Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
18 – One Direction
Dandelions– Ruth B
Your Love Is My Home – The Light the Heat
Para o fundo do poço,
e crescimento.
PRÓLOGO
Lennon
4 ANOS ANTES
M
eus olhos se enchem de lágrimas, mas me recuso a deixá-las
cair.
Foda-se ele. Foda-se todos eles. Cansei de ser o saco de pancadas deles.
Acabei com tudo isso. Eu não preciso deles. Tudo que eu preciso sou eu
mesma, e eu preciso de uma mudança.
Eu me encaro no espelho.
Lennon
DIAS DE HOJE
M
eu telefone está tocando. Não é o tom normal. Não o alarme.
— Claire.
— Sua irmã?
— Olá?
— Lennon?
— É Claire.
— Eu sei.
****
2 Quem é? (francês)
Meu estômago ronca enquanto ando em direção ao desembarque,
lembrando-me de que tudo o que consumi nas últimas vinte e quatro horas
foram alguns pacotes de biscoitos de avião e várias garrafinhas de vodca. Não
posso comer com o estômago ansioso.
Ela é a única pessoa próxima a mim que ainda me chama de Len. Ela
pararia se eu pedisse, tenho certeza. Mas eu não quero. Eu não questiono o
porquê.
— Você voa dez horas na classe econômica e depois veremos se você está
fresca como uma margarida.
— Você deveria ter me deixado pagar seu voo. Eu poderia ter colocado
você na primeira classe.
— Não, obrigada. Não quero voar com estilo com o dinheiro sujo do
senador. Eu sou boa com economia.
— Olha, eu não estou dizendo nada sobre você. Se ele fosse meu pai, eu
gastaria meu fundo fiduciário para uma educação em Georgetown e uma vida
de luxo também. Mas ele não é meu pai, então...
— Sim, eu entendo. — Ela usa seu chaveiro para destravar seu BMW com
um bipe, então abre o porta-malas e coloca minha bagagem de mão dentro
dele. — É apenas minha culpa internalizada. Mas você sabe que estou
simplesmente ganhando tempo. No momento em que ele desiste de sua
candidatura presidencial, estou explodindo sua merda.
Sam bufa uma risada concordando, e estou sorrindo pela primeira vez
em 24 horas, mas desaparece rapidamente quando ela sai do estacionamento
e aponta o carro na direção de nossa cidade natal. A realidade se instala, e eu
tenho que descansar minha cabeça no assento e controlar minha respiração.
— Você quer ir para casa primeiro ou para o hospital?— Ela pergunta
baixinho.
Ela não me pergunta como estou. Ela já sabe. Tenho certeza que é
bastante óbvio.
— Na verdade, você pode me levar para sua casa, em vez disso? — Não a
corrijo pelo uso da palavra casa. Aquele lugar não é um lar há anos. — Quero
tomar banho e consumir algo que não seja vodca antes de ter que lidar com
tudo.
Ela abre a boca, depois a fecha novamente. Espero a pergunta, mas ela
não vem.
Sam zomba, assim como eu sabia que ela faria. A cadela sempre vê
através das minhas besteiras. Não importa, no entanto. A mentira era para
mim, não para ela.
— Ainda não consigo acreditar que você evitou contato por tanto tempo.
— QUER QUE eu entre com você? — Sam pergunta enquanto seu carro para
do lado de fora da entrada do hospital.
Ela me levou para a casa dela, me deixou tomar banho e tirar uma soneca
de quinze minutos, depois me deu o resto da pizza antes de me trazer até aqui.
Depois de reorganizar sua agenda para que ela pudesse me pegar no
aeroporto. Ela já esgotou as boas ações de sua melhor amiga para o dia.
— Está tudo bem, — eu digo honestamente. — Acho que preciso fazer isso
sozinha, primeiro.
Saio do carro dela e fecho a porta. Ando até a porta giratória, então me
viro e aceno para ela. Ela não sai até que eu esteja no prédio.
A cortina em volta da cama está fechada, e sou muito grata por isso. Por
longos segundos, fico congelada, olhando para aquela cortina, guerreando
com minhas emoções.
— Você pode fazer isso, — eu sussurro para mim mesma, então forço um
pé na frente do outro.
— Ei, papai.
CAPÍTULO DOIS
Macon
O
choro me acorda.
O choro continua.
Quando ela me vê, ela estica uma de suas mãozinhas e usa a outra para
firmar seu corpo vacilante enquanto pula. Seu rosto, molhado e manchado de
vermelho por causa de seus lamentos, agora exibe o sorrisinho de quatro
dentes mais feliz.
— Sim, sim, vamos pegar seu baba, — eu digo a ela com uma risada
cansada. Saio do meu pequeno quarto e entro na minha pequena cozinha,
acendendo a luz do corredor enquanto vou.
— Eu pensei que vocês deveriam estar dormindo a noite toda nessa idade.
Ela solta um gritinho feliz que só posso presumir que signifique, sim,
certo, otário, sem dormir para você.
Às vezes, canto para ela ou conto histórias, mas esta noite estou muito
cansado.
Ela tem cílios tão longos e esses olhos verde-acinzentados que eu juro
que podem ver através de mim. Ela é fascinante pra caralho, na verdade. Ela
é uma obra de arte.
— Uh-oh.
— Uhh-oooh
Eu abro um olho e o foco no barulho. Ela está usando sua garrafa vazia
como um martelo e está indo para a cidade na minha mesa de centro. Levanto
os olhos para o relógio ao lado da televisão.
Seis da manhã
Jesus, de onde essa criança tira sua energia? Eu ainda estou exausto.
Sento-me e estico os braços, depois passo a mão pelo cabelo. Está ficando
um pouco longo. Já é hora de eu ver o barbeiro e apará-lo novamente.
— Você quer ovos ou ovos esta manhã?— Olho para ela por cima do
ombro. Ela ri e se move para uma posição sentada no meio do chão. — Ovos é
isso. Boa escolha.
Eu olho para cima do meu telefone para descobrir que ela pintou suas
bochechas, testa e mãos de verdes com abacate. Ela é a comedora mais
bagunceira. É nojento, mas de um jeito fofo.
Troco a fralda, troco a roupa, coloco os sapatinhos de bebê que não fazem
sentido porque ela só vai chutá-los no carro. Pego sua bolsa de fraldas, enfio a
bola de ameaça nela, então saímos do apartamento e descemos as escadas para
o estacionamento.
Ainda estou com a calça de corrida e a camiseta do USMC que usei para
dormir, mas passei um pouco de desodorante e coloquei um boné de beisebol
ao sair pela porta. Eu a prendo em seu assento de carro, em seguida, deslizo
para o lado do motorista.
— Tudo bem, Squirt, eu ouvi você. — Suspiro, pulo para fora e me movo
para trás para soltá-la e levantá-la de seu assento. Eu a apoio em um quadril,
coloco a bolsa de fraldas no meu ombro oposto, então caminho até a casa.
Então ouço passos suaves e sei. Antes de vê-la, eu a sinto. Então eu sinto
o cheiro dela, e isso me irrita. Baunilha. Meu cérebro grita impostor e todo o
meu corpo se contrai. Prendo a respiração quando ela aparece na minha
frente.
Lennon.
Não a vejo tão de perto há anos. Ela parece diferente, e não é apenas a
cor ruiva que ela tingiu o cabelo ou as curvas em seu corpo que são mais
pronunciadas. Ela parece incrível. Ela sempre pareceu incrível, mas é outra
coisa. Diferente da noite do baile e diferente ainda do pub londrino.
Ela está com um moletom e uma camisa enorme com o cabelo preso no
alto da cabeça em um coque. Sua mão segura uma caneca de café e a outra está
mexendo em um telefone, mas no minuto em que estamos no mesmo espaço,
sua atenção se volta para mim.
Ela para. Seus olhos brilham e a boca se abre, por apenas uma fração de
segundo, então sua testa franze e seus lábios se franzem.
Trago meus olhos de volta para ela para dizer isso, mas ela não está
olhando para mim.
— Ei, Evie, — Lennon diz suavemente, sua voz suave e doce e exatamente
como eu me lembro. Quero apressá-la e envolvê-la em meus braços, mas
Evelyn choraminga e enterra o rosto em meu pescoço. O choque no rosto de
Lennon me irrita, e eu zombo. Por que ela está tão surpresa? Evelyn não a
conhece, e isso é culpa dela própria.
— Ela não gosta de estranhos, — eu digo, minha voz crescendo através do
espaço silencioso.
— Você é uma estranha. Você a viu uma vez em dez meses. É isso. Então
você volta e espera que ela, o quê, apenas a abrace? Não, Len. Não é assim que
essa merda funciona.
Seus olhos se estreitam enquanto ela me estuda. Ela não gosta da verdade
que acabei de revelar, mas que pena. Isso é o que acontece quando você foge
para o outro lado do mundo e nunca mais volta. Você se torna estranha.
— É Capri, — ela diz finalmente, sua voz baixa e autoritária. Eu dou uma
risada.
— Claro que é. — Passo por ela e entro na cozinha, assim que minha mãe
desce as escadas.
— Ei, pessoal, — ela diz com um sorriso, mas sua voz está cansada e triste.
— Ei, minha doce menina. Muito obrigada por levá-la ontem à noite,
Macon. Como ela foi com você?
— Você descansou?
Ela não responde, mas não precisa. As olheiras sob seus olhos vermelhos
dizem o suficiente. Ela morde o lábio e vejo seus olhos embaçarem. Encurto a
distância entre nós e puxo ela e Evie para um abraço.
Ela começa a chorar, e tudo que posso fazer é abraçá-la e tentar controlar
minha raiva.
Minha mãe não merece essa merda. Trent e Evelyn deveriam ser seu
felizes para sempre. Sua segunda chance. Ela já passou por dores de cabeça
suficientes, e tudo que eu quero fazer é ficar com raiva de qualquer filho da
puta que esteja puxando os cordões atrás da cortina. Eles nem chegaram ao
quinto aniversário de casamento. A filha deles ainda nem tem 1 ano.
Eu não deveria me importar que ela esteja aqui. Eu sabia que ela estava
vindo. Eu tive quase quarenta e oito horas para me preparar, mas minha
compostura foi praticamente disparada quinze minutos depois de estar no
mesmo espaço que ela.
— Elas ainda estão conversando? — Eu sabia que Sam visitou Lennon por
um tempo na Inglaterra quando ela se mudou. Eu soube sobre isso depois do
fato. Mas pela última vez que ouvi, Sam estava em Georgetown e Lennon
estava transando em Paris com artistas hippies e aquele pau francês.
— Aparentemente. — Minha mãe dá de ombros. — Fico feliz que ela tenha
uma amiga.
Eu jogo minhas palmas para cima. Vou parar, digo com o gesto, e ela
suspira e muda de assunto.
— Sim. Eu tirei o dia de folga, então vou sair agora e depois posso cuidar
de Squirt para você, se quiser ir esta tarde.
Ela sorri suavemente e acena com a cabeça, então olha por cima do meu
ombro. Eu fico tenso.
— Você vai ficar bem? — Ela sussurra, passando os olhos da porta atrás
de mim para o meu rosto e vice-versa. — Com ela aqui. Você vai…
Apenas estar perto dela por quatro minutos me deixou sentindo mais
tudo do que senti nos últimos quatro anos. E eu senti muito nos últimos quatro
anos.
Baunilha.
Lennon bufa e revira os olhos, depois se afasta sem dizer uma palavra.
Ela olha para o telefone e faz o possível para me ignorar.
Eu deveria ir embora.
Mas nunca fui bom em fazer o que devo quando se trata dela, e tudo nela
me irrita agora. O jeans skinny preto e a regata preta. A pequena tatuagem na
parte interna do braço. Os óculos escuros de grife pretos que ela colocou no
topo da cabeça, segurando o cabelo ruivo ondulado.
— Nem vai dizer oi, Len?— Eu falo lentamente. — Você foi para Paris e
agora é boa demais para o seu irmão mais velho?
Ela estava em branco antes, mas o olhar com que ela me atinge é todo
fogo. Toda paixão. Mas é ódio apaixonado ou outra coisa? Sempre andamos
nessa linha.
— Eu estive ocupada.
— Por que você está tão preocupado com o pau de quem estou pulando,
Macon?
A voz dela é doce como açúcar, do tipo que apodrece os dentes e revira o
estômago. Eu cerro minhas mãos, lutando contra o desejo de agarrá-la e beijar
a atitude de sua boca espertinha. Eu balanço minha cabeça lentamente.
Difícil.
— Cuidado com a porra da sua boca quando fala comigo. Você não sabe
mais nada sobre mim. Você não sabe nada sobre o que tenho feito em Paris.
Lentamente, viro minha cabeça e a encaro, mantendo minha expressão
em branco, para não reagir à nossa proximidade. O pequeno espaço de ar entre
nós está carregado, e eu juro que quando nossos olhos se encontram, sou
atingido por uma corrente.
— Acabei de vender uma pintura por doze mil, — afirma ela, a presunção
misturada com sua fúria. — Eu tenho trabalho comissionado alinhado para o
próximo ano. E o que você fez, hein?
Seus olhos examinam meu rosto, meu cabelo, antes de cair no meu braço
esquerdo e estudar as tatuagens ali. A cicatriz cirúrgica em meu pulso formiga
enquanto seus lábios se curvam em um humor desgostoso.
Ela fica como se esperasse uma resposta, e preciso de toda a força do meu
corpo para sorrir como se ela não tivesse me estripado com uma faca
enferrujada.
— Por que você está tão preocupada com onde estou enfiando meu pau,
Astraea?
Concordo com a cabeça, tentando o meu melhor para não mostrar a ela
o meu desapontamento. Minha culpa. Eu deixo meus olhos escaneá-la mais
uma vez, forço um sorriso malicioso em meus lábios, então entro no meu
carro.
Filha da puta.
Eu o ouço suspirar.
— Nicolette não vai gostar disso, — diz ele, mas já posso dizer que ele
cedeu.
— Obrigado.
Maldita Lennon.
É melhor ela voltar logo para Paris. Eu não vou ser capaz de lidar com
isso por muito mais tempo.
CAPÍTULO TRÊS
Lennon
E... quente.
Mas...
Cada menção depois disso foi dita como uma oferta de paz. Uma dica
sutil de que era segura voltar para casa e visitá-la se eu quisesse.
Eu nunca quis.
Não foi até Claire ligar alguns dias atrás que fui informada de que Macon
havia recebido dispensa.
Só para você saber, ela disse, ele estará aqui. Ele está em casa para
sempre agora. Eu não quero que você seja pega de surpresa.
Foi a primeira vez em muito tempo que fiquei grata pela interferência de
Claire.
— Que porra foi essa? — Sam pergunta baixinho, me fazendo pular. Não
a ouvi sair do carro.
Por um breve momento, fui puxada de volta à minha vida anterior. Mais
jovem, mais ingênua e estupidamente apaixonada por um garoto que me
quebrou várias vezes.
Ele foi o garoto que me quebrou e eu fui a garota que , porque pensei que
poderia consertá-lo.
Perdi um ano e meio da minha vida lamentando a perda dele, sofrendo
com sua perda. Passei o ano seguinte vasculhando os destroços, tentando
encontrar algo que valesse a pena salvar.
Mas eu me puxei para fora disso. Construí algo bonito com a dor. Estou
orgulhosa do que conquistei. Eu gosto de quem eu sou agora.
Cansei de me sacrificar por alguém que não faria o mesmo por mim. Eu
nunca mais vou cometer esse erro.
Ele está maravilhoso. Ele sempre foi, mas agora está mais limpo. Mais
maduro. Seu cabelo está mais curto. Eu poderia dizer pelo jeito que não havia
nada enrolando nas laterais de seu boné virado para trás. Sua mandíbula mais
afiada e alinhada com a barba por fazer. O braço esquerdo cheio de tatuagens
não escondia o fato de que ele mudou de outras maneiras também. Ele está
maior. Mais duro. Mais esculpido. E mesmo além do físico, algo mais nele
parece diferente.
— Pronta para ir? — Sam cutuca meu ombro com o dela, e eu aceno.
— Definitivamente.
— Está bem. Ele não mora com papai e Andrea, então duvido que o veja
muito, — eu a tranquilizo. — E de qualquer maneira, você não tem um estágio
chique para voltar?
E não posso estar aqui no meu aniversário. Minha mente não fica quieta.
Minha ansiedade aumenta.
Sam cantarola, mas não diz nada. Ela entende. Tenho certeza que ela
pode imaginar o quanto minha pele está arrepiada. A cada passo que sai de
junho, minha inquietação aumenta.
Felizmente, Sam lança um novo assunto para mim, e meu peito aperta
por um motivo diferente.
— Sim, talvez.
Foi estranho no começo, meu relacionamento com Sam. Nunca tive uma
amizade que parecesse tão natural.
Seu cabelo loiro é destacado e estilizado com perfeição. Ela usa óculos
escuros Gucci pretos e dourados protegendo os olhos e brincos de diamante
adornando as orelhas, e ela está murmurando a letra da música que toca nos
alto-falantes de seu cupê BMW personalizado.
Se você está saindo sozinha, nunca imaginaria que ela é uma das pessoas
mais altruístas e atenciosas que já conheci. Ela não se importa nem um pouco
com rótulos ou coisas materiais; ela está apenas desempenhando um papel até
que não precise mais.
O dia em que decidi dizer foda-se e viver apenas a vida que escolhi, como
a pessoa que queria ser, foi libertador. Eu disse adeus a Lennon, e dei olá para
Capri, e ninguém na Europa me conhece como algo diferente. Consegui
cultivar uma versão totalmente nova de mim mesma sem problemas e era
exatamente o que eu precisava.
E se eu a conheço, sei que ela vai dizer foda-se de uma forma épica.
CAPÍTULO QUATRO
Lennon
T
ia Becca e eu voltamos tarde para a casa dela.
Eu alcanço e passo minhas mãos pelo meu cabelo agora curto. Ainda é
chocante e, várias vezes hoje, quase me arrependi. Quase desbloqueei os
números de todos e enviei mais e-mails também. Eu ainda posso. Continuo
oscilando entre a força confiante e a fraqueza medrosa.
Não tenho ideia do que vou fazer e me sinto traída por todos. Descartada.
Em um momento em que deveria ter o apoio da família, fui deixada de lado
como punição por algo que nem entendo completamente.
A raiva de meu pai, sua reação, era tão incomum para ele. Naqueles
momentos antes de me deixar no aeroporto, ele não era nada como o pai
amoroso e atencioso que me criou. Ele estava agitado. Culpado. Incerto e frio.
Estou tirando a camisa do pijama pela cabeça quando meu telefone toca
no aplicativo que uso para ligações internacionais. Minha respiração fica presa
na garganta quando me jogo na cama.
— Oh, graças a Deus, você está viva, — Sam grita do outro lado. — Eu
pensei que aquela cadela tinha trancado você no porão ou algo assim.
Eu rio de novo e enxugo minhas lágrimas, então apenas olho para a tela.
Eu nem sei por onde começar, e isso me faz chorar de novo.
Eu solto minha mão e olho para ela, mas ela não está olhando para mim.
Seu rosto está iluminado pela tela de seu laptop.
— O quê?
— O voo está reservado, Len. Deixe-me falar com sua tia. Preciso saber
se posso dormir no sofá dela ou se preciso encontrar outro lugar para ficar.
****
Ela está aqui há uma semana e acho que não conseguiu dormir por minha
causa.
Suas palavras são tão seguras. Eu tento tirar força delas, mas tudo que
consigo é ar morto. Ela envolve o braço em volta do meu tronco e me puxa
para mais perto, me abraçando com força no chão do banheiro da minha tia.
— Estou aqui para você, — ela acalma. — Eu e Becca, nós apoiamos você,
ok? Nós te amamos. O que quer que você decida, sempre que decidir,
estaremos aqui para você cem por cento.
Concordo com a cabeça, e ela me abraça mais apertado.
— Eu acredito nisso.
Lennon
DIAS DE HOJE
Eu levanto minha cabeça do apoio de cabeça e olho pela janela. Ela está
parada em frente à entrada do hospital.
— Psh. — Ela acena para mim com um sorriso. — Eu te pego mais tarde?
Apenas envie uma mensagem, ok?
Eu aceno e dou um abraço nela, então saio do carro, acenando adeus mais
uma vez antes de passar pelas portas giratórias e entrar no saguão do hospital.
Então, coloco um sorriso que sei que ele não vai ver, e passo pela porta.
A cortina está fechada, como da última vez, e eu deslizo pela abertura e me
sento na cadeira ao lado da cama.
Eu não tenho sido a melhor filha. Eu mal vi meu pai, um chat de vídeo
talvez uma vez por mês. Eu vi Andrea ainda menos. Eu pulei a maioria dos
feriados. Voltei para a Virgínia por cinco dias um mês após o nascimento de
Evelyn. Cinco dias. Não lhe dei nem uma semana.
— Acho que não pensei direito. Eu não estava pensando que iria doer.
Não sei. Eu odeio que ela não me conheça. Ela já está andando? Eu a ouvi dizer
mamãe.
Meus lábios se curvam em um leve sorriso. Sua vozinha era tão adorável.
Ela estava tão feliz. Foi um contraste tão necessário com a melancolia e a
desgraça que estão nublando todos nós agora. Eu queria voltar para a cozinha
só para ouvir um pouco mais, para absorver mais de sua magia de bebê, mas
precisava me afastar de Macon, então corri de volta para o meu antigo quarto.
Eu respiro fundo.
Não quero admitir, e quando estou ocupada em Paris com arte, Franco e
minha nova vida, posso ignorá-los. Quase posso esquecer que existia outra
vida antes de Paris. Mas aqui e agora, não posso negar a saudade em meu
peito. Eu sinto falta deles.
Estar no meu antigo quarto só piora as coisas, que é uma das razões pelas
quais só fiquei cinco dias da última vez. O propósito dos quartos mudou, mas
os sentimentos ainda estão lá. As memórias são absorvidas pelas paredes.
— Ok. Acho que esse é o capítulo um. Esta pronto? — Faço uma pausa e
começo a ler. — 'O quê? Que tal uma chaleira?...'
Olho na direção do som, mas a cortina ainda está fechada, então não
consigo ver quem está na porta. Faço uma pausa na leitura e me levanto.
Eu inclino minha cabeça para o lado e volto minha atenção para o homem
mais alto e moreno.
— É uma prática padrão com pacientes como seu pai, — ele me assegura.
— Seu pai sofreu um trauma, e é meu trabalho monitorar seu progresso e
avaliar quando podemos pensar em retirá-lo do coma.
— Ok. — Eu chupo meu lábio em minha boca e corro meus dentes sobre
a pele macia.
— Sim, com certeza. — Estou ansiosa para saber mais e tenho certeza
que mostra. — Por favor.
— Por quê?
— Não estamos dizendo nada disso, — diz um deles. — É muito cedo para
dizer, e é por isso que gostaríamos de esperar até podermos fazer mais alguns
testes.
— Seu pai tem as chances a seu favor, — diz o outro. Estou olhando para
o peito do meu pai através das lágrimas de pânico que brotam em meus olhos.
— Ele é jovem e saudável, e seu irmão iniciou a RCP um minuto após o colapso
de seu pai.
— Sim, seu irmão, — repete o Dr. Bashum. — Ele estava lá com seu pai
na hora do incidente. Ele iniciou a RCP e ligou para os serviços de emergência
imediatamente. O maior fator na determinação do prognóstico após uma
parada cardíaca é o tempo entre o ataque e quando o paciente recebe
atendimento médico. Seu irmão ressuscitou seu pai em minutos. Segundos,
possivelmente. Isso salvou a vida dele.
A informação bate forte. Minha boca se abre e eu finalmente me permito
olhar para o rosto do meu pai. Se eu focar apenas em seus olhos e testa, quase
posso acreditar que ele está simplesmente dormindo. Seria como se isso nunca
tivesse acontecido.
— Meio-irmão.
— Perdão?
Macon
Casper não diz mais nada. Passo por ele e sigo em direção ao prédio, e o
ouço se virar para me seguir. Eu paro do lado de fora das portas duplas, para
que eu possa dar uma última tragada no meu cigarro antes de apagá-lo na
parede de tijolos e colocá-lo de volta na minha mochila, então eu empurro as
portas e passo direto pelo escritório.
Eu deveria verificar os e-mails ou o correio de voz enquanto estou aqui,
mas não o faço. Eu preciso entrar no ringue antes que eu exploda.
— Ei, pensei que você estava de folga hoje, — Payton, um dos voluntários,
diz enquanto eu passo.
— Como está o Trent? — Sua voz é mais suave desta vez, e eu dou de
ombros.
Payton sorri e diz que vai me ver mais tarde, então desaparece em uma
esquina com um último olhar demorado. Casper assobia baixo enquanto olha
para o corredor, mas eu o ignoro. Payton é atraente. Linda, mesmo. E ela
tornou mais do que óbvio que está a fim de mim. Eu escolho não alimentar
isso.
Eu bato minhas luvas juntas duas vezes e avanço sobre ele antes que
tenha a chance de mudar de ideia. Eu dou dois tiros no corpo antes que Casper
possa acertar, e quando ele o faz, é óbvio que ele está dando socos.
As artes marciais mistas foram algo que aprendi no meu primeiro ano no
Corpo de Fuzileiros Navais. Eu estava com raiva, ansioso e tentando
desesperadamente me agarrar à minha sobriedade recém-descoberta.
Por um tempo, finjo que meu corpo está inteiro, que as dores agudas são
resultado do sparring e não algo totalmente diferente. Eu esqueço Lennon. Eu
esqueço meus fracassos. Esqueço as traições e decepções.
Até que, no calor da luta, Casper acerta um golpe na minha coxa esquerda
e minha visão escurece. Eu grito em agonia e bato no tapete com um baque
surdo, segurando minha perna no meu peito.
Os olhos de Casper saltam sobre meu ombro, então ele joga a cabeça para
trás e sussurra foda-se para o teto.
Eu deixo cair meu queixo no meu peito. Porra é certo.
— Você deixou ele fazer isso? — Ela repreende Casper. — Que porra é
essa, Chris?
Nic manobra minha perna, deixando-a reta, então ela a levanta e dobra
na altura do joelho, empurrando-a delicadamente de um lado para o outro.
Dói, mas não de uma forma reincidente. Apenas de uma maneira que tomei
uma decisão idiota. Eu tirei algo disso, pelo menos. Dor.
— Você é um idiota. — Ela aponta para mim, então balança o dedo para
apontar para Casper. — Você é um facilitador. Vocês dois estão na minha lista
de merda.
Ela cruza os braços sobre o peito, olhando para nós com olhos castanhos
escuros e raivosos. Os olhos de Nic são tão castanhos que às vezes parecem
pretos, e agora, sob as lâmpadas fluorescentes do ginásio, com seu cabelo loiro
claro e carranca intimidadora, ela definitivamente poderia passar por algum
tipo de anjo caído vingativo.
Eu me inclino para trás nas cordas, cruzo os braços sobre o peito para
espelhar sua postura e abro um sorriso.
Sem dizer mais nada, Nic se vira e sai por onde veio. Não sei por que ela
está aqui, mas se me disse para trabalhar com a argila, provavelmente não irá
para o meu apartamento no andar de cima. Todo mundo sabe que gosto de
ficar sozinho quando crio. Só fui capaz de tolerar uma pessoa em meu espaço
enquanto crio ou desenho, e essa pessoa pode muito bem estar morta para
mim.
Capri.
Eu corro meus olhos para baixo, a cicatriz longa e furiosa na minha coxa
esquerda, e por instinto, a cicatriz no meu pulso esquerdo dói. Não sei o que
há com o meu lado esquerdo, mas parece que ele absorve a maior parte do
meu abuso. O pulso, a perna, as tatuagens.
O coração.
Quando entro, nem preciso acender a luz porque o sol de verão está
brilhando pelas janelas. Pego um bloco de argila do armário, olhando
brevemente para as peças em vários estágios de acabamento alinhadas nas
prateleiras ao longo da parede. Algumas estão prontas para serem
despachadas, outras ainda estão secando e outras precisam ser trazidas para
baixo para iniciar o processo de queima.
Macon
S
ão 12h30 quando estaciono meu carro na área de visitantes do
hospital.
Eu estava tão envolvido com a argila que não parei até quinze
para o meio-dia, então não tive tempo de tomar banho. Eu apenas lavei a argila
dos meus braços e me troquei antes de correr para cá.
Minha janela para ver Trent é pequena. Lennon esteve aqui esta manhã
e mamãe estará aqui esta tarde. Eu só quero ser capaz de aparecer e ver como
ele está. Tenho lido artigo após artigo sobre recuperação de ataque cardíaco,
mas nada disso realmente importa até sabermos mais sobre o caso dele.
Seu rosto está vermelho, seus olhos inchados. Ela tem chorado. Meu
coração racha. Isso tem que ser tão fodidamente difícil para ela. Ela já perdeu
a mãe, e agora isso?
— Não. Ele não está lá. Eles o levaram para alguns exames ou algo assim.
— Oh. — Eu enfio minhas mãos nos bolsos para mantê-las sob controle.
— Você sabe quanto tempo?
Eu abro minha boca, então a fecho, porque o que eu digo, porra? Não
quero arriscar interromper este momento. Eu ficaria aqui preso neste olhar
fixo para sempre, se isso significasse que eu tenho que mantê-la assim. Não
frio e desapegado. Não em branco. Real.
É sussurrado e sua voz falha. Eu franzo minha testa, confuso, e ela sorri
o menor e mais triste sorriso.
Digo isso como uma piada, mas seu rosto cai imediatamente, e eu me
arrependo. Eu sei como fodidamente aterrorizante foi para mim quando Trent
desmaiou. Eu nunca deveria ter mencionado a noite da minha overdose.
Não é estranho. Nem mesmo por um segundo. Ela se encaixa entre meus
braços, contra meu corpo, como se fosse para ela estar ali.
— Se ele está bem, é por sua causa. — Ela passa os dedos sob os olhos
para enxugar as lágrimas. — Obrigada.
Concordo com a cabeça, mas mantenho minha boca fechada.
Sua atenção cai para o hematoma na minha bochecha, então meu lábio
cortado, mas ela não pergunta o que aconteceu. Apenas franze a testa.
Então ela fixa os olhos no meu queixo e seus lábios se curvam para o lado.
Passo os dedos pela barba por fazer e encontro um pedaço de argila seca
e emaranhada. Eu ri.
Ela inclina a cabeça para o lado, e a maneira como seus olhos castanhos
brilharam aquece meu sangue. Não consigo formar palavras, então, em vez
disso, aceno de novo.
— Vejo você mais tarde, Lennon, — eu digo com um sorriso, e seus lábios
se curvam.
— Claro que é.
Suas narinas dilatam, e eu espero para ver se ela vai dizer mais alguma
coisa. Qualquer coisa. Ela não diz. Ela passa por mim sem dizer uma palavra,
mas não antes de eu perceber a maneira como sua mão se fecha em um punho
cerrado ao seu lado.
Lennon
Ainda faltam duas semanas para Junho, o que significa mais duas
semanas de estágio até ela ter um mês inteiro de folga. Com alguma sorte, meu
pai vai acordar logo, e Sam e eu estaremos em um avião para Paris no final
dessas duas semanas.
— Obrigada, — ela diz, então se vira para abrir a janela acima da pia. Eu
a observo, notando uma panela de macarrão carbonizado e lágrimas no rosto
de Andrea.
Eu desvio o olhar. Parece uma intrusão, então volto minha atenção para
atiçar o detector de fumaça silencioso. Faço uma anotação mental para
verificar a bateria mais tarde. Com essa quantidade de fumaça,
definitivamente deveria estar fazendo barulho.
— Você provavelmente pode parar com isso agora, — Andrea diz, então
eu dou a ela um sorriso de boca fechada e paro de abanar, abaixando meus
braços para dobrar a toalha e colocá-la de volta no balcão. — Eu, hum, só me
distraí.
— Tem certeza? — Sua voz está mais suave agora que o choro parou, e
viro a esquina da sala para encontrá-la sentada no sofá amamentando Evelyn.
— Eu não quero incomodá-la.
A maneira como ela está andando na ponta dos pés ao meu redor revira
a culpa no meu estômago. Ela seria assim com Macon ou Claire, ou ela os
mandaria para ao mercado com uma lista de compras sem pensar duas vezes?
— Sim, claro que está tudo bem. — O alívio genuíno em sua voz faz meus
olhos arderem. — Traga-me a caneta e o bloco de papel do balcão da cozinha.
Eu tenho uma lista já iniciada. Vou acabar para você.
Entro no carro de Andrea, levo o banco para trás porque ela tem 1,75m e
eu 1,79m, e então ligo o carro e saio da garagem. A viagem até o mercado
parece demorar mais do que antes. Eu me pego passando a maior parte do
caminho examinando as casas, prédios e árvores para ver como tudo mudou.
Quando passo pelo Franklin Youth Recreational Center, um buraco profundo
se forma em meu estômago e minhas mãos coçam com o desejo de virar o
carro.
Eu não faço.
Tudo parece mais brilhante, como se a pintura das paredes tivesse sido
renovada e houvesse quadros emoldurados por toda parte. Um em particular
chama minha atenção, e me pego olhando para uma fotografia de Macon
vestindo o vestido azul do Corpo de Fuzileiros Navais, parado entre James e
Hank.
Ele está maior nesta foto, quase maior que a vida. Resultado do uniforme,
talvez. Seu cabelo está curto sob o chapéu branco, seus sapatos engraxados e
suas roupas sem rugas. Ele até está em pé, com os ombros largos e o peito forte
estufado de orgulho. Nunca o vi tão ereto — Macon sempre foi um desleixado,
— mas o sorriso torto é dele. O brilho malicioso em seus olhos também está lá.
Quero estender a mão e tocar a fotografia. Quero ver se o rosto bem barbeado
dele é tão liso quanto parece. Se seus lábios ainda são tão macios quanto eu
me lembro.
Não importaria.
Repito essa mentira enquanto giro a maçaneta e entro em uma sala que
não vejo há anos. Cheira a barro, e a visão das rodas de oleiro me enche de
adrenalina. Costumava haver apenas um punhado de rodas para as aulas de
cerâmica, mas o número mais que dobrou agora. Não tenho certeza, mas a
roda da frente parece a mesma. Pode ser o que Macon usou quando ensinou
aqui.
Vasos, tigelas, canecas, uma garrafa de vinho, algo que parece uma
lanterna.
Estou criando coragem para virar o vaso quando a porta atrás de mim se
abre, me assustando, e quase derrubo o vaso.
— James?
— Oh, — diz ela, inclinando a cabeça para o lado. — James e seu marido
estão em Massachusetts, agora. Ele não é mais dono do centro recreativo.
— Huh. — Espero que ela elabore, mas ela não o faz. Ela apenas desvia
os olhos de mim para os pedaços de cerâmica e vice-versa. — Estes são lindos,
— eu digo. — Quem você disse que dá aulas de cerâmica?
— Eu não disse. — Algo em seu tom me faz ficar mais alta. Eu estreito
meus olhos, dizendo a ela que eu não sou de sentar e tomar atitudes
injustificadas de estranhos. Não mais. Ela vai receber de volta exatamente o
que ela põe para fora. Eu seguro seu olhar e observo quando ela começa a
recuar.
Lennon
L evo uma hora para concluir as compras porque tudo na loja mudou
de lugar desde a última vez que estive aqui.
Faço mais duas viagens até o carro, depois guardo todos os itens da
geladeira e do freezer. Então eu trabalho para guardar o resto das coisas. A
maioria dos armários são os mesmos. Itens de despensa, alimentos enlatados,
produtos de papel.
Até a tatuagem de rosa nas costas de sua mão, pintada com vermelho
escuro e verde profundo de uma forma que quase lembra uma pintura em
aquarela, deixa meus olhos marejados. A videira espinhosa que se estende da
rosa e envolve seu pulso é um contraste tão direto com a maneira como ele
está embalando aquele bebê. Evie dorme tão profundamente, sem um único
cuidado ou preocupação. Ela está segura, aquecida e amada.
Morro de ciúmes. Eu não diria que ela é o tipo de Macon, mas — desvio
o olhar do telefone e volto para ele — acho que não o conheço mais.
Mas acho que sou a única que experimentou essa versão de Macon.
E para o bem ou para o mal, não consigo decidir como me sinto sobre
isso.
****
Sei que Claire estava aqui no dia em que papai foi internado no hospital.
Quando ela me ligou, pude ouvir Andrea chorando ao fundo. Eu não sei
quanto tempo ela ficou, ou por que ela não está aqui agora, mas eu não pensei
muito sobre isso, e com certeza não perguntei. Eu suspiro e rolo minha cabeça
em direção a Sam.
— Honestamente? Estou feliz por ela não estar aqui. Preciso de um pouco
mais de tempo para me ajustar.
Acertou em cheio.
Mantemos a conversa leve. Ela me conta mais sobre seu estágio. Falo
sobre as peças encomendadas que preparei e no que estou trabalhando agora.
Ela pergunta sobre Franco, eu pergunto sobre seu atual interesse amoroso e
terminamos a noite com um longo abraço e a promessa de conversar em
alguns dias.
Ela estará dirigindo de volta para DC hoje à noite porque sua mãe decidiu
aleatoriamente voltar para a cidade. Seu voo pousa logo pela manhã e Sam não
quer encontrá-la. De todos os membros de sua família, a Sra. Harper é
facilmente a menos bajuladora, mas não culpo Sam por querer evitá-la.
A mãe dela pode não ter sido a causadora dos problemas, mas ela
também nunca fez nada para impedi-los de acontecer. Na minha opinião, isso
torna a esposa do senador tão ruim quanto o senador.
São apenas nove horas quando volto para a casa de Andrea, mas consigo
me esgueirar até o quarto de hóspedes sem ser vista.
Posso estar presa na Virgínia, mas minha vida não pode parar.
Mando uma mensagem para Franco contando tudo para ele, depois tomo
banho e desmaio com o cabelo molhado antes das onze.
Macon
E
u trabalho de manhã no centro recreativo.
Estou sorrindo, mas estou falando sério. Payton é uma das nossas
melhores voluntárias. As crianças e os pais a amam e ela ensina quase tudo.
De jeito nenhum podemos passar pelo dia divertido de 4 de Julho sem ela.
— Estou animada para o dia 4 , — ela diz com uma risada. — Sem
problemas.
— Então, o que houve, Payton?— Eu digo, mudando meu tom para algo
mais profissional.
— Bem, eu queria que você soubesse que alguém veio ontem, — diz ela
lentamente, e a maneira como ela está me estudando deixa meus dentes
tensos. Ela está tentando ler minha linguagem corporal? Ela quer ver como
vou reagir? — Estava procurando por James.
— Sim. — Ela balança a cabeça, então franze os lábios. — Mas ela disse
que costumava ser voluntária aqui.
Minhas costas ficam retas como uma vareta, mas eu luto para manter
meu rosto inexpressivo e minha voz calma.
— Não, — diz Payton, balançando a cabeça. — Mas ela parecia ter a nossa
idade. Ela provavelmente teria se oferecido como voluntária com você, mas
não perguntou nada sobre você.— Ela dá de ombros, tentando disfarçar seu
interesse e falhando. — E ela meio que se parecia com a mulher que você...
— Você sabe se ela foi a algum outro lugar? Talvez em alguma das outras
salas de arte?
— Eu não sei, — Payton diz lentamente. — Acho que não? — Ela saiu pela
porta da frente depois que eu a peguei com o vaso.
Abro para ela meu melhor e mais charmoso sorriso e seus ombros
relaxam imediatamente.
— ...descubro sozinha, — ela termina com uma risada. — Ei, espere! Você
ainda vem para o meu aniversário?
Eu a ouço rir. Eu não me viro para dar adeus ou ver seu sorriso, no
entanto. Eu apenas ando o mais rápido que posso sem sair correndo para a
última sala no final do salão de artes. Aquele com todos os cavaletes e tintas.
A Sala Lennon.
Ainda não estou pronto para revelar minhas cartas. Não sei se algum dia
serei.
****
Quando parei para ver Trent esta manhã, havia flores e um livro sobre a
mesa que não estavam lá ontem. Lennon. Eu esperava que ela já tivesse
passado por aqui, e esses eram os meus sinais de que ela tinha passado.
Não sei o que levou Lennon a pegá-lo e levá-lo ao hospital, mas saber que
ela está lendo me deixa um pouco mais leve. Um pouco mais conectado a ela
do que ontem. Não deveria ser tão bom quanto parece.
Acalme-se, porra.
Eu levo um segundo para me recompor, então entro na sala de estar.
Lennon está sentada no chão com Evie, e elas se revezam empilhando blocos.
Pelo que parece, Evie não tem mais medo de Lennon, e Lennon está adorando.
— Sim. — Lennon diz com uma pequena risada. — Não demorou muito,
na verdade. Eu só tinha que dar alguns salgadinhos para ela.
Sua risada faz meu sorriso crescer, e eu não consigo tirar meus olhos dela.
— Uma garota como eu gosto, — diz ela, fazendo Evie rir. — Deve ser de
família.
Lennon acena com a cabeça e desvia os olhos dos blocos para o meu rosto
e vice-versa.
Espero para ver se ela vai dizer mais alguma coisa. Se ela vai admitir ter
visto mais alguma coisa, mas não.
— Eu penso que sim. Como a cidade está crescendo, faz sentido que o
centro também cresça. — Eu respiro profundamente sutilmente antes de fazer
a pergunta que está causando ansiedade em meu peito. — Por acaso você viu
mais alguma coisa? Conferiu alguma outra sala ou algo assim?
— Oh, não, — diz ela com desdém. — Payton meio que invadiu minha
festa e senti que precisava ir embora. — Ela olha para mim. — Desculpe, você
sabe, se eu não deveria estar lá.
— Está tudo bem, Len. Você é bem-vinda para passar a qualquer hora.
Não acho que nossas salas de arte vão corresponder aos seus padrões, mas
você pode usá-las enquanto estiver aqui também.
Então, eu espero por mais. Um inspira e expira, depois dois. Então três.
Evie se levanta ao lado do sofá enquanto Lennon finalmente fala.
— Macon, — ela diz com um suspiro, assim que Evie tira uma das mãos
do sofá e começa a mexer a perna, — eu vou…
— Não! — Interrompo Lennon quando passo por ela e cutuco Evelyn com
o pé, empurrando-a de volta para sua bunda de fralda. Evelyn ri e eu balanço
meu dedo para ela. — Nada disso.
Lennon suspira, os olhos arregalados de descrença.
Ciúmes, talvez.
— Mas acho que é algo para o qual mamãe e Trent deveriam estar por
perto, sabe?
— Oh, uau. Isso é, hum... — Ela engole e acena com a cabeça. — Isso é
muito atencioso.
— Sim, bem, acho que não sou um idiota sem coração, afinal.
Passo por ela e entro na cozinha, e posso ouvi-la se levantar e me seguir.
— Não, você só ficou surpresa, certo?— Fico de costas para ela e abro a
geladeira. — Macon Davis sem coração e egoísta. Ele não dá a mínima para
ninguém além de si mesmo, certo?
— Eu não disse isso, Macon. Não foi isso que eu quis dizer, — ela
argumenta enquanto eu coloco a tampa do meu refrigerante e tomo um gole.
Juro que ela rosna quando me recuso a olhar para ela. — Jesus, o que diabos
desencadeou isso?
Eu solto uma risada sem humor, finalmente fazendo contato visual, e sua
raiva me alimenta. Eu forço um sorriso e arrasto meu olhar sobre seu corpo,
propositalmente me demorando em lugares que fazem meu coração acelerar.
Ela estreita os olhos para mim enquanto tomo outro gole do meu
refrigerante.
Sua cabeça se inclina para trás como se eu fosse cuspir nela, e sua
carranca fica ainda mais cruel.
Examino seu rosto, procurando a raiva que sei que encontrarei naqueles
olhos cor de avelã. Sua boca está ligeiramente entreaberta, seu peito está
subindo rapidamente, no mesmo ritmo do meu. Minha atenção se concentra
em seus lábios antes de finalmente arrastar meus olhos de volta para
encontrar os dela.
— Esqueça.
Eu sei que Jessica está de folga hoje. Eu não quero ligar e incomodá-la,
mas isso está coçando como se pudesse se transformar em uma emergência.
Estou agitado pra caralho, estou chateado e estou pensando demais em tudo.
Estou dividido entre querer beijá-la e mandá-la embora, e não ajuda que
eu esteja tão tenso que não estou pensando direito.
Lennon a tem em seus braços e está balançando para frente e para trás.
Está fazendo um trabalho decente em mantê-la calma, mas não vai durar
muito. Esse bebê está com fome.
— Oh. Mas Andrea acabou de lhe dar o café da manhã não faz muito
tempo.
Vou até a geladeira e pego uma das mamadeiras que mamãe preparou
para o dia. Ela as arruma para mim quando estou cuidando de Evelyn, já que
não posso amamentar. Eu levo a garrafa para a pia e coloco-a sob um pouco
de água quente, aquecendo-a.
— Sim, ela come três refeições sólidas, — eu digo a ela, mantendo meus
olhos na garrafa, girando-a sob a torneira, — mas ela ainda bebe quatro
garrafas. Ela vai tirar uma soneca depois disso.
— Ela não é esse bebê, — eu digo, enquanto Evie envolve as mãos em volta
do meu pulso e deita a cabeça no meu peito. — Ela é minha irmã, e é isso que
a família faz.
Não quero que a última parte soe tão mordaz quanto soa. Não quero
ofender Lennon, mas faço mesmo assim e me sinto um idiota. Eu olho para
ela e considero me desculpar, mas o jeito que ela está olhando para Evelyn
com saudade me faz morder minha língua. Em vez disso, ofereço um ramo de
oliveira.
— Você não vai estragar tudo. Ela pode fazer isso sozinha, de qualquer
maneira. Eu só gosto de abraçá-la.
Eu sorrio. — Confie em mim, ela vai ficar bem. Apenas respire fundo,
sente-se nas almofadas e relaxe. Ela vai sentir o seu estresse.
— Bom.
Jéssica.
— Tenho que atender, — digo a Lennon. Ela move os olhos para o meu
telefone, depois para o meu rosto e acena com a cabeça. Coloco o telefone no
ouvido e atendo enquanto ando pelas portas de correr para o deck traseiro.
Lennon
Quem quer que seja essa Jessica, ela certamente tem um efeito estranho
e calmante em Macon.
Eu tenho que lutar ativamente para evitar que meu corpo endureça. Eu
tenho que trabalhar para abrir minha mandíbula. O ciúme e a preocupação
que sinto me surpreendem. Ciúme, porque a ideia de Macon ter uma Jessica
me irrita de uma forma que não quero admitir. E preocupação porque...
Bem.
Reconheci sua linguagem corporal quando ele atendeu a ligação pela
primeira vez. Ansioso. Fechando e abrindo os punhos. Respiração rápida.
Instável, impaciente, irritável.
Eu não quero que ele esteja usando. Claro que não. Mas eu o quero
apaixonado?
Ele não parece nem um pouco chapado desde que voltei, mas teve anos
para melhorar em esconder isso. Ele também não cheirou a maconha, mas há
muitas coisas que ele poderia estar fazendo que não têm cheiro.
— Ele está aqui? — Ela olha ao redor da sala, então olha para o relógio na
parede. — Desculpa. Eu realmente perdi a noção do tempo.
A maneira como a testa de Andrea franze quando ela se vira para olhar
para fora me preocupa, mas quando sigo seu olhar, encontro Macon sorrindo
e conversando como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo.
Hum.
Macon vê sua mãe pela janela e encerra a ligação segundos depois, antes
de voltar para casa.
— Bom dia, — diz ele com um sorriso. — Eu fico com ela o resto do dia,
se você quiser ir para o hospital.
— O médico ligou. Eles querem acordar Trent. Pode levar horas ou dias
até que ele realmente saia do coma, mas eles querem começar o processo
amanhã.
Estou sem palavras. Estou animada, sim, mas estou com medo. E se ele
acordar e não for o mesmo? E se houver dano cerebral que eles não
esperavam? Eu posso sentir olhos em mim, mas eu não olho para cima para
encontrá-los. Eu deixo minha atenção cair no chão e olho para o tapete da
área, enquanto esfrego meus dedos suavemente sobre o bebê adormecido no
meu peito, tentando me aterrar.
Ok. Isso é bom. Exames e testes e tudo o mais parecem bons. Pode levar
horas ou uma semana até que ele acorde. Talvez eu fique aqui por mais tempo
do que eu esperava..
— Sim. É muito bom. — Andrea está sorrindo enquanto olha entre Macon
e eu, seu sorriso vacilando um pouquinho quando ela diz: — Vou ligar para
Claire e deixá-la saber.
— Você pode usar o centro, — diz Macon assim que sua mãe sai da sala.
— Para pintar, quero dizer.
Eu olho para longe dele quando digo isso. As palavras são verdadeiras.
Eu prefiro pintar sozinha. Até Franco sabe que não deve me incomodar
quando trabalho, e ele é um dos meus amigos mais próximos. Mas alguns anos
atrás, com Macon, senti o oposto.
Tantas emoções surgem em mim que minha cabeça gira e me sinto tonta.
Eu quero ir atrás dele e fazê-lo dizer o que ele ia dizer. Eu quero ficar com raiva
dele e exigir respostas.
Onde você foi? Por que eu não era o suficiente? Como você pôde desistir
de nós?
Eu dei tudo a ele uma vez, ofereci meu coração em uma bandeja de prata,
e o que isso me trouxe?
****
— Ei? Com quem você está atendendo o telefone, ei? Você está nos
Estados Unidos há menos de uma semana e já está falando como uma
americana.
Franco está deitado em sua cama, seu cabelo loiro sujo, parecendo mais
escuro contra o branco puro de sua fronha. Ele tem aquela aparência sexy de
quarto, olhos sensuais e lábios carnudos, e ele segura o telefone longe o
suficiente de seu corpo, para que eu tenha uma visão decente de seu peito nu.
— Por favor, não me lembre. — Juro que ele está deixando seu sotaque
francês ainda mais forte de propósito.
Franco costuma dormir tarde porque gosta de sair tarde. Eu sou o oposto.
Adoro acordar cedo. Mesmo nas noites sem dormir, acordo com o amanhecer.
Trabalho melhor quando o dia parece novo e fresco. Minha criatividade
floresce porque o nascer do sol mantém meus pesadelos afastados.
— Ah, mas eu sinto sua falta. Eu queria ouvir sua voz. A cama está fria
sem você.
— Como está o seu pai? — Ele pergunta, e meu sorriso cai um pouco.
— Tão bom quanto se pode esperar, — digo a ele. — Eles vão tirá-lo do
coma amanhã, mas pode levar alguns dias até que ele acorde.
— Sim, acho que sim. — Franzo os lábios e inclino a cabeça para o lado.
— Na verdade, acho que posso ficar aqui um pouco mais do que planejei. Mais
uma ou duas semanas.
— Só até meu pai acordar e eu saber que ele vai ficar bem. Eu queria saber
se você poderia me fazer um favor?
— Esse prazo não é daqui a dois meses. Você acha que vai demorar tanto?
— Não, mas você sabe como eu gosto de terminar essas coisas antes do
prazo. Saber que estou passando um tempo longe disso está me deixando
ansiosa.
— Bisou. Ciao.
Eu não o via há cerca de um ano e nem sabia que ele morava em Paris,
mas um dia ele entrou na minha loja e me convidou para jantar. Eu o vi quase
todos os dias, desde então. Ele me apresentou a algumas pessoas influentes na
cena artística de Paris, o que me ajudou a conseguir minha primeira exposição
em uma galeria. Conquistei meu lugar à mesa, por assim dizer, mas
definitivamente devo a ele por abrir a porta da sala.
Eu bato nos pedaços de comida que ela tem pendurados no queixo e ela
grita mais alto.
Eu bato minha boca fechada assim que Macon solta uma risada surpresa.
A memória que me invade é aquela que deixa minhas bochechas vermelhas e
minha garganta seca.
Comedor bagunçado.
— Merda, — ele diz, — eu tenho que ir. Esqueci que deveria encontrar
Nicolette.
— Vejo você amanhã, Squirt, — ele diz a ela com um sorriso, esquivando-
se de suas mãos sujas antes que ela possa dar um tapinha em suas bochechas.
Ele olha para mim e o sorriso desaparece.
— Adeus.
CAPÍTULO DOZE
Lennon
P
asso o dia no hospital na sala de espera da UTI.
Esperando.
Macon fica em casa com Evie o dia todo, então Andrea pode ficar no
quarto com papai. Isso me incomoda um pouco, mas quando papai acordar,
Andrea deve ser a primeira pessoa que ele verá.
Sam me ligou quando ela saiu do trabalho por volta das oito.
Conversamos um pouco e ela me repreendeu por não ter comido hoje, depois
ameaçou pedir comida para mim e mandar entregar na sala de espera da UTI.
Quando desligo com Sam, o som das portas duplas zumbindo me faz levantar
de um salto.
Macon está com raiva e discutindo com alguém. Seus ombros estão
tensos e ele está apontando enquanto sussurra acaloradamente com...
Claire.
Ela parece a mesma, mas mais crescida. Ela sempre esteve na moda, mas
até eu fico impressionada com o quão 'perfeita' ela parece. Ela domou seus
cachos com qualidade de capa de revista. Sua pele parece impecável, quase
retocada. Suas calças sociais e blusa azul suave são sexy e chiques. Ela está até
usando um par de sapatos nude.
Macon sussurra outra coisa, e meus olhos caem sobre os ombros tensos
dele antes de ouvir a voz de Claire.
Ela coloca as mãos nos quadris, e uma imagem dela em seu quarto de
infância, me intimidando para fazer algo que eu não queria fazer, vem à minha
mente. É a mesma postura, apenas uma Claire mais jovem. Naquela época,
porém, eu não via o movimento pelo que era. Manipulação egoísta.
Eu era tão ingênua sobre tantas coisas. Estou quase envergonhada por
isso agora.
— Sim...?
Eu arrasto meus olhos dele para os outros. Todo mundo está olhando
para mim com expressões diferentes. Andrea parece preocupada. Macon
parece irritado. E Claire parece... assustada? Olho para Eric e vou direto ao
ponto.
Ela cruza a distância e fica ao lado de Eric, como se estivesse fazendo uma
reivindicação, e em meu estado confuso, ainda não tenho certeza do que ela
está insinuando.
— Está tudo bem, — diz Eric se desculpando. — Eu disse a Claire que não
precisamos ficar aqui...
— Pare com isso, querido, — Claire o interrompe com outra risada falsa.
— Capri não se importa de dormir no sofá, não é, Capri?
Claire sorri de volta para mim enquanto ela arrasta a mão até o peito de
Eric e a espalha sobre seu peitoral coberto pela camiseta. Eu fico olhando para
ele, meus olhos finalmente registrando o diamante em seu dedo anelar
esquerdo, e então eu rio.
Eu desvio meus olhos do anel de noivado de Claire para o rosto dela, que
está confuso com a minha reação.
Ela não esperava que eu achasse graça? O que ela queria? Raiva?
Lágrimas? Isso me irrita mais do que qualquer outra coisa.
Pegue a dica.
Eu olho para Eric, e o pobre rapaz parece que se sente péssimo. Como se
ele se arrependesse de qualquer papel que desempenhou nessa reunião de
família fodida. Reviro os olhos e tiro-o de seu sofrimento.
Macon
—R
olhar para trás.
ealmente legal, Claire, — eu digo com um suspiro
enquanto observo Lennon sair pela porta da frente sem
— O que diabos eu fiz? — Ela diz, fingindo inocência pela qual o maldito
Masters se apaixona. Ele esfrega o ombro dela gentilmente, e ela se inclina
para ele. — Não sei por que ela está chateada. Eu não sabia que ela ainda nutria
sentimentos por ele.
— Bem, eu não sei o que mais poderia ser. Eu não fiz nada de errado.
— Claire, você aparece às nove da noite depois que ela está no hospital o
dia todo porque o pai dela está em coma, — eu digo, marcando pontos em
meus dedos e tentando como o inferno manter minha voz calma, — e você a
chuta para fora do quarto em que ela está hospedada para que você possa
dormir nele com a porra do seu noivo, que por acaso também é o ex do Lennon.
E você fez tudo isso depois de anos de sangue ruim. Nenhum aviso. Sem
gentilezas. Porra de nada.
Eu corro minha mão pelo meu cabelo, mais uma vez notando que eu
preciso cortá-lo, e fecho meus olhos contra a minha frustração.
— Eu não vou andar na ponta dos pés perto dela, — Claire quase grita.
— Fale baixo ou você vai acordar Evie, — eu repreendo. Ela franze a testa
para mim, mas suas próximas palavras são sussurradas.
— Tenho todo o direito de estar aqui, Macon. Mais direito do que ela, até,
porque já estive aqui. Eu não abandonei minha família.
Sua testa está franzida, e ela está franzindo a testa para Claire, mas ela
não diz nada. Não há sentido. Claire não vai ouvir isso, de qualquer maneira.
Eu olho para Eric e quero rir porque ele parece tão fodidamente
desconfortável.
Se esse cara quiser salvar seu futuro, ele abandonará o barco e encontrará
alguém menos vingativo e hipócrita para se amarrar.
****
— Todo mundo, — diz Mackie. Seu sorriso cresce e ele ri. — Sua garota
tem a cidade na palma da mão. Você nunca saberia que ela não cresceu aqui.
Eu sorrio de volta para ele e aceno com a cabeça, então levanto meu copo
para agradecer mais uma vez antes de abrir caminho para a sala dos fundos
do bar.
— Macon, — eu ouço uma voz gritar, e me viro para o lado para ver um
Payton sorridente se aproximando de mim. — Você conseguiu!
Ela envolve seus braços em volta de mim em um abraço, e mesmo que
ela seja pequena, eu tenho que endireitar meus pés para não tombar.
— Payt, — eu digo com uma risada, — seu peso leve. Como você já está
bêbada?
Ela agarra minha mão e me puxa no meio da multidão até que estejamos
entre um grande grupo de amigos de Payton, a maioria dos quais são
voluntários do centro recreativo ou pessoas que conheço desde o colégio.
Eu faço um bom show disso. Até volto ao bar para pedir a Mackie que me
prepare outra bebida, mas, à medida que meu ponteiro do relógio se aproxima
do meu prazo final, é preciso contenção física para não apenas dizer foda-se e
ir embora agora. Não é até Payton mencionar Casper que percebo que ainda
não o vi.
Vou ter que verificar qual amigo está de olho nela esta noite.
— Ele está, — diz ela brilhantemente, então aparece de onde ela estava
encostada na parede e pega minha mão novamente. — Venha, vou levá-lo até
ele.
Ela me leva de volta através das pessoas para o outro lado do bar perto
das cabines, então me puxa para a frente de uma mesa antes de deslizar os
braços em volta da minha cintura. Normalmente, eu gentilmente removeria
seus braços e me afastaria, mas sou momentaneamente pego de surpresa
quando vejo com quem Casper está conversando.
— Estou bem aqui, senhor chefe, — ele diz, então desliza o braço por trás
da mesa atrás de Lennon, que está sentado ao lado dele.
Estou prestes a esfregar o braço de Payton, só para ver até onde posso
empurrar Lennon, quando P relaxa em mim e percebo o que estou fazendo.
Eu solto meu braço e dou um passo para trás. Payton não parece notar.
— Oh! Você estava no centro recreativo, — ela exclama, então desliza para
a cabine ao lado de Lennon. — Eu sou Payton! É meu aniversário.
Payton vira a cabeça para mim como se tivesse acabado de fazer uma
descoberta brilhante. Eu mantenho meus olhos em Lennon.
Seus olhos se arregalam, mas ela não se afasta quando eu levo sua mão
aos meus lábios.
Sua boca se abre ligeiramente, mas ela não diz nada. Eu esfrego meu
polegar sobre a palma da mão antes de liberá-la lentamente. Ela coloca a mão
no colo e engole antes de dizer: — você também.
Eu fecho minha mão que estava apenas tocando sua pele, flexionando
meus dedos como se eu pudesse prender a sensação dela na palma da minha
mão. Eu levanto minha bebida e tomo um gole, esperando que o líquido frio
domine o calor crescente da temperatura do meu corpo. Não.
— O nome dela é Sam. Estou esperando para ver se posso ficar na casa
dela.
Minhas costas enrijecem e olho para Casper. Ele está olhando para mim,
me enviando sinais de alerta. Lennon não mencionou o sobrenome, e tenho
certeza de que foi intencional, mas Casper e eu sabemos de quem ela está
falando.
— Ela é meio famosa, — diz Casper, e Lennon ri, batendo seu braço com
o dela.
— Veja isso. — Casper digita algo em seu telefone e vira a tela para
Payton. — Essa é a galeria online dela.
— O design do meu site é simples, mas as pinturas são boas, — diz ela
rindo. — Eles não me pagam para criar sites.
Não tiro os olhos dela, mas mordo a língua na vontade de elogiar seu
trabalho. Eu sei sobre o site. Conheço todas as guias, imagens e postagens de
blog. Mas não sabia que ela mesma o construíra e estou surpreso. Eu não
deveria estar. Lennon nunca soube falhar em nada.
Casper interrompe meu contato visual quando ele se inclina para a mesa
de forma conspiratória e coloca uma mão sobre o lado da boca como se
estivesse prestes a contar um segredo.
— Ela tem uma pintura encomendada para uma popstar britânica
popular, — Casper sussurra zombeteiramente, e Payton engasga.
— Isto é tão legal! — Payton olha para mim com os olhos arregalados de
excitação, depois de volta para Lennon. — Por quanto você vende isso?
Em momentos como esse, é difícil para mim ficar com raiva por ela nunca
ter voltado. Passei quatro anos chateado por ela ter ficado na Europa. Com
raiva por ela ter desistido de sua aceitação na VCU e começado a escola de arte
em Londres. Fiquei ainda mais chateado quando soube que ela largou a escola
de arte e se mudou para Paris.
Mas foda-se, agora, não posso negar que ela está fazendo exatamente o
que deveria fazer.
Como posso culpá-la por finalmente ser egoísta? Eu deveria estar feliz
por ela, mas também não posso fazer isso.
— Por que não? — Casper intervém. — Macon tem muito espaço. Sem
gatos. E ele está a apenas alguns quarteirões daqui.
— Você pode usar o estúdio dele! — Payton grita, batendo palmas. — Ele
também é um artista. Ele tem um estúdio de arte em seu apartamento e tudo.
Ela abre a boca, para aceitar ou recusar não sei, quando seu telefone vibra
na frente dela. Ela o pega e digita sua senha. Casper lê a mensagem por cima
do ombro dela, e posso dizer pela maneira como os ombros dela caem e o
sorriso dele cresce que meu lugar agora é a melhor opção dela.
— A casa de Sam não vai funcionar, — diz ela, e torce os lábios para o
lado.
Lennon estreita os olhos para mim, seja pelo jeito que digo o nome dela
ou pelo meu aceno para o nosso passado. Não importa qual. Estamos aqui
agora.
— Eu não quero atrapalhar seu estilo, — ela diz, baixando os olhos para
a minha bebida. — Eu não gosto muito de festas.
— Sem namorada.
Lennon vira os olhos para Payton, como se esperasse que ela contestasse
minha reclamação, mas Payton permanece quieta. Payton pode não querer
que seja verdade, mas ela sabe que sou solteiro.
— Sem namorada. Sem festas. Sem gatos, — eu digo, colocando meu copo
sobre a mesa e fazendo uma demonstração de olhar para o meu relógio.
— Mas eu tenho que acordar cedo para tomar conta da minha adorável
irmãzinha, então se você vai dormir na minha casa, você tem que tomar uma
decisão rápida.
Ela está quieta, e eu tento como o inferno não parecer ansioso. Meu
coração está batendo forte no meu peito. Esta pode ser a coisa mais idiota que
já fiz em muito tempo, mas tenho que seguir em frente agora.
Eu sei o minuto em que ela cede. Ela olha para mim com os mesmos olhos
castanhos que vejo em meus sonhos e faz caretas.
— Tem certeza que não vai se importar? Será apenas por alguns dias.
— Eu andei. Mas acho que devo ir com você, para que saiba aonde está
indo.
Ela não responde, apenas abre a porta e entra, então eu faço o mesmo.
Ela liga o carro e segue silenciosamente as poucas instruções que dou a ela. Eu
observo, divertido, enquanto sua testa franze cada vez mais conforme nos
aproximamos do centro recreativo, até que estamos entrando no
estacionamento e ela está estacionando ao lado do meu carro.
Ela se contorce na cadeira e me encara.
— Explique.
— Aqui estamos.
— Você pode arrumar suas coisas aqui amanhã, quando chegar em casa,
— eu digo a ela.
— Eu não tenho nada para dormir, — diz ela, e a maneira como ela me
encara parece que ela está me desafiando a sorrir. Para fazer um comentário
espertinho. Algo sexual e sugestivo. Está na ponta da língua, mas gosto de
desequilibrá-la.
Ela torce os lábios e me estuda, minha pele esquentando sob seu olhar.
Eu não falo. Eu a espero, deixando-a pensar sobre isso. Deveria ser uma coisa
tão simples, mas não é. Nada é simples conosco.
— Você pode ficar com o meu quarto também. Eu fico com o sofá. —
Passo por ela para o corredor, entrando no meu quarto. — Vou trocar os
lençóis rapidinho para você.
Filha da mãe.
Quando diabos ela mudou de volta? Baunilha era mais fácil. Rosas?
Porra.
Já estou tirando a cama, porém, e ela bufa quando percebe que não vou
parar.
Jogo os lençóis no chão como uma bola e vou até minha cômoda,
pegando uma calça de moletom do USMC e uma camiseta combinando na
gaveta. Eu os jogo em Lennon, e ela os pega desajeitadamente, abraçando a
bagunça de tecido contra o peito.
Viro as costas para ela, arrumando a cama sem olhar para ela. Eu sinto
seus olhos em mim, no entanto. Posso praticamente ouvir seus pensamentos,
mas não dou muita atenção a isso. Em vez disso, coloco o lençol com elástico
no colchão e me concentro em controlar minhas próprias merdas.
Tê-la no meu quarto vai me foder, mas deixá-la dormir no sofá vai ser
pior.
Se ela está no sofá, não há nada que a impeça de fugir de mim. Pelo
menos se eu estiver na sala, saberei se ela sair. Desta vez, não serei pego
desprevenido.
Posso sentir a mudança de energia quando ela sai do quarto e vai para o
banheiro. É como se todo o ar a seguisse, e quando o chuveiro começa, minhas
pernas desmoronam. Sento-me no colchão e coloco a cabeça entre os joelhos.
— Olá?
— Macon, — diz ela, com a voz cheia de preocupação. — Você acha que
isso é inteligente?
— Isso foi anos atrás, — digo a ela. — Estou em um lugar melhor agora.
Eu vou ficar bem.
E, mais importante, por mais errado que pareça, digo a mim mesmo que
é Capri no meu chuveiro. Não Lennon.
Esperando como o inferno que minha mãe acredite neles mais do que eu.
CAPÍTULO QUATORZE
Lennon
Está vazio. Não o vejo nem o ouço, e não gosto da decepção que sinto. Eu
tento ignorá-la.
Não quero gostar da sensação das roupas de Macon no meu corpo. Não
quero gostar de nada nele.
Ele não tem mais dezenove anos. Claro, seu quarto reflete isso, mas ainda
é muito Macon. Acentos negros. Uma pilha de cadernos de desenho e um pote
de lápis. Há uma grande TV de tela plana montada na parede e um toca-discos
com uma estante de discos de vinil no canto. Não há roupas espalhadas pelo
chão nem louça suja no criado-mudo, mas o quarto ainda tem o cheiro dele.
Picante e mentolado. Mas sem maconha.
Achei que poderia consertá-lo, mas acontece que ele só precisava de mim
fora do caminho. Ele cresceu, ficou limpo e construiu uma vida, tudo sem
mim.
Você poderia argumentar que fiz o mesmo, mas seria mentira dizer que
fiz voluntariamente. Fui forçada a reconstruir. Tomei minhas decisões sem ele
porque precisava. Ele fez suas escolhas sem se preocupar comigo, e minha vida
é resultado disso.
Solto uma risada oca. Talvez eu devesse agradecer a Macon por isso.
Maldição.
— Sim, mas todas essas pessoas são chatas, — diz ele, acenando com a
mão no ar. — Cheguei cedo em casa. Quando você voltará? Sinto sua falta.
Eu rio, e isso é bom. Franco sempre sabe como me fazer sentir especial.
Mesmo sabendo que ele provavelmente está entretendo outra pessoa em sua
cama, isso não me incomoda. Meus sentimentos por ele não são assim.
Fizemos sexo, sim. Mais de uma vez, e às vezes regularmente, mas não
há conexão romântica nisso. Nós nos consolamos de uma maneira diferente.
— Você não sente minha falta, Franco, — eu provoco. — Você tem muitas
pessoas para lhe fazer companhia.
— Ah, mas é você que eu quero, — diz ele. — Venha para casa, mon bijou.
Volte para mim.
Abro a boca para responder, mas uma garganta limpa atrás de mim, e me
viro para ver Macon encostado no batente da porta com os braços cruzados
sobre o peito nu.
Ele sabe exatamente o que está fazendo vindo aqui assim, exibindo seu
corpo. Ele queria me pegar desprevenida e conseguiu.
Ele arrasta os olhos do meu rosto de volta para a tela do meu telefone e o
sorriso desaparece.
Juro que a voz de Macon cai uma oitava e, quando olho para Franco,
percebo que ele também está surpreso.
— Eu sou Franco, — diz ele lentamente, então ele olha para mim. — Capri,
pensei que você estivesse na casa de seu pai.
Macon passa a mão rudemente sobre o peito nu e agarra a nuca. Não sei
se ele está flexionando o peito e os bíceps de propósito, ou se eles apenas
parecem assim naturalmente, mas estou um pouco idiota. Pelo silêncio do
telefone, acho que Franco também.
Reúno meu juízo e abro a boca para dizer a Macon para dar o fora, mas
então meus olhos caem sobre a tatuagem do relógio em seu peitoral e meu
queixo cai.
Franco começa a falar, mas digo a ele rapidamente que ligo mais tarde,
depois desligo antes de me levantar.
Macon dá um passo para trás rapidamente, então não bato nele, mas não
tiro os olhos da tatuagem.
— O que é isso? — Eu sussurro, estreitando meus olhos e tentando
entender as mudanças que foram feitas na tatuagem.
Elas parecem importantes, eles têm que ser, e isso está deixando meu
cérebro confuso.
— O que quer que você pense que é, — ele diz, parando no batente da
porta, — não é. Durma um pouco.
Virgem, provavelmente.
Não achei que Macon fosse gostar de astrologia, mas ele nasceu em
setembro, então faria mais sentido.
A constelação e o céu noturno são lindos, mas não foram eles que me
chamaram a atenção. É a tatuagem real do relógio que me fez parar.
O relógio costumava ser quebrado. Lembro-me vividamente. Pintei-o um
número obsessivo de vezes. Não tinha mãos com uma rachadura gigante no
meio.
E onde antes não havia mãos, agora há mãos. Um longo e outro mais
curto, exatamente como você esperaria de um relógio tradicional.
Mas, em vez de serem apenas linhas regulares, são pincéis. Dois deles.
Macon é um artista, sim, mas seu meio sempre foi o lápis no papel. Ou
argila. Às vezes carvão, às vezes pastéis. Ele desenha, esboça ou modela.
O que quer que você pense que é, não é, disse ele. Durma um pouco.
Fico acordada o resto da noite. Ele está mentindo. Eu sei que está. Esses
pincéis significam alguma coisa. Eu só não sei o quê.
Lennon
C
omo de costume, acordei com o amanhecer.
Quase.
Não sei se ele está desenhando ou trabalhando na roda, mas sei que ele
está fazendo arte de alguma forma, e a necessidade de criar ao lado dele é forte.
Apesar de tudo, apesar da noite passada e dos meus sentimentos fodidos e
cada pingo de sangue ruim entre nós, a artista em mim anseia por estar dentro
daquele estúdio.
— Oh, querida, você não precisa bater, — diz ela rapidamente, movendo-
se para que eu possa entrar. — Você pode entrar e sair quando quiser.
— Oh, — eu digo com um sorriso falso. Não era Evie me enojando, mas
vou deixar Andrea presumir. É mais seguro assim, de qualquer maneira.
Então ela se vira e sai da cozinha, deixando-me sozinha com meu ex-
tanto faz e a vadia que ajudou a orquestrar um dos piores momentos da minha
vida.
— Bom dia, Capri, — Claire diz docemente, e eu não sinto falta de como
ela move a mão esquerda, então a pedra está à vista.
— Bom dia, Claire, — eu digo, imitando seu tom, então olho para Eric. —
Bom dia Eric. Acredito que vocês dois dormiram bem na cama de onde me
expulsaram?
Eu sorrio, infundindo minha expressão com toda graça que posso reunir,
e inclino minha cabeça para o lado para observá-la. Eu examino seu rosto e
seu cabelo lentamente, o tempo todo exibindo um sorriso feliz, e faço isso
silenciosamente. Apenas o tempo suficiente para deixá-la nervosa. Quando
sua coluna está rígida e suas narinas dilatadas, eu falo.
Eric engasga com o café, os olhos arregalados no meu rosto, e não consigo
conter minha risada.
Eu assisto a troca com alegria. Oh, pobre Eric. Ele sempre foi bom demais
para o seu próprio bem. Então eu franzo a testa.
3 “Sinto muito, irmã", eu digo. "Vamos fingir que você não é uma vadia. Se isso ajudar você
a dormir melhor."
— Vou pegar minhas coisas, — digo alegremente enquanto saio da
cozinha.
Quando saio pela porta, porém, vejo Macon pisando forte no quintal com
uma carranca no rosto. Ele para quando me vê e examina toda a merda em
meus braços. Sua carranca desaparece como se ele tivesse acabado de perceber
algo, e então ele fecha a distância.
— Aqui, — ele diz, pegando minha bagagem de mão e uma das minhas
sacolas de materiais de arte.
Eu não digo nada. Eu apenas deixei que ele me ajude a carregá-lo para o
meu carro e colocá-lo no porta-malas.
— Você está indo para o hospital? — Ele pergunta depois que eu fecho o
porta-malas, e eu aceno.
— Eu ia tentar ver o papai por mais ou menos meia hora até que Andrea
aparecesse. Não queria incomodá-lo esta manhã, então saí sozinha.
— Obrigada.
Pego a chave devagar. Lento o suficiente para que meus dedos rocem os
dele e arrepios que me ressentem formigam meus braços. Eu sei que ele
percebe. O calor em seus olhos quando eu olho para cima é a confirmação
disso.
O movimento na casa chama nossa atenção ao mesmo tempo, e nós
quebramos nosso olhar para olhar para a varanda da frente. Claire está parada
ali, de braços cruzados, e ela parece preocupada. Eu zombo, me afasto de
Macon e abro a porta do meu carro.
— Peço desculpas, sim. Eu também disse que podemos fingir que você
não é uma vadia má se isso te ajudar a dormir melhor à noite. — Ela engasga
com raiva e deixa cair os braços. — Ou algo nesse sentido, — eu digo com um
encolher de ombros. — Algumas coisas se perdem na tradução.
Eu esperava falar com um médico enquanto estava lá, mas não tive a
chance de ver um. Acabei de ler para ele alguns capítulos do livro e depois o
deixei com um aperto de mão e um beijo na testa.
Ele deve ter feito isso ontem à noite, arrumado uma estação de trabalho
para mim, e isso me catapulta de volta para nossas tardes na sala de arte do
colégio. Ele espalhava minhas tintas e enchia meus potes, sem nunca levar o
crédito por isso.
A iluminação neste estúdio é insana, e eu não paro de pintar até que o sol
comece a mergulhar no céu e eu percebo que preciso comer alguma coisa.
— Oh.
Concordo com a cabeça e olho para Evelyn, que está brincando no chão
da pequena sala de jantar de Macon, entre a sala de estar e a cozinha.
O silêncio é estranho, e quando Macon percebe que não vou dizer nada,
ele vai até a geladeira e pega alguns recipientes para viagem.
— Pedi um pouco de comida no The Outpost antes de voltar para casa, —
ele me diz, esvaziando os recipientes para viagem nos pratos. — É noite de
taco, e eles têm opções incríveis, então trouxe um monte para você
experimentar.
Tão diferente, mas tão perfeitamente alinhado com o Macon que conheci.
Eu vi o lado bom de Macon naquela época, posso ter sido uma das poucas
que o fez, mas o lado bom sempre foi enterrado sob a atitude, as drogas e a
auto-aversão. Nunca pensei que veria isso exposto de forma tão descarada em
sua superfície.
— O quê? — Eu repito.
— Não me diga que você se tornou vegana ou algo assim também? — Ele
acena com a mão sobre os pratos de tacos. — Eu acho que você poderia raspar
o queijo ou algo assim.
— O que você faz? O que há de tão bom nisso que você nunca mais voltou
para casa?
— Paris pode ser a casa de Capri, mas Lennon sempre pertencerá aqui, e
acho que nós dois sabemos quem você é.
— Não faça isso, Macon, — digo com um suspiro. — Você não sabe mais
nada sobre mim. Pare de especular como se você soubesse.
— Você está certa, — diz ele. — Não nos conhecemos mais. É estúpido
sugerir que sim.
Eu inclino minha cabeça para o lado enquanto o examino. O que ele está
jogando?
— Por quê?— Eu pergunto. — Você quer saber por que larguei a faculdade
para me tornar uma prostituta francesa sem rumo e aproveitadora?
Macon nem se mexe quando jogo suas palavras de volta para ele. Nem
um pingo de remorso ou vergonha, e isso alimenta minha raiva crescente. Seus
lábios se contorcem nos cantos quando ele se recosta na cadeira e cruza os
braços sobre o peito, seu relógio de pulso prateado brilhando à luz da cozinha.
Eu mantenho meus olhos nos dele, mas a protuberância de seus bíceps e peito
ainda estão visíveis, me provocando do limite da minha visão.
Isso seria muito mais fácil se eu não estivesse atraída por ele.
Não reviro os olhos como gostaria. Eu não deixo minha boca cair em seu
tom confiante. Eu apenas pisco. Uma vez. Duas vezes. Então eu levanto uma
sobrancelha e aceno minha mão entre nós, gesticulando para ele me
esclarecer.
Assim que percebi que era uma opção para mim, fugi o máximo que pude
da educação formal. Mas foi preciso bater e queimar para que eu aceitasse.
Eu não posso deixá-lo saber o poder que ele teve sobre mim uma vez.
Quando ele percebe que não vou confirmar ou negar sua teoria, ele se
recosta na cadeira mais uma vez e me dá um sorriso encantador.
Eu me inclino para tudo que combina com Capri. Eu deixo de fora tudo
relacionado a Lennon.
Quanto mais eu falo, mais confortável me sinto, até que estamos rindo e
sorrindo, e nos inclinando tão perto da ilha da cozinha que não demoraria
muito para beijá-lo se eu quisesse.
4 Boazinha
Sobre meu pequeno apartamento de um quarto no 20º distrito de Paris.
É um sexto andar sem elevador com ar-condicionado inexistente e papel de
parede mais antigo que eu, mas a iluminação é maravilhosa e o prédio tem o
pátio mais charmoso. Só consegui pegá-lo porque um dos primos de um antigo
colega de trabalho se mudou para a Alemanha. Antes disso, eu estava em um
apartamento de três quartos com quatro pessoas fora da cidade.
Conto a ele sobre minhas brasseries e cafés favoritos, o bar que costumo
frequentar com os amigos. Eu me perco em uma história sobre minha
primeira exposição na galeria e como eu estava tão nervosa que derrubei uma
mesa inteira de bebidas.
Não digo a ele como é solitário, ou como, na maioria dos fins de semana,
escolho ficar em casa pintando e me embebedando sozinha. Não conto a ele
sobre a longa lista de amantes com quem não consigo me comprometer. Não
falo sobre Franco, que é indiscutivelmente meu amigo mais próximo na
cidade, mas, apesar de suas constantes tentativas, mantenho meu coração
guardado dele.
Também não digo a ele que o motivo pelo qual tive que comprar meu
próprio apartamento foi porque estava cansada de explicar meus pesadelos.
— Foda-se, — ele diz para si mesmo, então ele olha para mim. — Aguarde.
— Que diabos, Macon! — A voz de uma mulher grita, e ela passa por ele
para dentro do apartamento.
— Sinto muito, — diz ele em voz baixa, — eu trouxe Evie esta noite e
esqueci de ligar para você.
— Estava no silencioso, — diz ele, sua voz ainda abafada. — Vamos nos
encontrar amanhã.
Não, ele não está tentando reagendar a porra de um encontro. E ele acha
que está sendo sorrateiro? Estou literalmente aqui. Eu posso ouvir e ver tudo.
— Macon, eu tenho uma merda para fazer, — ela repreende. — Você não
está fugindo de mim novamente. Eu ainda tenho algum tempo, vamos fazer
isso agora. Se Evelyn estiver no seu quarto, podemos fazer isso na sala de estar.
— Nic, cale a boca, — ele diz, então ele murmura algo e Nicolette engasga.
— Ela está aqui agora? — Eu a ouço dizer. É para ser um sussurro, mas
eu posso ouvi-la muito bem. — Macon, você é um filho da puta.
Ela praticamente rosna, então tenta passar por ele. Ele a interrompe,
murmura outra coisa e a empurra porta afora.
Ele se vira e caminha de volta para mim, e eu deixo bem claro que estava
observando. Posso dizer por seu rosto que não vou gostar do que ele está
prestes a dizer, e faço uma careta para ele.
— Vou levar apenas uma hora, — diz ele. — Evie deveria dormir, mas...
Ele concorda.
Eu sou mais uma vez a garota ingênua e estúpida que não foi o suficiente
para o garoto que ela amava. Eu sou a pessoa que tentou de tudo para ser o
que queria e falhou. Eu sou deixada para trás. Sou descartada.
Lennon
—T
em certeza de que vai ficar bem, Len?
— Sim, eu não estou chamando você de Capri, — diz Sam com firmeza. —
Eu apoio totalmente essa coisa toda de reinvenção. O cabelo. A atitude. Escola
de arte em Londres. Você faz o que tem que fazer, e eu estou torcendo por você.
Mas de jeito nenhum vou te chamar de Capri. É muito chique e estou
reivindicando meus privilégios de melhor amiga.
— Além disso, você pode se livrar de tudo de sua antiga vida, mas não
está se livrando de mim. Você está presa a mim, Lennon.
Sam fica comigo o máximo que pode. Ela ajudou a me mudar para meu
novo apartamento em Londres e a me acomodar, mas agora é Agosto e ela não
pode mais adiar a faculdade.
Ela tem que voltar para os Estados Unidos, e eu tenho que deixá-la ir.
Eu não digo a ela que está me estripando. Não digo a ela que posso me
sentir à beira de algo assustador. Ela já se sacrificou o suficiente por mim. Eu
tenho que descobrir como fazer isso sozinha.
— Você está. Você está olhando para mim como se pensasse que eu sou
uma bomba-relógio.
— Eu acho que você pode está, Len. — Meus ombros caem, e sua carranca
se aprofunda. — É só... você realmente não lidou com nada, sabe? É como se
você tivesse acabado de desligar e estou preocupada.
— Mas é isso, Len, você não está lidando com nada. Você nem falou
sobre...
— Eu irei visitar em breve, ok? — Seu telefone vibra em sua mão e ela
olha para a tela. — Essa é a minha carona.
Nós nos separamos e ela pega sua mala, levando-a para fora do meu
quarto. Eu a sigo até a porta do meu apartamento. Não sei onde estão meus
novos colegas de quarto, mas estou feliz por eles não estarem aqui para o meu
colapso inevitável quando Sam for embora.
No momento em que Sam está fora de vista, volto para o meu quarto,
tranco a porta e tiro a garrafa de vodca debaixo da cama. Abro a tampa e tomo
um gole, estremecendo enquanto desce.
Apenas uma vez na porra da minha vida, eu gostaria de ter controle sobre
alguma coisa. Eu gostaria de ter uma palavra a dizer sobre o que acontece
comigo. A boa e educada Lennon Washington. Vá com o fluxo Lennon
Washington.
Eu posso estar doente. Algo pode estar errado dentro de mim, mas
também posso estar farta de tudo. Talvez eu tenha parado de dar a mínima.
Talvez eu tivesse que fazer isso para poder me salvar.
Não consigo me livrar da voz de Macon. Não consigo parar de sentir suas
mãos em mim. À noite, quando estou pairando logo acima do sono, tenho
visões do que foi, do que poderia ter sido.
Eu o odeio. Eu o odeio.
Eu amo ele.
Vou até minha mesa e abro a gaveta, enfiando a mão no fundo e tateando
em busca da tesoura de cabelo que comprei no mês passado para poder fazer
uma franja. Sam brincou que franja significava que eu batia no fundo do poço.
Eu ri disso. Ela não tinha ideia.
Assim que ele se forma em minha mente, substituo meu polegar pela
tesoura e arrasto a ponta afiada lentamente até romper a pele. Eu sei a
quantidade certa de pressão para aplicar agora. Chega de doer. O suficiente
para sangrar.
Macon
Eu disse a ela que levaria uma hora, mas já se passaram quase duas. Fugi
de Nic duas vezes antes desta noite, então ela insistiu que compensássemos. E
acho que ela estava me punindo também. Minha perna lateja.
Seu tom é indiferente e seus movimentos são fluidos, mas posso dizer
que ela está chateada. Ela dá um passo em direção ao corredor, mas eu
bloqueio seu caminho.
— Você não está atrapalhando meu estilo, o que quer que isso signifique,
e você não está indo para um hotel agora. — Estendo a mão para pegar a alça
da mala, mas ela a puxa de volta. — Não seja teimosa, Lennon. É a porra da
meia-noite.
Ela tenta passar por mim, mas eu passo na frente dela novamente.
— O que não combina com você, Capri, hein? É sobre a sua transa
francesa? Qual o nome dele? Franklin?
Eu cuspo as palavras sabendo muito bem que elas vão irritá-la, e ela
empurra com força no meu peito.
Lennon pisca algumas vezes, então encontra meus olhos. Os dela são sem
emoção.
— Você disse uma hora, — diz ela lentamente. — Você se foi há duas.
— É disso que se trata? Porra, me desculpe. Não sabia que levaria tanto
tempo.
Eu sou honesto, mas minhas palavras não a consolam como eu pretendia.
Em vez disso, sua mandíbula aperta daquela forma familiar e meu sangue
esquenta.
Eu olho para trás e a estudo. A agitação não faz sentido. Ela está
chateada. Porra, estou chateado, até, e não sei por quê. Eu posso dizer que ela
queria que eu apenas a deixasse sair. Ela não queria falar sobre isso, mas não
vou deixar isso de lado. Não posso.
— O problema é que não estou aqui para cobrir você, então possa ficar
com uma garota por duas horas, — ela sussurra, e finalmente faz sentido.
— Não gosto, mas não gosto de me sentir usada, — diz ela, com a voz um
pouco trêmula. — Se você precisa molhar seu pau, faça isso no seu próprio
tempo.
Eu ri. Eu não posso evitar, e suas narinas dilatam. Ela fica tão gostosa
quando está com raiva, especialmente agora. Eu não me sentia tão alto há
anos. Ela está com ciúmes e estou me alimentando disso.
— Fico feliz que você ache isso engraçado, — ela diz, então passa por mim
para sair da cozinha.
Eu agarro seu bíceps e a giro de costas para mim, e ela puxa o braço para
longe, mas não tenta sair novamente. Seus olhos são todo fogo, mordazes de
paixão. Meu sorriso cresce. Esta é a minha Lennon. Eu sabia que ela ainda
estava lá.
— Eu não estou.
— Bom, — eu estalo. — Você não tem o direito de estar. Não vou arrancar
sua cabeça por ter transado com o francês.
— Eu não estou.
— Parece que você está, — eu digo, e seu nariz se enruga daquele jeito
bonitinho de birra. — Parece que você se importa mais que eu estava
molhando meu pau do que eu deixei você com Evelyn.
Digo devagar e observo o menor lampejo de alívio passar por seu rosto.
Eu não imaginava isso, e isso me estimula.
— Acho que você está com ciúmes, — repito. — Eu acho que você se
importa.
Ela balança a cabeça e força uma risada rouca. Ela tenta ser sardônica,
mas soa falsa.
Ela puxa o lábio inferior entre os dentes e, por instinto, estendo a mão e
o solto. A sensação da minha pele na dela, mesmo que seja um pouco, deixa
meu corpo em chamas.
Eu me inclino mais perto e abaixo minha cabeça, então meus lábios estão
pairando fora de alcance. Nossas respirações se misturam, e eu juro que posso
sentir seu corpo vibrando, um elástico tenso ameaçando se romper.
Nós colidimos.
Ela suga meu lábio inferior em sua boca e morde, me fazendo gemer
novamente. Aperto seu pescoço, agarro seu cabelo e puxo sua cabeça para trás,
para poder beijar a pele sensível logo abaixo de sua mandíbula.
Meu pau está latejando, e eu sei que ela pode sentir como estamos
pressionados juntos. Não há espaço para respirar entre nós, não há espaço
para pensar, e é exatamente assim que eu gosto.
É tudo que eu sonhei nos últimos quatro anos. Eu senti falta do gosto
dela. Eu perdi o jeito que ela se sente sob minhas mãos. Macia e quente e
totalmente minha.
— Foda-se, — resmungo, em seguida, ando para trás até que suas costas
batam na ilha da cozinha.
— Lennon, você está tão molhada. Você está tão fodidamente molhada
para mim.
— Você quer isso? — Eu moo para fora, pulsando minha ponta em sua
abertura. — Se você não quer que eu foda você aqui mesmo, me pare agora.
Caso contrário, vou enfiar meu pau nessa maldita boceta molhada e te foder
até que seu esperma escorra por suas coxas.
— Sim, Macon, — diz ela, finalmente. Sem fôlego. — Foda-me com força.
Eu bato nela.
Nós dois gememos quando chego ao fundo, e ela cai sobre os antebraços.
Ela é a visão mais erótica. Inclinada para trás, bunda para fora com meu pau
deslizando para dentro e para fora dela. Quero me abaixar e morder sua bunda
roliça, mas me contento em dar um tapa nela com a palma da mão aberta.
— Você é tão boa pra caralho, — eu digo a ela. — Tão sexy. Tão
fodidamente boa.
Eu solto seu quadril, então posso enrolar seu longo cabelo em minha mão
e puxá-lo com força. Sua cabeça está apontada para o teto e ela usa a mão livre
para empurrar o corpo para trás, apoiando-se no balcão enquanto eu bato nela
por trás.
— Você tem a porra dos seus mamilos perfurados? — Eu digo, e ela ri. Eu
belisco e ela geme. — Tão fodidamente sexy. Deixe-me sentir você ensopar
meu pau.
Eu bato nela até que seu clímax termine, então eu a pressiono de volta na
ilha, puxo para fora e atiro cordas grossas de branco brilhante em todas as
bochechas de sua bunda.
Ela ri, pequena e ofegante, por entre as calças. Sua bochecha está
pressionada contra o balcão, os braços caídos frouxamente ao lado do corpo.
Eu a cansei.
— Fique aqui, — eu digo, dando um tapinha na lateral de sua coxa.
Puxo o moletom para cima e vou até a gaveta dos panos de prato. Pego
uma, molho com água morna e uso para limpar Lennon.
Ela se abaixa e pega seu short, me fazendo perceber que ainda estou
totalmente vestido. Sua camisa e sutiã ainda estão.
— Eu volto já.
Eu era impulsivo. Eu era imprudente. Eu não tomei meu tempo com ela.
Foi quente pra caralho, mas pelo jeito que ela está agindo, estava tudo
errado.
Sua voz é oca, e eu não sei como responder. Acho que nem tenho
preservativos no apartamento. Eu nem pensei nisso. Eu não pensei em nada.
Foda-se.
— Mas essa coisa não é cem por cento, Macon, — ela diz com raiva. —
Fomos irresponsáveis.
— Jesus, por que eu sempre tomo essas malditas decisões idiotas com
você? — Ela diz. — Eu deveria ser mais esperta do que isso. Eu não posso fazer
isso com você de novo. Não posso.
Ela está chorando, mas parece furiosa. Eu não tenho ideia do que está
acontecendo.
— Sim, estou a falar a sério. Não sei com quem você esteve ou o que tem
feito.
— Quando foi a última vez que você foi testado? — Ela coloca as mãos nos
quadris enquanto me interroga, me encarando com raiva e olhos cheios de
lágrimas. — Quando, Macon?
— Quando foi a última vez que você foi testada? — Eu cuspo de volta por
despeito.
— A cada três malditos meses nos últimos quatro anos, — ela diz, e é
como um soco no estômago.
— Bem, — eu sussurro, — estou tão feliz que você está sendo responsável.
O que posso dizer? Dizer a ela para confiar em mim? Dizer a ela que não
vou machucá-la? Diga a ela que é diferente? Ela não vai ouvir nada disso agora.
— Eu não posso fazer isso com você, — diz ela novamente. — Prometi a
mim mesma que não faria isso de novo, mas só estou aqui há uma semana e
já estraguei tudo.
— Você é egoísta. Você pega e pega e pega, e não se importa com o que
isso faz com ninguém. Você não se importa com as consequências ou com o
quanto magoa as pessoas. Não tenho espaço para suas besteiras na minha
vida.
Ela explode, e eu balanço meus pés com a força de suas palavras, com o
ódio e a dor por trás delas.
Ela costumava ser a única pessoa que via algo de bom em mim, mas acho
que ela quis dizer isso quando disse que essa pessoa está morta.
Lennon olha para o chão enquanto as lágrimas caem por seu rosto, seus
braços protetoramente em volta de seu torso. Do que ela está se protegendo?
De mim.
— Você quer fazer de mim o vilão da sua história, para se sentir melhor?
Para justificar a fuga para Paris e dizer foda-se para sua família? Ok. Mas
nunca diga que não me importo com você. Você é a única coisa com a qual já
me importei.
Estendo a mão para tocá-la, mas solto minha mão antes que eu possa
fazer contato.
— Cada decisão que tomei nos últimos quatro anos foi para você.
Um soluço escapa de seus lábios e ela fecha os olhos com força, mas as
lágrimas continuam caindo.
— Meu Deus, Macon, gostaria que você tivesse me dado uma opinião
sobre algumas delas, então.
— Quebrei meu fêmur cerca de seis meses atrás, quando meu helicóptero
caiu, — eu digo, tentando como o inferno soar casual. Se eu pensar muito sobre
isso, os flashbacks vêm. Eu não preciso disso agora. — Nic veio esta noite
porque perdi minhas duas últimas sessões de PT e é importante que eu não
perca a terceira. Ela está me fazendo um favor e me deixando fazer à noite
desde que Trent está no hospital.
Lennon não diz nada. Ela apenas pisca para mim lentamente com as
sobrancelhas franzidas, tentando entender tudo em sua cabeça.
Eu a deixei processar minhas palavras. Espero para ver como ela vai
reagir. Se ela fizer perguntas. Ela não faz. Seus olhos disparam para os pés e
ela morde o lábio, mas não diz uma palavra.
Evelyn começa a se agitar na sala de estar e nós duas olhamos na direção
do barulho.
Eu ando para o berço lentamente. Cada passo me levando cada vez mais
longe de Lennon. Minha sensação de pavor aumenta, depois tristeza. Porque
eu já sei o que está para acontecer. Eu a conheço melhor do que ela me
conhece.
Lennon já se foi.
Mais uma vez, ela escolheu me deixar. Ela correu. As coisas ficam muito
difíceis e ela foge.
Mas eu fodi com tudo desta vez. Eu a provoquei. Eu fui francamente mau
com algumas das coisas que eu disse, e então eu não conseguia manter minhas
mãos longe dela.
Eu acelerei quando deveria ter ido devagar. Devorei quando deveria ter
saboreado.
Não.
Eu sei que modelar e desenhar também não vai funcionar, então eu pego
meu telefone e ligo para Casper.
Ouço a voz abafada de alguém dizer algo ao fundo, mas não consigo
entender o quê.
— Foda-se, Davis.
Ele desliga na minha cara, mas eu ouvi o sorriso em sua voz. Eu não teria
ligado para ele se não tivesse certeza de que estava tudo bem. Na verdade, eu
sei que ele ficaria chateado se eu não o fizesse. Sempre que começo a me sentir
culpado, repasso a conversa que tivemos alguns anos atrás.
— Estou falando sério, Macon. Você não pode fazer essa merda consigo
mesmo novamente e não pode perder esta oportunidade. Se ela voltar para
Paris antes de você falar com ela, você vai se arrepender.
Ele tem razão. Eu sei que ele está certo. Mas foda-se, não sei se consigo.
Não sei se isso importa.
Lennon fez sua escolha uma vez. Quem pode dizer que qualquer coisa
que eu fiz fará diferença? Quem pode dizer que ela realmente se importará
agora? E se eu simplesmente me preparar para o fracasso de novo?
— Talvez eu não queira saber por que ela fez o que fez, — eu digo
honestamente.
— Então não pergunte, — diz ele. — Basta informá-la sobre tudo o que
aconteceu desde então. Mostre a ela o que mudou. Mostre a ela o que não
mudou. — Ele dá de ombros. — Dê a ela uma nova escolha.
Ainda sou a mesma pessoa, no fundo. Só limpei um pouco por fora. Não
tenho certeza se isso será suficiente.
Macon
—E
la está aqui? — Pergunto a minha mãe enquanto entrego
Evelyn a ela.
— Não, — eu minto. Não posso ter certeza de nada agora. — Ela não iria
embora enquanto Trent ainda estivesse no hospital.
— Bem, isso não é nenhuma surpresa, — ela continua, então passa por
mim e pega uma xícara de café do armário. — Ela decidiu há muito tempo que
é boa demais para nós.
— Vocês dois parem, — diz ela, com a voz embargada. — Meu marido está
deitado em uma cama de hospital em coma. Não sabemos se ele vai acordar.
Tenho uma filha de dez meses para cuidar. Eu não deveria precisar ser pai de
meus filhos adultos também.
— Sinto muito, mãe, — eu digo, puxando ela e Evie para um abraço. Evie
dá um tapinha na minha bochecha e me baba com um beijo de bebê. —
Faremos melhor, ok?
Eu me esforço para ouvir o que está acontecendo quando ele abre a porta.
Conversa abafada que não consigo entender, mas já sei quem está prestes a
dobrar a esquina com Eric. Eu nem mesmo olho para cima da minha caneca
de café quando ele volta para a cozinha com nosso convidado a reboque.
Ela corre para ela, e eu olho para cima bem a tempo de vê-la puxar
Lennon para um abraço.
Todas as coisas dela ainda estão no meu estúdio. De jeito nenhum ela
pode pintar em um motel atarracado. Ela não responde. Apenas dá de ombros.
— Por que ela não pode pintar no centro de recreação? — Masters fala.
Escoteiro prestativo como sempre. — Duvido que o dono se importe, — ele
brinca, olhando para mim com um sorriso amigável.
Eu abro meus olhos para ele, tentando dizer-lhe para calar a boca, mas
ele inclina a cabeça como se estivesse confuso.
Eu encaro Masters. Ele abre a boca, depois a fecha. Ele olha de mim para
Lennon, mas antes que ele possa tentar consertar sua merda, Claire ri.
— Você está brincando comigo, — diz ela, olhando entre mim e Lennon.
— Ele não te contou?
— Não me disse o quê? — Lennon diz lentamente, olhando para mim.
Ela sempre vai pensar que sou um perdedor. Ela nunca vai confiar em
mim.
****
— Eles disseram que a confusão é normal. Espere que ele pareça meio
desorientado e nebuloso, — minha mãe nos explica na sala de espera. — O
médico disse que ele pode soar engraçado também. Voz áspera ou fala
arrastada. Apenas aja normalmente, ok? Não queremos incomodá-lo.
— Ok, — diz Lennon, acenando com a cabeça. — Ok. Podemos vê-lo
agora?
— Eles disseram dois de cada vez, — mamãe diz, então inquieta com as
mãos olhando entre nós.
Eles não vão deixar Eric entrar porque ele não é da família, então ele vai
ficar no saguão com Evie, o que deixa eu, Claire, Lennon e mamãe formando
duplas.
— Lennon pode ir primeiro com você, mãe, — digo baixinho, e não perco
o olhar agradecido de Lennon. Claire não discute, graças a Deus, e Lennon e
mamãe desaparecem atrás das portas da UTI.
— Estou com medo, — Claire sussurra. Masters põe a mão no ombro dela,
mas ela olha para mim. — Não sei por que, mas estou.
Ela é a pequena Claire Bear novamente. Minha irmã mais nova. Ela está
escondida no armário do meu quarto para se certificar de que estou bem
depois de uma briga com nosso pai. Ela está me dando pacotes de água e
salgadinhos de frutas quando o querido e velho pai me mandou para a cama
sem jantar. Ela está me implorando para contar à mamãe a verdade sobre meu
pulso quebrado.
Ela costumava me amar. Nós costumávamos nos dar bem. É uma merda
que seja preciso uma tragédia para sermos gentis um com o outro.
— Ele está bem, Claire, — digo a ela. — Ele está acordado. Aquilo é
enorme. Ele estará de volta em casa antes que você perceba.
— Eu não quero que Evie cresça sem um pai como nós crescemos, — ela
sussurra contra mim. — Trent é bom.
Quando as portas da UTI se abrem, fico de pé. Mamãe sai primeiro, mas
meus olhos estão em Lennon. Ela parece terrível. Triste. Ela está olhando para
os pés enquanto caminha. Eu corro para eles.
Lennon finalmente olha para mim e minha garganta aperta. Não é nada
além de desespero, culpa e perda naqueles olhos castanhos.
— Ele não me conhece, — ela sussurra, sua voz oca. — Ele não sabia quem
eu era. Ele perguntou sobre Evie e você. Ele perguntou sobre Claire. Até Eric.
Mas foi preciso uma inspiração para que ele me conhecesse e, mesmo assim,
não sou...
Ela dá de ombros.
— Acho que ele pode estar mentindo, sabe, porque não queria me
chatear.
— Ele conhece você, querida, — minha mãe diz, puxando Lennon para
um abraço lateral. — Ele só está confuso. Mas ele conhece você.
Lennon assente.
Eu quero envolvê-la em meus braços e prometer a ela que vou fazer tudo
melhor. Mas depois da noite passada, tocá-la está fora dos limites. Então, eu
faço a próxima melhor coisa.
— Meu estúdio é seu, ok? Eu não estarei de volta até esta tarde.
— Sim, Len.
Estendo a mão e pego a mão dela para colocar minha chave reserva em
sua palma. Eu não deixo ir imediatamente. Sinto os olhos de todos em nós,
mas seguro a mão dela. Eu acaricio seu pulso com meu polegar. Eu a sinto.
Eu a observo sair.
Não reconheço os olhos que sei que estão em mim. Não tenho vontade
de me explicar ou dar desculpas. Tente o máximo que puder, nunca serei capaz
de agir como se ela não significasse nada para mim. Nunca poderei tratá-la
como uma meia-irmã. Não quero lidar com a inevitável decepção e repulsa.
Ele olha para mim, e vê-lo acordado é o suficiente para me fazer chorar
de alegria. Ele franze a testa por um momento, provavelmente procurando em
sua memória para me localizar, então seus lábios se abrem em um sorriso.
Eu ignoro a forma como sua voz rouca, rouca como se ele tivesse passado
dias sem água. Ou dias com um tubo enfiado na garganta.
— Ela está bem, — digo a ele. — Ela ficará feliz em ver você.
Uma vez quando ele se casou com minha mãe, uma vez no hospital
quando Evelyn nasceu, e uma vez no dia em que ele levou Lennon ao aeroporto
para mandá-la para a Inglaterra.
Agora, neste quarto de hospital, são quatro.
— Não consigo imaginar o que faria se não pudesse ver Evie crescer, —
diz ele. Uma lágrima escorre por sua bochecha. — Se eu não pudesse segurar
sua mãe novamente. O que você fez... Obrigado.
Eu fungo e enxugo os olhos com as palmas das mãos. Tudo o que posso
fazer é acenar com a cabeça. Se eu tentar falar, vou perdê-lo. Trent fica quieto
por um minuto, seus olhos distantes enquanto ele repassa algo em sua cabeça.
Trent olha para mim. Estuda meu rosto por um momento, procurando.
Minhas defesas começam a subir e meus ombros se contraem. Eu sei o que
está por vir.
— Você falou com ela? — Ele pergunta. Eu balanço minha cabeça. — Você
deve.
— O momento nunca será perfeito, — diz ele, — mas a vida é muito curta.
Se o seu acidente não lhe ensinou isso, então o meu deveria. Você deveria estar
orgulhoso. Você é um bom homem, Macon.
Eu fodi tantas vezes com ela já. Ela não confia em mim. Ela não acredita
que eu possa merecer elogios ou afeto. E se ela estiver certa? E se, mesmo
depois de tudo que conquistei, eu ainda conseguir decepcioná-la?
A noite passada prova que não cresci tanto quanto pensei. Provocando-
a.
— Vou pensar sobre isso, — digo a Trent, mas posso dizer pela maneira
como seus lábios franzem que ele não acredita em mim.
Ele abre a boca para falar, mas somos interrompidos por outra batida na
porta.
— Shh, shh, — ele sussurra. — Estamos todos bem agora. Vai ficar tudo
bem.
CAPÍTULO DEZENOVE
Macon
S
aio do hospital logo após a chegada de Claire.
Ela está sentada na minha mesa de desenho, e a visão faz minha garganta
secar.
Ela me pega olhando para ele e estremece. Ela estende a mão e toca a
ponta dele.
Deus, esta conversa é tão formal e estranha. É uma tortura. Ela mal
consegue olhar para mim.
A pausa é tensa, carregada, enquanto ela pensa sobre isso. Ela quase
recusa duas vezes, antes de abrir a boca e dizer: — Tudo bem.
Eu suspiro.
— Por que eles contariam a você, Lennon? A última vez que soube, você
se recusou veementemente a ouvir meu nome e teve que ser três vezes
assegurada de que eu estava fora do país antes mesmo de pensar em colocar
os pés em solo americano. Você não teria se importado em saber que seu meio-
irmão estava virando merda. Ele já estava morto para você.
Meus sentimentos estão feridos, sim. Mas dói ainda mais porque eu fiz
isso comigo mesmo. Seus olhos caem no chão, olhando fixamente para o nada.
As linhas de preocupação entre suas sobrancelhas são proeminentes, e eu
quero alisá-las.
Termino com minha roda, pego minha argila e sento para esculpir. Em
segundos, uma sensação de facilidade e retidão toma conta de mim. Algo que
só senti quando trabalhei ao lado de Lennon.
De vez em quando, deixo meus olhos vagarem para onde ela está sentada,
empoleirada na minha cadeira com o pincel na mão. Ela morde o lábio
enquanto trabalha. Às vezes ela murmura junto com a música tocando nos
alto-falantes.
Ela sempre fez isso, sentar-se para examinar seu trabalho e segurar o
pincel levemente enquanto rola a ponta de madeira sobre o lábio inferior. Eu
costumava esperar por esse movimento no ensino médio e, quando ela o fazia,
ficava sem fôlego.
Ela olha para mim por cima do ombro e sua respiração falha quando ela
me pega olhando. O mesmo velho zap de energia. A mesma necessidade.
Quando ela afunda os dentes em seu lábio inferior, tenho que cerrar minhas
mãos cobertas de argila em punhos.
— Oh.
Só ela e eu.
Lennon me puxa com ela enquanto ela caminha para trás até que ela está
correndo para a mesa de desenho. A água espirra e uma jarra faz barulho. Algo
cai no chão.
Ela joga a mão para trás para se segurar no momento em que a levanto e
a sento na mesa. Deslizo minhas mãos por seu torso, gemendo quando
percebo que ela não está usando sutiã por baixo da blusa. Ela suspira e eu
apalpo seus seios, meu pau latejando com o desejo de ver seu corpo nu coberto
com a argila das minhas mãos.
Ela empurra minha camisa para cima e eu me inclino para trás, apenas o
suficiente para puxá-la pelo resto da minha cabeça. Ela desliza as mãos pelo
meu torso e até meu bíceps, deixando rastros frios em seu rastro.
Eu puxo sua camisa sobre sua cabeça e beijo sua clavícula. Ela arqueia as
costas, pressionando seu peito em mim, e eu fecho meus lábios em torno de
um de seus mamilos tensos, rolando minha língua ao redor do piercing de
metal.
Eu quero comer sua boceta enquanto ela está deitada na minha mesa de
desenho.
Estendo a mão para o cós de seu short, e ela abre as pernas, mas quando
ela faz isso, seu joelho bate em um de seus potes de água e cai no chão.
Estendo a mão e limpo meu rosto e, com certeza, minha mão está coberta
de tinta verde e azul quando a puxo para trás.
Eu olho para o meu peito para ver marcas de mãos espalhadas por toda
a minha pele. Eu posso ver exatamente onde os dedos de Lennon estavam,
onde ela agarrou e arranhou em sua necessidade por mim.
Eu olho para o corpo dela para encontrar o mesmo, mas com argila, onde
eu a toquei com minhas mãos, e tinta, onde nossos corpos se conectaram.
Meu pau dói, e eu tenho que espalhá-lo sobre meus corredores. Sua
respiração falha, e eu olho para cima para encontrar seus olhos fixos na minha
mão. Eu aperto e ela sussurra que sim.
— Eu quero assistir você, — diz ela, e meu coração para. — Eu quero ver
você se tocar.
Eu faço o que ela quer, então corro meu punho sobre meu pau duro,
acariciando-o algumas vezes antes de apertar a cabeça. Eu assobio com a
sensação, com o jeito que ela está olhando, as pupilas enormes e a boca aberta,
observando-me tocar-me para pensar nela.
— Sim, — diz ela, os olhos nunca deixando minha mão. — O que você
pensa sobre?
— Estou pensando em foder com a língua sua doce boceta enquanto você
está deitada na minha mesa, coberta com minhas marcas de mãos de barro.
— Sim? — Ela move seus olhos para os meus rapidamente antes de deixá-
los cair de volta para o meu pau.
— Sim, — eu digo com um gemido. — Estou pensando em ter meu
esperma escorrendo pelo seu queixo.
— Estou pensando em seus lábios envolvendo meu pau duro, para que eu
possa foder sua garganta bem e profundamente. Até você se engasgar comigo.
Até que eu possa gozar em sua língua.
Ela gira a língua ao redor da ponta do meu pau, então fecha os lábios em
torno dele. Eu gemo e solto minhas mãos, deixando-a assumir.
Ela lambe meu eixo, me bombeia algumas vezes com a mão e me leva
para a boca sozinha, esvaziando as bochechas e depois engolindo em volta de
mim.
Agarro seu queixo com uma das mãos e o esfrego, a argila começando a
secar e descamar. Então eu uso minha outra mão para deslizar a cabeça do
meu pau para frente e para trás sobre sua língua.
— Você quer provar meu esperma? Quer que eu suje sua boquinha
imunda?
Ela late uma risada enquanto me deixa puxá-la para seus pés.
Ela estende a mão e puxa minha calça de volta, enfiando meu pau dentro
dela. Eu respiro fundo quando seus dedos acariciam a parte sensível de sua
cabeça, e ela sorri. Coisinha do mal.
Ela acabou de se engasgar com meu pau e agora ela está indo embora.
Ela olha novamente para a bagunça que fizemos, mas eu aceno para ela.
Ela encolhe os ombros, e eu posso dizer que ela está voltando para sua
cabeça.
Ela se vira e sai, e eu lhe dou três segundos antes de segui-la. Eu a pego
pouco antes de ela sair do corredor.
Macon
—E
i, mãe, — digo ao telefone. — E aí?
— Isso é ótimo, — eu digo com um sorriso. Pela primeira vez desde a saída
de Lennon ontem à noite, me sinto um pouco mais relaxado. Esta é uma boa
notícia. — Isso significa que ele deve estar um passo mais perto de casa, certo?
— Vejo você lá, — eu digo a ela, então paro. — Hum, você vai ter que ligar
para Lennon. Ela está de volta ao motel.
Dizer isso me irrita. Um flash de suas costas quando ela saiu ontem à
noite passa pela minha cabeça. Encontre uma nova maneira de me insultar,
ela disse. Como se fosse eu que estivesse insultando.
— Vou ligar para ela agora, — mamãe diz. Sua voz é tensa, mas nenhum
de nós reconhece isso. Em vez disso, digo a ela que a amo e que a verei em
breve, depois desligo como se não fosse uma bagunça total.
Eu continuo repassando minha conversa com Trent. Ele diz para falar
com Lennon. Ele diz que o tempo nunca será perfeito. A vida é muito curta.
O mais forte eu. A versão mais digna de mim. E agora que Lennon está
de volta, não tenho certeza se essa versão de mim existirá. Conversei mais com
minha terapeuta nos últimos dias do que desde que comecei o programa, três
anos atrás.
Para ser justo, Jessica sabia que isso poderia acontecer. Eu realmente
esperava que não.
O problema é que meu desejo por Lennon sempre foi mais poderoso do
que qualquer um dos outros.
E com ela tão perto? Perto o suficiente para tocar, beijar, foder, mas
nunca realmente ter?
Está me atrapalhando.
Eu sempre fui fodido, mas tê-la aqui está tornando tudo pior.
O elevador apita atrás de mim e eu me viro para ver Claire sair dele,
respondendo à minha pergunta.
Todos nós seguimos mamãe enquanto ela caminha pelo corredor até o
quarto de Trent. Ela verifica com uma enfermeira no caminho, e então ela está
batendo na porta dele e entrando.
— Bom dia, — mamãe diz levemente, e ouço a risada de Trent antes de
entrar em seu quarto.
— Olá, meu munchkin. — Trent ri e estende os braços para ela para que
minha mãe possa entregar Evie para ele.
Não consigo nem imaginar como ela deve estar se sentindo. Fora de
lugar? Como se ela não pertencesse? Ela está feliz ou triste agora? Ciúmes?
Culpada?
Eu dou um passo para o lado dela sem pensar e deslizo meu braço sobre
seus ombros. Ela não vacila ou se afasta. Para minha surpresa, ela realmente
se derrete ao meu lado, e eu me permito puxá-la para mais perto de mim. Eu
a sinto tensa brevemente quando Trent olha para nós, mas seu sorriso
imediato a relaxa.
— Abóbora, — ele diz suavemente, então estica o braço sem segurar Evie.
— Venha aqui.
— Aí estão minhas garotas, — Trent diz com uma risada, sorrindo para
Lennon e Evie, e por alguma razão, meus olhos se voltam para Claire.
Ela tem estado quase toda em silêncio, parada no canto da sala, e agora
eu sei por quê.
Ela está observando toda a interação com uma sobrancelha franzida. Não
raiva. Talvez um pouco de ciúme, mas principalmente apenas... mágoa. Perda.
Anseio.
Trent sorri e ri com suas duas filhas de sangue. Ambos se parecem com
ele de uma forma que Claire nunca será. Elas pertencem a ele de uma forma
que ela e eu não podemos, e sei que isso a incomoda.
Desde o dia em que Trent se casou com minha mãe, ele sempre chamou
Claire e eu de filhos. Nenhuma etapa envolvida.
Mas todo o carinho de Trent não muda o fato de que não éramos bons o
suficiente para nosso pai biológico. Eu cheguei a um acordo com isso nos
últimos anos, mas parece que é algo com o qual Claire ainda está lutando.
Passei a última semana derrubando-a, para que ela pudesse salvar seus
primeiros passos para Trent, e agora aqui estamos nós e tudo o que ela quer
fazer é sentar. Eu me agacho atrás dela e a pego de volta em meus braços.
— Você também era assim, — minha mãe diz com um sorriso, então ela
olha para Claire. — Vocês dois foram. Muito obstinado.
— Essa é uma boa maneira de dizer dor na bunda? — Claire pergunta com
uma risada, e minha mãe dá de ombros, o que é basicamente uma
confirmação.
A minha mãe merece a santidade por tudo o que passou comigo e com a
Claire.
— Fico feliz em ver que ela ficou mais obstinada com a idade.
Ele está sorrindo para Lennon, quando ela revira os olhos e acena para
ele se afastar, mas não sinto falta do tom de rosa em suas bochechas ou do
jeito que ela tem que lutar para impedir que seu pequeno sorriso se transforme
em um muito maior.
Lennon não ficou mais obstinada com a idade. Ela ficou mais honesta.
Porque, mesmo aos nove anos, com um vestido de bolinhas azul e branco e
uma trança francesa amarrada com uma fita branca, ela era tão obstinada
quanto eles.
****
Nós só ficamos no hospital por mais trinta minutos antes que uma
enfermeira vem e nos enxote, mas Trent pede a Lennon para voltar no final da
tarde.
Ela concorda, e todos nós saímos pela porta como uma família grande e
feliz.
— Vou me encontrar com Eric para o almoço, e então vou tentar fazer
algum trabalho, — Claire diz enquanto digita algo em seu telefone.
Lennon pega seu chaveiro e abre o carro alugado, então se vira para mim.
Ela usa óculos escuros protegendo os olhos, mas aposto que eles estão
sem foco e olhando para o nada enquanto ela está perdida em pensamentos.
Não digo a ela que já sei de cor seu número de telefone francês.
— Ok.
Ela vira a cabeça para mamãe e Claire, que estão nos observando com
interesse. Mamãe parece divertida e Claire parece preocupada.
— Vejo vocês mais tarde, — Lennon grita, então sobe no carro dela e vai
embora.
Meu número é tudo o que diz, e não posso deixar de sorrir para o meu
telefone.
Ela não responde, mas não precisa. Eu já sei que estou sob sua pele.
****
O lugar funciona como uma máquina bem lubrificada. Devo isso a James.
Quando comprei o centro há um ano e meio, o negócio era tão bem organizado
que pude contar com Trent para ajudar a administrar as coisas enquanto
estava alistado. Então, depois do acidente, assim que consegui andar bem o
suficiente, retomei o controle.
Conversei sobre isso com Trent e mamãe, então decidi fazer uma oferta
a James. Ele aceitou, embora não fosse tão bom quanto a oferta do grupo
comercial, e agora faço pagamentos diretamente a ele uma vez por mês.
É um pouco cedo para dizer, mas acho que a aposta valeu a pena.
Seu rosto está inexpressivo, mas sei que seus olhos estiveram por todo o
meu corpo. Eu posso senti-los, e no minuto em que nossos olhares se
conectam, eu a vejo de joelhos para mim, assim como na noite passada.
Ela não diz para voltar a pintar, mas eu não pergunto. Eu sinto que há
mais.
Tudo o que eu quero fazer é abraçá-la, beijá-la, mas nas duas vezes que
ficamos, ela foi embora logo depois.
Eu preciso ficar longe dela. É melhor para nós dois. Eu não posso tê-la
do jeito que eu quero, do jeito que eu preciso dela, então eu deveria deixá-la
ir.
Não digo que ela poderia ter apenas me mandado uma mensagem. Seus
olhos caem para minha coxa, então, e minha cicatriz queima.
— Sim. Às vezes mais do que outras, mas não é tão ruim quanto antes,
então não reclamo.
— É um problema, mas pelo menos é uma dor que escolho de bom grado.
Seus olhos se fixam nos meus, e eu sei que vou contar qualquer coisa a
ela quando ela olha para mim daquele jeito.
Os pelos dos meus braços se arrepiam e meu coração dispara, mas dou
um sorrisinho. Mantenho seu olhar por algumas respirações a mais do que
faria quatro anos atrás. Ela retribui tão bem quanto está recebendo. Nós dois
estamos um pouco inquietos quando começo a falar novamente.
Respiro fundo pelo nariz enquanto a dor sobe e desce pela minha perna.
Lennon não diz nada por um tempo. Ela apenas prende os olhos nos
meus enquanto espero que ela fale. Estou sempre esperando por Lennon, mas
não me importo. Eu estive esperando por ela desde que éramos adolescentes.
O que é um pouco mais longo?
Eu inclino minha cabeça para combinar com a dela, sustento seu olhar,
então digo honestamente, — isso nos torna um de nós.
CAPÍTULO VINTE E UM
Lennon
E, egoisticamente, eu me pergunto, por que ele não poderia ter feito isso
por mim? Eu teria feito isso por ele. Eu tentei. Inferno, uma vez, eu fiz.
Já escorreguei duas vezes desde que voltei e me odeio por isso. Posso me
sentir caindo de volta em padrões antigos e prejudiciais.
Estar perto dele está me forçando a ter uma mentalidade que pensei ter
superado. Eu pensei que era mais inteligente, mais forte, mas não sou. Deixei
meu corpo se sobrepor ao meu bom senso, e então fui tomada pela vergonha.
Vergonha e medo.
Eu posso dizer que vai doer mais desta vez. Preciso voltar para Paris. Eu
preciso sair desta cidade. Preciso me afastar de Macon e Claire.
****
— O máximo que pude ligado a tudo isso, — diz ele, apontando para os
monitores. Dou-lhe um sorriso simpático.
— Você vai sair daqui em breve. Eles já lhe deram uma data?
— Ainda não. Eles ainda querem me monitorar. Meu coração não está tão
forte quanto eles gostariam.
Mas agora, neste quarto de hospital, ouvindo isso da voz rouca do meu
pai?
Eu só me sinto triste.
— Você pode me chamar de Lennon, pai, — eu digo suavemente. — Sam
também.
Ele ri.
Papai gosta de Sam desde que soube que ela voou para a Inglaterra e
passou o verão comigo na casa da tia Becca. Acho que aliviou um pouco de sua
culpa.
— Sinto muito por não ter vindo visitá-lo mais, — digo a ele
honestamente. Ele suspira.
— Eu poderia ter ido ver você também, Len, — diz ele. — Funciona nos
dois sentidos.
— Não, pai, — eu digo. — Você e eu sabemos que eu não deixaria você ir.
Você tentou e eu neguei. — Eu suspiro e dou de ombros. — Tenho certeza de
que nunca lhe dei meu endereço.
Ele não responde por um instante e, quando fala, sua voz está mais forte
do que antes.
Fico com papai por uma hora, contando a ele todas as coisas que ele
perdeu. Rimos e choramos, e quando finalmente me levanto para sair, sinto
que parte do meu coração está curado.
Espero que o dele também, mesmo que só um pouco. Mesmo que apenas
no sentido emocional.
— O quê?
— Eu acho que há muita coisa que você não entende. Talvez você não
estivesse pronta. Não sei. Mas agora que você está em casa e vocês dois estão
no mesmo espaço, acho que você deveria falar com ele.
— Isso não faz sentido, pai, — eu digo. — Eu sei que você quer uma família
feliz com irmãos felizes, mas isso é apenas
Como ele pode dizer isso quando me mandou embora porque Macon era
meu meio-irmão? Como ele pode dizer isso agora, depois de quatro anos?
Depois de tudo com o que tive que lidar, depois de toda a dor e perda e auto
dúvida e automutilação?
É uma tentativa de amenizar sua culpa? Para expiar as coisas porque ele
quase morreu?
Por ele, por Macon, até por Claire. Minha confiança, meu valor próprio,
tudo isso foi prejudicado pelo que eles fizeram comigo.
E agora, ele acha que pode simplesmente passar por cima de tudo? Ele
acha que pode ser perdoado e esquecido com uma simples conversa, me
culpando e dizendo que eu não estava pronta antes?
Ele fica quieto por um minuto, a angústia clara em seu rosto. Culpa. Dor.
É mais emoção do que estou acostumada a ver nele. Ele geralmente é pedra.
Talvez sua saúde o tenha amolecido.
— Não estou pedindo para você fazer isso, Lennon. Apenas... fale com
ele. Por favor. E por favor, saiba que eu te amo. Com tudo em mim. Eu te amo.
Cada interação com Macon, cada conversa, cada toque, cada beijo,
ameaça me puxar de volta.
Mesmo seu sorriso me faz sentir coisas que não sentia desde os dezessete
anos, e eu odeio isso.
Eu odeio como ele é o único que pode acender esse fogo dentro de mim.
Eu odeio isso ainda mais, porque ele é o único que pode me arruinar tão
completamente.
Eu sempre tive uma queda pelo garoto que pode me quebrar. Achei que
tinha reforçado. Achei que tinha sumido. Mas quanto mais perto eu chego
dele, eu posso sentir isso enfraquecendo, e é aterrorizante.
Amar Macon Davis me destruiu uma vez. Eu não vou deixar isso
acontecer novamente.
****
Se Franco enviasse minha pintura pelo correio como disse que faria, ela
chegaria a qualquer momento. Pode até já estar aqui se ele enviar expresso
como eu pedi. Enviei a ele o dinheiro para o frete, embora ele tenha dito que
cobriria. Ele me conhece melhor do que isso. Eu não aceito esmolas.
Está bem. Eu posso entrar e sair. Tentei ser civilizada com ela no hospital,
mas isso não significa que quero fazer amizade. Claire e eu nunca seremos
amigas.
— Oh, — diz ela, olhando rapidamente por cima do ombro e de volta para
mim. — E aí?
— Onde você está indo? — Claire chama, me seguindo mais uma vez.
— Vou pintar.
— Na casa de Macon?
A agitação e a raiva mal contida em sua voz deixaram meus dentes tensos.
Quando me viro para encará-la novamente, ela percebe. Seus olhos brilham e
sua mandíbula aperta. Eu dou um passo à frente.
No momento em que ela responde, meu peito relaxa. Ela é meu lembrete
de que nem todas as pessoas na Terra não são confiáveis ou são um monte de
lixo.
— Eu disse que ele faria isso, — diz ela com um sorriso. — Ele nunca
esqueceria sua abóbora.
Apesar do meu amor por ele, nunca poderei perdoá-lo e não posso ter
amor verdadeiro sem perdão. Não importa o quanto eu gostaria de poder.
Eu solto uma risada. Eu não acho que ela percebe o quanto ela finge.
Provavelmente todos sabem o quanto ela os odeia. Eles apenas optam por
ignorá-la porque o pai dela é o senador Thom Harper.
— Eu odeio que você esteja naquele lugar velho e decadente. — Ela faz
uma careta. — Pelo menos deixe-me colocá-la em algum lugar melhor. Vou
usar o cartão de crédito da campanha — diz ela, erguendo as sobrancelhas, e
eu rio de novo.
— O hotel fica muito longe. Já que papai está acordado, quero estar perto.
— Eu sei, — diz ela com um suspiro. — Não consigo nem ficar brava com
isso.
Lennon
D
esligo com Sam e volto para o centro recreativo.
Meu tempo livre para pintar não é tão frequente, e meu Deus, que
saudade.
É como se eu precisasse dele para não precisar dele, mas vai explodir na
minha cara.
Eu forço os pensamentos para fora da minha cabeça enquanto coloco
meus pincéis e encho meus potes com água. Começo a misturar minhas tintas,
mas lembro que estou sem branco. Eu ia correr para a loja de arte para
comprar mais, mas esqueci depois da conversa com meu pai.
Não tenho tempo de dirigir até Norfolk agora, então decido ir até a sala
de arte para ver se há tintas lá. De volta ao colégio, eu o tinha em estoque com
meus favoritos. Provavelmente não tem mais, mas vale a pena tentar.
Algo dentro de mim está emocionado e com medo de virar isso. Eu nem
sei porque. Gosto de examinar o trabalho de outras pessoas, mas este,
escondido e ao contrário no armário de armazenamento, me faz sentir como
se tivesse tropeçado em um segredo.
Leva um minuto para processar o que vejo e, quando o faço, meu coração
bate tão rápido no peito que sinto que vou desmaiar. A luz é fraca, apenas
filtrada da sala de aula do lado de fora, mas mesmo na semi-escuridão, posso
ver perfeitamente.
Sou eu.
Mim.
Eu sei o que vai ser antes mesmo de deixar o lençol cair no chão, mas eu
ainda começo a chorar no momento em que o vejo, minha mão disparando
para minha boca para abafar meu suspiro.
A pintura é minha.
— O que é isso? — Sussurro para Macon. Seu rosto está cheio de tristeza.
— Você não deveria ter visto isso, — diz ele, com a voz tensa. — Ainda
não.
— Por que você teria isso? — Eu empurro minhas mãos pelo meu cabelo
e puxo. — Isso não faz sentido, Macon. — Eu levanto minha voz porque eu
preciso me ouvir sobre o martelar na minha cabeça. — Você me abandonou.
Você não se importou. Você me deixou em paz porque não se importou.
— Isso não faz sentido, — eu grito novamente, e jogo minha mão para
trás, apontando para as pinturas. — O que é isso?
— Você é minha, — diz ele, com a voz cheia de convicção. — Você sempre
foi minha, e eu sempre fui seu. Isso não mudou. Você pertence a mim.
— Por que você está fazendo isso? — Eu grito. — Por que você está
mexendo com a minha cabeça de novo?
Eu não pertenço aqui. Eu não pertenço a Macon. Ele não deveria ter
minha pintura. Ele não deveria ter me pintado.
— Eu não estou brincando com sua cabeça, Lennon, — ele rosna. — Foi
você quem se recusou a voltar. Foi você quem decidiu ficar na Inglaterra e ir
para a escola de arte sem contar a ninguém.
— Isso é besteira! Você ficou teimosa. Você teve um acesso de raiva por
ter sido enviada para a Inglaterra mais cedo e cortou todo mundo. Você
deveria ter voltado e não voltou.
Ele está realmente tentando dizer que isso é minha culpa? Que eu escolhi
isso?
— Fui para a reabilitação por nós, — diz ele, com a voz trêmula. — Para
que eu pudesse te amar direito.
Amor.
Ninguém me disse. Ninguém. Ele não pode dizer que fez isso por mim.
Ele não pode comprar meu quadro e achar que um ato perdoa tudo. Ele não
cuida há quatro anos. Talvez ele nunca tenha feito. Eu não posso adivinhar
isso de novo. Não posso deixar que ele me puxe assim de novo. Não posso fazer
isso com ele de novo.
Por que isso dói tanto? Eu cansei de sofrer por ele. Eu deveria ser mais
forte do que isso agora.
— Por que agora, depois de quatro anos? Eu estava indo bem! Eu estava
indo bem, e você tem que vir e me atrapalhar de novo? Eu estava bem sem
você!
— Sério? — Ele cospe, com o rosto contorcido e os olhos em chamas. —
Você não quer sério, Lennon. Você quer loucura. Você quer fogo. Menos do
que isso é perda de tempo.
— Sim eu sei!
— Imperdoável. Difícil de dominar. Você não quer fácil. Você não quer
apagar seus erros. Você quer construir sobre eles e transformá-los em algo
bonito. Você nunca quis boa, Lennon. Você quer aquarelas.
Sua voz está cheia de confusão e desespero. Ele está me implorando para
entender, e eu simplesmente não consigo.
— Eu pedi para você esperar por mim. Eu pedi para você não desistir.
— Como diabos você espera que eu espere por você com base em algo que
não significou nada para você no passado? — Eu pergunto. Minha voz é um
rosnado baixo. — Silêncio de rádio, Macon. O pior momento de toda a minha
vida e você não me deu nada...
— Eu vim por você! — Ele grita, suas mãos segurando sua cabeça. — Eu
voltei por você, Lennon. Quando saí da reabilitação, voltei, — repete. Ele fecha
os olhos. — E sabe onde te encontrei? Em um beco atrás de um pub com a boca
em algum inglês fodido e a mão dele enfiada na porra da sua calça.
— Quando? — Eu forço.
— Logo depois que você não voltou para a faculdade. Você praticamente
desapareceu e ninguém conseguiu falar com você.
Ele caminha em minha direção e, desta vez, não recuo. Deixei que ele
segurasse meu rosto gentilmente, seus olhos de chama azul perfurando os
meus.
— Eu nunca desisti de nós, — ele respira. — Mesmo depois que você fez,
eu não fiz. Porque você pertence a mim, Lennon Capri. Você sempre o fez e
sempre o fará.
E então me sinto com dezessete anos e não posso ser aquela garota. Jurei
a mim mesma que nunca mais seria aquela garota.
— Eu não posso fazer isso com você agora, — eu engasgo, virando minha
cabeça e deixando cair minhas mãos ao meu lado. — Eu preciso pensar.
Passo por ele e saio do depósito. Ouço seus passos atrás de mim.
Eu dou mais dois passos, então contra meu melhor interesse eu me viro
para ele.
Macon
M
inhas pernas balançam enquanto espero para sair do avião.
São quase 22h quando o táxi me deixa. Verifico o endereço mais uma vez,
respiro fundo algumas vezes e subo os degraus de dois em dois.
Silêncio.
Bato pela terceira vez, mais alto e mais rápido, e ninguém atende, então
me viro e me sento perto da porta. Vou esperar aqui a noite toda se for preciso.
Uma hora se passa e meu estômago começa a doer. Eu não comi o dia
todo. Estou agitado pra caralho, cansado demais e agora estou com fome.
Nenhuma dessas coisas é boa para a sobriedade.
Porra do inferno.
Pego outro chiclete e coloco na boca, mas não faz merda nenhuma, então
faço a próxima melhor coisa. Eu me levanto e saio pela porta para encontrar
alguns cigarros. Eu fui um idiota por pensar que desistir agora, depois de
desistir de todo o resto, era uma boa ideia.
— Obrigado.
— Eu tenho algo um pouco mais forte se você quiser, — ela diz para mim.
Sua voz é rouca, até sexy, e a promessa de algo mais forte me dá arrepios na
pele.
— Tenha uma boa noite, — eu digo a ela e me viro para sair, quando o
riso me faz parar.
Sigo na direção em que a ouvi rir, um beco entre o pub e o prédio ao lado.
Enquanto atravesso a multidão, ela ri de novo, e se não houvesse tanta gente
aqui, eu estaria correndo.
Não.
Alguém a está cobrindo.
Não.
Ele a está tocando. A mão dele está dentro da calça dela. Ele a está
tocando, e ela vai...
Corro para o outro lado do beco, me apoio contra a parede e vomito. Não
é nada além de água e bile, mas meu corpo tenta de novo, até que estou suando
e tonto.
Eu me viro de novo, porque sou um idiota de merda, e meus olhos caem
de volta para ela e aquele idiota. Ele ainda está grudado nela. Eu posso ver as
mãos dela segurando seus lados.
Um. Dois. Três. Minha pele racha e meus dedos estalam, e eu imagino
bater na cara daquele caralho até que alguém me arranque da parede.
— Você tem que parar, cara, — alguns sotaques ingleses. — Você vai se
foder bem.
Eu olho para ele, de volta para Lennon, então abaixo para meus dedos
dizimados e ensanguentados.
— Não, — eu digo a ele claramente, então passo por ele e entro no bar.
Eu lanço cinco doses antes de minha cabeça girar, então eu volto para a
rua, meus olhos se concentrando na mulher de antes.
— Você ainda tem algo mais forte?— Eu balbucio, e seus lábios se curvam
em um sorriso.
— Sim.
— Quer ir embora?
— Me siga.
Minha cabeça lateja e minhas mãos doem. Meus dedos estão cobertos de
sangue seco e inchados com o dobro do tamanho. Eu gemo e rolo de costas.
Tudo sobre a noite anterior volta para mim, me atingindo de uma vez, e
eu rolo para trás e vomito na calçada.
Fumei, bebi e tomei uma porcaria que alguém me passou. Eu posso ter
cheirado alguma coisa. Depois de um tempo tudo se mistura.
E Lennon...
Achei que ela era minha. Achei que ela sentia o que eu sentia.
— Sim, — eu resmungo.
Macon
E
u a observo sair.
Meu corpo grita para segui-la. Para fazê-la ver a verdade. Mas
eu não.
Você só vai piorar as coisas, disse ela. Não sei como poderia ser pior do
que isso. Já dói mais do que qualquer coisa.
Minha pintura dela geralmente fica no meu estúdio, para que eu possa
trabalhar nela.
Eu sabia que seria demais no começo, mas não esperava por isso. Achei
que seria embaraçoso explicar. Pensei em assustá-la.
Porra. O que eu fiz? Achei que estava fazendo a escolha certa. Achei que
estava fazendo a coisa certa.
Não registro a caminhada de volta ao meu apartamento.
Jogar argila, desenhar e lutar boxe. Essas são minhas saídas agora.
Não paro até meu telefone tocar. Sinto falta da ligação quando me levanto
para lavar o barro das mãos. Estou secando-os quando meu telefone começa
a tocar novamente.
— Olá.
— Macon, — minha mãe diz, com a voz estrangulada, — você tem que vir
para o hospital.
— O que é? — Eu forço.
— É Trent, — ela soluça, e meus ombros se soltam apenas para disparar
de volta para os meus ouvidos. — Eles tiveram que levá-lo às pressas para a
cirurgia.
— Ela está aqui, — diz ela, com a voz embargada novamente. — Ela estava
com ele...
Não.
Essa merda não pode acontecer com ela novamente. Ela já passou por
muito. Mãe dela. Eu. Ela não pode fazer isso com o pai também.
— Estou a caminho.
Como uma garota de dezessete anos que teve que fazer uma RCP para
salvar o namorado de uma overdose.
— Len, — Sam suspira, então corre para o lado dela. Elas imediatamente
se abraçam, um tipo de abraço apertado e pegajoso, e Lennon começa a chorar.
Elas já estiveram aqui antes, e algo me diz que foi minha culpa.
****
Durante seis horas, esperamos.
Sam intimida a enfermeira para que nos deixe comer na sala de espera e
depois ordena que a comida seja entregue. Ela joga conversa fiada comigo e
com minha mãe e ignora claramente Claire. Lennon mal fala, mas ela e Sam
não saem uma do lado da outra.
Isso me faz querer abraçar Sam. Quero agradecê-la, apesar do meu ciúme
e culpa. Se não posso ser o único a confortar Lennon, fico feliz que ela tenha
Sam.
Quando o médico sai, todos nos levantamos. Foi uma cirurgia bem-
sucedida, ele nos conta, mas haverá um longo caminho até a recuperação.
Trent ainda está sob anestesia e provavelmente não acordará por mais
algumas horas. Depois disso, ele precisa descansar. Podemos vê-lo pela
manhã.
A enfermeira diz a mamãe que ela pode ficar no quarto, então digo a ela
que levarei Evie para passar a noite. Claire sai para voltar para casa. Eu vou
atrás em breve para arrumar as coisas de Evelyn.
Eu tento ficar para trás para falar com Lennon. Eu preciso checá-la, mas
ela está presa no quadril de Sam, e Sam continua me olhando de soslaio.
Tudo em que consigo pensar é na história sobre a mãe dela, e meu peito
dói por Lennon.
Ela desvia o olhar de mim para tirar um pouco de batom da bolsa e aplica.
Ela estala os lábios, então olha para mim.
— Você se importa tanto, — ela diz, — você vai perguntar a ela por conta
própria. — Os olhos de Sam piscam atrás do meu ombro, então ela me dá um
meio sorriso. — Te vejo mais tarde, Davis.
Ela passa por mim e diz algo para Lennon. Lennon acena com a cabeça e
sai com Sam. Ela não olha para mim, e meu estômago cai para os meus pés.
Macon
— Ela está dormindo, — diz Claire quando entro na cozinha. Ela está
sentada ao lado de Masters bebendo uma xícara de chá quente.
Claire morde o lábio por um momento, vira os olhos para Eric, depois de
volta para mim.
Eu olho por cima do ombro de Claire para Masters. Ele está nos
observando atentamente, mas quando me pega olhando, ele desvia o olhar. Eu
tenho que abafar uma risada.
Eu poderia dar a ela um gostinho de tudo que ela me deu - deu a Lennon
- no passado.
Enquanto calço meus sapatos na porta da frente, posso ouvir Claire e Eric
conversando. Suas vozes são abafadas, mas a conversa continua.
— Estou tão orgulhoso de você, — Eric diz a ela. Sua voz é encorajadora
e calmante. — Você fez tão bem.
— Estou tão feliz que ele está me deixando fazer isso, — diz Claire. — Isso
é um bom sinal, certo?
— Eu acho que é.
Estou sorrindo quando corro de volta para o meu carro. Talvez Masters
seja bom para Claire. Talvez o relacionamento deles seja mais do que apenas
Claire sendo uma vadia amarga. Acho que vou ter que esperar para ver.
Do outro lado está Lennon. Ela está encharcada da cabeça aos pés,
parada em uma pequena poça de água da chuva. Suas roupas grudavam em
seu corpo e seu cabelo grudado nas laterais do rosto. Sua pele é pálida, seus
olhos vermelhos.
Eu não digo nada. Eu apenas seguro seus olhos enquanto ela olha nos
meus. Ela abre a boca duas vezes antes de finalmente falar, e sua voz é um
sussurro entrecortado.
Eu deslizo minha mão para seu pescoço, roçando meu polegar em seu
ponto de pulsação, e a puxo para mim, cobrindo sua boca com a minha. Ela
choraminga, então apalpa meu peito nu enquanto eu ando de volta para o meu
apartamento, chutando a porta antes de empurrá-la contra ela.
— Sim, mais, — ela murmura, e eu solto seu sutiã e o arrasto pelos braços,
deixando-o cair ao lado de sua camisa. Eu me movo para o outro seio e lambo
ao redor do mamilo e mordo. Seu aperto no meu pau aumenta e ela começa a
bombear.
— Foda-se, Lennon, — eu gemo. Estou tão duro que estou doendo por
ela.
Estou fazendo tudo o que deveria ter feito todos os dias nos últimos
quatro anos. Estou fazendo ela sentir outra coisa.
Eu caio de joelhos e puxo seu short sobre sua bunda e suas coxas, levando
sua calcinha com eles, até que ela esteja completamente nua em cima de mim.
Eu esfrego minhas mãos sobre sua pele sedosa, cavando meus dedos na
carne de suas coxas e bunda, antes de me deixar olhar para sua boceta nua,
brilhando com excitação sob uma palha de cachos escuros.
— Por favor, — ela diz, e eu arrasto minha língua sobre sua boceta,
gemendo quando finalmente a provo.
— Puta merda, — eu digo. — Eu quero que você goze em todo o meu rosto.
Eu mordo sua coxa novamente e chupo forte antes de voltar para seu
núcleo
— Molhe meus lábios com seu gozo. E então eu vou enfiar meu pau nessa
doce boceta e te foder, — eu digo em um rosnado. — Você quer isto?
Ela empurra seus quadris, esfregando-se para frente e para trás sobre
minha boca, e eu gemo contra ela. Meu pau está vazando pré-sêmen,
encharcando meu short, e estou tão duro que dói.
Mantenho o ritmo até que ela se aperta em torno de mim, até que ela
explode com um grito ofegante, e então me levanto.
Porra, eu poderia gozar agora, mas não vou transar com ela contra esta
porta.
Eu dou um passo para trás e tiro meu short, então a levanto. Ela envolve
suas pernas em volta da minha cintura, e eu capturo seus lábios novamente
enquanto nos conduzo para o meu quarto. Quando chego à cama, deito-a
suavemente antes de subir nela. Eu beijo seus lábios, sua mandíbula, seu
pescoço. Cada parte dela com que sonhei, eu saboreio e provo.
Eu sei o que ela está pensando, que tenho transado com mulheres sem
proteção, e a beijo rapidamente antes de aliviar suas preocupações.
Sua boca cai aberta, e ela puxa a cabeça para trás. Ela olha para mim,
salta seus olhos castanhos entre os meus, e eu posso dizer que ela está em
guerra consigo mesma.
Eu fico quieto. Eu a deixei pensar sobre isso. Eu espero por suas palavras.
Ela acena com a cabeça e lentamente guia meu pau duro de volta para
seu centro.
Seus seios pressionam contra o meu peito. Suas mãos no meu cabelo.
Suas pernas em volta da minha cintura.
Eu uso meu polegar para esfregar seu clitóris enquanto a fodo, até que
ela esteja tremendo e tremendo no limite.
— Venha para mim, — eu digo, minha voz tensa. — Venha no meu pau.
Me dê o que é meu.
Ela geme e suas coxas apertam em torno de mim. Ela desliza as mãos
para o peito e torce os mamilos, as barras prateadas refletindo a luz com um
brilho. Eu esfrego seu clitóris em círculos, e ela começa a ter espasmos, vindo
ao meu redor com um zumbido ofegante, então sigo atrás dela, puxando bem
a tempo de gozar em seu estômago.
Suas pernas caem na cama e seus olhos estão fechados enquanto ela se
esforça para recuperar o fôlego. Tudo o que você pode ouvir é nossa respiração
pesada e a chuva batendo nas janelas do lado de fora.
Lennon
P
apai está de volta à UTI e só permite um visitante por vez.
Parece que estou assombrada pela morte. Está sempre pairando ao virar
da esquina, e estou tão cansada disso.
Os médicos dizem que papai pode ir para casa em cinco dias, o que me
parece ridículo. Ele apenas teve o peito aberto. Como ele pode ir para casa em
cinco dias? Não parece certo, mas ficarei feliz em vê-lo eventualmente se
parecer mais com ele mesmo.
Achei que já estaria de volta a Paris. Alguns dias atrás, eu estava ansiosa
para voltar, mas agora? Agora, não tenho tanta certeza.
Estar aqui dói, e eu sinto isso em meus ossos. Eles doem com todo o peso
que este mês traz, e isso simplesmente não acaba. Agora, além de tudo, meu
pai está doente, e sei que devo ficar mais tempo enquanto papai se recupera.
Pelo menos até ele sair do hospital e melhorar. Posso passar mais tempo com
Andrea e Evie. Sam e eu podemos sofrer durante meu aniversário aqui.
E Macon.
Digo a mim mesma que ele não tem influência sobre minha decisão, e
então digo a mim mesma que não é mentira.
Quando penso nisso, meu corpo inteiro arde. Quando penso em suas
mãos, sua boca. A maneira como ele me fez sentir. Aperto o volante e tento
tirar os flashbacks da minha cabeça, mas não consigo. Eles estão em um loop
constante.
Eu dou uma sacudida na minha cabeça. Não consigo pensar nisso agora.
No ensino médio, eu era a única que tentava ver além de seu exterior
problemático. Eu sempre tentei encontrar o lado bom dele, e sempre saiu pela
culatra.
Mas... não sei.
Parece diferente desta vez. Ele diz que não esteve com mais ninguém.
Isso pode ser verdade? Ou ele poderia estar tentando me manipular? Ele me
disse que eu não era especial naquela noite em sua cozinha. Qual é a mentira?
Acho que, no fundo, sei a verdade. Não sei o que isso diz sobre mim que
eu gostaria de não saber. Seria mais fácil se ele fosse um monstro.
Eu ligo meu rádio mais alto para abafar o resto dos meus pensamentos
enquanto dirijo.
— Cou cou, — ele diz de volta. — Eu só queria conversar. Não tive notícias
suas e gostaria de verificar. Você ainda precisa de sua pintura ou estará em
casa em breve?
— Na verdade, Franco...
— Ele teve um aneurisma ventricular, — digo a ele. — Então ele vai ficar
no hospital por mais cinco dias... e depois vai fazer terapia intensiva...
— Je suis vraiment désolé5, — ele diz suavemente. — Sei que deve ser
difícil. Então, você vai ficar lá mais cinco dias?
Engulo em seco e aceno com a cabeça, mesmo que ele não possa me ver.
Quando chego à loja de arte, está praticamente vazia. Vou até as tintas e
pego as de que preciso, depois vou até o caixa.
— Sim, ainda bem que estamos fechando mais cedo, — ele murmura, sem
olhar para mim.
Eu escapei dele esta manhã. Nenhuma nota. Nenhum aviso. Ele estava
dormindo profundamente, parecendo absolutamente lindo, e eu o deixei. Eu
estava sentindo demais. Eu estava pensando demais.
Eu só precisava de espaço.
Ninguém nunca me fez sentir do jeito que ele faz, de todas as maneiras
possíveis. É como se ele acendesse um fogo dentro de mim. Ele me enrola até
que eu esteja tão cheio de energia que poderia explodir. E ainda... eu nunca
Eu quero ele. Sempre vou desejá-lo, mas não sei se algum dia haverá um
momento certo para nós.
****
— Bonjour , Payton.
— Você está aqui para ajudar? — Ela pergunta, e eu inclino minha cabeça
para o lado.
Meu queixo cai. Já é o quatro? Como isso aconteceu? Antes que eu possa
responder, outra voz interrompe, e Payton e eu nos viramos para o alto-
falante.
— Ela está aqui para ajudar, P, — diz Casper com um sorriso travesso. —
Ela está comigo.
Ele se vira para mim e levanta uma sobrancelha em desafio. Ele examina
minha roupa, é chique e está na moda. Muito francês.
Eu olho para ele em descrença e franzo meus lábios, mas não posso lutar
contra o pequeno sorriso que aparece.
Concordo com a cabeça, mas não digo mais nada. É muito para
processar. É difícil conciliar este Macon com o Macon que conheci. Sempre
soube o homem que ele poderia ser, mas nunca pensei que veria isso
acontecer.
Fiz exatamente o que ele me pediu para não fazer. Eu desisti dele.
Alguém passa pela porta e meus olhos disparam para a pessoa. Sua
atenção está em uma prancheta e ele tem um lápis na mão, marcando algo. Ele
está vestindo um par de shorts esportivos e uma camiseta esfarrapada do
Franklin Youth Rec Center que eu reconheço do colégio.
Percebo que seu cabelo está levemente encaracolado nas laterais de seu
boné preto virado para trás, e meu coração acelera. Eu tinha minhas mãos em
seu cabelo na noite passada. Está ficando mais longo, e eu odeio o quanto isso
me excita.
A última vez que o vi foi esta manhã enquanto ele dormia profundamente
em sua cama. Pouco antes de eu escapar dele sem sequer me despedir.
— Oi, — ele diz lentamente, então balança a cabeça. — O que você está
fazendo aqui?
— Ela está ajudando, — Casper responde por mim, e eu mostro a ele o
novelo de lã do qual estou cortando longas tiras. — Eu acho que ela seria boa
em pintura facial amanhã.
— Vamos lá, Len, — ele incita. — Você seria muito melhor nisso do que
Jaxon. Ele preferiria estar cuidando da churrasqueira.
— Você sabe que Jaxon vai ser péssimo em pintura de rosto. Sorrisos
emoji e flores hippies.
— Tem certeza?
Sua voz ecoando as mesmas palavras para mim ontem à noite se repete
em meus ouvidos. A maneira como seu olhar aquece, acho que ele está
pensando nisso também. Eu aceno lentamente.
— Tenho certeza.
— Ei, — diz ela quando ela atende. — Onde você esteve? Achei que íamos
almoçar.
— Hmmm.
— O quê?
— Mas...?
— Você é tão nerd. — Eu ouço sua risada seguida por um suspiro áspero.
— Você sabe o que quero dizer, porém, Len, — diz ela suavemente. — Eu
vi vocês juntos desde que vocês voltaram, eu posso dizer. Tanta tensão sexual
vai atirar qualquer tiro de amizade platônica direto para o inferno.
— Bem, pelo menos foi bom? — Ela pergunta, e eu não posso deixar de
sorrir. Meu rosto esquenta e uma centelha de desejo dispara através de mim.
— Sim, — eu sussurro, e Sam fica quieta. Eu espero algumas respirações
antes de cutucar. — O quê?
— É só... tome cuidado, ok? Você pode estar tentando esquecer tudo, e eu
respeito isso. Mas eu me lembro. Eu estava lá. Eu vi o que o descuido dele fez
com você. Algo assim... não deveria ser apenas perdoado. Deus, alguém que
faz você se sentir assim? Isso merece derramamento de sangue.
Eu sei que ela é. Não posso simplesmente empurrar tudo o que aconteceu
para o fundo da minha mente e fingir que não aconteceu.
Mas Sam sempre foi um fogo em primeiro lugar, guarde rancor após o
tipo de pessoa. É preciso um ato vingativo tão duro quanto aquele que a feriu
para fazê-la seguir em frente. Eu não a culpo por isso. A merda que ela passou
endureceria o coração de qualquer um.
Mas...
Talvez eu não seja tão forte quanto pensei. Eu sempre fui puxada para
ele. Provavelmente sempre estarei. Especialmente agora, quando meu corpo
está buscando conforto.
— Eu não estou dizendo a você o que fazer, — ela continua quando eu não
falo.
Sua voz é mais suave desta vez, e isso me lembra de England Sam. A Sam
que passou um verão inteiro comigo só para me abraçar às três da manhã,
quando pensei que meu mundo estava acabando.
Meu estômago revira com a pergunta dela, e tenho que respirar fundo
duas vezes antes de responder.
— Não.
— Você vai?
Lennon
— Eles não são franceses, mas não são ruins, — ela diz enquanto me
entrega um.
— Vou comer meu peso em pain au chocolat na próxima vez que for
visitá-la, — diz ela. Eu não respondo e nem sei por quê. Posso senti-la me
olhando de soslaio enquanto caminhava para o carro.
— Ei, — ele diz para mim com um sorriso. — Estou feliz que você
conseguiu.
Ele segura meu olhar por um breve momento, apenas o suficiente para
me dar arrepios, então move seus olhos para Sam. Ele levanta uma
sobrancelha.
— Harper.
— Davis.
— Você está aqui para trabalhar? — Ele pergunta, e ela lhe dá um sorriso
atrevido. Eu tenho que morder meu lábio para não rir.
Eu perco meu controle depois disso e solto uma risada. Macon revira os
olhos com um sorriso, depois gesticula por cima do ombro.
Estamos montadas em uma tenda do lado de fora com uma folha de flash
de opções de pintura facial. Eles são bem básicos e sem graça. Sorrisos emoji
e flores hippies, como disse Casper.
De jeito nenhum vou pintar algo de uma folha de flash nessas crianças.
Não sou pretensiosa, mas sou um artista e meu trabalho deve refletir minhas
habilidades.
****
Algumas horas depois, estou surpresa com o quanto estou me divertindo.
A certa altura, minha fila tinha vinte filhos e pais, e meu sorriso era tão
grande que minhas bochechas doíam.
Quando há uma quebra na fila, sinto olhos em mim e olho para cima para
encontrar Macon caminhando em minha direção. Seu sorriso aquece meu
sangue, e eu não consigo desviar o olhar dele até que esteja bem na minha
frente e coloque dois copos de limonada na mesa.
— Trouxe algo para você beber, — diz ele, lançando os olhos para Sam
brevemente e depois de volta para mim. — Como tá indo? As crianças estão
ótimas.
— Obrigado por fazer isso, — diz Macon, e meus lábios se curvam nos
cantos.
— Estou me divertindo muito, — digo a ele honestamente. — É incrível
que você tenha juntado tudo isso.
— Definitivamente sim.
— Ok, — eu sussurro.
Caramba. Por que ele não pode ser um pouco menos atraente?
Um pouco depois, Andrea aparece com Evie, Claire e Eric. Claire e Eric
param antes de chegarem à minha mesa, e sou grata por isso. Sorrio para
Andrea quando ela se joga na minha cadeira com Evie no colo.
— Ok, Drea, o que você gostaria? — Eu pergunto, então olho para cima
para encontrar seus olhos arregalados de surpresa. — O quê? Está tudo bem?
— Sim, claro, — ela força com uma risada. — Desculpe. É só... você não
me chama assim há muito tempo.
Minha testa franze enquanto penso nisso. Eu a chamei de Drea. E ela está
certa. Eu não disse isso desde... antes de eu sair. Não sei como me sinto sobre
isso, então simplesmente aceno com a cabeça e mudo de assunto.
Quando elas saem da minha barraca para explorar o resto do evento, meu
sorriso é enorme e meu peito está cheio.
— Bem, isso foi adorável, — diz Sam, e eu olho para cima para encontrá-
la comendo um picolé vermelho, branco e azul em forma de foguete. — Olhe
para você sendo toda Lennon Washington Golden Girl.
— Fui desviada. Você sabia que Macon tem um freezer cheio dessas
coisas? Eu já peguei três.
— Acho que você pintou o rosto de cada criança aqui, — diz ela,
apontando para nossa linha inexistente. — Vamos pegar um pouco de comida.
Sam e eu andamos por aí, examinando todas as atividades e batendo
papo com pessoas que conhecíamos. Eu mantenho meus olhos em uma dança
constante, pulando de pessoa para pessoa, procurando por um boné virado
para trás e uma regata azul, shorts cáqui e um braço coberto de tatuagens.
Ele tem uma garotinha nos ombros, talvez de seis ou sete anos, e as
mãozinhas dela estão apoiadas em seu boné de beisebol. Ela tem uma
borboleta roxa pintada no rosto e seu sorriso é enorme. Eles estão caminhando
com um casal mais velho, possivelmente os avós da menina, e ele está
conversando com eles sobre algo.
Sei quem é sem precisar olhar e, quando Macon se senta ao meu lado,
preciso contar até dez antes de olhar para ele.
— Ei, — diz ele com um pequeno sorriso. — Tudo bem se eu sentar aqui?
Macon é lindo.
— Hmmm?
Eu me inclino para mais perto, até sentir sua respiração fazendo cócegas
em meu rosto. Ficamos nessa posição, a poucos centímetros um do outro, pelo
que parece uma vida inteira. Até que eu possa prová-lo e senti-lo de memória.
Então, assim que ele começa a diminuir a distância, uma explosão alta soa ao
nosso redor e nos separamos.
Eu rio, olhando para ele, seu corpo inundado pelas luzes vermelhas e
azuis do céu. Seu sorriso é tão grande, mostrando dentes brancos e retos
emoldurados por lábios carnudos e macios. Não consigo parar de rir enquanto
observo seu rosto, as luzes brilhantes tornando-o ainda mais bonito.
****
Sam nos leva de volta ao meu motel depois da queima de fogos. Ouvimos
música e conversamos sobre o dia, mas felizmente ela não menciona Macon.
— Tem certeza de que não quer que eu entre? — Sam pergunta enquanto
ela para no estacionamento. — Podemos beber vinho e assistir TV de merda.
— Claro, — ela diz, então seu rosto fica sério. — Você sabe que eu estou
aqui, certo? Não importa o que.
— Também te amo.
Para cima e para baixo, para frente e para trás, deixando uma trilha no
tapete do meu quarto de motel barato.
Talvez possamos lidar com isso agora. Talvez sermos diferentes seja uma
coisa boa. Talvez isso signifique que não cometeremos os mesmos erros
novamente.
Ele não diz nada quando me aproximo dele; ele apenas me observa com
os olhos arregalados.
Quando coloco minhas mãos em seu peito, ele suga uma respiração
áspera, mas não faz nenhum movimento para removê-las. Eu deslizo minhas
mãos até seus ombros, passo meus dedos sobre sua mandíbula, então me
levanto na ponta dos pés, até que meus lábios estejam a centímetros dos dele.
— Eu estava esperando que você viesse, — ele sussurra contra mim, seus
lábios pairando sobre os meus.
— Estou aqui.
Macon
Coloco minha mão sobre a dela e aperto levemente antes de correr meu
polegar para frente e para trás sobre sua pele macia.
Eu sei que isso é muito. Porra, eu sou muito. Mas cansei de tentar
esconder as coisas dela. Estou me desnudando.
— Macon, — ela diz finalmente, com a voz embargada, — Eu não acho
que eu... Você não sabe que valho tudo isso. Tanta coisa aconteceu. Tanta coisa
mudou.
Eu sei o que ela está pensando. Não somos mais aquelas crianças. Não
podemos ser ingênuos o suficiente para pensar que podemos trabalhar. Mas...
Por que não podemos?
— Lennon, não há nada que você possa fazer para ficar aquém de como
eu te vejo, porque eu te vejo exatamente como você é.
Ela pisca para mim, sem fala, então franze a testa enquanto seus olhos
examinam meu rosto. Se eu fosse uma pintura, ela estaria passando o pincel
sobre o lábio agora. Ela está me estudando. Tentando me entender. Ela está
inquieta, e eu também.
— Ok.
Com uma mão, estendo a mão e libero seu lábio, esfregando suavemente
sobre a marca de mordida que ela deixou. Com a outra, descanso a palma da
mão em sua coxa, bem sobre as pequenas cicatrizes salientes. Ela fecha os
olhos e suga uma respiração áspera. Meu coração dói por ela.
Ela balança a cabeça ligeiramente, mas abre a boca para falar. Então ela
fecha novamente.
Eu deslizo minha mão para seu pescoço, correndo meu polegar sobre seu
ponto de pulsação, e ela se inclina para mim. Eu espero. Uma vida inteira se
estende no silêncio.
Finalmente, ela abre os olhos e trava seu olhar com o meu. Ela encolhe
os ombros, dando-me um pequeno sorriso triste.
— Eles foram uma libertação quando eu pensei que não tinha mais nada,
— ela sussurra, e meu peito se abre.
****
Eu posso dizer pela forma como o sol está brilhando através da janela,
mesmo antes de abrir meus olhos. Cegamente, alcanço Lennon, precisando
puxá-la de volta para mim.
Silêncio.
Respiro uma vez, cerro os dentes e me viro para o lado vazio da cama.
Sento-me lentamente e trabalho com meus pensamentos, e antes de perder
completamente a cabeça, imaginando o pior, um pedaço de papel na mesa de
cabeceira chama minha atenção.
Eu praticamente me jogo nele, pegando-o da mesa e lendo-o em uma
única respiração. Então meus ombros relaxam.
Jesus, a ansiedade que acabei de sentir era irreal, e tudo que consigo
pensar é como Lennon deve ter se sentido uma merda ao acordar depois do
baile. Pressiono as mãos nos olhos e esfrego, depois me levanto e me visto. Eu
pulo um banho. Eu não quero lavá-la de mim ainda.
Vou até a cozinha e faço um café, depois pego uma barra de proteína no
meu armário. Tenho algumas coisas para fazer no centro recreativo hoje e
depois vou colocar todas as minhas cartas na mesa.
Tentei ligar para Capri, mas ela não atendeu. Se você a vir,
pode dizer a ela que seu amigo francês está em casa com Claire?
Não estarei em casa por um tempo. Obrigada! Amo você.
Lennon
Acordei às 10h15 com uma mensagem de Franco, dizendo que meu mais
novo quadro deveria chegar às dez da manhã. É uma distração bem-vinda.
E nós agora?
Ele diz que não me abandonou de propósito. Ele diz que esperava que eu
voltasse. Ele diz que nunca desistiu de nós.
Não.
Alguém poderia ter me dito onde Macon estava. Alguém poderia ter me
contado a verdade.
Inferno, até mesmo Macon poderia ter me dito em vez de me deixar nua
e sozinha naquela cama de hotel com nada além de um post-it amassado e um
coração partido.
Por que ele me deixou lá? Onde ele foi? O que aconteceu naquela noite
que o fez desaparecer antes de eu acordar?
Mas Macon voltou para me buscar. Eu sei que ele está dizendo a verdade.
Ele estava lá na noite em que me autodestruí. Três dias depois, Sam teve que
me deixar e ir para Georgetown. Uma semana depois me mudei para Londres
para estudar arte e comecei a frequentar Capri. Um ano antes de desistir e me
mudar para Paris.
Eu quero ficar com raiva por ele não ter se mostrado, mas a essa altura,
teria mudado alguma coisa? O estrago provavelmente já estava feito.
Talvez Sam esteja certa. Não posso perdoar Macon pelo que ele fez. Eu
não deveria. Mas talvez aquele Macon seja diferente deste Macon. Eu me sinto
diferente daquela garota de quatro anos atrás. Por que não pode ser o mesmo
para ele?
Tudo o que sei é que, pela primeira vez em muito tempo, estou ansiosa
para voltar para a cama com alguém. Aguardando outra conversa. Outro beijo.
Quero alguém ao meu lado quando pinto. Eu quero alguém ao meu lado
sempre.
Não Macon do ensino médio. Macon a partir de hoje. Macon que foi para
Marinha. O da Comunidade Staple. Incrível irmão mais velho e filho Macon.
Claire... e...
— Ele está indo tão bem quanto se pode esperar agora. Ainda não o vi
hoje, mas quando o vi ontem, ele estava de bom humor.
— Eu queria te surpreender.
— Meia.
Ela poderia ter me dito que ele estava em reabilitação, mas em vez disso,
ela disse o que sabia que me machucaria.
Eu a encaro até que ela olhe para mim. Quando ela finalmente o faz, suas
narinas se abrem e suas sobrancelhas se juntam.
— Estou surpresa que ela não tentou falar merda sobre mim enquanto
estava fazendo companhia a você. — Eu inclino minha cabeça para o lado e
descanso minha mão no meu queixo enquanto observo o rosto de Claire ficar
vermelho. — Ou ela disse?
— Jesus Cristo, Capri, — Claire cospe. — Claro, eu não falei merda sobre
você.
Eu rio alto, calando-a. Ela sabe muito bem que não me importo com Eric.
Eu não fiz no ensino médio. Eu não sei.
Eu dou três passos, então estou bem na frente dela do outro lado da ilha
da cozinha. Ela se encolhe, mas não se afasta.
— Você deveria ter voltado, — diz Claire. — Você não deveria ter ficado
na Inglaterra. Você deveria estar de volta quando ele saísse.
Besteira.
— Não! Não. Eu só estava... eu estava brava, — ela diz. — Você não deveria
ter ido embora.
— Eu nunca deveria ter saído, — eu grito. — Você estava com tanto ciúme
que teve que orquestrar a coisa toda?
— O quê? Não!
— Você é uma cadela miserável, Claire. Não suportava que você não fosse
o centro das minhas atenções? Você era tão mesquinha que teve que nos
separar?
— Não, Lennon, Jesus, — Claire grita. — Eu não sabia que você iria
aceitar depois daquele e-mail, ok? Achei que você voltaria para casa no final
do verão e então...
Isso é inacreditável.
— Então, você me mandou embora? Você sabe o quão fodido isso foi,
Claire? Você ao menos sabe a bagunça que causou?
— Eu não mandei você embora! — Ela cerra os punhos ao lado do corpo
e estreita os olhos. — Eu não deveria ter dito essas coisas naquele e-mail, mas
não mandei você embora.
— Eu não contei merda nenhuma pro seu pai, Lennon. Foi Macon.
Minha cabeça se inclina para trás e minha boca se fecha enquanto olho
para Claire.
— Macon disse ao seu pai que vocês dormiram juntos na noite do baile.
Ele pediu ao seu pai para enviar você. Macon é a razão pela qual você foi
mandada embora mais cedo. Pare de me culpar por tudo.
— Você está mentindo, — eu cuspo. — Isso é o que você faz. Você está
mentindo, porra.
— E sabe o que mais? Macon esteve aqui. Naquele dia você estava
chorando e implorando para se despedir? Ele estava aqui, lá em cima,
espancado e ensanguentado, e se escondeu de você.
Dou um passo para trás, tropeço no pé e caio para trás nos braços de
Franco. Eu procuro o rosto de Claire freneticamente, procurando por malícia
ou mentiras, mas tudo que encontro é tristeza e vergonha.
— Eu não sou a razão pela qual você foi mandada embora mais cedo, —
diz ela novamente. — Eu fiz um monte de merdas mesquinhas das quais não
me orgulho, mas essa não é uma delas.
Não consigo falar enquanto repasso o que ela disse em minha mente.
Eu ando até a porta da frente e saio para o sol. Dou três passos em direção
ao meu carro quando uma mão envolve meu pulso, me parando e me girando,
então me puxando para um abraço.
Eu começo a chorar em sua camisa. Ele pega meu queixo entre o polegar
e o indicador e inclina minha cabeça para cima, então ele está olhando nos
meus olhos.
Meus olhos se abrem bem a tempo de ver Macon jogar Franco no chão.
Franco grunhe de dor e eu coloco minhas mãos no rosto.
De novo não.
Franco tenta se levantar, mas Macon o empurra de volta, dessa vez com
mais força, e Franco grita algo em italiano.
— Esse é o seu maldito francês? Ele acabou de vir para a América por sua
causa? Você vai simplesmente vai voltar para a porra do seu francês?
— Acabei de descobrir que você é a razão pela qual fui enviada para a
Inglaterra mais cedo.
Macon congela.
Seus olhos saltam entre os meus enquanto ele tenta juntar as peças do
que estou dizendo. Ele está surpreso que eu saiba? Ele está se perguntando
como eu descobri? Ele nunca iria me contar?
— É verdade?
— Eu pensei que estava sendo punida por meu pai por meu
relacionamento com você, mas o tempo todo foi sua culpa. Fui mandada
embora por sua causa? Você tem alguma ideia do que você fez? O que eu passei
por sua causa?
— O quê?
Eu fecho meus olhos. Não digo essas palavras em voz alta há anos. Não
desde que confessei a Sam. Não para mais ninguém desde então.
Por quatro anos, apenas duas outras pessoas sabiam do meu segredo, e
eu apenas gritei para qualquer um que estivesse próximo o suficiente para
ouvir. A realização me faz balançar em meus pés.
Abro os olhos quando Macon fala, a dor em sua voz entrecortada me
atravessa e consigo simpatizar. Eu já senti isso antes.
A dor dispara pelo meu corpo novamente. Posso ouvir Sam tentando me
acalmar no caminho para o hospital. Posso sentir a mão de tia Becca
apertando a minha. O medo e a devastação sufocam minha traqueia. Meu
coração se despedaça. Tudo o que posso sentir é dor. Tudo o que posso ver é a
escuridão.
Está tudo bem, Lennon. Vai ficar tudo bem. Nós vamos superar isso.
Eu sei. Eu sei. Estou aqui. Apenas segure-se em mim, ok? Vai ficar tudo
bem.
— No meu aniversário.
Deus, eu odeio este mês.
Observo enquanto Macon repassa tudo em sua cabeça, enquanto ele luta
consigo mesmo. Então eu observo enquanto ele desliga. Ele dá um passo lento
em minha direção, depois outro.
— Não. Acabou.
— Sinto muito que você teve que passar por isso sozinha.
— Você deveria ter me ter, — ele diz, e eu abro meus olhos e os travo com
os dele.
— Sim, eu deveria ter. Mas não tive. E nada vai mudar isso agora.
Espero para ver se ele vai dizer mais alguma coisa. Eu dou a ele uma
respiração, então duas, então três, antes que meu coração caia aos meus pés.
Não sei se alguma vez quis contar a ele, mas definitivamente não queria
que ele soubesse dessa forma.
— Lennon.
Eu olho para cima do meu lugar no chão, aninhada nos braços de Franco,
para o rosto encharcado de lágrimas de Claire. Ela parece absolutamente
abalada, e não consigo me importar.
— Eu acabei de...
Eu expliquei.
Eu te disse.
Eu pedi para você esperar por mim.
Astraea.
É um esboço meu.
Nunca tive tanto medo quanto agora. Sei que o rancor que guardo, a
maneira como venho punindo Macon mentalmente há quatro anos, está
prestes a explodir.
Este bilhete, aquele que ele colocou na minha mala há quatro anos, muda
tudo.
Minha Astraea,
Desculpe. Se você está lendo isso, significa que sua bagagem chegou à
casa de sua tia e você está a um oceano de distância de mim. Porra, eu já
sinto sua falta. O baile foi a melhor noite da minha vida. Essa memória vai
alimentar minha recuperação, Astraea, eu prometo. Eu tenho que ir para a
reabilitação. Vou embora hoje depois que Trent deixar você no aeroporto.
Lamento não poder contar antes. Por favor, não fique com raiva do seu pai.
Eu pedi a ele para enviar você mais cedo. Prometo explicar em detalhes
quando eu sair e você voltar para casa no outono. Aproveite a Inglaterra.
Eu sei que é seu sonho desde pequena. Tire muitas fotos porque eu quero
ouvir tudo sobre isso. Não desista de mim, Astraea. Apenas espere por mim
mais um pouco. Então, quando eu sair, é você e eu. Sério. Alto. Para
sempre. Eu te amo, Lennon Capri Washington.
-M
Dou passos regulares até ficar a apenas alguns metros à frente deles.
Meus olhos permanecem em Claire.
Ele balança a cabeça e aperta minha mão de volta, mas não fala. Dou uma
última olhada em Claire, então me viro e caminho até meu carro.
Digo isso a mim mesma várias vezes enquanto dirijo pela cidade, mas
ainda quase desmaio de alívio quando encontro o carro de Macon no
estacionamento do centro recreativo.
Está bem.
— Macon?
A ironia.
Lentamente, volto para o corredor. Espio dentro do quarto, mas sei que
não vou encontrá-lo lá dentro. Está vazio, então continuo em direção ao
estúdio.
Minha respiração sai em uma lufada quando vejo Macon atrás de sua
roda de oleiro, sem camisa e coberto de argila com a frente de seu cabelo
puxado para trás por um prendedor de borboleta rosa.
Seus olhos disparam para os meus antes que eu possa falar, e ele desliga
a máquina imediatamente.
Por alguns momentos, apenas olhamos um para o outro. Eu o olho, seus
olhos, rosto e corpo. Ele está sóbrio, tenho certeza. Não sei o que aconteceu na
cozinha, mas sei que ele não teve uma recaída. Ele não cedeu ao vício, mas
definitivamente passou por algo aqui na última hora, e acho que posso
adivinhar o que foi.
— Meu bilhete?
Dou passos lentos em direção a ele e para quando estou fora do alcance
do braço.
Ele passou os últimos quatro anos pensando que eu tinha esse bilhete.
Ele passou os últimos quatro anos pensando que eu desisti dele de bom
grado, e ainda assim ele me segurou.
— Ela tirou da minha bagagem, — digo a ele claramente, e seu rosto fica
chocado. — Hoje foi a primeira vez que vi. Antes de hoje, eu nem sabia que
existia.
Ele não diz nada por um longo tempo. Ele olha para o envelope na minha
mão com uma sobrancelha franzida e olhos tristes. É preciso toda a minha
força para não correr para ele, mas espero que ele fale. Finalmente, ele traz
seus olhos do envelope de volta para o meu rosto.
— Você leu?
Eu concordo.
— Você disse que explicaria em detalhes, — digo a ele. — Se você não se
importa, eu gostaria de ouvir isso agora.
CAPÍTULO TRINTA
Macon
NOITE DE FORMATURA
Ela está dormindo há uma hora, mas não consigo parar de olhar para ela.
Quando comecei a noite, não pensei que acabaria aqui. Ainda não
consigo acreditar. Tenho medo de que, se eu dormir, ela desapareça. Vai ser
tudo um maldito sonho.
Isso é tudo para mim, no entanto. Vamos limpar pela manhã. Nossos pais
vão ter que ficar bem com isso porque isso está acontecendo.
Lennon se mexe quando meus dedos roçam seu ombro nu, e ela
cantarola, um som que ressoa no fundo do meu estômago. Arrepios aumentam
em sua pele, e eu puxo o edredom um pouco mais alto sobre seu corpo. Não
quero que ela sinta frio e não quero acordá-la.
Da última vez que ele esteve na cidade, eu disse àquele idiota para se
foder de vez. Não estou mais vendendo drogas para ele. Não estou bancando
o doceiro em festas. Não depois da última vez. Ele pode encontrar outra
pessoa. Estou fora.
Em seguida, ele envia um texto. É uma foto de Claire, Josh e Eric. Eles
estão com as roupas que usaram no baile, mas estão em alguma festa perto de
uma fogueira. Examino os rostos ao redor deles. Deve ser uma festa do colegial
na casa do Josh. Que porra Chase está fazendo aí?
Ele está falando sobre Lennon. Uma ameaça não tão velada. Foda-se,
Chase é um saco de lixo. Ele não deve saber que estou com ela. Eu me movo
para desligar meu telefone quando outro texto vibra.
Esta é uma foto de Claire. Apenas Claire. Nada de Eric ou Josh. Apenas
Claire parada ao lado de uma caminhonete, segurando uma lata de cerveja e
navegando em seu telefone.
Vou colocar meu telefone no bolso quando meus dedos tocam em algo.
Pego o post-it amassado e sorrio, depois o coloco no travesseiro. Apenas no
caso de ela acordar antes de eu voltar.
Inclino a cabeça para o lado e cruzo os braços sobre o peito. Vou dar a ele
um minuto. Ele acha que está comandando o show, mas eu tenho uma cama
quente para voltar, então minha paciência está se esgotando.
A porta traseira de seu carro se abre e mais dois caras saem. Eu fico tenso.
Pela primeira vez, me sinto um pouco desconfortável. Eu não esperava mais
dois idiotas, mas acho que foi um erro de novato.
Chase acena para o grandalhão à sua esquerda. Eu olho para ele, mas ele
não refresca minha memória.
— Você deu aquela merda para ela, — o cara, Fuller, fala, e eu me sento
mais ereto. — Você deu a ela aquela merda fodida que a matou.
Isso não é um favor. Chase não está procurando alguém para vender sua
merda.
Ele trouxe esses filhos da puta aqui, para mim, para tirá-los de suas
costas.
— Essas eram as drogas de Chase, Fuller. Mas você tem muito medo de
foder com o filho de um senador? Você prefere vir atrás do corredor? Você
quer justiça para sua namorada, então vá atrás da fonte. Eu estava apenas
fazendo o que ele me disse para fazer e quase morri no processo.
Foda-se.
— Você acha que é uma troca justa se apenas transarmos com ela, ou
devemos matá-la também?
Eu não posso morrer aqui nesta estrada secundária em uma poça do meu
próprio sangue.
Eles não vão parar até que eu morra, e a única coisa que consigo pensar
é em Lennon.
Eu a deixei lá sem uma explicação. Eu nem disse a ela que a amo. Dou
outro soco, acerto um chute em alguém, mas não consigo me levantar.
Eu tento, mas caio de volta na terra, e um dos idiotas ri. Alguém paira
sobre mim, mas meus olhos estão inchados e sangrando. Eu não posso dizer
quem é.
— Diga a ela que eu disse olá, — diz o cara com um rosnado, e então algo
é enfiado na minha boca.
Não consigo sentir o gosto de nada com tanto sangue, mas sei o que era.
Ele acabou de me passar a mesma merda que estava naquelas cápsulas na
noite em que tive uma overdose.
— Porque agora?
Eu nem sei como eu digo isso. Não sei de onde veio a pergunta, só que
preciso saber.
Eu ouço um dos caras rir, mas é uma risada triste. Uma risada dolorosa,
e eu sinto uma pontada de simpatia pelo idiota que acabou de me bater quase
até a morte.
— Tive que sofrer, — diz o cara. — Sua namorada vai entender logo.
Tudo machuca. Tudo o que quero fazer é fechar os olhos, mas a ameaça
de Chase me dá adrenalina suficiente. Eu puxo meu telefone do bolso, tento o
meu melhor para encontrar o contato através do meu olho menos inchado e
ensanguentado, e aperto a discagem.
Só toca três vezes antes de atender a chamada.
****
— Ela é minha filha, Andrea, — Trent grita de volta. — Você ouviu o que
Macon disse. Você viu o que essas pessoas podem fazer. Foi um erro meu que
matou a mãe dela. Minha inação. Minha indecisão. Isso não vai acontecer de
novo. Ela está indo. Isso é definitivo.
Eu ouço algo batendo e viro minha cabeça a tempo de ver minha mãe
pegar uma pequena mala rosa de Trent.
— Deixe-me fazer isso, — minha mãe estala. — Você não teria ideia do
que levar para ela.
Minha mãe desaparece escada acima com a mala, e vejo Trent abaixar a
cabeça. Eu acho que ele pode realmente chorar, e isso é tudo culpa minha.
— Macon.
— Ela não pode me ver assim. Ela ainda não pode saber. Ela não irá se o
fizer. Você sabe disso.
— Se ela me vir espancado assim, ela não vai entrar no avião. Você sabe
que ela não vai, não posso ser o motivo dela não ir para a Inglaterra.
Ela queria isso há tanto tempo. Desde que a conheço. Recuso-me a ser a
razão pela qual ela perde esta oportunidade. E então tem...
Trent solta uma risada e eu dou um pequeno sorriso antes de meu lábio
se abrir novamente e sentir o gosto de sangue.
— Coloque-a naquele avião amanhã, mas não conte a ela sobre mim.
Ainda não. Eu direi a ela assim que ela pousar.
Todo o meu corpo fica tenso, mas Trent coloca uma mão calmante na
minha coxa.
— Esse é o meu amigo, — diz ele suavemente. — Aquele que vai checar
você.
Tudo o que pude fazer foi sentar na cama com a cabeça enfaixada nas
mãos enfaixadas. Precisei de cada grama de contenção para não ir atrás dela,
e a única razão pela qual me contive foi porque sabia que seria ruim para ela
se eu o fizesse.
Assim que ela abrir a bagagem e ver meu bilhete, ficaremos bem.
— Sim. Só pensando.
— Ela vai ficar bem, — ele me diz. — Ela não vai ficar brava por muito
tempo.
— Eu sei, — ele diz finalmente, e meu queixo cai. Ele olha para mim e
então me dá uma daquelas risadas de pai. — Vocês, crianças, não são muito
sutis.
Reviro os olhos.
— Bem, eu apenas pensei que você deveria saber, você sabe, já que
tecnicamente somos meio-irmãos ou algo assim. Não quero que você seja pego
de surpresa quando eu começar a sair com ela.
— O que te faz pensar que vou te dar permissão para namorar minha
filha, Macon Davis?
— Porque eu sou um bom garoto que vai ser um bom homem, — eu digo,
jogando suas palavras da noite de sua despedida de solteiro de volta para ele.
Seus lábios se contraem nos cantos. — E porque ninguém jamais amará
Lennon do jeito que eu amo. Eu amo tudo dela. Mesmo as partes que ela não
mostra ao mundo.
Ele precisa de tempo para pensar sobre isso. Isso é bom. Eu não estou
indo a lugar nenhum. Pelo menos não pelos próximos noventa dias, ou por
quanto tempo eles me mantiverem nesta unidade de tratamento. Mas também
não depois disso. Lennon Capri Washington pertence a mim. Ela sabe disso.
Eu sei. Todo mundo vai descobrir isso em breve.
****
DIAS DE HOJE
— Você, papai e Drea... Todos vocês pensaram que eu sabia que você
tinha ido para a reabilitação e eu só... O quê?... Odiava você mesmo assim?
Eu dou de ombros.
— Todos nós pensamos que você sabia, sim, mas acho que todo mundo
apenas percebeu que você tinha seus motivos, e seus motivos não eram
necessariamente nossos para saber.
— Acho que todos ainda se sentiam culpados por aquele dia também.
— Você sabe como é essa família, Lennon. Não há como eles terem
contado a Sam, e não há como ela ter escondido isso de você.
Ainda não entendo a amizade que Sam e Lennon têm. Aconteceu algum
tempo depois da minha overdose, mas eu estava tão perdido na cabeça que
não perguntei.
O que quer que tenha causado isso, eu sou tão fodidamente grato por
isso.
Acho que Sam e Lennon precisavam uma da outra. Dói dizer, mas
nenhuma delas tinha amigos de verdade antes disso. Claire era terrível pra
caralho com Lennon, e eu não era muito melhor com Sam.
Tentei. Deus, eu tentei, mas falhei com ela. Eu era egoísta demais para
ser um bom amigo de alguém. Acho que Claire e eu tínhamos isso em comum.
Me dá náuseas pensar nisso.
— Não, — ela diz rapidamente. — Não, você fez o que achou que tinha
que fazer. Você não sabia que Claire levaria a carta, ou que eu acabaria grávida.
Ela sussurra a última parte, e a dor dispara dentro do meu peito. Minha
garganta está tão apertada, meu estômago tão inquieto. Eu quero vomitar.
Seus olhos se fecham e ela inala profundamente, depois exala. Ela fala
sem abrir os olhos.
— Talvez eu devesse ter contado a Drea... Mas eu não queria contar a ela
antes de você. E nada teria mudado o resultado, de qualquer maneira. Você
ainda estaria na reabilitação. Eu ainda teria perdido a gravidez.
— Mas você saberia que eu não te abandonei. Você teria voltado para
casa.
Se Claire não tivesse escondido aquela carta, tantas emoções e
ressentimentos poderiam ter sido evitados. E por que ela fez isso? Algum
truque mesquinho e imaturo?
Uma pequena decisão que teve um impacto gigante na minha vida. Sobre
a vida de Lennon.
— Ela me disse para parar de enviar e-mails para você. Que eu estava
sendo patética. Que você não queria falar comigo e estava melhor sem mim.
Ela balança a cabeça. Ela parece exausta, suas palavras cheias de tristeza.
Ela me acerta com os olhos mais tristes que já vi dela em muito tempo.
Com o coração partido e implorando. Perdida.
Meu peito estala quando a primeira lágrima escorre pelo rosto dela, e os
sons na minha cabeça começam a ecoar. É tarde demais. Perdemos nossa
chance. Muita coisa aconteceu. Muita coisa mudou.
Quando ela fala novamente, sua voz é uma confissão abafada, tremendo
de necessidade e medo. As últimas palavras nos lábios de seu amante. Uma
declaração no leito de morte.
Lennon
— Eu poderia provar você para sempre, — ele ronca sobre minha pele
antes de me colocar suavemente em meus pés. Quando ele dá um passo para
trás, eu alcanço a bainha da minha camisa e a puxo sobre a minha cabeça, em
seguida, solto meu sutiã, deixando cair as duas peças de roupa no chão.
Ele estende a mão e segura meu seio com sua mão grande e tatuada e
passa o polegar sobre meu mamilo, me fazendo sibilar. Então ele levanta a
outra mão e faz o mesmo.
— Lindo.
Ele desliza as palmas das mãos pelos meus lados, engancha os dedos no
cós da minha calça e os arrasta pelas minhas pernas.
Então ele cai de joelhos e beija minha barriga com uma reverência e
suavidade que fazem minha garganta apertar.
Ele nunca vai se perdoar por não estar lá. Tive anos para lamentar aquela
gravidez. Ele apenas começou.
É algo com o qual lutei por muito tempo, mas agora tenho certeza.
Amor.
Ele ri levemente.
— Eu sei.
Sua respiração faz cócegas e eu inclino minha cabeça para o lado para
expor meu pescoço a ele.
— Hum?
Ele beija meu pescoço, então morde com força suficiente para me fazer
ofegar.
— Eu sei.
Examino meus olhos por cima de seu ombro forte, descendo por seu
bíceps definido e antebraço até a rosa aquarela nas costas de sua mão. Cada
centímetro de pele é coberto com uma bela arte, imagens de sua própria
criação, e algum dia em breve, vou memorizar cada uma delas.
Mas não hoje.
Suas coxas são músculos sólidos. Mesmo o esquerdo, que agora ostenta
uma cicatriz cirúrgica vermelha, parece esculpida em pedra.
É quase demais.
Eu mordo meu lábio enquanto ele se aperta, então bombeia uma vez
lentamente.
Minha boca se abre com uma risada surpresa enquanto minha atenção
se volta para o rosto. Ele está sorrindo, seus olhos azuis dançando de alegria,
e acho isso tão excitante quanto seu corpo nu.
— Eu terminei.
— Olhe para você, Astraea, — ele murmura, dando dois passos à frente e
subindo na cama. — Apenas fodidamente olhe para você.
Ele se abaixa entre as minhas pernas e pressiona beijos na parte interna
da minha coxa. Ele morde a área macia logo acima do meu clitóris,
provocando-me, antes de passar para a minha outra coxa e cobri-la com
beijos.
Sinto-me cada vez mais molhada, posso senti-la escorrendo pela parte
interna das minhas coxas e, quando estou prestes a me abaixar e esfregar meu
clitóris, Macon se move para minha boceta e a lambe com a parte plana da
língua antes de circular em volta do meu clitóris e sucção.
Porra, é tão bom, e eu pulso meus quadris para cima e para baixo na
cama. Agarro meus seios e aperto, antes de beliscar meus próprios mamilos,
brincando com os piercings de metal.
— Mais, Macon — digo, e ele enfia dois dedos em mim, me fazendo gritar.
— Macon. Macon, sim.
Ele brinca com meu corpo como se fosse dono dele, e suponho que sim,
enrolando seus dedos dentro de mim e chupando meu clitóris até que eu veja
estrelas. Quando gozo, prendo minhas coxas em volta de sua cabeça, mas ele
as força a abrir e mantém seu antebraço na minha pélvis.
Sua língua move-se mais rápido, seus dedos empurram com mais força.
Ele estala a língua rapidamente, e eu gozo uma segunda vez com um grito
estrangulado.
— Boa menina, — diz ele, suas palavras vibrando sobre minha boceta
inchada, e estou dolorida por ele novamente.
Achei que tinha acabado de ser a boa menina, mas deitada nua debaixo
de Macon, cambaleando e formigando com meu orgasmo, estou morrendo de
vontade de ser ela de novo.
Ele está molhado comigo, seus lábios e língua provando meu orgasmo.
Eu arranho suas costas, raspando minhas unhas até sua cintura, então agarro
os globos firmes de sua bunda. Foda-se, cada parte dele é sexy.
Eu posso sentir a rigidez de seu pênis enquanto ele se move para frente e
para trás sobre mim. É erótico, e eu preciso de mais. Eu choramingo e torço
meus mamilos novamente antes de empurrar com ele.
— Lá vamos nós, baby, — diz Macon enquanto eu me movo para ele. Ele
interrompe seus movimentos, então estou arrastando minha boceta sobre sua
ereção. — Sim, mova-se assim.
Ele está observando nossos corpos se moverem com olhos quase pretos.
Ele lambe os lábios cheios, em seguida, morde os dentes inferiores, suas
narinas queimando com suas respirações rápidas.
Ele procura uma resposta em meus olhos, então seus lábios se curvam
em um sorriso pecaminoso.
— Seja uma boa menina para mim, Lennon Capri, — diz ele lentamente,
e minha boceta pulsa com a necessidade.
Quando ele termina sua frase, meu corpo fica tenso com outro orgasmo,
e ele enfia seu pau dentro de mim antes que acabe. Ele bate rápido, cavalgando
o tremor da minha liberação com um gemido gutural.
Ele empurra novamente, esfregando sua pélvis contra mim, então puxa
totalmente para fora, batendo a cabeça de seu pau no meu clitóris inchado. Eu
suspiro, e ele faz tudo de novo.
Ele faz isso mais duas vezes antes de sair e cair ao meu lado de costas,
então me manobrando para que eu fique escarranchada em sua cintura. Nós
agarramos seu pênis juntos enquanto eu fico de joelhos, posicionando-o na
minha entrada antes de deslizar sobre ele com um gemido profundo.
Eu me inclino para trás e coloco minhas mãos atrás de mim nas coxas de
Macon, então pulso nele, levantando-me e caindo de volta. Lentamente no
início, depois mais rápido.
— Foda-se, você me fode tão bem, — diz ele, com a voz estrangulada e
sem fôlego. Ele olha como se estivesse me admirando, e eu aprecio o poder
que tenho sobre ele.
Ele agarra meus quadris enquanto eu monto nele, e o observo me
observando. Seus olhos acariciam cada centímetro da minha carne exposta,
mas eles continuam voltando para a nossa conexão, onde ele está deslizando
para dentro e para fora de mim, enquanto eu me movo para cima e para baixo
em cima dele.
Eu trago minhas mãos para cima e as coloco atrás da minha cabeça, e ele
geme, apalpando um dos meus seios enquanto eu giro meus quadris em sua
pélvis. Ele belisca um dos meus mamilos, e eu suspiro, montando-o mais forte.
— Você é uma vagabunda para mim, Lennon Capri. Você é minha boa
menina. Você é minha vagabunda.
— Sua.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto pela força do meu orgasmo enquanto
eu monto. Ele não para de me foder. Não para de me atingir tão fundo.
— Isso garota, isso garota, — diz ele sem fôlego, perseguindo sua própria
liberação.
Seus olhos se abrem, seus impulsos vacilam por um segundo, mas não
param.
— Sim?
Ele mal está aguentando. Eu posso dizer, e pulso ao redor dele, só para
fazê-lo gemer. Eu quero que ele perca. Quero que ele se sinta tão eufórico
quanto eu.
— Porra do inferno, — diz ele enquanto sua cabeça desliza para fora de
mim.
O que quer que ele veja, é quase demais para ele. Ele está tão excitado
que está me excitando novamente.
Ele agarra seu pau e o esfrega sobre minha boceta mais uma vez,
escorregadio com nosso esperma, então o arrasta para cima e circula meu
clitóris antes de empurrar de volta para dentro de mim uma última vez.
Ele move minhas pernas, então elas estão de volta em torno de sua
cintura, então se abaixa sobre mim.
Eu pulso meus quadris no mesmo ritmo dos dele, e logo, seu pau começa
a ficar mais grosso, endurecendo mais uma vez.
— Para sempre.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
Lennon
Fiz questão de tomar banho e depois secar meu cabelo antes de virmos
para cá. Eu nem tenho certeza por que eu precisava fazer isso, mas eu fiz.
Macon achou divertido.
— Por que você não está nem um pouco nervoso? — Eu pergunto, minha
voz um sussurro. — Eles vão saber que estamos transando agora.
— Olha... eu tenho certeza que todos eles sabem, nos últimos quatro anos,
que eu transaria com você de bom grado em um piscar de olhos. Porra, eu
provavelmente teria transado com você na mesa da cozinha na frente de todos
se você me deixasse. Eu estava tão duro por você.
Eu suspiro, em seguida, golpeio seu peito com minha mão livre e atiro
meus olhos ao redor do hospital.
— Acho que preciso desenhar você assim. Presa para mim, incapaz de
correr.
— Eu não estou fugindo, — digo a ele, e ele se inclina para trás, beijando
meu queixo.
— Não?
— Não.
— Você é terrível.
Na verdade, quero ver Claire, mas não quero aborrecer meu pai. Eu tenho
algumas palavras para dizer a ela e meu pai deve estar em um ambiente de
baixo estresse agora. Eu penso sobre isso, então decido. Eu posso manter isso
sob controle enquanto estivermos aqui.
A atenção do meu pai se arrasta de nossas mãos para o meu rosto. Ele é
estoico no início, e então seus lábios se curvam em um sorriso triste.
— Você falou?
Meu pai acena com a cabeça, então olha para onde Claire está sentada.
Eu mantenho minha atenção em papai.
— Claire nos contou o que ela fez, — papai diz, e meu queixo cai. — Tudo.
Eu viro meus olhos para Claire e a encontro olhando para seus pés com
as mãos fechadas na frente dela. Ela parece estar chorando, mas não consigo
me importar.
— Você nunca deveria ter passado pelo que passou, Lennon, — diz meu
pai. — Eu deveria ter forçado a questão quando soube que você não tinha
voltado para casa. Eu sabia que algo não estava certo, mas eu...
— Não. — Cortei meu pai. — Você acreditou que eu sabia toda a história
e confiou em mim para tomar minhas próprias decisões. Você me deu o espaço
que eu pensei que precisava. Não é sua culpa que Claire fez o que fez.
— Ok, — Claire diz timidamente. Ela se levanta e pega sua bolsa, olha por
cima do ombro e caminha em direção à porta com Eric a seguindo. Pouco
antes de sair para o corredor, ela se vira para me encarar.
— Lennon, eu...
Quando eu olho para ela, ela está sorrindo suavemente. Quando olho
para o meu pai, ele está fazendo o mesmo. Eu olho para Macon para descobrir
que ele já está olhando para mim, e eu sorrio também.
— Qual é o plano, então? — Meu pai pergunta. — Pela distância. Você está
voltando para casa ou Macon está se mudando para Paris?
Nós não conversamos sobre isso. Eu nem sei o que dizer. Eu sei o que
quero, mas ainda não toquei no assunto com Macon.
Eu não posso parar o meu sorriso. Ele se estende tanto que minhas
bochechas doem.
— Realmente?
Ele revira os olhos e balança a cabeça, então me bate com aquele sorriso
estupidamente sexy.
— Sim, Len, realmente. Temos quatro anos para compensar. Não dá para
viver separado.
A risada vertiginosa que escapa dos meus lábios faz o sorriso dele crescer,
e então ouço a risada de Andrea. Eu olho para encontrar ela e papai nos
observando com sorrisos iguais aos de Macon e, pela primeira vez em muito
tempo, quase tudo parece certo.
****
Ele não para de me tocar. Uma mão no volante, outra na minha coxa. Ou
entremeado pelos meus dedos. Ou segurando a parte de trás do meu pescoço.
Eu nunca quero que suas mãos deixem meu corpo.
— Aquele homem não está deixando você de bom grado, — diz Macon,
suas palavras misturadas com ciúme, e eu balanço minha cabeça.
Eu encaro, queixo caído nas costas de Macon enquanto ele se retira para
a sala de estar.
Reviro os olhos.
— Isso foi o que eu pensei. — Ele estende a mão e pega minha mão. —
Sempre seremos sex...
— Vou voltar para cá, mas adoraria manter contato. Vou voltar para
arrumar meu apartamento e vender as coisas que não quero trazer de volta.
Tenho algumas pessoas com quem conversar e uma exposição em uma galeria
para resolver, mas depois venho para cá.
Franco assente.
— Eu entendo, — diz ele. — Foi impulsivo da minha parte vir aqui sem
avisar antes, mas estava preocupado. Eu queria ter certeza de que você estava
bem. Achei que você precisaria de um amigo. — Ele ri e levanta uma
sobrancelha. — E eu estava entediado.
Eu ri.
Reviro os olhos, mas a brincadeira é boa. Parece que vamos ficar bem. Eu
sabia que não havia nada profundo entre nós. Fizemos companhia um ao
outro. Nós mascaramos a dor um do outro por um tempo, mas eu tenho que
confessar minha merda agora.
Não sei do que ele está fugindo, nunca conversamos sobre nada tão
pessoal, mas espero que ele resolva isso logo. Ele não me terá mais para
distraí-lo.
Franco e eu conversamos por mais alguns minutos. Ele me diz que vai
voltar para o hotel. Ele me dá um longo abraço e me diz para mandar uma
mensagem para ele quando voltar a Paris, depois me deixa em pé na cozinha.
Claire choraminga, e percebo que ela está esfregando o dedo anelar vazio.
— Ele saiu. Ele, hum, ele disse que precisa pensar sobre as coisas. — Ela
fecha os olhos e seu rosto se contorce de dor. — Ele disse que não tem certeza
se eu realmente o amo ou se apenas odeio você.
Uau.
Tudo o que posso pensar são as vezes que ela não era uma amiga para
mim enquanto crescia, apesar de afirmar ser minha melhor amiga. Todas as
maneiras que ela tirou de mim, me esgotando, nunca dando nada a menos que
a beneficiasse. Todas as coisas horríveis que ela disse sobre Macon. Mesmo a
maneira de merda com que ela me tratou apenas algumas semanas atrás,
quando a vi pela primeira vez em quatro anos, passa pela minha cabeça.
Pelo bem do meu pai, pelo bem da Drea, tento encontrar perdão, mas não
consigo.
— Realmente?
— Posso aceitar que você não poderia saber o dano que causaria ao
receber aquela carta. Posso até aceitar que causar tanta dor não era sua
intenção...
— Mas você ainda fez isso para me machucar, Claire. Isso não muda o
fato de que você queria me causar dor. E, acima de tudo, mesmo depois de
receber aquela carta, você poderia ter me dito a verdade quando respondeu ao
meu e-mail. Você nem precisava me contar sobre a carta, mas poderia pelo
menos ter sido honesta sobre Macon estar em reabilitação. Mandei um e-mail
para você implorando para falar com ele. Era óbvio que eu não tinha ideia do
que estava acontecendo, e o que você fez?
Ela estremece e seus olhos se fecham, lágrimas escorrendo por seus cílios
e encharcando seu rosto.
— Você me disse que ele estava melhor sem mim. Que ele não queria falar
comigo. Você mentiu, Claire. Você mentiu porque queria me machucar. Você
queria me causar dor e nunca poderei esquecer isso.
— Talvez um dia eu consiga te perdoar, mas esse dia não é hoje. Vou
tolerar você por nossos pais, por Evie, mas nunca mais seremos amigas. Você
é filha da minha madrasta e não vou fingir que gosto de você. E quando Macon
e eu nos casarmos, porque vamos, você será convidada apenas para poder se
sentar na plateia e assistir um amor que você tentou tanto matar prosperar, e
espero que você se sinta insignificante. Espero que você se sinta um fracasso.
Você tentou me machucar, Claire, mas no final, tudo que você fez foi se
machucar.
Claire chora mais forte e ela balança a cabeça com os olhos fechados, mas
ela não diz mais nada. Não há mais desculpas. Pela primeira vez, Claire não
tem nada a dizer, e isso é bom.
— Como foi?
Eu rio e balanço a cabeça. Eu dou um passo para trás, então seus braços
caem para os lados, e combino seu sorriso com o meu.
— Vai ser preciso muito mais do que um bom pau para rebaixar Sam,
Macon, — eu digo claramente, e seu sorriso cresce.
— Apenas bom?
— Hmmm. — Dou um passo para trás, então me viro e vou até a porta. —
Não vamos perder mais tempo, então, — digo por cima do ombro. — Você me
mostra o seu e eu mostro o meu.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
Macon
3 SEMANAS DEPOIS
Ela choraminga e rola, então ela está de costas embaixo de mim, que é
um dos meus lugares favoritos para tê-la.
— Eu estou tão cansada. — Ela cobre a boca com a mão e boceja. — Por
que eu concordei com isso?
Eu sabia que ela estaria com jet lag demais para o jantar de aniversário
atrasado. Ela acabou de voltar de sua viagem de despedida de sete dias por
Paris, que consistiu principalmente em limpar seu apartamento, dizer au
revoir para amigos e enviar uma tonelada de caixas de roupas de volta para
minha casa. Lennon poderia facilmente dormir por três dias seguidos.
— Ugh, eu sei. — Ela dá um leve empurrão no meu peito para que eu role
de cima dela, então ela se senta. — Eu acabei de...
Ela dá de ombros.
Só espero que este seja diferente. Talvez este aniversário possa ser o
primeiro bom. O aniversário curador.
Ela nem precisa se virar para me excitar. Apenas saber que ela está nua
faz isso por mim. Porra, só saber que ela existe já é o suficiente.
— Como estou?
— Maravilhosa.
Lennon dirige meu carro até a casa. Ela sente falta de dirigir desde que
morou em Paris, então eu disse a ela que ela poderia ter rédea solta no meu
carro até conseguir um para ela. Você pensaria que eu disse a ela que estava
sendo apresentada no MoMA pelo quão animada ela ficou.
— Eu sei.
Ele já parece dez vezes melhor do que na semana passada. Cem vezes
melhor do que na semana anterior. Nic está no comando de seu PT e sei que
ela está cuidando bem dele.
— Senhor.
— Oh, meu Deus, — mamãe diz com uma risada. — Aqui está sua Nona.
Evie ri, mas nem tenta dizer meu nome. Em vez disso, ela apenas baba
na bochecha de Lennon com um de seus beijos de bebê, e eu faço uma careta.
— Estou com ela quase todos os dias há meses e nada. Então você entra
e ela diz seu nome depois de apenas algumas semanas.
Com isso, eu sorrio e ela ri. Ela abre a boca para dizer algo, mas outra voz
chama pela casa pela porta da frente. Todos nos viramos para encontrar Sam
e Casper, os braços cheios de balões e sacolas de presentes.
— Você não vai ficar com o meu, — diz Casper, e Sam dá a ele um olhar
de soslaio que diz olhe para mim.
Não tenho certeza do que está acontecendo com esses dois ultimamente,
mas eles têm aparecido juntos em todos os lugares. Casper tem estado de boca
fechada, mas nunca tivemos o tipo de relacionamento em que falamos sobre
garotas ou encontros ou o que quer que eles possam estar fazendo. Se Sam
disse alguma coisa para Lennon, Lennon manteve seu segredo.
— Oh, isso é muito fofo, — mamãe diz quando nos vê, pegando seu
telefone e tirando uma foto. — Vou emoldurar este aqui.
Nós dois mudamos bastante nos últimos quatro anos, mas, no fundo,
ainda somos nós. Ela ainda é minha Lennon. Ainda sou o Macon dela. Somos
mais verdadeiros quando estamos juntos.
Minha mãe diz algo sobre o jantar estar pronto, e ela levanta Evie dos
braços de Lennon e se dirige para a cozinha. Eu mantenho minha mão na coxa
de Lennon, segurando-a no meu colo enquanto todos saem da sala.
— E aí?
— Eu te amo.
— Eu sei.
O jantar foi ótimo. O bolo era melhor. Evie ainda não diz Macon ou anda.
Conversamos e rimos e tivemos uma ótima noite. Não me lembro da última
vez que fiquei tão feliz, mas tenho certeza de que foi uma época que envolveu
Lennon.
Lennon se enrola ao meu lado, com a cabeça no meu peito e meu braço
em volta de seu corpo.
Eu costumava brincar que meu lado esquerdo não dava sorte. Pulso
quebrado, fêmur quebrado, coração partido. Mas acontece que Lennon gosta
do lado esquerdo da cama e a cabeça dela se encaixa perfeitamente no lado
esquerdo do meu peito.
Meu lado esquerdo não teve azar. Estava apenas esperando por Lennon.
Ela cura minhas feridas. Ela me fortalece. Estou tão estupidamente
apaixonado por ela.
Eu escovo meus dedos para frente e para trás sobre a carne macia na
curva de seu quadril, e ela ronrona. Eu amo essa porra de som.
Eu sorrio. Ainda não a ouvi chamá-lo assim. Pouco antes de sair para
arrumar o apartamento, ela ainda se referia a Paris como sua casa. Mas agora,
veio livremente.
— Lar?
— Sim, em casa. Aqui com você. Com papai, Drea e Evie. Lar.
Ela não tem ideia de quão forte eu sinto essas palavras. A alegria absoluta
que eles me dão. Levo minha mão livre ao seu queixo e inclino sua cabeça para
cima, então beijo seus lábios suavemente.
— Você é minha casa, Astrea.
Ela faz uma pausa por um momento, apenas os sons de nossa respiração
no quarto escuro, e ela desenha delicadamente corações no meu peito com o
dedo indicador. Tenho certeza que ela pode ouvir meu coração acelerado.
Sua voz falha, e eu espero enquanto ela respira fundo algumas vezes.
— Essa vida. A próxima vida. Cada vida depois disso. Eu vou te amar em
todas elas, Lennon Capri. Não importa quem você se torna ou como você
muda. Minha alma sempre pertencerá à sua.
Eu limpo uma lágrima de sua bochecha com meu polegar. Ela se vira e
beija minha palma, então beija meu pulso, depois meus lábios.
Macon
1 ANO DEPOIS
P
orra.
A última vez que usei algo remotamente parecido com um terno como
esse foi no baile de formatura. Este custou um pouco mais do que aquele, no
entanto.
Meus olhos se fixam nela no momento em que passo pela porta. Eu fico
para trás e a observo. Ela está linda, vestida com um vestido preto com o
cabelo em ondas suaves nas costas, e sua beleza é amplificada quando ela está
em seu elemento. Eu a vejo conversar com os clientes. As pessoas param e
fazem perguntas. Ela sorri e responde. Eu sempre posso dizer quando ela está
falando sobre seu trabalho porque seu rosto fica sério, mas seus olhos dançam.
Tenho uma lista de coisas que me deixam grato por Paris, mesmo que
isso signifique perder Lennon por um tempo. Em Paris, ela floresceu. Ela
cresceu em sua independência. Ela dominou o uso de sua voz.
Eu não acho.
Eu era uma bagunça demais para ajudá-la a crescer. Eu tive que fazer o
meu próprio crescimento. Tínhamos que nos separar antes que pudéssemos
ser mais fortes juntos.
— Eu sei.
Ela se move para dar um passo para trás, mas eu a seguro pelo ombro e
a giro, invertendo nossas posições, então sou eu quem a prende contra a
parede. O olhar em seus olhos acende fogo em minhas veias. Eu beijo sua
mandíbula, então o ponto macio atrás de sua orelha, então seu pescoço e
clavícula. Ela é flexível para mim, sua respiração vem quente e rápida.
— Você está nervosa? — Eu arrasto minhas mãos para a bainha de seu
vestido e subo, até que esteja logo abaixo da curva de sua bunda. — Precisa de
mim para aliviar a tensão?
— Não estou nervosa, — ela sussurra enquanto alcança meu zíper, — mas
você ainda pode aliviar o estresse.
Não perco tempo deslizando sua calcinha para o lado e deslizando meus
dedos dentro dela enquanto ela aperta e bombeia meu pau. Eu esfrego seu
clitóris e a fodo com os dedos até que ela esteja pronta para mim, então eu
engato sua perna no meu quadril e deslizo meu pau duro profundamente em
sua boceta.
— Esfregue seu clitóris para mim, — eu digo a ela, e ela serpenteia sua
mão entre nós. — Isso mesmo, garota. Esfregue bem e rápido para gozar no
meu pau, ok?
— Bom.
— Você quer que eu... — Ela baixa os olhos para o meu pau duro e lambe
os lábios, e eu gemo enquanto fecho minhas calças de volta, enfiando meu pau
dentro.
— Promete?
— Eu te amo.
— Eu sei.
— Você tem água com gás? — Eu pergunto, e ele puxa uma taça cheia de
um líquido claro e borbulhante e uma única framboesa, e a entrega para mim.
Eu cheiro e, com certeza, é água com gás. — Obrigado, cara.
Volto pela galeria, piscando para Lennon quando a vejo, e encontro meu
caminho de volta para Trent, mamãe e Sam.
Claire está em casa cuidando de Evie. Ela sabia que não foi convidada,
mas acho que queria ser útil mesmo assim. Ela está tentando. Não é o
suficiente, mas é alguma coisa.
— Como você acha que este vai ficar na sala de estar? — Trent diz,
apontando para uma grande pintura exibida em uma parede lateral.
— É uma ótima peça, — digo lentamente, — mas não acho que você a
queira em sua sala de estar.
Minha mãe está com a mão sob o queixo, e ela está olhando Trent e eu
com diversão. Ela faz isso o tempo todo quando estamos juntos. Eu ainda não
entendo o porquê.
— Eu pensei.
— Eu também.
CONTEÚDO DE BÔNUS