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Setembro/2017

Playing Games
Lucy Wild

Ele é um bilionário. Ele está entediado. E ele quer brincar comigo. Cole Ford
é o homem perfeito. Literalmente. Ele passou todo o dia me perseguindo,
ordenando que eu voltasse para sua mansão para uma noite de paixão. Se isso
fosse real, eu diria sim em um piscar de olhos. Mas não é real. É só um jogo. Uma
roleta de vinte e quatro horas com ele como o bilionário e eu encenado a femme
fatale. Apenas um pouco de diversão. Ele não está realmente apaixonado por
mim, apenas meu personagem. Mas e se eu não quiser mais jogar? E se eu quiser
dizer o quanto eu o quero? Isso seria quebrar as regras. Eu nunca quebrei as
regras antes. Até agora.

*** Esta novela é um romance autônomo, com final feliz garantido, sem
suspense ou trapaça.
PRÓLOGO

Estar algemada a um cavalo alto de madeira pode fazer coisas estranhas


para uma pessoa. Quando aconteceu comigo, eu tentei me convencer de que não
era minha culpa. A verdade era que não tinha ninguém para culpar além de mim
mesma. Caso eu não tivesse concordado em vir aqui, caso eu não tivesse deixado
minha colega de quarto me convencer a me inscrever para jogar este jogo, bem,
nada disto teria acontecido. Eu não estaria presa na sala de jogos de um rico
esquisito. Eu não estaria olhando as prateleiras lotadas com fileiras de
brinquedos sexuais, onde alguns eu nem sequer poderia reconhecer. Todos eles
pareciam aterrorizantes, porém emocionantes ao mesmo tempo. Era difícil
conciliar os dois sentimentos simultaneamente, mas não importava, porque
nenhum deles ia ser usado em mim. Nunca iria acontecer, afinal, era apenas um
jogo. Eles eram só para o espetáculo, certo?

Quanto mais a conversa continuava na sala ao lado, mais minha mente


vagava. Eu estava na sala de jogos e eles estavam na sala decidindo o meu
destino.

Eu sei que isso pode parecer um pouco exagerado, mas eles realmente
estavam decidindo meu futuro enquanto eu só podia esperar e olhar a minha
volta pela centésima vez os equipamentos em exposição.

Eu estava cercada por coisas BDSM, tantas, que eram suficientes para
estocar uma Convenção com abundância de sobra. Estavam próximas o suficiente
para olhar, longe demais para tocar. A história da minha vida. Eu sempre quis as
coisas as quais eu não poderia ter, o chefe, o cara da loja de café com o queixo
cinzelado, inferno, eu até tive uma queda pelo entregador de pizza por um tempo.

Então, como é que acabei aqui? Algemada num lugar esperando para ser
libertada?

Bem, em primeiro lugar deixe-me dizer exatamente onde estou. É um


quarto dentro da mansão mais palaciana que eu já vi. E eu apenas vi um total de
uma, esta aqui. Pertencente ao filho da mãe mais bonito e obscenamente rico que
você poderia imaginar.

A sala de jogos era vermelha, assim como eu, me fazendo parecer ainda
mais quente. Mais do que tudo, eu queria uma bebida, algo para saciar a sede
ardente no fundo da minha garganta. Mas até eles terminarem de falar isso não
iria acontecer.

As paredes eram vermelhas, o tapete era vermelho, o teto era puro branco,
a única coisa pura lá, além de mim. As prateleiras que cobriam as duas paredes
continham cada brinquedo sexual imaginável. Estavam arranjados
pretensiosamente como se fossem exposições em um museu. Grampos de
mamilo, algemas, mordaças. Os plugues anais variavam dos menores aos maiores,
cada um com uma etiqueta impressa na frente, embora a escrita fosse muito
pequena para ler estando na minha posição.

Eu podia imaginá-lo entrando e colocando um rótulo ao meu lado.

Karina Browning, a aquisição recente. Um erro!

Com certeza estar sozinha e presa pode fazer sua mente vagar. O que mais
eu poderia ver e fazer? Havia uma cadeira de madeira com um vibrador preso no
assento e correias nos braços para segurá-lo no lugar e isso parecia assustador.
Havia um balanço no canto, mas definitivamente não era o tipo de balanço
apropriado para um parque infantil.

Os vibradores também estavam expostos do menor para o maior e dos


maiores para os menores, e sobre o outro conjunto de prateleiras, terminando a
fileira, tinha um punho de borracha que parecia assustador. A prateleira superior
continha um vaso de rosas vermelhas destacando-se ainda de alguma forma
sobre todo o resto.

Eu tentei me mover para os lados, tentando trazer um pouco de vida de


volta ao meu braço. Não queria que a braçadeira de metal me marcasse e me
lembrasse o fato de que eu estava aqui. A conversa não estava dando sinal algum
de acabar tão cedo. Tive que deixar rolar.

No alto do cavalo de madeira tinha um comprimento de metal e eu estava


algemada a isso. Deslizando para o chão eu era capaz apenas de aliviar-me para
baixo ficando em posição sentada, porém o meu braço preso continuava acima da
minha cabeça, como se eu estivesse esperando uma pergunta em uma sala de
aula, a mais estranha do mundo.

Suponho que a questão seria, como diabos você entrou nesta confusão
Karina? E mais importante, o que você fará agora?

As respostas a ambas as perguntas eram complicadas e simples ao mesmo


tempo. Eu tinha me metido nesta confusão do nada, e não havia coisa alguma que
eu pudesse fazer além de esperar até que ele voltasse.

Até que ele voltasse.

Ele.
Sempre foi um homem. Um ele. Um homem. Homens. A causa de todos os
meus problemas.

Minha história começa com um homem. Não o homem que estava lá


falando, o senhor Rico esquisito. Contudo, vamos chegar até ele, não se preocupe.

Primeiro, quero falar sobre um homem chamado Tony. Foi onde tudo isso
começou. Na época ele era meu namorado, quase noivo.

Espero que você esteja mais confortável do que eu. Mas se você está
sentada em uma poltrona tão bizarra quanto esta ou deitada numa cama em uma
tarde quente ou esmagada entre dois homens de terno chamados Nigel no trem
superaquecido indo trabalhar, eu quero que você se prepare. Eu vou lhe contar
uma história. Não uma longa! Eu quero lhe dizer como eu acabei estando
acorrentada, rodeada por brinquedos sexuais, esperando o homem dos meus
sonhos vir e me salvar. É um inferno de uma história e não espero que você
acredite em tudo. Embora espero que a ouça. Você só poderia aprender com
meus erros.

Deixe-me levá-la de volta para Tony, o homem que me colocou neste


caminho, o homem que ao começar minha história, estava prestes a quebrar meu
coração.
KARINA

Eu estava tão feliz, parecia como se eu pudesse explodir. Pisando fora do


ônibus, o sol me aquecia, a brisa era suficiente para impedir de ficar
desconfortavelmente quente. Os sons da cidade enchiam meus ouvidos, pessoas
conversando, carros passando, as folhas nas árvores farfalhando ao vento. Na
minha frente estavam os portões de ferro forjado que marcavam a entrada do
parque.

Eu parei para tomar um sorvete no caminho e quando cheguei na fila havia


uma menina resmungando algo. Eu peguei o fim da frase. —Mas, se nós apenas
dissermos por favor?

A mãe dela estava de pé ao seu lado parecendo nervosa. —Desculpe-me


Emma.— Ela olhou para mim e desviou o olhar imediatamente. —Não posso.

Lembrei de me sentir assim quando eu era pequena, vendo a injustiça de


um mundo que eu não entendia. Imediatamente isso acabou com a minha
felicidade, mas não por muito tempo.

Eu comprei dois cones, passando um silenciosamente para a garota


enquanto caminhava. Ela olhou para mim e em seguida para o sorvete
timidamente, como se isso pudesse ser algum tipo de truque. Eu apenas sorri e
então ela o agarrou sorrindo amplamente assim como eu. Fui embora antes que
sua mãe pudesse responder, não querendo que ela se sentisse envergonhada.

Lembrei de dias quentes de verão quando eu estava crescendo neste


mesmo lugar. Parecia que tinha sido há muito tempo. Na minha cabeça, eu
poderia voltar a esse tempo em segundos. Cada marco manteve uma memória. Eu
costumava subir em uma estátua onde eu nervosamente rabiscava minhas
iniciais em lápis, esfregando-os culposamente dentro de segundos. A árvore que
caí e deixou meu braço em gesso por seis semanas miseráveis. O mergulho na
grama... nada mais do que uma memória desvanecida para pessoas como eu. Para
todos os outros, era apenas um mergulho na grama, mas para mim, era uma parte
da minha infância que se foi para sempre.

Tantas memórias. O lugar onde Betty, Emma e eu fazíamos cadeias de


margarida. O lugar onde tive meu primeiro cigarro e acesso de tosse por cerca de
dez minutos enquanto me perguntava por que diabos alguém fumaria essas
coisas horríveis. Meu primeiro beijo foi ali naquela árvore, era também onde
tinha combinado encontrar Tony hoje. Parecia apropriado.

Ele seria o último homem que eu beijaria. Íamos nos casar. Era um
pensamento estimulante. Eu ia casar. Eu ia ser uma esposa. Terminei o sorvete e
deixei cair o guardanapo na lixeira do meu lado enquanto olhava do outro lado da
árvore imaginando onde ele estava.

Então ele apareceu por trás dos ramos baixos, movendo-se e inclinando-se
sobre um galho que quase tocava o chão com os braços dobrados enquanto me
observava atravessar a grama em direção a ele.

—Adivinha?— Eu perguntei quando cheguei a ele, agarrando o seu braço e


tentando resistir aos impulsos da minha emoção.

—O quê?— ele respondeu.

—Eu tenho uma coisa para você.

—Eu sei que você tem. Eu disse para trazê-lo com você.
—Não é isso! Eu tenho outra coisa para você. Adivinha o que é?

Ele olhou para mim e assim que ele fez vi algo estranho. Se ele usasse
óculos teria sido uma expressão séria por cima deles. Era sério o suficiente de
qualquer forma.

—Tudo bem, eu vou dizer. É uma poltrona.— Esperei pela reação dele, mas
ele apenas continuou olhando para mim. —É de couro e suave como qualquer
coisa e você pode sentar-se e ler e posso lhe trazer xícaras de chá. Eu estou tão
animada Tony! Não acredito que vamos morar juntos. Parece que está indo tão
rápido.

—Você trouxe o que combinamos?

—Claro que sim. Aqui está Senhor Mal Humorado.— Cheguei em minha
bolsa e tirei para fora o envelope, passando-o para sua mão estendida. —Mas eu
ainda não entendo por que eles precisam do aluguel e do depósito em dinheiro.

—Eles apenas precisam.— ele respondeu, os dedos fechando em torno do


envelope. Foi quando tudo deu errado.

Ele se afastou de mim e antes que eu percebesse o que estava acontecendo


ele estava correndo.

No começo pensei que era uma piada, que ele estava fingindo fugir com
quase dois mil dólares do meu dinheiro, minha poupança toda em um envelope. O
sorriso caiu do meu rosto quando ele continuou correndo empurrando-se através
das multidões.

—Ei!— Gritei quando comecei atrás dele. —Onde você vai?— Mesmo assim
eu pensei que ele poderia voltar atrás, me zoar por ser tão fácil me enrolar, mas
isso não aconteceu. Eu vi de relance quando ele foi direto para o portão que dava
pra rua. Um grupo de turistas apareceu na frente dele deixando-o mais devagar.
Eu estava ganhando terreno embora meus pulmões estivessem doendo devido ao
esforço de tentar pegá-lo. Eu estava chegando perto e mais alguns segundos e eu
estaria nele.

Do nada veio um homem em um terno caminhando na minha frente,


aparentemente alheio à mulher correndo de encontro a ele. —Saia do caminho—
eu tentei gritar, mas minha voz estava fraca de tão ofegante. Ele não me ouviu e
eu não consegui parar a tempo. Eu bati no lado dele e perdi o equilíbrio, a perna
tropeçando e se chocando contra o chão debaixo de mim.

Eu aterrei com um baque e perdi o ar de meus pulmões. Ofeguei,


respirando conforme eu me empurrava para cima, mas era tarde demais, Tony
tinha desaparecido. Ele estava fora do parque e longe da minha vista. Eu nunca
iria pegá-lo.

Eu caí no banco ao meu lado, minha cabeça em minhas mãos, lágrimas


começando a rolar em minha face. Tony tinha desaparecido e todo o dinheiro que
eu tinha no mundo se foi. Era demais para aguentar, eu não pude deixar de
chorar. Uma voz me disse algo, mas parecia muito longe. Eu ignorei.

O sol desapareceu e uma sombra caiu por cima de mim. Olhei para cima
para ver uma figura montanhosa me olhar. Com o sol atrás dele, tudo o que eu
poderia fazer era ver sua silhueta.

E a silhueta falou —Se importa se eu sentar?


COLE

Não era para eu estar no parque, era suposto que eu estivesse no trabalho.
Nós tínhamos recentemente expandido para um segundo escritório na cidade e
era um momento agitado. O —jogo— estava ativo por cinco anos e meu
investimento tinha sido reembolsado várias vezes. Após seis meses de idas e
vindas, nós finalmente tomamos a decisão de expandir. Estávamos fazendo uma
aposta abrindo um segundo escritório sem reservas confirmadas, mas achei que
valia a pena o risco.

Toda a empresa existia por causa do boca a boca, sem marketing, exceto um
pequeno folheto dado para algumas pessoas selecionadas. O método era simples,
você cria uma fantasia boa o bastante, um jogo bastante real e então faz as
pessoas felizes. Não era complicado, era apenas caro. Contratar os atores para os
papéis, separar o seguro, lubrificar as rodas da prefeitura para que possamos
continuar. Tudo levou dinheiro, tudo levou tempo. Mas ele estava pagando. Eu
tinha escolhido zero publicidade enquanto construíamos o jogo para o padrão
que precisava ser, para ir a público. Nós ainda não estávamos lá. Eu tive que dar
um jeito de mostrar ao mundo que não era apenas um jogo de sexo elaborado.

Foi um conceito bastante simples, pense em um vídeo game de ação ao


vivo. Quem se inscreveu foi entrevistado extensivamente para ver o que eles
gostariam de fazer em vinte e quatro horas. Tivemos todos os tipos de jogos nos
cinco anos em que as coisas estavam sendo executadas. Um cara queria roubar
um banco e nós fizemos isso acontecer. Nós montamos uma loja como um banco,
dois atores interpretaram seus colegas ladrões e o resto se passou por
funcionários e clientes. Ele tinha um tempo para fazer isso, correndo com sua
arma e nunca tendo certeza se era um banco verdadeiro que ele estava roubando.
Depois, havia a mulher que sempre sonhou em correr nua em torno de uma
biblioteca, chocando todos aqueles que a vissem. Isso foi fácil de configurar.
Tinham jogos em que uma pessoa queria ganhar uma aposta de corrida de
cavalos, outra queria participar de uma perseguição de carro, ou uma que queria
ser milionário por um dia, fizemos todo o tipo.

Este agora era um novo negócio. Este era um jogo que não tentamos antes e
como eu era o cara do dinheiro eu seria o primeiro a experimentá-lo.

Devia estar no escritório ajudando a obter as coisas concluídas. Uma vez


que o clube estivesse pronto, então eu poderia sair e procurar uma mulher para
brincar. Mas quando eu a vi no parque, eu imediatamente percebi que não iria
encontrar alguém melhor.

Havia algumas razões para eu achar que ela seria a jogadora perfeita. Em
primeiro lugar ela era bonita. Sim, ela estava chorando, os olhos turvos, as
bochechas dela estavam vermelhas. Mas ela era linda. Boa aparência e um belo
corpo também. Se eu ia jogar, bem que poderia ser com alguém que eu gostasse.
Em segundo lugar, parecia que ela precisava se animar. O jogo nunca deixou de
fazer os jogadores felizes. Esse foi o objetivo desde sempre.

Eu não sabia seu nome, sabia que ela tinha se chocado contra mim quando
eu estava andando pelo parque. Eu estava lá apenas porque estava um dia muito
ensolarado para estar no escritório. Mais tarde chegaria lá. Eles poderiam me
ligar se fosse algo urgente. Não é como se eles pudessem demitir o cara que
estava financiando a coisa toda.

Ela saltou em mim e caiu no chão. Eu fui para ajudá-la, mas ela já estava de
pé, na ponta dos pés esticando o pescoço para olhar a multidão de pessoas. Ela
estava procurando algo, mas seja lá o que fosse, ela não tinha encontrado. Um
segundo depois ela caiu no banco ao lado, sua cabeça em suas mãos. Eu já estava
começando a me perguntar o que tinha acontecido.

—Se importa se eu sentar?— Eu falei, mas ela não parecia me ouvir. Eu


pisei mais próximo a ela bloqueando a luz até que ela olhou para mim. Eu sorri e
disse de novo. Ela assentiu com a cabeça.

Inclinei-me no banco escovando um grão de terra do meu joelho. Voltando-


me para olhá-la vi que ela estava me encarando. —Você é o cara que eu
esbarrei?— disse ela franzindo a testa ligeiramente. —Peço desculpas.

O jeito que ela falou saiu com um som tão oprimido, tão submissa, eu sabia
que ela era a pessoa certa. Ela seria perfeita para isso. —Não há necessidade de
se desculpar— Eu disse, querendo ouvi-la de novo. Gostei de ouvir sua voz. Seus
olhos se afastaram antes de voltar para mim. —O que está errado?

—Errado?— ela ecoou limpando seus olhos. —Não é nada, eu estou bem.

—Você não parece bem. Estava fugindo de alguém? Alguém a machucou?

—Estou bem.

Estiquei meus braços para fora sob o sol. —Terminei com alguém também.

Ela visivelmente relaxou e qualquer suspeita no rosto caiu. —Você


terminou?

—Sim... eu pensei que estávamos apaixonados.

—Diga-me sobre isso,— respondeu ela gerenciando um pequeno sorriso.


—Posso fazer uma pergunta?
Balançei a cabeça. —Vá em frente.

—Você é um homem. Por que um homem estaria com alguém durante seis
meses e em seguida fugiria quando deveriam ir morar juntos?— Sua respiração
engatou e então soltou uma enxurrada de palavras, todas vieram ao mesmo
tempo, tão rápido que eu me esforcei para entender. —Deveríamos estar
casando, ele disse que me amava. Eu comprei uma cadeira para ele, era uma
grande cadeira. Eu faria qualquer coisa por ele, e ele nunca disse nada sobre estar
infeliz. Não entendo! Por que ele faria isso? Ele pegou o meu dinheiro. Ele me
disse que a locação tinha que ser em dinheiro e acreditei nele, eu sou uma tola.
Era tudo que eu tinha no mundo e ele pegou e eu sou uma idiota e oh meu Deus,
olhe para mim. Estou divagando com um estranho que não poderia se importar
menos sobre meus problemas. Me desculpe.

Eu me agitei quando ela disse desculpe novamente. Havia aquela submissão


novamente. Ela nem sabia que estava lá ou eu era uma parte dela por tanto tempo
que ela nem reparava mais? —Ele estava com você por seis meses, certo?— Eu
perguntei.

—Certo.

—Então ele conseguiu que você trouxesse todo o dinheiro que você tinha?

—Certo. Por que ficar por seis meses? O que ele ganharia com isso?

—Sexo fácil.

Ela corou quando eu disse a palavra sexo. Eu gostei do jeito que as


bochechas dela escureceram, seus olhos movendo-se sobre meu rosto, como se
ela não tivesse certeza de que foi autorizada a sequer ouvir a palavra.
—Ouça— continuei chegando no meu bolso. —Tenho aqui uma coisa que
vai animá-la.

—Você não precisa fazer isso.— disse ela olhando para baixo para o folheto
na minha mão. —O que é?

Ela estava tentando manter sua curiosidade em verificar, mas ela já tinha se
inclinado para o panfleto. Ao fazê-lo, meus olhos vislumbraram seu peito, seu
vestido solto revelando uma sugestão da ondulação de seus seios. Algo dentro de
mim se agitou na visão. Vai ser um jogo divertido.

—Essa é a empresa para a qual trabalho. Você já fez um desses jogos no


estilo —Escape the Room—?

—Sim, claro, fiz um no meu vigésimo primeiro aniversário. Saímos em


trinta minutos, o mais rápido desse ano de acordo com os organizadores. É isso?

Sem ela perceber o folheto já estava na sua mão e ela estava olhando para
ele rapidamente.

—Maior que isso— eu disse, esperando quando ela olhou para as fotos.

—Isto parece muito caro— disse ela segurando o folheto na minha direção.

—Fique com ele, leve isso com você para o endereço na contra-capa. Diga
que Cole Ford enviou você.

—É muita gentileza sua Senhor Ford, mas acho que não posso pagar

Levantei uma mão e tive que resistir a sorrir quando ela parou de falar de
uma só vez. —Eles precisam de alguém para testar um novo jogo. Tudo por conta
da casa, sem cobrança.
—Não tenho certeza se posso.

Novamente ela foi silenciada pela minha mão. —A aconselho a dizer sim,
você está livre para recusar, claro. Por que não pensa por uns dias? Se você
decidir jogar, basta telefonar para o número e dizer-lhes. Agora, tenho que ir. Foi
um prazer conhecê-la...?— Eu estendi a mão para ela.

—Karina— disse ela, deslizando a mão na minha. Sua pele parecia macia e
quando nos tocamos seus olhos se arregalaram. Segurei os dedos por um
segundo mais do que eu precisava, observando-a atentamente antes de
finalmente deixá-la ir. De perto eu podia sentir o cheiro dela. Ela cheirava bem.

—Karina— disse. —Foi um prazer. Cuide-se.

Afastei-me e sorri, ela iria jogar. Ela disse que não iria, mas não poderia ter
sido mais clara, nem que ela tivesse tatuado isso na testa. E ela faria, porque eu
disse a ela. Não consegui pensar em uma pessoa melhor para brincar. Isso ia ser
muito divertido.
KARINA

—É uma piada, certo?

Holly me olhou por cima do panfleto vendo a minha expressão nervosa e


sorrindo de forma nada tranquila. —Quanto tempo vivemos juntas Karina?—
perguntou ela ignorando minha pergunta.

—Cerca de quatro anos mais ou menos.

—Quatro anos vivendo juntas e você quer saber de algo?

—O quê?

—Acho que você precisou de algo assim por um tempo muito longo.

—O que? Do que você está falando?

Ela dobrou o folheto e o largou na mesa da cozinha. Ela estava sentada de


costas para a janela, bloqueando o pior do calor, o ar condicionado lutando para
lidar com a temperatura. Ela não parecia nem notar o calor. Eu senti como se
estivesse derretendo em minha cadeira, mas ela veio e sentou-se lá tão radiante
como sempre, pegando seu café e o sorvendo enquanto olhava intensamente
para mim. —Eu tentei avisar sobre Tony,— ela disse. —Você se lembra?

Eu balancei minha cabeça. —Você disse que gostava dele.

—Não, eu disse que você gostava dele, e eu iria apoiá-la lembra-se?

—Não lembro.
—Ele a fazia infeliz, Karina. Você não poderia ver porque foi varrida por ele,
mas ele não fez nada para você. Ele até tentou me pedir dinheiro algumas vezes.

—Ele tentou?

—Ele tentou.

—Meu Deus Holly, me desculpe. Eu não sabia.

Ela deu de ombros. —Eu posso me defender sozinha. Se você quer minha
opinião, você está muito melhor sem ele.

Eu suspirei, caindo sobre a mesa, minha cabeça em minhas mãos. —Mas eu


sinto falta dele.

Ela bateu o folheto. —É por isso que isto é perfeito. Isso vai distraí-la e você
vai se divertir, e o melhor de tudo, você não tem que pagar por isso. Eu mataria
para jogar.

—Você pode ir no meu lugar se quiser. Não vou, me parece suspeito.

—Sem ofensas Karina, mas você já provou que não é a melhor juíza das
coisas.

—O que você que dizer?

—Oh, peço desculpas. Tony devolveu seus dois mil?

—Ai. Isso dói.

—A verdade é que, hum... lembra o que eu fiz quando Eddie me irritou?

Balançei a cabeça, me lembro bem. Tínhamos tido um cerimonial de queima


nos fundos da casa e qualquer coisa ligada a ele tinha sido queimada. Ela chamou
de limpeza. —Vá para seu quarto e vamos purificar— ela continuou. —Confie em
mim, você vai se sentir melhor. Então, amanhã, você vai ver esses caras e se
divertir. Você precisa ter um sorriso no seu rosto.

—Eu acho que você deveria ir no meu lugar.

Ela balançou a cabeça. —Você foi convidada, não eu. Agora vá frente.
Quanto mais cedo terminar melhor você se sentirá, confie em mim.

—Tudo bem— eu disse ficando em pé. —Se isso vai tirar você das minhas
costas.

—Boa garota— ela respondeu com um sorriso captando o panfleto de novo.

Por que eu não conseguia dizer não a ela? Porque eu era tão facilmente
conduzida? A questão ainda estava na minha mente quando entrei no meu
quarto. Tony me levava, ele tinha tomado todas as decisões. Me olhando no
espelho, puxo meu cabelo para o lado. Eu tinha escolhido esse estilo porque ele
disse que gostava, esta sombra nos olhos era sua cor favorita. Até meu top era um
que ele tinha comentado que havia gostado e visto na vitrine de uma loja. Fiz tudo
por ele e o que recebi em troca? Nada. Um grande e gordo nada. Não, pior que
isso, tinha perdido dois mil no final.

Não havia muito lá para recolher. A foto que eu tinha colada no canto do
espelho onde estávamos nós dois na praia. Ele nunca tinha ficado mais, eu não
deixava. Então não havia nenhuma roupa para pegar. Na verdade, quanto mais eu
pensava nisso, mais eu percebi a idiota que eu tinha sido. Ele não deixou qualquer
parte de sua vida comigo. Nunca tinha comprado nenhum presente para mim,
estava sempre muito quebrado. Eu não me importava, pagava as contas quando
comíamos, até comprava mantimentos de vez em quando.
Quando Holly veio para me ver, encontrou-me sentada na cama olhando
para a foto. Ela não disse nada. Ela veio e sentou do meu lado com seu braço em
volta do meu ombro enquanto eu chorava. Ela sabia quando falar e quando ficar
em silêncio. Era por isso que sempre nos demos tão bem. Ela era mais que uma
companheira de casa, ela era como uma irmã para mim. Comemos um monte de
sorvete juntas conforme o dia passou.

Ela me colocou na cama naquela noite acenando em direção a foto na minha


mão. —Estou pronta— disse deixando que ela levasse. Era mentira, mas ela não
sabia disso. Chorei um pouco mais depois que ela saiu, antes de finalmente
adormecer à meia-noite pensando na idiota que eu era e jurando não querer ter
nada a ver com homens nunca mais.

Acordei na manhã seguinte com o som do meu telefone tocando. Tateei em


busca dele na mesa de cabeceira sem abrir meus olhos. Ele caiu da mesinha,
deixando-me para atendê-lo com minha bunda e pernas ainda na cama e meu
cotovelo no chão, de cabeça para baixo —Olá— disse para um número que não
reconheci.

—Senhorita Browning?

—Sim, sou eu. Quem é?

—Sou da Game Inc., nós agendamos uma consulta para você hoje por volta
do meio dia. Esta é uma chamada de cortesia para confirmar os arranjos.

—Desculpe, Game Inc? Você deve ter cometido algum tipo de engano.—
Pressionei minha mão livre no tapete forçando meu corpo para cima da cama. —
Ainda não marquei uma consulta.
—Meio-dia temos uma consulta aberta para você.— disse a voz
despreocupada na outra extremidade. —Ela permanecerá aberta. Bom dia
senhorita Browning.

—Espere— disse no telefone, mas ela já tinha desligado. Sentei e esfreguei


meus olhos. Uma figura borrada apareceu em minha porta e num piscar de olhos
Holly entrou rapidamente em foco.

—Eu fiz a ligação para você— ela disse, pelo menos tendo a decência de
ficar envergonhada com isso.

—Você fez, hein?— Eu disse, pegando meu travesseiro e jogando-o para ela.
—Mesmo quando eu disse especificamente que eu não queria ir?

—Ouça— ela respondeu, andando alguns passos em minha direção. —Falei


com o meu editor sobre isso. Nós pensamos que seria um ótimo artigo para a
revista .

—Você é toda coração, Holly.

—E que vai animá-la também. O que está errado com isso?

—Eu não quero ir.

—Ninguém a está obrigando. Mas Mitch disse que está tentando fazer uma
entrevista com o lugar há meses e está sem sorte. Você poderia ser minha
pequena ninja espiã. Por favor Karina. Por mim e por você.

—Você quer que eu jogue um jogo que eu não conheço, então você pode
aumentar seus leitores? Estou entendendo isso?
—Eu lhe disse que também vou fazer para você o café da manhã se você
disser que sim?
KARINA

Eu me mexia no meu lugar enquanto a entrevistadora na outra extremidade


da mesa olhava para meu questionário. —Fiz tudo certo?— Eu perguntei, incapaz
de lidar com o silêncio por mais tempo.

—Isso quem decidirá é o computador— ela respondeu com um sorriso,


seus dentes tão brancos que quase estremeci. —Eu estarei de volta em breve. Não
vá a lugar nenhum.

Eu estava aqui por causa da Holly. Eu nunca teria vindo se não fosse por ela
me persuadir. Ela tinha me subornado com café da manhã e em seguida me pediu
para ajudá-la a conseguir um artigo decente, alegando que tinha se passado
meses desde sua última assinatura. No final eu tinha concordado. —E se isso for
algum tipo de fraude e eu for sequestrada?

—Então teremos um artigo ainda melhor— respondeu ela, rindo como


sempre fazia.

Sendo honesta, havia uma parte de mim que estava feliz por ela ter tomado
a decisão que me cabia. Eu nunca fui boa em tomar decisões. Sempre tinha sido
mais fácil só ir com o fluxo, seguir o que me diziam pra fazer. Acredito que tomar
decisões é estressante, eu sempre fico preocupada se eu vou fazer a escolha
errada. Essa era uma das razões que eu estava tão ansiosa para ir morar com
Tony. Ele era um homem que tomava as decisões facilmente, me dizendo o que
fazer. Fazia minha vida muito mais fácil.
Eu pensei sobre ele naquela manhã... quando eu subi no ônibus. Doía
pensar sobre ele, sobre o que ele tinha feito. Tentei chamá-lo, mas a linha nem
tocava, estava desconectado. Ele não tinha nenhuma presença nas redes sociais,
então não havia maneira de encontrá-lo on-line. Ele tinha desaparecido, é como
se ele nunca tivesse existido. Tudo por dois mil. Parecia que não valia a pena.

Holly estava certa, eu deveria esquecê-lo. Só doeria mais continuar


pensando sobre o que ele tinha feito. Espero que o jogo possa me distrair. Era
apenas uma coisa de vinte e quatro horas, o que poderia dar errado em vinte e
quatro horas? Com sorte, ele iria me animar, dar a Holly um artigo decente e
havia uma pequena possibilidade de poder ver o cara do parque.

Eu corei com o pensamento. Por que eu me importo em vê-lo? Eu já estava


cansada dos homens. Não queria vê-lo. Mas meu coração acelerou um pouco
quando cheguei a sede da Game Inc.

—Você terá que perdoar o caos— a recepcionista gritou com o som da


perfuração por trás dela. Eu tinha andado lá dentro para encontrar um escritório
em reforma. —Nós não estávamos esperando estar em funcionamento por mais
uma semana ou mais.

—Quer que eu volte outro dia?

—De jeito nenhum. Estamos felizes por você estar aqui.— Ela se inclinou
abaixando a voz dela. —Cá entre nós, estamos todos muito excitados.

—Sério?— Eu perguntei.

Ela inclinou-se tocando o nariz dela. —Eu não disse nada, mas eu estou com
um pouco de ciúmes senhorita Browning.
Eu fui pelas escadas, já que os elevadores não estavam funcionando ainda.
No terceiro andar as coisas estavam mais calmas. Ninguém em coletes
fluorescentes, apenas um monte de ternos. A recepcionista bateu em uma porta
de vidro transparente e de dentro uma mulher não mais velha que eu olhou para
cima, mostrando um sorriso e acenando para eu entrar. —Senhorita Browning,—
ela disse apontando para a cadeira em frente à mesa dela. —Sente-se por favor.
Obrigada Caroline, isso é tudo.

Ouvi a porta se fechar atrás de mim enquanto uma pilha de papéis


deslizava sobre a mesa. —Meu nome é Winona Cantrell e confesso que estou
muito satisfeita que você está aqui.

—Você está?

—Sim, quando o senhor Ford disse que ele tinha uma jogadora pronta,
pensei que era brincadeira, mas aqui está você, tão bonita quanto ele disse. Agora
pode preencher aqueles papéis antes de fazermos qualquer outra coisa?

—O que é isso?— Eu perguntei, pegando os papéis e tentando ignorar que o


senhor Ford havia me chamado de bonita. Não seria capaz de me concentrar se
eu começasse a pensar muito sobre isso.

—Uma pesquisa, ela vai nos ajudar a escolher o jogo perfeito para você e
iremos nos certificar de que a faça feliz. Não posso fazer isso sem saber um pouco
sobre você certo?

Eu folheava as páginas. —Eu tenho que preencher tudo?

—Por favor. Eu vou buscar café, você gosta de café?

Concordei pensando em quanto eu prefiro chá.


—Eu já volto— ela disse saindo pela porta e me deixando em paz.

Eu olhei para as perguntas. De uma escala de um a dez quão aventureiro


você se sente? Era bastante fácil. Como é assustador para você encarar novas
experiências? Você se sente bem em lidar com a dor? Uma vez que eu tinha
completado a primeira seção, as respostas mudaram para Sim ou Não.. Eu corri
através delas o mais rápido que pude, recusando-me a pensar muito. Recusei-me
a responder a algumas delas. Já fez sexo anal? Já quis experimentar a escravidão?
Já foi espancado? Elas estavam misturadas com perguntas muito mais inócuas,
como se para escondê-las, mas não ia dar os detalhes mais íntimos do meu
passado, quem eles pensam que são?

—Tudo pronto?— Senhorita Cantrell perguntou empurrando a porta


aberta. —Vamos dar uma olhada, ok?

Ela sentou-se e folheou a papelada. Pensei que ela poderia me dizer que
estava faltando algumas das perguntas, mas no final ela se dirigiu para fora da
sala para fazer alguns testes, como ela mesma colocou. Ela não demorou muito e
voltou com um sorriso ainda mais amplo. —Eu tenho boas notícias Senhorita
Browning,— ela disse se sentando. —Temos um cenário para você que vai ser
absolutamente perfeito. Você está pronta para isso?

Balancei a cabeça. —Continue.

—Você vai ser a nova garota de um clube, um clube privado.

Ela caiu em silêncio e esperei, mas ela só continuou sorrindo para mim. —
E?— Eu perguntei. —E agora?

—Não posso dizer, isso estragaria tudo. Esse é o objetivo do jogo. Se você
soubesse tudo o que ia acontecer não seria muito divertido, certo?
Ela deslizou um pedaço de papel sobre a mesa. —Se você assinar isso nós
começamos.

—O que é isso?

—Apenas um contrato padrão. Você reconhece que é apenas um jogo, não é


a vida. Não importa quão reais as coisas pareçam, fazem parte do jogo. Todo
mundo além de você está atuando.

—O que é isso sobre ser ameaçado?— Eu perguntei, apontando a minha


caneta para as letras pequenas.

—Dependendo do tipo de jogo alguém pode ameaçar você ou outro


personagem. Ninguém vai se machucar, você incluída. Isso é uma garantia. Da
mesma forma você pode ter alguém se apaixonando por você. Não é real, é
apenas um pouco de diversão.

—Mais alguma coisa que eu precise saber?

—Olhe para a parte sublinhada com cuidado. Você não deve mencionar o
jogo enquanto joga ou vai quebrar a regra e estragar a ilusão.

—Ele diz que há uma frase de saída, aqui, no final.

—Sim, queremos que todos os participantes joguem por vontade própria.


Se ficar demais e você quiser terminar o jogo mais cedo é só dizer a frase 'Fim do
jogo.' Então isso tudo vai parar ao mesmo tempo. Levamos a segurança muito a
sério aqui. Agora, eu aposto que você está se perguntando como você deveria
jogar, certo?

—Sim, estou.
—Como você quiser. Essa é a graça! Há um pacote para você na recepção.
Ele conterá sua roupa, o nome do seu personagem, alguns traços recomendados
para ela e o endereço do clube. Esteja lá às 21:00hs de hoje e prepare-se para o
melhor momento de sua vida.
COLE

Deixe-me dizer um pouco sobre o clube. Eu o tenho há cinco anos, comprei


de um homem que não queria vender. Eu gostei do lugar desde a primeira vez em
que estive lá dentro. Fiz-lhe uma proposta e ele rejeitou, então fiz outra oferta.
Ele vendia ou eu diria às pessoas sobre o imposto que eu tinha desenterrado
sobre suas contas. Então ele vendeu.

O clube se tornou mais famoso ao longo dos anos, mas ainda é bastante
discreto, o lugar perfeito para configurar um jogo. Sentei-me à minha mesa
habitual quase esvaziando o copo de uísque que estava na minha mão. Eu estava
esperando que ela chegasse. Já eram nove e cinco, ela não devia demorar. Tenho a
sensação que ela estava correndo contra o tempo, provavelmente com medo de
que poderá ter problemas se chegar atrasada. Ela estava certa.

Veronica andou com a bandeja trazendo-me outra bebida. —Aqui— eu


disse quando ela pousou o copo cheio e recolheu o vazio. —Obrigado V.—
Coloquei três notas de vinte dobradas sobre a bandeja e assisti um sorriso no
rosto dela.

—Obrigado Senhor Ward— ela disse. —Alguma coisa que eu possa


conseguir? Uma das meninas para fazer-lhe companhia talvez?

—Hoje não V.

—Tudo bem Sr. Divirta-se.

—Eu vou— eu respondi. Havia um movimento a esquerda e eu virei a


tempo de vê-la aparecer. Lá estava ela, com o vestido que eu tinha instruído que
usasse. Ela parecia incrível. Era preto, sem alças e aderia as suas curvas em todos
os lugares. Ela ficava puxando a bainha, como se estivesse tentando cobrir mais
as pernas. Poderia ter funcionado, mas quanto mais ela puxava, menor ficava no
peito dela, fazendo-a puxar para cima. Eu sorri. Ela não tinha uma pista de como
agir. Em breve seria eu a ensiná-la.

Ela estava quase dentro, antes de Denzel voar nela. Mesmo com a música
tocando eu podia ouvir a conversa que eles estavam tendo, não precisava estar
mais perto. Estava indo exatamente como eu havia previsto. Ela não tinha certeza
se deveria continuar com isso, estava prestes a desistir, pedindo desculpas por
ter vindo. Denzel a tinha pelo braço, balançando a cabeça e apontando para o
relógio, levando-a para os camarins. Ela estaria de volta em um minuto. Mal podia
esperar.

Sentei-me reto e esperei, minha bebida esquecida. As luzes acinzentadas,


houve silêncio quando a música começou e a conversa morreu. De repente, uma
luz brilhou no palco, bem a tempo de as cortinas começarem a subir, e lá estava
ela, alinhada com as outras garotas. Meia dúzia delas, mas elas desapareceram ao
seu lado. Eu só tinha olhos para ela, a imaginando no meu quarto, aquele vestido
deslizando para baixo de seu corpo, aqueles olhos inocentes piscando para mim...

O leilão começou. Denzel e pegou o microfone ficou na frente do palco. —


Cavalheiros— ele começou antes de acrescentar, —e senhoras. Nós temos a
seleção desta noite pronta para vocês. Vamos começar o leilão em dez mil, ok?

Uma voz canalizada na minha esquerda. —Dez.

Eu esperei. Os jogadores menores caíram ao longo do tempo. A licitação


chegou a setenta e cinco mil e Denzel olhou ao redor da sala. —Mais alguém?
Eu me perguntava o que ela estava pensando? Ela sabia para que ela estava
sendo leiloada? Ela sabia o que ia acontecer com ela? Parecia que ela estava
prestes a correr. Então levantei-me, acenando na direção de Denzel. —
Duzentos— eu disse, minha voz alta o suficiente para que todos se virassem e
olhassem para mim.

—Duzentos mil do Sr. Ward— Denzel respondeu. —Quem dá mais? Não?


Então venha senhor e faça a sua escolha.

Caminhei lentamente entre as mesas, ouvindo as vozes murmurando ao


meu redor.

—Ele nunca escolhe ninguém.

—Isso é muito dinheiro.

—Você já viu ele oferecer antes?

Ignorei-os. Não sabiam que isto era parte do jogo. Os melhores atores são
aqueles que não sabem que estão jogando. Mesmo Denzel parecia surpreso
quando subi ao palco, caminhando pela linha enquanto as mulheres viraram os
rostos para mim, as suas expressões estando óbvias demais. Cada uma delas
estava gritando 'me pega' sem dizer uma palavra. Ela não, ela olhava para a saída
como se ela ainda estivesse decidindo se deveria ou não continuar com isso.

Eu pisei na frente dela e estendi minha mão. —Quer tomar uma bebida
comigo?

Houve uma breve salva de palmas quando ela olhou para mim e depois
para a minha mão. Ela engoliu, piscou duas vezes e em seguida, empurrou seus
dedos trêmulos em minha direção.
—Passando para a segunda rodada— Denzel disse enquanto eu a levava
para fora do palco. Deixei de ouvi-lo, meu foco era ela. Eu podia ouvir sua
respiração atrás de mim. Era pesada. Ela estava ansiosa, eu resisti em sorrir.

Cheguei a minha mesa e apontei para o assento vazio ao meu lado. Veronica
apareceu do nada com a bandeja na mão. —Uma bebida para a senhora?— ela
perguntou.

—Suco de laranja— ela respondeu. —Por favor.

Veronica girou sobre os calcanhares deixando-nos em paz. Eu a olhava do


outro lado. —Qual é seu nome?— Eu perguntei.

Eu sabia que ela era Karina Browning, sabia a idade dela, seu peso, seu
signo, sabia que perguntas ela se recusou a responder. Mas também sabia que sua
personagem tinha sido nomeada. Ela iria jogar ou não? Karina ou...?

Por muito tempo ela não disse nada então ela murmurou —Melissa— e
desta vez eu não pude resistir a sorrir.

—Por que está aqui Melissa?

—Não sei— ela disse com um suspiro.

—Quer saber o que eu penso?

Ela assentiu ansiosamente.

—Eu acho que você precisa relaxar um pouco. Você está com medo.

Seu suco de laranja apareceu e ela tomou um gole, eu tirei meu talão de
cheques assinando e entreguei à Veronica. —Com os meus cumprimentos— Eu
disse.
Olhei para Karina, ela estava me encarando. —Algum problema?— Eu
perguntei.

—Você só escreveu um cheque de 200 mil?

Balançei a cabeça.

—Isso é dinheiro de verdade?— ela perguntou, sua voz conspiratória.

—É tudo real aqui— eu respondi. —Ouça, a música está começando. O


leilão deve acabar. Quer dançar?

Ela balançou a cabeça. —Nunca dancei antes.

—É fácil. Só me acompanhar.

—Eu não sei.

—Paguei muito por sua companhia esta noite Melissa. Agora, de pé.

Levantei-me, esperando para ver se ela iria protestar. Ela não o fez. Ela era
tão submissa... era quase nenhum trabalho dominá-la. A levei até a pista de dança
e coloquei minhas mãos nela, começando a nos mover entre os outros casais. Ela
me olhou com perplexidade, como se pensasse que isto fosse um sonho. Eu sorri
para ela. —Se divertindo?

Ela assentiu com a cabeça, pisando no meu pé ao mesmo tempo. —Ah Deus.
Desculpe-me— ela disse, suas bochechas vermelhas quando ela congelou no
lugar.

—Relaxe— respondi tomando as mãos dela novamente. —Olha, fique um


pouco mais perto. Vai fazer isso ser mais fácil.— Eu deslizei minha mão em suas
costas, puxando-a para mim até que seu corpo estava pressionando contra o meu.
Eu podia sentir o calor dela, as curvas de sua pele, aquele maravilhoso cheiro
doce. Era inebriante. —Assim é melhor— disse enquanto nós balançávamos
juntos. —Veja, você é natural.

—Você é um bom professor— ela respondeu sorrindo para mim.

A música continuou... mas eu não estava concentrado. Eu estava muito


ocupado tentando não pensar em rasgar as suas roupas do seu corpo.
KARINA

Foi como um sonho se tornando realidade. Estava nos braços de um cara


lindo, dançando em uma pista de dança, tendo o melhor momento da minha vida.
Não era real, claro, eu sabia. Era só um jogo, mas ainda assim era possível fingir
que era real. Lá estava ele, em seu terno perfeitamente cortado, a barba limpa,
seus olhos escuros grudados em mim como se eu fosse a única mulher no mundo.

Eu sabia que ele não havia realmente pago duzentos mil para me comprar.
O leilão não era real. Disseram no escritório que todos os envolvidos eram atores.
Deve ter custado uma fortuna pagar todas essas pessoas. Senti como se estivesse
no Show de Truman, só que já sabendo a verdade.

Com meu corpo pressionado no dele esqueci completamente minha


ansiedade. Os nervos que ameaçaram me engolir apenas há alguns minutos atrás,
tinham desaparecido como se eles nunca tivessem existido. Havia apenas a
glamourosa Melissa e seu amante bilionário. Era requintado. Até tinha esquecido
como exposta me sentia naquele vestido.

Quando eu o coloquei, Holly tinha ofegado em voz alta. —Não acha que é
demais?— Eu perguntei olhando para baixo, puxando nervosamente a bainha.

—Eu tenho tentado fazer você usar algo assim por anos— ela respondeu.
—Está incrível.

—É um pouco revelador, não é?

—Essa é a intenção.
—Você realmente acha que está legal?

—Karina nunca usaria algo assim, mas hoje à noite você não é Karina, é?
Você é Melissa e você é uma vadia sexy!

Eu sorri, seu entusiasmo estava me afetando. Meus nervos retornaram


quando eu saí do táxi no clube. A brisa nas minhas pernas frias me fizeram
silenciosamente amaldiçoar Holly por não me deixar usar calças justas. Eu senti
como se meu corpo inteiro estivesse a mostra, de tão justo que era o vestido. O
taxista olhava para mim quando eu o paguei, seus olhos fixos em meu peito. —
Tenha uma boa noite— ele disse atrás de mim quando fechei a porta.

—Com sorte terei— murmurei, chegando ao porteiro que não disse uma
palavra. Ele empurrou a porta aberta e acenou para entrar. Então eles me
esperavam.

Não sabia o que ia acontecer durante o jogo, mas logo descobri quando o
gerente do clube me agarrou. —Melissa— ele disse. —Sr. Ward disse que se
juntaria a nós esta noite. Eu sou Denzel, proprietário deste pequeno lugar. Pronta
para uma aventura?

—Não tenho certeza— respondi balançando a cabeça. —Não sei se eu


deveria estar aqui. Provavelmente não, me desculpe.

—Não,— disse ele conduzindo-me pelo braço em direção uma porta na


parede distante. —Você só está nervosa. Toda nova garota sente-se assustada na
sua primeira noite, mas não se preocupe, você vai ficar absolutamente bem.— Ele
empurrou a porta aberta e me levou através dela.

O ruído do clube desvaneceu-se com a porta fechada. As luzes acima da


minha cabeça zumbiam alto enquanto ele caminhava à minha frente, acenando
para segui-lo. Virando a esquina encontrei outra porta. Eu segui certa de que eu
estava cometendo um erro enorme.

Eu pisei em um quarto cheio com cinco outras mulheres muito mais


sensuais que eu. Todas elas me olharam antes de continuar a conversa. Denzel
aplaudiu as mãos juntas e o barulho parou, todas as garotas se viraram para
enfrentá-lo.

—Bem, senhoras— ele disse. —Este é um lembrete para todas e não apenas
para o benefício da nova garota. Vocês estão aqui para dançar e mantê-los
entretidos, nada mais. Entendido?

Silêncio.

—Eu perguntei se está entendido?

Um resmungo relutante de aprovação rodou a sala.

—Bom. Agora vamos subir no palco e mostrar-lhes todos os seus dois


atributos, que são?

Ele olhou para mim acenando ansiosamente.

—Não tenho ideia— Eu respondi. —Sinto muito.

—Seios e sorrisos minha menina,— disse ele rolando os olhos. —Não se


preocupe, você vai aprender logo.

Havia uma porta na parte de trás do camarim onde passamos e então


estávamos em linha reta em um palco. Eu estava cega pelo brilho da luz pelos
primeiros segundos, mas gradualmente o clube entrou em foco. Fiquei
apavorada, só era capaz de permanecer ali, porque me lembrava que era só um
jogo. Eu poderia sair a qualquer momento. Era só falar —Fim de jogo— e tudo
teria acabado.

Eu estava tentada a dizer isso, mas não o fiz, mesmo quando percebi o que
estava acontecendo. Nós estávamos sendo leiloadas. Homens começaram a dar
lances, e eu tentei identificar as vozes. Quando alguém gritou duzentos mil meu
coração disparou. Reconheci aquela voz. Então uma figura mudou-se para a luz,
vindo em direção ao palco. Era ele.

Quando começamos a dançar, eu estava feliz. Não tenho idéia de quanto


tempo nós estávamos girando lentamente, mas tudo acabou cedo demais. Eu
podia sentir o cheiro dele enquanto ele me segurou naquelas mãos enormes,
levantando-me do chão, como se eu não pesasse nada. Minha cabeça encontrou
um local em seu peito, ouvindo o seu batimento cardíaco. Eu pensei sobre o que
Holly tinha falado comigo. Karina nunca seria tão ousada, mas Melissa poderia
ser.

Eu era quem era, por um curto espaço de tempo de qualquer maneira. Eu


não era a garotinha mansa que tinha sido. Eu era Melissa Montague, uma mulher
fatal. Eu estava com fome de homens, onde eu poderia mastigar e cuspir e nunca
olhar para trás. Talvez eu também estivesse um pouco louca, não há mal nisso. Eu
poderia estar confiante, eu poderia ser ousada, eu poderia fazer o que eu
quisesse.

Quando ele me disse que ele tinha que ir me senti esmagada. Ele meu deu
boa noite, indo embora e me deixando sozinha na pista de dança. O que foi isso?
Já acabou o jogo?

Karina teria ido para casa em seguida. Assisti-o indo, gananciosa por mais,
não querendo que nosso tempo juntos acabasse tão cedo. Com uma respiração
profunda eu marchei atrás dele, seguindo-o para fora da porta, para o frio da
noite.

Ele já estava na calçada, prestes a entrar em uma limusine. Eu estava


prestes a gritar quando outra mulher irrompeu por mim, me empurrando fora do
caminho e se jogando sobre ele. —Como você pôde?— ela gritou fazendo-o girar
para enfrentá-la, seu rosto caindo assim que a viu.

—Zoe— ele disse, e não parecia feliz. —O que você faz aqui?

—Não acredito em você Cole. Nós mal terminamos e você já está saindo
com uma prostituta. Quem é ela? Diga-me, eu mereço saber.

—Zoe— disse Cole se esticando até sua altura total. —Você está certa, nós
acabamos de terminar e como tal não tenho que dizer mais nada para você, nunca
mais.

—Quem é ela?— Zoe perguntou, sua voz mais alta. —Eu tenho o direito de
saber! Ela é uma prostituta, não é?

—Não, ela não é. Ela era minha parceira de dança.

A discussão continuou enquanto eu observava em silêncio. Isto é parte do


jogo? Claro que é. Eu devia deixá-los.

—Não quero falar sobre isso!— Zoe gritou, trazendo a minha atenção de
volta para o que estavam dizendo. —Está tudo muito claro para mim. Espero que
vocês sejam muito felizes juntos.— Ela passou pela limousine e acenou para um
um táxi que fez uma manobra brusca sobre ao pavimento.
—Zoe— chamou Cole, mas ela já tinha batido a porta, deixando-o suspirar e
em seguida concluir sua entrada na limousine. Fiquei completamente imóvel,
vendo a cena, esperando a porta fechar e ele se afastar da minha vida.

Porém a porta ficou aberta e ele enfiou a cabeça para fora um segundo
depois olhando para mim quando ele disse: —Vai entrar ou não?
COLE

Levou vinte minutos para chegarmos a Birdhouse. Karina sentou ao meu


lado com as pernas cruzadas, mãos entrelaçadas firmemente no colo dela. —Ela é
linda— ela disse depois que partimos. Quando ela entrou não tinha dito nada, não
tinha sequer olhado para mim. Mas quando ela disse virou-se para me enfrentar
com um sorriso no rosto, um sorriso que parecia forçado.

—Quem? Zoe? Sim, acho que ela é.

—Quem era ela?

—Minha ex. Ela era egoísta, era neurótica, foi infiel e ela está no passado e
não quero mais falar sobre ela.

—Por que acabou com ela?

Eu me inclinei na direção dela estreitando meus olhos. —Eu disse que não
quero mais falar sobre ela.

—Ok— ela disse encolhendo-se para trás. —Me desculpe. É só, não consigo
esquecer como ela era bonita, uma estrela de cinema ou algo assim.

—Você é linda demais— disse, observando a reação dela. Estava claro que
ela não acreditou. Ela queria, mas ela não conseguia. Não estava mentindo
também, ela parecia muito boa. Ela também tinha medo de mim, não medo
suficiente para recusar a se juntar a mim na limusine, mas o suficiente para fazer
coisas excitantes. Eu pensei sobre quão assustada ela poderia ficar se visse o meu
quarto de jogos. O pensamento trouxe um sorriso a minha cara, ela acorrentada, o
vestido no chão ao lado dela, o corpo à mostra para mim. Eu tive que me mexer
no meu lugar, pois, de repente, senti um grande desconforto.

—Onde vamos?— perguntou ela, mudando de assunto quando eu continuei


a olhando.

—Você vai ver— eu respondi. —Diga-me algo, o que fez você vir?

Ela deu de ombros. —Não sei.

—Você é mais corajosa do que você pensa que é— eu disse, inclinando-me


no meu lugar e esfregando meus olhos com a mão. —Muito mais corajosa. Você
precisará ser muito para o que eu tenho em mente para você.

—O que você que dizer?

—Você só terá que esperar e ver não é?— Eu disse.

Nós caímos em um silêncio que durou até que o carro parou ao lado da
estrada. —Chegamos— eu disse com minha porta aberta.

Saí, sabendo que ela iria me seguir. Ela não pararia agora. Eu tinha me
viciado nela, ela era minha. Um último teste, só para ter certeza, então trazê-la
para o meu mundo e mostrar-lhe a sala de jogos.

Eu entrei na Birdhouse, ouvindo-a fechar a porta atrás de mim. O porteiro


iria impedi-la de entrar, ela não era um membro. Caso ela quisesse se juntar a
mim, teria que ser ousada. Ela poderia fazer isso? Contei até cinco. Nenhum sinal
dela. Talvez eu estivesse errado. Não, nunca me enganei. Mais uns segundos e ela
iria...
—Vamos entrar então?— disse a voz do nada quando ela apareceu ao meu
lado.

—O que você disse ao porteiro?— Eu perguntei e comecei a andar de novo.

—Nada demais— ela respondeu. —Só disse que eu era sua filha e você
ficaria furioso se ele não me deixasse entrar.

Olhei para ela a tempo de ver um sorriso se formando em seus lábios. —


Você está brincando— eu disse sorrindo para ela. —Não sabia que tinha isso
dentro de você. Vamos lá, vamos arranjar um lugar decente.

Atravessamos um corredor bem iluminado e, em seguida, caminhamos


através de um conjunto de portas duplas para um auditório. Era similar ao clube
que tínhamos deixado, mas distintamente diferente. O lugar era muito mais velho,
as pessoas muito mais estranhas. Adorava isso aqui. Eu vi a reação dela, como ela
olhou para as mulheres de topless, conversando com homens de sunga e óculos
de sol, os dançarinos em gaiolas, a mistura bizarra que fazia o lugar tão único. —
Por que se chama The Birdhouse?— ela perguntou quando chegamos a uma mesa
marcada como reservada. Eu me sentei... mas ela não. —Não podemos ficar aqui,
é reservado— ela sussurrou para mim.

—Sente-se— Eu disse com uma voz firme. Ela ficou pálida, mas fez como eu
disse, as mãos tremendo enquanto ela puxava a cadeira dela. —Chama The
Birdhouse porque você não vai embora daqui, você voa. E servem apenas vermes
como comida.

Ela arregalou os olhos para mim quando fiquei com uma cara séria, o tanto
que eu conseguia. —Você não é a única que pode brincar— disse a ela, uma
garçonete veio e levou nosso pedido de bebidas.
— Vou ao banheiro,— disse Karina ficando de pé. —Onde é?

—Ali naquela porta,— Eu disse, apontando para ela. —Não demore, o show
vai começar em breve.

Acompanhei quando ela saiu, olhando para a sua bunda, o vestido não
escondia nada. Ela parecia tão bem, estava ficando cada vez mais difícil de manter
minhas mãos longe dela.

Estava ficando perigosamente perto de quebrar minhas regras. O objetivo


do jogo era o de se divertir, e não de manipular uma garota inocente em meu
quarto. Eu tentei fazer um balanço do que eu estava fazendo. Eu estava prestes a
levá-la para minha casa para lhe mostrar a minha sala de jogos. Mas o que então?
Poderia lhe dizer que não estava mais jogando? Que eu estava interessado em
Karina e não em Melissa. Eu mesmo não estava mais atuando. Só estava sendo eu.
Sem dúvida ela pensou que eu estava apenas sendo gentil com ela como parte do
jogo. Eu me perguntei como ela se sentiria se ela soubesse a verdade sobre o que
eu queria fazer.

Porque não havia dúvida que eu ia fazer. Com regras ou sem regras eu ia
fazê-la minha. Eu sabia desde o início, mesmo que não tivesse sido capaz de
admitir isso para mim. Havia algo sobre ela que eu nunca tinha visto em ninguém
antes. Talvez fosse porque ela não parecia interessada em mim por meu dinheiro.
Ela não sabia que eu era bilionário. Ela pensou que era parte do meu personagem.
Ela estava feliz por passar algum tempo comigo. Quanto tempo tinha passado
desde que alguém fez isso? E ela era tão submissa, sempre se desculpando,
desviando os olhos , desesperada para agradar.

Ela estava aqui porque eu disse a ela para me seguir, eu lhe disse o que
fazer. Eu só tinha que dizer a ela para voltar para casa comigo e ela faria. Eu já
queria sair e o show nem tinha começado. Olhei para os banheiros, esperando
que ela voltasse. Ela só tinha ido a alguns minutos e eu já sentia sua falta, sentia
falta de olhar para ela.

Passei o tempo de espera decidindo exatamente o que eu ia fazer com ela.


Eu ia fazer ela gritar meu nome com desejo, eu ia fazer uso de cada um dos meus
brinquedos, eu ia brincar com ela até que ela não pudesse se mover. Vou amarrá-
la e ensinar-lhe tudo sobre submissão. Eu iria dar-lhe a noite da sua vida.
KARINA

Eu estava sentada no cubículo do banheiro das mulheres quando elas


entraram. Eu estava esperando minhas mãos pararem de tremer. Apertava as
mãos de Karina, não da Melissa. Ela estava mais confiante do que eu. Eu precisava
entrar em sua mente, ser o personagem, me tornar a personagem. Não haveria
muito sentido no jogo se eu ficasse tremendo toda a noite.

Eu estava pronta para enfrentar quando ouvi uma conversa. —Quem era
aquela com Cole?— uma mulher estava dizendo. Eu gelei ao som do nome dele.

—Uma Zé-ninguém. Perguntei por aí e ninguém a conhece.

—Ela deve ser alguém, alguém como ele não seria visto com alguém que
fosse ninguém.

Fiquei chateada no começo, mas depois entendi. Fazia parte do jogo. Tudo
isso foi por causa de como eu tinha preenchido a pesquisa no Game Inc. Eles
tinham trabalhado como eu era tímida e configuraram as coisas, assim eu poderia
aprender a ser mais ousada. Bem, eu ficaria mais ousada. Elas só estavam agindo.
Elas não pensaram que eu não era ninguém, só diziam as palavras como se
estivesse escrito no script.

E se Cole estivesse fazendo isso também?

Eu ignorei essa pergunta, e saí para fora do cubículo do banheiro e


enfrentei as duas mulheres que estavam na frente dos espelhos. —Oi— eu disse
sorrindo amplamente para as duas. —Muito prazer, eu sou ninguém.
Eu caminhei antes que pudessem reagir, rindo para mim mesma quando
voltei para a mesa. Ele estava certo, isso foi divertido. Cole sorriu para mim
enquanto eu me sentava. —Você parece feliz— ele disse deslizando uma taça de
champanhe para mim.

—Eu estou— eu respondi, tomando dele e bebendo metade do líquido em


um gole só. Eu quase engasguei.

As luzes acinzentadas tremeram e Cole virou-se para enfrentar o palco,


como fizeram todos os outros. Houve um momento de silêncio absoluto e em
seguida a música começou, tão alta que me fez saltar.

Uma mulher saiu das cortinas. Ela estava linda, vestida com um vestido
vitoriano. Sua dança durou apenas cinco minutos, mas fiquei encantada. Chamá-
lo de um ato burlesco seria como chamar os girassóis de Van Gogh de uma
pintura. Era muito mais. Ela estava tão confiante, segurando toda a plateia na
palma da mão enquanto dançava em volta do palco, gradualmente removendo
camadas de roupa. Eu nunca tinha visto nada assim... e isso era apenas o começo
do show.

Quando Cole se inclinou e me disse que era hora de ir, eu fiquei atordoada.
Eu tinha visto tantas coisas, tantas performances únicas, e eu não podia acreditar
que eles tinham tudo o que foi colocado inteiramente em meu benefício.
Estremeci de pensar no quanto isso estava custando para o Game Inc. As cortinas
tinham sido fechadas menos de um minuto antes de Cole se levantar e apontar
para eu segui-lo.

—Onde vamos?— Eu perguntei conforme ele saía pela porta aberta para o
exterior.
—Minha casa— ele respondeu, olhando para sua limusine e caminhando
em sua direção. —Você vem?

Concordei ansiosamente. Karina não poderia estar mais nervosa, mais


reticente em subir no carro de um homem estranho, um ator. Mas não, esta noite
eu não seria a Karina. Eu seria Melissa. Melissa era ousada e confiante. Ela
provavelmente iria dar o bote nele assim que fechasse a porta da limusine.

Não fiz bem isso, mas fui com ele. Sentei-me ao seu lado, as bolhas de
champanhe ainda estalando deliciosamente dentro da minha cabeça quando eu
tentei pensar em tudo que tinha visto. Era um borrão de excitação. Tinha havido
atos burlescos, danças, canto, trapézio. Isso era a vida de um bilionário? Ver as
coisas que estavam fora deste mundo?

—Você está aproveitando a sua noite?— Cole perguntou, voltando-se para


olhar para mim.

—Sim— dei de ombros, não querendo fazer um som demasiado excitado e


então, imediatamente estraguei tudo deixando escapar —É a noite mais
maravilhosa que tive em minha vida.

—Ótimo— respondeu ele. —Era para ser. Paguei muito por sua companhia.

Eu pensei nos valores financeiros deste jogo. Era disso que ele estava
falando? Eu afundei de volta no meu banco e fechei os olhos de repente meio
tonta.

Quando abri os olhos novamente o carro tinha parado. —Onde estamos?—


Eu perguntei.

—Minha casa— Cole respondeu saindo para a rua.


—Já?

—Você dormiu.

—Eu dormi?

—Um pouco. Sabia que você chupa o polegar durante o sono?

—Não.

—Sim, você chupa— ele sorriu, estendendo a mão para me ajudar a sair do
carro.

—Oh Deus— eu murmurei.

—Não se preocupe— ele respondeu. —Eu achei fofo.

—Hmm— resmunguei e olhei para onde estávamos.

Era uma casa maravilhosa. A casa em si era enorme, iluminada por


holofotes expostos a enormes blocos de pedra e janelas imponentes que
compunham o maior lugar do que qualquer lugar que eu já tenha visto. Olhei ao
meu redor maravilhada com a visão. —Não sabia que alguém tinha um jardim tão
grande por aqui— Eu disse, olhando para o gramado que desaparecia na
escuridão.

—Você deveria ver a parte de trás— disse Cole, andando para a porta da
frente que abriu quando ele se aproximou.

—Boa noite senhor— um homem, na verdade um mordomo de uniforme,


disse na entrada. Seus olhos se dirigiram para mim, registrando a menor sugestão
de surpresa antes de acrescentar: —Boa noite, Senhora.
—Vai entrar?— Cole perguntou antes de entrar e me deixando olhar para o
mordomo que parecia inseguro sobre fechar ou nao a porta. Pensei em virar e
sair por um breve momento. Em seguida, levei dois passos de cada vez e entrei
para ver onde ia este jogo.
COLE

—O que você quer fazer com sua vida?

Ela estava sentada à minha frente no sofá ao lado da janela, com uma taça
de champanhe na mão, seus olhos meio fechados. Ela olhou como se parecesse
que estivesse sonhando e que ela realmente não queria acordar. Ela piscou os
olhos e franziu a testa quando eu fiz a pergunta. —Huh?

—O que você quer fazer com sua vida?

—Abrir uma galeria de arte.

Essa era Melissa ou Karina falando? Estava no papel que tinha sido dado a
ela ou ela tinha esquecido? —É mesmo? Por que não fez isso ainda?

—Não é assim tão simples.

—Claro que é, você quer fazer alguma coisa, você faz.

—É fácil para você falar senhor bilionário. Eu preciso vender alguns


quadros primeiro.

—Tem algum à venda?

—Dois na Galeria Simpson, você conhece?

Balanço a cabeça. —Eu ouvi falar. Algum interesse?

—Vendi um no ano passado. Nada até agora este ano. Eu provavelmente


deveria desistir.
Eu me inclinei para frente no meu banco, apontando um dedo para ela. —
Ouça-me, nunca, nunca desista. Se eu tivesse desistido de meus sonhos eu não
estaria onde estou agora, sentado aqui na frente de uma mulher bonita, rodeado
por coisas que eu amo.

—Eu não sou como você.

—Você é mais parecida comigo do que você pensa. Eu estava onde você
está há dez anos. Você acreditaria que fiz minha fortuna em uma década?

—Como? Conte seus segredos!

—Não há nenhum segredo. Corri alguns riscos e valeram a pena. Tomei


mais e pagaram muito. Claro que de certa forma tive sorte, mas também trabalhei
muito. Nos primeiros dois anos eu quase não dormi, mas agora eu posso fazer o
que eu quero. O destino é uma coisa engraçada. A vida é um jogo, você lança o
dado e vê o que acontece.

—Não sei se consigo.

—Pare de falar assim— falei. —Você está aqui agora. Você disse sim para
trabalhar no clube, você disse sim para dançar comigo. Tudo foi como dados
rolando. Você está jogando tanto quanto eu estou aqui— Cheguei até o copo dela.
—Jogando o jogo da vida.

Ela levantou o copo franzindo a testa enquanto o fazia. —Por que esse
cartaz de filme na parede?

Virei meu pescoço para olhar para trás. —Uma semana de domingos? Você
viu isso?
—Se já vi? Eu adorei! É um dos meus filmes favoritos. É engraçado e eu não
pensei que fosse um filme assim.

—Eu o produzi.

—Mentira!

—É verdade. Olhe você mesma.— Levantei-me e ela se juntou a mim.


Apontei para a escrita na parte inferior. —O que diz?

—Produtor executivo Cole Ford. Uau, você realmente produziu isto. Isso é
incrível. É um filme tão bom. Qual era a linha de pensamento? Algo sobre correr
riscos.

—Não sei

—Você não sabe?

Dei de ombros. —Não me lembro muito sobre isso. Produzi um monte de


filmes.

—Ceia senhor— disse uma voz da porta que estava atrás de nós. Eu me
virei para ver o mordomo carregando uma grande bandeja de prata. Ele pousou
sobre a mesinha ao lado do sofá e depois desapareceu como se nunca tivesse
estado aqui.

—Excelente— eu disse, virando-me para ver Karina explodir em lágrimas.


—Qual é o problema?

Ela afundou na cadeira ao lado dela, caindo para baixo. —Oh, não é nada.

—Vamos— eu disse, pegando sua mão na minha. —Conte-me.


—Eu não posso dizer.

—Sim você pode.

—É só que sei que isso tudo é apenas um jogo e eu vou ter que voltar para
minha antiga vida chata quando acabar. Eu sei que não devia dizer nada, devo
fingir mas acho que não posso fazer isso.

—Está se divertindo?

—Sim, claro que estou.

—Bem, então isso é o que importa.

—Mas...

—Mas o quê?

—Mas você me trouxe aqui para sexo e é apenas um jogo para você e você
provavelmente faz isso com dez mulheres diferentes por noite, mas não sou
assim.

Eu não podia dizer a ela que eu queria sexo. Se eu lhe dissesse a primeira
verdade, eu poderia acabar dizendo a ela a maior verdade. Que eu queria muito
mais do que apenas uma noite de sexo com ela. Eu a queria. Eu queria adorar seu
corpo e fazê-la obedecer a todos os meus mandamentos, mas eu não poderia
dizer a ela, ainda não. Isso a aterrorizaria.

Em vez disso eu disse: —Você me fez muito feliz esta noite e eu quero fazê-
la feliz. Há três portas ali. Uma é meu quarto, uma é um quarto de hóspedes e a
terceira, bem você pode ver por si mesma. Quero que vá e escolha onde você quer
passar a noite.
—Mas...

Eu acenei afastando seu protesto. —Não pense no amanhã. Não pense em


nada, mas no agora. Vá e escolha. Estamos jogando um jogo, e é a sua vez.

Ela abriu a boca como se fosse dizer algo e então fechou novamente. Vi-a
caminhar e abrir a primeira porta. Eu dei a ela alguns segundos antes de seguir
atrás dela. —Este é o meu quarto— disse.

—Uma casa deste tamanho e você dorme aqui?

—Às vezes.

Ela caminhou até a porta ao lado e a empurrou.

—O quarto de hóspedes.

Ela assentiu com a cabeça, olhando antes de passar para a terceira porta. Eu
segurei minha respiração quando ela abriu, sua cara branca como um lençol
quando ela se virou para mim. —O que é esse quarto?— ela perguntou em uma
voz baixa.

—A sala de jogos. Todos os melhores jogos acontecem aqui. Vê esse


balanço?— Ela assentiu com a cabeça. —Isso é para você se sentar enquanto eu
fodo você. Essa cadeira? O vibrador estaria dentro de você a partir do momento
que você se sentasse. Esses vibradores nas prateleiras são para mim, para eu
recompensá-la se você for boa. Os bastões se você for má. Eu já mostrei o quarto
de jogos. Agora você quer dormir sozinha ou jogar comigo? Hora de rolar os
dados.
Observei-a de perto enquanto ela franzia a testa, ela sacudiu a cabeça,
suspirou e entrou na sala de jogos, assim que eu ouvi uma batida na porta da sala
de estar.

Olhei a tempo de ver Reginald —Desculpe-me incomodá-lo senhor, mas há


uma senhora que insiste em falar com o sr.

—Deixe-me entrar!— uma voz gritou e eu suspirei olhando para Karina e


revirando os olhos. Eu sabia exatamente quem era.

—Espere aí— Eu disse, puxando a porta fechada no seu rosto confuso. —Eu
já volto.
KARINA

Ele fechou a porta e me deixou sozinha na sala de jogos. Eu sabia com quem
ele estava falando lá fora. Eu tinha reconhecido a voz dela quando ela tão
ruidosamente gritou. Era Zoe, a mulher que o tinha abordado fora do clube, sua
ex-namorada. Só poderia haver uma razão para ela estar aqui. O jogo estava
chegando ao fim.

Eu já poderia prever isso. Iriam falar e falar um pouco mais. Então seria
dito para eu ir. Eles estavam reatando... e não haveria mais lugar para mim nessa
casa. É isso.

Mas houve um problema com essa teoria, um grande problema. O olhar no


rosto do Cole quando ele tinha começado a falar comigo sobre a sala de jogos.
Não parecia que ele estava fingindo. Isso parecia muito real. Ele tinha olhado
faminto para mim.

Eu podia ouvi-los falar, embora suas vozes estivessem abafadas pela porta.
Ela estava se desculpando por como ela teria se comportado, pedindo outra
chance. Eu rolei meus olhos ao escutá-la. Ele não cairia nessa, cairia?

A conversa não parecia como se fosse acabar a qualquer momento, então


comecei a vagar em volta da sala de jogos. Eu nunca tinha visto uma seleção tão
grande de brinquedos sexuais em um só lugar. Havia um remo de madeira que eu
passei minha mão me perguntando o que poderia sentir se batessem com ele na
minha bunda. Tenho vergonha de dizer que poderia ter tentado pôr um par de
pinças de mamilos, prendendo-os nos meus seios por fora do meu vestido e
estremeci na dor deliciosa que correu no meu peito e bem fundo em mim.
Desprendi-os muito rapidamente, o quarto de repente pareceu muito mais
quente do que antes.

Era um jogo muito estranho. Foi isso que eu quis, certo? O que os segredos
da pesquisa tinham revelado sobre mim? Um lugar selvagem para ir? Ou isso foi
apenas uma pitada desse mundo antes de eu ser retirada dele? Não tinha ideia.
Certamente se eles iam me jogar para fora, eles já não o teriam feito até agora?

Minha mão se demorou em um plug de aço, o metal ficou frio ao toque.


Alguma coisa assim realmente se encaixava dentro de alguém? Pareceu-me
demasiado grande. Corri meus dedos ao longo do comprimento da corda antes de
pegar um par de algemas, mexendo com elas enquanto atravessava o meio da
sala.

Eu envolvi uma algema em volta do meu pulso, clicando a trava sem pensar
realmente nisso. No interior senti uma sensação de formigamento que crescia
quando enviei a outra extremidade ao redor da barra de metal no alto do cavalo
de madeira no meio da sala. Quando a algema se fechou, bloqueando-me no lugar,
senti uma crescente sensação de tensão. E se ele tivesse me prendido aqui assim?
Eu não seria capaz de fazer nada sobre isso. Ele poderia fazer qualquer coisa
comigo.

Estremeci com emoção no pensamento. Eu sabia que não deveria estar


pensando desta forma, só faria a decepção mais dolorosa quando fosse expulsa.
Decidi que era melhor soltar as algemas e me preparar para ir.

Foi quando percebi que eu não peguei a chave da prateleira. —Idiota— eu


murmurei em voz alta enquanto eu tentei puxar, conseguindo apenas ferir meu
pulso. Tive muito tempo para pensar sobre meu erro enquanto eles continuavam
conversando, suas vozes muito baixas para que eu pudesse entender. Tudo que
pude fazer foi esperar, sentei no chão com as pernas cruzadas, esperando que
eles não levassem muito mais tempo.

Ela parecia desesperada. Era isto. Ele ia dizer sim e o jogo terminaria.

—Você está bêbada— respondeu Cole. —Você não está pensando direito.

—Eu sinto sua falta— ela chorava.

—Não, não. Você está entediada.

As vozes desvaneceram novamente e fiquei esperando, minha bunda estava


ficando dormente, meu braço formigando por estar preso acima da minha cabeça.
Eu devo ser a única pessoa estúpida o suficiente para entrar na sala de jogos de
um bilionário e ficar presa sem o prazer que deveria sentir.

Eu me inclinei contra o cavalo de madeira fechando meus olhos. Holly tinha


estado certa sobre uma coisa pelo menos. Isto tinha tirado Tony da minha cabeça.
Eu não lhe dei um pensamento em nenhum momento durante toda a noite até
agora.

Alguns minutos mais tarde a porta se abriu e Cole entrou dizendo, —Ela
caiu no sono, lamento tudo isso. Seria melhor se você fosse para casa agora.
Espere, como você...?

—Eu poderia ter acidentalmente me algemado ao cavalo— Eu respondi.

—Bem— ele disse sorrindo avidamente. —Significa que você está presa aí
até que eu a liberte?

—Ou até eu gritar e acordar Zoe.


—É melhor não gritar então— ele respondeu de joelhos e inclinando-se
para mim.

Seu rosto estava apenas a centímetros do meu quando eu sussurrei —O que


está fazendo?

—Isso— respondeu ele, beijando-me um segundo mais tarde. Seus lábios


escovando contra a minha boca. Senti cada nervo dentro de mim acordar. Meus
lábios estavam em chamas com seu toque e me perguntava se eu tinha
adormecido. Estava sonhando? Não podia ser real. Alguém assim não estaria
interessado em alguém como eu. Isto fazia parte do jogo? Isso era tudo o que eu
era para ele? Apenas um brinquedo?

As perguntas caíram quando sua língua entrou em minha boca. Sua mão
serpenteou em minhas costas, deslizando pelo meu vestido até embaixo. Ele
continuou a me abraçar e os dedos dele escorregaram sob o tecido acariciando
minhas costas antes que de repente ele se afastasse. —Agora não— disse ele,
levantando-se e recuperando a chave enquanto eu me sentei lá, flutuando na
sensação da sua mão ainda na minha pele.

Ele abriu as algemas, ajudando-me a firmar meus pés, um pouco perto


demais para mim. Ou não perto o suficiente, depende de como você olha para
isso. —Você deve ir— ele sussurrou abrindo a porta.

O jogo acabou, eu pensei enquanto eu olhava Zoe dormindo no sofá.

—A limusine está lá fora— Cole sussurrou assim que chegamos no


corredor. —Vou levar você para casa.

—Prefiro chamar um táxi— eu respondi. —Me acostumar com o mundo


real novamente.— Eu achei difícil manter a decepção da minha voz. Tinha sido
um beijo de adeus então, e talvez um que ele não devesse ter dado porque parecia
culpado quando abriu a porta da frente. —Adeus, Cole— eu disse, saindo e não
olhando para trás. Não pude. Se o fizesse ele teria me visto chorando.
KARINA

—Como foi?— Holly perguntou assim que abri a porta da frente.

—O que faz ainda acordada?— Eu perguntei quando eu entrei na sala. —


São três da manhã.

—Não podia ir para a cama sem descobrir o que aconteceu com você.— Ela
sorri batendo no sofá ao lado dela. —Vamos— ela diz jogando metade do
cobertor sobre mim. —Diga-me tudo.

—Bem, correu tudo bem, eu acho.

—Apenas isso? Isso não é suficiente. Eu quero saber tudo. Lembre-se, eu


deveria estar escrevendo um artigo sobre a Game Inc.

Eu disse-lhe sobre o clube, sobre ser leiloada no palco, aobre a dança com
Cole no The Birdhouse. Então fiz uma pausa, tentando decidir o que dizer sobre ir
para a casa dele. No final, contei-lhe sobre ser trancada na sala de jogos, mas eu
não lhe disse que eu escolhi ir lá, dizendo em vez disso, que ele tinha tomado a
decisão por mim. Também não contei sobre beijá-lo. Isso foi só para mim.

—Uau— ela disse quando eu tinha finalmente acabado. —Parece ser um


grande jogo. Você não acha?

—Não sei— respondi. —Parece inacabado de alguma forma. Eu não


esperava que acabasse assim.

—Talvez não tenha acabado ainda.


—O que quer dizer? Claro que acabou.

—Eu acho que você deveria voltar para o clube amanhã à noite.

—Você não está falando sério.

—Eu estou falando sério.

Eu balancei minha cabeça. —Não posso.

—Por que não?

—Porque não é quem eu sou. Eu não sou uma mulher fatal, eu sou eu. Não
vou à caça de bilionários. Eu sento no parque e resmungo sobre filmes.

—Bobagem. Você entrou em um clube privado, subiu ao palco e dançou.


Nunca vi você dançar. Você acabou em uma mansão algemada em uma sala de
jogos no estilo 50 tons. Você é muito mais corajosa do que você pensa que é.

—Eu não sou.

—Droga Karina. Se você não fizer isso, eu vou espancá-la.

—Eu pensarei nisso certo? Agora vou para a cama. Estou cansada.

—Durma o que puder, porque eu tenho a sensação de que você não


dormirá muito amanhã à noite.

Deixei-a no sofá, enquanto ia para meu quarto tirando o vestido. Olhei para
meu corpo no espelho. O que Cole pensaria se ele tivesse me visto assim? Virei
para esquerda e para direita. Ele gostaria disso? Eram apenas pensamentos de
qualquer maneira porque eu não iria voltar lá. Foi difícil suficiente afastá-lo esta
noite. Só acabaria ficando com meu coração quebrado se eu voltasse.
Não, era melhor que as coisas acabassem agora, antes que eu também me
ligasse a ele. Ele tinha apenas agido profissionalmente, ele não estava realmente
interessado em mim.

Subi na cama, e ao fechar os olhos imediatamente o rosto dele estava lá.


Meus lábios vibraram como se ele estivesse me beijando novamente. A memória
era tão forte. Sonhei com ele naquela noite.

Na manhã seguinte eu acordei com o som do canto de Holly na cozinha.


Embrulhei um roupão em torno de mim e antes de descer as escadas minhas
narinas foram assaltadas pelo cheiro de bacon. —Eu fiz um sanduíche para
você— ela disse quando me viu bocejando na porta. —E tem algumas cartas para
você.

—Sério?— Eu perguntei tomando meu lugar e pegando o primeiro


envelope. —O que será isso?.

—Se houvesse alguma maneira de descobrir— Holly disse, colocando um


prato na minha frente e rindo continuou. —Eu acho que terá que permanecer um
mistério para sempre.

—Muito engraçado— disse, arrancando a parte de trás do envelope e


desenrolando o papel de dentro.

—Bem?

—Nada de emocionante. Apenas o banco querendo um dinheiro que não


tenho ou eles vão me cobrar taxas, o que significa que eles vão querer ainda mais
dinheiro que eu não tenho.

—Você deveria ter perguntado a seu bilionário sobre emprestar-lhe um


pouco.
—Ele não era realmente um bilionário, você sabe disso não é?

—Sim, bem, você ainda devia ter perguntado. O que é o outro?

—Querida Senhorita Browning estamos encantados em informar que sua


pintura 'Verão de luto' foi vendida. O saldo está pronto para você coletar junto
com a papelada que você precisa para assinar. Sr L Vaughan.

—Você vendeu uma pintura!— Holly disse com sua mão no ar para que eu
batesse na sua mão com a minha. —Não me deixe esperando.

—Não posso acreditar que vendi uma pintura— eu murmurei.

—Coma— ela respondeu com a boca cheia de pão. —Antes que esfrie.

Eu peguei meu sanduíche, mas minha mente já estava vagando. Verão de


luto. Que tinha estado à venda por quinhentos. Era um preço ridículo... mas
alguém tinha pago, alguém tinha comprado. Senti uma explosão de orgulho
dentro de mim.

—É melhor me vestir e ir para lá— eu disse quando terminei. —Antes que


tentem devolvê-lo.

—E hoje à noite?— Holly perguntou.

—O que tem hoje à noite?

—Vai voltar para o clube?

—Eu não sei. Não acho que eu deva. O jogo era só por um dia.
—Sim, mas eles não disseram que você estava testando um novo? Talvez
ainda esteja acontecendo. Talvez eu faça parte disso! E se eu estiver fazendo
parte? Você saberia se eu tivesse sido substituída por uma atriz?

—Sim, eles poderiam cantar melhor do que você.

Ela franze o cenho antes de rir. —Pelo menos eu posso dançar.

—Touché. Agora se você me der licença, tenho que visitar a galeria para
coletar o dinheiro da venda para pagar minhas despesas bancárias. Como todos
os melhores artistas.

—Sério Karina,— Holly disse pegando meu prato vazio. —Estou orgulhosa
de você.

—Obrigada— eu respondi. —Orgulhosa o suficiente para lavar a louça pra


mim?

—Você é uma artista boêmia— ela respondeu com um sorriso. —Deveria


viver na miséria e sujeira.

—Deixe na pia então— Eu disse antes de subir para me vestir.


KARINA

Eu me senti muito bem caminhando para a galeria. O sol brilhava, não havia
vento, nem uma nuvem no céu. Eu estava com meu vestido favorito de verão e eu
quase podia esquecer o jogo que eu tinha jogado, quase.

A Galeria de Springfield não era muito longe da estação de trem mas eu


tinha decidido andar. O ar fresco me ajudou a limpar minha cabeça e eu fiz o meu
melhor para seguir em frente sem Cole Ford. Eu tinha vendido um quadro. O
pensamento me fez sorrir. Alguém viu o meu trabalho e decidiu que era bom o
suficiente. Isso não acontece muitas vezes. Tudo o que eu tinha que fazer era
vender mais alguns e teria dinheiro suficiente para investir e alugar algo em
algum lugar. Antecipando as figuras na minha cabeça, meu bom humor começou
a desaparecer. Eu teria que vender mais do que alguns para pagar qualquer coisa
maior do que uma caixa de sapatos.

Eu parei para tomar um café no caminho e cheguei na Galeria apenas


depois das onze horas. Lisa estava sentada em sua mesa no canto, os olhos fixos
em seu computador. Fechei a porta atrás de mim e parei para olhar para algumas
das outras obras em exposição.

—Essa é minha pequena artista!— ela gritou de seu assento. —Venha aqui
e deixe-me felicitá-la.

Lisa tinha cinquenta anos, era fina e estava vestida da cabeça aos pés de
branco. Ela tinha um enorme par de brincos caídos que reluziram ao sol quando
ela se levantou e acenou.
—Então, quem comprou?— Eu perguntei indo na direção dela.

—Eu não sei. Evie estava olhando para mim. Eu fui mudar o visual. O que
você acha?

O cabelo dela parecia exatamente o mesmo como sempre. —Está lindo—


disse, assistindo um sorriso atravessar os seus lábios. Ela sentou-se e acenou
para que eu me sentasse ao lado dela.

—Cheque ou dinheiro?— ela perguntou, abrindo a gaveta da escrivaninha.

—Eles já o levaram? Não me importaria de ver uma última vez .

—Sim, esta manhã.

—Oh, não importa. Dinheiro está bom se você tiver aí.

Ela tirou um maço de notas. —Pronto— ela disse. —Cinquenta. Dinheiro


fácil.

—Cinquenta? Mas estava a venda por quinhentos.

—Ah, bem, eu ouvi dizer que Evie fez um desconto de duzentos.

—Mas isso ainda me deixa com trezentos.

—Não esqueça as taxas da galeria, e minha comissão e os custos de entrega.

—Mas cinquenta quase não cobre o meu tempo, muito menos os materiais.

Seu sorriso desvaneceu-se, seus olhos estreitando só um pouco. —Você é


bem vinda a levar o seu trabalho em outro lugar se você se sentir desconfortável
com o negócio aqui.
—Não— Eu disse com um suspiro. —É só, eu estava esperando mais do que
isso.

—E você vai ter mais, se você estiver pronta para um trabalho.

—Um emprego?— Eu perguntei quando peguei as notas na minha frente.

—O comprador quer comissioná-la, disse que gostou do estilo de seu


trabalho. Ele me deu um endereço para lhe dar, se você estiver interessada.

—Comissionar-me para fazer o que?

—Aparentemente ele quer uma parede pintada ou algo assim. Você quer o
emprego ou não?

Ela deslizou um cartão de visita para mim e eu olhei para o endereço. Bem
no meio da cidade. Levantei-me. —Obrigada Lisa.

—Você continua pintando e nós vamos crescer juntas.

Apanhei um táxi para a cidade, dando-lhe o endereço no caminho. Gastei


vinte dos meus cinquentas apenas pagando pelo táxi. Eu esperava que a comissão
valesse a pena.

—Trabalho ou prazer?— Perguntou o motorista.

—Com licença?

—Trabalho ou prazer na cidade.

—Trabalho, eu acho.

—Algo interessante?
—Fui contratada para pintar algo.

—As paredes da minha casa precisam de pintura. Quanto você cobra?

—Não é esse tipo de pintura. Eu sou uma artista.

—Você é? Você é famosa então?

—Não realmente.

—Tive algumas pessoas famosas aqui, sabe? Havia esse cara dos
noticiários, então eu tinha aquela mulher que ganhou aquela coisa no ano
passado.

Era impressionante. Ele conseguiu falar de uma dúzia de pessoas sem


lembrar o nome de nenhuma delas. Eu acenei gentilmente com a cabeça, não
tendo certeza de quem eram essas pessoas famosas.

Eventualmente, o táxi puxou por um conjunto de portões e olhei para fora.


—Deve haver algum erro— eu disse. —Você tem certeza que é aqui?

—O GPS não erra— disse o motorista tocando nos botões na tela.

—Obrigada— Eu disse, pagando-lhe antes de sair. Eu estava de volta na


frente de um edifício familiar. A casa de Cole.

Eu abri os portões e andei até o carro. Ele tinha comprado a minha pintura?
Por que? Talvez Holly estivesse certa e isto fazia parte do jogo. Talvez não tenha
terminado ainda. Talvez eu tivesse meu final feliz depois de tudo.

Eu bati na porta e esperei. Poucos segundos depois ela abriu e apareceu o


mordomo que eu tinha visto ontem à noite. —Você nunca dorme?— Eu perguntei
surpresa em vê-lo.
—Estou dormindo agora— ele respondeu com uma piscadela, antes de uma
cintilação de um sorriso cruzar seus lábios. —Você não vai entrar, senhorita
Browning? O Sr. Ford está esperando por você na sala de estar.

—Claro— respondi, passando para dentro e fazendo o meu caminho ao


longo do corredor.

—Siga-me— o mordomo disse, caminhando para chegar na minha frente,


liderando o caminho em direção ao som da música clássica. Acho que era
Beethoven, mas eu não era perita. Poderia ter sido Brahms, Burt Bacharach ou
Bon Jovi por tudo o que eu sabia.

Eu percebi que estava sozinha, o mordomo tinha desaparecido. A porta na


minha frente estava aberta e dentro eu encontrei Cole. Ele estava sentado perto
da janela, a mão silenciosamente conduzindo a música, os olhos fechados. Eu o
assisti por um segundo. Ele parecia diferente a luz do dia, mais quente, menos
arrogante. Ou talvez ele não estivesse mais atuando.
COLE

Eu abri meus olhos para encontrá-la de pé na porta, me olhando. —Onde


está Zoe?— ela perguntou.

—Se foi— eu respondi sentado ereto. —Finalmente.

—Vocês não voltaram então?

—Você parece surpresa.

—Bem, eu deixei os dois juntos aqui na noite passada. Eu só pensei que...

—Você pensou errado. Ela veio aqui porque ela estava bêbada. Eu não
podia mandá-la embora até que ela estivesse sóbria, então eu a deixei dormir
aqui e é assim que ela me paga? Abrindo um buraco no meu Monet?

—Isso é uma piada?

Eu sorri. —Eu queria que fosse, seria mais barato para reparar. E como
havia uma lacuna na minha parede pensei que seria melhor preenchê-lo com uma
artista que eu conheço.

Eu aponto para a parede ao meu lado e vi o rosto dela acender


reconhecendo sua própria pintura lá em cima. —Você gosta?— perguntou ela,
caminhando a pintura e examinando atentamente. —Você realmente gostou?

—Adorei— eu respondi. —O Monet pode ficar relegado a um dos


banheiros.
—Pare!— ela disse, mas ela estava sorrindo mesmo que ela fingisse raiva.

—Como você está?— Eu perguntei, apontando para ela vir e se sentar. Ela
pegou a poltrona da estante, sentou perfeitamente com as mãos sobre os joelhos,
como em uma entrevista.

—Eu estou bem— ela disse depois da pausa de um segundo. —E você?

—Fico feliz que você esteja aqui.

—Sério?

—Preciso de uma pintura feita e tenho a sensação de que você é a pessoa


perfeita para o trabalho.

—Que tipo de pintura?

—Venha e veja.

Levantei e acenei para ela me seguir. Nós nos dirigimos ao corredor e, em


seguida em torno do canto para a parte traseira da casa. Quando fiz isso, houve
um baque repentino atrás de mim e todas as luzes se apagaram. Isso veio como
um grande choque.

—O que foi isso?— Karina perguntou agarrando meu braço.

—Um apagão— eu falei exatamente quando as persianas de segurança se


derrubaram pelas janelas. —E esse foi o sistema de alarme fazendo seu
trabalho.— Eu levantei a minha voz. —Reginald!

Houve uma batida na porta traseira e marchei, tentando empurrá-la aberta,


mas sem sucesso. —É um pequeno defeito— Reginald gritou lá de fora. —Tenha
paciência comigo e eu logo vou ter este problema resolvido.
—Um pequeno problema?— Eu gritei de volta. —Estou preso na minha
própria casa e mal consigo ver qualquer coisa.

—Os engenheiros já estão a caminho senhor. Terei você aqui fora em


alguns momentos.

—É melhor— disse antes de voltar a Karina que estava sorrindo para mim
na escuridão. —O quê?

—Você é claustrofóbico?— ela perguntou dando um passo em minha


direção.

—Não, eu não sou.

—Então, por que você parece tão estressado?

—Porque não gosto quando as coisas não funcionam. Eu pago muito


dinheiro para que as coisas funcionem quando devem. Se eu não consigo um
alarme que funcione, então, qual é o objetivo? Quero dizer, realmente, qual é o
objetivo de um sistema de segurança que me bloqueia na minha própria casa? É
suposto manter os intrusos fora, não a mim preso. Isso não é aceitável.

—Tudo bem— disse ela, colocando a mão no meu ombro. —Está tudo bem,
você sabe, vai ficar tudo bem.

—E se não ficar tudo bem? E se as persianas nunca subirem e nós ficarmos


sem ar? Nós poderíamos ficar, sabia? Você pode sentir? Já está ficando quente
aqui!

Eu afrouxei minha gravata quando ela desceu a mão para a minha,


apertando-a levemente. —Diga-me sobre esta pintura— ela disse suavemente.
—Eu sei o que você está tentando fazer. Você está tentando me distrair do
fato de que estamos presos aqui.

—Diga-me de qualquer maneira.

—Não consigo me concentrar nisso agora.— Eu viro meu rosto sentindo o


ar mais fino.

—Tem alguma lanterna?— ela perguntou.

—Acho que sim. Na cozinha talvez.

—Onde fica?

—Eu vou mostrar a você.

A mão dela permaneceu na minha enquanto caminhávamos ao longo do


corredor escuro até a cozinha. Na gaveta de cima havia duas lanternas. Passei
uma para ela antes de ligar a minha própria. —Está melhor assim— ela disse com
um sorriso. —Agora você pode me mostrar onde você deseja que esta pintura
seja feita.

—O que? Certo, claro. Não é aqui. Eu tenho um novo lugar. Já trabalhou em


parede inteira antes?

Ela balançou a cabeça. —Que tipo de coisa você tem em mente?

Eu comecei a andar para cima e para baixo. —É, definitivamente está


ficando mais quente aqui.

—Tire seu casaco, isso vai fazer você se sentir melhor.


—Boa ideia.— Fiz o que ela sugeriu, deixando-o pendurado atrás de um
banquinho. —Só preciso me distrair, eu acho. Eu nunca gostei de ficar preso em
qualquer lugar. Quando eu era jovem meu pai costumava me punir me trancando
no porão. Eu odiava, quero dizer, eu realmente odiava.

—Não me surpreende. Isso parece terrível.

Nem sabia por que eu disse isso a ela. Apenas saiu, algo que não tinha
compartilhado com ninguém antes. Minha mente foi para todo o lado. Pela
primeira vez em anos não me sentia no controle. Tudo por causa do trabalho
malfeito no meu sistema de segurança. Tão logo isso for corrigido eu terei toda a
porcaria arrancada e substituída. Mas antes isso deve ser corrigido, claro.

—Eu não estou gostando disso— eu murmurei, marchando fora da cozinha


e indo em direção a porta dos fundos. —Não ouço nada Reginald— Eu gritei.

—Eles estão trabalhando nisso, senhor. Não vai demorar muito.

—Diga-lhes para se apressarem!— Gritei antes de girar ao redor para


encontrar Karina olhando para mim.

—Eu sei o que irá distraí-lo— ela disse, um sorriso se espalhando por todo
o rosto dela.

—O quê?

—Mostre-me a sala de jogos.


KARINA

Tudo era um jogo. Isso é o que eu disse a mim mesma enquanto


caminhávamos em direção a sala de jogos. Isto era obviamente um arranjo. O
sistema de segurança falhou minutos depois que cheguei, aprisionando a nós dois
juntos. Claro que era uma configuração. Ele estava agindo bem, fingindo ser
claustrofóbico. Eu entrei em um papel carinhoso dentro de segundos, mas vê-lo
assim, lembrou-me do que eu gostei nele, a dica da vulnerabilidade ao seu
caráter.

Ele não era um bilionário clichê, ele tinha entrado em seu personagem com
alguma profundidade. Não tinha ideia de onde o jogo iria, mas tenho a sensação
de que isso possa ser minha única chance de voltar para a sala de jogos. O
pensamento de estar ali com ele me encheu de excitação nervosa. O jogo tinha
que ter limites, mas agora eu não fazia ideia de quais eram. Também sabia que
estávamos sozinhos, juntos e não havia ninguém assistindo. Se eu quisesse ser
Melissa por um tempo, quem iria saber? Eu poderia ser confiante, ser devassa. Eu
dissera-lhe para me levar para a sala de jogos afinal. Karina não teria sido tão
corajosa, ela teria esperado na porta para sair.

Cheguei a porta da sala de jogos e fiz uma pausa na frente dele antes de
empurrá-la. —Estou jogando no caminho certo?— Eu perguntei, meus dedos
enrolados na maçaneta da porta.

—Vamos descobrir— ele respondeu, envolvendo sua mão por cima da


minha e empurrando a porta aberta. Ele recuou, esperando que eu entrasse.
Tão logo eu pisei no quarto a porta bateu fechada atrás de mim. À luz de
tochas, o lugar parecia ainda mais impertinente do que a última vez que eu vi.
Meus olhos acolheram os brinquedos em suas prateleiras, os chicotes, os bastões,
o cavalo de madeira que eu me acorrentei na última vez. —É impressão minha ou
está ficando quente aqui?— Eu perguntei.

—Você poderia tirar esse vestido— ele respondeu, movendo-se em minha


direção, enchendo a sala até que houvesse apenas ele e eu, sem espaço para nos
mover. De repente, não havia para onde ir.

—E se eu dizer não?

—E se eu fizer isso de qualquer maneira?

—Então acho que eu teria que deixá-lo— disse, falando calmamente. Eu


mal podia respirar, havia muita tensão no ar. De repente, ele se tornou muito
calmo, como se ele nunca tivesse estado preocupado. Eu sabia que era porque ele
estava concentrando a sua atenção em mim. É só um jogo, disse novamente. Eu
sabia que eu poderia dizer a frase secreta e terminá-la a qualquer momento.
Enquanto seus dedos se enganchavam sob a alça no ombro esquerdo, as palavras
flutuavam nos meus lábios. Então desapareceram novamente.

—Você está bem— ele disse enquanto deslizava as tiras para longe do meu
ombro, puxando o vestido lentamente pelo meu peito. —Muito bem.

Eu congelei. Karina estaria apavorada neste momento. E eu estava. Mas eu


ainda estava jogando com o papel que me foi dado. Melissa não escondia seu
corpo, ela não se afastava e corria. Eu precisava ser ela. Eu tinha que ser ela. Era a
única maneira que eu poderia provar para ele que eu era corajosa o suficiente
para jogar o jogo.
—Vire-se— ele disse enquanto o vestido deslizava para o chão.

Eu fiz como ele pediu, ficando longe dele, ouvi um barulho atrás de mim.
Meu sutiã foi solto em um único movimento e eu o deixei cair dos meus braços,
minha pele ardendo conforme ele deslizou um dedo da minha espinha até a
minha calcinha, enganchando na cintura e puxando-a para baixo.

—Esta é uma bunda muito gostosa a espera de ser espancada— ele disse, a
voz vinda de meus quadris. Ele se ajoelhou atrás de mim. Eu podia sentir os olhos
me examinando, mas eu não ousava me virar. Não queria quebrar o feitiço.

Era impossível acreditar que isto estava realmente acontecendo. Mas não
era real, era só um jogo. Ambos estávamos fazendo nossos papéis. Ele era o
bilionário arrogante que tomava o que ele queria, eu era a mulher inocente, mas
confiante no seu encalço. Eu não era a garota apavorada, eu sabia que estava
borbulhando dentro de mim. Eu poderia fazer isso. Eu abri minha boca e as
palavras que não reconheci saíram de mim, mesmo pensando nelas. —Eu nunca
fui espancada— Eu disse corando quando disse isso.

Ele ofegou e seus lábios macios roçaram na minha bunda antes que ele se
levantasse novamente, com a boca no meu ouvido ele sussurrou, —Quer tentar?

—Prometa-me uma coisa,— Eu disse, olhando para ele. Ele assentiu


lentamente. —Me prometa que isto ficará entre nós, ninguém no Game Inc. deve
saber. Okey?

Ele balançou a cabeça novamente. —Enquanto você mantiver o silêncio, eu


também irei— ele disse antes de inclinar para perto de minha orelha, eu podia
sentir sua respiração. —Agora eu quero você inclinada.
Eu me inclinei para frente, colocando meus cotovelos no topo do cavalo de
madeira, minha bunda apontada na direção dele. Houve um momento de nada e
então eu senti uma dor aguda na minha nádega direita ao mesmo tempo que um
som estalado chegou aos meus ouvidos. A dor tornou-se uma picada que atingiu
profundamente em mim. Cada nervo estava na borda quando ele me bateu uma
segunda vez.

A sensação foi tão intensa que me senti tonta. Minha bunda começou a
esquentar quando ele a beijou novamente. Minha respiração ficou pesada... e
percebi o que era essa coisa sobre bater que as pessoas gostavam tanto. Eu estava
entregando o controle a ele, deixando-o intensificar as minhas emoções, meus
sentimentos, as minhas reações. Tudo parecia tão elevado, como se estivesse na
ponta dos pés, ciente de tudo, até mesmo de meus batimentos. Cerrei meus
punhos quando pousou as mãos na minha bunda novamente, e senti que ele
descia..., descia, em direção as minhas coxas. Eu segurei minha respiração
esperando o que eu sabia que estava chegando.

Seus dedos estavam prestes a tocar a parte de mim que ansiava por ele,
quando houve um barulho e logo depois as luzes se acenderam.

De repente o feitiço foi quebrado. Eu fiquei de pé piscando. Melissa tinha


desaparecido e eu era Karina novamente e estava com vergonha, vergonha de ter
sido tão devassa, tão desesperada por ele.

Senti-me muito envergonhada... e de repente eu queria ir embora. Eu não


era Melissa, eu não conseguiria jogar este jogo, não na luz brutal, só na escuridão.
Na escuridão eu poderia esconder o meu medo, me deixar relaxar de uma
maneira que nunca tive antes. Mas não agora.
Peguei meu vestido do chão. —Quero ir para casa— disse, deslizando nele,
meus dedos tremendo de vergonha Ele me olhou com espanto. —Agora.
KARINA

Eu olhei para a casa, fazia uma semana desde que eu tinha estado na sala de
jogos da sua mansão e lhe disse que eu não iria vê-lo novamente. O jogo tinha
sido divertido no começo, mas jogos deixam de ser divertidos quando alguém se
magoa. Eu corri longe dele, certa de que era o fim. Mas no dia seguinte ele tinha
escrito para mim, me dando o endereço de sua nova casa, me dizendo que ele
estaria lá por um mês, me dizendo que a Comissão ainda era minha se eu
quisesse. Ele terminou com a seguinte escrita, ‘Aguardo o Seu Movimento'.

Ele ainda achava que eu estava jogando?

Tentei falar com minha amiga sobre isso. —O que há com você?— ela
perguntou. —Ele claramente queria.

Eu suspirei para ela. —Não posso me deixar apaixonar. Ele está apenas
brincando comigo.

Ela assentiu com a cabeça como se tivesse entendido, mas não tinha certeza
de que ela entendeu. Alguém poderia realmente entender minha situação? Estava
prestes a me ligar a uma pessoa que não era real. Estava me ligando em um
personagem. Provavelmente não era nem a casa dele, só pertencia à empresa e
era usada para o jogo. Estava tudo ficando muito confuso.

—Corrija-me se eu estiver errada, mas ele comprou uma pintura certo?

—Sim, mas...

—Espere. Ele também mandou você pintar para ele. Certo?


—Certo.

—E você precisa de dinheiro, certo?

Então foi assim que acabei na casa dele depois de uma semana. Ela estava
certa como de costume. Eu precisava do dinheiro. Eu só teria que manter um
melhor controle de mim mesma. Se me curvasse sobre ele novamente, eu iria
perder-me completamente e então ele teria sua diversão e seria apenas isso. Eu
seria mais infeliz do que nunca, enquanto ele partiria para a sua próxima
conquista. Eu não estava caidinha por ele. Eu não estava. Eu não vou me
apaixonar por ele. Eu vou pintar sua parede, pegar o dinheiro e sair de lá. Nada
poderia ser mais simples. Só teria que evitar olhar para ele e pensar sobre a sua
mão na minha bunda. Eu posso fazer isso, eu posso.

A casa ficava em uma pequena aldeia rural, cerca de cinquenta milhas da


cidade. Eu tinha alugado um carro para chegar lá, pedi dinheiro emprestado a
Holly com a promessa de pagá-la de volta assim que ele me pagasse a Comissão.
Eu trouxe meus pincéis comigo mas a carta tinha dito que ele forneceria toda a
tinta que eu precisava.

Encontrei a casa depois de perguntar duas vezes na vila. Estava escondida


atrás de uma parede de árvores, uma unidade privada. Não era tão grande como
sua mansão na cidade, mas ainda assim era muito grande. Tijolo vermelho,
janelas estreitas e altas, quatro chaminés. Eu estacionei e bati a porta olhando
para o jardim. Parecia ridículo que o Game Inc. poderia ter recursos para
contratar tantos lugares como este. Ou eles possuíam tudo?

—Você veio— disse uma voz atrás de mim e me virei para encontrar Cole
em pé na porta, seu peito nu coberto de serragem. Meus olhos ficaram presos nos
seus músculos, incapazes de ir para o seu rosto por muito tempo. Minhas
entranhas palpitaram com desejo. Não se apaixone por ele, eu me lembrei.

—Não há mordomo aqui?— Consegui perguntar, minha voz um pouco


estridente.

—Só eu— respondeu ele. —Este vai ser meu lugar para ficar longe de tudo.
Você gostou?

Ele se virou e caminhou ao longo do corredor, deixando-me olhar para suas


costas e esperando que eu conseguisse controle dos meus hormônios
enlouquecidos. Eu queria ele tão mal nesse momento.

—Por aqui,— ele disse desaparecendo por uma porta.

—Uau— eu disse quando entrei, minha respiração levada pela visão.

O quarto era enorme. Tinha sido claramente um salão de baile em alguma


época, retratos ainda estavam pendurados nas paredes. O teto era alto em cima
de mim, luz brilhava em seis, não, oito janelas que davam para o gramado. No
canto mais distante havia uma bancada com uma pilha de madeira ao lado. —
Alguns dos quadros estão podres— disse Cole, seguindo meus olhos. —Vai
demorar um pouco para que esteja tudo ordenado.

—Você é carpinteiro?— Eu perguntei, tentando não olhar para o peito dele.

—Melhor do que ser uma morsa— ele respondeu.

—Está me chamando de morsa?

—Não fique irritada ou eu vou ter que bater em você novamente.


Eu corei furiosamente quando ele disse isso, fazendo o meu melhor para
não pensar em sua mão batendo para baixo na minha bunda, minhas entranhas
palpitando mais. —Então qual parede estou pintando?— Eu perguntei mudando
de assunto o mais rápido que pude, incapaz de olhar nos olhos dele.

—Aquela ali, acima da lareira. O que você acha?

—Acho que vai precisar de um inferno de um monte de tinta.

—O que você acha que você poderia colocar lá?

—Não tenho certeza. Eu não tinha certeza do tamanho da parede que


estávamos falando. Que tipo de coisa você quer?

Ele encolheu os ombros. —Você é a artista. Você me diz.

—Eu tenho algumas ideias, mas eu poderia fazer com alguma inspiração,
uma dica ou duas sobre o que você gosta.

—Eu lhe mostrarei. Me dê cinco minutos para me trocar.

Ele marchou fora da sala. Eu atravessei a sala até a parede que iria pintar. O
que poderia ficar lá? Era uma enorme tela em branco no espaço e me senti
momentaneamente assustada, seria fácil errar e muito difícil acertar.

Ele reapareceu depois de alguns minutos, vestido em um terno. —Venha—


ele acenou da porta. —Vamos.

—Onde vamos?— Eu perguntei, o seguindo para o corredor.

—Vou mostrar o tipo de coisas que eu gosto. Quem está dirigindo, eu ou


você?
KARINA

Era o início da melhor tarde que já tive. Ele não só me levou a uma galeria
de arte, ele me levou na Galeria Nacional. E além de tudo ele sabia algo sobre cada
pintura que nós olhamos. Se isso fosse real, eu teria provavelmente caído no
amor com ele. Mas não era real. Ele tinha aprendido bem o seu roteiro,
memorizado cada coisa sobre as pinturas que nós olhamos, me dizendo quais que
ele amava e o porquê. Mas não era o verdadeiro ele falando, era seu personagem.

Eu escolhi ignorar esse fato inconveniente, em vez disso, me concentrei


sobre as pinturas, tendo um tempo maravilhoso com ele me acompanhando ao
redor. Terminamos a viagem em um café, com ele tomando um café enquanto
escolhi chocolate quente com marshmalow.

—Sofisticado— ele disse quando eu chupei creme na ponta do meu dedo.

—Aposto que o sabor é melhor do que o seu café— eu respondi.

—Então, você já tem uma ideia?

—Do quê? Do que eu vou pintar?

Ele assentiu.

—Eu tenho. Eu estava trabalhando em um esboço anteriormente. Você quer


ver?

—Confio em você.
Ele tomou outro gole, e eu o olhei mais de perto. —O quê foi?— ele
perguntou, notando-me. —Você parece pensativa.

—Eu estou?— Franzi a testa. —Sinto muito. Eu estava pensando em algo.

—Continue.

—Nunca fica chato para você?

—Como assim?

—Fingir ser outra pessoa. Você não gostaria de ser você mesmo?

Ele sorriu. —Estou sendo eu mesmo.

—Não, digo no jogo. Quero dizer o verdadeiro você. Você não quer ser o
verdadeiro você?

—Eu sou o verdadeiro eu.

—Eu sei, eu sei, que você tem que ficar no personagem.

—Escute.— Ele se inclinou sobre a mesa em minha direção. —Eu tenho


sido eu mesmo desde o momento em que nos conhecemos. Eu não disse nada
além da verdade.

Eu sabia que ele estava mentindo, mas ele era convincente. Ele só estava no
personagem.

—Tenho outro lugar para mostrar a você. Se você puder se afastar dessa
caneca de açúcar. — Ele disse rindo.

—Você pode ter uma também se quiser.


Ele mostrou a língua para mim antes de puxar-me para os meus pés. —
Venha, vamos nos atrasar.

—Para quê?

—Você vai ver.

Ele me levou para o Tate. Chegamos assim que estava fechando. —


Perdemos— eu disse com ele indo direto para a porta.

—Não, nós não— ele respondeu, acenando para o homem na porta. —


Vamos lá.

—O que? O que é que você está fazendo? Está fechado.

—Eu poderia ter contratado o lugar para um tour privado.

—O que? Você não pode fazer isso.

—Você pode quando você patrocina a nova exposição e quando você pagou
para que o telhado fosse refeito no ano passado. Agora vamos lá, quero lhe
mostrar.

Estava escuro quando saímos. Passamos horas lá dentro e todo o tempo eu


não poderia abalar o sentimento de que era minha própria galeria privada. Nunca
tinha estado em qualquer lugar assim sem outras pessoas. Em vez disso havia
apenas o som dos nossos passos e da voz entusiástica de Cole enquanto me
guiava. Estava em um dia feliz e ele ainda não tinha terminado.

—Onde vamos agora?— Eu perguntei quando caminhamos.

—Você vai ver— ele sorriu dessa forma irritante dele.


Nós caminhamos por cerca de dez minutos antes de ele pular
ordenadamente sobre algumas grades acenando para que eu o seguisse.

—Você quer que eu o acompanhe em um parque fechado no meio da noite?

—Onze horas é quase o meio da noite— ele disse sobre a grade.

—E se formos apanhados?

—Não seremos.

Eu suspirei balançando uma perna sobre a grade. Assim que eu fiz assim
ouvi uma voz atrás de mim gritar —Quem está aí?

—Vamos,— Cole disse pegando minha mão. —Se esconda.

Corremos em um pouco de grama antes chegarmos a um parque infantil.


Havia um longo túnel perto do chão onde ele me puxou com ele. Nós ouvimos os
passos dos dois homens se aproximando. —Para que lado eles foram?—
perguntou um deles.

—Por aqui— o outro respondeu. —Você vai por aí, encontre-me do outro
lado.

Olhei para Cole, o medo de ser pega desvanecendo assim que percebi o
quão perto estávamos. Ele ficou de lado e eu estava ao lado dele, nossos corpos se
tocando. —Nunca me escondi de um guarda de segurança antes— eu sussurrei.

—Eu também não— ele respondeu, seus lábios a meros centímetros dos
meus. Eu podia sentir a firmeza do corpo dele e me fez o querer ainda mais.
Eu estava prestes a perguntar-lhe se isto ainda fazia parte do jogo quando
ele me beijou. Foi um choque tão grande que minha cabeça bateu contra o túnel
atrás de mim.

—Você está bem?— ele perguntou enquanto eu esfregava a parte de trás da


minha cabeça.

—Eu vou ficar bem— respondi.

—Bom— disse ele me beijando outra vez, suas mãos deslizando por minhas
costas, movendo-se mais baixo para agarrar minha bunda enquanto sua língua
começava a explorar minha boca.

Quando ele finalmente parou de me beijar, me senti sem fôlego e não


conseguia mexer um músculo, todo o meu corpo na borda. —Venha— ele
murmurou. —Vamos embora antes que eles voltem.

—O que você quer me mostrar?— Eu perguntei quando nós caminhamos


para o outro lado das grades.

—Esta escultura— disse ele, apontando para um enorme cavalo de madeira


situado no meio da grama, só visível no brilho dos postes de luzes circundantes.
—Pensei que poderia inspirá-la.

—Eu fui inspirada— Eu disse, meus lábios ainda tremendo do seu beijo.

Ele pulou sobre as grades antes de segurar minha mão para me ajudar. Uma
vez que estávamos na calçada ele pegou seu telefone. —Vou chamar a limusine
para nos buscar. Você pode ficar na minha casa hoje à noite e depois viajaremos
pela manhã, e começaremos a fazer a pintura.

—Vou ficar na sua casa?


—Você sempre pode dizer não.

—Eu não disse isso.

—Bom.— Ele virou-se para o telefone. —Reginald, Cole. Traga o carro.

—Ele não precisa de um endereço?— Eu perguntei quando ele desligou.

—Tem um GPS no meu telefone. Agora, enquanto estamos esperando que


tal continuarmos de onde paramos?— Ele me agarrou, jogando os braços em
volta de mim em um abraço de urso, seus lábios pressionando os meus e eu senti
meu corpo derretendo, minha mente voando alto no céu juntando as estrelas
cintilantes acima da minha cabeça, o mundo esquecido, pelo menos por enquanto.

Me afastei, a realidade chutando antes que fosse tarde demais. —Preciso


ir— disse afastando-o. —Desculpe-me.
KARINA

—Você está brincando?— Holly disse. —Ele o convidou para sua casa? Ele
te beijou? E você foi embora? Quem é você e o que você fez com a Karina? Porque
não acho que sei quem você é mais.

—Pare— disse batendo na perna dela. —Eu preciso de apoio.

Eu peguei um táxi para casa e encontrei Holly deitada no sofá meio


dormindo. Ela se mexeu quando entrei, olhou para mim e depois levantou-se para
fazer um chá. Ela me conhecia bem.

Nós nos sentamos bebendo enquanto eu explicava o que tinha acontecido.


—Mas parece um dia perfeito,— ela disse quando terminei. —Não entendo por
que está aqui e não lá.

Eu tentei explicar novamente, mas as palavras não saíram direito. —Isso


não é um jogo mais— Eu disse. —Eu estou apaixonada.

—Então? Isso é uma coisa boa não é?

—Mas não é por ele que eu estou apaixonada, é só o personagem que


criaram para tornar o jogo divertido. Bem, adivinhe? Não estou me divertindo
mais. Não vou mais jogar. Não posso fazer isso Holly. Se eu passar mais um
minuto com Cole vou querer passar todos os meus minutos com ele. Eu vou
querer ficar para sempre com ele e não é justo porque ele não é real. Você não
entendeu? Ele não é real.
Comecei a chorar, a dor me batendo, tudo de uma vez. —Vou ligar para eles
agora— Eu disse, pegando meu telefone quando Holly colocou seu braço à minha
volta. Disquei o número da Game Inc.

—Tem certeza que vai ter alguém lá neste momento?— ela perguntou.

—Boa noite— disse uma voz na extremidade do telefone. —Posso ajudar?

—Karina Browning— Eu disse, minha voz engatando. —Eu quero terminar


o jogo.

—Deve haver algum engano— a voz disse enquanto ouvia o som de


digitação. —De acordo com nossos registros seu jogo já terminou. Durou uma
noite.

—Isso não é possível.

—Mantemos registros muito precisos. Vejo que o jogo terminou uma vez
que você deixou o clube, que foi a localidade definida para o seu jogo pessoal.

—Então já acabou?

—Sim.

Desliguei virando-me para Holly que olhava ansiosamente para mim. —O


que disseram?— ela perguntou.

—O jogo já acabou— Eu respondi. —Só durou uma noite.

—Mas o que isso significa?

—Eu não sei. Eles disseram que acabou quando eu deixei o clube.
—Mas isso não pode estar certo. Você voltou para a casa do Cole depois
disso.

Balançei a cabeça. —Prometa que você não vai publicar o artigo Holly. Eu
não acho que eu posso suportar.

—É tarde demais. Ele sai daqui a uns dias.

—O quê?

—Não se preocupe, você não é mencionada pelo nome.

Isso era perfeito. Eu tinha sido feita de boba por Cole e agora iria reviver
tudo quando o artigo for publicado no site de revista da Holly para o mundo todo
ver.

—Pode parar com isso?

—Eu não sei. Eu posso tentar.

Eu era uma idiota! Ele não tinha agido, mas ele tinha brincado comigo,
jogando seu próprio jogo para seu próprio divertimento. Todo mundo tiraria uma
boa risada disso.

—Onde você vai?— Holly perguntou quando viu que eu voltava a vestir o
casaco.

—Preciso ver Cole— eu respondi. —Preciso saber a verdade.

Apanhei um táxi para sua casa, batendo na sua porta até Reginald abri-lo.
—Ele está?— Eu perguntei.

Ele assentiu. —Entre e vejo se ele a receberá.


—Quem é?— A voz do Cole chamou no fim do corredor.

—Senhorita Browning senhor— ele respondeu.

—Karina?— Cole disse aparecendo na porta, inclinando-se para fora em


confusão. —O que faz aqui?

—Você me enganou— disse caminhando em direção a ele.

—O que?

—O jogo durou apenas um dia, mas você tem brincado comigo todo esse
tempo.

Ele ia falar mas eu acenei para ele ficar em silêncio. —Deixe-me esclarecer
isto. Não aguento mais jogar. O que eu sinto é real. Olha Cole, só me diga a
verdade. É só um jogo para você?

Ele balançou a cabeça. —É real, é tudo real.

—Mas eu não entendo, não pode ser.

—Venha, sente-se e deixe-me explicar.

—Não quero sentar, quero saber o que está acontecendo.

Ele suspirou, esfregando os olhos antes de tomar um passo em minha


direção. —Era para durar por uma noite, mas não consegui. Eu tinha que ver você
mais vezes. Desde aquela primeira dança eu sabia.

—E quanto a Zoe? Ela era real?

Ele assentiu. —Oh sim, tudo muito real.


—Então, isso não foi configurado para ela abordá-lo fora do clube?

—Não. A única configuração era que você ia aparecer no palco. Tudo depois
foi comigo.

—Então o The Birdhouse...?

—Eu. Foi tudo eu.

—Então isso significa que realmente essa é a sua casa?

—Espero que sim já que vivo aqui há cinco anos.

—Até a sala de jogos?

—Minha também. Eu configurei o Game Inc. porque estava entediado. Você


foi a primeira jogadora que entrou que fez eu me sentir excitado. Eu quebrei
muitas regras por você Karina.

—Não pela Melissa? Não é ela quem você procura. Você não mentiu para
mim?

—Não. Eu disse a você a verdade desde o momento em que nos


conhecemos. Eu não menti uma vez para você .

—Quando você me beijou, não era apenas parte do jogo?

Ele balançou a cabeça. —Foi mais real do que qualquer beijo que já tive.

—Então seu Monet realmente foi danificado?

—Sim.

—Você realmente pagou duzentos mil naquela noite?


—Sim.

—Então você realmente é um bilionário?

—Sim.

—Você realmente quer que eu pinte sua parede.

—Eu quero muito mais do que isso de você.

—Como o quê?

—Venha aqui e eu vou te mostrar.

Lentamente fui até ele, ainda tentando fazer minha cabeça funcionar em
tudo. Eu ofeguei quando ele me agarrou, me segurando firmemente no lugar. —O
que vai fazer comigo?— Eu perguntei calmamente.

—O que eu deveria ter feito no minuto em que nos conhecemos— ele


respondeu, pegando minha mão e conduzindo-me pela casa.

—Onde vamos?— Eu perguntei, chocada por como minha voz soou


animada.

—Ainda não adivinhou?— ele perguntou. —O jogo fictício acabou. Agora é


hora de jogar de verdade.
COLE

Eu estive esperando por esse momento há muito, muito tempo. Karina ficou
no meio da sala de jogos olhando nervosamente para mim. —O que quer que eu
faça?— perguntou ela.

Ela parecia ainda mais bonita do que a última vez que ela esteve aqui. Era
estranho pensar que ela tinha pensado que eu estava fingindo, que tudo o que eu
disse a ela fazia parte do jogo.

Pensei que era óbvio o quanto eu a queria, mas talvez não tenha sido. Ela
teve que ser convencida de que eu era de verdade, que eu realmente a queria. Eu
gostei especialmente do fato de que ela não tinha pensado que eu era um
bilionário. Ela estava viciada em mim, não em meu dinheiro. Eu tinha feito ela
mover-se no jogo da vida e tudo a trouxe aqui, tremendo enquando eu andava em
direção a ela. Agora era hora de meus movimentos.

—Feche os olhos— Eu disse, parando bem na frente dela. —Mantenha-os


fechados.

Peguei uma venda e deslizei por cima da cabeça dela, bloqueando a sua
visão. Então beijei-a, não por muito tempo, apenas o tempo suficiente para
provocá-la, deixando-a chateada com frustração enquanto eu deslizava sua
jaqueta de seus ombros. —Mantenha-se quieta— eu disse quando ela arrastou os
pés.

—Desculpe— ela murmurou.


Eu não disse nada em resposta, concentrando-me em despir-lhe lentamente
fora de suas roupas. Eu abaixei o vestido de seu corpo, empurrando-o pelos
quadris dela antes de deixá-lo cair no chão. Eu fui para trás por um segundo e
admirei o seu corpo, deixando ela ali, se perguntando o que estava acontecendo.
Então andei lentamente ao seu redor, desengatando o sutiã e deslizando-o dela,
sentindo sua pele sob minhas mãos, movendo-me para o peito dela, inclinando-
me sobre ela, encontrando os mamilos já rígidos. Eu lhes dei um puxão, ouvindo
como sua respiração estava mudando, ficando mais pesada a cada segundo.

O peito dela ainda estava arfando quando eu empurrei a calcinha para


baixo levantando um tornozelo e em seguida o outro. Ela parecia bem de salto
alto. Pegando um par de grampos de mamilos coloquei a primeira parte no seio
direito, sorrindo enquanto ela engasgava com a sensação. Eu apertei a braçadeira
antes de fixar a outra extremidade, puxando a corrente para lhe mostrar o que eu
poderia fazer com ela, para que ela pudesse sentir como era bom.

Em seguida eu peguei a mão dela e a guiei sobre a mesa. —Dobre-se— Eu


disse, pegando as algemas que ela tinha ficado presas antes. Eu apertei uma
extremidade em torno do pulso direito e depois prendi na perna da mesa,
deixando-a esticada por cima, os seios dela esmagados na madeira e a bunda
deliciosamente apontando em minha direção. Anexei o pulso esquerdo da mesma
forma, deixando-a no lugar. —Você gosta deste jogo?— Eu perguntei, deslizando
minha mão entre suas nádegas.

—Muito— ela respondeu. —Vai me bater de novo?

—Isso é uma boa ideia— Eu disse, batendo a minha mão na sua bunda um
segundo mais tarde. Ela soltou um grito e contei lentamente. Um dois três. Então
eu fiz de novo.
Eu continuei até que minha mão estivesse ardendo e a bunda dela tivesse
um tom vermelho brilhante. Quando ela gemeu suavemente de dor, agarrei o pote
de creme, aplicando uma porção em suas nádegas, esfregando-a lentamente,
provocando-a deixando meus dedos escorrerem em direção a sua boceta, mas
sem tocá-la lá. Eu podia ver o quanto ela estava molhada.

Caminhei lentamente para minhas prateleiras, deixando-a no lugar. Tantos


brinquedos a escolher, e no final peguei um vibrador pequeno e um plug de aço
inoxidável. Eu não tinha ideia se ela já tinha usado qualquer coisa antes, e isso me
excitou ainda mais por pensar que esta pode ser a primeira vez dela.

Eu não lhe disse o que estava fazendo. Em vez disso, eu me aproximei dela
parando apenas para aplicar algum lubrificante no plug. Então eu parei atrás dela.
—Não se mexa— ordenei esperando até que ela estivesse completamente imóvel.
Então coloquei a ponta do plug entre suas nádegas, pressionando-o em seu lindo
buraquinho apertado. Enquanto empurrava ela começou a gemer, metade do som
parecia dor, mas a outra metade era prazer. Quando o plug começou a forçar seu
caminho nela, liguei o vibrador, pressionando-o diretamente no clitóris dela.

Ela soltou um grito, empurrando para trás ligeiramente. —Não se mexa—


ela parou facilitando o encaixe um pouco mais fundo dentro dela. Eu podia ouvir
os sons de uma mulher dividida entre o desejo e a vergonha e isso me deixava
louco. Com outro impulso mais sólido o plug desapareceu.

Concentrei-me na vibração, ajoelhando-me para ficar mais fácil ver o que


estava fazendo. Eu segurei no clitóris dela, balançando-o ligeiramente para os
lados, observando como os músculos da sua coxa tensionaram. Eu poderia dizer
quando ela estava perto de um orgasmo, sua respiração se alterou, o corpo dela
começou a sacudir. Pouco antes dela gozar eu puxei o plug. Caminhando
lentamente voltei para a prateleira e o coloquei no lugar, deixando ela gemendo
com frustração atrás de mim.

Voltei a ela com outro, um dos menores. Não precisava de nenhum


lubrificante, ela estava toda molhada. Eu ajoelhei e coloquei de volta na sua
bunda, incapaz de parar de sorrir ao ver ele desaparecendo dentro dela. Eu só
empurrei-o dentro de uma vez, beijando a bunda dela. Eu coloquei outra
vibração, desta vez mais forte, uma sensação pulsante. Eu direcionei para o
clitóris uma vez mais, trazendo-lhe mais perto do orgasmo, mas não deixei ela
chegar.

Eu usei uma prateleira inteira nela, parando e iniciando novamente,


enquanto ela só poderia permanecer parada no lugar, incapaz de se mover até
que eu a libertasse. —Você quer gozar?— Eu perguntei, me inclinando para
sussurrar em seu ouvido, minha mão balançando o plug de um lado para o outro.

—Deus, sim— ela gemeu. —Por favor, deixe-me ir.

—Ainda não— eu respondi. —Primeiro você precisa fazer algo por mim.
KARINA

Eu mal podia ficar de pé quando ele desfez as algemas. Senti ele deslizando
a venda dos meus olhos e quando dei por mim estava olhando para o corpo nu do
cara mais sexy que eu já tinha visto na minha vida. Cada músculo, cada tendão,
cada centímetro dele me fez querê-lo dentro de mim. Seu pau estava duro,
apontando para mim quando ele me empurrou para baixo em meus joelhos.

—Abra a boca— ele disse, segurando meus ombros. —Agora fique quieta.

Ele fodeu a minha boca. É a única maneira de descrever isso. Seu pau
deslizava entre meus lábios e na minha língua enquanto eu o encarava, seus olhos
fixos em mim em todo o tempo. Ele começou empurrando tão rápido, que eu
quase caí para trás. Ele segurou minha cabeça o tempo todo, batendo-se na minha
boca enquanto eu lutava para respirar através de minhas narinas, quase incapaz
de acreditar no que estava acontecendo. Seu eixo contorceu-se e encheu minha
garganta com tanto semen e por tanto tempo que eu pensei que fosse sufocar.

O tempo todo, o plug na minha bunda pesava por causa gravidade, puxando
para baixo, tornando-se impossível esquecer que estava lá. Nada nunca tinha
estado na minha bunda antes e agora um plug estava enterrado lá e pareceu-me
incrível, uma sensação pesada com uma pitada de dor.

Eu puxei meus grampos de mamilos enquanto ele fodia minha boca,


apreciando a sensação de aperto enquanto ele me usava para seu próprio prazer.
Era por minha causa que ele estava se contraindo, que ele estava respirando
assim, que ele me olhava como se quisesse me foder até a próxima semana.
Ele me agarrou de repente, me puxando na posição vertical e agarrou-me,
seus braços deslizando em volta de mim, o calor quente de sua ereção me
investigando quando ele começou a beijar meu pescoço. Lentamente, começamos
a andar até que fiquei na cama deitada em minhas costas, ele olhando entre
minhas pernas. —Eu tinha tantas coisas que queria fazer com você— ele disse,
abaixando a cabeça dele para minhas coxas. —Mas eu não posso esperar mais. Eu
tenho que provar você.

Fechei os olhos e a sua língua de repente correu ao longo do comprimento


da minha boceta, desenhando um gemido profundo no fundo da minha garganta.
Ele mergulhou em mim um segundo depois, explorando dentro de minha boceta
antes de passar tão rapidamente até meu clitóris. Ele começou a circular
lentamente em primeiro e em seguida mais rápido. O plug na minha bunda
pressionando mais fundo em mim conforme eu balançava os quadris de um lado
para o outro, combinando com o movimento da língua dele.

Ele ainda não tinha me deixado vir. Tinha estado tão perto tantas vezes,
todo o meu corpo estava perdido, mal sabendo onde estava ou o que estava
acontecendo. Quando ele me provocou de novo eu implorei para ele me deixar
vir, soltei palavrões e xinguei. Tudo o que ele fez foi rir de mim e então começou
beijando lentamente seu caminho pelas minhas pernas até os pés e depois para
trás, passando por minha boceta e chegando em meu estômago, parou em meus
mamilos, passando rapidamente ao redor dos grampos antes de finalmente se
deitar em cima de mim com aqueles bíceps espetaculares dele.

Ele olhou para mim com um olhar que eu tinha visto antes. Da última vez eu
tinha assumido que ele estava encenando. Desta vez eu sabia que não era
nenhum ato. Era real. Eu podia sentir a eletricidade quando ele se inclinou para
baixo, dobrando seus quadris, e então ele deslizou entre as minhas pernas ao
mesmo tempo que se abaixava para cima de mim. Ele chegou enfim, guiando o
seu pau para baixo sobre meu clitóris até que ele estava pairando, pronto.

—Foda-me— eu murmurei. —Faça, por favor.

—Tenha paciência— ele sorriu. —Eu nunca pensei que tivesse uma boca
tão suja.— Ele continuou me provocando por mais alguns segundos antes de
finalmente deslizar dentro de mim. Eu estava tão molhada que ele fez todo o
caminho em mim em menos de um segundo. Eu soltei um suspiro pelo tamanho
dele, estendendo-se dentro da minha boceta tanto que quase doía, uma dor
maçante que se desvaneceu logo quando ele começou a mexer lentamente para
trás e para frente dentro de mim. A sensação foi aprimorada com o plug na minha
bunda, ele cavou mais profundo em mim com seu peso pressionando o meu
corpo.

Eu corri minhas mãos no seu peito, ainda me perguntando se eu estava


sonhando. Nunca me senti tão bem antes. O sexo nunca foi tão intenso. Era
absolutamente requintado e ele mal tinha começado.

Nós rolamos para o lado com minhas pernas ao redor dele. Ele ficou
deitado enquanto eu cavalgava nele, balançando para frente e para trás em uma
posição que normalmente me deixava sentindo-me exposta e com vergonha. Mas
com ele era diferente. Me enti viva, eu me senti poderosa, tinha me tornado a
personagem que era suposta ser no jogo. Mas isto não era mais o jogo. Isto era
real. Não havia mais dúvida sobre a realidade quando mudamos novamente de
posição. Seu pau dentro de mim quando eu estava de quatro, o plug movendo-se
com ele era demais dentro de mim, sua mão movendo-o, provocando-me
novamente.
Ainda não tinha vindo. Cada vez que chegava perto, ele mudava a posição,
deixando-me frustrada e pedindo mais alto e mais alto. —Você pode gozar— ele
finalmente disse, puxando todo o caminho de volta e depois batendo em mim de
novo, suas mãos na minha cintura, me puxando de volta em cima dele,
enterrando-se tanto em mim quanto ele poderia ir. Demorou apenas alguns
segundos e em seguida atingi o orgasmo mais poderoso da minha vida. Abalou
todo o meu corpo, meus olhos perderam o foco, meus ouvidos zumbiram. Por
alguns breves segundos senti apenas prazer, toda a sensação concentrada em
onde ele estava batendo em mim.

Ele parou apenas por um breve momento, meus membros tremendo, minha
boca ainda aberta, meus pulmões vazios de ar. Eu senti como se eu estivesse
subindo no céu, e ele continuou a bater em mim, trazendo-me um segundo
orgasmo e, em seguida um terceiro. Então eu perdi a conta.

Quando acordei, foi para ouvir ele gemer alto enquanto se dirigia para
frente e então aconteceu, o pau dele contorceu-se uma vez, duas vezes, e depois
uma terceira vez. Ele gemeu alto e eu senti a sensação incrível dele gozando
dentro de mim, me enchendo além do limite, seu corpo caindo em mim. Eu caí
para frente quando ele deslizou livre, tentando recuperar o fôlego. —Foi
incrível— eu murmurei, incapaz de parar de sorrir.

—Não fique muito confortável— respondeu ele. —Nós estamos apenas


começando.
KARINA

Quando eu tinha me recuperado, o que levou muito tempo, ele me levou ao


seu quarto. Dormimos lá por algumas horas antes dele me acordar no meio da
noite com sua ereção cavando em minha bunda. Eu não podia acreditar em sua
resistência. Ele já tinha me levado três vezes na sala de jogos e eu ainda estava
formigando, dormindo numa onda de eterna felicidade. E então lá estava ele
novamente, no meio da noite, os olhos mal abertos, me abraçando e deslizando
em mim por trás, a mão na minha boca, mantendo-me quieta enquanto ele
beijava a minha nuca.

Quando finalmente peguei no sono novamente o pau dele escorregava


gradualmente fora de mim, eu sonhei com o nada em tudo. Eu estava muito
exausta.

Acordei na manhã seguinte para me encontrar sozinha numa cama


estranha. Sentei e me estiquei, apurando meus ouvidos para ver se eu podia ouvi-
lo. Não havia nada. Ao lado da cama, ele tinha posto um roupão de seda curto
como um quimono na cor rosa claro. Eu o embrulhei em torno de mim para que
ficasse no lugar. Percebi que ele tinha me levado a sua casa de campo durante a
noite. Deve ter sido enquanto eu dormia, na verdade enquanto eu estava
desmaiada. Senti-me bastante chocada ao olhar para as árvores, não da cidade e
sim do campo. Eu andei lá embaixo e o encontrei de pé ao lado da janela, olhando
para fora e batendo o pé no chão.

—Você sabia disto?— ele perguntou, jogando algo em cima de mim.


Eu só consegui pegar por reflexo e vi que era a revista da Holly. A manchete
era ‘Jogo do Bilionário’. Eu me encolhi. —Como você descobriu sobre isso?

—Uma das pessoas que trabalha para mim me trouxe. Está por toda a
internet. Você fez isso? Contou para eles sobre o jogo?

Eu queria mentir. Então eu queria dizer a verdade. Nos poucos segundos de


silêncio que ele me permitiu pensei em todos os tipos de respostas, nenhuma
delas era boa o suficiente. —Eu deveria ir— eu murmurei, puxando o manto mais
apertado em torno de mim.

—Então você contou a eles?— ele disse, cruzando o espaço para uma
poltrona e afundando nela. —Como você pôde?

—Não é assim— eu respondi, folheando a revista, encontrando o artigo e


lendo o mais rápido que pude.

—Oh realmente? Porque parece que você mentiu para mim. Você me disse
que você iria manter as coisas para si mesma, você me fez prometer o mesmo.
Talvez eu devesse gritar dos telhados como você é na cama. Você gostaria Karina?

—Não— Eu disse, a tensão evidente na minha voz. —Tentei convencê-la a


voltar atrás, eu realmente tentei.

—Voltar atrás?

—Minha colega de quarto. É o seu artigo. Ela queria a história. Me desculpe,


por favor Cole. Me desculpe.

—Saia da minha casa.

—Mas...
—A única coisa que eu queria de você era a honestidade.

—Você nunca me pediu isso.

—Eu não tenho que pedir— ele gritou tão alto que eu recuei. —Fora!

Eu abri minha boca e então fechei novamente. Ele não quis ouvir. —Só pra
você saber— Eu disse quando cheguei à porta. —Eu amei jogar o jogo com você.

Caminhei pelo corredor em direção a porta da frente, parando ao perceber


que precisava me vestir. Eu virei, olhando para a entrada do salão, vendo a
parede em branco olhando para mim. Ao pé da parede havia uma enorme coleção
de tintas e pincéis, ao lado havia um andaime que havia sido configurado para me
permitir chegar as partes mais altas.

Olhei para a parede, um pensamento atravessando minha mente. Se eu


fosse quem eu tinha sido há alguns dias atrás, eu teria me vestido e partido, e isso
teria sido o fim das coisas. Essa era a garota que tinha entregue voluntariamente
a Tony dois mil sem uma pitada de suspeita. Mas eu tinha mudado. Só haviam se
passado uns dias, mas foi o suficiente para uma mudança, para me fazer entrar no
salão e ir em direção à parede.

Alguns minutos depois, estava de pé no andaime, o pincel na mão


trabalhando duro. Ouvi um barulho atrás de mim, mas eu não virei até que ele
falou. —O que você acha que está fazendo?— ele perguntou do corredor. —Eu
disse para você sair.

—Você me contratou para pintar para você— eu disse sem parar.

—Eu disse para você ir.


—E é melhor não me ferrar sobre o pagamento— Eu adicionei, ouvindo-o
bufar atrás de mim.

—Você é irritante— disse ele. —Porque não faz o que te mandam?

—Porque você está sendo um idiota— Eu respondi quando seu telefone


começou a tocar.

—Sim, o que é?— ele disse a alguém. —Eu estou ocupado. O que? Você está
brincando. Espere.— Sua voz desvaneceu-se quando se dirigia para o corredor.
Eu me concentrei na pintura, tentando não deixar minha mão tremer conforme o
medo evoluiu através de mim. O que eu estava fazendo? Eu deveria ter ido, eu
deveria ter feito como ele tinha dito. Estava arrumando mais problemas em ficar.
Mas ainda assim eu continuei mergulhando meu píncel e marcando a parede.

Ele voltou um minuto depois. —Por que a necessidade de sigilo?— Eu


perguntei quando eu o ouvi se aproximando. —O que importa se há um artigo
sobre o jogo.

—Porque— ele disse com um suspiro. —Eu pensei que as pessoas ficariam
enojadas se soubessem sobre tudo. Que achassem que é só um jogo de sexo.— Ele
ficou em silêncio por um momento. —Quer saber quem era no telefone?

—Não.

—Vou dizer assim mesmo. Era do escritório. As reservas para os jogos


estão explodindo. Eles estão tendo que abrir mais e mais jogos. O artigo da sua
colega de quarto vai nos fazer ganhar uma fortuna. Acontece que as pessoas não
estão enojadas como eu pensei.

—Ou isso, ou eles gostam de jogos de sexo. Se você não se importa eu


preciso me concentrar.
Eu gritei quando ele de repente me agarrou, arrastando-me fora do
andaime e virando-me para olhar para ele. Ele não parecia zangado. Ele estava
sorrindo. —Eu poderia ter reagido um pouco demais— ele disse.

—Você acha?

—Me desculpe.

—Então você está se desculpando?

Ele rosnou. —Mas você deveria ter me dito que era uma repórter
disfarçada.

—Eu não sou.

—Então o que você é?

—Eu sou apenas alguém que gosta de jogar jogos, assim como você.

—Então você está no lugar certo— ele disse, me puxando na direção dele e
me beijando. —Talvez você queira jogar um jogo novo...

—O que é?— Eu perguntei.

—Uma coisa que eu tenho planejado por um longo tempo.

—Diga-me então.

—Não, ainda não. Primeiro você se inclina e levanta esse seu roupão.

—Por que?

—Porque você não fez o que foi dito e isso significa que você vai ser
espancada.
—Isto faz parte do jogo?

—Não, isso é só porque eu quero ver esse seu traseiro ficando vermelho
novamente.

—Nesse caso— eu disse com um sorriso enquanto eu me afastava dele e


subia a parte de trás do meu roupão até minha cintura. —Eu odiaria decepcioná-
lo.

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