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SANTOS
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1ª Edição
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mera coincidência.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Epílogo
Sobre a autora
Outras obras
cuidar da mamãe e do papai”. Até meus nove anos, cresci em um lar cheio
de amor. Mesmo sendo humilde, eu tinha tudo o que uma criança poderia
desejar, uma família maravilhosa e muito amor. Mas meu mundo ruiu
quando completei meus dez anos, quando meu pai veio a óbito após um
colidiu com um Bitrem, e o impacto foi tão forte que capotou na mesma
até descobrirmos que a fábrica estava falida e que haviam demitido meu
pai dois dias antes. Ele não havia nos contado e, por azar, pegou carona
na van para chegar mais rápido em casa. Soubemos por um colega dele
que, naquela manhã, estava procurando emprego, e que só nos contaria
sabia que nós não tínhamos parentes ali e nem mesmo um lugar para
dormir.
que seria para melhor, mas não, foi para pior, pelo menos para mim. Minha
mãe conheceu um homem chamado Cláudio. Ele era o gerente em um
mercadinho onde ela trabalhava duas vezes na semana; a dona do
dentro. Comprou móveis, roupas para a gente, e até deu dinheiro para que
na próxima semana eu voltasse para a escola. Também fez uma compra
costureira, até deu uma máquina para que trabalhasse em casa e parasse
de fazer faxinas. Feliz, ela começou a costurar roupas e fazer tapetes para
vender por encomendas.
Nada poderia estar melhor. Estávamos bem, até que Cláudio soube
da novidade, que seria pai. A notícia não o animou tanto. Pela primeira
vez, aquele bom marido ousou tocar a mão na esposa. Naquela noite, ele
deu uma surra em minha mãe, bateu tanto no rosto dela que deixou uma
rua, em seguida ligou para a polícia, que demorou muito para chegar e não
conseguiram prender o desgraçado. Ele fugiu, e nunca mais tivemos
notícias dele, mas, mesmo com a surra que deu em minha mãe, não
conseguiu matar o bebê que ela esperava. Os meses foram se passando e
assim ela levou a gravidez, até que minha princesinha nasceu, a Rebeca.
Lainy, minha mãe, após ter dado a luz a Beca, voltou a costurar um
mês depois para ver se a renda aumentava, e três meses depois retomou
conheci um rapaz, que me ensinou muitas coisas que sei hoje. Aprendi a
ver o mundo de outra forma. Foi meu primeiro homem, me mostrou o
namoro não durou nem um ano, pois descobri que ele era garoto de
programa. Saía com homens mais velhos e mulheres, e eu era careta.
Estava apaixonada, mas de uma forma abrupta percebi que o rapaz que
Vi-me sem opções quando fui demitida por justa causa após o filho
que notou meu nervosismo e disse para onde Daniel tinha ido. Naquele
dia, parecia que eu estava com uma venda nos olhos, porque não
No começo, foi bastante difícil para mim, mas tive que engolir o choro
e continuar ali, naquele ponto de sempre. Dois meses depois, soube que
Daniel tinha sido esfaqueado e espancado. Acabou tendo um triste fim ao
lado dela, disse que me pagaria o triplo se eu fosse a garota dela. Não
hesitei em aceitar, meu pensamento só era minha família. Eu queria dar
uma vida boa para elas e ter dinheiro suficiente para comprar uma casa
longe de Búzios.
Hoje, não tenho medo de jogar sujo para conseguir o que preciso.
Antes de vir para Búzios, comprei para ela duas bonecas e algumas
peças de roupas. Minha Beca está crescendo muito rápido. Um dia desses
ela estava com seus cinco anos, e agora está com quase dez. Para nossa
mãe, comprei quatro vestidos e duas sandálias rasteirinhas.
cheios de lágrimas.
— Filha… Não precisava. Você já faz muito por nós — fala ela, e
— Nada disso. Sempre que eu vier, vou trazer presentes para vocês.
Meu salário dá muito bem para que eu mime vocês.
extra também. — Abaixo a cabeça ao falar para ela mais uma das minhas
mentiras.
Às vezes, sinto que dona Lainy tem uma certa desconfiança em meu
trabalho, mas ainda não teve coragem de me falar das suas suspeitas.
Mãe é mãe, ela sabe quando tem algo de errado com os seus filhos.
interrompendo-nos, animada.
— Pode sim, meu amor — respondo por nossa mãe, que assente.
Quando percebemos que Beca já não está mais entre nós, voltamos a
conversar.
— Filha, você tem dormido direito? Está adoentada por acaso e não
quer me dizer?
olhos na linda mulher que, mesmo com os maus bocados que passou, não
desistiu de mim.
Levanto-me e vou até ela. Agacho-me na sua frente e toco seu rosto,
que já mostra algumas rugas na testa, perto dos seus lindos olhos. Minha
mãe é uma mulher muito linda, puxei a sua beleza. Muitos diziam isso
esverdeados.
— Não se doe tanto, Gi. Eu já disse que você é muito jovem para se
responsabilizar por tudo… — Ela solta um soluço.
beijo.
cabeça sorrindo.
— Isso. É assim que quero ver você. Agora que nossa choradeira
terminou, vou ajeitar nosso almoço. Preparar seu prato preferido que é
lasanha! — fala.
— A senhora me convenceu!
∞∞
com ela fazendo sorvete caseiro para encomendas. Dona Lainy nunca
para. Por mais que eu peça para que ela descanse um pouco do trabalho,
chocolate.
mesa.
— É o mínimo que posso fazer já que nos vemos poucas vezes, né?
— Ela sorri.
já passou, nada conseguiu arrancar esse seu sorriso lindo, nem a alegria
que carrega nesse seu coração. Foi forte até o fim.
e carismática.
— Ouviu, meu amor, venha aqui. — Abro os braços, e ela vem
correndo em minha direção, envolvendo os bracinhos em minha cintura,
— Vocês duas são uma graça… Agora, tomem seus sorvetes porque
se não vai derreter. — Nossa mãe está com os olhos fixos em nós duas.
Fico tão feliz quando vejo brilho em seus olhos, é sinal que está contente.
geladeira e entrega para minha caçula, que não perde tempo e já corre até
a gaveta do armário para pegar uma colher.
∞∞
casa. Com o restante, faça o que quiser, é seu. — Tiro da bolsa uma
quantia e entrego para minha mãe, que arregala os olhos ao ver tantas
notas de cem.
— Filha… E você? Esse valor é bem alto… Como se vira por lá? E a
comida? O seu aluguel? — questiona.
Quando minhas condições melhoraram, mudei minha família para a
parte mais tranquila do bairro, aluguei uma casa melhor para dar conforto
às minhas meninas.
— Não se preocupe com isso. Esse mês, fiz muita hora extra e
peguei alguns serviços por fora. E há anos venho guardando na poupança
algumas quantias. Pegue esse dinheiro e faça o que tem que fazer, certo?
— Tem certeza?
questões por lá, mas prometo que da próxima visita eu fico mais dias, tá?
— falo.
— Certo… Mas por que não deixa para ir pela manhã bem cedinho?
Já são seis e meia, querida.
Era o que mais eu queria, mãe, mas hoje tenho um cliente muito
importante.
— Infelizmente tenho que voltar — falo, e noto a tristeza em seu
olhar. — Mas prometo que em breve passaremos uma semana juntas, sem
Amém.
GISELE MORENO
amigos, que são clientes de longa data, e não demoram a vir confirmar a
indicação.
Sempre estão dispostos a pegar caro para ter minha boca no pau
ser linda e ter um corpo belo, não conseguia o satisfazer na cama, não
realizava as suas fantasias. Fantasias que conseguiu realizar comigo
quando me procurou. Segundo ele, a esposa não era habilidosa para sexo
oral e nem anal, só ficava na vontade quando seus amigos falavam sobre
suas experiências fora de casa.
para o clube. O local é tão discreto que só quem sabe da existência dele
são os nossos clientes, que por sinal são todos VIPS e não podem ser
— Milena, a noite foi boa hoje, hein?! Até o reboco que você passou
no rosto o Rodrigo tirou! — fala Bruna, ajeitando o decote do vestido em
— Não. O que é?
— Que bom que está contente, mas a minha agenda de hoje já está
cumprida — falo assim que tiro o batom da minha bochecha.
∞∞
— Por favor, eu lhe pago por fora — a mulher faz uma oferta,
Vilela?
— Jud, senhor Franco e seus amigos chegaram, mandei a Rose
∞∞
homem alto, que aparentemente é todo gostoso de costas. Ele parece ser
todo trabalhado no luxo. O que mais me atrai são seus cabelos castanhos
bem penteados para trás.
as pernas.
Português.
costumam dizer meus clientes: meus seios, que estão sendo torturados
por um vestido preto justo.
arrogante.
— Mas ela está acompanhada. Pode levar Milena, ela é tão boa que
— Espero que Franco esteja certo do que disse sobre a sua garota,
pescoço.
∞∞
— Tire a roupa. Quero ver se você o que tem por baixo desse vestido
— Pare.
permite olhá-lo nos olhos. Insinuo que vou beijá-lo, e beijo o seu nariz.
Cuidadosamente, toco seus ombros para me apoiar e tirar os sapatos.
Gabriel me olha com devoção.
para outro até que o homem me pega e beija cada lado da minha bunda, e
cheira toda minha pele vestida apenas com a lingerie amarela de renda.
— Vire para mim, quero desfrutar dessa visão maravilhosa que é seu
Pretende me dar ordens a noite inteira? Caso seja essa sua ideia, sugiro
que me amarre na cama e me tome para si.
— Você gosta de ser amarrada?
— Não, mas o senhor parece que está bravo e quer descontar sua
raiva em alguém, e eu pareço ser essa pessoa. Então, estou disponível
para satisfazê-lo, mas tenho uma ideia melhor caso não esteja bravo —
falo em seu ouvido, bem sexy e suave.
Não sou atriz, mas sei atuar muito bem. Não será esse homem
gostoso que vai me passar para trás.
ser completamente louca por uma boa transa — conto, tentando soar
inocente. — Você me parece um ótimo parceiro na cama. Pegada sei que
tem, a julgar pelo tanto que me aperta a bunda e acaricia meu corpo
maneira que você jamais foi tomada na vida. Me permita. — Senhor Vilela
me olha nos olhos, e dou meu consentimento, mesmo sabendo que as
minhas ações estão sendo erradas.
Sou uma profissional, demonstrar qualquer sentimento é
inconveniente e perigoso. Engulo em seco quando Gabriel me pega no
atiça.
Não abrirei minha boca para perguntar o porquê de ainda não ter
tirado nenhuma parte de sua roupa exceto o terno. Curiosamente, exploro
os botões de sua camisa, e ele afasta minhas mãos para que eu não o
toque. Então, mantenho minha posição, recebendo seus cuidados.
Novamente sou surpreendida com um beijo profundo e quente, enchendo
∞∞
Perdi minha noite de sono por causa de um cliente indeciso que fugiu
de mim como seu eu fosse a pior coisa do mundo. Neste exato momento,
estou em uma discussão com minha chefe. Não permitirei que meu
pagamento fique em branco.
— Por que o erro seria meu? Tem alguma prova? — questiono com
raiva.
— O senhor Vilela pediu outra garota, talvez tenha sido por isso que
ele não te quis — a velha miserável só informa depois de tanto
me.
— É isso o que acabou de ouvir, chefe. Vou pra Búzios ver a minha
dessa merda! Sou livre. Só porque sou funcionária, não quer dizer que
estou presa a você! — ameaço.
— Então por que está aqui ainda? — indaga a mulher. Olho para
— Realmente, eu não posso, mas você não vai sair daqui até que o
evento de hoje acabe. Se comporte como uma profissional e faça o seu
trabalho direito! — fala com arrogância.
Agora vá dormir pelo menos duas horas para ver se consegue melhorar
essa olheira horrível.
Apesar de ela ter um pouco de razão, não vou dar esse gostinho a
ela.
— Até mais.
Ignoro-a e dou as costas para Judite. Sigo meu caminho e vou para
casa. Nego-me a derramar qualquer lágrima nesse lugar, ninguém me fará
Judite é uma vaca velha que gosta de passar por cima das pessoas,
Estou pronta para o outro evento que ela propôs aos amigos. O que
eu não esperava era encontrar Gabriel Vilela aqui. Para minha surpresa,
ele está mais lindo do que antes. Porta um terno bem cortado de risca de
giz, parecendo feito sob medida para o cretino. O maldito está mais bonito
do que no dia anterior.
Estou sentindo-me uma rainha com o vestido que escolhi para brilhar
essa noite. Ele tem um tom rose, com um tule trabalhado, com pedraria
cintura e dá destaque aos meus seios de maneira sutil, porém sexy. Sinto-
me a mais bela da noite, sem a menor dúvida.
Passo por trás dele, destilando meu aroma, que é marcante por ser
de uma fruta chamada cupuaçu, e poucos conhecem a fragrância. Em
surpreendida pela firmeza que põe em minha cintura para que fiquemos
com os corpos colados um no outro.
— Espera mesmo que eu vá com você para mais uma noite dos
horrores, sem nem ser plenamente agradada? Me poupe, senhor Vilela…
Estou trabalhando, não faço caridade. Se assim fosse, eu estaria em
o homem, que nem sei o nome, mas que certamente me faria o que eu
quisesse, porém, sou parada de meu ato novamente por Gabriel e sua
mão forte. O miserável me segura com mais firmeza, tomando-me de vez
em seus braços firmes.
pois ninguém ofende um Vilela e fica por isso mesmo, estamos entendidos
agora? — Olho com fúria para o homem que sorri no canto dos lábios.
— Isso mesmo. Você vai sorrir e me levar para o melhor quarto que
tiver nesse lugar. Mostre que está bastante satisfeita ou ficarei bem
decepcionado com o seu serviço, e isso pode se refletir em você na cama,
Gabriel Vilela me faz ter? Esse filho da mãe quer jogar comigo, só porque
é rico acha que pode ter tudo aos pés.
— Me siga — falo.
o quero também, mas somente para provar que sou muito melhor do que
ele merece. E, claro, também receber um pouco de prazer.
que você está bem arisca. Não gosto de duelar na cama, prefiro que seja
leve e gostoso — fala com um pouco de malícia, quase que me induzindo
ao erro fatal.
— Você sabe bem que estou muito limpa, bem perfumada, a julgar
pela sua falta de bom senso em me roubar de um cliente em que eu
estava interessada! — provoco, virando-me em direção ao minibar
embutido na parede.
lerdeza me tomar.
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Acordo e, ao meu lado, está ninguém menos que Gabriel Vilela. Sem
Vou até o banheiro, tiro minha roupa, encosto a porta para não
acordar o rabugento e me enfio embaixo da água.
Nossa, como eu precisava desse banho quente para relaxar meus
músculos. Fecho meus olhos para aproveitar a sensação de paz. Passo
uns bons minutos cantando e dançando, liberando toda energia ruim do
ousadia.
Céus, como não dar para um homem que surge pelado em sua
frente com um pau suculento? A carne é fraca, não sou de ferro.
mais. Sou capaz de afirmar que gozaria apenas de sentir esse membro tão
rígido.
Roço meu corpo contra o dele, que me toca com força, apertando
minha bunda, fazendo-me sentir melhor seu pau sobre minha entrada
úmida. Pego um preservativo na cabeceira da cama e levo até os dentes,
abrindo a embalagem sob o olhar atento dele. Encaixo-a sobre a extensão
do membro rígido. Gabriel não demora muito para me posicionar melhor e
encaixar seu membro em mim.
Não sei se gemo ou grito. É divino, que delícia de penetração. Com
movimentos circulares, mexo-me em cima dele, contendo os meus
— Oh, seu cretino! — gemo alto quando ele rebola seu quadril e
intensifica a penetração.
— Agora eu entendo por que os homens te olham como se você
fosse única — fala, já passando a língua no bico dos meus seios, sem
deixar de enfiar seu pau gostoso na minha entrada, que implora por mais a
cada segundo. — Você é gostosa, não posso negar, garota.
— Não sou de pedir nada aos meus clientes, só estou aqui para
apesar de nunca ter me importado com as referências que ele dava das
acompanhantes.
Conhecendo bem as garotas do Rio de Janeiro, os elogios tão
exagerados me fizeram chegar a pensar que o velho já está caducando.
Não levei a sério os convites de Franco quando vínhamos ao Brasil fazer
negócios, mas, dessa vez, meu interesse foi maior. Ele veio de Portugal
até o Rio falando-me de uma jovem garota que trabalha para a Majestosa
Judite, como ele a chama. Foram tantos elogios repetitivos até chegarmos
que, por fim, decidi que aceitaria o convite dele para ir até o tal Clube
OpenSea.
linha.
— Gabriel Vilela.
— Ah, senhor Vilela, que prazer falar com o senhor. Em que
posso ser útil hoje? Está precisando de algo? A Milena não o agradou?
Quer que eu envie a Bruna mais uma vez?
— A Bruna?
Eu a corto:
Não sou homem de deixar uma bela mulher na mão, mas algo dentro
de mim naquela noite dizia que Milena Albuquerque era perigosa demais.
Tentei de todas as maneiras ignorar a garota e seguir em frente com outras
companhias, mas algo nela me faz sentir uma louca atração. Talvez seja
sua ousadia e a forma como me enfrenta. Ainda não sei exatamente o que
é isso que estou sentindo, mas sei que é uma coisa boa e ao mesmo
tempo ruim.
— É bom saber, loirinha — falo com um olhar duro, fixo nos seus
olhos verdes.
Paro de tocá-la e saio de cima dela para vestir minhas roupas e dar o
fora desse clube. Preciso voltar ao hotel em que estou hospedado.
Amanhã já viajo para o local onde irei fechar alguns negócios para a
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GISELE MORENO
Nas poucas horas que passamos juntos, percebi que ele é a minha
oportunidade, meu momento para conseguir o que tanto almejei durante
todos esses anos. Sim, tenho dinheiro, mas não o bastante para bancar
uma vida de luxo e comprar a casa que desejo dar à minha família. Mais
cedo, fingi estar dormindo assim que o ouvi conversando por telefone com
minha agenciadora. Pelo pouco que entendi, ele quer me ter por quinze
dias ao lado dele, e esses dias serão suficientes para fazê-lo cair aos
meus pés e me dar tudo que eu quiser.
— Mas claro que eu disse a ele que primeiro falaria com você, afinal,
somos praticamente sócias.
— Se vou ser dele por duas semanas, preciso saber antes o quanto
ele está disposto a pagar. Tenho minha agenda toda organizada e será um
rombo dos grandes desmarcar com outros clientes para ser exclusiva
desse. Só espero que o cachê valha a pena.
— Tudo.
— Não esperava menos que isso. Aceito viajar com o senhor Vilela.
sua própria vida. Não vejo motivos para me manifestar de uma coisa que
só me diz respeito.
Combinei tudo com a chefe de Milena sobre o trabalho que ela vai
desempenhar ao meu lado. Com isso, ganho mais que ela, pois ter a
companhia dela por quinze dias vai transformar minha vida. Ainda não sei
se para melhor ou pior, tendo em vista que a Isabel não para de me ligar
para infernizar meus únicos dias de paz. Acho que vou pôr ponto final em
tudo isso e seguir sozinho, curtindo a vida com companhias agradáveis
apenas.
— Sim, senhor!
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∞∞
Estou amando esse jogo. Continue, baby. Quero ver até onde é
capaz de ir.
— E quem disse que precisa ter sol para você realizar os seus
desejos? — Arqueio a sobrancelha quando a vejo mordiscar os lábios,
provocativa.
Deliciosa.
Ousada.
Ah, como você me desperta pensamentos insanos, loira!
— Essa é a minha missão. — Pisco para ela, que joga a cabeça para
trás e gargalha.
enquanto subo a escada que dá para os quartos. Entre risos, a loirinha fala
que sou louco e confessa que sou o primeiro cliente que a trata dessa
forma. Não entendo muito o que quis dizer, mas me parece ser uma coisa
boa.
Entro no quarto com ela ainda em meus braços. Mesmo que tenha
me pedido para descê-la, não a obedeci.
— Sim, contratei os seus serviços, e também disse que iria ser a sua
melhor transa, mas isso não quer dizer que você terá que me servir o
tempo todo. — Dou as costas para ela e vou até o criado-mudo. — Quem
vai decidir como serão nossos próximos dias sou eu. Se eu não quiser ser
servido e quiser te servir, vai ter que aceitar. Estamos entendidos? — Viro-
me, já com o óleo de massagem nas mãos.
Que porra de mulher sexy. Nunca pensei que sentiria esse calor
novamente por alguém.
lábios quando tenho a visão dos seios empinados e dos mamilos rosados.
Maravilhosos. Fico admirando-a por alguns minutos, doido para saber o
que há por trás de toda essa máscara que ela usa para estar com seus
clientes.
Engulo em seco quando noto que a loira me dá um olhar confuso.
Lanço meu melhor sorriso para Milena, aproximando-me de seu rosto.
Tento beijá-la, mas sou rejeitado quando vira o rosto para o lado.
Sei que você não quer se deixar levar por mim, não está se
permitindo sentir. Nem precisa me dizer por que seus olhos já a entregam,
penso ao arquear a sobrancelha quando ela fica com o corpo ereto,
ameaçando se levantar.
Num súbito, Milena abre um sorriso lindo. Juro ter visto um brilho
estranho em seus olhos. Não sei o que se passa em sua cabeça, essa
garota ainda é indecifrável para mim, e eu não sei se isso é bom ou ruim.
Ela está disposta a ser amada, consigo ver e sentir que sim, mas não
sabe como é ser amada. Não consegue aceitar um simples elogio e nem
um toque intenso.
atenção. Noto que ela sente prazer ao meu toque. Decido subir um pouco
mais e toco na sua virilha. Mordo o lábio e deslizo a mão por cima da
calcinha, percebendo sua excitação molhar o tecido. Meu pau lateja e a
única vontade que tenho é de meter a mão nela. Não hesito. Passo
carinhosamente os dedos no meio de sua abertura, que se contrai com o
toque inesperado.
Não resisto à ideia de lamber o néctar dessa deliciosa mulher, que agora
geme com meu dedo penetrando-a.
— Ahhh… Não tem como não se perder em você. — Sua voz sai
arrastada e cheia de luxúria.
Percebendo que ela já está entregue, subo minhas mãos até seus
seios, dando atenção especial aos mamilos rígidos. Acaricio-os e dou
pequenos apertos em cada um. Vejo Milena delirar e encurvar as costas.
Sorrio satisfeito.
Beijo seus lábios e a puxo levemente pelo braço até que fique
sentada. Sento-me atrás dela, abro bem suas pernas para ter fácil avesso
à sua boceta e meto o dedo levemente. Ela reclama e pede mais. Seguro
Enfio uma mão em seu cabelo e, com a outra, seguro seu quadril.
Cacete, a mulher rebola deliciosamente e chama por meu nome.
rebolar muito no meu pau. — Ela assente, e eu travo seus quadris aos
meu. Iniciamos um vai e vem sem limites.
Milena grita e me aperta os braços. Aperto sua bunda, empurrando
duramente, e ela pede mais e mais. Ficamos por minutos no vai e vem.
espremer meu pau dentro dela e não controlo a pressão deleitosa que ela
faz sobre mim, até que gozamos juntos entre gemidos e gritos.
∞∞
Acordo cedo e deixo Milena dormindo. Deixei-a bem cansada ontem
à noite, fomos dormir de madrugada. Desço até meu escritório para fazer
algumas ligações para Portugal. Infelizmente, quem me atende é minha
esposa, que mais uma vez grita e me xinga. Mais uma vez, ignoro-a e
encerro a ligação.
instante, juro que vejo surpresa em seu olhar, mas, como uma boa
profissional, consegue, pelo menos acha que sim, disfarçar com um sorriso
safado. Vem em minha direção, dizendo que irá me recompensar. Tenta
me masturbar, mas a impeço ao pegar em sua mão e afastá-la do meu
corpo. Digo que não estou a fim, não nesse momento, e novamente vejo o
É neste instante que noto que Milena Albuquerque nunca viveu algo
parecido em toda sua vida, não o que eu estou proporcionando-a. Minhas
ações estão deixando-a confusa, embora ela não admita e não vá fazer
isso tão cedo.
∞∞
Adentro na sala e logo me deparo com minha convidada distraída,
deitada de bruços no sofá da sala. Milena veste um vestido vinho soltinho
e curto. Arqueio a sobrancelha ao perceber que está com o celular nas
mãos e parece conversar com alguém, que está divertindo-a muito porque,
enquanto digita, sorri abertamente.
Espero que não esteja fazendo planos com outro cliente porque
— Não sou sua, senhor, apenas temos alguns dias juntos e podemos
desfrutar cada minuto. — Sorri, presunçosa, e joga os cabelos claros para
o lado.
— Nunca fui, e não vai ser agora que vou ser. — Um sorriso curva-se
em minha boca quando percebo que a mulher já está ocupando uma mão
com os botões da minha camisa.
pau.
— Seu desejo é uma ordem. — Milena beija meu maxilar, logo desce
Meus planos eram outros, ainda são outros. Não posso deixar que
Gabriel Vilela tome meu fôlego. Não posso me esquecer dos meus
objetivos: tê-lo em minhas mãos. Ele vai ser meu cliente fixo. Além de ser
gostoso, é rico e bom em todos os aspectos na hora do sexo. O homem
sabe deixar uma mulher de pernas bambas, admito que foi o meu melhor
cliente durante todos esses anos que trabalho no ramo.
dele.
— Oi, meu amor! O que houve ontem? Te liguei, mas você não me
atendeu, minha filha. Aconteceu alguma coisa? — A voz de dona Lainy sai
preocupada, e eu me culpo por isso. Poderia muito bem ter me despedido
dela, mas me assustei com a chegada de Gabriel. Também não quero
misturar meu trabalho com assuntos da minha mãe e irmã.
Antes de respondê-la, dou uma olhadinha rápida em direção à porta
fechada, respirando aliviada.
— Ah… Certo, minha filha, mas, quando puder, liga mais vezes.
Estamos com saudades — ela fala meio triste, e meu coração aperta.
mesmo, dona Lainy! Mas logo vou providenciar uma casa para a gente
para que possamos morar juntas. — Um sorriso curva-se em minha boca.
— Eu já disse que não precisa se cansar tanto. Podemos morar em
uma casa menor, colocar a Rebeca em uma escola…
Eu a corto antes:
senhora é que cuide da sua saúde e da nossa Beca. O trabalho não vai
me matar, trabalho não mata ninguém. Só estou retribuindo tudo o que a
senhora já fez por mim, mamãe. Não esquenta comigo não, eu sei me
cuidar, tudo bem? Eu te amo muito, sempre lembre disso. — Uma lágrima
solidária cai na minha bochecha.
— Está tudo bem por aqui? — Ele me encara dos pés à cabeça, um
tanto desconfiado.
— Daria tudo para saber quem está tomando conta dos seus
pensamentos, Milena. — Um frio percorre por minha espinha quando seus
trás, gargalhando.
Porra, que homem de sorriso lindo. Dentes brancos, perfeitos,
alinhados. Deus grego! Acho que Gabriel Vilela saiu de algum livro de
romance, só pode.
∞∞
Como é um evento de negócios, não posso fazer feio, porém, não
cortes laterais nos bolsos, que dão um charme e não deixam marcar
demais o quadril. O decote em U dá um ar bem sexy, sem tirar a elegância
do look. Obrigo-me a pôr um terninho combinando com todo o resto, pois
meus ombros estão à mostra.
G.V.
intenso demais.
— Você parece ainda mais linda próxima aos meus olhos, e esse
perfume… — Suspira ao falar. — Esse perfume é de enlouquecer qualquer
pessoa. Sorte a minha tê-la como minha companhia hoje. Acredito que
terei trabalho em afastar os velhos safados que estarão no evento —
— Só terei olhos para você, meu bem, fique tranquilo. E espero que
cuide bem de mim, não sou adepta à geriatria — finalizo, gargalhando.
∞∞
— Uau, que lugar lindo. Você disse que era um jantar simples e me
traz aqui? — falo com olhos vidrados na entrada do restaurante.
∞∞
— Olá, Milena. Não vai falar com suas amigas de serviço? — Bruna
se dirige a mim com ironia. Ela joga os longos cabelos para trás e põe a
mão na cintura, olhando-me em modo de desafio.
— Oi, amiga, você está muito linda — fala Grazi, com sinceridade.
Posso ver em seus olhos. Graziela é descendente de índios, ela é muito
linda.
mas expliquei a ela que ele não pôde vir na viagem com você e que sou
temporária, apenas para esse período, pois trabalho no escritório daqui e
você solicitou minha ajuda — finalizo e olho para frente, tentando disfarçar
minha vergonha por ter contado uma mentira tão grande e criada tão
rápido.
— Ela pediu que avisasse da sua chegada em dois dias. Mas não se
preocupe, posso ir pra casa da minha família e encontro você para o
próximo evento que tiver e precisar da minha companhia — sugiro na
tentativa de prolongar nossos dias. Não posso perdê-lo por um deslize
bobo. — E mais uma vez, peço desculpas pelo que fiz, senhor Vilela.
Quando uma mulher está quieta demais, algo de errado tem, ainda
mais Isabel, que não me pareceu ser nada boba. No fundo, sei que ela não
engoliu o que eu falei ao telefone. Bom, não importa se ela acreditou ou
não. Minha função não é me preocupar com a vida particular dos meus
clientes e nem com esposas loucas enciumadas.
Faltam poucos dias para minha paz acabar, mas estou convicta que
conseguirei manter esse clima gostoso entre nós até o último dia e, quem
sabe, ele não pensa em estender mais os nossos dias.
Ontem pela manhã, liguei para minha mãe por chamada de vídeo, e
quem atendeu foi Rebeca. Minha irmã me contou sobre suas notas e que
fez uma nova amizade. Ficamos por alguns minutos conversando.
Consegui matar um pouco da saudade que estava sentindo dela, e não
demorou muito para dona Lainy surgir vestida com um avental e com uma
touca na cabeça. Antes de entregar o celular para nossa mãe, Beca se
despediu e disse que ia brincar um pouco no quarto. Após isso, ficamos
por quase uma hora nos falando, até que me despedi e disse que em
breve ligaria novamente.
Só tenho elogios para dar aos dois. Confesso que dessa vez fui pega
pelo estômago. Esbaldei-me no prato principal, Bacalhau à Brás, um típico
prato português.
Dou risada com meus pensamentos e Gabriel arqueia a sobrancelha,
encarando-me.
Não sei se o que falei foi errado ou se soou estranho para ele, que é
muito rico e não deve estar acostumado a agradecer os funcionários,
porque de repente seu olhar fixa em mim de uma forma que não consigo
decifrar.
— E por que não, senhor? Acha que sou mal educada? — provoco-
o, fazendo-o sorrir.
Não, eu não imaginava que iria ouvir isso vindo dele. Na verdade, de
nenhum cliente meu, porque eles não se importam com a minha vida
pessoal.
— Pelo simples fato de achar que meu passado já não importa mais
e não estou aqui para me vitimizar falando o que já passei e deixei de
∞∞
Acordo tão bem hoje. Aliás, tenho acordado bem todos os dias.
Nunca me senti tão feliz como agora. Estou tão animada que chega a me
assustar. Quando acordo, percebo que mais uma vez o fujão não está
mais ao meu lado. Provavelmente já deve estar trancado no escritório.
Pego meu celular para visualizar algumas mensagens no WhatsApp
que uso para o trabalho, e vejo que tenho algumas propostas. Um pouco
desinteressada, guardo o telefone no bolso.
o faço.
— Senhora Vilela, boa tarde. — Vou até ela e estendo a mão para a
cumprimentar, mas sou ignorada. Constrangida, dou alguns passos para
trás e continuo a falar. — Sou Gisele Moreno, nos falamos outro dia no
telefone. A senhora fez boa viagem? — Tento amenizar a situação.
— É a nossa casa, querido. Por sinal, você não me disse que viria
pra cá. Descobri sozinha que você não estava mais no Copacabana
Palace e veio parar aqui em casa. Curioso que você não dá o endereço
daqui a ninguém, mas a sua assistente está aqui. Me pergunto, muito
curiosa, o que vocês estão fazendo hoje? — responde em tom de ameaça,
— Gisele veio trazer uns contratos pra mim, e de toda forma, você
não tem nada a ver com isso. É o meu trabalho, a minha casa. Abro as
portas para quem eu bem entender. Você que não é bem-vinda aqui. —
Envergonhada, sigo em direção à porta.
Saio cantando pneu e vou dirigindo rua afora, sem rumo. Espero que
Após a loira ter saído com meu carro, minha esposa se deu conta
que de que tudo não passou de uma encenação e correu para fora da
casa, xingando todos palavrões possíveis. Depois de alguns minutos
— Abaixe seu tom de voz. Estamos sozinhos, não tem plateia para
você hoje. — Solto um grunhido alto. Ela fica de olhos arregalados quando
bato com as palmas das mãos na mesa.
— Como ousa trazer uma vagabunda para minha casa? Que falta de
respeito com o nosso casamento. — Isabel não me olha. Seus olhos estão
focados em suas lindas unhas pintadas de preto.
— Faço o que achar melhor, mas pode ter certeza de que vou fazê-la
se arrepender — rosno, levantando-me e indo até ela.
— Ah, você chama as noites que tivemos juntos de nada? Deixe meu
pai saber que você está me tratando como uma Zé Ninguém! — Ela
começa a chorar, e sei que está fingindo.
quem forçou a barra foi você, que estava mais sóbria do que eu — lembro-
a.
Essa mulher me tira do sério. Pensei que viajando para longe dela,
ficaria em paz e finalmente essa louca me daria o divórcio. Estamos
casados há seis anos. Infelizmente, tive que me casar com ela por causa
dos negócios da família. Na época, meu pai era melhor amigo do seu e,
quando Gonçalo soube dos problemas financeiros que a Lissol estava
passando, sugeriu que eu me casasse com a filha dele para que
pudéssemos salvar a nossa rede de restaurantes.
Ninguém sabia, mas eu sim, e era um motivo muito mais forte que
fez com que eu me submetesse a um casamento de mentira, sem amor: o
câncer que minha mãe teve quando eu tinha quinze anos voltou com tudo
e precisávamos de um bom dinheiro para pagar o tratamento e bons
médicos.
— Por que vou respeitar se nem o filho dela faz isso? Traz uma
vagabunda para dentro de casa para se divertir, enquanto a esposa está
em outro país o esperando. — Isabel se aproxima de mim e toca em meu
ombro. Furioso, recuo.
— Quem é você para vir me falar de fidelidade? Acha que não sei
das suas saídas com os sócios do seu pai? Eu sinceramente não me
preocupo com quem você vá transar, mas peço que pare de agir como
santa, porque você nunca foi. — Aponto o dedo para ela, que fica pálida
conversa de Milena com ela e lhe contou tudo em detalhes sobre a noite
do evento. Contudo, a senhora Braga foi tão educada com a minha
acompanhante que eu não imaginava que ela daria com a língua nos
dentes para Isabel.
— Não tenho por que te dar satisfações da minha vida. A única coisa
que nos une é uma porra de um papel de casamento, então pegue um
avião hoje mesmo e volte para casa. — Minha voz soa fria.
— Só volto para Lisboa se você vier também — fala, determinada.
Semicerro os olhos com a audácia da mulher.
— Eu não te amo e nem você me ama. Por que isso tudo? O que
mais você quer de mim? — pergunto, em um tom de desespero. Ela ri,
amarga.
Sem querer olhar para a mulher que tira meus dias de paz, desvio
meus olhos em direção à parede pintada de cinza.
— Vai ter que me aturar até o ano que vem — fala em tom de
provocação. — Só vai poder viver com a sua garota da vida quando se
divorciar de mim, fora isso, ela vai ter que arrumar outro otário para
sustentá-la.
Fecho os punhos com raiva quando a ouço falar com desdém de
alguém que não tem culpa de nada.
— Não fale assim dela, ela não está aqui para se defender. — Cuspo
as palavras, irado.
∞∞
vida.
As palavras podem não ter saído da sua boca, mas seus gemidos,
seus olhos carregados de intensidade e maneira como seu corpo reagia ao
meu toque já eram capazes de dizer tudo. Ela também sabia que o que
— Gabriel, por favor… — Sua voz soa nervosa. Dou alguns passos
em sua direção.
— Nem sei o que dizer para você… Estou surpresa. — Gisele deixa
as lágrimas rolarem por suas bochechas. Com um instinto protetor, puxo-a
para um abraço. Beijo a sua testa.
— Não tive tempo para explorar o senhor, então não posso te afirmar
Meu celular começa a vibrar no bolso. Deve ser o piloto que já nos
espera para voltarmos para Copacabana, penso, pegando o telefone.
Desbloqueio a tela e confirmo que é Ramiro, dizendo que só está nos
aguardando no heliporto.
bolso e falo:
— Por favor, arrume suas coisas. Você tem uma hora para ficar
pronta. — Engulo em seco quando ela assente e sai sem me dar uma
resposta.
Isabel Correia.
GISELE MORENO
Doze palavras que me fizeram sangrar por dentro. Apenas isso ele
foi capaz de falar. “Por favor, arrume suas coisas. Você tem uma hora para
ficar pronta”. Nem ao menos se importou com mais nada a não ser me
levar embora.
Depois de tudo que me falou, confesso que fiquei sem chão quando
beijou minha testa e me disse palavras bonitas. Ele é o primeiro e único
homem que me deixou sem saber como agir, me deixou sem chão.
Pouco tempo depois, aviso que estou pronta, mas já desço com tudo
e vou sozinha para o heliporto. Deixo minhas coisas para o Ramiro pegar,
que é muito gentil me ajuda a subir no helicóptero, enquanto esperamos
pelo senhor Vilela. É assim que eu o chamarei de agora em diante.
∞∞
Não demora muito até que chegamos. Gabriel me leva até a porta do
Clube, ficamos por alguns minutos em silêncio, e sinto um aperto no peito.
As palavras que eu gostaria de falar para ele fogem da minha boca.
Um homem como ele, que pode ter as mulheres que quiser, não tem
motivos para voltar. Nem sequer consegui ser o motivo para que ele não
partisse e prolongasse nosso tempo juntos.
— Não adianta fingir indiferença. Sei que está triste com minha
partida, mas é até breve, não um adeus. — Ele toca em meu braço, mas
recuo ao seu toque.
— Sei que você está triste com minha ida, mas não vou embora até
você ficar sorrindo daquele jeito que eu gosto de ver. Com um brilho que
irradia aonde você passa. Por favor, me dê um sorriso sincero — pede
com uma tranquilidade que me irrita.
— Siga o seu caminho que vou seguir o meu. Não somos nada, não
perca seu tempo comigo. Pode perder o seu voo, — A raiva é maior que a
vontade de atendê-lo, mas respiro fundo e me afasto dele.
como seu cliente fixo, mas acabou ficando rendida aos encantos dele, e
agora chora porque ele tem que partir.
que não consigo entender direito. O senhor Joabe nega com a cabeça.
— Esse senhor disse que deseja falar com a senhorita, mas… — Ele
me olha sem graça, coitado. Pode levar uma advertência por minha causa.
Acabe logo com isso, Gisele. Não tem por que prolongar essa
situação. Já está ficando constrangedor, penso, mordendo o lábio.
— Deixe-o entrar, por favor — autorizo a entrada de Gabriel, que
está fazendo um escândalo.
— E outra coisa: quando voltar, não pode sair dessa sala até eu
voltar. Não é brincadeira, ok? E nem um convite. Fique apenas aqui! —
falo, firme, e ele assente, abrindo um sorriso idiota.
meus olhos e viajo na música Pillowtalk, de Zayn Malik, que toca ao fundo,
fazendo-me esquecer toda a merda do estacionamento e o filho da mãe lá
embaixo.
Solto uma risada e começo a cantarolar o trecho da música
mentalmente. Abro um sorriso quando chega na minha parte preferida.
Identifico-me muito com a letra, a forma como o cantor se entrega quando
está cantando. É uma delícia de se ouvir, fico toda arrepiada.
— Qual a parte de ficar na sala você não ouviu, senhor Vilela? Além
de invadir meu espaço privado, agora invade minha banheira também?
Meu quarto e toda minha intimidade? — falo num só fôlego com tom de
irritação.
— Apenas me diga que sim, loira. Me deixe adorar o seu corpo como
se fosse a última vez — pede, já acariciando meu rosto.
Estou perdida.
— Eu topo. — Por fim consigo falar, e sou tomada por um beijo
jamais experimentado junto a ele. É doce e quente, tão cheio de
promessas que minha mente fica embaralhada e confusa.
partes.
em mim.
— Oh… Por favor… Pare! Preciso de você… inteiro em mim — peço
quase por um fio. Estou à mercê desse homem.
— Ainda não. Vou te castigar por alguns minutos por ter sido uma
menina malcriada — sussurra, ameaçando parar de me tocar, mas seguro
em sua mão, impedindo-o.
quadris.
— Não me torture… — Mordo os lábios, reprimindo o gemido quando
ele dá uma mordida de leve em meu pescoço.
∞∞
Toda garota merece mais que uma noite de prazer. Nos vemos
em breve.
G.V.
Há exato três meses, Isabel vem infernizando tanto minha vida que
não tive ainda a oportunidade de voltar ao Brasil. Vou aguardar até finalizar
os trâmites do divórcio que ela está protelando a conceder.
Por respeito ao meu pai e aos pais dela, me calei, mas, sendo uma
víbora, ficou me perseguindo a tarde toda. Há três meses, saí da casa em
que morávamos juntos. Apesar de cada um ter seu próprio quarto, eu já
não aguentava mais viver sob o mesmo teto que Isabel. Essa mulher
acaba com meus dias de paz.
Mas esse desentendimento que tivemos foi na casa do meu pai. Ele
Jamais tive uma relação saudável com ela. Foi tudo à base dos
negócios. Quando o pai dela propôs nosso casamento, aceitei para sair da
lama com minha família, mas hoje vejo que estou pagando muito caro
pelas minhas escolhas.
Não devo mais nada aos Correia, contudo, ainda estou preso a esse
maldito contrato que só acabará daqui a alguns meses. Estou tentando
anular ele antes, porque para mim já deu, está mais do que saturado.
Tenho náuseas só de lembrar que Isabel ainda usa meu sobrenome por aí.
Recostado na cadeira, observo furioso a ruiva que passou pela
minha secretária e invadiu minha sala há alguns minutos, só para encher
meu juízo.
— Não sei o que ganha vindo até minha empresa me tirar a paz! Se
você assinar os documentos do divórcio, me ajuda a te ajudar. Assina logo
isso, facilita as coisas pra gente. Está insustentável essa situação. —
Exausto, despejo as palavras.
vai ter como provar. Isabel, sabemos que nunca nos amamos e ainda não
entendendo o que te fiz para querer infernizar a minha vida! — Torno a
repetir o que sempre falo.
Durante todos esses anos preso a essa mulher, ainda não soube o
motivo de todo seu ódio por mim. Algumas vezes, tentou se aproximar e
quis me seduzir. Já transamos uma ou três vezes, e só de pensar nisso me
arrependo amargamente, mas foi há muitos anos.
merda. Eu tenho uma vida infeliz! E o que mais me diverte é tirar seus dias
de paz! Se eu não fui feliz todos esses anos, você também não tem direito
de ser — ela desabafa em um só fôlego. — Enquanto cada um saía com
seus amantes e se divertia sem levar a sério, estava tudo bem, mas agora
que você decidiu se apegar, quer brincar de casinha com a sua garota de
luxo. Não pretendo te deixar em paz, somente quando o maldito contrato
acabar.
Inferno! Faltam alguns meses para que esse contrato termine, mas,
Nem esperei que se calasse, parti para cima dela, mas fomos
separadas por Grazi e outra colega que estava entrando bem na hora que
avancei para cima da vaca.
Eu sei que Bruna está com razão. Gabriel Vilela não voltará, mas eu
não abaixarei minha cabeça para ela. Mesmo com uma baita vontade de
chorar, permaneci forte e de cabeça erguida. Tinha que retornar a minha
— É uma pena o Vilela não ter vindo comigo dessa vez. Ele está tão
envolvido nos particulares dele, há três meses que não temos contato —
conclui o homem, olhando bem em meus olhos, fazendo-me ter certeza de
que eu perdi Gabriel para sempre. Sinto meu coração se partir em
micropedaços.
Passo a língua nos lábios e fecho os olhos, rogando aos céus por
paciência, porque em poucos segundos minha colega de trabalho a tirou
de mim.
— Do que vocês estão falando, meninas? — Franco pergunta,
curioso, olhando para a invejosa, depois para mim.
Meus olhos estão molhados, mas sou forte. Não vou chorar por
causa dessa cadela.
— Bruna, nos dê licença uns minutos, preciso falar com Milena a sós
— ele pede seriamente, e Bruna sai furiosa. — Querida, pela sua reação
tenho certeza de que tudo é verdade, estou certo? — questiona o homem
à minha frente.
— Lamento que Vilela não tenha tido tempo de vir comigo. Ele com
toda certeza iria gostar de me acompanhar novamente, mas Isabel está
infernizando a vida do homem. A todo lugar que ele vai, ela chega e faz
escândalo — senhor Franco começa, falando mil coisas. — Está por um
triz esse casamento, mas não tem nada a ver com você. Eles sempre
foram uma fachada bonita para garantir status — conclui com um sorriso
de lado.
— Fique tranquila, tudo vai se ajustar e em breve você vai ter mais
— Não ando com prostituta. Você não me dá ordens nem pede nada,
eu que decido se vou ou não! — rosna, seus olhos brilhando de ódio.
— Nenhum homem vale nada. Não sei como meu marido teve
coragem de ter algo com uma mulher que se deita com qualquer um para
— Isabel, você por aqui? Há quanto tempo não nós vemos — fala
Franco, já ao nosso lado. Disfarço meu alívio.
— Pare de fingir. Sei que você me odeia, não tente fazer o bom
samaritano na frente de pessoas que você nem ao menos conhece,
Franco. Me poupe dessa lástima — a ruiva profere, muito arrogante.
— Milena, você sabe quem é essa senhora e por que está tão
exaltada? — Judite não deixa barato.
sabe segurar o seu esposo em casa — fala Judite, com um olhar duro à
ruiva.
— Cansei de ouvir a sua voz. Se quer saber, eu estive sim com o seu
marido, mas não o obriguei a me levar para a casa de vocês, ou dele, para
mim tanto faz. Eu só estava fazendo o meu trabalho — falo em um só
fôlego. — Esse é meu trabalho, sim, mas não saia da sua casa lá nos
infernos para vir tirar minha paz. Se pensa que vai me magoar com essas
palavras, está muito enganada. Já ouvi piores! Agora saia desse clube e
não volte mais!
— Não se rebaixe tanto. É uma mulher muito bonita, mas com a alma
podre, você é vazia, Isabel — falo, olhando bem em seus olhos.
ela disse que não me julgaria, que não tinha esse direito. Emocionei-me
mais ainda porque minha mãe olhou em meus olhos, chorando, e me disse
que ficaria sempre ao meu lado e entendia por que jamais falei a verdade
para ela sobre o meu trabalho.
liga para avisar que já está chegando, já tenho que estar esperando-o.
Quem dera fosse verdade, penso, ao ficar por alguns segundos fixos
meus olhos nos seus castanho-escuros.
Estranho ao ver que Judite está me ligando. O que ela quer comigo?
De relance, olho para a porta aberta para ver se Leonardo está vindo.
Vendo que não, atendo minha agenciadora.
Respiro fundo e dou mais uma olhada para a porta. Ainda bem que
Leonardo não voltou.
— Você está certa. Preciso que saia com um cliente amanhã. Ele é
um amigo, é muito especial — fala com a voz melosa.
Judite só pode ser louca. Não posso sair com outro cliente porque já
tenho o meu fixo.
— Te adoro, garota!
— Minha bela, infelizmente vou ter que pegar um avião agora mesmo
para voltar a Salvador. Duas pessoas da minha família sofreram um
seco.
Eu o entendo.
— Que Deus conforte seu coração. Espero que a sua esposa possa
se recuperar. — Beijo o rosto dele e me afasto. Nada é para sempre,
aprendi isso pelas idas e vindas em minha vida.
Sem olhar para trás, saio do quarto, pego minha bolsa na sala e
deixo o local. Mais um trabalho encerrado. Que venha os próximos, ou o
próximo.
GISELE MORENO
— Boa noite. Estou muito melhor agora que você chegou — fala,
virando-se para mim, porém, não consigo ver seu rosto. Apesar de a luz da
lua iluminar o quarto, ainda estou confusa com a visão.
— Olhe para mim, minha loira. — A voz é intensa. Meu corpo todo
vibra.
me. Lembro-me que estou brava com ele ainda, por nunca mais ter
aparecido, mas eu o amo e ele nem sabe. Deveria deixar assim mesmo.
Ele vive como quiser, e eu sigo sozinha. Atendo-o quando puder e sonho
para sempre em tê-lo só para mim.
— Sim, cheguei hoje, e a primeira coisa que quis fazer foi encontrar
você. — Ele se aproxima, e eu recuo.
Mordo os lábios e viro meu rosto para a parede pintada. Evito contato
visual com ele.
Provavelmente encontrou alguma mulher que seja ideal para ele, por isso
voltou ao Brasil.
— E por que foi embora e não voltou mais? — Meus olhos voltam a
lacrimejar, mas me nego chorar dessa vez.
que conseguiu anular meu casamento com a filha dele depois que soube
que a nossa convivência era de fachada e que jamais nos suportamos.
Nunca tivemos futuro… Todos esses anos, vivemos em pé de guerra. Ela
tinha os casos dela, e eu os meus — confessa, olhando bem em meus
olhos, e eu engulo em seco.
Gabriel me conta que o seu casamento nunca foi real, me fala sobre
um contrato entre sua família com a de Isabel, e o que me deixa mais
chocada é que ele me conta que a mulher, mesmo o odiando e não tendo
sentimentos por ele, não quis ceder o divórcio porque não queria que o
marido fosse feliz já que ela não era. Até mesmo antes de tentar se matar,
confessou para ele que era o único culpado de ela não ter conseguido ser
feliz porque jamais o amou e, mesmo vivendo aprisionada a ele, sentia
prazer de infernizar os dias de paz dele. Com certeza Isabel é uma louca
que precisa de cuidados médicos!
em meu apartamento com as fotos dos dois e me mostrou. Talvez ele não
soubesse que meu casamento era falso, pensou que eu me abalaria, mas
mesmo que Isabel não prestasse, cuidei do assunto para ela. Coloquei o
cara no lugar dele, o mandei ir embora e nunca mais a procurar. O maior
motivo de ela ter tentado se matar foi porque eu vi as fotos, consegui
resgatá-las e dar um fim na chantagem. O orgulho dela foi tão grande que
preferiu tentar tirar a vida — Gabriel explica em um só folego.
A forma como ele conta tudo detalhadamente me faz me sentir um
pouco triste por ter o julgado em pensamentos por algumas vezes. Juro
— Sim, eu estou sim, meu amor. Voltei para que possamos nos
resolver. — Ele beija meu rosto, e choro emocionada. — Não precisa
chorar. Eu te trouxe algumas coisas. — Afasto-me dele e lhe lanço um
pequeno sorriso.
— São seus, mas preciso que você abra com cuidado a caixa, é o
mais especial de todos os itens — fala, já acariciando meus ombros.
Viro o rosto e faço uma carranca para ele, que sorri para mim.
— Deixarei por último, então! — falo e abro a embalagem número
um, de seis. Tem uma linda lingerie branca, toda de renda com pedraria.
Nunca vi isso aqui, deve ser importada e é maravilhosa. Meus olhos
cintilam, e ele continua explorando meus ombros. Viro-me de frente para
Gabriel, afastando-me de seu toque, e abro as próximas três embalagens.
São roupa de banho, maquiagens e óculos lindos de sol.
Nas duas finais, um lindo tubinho azul Tiffany, com decote canoa e
detalhes nas costas, trançados com pedras. Esse ele acertou em cheio.
Por fim, um par de sandálias maravilhosos em preto envernizado, com
cristais pendurados no tornozelo, formando o fecho da sandália, e duas
tiras finas no peito do pé. É uma obra de arte.
que quero desse homem é ouvir da saindo da sua boca mais uma vez que
me ama.
— São para você usar no nosso jantar que já, já será servido.
Prefere abrir a caixa agora ou após o jantar? — pergunta, tentando
entender o que eu devo estar pensando.
desses outros. Até porque nem sei se você gostou. A julgar pela sua cara
de poucos amigos, nada te agradou muito. Perdi a mão em agradar você
— fala com pesar, e tenho vontade de pular em cima dele e matar a
saudade.
— Ah, eu gostei de tudo, relaxa. Nem sempre a gente faz festa para
presente, né! Hoje não estou muito para isso, me perdoe — minto
descaradamente, batendo os cílios.
Só diga o que eu quero ouvir mais uma vez, meu amor. Só diga que
me ama e eu serei a mulher mais feliz do mundo. Se você demorar muito
para tomar uma atitude, então eu tomarei por você.
Orgulho não leva ninguém a nada, e eu não quero mais ficar distante
Minha vida nunca foi fácil. Apanhei demais para chegar até aqui e
conquistar o que tenho hoje. Conheci o Gabriel e jamais imaginei viver
tudo que tivemos em pouco tempo. Nem sei o que fazer direito aqui agora
perto dele. Estou agindo feito idiota por estar brava ainda por algo que
nem tivemos culpa. Eu me envolvi demais, ele também. Queríamos coisas
parecidas, ou talvez a mesma coisa, e infelizmente não deu certo, mas
hoje ele voltou e me fez ver que um ano não foi capaz de mudar meus
sentimentos por ele.
Arregalo os olhos e olho para ele, que parece ansioso por minha
reposta.
— Gis…
Não o deixo terminar, porque jogo tudo para o lado e pulo em cima
dele. Caímos no chão e, entre risos, ficamos por algum tempo trocando
olhares intensos. Até furto a sua boca para um o beijo cheio de amor.
Como diria a música do cantor Luan Santana, “Um beijo fala mais
que mil palavras” e “Um toque é bem mais que poesia”.
— Faça amor comigo. Quero que se entregue para mim agora como
minha mulher, a mulher da minha vida. — E então, ele me beija,
apaixonado.
Uma corrente elétrica percorre todo meu corpo quando Gabriel passa
os braços ao meu redor e me pega no colo. Ele me coloca na cama com
cuidado, posicionando-se entre minhas pernas.
Meu coração bate mais rapidamente, meu estômago parece ter vida
própria. De repente, minha garganta fica seca quando noto seu olhar de
adoração sobre mim. Viro-me de costas para que ele tenha acesso ao
zíper do meu vestido. Deslizado a peça para fora do meu corpo, Gabriel
não deixa de beijar as minhas costas.
— Vou amar cada parte desse corpo, assim como amo a dona dele.
— Meu corpo fica em chamas com apenas poucas palavras.
nosso agora.
história. Sinto-me grato por ter alcançando meus objetivos; um deles foi a
mulher que está nos braços, que há cinco anos é minha mulher, a futura
mãe dos meus filhos, meu maior tesouro.
— Ah, não, eu não acredito! Vai mesmo uma hora dessa trabalhar?
Não, senhor! Me nego dormir sem meu marido ao meu lado para me
esquentar nessa noite fria — diz, com a sobrancelha arqueada, olhando-
me como se estivesse me desafiando.
vai dar de cara com a porta, senhor Vilela! — fala, provocadora, e dou
risada.
— Amanhã meu pai vem nos visitar. Imagine só se ele souber que a
nora predileta dele está deixando o filho dele dormir no sofá? — retruco, e
ela ri.
lá e não aqui, e respeitei a sua decisão, mas não o abandonei. Duas vezes
no mês, Gisele e eu vamos para lá ficar com ele, e quando não vamos, ele
vem a nós, vice e versa. A distância nunca foi um problema para nós.
— Há, você se acha o esperto! Meu sogro vai me apoiar. Quem já se
viu trazer trabalho para casa? Já não basta trabalhar o dia todo? Você
precisa de um descanso, amor. — Ela faz beicinho. — E eu preciso de
— Aham, assim você não fica de castigo no sofá e ainda vai dormir
— Agora vai ter me aturar, loirinha. — Roubo um beijo dela. Beijo seu
pescoço e sorrio contra sua pele.
amo, nunca vou me cansar de dizer aos quatro ventos que sou louco por
você, minha loira. — Entrelaço nossos dedos e colo nossas testas.
uma leitora assídua. Ama animais, principalmente cães. Aos quinze anos,
largar a escrita.
https://www.facebook.com/JessicaSantosAutor/
Link do meu grupo privado para falar sobre meus projetos futuros:
https://www.facebook.com/groups/278565765949848/?ref=bookmarks
Instagram: jessica_autora
Quer saber mais sobre os próximos lançamentos? Acesse o site:
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NOS BRAÇOS DO CEO
329 páginas
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Sinopse:
Uma chantagem.
Um segredo.
E enfim, o término.
profundo deixado pela mulher que prometeu lhe entregar seu coração.
(+18)
∞∞
KILLZ – HERDEIROS DA MÁFIA – LIVRO 1
297 páginas
Link: https://amzn.to/2Yk1vP8
Sinopse:
conhecem o definem.
violência.
Para o azar do rival acusado de matar seus pais e alvo do novo líder
dos Knight, pois Killz tem um plano arquitetado para destruir o temido
2 EDIÇÃO
∞∞
https://www.amazon.com.br/Jessica-D-
Santos/e/B08B7NGSM1/ref=dp_byline_cont_ebooks_1
CONHECAM KILLZ – HERDEIROS DA MÁFIA –
LIVRO 1
PRÓLOGO
Interrompo-o.
— Quem deve achar aqui sou eu, Alec. Não pense que por ser meu
amigo tem o direito de interferir nas minhas decisões.
— Como você quer abrir uma vaga de emprego para alguém que não
— Pelo simples fato de que precisamos ter alguém que não seja
AUBREY RUSSELL
sido meio precipitadas, mas é bom saber que finalmente poderei desfrutar
por mais de dois dias desse lugar maravilhoso. Saio do aeroporto cheia de
malas, andando calmamente até a saída. Logo após, faço sinal para um
taxista, que prontamente guarda minha bagagem no porta-malas.
traseiro.
papel indicando o Hotel Café Royal, que fica na rua Quadrante Arcade. —
Quanto tempo iremos levar para chegar ao hotel?
estaremos lá. A senhora é habituada a vir para cá? — pergunta, sem tirar
os olhos da rua.
Ele pode ser o melhor, mas minha mãe tem razão, nenhum lugar se
compara ao nosso lar. Deixei Chicago não tem nem vinte quatro horas, e a
saudade já toma conta de mim, principalmente porque minha mãe,
Celeste, e minha prima, Alessa, ficaram lá. Soube ontem que Lessa em
breve começará o estágio em algum hospital como enfermeira. Fiquei feliz
por ela, que é como uma irmã para mim. Desde crianças, nós nos
lembrar que meu pai avisou que, pela primeira vez, eu poderia passar um
ano em Londres.
Muitas vezes, meu pai me trata como se eu ainda fosse criança. Sua
proteção é sufocante demais. Tenho minhas desconfianças sobre a
no bolso da calça.
voltar ao carro.
atravessar a rua. Não sei bem a razão, mas, nesse momento, algumas
lembranças que envolvem minha família surgem em minha mente.
Quando protestei e disse que não queria mais ficar longe da minha família,
ele gritou comigo pela primeira vez. Em seguida, só olhou em meus olhos
pela tela do celular e disse que tudo era para meu bem-estar. Até pediu
para que eu não o odiasse.
bom. É claro que dona Celeste tem sua parcela de culpa. Com pouco
tempo, posso admirar todos os cômodos. Incrível como o ser humano
recebendo dinheiro do meu pai para sempre, pois já sou uma mulher
adulta e fica até feio para mim.
Aproveito o bom tempo para sair. Vou até à recepção do hotel pedir
algumas informações, e a recepcionista, muito educada, garante que, se
queijos.
provar o laticínio.
— É… Não, estou bem aqui! Tenho outras coisas para ver, obrigada!
Espero que tenham boas vendas! — falo, envergonhada ao receber
olhares em minha direção. — Deixe para a próxima! — Não haverá uma
próxima.
Nem tudo que é oferecido de graça deve ser levado como uma boa
ação.
se manifesta.
Andei por horas nas ruas londrinas, acabei perdida e não sei como
vim parar na entrada de uma rua fechada, sem movimento algum. Onde eu
estava com a cabeça que vim parar nesse lugar?, pergunto-me, vendo
umas latas de lixos enferrujadas espalhadas no chão.
disso, mas o desejo de saber o que está acontecendo é maior que o bom
senso.
Na ponta dos pés, sigo em direção ao beco. Observo a cena e
acredito que talvez eu esteja com problemas de visão. Meu senhor!
Outros dois homens apontam suas armas para outro indivíduo, que
também chora e murmura algumas palavras que não consigo entender.
dados e calam a vítima que implorava para viver. Meu estômago embrulha
violentamente. Estou tão espantada com o que acabei de ver. Oh, céus.
mas só preciso da sua declaração para que eu tome coragem para correr.
— Ligue para Jeffey e peça para ele encostar o carro na entrada do beco.
Coloque o corpo no porta-malas e depois jogue naquele mesmo lugar em
sorte, ou Deus, porque consigo fugir dali, com muita dificuldade, viva e
intacta.
Ouço ao longe.
— Não tem como ter sumido assim tão fácil. Ela é uma testemunha,
caralho! Deve ter se enfiado em algum buraco por aqui. — A voz estridente
— Rapidamente, levo as mãos a boca, para evitar que algum som saia.
Acalme-se, Aubrey.
— Então vamos.
— Estamos indo, mas isso não quer dizer que vamos deixar esse
assunto para trás. Depois voltamos aqui, podemos conseguir mais
informações.
seguidores dos nossos inimigos. Ele era um dos soldados que sempre
trabalhou corretamente, até que, em um insensato momento, falhou em
Meu amigo nem me olha direito, e meu instinto não costuma falhar.
Desconfiado, olho para a bota dos dois e vejo que já não usam as mesmas
que estavam usando quando foram à caça, nem mesmo as roupas são as
mesmas.
— Só tem um problema, chefe — diz Pietro. Ele fala tão baixo que
quase não consigo ouvir. — Alguém nos viu eliminando o Dave.
— Juro que não ouvi direito. Repita o que você falou — ordeno, já de
punhos fechados.
rosto e me olha. Quando vê que lhe dou um olhar mortal, engole em seco
e dá alguns passos para trás. É bom que tenha medo mesmo.
pé, amedrontado.
Sem conter meu ódio, pego no pescoço de Pietro e aperto com força
para que sinta a minha fúria, para que saiba que não estou de brincadeira.
Em seguida, olho para o segundo chefe dele, que observa a cena sem se
manifestar. Acho bom, porque quem manda nessa porra sou eu.
— Quero saber quem foi que viu vocês executando Dave! Como
— Não deu para ver direito o rosto dela — ressalta Pietro com
cara, moleque, mas não quero ter que sujar meu terno novo. Dessa vez,
não vai haver punição, mas se cometer outro erro como esse não terei
piedade. Agora, saia. Quero conversar com Alec. — Antes de soltá-lo, dou
me sentar.
Alec me conta desde o início: que foram atrás da mulher, que ela
me enrolar, era isso? Iam mentir para mim na cara dura? Porque,
sinceramente, Alec, não suporto pessoas que tentam me fazer de idiota.
— Para sua sorte, vou engolir essa história. Faz um ano que a polícia
parou de desconfiar do nosso negócio e agora vocês me vêm com essa?
delatar.
homens cometam um erro primário como esse. — Aponto o dedo para ele.
Estou puto da vida!
sem conseguir manter nosso contato visual. Ele está envergonhado pela
possamos usar quando acharmos a mulher. Ficar aqui sentado não irá
resolver nossos problemas. Antes do sol nascer, quero notícias dessa
suposta testemunha.
executamos o traidor.
mensagens do celular.
— Pode entrar.
— Tem documentos para você, preciso da sua assinatura — avisa
madeira.
soldados esmurrou seu rostinho bonito porque o pegou transando com sua
namorada — confessa. — Acabei metendo uma bala no meio da testa do
Tóquio; o Carter tem uma corrida mês que vem, e estamos querendo
aproveitar a brecha para fazer as entregas das armas e peças de carros.
Markus — falo.
sua amada esposa, Celeste Lewis. A garota tem bons históricos por onde
passou, mas é uma pena que daqui para frente não poderá ser mais
assim.
faminto.