não
poderá faltar."
"Claro, estarei aí."
Mayla estava muito empolgada com esse noivado. Para mim, até
demais, mas eu não sabia nada sobre ele, só esperava que fosse um bom
homem e que fizesse Mayla feliz.
Capítulo 6
[...]
Os dias passavam lentamente, talvez por conta da minha ansiedade de
ver a barriga crescer.
O natal estava se aproximando, e com isso o serviço na empresa
estava intenso.
Eu andava cansada, mas feliz pelo meu desempenho no trabalho.
Todos me elogiavam, e modéstia parte, eu era uma ótima profissional.
Liam mandavam mensagem quase todos os dias. Sempre perguntava
se eu estava bem ou se precisava de algo.
Eu estava saindo do serviço quando meu celular vibrou.
Era uma mensagem de Liam.
"Comprei um sapatinho de tricô para o bebê. Uma moça aqui da
empresa faz para vender."
"Sério? Manda uma foto, quero ver."
Sorri só de pensar no sapatinho.
"Nada disso. Vou entregar pessoalmente. O que acha de irmos comer
aquele hambúrguer que fica perto do seu apartamento? Estou pensando nele
desde o dia que você falou."
"Claro. Eu estou saindo do serviço agora. Podemos nos encontrar lá."
"Estou indo para lá. Vou sair daqui agora."
Eu sabia que ele ainda iria demorar um pouco para chegar. Então
decidi ir caminhando.
Eu gostava de caminhar, me fazia muito bem.
Quando cheguei, Liam ainda não estava lá.
Escolhi uma mesa perto da janela e o esperei.
Demorou mais alguns instantes para ele aparecer. Estava com uma
pequena sacola de papel nas mãos.
Fiquei feliz no momento em que o vi.
— Desculpe a demora — falou, sentando em minha frente.
— Tudo bem.
— Já pediu?
— Ainda não. Estava esperando você.
— Eu vou querer o hambúrguer que você elogiou.
— Hambúrguer de frango. Vou pedir. O que você quer beber?
— Acho que um suco de uva — respondeu.
— Vou acompanhar você. Estou tentando parar com o refrigerante.
— Isso é ótimo. Eu nunca fui muito de refrigerante, prefiro um suco,
se for natural, melhor ainda.
Fiz nossos pedidos. Chegou sem muita demora, já que não havia
muita gente no lugar.
— Estou faminta — comentei, assim que os hambúrgueres foram
servidos.
— E está com uma ótima aparência — falou Liam.
— Você vai ver, esse é o melhor hambúrguer que você que você irá
experimentar.
Dei uma boa mordida, e Liam fez o mesmo.
— Você tem razão. Realmente é muito bom.
— Viu só, eu disse.
— E como você tem passado nos últimos dias? — perguntou.
— Estou muito bem, apesar do cansaço.
— Eu faço ideia. As coisas na empresa também estão muito corridas,
muito trabalho. Final do ano é sempre assim, o que é bom. Quanto mais
trabalho, mais dinheiro — Riu fraco.
O lanche estava maravilhoso, como sempre. O suco de uva deu o
toque especial.
Liam comentou sobre a nova coleção que estavam preparando. Fiz
algumas perguntas, pois roupas e moda era um assunto que me interessava
bastante.
Assim que terminamos de comer, estávamos satisfeitos.
— E o sapatinho? Estou ansiosa para ver.
Ele sorriu.
Liam pegou a sacola que havia deixado no canto da mesa e me
entregou.
— Abra.
Abri a sacola delicadamente. E lá estava ele. Um sapatinho em tricô,
na cor lilás.
— Aí meu Deus! É lindo.
— Parece que já estou vendo o bebê usando.
Fiquei mais um instante apenas admirando.
— Obrigada Liam, é lindo.
Ele falou que poderíamos sair novamente para fazer compras, e eu
estava muito ansiosa para isso.
— Eu estava refletindo, já temos que começar a pensar nos nomes.
Você tem algum em mente? — perguntou.
— Eu ainda não havia parado para pensar nisso.
— Mas temos que pensar. O tempo está passando rápido.
— Eu sempre tive tantas ideias de nomes, mas agora que estou
grávida, parece que todos saíram da minha mente.
— Podemos olhar online — falou.
Lembrei o quanto foi difícil escolher o nome de Peter. Eu era muito
indecisa em relação a isso.
Ficamos mais algum tempo falando sobre os possíveis nomes. Não
chegamos a nenhuma conclusão, mas ainda tínhamos alguns meses para
pensar nisso.
Continuamos ali mais tempo que eu esperava. Nos distraímos
falando no bebê. Não percebi o tempo passar.
— Eu levo você em casa — disse.
— Não precisa. Chego em casa em poucos minutos.
— Eu insisto.
Sorri e concordei.
Não me importaria de passar mais alguns instantes com Liam.
Entramos no seu carro. Não demorou nem um minuto para
chegarmos.
— Obrigada pela carona, e pelo sapatinho. Eu amei.
— Não foi nada.
Por um instante, ficamos apenas nos observando.
A noite estava escura, mas eu ainda conseguia ver seus lindos olhos
azuis. Estavam brilhantes, como de costume.
Olhando fixamente para aqueles olhos, por um breve momento,
muito breve, eu quase perdi o juízo.
Pensei em beija-lo. Lembrei da nossa noite juntos, era como se eu
precisasse sentir o seu beijo novamente.
Ele correspondeu o olhar. Será que também teve o mesmo
pensamento?
— Boa noite — falei, voltando para a realidade.
— Boa noite. Se precisar de algo, já sabe — respondeu sorrindo.
Saí do carro e entrei rapidamente. Não fiquei observando seu carro
sumir da minha visão.
Isso era real? Eu quis mesmo beijar o noivo da minha melhor amiga?
Eu precisava tirar esse pensamento da cabeça. Quase deixei me levar
pelo momento, mas eu não podia deixar isso acontecer.
Liam era um homem muito bonito, simpático e agradável. Eu estava
apenas confundindo as coisas. Ele era pai do meu filho e era isso, só isso. Eu
nunca poderia trair Mayla desse jeito, nunca.
Capítulo 15
[...]
Era véspera de natal.
Eu adorava esse clima natalino. Há anos eu não comemorava mais o
natal, mas esse ano eu tinha um novo motivo.
Eu ficava encantada em ver a ruas e as lojas todas decoradas. Até a
empresa estava no clima.
Eu iria jantar na casa de minha mãe. Seria apenas nós duas.
Eu havia comprado um presente para minha mãe e um para o meu
pai. Pensei em comprar algo para Mayla, ou até mesmo para Liam, mas sabia
que não faria muito sentido, e talvez eu e Mayla nem fossemos nos ver.
Apesar de termos feito as pazes, nossa amizade não era mais a mesma.
Estávamos distantes. Ela estava tentando, mas eu sabia que essa situação era
difícil para ela.
Tinha comprado mais algumas coisinhas para o bebê. Eu e Liam
ainda estávamos combinando de sair para comprar juntos, mas ele andava
trabalhando muito nesses dias.
Apesar de ser só eu e minha mãe, eu iria caprichar na produção,
afinal de contas, era natal.
Depois de um banho, fui escolher a roupa que usaria.
Optei por alguma coisa mais elegante. Uma calça pantalona na cor
preta, eu não tinha certeza do tecido, mas era muito confortável. Uma blusa
de lã branca, e um blazer, também branco. Eu gostava da combinação de
preto e branco.
O clima estava frio, mas não pretendia sair da casa de minha mãe,
então o ar condicionado daria conta.
Enquanto me arrumava, meu pensamento estava em Peter. Onde será
que ele estava? Tinha uma boa família? Estava comemorando o natal?
Eu sentia, de certa forma, que ele estava bem. Era como se o meu
coração estivesse calmo.
Imaginei como seria o meu natal do ano seguinte. Eu já estaria com o
meu bebê nos braços, e quem sabe, com Peter junto. Era nisso que eu queria
acreditar.
Pensei que durante a noite, poderíamos tirar algumas fotos, eu queria
registar todas as etapas da minha gravidez.
Além do look, também caprichei na maquiagem. Usei tons de
marrom nos olhos, e para completar, batom vermelho, que combinava com
natal.
Peguei um Uber e fui para a casa de minha mãe. Eu queria chegar o
mais rápido possível, pois ainda queria fazer uma sobremesa de natal. A
minha especialidade: Lebkuchen.
Assim que cheguei, senti o cheirinho delicioso de comida. Eram
tantos aromas misturados, que não consegui definir, só sabia que eram bons.
— Anelise! Estou terminando a ceia — falou minha mãe, assim que
entrei.
— Eu trouxe alguns ingredientes para fazer o doce.
Fomos até a cozinha e tirei tudo da sacola.
— Como você está? E o bebê?
— Estamos bem, só estou muito ansiosa para a barriga crescer logo.
Passamos um bom tempo na cozinha preparando a ceia e a
sobremesa. Por milagre, ela não fez nenhum comentário desnecessário ou
sem noção, como costumava fazer, talvez estivesse mais sensível pelo fato de
ser natal.
— Tem falado com o seu pai?
— Sim, ele me liga de vez em quando, para saber como estou.
Comprei um presente para ele. Ele disse que viria fazer uma visita antes do
ano novo.
Depois de mais algumas finalizações, a ceia estava pronta.
— Depois pode levar um pouco para casa, deu muito trabalho fazer
isso tudo, não quero que vá nada fora.
— Eu levo um pouco, mas vamos levar alguns dias para comer isso
tudo.
Antes de comer, pedi para a minha mãe tirar algumas fotos minha, eu
queria ter registros do meu primeiro natal depois de anos.
Tiramos várias fotos e até fizemos alguns vídeos. Um dia no futuro
eu mostraria para meu filho, dizendo que nesse dia ele estava em minha
barriga, e por conta dele, o meu natal voltou a ser comemorado.
Depois das fotos, era hora da ceia, um dos meus momentos preferidos
do natal.
Agradeci por não estar enjoada, pois queria aproveitar.
A mesa estava linda. Minha mãe havia feito um ótimo trabalho.
— Eu nem sei por onde começar — brinquei.
— Espero que esteja bom.
Experimentei a salada.
— Está maravilhosa! — exclamei.
E realmente estava, não só a salada, mas toda a ceia.
Comemos e conversamos. Além de falar sobre o bebê, contei sobre o
meu emprego, e sobre meus planos de comprar um carro.
Depois de comer. Fomos até a sala assistir um pouco de televisão e
trocar presentes para encerrar a noite. Estava pensando se voltaria para o meu
apartamento ou se dormiria no meu antigo quarto.
— Comprei um para você e outro para o bebê — falou minha mãe,
entregando-me uma sacola com dois embrulhos.
Minha mãe sempre gostou de presentear os outros, não importava a
data, ela sempre tinha uma lembrança. Isso eu não tinha do que reclamar.
Abri os embrulhos.
O meu era um casaco de lã, na cor azul escuro. Parecia ser muito
confortável.
— Obrigada, eu amei.
— Abra o do bebê.
O pacote era todo decorado com brinquedos.
Era um pequeno kit de higiene. Sabonete, lenços umedecidos, talco e
um shampoo.
Eu amava aquele cheirinho de produtos de bebê. Me lembrava Peter,
já que eu nunca mais havia sentido aqueles cheiros.
— Obrigada. — Foi tudo que consegui falar.
Estava emocionada por pensar em Peter e também por saber que em
poucos meses eu teria um novo bebê.
Entreguei o meu presente.
Era uma bota cano curto.
Desde que eu voltei, ela estava reclamando que suas botas já estavam
gastas.
Ela sorriu e agradeceu, então pelo visto, ela gostou.
Estávamos sentadas do sofá, minha mãe já estava ficando com sono,
foi quando meu celular vibrou.
Vi o nome de Liam na tela.
Abri a mensagem rapidamente.
"Feliz natal."
Respondi no mesmo instante.
"Feliz natal para você também."
"Eu estou na casa de meus pais. Minha mãe quer muito conhecer
você. O que acha de dar uma passadinha aqui?"
Franzi o cenho ao ler a mensagem. Achei o convite um pouco
estranho.
"Eu adoraria conhecê-la, mas não sei, tem toda essa situação com a
Mayla."
"Não se preocupe com isso, Mayla está aqui, ela concordou. Eu
busco você e depois levo de volta, é só para conhecer meus pais."
Pensei por um momento se deveria ou não aceitar.
Eu ainda não queria terminar minha noite, estava me sentindo tão
bem e empolgada.
"Tudo bem, eu vou, mas não precisa vir me buscar, vou pegar um
Uber. Me passe o endereço."
— Onde você vai? — perguntou minha mãe.
— Vou na casa de Liam. A mãe dele quer me conhecer.
— Você vai ir para a casa dele depois de toda a briga com Mayla?
— A Mayla está lá e concordou. Será bem rápido, apenas para
conhecer. Depois vou direto para meu apartamento.
— Tudo bem — falou, ainda sem concordar totalmente.
— Amanhã eu passo aqui para levar um pouco de comida que
sobrou.
— Então vou aproveitar e dormir.
— Boa noite, mãe.
Saí da casa e pedi um Uber.
A temperatura estava ainda mais baixa do que quando cheguei. Por
sorte, o carro estava por perto.
A casa dos pais de Liam ficava em um dos melhores bairros da
cidade. Era uma área muito nobre.
Quando o carro parou, ele já estava a minha espera, e claro, Mayla
estava junto.
— Olá, como estão? — cumprimentei, descendo do carro.
— Ótima, e você? — respondeu Mayla.
— Tudo bem.
— Vamos, minha mãe quer muito conhecê-la.
— Também quero conhecê-la.
Sorri.
Os segui para dentro da casa. Era grande e muito espaçosa. A
decoração era um pouco rústica. As paredes eram brancas, os detalhes eram
marrons e alguns itens de decoração eram cinzas.
Fomos até a sala de estar, onde a família estava reunida.
— Essa é Anelise — apresentou.
— Muito prazer — falei.
Fiquei impressionada com a aparência de seus pais, eram mais jovens
do que imaginei, se bem que Liam tinha apenas vinte e nove anos.
— O prazer é meu — falou a mulher de cabelos escuros.
Ela se apresentou como Martha.
O pai também veio até mim e me cumprimentou, parecia ser um
homem bem sério.
Percebi alguns papéis de presentes espalhados pela sala, eles já
haviam trocados presentes.
— Você quer um doce? Fizemos algumas sobremesas deliciosas —
ofereceu Martha.
— Claro — respondi sorrindo.
— Sente e fique à vontade. Eu vou buscar.
A mulher saiu da sala e voltou rapidamente com uma taça de doce.
— Obrigada — agradeci.
Ela sorriu.
— E como está o bebê? Você tem passado bem?
— Sim. Estamos bem, só ando um pouco cansada, mas tirando isso,
estou ótima.
— Eu enjoava muito quando estava grávida do Liam. Só o chá de
hortelã me ajudava.
— O Liam comentou, comecei a tomar e ajudou bastante. Tenho
sempre alguns sachês na bolsa.
Martha contou que enjoou praticamente durante toda a gravidez. Me
deu algumas dicas para tentar controlar os enjoos.
— Liam comentou que você gosta de flores.
— Sim, eu adoro.
— Temos uma estufa lá fora. Gostaria de conhecê-la?
— Claro — respondi sorrindo.
— Vamos.
Martha levantou da poltrona.
— O doce estava maravilhoso. Obrigada — falei, enquanto levantava
do sofá.
— Que bom que gostou. — Ela fez uma pausa, olhando para os
lados. — Liam, nos acompanha?
Ele pareceu surpreso, e confesso que eu também.
— Sim, vamos — respondeu.
Ele estava sentado no sofá ao lado de Mayla.
Pensei que ele fosse a convidar, mas não. Apenas levantou e nos
acompanhou.
Olhei discretamente para o rosto de Mayla. Ela não gostou muito do
que estava acontecendo, mas não se opôs.
Caminhamos em passos lentos para fora da casa.
— Eu também gosto muito de flores. Elas alegram o meu dia —
comentou Martha.
— Exatamente. Sinto isso também.
A estufa não era muito grande, mas no momento em que entramos,
fiquei impressionada.
Eu olhava para todos os lados, o lugar era maravilhoso.
— Então? O que achou? — perguntou Martha.
— É linda! Estou sem palavras.
Eu observava cada detalhe com muita atenção.
— Essas são minhas preferidas: Centáurea — disse Martha,
apontando para as flores azuis.
— Realmente são lindas.
Ela mostrou quais as flores mais gostava e falou um pouco sobre elas.
Eu estava encantada.
Liam estava quieto. Apenas nos acompanhava.
De repente, ela tirou o celular do bolso.
— Minha irmã ligou. Preciso ligar de volta. Só um minuto.
Ela saiu da estufa. Deixando-me a sós com Liam.
— Ela gostou de você — comentou Liam.
— Eu também gostei muito dela. Sua mãe é muito simpática e
agradável.
— Só quando ela gosta de alguém.
Ele sorriu.
— Pode ser impressão minha, mas percebi que ela não simpatiza
muito com Mayla.
— Nem um pouco. Ela nunca a tratou mal, também nunca brigaram,
mas simplesmente não simpatiza com ela.
— Quem sabe com o tempo isso mude.
— Quem sabe, mas sabe o que eu penso?
Estávamos um na frente do outro.
Ele deu um passo em minha direção.
— O quê?
— Que ela não vai voltar. Aposto que fez isso de propósito, para nos
deixar a sós.
Ele deu um sorriso maldoso.
— Será? E o que ela pretende com isso? — perguntei sorrindo. Não
queria que o clima ficasse tenso.
Ele não respondeu. Ficou apenas me observando.
O espaço que já era curto entre nós, ficou ainda menor quando ele
deu mais um passo em minha direção.
Seus olhos azuis estavam brilhantes. Sua boca parecia muita
convidativa.
Por um instante, eu pensei em beija-lo.
Eu sabia que não deveria fazer isso, mas estava quase impossível
conseguir controlar.
Minhas pernas pareciam trêmulas. Eu conseguia sentir a minha
própria respiração. Definitivamente estar tão perto de Liam estava mexendo
comigo.
Sem pensar, eu colei nossos lábios. Foi em um impulso.
Liam retribuiu o beijo. Ele colocou suas mãos em minha cintura, me
puxando para ainda mais perto.
Apesar de termos ficado juntos apenas uma noite, era como se já
tivéssemos feito isso muitas vezes. Nossas línguas estavam em perfeita
sincronia. Nossos corpos pareciam encaixar perfeitamente um no outro.
Coloquei uma de minhas mãos em sua nuca. Enquanto Liam
deslizava seus dedos por minhas costas.
Descolei nossas bocas por um instante, mas assim que olhei para seu
rosto, eu tive a certeza de que não queria parar, na verdade, eu queria mais. E
sabia que ele também.
Ele levantou seu braço e acariciou de leve minha bochecha.
Fechei os olhos e aproveitei seu toque.
Estávamos em silêncio, mas não era preciso falar nada.
Liam voltou a me beijar, dessa vez com mais intensidade.
Suas mãos percorreram o meu corpo, até chegar em minha bunda.
Eu não estava pensando em nada, só queria aproveitar o momento
com Liam.
Foi quando de repente, uma voz nos interrompeu.
— Liam? — Mayla gritou.
Eu gelei no mesmo instante.
Nos separamos e nos encaramos por um breve momento.
Ela estava na porta da estufa.
— Mayla! — Foi tudo que Liam conseguiu dizer.
— Eu não acredito! Vocês dois juntos de novo, pelas minhas costas.
Seu rosto estava vermelho de raiva.
— Mayla, eu sinto muito. Eu nem sei o que dizer — falei, com a voz
falhada.
Ela deu alguns passos, entrando na estufa.
— É inacreditável! Vocês estão tendo um caso bem embaixo no meu
nariz. O meu noivo com a minha melhor amiga — esbravejou.
— Fique calma. Não é nada disso. Foi apenas esse beijo, sei que não
justifica, sei que agimos errado, mas não existe nada entre nós — explicou
Liam.
— E você acha que vou acreditar? Já perdoei uma vez e vocês me
traíram de novo.
Meu olhar estava baixo. Estava sem coragem de encara-la. Eu estava
errada e sabia disso.
— Vamos conversar em outro lugar — sugeriu Liam.
— Não! Você só vai mentir para mim. Sei que quando eu virar as
costas vocês vão transar de novo!
Ela gritava sem controle.
— Mayla, isso não é verdade — falei, ainda sem jeito.
A garota estava fora de si. De repente, ela deu alguns passos rápidos
em minha direção. Seu braço chegou a levantar. Foi tudo muito rápido, mas
Liam consegui a impedir.
— Controle-se! Você está fora de si. Vou levar você para casa —
falou Liam, ainda a segurando.
— Me solte — falou Mayla, se livrando de Liam.
— Eu também vou ir para casa — anunciei.
— Sabe, eu fiz um favor para o Peter. Sorte a dele ter crescido longe
da mãe vagabunda!
Eu fiquei paralisada. Olhei para Liam, ele estava com uma expressão
de espanto, assim como eu.
— O que você disse? — perguntei em um quase sussurro.
— Que você é uma vagabunda!
Eu estava choque. Mil coisas estavam passando em minha cabeça.
Por um instante eu fiquei sem reação.
Tudo parecia um sonho. As imagens ficavam embaçadas. Eu não
tinha certeza do que estava sentido, tinha a impressão de que iria desmaiar.
Consegui ouvir a voz de Liam. Ela parecia distante.
— Mayla! O que você fez? — gritou o homem.
— Eu não sei de nada, não disse nada — Mayla respondeu.
Eu continuava paralisada.
Consegui ver Liam ir para cima de Mayla. Ele a segurou pelos dois
braços. Estava muito nervoso. Eu nunca havia o visto daquele jeito.
— O que você fez? Onde ele está? — perguntava Liam, enquanto
apertava seus braços.
— Está me machucando. Seu louco! Socorro! — gritou a garota com
toda sua força.
Em poucos segundos, Martha apareceu.
— O que aconteceu? — perguntou a mais velha.
— Liam me agrediu. Estou machucada. Veja meus braços — Ela
esticou os braços e mostrou. Estavam vermelhos devido a força que Liam
usou para a segurar.
— Anelise! O que aconteceu? Você está bem? — Martha veio até
mim.
Foi quando eu consegui voltar para a realidade.
— Ela o roubou, ela o roubou! — Foi tudo que consegui dizer.
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.
— Eles estavam se esfregando aqui na estufa. Estão me traindo há
meses, e agora Liam ainda tentou me agredir — falou Mayla.
— É mentira! Você roubou o meu bebê! — gritei entre lagrimas.
Fui para cima dela sem pensar duas vezes.
Ela não estava esperando por isso, consegui a pegar de surpresa.
Coloquei toda a força que pude em minha mão e estapeei seu rosto.
Mayla agiu rápido, mas Liam foi mais rápido ainda. Ele a segurou
novamente.
Ela tentava se soltar, mas ele era mais forte.
— Saia da minha casa agora — ordenou.
Ela olhou para todos nós. Eu nunca havia visto aquele olhar em
Mayla. Era um olhar de ódio, difícil de encarar.
Assim que ela virou as costas para ir embora, eu tentei mais uma vez.
— Mayla! O que você fez? Onde ele está? Onde ele está? Onde ele
está?
Eu não conseguia parar de repetir.
As lágrimas desciam sem controle pelo meu rosto. Estava com
dificuldade para respirar.
Martha foi para dentro. Ela estava assustada. Chegou a falar alguma
coisa, mas eu não prestei atenção.
Fiquei gritando por Mayla enquanto ela se afastava.
Ela não me respondeu, nem ao menos olhou para trás.
Liam veio até mim e me abraçou.
Eu só conseguia chorar.
— Fique calma. Está tudo bem. Nós vamos encontra-lo.
Eu soluçava de tanto chorar.
Continuava abraçada em Liam. Parecia que eu estando em seus
braços, eu estava segura.
Não tenho certeza de quanto tempo passou, mas assim que nos
afastamos eu já estava mais calma. Pelo menos, não soluçava mais.
— Foi ela. Todo esse tempo. Eu não consigo acreditar.
— Precisamos tirar isso a limpo.
— Sim. Eu vou até a polícia agora mesmo. Eu só quero o Peter de
volta — falei, secando as lágrimas.
— Vamos. Eu vou com você. Só tente se acalmar um pouco, isso não
fará bem ao bebê. Vamos entrar e beber um chá.
— Tudo bem — concordei.
Assim que tentei dar os primeiros passos, senti minhas pernas
bambas. Eu estava sem forças.
— Venha. Se apoie em mim. Você precisa descansar um pouco.
Eu me apoiei em seu corpo.
Minha cabeça estava girando. Eu ainda estava tentando digerir e
entender tudo o que havia acontecido.
Quando chegamos dentro da casa, encontramos os pais de Liam.
Estavam tensos, confusos e sem saber o que fazer.
Pelo visto, Liam já havia comentado com sua mãe sobre Peter, pois
ela estava por dentro da situação.
Liam disse para que sentasse no sofá.
— Eu vou fazer um chá para você.
Sinceramente, eu não queria chá nenhum, só queria ir até a polícia,
mas sabia que Liam tinha razão, eu precisava ficar calma, pelo bebê.
— Obrigada — agradeci, enquanto pegava o chá de sua mão.
Ele sentou ao meu lado no sofá.
— Como você está? Mais calma?
— Estou bem, só preciso ir até a polícia agora.
Terminei de beber o chá rapidamente. Depois, levantei bem devagar
do sofá. Eu já estava me sentindo melhor.
— Eu vou com você.
Ele levantou do sofá e fomos até a garagem.
Eu ainda não estava pensando muito bem, só queria chegar na
delegacia o mais rápido possível.
Entramos no carro. Eu não sabia exatamente para onde estávamos
indo.
— Espero que eles me ouçam dessa vez — resmunguei.
— Tente manter a calma. Tudo dará certo. — Ele olhava para todos
os lados. Parecia que não sabia o caminho a seguir. — Acho que tem uma
delegacia vinte e quatro horas no centro da cidade.
O caminho foi praticamente em silêncio. Nós dois estávamos muito
nervosos.
Assim que chegamos, eu vi uma luz de esperança.
Quando Peter foi sequestrado, eles não me deram muita atenção, mal
me ouviram, mas agora seria diferente, eu faria um escândalo se fosse
preciso.
Minhas mãos estavam trêmulas, na verdade, o meu corpo inteiro
estava. Era difícil conseguir controlar.
O lugar estava vazio. Pelo menos seríamos atendidos sem demora.
— Quero falar com o delegado responsável. É sobre um sequestro de
criança — expliquei assim que chegamos.
— Ele já irá atender. Por favor, aguardem.
Havia algumas cadeiras. Sentei em uma delas, Liam sentou ao meu
lado.
Ele pegou em minha mão e acariciou meus dedos.
— Eu estou com você — disse.
— Obrigada — agradeci.
Em poucos minutos um homem apareceu.
— Olá, como posso ajudá-los?
Ele nos convidou para ir até sua sala. Lá eu tentei explicar a situação.
Eu estava afoita, atropelava as palavras.
Depois de conta toda a história, o delegado disse que iria averiguar,
porém, apenas depois no natal, já que o caso não era uma emergência.
— Como assim depois do natal? Enquanto isso uma sequestradora de
bebês ficará livre? Andando por aí? E quanto ao meu filho? Ele pode estar em
perigo — esbravejei.
— Fique calma. Nós faremos tudo o que estiver ao nosso alcance.
Eu ainda tentei argumentar, mas foi inútil.
Eles fariam uma visita a Mayla e possivelmente a chamaria para
conversar, mas isso apenas depois do natal.
Fiquei decepcionada.
Voltei cabisbaixa para o carro.
Liam tentava me dar apoio, falava que tudo ficaria bem, mas naquele
momento, eu estava completamente decepcionada e sem esperanças.
Ele perguntou se tinha mais alguma coisa que pudesse fazer para
ajudar.
— Eu só quero ir para casa e tentar dormir — falei.
— Tem certeza? Não sei se é uma boa ideia você ficar sozinha.
— Eu vou ficar bem. Quero ficar sozinha.
— Tudo bem. Eu deixo você em casa.
Já era meio da madrugada. Durante a volta, vimos algumas pessoas
na rua, provavelmente voltando da casa de parentes, ou saindo de festas.
— Obrigada Liam, por tudo — agradeci, assim que paramos em
frente ao meu prédio.
— Não foi nada, eu estou ao seu lado. E não se preocupe, se a polícia
não fizer nada, vou ajudar a encontrar seu filho.
Desci o olhar para o chão e saí do carro. Não olhei para trás, eu só
queria entrar em casa.
Entrei e fui direto para a cama. Como era de se esperar, não consegui
pregar os olhos um só minuto.
Por que Mayla faria uma coisa dessas? Éramos melhores amigas há
tanto tempo. Eu sempre estive ao seu lado, sempre a apoiei.
Eu nunca iria perdoa-la. Queria que ela pagasse muito caro por tudo
que fez comigo e com meu filho.
Passei a noite virando de um lado para o outro, chorando e tentando
achar uma solução.
Eu estava tão feliz e esperançosa no início dessa noite, mas tudo
mudou em questão de horas.
Esse era definitivamente o pior natal de todos.
Capítulo 16
Era dia vinte e seis de dezembro. Era o dia que eu estava esperando
há muitos anos, o dia que eu finalmente saberia toda a verdade sobre o que
aconteceu com Peter.
Tentei me distrair durante o dia de trabalho. Não queria ficar
pensando nisso, pois assim iria demorar ainda mais para passar.
Foi um longo dia de serviço. Assim que deu o meu horário, saí
correndo para a delegacia, queria saber o que tinham descoberto.
Peguei um Uber para chegar mais rápido.
Assim que entrei, já fui me identificando e falando sobre o caso.
Responderam que eu deveria aguardar e que logo eu seria atendida.
Esperei alguns minutos até um homem aparecer, o mesmo que já
havia nos atendido.
Fomos até uma sala particular.
— Então? Descobriram alguma coisa? Onde ele está? — perguntei
afoita.
— Sente-se por favor, e fique calma.
Ele sentou em uma cadeira e fez sinal para que eu sentasse também.
Sentei em uma cadeira na sua frente.
— Mayla confessou?
— Nós fomos até a casa dela hoje pela manhã. Ela foi muito
atenciosa, contou tudo o que aconteceu, inclusive que você e o noivo dele
tem um caso, que estão esperando um filho — falou o homem em um tom
sério.
— Nós não temos um caso, mas o que isso tem a ver com o meu
filho?
— Ela disse que só falou sobre o seu filho porque ficou nervosa,
porque pegou os dois se beijando. Mayla disse que só queria tocar no assunto
pois era muito doloroso para você.
— E vocês acreditaram? Vão deixar uma sequestradora a solta?
— Fizemos uma busca na casa dela, não encontramos nada sobre o
seu filho. Conversamos com a mãe dela, a senhora também não sabe de nada
e ainda confirmou que a filha seria incapaz de tal ato. Sem falar que ela não
tem antecedentes criminal, ela é uma cidadã modelo.
Eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo. A cada palavra
que aquele homem falava, era como se uma faca entrasse em meu peito.
— E meu filho?
— Eu sinto muito, mas não tem nada que possamos fazer. Não temos
nenhuma pista sobre o paradeiro do seu filho. Podemos ficar de olho em
Mayla por alguns dias, mas pela minha experiência, ela não tem nada a ver
com isso, e mesmo se tivesse, não temos nenhuma prova, não podemos
incrimina-la.
Um nó se formou em minha garganta.
— Foi ela, eu sei que foi.
— Se a senhora tiver alguma pista ou algo que nos ajude, pode nos
procurar, caso contrário, não podemos fazer nada.
Eu não o respondi. Estava totalmente desnorteada. Levantei da
cadeira e saí. Eu precisava de ar.
No momento em que cheguei do lado de fora, eu não consegui mais
segurar as lágrimas. Elas caiam pelo meu rosto sem controle.
Fiquei alguns segundos em frente à delegacia. Minha vontade era de
voltar lá e fazer um escândalo, exigir que achassem o meu filho, mas eu sabia
que isso só poderia piorar a situação ainda mais.
Dei passos lentos ainda sem rumo pela rua.
Eu estava totalmente decepcionada. Por um momento, cheguei a
perder as esperanças. Será que um dia eu realmente encontraria Peter?
Caminhei lentamente de volta para casa. A cada passo que eu dava,
eu ficava mais sem esperanças.
Eu tentava manter o controle, mas lágrimas ainda caiam pelo meu
rosto.
A neve começou a cair, era fraca e fina, mas ela estava lá. Apesar do
frio intenso, eu estava com calor. Estava com raiva de todos. Da polícia por
não fazer nada, da minha mãe por não acreditar em mim e não me apoiar, e
principalmente de Mayla. Minha vontade era de ir até sua casa e fazer uma
loucura. Por um breve momento pensei em ir, mas levei a mão em minha
barriga, eu não podia fazer isso. Esse bebê precisava de mim.
Quando cheguei em casa, eu não queria fazer nada. Não queria comer
ou tomar banho. Fiquei um bom tempo sentada no sofá, olhando para o nada.
Estava completamente desanimada.
Quando peguei meu celular, havia algumas mensagens de Liam. Ele
enviou a primeira ainda no final da tarde, perguntando se tinha alguma
informação, como não respondi, ele enviou mais algumas perguntando se eu
estava bem. A cada mensagem ele parecia mais preocupado. Decidi
responder.
"Eu estou bem. Estou em casa."
"Meu Deus, Anelise! Eu estava tão preocupado. Já estava pensando
em ir até a sua casa ou mandar a polícia. Falando nisso, como foi lá?"
"Péssimo! Eles interrogaram Mayla, mas ela alegou que nós temos
um caso e que a traímos todo esse tempo, por isso ela disse o que disse. "
"E eles não fizeram nada? Não averiguaram?"
"Revistaram a casa dela, mas não acharam nada, nenhuma prova.
Disseram que não podem fazer nada."
"Eu nem sei o que dizer. Estava confiante que tudo iria se resolver.
Não posso imaginar a sua dor."
"Está sendo horrível. Se não fosse por esse bebê eu já teria feito uma
loucura."
"Por favor, se controle. O que acha de saímos para jantar?"
"Agradeço o convite, mas hoje só quero ficar sozinha. Ainda estou
digerindo tudo o que aconteceu."
"Tudo bem, se precisar de algo, é só me avisar."
"Obrigada Liam. Boa noite."
Larguei o celular ao meu lado no sofá.
Fiquei ali por mais algum tempo, até criar coragem para levantar e ir
tomar banho. Depois tentei comer um pouco, não por mim, já que eu estava
totalmente sem fome, mas pelo bebê.
Eu só queria ir para a cama e terminar a noite.
Capítulo 18
[...]
Eu estava terminando de me arrumar. Iria sair para jantar com Liam.
Eu disse que buscaria ele em casa para estrear o carro novo.
Depois de pronta, saí de casa e fui em direção ao carro.
Eu já havia dirigido ele da concessionária até em casa, mas era a
primeira vez que iria sair com ele de verdade.
Dei partida e fui em direção à casa de Liam.
Ele já estava a minha espera do lado de fora.
Parei ao lado dele.
— Nossa! É lindo — comentou.
— É maravilhoso, né? Estou encantada com ele. — Meus olhos
quase brilhavam. — Quer dar uma volta? — brinquei.
— Claro.
Ele sorriu.
Liam entrou no carro.
Assim como eu na primeira vez, ele olhava com atenção para tudo.
— Você fez uma ótima escolha.
Ele se aproximou e beijou meus lábios com delicadeza.
— Com fome? — perguntei assim que nos afastamos.
— Faminto. Não como desde o almoço. Onde vamos?
— O que acha de pizza? Faz dias que estou com vontade de comer.
— Desejo de grávida? — perguntou sorrindo.
— Exatamente. E você sabe que não se deve contrariar uma mulher
grávida, não é?
— Claro que eu sei. Vamos de pizza então.
Liam contou que as coisas na empresa estavam um pouco mais
calmas. E que ele estava pensando em tirar umas mini férias.
Chegamos na pizzaria sem muita demora.
Já havíamos passado na frente dela outras vezes, e tínhamos
combinado de conhecer o lugar.
A pizzaria era enorme e muito acolhedora. Tinha uma linda
decoração rústica com detalhes em madeira.
Escolhemos uma mesa e sentamos.
Fizemos nossos pedidos que chegaram sem muita demora.
— O cheiro está ótimo — comentei assim que o garçom deixou a
pizza na mesa.
A pizza era enorme. Na verdade, acho que grande demais apenas para
nós dois, no caso nós três.
Os sabores eram de calabresa com salame e napolitana.
— Você primeiro — falou.
Cortei um pedaço pequeno de cada sabor e experimentei.
— Nossa! É maravilhosa.
Liam também se serviu.
— Eu concordo. Realmente muito boa. Uma das melhores que já
comi.
A massa era bem fininha, o que deixava muito mais recheio,
exatamente como eu gostava.
Para acompanhar pedimos suco de uva natural.
Eu estava conseguindo evitar o refrigerante. Aprendi a gostar de suco
natural. Pensando bem, o suco era muito mais saboroso. Tinha sabor da fruta,
não era apenas açúcar.
— Eu tenho um conhecido que é detetive particular. Eu falei para ele
sobre o seu caso, não falei detalhes, nem dei o seu nome. Mas ela acha que
pode ajudar — disse Liam, entre uma garfada e outra.
— Sério? Será que ele seria capaz de encontrar Peter? Eu já havia
pensando em contratar um detetive particular, mas como nunca tive muitas
provas, pensei que seria dinheiro jogado fora.
— Se quiser, nós podemos tentar. Marco uma reunião entre vocês.
— Seria ótimo. É tudo que eu mais quero.
Por um momento senti uma ponta de esperança.
— Quanto ao dinheiro, não se preocupe com isso. Eu quero ajudar.
Ele esticou uma de suas mãos em cima da mesa e acariciou meus
dedos.
— Obrigada, Liam.
Olhei para ele e sorri.
Ele fez o mesmo.
Continuamos comendo, o clima ficou um pouco pesado depois de ter
falado em Peter. Era sempre assim, eu não conseguia superar, por mais que o
tempo passasse. A ferida em meu peito ainda estava aberta, exatamente igual
como no dia em que tudo aconteceu.
— E o sexo do bebê? Você vai querer saber ou prefere surpresa?
Confesso que estou muito curioso — falou Liam, tentando quebrar o clima.
— Acho que eu prefiro saber. Podemos organizar um chá de
revelação, o que acha? — sugeri.
— Adorei a ideia. Posso falar com minha mãe, ela irá adorar ajudar.
— O que você acha que é? — questionei, bebendo um gole do meu
suco.
— Eu não sei, e, na verdade, não tenho preferência. Só quero ver
logo o seu rostinho.
Ele estava com um brilho nos olhos enquanto falava do bebê.
— Desde que tive Peter, eu sempre falava que teria uma menina, pois
sempre quis ter um de cada sexo, mas agora eu me vejo mãe de um menino.
Também não tenho preferência. Vou ficar muito feliz seja qual for o sexo.
— Eu vou falar com minha mãe e organizamos tudo.
— Não precisa ser algo tão grande. Posso convidar meu pai e alguns
colegas de trabalho.
— E sua mãe? Ainda não fizeram as pazes? — perguntou.
— Não. Ela foi muito cruel na última vez. Não acreditou em mim.
Nunca iremos nos dar realmente bem — lamentei.
— Eu sinto muito.
Liam parecia chateado. Eu sabia que ele ficava triste ao saber da
minha relação com minha mãe. Ele e seus pais se davam tão bem. Era uma
relação invejável.
— Está tudo bem. Já estou acostumada. Vou chamar o meu pai. Ela
ficará feliz com o convite.
Depois de falarmos sobre o chá de revelação, o clima ficou muito
mais leve.
Já havia terminado de comer. Estávamos levantando para ir embora.
— Na próxima semana terá jogo do Frankfurt. Podemos ir juntos, se
você quiser — sugeriu Liam enquanto saíamos da pizzaria.
— Claro! Você vai ver, eu vou dar sorte — sorri.
O clima estava frio.
Liam envolveu seus braços em volta do meu corpo.
— Então está marcado. Vou comprar nossas entradas antecipadas.
Entramos no carro.
Coloquei o cinto de segurança.
— Então, já quer terminar a noite? — perguntei, com um sorriso
malicioso.
— Não. Ainda está muito cedo. Quer ir lá para casa? Eu posso fazer
uma sobremesa para você — falou sorrindo.
— Que tipo de sobremesa? — perguntei franzido o cenho.
— A que você quiser. Pode escolher, mas tenho uma condição.
— Qual?
Ele se aproximou.
— Terá que ficar a noite inteira — sussurrou em meu ouvido.
Ele virou meu rosto e beijou meus lábios.
— Tudo bem. Estou mesmo com vontade de comer uma sobremesa,
mas que fique claro, estou indo só pelo doce — brinquei, dando um pequeno
sorriso.
Liguei o motor do carro e fiz o caminho de volta para a casa de Liam.
Como era sábado, eu sabia que passaríamos o domingo inteiro juntos.
E era exatamente isso que eu queria.
Capítulo 20
[...]
O domingo chegou. O dia da partida. Frankfurt contra Borussia
Dortmund.
Os dois estavam no topo da tabela. Seria um jogo muito importante.
Liam já estava em meu apartamento. Havíamos dormido juntos na
noite passada.
Todos os domingos nós acordávamos juntos.
Hoje eu pediria Liam em namoro. Eu estava há alguns dias
planejando tudo nos seus mínimos detalhes.
Iríamos no carro de Liam. Como ele já estava acostumado a ir nos
jogos, sabia de cor o caminho.
Antes mesmo de chegar no estádio, as ruas já estavam lotadas.
Pessoas nas ruas, vendedores de comida e de lembrancinhas. Era um
clima muito divertido.
Estacionamos e carro e descemos.
— Que tal um lanchinho antes do jogo? — sugeriu Liam.
— Foi para isso que eu vim — respondi sorrindo.
Compramos um lanche. Sinceramente eu nem sabia o que era, só vi
que tinha salsicha. Eu estava muito ansiosa com a surpresa que havia
preparado. Não estava com a mínima fome, estava apenas fingindo, não
queria que ele desconfiasse de nada.
Depois de comer, entramos no estádio. Era enorme e muito espaçoso.
O lugar estava lotado. Muito mais do que imaginei que estaria.
Fomos para os nossos lugares e esperamos o início da partida.
— Está tudo bem? — perguntou Liam.
— Sim. Estou bem.
— Parece um pouco ansiosa.
— Eu estou. Fazia tanto tempo que eu não vinha em um jogo. Vamos
tirar uma foto?
Peguei meu celular e colamos nossos rostos.
Tiramos algumas selfies com o gramado ao fundo.
— Essa ficou ótima. Com certeza vou postar mais tarde— comentou.
— Ficou linda mesmo — concordei.
O juiz deu início ao jogo.
Era um jogo difícil. Os dois times estavam muito fechados. A bola
praticamente não passava do meio de campo.
Os quarenta e cinco minutos passaram lentamente. Para mim, pareceu
uma eternidade.
— O jogo está muito trancado. Precisamos atacar mais — falou
Liam, durante o intervalo.
— Sim, ninguém ataca. Acho que uma troca de atacante ajudaria.
Ele estava um pouco preocupado e decepcionado com o empate.
— Vamos beber alguma coisa? — perguntou, levantando.
— Na verdade, estou um pouco cansada. Prefiro ficar aqui quietinha
mais um pouco — menti.
Segurei seu braço de leve. Fazendo com que ele sentasse novamente.
— Você está bem? Se quiser, podemos ir para casa.
— Não quero ir embora. Eu estou bem. Só quero ficar aqui por mais
alguns instantes.
— Tudo bem.
Ele me deu um beijo rápido e passou a mão por minha barriga.
Estávamos em silêncio há alguns instantes. Foi quando ouvimos uma
voz no autofalante.
Era uma voz masculina. A mesma que fala as informações durante o
jogo.
— Peço atenção de todos. Tenho um recado da Anelise. Onde está a
Anelise?
Um foco de luz percorreu o estádio e parou em nós. Mesmo com a
claridade do dia, estávamos em foco, por uma forte luz branca.
Todos estavam com a atenção em nós.
Levantei e fiz sinal para que ele levantasse também.
Liam olhou para mim, confuso e sem entender nada.
Ele continuou:
— O recado da Anelise é para Liam Schneider, e diz o seguinte:
Liam, você aceita namorar comigo?
As pessoas que estavam a nossa volta começaram a gritar e bater
palmas.
Liam abriu um grande sorriso. Exatamente como imaginei que seria.
Eu estava tensa. Estavam todos olhando. Apesar de não ser uma
pessoa tímida, eu estava com um pouco de vergonha.
Liam me abraçou forte.
— É claro que eu aceito — sussurrou em meu ouvido.
Nos afastamos. Liam beijou meus lábios de forma delicada.
As pessoas em volta continuavam aplaudindo.
— Gostou da surpresa? — perguntei sorrindo, assim que nos
afastamos.
— Foi incrível. Eu não fazia ideia de que você tinha planejado tudo
isso.
— Eu estava pensando em algo desde o dia que você me convidou
para vir no jogo.
As pessoas começaram a dispersar, voltando a fazer o que estavam
fazendo antes.
— E você não poderia ter escolhido um lugar melhor. Eu amo estar
nesse estádio.
— Só no estádio? — perguntei levantando uma sobrancelha.
Ele se aproximou e colocou seus braços em volta de meu corpo.
— Eu amo o nosso filho, amo a família que estamos construindo, e
amo você, Anelise, amo como nunca amei ninguém antes.
— Eu também amo você.
Era a primeira vez que nos declarávamos um para o outro.
Ele voltou a me beijar.
— Vamos ser muito felizes juntos. Agora terei que me superar nesse
seu pedido. Vou ter que pedir você em casamento durante um salto de
paraquedas.
— Não, eu tenho medo de altura.
— Vou pensar em algo bem criativo, não se preocupe.
Trocamos mais alguns beijos. O intervalo já estava quase acabando.
— Será que dá tempo de comprar aquela bebida? — perguntei.
— Claro. O que você quer?
— Qualquer coisa. Minha boca está seca. Pode ser água ou suco.
Saímos de nossos lugares e não demoramos muito para encontrar um
vendedor.
Liam comprou um suco de laranja para mim.
O jogo já estava começando quando voltamos para nossos lugares.
O início do segundo tempo estava exatamente como o primeiro. Um
jogo feio e trancado.
Mas isso começou a mudar a partir da metade final.
O Frankfurt começou a atacar. Vários chutes perdidos, bolas da trave
e defesas do goleiro.
— Estou sentindo que vamos fazer um gol. Só nós atacamos.
— Também acho — concordei.
Liam estava certo. Não demorou mais de três minutos para o gol sair.
— Eu sabia! Comemorou Liam.
Gritamos e nos abraçamos em comemoração.
Foi lindo de ver toda a torcida feliz e comemorando.
Depois que o jogar acabou, tiramos mais algumas fotos, agora como
namorados, oficialmente.
O lugar já estava quase vazio quando decidimos sair e ir em direção
ao carro.
— Eu disse que daria sorte — comentei.
— Agora todos os jogos que eu vier, você terá que me acompanhar.
— Eu vou adorar.
Sorri.
Liam pegou minha mão e voltamos juntos lado a lado até o carro.
Eu estava radiante. Liam era um homem incrível. Eu tinha muita
sorte por tê-lo.
Capítulo 21
[...]
Saí do trabalho e avistei o carro de Liam em frente ao prédio.
Hoje seria uma noite um pouco diferente. Iríamos a um sex shop
juntos.
O meu desejo sexual estava mais alto do que nunca, cheguei a
comentar isso com minha doutora, ela disse que era super normal mudanças
de comportamento sexual durante a gravidez, poderia aumentar ou diminuir.
No meu caso aumentou, e muito.
Sugeri que fossemos a um sex shop, queria diferenciar um pouco.
Liam adorou a ideia, na verdade, pareceu muito empolgado.
— Desculpe, acabei me atrasando um pouquinho, mas eu precisava
terminar o que estava fazendo — falei, entrando no carro.
— Tudo bem, não faz muito tempo que cheguei.
Me aproximei e trocamos um beijo rápido.
— Vamos? — falei, com um sorriso sugestivo.
— Passei o dia inteiro esperando por isso.
Havia uma grande sex shop indo em direção a casa de Liam. Eu já
havia reparado nela outras vezes, era lá que iríamos.
Eu não tinha muita ideia do que iria comprar, mas estava aberta a
novas experiências.
Quando entramos no lugar, olhei para todos os lados.
Havia uma variedade enorme de produtos.
— O que acha de algemas? — perguntou Liam, olhando os produtos.
— Interessante. Nunca havia pensando em usar, mas gostei da ideia.
Depois de algum tempo na loja, fomos para o caixa.
Compramos gel para massagem, lubrificante, vibrador, preservativos
aromáticos e as algemas.
— Estou ansioso para usarmos tudo isso — comentou Liam, assim
que entramos no carro.
— Eu também, mas estou morrendo de fome.
— Tudo bem. Primeiro o jantar. O que está com vontade de comer?
Pode deixar a comida comigo hoje.
— Não tenho nada em mente. Pode ser algo rápido e simples. Não
quero perder muito tempo, temos coisas mais importantes para fazer essa
noite.
Passei a mão por sua perna.
— Não se preocupe. Vou fazer algo bem rápido.
Ele deu um sorriso malicioso.
Chegamos na casa de Liam rapidamente, já que a sex shop ficava
bem perto.
— Pode descansar um pouco. Vou fazer algo rápido e já comemos.
— Tudo bem. Vou aproveitar para tomar um banho. Foi um longo dia
de trabalho.
Eu havia deixado algumas peças de roupas na casa de Liam, era
perfeito para ocasiões como essa.
O banheiro de Liam era enorme. Quase do tamanho do meu
apartamento inteiro.
Tomei um banho bem quente e relaxante.
Quando saí do banheiro, senti o cheiro de comida me invadir.
— O Spätzle está pronto — disse Liam, assim que me viu.
— Deve estar uma delícia. Adoro macarrão.
A comida está maravilhosa. Liam se saía muito bem na cozinha.
Depois de comer, ele foi tomar um banho. Iríamos assistir alguma
coisa depois.
Fui até seu quarto e deitei na cama confortavelmente o esperando. Ele
voltou em pouco tempo.
Colocamos um filme repetido qualquer de comédia. Provavelmente
nem iríamos terminar de assistir.
Eu estava deitada no peito de Liam, assistindo a televisão, quando ele
colocou a mão em meu queixo e me fez olhar para ele.
O encarei por alguns segundos, ele se aproximou e beijou meus
lábios.
Coloquei a mão em sua nuca, enquanto Liam apertava de leve meus
seios.
Os beijos foram ficando cada vez mais urgente.
Nos afastamos por um instante. Minha boca percorreu o seu pescoço,
onde dei alguns chupões.
Liam estava ficando cada vez mais animado.
Enquanto eu ainda beijava seu pescoço, abri o botão e o zíper da sua
calça.
Peguei em seu pênis e comecei a masturba-lo de forma delicada.
Liam segurou meu rosto e me beijou ferozmente.
Interrompi o beijo e tirei minha blusa, deixando meus seios à mostra
já que estava sem sutiã.
Usei minhas duas mãos para tirar sua camiseta.
Passei a ponta dos meus dedos em seu abdômen e desci até a altura
de seu pênis, mas não o peguei, chegava lá e subia novamente. Fiz esse
movimento algumas vezes.
Levantei da cama e tirei minha calça, ficando apenas de calcinha.
Enquanto isso, o homem tirou sua calça e sua cueca e sentou
novamente na cama.
Me posicionei de quatro, na altura do pênis de Liam, olhando para
ele. Seu pau já estava extremamente duro.
Coloquei a língua para fora e o lambi, sem colocá-lo dentro da boca.
Usei uma das mãos para fazer movimentos de vai e vem.
Liam estava delirando de tesão.
— Chupa e olha para mim — pediu.
Foi exatamente o que eu fiz. Coloquei todo dentro da boca enquanto
o encarava.
Eu chupava, lambia e me deliciava com seu pau.
A sacola do sex shop estava em cima da cama. Havíamos deixado por
perto.
Estiquei o meu braço para alcança-la.
Abri um lubrificante com sabor de morango. Despejei um pouco do
líquido em seu pênis e massageie.
Ver Liam naquela situação estava me deixando completamente
molhada.
Usei a boca e pude sentir o sabor de morango.
Eu chupava seu pau com vontade, só parava quando o sentia em
minha garganta.
Liam segurava meu cabelo com força, controlando os movimentos
que eu fazia.
Ele me puxou em sua direção.
— Eu quero algemar você.
Ele levantou e me fez deitar na cama de barriga para cima. Senti o
seu corpo em cima do meu. Liam me beijava enquanto suas mãos deslizavam
pelo meu corpo.
O homem afastou minhas pernas e colocou a mão por dentro de
minha calcinha.
Senti seu toque em meu clitóris.
Ele fazia movimentos circulares e leves.
Cravei minhas unhas em suas costas.
Liam não se prolongou muito. Logo ele se posicionou entre minhas
pernas. Ele tirou minha calcinha, me deixando completamente nua.
Liam foi diretamente para meu clitóris.
Soltei um gemido alto.
Ele usou dois de seus dedos para me penetrar, enquanto ainda usava a
língua.
Eu estava me contorcendo de tesão.
Apertei minhas coxas, deixando-o quase sufocado entre minhas
pernas.
Liam aumentava a velocidade de seus movimentos, me fazendo
gemer cada vez mais alto.
Ele se afastou. Pegou as algemas, que ainda estavam na sacola e
ordenou que eu virasse de bruços.
Liam pegou minhas mãos a as algemou em minhas costas.
Ele colocou um travesseiro embaixo de mim, e me orientou a apoiar
o meu peso em meus joelhos, como se fosse ficar de quatro.
Fiz exatamente o que ele pediu.
Eu estava com a bunda empinada e algemada.
Senti um líquido sendo despejado em minha pele. Liam espalhou o
lubrificante. Também ouvi o que parecia ser um pacote de camisinha sendo
aberto. Eu não conseguia ver, estava totalmente dominada.
Ele me penetrou sem enrolação. Suas mãos seguravam firme meu
quadril.
Liam deu alguns tapas em minha bunda.
— Mais forte — pedi.
Ele estapeou minha bunda ainda mais forte. Sabia que provavelmente
já estava vermelha, mas eu não estava me importando com isso.
Liam aumentava a velocidade das estocadas. Eu conseguia sentir sua
respiração acelerada. Sabia que ele estava prestes a ter um orgasmo.
Ele apertou minha bunda com força e soltou um gemido discreto. Ele
havia chegado a seu ápice.
Liam abriu minhas algemas.
— Agora é sua vez.
Ele pegou o vibrador. Era um modelo ponto G duplo na cor rosa. A
função dele era penetrar e massagear o clitóris ao msmo tempo.
Ele fez sinal para que eu deitasse de barriga para cima novamente.
Liam me chupou em ritmo acelerado, mas não exagerado. Ele
introduziu o vibrador e ligou em velocidade média.
Ele continuava usando a língua e o vibrador, aumentando a
velocidade gradativamente.
Eu me contorcia na cama.
Senti que estava prestes a ter um orgasmo.
Meu corpo estremeceu quando cheguei ao meu ápice.
Liam desligou o vibrador e deitou ao meu lado.
Estávamos ofegantes.
Olhei para ele e me aproximei, deitando em seu peito. Ele me
envolveu em seus braços e me puxou para um beijo rápido. Ficamos deitados
lado a lado, até recuperar totalmente o fôlego.
Capítulo 22
[..]
Eu já estava no quarto de hospital, prestes a ganhar alta. A
recuperação estava muito dolorosa, mas estava saindo tudo conforme o
esperado.
A amamentação estava sendo algo desafiador, exatamente como
havia sido com Peter. Belle havia pego muito bem o peito. Queria mamar o
tempo inteiro. O problema era a dor que eu sentia toda vez que amamentava.
Liam estava comigo no quarto, me ajudando a guardar minhas coisas,
já que teria alta em algumas horas, foi quando recebi uma visita que eu não
estava esperando.
— Mãe? — questionei surpresa.
— Vim conhecer minha neta.
— Eu vou deixar vocês a sós — falou Liam, saindo do quarto.
— Eu não esperava sua visita.
— Acho que exageramos da última vez, não tem necessidade de
ficarmos brigadas.
Isso não era nenhuma novidade para mim. Era sempre assim.
Brigávamos depois voltávamos a nos falar, mas no fim, ela nunca mudava.
Nossa relação era assim.
— A enfermeira deve estar trazendo Belle. Poderá conhecê-la.
— E como foi o parto? Você está bem?
— Precisamos fazer uma cesariana, mas eu estou bem. Agora vamos
para casa.
— Que bom. — Foi tudo que disse.
— O pai esteve aqui. Ficou emocionado quando conheceu Belle.
— Seu pai sempre teve o coração mole.
Não demorou muito para a enfermeira aparecer o bebê nos braços.
— Quer segurar? — perguntei.
— Claro.
Ela pegou Belle com cuidado. Ela estava chorando e agitada.
— Deve estar com fome — comentei.
— Ela é linda! É a sua cara.
Sorri.
A visita de minha mãe foi rápida. Logo ela me devolveu Belle e foi
embora, mas estava tudo bem. Nossa relação havia voltado ao 'normal'.
Liam, que estava no corredor, voltou assim que viu minha mãe sair.
— Então, como foi?
— O de sempre. Está tudo bem.
— Pronta para ir para casa?
— Pronta.
A partir de agora minha vida iria mudar completamente. Eu estava
feliz e animada com isso.
Capítulo 23
[...]
— Tudo bem? — perguntou Liam.
— Sim. Estou bem, na verdade, estou muito empolgada.
Estávamos saindo da clínica. Eu estava com o resultado do exame de
DNA nas mãos.
Entramos no carro.
— Quer abrir agora?
— Prefiro abrir em casa, apesar de saber exatamente o que esse papel
irá dizer.
Liam estava sério. Ele não estava totalmente convencido de que
Aaron era realmente Peter. A única coisa que ele falava era que não queria
que eu tivesse uma decepção.
Apesar do meu nervosismo, eu estava muito confiante.
Liam estacionou o carro em frente à casa.
Ele desceu do carro, porém eu fiquei. Encarei o papel que estava em
minhas mãos.
Liam deu a volta e abriu minha porta.
— Está pronta? — questionou.
— Sim. Vamos.
Ele estendeu a mão.
Saí do carro e caminhamos abraçados até o lado de dentro da casa.
Belle estava na casa de seus pais, Liam achou melhor assim.
Assim que entramos, sentei no sofá. Liam sentou ao meu lado.
Minhas mãos estavam tremendo, na verdade, eu nunca havia as visto
daquele jeito. Minha respiração estava pesada e ofegante. Eu conseguia ouvir
as batidas de meu próprio coração.
Liam segurou em minhas mãos.
Abri o envelope.
Por um instante, não consegui ver nada, tive uma sensação de
desmaio, exatamente como tive na loja, quando o detetive ligou pela primeira
vez.
Foi então que eu li. Era a palavra que esperava há mais de sete anos.
Positivo.
— É meu filho! — sussurrei com a voz trêmula.
Liam instantaneamente abriu um largo sorriso.
Larguei o papel e o abracei.
— Você conseguiu! Você o encontrou.
— Meu Deus! Eu sempre soube que o encontraria.
Um nó se formou em minha garganta, mas dessa vez, eu não segurei
o choro. Deixei que as lágrimas caíssem. Em poucos segundos, eu as senti em
meu pescoço.
— Agora somos uma família completa — disse Liam.
O homem estava emocionado. Vi os seus olhos enchendo de
lágrimas.
— Eu não teria conseguido sem você. Obrigada.
Ele beijou meus lábios. Retribuiu como não fazia há dias. Nessas
últimas semanas só conseguia pensar em Peter, ou melhor, em Aaron.
— Vamos comemorar? Comprei champanhe sem álcool.
— Sério? Eu não vi nada disso — falei, franzindo o cenho.
— Eu pedi para minha mãe. Era uma surpresa.
Liam foi até a cozinha.
O meu choro havia parado e dado lugar ao meu sorriso.
Eu estava aliviada. Finalmente começaria minha vida extremamente
do jeito que sempre quis.
Ele serviu as duas taças.
Ergui a minha, dando início a um brinde.
— A nós e a nossa família — falei.
— Ao meu amor por você, que só aumenta a cada dia que passa.
Bebemos um gole.
Eu me aproximei e trocamos um beijo quente e cheio de desejo.
Eu estava em falta com Liam nesses últimos tempos, devida a toda
essa situação, porém, em nenhum momento ele reclamou, pelo contrário,
ficou ao meu lado o tempo inteiro. Ficou acordado comigo durante minhas
madrugadas de ansiedade, cuidou sozinho de Belle quando eu estava nervosa,
me trazia comida na cama quando eu falava que estava sem fome, mas agora,
teríamos o resto de nossas vidas para aproveitar a companhia um do outro.
Capítulo 25
Hoje era um dos dias mais esperados por mim. Finalmente iria trazer
Aaron para casa. Para ele seria uma adoção, Aaron não sabia que eu era sua
mãe biológica, mas eu iria contar assim que ele chegasse. Ele era um garoto
muito esperto para a idade dele, com certeza iria entender.
Iríamos fazer um almoço para espera-lo. Os pais de Liam estava
conosco. Pensei em convidar meus pais também, mas eles nunca me deram
apoio quando eu falava que procuraria por Peter, então decidi não os
convidar, em outra ocasião eu os apresentariam.
Liam foi buscar Aaron sozinho. Preferi ficar em casa com Belle,
também estava ajudando Martha a terminar o almoço. Eu não queria mais
voltar naquele orfanato, era um lugar triste. Fiquei muito mal nas minhas
visitas anteriores. Só de pensar em todas aquelas crianças lá, abandonadas,
sentia um aperto no peito.
— Está tudo perfeito — elogiei.
— Tenho certeza que ele irá gostar — respondeu Martha.
A mesa estava cheia. Nós já estávamos há um bom tempo preparando
tudo.
Quanto mais o tempo passava, mais ansiosa eu ficava. Olhava para o
relógio de três em três minutos.
— Estão demorando — falei.
— Fique calma, querida. Eles devem estar chegando.
— Talvez eu devesse ter ido junto.
— Você que está ansiosa, na verdade, Liam acabou de sair daqui.
— É que eu esperei tanto por isso.
— Eu sei, e estou ansiosa para conhecer Aaron.
Belle estava conosco na cozinha, dormindo em seu carrinho, porém,
ela acordou e começou a chorar.
Fui até ela e a peguei no colo. Ela estava com fome.
Caminhei até a sala e sentei no sofá para amamentar.
Fiquei com Belle nos braços. Ela acabou adormecendo depois de
mamar. Foi quando ouvi um barulho de carro.
Levantei com cuidado e coloquei Belle de volta no carrinho.
Espiei pela janela e vi o carro de Liam estacionado.
— É ele! — falei para mim mesma.
Abri a porta de entrada e esperei.
Liam sorriu quando me viu. Aaron estava ao seu lado.
Eles vieram até a porta.
— Olá — disse Aaron.
— Olá — respondi, abraçando-o.
Eu queria contar toda a verdade para ele, queria falar que era meu
filho biológico, eu estava muito ansiosa para isso. Decidi que não esperaria
mais. Mesmo a comida já estando toda pronta, podia esperar um pouco mais.
Disse que queria falar com ele a sós.
Subimos até o quarto que eu e Liam tínhamos arrumado para ele.
Eu estava com um certo receio, e se ele não me aceitasse como mãe?
Apesar de um menino muito inteligente, eu não conseguia afastar esse
pensamento de minha mente.
Sentei na cama e fiz sinal para que ele sentasse também.
— Eu tenho uma coisa para contar para você. — Fiz uma pausa,
respirando fundo. — Você sabe que não era filho da senhora que criou você,
não sabe?
— Sim, ela contou.
— Então, na verdade, eu sou sua mãe.
— Eu sei, e Liam vai ser meu pai.
— Não, você não entendeu. Você nasceu daqui — falei, apontando
para minha barriga.
— Sério? — Ele parecia um pouco confuso.
— Sim e quando você era bebê, uma pessoa muito má tirou você de
mim e entregou para aquela senhora que criou você, mas, na verdade, eu
sempre fui sua mãe.
Eu tive certeza que ele estava entendendo tudo com clareza, então ele
se aproximou e me abraçou.
— Eu queria mesmo que você fosse minha mãe.
Meus olhos encheram de lágrimas na hora. Era tudo que eu sempre
quis ouvir.
— Agora nós somos sua família. Você tem uma irmãzinha, ela ainda
é bebê, mas tenho certeza de que se darão muito bem.
— Você está chorando? — perguntou.
— Está tudo bem. É porque eu estou muito feliz que você está aqui.
Vamos comer?
Ele fez sinal positivo com a cabeça.
Sequei as lágrimas e descemos para o almoço.
Era o nosso primeiro almoço em família, e eu não poderia estar mais
feliz.
[...]
Aaron estava conosco há algumas semanas. Ele me chamava de mãe
e Liam de pai.
Liam tratava Belle e Aaron igualmente, para ele, os dois eram seus
filhos.
Iríamos fazer um programa especial: levar Aaron em um jogo de
futebol. Quando nos encontramos, a primeira coisa que ele contou, era que
gostava de futebol.
Martha ficaria com Belle, eu já estava muito mais confiante em sair e
deixar Belle, sabia que ela estava sendo muito bem cuidada.
Liam deu uma camiseta do Frankfurt para Aaron. Ele estava muito
ansioso por esse jogo, estava falando nisso há dias.
O dia estava lindo, era um final de semana de sol e calor, perfeito
para passar um tempo em família.
Quando estávamos próximos ao estádio, já era possível ver a
movimentação.
Lembrei da última vez que havia ido ao estádio, foi quando pedi
Liam em namoro, foi um dia inesquecível para nós, assim como seria o dia de
hoje.
Estacionamos e carro e fomos para a entrada do estádio.
Compramos lanches enquanto estávamos entrando.
Assim que colocamos os pés no estádio, os olhos de Aaron brilharam.
— Nossa, que grande! — falou o garoto, impressionado.
— Sim, é enorme, né? — respondeu Liam.
— Na televisão não parece assim.
Aaron olhava para todos os lados, ele estava encantado.
Sentamos em nossos lugares para aguardar o início do jogo, mas ele
estava muito agitado para sentar. Ficou em pé, olhando para o gramado.
— Vai demorar? — perguntou impaciente.
— Não, eles já devem estar chegando — falei.
Tirei algumas fotos e gravamos alguns vídeos. Eu queria registrar a
primeira vez de Aaron em um estádio.
Não demorou muito para os jogadores aparecerem.
Aaron olhava para o campo com muita atenção. Parecia não acreditar
no que estava acontecendo.
Aaron só ficou calmo no momento em que o jogo iniciou. Ele sentou
em seu lugar e observou a partida.
O jogo está bem diferente do último que assisti com Liam. Eram
chutes a gol, defesas dos dois goleiros, era uma partida que estava fluindo
muito mais.
Aos vinte minutos do primeiro tempo, o juiz marcou uma falta a
favor do Frankfurt. Tinha grandes chances de gol, era praticamente um
pênalti.
Aaron olhou para nós sorridente e levantou de seu lugar.
— Vai ser gol, vai ser gol! — falou empolgado.
E Aaron estava certo. O chute foi forte, como se não houvesse
barreira, bem no canto da goleira, sem defesa para o goleiro.
Aaron foi à loucura, assim como toda a torcida. Ele nos abraçou, riu e
comemorou. Estava feliz como eu nunca havia visto.
Com certeza esse era um dos dias mais marcantes da minha vida.
Capítulo 26
[...]
O dia no parque foi muito divertido e cansativo. A noite já havia
caído quando chegamos em casa. Eu continuava com um sorriso largo no
rosto.
Aaron estava exausto, assim que chegou, foi diretamente para o
banho.
Na hora do jantar, nenhum de nós estava com fome, pois havíamos
comido muito durante e tarde de piquenique.
Aaron logo foi para seu quarto, estava cansado.
Coloquei Belle no berço. Ela já dormia no próprio quarto, que ficava
ao lado do nosso. A observávamos durante a noite por uma babá eletrônica.
Depois de um banho demorado e relaxante, fui para o quarto.
Liam já estava deitado. Estava mexendo no celular, assistindo alguns
vídeos.
Deitei ao lado dele.
Liam desligou o celular.
— Dia agitado, não é mesmo?
— Um dos melhores que já tive. Não acredito que você alugou um
avião.
— Você merece. Fiquei semanas pensando em alguma coisa grande.
Estávamos deitados na cama, um de frente para o outro.
— Eu amei. Foi uma linda surpresa.
Ele colocou uma de suas mãos em meu rosto e acariciou minha
bochecha.
Retribuiu o carinho, me aproximei e o beijei.
Entrelacei nossos corpos. Coloquei uma de minhas pernas em cima
da sua.
Liam apertou minha coxa, deslizando sua mão quase até minha
bunda.
Eu o beijava de forma intensa. Ainda deitados, Liam afastou minhas
pernas e passou a mão na parte de dentro das minhas coxas.
Ele interrompeu nossos beijos e se posicionou entre minhas pernas.
Liam tirou minha calcinha rapidamente. Eu ainda estava de camisola.
Ele afastou minhas penas e começou a me chupar.
A princípio com movimentos leves, mas foi aumentando a velocidade
gradativamente.
Eu pressionava minhas pernas contra Liam. Estava me contorcendo
de tesão.
Quando eu menos esperava, ele me penetrou com dois dedos. Precisei
me controlar para não gemer alto.
Liam sabia que eu estava prestes a ter um orgasmo. E quando
percebeu, ele levantou e pegou uma camisinha que ficava na cômoda ao lado
da cama. A colocou rapidamente e deitou em cima de mim.
Ele passou de leve seu pênis por meu clitóris, me deixando ainda com
mais tesão.
O senti entrar lentamente.
Liam já estava latejando de tesão, então não demorou muito para
aumentar a velocidade.
As estocadas estavam fortes. O ver daquele jeito, com tanto desejo,
me deixava ainda mais perto de chegar ao meu orgasmo.
Nossa respiração estava ofegante.
Cravei as unhas em suas costas no momento em que cheguei ao meu
ápice.
Liam também teve o seu orgasmo logo depois de mim.
Deitamos lado a lado, e como sempre, Liam me puxou para perto.
Adorávamos ficar assim, abraçadinhos e em silêncio depois do sexo.
Eu deitava em seu peito e ficava ouvindo as batidas do seu coração.
— Eu te amo — falou, quase adormecendo.
— Eu também te amo — respondi sonolenta.
Normalmente dormimos assim, sempre nos braços um do outro.
Epílogo
Quase dois anos haviam se passado desde que Mayla confessou tudo.
Finalmente aconteceu o julgamento e ela foi condenada. Passaria boa
parte de sua vida na cadeia.
Eu estava feliz por finalmente ter justiça.
Eu, Liam e as crianças estávamos planejado uma viagem de férias.
Iríamos passar o natal e a virada de ano no Caribe. Estávamos todos muito
animados para conhecer as lindas praias da América Central. Queríamos fugir
um pouco do inverno congelante da Alemanha.
Apesar de eu estar feliz e realizada, uma coisa não saía da minha
cabeça: por que Mayla havia feito isso?
Ele nunca falou o motivo, e eu precisava saber.
Decidi que antes de saímos de férias, eu iria fazer uma visita para ela.
Iria perguntar tudo.
Liam disse que não era uma boa ideia, que eu deveria apenas deixar
para lá, mas eu insisti.
Ele ficou com as crianças. Aaron estava o ajudando a terminar de
arrumar as malas.
Mayla estava em um lugar horrível. Por um momento, pensei em sua
mãe e fiquei com pena da mais velha. Imagina saber que sua filha está em um
lugar como esse? Deve ser uma sensação horrível, mas de Mayla eu não tinha
pena. Ela me fez sofrer durante anos. Ela merecia estar ali.
Fui para uma sala e a esperei.
Quando a vi de longe, ela estava péssima. Não era mais a mesma
garota bonita e animada que costumava ser.
— Anelise! O que faz aqui?
Ela ficou surpresa ao me ver.
— Eu quero saber a verdade. Por que você fez isso Mayla? Você me
viu sofrer durante tanto tempo! Como pôde ser tão cruel?
O olhar dela era de ódio, na verdade, era um olhar que me dava
calafrios.
— Você mereceu o que aconteceu. Eu sequestrei Peter, e sequestraria
novamente se fosse preciso.
— Mas porquê?
— Ainda pergunta? Você roubou o Caleb de mim! — falou com
raiva.
— O que? Você e Caleb nunca tiveram nada.
— Nunca tivemos porque você se jogou para cima dele igual uma
vadia. Mas eu iria conquista-lo. Ele deveria ser meu.
Eu não acreditava no que estava ouvindo. Ela fez tudo isso por
Caleb? Um homem que mal conhecia.
— Nós nos apaixonamos. Você sabia, você acompanhou tudo de
perto.
— Se não fosse você. Ele teria me dado uma chance, eu sei disso.
— Eu não acredito que você fez isso — falei, com a voz trêmula.
— Eu não podia deixar vocês irem morar juntos e formar uma família
feliz. Caleb deveria ser meu marido e Peter o meu filho, mas você tirou isso
de mim.
— Eu não tirei nada! Você é uma louca!
Alterei meu tom de voz.
— E no final, consegui o que queria, vocês terminaram. Eu sei que
ele nunca a perdoou. A culpava pelo sequestro de Peter.
— Mas você também nunca o teve — falei, tentando provoca-la.
Ela ficou nervosa. Não gostou do que ouviu.
— O importante, é que você também não teve o seu amado bebê.
— Estamos juntos agora, todos nós. Formamos uma linda família,
uma que você nunca terá.
— Com Liam! E mais uma vez, você roubou o meu homem de mim.
— Liam nunca amou você.
Mayla ficou sem resposta, pois sabia que era verdade. Ela apenas
olhou para mim, com aquele olhar sombrio.
— Quero voltar para minha cela — gritou, olhando para os lados.
— Sabe Mayla, você merece estar aqui. Você merece passar o resto
de seus dias aqui trancada. Eu não tenho pena nenhuma de você. Agora
preciso ir, vamos fazer uma viagem de natal, todos nós.
Ela cerrou os dentes. Estava com raiva. Se pudesse ela me atacaria ali
mesmo.
Levantei e saí daquele lugar horrível. Eu não pretendia voltar ali,
nunca mais. Agora, só queriam me concentrar em nossa viagem de férias.
[...]
Estávamos em uma praia paradisíaca nas Bahamas. Eu estava
encantada com a beleza natural do lugar.
Belle estava sentada no chão, brincando com a areia ao meu lado.
Liam e Aaron estavam na água. Não muito longe de nós. Eu cuidava
de Belle enquanto os observava.
Por um momento, refleti sobre tudo que havia acontecido comigo
nesses últimos anos. A minha vida mudou completamente.
Eu era uma pessoa feliz e realizada, não havia nada mais que eu
pudesse pedir, passar o resto de minha vida ao lado deles, era mais do que o
suficiente.
FIM