A IMPORTÂNCIA DO PÃO – DA INFÂNCIA À TERCEIRA IDADE

O pão é um dos alimentos mais antigos e parte integrante da Dieta Mediterrânica. Com
presença significativa na cultura portuguesa, são diversas as espécies de pão tradicionais no
nosso país e que se encontram diariamente à mesa dos portugueses, em preparações culinárias,
como acompanhamento ou componente principal de refeições.
De produção simples e ingredientes de qualidade, representa um alimento
nutricionalmente rico e fornecedor de energia por excelência, especialmente se a escolha recair
pelas opções de mistura de cereais, preferencialmente integrais.
As fibras, as vitaminas e os sais minerais, encontram-se maioritariamente nas camadas
externas dos cereais, que são desperdiçadas na produção de farinhas refinadas (farinhas
“brancas”), já o pão integral apresenta maior quantidade destes nutrientes, sendo por isso mais
benéfico e vantajoso. As fibras garantem maior saciedade, alimentam durante mais tempo
evitando a fome precoce, assim como facilitam o funcionamento do trânsito intestinal e
diminuem a velocidade de libertação e absorção dos açúcares, permitindo um melhor controlo
da glicémia (nível de açúcar circulante na corrente sanguínea). As vitaminas do complexo B
presentes no pão desempenham várias funções, contudo a mais significativa é a ação no
metabolismo de produção de energia, que permite às células produzirem energia de forma
eficiente, através dos nutrientes. No que respeita aos sais minerais, os que se encontram em
quantidade mais significativa no pão, especialmente nas versões integrais, são o fósforo, com
importância na produção de energia e na formação e reforço de ossos e dentes; o magnésio,
que influencia a ação muscular e o controlo da glicémia, atuando como nutriente com função
preventiva da diabetes; e o potássio, que está envolvido, em conjunto com o sódio, na
manutenção hídrica (gestão de retenção ou libertação de líquidos) e é responsável pelo controlo
da pressão arterial.
Por ser rico em hidratos de carbono, representa um alimento fornecedor de energia, ideal
para as refeições das crianças, que apresentam necessidades energéticas superiores, além de
ser uma opção mais equilibrada e completa, sem adição de açúcares ou gorduras,
comparativamente com outras ofertas comumente adotadas para pequeno-almoço e lanches
infantis. Também a riqueza em vitaminas e sais minerais representa uma vantagem na
alimentação das crianças, já que se encontram em fase de crescimento e com um quotidiano
exigente e ativo, onde a produção de energia é essencial, assim como a formação e manutenção
de tecidos e a prevenção de desenvolvimento precoce de fatores de risco para patologias como
diabetes e hipertensão arterial.
 A versatilidade é também uma vantagem deste produto alimentar, por permitir uma
oferta variada e apelativa para diversas refeições, seja pela espécie de pão, na apresentação ou
nos ingredientes possíveis de combinar, sem descurar o valor nutricional.
Este alimento, nutricionalmente rico e versátil deve estar presente em todas as fases da
vida, com importância já referida na idade infantil, mas também com vantagens na terceira
idade.
Por ser uma opção de fácil mastigação, é possível integra-la na alimentação dos idosos,
mesmo os que possuam algumas dificuldades de mastigação e/ou deglutição, fornecendo
energia e nutrientes essenciais. Esta fase da vida caracteriza-se por maior suscetibilidade ao
desenvolvimento de diabetes, sendo que o magnésio presente no pão integral atua como agente
preventivo; de hipertensão, na qual o potássio contribui para o controlo; e também de maior
fragilidade óssea, que pode ser atenuada graças ao fósforo presente na alimentação,
nomeadamente nos cereais integrais que originam o pão.
Muitas vezes diabolizado e substituído na alimentação diária, sem qualquer motivo para
tal, o pão na verdade é um alimento que apresenta benefícios nutricionais, quer em
macronutrientes, por ser fonte de hidratos de carbono e isento de gordura, quer em
micronutrientes, por possuir uma variedade considerável de vitaminas e sais minerais. Muitas
vezes as opções apresentadas como substitutas do pão centram-se em produtos alimentares
mais processados, produzidos industrialmente e com maior quantidade de aditivos.
Assim, este alimento deve estar presente diariamente, bem como os restantes alimentos
pertencentes ao grupo alimentar dos cereais, derivados e tubérculos, como parte integrante de
uma alimentação completa, equilibrada e variada.

Daniela Simões Andrade

3573N | Nutricionista