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Pirâmides e Guias Alimentares

Francisco de Assis da Silva Melônio

Segundo a organização mundial da saúde os guias alimentares são instrumentos que fornecem
informações à população, visando promover saúde e hábitos alimentares saudáveis. Devem ser
representados por grupos de alimentos e são baseados principalmente na relação existente entre os
alimentos e a saúde dos indivíduos.
Os guias alimentares são as diretrizes formuladas em políticas de alimentação e nutrição, visando a
promover a saúde e um melhor estado nutricional das populações de cada país. Devem respeitar os hábitos
alimentares, a disponibilidade dos alimentos locais, com incentivo de medidas necessárias para atingir o
pleno potencial de crescimento e desenvolvimento humano, por meio de uma alimentação adequada. Os
ícones, isto é, as representações gráficas dos guias, podem contribuir para a melhor divulgação das
orientações, transformando-se em um facilitador na transmissão do conteúdo científico e possibilitando
melhor assimilação e adesão por parte da população.
Guias alimentares são orientações dietéticas para o público e se constituem em componentes da
política de saúde.
Existe diferença entre recomendações, metas alimentares e guias alimentares, Helsing propõe os
conceitos:

“As recomendações são necessárias em três níveis: metas quantitativas de nutrientes para cientistas
e profissionais da saúde; metas quantitativas de alimentos para políticos e produtores de alimentos e guias
alimentares expressos para o público.”

“Guias expressam as metas em termos de alimentos (ou combinações de alimentos) a serem


consumidos por indivíduos… guias não necessitam ser quantificados, mas necessitam ser baseados em
metas. Muitos padrões dietéticos podem ser compatíveis com um dado conjunto de metas dietéticas.”

Objetivos

Aconselhar consumidores a selecionar dietas adequadas, entre as muitas combinações de alimentos,


para obterem as melhores chances de saúde a longo prazo.
Orientar a alimentação para reduzir as chances de desenvolvimento de doenças crônico-
degenerativas.

Existem guias alimentares que fazem distinção das orientações de saúde para a população em geral
e para grupos de risco, como o Guia da Organização Mundial da Saúde (OMS) – Europa que separa
orientações para a população em geral e para grupo de alto risco cardiovascular.

Características

- Estabelecimento de baixo custo e fácil operacionalização;


- Apresentam orientações gerais, sem especificação para diferentes segmentos da população (sexo, idade e
estado fisiológico);
- São expressos como alimentos e em linguagem de fácil compreensão;

Pirâmide Alimentar Brasileira: Guia para escolha dos alimentos

Os Guias alimentares incluem a promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis, a


prevenção e o controle dos distúrbios nutricionais e de doenças associadas com a alimentação e a nutrição.
Devem ser fundamentados e difundidos por meio de formas gráficas que possibilitem amplo entendimento por
parte dos indivíduos, ou seja, fazer com que o consumo dos alimentos seja adequado e em quantidade
suficiente para compor uma dieta nutricionalmente equilibrada, evitando, na medida do possível, as
deficiências ou os excessos alimentares.
No intuito de garantir uma alimentação equilibrada e saudável, a pirâmide foi a representação gráfica
escolhida para dispor os alimentos separados em níveis e agrupados por tipos de nutrientes. Os alimentos
dos diferentes grupos foram quantificados em porções.
Porção é a quantidade de alimento em sua forma usual de consumo, expressa em medidas caseiras
(xícara, fatia, etc.), unidades ou na forma de consumo (quatro gomos de laranja, uma fatia de mamão, uma
unidade de biscoito).
Uma boa pirâmide alimentar deve ser clara, com dados concretos e sempre que possível validada
para a ampla utilização da população a que se destina.
O uso da pirâmide alimentar permite a socialização do conhecimento da nutrição e da alimentação
como instrumento capaz de permitir à população brasileira a seleção de uma alimentação mais saudável,
considerando as diferentes realidades sociais, culturais e econômicas das famílias. Os hábitos alimentares
devem ser sempre respeitados, pois são as preferências alimentares que compões a cultura de um povo.
A alimentação saudável deve ser entendida como aquela planejada com alimentos de todos os tipos,
de procedência conhecida, de preferência natural e preparados de forma a preservar o valor nutritivo e os
aspectos sensoriais. Os alimentos devem ser qualitativa e quantitativamente adequados ao hábito alimentar,
consumidos em refeições /dia, em ambiente “calmo”, visando à satisfação das necessidades nutricionais,
emocionais e sociais, para a promoção de uma qualidade de vida saudável.
Os alimentos foram distribuídos na pirâmide da seguinte forma:

 Grupo do arroz, massa, pão, batata e mandioca: 5 porções no mínimo e 9 no máximo.


 Grupo das verduras e legumes: 4 porções no mínimo e 5 no máximo.
 Grupo das frutas: 3 porções no mínimo e 5 no máximo.
 Grupo das carnes e ovos: 1 porção no mínimo e 2 no máximo.
 Grupo do leite, queijo e iogurte: 3 porções.
 Grupo dos feijões: 1 porção.
 Grupo dos óleos e gorduras: 1 porção no mínimo e 2 no máximo.
 Grupo dos açúcares e doces: 1 porção no mínimo e 2 no máximo.

O consumo dos alimentos do grupo de arroz e Cia deve-se dar preferência aos alimentos integrais,
uma vez que os alimentos como arroz branco e pão branco são rapidamente absorvidos e transformados em
glicose “açúcar” podendo aumentar o índice glicêmico do indivíduo, os alimentos integrais além de não darem
este efeito possuem quantidade maior de vitaminas e minerais.
A recomendação de frutas é de no mínimo 400g a 500g por dia ou cinco porções elas reduzem os
riscos de infarto, de pressão alta e de doenças coronarianas (do coração). Deve-se priorizar as frutas
conforme a regionalidade e a sazonalidade ou seja as frutas naturais da região do consumidor e que estão
dando naquele dado período. Consumir preferencialmente cruas na sua forma natural ou como sucos.
Recomenda-se o consumo de verduras e legumes com quatro porções no mínimo e cinco no
máximo, em preparações como saladas, cocção a vapor ou cozidas em pouca água, buscando preservar ao
máximo o valor nutritivo desses alimentos.
São restringidos o consumo de frituras e alimentos embutidos e industrializados uma vez que podem
aumentar o risco de doenças cardiovasculares e a pressão alta.
Em 2014 a pesquisadora Sônica Tucunduva lançou uma nova pirâmide alimentar para a realidade
brasileira, ela é muito parecida com a anterior, entretanto foram incluídos ou destacados alguns alimentos
além de se acrescentar a necessidade da prática de atividade física na base da pirâmide.
A seguir são destacadas as alterações e é apresentada a pirâmide:

Grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca: destacou-se a presença do arroz integral, pão de forma
integral, pão francês integral, farinha integral, biscoito integral, aveia, além da inclusão da quinoa e do cereal
tipo matinal.
Grupo das frutas: deu-se ênfase para os itens regionais, como caju, goiaba, graviola e a inclusão de sucos e
salada de frutas.
Grupo das verduras e legumes: foram incluídas as folhas verdes escuras, repolho, abobrinha, berinjela,
beterraba, brócolis, couve flor, cenoura com folhas e a salada com diferentes tipos de vegetais.
Grupo do leite, queijo e iogurte: promoveu-se maior ênfase aos produtos desnatados e maior visibilidade ao
iogurte.
Grupo das carnes e ovos: deu-se destaque para os peixes do tipo salmão e sardinha, peixes regionais, cortes
mais magros e grelhados, frango sem pele e os ovos.
Grupo dos feijões e oleaginosas: além do feijão, incluiu-se a soja como preparação culinária; aparecem a
lentilha, o grão de bico e as oleaginosas (castanha do Brasil e castanha de caju).
Grupo dos óleos e gorduras: destacou-se o azeite de oliva.
Grupo de açúcares e doces: foram inseridas sobremesas doces e o açúcar.
Além da alimentação não se esqueça de praticar atividades físicas

Breve comentário sobre a pirâmide

Ela é separada por grupos em posição horizontal, conforme o grau de consumo diário em calorias,
assim no alto da pirâmide estão os alimentos que devem ser menos consumidos e na base os mais
consumidos, portanto muito cuidado para não confundir os do alto da pirâmide como sendo os alimentos mais
importantes “por estarem no alto” estes devem ser os menos consumidos ao se interpretar esta pirâmide.
Foi incluída a prática de atividade física em no mínimo 30 minutos diários sendo que esta atividade
deve ser aeróbica, como caminhada, corrida, natação, dança, pois estas depois do período citado estimulam
a queima de lipídeos.
Diversos ícones ilustram os guias alimentares dos países: o Canada apresenta um arco-íris; a China,
um pagode; a Guatemala, um pote de cerâmica; o Chile, a Alemanha, a Tailândia e os Estados Unidos, a
pirâmide. O México e Portugal a Roda dos Alimentos.
A nível internacional existem estes outros ícones e alguns são apresentados a seguir:

Nesta pirâmide além dos valores calóricos é


considerada a função do alimento, assim você observa
que arroz branco, pão branco, batata, macarrão foram
incluídos no grupo dos doces, pois fornecem energia
com pouquíssimo benefício agregado, ou seja, pouca
fibra, vitaminas e minerais.
A carne vermelha e a manteiga também foram
colocados no grupo de alimentos a serem consumidos
de forma moderada.
O grupo das carnes por sua vez prioriza as carnes
brancas sem o uso do consumo em fritura.
Os alimentos integrais são priorizados e estão no
grupo das leguminosas (feijões)
Verduras e legumes não têm um limite de consumo
podem ser consumidos em abundância e as frutas 2 a
3 vezes por dia.
Curiosamente na base além dos pães integrais,
massas integrais, e tubérculos foram incluídos também
os óleos vegetais tais como azeite de oliva, canola,
milhos devido a sua importância funcional no sistema
imunológico e no raciocínio.
São apresentados também as bebidas alcoólicas e
os suplementos nutricionais, pois são parte da dieta de
muitos indivíduos principalmente em países
desenvolvidos.
Exercícios diários e controle do peso também são
apresentados nesta pirâmide como fator para saúde do cidadão.

Outra forma gráfica conhecida é a utilizada por Portugal chamada de roda dos alimentos

Por não estar disposta em grupos horizontais não dá


a impressão de que os alimentos mais no topo é mais
importantes que os demais.
Fica clara a intenção de dividir os alimentos em
grupos proporcionais durante o dia.
No centro se dá destaque ao consumo de água.
Não faz referência a pratica de atividade física.
Não estimula o consumo de doces de forma diária.
Na china se priorizou a cultura e a criatividade e foi criado o
ícone semelhante a um Pagode, que é uma típica construção
oriental.
As orientações são semelhantes a pirâmide dos
alimentos.

Uma pirâmide invertida ou um furacão?


O Ícone alimentar dos japoneses ainda se baseia na quantidade
por porções assim se incentiva o consumo de grãos, massas,
verduras e legumes, em seguida carnes brancas e magras, mas
curiosamente o consumo de frutas se restringe a duas porções
diárias.

Prezado aluno apresentei rapidamente estes outros tipos de


ícones para entendermos que a alimentação de um país é
representado por meio destes ícones, cada país tem a sua cultura
alimentar, e por mais parecidos que sejam, o ícone que é utilizado
no Brasil é a pirâmide alimentar de Sônia Tucunduva, mas em
alguns casos excepcionais pode se adaptar algum dos demais
ícones como a roda dos alimentos de Portugal para nossa
realidade.
O Ministério da Saúde brasileiro utiliza o Guia Alimentar da
População Brasileira e não um ícone, a pirâmide alimentar é
utilizada pelos profissionais da saúde brasileiros.

Videos e sites Recomendados

https://www.youtube.com/watch?v=Wettwdb6dMY

http://www.axialind.com/piramides-de-alimentos-do-mundo/

Bibliografia

SILVIA, SANDRA MARIA CHEMIN Seabra da. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia /
Sandra Maria chemin Seabra da Silva, Joana D’arc Pereira Mura – São Paulo: Roca, 2007.

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