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Projeto_romances
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Revisado por Flávia
Thea Marlow encontrou sua alma gêmea nas profundidades de seus sonhos assustadores.
Agora, nas margens de um lago, o estrangeiro vem a ela em carne e osso para atrai-la para
um amor eterno. * Em meio a uma nevasca em Idaho, Hope Bradshaw oferece abrigo a um
estranho e uma paixão instantânea surge entre eles. Quando um boletim de rádio adverte de
um perigoso fugitivo, seu sangue corre frio: tem seu desejo cego para os riscos de confiar
em um homem que é um especialista em cobrir seus rastros? * O xerife Jackson Brody
conhece alguns loucos sob a lua cheia. Mas, na pista de um mistério de assassinato, ele
sucumbe ao feitiço de uma desconhecida misteriosa.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Capítulo 1
Seus olhos eram como jóias, água-marinha tão profundas e vívidas como
o mar, ardendo através da bruma que o envolvia. Brilhavam enquanto olhava
para baixo, a expressão neles tão intensa que ela estava assustada, e lutou
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Lago dos Sonhos Linda Howard
brevemente em seu abraço. Ele a apaziguou, sua voz áspera de paixão enquanto
controlava suas resistências, acariciando-a e mimando-a até que ela estivesse
novamente tremendo de desejo, estirando-se para cima para alcançá-lo. Seus
quadris a golpeavam ritmicamente, açoitando-a profundamente. Seu poderoso
corpo estava nu, seus músculos de aço movendo-se como seda escorregadia
embaixo de sua úmida pele. A névoa do lago formava redemoinhos tão
densamente a seu redor que ela não podia vê-lo claramente, só podia senti-lo,
em seu interior e fora, possuindo-a tão feroz e completamente que sabia que
nunca poderia se ver livre dele. Suas feições estavam perdidas na bruma, sem
importar quanto ela forçava seus olhos para vê-lo, sem importar quanto
gritasse de frustração. Só as quentes jóias de seus olhos ardiam através da
névoa, olhos que ela tinha visto antes, através de outras brumas...
Thea despertou com uma sacudida, seu corpo tremendo com o eco da
paixão... e culminação. Sua pele estava orvalhada de suor, e podia ouvir sua
própria respiração, chegando forte e rápido, logo diminuindo gradualmente
enquanto seu pulso voltava para o ritmo normal. O sonho sempre minava suas
forças, deixando-a fraca e vazia de esgotamento.
Mas não era como nenhum sonho que tivesse tido antes.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Ele estava zangado com ela, furioso por ela ter tentado fugir. Seu longo
cabelo escuro formava redemoinhos ao redor de seus ombros, os fios quase
vivos com a força de sua ira. Seus olhos... Oh, Deus, seus olhos, tão vívidos
como o sonho, um quente azul-verde chamuscando através da rede mosquiteiro
que pendurava sobre sua cama. Ela jazia imóvel, agudamente consciente dos
frescos lençóis de linho debaixo dela, da pesada fragrância da noite tropical,
do calor que fazia e de que até sua fina camisola a fazia sentir-se opressiva... e
mais que tudo, de sua carne estremecendo atemorizada pela consciência do
homem de pé no dormitório sombreado pela noite, olhando-a fixamente através
do tecido.
Atemorizada, sim, mas também se sentia triunfante. Ela sabia que ele
chegaria. Ela o tinha empurrado, tinha-o desafiado, o fez esperar para chegar
ao mesmo deslance, a este diabólico trato que fariam. Ele era seu inimigo. E
esta noite se converteria em seu amante.
Ele foi até ela, seu treinamento de guerreiro evidente na graça de cada
um de seus movimentos. -Tentou fugir,- disse ele, sua voz tão escura como o
trovejar da noite. Sua fúria pairava ao seu redor, quase visível em sua
potência. -Jogou seus jogos, deliberadamente me excitando para a selvageria
de um garanhão cobrindo uma égua... e agora se atreve a se esconder de mim?
Deveria estrangulá-la.-
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Ele fez uma pausa, e seus olhos arderam mais vividamente que antes. -
Maldita seja,- sussurrou. -Malditos nós dois.- Logo suas poderosas mãos de
guerreiro estavam sobre o cortinado, soltando-a, deixando-a cair sobre a parte
superior seu corpo. O etéreo material se assentou sobre ela como um sonho
em si mesmo, e ainda isso ainda nublava suas facções, lhe impedindo de vê-lo
claramente. Seu toque, quando chegou, arrancou um suave, surpreso som de
seus lábios. Suas mãos eram ásperas e quentes, deslizando-se para cima por
suas pernas nuas em uma lenta carícia, levantando sua camisola pelo caminho.
Uma fome violenta, muito mais feroz por ser relutante, emanava dele enquanto
ela olhava fixamente a sombreada união de suas coxas.
Assim, tinha que ser desse modo, então, pensou ela, e abraçou a si
mesma. Ele se propunha tomar sua virgindade sem prepará-la. Que assim seja.
Se ele pensava fazê-la gritar de dor e sobressalto, decepcionaria – se. Ele era
um guerreiro, mas lhe mostraria que era seu igual em coragem.
Aquela foi a primeira vez que ele tinha feito amor com ela, a primeira
vez que despertou ainda estremecida com um clímax tão doce e intenso que
tinha chorado quando terminara, encolhida, sozinha, sobre sua emaranhada
cama e desejando mais. A primeira vez, mas definitivamente não a última.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
aqui e agora era o que já não se parecia real para ela, não tão real como os
sonhos que se introduziam no amanhecer. Seu trabalho estava sofrendo, sua
concentração estava destruída. Se trabalhasse para outra pessoa que não
fosse ela mesma, pensou ironicamente, estaria metida em um grande problema.
Nada em sua vida a tinha preparado para isto. Tudo tinha sido tão
normal. Pais maravilhosos, uma vida segura e caseira, dois irmãos que tinham,
apesar de todos os primeiros indícios, crescido para ser bons, interessantes,
homens que ela adorava. Nada traumático tinha lhe acontecido quando estava
crescendo, tinha passado pelo o aborrecimento da escola, a quase sufocante
amizade que os jovenzinhos pareciam necessitar, as usuais disputa e
discussões, e os longos, despreocupados dias de verão passados junto ao lago.
Cada verão, sua valorosa mãe lotaria o vagão da estação e corajosamente
empreenderia a marcha para a casa de veraneio, onde dirigiria seu rebanho de
três enérgicos meninos durante a maior parte do tempo. Seu pai conduziria
até ali cada fim de semana, e tiraria férias, também. Thea recordava longos,
calorosos dias a nadar e pescar, de abelhas zumbindo na grama, do cantar dos
pássaros, vaga-lumes piscando no crepúsculo, grilos e rãs chiando, o ‘plaf’ de
uma tartaruga na água, o delicioso aroma de hambúrgueres cozinhando-se
sobre o carvão.
Se algo em sua vida era incomum, era sua profissão escolhida, mas ela
gostava de pintando casas. Estava desejosa de atacar qualquer trabalho de
pintura, no interior ou no exterior, e os clientes pareciam adorar sua atenção
pelos detalhes. Estava além disso obtendo mais e mais trabalhos de murais,
posto que os clientes adoravam esse talento particular e lhe pediam que
transformasse suas paredes. Até seus murais eram alegremente normais; nada
místico ou violento. Então por que tinham começado repentinamente a ter
esses sonhos sobrenaturais, fazendo aparecer sempre o mesmo homem sem
rosto, noite após noite após noite?
Nos sonhos, seu nome variava. Era Marcus e vestia como um centurião
romano. Era Luc, um invasor normando. Era Neil, era Duncan... ele era tantos
homens diferentes que ela não deveria ter sido capaz de recordar os nomes,
mas o fazia. Ele a chamava de diferentes formas nos sonhos, também: Judith,
Willa, Moira, Anice. Ela era todas aquelas mulheres, e todas aquelas mulheres
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eram a mesma. E ele era sempre o mesmo, sem importar seu nome.
Ele vinha a ela nos sonhos, e quando fazia o amor, tomava mais que seu
corpo. Invadia sua alma, e a enchia com um desejo que nunca a abandonava
realmente, a sensação de que de alguma forma estava incompleta sem ele. O
prazer era tão demolidor, as sensações tão reais, que quando despertava a
primeira vez e deitada e soluçando, tinha estendido temerosa a mão para baixo
para tocar-se, esperando sentir a umidade de sua semente. Não a tinha
encontrado, é obvio. Ele não existia, exceto em sua mente.
Não podia manter a mente no trabalho. O mural, que logo terminaria para
os Kalmans, tinha sofrido por sua desatenção aos detalhes, apesar do Sr.
Kalman estar ficando muito feliz com ele. Thea sabia que não estava à altura
de seu nível, embora a Sra. Kalman não soubesse. Tinha que deixar de sonhar
com ele. Possivelmente deveria ver um terapeuta, ou até um psiquiatra. Mas
tudo nela se rebelava contra a idéia, contra contar aqueles sonhos a um
estranho. Seria como fazer o amor em público.
Mas tinha que fazer algo. Os sonhos estavam voltando mais intensos,
mais atemorizantes. Tinha descoberto tal medo da água que, ontem, quase
tinha entrado em pânico quando dirigia sobre a ponte. Ela, que sempre tinha
amado os esportes aquáticos de qualquer tipo, e nadava como um peixe! Mas
agora tinha que se esforçar para olhar um rio ou um lago, e o medo estava se
tornando pior.
Nos últimos três sonhos, eles tinham estado no lago. Seu lago, onde
tinha passado os maravilhosos verões de sua infância. Ele tinha invadido seu
lar, e de repente ela estava muito mais assustada do que recordava ter estado
nunca antes. Era como se ele tivesse estado espreitando-a em seus sonhos,
movendo-se inexoravelmente mais e mais perto de uma conclusão que ela já
conhecia.
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Capítulo 2
A casa do verão era a mesma, mas diminuída pelo tempo. Vista através
do olho de um menino, tinha sido um grande lugar, um lugar mágico, um lugar
onde a diversão e as risadas eram comuns, uma casa feita para os compridos e
gloriosos verões. Thea estava sentada em seu automóvel e a olhava fixamente,
sentindo amor e uma sensação de paz brotar para dominar seu medo de estar
realmente ali, na cena de seus mais recentes sonhos. Nada mais que bons
tempos estavam associados a este lugar. À idade de quatorze, tinha recebido
seu primeiro beijo, encontrando-se com Sammy. Logo ali, nas sombras do
salgueiro chorão. Ela tinha estado absurdamente apaixonada por Sammy esse
verão, e agora não podia sequer recordar seu sobrenome! Nada como o amor
verdadeiro.
Agora viu que a casa era pequena, e que necessitava uma mão de pintura.
Sorriu, pensando que se podia encarregar dessa pequena tarefa enquanto
estava ali. O mato estava alto, até o joelho, e o balanço, pendurando de um
grosso ramo do enorme carvalho, estava solto de um lado. Thea enrijeceu-se e
rapidamente olhou em direção ao lago. O cais necessitava de reparos, também,
e tratou de concentrar-se nisso, mas a extensão de água azul alargando-se
mais à frente do cais trouxe um brilho de suor a sua fronte. A náusea revolveu
seu estômago e engoliu em seco compulsivamente enquanto voltava
bruscamente seu olhar para a casa e se concentrava na descascada pintura da
varanda da frente.
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morte.
Thea duvidou. Sua família era grande nos aniversários. Agora que seus
irmãos estavam casados e tinham filhos, com suas esposas e filhos juntos no
embrulho, não havia um só mês em que o aniversário de alguém não estivesse
sendo celebrado. -Não sei,- disse finalmente. -Estou cansada, mamãe.
Realmente necessito de um descanso.- Não era por isso que queria ir ao lago,
mas tampouco era uma mentira. Não tinha dormido bem por quase um mês, e a
fadiga a estava destroçando. -O que ahcaria de uma festa atrasada?-
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-Bem, suponho que estaria bem,- disse sua mãe duvidosa. -Terei que
avisar aos meninos.-
-Só porque sabem que lhes faria algo duas vezes pior.-
-Se divirta no lago, querida, mas tome cuidado. Não sei se eu gosto da
idéia de que esteja sozinha ali.-
Thea tinha mantido sua promessa, ligando logo que chegou à pequena loja
de mantimentos onde sempre tinham comprado as provisões para a casa do
verão. Agora estava sentada em seu automóvel em frente ‘a casa, gelada de
medo ante a proximidade do lago, enquanto as bolsas com mantimentos
perecíveis derretiam lentamente no assento traseiro.
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Não, isso não era verdade. Tinha vindo até aqui para enfrentar o medo
que os sonhos tinham causado nela. Se isso significava forçar-se a si mesma a
olhar o lago durante horas, então isso é o que faria. Não deixaria que esta
loucura noturna lhe roubasse toda uma vida de prazer.
Por força de hábito, Thea se dirigiu para levar a mala no mesmo quarto
que sempre tinha usado, mas se deteve logo que abriu a porta. Sua velha cama
com estrutura de ferro tinha sido substituída por duas de solteiro. A
habitação era muito menor do que recordava. Um ligeiro franzir uniu suas
sobrancelhas enquanto olhava ao seu redor. Os chãos de madeira eram os
mesmos, mas as paredes estavam pintadas de uma cor diferente agora, e
persianas cobriam as janelas, em lugar das cortinas que ela tinha preferido
quando jovem.
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habitação de seus pais era a única com uma cama de casal, e além disso ,sabia
que apreciaria a comodidade. Tinha uma cama extra – grande em seu
apartamento.
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Goldilocks and the Tree Bears é um conto infantil muito popular nos Estados Unidos.
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Sua imaginação disparava, mas não podia controlar sua rápida, superficial
respiração, ou o forte batimento do coração. Tudo o que podia fazer era
permanecer ali no dormitório, como um bichinho paralisado pela aproximação de
um predador.
A porta dianteira se abriu. Havia outra porta de malha metálica ali, mas
não tinha uma tranca. Não havia nada para detê-lo, quem quer que fosse, de
simplesmente entrar.
Thea estremeceu quando a voz reverberou pela casa, por seus próprios
ossos. Era definitivamente a voz de um homem, e soava estranhamente
familiar, apesar de que saber que nunca antes a tinha escutado.
Ainda assim, a lógica só podia chegar até ali para acalmar seus medos.
Necessitou de muito autocontrole para endireitar seus ombros e obrigar-se a
regular sua respiração, e inclusive para forçar seus pés a se moverem para a
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Lago dos Sonhos Linda Howard
porta do dormitório. Deteve-se uma vez mais, ainda fora do campo de visão,
para obter um controle mais firme sobre sua coragem. Logo saiu do quarto até
a sala, e dentro da visão do homem que estava no alpendre.
Ela olhou a porta aberta, e seu coração quase se deteve. Sua silhueta se
recortava contra a brilhante luz que vinha do lado de fora e não podia
distinguir suas feições, mas ele era grande. Um metro e noventa, ao menos.
Com ombros que enchiam o marco da porta. Era só sua imaginação, tinha que
ser, mas parecia haver uma indefinível tensão na postura daqueles ombros, algo
ao mesmo tempo cauteloso e ameaçador.
-Sou Richard Chance,- disse o homem, sua profunda voz uma vez mais
inundando sua pele, fazendo todo o caminho até seus ossos. -Estou alugando a
casa vizinha durante o verão. Vi seu automóvel no caminho da entrada e resolvi
parar para me apresentar.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Ele se voltou para ir e Thea deu um apressado passo para a porta, logo
outro. Quando ele chegou a abrir a porta de malha metálica, ela estava na
entrada. -Como sabe que ainda estou desempacotando minhas coisas?- disse
bruscamente, enrrijecendo-se novamente.
Ele se deteve, não obstante não se voltou para ela. -Bom, sempre dou um
longo passeio pelas manhãs, e seu automóvel não estava aqui esta manhã.
Quando toquei o capô do seu carro a poucos instantes, ainda estava morno, por
isso achei não estivesse aqui há muito tempo. Era uma hipótese razoável.-
Era-o. Razoável, lógica. Mas por que tinha tocado o capô de seu
automóvel para ver quão quente estava? A suspeita a manteve em silêncio.
Imóvel outra vez, Thea o olhou ir-se. O sangue sumiu de sua cabeça e
pensou que poderia desmaiar. Havia um zumbido em seus ouvidos, e seus lábios
ficaram adormecidos. A escuridão começou a tomatr conta de seu campo de
visão e compreendeu que realmente ia desmaiar. Fracamente deixou-se cair
sobre suas mãos e joelhos e deixou que a cabeça se pendurasse a frente até
que o enjôo começou a desaparecer.
Não havia nenhum engano. Apesar de nunca ter visto seu rosto em seus
sonhos, reconheceu-o. Quando ele se voltou para enfrentá-la e aqueles olhos
água-marinha tinham brilhado para ela, cada célula de seu corpo tinha
formigado em reconhecimento.
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Capítulo 3
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ser. Maldição, aprenderia a amar a água outra vez. Possivelmente não podia
olhar o lago naquele momento, mas no momento que deixasse aquele lugar,
jurou, estaria nadando nele novamente. Não podia deixar que sua estúpida
paranóia a respeito do Richard Chance a assustasse a ponto de fugir.
Não significava nada que ele houvesse dito seu nome como se o
saboreasse. Na realidade, significava algo, mas esse algo estava conectado
com seus órgãos sexuais mais que com seus sonhos. Thea sabia que não era
uma beleza espantosa, mas tampouco era cega em relação a atração dos
homens. Freqüentemente estava insatisfeita com seu tufo espesso e ondulado
de cabelo castanho, sem esperança sequer de domá-lo com um estilo mais
arrumado, mas os homens, por suas próprias razões, gostavam. Seus olhos
eram verdes, suas feições regulares e finas, e os rigores de seu trabalho a
mantinham magra e em forma. Agora que seus nervos estavam se acalmando,
dava-se conta de que o brilho naqueles olhos tinha sido de interesse mais que
de ameaça.
Aquilo podia ser difícil, considerando que ela tinha vindo aqui para
resolver alguns problemas em lugar de envolver-se em uma aventura de verão
com um novo vizinho. Não estava com humor para o romance, nem sequer para
um casual, que durasse duas semanas. Seria agradável e indiferente ante
qualquer convite que ele pudesse lhe estender, ele entenderia a indireta, e isso
seria tudo.
-Vem.
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estar com ele; a certeza que tinha regido sua vida repentinamente significava
menos para ela que a úmida grama debaixo de seus pés nus.
Ela se estremeceu novamente. -Sim,- disse ela, olhando para cima. -De
uma forma ou outra... sim.
Atraiu-a inexoravelmente para mais perto, até que seu corpo coberto
com o fino tecido descansou contra ele e o calor animal de sua carne dissipou
os calafrios do ar noturno. Automaticamente ela subiu suas mãos para que
descansassem contra seu peito, e o sensação dos músculos duros como rocha a
fizeram conter o fôlego. Nenhum outro homem que ela houvesse tocado alguma
vez era tão duro e vital como este... este guerreiro, cuja vida estava baseada
na morte e na destruição. Ela queria rechaçá-lo, lhe dar ‘as costas, mas estava
tão necessitada, como uma folha no vento, para desafiar as correntes que a
levavam para ele.
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A cozinha estava situada na parte detrás da casa, por isso o lago não era
visível da janela, e Thea relaxou lentamente enquanto olhava aos passarinhos
revoar de ramo em ramo em uma árvore próxima, gorjeando-se uns aos outros e
fazendo coisas de pássaros.
Tinha que parar de deixar que esses sonhos a perturbassem tanto. Sem
importar quão perturbador fosse seu conteúdo, ainda eram simplesmente
sonhos. Quando o olhava racionalmente, a única coisa dos sonhos que
realmente tinha afetado sua vida era o irracional medo à água que lhe tinham
causado. Tinha vindo ao lago para trabalhar naquele medo, para forçar-se a
enfrentá-lo, e se podia superar isso estaria satisfeita. Possivelmente não fora
normal ter sonhos tão sexualmente intensos, ou que o mesmo homem que lhe
proporcionava semelhante prazer a matasse em algum desses sonhos, mas ela
podia dirigi-lo. Quem sabia o que tinha provocado os sonhos? Podiam ter sido
disparados por seu eclético material de leitura, ou alguma filme que tinha visto,
ou uma combinação de ambos. Provavelmente cessariam tão misteriosamente
como tinham aparecido.
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Por comodidade, serviu-se uma última taça de café e a levou com ela ao
alpendre, mantendo seu olhar cuidadosamente para baixo para não derramar o
líquido quente. Sim, pensou ironicamente, essa era uma excelente desculpa
para evitar ver o lago logo que abrisse a porta.
Ele estava parado debaixo dos extensos ramos, tal como tinha estado em
seu sonho.
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Dois, ela não se deu conta antes, mas na noite anterior tinha podido ver
a face de seu amante nos sonhos pela primeira vez, e tinha sido o rosto do
Richard Chance.
Então Richard Chance estendeu sua mão para ela, e disse, -Vem.-
Capítulo 4
Toda a cor que tinha sumiu do rosto da Thea. -O que disse?-, sussurrou.
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Não. Não podia deixar-se pensar assim. Os sonhos eram uma fantasia
subconsciente, nada mais. Realmente não reconhecia nada no Richard Chance.
Simplesmente o tinha conhecido quando era emocionalmente vulnerável e fora
de equilíbrio, quase como se estivesse no rebote de um romance fracassado.
Tinha que dominar-se, porque não havia jeito de que este homem tivesse algo a
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Ele ainda permanecia ali, sua mão estendida como se tivesse passado
somente um segundo, em lugar de um minuto inteiro como ela sentia.
E logo ele sorriu outra vez, aqueles vívidos olhos enrugando-se nos
cantos. -Não quer ver os filhotes de tartarugas?- perguntou.
Seu olhar se deslizou sobre ela. -Parece perfeita para mim.- Ele não
tentar de ocultar a rouca apreciação em seu tom. -Além disso, podem
desaparecer se não vir agora.-
Quase o tinha alcançado quando se deu conta quão perto estava da água.
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Thea tremeu e abriu sua boca para lhe dizer, mas a proximidade de seu
corpo, tanto consoladora como alarmante, confundiu-a e não pôde pensar no que
dizer. Não sabia o que a alarmava mais, a proximidade do lago ou a
proximidade dele. Ela sempre tinha amado o lago, e o temia, mas sua
automática resposta a sua aflição sacudiu algo dentro dela, e repentinamente
queria apertar-se contra ele. A cálida essência de sua pele enchia seus
narinas, seus pulmões – uma temerária combinação de sabão, ar fresco, suor
limpo, e almiscarada essência masculina. Ele a tinha atraído contra seu flanco
esquerdo, deixando seu braço direito livre, e ela podia sentir a tranqüilizadora
perseverança de seus batimentos do coração ressonando dentro da forte
parede de seu peito.
Sua mão livre embrenhou em seus úmidos cachos. -Thea?- inquiriu, algo
do alarme relaxando-se de seus músculos. -Algo a assustou?-
Desanimada, levantou o olhar para ele. -Não pensei nisso.- Como podia
lhe dizer que seu medo à água era tão recente que não estava acostumada a
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OH, ele era bom. Ela o notou, em distrai-la. Sempre que fazia algo que
ela podia achar alarmante – algo que deveria assustá-la, como tomá-la em seus
braços- imediatamente a distraía com um comentário que desviava seus
pensamentos. Ela percebeu a tática, mas... a tartarugas bebê eram tão
adoráveis. Pensou a respeito de sua proposição. Provavelmente era uma
perigosa ilusão, mas se sentia segura em seus braços, aquecida por seu calor e
envolta em todo aquele musculoso poderoso. O desejo começou nesse
momento, um delicado, delicioso desdobrar-se no profundo de seu interior... ou
possivelmente tinha começado antes, ante seu primeiro toque, e logo agora
tinha crescido o suficiente para que ela o reconhecesse. Por que mais teria
pensado na aspereza de seu queixo contra seu corpo? Sabia que deveria voltar
para dentro. Já tinha tomado a lógica decisão de que não tinha sequer tempo
para um romance ligeiro. Mas a lógica não tinha nada que ver com a selvagem
mescla de reações que tinha sentido desde a primeira vez que tinha visto este
homem, medo, pânico, compulsão e desejo todos formando redemoinhos juntos
de modo que não sabia de um minuto a outro como ia reagir. Não gostava disso,
não gostava de nada disso. Queria ser a velha Thea outra vez, não esta
nervosa, ilógica criatura que não reconhecia.
Muito bem, assim jogou a lógica pela janela. Não lhe tinha sido de muita
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Ela riu entre dentes, e se surpreendeu de ser capaz de rir. Como podia
não ficar nervosa? Estava muito perto da água, e estava muito perto dele. -Se
tivesse postos os sapatos, estaria tremendo dentro deles,- admitiu.
Ele olhou abaixo para seus pés descalços, e à forma em que ela tinha que
sustentar sua camisola levantada para mantê-lo fora do pasto molhado. -Pode
haver espinhoos,- disse a modo de explicação enquanto se inclinava para baixo e
passava seu outro braço debaixo de seus joelhos. Thea emitiu um pequeno
grito de surpresa quando ele a suspendeu, agarrando-se a sua camisa em um
esforço de estabilizar-se. Ele sorriu abertamente enquanto a colocava alto
contra seu peito. -Como esta?
-Não, só de água.- E de você, rapaz. Mas estava muito mais atraída que
atemorizada, compreendeu.
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tivesse oprimido contra aquela pequena cavidade onde seu pulso latia tão
convidativamente.
Antes que ela pudesse perguntar por que, agora que estava
perfeitamente cômoda em seus braços, ele tirou suas mãos de debaixo de suas
pernas e deixou que a parte inferior de seu corpo deslizasse para baixo.
Apesar de ter tomado o cuidado para que sua camisola não ficasse enrolada
entre eles, a fricção de seu corpo movendo-se sobre o dele dificilmente podia
ser mais excitante. Ela conteve o fôlego, seus seios e coxas formigando com
calor incluso quando alcançou a parte superior de suas botas com seus pés e
deixou que seu peso descansasse sobre elas. Ele tampouco estava impassível;
não havia equívoco sobre o firme vulto em sua virilha.
Ele parecia mais capaz que ela de ignorá-lo, entretanto. Tinha ambas as
mãos ao redor dela sustentando-a comodamente contra ele, mas sua cabeça
estava voltada para o lago. Ela podia sentir a excitação zumbindo através dele,
mas não parecia ser de natureza sexual, apesar de sua semi-ereção.
-Há sete delas,- murmurou ele, sua voz, o rouco sussurro de um amante.
-Estão alinhadas sobre o tronco como dólares de prata com patas. Só volte a
cabeça e lhes dê um olhar, e eu a sustentarei com firmeza, assim se sentirá
segura.
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Dois minutos mais tarde, o tentou outra vez, com o mesmo resultado.
Dez minutos depois, ainda não tinha dirigido mais que um único olhar
antes que o pânico e a náusea a golpeassem, estava ficando furiosa consigo
mesma. As tartarugas estavam alegremente tomando sol naquele momento,
mas poderiam não esta mais lá no momento seguinte.
-Desta vez o vou vê-las,- anunciou ela, seu tom de zangada determinação.
Richard suspirou. -Muito bem.- Ela era bem consciente de que ele
poderia simplesmente levantá-la e afastar-se em qualquer momento, mas de
alguma forma sentia que ele ficaria ali até que ela estivesse pronta para
abandonar o esforço. Abraçou-se a si mesma e começou a voltar a cabeça
lentamente. -Enquanto você está se torturando, eu passarei o tempo
recordando como pude ver através de sua camisola quando estava caminhando
pelo pátio,- disse ele.
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Distraída, ela fez exatamente isso. Ao mesmo tempo ele deslizou sua
mão direita sobre seu traseiro, com uma carícia descendente, o tato
chamuscando sua carne através do fino tecido, e a rodeou e levantou de modo
que a união de suas coxas se afirmou sobre a dura protuberância debaixo de
sua braguilha. O fôlego da Thea ficou preso em seus pulmões. Ela olhava
cegamente para as tartarugas, mas sua atenção estava na união de suas coxas.
Emitiu um gemido, e logo refreou o impulso de balançar-se contra aquela
protuberância. Podia sentir como seu interior se alterava, os músculos
esticando-se e afrouxando-se, umedecendo-se enquanto o desejo se convertia
em uma forte palpitação.
Ele era um estranho. Tinha que estar louca para achar-se aqui com ele
em tão provocadora posição. Mas embora sua mente soubesse que era um
estranho, seu corpo o aceitava como se o tivesse conhecido sempre. O conflito
resultante a deixava incapaz de atuar.
-Mmmm?- Sua voz era mais profunda, sua respiração ligeiramente mais
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Lago dos Sonhos Linda Howard
rápida.
-Isso é bom.- Ele fez uma pausa. -Quando aprender a confiar em mim,
gradualmente superará seu medo.
Que coisa estranha para dizer, pensou ela. O que tinha ele que ver com
seu medo à água? Isso era causado por seus sonhos, não por ele. Queria lhe
perguntar o que queria dizer, mas era difícil pensar corretamente quando ele a
estava sustentando tão intimamente, e quando sua ereção estava empurrando
contra ela mais insistentemente a cada momento que acontecia.
Ele soube, também. Antes que ela pudesse falar, ele de fato a levantou
em seus braços e a carregou de retorno ao pátio.
Recordando o que ele havia dito sobre sua camisola, ela se ruborizou
ardentemente outra vez logo que ele a colocou sobre seus pés. Ele olhou suas
quentes bochechas, e a diversão brilhou em seus olhos.
-De nada,- disse ele em um tom grave que ainda as arrumava para
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-Thea.
Capítulo 5
Thea quis correr. Maldita coragem, a prudência exigia que fugisse. Ela
também queria fazê-lo, mas suas pernas não se moveriam. Seu corpo inteiro
parecia haver-se intumescido. Deixou que a barra de sua camisola caísse sobre
a grama molhada, e ficou olhando silenciosamente. -Quem é você?- sussurrou
finalmente.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Novamente ele fez uma pausa, com seu agudo olhar ancorado nela de
maneira que nem sequer o menor matiz de expressão pudesse escapar -Vamos
entrar,- sugeriu, aproximando-se para tomar brandamente seu braço e guiar
seus cambaleantes passos para a casa. -Falaremos ali.
Seu tom era calmo e sincero, e operava um estranho tipo de magia nela.
Como podia uma mulher não deixar-se reconfortar, ao menos acalmar pela
mesma tranquiladade de suas palavras? Seu alarme se desvaneceu de alguma
forma, e Thea se encontrou sendo conduzida uma vez mais para a casa.
Daquela vez não tentou detê-lo. Ao menos poderia trocar-se e colocar algo mais
apropriado antes que tivessem esse bate-papo em que ele estava tão
empenhado.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Vestiu uns jeans e uma camiseta e colocou seus pés em um par de tênis.
Reconfortada com a armadura da roupa, sentiu-se melhor preparada para
enfrentar a Richard Chance outra vez. Era uma idéia louca pensar que o tinha
encontrado em seus sonhos, mas conhecia uma forma segura de descobri-lo.
Em cada reencarnação, a coxa esquerda do guerreiro de seus sonhos tinha tido
uma cicatriz, uma comprida e desuniforme linha vermelha que terminava
somente uns centimetros acima de seu joelho. Tudo que tinha que fazer era
lhe pedir que abaixasse as calças para que pudesse ver sua perna, e resolveria
o mistério de uma vez por todas.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Correto. Podia ver a si mesma lhe alcançando uma taça de café: -Quer
nata ou açúcar? Você gostaria de um pouco de canela? Poderia por favor tirar
as calças?-
Mas o convidativo aroma a café recém feito não era um sonho. Thea saiu
silenciosamente do dormitório e atravessou a sala de estar para ficar de pé
sem ser percebida na entrada da cozinha. Ou deveria ter sido inadvertida,
porque seus furtivos pés não tinham feito nenhum ruído. Mas Richard Chance,
de pé com a porta do refrigerador aberta enquanto olhava com atenção o
conteúdo, voltou-se imediatamente para lhe sorrir, e aquele inquietante olhar
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Lago dos Sonhos Linda Howard
água-marinha deslizou sobre suas pernas moldadas pelo jeans com tanta
apreciação como quando tinha só a camisola sobre ocorpo. Não lhe importava o
que vestia; via a carne feminina, não o envoltório, compreendeu Thea, enquanto
seu corpo se enrrijecia novamente em automática resposta a essa
calorosamente sexual inspeção.
Ele jogou para trás a cabeça com um estalo de risada. -Confie em mim,
Thea. Não está louca, e não está sonhando.-
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Não tinha lhe perguntado como gostava do café, notou Thea. Nem lhe
tinha oferecido creme ou açúcar a ele. Ele tomava o café da mesma forma em
que tomava o chá: negro.
Como sabia ela sequer o que ele tomava? Um fraco enjôo a invadiu, e se
agarrou ‘a borda da mesa enquanto o olhava fixamente. Era a sensação mais
estranha, como se estivesse sentindo múltiplas imagens enquanto seus olhos
viam só uma. E pela primeira vez foi consciente de uma sensação de vazio,
como se parte de si mesma estivesse perdida.
Fechou suas mãos ao redor da taça quente em frente dela, mas não
bebeu. Em troca o olhou cautelosamente. -Muito bem, Sr. Chance, as cartas
sobre a mesa. O que têm seus sonhos?-
Ele sorriu e começou a dizer algo, mas logo o reconsiderou, e seu sorriso
se tornou pesaroso. Finalmente encolheu de ombros, como se não visse motivo
para seguir evadindo-o. -Estive sonhando com você durante quase um mês.-
Ela tinha esperado por aquilo, e ainda assim ouvi-lo admiti-lo era ainda
chocante. Suas mãos tremeram um pouco. -E-eu estive sonhando com você,
também,- confessou. -O que está havendo? Temos alguma aula de conexão
psíquica? Nem sequer acredito em coisas como essa!
Ele sorveu seu café, olhando-a sobre o bordo da taça. -No que acredita,
Thea? Destino? Casualidade? Coincidência?
-Tudo isso, acredito,- disse ela lentamente. -Acredito que algumas coisas
estão escritas que devem ser assim... e algumas coisas simplesmente
acontecem.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
-Basta,- disse ela, irritada, fixando seu olhar em sua taça porque estava
muito envergonhada para olhá-lo. Não sabia se seria capaz de olhá-lo de frente
outra vez.
Se a realidade era um pouco mais intensa que seus sonhos, pensou ela,
certamente a mataria. Traçou um padrão sobre a mesa com seus dedos,
distraindo – se enquanto tratava de recompor-se a si mesma. Simplesmente
quão reais eram os sonhos? Como podia ele chamá-la querida com tanta
facilidade e por que soava tão correto a seus ouvidos? Tratou de recordar-se
que tinham passado menos de vinte e quatro horas desde que o tinha visto pela
primeira vez, mas encontrou que a quantidade de tempo significava menos que
nada. Havia um reconhecimento interno entre eles que não tinha nada a ver
com quantas vezes o sol se elevou e postou no céu.
Ainda não podia olhá-lo, mas não tinha que olhá-lo para que cada célula de
seu corpo estivesse vibrantemente consciente dele. As únicas outras vezes
nas quais havia se sentido tão dolorosamente viva e sensitiva à presença de
outro foram nos sonhos deste homem. Não sabia como, ou por que, seus sonhos
se enlaçaram, mas a evidência era muito entristecedora para que ela negasse
que isso tinha passado. Mas quão estreitamente se correspondiam os sonhos
com a realidade? Limpou a garganta. -Sei que esta é uma pergunta estranha...
mas tem uma cicatriz em sua coxa esquerda?
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Lago dos Sonhos Linda Howard
suspirar. -Sim.
Novamente ele ficou em silêncio, durante tanto tempo que ela não pôde
suportar a pressão e levantou o olhar para ele. Ele a estava olhando, seu olhar
firme. -Sim,- disse.
Capítulo 6
Thea se afastou aos trancos da mesa e fugiu para a porta dianteira. Ele
a apanhou ali, simplesmente envolvendo seus braços ao redor dela por trás e
apertando-a contra ele. -Meu Deus, não tenha medo de mim-, murmurou ele
dentro de seus despenteados cachos, com sua voz rouca pela emoção. -Nunca a
machucaria. Confia em mim.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Seu toque operava uma insidiosa magia nela; sempre o tinha feito. O
presente estava apagado, misturado com o passado de forma que não estava
segura do que estava passando agora e o que tinha passado antes. Da mesma
forma ele a havia sustentado aquela noite quando deslizou para dentro do
acampamento do exército de seu pai e entrado às escondidas a sua antecâmara.
O terror tinha palpitado através dela como as asas de um abutre, mas tinha
estado tão indefesa como o estava agora. Ele a tinha amordaçado, e carregado
silenciosamente através da noite até seu próprio acampamento, onde a tinha
mantido refém contra o ataque de seu pai. Ela tinha sido virgem quando ele a
tinha seqüestrado. Quando a havia devolvido, um mês depois, ela já não era
inocente. E tinha estado tão estupidamente apaixonada por seu em outro
tempo captor que tinha mentido para protegê-lo, e por último traído a seu pai.
A cabeça da Thea voltou a cair sobre seu ombro. -Não sei o que está
passando,- murmurou, e as palavras soaram espessas, sua voz drogada. As
cenas que estavam em sua cabeça não podiam ser lembranças.
-É... é Theadora.- Ela sempre se perguntou por que seus pais lhe tinham
posto um nome tão fora de moda, tão pouco comum, mas quando tinha
perguntado sua mãe só havia dito, bastante atordoadamente, que simplesmente
lhes tinha gostado. Os irmãos de Thea, por outro lado, tinham os
perfeitamente confortáveis nomes de Lee e Jason.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
-Nós somos, Thea. Nós somos reais. Sei que está confusa. Logo que a
vi, soube que começava a recordar. Queria te abraçar, mas sabia que era muito
cedo, sabia que estava assustada pelo que esteva acontecendo. Bebamos nosso
café, e responderei todas as perguntas que tiver.
Thea fez uma lenta, profunda inalação, sentindo outra vez aquele interno
borrão enquanto o passado e o presente se fundiam, e abruptamente soube
quão inútil era seguir lutando contra a verdade. Tão incrível como era, tinha
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Lago dos Sonhos Linda Howard
que aceitar o que estava passando. Tinha passado sua vida inteira – esta vida,
em qualquer caso – segura em um pequeno marco de tempo, ignorante de todo o
resto, mas agora as lentes tinham desaparecido e estava vendo muito mais à
frente. A total enormidade disto a afligia, pedia-lhe que atirasse pela amurada
os cômodos limites de sua vida e desse um passo para o perigo, porque isso era
o que Richard Chance havia trazido consigo quando tinha entrado em sua vida
novamente. Ela o tinha amado em todas suas reencarnações, sem importar
quanto tinha lutado contra ele. E ele a tinha desejado, violentamente,
arrogantemente ignorando o perigo para ir a ela uma e outra vez. Mas apesar
de todo seu desejo, pensou atormentadamente, ao final ele sempre a tinha
destruído. Seus sonhos tinham sido advertências, familiarizando-a com o
passado de modo que soubesse evitá-lo no presente.
Ir-se. Isso era tudo o que tinha que fazer, simplesmente empacotar e
ir-se. Em troca o deixou levá-la de retorno à cozinha, onde seus cafés ainda
fumegavam brandamente. Ela estava desconcertada ao compreender quão
pouco tempo tinha passado desde que se escapuliu da mesa.
Ela não tinha tido essas lembranças até recentemente, mas ainda assim
tinha ido pela vida romanticamente ilesa, sua parte mais profunda incapaz de
responder aos homens que tinham estado interessados nela. Desde o começo,
entretanto, não tinha sido capaz de manter nenhuma reserva contra Richard.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Tão mental como fisicamente, era dolorosamente consciente dele. Ele tinha
crescido com essa percepção, e não pôde ter sido fácil. Era difícil de imaginar,
mas em algum momento ele tinha sido um menino, e de fato lhe tinha sido
roubada uma infância e adolescência normal, uma vida normal.
Ela teve o categórico sentimento de que não lhe estava dizendo toda a
verdade. Recostou-se na cadeira e o estudou, considerando sua seguinte
pergunta antes de articulá-la. -O que faz para viver?
Ele riu, e havia um tom de uma vez pesaroso e alegre no som, como se
tivesse esperado que ela o abandonasse. -Deus, algumas coisas nunca mudam.
Estou nas forças armadas, que outra coisa?
Ele assentiu.
Forças Especiais, então. Ela não tivesse sabido onde estava sua base, se
não tivesse sido por toda a cobertura das notícias durante a Guerra do Golfo.
Um repentino terror a embargou. Havia ele estado naquele conflito? O que
teria acontecido se o tivessem matado, e ela nunca tivesse sabido dele...
Então agora não teria que temer por sua própria vida.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
De alguma forma isso não mitigava o medo que sentia por ele. Sempre
tinha temido por ele. Ele vivia com o perigo, e se encolhia de ombros ante ele,
mas ela nunca tinha sido capaz de fazer o mesmo.
Ele se estirou sobre a mesa e tomou sua mão. Seus compridos, calosos
dedos envolveram os mais magros, menores dela, pregando-os com calidez. –
De onde vem você? Onde vive, o que faz?
O mais seguro seria não lhe dizer, mas duvidava que valesse a pena.
Depois de tudo, ele tinha seu nome, e provavelmente tivesse o número da placa
de seu automóvel. Se queria fazê-lo, seria capaz de encontrá-la. -Vivo em
White Plains. Cresci ali; toda minha família vive ali.- Encontrou-se falando sem
parar, repentinamente ansiosa de informá-lo sobre os detalhes de sua vida. -
Meus pais ainda vivem, e tenho dois irmãos, um maior e um menor que eu. Você
tem algum irmão ou irmã?
Ele sacudiu sua cabeça, sorrindo-lhe. –Tenho alguns tias e tios, e alguns
primos disseminados ao redor do país, mas nenhum próximo.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Até que ele falou, ela não tinha recordado essas coisas, mas de repente
viu as peles que tinha usado para fazer seu beliche sobre o chão da loja, e a
forma em que as flores silvestres, que ela tinha disposto em um copo de metal,
tinham inclinado seus casulos sob a rajada de ar frio cada vez que a lapela da
loja era aberta.
-Cada detalhe? Não. Não posso recordar cada detalhe do que aconteceu
esta vida, tampouco; ninguém pode. Mas as coisas importantes, sim.
-Quantas vezes nós...?- Sua voz se desvaneceu quando era golpeada uma
vez mais pela impossibilidade de tudo isto.
Sentiu sua relutância a lhe dizer, mas tinha jurado que responderia
todas suas perguntas, e sua palavra era sua garantia. -Doze,- disse, esticando
sua mão sobre a dela novamente. -Esta é nossa décima – segunda vez.-
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Lago dos Sonhos Linda Howard
vivente. Não tinha sentido que se sentisse tão segura e protegida no abraço de
um homem que era tão perigoso para ela, mas o contato com seu corpo era
imensamente reconfortante.
Lhe estava dizendo algo tranqüilizador, mas Thea não podia concentrar-
se nas palavras. Inclinou a cabeça para trás sobre seu ombro, enjoada com o
tumulto de emoções encontradas. Ele baixou a vista para ela e conteve o
fôlego, ficando em silêncio enquanto seu olhar pousava em sua boca.
Ela sabia que devia afastar-se, mas não o fez, não podia. Em troca seus
braços deslizaram-se para cima ao redor de seu pescoço, aferrando-se
estreitamente a ele quando ele inclinou sua cabeça e cobriu sua boca com a sua.
Capítulo 7
Seu sabor era como voltar para casa, suas bocas amoldando-se sem
nenhuma acanhamento ou hesitação. Um grunhido de ânsia rugiu na garganta
dele, e seu corpo inteiro se tensionou quando tomou sua boca com sua língua.
Com a facilidade de uma grande familiaridade ele impulsionou suas mãos
debaixo de sua camiseta e as fechou sobre seus seios, movendo seus dedos
debaixo do encaixe do sutiã de maneira que sua mão estivesse sobre sua pele
nua, seu mamilo endurecido como uma pedra contra sua palma. Thea
estremeceu sob seu toque, um paroxismo de desejo misturado com alívio, como
se tivesse estado mantendo estreitamente contra a pena de sua ausência e logo
agora pudesse relaxar-se. Nunca tinha havido outro homem para ela, pensou
fracamente enquanto se inundava sob o prazer de seu beijo, e nunca haveria.
Apesar de que pareciam estar apanhados em uma diabólica dança de morte, já
não podia deixar de amá-lo mais do que podia deter o batimento de seu próprio
coração.
Sua resposta a ela era tão profunda e incontrolável como a dela para ele.
Sentia-o na tremente tensão de seu corpo, sua ofegante respiração, a
desesperada necessidade evidente em seu contato. Por que, então, em todas
suas vidas juntos, ele a tinha destruído? Lágrimas escorreram por debaixo de
suas pestanas enquanto se aferrava a ele. Era pela força de sua necessidade?
Tinha sido incapaz de suportar estar a mercê de outra pessoa, decidido que sua
vulnerabilidade era intolerável, e com repentina fúria resolvido terminar essa
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Lago dos Sonhos Linda Howard
necessidade? Não; descartou aquele cenário, porque uma de suas mais nítidas
lembranças era a calma daqueles olhos água-marinha quando a tinha
impulsionado mais profundo dentro da água, mantendo-a abaixo até que não
houve mais oxigênio em seus pulmões e sua visão nublou.
Uma lágrima escorreu até a comissura de sua boca, e ele saboreou sua
salinidade. Ele gemeu, e seus lábios deixaram sua boca para deslizar-se sobre
sua bochecha, bebendo a sorvos a umidade. Não perguntou por que estava
chorando, não se voltou ansioso ou inquieto. Em troca, simplesmente a
sustentou mais perto, consolando-a silenciosamente com sua presença. Ele
nunca tinha estado desconcertado por suas lágrimas, recordou Thea, cenas
passadas deslizando-se através de sua memória como cortinas sedosas, etéreo
mas perceptível. Não que ela tivesse sido uma pessoa do tipo chorosa de todas
as formas; e quando ela tinha chorado, a maioria das vezes ele tinha sido a
causa de suas lágrimas. Sua resposta então sempre tinha sido exatamente
como era agora: havia-a sustentado, deixando-a chorar em voz alta, e
dificilmente vez trocando o rumo de seu curso estabelecido, sem importar quão
alterada a tinha feito sentir.
-Isso você diz.- Ela pegou seu pulso e tirou sua mão de debaixo de sua
blusa. -Porque minha memória está nublada, não posso discutir esse ponto,
verdade?
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Lago dos Sonhos Linda Howard
olhar atento.
Ela queria isto, compreendeu. Queria a ele, para toda a vida. Para
sempre. Em todas suas vidas prévias, seu tempo juntos tinha sido contado em
meses ou inclusive meras semanas, seu amor tão dolorosamente intenso que ela
às vezes tinha entrado em pânico ante a pura força do que estava sentindo.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Ele agitou sua cabeça. -Não posso. Tudo se reduz à confiança. Essa é a
chave de tudo. Eu tenho que confiar em você. Você tem que confiar em mim...
inclusive fazendo frente a uma entristecedora evidência do contrário.-
-Isso é pedir muito-, assinalou ela com tom seco. -Você tem que confiar
em mim na mesma magnitude?
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Lago dos Sonhos Linda Howard
-O que aconteceu?
-Não posso lhe dizer isso, tampouco. Seria trocar a ordem das coisas.
Recorda-o ou não. Fazemos certo desta vez ou perdemos para sempre.-
Não gostava das opções. Queria gritar, ventilar sua fúria ante a sanha
do destino, mas sabia que não lhe serviria de nada. Somente podia lutar sua
própria batalha, sabendo que significaria sua vida se falhava. Possivelmente
esse era o motivo de tudo isto, que cada pessoa era afinal de contas
responsável por sua própria vida. Se esse era o caso, não lhe tinha importado
muito a lição.
Ele a necessitava. Sua ereção era dura como o ferro contra seu
traseiro. Ainda assim, com toda a intimidade de suas vidas passadas, nesta
vida ela o mal tinha conhecido, e era relutante a deixar que as coisas fossem
tão longe, tão rápido. Ele viu a negativa em sua expressão antes que ela
pudesse falar, e murmurou uma maldição em voz baixa.
-Faz isto todas as vezes,- disse ele com crua frustração. -Deixa-me
louco. Ou me faz esperar quando estou morrendo para tê-la, ou me provoca
para que lhe faça o amor quando sei condenadamente bem que não deveria.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
teria aceito um não por resposta, ao menos não ainda. Primeiro teria feito um
bom esforço para seduzi-la – um esforço que normalmente tinha tido êxito.
Qualquer fosse seu nome, e qualquer fosse o tempo, Richard tinha sido sempre
um devastadoramente sensual amante. Mas ele também sentia as restrições da
novidade, sabia que ela estava ainda muito nervosa para o que ele queria.
E havia novas coisas para descobrir sobre ele. Ele não havia congelado;
era um homem moderno, com lembranças e experiências que não a incluíam.
Ocasionalmente ele usava um término ou frase arcaica que a divertia, até que
se surpreendia a si mesma fazendo o mesmo.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Apertou seus dedos sobre os dele. Isso era o que tinha que fazer: lutar
contra o destino. Se ganhava, teria uma vida com este homem que tinha amado
durante dois milênios. Se perdia, morreria. Era assim, simples.
Capítulo 8
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Lago dos Sonhos Linda Howard
estava tornando perceptível, mas logo sua condição seria impossível de ocultar.
Enfrentaria esse problema, e a ira de seu pai, quando fora necessário, mas não
deixaria que nada machucasse aquele menino...
Ele era real. Deus querido, era real. Tinha voltado para ela. Viu seu
assombro refletido em seus olhos quando enfrentou a realidade da iminente
paternidade. Olhou fixamente seu estômago durante um longo, silencioso
momento antes de subir arrastando seu olhar de volta a dela. -Por que não me
disse isso?- perguntou com voz rouca.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
-Me deixe ve-la,- gemeu ele, já atirando sua camisola para cima.
Não abriu seus olhos, mesmo quando lhe separou as pernas, elevando
seus joelhos e as abrindo para assim podê-la olhar. Conteve o fôlego ante o ar
fresco que sentiu sobre sua carne mais íntima, e o desejo por ele se
intensificou. Não podia ele sentir quanto o necessitava, não podia sentir a
vivacidade de seu corpo sob suas mãos? É obvio que podia. Nunca tinha podido
disfarçar seu desejo por ele, mesmo quando tinha tratado de escondê-lo
desesperadamente. Ouviu o ritmo de sua respiração tornar-se trabalhosa, e
resplandeceu ante o conhecimento de seu desejo.
-É tão preciosa, dói lhe olhar,- murmurou ele. Ela sentiu um comprido,
caloso dedo explorar a delicadeza entre suas pernas, acariciando e esfregando
antes de deslizá-lo delicadamente para dentro. Seus sentidos giraram com a
sacudida dessa pequena invasão; suas costas se arquearam sobre o cais, e ele a
apaziguou com um profundo murmúrio. E então o sentiu movendo-se mais
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Lago dos Sonhos Linda Howard
perto, posicionando-se entre suas pernas, ajustando sua roupa, e ela jazeu ali
em uma agonia de antecipação em espera do momento quando estariam juntos
outra vez, quando seriam um outra vez, quando estaria completa outra vez. Ele
a encheu tão brandamente que poderia ter sido parte dela, e ambos ficaram
sem fôlego ante a perfeição disso. Logo o tempo para o pensamento racional
passou, e só podiam mover-se juntos, unir-se juntos, a força dele
complementada por sua delicadeza, varão e fêmea, para sempre casal.
Thea gemeu em seu sonho quando seu amante de sonho a levou a êxtase,
e logo fico quieta outra vez quando o sonho se alterou, continuou.
Mas não poderia derrubar a patadas o laço que a arrastava para baixo.
Sua camisola seguia enroscando-se ao redor de suas pernas, em lugar de
flutuar para cima. Seus pulmões exalavam em agonia, tratando de aspirar ar.
Opôs-se ao impulso, sabendo que só inspiraria morte. Lutar. Tinha que lutar
por seu bebê.
-Por que?- gemeu ela, a palavra inaudível. A água mortífera encheu sua
boca, as janelas de seu nariz, baixou rapidamente por sua garganta. Não
poderia continuar muito mais tempo. Só o bebê a dava a força para seguir
lutando, enquanto se debatia contra essas fortes mãos, tratando de apartá-lo à
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Lago dos Sonhos Linda Howard
força. Seu bebê... tinha que salvar a seu bebê. Mas a escuridão aumentava,
nublando-se sobre seus olhos, e ela soube que tinha perdido. Seu último
pensamento nesta vida foi um fraco, interno grito de desespero: -Por que?-
Saltou fora de cama, sem perder tempos pegando roupas. Seus pés nus
foram silenciosos enquanto corria a toda pressa fora do dormitório, através da
sala de estar, e à cozinha. Alcançou a porta traseira ao mesmo tempo que seu
grande punho caía pesadamente contra a dianteira. -Thea.- Sua profunda voz
era enérgica, mas controlada, como se tratasse de convencê-la de que não
estava em nenhum perigo.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
se manteve imóvel, sua cabeça erguida enquanto escutava o mais leve som de
seus movimentos.
Podia sair inadvertidamente pela porta traseira sem fazer algum ruído
traiçoeiro? Ou estava ele inclusive agora movendo-se silenciosamente ao redor
da casa para provar esta mesma porta? O pensamento de abrir a porta e
encontrar-se frente a frente com ele fez que seu sangue corresse até mais
frio do que já estava.
-Thea, me escute.
-Não é o que pensa, querida. Não me tenha medo, por favor. Confia em
mim.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
Ele atravessou a porta principal. Ela engatinhou até ficar de pé, subiu a
barra de sua camisola até seus joelhos, e correu em busca da estrada.
Deixou cair sua camisola, as dobras cobrindo seus pés, enquanto cravava
a vista nele com os olhos nublados em lágrimas. A luz cinza era mais forte
agora; podia ver a ferocidade de seus olhos, os rasgos de sua mandíbula, o
brilho de suor em sua pele. Usava apenas um par de calças jeans. Nem camisa,
nem sapatos. Seu poderoso peito subia e abaixava com sua respiração, mas não
estava em absoluto sem fôlego, enquanto que ela estava exausta. Não tinha
oportunidade contra ele.
Ele olhou além dela, e sua expressão se alterou, mudou. Uma curiosa
inexpressividade se instalou em seus olhos. Seu corpo inteiro tenso enquanto
parecia reunir-se a si mesmo, como se estivesse a ponto de saltar. -Está muito
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Lago dos Sonhos Linda Howard
perto da água,- disse com voz lacônica, sem emoção. -Se afaste da borda.
Thea arriscou um rápido olhar sobre seu ombro, e viu que estava na
perto da borda , o afresco, mortífero lago lambendo perto de seus pés nus.
Suas lágrimas nublaram a imagem, mas estava ali, esperando silenciosamente
para reclamá-la.
-Por que?- As lágrimas ainda nublavam sua vista, correndo por suas
bochechas, um poço sem fundo de pena. -Por que postergá-lo? Por que não
terminá-lo agora?- moveu-se para trás ainda mais, sentindo as pranchas chiar
e ceder sob seus pés nus. A água era muito profunda ni fim do cais; tinha sido
perfeito para três meninos buliçosos mergulhar-se e pular dentro, sem temor
de golpear suas cabeças no fundo. Se ela estava destinada a morrer aqui,
então assim seja. Água. Sempre era água. Ela sempre a tinha amado, e
sempre a tinha reclamado ao final.
Richard lentamente deu um passo adiante, nunca tirando seus olhos dela,
sua mão estendida. -Por favor. Simplesmente pegue minha mão, querida. Não
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-Não posso.- Seus lábios apenas se moveram. -Nunca pude.- Ele deu
outro passo. -Thea...
Seu pudesse ter rido, o teria feito. Desta vez, Richard não teria que
fazer nada. As tinha arrumado para fazer o trabalho ela mesma. Mesmo
assim, não deixou de lutar, tentando nadar contra o arrasto das pranchas.
A fúria a atravessou como uma lança. Ele simplesmente tinha que vê-lo;
não podia deixar que o lago fizesse seu trabalho sem sua contribuição.
Provavelmente queria assegurar-se de que ela não pudesse liberar-se.
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Thea viu seus olhos, calmos e remotos, cada átomo de seu ser
concentrado no que estava fazendo. Ficava pouco tempo, tão pouco tempo. A
dor se formou redemoinhos em seu interior, e a fúria ante o que era seu
destino, apesar de seus esforços. Desesperadamente tratou de liberar-se
dele, usando o último de sua resistência para um esforço final...
Essa era uma dor inclusa mais profunda: o conhecimento de que o estava
deixando para sempre. Seus olhares se encontraram através do véu de lôbrega
água, seu rosto tão perto do dele que poderia havê-lo beijado, e através da
crescente escuridão viu sua angústia refletida nos olhos dele. Confia em mim,
havia-lhe dito ele repetidamente. Confia em mim... inclusive fazendo frente a
uma entristecedora evidência do contrário. Confia em mim.
Confiar nele.
Confiar nele.
Ela viu suas pupilas flamejar, sentiu seus renovados esforços para
empurrá-la para baixo, todo o caminho até o fundo. Então, sem o peso das
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-Deus, por favor, por favor, OH Deus, por favor.- Ela ouviu sua
desesperada, resmungada prece enquanto a arrastava fora da água, mas não
pôde responder, não pôde mover-se, enquanto jazia como uma andrajosa boneca
em seus braços. Seus pulmões não estavam funcionando completamente; não
podia realizar as profundas, convulsivas inalações que necessitava.
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quente e tão duro que ela gritou inclusive enquanto o agarrava tão
estreitamente como podia.
Ele jazeu ali sustentando-a durante longo tempo, sua cabeça embalada
sobre seu ombro, nenhum deles capaz de deixar de tocar ao outro. Ele alisava
a rebelde cascata de cachos; ela acariciava seu peito, seus braços. Ele beijava
sua têmpora; ela acariciava com o nariz sua mandíbula. Ele apertava e
acariciava seus seios; as mãos dela seguiam vagando para baixo para sua nua
virilha. Imaginava que faziam realmente um quadro de desenfreio, jazendo ali
sobre o chão com sua camisola enrolada na cintura e os jeans dele ao redor de
seus joelhos, mas o sol era quente e ela estava entorpecida, seu corpo repleto
de satisfação, e não lhe importava muito.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
vez, quando tinha falhado em salvá-la, tinha permanecido ali com ela,
escolhendo compartilhar sua morte em lugar de viver sem ela. Esta tinha sido
sua última oportunidade tanto como a dela, e a deles. -Maldito seja,- disse
novamente, esmurrando-o no peito com seu punho. -Como pôde fazer isso? Por
que não viveu?
Epílogo
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Lago dos Sonhos Linda Howard
provavelmente era inevitável. Thea pensava que teria que desistir de pintar
casas; simplesmente não era algo que fizesse a esposa de um general. Os
murais, entretanto, eram outra coisa...
Ela inclinou o rosto para cima, ao sol, e brandamente cavou suas mãos
sobre seu estômago. Estava ali. Sabia que estava. Não necessitava uma prova
de farmácia nem de laboratório para confirmar o que sentia em cada célula de
seu corpo. Muito pequeno quase para ser visto, até o momento, mas
inquestionavelmente ali.
A mão do Richard cobriu as suas, e ela abriu seus olhos para encontrá-lo
sorrindo-lhe. -Menino ou menina?- perguntou ele.
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Lago dos Sonhos Linda Howard
-Aniversário, né?- ele enlaçou um braço sobre seus ombros. –Pelo jeito
parece. Trinta anos, certo? Tenho que lhe dizer, é a idade mais velha que a
encontrei. Mas está bem conservada.
-Muito obrigado.- Sorrindo, ela apanhou sua mão e começou a puxar ele
para frente. Veria se era tão descarado depois de ser afligido por sua família.
Sobrinhas e sobrinhos estavam saindo das portas abertas, correndo em sua
direção, enquanto os adultos se desdobravam a um ritmo mais lento. Lee e
Cynthia, Jason e June, e sua mãe e pai, todos se aproximaram um pouco
cautelosamente, como se tivessem medo de ter invadido uma fuga romântica.
-Não sabia que havia trazido companhia com você, querida,- disse sua
mamãe, olhando Richard de cima abaixo com a crítica avaliação de uma mãe.
Richard riu, o som baixo e fácil. -Não o fez,- disse, estendendo sua mão
para o pai da Thea. -Meu nome é Richard Chance. Estou alugando a casa
vizinha.
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Seu pai sorriu. -Sou Paul Marlow, o pai de Thea. Esta é minha esposa,
Emily.- Educadas apresentações foram feitas por todos, e Thea teve que
morder o lábio para evitar rir em voz alta. Apesar de que seu pai estava
perfeitamente a vontade, e tanto Cynthia como June estavam sorrindo
felizmente para Richard, sua mãe e irmãos estavam franzindo o cenho
agudamente ante o guerreiro em meio de seu território.
Antes que qualquer coisa ofensiva pudesse ser dita, ela deslizou seu
braço entre o de Richard. -Tenente Coronel Richard Chance,- disse
brandamente. -De licença do Fort Bragg,Carolina do Norte. E, para que fique
claro, meu futuro marido.
Fim
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Lago dos Sonhos Linda Howard
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