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Playing Games
Lucy Wild
Ele é um bilionário. Ele está entediado. E ele quer brincar comigo. Cole Ford
é o homem perfeito. Literalmente. Ele passou todo o dia me perseguindo,
ordenando que eu voltasse para sua mansão para uma noite de paixão. Se isso
fosse real, eu diria sim em um piscar de olhos. Mas não é real. É só um jogo. Uma
roleta de vinte e quatro horas com ele como o bilionário e eu encenado a femme
fatale. Apenas um pouco de diversão. Ele não está realmente apaixonado por
mim, apenas meu personagem. Mas e se eu não quiser mais jogar? E se eu quiser
dizer o quanto eu o quero? Isso seria quebrar as regras. Eu nunca quebrei as
regras antes. Até agora.
*** Esta novela é um romance autônomo, com final feliz garantido, sem
suspense ou trapaça.
PRÓLOGO
Eu sei que isso pode parecer um pouco exagerado, mas eles realmente
estavam decidindo meu futuro enquanto eu só podia esperar e olhar a minha
volta pela centésima vez os equipamentos em exposição.
Eu estava cercada por coisas BDSM, tantas, que eram suficientes para
estocar uma Convenção com abundância de sobra. Estavam próximas o suficiente
para olhar, longe demais para tocar. A história da minha vida. Eu sempre quis as
coisas as quais eu não poderia ter, o chefe, o cara da loja de café com o queixo
cinzelado, inferno, eu até tive uma queda pelo entregador de pizza por um tempo.
Então, como é que acabei aqui? Algemada num lugar esperando para ser
libertada?
A sala de jogos era vermelha, assim como eu, me fazendo parecer ainda
mais quente. Mais do que tudo, eu queria uma bebida, algo para saciar a sede
ardente no fundo da minha garganta. Mas até eles terminarem de falar isso não
iria acontecer.
As paredes eram vermelhas, o tapete era vermelho, o teto era puro branco,
a única coisa pura lá, além de mim. As prateleiras que cobriam as duas paredes
continham cada brinquedo sexual imaginável. Estavam arranjados
pretensiosamente como se fossem exposições em um museu. Grampos de
mamilo, algemas, mordaças. Os plugues anais variavam dos menores aos maiores,
cada um com uma etiqueta impressa na frente, embora a escrita fosse muito
pequena para ler estando na minha posição.
Com certeza estar sozinha e presa pode fazer sua mente vagar. O que mais
eu poderia ver e fazer? Havia uma cadeira de madeira com um vibrador preso no
assento e correias nos braços para segurá-lo no lugar e isso parecia assustador.
Havia um balanço no canto, mas definitivamente não era o tipo de balanço
apropriado para um parque infantil.
Suponho que a questão seria, como diabos você entrou nesta confusão
Karina? E mais importante, o que você fará agora?
Ele.
Sempre foi um homem. Um ele. Um homem. Homens. A causa de todos os
meus problemas.
Primeiro, quero falar sobre um homem chamado Tony. Foi onde tudo isso
começou. Na época ele era meu namorado, quase noivo.
Espero que você esteja mais confortável do que eu. Mas se você está
sentada em uma poltrona tão bizarra quanto esta ou deitada numa cama em uma
tarde quente ou esmagada entre dois homens de terno chamados Nigel no trem
superaquecido indo trabalhar, eu quero que você se prepare. Eu vou lhe contar
uma história. Não uma longa! Eu quero lhe dizer como eu acabei estando
acorrentada, rodeada por brinquedos sexuais, esperando o homem dos meus
sonhos vir e me salvar. É um inferno de uma história e não espero que você
acredite em tudo. Embora espero que a ouça. Você só poderia aprender com
meus erros.
Ele seria o último homem que eu beijaria. Íamos nos casar. Era um
pensamento estimulante. Eu ia casar. Eu ia ser uma esposa. Terminei o sorvete e
deixei cair o guardanapo na lixeira do meu lado enquanto olhava do outro lado da
árvore imaginando onde ele estava.
Então ele apareceu por trás dos ramos baixos, movendo-se e inclinando-se
sobre um galho que quase tocava o chão com os braços dobrados enquanto me
observava atravessar a grama em direção a ele.
—Eu sei que você tem. Eu disse para trazê-lo com você.
—Não é isso! Eu tenho outra coisa para você. Adivinha o que é?
Ele olhou para mim e assim que ele fez vi algo estranho. Se ele usasse
óculos teria sido uma expressão séria por cima deles. Era sério o suficiente de
qualquer forma.
—Tudo bem, eu vou dizer. É uma poltrona.— Esperei pela reação dele, mas
ele apenas continuou olhando para mim. —É de couro e suave como qualquer
coisa e você pode sentar-se e ler e posso lhe trazer xícaras de chá. Eu estou tão
animada Tony! Não acredito que vamos morar juntos. Parece que está indo tão
rápido.
—Claro que sim. Aqui está Senhor Mal Humorado.— Cheguei em minha
bolsa e tirei para fora o envelope, passando-o para sua mão estendida. —Mas eu
ainda não entendo por que eles precisam do aluguel e do depósito em dinheiro.
No começo pensei que era uma piada, que ele estava fingindo fugir com
quase dois mil dólares do meu dinheiro, minha poupança toda em um envelope. O
sorriso caiu do meu rosto quando ele continuou correndo empurrando-se através
das multidões.
—Ei!— Gritei quando comecei atrás dele. —Onde você vai?— Mesmo assim
eu pensei que ele poderia voltar atrás, me zoar por ser tão fácil me enrolar, mas
isso não aconteceu. Eu vi de relance quando ele foi direto para o portão que dava
pra rua. Um grupo de turistas apareceu na frente dele deixando-o mais devagar.
Eu estava ganhando terreno embora meus pulmões estivessem doendo devido ao
esforço de tentar pegá-lo. Eu estava chegando perto e mais alguns segundos e eu
estaria nele.
O sol desapareceu e uma sombra caiu por cima de mim. Olhei para cima
para ver uma figura montanhosa me olhar. Com o sol atrás dele, tudo o que eu
poderia fazer era ver sua silhueta.
Não era para eu estar no parque, era suposto que eu estivesse no trabalho.
Nós tínhamos recentemente expandido para um segundo escritório na cidade e
era um momento agitado. O —jogo— estava ativo por cinco anos e meu
investimento tinha sido reembolsado várias vezes. Após seis meses de idas e
vindas, nós finalmente tomamos a decisão de expandir. Estávamos fazendo uma
aposta abrindo um segundo escritório sem reservas confirmadas, mas achei que
valia a pena o risco.
Toda a empresa existia por causa do boca a boca, sem marketing, exceto um
pequeno folheto dado para algumas pessoas selecionadas. O método era simples,
você cria uma fantasia boa o bastante, um jogo bastante real e então faz as
pessoas felizes. Não era complicado, era apenas caro. Contratar os atores para os
papéis, separar o seguro, lubrificar as rodas da prefeitura para que possamos
continuar. Tudo levou dinheiro, tudo levou tempo. Mas ele estava pagando. Eu
tinha escolhido zero publicidade enquanto construíamos o jogo para o padrão
que precisava ser, para ir a público. Nós ainda não estávamos lá. Eu tive que dar
um jeito de mostrar ao mundo que não era apenas um jogo de sexo elaborado.
Este agora era um novo negócio. Este era um jogo que não tentamos antes e
como eu era o cara do dinheiro eu seria o primeiro a experimentá-lo.
Havia algumas razões para eu achar que ela seria a jogadora perfeita. Em
primeiro lugar ela era bonita. Sim, ela estava chorando, os olhos turvos, as
bochechas dela estavam vermelhas. Mas ela era linda. Boa aparência e um belo
corpo também. Se eu ia jogar, bem que poderia ser com alguém que eu gostasse.
Em segundo lugar, parecia que ela precisava se animar. O jogo nunca deixou de
fazer os jogadores felizes. Esse foi o objetivo desde sempre.
Eu não sabia seu nome, sabia que ela tinha se chocado contra mim quando
eu estava andando pelo parque. Eu estava lá apenas porque estava um dia muito
ensolarado para estar no escritório. Mais tarde chegaria lá. Eles poderiam me
ligar se fosse algo urgente. Não é como se eles pudessem demitir o cara que
estava financiando a coisa toda.
Ela saltou em mim e caiu no chão. Eu fui para ajudá-la, mas ela já estava de
pé, na ponta dos pés esticando o pescoço para olhar a multidão de pessoas. Ela
estava procurando algo, mas seja lá o que fosse, ela não tinha encontrado. Um
segundo depois ela caiu no banco ao lado, sua cabeça em suas mãos. Eu já estava
começando a me perguntar o que tinha acontecido.
O jeito que ela falou saiu com um som tão oprimido, tão submissa, eu sabia
que ela era a pessoa certa. Ela seria perfeita para isso. —Não há necessidade de
se desculpar— Eu disse, querendo ouvi-la de novo. Gostei de ouvir sua voz. Seus
olhos se afastaram antes de voltar para mim. —O que está errado?
—Errado?— ela ecoou limpando seus olhos. —Não é nada, eu estou bem.
—Estou bem.
Estiquei meus braços para fora sob o sol. —Terminei com alguém também.
—Você é um homem. Por que um homem estaria com alguém durante seis
meses e em seguida fugiria quando deveriam ir morar juntos?— Sua respiração
engatou e então soltou uma enxurrada de palavras, todas vieram ao mesmo
tempo, tão rápido que eu me esforcei para entender. —Deveríamos estar
casando, ele disse que me amava. Eu comprei uma cadeira para ele, era uma
grande cadeira. Eu faria qualquer coisa por ele, e ele nunca disse nada sobre estar
infeliz. Não entendo! Por que ele faria isso? Ele pegou o meu dinheiro. Ele me
disse que a locação tinha que ser em dinheiro e acreditei nele, eu sou uma tola.
Era tudo que eu tinha no mundo e ele pegou e eu sou uma idiota e oh meu Deus,
olhe para mim. Estou divagando com um estranho que não poderia se importar
menos sobre meus problemas. Me desculpe.
—Certo.
—Então ele conseguiu que você trouxesse todo o dinheiro que você tinha?
—Certo. Por que ficar por seis meses? O que ele ganharia com isso?
—Sexo fácil.
—Você não precisa fazer isso.— disse ela olhando para baixo para o folheto
na minha mão. —O que é?
Ela estava tentando manter sua curiosidade em verificar, mas ela já tinha se
inclinado para o panfleto. Ao fazê-lo, meus olhos vislumbraram seu peito, seu
vestido solto revelando uma sugestão da ondulação de seus seios. Algo dentro de
mim se agitou na visão. Vai ser um jogo divertido.
Sem ela perceber o folheto já estava na sua mão e ela estava olhando para
ele rapidamente.
—Maior que isso— eu disse, esperando quando ela olhou para as fotos.
—Isto parece muito caro— disse ela segurando o folheto na minha direção.
—Fique com ele, leve isso com você para o endereço na contra-capa. Diga
que Cole Ford enviou você.
—É muita gentileza sua Senhor Ford, mas acho que não posso pagar
Levantei uma mão e tive que resistir a sorrir quando ela parou de falar de
uma só vez. —Eles precisam de alguém para testar um novo jogo. Tudo por conta
da casa, sem cobrança.
—Não tenho certeza se posso.
Novamente ela foi silenciada pela minha mão. —A aconselho a dizer sim,
você está livre para recusar, claro. Por que não pensa por uns dias? Se você
decidir jogar, basta telefonar para o número e dizer-lhes. Agora, tenho que ir. Foi
um prazer conhecê-la...?— Eu estendi a mão para ela.
—Karina— disse ela, deslizando a mão na minha. Sua pele parecia macia e
quando nos tocamos seus olhos se arregalaram. Segurei os dedos por um
segundo mais do que eu precisava, observando-a atentamente antes de
finalmente deixá-la ir. De perto eu podia sentir o cheiro dela. Ela cheirava bem.
Afastei-me e sorri, ela iria jogar. Ela disse que não iria, mas não poderia ter
sido mais clara, nem que ela tivesse tatuado isso na testa. E ela faria, porque eu
disse a ela. Não consegui pensar em uma pessoa melhor para brincar. Isso ia ser
muito divertido.
KARINA
—O quê?
—Acho que você precisou de algo assim por um tempo muito longo.
—Não lembro.
—Ele a fazia infeliz, Karina. Você não poderia ver porque foi varrida por ele,
mas ele não fez nada para você. Ele até tentou me pedir dinheiro algumas vezes.
—Ele tentou?
—Ele tentou.
Ela deu de ombros. —Eu posso me defender sozinha. Se você quer minha
opinião, você está muito melhor sem ele.
Ela bateu o folheto. —É por isso que isto é perfeito. Isso vai distraí-la e você
vai se divertir, e o melhor de tudo, você não tem que pagar por isso. Eu mataria
para jogar.
—Sem ofensas Karina, mas você já provou que não é a melhor juíza das
coisas.
Ela balançou a cabeça. —Você foi convidada, não eu. Agora vá frente.
Quanto mais cedo terminar melhor você se sentirá, confie em mim.
—Tudo bem— eu disse ficando em pé. —Se isso vai tirar você das minhas
costas.
Por que eu não conseguia dizer não a ela? Porque eu era tão facilmente
conduzida? A questão ainda estava na minha mente quando entrei no meu
quarto. Tony me levava, ele tinha tomado todas as decisões. Me olhando no
espelho, puxo meu cabelo para o lado. Eu tinha escolhido esse estilo porque ele
disse que gostava, esta sombra nos olhos era sua cor favorita. Até meu top era um
que ele tinha comentado que havia gostado e visto na vitrine de uma loja. Fiz tudo
por ele e o que recebi em troca? Nada. Um grande e gordo nada. Não, pior que
isso, tinha perdido dois mil no final.
Não havia muito lá para recolher. A foto que eu tinha colada no canto do
espelho onde estávamos nós dois na praia. Ele nunca tinha ficado mais, eu não
deixava. Então não havia nenhuma roupa para pegar. Na verdade, quanto mais eu
pensava nisso, mais eu percebi a idiota que eu tinha sido. Ele não deixou qualquer
parte de sua vida comigo. Nunca tinha comprado nenhum presente para mim,
estava sempre muito quebrado. Eu não me importava, pagava as contas quando
comíamos, até comprava mantimentos de vez em quando.
Quando Holly veio para me ver, encontrou-me sentada na cama olhando
para a foto. Ela não disse nada. Ela veio e sentou do meu lado com seu braço em
volta do meu ombro enquanto eu chorava. Ela sabia quando falar e quando ficar
em silêncio. Era por isso que sempre nos demos tão bem. Ela era mais que uma
companheira de casa, ela era como uma irmã para mim. Comemos um monte de
sorvete juntas conforme o dia passou.
—Senhorita Browning?
—Sou da Game Inc., nós agendamos uma consulta para você hoje por volta
do meio dia. Esta é uma chamada de cortesia para confirmar os arranjos.
—Desculpe, Game Inc? Você deve ter cometido algum tipo de engano.—
Pressionei minha mão livre no tapete forçando meu corpo para cima da cama. —
Ainda não marquei uma consulta.
—Meio-dia temos uma consulta aberta para você.— disse a voz
despreocupada na outra extremidade. —Ela permanecerá aberta. Bom dia
senhorita Browning.
—Eu fiz a ligação para você— ela disse, pelo menos tendo a decência de
ficar envergonhada com isso.
—Você fez, hein?— Eu disse, pegando meu travesseiro e jogando-o para ela.
—Mesmo quando eu disse especificamente que eu não queria ir?
—Ninguém a está obrigando. Mas Mitch disse que está tentando fazer uma
entrevista com o lugar há meses e está sem sorte. Você poderia ser minha
pequena ninja espiã. Por favor Karina. Por mim e por você.
—Você quer que eu jogue um jogo que eu não conheço, então você pode
aumentar seus leitores? Estou entendendo isso?
—Eu lhe disse que também vou fazer para você o café da manhã se você
disser que sim?
KARINA
Eu estava aqui por causa da Holly. Eu nunca teria vindo se não fosse por ela
me persuadir. Ela tinha me subornado com café da manhã e em seguida me pediu
para ajudá-la a conseguir um artigo decente, alegando que tinha se passado
meses desde sua última assinatura. No final eu tinha concordado. —E se isso for
algum tipo de fraude e eu for sequestrada?
Sendo honesta, havia uma parte de mim que estava feliz por ela ter tomado
a decisão que me cabia. Eu nunca fui boa em tomar decisões. Sempre tinha sido
mais fácil só ir com o fluxo, seguir o que me diziam pra fazer. Acredito que tomar
decisões é estressante, eu sempre fico preocupada se eu vou fazer a escolha
errada. Essa era uma das razões que eu estava tão ansiosa para ir morar com
Tony. Ele era um homem que tomava as decisões facilmente, me dizendo o que
fazer. Fazia minha vida muito mais fácil.
Eu pensei sobre ele naquela manhã... quando eu subi no ônibus. Doía
pensar sobre ele, sobre o que ele tinha feito. Tentei chamá-lo, mas a linha nem
tocava, estava desconectado. Ele não tinha nenhuma presença nas redes sociais,
então não havia maneira de encontrá-lo on-line. Ele tinha desaparecido, é como
se ele nunca tivesse existido. Tudo por dois mil. Parecia que não valia a pena.
—De jeito nenhum. Estamos felizes por você estar aqui.— Ela se inclinou
abaixando a voz dela. —Cá entre nós, estamos todos muito excitados.
—Sério?— Eu perguntei.
Ela inclinou-se tocando o nariz dela. —Eu não disse nada, mas eu estou com
um pouco de ciúmes senhorita Browning.
Eu fui pelas escadas, já que os elevadores não estavam funcionando ainda.
No terceiro andar as coisas estavam mais calmas. Ninguém em coletes
fluorescentes, apenas um monte de ternos. A recepcionista bateu em uma porta
de vidro transparente e de dentro uma mulher não mais velha que eu olhou para
cima, mostrando um sorriso e acenando para eu entrar. —Senhorita Browning,—
ela disse apontando para a cadeira em frente à mesa dela. —Sente-se por favor.
Obrigada Caroline, isso é tudo.
—Você está?
—Sim, quando o senhor Ford disse que ele tinha uma jogadora pronta,
pensei que era brincadeira, mas aqui está você, tão bonita quanto ele disse. Agora
pode preencher aqueles papéis antes de fazermos qualquer outra coisa?
—Uma pesquisa, ela vai nos ajudar a escolher o jogo perfeito para você e
iremos nos certificar de que a faça feliz. Não posso fazer isso sem saber um pouco
sobre você certo?
Ela sentou-se e folheou a papelada. Pensei que ela poderia me dizer que
estava faltando algumas das perguntas, mas no final ela se dirigiu para fora da
sala para fazer alguns testes, como ela mesma colocou. Ela não demorou muito e
voltou com um sorriso ainda mais amplo. —Eu tenho boas notícias Senhorita
Browning,— ela disse se sentando. —Temos um cenário para você que vai ser
absolutamente perfeito. Você está pronta para isso?
Ela caiu em silêncio e esperei, mas ela só continuou sorrindo para mim. —
E?— Eu perguntei. —E agora?
—Não posso dizer, isso estragaria tudo. Esse é o objetivo do jogo. Se você
soubesse tudo o que ia acontecer não seria muito divertido, certo?
Ela deslizou um pedaço de papel sobre a mesa. —Se você assinar isso nós
começamos.
—O que é isso?
—Olhe para a parte sublinhada com cuidado. Você não deve mencionar o
jogo enquanto joga ou vai quebrar a regra e estragar a ilusão.
—Sim, estou.
—Como você quiser. Essa é a graça! Há um pacote para você na recepção.
Ele conterá sua roupa, o nome do seu personagem, alguns traços recomendados
para ela e o endereço do clube. Esteja lá às 21:00hs de hoje e prepare-se para o
melhor momento de sua vida.
COLE
O clube se tornou mais famoso ao longo dos anos, mas ainda é bastante
discreto, o lugar perfeito para configurar um jogo. Sentei-me à minha mesa
habitual quase esvaziando o copo de uísque que estava na minha mão. Eu estava
esperando que ela chegasse. Já eram nove e cinco, ela não devia demorar. Tenho a
sensação que ela estava correndo contra o tempo, provavelmente com medo de
que poderá ter problemas se chegar atrasada. Ela estava certa.
—Hoje não V.
Ela estava quase dentro, antes de Denzel voar nela. Mesmo com a música
tocando eu podia ouvir a conversa que eles estavam tendo, não precisava estar
mais perto. Estava indo exatamente como eu havia previsto. Ela não tinha certeza
se deveria continuar com isso, estava prestes a desistir, pedindo desculpas por
ter vindo. Denzel a tinha pelo braço, balançando a cabeça e apontando para o
relógio, levando-a para os camarins. Ela estaria de volta em um minuto. Mal podia
esperar.
Ignorei-os. Não sabiam que isto era parte do jogo. Os melhores atores são
aqueles que não sabem que estão jogando. Mesmo Denzel parecia surpreso
quando subi ao palco, caminhando pela linha enquanto as mulheres viraram os
rostos para mim, as suas expressões estando óbvias demais. Cada uma delas
estava gritando 'me pega' sem dizer uma palavra. Ela não, ela olhava para a saída
como se ela ainda estivesse decidindo se deveria ou não continuar com isso.
Eu pisei na frente dela e estendi minha mão. —Quer tomar uma bebida
comigo?
Houve uma breve salva de palmas quando ela olhou para mim e depois
para a minha mão. Ela engoliu, piscou duas vezes e em seguida, empurrou seus
dedos trêmulos em minha direção.
—Passando para a segunda rodada— Denzel disse enquanto eu a levava
para fora do palco. Deixei de ouvi-lo, meu foco era ela. Eu podia ouvir sua
respiração atrás de mim. Era pesada. Ela estava ansiosa, eu resisti em sorrir.
Cheguei a minha mesa e apontei para o assento vazio ao meu lado. Veronica
apareceu do nada com a bandeja na mão. —Uma bebida para a senhora?— ela
perguntou.
Eu sabia que ela era Karina Browning, sabia a idade dela, seu peso, seu
signo, sabia que perguntas ela se recusou a responder. Mas também sabia que sua
personagem tinha sido nomeada. Ela iria jogar ou não? Karina ou...?
Por muito tempo ela não disse nada então ela murmurou —Melissa— e
desta vez eu não pude resistir a sorrir.
—Eu acho que você precisa relaxar um pouco. Você está com medo.
Seu suco de laranja apareceu e ela tomou um gole, eu tirei meu talão de
cheques assinando e entreguei à Veronica. —Com os meus cumprimentos— Eu
disse.
Olhei para Karina, ela estava me encarando. —Algum problema?— Eu
perguntei.
Balançei a cabeça.
—É fácil. Só me acompanhar.
—Paguei muito por sua companhia esta noite Melissa. Agora, de pé.
Levantei-me, esperando para ver se ela iria protestar. Ela não o fez. Ela era
tão submissa... era quase nenhum trabalho dominá-la. A levei até a pista de dança
e coloquei minhas mãos nela, começando a nos mover entre os outros casais. Ela
me olhou com perplexidade, como se pensasse que isto fosse um sonho. Eu sorri
para ela. —Se divertindo?
Ela assentiu com a cabeça, pisando no meu pé ao mesmo tempo. —Ah Deus.
Desculpe-me— ela disse, suas bochechas vermelhas quando ela congelou no
lugar.
Eu sabia que ele não havia realmente pago duzentos mil para me comprar.
O leilão não era real. Disseram no escritório que todos os envolvidos eram atores.
Deve ter custado uma fortuna pagar todas essas pessoas. Senti como se estivesse
no Show de Truman, só que já sabendo a verdade.
Quando eu o coloquei, Holly tinha ofegado em voz alta. —Não acha que é
demais?— Eu perguntei olhando para baixo, puxando nervosamente a bainha.
—Eu tenho tentado fazer você usar algo assim por anos— ela respondeu.
—Está incrível.
—Essa é a intenção.
—Você realmente acha que está legal?
—Karina nunca usaria algo assim, mas hoje à noite você não é Karina, é?
Você é Melissa e você é uma vadia sexy!
—Com sorte terei— murmurei, chegando ao porteiro que não disse uma
palavra. Ele empurrou a porta aberta e acenou para entrar. Então eles me
esperavam.
Não sabia o que ia acontecer durante o jogo, mas logo descobri quando o
gerente do clube me agarrou. —Melissa— ele disse. —Sr. Ward disse que se
juntaria a nós esta noite. Eu sou Denzel, proprietário deste pequeno lugar. Pronta
para uma aventura?
—Bem, senhoras— ele disse. —Este é um lembrete para todas e não apenas
para o benefício da nova garota. Vocês estão aqui para dançar e mantê-los
entretidos, nada mais. Entendido?
Silêncio.
Eu estava tentada a dizer isso, mas não o fiz, mesmo quando percebi o que
estava acontecendo. Nós estávamos sendo leiloadas. Homens começaram a dar
lances, e eu tentei identificar as vozes. Quando alguém gritou duzentos mil meu
coração disparou. Reconheci aquela voz. Então uma figura mudou-se para a luz,
vindo em direção ao palco. Era ele.
Quando ele me disse que ele tinha que ir me senti esmagada. Ele meu deu
boa noite, indo embora e me deixando sozinha na pista de dança. O que foi isso?
Já acabou o jogo?
Karina teria ido para casa em seguida. Assisti-o indo, gananciosa por mais,
não querendo que nosso tempo juntos acabasse tão cedo. Com uma respiração
profunda eu marchei atrás dele, seguindo-o para fora da porta, para o frio da
noite.
—Zoe— ele disse, e não parecia feliz. —O que você faz aqui?
—Não acredito em você Cole. Nós mal terminamos e você já está saindo
com uma prostituta. Quem é ela? Diga-me, eu mereço saber.
—Zoe— disse Cole se esticando até sua altura total. —Você está certa, nós
acabamos de terminar e como tal não tenho que dizer mais nada para você, nunca
mais.
—Quem é ela?— Zoe perguntou, sua voz mais alta. —Eu tenho o direito de
saber! Ela é uma prostituta, não é?
—Não quero falar sobre isso!— Zoe gritou, trazendo a minha atenção de
volta para o que estavam dizendo. —Está tudo muito claro para mim. Espero que
vocês sejam muito felizes juntos.— Ela passou pela limousine e acenou para um
um táxi que fez uma manobra brusca sobre ao pavimento.
—Zoe— chamou Cole, mas ela já tinha batido a porta, deixando-o suspirar e
em seguida concluir sua entrada na limousine. Fiquei completamente imóvel,
vendo a cena, esperando a porta fechar e ele se afastar da minha vida.
Porém a porta ficou aberta e ele enfiou a cabeça para fora um segundo
depois olhando para mim quando ele disse: —Vai entrar ou não?
COLE
—Minha ex. Ela era egoísta, era neurótica, foi infiel e ela está no passado e
não quero mais falar sobre ela.
Eu me inclinei na direção dela estreitando meus olhos. —Eu disse que não
quero mais falar sobre ela.
—Ok— ela disse encolhendo-se para trás. —Me desculpe. É só, não consigo
esquecer como ela era bonita, uma estrela de cinema ou algo assim.
—Você é linda demais— disse, observando a reação dela. Estava claro que
ela não acreditou. Ela queria, mas ela não conseguia. Não estava mentindo
também, ela parecia muito boa. Ela também tinha medo de mim, não medo
suficiente para recusar a se juntar a mim na limusine, mas o suficiente para fazer
coisas excitantes. Eu pensei sobre quão assustada ela poderia ficar se visse o meu
quarto de jogos. O pensamento trouxe um sorriso a minha cara, ela acorrentada, o
vestido no chão ao lado dela, o corpo à mostra para mim. Eu tive que me mexer
no meu lugar, pois, de repente, senti um grande desconforto.
—Você vai ver— eu respondi. —Diga-me algo, o que fez você vir?
Nós caímos em um silêncio que durou até que o carro parou ao lado da
estrada. —Chegamos— eu disse com minha porta aberta.
Saí, sabendo que ela iria me seguir. Ela não pararia agora. Eu tinha me
viciado nela, ela era minha. Um último teste, só para ter certeza, então trazê-la
para o meu mundo e mostrar-lhe a sala de jogos.
—Nada demais— ela respondeu. —Só disse que eu era sua filha e você
ficaria furioso se ele não me deixasse entrar.
—Sente-se— Eu disse com uma voz firme. Ela ficou pálida, mas fez como eu
disse, as mãos tremendo enquanto ela puxava a cadeira dela. —Chama The
Birdhouse porque você não vai embora daqui, você voa. E servem apenas vermes
como comida.
Ela arregalou os olhos para mim quando fiquei com uma cara séria, o tanto
que eu conseguia. —Você não é a única que pode brincar— disse a ela, uma
garçonete veio e levou nosso pedido de bebidas.
— Vou ao banheiro,— disse Karina ficando de pé. —Onde é?
—Ali naquela porta,— Eu disse, apontando para ela. —Não demore, o show
vai começar em breve.
Acompanhei quando ela saiu, olhando para a sua bunda, o vestido não
escondia nada. Ela parecia tão bem, estava ficando cada vez mais difícil de manter
minhas mãos longe dela.
Porque não havia dúvida que eu ia fazer. Com regras ou sem regras eu ia
fazê-la minha. Eu sabia desde o início, mesmo que não tivesse sido capaz de
admitir isso para mim. Havia algo sobre ela que eu nunca tinha visto em ninguém
antes. Talvez fosse porque ela não parecia interessada em mim por meu dinheiro.
Ela não sabia que eu era bilionário. Ela pensou que era parte do meu personagem.
Ela estava feliz por passar algum tempo comigo. Quanto tempo tinha passado
desde que alguém fez isso? E ela era tão submissa, sempre se desculpando,
desviando os olhos , desesperada para agradar.
Ela estava aqui porque eu disse a ela para me seguir, eu lhe disse o que
fazer. Eu só tinha que dizer a ela para voltar para casa comigo e ela faria. Eu já
queria sair e o show nem tinha começado. Olhei para os banheiros, esperando
que ela voltasse. Ela só tinha ido a alguns minutos e eu já sentia sua falta, sentia
falta de olhar para ela.
Eu estava pronta para enfrentar quando ouvi uma conversa. —Quem era
aquela com Cole?— uma mulher estava dizendo. Eu gelei ao som do nome dele.
—Ela deve ser alguém, alguém como ele não seria visto com alguém que
fosse ninguém.
Fiquei chateada no começo, mas depois entendi. Fazia parte do jogo. Tudo
isso foi por causa de como eu tinha preenchido a pesquisa no Game Inc. Eles
tinham trabalhado como eu era tímida e configuraram as coisas, assim eu poderia
aprender a ser mais ousada. Bem, eu ficaria mais ousada. Elas só estavam agindo.
Elas não pensaram que eu não era ninguém, só diziam as palavras como se
estivesse escrito no script.
Uma mulher saiu das cortinas. Ela estava linda, vestida com um vestido
vitoriano. Sua dança durou apenas cinco minutos, mas fiquei encantada. Chamá-
lo de um ato burlesco seria como chamar os girassóis de Van Gogh de uma
pintura. Era muito mais. Ela estava tão confiante, segurando toda a plateia na
palma da mão enquanto dançava em volta do palco, gradualmente removendo
camadas de roupa. Eu nunca tinha visto nada assim... e isso era apenas o começo
do show.
Quando Cole se inclinou e me disse que era hora de ir, eu fiquei atordoada.
Eu tinha visto tantas coisas, tantas performances únicas, e eu não podia acreditar
que eles tinham tudo o que foi colocado inteiramente em meu benefício.
Estremeci de pensar no quanto isso estava custando para o Game Inc. As cortinas
tinham sido fechadas menos de um minuto antes de Cole se levantar e apontar
para eu segui-lo.
—Onde vamos?— Eu perguntei conforme ele saía pela porta aberta para o
exterior.
—Minha casa— ele respondeu, olhando para sua limusine e caminhando
em sua direção. —Você vem?
Não fiz bem isso, mas fui com ele. Sentei-me ao seu lado, as bolhas de
champanhe ainda estalando deliciosamente dentro da minha cabeça quando eu
tentei pensar em tudo que tinha visto. Era um borrão de excitação. Tinha havido
atos burlescos, danças, canto, trapézio. Isso era a vida de um bilionário? Ver as
coisas que estavam fora deste mundo?
—Ótimo— respondeu ele. —Era para ser. Paguei muito por sua companhia.
Eu pensei nos valores financeiros deste jogo. Era disso que ele estava
falando? Eu afundei de volta no meu banco e fechei os olhos de repente meio
tonta.
—Você dormiu.
—Eu dormi?
—Não.
—Sim, você chupa— ele sorriu, estendendo a mão para me ajudar a sair do
carro.
—Você deveria ver a parte de trás— disse Cole, andando para a porta da
frente que abriu quando ele se aproximou.
Ela estava sentada à minha frente no sofá ao lado da janela, com uma taça
de champanhe na mão, seus olhos meio fechados. Ela olhou como se parecesse
que estivesse sonhando e que ela realmente não queria acordar. Ela piscou os
olhos e franziu a testa quando eu fiz a pergunta. —Huh?
Essa era Melissa ou Karina falando? Estava no papel que tinha sido dado a
ela ou ela tinha esquecido? —É mesmo? Por que não fez isso ainda?
—Você é mais parecida comigo do que você pensa. Eu estava onde você
está há dez anos. Você acreditaria que fiz minha fortuna em uma década?
—Pare de falar assim— falei. —Você está aqui agora. Você disse sim para
trabalhar no clube, você disse sim para dançar comigo. Tudo foi como dados
rolando. Você está jogando tanto quanto eu estou aqui— Cheguei até o copo dela.
—Jogando o jogo da vida.
Ela levantou o copo franzindo a testa enquanto o fazia. —Por que esse
cartaz de filme na parede?
Virei meu pescoço para olhar para trás. —Uma semana de domingos? Você
viu isso?
—Se já vi? Eu adorei! É um dos meus filmes favoritos. É engraçado e eu não
pensei que fosse um filme assim.
—Eu o produzi.
—Mentira!
—Produtor executivo Cole Ford. Uau, você realmente produziu isto. Isso é
incrível. É um filme tão bom. Qual era a linha de pensamento? Algo sobre correr
riscos.
—Não sei
—Ceia senhor— disse uma voz da porta que estava atrás de nós. Eu me
virei para ver o mordomo carregando uma grande bandeja de prata. Ele pousou
sobre a mesinha ao lado do sofá e depois desapareceu como se nunca tivesse
estado aqui.
Ela afundou na cadeira ao lado dela, caindo para baixo. —Oh, não é nada.
—É só que sei que isso tudo é apenas um jogo e eu vou ter que voltar para
minha antiga vida chata quando acabar. Eu sei que não devia dizer nada, devo
fingir mas acho que não posso fazer isso.
—Está se divertindo?
—Mas...
—Mas o quê?
—Mas você me trouxe aqui para sexo e é apenas um jogo para você e você
provavelmente faz isso com dez mulheres diferentes por noite, mas não sou
assim.
Eu não podia dizer a ela que eu queria sexo. Se eu lhe dissesse a primeira
verdade, eu poderia acabar dizendo a ela a maior verdade. Que eu queria muito
mais do que apenas uma noite de sexo com ela. Eu a queria. Eu queria adorar seu
corpo e fazê-la obedecer a todos os meus mandamentos, mas eu não poderia
dizer a ela, ainda não. Isso a aterrorizaria.
Em vez disso eu disse: —Você me fez muito feliz esta noite e eu quero fazê-
la feliz. Há três portas ali. Uma é meu quarto, uma é um quarto de hóspedes e a
terceira, bem você pode ver por si mesma. Quero que vá e escolha onde você quer
passar a noite.
—Mas...
Ela abriu a boca como se fosse dizer algo e então fechou novamente. Vi-a
caminhar e abrir a primeira porta. Eu dei a ela alguns segundos antes de seguir
atrás dela. —Este é o meu quarto— disse.
—Às vezes.
—O quarto de hóspedes.
Ela assentiu com a cabeça, olhando antes de passar para a terceira porta. Eu
segurei minha respiração quando ela abriu, sua cara branca como um lençol
quando ela se virou para mim. —O que é esse quarto?— ela perguntou em uma
voz baixa.
—Espere aí— Eu disse, puxando a porta fechada no seu rosto confuso. —Eu
já volto.
KARINA
Ele fechou a porta e me deixou sozinha na sala de jogos. Eu sabia com quem
ele estava falando lá fora. Eu tinha reconhecido a voz dela quando ela tão
ruidosamente gritou. Era Zoe, a mulher que o tinha abordado fora do clube, sua
ex-namorada. Só poderia haver uma razão para ela estar aqui. O jogo estava
chegando ao fim.
Eu já poderia prever isso. Iriam falar e falar um pouco mais. Então seria
dito para eu ir. Eles estavam reatando... e não haveria mais lugar para mim nessa
casa. É isso.
Eu podia ouvi-los falar, embora suas vozes estivessem abafadas pela porta.
Ela estava se desculpando por como ela teria se comportado, pedindo outra
chance. Eu rolei meus olhos ao escutá-la. Ele não cairia nessa, cairia?
Era um jogo muito estranho. Foi isso que eu quis, certo? O que os segredos
da pesquisa tinham revelado sobre mim? Um lugar selvagem para ir? Ou isso foi
apenas uma pitada desse mundo antes de eu ser retirada dele? Não tinha ideia.
Certamente se eles iam me jogar para fora, eles já não o teriam feito até agora?
Eu envolvi uma algema em volta do meu pulso, clicando a trava sem pensar
realmente nisso. No interior senti uma sensação de formigamento que crescia
quando enviei a outra extremidade ao redor da barra de metal no alto do cavalo
de madeira no meio da sala. Quando a algema se fechou, bloqueando-me no lugar,
senti uma crescente sensação de tensão. E se ele tivesse me prendido aqui assim?
Eu não seria capaz de fazer nada sobre isso. Ele poderia fazer qualquer coisa
comigo.
Ela parecia desesperada. Era isto. Ele ia dizer sim e o jogo terminaria.
—Você está bêbada— respondeu Cole. —Você não está pensando direito.
Alguns minutos mais tarde a porta se abriu e Cole entrou dizendo, —Ela
caiu no sono, lamento tudo isso. Seria melhor se você fosse para casa agora.
Espere, como você...?
—Bem— ele disse sorrindo avidamente. —Significa que você está presa aí
até que eu a liberte?
As perguntas caíram quando sua língua entrou em minha boca. Sua mão
serpenteou em minhas costas, deslizando pelo meu vestido até embaixo. Ele
continuou a me abraçar e os dedos dele escorregaram sob o tecido acariciando
minhas costas antes que de repente ele se afastasse. —Agora não— disse ele,
levantando-se e recuperando a chave enquanto eu me sentei lá, flutuando na
sensação da sua mão ainda na minha pele.
—Não podia ir para a cama sem descobrir o que aconteceu com você.— Ela
sorri batendo no sofá ao lado dela. —Vamos— ela diz jogando metade do
cobertor sobre mim. —Diga-me tudo.
Eu disse-lhe sobre o clube, sobre ser leiloada no palco, aobre a dança com
Cole no The Birdhouse. Então fiz uma pausa, tentando decidir o que dizer sobre ir
para a casa dele. No final, contei-lhe sobre ser trancada na sala de jogos, mas eu
não lhe disse que eu escolhi ir lá, dizendo em vez disso, que ele tinha tomado a
decisão por mim. Também não contei sobre beijá-lo. Isso foi só para mim.
—Eu acho que você deveria voltar para o clube amanhã à noite.
—Porque não é quem eu sou. Eu não sou uma mulher fatal, eu sou eu. Não
vou à caça de bilionários. Eu sento no parque e resmungo sobre filmes.
—Eu pensarei nisso certo? Agora vou para a cama. Estou cansada.
Deixei-a no sofá, enquanto ia para meu quarto tirando o vestido. Olhei para
meu corpo no espelho. O que Cole pensaria se ele tivesse me visto assim? Virei
para esquerda e para direita. Ele gostaria disso? Eram apenas pensamentos de
qualquer maneira porque eu não iria voltar lá. Foi difícil suficiente afastá-lo esta
noite. Só acabaria ficando com meu coração quebrado se eu voltasse.
Não, era melhor que as coisas acabassem agora, antes que eu também me
ligasse a ele. Ele tinha apenas agido profissionalmente, ele não estava realmente
interessado em mim.
—Bem?
—Você vendeu uma pintura!— Holly disse com sua mão no ar para que eu
batesse na sua mão com a minha. —Não me deixe esperando.
—Coma— ela respondeu com a boca cheia de pão. —Antes que esfrie.
—Eu não sei. Não acho que eu deva. O jogo era só por um dia.
—Sim, mas eles não disseram que você estava testando um novo? Talvez
ainda esteja acontecendo. Talvez eu faça parte disso! E se eu estiver fazendo
parte? Você saberia se eu tivesse sido substituída por uma atriz?
—Touché. Agora se você me der licença, tenho que visitar a galeria para
coletar o dinheiro da venda para pagar minhas despesas bancárias. Como todos
os melhores artistas.
—Sério Karina,— Holly disse pegando meu prato vazio. —Estou orgulhosa
de você.
Eu me senti muito bem caminhando para a galeria. O sol brilhava, não havia
vento, nem uma nuvem no céu. Eu estava com meu vestido favorito de verão e eu
quase podia esquecer o jogo que eu tinha jogado, quase.
—Essa é minha pequena artista!— ela gritou de seu assento. —Venha aqui
e deixe-me felicitá-la.
Lisa tinha cinquenta anos, era fina e estava vestida da cabeça aos pés de
branco. Ela tinha um enorme par de brincos caídos que reluziram ao sol quando
ela se levantou e acenou.
—Então, quem comprou?— Eu perguntei indo na direção dela.
—Eu não sei. Evie estava olhando para mim. Eu fui mudar o visual. O que
você acha?
—Mas cinquenta quase não cobre o meu tempo, muito menos os materiais.
—Aparentemente ele quer uma parede pintada ou algo assim. Você quer o
emprego ou não?
Ela deslizou um cartão de visita para mim e eu olhei para o endereço. Bem
no meio da cidade. Levantei-me. —Obrigada Lisa.
—Com licença?
—Trabalho, eu acho.
—Algo interessante?
—Fui contratada para pintar algo.
—Não realmente.
—Tive algumas pessoas famosas aqui, sabe? Havia esse cara dos
noticiários, então eu tinha aquela mulher que ganhou aquela coisa no ano
passado.
Eu abri os portões e andei até o carro. Ele tinha comprado a minha pintura?
Por que? Talvez Holly estivesse certa e isto fazia parte do jogo. Talvez não tenha
terminado ainda. Talvez eu tivesse meu final feliz depois de tudo.
—Você pensou errado. Ela veio aqui porque ela estava bêbada. Eu não
podia mandá-la embora até que ela estivesse sóbria, então eu a deixei dormir
aqui e é assim que ela me paga? Abrindo um buraco no meu Monet?
Eu sorri. —Eu queria que fosse, seria mais barato para reparar. E como
havia uma lacuna na minha parede pensei que seria melhor preenchê-lo com uma
artista que eu conheço.
—Como você está?— Eu perguntei, apontando para ela vir e se sentar. Ela
pegou a poltrona da estante, sentou perfeitamente com as mãos sobre os joelhos,
como em uma entrevista.
—Sério?
—Venha e veja.
—É melhor— disse antes de voltar a Karina que estava sorrindo para mim
na escuridão. —O quê?
—Tudo bem— disse ela, colocando a mão no meu ombro. —Está tudo bem,
você sabe, vai ficar tudo bem.
—Onde fica?
Nem sabia por que eu disse isso a ela. Apenas saiu, algo que não tinha
compartilhado com ninguém antes. Minha mente foi para todo o lado. Pela
primeira vez em anos não me sentia no controle. Tudo por causa do trabalho
malfeito no meu sistema de segurança. Tão logo isso for corrigido eu terei toda a
porcaria arrancada e substituída. Mas antes isso deve ser corrigido, claro.
—Eu sei o que irá distraí-lo— ela disse, um sorriso se espalhando por todo
o rosto dela.
—O quê?
Ele não era um bilionário clichê, ele tinha entrado em seu personagem com
alguma profundidade. Não tinha ideia de onde o jogo iria, mas tenho a sensação
de que isso possa ser minha única chance de voltar para a sala de jogos. O
pensamento de estar ali com ele me encheu de excitação nervosa. O jogo tinha
que ter limites, mas agora eu não fazia ideia de quais eram. Também sabia que
estávamos sozinhos, juntos e não havia ninguém assistindo. Se eu quisesse ser
Melissa por um tempo, quem iria saber? Eu poderia ser confiante, ser devassa. Eu
dissera-lhe para me levar para a sala de jogos afinal. Karina não teria sido tão
corajosa, ela teria esperado na porta para sair.
Cheguei a porta da sala de jogos e fiz uma pausa na frente dele antes de
empurrá-la. —Estou jogando no caminho certo?— Eu perguntei, meus dedos
enrolados na maçaneta da porta.
—E se eu dizer não?
—Você está bem— ele disse enquanto deslizava as tiras para longe do meu
ombro, puxando o vestido lentamente pelo meu peito. —Muito bem.
Eu fiz como ele pediu, ficando longe dele, ouvi um barulho atrás de mim.
Meu sutiã foi solto em um único movimento e eu o deixei cair dos meus braços,
minha pele ardendo conforme ele deslizou um dedo da minha espinha até a
minha calcinha, enganchando na cintura e puxando-a para baixo.
—Esta é uma bunda muito gostosa a espera de ser espancada— ele disse, a
voz vinda de meus quadris. Ele se ajoelhou atrás de mim. Eu podia sentir os olhos
me examinando, mas eu não ousava me virar. Não queria quebrar o feitiço.
Era impossível acreditar que isto estava realmente acontecendo. Mas não
era real, era só um jogo. Ambos estávamos fazendo nossos papéis. Ele era o
bilionário arrogante que tomava o que ele queria, eu era a mulher inocente, mas
confiante no seu encalço. Eu não era a garota apavorada, eu sabia que estava
borbulhando dentro de mim. Eu poderia fazer isso. Eu abri minha boca e as
palavras que não reconheci saíram de mim, mesmo pensando nelas. —Eu nunca
fui espancada— Eu disse corando quando disse isso.
Ele ofegou e seus lábios macios roçaram na minha bunda antes que ele se
levantasse novamente, com a boca no meu ouvido ele sussurrou, —Quer tentar?
A sensação foi tão intensa que me senti tonta. Minha bunda começou a
esquentar quando ele a beijou novamente. Minha respiração ficou pesada... e
percebi o que era essa coisa sobre bater que as pessoas gostavam tanto. Eu estava
entregando o controle a ele, deixando-o intensificar as minhas emoções, meus
sentimentos, as minhas reações. Tudo parecia tão elevado, como se estivesse na
ponta dos pés, ciente de tudo, até mesmo de meus batimentos. Cerrei meus
punhos quando pousou as mãos na minha bunda novamente, e senti que ele
descia..., descia, em direção as minhas coxas. Eu segurei minha respiração
esperando o que eu sabia que estava chegando.
Seus dedos estavam prestes a tocar a parte de mim que ansiava por ele,
quando houve um barulho e logo depois as luzes se acenderam.
Eu olhei para a casa, fazia uma semana desde que eu tinha estado na sala de
jogos da sua mansão e lhe disse que eu não iria vê-lo novamente. O jogo tinha
sido divertido no começo, mas jogos deixam de ser divertidos quando alguém se
magoa. Eu corri longe dele, certa de que era o fim. Mas no dia seguinte ele tinha
escrito para mim, me dando o endereço de sua nova casa, me dizendo que ele
estaria lá por um mês, me dizendo que a Comissão ainda era minha se eu
quisesse. Ele terminou com a seguinte escrita, ‘Aguardo o Seu Movimento'.
Tentei falar com minha amiga sobre isso. —O que há com você?— ela
perguntou. —Ele claramente queria.
Eu suspirei para ela. —Não posso me deixar apaixonar. Ele está apenas
brincando comigo.
Ela assentiu com a cabeça como se tivesse entendido, mas não tinha certeza
de que ela entendeu. Alguém poderia realmente entender minha situação? Estava
prestes a me ligar a uma pessoa que não era real. Estava me ligando em um
personagem. Provavelmente não era nem a casa dele, só pertencia à empresa e
era usada para o jogo. Estava tudo ficando muito confuso.
—Sim, mas...
Então foi assim que acabei na casa dele depois de uma semana. Ela estava
certa como de costume. Eu precisava do dinheiro. Eu só teria que manter um
melhor controle de mim mesma. Se me curvasse sobre ele novamente, eu iria
perder-me completamente e então ele teria sua diversão e seria apenas isso. Eu
seria mais infeliz do que nunca, enquanto ele partiria para a sua próxima
conquista. Eu não estava caidinha por ele. Eu não estava. Eu não vou me
apaixonar por ele. Eu vou pintar sua parede, pegar o dinheiro e sair de lá. Nada
poderia ser mais simples. Só teria que evitar olhar para ele e pensar sobre a sua
mão na minha bunda. Eu posso fazer isso, eu posso.
—Você veio— disse uma voz atrás de mim e me virei para encontrar Cole
em pé na porta, seu peito nu coberto de serragem. Meus olhos ficaram presos nos
seus músculos, incapazes de ir para o seu rosto por muito tempo. Minhas
entranhas palpitaram com desejo. Não se apaixone por ele, eu me lembrei.
—Só eu— respondeu ele. —Este vai ser meu lugar para ficar longe de tudo.
Você gostou?
—Eu tenho algumas ideias, mas eu poderia fazer com alguma inspiração,
uma dica ou duas sobre o que você gosta.
Ele marchou fora da sala. Eu atravessei a sala até a parede que iria pintar. O
que poderia ficar lá? Era uma enorme tela em branco no espaço e me senti
momentaneamente assustada, seria fácil errar e muito difícil acertar.
Era o início da melhor tarde que já tive. Ele não só me levou a uma galeria
de arte, ele me levou na Galeria Nacional. E além de tudo ele sabia algo sobre cada
pintura que nós olhamos. Se isso fosse real, eu teria provavelmente caído no
amor com ele. Mas não era real. Ele tinha aprendido bem o seu roteiro,
memorizado cada coisa sobre as pinturas que nós olhamos, me dizendo quais que
ele amava e o porquê. Mas não era o verdadeiro ele falando, era seu personagem.
Ele assentiu.
—Confio em você.
Ele tomou outro gole, e eu o olhei mais de perto. —O quê foi?— ele
perguntou, notando-me. —Você parece pensativa.
—Continue.
—Como assim?
—Fingir ser outra pessoa. Você não gostaria de ser você mesmo?
—Não, digo no jogo. Quero dizer o verdadeiro você. Você não quer ser o
verdadeiro você?
Eu sabia que ele estava mentindo, mas ele era convincente. Ele só estava no
personagem.
—Tenho outro lugar para mostrar a você. Se você puder se afastar dessa
caneca de açúcar. — Ele disse rindo.
—Para quê?
—Você pode quando você patrocina a nova exposição e quando você pagou
para que o telhado fosse refeito no ano passado. Agora vamos lá, quero lhe
mostrar.
—E se formos apanhados?
—Não seremos.
Eu suspirei balançando uma perna sobre a grade. Assim que eu fiz assim
ouvi uma voz atrás de mim gritar —Quem está aí?
—Por aqui— o outro respondeu. —Você vai por aí, encontre-me do outro
lado.
Olhei para Cole, o medo de ser pega desvanecendo assim que percebi o
quão perto estávamos. Ele ficou de lado e eu estava ao lado dele, nossos corpos se
tocando. —Nunca me escondi de um guarda de segurança antes— eu sussurrei.
—Eu também não— ele respondeu, seus lábios a meros centímetros dos
meus. Eu podia sentir a firmeza do corpo dele e me fez o querer ainda mais.
Eu estava prestes a perguntar-lhe se isto ainda fazia parte do jogo quando
ele me beijou. Foi um choque tão grande que minha cabeça bateu contra o túnel
atrás de mim.
—Bom— disse ele me beijando outra vez, suas mãos deslizando por minhas
costas, movendo-se mais baixo para agarrar minha bunda enquanto sua língua
começava a explorar minha boca.
—Eu fui inspirada— Eu disse, meus lábios ainda tremendo do seu beijo.
Ele pulou sobre as grades antes de segurar minha mão para me ajudar. Uma
vez que estávamos na calçada ele pegou seu telefone. —Vou chamar a limusine
para nos buscar. Você pode ficar na minha casa hoje à noite e depois viajaremos
pela manhã, e começaremos a fazer a pintura.
—Você está brincando?— Holly disse. —Ele o convidou para sua casa? Ele
te beijou? E você foi embora? Quem é você e o que você fez com a Karina? Porque
não acho que sei quem você é mais.
—Tem certeza que vai ter alguém lá neste momento?— ela perguntou.
—Mantemos registros muito precisos. Vejo que o jogo terminou uma vez
que você deixou o clube, que foi a localidade definida para o seu jogo pessoal.
—Então já acabou?
—Sim.
—Eu não sei. Eles disseram que acabou quando eu deixei o clube.
—Mas isso não pode estar certo. Você voltou para a casa do Cole depois
disso.
Balançei a cabeça. —Prometa que você não vai publicar o artigo Holly. Eu
não acho que eu posso suportar.
—O quê?
Isso era perfeito. Eu tinha sido feita de boba por Cole e agora iria reviver
tudo quando o artigo for publicado no site de revista da Holly para o mundo todo
ver.
Eu era uma idiota! Ele não tinha agido, mas ele tinha brincado comigo,
jogando seu próprio jogo para seu próprio divertimento. Todo mundo tiraria uma
boa risada disso.
—Onde você vai?— Holly perguntou quando viu que eu voltava a vestir o
casaco.
Apanhei um táxi para sua casa, batendo na sua porta até Reginald abri-lo.
—Ele está?— Eu perguntei.
—O que?
—O jogo durou apenas um dia, mas você tem brincado comigo todo esse
tempo.
Ele ia falar mas eu acenei para ele ficar em silêncio. —Deixe-me esclarecer
isto. Não aguento mais jogar. O que eu sinto é real. Olha Cole, só me diga a
verdade. É só um jogo para você?
—Não. A única configuração era que você ia aparecer no palco. Tudo depois
foi comigo.
—Não pela Melissa? Não é ela quem você procura. Você não mentiu para
mim?
Ele balançou a cabeça. —Foi mais real do que qualquer beijo que já tive.
—Sim.
—Sim.
—Como o quê?
Lentamente fui até ele, ainda tentando fazer minha cabeça funcionar em
tudo. Eu ofeguei quando ele me agarrou, me segurando firmemente no lugar. —O
que vai fazer comigo?— Eu perguntei calmamente.
Eu estive esperando por esse momento há muito, muito tempo. Karina ficou
no meio da sala de jogos olhando nervosamente para mim. —O que quer que eu
faça?— perguntou ela.
Ela parecia ainda mais bonita do que a última vez que ela esteve aqui. Era
estranho pensar que ela tinha pensado que eu estava fingindo, que tudo o que eu
disse a ela fazia parte do jogo.
Pensei que era óbvio o quanto eu a queria, mas talvez não tenha sido. Ela
teve que ser convencida de que eu era de verdade, que eu realmente a queria. Eu
gostei especialmente do fato de que ela não tinha pensado que eu era um
bilionário. Ela estava viciada em mim, não em meu dinheiro. Eu tinha feito ela
mover-se no jogo da vida e tudo a trouxe aqui, tremendo enquando eu andava em
direção a ela. Agora era hora de meus movimentos.
Peguei uma venda e deslizei por cima da cabeça dela, bloqueando a sua
visão. Então beijei-a, não por muito tempo, apenas o tempo suficiente para
provocá-la, deixando-a chateada com frustração enquanto eu deslizava sua
jaqueta de seus ombros. —Mantenha-se quieta— eu disse quando ela arrastou os
pés.
—Isso é uma boa ideia— Eu disse, batendo a minha mão na sua bunda um
segundo mais tarde. Ela soltou um grito e contei lentamente. Um dois três. Então
eu fiz de novo.
Eu continuei até que minha mão estivesse ardendo e a bunda dela tivesse
um tom vermelho brilhante. Quando ela gemeu suavemente de dor, agarrei o pote
de creme, aplicando uma porção em suas nádegas, esfregando-a lentamente,
provocando-a deixando meus dedos escorrerem em direção a sua boceta, mas
sem tocá-la lá. Eu podia ver o quanto ela estava molhada.
Eu não lhe disse o que estava fazendo. Em vez disso, eu me aproximei dela
parando apenas para aplicar algum lubrificante no plug. Então eu parei atrás dela.
—Não se mexa— ordenei esperando até que ela estivesse completamente imóvel.
Então coloquei a ponta do plug entre suas nádegas, pressionando-o em seu lindo
buraquinho apertado. Enquanto empurrava ela começou a gemer, metade do som
parecia dor, mas a outra metade era prazer. Quando o plug começou a forçar seu
caminho nela, liguei o vibrador, pressionando-o diretamente no clitóris dela.
—Ainda não— eu respondi. —Primeiro você precisa fazer algo por mim.
KARINA
Eu mal podia ficar de pé quando ele desfez as algemas. Senti ele deslizando
a venda dos meus olhos e quando dei por mim estava olhando para o corpo nu do
cara mais sexy que eu já tinha visto na minha vida. Cada músculo, cada tendão,
cada centímetro dele me fez querê-lo dentro de mim. Seu pau estava duro,
apontando para mim quando ele me empurrou para baixo em meus joelhos.
—Abra a boca— ele disse, segurando meus ombros. —Agora fique quieta.
Ele fodeu a minha boca. É a única maneira de descrever isso. Seu pau
deslizava entre meus lábios e na minha língua enquanto eu o encarava, seus olhos
fixos em mim em todo o tempo. Ele começou empurrando tão rápido, que eu
quase caí para trás. Ele segurou minha cabeça o tempo todo, batendo-se na minha
boca enquanto eu lutava para respirar através de minhas narinas, quase incapaz
de acreditar no que estava acontecendo. Seu eixo contorceu-se e encheu minha
garganta com tanto semen e por tanto tempo que eu pensei que fosse sufocar.
O tempo todo, o plug na minha bunda pesava por causa gravidade, puxando
para baixo, tornando-se impossível esquecer que estava lá. Nada nunca tinha
estado na minha bunda antes e agora um plug estava enterrado lá e pareceu-me
incrível, uma sensação pesada com uma pitada de dor.
Ele ainda não tinha me deixado vir. Tinha estado tão perto tantas vezes,
todo o meu corpo estava perdido, mal sabendo onde estava ou o que estava
acontecendo. Quando ele me provocou de novo eu implorei para ele me deixar
vir, soltei palavrões e xinguei. Tudo o que ele fez foi rir de mim e então começou
beijando lentamente seu caminho pelas minhas pernas até os pés e depois para
trás, passando por minha boceta e chegando em meu estômago, parou em meus
mamilos, passando rapidamente ao redor dos grampos antes de finalmente se
deitar em cima de mim com aqueles bíceps espetaculares dele.
Ele olhou para mim com um olhar que eu tinha visto antes. Da última vez eu
tinha assumido que ele estava encenando. Desta vez eu sabia que não era
nenhum ato. Era real. Eu podia sentir a eletricidade quando ele se inclinou para
baixo, dobrando seus quadris, e então ele deslizou entre as minhas pernas ao
mesmo tempo que se abaixava para cima de mim. Ele chegou enfim, guiando o
seu pau para baixo sobre meu clitóris até que ele estava pairando, pronto.
—Tenha paciência— ele sorriu. —Eu nunca pensei que tivesse uma boca
tão suja.— Ele continuou me provocando por mais alguns segundos antes de
finalmente deslizar dentro de mim. Eu estava tão molhada que ele fez todo o
caminho em mim em menos de um segundo. Eu soltei um suspiro pelo tamanho
dele, estendendo-se dentro da minha boceta tanto que quase doía, uma dor
maçante que se desvaneceu logo quando ele começou a mexer lentamente para
trás e para frente dentro de mim. A sensação foi aprimorada com o plug na minha
bunda, ele cavou mais profundo em mim com seu peso pressionando o meu
corpo.
Nós rolamos para o lado com minhas pernas ao redor dele. Ele ficou
deitado enquanto eu cavalgava nele, balançando para frente e para trás em uma
posição que normalmente me deixava sentindo-me exposta e com vergonha. Mas
com ele era diferente. Me enti viva, eu me senti poderosa, tinha me tornado a
personagem que era suposta ser no jogo. Mas isto não era mais o jogo. Isto era
real. Não havia mais dúvida sobre a realidade quando mudamos novamente de
posição. Seu pau dentro de mim quando eu estava de quatro, o plug movendo-se
com ele era demais dentro de mim, sua mão movendo-o, provocando-me
novamente.
Ainda não tinha vindo. Cada vez que chegava perto, ele mudava a posição,
deixando-me frustrada e pedindo mais alto e mais alto. —Você pode gozar— ele
finalmente disse, puxando todo o caminho de volta e depois batendo em mim de
novo, suas mãos na minha cintura, me puxando de volta em cima dele,
enterrando-se tanto em mim quanto ele poderia ir. Demorou apenas alguns
segundos e em seguida atingi o orgasmo mais poderoso da minha vida. Abalou
todo o meu corpo, meus olhos perderam o foco, meus ouvidos zumbiram. Por
alguns breves segundos senti apenas prazer, toda a sensação concentrada em
onde ele estava batendo em mim.
Ele parou apenas por um breve momento, meus membros tremendo, minha
boca ainda aberta, meus pulmões vazios de ar. Eu senti como se eu estivesse
subindo no céu, e ele continuou a bater em mim, trazendo-me um segundo
orgasmo e, em seguida um terceiro. Então eu perdi a conta.
Quando acordei, foi para ouvir ele gemer alto enquanto se dirigia para
frente e então aconteceu, o pau dele contorceu-se uma vez, duas vezes, e depois
uma terceira vez. Ele gemeu alto e eu senti a sensação incrível dele gozando
dentro de mim, me enchendo além do limite, seu corpo caindo em mim. Eu caí
para frente quando ele deslizou livre, tentando recuperar o fôlego. —Foi
incrível— eu murmurei, incapaz de parar de sorrir.
—Uma das pessoas que trabalha para mim me trouxe. Está por toda a
internet. Você fez isso? Contou para eles sobre o jogo?
—Então você contou a eles?— ele disse, cruzando o espaço para uma
poltrona e afundando nela. —Como você pôde?
—Oh realmente? Porque parece que você mentiu para mim. Você me disse
que você iria manter as coisas para si mesma, você me fez prometer o mesmo.
Talvez eu devesse gritar dos telhados como você é na cama. Você gostaria Karina?
—Voltar atrás?
—Mas...
—A única coisa que eu queria de você era a honestidade.
—Eu não tenho que pedir— ele gritou tão alto que eu recuei. —Fora!
Eu abri minha boca e então fechei novamente. Ele não quis ouvir. —Só pra
você saber— Eu disse quando cheguei à porta. —Eu amei jogar o jogo com você.
—Sim, o que é?— ele disse a alguém. —Eu estou ocupado. O que? Você está
brincando. Espere.— Sua voz desvaneceu-se quando se dirigia para o corredor.
Eu me concentrei na pintura, tentando não deixar minha mão tremer conforme o
medo evoluiu através de mim. O que eu estava fazendo? Eu deveria ter ido, eu
deveria ter feito como ele tinha dito. Estava arrumando mais problemas em ficar.
Mas ainda assim eu continuei mergulhando meu píncel e marcando a parede.
—Porque— ele disse com um suspiro. —Eu pensei que as pessoas ficariam
enojadas se soubessem sobre tudo. Que achassem que é só um jogo de sexo.— Ele
ficou em silêncio por um momento. —Quer saber quem era no telefone?
—Não.
—Você acha?
—Me desculpe.
Ele rosnou. —Mas você deveria ter me dito que era uma repórter
disfarçada.
—Eu sou apenas alguém que gosta de jogar jogos, assim como você.
—Então você está no lugar certo— ele disse, me puxando na direção dele e
me beijando. —Talvez você queira jogar um jogo novo...
—Diga-me então.
—Não, ainda não. Primeiro você se inclina e levanta esse seu roupão.
—Por que?
—Porque você não fez o que foi dito e isso significa que você vai ser
espancada.
—Isto faz parte do jogo?
—Não, isso é só porque eu quero ver esse seu traseiro ficando vermelho
novamente.