Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Meu dia começou uma loucura. Além de passar mais tempo com
Albert Jackson analisando os últimos investimentos da empresa, ainda tive
que incidir quatro horas em uma reunião desnecessária porque o futuro genro
dele, Richard Watson acreditou que falar sobre a aquisição da Maison &
Maison por quatro horas seria interessante para angariar mais pontos
positivos para sua corrida à presidência da empresa.
Ele não conseguiria.
Além de chato e arrogante, ele não era o melhor profissional. Apenas
teve a sorte da filha de Albert, Melina se interessar pelo seu papo
insuportável. Eu jamais poderia conceber como uma mulher com saúde
mental se interessaria por um cara tão escroto e nojento como Richard.
Porque além de se achar a última bolacha do pacote, era de conhecimento
geral que ele tinha uma peguete em cada andar da empresa. Além de um
grupo em um aplicativo de mensagens, somente para homens, onde ele
postava as fotos das meninas nuas ou os nudes que elas lhe enviavam. É um
grupo bem fechado e restrito, mas como sei disso? Meu estagiário William
Taylor estava doido para entrar para esse tal grupo e acabou me contando
tudo sem perceber a cagada que estava fazendo.
Mas o pior ainda estava por vir: o sogro de Richard e meu chefe,
Albert também fazia parte do grupo seleto de homens nojentos que ficavam
se aproveitando de garotas. Eu estava no meio do covil de homens lixo, mas
não havia outra maneira de chegar ao meu objetivo se não conviver com
alguma parte da escória da humanidade.
— Dorian Maison já deixou claro que não tem interesse em vender a
empresa – eu pontuei.
Richard me fitou daquele jeito de quem quer me matar. Estreitou
aqueles olhos azuis e deve ter me chamado de vadia umas quinhentas vezes,
antes de dizer com sua voz rouca e controlada.
— Tenho uma fonte que me garantiu que desde que descobriu o
câncer, Dorian tem cogitado em vender a empresa – ele assegurou erguendo a
sobrancelha de forma arrogante – se esperarmos mais um pouco, já que o
tratamento não parece evoluir e o homem vai definhar, conseguiremos até um
preço melhor.
Tudo bem. O mundo dos negócios é sujo. Muito sujo. Eu mesma já
fiz coisas que não faria de novo para conseguir fechar uma transação
rentável, mas aquilo era o cúmulo do absurdo. Richard venderia a própria
mãe para ter a presidência, e ele estava jogando baixo, o filho da puta não
merecia. O sujeito havia conseguido o cargo de Chefe de Marketing porque o
pai era amigo de Albert. E ele apenas subiu de função depois de iniciar seu
namoro com a Melina.
Eu não. Comecei como estagiária no primeiro ano da faculdade,
trabalhei em diversos setores, desde de distribuição de encomendas até o
mais alto nível que era o meu: vice-presidente. Era mais de uma década da
minha vida dedicada àquela empresa que comprava outras empresas e as
reerguia. A Jackson Corporation, com sede em Chicago, era uma das
empresas mais influentes do meio. Albert a havia fundado depois de trabalhar
por anos em um concorrente e ele se tornou um ícone do ramo. E eu estava
ali, trabalhando todos os dias sendo o braço direito com dedicação e muito
amor. Eu amava o que fazia, havia paixão em todos os meus atos e Albert
sabia disso, que podia contar comigo dia e noite, a qualquer dia do ano. Não
havia férias, feriados ou folgas que me separasse da empresa.
Eu passava mais tempo dentro daquele prédio, trabalhando em minha
sala do que na minha casa em Gold Coast, com suas ruas são arborizadas e
lindas que ficava diante do Lago Michigan, onde eu podia correr quando
estava em um nível de estresse muito grande. E pode apostar que estresse é
meu sobrenome já que para chegar onde cheguei abri mão de muita coisa,
principalmente de relaxar e curtir a vida.
Curtir a vida não te dá uma casa em um dos melhores bairros de
Chicago, um excelente carro, um cartão de crédito ilimitado e uma conta
bancária estável. E eu fiz a minha escolha, estou muito feliz e logo estarei
onde sempre quis estar: como CEO da empresa. Mas para isso, preciso provar
que sou melhor do que Richard.
Todos na empresa já sabiam que Albert estava para se aposentar e
seus olhos argutos estavam presos em nós dois, Richard e eu, para escolher
quem seria o seu sucessor. Nunca puxei o saco, mas o Richard sim. Não era a
noiva da filha de Albert, o Richard era. Eu não fazia parte do grupo escroto
de macho mal resolvido, mas era extremamente competente, reconhecida no
meu meio como a mata leão, agressiva e não perdia um negócio de forma
alguma.
Mas eu não jogava sujo como o meu adversário que me olhava com
vontade de me matar. As mulheres o achavam bonito por ser loiro, alto e
parecer o David Beckham, mas não adiantava ser tudo isso e não valer nada.
E por saber que aquela aparência de homem simpático e bem-sucedido
escondia um macho escroto, eu não o suportava. E não é mimimi de mulher
competitiva, eu me sentia ofendida de ter que concorrer a um cargo, que
exigia total responsabilidade, com um homem que precisava tirar foto de
mulher pelada e compartilhar com outros, inclusive com o pai da sua noiva
como se isso fosse normal e não um desrespeito total à integridade das
mulheres. Como um cara desse poderia ser CEO de qualquer coisa?
Albert pigarreou e voltamos a atenção para sua figura. Há muito
tempo, ele nunca falava durante as reuniões, portanto, quando o fazia todos se
calavam para ouvi-lo atentamente.
— Vejo que a aquisição da Maison & Maison é importante para nós.
Apesar de estar falindo, Dorian é o único que tem um contrato vitalício com a
maior empresa de software do mundo, a Thornsoft. Eles representam no
mercado, mesmo em estado de falência, mais de cinquenta por centro da
produção – ele olhou para mim por trás de seus óculos na ponta do nariz.
Albert sempre fora careca desde que eu o conheci, quando entrei na
empresa, a única diferença foi que o tempo lhe deu manchas pelo rosto e
cabeça. Era um homem alto e robusto e cuidava da saúde, por isso, decidira
se aposentar e viver bem com a esposa, Miriam. Eu os conhecia e era de
dentro da casa deles, tinha intimidade com a família. Eu tinha todos os
quesitos para ser a próxima CEO, se não fosse por aquele desgraçado ter
entrado na jogada e conquistado Melina, o dodói de Albert. Ele faria qualquer
coisa pela filha, e esse era meu maior medo.
— Quem convencer Dorian a vender a empresa, será o próximo CEO
– ele nos desafiou.
Eu arregalei os olhos, perplexa. O que Albert estava fazendo?
Brincando de esconde-esconde? Achando que um cargo tão importante podia
ser conquistado daquele nojento ridículo? Ele notou minha revolta e apenas
assentiu, como se não me desse outra alternativa. Era revoltante! Anos de
trabalho resumidos em uma disputa idiota? Estava furiosa!
Levantei da mesa e me retirei. Podia sentir o sorriso de satisfação de
Richard enquanto me via sair e bater a porta. O problema não era ter que
convencer Dorian a vender a empresa, eu tinha capacidade para isso. Mas era
ver esse jogo masculino e egos em volta de mim, me afogando como se eu
não valesse nada. Uma corrida presidencial? Fui até a máquina de café e
peguei um expresso para relaxar. Havia largado o cigarro há pouco tempo,
mas sentia falta dele naquele momento. Talvez devesse ligar para a minha
terapeuta, a Eliah. Respirei fundo tomando o café e me aproximando da
enorme parede de vidro para vislumbrar Chicago no fim da tarde. Loop era o
bairro financeiro e político da cidade mais populosa de Illinois, um
emaranhado de prédios cercados pelo Rio Chicago, pelo Lago Michigan e
pela Roosevelt Road, uma das principais ruas de Leste-Oeste da cidade.
Meus olhos recaem de dentro do prédio espelhado de vinte andares
para o rio e solto um longo suspiro.
— Cansada da briga? – A voz de Albert soa às minhas costas.
Olhei para o homem que sempre tive como referência de profissional
e até mesmo paterna, estava tão revoltada que mal conseguia falar. Terminei
meu café e joguei o copo no cesto de lixo, antes de voltar para ele e dizer:
— Vai mesmo me obrigar a lutar com um homem convalescente para
vender a sua empresa? – Eu o questionei.
— Quer ou não quer o cargo, Valery?
— É o que eu mais quero – abracei meu próprio corpo – mas lutei
muito, Albert. E perder para um garoto sem escrúpulos não está na minha
lista de prioridades.
Ele sorriu satisfeito.
— Então mostre a leoa que você é e traga essa conta para mim – ele
apenas disse, virou e saiu.
Fiquei olhando-o sem afastar, tentando entender o que estava fazendo.
Era insano. Eu e Richard tentando nos aproximar de Dorian quando ele
precisava de paz para se tratar. Eu faria muitas coisas para ter a Maison &
Maison. Até subornaria pessoas se fosse necessário, mas o homem estava
doente, por Deus! Ele ia morrer!
Meu olhar encontrou o de Richard do outro lado do corredor. Em seus
olhos haviam aquele deboche nojento de quem já venceu. Ele fez um gesto
obsceno para mim, pegou o dedo do meio e levou na própria boca para
chupar.
— Filho da mãe – murmurei e ele saiu rindo.
Tinha pena de Melina. Como alguém podia gostar de um cara tão
nojento? Fechei os olhos por alguns segundos e me controlei. Já havia
passado por coisas piores: chamada de mal-amada, malcomida, puta,
vagabunda. Para cada cargo que eu subia, havia uma desculpa: ela foi comida
pelo chefe ou deve ser bonita e burra e querem apenas uma modelo para
servir de enfeite no setor.
Havia o Carl Lewis, ele era um dos advogados da empresa e quando
cheguei à vice-presidência, ele perguntou se meu cu ainda tinha pregas
depois de tanto dar para Albert para estar onde estava. Eu sequer respondi
àquela ofensa, apenas eu sabia do que havia aberto mão para estar ali. Duvido
que se fosse um homem no meu lugar, ele teria feito aquela pergunta
machista.
Meu celular tocou e levei um susto. O dia que começara bem havia se
transformado em um pesadelo e eu não estava muito a fim de conversar. Ia
desligar a chamada, mas vi que era do estado de Utah. Ninguém me ligava de
Utah a não ser minha irmã gêmea, Victoria. Atendi esperando que não fosse
nada muito importante, eu não queria ouvi-la reclamar do marido bêbado de
quem ela não tinha coragem de largar pela milionésima vez por causa das
filhas gêmeas Amanda e Cassidy, de treze anos e o pequeno Oliver de sete
anos. Eu já havia até enviado o dinheiro para ela comprar as passagens dela e
dos meus sobrinhos e vir morar em Chicago comigo, mas ao invés disso, ela
deu o dinheiro para o tal do Arnold, para ele pagar as dívidas com traficantes.
Eu e a Victoria éramos as duas faces da mesma moeda. Eu era a
mulher bem-sucedida, ela a porra-louca que decidiu ser feliz e fazer uma
família, e foi ser dona de casa, submissa a um homem sem escrúpulos.
Talvez, ela estivesse apenas repetindo a história da nossa mãe, eu fugi disso,
desse destino que ameaçava nos tragar, fiz terapia, resolvi meu passado e
segui em frente. A Vick ficou presa em Utah, nas dores que a destruíram e ela
não conseguiu se reconstruir, mesmo quando ofereci ajuda.
Era complicado. Não gostava de julgar a minha irmã. Ela sabia o
preço da sua própria felicidade e tentava apoiá-la de alguma forma. Passei até
a pagar uma mesada para ajudá-la, mas eu sabia que aquele canalha sugava
tudo, até mesmo sua juventude. Minha irmã parecia dez anos mais velha e
super acabada. Ela estava cansada a última vez que fizemos vídeo chamada.
Não nos vemos desde o aniversário de cinco anos do Oliver, quando peguei
um voo para Salt Lake City e depois viajei horas de carro até a pequena
cidade Faust Valley onde morei boa parte da minha vida, antes de fugir de
casa.
Desde então, nossas conversas eram apenas por telefone. Minha vida
era muito ocupada e ela se recusava a deixar o tal Arnold para trás e não o
levar até Chicago. E eu me recusava a deixar que ela trouxesse o bêbado
viciado para a minha casa. Talvez eu tenha sido egoísta, mas minha cota de
homens complicados venceu quando nosso pai morreu.
— Senhorita Lincoln? – A voz séria soou do outro lado do telefone.
Ela não precisou dizer mais nada, eu apenas sabia.
O pior havia acontecido.
Arnold chegou em casa muito bêbado e drogado. Victoria trancou os
filhos no quarto e ligou para a polícia. Ela tentava distrair o marido que
cismou que queria levar os pequenos para um passeio. Ela sabia o que
significava, ele ia trocar as crianças por drogas. Eles discutiram, Arnold
avançou contra ela. Victoria lutou com todas as forças para proteger os
filhos, ela esbravejou e não deixou que ele se aproximasse, mesmo quando
seu corpo já não suportava mais as dores que ele lhe infringia. Nem mesmo
quando a faca atravessou seu corpo. Ela lutou e lutou até ouvir as sirenes da
polícia.
Arnold fugiu, mas foi pego em um terreno baldio, tentando se
esconder da polícia.
Victoria levara seis facadas.
As crianças estavam bem apesar de tudo.
Eu fiquei dilacerada e me sentindo culpada por não ter feito nada para
obrigar a minha irmã a sair daquela vida maldita.
Capítulo 2
Eu não sabia dizer se ter deixado aquele homem entrar na minha casa
fora uma boa ideia. Tinha que admitir que as crianças estavam sobre ele
como abelha sobre o mel. Para minha surpresa e se sentindo bem à vontade, o
CEO da tecnologia se sentou no sofá com eles em volta. Caso eu tirasse uma
foto e enviasse para a minha advogada, sequer ela acreditaria nisso.
Porque eu custava a entender o que estava acontecendo e tantas
mudanças bruscas em minha vida: a morte de Victoria, a prisão de Arnold e a
esperança de sua condenação, o encontro com os meus sobrinhos, a vinda
deles para Chicago e tudo o que mudou com isso, e agora a chegada de um
estranho que parecia sempre ter feito parte do cenário. Oliver estava
apaixonado em Ryder e naquele momento estava sentado em sua perna
esquerda contanto para eles sobre dinossauros.
Achei melhor dar um tempo para eles. Ryder era uma novidade, um
tio do qual ouviram falar, mas não conheciam. As palavras de Oliver não
saiam da minha cabeça, que o pai disse que o tio viria no momento certo e o
que Ryder falou sobre minha irmã não deixar que a família de Arnold se
aproximasse dos sobrinhos. Passei tanto tempo longe da minha família que eu
não poderia dizer com certeza se Victoria faria isso ou não. Quando eu fui
embora de casa tinha dezessete anos, Victoria ficou grávida meses depois de
Arnold, e desde então a gente mal se falava, e quando se encontrava havia
tanta coisa para dizer que a gente não sabia por onde começar e nem sempre
falávamos tudo.
Era complicado. Mas ao mesmo tempo não combinava com Victoria
bancar a dominadora, não fazia parte da personalidade. Esse temperamento
era mais meu do que dela. A obcecada por controle foi sempre eu. Mas as
pessoas mudam e surpreendem.
— Quer ajuda, tia? – A voz de Amanda me assustou.
Para falar a verdade eu não sabia sequer o que estava fazendo. Fiquei
parada em frente a pia olhando através da janela como uma boba. Abri a
torneira para disfarçar e lavei as mãos.
— Coloque os pratos na mesa, por favor – pedi.
Ela foi até o armário com sua bota de cano curto ressoando pelo chão.
Enquanto Amanda era toda estilosa, Cassy era mais casual. Eram tão
diferentes como eu e Victoria fomos. Mas eram mais parecidas comigo do
que com minha irmã em personalidade. Era engraçado eu enxergar muito das
minhas manias nelas.
— Como foi que ele te achou? – Ela perguntou enquanto eu tirava a
salada da geladeira.
Com certeza, eu seria a única a comer salada ao invés de pizza.
Encolhi os ombros enquanto destampava as alfaces e começava a
lavar.
— Ele tem seus meios, Mandy – comentei. — Além disso, não estou
escondida no Alaska.
Ela empilhou os pratos sobre o balcão e bufou antes de dizer:
— Não confio nele, porque não procurou a gente antes? – havia um
pouco de revolta em sua voz. — Antes da merda toda acontecer?
Olhei para ela e vi que estava tremendo. Sequer tive coragem de
reprová-la por falar palavrão em casa. Encontrar o tio mexeu com ela, não
apenas comigo ou os outros. Deixei tudo de lado e me aproximei. Ela deu um
passo para trás, Mandy não era sentimental e evitava afeto de qualquer forma.
Não sei se era efeito do que aconteceu ou um grito de desesperado por
carinho e ajuda.
— Eu não tenho a resposta certa, Mandy. Como eu, acredito que ele
também não sabia como as coisas andavam na sua casa – falei com carinho
me recostando no balcão. — Mas ele está aqui e agora e é isso que importa,
querida. Ele é seu tio e quer se aproximar de vocês.
— Essa atitude não vai trazer a minha mãe de volta! – Ela falou
revolta e enxugou a lágrima teimosa.
Dei um passo para ela, louca para consolá-la e ela deu outro para trás.
Então parei de tentar me aproximar com o corpo e decidi tentar com palavras.
— Meu pai era um desgraçado, Mandy. Ele batia na minha mãe todos
os dias. E nos filhos também. Isso destruiu minha família. Meu irmão mais
velho, Cam, sumiu no mundo quando tinha dezesseis anos e nunca mais ouvi
falar dele. Dois anos depois, eu parti sem olhar para trás e então meu pai
morreu num acidente de carro. Eu não fui no enterro. – contei e ela arregalou
os olhos enquanto eu cruzava os braços. — Minha mãe me culpava pela
morte dele, porque segundo ela, ele estava me procurando quando tudo
aconteceu. Mas eu sei que é mentira, ele deveria estar atrás de drogas e
mulheres. Nossas histórias são parecidas, mas a grande diferença querida é
que enfrentei tudo sozinha, e você tem a chance de ter a mim e agora ao seu
tio para te ajudar a não ter que passar por isso dentro de um orfanato.
— Ah, tia, eu não sabia...
— Tenho certeza que sua mãe nunca contou – falei séria. — Sei que
está sofrendo, eu também sofri como você..., mas não reclame quando tem
gente querendo te ajudar, querida. Eu daria tudo para ter alguém para me
abraçar quando tudo ficou difícil e tive que me virar sozinha.
Ela me abraçou e respirei aliviada por ter conseguido tocar seu
coração depois de tantas semanas. Não estava ali para transformar a vida de
ninguém um inferno, nem a minha vida ou a de Ryder. Muito menos dos
meus sobrinhos. Caso ele estivesse realmente ali para somar e ajudá-los, seria
bem-vindo. Era o mínimo que eu podia fazer e era o que gostaria que alguém
tivesse feito por mim. Não era utopia. Era amor e essas coisas a gente não
acha para vender em uma loja, apenas no coração. Ela se afastou de mim e
forçou um sorriso antes de dizer:
— Vou levar os pratos para a mesa – avisou e foi.
Capítulo 6
Há tanta coisa que quero dizer e fazer que fico um pouco perdida
quando meu filho me liga e avisa que eu embarcaria naquela madrugada para
Chicago para ajudar a cuidar dos meus netos. Eu vi as gêmeas uma única vez
quando estive na casa de meu filho Arnold e sua esposa Victoria há treze
anos. Depois disso, meu filho me pediu que não voltasse mais por que sua
esposa se sentiu invadida quando limpei a casa para ela enquanto ela se
recuperava da cesariana que teve que fazer de última hora por causa de
complicações do parto.
A casa estava um caos, suja, havia bebida e comida espalhados por
toda a parte. A única coisa que fiz foi jogar tudo fora, lavar a cozinha, colocar
as vasilhas na lavadora velha, ajeitar as coisas. Sai para comprar comida,
afinal, minha nora precisaria se alimentar bem para amamentar as meninas,
comprei fraldas e roupas para os bebês que não tinham quase nada. E Bradley
me ajudou. Ficamos apenas três dias, Arnold pediu que partíssemos pois
estávamos ofendendo a mulher dele com tanto zelo.
Fiquei estarrecida com o excesso de orgulho de minha nora, e não me
segurei para dizer umas verdades. Admito que eu e Victoria discutimos e
depois meu filho pediu que não voltássemos ali.
Eu me controlei para não tirar as crianças das mãos daqueles dois
viciados. Mas me segurei, crianças pequenas dão trabalho e eu não estava
mais na idade de ser mãe, e avó apenas curtem os netos, não criam.
Victoria sequer me recebeu no quarto para que eu pudesse me
despedir. Ela mandou o marido dizer adeus. Era uma tola, precisava de ajuda
e não queria aceitar. Pobre e orgulhosa era o pior tipo de gente. Meu filho
estava desempregado, e era um viciado. E havia se casado com uma viciada
presunçosa..
Contudo, depois do nascimento das meninas, Victoria ficou limpa,
como Arnold me contou. Depois de dois meses se recuperando da cirurgia,
ela colocou as meninas na creche e conseguiu um emprego. Mas Arnold?
Infelizmente, meu filho caçula perdeu-se nas drogas. E não apenas heroína,
ele gostava de beber até cair e foi o seu fim, mesmo depois de várias
internações.
Victoria não queria que eu ou Bradley nos metêssemos em sua vida,
mas foi o dinheiro da minha família que a salvou muitas vezes de passar
fome nos momentos em que ficou desempregada por que Arnold ia drogado
até o seu trabalho e dava escândalos ou tinha ataques de ciúme sem motivo
algum. Uma única vez, liguei para ela, ofereci dinheiro para ela deixar
Arnold, para que ela pudesse cuidar das meninas e do pequeno Oliver longe
da loucura de meu filho. Mas ela gritou comigo e se ofendeu e disse que
ficaria com ele até a morte e não seria o meu dinheiro que iria separá-los.
Victoria era tão doente quanto meu filho. E tudo terminou de forma
trágica.
Fiz o que pude e sei que ela se ofendeu muitas vezes, mas eu conhecia
meu filho e sabia que ele nunca mudaria. Arnold sempre foi irresponsável,
desde pequeno, nunca respeitou a mim ou ao pai dele, nos agredia não apenas
com palavras, mas também chegou a bater uma vez no pai dele antes sair de
casa. Durante muito tempo me senti culpada por ele ser do jeito que era, me
perguntava onde havia errado, mas compreendi que demos a mesma
educação que demos a Bradley, e Arnold tinha todas as chances de ser feliz
como o irmão era. Mas ele queria vida fácil e meu marido não deu, então ele
se rebelou.
E agora estava prestes a entrar para o corredor da morte.
Meu coração de mãe se dilacerava, chorei desde o primeiro momento
em que soube da notícia. Mas não estava surpresa. E me convenci que devia
me dedicar a me aproximar dos meus netos. Bradley me pediu paciência e
conseguiu convencer a senhorita Lincoln de que eu poderia ser útil. Ainda
não sabia como, mas meu filho deixou claro que vias judiciais não era uma
opção.
Mas esses não eram os meus planos. Fingi acatar o pedido dele,
apenas para me aproximar da senhorita Lincoln. Algo me dizia que Valery
era como a irmã. Ela até podia ser vice-presidente de uma empresa, mas
estava em seu sangue a falta de caráter e educação. Uma porra louca de uma
orgulhosa, apostava que era. Porquê dessa vez eu estava disposta a tudo para
assegurar a segurança dos meus netos.
Eu e Daisy descemos no aeroporto de Chicago e um carro nos
aguardava. Daisy ajudou a criar meus filhos e era mais uma amiga do que a
governanta. Há muito tempo, ela apenas me ajudava a auxiliar os empregados
e me acompanhava em todas as minha viagens e atividades. Ela merecia por
ter me ajudado tanto.
Até mesmo ela me causava ciúme, quando Bradley a procurava para
conversar e não a mim. Mas não podia culpá-lo, Daisy o viu crescer enquanto
eu me mantinha firme em minha carreira como modelo e depois dona de uma
das agências de modelos mais importantes do mundo.
— Como acha que ela deve ser? – perguntei ansiosa enquanto o carro
deslizava pelas ruas de Chicago.
— Brad disse que ela e Victoria são irmãs gêmeas – ela comentou.
— É verdade, ele disse. Apenas espero que ela não seja tão orgulhosa
quanto a irmã foi – lamentei.
— Não vá ficar na defensiva – ela me aconselhou. — Dê sempre a
moça o benefício da dúvida. Sei que está magoada com tudo o que houve
com Arnold, mas Valery Lincoln não é Victoria.
Eu olhei para a mulher de cabelos grisalhos e sorriso bondoso a figura
perfeita da avó enquanto eu permanecia com meu porte impecável e elegante,
a Vogue me elegeu ano passado como uma das mulheres mais bem-sucedidas
e elegantes do mundo. Chegamos a casa em lugar respeitável e já me senti
aliviada por ser em um lugar bem localizado. Eu e Daisy batemos à porta e
uma linda jovem com aparência de executiva nos atendeu.
Ela olhou para mim e para Daisy e sorriu.
— Você deve ser Valery Lincoln – estendi a mão. — Sou Tereza
Ryder e essa é Daisy Robertson.
— Como vai? – Ela apertou minha mão e depois a mão de Daisy. —
Vamos entrar...
A casa era requintada. As crianças estavam sentadas no sofá e se
ergueram quando entramos. Para minha surpresa, o pequeno Oliver saiu
correndo e abraçou Daisy pela cintura.
— Estou tão feliz em conhecer você, vovó – ele falou com carinho.
Notei que tanto Daisy quanto Valery ficaram constrangidas.
— Queridos, essas são a vovó Tereza – ela me mostrou —, e esta é a
tia Daisy.
Oliver franziu o cenho e olhou para Tereza, revoltado.
— Você não parece uma avó – ele assegurou.
Daisy riu e Valery também. Pelo visto a única a ficar com o orgulho
ferido era eu.
— Sou uma vovó da moda – tentei consertar. — E estou muito feliz
de ver vocês.
— Eu sou a Amanda – Mandy se aproximou de mim com um largo
sorriso. — E eu adoro moda.
Gostei de ouvir aquilo. Era um bom sinal no caso de eu querer que as
crianças morassem comigo.
— E eu sou a Cassidy – a outra garota se apresentou.
— A última vez que as vi, vocês eram bebês – eu comentei.
— E por que não foi visitar a gente antes? – Amanda me questionou.
— Mandy! – Valery a reprovou.
— Oh, imagine! Não tem problema – eu garanti e me voltei para a
garota que tinha um futuro promissor no mundo da moda. Ela era como eu,
podia notar no brilho dos seus olhos que era diferente da mãe dela e queria
mais que uma vida no interior de Utah, isso era um bom sinal. — Não fui
porque sua mãe não deixou...
— Minha mãe não deixou? – Amanda perguntou chocada.
— Não – Tereza fez que não. — Sua mãe sabia ser uma megera
quando queria...
— Senhora Ryder, nós poderíamos conversar um instante? – Valery
perguntou.
— Claro – concordei.
— Daisy vai ficar com vocês enquanto falo com a vovó na cozinha –
Valery avisou e depois me indicou o caminho.
— Sua casa é muito agradável – eu elogiei me voltando para ela. —
Noto que usou uma decoradora para a compra e disposição dos móveis.
— Sim, obrigada – ela agradeceu e ficou séria. — Eu tive um
problema com a babá e por isso seu filho ofereceu uma ajuda.
— Ele me falou – fiquei contente por estarmos tendo aquela conversa.
— Fico feliz que queiram se aproximar das crianças, senhora Ryder.
— Pode me chamar apenas de Tereza – avisei.
— Tereza – ela repetiu meu nome. — Como eu estava dizendo, estou
realmente satisfeita que estejam se aproximando deles, ainda mais nesse
momento difícil. Eles precisam de todo amor e apoio, mas vou lhe pedir que
não fale sobre os problemas que teve com minha irmã ou com o seu filho, por
favor.
Fui pega de surpresa por sua colocação.
— O que você quer dizer?
— Que para ficar próxima a eles, não quero que fale coisas negativas
sobre Arnold ou Victoria – ela pontuou. — Já basta o que estão sofrendo, eles
não precisam de mais argumentos complicados para ter que lidar que digam
respeito aos pais.
Ergui uma sobrancelha e cruzei os braços:
— Mentir para eles não vai torná-los seres humanos melhores –
afirmei categórica. — Ou apagar os erros do passado.
— Enchê-los com problemas de adultos não vai ajudá-los a enfrentar
os problemas – ela respondeu. — Ou é isso ou vou ter que pedir que se retire.
Fiquei chocada com sua falta de educação em me mandar embora.
Tive vontade de pegar minhas coisas e partir para resolver tudo na justiça.
Mas me lembrei que havia outra forma de destruir um inimigo muito além
das palavras.
— Está bem – eu concordei.
— Ótimo – ela forçou um sorriso. — Acredito que dessa forma,
vamos nos dar muito bem. Eu preciso ir, tenho uma reunião agora cedo.
Eu a segui pela casa. Ela pegou o casaco e a valise, deu um beijo em
cada uma das crianças.
— Comportem-se, por favor. – ela pediu.
— Claro que eles vão se comportar, estão comigo – eu avisei dando
minha cartada final.
Ela pareceu segurar um riso e tal atitude me irritou profundamente.
Quem ela pensava que era para duvidar da minha capacidade de controlar
meus próprios netos?
— Está bem – Valery concordou e se foi.
— Bem – eu me voltei para eles —, o que querem fazer enquanto
Daisy vai prepara um delicioso café da manhã para todos nós?
Eles começaram a falar todos juntos. Quando dei por mim, eles
caminhavam em minha direção e arregalei os olhos antes de cair sentada no
sofá. Eu tentava falar, mas eles não deixavam. Daisy não se compadeceu da
minha dor e foi para a cozinha, enquanto eles falavam daquela forma sem me
deixar abrir a boca.
— Chega! – Eu em alterei e eles pararam. — Por que não falam um
de cada vez? Assim podemos entrar em um consenso.
— Eu falo primeiro! – Amanda gritou.
— Eu falo! – Cassidy a empurrou.
— Eu que vou falar! – Oliver empurrou as duas e segundos depois,
eles estavam brigando de novo.
E quanto mais eu tentava acalmá-los, mais eles gritavam. Por fim, eu
desisti e os deixei brigarem enquanto fui mudar o canal da TV. Oliver tirou o
controle da minha mão.
— Nós vamos assistir desenho – ele correu para o sofá e mudou de
canal.
— Eu quero o canal de moda! – Amanda arrancou o controle da mão
dele.
— Eu que quero...
E mais uma vez começaram a brigar. Tentei pedir que se acalmassem,
mas parecia impossível. Daisy surgiu na sala um tempo depois, vendo minha
expressão severa de uma mulher de negócios que não conseguia controlar três
crianças que brigavam por causa de tudo. Absolutamente tudo. Eles não
conseguiam conversar entre si sem gritar um com o outro. Era terrível.
— O café da manhã está pronto... – ela avisou e eles saíram correram
na frente.
E também brigaram por causa de lugar para sentar e para meu
desespero escolheram o lugar que eu deveria me sentar. E também o de
Daisy. Foi o momento de paz naquela última hora desde que eu havia
chegado. Eles comeram em silêncio sem dar um pio.
— Com licença, eu vou fazer minha live – Amanda disse saindo da
mesa.
— Eu vou ler o livro – Cassy levantou correndo.
— Vou assistir meu desenho, vovó – Oliver disse meigo e saiu da
sala.
— Céus! Eles não têm educação! – reclamei para Daisy. — A mãe
não lhes deu educação e a tia parece também ser muito relapsa!
— Ela avisou que não seria fácil – Daisy me advertiu. — Esqueceu
que nenhuma babá parou aqui?
— Eles não têm que ser educados por babás e sim por mim! – bati a
mão contra o meu peito. — Vou ligar para Ryder imediatamente e dizer a ele
que quero a guarda dessas crianças!
Tudo o que vi foi a desculpa perfeita que eu precisava para colocar
meu plano em prática. Contudo, tentei me levantar da cadeira e não consegui.
Fiz força novamente e não me ergui. Olhei para mim e notei que eu estava
colada à cadeira. Daisy tentou se erguer, mas também estava colada.
— Eles nos colaram na cadeira! – Eu entrei em pânico desesperada
enquanto Daisy começou a rir.
Definitivamente, essas crianças não tinha um pingo de educação.
Colaram a própria avó na cadeira! Monstrinhos!
Capítulo 9
Bradley tinha uma reunião naquela tarde. Mas ele não foi, ligou e
mandou sua secretária anotar tudo, ele resolveria mais tarde. E como dois
adolescentes, passamos a tarde transando. Nunca conheci um homem que
fizesse um sexo oral tão perfeito, Bradley me chupava com vontade, com
paixão.
Adorava a sensação de segurar os cabelos dele entre as mãos. Sua
boca subindo e descendo, a língua macia contra o meu clitóris. Eu poderia
passar a vida toda vivendo aquela paixão que não me cansaria. Era um
prêmio depois daquela demissão. Quando mais jovem, eu não tive tempo para
esses momentos, estava preocupada em estudar e ser alguém na vida, provar
que podia ser diferente do que os meu pais foram.
Deixei que ele me chupasse, que enfiasse seus dedos mágicos na
minha boceta e os movesse freneticamente até que eu gritasse de prazer. Eu o
chupei, lambi seu corpo escultural, me agarrei a ele enquanto rebolava em
cima do seu pau e por fim estávamos exaustos. Tomamos um banho e fomos
buscar as crianças na escola. No caminho, eu contei a ele como foi a
demissão e ele me falou do excesso de trabalho.
— Talvez eu precise ir a Moscou – ele falou sério. — Estou evitando
ao máximo, mas se eu for posso me ausentar por mais de um mês.
A ideia de ficar longe dele me incomodou e naquele momento, a
família toda não poderia acompanha-lo. Eu estava na fase de transição saindo
de um emprego e em busca de outro e as crianças estavam na escola. Além
disso era em média quinze horas de viagem dependendo do clima do país por
onde passasse. Era uma viagem longa e cansativa para se fazer toda semana,
um dia de viagem praticamente.
— Vamos sentir sua falta – foi tudo o que eu consegui dizer.
Eu entendi a necessidades do trabalho dele e não bancaria a
apaixonada tola ciumenta e insegura. Não tinha medo do que ele faria longe
de mim, não era isso. Eu sentia muito pela falta que ele faria. Bradley era
meu marido, um bom pai para as crianças, delicioso amante e companheiro.
Sem ele aquela casa ficaria vazia.
— Poderíamos fazer acontecer: eu, você e as crianças – ele propôs. —
Uma viagem de férias, vocês conheceriam a Rússia.
Ele estava apenas tentando ser gentil. Com as crianças na escola seria
impossível a gente viajar dessa forma, mas eu preferi não estragar o clima
gostoso que estava sendo aquela tarde entre a gente.
— Daremos um jeito. – E forcei um sorriso.
Mas a ideia de nos separarmos, de repente, não agradava a nenhum de
nós.
Pegamos as crianças na escola e fomos para casa. Bradley não tocou
mais no assunto sobre a Rússia e acreditei que por enquanto não havia
qualquer possibilidade de fazermos essa viagem.
E como o dia anterior à noite foi agitada e mesmo durante a
madrugada não tivemos paz. Sempre um deles vinha ao quarto porque sentia
medo ou queria conversar. Minha vida sexual se resumiu a deliciosas
trepadas depois de levarmos as crianças na escola. Às vezes, até na porta de
casa dentro do carro, porque Bradley tinha uma reunião importante para fazer
em videoconferência no escritório de Chicago.
Tirei a semana para cuidar de mim, visitar Lauren e colocar a fofoca
em dia. Fiz um jantar para ela conhecer Bradley e para minha felicidade, eles
se deram bem. Aproveitei o tempo livre e fui atrás de um investigador
particular para contratá-lo para achar meu irmão Cam. Não nos falávamos há
tanto tempo, eu não sabia se estava vivo ou morto e aquela necessidade de
saber como ele estava surgiu. Talvez pela perda prematura de Victoria, eu
estivesse mais emotiva.
A mudança de estação do verão para o outono chegou devagar, eu
apenas a reconheci em uma manhã quando sai para correr e senti o vento frio
contra o rosto enquanto ouvia música e procurava uma forma de gastar
energia. Embora a noite com Bradley tivesse sido quente. Eu acordei com a
mão dele no meu seio, não sei se foi intencional, mas foi o suficiente para
despertar minha libido e eu esfregar minha bunda naquele pau até que ficasse
duro como uma vara e então edredom voasse para um lado, pijamas para o
outro.
Eu sentia arrepios pelo corpo apenas por me lembrar do que aquela
boca e língua tão masculinos eram capazes de fazer no meu corpo. Sentir o
pau de Bradley invadindo a minha boceta molhada era delicioso e parecia que
a sensação não abandonava meu corpo mesmo depois de horas passadas
longe dele. Estava ficando insaciável por causa desse homem.
Quando voltei para casa, ele estava na cozinha com as crianças e
Alicia tomando café da manhã. Estava saindo do closet depois de um banho
rápido quando o encontrei entrando no quarto.
— Minha secretária ligou, Dorian pode nos ver agora – ele avisou se
aproximando de mim.
— Agora?
— Sim, ele vai nos receber...
Meu coração bateu mais rápido. Era a chance que eu estava esperando
de dar a volta por cima. Seria uma jogada arrojada, mas eu precisava tentar.
Sequer havia comentado com Bradley sobre o assunto, não queria criar
expectativas ou me frustrar antes de falar com o próprio Dorian. A única
coisa que eu sabia era que precisava tentar.
— Vou me vestir – sorri e voltei correndo para o closet.
Uma hora depois, Bradley parava o carro diante da mansão que
parecia um castelo medieval construída aos arredores de Chicago. Era linda,
com as paredes de pedra e o jardim tão bem cuidado que me vi dentro de um
dos livros da Jane Austen. Se a porta se abrisse e saísse um homem com
vestimentas do século dezenove, eu não estranharia.
Mas foi o filho de Dorian que nos atendeu, George Maison. Ele e
Bradley eram amigos como eu imaginava. George era alto e loiro, os olhos
verdes estavam curiosos para saber o que tanto eu queria falar com o pai dele
que estava convalescente.
— Eu tenho uma proposta para fazer para o seu pai sobre a empresa –
eu contei a ele.
— Espero que não seja para vender para Albert Jackson. Quando
Richard Watson esteve aqui já não tínhamos interesse.
— Não – eu o cortei. — Não trabalho mais para eles – respondi firme.
— Não vou tomar muito tempo do seu pai, prometo. É algo que pode
interessar muito a ele.
George assentiu.
— Não quero ser indelicado, Valery, mas a situação do meu pai é bem
frágil. Portanto, seja breve, por favor.
— Sim – eu concordei.
Não queria me aproveitar do estado de saúde delicado de Dorian. Eu
apenas tinha uma oferta a lhe fazer. Não era a oportunidade da minha vida,
tinha certeza disso, mas seria algo arrojado e que eu me sentia preparada para
fazer. George nos levou até o quarto no segundo andar. Havia aparelhos
ligados ao patriarca da família e ele usava um respirador. Estava bem
convalescente e frágil, e quando o vi fiquei receosa de seguir em frente. Mas
uma vez estando ali, não retrocederia.
O não eu já possuía. Talvez fosse a oportunidade de um promissor
sim.
Meu coração batia descompassado quando George se aproximou da
cama e avisou o pai que estávamos ali. Ele estava apenas recostado nos
travesseiros e parecia cochilar e abriu os olhos fixando em nós de forma
arguta. Eu o conhecia de vista, nunca havíamos nos falado, apenas sido
apresentados em uma festa quando me tornei vice-presidente da Jackson
Corporation. Depois, raramente nos encontramos e então ele ficou doente e se
afastou totalmente da vida social e então sua empresa declinou drasticamente.
George não trabalhava com o pai. Tinha sua própria empresa de
softwares e Dorian não tinha quem o auxiliasse da maneira correta. E quem o
fazia, aproveitou-se da situação para roubar a empresa ou simplesmente
descuidou-se de tudo. A primeira possibilidade era o mais provável.
Dorian fez sinal para que nos aproximássemos.
— E o velho ainda vive – Bradley brincou com ele.
— Veja como fala comigo, rapaz – ele apontou o dedo indicador —,
aposto que venço você em uma briga de braço.
Eles riram.
— Vejo que trouxe uma joia para mim – ele me fitou. — Como vai
senhorita Lincoln?
— Agora senhora Ryder – Bradley deu a notícia. — Eu e Valery nos
casamos há algumas semanas.
— Deveria ter imaginado que você não se instalaria em Chicago por
causa do clima – Dorian brincou e riu tossindo em seguida.
George se aproximou preocupado, mas Dorian fez sinal para ele que
estava tudo bem.
— George me disse que quer conversar comigo, senhora Ryder.
— Pode me chamar de Valery, por favor – eu pedi.
— Valery – ele concordou. — O que quer tratar? Espero que não seja
a favor daquele verme do Albert Jackson.
— Não – eu fiz que não —, eu não trabalho mais para eles. Estou aqui
para fazer uma proposta minha.
Ele se mostrou surpreso.
— Nós vamos deixar vocês dois conversando – George avisou —, o
que acha de tomarmos um uísque, Brad?
— Perfeito – meu marido concordou e piscou para mim antes de sair.
— Puxe a cadeira, minha jovem – Dorian mandou.
Eu peguei a cadeira em frente a escrivaninha, coloquei ao lado da
cama, e me sentei. Meu corpo inteiro tremeu em expectativa e ansiedade.
— Me diga – ele pediu —, o que uma jovem tão linda e inteligente
pode querer de um velho falido e doente como eu.
Respirei fundo e tomei coragem para dizer.
— Sei que suas empresas andam mal das pernas e o senhor pediu
concordata, mas eu gostaria de tentar reergue-la – propus.
Ele se mostrou muito surpreso.
— Mesmo? – franziu o cenho enrugado. — E por que gostaria de
fazê-lo? Garanto que na minha atual condição não tenho qualquer vontade de
recomeçar...
— Mas eu tenho. E acredito no potencial da sua empresa e no forte
nome que ela carrega. Estive analisando o declínio e acredito que ocorreu por
fraude e má administração. Eu teria que analisar os papeis de forma mais
profunda se me permitisse, mas eu tenho um dinheiro reserva que estava
guardando para algum caso especial e acredito que seja o momento. Quero
investir o capital que tenho em sua empresa, senhor Maison. Gostaria de
saber se a proposta lhe convém?
Meia hora depois eu descia as escadas para encontrar Bradley
conversando com George na varanda. Quando me viu, ele sorriu.
— E como foi? – Ele perguntou na frente de George.
Eu olhei de um para o outro e encolhi os ombros:
— Bem, ele vai pensar na minha proposta – sorri satisfeita e encarei
George —, vou enviar os documentos de análise que fiz sobre a empresa de
seu pai. Ele vai mandar para os advogados para analisarem.
— Fico contente que ele tenha pensado sobre assunto. Meu pai
precisa de algo para se distrair que não seja a doença...
Um comentário um tanto contraditório baseado nas primeiras palavras
do próprio George quando cheguei ali. E temia dizer que saberem que eu
havia me casado com Bradley influenciou a decisão deles em me ouvir. Era
um veneno para o meu ego, mas por outro lado, era uma maneira de chegar
onde eu queria e não reclamaria disso. Estar casada com Brad tinha dessas
vantagens nada lisonjeiras para uma mulher orgulhosa como eu e que sempre
conquistou tudo sozinha.
Mas eu sabia como funcionava o universo masculino e, infelizmente,
levaria anos para mudarem a concepção de que uma mulher precisava de um
homem ao seu lado para ser alguém.
Nós logo partimos e eu estava quieta e pensativa quando Brad parou o
carro no acostamento.
— O que foi? – Eu perguntei preocupada.
Ele desafivelou o cinto e o meu também.
— É que me deu um tesão vê-la tomando decisões – ele explicou me
puxando contra ele.
— Brad... – eu tive vontade de rir.
Tudo era desculpa para fazermos sexo.
— A estrada é deserta e podemos aproveitar esses minutos juntos.
Nós sabemos que quando chegarmos em casa, não vamos conseguir...
Ele conseguiu roubar uma risada minha.
— O que a incomoda? – Ele ficou sério de repente. — Desde que
saímos da casa de Dorian você está séria.
Achei melhor ser sincera.
— Sinto que Dorian aceitou a proposta porque você falou que
estamos casados e ele confia em você – contei decepcionada.
— Não deveria ficar chateada com isso – ele argumentou olhando nos
meus olhos. — Não é porque sou homem, mas porque sou amigo da família,
por isso, confiam em mim e darão uma chance para você.
Vendo sob aquele ponto de vista parecia mais fácil de aceitar a
decisão de Maison.
— Sei que conviveu com homens escrotos como Jackson e Watson,
mas nem todo mundo é como eles. Dorian não vai tomar a decisão baseado
em mim ou se você é mulher, mas na sua proposta, tenho certeza.
— Você faz o mundo parecer mais leve – admiti.
Ele sorriu.
— Que bom – ele acariciou meu rosto. — Estou aqui para o que der e
vier, Valery. Saiba disso, sempre.
Eu assenti e o beijei de repente. Aquele lado dele de sempre me
colocar para cima me dava um tesão danado e em poucos segundos, eu abri
suas calças e comecei a chupá-lo. Ele ficou surpreso com a minha atitude,
mas não parei até que ele gozou. Pensei que ele ligaria o carro e partiria em
seguida, mas ao invés disso, ele enfiou a mão dentro da minha calça e
começou a me masturbar.
Deixei. Precisava relaxar depois de horas tensa até encontrar Dorian.
Eu me recostei na porta do carro e abaixei a calça e a calcinha até os joelhos,
para que ele enfiasse os dedos na minha boceta. Segurei seus cabelos e
abaixei sua cabeça e então os dedos trabalhavam na boceta e a língua no meu
clitóris. Como eu adorava fazer, apertei sua cara contra mim, o escutei gemer
afogado na minha umidade e então gozei dizendo seu nome.
Bradley sempre tinha razão, nada que gozar gostoso para se sentir
viva. Eu adorava.
Capítulo 35
Minha vida sempre foi como um trem descarrilhado. Sempre fui uma
pessoa agitada, desde criança. Não tinha parada, Daysi dizia. E nunca soube
lidar com a frustração. Agia como queria e não aceitava regras. Eu criei as
minhas próprias. Passei a vida acreditando que sempre faltava alguma coisa,
que eu era o injustiçado, o coitado, o mal compreendido. Sentia inveja do
meu irmão Bradley. Ele era o mais inteligente, o mais querido pelo meu pai,
o que sempre se dava bem em tudo.
E o que eu era?
Passei a vida toda acreditando que eu era o cara. Mesmo quando
mentia, roubava para sustentar meu vício, justificava minhas derrotas por
causa do meu pai. O velho me deserdou quando descobriu que eu o estava
roubando. Ele me tirou do testamento. Lembro que no dia da briga, nós
brigamos feio e eu bati nele. Tanto que o deixei desacordado. Eu estava fora
de mim e não estava drogado ou bêbado. Eu bati pelo simples desejo de
bater, de descontar minha frustração, de gritar com ele e de matá-lo.
E eu apenas não matei porque Brad apareceu, me impediu e me
colocou para fora. Odiei meu irmão, acreditei que ele estava do lado do meu
pai porque queria a herança somente para ele. Eu tinha dezessete anos,
merda. O que eu sabia sobre a vida a não ser que ela girava em torno do meu
umbigo? Jurei me vingar deles um dia.
Tentei falar com a minha mãe, mas ela me deu algum dinheiro e me
mandou sumir. Tereze Ryder não tinha tempo para o filho, ela tinha a própria
vida e estava se casando pela segunda vez depois de se divorciar do meu pai.
Um casamento nada convencional. Nunca entendi porque eles se casaram,
eles sequer se gostavam, ela possuía vários amantes e ele também. Enfim, era
tudo uma grande merda.
Viajei o país e fui parar em Faust Valley e conheci Victoria. Que
garota! Eu me apaixonei por ela perdidamente. Era tudo para mim. Propus
que viajássemos pelo mundo como dois hippies, fumando nossa maconha,
lendo livros, vivendo de bicos. O que mais a gente poderia querer?
E então, ela engravidou. E as gêmeas vieram. Naquele ano ela perdeu
o pai. A irmã e o irmão mais velho tinham dado no pé e a mãe era uma vadia.
Então fomos morar juntos. Pedi ajuda para a minha mãe e ela achou que
podia interferir e apareceu em Faust Valley com Bradley. Meu irmão nem
ligava, mas minha mãe tentou comprar Victoria.
Ofereceu dinheiro para que ela entregasse as meninas e ela me levaria
embora. Minha esposa a colocou para fora aos berros depois de uma
discussão feia. E Victoria nunca mais quis saber da minha família. Eu odiava
as meninas, elas faziam com que eu me sentisse frustrado e preso. Caso não
fossem elas, eu e Vick teríamos viajado pelo mundo.
Vick ficou careta com as drogas, mas nunca consegui parar. Uma vez
até tentei, mas quando voltei da clínica de reabilitação, caí nas drogas de
novo. Minha esposa teve algumas recaídas por minha causa, mas a maioria
das vezes, estava sóbria. Daí veio Oliver, meu garoto, minha vida e meu
amor. Acredito que foi o único ser que amei de verdade. Não sei dizer se era
amor ou posse...
Mas minha vida era uma merda e todo dinheiro que minha mãe
mandava, eu gastava com drogas. Não conseguia um emprego decente e tinha
certeza que Victoria me traia em todo emprego que arranjava.
Numa noite chuvosa, eu precisava de dinheiro para comprar heroína,
mas não tinha nada. Eu já tinha vendido o que dava. Na minha abstinência,
decidi trocar minhas filhas por drogas, daria uma quantia boa, talvez para um
mês. E Victoria não deixou. Ela me fez sentir frustrado. Foi seu erro.
E eu a matei.
Matei minha Vick.
Fui preso. Das outras vezes, minha mãe me ajudava a sair. Ela me
dizia que meu maior erro foi ter me casado com Vick.
— Essa garota destruiu sua vida – ela dizia.
Mas naqueles meses que passei preso, sabendo que seria condenado à
morte por ser réu confesso, tive tempo para pensar. Eu não me arrependi do
que fiz, mas poderia ter sido diferente. Caso eu não tivesse batido no meu pai.
Caso eu não tivesse ido a Utah. Caso eu não tivesse matado Victoria. Caso eu
não fosse um filho da puta desgraçado, meus filhos teriam uma família feliz.
Eu era herdeiro de uma família tradicional e destruí tudo. Poderia ter
dado o melhor para minha família, mas eu os fiz passar fome. Pensava em
Oliver e se ele me perdoaria um dia.
Então veio a notícia de que eu sairia da cadeia. Fiquei surpreso e o
advogado me explicou que eles resolveram inventar uma história: que havia
mais uma pessoa naquela noite na casa. E matei Victoria movido pela raiva
de descobrir que ela estava me traindo. A mentira colocou e fui liberto. Mas
aquilo me atormentava. Vick jamais me trairia. Ela me amava, muito. Eu era
seu tigrão.
Sentado na mansão onde cresci e passei a maior parte da minha vida,
ouvindo minha mãe me dar ordens e dizer o que faríamos dali para frente, eu
pensava que preferia ser um assassino frio e cruel do que um homem que não
foi amado. Não fui amado por meus pais. Mas Victoria me amou e Oliver
também.
O celular tocou.
— É Brad! – minha mãe olhou para o visor. — Você fala com ele ou
eu? – indagou fumando.
— Eu falo com ele – decidi.
Meu irmão não foi me ver na prisão. Bradley era muito correto para
compactuar com a maldade que fiz. Matar a mãe dos meus filhos foi
imperdoável, eu sei.
— Oi – atendi.
— Olá, Arnold – sua voz soou fria.
— O que quer? – perguntei direto.
— Recebi a intimação da justiça e sei que vem buscar as crianças esse
fim de semana. – Ele me informou sem qualquer emoção na voz.
— É isso mesmo.
— Valery vai sair do hospital no sábado – ele contou. — Não pode vir
buscar do domingo? Ela esteve entre a vida e a morte e vai sofrer com a
separação, seria pedir demais?
Fiquei em silêncio.
— Arnold? – Ele me chamou.
Não precisava ser bom para ninguém.
— Deixe-me falar com Oliver – eu pedi.
Bradley pareceu hesitar.
— Por favor – pedi com educação.
— Está bem...
Eu o ouvi chamar. Oliver demorou demais para pegar o telefone e
fiquei inseguro. Comecei a tremer diante da possibilidade do meu filho me
odiar. Você não, Oliver. Implorei em pensamento. Todos me abandonaram,
não faça isso comigo.
— Oi... – sua voz soou insegura.
Eu me ergui e comecei a andar pela casa.
— Oliver – falei emocionado. — É o papai.
— Eu sei...
Senti o medo em sua voz e meu mundo ruiu.
— Senti sua falta – falei com coragem. — Estou ansioso para te
encontrar.
Ele ficou quieto e não respondeu. Ali, eu soube que havia perdido
meu filho.
— Vamos nos encontrar e quero leva-lo para passear – eu tentei
mostrar empolgação e esconder o choro que me ameaçava tragar. — Vamos
recuperar o tempo perdido, eu prometo. Estou com saudade.
Ele fez uma longa pausa.
— Eu preciso ir – ele disse e sequer se despediu.
Foi o golpe final. Oliver jamais me perdoaria por ter matado Vick. Ele
não me admirava mais e foi um choque de realidade. Eu havia perdido tudo.
Sem Oliver não valia a pena continuar vivendo.
Bradley voltou ao telefone.
— Eu vou pegá-los na segunda...
E desliguei. Mas algo me disse que não seria assim. E quando fomos
para Chicago, descobri que eles tinham atravessado o mundo para fugir de
mim. Não havia sinal de Brad ou as crianças. Desapareceram.
Liguei no celular do meu irmão e ele atendeu.
— O que foi que fez? – Eu perguntei puto da vida. Frustrado outra
vez.
— Estou defendendo minha família – ele respondeu.
— Eles são meus filhos! – gritei.
— Nunca foram, Arnold. Eles são meus filhos agora e vou amá-los de
uma forma que você nunca poderá. Você não passa de um assassino de
merda. Não vou deixar que se aproxime deles nunca mais. Você não merece a
família que teve um dia...
E sem esperar resposta, ele desligou.
Voltei para o hotel irritado e contei para a minha mãe.
— A culpa é sua! – Ela me acusou. — Não deveria ter dado o fim de
semana para aquela vadia!
— Cala a boca! – Eu mandei.
Precisava trazer Oliver de volta. Ele era meu! Meu! Passei as mãos
pelos cabelos, nervoso.
— Não devia ter deixado você tomar decisões! – Ela esbravejou. —
Ele pode estar em qualquer lugar do mundo e nunca vamos encontra-lo.
Devia ter imaginado que você é um fraco como o seu pai!
— Eu mandei calar a boca, cadela! – gritei. — Não tem moral para
falar comigo!
— Sou sua mãe!
— Uma mãe não abusa sexualmente do próprio filho...
Ela ficou pálida quando joguei em sua cara as sombras do passado.
— Naquela noite, eu sabia que era você! – acusei. — Disse para Brad
que era uma de suas amigas da festa, mas eu sabia que foi você que me tocou
daquele jeito nojento, sua miserável!
Eu estava fora de mim. Toda a frustração por aquele trauma vivido
veio à tona.
— Pense o que seus amigos da alta sociedade diriam se soubesse que
a poderosa Tereza Ryder abusava do próprio filho. Pedófila do caralho!
Ela me deu um tapa no rosto e depois outro.
— Ninguém vai acreditar num maldito viciado que matou a própria
esposa!
— Eu vou embora – eu disse no limite.
— Você não vai! Eu quero meus netos aqui comigo e preciso de você
para isso! Vai ficar e fazer o que eu mandar...
— Não vou. Cansei. Vou sumir no mundo como sempre fiz. Enfia
seus planos no seu rabo!
Ela jogou um vaso contra mim.
— Vou mandar prendê-lo... – ela me ameaçou e eu parei onde estava.
—, se passar por essa porta, moleque, eu vou acabar com a sua vida! Pode
apostar!
Resposta errada. Minha frustração foi no pico. Fui tomado por um
ódio tão grande porque ninguém nunca me dizia o que fazer. Ainda mais
aquela vadia. Eu corri em sua direção sem pensar. Ela gritou e então tomei
impulso e a empurrei contra a porta de vidro da varanda. O impacto foi tão
forte que viramos sobre o parapeito de ferro e tudo se apagou.
Capítulo 42
**fim**
Sempre amei escrever desde criança e minhas histórias são sempre
romances intensos sobre pessoas que acreditam no amor e tem a esperança de
que tudo pode dar certo. Não perder a fé é o segredo de existir.
Espero que seu coração tenha ficado quentinho com esse romance
entre Bradley e Valery, e seus sobrinhos Amanda, Cassy e Oliver. Uns
queridos que tive o prazer de dar a vida. Obrigada pela oportunidade de
conhecerem meu trabalho!
Até a próxima!
Carrie London 2021