Você está na página 1de 261

1

2
TEASE

Take It Off #2 – Cambria Hebert

SINOPSE

Você pode olhar, mas não pode tocar...

Harlow McAlister é uma estudante universitária quebrada. Quando seu auxílio à


educação é retirado, ela se depara com uma escolha: admitir à sua mãe que ela
não pode sobreviver sozinha ou fazer um monte de dinheiro rápido.

Então, ela consegue um emprego bem remunerado.

Como uma stripper.

Ela pensou que seria fácil, mas ser sexy é muito mais difícil do que ela imaginava.
Quando alguns percalços trabalham ao seu favor, ela consegue ficar com seu
trabalho e chamar a atenção do bartender mais bonito do Mad Hatter, Cam.

Ela também chamou a atenção de alguém que quer fazer mais do que olhar,
alguém que decidiu que ela não passa de uma provocação.

Enquanto tira a roupa, Harlow encontra-se presa entre luxúria e assassinato. A


única coisa que ela sabe com certeza é que seu novo trabalho é muito mais
arriscado do que ela esperava.

3
Staff
Tradução: Selene
Revisão Final: Diana
Leitura Final: Hera
Formatação: Selene/Cibele
Disponibilização: Cibele
Grupo Rhealeza Traduções

07/2016

4
Eu traí meu namorado. Antes de ir pensando que má eu sou, deixe-me
dizer-lhe, ele mereceu.

Quero dizer, eu namorei um cara por quatro anos, ao longo de toda a


minha vida colegial, e eu pensei que o conhecia. Mas então eu comecei a notar os
olhares nos corredores, os sorrisos das meninas que deveriam ser minhas amigas.
E os outros caras? Eles começaram a murmurar a palavra frígida sempre que eu
passava.

Acontece que meu namorado do ano foi realmente o idiota do século.

Os sussurros no corredor, os rumores flutuando ao redor? Ele começou


tudo. Ele foi o único que disse a todos que eu não transava, que eu não era nada,
além de uma provocação. Ele tentou me fazer de idiota.

Está certo. Eu disse que ele tentou.

Uma pessoa só pode fazer outra de idiota se esse alguém permitir.

Eu não estava a ponto de permitir que ele fizesse isso.

Então, eu o traí.

Mandei esse seu rumor, “ela é uma provocação”, para o inferno. Essa é a
coisa sobre um rumor... Ele pode se virar contra você em três segundos. E assim,
ele se tornou o cara que não sabia como satisfazer uma mulher; ele se tornou o
único que não sabia como finalizar o negócio.

Seria verdade?

Não.

5
Eu realmente não tive relações sexuais com o outro cara. Eu realmente não
tenho tido relações sexuais com ninguém. Mas uma centena de dólares, e um
pacote de seis de cerveja, foram tudo o que levou ao capitão da equipe de futebol
dizer que ele dormiu comigo.

Ele tinha que ser o cara que finalizou o negócio, e eu tinha que me formar
sem o rótulo de ser uma provocação.

Por isso, foi bastante irônico que três anos depois, eu estava praticamente
me rotulando com o nome exato que tentei fugir.

Só que desta vez eu receberia o pagamento.

Eu realmente nunca pensei que seria o tipo de garota que faria algo apenas
por dinheiro. Mas então eu comecei a pensar sobre isso, sobre que tipo de garota
faria coisas por dinheiro. Você sabe a que conclusão cheguei? Uma menina que
gostava de comer. Uma menina que gostava de pagar o aluguel de seu
apartamento. Uma menina que nunca admitiria, nem em um milhão de anos, que
sua mãe estava certa.

Eu repeti essas coisas mais e mais na minha cabeça enquanto saía da minha
Toyota Corolla, e fiquei olhando para a entrada do lugar onde eu deveria ser
entrevistada para um trabalho.

Eu nunca pensei que a vida me traria aqui. Eu nunca pensei que teria que
pegar o telefone e ligar para este lugar para ver se havia vagas de trabalho.
Quando a pessoa do outro lado da linha me disse que sim, havia vagas, e me
pediu para vir para uma entrevista, fiquei chocada quando me ouvi concordar.

Mas como disse, eu gostava de comer.

—Basta ir. Verifique. Se isso for realmente horrível, você pode sair. —Eu
murmurei para mim mesma enquanto me dirigia pelo estacionamento, que era
surpreendentemente bem iluminado. O exterior não era tão decadente quanto
eu pensei que fosse. Talvez não fosse tão ruim, afinal. Claro, esse pensamento
não era exatamente reconfortante. Parte de mim esperava que o lugar fosse
detestável. Parte de mim pensava que na hora que eu saísse do meu carro,

6
estaria tão ofendida com o que visse que iria de carro em direção a um lugar mais
seguro... Onde mais roupa fosse exigida.

Mas eu não estava ofendida.

E parecia que eu teria que entrar.

Antes de chegar à porta, eu parei e olhei para o sinal gigante de pé no


estacionamento. Ele tinha um grande chapéu no canto superior, com uma gravata
borboleta rosa em torno de seu centro. O chapéu estava inclinado para um lado,
e um par muito longo de pernas bem torneadas estavam saindo da parte inferior.

The Mad Hatter1 era um “clube de cavalheiros”.

Também conhecido por: um clube de striptease.

E eu estava ali para ser entrevistada para ser sua mais nova stripper.

Tempos de desespero exigiam medidas desesperadas. Eu afastei meu olhar


da placa e coloquei minha mão na porta. Quando fiz isso, ela se abriu e um
homem enorme saiu. Ele tinha a pele da cor da meia-noite, com os braços do
tamanho das minhas coxas. Sua cabeça era completamente careca, e usava uma
camiseta preta que parecia que arrebentaria pelas costuras, porque estava
esticada em seu peito enorme.

Automaticamente eu dei um passo para trás.

Ele sorriu e quase arruinou o efeito intimidador que tinha sobre mim.

Quase.

—Querida, eu acho que você está no lugar errado. —Ele disse com um
sotaque sulista em seu tom.

Ele acabou de me chamar de querida?

—Eu estou aqui para uma entrevista. —Eu disse, levantando meu queixo.

1
O Chapeleiro Maluco

7
Ele sorriu, exibindo dentes muito brancos. —Bem, você definitivamente
tem uma aparência que os deixará loucos.

Olhei para meu vestido de algodão de verão floral com pequenas mangas.
Ele estava sendo um espertinho? Eu não sabia exatamente o que vestir para uma
entrevista de emprego, onde o trabalho exigia ficar nua.

—Você me deixará entrar ou não? —Eu disse, cruzando os braços sobre o


peito e olhando para ele.

Ele jogou a cabeça para trás e riu. Então ele estendeu a mão enorme.

—Tyrese é o meu nome. Pode me chamar de Ty. Eu sou o segurança do


clube.

Enfiei minha mão na sua. —Harlow.

—Senhorita Harlow. —Ele falou, abrindo a porta e fazendo sinal para eu


entrar. —Bem-vinda ao Mad Hatter.

O lugar era realmente muito bom. Para um clube de strip. Desculpe-me,


para um clube de cavalheiros, como está tão orgulhosamente exibido em uma
placa ao lado do bar. O bar se estendia ao longo de toda parte de trás do
estabelecimento, com grandes espelhos contra a parede onde as bebidas estavam
assentadas sobre prateleiras de vidro, e bartenders trabalhavam atrás de um bar
de madeira na altura do peito, com muitos bancos de couro preto sem braços
para sentarem. Cada assento no bar estava tomado, exceto os últimos dois no
final.

Eu não estava certa do que deveria fazer. Eu estava um pouco fora do meu
elemento aqui.

Ok, muito fora do meu elemento.

8
Claro que a primeira regra quando tenta se misturar não é ficar de fora.
Então eu me afastei do bar, tendo um vislumbre rápido de mim mesma nos
espelhos atrás dele quando me virei, e suprimi o impulso de estremecer. Ou rir.

Ty estava certo. Eu parecia estar no lugar errado.

A primeira coisa que fiz foi parar de olhar para mim mesma no espelho, e
me virar, voltada para o interior do clube. Meus olhos estreitaram-se um pouco
na esperança de apagar aquele olhar arregalado, inocente, e substitui-lo com uma
expressão mais dura, inflexível.

Eu não tinha ideia do que significava dura. Mas parecia que eu deveria
olhar dessa forma.

No entanto, quando meu cérebro realmente processou para onde eu


estava virada - o que eu estava vendo - eu me esqueci de ser dura.

O clube tinha um formato de um quadrado gigante, com o bar tornando-se


uma das faces. Em frente ao bar, o piso estava cheio com mesas redondas de
vários tamanhos. Algumas cabiam duas pessoas, outras cinco. Todas elas tinham
toalhas de mesa rosa claro longa que desciam até o chão. Ao redor da base de
cada toalha de mesa, tinha uma fita preta com um laço negro gigante.

As cadeiras eram todas de couro preto, e no centro de cada mesa, havia um


chapéu alto preto com o que parecia ser menus de bebidas saindo da parte
superior.

Os pisos eram todos de madeira. Estava bastante escuro aqui para que eu
pudesse ter certeza, mas se eu tivesse que adivinhar, diria que o chão tinha visto
dias melhores, mas ainda tinha um alto brilho, por isso achei que estava encerado
ou limpo.

As paredes eram todas negras, mas iluminadas com sinais de néon


brilhante-rosa em forma de mulheres cheias de curvas, cartolas, e copos de
Martini. No teto havia luzes penduradas que pareciam esferas gigantes de baixa
luminosidade, tipo como se houvesse um milhão de luas brilhando no céu.

9
Mas as luzes, as mesas, e os sinais de néon não eram o que as pessoas aqui
vinham ver.

Não.

Elas estavam aqui para o que estava no palco.

O palco ficava em frente ao bar e se estendia por todo o comprimento do


edifício. Estava neste momento escuro e vazio, com cortinas pretas largas
penduradas em cada lado. Uma parte do palco se projetava entre as mesas como
uma pista, e eu podia ver as faixas de luzes que revestiam as bordas, mas elas
estavam apagadas também.

Uma garçonete passou por mim, e minha boca se abriu. Ela usava um short
preto que era menor do que a maioria das minhas calcinhas, meia arrastão preta,
sapatos de salto agulha e sem camisa.

Ok, ela estava usando uma camisa. Mas, realmente, eu não sei por que ela
se preocupou com uma. Não cobria nada.

Era basicamente um top rosa pastel. Não, nada disso, era um par de
penduricalhos de mamilo em cordas.

Ela tinha um cabelo liso, louro e muito longo, puxada para cima em um
rabo de cavalo superalto, e uma gravata borboleta preta em torno do pescoço.
Enquanto se movia, a luz refletia o pó cintilante corporal que ela tinha aplicado
liberalmente em toda a sua parte superior do corpo exposta.

Ela movia-se através da multidão com uma bandeja, distribuindo bebidas,


sorrindo, flertando, e inclinando-se sobre os homens sugestivamente.

Eles queriam que eu fizesse isso?

Não, Harlow. Eles vão pedir-lhe para usar menos do que isso.

Como se esse pensamento não fosse o suficiente para assustar as flores do


meu vestido de verão, a música tocando no sistema de som foi cortada, e as
pessoas começaram a gritar e aplaudir. Em seguida, uma nova música começou a

10
tocar. Uma que não tinha palavras. Era uma daquelas músicas sensuais que
acompanhavam pessoas saltando de bolos em programas de TV.

Houve algum movimento no palco escurecido, e eu assisti, imaginando o


que aconteceria a seguir. Enquanto a música tocava, um foco de luz azul
enfraquecido veio sobre o centro do palco.

A multidão ficou em silêncio por um longo momento.

Ela estava em pé no centro da luz, enquadrada no azul elétrico. Ela estava


de costas, uma de suas pernas estava em cima de uma cadeira, e uma das mãos
estava em seu quadril. Ela usava o que parecia um traje de banho de uma peça
sem alça e preto. Cabelos longos estavam presos em um clipe no topo da cabeça
dela.

A música ficou mais alta e ela começou a se mover. Primeiro com


movimentos lentos e deliberados e puxando o clipe de seu cabelo. Cachos louros
caíram em cascata pelas costas, escondendo um pouco de seu corpo.

Todos os homens aplaudiram.

Em seguida, ela inclinou a cabeça para trás, olhando para o teto, e passou
as mãos através dos longos fios. Com um empurrão de seus quadris, ela se virou
para o lado, colocando as duas mãos em seu pé apoiado na cadeira, e ela
acariciou sua perna todo o caminho até a junção de suas coxas. Seus seios muito
amplos subiam com suas respirações profundas, lutando contra a roupa que os
cobriam.

A batida da música se aprofundou, e ela empurrou a cadeira para longe


com o pé, enviando-a voando pelo espaço escuro, e virou-se para finalmente
enfrentar a multidão.

Colocando as duas mãos sobre os seios, ela apertou-os, em seguida, passou


os dedos para baixo nas curvas de seu corpo. Ela começou a se mover, em
seguida, ficou de cócoras, revirando os quadris para frente e para trás, curvando-
se para tocar os dedos dos pés, enquanto apontava a bunda para os homens
ansiosos e babando. Ela usou o palco como se o possuísse. Como se ela fosse a

11
última mulher no planeta, e como se ela tivesse bens suficientes para atender
cada homem que a chamasse.

E então, ela estendeu a mão para o zíper em sua parte superior.

Ela deslizou-o para baixo, revelando um pouco mais de pele com cada
pequeno puxão. Ela fingiu que o abriria, e então ela deixou cair suas mãos, o que
criou um grande frenesi perto do palco.

Vi quando ela o abaixou, mais, mais, e mais, até que a peça escorregou de
seus braços completamente, e ela estava totalmente exposta. Agora ela estava
apenas com sua lingerie e saltos altos.

Então ela começou a tocar a si mesma.

Eles querem que eu faça isso?

Não havia nenhuma maneira no inferno.

Virei-me, pronta para sair de lá como um morcego fugindo do inferno, mas


alguém estava bloqueando o meu caminho.

—Você é Harlow McAlister?

Era um homem em um terno de negócios com um punhado de papéis. Ele


tinha o cabelo muito curto e escuro, uma mandíbula raspada, e um bronzeado.

—Sim.

—Eu sou Adam Greene. Falamos anteriormente ao telefone.

—Sim, claro. Você é o dono deste lugar.

—E você está aqui para a entrevista de emprego. — Enquanto falava, ele


me olhou de baixo para cima, começando em meus dedos dos pés, varrendo as
minhas pernas, meu peito, e estabelecendo no topo da minha cabeça.

—Eu acho que cometi um erro. —Eu disse rapidamente. —Sinto muito por
ter gastado o seu tempo.

12
Comecei a correr. Literalmente fugir das garotas de topless e homens
bêbados.

—Whoa, espere um minuto. —Adam disse, me agarrando pelo braço e me


puxando de volta para seu lado. —Eu vou te comprar uma bebida.

—Eu vou dirigir para casa depois disso.

—Ok, eu vou beber. Você pode assistir.

—Com essa fala mansa, você deve estar a caminho da esposa número três.
—Eu soltei e, em seguida, bati a mão sobre meus lábios. Oh, meu Deus! Acabei de
insultá-lo?

Ele jogou a cabeça para trás e riu. Então, ele passou um braço em volta dos
meus ombros e me levou para as banquetas finais.

—Na verdade, eu estou na esposa número quatro.

Se eu fosse ele, não teria admitido voluntariamente isso em voz alta.

—Então, Harlow. Por que você quer ser uma stripper?

—Bem, é o meu sonho. —Eu disse, apertando a mão no meu peito e


piscando meus olhos.

—Uh-huh. —Ele disse enquanto o barman colocava uma bebida na frente


dele. Ele pegou e tomou um gole, estudando-me sobre a borda do copo.

Suspirei. —Eu preciso do dinheiro.

Ele assentiu. —Você tem experiência?

—Bem não. Mas eu tiro minha roupa todo dia, e isso parece ser a coisa
mais importante que preciso saber.

Ele riu novamente. —Eu gosto de você.

Isso provavelmente não era uma coisa boa.

13
—Façamos o seguinte. Você vem amanhã à noite às sete. Vamos fazer um
teste. Se você puder se despir como uma profissional, o trabalho é seu.

—Quanto é o pagamento? —Perguntei.

—Depende.

—De?

—De quão boa você é ao trabalhar com a multidão.

Trabalhar com a multidão?

—Vejo você as sete amanhã à noite. —Adam disse, levantou-se, bebeu


todo o conteúdo do seu copo, e depois se afastou.

Acabei de ser contratada como stripper?

Oh meu Deus, eu acabei de arranjar um emprego como stripper. Bem,


supondo que alguém queira me ver seminua...

Falando nisso, eu me virei e olhei por cima do meu ombro. A loira ainda
estava girando por todo o lugar, agora vestindo nada além de uma tanga.
Desculpe, mas quanto isso deve doer? Quero dizer, realmente, estava
praticamente enfiado na bunda dela.

Virei-me de volta e coloquei minha cabeça em minhas mãos. Senti o baque


pesado de algo na minha frente, então eu olhei para cima.

Era um copo de doses. Eu vi quando o barman encheu-o com vodka. —Você


parece precisar disso.

Olhei para cima, um pouco mais do que meu copo, e peguei um conjunto
de abdome sólido e bronzeado. Meus olhos pousaram e, em seguida, viajaram
para cima, passando pelos músculos ondulando, o peito liso, definido, além da
gravata borboleta preta em torno do pescoço, para finalmente pousar em seu
rosto.

Eu entendi agora porque seu corpo era tão saboroso.

14
Um cara como esse só poderia ser anexado à quase perfeição. Queixo
quadrado liso, nariz e maçãs do rosto proeminentes, lábios carnudos, pele beijada
pelo sol em tons de marrom, e os olhos que pareciam chocolate derretido. Eu não
poderia dizer qual era a cor do cabelo, porque ele usava um chapéu preto que
estava ligeiramente inclinado para um lado, dando-lhe um ar diabólico.

Se ele fosse um buffet liberado, eu desabotoaria o topo da minha calça


jeans e me esbanjaria.

Olhei para ele em silêncio, meu cérebro recusando a formar um


pensamento coeso, então eu sabia que falar não aconteceria.

Ele sorriu, colocando as mãos para baixo no bar e inclinando-se sobre a


parte superior ligeiramente, trazendo sua virilidade um pouco mais perto.

—Um brinde.

—Eu não beberei hoje à noite. —Eu disse orgulhosa por ter encontrado a
minha voz.

Seus olhos escuros varreram meu rosto e ele sorriu. Depois, ainda me
olhando, ele pegou o copo e esvaziou tudo em sua boca em um grande gole. Ele
colocou-o de volta na minha frente.

—A maioria das meninas teria acabado de tomar a dose.

—Eu não sou a maioria das meninas.

Inclinando-se em ambos os cotovelos no balcão, ele olhou para mim.

—Estou vendo.

Um arrepio correu pela minha espinha. Foi um daqueles arrepios que


parecia tão delicioso. Eu só queria ter outro. O som de sua voz era como o rugido
de um leão, o grunhido de um alfa, porque agitou algum instinto primal em mim
para obedecer a seus comandos.

Cara, esse lugar estava começando a me deixar louca. Eu tinha que sair
daqui.

15
—Obrigada pela bebida. —Eu disse, girando no banco e me preparando
para descer.

—Então, você é a nova dançarina?

Olhei por cima do meu ombro, olhando ao redor da cortina do meu cabelo
castanho. —Depende.

—De?

—Se terei ou não a coragem de aparecer aqui amanhã à noite.

Um lento sorriso curvou seus lábios. —Bem, eu espero que você tenha.

—Por quê?

—Porque eu definitivamente não me importaria de ver mais de você.

Meu estômago deu um salto, e eu tenho certeza de que minhas bochechas


ficaram rosa brilhante. Ele riu, e o som baixo ecoou sobre qualquer outro som no
local e através das partes mais profundas da minha mente.

Então ele pegou o copo vazio e se virou. —A gente se vê por aí. —Ele disse,
jogando as palavras sobre o seu ombro largo.

Não foi até que eu estava do lado de fora procurando as chaves do carro,
que quis saber se isso significava que ele realmente queria me ver de novo... Ou
apenas as partes de mim que me atreveria a expor.

16
Eu tentei me convencer naquela noite, pelo menos uma centena de vezes.
Mas então eu olhava as contas empilhadas no meu balcão, os suprimentos baixos
na minha geladeira e despensa, e me perguntava o quão ruim isso realmente
poderia ser?

Era só pele.

Pele que um monte de olhos estranhos estaria admirando.

Eu não poderia fazer isso.

Olhei para o meu telefone celular jogado na minha cama. Eu poderia ligar
para ela, dizer que eu precisava de dinheiro. Ela me disse para voltar para casa,
para conseguir um emprego no restaurante local ou no banco. E então eu
transportaria as minhas malas para o meu antigo quarto, e começaria a minha
vida outra vez como a menina que tentou fugir, mas no final não pôde se
sustentar.

Ou…

Eu poderia escolher uma roupa, ir para o trabalho, e fingir que todo mundo
estava também com suas roupas de baixo, além de mim.

Eu definitivamente gostaria de ver mais de você.

Não era a primeira vez hoje que eu ouvi essa frase na parte de trás da
minha cabeça. Sim, ok, provavelmente era só isso. Uma frase. Mas maldição, não
estava funcionando.

Olhei-me no espelho. Eu sabia que era uma mulher atraente, com pernas
longas, uma cintura fina, cheia de curvas, cabelo castanho escuro longo e olhos
azuis. Eu parecia exatamente como a menina da porta ao lado. Na verdade, eu era

17
a menina da porta ao lado. Até que eu terminei o ensino médio, determinada
fugir da pequena cidade em que eu estava presa.

Eu não voltaria para lá.

Eu já não era a garota da porta ao lado.

Eu era uma mulher.

Eu estava no comando da minha vida e do meu corpo.

E eu também seria uma stripper.

Virei-me de lado para estudar o perfil do meu corpo. Meus peitos


certamente não eram enormes (não como dessa stripper que vi no palco na noite
passada), mas eles tinham um tamanho decente, e eles eram empinados. Eu tinha
uma boa bunda, bem, então eu acho que poderia me considerar bem equipada
para o trabalho.

Agora tudo que eu precisava era de algo para vestir.

O que vestir quando eles tirariam tudo isso?

Algo sexy, a voz na minha cabeça, sussurrou.

Abri meu armário e estudei o conteúdo. Eu tinha as roupas de uma


estudante universitária que passou a viver em Myrtle Beach, Carolina do Sul. Esse
guarda-roupa consistia de calças jeans, camisetas, blusas e moda praia. Ele não
consistia em lingerie, sutiãs com enchimentos, e tangas.

Olhei para os vestidos pendurados em uma fila e ri.

Após a reação que eu tive com o que eu usava na noite passada, eu


duvidava que aparecesse para trabalhar com outro seria aceito muito bem. Adam
provavelmente me chutaria de lá antes mesmo que eu abrisse a minha boca.

Eu considerei pegar uma tesoura para cortar uma camisa e torná-la acima
do umbigo, e uma saia para torná-la pecaminosamente curta, mas isso parecia
um desperdício de roupas perfeitamente agradáveis.

18
No final, eu peguei a minha escolha e a coloquei, em seguida, fui fazer meu
cabelo, maquiagem e coloquei alguma loção corporal suave. Meu estômago
roncou durante a minha preparação, mas eu ignorei. Eu estava tão nervosa sobre
o que estava prestes a fazer, que eu não tinha comido alguma coisa durante todo
o dia. E eu não iria. A última coisa que queria fazer era subir no palco e mostrar a
todos exatamente o que eu tinha almoçado naquele dia.

Se eu ainda subisse no palco.

O que diabos eu deveria fazer, uma vez que eu estivesse lá?

Rebolar como aquela menina da noite passada? Não. Obrigada. Mas eu


sabia que tinha que fazer alguma coisa. Quero dizer, só estar lá não me faria ser
contratada.

Eu decidi parar de pensar sobre isso completamente. Eu estava me


tornando mais nervosa do que realmente precisava estar, e se eu mantivesse
assim, não iria realmente.

Depois que eu estava pronta, fiquei olhando para o relógio até que eram
seis horas, e depois tranquei meu apartamento e fui para o Mad Hatter.

Que sorte a minha, o lugar estava lotado.

Eu estacionei não muito trás do lote e sentei-me lá por alguns minutos, me


sentindo nervosa, com suor escorrendo pelas minhas costas. Antes que eu
pudesse falar a mim mesma para sair correndo dali, saí do carro e fui até a
entrada.

A porta se abriu e o segurança da noite passada apareceu.

—Hey, Ty. —Eu disse, dando-lhe um sorriso.

—Senhorita Harlow, você voltou.

—Você não achou que eu teria o trabalho?

—Nah, menina, eu sabia que você conseguiria o emprego. Eu só não tinha


certeza se queria.

19
Bem, nem eu, mas eu não disse isso em voz alta.

—Tem algum conselho para mim, Ty? Tenho certeza de como o segurança
disso você sabe todas as informações e truques.

Ele sorriu e me olhou com os lábios franzidos. —Não seja vulgar.

—Bem, isso pode ser difícil, considerando que estou prestes a mostrar o
que minha mãe me deu.

Ele jogou a cabeça para trás e riu. —Eu vi um monte de meninas passarem
por aqui. Algumas delas eram boas, e algumas delas não. Aquelas que foram
melhores são as que perceberam que há uma linha tênue entre sexy e vulgar.
Entende?

Eu balancei a cabeça lentamente. —Eu acho que sim. Uma espécie de


menos é a melhor abordagem?

—Lá vai você. —Disse ele, inclinando a cabeça. Em seguida, ele segurou a
porta e deu um passo atrás. —Boa sorte.

—Obrigada. —Eu disse e entrei.

Todo o lugar estava cheio. Pessoas estavam em pé ao redor do bar,


enchendo as mesas, e falando sobre a música. Já havia uma menina no palco. A
pole que se encontrava no centro estava iluminada com rosa forte, e eu vi
enquanto ela enrolava as pernas tonificadas em torno dela e, em seguida, virava
seu corpo de cabeça para baixo. Seu cabelo escuro caía em uma cascata, e era tão
longo que realmente tocava no chão.

Enquanto eu observava, ela movia-se com fluidez, sensualmente,


deslizando para baixo da pole e, em seguida, tocando seu corpo de uma maneira
que fez com que todos pensassem que tocá-la, seria o momento mais
emocionante de toda a sua vida.

Desviei os olhos, porque eu estava um pouco envergonhada de estar


assistindo-a excitar as pessoas.

20
—Então você apareceu. —Disse uma voz por trás do bar.

Ele não estava usando camisa, novamente.

E o chapéu que ele usava na noite passada não estava na sua cabeça. Ele
tinha cabelos loiros. Muito loiro e tão confuso, que parecia que ele havia gastado
um tempo passando os dedos por ele durante todo o dia.

—Aqui estou. —Eu disse, dando um passo um pouco mais perto do bar.

—Então. —Ele começou me dando um sorriso maroto. —Em uma escala de


um a dez, quão nervosa você está?

—Onze.

—Oh bem, isso é melhor do que vinte e cinco.

—Ha. —Eu disse, sentindo meu estômago fazer esta coisa estranha toda
vez que ele sorria.

Adam chegou ao meu lado. —Vamos, nós precisamos de você nos


bastidores.

Esse sentimento estranho na minha barriga virou rapidamente para um


estrondo de náuseas, quando ele se virou e caminhou em direção à parte de trás,
esperando que eu o seguisse.

—Hey. —Disse o bartender quente.

Olhei por cima do meu ombro.

—Não estrague tudo.

—Puxa, obrigada.

Ele estava rindo quando eu fui embora, tecendo através das mesas lotadas
e das gargalhadas.

Atrás do palco estava mais tranquilo, e eu descobri que era capaz de deixar
sair à respiração que estava prendendo. A sala de trás era alinhada com bancadas,

21
todas com grandes espelhos e luzes. Havia pequenos bancos de veludo
empurrado em cada mesa, e maquiagem e latas de spray de cabelo foram
espalhadas por toda parte. No fundo da sala, havia várias prateleiras do que
parecia ser lingerie, e algumas cabeças de manequim que revestiam uma
prateleira, tinham várias perucas em cada estilo e cor. Saltos altos estavam
espalhados no chão, e havia uma sala para mulheres mais baixas à esquerda, com
a luz apagada.

Havia várias meninas ali, todas elas em vários estados de nudez. Estava
claro que ninguém usava o banheiro como um camarim. É claro que quando você
se despe na frente de uma sala cheia de pessoas, acho que fazê-lo na parte de
trás é considerado uma espécie de privado.

—Senhoras, esta é Harlow. —Disse Adam com uma voz que encheu o lugar.

—Ela fará testes esta noite. Mostrem as coisas a ela.

Todos os olhos se voltaram para mim. Eu podia sentir que elas me


avaliavam, me julgavam, decidindo se gostariam de mim antes de eu mesma dizer
uma palavra. Era como estar de volta na escola onde todas as meninas eram más
e banais.

Eu não deixei essas pessoas me atingirem na escola, e eu não estava


prestes a começar agora.

Eu levantei meu queixo e fui para uma penteadeira que parecia que nunca
foi usada. —Posso usar essa?

A menina ao meu lado, uma ruiva com peitos gigantes, acenou com a
cabeça.

Pousei minha bolsa e, em seguida, olhei em volta nervosamente em busca


de algo para fazer. Adam aproximou-se. Ele usava um terno sem gravata e um par
de sapatos de aspecto desportivo. Em sua mão ele carregava uma prancheta que
ele não tinha sequer olhado nem uma vez desde que tinha estado aqui.

—Você entra às sete. Sua rotina termina quando a música termina.


Certifique-se de dizer ao DJ o que você quer que ele toque.

22
Oh, merda. Era para eu ter uma música?

—Depois de sua rotina, você pode recolher o seu dinheiro e, em seguida,


voltar para cá. Você pode andar por aí com sua roupa ou colocar algo antes de
voltar para lá. —Ele apontou para as prateleiras de roupas. —Então vá para o bar
e pegue uma bandeja. Você pode servir bebidas até a sua próxima rotina.

Minha próxima rotina? Eu engoli. —Quantas rotinas eu faço durante um


turno?

—Por enquanto, uma por hora. Se você for boa, então isso aumentará.

Eu nem sequer sei quanto tempo um turno tinha. Eu estava perdida aqui.
Talvez eu devesse fugir agora e me salvar do constrangimento de ser demitida.

Eu abri minha boca para anunciar minha partida, mas Adam me cortou ao
gritar. —Roxie! Traga seu traseiro aqui!

A menina de cabelos escuros que eu acabei de assisti no palco apareceu ao


nosso lado. —Sim, chefe?

—Mostre a Harlow as coisas.

Então ele saiu, e os meus olhos o seguiram desesperadamente. Eu me senti


como uma criança que estava sendo deixada no jardim de infância pela primeira
vez. Adam definitivamente não era o meu pai, ou mesmo um tipo parental, mas
pelo menos quando ele estava me dizendo o que fazer eu não me sentia tão
assustada.

—Você nunca fez isso antes, não é? —Disse Roxie. Ela tinha os olhos roxos
e cabelos tão escuros que eram quase pretos. Ela o usava liso e reto, e comprido
até os quadris. A pesada franja reta na testa acentuava a cor ímpar de seus olhos.

—Nunca. —Eu disse, dando uma risadinha nervosa.

Ela usava um pequeno short e um espartilho brilhante que empurrava seus


seios até o pescoço. Sua pele era cremosa e pálida, e ela era cheia de curvas em
todos os lugares certos.

23
—A primeira vez é sempre a pior. Depois de um tempo, vai ser como
escovar os dentes. Você não vai nem mesmo pensar sobre isso.

Eu não poderia imaginar que ficar nua na frente de um bando de bêbados e


idiotas um dia ficaria mais fácil, mas eu não me preocupei em entrar em
desacordo com ela.

—Você usa lentes de contato? —Perguntei totalmente distraída com


aqueles olhos roxos.

—Sim. — Ela sorriu. —Sou Roxie. —Disse ela, estendendo a mão.

Eu a sacudi. —Harlow.

—Você usará seu nome real no palco?

Eu não tinha pensado nisso. Imaginei que eu provavelmente não deveria.

—Eu acho que não.

—Tem um nome artístico em mente?

—Não. E eu não tenho uma música também.

—Adam nunca diz a qualquer uma das novas meninas que precisa de uma
canção. Ele é um homem, eu juro. Ele provavelmente ainda não sabe que música
toca por aqui. Tudo o que ele se preocupa é em ganhar dinheiro.

Eu não poderia realmente culpá-lo por isso. Quero dizer, olá, essa é a razão
pela qual eu estava aqui.

—É isso que você estará vestindo? —Ela perguntou, pegando no meu short
reduzido e camiseta branca.

—Sim?

—Tire o sutiã.

24
Um protesto formou na minha língua. Se eu tirasse o sutiã, então, quando
eu tirasse minha camiseta, eu estaria completamente nua... Eu estava meio que
esperando adiar o inevitável.

—Ah, e Adam provavelmente não lhe disse que não somos um clube de
strip de nu completo.

—O que significa isso? — Eu disse quando ela me empurrou em meu


banquinho, pegou uma escova e puxou para baixo o meu rabo de cavalo.

—Isso significa que nós não tiramos a parte de baixo. Você pode tirar tudo
até a sua calcinha fio dental ou o que você estiver usando, mas é só isso.

Bem, essa foi a melhor notícia que eu ouvi durante todo o dia. —E nossas
camisetas?

—Sim, essas podem sair.

—Quanto tempo é um turno? —Perguntei enquanto ela mexia no meu


cabelo.

—Normalmente, as meninas param de dançar às duas horas da manhã e,


em seguida, se revezam em quem fica para fechar o bar.

Então, isso significava que eu tinha que fazer seis ou sete danças em uma
noite. Isso era ficar muito tempo nua.

Ela bateu no meu ombro. —Você pode fazer as mesmas rotinas um par de
vezes, portanto, nem toda vez que você dançar tem que ser uma rotina nova,
apenas não faça a mesma consecutivamente.

—Eu só trouxe o que estou vestindo.

—Adam não lhe disse nada?

Eu balancei minha cabeça. —Só que eu faria testes.

Ela balançou a cabeça. —Eu vou falar com ele.

25
—E quanto a esse material lá atrás? — Fiz um gesto para as prateleiras de
roupas.

—Eu não colocaria essas roupas comunitárias no meu corpo. Quem sabe
onde algumas destas cadelas sujas estiveram?

Minha boca se abriu e então nós duas começamos a rir.

—É verdade. —Disse ela com um sorriso. —Como se você não tivesse


pensado nisso desde que entrou pela porta.

Um pouco da tensão dentro de mim diminuiu. —Então, quanto tempo você


vem fazendo isso?

Ela encolheu os ombros. —Um par de anos.

—Sério?

Ela levantou um ombro enquanto alisava meu cabelo. —O que posso dizer?
O dinheiro é ótimo.

Eu não disse nada, porque eu sinceramente não tinha certeza se o dinheiro


valeria a pena tudo isso.

—O que você acha? —Ela perguntou, e eu olhei no espelho.

—Uau. —Eu sussurrei, inclinando-me. Meu cabelo estava caíndo nas costas
e partido de lado para que ele caísse sobre um olho. Ele caía sobre meus ombros
levemente e mostrava minha clavícula.

—Você ainda precisa de alguma coisa. —Pensou ela, em seguida,


atravessou a sala para sua mesa e remexeu em um saco rosa. Quando ela achou o
que queria, ela voltou e colocou algo em mim.

Com um sorriso, ela estendeu a mão e cortou algo em meu cabelo,


ajustando algumas das vertentes em torno dele. Em seguida, ela deu um passo
para trás e admirou sua obra no espelho.

26
Era uma extensão de um fio de cabelo de tira grossa roxa que contrastava
com o meu cabelo escuro e realmente jogava um azul nos meus olhos.

Eu gostei. Era sexy.

—Isso é perfeito.

—Você não precisa disso? —Perguntei, tocando as pontas do meu cabelo.

—Nah, ele entra em conflito com os meus olhos, então eu não uso. Fique
pra você.

—Sério? Obrigada.

Roxie olhou para o relógio e depois para mim. —Hora do show.

E assim, meu nervoso voltou três vezes mais forte. —Eu não posso fazer
isso.

—Sim. Você pode.

—Não. Eu não acho que posso.

—Você tem um namorado?

Senti minha testa enrugar na mudança de tema. —Não.

—Provavelmente seja melhor assim. —Ela murmurou quase para si mesma.

—Bem, imagine que há um cara realmente quente sentado lá fora. Imagine


que você está morrendo para ele te convidar para sair, mas ele parece não
perceber você. Faça-o observá-la.

Eu balancei a cabeça.

Ela riu. —Faça o que fizer não se pareça com isso lá fora.

Ela me puxou para as escadas que levavam até a cortina atrás do palco.
Uma das meninas estava terminando e os homens estavam todos assobiando.

27
—A canção. —Eu disse, virando-me para fugir do palco.

—Eu vou dizer a Remy o que tocar. Você apenas concentre-se no


movimento.

Concordei entorpecida. Eu não podia acreditar que realmente faria isso.

—Oh, nome! Qual é seu nome? —Disse Roxie antes de correr para longe.

—Violet. —Eu disse, tocando a faixa roxa no meu cabelo.

Ela me deu um polegar para cima e, em seguida, correu para longe,


deixando-me sozinha por trás da cortina.

A outra garota moveu-se para fora do palco e atrás da cortina. Suas mãos
estavam cheias de dinheiro.

—Sua vez. —Disse ela, olhando para baixo e sorrindo.

Era o tipo de sorriso que acendia um fogo em meu sangue, como se ela
estivesse certa de que eu não teria meu grande momento.

Eu mostraria a ela.

A música parou. O palco ficou escuro. Meu coração começou a acelerar.

Quando o DJ apresentou a nova garota, Violet, eu não sabia que ele estava
falando de mim até que a música começou a tocar.

Era Def Leppard.

Fiquei ali, enraizada no palco, segurando a cortina como se estivesse


congelada.

Roxie apareceu e me deu um pequeno empurrão.

E assim, eu estava no centro do palco, e cada um na sala olhava para mim


esperando eu ficar nua.

28
Enquanto eu olhava para a multidão, percebi uma coisa:

Não eram apenas os homens que esperavam por mim, para mostrar-lhes os
meus bens, mas as mulheres também.

Bem, isso foi estranho.

Eu não podia imaginar por que uma mulher viria aqui para assistir outra se
despir. Quero dizer, se ela queria ver peitos, ela poderia olhar no espelho.

Um foco de luz acendeu e circulou pela sala até que pousou em mim. Era
uma luz roxa, lançando sombras em tons violeta sobre tudo ao meu redor. Eu
gostei porque de alguma forma sentia que me dava mais cobertura (hey, eu
nunca disse que a minha lógica não era falha).

Alguém na primeira fila limpou a garganta e, em seguida, a música me


trouxe de volta.

Era para eu estar dançando.

Ou fazendo alguma coisa.

Ouvi algumas risadinhas e virei minha cabeça para ver algumas das meninas
de pé atrás de Roxie, me observando.

Eu comecei a me mover. Fingi que eu era uma modelo desfilando por uma
passarela, balançando meus quadris e passando os dedos pelo meu cabelo,
dando-lhe uma agitação. Alguém na parte de trás assobiou.

Eu admito isso me fez sentir bem. Olhei para cima para ver quem era, mas
os holofotes me cegaram e eu tropecei um pouco. Como eu poderia tropeçar em
meus próprios pés? Olhei para baixo.

29
Eu estava usando chinelos.

Porcaria. Eu quis trocar.

Agora eu entendia porque algumas das garotas estavam rindo.

Parei no final do palco e abaixei-me para tocar os dedos dos pés,


certificando-me de que meu traseiro estivesse em plena vista. Eu tenho certeza
de que meu short subiu na minha bunda. Não foi uma sensação boa.

Mas eu sorri como se tivesse amado isso.

Em seguida, casualmente, eu puxei meus sapatos de cada pé e joguei-os


sobre meu ombro e dei um olhar pouco sugestivo para a multidão.

Isso me rendeu mais alguns assobios.

A canção era “Pour Some Sugar On Me”. Uma das canções mais populares
do Def Leppard. Era uma música sexy, e ela me ajudou a entrar no clima.

Talvez isso não fosse tão ruim, afinal.

Virei-me para ficar na frente do palco, pensando que eu encontraria uma


cadeira e faria algo com ela.

Mas eu tropecei em meu chinelo.

Eu caí do palco, do outro lado em uma mesa redonda para dois.

A mesa provavelmente teria caído se os dois homens sentados lá não


tivessem estendido a mão para firmá-la.

Mas eu consegui derrubar suas cervejas e uma dose de bebida, que no


momento ensopava meus braços e camisa.

Houve alguns risos da multidão, e eu tinha certeza de que morreria de


vergonha ali.

—Você está bem? —Um dos homens na mesa perguntou.

30
—Desculpe por isso, gente. —Uma nova voz soou. —Aqui está uma garrafa
por conta da casa.

Olhei para cima da minha posição esparramada sobre a mesa.

Claro.

Era o bartender gostoso.

Porque eu precisava de mais humilhação agora.

Nossos olhares travaram.

Ele piscou.

Inspiração me superou.

—Obrigada pela captura, meninos. —Eu disse na minha melhor voz gutural.
Subi em cima da mesa, plantando meus pés descalços ali mesmo na poça de
cerveja. Em seguida, por instinto, me abaixei, mergulhando dois dos meus dedos
em sua nova garrafa, girei em torno dela, e fiquei de pé, passando os lábios em
torno de ambos os dedos e, lentamente, deslizando-os para fora.

A torcida vibrava.

Eu dei um pequeno sorriso e, em seguida, olhei para o barman, que estava


ali me observando. Ele segurava uma bandeja e sobre ela estava uma jarra de
água.

Inclinei-me, empurrando meu peito em um dos rostos dos homens, e


segurei a alça da jarra. Lentamente, eu estava de volta, segurei-a sobre a cabeça e
olhei para o teto escurecido deixando meu cabelo cair para longe do meu rosto.

Então eu derramei a água sobre mim.

Estava fria, e derramou sobre o meu rosto, meu pescoço, e minha camisa.
Quando a jarra estava vazia, eu atirei-a de volta ao barman e virei-me para os dois
homens que me rodeavam.

31
—Uma menina pode obter uma pequena ajuda aqui?

O maior dos dois homens me agarrou pela cintura e me pegou, me levando


para o palco e me colocando para baixo. Eu ainda estava encharcada, a água
escorrendo pelas minhas pernas, e minha camisa estava colada ao meu peito.

Meus mamilos estavam duros porque a água estava fria, e o ar-


condicionado soprava sobre a minha pele, tornando-os ainda mais duros.

Sentindo-me ousada, eu os agarrei, apertando suavemente, em seguida,


me afastando.

Eu sabia que minha camiseta estava transparente. Eu sabia que cada


pessoa neste lugar tinha uma visão clara dos meus bens, e eu, na verdade, ainda
parecia decentemente coberta.

Para me divertir, eu alcancei a barra da minha camisa, deslizando-a para


que ela mostrasse o meu umbigo e a minha barriga reta. Então eu a coloquei de
volta no lugar e afastei-me, em direção à cortina.

Os homens estavam loucos, gritando, assobiando, dizendo-me para voltar.


Então eu parei, olhei por cima do ombro, jogando meus cabelos molhados, e
então eu rapidamente desfiz o fecho do meu short jeans e puxei para baixo
apenas o suficiente para mostrar o topo da renda da minha calcinha.

Então eu o puxei de volta e girei, de frente para a multidão e balançando o


dedo como se todos eles fossem muito ruins.

Eu coloquei o mesmo dedo na minha boca e puxei-o para fora antes de me


virar e caminhar por trás da cortina, completamente fora de vista.

Roxie estava ali de pé com uma toalha. Seus olhos estavam arregalados.

—O que é que foi isso?

—Eu realmente não estou certa. —Eu disse, meu nervoso voltando com
força total. Eu realmente tinha acabado de criar meu próprio concurso privado de
camiseta molhada lá fora?

32
—Bem, querida, o que quer que tenha sido com certeza eles gostaram.

Olhei do canto para a multidão. Eles estavam todos ainda assobiando e


gritando. Notas de dólar lotavam a beira do palco.

—Vá buscar o seu dinheiro. —Disse Roxie.

Voltei lá fora, e o assobio ficou mais alto. Eu desfilei ao redor, enquanto


pegava o dinheiro e, em seguida, dei aos caras na mesa que eu quase derrubei
uma piscadela antes de correr para os bastidores para minha penteadeira.

Um olhar no espelho me disse que meu dublê molhado arruinou a minha


maquiagem e mais do meu cabelo.

E a minha camiseta estava definitivamente transparente.

Usando a toalha que Roxie me deu, eu tirei o excesso da água do meu


cabelo e limpei o pior da minha maquiagem. Eu trouxe um pouco comigo, então
eu a tirei da bolsa e reapliquei rapidamente. Então eu puxei meu cabelo em um
rabo de cavalo alto e esperava que as terminações úmidas secassem
rapidamente.

Eu ainda estava muito nervosa para contar o dinheiro que eu fiz, então eu
empurrei tudo em minha bolsa e, em seguida, coloquei-a debaixo da minha mesa.

Roxie estava junto à porta, me acenando para apressar, então eu fui atrás
dela e paramos no final do bar.

—Basta andar por aí e pegar os pedidos de bebidas. Em seguida, volte e


passe ao bar. Entregue e repita o processo.

Eu balancei a cabeça. Eu costumava servir mesas, de modo que isso, pelo


menos, não era completamente estranho para mim.

Roxie desapareceu na multidão, então eu respirei fundo e peguei uma


bandeja. Eu senti como se estivesse sendo olhada, então eu virei minha cabeça. O
bartender quente me observava do outro lado do bar.

33
Dei-lhe um pequeno aceno, peguei uma bandeja e comecei a andar para
anotar os pedidos.

Não demorou muito tempo para descobrir que eu não estava realmente
aqui para anotar os pedidos de bebidas. Eu estava realmente aqui para dar ao
povo algo para olhar, a quem flertar, e geralmente manter os clientes satisfeitos.

Eu relaxei nesse papel porque pelo menos isso era algo que eu poderia
assumir.

Apenas quando eu estava começando a ficar nervosa sobre a minha


próxima “rotina”, Adam acenou para mim do canto da multidão. Eu passei por ela
e o segui até seu escritório.

Ele me demitiria.

Eu caí como uma desajeitada, derramei cerveja em clientes pagantes, e


nem sequer tirei a camisa.

Eu era a pior stripper na história das strippers.

—O que diabos foi aquilo mais cedo? —Disse ele, em pé ao lado de sua
mesa.

—Eu sinto muito, eu...

—Você sente muito? — Ele me cortou. —Isso foi brilhante!

—Foi? —Perguntei, choque enchia meu tom.

—Cada indivíduo neste lugar tinha os olhos colados em seu peito.

Eu não sabia como responder.

—Eu acho que você é exatamente o que este lugar precisa. — Ele
continuou.

—O que é isso, exatamente?

34
—Um mistério, uma menina que deixa a multidão em um frenesi apenas
para dar uma olhada.

Foi isso o que eu fiz?

—Desde que você não trouxe qualquer outra coisa para vestir, você pode
apenas servir o resto da noite. Mas amanhã você dançará a cada hora.

—Amanhã?

—Você conseguiu o emprego, Violet. Bem-vinda ao Mad Hatter.

—Eu não esperava por isso.

—Francamente, nem eu esperava. Eu pensei que você fosse se sair


miseravelmente.

—Hum, obrigada? — Eu disse sarcasticamente.

Ele me deu um sorriso. —Quem diria que debaixo dessa fachada de boa
menina você escondia uma cadela sexy?

—Tenho certeza de que isso poderia ser considerado assédio.

—Provavelmente. Agora, volte ao trabalho. Antes de sair hoje à noite, você


pode preencher os formulários que eu preciso que você assine.

Roxie estava esperando do lado de fora do escritório quando saí. —E aí?


—Perguntou ela.

—Eu consegui o emprego.

Ela se virou sobre os saltos de quatro polegadas. —Foi a água... Homens e


camisetas molhadas... Eles querem isso o tempo todo.

—Então você acha que eu deveria acrescentar isso na minha rotina?

—Espere um minuto. Eu já estava pensando na minha rotina? Então, eu


realmente faria isso. Em algum lugar, ao longo do caminho de estar com medo

35
bobo, agitar minha Daisy Duke2, e despejar a água toda sobre mim, eu decidi que
isso aconteceria.

—Se você não fizer isso, eu vou.

—Eu acho que preciso descobrir o que vestir.

—Nós podemos ir às compras. Eu conheço um ótimo lugar.

—Eu não tenho um monte de dinheiro.

Ela sorriu. —Ainda bem que as roupas que você precisa são pequenas.

Eu ri. —Claro, porque não?

Adam abriu a porta do escritório e nos prendeu com um olhar. —Eu não
pago às senhoras para ficarem fofocando a noite toda.

Roxie revirou os olhos, em seguida, estalou um beijo em Adam. Senti meus


olhos arregalarem quando ela me puxou para longe em direção ao bar.

—Esse é o nosso chefe! — Eu assobiei.

—Ele é um grande urso de pelúcia.

—Ele parece mais com um urso pardo. —Observei. Ele era alto, com
ombros largos, uma cintura estreita, e os cabelos curtos. Ele parecia estar em
seus vinte e tantos anos, mas eu não podia ter certeza.

—Ele ladra mais do que morde.

—Eu me pergunto se todas as suas ex-mulheres acham isso?

—Bom ponto. — Roxie riu. Ela pegou a bandeja e me encarou. —Antes de


sair esta noite, vamos trocar números.

Eu concordei e ela afastou-se para a multidão.

2
Aqui ela se refere à marca do short.

36
Passei o resto da noite servindo drinques e sorrindo. Parecia que quanto
mais amigável eu era, mais gorjetas eu recebia. Ainda assim, eu tentei
permanecer profissional. Bem, tão profissional quanto pude no centro de um
clube de strip.

Um monte desses caras tinha um problema com mãos bobas. Ainda bem
que eu me movia rápido.

Quando duas horas da manhã chegou, meus pés doíam, minha camiseta
estava seca e parecia meio dura, e eu realmente só queria um chuveiro.

Adam me disse que terminei pela noite, mas eu tinha que preencher a
papelada antes que pudesse ir. Eu fui até a parte de trás e peguei minha bolsa,
em seguida, me sentei no final do bar.

Enquanto eu estava esperando por Adam e os papéis, eu soltei meu cabelo


do rabo de cavalo que estava me dando uma dor de cabeça, e puxei todas as
gorjetas do meu avental e contei-as. Duzentos dólares. Então me lembrei do
dinheiro da minha dança, então eu peguei tudo da minha bolsa e contei de novo.
Cento e cinquenta dólares. Nada mal por quase cair de cara no chão e me fazer de
tola.

O bartender quente apareceu na minha frente. —Quer que troque todas as


gorjetas?

—Seria ótimo. Mas eu deveria esperar e descobrir o quanto disso eu tenho


que compartilhar.

Ele balançou sua cabeça. —Nós não compartilhamos gorjetas aqui. O que
você ganha é seu.

—Sério?

—Sim. Adam diz que se a mesa lhe entrega uma gorjeta, é porque eles
gostam de você e não pela bebida que você trouxe a eles. É por isso que as
meninas realmente não têm seções. É uma espécie de vale tudo.

Eu balancei a cabeça. Era como uma espécie de tudo liberado.

37
Entreguei minha pilha de dinheiro. —Tem trezentos e cinquenta. Você pode
apenas dar-me notas de vinte ou o que você tiver.

—Não foi tão ruim para sua primeira noite. —Disse ele, em seguida, foi até
a caixa registadora e trocou todas as minhas gorjetas por notas maiores.

Quando ele voltou, me entregou o dinheiro e um copo de água gelada com


um canudo nele.

—Obrigada.

—Qual é o seu nome, nova garota?

—Eu estou usando Violet como o meu nome artístico.

Seus lábios se levantaram. —Inteligente. —Ele meditou, chegando a tocar o


cordão roxo no meu cabelo.

—Você tem um nome real, Violet? — Porque é que tudo o que ele dizia
soava como conotação sexual?

Ou talvez não fossem suas palavras. Talvez fosse o fato de que seus dedos
ainda estavam brincando com o meu cabelo.

—Harlow. —Eu disse, tentando esconder o pequeno tremor na minha voz.

—Harlow. —Repetiu ele. Soou como um ronronar que retumbou de dentro


dele.

—E quanto a você? Você tem um nome?

Ele ainda estava girando meu cabelo ao longo de seu dedo e o movimento
simples, preguiçoso, estava literalmente fazendo o meu estômago dar
cambalhotas com algum tipo de antecipação.

—Cameron. —Disse ele com sua voz baixa, porque ele estava debruçado
sobre o bar em direção a mim. —Todo mundo me chama de Cam.

38
—Você é um surfista, Cam? —Perguntei, com minha voz rouca e baixa.
Como é que eu tentei a noite inteira fazê-la soar assim e nunca consegui?

Ele inclinou a cabeça para o lado. —Como você sabe?

Dei de ombros. —Você se parece com o tipo de cara que gosta de praia.

— Todo musculoso, bronzeado e cabelo louro bagunçado.

—Você me acha sexy.

—Você parece ter uma coisa com o meu cabelo.

Seus movimentos acalmaram-se, e ele olhou para seus dedos emaranhados


no meu cabelo. Seus olhos arregalaram-se apenas uma fração, e isso me fez
pensar que ele não tinha percebido o que estava fazendo. Isso criou um pequeno
fiasco de decepção dentro de mim, porque eu gostei da ideia dele me tocar,
porque ele gostava. Eu não queria que isso fosse algum tipo de ato estranho.

—O que posso dizer? Minhas mãos, por vezes, têm mente própria.

Uma bola caiu do meu estômago e algo abaixo em meu abdômen apertou.

—Cam. —Adam disse atrás de mim. —Você está cantando minha nova
dançarina?

Cam afastou-se, devolvendo a mim meu espaço pessoal que ele tinha
invadido. Meu corpo pareceu segui-lo, como se estivesse tentando estar perto
dele novamente.

—É melhor tomar cuidado com esse, Violet. Ele é um verdadeiro


mulherengo.

Voltei a olhar para Cam, arqueando uma sobrancelha.

Ele sorriu.

39
—Aqui. —Adam disse, empilhando alguns papéis na minha frente e me
entregando uma caneta. —Quando estiver pronta, você pode ir. Esteja aqui
amanhã à noite para dançar as sete.

Eu não pude me conter e dei pequenos olhares em direção à Cam com o


canto do meu olho enquanto escrevia. Seria verdade? Ele era um mulherengo? Se
ele fosse, não me faria bem nenhum estar atraída por ele. Eu não era o tipo de
garota que ficava na fila por atenção. Eu acho que não ficaria surpresa se ele
fosse. Quero dizer, ele trabalhava em um clube de strip, e seu uniforme era sem
camisa. De repente, eu entendi por que havia mulheres neste clube. Todos os
barmens eram homens, e todos eles eram quentes.

Quando Cam me pegou olhando, ele sorriu. Desviei meu olhar e terminei a
papelada. Apanhei-a para levar para o escritório de Adam, mas Roxie me
interceptou.

—Levando isso para o chefe?

Eu balancei a cabeça.

—Eu vou fazer isso. — Ela estendeu a mão e pegou os papéis.

—Você não tem que fazer isso.

—Eu quero.

Havia algo sobre a maneira como ela disse isso... Engoli em seco. —Você
tem uma queda por ele?

Ela tinha um olhar “quem, eu?” em seu rosto, mas então ela sorriu.

—Talvez um pouco de paixão.

—Mais como um grande problema. — Eu provoquei.

Ela suspirou. —Não importa de qualquer maneira. Ele não vai sair com as
dançarinas. Ele não mistura negócios com prazer.

—Eu achava que ele fosse casado.

40
—Eu duvido que vá durar; nenhum de seus casamentos dura.

—Ele está quebrado?

—Eu só acho que ele não tenha encontrado a mulher certa ainda.

—Bem, ele precisa parar de se casar até que realmente a encontre.

—Talvez ele seja um romântico incorrigível. — Ela suspirou, olhando para a


porta do escritório.

—Talvez ele seja um cara típico, que pensa com o cérebro dentro de suas
calças.

Ela bufou. —Sim, provavelmente você está certa.

—Bem, obrigada. —Eu disse, apontando para os papéis.

Ela assentiu com a cabeça. —Ligue-me amanhã e vamos nos encontrar


antes do trabalho. Para arranjar-lhe algumas roupas.

Ela dirigiu-se ao escritório de Adam e eu saí. Ty manteve a porta aberta


para mim enquanto eu saía para o estacionamento. —Tivemos uma dança
diferente essa noite, senhorita Harlow.

—Eu sou um desastre completo, Ty.

Ele riu. —Você conseguiu o emprego, não foi?

—Sim. — Eu sorri orgulhosa de mim mesma. Passar em um teste para se


tornar uma stripper pode não ser algo que deveria ser motivo de orgulho, mas
caramba, eu estava orgulhosa. Levou muita coragem para eu fazer o que fiz hoje à
noite, e ser capaz de segurar o meu trabalho sem realmente ficar nua.

—Vejo você amanhã à noite, querida.

Acenei adeus e dei a volta ao lado do prédio até a parte de trás do lote
onde fui capaz de espremer o meu carro. O ar estava pesado e úmido, mesmo a
essa hora. Eu levantei meu cabelo por cima dos meus ombros e amarrei-o em um

41
nó confuso no topo da minha cabeça, para mantê-lo longe do meu pescoço. Eu
queria um chuveiro e cama. Se eu fizesse amanhã à noite o que fiz esta noite, eu
poderia pagar metade das minhas contas. Então eu só precisava pagar meu
aluguel e começar a pagar a minha taxa de matrícula.

Eu tinha que manter minha agenda escolar na pista. Eu tinha um plano de


quatro anos, que incluia um grau de bacharel, e eu tinha toda a intenção de fazer
isso acontecer.

Abri meu Toyota e entrei, ansiosa para ligar o ar-condicionado. Enfiei a


chave na ignição e a virei. O motor roncou. O carro não ligou. Eu tentei
novamente. Mesma coisa.

Eu gemi. —Hoje não. —Eu disse para o carro.

Então eu bombeei o pedal do acelerador (não é o que você deveria fazer?)


e tentei novamente. Isso não quer funcionar.

Encostei a testa no volante e considerei minhas opções. Eu poderia olhar


sob o capô e tentar corrigir o que estava com problema. Talvez fosse algo simples
como algo que tinha se desconectado.

Saí do carro, abri o capô e olhei para o motor imundo e gorduroso. Eca!
Estava tão escuro que eu não podia ver praticamente nada. O que eu podia ver
não pareceu estar quebrado.

Eu ri um pouco da minha incompetência, e deixei o capô cair de volta no


lugar.

Estava escuro aqui fora.

O estacionamento estava quase vazio.

Eram mais de duas horas da manhã.

Eu poderia chamar um táxi. Mas isso comeria o dinheiro que eu precisava


para pagar as contas.

42
Com um suspiro, eu caminhei de volta para a porta. Ty levantou uma
sobrancelha quando me viu novamente, mas abriu a porta para mim. Olhei ao
redor procurando Roxie, pensando que talvez ela pudesse me dar uma carona
para casa. Mas ela não estava ali. Olhei para o escritório de Adam e a porta estava
fechada. Se ela estava lá, eu realmente não queria incomodá-la. Isso parecia ser
algum tipo de violação de código de garotas.

—Eu pensei que você tivesse ido? —Disse Cam, vindo ao redor do bar.

Sua calça preta estava pendurada perigosamente baixa em seus quadris,


mas com o cinto no lugar. Espreitando apenas um pouco acima de sua cintura
estava uma faixa grossa de sua boxer cinza. A cor mais clara chamou minha
atenção como um ladrão em um cofre de banco aberto.

—Roxie está por aí? —Eu perguntei, me forçando a olhar a qualquer lugar,
além de seus quadris estreitos.

Ele encolheu os ombros. —Algo errado?

—Meu carro não liga.

—Eu vou olhá-lo.

—Eu já fiz isso. Está muito escuro para ver qualquer coisa.

—Você sabe sobre carros? —Disse ele, com as sobrancelhas subindo até a
metade da testa.

—Bem, não.

Ele riu, pegou uma jaqueta de couro preta, e foi em direção à porta do bar.

—Vamos.

Segui-o para a escuridão e até o meu carro traidor. Ele abriu o capô e
inclinou-se sobre o motor. Foi muito difícil não notar o quão firme seu traseiro
parecia naquela calça.

—Gire a chave, sim? —Disse ele, com sua cabeça ainda fora de vista.

43
Eu fiz o que ele pediu, e o motor não fez nada de novo.

—A bateria arriou. —Anunciou ele, fechando o capô.

Eu soltei um palavrão.

—Eu te daria uma carona, mas eu trouxe a minha moto para trabalhar esta
noite.

—Como é que a bateria arriou?

—Você deixou as luzes acesas ou algo assim?

Olhei para baixo. Meus faróis estavam na posição ligada. —Como isso
aconteceu? —Eu murmurei. —Não estava nem escuro quando eu vim trabalhar.

—Eu te darei uma carona.

Eu provavelmente liguei sem querer enquanto estava sentada aqui nervosa


antes do meu turno mais cedo. Droga, hoje não era o meu dia.

Mas, em seguida, suas palavras romperam a bronca que eu estava me


dando. —O que você disse?

—Eu te darei uma carona.

—Oh, você não tem que fazer isso.

—Talvez eu queira.

—Diz o mulherengo. —Eu brinquei. Foi mais um lembrete a mim mesmo,


para não me deixar levar por esse cabelo loiro e olhar escuro.

—Dito pelo chefe que já foi casado quatro vezes.

—Touché.

—Ela está bem ali. — Ele apontou para uma moto esportiva japonesa preta
e prata, contra o edifício.

44
—Eu não sei. —Eu murmurei, saindo do meu carro e mordendo meu lábio
inferior.

—Você já esteve em uma moto antes? —Perguntou Cam, deslizando a


jaqueta de couro sobre o peito nu. Mesmo assim, eu podia ver partes de seu
abdômen, e a parte superior de sua boxer no centro, onde a jaqueta estava
aberta.

Eu balancei minha cabeça.

—Esta noite está cheia de estreias para você, não é?

Eu senti meu rosto esquentar um pouco com o tom de suas palavras. Eu


não vou mentir algo quente começou a girar dentro de mim. —Eu não posso
acreditar que ele me contratou. —Pensei.

—Eu sabia que ele a contrataria. Você tem essa doçura sobre você que
ninguém mais naquele lugar tem.

—Eu não tenho certeza se isso é uma coisa boa.

—É uma coisa boa. Confie em mim.

Confiar nele. Eu nem sequer o conheço. Mas eu queria. Fiquei tentada.


Cara, como eu estava tentada.

Ele puxou a moto para longe da parede, rolando-a para frente e ocupando
o assento preto. Ele parecia tão no controle, tão poderoso sentado lá com todo
aquele metal e aço entre as pernas.

—Então, o que será Harlow? —Disse ele, com um ligeiro desafio em sua
voz. —Você quer uma carona?

Se eu não subisse na moto, eu me arrependeria para sempre.

Eu balancei a cabeça e dei um passo para frente.

45
Ele pegou um capacete preto na parte de trás da moto e estendeu-o a mim.

—Aqui.

—Onde está o seu?

—Esse é o meu.

Eu balancei minha cabeça. —Pegue isso.

Ele revirou os olhos e desceu da moto, certificando-se de que estivesse


estável antes de sair para ficar na minha frente. Sem dizer uma palavra, ele
estendeu a mão e puxou o elástico do meu cabelo. Mechas escuras caíram sobre
meus braços, fazendo cócegas em meus ombros.

Ele estendeu o elástico, o esticou com os dedos para que ele ficasse largo.
—Aqui. —Ele disse, apontando para a minha mão. Eu levantei meu braço e ele
segurou meus dedos, deslizando o elástico sobre o meu pulso.

Mas ele não se afastou ainda.

Em vez disso, ele passou os dedos ao redor dos meus, deslizando para
circundar meu pulso onde a ponta do polegar acariciava sobre a carne fina,
sensível, na parte inferior.

—Eu gosto do seu cabelo solto. —Ele murmurou, abaixando meu braço e
sua mão, apenas para se aproximar um pouco para que ele pudesse enterrar o
nariz no cabelo que caía sobre a minha orelha.

Meu coração estava batendo tão forte que era a única coisa que eu podia
sentir. Bem, isso e a maneira como até mesmo sua respiração fez cócegas nos fios
macios, e ecoou em meu ouvido. Meus músculos da coxa travaram, e eu fiquei

46
imóvel, porque eu estava com medo de que se eu me movesse, me derreteria em
uma poça a seus pés.

Cam afastou-se liberando seu aperto suave no meu pulso, e olhou para
baixo. Quando nossos olhos encontraram-se, senti o estalo do desejo nos
cercando, e então ele sorriu. Ele tinha uma covinha na bochecha esquerda.

—Eu vou ajudá-la. —Disse ele, com sua voz atingindo ao longo das minhas
terminações nervosas expostas e me fazendo tremer. —Está com frio? —Ele
perguntou, franzindo a testa.

—Não.

Eu peguei o olhar de reconhecimento em seus olhos quando ele estendeu a


mão e colocou o cabelo atrás da minha orelha. Ele sabia exatamente o que estava
fazendo comigo. Na verdade, eu acho que ele gostou disso.

Dois podiam jogar esse jogo.

Coloquei um dedo debaixo da gravata borboleta ao redor de seu pescoço.

—Eu gosto disso. —Eu disse, arrastando o dedo ao longo do tecido que
envolvia ao redor de seu pescoço.

—É? —Ele perguntou depois de um momento, com a voz rouca e


reveladora.

—Mm-hmm.

—Me dá coceira.

Eu fiz um som com a minha língua e deslizei o dedo em volta do tecido até
que minha mão estivesse presa entre o couro de sua jaqueta e a pele quente do
seu pescoço. Seu corpo endureceu um pouco quando os meus dedos tocaram em
cima dele, quando encontrei o fecho que segurava a gravata no lugar, e a desfiz
fazendo-a cair. Usando a palma da mão, passei ao redor da base da garganta
novamente, e então me afastei para olhar para cima.

—Está melhor?

47
Ele não disse nada, mas engoliu em seco, e eu dei-lhe um pequeno sorriso,
dobrando a gravata e colocando-a no bolso de sua jaqueta. Ele limpou a garganta
e colocou o capacete sobre a minha cabeça. Era pesado e um pouco grande
demais. Senti que se eu não mantivesse minha cabeça perfeitamente em linha
reta, o peso dele me tombaria.

—Eu pareço como um bubble head 3. — Eu reclamei enquanto ajustava a


correia sob o meu queixo.

—Um pouco. —Ele concordou e sorriu.

Antes que eu pudesse insultá-lo, ele fechou a viseira na frente e montou a


moto novamente.

—Suba. —Ele instruiu.

Graças a Deus eu estava de bermuda. Eu joguei minha perna por cima dela
e sentei. O assento era estreito e não muito confortável. Segurei-me com
dificuldade, tentando não escorregar para ele, mas a forma como o assento
inclinava era difícil não escorregar.

Coloquei minha bolsa entre nós e, em seguida, ele agarrou minhas pernas
logo abaixo dos joelhos e puxou. Meu corpo subiu contra ele todo de uma só vez.
Meus seios pressionaram contra suas costas, e me ocorreu que eu não coloquei
meu sutiã de volta uma vez que eu terminei o trabalho. Ele era completamente
malhado, e não havia nada, além da minha camiseta fina e sua jaqueta separando
a minha pele da dele, e... Ele estava sentado entre as minhas coxas.

A moto veio à vida abaixo de nós, vibrando das minhas pernas por todo o
caminho até o centro da minha virilha. Cam me alcançou por trás dele, puxando
meus braços e os envolvendo em torno de sua cintura, onde a pele sensível dos
meus pulsos tocava contra o seu abdome. Quando eu pensei que ele fosse se
afastar, ele não o fez, em vez disso ele achatou a palma da mão contra as minhas,
colocando-as entre a pele lisa que esticava sobre suas costelas. Sua pele estava

3
Não achei tradução para isso, então deixei no inglês. Bubble Head são aqueles bonecos que tem uma cabeça
grande fixada ao corpo por uma mola e que balança sozinha.

48
quente, como se nunca tivesse perdido o calor que recebeu durante todo o seu
tempo no sol.

—Segure-se. —Ele gritou por cima do ombro, ainda pressionando minhas


mãos contra ele, antes de soltá-las e agarrar o guidão.

A moto começou a deslizar sobre a calçada, e eu deixei meus braços


apertarem ao redor dele apenas um pouco mais. Nós nos movemos lentamente
no início. Ele era muito bom em manobrar a moto pelo estacionamento, e eu
comecei há relaxar um pouco. Os nervos que inicialmente tremeram ao subir na
moto relaxavam um pouco a cada segundo.

E então ele virou para a estrada principal.

A moto rapidamente pegou velocidade. Eu fechei meus olhos contra a


paisagem borrada em torno de nós. Eu não tinha certeza se era para viajar a essa
velocidade. Toda a tensão no meu corpo voltou mais um pouco, e me segurei
rigidamente, com medo de que se eu me deslocasse isso jogaria a moto para o
lado e nós bateríamos no tráfego próximo, ou pior, cairíamos.

Eu não percebi a maneira como seu corpo tremia em primeiro lugar porque
tudo sobre esta moto tremia, vibrava sobre o zumbido do motor, mas isso era
diferente. Ele estava rindo.

—O quê? —Eu gritei e, em seguida, fechei os olhos, certa de que apenas a


minha conversa nos faria sofrer um acidente.

Seus ombros balançaram mais. —Você está com medo! —Ele gritou por
cima do ombro.

—Não estou! —Eu gritei como uma criança petulante de cinco anos de
idade.

Sua mão grande e quente cobriu a minha onde eu estava segurando em seu
peito, e ele deu-lhe um aperto leve. Eu estava prestes a gritar com ele por dirigir
com apenas uma das mãos, quando ele falou novamente.

—Eu cuido de você.

49
Quatro palavras.

Como quatro pequenas palavras poderiam causar algo em mim de dentro


para fora, e depois inchar com a emoção?

Eu cuido de você.

Elas nem mesmo eram palavras particularmente excitantes. Mas havia algo
sobre a maneira como ele gritou enquanto cobria minha mão com a sua. Era
como se, em vez de me pedir para confiar nele, em vez de dizer-me para não ter
medo, ele estava me mostrando isso.

E eu acreditei nele.

Meus músculos relaxaram; eles tremiam ligeiramente do esforço de estar


tão tensa. De repente, percebi que estava colada contra ele. Parecia que cada
parte do meu corpo o tocava. Eu praticamente me enrolei em torno de seu corpo
em um abraço de urso gigante. Até mesmo meus tornozelos tinham se enroscado
em torno de suas panturrilhas.

Se eu não estivesse usando um capacete tão grande, eu não tinha dúvidas


de que meu rosto estaria pressionado contra suas costas e meu cabelo estaria
arrastando atrás de nós enquanto dirigia.

Era apenas mais uma razão para odiar este capacete.

Abri os olhos e olhei ao redor, realmente olhei.

Por causa da hora tardia, as estradas não estavam preenchidas com tráfego
como elas geralmente eram. Todas as lojas, os estúdios de tatuagem, os bares e
restaurantes, estavam iluminados com luzes de néon brilhantes e grandes placas.
Enquanto nós nos movíamos, as luzes nos atingiam, criando uma mancha de cor
na minha linha de visão.

O ar lá fora estava quente, mas viajando assim, o vento atingia minhas


roupas e corpo. Ele acariciava minha pele, criando arrepios em seu rastro, e eu
me encolhi um pouco mais perto de seu calor.

50
Assim que eu estava começando a apreciar o passeio, a moto abrandou
debaixo de mim, e diminuiu quando ele saiu da estrada principal, e dirigiu-se a
uma curta distância para um prédio de apartamentos, que se erguia do concreto
como uma força imponente.

Este não era o meu apartamento.

Pensando sobre isso, eu ainda não tinha dado a ele instruções para minha
casa.

Ele parou a moto em um local no meio-fio e desligou o motor. Eu me ergui


de seu corpo e levantei a viseira.

—Onde estamos?

—Minha casa.

—Você mora aqui? —Perguntei nervosamente enquanto ele descia e se


virava para mim.

—No terceiro andar. Eu a convidaria a entrar, mas eu não sou esse tipo de
cara.

Eu bufei. Aposto que ele não era.

Ele riu e gentilmente tirou o capacete da minha cabeça. Minhas mãos


foram automaticamente para o meu cabelo, porque eu sabia que provavelmente
estava amassado na minha cabeça como se eu estivesse usando uma rede de
cabelo.

—Viu, eu não te matei. —Disse ele, enganchando o capacete no lado da


moto.

—Você não me levou para casa também.

—Achei que poderia pegar meu carro e voltar para o bar. Eu posso ligar o
seu carro e, em seguida, você será capaz de levá-lo para casa. Você pode precisar
dele amanhã.

51
Na verdade, eu não precisava. —Você tem um carro e uma moto?

Ele apontou para um mustang conversível estacionado ao lado da moto. Era


vermelho cereja com estofado branco. —Sim.

Porra, eu não sabia o que era mais quente: a moto ou o carro.

—Eu gosto disso. —Eu disse, saindo da moto. Minhas pernas pareciam
engraçadas, como se as células dentro delas ainda estivessem vibrando, como se
elas pensassem que eu ainda estava andando na moto. Enquanto eu estava assim,
eu tropecei um pouco e caí contra seu peito. Automaticamente, os braços vieram
na minha cintura, e fiquei ali em seus braços, completamente aturdida enquanto
o calor corria por minhas veias e queimava cada célula ativa do meu cérebro.

—Suas pernas ficarão normais daqui a pouco. — Sua voz era um mero
sussurro. Ele não teve que falar alto porque eu estava debruçada contra ele. Ele
se afastou, ainda mantendo os braços em volta de mim, e olhou para baixo.
Nossos olhos encontraram-se, e o calor que tinha estado correndo através de
mim drenou para o meu estômago, reunindo no pé da minha barriga, e colocando
esta forte pressão para baixo contra o meu núcleo.

Eu me mexi, tentando conseguir um pouco de alívio, mas piorou porque o


meu corpo roçou em seus quadris.

Oh meu Deus. Eu estava agindo como uma adolescente hormonal.

Dei um passo para trás e ele me deixou ir, e eu me apressei em colocar


alguma distância muito necessária entre nós. Eu não sabia o que estava
acontecendo com meu corpo, mas ele estava enlouquecendo.

Ele puxou um conjunto de chaves do bolso e deu a volta para desbloquear


o lado do passageiro do Mustang. Eu entrei e dei um suspiro de alívio quando a
porta fechou-se atrás de mim. Nós não falamos no caminho de volta para o Mad
Hatter, e eu me ocupei em olhar para tudo, e não para ele.

Quando meu carro surgiu à vista, eu quis gritar com alívio, mas decidi que
poderia ser um pouco rude. Ele parou o Mustang bem na frente do meu Toyota,
de modo que os cabos chegassem de uma bateria a outra.

52
Antes que ele saísse do carro, eu coloquei a mão em seu antebraço. Ele
olhou para mim com uma expressão confusa.

—Eu realmente aprecio isso, Cam. —Eu disse a ele. —Você nem mesmo me
conhece e você saiu do seu caminho no meio da noite para me ajudar.

—Eu vou receber algo disso também. —Ele disse maliciosamente.

Eu levantei uma sobrancelha. —Vai?

Ele sorriu. —Eu me esqueci de mencionar que você me deve agora?

—Eu tenho certeza de que é a primeira vez que eu estou ouvindo sobre
isso.

Ele sorriu e caramba, mesmo no escuro sua covinha fez meu coração
derreter. —Você me deve Harlow.

—O que você quer?

—Eu ainda não decidi.

Algo sobre a maneira como ele disse isso causou uma comoção entrando
em erupção dentro da minha barriga. Parecia que havia minúsculas pessoas lá
fazendo polichinelos. Pessoas minúsculas muito desajeitadas.

Eu fiquei no Mustang enquanto ele levantava os capôs de ambos os nossos


carros e, em seguida, pegava os cabos de ligação de seu porta-malas. Quando eles
estavam ligados, ele bateu na janela e eu olhei; meus olhos colidindo com o ponto
de vista de seu abdomen definido. E sim, seu abdomen eram muito bonito, mas o
que fez as minhas mãos suarem, foi os pequenos entalhes em cada lado de seus
quadris... Você sabe esse V que realmente forma em caras malhados, e que levam
até... Bem, você sabe para onde.

Eu tive esse desejo incrível de passar os dedos sobre aquela parte dele,
para segui-la até o ponto onde terminava.

—Terra para Harlow. —Cam chamou, inclinando-se para olhar na janela.

53
Eu saltei como se tivesse acabado de ser pega roubando um banco, e corri
para abrir a porta. Ela abriu muito mais fácil do que eu pensava e se chocou
contra Cam, fazendo-o grunhir e dobrar-se.

—Cam! — Engoli em seco, fechando a porta e correndo para o seu lado.

—Eu sou tão desajeitada! Eu machuquei você?

Eu coloquei a mão em seu ombro e me inclinei para baixo assim que ele
estava se levantando, e sua cabeça se chocou contra a minha bochecha.

Quando batemos juntos, eu gritei e tropecei para trás quando a dor


lancinante atingiu toda a minha bochecha.

Uma série de palavrões saiu de seus lábios e ele agarrou minha cabeça,
inclinando-a para trás e virando meu rosto para que ele pudesse me ver sob as
luzes ofuscantes do estacionamento.

—Quantos anos você tem?

—Por que, eu tenho rugas? —Perguntei, olhando para ele estudando meu
rosto.

Ele revirou os olhos. —Não, você não tem rugas.

—Eu tenho vinte e um.

—Como diabos você conseguiu manter-se viva por vinte e um anos? —Ele
perguntou enquanto alisava a ponta do polegar em toda a carne macia do meu
rosto.

Doeu, mas eu quase não notei. Toda vez que ele se aproximava de mim, era
como se meu cérebro entrasse em algum outro universo, e nesse universo tudo
era composto apenas por ele.

Suas palavras seguiram o meu cérebro nesse universo em que eu estava.

—Como é?

54
Ele bufou. —Por favor. Como se você não soubesse do que estou falando.

—Eu consegui muito bem, obrigada!

Ele deixou cair às mãos, claramente decidindo que eu não estava ferida e
sorriu.

—Desde que conheci você, você tropeçou e caiu sobre seus chinelos, sobre
uma mesa, derramou cerveja em dois caras, conseguiu arriar a bateria do seu
carro, caiu sobre mim quando liguei minha moto, me bateu com a porta do carro
e, em seguida, bateu o rosto na minha cabeça.

—Você me bateu! — Rosnei, mas no fundo da minha mente, eu estava


pensando sobre essa lista impressionante. Uau, eu era praticamente um
apocalipse ambulante. Eu limpei a área ainda ardendo e orei para que eu não
tivesse um olho roxo. Isso não seria bom para gorjetas.

Ele segurou meu rosto de novo, inclinando a cabeça para trás para estudá-
lo novamente. —Ainda dói? —Ele perguntou baixo.

Eu balancei a cabeça.

Ele inclinou-se, sua respiração roçando meu rosto antes dele pressionar
seus lábios não uma, nem duas, mas três vezes sobre a área. Foram beijos leves,
mas eles me atingiram como um caminhão.

—Me desculpe, eu bati em você, baby. Vou fazer isso melhorar. —Então ele
me beijou novamente.

Eu passei meus dedos em torno de seus pulsos. Meu coração batia de


forma tão desigual que era difícil respirar. Eu me senti tonta por seus beijos, e
tudo que eu conseguia pensar era em ter só mais um.

—Sente-se melhor? —Ele murmurou enquanto agarrei-o a mim. Meus


olhos abriram e encontraram os dele, que estavam tão escuros, que pareciam
pérolas negras reluzentes.

55
Eu balancei a cabeça ligeiramente. Eu não me sentia melhor... Eu não
conseguia nem me lembrar do que me feriu em primeiro lugar.

Seus lábios curvaram-se em um meio sorriso, e então ele me beijou


novamente.

Nos lábios.

Era mais um daqueles beijos leves, mas, oh meu Deus, cada lugar dentro de
mim sentiu isso. Algo dentro de mim se abriu, algo que eu nem tinha percebido
que estava fechado... Como se houvesse esse lugar secreto e a combinação de
entrada fossem seus lábios.

Eu fiz um som suave quando ele levantou a cabeça, então ele veio de novo,
dando-me apenas mais um sabor dele.

Suas mãos caíram longe de mim e ele deu um passo para trás, mas eu não
podia me mover. Eu não conseguia nem respirar. A única coisa que eu podia fazer
era ficar lá, e deixar a sensação do beijo dele afundar dentro de mim, até que a
realidade viesse correndo de volta.

Pisquei. Tipo... Como se eu estivesse acordando de um sonho.

Ele me olhou, um olhar estranho em seu rosto.

Eu estava agindo como uma aberração. Como alguém que estivesse carente
de atenção, e que se agarrava a qualquer cara na primeira chance que tinha.

Que patético.

Limpei a garganta. —Então, vamos fazer isso ou o quê? — Eu passei por ele
e sentei-me no assento do motorista do Toyota. —Diga-me quando.

Ele deu a volta e foi até o Mustang, então sinalizou para eu girar a chave. Eu
fiz e nada aconteceu. Então, eu tentei novamente. Eu podia ouvi-lo acelerar o
motor do Mustang, então eu bombeei o acelerador um pouco e o motor
finalmente ronronou para a vida.

56
Dei um grito de alegria quando o carro roncou e não mostrou sinais de
estagnação.

Cam removeu os cabos de ligação, fechou ambos os capôs e me deu um


polegar para cima através do pára-brisa.

Saí do meu assento para buscar a minha bolsa no chão de seu carro, mas
ele me encontrou no meio do caminho, estendendo-a entre nós. —Você deve
deixar o carro funcionar por mais alguns minutos apenas para que a bateria
carregue um pouco mais.

—Acha que ele ligará amanhã? — Eu me preocupei.

—Acho.

—Obrigada novamente.

—A qualquer hora.

Ele levantou o dedo, sinalizando para eu esperar, e correu para seu carro,
colocou a mão dentro, e depois voltou para o meu lado estendendo um cartão
branco para mim.

—O que é isso? —Perguntei, segurando o cartão.

—Ele tem o meu número. Se você ficar presa ou precisar de uma carona
para o trabalho amanhã, me ligue.

Ele estava me dando o seu número de telefone. Um pouco de emoção


passou por mim. Olhei para a imagem de uma prancha enfiada em uma pilha de
areia.

Cam Malone

Pranchas personalizadas feitas sob encomenda

—Você faz pranchas?

57
Ele assentiu. —É um hobby, mas algum dia espero ter a minha própria loja
de surf.

—Uau, isso é incrível.

—Você gosta de surfar? —Perguntou. Eu podia ver a paixão pelo esporte


em seus olhos. Eu queria tanto dizer que sim.

—Nunca surfei. —Eu admiti.

—Você vive em Myrtle Beach e nunca surfou? —Ele ficou boquiaberto.

—Eu mudei para cá alguns anos atrás para a faculdade.

—De onde você é originalmente?

—Beaufort.

—Há praias por lá. — Ele zombou.

Dei de ombros. Surfar não era algo que eu um dia pensei em fazer. Até
agora.

—É claro, talvez seja melhor você ainda não experimentar. Você


provavelmente se afogará.

Ignorando seu tom de brincadeira, eu deslizei o cartão de visita no bolso de


trás do meu short. —Acho que o verei amanhã à noite.

—Você não quer saber o que você me deve?

Eu me preparei para alguma proposta selvagem. —Sim. O que?

—Venha surfar comigo.

Isso não era o que eu esperava ouvir. —Surfar?

Ele assentiu.

—Você não acabou de dizer que eu provavelmente me afogaria?

58
Seus dentes brilharam no escuro com seu sorriso rápido. —Você não se
afogará. Eu estarei contigo.

—E se eu te levar comigo?

—Você não vai afundar. — Ele fez uma pausa. —Eu cuido de você.

Interiormente, eu gemi. Ele disse as palavras mágicas. —Ok, eu vou.

—Eu vou todas as manhãs. Amanhã?

Eu fiquei boquiaberta. —Que horas?

—Geralmente em torno das seis.

—Como às seis da manhã? — Eu levantei uma sobrancelha.

Ele assentiu.

—Isso é desumano.

—Acho que você não é uma pessoa da manhã?

—De modo nenhum.

—Você me deve.

Suspirei. —Bem. Então eu não posso amanhã. Já passa das três da manhã.
Vou nos afogar se eu só tiver duas horas de sono.

—Depois de amanhã... — Ele inclinou a cabeça e deu um sorriso torto.

—Sim, tudo bem. Mas eu tenho que trabalhar às dez. Será tempo
suficiente?

Ele parecia um pouco surpreso.

—Você tem outro emprego?

Eu balancei a cabeça.

59
—Sim, este é o meu segundo emprego. — Eu realmente precisava do
dinheiro.

—O que você faz durante o dia?

Eu corei.

—Eu conduzo um carrinho de raspadinhas sobre a Broadway at the Beach4.


É apenas um emprego de verão.

—Qual é o seu sabor favorito?

—Abacaxi.

—Original. —Observou ele.

—E quanto a você?

—Cereja.

—Um clássico. —Eu disse enquanto ele se aproximava, mais uma vez
assumindo o meu espaço pessoal.

—O que posso dizer? —Ele murmurou. —Clássicos nunca saem de moda.

A maneira como ele se aproximou, olhando para os meus lábios, eu pensei


que ele me beijaria novamente. Um tremor de deliciosa antecipação moveu
através de mim enquanto eu esperava para ver se esse beijo seria qualquer coisa
como o último.

Mas ele não me beijou.

—Vejo você amanhã, Harlow.

Meus olhos abriram quando ele se virou e caminhou de volta para seu
carro.

4
Broadway at the Beach é um centro comercial e de entretenimento localizado em Myrtle Beach, Carolina do Sul.

60
Deixei escapar um suspiro. Eu esperei até que ele tinha se afastado antes
de entrar no meu carro e sair.

Levou todo o trajeto para casa para o meu ritmo cardíaco voltar ao normal.

61
Eu parei para um café no caminho ao trabalho na manhã seguinte. Mesmo
às nove e meia da manhã, as temperaturas estavam subindo, então eu pedi um
café com leite gelado para viagem. Hoje seria ridiculamente quente, e eu me
sufocaria. O que quer que me possuiu para aceitar esse trabalho, que obrigava-
me a estar fora durante todo o dia, estava além de mim. Oh espere! Eu sabia. Era
a mesma razão pela qual eu tinha um emprego como stripper. Eu precisava de
dinheiro.

Eu liguei o ar condicionado do meu carro tão forte quanto ele iria, para ter
essa sensação gelada na superfície da minha pele, porque na hora em que eu
pisasse lá fora de novo, eu não faria nada além de suar o dia inteiro.

Ah bem. Entre a transpiração e a dança, eu estaria em grande forma até o


final do verão.

Estacionei meu carro, e me dirigi para o pequeno quartel-general do


pequeno escritório das lojas onde os carrinhos de raspadinhas e suprimentos
ficavam armazenados. Eu usei minha chave para abrir a porta e entrar para
conseguir o que eu precisava para o dia.

Trabalhei rapidamente, estocando o carrinho com gelo e aromas.


Certifiquei-me de que tivesse dinheiro na caixa registradora e trocados suficientes
para eu iniciar. Eu meti o guarda-chuva dobrado debaixo do braço, o meu café,
que já estava esquentando, em cima do carrinho, e então fui para o meu lugar
perto da água.

Broadway at the Beach é uma das principais atrações turísticas de Myrtle


Beach. É como uma espécie de shopping ao ar livre onde as pessoas podem fazer
compras, comer, e ter um grande momento. Fica em torno de um lago, do tipo
que é o lar de grandes carpas laranja (que as pessoas podiam alimentar durante a

62
visita), e patos e aves de todos os tipos. As pessoas também podiam alugar barcos
a remo, e fazer passeios de barco capitaneados.

Havia também um mini golf, onde um dragão põe a cabeça para fora de sua
toca a cada trinta minutos, sopra fumaça, e faz um pequeno show para as pessoas
assistirem. É bonito, mas ouvi-lo mais e mais, todos os dias, deixou de ser bonito
para mim há muito tempo.

No outro extremo da Broadway encontra-se o Aquário de Ripley. É um dos


meus lugares favoritos para ir, mesmo quando ele está cheio de pessoas (que é
praticamente sempre). Eu sempre me senti isolada e calma ali. Toda a água, a
forma como os peixes nadavam alegremente pela água, era muito calmante para
mim, após um longo dia no sol e multidões. Oh, e o enorme ar-condicionado no
interior também ajudava.

Havia uma ponte de madeira em cada uma das extremidades da Broadway,


ligando cada lado das lojas. E foi em uma das extremidades dessas pontes que eu
estacionei meu carrinho.

Eu fiz isso rapidamente e coloquei o guarda-chuva para que pudesse ficar


abaixo dele e, pelo menos, estar na sombra. Minha camiseta, “Raspadinhas do
Céu”, já estava colando na minha pele, e eu enrolei as mangas até meus ombros
para permitir que mais ar se movimentasse. Então eu amarrei o excesso do
comprimento da camisa em um nó em minhas costas.

Uma vez que o carrinho estava pronto, sentei-me na minha cadeira na


sombra e tomei um gole de café, assistindo as pessoas, enquanto a multidão
começava a crescer.

Eu distribuí uma série de raspadinhas naquela manhã, porque o calor


estava brutal. Enquanto eu me escondia debaixo do guarda-chuva, ouvi o meu
celular tocar do bolso de trás do meu short branco.

—Alô?

—Violet!

63
Eu sorri. —Hey, Roxie. — Eu sabia que tinha que ser ela, porque quem mais
poderia me chamar de Violet?

—Você está pronta para esta noite?

Umm, na verdade, eu não estava. Eu estava tentando não pensar sobre o


fato de que eu tiraria a roupa de hora em hora hoje à noite.

—Não, na verdade. —Eu confessei.

—Você estará depois que nós formos às compras. Que horas você pode me
encontrar?

Eu não sairia daqui até quatro horas. —Quatro está tarde demais?

—Deve funcionar.

—Eu estou no trabalho agora na Broadway at the Beach. Você pode me


encontrar aqui mais tarde? No aquário?

—Perfeito. O lugar que eu quero ir é perto daí.

—Não é a Victoria Secret, é? —Perguntei, com um temor formando no meu


estômago. Havia uma loja VS bem perto do aquário. —Eu realmente não posso
pagar esse lugar agora.

—Ninguém pode pagar esse lugar. —Ela murmurou. —Não é. Eu conheço


um lugar local. A mulher vende praticamente para todas as meninas que
trabalham aqui, e em todos os clubes de strip.

Seu negócio deve estar crescendo, porque parecia que havia um clube de
strip em cada esquina aqui. Depois que combinamos de nos encontrar, eu
desliguei e coloquei meu telefone na bolsa. Olhei para o meu copo longo de café
vazio e suspirei.

—Sedenta? —Alguém disse no meu ouvido por trás.

Eu gritei e dei um chute no ar. Meu quadril pegou a ponta do carrinho, e eu


gemi e agarrei a área onde doía.

64
—Lá vai você de novo. —Ele falou por trás.

Eu girei. Era Cam.

—Cam? O que está fazendo aqui? —Eu disse, ainda esfregando o local no
meu quadril.

—Quer que eu a beije para melhorar isso? —Ele perguntou, com os olhos
escondidos atrás de um par de óculos de aviador espelhado. Mesmo assim, senti
o calor de seu olhar demorar nas minhas pernas.

Memórias de ontem à noite lotaram minha mente, e minha pele formigava


com a memória de onde ele me beijou.

—Não. —Eu disse com firmeza, embora o pensamento de seus lábios em


qualquer lugar perto de qualquer parte do meu corpo, literalmente deixava
minha boca seca, mas fez outros lugares no meu corpo ficarem muito úmidos.

Ele sorriu e maldição, ele parecia tão bom com um boné de beisebol para
trás na cabeça, os óculos de sol, uma camiseta sem mangas de cor escura e calção
de banho.

Ele até parecia bom em seus chinelos.

Nenhum homem parecia bom em chinelos.

Até agora.

—Era meu caminho do surf para casa, e eu tive um desejo por uma
raspadinha.

Eu ignorei a forma como os meus dedos ligeiramente tremiam enquanto eu


abria a caixa de gelo, e colocava um pouco de gelo raspado macio em um copo de
papel listrado.

Eu disse a mim mesma para me inclinar um pouco mais para dentro da


caixa de gelo, porque o frio era bem-vindo contra a minha pele torturada pelo
calor. Não tinha nada a ver com o fato de que eu estava tentando me recompor
antes de enfrentá-lo novamente.

65
Quando eu não podia adiar por mais tempo, eu me ergui e fechei a tampa,
estendendo a mão para o xarope com sabor de cereja. —Como as ondas estavam
esta manhã?

—Justas.

Eu ri. —Isso é uma coisa que surfista diria.

—Como é que você aguenta este calor o dia todo? —Perguntou ele,
tomando o deleite gelado vermelho encharcado por mim.

—Tem dias que são mais difíceis do que outros.

—Hoje? — Ele inclinou a cabeça e deu uma mordida no gelo vermelho,


ignorando a colher.

—Hoje não está fácil. — Eu admiti. —Mas eu só tenho mais algumas horas.

—Que horas você sai?

—Quatro. Então eu vou me encontrar com Roxie. Ela vai me levar às


compras para esta noite.

Ele fez uma pausa em sua raspadinha. —Eu amo meu trabalho.

Eu ri. Outro cliente se aproximou com dois filhos, e eu rapidamente fiz três
raspadinhas com as cores do arco-íris e entreguei a eles. Quando se afastaram,
me virei para Cam, mas ele já tinha ido.

Decepção me fez suspirar quando eu me joguei para trás em minha cadeira.


Do outro lado do caminho, o dragão enfiou a cabeça para fora de sua toca e
soltou um rugido. Revirei os olhos. Este calor estava me deixando ranzinza.

Poucos minutos depois, um copo de plástico gigante apareceu na frente do


meu rosto. Ele estava preenchido com limonada amarela clara, e várias fatias de
limão redondo. O copo estava cheio de gelo e líquido, e parecia tão refrescante
que eu realmente choraminguei.

66
Olhei para o copo, paralisada, dizendo a mim mesma que minha mente
estava conjurando miragens porque eu estava exausta com esse calor. Enquanto
eu observava, o copo chegou mais perto até que ele foi pressionado contra minha
bochecha, e depois minha testa. Suspirei. Isso me fez sentir incrivelmente bem.

Em seguida, o copo deslizou para baixo, até que o canudo cutucou meus
lábios e eu o puxei entre eles, tomando um gole do líquido doce e azedo. Senti
sua temperatura gelada mergulhar por todo o caminho até a minha garganta, e
depois espalhar através do meu estômago, revestindo-o em uma onda gelada.

Eu gemi porque era provavelmente a melhor bebida que já tive. O limão


estava perfeitamente refrescante e, o gelo estava frio e crocante.

—Você continua fazendo esses sons e eu vou lhe trazer um desses a cada
dia.

Meus olhos abriram e eu me virei. Cam sorriu e tirou o copo para que eu
não o batesse para longe de suas mãos.

Bem, eu não fiquei envergonhada. Eu também era uma idiota, pensando


que meu copo de limonada era uma miragem.

—Você trouxe isso para mim?

Ele assentiu.

—Obrigada. Eu realmente precisava disso. Esqueci-me de colocar a minha


água extra no carrinho antes de vir para cá.

—Você me deve mais uma vez. —Disse ele, inclinando para colocar a
limonada ao lado do caixa.

Cruzei os braços sobre o peito. —Eu já vou surfar com você. O que mais
você quer? —Eu disse isso como se eu estivesse irritada, mas eu não estava. O
pensamento de dever a Cam algo me deixava tonta, e eu secretamente não podia
esperar para ouvir o que viria em seguida.

—Ainda não decidi.

67
Eu arqueei uma sobrancelha.

Ele deu um passo para frente e deu um beijo na minha testa. —Beba sua
limonada enquanto ainda está fria.

Eu não respondi por que ele estava me tocando, e tudo que eu conseguia
pensar era como ele cheirava como óleo de coco e oceano, e como seus lábios
estavam frios contra a minha pele.

—Te vejo hoje à noite. —Ele disse e, em seguida, virou-se e afastou-se.

Ele nem sequer olhou para trás.

O que provavelmente foi uma coisa boa, porque eu não conseguia tirar os
olhos dele até que ele estava fora de vista. Voltei-me para a limonada, olhando
para ela enquanto eu voltava para minha cadeira. O exterior do copo já estava
suando, e vi quando uma gota de água escorreu por ele. Então, algo em torno do
lado dela chamou minha atenção.

Eu me inclinei para frente, peguei o copo, e girei-o para olhar.

No suor gelado, Cam tinha desenhado um coração.

HushHush estava localizado a poucas milhas da Broadway at the Beach,


mas que poderia ter sido uma centena de milhas de distância, porque aqui era
uma área muito menos turística, e mais uma área aonde os moradores vinham
quando eles não queriam lidar com multidões e turistas.

Era uma pequena loja localizada entre uma padaria e uma tabacaria. Tinha
bom gosto na frente; cortinas roxas que revestiam as janelas, e apenas uma
pequena placa na porta com o nome da loja.

68
Roxie sorriu como um pirata que encontrou o tesouro quando ela abriu a
porta e fez sinal para eu entrar.

O interior não era de tão bom gosto ou... Digamos... Discreto como o
exterior, e parte de mim se sentia como uma freira, porque eu estava um pouco
envergonhada.

As paredes foram todas pintadas de um tom profundo de ameixa, e


pareciam feitas de algum tipo de rocha. A cor escura fez o interior parecer íntimo
e ousado. Havia grandes cartazes pendurados nas paredes em molduras douradas
vistosas. Os cartazes eram todos de mulheres em lingerie sexy deitadas em camas
desfeitas, sentadas provocativamente em cadeiras ou entre outras mulheres, ou a
si próprias girando ao longo de um poste de stripper.

Em um par de cartazes na parte traseira, as mulheres estavam


completamente de topless.

No teto, havia um lustre pendurado na mesma cor dourada berrante, com


cristais pendurados. Entre os cartazes havia prateleiras flutuantes, todas com
cabeças de manequim ostentando perucas em todas as cores e estilos. Havia um
balcão de maquiagem na parte de trás, e um sofá de veludo com estampa de
leopardo no centro da sala, empoleirado em cima de um tapete de pele falsa
branco.

E em todo lugar havia roupas.

Se você chamasse o que estava nas prateleiras até nos balcões de roupas.

Para mim, mais parecia realmente como biquínis minúsculos.

Do meu lado, Roxie riu e eu olhei para ela. —Eu amo novatas. —Disse ela
com um sorriso.

Então não era só eu. Ela também sabia que este lugar era de outro mundo,
ela só estava acostumada. Eu acho que se eu viesse aqui muitas vezes, a
decoração e nudez ao meu redor perderia um pouco de sua surpresa.

—Honey. —Roxie chamou atrás de mim. —Estou aqui.

69
Poucos minutos depois, uma mulher com pele escura e uma peruca
vermelha brilhante saiu da parte de trás. Ela não era uma mulher pequena,
provavelmente próxima a 1,70 de altura, com uma vasta estrutura, que parecia
desfrutar muito da culinária sulista. A peruca tinha um corte ultra-elegante, que
terminava em seus ombros, e era o tipo de vermelho que você poderia tirar de
um pacote de Kool-Aid.

Ela estava vestida com uma túnica dourada solta, que brilhava quando ela
se movia, e ela tinha um anel em quase todos os dedos, e o maior sorriso mais
feliz que eu já tinha visto em alguém.

—Roxie, garroooootaaa. —A mulher chamada Honey ronronou. —Você


está bonita.

—Você também, Honey, você também.

Os olhos de Honey viraram para mim.

—Honey, esta é a minha nova amiga, Violet. Ela é nova no Mad Hatter.

Os olhos castanhos da mulher iluminaram-se, e ela avançou para mim,


dando-me um enorme abraço de urso. —Bem-vinda garota. —Ela exclamou.

—Qualquer amiga de Roxie é uma amiga de Honey também.

Ela me puxou para trás e me olhou. —Você precisa de um pouco mais de


carne sobre os ossos. Os homens querem algo para agarrar-se quando colocam as
suas mãos.

Eu senti minhas bochechas florescerem com manchas cor de rosa brilhante.

Honey riu. —Está tudo bem, garota. Eu continuo dizendo à Roxie aqui a
mesma coisa.

Roxie assentiu sabiamente.

—Então, que tipo de coisas você precisa? —Ela me perguntou, olhando-me


outra vez.

70
—Eu... — Comecei, mas Roxie me cortou.

—Ela precisa de tudo.

Honey fez um som uhmmmm e dirigiu-se para as prateleiras. Roxie e Honey


começaram a falar muito rápido, e segurando pedaços de tecido, debatendo e
rindo sobre tudo o que diziam. Roxie levantou algumas coisas para si mesma,
enquanto Honey continuou a aumentar a montanha em sua mão, e eu comecei a
me preocupar sobre o quanto todo esse tecido lá me custaria.

Então ela levantou uma tanga.

—Não! —Eu disse, me intrometendo na conversa que eu tinha


propositadamente ficado de fora. —Eu não vestirei nada como esse fio dental de
bunda.

—Fio dental de bunda? —Honey disse e olhou para mim com os olhos
arregalados.

Roxie começou a rir, e depois Honey explodiu em uma enorme gargalhada


barulhenta. As duas riram por uns bons dez minutos. Quero dizer, eu comecei a
ficar entediada. Eu realmente não sei o que era tão engraçado sobre enfiar um fio
dental em sua bunda.

Quando finalmente pararam de rir, Honey pegou a tanga fio dental, e


anunciou que não acrescentaria “fio dental de bunda” na pilha.

—Eu não quero nada muito reduzido também. —Eu disse a ela.

Ela olhou para mim como se eu tivesse três cabeças.

—Quero deixar algo para a imaginação. Quero que as pessoas me


perguntem o que eu vou mostrar quando chegar ao palco. Eu não quero ser
vulgar. —Eu terminei, sentindo-me envergonhada. Eu não queria que qualquer
uma delas pensasse que eu estava insultando-as, porque eu não estava, mas eu
tinha meus próprios limites pessoais que eu queria aderir.

71
—Violet é o seu nome artístico, não é? —Perguntou Honey, olhando para
mim novamente.

Eu balancei a cabeça.

—Seu verdadeiro nome é Harlow?

—Como você sabe disso? —Perguntei, olhando para Roxie. Roxie deu de
ombros.

—Ty me disse que havia uma menina nova, uma senhorita Harlow no bar, e
que ele disse para ela não ser vulgar.

Eu sorri. —Você conhece Ty?

Roxie riu.

—Criança, eu sou a melhor metade de Ty.

Eu tentei não bocejar. —Você e Ty são casados?

—Você acha que aquela barra de chocolate de homem estaria andando por
aí solteiro? —Ela disse, acenando com o dedo na minha cara.

Eu realmente não tinha pensado sobre isso, na verdade. Mas agora que eu
pensei... —Não, eu não acho.

—Mmhmmm. —Disse ela e empurrou a pilha de roupas para mim. —Leve


sua bunda magra para a parte de trás e experimente algumas dessas.

Corri em direção à traseira, parando para olhar dentro do balcão de


maquiagem, esperando encontrar um pouco de pó de brilho corporal.

Só que este não era um balcão de maquiagem.

Estava cheio de... Hum... Massageadores pessoais.

Um deles era tão grande e irregular, que eu tinha certeza de que não havia
nenhuma maneira no inferno de alguém poder pensar que era bom... lá.

72
Após esse pensamento, eu me afastei e corri atrás da cortina onde o
provador ficava.

Metade das coisas da pilha que trouxe até aqui, eu não consegui descobrir
como colocar. Algumas peças eram inteiramente transparentes, e uma foi feita do
que eu suspeito fortemente ser rede de pesca. Essas todas ficaram no chão.

Percebi que uma stripper tinha que parecer sexy. Percebi que uma stripper
tinha que ser desejável e divertida.

Mas essa stripper aqui tinha suas próprias ideias.

Enquando eu mexia nas roupas, por algum motivo a imagem do meu ex-
namorado passou pela minha memória. Você não passa de uma provocação, ele
zombou de mim no dia em que o confrontei sobre espalhar boatos sobre mim por
toda a escola. Eu não sei por que meu cérebro decidiu trazer isso à tona neste
momento, mas eu estava feliz que aconteceu... Porque me deu uma ideia.

Uma ideia que eu meio que já experimentei e que tinha funcionado.

Se funcionou uma vez, então por que não funcionaria novamente?

Sorri para mim mesma no espelho, e tirei um par de coisas do fundo da


pilha. Eu levantei um corpete preto com um zíper na frente, e balancei a cabeça.
Eu o deixei sobre a poltrona na área de vestir, e escolhi ligas pretas até as coxas
para segurá-lo. Então eu procurei até que encontrei uma calcinha preta com
pequenas partes de renda preta em cima dela.

Era sexy como o inferno, e deixava pouco para a imaginação, mas em certos
ângulos, eu não tinha dúvida de que dava um bom visual. Em seguida, havia o
zíper... Eu poderia ter todo o tipo de diversão com um zíper.

Em seguida, tirei uma roupa prata. Parecia um maiô de uma peça simples,
exceto que sobre os seios era de material roxo transparente em forma de estrela.
Ele tinha um brilho, e enquanto eu trocava de roupa, as estrelas captavam a luz e
brilhavam.

73
Eu me perguntei o quão revelador seria, então eu me apressei em colocá-
lo, em seguida, virei-me para olhar para mim mesma no espelho.

Choque me fez olhar duas vezes.

O material era grosso e apertado. Moldava todas as minhas curvas, e na


parte dos seios dava uma levantada que me concedia um decote espetacular.
Você poderia ver um pouco do mamilo através das estrelas, mas eu não acho que
seria totalmente embaraçoso.

Ficava bem alto em torno das coxas, e quando me virei para olhar para
minha bunda, eu engasguei um pouco, porque havia mais para ver através do
roxo lá atrás. Na forma de mãos. Parecia que alguém estava agarrando minha
bunda.

—Eu quero ver alguma coisa! — Roxie exigiu.

Eu puxei a cortina para trás e desfilei colocando minhas mãos em meus


quadris. —O que você acha?

—Eu acho que você tem que comprar isso. —Disse Roxie.

—Docinhoooo. —Honey cantou, vindo de frente. —Eu tenho algo para isso.

— Ela apareceu segundos depois com uma peruca roxa. Antes que eu
pudesse protestar, ela deslizou sobre a minha cabeça, colocando o meu cabelo
escuro por baixo e suavizando-a.

Ela fez um som com a boca quando se afastou para olhar para sua obra.

Eu me virei e olhei no espelho. A peruca batia no meu queixo e enrolava


ligeiramente nas pontas. Havia uma franja pesada que caía um pouco acima dos
meus olhos. Minhas íris azuis praticamente brilhavam com todo o roxo em torno
delas, e os meus lábios pareciam mais rosados.

Roxie apareceu no espelho ao meu lado. —Está perfeito.

—Você não acha que a peruca é demais?

74
—Definitivamente não. Especialmente com os holofotes sobre você quando
está no palco.

Eu estudei mais um segundo e decidi que ela estava certa. Esta não era uma
roupa que eu um dia fosse sair com ela. De fato, eu provavelmente a enterraria
na parte de trás do meu armário até que eu tivesse que levá-la para o trabalho,
mas isso seria incrível no palco, porque era para isso que estava destinada. E se
encaixava exatamente com o tipo de aparência que eu queria... Sem mostrar
muito, mas não tão pouco.

Eu sorri secretamente para mim.

Violet seria uma provocação.

75
Cam estava saindo de sua moto quando eu estacionei na parte de trás do
lote, como fiz na noite anterior. Desta vez, me certifiquei de que meus faróis
estivessem desligados. Embora, parte de mim estivesse tentada a deixá-los
ligados, para Cam ter que ligar o meu carro novamente.

Uma vez que saí do carro, fui até a parte de trás para retirar a sacola preta
cheia com os meus novos itens da loja de Honey. Eu estava muito feliz com as
escolhas que fiz. Algumas eram um pouco mais picantes do que outras, mas eu
decidi tentar e olhar para isso como um negócio, como se fosse nada além de um
trabalho, e esperava que isso fizesse o ato de desfilar de calcinha um pouco mais
suportável.

Cam encostou-se ao lado do meu carro quando eu fechei a porta de trás, e


joguei a sacola por cima do meu ombro. Foi a primeira vez que eu o tinha visto
completamente coberto.

Meus olhos meio que sentiram falta da pele.

Ele estava vestido com calça de trabalho preta, sapatos pretos, uma espécie
de camisa preta e uma jaqueta de couro preta. Era uma jaqueta de motoqueiro
com zíperes nos bolsos, e um colar que descia em torno de seu queixo quadrado.

Seus braços estavam cruzados sobre o peito e ele me olhou de cima a


baixo. De repente, desejei estar usando algo diferente do que um short de
algodão azul-claro e uma camiseta azul bebê listrada.

Pelo menos meu cabelo estava arrumado. Eu tinha tido tempo para enrolá-
lo depois do meu banho, e ele caia em ondas espirais soltas por todo o caminho
até os ombros. Eu decidi manter minha maquiagem ao mínimo, porque achei que
ninguém olharia para a minha cara de qualquer maneira. Apenas uma camada de
batom e rímel adicional era o suficiente.

76
—Pensei em me certificar de que você tinha se lembrado de desligar os
faróis, e não tropeçaria e cairia no seu caminho para dentro. —Disse ele,
observando-me preguiçosamente.

—Ha. Ha. —Eu disse, balançando a sacola e atingindo-o no peito.

Ele fez um som oomph e pegou-a, puxando-a e levando-a para mim.

—Nós ainda estamos combinados para amanhã de manhã?

—Dívida é dívida. —Eu disse, sorrindo.

—Quer que eu te busque?

—Claro, eu provavelmente ainda estarei meio dormindo de qualquer


maneira.

—Você pode me dar seu endereço quando chegarmos lá dentro.

Eu balancei a cabeça.

—Você está pronta para esta noite?

Deixei escapar um suspiro. Meus nervos começaram a dar trabalho quanto


mais perto o relógio ficava de marcar sete horas. —Eu acho que nunca estarei
pronta para isso.

—Você sabe que os caras aqui... Eles não estão autorizados a tocar em
você. Se qualquer um deles cruzar a linha, você grita por Ty ou um dos outros
seguranças.

—OK.

Ele parou e agarrou meu braço, puxando-me suavemente. —Quero dizer


isso, Harlow. Se alguém fizer você se sentir desconfortável, você grita. Se você
não conseguir encontrar um segurança, você grita por mim, ok?

Fiquei ainda mais nervosa com o aviso que ele estava me dando. —Alguma
menina foi... Ferida antes?

77
Ele soltou meu braço e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha
orelha. —Não. Adam sempre foi muito atento sobre como manter a segurança de
todos.

—Então, por que a necessidade desse aviso sinistro?

—Merda. —Ele xingou e passou a mão pelo cabelo. —Eu não queria te
assustar. Eu só queria que você soubesse que... —Sua voz desapareceu e, em
seguida, ele xingou novamente. —Eu só...

—Você só queria que eu soubesse que você cuidaria de mim. —Eu


sussurrei, sentindo meu peito inchar um pouco.

Alívio penetrou em seus olhos e ele sorriu. —Exatamente.

Senti meus próprios lábios inclinarem para cima. —Sim, eu sei.

Dentro do bar, escrevi meu endereço em um guardanapo, e deslizei através


do balcão, enquanto Cam lavava alguns copos e abastecia o bar.

Já havia uma multidão aqui, e eu sabia que no fim da noite o lugar estaria
lotado. Com quinze minutos até que eu tivesse que estar no palco, fui até os
bastidores, e coloquei minha sacola na minha penteadeira pequena. Eu
desempacotei meus cosméticos e, em seguida, tirei a peruca com a cabeça de
manequim branca e a deixei na frente do espelho. Tinha sido um presente de
Honey. A peruca ultrapassava meu orçamento, mas ela me fez levá-la, dizendo
que foi feita apenas para mim.

Sua loja poderia ser exagerada, mas ela estava certa sobre isso. Eu sorri
pensando na forma como ela me chamou de “docinho”.

As meninas estavam todas na parte de trás, vestindo e falando entre si. Eu


me senti um pouco estranha, como se eu não pertencesse àquele lugar, mas
estava grata que tinha minhas roupas e coisas para ocupar minhas mãos, e não
estava apenas em pé como um cordeirinho perdido.

A maioria das meninas aqui era exuberante e alta com os corpos de


modelos. Na verdade, algumas delas provavelmente poderiam ser modelos. Eu

78
me perguntei por que elas não faziam isso em vez disso, mas não era da minha
conta perguntar. Afinal de contas, eu estava fazendo isso também.

Nenhuma delas parecia chateada ao mostrar muito de sua pele também.


Raios, um par de meninas estava completamente de topless e vestindo apenas
uma tanga. Isso me fez começar a duvidar do meu plano e as minhas escolhas de
roupas... Minha roupa tinha muito mais tecido do que as dessas meninas.

Decidi apenas dar-me uma chance (e pesar um pouco mais na maquiagem).


Se não desse certo esta noite, talvez Adam fosse me deixar servir às mesas, e se
ele não deixasse, eu poderia sair e encontrar outro emprego.

Sentindo-me um pouco melhor, eu coloquei a roupa preta com o espartilho


e meias até o alto da coxa. Lutei um pouco com a liga, mas uma das meninas
chamada Candy se ofereceu para me ajudar, e em algum momento, já tinha
arrumado tudo e estava colocando meus sapatos de salto alto pretos (o único par
de sapatos realmente agradável que eu possuía). A última coisa que fiz foi colocar
a extensão do cabelo roxo no meu cabelo, e fazer-lhe uma onda rápida para
combinar com o resto.

Roxie não estava aqui ainda para me dar uma conversa estimulante, por
isso optei por levantar minha bunda daqui e ir até o palco me apresentar. Graças
a Deus ela me emprestou um de seus CDs com músicas mixadas, para um
conjunto de rotinas que ela não tinha usado em vários anos. Ele já estava com o
DJ, e eu disse-lhe para tocar as músicas em ordem, enquanto eu aparecia no
palco para fazer minhas rotinas.

E então, era a minha vez. Candy me fez sinal para o palco por trás da
cortina, eu estava tremendo e tão nervosa, que senti como se fosse vomitar ali
mesmo, na frente de todos.

Eu ainda não sabia o que faria.

O DJ me anunciou e, em seguida, os holofotes se voltaram sobre o centro


do palco, iluminando um círculo de luz no chão. Todo o resto em torno dele
estava completamente escuro. A multidão no bar tinha acalmado, e eu podia
ouvir as batidas do meu próprio coração.

79
A música começou a tocar.

Era algo com uma batida pesada que fez meus quadris quererem balançar
um pouco mais do que o habitual. Isso poderia funcionar.

Respirando fundo, saí de trás da cortina, e no último momento, agarrando


uma cadeira de madeira branca e arrastando-a atrás de mim com uma das mãos
enquanto andava. Eu fiz o meu melhor em caminhar ao longo do piso, dando os
passos não tão longos, e realmente gingando meus quadris enquanto me movia.

Quando cheguei ao círculo de luz, movi-me em torno dele para que eu


arrastasse a cadeira para o centro, e a deixei com a parte traseira voltada para a
multidão. Eu ainda estava no escuro.

A música evoluiu um pouco, soando uma batida um pouco mais forte, e eu


entrei na luz, mantendo-me de costas para a multidão. Então eu abri minhas
pernas, plantando meus saltos no chão, e me inclinei, deixando minhas mãos
tocarem o chão. Em seguida, rapidamente minha bunda abaixou, e como eu
estava, eu empurrei-a para cima para que todos tivessem uma visão rápida da
minha calcinha.

Alguns caras assobiaram e então eu me ergui. Peguei o encosto da cadeira


e sentei nela, girando os quadris como se estivesse montando um touro
selvagem. Então eu estendi a mão para o zíper, abaixando-o entre meus seios.

Eu fiquei assim durante vários momentos, desfilando ao redor do palco,


especialmente na parte que se projetava para a multidão. Eu até pisei com a
ponta do meu salto alto em uma mesa próxima e, me sentindo corajosa, inclinei-
se e lambi minha perna.

Sério? Quem acha que isso é quente? A menina interna em mim disse.

Eles acham, outra voz respondeu. Aparentemente, um alter ego mau que
tinha a sua residência dentro de mim sem o meu conhecimento.

O alter ego mal estava certo, apesar de tudo. Um cara enfiou uma nota de
vinte no topo da minha meia.

80
Num impulso, agarrei-o pelos cabelos (eu estava mais alta do que ele,
porque eu estava no palco) e puxei-o de volta, e os homens ficaram loucos. Então
eu deslizei meu peito ainda bastante coberto em seu rosto e, em seguida,
empurrei-o para longe.

Ele caiu de joelhos e colocou a mão sobre o coração.

Oh, por favor, disse minha voz interior.

Desfaça o seu zíper, pediu o alter ego mau.

Eu aceitei seu conselho e deslizei um pouco mais para baixo. Então eu


levantei um dedo e arrastei-o todo o caminho entre os meus seios, e fiz o
caminho de volta novamente.

Enquanto a música desenvolvia, eu fiz mais algumas ondulações e


sacudidas e, em seguida, caminhei em direção ao fundo do palco perto da
cadeira.

Quando as últimas notas da música foram tocadas, subi na cadeira,


levantei-me, e me coloquei de costas para a multidão. Então eu desfiz o resto do
zíper, deslizando o espartilho até que expos meu corpo.

Eu não podia nem ouvir as batidas do meu coração sobre o assobio e vaias.

Eu inclinei minha cabeça para trás, enquanto girava para mostrar-lhes os


meus bens... E então, a música terminou e os holofotes se apagaram.

A escuridão me escondeu completamente.

Deixei escapar um enorme suspiro e corri para fechar o espartilho de volta


ao meu redor.

Saí da cadeira onde estava, recolhi todo o dinheiro do palco e, em seguida,


corri para trás da cortina.

Roxie estava lá esperando. —Droga, Violet.

81
—Foi tudo bem? —Eu me preocupei, pois estávamos nos bastidores. Eu
não tinha mostrado um único vislumbre das minhas partes realmente privadas.

—Você está de brincadeira? Eu nunca tinha visto homens tão fascinados


por uma mulher que ainda estava usando roupa.

Eu ri.

Mas então eu dei uma olhada no rosto dela na luz mais brilhante dos
bastidores. —O que está errado?

—Nada.

—Parece que você andou chorando.

—Não é grande coisa.

—Eu sei que nós não nos conhecemos muito e tudo mais, mas se você
precisar conversar, eu vou ouvir.

Roxie sorriu. Seu cabelo comprido, quase negro caiu sobre o ombro.

—Obrigada.

Eu balancei a cabeça quando ela se afastou para preparar-se para sua


rotina. Eu me perguntei se ela estava atrasada pela mesma razão que os olhos
estavam um pouco inchados. Mas eu não tinha certeza se deveria pressionar a
questão. Quero dizer, ela poderia estar me ajudando aqui, mas isso não
significava que ela queria confiar em mim.

Eu dei de ombros, fui me verificar no espelho, e decidi usar essa roupa


enquanto servia pela próxima hora. Em vez de apenas empurrar o meu dinheiro
na minha bolsa e deixá-la aqui, eu endireitei tudo, dobrei e coloquei no bolso do
pequeno avental preto que eu amarrei ao redor da minha cintura. Eu preferia tê-
lo comigo a deixar aqui. Eu não acho que as meninas o levariam, mas eu não as
conhecia e não estava prestes a confiar nelas.

Roxie estava colocando um colant de elastano quando deixei o local e fui


para o bar.

82
Cam me esperava com uma bandeja cheia de bebidas. Eu sorri quando o vi
e meu coração pulou uma batida. Eu não pude me conter e me perguntei se ele
havia gostado da minha dança, se ele me achou sexy.

Eu agarrei a bandeja quando ele se inclinou ao longo do bar, e estendeu a


mão. Usando o polegar, ele o passou ao longo do meu lábio inferior. —Batom. Ele
disse apenas alto o suficiente para eu ouvir.

Seu toque enviou pequenos deliciosos arrepios pelas minhas costas.

—Obrigada.

—A qualquer hora, linda.

Depois disso, o bar ficou ocupado muito rápido. Eu não tive tempo para
conversar com qualquer pessoa, incluindo Roxie. Eu estava tão ocupada rindo e
sorrindo e servindo bebidas, que as horas passaram sem que eu sequer pensasse
na minha próxima dança.

Cada uma era semelhante à primeira, mas todas as minhas roupas


mudavam, a música mudava, e eu tentei me deslocar para diferentes mesas e
lugares. Uma vez eu sentei no colo de um homem. No tempo todo em que fiz
isso, porém, minha mente gritava para eu encontrar o desinfetante para as mãos
quando me levantasse.

Para minha dança final, eu repeti a da noite anterior, com o short cortado e
o top branco na parte superior. Só que desta vez eu não derramei a jarra de
cerveja. Eu só derramei água sobre mim mesma.

Fiz seis centenas de dólares só dançando. Fiz outros duzentos servindo


bebidas. Eu estava praticamente tonta com o fato de que eu fiz oito centenas de
dólares em uma noite.

Eu mal ganhava isso em um mês inteiro no carrinho de raspadinhas.

Eu gosto deste trabalho?

Não.

83
Será que eu admitiria a alguém que eu era uma stripper?

Provavelmente, nem mesmo com uma arma.

Eu continuaria fazendo isso?

Oh sim.

Uma vez que o meu turno acabou, eu troquei para o meu short de algodão
e camiseta azul bebê, finalmente, tirando os saltos (meus pés estavam
oficialmente mortos), e ficando confortável com meus chinelos. Eu usei um lenço
de limpeza para tirar a maioria da minha maquiagem e, em seguida, puxei meu
cabelo para trás em um rabo de cavalo alto. Isso me fez sentir mais como eu e
menos como Violet.

Eu estava começando a pensar que eu estava criando uma espécie de alter


ego para mim com Violet, um eu mais extrovertido e louco. Ou talvez eu só
estivesse tentando encontrar uma maneira de lidar com o fato de que eu era uma
stripper.

No meu caminho, eu parei no banheiro para lavar as mãos, e Roxie estava


lá, em seu celular, e ela estava dizendo:

—Por que eu deveria ser a única a me mudar quando você é o homem-


puta!

A linha ficou em silêncio por um segundo e, em seguida, ela bufou. —Bem!


Eu não quero viver lá de qualquer maneira. Todo o lugar provavelmente está
infestado com herpes!

Ela apertou um botão na tela e fez um som, então girou, e seus olhos se
arregalaram quando ela me viu.

—Sinto muito, eu não sabia que havia alguém aqui. —Eu gaguejei, tentando
encobrir o fato de que praticamente tinha acabado de escutar a conversa.

—Está tudo bem.

84
Movi-me para a pia e lavei as mãos. Quando eu peguei algumas toalhas de
papel, ela disse. —Eu peguei meu namorado na cama com alguma puta
desagradável e agora ele quer que eu saia.

—Ele quer que você saia?

—Ele diz isso porque fui eu quem terminou tudo, e deveria ser a única a
sair.

—Que otário.

—Não é? — Ela deu um meio sorriso. —Esta não é a primeira vez que o
peguei me traindo, mas será a última. Ele acha que porque eu sou uma stripper
ele não tem que ser fiel ou algo assim. Ele acha que não tem que me respeitar.

—Você é muito melhor do que isso. —Eu disse a ela.

—Sim. Eu sei. —Ela me deu um sorriso fraco. —Eu nem sequer o amava
mais já por um longo tempo. Ele é realmente muito bom em conseguir que eu
fique.

—Bem, se você continuar a ficar, então pode perder um cara realmente


ótimo quando ele aparecer.

—Você acha que há algum mocinho deixado lá fora?

—Eu, com certeza, espero por isso.

Ela riu.

—Ei, por que você não mora comigo?

Ela olhou para cima. —Sério?

Eu balancei a cabeça, ficando animada. —Seria perfeito. Eu costumava ter


uma companheira de quarto, mas ela se formou na primavera e saiu. A partir do
próximo mês, eu teria que pagar todo o aluguel e tudo sozinha. Isso significa que
eu teria de me mudar, mas se você vier, eu não teria mais.

85
—Quanto é o aluguel?

—Seria quinhentos por mês para cada uma de nós. Podemos dividir a TV a
cabo, mas todos os outros utilitários estão incluídos.

—Tem certeza que você não se importa?

—Você é muito festeira?

—Não.

—Usa drogas?

—Nunca. Mas eu bebo ocasionalmente.

—Você é uma pessoa matinal? —Perguntei, interiormente gemendo por ter


uma companheira de quarto que acorda no raiar do dia para mexer na cozinha.

—Você está de brincadeira? Eu trabalho até às três horas da manhã todas


as noites. A minha ideia de manhã é ao meio-dia.

—Quando você pode se mudar? —Perguntei.

Ela gritou. —Amanhã é cedo demais?

—Não. Se você quiser vir de noite só para ver o local antes de tornar isso
oficial, você pode. Se gostar, eu vou ter a certeza de dizer ao senhorio, e você
pode assinar o contrato de arrendamento e pegar as chaves de amanhã.

—Deixe-me apenas me certificar de que está tudo bem se eu sair também,


e então eu a seguirei à sua casa.

No bar, Cam tinha uma água com gelo e um canudo esperando por mim.

—Eu devo a você por isso também? —Eu perguntei quando alcancei a
bebida.

—Nah, isso é por conta da casa. — Ele piscou. —Ei, eu acho que perdi o
guardanapo com o seu endereço. Eu provavelmente acidentalmente joguei fora.
Você pode escrever novamente para mim?

86
—Eu não sei. Parece-me que se você realmente quisesse isso, não teria
perdido.

Seus olhos se estreitaram. —Talvez eu não tivesse me distraído se alguém


não estivesse andando por aí meio nua durante toda a noite.

—Se a visão de uma mulher seminua o distrai, eu acho que você está na
linha de trabalho errada.

—Harlow. —Ele rosnou.

—Cam. —Rosnei de volta.

Ele saltou por cima do bar... Passou por cima mesmo. Dei um pequeno grito
e um par de pessoas que ainda estavam ali olharam em nossa direção. Mas não
deve ter sido excitante o suficiente (ou talvez fosse porque eu estava muita
vestida agora) porque elas desviaram os olhos em segundos.

Cam me apoiou para que meus ombros estivessem presos contra o bar e os
seus braços descansassem em ambos os lados da minha cabeça, criando uma
gaiola. Ele não estava usando a jaqueta de motoqueiro, só essa gravata borboleta
e a calça, e eu olhei para a forma como os músculos em seus ombros ondulavam
com seus movimentos.

Um desejo profundo bateu em mim e não era por um cheeseburger ou um


donut. Era por ele. Seria possível almejar outro ser humano? Olhei para seus
lábios e a forma como eles se moviam enquanto ele falava. Mas eu não ouvi uma
palavra que saiu de sua boca.

Ele estalou os dedos na frente do meu rosto, e olhei para cima. —O que?

—Qual o problema com você?

Eu coloquei minhas mãos em seu peito e o empurrei. Ele não se moveu. Ele
sorriu e se inclinou mais perto, sua respiração ventilando em meu rosto e seus
lábios tocando minha tempora.

—Eu tenho meios de conseguir o que eu quero, você sabe. —Ele sussurrou.

87
Engoli em seco, com o desejo tomando conta de mim e saturando cada
parte do meu corpo. Eu realmente não sabia o que fazer com tanto dele
literalmente me pesando assim. Era para eu ser a provocação, e aqui, eu era a
única a ser insultada. Por ele. Pelo meu próprio corpo. Por necessidades que eu
nunca tive antes.

—Você tem?

—Ah sim. E se você não for cuidadosa, descobrirá todos meus métodos.

Ele acariciou minha clavícula com o dedo.

Mordi meu lábio inferior. —Eu darei a você. —Eu sussurrei.

Sua risada era rica e quente contra a minha orelha. Em seguida, ele se
afastou e pegou uma caneta do bolso e entregou-a para mim.

Eu me virei, agarrando o primeiro guardanapo que vi, e rabisquei meu


endereço com as mãos trêmulas.

Quando entreguei a ele, ele deslizou no bolso da calça e sorriu. Então ele
esfregou as costas de seu pescoço com uma das mãos, e olhou para mim com
encanto infantil escrito por todo o rosto.

—Você sabe, parte de mim está desapontada que você me deu tão
facilmente.

—Bem, já que o meu endereço está no seu bolso, eu digo que você ganhou.

Roxie apareceu e levantou as sobrancelhas com a forma como Cam e eu


estávamos tão perto. Voltei a olhar para ele. —Te vejo amanhã?

—Vista seu maiô.

Eu balancei a cabeça e deslizei para longe dele, agarrando minha bolsa e


indo para a porta com Roxie logo em meus calcanhares.

Fora no estacionamento, ela me deu um longo olhar.

88
—O quê? — Eu perguntei a ela.

—Você sabe o que. — Ela sorriu. —Você e Cam?

—Nós somos apenas amigos.

—Certo. E eu sou o coelhinho da Páscoa.

—Você é! Onde você guarda seu rabo?

Ela riu. —Bem, eu não me importo mais em como o apartamento se parece.

—Não?

—Não. Eu me mudarei exclusivamente pelo prazer de ver você e Cam. Eu


não posso esperar para ver o que acontecerá.

Eu tinha que admitir, eu queria ver também.

89
Uma batida na porta da frente do meu apartamento me fez gemer e rolar
para olhar o relógio. Com os olhos turvos, eu olhei para os pequenos números
vermelhos.

Seis da manhã.

—Ele veio. —Murmurei para mim mesma quando a batida continuou.

Saí da cama, empurrando o cabelo da minha testa e caminhando em


direção à porta. Eu a abri e olhei para o corredor.

—Eu mudei de ideia. Eu não vou. —Eu disse e, em seguida, fechei a porta e
voltei para a cama.

Eu ouvi o som da porta abrindo e fechando atrás de mim, mas eu estava


cansada demais para me importar. Eu rastejei sobre o colchão e me enrolei de
lado, puxando as cobertas até o meu queixo. Ele não sabia que a esta hora da
manhã / noite era o que havia de errado com a metade da América hoje? Forçar
as pessoas a sairem da cama há essa hora, só as deixavam mais irritadiças.

Eu estava quase voltando a dormir quando senti a cama afundar com um


peso novo. —Vá embora. —Murmurei.

Senti os cobertores sendo puxados para longe e tentei agarrá-los de volta,


mas já era tarde demais. Eles foram embora e o ar frio atingiu minha pele.

—Eu. Vou. Matar. Você. —Eu rosnei.

Ele riu. —Você não é um pequeno raio de sol de manhã?

Fui para cima dele. Mas como meus olhos estavam fechados e eu estava
deitada, a minha mira não estava tão boa. Ok, a minha mira era uma porcaria.

90
Ele pegou minha mão e puxou-a atrás de mim. Meu corpo rolou e eu me vi
deitada de costas com ele pairando sobre mim.

Ele cheirava muito bem. Como café e mar.

Eu provavelmente cheirava a bafo de dragão.

—O que é preciso para você sair desta cama?

—Um ato de Deus.

Algo grande e muito quente tocou minha perna logo acima do meu joelho.
Meus olhos permaneceram fechados, mas cada célula do meu corpo ficou em
estado de alerta.

Lentamente, sua mão deslizou mais alto, deixando um rastro de calor no


seu caminho, até que as pontas de seus dedos roçaram o interior da minha coxa.
Eu não quis gemer.

Mas eu gemi.

Seu toque era como minha criptonita. Mesmo o contato mais leve, mais
acidental, fazia cada célula viva em meu corpo explodir de desejo.

—Você gosta disso? —Ele murmurou. Sua mão não tinha ido até mais
longe, mas ele continuou a acariciar a carne sensível dentro da minha perna.

Eu o senti subir ainda mais sobre a cama e, em seguida, ele levantou a mão.
Tristeza escorria dentro de mim com a perda do contato que eu queria tão
desesperadamente.

Mas então sua mão voltou. Seus dedos arrastaram pela pele exposta da
minha barriga entre a minha calcinha e camiseta, que tinha subido.

Meu corpo estava completamente relaxado, ainda do sono e agora de sua


suave carícia. Eu não teria sido capaz de correr se uma bomba caísse na sala de
estar. E então seus dedos ficaram mais corajosos, encontrando a barra da minha
camiseta e deslizando por baixo.

91
Eu me esqueci de respirar quando ele traçou o contorno da minha caixa
torácica e arrastou as unhas delicadamente em meu abdome. Meus mamilos
endureceram, e os meus seios começaram a doer de uma forma que eles nunca
tinham antes. Sem pensar, arqueei um pouco, tentando dar à sua mão alguma
direção, tentando fazê-la apenas subir um pouco mais.

Ele fez uma pausa, apenas um pouco, como se estivesse se debatendo


sobre o quão longe estava disposto a ir. E então sua mão começou a se mover de
novo, até que ele espalmou meu seio completamente.

—Harlow. — Meu nome em sua língua era como pólen para uma abelha.

—Está tudo bem?

—Mmmm. —Foi tudo o que consegui dizer.

—Olhe para mim. —Ele ordenou, com sua voz um pouco menos sedutora.

Meus olhos se abriram, olhando em suas profundas íris cor de chocolate.

—Está tudo bem se eu tocar em você aqui?

—Sim.

Sua mão começou a se mover, em seguida, meus olhos fecharam. Ele


moveu a mão em um movimento circular, amassando o tecido macio e sacudindo
o polegar sobre meu mamilo formigando. Quando ele terminou com um, ele se
moveu para o outro, fazendo exatamente a mesma coisa, amassando e movendo,
brincando com meu mamilo até que ele quase doía com a necessidade.

E então ele levantou a camiseta, o ar atingiu toda a minha pele


superaquecida, e eu senti seu olhar. Senti seus olhos absorvendo cada polegada
minha. Eu sabia que estava provavelmente inchada com o sangue que corria para
o ponto de contato, quase como se até mesmo o líquido vermelho quisesse estar
perto dele também.

E então sua boca se fechou sobre o mamilo mais próximo a ele. Ele o
agarrou e rodou sua língua em torno do pico e mordiscou-o com os dentes.

92
Um gemido escapou da minha garganta quando eu apertei minhas coxas
juntas, sentindo a piscina de umidade entre as minhas pernas, preparando meu
corpo para algo que ele totalmente queria.

Ele beijou cada polegada do meu seio, esbanjando atenção em ambas as


minhas meninas como um homem morrendo de necessidade de sua refeição
final. Em algum ponto, as minhas mãos encontraram seu cabelo e eu segurei em
seu couro cabeludo, instigando-o a continuar.

Quando meus quadris começaram a se mover sem descanso, ele levantou a


cabeça.

Abri os olhos e olhei para ele. Seus lábios estavam ligeiramente inchados.
Seus olhos estavam tão escuros que parecia o céu da meia-noite sem a lua.

Ele deitou-se, colocando os braços em ambos os lados do meu corpo para


que ele ficasse principalmente sobre o colchão, mas, em parte, me cobrindo.
Usando suas mãos, ele tirou o cabelo do meu rosto e então me beijou.

Não foi como na primeira vez, aqueles beijos leves. Este foi o tipo de beijo
que eu li nos livros, o tipo de beijo que acontecia em finais de filmes épicos e
alterava completamente o mundo que você conhecia.

Sua língua mergulhou fundo na minha boca, como se ele não pudesse
chegar perto o suficiente, como se ele quisesse entrar em mim e fazer coisas para
o meu corpo que nunca ninguém tinha feito antes. Seus lábios eram insistentes,
mas não ásperos, o beijo úmido, mas não molhado. Nossas bocas não separaram,
nem uma só vez nós não quebramos o contato. Nós apenas nos beijamos,
interminavelmente, profundamente, febrilmente.

Agarrei a suas costas, puxando-o ainda mais, sugando seu lábio superior em
minha boca e passando minha língua sobre a sua suavidade. Ele gemeu assim que
eu fiz isso de novo. Ele me puxou um pouco mais perto e o cume duro de sua
cueca não era para ser desperdiçado. Eu podia senti-lo pressionado contra a
lateral do meu quadril, e a dor dentro de mim intensificou.

Meu peito começou a apertar e momentaneamente me distrair, então eu


consegui sugar oxigênio suficiente para manter meus pulmões felizes.

93
Cam acalmou os lábios e se afastou, descansando sua testa contra a minha.
Ambos respirávamos com dificuldade, o peito pressionado juntos.

—Bom dia. —Disse ele, com sua voz grossa e profunda.

Meus quadris levantaram com o som, e os músculos internos da minha


vagina apertaram. —Oi.

—Você beija todo mundo que aparece em sua porta às seis da manhã desse
jeito?

—Só você.

—Eu sou um sortudo.

Eu ri.

Ele saiu de cima de mim e se levantou, ajustando seu calção e camiseta.

—A praia está esperando.

Eu gemi. Ele me puxou pelo tornozelo e pelo lençol. —Eu te trouxe café.

—Ok, então.

Ele riu e me puxou para me levantar. Eu fiquei tonta, como se tivesse


bebido demais na noite anterior, só que eu não tinha bebido nada.

—Coloque sua roupa de banho. Vou esperar na outra sala.

Eu agarrei a frente de sua camisa antes que ele pudesse se afastar, e


coloquei minha bochecha contra seu peito. Seus braços vieram ao meu redor, e
ele expulsou um longo sopro de ar enquanto acomodava o queixo no topo da
minha cabeça.

—Você realmente dificulta para eu sair deste quarto.

—Eu não lhe pedi para sair.

94
Ele gemeu. —Confie em mim, o pensamento de enterrar-me
profundamente em você me assombrará o resto do dia. Mas se eu dormir com
você agora, você sempre se perguntará se essa é a única coisa que eu quero de
você.

—E é?

Ele levantou minha cabeça de seu peito e me prendeu com seu olhar
escuro. —No começo, talvez. Mas então eu passei cinco minutos com você, e
naqueles cinco minutos eu percebi que não era apenas um corpo quente... Você
não era exatamente o tipo de garota que eu poderia tirar do meu sistema com
uma aventura. Eu não estou realmente certo do que isso significa... Mas eu sei
que não vou foder isto por dormir com você muito rápido.

E foi assim que ele reivindicou o primeiro pedaço do meu coração.

Nós dirigimos para a praia com a capota de seu Mustang abaixada. O ar


estava quente, mas o vento em movimento era um pouco frio. Mas eu não me
importava. Era um bom contraste com a xícara de café que Cam me entregou no
minuto em que saí do quarto vestida em um biquíni rosa-choque e uma saída de
praia em algodão preta sem alças.

Eu não me preocupei em arrumar o meu cabelo. Em vez disso, eu só puxei-


o para trás em um rabo de cavalo com uma faixa preta simples, e coloquei óculos
de sol e chapéu preto enorme no topo da minha cabeça.

Graças à nossa improvisada sessão de amassos, eu estava mais acordada do


que o habitual, mas eu ainda era praticamente um zumbi. Ele riu enquanto eu
segurava o café como uma tábua de salvação, e ele me guiava para fora do
apartamento enquanto eu empurrava minhas chaves para ele para que pudesse
trancar a porta atrás de nós.

95
Eu acho que eu não tinha ido à praia a uma hora tão cedo. Era belíssimo,
com o céu um pouco nublado e tudo, mas com o som das ondas no ar calmo da
manhã. Parecia que éramos apenas as duas pessoas nesta longa extensão de
areia vazia, como se todo mundo soubesse que estaríamos aqui, e que nós
queríamos ficar sozinhos.

Sentei-me e empurrei meus dedos profundamente na areia e olhei para as


ondas, espiando um barco velejando à distância. Cam baixou sua prancha e, em
seguida, tomou o espaço ao meu lado. Coloquei minha cabeça no ombro dele e
nós nos sentamos lá em silêncio, enquanto as ondas atingiam a costa e a brisa
rodava em torno de nossos corpos.

—Você faz isso todos os dias?

—Todo dia.

—Você viveu aqui toda a sua vida?

—Sim. Nascido e criado. Minha mãe diz que eu tenho água salgada em
minhas veias.

Eu sorri. —Você fez a sua prancha? — Eu disse, apontando para a grande


prancha ao lado dele.

—Sim. — Ele a empurrou de lado e eu puxei minhas pernas para mais perto
do meu peito para dar espaço. Eu não sabia muito sobre pranchas de surf, mas eu
sabia que esta era bonita. Era bastante longa e larga e eu achei que era porque
Cam tinha pelo menos 1,80m de altura. Tinha a forma como todas as outras
pranchas que eu já tinha visto, chegando a uma espécie de ponta no topo.

A placa em si era branca, mas tinha este projeto bonito de verde-mar em


toda ela, como uma espécie de pergaminho, mas um pouco mais complicado. O
design era mais pesado na extremidade inferior e, em seguida, espalhava-se mais,
uma vez que chegava ao topo da placa. No topo não havia nada, além do fundo
branco. Escrito entre o design de pergaminhos na parte inferior, estavam duas
palavras:

Pura Vida

96
—O que significa isso? — Eu perguntei a ele, traçando as letras com o dedo.

—Viver puramente. É um ditado popular na Costa Rica.

—É lindo.

Ele assentiu. —É tipo a maneira que eu tento viver.

—Toda essa atitude surfista, hein?

Ele riu. —Sim, talvez.

—Hmm, eu sinto uma história aí.

—Nenhuma história, não realmente. Meus pais brigavam muito quando eu


estava crescendo. Nunca na minha frente, mas quando eles pensavam que eu não
podia ver. As crianças sempre vêem esse tipo de coisa, mesmo quando elas não
estão olhando, sabe?

Eu concordei e descansei minha cabeça em seu ombro enquanto ele falava.

—Eventualmente, eles se divorciaram, e ambos foram muito mais felizes, e


foi muito mais agradável para todos ao seu redor. Ensinou-me que as pessoas não
devem tornar a vida tão difícil. Se elas não estão felizes, elas devem mudar. Elas
devem fazer o que as torna felizes. Nós só temos um tempo de vida, e por que
gastar um pouco desse tempo estando com pessoas que são ruins para você ou
que fazem coisas que você realmente não quer fazer?

—Quantos anos você tem? —Perguntei, pensando que ele parecia bastante
sábio para alguém que parecia tão jovem.

—Vinte e três.

—Não está na faculdade?

—A escola não é realmente minha coisa.

—A arte é, porém. —Eu disse, estendendo a mão mais uma vez e colocando
o dedo no desenho em sua prancha. —Você pintou este projeto, não é?

97
—Sim.

—Então você surfa durante o dia e é bartender à noite.

—Às vezes dou aulas de surf e fiz algumas pranchas personalizadas e alguns
trabalhos de arte para alguns amigos. Ser bartender à noite só preenche meus
dias, e esse dinheiro é muito bom para que eu possa guardar para a loja de
pranchas e surf que eu te falei.

—A vista do bar não é nada ruim, certo?

Ele riu. —Sim, a vista não é nada ruim.

—Você já namorou uma stripper? — Quando assumi o trabalho no Mad


Hatter, eu nunca pensei sobre o que as outras pessoas pensariam, provavelmente
porque eu não tinha planejado dizer a ninguém. Eu certamente não tinha
pensado sobre o que um cara poderia pensar, um cara que eu poderia querer ter
encontros. Namorar. Eu queria namorar Cam?

Oh sim.

Eu tinha essa sensação desconfortável, não porque eu queria sair com ele,
mas porque eu achava que ele não poderia me ver como material de
relacionamento, porque eu tirava minhas roupas para outros homens. Como ele
poderia respeitar alguém assim? Como ele poderia ficar bem com isso?

—Defina namoro. —Ele respondeu, dando-me um sorriso tímido.

Sentei-me e dei ao seu ombro um empurrão. —Passar algum tempo com o


outro, com roupas.

—Então, não, eu acho que eu não namorei uma stripper.

Eu balancei a cabeça, com minhas suspeitas confirmadas. Eu acho que não


poderia culpá-lo. Eu provavelmente não ficaria na fila para namorar uma stripper
também. Calor inundou meu rosto quando pensei no início desta manhã. Eu
certamente gostei de suas mãos e boca em cima de mim. Ele provavelmente

98
pensou que eu era uma prostituta que tinha relações sexuais o tempo todo e
tirava a roupa para todos.

—Hey. —Ele disse. —Onde você foi?

—Lugar nenhum. Ainda estou aqui.

Seus olhos estreitaram-se no meu rosto. —Você sabe que só porque eu não
namorei uma stripper não significa que eu não faria isso.

Eu não respondi, porque parecia que cada resposta que eu poderia dar
seria a errada. Se eu dissesse “bom”, então isso implicaria que eu estava tentando
sair com ele. E vendo como nós nos conhecemos, ele poderia pensar que sou
alguma perseguidora louca. Mas se eu dissesse a ele meus pensamentos reais,
sobre como strippers poderiam não ser bom material para namorada, eu estaria
basicamente me insultando (para não mencionar Roxie e todas as outras meninas
no clube).

—Então, você realmente vai subir nesta coisa? —Ele perguntou, dando
tapinhas na prancha.

—Bem, eu devo a você.

Ele deu um sorriso e levantou-se, pegando a minha mão para me puxar


para cima com ele. Ele usou uma das mãos para tirar a camiseta e lançá-la na
areia ao lado da minha sacola. Ele olhou para a minha saída de praia, então eu a
tirei, deixando-a cair em torno dos meus tornozelos, e depois a chutei ao lado de
sua camisa.

—Puta merda. —Disse ele, e um assobio baixo escorregou por entre seus
dentes.

O desejo de mais cedo, que ainda rodava dentro de mim, ameaçou me


atingir como uma onda realmente forte, e eu fiz o meu melhor para ignorá-lo
enquanto seus olhos percorriam cada curva única do meu corpo. Eu ajustei a
parte de baixo do biquíni e, em seguida, a parte superior. A corda em torno do
meu pescoço tinha afrouxado e eu virei de costas para ele e apontei para o laço
na parte de trás do meu pescoço.

99
—Você pode amarrar isso um pouco mais apertado?

Seus dedos quentes pareciam como uma carícia suave na parte de trás do
meu pescoço, e eu resisti à vontade de estremecer. Nossa, ele pensaria que eu
era uma ninfomaníaca se eu continuasse reagindo assim cada vez que ele me
tocava. Ele trabalhou muito lentamente, desamarrando a parte superior
completamente, ajustando as cordas, e depois as amarrando confortavelmente
na base do meu pescoço.

—Como é que eu vou esquecer-me desta manhã, quando você está


vestindo o biquíni mais sexy que eu já vi? —Ele sussurrou em meu ouvido por
trás.

—Quer que eu coloque sua camisa?

—De jeito nenhum. O pensamento de tudo isso... —Disse ele, passando as


mãos sobre meus ombros e, em seguida, pelos meus lados para brincar com os
laços em meus quadris. —... Esfregando contra a minha camisa, muito
possivelmente poderia enviar-me ao limite.

—Eu tenho uma cura para isso. —Eu disse, virando-me e sorrindo para ele
com tristeza. Agarrei sua mão e puxei-lhe alguns passos em direção à água assim
que uma onda veio e espirrou sobre os nossos pés e nossas bundas.

—Está frio! — Eu gritei.

—Não está tão ruim assim. —Ele zombou.

—Então você é uma pessoa da manhã e gosta de tomar banho frio? — Eu


disse, fazendo uma cara horrorizada. —Nós não podemos sair. Você é como um
alien para mim.

Ele me agarrou pela cintura e me jogou por cima do ombro, andando mais
para dentro das ondas. Bati em suas costas com os punhos, exigindo que ele me
colocasse para baixo.

—Você pediu por isso. —Ele gritou ao som da água batendo.

100
Comecei a protestar, mas já era tarde demais.

Ele me despejou na onda.

Eu deslizei sob a água salgada fria enquanto ela se fechava em torno de


mim. Comecei a ficar de pé e uma onda escolheu esse momento para me golpear,
tirando-me do chão e me jogando na água escura agitada.

Braços fortes enrolaram em torno da minha cintura e me guiaram,


puxando-me contra seu peito. Eu gaguejei, limpando a água dos meus olhos e
empurrando meu cabelo molhado da minha cara.

—Harlow, você está bem? Eu não queria assustá-la. —Disse ele, com
preocupação genuína em sua voz. Outra onda caiu sobre nós e seus braços
apertaram em torno de mim, e ele se virou para que a bloqueasse com suas
costas e seu corpo me protegendo do pior.

—Harlow? —Disse ele mais uma vez quando as ondas acalmaram.

Eu olhei para cima, escondendo meu sorriso. Ele estava me olhando com
cautela, provavelmente se perguntando se eu me dissolveria em lágrimas.

Lancei-me sobre ele, e um grito saiu dos meus lábios. Eu pulei, envolvendo
minhas pernas em volta de sua cintura enquanto ele me pegava, mas ele não
estava pronto para o meu peso e ambos tombamos na água. Nós dois viemos à
tona e vários segundos depois, nós dois ainda estávamos sentados na areia e
rindo.

Nossa guerra de água durou um tempo, nós dois espirrando e saltando em


cima do outro. Quando cansamos do jogo, deixamos que as ondas nos levassem
para a praia, e esperei enquanto ele agarrava sua prancha e a trazia para a água.

—Primeira regra do surf. —Ele instruiu. —Não caia.

—Ha.Ha. —Eu disse. —Algo me diz que isso não será tão fácil.

Ele começou a dar lições divertidas dos princípios básicos do surf. Antes
que eu percebesse, ele me colocou na prancha e eu estava aprendendo como me

101
equilibrar e ficar. Não foi fácil, ficar em um objeto em movimento muito dinâmico
em águas agitadas exigia um monte de tônus muscular que eu, infelizmente, não
possuia.

Enquanto nós treinávamos, a maré começou a subir, e as ondas ficaram um


pouco mais fortes. Depois de um gole de água, sentei-me na barreira de areia que
havia se formado na água e disse-lhe para me mostrar seus movimentos.

Ele não hesitou e agarrou a prancha. Foi para mais longe, na água mais
profunda, para pegar uma onda. Eu não pude deixar de admirar a maneira como
ele parecia com seu calção pendurado baixo em seus quadris, contornando seu
bumbum e coxas, e seus ombros largos brilhando sob o sol da manhã enquanto
gotas de água desciam sobre seus músculos firmes.

Ele conhecia a água. Ele entendia as ondas. Ele movia-se com tanta
confiança e certeza, que eu poderia tê-lo chamado de encantador de água. Ele
estava tão em sintonia com as ondas, que ele parecia entender exatamente como
cada onda agiria e como segui-la habilmente.

De repente, me levantar às seis da manhã parecia ser a melhor coisa que eu


já tinha feito.

Depois de pegar algumas ondas, ele parou ao meu lado. —Quer dar-lhe
mais uma chance?

—Claro. —Eu disse, e ele envolveu sua mão ao redor da minha, mantendo
junto a ele enquanto nós saltávamos sobre as ondas.

Eu poderia me acostumar com isso.

Beijos no início da manhã, café na praia, brincar no sol e areia. Cam estava
definitivamente enraizado nessa coisa toda de “Pura Vida”. Naturalmente, nada
disto teria sido tão divertido se ele não estivesse comigo.

—Parece que uma boa vem aí. —Ele disse, apontando à distância, onde
uma onda estava começando a se formar.

102
Ele posicionou a prancha, e eu repeti o que fazer mais uma vez, enquanto a
onda se aproximava. Então, ele gritou para eu ir, para pegar a onda.

Sua paixão era a captura, e então eu fui, concentrando-me em tudo o que


ele me mostrou, querendo deixá-lo orgulhoso.

E então eu pulei na prancha, com minhas pernas bambas e ameaçando


entrar em colapso aéreo, enquanto o frescor do mar pulverizava minha pele. Eu
estava com medo de poder cair, mas segurei firme enquanto emparelhava com a
onda. Eu sorri. Foi incrível.

Atrás de mim, Cam soltou um grande grito e me virei para sorrir para ele.

Esse foi meu erro.

Parei de me concentrar. Eu não estava prestando atenção. Bem, eu estava


prestando atenção, mas não para o que eu estava fazendo.

A prancha colidiu com o banco de areia onde eu tinha acabado de estar


sentada e eu fui voando, mergulhando nas ondas agitadas e escuras.

103
Lavada. Isso é exatamente como eu me sentia no momento. As ondas
estavam me punindo, caindo em cima de mim cada vez que eu pensava ter
encontrado o chão. A areia debaixo de mim parecia como o concreto em um
momento, então no próximo, isso daria lugar a um buraco que me sugava mais
para dentro da água.

Eu agitei os braços, tentando nadar em direção à superfície, tentando me


libertar, mas por causa da maneira que eu estava sendo atingida, eu comecei a
perder o caminho que me levava para cima.

Abri os olhos, tentando discernir a direção, mas tudo que eu podia ver era
água turva que, de repente, ficava branca quando uma nova onda caia em torno
de mim. Eu lutei muito, girando e, adiando o pânico que se afundava em mim
como um conjunto gelado de garras afiadas.

Quando finalmente consegui atingir a superfície e respirar, fui punida por


outra onda enorme de água que me empurrou para o fundo com a força de um
trator.

E, então, minhas pernas estavam de alguma forma acima da minha cabeça


e eu estava afundando, afundando, até que a parte de trás da minha cabeça
bateu em algo tão implacável que a minha luta cessou.

Mesmo que eu tenha parado de me mover, meu corpo não parou. Ele ainda
estava sendo puxado pelo mar muito ganancioso.

Finalmente me acomodei, afundando na areia dura, onde eu descansei


minha bochecha contra o calor.

A água não tinha sido tão quente momentos atrás.

A areia não parecia tão dura como sempre pareceu.

104
E o som... O som das ondas parecia mais longe.

—Respire porra! —Alguém gritou. — Respire!

Eu comecei a tossir, com minha garganta fazendo esses engasgos e sons de


vômitos e, em seguida, a água começou a escorrer da minha boca. Eu fui
empurrada de lado enquanto a água continuava a subir e eu continuava a tossir.

Quando a água se foi, o oxigênio chegou. Enchendo meus pulmões


completamente. O que antes estava vazio, agora estava cheio demais. Engoli em
seco em grandes respirações, o alívio derramando pelo meu corpo e me fazendo
mergulhar de volta ao chão.

—Harlow. —Disse uma voz.

Era uma voz muito boa e meu corpo rolou em direção a ela.

—Baby, abra os olhos.

Eu fiz, piscando a água que deixava a minha visão embaçada, e apertando


os olhos contra o sol que espreitava através de uma nuvem.

—Cam? — Eu disse. A parte de trás da minha garganta ardia, assim como o


meu nariz.

Seu rosto estava pálido, o cabelo grudado na testa, e ele estava curvado
para frente sobre mim como se eu precisasse de algum tipo de escudo.

Eu quase me afoguei.

Eu gemi. —Lá se foi o meu prêmio de surfista do ano. —Eu gemi.

Seu riso era tenso enquanto seus braços me envolviam e arrastavam meu
corpo cheio de areia em seu colo. —Eu acho que você acabou de levar cerca de
dez anos da minha vida.

—Eu sinto muito.

105
—Isso não é culpa sua. —Disse ele, acariciando minha bochecha. —Eu
nunca deveria ter te soltado naquela onda. A água estava ficando muito agitada.

—Eu estava indo bem. —Eu protestei, tentando me sentar. A dor subiu pela
minha cabeça. —Até que eu bati minha cabeça.

—Você bateu a cabeça? —Disse ele freneticamente enquanto seus dedos


afundaram em meu cabelo.

Eu gritei.

—Foda-se. —Ele xingou. —Eu não tive a intenção de te machucar.

—Se não fosse por você, eu seria isca de tubarão agora mesmo.

Senti um movimento de tremor fraco através de seus membros, enquanto


eles apertavam ao meu redor. —Tentei chegar mais cedo. A corrente pegou você
e a puxou para longe.

—Está tudo bem.

—Não, não está. —Disse ele, com sua voz séria. Ele passou o braço sob os
meus ombros. —Você pode se sentar? Eu preciso verificar sua cabeça.

Eu fiz isso e depois levantei os dedos para onde meu crânio latejava.

Cam afastou os dedos e então suavemente sondou a área que eu apontei.


—Você não está sangrando, graças a Deus. —Ele anunciou. —Mas você tem um
galo do tamanho de uma noz aqui.

—Eu vou viver.

—Vou levá-la para o hospital.

—Eu não preciso ir para o hospital. Eu estou bem. —Para não mencionar
que eu não gastaria todo o dinheiro que fiz apenas com uma conta médica.

—Você poderia ter uma concussão.

—Eu não tenho.

106
—Qualquer outra coisa dói?

—Não.

—Você pode se levantar?

—Se você quer que eu me levante, tem que liberar o aperto de morte que
tem sobre meu corpo.

Ele me soltou e levantou-se, delicadamente ajudando-me a levantar. Eu


realmente não me sentia tão ruim, apenas um pouco fraca e tonta. Ele colocou o
braço em volta da minha cintura, e apoiou um pouco do meu peso enquanto nós
caminhávamos em direção às nossas coisas.

—Que horas são? — Eu disse e me inclinei para pegar meu celular da minha
bolsa. Curvar-me não foi uma boa ideia, porque todo o sangue correu para a
minha cabeça muito rápido e eu oscilei.

—Whoa. —Cam disse, puxando-me de volta. Então seu rosto fez uma
careta. —Nós vamos ao médico.

—Eu tenho que trabalhar às dez. — Eu protestei.

—Ligue e diga que você não pode fazer isso.

—Eu não posso fazer isso! Eu posso ser demitida.

—Eles não a demitirão por ter uma lesão na cabeça.

—Eu não posso faltar ao trabalho. — Eu me preocupei, pensando no


dinheiro que eu perderia.

Cam praticamente me ignorou e pegou a minha saída de praia, em seguida,


delicadamente colocou-a sobre a minha cabeça. Ergui os braços e ele puxou-a
para baixo, ajustando-a para que ela cobrisse meu biquíni.

—Sente-se por um segundo. Eu vou tirar minha prancha da água. Então nós
vamos.

107
Era bom me sentar. Meu corpo estava tão incrivelmente cansado. De
repente, senti como se eu tivesse acabado de lutar dez rounds em um ringue de
boxe e perder cada um deles.

Cam voltou, colocou sua camisa, e pegou a minha bolsa e sua prancha.

—Espere aqui. —Ele disse enquanto levava tudo para o carro.

Levantei-me, limpando o que pude da areia e o segui. Eu fiz isso por cerca
de cinco passos quando tudo tipo inclinou sobre mim. Parei de andar e apenas
foquei no chão, afastando o pior da tontura.

Cam apareceu, lentamente me pegando e me levando para o Mustang. Eu


não estava prestes a reclamar, porque ele estava me tocando e eu adorava
quando ele me tocava.

Ele não disse nada quando me sentou no banco do passageiro e afivelou o


cinto de segurança em volta do meu corpo. Antes que se afastasse, ele
pressionou um beijo carinhoso em meus lábios.

—O que foi isso? —Perguntei.

—Não foi por você. Foi por mim.

Bem, se isso não foi a coisa mais perfeita que ele poderia dizer. Como
sempre.

Eu praticamente repeti essas palavras na minha cabeça até que ele parou
no estacionamento de algum tipo de clínica médica. —Nós não precisamos estar
aqui.

—Não brinca.

Suspirei. E cedi. Não havia uma mulher nesta terra que ainda tinha ovários
que não teria dado qualquer coisa por seu olhar fixo e sua súplica.

Antes de entrar, liguei para o meu chefe, e expliquei que caí e bati com a
cabeça e estava naquele momento no médico sendo examinada por uma
concussão (eu certamente não diria a ele que eu estava surfando antes do

108
trabalho). Eu pensei que ele ficaria zangado sobre isso, pois é apenas uma hora
antes do meu turno começar, mas ele foi muito compreensivo e me pediu para
pegar um atestado do médico para que eu levasse no dia seguinte.

—Bem, pelo menos agora eu posso estar em casa para ajudar Roxie a se
mudar. —Eu disse enquanto caminhávamos pelo estacionamento.

—Roxie vai morar com você?

—Sim. Ela chutou seu namorado idiota no meio-fio, e eu precisava de uma


companheira de quarto para ajudar a cobrir as rendas.

—Queria saber o que Adam dirá sobre seu status de recém-solteira?

—Por que Adam se importaria? —Perguntei, olhando para ele com o canto
do meu olho.

—Eu vejo a maneira como ele às vezes olha para ela.

—Provavelmente da mesma maneira que ela olha para ele.

Ele abriu a porta da clínica e me conduziu para dentro, me depositando em


uma cadeira e, em seguida, insistindo que eu fizesse um check-up. Eu estabeleci-
me no assento e fiquei pronta para uma fila de espera. Todas estas clínicas
tinham uma fila de espera. Era a coisa mais irritante de sempre.

Meu telefone começou a tocar, o som parcialmente abafado de dentro da


minha bolsa. Puxei-o para fora logo quando Cam estava sentando na cadeira ao
meu lado. O telefone tocou novamente e eu olhei para a tela e gemi.

Era minha mãe.

Terceira vez que ela tentou ligar esta semana.

Eu desliguei a campainha e o coloquei de volta na minha bolsa,


prometendo a mim mesma que telefonaria de volta depois que deixasse o
médico.

109
—Não tinha vontade de falar? — Cam perguntou, casualmente colocando
seu braço nas costas da minha cadeira. Inclinei-me para ele. O ar-condicionado
aqui estava definido para o pólo ártico.

—Era minha mãe. —Eu disse, como se isso explicasse tudo.

—Vocês duas não se dão bem?

—Na verdade, sim. Mas minha mãe tem ideias muito claras sobre como ela
acha que eu deveria viver minha vida. Estar aqui não é realmente uma delas.

Ele arqueou uma sobrancelha. —Ela não queria que você fosse para a
faculdade?

—Talvez faculdade da comunidade ou uma escola técnica em Beaufort.


Mas me mudar para Myrtle Beach para estudar psicologia? Ela não aprova.

—Ela deu uma razão?

—Eu acho que ela só me queria por perto para que ela pudesse dar um
parecer sobre todos os aspectos da minha vida. Ela queria que eu trabalhasse em
um banco, sossegasse e casasse. Ser como ela. Não há nada de errado com isso.
Só não era o que eu queria.

—Parece que você tem um pouco de “Pura Vida” com você. — A maneira
como ele disse essas duas palavras... Elas fluiam suavemente com um ligeiro rolar
de sua língua. Eu me inclinei para seu lado um pouco mais perto.

A enfermeira saiu pela porta lateral na frente da sala de espera e chamou


meu nome. Eu deveria saber. A única vez que eu realmente não me importava de
estar sentada e esperando era o único momento em que eles me chamavam.

Cam se levantou quando eu me levantei e dei-lhe um olhar surpreso. —Eu


vou com você. —Ele disse em uma voz que não deixava espaço para discussão.

Sua palma colou contra as minhas costas quando ambos seguimos a


enfermeira até um pequeno quarto com uma mesa coberta desse papel

110
barulhento branco. Ela checou alguns sinais vitais e fez algumas perguntas e, em
seguida, saiu da sala, deixando-nos para esperar o médico.

O galo na parte de trás da minha cabeça estava suave e eu investiguei a


área em torno dele com os dedos. Cam notou e puxou minha mão. —Não fique
mexendo.

Você pensaria que eu estava batendo na minha cabeça com alguma coisa.

—Dói. — Eu reclamei.

—Eu deveria ter pensado melhor antes de levar uma desastrada como você
para surfar.

Fiz uma careta.

—Deixe-me ver. —Disse ele em voz baixa, aproximando-se e empurrando


os quadris entre os meus joelhos e tomando minha cabeça em suas mãos. Ele a
abaixou e separou o cabelo ainda úmido para longe da área dolorida.

—Onde diabos você bateu a cabeça? —Ele murmurou, passando os dedos


sempre tão levemente sobre a bola machucada.

—O chão? —Eu adivinhei.

—Sinto muito, querida. —Ele murmurou, inclinando a cabeça e


pressionando um beijo no canto dos meus lábios.

Se ele continuasse me tocando, eu encontraria alguma outra maneira de


me machucar apenas para que ele continuasse fazendo isso.

Houve uma batida na porta e Cam se afastou quando um médico com


jaleco branco entrou segurando um pedaço de papel. —Você bateu a cabeça? —
Ele perguntou, olhando para mim.

—Eu estava surfando e caí. Eu não tenho certeza de em que eu bati minha
cabeça. A água estava muito escura para eu ver.

—Você perdeu a consciência?

111
Eu pensei sobre como eu achava que tinha estado deitada no fundo do
oceano, quando na verdade eu tinha estado contra o peito de Cam. —Não, mas
eu estava desorientada em primeiro lugar.

—Dor de cabeça?

—Sim.

—Náusea?

—Na verdade não.

As perguntas continuaram enquanto ele verificava meus olhos, o galo na


minha cabeça, e, finalmente, ele recuou.

—Eu diria que você provavelmente tem uma concussão leve.

—O que significa isso? —Perguntou Cam.

—Apenas significa que você terá uma dor de cabeça por um dia ou dois.
Desde que seja leve, alguns analgésicos provavelmente serão o suficiente para a
dor. Não dirija por um dia ou dois. Se você sentir quaisquer sintomas novos, volte
aqui imediatamente. Se o inchaço em sua cabeça não desaparecer em poucos
dias, volte. Não vá dormir por pelo menos duas horas. Ao fazê-lo, tenha alguém
para acordá-la a cada duas horas só para ter certeza de que está tudo bem.

—Tudo isso para um galo na cabeça? —Perguntei, sentindo-me


ligeiramente deslocada.

Ele sorriu. —Eu diria que poderia ter sido muito pior. Pelo menos você não
estava sozinha e ele foi capaz de puxá-la para fora da água.

O médico me deu uns papéis e nos disse que estávamos livres para ir.

Enfiei os papéis na minha bolsa e me preparei para saltar da mesa alta. Mas
Cam apareceu, agarrando minha cintura e gentilmente me colocou sobre os meus
pés. Sem dizer uma palavra, ele passou os dedos em torno dos meus e nos levou
pelo consultório.

112
Quando eu tentei me orientar em direção ao balcão da recepção, ele me
puxou para o outro lado. —Eu tenho que ir lá, Cam. Eu preciso pagar a conta.

—Eu já paguei.

Senti meus olhos se arregalarem. —O que! Por que você fez isso?

—Porque esse galo na sua cabeça foi minha culpa.

—Não, não foi.

—Você estava na minha prancha de surf.

—Cam, eu sou uma mulher adulta. Eu não sou sua responsabilidade.

—Eu vou cuidar de você hoje.

—Você vai?

—Sim, por isso nem sequer tente se livrar de mim.

Um dia inteiro com Cam?

De repente, o quase afogamento e ter uma concussão pareciam ser um


grande golpe de sorte.

113
Foi bem depois das dez horas quando Cam estacionou o Mustang no
estacionamento do meu prédio. Este edifício não era tão alto quanto o dele.
Parecia mais estilo espanhol, com um telhado de terracota, um reboco no
exterior em amarelo-pálido, e era mais largo do que alto. Tinha apenas dois
andares com escadas ligando cada um deles. Meu apartamento ficava no segundo
andar, no centro do edifício.

—Roxie está aqui. —Eu disse, olhando para cima para ver a porta do
apartamento aberta com caixas empilhadas do lado de fora da porta. —Parece
que ela já está se mudando.

—Hey! — Eu chamei, pisando em torno das caixas e entrando.

Roxie enfiou a cabeça para fora de seu quarto novo. —Violet! Achei que
você tivesse ido trabalhar.

—Ela bateu com a cabeça. —Cam explicou. (E, assim como um cara normal,
ele disse o suficiente para fazer isso soar muito pior do que era).

—Meu Deus! O que aconteceu? —Ela correu para o meu lado, olhando-me.
Dei-lhe uma explicação mais completa e, em seguida, sentei-me no sofá.

—Um par de Motrin5 e eu ficarei bem.

Roxie bateu em Cam no estômago com o punho. —Idiota!

—Quer minha ajuda para carregar algumas caixas?

—Eu te amo! —Ela exclamou, atirando os braços ao redor dele.

Eu ri.

5
Remédio para dor.

114
—Eu faço todo o trabalho pesado e ele ganha um abraço? —Alguém
resmungou por trás de uma pilha de caixas na porta.

Quando ele levou-as ao corredor, vi que era Adam quando ele desapareceu
em seu quarto. Dei-lhe um olhar “oh meu Deus!” e ela realmente corou.

Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, Adam voltou para a sala de
estar. —Bom, alguém com músculos reais. —Disse ele, olhando para Cam. —Você
pode me dar uma mão com seu colchão?

Quando eles foram embora, acenei para Roxie para sentar-se ao meu lado.

—Então... Adam ajudou com a mudança?

Ela assentiu com a cabeça. —Quando lhe perguntei se eu poderia sair


ontem à noite para olhar seu apartamento, ele se ofereceu para usar seu
caminhão para a mudança hoje.

—Uau. Fale de um chefe que se preocupa com seus empregados.

—Eu disse que nós somos amigos. —Disse ela. Depois acrescentou: — Ele
tem ficado atrás de mim por um tempo para me livrar de Craig.

—Ele tem? — Eu me inclinei mais perto, sentindo uma história.

—Ele me pegou chorando no banheiro um dia durante o trabalho e me


forçou a dizer a razão. Essa foi a primeira vez que o vi tão irritado.

—Parece que ele é muito protetor.

—Eu acho que ele está apenas feliz por não ter que me encontrar chorando
no banheiro mais. — Ela sorriu com tristeza. Hoje, ela estava usando um short
curto e um top preto, o que acentuava sua cintura fina e a forma como os quadris
se sobressaiam, era provocativa.

Eu não ficaria surpresa se Adam estivesse interessado nela. —Cam acha


que Adam gosta de você.

Seus olhos ficaram arregalados como pires. —Ele acha?

115
Eu sorri e assenti. O sorriso dela morreu. —Bem, ele não vai sair com
qualquer uma de suas dançarinas, por isso não importa.

Eu não disse nada, porque os caras apareceram transportando um grande


colchão branco. Depois disso, todos nós trabalhamos juntos para ajudá-la a
transportar todo o seu material do caminhão de Adam para o apartamento.

Correção: todos eles descarregaram o caminhão de Adam e eu e ela nos


sentamos para desembalar caixas (principalmente roupas) porque Cam não me
deixou levar nada.

Quando Adam ouviu falar sobre a minha contusão, ele quase me obrigou a
ficar em casa do trabalho naquela noite, mas eu recusei. Não havia nenhuma
maneira que eu fosse perder trabalho. Eu precisava do dinheiro.

Cam não estava feliz, mas isso não era muito ruim.

Ele também não ficou muito feliz quando teve que me deixar aos cuidados
de Roxie para que ele pudesse ir para casa e ficar pronto para o trabalho.

Eu realmente queria tirar um cochilo, mas eu sabia que se fizesse isso,


Roxie me verificaria a cada cinco segundos e me levantar para o trabalho seria
uma dor na bunda, por isso, tomei uma ducha.

A água fria estava tão boa, ela lavou o que restava da areia e do sal do mar
da manhã. Eu lavei meu cabelo suavemente, encolhendo-me quando o spray
entrou em contato com o machucado. Depois disso, eu me distrair com
pensamentos de Cam e eu na minha cama esta manhã.

Beijá-lo era como a primeira mordida de sorvete realmente grande. Como


deitar na cama e ouvir o som de uma tempestade ou ser uma criança na véspera
de Natal. Pecaminoso, confortável, mas completamente emocionante.

Ele despertou tantas emoções diferentes em mim exatamente ao mesmo


tempo em que foi um pouco assustador. Mas não necessariamente de uma
maneira ruim. Eu nunca conheci ninguém como ele antes. Alguém que era casual,
mas sabia o que queria da vida. É como se ele soubesse exatamente aonde ir, mas

116
não estava com pressa. Ele não enlouqueceria tentando chegar ao objetivo final
de seu plano.

Eu gostei disso.

A maneira como ele se parecia certamente não doía nada também. Meu
Deus, seu corpo era o pacote total. Magro, mas malhado, bronzeado, mas suave.
Movia-se com a graça de um atleta (surfar faz bem para o corpo), e ele sorria
como um cara com algum tipo de segredo impertinente.

E essa covinha... Eu queria lambê-la.

Eu nunca me senti tão atraída por um cara. Eu nunca tinha sentido o tipo de
carga sexual que percorria meu corpo quando ele estava por perto. Era tão forte,
que eu sabia que se ele não tivesse parado as coisas esta manhã, eu teria dormido
com ele. Eu não seria mais virgem.

Ele disse que não queria apressar as coisas, mas meu corpo não se
preocupava com o quão rápido nos movíamos. Meu corpo parecia que estava
esperando uma vida inteira por alguém para me fazer sentir assim.

E a minha cabeça? Meu coração?

Minha cabeça me dizia que esperar não era uma coisa ruim. Minha cabeça
me dizia que cada menina deveria ser cautelosa.

E o meu coração... Meu coração sussurrava que ele poderia ser o único. Ele
me dizia que eu não estava apaixonada por ele, ainda não, mas era apenas uma
questão de tempo.

Se Cam queria apenas uma coisa de mim, suas ações teriam me dito isso.
Sim, ele teria me levado para o centro médico, e ele poderia até ter ficado. Mas
ele não teria me seguido na sala de exame. Ele não teria pagado a conta. E tão
tola quanto era... A minha mente continuava pensando naquele coração
desenhado em meu copo de limonada.

Parecia que meu coração e meu corpo estavam se unindo contra o meu
cérebro e tentando derrubá-lo.

117
Depois do banho, coloquei um vestido branco, pensando que mostraria um
pouco do bronzeado que peguei esta manhã na praia. Eu sequei meu cabelo em
um estilo suave, em linha reta e, em seguida, enrolei as pontas ao redor do meu
rosto e sobre os meus ombros.

Quando eu estava colocando minha maquiagem, alguém tocou a


campainha. Olhei para fora do meu quarto e olhei para o quarto de Roxie. A porta
abriu e ela colocou a cabeça para fora.

—Você está esperando alguém? —Perguntou ela.

—Não. Você está?

Roxie sacudiu a cabeça e mordeu o lábio inferior. —Você acha que ele me
seguiu?

—Quem?

—Craig.

Inquietação deslizou através de mim. —Ele estava bravo que você saiu?

Ela assentiu com a cabeça.

A julgar pelo olhar em seu rosto, eu me perguntei se ele fez mais para ela
do que lhe trair. —Volte ao seu quarto. —Eu disse a ela, andando em direção à
porta.

Se fosse Craig, eu mentiria e diria que ele tinha batido no apartamento


errado. Momentos como este, eu gostaria de ter uma daquelas coisas de olho
mágico na porta.

—Quem é? —Eu chamei, decidindo que era muito medrosa para abri-la e
ver.

—É Cam.

Deixei escapar um suspiro de alívio e abri a porta. —Ei, desculpe por isso.

118
—Qual é o problema? —Disse ele, estreitando os olhos no meu rosto
quando ele entrou.

—Nada.

Roxie abriu a porta e olhou para fora, alívio encheu seu rosto.

Cam olhou para mim com uma sobrancelha levantada. —Nada?

—Nós pensamos que pudesse ser Craig. —Explicou Roxie.

Seus lábios apertaram. —Ele sabe onde você está?

—Eu não disse a ele.

—O que você está fazendo aqui? —Perguntei, tentando mudar de assunto.

—Eu vim para levá-la ao trabalho. Você não pode dirigir, lembra?

Eu não me incomodei em apontar que Roxie e eu trabalharíamos hoje à


noite e no mesmo local.

—Como está sua cabeça? —Ele perguntou, passando aqueles olhos cor de
ônix em cima de mim.

—Está bem. Eu vou pegar minhas coisas. Eu estarei aqui em um segundo.

Voltei para o meu quarto e ignorei Roxie que estava nos observando
atentamente da porta do quarto. Se ela me provocasse sobre Cam, mais tarde, eu
iria provocá-la sobre Adam.

No meu quarto, eu terminei a minha maquiagem, passei laquê no meu


cabelo, e peguei minha mochila, que ainda estava lotada da noite anterior. No
meu caminho para fora do quarto, peguei meu telefone, e me lembrei de que me
esqueci de ligar para minha mãe de volta.

Eu teclei seu nome nos contatos e o telefone começou a tocar. Eu tinha que
admitir, eu me senti um pouco aliviada quando seu correio de voz veio na linha.

—É Veronica. Deixe um recado.

119
Bip.

—Ei, mãe, desculpe eu perdi a sua chamada mais cedo hoje. Estou indo
para o trabalho agora, mas vou chamá-la de manhã e podemos conversar. Diga ao
papai que eu disse oi!

Então eu desliguei e empurrei o telefone na minha bolsa.

—Você está pronta? —Disse Cam atrás de mim.

Eu pulei, colocando a mão no meu peito. —Você me assustou!

—Você estava ao telefone. Eu estava tentando ficar quieto. —Seus olhos


brilhavam de malícia.

—Você sabe que Roxie poderia ter me levado para o trabalho.

Seus olhos escureceram. —Seu ex é algum tipo de ameaça?

Eu enruguei meu nariz. —Eu não sei. Eu não penso assim...

—Mas quando eu bati na porta, ela ficou com medo.

Eu balancei a cabeça. —Eu sei que ele é um saco de sujeira, a traiu e outras
coisas, mas ela nunca disse nada sobre ele machucá-la fisicamente.

—Acha que ela diria a você?

Eu pensei. —Talvez não. Nós não nos conhecemos há muito tempo.

—Talvez ela não deva viver aqui.

—Shh! — Eu o silenciei, com meus olhos voando para a porta. —Eu não vou
chutá-la para fora!

—Pode não ser seguro.

—Eu estou perfeitamente segura. Nossas portas têm trancas e este


apartamento fica no segundo andar. —Eu cruzei os braços sobre o peito. —Além
disso, aonde mais ela deveria ir? E eu gosto dela.

120
—Eu gosto dela, também.

—Ela já assinou o contrato de qualquer maneira. —Eu terminei, agarrando


a minha mochila. Essa conversa tinha acabado.

—Hey. —Cam disse quando eu tentei passar por ele. Sua mão enrolou no
meu braço e me guiou mais para perto. —Não fique brava. Eu só estou pensando
sobre a sua segurança.

—E eu aprecio isso, mas eu estou bem.

Ele estendeu a mão e deslizou a correia da mochila do meu ombro e


ergueu-a sobre o dele. Então sua mão afastou-se do meu braço e deslizou pelas
minhas costas, puxando-me mais perto para que meu corpo fosse diretamente
contra o dele.

Ele baixou a cabeça e capturou meus lábios, enquanto o outro braço


enrolou em volta de mim, me trancando no lugar. Um gemido retumbou na parte
traseira de sua garganta enquanto nossos lábios colidiam mais e mais. Estendi
minhas mãos para deslizá-las em torno de sua cabeça, as enterrando em seu
cabelo na base do pescoço. Eu puxei os fios, puxando-o mais perto, e minha
língua serpenteou para misturar-se com a sua.

Suas mãos não ficaram nas minhas costas por muito tempo. Em vez disso,
ele segurou minha bunda, me pressionando ainda mais perto, e eu engasguei
quando sua excitação sólida tocou contra minha barriga. Luxúria, pura e simples,
me inundou. Se fosse um oceano, eu certamente teria me afogado. Era como se
eu fosse feita apenas para ele e ele soubesse exatamente dos meus desejos
ilícitos, anseios, necessidades que eu estava começando a pensar que eu não
possuía.

Aprofundei minhas mãos no colarinho de sua camisa, com minhas unhas


arranhando a pele suave de sua parte superior das costas. Sua camisa estava no
meu caminho. Eu não queria isso entre nós. Eu queria passar minhas mãos por
todo o corpo que eu não pude parar de olhar, desde esta manhã na praia.

Mas ele se afastou. —Porra, Harlow. Você é tão sensível. Toda vez que eu
te toco, é como se você se derretesse em minhas mãos.

121
Eu totalmente me derretia.

Era totalmente embaraçoso.

Mais uma vez, Harlow age como uma ninfomaníaca.

—Sinto muito. —Eu pedi desculpas, então parei. O que uma menina diria
quando ela agia como uma completa puta? Eu não saio muito? Sim, porque isso
seria crível. Inferno, neste momento eu estava começando a pensar que eu perdi
minha virgindade ao longo do caminho e apenas esqueci.

Sexo com Cam seria inesquecível.

Ahh, caramba. Lá vou eu novamente.

Talvez eu fosse uma ninfomaníaca.

—Nunca peça desculpas. —Disse ele, me puxando contra ele e beijando o


topo da minha cabeça. —Porra, eu adoro isso. Você me faz sentir como se eu
tivesse alguns poderes sexuais.

Eu ri.

—Você está rindo de mim? —Ele rosnou.

—Só um cara poderia pensar que ele tem poderes sexuais.

—Está dizendo que eu não tenho? —Ele perguntou maliciosamente,


deslizando os dedos na barra do meu vestido e acariciando minhas coxas.

Minhas costas arquearam e eu respirei fundo.

Ele riu. —Sim. Eu tenho poderes.

Então, ele me soltou e colocou minha bolsa um pouco mais alta sobre seu
ombro. —Vamos, ou nos atrasaremos.

Dei adeus a Roxie e nós fomos para o meio-fio. —Sem moto? —Eu disse,
um pouco decepcionada.

122
—Eu achei que um capacete não seria bom sobre esse galo na sua cabeça.
Além disso, você tem uma concussão. Andar de moto não é uma boa ideia.

—Você age como se eu precisasse estar em repouso na cama. —Eu disse,


revirando os olhos.

—Repouso seria realmente tão ruim assim? —Ele perguntou, dando-me um


olhar aquecido.

Minhas bochechas coraram.

Ele riu.

—Você é muita contradição, querida. Num minuto você é como um fogo de


artifício em meus braços e no minuto seguinte, você cora como uma virgem.

Um riso nervoso saiu enquanto eu estendia a mão para a porta e deslizava


para o banco do passageiro. Ele pegou a porta enquanto eu a fechava. Ele olhou
para mim com os olhos arregalados. Eu podia ver o debate acirrado dentro de sua
cabeça... Ela era ou não era?

Lambi meus lábios nervosamente, realmente não sabendo o que dizer.

—Harlow. —Disse ele, com sua voz estranhamente rouca.

Nossos olhos se encontraram.

—Merda. —Ele xingou. Ajoelhou-se entre a porta e meu assento. —Você é


virgem? —Ele sussurrou.

—Sim.

Ele gemeu... O tipo de gemido que implicava dor. —Eu sinto muito.

—Pelo que você sente muito?

—Por causa desta manhã... Na cama. Eu fui longe demais. Eu só... A


maneira como você responde a mim, eu teria jurado que era experiente.

123
Minhas bochechas aqueceram. Esse não era exatamente o tipo de conversa
que eu queria ter. Mas se eu não fosse madura o suficiente para ter essa conversa
com ele, então eu não tinha nada que estar em seus braços. E eu totalmente
queria estar em seus braços.

—Você não foi longe demais. Eu... Queria, se você quer saber. —Eu respirei
fundo. —Eu nunca me senti assim, desse jeito, com ninguém antes.

—Sim, bem, eu também não. E eu não sou virgem.

—Sério?

Ele passou a mão sobre sua mandíbula. —Não, esse navio partiu há muito
tempo.

Revirei os olhos. —Eu quis dizer que você não se sentiu assim antes com
qualquer outra.

Ele se levantou e fechou a porta entre nós, mas foi capaz de se inclinar,
porque a capota ainda estava abaixada. Equilibrando-se sobre a parte superior da
porta, ele inclinou-se, beijando-me de uma forma que foi concebida para ser
breve, mas se aprofundou no minuto em que nossos lábios se moveram.

—Sim. —Ele disse, se afastando e apontando entre nós. —Isso é novo,


mesmo para mim.

Inclinei a cabeça para o lado. —Então, ambos somos virgens?

—Eu não iria tão longe, querida. — Ele riu e me beijou na ponta do meu
nariz. Então, ele deu a volta e pulou para dentro do carro sem abrir a porta.

Antes de sair do estacionamento, ele olhou para mim e deu um meio


sorriso. —Uma stripper que é virgem. Isso tem que ser a primeira.

O vento levou a minha risada quando fomos embora.

124
O Mad Hatter estava além de cheio hoje. Estava tão lotado que cada mesa
estava ocupada. Havia duas despedidas de solteiro em ambos os lados do salão, e
isso ocupava somente a área ao redor do palco.

Isso me deixou incrivelmente nervosa.

—Todo fim de semana é assim? —Perguntei à Roxie enquanto nos


vestíamos nos bastidores.

—Praticamente.

Meu estômago agitou. Eu senti como se fosse vomitar. Como no mundo eu


convenceria uma multidão tão grande que eu era sexy, sem tirar a roupa?

As primeiras três meninas que acabaram suas rotinas tiraram tudo até
ficarem somente de tangas. Dinheiro praticamente choveu sobre elas enquanto
dançavam.

Eu não tinha certeza se poderia fazer isso, mesmo para chover dinheiro.

Eu perdi minhas duas primeiras danças da noite porque o bar estava tão
lotado, que Adam me pediu para ficar no salão e servir bebidas. Eu não me
importei; na verdade, fiquei aliviada. Coloquei o espartilho preto, as meias e os
saltos e ri e sorri o melhor que pude. Fiz boas gorjetas em pelo menos fazendo
isso, eu me sentia um pouco menos exposta.

Mas enquanto a noite passava, a multidão falava mais alto e ficava mais
bêbada.

Adam me encontrou e me disse para ficar nos bastidores para que eu


pudesse fazer alguma dança para dar a algumas das outras meninas uma pausa.

—Não desmaie. —Roxie me disse sobre a música e a multidão.

125
Eu peguei um bustiê cor de rosa, que amarrava na frente com fitas de cetim
pretas. Então eu coloquei um boy short preto minúsculo com crânios cor de rosa
sobre ele. O fio roxo já estava no meu cabelo e eu decidi apenas deixá-lo caído em
torno dos meus ombros. Então eu coloquei meus saltos pretos e acrescentei um
batom rosa e um pouco de maquiagem extra nos olhos.

—Essa roupa é quente. —Disse Roxie, me olhando por cima.

—Espero que sim. —Eu murmurei.

Fui para o meu lugar atrás da cortina enquanto meu coração batia forte e
as palmas das mãos suavam. A multidão gritava tão alto, que tive que me esforçar
para ouvir o DJ me anunciar.

A música começou (outra canção de rock clássico), e eu comecei a me


mover, dando passos e rebolando até que cheguei ao poste de pole dance. Eu
tinha evitado esse poste até agora, mas eu não sabia mais o que fazer.

Enquanto eu rebolava, meu sapato prendeu em alguma coisa


(provavelmente o ar) e eu tropecei. Felizmente, eu não caí, mas um dos rapazes
chegou até a beira do palco, estendeu a mão e agarrou a minha cintura.

—Whoa, querida. —Ele disse, me empurrando para trás e me batendo na


minha bunda.

Olhei para a parte traseira do clube onde estava evidente, que Ty estava
olhando na direção do senhor de mãos leves. Dei-lhe um ligeiro aceno de cabeça
e ele relaxou. Então eu me virei de volta para o homem que me tocou, e coloquei
a ponta do meu salto em seu ombro. A multidão gostou, então eu fiz um pequeno
movimento e, em seguida, empurrei o sujeito, fazendo-o cair para trás.

Ele mereceu.

Mãos me tocaram quando me virei em torno do poste, e eu queria vomitar.


Eu não queria quaisquer mãos em mim. Eu só queria um conjunto de mãos em
mim.

As de Cam.

126
Só de pensar em seu nome foi um erro, porque eu parei meus movimentos,
e me virei na direção do bar, meus olhos procurando-o automaticamente.

Ele estava entregando a alguém uma cerveja, quando pareceu sentir que eu
o estava procurando e ele olhou para cima. Nossos olhos se encontraram.

Ele acenou com a cabeça levemente, me dizendo que eu poderia fazer isso.

Eu comecei a me mover.

Para ele.

Fingi que ele era o único cara no salão.

Naquele momento, ele era.

Eu enfiei um dedo na minha boca, o molhei e, em seguida, arrastei-o para


baixo no meu peito. Meus dedos desceram até minhas coxas e, em seguida,
subiram, até o centro das minhas pernas. Os olhos de Cam não me deixaram
quando ele inclinou-se para frente no bar, ainda observando.

Virei-me, abrindo as minhas pernas e, em seguida, agarrando minha bunda


com as duas mãos. Eu parei e olhei por cima do meu ombro, diretamente para
ele.

E então eu rebolei até o fim do palco onde dois homens estavam de pé,
olhando. —Poderiam dar a uma garota uma mãozinha, meninos? — Eu disse,
estendendo minhas mãos.

Eles ficaram muito felizes em me ajudar e, em seguida, ambos me


desceram do palco.

A multidão afastou-se enquanto eu me movia; os holofotes seguiam o


caminho que eu tomava. Meus olhos não se afastaram do meu alvo, do meu
destino.

Quando cheguei ao bar, peguei um homem pelas costas de sua camisa


(francamente, eu estava ofendida que ele não estava olhando para mim para
começar) e puxei, arrastando-o para longe do bar.

127
—Hey! —Ele gritou até que ele conseguiu me ver.

Eu sorri, agarrei sua garrafa de cerveja, e tomei um longo gole. A multidão


aplaudiu. Então eu a entreguei a ele, e ele ergueu-a como se tivesse ganhado
algum prêmio. Colocando as duas mãos na parte superior do bar, eu me icei (eu
só cambaleei um pouco) e sentei-me no bar, com minhas pernas balançando ao
lado.

Cam estava um pouco mais adiante, então eu me arrastei, com movimentos


longos em cima do bar em direção a ele. Senti meu boy short entrar na minha
bunda, mas eu não o arrumei... Eu não me importava.

Ele ficou ereto, abrindo espaço quando cheguei mais perto. Ao lado dele
havia uma pequena prateleira cheia de tubos de ensaio de plástico, que estavam
meio cheios de doses azuis. Eu não tinha ideia de que tipo de álcool estava neles.
Não importava.

Eu esperava, eu rezava, para que Cam entrasse no jogo, porque ele estava
prestes a tornar-se parte da minha rotina. Se ele não cooperasse, eu tinha certeza
de que teria que me esconder no banheiro pelo resto da noite.

Eu estava diretamente sobre ele, dando à multidão uma visão total do meu
traseiro, e depois me inclinei e peguei um dos tubos de ensaio. Levantei-o para
que todos pudessem ver.

Então eu enfiei o tubo direto entre os meus seios.

Eu ouvi o assobio, as vaias, mas eu os bloqueei. Olhei para Cam e me


afundei de joelhos ali mesmo no bar, enfiando meu peito perto de seu rosto.

Enrolei minha mão em torno da sua nuca, logo abaixo do chapéu preto
empoleirado em sua cabeça, e puxei-o para mais perto. Senti um estrondo de um
riso vindo dele, e eu tive um medo momentâneo pensando que ele se afastaria.

Mas ele não o fez.

Seus lábios foram procurar o tubo. Os holofotes queimavam minha pele, e


seus lábios estavam frios quando eles deslizaram sobre meu decote e

128
encontraram o tubo. Ele puxou-o com os dentes, então inclinou a cabeça para
trás e bebeu o líquido.

A multidão estava em frenesi agora, enquanto eu estava de pé e


percorrendo o bar. Eu entortei meu dedo para Cam, esperando que ele me
seguisse e, felizmente, ele o fez.

Peguei a fita de seda preta que segurava meu espartilho e puxei,


lentamente desatando do vestuário. Comecei baixo perto do meu umbigo, e
puxei a fita até que o espartilho ficou completamente aberto até um pouco
abaixo dos meus seios.

Olhei para Cam.

Eu estava sem ideias.

Mas ele não estava.

Ele pegou um copo vazio ao lado do bar e ergueu-o. Os homens aplaudiram


(eu não tinha ideia do motivo) e, em seguida, ele o jogou para cima, girando-o no
ar, e o pegou de novo. Em seguida, ele bateu-o no bar entre as minhas pernas e
apontou.

Eu não tinha ideia do que isso significava.

—Deite-se. —Ele disse.

Eu tomei meu tempo, fazendo uma produção ao deitar enquanto eu me


esticava em toda a parte superior do bar. Até agora, a minha primeira música
tinha acabado e o DJ tinha começado outra, mas a que ele escolheu combinava
perfeitamente com o ato, então eu fui com ele.

Quando eu estava deitada no bar, com as costas arqueadas, de uma forma


que eu orei que fosse provocativa e não estúpida, Cam serviu uma dose de bebida
cor de mel no copo. Em seguida, ele separou a abertura do meu espartilho,
expondo completamente a minha barriga.

Eu não estava preparada para o que ele fez em seguida.

129
Ele lambeu meu estômago, logo acima do meu umbigo. Sua língua era
como um fogo ardente deixando um rastro escaldante na minha pele. Eu não
tinha que fingir que eu gostei.

Porque eu gostei.

Eu gostei tanto que minhas costas arquearam ainda mais do bar. Em


seguida, ele jogou algo em todo o caminho molhado que ele deixou na minha
pele. Era arenoso e branco. Sal.

Então, ele levantou uma fatia de limão e colocou-o entre meus seios, bem
onde a fita estava se soltando.

O copo estava frio quando ele colocou-o no centro do meu estômago.


Prendi a respiração, rezando para que eu não me movesse e derramasse tudo.

A multidão gritava: — Faça!

E ele sorriu, lambeu o sal do meu estômago, pegou o copo de shot, e


tomou a tequila. Em seguida, ele mergulhou sobre meu decote atrás do limão,
demorando um pouco mais do que eu pensava que ele realmente precisava,
fazendo meus mamilos endureceram no processo, antes de se afastar com a
casca verde saindo de sua boca.

Os homens estavam dando High Five uns aos outros em todo o lugar.

Idiotas.

Cam estendeu a mão e discretamente juntou meu espartilho, e então me


levantei. Meus olhos travaram em um homem que estava na ponta do bar contra
uma parede... Completamente envolto em sombras.

Ele estava olhando para mim.

Eu podia sentir isso.

Um tremor subiu pela minha espinha.

130
Num impulso, eu agarrei o chapéu da cabeça de Cam e o coloquei em mim,
puxando para cobrir parte do meu rosto. A música terminou. Os holofotes se
apagaram.

Dinheiro inundou a parte superior do bar.

Tinha acabado.

Obrigada Jesus que a rotina tinha acabado.

E eu não estava nua!

Cam chegou a mim, me tirando do bar e me sentando ao lado onde ele


estava, efetivamente colocando uma barreira entre mim e todos os estranhos.

—Eu lhe devo por isso. —Eu disse a ele quando ele me ajudou a recolher o
dinheiro do bar.

—Você está brincando comigo? —Ele sussurrou em meu ouvido. —Foi um


prazer.

Ty apareceu no final do bar para me acompanhar aos bastidores, e eu


estava além de agradecida. Enquanto passávamos pela multidão, eu tive uma
sensação estranha, e olhei por cima do meu ombro, para onde vi o homem de pé
nas sombras.

Ele se foi.

Roxie já estava no palco fazendo sua rotina quando eu fui para minha
penteadeira. Um par de meninas me parabenizou por como a dança foi orientada,
e eu sorri e agradeci-lhes, quando tudo o que eu realmente queria era um
momento de silêncio.

131
Meu celular estava tocando em cima da minha penteadeira quando me
aproximei. Era minha mãe. Mais uma vez. Preocupada que algo estivesse errado,
eu atendi.

—Mãe? —Eu disse, movendo-me em direção ao fundo da sala, onde as


roupas comunitárias e perucas estavam. —Está tudo bem?

—Harlow? Onde está você? O que é todo esse barulho?

—Eu tenho outro emprego, servindo mesas. Essa é a música em segundo


plano. —Ok, não era uma mentira total. Eu servia mesas... Em pequenas roupas e
entre as minhas danças.

—Outro trabalho? Você está tendo problemas de dinheiro, querida?

Ela ia direto a isso.

—Não mamãe, está tudo bem. — Isso não era uma mentira total. Eu não
precisava de dinheiro. Eu tinha acabado de encher um balde dele no bar. —Há
algo de errado?

—Eu só liguei... Dizer... Que... — Eu pressionei um dedo na minha orelha


para bloquear alguns ruídos.

—Eu não posso ouvi-la. Está cortando a ligação. —Eu disse.

—... Dizer-lhe... Veio...

Puxei o telefone para longe da minha orelha. Um bar. Praticamente


nenhuma recepção.

—Mãe, você e papai estão bem?

—Sim... — Eu a ouvi dizer.

—Eu vou ter que ligar de volta na parte da manhã. Minha recepção é muito
ruim aqui.

—O que... Harlow? — E então ela se foi. A chamada caiu.

132
—Telefones celulares estúpidos. —Eu murmurei. Pelo menos eu sabia que
ela e meu pai estavam bem. Todo o resto poderia esperar até de manhã.

Eu esperava que ela se esquecesse do meu novo trabalho até então, e que
se esquecesse de pedir os detalhes. Minha mãe amava detalhes.

Eu esqueci completamente do telefonema depois disso, porque eu tinha


mesas me esperando. A multidão, finalmente, começou a ir embora às duas horas
da manhã, e Adam me disse que eu poderia ir. A única dança que fiz foi a única do
bar.

Eu não reclamaria.

Eu contei as minhas gorjetas e sorri. Outra noite, oitocentos dólares. Eu


troquei todas as minhas gorjetas no bar, e depois fui para a parte de trás para
trocar meu boy short e espartilho pelo meu vestido branco. Eu usei um lenço de
limpeza para tirar a maior parte da maquiagem do meu rosto, mas eu deixei meu
cabelo.

Eu estava literalmente esgotada.

O Motrin perdeu efeito horas atrás. Minha cabeça latejava e o ovo de ganso
na parte de trás da minha cabeça doía.

Eu só queria minha cama e dormir.

Cam estava encostado na parede, perto do banheiro, quando saí dos


bastidores. Ele tinha substituído à gravata preta por uma camiseta branca
confortável, e sua jaqueta de couro preta pendia em sua mão.

Ele afastou-se da parede quando me viu, chegando mais perto, e usou seu
corpo para empurrar o meu de volta contra a porta que acabei de sair.

—Você me deixou louco esta noite. —Ele murmurou, abaixando a cabeça e


fazendo dos meus lábios reféns. Ele poderia me sequestrar a qualquer hora.

—Esse seu short... —Ele murmurou entre beijos. —... Tem que ser a coisa
mais sexy... —Mais beijos. —... Que eu já vi. — Mais beijos.

133
Eu ri. —Que bom que você gostou deles.

Ele se afastou e passou a ponta de seu polegar sobre meu lábio inferior.

—Como está se sentindo, querida?

—Já estive melhor.

Ele estendeu o casaco, coloquei meus braços nele e ele o arrumou em


torno de mim. As mangas compridas cobriram minhas mãos e eu sorri. —Vamos
lá. Vamos.

—Adam disse que você poderia sair?

—Ele sabe que eu sou sua carona.

Eu dei um suspiro de alívio quando finalmente saí para a calçada. —Aquele


lugar estava uma loucura. —Eu murmurei enquanto caminhávamos para o
Mustang.

—Sua cabeça dói?

—Um pouco.

Nós não dissemos nada durante a curta viagem para o meu apartamento.
Quando chegamos lá, Cam foi até a parte de trás do carro e tirou uma mochila de
cor escura.

—O que é isso? —Perguntei curiosa.

—Eu vou ficar aqui esta noite.

—Você vai? — Eu disse surpresa.

—Alguém tem que acordá-la a cada duas horas.

Eu gemi. —Estou bem. Estive acordada até agora.

Ele balançou sua cabeça. —O médico disse...

134
—Bem. Você quer ficar, fique. —Eu estava muito cansada para discutir.

Eu vi quando ele carregou sua mochila e trancou as portas do carro e, em


seguida, ambos nos arrastamos até meu apartamento escuro.

Liguei uma lâmpada ao lado do sofá e disse a Cam para se sentir em casa e,
em seguida, agarrei meu pijama curto e me tranquei no banheiro.

Lavei o resto da minha maquiagem, escovei os dentes, e usei um pouco da


água da torneira para engolir outro Motrin. Agarrando o meu vestido e roupa
interior, eu desliguei a luz do banheiro e caminhei para o meu quarto, vestindo
meu short e parte superior do pijama.

Cam não estava na sala de estar enquanto eu a atravessava, e me perguntei


brevemente se ele estava na cozinha.

Ele não estava.

Ele estava deitado na minha cama.

Sem camisa.

—O que você está fazendo? — Eu perguntei a ele quando meu desejo


roubou minha respiração, e eu esqueci tudo sobre minha dor de cabeça e o quão
exausta eu estava. Eu nunca tinha visto minha cama parecer tão boa ou tão
convidativa.

—Você disse para me sentir em casa.

Eu ri e joguei minhas roupas no chão. Eu lidaria com elas mais tarde. —E


você tomou isso como um convite para a minha cama?

Seu sorriso era lento. —Eu pensei que se você precisasse de mim, eu
deveria estar por perto.

—Uh-huh. —Eu disse, deitando no lado oposto. Graças a Deus eu tinha uma
cama Queen-size, ou não haveria espaço para mim. Não que isso importasse. Eu
encontraria uma maneira de me espremer ao lado dele, mesmo se minha cama
fosse do tamanho de uma lata de sardinha.

135
—Belo quarto que você tem aqui.

As paredes foram pintadas de uma cor creme clara; a cabeceira da cama


era um desses projetos DIY que minha antiga colega de quarto me ajudou a fazer,
e foi preenchida com um material em camurça cor de chocolate. Toda a roupa de
cama era branca, e havia várias almofadas em tons variados de azul. A cômoda e
penteadeira foram ambas pintadas em tons de azul, e havia um grande espelho
emoldurado apoiado contra uma das paredes. As únicas outras decorações aqui
eram as cortinas que eram horizontalmente listradas com cores alternadas de
creme e azul.

—Obrigada.

Eu estabeleci-me contra os travesseiros, pensando que esta era a primeira


vez que eu tinha um cara na minha cama. Ele se levantou e caminhou em direção
à porta. De alguma forma eu pensei que quando eu finalmente tivesse um cara na
minha cama (convidado ou não), ele teria ficado um pouco mais.

Ele fechou a porta e, em seguida, virou-se e olhou para mim. —Eu não
gostaria de acordar Roxie cada vez que eu te acordasse.

—Eu não sou responsável por qualquer dano corporal que aconteça a você,
se você realmente tentar me acordar.

—Você não me machucaria.

Eu bufei.

—Diga-me uma coisa, Harlow. —Disse ele, voltando para a cama. Eu mal o
ouvi falar. Eu estava meio que encantada com a maneira como seu short de
ginástica estava pendurado baixo, expondo os músculos paralelos que cortavam
seus quadris e desapareciam sob o tecido. —Esta é a primeira vez que você tem
um homem em sua cama?

—Sim. — Se eu tivesse pensando claramente, eu teria dado uma resposta


mais engraçadinha.

136
—Não posso dizer que não estou feliz com isso. — Ele puxou o lençol sobre
nós dois.

—Obrigada por esta noite. —Eu disse. —No bar.

—Você estava nervosa?

Eu balancei a cabeça. —Eu sou uma stripper terrível.

—Você não é tão ruim. —Disse ele, deslizando mais debaixo das cobertas e
girando de lado para me encarar. Uma mecha de cabelo loiro caiu sobre a testa e
eu queria tanto empurrá-la de volta. Mas eu me senti um pouco tímida de
repente. —Você só precisa relaxar.

—É difícil relaxar em uma multidão de bêbados, e estranhos tarados.

—Esse cara teve sorte que ele te soltou depois que te segurou. —Disse ele,
com sua voz se tornando sombria.

—Eu fiquei aliviada quando Adam disse-me para trabalhar no salão.

Ele sorriu. —Eu disse-lhe que não se sentia bem.

—Você disse? — Engoli em seco.

Ele assentiu. —Você deveria ter visto seu rosto quando chegamos ao
estacionamento e não havia lugar para estacionar.

Eu gemi e ele riu. —Pânico total e absoluto.

—Eu não sei como você lida com todas essas pessoas.

—Hey, as pessoas são sempre boas para o cara com a cerveja.

Eu ri. Ele era um cara muito bom. Quase desde o momento em que nos
encontramos, ele estava olhando por mim, mesmo quando eu não estava
prestando atenção (ok, eu tinha um déficit de atenção horrível).

137
Estendi a mão e tirei seu cabelo da testa. Seus olhos fecharam-se. Sentindo-
me um pouco mais ousada, eu passei minha mão pelo seu cabelo, flexionando os
dedos contra o seu couro cabeludo.

Depois de alguns minutos, ele puxou minha mão e deu um beijo na palma
dela, em seguida, enfiou-a perto de seu peito. —Você deveria ir dormir. Você está
exausta.

—Eu não estou mais cansada.

Seus olhos brilharam para os meus. Desejo rodou em suas profundezas. Em


resposta, o desejo dentro de mim começou a se desenrolar.

—Você tem uma concussão.

—Se você me mantiver acordada, não terá que me acordar em uma hora.

—Se eu a mantiver acordada agora, eu seria o maior babaca conhecido pelo


homem.

—Você está me rejeitando? —Perguntei, uma pequena dor abafou o


desejo.

Ele riu. —De jeito nenhum.

—Então…?

—Por que é que as mulheres ficam ofendidas quando os homens tentam


fazer a coisa certa?

—O que? — Sua resposta complicada estava fazendo minha dor de cabeça


voltar.

Ele enganchou uma mão em volta do meu quadril e me deslizou sobre o


colchão, fechando a distância entre nós. Depois me virou de costas, e guiou
minha cabeça para que ficasse apoiada em seu ombro. Seu braço ficou em volta
de mim, segurando-me confortavelmente ao seu lado.

138
Com o braço livre, ele desligou a lâmpada de cabeceira. Escuridão
mergulhou em torno de nós.

—Baby, durma agora enquanto estou oferecendo a você, porque no minuto


em que você se tornar minha, o sono não virá tão frequentemente.

Enfiei minha perna entre as dele, enquanto ele gentilmente acariciava a


pele exposta da minha cintura, e então eu facilmente adormeci.

139
Cada hora ele me acordou.

Com beijos.

Eu nem tentei pará-lo.

Quando ele ia se afastar, eu o agarrava de volta para mais.

Cada hora após hora, os beijos duravam apenas um pouco mais.

Hora após hora, a sedução crescia mais espessa, envolvendo em torno do


quarto como uma névoa pesada logo após uma chuva no crepúsculo.

Foi um delicioso jogo de preliminares, beijos que viraram toques e toques


que viraram carícias. Suas mãos começaram a ficar por dentro das minhas coxas e
no oco entre os meus seios. Toda vez que ele me tocava, todo o meu corpo
tremia. Ficava cada vez mais difícil adormecer, porque eu queria que o doce
tormento fosse em frente.

Eu não sei que horas era quando a necessidade começou a dominar todo o
resto. As cortinas estavam fechadas, e o quarto ainda estava escuro. Minhas mãos
ficaram ousadas quando ele se deitou para trás e tentou dormir.

Eu estava cansada de dormir.

Comecei com o peito, passando meus dedos em sua clavícula e no peito


definido. As pontas dos dedos exploraram seus mamilos, que franziam sempre
que eu lhes tocava por muito tempo. E então, minha mão mergulhou na parte
inferior, direto em uma linha reta, passando por seu umbigo, e chegando ao cós
de sua bermuda.

140
Havia um cordão lá para ajustar a cintura. Eu brinquei com esse cordão,
ocasionalmente passando meus dedos através de sua barriga. Toda vez que eu
fazia isso, seus músculos contraíam.

Mantendo meu corpo ainda deitado ao seu lado, eu soltei suavemente o


cordão e comecei a escorregar apenas um pouco abaixo.

O cume no centro da cueca me dizia que ele definitivamente não estava


dormindo. Usando dois dedos, eu acareciei seu comprimento.

Ele gemeu.

Depois voltei, mais uma vez explorando a forma e dureza dele. Um pouco
mais ousada, eu coloquei a mão em torno dele, deslizando de volta para baixo em
direção à base.

Ele pegou minha mão.

—O que você está fazendo, Harlow?

—Te acordando.

—Oh, eu estou acordado.

—Bom. Eu não queria que você perdesse isso.

Ele respirou fundo e eu sorri na escuridão.

Eu me ergui do colchão e me inclinei, beijando-o suavemente e, em


seguida, me afastando e beijando no seu pescoço e no peito. Pelo fato de eu me
perguntar o que ele faria, girei a minha língua em seu mamilo e ele gemeu
novamente.

Então eu fiz isso de novo. E de novo.

E então eu comecei a beijar descendo, indo em direção ao cós da cueca.

Ele moveu-se rápido, me pegando sob os braços e me arrastando de volta


até seu corpo.

141
—Não tão rápido. —Ele sussurrou. —Você não é a única que quer jogar.

Uma pequena onda de emoção passou por mim, e meus dedos curvaram
contra o colchão. Ele me rolou suavemente, certificando-se de que havia um
travesseiro debaixo da minha cabeça. E então ele estendeu a mão para as alças da
minha parte superior do pijama, puxou-as para os lados, baixando lentamente a
camisa até que todo o meu peito estivesse nu.

Cam baixou mais a camisa sobre meus quadris, passando pelas minhas
pernas, e em seguida, jogou-a fora. Sua pele estava quente quando o seu corpo
veio sobre o meu e estávamos pele contra pele, peito contra peito. Meus mamilos
endureceram instantaneamente, e o atrito dele contra mim me fez ofegar.

Sua boca reivindicou a minha em um beijo que foi mais agressivo do que os
suaves que me tiraram o sono. Seja qual fosse o desejo que ficou adormecido
dentro de mim, veio rugindo para fora de sua gaiola. Nossas línguas acariciavam
uma a outra como uma espécie de segredo que só elas sabiam. Meus membros
cantarolaram com prazer, e seu peito vibrou como se ele fosse um gato gigante.

Seu beijo viajou para baixo no meu corpo, parando em um dos meus seios e
sugando a pele sensível, até que o interior das minhas pernas formigava e
começava a levantar do colchão. Segurei sua cabeça enquanto ele beijava mais
abaixo em toda a minha barriga, e quando ele puxou o cós do meu short com os
dentes, meus joelhos começaram a tremer.

Ele tirou meu short e fez uma pausa. Eu podia sentir seu olhar em mim.

—Você não está usando calcinha. —Ele murmurou.

—Eu nunca uso para dormir.

—Eu vou tocar em você agora. —Ele sussurrou. —Você vai gostar.

Ele começou subindo pelas minhas pernas até o centro do meu corpo,
passando um dedo por cima de cada lado ao longo da minha vagina, e fazendo a
minha língua deslizar sobre os dentes. Um pequeno gemido escapou da minha
boca, e ele riu baixo.

142
Gentilmente, Cam deslizou mais perto, cada mão separando as dobras e
mergulhando no lugar mais sagrado do meu corpo. Ele gemeu. —Você está
encharcada.

Seu dedo deslizou para trás e para frente, para cima e para baixo, e de vez
em quando roçava contra o pequeno botão situado entre as dobras, e meu corpo
deu espasmos involuntários.

—Ainda não. —Ele disse e tirou os dedos.

Quando eu pensei que não aguentaria mais, ele abaixou, abrindo mais
minhas coxas.

Eu sussurrei seu nome, sem saber o que estava fazendo.

—Está tudo bem, querida. Eu cuido de você.

Sim. Sim, ele cuidou de mim.

Na verdade, eu tinha certeza de que em algum lugar ao longo do caminho,


ele reinvidicou outro pedaço do meu coração.

Seus dedos foram substituídos por sua boca, e sua língua era muito hábil
em dar prazer. Sua língua era um pouco áspera, e construiu este tipo de pressão
dentro de mim, que só pedia por liberação. Ele chupou, beliscou, e alisou seus
lábios sobre tudo.

Cam sugou meu clitóris, ao mesmo tempo em que deslizava dois dedos
dentro de mim, entortando-os para frente.

—Cam. —Eu gemi, mas soou mais como uma oração.

O orgarmo veio rapidamente, absolutamente, engolindo tudo. Meu corpo


arqueou para fora da cama como se eu fosse uma bailarina graciosa, e eu abri
minha boca, mas nenhum som saiu.

Os músculos internos da minha vagina flexionaram em torno de seus


dedos, e ele a ordenhou, alegando cada última gota de prazer como sua.

143
Eu desmaiei na cama, totalmente desossada, enquanto ele cobria meu
corpo com o seu, e sua masculinidade dura empurrava o tecido da cueca para
frente e balançava contra o meu núcleo.

Um momento atrás, eu achei que ele havia levado todo o meu desejo.

Eu estava errada.

Novo desejo me atingiu, e eu envolvi minhas pernas em torno de seus


quadris, instigando-o a chegar mais perto, convidando-o a entrar.

Ele riu no meu ouvido. —Você é incrível.

—Por favor, não me faça esperar. —Eu sussurrei, agarrando-o pelo rosto e
beijando-o com um desespero que só uma mulher faminta poderia possuir.

—O que você quer? —Ele sussurrou.

—Você. Dentro de mim.

Ele respirou fundo. Será que isso acabou de sair da minha boca?

Sim. Sim, saiu. E eu não estava a ponto de tê-las de volta.

Passei minhas mãos em suas costas, com meus dedos entrando debaixo de
seu short e empurrando-o para baixo. Ele sentou-se sobre os joelhos e empurrou-
o mais longe, com sua dureza brotando, a prova de seu desejo.

Enrolei minha mão em torno dele, querendo senti-lo, querendo explorá-lo.


Eu acho que era a coisa mais suave que eu já tinha tocado, mas era a mais dura.
Minha outra mão veio e segurou suas bolas, pesando-as na palma da minha mão.

Timidamente, eu me inclinei para frente, lambendo com minha língua a


ponta como se fosse um pirulito.

—Whoa. —Disse ele, puxando para trás. —Você pode fazer isso mais tarde.

144
Gentilmente, ele jogou-me de volta no colchão, dando-me um beijo rápido,
e então ele se levantou, arrancando seu short o resto do caminho e, em seguida,
moveu-se ao pé da cama.

—O que você está fazendo? —Perguntei, o querendo lá comigo.

Eu ouvi o som de um zíper e, em seguida, algo rasgando.

—Só pegando algo para protegê-la. —Ele disse com sua voz completamente
rouca.

Alguns segundos depois, ele estava de volta, estabelecendo-se entre as


minhas pernas e olhando para mim através da escuridão. —Você tem certeza?

—Sim.

—Eu não vou parar agora.

—Por favor, não pare.

Ele veio sobre mim, envolvendo-me em seus braços. Eu podia sentir a


cabeça de sua ereção na minha entrada, e tentei não ficar nervosa. Quando eu
pensei que ele deslizaria para dentro, ele não o fez. Em vez disso, ele alisou meu
cabelo para longe do meu rosto e me beijou lentamente, completamente,
apaixonadamente.

—Você é tão bonita. —Ele sussurrou, beijando ao longo do meu couro


cabeludo. —Tão bonita, porra.

Seus lábios voltaram para os meus, e ele uniu nossos corpos com uma única
estocada. Meu corpo ficou tenso com a ligeira pontada de dor, e ele manteve-se
ali parado, embora eu sentisse o tremor em seus braços, e o esforço em seu
corpo inteiro.

Ele me beijou de novo, empurrando sua língua dentro da minha boca e


deixando-a ficar lá. Depois de vários momentos, meu corpo relaxou
completamente, e senti uma nova onda de umidade entre as minhas pernas. Só

145
então ele começou a se mover, lentamente no início, indo profundamente e me
esticando.

Em seguida, ele se afastou, quase saindo de mim completamente. Eu estava


prestes a protestar quando ele subiu de volta, me enchendo totalmente enquanto
uma sensação boa balançava meu corpo.

Eu não podia fazer muito, além de agarrar seus bíceps e gemer. Foi o
sentimento mais impressionante que eu já tinha experimentado. E ele fez isso
uma e outra vez. Até que eu estava ofegante, e meus quadris começaram a se
mover, exigindo algo próprio.

Mais e mais alto. O corpo dele me levou mais alto até que nós dois
estávamos prontos e na beira de um penhasco, olhando para a queda sem fim.

—Juntos. —Ele sussurrou e, em seguida, com um impulso final, nós dois


caímos, mergulhando em um êxtase interminável.

Eu podia senti-lo bombeando dentro de mim; cada movimento que ele


fazia estendia meu prazer ainda mais.

Ele caiu ao meu lado com um xingamento suave, estendeu a mão para mim,
me arrastando sobre o peito, e me segurou com força.

—Doce Jesus. —Disse ele. —Isso foi... — Ele fez uma pausa. —Eu nem sei o
que foi.

—Isso quer dizer que foi tudo bem? —Perguntei, esperando que tivesse
sido tão bom para ele quanto foi para mim.

Ele me levantou em seu peito. Seus olhos focaram em mim através da luz
do amanhecer. —Por favor, me diga que você amou isso. Por favor, me diga que
quer fazer isso novamente.

Eu ri. —Eu amei. Eu realmente espero fazer isso novamente. Muitas vezes.

146
Ele gemeu e me apertou contra ele. —Não se preocupe em pensar que
achará coisa melhor. —Disse ele, apalpando minha bunda. —Porque você não vai.
Isso foi incrível.

Quando eu fechei os olhos em pura satisfação, o senti alcançar algo. Eu ouvi


o barulho no criado-mudo. Em seguida, a tela de seu telefone celular se iluminou.

—São oito e meia. A que horas você tem que estar no trabalho?

—Dez. — Eu gemi. Como eu sairia dessa cama? —Eu não achei que isso
seria possível, mas acho que acabei de me tornar uma pessoa ainda menos
matinal.

Ele riu.

—Você perdeu o surf.

—Isso foi melhor do que surfar. Você é melhor do que surfar.

E foi assim que ele reinvicou mais outro pedaço do meu coração.

Nós tomamos banho juntos. Eu não quis molhar o meu cabelo, então eu
puxei-o em um rabo de cavalo, e ele foi gentil o suficiente ao lavar o meu corpo.
Algumas partes ficaram realmente limpas.

Então eu fiz o que cada menina inteligente faria. Eu retribuí o favor.

No momento em que terminamos, a água estava fria e eu estava quase


atrasada (você pode tentar ser pontual com um surfista nu e sexy em seu
chuveiro). Então eu corri pelo banheiro, escovando os dentes e aplicando loção
(com protetor solar) no meu rosto.

Depois que eu me vesti com a minha camisa do carrinho das raspadinhas e


um short jeans, eu levei um minuto para trançar a parte da frente do meu cabelo,

147
começando acima do meu olho, e trançando em toda a frente até atrás da orelha.
Eu prendi a trança com um pequeno elástico e o restante em um pequeno coque
na parte de trás da minha cabeça, com uma fivela linda que eu comprei numa
noite após o trabalho, em uma das lojas nas proximidades. Era trabalhada com
peças coloridas de vidro. Eu esperava que isso me mantivesse fresca.

—O que há com todos esses alimentos de menina? — Cam reclamou


quando saí do quarto e peguei minha bolsa no balcão.

—Uh, duas meninas vivem aqui? —Eu disse.

—Iogurte e granola. —Disse ele, fazendo uma careta e fechando a porta da


geladeira. —Você precisa de um pouco de comida de homem.

—Por que precisamos de um pouco de comida de homem? —Eu perguntei


casualmente, entrando na cozinha.

—Porque este homem tem a intenção de dormir aqui. Um monte. —Ele


passou os braços em volta de mim e me puxou em seu peito.

Eu enterrei minha testa em sua camisa e sorri. —Eu vou compartilhar o


meu iogurte.

Ele resmungou. —Eu vou trazer bacon. E Pop-Tarts6.

—Você come Pop-Tarts e bacon no café da manhã?

—Alimentos de homem. —Ele rosnou.

—Comida não saudável. — Argumentei e me afastei para pegar uma laranja


e uma barra de cereal para colocar na minha bolsa. Então eu peguei uma garrafa
de água.

—Estou pronta.

6
Pop-Tarts é um biscoito pré-cozido recheado, produzido pela Kellogg.

148
Roxie saiu tropeçando de seu quarto quando estava colocando minhas
sandálias. Ela parecia exatamente como eu na parte da manhã. Um olho aberto, o
cabelo uma confusão, e andando como um zumbi.

—Eu sinto muito. Nós te acordamos?

—Não. —Ela murmurou, indo para a cozinha.

—O café já está feito. —Eu disse, divertida.

—Eu tinha que me levantar porque eu tenho que levar meu carro para
consertar o ar-condicionado. Ele parou de funcionar e eu não vou dirigir por aí
com este calor sem ar-condicionado.

—Ugh. —Eu concordei. —Eu trabalho até as quatro, mas eu não estou na
agenda esta noite no clube. Então, se eu não vir você antes de ir para o trabalho,
te vejo amanhã.

Ela acenou enquanto enfiava o nariz em sua caneca.

—Você não vai trabalhar hoje? — Cam disse enquanto caminhávamos para
o estacionamento.

—Não, mas eu trabalho amanhã à noite. E quanto a você?

—Eu trabalho hoje à noite, e folgo amanhã.

—Oh, bem, eu vou levar meu carro para que você não tenha que se
apressar entre me pegar e, em seguida, começar a trabalhar. — Eu olhei para o
meu carro, notando que algo vibrava ligeiramente na brisa.

Fui até ele, apertando os olhos, tentando ver o que era enquanto me
aproximava. Quando eu soube o que era, parei e olhei para ele, com uma
sensação estranha tomando conta de mim.

—O que é isso? —Perguntou Cam, vindo atrás de mim.

Presa debaixo do meu limpador de pára-brisas, havia uma nota de um


dólar. —É um dólar.

149
—Um dólar? —Repetiu Cam, olhando por cima do meu ombro.

Eu balancei a cabeça e puxei a nota, olhando-a para ver se havia alguma


coisa escrita em ambos os lados. Não havia.

—Isso é estranho. —Murmurei.

—Provavelmente alguém quis fazer uma piada.

—Sim. —Eu concordei, imaginando o que era engraçado sobre uma nota de
dólar.

—Vamos, eu vou levá-la. Temos de ir ou você vai se atrasar. —Ele pegou


minha mão, me levou para longe do meu Toyota, e me depositou no interior do
Mustang.

Eu ainda estava segurando a nota de um dólar enquanto nós dirigíamos


para a Broadway at the Beach.

Olhei para ela durante todo o trajeto.

150
Broadway at the Beach estava lotado. Não fiquei surpresa, no entanto,
porque era fim de semana e era verão. O tempo estava lindo, céu azul claro, as
nuvens brancas, e o cheiro fraco do oceano pairavam no ar.

Mas, como todos os outros dias no Sul, estava quente. Não era o calor que
estava assassino, porém. Não, o pior era a umidade. Era um daqueles dias em que
o ar grosso, estagnado, ameaçava sufocá-lo. Ele batia contra seu corpo,
ameaçando levar a última gota de umidade que você tinha em sua pele, e
torcendo apenas para passar alguém novo.

Eu estava ocupada o suficiente, então eu não tive muito tempo para me


preocupar sobre o fato de que o tempo estava tentando me matar. E, felizmente,
todo esse gelo raspado ajudava a manter minha temperatura em um nível que eu
poderia tolerar.

Enquanto eu trabalhava, pequenas mechas de cabelo escorregaram do


coque e caíram, aderindo ao meu pescoço e fazendo cócegas no meu rosto.
Tornou-se muito chato e, finalmente, eu estendi a mão, e puxei a fivela do meu
cabelo e coloquei-a ao lado da caixa registradora.

Quando o último cliente foi embora, o meu telefone celular soou e eu o


peguei, olhando para a tela.

—Hey, Roxie, o que está acontecendo?

—Meu carro é uma merda! —Exclamou ela.

Eu reprimi um sorriso. —Acho que o ar-condicionado ainda está quebrado?

—Ainda está na loja. Aparentemente eu preciso de alguma peça nova. Não


me pergunte qual é, porque meu cérebro foi desligado quando me disseram
quanto custava.

151
—Oh droga. Quanto?

—Quatro centenas de dólares!

Eu respirei fundo. —Droga.

—Sim. Eu vou ter que agir como uma puta no trabalho hoje à noite para
pagar por isso.

Eu estremeci. —Eu sinto muito.

Ela deixou escapar um suspiro. —Está tudo bem. Meu carro tem que ficar lá
durante a noite. Eu acho que a peça estará aqui pela manhã. Eu sei que você está
fora esta noite, mas você se importaria de me dar uma carona para o trabalho?
Posso pedir a uma das outras meninas para me deixar a caminho de casa.

—Claro, eu não tenho planos de qualquer maneira.

—Não vai sair com Cam? —Ela disse, fazendo barulhos de beijos em seu
lado da linha.

Meu telefone soou e eu puxei-o da orelha, olhando para a tela. Minha mãe
estava chamando. —Cam tem que trabalhar hoje à noite. —Eu disse ao telefone,
rindo.

—Bem, talvez você deva tomar uma bebida no bar depois de me deixar.

—Talvez eu vá.

—Vocês dois pareciam muito melosos esta manhã. —Disse ela


maliciosamente. —Eu vi o carro dele do lado de fora quando cheguei em casa
ontem à noite, e ele não estava no sofá.

—Ele estava no meu quarto.

Roxie fez um som estranho. —Eu preciso de detalhes.

Eu ri. —Mais tarde. Estou no trabalho.

—Tudo bem. Mais tarde. —Ela suspirou dramaticamente.

152
Nós nos despedimos e eu desliguei. Uma mensagem apareceu na tela que
dizia: “Novo Correio de Voz”. Um casal aproximou-se, e coloquei o telefone na
borda do carrinho, e abri o refrigerador para fazer duas raspadinhas, uma de
framboesa azul e uma de melancia, em seguida, coloquei o dinheiro no caixa.

À medida que se afastavam, o barco que dava passeios emocionantes aos


turistas derrapou na água e fez uma manobra brusca, espirrando água em todas
as pessoas no barco, fazendo todos gritarem. Virei-me para assistir suas
palhaçadas loucas enquanto ele girava em círculos sobre a água.

Eu fiquei observando quando vi alguns movimentos rápidos atrás de mim, e


virei-me rapidamente a tempo de ver alguém correr para longe do carrinho.

Meus olhos foram imediatamente para o caixa, mas estava fechado e não
parecia ter sido prejudicado. Todos os aromas ainda estavam lá também. Dei de
ombros, pensando que alguém provavelmente tinha visto alguém e que correu
para alcançá-lo.

Então eu percebi.

Minha fivela tinha ido embora.

Ela estava ali mesmo ao lado do caixa. E agora o espaço estava vazio.

—Hey! —Eu gritei, mesmo que fosse tarde demais. A pessoa já estava fora
de vista. Corri até o outro lado do carrinho, pensando que talvez ela tivesse caído
no chão.

Na minha pressa em olhar, meu quadril pegou o canto do carrinho e uma


dor aguda atingiu meu lado. Mas eu quase não senti porque quando eu bati no
carrinho, meu celular deslizou para dentro do refrigerador ainda aberto.

—Merda! —Eu gritei, praticamente mergulhando no gelo atrás do meu


telefone. O refrigerador estava quase vazio, já que era quase hora da minha
pausa para o almoço e abastecer o carrinho, então eu tive que chegar até o
fundo, onde o meu telefone estava.

Ele caiu em uma poça de água.

153
Passei tanto tempo o abrindo e fechando esta manhã, e estava tão quente,
que parte do gelo começou a derreter e pingar no fundo.

Eu o agarrei e o segurei, olhando a água literalmente escorrer do fundo.

—Eu a deixo sozinha por algumas horas e... — uma voz falou lentamente
atrás de mim. Ele me assustou e eu gritei, deixando cair o telefone novamente no
gelo.

—Sério? — Eu suspirei.

Um braço musculoso passou por mim e para o refrigerador, e tirou o meu


telefone. —Você tem uma toalha?

Peguei uma toalha branca e entreguei-a a Cam. —Está em ruínas. —Eu


anunciei.

—Vou levá-lo para minha casa e colocá-lo em um pouco de arroz.

—Eu não acho que o meu telefone teria bom gosto para arroz cozido.

—Ha. —Disse ele, secando-o e retirando a bateria. —O arroz deve tirar


todo o excesso da umidade.

—Você acha que isso vai funcionar? — Eu me preocupei. Eu realmente não


tinha orçamento para comprar um novo telefone.

—Talvez. — Ele deu de ombros. —Como ele foi parar lá?

Isso me fez lembrar da minha fivela. Eu fui ao redor, procurando no chão e


abaixo do carrinho pela minha fivela. Ela não estava lá.

—Filho da... — Xinguei.

—O que?

—Alguém roubou minha fivela de cabelo. — Eu me virei para encará-lo.

—Ele literalmente fugiu com ela.

154
Ele torceu o nariz. —Por que fariam isso?

—Eu não tenho ideia. —Eu disse, cansada.

—Era valiosa?

Eu balancei minha cabeça. —Ele era feita de vidro. Não era cara, mas era a
minha favorita.

Ele passou um braço em volta dos meus ombros, me puxou para o seu lado
e beijou o topo da minha trança. —Vamos comprar para você uma nova.

—O que você está fazendo aqui? —Perguntei, afastando-me.

—Levando-a para o almoço.

—Em algum lugar com ar-condicionado, por favor.

—Johnny Rocket? —Sugeriu.

Eu balancei a cabeça. —É perfeito, porque é ao lado do pequeno escritório


onde eu tenho que encher o carrinho.

Eu enchi o carrinho e o empurrei para o escritório, enquanto Cam segurava


a porta. Então eu o tranquei dentro e fomos para a pequena lanchonete onde
pegamos uma mesa perto do ar-condicionado.

Assim que recebemos a nossa comida, Cam empurrou cerca de quatro


batatas fritas em sua boca e disse: — Vamos sair em um encontro.

—Eu adoraria.

—Esta noite.

—Eu pensei que você tivesse que trabalhar?

—Eu preciso. Mas troquei com um dos outros barmen. Agora eu estou livre
esta noite e trabalho amanhã com você.

—Você trocou sua programação?

155
Ele balançou a cabeça e tomou um gole de seu refrigerante. —É óbvio que
você sente falta de mim terrivelmente quando eu não estou por perto. E você
maltrata seu pobre telefone celular.

Eu ri. —Eu não maltrato meu celular.

—Mas você sente minha falta terrivelmente.

—Eu admito, você não é ruim de ter ao redor.

—Bajulação leva você a todos os lugares. —Disse ele.

—Então, para onde vamos no nosso encontro?

—O que você gostaria de fazer?

Dei de ombros e me calei antes que deixasse escapar algo como “qualquer
coisa, desde que eu esteja com você”. Se eu não tivesse cuidado, eu estaria
batendo meus cílios para ele e me oferecendo para alimentá-lo com uvas.

—Meu lugar favorito para ir é ali no aquário.

—O do outro lado da Broadway?

Eu balancei a cabeça. —Você já esteve lá, certo?

—Não desde que eu era criança.

—Eu acho que é pacífico. Toda a água e os peixes. As cores... —Ele estava
me observando então peguei meu refrigerante e tomei um gole.

—Onde foi o último lugar em que você foi a um encontro? —Perguntou.

Eu rodei uma batata frita ao redor do meu ketchup. —Eu não tive muitos
encontros desde o colegial.

—Você não vai me dizer que uma garota como você não recebeu ofertas.

156
—Eu perdi um monte de tempo e energia em um cara durante todo o
ensino médio. Ele era um idiota. Depois disso, decidi passar mais tempo comigo e
não com caras.

—Eu sou um cara. —Ele apontou.

—Eu notei. —Eu disse, enquanto memórias desta manhã praticamente me


inundaram.

—Então, você está passando tempo comigo.

Sim, eu estava. Ele era como um ímã gigante para Harlow, que me puxava
com um único toque. —Só não venha a ser um idiota, ok? — Eu disse, brincando.

Mas, realmente, eu quis dizer isso. Assustava-me o quão rápido passei a


gostar dele. Quero dizer, eu literalmente dei-lhe a minha virgindade dentro de
dias ao conhecê-lo. Era muito possível que eu estivesse ficando cada vez mais
ligada a ele. Eu estava muito vulnerável a ele, de uma forma que eu nunca tinha
sido com ninguém antes. Sim, era emocionante, mas também me fez desconfiar.

Cam tinha a capacidade de me machucar. Muito.

Ele abandonou o seu hambúrguer e batatas fritas comido pela metade,


para deslizar para fora da cabine e ficar de pé. Eu pensei que ele fosse sair. Que,
de alguma forma, eu houvesse cruzado a linha com a minha piada, que realmente
não foi uma piada.

Eu disse-me que era melhor assim. Que descobrir que ele era um idiota
agora era melhor do que mais tarde, depois que ele roubasse meu coração.

A batata frita que eu estava comendo, de repente pareceu como uma


rocha, raspando na minha garganta.

Mas ele não saiu, ele não tinha uma carranca por ofendê-lo. Ele deslizou
para o meu lado da cabine, com o quadril e a perna direita pressionados ao meu
lado. Então, ele passou o braço pelas costas do banco, e usou a mão livre para
segurar o meu queixo para que ele pudesse olhar nos meus olhos.

157
—Você não deu para o cara errado. —Ele murmurou.

—O que? — Eu disse, me apaixonando um pouco mais pelas piscinas de


chocolate que eram seus olhos.

—Sua virgindade. Você não deu para o cara errado. Sei que fomos rápidos.
Eu sei que você provavelmente acha que eu vou desaparecer como o sol em um
dia nublado. Mas eu não vou a lugar nenhum. Eu ainda estaria aqui se não tivesse
dado a si mesma para mim. Mas você se deu. E você sabe que essa parte é apenas
uma das muitas partes que eu penso em reclamar. Partes que eu nunca pretendo
deixar ir.

Eu nunca teria que comer novamente. Essas palavras me manteriam


satisfeita até o dia em que morresse.

Eu não sabia se ele estava me alimentando aos poucos, mas naquele


momento, eu não me importava. Eu acho que na vida, as possibilidades de se
machucar eram infinitas. Mas eu queria ser o tipo de pessoa que não mostrava
medo em seu rosto, que ouvia seus instintos, e agora meu instinto estava me
dizendo que ele foi sincero.

Eu descansei minha cabeça na parte de trás de seu braço e sorri. —Você vai
me beijar ou o quê?

Seus lábios esmagaram contra os meus. Como se não estivéssemos


sentados em um lugar público com pessoas ao redor. Ele me beijou com uma
paixão pesada, que roubou a minha respiração e acalmou meu coração. Era o tipo
de beijo que o manteria na frente da minha mente pelo resto do dia, mesmo
quando ele estivesse fora de vista.

Seus lábios não exigiram nada, mas deram tudo, e ele inclinou-se para que
estivesse praticamente em volta de mim. Ele tinha gosto, fracamente, de Cherry
Coke, meu favorito, e eu lambi sua boca querendo outro gostinho.

Ele se afastou, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

—Acho que é melhor parar com isso, antes de sermos expulsos.

158
—Eu tenho que voltar ao trabalho. —Eu disse, me sentindo muito
chateada.

—Eu vou ajudá-la com o carrinho. —Disse ele, reunindo ambas as nossas
bandejas e depositando-as no lixo.

Eu notei como algumas pessoas nos olhavam enquanto saíamos.


Estranhamente, eu não me importava. Eu certamente não tinha vergonha de ser
vista com ele. Eu não acho que qualquer mulher teria.

Lá fora, o calor me deu um tapa na cara como um cobertor molhado. Era


sufocante e pesado. Meu cabelo começou a ficar colado ao meu pescoço
imediatamente, e eu pensei com saudade na minha fivela.

Eu me perguntava por que alguém a roubaria.

Ele estava parado do outro lado da ponte de madeira, quando minha


substituta apareceu com seu carrinho e eu fui capaz de sair.

Ambos os antebraços estavam inclinandos sobre as grades, e ele olhava


para o lado da ponte para dentro da água, onde ele estava jogando pequenas
bolas redondas de comida para os peixes. Ele não estava me observando, mas eu
sabia que ele estava ciente da minha presença por causa da maneira como seu
corpo estava ligeiramente inclinado, não bem inteiramente na direção da água.
Em vez disso, o lado de seu quadril se mostrava ligeiramente, e o braço mais
próximo a mim não se apoiava igualmente ou tão pesadamente no corrimão
quanto o outro.

Quando cheguei mais perto dele, ele me olhou. Seu olhar cor de café focou
em mim, e minha barriga deu um salto. Em seguida, deu outro. O canto da sua
boca curvou para cima e ele estendeu a mão, me puxando para que minhas
costas estivessem contra sua frente e nós dois estivéssemos olhando para a água
escura.

159
Logo quando eu estava bem perto dele, ele inclinou o braço livre contra a
grade, efetivamente me enjaulando entre ele e a ponte.

—Hey. —Ele murmurou, com sua respiração fazendo cócegas ao lado do


meu ouvido.

—Ei, você.

Ele esticou seu punho esquerdo e abriu-o na minha frente, revelando uma
mão cheia de alimentos para peixes. —Quer ajudar?

As pontas dos meus dedos roçaram sua mão, e eu catei alguns dos
alimentos e os joguei para dentro da água. Um muito grande e brilhante peixe
vermelho atingiu a superfície, abrindo sua boca carnívora para engolir
avidamente a comida.

Ficamos ali em silêncio, com nossos corpos se tocando, sem dizer nada até
que a palma da mão estava vazia.

Sexo com Cam esta manhã tinha sido incrível, uma experiência
verdadeiramente incrível, mas eu estava percebendo que este momento aqui,
onde nós estávamos calmos e ainda juntos, era o tipo de momento que nos atraia
ainda mais perto de uma maneira que o sexo nunca poderia.

Química entre duas pessoas era uma coisa... Mas isso... Essa sensação que
estava borbulhando dentro de mim e fazendo tudo isso parecer trêmulo e
animado, era algo completamente diferente.

Era mais do que química.

Ele inclinou-se e deu um beijo em meu ombro, com os lábios queimando


minha pele e fazendo meus olhos se fecharem.

—O encontro começa agora. —Ele me disse.

—Agora?

—Sim, agora.

160
—Mas eu estou toda suada e suja do trabalho.

—Não há nada sujo em você.

—O suor é nojento.

—O suor é quente, especialmente quando eu sou a pessoa que faz a sua


pele suar.

Eu tremi e ele riu, sabendo exatamente onde minha mente viajou.

—Vamos, eu vou te levar para casa, assim você pode tomar banho.

Ele uniu nossas mãos e depois se afastou, puxando-me ao lado dele


enquanto nós passávamos pela multidão debaixo do céu de verão quente. Um
pouco de emoção passou por mim enquanto nós caminhávamos até a sua moto.

Ele pegou o capacete e eu balancei a cabeça com veemência. —Ah não.


Essa coisa pesa cinquenta quilos.

—Ela protege você.

—Mas quando eu a uso, eu não posso inclinar-me contra você


completamente.

Ele apertou os lábios e me estudou. Ele suspirou desanimado. —Bem. Mas


eu vou dirigir como uma avó.

Eu sorri e subi atrás dele depois que ele amarrou o capacete na parte de
trás.

—Você não vai usá-lo?

—Eu seria como o maior idiota vivo, se eu dirigisse por aí com um capacete
em minha cabeça e não na minha menina.

Minha menina.

Juro que tudo o que saía de sua boca me transformava em uma pilha
gigante de carne derretida.

161
—Segure-se. —Disse ele, e ligou a moto enquanto meus braços enrolaram
ao redor de sua cintura. Quando saímos do estacionamento, eu inclinei-me contra
ele, pressionando meu rosto em suas costas, e observando a paisagem passar
lentamente.

Eu estava realmente começando a gostar desta moto.

Eu estava um pouco decepcionada quando ele parou dentro do


estacionamento do meu prédio e estacionou. Sentei-me ali, mesmo após a moto
desligar, com os braços em volta dele. Então eu suspirei. Eu estava agindo como
uma perseguidora. Eu me afastei, mas ele estendeu a mão e agarrou meus
braços, ainda segurando-os ao seu redor.

—Só mais um minuto. —Disse ele.

Eu me agarrei a ele até que ele soltou meus braços e saiu da moto.

—Vou correr até em casa para tomar banho e me trocar. Estarei de volta
em uma hora para buscá-la.

—Ok. —Eu disse, subindo os degraus para o meu apartamento e virando-


me na porta para acenar para ele. Ele estava me olhando e só depois que eu
entrei, ouvi a moto ligar e sair.

Roxie estava sentada no sofá, lendo uma revista de fofocas. —Hey. —Eu
chamei a caminho da cozinha para pegar uma garrafa de água fria.

—Você sabia que Kim Kardashian tem franja? —Perguntou ela.

—Não, mas minha vida está completa agora que eu sei.

Ela riu quando me juntei a ela na sala de estar, caindo na outra


extremidade do sofá e levantando meus pés.

—Onde está Cam?

—Ele vai voltar. Nós temos um encontro.

—Eu pensei que ele tivesse que trabalhar.

162
—Ele trocou seu turno e agora está de folga também.

Ela sorriu. —Ele fez bem.

Eu ri. —Eu espero que sim. —Eu confidenciei.

—Ele é um cara bom. Estou feliz por você.

—Ei, você teve algum problema com Craig?

—Ele tentou ligar algumas vezes, mas eu estive ignorando as chamadas e


apaguei as mensagens.

Isso me fez lembrar do meu telefone afogado e a mensagem que eu não


consegui ouvir. —Mantenha-se forte. Ele vai aparecer, eventualmente, quando
perceber que você não voltará mais para ele.

—Eu espero isso mais cedo ou mais tarde. —Disse ela, olhando para baixo
em sua revista. —Ooh, olha, Ian Somerhalder tem um novo cachorro!

Eu ri. —Eu tenho que tomar banho. Ele estará aqui em breve. —Eu enfiei a
mão em minha bolsa e tirei as chaves do carro. —Aqui, você pode simplesmente
pegar o meu carro para ir ao trabalho. Eu não vou precisar de qualquer maneira.
Dessa forma, você não terá que pedir a ninguém por uma carona para casa.

—Sério? —Disse Roxie, estendendo a mão para pegar as chaves.

—Absolutamente.

—Estou tão feliz que nos conhecemos.

—Eu também. — Eu concordei, sinceramente. Eu tinha a sensação de que


Roxie e eu seríamos realmente boas amigas.

163
164
Fiel à sua palavra, uma hora depois, ele tocou a campainha da porta. Corri
para abri-la, com borboletas vibrando dentro de mim enquanto eu ia.

Ele segurava um frasco de vidro com uma alça. —Trouxe-lhe uma coisa.
Disse ele, sorrindo.

—Um pote de arroz? — Eu disse, espiando os grãos longos e brancos


dentro.

—Não é qualquer pote de arroz, mas o arroz que vai salvar o seu telefone.

—Arroz super-herói? — Eu disse, pegando o pote. —Agora esse é um


presente.

—Eu pensei que fosse melhor do que flores. —Disse ele, fechando a porta e
seguindo-me para a cozinha onde eu coloquei o meu presente. —Bem, isso e
flores que teriam sido apenas um monte de hastes após a viagem na minha moto.

—Você trouxe sua moto? — Eu disse, animada.

—Claro. Qualquer desculpa para ter seus braços em volta de mim. —Ele
estendeu a mão para mim, dando-me um beijo longo e lento.

—Obrigada pelo meu presente. —Eu disse quando ele se afastou. Minha
voz estava sem fôlego e meu coração disparado.

—Esperamos que amanhã o seu telefone esteja funcionando.

—Eu espero que sim, também. — Eu comecei a me virar para pegar minhas
coisas. —Deixe-me pegar minha bolsa e podemos ir.

—Você não precisa.

165
—Mas ela tem o meu dinheiro e meu... — Eu protestei, mas ele me cortou.

—Você não precisa de nenhum dinheiro. Esta noite é por minha conta.

Sem telefone. Nenhuma bolsa. Nenhum dinheiro. Nada além de Cam e eu


na noite? Esse era um plano que eu poderia totalmente aceitar.

—Obrigada. —Eu disse quando ele pegou minha mão e me guiou em


direção à porta do apartamento.

—É apenas a minha maneira de ter certeza de que você será toda minha
hoje à noite.

Oh, eu era toda sua. Mais do que ele percebia.

Fiquei maravilhada com a forma como a minha mão agarrou a sua


enquanto descíamos as escadas, e seguíamos em frente ao estacionamento para
a sua moto. A forma como seus dedos se enroscaram em torno dos meus de
forma protetora, possessiva, parecia que pertencia lá, como se encaixassem. Era
como se ele quisesse que todos soubessem que eu era sua e ele não me deixaria.
Eu nunca pensei que uma coisa tão simples pudesse me fazer sentir tão bem.

Ele foi o primeiro a subir na moto, segurando o guidão e mantendo-se firme


para que eu subisse atrás dele.

—Eu acho que não deveria ter usado uma saia. —Pensei quando tentei
sentar-me no couro quente. Não estava dando muito certo. Eu estava vestida
com uma longa saia de malha tingida com azul marinho e branco. Eu usava uma
blusa branca folgada em camadas sobre um top confortável, e enfiei a frente da
blusa branca no cós da saia. Para finalizar, eu adicionei uma corrente de prata
longa com um par de penas coloridas na extremidade como um pingente. Eu
deixe meu cabelo castanho liso e solto.

—Talvez eu devesse me trocar. —Eu disse com uma risada quando não
podia abrir minhas pernas sobre a moto por causa da saia.

166
Cam riu e rapidamente levantou-se, estendeu a mão, e puxou a saia em
torno das minhas coxas, colocando o tecido extra debaixo da minha parte inferior,
e acomodou-se entre as minhas pernas como se ele pertencesse ali.

Eu não estava prestes a reclamar.

Ele me levou para jantar em um lugar perto do mar. Sentamos lá fora em


uma plataforma, e assistimos o mar enquanto a brisa do oceano girava em torno
de nós, e comíamos frutos do mar, Alfredo e baguetes. Ele me contou sobre seus
pais, sua vida, e como ele conseguiu o seu trabalho no Mad Hatter.

Ele me perguntou sobre a minha cor favorita (verde), meu filme favorito
(Uma Linda Mulher), e então eu disse a ele sobre meus planos de me tornar um
dia uma conselheira de carreira.

A conversa foi fácil, e na verdade, tínhamos muito em comum. Ele era


rápido em sorrir, e se havia uma pausa na conversa, nunca era desconfortável.
Após o jantar, fomos ao mini-golfe (há apenas uns cinco mil lugares de mini-golfe
aqui em Myrtle Beach) em um lugar com dinossauros gigantes, e uma pequena
cachoeira que passamos mais tempo nos beijando atrás dela do que chegamos a
jogar golfe.

Quando jogamos golfe, ele atingiu o buraco com uma tacada e eu perdi
minha bola... O que nos levou a ter que procurar por ela... Atrás da cachoeira. Nós
não encontramos a minha bola, mas eu descobri que ele não estava a
escondendo em qualquer lugar em seu short.

Quando o jantar e o golfe acabaram, o céu estava escuro e eu estava mais


relaxada do que me senti em um longo tempo. —Eu tive um tempo muito bom.
Eu disse a ele quando estávamos caminhando em direção a sua moto.

—Bom. Mas o encontro ainda não acabou.

—Não?

—Não. Há mais um lugar para ir.

—Onde?

167
Ele sorriu maliciosamente e acariciou o assento da moto. Nós terminanos
na Broadway at the Beach. —A maioria das lojas está fechada, Cam. —Eu disse,
pensando certamente que nós não iríamos sair para comer novamente.

—Ainda bem que não vamos fazer compras.

Ele me levou até a fonte de água gigante em frente ao aquário, que tinha
estátuas gigantes de arraias saindo das águas. —Eu acho que eles fecham em
quinze minutos.

—Eu sei. —Disse ele em segredo.

Ele não parou para comprar nossos ingressos. Ele simplesmente aproximo-
se do balcão, onde uma das meninas que estava trabalhando nos viu e apontou
para a porta. Ela vibrou quando nos aproximamos, e ele abriu-a e fez sinal para eu
ir em frente.

Dei-lhe um olhar de estranheza.

Eu estava momentaneamente distraída pelo grande tanque que


cumprimentou-nos no caminho. Ele estava cheio de peixes tropicais com
aparência colorida, que se moviam em torno do tanque, alguns com pressa e
alguns tomando seu tempo.

O edifício era muito grande, com tetos altos e um conceito bastante aberto.
Em frente havia uma rampa que descia para a área inferior, onde os tanques e
programas de alimentação estavam. Ao longo do caminho, eles também tinham
alguns quartos separados, dedicados a determinados temas de interesse. À
esquerda havia uma loja de presentes, cheia até a borda com bichos de pelúcia,
camisetas, e várias recordações. Além da loja de presentes, havia uma área que
levava a um nível mais baixo, e a um de caranguejos e arraias, onde os visitantes
poderiam colocar suas mãos na água por uma chance de tocar no peixe. Também
no nível superior ficava uma lanchonete.

Nós assistimos o peixe no tanque perto da entrada por um momento. Em


seguida, ele pegou minha mão e me levou para baixo, na rampa, em direção aos
grandes tanques. Era muito calmo aqui a esta hora da noite. A multidão tinha ido

168
embora, e o edifício estava quase vazio. Havia alguns funcionários movimentando
ao redor, limpando, e fazendo o que os funcionários faziam no encerramento.

—Eles sabiam que estávamos chegando? —Eu perguntei a ele, me


perguntando se era por isso que eles não nos cobraram entrada. Ou talvez fosse,
porque eles estavam fechando, e nós teríamos que sair de qualquer maneira.

Ele sorriu maliciosamente. —Eles podem ter tido uma ideia de que eu a
traria aqui.

—Hmmmm. —Eu disse, ponderando sua resposta.

—Você deve vir aqui muito. Eu pensei que teria que ser mais convincente,
mas na hora em que eu disse seu nome, eles sabiam exatamente quem eu queria
dizer, e não hesitaram em concordar.

—Concordar com o que, exatamente? —Perguntei, parando e virando,


dando-lhe toda a minha atenção.

—Apenas uma visita privada ao aquário.

Minha boca se abriu e ele sorriu. —Nós temos todo este lugar para nós?

Ele encolheu os ombros. —Praticamente. Há um par de funcionários da


limpeza e coisas a fazer deixadas na parte de trás. Nós não os veremos, no
entanto.

—Você planejou um tour privado no aquário para mim? —Eu disse,


incredulidade se espalhando através do meu peito como ondas quentes em toda
a areia.

—Você disse que este era o seu lugar favorito. — Ele soltou nossas mãos
para arrastar os dedos pela minha bochecha.

Esta foi facilmente a coisa mais bonita, mais romântica que alguém já tinha
feito para mim. Eu nem sequer sabia o que dizer. —Ele é o meu lugar favorito.
Eu... Muito obrigada, Cam.

—Eu achei melhor fazer algo de bom e não estragar mais.

169
Dei-lhe um olhar confuso. —Estragar mais o que?

Ele passou o polegar ao longo do lado do meu lábio. —Você sabia que o seu
lábio superior é apenas ligeiramente maior do que o inferior?

—Não. —Eu disse, lutando contra o desejo de chupar o dedo em minha


boca.

—É. E é tão sexy que me deixa louco. Ele grita para eu sugá-lo.

Isso enviou uma onda de desejo em mim. Deus, as coisas que ele fazia para
mim. —Você acha que estragou alguma coisa? —Perguntei, puxando a mão dele
antes que eu o atacasse aqui.

—Eu fiz tudo ao contrário com você.

—Como?

—Eu a conheci em um clube de strip, o pior lugar para conhecer garotas.


Então eu levei você para a praia, quase a afoguei, então dormi com você, tirei sua
virgindade, antes mesmo de pedir você para sair comigo. Este é o nosso primeiro
encontro, Harlow, e eu já passei a noite com você.

—Tecnicamente, a manhã em que você quase me afogou, foi o nosso


primeiro encontro.

—Encontros que acabam com alguém no centro médico não contam como
encontros.

Eu ri. —Você sabe o que eu acho?

—O quê? — Ele enfiou o cabelo atrás da minha orelha.

—Você tem feito tudo certo. Eu não posso imaginá-lo fazendo isso de outra
forma.

—Estou falando sério quando digo que eu não quero que você pense que
estou somente atrás de você por causa do seu corpo sexy.

170
—Eu posso ver isso. —Eu disse, puxando-o em direção a um grande tanque
cheio de água-viva. —Mas eu acho que, eu e sexy na mesma frase, é um desastre.
Adam provavelmente deu-me esta noite de folga, porque ele estava com medo
de que eu fosse arruinar sua noite mais movimentada da semana no clube.

—Você definitivamente tem os bens, querida. Você só precisa de um pouco


mais de confiança para colocar tudo em exposição.

—A única pessoa para quem eu realmente quero colocar tudo em


exposição é você. —Eu disse timidamente.

Ele gemeu. —Pare de me excitar, mulher, e olhe para os peixes.

Nós andamos pelos corredores escurecidos com janelas de exibição


maiores, estudando os peixes, tubarões e lulas. Os peixes pareciam mais
relaxados do que o normal, e eu me perguntava se era porque eles sabiam que o
dia estava acabando, ou porque a multidão tinha desaparecido.

De qualquer forma, estar aqui a esta hora da noite foi tão especial e
incrível. As únicas luzes vinham dos tanques e da pequena iluminação revestindo
o piso. A grande sala com o tanque onde eles faziam os shows de mergulho, tinha
uma iluminação neon, e uma grande tela plana que mostrava fotos e fatos sobre
determinados tipos de peixe existentes nos tanques.

Nós caminhamos ao redor, lentamente, sussurrando e apontando para


todos os peixes, e de vez em quando, Cam me pressionava contra a parede e
enterrava sua língua na minha boca.

Toda a noite houve pequenos toques, beijos picantes, longos, persistentes,


trocados, que serviram como preliminares, e meu corpo começou a ganhar vida
de forma que só Cam poderia inspirar.

—Oh, esta é a minha parte favorita de todo o lugar! — Eu disse,


emocionada quando nos aproximamos da esteira transportadora no chão em que
estávamos, deslizando ao redor, levando-nos através de um túnel subaquático.
Era impressionante. Enquanto nos movíamos, peixes nadavam sobre nossas
cabeças e ao nosso lado, fazendo-me sentir como se eu fosse literalmente parte
do mundo submarino.

171
—Toda vez que eu venho aqui, há algo novo para ver. Está sempre
mudando, no entanto, permanece o mesmo.

—Sim, eu posso ver porque você gosta tanto. Esqueci-me de como era legal
aqui.

Eu apontei para um dos maiores tubarões que tinha aqui enquanto ele
nadava acima de nós. Saímos da esteira transportadora e entramos em um
corredor escuro, que conduzia a outro tanque. Em vez de caminhar no meio, ele
se inclinou contra a parede e abriu as pernas, puxando-me entre elas. Suas mãos
estavam no meu cabelo instantaneamente, correndo através dos fios sedosos, e
ele levantou meu rosto para ele e inclinou sua boca sobre a minha. Ele me beijou,
virando a cabeça para um lado e depois o outro. Cada vez, o beijo igualmente
agredia meus sentidos, mas de uma forma totalmente nova.

Ele fez jus a suas palavras anteriores, e chupou meu lábio superior em sua
boca, amassando-o com a língua. Um gemido involuntário irrompeu na parte de
trás da minha garganta, e eu levantei-me na ponta dos pés, tentando me
aproximar ainda mais.

Suas mãos deslizaram pelo meu corpo e seguraram minha bunda,


apertando e me puxando mais para ele, enquanto ele roçava sua dureza
inconfundível em seu jeans contra mim.

Umidade inundou minha calcinha, com meu corpo quase exigindo o dele.
Meus músculos começaram a tremer e meus joelhos começaram a ficar igual
gelatina enquanto o beijo continuava, e assim por diante.

Eu deslizei meus dedos por baixo da barra de sua camisa pólo de algodão
branca, e levantei-a, abaixando minha cabeça para lamber o centro de seu
abdomen e pressionar beijos suaves ao longo de todo ele. Ele gemeu e relaxou
contra a parede, com as mãos caindo para os lados, a minha boca moveu-se para
cima e parou em um de seus mamilos, enquanto eu rolava a minha língua em
torno dele, provocando-o até ficar duro.

—Harlow. —Ele murmurou, gentilmente me puxando para trás. —Baby,


você tem que parar. Eu vou ficar louco.

172
Eu fiz um som e tentei chegar perto dele novamente. —Não é minha culpa
que você me deixa louca. —Eu disse a ele.

Ele riu e pegou minha mão, puxando sua camisa de volta para baixo.

—Vamos lá.

Eu pensei que ele fosse me levar para a saída. Ele não o fez.

Em vez disso, ele levou-me de volta através das passagens e em todo o piso
principal até o centro, onde várias atrações estavam esperando por nós para
explorar. Nós não paramos; ele apenas continuou indo, com seus pés acelerando
a cada passo que dava.

—Para onde estamos indo? —Perguntei assim que nós dobramos a esquina
para o maior tanque do lugar. Era o tanque onde eles faziam os shows de
mergulho. Era completamente do chão ao teto com dois corredores que uniam
ambos os lados.

Ele puxou-me até o canto, à direita, e me empurrou contra a parede (o


tanque gigante estava à nossa direita). Sua boca estava na minha e seu beijo
sugeria um desespero enlouquecido que não tinha estado lá antes.

—Como você espera que eu passe um encontro inteiro quando sua boca
quente envolve em torno do meu mamilo e suga com a pressão certa? —Ele disse
entre beijos.

Eu empurrei minhas mãos através de seus cachos loiros, apreciando sua


espessura contra meus dedos. Eu não disse nada, porque ele estava me beijando
novamente e foi tão bom. Ele afastou sua boca e, em seguida, usou as mãos para
puxar para baixo as minhas partes superiores, expondo meus seios como uma
festa para os olhos.

Usando suas mãos, ele segurou-os, empurrando-os para cima e juntos, e


começou a dar beijos sobre eles. Minha visão ficou embaçada, porque o prazer
era intenso. Minha cabeça caiu para trás contra a parede e eu gemi, arqueando
contra ele.

173
Ele trouxe os quadris para frente sem levantar a boca, para que sua
excitação roçasse contra mim, pedindo-me, me provocando com a sua
necessidade.

—Cam. —Eu implorei, precisando de mais do que ele estava dando.

Ele levantou a cabeça, pressionando o beijo mais suave nos meus lábios, e
então nossos olhos se encontraram.

Ele se abaixou, pegando a barra da minha saia e deslizando-a até as minhas


pernas, pelos meus joelhos, e a agrupou em volta dos meus quadris. Seus dedos
investigaram as bordas da minha calcinha enquanto acariciava a pele sensível
úmida do meu lugar secreto.

Eu solucei.

—Eu amo as suas respostas. —Ele sussurrou. —Eu quero você agora, baby.
Eu posso ter você agora?

Eu balancei a cabeça, incapaz de formar até mesmo uma única sílaba para
responder.

Ele me levantou, deslizando minhas costas contra a parede, e as minhas


pernas envolveram sua cintura com os meus tornozelos cruzados, mantendo-me
no lugar. Ele me beijou novamente, devastando minha boca com beijos quentes e
úmidos, que me fizeram tremer contra seu estômago, já em busca de liberação.

Um braço me segurou enquanto o outro mergulhava debaixo da minha


saia, passando pela minha calcinha, e um único dedo deslizou direto para dentro
de mim.

Mordi o lábio inferior para não gritar e, quando seu dedo começou a
mover-se, foi o suficiente para que eu me inclinasse e afundasse os dentes em
seu ombro direito através de sua camisa.

Apenas quando eu pensei que poderia explodir, ele tirou a mão e baixou
seu short. Ele enfiou a mão no bolso de trás, tirou um pacote, e usou os dentes
para abri-lo.

174
—Você acha que alguém vai nos ver? —Murmurei, com o desejo deixando
minha voz grossa.

—Apenas os peixes, querida.

—Eu gosto desse nome. —Eu disse enquanto ele segurava o preservativo.

—É? —Ele sussurrou, alcançando entre nós. —Ajuda-me com isso, querida.

Eu tirei as minhas mãos de seu pescoço e as usei para rolar o preservativo


em seu comprimento rígido. Quando terminei, ele colocou ambos os braços em
volta de mim novamente, e usou seu corpo como alavanca para manter-me
contra a parede.

—Isso não será como da última vez. Será mais rápido, mais forte. Se eu te
machucar, mesmo que seja pouco, diga-me, está bem? E eu vou parar.

Eu concordei. Ele puxou minha calcinha para o lado e deslizou todo o


caminho. Eu não pude evitar o gemido que saiu da minha garganta quando eu o
senti me encher completamente. As sensações eram tão diferentes de antes,
porque o ângulo era completamente novo. Ele foi fundo dentro de mim, tão longe
que eu jurei que podia senti-lo na parte inferior da minha barriga.

Seus músculos dos braços tremiam quando ele olhou para baixo. —Você
está bem?

—Mais. —Eu disse a ele. —Eu quero mais.

Ele riu e me agarrou pelas costelas, deslizando meu corpo para cima e para
baixo ao longo do comprimento dele. Tudo dentro do meu corpo voltou a ficar
líquido. Eu teria deslizado direto para o chão se ele não estivesse me segurando.

A sensação de sua dureza movendo-se ao longo da minha suavidade


enquanto meus músculos apertavam ao redor dele, quase foi a minha ruína. Ele
começou a mover-se mais rápido, afundando ainda mais, até que uma das suas
palmas atingiu a parede ao lado da minha cabeça, e eu movi meus quadris em
cima dele quando ele começou a pulsar.

175
Ondas de choque e prazer tomaram conta de mim enquanto eu continuava
a moer contra ele, e pequenos ruídos escaparam de mim quando o orgasmo me
atingiu completamente.

Cam enterrou a cabeça no meu pescoço e gozou, seu corpo lutando contra
mim e sua respiração quente na minha pele. A mão que tinha estado contra a
parece baixou, e ele acariciou minha perna enquanto nós dois acalmávamos os
nossos corações acelerados.

Minha visão começou a clarear e eu olhei para os peixes ainda nadando,


como se um terremoto não tivesse acabado de abalar esta sala, como se eles
ainda não tivessem notado a forma como a paixão literalmente explodiu de nós
dois.

—Eu machuquei você? —Ele perguntou, levantando-me apenas um pouco


para sair do meu corpo.

—Não. Eu adorei. —Meus pés bateram no chão e minha saia caiu em torno
de mim. Meu top ainda estava meio puxado para baixo, e ele ajustou para que
nada aparecesse.

—Acha que há algum tipo de clube para pessoas que fazem isso em
aquários?

Eu ri.

Ele ajustou-se, fechando o zíper da bermuda e, em seguida, pegando a


minha mão. Nós caminhamos em silêncio através do edifício até chegarmos a um
banheiro.

—Eu já volto. —Disse ele, desaparecendo no banheiro dos homens.

Fui para o das senhoras e me limpei um pouco e lavei as mãos. Eu mal


reconheci a menina me encarando no espelho com os olhos arregalados,
vibrando. Eu nunca tinha parecido tão feliz. Eu nunca tinha me sentido tão viva.

Cam ainda estava no banheiro dos homens quando eu saí, então eu andei
até o pequeno tanque onde as arraias estavam nadando, e coloquei dois dedos na

176
água fria e os mantive lá, esperando para ver se alguém viria e me permitiria
acariciá-las.

Ouvi a água batendo suavemente contra os lados do tanque, e vi quando


uma arraia começou preguiçosamente a chegar mais perto. Cam veio atrás de
mim, envolvendo os braços em volta de mim, e então facilmente afundou dois
dedos na água ao lado dos meus. A arraia deslizou até nós, arrastando seu corpo
liso ao longo de nossas mãos estendidas.

Quando ela se foi, ele beijou o topo da minha cabeça e me entregou uma
toalha para limpar a água das minhas mãos.

—Vamos entrar aqui antes de sairmos. —Disse ele, me guiando em direção


à loja de presentes.

—Hey. —Ele disse suavemente a alguns centímetros de distância. —Veja


isso.

Eu fui para o lado dele e olhei ao seu redor, e vi um presente embrulhado


em cima do balcão pelo visor de vidro. —O que é isso?

—Ele tem seu nome nele. —Disse ele, levantando uma pequena etiqueta
branca que definitivamente tinha o meu nome nela.

Era uma pequena caixa quadrada embrulhada simplesmente em papel


pardo e amarrada com um laço branco. Apanhei-a e sorri enquanto eu desatava a
fita e levantava a tampa da caixa.

Fiquei olhando para o que estava situado no interior. —É linda. —Eu


sussurrei, como se eu pudesse perturbar a beleza do presente.

—Você gostou? —Perguntou.

Enfiei a mão na caixa e tirei a jóia. A pulseira em si era trabalhada em


cordões de couro, na cor de um verde mar cristalino. O cordão era trançado ao
redor até que ele parava em um pequeno fecho de prata. No centro da pulseira
havia um círculo com fundo branco, e uma pedra de resina clara dura. Dentro do
círculo estava às palavras Pura Vida, na mesma cor verde do couro.

177
—Você fez isso? —Perguntei, tocando o centro e, em seguida, explorando o
couro trançado.

—Sim. Não é muito...

—Você está de brincadeira? Isso é tudo.

—Então, você gostou? —Ele perguntou nervosamente.

Eu entreguei a ele e, em seguida, estendi o meu pulso para que ele pudesse
colocá-la. —Eu não consigo pensar em nada que eu gostaria mais. O fato de que
você fez isso só torna ainda melhor.

Ele apertou-a e então eu puxei minha mão, virando-a para que eu pudesse
olhar para baixo, para a forma como ela enrolava no meu pulso.

Eu joguei meus braços em volta do seu pescoço, ficando na ponta dos pés e
o abraçando tão forte quanto eu ousava. — Você é realmente bom com as mãos.
—Murmurei, pressionando um beijo na parte inferior de sua mandíbula.

Ele riu. —Sim, minhas mãos sabem como agradar.

—Eu ainda não posso acreditar que você planejou tudo isso.

—Você vale a pena.

—Como você sabe? — Eu perguntei a ele, inclinando a cabeça para o lado.

—Meu instinto me diz. Ele nunca me guiou erroneamente.

Fiquei olhando para o bracelete novamente. Eu nunca o tiraria.

—Você está pronta? —Perguntou.

Eu balancei a cabeça.

No meio do caminho, ele pegou uma pequena arraia branca, recheada com
pontos marrons e entregou-a para mim. Então ele correu de volta para o balcão,
pôs algum dinheiro sobre a mesa, e depois deixamos o aquário para sair para a
noite.

178
A Broadway estava quase inteiramente vazia, e a fonte estava iluminada
com luzes cor de rosa e azul. O som da água que derramava do alto soava como
uma tempestade em um dia ensolarado.

Eu segurei a arraia entre nós na viagem de volta para o meu apartamento,


mantendo o meu rosto pressionado contra suas costas. O ar da noite realmente
parecia frio enquanto ele atingia minha pele e soprava em meu cabelo. Mas eu
não me importei. Eu me sentaria aqui e congelaria até a morte antes que eu me
movesse.

O estacionamento do meu prédio estava cheio, a maioria das pessoas em


casa já para a noite, então ele teve que estacionar um pouco mais longe do que o
habitual.

—Que horas são? — Eu perguntei quando notei que o meu Toyota estava
estacionado nas proximidades. —Roxie já está em casa.

—Eu não olhei para o relógio. —Disse ele. —Não pode ser duas da manhã,
no entanto.

—Talvez ela tenha saído mais cedo.

—Provavelmente.

Nós paramos na calçada na parte inferior da escada. —Você quer entrar?

— Eu perguntei a ele, olhando através dos meus cílios.

—Eu não quero ir rápido demais e estragar isso. —Disse ele, seus olhos
varrendo o meu rosto.

—Eu acho que nós devemos apenas parar de nos preocupar se estamos
indo muito rápido, e apenas irmos a nosso próprio ritmo. —Eu disse, realmente
querendo dizer isso. Quais eram as regras para isso de qualquer maneira? Havia
alguma? Quero dizer, eu passei quase quatro anos com um cara que eu senti
como se estivesse esperando o momento perfeito para tudo. Mas esse tempo
nunca veio. Porque ele não era o cara certo.

179
Eu não tinha certeza se Cam era o cara certo, mas depois de hoje à noite,
eu estava pensando que ele poderia ser.

Ele abriu a boca para responder, mas eu não ouvi o que ele disse.

Porque um grito estridente perfurou a noite.

Ele veio do meu apartamento.

180
Quando Roxie gritou, a porta do meu apartamento se abriu, batendo contra
a parede com um som de quebra acentuada. Eu não tinha notado até aquele
momento que a luz da varanda acima da nossa porta estava desligada, e só tinha
um poste aceso nas proximidades.

Um homem de roupa escura e uma máscara de esqui saiu correndo do


apartamento e desceu as escadas. Roxie ainda estava gritando, e eu comecei a
me preocupar que ela estivesse ferida.

—Roxie! —Eu gritei, correndo para frente.

Cam me puxou de volta, empurrando-me atrás dele, e, em seguida, correu


atrás do homem que estava correndo pelo estacionamento e desapareceu atrás
do edifício. Cam parou de perseguir e voltou, dividido entre me deixar e perseguir
o homem.

Corri até as escadas para o apartamento, gritando o nome da minha


companheira de quarto, acendendo as luzes enquanto entrava.

Felizmente, todas elas ligaram. Roxie estava sentada na sala de estar no


meio do caminho entre os nossos quartos. Ela estava no chão, com as costas
contra a parede e os joelhos puxados contra o peito.

—Oh meu Deus, Roxie. —Eu disse, caindo de joelhos na frente dela. —O
que aconteceu? Você está bem?

Cam correu para o apartamento atrás de mim, seus olhos bloquearam em


nós duas, então se estreitaram enquanto ele percorria a sala em sala em busca de
quaisquer outros intrusos indesejados.

—Roxie. —Eu disse de novo, tentando acalmar minha voz frenética.

181
—Eu estou bem. —Disse ela, com a voz um pouco instável. —Ele não fez
nada para mim.

—Eu o vi correr para fora daqui. O que aconteceu? O que você está fazendo
em casa tão cedo?

—Eu não estava me sentindo bem. Eu tenho uma dor de cabeça horrível. Eu
só tive um par de horas de sono na noite passada, e eu me sentei naquela
garagem metade do dia, e eles não tinham qualquer ar condicionado também.

—Você provavelmente está desidratada.

Ela assentiu com a cabeça. —Adam me mandou para casa. Ele me disse que
eu parecia uma merda.

—Não foi charmoso isso dele? — Eu observei.

Ela riu e isso se transformou em um soluço.

—Ele deve ter ficado vigiando o apartamento, esperando por mim. A luz da
varanda estava desligada quando cheguei em casa, e eu só pensei que estivesse
queimada. Quando eu estava tentando abrir a porta, ouvi o barulho de vidro sob
os meus pés e percebi que a lâmpada tinha sido quebrada.

Fiz ruídos simpáticos enquanto horror corria sobre minha pele, deixando
para trás uma fina camada de arrepios.

—Eu me virei para ir embora, mas ele já estava subindo os degraus. Tentei
entrar e prendê-lo, mas ele empurrou a porta e me abordou. Eu consegui chutá-lo
e fugir, mas ele me pegou novamente e foi me arrastando pela sala quando eu
caí.

—Oh meu Deus. —Eu disse, horrorizada. Eu não pude me conter e me


perguntei se ele planejava estuprá-la.

Uma garrafa de água fria apareceu diante de Roxie e ela olhou para Cam,
que oferecia a ela. —Obrigada. —Ela murmurou e pegou-a, tomando um gole e
dando uma respiração profunda. —Eu gritei para ele parar e me deixar em paz. E

182
era tão estranho. Sempre que eu dizia isso, ele fazia uma pausa, como se
estivesse realmente considerando o meu pedido.

—E então o que aconteceu? —Perguntou Cam.

—Ele se levantou e correu para fora da porta da frente. Então você chegou
aqui.

Eu balancei a cabeça. —Nós o vimos fugir.

—Eu teria pegado o bastardo, mas eu estava com medo de deixar as


senhoras sozinhas.

—Graças a Deus que vocês apareceram. —Disse Roxie e começou a chorar.

Estendi a mão e coloquei meus braços em torno dela. Ela encostou a


cabeça no meu ombro e não parou de chorar.

—Tem certeza de que ele não a machucou? —Disse Cam, estendendo a


mão para tocar seu ombro.

Ela se encolheu e ele se afastou. —Eu acho que sim. —Disse ela, ainda
chorando.

—Eu vou chamar a polícia. —Disse ele e ficou de pé, puxando o seu
telefone celular.

Houve um barulho na porta da frente ainda aberta. Roxie gritou e Cam


virou-se na defensiva.

—Que diabos está acontecendo? — Adam disse, percorrendo seus olhos


direto para Roxie encolhida contra a parede. —Roxie?

Ao som de sua voz, ela começou a chorar ainda mais forte. Seus olhos
arregalaram-se, e ele olhou para Cam por uma explicação.

—Alguém entrou e a atacou.

183
O rosto de Adam ficou completamente branco. Então ele atravessou a sala
e estendeu a mão para ela. Ela me soltou e moveu-se de boa vontade em seus
braços. Ele a pegou do chão enquanto Cam falava baixinho ao telefone.

Eu assisti Adam levá-la até o sofá e sentar-se com ela em seu colo. Ela não
era uma menina pequena. Ela era muito alta, mas ela parecia pequena sentada
em seu colo.

—Hey. —Ele murmurou, tentando puxá-la para longe de seu peito. Ela se
agarrou a ele, não se mexendo, não querendo se mover. —Eu só estou tentando
ver se você está ferida. —Ele disse a ela calmamente. —Deixe-me ver.

Ela deixou-o afastá-la e ele a olhou. Assim como eu fiz. Não parecia haver
qualquer dano que eu pudesse ver.

—Ele te estuprou? — Adam perguntou, com sua voz dura.

—Não! —Ela disse bruscamente, então desabou contra seu peito.

—É uma boa coisa, porra. Eu vou matá-lo. —Disse ele, com sua voz calma e
mortal. Ele era realmente intimidante.

Roxie começou a chorar mais e Adam xingou. —Eu não queria te assustar.
Acalme-se. Eu não vou a lugar nenhum.

Ele continuou a falar com ela, tentando acalmá-la. Fiquei vagando,


deixando-os ter alguma privacidade (por alguma razão, parecia que eu estava
invadindo um momento privado), à procura de itens ou qualquer coisa quebrada
ou faltando. Tudo parecia exatamente do mesmo jeito de quando eu saí.

Até o meu pote de arroz ainda estava intocado no balcão da cozinha.

—Os policiais estão a caminho. —Cam disse quando ele desligou o telefone.
Ele aproximou-se e fechou a porta da frente, bloqueando-a para uma boa olhada.

Os soluços de Roxie tinham acalmado, e Adam ainda estava embalando-a


em seu colo. —Eu não deveria ter enviado você para casa. Isto não teria
acontecido. —Disse ele.

184
—Teríamos de voltar para casa algum dia. —Eu disse a ele.

—Vocês meninas não deveriam viver aqui sozinhas. —Adam retrucou.

—Foi ele. —Roxie murmurou.

—Ele quem? —Perguntei, indo ao redor do sofá para olhar para ela.

—Craig. Foi Craig.

Adam soltou uma série de palavrões que deveriam ter lhe rendido um
prêmio. Mesmo Cam soltou alguns enquanto ele sentava na única cadeira da sala
além do sofá.

—Então, foi Craig quem estava aqui? —Perguntei, tentando dar sentido a
tudo isso.

Ela assentiu com a cabeça. —Eu acho que sim.

—Você acha que ele estava tentando assustá-la? —Perguntei.

—Eu não sei. Talvez.

—Roxie, tem certeza de que era Craig? Ele disse alguma coisa para você?

Ela fez um som frustrado e apertou mais ainda a camisa de Adam. —Não,
ele não falou. Eu não... Eu não tenho certeza. Mas quem mais poderia ter sido?

Quem, de fato?

Ainda assim, ficou claro que Roxie estava com medo. E estava claro que era
de Craig que ela estava com medo.

Adam e eu trocamos um olhar. —Roxie. —Eu disse, molhando os lábios


com a língua e sentando no sofá ao lado deles. —Craig alguma vez...? Será que ele
abusou de você?

Ela começou a chorar novamente e enterrou o rosto no pescoço de Adam.


Seus braços apertaram ao redor dela.

185
Eu tomaria isso como um sim.

Os olhos de Adam estavam sérios, enquanto olhava por cima da cabeça na


parede.

—Por que você não está no clube? — Cam perguntou a Adam.

—Ela parecia muito ruim quando eu a mandei para casa. Eu estava


preocupado com ela dirigindo, então eu queria ter certeza de que ela tinha
chegado em casa bem.

Poucos minutos depois, houve uma batida na porta. Levantei-me para


atender, mas Cam acenou-me enquanto a abria, com o corpo tenso. Quando seus
ombros relaxaram, eu sabia que era a polícia.

—A polícia está aqui. —Eu disse a Roxie.

—Eu não quero envolvê-los. —Disse ela, com os olhos arregalados.

—Por quê?

—Isso só vai deixá-lo mais irritado.

A mão de Adam apertou em um punho nas costas de Roxie. —Você precisa


falar com os policiais, Rox.

—Senhora. —Um oficial alto e magro entrou na sala. —Nós gostaríamos de


falar com você sobre o que aconteceu aqui esta noite.

Roxie assentiu e saiu do colo de Adam. Ela endireitou sua calça de ioga e
camiseta, e enfrentou o policial magro e um atarracado que vinha atrás dele.

—Eu vou te dizer o que posso. Tudo aconteceu tão rápido.

Todos escutaram enquanto ela repetia o que aconteceu e depois repetia


novamente. Quanto mais ela falava, mais certa eu ficava de que não foi Craig. Ela
não viu seu rosto, e ele nem sequer gritou com ela (aparentemente ele sempre
gritava com ela). Eu podia ver o medo em seus olhos, mas também vi um pouco
de dúvida. Foi a dúvida que mais me preocupou.

186
Os policiais ainda estavam lhe fazendo perguntas quando Cam abriu a porta
da frente e olhou para fora. Eu fui até ele e olhei ao redor da porta aberta.

—Você vai sair?

—Volte para dentro. —Disse ele suavemente. —Não, eu não vou embora.

—O que você vai fazer?

—Você tem uma vassoura? Vou varrer este vidro da lâmpada quebrada.

Fui para a cozinha para pegar a pá de lixo e vassoura e dei a ele. —Eu posso
fazer isso na parte da manhã.

—Eu não quero que você se corte.

Inclinei-me no batente da porta e o observei varrer o vidro da lâmpada.


Meus olhos percorreram o estacionamento enquanto ele trabalhava, procurando
sombras dentro de sombras, à procura de qualquer coisa que pudesse indicar que
alguém estava lá fora... Observando.

Uma vez que o vidro foi limpo, ele o jogou fora e colocou a pá de lixo de
volta na cozinha. Eu ainda estava de pé na porta, olhando para fora. —Não fique
aí. — Ele falou baixinho, pegando a minha mão e me puxando para longe da
escuridão.

Ele fechou a porta atrás de mim e roçou os dedos no lado do meu rosto.

—Não tenha medo.

—Eu não estou. — Meus olhos foram para Roxie falando com a polícia. E se
eles não puderem provar que era Craig? Será que eles simplesmente o deixariam
lá fora, para que ele pudesse voltar?

—Nós gostaríamos de pegar as suas declarações. —O oficial atarracado


disse quando ele veio atrás de Cam e eu.

No momento em que ambos demos nossa declaração e Roxie terminou de


responder as perguntas, era muito tarde e eu estava exausta. Roxie estava pálida,

187
tinha olheiras sob seus olhos, e quando ela levantou a água para seus lábios, suas
mãos tremiam.

—Você deve ir para a cama. —Eu disse a ela, entregando-lhe uma garrafa
de Motrin para tomar com sua água.

—Eu não tenho certeza se serei capaz de dormir.

—Eu vou ficar esta noite. —Cam disse a ela. —Vocês meninas não estarão
sozinhas.

Ela assentiu com a cabeça.

—Eu vou ficar também. —Adam anunciou.

Roxie e eu viramos para olhar para ele. —Você vai dormir aqui esta noite?
—Perguntei.

Ele assentiu. —Vou ficar no sofá. — Ele olhou para Roxie. —Apenas no caso
de alguém precisar de qualquer coisa.

Roxie visivelmente relaxou com o anúncio de Adam, por isso achei que era
uma boa ideia. Eu encontrei um cobertor e Roxie lhe deu um travesseiro de sua
cama. Cam e eu dissemos boa noite enquanto Adam usava o seu telefone para
checar o clube.

Depois que eu lavei o rosto e escovei os dentes, fui para o quarto me


trocar. Joguei minhas roupas sujas no meu cesto de roupa, e vesti um short
listrado e um top roxo. Cam estava no banheiro, e eu esperei por ele, indo para
minha penteadeira para pegar minha escova, passei sobre o meu cabelo e sorri
para a visão do reflexo da pulseira que Cam me deu.

Hoje à noite tinha sido tão maravilhoso. Nem mesmo todas as coisas ruins
que aconteceram desde que chegamos em casa, poderiam tirar toda a vertigem
que eu senti sobre o meu primeiro encontro oficial com Cam.

Depois que todos os emaranhados no meu cabelo foram embora e ele


estava brilhando em meus ombros, eu baixei a escova.

188
Algo chamou minha atenção.

Sobre a penteadeira perto da minha escova, apoiada em frente ao espelho,


estava minha fivela de vidro.

Aquela que foi roubada mais cedo hoje.

Meu estômago agitou e as palmas das mãos se tornaram escorregadias


com o suor nervoso.

Então eu soube que a razão nada tinha a ver com Roxie, esta noite, quando
alguém invadiu esta casa.

Ele não estava aqui para roubar algo.

Ele veio para deixar algo para trás.

189
Os próximos dois dias se passaram em um borrão. Eu andava no piloto
automático, indo para o trabalho, vendendo raspadinhas, dançando (vamos
encarar, eu nunca seria uma grande stripper), e servindo bebidas no Mad Hatter.
No meio de tudo isso, Roxie e eu obsessivamente verificávamos as fechaduras das
portas e olhávamos para as sombras do estacionamento à noite.

Eu questionei Roxie novamente sobre o homem que havia invadido a nossa


casa, e ela parecia muito convencida de que era Craig. Nós duas estávamos
esperando ouvir o que a polícia nos diria depois que nos fizeram uma visita.

Eles não deveriam ter feito algo até agora?

Não deveríamos ter ouvido alguma coisa?

Será que isso realmente importa? Porque quanto mais eu pensava, mais eu
ficava obcecada, e mais eu começava a pensar que não era Craig. Eu estava
começando a pensar que o visitante de Roxie estava atrás de mim.

Mas isso parecia louco, tão louco que eu não tinha confiado os meus medos
a ninguém. Por que alguém viria atrás de mim? Eu era uma estudante
universitária quebrada, que passava todo o seu tempo no trabalho. Claro, eu
tinha amigos, mas ninguém com quem eu realmente andava. Minha companheira
de quarto tinha sido a única pessoa que passou um tempo comigo fora da escola,
e ela mudou-se para outro estado no mês passado, para obter um emprego com
sua nova e brilhante graduação em bacharel.

Foi a razão pela qual eu estava tão feliz por ter encontrado Roxie. Ela
parecia boa amiga. E Cam... Cam era material para namorado perfeito. Não que
nós fôssemos oficiais ou qualquer coisa. Nós realmente não tínhamos tido tempo
para ter a “conversa”. Além disso, era tudo ainda muito novo. Não havia
nenhuma razão para apressar as coisas. Sim, está bem, algumas pessoas podem
dizer que apressamos as coisas por já termos tido relações sexuais tão rápido,

190
mas a maneira que eu vejo é que eu tenho vinte e um anos de idade, uma mulher.
Vou para a faculdade, trabalho em dois empregos, e cuido de mim. Cam me faz
sentir coisas que nunca senti antes. Meu corpo praticamente ronrona sempre que
ele está próximo. Seu toque embaralha os meus pensamentos e me transforma
em gelatina. Eu poderia não amá-lo (ainda não de qualquer maneira), mas eu
tinha idade suficiente para tomar minhas próprias decisões.

Eu estava muito animada quando o meu turno no carrinho de raspadinhas


havia acabado, e eu poderia ir para casa. Passei a maior parte do dia pensando
sobre a fivela e pesquisando a multidão procurando rostos que eu pudesse
reconhecer ou por um estranho que parecesse intrigado por mim.

Eu estava cansada. Nem Roxie nem eu estávamos dormindo bem, e eu


secretamente sentia falta de Cam. Parecia bobo, porque passar apenas duas
noites em seus braços foi o suficiente para me fazer querê-lo no meio da noite.

Enquanto eu andava através do calor em direção ao estacionamento,


alguém me agarrou por trás e fiquei rígida, um grito quis sair da minha garganta
enquanto eu me preparava para gritar e chutar.

—Harlow, sou eu. —Cam disse, me liberando e me virando. —Eu não


queria te assustar. Gritei seu nome.

Virei-me e lancei-me sobre ele, abraçando-o com força ao redor da cintura.


—Eu sinto muito, eu não devo ter ouvido você gritar.

—Você está bem? —Ele perguntou, olhando para baixo. —Você ainda está
chateada com a outra noite? — Ele passou um dedo debaixo do meu olho onde
eles estavam, sem dúvida, sombreados com olheiras.

Dei de ombros.

—Fale comigo.

—Eu não sabia se nos veríamos hoje. —Eu disse, mudando de assunto.

—Eu terminei a pracha em que eu estava trabalhando esta tarde, e percebi


que eu queria ver a minha menina.

191
Eu sabia que era apenas uma expressão, mas cada vez que ele me chamava
de sua menina, ou querida, algo dentro de mim derretia um pouco mais. —Estou
feliz que você veio.

Ele inclinou-se e me beijou. Seu beijo era como um bom livro ou filme. Ele
me transportava completamente para outro lugar. Levava-me para fora da minha
própria cabeça, e eu não fazia nada além de me perder nele.

—Eu precisava disso. —Murmurei quando ele levantou a cabeça.

—Você precisa de sorvete também.

—Eu preciso?

Ele balançou a cabeça e passou um braço sobre meus ombros, me


ajustando ao lado de seu corpo e me guiando em direção à Ben e Jerry. Ele pediu
uma porção enorme de Phish Food (sorvete de chocolate cheio de marshmallows
pegajosos e caramelo) nadando dentro de uma casquinha de waffle gigante. Eu
não tinha ideia de onde ele colocaria tudo isso, mas seria definitivamente
interessante assistir. Eu pedi uma bola de chocolate com hortelã em uma
casquinha de tamanho normal e, depois, sentei-me no canto da loja em uma
pequena mesa redonda.

—Sério, como é que você vai comer tudo isso? —Perguntei observando-o
enfiar uma colher enorme do sorvete em sua boca.

—É Phish Food. —Declarou ele, como se isso de alguma forma explicasse


tudo. Então ele enfiou a colher no seu sorvete e segurou-a em meus lábios.

Abri a boca e ele deslizou a colher entre meus dentes e, em seguida, puxou-
a de volta, com meus lábios arrastando todo o plástico frio enquanto ele puxava.
Seus olhos escureceram enquanto observava o movimento da minha boca.

Quando a colher se foi, eu peguei a minha casquinha e comecei a lamber


toda a parte superior e em torno das bordas.

—Você está tentando me matar? —Ele perguntou, inclinando-se sobre a


mesa, com os olhos ainda na minha boca.

192
—Definitivamente não. — Eu segurei a casquinha para ele, e ele lambeu o
lado dela lentamente.

Depois que ele engoliu, ele baixou a voz e inclinou-se ainda mais perto.

—Você tem um gosto melhor.

Eu sacudi minhas sobrancelhas para ele e ele riu.

Ele parecia tão bom hoje com um chapéu de baseball azul-marinho virado
para trás, cobrindo seu cabelo loiro, que contrastava com seu bronzeado praiano
que nunca ia embora, e vestindo uma camiseta branca, calção azul-marinho com
uma faixa cinza ampla de cada lado.

—Você dormiu nos últimos dois dias?

Eu balancei a cabeça. —Um pouco.

—Você já ouviu algo da polícia?

—Não. —Eu disse, franzindo a testa. —Eu realmente pensei que eles
deveriam ter dito algo a Roxie até agora.

—O que mais está te incomodando? —Ele perguntou, me estudando.

—Como você sabe que há algo mais?

—Eu posso ver isso nos seus olhos. Você tem estado muito calada desde a
outra noite. O que está te incomodando?

Alguém esbarrou em nossa mesa e eu pulei para trás.

Cam franziu a testa. —Vamos, vamos para outro lugar para conversar.

Fomos para a praia. Nós dois deixamos os nossos sapatos no banco de trás
do meu carro e tomamos o nosso sorvete andando na areia e caminhando ao
longo da borda da água. O calor era mais suportável aqui por causa do vento forte
que saía das ondas.

193
—Isso vai parecer loucura. —Eu disse enquanto caminhávamos. —Mas eu
estou começando a me preocupar que não foi Craig na outra noite.

—Quem você acha que foi?

—Eu não sei. Mas eu tenho esse pressentimento ruim de que ele estava
atrás de mim.

Sua mão encontrou a minha e entrelaçamos nossos dedos. —Explique.

—Você sabe a fivela que eu perdi, aquela que alguém pegou do carrinho no
outro dia?

Ele assentiu.

—Estava no meu quarto.

Seus passos vacilaram. —Então, você só se esqueceu?

—Não. Eu fui trabalhar com ela naquele dia. É a única fivela que tenho
assim, alguém a levou... E então ela apareceu no meu quarto.

Ele parou de andar completamente e me puxou de modo que estivéssemos


de pé nas ondas, de frente para o outro.

—Você acha que a pessoa em seu apartamento na outra noite foi para
deixar alguma coisa lá?

—Eu sei que parece loucura.

Seus dedos apertaram ao redor dos meus. —Eu acredito em você.

—Você acredita?

—Estou ao seu lado. Eu sempre vou acreditar em você.

Eu não sei por que, mas lágrimas ardiam nos meus olhos. Pisquei
furiosamente, tentando fazê-las irem embora. Cam pegou minha casquinha de
chocolate e a colocou dentro de sua maior de waffle meio comido, colocando-os
na areia.

194
Ele puxou-me em seus braços, envolvendo-os em torno de mim, me
segurando perto e apoiando o queixo no topo da minha cabeça. —Por que não
disse isso mais cedo, querida?

—No começo, eu pensei que só estava sendo irracional. Mas quanto mais
eu penso sobre isso...

—Tem mais?

Eu balancei a cabeça. Ele suspirou e abaixou-se para pegar o sorvete agora


derretido, e correu para jogá-lo em uma lixeira próxima. Em seguida, sentou-se na
areia.

—Roxie levou meu carro naquela noite. —Eu comecei. —Ela e eu temos a
aparência semelhante... Nós temos o cabelo escuro longo. Nós duas somos cheias
de curvas...

—O que você está dizendo?

—Eu estou dizendo é que, e se alguém estava vigiando a casa naquela


noite, esperando eu voltar para casa? Ela parou no meu carro. A partir de uma
distância e no escuro, alguém poderia confundi-la comigo.

—Ok, eu posso entender isso. —Disse ele lentamente. A tensão começou a


irradiar de seu corpo, e foi aí que eu sabia com certeza que não estava apenas
sendo paranóica. Esta era uma possibilidade real.

—Mas ainda há aquele idiota do Craig. Ele não é exatamente um escoteiro.


—Cam continuou.

—Roxie admitiu que ele foi violento com ela no passado.

—Há uma possibilidade de realmente ter sido Craig, você sabe.

—Sim, eu sei. — Eu disse suavemente e o vento levou as minhas palavras.

—Mas você está com medo. — Seu braço veio ao redor da minha cintura,
com os dedos tocando minha barriga. Ele deslizou meu corpo ao seu lado e eu
deitei minha cabeça em seu peito.

195
Suspirei. Eu poderia sentar-me assim, enrolada em seu lado durante todo o
dia. —Talvez um pouco.

—Não há problema em ter medo. —Ele me disse. —Isso não faz de você
fraca. Isso faz você inteligente.

—Como é que estar com medo me faz inteligente?

—Porque é à maneira de seu corpo e mente se protegerem. Seu cérebro


está lhe dizendo que algo está errado. Ignorar esse sentimento só vai colocá-la
em perigo e, possivelmente, fazer com que você perca as coisas que podem
potencialmente salvar sua vida.

Eu inclinei minha cabeça para trás. —Você é um cara inteligente, Cam.

—Eu sei.

Eu sorri. —Tão modesto também.

—Eu sou, querida. Modesto, inteligente e extremamente de boa aparência.

—Eu disse que você era extremamente de boa aparência?

—Você não precisa. Seus olhos dizem tudo.

—Você está bem, eu acho. —Eu disse, brincando.

Ele soltou minha cintura e começou a sentir em torno da minha cabeça.

—O que você está fazendo?

—Verificando se aquele galo ainda está aqui. Eu acho que danificou sua
mente quando você caiu.

—Ha. Ha.

Ele deu um beijo na minha testa. —Quer que eu fique na sua casa esta
noite?

196
Eu queria. Eu sabia que me sentiria melhor se ele estivesse ali. —Você não
tem que fazer isso. Eu ficarei bem.

—Eu sei que não tenho que fazer isso. Eu quero. Dormir com você é muito
mais emocionante do que dormir sozinho.

—Você dormiu sozinho muitas vezes? —Eu perguntei antes que eu pudesse
cortar o desejo de falar. —Isso realmente não é da minha conta. —Eu consertei.

—Eu durmo sozinho toda noite que não estou com você.

Isso me fez pensar com quem ele dormiu antes de nos conhecermos, mas
felizmente eu fui capaz de conter essa pequena jóia de pensamento antes que eu
dissesse isso em voz alta.

Ficamos em silêncio por um longo minuto e eu descansei contra seu lado,


olhando para o mar azul infinito. —Eu dormi com outras mulheres antes. —Ele
disse suavemente. —Eu já namorei algumas ao longo do caminho.

Prendi a respiração, imaginando aonde isso chegaria.

—Adam não estava errado quando disse que eu era um mulherengo.

Meu estômago despencou e eu senti meu corpo tenso.

—Mas eu juro que eu não tenho pensado sobre... Eu nem sequer olhei para
outra mulher desde que você entrou no Mad Hatter, e sentou-se na minha frente
com aquele vestido floral sexy e em pânico.

Certamente não era uma declaração de amor, mas era mais do que o
suficiente para fazer o meu coração saltar uma batida. —Eu realmente gostaria
que você ficasse esta noite. Eu dormiria melhor.

—Você quer dizer que temos de dormir? —Ele ronronou, sua mão
movendo-se para cima e cobrindo meu peito, dando-lhe um aperto suave.

—Isso depende. — Eu passei minha mão pelo seu braço ainda descansando
no meu peito.

197
—De?

—O primeiro que chegar à água faz as regras.

—Nós não estamos vestindo roupas de banho.

—Awww, Cam não quer molhar seu calção. — Eu me preparei, pronta para
correr.

Seus olhos estreitaram-se. Eu ri e pulei para correr em direção à água.

Aqui está a coisa: desafiar um cara atlético que tem pernas quase duas
vezes maiores do que as suas é estupidez.

A menos, é claro, que você queira perder.

Eu não queria, contudo, tropeçar nos meus próprios pés e cair. Cam me
pegou pela cintura e levantou-me do chão, me levando para a água enquanto eu
gritava.

—Eu ganhei. Agora você tem que fazer o que eu disser.

—Droga. —Eu disse com falsa decepção.

—Você jogou comigo.

—Sim. —Eu cantei.

Ele continuou andando até que ele estava com o oceano na cintura e além
do ponto onde as ondas quebravam, rolando até a costa. Eu já estava molhada
quando ele me colocou de pé na água e me encarou.

—Minha vez de jogar com você. —Disse ele.

—Pode vir, surfista. —Eu provoquei, agarrando o chapéu de sua cabeça e


colocando-o na minha. Então eu passei minhas mãos pelo seu cabelo loiro,
fazendo-o levantar todo.

Ele inclinou-se para que a água batesse contra seu peito, e estendeu a mão
para mim, cobrindo minha boca com a dele. Ele tinha gosto salgado como a água,

198
e sua língua era áspera enquanto ele a mergulhava em minha boca. Meus dedos
flexionaram contra a sua camiseta que estava colada ao seu corpo, e minhas
unhas arranharam suas costas enquanto seu beijo se aprofundava. Minhas pernas
embrulharam automaticamente em torno de sua cintura, com meu núcleo
entrando em contato direto com a protuberância sob seu calção.

Uma onda nos abalou um pouco, deixando-nos ainda mais próximos, e nós
dois gememos, beijando com um fervor apaixonado que, literalmente, roubou
meu fôlego. Quando meus pulmões começaram a queimar, eu afastei minha boca
e dei uma sugada de oxigênio necessário, enquanto nós flutuávamos na
ondulação do mar.

Ele levantou seus quadris novamente, empurrando contra mim, e em


resposta meus quadris balançaram, enquanto um arrepio percorria minha
espinha.

—Estamos em público. —Eu gemi, inclinando-me e afundando meus dentes


em seu ombro. Uma das minhas mãos desceu entre nós e eu o agarrei, dando à
sua dureza um aperto e, em seguida, balançando-me contra ele mais uma vez.

Era absolutamente incrível como eu perdia todos meus pensamentos


quando ele me tocava. Tudo o que ele tinha que fazer era me beijar, e as
comportas do desejo abriam e eu era inundada com o tipo de necessidade que
era tão poderosa, que eu estava realmente no centro do oceano, em uma praia
pública, desejando que não houvesse nenhuma roupa entre nós, e que ele
escorregasse dentro de mim e me balançasse como as ondas.

—Ninguém pode ver o que estamos fazendo.

Eu gemi quando ele enfiou a mão dentro do meu short e colocou um dedo
sobre o meu clitóris. —Eu... — Mas minhas palavras sumiram quando um
orgasmo ameaçou levar o meu corpo.

—Oh não, você não vai. —Ele murmurou, puxando sua mão.

Eu solucei.

199
Ele desenrolou minhas pernas e me puxou de volta, alcançando entre nós e
desatando o meu short. Eu o desci pelas minhas pernas, enquanto ele o tirava e
flutuava até a superfície entre nós. A água do mar acariciava minha pele e
aumentava a minha excitação ainda mais.

Então ele fez a mesma coisa com a minha calcinha, só que ele a enrolou em
seu pulso como uma espécie de pulseira.

Estendi a mão para seu short, deslizando-o para baixo por suas coxas e
libertando o seu sexo. Minha mão foi para ele, acariciando-o, com a água fazendo
a minha mão deslizar sobre a sua espessura com facilidade.

—Porra, baby.

—Você já fez isso no oceano, Cam? — Eu ronronei, sentindo-me encorajada


pelo desejo escrito claramente em seu rosto.

—Não.

—Você quer?

Ele agarrou meu rosto entre as mãos e me puxou para frente beijando-me
sem sentido. Segurei sua masculinidade latejante e acariciei-o até que os
músculos de seu estômago tremeram.

Ele agarrou meus quadris e me puxou para frente, com minhas pernas
envolvendo em torno de sua cintura mais uma vez. Eu nem sequer tive que guiá-
lo para a minha entrada. Era como se ele se lembrasse do caminho; ele sabia
exatamente onde ele pertencia.

Pouco antes de mergulhar em mim, ele xingou e endureceu.

—O quê? — Engoli em seco, balançando um pouco contra ele.

Suas mãos flexionaram em meus quadris. —Eu não tenho nenhum


preservativo.

200
—Estou tomando a pílula. — Eu vinha tomando desde que eu tinha
dezessete anos, e pensei que a minha primeira vez seria apenas algumas semanas
depois. Isso não aconteceu, mas eu continuei tomando.

—Você me deixa... — Sua voz foi sumindo enquanto seu pênis flexionava,
roçando-me.

Olhei em seus olhos. —Eu confio em você, Cam.

—Eu nunca fiz isso com mais ninguém. —Ele jurou. —Eu nunca fiz isso sem
camisinha.

—Faça. —Eu rosnei, movendo meus quadris para que ele escorregasse para
dentro.

Um tremor passou por todo o seu corpo e moveu-se para o meu. Seu pau
entrou em mim e seus olhos fecharam. Eu segurei um pouco mais forte em torno
de seu pescoço, e ambos apenas ficamos assim, com a água empurrando contra
nós enquanto ele me estendia totalmente.

Ele me segurou perto, com seu aperto sendo quase doloroso. Seus braços
eram como um vício, me segurando tão apertado que nem mesmo a água poderia
ficar entre nós. Ele começou a se mover, lentamente, balançando enquanto
flexionava dentro de mim, porque ele não puxou para fora, mas permaneceu
penetrado profundamente no interior.

Ele estava tão duro e tão profundo, que ele esfregou contra o interior da
minha parede vaginal, e de repente, eu entendi toda essa conversa sobre um
ponto G. Eu tinha certeza de que ele conseguiu encontrá-lo.

Algumas maldições deslizaram dos meus lábios, soando mais como uma
oração do que uma linguagem ruim. —Isso é...? — Sua voz estava rouca e ele
abriu os olhos para olhar para mim.

Eu balancei a cabeça. —Por favor, não pare.

Ele riu. —Querida, eu não seria mesmo capaz de parar se um tubarão viesse
aqui e comesse meu braço.

201
Eu gemi quando a primeira onda de orgasmo tomou conta de mim. Eu caí
contra ele, deixando-o para apoiar o meu peso completamente. Eu não poderia
fazer isso. Eu não pude me segurar, e experimentei a coisa mais poderosa que
alguma vez assumiu o meu corpo.

Minha boca se abriu, mas nenhum som saiu.

Ele durou mais tempo do que qualquer outro orgasmo que eu já senti.
Arrancou seriamente cada obstáculo que estava dentro de mim, e me mostrou a
ele de uma forma que era muito mais íntima do que estar nua com os nossos
corpos se unindo.

Emoção borbulhou em meu peito até que eu pensei que poderia explodir.
Foi quase intenso demais. Se eu não estivesse tão presa na sensação disso, de sua
pele contra a minha pele, eu poderia ter ficado constrangida.

—Baby, eu tenho que tirar. —Ele murmurou, com a voz tensa.

Eu fiz um som de recusa, passando os braços fortemente ao redor dele, não


querendo deixá-lo ir.

—Harlow, não posso me segurar por muito mais tempo.

Encontrei a energia para balançar contra ele e depois ele gozou. Eu


realmente senti sua semente quente bombear em mim, e quase antecipei outro
clímax.

Caí contra ele, colocando meu rosto em seu ombro, ignorando


completamente a água que ocasionalmente espirrava em mim diretamente no
rosto.

Seus braços estavam tremendo, e ambos afundamos um pouco mais no


oceano até que apenas as nossas cabeças estivessem fora da água.

Nenhum de nós disse uma palavra. Não havia palavras que possivelmente
poderia mesmo aproximar do que acabamos de experimentar.

202
Tenho certeza de que os pequenos pedaços do meu coração que ele tinha
reinvidicado desde a noite em que nos conhecemos, já não eram apenas pedaços.
Eu tenho certeza de que meu coração tinha se dado a ele por inteiro, enquanto os
nossos corpos estavam unidos.

Parte de mim ficou em pânico; parte de mim queria arrebatá-lo de volta.

Mas o fato é: eu não poderia tê-lo de volta. Já não era meu.

Cam agora sustentava meu coração na palma de suas mãos. Eu me


perguntei se ele sabia disso. Se ele sentiu a mudança entre nós enquanto ele fez
amor comigo. Porque isso não era sexo. Sem sexo não poderíamos chegar perto
disso. Eu me perguntei se ele se sentia poderoso, se ele percebeu a extensão do
poder que ele agora tinha sobre mim.

Eu não estava prestes a perguntar.

Eu não estava a ponto de torná-lo consciente de que ele agora tinha o


potencial total para me destruir completamente. Era isso o amor? Será que isso
desnudava uma pessoa tanto que os aterrorizava?

—Hey. —Cam disse gentilmente, tirando-me de seu peito e segurando-me


para procurar meu rosto. —Isso foi intenso. Você está bem?

Eu balancei a cabeça.

—Eu não vou te machucar. —Prometeu, quase como se ele pudesse ler
meus pensamentos.

Ou talvez seus pensamentos espelhassem os meus.

—Eu não vou te machucar também.

Ele me deu um sorriso torto. —Você fica bem com meu chapéu.

—Eu sei.

—Eu acho que o seu short agora pertence ao mar.

203
Não havia nenhuma dúvida em minha mente. Meu coração pertencia a
Cam.

204
Cam já estava atrás do bar quando eu entrei no Mad Hatter. Ele estava
usando o uniforme padrão de calça preta, sem camisa e uma gravata borboleta.
Hoje à noite o chapéu estava longe de ser visto, e seu cabelo ainda estava
parcialmente confuso, o que me lembrou do jeito que eu passei meus dedos por
ele apenas algumas horas antes.

O calor que inundou meus membros com a memória, foi


momentaneamente interrompido quando uma loira, com suas nádegas saindo de
seu short e um top que, provavelmente, era na verdade um sutiã inclinou-se
sobre o bar e pegou a mão de Cam.

—Ei, lindo. Eu preciso reabastecer.

Cam sorriu e estendeu a mão para o copo.

—Sem problemas.

—Vou querer o seu número também.

Eu não era uma pessoa violenta, mas nessa fração de segundo, eu pensei
em fazer algum dano corporal.

—Aqui está a sua bebida. —Disse ele, entregando o copo. —Por conta da
casa.

—E o seu número?

—Eu sou comprometido. —Ele disse e afastou-se do balcão. Ela e suas


desagradáveis nádegas se afastaram.

Só então passei pelo bar no meu caminho aos bastidores. Cam chamou
minha atenção e piscou.

205
Ele sabia que eu estava assistindo.

Eu ri baixinho enquanto passava pela multidão e até os bastidores. Roxy


estava em sua mesa, aplicando maquiagem nos olhos.

—Eu ouvi da polícia. —Disse ela, baixando a voz.

—Você ouviu? — Inclinei-me, colocando os cotovelos sobre a mesa.

Roxie assentiu e, então, pintou o outro olho enquanto falava.

—Aparentemente, Craig tem um álibi para a outra noite.

—Que tipo de álibi? —Uma sensação desconfortável arranhou meu


interior.

—Aparentemente, ele estava fora da cidade na noite em questão. É por


isso que demorou tanto tempo para os policiais trazê-lo. Ele acabou de voltar
hoje.

—Conveniente. —Eu disse, ponderando essa informação.

—Foi o que eu disse. Mas, aparentemente, ele tem várias testemunhas e


um monte de fotos dele e das pessoas com quem ele estava incluindo sua nova
namorada.

Eu fiz um som de desgosto. —Nunca deixo de me espantar como idiotas


como ele conseguem mulheres.

—É a coisa toda de bad boy. Toda mulher pensa que ela quer um, até que
realmente tem um. Então, ela não pode correr rápido o suficiente.

Eu acho que não poderia realmente dizer se isso era verdade. Meu ex na
escola era um idiota, e espalhou boatos sobre mim, mas ele não era realmente
um bad boy. Desde então, eu praticamente evitei namorar a todo custo. Tudo
parecia demais. Até que eu conheci Cam.

Fiquei imaginando o que a polícia faria agora. O que isso significava para o
nosso caso, se eles eliminaram o único suspeito que nós tínhamos?

206
—Você está tão cansada quanto eu? —Ela perguntou, cansada, colocando a
maquiagem e olhando para mim.

—Sim. Cam disse que ficaria na nossa casa hoje à noite. Talvez possamos
dormir um pouco.

—Bem, eu vou. —Disse ela, dando-me uma olhada. Senti minhas bochechas
corarem e ela riu. —Eu não sei como você gerencia isso sendo uma stripper,
Violet. Eu realmente não sei.

—Você acha que Adam apenas me deixaria servir mesas? —Perguntei,


acalmando a minha voz.

Ela me prendeu com seu olhar roxo. —Você quer sair?

Eu não sabia o que queria. Tudo que eu sabia era que a parte do nervoso,
do enjoo, e da timidez, realmente não ia embora.

—Não tenho certeza. Mas eu gosto de trabalhar aqui.

—Normalmente, as meninas aqui têm que dançar.

—Sim. —Eu disse. Eu sabia.

—Seu homem tem que lhe dar algumas lições sexys. —Ela gritou enquanto
eu caminhava para a minha mesa.

Oh, ele me deu algumas lições. Eu já sabia mais sobre sexo e prazer do que
um dia pensei que saberia. Mas isso era parte do problema. Eu só queria
compartilhar essa parte de mim com ele. Parecia errado de alguma forma dar a
qualquer outra pessoa. Especialmente depois de hoje na praia.

Peguei uma das minhas roupas (aquela com as estrelas roxas


transparentes) e a peruca roxa. Eu senti que precisava realmente canalizar Violet
esta noite para conseguir dançar.

Eu fiz isso durante as primeiras horas e dancei bem. Sempre que eu sentia
como se fosse ficar nervosa, meus olhos procuravam Cam. Nós gostávamos de

207
bloquear nossos olhos, e eu gostava de fingir que era apenas ele e eu, e meus
movimentos eram para ele.

Eu consegui mais uma vez não ficar nua, eu não queria ficar nua, mas até o
final da minha segunda dança, alguns dos homens na parte de trás estavam
gritando para eu tirar tudo.

Voltei para fora do palco, sem mostrar qualquer uma das minhas... Roupas
íntimas. Eu me perguntei quanto tempo eu poderia fazer isso antes de Adam me
puxar para seu escritório, e me dar à velha dispensada (vulgo, eu te demito).

—Violet. —Adam chamou, colocando a cabeça nos bastidores assim que fui
para a minha penteadeira.

Eu congelei.

Sério?

Isso foi muito mais rápido do que eu pensava que seria.

Nossa, um par de idiotas bêbados começam a reclamar e sou demitida?

—Sim? — Eu disse, girando para encará-lo.

—Meu escritório. Agora.

Eu senti como se estivesse prestes a andar na prancha. Todas as meninas


olharam para mim enquanto eu me dirigia para a porta, para minha perdição.

—Adam. —Eu disse, entrando sem bater. —Eu posso fazer melhor... — Eu
comecei a dizer, mesmo enquanto me perguntava por que estava me
incomodando em mentir.

—Alguém solicitou uma dança privada.

—Como é? —Eu disse, minha frase anterior teve uma morte rápida e
indolor.

—Nós temos um cara lá na frente que quer uma dança privada na sala VIP.

208
Eu nunca estive na sala VIP. Eu sabia que ela existia, com certeza. Eu tinha
visto meninas entrando e saindo em todas as noites. Eu nunca perguntei o que se
passava lá dentro, mas eu sabia que era mais ousado do que o palco... Se não
fosse, não haveria a necessidade de uma sala privada.

—Eu não... Quero dizer... Eu não sei o que fazer. —Eu disse
miseravelmente.

Ele suspirou e sentou-se atrás de sua mesa. —Eu lhe disse que não, em
primeiro lugar. Disse que não estava pronta. Mas ele foi persistente. E então ele
me deu um número. Eu disse que lhe daria a opção.

Um número? Uma opção?

—Você não vai me obrigar?

—Claro que não. —Disse ele. —Eu posso possuir um clube de strip, eu
posso ganhar dinheiro com meninas agitando seus seios e mostrando um pouco
de pele, mas eu respeito às mulheres.

Eu não sei por que, mas eu ri.

Ele olhou para mim e o som morreu em meus lábios.

—Eu sinto muito.

Ele sorriu. —Por favor. Você não acha que eu sei como eu pareço? O que
todo mundo pensa de mim? —Ele sentou-se na cadeira de couro e passou a mão
sobre a parte superior de seu cabelo curto demais.

—Eu posso não ser um menino do coral. Inferno, eu posso nunca ter pisado
em uma igreja. Mas eu não forço as mulheres. As meninas que trabalham para
mim têm melhor remuneração horária do que qualquer outra em outro lugar. Eu
tenho seguranças que cuidam das meninas em primeiro lugar, e eu aplico uma
política estrita de sem-toques. Vocês meninas não têm que fazer qualquer coisa
que vocês não se sintam confortáveis, e eu acho que você sabe disso. —Ele olhou
diretamente para meus peitos. —Se eu fosse qualquer outra pessoa, você já
estaria demitida.

209
—Sobre isso... — Eu disse nervosamente.

Ele levantou uma mão. —Vamos falar sobre isso mais tarde. — Ele olhou
para cima, estudando-me com seus olhos azuis. Eu realmente nunca percebi o
quão azuis eram antes. —Eu gosto de você. Roxie gosta de você. Você tem sido
boa para ela. Você a convenceu a sair e viver com você. —Ele fez uma pausa. —E
de alguma forma, você conseguiu capturar e prender a atenção de um cara que
eu nunca vi com a mesma garota mais do que um punhado de vezes.

—Diz o homem da esposa número quatro. —Eu murmurei, não realmente


me importando com seu insulto à Cam.

Ele riu. —Você não ouviu? Ela saiu de casa.

Revirei os olhos. Mas essa era uma notícia interessante... Eu me perguntei o


que isso significava para ele e Roxie.

—Eu não posso imaginar o porquê. Você é tão encantador.

—Dois mil.

—O quê? — Eu disse, não seguindo a mudança rápida na conversa.

—Ele se ofereceu para pagar-lhe dois mil dólares por quinze minutos na
sala VIP.

Minha boca abriu. Eu a fechei. Ela se abriu novamente.

—Isso é normal?

—Eu vi algumas meninas saírem de lá com um maço de dinheiros, mas


nunca tanto assim.

—Eu não entendo.

—Eu estou achando esse pequeno ato de moça recatada que você tem em
curso, deixou alguém verdadeiramente curioso sobre o que está por baixo dessas
roupas.

210
—Como se isso deixasse algo para a imaginação. —Eu murmurei.

—Alguém tem dois mil que diz que deixa.

Isso era um monte de dinheiro. Um monte. Isso quase pagaria por todo o
semestre da escola. Eu seria uma tola ao recusar. —O que vou fazer?

—Nada que você não queira fazer.

—Mas o que ele espera? — Certamente essa quantidade de dinheiro exigia


certas coisas.

—A dança de colo. Basicamente um pé sobre ele, excitando-o. Você vai ter


que perder o seu top. Eu espero que você tenha um fio dental, porque isso não
faria mal.

Mordi meu lábio inferior enquanto pesava minhas opções.

—Você pode tocá-lo. — Adam continuou. —Mas as mesmas regras do


clube se aplicam. Ele não pode, sob quaisquer circunstâncias, tocar em você.

—Ele pode olhar, mas ele não pode tocar. —Murmurei.

—Exatamente.

Parte de mim se perguntava o que Cam diria sobre eu entrar em uma sala
privada com outro homem e que era esperado que eu tirasse a roupa. Mas isso
não era sobre Cam. Era sobre mim. Minha vontade de fazer isso e minha
necessidade pelo dinheiro.

Se eu fizesse este trabalho, eu poderia parar de dançar completamente. Eu


poderia conseguir outro emprego servindo mesas. Quinze minutos da minha vida
por todo um semestre de escola sem stress.

—Eu vou fazer isso.

Adam parecia surpreso. —Você tem certeza?

Eu balancei a cabeça. —Eu preciso do dinheiro.

211
Ele me estudou. —Você está com algum tipo de problema?

—O que? Não. Nada disso. Perdi a minha ajuda financeira para a escola, e
se eu não conseguir o dinheiro, terei de desistir e mudar de casa.

—Quanto da faculdade lhe resta?

—Dois anos.

—Tudo bem. Vou dizer a ele que você irá fazer. Eu vou deixar Ty na porta.
Se ele respirar engraçado em cima de você, você grita por ele.

Eu balancei a cabeça e me dirigi para a porta.

—Violet. —Ele chamou.

Olhei por cima do meu ombro.

—Mesmo se você gritar por ajuda, você ainda receberá o pagamento. No


minuto em que ele entrar naquela sala VIP, o dinheiro já é seu.

—Qual é a sua porcentagem?

—Nenhuma. É todo seu.

Agora eu entendia porque algumas das meninas sempre queriam ir para a


sala VIP.

—Quanto tempo eu tenho?

—Vá se trocar, faça o que você precisa fazer, e depois vá até o quarto. Ele
estará à espera. Quando seus quinze minutos terminarem, Ty lhe dirá.

Saí do seu escritório e meus olhos foram direto para o bar. Cam estava
observando a porta. Ele parecia um pouco mais contido do que o habitual. Eu dei-
lhe todo o sorriso que eu pude reunir e, em seguida, virei-me e fugi para os
bastidores.

Eu era uma covarde.

212
Eu não queria ver a decepção ou a dor em seu rosto com o que eu estava
prestes a fazer.

Fiquei olhando para as minhas roupas, tentando decidir o que vestir. De


repente, eu me perguntei o que diabos estava pensando ao ter que escolher
qualquer uma delas. Era tudo minúsculo. Não levaria muito tempo para remover.

Eu decidi no corpete rosa forte com os laços de cetim preto até a frente, e o
minúsculo short preto com os crânios cor de rosa. Talvez eu pudesse tomar o meu
tempo desatando rendas e laços.

Eu coloquei tudo, acrescentei meus saltos pretos e, em seguida, sentei-me


no espelho, tentando me acalmar. Eu levantei meu delineador, mas não podia
aplicá-lo porque minha mão estava tremendo.

Por que será que alguém pagaria tanto dinheiro para me ver dançar? Isso
era além de ridículo. Será que ele não tinha coisas melhores para comprar? Ele
era provavelmente algum idiota colossal que não poderia obter um encontro. Ou
talvez ele fosse um pervertido que queria olhar para mim enquanto ele se
masturbava.

Eu ia vomitar.

Eu dei uma guinada na cadeira e fiquei ali como um cervo assustado em um


par de faróis.

—Whoa, não. —Disse Roxie, chegando ao meu lado. —Ele a demitiu? —


Perguntou ela. —Eu vou chutar a bunda dele.

—Não. —Eu disse, dando uma respiração profunda. —Eu tenho que ir para
a sala VIP.

—Quanto tempo?

—Quinze minutos.

—Isso é administrável. —Disse ela, empurrando-me para baixo na cadeira


novamente.

213
Ela pegou uma escova e começou a pentear o meu cabelo. Eu deixei porque
estava ocupada demais pirando.

—Certifique-se de curvar-se bem no seu rosto. Os homens são uns porcos.


Eles amam isso.

Eu balancei a cabeça.

—E se toque. Você pode fazer isso pela sala para que você não tenha que
estar tão perto dele. Toque-se e depois toque nele. Eles amam isso também.

Ai credo.

—Como você pode suportar isso? —Eu sussurrei.

A escova parou no meio do caminho pelo meu cabelo.

—Eu fecho minha mente e não penso nisso. Ou eu penso em alguém para
quem eu gostaria realmente de dançar.

—Quem é esse para você? — Eu perguntei, sabendo que para mim era
Cam.

—Adam. —Disse ela com naturalidade.

—Sua esposa saiu de casa.

Ela olhou para mim através do espelho. —Eu ouvi.

Ela terminou com o meu cabelo e depois bateu no meu ombro.

—Você está pronta.

Meu cabelo estava caindo em meus ombros e o fio roxo acentuava meus
olhos.

—Aqui vou eu. — Levantei-me, ajustando minha roupa.

—Vejo você daqui a pouco. —Disse ela.

214
Cam estava parado do outro lado da porta quando eu a abri e saí.

Seus olhos tomaram conta de mim. —Você fará isso.

—São dois mil dólares.

Seus olhos se arregalaram. —Merda.

Eu balancei a cabeça.

—Eu trouxe uma coisa. — Ele estendeu um copo cheio de vodka.

Eu não hesitei e tomei tudo em um gole. Ele queimou todo caminho abaixo.

—Obrigada.

Ele moveu-se tão rápido que eu não o vi chegando. Num minuto ele estava
do outro lado do corredor, e no próximo estava me prendendo contra a parede
com seu corpo. Seus lábios cobriram os meus em um beijo agressivo, que ateou
fogo em meu sangue.

Ele foi rápido demais e se afastou, respirando com dificuldade.

Ele estava com raiva.

Eu não o culpava.

Eu coloquei a mão em meus lábios machucados, e olhei para suas costas


enquanto seus ombros subiam e desciam.

—Sinto muito. —Eu sussurrei, em seguida, afastei-me pelo corredor. Pouco


antes de eu virar a esquina, ele estava em mim novamente, me puxando para
trás, então minhas costas estavam contra seu peito e eu não podia ver seu rosto.
Mas eu podia ouvir sua voz muito bem.

—Lembre-se desse beijo quando estiver dançando para ele. Não o veja,
veja a mim. E quando você sair da sala, eu quero que você esteja pronta.

—Esteja pronta para que? —Eu disse, com minha voz tremendo.

215
—Esteja pronta porque eu vou fazer amor com você durante toda a noite,
até que a única coisa que você sinta seja eu e você, nem se lembrará de seu rosto.

—Oh, Cam. —Eu suspirei. —Você já é o único homem que eu vejo.

Ele afastou-se, voltando ao bar e deixando-me tremendo no corredor


escuro. Quando me endireitei e caminhei para a sala VIP, eu me perguntei se Cam
ainda iria me querer quando eu saísse.

216
Ele estava sentado nas sombras.

O quarto era um pequeno quadrado com as paredes de veludo preto, um


poste prateado que ia do teto ao chão perto do centro, e a parede mais distante
de mim estava coberta com um espelho gigante até a longa cama que foi envolta
em tecido e travesseiros.

Um lustre estava pendurado no centro do teto, e lançava iluminação fraca


na maior parte abaixo dela e um brilho sombreado em todo o resto da sala.

Ty parou à porta e inclinou o queixo, sussurrando que ele estaria ali


enquanto eu entrava. Eu estava um pouco surpresa que ele não fechou a porta
atrás de mim, mas baixou uma cortina de veludo preto através da abertura. Eu
podia ver seus pés calçados com botas na parte inferior, e eu estava feliz que ele
estava ali.

O homem estava sentado em uma cadeira de encosto reto, que não estava
sob a luz do candelabro. Em vez disso, ela foi empurrada para trás no perímetro
sombreado do quarto.

Ele usava jeans e sapatos de cor escura e uma blusa escura. Ele tinha um
boné de beisebol na cabeça, e meu coração deu um pequeno aperto, porque me
fez lembrar de Cam. Pelo menos não estava virado para trás. Isso podeira ter me
feito fugir do quarto.

Suas mãos estavam ao seu lado e ele ainda estava sentado, mas eu podia
sentir seus olhos em mim enquanto eu me movia através do quarto.

—Eu sou Violet. —Eu disse, mantendo a voz baixa. —Você pediu minha
presença e eu vim.

217
Uma música sexy começou a tocar nos alto-falantes na sala, e eu sabia que
meus quinze minutos tinham começado.

Eu posso fazer isso.

Comecei no poste, movendo-me em torno dele, envolvendo a perna em


torno dele, girando contra ele. Em seguida, movi-me para a parede, encostando-
me a ela e abrindo minhas pernas. Agachei-me, passando minhas mãos para cima
pelas minhas pernas e no interior das minhas coxas. Então eu empurrei para cima,
virando-me, mantendo minhas pernas abertas, e inclinei-me. Senti o pequeno boy
short subir até a minha bunda, e eu não pude deixar de me perguntar se ele viu
isso.

Depois de alguns minutos, eu andei até ele, balançando meus quadris, e


montando em seu colo, ainda de pé, e pressionei meu peito perto de seu rosto.
Então eu dei um passo para trás, ainda na frente dele, e estendi a mão para o
arco na parte inferior do espartilho.

Lentamente, eu desatei os laços, mantendo meus pés plantados no chão.


Eu ouvi um tumulto no bar, e olhei por cima do meu ombro brevemente, me
perguntando o que estava acontecendo.

Mas então eu me virei, ainda desatando no topo.

Eu ouvi outro som e olhei de volta para a cortina, observando que os pés de
Ty já não estavam visíveis.

Onde ele tinha ido?

—Vá para a cama. —O homem falou, com sua voz me assustando. Olhei
diretamente para o rosto dele, mas eu era incapaz de fazer qualquer tipo de
reconhecimento. Estava escuro e a aba do chapéu tornava ainda mais difícil de
vê-lo.

Dei um passo em direção à cama, fazendo uma grande produção ao subir


nela, mantendo o meu bumbum à vista.

218
—Deite-se. —O homem instruíu. Sua voz soava extraordinariamente
profunda, quase como se ele estivesse tentando disfarçar.

Talvez ele não quisesse que ninguém soubesse que ele estava aqui.

Deitei-me enquanto ele falava, olhando novamente para Ty. Ele ainda não
estava lá.

—Desate desde o início. Até o final.

Eu terminei de desatar, mas não o abri. Meu coração batia tão forte que eu
mal ouvi seu próximo comando.

—Abra suas pernas.

Isso foi estranho. É esta a maneira que era suposto ser?

Eu hesitei. O homem se levantou. —Eu disse afaste as pernas.

Ouvi, esperando que ele se sentasse.

Ele não o fez. Ele chegou mais perto, pairando sobre mim e olhando para
baixo.

—Abra o seu top e se toque.

Eu não podia fazer isso. Eu não podia. Eu queria apenas lhe dar todo o seu
dinheiro de volta e, em seguida, sair de lá.

Eu ouvi um monte de gritos na frente e o som de vidro quebrando.

Eu endureci e me preparei para fugir, mas o estranho se aproveitou da


minha preocupação.

Ele lançou-se sobre mim, prendendo-me na cama e me fazendo gritar.

—Não me toque!— Eu insisti.

Ele riu.

219
—Ty! — Eu gritei.

Mas Ty não estava lá.

O homem inclinou-se. —Você não é nada, além de uma pequena


provocadora. —Ele cuspiu.

Algo sobre suas palavras me incomodou. Elas atingiram um acorde dentro


de mim. —Não. Me. Toque. —Rosnei.

Ele colocou a mão sobre minha boca, para me silenciar. Comecei a entrar
em pânico. Eu tentei derrubá-lo. Isso foi um grande erro, porque todo o meu
corpo lutando parecia excitá-lo. A protuberância em suas calças crescia mais e
mais até que era tudo que eu podia encarar.

Lágrimas encheram meus olhos e eu balancei a cabeça negativamente.

Ele balançou a cabeça que sim.

—Não grite. —Ele ordenou em voz baixa. —Ou eu vou fazer doer.

Oh. Meu. Deus.

Ele enfiou a mão na parte do espartilho cobrindo meu peito. Eu soltei um


grito estridente e lutei novamente.

—Sua cadela estúpida. —Ele gritou e me bateu no rosto.

Eu vi estrelas. Então eu senti o ar contra o meu peito nu.

—Harlow! —Alguém gritou, e então o estranho tinha ido embora e este


barulho ensurdecedor doente encheu meus ouvidos.

Saí da cama, olhando através da sala.

Cam estava em cima do homem, batendo com o punho na sua cara uma e
outra vez.

220
—Cam! — Eu chorei. Seu punho parou no ar e ele deixou o homem caído
no chão. Os olhos dele focaram na minha aparência amarrotada e parcialmente
exposta no peito.

Ele atravessou a sala em duas grandes passadas, puxando o espartilho em


torno de mim e depois me colocando contra seu peito. Eu não pude deixar de
chorar. Fui humilhada. Fiquei magoada. Eu fui violada.

Houve um gemido e Cam endureceu. Ele tentou se afastar, mas me agarrei


a ele.

—Está tudo bem. —Ele murmurou, os braços chegando em torno de mim


mais uma vez.

Olhei para cima, assim que o estranho puxou a cortina que estava atrás de
sua cadeira para revelar uma saída de emergência. Ele abriu a porta e correu para
a noite.

Cam moveu-se para ir atrás dele.

—Não! — Eu chorei. —Deixe-o ir. — Eu não seria capaz de aguentar se Cam


se machucasse tentando me proteger.

—Foda-se! —Ele gritou para ninguém em particular.

Ele olhou para o meu rosto, tocou onde a pele queimava e ardia, e ele
xingou novamente quando eu estremeci.

—Vamos lá. —Disse ele, pegando a minha mão e me levando para trás do
bar. Ele pegou sua jaqueta de couro preta e estendeu-a. Eu coloquei meus braços
dentro. Cheirava a praia, como ele.

Ele fechou-a em volta do meu corpo, cobrindo-me, e então ele inclinou-se e


beijou minha testa. Eu queria chorar mais uma vez. Em seguida, ele encheu um
saco plástico com gelo da máquina de gelo, envolveu-o em sua camiseta, e em
seguida, suavemente colocou em meu rosto.

—Onde mais ele te machucou?

221
Vidro quebrado me fez olhar para o bar e, de repente eu entendi por que
Ty tinha desaparecido. Uma briga de bar estava acontecendo. Garrafas de cerveja
estavam voando, as pessoas estavam correndo e gritando, e um cara estava
empunhando uma cadeira.

Os seguranças estavam separando as pessoas e lançando-as para a porta.


Ouvi Roxie gritar e eu chamei o nome dela, correndo em direção à luta.

—Não, você não vai. —Cam disse, puxando-me de volta.

—Roxie. —Eu disse a ele.

—Ela está bem. — Ele apontou.

Ela estava no centro de tudo, mas Adam estava ao lado dela, e qualquer um
que chegasse perto era eliminado com bastante facilidade.

—O que está acontecendo?

—Craig. —Cam falou, então explicou tudo.

—Eu pensei que a polícia o havia inocentado.

—Bem, ele estava puto, gritando com Roxie por fazê-lo ser preso pelos
policiais. Ele se lançou para ela. Alguém o interceptou. O resultado foi uma briga
de bar enorme, uma grande confusão, e você foi deixada sozinha na sala VIP com
a porra de um estuprador.

Suas palavras me deixaram fria. Como se eu tivesse água gelada correndo


em minhas veias. Olhei para trás, para Roxie, que estava passando pelo palco
vazio com Adam em suas costas, protegendo seu corpo com o dele. Quando ela
desapareceu nos bastidores, Adam reapareceu e deu um sinal para o DJ.

A música foi cortada e a voz do DJ veio pelos alto-falantes. —O Mad Hatter


está fechado. Dêem o fora antes que os policiais cheguem aqui para levar todos
vocês.

222
A maior parte da luta parou. O resto continuou, e os seguranças tiveram o
cuidado de, no curto prazo, jogarem os homens para fora no estacionamento.
Perguntei-me onde meu agressor estava, se ele ainda estava lá fora à espreita.

Enquanto a multidão diluía, notei um cara, com o cabelo escuro comprido,


e uma manga de tatuagens até seu braço direito, esparramado pelo chão. Adam
estava sobre seu corpo, cruzando os braços sobre o peito e olhando para baixo.

As sirenes da polícia soaram na distância, e eu estava grata que eles


estavam quase aqui.

Antes que os policiais chegassem ao local, Adam levantou a grande bota e


chutou o homem nas costelas. Ele gemeu.

Acho que era Craig.

Adam pareceu sentir-nos olhando e ele olhou para mim. —Que diabos
aconteceu com você?

Eu abri minha boca para lhe dizer que estava bem, mas Cam falou por mim.

—O pervertido do caralho tentou estuprá-la.

O corpo de Adam sacudiu como se tivesse sido baleado. Eu tentei não ouvir
as palavras que eram arremessadas de sua boca como espadas. Eu me perguntei
onde ele aprendia palavras como essas.

A polícia chegou, escoltou Craig à parte traseira de um carro da polícia, e


entrevistou todas as pessoas que ainda estavam ali e tinham informações.

Roxie parecia como se um caminhão tivesse passado por cima dela,


enquanto ela dizia aos policiais sobre como Craig tinha aparecido lá esta noite, e
tentou iniciar uma briga e fazer dano físico. Ela estava fazendo acusações, e se
eles não o prendessem, ela pediria uma ordem de restrição. Eu esperava que
Craig ficasse por um tempo na prisão.

Roxie não parecia tão aliviada quanto eu, mas achei que, uma vez que o
choque passasse, ela ficaria.

223
Depois foi a minha vez de falar com a polícia. Eu não pude dar-lhes uma boa
descrição do homem que me atacou porque eu não vi seu rosto claramente. Tudo
o que eu vi foram flashes de uma mandíbula forte, barba por fazer, e lábios que
poderiam ter sido bons se ele não estivesse balbuciando palavras doentes.
Enquanto eu falava, percebi que... Havia algo sobre ele que era vagamente
familiar. Algo que eu não peguei imediatamente, porque eu tinha ficado tão
assustada e apavorada.

Além do mais, foi o cheiro de sua colônia que permaneceu em mim...


Envolvendo meus sentidos e invadindo o meu sentimento de alívio de que ele
tinha ido embora. Era um perfume mais velho, algo que não tinha sentido durante
vários anos, uma marca popular masculina. Eu conhecia isso bem, porque ele me
marcou enquanto eu ainda estava na escola, e eu juro que cada indivíduo na
escola o comprou também. Os corredores cheiravam exatamente como ele o ano
inteiro.

A polícia continuou a fazer perguntas, e eu repeti o que aconteceu, as


palavras exatas que ele disse, e o que eu estava sentindo e fazendo enquanto ele
as disse. Cam permaneceu estranhamente silencioso durante a minha história, e
isso me deu uma sensação incômoda na boca do estômago.

Quando eu terminei de falar, a única coisa que ele disse foi dirigida à
polícia. —Quando é que vocês pegarão esse estuprador?

—Ele não me estuprou. — Por que ele continua dizendo isso? Isso estava
me deixando doente. E realmente, eu não sabia se ele planejava me estuprar ou
não. Eu realmente não sabia nada do que ele ia fazer. Embora, o que quer que
fosse, não era bom.

—Nós faremos de tudo para pegar esse cara. Se você o vir ou pensar que
ele pode estar por perto, por favor, ligue para o 911 imediatamente. —O oficial
respondeu em um tom calculista.

—Vamos. —Cam disse, colocando a mão na parte inferior das minhas


costas.

—Nós não devemos ficar? Ajudar a limpar?

224
Adam ouviu e aproximou-se, com seus pés esmagando vidro quebrado
enquanto andava.

—Eu vou chamar o serviço de limpeza que eu uso. Vou trazê-los aqui
amanhã de manhã e, em seguida, vamos abrir as quatro amanhã à noite.
Negócios, como sempre.

Eu respirei. —Vou ter que dar meu aviso prévio. Eu apenas não estou
talhada a ser uma stripper. Posso ficar até encontrar uma substituta, mas, eu... Eu
acho que não posso dançar mais.

Adam levantou a mão. —Você não vai desistir.

Quando eu abri minha boca para protestar, ele apenas continuou falando.
Como um trem em uma pista, ele acelerou sobre minhas palavras.

—Você não tem que dançar. Você pode apenas servir mesas.

—Sério?

Ele assentiu. —Mas você vai ter que usar roupas provocativas enquanto o
faz. Você pode lidar com isso?

Eu balancei a cabeça. —Definitivamente.

—Bom. Sinto muito sobre o que aconteceu esta noite. Ty deveria ter estado
lá na porta. Isso não deveria ter acontecido.

—Está tudo bem. Estou certa de que Ty estava apenas tentando ajudar
aqui.

Os lábios de Adam esticaram em uma linha fina. —Esse idiota nem sequer
mesmo tente dar um passo no estacionamento deste lugar, e ele vai desejar ainda
estar na cadeia.

—Qual deles? —Falei, me perguntando se nós estávamos falando sobre o


meu atacante ou o de Roxie.

—Ambos. —Adam e Cam responderam exatamente ao mesmo tempo.

225
A testosterona aqui estava ficando um pouco demais.

—Então, está tudo bem para eu sair? —Perguntei a Adam, decidindo que
uma mudança de assunto era provavelmente o melhor. Roxie apareceu enquanto
eu falava, parecendo tão cansada quanto eu me sentia.

—Claro. Se você não se sentir bem até amanhã à noite, é só ligar. Eu


entendo. Você passou por um monte hoje à noite.

—O que aconteceu! — Roxie engasgou. —Você foi atingida na briga?

Eu atirei à Cam um olhar, apenas desafiando-o a usar a palavra E


novamente. Ele pareceu entender a minha mensagem e manteve sua boca
fechada.

—Eu estava na sala VIP. As coisas não foram tão bem.

—O que quer dizer? —Ela disse, olhando minha aparência e o fato de que
eu estava usando o casaco de Cam sobre a minha roupa.

—Eu vou explicar mais tarde.

Ela assentiu com a cabeça.

Olhei para Cam. —Você ainda vai dormir na nossa casa? — Eu perguntei,
querendo saber se ele tinha mudado de ideia.

—Definitivamente. —Ele respondeu.

—Graças a Deus. —Roxie murmurou, espelhando meus próprios


pensamentos. —Eu me sinto como The Walking Dead.

—Por que você não me disse que não conseguia dormir? — Adam disse,
olhando para Roxie com uma preocupação genuína.

—Porque não é problema seu.

Seus lábios apertaram novamente. —Eu vou te levar para casa. E então, vou
dormir no sofá.

226
Eu pensei que ela fosse argumentar, mas ela não o fez. Em vez disso, ela
balançou a cabeça e foi até o bar e sentou-se. Fui pegar minha bolsa, cansada
demais para me preocupar em me trocar, ao invés de apenas deixar a jaqueta de
Cam sobre a minha roupa. Cam estava na porta e me olhava como se ele estivesse
com medo de me deixar fora de sua vista.

No caminho para a porta, Adam chamou meu nome e atravessou a sala,


estendendo um envelope branco para mim. —O que é isso?

—Seus dois mil dólares.

Olhei para o envelope como se fosse uma cascavel. —Você não tem que me
pagar.

Ele bufou. —Ele pagou antes de entrar na sala VIP. Esse dinheiro é seu. Eu
sei que não compensa o que aconteceu, mas eu sei que você poderia usá-lo.

Engoli em seco, estendendo a mão e levando o dinheiro. —Obrigada. —Eu


murmurei, enfiando o envelope na minha bolsa. Parecia dinheiro de sangue. Eu
me senti suja em aceitá-lo. Mas ele estava certo, eu tinha necessidade,
especialmente agora que eu não seria stripper mais.

Fui para casa, deixando o rádio desligado, não necessitando do ruído


adicionado aos meus pensamentos já altos. Cam seguia de perto em sua moto,
quase como se eu fosse uma celebridade com uma escolta policial ou um guarda-
costas.

Que porcaria toda essa bagunça.

Primeiro alguém rouba minha fivela, então alguém entra em meu


apartamento, ataca Roxie, mas deixa para trás a minha fivela. Então Craig irrompe
no clube, com raiva de ser acusado de algo que ele provavelmente pensou em
fazer, e tenta atacar Roxie. Enquanto isso, eu estava na parte de trás dando um
strip-tease, enlouquecendo um homem que... Bem... Ele parecia como se quisesse
me estuprar.

Mas por quê?

227
Quero dizer, eu sei por que um homem estupraria uma mulher. Mas no
meio de um clube? E tudo o que aconteceu antes me levou a acreditar que esse
cara poderia ter estado me observando por um tempo.

Eu tremi, medo subindo pela minha espinha e apertando meu peito.

O farol de Cam no espelho retrovisor chamou minha atenção. Cam. Ele


sempre foi tão suave, tão calmo e fácil. Ele desempenhava esse estereótipo de
“surfista” como ninguém que eu já conheci... Mas esta noite eu tinha visto um
lado diferente dele. O núcleo de aço embaixo de seu exterior descontraído. Ele
estava zangado, com raiva, e a maneira como ele olhou para mim... Isso me fez
pensar se ele tinha decidido que talvez eu não valesse a pena todo o problema
que parecia chover sobre nós.

E sim... Talvez parte de mim, uma parte muito pequena, se perguntava isso.
Saber se talvez ele estivesse tão atraído por mim porque até ele, eu tinha sido
basicamente intocada. Sim, eu fiquei com caras antes. Sim, eu fiz coisas... Coisas
sensuais... Mas o que Cam e eu tínhamos? O que nós compartilhamos? Ele foi o
único. Ele foi o meu único. Eu sabia que ele gostava disso. Que cara não gostaria?

Só que agora eu estava contaminada.

Eu estava suja.

Alguém me tocou. Agarrou-me. Falou sujo para mim.

A memória do homem em cima de mim, me dizendo que eu não era nada,


além de uma provocação, veio sobre mim. Uma buzina soou alta, e eu despertei
do meu devaneio apenas a tempo de ver os faróis excessivamente brilhantes de
um carro próximo, vindo diretamente para mim.

228
Eu puxei o volante, desviando da minha pista, evitando por pouco um
acidente.

Eu dirigi o resto do caminho com o coração acelerado, agarrando o volante


até que meus dedos doíam. Finalmente, parei no estacionamento do meu
apartamento e soltei um enorme suspiro de alívio.

Cam estava estacionado e fora de sua moto na velocidade da luz. Ele abriu
a porta do carro e inclinou-se, assim que eu desliguei o motor.

—Você está bem? —Perguntou ele. —Que diabos foi isso? — Ele passou a
mão pelo cabelo e, em seguida, olhou para mim. —Tem certeza de que não está
ferida? Você me diria se estivesse ferida, certo?

—Sim, eu diria a você. Não estou ferida.

Ele andou de volta para mim e, em seguida, enfiou a mão na parte de trás
para pegar minha bolsa. Eu andei na frente dele até as escadas e abri a porta.
Cam passou por mim, indo primeiro e acendendo as luzes. Ele passou pelo
apartamento enquanto eu fui para a cozinha pegar uma garrafa de água. A frieza
da bebida gelada foi uma sensação maravilhosa contra a minha garganta.

—Tudo parece bem. —Disse ele, entrando na cozinha e pegando uma


cerveja do refrigerador (Eu finalmente comprei alguns alimentos de homem).

—Vou tomar um banho.

Ele assentiu. Senti seus olhos me seguirem enquanto eu caminhava para


fora da sala. Ele não disse nada. Eu não disse nada.

Por alguma razão, o silêncio doeu.

229
No banheiro, eu abri o zíper da jaqueta de couro e a tirei, tendo cuidado ao
pendurá-la na parte de trás da porta. Então eu olhei para mim mesma no espelho.
O espartilho rosa ainda estava desamarrado. A fita de renda estava amarrotada e
enrugada. Ele estava aberto apenas o suficiente para que eu pudesse ver uma
diferença de pele, do meu pescoço até abaixo do meu umbigo.

Meu cabelo estava embaraçado em ondas escuras ao redor dos meus


ombros e rosto. Minha pele estava pálida e os olhos estavam vermelhos. Virei às
costas ao espelho e fui até o chuveiro para ligar a água, deixando-a mais quente.

Saí dos meus saltos e tirei o boy short, chutando-o para o canto onde eu
esperava que nunca tivesse que vê-lo novamente. Então peguei o espartilho.

Abra o seu top e se toque.

As palavras, suas palavras, ecoaram pela minha cabeça um milhão de vezes,


derrubando todas as barreiras que ergui até que eu não aguentei mais.

Eu rasguei o espartilho do meu corpo, deixando-o em um pequeno


chumaço de tecido e, em seguida, o joguei contra a parede. Meu peito arfava
quando eu olhei para trás no espelho. Mesmo através das lágrimas, a minha visão
turva viu.

A contusão.

Havia uma contusão no meu peito, marcas deixadas onde sua mão tinha
me agarrado, onde seus dedos brutalizaram minha carne. Eu não tinha nem
sentido. Por que eu não o senti me tocando?

Deve ter sido um pouco antes de Cam puxá-lo.

Olhei para as manchas coloridas no meu peito de outra forma. As


impressões digitais. Eu tinha as impressões digitais de um... Um estuprador no
meu corpo.

Um soluço tão profundo atravessou meu corpo, fazendo-me dobrar sobre a


pia. Fiquei ali sentada por longos minutos apenas respirando, e então eu me
afastei e dei um passo para trás da cortina e sob a água escaldante.

230
Ela queimou. Ela fez a minha pele formigar e ficar um vermelho manchado.
Mas eu não me importei. Eu queria isso fora de mim. Eu queria todos os últimos
vestígios desse ser humano doente levado pelo ralo, então eu nunca teria que me
sentir assim novamente.

Peguei o sabonete e comecei no meu ombro, segurando a barra com tanta


força que meus dedos ficaram brancos e o sabão sumiu dentro da minha mão. Eu
cobri meu braço com uma espuma espessa, tentando lavar tudo.

Mas você não pode lavar uma memória.

O sabão escorregou da minha mão e bateu no chão do chuveiro com um


grande estrondo. Eu estava sob a água quente demais e comecei a chorar. Os
soluços eram tão profundos que eu nem sequer respirava. Tudo o que eu podia
fazer era deixar lágrimas grossas rolarem pelo meu rosto e misturarem com a
água do chuveiro. Chorei silenciosamente, o tipo de choro que era tão doloroso
que meu corpo simplesmente não era capaz de fazer barulho.

Eu estava com raiva de mim mesma. Raiva por me colocar nessa posição.
Raiva por não ouvir o meu instinto e tentar segurar um trabalho que eu
realmente não queria. Raiva por me sentir suja e usada. Raiva que cada vez que
eu olhasse para o meu peito e visse a contusão, eu seria lembrada.

Debrucei-me contra a parede do chuveiro, descansando minha testa contra


o azulejo e tomei grandes goles de oxigênio.

A cortina do chuveiro se abriu e Cam entrou, puxando a cortina, fechando-a


atrás dele.

—Hey. —Ele murmurou, levantando a mão, mas deixando-a cair entre nós.

Ele não queria me tocar.

Um soluço ecoou de dentro de mim. E depois outro. Eu não conseguia nem


me lembrar da última vez em que chorei tão forte.

—Não chore. —Disse ele, com sua voz quebrando um pouco. Seu corpo se
aproximou.

231
Ele estava usando todas as suas roupas. Até seus sapatos.

—Estou manchada agora, não estou? —Eu disse com minha voz oca e
profunda.

—O que?

—É a razão pela qual você não quer me tocar. É por causa dele. Porque ele
me tocou.

Ele fez um som como se estivesse com dor. —É isso que você acha? Você
acha que eu não quero tocar em você agora?

Eu não respondi. Eu só deixei a água derramar sobre minhas costas e


mantive minha cabeça contra a parede.

—Eu tenho medo de tocar em você. Eu tenho medo de que se eu fizer isso,
você vai recuar e se afastar. Se você recuar, eu vou caçá-lo e matá-lo.

—Eu não vou recuar.

Ele me puxou contra ele, envolvendo-me contra seu corpo e segurando


minha cabeça contra o peito. Eu podia sentir o bater forte de seu coração e o
tremor em seus braços.

—Sua pele está queimando. —Disse ele, virando-se para que a água
batesse em suas costas e eu não estivesse mais por baixo do spray.

—Quero ele fora de mim.

Cam se curvou e pegou o sabão e o usou para lavar delicadamente minha


pele. Eu balancei minha cabeça. —Forte, precisa ser mais forte.

Ele apertou um pouco mais forte, me cobrindo de bolhas e, em seguida,


usando as mãos para lavá-las. Eu soube imediatamente quando ele viu as marcas.
Ele parou. Ele não respirou enquanto descartava o sabão.

Ele passou os dedos sobre as impressões digitais de outro homem. Então


ele se inclinou e beijou-as suavemente. Lágrimas obstruíram minha garganta,

232
porque a sua ternura era totalmente demais. —Eu sinto muito, baby. —Ele
sussurrou e me puxou para ele, abraçando-me perto.

A água, eventualmente esfriou, e eu me afastei para lavar meu cabelo


enquanto ele estava lá dentro com roupas molhadas e me olhava com olhos
sombrios. Eu realmente não podia decifrar sua expressão, e estava parcialmente
feliz por isso.

Minha pele ainda estava manchada e vermelha quando eu desliguei a água,


e Cam enrolou uma toalha gigante ao redor do meu corpo. Ele passou as mãos
para cima e para baixo em meus braços, secando-os. Uma vez que eu estava seca,
eu penteei meu cabelo e coloquei um pouco de creme hidratante na minha pele.

—Você está escorrendo por todo o chão. —Eu observei.

—Eu vou me trocar quando você terminar.

—Por que não agora?

—Eu não tinha certeza se você iria querer me ver nu.

—Por quê?

Ele soltou um suspiro. —Por causa do que aconteceu. Eu não tenho ideia do
que você precisa.

Virei-me e inclinei-me contra a pia, prendendo-o com um olhar. —Por que


você não me pergunta?

—O que você precisa, Harlow?

—Não me trate como se eu estivesse quebrada. Não fique pisando em ovos


porque você acha que pode me assustar ou me fazer pensar em algo ruim. Eu já
estou com medo. Meus pensamentos já estão sombrios. Mas eu não estou
quebrada, Cam. —Eu me ergui e tirei a toalha enrolada em volta do meu corpo,
deixando-a cair no chão. —Eu estou segura em seus braços. Eu não penso em
nada quando estou em seus braços. Você faz tudo ir embora. Apaga tudo o que
ele fez para mim com o poder do seu toque.

233
—Tem certeza de que é isso que você quer? Eu não espero que você...

—É o que eu quero.

Seus olhos viajaram por cima do meu corpo nu, transformando-se em


chocolate derretido. —Espere aqui. —Ele murmurou e passou por mim,
desaparecendo pela porta do banheiro.

Não era exatamente a reação que eu estava esperando.

Eu usei a toalha para limpar as poças no chão e, em seguida, pendurei-a


quando a porta se abriu e Cam estava no batente. Ele não estava usando mais as
roupas molhadas. Ele estava usando um short de basquete e nada mais. Seu
cabelo estava molhado e despenteado, caindo sobre a testa.

—Roxie e Adam ainda não estão aqui. —Disse ele e, em seguida, varreu-me
em seus braços, embalando-me contra seu peito, e caminhou de volta pelo
apartamento, usando o pé para empurrar a porta do quarto e, em seguida,
movendo-nos para dentro. Ele me deitou sobre a cama, que já havia sido
arrumada, e depois foi fechar a porta e trancá-la.

Antecipação deliciosa começou em meus dedos do pé e subiu em mim


como uma videira crescendo em um campo.

Ele chegou ao lado da cama. Ele me fez sentir caçada, mas ele era o tipo de
caçador que você deita e apenas o deixa pegar você. Ele era o tipo de assassino
que você imploraria para matá-la apenas para que ele colocasse suas mãos em
qualquer lugar em sua pele.

—Isso não será como das outras vezes. —Disse ele, em voz baixa. —Isso
não será agressivo, isso não será em um lugar público.

Ele se deitou ao meu lado, estendendo-se ao longo da cama. Sua mão


pairou sobre mim. Eu podia sentir o calor na palma da sua mão. Eu queria que ele
me tocasse, eu precisava disso, mas ainda assim, ele resistiu.

—É só eu e você agora. Eu vou tomar meu tempo com você esta noite. Vou
te tocar suavemente, não porque eu acho que você está quebrada, mas porque

234
para mim você é algo a ser valorizado. E porque a única maneira de afastar
completamente essa escuridão de sua mente é enchê-la tão completamente com
a luz, que a escuridão não terá onde se esconder.

Se as palavras pudessem dar a uma menina um orgasmo, essas palavras


totalmente dariam conta do recado.

—Se você mudar de ideia, tudo que você tem a dizer é pare. Eu irei parar.
Eu não vou sair, e eu não vou ficar bravo.

Eu não lhe pediria para parar.

Passei a mão pelo seu cabelo, amando o jeito como os fios grossos
enrolavam em torno dos meus dedos, e depois abri meus dedos, colocando-os na
parte de trás do seu pescoço e puxando sua cabeça para baixo.

Seus lábios tinham sua própria ideia.

Ao invés de encontrar a minha boca, ele passou a língua sobre o mamilo


mais próximo a ele, girando sobre a parte superior como se eu fosse algum tipo
de sorvete, e ele estivesse com fome de um lanche. Minhas costas arquearam
para cima, e ele colocou o braço entre mim e o colchão, apoiando meu peso e me
levantando mais longe da cama, e em sua boca com fome e esperando.

Ele me lambeu com movimentos lentos e deliberados, sugando partes da


minha carne em sua boca, gentilmente puxando e inflamando todos os meus
sentidos. Seus dentes levemente roçaram sobre um mamilo e depois o outro, e
então ele pressionou beijos suaves e macios no centro dos meus seios. Sua boca
arrastou para baixo, em toda a minha barriga, beijando ao redor do meu umbigo
e flertando com os cachos curtos logo acima do meu núcleo.

Seu braço saiu de debaixo de mim e eu abaixei na cama. Ele subiu em cima
de mim, bloqueando completamente todo o resto. Eu estava tremendo
levemente, provavelmente de paixão, mas ele puxou as cobertas sobre nós dois,
nos unindo ainda mais, com o peso dos cobertores deixando nossas peles apenas
um pouco mais próximas.

235
Cam se moveu sobre mim, beijando cada polegada. Eu observei o modo
como sua pele era de uma textura diferente da minha. Parecia mais grossa, não
tão suave, enquanto a minha era como seda que batia de frente com a sua
rugosidade.

Cuidando para manter seu peso de cair em cima de mim, ele baixou apenas
o suficiente para que seu leve toque me deixasse louca. Suas mãos e dedos nunca
pararam. Ele encontrou lugares no meu corpo que eu ainda não tinha descoberto.
Havia um ponto atrás da minha orelha que sempre que ele beijava, eu ronronava.
Havia três sardas no lado do minha mama direira, eu sabia quantas eram porque
Cam sussurrava enquanto as contava.

Ele beijou minhas pálpebras, nariz, e todos os lugares no meio, mas ele
ainda tinha que beijar meus lábios.

Cam desapareceu sob o cobertor, lentamente envolvendo minhas pernas


em volta de seu pescoço, se estabelecendo entre as minhas coxas, como se não
houvesse lugar que ele preferia estar.

Eu sabia que não havia. Porque ele sussurrou isso também.

Sua língua foi minuciosa e exigente enquanto ele explorava as dobras,


gentilmente sugando-as com a boca e, em seguida, alisando-as com a língua. Ele
brincou com meu clitóris, puxando-o em sua boca e sacudindo sua língua sobre
ele, e quando meu corpo começava a tremer, ele se afastava e repetia a coisa
toda mais uma vez.

Era uma tortura na sua forma mais doce.

Ele prolongou minha agonia no seu melhor.

Eu estava tão saturada de desejo por ele, que o interior das minhas coxas
estava úmido com meus sucos. Ele lambeu isso também. Dois dedos
escorregaram para a minha entrada, mergulhando dentro de mim com fácil graça.
Ele moveu-os desta maneira, e que maneira, inclinando-se para colocar o broto
inchado em sua boca para sugar um pouco mais.

236
Uma deliciosa pressão começou a construir. Meu corpo estava pesado com
ela, mas estava longe de ser desconfortável. Então, ele escorregou seus dedos
fora de mim, e estendeu a mão, girando os dedos úmidos sobre o meu mamilo,
puxando-o e apertando a ponta.

Eu gemi.

Ele deslizou pelo meu corpo, soltando o mamilo de sua boca e, em seguida,
finalmente chegando e abaixando a boca para a minha. Ela tinha o gosto um
pouco diferente, e eu sabia que estava me provando em seus lábios. Eu lambi sua
boca, querendo mais, querendo, pelo menos, parte de mim que estava dentro
dele. Eu balancei meus quadris, procurando o que eu queria, tentando dizer a ele
sem dizer uma palavra.

Ele levantou-se de joelhos entre as minhas coxas e pegou um preservativo


debaixo de um travesseiro nas proximidades. Observei-o rolá-lo sobre ele. Ele
estendeu em seu incrível comprimento, e eu tinha o desejo de levá-lo em minha
boca, e lambê-lo até que ele derramasse sua semente em toda a minha língua.

Ele parecia saber o que eu estava pensando, porque ele sacudiu a cabeça e
depois voltou para cima de mim, pressionando um beijo leve em meus lábios.

Em um golpe ele estava dentro de mim, com minhas entranhas apertando


em torno dele como se eu nunca pudesse deixa-lo sair. Estiquei contra ele como
uma gata, levantando meus braços acima da minha cabeça e expondo meu peito
à sua boca com fome.

Nós nos movemos um contra o outro. Nós nos movemos enquanto seus
lábios exploravam meu peito e meus lábios sussurravam seu nome. Ele levantou-
se sobre as mãos, bem acima de mim, e olhou para baixo.

—Eu nunca senti nada assim antes. —Ele confidenciou.

—Nem eu.

Nós começamos a nos mover novamente até que a pressão se tornou


insuportável e meus quadris começaram a moer contra os seus. Eu me estilhacei,

237
quebrando-me em um milhão de pedaços minúsculos, sabendo que quando as
peças se juntassem novamente, eu não seria mais a mesma de antes.

Meu nome saiu de seus lábios, soando como um gemido, enquanto a sua
libertação percorria seu corpo, fazendo com que sua cabeça caísse para trás e um
gemido flutuasse acima de nós, no teto.

Ele me agarrou pela cintura e rolou, mantendo-se firmemente plantado


dentro de mim e tomando todo o meu peso para que eu estivesse deitada
diretamente em cima dele com as minhas pernas em ambos os lados, seu sexo
ainda se contorcendo dentro de mim.

—Eu acho que te amo. —Ele sussurrou. —Não. Eu não acho. Eu sei. —Ele
afastou o cabelo do meu rosto. —Eu estar tão apaixonado por você me assusta.

—Eu também te amo.

Ele segurou meu rosto em suas mãos. —As pessoas vão dizer que é muito
cedo. Que o que há entre nós é apenas luxúria.

—Às vezes as pessoas são idiotas.

Ele riu. —Sim, elas são.

—Eu não ligo para o que as outras pessoas pensam. Eu só me importo com
o que você pensa. E você sabe o que está aqui. —Eu coloquei a mão sobre o
peito. —Você sabe o que sente quando nossos olhos se encontram do outro lado
da sala, ou quando você está dentro de mim, e não é apenas nossos corpos que
estão ligados.

—Foda-se. —Disse ele.

—Foda-se tudo. — Eu concordei.

Eu pressionei meu rosto contra seu peito, e nos deitamos em silêncio


enquanto ele arrastava seus dedos ao longo da minha espinha.

—Por que você quis trabalhar no Mad Hatter?

238
—Porque eu perdi um pouco da minha assistência da escola. Minha
companheira de quarto se formou e mudou-se para fora do estado, e eu fiquei
me perguntando como eu manteria o aluguel e a escola.

—Por que você perdeu seu auxílio à educação? Você recebeu notas ruins?

Eu ri e o cutuquei nas costelas. —Não. Eu não tive notas ruins. Eu


realmente não sei por quê. Cortes do governo? Cortes na escola? Quem sabe?
Tudo o que sei, é que o dinheiro que eu preciso não está mais lá.

—Então você se tornou uma stripper.

Eu bufei. —A pior stripper do mundo.

—Eu nunca pude tirar meus olhos de você.

—Sempre que eu fiquei nervosa ou realmente ia muito mal, eu olhava para


você. —Eu sussurrei, e um pequeno sorriso secreto tocou meus lábios.

—Estou feliz que você saiu.

Ergui a cabeça, surpresa. —Está?

—O pensamento de alguém vendo você... — Ele segurou minha bunda. —...


Vendo os lugares que só eu vi, me deixa louco.

—Deixa?

Ele sorriu, a covinha apareceu em sua bochecha. Eu a beijei. —Eu mal pude
ver direito quando você voltou para aquela sala VIP.

—Por que você não disse alguma coisa? —Perguntei, apoiando o queixo no
seu peito e olhando para ele.

—Não é o meu trabalho dizer-lhe o que fazer.

—Então qual é o seu trabalho? — Eu disse, arqueando uma sobrancelha.

—Dizer que você é linda. Beijar você. Amar-te. —Ele falou suavemente,
colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

239
Minha barriga fez um salto com a combinação de suas palavras e seu toque.

—Mmmm. Você é a perfeição.

—Você também. — Seus lábios se curvaram em um sorriso.

Eu ouvi a porta da frente abrir e fechar. Meu corpo ficou tenso e minha
respiração falhou. —É Roxie. —Murmurei.

Ouvimos os sons na sala de estar. Alguém esbarrou em alguma coisa e eu


me encolhi.

—Eu vou me certificar de que são eles.

—Você não tem que fazer isso.

Ele me levantou, me depositando sobre um travesseiro e dobrando os


cobertores ao meu redor. —Se eu não fizer isso, vai te preocupar a noite toda.

Ele levantou-se, colocou um short e desapareceu. Eu ouvi algumas vozes


baixas e, em seguida, a pia do banheiro abrir. Em seguida, ele estava falando
novamente, sua voz parecendo mais longe do que antes.

Minutos depois, ele voltou ao quarto com uma garrafa de água que
entregou a mim. Sentei-me e tomei um gole.

—É apenas Roxie e Adam. Adam ficará no sofá.

—Como está Roxie?

—Ela parecia bem.

Isso foi uma resposta tão evasiva. Ele provavelmente não sabe como ela
estava a menos que ela estivesse chorando ou rindo. Gostaria apenas de ver por
mim mesma amanhã. Adam estava com ela e eu poderia dizer que ele se
preocupava muito com ela, mesmo que nenhum deles estivesse disposto a
admitir.

240
Eu levantei as cobertas na cama e convidei Cam. Ele sorriu e deslizou entre
elas, levando-me em seus braços e desligando a luz.

—Vá dormir, baby. Nada vai incomodá-la esta noite.

Eu estava exausta e ele era tão incrivelmente quente e confortável, que eu


dormi rapidamente.

E quando eu acordei no meio da noite, meu coração acelerou, e medo me


consumiu, mas eu procurei Cam. Ele estava lá.

Eu me senti bem melhor.

241
A suave carícia de seus lábios me acordou e eu abri um olho para olhar para
ele através da luz de muito cedo, e muito fraca, de um novo dia. Sua cabeça
estava descansando ao meu lado, e ele me olhava com um pequeno sorriso no
rosto.

—O quê? — Eu disse, minha voz um pouco arrastada e grossa do sono.

Ele riu. Mesmo eu não podia ser ranzinza quando ele parecia tão satisfeito.

—Eu tenho que dar uma aula de surf na praia, daqui a pouco. Quer vir?

Eu gemi. Pedir-me para me levantar tão cedo era seriamente desumano.

—Eu estou cansada. —Eu gemi.

Ele me beijou no nariz. —Eu posso ligar e cancelar.

—Não. Basta ir sem mim.

—Eu não sei. —Ele murmurou, afastando o cabelo do meu rosto.

—Eu vou ficar bem. Adam está aqui.

—Tem certeza? —Eu rosnei. Ele riu novamente. —Eu voltarei quando
terminar.

—Okeyyy.

Ele beijou meu rosto e colocou os cobertores em torno do meu queixo.

—Eu vou lhe trazer um café.

Mesmo depois que ele tinha ido embora, os lençóis ainda carregavam o
cheiro dele. Eu respirei-o e deslizei de volta para uma noite de descanso.

242
Infelizmente, o meu plano de dormir e afundar na cama foi de curta
duração. Aparentemente, Adam era uma pessoa da manhã como Cam (malditos
madrugadores), e ele começou a bater em torno da cozinha, fazendo-me
perguntar o que no mundo ele estava fazendo.

Com um gemido, eu rolei para fora da cama (literalmente rolei para fora da
cama e caí sobre a minha bunda), e vi a camiseta de Cam caída no chão. Apanhei-
a e a coloquei sobre a minha cabeça, apreciando a forma como cheirava e parecia
na minha pele. Então eu peguei uma calça de yoga e coloquei também.

Eu não me incomodei em pentear meu cabelo ou escovar os dentes. Chame


isso de “o castigo de Adam por me acordar”. Saí do quarto e fui para a sala,
limpando o sono dos meus olhos. A porta do quarto de Roxie se abriu e ela saiu à
procura, tão descontente quanto eu, com um robe de seda batendo atrás dela
enquanto ela andava.

—O que em nome de Deus você está fazendo? —Ela resmungou. —E o que


é esse cheiro?

—A sua máquina de café é um pedaço de merda! — Adam gritou da


cozinha.

Na língua dos homens, isso significava que ele a quebrou, mas ele estava
culpando o pobre aparelho.

Roxie e eu compartilhamos um olhar, e depois fomos fazer o levantamento


dos danos. Eu não sabia que a máquina de café poderia produzir fumaça. Mas a
nossa estava fazendo exatamente isso. Estava também na pia com água da
torneira derramando sobre ela... O que me levou a acreditar que esteve em
chamas.

—Eu realmente nunca conheci alguém que não poderia usar uma máquina
de café. —Eu disse, olhando para o aparelho alagado.

—Merda. —Adam praguejou baixinho e passou a mão por cima da sua


cabeça. —Eu vou te comprar outra.

Roxie riu.

243
Adam olhou para ela bruscamente. —Você está rindo de mim?

Ela riu mais ainda. Isso me fez rir muito.

Adam sorriu. —Onde diabos está Cam? E o que há com todos esses
alimentos de garotas na geladeira?

Suspirei. —Eu comprei alimentos de homens. Cerveja, bacon, ovos...

—Sim, mas esses exigem que você cozinhe. —Disse Roxie, abafando outra
risada. —E é claro que Adam não sabe nada sobre culinária.

Ele não estava se divertindo.

—O que você costuma comer, Adam?

—Eu normalmente apenas vou a um drive-thru. —Ele murmurou, e ambas


começamos a rir novamente. Ele fez uma careta.

—Desde que eu arruinei a máquina de café, o café é por minha conta esta
manhã. Mesmo que você duas hienas não mereçam isso, eu vou até saltar para
donuts.

—Eu vou com você. —Disse Roxie, indo para seu quarto, onde eu assumi
que ela trocaria seu pijama.

—Bem, essa é a primeira vez. —Eu disse, olhando para ela ir.

—O que?

—Que a vejo voluntariamente deixar o apartamento no início da manhã.

O peito de Adam inchou. —Eu tenho um jeito com as mulheres.

Eu bufei, escondendo o fato de que eu secretamente concordava com ele.

—O que você quer em seu café? —Perguntou.

244
Eu balancei minha cabeça. —Você não tem que me comprar nada. Cam
trará um café para mim depois de sua aula de surf. Mas eu não vou discutir com
um donut.

Ele estudou-me por um minuto. —Quer que eu espere até Cam voltar antes
de eu ir?

Suspirei. A preocupação de todos era doce, mas eu era adulta. Eu não


precisava de uma babá. —Não. Estou bem. A noite passada foi assustadora, mas
eu certamente não vou cair aos pedaços.

Roxie reapareceu usando um short curto e uma camiseta colada. Ela tinha
óculos de sol já sobre os olhos. Eu ri. —É melhor pegar o café. Parece que acordar
tão cedo não está fazendo bem para o corpo.

Adam pegou as chaves do balcão e colocou uma das mãos na parte inferior
das costas de Roxie, enquanto ele a levava até a porta. —Tranque quando
sairmos. —Ele falou.

—OK.

Quando a porta fechou, eu deixei escapar um suspiro. Eu amava meus


amigos, mas em alguns momentos pareciam demais, como agora. Eu não tinha
mentido quando disse a Adam (ou Cam) que eu estava bem. Eu estava. Mas isso
não significa que eu não tinha alguns sentimentos para resolver em minha mente
para o meu próprio bem-estar.

Eu me afastei do balcão e girei, planejando trancar a porta, mas algo no


balcão chamou minha atenção. Era o pote de arroz que Cam tinha me dado.

Com tudo acontecendo, eu tinha me esquecido completamente do meu


celular. Curiosa, eu o peguei do frasco, coloquei a bateria na parte de trás, e
depois apertei o botão de energia.

Alguns segundos se passaram e a tela piscou, voltando à vida. Eu sorri. Isso


realmente funcionou. Quem poderia imaginar?

245
Virei o telefone em minhas mãos, certificando-me de que não havia
nenhum arranhão ou dano, e em seguida, ele fez uma série de pequenos sinais
sonoros. Virei-o de volta para ver que eu tinha várias mensagens de voz.

Todas elas da minha mãe.

Porcaria. Eu tinha me esquecido completamente de chamá-la de volta. Ela


provavelmente estava preocupada comigo. Olhei para o relógio e notei que ainda
era um pouco cedo para chamá-la, então eu fui para a minha caixa de mensagem
e reproduzi a primeira mensagem de voz, a que ela deixou bem antes de eu
deixar cair meu telefone no gelo derretido.

Eu apertei o botão do alto-falante e a voz de minha mãe encheu a cozinha.

“Oi, querida, é sua mãe. Parece que estamos nos desencontrando muito
ultimamente. Espero que tudo esteja bem. Eu só queria que você soubesse que
John, sabe, o garoto com quem você estudou no ensino médio?”

Sim, eu me lembrava do John. Ele era o cara com quem eu disse a todos
que traí meu namorado, causando todo esse rumor sobre eu ser uma
provocadora.

Você não é nada, além de uma pequena provocadora... As palavras de


ontem à noite ecoaram na minha cabeça e eu ofeguei.

Minha mãe continuou falando, embora o quarto estivesse começando a se


inclinar.

“John apareceu na minha casa no outro dia. Ele não tinha percebido que
você foi embora para a faculdade, e ele pensou que pudesse falar com você.
Quando eu lhe disse que você não estava aqui, ele me pediu para transmitir uma
mensagem. Ele disse que foi atrás do Brody no bar, e deixou escapar seu pequeno
segredo.”

Oh, isso não era bom. Na verdade, eu estava começando a montar um


quebra-cabeça que eu nem tinha percebido que estava montando. Enquanto as
peças se encaixavam, revelava uma imagem muito feia.

246
“Ele parecia alarmado com isso. Ele disse que Brody estava chateado.
Querida, eu não entendi...”.

BIP.

Ela tinha falado por tanto tempo que a mensagem cortou. Eu estava feliz
porque eu não queria ouvir mais nada. Eu terminei a mensagem e coloquei o
telefone no balcão, olhando para ele.

O cara da noite passada na sala VIP, não era um estranho. Essa era a razão
pela qual ele parecia familiar... Porque ele era.

O cheiro da colônia de repente tomou conta de mim e eu ofeguei. Não só


metade dos caras da nossa escola a compraram quando ela saiu, mas o mesmo
fez Brody. Eu lembrava claramente dessa fragrância em cada encontro que
tivemos.

—Eu acho que você recebeu a mensagem um pouco tarde. —Disse uma voz
da entrada da cozinha.

—Brody! —Engoli em seco, girando. Eu acho que não tinha imaginado ou


apenas me lembrado da colônia. Brody estava aqui, e ele estava a usando agora.

—Então você me reconhece agora? Ontem à noite você parecia não ter
nenhuma pista. Ou todos os homens são apenas objetos sem rosto para você
brincar? —Ele não era tão alto quanto Cam, não chegava a 1,80 de altura, mas ele
era amplo na sua parte superior do corpo. Ele usava um short, uma camiseta e um
boné de beisebol. O chapéu pode ter sombreado o rosto, mas não podia disfarçar
completamente o olho preto, lábio arrebentado, e hematoma em sua maçã do
rosto.

Agora eu não tinha dúvidas de que era ele na noite passada. Claramente, os
punhos de Cam fizeram uma série de prejuízos.

—O que você está fazendo aqui? Como você entrou?

—Você sabe por que estou aqui. —Disse ele, sua voz calma e mortal.

247
—Você realmente deveria trancar as portas.

—Você precisa ir embora.

Ele riu e deu um passo mais para dentro da cozinha.

Eu acho que eu suspeitava do por que ele estava aqui, mas isso não tornava
mais fácil de entender. E mesmo se minhas suposições estivessem certas, eu
ainda tinha dificuldade em compreender seu comportamento. Em todos os anos
em que eu conheci Brody, namorei com ele, eu nunca pensei que ele fosse capaz
de me atacar ou entrar em minha casa sem ser convidado (com realmente más
intenções).

Sim, eu tinha mantido o segredo do rumor que eu comecei, mas em minha


opinião, ele merecia. Ele fez isso para mim primeiro (Ei, eu estava no colégio. Esse
é o tipo de lógica que eu estava lidando aqui). Mas, mesmo assim... Isso foi há
anos atrás. Quem se importava se John deixou escapar que ele realmente nunca
teve sexo comigo?

—Você tem alguma ideia da quantidade de humilhação que você me


causou no último ano?

—Eu estou pensando que não poderia ser pior do que andar pelo corredor,
e com pessoas sussurrando as palavras frígida e provocação nas minhas costas.

—O que eu disse era a verdade.

Inclinei a cabeça para o lado. —Quem disse? Você? Só porque eu não dormi
com você, então, deu-lhe o direito de espalhar boatos sobre mim? Você pensou
que, rotular-me como uma provocação ou alguma princesa frígida, que você me
faria finalmente desistir?

—Eu estava com você há anos. —Ele retrucou. —Anos pensando que ia
acontecer e, em seguida, quando eu pensei que iríamos chegar aos finalmentes,
você me ignora. E então você me trai. Com o quarterback idiota. Eu fui a chacota
de toda a escola. Eu me tornei o cara que não podia transar. Eu me tornei o cara
que nenhuma menina queria... Inferno, algumas pessoas ainda acharam que eu
era gay.

248
—Você trouxe isso a si mesmo.

Seus punhos fecharam e seus olhos brilharam. Eu percebi que


provavelmente tinha ido longe demais. Ele deu outro passo para mim. Eu não
podia recuar, porque minhas costas já estavam pressionadas contra o balcão.

—Quando você foi para a faculdade, eu pensei que as pessoas


esqueceriam, que ninguém se importaria mais. Mas ninguém esqueceu. Eu estava
preso naquela porra de cidade onde as pessoas faziam piadas sobre Viagra e eu
mal podia obter um encontro. E então John chegou em casa da faculdade para o
verão. Eu o vi no bar. Ele tomou cerveja demais e começou soltar sua língua.
Imagine como me senti quando ele disse a todos que ele nunca dormiu com você.
Que você fez tudo isso apenas para arruinar a minha reputação.

—Brody, isso foi há anos atrás. Nós éramos apenas crianças.

—Sim, mas essa mentira me seguiu em todos os lugares em que eu fui.

—Sinto muito. —Murmurei. Eu não tinha percebido o quanto a mentira


tinha ferido sua reputação. Eu certamente não tinha a intenção de causar
qualquer dano duradouro. Naquela época, eu era uma garota que só queria que
os sussurros parassem. Eu não queria ser conhecida como alguma cadela frígida.

Eu não era frígida... Mas eu tinha agido como uma cadela.

—Nós dois mentimos e isso ficou fora de mão.

—Cale a boca! —Ele gritou. —Você não consegue dizer que está
arrependida. Há apenas uma coisa que pode compensar o que você fez.

Gelo formou em minha barriga. Estava tão frio que se espalhou pelas
minhas veias, congelando tudo em seu caminho. —Vá. Agora. Ou eu vou chamar a
polícia. —Cheguei atrás de mim e peguei meu telefone, me preparando para fazer
uso da minha ameaça.

Ele pulou para frente, pegou o telefone da minha mão, e o jogou do outro
lado da sala, onde ele bateu contra a parede e rachou, escorregando para o chão
em vários pedaços quebrados.

249
—Eu não vou embora até conseguir o que vim buscar.

—O que é isso? — Eu gaguejei, com muito medo do que eu já sabia.

Seus olhos correram sobre meu corpo, fazendo-me sentir doente e suja de
uma só vez. —Você me dará o que era meu por direito. Eu vou foder você, e vou
garantir que todos saibam que fiz isso. —Ele enfiou a mão no bolso de trás e tirou
um telefone e ergueu-o.

Oh meu Deus, ele ia me estuprar e tirar fotos?

Que inferno.

—Eu não farei sexo com você. —Eu disse, com minha voz dura e clara.

—Então você pode dançar para estranhos? Você pode ficar nua e dançar
em torno de uma mesa para eles e deixar que um bartender desprezível tome
tequila em seus seios, mas você não vai me dar algo que eu ganhei?

Ele era o estranho no bar naquela noite. Ele estava assistindo Cam e eu. Foi
ele que eu senti olhando para mim do outro lado da sala.

—Sexo não é algo que você ganha.

—Passei quatro anos da minha vida aturando você, pensando que isso
valeria a pena, mas tudo que eu consegui foi uma má reputação, e o quarterback
roubou meu momento.

E daí? Eu tinha sido um jogo para ele? Algum prêmio a ser obtido? Será que
ele estava pensando em levar a minha calcinha e acená-la em torno da escola
depois que ele reivindicasse a minha virgindade?

Idiota.

—Eu acho que você está muito atrasado. —Eu cuspi. —Minha virgindade já
foi tomada.

250
Ele soltou um grito frustrado e saltou para mim, tentando me agarrar. Eu
gritei e pulei para trás, estendendo a mão e agarrando o frasco cheio de arroz.
Sem pensar duas vezes, eu o levantei e bati-lhe no rosto.

Ele tropeçou para trás, com sua mão indo para seu rosto. O vidro do frasco
era grosso o suficiente para que ele não quebrasse, então eu o estendi na minha
frente como uma arma.

Brody olhou para cima, o lado esquerdo do seu rosto já inchado. —Você vai
pagar por isso.

—Você é a pessoa que atacou minha companheira de quarto, não é?

Ele rosnou. —Cadela estúpida. Pensei que era você. No minuto em que ela
abriu a boca, eu sabia que não era.

Meu Deus. Roxie tinha sido atacada por minha causa. Ela vivia com medo
ainda mais de seu ex por minha causa.

—Como foi que você descobriu onde eu morava?

Ele parecia presunçoso. —Você escreveu em um guardanapo no bar. O


menino amante estava ocupado demais para perceber que eu fui direto a ele e o
levei.

Lembrei-me daquela noite. Eu tive que dar a Cam meu endereço


novamente. Só que ele não tinha jogado fora o guardanapo. Ele tinha sido levado.

Meu estômago virou violentamente e eu senti como se fosse vomitar. Eu


precisava sair de lá.

Eu joguei o frasco na cabeça de Brody e corri. Eu passei por ele enquanto


ele jogava o frasco longe, que caiu no chão, quebrando. Eu podia ouvir os grãos
crus de arroz dispersando em todo o linóleo, mas não parei. Corri para a porta e
puxei a maçaneta.

Ela estava trancada. Ele trancou-a quando entrou.

Frustrada, eu alcancei a trava, soltando-a e abrindo a porta.

251
Ele me pegou quando eu estava correndo para o lado de fora. Eu gritei, mas
ele cobriu minha boca com a mão e me guiou para trás, com meus pés arrastando
pelo concreto enquanto ele me levava. Eu mantive meus olhos treinados no
estacionamento, orando a Deus que alguém visse o que estava acontecendo.

Então, ele fechou a porta.

A mão dele ainda estava cobrindo minha boca, então eu a mordi. Mordi a
carne macia da palma da mão com tanta força que eu senti meus dentes
juntarem. Ele deu um grito de dor e empurrou-me para longe. Eu escorreguei
para frente, tropeçando e deslizando na parte de cima da mesa de café, e então a
coisa toda quebrou e eu aterrei no chão.

A mesa caiu em cima de mim, e eu me esforcei para me orientar em afastá-


la. Mas eu não tive que lutar por muito tempo, porque Brody pegou a mesa e
atirou-a para longe. Eu ouvi algo quebrar, mas eu não olhei para ver o que era
porque eu estava muito apavorada com o olhar no seu rosto.

Algo estalou dentro dele. Alguma coisa realmente o descontrou. Ele não era
o mesmo menino que eu me lembrava. Ele parecia o mesmo. Sua voz soava
praticamente a mesma... Mas seus olhos... Eles não possuíam a centelha que eles
costumavam ter. Eles eram planos e sem vida... Quase como se a sua consciência
já houvesse desocupado completamente seu corpo.

—Não faça isso. —Eu implorei, ficando de pé e correndo ao redor da parte


de trás do sofá para colocá-lo entre nós.

—Aquele pequeno strip tease que fez para mim na noite passada me
excitou. —Disse ele, chegando mais perto. —Você ainda é tão quente quanto
costumava ser. Embora, essa listra roxa que você tinha em seu cabelo... Ela fez
você parecer como uma vagabunda. Fico feliz que ela se foi.

Lentamente eu recuei, tentando gradualmente chegar até a porta. Uma vez


que eu cheguasse lá, eu correria como o inferno.

—Tire sua camisa.

—Não.

252
—Essa é sua camisa? Do bartender? Ele foi o único que a teve? Diga-me,
Harlow, o que é que ele tem que eu não tenho?

Meu coração. Cam tinha meu coração.

Eu não estava prestes a dizer-lhe isso, apesar de tudo. Algo me disse que só
pioraria as coisas. Havia uma garrafa meio vazia de água sobre a mesa lateral ao
lado do sofá. Apanhei-a e joguei-a nele. E então eu joguei o controle remoto da
TV nele também. Eu sei que um deles o atingiu porque eu ouvi o seu grunhido.
Corri para a porta, mas mais uma vez ele me pegou, desta vez, quando eu estava
a ponto de abrí-la.

Ele puxou-me de volta contra seu corpo. Ele me girou de frente para ele.
Ele estava duro. Comecei a chorar silenciosamente. Uma faca apareceu do nada.
Ele a colocou na frente do meu rosto enquanto sussurrava em meu ouvido.

—Você vai parar de tentar fugir. Você não vai gritar. Se fizer isso, eu vou te
matar quando eu terminar.

Prefiro morrer a ser estuprada.

Ele me agarrou pelos cabelos e me virou, jogando-me no chão. Eu comecei


a me levantar, mas ele montou em mim, pressionando a faca no meu pescoço. Eu
congelei e ele sorriu, empurrando-me de volta para baixo.

Houve uma batida na porta. —Harlow, sou eu.

Eu quis chorar quando ouvi a voz de Cam.

—Diga a ele para ir embora ou eu vou matá-lo. —Brody murmurou,


raspando a faca sobre a superfície da pele delicada no meu pescoço. Eu senti um
filete morno de sangue e, em seguida, escorrer pela minha pele.

Eu dei uma respiração profunda. —Agora não é um bom momento,


Cameron. —Eu chamei.

—O que está acontecendo? —Ele perguntou.

253
Brody espetou a faca na minha pele novamente e choraminguei. —Eu só
não estou me sentindo bem, Cameron. —Eu gritei. —Eu te ligo mais tarde.

Por favor, Deus, deixe-o perceber a razão pela qual eu o chamei pelo seu
nome, um nome completo que eu nunca usei - era porque eu estava precisando
desesperadamente de ajuda.

—Ok, me ligue quando se sentir melhor. E eu voltarei.

—Parece ótimo. —Eu disse, tentando parecer alegre, mas falhando


miseravelmente.

Nós dois nos sentamos lá por longos momentos, ouvindo o som dos seus
passos se afastando. Meu coração caiu. Novas lágrimas correram pelo meu rosto.
Ele não percebeu. Ele estava saindo. Minha chance de sair dessa se foi.

Brody me deu um sorriso doente e puxou a faca da minha garganta e usou-


a para cortar a camiseta de Cam. Ar tocou meu peito agora nu, exposto. Suas
mãos ásperas me agarraram, apertando.

Eu tentei derrubá-lo e ele riu. —Oh yeah, baby, é isso. Eu gosto quando
você mexe debaixo de mim.

Eu estava esgotada. Eu não tinha certeza do que fazer.

Ele pegou seu telefone e ouvi o pequeno som do gravador ligando. —Diga a
todos como sou bom. —Ele instruiu, treinando a câmera no meu peito nu
enquanto ele estendia a mão e o torcia com força. Eu gritei.

Houve um estrondo enorme na porta e a madeira rachou e estilhaçou


enquanto ele entrava, batendo-a contra a parede. Brody amaldiçoou e se
levantou, erguendo a faca mais uma vez.

—Cuidado, Cam! — Eu chorei, sentando-me e lutando contra Brody.

Os olhos de Cam olharam para mim e se arregalaram. Em seguida, eles se


estreitaram e ele olhou para Brody. —Seu filho da puta doente...

254
Ele se lançou sobre Brody enquanto ele o atingia com a faca. Eu gritei, mas
Cam se esquivou dela, atingindo seu pulso e batendo na faca. Ela caiu no chão e
Cam chutou-a para baixo do sofá.

Brody girou, batendo em Cam na mandíbula, e sua cabeça foi para trás. Eu
fiquei de pé, procurando outra coisa que eu pudesse usar como uma arma, e Cam
e Brody atacaram um ao outro como selvagens.

As batidas doentias de seus punhos provavelmente assombrariam meus


sonhos por semanas. Cam deu uma série de golpes direto em seu rosto, e o
sangue de Brody jorrava de seu nariz. Então Brody se abaixou e correu para ele,
literalmente, dirigindo o topo de sua cabeça no abdômen de Cam e empurrando-
o contra a parede.

—Cam! — Eu gritei e agarrei um abajur em uma mesa próxima. O cabo


soltou da parede enquanto eu corria, e eu o levantei, balançando-o rapidamente
para baix, e batendo em Brody solidamente na parte de trás de sua cabeça.

Ele caiu no chão, aterrissando em uma pilha de braços e pernas.

Cam abaixou-se e olhou para ele. Ele estava desmaiado, então ele sentiu
seu pulso.

Por favor, Deus, não deixe que ele morra. Eu não queria matá-lo. Eu só
queria que ele parasse.

—Ele está vivo. —Cam disse, e um soluço saiu da minha garganta.

As sirenes da polícia soaram á distância.

Cam puxou a camisa sobre a cabeça e apertou-a contra o corte no meu


pescoço. —O que diabos ele fez com você, baby?

O tom suave de sua voz foi a minha ruína e a barragem se rompeu,


trazendo uma onda de lágrimas. Ele me puxou contra seu peito, segurando-me
firmemente, e sussurrando palavras de amor no meu cabelo.

—Acabou, querida. Ele não vai te machucar nunca mais.

255
Eu me afastei. —É o meu ex-namorado do ensino médio. Eu comecei um
rumor sobre ele anos atrás e ele descobriu. Ele estava aqui para... —Minha voz se
quebrou.

—Shhh, está tudo bem agora. Eu sei por que ele estava aqui. Ele tem sorte
de ainda estar vivo.

Carros de polícia pararam perto da calçada e passos ecoaram. Eu podia


ouvir os policiais subindo as escadas, e então ouvi Roxie e Adam gritando meu
nome do estacionamento.

Olhei para trás, para Brody, que ainda estava inconsciente no chão. Senti-
me culpada que ele sofreu com a minha mentira. Senti-me culpada que eu nunca
pensei sobre como ele poderia ter se sentido. Mas, ainda assim, arrombar minha
casa, roubar minha fivela, atacar Roxie, vir ao clube, e, em seguida, em última
análise, tentar me estuprar (e gravá-lo!) não foi legal.

Rezei para que ele tivesse a ajuda que precisava e que ele ficasse preso,
enquanto conseguia.

Cam olhou para mim, os olhos procurando o meu rosto. —Eu não deveria
ter deixado você aqui esta manhã.

—Você chegou muito antes do que eu pensava.

—Eu encurtei a lição. Eu tinha essa... Sensação ruim. —Ele olhou para
Brody. —Agora eu sei o porquê.

—Eu tive medo de que você não tivesse entendido o meu sinal. Achei que
você tivesse ido embora.

—Eu entendi perfeitamente. Você fez bem. Você fez bem real.

Os policiais entraram, analisando os danos e eu sangrando, roupas


rasgadas. Eles entraram em ação, conferindo Brody e estudando a cena.

—Obrigada por ter vindo. —Eu disse a Cam, olhando para cima para olhar
nos seus olhos cor de chocolate.

256
—Eu cuido de você. —Ele sussurrou, puxando-me mais uma vez. —E eu
nunca deixarei você.

257
Quatro anos depois…

Parei no pequeno estacionamento e sorri com a visão da moto de Cam


estacionada ao lado do edifício branco. Corri para dentro da loja de pranchas
apenas para encontrar o espaço atrás do balcão vazio, então eu me apressei
através do pequeno escritório na parte de trás. Ele estava vazio também.

—Cam? — Gritei.

Eu ponderei todas as pranchas personalizadas penduradas na parede


enquanto eu esperava ele aparecer. Ele era tão incrivelmente talentoso. Cada
prancha era única, e cada uma tinha uma personalidade própria.

Girei em um pequeno círculo, olhando as paredes recém-pintadas e bem


organizadas exibindo roupas de surf. Ele estava finalmente vivendo seu sonho.
Loja de Pranchas Pura Vida já era um sucesso, e eu sabia que apenas continuaria
a crescer.

—Cam! — Gritei de novo, impaciente por sentir seus lábios nos meus.

Quando ele ainda não respondeu, olhei pela grande janela da frente e do
outro lado da rua em direção ao trecho de acesso público da praia.

Eu sorri e corri para fora da loja e do outro lado da calçada, descendo os


degraus de madeira e para a passarela que levava à areia. O vento soprava em
minha camisa, e eu o vi na água, sentado em sua prancha favorita, com um aluno
ao lado dele.

Enrolei meu jeans, arranquei meus chinelos, e empurrei os dedos dos pés
na areia aquecida pelo sol. Eu senti seus olhos no momento em que me viu, e eu

258
levantei minha mão e acenei. Ele sorriu e se inclinou para o cara que estava com
ele, e eu vi sua boca em movimento.

Eu vi quando ele habilmente pegou a próxima onda e montou-a em todo o


caminho, saltando para a água até os tornozelos ao meu lado enquanto sua
prancha aparecia na praia.

—Hey. —Ele disse, me segurando em torno da cintura e me puxando direto


contra seu peito encharcado.

Eu gritei e me pressionei mais perto. —Você estava bem lá.

—Você fica bem em meus braços.

Eu ri. —Eu fui à loja primeiro. Você precisa contratar alguém para sentar-se
atrás do balcão.

Ele suspirou e acariciou minha bochecha com seu nariz. Fios molhados de
seu cabelo se agarraram à minha pele e eu me mexi em torno de seu aperto.

—Substituir a garota que costumava fazer isso é impossível. — Ele suspirou.

Até alguns dias atrás, eu tinha sido a menina atrás do balcão de sua loja. Eu
amava trabalhar lá, estando na praia durante todo o dia, fazendo com meu chefe
minha pausa para o almoço, e vendo-o fazer as mais belas pranchas de surf que
eu já vi.

Mesmo que eu adorasse, eu tinha meus próprios sonhos a seguir.

—Eu começo o meu novo trabalho na segunda-feira. —Disse eu, excitação


tomando conta de mim.

Ele se afastou e sorriu para mim. —Seu escritório vai ser preenchido com
um monte de caras jovens universitários que apenas não podem decidir o que
fazer com suas vidas. —Disse ele, apertando a mão ao peito e falando tudo de
forma dramática.

Eu bati em seu estômago. —Eu duvido.

259
Ele bufou. —Você é a planejadora de carreira mais sexy que eu já vi.

—É? —Murmurei, passando os braços em volta do seu pescoço. —Bem, eu


sou comprometida.

Ele estendeu a mão e puxou a minha mão esquerda para olhar o diamante
incrivelmente brilhante que enfeitava meu dedo. Eu ainda me beliscava sempre
que eu olhava para ele. Eu era tão incrivelmente sortuda em ter alguém como ele.

—Eu não posso esperar para te fazer minha esposa. —Disse ele enquanto
pressionava um beijo no anel que ele colocou lá apenas alguns meses antes.

—Não falta muito tempo agora. — Eu suspirei. Nós teríamos um casamento


aqui na praia ao pôr do sol. Eu usaria um vestido branco e sem sapatos, e Cam
usaria um terno com uma gravata azul-oceano. Em apenas duas semanas, eu seria
a senhora Cameron Malone.

—Seu trabalho vai dar-lhe o tempo para nossa lua de mel? —Ele perguntou,
seus olhos se desviando para seu aluno na água.

—Claro. Eu não aceitei até que eles concordaram.

Seus olhos voltaram para os meus e ele sorriu. —Bom. Agora vá sentar sua
bunda bonita na areia e pare de me distrair do meu trabalho.

—Quer que eu vá sentar-me na loja?

Ele balançou sua cabeça. —Eu quero você aqui comigo.

Mesmo depois de quatro anos, suas palavras ainda me faziam derreter.


Virei-me para ir sentar-me, quando ele pegou minha mão e me guiou de volta.

—Não tão rápido. —Ele murmurou, dando-me um beijo suave. —Eu te


amo. — Ele falou direto contra os meus lábios.

—Eu também te amo.

Ele me beijou novamente e, em seguida, fez um som rosnando.

260
—Você. Eu. Hoje à noite. —Então, ele balançou as sobrancelhas
sugestivamente. Seus olhos suavizaram e ele beijou a ponta do meu nariz. —Para
sempre.

Eu não conseguia pensar em nada melhor.

FIM

261

Você também pode gostar