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Ela é jovem e inocente.

Ele é tatuado e experiente.

Abigail Whitley se transferiu para Chicago para viver a vida ao máximo e se


divertir antes de se acalmar.

Sem compromissos.

Sem restrições.

Não era para acontecer.

Ela nunca esperou que Dexter Collins entrasse no escritório no seu primeiro dia de
trabalho. Mas como ela não notou seus braços tatuados e queixo afiado?

Ele é gostoso, elegante, e tem um olhar que pode derreter aço.

Ele também é arrogante, ciumento e possessivo.

Em pouco tempo, suas inofensivas interações levam a uma brincadeira em seu


quarto.

Ela percebe que há mais nele do que imaginava, e ela está cedendo.

Justo quando a vida parecia perfeita, negócios se misturam com prazer e Dexter
é, bem, Dexter. Nada corre conforme o planejado.

Depois de uma monumental confusão, ela está farta. Terminando com ele.

Só há um problema.

Quando ele não está sendo um idiota...

Eles estão embaçando vidros.

Aproveitem!
Dexter

DUAS COISAS IMPORTAM neste mundo – boceta e dinheiro.

Há muito de ambos em exposição hoje à noite.

Percorrendo a boate PRYSM, o baixo vibra no meu peito


quando vejo Wells Covington. É difícil perdê-lo com seus um e
noventa e quatro de altura em um terno Brunello Cucinelli.
Subo as escadas.

— Collins! — Ele balança a cabeça para mim quando eu


viro no corredor, como se ele já soubesse que eu estava aqui e
me esperasse exatamente naquele momento. Inclinou-se sobre
a grade, observando a pista de dança de cima.

Eu olho em volta. O lugar é tudo menos ideal para se


discutir negócios. Isto é casual, no entanto. Eu uso o termo
“casual” livremente porque estou sempre à caça de uma nova
baleia1 para acrescentar à nossa lista de clientes. Wells está no
topo da cadeia alimentar e Tecker (meu irmão Decker e sua

1 Um cliente rico que recebe atenção especial do dono da empresa para que o cliente se sinta
confortável em gastar muito dinheiro.
noiva Tate) ficariam felizes se eu o envolvesse em um belo laço
para a empresa.

— Espero que você não tenha esperado muito tempo. —


Seguro a mão dele com firmeza depois de me aproximar.

Ele está constantemente indo e vindo entre Manhattan e


Chicago. Éramos próximos na faculdade, depois nos
afastamos. Há meses eu tento me encontrar com ele. Nossos
horários nunca permitiram uma reunião até hoje à noite. Um
olhar nesse bastardo e eu não vejo nada além de cifrões. É
quase o suficiente para eu ignorar todas as bundas gostosas
que se pavoneiam meio nuas ao redor do clube.

Quase.

— Não. Ainda nem pedi uma bebida.

— O que você quer? É por minha conta.

Ele me olha de cima a baixo, sorrindo pra caramba. E sei


que ele está prestes a pedir algo ridículo.

— Clase Azul2. Pelos velhos tempos.

Humm. Ele está sendo nostálgico. Nós costumávamos


beber essa merda em Cancun nas férias de primavera da
faculdade. Na última vez que o vi, ele pediu um Suntory Hibiki
de vinte e um anos, uma garrafa de uísque japonês de
oitocentos dólares.

2 Tequila.
— Soa como uma festa. — Chamo a atenção de uma
garçonete.

Uma morena de jeans preto justo de cintura baixa,


caminha lentamente em nossa direção. Só de olhar para nós,
ela sorri. Sabe que acabou de acertar na loteria nos servindo.

— O que posso lhe oferecer?

— Clase Azul Reposado. Traga a garrafa.

Wells sorri.

— É pra já. — A garota se afasta pela multidão.

— Prefiro muito mais ela. — Diz Wells olhando para a


multidão na pista de dança abaixo.

Eu sigo seu olhar para ver para quem ele está cuidando.
Preciso ter certeza de quem ele está cuidando hoje à noite. Isso
não será um obstáculo.

Talvez tenhamos nos afastado muito, porém, podemos


recuperar o tempo perdido. Se eu conseguir reatar nossa
relação a nível pessoal, ele estará mais apto a fazer negócios
com a empresa. E ser um bom ala é minha especialidade, vou
me assegurar de que ele foda com quem ele quiser.

Minha gravata parece que está apertando em volta do


meu pescoço e os cabelos na minha nuca se arrepiam quando
meus olhos pousam em seu alvo. Ela é difícil de perder.

Abigail.
Maldição. Por que ela tinha que estar aqui?

Seus longos cachos loiros saltam enquanto ela balança o


quadril ao ritmo da música e agita os braços no ar. O vestido
vermelho brilhante que ela está usando se agarra firmemente
às suas curvas.

De todas as mulheres de todos os malditos clubes de


Chicago...

É como se o mundo me odiasse.

Porra, ela é gostosa.

Minhas narinas dilatam quando o idiota com quem ela


está dançando agarra seus quadris por trás. Ele está com as
patas em cima dela, e ela parece não se importar nem um
pouco. Na verdade, eu acho que ela gosta da atenção.

Não estou acostumado com esse sentimento – ciúme. É


totalmente estranho para mim. Faço o possível para controlar
minha reação, mas Wells é um maldito tubarão e tenho certeza
de que ele percebe. Você não se torna um bilionário na casa
dos trinta por não ler as pessoas como um livro, e ele é o
maldito Tony Stark dos Fundos de Hedge3.

Estou vendo vermelho.

Nada bom.

3Hedge Funds adotam estratégias mais arrojadas com o objetivo de obter os maiores retornos
possíveis. Hedge Fund é um fundo multimercado, com o objetivo de limitar os riscos de mercado para
buscar a maior rentabilidade possível independente da situação do mercado financeiro.
Por que eu me importo? Eu não fico ligado às mulheres.
Elas me perseguem, não o contrário.

Abigail é diferente, porém.

Ela não é como as mulheres habituais com quem namoro,


ou transo. Ela é independente, jovem e despreocupada. Sem
bagagem. O que é altamente atraente.

Wells sorri, de repente ficando mais interessado.

— Você a conhece, não é?

— Sim. — Eu solto a grade depois de olhar para baixo e


ver o branco dos meus dedos. — Ela trabalha na empresa.
Transferida de Dallas após a fusão. Confie em mim, você não
quer ter nada a ver com ela. Ela é uma perseguidora estágio 5.
Mas vou apresentá-la a você. Se quiser.

Um sorriso diabólico se forma em seus lábios quando a


garçonete retorna com a garrafa de tequila e dois copos de
shot. Eu rezo silenciosamente para que ele esqueça Abigail
enquanto pego a garrafa e nem me incomodo com os copos. Eu
a inclino, e ela desce incinerando minha garganta.

— Bem, foda-se. Acho que esta noite é como a faculdade


de novo. — Wells sorri e toma uma bebida direto da garrafa
também.

Esfrego minha nuca, incapaz de evitar que meus olhos


corram para Abigail na pista de dança. Não é como se
estivéssemos namorando. Saímos algumas vezes depois do
trabalho, totalmente casual. Ok, nos beijamos uma vez
bêbados depois de um jogo dos Bears quando ela me fez um
grande favor em relação ao idiota do Deacon, o que ele ainda
me deve.

Ainda assim, não há nada acontecendo entre nós e, no


entanto, tenho uma vontade inacreditável de segurar aquele
cara pelo pescoço e enfiar seu rosto em um balde de água.
Nada que ameace a vida, apenas o suficiente para sentir seu
medo passar por minha palma.

Quero reivindicá-la como um homem das cavernas.


Marcar sua bunda com a marca da minha mão.

Wells se inclina sobre mim.

— Não há necessidade de uma apresentação. Há muitas


mulheres aqui esta noite, Collins.

— Sim. — Eu concordo. Ele continua me chamando pelo


meu sobrenome. É um bom sinal. Isso deveria me deixar feliz.

Nenhuma das mulheres daqui se comparam a Abby, de


qualquer forma. Eu olho ao redor do bar e noto que ela tem um
grupo de admiradores e tanto. Cada filho da puta do lugar olha
para ela de longe, e eu sei exatamente o que está em suas
mentes.

Eles estão bebendo e observando ela balançar o traseiro.


A parte de trás de seu vestido sobe sobre suas coxas, chegando
perigosamente perto de mostrar sua calcinha, se é que ela está
usando alguma.
Não consigo lutar contra meu sorriso, apesar da irritação
que corre por meus membros. Ela tem esta chama em torno
dela que ilumina a sala com sua energia. Ela é magnética,
como um feixe de luz capaz de puxar você para dentro.
Entendo porque esses babacas estão olhando, e ao mesmo
tempo, quero que cada um deles saiba que ela está fora dos
limites.

Tomo outro gole da garrafa quando ela sai da pista de


dança em direção aos banheiros.

— Já volto.

Wells acena para mim com a mão levemente e inicia uma


conversa com uma morena de pernas compridas.

Desço as escadas de dois em dois para o andar inferior,


perdendo Abigail momentaneamente de vista.

A última coisa que eu quero parecer é um perseguidor,


então pego meu telefone e faço o velho ato da "chamada
simulada". Percorro o estreito corredor em direção ao banheiro
das mulheres, esperando que eu possa cronometrar esta
merda da maneira correta.

Fico olhando em um espelho e espero por seu reflexo,


depois virei no corredor bem a tempo para que Abigail esbarre
em mim.

— Sinto muito. Você está bem?

Eu solto um suspiro falso, olhando na outra direção.


— Eu te ligo de volta. — Eu faço um show ao colocar meu
telefone no bolso e olho para cima para encontrar seu olhar
atordoado. — Não se preocupe com... Abby?

— Oh, meu Deus, Dex! — Ela vem me abraçar e tenho


certeza de que é o paraíso com seus peitos pressionados contra
mim.

Porra, eu não quero soltá-la nunca. Estou perto o


suficiente para sentir o cheiro de seu gel de banho frutado e o
efeito que ela tem sobre mim é quase hipnótico.

Eu tenho que me compor e não quero que meu pau fique


duro contra o estômago dela.

— Desculpe, não estava prestando atenção. — Sua mão


desliza pelo meu braço.

— Tudo bem.

— O que você... — nós dois falamos ao mesmo tempo.

Estendo minha mão. — Primeiro as damas.

— Saindo com os amigos. Você?

— Aqui com um cliente. Gestor de fundos de hedge.

— Legal, bem, eu vou... — Ela coloca o polegar sobre o


ombro em direção ao banheiro.

— Claro. Foi bom ver você.


— Você também! — Ela grita por cima do ombro, e eu
ainda mal consigo entender as palavras enquanto desaparece
pela porta.

Foda-se, olhe para você. O que há de errado contigo?

Só nos beijamos uma vez. Estávamos ambos bêbados e


não sei se ela se lembra disso. Eu estaria mentindo se dissesse
que não me lembro de cada detalhe do beijo, no entanto. Não
passo um dia sem pensar nisso.

Resolvi ir ao banheiro, já que estou aqui embaixo, então


passo pela porta. E o idiota que ela estava dançando está
arrumando os cabelos no espelho. O cara é patético. Ele está
usando a porra de uma camiseta do Ursinho Pooh e calças de
veludo.

Pensei que este lugar tinha normas e um código de


vestimenta. Caralho.

Não posso acreditar que eu tenho que realmente competir


com este monte de merda.

Eu mijei no mictório, ao contrário de um puto aqui, que


provavelmente se sentou na cabine. Depois disso, lavo as mãos
e ele ainda está lá, examinando-se no espelho. Naturalmente,
assim que eu saio do banheiro, ele decide sair também. Eu
abro a porta e ele acelera para me acompanhar, mas largo a
porta na cara dele.

Fique longe do que é meu, imbecil.


Ao sair, Abigail deixa o banheiro feminino ao mesmo
tempo e nós quase colidimos novamente, desta vez não de
propósito.

Eu a pego num abraço desajeitado e faço o meu melhor


para tentar puxá-la para o lado, para que o Ursinho Pooh não
nos veja.

É claro, ele vem em nossa direção, e eu torço para que ele


faça algo que torne aceitável chutar suas bolas.

— Abby, você está bem?

Foda-se, por chamá-la de Abby. Eu a chamo assim.

Ela ainda está olhando para mim com os olhos


arregalados, e eu lentamente a endireito.

Não quero largá-la jamais e, por outro lado, minhas mãos


tremem com a necessidade de sufocar este imbecil até que ele
desmaie.

— Sim, estou bem. — Ela sorri e é ridiculamente fofo. —


Este é o Dex. Ele é sócio da empresa e literalmente quase
colidimos duas vezes nos últimos cinco minutos. — Ela inclina
a cabeça na minha direção.

Seu amigo enfia as mãos nos bolsos e arrasta os pés como


maricas fazem.

— Oh, bem, uhh... Chuck e Barbie conseguiram uma


mesa.
Mas que raio de nomes são esses? Chuck e Barbie? Eu
zombo baixinho para que Abigail não perceba.

Virando-se para nos apresentar. — Dex, este é meu amigo


Kyle. Ele mora no meu prédio.

— Prazer em conhecê-lo. — Eu estendo minha mão e


resisto ao desejo de esmagar os dedos desse cara para que ele
nunca os coloque em Abigail novamente. Não é nada bom
conhecê-lo. Ele já me irritou o bastante.

Ele mal aperta minha mão de volta. É como apertar um


macarrão molhado.

Jesus.

Você pode dizer muito sobre um homem pela força de seu


aperto de mão e esse cara é exatamente como eu pensava,
macio pra caralho.

Olho para a varanda e Wells está com duas morenas no


braço, e tenho quase certeza de que uma delas é supostamente
para mim. Ele está conversando, mas parece que está me
observando com sua visão periférica.

Abigail olha para mim e eu juro que há um brilho em seus


olhos.

— Ok. Bem, eu devo voltar.

— Claro, vejo você no escritório. — Eu a vejo ir e mal me


contenho em fazer uma careta para Kyle quando ele olha para
mim.
Assim que estou de volta à varanda, Wells se inclina e
baixa a voz.

— Não se preocupe. Eu encontrei alguns traseiros para


nós. — Ele diz isso como se eu tivesse levado um pé na bunda
e acena para as duas morenas a alguns metros de distância.

Isso faz meu sangue ferver ainda mais. Se eu quisesse


Abigail, eu a teria. Eu sempre consigo o que quero.

Examino o ambiente e vejo Abigail se encontrar com seus


amigos. Nossos olhos travam por um momento, mas eu me viro
rapidamente em direção à mesa e me sento ao lado da outra
morena.

— Eu sou Sandra. — Ela estende a mão e afunda os


dentes no lábio inferior.

Eu a cumprimento. — Dexter. Me chame de Dex.

— Nunca fodi um Dexter antes.

Em que diabos o Wells acabou de nos meter?

Ele se inclina para trás com um sorriso satisfeito.

Sandra sorri e desliza sua mão pela minha coxa. Suas


unhas vermelhas me dão um aperto. Qualquer outra noite eu
poderia gostar de uma mulher sendo tão direta, mas a que eu
quero está do outro lado da boate com alguns idiotas
chamados Kyle, Chuck, e Barbie.
— Vamos sair daqui, — diz Wells. — Eu tenho a suíte da
cobertura do The Peninsula.

Não deveria me surpreender. Aquele quarto custa


somente oito mil por noite. O bastardo tem uma nova mansão
no Lago Michigan, mas fica a cerca de quarenta e cinco
minutos de carro. Dou a ele um aceno de cabeça, deixando-o
saber que estou a bordo para que possamos sair daqui. Estou
pronto para dar a noite por encerrada, mesmo partindo sem
Abby. Ainda é um sucesso. Terei Wells como cliente antes do
fim de semana acabar, então ainda estou prosperando.

Mas, como um verdadeiro idiota, não posso deixar isso


passar. Faço questão de desfilar Sandra e suas grandes
mamas direto na mesa de Abigail. Ela precisa saber o que está
perdendo. Quero que ela fique tão ciumenta quanto eu, quando
a vi na pista de dança se esfregando com aquele garoto do pau
mole.

Em vez disso, ela apenas sorri e acena, como se não


tivesse um único problema no mundo.

Maldição.

Finalmente conseguimos chegar lá fora, na calçada.

Sandra se inclina no meu ouvido e sussurra: — Sua casa


ou a minha?

A amiga dela escorrega na parte de trás de um Mercedes


preto com Wells. É claro, ele tem um carro e um motorista. Por
que você não aproveitaria uma noite aleatória em Chicago?
Cara, eu tenho que levar o negócio dele para a firma.

— Nenhum dos dois.

— Hotel? Com eles? — Ela acena para Wells e sua amiga.

— Vou para casa, sozinho.

Ela franze a testa.

Eu levanto meu queixo na direção de Wells.

— Ele tem pau suficiente para vocês duas. Divirtam-se.

Wells sorri, depois encolhe os ombros.

— Ele não está mentindo.

Sandra se aproxima e entra. Wells diz ao motorista para


onde levá-los e então se vira para mim.

— Minha vida não é uma droga e eu aprecio a


generosidade. — Ele dá um tapinha na perna de Sandra, como
se ela fosse minha e eu a estivesse compartilhando com ele
esta noite. — Eu te ligo amanhã.

— Sim, você vai ligar, putinha. Divirta-se.

Ele me dispara o dedo do meio e eles aceleram pela


estrada.

Eu olho de volta para a frente da PRYSM mais uma vez,


depois parto pela rua Kingsbury, à procura de um táxi.
Masturbar-me pensando em Abigail é um milhão de vezes
melhor do que colocar meu pau dentro daquela garota faminta.
Abigail

MEU ALARME TOCOU muito cedo. Definitivamente já me


sinto na segunda-feira.

Eu me estico e bocejo, ficar acordada até tarde assistindo


filmes de terror com Kyle e Nick foi uma má ideia. Sei que não
devo fazer isso quando tiver que trabalhar na manhã seguinte.

Eu esfrego meu dedo sobre meus olhos. Eu poderia


facilmente voltar a dormir por mais quatro horas, mas eu me
viro e me levanto. No minuto em que meus pés tocam o chão
frio, lamento não ter ligado o aquecedor noite passada. Eu
estava exausta quando cheguei, e Barbie, a rainha do gelo,
ficou louca por causa do termostato. Acho que seu nome
verdadeiro pode ser Elsa, porque meu quarto parece uma
maldita caixa de gelo.

Sim, somos colegas de quarto, mas é o apartamento dela.


Eu precisava de um lugar para ficar e ela tinha um quarto
vago. De jeito nenhum eu iria morar com um homem qualquer
em Chicago. Pegando minha necessaire, é como estar de volta
ao acampamento de verão. A Barbie é uma vadia da
organização e fica doida sempre que eu deixo minhas coisas
espalhadas por aí. Por uma questão de justiça, ela mantém
suas coisas arrumadas para que eu não possa realmente me
queixar.

Saindo do meu quarto, vou para o banheiro, mas a porta


está trancada.

— Só um minuto.

Ótimo.

Chuck, o namorado dela, aparentemente ficou – outra


vez. Ele provavelmente está lá dentro cagando. Fale em má
sorte esta manhã.

Coloquei minhas coisas junto à porta do banheiro e


atravessei o corredor até a cozinha. Preciso de café ou posso
me tornar uma assassina. Eu pego minha caneca favorita na
máquina de lavar louça.

Abrindo a geladeira, puxo meu leite de avelã e minha


carranca aumenta. Sacudo a garrafa e meu rosto aquece. Está
vazia.

Abro-a e atiro de cabeça para baixo sobre minha caneca


e bato no fundo.

Nem uma gota.

Se eu fizesse isso com ela, ouviria por uma semana.


Agora, tenho que parar no caminho do trabalho e pagar uma
pequena fortuna pelo que eu poderia ter desfrutado em casa
de graça. Aperto o botão da tampa da lixeira com meu pé atiro
a garrafa junto com a minha decepção.

Eu olho em direção ao banheiro. Sei que foi ele quem


terminou com meu leite, e espero que lhe dê uma dor de
barriga.

Eu me bato mentalmente. Ainda não tomei banho e nem


quero chegar perto de onde ele esteve. Preciso de uma nova
companheira de quarto. Uma que não venha com um
namorado irritante e cabeludo chamado Chuck.

A porta do banheiro se abre e para ninguém em


particular, ele diz: — Ufa. Alguém acenda um fósforo.

Esta é a sua vida agora. Você precisa se controlar, Abby.

O som do spray cai nos meus ouvidos, assobiando


enquanto ele o borrifa. Meu nariz arranha de repugnância.

Que nojo.

Detesto não tomar meu banho, mas depois disso, tenho


que arriscar.

Ele passa por mim na cozinha, parecendo um maldito


Yeti4 de cueca boxer e sem camisa.

Talvez seja bom eu não ter tomado meu café, ou poderia


vomitá-lo por toda cozinha. Posso lidar com o ato peludo e sem
camisa, mas o resto é um grande e gordo não.

4Iéti ou Abominável Homem das Neves é uma criatura que supostamente vive na região dos
Himalaias.
Rapidamente me encaminho pelo corredor, pegando
minha necessaire no caminho para o meu quarto e bato minha
porta um pouco mais alto do que o necessário, mas dane-se
aquele cara. Acendo uma das minhas velas aromáticas e rezo
para que ela faça sua mágica funcionar ligeiramente. Sento de
pernas cruzadas no chão em frente ao espelho atrás da porta
do meu quarto, torço meu cabelo em um coque. Hoje será um
dia de maquiagem leve. Algumas pinceladas de rímel e brilho
labial cereja. Eu aliso minhas sobrancelhas e levanto para me
vestir.

Depois de colocar minha roupa de trabalho, apago a vela


e faço um pedido. É um ritual bobo que deveria ser reservado
para aniversários, mas me anima. Tapando o nariz, eu
bravamente encaro o banheiro por tempo suficiente para
escovar meus dentes. Uma vez que chego à sala de estar e
consigo não inalar nada tóxico, ofego por ar.

Assim que saio do apartamento, dirijo-me ao meu café


favorito na estação de trem L. Pego meu mocha de chocolate
branco do barista, entro no trem, coloco meus fones e aumento
o volume em “Everyday People” do Sly and the Family Stone.

Apenas mais um dia no paraíso.


MINHA MANHÃ teve um começo de merda, trocadilho
intencional, e parece que minha má sorte continuará durante
o restante do dia. Já tive problemas em localizar três
associados para depoimentos importantes. Fiz asneira e
marquei duas reuniões ao mesmo tempo para Donavan.
Felizmente, ele se aborreceu com um deles e reagendou, depois
me agradeceu pelo engano.

Essa é a totalidade da minha boa sorte, e começo a pensar


que o pedido anterior nas velas não era mais do que uma
maldição.

Passei por Dexter, esperando que talvez ele possa reverter


este desastre de dia.

— Ei, como foi seu fim de semana? — Não imaginava que


ele fosse me deixar ir quando nos encontramos no clube, e
parte de mim desejava secretamente que ele não o tivesse feito.

Ele mal olha na minha direção. — Muito bom.

Oh, meu Deus, qual é o problema dele? O mundo me odeia.

Vamos, Dex, apenas me dê aquele seu sorriso uma única


vez. Eu preciso tanto disso hoje. Estou me afogando aqui.
Ajude uma garota.

— Fez alguma coisa divertida? — Certamente será um


bom quebrador de gelo conversar sobre como nos esbarramos,
no clube.

Ele balança a cabeça.


— Não. — Então, simplesmente vai embora, me deixando
ali parada.

Ugh!

Retorno à minha mesa. Só preciso abraçar o fato de que


hoje não é o meu dia, basta passar por isto e recomeçar
amanhã. Não faço a menor ideia do que chateou Dex. Ele
estava flertando comigo no clube. Talvez as segundas-feiras
também não sejam boas para ele.

De certa forma, eu nos considerava amigos. Já saímos


algumas vezes para tomar um drinque depois do trabalho e
sempre correu bem, apesar do fator intimidação, porque oi, ele
é um sócio. Isso nunca em momento algum é algo muito casual.
Eu tento conter o flerte e manter as conversas sobre o trabalho
levando em conta que ele é um dos chefes, mesmo que eu não
me reporte diretamente a ele. Não quero que pense que estou
dando em cima dele, ainda que se os papéis se invertessem,
seria impossível resistir. Ele é muito lindo.

Mas ele não age como um chefe. Eu sei de fato que tanto
ele como Deacon são verdadeiros brincalhões e Decker sempre
quer torcer seus pescoços. Acho isso engraçado e divertido.
Eles sabem quando devem ser profissionais e quando podem
baixar a guarda.

Passo por Quinn e ela me dá um sorriso irônico, como se


soubesse que estou pensando em Dexter. Eu sei que é apenas
meu cérebro pregando peças, mas parece que todo mundo está
me observando, julgando.
As tatuagens são a única forma que tenho de distinguir
Dexter de Deacon. Bem, isso e ele é muito mais magro. Deacon
é enorme porque ele jogou futebol. Ah, e a cicatriz. Dexter tem
uma cicatriz bem acima de sua sobrancelha esquerda. Não é
grande, mas lhe dá este ar de bad boy irritado.

E o beijo. Deus, nunca vou me esquecer disso. Todo


aquele dia foi incrível. Quando Dex me contou o que estava
fazendo por Deacon, ajudando-o a reconquistar Quinn, não
pude dizer não. E tudo bem, talvez, apenas talvez, Dexter e eu
nos beijamos no bar naquela noite sob aplausos estridentes de
jogadores profissionais de futebol.

Nem me lembro exatamente como isso aconteceu, mas ele


apenas fixou seu olhar em mim e eu estava perdida.

Estávamos tão bêbados que acho que ele não se lembra


de ter feito isso, mas nunca vou esquecer a maneira como
flutuei nas nuvens quando nos separamos naquela noite.

Dex é gostoso demais, e eu seria uma mentirosa se


dissesse que não me sinto atraída por ele. Todas as mulheres
do escritório praticamente babam por ele e por seus irmãos.
Sempre que ele está por perto, tenho essa sensação no fundo
da minha barriga. Minha frequência cardíaca aumenta e eu me
sinto no limite.

Essa atração é uma loucura porque não estou


procurando namorar ninguém. Tenho 24 anos, acabei de sair
da faculdade e estou começando minha carreira. Tentei a
faculdade de enfermagem por um ano, mas troquei para
paralegal5 e adoro isso. É o primeiro trabalho que realmente
me sinto útil.

Não, eu preciso me livrar desses pensamentos sobre Dex


e me concentrar no meu trabalho.

Ao mesmo tempo, quando me sento à minha mesa, não


consigo parar de pensar em seu mau humor. Não sei se vou
conseguir me concentrar em alguma coisa até fazê-lo sorrir de
novo.

Eu preciso ir para a sala de descanso e colocar minha


cabeça no lugar antes de começar minha tarde.

Perfeito.

Além disso, ele mantém potinhos de pudim de chocolate


escondidos na parte de trás da geladeira, praticamente
desafiando alguém a comê-los. Ninguém no seu perfeito juízo
faria isso, mas é fofo. Ele tem esse charme de garoto, mas é
tudo menos um garoto com aquele terno Dolce e Gabbana.

Não, Dexter Collins é totalmente homem e sabe disso.

Eu marcho, com a intenção de descobrir o que o irritou.


Ao passar pela mesa de Quinn, ela me deu um sorriso
malicioso como se soubesse exatamente o que estou fazendo.
Eu não entendi o sorriso dela, então eu o enfiei no fundo da
minha mente.

5 Auxiliar Advocatício.
Geralmente não me dou bem com as mulheres, mas
Quinn é muito simpática, e consigo ver que somos amigas. Eu
lhe dou um pequeno aceno e me sinto estúpida quando
percebo que ela não estava sorrindo para mim. Ela estava
olhando para Deacon, seu noivo e gêmeo de Dexter que
caminha até sua mesa.

Você é tão esquisita.

Minhas bochechas ficam vermelhas de vergonha quando


entro na sala de descanso. Dexter está inclinado contra o
balcão escuro ao lado da geladeira. Seus tornozelos estão
cruzados e posso ver um traço de suas meias xadrez cinza-
carvão. Não imaginei que ele fosse do tipo de cara, que usava
meias estampadas, mas elas ficam bem nele. Seu paletó está
dobrado sobre uma cadeira, como se ele não quisesse sujá-lo,
e as mangas de sua camisa estão enroladas.

Seus braços são pura pornografia, a tatuagem desce por


seus antebraços. Meu peito fica quente. Eletricidade percorre
minhas veias junto com pensamentos intrigantes de onde
termina aquelas tatuagens sob sua camisa em seu corpo
esculpido. Afasto essa visão, e seu olhar encontra o meu e me
tira dos meus devaneios.

Não sei dizer, mas é quase como se ele estivesse meio


carrancudo enquanto dá uma mordida furiosa no pudim.

— Você vai experimentar algo além de chocolate?

Ele franze as sobrancelhas, mas não responde.


Não vou desistir tão fácil, Dex.

— Eu passei por uma fase de caramelo uma vez, mas


banana é o melhor.

Ele suspira. — Legal.

Que diabos? Normalmente sorriria para uma piada com


conotações sexuais.

Acreditava que você não flertava com ele, Abby?

Está bem, talvez eu flerte um pouquinho. Eu faria


qualquer coisa neste momento. — Você está chateado comigo
ou precisa conversar? Digo, sou uma boa ouvinte. —
Aproximo-me dele e dou-lhe um tapinha no quadril. Não sei o
quanto posso ser mais óbvia e não estou chegando a lugar
nenhum.

— Não. Estou bem.

Fico olhando para o chão, como se talvez ele tivesse


alguma compaixão e realmente conversasse comigo. — Não me
parece bem.

Ele joga o pote de pudim vazio no lixo, lambe a colher,


lentamente, antes de jogá-la também. E puta merda, a maneira
como ele enrolou a língua em torno do plástico branco mandou
uma corrente elétrica entre minhas coxas e, pela primeira vez
na minha vida, fiquei com ciúme de uma porcaria de colher.

Ele se dirige até a porta, sem se preocupar em olhar para


trás. — Estou bem. Por que você está no meu pé?
Eu sigo e agarro seu antebraço.

Ele volta-se para mim.

Encolho os ombros e não consigo impedir a expressão do


meu rosto. — Eu não sei. Acho que você apenas parece
diferente. E não está falando muito. — O cara não costuma ser
um tagarela, mas eu sempre consigo persuadi-lo a falar mais
do que algumas palavras.

Ele exibe o sorriso mais falso que já vi. — Estou bem.


Prometo. — Virando-se diz friamente: — Até logo, — por cima
do ombro.

Eu franzo a testa novamente. Só quero um sorriso


verdadeiro. Isso poderia mudar totalmente este meu dia de
merda.

— Ei, hum, Dex?

Girando lentamente, a cor escura em seus olhos me


prendeu no lugar e roubou meu fôlego. Ele suspira de novo,
como se eu fosse sua irmãzinha e tivesse que lidar comigo.

— O que foi? Tenho vários documentos para analisar.

Não sei por que não vou deixar isso passar. Talvez eu seja
apenas competitiva e tenho que conseguir o que quero. —
Certo... eu também. Eu só…

Parece que ele preferia estar em qualquer lugar, menos


aqui comigo. Devo parecer triste, porque é assim que me sinto
por dentro, e Dex deve reparar porque ele realmente tenta um
verdadeiro sorriso desta vez, embora eu saiba que não quer
fazer isso.

Desembucha, Abby.

— Vou ao The Gage tomar uma bebida depois do trabalho.


Talvez possamos nos encontrar? — Tento esconder a
esperança em minha voz. Eu sei que disse que ele é gostoso,
mas essa palavra de sete letras realmente não faz justiça a ele.
Como se o cara pudesse estar na capa da GQ. Eu colocaria
aquele pôster na minha parede. E sendo honesta, eu pegaria
meu vibrador e pensaria nele enquanto me divirtiria comigo
mesma olhando para o referido pôster.

Isto é ruim. Muito ruim. Só agora é que percebi o quanto


me sinto atraída por ele. Não preciso ter essas afeições por
sexo...

Merda.

Refiro-me à Dexter.

Ah, caramba. Solto um suspiro enquanto ele me encara,


e espero como o inferno que não possa ler meus pensamentos.
Seus lábios se curvam em um sorriso um pouco mais real, e
meu estômago rola de um jeito bom. Talvez meu dia esteja
mudando, afinal.

— Parece divertido. Estarei lá.

— Urgh. — Que diabos, Abby? — Quero dizer, sim, eu


quis dizer ótimo. Ok, te vejo lá.
Desta vez ele me dá um sorriso genuíno, e meu mundo
inteiro se ilumina.

Depois, ele cai ao mesmo tempo. Eu o vejo partir e já me


pergunto se deveria cancelar. Sacudo minha cabeça. Estou
sendo estúpida. Ele acha que eu só quero me divertir, nada
mais. Dexter e eu podemos ser amigos.

Está tudo bem.

Eu estou bem.

Lá está aquela palavra estúpida de novo. Eu não estou


bem. Eu estou tudo menos bem.

Sexo estúpido...

Inferno! Dexter.

Zombo em voz alta de como sou ridícula e gostaria que


meu cérebro se recompusesse. Preciso de algum tipo de
proteção para me controlar perto dele, para não ficar bêbada e
fazer coisas estúpidas novamente. Ou pior, acabar em sua
cama esta noite.

Isso seria tão ruim?

Pare com isso, cérebro!

Quando eu volto para minha mesa, mando uma


mensagem para Kyle.

Eu: Ei, vou no The Gage depois do trabalho. Convide um


amigo.
Kyle: Vejo você lá.

Eu: Perfeito.

Se sairmos como um grupo, não ficarei tentada a flertar


com Dex. E terei pelo menos uma distração para a qual possa
recorrer se ele lançar aquele olhar ardente para mim ou
arregaçar as mangas e eu ver suas tatuagens. Isto é perfeito.
Eu me parabenizo mentalmente por ter inventado isso na hora.

Meu cérebro pode estar me amaldiçoando agora, mas


meu corpo não recebeu o memorando.

Eu sei de uma coisa, no entanto.

Eu ganhei meu sorriso.


Dexter

COVINGTON DEVE TER DESFRUTADO MUITO na outra noite, a


julgar pela conversa ao telefone desta tarde. Gostaria que o
mesmo pudesse ser dito sobre mim. Fui para casa sozinho e
me masturbei na minha cama pensando em Abigail. Porra, a
maneira como seus seios saltaram na minha pequena fantasia
enquanto ela montava meu pau. Não sei se alguma vez gozei
tão forte na minha vida.

Então, meus pensamentos se tornaram desleais comigo.


Não conseguia parar de pensar se ela tinha ido para casa com
aquele maricas ou não. Fiquei tão louco pensando nisso que
tive que correr ao longo do lago às duas da manhã. Estava tão
frio, e acabei ficando ainda mais irritado do que antes.

Covington tagarelava em meu ouvido sobre as morenas e


das merdas esquisitas que ele as obrigou a fazer. Porra, este
cara está metido em coisas malucas. Algo sobre barras de
alargamento e grampos de mamilos.

Sua maldita vida sexual é como se ele vivesse em uma


masmorra de tortura. Não é a minha praia, mas tanto faz.
Desde que ambos estejam de acordo e envolvidos, quem se
importa se gostam de colocar coleiras de cachorro e se
pendurarem no teto enquanto fodem?

Por alguma razão, porém, não consigo parar de pensar


em Abigail e naquele imbecil do amigo dela. É uma estupidez.
Não é da minha conta se ela leva algum idiota do bar para casa,
mas o pensamento dela com outro homem me deixa
desorientado. Agarro o telefone com força e deixo sair um
suspiro longo e frustrado, tentando pensar em qualquer coisa
e tentar extrair a tensão do meu corpo.

Eventualmente, a conversa termina e retorna aos


negócios em questão. Estou pronto para sair daqui. Tem sido
um dia longo e cansativo, mas esta é a conversa pela qual eu
tenho esperado, e não posso deixar que todo o meu trabalho
árduo vá para o lixo.

— Muito bem, Collins. Dê-me a porra do discurso. Você


trabalhou duro todo o fim de semana por esta oportunidade
como um rapazinho paciente.

Eu sorrio. Nada passa por este cara, não importa o


quanto ele pareça descontraído. Posso praticamente ouvi-lo
sorrir do outro lado, e tenho que apreciar o quanto ele é
arrogante. Algumas coisas nunca mudam. Na verdade,
algumas coisas pioram com o tempo, e Covington é o filho da
puta mais arrogante de todos os tempos. Eu gosto disso nele.
— Ouça, cadela.

Ele ri alto o suficiente para que dispare pelo telefone. —


Oh, eu vou gostar disso. Porra, sinto falta dessas merdas de
você. Passamos muito tempo em salas de reunião hoje em dia
e não temos tempo suficiente no bar.

— Você vai me deixar falar ou o quê, idiota?

Ele está agonizando. — Por favor, prossiga.

Como um mago das vendas, trabalho minha mágica. —


Vou direto ao assunto e pouparei nosso tempo. Eu dirijo as
finanças e os impostos. Somos especializados em negócios com
a SEC6 e o IRS7. — Coloco meu telefone entre a bochecha e o
ombro ao sair do meu escritório. Disse à Abby que a
encontraria para tomar um drinque no The Gage.

— Estou ciente. Mas você sabe disso, então continue.

O maior lance da minha vida e não consigo parar de


pensar em Abigail.

Porra. Sai da minha cabeça por dois minutos, mulher!

— Acho que deveríamos marcar uma reunião sobre o que


podemos oferecer a você. Eu sei o que você vai dizer... Bennett
Cooper, bla, bla, bla...

Ele me interrompe.

6 A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) é uma agência reguladora
independente do governo federal responsável por proteger os investidores, manter o funcionamento
justo e ordenado dos mercados de valores mobiliários e facilitar a formação de capital.
7 O IRS desempenha três funções principais - processamento de declarações de impostos,

atendimento ao contribuinte e fiscalização. Além disso, o IRS conduz investigações criminais e


supervisiona organizações isentas de impostos e planos de aposentadoria qualificados.
— Sem dúvida. Vamos agendar, podemos experimentar o
campo de golfe que tenho na propriedade. Eu farei meu pessoal
entrar em contato e ver quando podemos marcar.

Levanto as sobrancelhas. — É isso aí, imbecil? Não quer


nenhum detalhe específico agora?

Ele ri de novo. — Não, eu estou bem. Teria tratado disso


por telefone se você tivesse perguntado, mas foi bom beber
tequila diretamente da garrafa com você.

— Sim, foi divertido.

— Ei, Collins?

— Sim?

— Você sabe que eu não sou leal ao Cooper. Eu vou aonde


os números me levam. E todos os outros me seguem. Dê o seu
melhor na reunião.

A adrenalina inunda minhas veias e me sinto no topo do


mundo. Isso vai ser enorme.

— Oh, e Collins?

— Sim?

— Apresentação completa, já tenho uma reunião


marcada com Cooper quando voltar a Manhattan, para
discutir a expansão de sua representação de minhas novas
propriedades. Ele é muito bom e negócios são negócios. Nada
pessoal, portanto, se você me quer, faça valer meu tempo.
Porra! Foda-se Bennett Cooper.

Bennett Cooper é o idiota mais pomposo de todos os


tempos. Ele representa quase todos os grandes tubarões da
Wall Street, incluindo Wells, e todos na indústria vivem nas
sombras da Cooper and Associates. Não por muito tempo,
depois que eu terminar de saquear seus clientes.

Preciso muito da Wells a bordo. Ele vai dobrar a receita


do escritório. Isso pode significar aumentos e bônus para
muitas pessoas, não apenas para os sócios. Pode ser uma
mudança de vida para muitos funcionários daqui.

Ponho minhas preocupações de lado. Wells farejará a


fraqueza através do telefone. — Não há problema. A competição
é bem-vinda.

— Isto é o que eu gosto de ouvir. Porra, minha vida é boa.

— Oh, mesmo?

— Claro, os melhores advogados do mundo brigando por


mim. Mal posso esperar para ver o que o futuro reserva. Melhor
começar a ser criativo. Cooper não brinca e todo mundo em
Nova York está ciente de que você está atrás de seus clientes.
Eu já ouvi os murmúrios.

— Eles deveriam estar se queixando, mesmo. Talvez isso


o faça melhorar.

Covington ri. — É isso aí. Ansioso pela nossa reunião.


Obrigado pelo fim de semana agitado.
— Sem problemas. Até logo, maricas.

Eu termino a ligação e caminho direto para o elevador.

Porra. Tecker está lá.

Eu gemo por dentro. Eu amo minha irmã, mas Tate é uma


pílula difícil de engolir às vezes, e às vezes ela é incrível.
Depende apenas do dia. Provavelmente me dou melhor com ela
do que qualquer um dos meus irmãos, além de Decker, é claro.
É meu trabalho. Eu sou o maldito pacificador da família.
Sempre fui.

Meus irmãos discutem e se dão melhor do que ninguém,


mas Decker e Donavan estão nisso há meses. Normalmente,
estas pequenas discussões familiares em relação aos negócios
se resolvem em um ou dois dias. Vou ter que fazer algo em
breve porque ambos estão agindo como crianças imbecis.

— Justamente as duas pessoas que eu desejava ver. —


Eu sorrio para Tate. Alguém tem que enfrentar todos os olhares
que ela recebe de Deacon e Donavan.

— Mal posso esperar para ouvir isso, — diz Decker.

— Acabei de desligar o telefone com Covington. Ele quer


que eu vá à sua nova casa e converse com ele. Talvez jogar uma
partida de golfe.

Decker levanta um grande sorriso. É um sorriso astuto.


Aquele que se forma na cara dele quando há muito dinheiro
envolvido.
— Talvez eu deva ir para que você não se envergonhe. —
Tate responde sorrindo como se me tivesse ganho. — Tenho
certeza que ele vai tirar vantagem de você durante um belo
jantar.

Decker sorri ainda mais. Ele adora quando ela fala merda
para nós. Isto provavelmente são preliminares para os dois.

Eu rio porque era muito engraçado e aprecio uma boa


piada. — Tate, para o negócio de Wells Covington, eu pegaria
suas bolas em pessoa e colocaria nos dezoito buracos.

Ela solta uma gargalhada. — Bom saber que sua


autoestima está elevada. Sempre uma boa tática de defesa

Dou a ela um pequeno aceno de cabeça. — Obrigado.

Enquanto o elevador desce, Decker tenta mudar de


assunto. — Como está o restante da lista de novos clientes?

Ele não me ouviu? Estou prestes a abocanhar Wells


Covington.

— Foda-se, aqueles peixinhos. Estou fazendo o mínimo


com eles. Covington é minha prioridade no momento.

Ele balança a cabeça. — Você está investindo muito


tempo e risco em um cliente em potencial.

— Sim. — Tate aperta no térreo quando ela diz isso.

Imediatamente, o humor leve do elevador evapora.


Foda-se esses dois. Estou pensando na empresa e em
toda a receita direta e indireta que a Wells traria. Isso poderia
ser um monte de bônus de Natal para muitos funcionários que
não moram na porra de uma mansão próxima ao Lago
Michigan como esses dois.

— Olha, eu não te digo como fazer seu trabalho. Não me


diga como fazer o meu.

Os olhos de Decker se estreitam.

— Eu sou o sócio-gerente. Eu digo a todos como fazer


seus malditos trabalhos.

Minhas mãos se fecham em punhos. Preciso controlar


essa raiva crescendo em mim, mas simplesmente não consigo
deixar isso de lado. — Então deixe seu pequeno papagaio no
escritório dela quando discutir o meu comigo. Não preciso dela
no seu ombro fazendo comentários sarcásticos.

Tate escancara a boca. Não costumo ser tão duro com ela
e já me sinto um pouco culpado, mas, porra, posso ver por que
Donavan e Deacon ficam às vezes perturbados ao redor dela.
Ela não tem autoridade suficiente para isso.

Ela cruza os braços sobre o peito. — Eu também sou uma


sócia, idiota.

— Sim, e há muitos sócios, mas você é a única aqui


comentando sobre coisas que não lhe dizem respeito. Eu dirijo
as finanças. Você não sabe nada sobre isso. Pode voltar a pegar
Decker pelas bolas assim que eu sair do elevador.
Decker chega na minha cara e range os dentes.

— Você está falando sobre o bem-estar geral da empresa.


Não estamos discutindo a SEC e as negociações fiscais, mas
sim sobre sua relação com os clientes, e que todos os sócios
têm o direito de participar em tais negociações. E eu lhe digo,
você está colocando todos os seus ovos em uma cesta e isso é
imprudente. Isso criaria uma alta proporção em nossos
lançamentos a partir de uma única fonte de receita.

— Jesus Cristo, que problema terrível de se ter. E assim


que Covington trouxer mais clientes, o que ele faria, esse risco
desapareceria. Desde que não façamos empréstimos idiotas
contra futuras receitas ou não compremos outro maldito
edifício, estaríamos bem. Ele pode abrir vários novos
caminhos.

— Olha, entendo você, idiota. É apenas meu trabalho ser


cético e proteger o que temos. Covington é uma baleia. Dedique
algum tempo a ele, claro, mas não negligencie ninguém às suas
custas. Está entendido?

Encolho os ombros. — Tudo bem, papai. Algo mais?

— Sim. Peça desculpas a Tate.

Eu gargalhei.

Ele fica sério.


— Decker, não... — Tate o agarra pelo antebraço. — Eu
estava falando merda primeiro. Pensei que era alegre e
divertido, mas a conversa tomou outro rumo.

Eu olho para Tate. Ela parece sincera. Eu sei que ela se


importa. Tenho certeza que lida com idiotas falando mal dela
desde que se tornou advogada.

— Não, ele está certo, Tate. Desculpe. Eu não deveria ter


levado as coisas para o lado pessoal.

— Desculpas aceitas.

Decker olha para mim e para Tate.

— Porra, eu não aguento este lugar. Um bando de


crianças. — O elevador apita e Decker sai correndo como se
quisesse ficar longe de todos.

Tate sorri para mim.

— Acho que acabamos de envelhecê-lo cinco anos. Ele vai


ficar grisalho em breve.

— Lá embaixo também. Virilha velha e prateada.

Nós dois caímos na risada.

— Eu posso ouvir vocês, idiotas! — Decker aponta o dedo


do meio para nós e não se preocupa em se virar.
VOU PARA MINHA CASA afim de trocar para algo mais casual
e depois me dirijo ao The Gage.

Quando chego, encontro Abigail em uma mesa bebendo


uísque. É estranho e, ao mesmo tempo, eu tenho que sorrir.
Fico surpreso de vê-la sentada sozinha, e me pergunto quantos
homens afastou desde que chegou aqui. A julgar por alguns
dos olhares sujos que recebo enquanto me aproximo, diria que
alguns.

Comam merda, imbecis. Ela é minha.

Ela olha por cima de sua bebida e sorri. — Você veio.

Sua reação me faz sentir um pouco idiota. Fui muito rude


com ela no trabalho, mas eu tinha muita coisa acontecendo, e
não gostei de ficar acordado a noite toda com pensamentos
dela fodendo algum outro cara. Não era culpa dela que minha
mente estivesse sendo idiota, mas ainda assim.

— Eu disse que viria. Começando sem mim?

— Foi um longo dia, e eu realmente precisava de uma


bebida. Um cara estava sendo um idiota no trabalho.

— Dê-me o nome dele que eu resolvo isso.


Ela sorri e toma outro gole enquanto eu deslizo para a
cadeira vazia à sua esquerda. Peço um Bourbon puro e um
silêncio intenso se estende entre nós.

— Então, pudim de banana? Essa é a sua praia?

— Hah! — Ela bate com a palma da mão na mesa. — Você


estava ouvindo.

— Eu estava de mau humor.

— Porque…

Percorro um dedo ao longo da borda do copo de gelo. —


Nada importante. Voltando a esta fase de pudim. Tenho certeza
de que o de caramelo e banana são fantásticos, mas o
chocolate é o rei. Todos sabem disso.

— Você já comeu pudim de banana caseiro?

Eu balancei minha cabeça. — Não.

— Então, está resolvido. Vou fazer para você e ele vai


explodir sua mente.

Posso pensar em outra coisa que gostaria que ela


explodisse com aqueles lábios vermelho-cereja. Enrole-os em
volta do meu pau enquanto agarro seu cabelo com meu punho.

— Dex?

Afasto meus pensamentos fantasiosos. — Desculpe. O


que você estava dizendo?
— Vou fazer um pudim e levar para você no trabalho.

— Oh, sim. Isso seria bom. — Por que estamos falando


tanto sobre pudim?

— Não duvide das minhas habilidades relacionadas a


pudim. Eu faço mágica com bananas.

Porra.

Vou precisar ajustar meu pau se ela continuar falando


assim. Eu sei que ela fez isso de propósito.

— Abigail!

A voz estridente vem do nada e a masculinidade mantida


dentro dela é questionável, na melhor das hipóteses. Que porra
é essa?

— Kyle! — Abigail acena para ele, praticamente quicando


em seu assento.

Que. Porra. É. Essa.

Ela está tentando me irritar de propósito? Isto é uma


vingança por ter sido rude mais cedo no trabalho?

Olho por cima do ombro e o maricas do clube da outra


noite puxa uma cadeira junto com dois outros caras, e o fato
de me referir a eles como "caras" é extremamente educado.

— E aí, cara. — Ele estende a mão na mesa.

Deixo sua mão no ar porque foda-se e foda-se isso.


As sobrancelhas de Abigail se unem. — Dex, você se
lembra do Kyle, certo? Vocês se conheceram na PRYSM, antes
de ir embora com seu amigo e algumas garotas.

Então, ela estava prestando atenção.

— Desculpe. — Eu balanço minha cabeça diretamente


para Kyle. — Não foi uma noite memorável.

Cara, eu preciso sair daqui. Meu coração palpita em meus


ouvidos toda vez que Kyle e seus amigos respiram na minha
direção.

E que diabos não foi uma noite memorável. Não consigo


parar de pensar em seu corpo e naquele vestido vermelho
colado, subindo em suas malditas coxas. Como eu queria
enterrar meu rosto entre elas e prová-las. Quero tanto fodê-la
com aquele vestido que minhas bolas doem ao pensar nisso.

Kyle interrompe nossa conversa. — Estes são Craig e


Seth. Alguns dos meus colegas de trabalho.

— Você tem idade suficiente para beber? — Eu tomo um


gole do meu uísque, que desliza pela minha garganta e aquece
meu peito.

— Cara, eu tenho vinte e sete anos. — Ele zomba e revira


os olhos.

Eu me sinto como uma babá maldita. Aposto que eles


ainda moram com os pais. Por que diabos eu preciso competir
com esses idiotas? Isso é uma perda total do meu tempo. Eu
sou melhor que isso.

Abigail.

— Posso falar com você por um minuto? — Abigail desliza


para fora de seu assento e puxa meu braço.

— Se vocês me derem licença, senhoras. — Dou a eles um


aceno de cabeça, juntamente com um sorriso, e tomo o resto
da minha bebida.

Abigail agarra meu braço e me puxa, levando-me em


direção aos banheiros, longe de seu pequeno harém reverso do
qual fui feito parte. Eu não disputo pela atenção de uma
mulher e não pretendo começar agora. Ela convidou aquele
filho da puta que a estava moendo por toda parte na outra
noite. Isso é uma merda. Pensei que seríamos só nós dois. Ela
nunca mencionou o Kyle e seus amiguinhos, ou eu teria dito a
ela para ela se catar.

— O que diabos foi aquilo lá atrás?

Encolho os ombros. — O quê?

Ela joga as mãos para cima e fica agitada. Porra, ela é


ainda mais bonita quando está irritada. Eu fico olhando para
seus lábios, e é difícil me concentrar em suas palavras.

— Você sabe exatamente do que estou falando. Está


sendo rude com meus amigos. — Sua unha bem cuidada
cutuca meu peito.
Eu olho para o meu relógio como se estivesse atrasado
para uma reunião. — Terminou? — Eu também não faço
encenações e dramas. Não estou jogando tais joguinhos. É o
que eu digo a mim mesmo, apesar de estar claramente os
divertindo. Mas está prestes a terminar em breve. Se ela quiser
ter um bando de vagabundos bajulando sobre ela,
concordando com cada palavra que disser, ok. Eu achei que
ela fosse legal, mas talvez eu tenha me enganado. Começo a
pensar que ela se excita com a atenção masculina. Talvez ela
tenha problemas de autoestima ou algo assim, e espero
realmente que ela consiga resolver isso caso precise, mas eu
não serei parte da solução.

— Mais algum outro lugar que você prefira estar?

— Eu tenho que ir. — Não espero ela responder. Paro no


bar e pago nossas bebidas.

Jimmy, o barman diz: — E o deles? — Ele aponta para os


três palhaços.

— Eles podem pagar as suas. Aqui, isso é extra para você,


porque tenho certeza de que eles não dão gorjetas. — Eu
deslizo uma nota de vinte pelo bar.

— Obrigado, Dex.

— Sem problemas. Até logo.

Deslizando rapidamente através da multidão,


encaminho-me para a saída. Na calçada, esfrego uma mão
sobre o rosto e deixo sair um suspiro. Que se foda este maldito
dia.

— Ei! — Abigail sai das sombras, no estilo ninja, como se


ela tivesse acabado de se teletransportar, e aparece do nada na
minha frente.

Que diabos?

Eu tropeço para trás por um segundo antes de recuperar


o equilíbrio. — Você está tentando me dar um maldito ataque
cardíaco? Cristo!

Há um fogo em seus olhos que me excita como nenhuma


outra coisa. Ela está praticamente fervendo, seus braços
voando ao redor, toda agitada. — Qual é o seu problema?

Meus olhos se arregalam e eu apenas fico olhando para


ela. Ela deve estar cega como um maldito morcego se não sabe
o que está acontecendo aqui.

— Qual é o meu problema?

— Sim, foi o que eu disse, idiota. — Ambas as mãos vão


para seus quadris.

— Idiota?

— Foi isso que eu disse, não foi?

Foda-se isso.

Vou mostrar a ela a resposta para a sua pergunta.


Aproximo-me do seu rosto com ambas as mãos e depois
olho diretamente em seus olhos ardentes. Antes que ela possa
se afastar, eu inclino minha boca sobre a dela e a beijo. Sua
boca é ainda mais macia do que eu me lembrava. Deslizo uma
mão por seu pescoço, ao longo de suas curvas, até sua bunda,
depois a puxo com força contra mim.

Esse é meu maldito problema. Eu sou um maldito


homem.

Eu não jogo joguinhos de meninos.

Quando eu quero algo, eu pego.

O beijo é doce e mais rápido do que eu gostaria, mas é o


que é. Agora ela sabe e pode parar de brincar comigo como se
eu estivesse no mesmo nível que aqueles miseráveis de merda
no bar.

Ela sabe no que eu estou interessado.

Seus cílios tremem por um momento, e ela fica atordoada.

Inclinando-se em direção à minha boca, mas me afasto,


embora seja a última coisa que eu queira fazer.

O que eu quero fazer e o que eu preciso fazer são duas


coisas bem distintas. Quero puxar seu pequeno traseiro
apertado para dentro de um táxi, levá-la para minha casa e
enterrar meu rosto entre suas coxas até que ela goze tantas
vezes que não consiga respirar.
Abigail me olha de volta com seus olhos azuis bebê,
aparentemente em transe. Talvez eu a tenha beijado tanto que
ela ficou catatônica. Seus dedos se movem para seus lábios.

— Esse é o meu problema. — Eu me afasto ao invés de


beijá-la novamente.

Não olho para trás quando ouço meu nome sair de seus
lábios. Ela pode pensar sobre essas merdas por um tempo.

Não, eu continuo andando pela avenida Michigan até me


encontrar na academia.

Passo meu cartão e tiro as roupas sobressalentes que


guardo em meu armário. Preciso queimar toda essa frustração
e gastar energia antes de fazer algo estúpido.

Foda-se, ela me deixou esgotado.

Quero descarregar em alguém, e definitivamente não


quero que seja nela. Por mais agradável que pudesse ter sido,
eu também não queria descarregar em seus amigos.

Amigos.

Ela realmente precisa se livrar daqueles caras. Você pode


dizer, olhando para eles, que estão agarrados a um sonho, de
que um dia ela ficará muito bêbada ou terá um dia muito ruim,
e eles irão se aproveitar quando ela estiver vulnerável e
poderão colocar seus pequenos paus de bebê dentro dela uma
única vez. Eu sei como esses filhos da puta operam. Eles vão
perder meses, agarrando-se a alguém que não tem interesse
neles, na esperança de tirar vantagem apenas uma vez. Quão
patético você pode ser?

Era apenas uma questão de tempo até que eu


arrebentasse com um deles. Não posso realmente culpá-los por
quererem ficar perto dela. Abigail é linda. Ela é divertida e um
pouco boba quando ela quer ser. Ela me faz sorrir.

Quando começo meu treino, meu cérebro se estabiliza e


eu faço o que faço melhor, analiso. Há mais do que alguns
problemas em jogo aqui. Por exemplo, ela é jovem. Jovem
demais para mim, mas não posso evitar a atração. Ela tem
vinte e quatro anos, mas é muito mais madura do que eu era
naquela idade. Isso não é dizer muito. Ela provavelmente é
mais madura do que eu sou hoje, se estou sendo honesto.

Outro problema, ela é uma das transferidas, vindas de


Dallas, de Tate, e tenho certeza de que Tate não aprovaria, e
Abigail provavelmente a escuta mais do que ninguém. Eu me
dou melhor com Tate do que qualquer um de meus irmãos,
mas ambos sabemos que é só para manter a paz e por Decker.
Tenho certeza de que se tivesse a oportunidade, Tate diria a
Abigail que sou um mulherengo, quando e se ela descobrisse
que estamos nos encontrando. Ela também não estaria errada
em relação a isso.

Não posso evitar o fato de que gosto de mulheres. Eu


gosto de fodê-las e gosto de fazê-las gozar. É exatamente o que
eu faço. No entanto, nunca estive tão obcecado por uma.
Quanto mais penso nisso, mais me dou conta de que não penso
sequer em dormir com outra mulher desde que conheci Abby.

Atiro duas de vinte e cinco na prensa e tento me livrar


desta confusão. Não tenho tempo para isso. O maior cliente da
minha vida está ao meu alcance e eu deveria dedicar 100% do
meu tempo para conseguir essa assinatura na linha
pontilhada.

Depois de três séries no banco, bati na esteira, meus pés


acelerando contra meus pensamentos em uma batalha para
ver quem ganhará enquanto a música atravessa por meus
fones de ouvido. Estas corridas induzidas por Abigail precisam
parar. Estou chegando ao meu limite e não posso deixar que
isso se torne um problema. Pelo menos desta vez não vou
sentir tanto frio e ficar bravo, depois de ter dado minha corrida
noturna da Abigail. A música não servindo para nada, não
poderia contar as últimas cinco que ouvi. Só consigo pensar
nela e em como ainda posso senti-la nos meus lábios.

A pior parte é que eu quero prová-la novamente.


Abigail

JÁ FAZ DOIS dias desde que Dexter me surpreendeu com


aquele beijo. Não foi um bom beijo. Foi um beijo do tipo "tapa
na cara", que rouba seu fôlego. Foi profundo, apaixonado e
poderoso, e Deus, possessivo. A maneira como suas mãos e
dedos ásperos cavaram em minha bunda e me puxaram para
ele, como se eu fosse dele e somente dele.

Então ele simplesmente foi embora sem nem olhar para


trás?

Nunca um cara me beijou e depois me deixou esperando.


Como posso interpretar isso? Isso não faz sentido. Não sei o
que fazer com essa situação ou com ele.

Nunca fui uma daquelas garotas que fica excitada quando


os homens brigam por ela, mas estaria mentindo se dissesse
que não me excitou, o quanto Dex parecia ciumento. Eu não
sei do que ele tem que ter ciúmes. Não é como se eu tivesse
sentimentos por Kyle ou qualquer um dos outros caras. Eles
são completamente inofensivos.
Kyle acha que Dex é um bastardo presunçoso, mas ele
não o conhece como eu. Ele não o conhece de todo.

Pedi desculpas quando retornei e disse que foi um dia


difícil no trabalho.

Quanto mais eu olhava para Kyle e suas reações, mais


tentava entender as coisas. Kyle poderia querer mais do que
amizade? De jeito nenhum. Ele é apenas um vizinho amigável.
Ele nunca tentou nada ou me convidou para sair, ou qualquer
coisa assim.

Estou tão em conflito agora. Eu poderia me apaixonar por


Dexter, isso é certo. O que há para não gostar disso? Ele é bem-
sucedido, bonito e charmoso, mas também é mais velho do que
eu e trabalhamos juntos.

Preciso retroceder e desacelerar. Me mudei para Chicago


para me divertir. Ter experiências de vida antes de pensar em
me estabelecer com alguém. Eu vi tantos amigos se casarem
logo depois do colégio, começarem uma família e terem filhos,
nunca realmente sair e viver.

Não há nada de errado com esse estilo de vida,


simplesmente não é para mim. Quero viajar, conhecer o
mundo e me divertir antes de me casar e ter esse tipo de
responsabilidades. Não quero ser responsável por outra pessoa
agora. Estou no auge da minha vida e quero aproveitar, tirar
tudo que puder todos os dias.
Há apenas um problema, no entanto. Dexter me fez
questionar todo o meu plano de vida depois daquele maldito
beijo. Aquele beijo estonteante e ridículo que virou meu mundo
pelo avesso.

Passo o garfo na salada à procura de um pedaço de frango


grelhado. Estou comendo no refeitório hoje em vez de sair para
almoçar. Se eu quiser me mudar, preciso economizar algum
dinheiro. Originalmente, eu estava economizando para
comprar um carro, então não teria que depender de transporte
público, mas acho que não me importo com o trem. Na
verdade, é meio agradável.

O que me importo é com minha colega de quarto maluca


e o namorado dela. Ele dormiu em casa todos os dias esta
semana.

— Aí está, perdida em pensamentos. — Quinn desliza na


cadeira em frente. — Importa-se se eu me juntar a você? — Ela
tem livros de Direito com ela.

Não posso deixar de notar o enorme anel de noivado


esmeralda em seu dedo. É muito lindo e perfeito para ela. Isso
me faz querer desmaiar, só de lembrar da noite em que Deacon
propôs. Ainda não consigo acreditar que bati na cabeça de Dex.
Foi brincadeira, como Gibbs no NCIS, mas admito que, na
época, eu tinha alguns coquetéis a mais dentro de mim.

Dou uma olhada e provavelmente Quinn está


conversando comigo para que possa interromper os estudos. É
o que eu faria. Ela logo estará prestando o exame da Ordem e
eu me sentiria horrível por ela e Deacon se ela não passar. Mas
tenho certeza que ela vai passar. Ela é muito inteligente e
provavelmente a trabalhadora mais esforçada que eu já
conheci. Definitivamente, eu a admiro quando se trata de
conduta profissional. Ela está sempre disposta e um passo à
frente de todos.

— Claro, sente-se.

— Ótimo. — Ela desempacota seu almoço. Parece um


recipiente de sopa e um sanduíche. — Então, o que você está
debatendo consigo mesma?

— Estou... não... só estava pensando em algumas coisas.

— Coisas que fizeram você parecer que estava prestes a


matar sua salada? — Quinn sorri enquanto ela esmigalha
biscoitos em sua tigela de sopa.

Eu realmente não tenho ninguém com quem falar sobre


assuntos de relacionamento. Quero dizer, vivo com a Barbie,
mas não somos amigas. Ela encontraria uma maneira de fazer
a conversa virar sobre ela. Há o Kyle, mas eu nunca poderia
falar com ele sobre Dexter. Ele deixou seus sentimentos sobre
Dex perfeitamente claros.

Preciso tirar esses pensamentos da minha cabeça. —


Qual é o problema com Dexter? — Eu me encolho ao fazer a
pergunta. Bem, agora está às claras.

— O que você quer dizer? Como chefe, colega de trabalho,


amigo, ou como um namorado?
— Eu não sei. — Enterro meu rosto em minhas mãos e
penso que talvez o mundo irá desaparecer junto com esta
conversa. Sou tão ruim nisso. — Não sei de nada no momento.

— Só estou dificultando sua vida. — Ela sopra sua colher


de sopa. — Dexter é um homem bom. Obviamente, ele fez algo.
Simplesmente jogue isso fora. Vai se sentir melhor.

Continuo sem conseguir olhar para ela. — Isto fica entre


nós, certo? — Sou tão terrível com esta coisa de fofoca e tenho
que ser supercuidadosa. Quinn não é uma garota qualquer.
Ela é a noiva de Deacon. Ela vive com o irmão gêmeo de Dexter,
não quero que ela corra nas minhas costas e desembuche esta
conversa com Deacon, e isso chegue a Dex.

— Pode confiar em mim.

— Ok. — Eu respiro e expiro, porque realmente quero as


informações que ela tem a oferecer. — Dexter e eu saímos
algumas vezes depois do trabalho. Nada importante, apenas
tomar uma bebida no The Gage, coisas normais que as pessoas
do escritório fazem. Eu o convidei outro dia para se encontrar
comigo e alguns amigos e ele foi rude com eles sem motivo.

— Eram caras?

— Quem?

— Os outros amigos que você convidou.

— Sim, por quê?


Ela me encara como se eu tivesse no espaço. — Eu sei
que você é jovem, mas vamos lá. Os homens adoram mijar em
tudo na sala para marcar seu território. Os irmãos Collins,
mais do que ninguém. Ele gosta de você. Honestamente, no
outro dia eu comentei com Tate que achava que vocês
namoravam escondido porque ele nunca para de falar de você.
Ele e Deacon são assim, então eu escuto tudo. — Ela cruza
dois de seus dedos. — É essa coisa toda de gêmeos.

— Realmente? Ele fala sobre mim?

— Sim. Quer dizer, ele tenta não deixar isso óbvio, então
é sutil. Mas ele sempre encontra um jeito de colocar você nas
conversas.

— Hã. — Nunca pensei em Dex conversando com seu


irmão fora do trabalho, e definitivamente não teria pensado
que ele falaria sobre mim.

— Foi só isso que ele fez?

— Bem, humm...

Ela se inclina e sorri. — Vamos, desembucha.

— Bem, houve um beijo. — Minhas bochechas devem


estar uns dez tons de rosa. Não me lembro de ter feito isso
antes, conversando com outra mulher além da minha mãe
sobre um cara. Até isso é raro porque nunca namorei ninguém
a sério.

— Legal. — Ela acena lentamente. — Conte-me tudo.


— Ok. Tudo bem. Houve dois, mas não sei se o primeiro
realmente conta.

— Por que não contaria?

— Foi na noite no jogo do Bears, quando ele me fez cuidar


do seu pai.

— Então... nós duas tivemos um pouco de sorte naquele


dia, hein? — Ela me cutuca com o cotovelo.

— Bem, nós dois estávamos exaustos. Nem sei se ele se


lembra disso. Ficamos com todos os jogadores de futebol
depois que você saiu. Deus, está tudo tão embaçado.

— E na segunda vez?

— Quando estávamos no bar outro dia, ele foi realmente


uma merda com meus amigos. Então, eu o puxei de lado para
perguntar qual era o seu problema, e ele me dispensou dizendo
que tinha que ir. Eu fiquei puta e o embosquei do lado de fora.
Houve um momento intenso e ele apenas me beijou, e quero
dizer, ele me beijou de verdade.

Quinn concorda.

— Eles fazem isso. Os meninos Collins. Eles com certeza


fazem.

Eu estalo meus dedos na frente do rosto dela quando ela


fica com esse olhar distante, como se ela estivesse revivendo
cada beijo que já deu em Deacon. — Estamos falando de mim
aqui.
Quinn ri. — Desculpe, continue.

— Bem, depois disso, ele não disse nada. Ele apenas foi
embora. Sem olhar para trás. Nada de nada. Fiquei ali parada
atordoada. E nos últimos dias ele têm me evitado, e eu não sei
o que fazer ou o que dizer. Isso está me deixando louca.

— Você gosta dele?

— Quer dizer... eu não sei, estou tão confusa. Eu só... não


gosto de me sentir estranha, e é assim que tudo parece agora.

— Bem, tenho experiência em namorar um irmão Collins,


e meu conselho é que o encontre e o convença a falar. Sim, eles
agem como meninos, mas são calculistas. O que quer que ele
esteja fazendo, é por uma razão. Você tem que mantê-los
alerta.

Ela faz isso parecer tão fácil. Eu nem sei o que eu diria e
provavelmente estou lendo tudo errado sobre isso. Talvez,
tenha sido apenas uma coisa de momento.

Ela olha para o telefone. — Oh, droga. É melhor


voltarmos.

Eu me levanto para sair e ela me agarra de leve pelo


antebraço.

— Nos falamos em breve. Eu quero uma atualização.

— Sim. Ok. Vou com você, Decker quer me ver. — Pego


minhas coisas e jogo o que sobrou da minha salada no lixo.
Voltamos para o elevador e descemos em nosso andar.

— Acho que ele está lá dentro sozinho por mais alguns


minutos. Bom timing. — Quinn acena para seu escritório.

Eu atravesso as portas e a cabeça de Decker surge atrás


de seu computador.

— Perfeito. Eu tenho algo para você. Sente-se.

Decker vasculha algumas pastas, e não posso deixar de


apreciar o quanto organizado e exigente ele é em relação a
tudo. E sempre dá instruções muito específicas, e eu adoro
estes projetos especiais que ele me atribui. Há sempre uma
tarefa clara e um prazo. Se eu pudesse ter apenas esse tipo de
ordem em minha vida pessoal, eu estaria no céu. Sempre me
senti como se estivesse fora de controle no exterior destas
paredes. O trabalho me mantém centrada, como se eu tivesse
um propósito.

Ele finalmente encontra o que está procurando, mas


empurra para o lado.

— Desculpe, tinha que separar isso ou me deixaria


maluco.

— O que posso fazer por você, Sr. Collins?

— Preciso que você faça algumas pesquisas. É a melhor


que tenho para esse tipo de coisa.
Eu aceno, com meu peito inchando de orgulho. Não sei se
alguém, além dos meus pais, já me disse que sou a melhor em
alguma coisa, e é incrível ouvir isso do sócio-gerente.

— Obrigada, senhor. O que estou pesquisando?

— Não o quê, quem. Eu preciso que você dê uma olhada


em Wells Covington. Ele é um administrador de fundos hedge.
Tem residência em Chicago, mas passa um tempo em
Manhattan. Tenho certeza que ele também tem imóveis lá.

— Há algo específico que você está procurando?

Decker se levanta e contorna sua mesa, depois se recosta


nela e cruza os braços sobre o peito. Não posso deixar de notar
o quanto ele e todos os outros irmãos são parecidos. Não
apenas na aparência, mas nos trejeitos, a maneira como falam
e expressam as coisas. É como se eu estivesse olhando para
um Dexter mais velho e maduro, como ele será em cinco ou
seis anos.

— Eu só quero saber se ele tem algum segredo. Não se


concentre em seu trabalho e nesse tipo de coisa. Quero saber
sobre sua vida pessoal, hobbies, etc.

— Então, atividades extracurriculares fora do trabalho?

— Exatamente.

— Para quando você precisa disso?

— Faça disso uma prioridade. O mais breve possível.


Eu aceno mais uma vez. — Ok. Vou começar
imediatamente.

— Obrigado, Abigail.

Eu me levanto e saio do seu escritório. É bom ser


solicitada para trabalhos como este, especialmente pelo chefe
da firma. Além disso, a pesquisa não é tão difícil. Você pode
descobrir qualquer coisa sobre qualquer pessoa nas redes
sociais. Todos acham genial minha habilidade em descobrir
qualquer tipo de informação nas mídias. Talvez seja porque
sou mais jovem que a maioria dos outros paralegais, e cresci
com elas e sei como navegar em todas as plataformas.

QUANDO EU CHEGUEI do trabalho, há um recado da Barbie


na geladeira.

Por favor, seja atenciosa ao se preparar de manhã. Peguei


o turno da noite hoje e irei para a cama quando você acordar.

-Barbie

Ugh!
Ela é tão chata, eu nem sequer sou barulhenta. Ela
trabalha no hospital alocando pacientes para leitos ou algo
assim. Não consigo me lembrar exatamente o que ela me disse,
não estava realmente ouvindo. Sou terrível, eu sei, mas foi
quando me mudei e eu estava muito cansada. Ela é como uma
Sheldon Cooper fêmea com um QI normal. Eu deveria deixar a
ela um bilhete dizendo ao seu namorado para ir cagar na sua
própria casa.

Coloco minhas coisas no balcão e passo pelo corredor


depois de esmigalhar o bilhete. Tiro meus saltos, e troco minha
saia por uma calça de moletom e camiseta. Depois de soltar
meu cabelo, jogo o sutiã de lado, já que não tenho que me
preocupar com o aparecimento de Chuck.

Meu estômago ronca, expressando sua desaprovação de


meia salada de frango no refeitório esta tarde. Estou morrendo
de fome, mas não quero cozinhar nada. Eu deveria, já que
preciso economizar dinheiro, mas foi um longo dia, e eu só
quero me enrolar no sofá e vegetar enquanto tenho o
apartamento só para mim.

Barbie não gosta que ninguém coma no sofá. Ela age


como se fosse uma peça de couro de cinco mil dólares. É um
modelo do Walmart, mas a última coisa que eu quero é ficar
na mira dela e depois sofrer as consequências.

Eu pego a pilha de menus de comida na cozinha e caio no


sofá, desabando enquanto me decido pelo jantar. Não estou
com disposição para comida chinesa ou tailandesa. Eu poderia
pedir uma pizza, mas sei que a maior parte será jogada fora, a
menos que eu convide Kyle.

Na verdade, não estou disposta à companhia dele hoje à


noite e não há motivo algum para que eu não esteja.

Você está mentindo para si mesma.

Claro que estou. Sei exatamente por que não quero a


companhia dele, e o nome começa com um grande e gordo D.

Deus, Dexter é tão frustrante. Eu sei que precisamos falar


sobre esse maldito beijo. Mas não quero que isso arruíne nossa
amizade. Ele é uma das minhas pessoas favoritas no trabalho.
Certo, ele é a melhor pessoa, com seus potinhos de pudim e
olhar rabugento que ele reserva para todos menos para mim,
até recentemente.

Hormônios estúpidos.

Estou prestes a desistir dos menus e ir até o mercado


quando uma batida soa na porta. Não quero sair do sofá para
atender, mas preciso. E se a Barbie estiver esperando uma
encomenda ou algo assim? Ouvirei pelo resto da vida.

Relutantemente, vou para a porta.

Quando abro a porta, Kyle está do outro lado segurando


uma sacola de fast food.

— Peguei no caminho de casa. Achei que você pudesse


estar com fome. — Ele fala exibindo um grande sorriso.
Ele é tão bobo, mas de uma forma fofa. Um pouco nerd
de calças Dockers8 marrons e camisa xadrez desabotoada. E
por baixo, uma camiseta do Mickey Mouse. Ele é gerente de
uma rede de lojas de videogames que seu pai possui.

— Está seguro? — Ele examina a sala atrás de mim em


busca de Barbie. Estou surpreso que ele ainda venha aqui
depois de alguns dos encontros que teve com ela.

Ele só concordou em ir conosco à PRYSM porque era tão


barulhento que ele não conseguiria ouvi-la falar a maior parte
da noite.

— Sim. E eu estou morrendo de fome. — Aceno para ele


entrar e fecho a porta. Eu sei que disse que não queria a
companhia dele hoje, mas estou com tanta fome. Além disso,
é bobo. Kyle é meu amigo. Não deveria importar o que Dexter
pensa. Não estamos juntos. Só preciso desviar a conversa de
Dexter e tudo ficará bem.

Kyle coloca a sacola no balcão da cozinha e tira dois


sanduíches de carne e dois pacotes de batatas fritas.

— Você é o melhor.

— Sempre às ordens.

— Isso é verdade. — Pego alguns pratos, copos e dois latas


de Pepsi da geladeira.

8 Dockers é uma marca americana de roupas e outros acessórios da Levi Strauss & Co..
Nós dois nos acomodamos no sofá com nossa comida, e
eu começo a folhear o Netflix. É minha vez de escolher.

Kyle exala um suspiro audível quando eu faço minha


escolha.

— Labyrinth9 é um clássico cult. Quem diabos não ama


David Bowie?

— Você é tão esquisita.

— Diz o homem adulto com a camiseta do Mickey Mouse.

— Pfft, tanto faz. Eu tenho um ótimo estilo.

Eu bufo. — Claro.

— Você está acostumada a estar perto de caras de ternos


o dia todo, como aquele idiota que você está sempre bajulando.

Não, não devemos falar sobre isso.

— Eu não bajulo o gosto... Dexter. — Maldição! Tenho que


parar de fazer isso.

Kyle tem esse olhar esquisito no rosto.

Tudo bem, acho que estamos fazendo isso. Encolho os


ombros. — O quê? Ele é gostoso.

Kyle revira os olhos. — Tanto faz. Não me importa com


quem você namora.

9Labyrinth é um filme de fantasia musical de 1986 dirigido por Jim Henson, tendo no elenco David
Bowie;
— Eu não estou namorando com ele. Nós trabalhamos
juntos.

Ele sorri quando ouve isso. — Ótimo. Você é boa demais


para ele.

— Não estou interessada em namorar ninguém. Você


sabe disso. — Mesmo quando as palavras saem da minha boca,
elas parecem fracas.

— É o que você diz.

Eu faço uma pausa no filme e me viro para ele. — O que


você quer dizer com isso?

Ele se encolhe. — Nada, caramba. Vamos apenas comer


e ver seu filme. — Ele morde no seu sanduíche.

Eu decido deixar para lá. Não quero discutir com Kyle,


mas a sala parece que esfriou cerca de vinte graus. Eu pego
minha comida, e minha mente volta para a conversa com
Quinn. Ele gosta de você. Achei que vocês dois estavam
namorando secretamente.

— Ei. — Kyle bate no meu joelho.

Eu pulo antes que eu possa me impedir. — Desculpa. Só


tenho muito em que pensar.

— Sim. Eu percebi. Se você quiser conversar ou algo


assim... — Ele coça a nuca.
Não digo nada porque não quero falar com ele sobre
Dexter.

— Ok, bem, eu acho que vou encerrar a noite. Tenho


algumas coisas para fazer.

— Oh, certo. Obrigada novamente pelo jantar. Da


próxima vez, é por minha conta.

— Ótimo. — Ele vai até a porta e acena para mim.

Depois que ele sai, desligo a TV e limpo nossa bagunça.


A última coisa de que preciso é um bilhete passivo e agressivo
da Barbie me lembrando de não comer no sofá. Ainda é muito
cedo para ir para a cama, então escolho minhas roupas de
trabalho para amanhã e me presenteio com um banho de
espuma.

Afundando na água quente, tento clarear minha cabeça e


relaxar. Deitando com minha cabeça contra a parede, eu fecho
meus olhos. Meus pensamentos encontram o caminho para
aquele maldito beijo de novo. Só que desta vez eu imagino o
que poderia ter acontecido se Dex não tivesse ido embora.
Talvez nós dois pegássemos um táxi de volta para a casa dele
ou até mesmo um quarto de hotel.

Talvez seja disso que nós dois precisemos. Basta fazer


sexo e tirar o que quer que isso seja de nossas cabeças. Eu
jogo a fantasia na minha mente, imaginando Dex me levando
para o quarto de hotel, sua boca entrelaçada com a minha.
Rastejando meus dedos por meu pescoço, esfrego e aperto meu
mamilo, tocando-me continuamente para baixo enquanto o
sonho se desenrola.

Será que ele seria rápido ou lento? Aposto que Dex é um


homem que abusa das preliminares. Leva seu tempo e provoca
como um tarado. Ele gostaria que eu implorasse por isso,
implorasse por ele. Eu o imagino sentado ali todo poderoso em
seu terno, ordenando que eu me dispa enquanto seus olhos
rabugentos nunca deixam os meus. Ele possui esta vibração
sobre ele que é cem por cento masculina, puro sexo e poder.
Ele é mais velho, mas não muito velho, simplesmente perfeito.
Experiente. Isso é o que ele é.

Fico meio excitada depois de terminar meu banho.

Quando chego ao meu quarto, meus olhos piscam para


frente e para trás entre a cama e a gaveta onde eu guardo meu
vibrador. Não é preciso muito para me convencer de que eu
deveria ir em frente e terminar o que comecei.
Dexter

É QUINTA-FEIRA, e estou de volta ao escritório depois de


uma reunião-almoço que me fez refletir. Um velho amigo está
passando por um divórcio e possui ações em várias
corporações. Tanto ele quanto sua esposa têm bens. Ele queria
meu conselho sobre suas opções financeiras e, embora seja um
cara legal, é um idiota total quando se trata de negócios. Ele
jogou tanto dinheiro na MLM10 e em outros investimentos de
merda. O cara foi um fracasso em tudo e acumulou uma dívida
enorme. Não admira que seu casamento não tenha dado certo.

No entanto, sua futura ex-mulher é um bebê de fundo


fiduciário, com sua própria conta bancária saudável e
administrada por pessoas competentes. Ela vale mais do que
ele. Ele precisa dela para cobrir parte da dívida dele. O pobre
coitado a traiu com a babá, a coisa toda é uma merda e
emocional pra caramba, algo que o dinheiro nunca deveria
constituir. Ele vai ficar sem nada. Eu até teria pena dele, mas
o desgraçado pediu por isso. Tudo o que ele tinha que fazer era

10O marketing multinível (MLM) é uma estratégia que algumas empresas de vendas diretas usam
para encorajar os distribuidores existentes a recrutar novos distribuidores que recebem uma
porcentagem das vendas de seus recrutas. (ESQUEMA DE PIRÂMIDE FINANCEIRA)
manter seu pau dentro das calças. Toda esta situação me
causa uma enxaqueca.

Estou quase chegando ao meu escritório. Acho que tenho


alguns analgésicos na minha mesa, e planejo tomar dois,
sentar-me e ter uma tarde agradável sem estresse depois desse
show de merda.

Ao virar o corredor, esbarro em Cole Miller. Nos


conhecemos há muito tempo, quando cursamos a
Universidade de Illinois. Nós dois e Wells éramos inseparáveis
na faculdade, mas gradualmente nos separamos à medida que
nossas carreiras decolavam. Ele foi um lutador profissional de
MMA por um tempo e agora é proprietário de uma rede de
academias em todo o país. Ele é um bilionário, mas tão
humilde quanto possível.

No ano passado, ele tem entrado e saído muito do


escritório. Uma de suas funcionárias tirou uma fotografia com
uma das associadas ao fundo, colocou-a na rede social, depois
ela e seus amigos começaram a fazer todo tipo de brincadeira
sobre o peso e a aparência da mulher.

Aquilo explodiu e se tornou viral por todo o Twitter e


Facebook. A associada processou sua empresa e agora nossa
firma está representando-os. Decker está no comando da ação,
pois a relação com a mídia é uma de suas especialidades.

— Justamente o cara que eu estava procurando. — Cole


estende a mão.
Eu a pego, e seu maldito aperto quase me faz estremecer,
mesmo que eu não demonstrasse. — Como vai indo? Você está
saindo de toda essa merda?

— As coisas estão melhorando. Decker acha que vai ser


arquivado. Fizeram um bom trabalho para mim. Não pensem
que não passou despercebido.

— É o que fazemos. Você sabe disso. Estava procurando


por mim?

— Eu queria te dar isso. Decker mencionou algo um


tempo atrás. Disse que você é um grande fã. — Ele enfia a mão
no bolso interno da jaqueta e coloca dois ingressos na minha
mão para uma grande luta de MMA neste fim de semana no
United Center.

Foda-se, sim. Minha sorte acabou de mudar. Tenho


tentado conseguir ingressos, usei todas as conexões que
consegui pensar, além de Cole, é claro. A última coisa que eu
queria era incomodá-lo com um pedido de ingresso quando ele
está sendo processado.

— Claro que sim. Obrigado. — Eu os abano na minha


frente. — Estava ansioso por essa merda. Não queria
incomodá-lo com tudo acontecendo.

Ele acena para mim como se não fosse nada. — Não seja
ridículo. Me ligue sempre que precisar, a qualquer hora. Vai
ser um banho de sangue. Mandez é uma besta.
— Tenho certeza que sim, considerando que você o
treinou. Mas ele tem velocidade?

Ele acena lentamente. — Boa, Collins, você entende das


coisas. E eu não sei, mas vai ser bom.

— Vejo você lá.

— Sim. — Ele dá um passo em direção à sala de


conferências. — Tenho que entrar lá e me encontrar com seu
irmão.

— Boa sorte, rapaz.

Nós nos separamos e eu sorrio para mim mesmo. Já se


passaram alguns dias, e eu acredito que Abby teve tempo
suficiente para pensar naquele beijo e no que ela está
perdendo. Agora, é hora da próxima etapa do meu plano. Eu vi
como essa merda funciona em seus filmes de romance. Sempre
deixe-as querendo mais. Nunca pareça muito desesperado. O
herói sempre mata quando segue esses princípios. Eu vou até
a mesa dela, mas ela não está lá.

Bem, foda-se.
Abigail

— EI, Quinn. O Sr. Collins está disponível? Tenho


algumas pesquisas que estava fazendo para ele.

— Sim. Ele não está com ninguém agora. Você já


conversou com você sabe quem? — Ela sorri e enfia o cabelo
ruivo atrás da orelha.

Eu suspiro e olho para a parede. — Não. Não tive


realmente uma oportunidade. — Não digo a ela que ele ainda
está me evitando como uma maldita praga desde aquele beijo
estúpido. Já superei isso completamente. É o que eu continuo
dizendo a mim mesma, de qualquer forma. Não importa
quantas pilhas eu tenha queimado com meu vibrador, estou
me agarrando a ele. Já esqueci Dexter Collins e seus
joguinhos.

— É melhor encarar isso logo. — Suas bochechas ficam


um pouco rosadas e ela sorri para a tela do computador.

— Tenho trabalho a fazer. — Eu aceno meu arquivo para


ela e sorrio. Passar um tempo com Quinn é divertido e ajuda a
tirar minha mente das coisas. Talvez eu devesse ter mais
amigas, as do passado foram apenas experiências infelizes.

— Ok. — Ela finge uma careta para mim, como se


estivesse desapontada com a minha resposta. — Vou deixá-lo
saber que você está aqui. Sente-se. — Ela aponta para a área
de espera para os clientes de Decker.

Sento-me e folheio meus documentos, tentando me


lembrar de onde vi esse cara antes. Ele parece vagamente
familiar.

Quinn pega seu telefone. — Abigail está aqui. Ok. Vou


mandá-la entrar.

Eu encontro o olhar de Quinn e ela acena com a mão


apontando para eu ir.

Sei que estou voltando mais cedo do que Decker esperava,


mas ainda há algo a respeito de entrar no escritório do chefe
que me deixa com o estômago em um nó. É como quando você
estava na escola primária e sabia que não estava em apuros,
mas mesmo assim tinha que entrar na sala do diretor. A sala
parecia sempre sinistra.

— Conseguiu alguma coisa? Isso foi rápido.

Coloco o arquivo de lado. — Vasculhei suas redes sociais


e internet. Nada de criminoso ou qualquer coisa do gênero.
Encontrei algumas conexões com alguns humm... —
Estremeço um pouco porque as pessoas não deveriam ser
realmente julgadas por este tipo de coisa, mas elas são. E até
parece errado mencionar isso para ele, mas sei que vai querer
saber.

— O que é? — Decker se inclina, ficando repentinamente


interessado.

— Humm, algumas coisas do tipo clube de sexo


excêntrico.

Decker esfrega o queixo e se retorce na cadeira,


aparentemente pensando no que fazer. — Leve isso para o
Rick. Diga a ele que quero que ele cave fundo esse cara. Eu
quero tudo, trabalho e pessoal.

Eu concordo. Não é meu trabalho questionar meu chefe.


— Ok. Você quer ler tudo isso antes de eu...

— Não há necessidade. — Ele faz uma careta que me diz


que não quer ter nada a ver com o que encontrei sobre
Covington. — Diga a Rick que preciso disso confidencialmente
e para ser discreto. Apenas nós três precisamos saber sobre
isso.

— Farei.

— Obrigado, Abigail. Você está arrasando. Continue com


o bom trabalho.

Receber o elogio me deixa nas nuvens. Decker aparenta


ser bastante frio e todo negócios, mas ele sempre me elogia. Há
tantas histórias flutuando por aí sobre o idiota que ele era
antes da fusão. Será que aprendeu esta nova técnica em um
seminário de administração? Talvez Tate o obrigue a fazer
essas coisas. Isso seria hilariante. Eles são tão bonitinhos
juntos.

Ao mesmo tempo, me sinto um pouco mal por vasculhar


a vida pessoal desse cara, independentemente de quanto
dinheiro ele tenha. Eu realmente preciso superar esse
sentimento se quiser ter sucesso neste trabalho, porque
provavelmente muito dessas demandas ocorrerão no futuro.

Deixo o escritório de Decker e vou para o de Rick, mesmo


que ele nunca esteja lá. Faço uma pausa e olho em volta antes
de chegar à porta dele, qualquer coisa para tirar minha mente
deste encontro. Ele é possivelmente o idiota mais irritante que
eu já conheci. É provavelmente por isso que Decker o mantém
fora do escritório em missões todos os dias. Ao subir, faço uma
oração silenciosa, implorando repetidamente para que ele não
esteja para que eu possa simplesmente enviar-lhe um e-mail
com as instruções.

Quando chego lá, a porta está aberta e ele está sentado


em sua mesa lendo a Bíblia.

Mas que diabos? A ironia dessa situação é quase


insuportável.

E o que diabos está acontecendo aqui?

Ele está usando um terno todo preto e um chapéu que o


faz parecer que vai a um funeral Amish ou algo assim. Quase
caio na gargalhada, mas consigo evitar.
Bato levemente em sua porta, tentando não sorrir para
sua roupa.

— Oi, Rick? — Estremeço, apenas esperando que ele diga


algo sobre a bunda ou os peitos de alguma nova funcionária.

— Entre.

— Desculpe interromper. — Eu hesito.

— Tudo bem. Feche a porta. — Ele não tira os olhos da


Bíblia.

Não quero fechar a porta, mas Decker disse que isso


precisa ser discreto. — Claro. — Eu a fecho quase até o fim,
mas deixo um pouquinho aberta. Estendo o arquivo, mas ele
não o pega, apenas continua lendo. — Certo, então, Decker
tem um trabalho para você. Ele quer que desenterre tudo o que
puder sobre esse tal de Wells Covington. Isto é o que eu tenho
sobre ele até agora de minha pesquisa nas redes sociais. Ele
disse para enfatizar que isto precisa ser super discreto. Você
só deve comunicar suas descobertas a um de nós.

Ele acena com a cabeça em direção à mesa, indicando


para eu deixar o arquivo lá.

Eu o coloco e rapidamente dou um passo para trás.

— Você e Decker. Wells Covington. Entendi.

— Ótimo. — Eu me viro para sair.

— Ei, o que você sabe sobre Mary?


Eu paro e tenho que pensar por um segundo. —
Magdalene? A paralegal? — O que diabos está acontecendo
aqui? É por isso que ele está lendo a Bíblia?

— Sim, aquela com o cabelo castanho encaracolado.


Vocês não trabalharam juntas em Dallas? Vocês, paralegais,
falam uns com os outros, certo? Ela já falou de mim?

— Nós, humm, realmente não falamos muito. Ela é muito


reservada.

— Vocês não saem e trançam o cabelo uma da outra,


fofocam e toda essa merda?

Quase começo a rir. É isso que ele pensa que todas as


mulheres do escritório fazem nas horas vagas?

— Não, ela faz muitas coisas em sua igreja, eu acho.


Suponho que é só isso. Ela é meio calada e nós não
conversamos muito.

Ele ainda não olhou para cima e seus lábios pronunciam


as palavras como se ele estivesse lendo versículos da Bíblia.

— Ok, obrigado. Vou deixar você saber o que eu descobrir


sobre o idiota no arquivo.

— Humm... Ok. Eu tenho que ir. — Agarro a maçaneta da


porta.

— Sim, ele gosta de você.

Eu volto para ele.


— Desculpe, o quê?

Ainda não olhou para cima.

— Dex, depois do beijo. E Kyle quer mais do que amizade.

— Desculpe? — Como diabos ele sabe dessas coisas?


Ouvi dizer que ele é lendário por saber de tudo, mas que
diabos?

— Você me ouviu. — Ele finalmente olha para cima. —


Tenho que fazer planos para um presépio na igreja. Que a paz
esteja com você, Abigail. — Ele se aproxima e eu fico ali de boca
aberta. — E sua pesquisa nas redes sociais é sempre de alto
nível. Ótimo trabalho.

Quando ele se vai, eu saio rapidamente de seu escritório


e vou para a sala de descanso.

Um calafrio sobe pela minha coluna. Isso foi muito


esquisito. E que diabos ele quis dizer quando disse que Kyle
quer ser mais do que um amigo? Como ele sequer sabe quem
é Kyle? Isso é um absurdo. Parece que o poderoso Rick
Lawrence falhou em sua coleta de informações, pelo menos
uma vez na vida.

Ao abrir a geladeira, há um conjunto de pudim de banana


ao lado dos de chocolate de Dexter. Eu sorrio, mas isso ainda
não compensa a maneira como ele tem sido comigo. Um dia ele
está me beijando e no outro está me evitando. Será que beijo
assim tão mal? De jeito nenhum. Eu sei que não. Não quero
parecer convencida, mas meu beijo é acima da média, pelo
menos. Ele queria aquele beijo e gostou tanto quanto eu.

Eu abro um pote e lambo a tampa antes de jogá-la no lixo.

— Não deixe Dexter te pegar comendo isso. — Brenda, a


assistente jurídica de Dexter passa por ali. — Ele me pediu
para ir buscá-los esta manhã. Disse que eles eram a coisa mais
importante da minha lista de afazeres.

— Oops. — Eu sorrio. Aquele calor familiar se espalha


novamente pelas minhas veias. Eu me abstenho de lhe dizer
que estou quase certa de que ele pegou para mim. Talvez ele
tenha feito isso por ser um idiota e queira comê-los na minha
frente. Talvez eu esteja procurando um motivo para ainda estar
irritada com ele, porque não preciso me envolver com nenhum
homem agora. De qualquer forma, não importa. Vou aproveitar
este potinho de pudim.

— Nunca vi um homem adulto agir como ele age sobre


um pudim, juro que é obcecado.

— Já reparei.

— Bem, eu não vou dizer a ele que foi você se ele


perguntar. — Ela pisca e rouba um dos de chocolate. — Se
você não contar a ele, eu roubei um também.

— Vou levar nosso segredo para o túmulo.

— É isso aí. Nós, garotas, temos que juntar forças contra


os senhores do mal.
Eu sorrio. — Certo. — Nunca tive a menor ideia do que
outras mulheres queriam dizer quando falavam sobre
irmandade ou amigas se manterem unidas, mas estou
começando a entender. Eu nunca tive uma “tribo” ou o que
quer que as garotas legais chamem hoje em dia, mas estou
começando a querer ter.

ENCAMINHO-ME para o meu escritório quando meu celular


toca com uma ligação do Kyle. Não nos falamos desde que as
coisas ficaram tensas e embaraçosas, naquela noite. Agora, é
ainda pior depois da merda que Rick tirou do seu chapéu
mágico em seu escritório.

Maldito seja!

Penso em ignorar a ligação, mas não quero ser como


Dexter e dispensá-lo. Eu sei como é ser ignorado e não é
agradável. Especialmente quando Kyle é um dos melhores
amigos que fiz desde que me mudei para cá. Sem falar no fato
de que somos vizinhos, e seria difícil evitá-lo.

— E aí, como vai?


— Acabei de sair. Quer se encontrar comigo e Nick para
uma pizza e cerveja antes de ele ir para o turno dele?

Não, eu quero conversar com Dexter. Mas não tenho mais


nada para fazer numa sexta-feira à noite. — Claro. O lugar de
sempre?

— Te encontro em quinze minutos?

— Ok. — Encerro a ligação.

Uma mensagem de texto da Barbie toca no meu telefone


assim que desligo.

Barbie: Já saiu do trabalho? Preciso que você faça uma


coisa para mim.

Eu amo como ela nem pede, só exige coisas.

Eu: Estou saindo.

Com ela eu nunca sei que tipo de favor virá. Aprendi isso
da maneira mais difícil. Uma vez eu acabei indo a um chá de
bebê de uma garota que eu não conhecia e tive que comprar
um presente em conjunto com a Barbie porque o que a garota
pediu ela não podia pagar. Claramente, ainda não superei isso.

Barbie: Eu preciso de tampões jumbo. Vou te pagar de


volta.

Eu: Posso, mas vai demorar porque tenho planos para o


jantar.

Barbie: Poderia se apressar?


Eu torço meu nariz para o meu telefone. Posso me
apressar? Tenho cara de assistente dela? Estaria disposta a me
apressar se ela não fosse a maior maluca e narcisista que eu
já conheci.

Cara, ela me faz querer dar um soco em alguma coisa, e


eu não sou uma pessoa violenta. Ou talvez algo mais me deixou
no limite e sua mensagem é apenas o catalisador. Não, Dexter
Collins não tem nada a ver com isso. Absolutamente nada.

Até meu coração sabe que estou plenamente convencida.

Dou dois passos, olho para cima e puta merda...


Dexter

EU ESTIVE A PROCURA de Abigail durante toda a tarde para


convidá-la para a luta deste fim de semana. Ela não estava em
lugar nenhum. Eu notei que alguém comeu um dos pudins de
banana que deixei para ela. Como eu disse, eu sei como lidar
com as mulheres em sua própria língua, ao estilo P.S. EU TE
AMO. Deacon falou muito sobre meus métodos também, até
que eu lhe mostrei como se faz. De nada, irmão. Desfrute de
uma noiva, cortesia de Dexter.

Fico na esquina à espera que ela saia do prédio porque


não faço a menor ideia de onde ela mora.

Finalmente, suspiro de alívio quando ela sai pela porta da


frente.

— Oi. — Vou direto a ela. Já se passaram vinte minutos


e está começando a ficar frio pra caramba. Estava começando
a pensar que ela percebeu meu modo de perseguição e escapou
pela parte de trás.

Seu rosto se ilumina e depois endurece.


— Oh, Dexter, não é mesmo? Esse é o seu nome, certo?
Acho que nos encontramos uma ou duas vezes.

— Vamos lá, Abby. Foi uma semana estressante.

Ela continua seu pequeno ato. — Ohh, você se lembra do


meu nome? Não tinha certeza se lembraria. — Ela começa a
andar pela calçada.

Não me lembro da última vez que persegui uma maldita


mulher, mas faço isso de qualquer maneira porque é Abigail.

— Ei, pare por um maldito segundo mulher. Jesus.

Ela se vira e aponta o dedo para meu rosto. Não de uma


forma ameaçadora. É mais como: estou fingindo que estou
brava com você, então você sabe que não deve fazer isso comigo
de novo. — Só para que você saiba. Não vou te fazer um pudim
de banana.

Eu me sinto exibir um grande sorriso, maior do que sorria


há algum tempo, pensando bem. — Estou bem abastecido de
pudim agora, mesmo com alguém os roubando.

Ela me mostra aquele sorriso fofo ‘pra’ caralho que diz


que estou ferrado.

— Tenho dois ingressos para a luta de sábado à noite. E


quero que você vá comigo.

Seu sorriso se alarga, mas ela finge refletir sobre isso. —


Humm... eu não sei.
— Sim, você sabe. Eu sei que você comeu o maldito
pudim. Isto vai acontecer.

Ela solta um suspiro falso. — Muito bem. Caras


incrivelmente gostosos, seminus batendo um no outro. Conte
comigo

Meu queixo aperta com o comentário dela sobre caras nus


gostosos, mas me abstenho de dizer qualquer coisa. — Ótimo.
Eu te pego no sábado. Apenas me dê seu endereço.

— Eu vou te encontrar lá. Estou começando a gostar de


andar de trem pela cidade.

Começo a discutir, mas penso melhor. Ela disse que sim.


Essa é a parte relevante.

— Bem, me dê seu número para que eu possa enviar uma


mensagem com os detalhes mais tarde.

— Certo, legal, Gostos... Digo, Dexter. — Seu rosto fica


pálido e ela não consegue nem olhar para mim.

— Gostoso, hein? — Eu sorrio. Isso vai acontecer algum


dia, Abigail. Não preocupe seu coraçãozinho.

Ela finalmente olha para mim. — Merda. Desculpe. Eu


quis dizer Dexter. Não sei por que seu nome apareceu assim.
Foi um dia longo para mim também. De qualquer forma. — Ela
puxa o telefone e me liga bem rápido para que eu tenha seu
número.

Eu salvo no meu telefone.


Ela sai correndo antes que eu possa dizer mais alguma
coisa.

— Vejo você lá.

— Ok. — E fico lá, admirando-a enquanto ela se afasta.

Não posso fazer nada além de sorrir feito um garotinho. A


maneira como ela balança a bunda enquanto caminha ao longo
da rua, ela sabe que eu estou observando, a pequena
provocadora. Eu instintivamente levanto a mão para puxar
meu cabelo, mas paro antes que ela possa se virar e me ver. A
maneira como ela disse a palavra "gostoso", revela algumas
coisas. Primeiro, eu a deixo nervosa. Segundo ela tem pensado
em mim.

E sexo.

Estou sofrendo por essa garota.

O pensamento me aterroriza. Não sei se continuo


correndo atrás dela porque estou obcecado ou porque a
perseguição é fenomenal. Nunca tive que trabalhar tanto pela
atenção de uma mulher. Nunca quis tanto uma, antes dela.

Preciso falar com Deacon. Ele pode me ajudar a resolver


essa merda, e me deve uma. Mais de uma, na verdade.
UMA HORA MAIS TARDE, entrei no apartamento de Deacon, e
fui direto para a geladeira pegar uma cerveja. Eu torço a
tampa, atiro-a na direção da lata de lixo.

O sabor é incrível, comemorativo. Um gosto de Abigail


disse sim.

— Eles foram jantar. — A voz do Sr. Richards ecoa nas


paredes da sala. Eu entro e ele está recostado na poltrona
assistindo a um documentário sobre os melhores boxeadores
de todos os tempos. Ele precisa de uma cadeira de rodas para
se locomover porque sofreu um derrame há alguns anos, então
passa a maior parte do tempo na poltrona reclinável.

Merda.

Sempre esqueço que o pai de Quinn se mudou para o


apartamento de Deacon quando Quinn passou a morar aqui.
Lá se vai meu plano de ação. Deacon provavelmente está
molhando o pau em um armário de casacos de algum
restaurante. Isso é o que eles fazem.

— Traga-me uma dessas, garoto?

Eu bufo. — Claro. — Foda-se, preciso de outra de


qualquer maneira.

Pegando algumas garrafas, me junto a ele. Eu torço as


tampas das duas cervejas e as guardo no bolso, depois vou
pegar a outra que joguei no chão. Eu sei como funciona, sei
como as garotas compulsivas ficam quando deixamos coisas
pela casa, e Deacon adoraria me jogar debaixo do ônibus por
fazer uma bagunça. Qualquer coisa para tirar alguma culpa da
bunda dele.

Nunca na minha vida eu teria imaginado isso para


Deacon. Um maricas totalmente dominado pela mulher.

Ele é louco por ela, porém, suponho que as coisas


poderiam ser piores. Eles se equilibram. Quinn também é legal,
então isso ajuda. Ela é muito menos intensa do que a outra
noiva da família, isso é certo.

Jamais me vi querendo algo assim. A coisa toda do amor


e do compromisso. Essa merda nunca foi para mim.

Por um breve momento, eu me permito fantasiar como


seria uma vida como esta com Abigail. Voltando para casa e
para ela todos os dias, acordando na cama ao seu lado todas
as manhãs. Surpreendentemente, isso não me dá vontade de
fugir para as montanhas.

Eu olho ao redor do apartamento de Deacon para ver se


muita coisa mudou, mas é realmente o mesmo de antes. Claro,
há algumas flores e tal, mas não é tão ruim assim. Ela deixou
Deacon ficar com todas as coisas dele.

Interessante.

— Obrigado, filho.

— Sem problemas. Você sabe se eles vão chegar tarde?

— Não tenho certeza. Você precisa de algo importante?


Posso ligar para Quinn e chamá-los.
— Não. Eu vou sobreviver.

O velho da Quinn é legal mesmo. Nos divertimos muito


nos jogos do Bears.

Ele olha para mim e suas sobrancelhas sobem.

— Ok, então eu tenho estes ingressos para uma grande


luta e... é só...— Eu aceno para ele com uma mão. — Não é
nada. Esqueça. — Balanço minha cabeça e solto um suspiro.

— Você tem ingressos? — Ele parece que vai sair da


cadeira. — Sortudo filho da puta.

Eu ri. — Sim.

— Seu irmão assiste futebol comigo, mas ele não gosta


muito de boxe e MMA.

— Eu amo essa merda. Meu amigo Cole conseguiu dois


para mim. Ele costumava lutar.

— Cole Miller? Droga, sua família conhece todo mundo.

Eu relaxo. O Sr. Richards é realmente incrível. Tento


parar de pensar sobre minha situação com Abigail, mas não
consigo tirá-la da minha cabeça. Durante um tempo, o Sr.
Richards e eu caímos em uma conversa tranquila sobre nossos
lutadores favoritos. E bebo mais algumas cervejas com ele.

Contudo, ele deve sentir que algo está acontecendo. —


Você parece nervoso, garoto.

Nervoso não chega perto do que eu estou sentindo.


Finalmente, eu decido que se foda. Preciso falar com
alguém. Ele está aqui e o cara parece que sabe de algumas
coisas. Ele tem experiência de vida.

— NÃO sei se gosto dela ou se é a perseguição que está me


deixando maluco. — Estou deitado no sofá, olhando para o teto
como se estivesse em uma sessão de terapia quando a porta
da frente se abre e fecha.

Quinn e Deacon entram.

Eu nem me preocupo em parar. — Ela é tudo o que eu


imaginava querer. Inteligente, linda, engraçada... ela é um
maldito desafio. E seus peitos são fantásticos. — Eu coloco
minhas mãos na frente do meu peito para fazer valer meu
ponto de vista. — Entende o que eu quero dizer?

O Sr. Richards acena com a cabeça e sorri como se


soubesse do que estou falando.

Sacudo minha cabeça. — Ela me deixa louco as vezes.


Acho que é porque ela é muito jovem.

— O que diabos é isso? — Deacon marcha para a sala de


estar. — Você deveria cobrar uma grana dele por hora. — Ele
olha para o Sr. Richards e balança a cabeça, então me encara
como se eu fosse patético.

Encolho os ombros como se eu dissesse o quê? — Você


não estava aqui. Eu precisava de conselhos.

Deacon dá uma risadinha.

— O que há de errado? Ainda preso na friendzone? — Um


sorriso surge em seu rosto. — Ela nunca vai sair com você.
Muito gostosa para sua bunda feia.

Quinn dá um tapa no peito dele. — Eu me apaixonei por


você, portanto estou fora do mercado.

Esses dois me deixam enjoado às vezes. Eles ainda estão


na fase da lua de mel do relacionamento. Sempre se tocando,
não conseguem tirar as mãos um do outro. Eu não sei como o
pai dela aguenta essa merda o tempo todo.

— Você não está fora do mercado. É mais ao contrário.

Quinn franze a testa. — Você precisa ajudá-lo. Preciso


lembrá-lo que foi Dex quem salvou sua triste pele? Não
estaríamos juntos se não fosse por ele.

— Ela não está errada, — diz o Sr. Richards com o canto


da boca, sem se preocupar em desviar o olhar da TV.

Deacon bufa, mas Quinn o ignora e caminha e senta-se


perto de meus pés.
Ela se vira para me encarar. — Por que você não faz sua
mágica cinematográfica com ela? Um daqueles grandes gestos
como as comédias românticas que você ama secretamente. —
Ela sorri.

Eu gemo. — Eu não amo esses filmes. Não sei de onde


vocês tiraram essa merda. Eu presto atenção neles, há uma
diferença.

— Você está mentindo, — diz Deacon. — Todos nós


sabemos que você gosta de assistir esses malditos filmes,
apenas admita.

— Não, filho da puta.

— Rapazes! — Quinn estala os dedos. — Voltando à


Abigail.

Eu me sento — Abigail não é como você ou outras garotas.


Essa merda não vai funcionar com ela. Ela é muito esperta. —
Ela merecia essa observação por sugerir que eu gosto desses
filmes. — Ela verá isso vindo há um quilômetro de distância.
Não é o estilo dela, de qualquer forma. Ela não fica arrebatada
em seus sentimentos. Temos que nos preocupar com o elefante
na sala. Temo que Deacon esteja certo pelo menos desta vez.
Ela me pôs na maldita friendzone. Eu a beijei no outro dia, e
ela nem pareceu perturbada quando eu a convidei para sair.
Ela disse que queria me encontrar lá e falou sobre os caras
gostosos que iam lutar. Que tipo de merda é essa? O cara
nunca sai da porra da friendzone. Raramente no cinema, e
nunca na vida real. Eu sei algumas coisas.
— Chega pra lá e presta atenção. — Quinn empurra
minhas pernas para fora do sofá.

Ela se senta e Deacon desliza para baixo no sofá e a puxa


para seu colo.

Será que eles poderiam não se tocar por dois malditos


segundos enquanto eu estou em uma crise? Ele se inclina,
afasta o cabelo dela para o lado e beija a parte de trás do seu
pescoço.

Eu vou vomitar.

Quinn balança o dedo para mim. — Escute bem porque


só vou dizer isto uma única vez em uma língua que você
entenderá. Abigail pode até tentar ser fria, como um dos caras,
mas no fundo ela é uma garota amorosa que quer as mesmas
coisas que o resto de nós. Todas as mulheres querem romance
e serem arrebatadas. Queremos ser independentes e
respeitadas, mas também queremos aquela merda de "macho
das cavernas", mesmo que reviramos nossos olhos para isso.
Não é possível ser do time do ensino médio, perdendo tudo e
esperando que o goleiro caia em seu colo sem o mínimo de
esforço. Você tem que ir mais além e cortejá-la. Então, pare de
agir como um maricas, e chorar no sofá para meu pai e faça
algo a respeito ou sim, você vai ficar na maldita friendzone. Se
você acha que é onde você está, é onde você ficará.

O Sr. Richards sorri.

Eu me viro para ele. — O que é tão engraçado?


— Você, ainda está sentado aí. O que está esperando,
filho? Você ouviu minha filha. Levante sua bunda.

Eu pulo do sofá e olho para trás e para frente entre todos


eles, então olho para Quinn.

— Sabe de uma coisa? Você está certa. Que se lixe isto.


— Estou cansado de ficar enrolando com Abigail, por exemplo,
ela ir de trem em nosso primeiro encontro, não acontecerá.

— Claro que estou. Eu sou mulher.

Ando até a mesa final e jogo uma pilha de revistas no


chão. Elas voam para todos os lados, fazendo uma grande
bagunça.

— Que porra é essa? — Grita Deacon.

— Eu faço o que eu quero, vadias. Dexter Collins


comanda a porra toda! — Eu grito as palavras por cima do
ombro ao mesmo tempo em que corro até a porta.

Juro que ouvi Quinn murmurar: — O que diabos


acabamos de fazer? — Enquanto abro a porta e saio.

Foda-se isso. Abigail será minha.


Abigail

Entro pela porta depois de me encontrar com Kyle e Nick


e jogo os absorventes internos no balcão. Comi um pedaço de
pizza, mas saí mais cedo porque tudo em que conseguia pensar
era em Dexter. Barbie nem mesmo diz obrigada, e eu apenas
vou para a sala de estar, ainda em meu mundinho pensando
em Dexter.

Não posso acreditar que fiz isso. Eu disse gostoso na cara


dele, em vez de seu nome. E ele me ouviu dizer a palavra em
voz alta.

Como vou olhar para ele sem ficar com a cara vermelha
como tomate? Isso é tipo uma punição grave, foi totalmente
humilhante. Agora ele vai pensar que eu sonho com ele e com
sexo.

Bem, você sonha.

Isso não vem ao caso!

Estou quase tentada a conversar com Barbie, mas ainda


não estou tão desesperada. Esta seria uma daquelas raras
ocasiões em que eu poderia usar uma amiga. Entro na cozinha
enquanto ela prepara um prato que está tentando cozinhar
para Chuck. Felizmente, ela está fazendo isso em seu lugar.

Honestamente, ela nem é tão ruim assim. Nós somos


apenas incompatíveis. Acho que eu a canso tanto quanto ela
me cansa. É simplesmente constrangedor e desconfortável. É
uma situação complicada.

Tentei ser amiga dela, mas nunca vai acontecer. Somos


completamente opostos cem por cento das vezes, e não da
maneira boa quando os amigos se equilibram.

Somos como uma bomba, que lentamente avança até o


dia em que uma de nós explodirá.

Deitei-me no sofá e percorri os canais, fazendo o meu


melhor para ignorá-la na cozinha, e ao mesmo tempo tentando
libertar minha mente de mim mesma constrangida na frente
de Dexter.

— Você sabe quanto tempo leva para assar uma lasanha?


— As palavras voam da cozinha.

Como diabos eu vou saber? No entanto, não quero brigar


com ela. — Está congelada?

— Humm, sim. Eu não sei fazer isso sozinha!

Sua voz anasalada é como unhas arrastando em um


quadro-negro, em câmera lenta.

Eu me levanto do sofá.
Não quero fazer o jantar para Chuck, mas quanto mais
cedo eu fizer isso, melhor. Sou uma péssima colega de quarto:
— O que diz o verso da caixa?

— Não sei. Eu joguei fora.

Jesus. Como ela pode ser tão analítica e exigente, e ainda


assim não ter bom senso? — Está bem. — Eu marchei para o
lixo e procurei a caixa. Parece que uma criança a abriu na
manhã de Natal. Ela rasgou as instruções. — Diz aqui... — Eu
dobro o papelão frágil de volta. — Assar a cento e setenta e
cinco graus por duas horas.

Merda! Duas horas?

— Duas horas! — Ela bate o pé como uma criança fazendo


birra. — Deveria sair em uma hora.

Minha mente corre em busca de uma solução para ambas


os nossos problemas. — Talvez você possa assá-la até sair e
depois colocá-la no micro-ondas o resto do tempo? Já está pré-
cozida, certo?

Ela solta um suspiro e olha para o teto, revirando os olhos


como se eu fosse a pessoa que estragou tudo. — Eu não sei,
isso é um desastre. É nosso aniversário de três meses e ele me
disse para fazer algo especial, mas eu não sei cozinhar. Eu sou
uma fraude. Acho que ele pode propor hoje, mas não se eu
levar o jantar congelado.

Uau, que maneira de começar um noivado, e depois de


três meses inteiros. Ela acredita piamente que ele faça a
maldita pergunta, mas não menciono que pode estar sendo
apenas um pouco descomunal. É difícil, mas eu consigo
resistir a uma risada. Quem diabos sairia com um cara que
exigiria que lhe fizessem o jantar no seu aniversário?
Especialmente um babaca nojento e cabeludo como Chuck?
Você tem que ser um Dexter Collins, para fazer esse tipo de
exigência e fazer com que seja levada a sério. Eu cozinharia
para ele a melhor lasanha que ele já provou.

Pare com isso, Abigail.

Meus olhos vagam de volta para Barbie e ela está me


encarando como se sua vida inteira dependesse de mim. Não
posso deixar de me sentir mal por ela. — Ouça, Chuck te ama.
Se você está assim tão preocupada, encomende e coloque em
sua própria vasilha antes de chegar lá

— Essa não é uma ideia terrível. — Ela bate no queixo. —


Sim. — Acena com a cabeça como se tivesse acabado de pensar
nisso. — Eu gosto disso. Você pode ficar com esta, se quiser.

— Ok, obrigada. — Comida grátis.

— Custou doze dólares. — Ela está lá, olhando como um


vendedor fazendo um acordo e estabelecendo os termos como
se eu não tivesse acabado de comprar seus absorventes
internos.

Jesus.

Eu mordo minha língua e aceno. — Depois te pago.


— Perfeito. — Ela bate palmas.

Eu ligo o forno. Se estou pagando doze dólares,


definitivamente estou cozinhando essa maldita coisa e
comendo até o último pedaço. Não estou com muita fome, mas
posso levá-la para o trabalho e aproveitar no meu almoço.
Qualquer coisa para economizar algum dinheiro.

Esse dia certamente não chegará tão cedo, quando


poderei sair desta casa.

Barbie pega seu telefone celular e aperta a tela


furiosamente. — Oi. — Ela olha para cima. — Obrigada por,
bem, apenas obrigada.

— Certo. — Meus lábios se movem para cima e se curvam


em um meio sorriso.

É quase como se tivéssemos tido uma breve pausa e foi


meio agradável.

Ela sai para se arrumar em seu quarto.

Pego uma assadeira e coloco a lasanha nela. Minha mãe


teria um enfarte. Ela é toda sobre refeições caseiras do zero.
Comprar jantares congelados é um pecado no sul. Ainda bem
que o que coração não vê os olhos não sentem.

Depois que o forno pré-aquece e eu coloco a lasanha, volto


para o sofá e continuo de onde parei, procurando algo que não
vi um milhão de vezes.
Barbie sai do quarto alguns minutos depois com o cabelo
penteado e usando perfume suficiente para sentir o cheiro no
fundo da garganta. Solto uma pequena tosse enquanto ela gira
em um vestido de paetês preto com um laço no ombro. Isso me
lembra do meu baile de inverno da oitava série.

— Como estou?

O lado sarcástico do meu cérebro diz pergunte se ela quer


honestidade, mas eu me contento com uma mentirinha
branca. — Impressionante. Chuck vai amar.

Gostaria que Kyle e Nick estivessem aqui para ver isso,


mas provavelmente é melhor assim. Eu deveria tentar tirar
uma foto, mas não há como fazer isso sem ser pega. Em vez
disso, eu pego meu telefone da mesinha de café, com a
intenção de mandar uma mensagem. Isso seria maldoso. Não
é segredo que eu não gosto da Barbie, mas não sou essa
pessoa, então finjo verificar minhas mensagens e coloco o
telefone no lugar.

— Não me espere acordada. Acho que esta noite vai ser a


noite!

— Boa sorte. Espero que corra tudo bem.

Imediatamente, seu rosto fica gélido. — Eu não preciso de


sorte.

Luto contra a vontade de revirar meus olhos. Ela sai pela


porta e meu telefone toca.
— Ugh! — Meu corpo inteiro fica tenso quando vejo
“número desconhecido” piscar na tela. Espero que não seja
uma emergência de trabalho ou um cobrador. Essas parecem
ser as duas únicas opções possíveis.

Realmente espero que não seja do trabalho. Já estou com


minhas roupas confortáveis e o cheiro da lasanha não é tão
ruim assim.

Passo meu polegar pela tela. — Alô.

— Oi, é o Dexter.

É o Gostoso!

Dexter.

Droga.

Eu preciso seriamente quebrar esse hábito. — E aí? — Eu


franzo a testa e me pergunto por que ele está ligando, e ao
mesmo tempo me arrepio toda.

— Então, sábado... — Ele faz uma pausa.

Meu pulso dispara. Ele vai cancelar? Aposto que o


assustei quando disse toda aquela coisa de gostoso. Ele não
devia ter ninguém para ir com ele. É provável que Deacon
tenha cancelado e eu tenha sido um mero reflexo e então eu
agi de forma estranha e fiquei excitada por nada. Aposto que
eu fui apenas a primeira pessoa que ele viu depois de receber
os ingressos.
— Estou levando você para jantar. Antes da luta. E vou
pegá-la.

O quê? Oh? Inferno?

Quero gritar meu endereço para ele pelo telefone, mas


preciso manter a calma e jogar com calma. — Humm... isso faz
parecer um encontro.

— É um maldito encontro. Qual é o seu endereço?

O que diabos está acontecendo agora? Sua confiança está


fora de série. Mais do que o normal. Eu não sei se eu poderia
dizer não se eu quisesse. É tão sexy.

— Dex... eu... eu... você tem certeza? Porque eu quero


dizer... — Eu me interrompo.

Pareço uma idiota gaguejando. Digo, puta merda. Dexter


quer me levar para um encontro? Isso é muito para processar
agora. Pensei que ele só me convidou para a luta para tentar
compensar por me ignorar depois do nosso beijo. Quer dizer,
depois do beijo, eu estava muito confiante de que ele gostava
de mim, mas depois ele me ignorou por vários dias, e isso me
confundiu muito.

— Vou levá-la para jantar. Me dê seu endereço.

Eu cedi à sua demanda e disparei o nome do prédio e o


número do apartamento antes que eu pudesse impedir minha
boca de fazer isso.

— Não foi tão difícil, foi? Vejo você às cinco no sábado.


A ligação termina e fico olhando para o meu telefone em
descrença.

O que diabos aconteceu?

Eu concordei em ir a um encontro com Dexter, foi o que


aconteceu.

Prometi a mim mesma que não namoraria, apenas


diversão. Pensei que poderia lidar com esta atração por ele,
mas aparentemente, não posso. Estou ferrada. Sair em um
encontro de verdade vai contra tudo o que eu disse que não
faria quando me mudei para Chicago. Por mais conflituosa que
me sinta, não posso deixar de notar o gigantesco sorriso brega
olhando para mim de volta no reflexo na tela da TV.

Será mesmo tão ruim? Ele é gostoso e bem-sucedido. Se


houvesse um homem sobre quem eu levaria a sério, seria
Dexter. Ele é perfeito.

Eu deveria encontrar um motivo para cancelar, mas estou


muito animada com essa luta. Sempre quis ir a um evento de
MMA, desde que vi um na TV.

A verdadeira questão é...

O que diabos eu vou vestir?

Joguei meu telefone de lado e saltei do sofá. Uma vez no


meu quarto, disparo em meu armário para encontrar a roupa
perfeita. Esta seria uma boa hora para contar com a ajuda de
uma amiga. Por enquanto, eu me contentaria com a Barbie. Eu
rio de mim mesma e me lembro do vestido que ela usou para
jantar com Chuck. Não, talvez eu não me contentasse com ela.

Optei por meu jeans favorito e meu salto alto. Só, preciso
de uma camisa nova. Talvez eu possa ir a um shopping
amanhã depois do trabalho. Eu quero deslumbrá-lo. Se eu vou
sair com ele, preciso fazer tudo direito.

Mais tarde naquela noite, enquanto coloco lasanha em


minha boca muito mais rápido do que deveria, Barbie irrompe
pela porta chorando. Meus olhos se arregalam e eu congelo,
porque sei que não devo comer no sofá. Ela disse para não
esperar acordada, no entanto. Que diabos ela está fazendo
aqui?

Ela está soluçando com tanta força que treme toda. Rímel
preto desce pelas suas bochechas.

Eu me sento e, despreocupada, deslizo o prato por baixo


do sofá para esconder meu crime dela. — Ei. — Digo. — O que
há de errado?

— Chuck... ele... ele... — Ela funga e passa o braço pelo


nariz. Ao mesmo tempo, chuta os sapatos pela sala. — Ele
terminou comigo. Disse que não estamos na mesma página
agora. Que as coisas estavam ficando muito sérias para ele.
Ele é muito jovem para ficar amarrado e quer namorar outras
pessoas. Você pode acreditar naquele idiota?

Eu me sinto mal por ela e, ao mesmo tempo, não posso


deixar de me sentir mal por mim mesma. Vou ter que lidar com
isso a noite toda agora. — Não pode ser. — Ela estava tão
animada quando saiu. Quem diabos dá o fora no aniversário
de namoro, mesmo que seja de três meses? Você tem que ser
um idiota da liga principal para me fazer sentir pena de Barbie.

— Aqui. — Eu sirvo uma taça do meu vinho para ela e a


entrego.

— Obrigada. — Ela toma um longo gole. — Achei que ele


fosse me pedir em casamento. — Ela bate a palma da mão na
testa. — Como pude ser tão estúpida?

Bem, quero dizer... não, você precisa confortá-la. — Ele


que é o imbecil se não gostava de você.

— Deveríamos sair e ficar bêbadas. Pegar os primeiros


caras que virmos e trazê-los de volta aqui. Depois eu poderia
acidentalmente fazer uma vídeochamada para Chuck.

Meus olhos saltam. Isso se intensificou rapidamente.

Dou um tapinha em seu antebraço. — Que tal adiarmos


isso? Podemos assistir a um filme. Há muita lasanha e vinho.
Ela concorda. — Você provavelmente está certa. — Ela
entra na cozinha e come lasanha direto da frigideira como um
animal. Depois de alguns goles na taça, ela se livra dela e vai
direto para a garrafa. Então, solta um longo suspiro.

— Fique feliz por você não ser tão bonita.

Eu ergo minhas sobrancelhas.

Ela realmente acabou de dizer isso? Em voz alta?

Ela aponta um dedo para ninguém em particular. — É o


que é. Ficou intimidado. Assustado porque sou areia demais
para ele. Fique feliz por não ter esse problema. — Eu estava
sendo legal com ela!

Levanto-me, e coloco minhas mãos nos quadris e balanço


minha cabeça. — Eu sei. Você está certa. — Deixo sair o
suspiro mais sarcástico que posso reunir para rivalizar com o
dela. — A propósito, o vinho custou vinte dólares. Você pode
me pagar depois. — Eu saio e a deixo para limpar e ficar
miserável sozinha.

Para o inferno com ela. Eu não vou ficar sentada lá, e ser
seu saco de pancadas. Que se lixe isso. É exatamente por isso
que meus amigos são homens. Não suporto mulheres
presunçosas. Bato a porta do banheiro com um pouco mais de
força do que o necessário. Eu realmente tentei consolá-la.
Diabos, até me senti mal por ela. Devia saber melhor do que
ninguém.
Decidi simplesmente dar a noite por encerrada e ir para
a cama cedo. Quero parecer extra sexy amanhã no trabalho,
sem olheiras sob meus olhos.

No entanto, preciso falar com alguém. Eu não quero ir


para a cama chateada, deveria estar em êxtase com meu
encontro e, em vez disso, estou remoendo no meu quarto como
uma adolescente ranzinza. Há uma mulher com quem posso
contar, porém, que é a minha mãe.

Eu entro no meu quarto, me ajoelho na cama e ligo para


ela.

— Oi, mãe.

— Está em segurança?

— Sim, eu estou em casa.

— Ainda tem aquele spray de pimenta?

— Sim, no meu chaveiro. — Não posso deixar de sorrir


toda vez que ela me chateia.

— Eu estava assistindo ao noticiário.

Ela está se referindo à Fox News, obviamente.

— Ah, é? — Eu sorrio ainda mais. Aí vem uma descrição


sobre a violência causada por armas em Chicago.

— Sim, há todos os tipos de assassinatos em Chicago.


Todas essas leis de armas estão fazendo maravilhas aí em
cima. Você tem certeza que não quer levar um revólver com
você da próxima vez que vier para casa? É possível embarcá-
las no avião. Eu estava olhando para as regras...

— Mãe, estou bem. Eu moro em uma boa parte da cidade.


— Não é muito legal, mas ela não precisa saber disso.
Definitivamente, não há muitos assassinatos por aqui.

— Oh, bem, ok. Eu tenho uma aqui, se você quiser.

— Tenho um encontro neste fim de semana.

— Oh, querida. Isso é maravilhoso! — Juro que a ouço


murmurar: — Tem certeza que não quer a arma?

— Estou realmente animada. Ele é super fofo. — É


incrível como dez segundos conversando com minha mãe
podem me fazer sentir como se estivesse em casa. Como isso
pode me fazer esquecer a Barbie e todas as minhas outras
preocupações. Sua voz é como se estivesse envolvida em um
abraço caloroso. — Você precisa vir me visitar. Eu poderia te
mostrar os arredores.

— Querida, você sabe que eu não posso... — Ela tem


medo de voar. É um de seus maiores medos, mas estou
determinada a trazê-la aqui um fim de semana para uma
visita.

— Você poderia dirigir. Eu poderia voar para casa e viajar


com você, depois voltar para o Texas.

— Eu não sei. Adoraria ver onde você mora, então talvez...


De qualquer forma, me conte mais sobre esse cara.
Eu sorrio. — Ele é engraçado e fofo, eu já mencionei isso,
mas vale a pena dizer duas vezes. Ele tem um ótimo trabalho...

— Ele trata você bem? Eu me preocupo com esses


meninos do norte. Eles não têm modos como os homens aqui
do sul.

Não posso deixar de notar que ela os chamou de meninos


aqui e homens lá. Isso me faz sorrir. Ela é quem ela é, e eu não
a mudaria por nada no mundo.

— Ele é um homem, acredite em mim. E sim, acho que


ele vai me tratar bem.

— Está bem então. Nós a criamos para tomar boas


decisões, então se você está bem com ele, nós também. Sabe
disso.

Eu inclino minha cabeça para trás no meu travesseiro. —


Obrigada, mãe. Isso é tudo que eu precisava ouvir. Eu vou
descansar um pouco.

— Boa ideia. Eu também. Estou feliz que você ligou e


estou feliz que você tem um encontro.

— Eu também.

— Eu te amo, docinho.

— Amo você também. Dê um beijo no papai por mim.


— Darei, e você pare de comer comida congelada. Prepare
uma boa refeição. Irá impressionar esse menino aí de cima,
também.

Como diabos ela sabe disso? Ela sempre sabe tudo? Eu


rio da intuição dela e do fato dela chamar Dexter de menino.

— Tudo bem, eu vou. Prometo.

— Boa noite.

— Boa noite.

Caio no meu travesseiro e o abraço com força. Enterrando


meu rosto nele, e apenas sorrio. Estou saindo com Dexter
Collins, e ele está longe de ser um menino.
Dexter

É sexta-feira de manhã e me sinto no topo do mundo.

Amanhã à noite, Abigail será toda minha.

Eu me sinto muito melhor depois de falar com Quinn. Eu


gosto da Abigail. Ela é exatamente o tipo de mulher que eu
quero.

Quinn está certa, eu não posso fazer essa merda pela


metade. Sem chance.

Abby merece o melhor e é isso que ela vai conseguir,


porra.

Entro na sala de descanso e pego um dos meus pudins.


Desembrulhando a colher de plástico, jogo a embalagem no
lixo. Tiro a tampa e lambo o excesso de chocolate do papel
alumínio.

Quando eu olho para cima, Abigail passa pela porta


parecendo sexy pra caralho. Ela está com um vestido cinza-
carvão que adere às suas curvas, sem blazer. O vestido junta
os peitos dela, e eu gemo internamente. Meus pensamentos
imediatamente avançam para puxá-la para dentro de um
armário de suprimentos e seguir minha vontade com ela, ao
estilo Deacon e Quinn.

Não posso fazer isso.

É muito cedo, e mesmo se eu quisesse, Decker instalou


câmeras depois que a notícia se espalhou sobre todas as
atividades extracurriculares que costumavam acontecer lá.
Disse que era porque as pessoas estavam roubando coisas.
Sim, certo, irmão mais velho. Engulo um pouco de pudim e os
olhos de Abigail se desviam na minha direção. Esses olhos
azuis penetram diretamente através de mim, e estou
preocupado que eu tenha um inchaço nas minhas calças.

Ela é um maldito arraso e sabe disso. Porra, eu quero


provar aqueles lábios de cereja novamente.

Faço uma pausa de um segundo para ver se vai entrar,


mas ela não interrompe seus passos. Meus olhos se
movimentam até os saltos altos que ela está usando. Eles
envolvem os tornozelos dela e sobem parcialmente em suas
panturrilhas.

Ela segue como de costume e meu coração afunda por um


breve momento, mas depois ela olha para trás por cima do
ombro com um sorriso fofo, como se fosse uma carícia.

Sim, definitivamente duro como uma rocha. Você é tão


minha.

Amanhã à noite.
Sem trabalho. Nenhum amigo idiota se metendo entre
nós. Só eu e ela.

Mal posso esperar para tê-la só para mim. Nunca consigo


ficar sozinho com ela.

Termino meu pudim e pego uma garrafa de água. Quando


volto para minha mesa, Brenda não tira os olhos dos arquivos
que está vasculhando.

— Decker quer ver você.

Eu reviro meus olhos. — Maravilha.

Ela ri, mas continua trabalhando nos arquivos.

Tomo alguns goles de água e paro no banheiro. Eu levo


meu tempo, esperando que eu possa esbarrar em Abigail em
seu caminho de volta para sua mesa.

Sem sorte.

Mas nem tudo está perdido. Adoro fazer Decker esperar


por mim quando ele convoca essas pequenas reuniões
improvisadas, provavelmente para micro gerenciar cada
pequena coisa que estou fazendo. Ele me ligou semana
passada para reclamar sobre a maneira como alguns arquivos
foram agrupados, como se eu me incomodasse com merdas
assim. Não tive coragem de repreender Brenda por isso. Ela
trabalha pra caramba, então eu apenas assumi a culpa e
balancei a cabeça, prometendo que isso não aconteceria
novamente.
Finalmente, vou até lá como se não tivesse nada com que
me preocupar no mundo. Donavan também está aqui.

Mas que diabos?

É melhor que isto não seja uma emboscada sobre algo


trivial, mas eu quase sofreria ao vê-los se dando bem por cinco
minutos. Já não era sem tempo. Estamos todos cansados
desta guerra mesquinha por causa de uma merda que
aconteceu entre Donavan e Tate. Foi há muito tempo.

Negócio é negócio, mas seus dois egos são muito grandes


para esquecerem isso.

Tate entra e a tensão familiar enche o ar.

No segundo em que ela se senta, Donavan salta. — Tenho


trabalho a fazer. — Ele segue o caminho da porta.

Eu balancei minha cabeça olhando para trás e para frente


entre Decker e a porta. — Vocês, seus imbecis, poderiam
resolver seus problemas? Estão agindo como crianças. Isso é
dizer algo, vindo de mim.

Tate acena com a cabeça lentamente, mas não tira os


olhos de seus arquivos.

Decker me acena com uma mão petulante, como se nada


estivesse errado e ele tivesse tudo sob controle. — Está tudo
bem. Temos outras coisas a discutir. Cuidarei de Donavan
depois.
— Já se passaram seis meses. Estou ficando
traumatizado.

— É o bastante. Não é por isso que você está aqui.

Eu encolho os ombros. — Tanto faz, pai. E aí?

— Precisamos falar sobre Wells Covington.

Minhas sobrancelhas sobem. — Humm, ok. O que tem


ele?

— Suas atividades extracurriculares não se alinham com


a nossa imagem.

— Que diabos isso significa?

Decker se endireita e ajusta a gravata. — Ele gosta de


coisas estranhas. Clubes de sexo underground. Coisas do tipo
BDSM. Ele tem fama de ser um pervertido sexual.

— Pervertido. — Eu rio e encolho os ombros. — Vejam o


Padre Collins aqui. Quem se importa? Eu me importo com as
vírgulas em seu patrimônio líquido. Então e se ele gosta de seu
pau picado com palitos de dente, grampeado com prendedores
de roupa, ou o que quer que eles façam nesses lugares. Não é
da nossa conta. Ele não seria o primeiro ou o último cliente
que temos que esteja envolvido nesse tipo de coisa. Diabos,
aposto que metade da nossa carteira de clientes faz merdas
que fariam sua cabeça girar. Nós nunca nos importamos antes.

Decker dá um passo na minha direção. — Olhe, faça um


favor a si mesmo e à firma e não seja visto indo para aqueles
clubes com o cara. A última coisa que precisamos é de um
pesadelo de relações públicas, especialmente depois da fusão
com Dallas. Você sabe como a mídia fica com Deacon e comigo
quando eles cheiram um escândalo.

Ir a um clube de sexo com Covington está no fim da


minha lista de afazeres, então, enfim, se isso me tirar desta
sala mais rápido. — Não será um problema. Mais alguma
coisa?

— Você chamou Abigail para sair? — Tate ainda não tirou


os olhos de seus arquivos. É óbvio que ela está tão cansada de
Decker reclamando da vida sexual secreta de Covington
quanto eu, e tenho certeza de que ela fez a pergunta apenas
para irritá-lo, porque ele tenta ignorar qualquer coisa além dos
negócios que acontecem entre essas paredes.

As mãos de Decker vão direto para as têmporas como se


ele tivesse uma enxaqueca chegando. — Por favor, me diga que
não. Eu quase preferia que você fosse visto com Covington em
um clube de sexo. — Suas mãos caem e ele olha para Tate e
eu.

Não consigo evitar um sorriso do quão desconfortável ele


está, e Tate parece que está reprimindo uma risada também.

Ele balança a cabeça para nós dois.

— Somos um escritório de advocacia ou uma porra de


uma agência de encontros? Talvez eu mande mudar a placa lá
fora. Diga a Weston que estamos mudando nosso foco jurídico
para ajudar os solteiros a encontrar sua alma gêmea. Porra.

Bem, ele está de mau humor hoje. É melhor empilhar isto


para retaliar outra hora, por ele ter falado merda sobre
Covington. — Então, deixe-me ver se entendi bem, para que eu
tenha todos os fatos... está tudo bem você e Deacon transarem
com quem quiserem no escritório, mas no minuto que eu me
interesso pela Abigail não é uma boa ideia? — Eu me dirijo à
Tate. — Sem ofensa.

Ela ainda não olhou para cima. Juro por Deus, ela tem
habilidades de multitarefas ridículas. Provavelmente revisou
um contrato inteiro enquanto continuávamos esta conversa. —
Não foi nada. Eu acho que a regra de Decker é idiota. Desde
que não afete seu trabalho, eu não me importo, pessoalmente.

— É a política da empresa, — geme Decker. — As regras


existem por um motivo. E se ela decidir nos processar por
assédio sexual?

— Você está sendo irracional pra caramba. Se você coloca


um monte de pessoas em um prédio e as tem trabalhando
juntas o tempo todo, elas vão querer foder, ok? Essa é a ordem
natural das coisas.

Decker balança a cabeça. — Sua percepção é puramente


Shakespeare, você sabe disso?

Eu dou uma gargalhada. — Vou tomar isso como um


elogio.
— Você iria.

Juro que Tate acabou de rir. Não sabia que ela era capaz
de fazer isso.

— Olha, Cole me deu alguns ingressos para a luta de


amanhã. Vou levar Abigail para jantar e depois para a luta.

— Tudo bem, tanto faz. Só não me fale sobre isso. —


Decker vira-se de costas. — Eu não quero saber. Isso me ajuda
a dormir à noite.

Tate me dá um sinal de aprovação no qual Decker não


consegue vê-la. Isso é uma coisa boa. Pensei que Tate pudesse
advertir Abigail para não sair comigo. Ser gentil com ela tem
suas vantagens, ao que parece.

— Então, depois iremos para o Sex Dungeon para um


pouco de bondage11 e fire play12...

Ele aponta para a porta sem olhar. — Apenas dê o fora.

Tate está prestes a morrer.

Não consigo parar de rir enquanto me dirijo à porta.

— Juro por Deus, entre este escritório e os hormônios


adolescentes de Jenny, não vou chegar aos quarenta.

11 Bondage, na subcultura BDSM, é a prática deamarrar, amarrar ou restringir consensualmente um


parceiro para estimulação erótica, estética ou somatossensorial. Um parceiro pode ser contido
fisicamente de várias maneiras, incluindo o uso de corda, algemas, fita adesiva ou bandagem
autoadesiva.
12 Fire Play, consistem em usar uma chama próxima ou diretamente sobre a pele. Existem muitas

técnicas diferentes a serem utilizadas, e todas elas dependem da troca de confiança entre os
envolvidos, muito cuidado, segurança e preparação para dar certo.
— Acho que você vai conseguir, não está muito longe.

Ele gira, e seu rosto aquece. — Já terminou? Eu levanto


as duas mãos.

— Terminei, eu juro.

— Ótimo.

— Talvez seja hora de atualizar o testamento, no entanto.


É bom tomar precauções. Não deixe de me listar como...

Seu rosto fica vermelho. — Basta ir. — Ele ri e aponta


para a porta. — Posso estar chegando nos quarenta, mas ainda
sou o irmão mais velho e vou chutar o rabo gordo de todos
vocês, inclusive do Deacon.

Eu sorrio e saio, tocando no punho de Tate no caminho.


Estou contente por termos nos entendido melhor. Só levou
algum tempo. O fato de cagarmos para Decker nos aproximou,
acho que foi apenas a fusão e todas as emoções que vieram
junto com isso. Todos nós começamos com o pé esquerdo, mas
uma coisa é certa, ela é perfeita para meu irmão mais velho.
Acredite ou não, ele amadureceu muito desde que eles se
uniram.
Após o trabalho, vou direto para a academia. Posso não
ser um atleta de nível mundial como Decker e Deacon, mas
gosto de permanecer em forma. Eu era bom em esportes, mas
eles nunca me interessaram muito, então desisti quando
estava no ensino médio. Tentei, mas no final disse ao meu pai
que não gostava. Ele nunca precisou me levar para outro
treino.

— Você sempre termina algo que começa. Honre seus


compromissos e dê uma oportunidade adequada. Mas depois
disso, se você não gostar, não o faça. A vida é muito curta para
fazer coisas de que você não gosta. — Ele me disse isso quando
eu tinha dez anos, e isso ficou comigo.

Deacon e eu sempre fomos muito próximos, por causa da


coisa de gêmeos, mas é estranho. Ambos agimos como se
fizéssemos nossas próprias coisas, para nos separar do fato de
estarmos sempre juntos. Pelo menos eu acho que sim. Ele será
sempre meu melhor amigo, mas eu sou independente.

Deacon gostava de esportes e sempre procurava por


Decker. Eu gostava de quadrinhos, histórias, arte e outras
porcarias. Sou um sonhador. Gosto de ficar preso à minha
imaginação, desde criança.

Quando entro, há algumas coelhinhas de academia


pairando na frente, mas eu as ignoro. Normalmente, posso
sentar e desfrutar da vista, talvez até conversar um pouco, mas
não tenho inclinação para fazer isso hoje.
Na verdade, não faço isso há algum tempo. Agora que
penso sobre isso. Desde quando...

Abigail.

Desde que ela foi transferida para a firma, não olhei para
as outras mulheres da mesma forma. Não tinha percebido isso
até recentemente. Ela pode não perceber que é minha ainda,
mas será.

Depois do meu treino, tomo um banho rápido e vou


buscar Jenny, minha sobrinha. Prometi levar ela e às amigas
a um fliperama. Elas têm quase idade suficiente para dirigir, e
quase idade suficiente para começar a beber e fazer todo esse
tipo de merda que realmente mandaria Decker para a
sepultura precocemente. Talvez até já estejam fazendo. Se
quiserem ir a um fliperama, sou a favor disso. Sinto falta dela
criança, é difícil ver sua inocência se esvair. Não consigo
imaginar como é isso para Decker. Talvez seja por isso que ele
esteja tão estressado.

Quando Decker se tornou pai solteiro, nós, os irmãos,


assumimos a missão de dar a ele pelo menos uma noite de
sexta-feira por mês para si mesmo.

É uma tradição que permaneceu. Eu amo isso. Ela é uma


boa menina. Quando ela era mais jovem, eu a alimentava com
um monte de lixo e depois a deixava em casa.

Ele ficava bravo ‘pra’ caralho, mas ei, isso é o que tios
fazem. Eles estragam a merda nas sobrinhas. Não estou
tentando ser pai dela. Eu sou um maldito tio divertido, e nos
divertimos quando saímos.

Os pais têm que ser responsáveis, não eu.

Ele sempre diz que vai me pagar, mas a piada é dele. Eu


não planejo ter filhos. Por mim, ser o tio Dex está bem.

Estaciono meu carro na rua por um minuto para que eu


possa esperar que Decker retire seu SUV de merda da
garagem. Decker trocou seu Audi depois que Tate se mudou
para cá, e eles pegaram veículos iguais. Diabos me levem se eu
estacionar meu bebê na rua a noite toda. Ele precisa ir para a
garagem dele.

Sim, eu sou esse idiota que trata seu carro como se fosse
seu filho.

É um Chevelle SS 1970 e é uma maldita obra de arte. Eu


restaurei tudo sozinho e não há nenhuma maneira de caber
um monte de adolescentes nele, nem eu gostaria.

— Tio Dex! — Jenny desce correndo a calçada. Seus


braços me envolvem enquanto ela bate no meu peito.

— Ei, garota. Você está pronta?

— Quase. Beth está a caminho. — Ela olha para o meu


carro. — Você tem que me deixar levar isso para o baile em
alguns anos. Por favor!
Balanço minhas sobrancelhas para ela. — Ok, claro. Diga
a seu pai para comprar um para você. Ele ganha todo o
dinheiro.

— Pfffft. Ele já está falando sobre como eu preciso


conseguir um emprego e comprar meu próprio carro.

— Não é uma má ideia.

— Ei! — Ela me dá um soco no braço.

Eu finjo que doeu e esfrego por um segundo. — Ai. Por


que isso?

— Você deve sempre ficar do meu lado... — Ela faz uma


pausa. — Digo, se você quer ser o tio mais legal e tudo mais...
Há muita competição por esse título.

Eu aponto o dedo para ela e rio. — Você é uma merdinha,


sabia disso? É mais parecida com seu pai do que pensa.

Nós dois rimos e caminhamos de volta para a garagem.


Dou uma pequena olhada no meu carro por cima do ombro e
digo a ela em meus pensamentos que ela ficará bem aí até que
eu possa colocá-la na garagem.

— Papai pediu pizza para nós se você estiver com fome.

Eu sigo Jenny para dentro de casa.

Há três outras adolescentes agitadas sentadas no balcão


da cozinha comendo pizza e tomando refrigerante. Já posso
sentir a dor de cabeça vindo, mas tradição é tradição.
— Você tem certeza de que está disposto a isto? — Tate
sorri enquanto eu me aproximo.

— Eu posso lidar com elas. Embora, admito que era mais


fácil quando tinham oito anos. Ficavam barulhentas com o
açúcar e desmaiavam. Uma vez adolescentes, jamais calam a
boca.

Tate ri. — Bem, se você precisar de reforços, não ligue.


Decker está me levando ao cinema.

— Vou colocá-las no Uber se não agirem bem, ou enfiá-


las no trem.

— Jesus. — Tate balança a cabeça. — Nunca sei quando


você e Deacon estão brincando, ou falando sério. Então,
quando é o grande encontro com Abigail?

— Quem é Abigail? — Jenny interrompe. — Tio Dex, você


está namorando? Quando eu posso conhecê-la? Ela é bonita?
Como ela é?

Há muito estrogênio ao meu redor. — Calma, garota.


Tenho certeza que tenho a noite toda para lhe contar sobre ela.

— Legal.

Decker entra da garagem. — O que é legal?

— Tio Dex tem um encontro sexy amanhã à noite com


Abigail.
Decker me encara bruscamente. — É, eu sei. — Ele
balança a cabeça como se estivesse tentando livrar seu cérebro
do pensamento. — A caminhonete está pronta. Você precisa de
alguma coisa?

Eu sacudo minha cabeça de volta para ele e sorrio. —


Quantas vezes tenho que lhe dizer que isso não é uma
caminhonete. Mal é um SUV e pode muito bem ser uma van
da mamãe do futebol13.

Sua mandíbula estala um pouco, como se ele estivesse


tentando reprimir qualquer comentário sarcástico em que
esteja pensando, porque ele sabe que isso dará a Jenny uma
razão para dar uma bronca em seu rabo permanentemente.
Ele finalmente empurra as chaves de Tate no meu peito. — Não
me ligue para nada. — Então ele sussurra: — E fique fora por
um tempo.

Dou um tapinha nas costas dele e uma piscadela. — Não


se preocupe, mano. Entendi. Provavelmente, já faz um tempo.
Você precisa limpar os velhos canos. Tenho certeza que eles
estão enferrujados.

— Jesus Cristo. — Ele agarra Tate pelo braço. — Vamos.

— De verdade, nós ficaremos bem. Indo ao fliperama e


depois, talvez, até a sorveteria. Isso as cansará.

— Perfeito. Obrigado.

13Veículo estereotipado de uma mamãe do futebol, a van da mamãe do futebol geralmente pode ser
identificada como uma van Chrystler dos anos 90, com cerca de dez adesivos de para- choque de
várias ligas de futebol.
— Sim, obrigada, — diz Tate.

— Não se preocupem.

— Beth! — As meninas gritam quando a outra amiga


chega.

Porra, esta vai ser uma longa noite.


Abigail

Meu estômago se agita. Estou ansiosa e animada.

— Quero dizer, olhe para Kyle e eu. Nós saímos o tempo


todo e nunca foi estranho. Ele é um bom amigo...

Barbie revira os olhos da cadeira ao lado da minha


enquanto a estilista enlouquece no cabelo com uma tesoura.

Eu a trouxe comigo para o salão, apesar de ela ter sido


rude comigo outro dia, porque me senti mal por ela estar
reclamando de Chuck sem parar. Provavelmente foi um erro,
mas ela parecia tão feliz quando perguntei se ela queria vir.

Quer dizer, quem não consegue estar de bom humor


depois de um belo corte e penteado?

Ela me dá uma olhada. — Porque você o colocou na


friendzone. Acredite em mim, ele está sentado lá, ganhando
tempo, apenas esperando por uma oportunidade.

O quê? Por que todo mundo acha que Kyle quer ser mais
do que amigo? Isso é insano. Ele nunca se interessou por mim
dessa forma.
— Kyle? De jeito nenhum.

Eu juro que se alguém não estivesse cortando seu cabelo,


seu nariz iria direto para o teto.

— Enterre sua cabeça na areia o quanto quiser. Basta


esperar até que ele descubra que você está namorando o
advogado gostoso. Ele vai se transformar em uma pessoa
diferente. Ele sai com você porque é solteira. Chuck e eu
conversamos sobre isso o tempo todo. Estávamos apostando
quanto tempo levaria até que você se embebedasse e ele fizesse
sua jogada.

— O quê? — Só a estou distraindo com esta conversa para


mantê-la fora do rompimento, e porque não quero ouvi-la
chorar novamente. Não consigo me imaginar chorando tanto
quanto ela, mas nunca passei por uma separação ruim. Na
verdade, nunca tive um relacionamento sério. Namorei um
cara durante alguns meses no colegial, mas terminamos
quando ele foi para a faculdade, no meu primeiro ano. Ele é
casado e tem dois filhos, e estou feliz por ele. Na faculdade eu
namorei um pouco, mas nunca nada excitante e intenso.
Definitivamente nunca estive com ninguém com quem pudesse
me imaginar passar o resto de minha vida. Só de pensar nisso,
me arrependo.

Quero dizer, mais da metade dos casamentos fracassam.


Por que eu iria querer entrar nessa? Já vi casais que eu
pensava que durariam para sempre e se odiarem após um ano.
Talvez seja por isso que estou tão nervosa com esse
encontro com Dex. Nunca me senti assim por outra pessoa,
mas sei que é apenas atração física. Nós nem nos conhecemos
muito bem, e eu não estarei apenas entregando meu coração a
alguém com olhos bonitos e um pouco de tatuagem escorrendo
de seu terno.

E se nos transformarmos em algo mais? Não quero acabar


toda triste e patética como a Barbie.

Minha cabeleireira habitual me move de volta para


debaixo do secador para minhas mechas enquanto Barbie
cuida da cor dela.

Ela optou por uma cor mais escura e acho que é uma
escolha inteligente. Combina melhor com sua personalidade,
faz com que ela pareça mais adulta e séria, o que é perfeito
para ela.

Enquanto estou debaixo do secador, meus pensamentos


se voltam para Dex. Não há nada pior do que um encontro
cheio de silêncio constrangedor. E se não tivermos nada para
conversar? E se eu o entediar? Eu sou jovem, com meus vinte
e poucos anos, ele é uma década mais velho que eu e tem um
trabalho importante. Como poderíamos nos relacionar? Por
alguma razão, o pensamento de nós não clicarmos, uma vez
que possamos nos conhecer, revira meu estômago.

Depois que Barbie e eu terminamos, corro para casa para


me arrumar. Felizmente, depilei minhas pernas esta manhã
quando tomei banho. Barbie está saindo com alguns amigos
do trabalho para beber sua dor e estou feliz por ela despejar
seus problemas sobre eles. Realizei minha boa ação do dia com
o mínimo de confronto.

Com alguma sorte, se tudo correr bem com Dex, ela vai
dormir em outro lugar.

A menos que ele me convide para sua casa. Uau, e se ele


me convidar? E se ele quiser mais?

Devo levar uma escova de dentes? Não acho que vamos


fazer sexo, mas nunca se sabe.

Eu faria sexo com ele esta noite?

Meu cérebro grita não, mas meu corpo grita sim. Droga,
ele me deixou toda excitada de novo e nem mesmo está aqui.

Assim que coloco minha jaqueta jeans, a campainha toca.

Merda.

Ele está aqui.

Respiro fundo, coloco um chiclete na boca e abro a porta.

Mãe de Deus.

Ele está vestido de forma casual, e eu juro que é ainda


mais sexy do que em um maldito terno. Está de jeans escuro e
uma camiseta justa que abraça seus bíceps e mostra ainda
mais de sua tatuagem do que eu costumava ver.
Seu olhar me percorre de cima abaixo, me absorvendo.
Seus olhos viajam do meu dedo do pé, saltos de leopardo, até
as pernas do meu jeans escuro rasgado, e parte da minha
barriga nua, onde meu top preto começa. Tem alças sensuais
que cruzam nas minhas costas. Não havia como usar sutiã
com essa coisa. É como um lenço de seda preto que deixa
pouco para a imaginação.

Meu cabelo foi escovado em ondas suaves que se curvam


em volta dos meus ombros. Estou com o look vintage estilo
Pamela Anderson, perfeito para uma luta de MMA.

— Uau, você está... incrível.

Não core. Não core. Por que ele me faz sorrir como uma
idiota?

Tenho certeza que coro. — Obrigada, você está... ótimo


também.

Pare de ser estranha. — Você tem uma jaqueta maior?

Mas que diabos?

— Oh, não.

Ele sorri. — Vai ficar frio.

Encolho os ombros e é difícil focar nas palavras com o


quanto ele está sexy. — Eu vou ficar bem, prometo.

Ele balança a cabeça e sorri para mim. — Meninas do


Texas, — murmura.
Ele parece diferente sem seu terno. Eu só o vi sem
algumas vezes. Seu comportamento é diferente fora do
trabalho, como se baixasse a guarda e não precisasse ser tão
sério perto de mim.

Enquanto eu saio, o cheiro de sua colônia me atinge e me


faz querer empurrá-lo na porta e subir em seu corpo como uma
maldita árvore. Consigo manter meus hormônios sob controle
e pego minha bolsa.

— Vamos. Eu conheço um ótimo lugar para jantar.

Consigo não dizer que ele pode me ter no jantar e


sobremesa, se quiser. — Soa perfeito. Estou faminta.

Ele sorri. É o mais sexy de todos os sorrisos. — Ótimo.


Estava com medo de que você fosse uma daquelas garotas que
pede uma salada e depois brinca com ela no prato. — Ele sorri
e coloca a mão nas minhas costas e me guia até o elevador.

A mão dele dispara chamas pela minha coluna. Esta vai


ser uma longa noite, e eu não me importo nem um pouco.

— De jeito nenhum. Nós realmente comemos no Texas.

— Boa garota, Whitley.

Descemos de elevador e Dex me conduz através da porta


da frente. — Puta merda... — Minhas mãos atingem minha
boca. Não acredito que acabei de dizer isso em voz alta. Parece
que faço muito isso perto dele. — Desculpe, eu tenho uma
queda por carros. — Há um Chevelle estacionado na calçada.
É a mãe de todos os carros fodões. É azul escuro com listras
brancas de corrida. Parece completamente restaurado, como
se fosse novo.

— O quê? — Dex encolhe os ombros sem entusiasmo.

— O que você quer dizer com o quê? Você não viu aquele
Chevelle?

— Sim, eu vejo ele todos os dias. — Ele segura as chaves


e as balança para mim.

De jeito nenhum esse carro é dele. Como eu nunca vi


isso? Talvez porque eu pego o trem para todos os lugares e
nunca chego perto do estacionamento.

— O nome dela é Betsy e a admire quando não estou


olhando. Ela é toda minha.

Nós caminhamos e ele abre a porta para mim. Eu deslizo


para os assentos de vinil e, caramba, cheira a poder bruto.

Dex se dobra no banco do motorista. Ele se atrapalha com


suas chaves, e eu dou uma olhada melhor em suas tatuagens
enquanto sua manga desliza por seu braço. As borboletas
enlouquecem no meu estômago quando ele gira a chave e o
carro ganha vida.

É tão sexy. Como um James Dean, rebelde sem causa.


Espio no banco de trás e, puta merda, ele tem uma jaqueta de
couro e tudo.
Dex se recosta no assento com uma das mãos no volante
e eu apenas tiro uma foto mental dele enquanto as vibrações
percorrem meu corpo.

É como se estivéssemos partindo em uma nova jornada


juntos, e nunca vi um homem parecer tão sexy em toda a
minha vida. Realmente escolhi uma roupa ótima, e que
parecemos um casal perfeito.

Dex olha e pisca para mim, e antes que eu perceba, ele se


afasta e estamos voando pela rua.

O JANTAR ESTÁ INDO MUITO BEM.

Estamos num lugarzinho descolado com um nome que eu


não sei pronunciar e que eu arruinaria se tentasse, mas é
íntimo e elegante. Perfeito para um primeiro encontro. Sem ter
que gritar por causa do público. Nos acomodamos em uma
mesa nos fundos que é muito reservada. O ambiente clama por
romantismo, mas não exagerado. É muito sutil. Um
candelabro delicado paira sobre nossa mesa e estamos
sentados em poltronas de couro marrom ligeiramente
curvadas uma para a outra.
Ele claramente pensou muito na escolha deste
restaurante. Marque mais um X na coluna de pontos para
Dexter Collins.

— Então, como era na sua casa com todos esses


meninos? Sempre me perguntei sobre isso.

Dexter ri e dá um gole em sua cerveja. — Um caos total.


Uma casa desordenada sem limites que deixava nossa mãe
louca. Não sei como ela nos suportou. Alguém estava sempre
quebrando algo ou sangrando.

— Então... você é um filhinho da mamãe? — Eu o


provoco.

Dex pega no rótulo de sua garrafa de cerveja. — O que te


faz dizer isso?

Droga, eu disse algo errado? Deus, estou estragando o


momento?

— Nada, eu só... você falou sobre ela com carinho e


empatia por sua situação, mencionando-a criando todos esses
meninos, e a deixando louca.

Ele sorri, como se pudesse sentir meu desconforto. —


Você consegue guardar um segredo?

— Claro. — Tudo parece bem, mais uma vez, quando ele


sorri para mim.

— Totalmente filhinho da mamãe. — Ele se inclina para


trás. — Pronto, eu disse isso e não estou nem um pouco
envergonhado. — Faz uma pausa. — Mas, falando sério, não
conte a ninguém.

Eu ri. Ele está tão relaxado agora. Estou realmente


curtindo esse lado brincalhão dele. — Nunca, prometo. — Fico
olhando para ele por longos e intensos segundos.

— O quê?

— Posso te contar um segredo também?

Ele se endireita. — Definitivamente.

— Uma filhinha da mamãe aqui também. Eu ligo para ela


quase todas as noites. E disse a ela sobre você. — Eu mexo
minhas mãos na mesa e quebro o contato visual.

Seus lábios se curvam em um sorriso malicioso. — Só


coisas boas, espero.

— Ela chamou você de menino. — Eu ri.

Ele franze a testa.

Eu levanto a mão. — Oh não, não se preocupe. Ela acha


que todos os homens que não são do Sul são meninos sem
modos. Ela é meio partidária do sul.

Ele estende a mão para pegar a minha, e é como se um


choque elétrico passasse por mim quando nossos dedos se
tocaram. — Apenas terei que mudar a mente dela, não é?

Você está corando de novo. Pare com isso, Abby!


— Conte-me mais sobre sua mãe.

Dex se recosta na cadeira, e nós dois ignoramos


completamente a comida à nossa frente. — Eu não sei, ela
sempre me entendeu, sabe?

Aceno, quase furiosamente. Ele não tem ideia do quanto


eu me identifico.

— Decker e Deacon eram bons em esportes, como meu


pai. Mas não era o meu forte. — Ele faz uma pausa como se
estivesse se segurando.

— O que é?

— Certo, então você sabe... não, eu não sei se eu...

Eu aperto sua mão com um pouco mais de força. —


Conte-me. Eu quero saber.

— Bem, todo mundo acha que eu adoro pudim no


escritório.

Balanço minha cabeça. — Nunca teria pensado isso. —


Oh bom, o mistério do pudim está prestes a ser revelado.
Sempre tive curiosidade de saber qual é o seu negócio com
isso. É como um ritual para ele.

Ele ri. — A verdade é que isso era uma coisa minha e da


minha mãe. Ela sempre os mantinha escondidos em casa e me
dizia onde eles estavam quando eu era menino. Era o nosso
segredo, sabe? Quatro meninos e eu tinha um irmão gêmeo,
então tínhamos que dividir tudo, mas era algo só para mim.
Acho que tudo começou quando ganhei essa cicatriz. — Ele
aponta para o rosto. — Caí do meu skate quando eu era jovem.
Decker deveria estar cuidando de mim e eu tive que levar os
pontos. Mamãe me trazia pudim porque era tudo que eu comia.
Eu estava tirando proveito de tudo que valia a pena, mas
continuou, durante todo o ensino médio e até mesmo quando
me mudei. Inferno, às vezes eu aparecia na velha casa antes
de eles se mudarem, quando algo estava me incomodando ou
quando eu tinha um problema. Ela sempre os tinha lá, e nós
sentávamos e conversávamos e comíamos pudim juntos...
Parece estúpido.

— Não é nada estúpido. Entendo, confie em mim.

— Bem, ela e papai se mudaram para a Flórida, e ela me


manda pelo correio e sempre tem um bilhete neles, me
contando o que está acontecendo com ela e me perguntando
sobre a vida. Eu envio alguns para ela com notas minhas. É
uma coisa nossa, ainda. E eu os levo para o trabalho e os
mantenho lá sempre que tenho um caso que está me
incomodando. É como se eu não pudesse pensar se não os
tenho lá. É por isso que fico chateado quando as pessoas
roubam e coloco uma placa sobre eles na geladeira. As pessoas
pensam que estou apenas sendo mesquinho como Decker, mas
é realmente importante para mim.

Acho que meu coração pode ter derretido. Eu não posso


acreditar que ele acabou de me dizer tudo isso, e faz muito
sentido. Não sei o que faria se nem sempre tivesse minha mãe
a um clique de distância do meu telefone.
Por alguma razão, eu apenas fico lá, olhando para ele
como uma idiota. Devo parecer tão idiota.

— Desculpe, eu não deveria ter soltado tudo isso em você.


Você perguntou, e eu... — Ele começa a mover a mão para
longe, e meus dedos a apertam, quase ao ponto de eu estar
cravando minhas unhas em sua pele.

Nunca mova essa mão, Dexter Collins!

— Não, obrigada por me dizer. Estou falando sério. E eu


nunca direi uma palavra a ninguém, prometo.

Dex acena com a cabeça e sai de seus pensamentos. — E


se você? Algum irmão?

Eu concordo. — Sim. Eu tenho uma irmã mais nova. Ela


foi uma surpresa. É dez anos mais nova, então não somos
muito próximas. É estranho. Quase me sinto meio mãe, meio
irmã. Nunca fui muito boa em me dar bem com outras garotas,
mas sinto muita falta dela. Eu nunca tive namorados de
verdade enquanto crescia. Fui para uma pequena escola no
Texas. Era tudo sobre futebol e você era basicamente uma líder
de torcida ou não, e eu não gostava de ser líder de torcida.
Então, eu não tinha ninguém, você sabe, para contar todos os
meus segredos ou para dormir na casa dela. Minha colega de
quarto, por exemplo, nunca sei como tratá-la. Não sei dizer se
ela está apenas sendo uma vadia ou se às vezes está meio que
brincando quando diz algumas coisas. Acho que preciso morar
sozinha. Mal posso esperar para encontrar um novo lugar.
Aquele que vai me deixar ter um cachorro.
— Uma amante de cães, hein? Considerava você como
uma pessoa de gatos.

— De jeito nenhum. Gatos são idiotas. Eu quero um


husky. Um com grandes olhos azuis. Nunca pude ter um
porque meu pai era alérgico.

— Então, você adora pudim de banana, sua mãe e


cachorros... o que mais?

Eu rio, adorando que ele queira saber mais sobre mim. O


sentimento é mútuo. — Eu não sei se devo contar a você o
próximo. Afinal, é um primeiro encontro. Não serei misteriosa
e interessante se contar tudo a você hoje.

Ele se inclina como se agora estivéssemos chegando às


coisas boas. — Conte-me. Não pode me deixar pendurado
assim.

Solto um suspiro, apenas para provocá-lo um pouco


mais.

— Bem, mais cedo ou mais tarde, já que trabalhamos


juntos, é certo que vai descobrir. Sou obcecada pelo Natal.
Tipo, eu fico louca. Suéteres feios, decorações, filmes. Eu adoro
os clássicos e todos os filmes românticos que vêm no canal
Hallmark. Na verdade, eu adoro praticamente todos os filmes
já feitos. Posso ter uma conversa inteira com citações de filmes.
Mas o Natal é a minha principal paixão, acima de tudo.

Dex esfrega as mãos. — Muito bem, a pergunta mais


importante de sua vida, Whitley.
Ah não. Espero não dizer a coisa errada. — Isto é um
teste?

— Sim, o maior da sua vida. — Ele sorri. — Duro de Matar,


é um filme de Natal ou não?

— Definitivamente um filme de Natal, — digo sem pensar.

Dex sorri como se seu dia tivesse ficado muito melhor.

Tento esconder o grande suspiro que exalo.

— Graças a Deus passei no teste Duro de Matar.

— Com louvor. Nem foi preciso pensar a respeito. Eu


gosto disso.

— Isso também poderia ter sido um desastre para mim.

— Que bom que estamos na mesma página.

Eu concordo. — Sim, você teve sorte lá.

— Oh, eu tive sorte? — Dex ri.

— Você teve.

— Você sabia que Quinn não acha Duro de Matar um


filme de Natal? Deacon parecia que ia morrer quando me
contou.

— O quê? Com certeza eu pensava que Quinn fosse pró-


Duro de Matar.

Dexter dá de ombros.
— O que posso dizer? Você já é melhor do que ela. — Ele
desvia o olhar, como se estivesse se divertindo um pouco
demais. — Ok, senhora louca pelo Natal. Acho que você gosta
de chocolate quente?

— Duh! Eu faço o melhor chocolate quente de todos os


tempos. Aprendi com um dos meus professores quando eu
tinha uns oito anos. Todos os anos, em minha cidade eles
organizam um festival. E realizam a cerimônia de iluminação
de árvores e um desfile do Papai Noel. É uma grande festa.

— Você é tão fofa. — Ele pisca.

Eu fingi uma careta. — Cale-se. Eu não sou fofa.

— Não, tem razão, você é uma grande bobona do Natal.

Bato levemente meus dedos no tampo da mesa e tento


reprimir um sorriso. Dexter é doce. Ele me faz rir muito, e não
houve nenhum momento estranho ou tenso. Não me sinto tão
relaxada há muito tempo, mais tempo do que posso lembrar.
Sinto-me leve, como se pudesse flutuar nas nuvens. Minha
guarda está completamente baixa e isso deveria me
surpreender, mas não me assusta. De jeito nenhum. — Bem,
eu pretendia ser sexy hoje à noite. — Digo isso bem enquanto
ele toma um gole de cerveja.

Por pouco ele não se engasga, mas consegue se recompor.


— Bem, você conseguiu. Confie em mim.

Normalmente não costumo pedir elogios, mas poderia


ouvi-los vindos de Dexter Collins a noite toda. — Não minta.
— Não é uma mentira. Você poderia se vestir de Sra. Noel,
e eu colocaria seu pôster na minha parede. Verdade.

Eu rio com o pensamento, então o calor flui pelo meu


rosto, pensando em me vestir com uma roupa de Natal sexy
para Dex. Isso pode ser muito divertido. — Talvez eu me vista
algum dia. No entanto, você tem que fazer o clássico discurso
de Chevy Chase em Férias de Natal. Palavra por palavra,
Collins

Dex ri. — Oh, eu faria isso. Você traz Frank Shirley para
minha sala de estar e eu lhe diria o quanto ele é um palerma,
sem cérebro, sem pica, sem esperança, sem coração, bunda
gorda, com olhos esbugalhados, perneta, estúpido, cabeçudo,
desmiolado de merda que ele é.

Oh, meu Deus, ele acabou de citá-lo sem sequer se


esforçar. Por que ele citando filmes de Natal é tão excitante? —
Estou impressionada, senhor.

Eu seguro minha cerveja, e ele bate na garrafa com a dele.

Não sei se esse encontro poderia ficar melhor. Está


realmente perfeito.

Eu sorrio. — Então, sobre meu cartaz na parede? O que


você estaria fazendo quando olhasse para esse cartaz?

— É confidencial. Eu poderia te dizer, mas então eu teria


que matá-la.
Ele acabou de citar Top Gun? — Não é o seu voo, é a sua
postura.

— Legal, você não estava mentindo.

— Você não pode me bater. Eu posso citar qualquer filme.


Os grandes de qualquer maneira.

— Diga-me algo mais sobre você. Eu poderia ouvir suas


histórias a noite toda. O que está na sua lista de desejos?

Eu bato no meu queixo.

— Ok, bem, sempre quis patinar no gelo. No Texas isso


não é grande coisa e vivemos cerca de uma hora de Fort Worth.
Porém, eu quase fui uma vez, implorei tantas vezes ao meu pai
e ele encontrou um ringue de patinação ao ar livre nesta
cidade. Fomos de carro até lá, eu estava tão animada, mas
quando chegamos lá, estava fechado para manutenção ou algo
assim. Meu pai ficou furioso, tentou ligar para o gerente e não
recebeu uma resposta. Então, ele me pediu desculpas um
milhão de vezes e parecia que tinha me decepcionado. Eu me
senti horrível por ele e lhe disse que estava tudo bem. Eu sei
que tentou o seu melhor. Mas a história é tão boa quanto
chegar a patinar no gelo. Ela realmente me mostrou o quanto
ele se importava e tudo mais, sabe? Tenho muita sorte de ter
dois pais incríveis.

Dex concorda. — Parece um cara legal. E no que diz


respeito à patinação no gelo, bem, você se mudou para a cidade
certa para isso. — Ele olha para o relógio. — Ok, mais uma
curiosidade da Abigail, então precisamos ir.

— Essa é fácil. Montanhas-russas. Eu adoro,


costumávamos ir à Six Flags todo verão e eu andava nelas até
não conseguir andar direito.

O rosto de Dex empalidece um pouco e ele toma um gole


de água. — Impressionante. Adoro montanhas-russas.

Ele quase soa como se estivesse zombando de mim. — O


quê? Você não gosta?

Ele balança a cabeça. — Não, são boas.

Merda, eu disse algo errado?

Dex sinaliza no ar para a garçonete e ela traz a conta. Ele


joga algum dinheiro em cima da mesa e pisca para mim. —
Vamos sair daqui.

Normalmente, eu acharia um cara piscando piegas


demais, ou patetas, mas o Dex de alguma forma consegue
superar isso. Acredito que é porque ele não está se levando a
sério quando o faz.

— Muito bem, Collins. — Dou uma piscadela obviamente


sarcástica. — Até agora, você passou, vamos ver como se sai a
seguir. Estou pronta para ver aqueles caras gostosos, nus e
suados baterem uns nos outros.

Dex ri e começa a dizer algo, mas faz uma pausa e


balança a cabeça. — Maldita palhaça de Natal.
— Não sou uma palhaça. Louca do Natal, mas não uma
palhaça. — Aponto para ele.

Ele pega minha mão e envolve a minha. Nossos dedos se


entrelaçam como se já tivéssemos feito isso um milhão de vezes
antes.

— Continue dizendo isso a si mesma... — Ele se inclina


bem pertinho e sussurra: — Minha pequena palhaça sexy do
Natal.

Sua mão se move para a parte inferior das minhas costas


e luto contra o desejo de me inclinar para ela.

É tão gentil e possessivo.

É como um aviso para todos ao redor, ela é minha, mas


ao mesmo tempo eu estou liderando o caminho. Talvez eu esteja
apenas analisando demais toda esta situação. Provavelmente
é isso.

Antes que eu saiba o que aconteceu, ele colocou sua


jaqueta de couro sobre meus ombros e estamos indo em
direção à porta. — O sol se pôs. Você vai congelar.

Eu poderia entrar em combustão seriamente. Tem o


mesmo cheiro dele e de sua colônia, e há algo incrivelmente
íntimo sobre o momento.

Não cheire sua jaqueta!

Eu me aproximo mais dele enquanto esperamos que o


manobrista encoste seu carro, inalando o cheiro intoxicante de
seu perfume mais uma vez. Estamos no final de outubro e ele
não estava mentindo. Estou com frio mesmo com a jaqueta e
ele tem que estar também apenas de camiseta, mas não o
demonstra. Nunca vivi em um lugar que tivesse tanto frio, mas
isso me dá uma desculpa para ficar mais pertinho e deixar que
sua jaqueta e ele me mantenham aquecida. Só espero que não
perceba que estou constantemente cheirando. Sem dúvida, ele
está marcando todos os requisitos necessários. Maldição. Este
encontro está perfeito até agora.
Dexter

SEGUIMOS PELA MADISON, no Chevelle, em direção ao


United Center.

Não consigo parar de roubar olhares à Abigail. Acho que


ela pode gostar mais do meu carro do que de mim.

As coisas parecem estar indo bem demais para que seja


verdade. Eu não queria deixar cair tudo sobre minha mãe e eu,
mas ela pareceu entender. Mais do que eu pensava,
aparentemente. Uma parte do meu cérebro estava sempre me
dizendo que ela era muito jovem, e este encontro me revelaria
o motivo de não sermos compatíveis, então eu poderia tirá-la
da minha mente. Quero dizer, eu ainda planejava transar com
ela. Não vamos ser ridículos aqui. Mas aconteceu exatamente
o contrário.

Sou atraído por ela, como uma mariposa a uma chama, e


não sei como vou lidar com isso se não der certo. Os
sentimentos já estão aí. Há uma ligação que já é profunda e
nós não fizemos nada mais do que nos beijar duas vezes.
Eu continuo tentando me conter, mas não está
funcionando. Não quero ser muito firme, mas cada vez que a
vejo, tenho este desejo inacreditável de lhe contar tudo o que
tenho em mente e beijar o fôlego de seus pulmões.

Ela é tão confiante e sexy, não tem medo de mostrar seu


verdadeiro eu. Quanto mais ela fala, mais quero saber sobre
ela. Chegamos à arena e não sei o que fazer. Eu deveria deixá-
la na frente, mas de jeito nenhum vou deixá-la lá sozinha
enquanto estaciono o carro.

Por que não pensei nisso antes? Eu deveria ter alugado


um carro e um motorista. Mas não seria tão íntimo assim. Eu
não a teria sozinha.

Dou a volta no quarteirão uma vez e minhas mãos


apertam o volante. Que diabos eu vou fazer? Ela vai congelar
com o casaco pequeno que está usando.

Finalmente, decido estacionar e depois deixá-la usar meu


casaco novamente. Não pergunto, pois, sei que vai recusá-lo.
Está frio de rachar aqui fora. O vento corta os prédios e é como
punhais sobre a pele.

Eu o arrasto ao redor dos seus ombros, assim que saímos


do carro.

— Dex, você vai congelar.

— Não sinto frio. Estou bem. — Eu lanço para ela outra


piscadela, mas por dentro estou tremendo pra caramba. Porra,
eu deveria ter usado algo mais quente. Mas eu não deixo meus
dentes baterem tanto, porque eu não sou um maricas, e não
há como eu deixá-la saber que estou com frio.

Ela está quentinha e isso é o que importa.

Ando ao seu lado e entrelaço nossas mãos. Se antes eu


estava com frio, agora não estou. Mesmo o mais leve toque
envia um calor intenso através de minhas veias, e nós damos
as mãos o resto do caminho até a arena.

Sua mão cabe perfeitamente na minha e ela não se afasta.


Quando chegamos ao portão, meus lábios formam uma linha
fina, porque tenho que soltá-la. No momento em que
passamos, nossas mãos naturalmente gravitam de novo
juntas. Entramos e descemos em direção ao ringue, ao lado do
octógono. Há mídia em todos os lugares. Uma garota que era
obcecada por Decker anos atrás voa do nada e tira nossa foto,
quase nos cegando com o flash.

Uma vez que seus olhos saltam de trás da câmera, seus


ombros caem e ela abaixa a cabeça ligeiramente.
Provavelmente estava esperando Decker e Tate.

Finalmente, nós conseguimos sentar. Cole não estava


brincando. Estamos na primeira fila ao lado de uma tonelada
de celebridades e famílias dos lutadores.

A mão de Abigail agarra a minha um pouco mais


apertada. — Puta…

— Sim, é um mundo diferente aqui.


Ela sorri de volta e eu a puxo para perto de mim.

— Lá está Cole. Vamos dizer oi.

— Ok.

Nossas cabeças giram ao redor, absorvendo a arena


lotada enquanto nos dirigimos a ele.

Meus olhos se aproximam dela. Ela é tão pequena e


delicada. — Pronta para ver alguns caras nus darem uns socos
uns nos outros?

Abby cora e desvia o olhar.

— Nah.

Eu levanto minhas sobrancelhas. — O quê? Achei que


fosse por isso que você vinha.

— Não, vim porque um cara fofo me convidou. — Seus


dentes afundam em seu lábio inferior.

Não quero nada mais do que beijá-la agora mesmo, mas


seria cedo demais, e temos que ir cumprimentar Cole. Seria
indelicado não o fazer. — Boa resposta. Venha.

Navegamos por um mar de gente a caminho de Cole.

— Você veio. Ótimo. — Ele estende uma mão.

Eu aperto. — Não perderia. Aquele era 50 Cent lá atrás?

— Sim, cara. Ele adora essa merda.


— Esta é Abigail. Abigail, Cole.

Ele estende a mão. — Claro. Acho que nos conhecemos


no escritório. Adorei te ver de novo. — Ele abre seu sorriso de
um milhão de dólares para ela.

Eu franzo a testa.

Abigail pega a mão dele na dela, e eu realmente o quero


afastar dela, mas sei que estou sendo ridículo. — Oh, sim. Eu
me lembro de você. Você me ofereceu um desconto em sua
academia. — Ela sorri.

— Ei, encher o lugar com mulheres bonitas é bom para


os negócios.

— Bem, se vocês me dão licença, eu vou ao banheiro. —


Abigail se volta para mim. — Vejo você em nosso lugar?

Eu concordo. — Sim.

Cole e eu assistimos ela passar na multidão.

Ele se vira e dá um tapa no meu peito.

— Puta merda, filho da puta. Ela é gostosa pra caralho.

Eu estreito minhas sobrancelhas. — Inferno, sim, ela é, e


ela é toda minha, então não tenha nenhuma porra de ideia. —
Minhas palavras saem em um rosnado antes que eu possa
detê-las. O que essa mulher está fazendo comigo?

Ele levanta ambas as mãos e ri. — Jesus, porra. Calma,


homem das cavernas. Entendi. Olhe em volta. Há muitas
mulheres aqui esta noite. — Ele balança a cabeça. — Juro por
Deus, seus Collins imbecis. Quinn me levou a uma reunião
alguns meses atrás no escritório, e eu pensei que Deacon fosse
esmagar meus malditos dedos quando eu apertava a mão dele
na saída

Eu sorrio. — Nós gostamos de nossas mulheres, não é?

— Se eu não pudesse chutar todos os seus traseiros com


facilidade, poderia realmente ficar intimidado.

Ele tem razão. Nós cairíamos lutando, no entanto.

Eu abano a cabeça e tento esfriar as coisas. Não sei o que


se passa com Abigail, mas ela me deixa pronto para lutar
contra qualquer homem que até olhe em sua direção.

Cole se endireita e franze a testa. — Falando sério, eu


queria marcar uma reunião. Eu sei que você lida com as
finanças na firma, certo?

— Sim. Você precisa de uma consulta?

Ele concorda. — Assim que esta merda com a ação


judicial terminar, eu gostaria de marcar uma reunião e
conversar. Estou procurando alguns investidores anjos14 ou
VC15 para uma infusão de crédito. Eu conheço alguns, mas
quero esgotar todas as minhas opções. Ou olhar para as

14 O Investidor Anjo usualmente é um empresário, empreendedor ou executivo que já trilhou uma


carreira de sucesso, acumulando recursos suficientes para alocar uma parte (em geral entre 5% a
10% do seu patrimônio) para investir em novas empresas, bem como aplicar sua experiência
apoiando a empresa.
15 O capital de risco (VC) é uma forma de capital privado e um tipo de financiamento que os

investidores fornecem para empresas iniciantes e pequenas empresas que se acredita terem
potencial de crescimento a longo prazo.
opções de franquia. Estamos começando a estagnar e eu estou
procurando por novo crescimento e capital para fazer isso
acontecer, sabe o que estou dizendo? Merchandising e produto
também. Estou procurando fazer minha própria água
engarrafada, proteína e equipamentos de treino. É uma das
razões pelas quais o 50 Cent está aqui, ele apostou nisso com
a Vitamin Water e fez milhões. Diabos, posso até mesmo fazer
meu próprio equipamento de ginástica se conseguir o capital.
Eu não sou melhor que Chuck Norris, me dando bem com
alguns comerciais do Total Gym.

Estou surpreso que ele não tenha marcado um encontro


com Covington. Talvez não saiba que ele está na cidade. — Sem
dúvida. Você já ligou para Wells?

— Não, acho que seria muito estranho. Não gosto de


misturar amizade e dinheiro.

Faz sentido. — Bem, podemos fazer uma análise e eu


posso colocá-lo em contato com as pessoas certas. Com suas
conexões, podemos ajudá-lo a conseguir um novo capital
facilmente. Eu não lido com marketing, mas temos um
departamento e eu posso marcar uma reunião com minha
prima Harlow. Ela acabou de abrir uma agência na cidade.
Enquanto isso, continue trabalhando com todas essas
celebridades. Faça-lhes tantos favores quanto quiserem e leve-
os para suas academias. Quando chegar a hora, eles lhe
retribuirão o favor. Como Dre e Jimmy Iovine fizeram com a
Beats16. É uma divulgação gratuita. Envie a essas celebridades
e influenciadores de graça e faça com que eles coloquem fotos
no Instagram. Faça disso a próxima coisa na moda e se
mantenha atualizado.

— Gosto do som disso. Você entende do assunto. Falando


em favores, você acha que Decker faria algum tipo de troca por
serviços? Eu posso conseguir descontos para seus
funcionários na academia.

— Definitivamente, ele está neste grande momento de


bem-estar de qualquer maneira. É a última moda na América
corporativa agora, manter os funcionários saudáveis e felizes.
Reduz os custos com os planos de saúde, o que reduz as taxas
de seguro. Saúde preventiva. Tenho certeza que você poderia
resolver algo.

— Ótimo. Vou ligar para o escritório. Aproveite a luta. E


é melhor você ir para lá. Algum idiota está conversando com
sua mulher. Talvez tenhamos uma luta fora da lista nas
arquibancadas antes que comece. Você pode até ganhar esta.
— Ele ri e vai embora.

Eu olho para os nossos assentos e Abigail está rindo de


algo que o velho sentado ao seu lado fala. Ele parece velho o
suficiente para ser seu avô.

Maldito Cole.

16Dr. Dree e Jimmy Iovine, fizeram uma transação bilionária em 2013 da empresa Beats com a
Aplle, com a ajuda do marketing.
Eu recuo um segundo para observá-la. Eu juro que ela
poderia fazer um novo melhor amigo em qualquer lugar. Todos
são atraídos por ela. Agora, ela está conversando com o cara
que está ao seu lado. Não consigo ver o rosto dele porque ela
está bloqueando a vista.

Eu me arrasto para lá em direção à minha mulher. Foda-


se. Já estou pensando em merdas como essa.

É muito cedo.

Sei que é um primeiro encontro, mas só quero que as


coisas avancem rapidamente com ela.

Seu olhar encontra o meu e ela sorri.

Meu coração aperta no meu peito com a visão. Esse é um


sorriso que é só para mim. Há um brilho em seus olhos azuis
conforme eu chego mais perto, e não me lembro de ter me
sentido assim antes dela.

Eu me sento e percebo que está sentada ao lado de J.B.


Pritzker, o governador de Illinois.

Eu me levanto e aperto sua mão.

— Governador. — Já nos encontramos uma ou duas vezes


em alguns eventos e no Capitólio.

— Eu estava dizendo aqui à sua namorada que não


costumo vir a estas coisas, mas não pude dizer não. É uma
grande aparição.
Os olhos de Abigail se arregalam quando ele diz
namorada, mas nenhum de nós o corrige. Não que eu queira.
Eu gosto do som disso.

Não, para ser honesto, adoro o som disso.

Adoro que ele tenha pensado isso imediatamente.

— Sim, senhor. Ótimo para o turismo e para a economia


local. Muita receita de impostos.

Nós nos sentamos e eu pego sua mão na minha coxa,


dando um aperto suave.

As luzes principais se apagam e lasers coloridos dançam


ao redor da arena. A música dispara e Abigail se inclina em
meu ombro. Ela tem um cheiro incrível, como morango e
baunilha.

— Por quem devo torcer? Eu não conheço nenhum deles.

Eu conto a ela sobre cada lutador. Claro, ela escolhe


todos os azarões. As garotas costumam fazer isso.

Caímos em uma conversa leve durante as lutas, e Abigail


estremece algumas vezes quando os caras batem forte uns nos
outros a cerca de três metros de nós. Estamos tão perto que
você pode ver sangue e suor no concreto ao redor do octógono.

Finalmente, é hora do evento principal.

Bruce Buffer, anuncia o primeiro lutador.


— Vindo do lado sul de Miami, para a Team Takedown,
pesando cerca de setenta e seis quilos, Callum Black. — A
multidão enlouquece.

Essa luta é um grande negócio.

Cole treinou Pedro, então eu tenho que torcer por ele.

— E o herói de sua cidade natal, lutando por Team Miller,


pesando setenta e sete quilos, o invicto campeão dos meio-
médios, Pedro Mandez. — O cara é uma besta maldita.

Esta será sua luta mais difícil, no entanto.

Os olhos de Abigail estão voltados para o octógono e neste


momento eu só tenho olhos para ela. Tenho que me forçar a
observar o que está acontecendo, porque tudo o que quero
fazer é ficar olhando para ela.

O árbitro os chama para o centro e eles batem as luvas,


então a luta começa.

Pedro vem forte, trabalhando Black com jabs. Ele é um


atacante, então está tentando ficar fora do tatame. E terá que
fazer isso se quiser vencer. Eles caem na cerca presos juntos.

Abigail está praticamente pulando da cadeira enquanto


aplaude. Ela é uma boba adorável. Retiro o que eu disse, ela é
uma palhaça sexy de Natal.

— Isso é incrível. Obrigada por me trazer. Estou me


divertindo muito.
— Ninguém mais com quem eu preferiria estar.

— Quem está sendo um palhaço fofo? — Seus dentes


roçam o lábio.

Eu me inclino para reivindicar aqueles tentadores lábios


de cereja. A multidão ruge e Abigail grita. O momento está
perdido, mas sei que ela também sentiu. Porra, ela é incrível,
e estou feliz em vê-la se soltando e se divertindo.

— Oh, merda! — As palavras saem antes que eu possa


detê-las. Estou obviamente torcendo por Pedro. Ele é o garoto
de Cole. Abigail está torcendo por Callum, já que ele é o mais
fraco.

Callum o derruba, e a multidão se cala mortalmente.


Pedro é o astro de sua cidade.

Callum tem Pedro no tapete, com o punho ferrando a


cabeça, pernas prendendo-o. Ele se move com a velocidade da
luz e o envolve em um gancho.

Abigail é a única ao nosso redor torcendo por Callum. —


Vá, isso!

De alguma forma, Pedro se liberta e foge, rolando para


longe dele. A multidão ganha vida.

O sino toca, bem quando eles estão prestes a destruir um


ao outro.

— Isso foi assustadoramente intenso.


Olho para o lado e Abigail está respirando forte. Seus
seios estão se expandindo e contraindo em sua blusa, e porra,
eu tenho que sair daqui por um segundo, antes de fazer um
show de verdade para essas pessoas, nas minhas calças.

— Vou buscar umas cervejas para nós.

Abigail agarra meu antebraço e seus olhos estão


dilatados, com o rosto corado. — Volte logo, ok.

Eu sorrio. — Volto antes que você perceba.

Puta merda.

Eu preciso dela, aqui mesmo, agora. Muito.


Abigail

DEXTER MANTÉM a mão na minha coxa durante todo o


caminho de volta ao meu apartamento.

Os buracos em meu jeans esfarrapado permitem que seus


dedos possam roçar minha pele, e meu corpo inteiro está em
chamas.

Eu não tinha ideia de que ficaria tão excitada assistindo


homens adultos baterem forte uns nos outros. Há algo tão viril
e primitivo nisso. Minha adrenalina disparou e não baixou de
jeito nenhum. Tenho cem por cento de certeza de que o motivo
está sentado ao meu lado, dirigindo um carro viril, parecendo
viril como o diabo. Ele devia estar congelando quando ele me
deu sua jaqueta, vestindo nada além daquela camiseta fina
durante todo o caminho, mas não estremeceu nem uma vez.

É difícil colocar em palavras como é entrar em uma sala


com Dexter Collins. Eu apenas me sinto segura, invencível até.

Esta noite foi perfeita. Não consigo me lembrar da última


vez que me diverti tanto. Ele é um verdadeiro cavalheiro, mas
parte de mim gostaria que ele não fosse. Eu continuo tendo
essa sensação de que ele quer me beijar, mas está se
segurando. Houve um momento durante a luta em que pensei
que ele iria. Eu não entendo de jeito nenhum. Lancei todos os
sinais do livro, exceto um anúncio em outdoor. Deito minha
cabeça para trás no sinal vermelho e olho para ele com meus
lábios entreabertos, esperando que entenda a dica, mas ele
apenas sorri para mim e aperta minha coxa.

— O que você achou de Callum ser nocauteado no último


minuto?

— Isso foi insano. Tinha certeza que meu cara iria vencer.
Pedro parecia morto em pé.

— Sim, eu pensei que ele estava acabado. Ele cavou fundo


para aquele nocaute.

— Eu queria que o azarão vencesse, mas foi divertido de


qualquer maneira.

— Honestamente, eu não pensei que ele conseguisse. Mas


sabia que seria por pouco.

Dexter e sua besta de carro roncam pela minha rua, e eu


não quero que isso acabe. Foi perfeito. Eu me pergunto se Dex
vai me acompanhar até minha porta. Será que finalmente vai
me beijar de novo? Devo convidá-lo para entrar? Por que não
pensei sobre nada disso até agora? Não saio por aí dormindo
com todo cara que me leva para um encontro ou algo assim,
mas me sinto atraída por ele e se ele quisesse... não sei. Acho
que vou ter que ver para onde as coisas vão.
Tenho noventa e nove por cento de certeza que ele está
interessado em mim, tipo muito, mas ainda sou jovem e não sei
muito sobre os caras. Dex e seus irmãos são um mistério e
também intimidantes. Talvez ele só goste de sair comigo. O que
será uma droga porque eu realmente gosto mais dele do que
deveria.

O Chevelle para e Dex estaciona junto ao meio-fio. Ele


desliza para fora e estende a mão para mim. Antes que eu
perceba, sua jaqueta está em mim novamente.

Pego minhas chaves quando entramos no elevador e me


pergunto se Barbie está em casa. Mesmo que ele queira entrar,
ela pode estragar tudo. Chegamos à minha porta e Dex nem
tentou fazer um movimento para me beijar no elevador. Talvez
ele esteja apenas esperando pelo momento perfeito. Ele está
super inquieto desde que saímos do carro.

Paramos na frente da minha porta. Eu gostaria de poder


apenas ler seus malditos pensamentos. Quero saber o que
fazer, porque eu quero que ele me beije mais do que qualquer
coisa no mundo. Quero que ele venha contra mim, me empurre
contra a parede e faça o que quiser. Qualquer outra coisa além
de me encarar e não dizer nada.

Ele pega sua jaqueta de volta, eu coloco minhas chaves e


giro a maçaneta.

Virando-me para encará-lo, suas mãos estão enfiadas nos


bolsos como se ele estivesse com medo de me tocar depois que
segurou minha mão a noite toda e esfregou minha perna. Que
diabos está acontecendo aqui? — Bem, obrigada. Eu, humm,
me diverti muito. Devíamos sair novamente. Se você quiser.

Seus olhos dizem que ele quer me comer viva, a maneira


como ele está encostado na parede ao lado da porta,
praticamente abrindo um buraco no meu peito com o olhar,
mas ainda está se segurando. Eu me sinto como uma pessoa
louca. Vou explodir se ele não fizer alguma coisa.

Sua mandíbula estala e ele engole em seco. — Sim. Eu


também me diverti muito. Vejo você em breve, Abby.

Eu pisco. — Ok, humm, boa noite. — Não sei mais o que


dizer e não vou agir como uma idiota e me jogar em cima dele.
Isso tornaria nosso entrosamento no trabalho muito estranho
na segunda-feira, especialmente se ele me rejeitar.

Abro a porta e fecho rapidamente atrás de mim.

Todo o meu humor murcha como um balão. Como diabos


eu fui de estar no topo do mundo para me sentir uma merda
absoluta? Meu coração aperta no peito. Acho que não sabia o
quanto gostava de Dexter Collins até agora.

Eu tiro meus sapatos me perguntando o que diabos foi


isso. Jogo minha bolsa no sofá quando a campainha toca. Meu
sangue aquece a um milhão de graus, e acho que mudei de
confusa para a raiva em dois segundos.

Juro, se for Kyle, darei um soco na cara dele se vier com


algum comentário desagradável por ter saído com Dex. É
provável que tenha passado por ele no corredor e está vindo
me encher de merda.

É a última coisa de que preciso quando meu ego acabou


de levar uma surra. Não sou vaidosa, mas sei que parecia tão
gostosa quanto podia para o nosso encontro, dei todos os
sinais dizendo que estava interessada. Eu me vesti sexy.
Raspei minhas pernas e aparei o resto bem e no caso... não
que eu achasse que íamos transar, mas eu queria estar
preparada. O que eu fiz errado?

Marcho até a porta e a abro.

Dex entra e fecha a porta atrás dele.

Seu olhar intenso está em mim e seus braços se movem


em volta da minha cintura. Começo a perguntar o que ele está
fazendo, mas sua boca bate na minha e estou flutuando.
Apenas flutuando nas malditas nuvens, eletricidade
inundando minhas veias. Um fogo selvagem queima por mim
e afunila-se entre as minhas pernas. Meu corpo só... precisa,
precisa de Dex. É uma necessidade tão viva que posso explodir
em chamas.

Doce senhor, este homem sabe como beijar também. Sua


língua empurra em minha boca e me consome por dentro. Ele
me pressiona contra a parede, me beijando tão profundamente
e com força que é bom estar me prendendo ou eu poderia
derreter no chão.

Eu sussurro contra seus lábios, — Já era hora.


— Deveria ter feito isso alguns minutos atrás. Queria
fazer isso a noite toda. — Suas palavras saem contra meus
lábios como um rosnado.

— Estou feliz que você tenha feito.

Sua mão roça meu queixo e sua testa repousa contra a


minha. Sua respiração atinge meus lábios. — Sua colega de
quarto está em casa?

— Não. Você definitivamente saberia se ela estivesse.

— Ótimo. — Seus lábios reivindicam minha boca mais


uma vez e eu não me contenho.

Dou o melhor que estou recebendo, passando minha mão


por baixo de sua camisa, sentindo a dura parede de músculos
lá.

Seus lábios encontram meu pescoço e posso


simplesmente morrer. — Qual caminho?

Eu inclino minha cabeça em direção ao corredor e Dex


me levanta em seus braços, suas mãos agarrando minha
bunda. Minhas pernas instintivamente envolvem sua cintura,
meus braços embalando seu pescoço.

Nossas bocas permanecem fundidas enquanto ele me


puxa pelo corredor para o meu quarto.

Uma vez que estamos dentro, eu deslizo pela frente de seu


corpo e levanto a camisa sobre sua cabeça, porque eu quero
que ele saiba, sem dúvida, que pode fazer o que quiser comigo.
Puta merda, estou prestes a fazer sexo com Dexter Collins.

Uma vez que sua camisa é tirada, eu paro por uma fração
de segundo, apenas para observá-lo. O homem é lindo, com
seu queixo afiado e a barba por fazer bem aparada. Seus olhos
são de um azul escuro que pode derreter aço.

Ele desamarra a parte de trás da minha blusa e caímos


na cama juntos, as línguas e os dedos se movendo em um
milhão de direções. Explorando e tocando um ao outro em
qualquer lugar e em todos os lugares ao mesmo tempo. Deus,
ele é um beijador fantástico. Minha camisa sai e ele esfrega a
mão no meu seio, olhando para mim todo doce, mas com um
sorriso de lobo que diz que irá me devorar.

Cara, eu quero isso. Eu quero, mas isso está indo rápido


e é apenas nosso primeiro encontro.

Agora, quem está emitindo sinais confusos, Abigail?

— Espera. — Coloco minhas mãos em seus ombros.

Seus olhos se arregalam, mas ele não parece zangado por


eu ter nos parado, apenas confuso.

— Eu quero tanto isso, mas não quero ser aquela garota.


Realmente sinto algo entre nós e não quero olhar para trás...

Dex me interrompe. — Não é desse jeito. — Sua mão


desliza para dentro do meu jeans, esfregando meu clitóris.

Eu suspiro. Não sei se algum outro homem já o


encontrou, muito menos automaticamente.
Deus, ele é tão bom. Bom demais. Eu não poderia fazê-lo
parar, mesmo que quisesse.

Ele se levanta e desliza seu corpo para baixo, levando um


dos meus seios em sua boca. — Eu só quero fazer você se sentir
bem, Abigail.

Seus dentes roçam meu mamilo e meus dedos do pé


enrolam no colchão.

Não posso acreditar que isso está acontecendo. Não posso


acreditar que Dexter Collins, um sócio da firma, está seminu
na minha cama, transando comigo.

Eu olho para baixo e meu Deus, ele pode ser a coisa mais
sexy que eu já vi. Seus músculos se expandem e contraem ao
menor movimento, e eu finalmente vejo todas as suas
tatuagens. Elas vagam por seus braços e contornam por seu
peito e costas.

Dex desliza sua língua para baixo, mais perto de onde eu


mais preciso dele, mas eu me contorço porque é muito intenso.

— Relaxe. Deixe-me cuidar de você, Abby.

Até sua voz é quente como o pecado. Se ele roçar meu


clitóris de novo, posso me desfazer.

Ele desabotoa minha calça jeans e a desliza para baixo.


Em seguida vem a calcinha e, ai meu Deus, estou totalmente
nua na frente dele. Inclinando-se sobre os calcanhares por um
momento, ele apenas fica lá, olhando para mim,
completamente nua.

Ele passa a mão pelo cabelo e fecha os dedos em punho


enquanto me encara, primeiro minha boceta, depois meus
seios e depois meus olhos. — Deus, você é uma obra de arte.

Antes que eu possa responder, seu rosto está entre


minhas pernas e sinto sua nuca esfregar contra o interior das
minhas coxas. Ele está lambendo, chupando e beliscando, me
provocando em todos os lugares. Uma de suas mãos grandes e
ásperas percorre meu estômago e ele rola meu mamilo entre o
polegar e o indicador.

Minhas pernas instintivamente tentam se apertar porque


as sensações são quase insuportáveis, mas Dex coloca as duas
mãos na parte interna das minhas coxas e as separa.

Ele abre minhas pernas com tanta força que queima, mas
no bom sentido, como um bom alongamento profundo.

— Sonhei com essa boceta.

Puta merda. Ele tem uma boca suja.

Nunca um homem disse algo assim para mim. Ainda é


tão surreal. Dexter Collins, no meu quarto, falando sobre
minha boceta, e serei condenada se sua conversa suja não
estiver no ponto.

Ele continua provocando e lambendo em todos os lugares,


menos onde eu quero sua boca. É uma tortura.
— Diga-me que você quer isso, Abby.

Olho para baixo e seus olhos estão fixos nos meus, sua
boca a centímetros de mim, tão perto que posso sentir sua
exalação roçar minha pele.

— Por favor.

— Diga-me o que você quer. — Ele passa a língua no meu


clitóris uma vez.

Mãe de Deus.

Minhas mãos se estendem e agarram os lençóis.

A única palavra que consigo reunir é: — Você.

Observo a tempo de ver o sorriso diabólico em seu rosto.

— Dedos, boca ou ambos?

Nem sei o que digo em resposta a isso. Provavelmente


soaria como um grunhido. Estou tão excitada e a única coisa
em que meu corpo está concentrado é no mais intenso
relaxamento sexual da minha vida.

Eu aceno furiosamente.

Dexter desliza um dedo lentamente e minhas costas


arqueiam para fora da cama. Ele é apenas – intenso.

— Tão gananciosa e molhada.


Recuo o olhar e ele está levando seu doce tempo, sorrindo,
como se soubesse que pode me fazer gozar a qualquer
momento que quiser, como se estivesse totalmente no controle.

— Dê-me trinta segundos e você estará balançando esses


quadris e fodendo minha mão.

Outro dedo desliza e estou prestes a enlouquecer de vez.


Ele os empurra profundamente e dobra os dedos para de
alguma forma para atingir um ponto que eu nem sabia que
existia.

Meu corpo inteiro fica tenso, e eu alcanço a cabeceira da


cama, ofegando com dificuldade. — Estou tão perto, Dex. Você
não tem ideia.

— Quer que eu pare?

— Eu mato você. — Eu o encaro com punhais nos olhos.

Dex dá uma risadinha e seus dedos aceleram. Bem


quando eu acho que não aguento mais, sua boca suga meu
clitóris.

— Ohhh, Deus. Dex...

Cada grama de energia em meu corpo canaliza


diretamente para baixo entre minhas pernas. Eu me contenho
o máximo que posso, tentando saborear este momento,
prendendo-o em meu cérebro para um dia chuvoso com meu
vibrador, porque puta merda é diferente de tudo que já
experimentei.
Nenhum homem nunca me fez sentir assim antes.

Dex suga meu clitóris e faz a coisa ondular com os dedos


novamente, e antes que eu perceba, estrelas difusas dançam
atrás de minhas pálpebras, e estou fazendo exatamente o que
ele disse que eu faria. Meus quadris estão balançando contra
sua boca e mão, e o melhor orgasmo da minha vida rasga meu
corpo em ondas gigantescas e ondulantes. Minha bunda sai da
cama, costas arqueadas, dedos dos pés se enrolando. Dex
permanece agarrado a mim, aproveitando o prazer comigo, sua
língua implacável no meu clitóris.

Minhas mãos voam para o seu cabelo e eu agarro dois


punhados com tanta força que me pergunto se está
machucando. — Oh, Deus, Dexter. — É a única coisa que
consigo dizer.

Uma vez que meus quadris decidem voltar para o colchão,


eu sinto um formigamento por toda parte, como se eu tivesse
inalado um monte de gás nitroso no consultório do dentista.
Tudo está sensível, em todos os lugares. Dex passa um dedo
pela parte interna da minha coxa e arrepios sobem e descem
por meu corpo.

— Não há nada melhor do que ouvir você gemer meu


nome enquanto goza. — Dex se inclina e me beija na boca, mas
não se demora. É como se ele estivesse tentando escapar antes
que nós dois fizéssemos mais do que deveríamos.
Não conseguiria fazer muita coisa. Eu só quero ficar aqui
até desmaiar. Sinto que acabei de correr uma maratona em
três minutos.

Como diabos ele me fez gozar tão rápido? Eu não consigo


nem fazer isso comigo mesma.

Dex se levanta e veste a camisa.

— Realmente me diverti muito esta noite. Não apenas por


causa... — Eu paro, já precisando bocejar porque ele puxou
cada grama de energia do meu corpo. Parte de mim se sente
mal. Ele me fez sentir tão bem e agora está prestes a sair. Eu
deveria ao menos dar-lhe uma mãozinha ou algo assim, ajudar
o cara. Mas estou tão desgastada, que não sei se conseguiria,
mesmo que eu quisesse.

Quando ele caminha de volta, eu pego um vislumbre do


contorno de seu pau duro contra seu jeans. Deus, ele é grande.
Claro que ele é. E eu o deixei todo animado e agora
simplesmente vai embora.

Quando ele volta para o lado da cama, eu instintivamente


estendo a mão e o toco.

Seus olhos rolam por um segundo, então descem e


pousam em mim. Ele se inclina e seus lábios roçam meus.
Despreocupadamente afasta minha mão. — Outra hora. Esta
noite foi para você. Vejo você em breve, Abigail.

E com isso, ele se vira e sai pela porta.


Ouço ele sair do apartamento, então chuto minhas
pernas e solto um grito que vem do nada. Mas, droga. Isso foi
apenas – uau. Dexter Collins tem habilidades maravilhosas.
Sua maldita língua é mágica.

Eu quero apenas desmaiar, mas preciso pegar meu


telefone e fazer algumas coisas antes de dormir. Pego meu robe
e me envolvo nele. Preciso tomar um banho, mas não quero,
porque estou cheirando a Dexter. Verifico meu telefone alguns
minutos depois e tenho quatro mensagens.

Kyle: Ei, onde você está?

Kyle: Você deveria vir ao The Gage.

Kyle: Barbie e Nick estão totalmente namorando.

Kyle: Onde diabos você está? Eu sinto sua falta.

Eu rio da Barbie e do Nick. Eles ficaram bêbados?

Precisaria mandar uma mensagem de volta para Kyle,


mas minha mente ainda está em Dex. Parece errado mandar
uma mensagem para Kyle agora. A pior parte é que não
preciso. Ugh, eu sei que parece piegas, mas não entendo por
que as pessoas não conseguem se entender.
Dexter

EU PEGO ABIGAIL enquanto ela sai do escritório. Já se


passaram exatamente dois dias e vinte horas desde que comi
sua boceta em sua cama, não que eu esteja contando ou algo
assim. — Desculpe? Você trabalha naquele grande edifício ali?

Ela está linda. Não falei com ela no domingo e estive fora
do escritório ontem.

— Sim. É melhor você ficar atento. O chefe é muito bonito,


e não nos deixa confraternizar com estranhos.

— Namorando o chefe, hein? Parece um problema.

— Algo parecido.

— Cara, e aqui eu estava prestes a convidá-la para jantar.


Acho que não é bom para mim.

Ela hesita por alguns longos segundos, olhando para o


céu, fingindo pensar sobre isso. — Talvez eu possa encaixar
você. O chefe tinha uma grande noite planejada, no entanto.
Levo uma mão ao seu quadril, puxo-a para mais perto de
mim e a prendo com o meu olhar. — Vou te mostrar um tempo
muito melhor.

Seus cílios vibram por uma fração de segundo. — Bem, é


uma oferta e tanto. Só não sei. Eu estava realmente ansiosa
por um sanduíche e todos os filmes de Natal da Hallmark.

— Pensei que você tinha uma grande noite planejada com


o chefe? — Aperto minha mão no meu coração como se
estivesse ferido.

Abigail sorri como uma idiota.

Agarro sua mão, finalmente terminando nosso joguinho.


— Para onde você está indo? Eu te acompanho.

Ela estende a mão e chama um táxi como se não fosse


nada. Deve ser bom ser gostosa em uma cidade cheia de
taxistas masculinos. Nunca vi ninguém pegar um táxi tão
rápido e agora estou definitivamente andando com ela no caso
deste idiota ter alguma ideia.

— Aqui. Esse é o meu táxi.

— Perfeito. Beberemos um pouco e depois iremos jantar.


Eu conheço um ótimo lugar.

— Dex?

— Isso vai acontecer, então apenas concorde.


Ela range os dentes. — Você não vai me deixar ir sozinha,
vai?

Eu balanço minha cabeça lentamente.

Sua cabeça gira e me pergunto o que ela está pensando,


mas não comento. Finalmente, solta um suspiro e sorri. —
Tudo bem. Vamos. É melhor que esta comida seja incrível.

— Nunca duvide de mim, Whitley. Você sabe melhor que


isso. — Eu abro a porta para ela.

Ela desliza para dentro. — Sim, sim. Veremos como você


se sai em minha escala de avaliação.

— Espere, você classifica seus encontros? — Sento-me ao


lado dela, com minha curiosidade aguçada. — Como isso
funciona? — Minha coxa encosta na sua perna e meu pau
percebe imediatamente.

— É um segredo.

— Como estou indo até agora?

— Meh17... eu não sei, depende do jantar.

— Nós dois sabemos que sou o oposto de meh.

— Alguém está cheio de si.

17 Meh – é uma interjeição usada como expressão de indiferença ou tédio. Frequentemente, é


considerado o equivalente verbal de um encolher de ombros. O uso do termo "meh" mostra que o
falante é apático, desinteressado ou indiferente à pergunta ou assunto em questão.
Alguém vai ficar cheia de mim se continuar fazendo
insinuações com suas palavras. — Não é arrogante se for
verdade.

— Oh, realmente?

— Sim, realmente. — Digo o nome do lugar ao motorista.


É melhor ele manter os olhos na frente e no centro, porra. Wells
é dono de um dos novos restaurantes mais badalados de
Chicago. Ele me disse para passar lá quando eu quisesse, e
não consigo pensar em um momento melhor do que este.

ABIGAIL SORRI POR CIMA DA borda de sua taça de vinho. Ela


está ao meu lado em uma cabine privada. Wells não está aqui,
mas isso não é surpreendente. A recepcionista parecia saber
quem eu era assim que entramos.

— Este lugar é incrível. — Ela olha ao redor da opulenta


sala de jantar, absorvendo a paisagem. Tudo é branco. Exceto
pelas paredes. Eles são cinza-ardósia, mas as mesas e cadeiras
são todas brancas. Um candelabro de prata pende sobre a
mesa e há um arranjo com rosas vermelhas entre nós com
algumas velas perfumadas. Nosso primeiro encontro foi
casual, e agora estou lentamente construindo o romance, como
nos filmes. Não se pode sacar todo seu arsenal e ser totalmente
romântico no primeiro encontro.

É claro que tenho que dar a ela a modesta resposta


obrigatória. — É bom.

— Você está brincando? — Ela sorri. — De qualquer


forma, eu gosto de comer e jantar, senhor.

Tenho que abafar um gemido quando ela me chama de


“senhor”. Foda-se, está quente aqui. — O que mais você gosta?

Sua língua espreita sobre o lábio inferior e eu me inclino


para frente e a beijo antes que ela possa responder à pergunta.
Suas bochechas florescem em um tom suave de rosa.

Enquanto eu me afasto, ela se senta lá,


momentaneamente atordoada antes de seus olhos se abrirem.

— Eu gostei desse beijo. Gosto de coisas espontâneas


assim.

Eu me inclino próximo ao ouvido dela. — Anotado. —


Minha mão desliza por sua perna. Pessoalmente, estou
gostando muito da maneira como sua saia sobe por sua coxa.

— Dex. — Meu nome sai com um suspiro, mas ela não


tenta se esquivar. Na verdade, parece que está lutando contra
o desejo de rolar os quadris em direção aos meus dedos.

Minha boca permanece ao lado de sua orelha, e exalo um


hálito quente em seu pescoço quando falo. — Eu poderia te
devorar, porra, bem aqui nesta mesa.
Arrepios caem em seus braços e eu os sinto ao longo da
pele nua de sua perna. — Você está dificultando muito as
coisas para mim.

— Essa é a minha fala, Abby.

— Você está me deixando...

Minha mão percorre sua perna, até que estou a


centímetros de sua calcinha.

— Louca, — ela finalmente bufa a última palavra em uma


respiração difícil. — E excitada. — Seus olhos correm ao redor
da sala, em seguida, rolam para trás quando deslizo minha
mão um pouco mais para cima, até onde ela quer.

Aproximo mais, perto o suficiente para que eu possa


facilmente afastar seus cachos loiros e beijar aquele ponto
entre sua orelha e clavícula. — Ótimo. — Eu roço no lóbulo de
sua orelha com meus dentes.

Um arrepio percorre todo o seu corpo, novamente e ela


fica tensa por um breve momento. — Alguém pode ver, —
sussurra. E dá um tapa na minha mão, mas é uma tentativa
imperfeita na melhor das hipóteses.

Nós dois sabemos o que ela quer e onde ela quer.

Sorrio contra seu pescoço. — Deixe-os ver.

— Dex. — Ela empurra minha mão novamente.


Eu começo a puxá-la para longe e ela me agarra com os
dedos, mantendo-o exatamente onde estava.

Foi o que pensei, Abigail.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Não. Tenho medo do que direi com a sua mão bem aí.

Continuo com meu sorriso e minha pergunta. — Você já


viu alguém se aproximar de nós? Desde que eles deixaram o
vinho?

Abigail balança a cabeça.

— Há uma razão para isso. — Eu coloco um dedo em sua


calcinha e a deslizo para o lado, expondo sua boceta debaixo
da mesa.

— Oh, meu Deus. — Seus seios sobem e descem em sua


blusa com cada uma de suas respirações profundas.

Adoro cada segundo do quanto ela quer isso, e de como


está tentando lutar contra isso, mas simplesmente não
consegue. E me quer tanto quanto eu a quero. É preciso um
ato de pura força de vontade e determinação para não a dobrar
sobre esta mesa, comer sua boceta até ela gemer meu nome
repetidamente, e depois fodê-la com tanta força que não
conseguiria andar direito.

Eu deslizo um dedo em seu clitóris e ela solta um leve


suspiro. — Ainda quer que eu pare? — Sua boceta está tão
quente e molhada que posso sentir na minha mão. Eu varro
meu olhar para cima e para baixo em seu rosto e corpo,
captando cada reação, cada bit de dados que posso reunir para
uso futuro.

— Não. — A palavra sai em um sussurro.

— Não me pareceu isso. — Sei exatamente como fazê-la


gozar na minha mão sem causar uma cena. Tem que ser uma
ascensão gradual, como uma boa sinfonia. Comece devagar,
então vá até o clímax. Ao contrário da última vez, quando eu
só tinha que provar que poderia na hora que eu bem
entendesse. Eu continuo a trabalhar nela, esfregando círculos
preguiçosos sobre seu clitóris. É apenas uma questão de tempo
antes que ela arranhe a toalha de mesa de linho.

Seus lábios se abrem levemente, e não preciso de um


convite melhor.

Agora.

Eu inclino minha boca sobre seus lábios vermelho-cereja


e empurro dois dedos dentro de sua doce e quente boceta. Puta
que pariu, ela está encharcada e meu pau se enfurece contra
minhas calças, com ciúme dos meus dedos.

A energia sexual crua e indomável percorre seu corpo.


Posso sentir isso contra mim, sentir em meus dedos, no ar ao
nosso redor. Ela está tão perto, mas está se segurando,
provavelmente porque estamos em público.

Eu pressiono minha testa contra a dela, para que


possamos olhar nos olhos. E foda-se se eu não consigo me
perder em seus olhos. Eles são tão inocentes e indefesos
enquanto ela me encara, completamente vulneráveis no
momento. É um olhar que diz: Eu quero me entregar a você,
mas por favor, não me machuque.

Nesse momento, algo se agita bem dentro de mim, e não


é nem cem por cento sexual. É apenas uma conexão mais
profunda, em um nível molecular, uma força que não pode ser
descrita, puxando-me para mais perto de sua alma.

— Apenas solte, Abby. Confie em mim.

Levo dois dedos fundo e os enrolo dentro dela, atingindo


aquele ponto profundo que ninguém mais conhece. Ao mesmo
tempo, meu polegar passa por cima do seu clitóris.

Seus olhos se fixam nos meus, a centímetros de distância,


por outro breve segundo. É como se eu estivesse tendo uma
conversa inteira com ela e nenhuma palavra estivesse sendo
dita. Então, de repente, seus quadris sobem e sua mão agarra
meu antebraço.

Sua boceta aperta e um tremor percorre seu corpo. Eu


coloco minha outra mão sobre sua boca para abafar seus
gemidos, com nossas testas ainda pressionadas. Os olhos dela
voltam para a cabeça e eu saio das ondas do seu orgasmo.

Depois de um último tremor rápido, eu tiro minha mão


da boca dela e a beijo em cheio nos lábios.

Seu corpo inteiro relaxa tanto que até acho que preciso
abraçá-la, para que ela não deslize pela cabine e caia no chão.
Ela tem um ar completamente saciado, simplesmente
relaxada. Praticamente como se estivesse em outro mundo,
neste momento.

— Isso foi...

Eu deslizo minha mão para fora dela suavemente e ajusto


sua calcinha de volta. — Apenas o começo.

— Você é perigoso, — ela sussurra, seus olhos ainda


semicerrados.

Eu me inclino ao seu lado novamente. — Tem razão... —


Eu a olho de cima a baixo e finjo ajustar um macacão de voo
inexistente. — Abby, eu sou perigoso.

Ela sai do coma do orgasmo e ri. — Você não é um


Maverick ruim. Na verdade, você é melhor porque você tem a
altura para ir com a atitude arrogante.

— Isto é o que eu gosto de ouvir.

— Vai me levar para a cama ou me perder para sempre?

— Inferno. Sim.

Quase nem quero me incomodar com o jantar, mas odeio


vir aqui e não aproveitar. Tenho certeza de que Abigail também
está faminta. Sei quanto tempo os dias podem durar no
escritório.

O resto do jantar corre perfeitamente, assim como nosso


primeiro encontro. Entramos e saímos de conversas facilmente
como duas pessoas que se conheceram durante toda vida. Um
pouco antes de sairmos, ela se inclina e apaga uma das
pequenas velas em cima da mesa. Apenas uma.

Depois do jantar, quando voltamos para a casa dela, eu a


acompanho até a porta de seu apartamento. Quase parece
uma falha na Matrix porque acabei de fazer isso há alguns dias.

Entendi que ela estava apenas citando Top Gun no


restaurante, e é muito cedo, mas as palavras não podem
expressar o quanto meu pau quer saber como é estar dentro
dela. Parece certo, e se ela quiser foder, não vou recusar, mas
algo sobre essa coisa toda com ela... não sei. Eu só quero que
cada momento seja especial, memorável. Quero que tenhamos
um carretel de memórias destacadas, incluindo a primeira vez
que fizermos sexo. Parece uma noite normal de um dia de
semana depois de um bom jantar.

Abigail pressiona a palma da mão no meu peito quando


chegamos à sua porta. — Eu convidaria você para entrar, mas
minha colega de quarto está em casa e ela não é uma ótima
companhia.

Não quero que a noite acabe, mas não deixo transparecer.


Posso não querer transar com ela agora, mas ainda posso
comer sua boceta e ficar com ela até o sol raiar. Ou apenas
sentar e conversar. Eu só quero estar perto dela.

— Talvez você devesse conhecer minha casa algum dia.


Ela acena com a cabeça. — Eu não me importaria com
isso. Esta noite eu me diverti muito, Dex. — Abigail se inclina
e me beija, em seguida, se afasta. — No caso de você se
acovardar como da última vez.

Eu concordo, sorrindo. — Oh, é assim?

Ela ri. — Sim. É assim, Collins.

Eu a puxo com mais força para mim, cavando meus dedos


em seus quadris. — Esteja atenta às suas provocações.
Cumpro todos os contratos verbais.

Ela coloca os dois braços em volta do meu pescoço. — Por


que é tão sexy quando fala como um advogado chique?

Beijo seu pescoço. — Por que é tão sexy quando você goza
por cima da minha mão em um restaurante?

Suas bochechas ficam rosadas. — Dexter Collins, minha


mãe lavaria sua boca suja com sabão.

Volto a sorrir para ela. Nunca conheci ninguém como ela.


— Eu me diverti muito esta noite também, Abby.

— Da mesma forma, senhor. — Ela me puxa para outro


beijo, então se inclina no meu ouvido. — Sim, eu sei que você
gosta quando eu te chamo assim.

Eu a encosto contra a porta e pressiono contra ela, meu


joelho separando suas pernas em sua saia. E beijo o lado de
seu pescoço. — Você não tem ideia, Abby.
— Posso ter uma ideia.

— Sério?

Ela acena com a cabeça sedutoramente.

— O que foi aquilo no restaurante? — Eu digo.

— O quê?

— Quando você apagou a vela, e fechou os olhos.

— Não é nada. É besteira.

Eu coloco um pouco de cabelo atrás da orelha. — Diga-


me. Eu quero saber, mesmo se você achar que é besteira.

Seus lábios se curvaram em um sorriso. — Gosto de


soprar velas e fazer um pedido, mesmo quando não é meu
aniversário.

— O que você deseja?

Ela balança a cabeça. — Não posso te dizer ou não vai se


tornar realidade.

Eu a beijo na testa. — Ok. — Então, vou para baixo,


salpicando beijos em sua bochecha e depois em seu pescoço.
Ela pressiona seu peito em mim quando eu bato no ponto a
meio caminho entre sua orelha e clavícula.

Sempre deixe-as querendo mais.


Deslizando a mão por sua saia mais uma vez, através de
sua calcinha, e passo em seu clitóris. Ela está tão molhada
quanto no restaurante.

A cabeça de Abigail olha para frente e para trás no


corredor, como se estivesse verificando se ninguém vai nos ver.
Penetro meus dedos em suas dobras lisas, apenas o suficiente
para provocá-la um pouco, em seguida, puxo minha mão e me
afasto.

— Um gostinho para lembrar de você até que façamos isso


de novo. — Enfio os dois dedos na minha boca e imediatamente
traz de volta a memória de ter chupado ela dois dias e vinte e
duas horas atrás. — Boa noite, Abby.

Então, eu vou embora.


Dexter

AS COISAS TÊM SIDO fenomenais nas últimas semanas com


Abigail.

Exceto no trabalho. Isso está me deixando louco. É como


se ela se transformasse em uma pessoa diferente no escritório.

Nós ainda não transamos. Apenas mais brincadeiras e


carícias leves, nada significativo. Ela está se segurando e
levando as coisas tão lentamente que minhas bolas podem
encolher, mas eu não me importo.

Quer dizer, eu gosto dela. Eu gosto muito dela.

Ela me faz sorrir e penso nela sem parar. Não me entenda


mal, não há nada que eu queira mais do que transar com essa
mulher, indefinidamente.

Mas, o momento não tem sido o mais oportuno. Vou


esperar o tempo que ela quiser. Quero que seja perfeito quando
finalmente dermos esse passo.

Há algo estranho quando estamos no trabalho. Nós não


temos essa cadência, sabe? Aquela melodia natural que nos
transporta e faz com que conversas e ações aconteçam sem
esforço.

Estou voltando do tribunal quando a vejo sozinha na sala


de descanso. Meu olhar imediatamente vai para sua bunda
com a saia preta abraçando seus quadris. Como ela fica tão
gostosa todos os dias do ano? Está usando stilettos pretos com
estampas de animais. Minha mente imediatamente a imagina
em minha mesa, pernas abertas, e saltos cavando na minha
bunda enquanto estou até as bolas dentro dela.

— Você está comendo meu pudim, sabendo que minha


mãe os manda para mim? — Eu me esgueiro por trás dela,
envolvo um braço em volta de sua cintura e me aproximo para
um beijo.

No momento em que meus lábios tocam os dela, ela se


afasta, como se estivesse pegando fogo ou algo assim. É cruel.
Super cruel.

Dou um passo para trás e estreito meu olhar sobre o dela.


— O que diabos é isso?

Seus olhos se movem rapidamente. — Você não pode


fazer isso aqui.

Eu franzo a testa. — O quê? Por quê? Você tem vergonha


de mim?

Ela olha ao redor como se alguém pudesse estar nos


observando e abaixa a voz. — Claro, que não. Por que diria
isso? — Ela envolve os braços em volta da cintura e se abraça,
como se estivesse erguendo algum tipo de parede que eu não
consiga romper.

— Você está se afastando e olhando ao redor como se


alguém pudesse ver. Não quer que eu conheça sua colega de
quarto. Está saindo com outra pessoa?

Ela balança a cabeça como se eu fosse um idiota ou algo


assim. — Não é nada disso. Relaxe. Eu simplesmente não sou
uma fã de afeto público.

— Não se importou no restaurante.

Ela sussurra e grita: — Eu não trabalho naquele


restaurante. Não quero que as pessoas pensem de forma
diferente de mim.

Dou um passo em sua direção e ela dá um passo para


trás. — Eventualmente as pessoas vão descobrir sobre nós.

Seus olhos se estreitam em fendas, e eu não posso


acreditar que ela está realmente chateada com isso. Não a
entendo. Estamos ótimos juntos. Ela me quer. É óbvio e me
sinto exatamente da mesma maneira.

Ela se move para me contornar.

Coloque sua maldita casa em ordem, Dexter. Isto é ridículo.


Você pode conseguir clientes de 10 dígitos, mas não consegue
lidar com uma paralegal de 24 anos?
Enquanto ela passa, ela para e sua voz suaviza. — Eu
quero falar sobre isso com você, só não aqui no escritório. Tudo
bem?

— Claro. Tanto faz.

Eu imediatamente me sinto como um idiota, mas foda-se.


E se eu quiser falar sobre isso aqui? Ela acha que eu só quero
brincar e ter um romance de ensino médio com ela? Nós nos
esgueiramos e brincamos debaixo das arquibancadas e depois
seguimos em frente quando vamos para escolas secundárias
separadas? Não estou brincando. Eu a quero, e não vou fingir
quando estou no trabalho.

Não vou andar por aí fingindo que tudo é platônico, então,


assim que saímos do escritório, onde ninguém pode ver, ela vai
se transformar em uma nova pessoa e foder minha boca e
meus dedos. Não é assim que funciona. As pessoas precisam
saber que ela está fora dos limites, pelo menos os homens por
aqui.

Ela franze a testa, quase parecendo magoada.

Não acho que tenha nenhum motivo para me sentir mal,


mas tenho. Não gosto quando está chateada. O que diabos está
de errado comigo? Merda.

Ela começa a se afastar e eu estreito meus olhos sobre


ela. — Ei, Abby. — Eu me abaixo e agarro seu antebraço,
parando-a em seu caminho.
Seu olhar se inclina para cima para encontrar o meu. —
Sim?

— Essa coisa aqui. — Eu movimento para frente e para


trás entre nós. — É real. Você pode fingir o quanto quiser, por
agora, mas não está enganando ninguém. Você é minha.

— Você é ridículo. — Ela franze a testa e se afasta.

Nem tento esconder minha diversão. Ela pode ser tão


teimosa quanto quiser, isso só deixa meu pau mais duro.

Quando ela vira no corredor, eu pego seu perfil, e ela fica


ainda mais furiosa.

Porra, ela me deixa louco.

Agora eu quero ir atrás dela e beijá-la na frente de todo o


maldito escritório.

Só para mostrar a ela que posso, e irei.


Abigail

ARGH!

Como Dexter é tão fofo e irritante ao mesmo tempo?

Ele está tão gostoso em seu terno de três peças hoje, e eu


tenho que me lembrar que não é desculpa ele agir como um
maldito homem das cavernas.

Me encurralando na sala de descanso e tentando me


beijar? O que é isso?

Sinceramente, não sei com o que estou mais chateada, o


fato de que ele quase me apalpou no trabalho, ou o fato de que,
no fundo, eu realmente gostei disso. O que diabos há comigo?
Era tão impróprio e ainda assim eu queria me inclinar para
ele, e beijá-lo de volta.

Balanço minha cabeça com meus pensamentos ridículos.


Faço de tudo para evitar o drama e a desordem no escritório.
A firma de Chicago é tão má quanto a de Dallas.
O que eu faço no meu tempo livre é problema meu, e se
as pessoas quiserem especular sobre isso, tanto faz. Mas serei
profissional o tempo todo no meu local de trabalho.

As pessoas ainda falam sobre Quinn e Deacon fodendo


como coelhos no almoxarifado.

Não é que eu não queira Dex. Temos uma ótima química


e, sim, sinto algo lá, mas não estou pronta para me acalmar e
levar a sério. Eu simplesmente não estou. Sou nova demais.
Ele precisa ir mais devagar.

Dexter é incrível, mas a maneira como ele falou comigo


na sala de descanso, é como se ele pensasse que sou sua
propriedade.

Mas, sendo honesta comigo mesma, é excitante. Isso me


faz desejá-lo ainda mais.

Tenho que me perguntar se estou realmente irritada ou


se meu cérebro está apenas sendo um idiota e me dizendo que
eu deveria estar irritada, e isso é o que está errado. Estou tão
confusa com toda essa situação.

Dex me faz sentir tão segura perto dele, e ao mesmo


tempo não quero que um homem me faça sentir segura, será
que isso faz algum sentido?

Ugh, estou tão ambígua agora.


Ele me fez girar em mil direções diferentes, como um
tornado soprando em minha vida e espalhando coisas por toda
parte.

Ele precisa colocar em sua cabeça dura que eu não


pertenço a ele antes que isso fique ainda mais fora de controle.
Já posso ver tudo isso acontecendo. Eu caio de pernas para o
ar, ele continua esse comportamento até que eu tenha medo
até de falar com outro homem sem que ele seja petulante e
ciumento. Tudo culmina com ele quebrando meu coração, e a
julgar pela forma como já me sinto quando estou perto dele,
vai demorar muito para superar isso.

Estou em um lugar muito bom agora. Bem, além de


precisar conseguir um lugar meu, mas ainda assim,
profissionalmente, estou bem. Decker me entrega projetos
importantes e deposita total confiança em mim. Vários sócios
me elogiam por fazer um bom trabalho o tempo todo. É o único
lugar do mundo onde tenho tudo em ordem.

Eu fiz uma vida para mim aqui. Eu me sinto querida e


respeitada. Eu tenho amigos.

Alguns deles são homens e ugh, Dexter tem um problema


sério com isso, eu já posso dizer. Não vou abandonar meus
amigos e ser uma idiota porque Dexter não aprova.

Eu tenho dispensado Kyle desde que Dex e eu começamos


isso, esquivando-me dele no corredor do meu prédio como uma
galinha. Tudo porque ele e Dex não se dão bem. Isso não é
típico de mim. Não é quem eu sou. Até a Barbie me perguntou
o que estava acontecendo comigo outro dia. Para ela notar algo
que estou fazendo, deve estar óbvio pra caramba, porque ela
vive em seu pequeno mundo Barbie a cada minuto do dia.

Pego meu telefone e percorro todas as mensagens que


tenho evitado.

Kyle: Ei, acabei de sair do trabalho. Quer dividir uma


pizza?

Kyle: Bebidas depois do trabalho, ok?

Kyle: Onde você está? Eu bati antes. Nick comprou comida


chinesa se você quiser vir.

Bem quando estou prestes a digitar uma resposta, Rick


Lawrence bate na ponta da minha mesa. Ele tem esse mesmo
sorriso malicioso em seu rosto presunçoso de sempre. Ele é um
idiota, e tenho que me abster de descontar todas as minhas
frustrações nele.

Mas que diabos?

Ele está usando um rosário em volta do pescoço.

O dia pode ficar mais estranho?

— Tem um minuto?

Balancei minha cabeça. — Na verdade, sim.

— Excelente. — Ele vira a cabeça, olhando para os outros


paralegais. — Você viu Mary?
Eu mexo em alguns arquivos, fingindo que estou lendo e
prestes a me levantar e sair, esperando que ele entenda a dica
e vá embora. — Tentou a mesa dela?

— Sim. Até verifiquei na minha, mas ela não estava lá,


onde ela pertence.

O que há com os egos masculinos neste lugar?

Ele fica lá, olhando para mim, como se esta fosse nossa
conversa habitual e que não tivesse feito nada de errado.

Eu suspiro, porque ele não vai embora. — Não a vi. Você


precisa de algo, Rick? — Em vez disso, penso em chamá-lo de
“Dick”18, mas ele o usaria como um distintivo de honra e ficaria
por perto, deixando-o ainda mais estranho. Ou realmente
comente sobre seu pau e me mande correndo para o RH.

Ele se inclina em minha direção.

Imediatamente me inclino para trás porque não o quero


perto de mim, e parte de mim sabe que Dex pode aparecer do
nada como um Macho Man se ele vir outro homem próximo a
mim.

A voz de Rick abaixa. — Tenho novas informações sobre


essa merda secreta para você e Decker. Como você gostaria de
proceder?

— Você pode enviar por e-mail para mim?

18 Pau, idiota;
— Vou fazer. — Ele dá uma última olhada ao redor do
bullpen19 paralegal. — Se você vir Mary por aí, diga a ela que
Rick disse oi.

Eu rolo meus olhos. — Ok. — Eu concordaria com


qualquer coisa para tirá-lo daqui.

— A paz esteja com você, irmã. — Ele sorri e beija a cruz


pendurada em seu pescoço, em seguida, faz o sinal da cruz
com o dedo sobre o peito. Ao se afastar, ele grita por cima do
ombro: — Vocês dois amam suas mães. Ele também adora o
Natal. Pare de lutar contra isso. Vocês têm muito em comum.

Que porra é essa?

Ele não se vira, apenas desaparece por uma das portas


laterais.

Juro por Deus que ele é um maldito vidente. Se ele me


alertar sobre os Idos de Março20, estou procurando um bunker,
removendo todos os objetos cortantes, e me trancando nele.
Finalmente, abano minha cabeça e termino de digitar minha
mensagem.

19 O termo bullpen é informal para uma área onde os funcionários juniores são agrupados em uma
única sala. Funcionários seniores passam para arranjos de trabalho mais espaçosos ou escritórios
individuais.
20 Você provavelmente já ouviu falar dos idos de março, no entanto, porque foi o dia em que o

estadista romano Júlio César foi assassinado. As palavras imortais “Cuidado com os idos de março”
são proferidas em Júlio César de William Shakespeare ao líder por um vidente. Outras coisas ruins
aconteceram em 15 de março, é claro, mas provavelmente não há razão para tomar cuidado com os
Idos de março mais do que os Idos de qualquer outro mês.
Eu: Desculpe pelas últimas semanas. Tenho estado muito
ocupada com o trabalho e com a vida. Quer se encontrar para
beber mais tarde?

Kyle: Número errado.

As bolhas imediatamente começam a saltar antes que eu


possa digitar algo sarcástico.

Kyle: Brincadeira. Bebidas soam bem. Precisamos


recuperar o atraso. The Gage hoje à noite?

Eu me inclino para trás na minha cadeira, já preocupada


que seja uma má ideia. Dex vai lá às vezes. Inferno, é onde todo
mundo do trabalho sempre passa.

Sacudo minha cabeça para mim mesma. Eu posso ter


amigos, não deveria ter que sentar aqui e pensar nisso. Eu
nunca precisei antes. Sou uma mulher independente e posso
fazer o que eu quiser. Dex não é meu dono. Preocupar-me com
seu ego frágil não é da minha conta.

Kyle é meu amigo. Nada mais. Ele nunca me deu razão


para achar que deseja algo mais do que amizade e eu não vou
eliminá-lo da minha vida porque Dexter não gosta dele.

Se ele parasse de agir como um Neandertal perto dele,


acho que realmente se dariam bem.

Eu: 7, funciona?

Kyle: Vejo você lá.


— EU TE CONHEÇO? — Kyle sorri quando eu caminho até o
bar.

— Pare. Eu disse que sentia muito. Estava ocupada com


o trabalho e a Barbie ficou maluca desde aquela história do
Chuck. — A maior parte disso é verdade, mas ainda me sinto
mal, sabendo que o motivo de não estar por perto é por causa
de Dexter.

— Você consegue um passe desta vez. — Ele sorri para


mim. — Nick já tem uma mesa. Eu pedi uma dose para você.

— Incrível, obrigada.

O barman se aproxima e nos entrega as bebidas.

Eu pego o shot e tomo num gole só. Tem gosto de céu


depois do dia que tive.

Kyle passa seu braço pelo meu enquanto nos dirigimos


para a mesa. É sexta-feira à noite e todos estão prontos para
relaxar depois de uma longa semana, ao que parece. O lugar
está lotado.

— Oi, — digo a Nick enquanto me sento.


— Oi estranha. — Nick me dá um aceno de cabeça. —
Diga-me que você não convidou a Barbie.

— Na verdade, ela está a caminho. Eu disse a ela que iria


me encontrar com Kyle e que você estaria aqui sozinho. Espero
que não se importe. Ela disse que acha que você é o único. —
Eu dou a ele um sorriso enquanto seu rosto empalidece. — Se
sentindo bem? Você não parece muito bem.

Ele olha para a porta, procurando Barbie, então balança


a cabeça. — Por favor, me diga que você está brincando.

Finalmente não consigo me conter e começo a rir. Kyle


segue o exemplo.

— Eu odeio todos vocês. — Nick toma um grande gole de


cerveja e luta contra um sorriso.

— Ok, sim, estou brincando, mas preciso de todos os


detalhes de você ficar com ela.

Kyle ri. — Oh, cara, nós sentimos sua falta. Estávamos


começando a achar que seu namorado tinha acorrentado você
em algum lugar.

Que diabos? — Namorado?

Kyle suspira. — Cara, a verdadeira razão de você não ter


saído com a gente. Não somos burros. Nós sabemos que você
tem visto aquele idiota de terno.

Balancei minha cabeça. — Eu nunca disse que você era


burro, só não tenho namorado. E ele não é um idiota.
Nick se intromete. — Ah, vamos, Abby, vimos você
beijando-o no corredor. Pensei que Kyle fosse chorar até dormir
porque você o estava ignorando.

Eu tomo um gole da cerveja que Kyle trouxe, em seguida,


aceno com a mão para os dois. — Oh, que diabos, vocês. Parem
de tentar mudar de assunto. Estávamos conversando sobre
sua sessão de amassos com a Barbie, não a minha, e eu
dificilmente chamaria um beijo de amassos.

Kyle não parece nem um pouco perturbado pela minha


tentativa de desviar. — Então, vocês estão ficando sérios?

Ugh, qual é o problema deles? Estão agindo como um


bando de garotas. Vim aqui para fugir de pensar em Dexter.

— Olha, sem ofensa, mas eu não quero falar sobre ele. Eu


quero ouvir sobre Nick levando uma surra e beijando a rainha
do gelo. Vou comprar uma rodada de shots para mais detalhes.

— Combinado. — Ambos dizem ao mesmo tempo.

— Os sacrifícios que faço pela embriaguez, — diz Nick.

— Oh, pobre bebê. — Faço um beicinho falso e alcanço o


outro lado da mesa para bagunçar seu cabelo.

— Você me deve dois shots por reviver essa tortura.

Eu caio na gargalhada. — Foi tão doloroso assim?

— Foi muito louco. — Kyle se endireita na cadeira como


se estivesse se preparando para a hora da história.
— Chega, por favor. — Nick me lança um olhar
suplicante. — Vou te contar tudo, pelos shots, é claro. Mas
realmente não foi tão ruim quanto Kyle faz parecer.

Kyle o encara. — Cara.

— Ok, tudo bem. — Ele se vira para mim. — Então,


primeiro, eu estava doidão. Tipo, além de todo pensamento
racional, bêbado.

Concordo. — Devidamente anotado.

Ele olha para o teto, procurando as palavras certas. —


Sabe quando você tinha que assistir aqueles vídeos da
natureza na aula de ciências e eles apareciam como uma jiboia
engolindo um rato?

Mal posso conter o riso crescendo em meu peito e rolo


minha mão para frente para continuar.

— Beijá-la foi como eu sempre imaginei o ponto de vista


daquele rato, como o que ele veria antes que a cobra o
engolisse.

— Continue, — diz Kyle.

— Sim, então estávamos em um táxi quando aconteceu,


e a pior parte é...

— Escuta isso. — Kyle me cutuca, já prestes a morrer.

— Bem, tipo, logo depois que nós, humm, nos separamos,


por assim dizer, ela fica com essa cara, tipo, eu não sei como
descrever, mas inclina a cabeça para baixo e vomita em todo o
meu peito, bem ali na cabine.

— Ecaaaa! — Eu grito.

Kyle cai na gargalhada. Ele é tão barulhento que todos no


bar se viram para olhar para nós.

— Você estava certo, eu não precisava de detalhes.


Podemos, por favor, nunca mais discutir isso? — Não consigo
imaginar como Barbie deve ter ficado mortificada. Quer dizer,
me sinto mal por Nick e tudo mais, mas droga.

— Estou bastante bem com esse acordo. — Nick bate os


punhos comigo.

Agito minha cabeça, tentando me livrar da ideia daquela


corrida de táxi. — Tudo bem. Vou pedir as doses. O que vocês
querem?

— Tequila, — os dois dizem ao mesmo tempo.

Uh, oh. Esta pode ser uma longa noite e uma dor de
cabeça matinal. Eu respiro fundo. — Ok, vamos fazer isso.
Dexter

EU PARO NA ENTRADA da mansão de Covington que fica bem


no Lago Michigan. Ele comprou o terreno ano passado, não
estive aqui desde que ele construiu tudo. Os portões de ferro
forjado preto têm um WC de ouro maciço bem no meio, e tenho
quase certeza de que tem 24 quilates.

Eu rio para mim mesmo. O quão espalhafatoso esse filho


da puta pode ficar? É hilário porque sei que ele é
autoconsciente e faz essa merda apenas por esse motivo.

O homem é um troll cem por cento do tempo, só que


compra empresas para foder com as pessoas e irritá-las. Acho
que quando você tem dinheiro do tipo “foda-se”, pode fazer esse
tipo de coisa. A câmera de segurança dá um zoom no meu rosto
enquanto abro a janela do lado do motorista. Aperto o botão do
interfone e espero.

— Posso ajudar, senhor?

Ainda estou rindo, mal consigo pronunciar as palavras.


— Diga a Covington para abrir essa monstruosidade.
O homem não mostra nenhum sinal de irritação. Ele soa
britânico também. Claro que sim. — Um momento, senhor.

Que diabos? Eu balanço minha cabeça e não consigo


parar de rir.

Os portões se abrem e eu subo, contornando por algumas


colinas, sem acreditar no que vejo. Eu sabia que este bastardo
era podre de rico, mas santo inferno. Quando finalmente chego
à estrada principal vejo a casa e, é enorme. A frente é uma
mistura entre tijolo e pedra com janelas de chão ao teto, entre
as quais parece que têm três andares de altura. Nem quero
saber como ele mandou trazer essas merdas para cá. Ok, talvez
eu queira.

Aposto que ele anda em um Segway21 com um pequeno


capacete gritando ordens para o pessoal.

Decker está maluco se não quer esse cara como cliente.


Não dou a mínima para o tipo de perversão que ele curte.
Aposto que ele tem um maldito quarto de sexo dez vezes maior
do que aquele do filme Cinquenta Tons. Sim, eu assisti para
transar. Eu já fiz sacrifícios piores e Dakota Johnson é sexy.

De qualquer forma, o que Wells faz não é da minha conta,


mas eu ficaria curioso para ver uma câmara gigante de foda de
tortura. Quem não gostaria de dar uma espiada nisso?

21 Um veículo pessoal motorizado que consiste em duas rodas montadas lado a lado sob uma
plataforma em que o motociclista se apoia enquanto se segura no guidão, controlado pela forma como
o motociclista distribui seu peso.
Eu me aproximo e há um maldito heliponto. Passo pelo
18º buraco do seu campo de golfe que fica na propriedade. O
cara tem tudo isso. Eu paro na rotatória que circunda a
entrada da frente e estaciono Betsy.

A porta da frente se abre.

Saio do carro e coloco os documentos de


confidencialidade que ele me pediu para trazer sob meu braço.
Covington tem um copo com gelo em uma mão e um charuto
na outra. O mordomo britânico o segue, mas ele o dispensa.

— Gostou? — Ele estende as mãos, mal mantendo o rosto


sério enquanto faz a pergunta.

Está com um robe de seda preto e tudo que ele precisa é


de algumas loiras com seios falsos em seu braço e ele
envergonharia Hugh Hefner.

— É espalhafatoso pra caralho e você parece ridículo.

— Ótimo, isso significa que eu estou ganhando na vida.


— Ele começa a rir. — Maldito Collins, o foleiro mais
heterossexual que conheço. É tão honesto e isso faz de você
um grande amigo. — Ele olha para algumas luzes bem ao lado
do lago. — Construir isso irritou todo mundo em um raio de
três quilômetros. Foi glorioso. Deveria ter visto todas as
petições arquivadas.

Aperto sua mão e ele me puxa para perto e se inclina para


o meu ouvido.
— De cima, a casa parece um pênis gigante e o
paisagismo é um dedo médio enorme para quem voa de cima.

— No fundo, você sempre será um menino de dez anos.

— Irritar as pessoas com opulência e uma bela boceta são


as duas coisas que fazem isso por mim. Não adianta ter
dinheiro se você não pode se divertir.

Eu o sigo até a porta. — De fato.

A entrada frontal se abre para um grande saguão com


escadas gêmeas que sobem em espiral de ambos os lados da
sala até o andar superior. Passamos por uma abertura
embaixo da escada. O corredor se divide em três direções e
vamos à esquerda para sua toca. Sofás marrons ricos e uma
tonelada de primeiras edições com capa de couro dão uma vibe
histórica. Você pensaria que todos eles seriam para exibir, mas
por trás dos sorrisos de merda e piadas, Covington é um gênio.
Ele é um tubarão e eu sei que ele leu todos os livros desta sala
e, mais do que isso, descobriu o que diabos ele estava lendo.
Ele é o tipo de cara que bebe cerveja enquanto cita a Wealth of
Nations22 e discute os méritos da economia baseada na oferta.

— Gosta de charutos?

— Eu não recuso.

22Uma importante obra de teoria econômica e social de Adam Smith, publicada em 1776. Nele, ele
analisou a relação entre o trabalho e a produção da riqueza de uma nação.
— Então, vamos. — Ele dá uma baforada e me dá um
tapinha nas costas.

Passamos por uma antessala que é um umidificador


gigante. Há um grande display na parede mostrando os níveis
de umidade e temperaturas.

— Você nunca experimentou um como este antes.

— Oh, sim? Pra que é isso?

— Eles foram um presente.

— De quem?

— Raul Castro.

Eu levanto uma sobrancelha. — Não brinca?

Ele encolhe os ombros como se não fosse nada. — Fiz


alguns negócios em Cuba.

Eu nem quero saber. Sorrio e abano a cabeça. O cara é


louco e excêntrico pra caralho. É claro que ele só fuma os
melhores charutos do mundo.

Ele digita um código e tira um charuto de uma gaveta,


depois o fecha e um cachimbo eletrônico se retrai no lugar.

Ele abre mais duas portas e leva para o que só posso


descrever como o bar de esportes mais elegante do mundo. Há
televisões de tela plana em todos os lugares e uma tela gigante
com um projetor de um lado. Eles estão todos sintonizados em
canais de esportes, C-Span23 e mercado de ações.

— Penso melhor aqui, vamos lá. — Ele me conduz até um


longo bar com tampo de mármore que corre ao longo de um
lado da sala.

Sento-me em uma banqueta de couro.

Ele abre uma caixa e tira uma garrafa de Glenfiddich de


cinquenta anos como se não fosse grande coisa. Aceito um
copo de gelo com ele servido puro e dou uma cheirada. Você
não pode simplesmente jogar fora uma garrafa de uísque de
vinte e cinco mil dólares, embora Covington provavelmente
beba uma por semana.

Ele toma seu tempo cortando a ponta do charuto e o


entrega. — Não dá para beber aquele lixo a que está
acostumado com este charuto. Essa merda é uma experiência.

Eu levanto meu queixo e tomo um gole. É fantástico.


Posso sentir notas de baunilha e caramelo. Não sei se vale vinte
e cinco mil, mas foda-se, não estou comprando.

— É orgástico, certo? Agora, para o charuto. — Ele puxa


um isqueiro que parece uma pequena tocha de soldagem.

Eu decido foda-se, eu confio nele. Eu bufo enquanto ele


segura a chama azul até o fim.

23Cable-Satellite Public Affairs Network é uma rede de televisão paga americana, que foi criado
em 1979 pela indústria de televisão à cabo como um serviço público sem fins lucrativos.
Assim que sinto o gosto da fumaça e dou mais algumas
tragadas, relaxo imediatamente.

Olha, sou um homem que tem muito dinheiro, um


trabalho importante, estou feliz. Mas agora, me sinto como um
titã de merda, como um camponês transformado em um rei
por um dia. Covington opera em um nível de riqueza
totalmente diferente da minha família.

Nós conversamos um pouco mais e ele me leva para um


tour no andar de baixo. Eu continuo me preparando para isso,
até um pouco animado, mas não há masmorras de sexo à vista,
ainda. Fico um pouco desapontado, mas não vou pedir a ele
para ver, porra. Há uma piscina coberta, uma pista de boliche,
dois cinemas e uma academia que tornaria o pau de Cole Miller
mais resistente que um diamante em uma tempestade de
granizo.

Covington para aleatoriamente, no meio de um corredor


normal. — Você assinou a papelada?

— Claro. — Pego a pasta sanfonada que andei


carregando.

— Deixe-me ver.

Eu retiro a merda de não divulgação e entrego.

Covington parece relaxado, mas seus olhos percorrem as


páginas, com um milhão de cálculos correndo em seu cérebro.
Finalmente, ele o devolve. — Ok, então olhe, Collins, eu gosto
de você. Começaremos com um teste. Vou entregar alguns de
meus mais recentes projetos, ainda nada demais para alguém
como você. Eles exigem um pouco de trabalho inicial de tipo
administrativo, em vez da manutenção legal habitual,
portanto, deve render algumas horas faturáveis decentes para
sua empresa. São uma mistura saudável de diferentes setores.
O resto permanecerá sob os cuidados da Cooper and
Associates, mas essa é uma situação temporária, por
enquanto. Você supera, você consegue o resto.

Sei que secretamente esperava que ele quisesse transferir


tudo, mas isso é uma fantasia. Se eu fosse ele, faria
exatamente a mesma coisa, me jogaria uma ampla gama de
empresas e me certificaria de acertar cada uma. Isto é um
teste, um que eu não vou falhar. — Não há problema. Não me
importo de surrar um pouco para provar meu valor.

— Isto é o que eu gosto de ouvir. Vamos comemorar. Você


está dirigindo.

Ah. Merda. Amanhã vai ser um dia longo.

Foda-se.

— Vamos fazer isso, então.

Eu me afasto um pouco e Wells se veste. Ele se foi por


cerca de cinco minutos e volta parecendo que acabou de sair
de um ensaio da GQ.

Isso me faz pensar se ele tem um estilista pessoal de


plantão para prepará-lo a qualquer momento.
Nós dois saímos e Wells tem que se dobrar no Chevelle. O
filho da puta tem 1,88 metro e não é um graveto.

Ele definitivamente parece intrigado com o carro. —


Legal. Eu gosto.

— Eu mesmo a restaurei. Demorou cinco anos.

— Não brinca? Por que tão demorado?

— Alguns de nós trabalham para viver, idiota.

Ele ri. — Eu sei. Ser eu mesmo é incrível.

Eu concordo. — Pomposo filho da puta.

— Sempre. Você já participou de alguma corrida?

— Nah, não desde meus dias de faculdade. Fui preso e


multado. Meus pais ficaram chateados.

Wells concorda. — Sim, isso acontece quando você é pego.


— Ele sorri e se vira para mim. — Nunca aprendi minha lição.

Esse cara de merda. Justo quando penso que ele não


pode ficar mais arrogante, ele se supera.

— Nós iremos algum dia. Um amigo meu possui alguns


stock cars da Nascar e uma pista particular. Você pode trazer
essa beleza para fora, se quiser.

— Parece bom.

— O que está sob o capô?


— Tudo original.

— Ela ronrona como uma gatinha.

— Porra, tenha certeza que sim. O nome dela é Betsy. —


Dou um tapinha no painel com amor.

Wells concorda. — Prazer em conhecê-la, Betsy.


Felizmente, este não será nosso último encontro.

Decolamos noite adentro e quarenta minutos depois


chegamos ao The Gage e seguimos direto para o bar. Eu não
tinha planejado sair esta noite. Esperava convencer Abigail a
ir até minha casa para um filme. Depois da maneira como
deixamos as coisas no escritório, quero compensá-la. Eu fui
um idiota, mas estou cansado de todos os seus sinais
confusos. Wells ligou e eu não pude perder a oportunidade de
entrar sorrateiramente e me encontrar com ele mais cedo do
que o esperado. Ela não agia como se ela estivesse pronta para
um convite de qualquer maneira. Talvez seja melhor. Deixe a
merda esfriar um pouco.

Eu me inclino no bar enquanto Covington pede algumas


bebidas.

Olhando ao redor e rapidamente jogo minha cabeça para


trás.

Que porra é essa?

Abigail está em uma mesa com aqueles dois amigos dela.


Ela se inclina um pouco em seu assento e ri como uma idiota.
Seus olhos estão encobertos e, a julgar por seus trejeitos e pela
forma selvagem como agita as mãos, ela está bêbada.

— Só pode ser brincadeira, — eu rosno. Meu rosto


esquenta um milhão de graus a cada segundo que a vejo ali.

Wells se inclina, claramente intrigado. — Ahh, a garota


do clube. Aquela por quem você está se apaixonando.

Eu me viro para Wells. — Não estou... — Eu vejo em seus


olhos e não consigo nem terminar minha frase.

Ele sabe. Porra, o mundo inteiro provavelmente sabe, mas


Wells definitivamente sabe. O filho da puta pode ler qualquer
situação, provavelmente sabia disso naquela noite no bar.

— Estamos namorando. — Eu soco minha bebida e coloco


meu copo na mesa com um pouco mais de força do que o
necessário.

Wells parece divertido, como se estivesse apenas


esperando que algo aconteça. Como se ele quisesse que algo
interessante acontecesse. É assim que ele é. — Ela sabe disso?

Eu atiro um olhar em sua direção.

Isso só faz meu sangue correr mais quente. Ele está me


testando? Vendo o quão longe irei para defender algo
importante para mim? É alguma meta para suas empresas?

Ele olha para a mesa e ri novamente, balançando a


cabeça. — Cristo, Collins. Não sei como lhe dar nenhum
conselho. Minha experiência não se estende a este tipo de
situação. Minhas mulheres não fazem façanhas como esta. —
Ele se inclina mais perto. — O que você vai fazer a respeito?

Assim que ele diz isso, Abigail morre rindo e estende a


mão para Kyle. Sua mão desce pelo antebraço e minhas mãos
se fecham em punhos.

— Foda-se essa merda.

— Aí, garoto. — Ele olha para trás, muito interessado,


enquanto eu me afasto do bar.

Olho de volta para ele, carrancudo. — Você pode calar a


boca também.

Isso só o faz sorrir ainda mais.

Eu corro para a mesa de Abigail.

Levantando a cabeça, Abigail encontra meu olhar. — Oiii,


Dex! — Ela solta uma risadinha, e se vira para seus amigos
idiotas. — Você se lembra de Kyle. — Seu braço dispara e ela
quase cai da maldita cadeira.

Eu agarro seu braço para firmá-la, em seguida, levanto-a


para que ela fique de pé.

Kyle começa a se levantar e dizer algo.

Eu me viro para ele. — Porra, faça alguma coisa, garoto.

Ele se senta novamente, mas me encara. Eu olho por


cima e os olhos de seu amigo são duas esferas brancas
gigantes.
— Gosto... Dexter, você precisa parar! — Abigail murmura
e bate na minha mão.

Como ela pode ser tão irresponsável? Normalmente é a


mais madura de nós dois. Eu tenho que me lembrar que ela
tem apenas vinte e quatro anos.

— Estou te levando para casa. Pegue suas coisas, vamos.

— Não, você não vai. — Ela aponta o dedo na minha cara.


— Você não é meu chefe. — Ela balança o dedo, tentando
terminar seu pensamento. — Aqui, de qualquer maneira. Eu
sou meu próprio chefe. E faço o que quero, quando quero. Você
não é meu dono, idiota.

Agora eu entendo por que Decker está sempre tendo


enxaquecas lidando com nossas merdas infantis o tempo todo.
Eu aponto para a porta. — Vá para o carro, agora! — Eu
resmunguei as palavras para ela.

— Vai se foder! — Ela puxa o braço de mim e se move em


direção ao bar.

— Qual é o seu problema, cara? — O outro cara se levanta


desta vez. Ele deve ter sentado lá e criado um pouco de
coragem.

— É melhor você se sentar, porra de maconheiro. — Dou


um passo em sua direção. — Tente algo e vou atirá-lo por
aquela maldita janela. — Eu viro e aponto direto para Kyle. —
Meu problema é ele.
Kyle dá de ombros e se inclina para trás, tentando parecer
legal. — Ela disse que vocês não estão juntos, cara.

Ele está fingindo não parecer assustado, mas está


praticamente tremendo em sua merda de Dockers e camiseta
do Pernalonga. Quem diabos veste esse tipo de calça? A mãe
dele?

Eu me inclino e fico bem em sua frente. — Você me escute


e escute bem.

Ele começa a dizer algo, e agarro a gola de sua camiseta,


com força suficiente para sufocá-lo um pouco. Eu realmente
preciso me acalmar, mas estou farto desse pedaço de merda.
Eu já sei que ele vai bancar a vítima para Abigail depois disso,
mas eu não dou a mínima.

— Eu sei a porra do jogo que você está jogando, e ele


termina aqui e hoje. Você finge ser amigo dela quando nós dois
sabemos o que você realmente está fazendo. Faz o papel de
bom vizinho e ouve seus problemas, mas tudo o que você faz é
esperar que ela fique tão bêbada que toque nesse seu pau
infantil apenas uma vez.

Seus olhos se movem para o chão, então ele me encara


de volta. Isso me diz tudo que preciso saber.

Eu solto sua camiseta e ele suspira por ar. E aponto na


cara dele. — Fique longe dela ou a única maneira de você
transar será em uma maldita cama de hospital.
Seu amigo se aproxima e fica na minha cara. — Que tal
você ir se foder. Você acha que é melhor do que nós em seu
terno caro agindo como um durão? Talvez ela goste da atenção,
e você já pensou que talvez ela queira que um de nós a leve
para casa e transe com ela? Ela já estava flertando bastante
antes de você chegar aqui. Sim, muito vadia. Não me
surpreenderia se ela quisesse que nós dois a levássemos para
casa e...

Não ouço o resto da frase porque tudo desaparece por um


segundo. Tanta raiva me consome, tudo que vejo é vermelho e
ouço as pessoas gritarem e berrarem.

Eu bato minha testa direto em seu nariz e ouço o som de


ossos quebrando contra mim. O sangue escorre pelo seu rosto.

Sua voz sobe cerca de quatro oitavas e tenho certeza que


ele está chorando, mas é difícil dizer com o sangue escorrendo
pela boca. Ele aperta as duas mãos sobre o nariz. — Oww! Que
porra é essa, cara?

Os olhos de Kyle se arregalam e ele me encara. Suas mãos


tremem na mesa.

Ótimo.

Eu olho diretamente para ele. Foda-se, eu já quebrei o


nariz do seu amigo, é melhor eu espremer cada grama de
intimidação que posso para fora no momento. — E você? Ainda
quer tentar foder minha garota também?
Ele balança a cabeça para frente e para trás com tanta
força que me preocupo que possa machucar o pescoço. — El...
ela é toda sua.

— Foi o que eu pensei, porra.


Abigail

NÃO SEI O QUE DIABOS aconteceu, mas meu sangue está


fervendo tanto que não consigo ver direito. Você já ficou tão
zangada porque outras pessoas estão agindo como idiotas e
isso o deixa sóbrio instantaneamente?

De repente, meus pensamentos estão claros como o dia e


nenhum deles é bom.

Qual é o problema do Dexter? Oh, sim, ele tem a síndrome


do homem das cavernas. Ele pensa que sou sua propriedade.

Para o inferno com os homens!

Vou ter que procurar um novo emprego. Eu deveria ter


pensado melhor antes de me envolver com alguém no trabalho,
muito menos com um maldito sócio.

Assim que eu saio, o ar frio me atinge no rosto, me


deixando ainda mais sóbria. As pessoas começam a gritar lá
dentro e há muitos gritos.

Oh, meu Deus, o que aconteceu? Volto para a porta assim


que Dexter sai.
Suas mãos estão fechadas em punhos e uma veia se
projeta na lateral do pescoço. Seu amigo está praticamente
quicando na ponta dos pés atrás dele, como se estivesse cheio
de adrenalina.

Eu imediatamente reconheci o cara de suas páginas de


redes sociais quando estava fazendo uma pesquisa para
Decker. É Wells Covington. O que diabos Decker me mandou
fazer?

Não sei se devo dizer algo a Dexter sobre isso. Decker foi
muito explícito em suas instruções, embora agora ele esteja na
minha lista de merdas também, por me colocar nessa situação.
Finalmente decidi que é melhor manter minha boca fechada,
não vou perder meu emprego por causa desta tempestade
horrível de noite.

Wells segue Dex e sorri para mim. Eles param por um


momento e Wells fala alto o suficiente para nós dois ouvirmos.

— Obrigado pela diversão. Encontrarei meu próprio jeito


de ir para casa para que você possa cuidar desse problema. —
Ele acena diretamente para mim e o calor atinge meu rosto.

Lanço a ele uma carranca que pensei que só Dexter


poderia merecer esta noite. Que idiota.

Minhas narinas dilatam e minhas unhas cravam em


minhas palmas. — Oh, então eu sou um problema, Dexter? —
Eu jogo minhas mãos para cima e tento ignorar as pessoas
agora reunidas ao nosso redor na calçada para ver o resto do
show. Eu me viro e grito para todos eles: — O que vocês estão
olhando? Cuidem das suas malditas vidas!

— Entra na porra do carro!

Começo a protestar, só porque estou cansada dele me


dizendo o que fazer, até que vejo a expressão dura em seu
rosto. Seus olhos se estreitam em duas fendas escuras e frias.

Dexter está sendo um imbecil.

Sim, bebi mais do que deveria, mas ele não é meu pai.
Posso beber o quanto quiser. Eu não tenho que trabalhar
amanhã.

Entro no Chevelle, apenas para ficar longe de todas as


pessoas na calçada. É tão embaraçoso. Deito minha cabeça
para trás no assento de vinil. Mais e mais pessoas estão saindo
do bar e olhando ao redor.

Por que diabos ele estava tão chateado? Ok, sim, eu


estava bêbada, mas é um maldito bar e estava com meus
amigos. Pessoas do trabalho curtem lá o tempo todo. Fiquei
bêbada com Dexter em mais de uma ocasião, incluindo a vez
que ficamos na frente do Chicago Bears.

Mas se há uma coisa que eu sei, é esta: não gosto de


Dexter com raiva de mim.

Por mais que eu saiba que não fiz nada de errado,


declaradamente, fiz em sua mente. Meu estômago embrulha só
de pensar que o deixei tão bravo que ele agiu dessa maneira.
Eu me recuso a assumir a culpa por suas besteiras, mas tudo
o que quero agora é fazer com que ele se acalme. Sei que nunca
mais quero mostrar minha cara no Gage, novamente. É
completamente humilhante. Eu jogo minhas mãos para cima.
E é claro que é exatamente isso que ele quer que aconteça. Ele
vai conseguir o que quer se eu não voltar lá, ou sair para beber.

Oh, Deus, e lá está Kyle.

Ele já odiava Dexter. Dex deu um soco nele? Pelo som de


todos os gritos, eu não ficaria surpresa. Tenho que escolher
um deles em vez do outro? Por que Dexter está me colocando
nessa posição? Não está certo.

Precisamos entrar na mesma página e rápido. Esse tipo


de coisa não pode acontecer novamente.

Dexter se despede de Wells Covington e vem até o carro.

Ele abre a porta e desliza para o lado do motorista. —


Aperte o cinto. — É um comando, não um pedido.

Eu cerro meus dentes. — Pare de me dizer o que fazer.

— Pare de agir como uma idiota.

Minha pulsação está correndo e estou prestes a explodir.


Viro minha cabeça para ele. — Você é quem está me dizendo
merdas óbvias, como colocar meu cinto de segurança.

Ele liga o carro e sai tão rápido que os pneus cantam no


asfalto. — Sinto muito por estar preocupado com sua
segurança.
— Você está inseguro e preocupado com o seu ego. Essas
são suas únicas preocupações.

Ele ri, mas a veia em seu pescoço ainda está inchada e


posso ouvi-lo respirar pesadamente. Ele aumenta o volume do
som e diminui a distância dos carros, seus dedos segurando o
volante estão brancos. Clássicos de rock soam nos alto-
falantes.

Nunca lidei com esse tipo de situação, a não ser ver no


cinema e ler nos livros. Eu nunca estive em um relacionamento
sério e Dexter está definitivamente exalando vibrações de
namorado ciumento. Ele pensa que é meu namorado? Nunca
discutimos isso. O que diabos o faz pensar que pode me dizer
o que fazer?

Por alguma razão, tudo se filtra para a superfície de uma


vez e me acerta na cara. Cada emoção do maldito livro.
Vergonha, constrangimento, raiva, mágoa. — Me leve para
casa. — Eu falo as palavras para ele, tão duras quanto posso.

Uma sensação de formigamento se espalha pela ponta do


meu nariz. Lágrimas ameaçam cair, queimando nas dobras
dos meus olhos. Ele me deixou louca o suficiente para chorar.
Só isso já me diz algo. Eu me importo com ele. Quero dizer que
estou tão chateada com a minha reputação, o relacionamento
com meus amigos, o constrangimento, mas sei que não é.
Estou chateada com Dexter e dói porque o quero, e não estarei
com ele se for assim que ele é. Simplesmente, não estarei.
Ele balança a cabeça e me dá o que só posso descrever
como um olhar de pai. — Ok.

Olho furtivamente para ele e percebo uma mancha


carmesim escura na gola de sua camisa. — Isso é sangue?

Ele olha para sua camisa e depois volta para a estrada.


— Porra.

— O que diabos aconteceu com você?

— Não é meu.

Meus olhos saltam e mostro os dentes para ele. — O que


diabos você fez? — Oh, meu Deus, Kyle está ferido? Ele precisa
de um médico?

— Nada, está tudo bem.

— Diga-me o que aconteceu, ou eu vou pular desse


maldito carro. Kyle está bem?

Seu rosto fica vermelho no segundo que eu digo o nome


de Kyle, mas ele respira fundo antes de responder. — Não foi
Kyle. Seu amigo disse coisas que eu não gostei. Minha cabeça
encontrou seu nariz. Ele vai viver, acredite em mim. Seu
orgulho é a única coisa ferida.

Balancei minha cabeça, inacreditável. Ouvir isso era um


milhão de vezes pior do que pensar. — Leve-me para casa
agora. — Minha mandíbula aperta e meus dedos tremem
contra minhas pernas. Eu sou do Texas e estou acostumada
com os homens se metendo em brigas, mas isso não significa
que não seja infantil e estúpido.

— Estou levando você o mais rápido que posso. Confie em


mim. — Ele bufa. — Pelo menos eu sei que você estará segura
em sua própria cama e não agindo como uma idiota. — Ele
agarra o volante com ainda mais força.

Eu zombo. — Clássico. Vindo do cara que acabou de dar


uma cabeçada em alguém na porra de um bar.

— Sabe de uma coisa? Isso é justo. — Ele aponta o dedo


para mim. — Mas você estava lá sentada bêbada, sozinha com
dois caras que só querem tirar vantagem de você.

— Você não sabe do que está falando. — Ele é tão ridículo,


isso é loucura. — Eles são meus amigos. Pelo menos eles eram
até você aparecer. Tenho certeza de que eles não vão querer
nada comigo agora, e é exatamente por isso que você fez o que
fez. Parabéns, conseguiu o que queria.

— Não tem ideia, do por que fiz o que fiz porque sua
cabeça está enfiada na sua bunda.

— Eles são legais comigo. E eu sou boa com eles em troca.


É assim que a sociedade funciona. Chama-se amizade. Você
deveria tentar algum dia.

— Cristo, você é tão ingênua. Seria quase fofo se não fosse


tão perigoso.
— Bem, não é mais sua preocupação. Isso não vai
funcionar, então não precisa se preocupar se isso acontecer
novamente. Não estarei com quem anda por aí batendo em
quem conversa comigo.

— Você está se ouvindo? Eu não sou um maldito animal.


Não dei uma cabeçada naquele idiota porque ele estava
bebendo com você.

— Por que você fez isso então? Me esclareça.

Dexter balança a cabeça. — Eu tive motivos, ok?

Eu me viro em meu assento e olho para ele. — Não, me


diga. Não se esconda atrás de suas ações como um galinha
agora.

Sua voz sobe uma oitava. — Certo, tudo bem. Seus


amigos querem tirar vantagem de você. Eu sei disso porque eu
já fui um cara da idade deles. Eu sei como eles são. Eles são
ruins e você é muito cega para enxergar isso.

Balancei minha cabeça, outra vez. — Você é tão cheio de


merda. Ficou com ciúme e furioso porque eu estava bebendo
com meus amigos. Da mesma forma que você teve um pequeno
acesso de raiva quando eu não queria que me beijasse no
escritório. Você é uma criança que chuta e grita quando não
consegue o que quer.

— Oh, merda, eu sei que isso é tudo que eles querem de


você porque eles me disseram, porra.
Eu sinto a cor sumir do meu rosto. Mais lágrimas vêm e
não sei o que fazer porque nunca me senti assim e elas não
param. Minha mandíbula aperta. — Você está mentindo.

Seus olhos voam em minha direção e sua raiva suaviza.


— Eu peguei o rosto de Kyle e lhe disse que sabia exatamente
o que ele estava fazendo e que isso ia acabar. Seu amigo se
irritou e me disse que talvez ambos voltassem ao seu
apartamento e fodessem com você, que tinha ficado toda a
noite em cima deles agindo como uma puta. Foi quando eu me
perdi e lhe dei uma cabeçada. Ele estava te desrespeitando e
queria tirar vantagem disso. Olha, Abby, há mulheres do outro
lado do país recebendo drogas em suas bebidas de filhos da
puta sorridentes como aqueles dois, todos os dias. Eu não
esmurro ninguém há dez anos. Não sou uma pessoa violenta.
Pense no que quiser, no entanto. Eu sabia o que eles estavam
fazendo desde o primeiro dia, é por isso que tenho sido um
idiota com eles. Eles não são seus amigos, não importa o
quanto você queira acreditar que sejam.

— Talvez eu seja ingênua, mas e daí? Você tem que


confiar em mim ou isso, tanto faz, entre nós nunca vai
funcionar. Deve me conhecer bem o suficiente para saber que
eu não voltaria para casa e dormiria com eles. Eu sou jovem.
Mudei-me para a cidade para viver a minha vida da forma que
quero, para me divertir.

De repente, Dexter desvia o carro para o acostamento e


coloca em ponto morto. Ele se vira e me encara tão
intensamente que rouba todo o ar dos meus pulmões. Seu
olhar é diferente, e eu nunca o vi assim antes. É como se ele
estivesse com dor, à beira das lágrimas até. Está totalmente
vulnerável agora, do jeito que estava quando me contou sobre
sua mãe e o pudim. Seu rosto é cem por cento sincero. É tão
íntimo e justo, nem sei como descrever a maneira como ele está
olhando para mim. É um olhar que diz: Eu me preocupo tanto
com você que dói fisicamente. Sua voz baixa e muda para um
tom de súplica. — Se você quiser se divertir... — Ele engole
como se estivesse engasgando com suas palavras. — Divirta-
se comigo.

Estende a mão e segura meu rosto e não importa o quanto


eu queira lutar, não consigo. Há algo sobre ele, alguma força
cósmica nos puxando juntos, não importa o quanto eu queira
resistir. Eu me inclino em sua mão.

— Eu quero você segura.

— Eu sei, é só...

— Eu não quero discutir. Eu só quero você.

Meu corpo assume o controle e não consigo nem pensar


agora. O momento simplesmente me oprime, e acho que parte
de mim só quer esquecer tudo o que aconteceu no bar, mas ao
mesmo tempo tudo em que consigo me concentrar é na verdade
que vejo nos olhos de Dexter. Pensei que ele estava apenas
fazendo besteira de cara machista e ciumento mesquinho, mas
posso ver que tudo aconteceu porque ele se importa muito. E
eu nunca o vi ser violento com outros homens. Na verdade, eu
só o vi ser um idiota com Kyle e Nick. Outros homens falaram
comigo na presença de Dexter e ele não os criticou. Na verdade,
exatamente o oposto. Talvez ele enrijeça um pouco, mas nada
mais do que isso, mesmo quando Cole Miller apertou minha
mão, ou quando falo com outros homens no escritório. E
outros caras na luta flertaram comigo bem na sua frente e ele
apenas sorriu, embora eu tenha certeza de que isso o irritou
um pouco.

Ele deve estar falando a verdade sobre Kyle, mas é uma


pílula difícil de engolir. Que noite horrível. Dexter não tem
motivo para mentir e não tem motivo para ficar com ciúmes.
Quer dizer, olhe para ele. Ele poderia escolher as mulheres em
Chicago. Elas viriam aos montes em sua porta.

Desfaço meu cinto de segurança e, sem pensar duas


vezes, deslizo pelo console até o colo dele. Eu monto suas coxas
e nossas bocas se encontram. A temperatura no carro dobra
instantaneamente. Dexter me beija profundamente e com
força, mas é cheio de emoção. Não há como negar essa conexão
entre nós, não importa o quanto eu queira lutar contra isso às
vezes. Acariciando seu cabelo, eu inspiro enquanto nossas
línguas rolam e dançam.

— Sinto muito. — Dexter coloca as duas mãos no meu


rosto e me mantém longe dele para que possa olhar nos meus
olhos. — Eu perdi o controle quando ele disse essa merda, mas
não era ciúme. Foi a sua segurança. Eu só quero você segura,
mesmo que acabe não querendo nada comigo.

Eu concordo. — Ok.
Suas sobrancelhas se erguem. — Ok?

— Eu acredito em você. Por favor, não bata em ninguém


de novo, mesmo que digam algo sobre mim. Eu não gosto
disso.

— Ok, não vou. Eu prometo.

Segurando minhas coxas, Dexter me dá um aperto. Um


aperto possessivo que diz eu quero você e terei você. Eu esfrego
contra seu pau sobre sua calça, procurando mais atrito. Toda
essa energia da luta entre nós me deixou tão excitada que nem
sei se posso esperar para chegar em casa.

Eu quero isso. Eu o quero. Tanto que dói.

Nós finalmente nos separamos e os olhos semicerrados


de Dexter me encaram. — Duas semanas foi uma espera longa
o suficiente, certo?

Eu aceno furiosamente. — Foi uma tortura.

Seus olhos varrem meu corpo para cima e para baixo


enquanto eu deslizo de volta para o lado do passageiro. Dexter
coloca o carro em marcha e volta para a rodovia.

Meu corpo todo aquece e eu me contorço no assento.

Puta merda, estou prestes a fazer sexo.


Dexter

EU COLOCO MEU CARRO no estacionamento e dou a volta


para o lado do passageiro para abrir a porta de Abigail. Estendo
minha mão para ela e no minuto em que seus pés tocam o
pavimento, eu a viro por cima do ombro e a carrego pela
entrada do meu prédio.

A porta da frente automática é sincronizada com o


Bluetooth do meu telefone e se abre para mim quando eu
entro. Pela primeira vez, começo a ver algum valor real desse
recurso. Arrasto meu traseiro pelo foyer. Eu preciso chegar em
casa.

Abigail ri quando entro no elevador, com cuidado para


não bater sua cabeça no teto. — Você vai me colocar no chão?

— Não. Estou carregando você por todo o caminho, como


eles fazem em seus filmes de garotas.

— Hallmark.

— O que é isso?
— Os romances Hallmark. Esses são os melhores porque
são tão bregas que é engraçado.

— Você está chamando isso de brega? — Eu bato na


bunda dela.

Ela engasga.

Quando chegamos à minha porta, ela desbloqueia


automaticamente com o aplicativo no meu telefone, mas eu
tenho que virar a maçaneta nesta aqui. Caminhamos pelo
apartamento, e posso dizer que ela quer que eu a coloque no
chão para que possa olhar ao redor, mas não há tempo para
isso. Ela pode fazer um tour mais tarde. Eu a quero na minha
cama agora.

— Posso andar, sabe?

— Sim, mas estou me divertindo muito.

— Você é louco.

— Louco por você. — Eu a levo direto para o meu quarto.


Assim que passamos pela porta, acendo as luzes e a coloco no
colchão. — Eu preciso te perguntar algo sério. E eu preciso que
você seja cem por cento honesta comigo, ok?

Abigail acena com a cabeça, não mais brincando. —


Claro, o que é?

— Quão bêbada você está?


Ela olha para mim e puxa o lábio inferior entre os dentes.
— Sóbria o suficiente para saber que eu queria você há
semanas. — Ela faz um movimento de “venha aqui” com o
dedo.

Eu não perco tempo.

Ela se levanta ao lado da minha cama antes que eu possa


fazer isso, e eu a beijo com mais força do que já beijei uma
mulher em minha vida, ao mesmo tempo, eu desabotoo seu
vestido e deslizo pela curva dos seus quadris.

Está acontecendo.

Minha boca fica seca e todos os meus sentidos estão


aguçados. É como se eu tivesse dezesseis anos de novo, prestes
a transar pela primeira vez.

Quando seu vestido empoça em torno de seus pés, eu a


avalio da cabeça aos pés. Está com um sutiã de renda
vermelha e calcinha combinando. Eu tiro uma foto mental
porque ela é simplesmente perfeita, por dentro e por fora. Com
o pé, ela chuta o vestido pelo quarto. Ele bate na parede e pelo
chão.

Alcanço a bainha da minha camisa e a puxo sobre a


minha cabeça, com meus olhos fixos em Abigail o tempo todo.
Ela faz aquela merda sexy em que morde o lábio de novo, e se
não tomar cuidado, posso morder por ela.

— Acho que precisamos tirar isso. — Dá um passo em


minha direção e pega minha calça.
— Concordo.

Ela se atrapalha com o botão da minha calça. Não me


lembro de meu pau ficar tão duro, jamais. Ela nem sequer
chega ao zíper antes que sua mão esteja para baixo na frente.

Minha cabeça se inclina para o teto por uma fração de


segundo, porque porra, sua mão macia no meu pau é o
paraíso. Meu corpo inteiro está em chamas por ela,
sacrificando por dentro. Eu quero tudo, sua boca, sua boceta.
Tudo.

Mais do que isso, eu só a quero.

Ela é minha.

Sua mão ainda está na minha calça quando eu agarro seu


cabelo e inclino a cabeça para me encarar.

Seus olhos se arregalam em choque, então os cantos de


sua boca se transformam em um sorriso malicioso. Um leve
suspiro separa seus lábios e eu não posso evitar. Ela precisa
saber quem está no comando no quarto e não parece se
importar nem um pouco. Reivindico sua boca mais uma vez,
lambendo e explorando. Sua mão acaricia meu pau para frente
e para trás, e eu gemo contra seus lábios.

Ela pega sua mão livre e empurra minha calça e cueca


boxer pelas minhas pernas, liberando meu pau. — Não
acredito que estou no seu apartamento.
Eu a empurro para a minha cama e um suave murmúrio
sai de seus lábios. Antes que ela possa se recuperar, eu abro
suas pernas e olho diretamente para sua boceta. — Você está
prestes a entrar no meu apartamento, repetidamente.

— Puta merda, Dex. — Ela geme quando minha boca


mergulha direto entre suas coxas.

Olho para o rosto dela e seus olhos estão pesados e


saciados. Eles aumentam quando eu agarro sua calcinha com
as duas mãos e a rasgo para ficar entre mim e o que eu quero.

— Puta mer... — Suas costas arqueiam os seios no ar.

Eu alcanço e agarro os dois, sentindo seus mamilos duros


roçarem contra minhas palmas.

Eu lambo ao redor de sua boceta, traçando um contorno


em torno das bordas, apenas o suficiente para provocá-la
implacavelmente. Ela instintivamente tenta fechar as pernas e
eu cavo meus dedos na parte interna de suas coxas e as
mantenho separadas. Exalo um hálito quente sobre seu clitóris
e lambo tudo até suas dobras escorregadias e termino naquele
feixe de nervos sensível.

Arrepios aparecem em toda a sua pele bronzeada, me


dizendo que estou fazendo meu trabalho corretamente.
Quando ela está prestes a gozar, eu me afasto, coloco minhas
mãos na parte de trás dos joelhos e as empurro até os ombros.
Isso levanta sua bunda da cama e direciona sua boceta
diretamente para o meu rosto.
Antes que ela possa dizer ou fazer qualquer coisa, eu
mergulho de volta e acaricio seu clitóris com a ponta da minha
língua.

— Perto... — As palavras são quase inaudíveis em sua


respiração difícil.

Eu me inclino para trás e aperto meu pau, em seguida,


esfrego a cabeça para frente e para trás sobre seu clitóris para
sentir o quão molhada está.

Ela me encara e nossos olhos se cruzam. Observo cada


expressão em seu rosto, cada músculo de seu corpo ficar tenso
quando a toco de uma certa maneira. Seu corpo é perfeito, e
pretendo dominá-lo, aprender todas as maneiras possíveis de
dar a ela mais prazer do que ela já teve em sua vida.

— Quão perto você está?

— Deus. — Ela arrasta a sílaba. — Tão perto, por favor.

— Bom, implore para deixá-la gozar.

— Por favor, Dex. Eu quero isso muito. — Suas palavras


saem em um gemido.

Eu uso meu polegar para esfregar círculos preguiçosos ao


redor de seu clitóris, em seguida, alinho meu pau e mal
empurro a cabeça para dentro, para frente e para trás. — Ainda
não. Eu quero sentir isso com meu pau. — Pego da minha
gaveta um preservativo, em seguida, rolo-o, minha mão nunca
a deixando.
— Estou tomando pílula.

Por alguma razão, eu franzo a sobrancelha. Porra, porque


é que ela me provoca tanto ciúmes? Por que ela está tomando
pílula? Para o benefício de quem?

Ela balança a cabeça imediatamente como se pudesse ler


meus pensamentos. — Eu comecei há duas semanas, depois
do nosso primeiro encontro. — E desvia o olhar, quase
corando. — Apenas no caso de...

A euforia dispara em minhas veias com sua admissão.


Fico olhando para ela, a cabeça do meu pau alinhada em sua
entrada quente e escorregadia. Queria que nossa primeira vez
fosse especial e, embora o início da noite não tenha sido o meu
melhor momento, não consigo pensar em nada mais especial
do que ela, aqui no meu quarto, dizendo essas coisas para
mim. Sem falar daquele momento no carro, na beira da
estrada. Eu apenas quebrei. Algo mexeu dentro de mim e não
pude conter meus sentimentos.

Aponto em direção à minha gaveta aberta. — Comprei


isso há duas semanas também, só para garantir. — Espero que
ela não pense que estou apenas dizendo isso, porque não
estou. É verdade. Eu me inclino sobre ela e nossas bocas se
encaixam. Ainda não consigo acreditar como seus lábios são
macios, como o gosto dela é fenomenal.

Não quero nada mais do que apenas empurrar dentro


dela e foder com tanta força que ela não possa andar em linha
reta, mas eu não consigo. Escorrego dentro dela e, oh meu
Deus, estou caidinho, apaixonado. Ela é quente e apertada,
mas fazer sexo com ela parece mais um abraço caloroso do que
uma razão para gozar. Nós nos encaixamos perfeitamente.

Suas pernas se separam e eu empurro mais fundo e a


beijo com mais força, balançando para frente e para trás.
Nossas testas se encontram e seus olhos vibram. Ela morde o
lábio inferior entre os dentes e gemidos suaves escapam de
seus lábios cada vez que penetro mais forte.

Eu deslizo a mão para baixo e círculo seu clitóris com


meu dedo indicador enquanto vou para dentro e para fora,
mais forte e mais rápido, aumentando a intensidade. — Olhe
para mim quando você gozar. Eu quero ver você.

Estaria mentindo se dissesse que não tinha fantasiado


sobre foder Abigail sem parar, desde a primeira vez que ela
entrou no escritório e foi apresentada com as novas
transferências de Dallas. Em minha mente, eu a inclinei, puxei
seu cabelo, bati em sua bunda. Fiz ela ficar de joelhos e
implorar pelo meu pau em sua boca.

Mas agora é tão diferente. Não estamos transando,


estamos fazendo amor e é perfeito, o momento perfeito. Eu me
sinto tão conectado. Talvez seja porque eu disse a ela coisas
que nunca disse a ninguém. O mundo parece certo quando
estou dentro dela.

— Dex. — Sua voz me arrebata no momento, apenas


estando submerso na experiência vivida ao meu redor.
— Sim?

— Por favor, deixe-me gozar.

— Ok. Goze para mim, baby.

Ela acena contra a minha testa mais uma vez, e eu vejo


seus olhos enquanto eles rolam para trás em sua cabeça. Seu
corpo inteiro fica tenso e eu acelero meu dedo em seu clitóris
e entro nela o mais profundamente que posso. Ela aperta em
torno de mim e parece tão fenomenal que palavras não
poderiam descrever.

— Oh, Deus, Dex... — Suas palavras morrem quando


morde minha clavícula.

Porra, dói tanto. Algo sobre isso desperta a parte


primordial do meu cérebro, quando os homens evoluíram para
caçar e conquistar. Quero possuir cada centímetro de seu
corpo. Meus quadris aceleram enquanto o orgasmo atinge seu
corpo e seus gemidos baixos se transformam em gemidos
audíveis.

— Oh, Deus. Oh, Deus.

Estou prestes a explodir, então eu puxo e olho para


Abigail, as narinas dilatadas, tentando manter meu próprio
orgasmo sob controle. Seus olhos se arregalam e são duas
partes: uma parte excitação e uma parte nervosa, a proporção
perfeita.
Mergulho em sua boceta novamente e lambo e chupo,
meus dedos cavando em seus quadris, puxando-a contra
minha boca. Suas mãos voam e meus lençóis se enrugam entre
seus punhos.

Eu coloco dois dedos profundamente e bato no ponto


secreto dentro dela enquanto minha língua chicoteia seu
clitóris. No último segundo eu a viro de barriga para baixo e
puxo sua bunda para cima.

— Oh, meu Deus.

Pego um punhado de seu cabelo e me inclino em sua


orelha. — O que foi isso? Quer que eu pare?

— Não. — Ela quase grita a palavra para mim. — Não se


atreva.

Eu sorrio contra seu pescoço. — Boa resposta. — Alinho


meu pau de volta com ela por trás. — Você está nervosa?

Ela acena com a cabeça em direção à cabeceira da cama.


— Um pouco.

Eu empurro dentro dela e aperto meu punho em seu


cabelo. — Bom, deveria estar. Vou te foder com tanta força que
você me sentirá dentro de você daqui a um mês.

— Puta mer...

Acelero meus quadris, batendo nela por trás. Sua boceta


está tão molhada que escorre pelas coxas até os lençóis. —
Assim... porra. Com força. — Eu gemo as palavras.
Esperava que Abigail fosse mais submissa do que
aparenta, mas não é. Seus quadris se contraem em mim e ela
dá tanto quanto recebe. É sexy pra caralho. Não sei quanto
mais vou conseguir durar.

— Deus, Dex, não pare.

Solto seu cabelo e agarro seus quadris, puxando-a de


volta para mim enquanto suas palavras abastecem meus
quadris para frente. O som da nossa pele batendo juntas ecoa
pelo quarto, e eu não ficaria surpreso se ficarem hematomas
em sua bunda amanhã de meus quadris batendo nela.

Eu não quero terminar muito cedo, não antes que ela goze
de novo, então eu puxo e abro sua bunda com as palmas das
mãos. Eu mergulho em sua boceta por trás e a fodo com minha
língua, lambendo e chupando.

Abigail solta um grito e cobre a boca quando sai. Eu me


inclino para trás e bato de volta nela e continuo de onde
paramos.

— Novamente. Em breve. — É tudo o que ela consegue


dizer.

Sei exatamente o que ela quis dizer, ela está prestes a


gozar novamente. Eu chego para frente e envolvo uma mão
levemente em torno de sua garganta e puxo sua cabeça para
trás em minha direção enquanto eu a penetro repetidamente.
Eu deslizo minha mão livre em torno da curva de seu quadril
e estendo a mão para que eu possa acariciar seu clitóris
enquanto fodemos.

— Merda, Dexxx.

O orgasmo rola por ela e ela aperta meu pau com tanta
força que não posso segurar agora. Eu aguento o tempo
suficiente para ela terminar, em seguida, retiro e arranco o
preservativo. Eu não sei o que acontece comigo, mas eu tenho
esse desejo inconcebível de marcá-la, marcá-la como minha.

Minha mão voa sobre meu pau, acariciando furiosamente


e minhas bolas apertam. Eu espalho meus dedos em sua parte
superior das costas, empurrando seu peito para baixo no
colchão. Isso ergue a bunda dela no ar. Eu seguro meu pau a
centímetros dela e resmungo. Cada músculo do meu corpo se
contrai de uma vez, e eu atiro jorros quentes de gozo por toda
a bunda dela, em seguida, chicoteio sua boceta quente com o
resto.

Quando termino, mal consigo respirar. Eu ofego


incontrolavelmente, tentando recuperar o fôlego, então olho
para o meu orgasmo enquanto ele desce por suas coxas. É
perfeito pra caralho. Ela é minha. A prova está aí.

Ela me encara de volta, com um sorriso enorme no rosto.


— Isso foi incrível.

Eu concordo. — Sim. — É tudo o que posso dizer no


momento. Sinto que estou flutuando nas nuvens. Como se o
narcótico mais forte disparasse em minhas veias. Foi de longe
o melhor sexo que já fiz na minha vida.

Finalmente, eu balanço minha cabeça para sair do meu


devaneio eufórico. — Merda, desculpe. Espere. — Eu me
levanto e vou para o banheiro, então volto com uma toalha. Eu
paro no meio do caminho para a sala e apenas olho para
Abigail.

Seus longos cachos loiros caem sobre seus ombros e


emolduram seu rosto perfeito. Ela ainda está de quatro, o rabo
para cima.

— Dex?

Sacudo minha cabeça novamente. — Sim?

Ela ri e olha ao redor. — Você vai me limpar?

— Merda, sim, desculpe. Eu só estava... não sei. — Eu


me aproximo e me curvo, em seguida, dou um beijo suave em
seus lábios vermelho-cereja. — Você é simplesmente perfeita.
Eu não consigo parar de olhar para você.

Seus cílios vibram de novo. — Obrigada. — Eu juro que


ela enrubesce com o elogio.

Eu sorrio e volto para me limpar dela.

— Por que você está sorrindo?


Encolho os ombros. — Nada. Apenas você corou com o
elogio, mas dois minutos antes você estava jogando essa bunda
de volta para mim e me implorando para te foder mais forte.

Agora, seu rosto fica totalmente rosa e ela o enterra nas


cobertas. — Oh, meu Deus. Você não deveria dizer coisas
assim. Estou tão envergonhada.

Eu não consigo parar de rir. Depois que ela está limpa,


eu rastejo para a cama com ela e a beijo mais algumas vezes,
em seguida, empurro alguns fios de cabelo rebeldes de seu
rosto. Eu juro que poderia encarar seus olhos azuis a noite
toda. Eu deslizo a palma da mão em sua bochecha e seguro
seu rosto na minha mão.

Ela se inclina e dá uma piscada longa e lenta, como se


estivesse prestes a desmaiar.

— Jamais fique envergonhada. Você é linda e estava sexy


pra caralho.

— Estava?

— Foda-se, sim. — Minha mão vai sob seu queixo e


levanto seu rosto para ficarmos cara a cara. — Não tenha medo
de me dizer do que você gosta e do que não gosta. Eu quero te
fazer feliz lá fora. — Aponto em direção à parede. — E aqui. Eu
faria qualquer coisa por você.

Ela sorri. — Qualquer coisa, hein?


Minhas sobrancelhas sobem. — Dentro do razoável, é
claro.

Ela bate no queixo, fingindo que está pensando


profundamente. — Bem, quero dizer que tudo foi perfeito.
Começou de forma sensual e lenta, e foi incrível. E então você
olhou nos meus olhos e eu pensei que meu coração fosse bater
para fora do meu peito. Foi tudo um borrão depois disso, mas
foi incrível.

— Algo mais?

Suas bochechas ficam rosadas novamente. — Ok, venha


aqui.

Eu me inclino e ela puxa meu pescoço para que sua boca


fique perto da minha orelha. Ela lambe lentamente meu
pescoço até minha orelha e sussurra: — Realmente gostei
quando você puxou meu cabelo.

Eu sorrio pra caramba. — Ótimo. — Eu coloco minha mão


em seu cabelo e dou um leve puxão. E sorrio contra seus lábios
e digo: — Gosto de puxar seu cabelo. E gosto de você dizer meu
nome quando goza no meu pau.

— Você tem a boca mais suja que já ouvi.

— Acostume-se com isso, palhaça de Natal.

Ela bate no meu peito. — Talvez eu vá. Eu meio que gosto


disso também.
Nós dois rimos e ela se aninha no meu peito. Eu fico
olhando ao redor do quarto e para o teto enquanto ela
adormece em mim.

Eu poderia me acostumar com isso. Indo para a cama e


acordando ao lado de Abigail todas as manhãs. Eu a beijo na
testa. Eu não quero dormir. Eu não quero que esta noite acabe
nunca.
Abigail

GEMENDO E ME ESPREGUIÇANDO, eu volto e olho ao redor do


quarto. O cheiro de café fresco sopra em meu nariz. Eu sorrio
enquanto as memórias da noite passada passam pela minha
mente. Passei a noite com Dexter.

Puta merda.

E nós fizemos sexo. Não qualquer sexo, mas como todo o


espectro, desde fazer amor até sexo hardcore, por falta de uma
frase melhor. Sexo fenomenal.

A dor entre minhas coxas me lembra o quão bom ele foi,


e suas palavras filtram meu cérebro. — Eu vou te foder com
tanta força que você ainda irá me sentir dentro de você daqui a
um mês.

Eu me contorço em sua cama só de pensar nisso. Ele não


estava mentindo. Ele tem poderes mágicos. Estou convencida
disso.

Meu celular apita de algum lugar da sala. Esfrego meus


olhos e deslizo para fora da cama. Pego uma camiseta da
gaveta de Dex e vou até o banheiro. Lavo meu rosto e escovo
os dentes com o dedo. Não é o melhor método, mas não quero
ter um hálito matinal horrível se ele me beijar. Deve funcionar.

Encontro minha bolsa em uma cadeira junto com meu


vestido. Pegando meu telefone, eu percorro minhas mensagens
perdidas enquanto o som e o cheiro de bacon frito invadem a
sala.

Kyle: Uau. Aquele cara é um babaca do caralho.

Kyle: Ele deu uma cabeçada em Nick.

Kyle: Ao menos você se importa? Ao menos você se


importa?

Kyle: Você realmente foi para casa com ele?

Kyle: Nick viu você entrar no seu carro.

Kyle: Não sei se podemos sair mais se vai continuar


saindo com esse cara.

Balancei minha cabeça. Ele não tem certeza se podemos


sair? Eu nem sei como responder a isso. Não gosto de
ultimatos e acredito no que Dexter disse. Dói como o inferno,
mas sinto que Kyle me fez de idiota.

Eu fui legal com ele. Eu realmente pensei que ele fosse


meu amigo. Não sei nem o que fazer. Ele ainda é meu vizinho
e será impossível evitá-lo até que eu possa me mudar. Terei
apenas que acenar com a cabeça e sorrir no corredor até
encontrar uma maneira de lidar com isso de alguma forma.
Eu paro na sala de estar e cubro minha boca quando olho
para a cozinha. Dexter está completamente nu, dançando e
cantando, usando a espátula como microfone. Ele faz uma
pausa durante o refrão, entre a virada de dois ovos, e dá um
pequeno giro com seu pau rolando, depois volta logo para
cozinhar.

O riso irrompe de algum lugar profundo dentro de mim.


Já nem sei como posso rir tanto, mas não consigo respirar.

Dex me vê e me dá aquele sorriso infantil, depois dá de


ombros. — Que porra você vai fazer? — Ele diz com algum tipo
de sotaque de Boston.

Balanço minha cabeça e finalmente consigo me controlar.


Para seu crédito, ele para de dançar depois de me ver. Eu me
pergunto se ele está com vergonha de ter sido pego e está
jogando com calma.

Eu me aproximo enquanto ele coloca tudo em dois pratos.


Está sendo tão doce. Eu não posso acreditar que ele cozinhou
para mim, e eu estaria mentindo se dissesse que não parecia
incrivelmente gostoso enquanto fazia isso, dançando e tudo.
Ele alcança o armário para pegar algo e alguns músculos se
contraem. Ele não é enorme como Deacon, mas é magro e forte.
Sua tatuagem ganha vida em todo o seu torso enquanto ele se
move, inferno, mesmo quando apenas respira.

Eu finalmente dou uma olhada em suas tatuagens e elas


são tão interessantes. Parece alguns prédios gregos antigos,
como a Acrópole ou uma daquelas coisas, junto com alguns
filósofos. Existe escrita. Em seguida, algumas notas musicais
preenchem o fundo junto com mais algumas sentenças no que
parece ser latim.

— O que suas tatuagens significam? Nunca vi nada


assim.

Ele se vira lentamente e faz um giro de trezentos e


sessenta para me deixar dar uma olhada nelas. — Eles são
tudo o que me faz, bem, eu.

— Elabore melhor, senhor.

— Bem, eu tenho coisas que simbolizam o código de


Hamurabi24, o Velho Testamento, Senhora Justiça. Porque sou
advogado e isso é uma grande parte da minha vida. Depois,
tenho notas musicais e o trabalho de alguns dos meus artistas
favoritos, depois a estrutura de Dupla Hélice do DNA25 e algum
Código Binário26. É uma espécie de baderna minha tentando
conciliar ciência e arte, o subjetivo e o objetivo. Essas são
coisas com as quais eu luto internamente.

— Bem, você é um enigma, envolto em um mistério,


dentro de outro enigma.

— Legal, Churchill. Uma das minhas citações favoritas.


— Ele me olha por um longo momento, como se ainda
estivéssemos nos descobrindo.

24 Baseado nas Leis de Talião “Olho por olho, dente por dente”, o Código de Hamurabi é um conjunto
de leis para controlar e organizar a sociedade.
25 Em geometria a dupla hélice consiste tipicamente de duas hélices congruentes com o mesmo eixo,

que diferem por uma translação ao longo do seu eixo, que pode estar ou não a meio caminho.
26 O sistema binário Castor, a estrela mais brilhante da constelação de Gêmeos.
Faço uma pequena reverência falsa. — Reconheço
algumas coisas ocasionalmente. Então, o que você cozinhou
para mim? Estou morrendo de fome.

— Você sabe que eu estava realmente planejando te


surpreender com café da manhã na cama. Mas isso é bom.
Menos migalhas nos lençóis.

Eu ando, tentando parecer o mais sexy que posso, e


envolvo meus braços em volta de sua cintura. — Você cozinhou
para mim. — Eu dou um beijo na bochecha dele. — Eu não me
importo onde comemos. Isso é o suficiente.

Suas mãos ásperas cavam em meus quadris novamente.


— É assim mesmo?

Eu pressiono um dedo em seus lábios, silenciando-o. —


Tenho uma ideia muito melhor. — Eu caio de joelhos no escuro
piso de madeira. Meus joelhos podem me odiar mais tarde, mas
Dexter vale a pena. Olho no nível de seu pau, e sorrio para ele.

Suas sobrancelhas se erguem. — A comida vai esfriar.

Envolvo a mão em torno da base de seu pau e olho para


ele. Uau, é ainda maior do que eu me lembrava. — Não meu
café da manhã. — Eu sacudo minha língua para fora, girando
em torno na ponta. — Você estava dizendo? — Eu bati meus
cílios para ele, deslizando meu punho para cima e para baixo.

Seus olhos rolam para trás e ele geme. — O café da


manhã pode esperar, porra...
Dex é grande e grosso. Eu o levo em minha boca, e não
consigo encaixar tudo isso. Eu chupo minhas bochechas em
torno dele, ainda mais forte, apenas para ouvi-lo gemer
novamente. É tão quente saber que posso ter esse efeito sobre
ele. Eu envolvo minha mão em torno da base e o acaricio em
um movimento circular enquanto o levo para dentro e para fora
da minha boca.

Ele segura a parte de trás do meu cabelo, e eu tenho que


lutar contra o desejo de me inclinar para trás em sua mão.

Por que diabos eu amo tanto ele puxando meu cabelo? É


uma sensação incrível, especialmente quando seus nós dos
dedos pressionam contra meu couro cabeludo. Ele mantém
minha cabeça no lugar e, em pouco tempo, seus quadris
começam a se mover, lentamente no início. Eu giro minha
língua em torno e depois de alguns segundos ele está
empurrando em minha boca.

Eu fico olhando para ele com os olhos arregalados e amo


como está prestes a perder o controle. Lágrimas queimam no
canto dos meus olhos, mas é justo. Ele foi em mim duas vezes
e eu não fiz nada só por ele.

Quanto mais forte ele aperta os dedos no meu cabelo,


mais ele se esforça para segurar minha cabeça no lugar, é
apenas cru e possessivo, como se nunca quisesse me deixar ir.

— Porra, Abby.
Quero sorrir com sua reação, mas é impossível com seu
pau grosso na minha boca. A forma como seu rosto fica tenso,
enrijece com força, como se ele estivesse prestes a se libertar,
envia um arrepio por mim. Adoro saber que posso tirá-lo do
prumo assim tão rápido. Significa que estou fazendo algo certo.

É apenas minha terceira vez no total fazendo isso, mas eu


assisti pornografia o suficiente para saber do que os caras
gostam enquanto eu me divertia com meu vibrador.

Olho para ele mais uma vez e sua mandíbula aperta.

Ele se move para sair da minha boca, e eu me agarro a


ele e balanço a cabeça para frente e para trás.

Seus olhos se arregalam. — Porra...

Eu quero prová-lo. Eu quero fazê-lo tão feliz quanto ele


me fez, e há algo em garotas engolindo que deixa os garotos
loucos, então, eu ouvi de qualquer maneira. Não tenho ideia
do que estou esperando, porque nunca experimentei, mas não
demonstro isso. Esta é a fantasia dele e eu quero fazer isso por
ele.

Sua mão aperta meu cabelo e a queimação no meu couro


cabeludo deixa meus sentidos em alerta máximo. Ele grunhe.
— Merda, Abigail.

Seu pau se contrai e ele goza no fundo da minha


garganta. Eu engasgo por um momento rápido, mas faço o meu
melhor para apenas deixá-lo na minha boca e manter minha
garganta sob controle.
Meus dedos cavam em sua bunda com minha mão livre,
e todo o seu corpo fica tenso. Sua bunda e pernas ficam duras
como pedra, e eu continuo acariciando-o enquanto ele enche
minha boca.

Finalmente, ele puxa minha cabeça para trás e me


encara.

Este é o momento da verdade, Abby. Apenas seja sexy.


Seja sexy.

Nossos olhos se encontram, e eu abro minha boca e


mostro para ele na minha língua. Seus olhos se arregalam
novamente, e eu fecho minha boca e engulo tudo como uma
dose de tequila, o mais rápido possível.

Não vou mentir, não é incrível. Mas não é a pior coisa que
já experimentei.

Assim que engulo, abro a boca e mostro a língua para ele,


como as garotas sempre fazem nos vídeos.

Ele está sorrindo como um idiota, com os olhos


esbugalhados. — Puta. Fodida. Merda.

Eu sorrio com sua reação. Por algum motivo, tudo o que


quero fazer é deixar Dex feliz e ele está sorrindo como um
garotinho de novo. Meu coração aquece e ganha vida com a
visão.

— Isso foi uma merda alucinante. Sexy pra caralho.


Eu pego seu pau na minha mão. — Ops, acho que perdi
alguns. — Limpo o resto dele com minha língua e ele ainda
está duro como uma rocha.

Poderia facilmente fazer sexo comigo por mais trinta


minutos, especialmente depois que eu acabei de sair do
caminho com aquele boquete, mas eu odiaria estragar o café
da manhã para ele. Ele trabalhou tão duro nisso.

Talvez depois. Deus, espero que sim.

Dex me pega pelos braços e me levanta.

Ele imediatamente vai para um beijo e eu me afasto. —


Nojento, eu...

— Não dou a mínima. — Ele coloca as duas mãos nas


minhas bochechas e dá um beijo bem nos meus lábios. Não sei
o que é, mas fica quente depois que ele faz isso. Como se não
desse a mínima, ele só quer me beijar e é isso que vai fazer.

Ele caminha para o quarto e veste uma cueca boxer,


depois sai de novo.

Não posso deixar de olhar para baixo entre suas pernas.


Ele ainda está duro e está preso contra sua coxa.

Ele me pega olhando. — Mais tarde.

— Huh? — Murmuro, ainda em transe apenas olhando


para seu corpo esculpido.
Ele olha para baixo em sua virilha. — Haverá mais
diversão depois. Precisamos comer. Precisamos de um pouco
de energia para que possamos foder como coelhos mais tarde
esta noite.

Por que esta noite? Por que não o dia todo? Balanço
minha cabeça e sorrio de volta para ele. — Ok, Dickens.

Ele faz o pior sotaque britânico que já ouvi. — Tu és bem


versada, não é?

Eu comecei a rir e comi minha omelete. Droga, esse cara


também tem habilidades na cozinha. Cogumelos, cebola,
queijo e linguiça, é perfeito, tudo que eu gosto. Eu tomo um
gole do meu café.

— Ouça. — Dex se senta, pegando o banquinho ao lado


do meu. — Eu sei que posso ter exagerado um pouco noite
passada.

Eu coloquei a mão em seu antebraço. — Não temos que


fazer isso agora. Na verdade, estou me divertindo.

— Não. — Ele balança a cabeça e abaixa o garfo. — Eu


não quero nada entre nós. Não quero que coisas como a noite
passada aconteçam de novo. — Ele balança o dedo para frente
e para trás para nós. — Isso é sério para mim. Estou falando
sério sobre você e quero fazer isso da maneira certa, com linhas
de comunicação claras.

Abaixei meu garfo. — Talvez você tenha exagerado um


pouco.
Sua testa franze.

— Aqueles eram meus amigos. Talvez ainda sejam, talvez


não sejam mais, ainda não sei. Mas, se você quiser ficar
comigo, Dex, precisa confiar em mim.

Sua mandíbula aperta um pouco mais forte e ele começa


a dizer algo, mas eu o interrompo.

— Eu conheço meus limites, ok? Sou uma adulta.

Os dedos de Dex se apertam em torno de seu garfo. — Só


quero que você tenha cuidado. Você não conhece caras como
eu. Tem um monte de idiotas só procurando alguém para se
embebedar e tirar vantagem. E eu sei que você é inteligente e
acha que esses caras são seus amigos, mas eles não são. Você
não acreditaria nos tipos de casos que vi. As mulheres que
representamos e a merda que fizeram com elas.

— Eu sei. Entendo. Agradeço por você estar apoiando e


cuidando de mim, mas eu tenho que saber. O que exatamente
você disse a eles? Eu tenho mensagens esta manhã dizendo
que não podemos mais sair.

— Ótimo. Foda-se esses caras. — Ele enfia uma garfada


de ovo na boca. — Me desculpe se eu te deixei desconfortável.
Ou dificultou as coisas para você, mas estou lhe dizendo. —
Ele bufa um suspiro irritado. — Sim, eu poderia ter lidado com
isso de forma diferente. Estava chateado. — Ele aponta o garfo
para mim. — Alguém precisava dar um chute na bunda deles.
Mesmo se não tentassem algo com você, eles pegariam outra
pessoa. Você está melhor sem eles. E aquele cara, Nick,
mereceu o que recebeu. Não vou me desculpar por querer
protegê-la. Se você está chateada comigo por causa disso, tudo
bem. Posso viver com isso, sabendo que você está segura.

— Eu só... eu não sei, isso me coloca em uma posição


desconfortável.

Dex murmura: — Melhor do que você se machucar.

— Ok, bem, você pode simplesmente não dar uma


cabeçada em mais ninguém? Por favor? — Eu sorrio para
tentar aliviar o clima.

— Nunca faria isso com ninguém que te respeita. E eu


prometi a você que não faria isso de novo. Quando prometo
algo, sempre cumpro.

— Ok. Justo. Mas, para que fique registrado, terei que


conversar com eles em algum momento. Eles são meus
vizinhos e eu tenho que descobrir o que fazer.

Dex encara seus ovos. Sei que é uma pílula difícil de


engolir, mas, para seu crédito, ele não explode como na noite
passada. Com os dentes cerrados, diz: — Tudo bem.

— Você sabe que eu quero dizer sem você presente, certo?

Seus lábios se juntam em uma linha fina e ele parece


querer explodir, mas finalmente concorda. — Entendo.

É quase engraçado, mas realmente não é. Ele está


tentando, no entanto, eu tenho que admitir. Termino minha
comida e meu café. Enquanto Dex termina de comer, eu me
aproximo e começo a lavar os pratos.

Ele vem atrás de mim. — Não precisa fazer isso. Eu tenho


uma faxineira.

— Eu quero. — Coloco minha cabeça para trás em seu


ombro enquanto ele envolve seus braços em volta de mim. —
Obrigada pelo café da manhã. Isso foi legal. Eu me sinto tão
domesticada.

— Não fique muito confortável. Ainda não coloquei um


anel aí. — Ele ri.

Eu bato de brincadeira em seu ombro. — Idiota. Estou


tentando dizer que estou gostando de passar um tempo com
você.

Ele aperta os braços com mais força em volta de mim. —


Eu sei. Está muito bom. Realmente incrível. Funcionamos
muito bem juntos.

— Ah, sim? Eu lavando a louça enquanto você se diverte?

Ele afasta meu cabelo e dá um beijo na minha clavícula.


— Se eu estivesse me divertindo, você saberia.

Eu rio. — Acredito totalmente em você.

— Não acho que você acredite. — Sua mão sobe por baixo
da camisa que estou usando e ele aperta meu peito.
Sua mão é tão boa. Isso queima uma trilha de chamas na
minha pele, cada vez que ele me toca. Quando pressiona contra
mim, seu pau duro esfrega contra minha bunda.

Como diabos ele me leva do zero ao tesão mais rápido do


que seu carro corre 400 metros?

— Eu volto já.

Não quero deixá-lo ir. Não quero que ele vá a lugar


nenhum. — Aonde você vai?

Ele sussurra — Camisinha, — em meu ouvido. — Só um


segundo.

Minhas unhas cavam em sua coxa e o puxam de volta


para mim enquanto eu esfrego minha bunda contra ele. Merda,
ele é tão bom. — Eu te disse, estou tomando pílula.

Seus olhos se arregalam. — Tem certeza?

Eu concordo.

O que diabos há de errado com você, Abigail? Meu corpo


racionaliza, mas meu cérebro não é vendido. Na verdade, está
gritando “Não!” com grandes sinais de alerta vermelhos. —
Tenho.

Antes que eu saiba o que aconteceu, Dex me empurra


sobre o balcão e puxa a camiseta que roubei de sua gaveta no
meio das minhas costas. Uma de suas grandes mãos
massageia minha bunda e, do nada, ele dá um tapa nela. A dor
aguda irradia pela minha espinha, mas não dói. Simplesmente
queima da maneira mais deliciosa.

Nunca levei um tapa antes, mas um murmúrio abre meus


lábios e eu acho que realmente gostei. O que esse homem está
fazendo comigo?

— O que você está fazendo, Dex?

— Queria ver a impressão da minha mão. É incrível.

Antes que eu possa dizer outra palavra, ele está dentro de


mim. Eu nunca estive realmente preenchida até estar com Dex.
Seu pau é grosso e me estica de maneiras que nunca fui
esticada antes. Eu volto para ele e gemo minha aprovação.

— Porra, Abby, continue fazendo assim e isso vai acabar


rápido.

Sorrio, ao mesmo tempo em que ele penetra em mim com


mais força, cada impulso mais e mais intenso até que estou
jogando meus quadris de volta nele enquanto ele bate em mim.
Parece muito mais íntimo quando está nu, pele com pele. Não
sei como explicar o que é estar com Dex, mas só temos essa
conexão que zumbe entre nós em um nível microscópico.

Estou tão perto, e ele continua me empurrando mais e


mais alto até que minha visão começa a ficar turva. Bem
quando eu acho que não aguento mais, uma de suas mãos
agarra meu quadril e a outra vai direto para o meu cabelo.
Droga, quando ele puxa meu cabelo, acho que faria
qualquer coisa para fazê-lo feliz. É o paraíso, puro paraíso.

— Você vai gozar no meu pau? — Ele grunhe as palavras.

Aceno contra sua mão. — Muito. Em breve.

Quando ele estende a mão e acaricia meu clitóris, eu


perco o controle. Minhas pernas tremem e meu corpo treme.
Eu aperto em torno dele. Não há nenhum lugar no mundo que
eu queira estar, mas neste momento enquanto o orgasmo rola
por meus membros como uma corrente elétrica, zumbindo em
minhas veias.

Depois de gozar, me sinto como gelatina, como se pudesse


derreter em uma poça no chão. Dex desliza para fora de mim
e me pega, levando-me para a mesa.

Eu meio que dou uma risadinha, ainda em coma com


orgasmo parcial. — Para onde você está me levando.

— Eu quero você em cima de mim. — Ele puxa uma das


cadeiras pesadas da mesa com uma mão, movendo-a como se
não fosse nada.

Ele se senta e me puxa para ele, de modo que fico


montada em cada uma de suas pernas. Eu olho em seus olhos
enquanto me abaixo, observando seu rosto o tempo todo.

Traço a curva de sua mandíbula com a minha mão


enquanto tomo cada centímetro dele.
Ele está tão fundo. Profundo mais que profundo. O
ângulo do seu pênis atinge meu ponto perfeitamente, e um
pequeno estremecimento rasga da base da minha coluna até o
pescoço fazendo com que eu arrepie a minha pele.

— É isso aí, foda-me, Abby.

Entre sua boca e seu pau, eu já estou à beira de outro


grande orgasmo. Envolvo meus braços em volta do seu pescoço
e o monto para cima e para baixo.

Ele tem aquela aparência de menino de novo, como se


estivesse tão animado por estar andando em uma montanha-
russa. Ele tem esses flashes em que às vezes é tão fofo e
inocente.

— Porra, é tão bom quando você monta meu pau assim.


Você não tem ideia.

E então ele abre a boca suja e toda a inocência se perde.


Aceno contra sua testa. — É igualmente bom para mim, eu
garanto. — Eu sorrio para ele até que ele empurra para cima e
atinge o meu lugar novamente. — Merda, bem aí. Deus, Dexter,
não pare de fazer isso. — Desta vez, minhas mãos agarram seu
cabelo e é como se alguém possuísse meu corpo, porque eu o
monto mais forte e mais rápido. — Não pare. Nunca.

Em pouco tempo, minha bunda está batendo palmas em


suas coxas e posso sentir minha umidade escorrendo em seu
colo, mas não me importo. É uma sensação incrível. Não sei se
já estive tão molhada antes.
— Abby, porra. Estou tão…

Um orgasmo me atinge ao mesmo tempo e eu mordo seu


ombro porque é demais para suportar tudo de uma vez, a
sensação intensa se acumulando entre minhas coxas. — Puta
merda, Dex, Dex...

Eu me agarro a ele, apertando quando outro me atinge.


Ao mesmo tempo, o pau de Dex empurra profundamente
dentro de mim e ele goza. Jatos quentes de gozo disparam nas
profundezas da minha boceta e flui ao redor da base de seu
pau, descendo pelas minhas pernas.

Eu olho em seus olhos e me perco por um segundo. Eu


não quero me levantar. Eu não quero fazer nada além de sentar
ali e senti-lo dentro de mim, sentir essa conexão entre nós que
nunca experimentei antes. É tão real.

Finalmente, nossas testas se tocam e sorrimos como


grandes idiotas e patetas um para o outro.

— Isso foi... inexplicável. — Ele embala minha bochecha


em sua palma como fez na noite passada.

Eu me inclino para ele e fecho meus olhos, acariciando


sua mão. — Concordo. — Aceno, incapaz de formar qualquer
palavra. — Provavelmente deveríamos ir tomar banho.

— Ok, então eu tenho que trabalhar um pouco esta tarde.

Não consigo esconder a careta no meu rosto. Não quero


fazer nada além de ficar aqui com ele.
Como se estivesse lendo meus pensamentos, ele diz: —
Você pode ficar se quiser, mas precisamos passar na sua casa
esta noite ou amanhã de manhã.

— Por quê?

Dex balança as sobrancelhas. — É uma surpresa.


Dexter

ABIGAIL FICOU na minha casa ontem à noite também, e nós


fodemos sem parar até desmaiar. Foi incrível. Ela é tão jovem
que pode me desgastar, mas vou cair lutando.

Passamos pelo apartamento dela esta manhã para que


ela possa pegar algumas roupas mais quentes.

Está muito frio lá fora.

Ela não vai concordar se eu contar o que estamos


fazendo, então continuo dizendo que é uma surpresa.

Finalmente, chegamos à Harry Caray's Tavern no Navy


Pier.

Ela me dá um olhar interrogativo. — Um bar? A esta hora


do dia?

Encolho os ombros. — Vai ser divertido. Confie em mim.

Assim que entramos, ela congela e seus ombros se


contraem. Quando ela começa a se virar, eu a empurro em
direção à plataforma. — Está tudo bem. Apenas sorria.
Todos os outros já estão aqui, sentados tomando cervejas
com suas roupas dos Bears. Deacon, Decker, Tate, Quinn, Cole
Miller e o Sr. Richards.

— Já era tempo, — diz Decker.

Abigail se vira para mim e me encara. Ela abaixa a voz


onde ninguém pode ouvir. — Um aviso teria sido bom.

Deacon deve ter lido seus lábios ou algo assim, porque ele
se vira para Cole e diz: — Merda.

Cole sorri quando Deacon puxa sua carteira e entrega a


ele uma nota de vinte.

Eu aponto para os dois. — O que é isso?

Cole diz: — Apostamos uma nota de vinte que você não


contaria a ela que estava saindo com a família.

Deacon dá de ombros para Quinn. — Não achei que ele


fosse tão idiota.

Abigail ri disso e então se vira para mim. — Veja, você


deveria ter me dito.

Eu fico olhando para ela como se tivesse brotado três


cabeças nela. — Você não teria vindo.

Abigail se senta lá, pensando sobre o que dizer. — Ok, é


verdade, só... — Ela faz um gesto com a cabeça como se
pudéssemos falar fora do alcance da voz de todos?

Eu a sigo até o bar.


— Sério, o que estamos fazendo? Eu trabalho com a
maioria dessas pessoas naquela mesa.

— Oh, pare. Vai ficar tudo bem. Isso não é trabalho. Você
já conhece todo mundo, exceto o Sr. Richards. Ele é gente boa.
Não é como se eles ainda não soubessem sobre nós.

— Você contou a eles?

Encolho os ombros. — Bem, sim, eles são minha família.


Conto tudo a eles. Especialmente a Deacon.

Ela finalmente suspira. — Ok. Só queria que você tivesse


me avisado.

— Vamos, vai ser ótimo. — Eu aperto sua mão e ela não


protesta enquanto a puxo para se juntar ao grupo.

Tate sorri, tentando aliviar um pouco o clima, e se agarra


a Abigail. Ela entrega a ela uma Bud Light de um dos baldes
no centro da mesa.

— Vejo que você parou de ser uma vadia. — Quinn me


entrega uma garrafa.

Eu olho para baixo e o Sr. Richards me dá um sinal de


positivo. Quando ninguém está olhando, ele levanta as mãos
no peito, sugerindo que Abigail tem uma bela comissão de
frente e pisca. Eu balancei minha cabeça. Fiz a mesma coisa
com ele quando tive a ajuda de Abigail para levá-lo ao jogo dos
Bears depois que Deacon estragou tudo e teve que ganhar
Quinn de volta, e então novamente durante nossa pequena
sessão de aconselhamento no sofá.

Eu peço licença enquanto Abigail conversa sobre roupas


de trabalho de inverno com Quinn e Tate.

Desço e me sento ao lado do Sr. Richards.

— Não se preocupe, filho. Ela é uma ótima garota. Eu


deveria saber. — Seu olhar se move para a minha garota.

Eu ri. — Sim, você saberia, seu velho merda.

Ele morre de rir. — Estou feliz por você, garoto.

Decker me dá um tapa nas costas, um pouco forte


demais, e fala por entre os dentes. — Então, isso está
acontecendo. — Para seu crédito, ele não alcança as têmporas
como se estivesse prestes a ter um aneurisma.

— Sim. Acostume-se. Gosto muito dela.

Decker suspira. — Tudo o que precisamos são de algumas


câmeras no escritório para que Donavan comece a prender os
estagiários e possamos filmar a porra do programa de Jerry
Springer.

— Ele já fodeu com três estagiárias. — Eu me viro para


Deacon. — Ou são quatro?

— Pode ser quatro, — diz Deacon.

— E já temos as câmeras prontas. Só falta colocar no


estoque...
— Eu odeio todos vocês, porra. — Decker reprime um
sorriso.

Uma garçonete traz nossa comida. É chilaquiles e um


pouco de molho de feijão.

Eu me viro para Decker e baixo minha voz. — Donavan,


não vem?

Decker toma um longo gole de cerveja e me encara. —


Foda-se, cara. Por favor, não comece. Na verdade, estou
gostando disso, e Jenny está com as amigas agora. Estou
tentando não me preocupar. Eu sei que eles estão falando de
meninos e essas merdas.

— Você só vai falar com ele? Foda-se cara, é brutal não


ter toda a família junta. As férias estão chegando.

— Eu sei, ok. Eu sei, porra. É só... — Sua mandíbula


aperta. — Olha, eu tenho tentado, o momento simplesmente
não surge. Não é meu trabalho beijar sua bunda e ser sua mãe.
Ele está agindo como um bebê, porque ele é um maldito bebê.

— Sei que você vai se casar com Tate e espero que resolva
tudo antes, Decker. — Balancei minha cabeça. — É uma
situação difícil, mas também é família. Então, peça desculpas
ou o que quer que você tenha que fazer, mesmo que não seja
sincero. Se mamãe e papai ainda morassem aqui, essa merda
não estaria acontecendo, e você sabe disso. Então, resolva
como se eles estivessem aqui. Encontre um momento. Ele
ainda passa um tempo com Jenny?
— Ele liga. Eles se falam ao telefone e ele a pega algumas
sextas-feiras, mas não fala muito comigo. Apenas o mínimo.
Pelo que pude deduzir de Jenny, ele não diz nada sobre mim,
mas não a pressiono sobre isso. Não a quero no meio de nada.
Sou só eu que ele está congelando.

— Bem, ótimo. — Concordo. Todos nós somos próximos


de Jenny. Todos nós ajudamos a criá-la.

— Você está feliz agora? Eu quero aproveitar meu


domingo.

Eu agarro seu ombro. — Vai funcionar. Não se preocupe,


estamos pressionando-o tanto quanto pressionamos você. Nem
tudo recai sobre seus ombros.

Decker olha para mim. — Correndo o risco de soar como


uma vadia, obrigado. Isso significa muito.

— E não se preocupe com Jenny. Ela pode estar lidando


com merdas de adolescente, mas é uma ótima garota. O
comportamento é normal da idade.

— Como diabos você saberia? — Decker ri.

Encolho os ombros. — Não sei, mas achei que isso faria


sua bunda ansiosa se sentir melhor. Coma um maldito Xanax
para um adulto, porra.

— Ali está ele. Você estava agindo com muita maturidade


por um momento.

Brindamos com nossas garrafas e eu olho para a mesa.


Abigail se mistura perfeitamente com o grupo, assim
como eu sabia que ela faria. Tate e Quinn estão fazendo o
possível para que ela se sinta bem-vinda. Ela olha para mim e
sorri. Porra, eu posso me perder naquele sorriso.

Decker se vira para mim e Deacon. — Então, ei, eu queria


dizer a vocês dois. Mamãe e papai estão voando para o dia de
Ação de Graças. Estamos recebendo todos na minha casa.

— Impressionante. — Cara, mal posso esperar. Parece


piegas pra caralho, mas adoro que todos fiquem juntos nos
feriados, especialmente quando mamãe e papai vêm à cidade.
Todos nós gostamos. A mudança de mamãe para a Flórida, me
devastou. Eu sinto falta dela constantemente.

Sorrio para Abigail e não consigo tirar meus olhos dela.

— Vocês dois estão ficando sérios? — Cole me cutuca com


o cotovelo.

Faço minha melhor impressão de Kip do Napoleon


Dynamite27. — Sim, cara. Ela aceitou meu pedido de amizade
no Facebook, então acho que você poderia dizer que as coisas
estão ficando muito sérias.

Ele solta uma gargalhada. — Ela tem alguma amiga


solteira?

— Uma colega de quarto do inferno.

27Napoleon Dynamite um filme americano de 2004 - que mostra a vida de um jovem nerd, com o
mesmo nome, que vive na pequena cidade de Preston, Idaho com a avó e o irmão mais velho
desempregado.
— Louca, hein?

— Pelo que ouvi.

— Eu não sei, eu gosto delas um pouco malucas. As


psicopatas são boas entre os lençóis.

— Não este tipo de loucura. Você não quer ir lá, cara.

— Ir onde? — Abigail pergunta enquanto caminha para a


ponta da nossa mesa.

— Nada, — nós dois dizemos ao mesmo tempo.

— Mmhmm. — Abigail fica olhando.

Finalmente terminamos nossa comida e bebida, então


todos saem pela porta da frente.

Há um ônibus fretado estacionado em frente.

— O que é isso? — Pergunta Abigail.

Eu a cutuco. — Para nos levar ao jogo.

Ela balança a cabeça. — Eu deveria saber.

— Sim, você deveria. — Eu me inclino em seu ouvido. —


Não se preocupe, já nos beijamos na frente do time uma vez,
então não será grande coisa quando fizermos de novo.

Ela belisca meu braço.

— Ai, mulher!
— Você mereceu. — Ela caminha na minha frente,
balançando a bunda. — Você vem ou o quê, palhaço?

Eu corro atrás dela. — Você é a palhaça do Natal, não eu.

— Mmhmm, vamos lá, menino palhaço.

DEPOIS DO JOGO, o ônibus fretado nos leva de volta à casa


de Harry Caray e eu levo Abigail para casa. Não quero, mas o
fim de semana está quase acabando e temos que trabalhar
amanhã. Foi incrível passar os últimos dois dias com ela.
Estou um pouco atrasado em alguns trabalhos que preciso
fazer, mesmo depois de ir no sábado, mas nada grave.

Enquanto eu a levo até a porta, aquele idiota do Kyle sai


de seu apartamento. Abigail fica tensa imediatamente. Eu juro
por Deus que aquele bastardo bajulador provavelmente
sentou-se lá e assistiu pela janela como um perdedor e
cronometrou para que ele passasse assim que nós
entrássemos. Eu sei como idiotas como ele funcionam.

Ele encara o chão e nos ignora enquanto passa por nós.

Ótimo. Quero que aquele filho da puta tenha medo até de


falar com Abigail.
Ela fica tensa até ele entrar no elevador e a porta se
fechar.

Agarro cada um de seus ombros. — Você está bem? —


Olho ao redor do seu edifício degradado. Ela realmente precisa
sair deste buraco de merda. Isso resolveria todos os meus
problemas. Eu conheço Abby, no entanto. Ela nunca me
deixaria pagar por isso ou aceitar qualquer tipo de ajuda. Vou
pensar em algo para tirá-la daqui.

Ela balança a cabeça. — Não. Sim. Totalmente bem. Eu


só estava preocupada que ele pudesse dizer algo para irritá-lo.

— Ele me irrita por existir, mas você não precisa se


preocupar com nada acontecendo. Eu te prometi.

— Dex? — Ela me encara como se eu fosse um mentiroso.

— Eu nunca faria nada. — Eu levanto as duas mãos e


murmuro: — Na sua frente.

Ela empurra meu ombro. — Pare, você é terrível.

— Eu estou bem, ok. Eu não fico chateado com muita


frequência. Isso foi um acaso. Momento ruim e seu amigo disse
a coisa errada. Isso é tudo. — Eu a empurro contra a parede
ao lado de sua porta. — Eu falei sério sobre a minha promessa.
Embora eu me sinta como Johnny Lawrence, não tenho
permissão para tocar em Daniel Larusso até o torneio.

— Isso faz você parecer o vilão.


Eu zombo. — Uhh, Johnny era o herói. Daniel era um
idiota arrogante.

Ela ri, então seus olhos fixam-se nos meus. — Eu me


diverti muito neste fim de semana. — Ela acaricia meu queixo
com seus dedos pequenos.

— Você poderia se divertir muito comigo amanhã à noite


no jantar também?

Ela sorri. — Vou pensar sobre isso. Não posso deixar você
sempre conseguir o que quer, sabe? Tenho que mantê-lo
alerta.

— Sim, você tem. — Eu me movo para o que deveria ser


um beijo rápido, mas fica intenso com a pressa. — Você me
deixa louco.

Abigail sorri contra meus lábios, em seguida, morde o


inferior. — Idem.

O momento é bom e esquentou pra caralho. Se ela


continuar me olhando assim, terei de chutar a porta e puxá-la
para o quarto, porque quem tem tempo para usar uma chave?

Do nada, a porta de seu apartamento se abre.

— Aí está você. — A voz dessa garota é tão nasal quanto


uma voz pode ser.

Que diabos? Apenas seja legal. — Você deve ser a Barbie.


— Estendo minha mão. — Dexter.
Seu nariz sobe no ar. — Engraçado. Abigail nunca
mencionou você.

Eu não posso deixar de rir. Jesus, porra, Abby não estava


brincando.

Lanço um sorriso a ela. — Não se preocupe, você vai me


ver muito ainda.

Abigail balança a cabeça e eu me inclino para mais um


beijo, bem na frente da Barbie.

Aperto o quadril de Abigail. — Ligue-me mais tarde, antes


de ir para a cama.

— Ok.

— Barbie. — Faço uma saudação estranha. — Diga oi


para Ken por mim. Boa noite, senhoras.

Enquanto caminho em direção ao elevador, ouço Barbie


praguejando e gemendo sobre um cara chamado Nick.

Será que foi no namorado dela que dei uma cabeçada na


cara? Interessante.

Eu olho ao redor enquanto desço o elevador. Sim, tenho


que tirar a Abigail deste lugar. Ela merece coisa muito melhor.

A caminho do meu carro, Kyle sai das sombras e caminha


pela calçada. Ele é um idiota em sua pequena camiseta do
Pokémon. Parece algo que uma das amigas da escola de Jenny
usaria.
Ele vem na minha direção, mas para abruptamente e faz
uma careta quando me vê.

Eu suspiro. Fodidamente perfeito, exatamente o que eu


preciso. Eu sei que ele está aqui esperando por mim. Caras
como ele nunca aprendem e não lidam bem com a rejeição.
Eles são perigosos para as mulheres. Já vi isso um milhão de
vezes.

Fique calmo.

A última coisa que preciso é desse idiota falando alto e eu


enfiando o pé em sua bunda. Enfiando as mãos nos bolsos, ele
remexe desajeitadamente.

Não posso acreditar no quanto ele é patético. Quem o


criou? Se ele não fosse um idiota conivente, eu sentiria pena
dele.

Tento transformá-lo em um fantasma, apenas passo


direto.

Mas ele se vira no segundo que eu passo. — Ei!

Eu paro e exalo um grande suspiro. O silêncio teria sido


muito fácil, ao que parece. — O quê?

Ele balança a cabeça da maneira mais complacente


possível e bufa. — As mulheres são todas iguais.

Eu rio disso e o olho de cima a baixo, sabendo exatamente


o que ele quer dizer com isso. — Não são as mulheres que são
o problema.
Eu me viro e vou embora.

— Que diabos isso quer dizer?

Ergo o dedo médio sem me virar. — Isso significa que você


é o problema, Kyle. E não chegue perto de Abigail ou vou
arrancar suas pernas e chutar sua bunda com elas.

Eu olho para trás a tempo de ver seus olhos ficarem


grandes, então ele caminha vigorosamente de volta para seu
apartamento.

Entro no meu carro e ligo o motor, em seguida, saio para


a estrada. Durante todo o trajeto até minha casa, tento pensar
em Abigail, mas não consigo tirar aquele idiota bajulador da
minha cabeça. Tenho que afastar Abigail de sua colega de
quarto e daquele cara. Em que ela se meteu? As pessoas em
sua vida me causam ansiedade e raramente preciso estar perto
delas.

No meu apartamento, procuro deixar tudo pronto para a


semana. Verifico meu calendário e mantenho minha agenda
atualizada. Brenda está sempre em cima das coisas, mas eu
gosto de checar duas vezes. Detesto ser pego desprevenido com
mudanças de última hora. Nada irrita mais Decker do que a
incompetência, e não preciso lhe dar mais razões mesquinhas
para foder comigo por causa da situação de Wells Covington.

Depois de um banho rápido, vou para a cama bem a


tempo de receber uma mensagem de Abigail.

Abigail: Eu me diverti muito hoje.


Eu: Eu também, sinto sua falta.

Abigail: Uau, você acabou de dizer algo doce?

Eu: Estou com um problema aqui.

Abigail: O que foi?

Eu: Cama fria e meu pau está solitário.

Abigail: Aí está o Dexter, eu queria saber quem estava me


mandando mensagens. E pobre rapazinho, espero que ele fique
bem sem mim.

Eu: Nada de pobre ou ZINHO sobre meu pau.

Abigail: SMH28. Eu não estava sendo literal.

Eu: Parecia literal. Com medo de precisar provar meu valor


novamente. Venha para cá.

Abigail: Alguns de nós têm que chegar na hora no


trabalho.

Eu: Tudo bem, então. Não há mais pudim e uma palmada


já está pronta.

Abigail: Hmm, talvez eu precise me comportar mal com


mais frequência.

Eu: Cuidado, Abby. Você está deixando meu pobre


pequeno pau duro.

28Abreviatura para sacudindo a cabeça: usado, por exemplo, nas redes sociais e em mensagens de
texto, quando você não acredita em algo ou não aprova algo.
Abigail: Tenho certeza que ele sente minha falta. O que
você vai fazer com ele?

Fico olhando para a mensagem. Merda, ela está


realmente indo por esse caminho? Foda-se. Eu não estou
deixando isso passar.

Eu: Não é tanto o que vou fazer com ele, mas o que vou
pensar enquanto faço isso.

Não consigo tirar da minha mente a imagem dela se


contorcendo na cama, tocando-se enquanto lê minhas
mensagens. Preciso dar o meu melhor aqui.

Abigail: No que você vai pensar?

Eu: Você de quatro sobre a cama e eu batendo em sua


bunda só para ver o contorno da minha mão.

Abigail: Então o quê?

Eu: Brincar com minha língua ao redor de sua boceta, até


que você me implore para tocar em você.

Abigail: Talvez eu já esteja me tocando.

Porra. Ela me deixou tão excitado que posso explodir. Eu


fico olhando para o meu colo e meu pau está apontando para
o céu, a única coisa em minha mente é sentir a boceta apertada
de Abigail enrolada em torno dele.

Eu: Você definitivamente está levando uma surra por isso.

Abigail: Isso é uma promessa ou uma ameaça?


Eu: Ambas.

Abigail: Enquanto você descobre, estarei aqui sozinha


com meu vibrador, sonhando em ser punida por minha
insubordinação.

Uma foto tirada em destaque surge de sua mão esbelta


enfiada na frente de suas calcinhas brancas de renda.

Que se lixe a mensagem de texto. Eu tento o Facetime,


mas ela rejeita a chamada.

Eu: Atende a droga do telefone, mulher!

Estou tão duro que dói enquanto olho para a foto.

Foda-se.

Dois podem jogar neste jogo. Envio a ela uma foto minha
segurando meu pau. Obviamente, inclino a câmera para a
direita para que pareça gigantesco. Minutos se passam e não
há resposta. Tento ligar três vezes e ele apenas toca e vai para
o correio de voz.

Sua garotinha suja, Abigail. Não posso acreditar nisso.

Vou pensar em uma maneira de me vingar, assim que


terminar de me masturbar para a foto dela.
Abigail

— OH, EI! E AÍ? — Eu fico olhando para Mary enquanto ela


paira perto da beirada da minha mesa. Normalmente não
conversamos muito, embora eu trabalhe com ela há mais
tempo do que qualquer pessoa aqui.

Ela se transferiu de Dallas ao mesmo tempo que eu. Pelo


pouco que pude reunir, era para fazer algum trabalho para a
igreja dela aqui.

Está com um suéter marrom terrível que destoa


completamente da sua pele. Ela combina com calças azuis
marinho e sapatilhas de couro preto. Ela poderia ser tão fofa e
adorável se me deixasse vesti-la ou levá-la às compras, mas
não quero ser rude e sugerir isso.

Ela se agita, estendendo a mão e mexendo nas contas do


rosário em volta do pescoço. Eu não sei como ela sobreviveu
ao processo de seleção porque ela é incrivelmente tímida. Mas
ela conhece o direito como ninguém, e está sempre
organizando apresentações para os sócios. Nós a chamamos
de feiticeira do Powerpoint.
— Eu estava perto dos escritórios dos sócios e Dexter
precisa de você. Disse que é urgente. Espero que você não
esteja com problemas. Ele parecia realmente bravo.

— Isso foi agora?

Ela faz uma careta. — Acho que ele não tomou café. Ele
estava mal-humorado. — Sua voz fica baixa e ela olha ao redor
para ver se alguém está ouvindo. Faz uma cara torcida e sua
melhor personificação de Dexter e reencena toda a cena para
mim.

Eu mordo uma risada. Posso imaginar tudo se


desenrolando em minha mente perfeitamente. — Obrigada por
me avisar. Vou ver o que ele quer.

— Sem problemas. — Ela sorri e vai para seu cubículo. —


Boa sorte, — sussurra enquanto eu empurro minha cadeira
para trás para ver o que Dexter está fazendo.

É melhor ser relacionado ao trabalho.

Eu caminho até seu escritório e paro na frente de Brenda.


— Oi. Mary disse que o Sr. Collins precisava me ver.

— Sim, entre. Ele está esperando. — Ela acena para mim.

Eu aliso minha mão sobre minha saia antes de bater na


porta. Eu não quero apenas invadir, embora ela tenha dito
para fazer isso.

— Entre. — Sua voz é suave e profunda, e eu a sinto


reverberar pelo meu corpo. Pisco algumas vezes. As coisas
estão diferentes agora. Passamos a noite juntos mais de uma
vez. Temos sido íntimos.

Eu respiro fundo e entro.

— Feche a porta. — Ele diz isso como se fosse um pedido,


mas nós dois sabemos que é uma ordem.

Eu fecho a porta atrás de mim.

Não sei por que, mas por algum motivo eu também


tranco. Ok, sei exatamente por que eu a tranco. Porque eu sei
exatamente o que Dexter quer e não quero parecer intimidada.
Eu quero parecer confiante e sexy. A fechadura estala e o som
do ferrolho ecoa pela sala. Ou talvez eu apenas imagine que
sim. Soou tão alto dentro da minha cabeça que eu poderia
jurar que todo o escritório ouviu o barulho.

Você está sendo paranoica.

Dou um passo cauteloso em direção a Dexter, que ainda


não ergueu os olhos. — Você queria me ver?

Não consigo lê-lo. Ele está sem emoção, olhando para


alguns documentos em sua mesa. — Venha aqui.

Eu me arrasto para frente e começo a sentar na frente de


sua mesa, mas ele balança a cabeça para mim com aquele
sorriso diabólico.

— Abigail, eu disse venha aqui. Você está aí. Eu quero


você aqui.
Eu suspiro. — Dex.

Sua voz fica baixa e ele fala devagar, enunciando cada


sílaba. — Eu disse venha aqui. Agora.

Algo pisca em seus olhos, uma fome primitiva que amarra


meu estômago com um nó. Ele está sem o maldito paletó e com
as mangas arregaçadas de novo também. Acho que ele faz isso
de propósito para me torturar. Acidentalmente parece tão sexy
e autoritário ou pratica isso no espelho em casa?

Meus pés me levam para frente, embora minha cabeça


grite não. Eu sei o que ele quer fazer e é completamente
inapropriado. — Eu disse a você. Não no escritório.

— Não me faça levantar.

Eu o quero tanto que não consigo ver direito. Meu corpo


inteiro está pegando fogo. Eu sei que tranquei a porta e
ninguém pode ver aqui, mas ainda assim.

Balanço minha cabeça para ele, mas mordo meu lábio


inferior ao mesmo tempo. Eu não deveria provocá-lo porque
não é legal, mas é como se minhas ações estivessem
completamente separadas do meu cérebro neste momento.

— Vai ser pior. — Ele começa a se levantar e eu vou até


ele.

Não posso acreditar que você está fazendo isso.

Cada vez que penso que Dex não pode me excitar mais do
que antes, ele prova que estou errada.
— O que você vai fazer? — Avanço lentamente em torno
de sua mesa.

Ele não responde e meu coração está prestes a sair do


meu peito com uma linha vermelha.

Assim que estou em sua frente, ele estende a mão e


agarra meu antebraço. Nem sei o que acontece, porque é tudo
um borrão, mas de repente estou curvada em seu colo e ele me
imobiliza com um braço.

Jesus. Merda.

Estou pegando fogo por dentro, e por dois motivos


diferentes. Estou tão envolvida nisso, mas é tão errado. —
Estamos trabalhando. — Eu sibilo as palavras para ele,
sabendo que isso só o está incomodando ainda mais.

Sua mão desliza pela parte de trás da minha coxa e


queima um rastro de fogo na minha perna. — Por que você
trancou a porta então? — Sua voz sai rouca.

Calor se espalha em minhas veias e eu amoleço


automaticamente. Não tenho uma resposta. — Eu... eu não sei.

— Strike um. — Sua mão firme aperta minha bunda sob


minha saia. É tão bom que tenho que reprimir um leve gemido
em minha garganta. Eu sou tão fraca por ele, não por mim
mesma quando ele está por perto.

— Não minta para mim.

— Eu não estou mentindo.


— Strike dois.

— Do que você está falando, strikes?

— Muita conversa. Strike três. — Dexter puxa minha saia


para cima e seus dedos fortes massageiam minha bunda sob
minha calcinha.

Meus olhos correm ao redor da sala, certificando-me de


que todas as cortinas estão fechadas. Se alguém visse isso, eu
nunca seria capaz de mostrar meu rosto neste escritório
novamente. — Que diabos, Dexter? — Ao mesmo tempo que
digo as palavras, fecho os olhos porque é uma sensação muito
boa.

Eu me contorço de antecipação porque sei que ele está


prestes a me bater e, desde que ele fez isso pela primeira vez
em seu apartamento, quero que ele faça de novo.

Ele balança a cabeça para a frente e para trás. — Lute


contra isso o quanto quiser. Eu disse a você o que iria
acontecer.

— Eu adormeci, — eu digo no tom mais inocente que


posso reunir enquanto a ponta dos dedos dele cava em minha
bunda.

— É isso mesmo?

— Uh, huh. — Eu aceno minha cabeça.

— Essa é a história que você vai contar?


— Sim.

Ele ri. — Ok, talvez eu deixe você se safar dessa vez.

A decepção me invade imediatamente. Ele é uma


provocação.

Seu aperto afrouxa por um segundo, e então sua mão


agarra meu cabelo.

Whack!

A dor irradia da minha bunda direto para a minha


espinha, e Deus, isso dói, e é tão bom. Soltei um suspiro.

— Esse é por mentir. Me diga a verdade, Abby.

— E... eu fiz. — Mal consigo pronunciar as palavras


porque estou muito excitada e sem fôlego.

Sua palma esfrega em mim, como se ele estivesse me


aquecendo para outra.

Whack!

— Está bem, está bem! — Eu sorrio e solto um suspiro.


— Tudo bem. Se você quer saber...

— A verdade desta vez. E saberei se você estiver


mentindo.

Eu viro meu pescoço e faço uma careta falsa de volta para


ele. — Eu me distraí.

— Como?
Minhas bochechas devem ficar em um tom brilhante de
rosa. — Eu, humm, eu estava cuidando de mim mesma.

— Você terminou sem mim? — Ele rosna as palavras e


morde o lóbulo da minha orelha. Sua língua traça a concha da
minha orelha.

Puta merda. O sexo em seu apartamento foi fenomenal,


mas esse lado dominante e possessivo de Dexter está me
esquentando de todas as maneiras que eu não sabia que
gostava até agora.

— Eu gosto disto. — Ele corre os dedos ao longo de cada


uma das minhas cintas-ligas que sobem até a metade das
minhas coxas. Ele os pressiona contra a minha pele, um de
cada vez, como se ele tivesse o dia todo para mexer comigo.

Eu grito.

— Shh. Não quero que ninguém te ouça sozinha aqui


comigo, com a porta trancada e as cortinas fechadas. O que as
pessoas no escritório pensariam?

— Oh, meu Deus. — Exalo as palavras.

Sua mão desliza sobre minha boca enquanto sua mão


livre continua massageando minha bunda. Ele continua a
tomar seu tempo, gostando de brincar comigo como se eu fosse
algum tipo de brinquedo colocado aqui para sua diversão.

Mordo sua palma, mas é inútil. Ele apenas aperta mais.

Um. Dois. Três. Quatro.


Os golpes vêm em rápida sucessão e eu ofego em sua
palma.

O contorno de sua mão lateja na minha bunda, e eu sinto


o calor voltar para lá.

Dexter tira a palma da minha boca e olho para ele por


cima do ombro. Meus olhos se estreitam sobre os dele.

— Quer mais um pouco? — Ele sorri.

— E se eu quiser? — Eu murmuro.

Estou à sua mercê e é impossível resistir a ele e, a julgar


pela expressão em seu rosto, ele sabe disso.

Ele se inclina para o meu ouvido e rosna: — Isso pode ser


arranjado.

— Vou me vingar disso.

Ele sorri. — Veremos. — Ele me dá um tapinha na minha


bunda, gentilmente dessa vez. — Oh, veremos sobre isso.

— Não me ameace com diversão. — Eu deslizo para baixo


de seu colo, em seguida, vou para cima e monto nele.
Agarrando sua mão, eu chupo dois de seus dedos em minha
boca, deixando-os bem molhados.

Seu olhar me perfura e sua respiração fica irregular. Seus


olhos ficam semicerrados.

— Toque-me, Dex. — Eu me inclino ao lado de sua cabeça


e lambo sua orelha. — Foda-me com seus dedos. — Eu
empurro sua mão entre minhas pernas. — Nunca estive tão
molhada para você antes. Veja por si mesmo.

Enquanto seus dedos esfregam contra mim e ele sente


meu calor, seus olhos rolam para trás. — Foda-se, Abby. Eu
não serei gentil.

Eu me esfrego contra sua mão. — Eu não quero que você


seja.

Ele agarra minha calcinha e a puxa para o lado.

Eu envolvo meus braços em volta do pescoço. — Por favor,


eu preciso tanto disso.

— É isso que você quer? — Dex força dois dedos dentro


de mim.

Puta merda. Dói tanto.

— Você quer foder meus dedos enquanto está no


trabalho? Como uma vagabunda suja de escritório?

Oh. Meu. Deus.

Não posso acreditar que ele acabou de dizer isso, e não


posso acreditar o quanto gostei.

Aceno e ronrono contra seus lábios. — Eu tenho sido má


e mereço ser punida.

Seu polegar desliza até meu clitóris e ele faz exatamente


o que eu pedi, bombeia dois dedos para dentro e para fora. —
Sim, você merece. — Ele me segura na palma da mão e aperta
com força, cavando seus dedos em mim. — Essa boceta é
minha. Ninguém toca, a menos que eu diga que podem. Isso
inclui você. Entendido?

— Sim.

— Diga, Abigail. Diga-me a quem ela pertence. — Ele me


agarra com mais força e enfia os dedos.

Eu choramingo com uma respiração instável. — É sua.

Ele enfia dois dedos de volta em mim e seu polegar se


move de volta para o meu clitóris.

Já estou tão perto, não vai demorar muito. Antes que eu


perceba, estou montando sua mão enquanto ele olha nos meus
olhos. Minha boceta contraí como uma mola e estou no limite,
tão perto. Um calor intenso afunila entre minhas pernas e eu
ofego em seu ouvido. — Deixe-me gozar, por favor.

Sua mão livre massageia meu seio através da minha


blusa, então ele aperta um dos meus mamilos com tanta força
que arranca minha mente das nuvens.

— Você tem minha permissão para gozar em meus dedos


como uma prostituta.

E estou acabada.

Eu empurro e bato em sua mão, cada músculo do meu


corpo contraindo enquanto o orgasmo dispara por cada
terminação nervosa do meu corpo. — Oh, Deus, Dex.
— Sim, diga meu nome. Diga-me quem é o dono disso. —
Ele enfia os dedos mais fundo.

Estremeço mais algumas vezes. — Dexter Collins, é dele.

— Maldição, certo.

Exalo um grande suspiro. Quando termino, fico de pé na


frente dele e endireito minha saia.

Dex olha para suas calças compridas e depois para mim.

Dou um tapinha no ombro dele. — Desculpe meu


homenzinho de escritório, eu preciso voltar ao trabalho.

— Mas que mer...

Já estou quase na porta antes que ele possa se levantar


e se virar para mim.

Eu sorrio. — Eu disse que me vingaria. — Destranco a


porta e abro pela metade, então volto. — Talvez eu consiga
compensar mais tarde, se você me levar para jantar.

Ele sorri de volta. — Você está encrencada.

— Muito? — Eu sorrio.

— Isso são vinte e três strikes. Melhor embalar a merda


do almoço esta noite, Whitley.

Um arrepio sobe pela minha espinha ao pensar no que


ele vai fazer comigo. Missão cumprida. Meu dia inteiro vai ser
incrível agora, antecipando esta noite.
— Vejo você mais tarde, Sr. Collins. — Eu balanço meus
quadris enquanto saio pela porta.

EU SAIO do trem e sigo um quarteirão em direção ao


apartamento de Dex, correndo o mais rápido que posso. É
difícil carregando uma caçarola comigo. Tive que correr pelo
meu apartamento enquanto a Barbie gemia sem parar
enquanto eu fazia isso.

Rezo para que seja uma oferta de paz suficiente, porque


não tenho ideia do que Dex terá reservado para mim quando
eu chegar lá. Eu o deixei na mão e até me senti um pouco
culpada, mas foi muito divertido. Nunca joguei joguinhos
sexuais como este. É tão sexy. Quando ele finalmente
conseguir o que deseja, será muito melhor para nós dois. É o
que digo a mim mesma, mas secretamente, me preocupo, fui
longe demais. De alguma forma, ele me faz sentir tão
confortável e sexy, que não tenho medo de fazer o que quiser.
Quanto mais penso nisso, mais acho que é assim que deve ser.

Adoro como ele me faz sentir confiante no quarto ou no


escritório, quando as portas estão trancadas e ninguém pode
ver, obviamente.
Eu ando pela frente do prédio e pulo no elevador até o seu
andar. Quando chego à porta da frente, toco a campainha.

A porta se abre, mas não há ninguém na frente dela.

— Você está atrasada. — Sua voz ecoa pela porta de


entrada, mas ainda não o vejo em lugar nenhum.

— Eu trouxe...

— Traga sua bunda aqui.

Meu batimento cardíaco aumenta.

Dou alguns passos hesitantes pela porta e sinto uma


presença deslizar atrás de mim. Eu começo a me virar.

— Não se vire, porra, Srta. Whitley.

Minha respiração engata. — Então, estamos mantendo as


coisas formais...

Algo envolve meu rosto, cortando minha frase, e percebo


que é uma das gravatas de seda de Dexter do trabalho. Ele
cobre meus olhos e amarra nas costas, com um pouco mais de
força do que o necessário.

— O que é isso? — Ele pega o prato da minha mão.

— Humm, pudim de banana caseiro.

O silêncio é total e não consigo ver. É um pouco


desorientador, para dizer o mínimo.

— Dex, o que você está fazendo?


Seu dedo desliza até meus lábios. — Shh. Você apenas
faz o que eu digo, entendeu?

Isso é tão assustadoramente intenso. Não sei se deveria


estar com medo ou exultante. Ele tem um daqueles quartos
vermelhos em seu apartamento que eu não conheço? Não sei
como me sentiria com tudo isso, mas algo dentro de mim
realmente quer ver aonde isso vai dar.

— Me siga. — Ele me pega pela mão e me leva pelo


corredor.

Pelo menos, é para onde acho que estou indo. Eu não


tenho nenhuma ideia terrena onde estou em seu apartamento
neste momento. Ele me leva em um quarto, em seguida, libera
minha mão.

— Fique aí.

Eu faço o que ele diz, então o ouço colocar o prato em


alguma coisa.

Ouço seus pés no chão de madeira enquanto ele caminha


de volta. Suas mãos vão para os botões da minha calça jeans
e instintivamente eu me contorço.

Ele agarra meus quadris e enfia os dedos. — Fique quieta,


ou você só vai tornar isso pior para você.

Por algum motivo, posso sentir o sorriso em seu rosto,


como posso sentir que ele está gostando imensamente.

— Isso seria tão ruim?


— Provavelmente, não. — Ele abre os botões da minha
calça. — Para mim, de qualquer maneira.

Ele desliza minha calça para baixo e eu chuto meus saltos


para fora, em seguida, saio dela. Em seguida, ele agarra a
bainha da minha blusa e a levanta lentamente sobre a minha
cabeça.

— Porra, seu corpo pertence ao Louvre.

— Obrigada, senhor.

Ele sibila um suspiro. — Você não tem ideia do que


acontece comigo quando você me chama assim.

Suas mãos percorrem meu corpo, acariciando e


massageando cada centímetro quadrado de mim para cima e
para baixo, até que sinto seu rosto bem na minha frente e seu
hálito quente toca em meus lábios.

Ele não me beija, no entanto. Apenas me provoca como


se pudesse fazer isso.

Já estou molhada para ele. Minha calcinha está


encharcada.

Lentamente me recua com nada além de seu corpo rígido


pressionado contra meu peito até que eu corro para o que
presumo ser a cama. Eu pulo com o impacto repentino.

Sua mão desliza pela minha barriga para um dos meus


seios e ele o agarra com força sobre o meu sutiã, então, de
repente, seus dedos se espalham pelo meu peito e ele me
empurra para trás.

O pânico toma conta do meu corpo enquanto eu caio até


que minhas costas tocam seu colchão.

Ofego incontrolavelmente, com meu coração disparado.


— Puta merda.

Eu o ouço andar ao redor da cama enquanto eu vou para


o meio.

— Deita. — Sua voz explode pelo quarto.

Eu faço exatamente o que ele diz, porque puta merda, é


tão sexy. Meus sentidos estão em alerta. Som, cheiro, toque...
tudo é tão intenso.

Ele pega uma das minhas mãos e delicadamente, eu o


sinto deslizar algo em volta do meu pulso e ele o amarra. Então,
enquanto meu cérebro processa o que ele está fazendo, ele
puxa meu braço para trás e me amarra à cabeceira da cama.

— Oh, uau, eu nunca fui amarrada antes.

— Ótimo. — Ele se inclina na frente do meu rosto, para


que eu possa senti-lo a centímetros de mim. — Serei o seu
primeiro em tudo daqui em diante. — Não há incerteza em sua
voz quando ele diz isso.

Faz a mesma coisa com meu outro braço e minhas duas


pernas, até que estou parada no centro de sua cama, todos os
quatro membros esticados, em nada além de meu sutiã e
calcinha.

Dexter sobe na cama. Eu sinto seu peso mudando ao meu


lado.

— Olhe para essa porra de corpo. — Sua mão desliza ao


longo de minhas costelas e ele traça um dedo pelo meu ombro.
— Tão indefesa. Nenhum lugar para você ir.

Eu me contorço, mas não adianta. Eu não consigo me


mover.

— Eu poderia fazer o que diabos eu quisesse com você


agora, Abigail.

Seja sexy. Pelo amor de Deus, seja sexy e excite-o mais


agora.

— Faça isso então. — Eu cuspi as palavras para ele.

Ele dá uma risadinha. Sua mão viaja sobre os meus seios.


— Eu poderia foder seus peitos. — Seus dedos deslizam para
cima e ele enfia dois deles na minha boca com tanta força que
quase engasgo, mas suas palavras permanecem calmas e
compostas. — Poderia foder essa boca bonita.

Oh, meu Deus, posso morrer.

Sua mão lentamente desce por meu estômago e ele me


segura em sua palma. — Essa boceta. — Dois dedos
escorregam mais para baixo e ele os pressiona com força
contra minha bunda.
Eu me contorço na cama, mas, oh, meu Deus, é uma
sensação tão agradável.

— Tão suja. Olhe para você, está gostando. — Ele aplica


ainda mais pressão e ouço sua respiração ficar irregular. — Eu
definitivamente poderia foder essa bunda. Eu poderia enfiar
meu pau em qualquer lugar que coubesse em você.

Meus pensamentos correm, mas eu nem tenho tempo


para processar todas as coisas sujas que ele está me dizendo
porque sua mão desliza em volta da minha garganta.

É extremamente possessivo, mas não me sufoca, apenas


agarra com força o suficiente para que eu saiba que sua mão
está lá. Eu suspiro porque não sei por quanto tempo vou
aguentar toda essa antecipação.

— Não se preocupe. Eu tenho você a noite inteira, vou


levar meu tempo.

Sua mão desliza para o meu seio e em um movimento


violento ele puxa o copo para baixo, expondo-me ao ar. Meus
mamilos endurecem com seu toque. Ele estende a mão e puxa
o outro para baixo da mesma maneira. Muito lentamente, se
inclina e roça meus mamilos com a ponta da língua.

Estremeço e luto contra as amarras por um segundo


rápido, antes de relaxar novamente. Quero agarrar sua cabeça
e colocá-la entre minhas pernas, mas não posso fazer
absolutamente nada amarrada assim. É uma agonia.
Sua mão desliza para baixo e ele acaricia minha boceta
sobre a calcinha. — Olha como você está molhada, Abby. Você
gosta dessa merda suja, não é?

— Não. — Eu balancei minha cabeça. — Não me faz sentir


nada.

Ele não cai nessa de jeito nenhum. Apenas dá uma


risadinha. — Claro. Claro. Você odeia isso, não é? — Ele desliza
um dedo dentro da minha calcinha e esfrega sobre o meu
clitóris. — Sim, olhe o quão rápido você está respirando. Posso
ouvir seu maldito coração disparado. Definitivamente quer que
eu pare.

Meus quadris me traem e se erguem contra sua mão.

— Tão responsiva. — Então, seu dedo desliza mais para


baixo e ele o pressiona contra minha bunda novamente.

Desta vez, eu rolo meus quadris e empurro minha bunda


contra sua mão.

Ele ri novamente. — Exatamente como eu pensava. Você


quer ser minha putinha imunda, Abigail?

Aceno furiosamente, incapaz de jogar mais este jogo. —


Eu farei o que você quiser. Só não pare de me tocar, por favor.

Imediatamente se levanta da cama e é como se eu


pudesse sentir quando sua presença se foi.

Eu me contorço contra minhas restrições. — Dex, por


favor. Estou tão perto. Volte, eu preciso disso. — Inferno, eu
me conformaria em montar em seu travesseiro maldito neste
momento.

Sua porta se fecha e ele me deixa lá. Cara, que loucura


ele me deixar sozinha, amarrada na cama!

— Dex! Dex! — Eu continuo gritando.

Fico esperando por uns bons três minutos e em seguida


ele retorna. Só sei porque ouço as dobradiças na porta e depois
os pés dele no chão de madeira.

— Eu vou te matar quando você me deixar levantar.

— Altamente duvidoso. Você vai implorar por mais, confie


em mim.

— Como desejar. — Levanto minha cabeça o máximo que


posso, tentando ter uma noção de onde ele está.

Está completamente silencioso.

Sua mão agarra meu cabelo e me puxa para a cama. Eu


suspiro quando seus nós dos dedos cavam em meu couro
cabeludo. Como ele chegou aqui tão rápido? Eu nem o ouvi.

Inclina-se e eu posso sentir a boca dele a centímetros da


minha. — Sua boceta está encharcada. Seu corpo me diz
quando você mente.

Eu começo a dizer algo e, oh, meu Deus.

Algo gelado entra em contato com meu mamilo e as


deliciosas gotas geladas percorrem meus membros.
Que diabo é isso? Parece uma colher.

Ele esfrega em ambos os meus mamilos, e é tão incrível.

Em seguida, desliza a parte curva para baixo em meu


estômago. Quando chega à minha pélvis, ele puxa minha
calcinha até a metade das minhas pernas.

Puta merda, ele não...

Ele faz.

Esfrega as costas da colher em mim e a pressiona no meu


clitóris.

Nunca na minha vida pensei que um homem me faria


gozar com uma colher, mas Dex quase não me tocou e está
bem perto.

Ele esfrega a colher em pequenos círculos em cima de


mim.

Seus dedos traçam uma linha até minha mandíbula e, em


seguida, ele puxa a gravata de meus olhos.

Quando meus olhos se ajustam à escuridão do quarto,


vejo Dex ao meu lado, completamente nu.

Ele está com o pudim que eu trouxe, ele pega um pouco


e finge saborear sua primeira mordida, bem na minha frente,
com a colher que ele acabou de esfregar em mim.

Pode ser a coisa mais sexy que já vi na minha vida.


Ele lambe, sem pressa, enrolando a língua em torno dele.
Então, seus olhos pousam nos meus e ele aquece todo o meu
corpo com nada além de seu olhar. — Melhor pudim de merda
que já comi na minha vida. — Ele pega outro pedaço e enfia na
boca. — Tem gosto de banana. — Ele se inclina para o meu
ouvido. — E você.

Meu peito arfa para cima e para baixo com respirações


profundas, observando-o comer o maldito pudim bem na
minha frente. Eu preciso tanto dele agora. Meu corpo está em
chamas. Eu sofro só de vê-lo, e quando eu acho que não pode
ficar mais sexy, ele pega um pouco de pudim e despeja bem em
cima da minha boceta, em seguida, espalha lentamente com a
colher, seus olhos nunca deixando os meus o tempo todo.

Em seguida, ele faz o mesmo, bem em cada um dos meus


seios. Em seguida, cada lado do meu pescoço. Ele espalha
pudim na parte interna das minhas coxas e faz uma pequena
trilha dos meus seios até o estômago.

— Isso deve ser o suficiente. Estou faminto.

O ventilador está sobre nós, e posso sentir o frio em todos


os lugares onde ele colocou o pudim em mim.

Ele leva seu doce tempo, caminhando e colocando o prato


em sua mesa de cabeceira, junto com a colher. A espera está
me matando. Eu me contorço na cama, coberta de pudim que
corri para fazer depois do trabalho. Pode ser a melhor oferta de
paz de todos os tempos.
Ele move a gravata de volta sobre meus olhos até que tudo
fique preto novamente. — Estarei de volta em breve, e eu terei
você de sobremesa.

Não sei quanto mais posso aguentar. Está insuportável.

Ele sai por mais cinco minutos que parecem uma hora.
Desta vez, eu nem mesmo o ouço. Não sei o que aconteceu até
que duas mãos abram minhas coxas o máximo que podem e
então acontece de uma vez.

Sua língua entra em contato com a minha pele e ele lambe


o pudim do interior das minhas coxas, constantemente
roçando nas bordas de onde eu preciso de sua boca, mas sem
fazer contato direto.

Eu me movo contra as restrições em agonia, tentando


fazê-lo acelerar, mas ele não o faz. — Não consigo segurar, Dex,
você não tem ideia.

— Porra, não goze até eu terminar. Ou vou deixar você


amarrada a noite toda.

Eu aceno. — Ok.

Eu posso fazer isso. Eu posso fazer isso. Não há nenhuma


maneira no inferno de você durar até que ele termine. É
impossível.

Dex ignora minha boceta, uma vez que ele termina com
minhas coxas, e paira sobre mim até meu pescoço. Ele limpa
os dois lados com a língua, e luto contra o desejo de arquear
meu peito contra ele. Seu pau duro se arrasta em meu
estômago, e eu sei que ele está coberto de pudim. Posso sentir
que está manchando meu peito.

— Você me fez fazer uma bagunça. — Suas mãos seguram


meu queixo e seus dedos apertam minhas bochechas até
minha boca formar um grande O. — Preciso que você cuide
disso para mim.

Concordo, ansiosa para fazer qualquer coisa para me


livrar dessas preliminares torturantes que eu secretamente
quero que nunca acabe.

Ele pressiona a cabeça de seu pau até meus lábios, e eu


abro imediatamente e o levo para dentro. Com certeza, assim
que ele empurra em minha boca, eu provo o pudim de cima a
baixo dele. Não posso ficar para trás, e quero ser sexy para ele,
então, assim que ele puxa seu pau para longe da minha boca,
eu digo: — Suas bolas também, senhor.

Ele geme alto e interrompe o personagem por um breve


momento. — Foda-se, Abby. Você está me matando.

Ele abaixa as bolas e eu lambo e chupo cada uma delas,


até ter certeza de que tirei cada partícula de pudim de banana
delas.

Dex paira de volta para baixo e lambe meus dois seios.


Ele morde meus mamilos e chupa até que estou me
contorcendo de agonia.

— Você vai ter que se apressar. Eu não vou durar.


Ele abre minhas pernas e sua língua se conecta ao meu
clitóris. Eu empurro meus quadris o mais forte que posso para
ele enquanto ele me fode com a boca.

— Por favor, Dexter. Por favor. — Arrasto a última palavra


em um gemido. Minhas mãos agarram sua cabeceira da cama,
e estou prestes a quebrar em um milhão de pedaços.

— Ok. — Quando ele diz isso, empurra seu pau grosso


dentro de mim, e eu gozo em cima dele. — Porra, Abby. — Ele
geme as palavras enquanto eu o aperto e tenho o orgasmo mais
intenso da minha vida.

Em minha experiência sexual limitada, houve orgasmos


autoinduzidos, orgasmos regulares induzidos por Dexter e
então este orgasmo. Esse orgasmo está em outro plano de
existência.

Minha mente está um borrão, meus braços e pernas


tremendo, meu corpo inteiro se contorcendo contra as
restrições. Sua cabeceira bate contra a parede, batendo alto o
suficiente para que qualquer um em um raio de três
quarteirões possa ouvir. Eu aperto em torno dele enquanto
meus quadris resistem incontrolavelmente.

— Dexter... — Eu gemo seu nome.

Estou em uma névoa, flutuando nas nuvens e é como se


uma droga forte corresse pelas minhas veias até a ponta dos
dedos das mãos e dos pés. Não sei quanto tempo dura, mas é
pura euforia. Fogos de artifício de estrelas difusas na frente
das minhas pálpebras. Depois de alguns longos segundos,
inferno, podem até levar minutos, meu cérebro retorna de uma
névoa temporária e eu viro minha cabeça, o quarto ainda
completamente escuro.

Eu aperto minhas mãos e pernas, ofegando


incontrolavelmente. — Tire essa merda de cima de mim, agora.

Ele desliza a venda para baixo e seus olhos se arregalam


quando ele me vê, e desamarra furiosamente todas as amarras.
No segundo em que meus braços e pernas estão livres,
mergulho nele e o jogo de costas. Antes que ele possa se
recuperar, eu monto e coloco seu pau de volta dentro de mim.
E começo a rolar meus quadris, montando nele tão forte
quanto posso.

— Puta que pariu. — Seus olhos rolam para trás, em


seguida, estreitam-se nos meus.

Antes que eu percebesse, ele me virou de costas e está


por cima, bombeando. Nem tenho certeza se sei o que acontece
depois disso, mas somos uma confusão de braços e membros
emaranhados. Dex me fode com tanta força que gozo sem
perceber e todo o meu corpo sofre espasmos embaixo dele.

— Deus, Abby, foda-se. — Ele grunhe e geme. Todo o seu


corpo enrijece e ele goza dentro de mim. É como se nunca
acabasse, pois ele me preenche tanto que flui ao redor de seu
pau e desce pelas minhas coxas.
Nós dois ofegamos pesadamente, olhando nos olhos um
do outro, então nós dois sorrimos um para o outro.

Ele permanece acima de mim por um longo momento e


afasta uma mecha de cabelo rebelde e suada do meu rosto. —
Você é minha. — São as únicas palavras que ele diz e então cai
no meu ombro e se aninha no meu pescoço, com seus braços
em volta de mim.

Sim. E não está errado.


Abigail

JÁ SE PASSARAM EXATAMENTE quatro dias desde o incidente


do pudim. É assim que estou chamando, de qualquer maneira,
e tem sido impossível pensar em outra coisa.

Reúno todas as informações que Rick Lawrence me deu


sobre Wells Covington. Ainda não olhei para nada disso e
Decker me pediu o mais rápido possível. Eu olho para a página
inicial e vejo sua foto. Seus olhos escuros me encaram e, por
algum motivo, isso envia um arrepio na minha espinha.

Provavelmente porque ele estava lá na noite em que


Dexter e eu tivemos uma grande briga. Acho que ele só me traz
uma memória de merda, mas não posso evitar o efeito que sua
foto tem sobre mim. Ele ficou lá e basicamente encorajou
Dexter, pulando, expressando sua aprovação. Idiota.

Ainda me pergunto porque Decker está investigando seu


passado. Ele fez isso para alguns outros clientes, mas
geralmente são casos criminais, não para clientes financeiros
em potencial. Parece estranho, mas tenho certeza de que
Decker tem um bom motivo. Você não constrói uma firma
desse porte sem ser inteligente e cuidadoso.
Tenho certeza de que Dex já sabe disso, mas não gosto de
falar sobre trabalho quando estou com ele. Tenho o suficiente
disso aqui e temos muitas outras coisas a fazer. Sem falar que
quando você fala de dinheiro ou trabalha com Dexter, ele fica
com aquela cara de tubarão, como se fosse tudo o que
importasse. Amo o possessivo Dexter, mas gosto de uma boa
mistura daquele cara com o menino que me conta sobre
telefonemas com a mãe.

Faço o meu melhor para permanecer profissional no


trabalho, bem, além da vez em que ele me bateu em seu
escritório, mas fora isso, minha força de vontade me manteve
sob controle desde então. Ele está sempre tentando me dar
beijos furtivos e me tocar na frente das pessoas sempre que
tem a chance, e eu ainda tenho que dizer a ele para parar com
isso.

Corro para o escritório de Decker para entregar o arquivo


a ele. Ele está indo embora e quero alcançá-lo antes que ele
saia para o fim de semana. Ouvi Tate mencionar algo no
almoço sobre eles irem para fazer os planos de casamento e ela
estava escapulindo do escritório mais cedo. Quando é o
casamento deles, afinal? Deve estar chegando, mas eles ainda
não anunciaram uma data, embora já tenham feito as
despedidas de solteiro e solteira. Em Dallas, Tate já estava de
volta há algum tempo. Eu fui para casa naquele fim de semana
e saí com elas.

Quando chego ao escritório de Decker, ele sai pela porta


com Tate.
Eu me coloquei bem no caminho deles. — Oi, Sr. Collins,
eu tenho aquele uhh, projeto no qual você me designou. — Eu
olho ao redor porque não tenho certeza se Tate deveria saber,
e gosto de seguir as instruções ao pé da letra quando recebo
uma tarefa.

— É ultrassecreto ou algo assim? — Tate pergunta.

Decker a ignora. — Obrigado. Ótimo trabalho. — Ele o


arranca da minha mão.

— Aproveite o seu fim de semana.

— Você também. — Tate pisca para mim como se


soubesse de algo que eu não sei.

Eu os vejo sair totalmente apaixonados um pelo outro.


Ela o provoca sobre o arquivo, ele sussurra algo em seu ouvido
e ela ri. Decker é definitivamente um durão. Tate também, mas
acontece algo entre os dois juntos, que abranda um ao outro.
O homem é apaixonado por ela. Eu vejo isso na maneira como
olha para ela quando pensa que ninguém está olhando. Ele
olha para ela como Deacon olha para Quinn e como oh, meu
Deus.

É exatamente da mesma maneira que Dexter olha para


mim.

Não sei porque esse pensamento me atinge naquele


momento, em uma sexta-feira, no meio do escritório. Mas bate
no meu peito como um caminhão.
Respiro fundo. Puta merda. Quer dizer, não acho que
Dexter esteja apaixonado por mim. Isso é loucura, mas ele
definitivamente gosta muito de mim. Reconheço no olhar e fui
estúpida por não perceber antes.

Quando volto à minha mesa, Dexter está esperando por


mim. Sento-me enquanto ele se inclina sobre o cubículo. — Ei,
você. O que você está fazendo?

Ele tem aquele sorriso infantil no rosto e me lança aquele


olhar que acabei de ver em Decker quando ele olhou para Tate.
— Não faça planos para esta noite. Eu tenho uma surpresa.
Pego você às sete.

Não tenho a chance de contestar porque ele


imediatamente se vira e sai pelo corredor.

Ok, dou uma olhada em sua bunda quando ninguém está


olhando. Só uma vez, porém.

Droga, é um belo traseiro também.


Dexter

EU PASSO pelo meu apartamento e tomo um banho rápido


antes do meu encontro com Abigail. Por algum motivo, sempre
me ocorre momentos de clareza no chuveiro. É onde eu tenho
meus melhores pensamentos fora do escritório. Geralmente é
sobre trabalho, mas não neste caso.

Ou estou louco ou estou me apaixonando. Nunca planejei


muito meus encontros, com as mulheres com quem estava
saindo. Posso ajudar meus irmãos quando eles precisam,
porque eles são ignorantes e eu sou incrível, mas eu tiro sarro
deles por fazerem essa merda.

O que isso significa? Sei que não estou apaixonado por


Abigail. É muito cedo e se apaixonar é para maricas. Eu amo
enterrar meu pau dentro dela, no entanto. Graças a Deus ela
está tomando pílula porque fui imprudente. Gozando dentro
dela como um idiota, simplesmente não consigo evitar. Os
momentos são tão intensos e... Nunca foi assim com ninguém.
Existe uma conexão aí. Uma força da qual não consigo me
afastar.
Posso definitivamente ver um futuro com ela. Eu sei que
ela tem reservas em levar alguém a sério. Já mencionou várias
vezes, e isso aquece meu sangue sempre que a ouço dizer.

Você teria que ser cego para não ver que funcionamos
bem juntos. Nós nos encaixamos. Ela pode ser jovem e não
querer se acomodar, mas eu sei que também sente isso. É mais
do que luxúria. Pensei que era só isso no início, e uma vez que
eu a fodesse, eu a teria fora da minha vida e iria querer seguir
em frente, mas não consigo. É muito mais profundo do que
levá-la para cama. E eu sinto o puxão a cada maldito dia. Só
quero acordar e ver o rosto dela. É doloroso quando ela não
está perto de mim.

Eu mando uma mensagem rápida para Abigail para que


saiba que estou a caminho. Quando eu chego ao prédio dela,
eu a vejo olhando para mim em sua janela. Subo as escadas
de dois em dois em vez do elevador.

Ela abre a porta antes que eu chegue lá, e passo direto


por ela.

— Dex, o que...

— Você precisa de uma bolsa para passar a noite.

— Oh. — Ela sorri antes que o reconhecimento se


estabeleça. — Ohh. — Ela estende a sílaba desta vez.

Sua colega de quarto vira o corredor com um robe e grita


quando me vê.
— Abigail, por que diabos ele está...

Eu levanto a mão. — Poupe isso. Estarei fora em dois


segundos. Volte para o seu quarto.

— Você não me diz o que...

Eu olho diretamente para ela. O olhar que reservo para o


advogado da oposição e meus piores inimigos, quando eu
costumava julgar casos criminais logo depois da faculdade de
direito.

Ela imediatamente gira e caminha para seu quarto.

— Santo Deus. Como você fez isso? — Abigail me olha


boquiaberta como se eu fosse algum tipo de mágico.

— Não importa. Apresse-se antes que ela mude de ideia e


volte aqui. Quero ficar de bom humor.

— Boa ideia. — Abigail vasculha seu armário, pega


algumas coisas e as coloca em uma bolsa. — Você tem que me
ensinar suas habilidades Jedi, Obi-Wan29. Isso melhoraria
drasticamente minha qualidade de vida.

Estendo minha mão. — Junte-se a mim e juntos podemos


governar a galáxia como... Merda, isso não funciona, não é?

Ela balança a cabeça como se eu fosse um idiota. — Isso


foi uma tentativa estranha de me fazer chamá-lo de papai?

29 Um mestre das terras altas, Jedi habilidoso e usuário da frase "Olá!"


Eu comecei a rir. — Não, na verdade, eu não sou muito
fã. É estranho.

Ela acena com a cabeça. — Concordo, nunca vou chamá-


lo assim.

— Obrigado. — Eu a beijo na testa. — E, eu não sei se o


olhar da morte pode ser ensinado. É apenas um talento
natural.

Ela lança um olhar falso para mim, uma imitação terrível


da minha carranca no tribunal.

Não consigo parar de rir e estendo minha mão


novamente. — Venha, maluca. Vamos para uma aventura.

Ela olha em volta e ri como uma garota escapando da casa


dos pais tarde da noite. — Ok. Vamos.

Nós dois descemos correndo as escadas, embora não haja


pressa, e saímos para a noite gelada, rindo como crianças.

Não acho que poderia me divertir tanto novamente. É


ainda melhor do que eu pensava, como brincar de esconde-
esconde com meus irmãos quando éramos pequenos na casa
do meu tio fora da cidade.

Abro a porta do passageiro para ela, pego sua bolsa e


coloco-a no porta-malas.

Volto para o assento do motorista. — Está pronta?


Abigail sorri. — Claro, que sim. Barbie é um pesadelo,
alternando entre raiva e choro.

— Tão ruim assim?

Abigail revira os olhos e geme. — Você não tem ideia. Não


sei como as mulheres fazem essa coisa toda de amiga30. Estou
exausta.

Os cabelos da minha nuca se arrepiam com atenção. —


O quê?

Ela pega meu antebraço e ri. — Não, eu não quis dizer,


tipo namorada, quero dizer, ser amiga de uma garota. Não me
importo de ser sua namorada.

Meu coração aquece imediatamente. Nunca discutimos


realmente nosso status de relacionamento. Nós meio que
passamos de zero a sessenta em questão de semanas. Eu
continuo olhando para ela sorrindo.

— Tem algo no meu rosto?

Eu balancei minha cabeça. — Não, nós apenas não


conversamos realmente sobre nós, sabe? Você se
autodenominou minha namorada.

— Oh. — Ela desvia o olhar. — Eu estava sendo


presunçosa?

30 No original: Girlfriend (Namorada) - Girlfriend nem sempre significa namorada. Essa palavra pode

significar simplesmente “amiga”.


Aperto a mão dela com força. — Inferno, não. De jeito
nenhum. Adorei ouvi-la dizer isso. Fiquei tão envolvido no
trabalho, e, bem, você... — Balanço minha cabeça e minha
mandíbula aperta. — Não fiz isso direito. Porra. — Eu olho para
janela. — Eu deveria ter perguntado a você. Deveria ter feito
alguma coisa. Parece que deveria ter sido um momento
romântico...

— Dex? — Ela balança meu braço.

Eu me viro para ela e não consigo evitar a vergonha que


passa por mim. — Sim?

— A resposta é sim, ok?

Não acho que poderia querer beijá-la mais do que estou


fazendo agora, mas, em vez disso, decido provocá-la um pouco.
— Sim, o quê?

Ela luta para conter um sorriso. — Você sabe o que, seu


grande idiota. — Ela me dá um tapa no braço.

Não aguento mais e a primeira coisa que me vem à cabeça


é dizer a ela que a amo.

Uau! Que porra é essa?

Minhas mãos ficam escorregadias no volante e meus


ombros enrijecem.

— Você está bem?


Eu olho além dela e jogo. — Não é nada. — Tento tirar o
pensamento da minha cabeça. Se eu estivesse dirigindo
sozinho, baixaria o vidro e gritaria. Eu sorrio. — Nós vamos
nos divertir hoje à noite. Combinado? — Estendo meu punho.

Ela bate e seu sorriso retorna. — Combinado.

— Você vai amar.

— Estou animada. — Ela está praticamente quicando no


banco.

Abigail é tão linda. Eu sou tão sortudo. Vou provar a ela


que essa merda é real entre nós. Ela pode dizer que é minha
namorada, mas a tensão persistente ainda está lá, como se ela
estivesse indo contra sua própria vontade. Preciso me livrar
disso rápido antes que envenene as coisas.

— Pode pelo menos me dar uma dica?

— Não. Mas confie em mim. Você vai amar.

— Tudo bem.

Poucos minutos depois, paro para chamar o manobrista.

Abigail olha ao redor. — Um hotel? — Seus olhos se


arregalam e ela murmura: — Um hotel muito bom. Merda...

— Sim.

Os manobristas abrem nossas portas. Um deles pega


minhas chaves e abre o porta-malas.
Entramos e verificamos nosso quarto. Eles carregam
nossas malas e nos conduzem até os elevadores e para a suíte.

O telefone toca e o gerente me diz que tudo está pronto


enquanto Abigail anda por aí, examinando o lugar. Não é o
último andar como Wells normalmente reserva, mas é bom pra
caralho. É uma suíte de canto com uma vista fantástica da
cidade.

— Isso é incrível, Dexter.

— Não viu nada ainda. — Eu estendo minha mão. — Está


pronta?

— Quase. — Seus braços me envolvem e ela me traz para


um beijo profundo e apaixonado. Depois de alguns longos
segundos, ela o solta. — Ok. Agora estou pronta.

Dou um tapa na bunda dela de brincadeira enquanto ela


caminha em direção à porta.

Pegamos o elevador até o terraço.

— Por aqui. — Eu a pego pela mão e estou tão animado


que estou quase tremendo.

— Oh, meu Deus, eu amo como você está animado. Você


parece um garotinho no Natal.

— Não quero criar muito entusiasmo, mas você vai


adorar.
O vento sopra forte entre os arranha-céus. — Para onde
você está me levando? Está congelando!

— Não se preocupe. Vai se aquecer bem rápido. Vamos.


— Acho que posso estar mais animado do que ela.

Bem quando estamos prestes a virar a esquina, eu nos


paro. — Espera aí, não tenho certeza se você está pronta.
Talvez nós devêssemos…

Ela passa voando por mim. — Dexter Collins, eu vou... —


Ela para em um segundo assim que vê. Sua mão cobre a boca
por um segundo, e então uma lágrima desliza pelo seu rosto.

Oh, Deus, estraguei tudo? Talvez tenha sido demais.

Ela está praticamente tremendo, e não sei se devo virar e


correr para as colinas ou o quê. Eu lentamente caminho até
ela com cautela em cada passo.

Ela olha para mim e sorri profundamente através das


lágrimas. Então, acena para mim e eu corro os últimos quatro
passos.

Envolvendo seus braços em volta do meu pescoço, diz. —


Oh, meu Deus, é... Você... — Ela se inclina e me beija, então
se afasta. — Nem consigo falar, estou uma bagunça agora.

Eu a giro de volta para encará-la e envolvo meus braços


em volta dela por trás.

— Não posso acreditar que você fez isso. Como...


— Eu conheço o gerente. Venha, siga-me. — Eu a pego
pela mão.

Abigail não consegue desviar os olhos do rinque de


patinação no telhado. Arranha-céus altos se erguem ao nosso
redor e árvores de Natal perenes formam um perímetro ao
redor. Eles estão cobertos com laços vermelhos e decorações
de Natal.

Terminando de amarrar nossos patins, estendo o braço.


— Ok? Pegamos o lugar só para nós pelas próximas horas. Eu
fiz bem ou o quê?

— Sim, você... é simplesmente perfeito, e me


surpreendeu, como de costume. — Ela vira a cabeça,
absorvendo tudo. — É incrível. — Parece que vai chorar de
novo e enxuga o canto do olho. — Ninguém nunca fez algo
assim por mim antes. Não para um encontro.

Eu pego suas mãos e olho para ela. — Eu sei que tenho


alguns remendos difíceis de trabalhar. Eu não sou perfeito. —
Aponto em direção ao gelo. — Isto é apenas o começo.

Ela engancha um braço no meu e não consegue parar de


sorrir. Não acho que poderia ficar mais perfeito, mas uma vez
que estamos ao ar livre, muito lentamente, grandes flocos de
neve começam a flutuar ao nosso redor. Se isso não era para
ser, não sei o que diabos é.

Chegamos à borda e eu a ajudo a subir no gelo. Seus


joelhos vacilam e tremem.
— Calma. Eu conduzo você. — Agarro sua cintura e a guio
até que ela fique equilibrada.

Abigail ri. — Pareço um bezerro recém-nascido


encontrando suas pernas.

Balancei minha cabeça. Garotas do sul. — Vou ter que


acreditar na sua palavra.

Ela parece totalmente relaxada, apesar do fato de que


suas pernas estão trabalhando horas extras para manter o
equilíbrio. — Eles se parecem comigo, desajeitada.

— Você está indo muito bem, vamos lá.

Eu a conduzo pela pista lentamente.

Ela continua olhando. — Sério, Dex. Obrigada por isso. É


muito divertido. Eu não tinha ideia de que isso é o que
faríamos.

— Tenho mais planos para amanhã.

— O que mais poderia haver?

— Você vai ver. — Eu patino e corto ao redor do gelo


algumas vezes, então vou até ela e giro para trás, agarro suas
mãos e a puxo junto comigo.

— Muito bem, espertinho. Agora estou impressionada.


Onde você aprendeu a fazer isso?

— Todo mundo aqui sabe patinar. É como jogar futebol


no Texas. Joguei hóquei quando era mais jovem. Minha mãe
disse que eu precisava de uma válvula de escape saudável para
queimar energia e eliminar um pouco de agressividade.

— Eu poderia te ajudar um pouco com essa agressão.

Meu pau estica contra meu zíper quando ela diz coisas
assim. — Não seja uma provocadora. Eu ainda lhe devo mais
uma. Ainda não estamos quites.

— Não tenho ideia do que você está falando. — Ela finge


inocência. — Estamos totalmente equilibrados.

— Oh, palhaça do Natal. Não finja inocência. Você sabe


exatamente o que fez. Me deixou todo excitado em duas
ocasiões diferentes e depois me transformou em fantasma. —
Eu desacelero até parar, puxando-a para um beijo.

— Eu, não. Sou uma senhora do sul. — Ela usa um


sotaque sulista falso que é muito exagerado.

Verdade seja dita, é meio sexy. Eu não me importaria se


ela fizesse isso de novo.

Nossos lábios se encontram, e sua boca se abre,


convidando-me para um beijo profundo.

Isso me incendeia por dentro. Eu preciso dela, como


agora. Depois que nos separamos, eu dou a ela um sorriso. —
É melhor nos acalmarmos, não queremos derreter o gelo.

— Ok, isso foi brega. — Ela balança a cabeça, rindo.

— Eu achei muito bom. Me beijar é como...


Ela coloca a mão no meu peito. — Apenas pare Dex. Você
está se envergonhando.

Eu a puxo para mim e a levanto do gelo. Nossas bocas se


conectam novamente, e eu nos giro lentamente enquanto a
beijo. É incrível pra caralho. Talvez o momento mais perfeito
da minha vida com as árvores de Natal, os arranha-céus e a
neve caindo ao nosso redor.

Depois que nos separamos, eu embalo Abigail em meus


braços e patinamos juntos algumas voltas. Ela se aninha perto
de mim e parece segura, como se se sentisse em casa. É
espantoso. Eu poderia fazer essa merda por horas.

Finalmente, do nada, ela diz: — Continue assim e eu vou


chupar seu pau com tanta força que você não vai conseguir
respirar.

— O quê...? — Isso me pega de surpresa e meus pés voam


debaixo de mim.

Tudo que eu posso ouvir é o som do grito de Abigail e


então ela rindo enquanto ela desce bem em cima de mim.

— Você está bem? Está machucada? — Eu me esforço


para tentar me levantar, mas ela monta em mim e me segura
no chão.

Ela está morrendo de rir. — Sinto muito, eu só... — Ela


imita o que acabou de acontecer, com meias frases que não
fazem sentido, e ela ri tanto que não consegue respirar. — Você
estava apenas, então... E então eu disse...
Aceno, tentando segurar uma risada. — Não se diz uma
merda dessas quando alguém está patinando em cima de um
bloco de gelo.

Ela está quase hiperventilando. Suas bochechas estão


rosadas. Finalmente, ela desabou sobre mim e ficamos
deitados no gelo, como dois idiotas, eu de costas e ela em cima
de mim.

Antes que eu possa pensar, digo: — Estou me


apaixonando por você, Abby.

Espero que ela decole tão rápido que deixe um rastro de


vapor para trás. Mas, ela não faz isso. Pressiona os lábios sobre
os meus por um longo segundo, depois suspira. — Eu sei.

Eu a viro e faço cócegas em suas costelas. — Sério, você


vai me fazer de Han Solo assim?

Ela está rindo tanto que mal consegue respirar de novo.


— Sim, quero dizer, estávamos no gelo e comecei a pensar em
carbonita, em Harrison Ford e meio que...

Paro de fazer cócegas nela por um segundo, em seguida,


empurro uma mecha de cabelo de seu rosto. Ela me encara
com aqueles olhos azuis que poderiam parar o coração de um
homem. — Também estou apaixonada por você, Dex. Muito. —
Ela desvia o olhar. — É horrível, e isso me assusta.

Eu seguro sua bochecha em minha palma. — Por quê?


Ela põe a mão na minha e se inclina para ela. Porra, eu
amo quando ela faz isso. Ela está tão vulnerável agora, seus
sentimentos totalmente expostos. — Porque você poderia me
machucar. Tipo, você poderia realmente me machucar.

Balancei minha cabeça. — Nunca vou te machucar, Abby.


Eu prometo.

Ela me encara. Seu rosto endurece, então estende a mão


e segura minha bochecha. — Por favor, não faça promessas
que não pode cumprir.

— Eu nunca vou quebrar essa promessa, não vou.

Ela acena com a cabeça. — Ok.

Ainda não consigo dizer se ela acredita em mim ou não,


mas não me importo. Jamais partirei seu coração, então não
tenho nada com que me preocupar. Somos perfeitos juntos.

— Vamos. Você está ficando com frio. Vamos aquecê-la


com um pouco de chocolate quente. — Nós patinamos até os
bancos e colocamos nossos sapatos, em seguida, vamos para
a sala aquecida. Trouxe chocolate quente do Lavazza e
cachorros-quentes do estilo Chicago do Hot Doug's, ambos os
melhores da cidade.

— Jesus, quantos marshmallows você colocou aí? — Eu


rio da montanha caindo sobre a borda de sua caneca.
— Do que você está falando? Me processe. Eu gosto de
um pouco de chocolate quente com meus marshmallows. —
Ela joga um para mim.

— Deus, você é adorável. — Eu tiro chantilly do topo do


meu e coloco em seu nariz.

— Você está tão morto por isso. — Ela não enxuga.

— Estraguei sua maquiagem? — Eu sorrio.

Sua boca cai. — Não estou usando maquiagem.

Estreitei meus olhos. — Tem certeza?

— Sim, eu tenho certeza.

Olho para minha xícara. — Eles vão despedir você de ser


uma palhaça do Natal se você não se maquiar.

— Oh, agora você é realmente um homem morto.

— Sim, claro, venha aqui. — Eu a abraço ao meu lado e


beijo o topo de seu cabelo. — Você está pronta para ir para o
nosso quarto?

— Depende.

— De que?

— Você vai parar de ser mau comigo?

— Oh, pare de bancar a vítima. Você adora. — Aperto seu


quadril e deslizo minha palma sob seu suéter.
— Puta merda... sua mão está fria.

— Então me aqueça.

Abigail me encara com um sorriso bobo.

Eu a beijo mais uma vez e deslizo minha mão mais longe


e belisco um de seus mamilos.

Ela se afasta e acena com a cabeça. — Sim, vamos para


o quarto.

ABIGAIL CORRE ao redor do quarto do hotel, vestindo


roupas, ainda mais animada do que na noite anterior. — Não
sabia que haveria um desfile de Natal. Você está falando sério?
Ainda nem é Dia de Ação de Graças.

Todos os anos eles têm o Desfile de Natal da Magnificent


Mile e a cerimônia de iluminação das árvores. É uma semana
antes do Dia de Ação de Graças, mas quando Abigail me disse
como ela fica louca no Natal, eu sabia que teria que levá-la.

— Nunca brincaria sobre o Natal. — Eu olho para o canto


do teto. — Não perto de você, de qualquer maneira.
— Malditamente certo. É melhor você não fazer quando
eu também não estiver por perto. Não estou brincando, Collins.
— Ela balança o dedo para mim com raiva falsa. — Não sei por
que eu aturo você.

Eu levanto minha mão enquanto conto as razões em cada


dedo. — Você gosta de me foder. Eu te levo em encontros
incríveis. Eu faço você se sentir querida. Presto atenção aos
detalhes.

— Droga, você é bom. — Ela ri. — Percebi que me listou


te foder primeiro.

— Estava em ordem de prioridades, sim.

Ela balança a cabeça. — Você é tão arrogante.

— Eu sei. — Eu bato de brincadeira na bunda dela. —


Vista-se ou vou acorrentá-la à cama e comer sua boceta o dia
todo.

Ela encolhe os ombros. — Podemos chegar num meio


termo?

Levanto uma sobrancelha. — Como assim?

— Você pode fazer o que acabou de dizer, contanto que


estejamos no desfile na hora certa.

Meu pau fica duro com o pensamento e eu sorrio com o


quão fofa ela é. — Suponho que suas necessidades possam ser
atendidas.
Ela sorri, mas depois volta para a cama quando vê o olhar
faminto em meus olhos. — Uh, oh. Com o que acabei de
concordar?

— Você queria isso, Abigail. — Rastejo sobre ela e uso


uma das minhas gravatas para amarrar os pulsos dela sobre a
cabeça. Não é tão bom quanto tê-la completamente subjugada
como ela estava no meu quarto, mas serve. Eu enrolo sua
blusa sobre seus ombros e pescoço, deixando-a sobre seus
olhos como uma venda.

— Dex! — Ela se contorce embaixo de mim.

— Fique quieta. — Arrasto minha língua entre o vale de


seus seios, beliscando ambos os mamilos entre meus dedos. E
deslizo mais para baixo dela, rasgando sua calcinha ao meio
porque elas ficam no meu caminho.

— Ei, eu gostava dela.

— Vai gostar mais disso. — Eu passo minha língua em


seu clitóris e suas coxas apertam em volta da minha cabeça.

A vida é boa.

Eu poderia ficar enterrado entre as pernas de Abigail pelo


resto da minha vida se ela me deixasse. Eu ficaria de joelhos e
adoraria sua boceta todos os malditos dias.

Não demora muito e ela está gemendo meu nome


enquanto um orgasmo a atinge. Quando ela termina, puxo sua
camisa de volta para baixo.
— Está bem de verdade, agora. Temos que nos apressar.

— E você?

Adoro como ela sempre é atenciosa. Como se sempre


quisesse que as coisas fossem justas. Mas eu amo chupar sua
boceta. Adoro fazê-la se sentir bem, mesmo quando não
consigo nada. Eu realmente não me importo com isso.

— Não se preocupe comigo. Podemos cuidar de mim mais


tarde. Este fim de semana é sobre você.

— Ei, Dex?

— Sim?

— Estou me apaixonando um pouco mais.

Eu sorrio. — Eu sei.
Abigail

ESTE FIM DE SEMANA FOI bom demais para ser verdade e


ainda não terminou. É domingo e estou definitivamente
apaixonada por Dex e não sei como me sentir sobre isso, a não
ser pelo fato de que não consigo evitar. Você não pode escolher
quando e com quem acontece, o coração apenas sabe quando
sabe.

É assustador o quanto gosto dele. Noventa e cinco por


cento das vezes, ele é bom demais para ser verdade. Ele me
levou para patinar no gelo e depois me levou para o desfile de
Natal e a iluminação da árvore ontem. A maneira como Dex
olhou para mim sob todas as luzes cintilantes... Ele diz que
está se apaixonando por mim, mas é mais do que isso. Ele já
se apaixonou. Eu sei. Eu sinto isso bem dentro de mim e, para
ser honesta comigo mesma, estou ali com ele.

Minhas duas maiores reservas são como ele lidou com a


situação Kyle/Nick, e que ele está destruindo meus planos.
Encontrar um Dexter Collins não deveria estar nas cartas por
três a cinco anos no máximo, de acordo com meu plano de
vida. Eu sempre me agarro aos meus planos. Se eu me propus
a fazer algo, eu faço.

É tão difícil fazer esse ajuste. O que acontece depois dessa


fase feliz quando as coisas ficam sérias? Como Dex vai lidar
com uma situação de alta pressão quando nem tudo é sol e
arco-íris? Essas são coisas que preciso saber, por mais que ele
pareça bem organizado em sua vida profissional. Isso não
significa necessariamente que haja na vida pessoal, onde os
riscos emocionais são muito maiores.

Sou imprudente perto dele. Estou tomando pílula, mas


ainda assim deveria obrigá-lo a usar camisinha. A pior parte é
que eu sei que ele faria isso por mim sem questionar, e eu nem
mesmo lhe peço que faça.

Olho para o vestido vermelho brilhante que ele me deu no


espelho mais uma vez. Ele me disse para colocá-lo e me
preparar para ir jantar. Ele se encaixa perfeitamente. Como
diabos ele conseguiu isso? Será que ele passou pelo meu
armário quando eu não estava olhando e descobriu meu
tamanho?

Eu aliso meu cabelo por cima do ombro e aplico um pouco


de batom e rímel. Isso é o melhor que vou conseguir, mas não
acho que Dex se importaria de uma forma ou de outra.

Saio do banheiro e giro um pouco para ele. — Como


estou?
— Linda. — Ele me ajuda a vestir o casaco. — Há um
carro esperando por nós lá embaixo.

Descemos para o saguão do hotel e há uma limusine e


um motorista. Quando ele disse que havia um carro
esperando, pensei que ele tivesse nos chamado um táxi.
Reparo nele todo vestido com seu terno Marc Jacobs e sapatos
Saint Laurent. Com o cabelo perfeitamente penteado, ele
parece refinado, como se tivesse acabado de sair de uma
revista. Todos esses encontros e a forma como está, se mamãe
alguma vez o conhecer, ela vai comer suas palavras. Ele é todo
homem. Sei que ela sempre me imaginou ficando no Texas e
casando com um rapaz local como ela, mas jamais pareceu
julgar minhas decisões de vida. Se ela estivesse aqui, estaria
me empurrando em direção a ele.

Ela é antiquada e acha que o homem deve cuidar da


mulher. Gosto disso até certo ponto, mas sou muito mais
moderna. Gosto de ter um emprego, de ganhar meu próprio
dinheiro e de fazer do meu jeito. É fortalecedor. Não gosto de
ser dependente de ninguém. Mesmo que isso funcione com
Dex, sempre me sentirei assim. Ficar em casa e cuidar dos
filhos e da casa não é pra mim. Isso não significa que eu não
goste quando ele fica todo enérgico e assume o controle, no
entanto. É apenas uma coisa situacional.

Subimos na parte de trás, onde uma bandeja com taças


de champanhe e morangos nos espera.

— Onde estamos indo?


— Outra surpresa. — Ele me alimenta com um morango
para me silenciar.

Nós percorremos alguns quilômetros e eu bebo um pouco


de champagne. O carro para. Eu tento olhar pela janela, mas
Dexter me detém.

— Sem espiar. Apenas confie em mim.

— Eu confio em você. — Tento dar uma olhada por cima


do ombro. — O suspense está me matando, no entanto.

Ele balança a cabeça. — Parece que estamos fazendo isso


de novo, já que não posso confiar em você para manter os olhos
fechados. — Ele suspira, sorrindo o tempo todo, tira a gravata
e envolve meus olhos com ela.

— Droga, Dex.

— Você só tem que culpar a si mesma.

— Tudo bem.

Ele termina e ouço a porta do carro se abrir. Tenho aquela


sensação de formigamento por todo o meu corpo, porque não
faço ideia do que ele planejou desta vez. Posso acabar nua ou
no meio de um estádio de futebol.

Dex me leva para fora do carro, em seguida, me lança em


seus braços, me embalando. Eu coloco meus braços em volta
do pescoço e inalo. Sinto o cheiro da água e do som dos barcos.
— Ohh, vamos de barco? — Eu me movo para tirar a
venda.

Dex suspira. — Quer parar? Você está estragando essa


merda. Estou fazendo uma coisa toda aqui... tudo bem?

Eu sorrio. Adoro quando ele fica frustrado enquanto tenta


ser doce. — Tudo bem, rabugento.

Ele me ignora e continua andando por um tempo.


Finalmente, gentilmente me desliza para baixo em seu peito e
me gira. Minhas costas para sua frente. — Mantenha os olhos
fechados, promete?

Eu concordo.

Ele levanta a venda, mas eu mantenho meus olhos


fechados já que eu prometi a ele, e eu sei que ele se esforçou
muito nisso.

— Ok, abra os olhos.

Lentamente os abro e olho para a água que nos rodeia. —


Puta merda, — eu sussurro.

— Certo?

— Isto é um iate. Nem mesmo um iate. — Eu giro ao redor.


— Esta é uma maldita mansão na água. — Eu me viro e tenho
um vislumbre do horizonte de Chicago e do porto.

Dex me abraça enquanto o barco lentamente se afasta


mais no lago e os arranha-céus se fundem no horizonte atrás
de nós. — Isso é só... uau. Como você? Deve custar... — Por
que estou sempre falando sobre quanto custa tudo como uma
idiota? É tão rude, mas não estou acostumada a ser mimada
assim. Não cresci com muito, mas sempre fomos felizes e isso
é o que importa para mim. É tão bom, no entanto. Tudo isso.
Eu não vou mentir.

— Calma. Pertence a um amigo.

Começo a perguntar se pertence a Wells Covington, mas


penso melhor. Amanhã é o início de mais uma semana de
trabalho e não quero falar de trabalho. Eu só quero viver o
momento.

— Do que você está sorrindo como uma idiota? Posso ver


no seu rosto.

Eu me viro para ele, tentando não rir. — Nada. Não é


nada.

— Não, diga logo, Whitley. Você está rindo como uma


colegial.

— Ok. — Eu pego sua mão. — Me siga. — Eu saio


correndo pelo convés e ele segue atrás. Eu sigo em direção à
frente do barco.

— Oh, Deus.

Eu me viro e rio dele. — O quê?

— Eu sei o que você está fazendo. Você está fora de si.


Minha respiração fica difícil porque este maldito barco é
grande como o inferno e está demorando muito mais do que eu
pensava para chegar ao fim. — Você está fazendo isso comigo,
Jack!

— Meu nome não é Jack! E esse filme é uma merda!

— Não estrague meu momento, Collins!

Juro que o ouço murmurar, — Tudo bem, — enquanto


ele corre atrás de mim.

Quando chegamos bem na frente do barco, coloco minhas


mãos para o lado, assim como no Titanic.

Dex envolve seus braços em volta de mim e eu mal


consigo manter uma cara séria, porque sei que ele acha que
parecemos idiotas.

— Jack, estou voando!

Não preciso olhar para trás para saber que Dex está
sorrindo, posso sentir seu peito subindo e descendo de tanto
rir.

— Se você me pedir para desenhar você como uma das


minhas garotas francesas, você vai ficar com um boneco palito
e então eu vou te foder enquanto você ainda está nua.

Inclino minha cabeça para trás em seu ombro. — Meu


namorado é tão romântico. Jack me desenharia perfeitamente.
— Finalmente, eu volto para ele. — E o que você quer dizer com
filme é uma merda? Pode ser o filme mais romântico de todos.
— Talvez para você.

— Por que você não gosta?

Seus olhos saltam. — Porque todos os homens morrem,


Abigail!

Não consigo parar de rir de como ele parece sério, como


se ele realmente tivesse pensado nisso tudo. — Sim, mas ele a
ama.

— Sim, e ela vai viver e transar com outros caras pelo


resto da vida enquanto ele congela até a morte. — Sua mão voa
e ele aponta para mim. — E ela tinha espaço para isso!

Finalmente, nós dois nos encaramos e depois caímos na


gargalhada.

— Olha, eu farei o que puder por você, Abby. Mas você


está jogando sua bunda gostosa naquela prancha e nós dois
estaremos flutuando para pousar se este iate afundar.

Eu coloco meus braços em volta do pescoço dele e dou


um beijo em seus lábios. — Combinado. E obrigada por me
satisfazer, de qualquer forma, por um tempo.

Ele dá um beijo doce na minha testa. — Sem problemas,


baby. E para que conste, eu a desenharia o melhor que
pudesse, mas nada faria justiça a você.

— Ohh, ele se recupera assim. Muito bom, Sr. Collins.


— Vamos, vamos congelar até a morte aqui. — Ele me
leva pela mão, cheio de entusiasmo e me leva para dentro para
conhecer o capitão. Ainda nem tinha me ocorrido que outras
pessoas estariam no barco para operá-lo, e eu agi como uma
tola na frente de todos. Minhas bochechas estão rosadas o
tempo todo que Dex nos apresenta e não é do vento gelado do
lado de fora.

Feito isso, o mordomo-chefe nos dá um grande tour. Não


consigo superar o tamanho dessa coisa. As pessoas realmente
vivem assim. É alucinante. Há vários quartos, um escritório,
sala de mídia, cozinha totalmente equipada com um chef
particular, que por acaso está preparando o jantar para nós,
segundo me disseram.

Os detalhes intrincados de madeira no bar são de outro


mundo. Eu sinto que estou em um episódio de Lifestyles of The
Rich and Famous ou MTV Cribs. Costumávamos assistir a
esses programas em casa e conversar sobre como seria morar
nessas casas ou ter todos aqueles carros.

Todo este mundo é tão estranho para mim. É como se eu


estivesse flutuando no céu vendo este sonho fabuloso se
desenrolar.

Há um cara atrás do bar preparando uma bebida para


mim enquanto Dexter bebe uma cerveja.

— Então, como eu me saí?


Eu seguro sua mandíbula. — Correndo o risco de soar
ridiculamente cafona, então, soar como você...

Ele ri.

— Você me deixou sem fôlego mais nos últimos dois dias


do que qualquer pessoa em toda a minha vida. Não sei como
retribuir este fim de semana.

— Calma aí, Texas. Nem tudo é uma troca de favores.


Você não me deve nada. — Ele me abre aquele sorriso de um
milhão de dólares. — Apenas seja feliz. — Ele segura meu rosto
novamente, como sempre faz. — Apenas sorria para mim todos
os dias. É tudo que eu quero. — Ele beija o canto da minha
boca. — Você vale mais do que tudo isso.

Como ele me faz esquecer que o maldito mundo existe


fora de nós? Eu amo o fato de que ele é tão confiante, e não
tem medo de dizer coisas cafonas para me fazer sorrir. Ele
torna difícil para mim manter minhas paredes erguidas. Estou
jogando roleta russa com meu coração, mas mesmo que me
queime, essas experiências quase me fazem pensar que valerá
a pena. Já passamos do tempo, e estou ferrada de qualquer
maneira. Se ele me machucar agora, isso vai me destruir. Não
tenho escolha a não ser baixar a guarda e seguir em frente.

Aceito minha bebida do barman e tomo um gole. É como


o paraíso na minha boca. — Isso tem gosto de sexo com você.

Dexter ri.
— Estou falando sério, é incrível. Eles deveriam chamá-
lo de Dex Sex.

Ele me lança um olhar vazio, em seguida, levanta as


sobrancelhas. — Acho que você profetizou a bebida na primeira
vez que te convidei para sair.

— Pare! Isso foi tão embaraçoso. — Eu bato em seu peito.


— Fiquei mortificada o resto do dia quando fiz isso. — Eu
seguro minha bebida. — Deveria tomar um destes, no entanto.
Dex Sex.

— Não gostaria de me masturbar no bar. Não é civilizado,


Abigail.

Quase cuspi a bebida e engasguei por um segundo.


Estamos ambos morrendo de rir quando o mordomo retorna
para nos mostrar a sala de jantar. Ele nos leva ao convés
superior, onde uma mesa à luz de velas está instalada em uma
sala com uma cúpula de vidro no teto e lareira. Ao lado, há
uma banheira de hidromassagem e uma pequena piscina.

— No verão, esse teto se retrai.

— Eu poderia me acostumar com isso.

— Não faça isso. — Dex ri.

Retribuo sua risada com uma das minhas.

— Estou falando sério. Farei o que puder para satisfazer


você, mas nunca terei esse dinheiro.
Eu pego seu antebraço. — Eu não me importo. Ficaria
feliz em um barraco com você, muito frio e sem aquecedor.

— Ok, Texas. — Ele ri. — Você nunca passou por um


inverno em Chicago sem aquecedor, obviamente.

— Oh, e você já, Sr. Ternos de Grife?

É uma piada, mas a mandíbula de Dex aperta um pouco.


— Sim. — Ele não disse o que significava nem nada, mas posso
dizer que o incomodou.

— Dex, eu não... foi só uma piada, desculpe.

Ele pisca. — Tudo bem. Eu sei.

Eu coloco minha bebida e paro de comer. — Não faça isso,


baby.

— Fazer o que?

— Aquela coisa de cara onde você finge que eu não acertei


um nervo do seu dente do siso com um furador de gelo.

Ele esfrega o queixo. — Puta que pariu, mulher. Você


poderia encontrar uma metáfora um pouco menos direta?

Sorrio e encolho os ombros. — Essa sou eu.

Ele finalmente diz: — Tudo bem, eu só… as pessoas


sempre presumem que crescemos ricos porque temos a firma
e tudo mais, mas não foi assim. Não éramos pobres, mas por
um tempo nossos pais viveram de salário em salário. Um ano,
eles não pagaram a conta do gás em dia e ficamos três dias
sem aquecimento, no meio do inverno.

— Eu não posso imaginar. Deve ter sido horrível.

— Na verdade, foi até legal. Todos nós nos amontoamos


no meio da sala em sacos de dormir. Não sei. Achei que isso
aproximou ainda mais a mim e meus irmãos. Mamãe cuidou
de nós. Tínhamos um aquecedor e íamos para a escola durante
o dia. Achei que isso fosse matar meu pai, no entanto.

— Por quê?

Ele traça a borda da taça com o dedo indicador. — Foi a


única vez na minha vida que o vi parecer envergonhado. Como
se ele não pudesse fornecer o que sua família precisava. A
família é importante para ele e ele é tradicional, antiquado.
Como se fosse trabalho dele cuidar de todos, sabe?

— Sei exatamente o que você quer dizer. Meus pais são


iguais.

— Minha mãe falou sobre conseguir um emprego de meio


período e ele não quis. Ele conseguiu um segundo emprego
depois disso e acho que talvez seja por isso que sou mais
próximo da minha mãe. Papai não estava muito por perto.
Quando ele tinha folga do trabalho, sempre levava Decker e
Deacon para os treinos. Eu não o culpo por isso. Ele fez o
melhor que pôde, entende?

Ele não se abriu muito comigo desde o nosso primeiro


encontro, então quero mantê-lo falando.
— Adoro ouvir sobre você, sua mãe, seu pai e seus
irmãos. É tão difícil imaginar todos vocês como crianças.

— Éramos uns merdinhas rabugentos. Sempre pregando


peças, nos metendo em encrencas. — Ele sorri como se
estivesse revivendo sua infância. — Nós brigávamos sem parar,
mas se alguém fora da família fazia qualquer merda, todos nós
íamos para cima. Era como se pudéssemos lutar um com o
outro, mas assim que um grupo de fora entrava, nós os
atacávamos e nos certificávamos de que nunca mais fizessem
isso.

— Acho que é um código universal da família. Não sei


muito sobre isso, mas meus amigos eram assim.

Dex suspira. — É por isso que estou tão preocupado com


Decker e Donavan.

— Por que você estaria preocupado?

Dex toma um gole de sua cerveja. — É mesmo, você não


estava aqui quando a merda aconteceu antes que a fusão fosse
concluída. Eles não falaram sobre isso em Dallas?

— Eu acho que não. O que aconteceu?

— Bem, Donavan... ehh, isso não é correto. Nenhum de


nós estava realmente a favor da fusão. Sem ofensa.

— Eu ouvi sussurros sobre isso de alguns sócios, como


se tudo não estivesse indo bem. Tate se reportou a Weston,
mas as pessoas falaram.
— Bem, Decker não contou a nenhum de nós sobre isso
e já havia assinado uma carta de intenções antes de discutir o
assunto com qualquer pessoa.

— Mesmo? Uau.

— Sim. Eu e Deacon nos opusemos, mas mudamos. Ele


fez isso para liberar algum tempo para ficar com Jenny. O que
foi ótimo. Foi realmente o melhor para todos. No ano passado,
eu não teria conseguido namorar com você assim. Raramente
tinha noites de folga. Mas Donavan simplesmente
enlouqueceu, do nada. Não gostou. Não estava aproveitando.
Ele sempre foi assim, vai contra o sentido. Acho que é porque
ele é o bebê e sempre se sentiu como se tivesse que provar o
seu valor. Eles podem estar na mesma sala agora e serem
civilizados, mas se Tate vier, ele vai embora. Ele e Decker
raramente se falam. Ele nem sequer se dirige a Tate. Donavan
a odeia.

— Eu já percebi que eles trocam olhares feios, quando se


cruzam, mas eu meio que mantenho minha cabeça baixa no
trabalho. Apenas quero fazer um bom trabalho e ser levada a
sério.

Como acabamos falando sobre trabalho? Acho que era


inevitável que teríamos que fazer isso em algum momento. Eu
deveria me acostumar. Preciso avançar com isto antes que ele
acabe falando de Wells Covington. Não sei o que ele sabe, e não
quero ser posta em uma posição entre ele e Decker, e jamais o
faria passar por Decker para evitar que isso aconteça.
Especialmente depois de ouvir como as coisas foram antes da
fusão.

— Então, você estava falando sobre eles não se darem


bem. — Eu rolo meu braço para frente como continuar.

— Para encurtar a história, Donavan tentou processar


um dos clientes de Tate, sabendo que era seu cliente e sabendo
que isso causaria um conflito de interesses durante a fusão
das empresas. Ela contou a Decker. Decker arrasou sua ação
por trás de suas costas. Tiveram um grande fracasso e as
coisas não têm sido as mesmas na família desde então.

Eu olho para o lago. — Uau.

— Sim, de qualquer maneira, chega sobre essa merda.


Eles vão resolver isso. Eles têm que resolver. Ele está se
casando com Tate. Não há chance de que isso não aconteça.
Donavan terá que superar isso, eventualmente. Se ele fizer
uma cena no casamento, meu pai vai chutar a bunda dele com
tanta força que ele não vai se sentar por uma semana.

— Acho que gosto do seu pai.

— Ele é um cara ótimo. Eu gostaria que eles ainda


vivessem aqui, mas são muito felizes na Flórida.

As estrelas brilham acima de nós e eu me sinto no topo


do mundo.

Olhando para baixo, percebo que dei duas mordidas na


comida. Estou tão apaixonada por Dex e por ouvir falar dele
quando era menino. Desvio o olhar para a piscina. — Essa
banheira de hidromassagem parece incrível.

— É melhor fazermos um bom uso.

Eu como mais algumas mordidas e termino minha


bebida, então Dex e eu vamos colocar roupas de banho. Não
sei como ele arranjou tempo para me arranjar um biquíni do
tamanho certo. Ele deve ter passado muito tempo planejando
isso, como faz com tudo. Estou gostando muito de como ele é
calculista. Como advogado, ele deve ser um tubarão, se ele
coloca tanto esforço em seu trabalho.

Acho que ele gosta de mim de vermelho porque meu


vestido é vermelho e o biquíni também é vermelho. Faço uma
nota mental para usar mais.

Também posso prestar atenção aos detalhes, Dexter


Collins.

Dex se esgueira por trás de mim e passa a mão na minha


bunda. — Não sei se vamos conseguir chegar à banheira de
hidromassagem.

— Por quê?

— Tudo que eu quero fazer é ver este biquíni cair no chão.


— Sua mão desliza pelas minhas costas e com uma torção
experiente de seus dedos, meu biquíni se solta do meu pescoço
e cai na minha frente. Os triângulos vermelhos desabam na
minha cintura e sua boca bate na minha. Eu subo nele sem
nem mesmo pensar, com as pernas enroladas em sua cintura.
Dex me beija profundamente e nossas línguas rolam em
uníssono, como já fizemos mil vezes antes. O calor se acumula
entre minhas pernas. Os pensamentos sobre a banheira de
hidromassagem desaparecem quando caímos na cama.

Não somos nada além de um emaranhado de membros.


Ele arrancou minha parte de baixo e a atirou contra a parede.
Dex chupa um mamilo em sua boca e eu solto um gemido baixo
e cravo minhas unhas em seus cabelos. Ele sabe exatamente
como me tocar. Que botões apertar para me deixar louca.

Eu uso meu pé para empurrar seu short para baixo de


seus quadris, não querendo nada além dele, dentro de mim.
Seu pau duro pulsa entre minhas pernas. Está tão perto e eu
preciso dele mais perto. A ponta separa meus lábios,
provocando-me apenas o suficiente para me deixar irritada.

Eu gemo em seu ouvido. — Preciso de você, Dex.

— Você me tem. — Ele se guia para dentro de mim,


investindo em golpes longos e profundos.

Eu prendo meus tornozelos em torno de sua bunda,


puxando-me para ele, com o ângulo certo para senti-lo mais
profundamente. A testa de Dex pressiona contra a minha e
nossos olhos se prendem.

É tão íntimo e perfeito. Ele não me sufoca nem me bate


desta vez. Ele é terno e amoroso e é exatamente o que eu
preciso neste momento. Suas mãos acariciam minha bunda e
puxam meu cabelo, até que ele me beija profunda e
suavemente. É tão doce, que eu não quero que ele me deixe
gozar. Não quero nunca me separar dele. Ele atinge meu ponto
perfeitamente e eu estremeço embaixo dele, bem no limite,
onde ele gosta de me manter.

Seus quadris aceleram um pouco e ele engancha um


braço na curva do meu joelho e empurra com mais força.

— Goze para mim, baby.

Aceno contra a testa dele e ele me leva mais alto, mais


alto, mais alto, até que eu estou me desmanchando sob ele.

— É tão bom quando você goza enquanto estou dentro de


você. — Ele empurra mais algumas vezes e, em seguida, seus
olhos rolam para trás enquanto ele geme e explode dentro de
mim.

Assim que terminamos, ficamos ambos reduzidos a nada.


Ele cai de costas e eu me aconchego ao seu lado, descansando
minha cabeça em seu ombro.

Sua mão acaricia meu cabelo. — Você é meu mundo,


Abby.

Eu me aninho em seu ombro, amando o quão segura ele


me faz sentir.

Ele rola para o lado e sua palma repousa na minha


bochecha. — Digo. Eu te amo, Abigail Whitley.

Puta merda! Dexter Collins acabou de dizer que me ama!


Eu deveria estar morrendo de medo agora, mas não
estou. Não estou porque é Dexter e posso ver que ele fala sério
com cada fibra de sua alma. E a parte mais assustadora é que
eu também o amo. Eu o amo tanto. Para o inferno com meus
planos, quando você encontra a pessoa certa, você
simplesmente sabe. E eu simplesmente sei. Nós fomos feitos
um para o outro desde o primeiro dia. Eu podia sentir isso
antes, e eu sinto agora, simplesmente não admitia para mim
mesma.

— Eu também te amo, Dexter Collins.

Gostaria de ter uma câmera para capturar o sorriso em


seu rosto agora. Parece que acabei de torná-lo o homem mais
feliz da terra. Eu tiro uma foto mental, porque nunca quero
esquecer como me sinto e como ele está.

Ele se estica e coloca minha mão em seu peito, bem sobre


seu coração. — Você é dona disso. É seu. E enquanto eu estiver
respirando, lutarei todos os dias pelo resto da minha vida por
você.

Eu coro. O que mais você pode fazer quando o homem


dos seus sonhos diz algo assim para você?

Ele estende a mão e levanta meu queixo, então estou


olhando bem em seus olhos. — Quero dizer cada maldita
palavra. Você pode confiar em mim com seu coração. Eu
prometo.
Nós nos beijamos mais uma vez e então eu me aninho de
volta em seu ombro.

Isso é bom demais para ser verdade.

EU SAIO de baixo de Dex, me perguntando que horas são.


Há um carrinho no final da cama com café da manhã. Pego
uma caneca e me sirvo de café, em seguida, começo a procurar
por meu telefone.

Encontro minha bolsa e pisco quando vejo a hora. Ah,


não. — Dex. — Eu coloco a mão em seu ombro e o aperto.

Ele se mexe, resmungando baixinho enquanto aperta os


olhos e me encara. — O quê?

— Não quero entrar em pânico, mas como diabos vamos


trabalhar?

— Você se preocupa muito. — Ele sorri e rola para fora


da cama.

Meus olhos vagueiam naturalmente para o sul, onde seu


pau grosso balança entre as pernas como um pêndulo. Dex vê
onde meu olhar está e sorri. — Não foi o suficiente na noite
passada?

Minhas bochechas ficam vermelhas. Ele me acordou no


meio da noite com o rosto enterrado entre as minhas pernas.
— Pare de me distrair. Como vamos trabalhar? Estamos em
um barco no meio do lago.

— Pare de se estressar. Eu cuidei de tudo. — Ele boceja.

— Ok, vamos cobrir seu pau, ou não vamos chegar a


tempo e eu preciso do meu trabalho.

— Tudo bem. Você não é engraçada.

Nós dois corremos ao redor e nos vestimos. Olho pela


janela e não parece que nos movemos um centímetro. — Não
fomos a lugar nenhum. O barco não está se movendo.

Ele sorri como se estivesse se divertindo com toda a


situação. — Você vai parar de surtar? Vamos.

Nunca me atrasei para o trabalho na minha vida e não


pretendo começar hoje. — Humm, ok. — Eu pego sua mão e o
sigo escada acima.

Então, eu ouço. Whop whop whop.

Dex abre uma porta que leva ao heliporto.

Não posso deixar de me sentir um pouco como uma Bond


Girl, entrando em aventuras malucas com um homem elegante
de terno.
O ar frio chicoteia ao nosso redor enquanto caminhamos
de mãos dadas até o helicóptero. O piloto pega nossas malas e
as coloca em um compartimento, depois se certifica de que
estamos ambos presos. Assim que todos estavam seguros, ele
se ajeita e decolamos.

Não consigo parar de ficar indo e voltando entre Dex e eu,


olhando pela minha janela e, em seguida, inclinando-me sobre
ele e olhando pela sua. O iate se transforma em um pontinho
no horizonte.

— Apreciando a vista? — Dex pergunta, rindo de como


estou animada.

Nunca voei em um helicóptero antes, não que importe


como estamos voando. — Eu sou realmente a pior. Você sempre
quer me dar o assento de janela se voarmos em um avião. Isto
é ainda pior por causa das janelas de ambos os lados.

Ele sorri e toma um gole de café que eu não tenho ideia


de onde veio. Parece que ele fez isso um milhão de vezes. — Eu
vejo isso.

Dou-lhe um tapa no peito, em seguida, olho para a frente


do helicóptero, onde o horizonte de Chicago fica cada vez maior
à medida que avançamos em direção a ele. É tão bonito. Meus
olhos vagam para frente e para trás entre o lago e Dexter.

Chicago se desenvolve sobre mim, rapidamente. Está


começando a parecer um lar, e eu sei que é uma bela cidade
com comida, cultura e vida noturna incríveis. Mas, parte de
mim sabe que Dex é a maior razão de eu ter estes sentimentos.
Ele está me ancorando em sua cidade, e eu claramente não
pareço me importar nem um pouco.

O helicóptero faz uma grande volta ao redor da cidade,


dando-nos uma visão do centro de todos os ângulos. Eu me
pergunto se o piloto fez isso para ser legal e nos mostrar a
cidade, ou se é por causa de algumas regras de tráfego aéreo
da O'Hare. Independentemente disso, é incrível. Finalmente,
pairamos sobre o píer e o piloto nos deixou bem onde o iate nos
pegou ontem.

Uma vez que estamos na limusine novamente, eu me


enrolo em Dex no banco de trás e adormeço até chegarmos ao
meu apartamento. Dexter carrega minha bolsa e me leva até a
porta, demorando-se o suficiente para me beijar. Quando
terminamos, ele dá um aperto rápido em um dos meus seios.
— Um de viagem.

Balanço minha cabeça e não consigo parar de reclamar


como uma idiota enquanto o vejo caminhar até o elevador.

Não posso acreditar que tudo isso está acontecendo. É


totalmente surreal.
Dexter

ABIGAIL SE ANINHA ao meu lado no sofá. Não há nada


melhor do que acender uma fogueira e envolver meu braço em
volta dela. É perfeito.

Falei com ela para ficar no meu apartamento esta noite.


Pedi comida para viagem porque está mais frio do que a porra
do Hoth31 lá fora. Ela ri quando eu puxo um cobertor que
encomendei quando o vi em um anúncio no Facebook. Você
pode descompactá-lo, rastejar para dentro e, em seguida,
fechá-lo ao seu redor.

Nós compartilhamos um recipiente de espaguete que eu


pedi em um lugar na estrada na DoorDash. A lareira estala e
cospe algumas faíscas quando ajusto as toras. A noite não
poderia ser mais perfeita. Assistimos a dois filmes femininos
de Natal da Hallmark, embora ainda não seja nem mesmo o
dia de Ação de Graças. Várias taças de vinho são servidas por
nós dois.

31 Hoth é um planeta de gelo no universo fictício de Star Wars.


Eu balanço minha cabeça para ela depois do último filme,
embora eu saiba que isso funcionará a meu favor no futuro.
Conheço esses filmes como a palma da minha mão. — Você
tem que admitir que os enredos são quase idênticos. Sempre
há uma catástrofe que rouba seu espírito natalino, e o herói
sempre tem alguma tragédia que o fez perder a esperança na
humanidade e se tornar um solitário. Ele entra em ação e seu
nome é sempre Nick e o nome dela é sempre algo como Holly.
Ele faz algo monumentalmente estúpido que parece
irrecuperável, então faz um grande gesto e implora por perdão.
Eles compartilham um beijo maravilhoso para menores, o
Natal está salvo, fim.

— Uau. — Ela ri. — Você realmente fez sua lição de casa


sobre isso. — Ela toma outro gole, terminando sua terceira
taça de vinho.

— Eu quero ver um onde eles se separem. Ou parece que


estão prestes a se beijar e fazer as pazes e, em vez disso, ele
fode seus miolos. Ou aquele em que não dá certo e ele vive seus
dias odiando ainda mais o Natal. Isso me manteria alerta, sem
saber se o final feliz estaria chegando ou não.

Abigail o encara. — Não é romance se eles não acabarem


juntos.

— Ok, bem, que tal um em que ela estrague tudo e tenha


que implorar para ele tê-la de volta, pelo amor de Deus?
Precisamos de mais igualdade nos filmes de Natal.

— Eca, não. Ninguém iria assistir isso.


— Por que? É a mesma merda, apenas o gênero inverte o
enredo.

— Porque, Dex. — Ela agarra meu queixo e o sacode como


se eu fosse um cachorrinho que acabou de ser pego cavando.
— O herói tem que bagunçar e se redimir. É a ordem natural
das coisas. As mulheres não fazem coisas estúpidas como os
homens.

Eu ri. — Oh, sério?

Ela encolhe os ombros, reprimindo um sorriso. — Sim.


Somos perfeitas e vocês precisam implorar pelo nosso carinho.
É assim que o mundo funciona.

— Vou te mostrar como o mundo funciona. — Eu faço


cócegas em suas costelas, em seguida, dou um beijo em sua
boca.

— Mmm, mostre-me mais. — Ela ronrona as palavras


contra meus lábios.

Abigail muda de canal e uma reprise de Jeopardy está na


TV.

Deslizo minha mão entre suas pernas. — Vou ficar com a


boceta de Abigail por quinhentos, Alex.

Ela bate no meu peito. — Você é terrível.

— Você gosta.
— Você não está errado. Mas sabe do que eu gosto ainda
mais?

— O que é?

Ela desliza de joelhos, situando-se entre minhas pernas,


e se atrapalha com meu zíper. — Seu pau.

— Eu não me importo com isso. — Minha cabeça cai para


trás contra a almofada.

Abigail puxa minhas calças para baixo. — Você se saiu


tão bem, me entregando aos meus filmes extravagantes. Sinto
que devo retribuir o favor.

Levanto meus quadris enquanto ela desliza minhas


calças até meus tornozelos e meu pau duro salta livre. Ela
acaricia com sua mão para cima e para baixo e eu já sinto que
vou desmaiar. Ela me deixa louco, mesmo com o menor toque.
Estou viciado nessa mulher. Toda vez que ela sai do ambiente,
a penumbra se instala. Quando estou com ela, tudo em que
consigo pensar é em me enterrar dentro dela.

— Mmm, eu senti sua falta. — Ela sorri para o meu pau.


Beija a ponta, com seus olhos fixos nos meus, saboreando cada
segundo que ela consegue me provocar. Seus lábios se abrem
e lentamente me desliza em sua boca.

Meus dedos vão direto para o seu cabelo e fecho o punho.


Abigail me chupa mais profundamente, girando sua língua ao
meu redor.
Quando toma mais de mim, meus olhos rolam para o teto,
em seguida, pousam de volta nos dela. Sua mão me agarra na
base e ela bombeia para cima e para baixo enquanto leva o
resto de mim em sua boca.

É bom pra caralho, mas eu quero sua boceta. Vou


enlouquecer se não a foder logo.

Puxo sua cabeça para trás, deslizando-me de seus lábios


macios. — Preciso de você nua, agora. — Eu me levanto e faço
um trabalho rápido de despi-la e depois a mim mesmo. Eu a
deito no sofá, pronta para comer sua boceta até que ela grite
meu nome, em seguida, fodo-a sem sentido. Estou prestes a
mergulhar quando meu telefone toca.

— Merda.

— O que há de errado? — Abigail me encara com um olhar


de não se atreva a atender agora.

— É minha mãe. Eu tenho que atender.

Ela se cobre como se minha mãe pudesse ver, então


acena com a cabeça. — Ok.

— Eu sinto muito. — Levanto um dedo. — Só me dê um


segundo. — Pego meu telefone da mesa de centro. — Oi, mãe.
— Eu poderia dizer isso melhor, mas minhas bolas doem como
um filho da puta.

— Oi, Dex. Estaremos aí em alguns dias no Dia de Ação


de Graças.
— Eu sei. Te vejo então. — Mantenho meus olhos fixos
em Abby enquanto tento tirar mamãe do telefone.

Ela começa contando uma história sobre o que ela e papai


fizeram hoje.

— Agora não é uma boa hora, mãe, posso te ligar de volta?

— Por que, o que está acontecendo? Você está


trabalhando até tarde?

Nunca minto para minha mãe, mas não estou prestes a


dizer a ela que minha namorada está espalhada na minha
frente, cobrindo os seios com as mãos. — Não, não, nada disso.

— Bem, eu sinto que nunca consigo falar com você ou


qualquer um dos meus meninos. Deacon está sempre ocupado
com Quinn ou seu pai. Decker está sempre correndo por aí
levando Jenny para alguma coisa ou fugindo com Tate. Eu
simplesmente amo Tate, ela é perfeita para ele. — Ela grita ao
fundo. — Sim, Tate. A noiva de Decker! Foi o que eu disse.
Decker e Tate. Deacon e Quinn. Eu disse certo, você não sabe
do que está falando.

— Mamãe!

— Sim, querido?

— Você vai falar comigo ou com papai?

— Oh, sim, desculpe. Você recebeu o pudim que enviei?


Eu sorrio, olho para baixo e me lembro de tudo que fiz
com Abigail com o pudim que ela me preparou. É
ridiculamente estranho falar com minha mãe com a boceta de
Abigail me encarando. — É, eu recebi. Estava ótimo. Obrigado.

— Já terminou? Eu vou mandar...

— Mãe, eu não terminei. Acabei de comer um pouco e


estava ótimo até agora. Qualquer coisa...

— Eu tenho saudades de te ver. Você sabe que não tenho


favoritos, mas mesmo assim... Você sempre será meu pequeno
Dex, mesmo com as tatuagens e os ternos.

— Mãe, eu te amo. Você sabe disso. Mas eu...

— Deacon disse que você tem uma nova namorada. Por


que estou ouvindo dele e não de você? Costumava me contar
tudo. Está acontecendo alguma coisa com você?

Eu suspiro e acho que Abigail pode ouvir mamãe pelo


alto-falante porque ela está cobrindo a boca e tentando não rir
tanto que está balançando seus seios. E se eu não parar de
olhar para eles, terei que silenciar mamãe e colocá-los na boca.
— Claro, que não. Eu queria te dizer, eu só estive...

Ela finge estar chateada e provoca. — Durante anos,


quero que vocês, rapazes, se acomodem e ponham suas vidas
em ordem. Então todos vocês arranjam namoradas e esquecem
tudo sobre a mulher que deu à luz a vocês.

Eu ri. — Eu ainda ligo para você o tempo todo.


— Sim, sim. Não pode nem me falar sobre sua nova
namorada.

Eu olho para baixo e Abigail ainda está sorrindo como se


ela estivesse gostando disso.

— Tenho que ouvir tudo sobre isso de seu irmão gêmeo.


Talvez eu devesse mandar para ele pudim pelo correio.

— Você está sendo um pouco dramática, não acha?

Ela ri. — Estou tão animada para o Dia de Ação de


Graças. Eu terei todos juntos novamente. Todos os meus
meninos.

— Também estamos entusiasmados. — Deacon e eu não


tivemos coragem de dizer a ela que Decker e Donavan mal
estão se falando. Nós dois continuamos esperando que tudo se
resolva antes que ela descubra.

— Bem, de qualquer maneira, espero conhecê-la no Dia


de Ação de Graças. Ela está indo para o Decker?

— Não. Ela provavelmente está indo para casa para


passar um tempo com sua família. Ela é de Dallas. Podemos
falar sobre isso mais tarde? Realmente preciso ir.

Abigail levanta uma sobrancelha para mim.

Encolho os ombros como se eu sentisse muito.

— Bem, pergunte a ela o que ela estará fazendo.

— O quê?
— Pergunte a ela.

— Eu vou, ok? Ligarei para ela assim que desligar o


telefone.

— Dexter, não é educado mentir para sua mãe. Vá em


frente e pergunte a ela agora.

— Que mentira? Você quer que eu ligue para ela e depois


ligue de volta?

— Não, eu sei que ela está bem aí. É a única razão


aceitável que você teria para me apressar a desligar o telefone
a esta hora. — Eu não posso lutar contra um sorriso. Ela me
conhece muito bem. Eu deveria saber melhor.

Abigail está sorrindo de orelha a orelha quando eu olho


para ela.

— Minha mãe quer saber o que você vai fazer no dia de


Ação de Graças?

Ela se inclina para frente, como se estivesse falando


diretamente com minha mãe, em vez de retransmitir a resposta
para mim.

Finalmente suspiro e coloco no viva-voz.

— Oi, Sra. Collins. Eu estava planejando ficar na cidade.


Minha colega de quarto está indo para a casa da família dela,
então pensei em apenas ser voluntária em um abrigo ou algo
assim.
— Ah, não. Isso não está acontecendo, querida.

Eu murmuro “sinto muito” para Abigail repetidamente,


mas ela parece se divertir. Não sei se é por causa do meu
desconforto ou porque minha mãe está sendo, bem, minha
mãe.

Mamãe grita no telefone e buzina no alto-falante. —


Dexter, você vai levá-la ao Decker para jantar. Isso é definitivo.
E sabe que quando eu falo é porque vai acontecer.

— Se ela disser que sim, você vai desligar?

— Sim.

Olho para Abigail e dou de ombros, tipo, esta é a única


maneira de nos livrarmos dela agora.

Abigail sorri largamente e olha para o telefone. — Eu


adoraria, Sra. Collins. Obrigada por pensar em mim.

— Você é bem-vinda, querida. E me diga se meu filho for


menos do que um perfeito cavalheiro. Vou arrastá-lo para fora
da sala pela orelha se...

— Mamãe! — Grito a palavra antes que possa me impedir.

Abigail morre rindo.

— Ok, vou deixar vocês dois sozinhos agora depois que


Dex fizer uma coisa. Ele sabe o que é.

Meus olhos rolam para o teto, em seguida, pousam de


volta no telefone. — Desculpe por mentir, mãe.
— É um bom menino. Mal posso esperar para conhecê-
la, Abigail. Amo você, Dex.

— Amo você também. — Eu digo as palavras o mais


rápido possível e mamãe ri direto no alto-falante antes de
parar.

Sorrio para Abigail enquanto me movo para trás entre


suas coxas. — Você vai se deliciar.

— Estou tão nervosa.

Meus olhos se arregalam. — Por quê? Eu comi sua boceta


meia dúzia de vezes, pelo menos.

Ela bate no meu peito. — Quero dizer, sobre conhecer


toda a sua família no Dia de Ação de Graças. Você estava
falando em me fazer sexo oral?

Eu sorrio. — Claro, do que mais eu estaria falando?

Ela ri e balança a cabeça para mim. — Você é o mais


arrogante...

Eu mergulho e passo minha língua em seu clitóris.

— Fenomenal homem no planeta.

Sorrio contra o seu calor molhado e escorregadio. — O


que eu pensei. — Eu lambo o comprimento de sua fenda, em
seguida, volto a me concentrar em seu clitóris. — Não fique
nervosa. Vai ficar tudo bem. Você vai adorar meus pais.
— Mmhmm. Oh, Deus. Qualquer coisa que você diga. Só
não pare o que você está fazendo agora. — Seus dedos apertam
meu cabelo enquanto seus quadris esfregam contra meu rosto.

Levo dois dedos fundo e os enrolo em seu local favorito.


Sua vagina gananciosa aperta com força ao redor deles. Eu
faço um movimento de “venha aqui” dentro dela, enquanto
minha língua faz círculos preguiçosos.

Abigail faz um som de choramingo fofo que me diz que ela


está prestes a gozar.

— Você quer que eu continue ou quer meu pau? — Eu


olho para ela.

— Eu preciso de você dentro de mim.

Eu me afasto do sofá e pego Abigail. Suas pernas me


envolvem e sua boceta quente e molhada esfrega contra meu
pau. Nós chegamos na metade do caminho para o quarto e eu
não aguento mais. Eu a bato com as costas contra a parede e
isso derruba o porta-retratos no chão. Felizmente, ele não se
estilhaça em todos os lugares.

— Mal posso esperar. — Antes que ela possa responder,


enfio meu pau nela. Sua cabeça bate contra a parede.

Antes que eu possa me impedir, meus quadris são um


borrão, saltando para cima e para baixo em mim enquanto eu
empurro profundamente nela. Ela morde meu ombro, como
sempre faz quando está prestes a gozar.
— Porra, Abby. — Eu gemo seu nome assim que ela me
aperta.

Empurro meu pau, tão profundamente quanto


humanamente possível antes de explodir dentro de sua doce
vagina.

Sua testa cai no meu ombro. Alguns segundos se passam


e seus olhos se voltam para os meus. Nós dois nos viramos e
olhamos para o corredor até meu quarto.

Através de arfadas ásperas, eu digo: — Quase


conseguimos.

Ela acena em concordância. — Quase.

— Sempre há uma próxima vez.

— Certamente, senhor.
Abigail

ESTOU na minha terceira troca de roupa esta manhã. Não


sei o que estava pensando ao concordar em ir ao Dia de Ação
de Graças da família Collins. E se eu estragar tudo? E se a
comida que fiz for horrível e causar uma intoxicação
alimentar? E se eu fizer papel de idiota e disser ou fizer a coisa
errada? E se Dexter decidir que não gosta de mim tanto quanto
pensava que gostava?

O Dia de Ação de Graças é para a família. Todos estarão


lá. É demais.

Nós não namoramos há muito tempo. Quer dizer, estamos


ambos obviamente apaixonados, mas ainda é muito cedo. Eu
disse a ele que o amava muito cedo e agora estou prestes a
perder minha sanidade.

Você está se precipitando. Pare de ser ridícula.

Eu olho para o relógio e me pergunto se é muito cedo para


começar a beber. É um feriado. Beber durante o dia é aceitável.
Pelo menos eu acho que é. Preciso de um Xanax porque minha
ansiedade está a mil. Quase gostaria que Barbie estivesse aqui
para me convencer a descer do peitoril, mas ela saiu ontem à
noite para ficar com seus pais. Eles moram a cerca de duas
horas de distância, em Indiana.

Controle-se, Abby.

Dexter estará aqui em breve e eu estou uma bagunça.

Meu celular toca e eu atendo. — Oi, mãe. Feliz Dia de


Ação de Graças. — Perfeito. Eu já deveria ter ligado para ela.
Se alguém pode me ajudar nisso, é ela.

— Oi, querida. Eu queria checar você. Você fez planos?

— Vou para a casa de Dexter para conhecer a família dele


e estou pirando um pouco, sendo honesta. — Tiro uma
caçarola do forno com o telefone preso entre a bochecha e o
ombro.

— Vai ficar tudo bem, menina. Seja você mesma. Eles vão
adorar você.

— Eu gostaria de estar em casa com você e papai. Eu


deveria estar aí.

— Bobagem, você está vindo para casa no Natal e isso é


o suficiente para nós.

— Obrigada, mãe. — Há uma batida na porta. Deve ser o


Dexter. — Merda, — eu murmuro.

— Abigail Louise!
— Desculpe, mãe. Eu só... Tenho andado de um lado para
o outro. Eu tenho que ir. Ele está aqui. Eu te ligo esta noite se
não for tarde demais quando eu chegar.

— Ok. Eu amo você.

— Amo você também. — Eu termino a ligação e abro a


porta.

É o Kyle.

Não nos falamos desde a noite no bar quando Dex deu


uma cabeçada em Nick.

— Uau, você está linda.

Eu olho para o vestido de suéter bege que coloquei e


levanto uma sobrancelha. — Umm, obrigada. O que você está
fazendo aqui?

Ele coça a nuca e se balança nos calcanhares. — Eu sei


que as coisas têm sido estranhas, mas eu não tinha certeza se
você tinha planos ou alguém com quem passar o Dia de Ação
de Graças. Barbie me disse que estava indo para os pais dela
ontem à noite e eu só queria convidar você para à igreja com
Nick e eu. — Ele levanta a mão. — Se você quiser. Tenho
certeza que já fez planos.

— Agradeço o convite, mas estou esperando Dexter.


Estamos indo para a casa do irmão dele. Os pais dele estão na
cidade.
— Conhecer a família. — Ele murmura outra coisa que
não consigo ouvir em voz baixa. — Parece que as coisas estão
ficando muito sérias.

Eu olho para o chão, não sei por que me sinto tão


envergonhada. Não sei por que me sinto assim. Kyle e eu
somos amigos, pelo menos acho que somos, mas não vou
sentar e ouvi-lo falar mal do meu namorado. Eu posso fazer o
que eu quiser. — Sim. Nós estamos.

Ele chuta uma pedra imaginária. — Legal.

— Eu realmente gosto dele. Sinto muito se você não se dá


bem, mas ele vai ficar por perto. Se isso vai ser um problema...

— Eu só sinto falta de sair com você. Ainda quero ser seu


amigo. Só não vamos falar sobre o seu namorado, ok?

— Certo. — Eu concordo, embora eu saiba que nunca


será como antes. Muita coisa mudou e, embora Dex tenha
dado uma cabeçada em Nick, não sei o que Kyle disse no bar.
Só não quero ser rude. Vamos nos ver de passagem e dizer oi
até que eu finalmente me mude, então provavelmente nunca
mais terei notícias dele. Isso me deixa triste, mas eu amo Dex
e só preciso manter a paz um pouco mais. Já tenho metade de
um depósito de segurança guardado e tenho certeza de que
meus pais vão me dar dinheiro perto do Natal, embora eu diga
a eles que não precisa.

— Acho que te vejo por aí então.


— Sim, até mais. — Fecho a porta, tiro alguns outros
pratos da geladeira e coloco no balcão. Fiz torta de nozes,
cheesecake de caramelo e pudim de banana para Dex, além de
torta de batata doce porque, mesmo que fizessem, você nunca
teria o suficiente e não sei se eles fazem isso aqui.

Poucos minutos depois, Dexter aparece. Ele me beija bem


e profundamente, agarrando minha bunda no processo.

— O que é tudo isso? — Ele aponta para todos os pratos


no balcão.

Ando para frente e para trás, tentando me acalmar. — Eu


sou uma idiota. É tão estúpido. Eu só não sabia o que fazer e
de onde eu venho você não aparece de mãos vazias quando
alguém o convida.

— Isso tudo parece incrível. — Ele começa a mergulhar o


dedo no meu pudim.

Eu bato em sua mão. — Não se atreva a tocar nessa


comida, Dexter Collins. Eu trabalhei como louca a noite toda
fazendo isso para sua família. Não apenas para você. — Uau,
já parecemos tão domésticos, e na verdade é legal. Isso aquece
meu coração e facilita tudo para mim. Nós simplesmente
funcionamos bem juntos.

— Você vai me engordar se continuar cozinhando assim.

Balanço o dedo para ele. — Bem, mantenha seus dedos


gordos fora disso, ok?
Ele levanta as mãos em sinal de rendição. — Ok, Betty
Crocker32. Maldição.

Quando eu olho para longe, ele pega um dedo cheio de


pudim e o enfia na boca, sorrindo pra caramba.

Eu faço uma careta para ele. — Nada mais para você hoje.

Ele me agarra pelo quadril e me puxa para ele. — Abigail,


você me ama porque eu não dou a mínima para regras. Você
fez isso consigo mesma.

Eu balanço minha cabeça. — Eu vou domar você.

Ele ri disso. — De verdade, no entanto. Esse pudim está


incrível. — Ele se inclina para frente em meu ouvido. — Vou
ter que pegar uma colher na casa do meu irmão, para depois.

Ele sempre sabe como me fazer corar.

CHEGAMOS ao Decker e, no momento em que passamos


pela porta da frente, sua filha Jenny e Tate pegam a comida
que eu trouxe e levam para a cozinha.

32 Betty Crocker é uma marca e personagem fictícia usada em campanhas publicitárias de alimentos
e receitas.
Uma mulher, que suponho ser a mãe de Dex, se lança
sobre nós, nos abraçando com força. — Você deve ser Abigail.
Deixe-me dar uma olhada em você. — Ela segura minhas mãos
e se afasta, avaliando-me da cabeça aos pés. — Linda. — Ela
solta minhas mãos e sorri, depois se vira para Dexter.

Ela é uma mulher espessa. Alta, como uma atleta, mas


muito graciosa. Ela está usando um suéter bobo que me
lembra o senso de humor de Dexter, e eu começo a ver de onde
ele tira suas bobagens. Há um peru de desenho animado na
frente em uma pose sugestiva e diz "Despeje um pouco de molho
em mim" acima dele. Acho que vamos nos dar muito bem.

— Jesus, — murmura Dex.

Ela bate no braço dele. — Cuidado com a boca, Dexter


Harrison Collins.

Eu olho para ele. — Harrison? — Eu sorrio.

— Ela diz que é por causa do presidente, mas todos


sabemos que ela teve um fraquinho pelo Harrison Ford quando
eu nasci. — Ele se vira para ela. — Porque ela nunca me daria
o nome de um presidente que morreu um mês depois do início
do mandato, certo, mãe?

Ela ri e lhe dá um grande abraço. — Eu te amo, menino.

— Também te amo, mãe.

Ela me pega pelas mãos. — Agora, Abigail, Dex já


preparou seu café da manhã?
— Oh, meu Deus, sim. E foi fantástico.

Quinn e Tate sobem quase ao mesmo tempo.

Quinn disse: — Deacon cozinha um café da manhã


maravilhoso também.

Tate acena com a cabeça, como se ela estivesse em transe.


— Decker também.

— De nada, senhoras. — Mamãe sorri para todas elas. —


Ensinei todos os meus meninos a preparar o café da manhã e
disse a eles que esse é o segredo para manter uma boa mulher,
porque sempre desejei que alguém fizesse o café da manhã de
vez em quando. — Ela lança um olhar sujo do outro lado da
sala como se estivesse procurando por seu marido.

Ele está alheio, falando com outra pessoa.

Todos os meninos se viram, repentinamente


interessados, e Dex o encara de uma forma brincalhona. —
Espere, isso foi apenas um truque para nos fazer cozinhar?

— Dexter Harrison Collins, as garotas estão conversando.


Você cuida da sua vida.

— Alguém está com problemas. — Donavan ri e caminha


atrás de nós. — Eu ouvi o nome do meio sair.

Ela gira em torno dele. — Não comece a ficar tagarela,


Donny, ou irei andando pela sala perguntando por que você
não pode manter uma mulher feliz como meus outros meninos.
Pelo menos eles têm alguém para quem preparar o café da
manhã. — Ela balança a cabeça e olha para mim novamente.
— Quatro meninos e apenas uma neta para estragar. Você vê
com o que estou lidando aqui? — Ela se vira para Deacon. —
Você deveria pensar em fazer um teste de esperma.

Decker quase atira uísque pelo nariz. — Mamãe!

Quinn fica rosa brilhante e sorri para Deacon. Os olhos


de Deacon saltam e ele congela.

Nunca vi os irmãos Collins tão nervosos em toda a minha


vida. Eles geralmente andam carrancudos enquanto os
funcionários correm tentando parecer ocupados.

Ela se volta para mim. — Você e Dexter farão bebês


lindos. Eu sei disso.

Tento não ficar boquiaberta com ela, mas puta merda,


acabamos de começar a namorar. Bebês? Nem sei se quero
filhos, mas de jeito nenhum vou admitir isso aqui. Meu rosto
deve dizer tudo.

Ela sorri e passa a mão no meu antebraço. — Não estou


tentando assustar você. Estou apenas sendo mãe.

Um homem mais velho entra na sala e quase leva todo o


ar com ele. Ele está com uma camisa de colarinho com um
suéter puxado por cima e parece que poderia ter saído de um
catálogo da Calvin Klein. Ele parece fantástico e majestoso,
com os cabelos prateados penteados perfeitamente para trás.
Inclina-se para baixo e beija a Sra. Collins na bochecha. — Dê
espaço para a menina respirar, querida. Deixe-os tirar os
casacos antes de começar a contar os futuros netos. — Ele se
vira e estende a mão para mim. — Prazer em conhecê-la. Eu
sou David. — Ele se inclina mais perto. — O pai de todas esses
merdinhas correndo por aqui.

Ótimo, outro nome D para lembrar!

Eu ri. — É um prazer conhecer vocês dois. Muito obrigada


por me receberem.

— Não ligue para Donna. Ela fica animada com os netos.


Temos Jenny, mas ela é mais velha e está perseguindo
meninos agora.

Decker olha em sua direção quando ouve, mas não diz


nada.

Eu sigo Quinn e Tate para a cozinha e educadamente faço


minha fuga da loucura da família por alguns minutos.

— Estou tão feliz que você veio. — Quinn sorri.

— Obrigada, por ter trazido torta de nozes, — Tate


murmura, olhando minhas sobremesas. — Cara, sinto falta da
comida caseira. E dos biscoitos da minha mãe. E o peru frito
do papai. Eles não fazem a Ação de Graças aqui em cima merda
nenhuma.

Eu ri. Ela provavelmente está certa. Você não pode vencer


o Dia de Ação de Graças no sul. — Como você e Decker lidam
com os feriados com suas famílias em estados diferentes? —
Pergunto porque estou curiosa, mas também quero ver como
será o futuro para Dex e eu.

— Estamos voando pela manhã. Não podíamos sair


sabendo que seus pais estavam vindo da Flórida. Você viu que
Jenny convidou o namorado? Decker está cagando tijolos, mas
tentando ser legal. Isto é hilário.

Eu sigo o olhar de Tate para a sala de jantar, onde Jenny


e um menino estão sentados um ao lado do outro olhando para
algo em seu telefone.

— Oh, ela foi direto atrás do bad boy. Bem jogado. — Ele
tem os cabelos escuros e desgrenhados que ficam do lado
esquerdo e seu lábio inferior é furado. Ele está usando um
boné virado para trás. Decker está com grandes problemas.

— Não é? Os garotos não pareciam assim quando eu


estava na escola. Só estou dizendo, — diz Quinn.

— Amém para isso. — Tate sorri. — Tudo o que tínhamos


eram atletas e garotos do campo. Caminhonetes cheias de
ombreiras ou rifles. Sem artistas angustiados e almas
torturadas em jaquetas de couro.

— Baby, venha aqui eu quero que você conheça alguém.


— Dex praticamente me puxa para a outra sala e me empurra
na frente de um homem que parece quase idêntico a David
Collins, e uma jovem mulher, talvez com vinte e poucos anos.
Uau, ela é linda. Ela tem tatuagens nos braços, assim como
Dex, e cabelos pretos com olhos azuis glaciais. — Este é meu
tio, Damian, e minha prima Harlow.

Estendo minha mão para os dois. — Prazer em conhecê-


los.

Ambos são superlegais, embora Harlow pareça que


poderia bater o inferno fora de qualquer pessoa na casa. Ela é
seriamente intimidante, o jeito que ela se comporta, mas ela é
tão legal e deslumbrante quanto pode ser.

Dex não consegue parar de elogiá-la, eles devem ser


muito próximos. — Ela trabalha com marketing digital. Desde
que ela se formou, está arrasando. Acaba de abrir sua própria
agência aqui em Chicago.

— Falando nisso, eu queria falar com você. Precisamos


marcar uma reunião.

— Pelo quê?

— Trabalhos.

— Talvez queira falar com Decker sobre isso, se for sobre


marketing...

— Olhe, você contrata minha empresa para o


departamento de finanças. Mandarei você dar uma surra em
todos os outros e fazer com que pareça um maldito herói em
sua firma.

— Harlow, a boca, — diz Damian.


— Oh, foda-se isso. Somos todos uma família.

— Que tipo de merda você faz? — Pergunta Dex. — Eu


não lido muito com marketing. Não estudo desde a graduação.

— Tenho certeza que vocês, maricas, provavelmente têm


outdoors e outras merdas, patrocinam eventos, coisas que te
dão um ROI33 de merda. Vou instalar pixels no seu site, lançar
campanhas de adword34 no Facebook e Google. Altamente
direcionadas para públicos acolhedores para colocar seus
anúncios na frente dos olhos certos.

Dex fica interessado, mas dá de ombros. — Tudo bem,


foda-se. Vamos marcar na agenda.

Harlow sorri. — Você sempre foi meu primo favorito. —


Ela mergulha em Dex e envolve os braços em volta dele. —
Minha apresentação chutou no rabo, não foi?

Ele a beija no topo da sua cabeça, eles se parecem mais


com irmão e irmã do que com primos. — Chutou todo mundo.

Ela se inclina e sussurra algo em seu ouvido, e ele me


encara e sorri amplamente. Quero perguntar a Dex o que ela
disse, mas Decker entra na sala.

— Ok, estamos prontos para comer. Entrem, bando de


animais. — A voz de Decker ecoa pela casa.

33 ROI (Retorno sobre de investimento) - Em finanças, retorno sobre o investimento, também


chamado taxa de retorno, taxa de lucro ou simplesmente retorno, é a relação entre a quantidade de
dinheiro ganho como resultado de um investimento e a quantidade de dinheiro investido.
34 Google AdWords - Google Ads, é o principal serviço de publicidade da Google.
Todos vão para a sala de jantar para encontrar seus
lugares. O pai deles faz uma oração sobre a comida e então
todos se levantam para ir encher seus pratos.

Eu me inclino para Dexter. — O que Harlow sussurrou


para você?

— Que eu tenho sorte de você não ter ido para a faculdade


com ela quando passou pelo estágio.

Quase engasgo com a água que estava tomando.

Os quatro irmãos vão para a comida, parecendo lobos


famintos, e seu pai olha direto para eles. Eles congelam e estou
começando a ver de onde vêm sua presença dominante.
Inferno, ele olhou para eles e eu me encolhi um pouco na
cadeira.

Ele se vira para o resto de nós. — Senhoras, por favor. —


Ele se vira para os meninos e eu o ouço resmungar enquanto
passamos. — Ajam como se tivessem boas maneiras.

Depois que todos enchem seus pratos, sento-me ao lado


de Dexter e Donavan se senta do meu outro lado. Jenny e o
namorado estão sentados na bancada do bar na ilha da
cozinha, secretamente de mãos dadas onde acham que
ninguém pode ver.

A comida é fantástica. Tate assou um pernil. Ela disse


que marinou em Coca-Cola. Todo mundo come e bate papo à
mesa.
Os pais de Dexter me fazem rir. Eu esperava que fossem
mais, não sei, não como são. Os dois são muito pé no chão,
mas o Sr. Collins parece que é muito mais suave de como
provavelmente era. Ele definitivamente se encaixa no tipo de
personalidade de trabalhador. Homem de poucas palavras,
mas quando fala, importa, e todos escutam.

Uma coisa que eu noto, que envia um calor se espalhando


por minhas veias, é que ele olha para sua esposa do jeito que
eu vi os irmãos Collins olharem para todos nós. Acho que a
maneira como um homem trata uma mulher é um
comportamento estudado, suas experiências vendo seus pais
interagirem molda a maneira como ele será um dia. O Sr.
Collins pode parecer sério e direto, mas seu rosto se ilumina,
mesmo quando sua esposa conta uma história embaraçosa na
frente dele. Ele muda quando ela entra na sala, e é disso que
se trata, ter esse efeito no homem com quem você acaba.

— É apenas uma praia que frequentamos. Não é grande


coisa. — A mãe de Dex diz isso com orgulho, e toda a cor
desaparece dos rostos dos meninos.

Inclino-me para Tate e Quinn, porque estava sonhando


acordada, tornando-me poética sobre como acho que Dex vai
me tratar. — O que é que foi? Sobre uma praia?

Tate sorri pra caramba. — Eles vão a uma praia de


nudismo.

O Sr. Collins dá de ombros quando todos os meninos, seu


irmão e Harlow olham para ele como se ele nunca fizesse algo
assim. Ele dá uma enorme mordida no peru. — Não critique
antes de tentar. É bastante libertador, na verdade.

— Jesus Cristo, como se eu não me cansasse dessa


merda no trabalho, — Decker murmura e enterra o rosto na
palma da mão.
Dexter

EU OLHO para Abigail e não consigo parar de sorrir como


um completo idiota. Ela se encaixa como se tivesse vindo para
essas coisas por anos.

Mamãe se aproxima enquanto estou espionando-a


ajudando com a louça. — Eu conheço esse olhar. — Ela me
bate com o quadril.

Inalo uma respiração enorme. — Então, qual é o


veredicto?

Mamãe estreita os olhos, então ela coloca o braço em volta


de mim. E diz: — Você está brincando? Você não trouxe uma
garota para nos conhecer desde o colégio, e isso foi para o baile.

— Estou nervoso. E se eu estragar as coisas? E se eu a


machucar?

— Se você está preocupado em machucá-la, você não o


fará.

— Não sei.

— Dex, olhe para mim.


Eu me viro para encará-la.

— Você não é perfeito, garoto. Ninguém é. Você vai


estragar tudo. — Ela gesticula em direção à cozinha. — Ela vai
estragar tudo. É como você lida com os problemas que define
o relacionamento. Se vocês se amam, nada é irreparável.

— Então... veredicto?

— Se ela te faz feliz, ela me faz feliz. Mas eu gosto dela.


Então você pode relaxar. Você e seus irmãos são tão tensos.
Eu me preocupo com vocês, meninos.

Eu me curvo e a beijo na testa. — Obrigado. Estou feliz


que você goste dela.

Mamãe me bate com o quadril novamente. — Reparei que


ela fez pudim para você.

— Sim, desculpe, eu sei que é uma coisa nossa, e eu disse


a ela sobre isso. Eu meio que senti que te traí um pouco.

— Não se desculpe. Vou continuar enviando. Eu gosto


que você queira compartilhar nossas coisinhas com a mulher
que você ama.

— Sério, eu pensei, eu não sei. Pensei que você reagiria


diferente. Tipo, talvez, eu não sei, como se ela estivesse se
mudando para o seu território ou algo assim. Tudo isto é novo
para mim. Eu nunca me senti assim antes.

Ela me dá outro abraço e faz o possível para colocar os


braços em volta de mim, como sempre faz. E sussurra: — Você
sempre será meu garotinho. Mas posso renunciar a ser a
mulher número um em sua vida com graça. É assim que
deveria ser. Sempre vou te amar, não importa o que aconteça.

— Eu também te amo. — Eu olho para Abigail. — Eu a


amo. Tanto que dói.

— Eu sei. — Ela pisca. — As mães sempre sabem.

Sorrio enquanto ela se afasta e papai a envolve em seus


braços. Eles se sentam, observando tudo se desenrolar na
frente deles. Quando eu olho para trás para Abigail, me
pergunto se seremos nós assim algum dia, observando todos
os nossos filhos adultos.

— Vocês, rapazes, têm alguma outra mulher no escritório


para Donavan? — Papai sorri pra caramba. — Parece que ele
precisa de algumas dicas.

Donavan revira os olhos. — Vocês continuem com essa


merda e eu vou embora.

Mamãe me encara. — Linguagem, filho. Há senhoras


presentes.

— Desculpe, mãe. Esqueci que Deacon estava aqui.

— Então você poderia me pedir meu número, garotão? —


Deacon ri.

Sem pensar, Donavan diz: — Filho... — Ele olha para a


mamãe. — Uhh, vão se ferrar, pessoal. — Ele balança a cabeça
e resmunga. — Imbecis.
— Imbecis. Muito bem, — diz Deacon.

Eu não consigo parar de rir. — Ei, Abigail tem uma colega


de quarto maluca. Eu posso te apresentar. Apenas me avise.
— Dou um tapa nas costas dele e, aparentemente, ele está
farto, porque me dá uma chave de braço e me joga no chão.

Continuamos como se tivéssemos dez anos de novo.


Decker e Deacon apostam em quem vai bater primeiro e nos
encorajam.

— Você vê como eles agem? — Mamãe diz para Tate,


Quinn e Abigail. — Eu criei um monte de animais. Rapazes!
Parem com essa merda!

Nós nos levantamos e eu tiro a poeira. — Ganhei.

— Como diabos você ganhou.

— Tudo bem, isso é o suficiente. — Papai gesticula em


direção ao corredor. — Vamos para o escritório. Trouxe
charutos.

— Ele não estava falando com você. — Decker estende o


braço na frente do namorado de Jenny enquanto ele começa a
segui-lo.

Porra, aquele garoto tem coragem.

Eu olho de volta para o garoto e encolho os ombros. —


Desculpe, o virilha velha não é divertido, não é?

Decker me lança lasers com os olhos.


Levanto minhas mãos. — Ei, só estou dizendo. A cabeça
está ficando um pouco prateada.

— Eu não sou Donavan, vou abrir seu traseiro para


sempre.

— Por favor. Estalo esses ossos frágeis como galhos se


você vier para mim.

— Tudo bem. — Papai olha para trás para ter certeza de


que mamãe está fora do alcance da voz. — Parem com essa
merda.

Entramos no escritório de Decker e papai se inclina


contra a mesa depois de distribuir charutos e acender o
primeiro. O resto de nós segue o exemplo.

Papai tem aquele olhar sério no rosto, como fazia quando


tínhamos problemas quando crianças. Porra. Não tenho ideia
do que se trata, mas não é bom. Uma sensação sinistra enche
a sala.

Ele olha furiosamente para Decker e Donavan e aponta o


dedo para cada um deles. — Aqui, agora.

Os dois se entreolham e, por um breve momento, somos


crianças de novo e não advogados poderosos. Ambos sabem o
que está acontecendo.

— O que diabos é isso? — Diz Decker.

— Garoto, eu vou bater seu maldito pau no chão se você


falar assim comigo de novo. Essa merda já durou tempo
suficiente. Você tem sorte de eu não ter voado aqui muito
tempo atrás. Sua mãe está um caco há meses. Sabe como ela
fica quando vocês não estão se dando bem.

Todos nós olhamos para ele como se não pudéssemos


acreditar que eles soubessem.

— Sim, ela sabe. Essa mulher sabe tudo o que está


acontecendo com seus meninos o tempo todo. — Ele olha em
volta para todos nós, apontando seu charuto. — Isto é família.
Vocês não têm nada além de uns aos outros, e é melhor não
esquecerem. Esta merda vai acabar agora mesmo. Não quero
que sua mãe aguente nem mais um minuto.

Donavan olha para Decker, depois para papai. — Ele


fundiu a maldita empresa sem discutir isso conosco primeiro.
Tenho que compartilhar meu departamento de direito penal
com um bando de idiotas incompetentes de Dallas. Então, ele
ficou do lado de Tate sobre o meu com um cliente e fodeu...

— Basta. — Papai se vira para Decker. — Bem?

— A merda não era pessoal. Era um negócio. Eu construí


a firma. Eu administro a firma. Eu tomo as decisões. Nada
mudou a não ser uma carga de trabalho mais leve para todos
nós. Desculpe-me se eu não queria ser um pai de merda
ausente para minha única filha. Estava pensando na Jenny
quando tomei a decisão de fundir a firma e agora os bônus são
maiores e as horas são menores para todos.
Donavan desvia o olhar, balançando a cabeça quando
menciona Jenny. — Eu entendo as coisas de pai, mas foda-se,
cara. Você deixou Tate entrar aqui como se fosse dona de nossa
maldita empresa, mandar nas pessoas, tudo porque você se
apaixonou por ela.

Decker balança a cabeça. — Isso não teve nada a ver com


meus sentimentos por Tate ou por você. Você é meu irmão e
eu sempre estarei com você, sempre. Mas quando você estiver
errado, eu o censurarei dessa merda. Eu tenho que fazer isso.
No trabalho, eu sou o chefe, e as merdas da família vêm em
segundo lugar. Assim que saímos pela porta, é a família em
primeiro lugar.

— Com certeza parecia que você estava escolhendo-a em


vez de nós.

— Olha, talvez...

Papai encara Decker.

Decker levanta as duas mãos. — Ok, talvez eu pudesse


ter comunicado as coisas da melhor forma. Nunca foi minha
intenção irritá-lo. Eu sabia que você teria um ataque e teria
que lidar com todos vocês durante meses para colocá-los a
bordo e eu não tinha esse tipo de tempo. Cada minuto que não
passava com minha filha era uma tortura para mim, não
entende? Mas, independentemente de seus sentimentos por
Tate, aquele processo foi mesquinho pra caralho e você sabe
disso. Foi um perdedor frívolo. Você queria arruinar um
negócio de nove dígitos porque estava cheio de sentimentos.
Eu não poderia deixar isso acontecer. Muitos empregos em
jogo e pessoas que não são da nossa família seriam afetados
por isso.

Papai se vira para Donavan. — Donny?

Ele encolhe os ombros. — Ok, talvez o processo fosse uma


besteira. E sim, doeu quando você nos ignorou por uma
mulher. Estou feliz que você encontrou alguém e estou feliz por
você, eu só... — Ele suspira de frustração. — Era uma coisa
nossa. A firma era nossa. Nosso nome estava na parede e agora
ele se foi e nunca o teremos de volta.

A raiva de Decker suaviza. — Não está melhor,


entretanto? — Ele levanta os ombros como, vamos lá, cara. —
Era apenas um nome na parede. Não exclui quem somos ou de
onde viemos.

Donavan desvia o olhar. — Sim, quero dizer, eu acho que


é. Eu só... gostaria que você tivesse feito de forma diferente e
eu teria concordado, talvez. Mas porra, por que sua noiva...

— Ela é do jeito que ela é, porque ela não terá nenhum


respeito de merda se ela não for respeitada. Você sabe disso.
Todos nós sabemos como as mulheres associadas são
tratadas. Porra, somos todos culpados por fazer isso. Você
sabe quantas vezes ela me implorou fora do trabalho para
entrar em contato com você? Que ela odeia ser uma barreira
entre nós. Isso a mantém acordada à noite. Você sabe quantas
promessas falsas fiz para entrar em contato com você para
tentar resolver isso? Eu sou orgulhoso demais para fazer isso
e nenhum momento parece ser o certo. Você sabe como eu fico.
— Uma lágrima escorre pela bochecha de Decker. — É por isso
que nossa porra de casamento foi adiada, porque ela se recusa
a se casar comigo enquanto eu estou chateado com você! Você
não a conhece. Não como pensa que conhece.

— E... eu não sabia que ela se sentia assim.

Decker finalmente desaba. Ele se aproxima e põe a mão


no ombro de Donavan. — Olha, talvez possamos conversar
quando voltarmos para o escritório depois do Dia de Ação de
Graças. Se você deseja uma função mais gerencial, tudo o que
você precisa fazer é dizer alguma coisa. Acho que você seria
ótimo para isso e eu tenho uma tonelada de merda nas minhas
costas que ficaria contente se pudesse.

Os olhos de Donavan brilham, mas ele tenta parecer legal.


E concorda. — Sim, talvez, eu esteja interessado em algo
assim.

Decker olha para Deacon e para mim com as


sobrancelhas levantadas.

Ao mesmo tempo, nós dois levantamos nossas mãos. —


Foda-se, — diz Deacon.

— Sim, vocês podem ter esse estresse. — Eu sorrio.

Simultaneamente, parece que um peso acabou de ser


tirado de todos os nossos ombros. Como se todo fardo do
mundo tivesse acabado de sair da sala. Pela primeira vez em
meses, é incrível tê-los se dando bem. Bastou papai colocar o
pé no chão.

— Vocês dois sabem o que fazer. — Papai acena com a


mão do charuto entre os dois.

Ambos se abraçam e estão realmente sorrindo. Parece


surreal. Não pensei que fosse possível neste momento.

— Resolvam seus problemas a partir de agora. — Papai


joga um braço em volta de mim e de Deacon e nos leva para
mais perto de Decker e Donavan, quase como um amontoado
de futebol. — Não quero ver esta merda acontecendo de novo.
Vocês estão fodendo com os Collins. Isso não é uma
responsabilidade leve, eu criei vocês melhor do que isso.
Honra, integridade, respeito. Vocês têm responsabilidades e
deveres para com sua família. Estou orgulhoso de todos vocês,
rapazes. Todos vocês ganharam mais do que eu jamais sonhei
para vocês quando eu estava trabalhando em dois empregos
para levá-los até a faculdade, enquanto sua mãe tomava conta
de vocês. Foi a única coisa que me ajudou a superar isso,
sabendo que eu estava providenciando, e sua mãe estava
garantindo que vocês não se matassem uns aos outros, para
que pudessem ter vidas melhores do que as nossas. Para que
vocês pudessem realizar tudo o que quisessem. — Ele se
inclina para trás e dá uma tragada no charuto. — Respeito e
amor por sua família é a cola que mantém tudo unido. Temos
um papel a cumprir e quando uma roda dentada não está
funcionando direito, cabe a todos vocês levantarem-se e
consertá-la. — Ele se vira para Donavan e para mim. — Tate e
Quinn já fazem parte desta família porque seus irmãos fizeram
promessas a elas. — Ele se vira para Deacon e Decker. — E
quando um homem Collins dá sua palavra, cumpre. — Ele
range os dentes e fica com aquele olhar de raiva como o inferno
em seu rosto que envia um arrepio na minha espinha. — Tate
e Quinn devem ser tratadas como você trataria sua mãe. Elas
devem ser protegidas a todo custo e NÃO serão desrespeitadas
de forma alguma. Ou se eu ouvir sobre isso, vou voar até aqui
e chutar cada traseiro nesta sala pessoalmente. Está
entendido?

— Sim, senhor, — todos nós dizemos em uníssono.

Ele sorri. — Ótimo. Haverá paz nesta família, enquanto


eu estiver respirando. Agora, vamos terminar este pequeno
encontro comigo compartilhando um charuto com meus
meninos. Já faz muito tempo.

— Amém para isso, — diz Decker.

Eu sorrio. — Onde você guarda o uísque aqui?

— Ótima ideia, filho. Eu gosto do som disso.

Decker e eu servimos um copo para todos e as coisas


voltam ao normal, sem mais, nem menos. Sem mais briga, sem
mais tensão.

Nós rimos, brincamos e quebramos as bolas um do outro.


É perfeito. Eu olho para papai, rindo e cantando. Nem sempre
concordei com ele em tudo, mas ele é um bom pai e espero um
dia poder ser um pouco como ele, seja como for, com as coisas
que importam. Eu poderia imaginar que me comeria por dentro
se meus filhos não se dessem bem, sejam eles ricos ou pobres.
Algumas coisas são mais importantes que dinheiro e status, e
ele está certo, no final das contas, as pessoas que você ama
são tudo o que importa.

— É assim que a família deve ser. — Papai apaga o


charuto no cinzeiro, com um sorriso satisfeito. — Eu não sei
sobre vocês, malditos palhaços, mas estou pronto para uma
sobremesa. Abaixem a maldita linguagem na frente das
mulheres. Isso incomoda sua mãe.

Todos nós voltamos para a cozinha quando Decker coloca


o braço em meu peito. — Precisamos conversar sobre negócios
por um segundo, enquanto eu tenho você aqui.

— Cara, é Dia de Ação de Graças. Que diabos? Não


podemos esquecer os negócios por algumas horas e aproveitar
a convivência de todos?

— É sobre Covington.

— Sério? Você ainda está nessa merda? Deixa para lá. Já


assegurei parte do negócio dele e terei tudo no final do
trimestre. Vai ser uma grande foda para Cooper e todos
aqueles idiotas pomposos do centro de Manhattan.

Ele balança a cabeça. — Não vai acontecer. Pedi a Rick


para investigá-lo.
— Você o quê? Qual é o seu maldito problema? Você não
faz esse tipo de diligência devida com nenhum outro cliente de
colarinho branco.

— Você não sabe o que eu faço. Há muita coisa que não


conto para vocês e há razões para isso.

— Por que você está tentando foder esse negócio? Onde


Covington vai, o dinheiro segue. Eu preciso soletrar para você?
É para isso que você me paga um bônus enorme. Eu não posso
fazer meu maldito trabalho com você me impedir pelas minhas
costas.

— Pode apenas esfriar seu temperamento por dois


segundos e me ouvir? Jesus Cristo.

Aceno um braço. — Bem, vá em frente. Você vai falar de


qualquer maneira.

— Eu dirijo uma casa limpa. Pedi para Abigail e Rick


investigarem as coisas dele. Isso é tudo ruim.

Meu rosto esquenta e não é bom. Já posso sentir a raiva


crescendo em meu peito. — Abigail sabia disso?

— Merda. — Decker desvia o olhar e depois volta para


mim. — Vocês dois não estavam realmente, sérios, quando eu
a coloquei nisso. E eu disse a ela para se reportar apenas a
Rick e a mim, mais ninguém.

— Por que diabos eu não estava sabendo? Eu é que estou


lidando com ele. — Ele está sempre fazendo essa merda
clandestina e estou farto disso. E ele e Abigail estão
escondendo segredos de mim?

— Era preciso saber e suas emoções estão atrapalhando


seu julgamento. Olha, seu amigo é dono de algumas empresas
com ligações com cartéis e essas merdas do crime organizado.
São operações de lavagem de dinheiro. Ele também é dono de
uma grande parte de uma empresa de navegação, e achamos
que eles podem estar envolvidos no tráfico de pessoas.

— Isso está ligado a ele? Legalmente? — Tenho que


colocar ênfase nisso, porque ele está especulando agora.

— Nada disso tem a ver com ele, legalmente, mas eu não


o quero em nossa lista. Você realmente quer seu nome
associado a essa merda?

— Foda-se você. Nosso departamento de direito penal


defende assassinos. Você quer nosso nome associado a isso?
Dinheiro é dinheiro e não sabemos com certeza se ele está
fazendo alguma dessas merdas, ou se está ciente de alguma
coisa. Ele está em um nível tão alto que analisa planilhas e
dados. Ele possui participações em milhares de empresas. Eu
o conheço pessoalmente. Você é tendencioso porque ele gosta
de toda aquela merda de BDSM e você está procurando um
motivo para foder com esse negócio. — Balanço minha cabeça
e tudo que posso pensar é como Abigail não disse nada. — Não.
Eu sei o que está motivando isso. Medo. Você está fazendo essa
merda porque tem medo de irritar as pessoas em Nova York.
Cooper assustou você como uma vadia.
Ele se levanta na minha cara. — Eu direi isso uma vez e
é o final. Foda-se Bennett Cooper. E Covington acabou, então
tire-o da porra da cabeça e siga em frente.

— Foda-se você. Ele é meu cliente. Venho trabalhando


nisso há meses, senão anos. Está acontecendo. Não
precisamos saber de nenhuma merda suspeita que ele tenha.
Temos negação plausível. Quando você se tornou a porra de
um santo? Tate colocou você nisso ou algo assim?

Ele aponta o dedo na minha cara. — Não traga minha


noiva para isso porque você está chateado por estar errado e
porque dei uma tarefa à sua namorada. Negócios são negócios
e ela estava apenas fazendo seu maldito trabalho. Covington
não deve colocar os pés em nossos malditos escritórios até que
eu diga o contrário.

— Foda-se isso. Não preciso disso. Não de você. De


ninguém. — Eu jogo um ombro nele enquanto saio do
escritório.
Abigail

ESTOU na cozinha ajudando Tate a servir a sobremesa


enquanto os caras saem do escritório com o Sr. Collins
liderando o caminho.

Donovan e Deacon vem atrás dele e pegam um prato.

— Este pudim é incrível. — Jenny sorri para mim e


consegue uma segunda porção.

— Obrigada. — Eu me viro para Deacon. — Onde está a


outra metade de você?

Ele encolhe os ombros. — Eu não sei, ele ficou para trás


com Decker por um minuto. Talvez algo do trabalho?

— Puta merda... essa torta de nozes me lembra de casa,


— diz Tate, tentando manter uma conversa fiada, mas eu a
vejo continuar olhando para o escritório também.

Deslizo para uma cadeira ao seu lado, onde ninguém


mais pode ouvir. — Obrigada novamente por me receber. Eu
sei que Decker não gostou da ideia de Dexter e eu. Espero que
não seja um problema. Não quero causar tensão na família.
— Oh, confie em mim. O que quer que esteja acontecendo
aí agora... não tem nada a ver com você. Todos esses meninos
gostam de ser durões, mas por dentro são todos molengas.
Você só precisa ficar perto deles fora do trabalho para fazer
coisas boas. Acho que eles estão brigando por causa de um
cliente em potencial.

Meu estômago embrulha e me pergunto se isso tem a ver


com o arquivo que dei a Decker sobre Wells Covington.

Finalmente, vejo Dexter e reconheço a expressão em seu


rosto imediatamente. Já vi isso antes e não foi um bom
resultado.

Decker entra furioso logo atrás dele, parecendo tão


irritado quanto, senão mais.

— Oh, merda, — Tate sussurra e suspira no segundo que


ela os vê.

Dexter não diminui a velocidade enquanto passa por


mim. Ele me lança uma carranca zangada e sai direto pela
porta da frente.

— Que diabos? — Eu olho para Tate.

Decker vai até a geladeira e abre a porta com tanta força


que fico surpresa que ela não voe das dobradiças, então pega
uma cerveja.

Eu me levanto. — Vou dar uma olhada em Dex.


Quinn pisa no meu caminho. Seus olhos estão
arregalados. — Não faça isso. Confie em mim. Seja o que for,
deixe-o esfriar e pensar nisso. Se você for lá, será pior. Sério.
Ele e Deacon são exatamente iguais.

— Eu ouviria Quinn, — diz Tate.

— Não. — Eu balancei minha cabeça. — Ele pode ficar


puto com Decker o quanto quiser, mas não tem nada que me
tratar assim. Eu não fiz nada.

Pego meu casaco do armário do corredor e o encontro do


lado de fora, andando na calçada. — O que diabos aconteceu
lá atrás? Você não apenas me lança olhares sujos e se afasta
de sua família e de mim sem nenhuma explicação.

Suas mãos estão tremendo e não de frio. — Apenas me


deixe em paz, Abby. Porra! Só preciso de cinco minutos.

Eu balancei minha cabeça. — Não, se você quiser que a


gente se dê bem, fale comigo.

Ele aponta o dedo na minha cara. — Você quer dizer a


maneira como você veio e falou comigo quando estava fazendo
pesquisas sobre meu amigo?

Merda. Ele sabe de Covington. — Eu estava fazendo meu


trabalho. O que meu chefe me disse para fazer.

— Merda! Você sabia que Decker estava trabalhando nas


minhas costas, mas não disse nada. Nem uma palavra. Você
sabia sobre Wells. Você nos viu no bar, você sabia quem ele
era, então não se faça de inocente agora. Você foi pelas minhas
costas com meu irmão para me sabotar. — Suas mãos se
fecham em punhos e seu rosto está rosa brilhante. — Você ia
mesmo me contar?

— Oh, posso falar agora? Ou você gostaria de continuar


gritando comigo como uma criança tendo um acesso de raiva?

— Eu disse para você me deixar em paz por cinco minutos


e você não me ouviu. O que você vê é o que você obtém.

— Eu não sabia o que estava acontecendo, Dexter. — Eu


aponto para ele. — É por isso que eu sabia que éramos uma
má ideia. — Uma lágrima desliza pela minha bochecha
enquanto eu digo as palavras, porque eu sabia que isso estava
por vir. Eu sabia que algo assim iria acontecer. — Eu disse que
não seríamos capazes de manter os negócios e o pessoal
separados, mas você continuou comigo, continuou
pressionando, até que eu cedi e agora olhe para nós. É isto o
que você queria? Você está quebrando meu coração agora e
você me prometeu que não faria isso.

— Apenas fazendo seu trabalho? — Ele zomba. —


Racionalize e banque a vítima o quanto quiser. Você me traiu.
Você não veio falar comigo. Você escondeu coisas de mim e
agora age como se fosse minha culpa. Eu não preciso dessa
merda.

Não vou sentar aqui e ser seu saco de pancadas. Eu não


tenho que aturar isso. Não dele. De homem nenhum. Talvez
minha mãe estivesse certa, e ele seja apenas um menino, tendo
um ataque de choro, todo afogado em suas emoções, como as
mulheres supostamente ficam.

— Sim. Meu trabalho.

— Isso é o que todo mundo por aqui diz. Estou apenas


fazendo meu trabalho, mas quando sou eu quem faz o meu,
fico fodido.

— Eu não fiz isso com você.

— Certo. Você apenas passou a informação para Decker


durante o dia e me fodeu à noite. Quer saber, Abigail? Por que
você não volta para casa com meu irmão e aproveita o feriado.
Ele é quem paga a porra das suas contas. Negócios são
negócios, certo?

Lágrimas queimam em meus olhos enquanto ele sobe em


seu carro e guincha os pneus, deixando um rastro de fumaça
atrás deles.

Eu cubro meu rosto com as mãos e a parte de trás da


minha garganta queima. Ele apenas me deixou aqui, sabendo
que eu ficaria sozinha com sua família depois do que acabou
de acontecer.

Não sei se alguma vez tive tanta vergonha na minha vida.

Limpo as lágrimas dos meus olhos.

Foda-se, Dexter!
Começo em direção ao final da garagem com meu telefone
na mão, porque não há nenhuma maneira de eu voltar para
aquela casa depois do que acabou de acontecer. É muito
humilhante.

A porta da frente se abre e Tate e Quinn saem correndo.


Elas provavelmente ouviram Dexter sair da garagem como um
idiota.

— Apenas entre, por favor? — Tate envolve seus braços


em volta dos meus ombros.

Eu balancei minha cabeça. Eu não posso. E se eu vir


Decker, posso explodir com ele e perder meu emprego. — Estou
bem. Vou ligar para um Uber.

— Vou te levar para casa, — diz Quinn.

Não consigo nem olhar para ela, apenas aceno.

— Apenas deixe-me dizer a Deacon e pegar as chaves.


Você trouxe uma bolsa?

— Eu vou pegar. — Tate me dá outro aperto no ombro.

Eu fungo e tento secar meus olhos na manga onde eles


não podem ver. Estou uma bagunça, chorando na frente de
todos os meus colegas de trabalho.

Alguns minutos depois, estou no carro com Quinn.

Ela abaixa o volume do rádio. — Você não precisa falar


sobre isso se não quiser. — Seu olhar e tom se suavizam. —
Mas eu estou aqui se você precisar de mim. Esses meninos
podem agir como idiotas às vezes.

— Agradeço a oferta, mas estou bem, de verdade. — Eu


não estou bem. Não estou nada bem agora. Não posso estar
com quem não me respeita. A única coisa boa de hoje é que a
Barbie está na casa dos pais, então não posso explodir com ela
e acabar sem teto.

Quinn para na minha rua em frente ao meu prédio.

— Se você precisar de alguma coisa, me ligue. Podemos


almoçar um dia na semana que vem.

— Certo. Seria ótimo. — Eu sei que não vai acontecer,


mas Quinn é legal, e eu não quero ser uma vadia com alguém
que não merece. Eu sei que sua lealdade é com Dexter. Ela
está noiva de seu irmão gêmeo. Qualquer coisa que eu disser
a ela vai voltar para ele.

Ela me deixa e eu entro. O apartamento está silencioso e


frio. Eu aumento o aquecimento e fico de mau humor pelo
corredor até o meu quarto e coloco um moletom, uma
camiseta, meias felpudas e torço meu cabelo em um coque
bagunçado.

Finalmente, sento no sofá e assisto ao Hallmark Movie


Channel com um litro de sorvete de caramelo.

Estou na metade do filme quando alguém bate na minha


porta.
Eu não quero responder. É mais provável ser Dex e ele
esteja aqui para ser um idiota maior ou para se ajoelhar e
rastejar. Não tenho paciência para nenhum desses cenários
esta noite.

Ando até a porta, porém, minha curiosidade levando o


melhor de mim. Eu olho pelo olho mágico e é Kyle.

Abro a porta e ele dá uma olhada em mim, então me puxa


para um abraço. — Você está bem?

Eu balancei minha cabeça. — Não, minha vida está uma


merda agora.

— O que aconteceu? — Ele dá um passo para dentro e eu


fecho a porta. — Você estava chorando?

Eu me olho no espelho e meus olhos ainda estão


vermelhos pra caramba. — Não. Está... estou bem.

— Ele fez isso?

— Eu não quero falar sobre isso.

Ele hesita por um segundo, mas surpreendentemente não


menciona Dexter novamente. — Bem, venha para o
apartamento. Temos bolo de chocolate e shots. Nick trouxe um
monte de comida da reunião de sua família. Estamos apenas
relaxando. Não fique aqui sozinha no Dia de Ação de Graças.

Eu olho ao redor do meu apartamento. Ele tem razão. Eu


não deveria ter que sentar aqui sozinha, miserável. — Ok. —
Pego minhas chaves e deixo meu telefone. — Só um pouco, no
entanto.
Dexter

EU DIRIGI SEM RUMO por cerca de meia hora tentando me


acalmar. Eu sei que não deveria ter explodido com Abigail do
jeito que fiz. Eu estava chateado com Decker principalmente.
Sim, estou chateado com ela, mas eu não deveria ter saído
como fiz e deixado ela sozinha na casa de Decker. Se ela tivesse
apenas me dado cinco fodidos minutos sozinho, geralmente é
tudo que eu preciso para me acalmar. Mas quando estou assim
e as pessoas não me deixam em paz, eu digo e faço coisas
odiosas. Ela não parava de pressionar e eu simplesmente perdi
o controle.

Não sei o que estou fazendo. Estou muito bravo para ver
Decker agora, mas preciso pelo menos voltar e levar Abigail
para casa. Então ela pode me dizer que nunca mais quer me
ver de novo e gritar na minha cara ou o que quer que ela
precise fazer. Estou mais calmo e não vou agir como um
maníaco desta vez. Eu mereço isso, faça o que ela fizer. Quem
sabe o que diabos todo mundo está dizendo a ela sobre mim.

Porra!
Eu viro meu carro de volta e vou para a casa de Decker
tanto quanto eu não quero. Eu puxo para cima e deixo o
Chevelle correndo na garagem e corro para a porta. Tate vem
para a frente e me encara como se eu fosse o maior idiota do
mundo.

Isso é justo.

Ela sai e abaixa a voz como se alguém pudesse estar nos


ouvindo. — Ela não está aqui. O que diabos há de errado com
você, Dexter?

Eu inalo uma respiração profunda e fria. — Não sei. Seu


maldito noivo estava agindo como um idiota e tinha Abigail
executando projetos de pesquisa em Covington nas minhas
costas, dizendo a ela para não se reportar a ninguém além dele.
Tenho certeza de que você leu sobre isso, mas Wells é meu
amigo. Não apenas um cliente. E ele tinha minha namorada
investigando-o e ninguém me disse nada.

— Ele fez isso agora?

— O quê, você nem sabia? — Eu balancei minha cabeça.


— Fodido.

— Eu cuido de Decker. Vá consertar as coisas com


Abigail. Ela estava realmente chateada.

— Eu disse a ela para me deixar em paz por cinco


minutos, ela não me ouviu.
Tate aponta um dedo para meu rosto. — Escute,
merdinha. Não importa quem começou, quem não fez o quê ou
quem estava errado. Vocês, idiotas, governam o local de
trabalho com punho de ferro, as mulheres governam em todos
os outros lugares. Controle sua merda, atacando-a assim. Você
é o cara, agora vá se desculpar. Essas são as malditas regras
do universo, se você gosta de transar e ficar com uma durona
como Abigail. Então aguente.

— Onde ela está?

— Quinn a levou para casa.

— Obrigado.

— Ei, Dex?

— Sim?

— Por favor, resolva as coisas com ela. Ela realmente te


ama, e vocês dois são perfeitos um para o outro.

Volto para o meu carro e digo por cima do ombro: — Vou


fazer o meu melhor.

Quando estou de volta ao Chevelle, pego meu telefone e


ligo para Abigail. Não há resposta. Sem surpresa. Ela não é
tarefa fácil. É uma das muitas coisas que amo nela.

Vou direto para a casa dela, mas não há resposta quando


ligo novamente do carro.
Subo as escadas, temendo cada passo, me perguntando
o que diabos vou dizer. Finalmente, eu paro na frente da porta
de seu apartamento.

Eu bato

Sem resposta.

Eu bato novamente. — Vamos, Abigail. Eu sei que você


está aí.

Uma porta no corredor se abre e aquele idiota do Kyle sai


de seu apartamento. Ele me vê e tem um sorriso maroto
estampado no rosto.

Não diga merda para ele, Dexter. Não faça absolutamente


nada ou nunca a terá de volta.

Ele dá alguns passos em minha direção. — Ela não está


em casa.

— Como diabos você sabe?

Droga, apenas seja civilizado com esse idiota. Vire a outra


face.

Ele sorri para mim. — Porque ela está no meu


apartamento. — Ele coloca o polegar atrás dele. — E ela não
quer merda nenhuma com você.

Eu balancei minha cabeça para ele. — Você é patético.


Sua besteira de manipulação não vai funcionar, garoto. Vá se
foder.
— Eu posso foder outra pessoa que está sentada no meu
sofá. Porque eu não estou mentindo.

Para o inferno ser legal.

— Estou ficando cansado de sua merda, seu idiota


presunçoso. — Eu começo em direção a ele, punho cerrado.

Seus olhos ficam grandes. — Vou chamar a polícia se você


não der o fora daqui. — Ele puxa o telefone do bolso.

— Você não é o dono do prédio. Vou levar um saco de


dormir e acampar no maldito corredor se quiser, seu idiota.

— Não, mas você está caminhando em direção ao meu


apartamento me ameaçando.

— Eu não preciso te ameaçar antes de chutar sua bunda.


Agora saia da minha cara antes que eu jogue você pela porra
da janela.

— Foda-se. — Ele me mostra o dedo do meio, mas quase


tropeça nos pés enquanto dá ré em direção à porta.

— Kyle? Para onde você foi? — Abigail sai para o corredor


em seu maldito pijama com uma cerveja na mão.

Não sei se alguma vez me senti tão estúpido na minha


vida. Tive certeza de que ele estava mentindo. De jeito nenhum
ela estaria em seu apartamento. Menos de uma hora e ela já
saiu correndo e começou a beber com ele. Tudo em meu corpo
dói, completamente. Meu coração parece que acabou de ser
arrancado do meu peito. Eu continuo esperando que a raiva e
a fúria me consumam, mas isso não acontece. Parece que meu
corpo pode entrar em colapso. Eu tenho que dar o fora daqui.

Kyle está lá com um sorriso arrogante de “eu te disse” no


rosto, e eu nunca me senti tão castrado.

Balanço minha cabeça diretamente para ela. —


Inacreditável.

— Dex?

— Não acredito que vim aqui para me desculpar.


Aproveite sua noite.

— Dex!

Sua palavra me bate nas costas e eu simplesmente


continuo andando.

Para o inferno com tudo.


Abigail

NÃO CONSIGO PARAR DE CHORAR e não me lembro de ter


ficado tão chateada na minha vida. Dexter era um idiota total,
mas não consigo tirar a cara dele da minha cabeça. Eu não o
deixei bravo, eu o machuquei. A pior parte é que não sei se
devo me sentir mal ou não. Eu não sei como me sentir.

Sim, provavelmente não deveria ter ido para a casa de


Kyle, mas estava tão chateada e simplesmente não queria ficar
sozinha. Eu sei o que parecia para Dexter, mas não era o que
ele pensa. Ele nunca me ouviria se eu tentasse dizer a ele e eu
não deveria ter que me explicar de qualquer maneira. Ele
deveria confiar em mim. Ele é aquele que estourou e agiu como
um idiota. Se ele não tivesse feito isso, eu não estaria de volta
ao meu apartamento sozinha, tomando sorvete.

Kyle se aproxima com dois shots. — Aqui, vai ajudar.

Eu balancei minha cabeça. Nem deveria estar aqui, mas


meus pés parecem concreto e eu simplesmente não consigo me
mover. Nick está no quarto jogando videogame, então estou
sozinha com Kyle na sala de estar.
Levante-se e vá embora.

Kyle se senta ao meu lado. — Mais para mim então. —


Ele toma os shots. Quando termina, seus olhos se voltam para
mim. — Você está melhor.

— Não faça isso. Por favor. Eu preciso ir.

Eu começo a me levantar e sua mão se move para minha


coxa.

Eu olho para baixo para ele. — O que você está fazendo?

Ele se inclina. — Ah, qual é, você merece coisa melhor do


que ele. Alguém que sabe como tratá-la.

Empurro sua mão de cima de mim. — O que diabos você


está dizendo?

Sua mandíbula aperta. — Você sabe o que eu estou


dizendo. Você tem um cara bem aqui no mesmo corredor que
se preocupa com você e está fodendo com algum idiota com o
dobro da sua idade.

— Ele não tem o dobro da minha idade e você deveria ser


meu amigo. — Eu me levanto. — Dexter estava certo. O que
você disse a ele naquela noite no bar?

Ele permanece em silêncio, sentado ali, pensativo.

— Estou indo embora.

Quando dou dois passos, Kyle pula do sofá.


— Claro que você está, sua provocadora de merda. Vá em
frente, corra de volta para ele. É o que vocês, vadias, fazem de
melhor.

Meu rosto esquenta e todos os músculos do meu corpo se


contraem, em parte porque estou chateada com Kyle e em
parte porque Dexter estava dizendo a verdade e estava certo.
Fui estúpida em não dar ouvidos a ele. Eu giro em Kyle. Quero
dizer coisas más a ele, mas não quero descer ao seu nível.
Estou cansada de ficar com raiva hoje. Tudo machuca. Meu
coração dói por Dexter. Um verdadeiro amigo estaria me
confortando agora e não porque eles quisessem me embebedar
e transar.

— Você é patético.

— Não, Abigail. Apenas pare com essa coisa toda da pena.


— Ele acena com o dedo para cima e para baixo. — Não
combina com você. Você é como todas as garotas bonitas do
colégio, correndo atrás do cara mais gostoso que puder
encontrar, mesmo que ele seja um idiota total com você.

— É verdade, eu tenho pena de você, Kyle. Você sabe


porquê?

— Por quê?

— Porque você foi legal comigo quando me mudei.


Gostava de você e de Nick. Achei que vocês fossem realmente
meus amigos. E se você tivesse me convidado para sair antes
de Dexter, eu teria dito sim. Você era muito inseguro para
tentar. Mas agora, eu não jogaria água em você se estivesse em
chamas. Tenha um ótimo Dia de Ação de Graças.

E saio furiosamente enquanto ele está lá, olhando para o


chão.

Você fez a coisa certa.

Eu poderia ter começado uma briga e gritado, mas o que


isso teria feito? É muito melhor saber que sou uma pessoa
melhor. E não estava mentindo. Eu teria saído com ele, mas
agora não vou, nunca.

Agora, eu só tenho um coração partido que preciso


superar. Estou farta de relacionamentos há muito tempo.
Abigail

JÁ SE PASSARAM duas semanas e Dexter e eu não nos


falamos desde que ele me viu no corredor. Eu sei que não
parecia bom, mas que diabos? Não foi o que parecia e eu não
vou persegui-lo e me desculpar quando foi ele que agiu como
um idiota.

Tem sido tenso e incômodo no trabalho. Eu saio do meu


caminho para não cruzar com ele. Não porque eu não queira
vê-lo. Eu quero. Sinto sua falta como louca, mas não vale a
pena. Ele ainda nem sequer pediu desculpas e tenho certeza
de que não pedirá. Tudo o que ele vai se lembrar é de me ver
no corredor e esquecer tudo o que fez antes disso. Preciso sair
desta cidade. Não quero estar trabalhando ao redor de Dexter
e com certeza não quero estar perto de Kyle ou Barbie.

Vai demorar um pouco para me acostumar a ficar solteira


depois de Dexter, mas quando eu superar isso, serei feliz
novamente.

Sempre que eu vejo Dexter, é como se eu não existisse.


Ele não me encara, não se sente frustrado, apenas continua
como se eu não fosse nada para ele.
Não posso acreditar que me coloquei nessa posição. Ele
prometeu que não faria isso comigo. Eu simplesmente não sei
o que fazer.

Viver com Barbie tem sido insuportável. Ela voltou a ser


uma vadia total. Ela odeia o mundo graças a Chuck e quer
deixar todos tão infelizes quanto ela, não que ela não o tivesse
feito antes, mas agora é pior.

Tate e Quinn entraram em contato várias vezes, mas não


sou boa nessas coisas. Não quero falar sobre meus problemas
com elas. Sei onde reside sua lealdade.

Eu também não esperaria nada menos. Ambas estão


noivas de seus irmãos. Se eu estivesse no lugar delas, relataria
tudo o que ouvi. Isso me faz sentir tão deslocada. Mal posso
esperar para voltar para casa no Texas para o Natal. É minha
coisa favorita no mundo e me recuso a deixar Dexter arruinar
isso para mim.

Viro o corredor e o pego levando uma cliente até o


elevador. Meu coração afunda quando vejo sua mão na parte
inferior de suas costas. Tenho certeza de que não é nada. Ele
provavelmente está apenas sendo educado, mas é como uma
faca no coração. Isso foi algo que pensei que ele só fazia para
mim. Cada sentimento que tenho é amplificado em mil sempre
que ele está perto. Só de vê-lo dói.

Ele sorri e brinca como se não houvesse nada de errado


em seu mundo e eu sinto que estou quebrando lentamente.
Como se minha vida inteira pudesse desmoronar a qualquer
segundo. Eu odeio isso. Eu odeio isso. Eu odeio estar neste
escritório respirando o mesmo ar que ele. Eu odeio me sentir
assim. Estar com raiva e ainda o querendo. Eu quero sair da
minha cabeça por apenas cinco minutos.

Exalo um longo suspiro e faço o que deveria ter feito há


duas semanas. Marchei para o escritório do Decker.

— Ele está aí?

Quinn acena com a cabeça. — Sim, vou deixá-lo saber


que você está aqui. — Ela atende o telefone. — Abigail está
aqui. Você tem um minuto? — Ela desliga o telefone. — Você
está bem?

— Estou bem. — Coloco um sorriso falso no rosto e espero


que seja convincente.

— Tem certeza?

A pena em seus olhos fez minha pele se arrepiar, mas eu


sei que ela está apenas sendo legal. — Eu estou bem.

— Você pode entrar. Ele está esperando.

— Obrigada.

Eu entro.

Decker se inclina para trás em sua cadeira e parece


intimidante como o inferno, mas eu endireito meus ombros e
afasto toda a minha ansiedade.
— Abigail. — Ele aponta para o assento na frente de sua
mesa. — Olha, me desculpe por...

— Está bem. Está feito. Não é por isso que estou aqui.

Seu olhar se torna interrogativo. — Ok, então o que posso


fazer por você? — Ele está sendo muito mais legal do que o
normal, o que me diz que ele sabe que fez merda, mas
provavelmente não vai se desculpar.

E também não quero, de qualquer maneira. Eu quis dizer


o que disse. Só quero esquecer o que aconteceu. Não quero
guardar rancor nem culpar ninguém. Só quero deixar tudo
para trás.

Eu me sento. — Estava, humm, eu realmente não sei


como dizer isso, mas é possível me transferir de volta para
Dallas?

— Isso é por causa de Dex?

Balancei minha cabeça. Claro que é, Decker, Jesus. Como


você pode administrar esta empresa e ser tão cego às vezes? —
Não, eu só sinto falta de casa. E quero estar de volta perto da
minha família. — Tenho certeza de que ele provavelmente vê a
mentira. Se ele não vê, ele ignora.

— Tem certeza que não é sobre Dexter e Covington?

Realmente não quero entrar nisso de novo. Isso trará


muita dor. — Eu não sei, Sr. Collins. Provavelmente um pouco
disso. Eu sinto falta da minha família. Eu apenas me sinto
estranha, como se eu não pertencesse aqui.

— Você é uma ótima funcionária. Eu tinha grandes


esperanças para você. Já conversou com ele?

— Não. — Tenho que escolher minhas palavras com


cuidado. Pelo que sei, ele está gravando a maldita conversa. —
Não há realmente nada que ele possa dizer ou fazer. As coisas
simplesmente não funcionaram entre nós.

Ele olha para o teto, então seus olhos voltam para os


meus. — Se é isso que você quer, então não vejo por que não.
Tenho certeza de que Weston adoraria ter você de volta. Você
tem algum trabalho que precisa de transição?

— Não. Eu tenho tudo organizado. Estava indo para casa


para uma visita de Natal antes de qualquer, bem, você sabe...
deve ser bem tranquilo.

— Ok, bem, quando você quer voltar?

— Estou partindo para Dallas amanhã. Seria mais fácil


se eu pudesse já ficar por lá.

— Nossa. Ok, vou ligar para ele esta tarde. Tem certeza
que está bem com isso? Você já pensou sobre isso?

Concordo. — Sim, senhor.

— Ok, bem, farei a ligação.


— Obrigada, Sr. Collins. Eu realmente aprecio as
oportunidades que você me deu aqui. Eu aprendi muito.

— O prazer foi nosso, mesmo que só tivemos você por


pouco tempo.

Eu me viro para sair.

— Abigail?

Eu paro e o encaro. — Sim?

— É Decker, ok?

Eu concordo. — Ok, obrigada, Decker. — É tão estranho


chamá-lo pelo primeiro nome, mas não quero ser rude e
realmente aprecio tudo o que ele fez por mim,
profissionalmente. Eu poderia pisar em seu peito por misturar
negócios com minha vida pessoal, mas amo meu trabalho e
sair com ele em seu escritório seria estúpido. Seria algo que
Dexter faria e eu sou melhor do que isso.

Atravesso a porta e solto um suspiro profundo. Eu não


vou chorar. Estou fazendo a coisa certa.

Assim que eu olho para cima, Dexter está bem ali.

Merda.
Dexter

VOU EM direção ao escritório de Decker. Preciso falar com


ele sobre Wells Covington. Ele vai embarcar ou vou arranjar
um novo emprego. Ele está fazendo uma merda monumental,
a maneira como está lidando com isso. Já tive que me
encontrar com Rick duas vezes para revisar as coisas, quando
tinha coisas muito mais importantes com que lidar.

Já destruiu meu relacionamento. Não vai me arruinar


profissionalmente também. Tive que me encontrar com
clientes e trabalhar muito nas últimas duas semanas. Ainda
me encontrei com Covington duas vezes, mas não vou contar
isso a Decker.

Sei que deveria me desculpar com Abigail, mas não sei o


que dizer a ela, então me enterro no trabalho, encontrando-me
com clientes em potencial. Tentei entrar em contato algumas
vezes e minhas ligações foram direto para o correio de voz.
Enviei duas mensagens e elas ficaram sem resposta.

Preciso organizar meu trabalho e então vou lidar com ela


antes que saia para o Natal. Se há uma coisa que sei sobre ela
e eu, é que precisamos nos acalmar. Posso sentar e conversar
com ela agora que toda a raiva desapareceu e pelo menos dar-
lhe algo em que pensar enquanto ela estiver ausente. Não
posso fazer duas coisas ao mesmo tempo e estar em dois
lugares ao mesmo tempo e isso está me deixando louco.

Assim que eu subir para dizer a Quinn que preciso falar


com ele, Abigail sai de seu escritório. Porra, é muito cedo. Não
estou preparado para dizer nada, mas tenho que dizer algo.

Ela me olha e tenta passar rápido, mas eu passo em seu


caminho. — Oi, eu realmente preciso falar com você. Fiquei
preso no trabalho, mas tentei ligar algumas vezes. Eu
realmente quero sentar e conversar cara a cara. Por favor?

Ela balança a cabeça. — Não se preocupe. É muito tarde


para isso.

Antes que eu possa responder, ela apenas passa por mim.

Que porra é essa? Eu não gritei com ela. Ela não pode
nem falar comigo agora? Sei que estraguei tudo, mas ela estava
no apartamento daquele idiota e eu não fiz nada. Mantive
minha calma.

Eu continuo olhando para frente e para trás entre o


escritório de Decker e Abigail indo embora e tenho vontade de
gritar. Minha vida inteira está fora de ordem e vou morrer se
não resolver tudo isso logo. Foda-se, ela precisa se acalmar um
pouco mais, aparentemente. Ela parecia que estava prestes a
arrancar minha cabeça. Vou esperar mais um ou dois dias. Ela
não pode ficar chateada para sempre.
Ou ela pode? É isso que me preocupa. Mulheres fodidas.
Elas sabem como guardar rancor. Jesus.

Entro no escritório de Decker.

No segundo em que seus olhos emergem de tudo o que


está lendo, ele solta um suspiro exasperado e levanta a mão.
— Sem mais merda pessoal. Não posso lidar com isso agora.

Minhas sobrancelhas sobem. — O quê?

— Sim, sua namoradinha estava aqui querendo uma


transferência de volta para Dallas. Ela é minha melhor
pesquisadora entre todos os paralegais e ela quer sair daqui,
por sua causa. Tenho certeza que você está vindo aqui para
impedir que isso aconteça. Eu não posso lidar com toda essa
merda. Não agora.

Eu juro que meu coração para de bater. Todo o ar é


sugado para fora dos meus pulmões, e então meu rosto aquece
a um milhão de graus. É ainda pior do que no Dia de Ação de
Graças. E foda-se Decker por querer me culpar por tudo isso.
Ele também é culpado.

Decker se vira e seus olhos se arregalam quando me vê.


— Acalme-se por um minuto, ok? — Ele dá um passo em
minha direção.

— Ela não vai a lugar nenhum. — Eu me arrasto em


direção à porta.

— Dex! Traga sua bunda de volta...


Eu voo para fora da sala antes que ele possa terminar a
frase.

Todo o escritório é um borrão. As pessoas tentam me dizer


coisas, mas não ouço uma palavra. Eu corro escada abaixo e
saio pela frente a tempo de ver Abigail deslizar para dentro de
um táxi.

— Porra!

Todos na calçada se viram e me encaram depois que grito


a palavra. Minha cabeça está girando, girando o pescoço, e vejo
o estacionamento. Graças a Deus dirigi hoje. Eu saio correndo
pela rua e alguns carros freiam e buzinam, mas para o inferno
com eles. Eu pego minhas chaves enquanto ando entre alguns
pilares na garagem até o meu carro.

Ele dispara e eu me arrasto para o trânsito de Chicago.


Os arranha-céus flutuam no alto e o motor ronca sob meus
pés enquanto eu amplio e afasto os carros, indo o mais rápido
que posso pelo centro da cidade.

No último segundo, o carro à minha frente para,


enquanto o semáforo ainda está amarelo.

— Covarde, vá! — Eu bato na buzina.

Um dedo médio voa para cima e eu meio que começo a


desafivelar meu cinto de segurança, mas não consigo perseguir
Abigail e dizer a ela para parar de ser uma idiota. Então, eu
apenas fico sentado lá, respirando pesadamente, pensativo.
Que porra é essa? Sim, eu fui um idiota, mas você só vai
sair e se mover pelo país por causa disso? Por que diabos eu
tive que me apaixonar por uma jovem de 24 anos? Este é o tipo
de merda que elas fazem. O céu desaba sempre que alguém
comete um pequeno erro. Não é como se eu tivesse fodido com
outra pessoa. Não consigo nem pensar em mais ninguém além
dela e ela não quer me dar atenção?

Você foi um idiota, cara. Foi um grande erro. Não


racionalize. Você precisa se acalmar.

Quero fazer qualquer coisa, menos ouvir meu cérebro


agora, embora saiba que deveria. Meus dedos agarram o
volante. Eu não deveria ponderar com ela agora, não assim.
Foi o que me meteu em problemas da última vez, mas não
consigo evitar. Eu só quero agarrá-la pelos ombros, sacudi-la
e fazê-la ouvir a razão. Quero prometer que nunca mais vou
errar assim de novo. Meu coração dói. Nunca experimentei
nada parecido.

É minha culpa. Tudo minha culpa.

Só quero gritar com toda a força dos meus pulmões.

Não acho que você possa realmente apreciar o quanto


você ama alguém, até que eles sejam tirados de você.

Finalmente, o sinal fica verde e eu voo pela rua de Abigail.


Eu pego um vislumbre de amarelo e ela saindo do táxi, assim
que eu paro. Eu jogo o Chevelle no estacionamento, bem no
meio da estrada porque eu não dou a mínima para um carro
ou um trabalho ou qualquer outra coisa. Eu só a quero.

Abro a porta do meu carro e saio correndo para


interrompê-la antes que ela possa entrar em seu prédio.
Buzinas soam e as pessoas gritam todo tipo de merda porque
meu carro está bloqueando a estrada, mas não presto atenção
nisso. Subo correndo os degraus, agarro seu antebraço e a
giro.

Seus olhos se arregalam no início, depois se estreitam em


mim. — Vá embora. Não quero falar com você agora.

Eu jogo minhas mãos para cima. — Sério, Abby. Nós


precisamos conversar.

— Não é a hora. Como eu disse, não agora.

— Oh, amanhã seria melhor, quando você estiver no


Texas?

Ela range os dentes. — Eu disse não agora. Eu não quero


falar com você.

— Você está agindo como uma idiota.

Seu rosto fica tenso. — Eu! Eu sou a idiota? Você está


brincando comigo?

Eu balancei minha cabeça. — Você não vai voltar para o


Texas. O que há de errado com você?
Ela enfia o dedo na minha cara. — Você não me diz o que
eu posso e não posso fazer. Você não é meu pai. Você deveria
ser meu parceiro, mas você não é mais nada para mim!

Suas palavras são como um tapa na minha cara. Porra,


dói tanto.

Ela olha para o concreto. — Eu não... eu não quis dizer


isso, Dex. Só estou magoada e...

— Bem, você disse isso. Estou aqui. Estou tentando. Eu


gostaria que você apenas falasse comigo. Eu só preciso ouvir
sua voz ou estar perto de você ou algo assim, não sei.

Ela olha para cima e há lágrimas em seus olhos. Sua voz


abaixa uma oitava e suas palavras ficam mais lentas, como se
ela estivesse tendo problemas para dizê-las. — Você me deixou.
Na casa do seu irmão, com toda a sua família, no Dia de Ação
de Graças. E eu trabalho com todos eles. Eles são meus chefes.
Você tem ideia de como isso foi humilhante? Você realmente
tem alguma ideia? Você agiu como uma criança. Na verdade,
todos vocês agem como crianças. E isso está dizendo algo,
considerando que vem de uma garota de 24 anos que está
ativamente tentando se divertir e ser irresponsável nesta fase
de sua vida.

Eu concordo. — Você tem razão. Eu sei.

Ela estende a mão e agarra meu antebraço.

Eu só quero abraçá-la pra caralho e fazer um milhão de


promessas a ela, mas não posso. Ela não me deixa. E
realmente não posso culpá-la quando dou um passo para trás
e vejo tudo o que fiz. Quebrei a promessa que fiz a ela. O que
mais importava.

— Amo você de verdade, Dexter. É por isso que isso é tão


difícil. Se você fosse qualquer outro cara, eu nem falaria com
você. Eu me diverti muito, e nunca vou esquecer isso. Mas não
posso estar perto de você agora. Eu só... não posso. — Sua voz
falha um pouco. — Dói muito fisicamente, mesmo estando no
mesmo prédio que você. Tenho que voltar para casa e sair
daqui. Eu sinto muito.

Antes que eu possa dizer mais alguma coisa, ela se vira e


entra. Eu quero correr atrás dela, mas não quero. Vê-la com
aquele tipo de dor foi a pior coisa que já experimentei. Eu não
quero piorar as coisas.

Finalmente volto para o carro. Eu não sei o que fazer.


Nunca me senti da maneira que me sinto agora.

Parece que minha vida acabou. Como se não houvesse


nada pelo qual valesse a pena viver.
Dexter

É UMA SEMANA antes do Natal e não consigo me concentrar


para merda nenhuma. Trabalho é uma merda. Eu vejo Abigail
em todos os lugares, embora ela já tenha ido para o Texas há
uma semana. A vida é monótona, as cores são monótonas.
Correr, malhar, dirigir ao longo do lago no Chevelle, nada disso
ajuda. Eu só penso nela. Vejo exposições de Natal em todos os
lugares e só quero incendiar a porra das coisas.

Eu deveria me dedicar ao trabalho e me concentrar em


administrar essa situação de Covington, mas não consigo
pensar. Finalmente consegui que Decker ouvisse a razão por
dois malditos minutos e estamos avaliando as coisas com
Covington no dia a dia. É o único destaque da semana
passada, mas mesmo assim parece insignificante. Acho que ele
só fez isso porque se sentiu mal. É assim que ele se desculpa
pela merda, por não ser um idiota sobre algo por dois
segundos, mas deixando em aberto para que ele ainda possa
conseguir o que quer.

Eu quase não como nada. Não consigo dormir. Eu a quero


de volta. Só penso nela talvez conhecer um idiota no Texas.
Sorrir para outro cara em um daqueles bares que dançam de
chapéu, onde eles montam em touros e essas merdas, o que
quer que façam lá. Ele tem uma grande fivela no cinto e fala
como um idiota de merda com seu chapéu de cowboy. Todo o
cenário se desenrola em minha mente indefinidamente. É uma
merda de tortura, e eu fiz isso comigo mesmo.

Tenho certeza de que ela provavelmente está fazendo a


mesma coisa que eu, a julgar por sua reação fora de seu
apartamento. Tenho certeza de que ela está falando com sua
mãe e lamentando ter me dado um tempo. Mas no meu
cérebro, ela mudou-se com outra pessoa, porque a mente é um
idiota assim.

Como eu pude ser tão estupido? Eu a provoquei e agi


como um idiota total.

Subo o elevador no prédio de Deacon. Eu sei que ele e


Quinn estão fazendo alguma merda romântica estúpida e isso
me lembra de patinar no gelo e o iate. O tempo todo em que
Deacon me contou sobre seus grandes planos para Quinn esta
noite, meu coração apertou mais forte no meu peito e eu quase
tive um ataque de pânico. Consegui escapar sem que ele
percebesse. Como? Eu não faço ideia.

O Sr. Richards está em casa, porém, e é um bom ouvinte.


Pelo menos da última vez que falei com ele, acabei chamando
Abigail para sair. Minha sorte mudou e foda-se se eu não
tentasse nada agora. Estou desesperado. Nunca fui
supersticioso na minha vida. Sempre deixei isso para meus
irmãos idiotas, mas aqui estou. Eu iria ver a porra de um
médium neste momento se eu achasse que havia uma vaga
ideia de que isso funcionasse.

Atravesso a porta sem bater, como se fosse o dono do


lugar, e ele está de frente para a TV em sua cadeira de rodas
elétrica.

— Entre, filho.

— Como você sabe que não estou aqui para roubar o


lugar?

— Achei que você viria aqui mais cedo ou mais tarde.


Quinn me contou o que aconteceu.

Eu encolho os ombros. — Justo.

Sua mão aponta para o sofá, mas seus olhos nunca


deixam a TV. — Bem, deite-se. Estou pensando em começar
um negócio paralelo, transmitindo sabedoria a todos vocês,
bastardos ricos e pomposos.

Eu ri. Ele provavelmente está certo. Decker ficaria feliz se


pudesse cuidar de todas as merdas pessoais do escritório. Eu
me aproximo e me deito de costas, olhando para o teto.
Realmente parece uma sessão de terapia novamente.

Nem espero que ele pergunte, eu apenas começo. — Eu


errei muito, Sr. Richards. Fiquei chateado com algumas coisas
de trabalho. Quer dizer, foi um grande negócio, mas não foi
culpa dela. Eu simplesmente fiquei com tanta raiva, tudo de
uma vez. E eu nunca fico chateado. Eu sou sempre aquele que
mantém a paz com todos os outros, permanecendo neutro,
equilibrado e todas essas merdas. Como a porra da Suíça ou o
que seja.

— Sim, vocês irmãos Collins ficam com raiva assim sob


certas condições.

— O quê? Mesmo?

Ele balança a cabeça lentamente, ainda olhando para a


TV. — Sim. Vocês são um bando estranho quando se trata de
suas malditas mulheres. Sempre estragando tudo, perdendo o
controle. — Ele faz aquele apito que some.

— Mas era sobre trabalho.

— Envolve suas mulheres quando isso acontece. Deacon


fez a mesma coisa, não fez? Ele já explodiu sobre “merda de
trabalho” antes disso?

Reflito, sobre isso. — Não. Nunca. — Interessante. Nunca


coloquei dois e dois juntos. Quer dizer, eu sei que Abby estava
envolvida, mas eu só pensei que fosse relacionado ao trabalho
porque eu sempre separo tudo. Abby e eu raramente
conversamos sobre trabalho. Quando Deacon explodiu, foi
porque Quinn também estava envolvida.

— Olha, filho. Não há nada de errado em ser apaixonado


por sua mulher. Porra, você deveria estar, caso contrário, qual
é o problema? É por isso que alguns lugares têm regras e é
definitivamente uma regra não escrita que você não deve
namorar pessoas no escritório. — Ele balança a cabeça. —
Estúpido, no entanto. Você não pode escolher por quem você
se apaixona.

— Sim. — Eu suspiro.

— Então ela voltou para o Texas?

— Sim, ela se foi.

O velho ri.

Que porra é essa? Ele não me vê derramando meu maldito


coração aqui? Não compartilho minha vida pessoal com
qualquer um.

— Algo divertido? Que diabos? Estou morrendo aqui.

— Oh, corta essa merda. Você não está morrendo.

Eu me sento no sofá. — É algum tipo de merda mental


que você está puxando para mim agora? Claro que estou
morrendo.

— Homens no exterior estão morrendo, longe de suas


famílias, desejando poder abraçar as pessoas que amam. Você
está agindo como um maricas. Falar em vez de fazer. Sentindo
pena de si mesmo. E devo dizer. — Ele finalmente se vira e me
olha de cima a baixo. — Não é uma coisa bonita de se ver.

Eu meio que quero dar um soco em sua bunda, mas ele


está em uma maldita cadeira de rodas, pelo amor de Deus. Sem
mencionar que não posso discutir com ele. Eu estou sentindo
pena de mim mesmo.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele diz: — Talvez


isso seja um pouco duro, mas você está pensando nisso de
maneira totalmente errada, garoto. Quando Deacon fodeu
tudo, o que você fez? Ele provavelmente estava exatamente do
jeito que você está agora, não estava?

Eu seguro meu rosto em minhas mãos. — Sim, ele estava


em péssimo estado. Uma bagunça do caralho.

Ele gira sua cadeira. — Bem, o que você fez? Você estava
do lado de fora olhando para dentro. É assim que você precisa
abordar seu pequeno problema aqui. Você o fez olhar com
clareza para a situação, tenho certeza, para agir da melhor
forma. Então vocês vieram e me levaram ao jogo dos Bears,
Deacon implorou e suplicou até que ela não pôde dizer não.
Ele se recusou a deixá-la ir. Ele fez sua jogada. Ele fez algo em
vez de chorar em um sofá por causa de seus problemas. Por
que você não está seguindo seu próprio conselho agora? Você
assiste a todos aqueles malditos filmes românticos e essas
merdas. Não é para isso?

Jesus fodido Cristo, eu poderia beijar este velho bastardo.

Eu me levanto. — Você tem razão. Estou preso em minhas


emoções como uma vadia, chafurdando na autopiedade. Não
sou uma maldita mulherzinha como Deacon.

— Bem, eu não disse exatamente...


Parece que ele está em um túnel a um milhão de
quilômetros de distância agora. Meu cérebro está girando,
planejando. Inventando uma teia de ideias como John Nash
em Uma Mente Brilhante. A lâmpada apaga-se. — Puta que
pariu. — Balancei minha cabeça. É tudo tão óbvio agora. Eu
ainda posso tê-la. Estalo meus dedos e aponto diretamente
para ele. — O gesto redentor exagerado. Eu preciso de um,
enorme. E precisa ser muito melhor do que o de Deacon porque
ele é uma vadia e eu sou o pioneiro nessa merda.

O Sr. Richards ri. — Bem, inferno, aí está, filho.

— Tenho que sair daqui. Tenho trabalho a fazer.


Obrigado, Sr. Richards.

Ele acena para mim com a mão e volta a assistir TV. — A


qualquer hora, garoto. Boa sorte.

Eu me arrasto em direção à porta e quase me precipito


sobre Deacon e Quinn enquanto eles entram.

— Que porra é essa, mano? — Deacon puxa Quinn para


o lado para que não os derrube no chão.

— Saia do meu caminho! — Eu sorrio para os dois. — Eu


preciso de um quadro branco e alguns marcadores. Vou traçar
um plano melhor que o seu.

Os dois se encaram enquanto eu vou para o elevador.

— O que acabou de acontecer?


Deacon encolhe os ombros. — Eu acho que ele está indo
atrás de Abigail.

Quinn aperta o peito dela. — Finalmente. Eu gostaria de


poder estar lá. Aposto que vai ser incrível.

Deacon sorri para Quinn. — Aposto que o meu ainda


acaba sendo melhor.

As portas do elevador se abrem e eu entro e volto para


eles. — Quem te dera, palerma. — Eu levanto o dedo do meio
para ele enquanto as portas se fecham.
Abigail

É VÉSPERA DE NATAL e estou com um mau humor sem fim


nos últimos doze dias desde que voltei para Dallas. Weston me
disse que eu não precisava começar até depois do ano novo,
que deveria fazer uma pausa antes de voltar para a empresa.

Eu olho ao redor da sala e deveria estar feliz agora. É um


maldito Natal, minha época favorita do ano. As pernas de papai
estão perpendiculares ao chão na poltrona reclinável e seus
roncos ecoam pela casa. Ele tem um cobertor do Dallas
Cowboys sobre o moletom dos Longhorns porque a mamãe
mantém a casa fria e ele apenas lida com isso e nunca reclama.
Eu sorrio para ele. Sei que isso o deixa maluco, mas ele sempre
dá de ombros e diz: — Esposa feliz. Vida feliz.

Mamãe está na cozinha, assando um peru que usará


como turkey35 e macarrão amanhã. É nossa tradição. Minha
irmã está de volta ao quarto, fazendo sabe Deus o quê. Ela tem
quatorze anos e está naquela fase adolescente angustiada onde
ouve seus fones de ouvido o dia todo e não quer se relacionar
com ninguém. Férias Frustradas de Natal está na TV e tudo em

35 Turkey – Peru recheado com especiarias.


que consigo pensar é em Dexter citando-o palavra por palavra
em nosso primeiro encontro.

Eu começo a rir com o pensamento, então paro. Parte de


mim gostaria que o primo Eddie arrastasse Dex para casa para
que eu pudesse dar a ele minha própria versão de uma diatribe
de Natal de Clark Griswold, mas a parte racional do meu
cérebro sabe que preciso ficar lamentando um pouco mais e
depois esquecê-lo.

Dexter.

Meu filme de Natal favorito está passando, a casa tem um


cheiro incrível, mas tudo que posso fazer é pensar nele. O que
ele está fazendo? Com quem ele está fazendo? Eu sei que ele
provavelmente está com sua família, mas tudo que consigo
imaginar é ele encontrando outra pessoa e já seguindo em
frente. Ela provavelmente é mais velha, mais madura, mais
bonita, mais experiente no quarto. Melhor para ele.

Você fez a coisa certa.

Eu sei que meu cérebro está certo, mas meu coração não
concorda nem um pouco. Por que isso dói tanto?

Mamãe entra na sala e me dá o obrigatório olhar de


lamento que você esteja sofrendo, querida. — Querida, por que
você não vem me ajudar na cozinha? Se distrair um pouco.

Encolho os ombros. Não pode piorar nada.


Entro de mau humor na cozinha atrás dela e ela alcança
o fundo da geladeira e sai com uma garrafa de vinho.

— Mamãe! — Minhas sobrancelhas sobem.

Ela acena para mim como se não fosse nada, mas depois
espia ao virar do corredor para se certificar de que papai ainda
está dormindo. — É isso ou a arma. Qual você deseja usar para
consertar esse seu problema?

Não sei dizer se ela está brincando ou não. Finalmente,


aceno para a garrafa. — O vinho, por favor.

— Nada de errado com isso nas férias. — Ela faz uma


pausa e aponta o dedo para mim. — Com moderação, é claro.
— Ela serve uma taça para nós duas.

Isso é hilário. Nunca a vi beber um dia em sua vida. Eu


balanço minhas sobrancelhas para ela. — Então, papai sabe
que você gosta de ficar um pouco excitada?

Ela me encara. — Eu não fico toda excitada. — Mamãe


para e suspira longa e profundamente. — Olha, ninguém é
perfeito. Eu não. Nem seu pai. Você não. E nem o seu
namorado que você está superando, ok?

Eu concordo.

— É difícil ver você passando por isso, especialmente


porque acabamos de te trazer de volta para casa e porque eu
sei o quanto você ama o Natal.
Sinto que vou chorar. Esta é a parte em que finalmente
conversamos sobre tudo, como sempre fazemos, e por algum
motivo minha garganta está arranhando, e não sei se consigo
falar com minha mãe. E conversamos sobre tudo.

— Mas isso é parte da vida, querida. Todo mundo tem o


coração partido por alguém. Pode soar, eu não sei, insensível,
mas eu prometo a você uma coisa...

— O quê?

— Isso vai fazer de você uma mulher mais forte. Vai doer
e você vai chorar, e estarei aqui a cada passo do caminho para
te consolar, mas você eventualmente vai olhar para trás,
aprender com isso, e isso vai te levar ao homem que tem seu
coração um dia. — Ela se aproxima e me puxa para perto de
seu peito.

Finalmente cedo. E as lágrimas começam a fluir enquanto


ela alisa a parte de trás do meu cabelo.

— Mãe, eu sei que ainda sou jovem e não planejava


encontrar o cara certo por muito tempo. — Fungo e enterro
meu rosto em seu ombro. — Eu só... por alguma razão,
simplesmente sabia que ele era o cara. Não sei como explicar.
Ele se apaixonou. E eu me apaixonei. Erámos apenas... certos.

Seu aperto aumenta em torno de mim, e eu sei que ela


está tendo pensamentos assassinos sobre Dexter agora. É o
que eu faria se alguém causasse alguma dor emocional ao meu
filho. — Se ele te ama do jeito que você o ama, ele virá
rastejando de volta. Confie em mim, eles sempre vêm.

— Acho que não. Ele já teria feito isso. Ele é mais velho e
tem um bom emprego. Não teria nenhum problema em seguir
em frente. Foi uma estupidez. Acho que acabei me envolvendo
demais nisso. — Não posso acreditar que estou na minha
cozinha, chorando para minha mãe por um cara. Eu nunca fui
esse tipo de garota. Não posso acreditar que Dexter Collins me
transformou nisso.

Enxugo minhas lágrimas e me afasto.

Mamãe pega sua taça de vinho e olha para a sala de estar


para papai, depois de volta para mim, e sua voz abaixa. — Você
nunca diz a outra alma viva o que estou prestes a dizer a você,
ok?

Eu tomo um gole e aceno com a cabeça. — Humm, ok.

— Seu pai também estragou tudo uma vez, bem no


começo. Era nosso primeiro aniversário e você ainda não tinha
nascido. Nosso primeiro aniversário de casamento, e ele me deu
um bolo, não apareceu. Quem diabos faz isso? Eu ainda
poderia torcer seu maldito pescoço. Devíamos ir jantar. Seus
amigos conseguiram ingressos para o jogo dos Cowboys e
Giants. Ele foi. E não me disse que estava indo. Não disse nada
sobre isso.
— Oh. Meu. Deus. — Quase tenho vontade de rir porque
é tão papai, e isso foi há muito tempo, mas aposto que ela ficou
furiosa quando isso aconteceu.

— Sim. — Seus olhos saltam. — Eu sentei no restaurante


e ele não apareceu. Ainda não tínhamos telefones celulares. Eu
não tinha como entrar em contato com ele. Apenas fiquei lá
sentada, fervendo de raiva e chorando, virando minha aliança
de casamento várias vezes no dedo, me perguntando se íamos
dar certo. Então, eu fui para a casa da vovó. Ele voltou para
casa. Não sabia onde eu estava. Não sabia o que estava
acontecendo. — Ela faz uma pausa e parece que está ficando
irritada com algo que aconteceu novamente há mais de vinte e
cinco anos. — Nossa, aquele grande idiota, eu juro. Era nosso
primeiro aniversário de casados. Enfim, ele aparece na casa da
vovó quase meia-noite e bate na porta.

— Uh, oh.

Mamãe acena com a cabeça. — Sim. Certo? Na casa da


sua avó. Seu pai é muitas coisas, mas não lhe falta coragem,
de forma alguma. Fizemos questão de nunca discutir diante de
vocês, meninas, mas não somos perfeitos de forma alguma.
Podemos ter discussões excelentes quando vocês não estão por
perto, ainda as temos de vez em quando. Então, de qualquer
forma, ele ficou chateado. Eu ainda mais chateada e o idiota
não sabia por quê, e finalmente tive que dizer a ele. As coisas
complicaram muito. Ele diz para eu parar de agir de forma tão
dramática e estúpida. Eu digo a ele para simplesmente ir para
casa. Não queria ver sua cara de burro e voltaria para casa
quando não quisesse arrancar-lhe a cabeça.

Isso é tão surreal. Não consigo nem os imaginar


discutindo assim.

— E eu me sentei e chorei para sua avó, parecendo da


mesma maneira que você está agora. Ela puxou uma garrafa
de vinho da parte de trás da geladeira e me chocou da mesma
forma que eu choquei você quando fiz isso. Aquela garrafa está
lá atrás esperando por este momento há anos, querida.
Comprei no dia em que você saiu em seu primeiro encontro,
sabendo que esse dia chegaria em algum momento.

Eu rio e brindo em sua taça, de alguma forma me


sentindo um pouco melhor porque sei que o final feliz está
chegando. — Então, o que aconteceu com você e papai?

Ela sorri em direção à sala de estar, o sorriso que reserva


apenas para ele e para mais ninguém. — O grande idiota só
conseguiu sobreviver de manhã. — Ela ri e se inclina. — Ele
voltou em uma hora, implorando, implorando e se
desculpando.

Eu quase quero desmaiar. Ponto para papai.

— Olha, Abigail, a moral é, se você estraga um


relacionamento, você conserta. Você pede perdão. Isso é tudo
que você pode fazer. Não sei todos os detalhes do que
aconteceu com você e aquele garoto no norte. Mas eu sei que
você é uma boa juíza de caráter. Nós criamos você para ser. Se
ele for um tipo bom de homem, ele voltará e lutará por você.
Se não fizer isso, você não precisa da bunda dele. — Ela cobre
a boca. — Eu juro, é por isso que você não deve beber. Essas
coisas te transformam em um pagão.

Eu rio. — Obrigada, mamãe. Você tem razão. — Eu pego


sua taça. — Provavelmente deveria me deixar ficar com isso
então, para que você não se torne mais uma pagã.

Ela bate na minha mão de brincadeira. — Eu não disse


que era ruim ser pagão de vez em quando. Esperei anos por
este vinho.

Nós duas rimos.

Os roncos de papai eventualmente ecoam na cozinha


enquanto ajudo mamãe com alguns dos acompanhamentos.
Ela apenas balança a cabeça e continua cozinhando. — Talvez
eu devesse ter ficado na casa da vovó.

UM POUCO DEPOIS, ainda estamos na cozinha e a


campainha toca.

Eu olho para cima de uma tigela. — Você está esperando


companhia?
Mamãe balança a cabeça. — Não a esta hora. Talvez seja
a vizinha Lorraine. Ela também está assando e todas as lojas
estão fechadas. Provavelmente precisa de algo. — Ela continua
a amassar a crosta da torta. — Atende, minhas mãos estão
sujas.

— Certo.

Eu me afasto do balcão e passo por papai. Ele ainda está


completamente fora de si, provavelmente dormindo durante a
noite. Uma história de Natal está passando na TV agora e eu
me amaldiçoo por ter perdido parte dela.

Assim que abro a porta, cerca de dez cantores de natal


começam a cantar We Wish you a Merry Christmas. Meu rosto
se ilumina pela primeira vez em semanas, desde que saí de
Chicago. É minha canção de natal favorita de todos os tempos
porque é tão simples e direta.

Os cantores também são adoráveis. Eles são todos


meninos e meninas com idades entre seis e doze anos.

Eu fico lá, aquecendo-me, apenas lembrando por que amo


tanto os feriados e estar com minha família. Eu olho para trás
e mamãe, papai e minha irmã estão espalhados atrás de mim,
sorrindo para os cantores de natal. Mamãe deve tê-los puxado
e arrastado até a porta.

Quando eles cantam a estrofe sobre pudim de figo, eles


se separam no meio e Dexter se levanta de um joelho e vem na
minha direção.
Pudim. Claro, ele planejou cada detalhe maldito.

A mão da mamãe agarra meu antebraço e seus dedos


estão tremendo. Não de uma forma protetora, mas de uma
forma que diz oh, meu Deus, o que eu disse a você?

Nem preciso olhar para trás para saber que ela está
sorrindo como uma idiota. Parece uma cena saída dos filmes
de Natal da Hallmark.

Por mais que eu queira olhar para o rosto de Dexter e ler


cada uma de suas expressões, não posso, porque ele está
segurando um cachorrinho Husky com os olhos azuis mais
brilhantes que já vi. Meu cérebro me diz que devo gritar para
ele fugir, fazer alguma coisa. Diga a ele na frente de todos.
Deixe-o saber o quão estúpido ele é pelo que fez. Eu deveria
fazer qualquer coisa, exceto jorrar para o cachorrinho em seus
braços, mas não posso.

É o cachorro mais lindo que já vi na minha vida. Se algum


homem neste planeta esquecido por Deus sabe como comprar
minha afeição, esse homem é o Dexter Collins. ECA!

— Feliz Natal, Abby.

Eu cruzo meus braços sobre meu peito. Tudo o que quero


fazer é agarrar aquele cachorrinho dele e enterrar meu nariz
em seu pelo, mas sei que não posso simplesmente deixar Dex
escapar dessa situação. Ele me machucou muito. Ele não pode
comprar sua saída voando para Dallas com o cachorrinho mais
fofo do mundo, mas pode me fazer ouvi-lo por dois segundos e
não mais.

Não posso ser comprada e não sei se quero perdoá-lo de


qualquer maneira. Já me mudei para o outro lado do país por
causa dele.

— Dexter, eu...

Ele me interrompe. — Olha, Abby, eu fui um idiota. Eu


sei que não há palavras que possam compensar o que eu fiz.
— Ele olha para o chão, mas então vira seu olhar de volta para
mim.

Posso ver a vergonha estampada em suas feições. Parece


que ele realmente sente remorso, mas ainda não é o suficiente.
Eu estava fazendo meu trabalho em Chicago e não vou me
desculpar por isso. Minha carreira significa muito para mim e
sempre vou trabalhar. Foi assim que meus pais me criaram.
Eu não guardei nenhum segredo pessoal dele.

Ele entrega o cachorro para minha mãe e eu


imediatamente quero arrancá-lo dela, mas não o faço. Tudo o
que posso fazer é olhar para Dexter. Ele tem aquele olhar de
menino de novo, aquele em que ele me mostra seu lado
vulnerável. É o Dex por quem me apaixonei.

Então, ele faz algo que eu não espero. Ele pega minhas
duas mãos e cai de joelhos na minha frente. Por que é tão bom
quando ele me toca? Por que isso envia calor pelas minhas
veias e me faz querer esquecer todos os nossos problemas e
correr para seus braços? Eu senti tanto a falta dele me
tocando.

— Eu não sou perfeito, Abigail. E nunca serei. Eu sou um


idiota. Eu faço coisas estúpidas o tempo todo e não vou
prometer que não vou estragar tudo novamente. Nunca deveria
ter feito essa promessa para você em primeiro lugar. Mas estou
te implorando. Por favor, eu quero outra chance. Eu estava
contente em estar sozinho, fazendo o que eu queria, até que
conheci você. Você merece a verdade e a verdade é que vou
estragar tudo de novo. E de novo. Mas o que eu prometo a você
é que sempre voltarei, e sempre vou me desculpar, e sempre
vou compensar você.

Uma lágrima escorre pela minha bochecha. Tudo me


atinge de uma vez, toda a dor e toda a felicidade. Dexter apenas
me faz sentir coisas, emoções que eu não sabia que tinha
dentro de mim. — Dex, eu não posso...

— Sim, você pode.

Eu olho para longe porque olhar para ele assim na minha


frente é demais para suportar.

— Abby, olhe para mim.

Eu olho de volta para ele e seus olhos estão vidrados,


lágrimas se formando nos cantos. Sua voz falha quando ele
tenta falar. — Estou infeliz sem você. Eu não consigo comer,
eu não consigo dormir, meu mundo inteiro está cinza. Não há
cor na minha vida sem você. Estou cego, tropeçando, perdido.
Se eu não estava me transformando em uma bagunça
chorona antes, estou agora. — Eu simplesmente não posso,
Dex. Você me machucou tanto.

Ele usa o ombro para enxugar algumas de suas lágrimas.


— Eu sei. Não sei muito, mas sei que te machuquei e sei que
estraguei tudo. Eu sei uma outra coisa, no entanto.

— O quê?

— Eu sei que te amo. — Ele olha para baixo. — Estou de


joelhos, na frente de sua família, arriscando a pior rejeição de
todos os tempos, implorando por você. Nunca implorei um dia
na minha vida. É a coisa mais difícil que já tive que fazer, mas
imploraria pela eternidade apenas por mais uma chance de
mostrar o quanto eu te amo. Não vou embora, nem agora nem
nunca. Lutarei por você todos os dias pelo resto da minha vida,
se for preciso. — Ele balança a cabeça. — Eu só preciso de
mais uma chance. Por favor, não me deixe. Eu farei qualquer
coisa.

Eu olho de volta para mamãe e ela está com a mão sobre


a boca como se não pudesse acreditar que está vendo o que
está acontecendo na sua frente. Papai está sorrindo, como se
pudesse se identificar com a situação de Dexter. Ele
claramente esteve nessa posição uma ou duas vezes em sua
vida. Isso me faz sorrir por dentro. Como seria a vida deles se
minha mãe não o tivesse perdoado repetidamente? Dexter é
um bom homem. Eu sei disso em meu coração. Eu sei que ele
quer dizer o que diz. Posso me ver passando o resto da minha
vida com ele e, quando imagino isso, sempre fico feliz. É a
melhor vida que eu poderia esperar e eu realmente quero isso.
Eu realmente o quero. Minha vida também é cinza sem ele e
eu odeio chafurdar em toda essa dor sem parar, e parece que
nunca vai passar.

— Abigail Whitley, volte. Queremos que você venha morar


conosco.

Minha cabeça vira de volta para Dexter. — Nós?

Ele gesticula em direção ao cachorrinho. — Eu e o Max.

Meu rosto suaviza quando vejo o cachorro, como posso


não suavizar? — Você o chamou de Max? Como o de Grinch?

Dex concorda. — Sim, mas podemos mudar isso. Você


pode nomeá-lo como quiser...

Balancei minha cabeça. — Não! — Mais lágrimas


escorrem pelo meu rosto. — Não, é o nome perfeito para ele.

— Abby, por favor. Apenas me dê mais uma chance. —


Ele se levanta e segura minhas mãos na frente dele. — Dê um
salto de fé conosco. Não vamos desapontá-la.

Eu olho de volta para mamãe e ela tem lágrimas nos


olhos. Ela está aninhada com Max e balançando a cabeça em
aprovação. Eu olho para papai e ele é praticamente um espelho
da mamãe.
— Oh, pelo amor de Deus, pegue-o antes que eu faça, —
grita minha irmã. É uma das poucas frases que ela pronuncia
desde que cheguei em casa.

— Ei! Linguagem! Há crianças aqui. — Mamãe faz uma


careta para ela.

Eu não posso lutar contra o sorriso que se espalha pelo


meu rosto.

Eu me volto para Dex e corro para seus braços.

Acho que o pego de surpresa porque ele quase tropeça


para trás, mas seus braços grandes e fortes me envolvem e,
pela primeira vez em semanas, me sinto segura novamente. Eu
sinto que tenho uma armadura ao meu redor e nada no mundo
pode me machucar.

Sua mão acaricia meu cabelo e ele puxa meu rosto em


seu peito largo. — Graças a Deus, Abby. Apenas, obrigado. —
Ele beija o topo da minha cabeça, repetidamente, em seguida,
coloca as mãos nas minhas bochechas e angula meu rosto
para ele. — Você não vai se arrepender disso.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, seus lábios


encontram os meus. Ele não exagera. Presumo que seja porque
estamos na frente dos meus pais e ele ainda nem os conheceu
formalmente, mas posso dizer que ele não quer me soltar,
nunca.

E eu não quero que ele solte. Eu me inclino para ele e


resisto à vontade de derreter em uma poça no chão. Depois de
alguns longos segundos, ele recua alguns centímetros e sorri
tão grande que podia iluminar todo o quarteirão. — É bom ter
você de volta, palhaça do Natal.

Quero dar um tapa em seu peito, mas não consigo conter


o sorriso. — Não tenho sido muito palhaça de Natal
ultimamente, mas tenho certeza que mudarei isso em breve.

— Abby?

— Sim?

— Eu sempre farei o meu melhor por você, eu prometo.


Vou dar tudo o que tenho.

Eu concordo. — Eu também. Prometo.

— Acho que vou deixar você ir agora.

— O quê? Por quê?

Ele inclina a cabeça em direção à mamãe. — Eu sei que


há alguém que você quer conhecer.

Imediatamente me afasto dele assim que me lembro. —


Max! — Corro até mamãe e arranco meu novo cachorrinho de
suas mãos com tanta força que ela engasga. — Oh, como está
meu novo garotão? — Balanço minha cabeça para ele e faço
aquelas caretas idiotas de bebê. Sua cabeça se inclina para o
lado como: esta senhora está falando sério? Esta é minha vida
agora?
Eu o abraço perto de mim e salpico seu focinho de beijos,
então enterro meu nariz em seu pelo, o tempo todo sorrindo
para Dex. — O suborno não vai funcionar comigo novamente.

— Eu sei. — Dex dá um sorriso afetado enquanto tira sua


carteira e entrega uma nota de vinte dólares para cada uma
das crianças que estão por perto.

Todos eles pegam seu dinheiro e saem correndo para seus


pais na estrada.

Ele se vira e sorri. — Nunca mais poderá ser subornada


de novo.

— Oh, é assim? — Eu ri. — É bom ver que você ainda está


tão arrogante como sempre. — Meus olhos se arregalam
quando lembro que esqueci minhas maneiras. Mamãe vai me
matar mais tarde. — Merda, sinto muito, Dex. Esta é minha
mãe e meu pai. — Eu olho para trás. — E minha irmã.

Dex se aproxima e aperta a mão de papai. Ele estende a


mão para mamãe e ela o puxa e envolve os braços em volta
dele. Os olhos de Dex se arregalam, mas ele retribui
rapidamente. Ela se inclina e sussurra algo em seu ouvido que
envia puro pânico em seu rosto. Então ela diz outra coisa e
aquele sorriso travesso dele aparece.

— Sim, senhora. — Ele concorda.

Santo Deus. Nunca ouvi Dexter dizer “senhora” antes. Ele


definitivamente aprende rápido. Ele começa em direção a
minha irmã e ela imediatamente se afasta com um não me
toque.

— Uhh, prazer em conhecê-la. — Dex ergue a mão em um


aceno estranho.

— Bom trabalho com tudo... isso. — Ela acena com o


braço para a cena à sua frente, em seguida, volta para o
quarto.

Dex murmura: — Hum, obrigado, eu acho, — para as


costas dela enquanto ela se afasta.

— Venha. Vamos. Vamos sair do frio. — Mamãe nos


introduz.

— Dê-me apenas um segundo. — Dexter vai até o que


deve ser um carro alugado. Ele se vira e nos vê esperando por
ele. — Vá para dentro e se aqueça, eu já estarei aí.

Entro ao lado da mamãe, abraçando Max com tanta força


no meu peito que me preocupo que ele não possa respirar, mas
não me importo porque já o amo muito. Ele é o melhor cachorro
do mundo. Eu o mantenho longe de papai, já que ele é alérgico,
mas papai não reclama. Ele apenas continua sorrindo para
mim.

— Bem, eu gosto dele. O menino rasteja como um


campeão. — Mamãe ri e dá um tapinha nas costas do papai.
— Poderia te dar algumas dicas.
— Eu as daria. Não seria mais estranho um novato, em
estragar tudo. É por isso que você me ama.

— Não sei se eu iria tão longe. — Mamãe zomba. — Melhor


ficar longe de problemas, senhor.

Papai levanta as duas mãos e volta para sua poltrona.

Max e eu nos sentamos e ele se esparramou e descansou


a cabeça no meu colo. Quando eu paro de acariciá-lo para me
ajustar no sofá, ele geme e empurra o focinho de volta na
minha mão.

— Aww, você já é co-dependente da mamãe? Isso é bom,


porque te amo muito. Sim, eu amo. — Eu o coço atrás das
orelhas.

— Deus, o que eu fiz?

Olho para cima e Dex está parado ali, olhando para Max
como um amante ciumento, provavelmente se perguntando se
ele vai receber alguma atenção. Ele tem um saco de comida de
cachorro aninhado em um braço e alguns brinquedos de
cachorro na outra mão.

É tão adorável como ele parece triste.

Dou um tapinha na almofada ao meu lado. — Não se


preocupe, há muito de mim para todos.

Dex não hesita e corre para se sentar ao meu lado.


Max encara Dex no segundo em que desliza a mão na
minha coxa. Ele até rosna um pouco enquanto faz isso.

Os olhos de Dex se arregalam.

— Alguém já está protetor, não é? — Eu coço atrás das


orelhas de Max para mostrar que aprovo seu comportamento.
— Um menino tão bom.

— Eu estou segurando vela, agora. Esse é meu novo


apelido. Já posso ver.

Estendo a mão e coço atrás da orelha de Dex com a outra


mão livre. Ele finge fechar os olhos e se inclinar como um
cachorrinho faria.

Todo mundo ri, até papai. — Conheça o seu lugar na


hierarquia social, filho. É o que eu sempre digo.

Coço um pouco mais forte atrás da orelha de Dex e ele


começa a chutar a perna para o alto.

Mamãe morre de rir.

Eu olho ao redor da casa, e parece que é Natal novamente.

É perfeito.

Meus dois meninos, minha família e as férias. O que mais


eu poderia pedir? É o final feliz perfeito.

Eu olho para Dex. — Ei, lembra daquela vez que você


perguntou sobre o meu desejo? Depois que apaguei a vela no
restaurante?
— Sim.

— Tornou-se realidade.

Ele sorri por um breve momento, então o encara sem


expressão. — Espere, que acabaríamos juntos ou você teria um
cachorro?

Eu coço Max atrás das orelhas e acaricio sua doce


cabecinha. — Acho que você sempre vai se perguntar sobre
isso, não é?
Dexter

Três meses depois

— VOCÊ ESTÁ ANIMADA?

Abigail acena com a cabeça, praticamente saltando em


seu assento. — Eufórica.

Estamos a caminho do Six Flags Great America36 para o


Dia de Valorização da Família do Funcionário. A empresa faz
isso todos os anos e é muito divertido. Eles alugam o parque
inteiro e nós o temos para nós. Abigail não se calou sobre isso
desde que descobriu no mês passado.

— Mal posso esperar para ir no Goliath. Procurei todos


eles online. Isso me lembrou do Texas Giant em Six Flags Over
Texas. Esse sempre foi meu favorito quando eu era criança. Eu
gosto mais das montanhas-russas de madeira. Eles têm um
toque vintage e realmente te deixam louco.

36Six Flags Great America é um parque de diversões localizado em Gurnee, Illinois, 72 quilômetros
ao norte do centro de Chicago.
Balanço minha cabeça para ela. — Estou feliz que você
esteja animada.

Adoro ir rápido no meu carro, mas altura não é minha


praia. Na verdade, tenho pavor. Já andei de montanha-russa
uma vez quando tinha onze anos e isso foi o suficiente para
mim. Foi a pior experiência da minha vida.

Meu estômago está embrulhado há dias, na verdade, mas


não tenho coragem de dizer a Abigail que não quero andar de
montanha-russa com ela. Além disso, eu não sou um maricas.
Nunca direi isso a ela. Eu só tenho que ser homem e fazer isso.
Felizmente, meus irmãos não disseram merda nenhuma para
ela.

Chegamos e paramos no estacionamento privativo. Pela


primeira vez na minha vida, gostaria que o lugar estivesse
lotado de gente, então teríamos que esperar na fila e não
teríamos tempo para ir tantas vezes, mas apenas o pessoal da
empresa e suas famílias estão aqui.

Estaciono o Chevelle e andamos de mãos dadas. Para


tirar minha mente das malditas montanhas-russas, me
concentro nos últimos meses com Abigail. Têm sido
fantásticos. Ela e Max se mudaram para minha casa e é
incrível. Max é um filhinho da mamãe total. Ele está sempre
rastejando em seu colo e me empurrando para longe dela.
Ainda levo sua bunda ingrata para passear no parque às vezes.
Ele é um cachorro muito bom e nós criamos alguns laços,
mesmo que eu tenha que lutar pela atenção de Abigail de vez
em quando.

O trabalho era a única coisa que me preocupava, mas na


verdade tem sido ótimo. Já que Abigail faz principalmente
pesquisas, estamos sempre trabalhando em casos diferentes.
Ela sempre tem as histórias mais malucas. Não há muitas
merdas estranhas quando se trata de finanças, a menos que
Decker esteja investigando a vida sexual de Covington.

Ainda estamos em um teste com Covington e estou


cuidando de suas necessidades legais para algumas de suas
empresas menores. Parece promissor agora que Donavan
também é sócio-gerente. Ele não é tão conservador quanto
Decker. Ele não dá a mínima para a imagem da empresa, só
para a conta no banco. A situação com Covington mudará em
breve. Eu posso sentir isso. Estou dando tudo de mim e
arrasando, já reestruturei suas empresas e economizei sete
dígitos em impostos de renda e ganhos de capital. Ele sabe o
que isso significa se ele me der as rédeas de todas as suas
participações. Bennett Cooper está prestes a comer um pau, e
então eu vou atrás do resto de seus grandes clientes.

— Estava na hora! — Decker olha para o relógio e balança


a cabeça.

Não posso dizer se está apenas me zoando ou falando


sério, provavelmente um pouco dos dois.

Tate o cutuca com o cotovelo, dizendo-lhe para parar. —


Oi, pessoal!
Abigail vai direto até ela e elas começam a falar sobre o
Six Flags em Arlington e como Jenny já fugiu com o namorado,
provavelmente para namorar em algum lugar.

Decker as encara quando mencionam Jenny.

— Você parece nervoso, — diz Deacon.

Quinn vai até as garotas para ficar longe de nós. Eu não


a culpo. Provavelmente eu faria o mesmo.

O Sr. Richards fala. — Filhos da puta sortudos, eu não


posso andar nessa merda. Alguém quer sentar no meu lugar e
me deixar ir? Eu adorava montanhas-russas.

— Merda, eu faria se pudesse, — digo a ele.

— Tem certeza que quer continuar com isso? — Decker


me dá um sorriso malicioso.

Aceno lentamente.

— Maneira de comprar o júri. Vamos, gatinha, antes que


você mude de ideia.

Aponto para Goliath, a grande porra de madeira


elevando-se no céu. — Ela quer ir nessa. É melhor que seja
aquela.

Decker e Deacon olham para ele enquanto Donavan se


aproxima.

— Ele realmente vai fazer isso? — Diz Donavan.


— Isso é o que ele diz, — diz Deacon. — Veremos.

— Alguém contou a Abigail sobre a última vez em que ele


andou de montanha-russa e mijou nas calças, depois teve que
andar no meio da multidão? — Decker está quase morrendo
de rir.

Eu giro para todos eles. — Ninguém está dizendo merda


nenhuma, idiotas. Não vai acontecer desta vez. Eu tinha uns
onze anos.

— Claro, talvez devêssemos pegar para você uma


daquelas bebidas de souvenir para levar. Você pode
“acidentalmente” derramar no colo. — As bochechas de
Deacon estão rosadas, como se ele pudesse explodir uma
risada a qualquer minuto.

— Provavelmente o melhor plano em curto prazo. Duvido


que vendam Depends37 por aqui, — diz Donavan.

Meu dedo médio sobe antes que eu possa impedir.

— Vocês estão vindo ou o quê? — Abigail grita a seis


metros de nós.

— Estamos a caminho, querida. — Eu me volto para meus


irmãos. — Façam o que eu disse e mantenham a boca fechada.
Me entenderam?

37 Depends - Fralda descartável.


— Sim, sim, irmãozinho. Não vamos decepcionar você. —
Decker passa o braço em volta do meu ombro e o resto de nós
faz o mesmo.

Além da gigantesca montanha-russa do meu futuro, este


dia é perfeito, este momento agora. É como se fôssemos
crianças de novo, de braços dados, caminhando pelo parque
de diversões. Estou tão feliz que Decker e Donavan colocaram
suas merdas de lado no Dia de Ação de Graças. A vida tem sido
um milhão de vezes melhor, uma vez que Abigail me aceitou de
volta de qualquer maneira.

Chegamos à montanha-russa e as meninas começam a


subir.

Respiro fundo e tento não olhar para a porra da coisa.

— Estamos prontos. Tem certeza que está bem? — Diz


Deacon.

Eu concordo.

Não estou bem. Eu deveria ter tomado um maldito Xanax


antes. Eu quero que minha mente esteja clara, no entanto.

Ando na frente e os caras ficam atrás de mim. Abigail está


esperando no banco da frente. Perfeito.

Entro e ouço a risada abafada dos meus irmãos atrás de


mim, mas meu estômago está na minha garganta e minhas
palmas estão suadas como o inferno. Banco da frente. Vista da
primeira fila, totalmente para baixo.
A mão de Abigail desliza para o meu colo e ela aperta
minha perna. — Você está bem? Está muito pálido.

— Estou bem. — Eu faço o meu melhor para sorrir para


ela. Estou muito animado com o dia de hoje, mas as
montanhas-russas são meu maior medo. Realmente deveria
sair dessa coisa.

Abigail parece tão despreocupada e feliz, no entanto. Eu


nunca arruinaria isso para ela. Ela está em êxtase,
praticamente saltando para cima e para baixo em sua cadeira.

O funcionário anda até a plataforma e não se parece em


nada com um engenheiro ou alguém que seria qualificado para
trabalhar nisso. Ele é a porra de um adolescente com cara de
espinhas. Meus dedos agarram a barra em nosso colo com
tanta força que meus nós dos dedos ficam brancos. Meu corpo
inteiro está tenso.

Você consegue fazer isso. Você consegue fazer isso. Deus,


você é uma vadia, dizendo que pode fazer isso indefinidamente.

— Então, uhh, sim cara, mantenha suas mãos no carro e


segure na barra o tempo todo. Aqui vamos nós.

É isso? Que porra é essa? Eu vou morrer.

Meu corpo involuntariamente começa a balançar para


frente e para trás e é como se o céu estivesse caindo sobre mim,
como se eu estivesse no compactador de lixo em Star Wars.
Pontos negros dançam em minha visão como se eu estivesse
prestes a desmaiar.
— Aproveitem o passeio. — O garoto aperta um botão e
uma campainha toca.

Os parafusos se retraem e começamos a rolar.

— Ah, merda. — Porra, eu acabei de dizer isso em voz


alta? — Ah, merda. — Sim, definitivamente disse isso.

— Baby, você está bem? — Abigail se inclina e coloca a


palma da mão na minha testa. — Você está suando pra
caramba.

Eu aceno furiosamente. — Eu estou bem, baby. Eu


prometo que estou bem.

— Não, você não está. Vou gritar para eles pararem com
isso. Olhe para você.

Eu agarro seu antebraço. — Não! — Aceno novamente


pela milésima vez. — Estou bem. Eu prometo.

— Baby, o que está acontecendo? Você fica dizendo que


está bem. De novo e de novo.

Deacon se inclina para frente na cadeira atrás de nós. —


Ele morre de medo de montanhas-russas. É basicamente o
maior medo da sua vida.

Fazemos uma curva e uma corrente nos empurra para


cima da porra da colina mais íngreme que já vi na minha vida.

— Oh, Dexter. — Abigail me envolve em seus braços.


Eu me sinto a maior vadia do mundo agora, mas eu não
dou a mínima. É uma sensação boa quando ela me aperta
contra ela. Não percebi o quanto estava tremendo até ela me
abraçar. Eu me transformei em um idiota gago e não consigo
me conter, não importa o quanto eu queira. — E... eu estou
bem. Eu prometo.

— Fique longe do colo dele. — Deacon ri por trás e diz: —


Ai!

Eu presumo que Quinn deu um tapa dele.

— O quê? — Disse Abigail.

— Nada. — Eu olho para ela. — Se você não sabe o quanto


eu te amo, agora você sabe. — Eu atiro um olhar de volta para
Deacon e vejo o quão longe já subimos. — Oh, merda.

— Olhe para a frente. Não olhe para baixo, Dex.

Eu olho para ter certeza de que ela está olhando para


frente, e eu me viro e levanto minhas sobrancelhas para meus
irmãos. Estamos quase no topo da colina.

Todos eles me acenam com o polegar para cima.

— Está tudo bem, irmão! — Decker grita.

Ok. Vai valer a pena. Mais cinco minutos e estará feito.

Começamos a subir a colina e Abigail olha para mim. —


Eu sinto muito. Nunca teria perguntado a você...
Eu balancei minha cabeça. — Não se desculpe. Não se
preocupe comigo. Apenas aproveite isso. Estou falando sério.

Ela me dá um aceno preocupante, em seguida, levanta as


mãos.

E porra, porra, porra, porra, estamos no topo.

A montanha-russa para pôr uma fração de segundo. Eu


olho ao redor e a vista seria linda de uma sala fechada ou de
um avião, mas não com meu torso pendurado para fora do
maldito espaço aberto.

Nós lentamente descemos, descendo a colina, e eu acho


que meu coração pode explodir por estar batendo tão rápido.
Então, acontece...

Nós rolamos sobre a borda e meu estômago pula na


minha garganta. Fecho meus olhos e faço cerca de dez milhões
de orações no espaço de dois segundos.

Meu corpo vibra por todo o lugar, enquanto Abigail e


todos os outros gritam loucamente. Nós voamos colina abaixo,
então através de um túnel e uma vez que estamos no fundo, o
alívio toma conta de mim e eu abro meus olhos. Não acredito
que não desmaiei.

— Oh, merda! — Eu grito.

Assim que tudo fica um pouco calmo, somos puxados


para cima uma segunda colina. Eu estava tão concentrado em
passar pela grande que nem me preocupei em pensar no resto
da montanha-russa.

— Porra! Porra! Porra!

A coisa nos joga para frente e para trás, sacudindo meu


pescoço e minhas costas por todo o maldito lugar. Eu agarro a
perna de Abigail com tanta força que me preocupo se posso
estar cortando sua circulação. São dois minutos de inferno. É
exatamente isso que é. Quando paramos, exalo uma respiração
gigantesca que não percebi que estava segurando.

Abigail salta de seu assento, e eu lentamente me levanto


e me certifico de não, de fato, mijar em mim mesmo
novamente. Eu manco para fora da porra da armadilha mortal
do inferno e Abby gira.

— Oh, querido, sinto muito. — Ela mergulha em mim e


me abraça.

Envolvo meus braços em torno dela. — Não foi tão ruim.

Ela olha para mim e balança os cílios como sempre faz,


como se estivesse desmaiando por causa de um filme
romântico. Ela se inclina, me dá um beijo na bochecha e
sussurra: — Obrigada. — Então, ela se inclina para trás e a
encara por um longo segundo. — Você nunca mais vai para
uma montanha-russa comigo de novo.

Eu rio enquanto Decker, Deacon e Donavan passam e me


dão um tapa nas costas. — Você não se saiu muito mal, — diz
Decker.
Eu ri. — Ok, certo. Você sabe o que dizem sobre enfrentar
seus medos?

— Sim.

— É uma besteira total. Nunca mais vou entrar em uma


dessas coisas.

Todos eles começam a rir e nós vamos embora.

Todo mundo fica atrás de Abigail e eu, e eu sorrio pra


caramba para Deacon.

Ele me dá um soco furtivo, quando ninguém está


olhando. — Está feito.

Eu aceno para ele.

— Oh, meu Deus, as fotos! — Abigail vai em direção ao


pequeno quiosque onde vendem as fotos de pessoas descendo
a primeira grande colina. Você sabe, onde todo mundo está
fazendo caretas estúpidas e gritando em grandes monitores,
então você pode comprá-los por cerca de cinquenta dólares.

Subimos e Abigail está pulando para cima e para baixo.


— Mal posso esperar para ver seu rosto nessa foto, Dex.
Estamos enquadrando em nossa parede.

Eu ri. — Obrigado, baby. Você sempre me deu cobertura.

Ela se inclina e me dá um beijo na bochecha. — Você sabe


que me ama.
— Sim, sim. Vá em frente. — Por dentro, meu coração
ainda está batendo como as asas de um maldito beija-flor.

Ela está sorrindo tanto que seu rosto pode ficar preso
desse jeito. Eu amo o quão feliz eu acabei de fazê-la. Quase me
esqueci de toda a ansiedade da viagem, mas meu estômago
ainda está embrulhado.

Respiro fundo algumas vezes enquanto Abigail olha para


a tela da foto.

Sua mão dispara sobre a boca e as lágrimas brotam de


seus olhos. Aproximo-me para ver que meus irmãos não me
decepcionaram. Eu olho para mim na foto primeiro, e parece
que estou prestes a vomitar em todos os lugares com meus
olhos bem fechados. Abigail está com as mãos no ar gritando
e sorrindo.

Atrás dela na foto, Donavan segura uma placa na parte


de trás que diz: — Abigail.

Os próximos são Decker e Tate, segurando um que diz: —


Você quer.

Então Deacon e Quinn estão segurando o último que diz:


— Casar comigo?

Já tirei a caixa azul brilhante do bolso e me ajoelho ao


lado dela. Eu o abro e revelo um solitário da Tiffany com corte
de princesa e aro de platina. Ela ainda está olhando para a foto
na tela, seu corpo inteiro tremendo, e lágrimas escorrendo pelo
rosto.
Ela se vira e olha para mim no chão, então olha para
todos os outros. Tate e Quinn estão com as mãos no peito.
Meus irmãos estão todos sorrindo, junto com o Sr. Richards.
Jenny me dá um sorriso enquanto seu namorado olha para o
telefone.

— Ai, meu Deus, — diz Abigail, ao ver que o Sr. Richards


está com uma coleira e Max está sentado no chão ao lado dele,
nos observando. Ela se vira e me encara.

— Abigail Whitley, eu te amo mais do que tudo. Não há


nada que eu queira mais neste mundo do que andar na
montanha-russa da vida com você. Você quer se casar comigo?

Ela balança a cabeça com tanta força que pode quebrar o


pescoço. — Sim! Claro, que sim!

Eu pego sua mão e deslizo o anel em seu dedo, então me


levanto e a pego em meus braços. Suas pernas me envolvem e
eu beijo os lábios mais macios que já senti.

— Alguém está cortando uma maldita cebola aqui, — diz


Tate.

— Você também está cortando por Decker? — Diz


Donavan.

— Ah, merda, não estou chorando, — diz Decker.

Sorrio diretamente para Abigail e pressiono minha testa


contra a dela. — Eu amo você. Sempre amarei, não importa o
que aconteça.
— Eu também te amo. — Ela balança a cabeça.

— O quê?

— Não posso acreditar que você andou naquela maldita


coisa, sabendo o que isso faria com você.

Eu olho em volta para nossa família e amigos, então volto


para Abby. — Vale a pena.

— Você está sempre cheio de surpresas.

— Por falar em surpresas, mantenha esse pensamento.


— Eu olho para o canto da montanha-russa, coloco Abigail no
chão e grito: — Você conseguiu?

— Espere o que? — A cabeça de Abigail voa ao redor.

— Definitivamente conseguimos! — O Sr. Whitley grita


com o telefone na mão enquanto a Sra. Whitley vem correndo,
mal conseguindo se controlar.

— Mamãe! — Abigail sai em uma corrida e as duas quase


se derrubam no chão.

O Sr. Whitley se aproxima em sua camisa Texas


Longhorns e aperta minha mão. — Parabéns, filho. Você fez
bem.

— Obrigado, senhor.

Ele aperta minha mão com mais força. — Cuide da minha


garotinha.
— Absolutamente irei, senhor.

Ele se aproxima e inicia uma conversa com o Sr.


Richards, provavelmente sobre coisas de pai.

Meus irmãos, Tate e Quinn se aproximam. Tate e Quinn


me abraçam ao mesmo tempo. — Você foi perfeito! Estamos
muito orgulhosos de você.

Eu os abraço um pouco, em seguida, os afasto de mim.


— Tudo bem. Tudo bem. Adoraria lembrar esta última parte,
mas todos nós podemos esquecer os minutos que
antecederam, certo?

— Oh, foda-se, — diz Deacon. — Isso não está


acontecendo.

Eu rio quando Jenny quase me ataca e envolve seus


braços em volta da minha cintura. — Você é o tio mais legal,
— ela sussurra.

Dou um beijo no topo de sua cabeça. — E você é a


sobrinha mais legal. Melhor de todas.

— Parabéns, tio Dex.

— Obrigada, garota. — Eu me volto para todos eles. —


Vocês foram muito bem. Foi perfeito. Obrigado.

Quinn balança a cabeça. — Você realmente é um mestre


nos gestos românticos exagerados. Poderia escrever essas
coisas em Hollywood, sabe?
Eu lustro minhas unhas na minha camisa. — Eu tenho
algumas habilidades.

— Certamente você tem, — diz Tate.

Eu olho e Abigail está falando com sua mãe a um milhão


e continua mostrando a ela o anel de noivado.

Todos nós nos voltamos para Donavan ao mesmo tempo.

Eu sorrio muito. — Parece que você é o próximo, idiota.

Donavan sorri. — Sem chance. Vocês, vadias, vão me


odiar pelo resto de suas vidas, enquanto estou fora fazendo o
que eu quiser e com quem eu quiser.

Eu vejo Abigail em minha visão periférica, sorrindo pra


caramba. — Não, tenho tudo que preciso.

— Eu também. — Decker envolve um braço em volta de


Tate.

— Eu também. — Deacon envolve seu braço em torno de


Quinn.

Donavan balança a cabeça. — Seja como for, vamos nos


embebedar e comemorar.

— Soa bem. — Eu vou até Abigail e sua mãe.

— Oh, Dexter, estou tão orgulhosa de você. — Ela dá um


abraço. Assim que ela me aperta, ela sussurra em meu ouvido:
— Temos muitas armas, garoto.
Eu rio, mas secretamente estou um pouco nervoso. Não
tenho certeza se ela está brincando ou não.

— Não posso acreditar que você a trouxe aqui. Estou


tentando fazer com que ela venha me visitar há um ano.

— Você sabe quando eu estava viajando a negócios na


quarta-feira passada?

Abigail acena com a cabeça.

Encolho os ombros. — Era um negócio de família.

Os olhos de Abigail se arregalam. — Você foi e pegou


meus pais e os trouxe até aqui?

— Sim. — Eu sorrio. — Eles vão ficar por uma semana,


então vamos alugar um SUV e levá-los de volta. Ficamos
alguns dias no Texas. Tenho um pequeno trabalho a fazer no
escritório de Dallas. Em seguida, voaremos de volta para fora
de DFW. Já reservei um no trabalho para nós dois.

Abigail voa para meus braços novamente. Acho que


nunca vou me cansar de fazê-la feliz.

Porra, minha vida é incrível.

Fim

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