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gravação ou quaisquer outros. Os direitos morais do autor foram declarados.
Esta obra literária é ficção. Qualquer nome, lugares, personagens e incidentes são produto
da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, eventos
ou estabelecimentos é mera coincidência.
B926r
1.ed
Bay, Louise
O rei de Wall Street [recurso eletrônico]/ Louise Bay; tradução de Samantha
Silveira – 1.ed. – Campinas,SP: Angel, 2020.
ISBN: 978-85-92596-99-6
D ez. Minutos. Não parecia muito tempo, mas, sentada ali, na frente
de Max King – mais conhecido como o Rei de Wall Street –
enquanto ele lia silenciosamente o primeiro rascunho de um
relatório que eu tinha preparado sobre a indústria têxtil em Bangladesh,
pareceu uma eternidade.
Resistindo ao desejo de voltar ao meu eu curioso, de quatorze anos de
idade e perguntar o que ele estava achando, olhei ao redor, tentando encontrar
outro alvo para fixar o olhar.
O escritório de Max combinava perfeitamente com ele – ar condicionado
na temperatura de um iglu: paredes, tetos e pisos, tudo branco fosco,
contribuindo para um ambiente ártico. A mesa era cromada e com tampo de
vidro; o sol de Nova York entrava através das persianas opacas tentando, sem
sucesso, descongelar o gelo da sala. Eu odiava esse lugar. Toda vez que
entrava aqui, sentia vontade de mostrar meu sutiã ou pichar as paredes com
batom vermelho vivo. Para a morte, poderia até ser um lugar divertido.
O suspiro de Max trouxe minha atenção de volta para o longo dedo
indicador percorrendo a página da minha pesquisa. Ele balançou a cabeça.
Meu estômago revirou. Sabia que impressioná-lo seria uma tarefa impossível,
mesmo que secretamente eu esperasse supreendê-lo. Trabalhei muito nesse
relatório, minha primeira pesquisa para o Max King. Eu mal dormi e trabalhei
dobrado para não negligenciar as minhas outras obrigações no escritório.
Imprimi e analisei tudo o que existia documentado sobre a indústria na última
década. Estudei detalhadamente as estatísticas, tentando encontrar padrões e
tirar conclusões. E vasculhei os arquivos da King & Associates à procura de
qualquer pesquisa mais antiga para conseguir justificar as inconsistências.
Tinha verificado todas as possibilidades, não tinha? Imprimi o relatório mais
cedo naquela manhã, muito antes de qualquer pessoa chegar. Eu tinha feito –
estava feliz e orgulhosa – um bom trabalho.
— Conversou com o Marvin sobre os dados mais recentes? — perguntou
ele.
Assenti com a cabeça, mas como ele não me olhou, respondi:
— Conversei. Todos os gráficos são baseados nos últimos números. —
Será que estavam errados? Ele esperava alguma outra coisa?
Eu só queria que ele dissesse “bom trabalho”.
Desde que me matriculei na faculdade de admistração, sonhei em
trabalhar para Max King. Ele era o poder por trás do trono de muitas das
histórias de sucesso de Wall Street nos últimos anos. A King & Associates
fornecia pesquisas críticas aos bancos de investimento que ajudavam em seu
poder de decisão. Gostava da ideia de uma tonelada de bancários – vestidos
elegantemente – gritando o quão ricos eram e sobre como o homem que
tornou isso possível era humilde a respeito de seu trabalho, apenas sendo
incrível no que fazia. Discreto, determinado e extremamente bem-sucedido:
ele era tudo o que eu queria ser. Quando recebi a oferta, no meu último
semestre, para ser pesquisadora junior da King & Associates, fiquei
animadíssima, mas também senti uma sensação estranha de que o universo
tinha sido desvendado como deveria, como se o próximo passo no meu
destino estivesse ali naquela empresa.
Destino, o cacete! As primeiras seis semanas no emprego não foram nada
do que eu tinha esperado. Pensei que estaria cercada por pessoas entre vinte e
trinta anos, ambiciosas, inteligentes e bem-vestidas. Os clientes para os quais
trabalhávamos – quase todos os bancos de investimentos em Manhattan –
eram fenomenais e cumpriam com as expectativas que eu tive. Max King, no
entanto, acabou por ser uma grande decepção. Na verdade – apesar de
insanamente inteligente, respeitado por todos em Wall Street e ter a aparência
de quem devia estar em um pôster na parede do quarto de uma adolescente –,
ele era...
Frio.
Rude.
Intransigente.
Um completo babaca.
Ele era tão bonito pessoalmente como na capa da revista Forbes ou em
qualquer outra de publicidade que vi enquanto fuçava sobre ele na internet
durante meu MBA em Berkeley. Teve um dia que cheguei bem mais cedo, e o
vi com roupas de corrida – suado, ofegante, vestido com Lycra. As coxas
eram tão fortes que pareciam ser feitas de mármore. Ombros largos, nariz
bem acentuado, cabelo castanho escuro e brilhante – o que era um
desperdício para aquele homem – e um bronzeado permanente que gritava
“viajo de férias quatro vezes por ano”. No escritório, ele usava trajes feitos
sob medida. Ternos feitos à mão que caíam de uma determinada maneira
sobre os ombros que reconheci das poucas reuniões que tive com meu pai.
Seu rosto e corpo faziam jus a todas as expectativas que eu tive. Trabalhar
com ele, nem tanto.
Não esperava que ele fosse tão tirano.
Todas as manhãs quando ele atravessava por entre as mesas do escritório
em diereção a sala dele, jamais cumprimentava qualquer um com um simples
bom-dia. Gritava tão alto com frequência ao telefone, que se podia ouvir no
lobby do elevador. E na última terça, quando passei por ele e dei um sorriso,
as veias em seu pescoço saltaram e tive a impressão de que ele queria
estender a mão e me estrangular.
Alisei as palmas através do tecido da minha saia Zara. Talvez eu o
irritasse por não ser tão elegante quanto as outras mulheres do escritório. Não
costumava me vestir com Prada. Eu não dava importância a esse detalhe?
Claro que dava, só não tinha condições de pagar por nada melhor, por
enquanto.
Como mais nova contratada, estava no nível mais baixo da hierarquia. O
que significava que eu sabia qual sanduíche pedir para o Sr. King – tinha o
número de todas as empresas de entrega-expressa na discagem rápida – e
como destravar a xerox. Mas isso era de se esperar e estava feliz porque
consegui trabalhar com o homem que eu tinha pesquisado e admirado por
anos.
E aqui estava ele, balançando a cabeça e empunhando uma caneta com a
tinta mais vermelha que eu já tinha visto. A cada círculo, cruz e ponto de
interrogação exagerado que fazia, eu parecia me encolher.
— Onde estão suas referências? — perguntou sem erguer o olhar do
papel.
Referências? Quando olhei nos outros relatórios feitos anteriormente, em
nenhum tinha sido colocado fontes de pesquisa.
— Estão na minha mesa...
— Você conversou com o Donny?
— Estou esperando o retorno dele. — Ele olhou para cima e tentei não
estremecer. Fiz duas ligações para o contato de Max na Organização Mundial
do Comércio, mas não consegui fazer com que o homem me atendesse.
Ele balançou a cabeça, pegou seu telefone e discou.
— Oi, Figurão — disse ele. — Preciso entender a posição de Everything
But Arms. Ouvi dizer que seu pessoal está pressionando a União Européia. —
Max não colocou o telefone no viva-voz, então observei enquanto ele fazia
anotações no meu relatório. — Ajudaria muito no que estou fazendo sobre
Bangladesh. — Max sorriu, olhou brevemente para cima, encontrando meu
olhar e desviou rapidamente como se me vir o deixasse irritado. Ótimo.
Max desligou.
— Eu tentei falar com ele duas vezes...
— Resultados, não esforço, são recompensados — disse ele em um tom
curto e grosso.
Então, ele não dava crédito por tentar? O que eu poderia ter feito com
exceção de aparecer no escritório do homem? Eu não era o Max King. Por
que alguém da Organização Mundial do Comério atenderia a ligação de uma
reles pesquisadora?
Jesus, ele não podia pegar leve com uma garota?
Antes que eu tivesse chance de responder, seu celular vibrou na mesa.
— Amanda? — berrou ao telefone. Nossa. O escritório era pequeno,
então eu sabia que não tinha nenhuma Amanda trabalhando na King &
Associates. Senti uma estranha sensação de satisfação por ele não ser
grosseiro só comigo. Não o via interagir muito com os demais, porém, de
alguma forma sua atitude em relação a mim, parecia pessoal. E a impressão
foi de que Amanda recebia o mesmo tratamento brusco que eu. — Não
vamos discutir sobre isso outra vez. Eu disse não! — Namorada? O tablóide,
Page 6, nunca fez matéria alguma sobre Max estar saindo com alguém. Mas
tinha que estar. Um homem feito ele, idiota ou não, não ficaria sozinho.
Parecia que Amanda tinha a honra de aturá-lo fora do horário de expediente.
Quando desligou, jogou o telefone na mesa, observando-o enquanto
deslizava pelo vidro e parava ao lado do laptop. Continuando a ler, esfregou
os longos e bronzeados dedos na testa, como se Amanda tivesse lhe causado
dor de cabeça. Não achei que meu relatório também estava ajudando muito.
— Erros de digitação não são aceitáveis, Srta. Jayne. Não há desculpa
para ser nada menos do que excepcional quando se trata de algo que só
requer esforço. — Ele fechou o relatório, recostou-se na cadeira e fixou o
olhar em mim. — Atenção aos detalhes não exige engenhosidade,
criatividade ou pensamento divergente. Se não consegue fazer o básico, por
que eu deveria confiar em você com algo mais complicado?
Erros de digitação? Eu li esse relatório mil vezes.
Ele cruzou as mãos sobre a mesa.
— Revise de acordo com as minhas anotações e só me devolva depois que
não tiver mais nenhum erro. Vou multá-la por cada erro seu que eu encontrar.
Vai me multar? Queria retrucar dizendo que se eu pudesse multá-lo toda
vez que ele agia como babaca, eu me aposentaria dentro de três meses. Idiota.
Lentamente, alcancei meu relatório, querendo saber se ele tinha algo a
acrescentar, qualquer palavra de encorajamento ou agradecimento.
Mas não. Peguei a pilha de papéis e fui em direção à porta.
— Ah, e... Srta. Jayne?
É agora. Ele vai me deixar sair com um pouco de dignidade. Eu me virei
para ele, ansiosa.
— Pastrami com pão de centeio, sem picles.
Fiquei plantada no lugar, respirando através do soco que acabei de levar
na boca do estômago.
Mas. Que. Cretino.
— Para o meu almoço — acrescentou ele, claramente sem entender
porque eu já não tinha saído.
Assenti com a cabeça e abri a porta. Se não saísse logo, provavelmente
me atiraria sobre sua mesa e arrancaria todos os fios daquele cabelo perfeito.
Quando fechei a porta, Donna, a assistente de Max, perguntou:
— Como foi?
Revirei os olhos.
— Não sei como você aguenta trabalhar pra ele. Ele é tão... — Comecei a
folhear o relatório, procurando pelos erros de digitação aos quais ele se
referiu.
Donna arrastou a cadeira para trás e se levantou.
— Cão que late não morde. Você está saindo para ir à lanchonete?
— Sim. Pastrami hoje.
Donna pegou seu casaco.
— Vou com você. Preciso fazer um lanche. — Ela pegou a carteira e
saímos para o centro de Nova York. Mas é claro que Max não gostava de
nenhuma das lanchonetes próximas do escritório. Em vez disso, tínhamos que
caminhar cinco quarteirões a nordeste até o Joey’s Café. Pelo menos, estava
ensolarado, e bem no começo do ano para que a umidade fizesse com que a
ida até a lanchonete parecesse uma caminhada ao meio-dia nas ruas de
Calcutá.
— Oi, Donna. Oi, Harper — Joey, o proprietário, nos cumprimentou
quando passamos pela porta de vidro. A lanchonete era exatamente o oposto
do tipo de lugar onde eu esperaria que Max pedisse comida. Claramente, era
um lugar familiar que não via reforma desde a época dos Beatles. Aqui não
havia nada da personalidade astuta, moderna e implacável que compunha
Max King.
— Como está o chefe? — perguntou Joey.
— Ah, você sabe — disse Donna. — Trabalhando muito, como sempre. O
que ele pediu, Harper?
— Pastrami com pão de centeio. Picles extra. — Nada como a vingança
passiva-agressiva.
Joey levantou as sobrancelhas.
— Picles extra? — Jesus, é claro que o Joey conhecia as preferências de
Max.
— Tá bom. — Estremeci. — Nada de picles.
Donna me acotovelou.
— E eu vou querer um sanduíche de peru no pão sovado — disse ela,
então virou-se para mim. — Vamos comer aqui para podermos conversar.
— Faça dois desse — eu disse ao Joey.
A lanchonete tinha algumas mesas, mas as cadeiras não combinavam. A
maioria dos clientes fazia pedidos para viagem, mas hoje estava agradecida
por alguns minutos a mais fora do escritório. Acompanhei Donna enquanto
nos conduzia até uma das mesas na parte de trás.
Picles extra? — perguntou ela, sorrindo.
— Eu sei. — Suspirei. — Isso foi infantil. Sinto muito. Eu só queria que
ele não fosse tão bab...
— Me conta o que aconteceu.
Resumi a nossa reunião – sua irritação por eu não ter conseguido falar
com o contato dele na OMC, o discurso sobre os erros de digitação e a falta de
valorização pelo meu árduo trabalho.
— Diga ao Max que os Yankees mereceram tudo o que aconteceu com
eles neste fim de semana — disse Joey ao colocar nosso pedido na mesa,
junto com duas latas de refrigerante, mesmo que a gente não tenha pedido.
Joey conversava de beisebol com Max? Eles se conheciam?
— Vou dar o recado — Donna disse, sorrindo —, mas ele pode mudar a
empresa para outro lugar se eu fizer isso. Você sabe como ele é melindroso
quando se trata do Mets indo bem.
— Ele vai ter que se acostumar com isso nesta temporada. E não estou
preocupado em perdê-lo. Ele vem aqui há mais de dez anos.
Mais de dez anos?
— Sabe o que ele vai responder? — perguntou Donna, abrindo o pacote
de papel manteiga na frente dela.
— Sim, sim, nunca subestime seus clientes. — Joey voltou para trás do
balcão. — Sabe o que sempre o faz calar a boca? — perguntou ele por cima
do ombro.
Donna riu.
— Quando diz pra ele voltar depois do negócio dele ter durado três
gerações e ainda estar funcionando?
Joey apontou para Donna.
— É isso aí.
— Então, Max vem aqui há muito tempo, hein? — perguntei quando Joey
voltou para o balcão para atender a fila que havia se formado desde que
chegamos.
— Desde quando comecei a trabalhar para ele. E isso já tem quase sete
anos.
— Uma pessoa de hábitos. Entendi. — Não havia muita espontaneidade a
respeito de Max pelo que eu tinha visto.
Donna inclinou a cabeça.
— Mais para um enorme senso de lealdade. Como esta área está em
desenvolvimento e restaurantes estão abrindo em cada esquina, o negócio do
Joey sofreu um bocado. Max jamais foi a qualquer outro lugar. Ele até trouxe
clientes pra cá.
A descrição de Donna entrou em conflito com a frieza egocêntrica na qual
me deparei no escritório. Mordi o meu sanduíche.
— Ele pode ser desafiador, exigente e um pé no saco, mas isso é uma
grande parcela do que o tornou bem-sucedido.
Eu queria ter o sucesso dele, mas ainda ser uma boa pessoa. Seria
ingenuidade minha em pensar que isso era possível em Wall Street?
Donna pressionou a fatia de cima do pão no peru com a ponta dos dedos,
apertando o sanduíche.
— Ele não é tão ruim quanto você pensa. Veja pelo lado positivo: se ele
dissesse que o seu relatório estava bom, o que teria aprendido? — Ela pegou
o lanche. — Não pode esperar que tudo dê certo na primeira vez. E sobre os
erros de digitação, ele estava errado? — Ela deu uma mordida e esperou pela
minha resposta.
— Não. — Mordi a parte interna do lábio. — Mas você tem que admitir,
o jeito que ele fala é uma droga. — Puxei um pedaço do peru que estava por
baixo do pão e coloquei na boca. Tinha me esforçado tanto, esperava algum
tipo de reconhecimento.
— Às vezes. Até que prove o quanto é boa. Mas, assim que isso
acontecer, ele vai te apoiar completamente. Ele me deu esse trabalho sabendo
que eu era mãe solteira, e se certificou de que eu nunca perdesse um jogo,
evento ou reunião escolar. — Ela abriu a lata de refrigerante. — Quando
minha filha pegou catapora, logo depois que comecei a trabalhar com ele,
vim para o trabalho de qualquer maneira. Eu nunca o vi tão bravo. Quando
ele me viu, me acompanhou para fora do prédio e me mandou pra casa. Não
era nada demais, minha mãe estava tomando conta e ela estava bem, mas ele
insistiu que eu ficasse em casa até que minha filha voltasse à escola.
Fiquei boquiaberta. Esse não parecia o Max que eu conhecia.
— Ele é um homem muito bom. É focado e determinado. Assume a
responsabilidade de seus empregados com seriedade – especialmente se
tiverem potencial.
— A única coisa que eu não vejo mesmo é ele assumir a responsabilidade
por ser um panaca condescendente.
Donna riu.
— Você está lá para aprender, para se aperfeiçoar. Ele vai te ensinar, mas
dizer apenas que fez um bom trabalho, não vai te ajudar.
Puxei um guardanapo do porta-guardanapos antigo e limpei o canto da
boca.
Como me ajudou, além de destruir completamente a minha
autoconfiança?
— Se soubesse como a reunião de hoje se desenrolaria, o que teria feito
de diferente? — perguntou Donna.
Dei de ombros. Fiz um bom trabalho, mas ele se recusou a reconhecer.
— Ah, qual é?! Não vá me dizer que faria as coisas exatamente da mesma
forma...
— Tá legal, não. Eu teria imprimido as fontes e levado para a reunião.
Donna assentiu.
— Bom. O quê mais? — Ela deu outra mordida no sanduíche.
— Provavelmente, tentaria tentado falar com o contato de Max na OMC
mais algumas vezes, talvez enviado um e-mail. Podia ter insistido mais em
localizá-lo. E podia ter enviado tudo para a revisão. — Tínhamos um serviço
noturno, mas porque fiquei trabalhando até tarde, perdi o prazo para enviá-lo.
Devia ter garantido que tudo ficasse pronto a tempo.
Ergui o olhar de onde estava beliscando meu sanduíche, para olhar nela.
— Não estou dizendo que não aprendi nada. Só achei que ele seria mais
gentil. Há anos que vinha desejando trabalhar com ele. E não imaginei que
fosse fantasiar em socar o rosto dele com tanta frequência.
Donna riu.
— Isso, Harper, é o que significa ter um chefe.
Tudo bem, eu podia aceitar que Max era bom com Donna e Joey, pelo
jeito. Mas ele não era assim comigo. O que só piorava tudo. O que foi que eu
fiz para ele? Fui escolhida para ter tratamento especial? Sim, o meu relatório
podia estar melhor, mas apesar do que a Donna disse, eu não merecia a
reação que recebi. Ele podia ter feito um pequeno elogio pelo menos.
Agora que minhas expectativas de trabalhar com Max foram devida e
verdadeiramente estilhaçadas, tinha que me concentrar em conseguir o que
pudesse da experiência e seguir em frente. Ia refazer meu relatório e o
deixaria perfeito. Tiraria o máximo de proveito em trabalhar para a King &
Associates, faria uma tonelada de contatos, e depois de dois anos estaria
numa boa posição para trabalhar por conta própria ou diretamente para um
banco.
E star perto dela desse jeito me deixou louco, pois na minha cabeça
eu fazia a ela tantas coisas perversas, que sempre me preocupava
de achar que já estava familiarizado ao seu corpo quando estava ao
meu lado. E agora que a segurava, não sabia o que fazer. Só sabia que não
queria soltá-la.
— O que está fazendo aqui em cima? — Ela tentou erguer alguns papéis,
mas segurei seus braços firmemente de lado, empurrando-a contra a parede.
— O meu teto está cedendo com essas pancadas todas.
Meu cérebro perdeu a capacidade de raciocinar. Por que ela estava no
meu apartamento? Por que estava gritando?
Ver aquele protejo de mafioso dar em cima de Harper na academia,
acabou com o choque de perceber que ela residia no meu prédio. Queria
pegá-lo e jogá-lo para fora da academia aos pontapés. Então, quando ele saiu,
notei suas roupas de ginástica justas de um jeito tão colado que podia muito
bem-estar nua, então corri da academia, fugindo do formigamento na minha
pele que me dizia que eu tinha que sair antes que passasse vergonha.
E agora ela estava encurralada na parede do meu apartamento.Furiosa. E
parcialmente vestida.
Eu estava sem palavras.
Ela sempre foi tão calma e sob controle no trabalho. Era estranho vê-la
assim... agitada. Era óbvio que eu não a conhecia bem, muito provavelmente
porque praticamente a ignorava, desesperado demais para manter a maior
distância possível entre nós. Odiaria que ela adivinhasse o que estava
acontecendo no meu pequeno cérebro pervertido, que ela conhecesse todas as
coisas que eu imaginava fazer com ela.
— E a música. Qualquer um pensaria que a Orquestra Filarmônica de
Nova York está tocando aqui. Mas que droga está acontecendo?
Minhas mãos queimaram por estar segurando seus braços. Afrouxei o
agarre, mas não consegui soltá-la totalmente.
— Responde! — gritou ela. — Tenho que te aguentar me ignorando no
escritório, mas aqui você não assina meu contracheque. Está violando seu
contrato de aluguel.
Suspeitava de que havia mais sob seu lado profissional do que eu
normalmente via. Ela sugeriu algumas vezes de que me achava idiota. Foi um
alívio, porque se ela me odiasse, facilitava as coisas. Tornava maior a
distância entre nós.
Mas nada estava fácil agora, não com ela aqui, quase nua na minha frente.
Sua pele macia e quente sob meus dedos, não estava ajudando. O cheiro
almiscarado e sexy penetrando em meu corpo e indo direto para o meu pau. A
maneira como seus mamilos marcavam a seda do robe. Nada disso ajudou.
Fechei os olhos, tentando recuperar um pouco de controle sobre o que eu
estava sentindo.
— Está me ouvindo?
Não estava. Pude perceber que ela estava brava, mas não consegui
processar o que estava dizendo. Meus sentidos estavam sobrecarregados
demais.
Ela inclinou a cabeça para trás, expondo a pele lisa do pescoço longo e
suspirou exasperada. Antes que eu me desse conta, soltei seu braço e deslizei
o dedo indicador lentamente pela mandíbula e pescoço. Ela ofegou, mas não
consegui me segurar. Continuei descendo até o vão na base da garganta. Ela
era como uma droga. Cada dose que eu tomava dela me fazia querer mais. Eu
estava buscando o êxtase – o êxtase dela.
— O que você está fazendo, seu idiota?
Suas palavras me fizeram parar na hora. Idiota? Congelei e olhei para
cima. Merda, eu fazia coisas assim com ela na minha imaginação, não
pessoalmente.
— Me... Me desculpe. — Eu a soltei e me afastei, passando as mãos pelo
cabelo. O que eu estava pensando? Eu era pai. Um homem de negócios. Nada
mais importava.
Ela hesitou e franziu o cenho.
— Você é desprezível comigo no escritório — disse ela com a voz calma
e questionadora.
Assenti.
— Eu sei. — Era deliberado.
Fixei o olhar em seus fartos lábios carnudos. Todas as coisas que imaginei
aqueles lábios fazendo... Ela estava certa. Eu era um idiota.
— E você me acha burra — continuou.
— Burra? — Se isso fosse verdade ela não seria tão sedutora. Sim, ainda
seria linda, mas existiam muitas mulheres lindas neste planeta. — Não acho
você burra.
— Então por que me trata como uma merda? — Ela apontou para mim e
voz ficou mais alta. — Age como se eu não existisse. — Enfiou o dedo no
meu peito. Foi como se tivesse pressionado um botão com a palavra “pênis”.
O meu pulsava a cada toque dela.
Segurei seu dedo, forçando-a a parar o que estava fazendo e paralisei não
querendo soltá-la, e ela não afastou a mão. Em vez disso, apenas ficamos nos
encarando, ambos precisando de respostas.
Para minha surpresa, ela soltou os papéis, deu um passo à frente, envolveu
a mão livre no meu pescoço e pressionou os lábios nos meus. Alívio
atravessou meu corpo e correspondi o beijo, deslizando a língua de forma
gananciosa em sua boca. Ela gemeu, o som reverberando por todo o meu
corpo. E me tocou com total habilidade, como se tivesse praticado e pensado
nisso tanto quanto eu.
Afastei a cabeça por um segundo e um olhar confuso passou por seu
rosto. Foi exatamente o encorajamento que eu precisava. Empurrei-a contra a
parede e comecei a beijar sua clavícula.
— Eu te odeio — sussurrou ela.
Não, ela não estava agindo como se me odiasse, não estava tentando me
deter. Será que entendi errado? Levantei a cabeça e a olhei, fazendo-a franzir
a testa.
— Não pare — disse ela.
Sorri e voltei a baixar a cabeça. Ela queria isso.
— Não pare? — perguntei com a boca em seu pescoço. Ela enfiou os
dedos no meu cabelo com uma mão e passou a outra suavemente pelo meu
ombro. Foi a minha vez de gemer. Um único toque dela e todos os meus
piores medos se confirmaram – eu queria essa mulher. Não, era mais do que
isso. Conheci muitas mulheres atraentes antes, mas nunca tinha sentido um
desejo irresistível de estar o tempo todo perto delas. Ainda mais quando não
sabia praticamente nada sobre elas. Nunca me peguei pensando em uma
mulher quando deveria estar concentrado em uma teleconferência ou
apresentação. Nunca quis fazê-las sorrir ou descobrir todos os seus segredos.
Afastei suas pernas com o joelho, e ela esfregou os quadris na minha perna.
Essa garota podia acabar comigo.
Suspeitei disso na primeira vez que a vi. E tive certeza no momento em
que a vi trabalhando.
Talentosa. Bonita. Perspicaz. Sexy.
Eu queria tudo.
Havia tantos motivos pelos quais isso não poderia acontecer. Ela
trabalhava para mim. Eu só transava com as mulheres, não me envolvia.
Silenciosamente, fiquei recitando isso como um mantra. Repetidas vezes.
Eu me afastei e ela me olhou boquiaberta. Apoiei as mãos na parede em
ambos os lados de sua cabeça.
— O que foi? — perguntou ela.
— Sou seu chefe.
— Não se preocupe. O que quer que aconteça, vou apresentar minha
queixa por assédio sexual só amanhã de manhã. — Ela tocou na minha calça
e envolveu os dedos no meu pau. — É melhor fazer valer a pena.
Dei um sorriso irônico. Ela ia me manter em estado de alerta.
Ao abrir o robe, a seda escorregou por seus ombros. Passei lentamente as
mãos pela pele, evitando os seios, e desci pela barriga até a boceta
cuidadosamente aparada. Parei.
Ela arqueou as costas, empurrando o corpo no meu, querendo mais.
— Mas você me odeia — provoquei.
— Vejamos o que consegue fazer para que eu mude de ideia. — Ela
pressionou a mão na minha, empurrando meus dedos para dentro de sua
umidade.
Harper não tinha ideia do que eu tinha planejado para ela e há quanto
tempo.
Num pensamento tardio quase passageiro, deslizei os lábios nos dela. E
apesar das minhas fantasias, me coloquei de joelhos. Precisava saber se seria
capaz de deixá-la tão louca quanto ela me deixava. Tentei puxar a perna dela
sobre o ombro, mas ela resistiu, incitando-me a levantar.
— Você se esqueceu de quem é o chefe? — perguntei.
— No escritório, talvez.
Com força, eu a empurrei contra a parede e levantei sua perna. Sabia que
assim que ela sentisse a minha língua, cederia. E eu estava certo. Sempre
estava. Ela empurrou os quadris para a frente e deslizou a perna pelas minhas
costas enquanto eu passava a língua em seu clitóris, uma, duas vezes. Se ela
pensou que no quarto eu não era o chefe, estava muito enganada.
Envolvi uma das mãos em seu quadril, e a outra espalmei na barriga plana
enquanto lambia do clitóris até a fonte de sua umidade, apreciando o sabor
doce. Em abundância. Como se estivesse molhada para mim desde que nos
conhecemos. Suas unhas cavaram no meu couro cabeludo enquanto a boceta
pulsava na minha boca. Não conseguia me lembrar da última vez que tinha
feito sexo oral em uma mulher e, naquele momento, não conseguia nem me
lembrar de ter provado vagina tão gostosa como a dela: tão quente e tão
molhada.
Apesar de eu a estar segurando, parecia estar tendo dificuldade em se
manter de pé.
— Não consigo — gritou.
Tive a sensação de que não existia nada que Harper não conseguisse fazer
se ela se empenhasse, mas não ia discutir. Fiquei de pé e ela me encarou meio
aturdida, meio desapontada. Antes que tivesse a chance de me dizer
novamente o quanto me odiava, eu a joguei sobre o ombro e a levei para o
quarto.
Assim que entramos eu a derrubei na cama, cabelo castanho se
espalhando no lençol. Segurei suas pernas e as separei pelas coxas firmes,
empurrando os dedos dentro dela enquanto a língua circundava o clitóris. Ela
gritou, erguendo os quadris do colchão. Agarrei sua cintura e puxei-a mais
para mim. Ela não ia a lugar nenhum sem um orgasmo para se lembrar de
mim. Jesus Cristo, alguns minutos antes eu estava bolando estratégias para
passar menos tempo com Harper, e agora ela estava aqui – nua – na minha
cama, cobrindo a minha mão e língua com seus fluidos.
Ela soltou pequenos gemidos e sons incoerentes sobre barulho, vizinhos e
lustres. Não conseguia acompanhar o que estava dizendo. Tudo o que me
importava era a sua doce e quente boceta na minha língua. Sua respiração
ficou mais acentuada e o corpo inteiro dela começou a estremecer, seus
movimentos tornando-se descontrolados antes de gritar “Max!”. Ouvir meu
nome em seus lábios quando atingiu o clímax, perfurou um buraco na
armadura que não percebi que estava usando e, de repente, não me importei
em ser o chefe dela ou que tinha uma reputação a zelar e uma família para me
concentrar. Estava tão – esmagadoramente – atraído por ela que nesse
momento era a única coisa que importava. E quase gozei junto com ela.
Sua respiração ofegante se acalmou e ela estendeu a mão. Devia pedir que
fosse embora, parar antes que fosse tarde demais, mas em vez disso, segurei
sua mão e subi ao seu lado.
Rolei e me deitei de costas, precisando me concentrar em algo diferente
da protuberância de seus seios firmes, do jeito que seu corpo afundou em
meus lençóis, na minha cama, no meu apartamento.
Ela estava aqui. Exatamente onde não deveria estar.
— Oh, meu Deus. — Seu braço caiu sobre meu peitoral. — Forbes estava
certa quando disse que você era talentoso.
Não pude segurar a risada que se formou na garganta. Eu me virei e vi
Harper virando de lado, aparentemente, inconsciente do quão bizarro esse
cenário era. Ela beijou a minha mandíbula e tentei não olhá-la, com medo de
nunca ser capaz de desviar a atenção.
Seus dedos envolveram meu pau ainda muito duro. Jesus. Tanto esforço
para lhe dizer para ir embora. Ela passou a mão pela ponta. Havia
pouquíssima esperança de que eu conseguisse me livrar dela, não quando
estava apertando e puxando com tanta habilidade. Acabei cedendo e ergui o
olhar, encontrando-a me encarando, analisando como se estivesse tentando
descobrir uma pista de palavras cruzadas.
— Tem camisinha?
Essa era uma péssima ideia.
— Tenho — respondi enquanto alcançava a mesa de cabeceira.
Ela montou em mim e pegou o preservativo da minha mão.
— Aqui é Vegas, combinado? — questionou.
— Vegas? — perguntei enquanto ela revestia meu pênis, apertando
firmemente a base quando a alcançou.
— Esse quarto. É Vegas. O que acontece aqui, fica aqui. — Ela
posicionou meu pau na entrada dela. — Concorda? Se fizermos isso, pode ser
que eu consiga parar de te odiar. Você pode ser apenas o meu chefe.
A esta altura eu teria concordado em cortar as minhas pernas com uma
faca cega, mas gostei do que ela estava dizendo. Que depois que tivéssemos
transado tudo voltaria ao normal ou melhor do que o normal – como as coisas
deveriam ser.
— Vegas — respondi e ela sentou no meu pau, centímetro por centímetro.
Cerrei as mãos em punhos para me impedir de agarrar seus quadris e entrar
com tudo nela. Meu maxilar apertou quando Harper jogou a cabeça para trás
e se acomodou. Usando as mãos no meu peito, ela desceu um pouco mais.
— Tão bom — sussurrou ela. — Tão, mas tão profundo.
Jesus, como conseguir suportar isso apenas ficando deitado, observando?
Era demais. Eu precisava assumir o ritmo ou gozaria em menos de dez
segundos.
Seu cabelo caía em torno dos ombros, e eu estendi a mão, empurrando-o
para trás das costas, não querendo que nada atrapalhasse a minha visão de
seus seios empinados e dos mamilos rosados e inchados que estavam
salientes, implorando por atenção. Eu os puxei, um, depois o outro, e ela
estremeceu antes de descer sobre mim ainda mais rápido. Ela era perfeita,
muito melhor do que eu tinha imaginado e dos muitos pensamentos que tive
sobre ela, imaginando como ela ficaria montada em mim, nua, as pernas
abertas, os olhos turvos pela luxúria. Era tão apertada que o instinto assumiu
o controle e eu a girei, deitando-a de costas, empurrando mais fundo.
— Chega — eu disse. — Já tive o suficiente das suas constantes
provocações diárias. — Não sabia se ela queria ser provocativa. Não era
óbvia sobre isso como muitas mulheres eram. Suas roupas não eram
chamativas ou particularmente justas; nem flertou ou tentou conversar
comigo. Saí totalmente de dentro dela e voltei a entrar, agora, finalmente a
fodendo por cima, nua. Cada estocada eu pensava que ficaria mais fácil, que
ela não seria tão apertada – tão deliciosa, mas eu estava errado. Ela estava
superando cada uma das fantasias que eu tive sobre ela.
Suas mãos enroladas na parte superior dos meus braços, os dedos tão
pequenos que eram fascinantes. Eu queria parar por um segundo para
verificar se eram reais, mas a cabeceira da cama batendo na parede trouxe
meu foco de volta ao querer fazê-la gozar. Ela era tão perfeita, tão bonita e, se
a gente só ia ter essa noite, eu tinha que fazer valer a pena.
Queria ir além, mais profundo, mais rápido.
Precisava marcá-la, possuí-la, escalar dentro dela.
Era como se cada uma das imagens inapropriadas que estavam enterradas
no fundo do meu cérebro tivesse escapado e ganhado vida.
Levantei uma de suas pernas mais alto, desesperado para me enterrar
mais. Pelo jeito que ela abriu a boca, eu podia dizer que a mudança de ângulo
aumentou o prazer para nós dois. Abaixei a cabeça para beijá-la, e ela
avidamente aceitou. Apesar de não me dar qualquer sinal no escritório, ela
me tocava como se eu tivesse vivido em suas fantasias, exatamente como ela
vivia nas minhas. Havia um conhecimento entre nós, uma familiaridade que
era desconcertante, mas ao mesmo tempo, deliciosa de saborear.
Ela colocou a mão entre nossos corpos e desceu até meu pênis, apertando
a base. Quase explodi. Precisei parar.
— Você é um bundão. — Ela sorriu e limpou o suor da minha
sobrancelha com a ponta dos dedos.
— Você parece obcecada com essa ideia. Talvez devêssemos tentar na
sua bunda depois e ver se isso te cura.
— Você não se atreveria. — Ela empurrou os quadris para encontrar o
meu, e ergui a sobrancelha.
— Não? — perguntei. — Aqui é Vegas. Vale tudo.
— Cala a boca e concentre-se em me foder.
Eu adorava essa boca, de como me chamava por nomes, da forma como
dizia o meu nome.
Ela precisava aprender uma lição.
— Não estou pensando em mais nada. — Empurrei dentro dela e seus
olhos semicerraram. Comecei a entrar cada vez mais e mais fundo, grudando-
a no colchão, querendo deixar mais gostoso, precisando senti-la ainda mais.
Sentei sobre os calcanhares, puxando-a para sentar nas minhas coxas,
aproveitando a oportunidade para assistir seus seios balançarem a cada
impulso.
— Acha que eu te odeio agora? — perguntei. Ela não sentiu a química
entre nós e entendeu que eu tinha que me manter distante, caso contrário,
algo assim aconteceria?
— Não me importo. Estou muito...
Ela se perdeu no que estava dizendo e me apertou com mais força,
criando uma fricção entre nós que aqueceu meu sangue. Ela me deu um
pequeno sorriso e a quis mais perto. Eu a puxei para cima, nos colocando
cara a cara, com as pernas ao redor da minha cintura, e comecei a subi-la e
descê-la no meu pênis. Harper envolveu os braços no meu pescoço e
pressionou os lábios nos meus. Era um gesto tão íntimo, tão normal, tão
certo, como se fôssemos amantes há tempos, como se nos conhecêssemos há
anos.
Harper aumentou o ritmo, os quadris levantando facilmente em minhas
mãos e descendo com tudo no meu pau.
— Cuidado — avisei. Eu não duraria muito desse jeito.
— Não consigo parar — sussurrou ela, seus dedos correndo pelos meus
ombros. — Não consigo parar, não quero parar. — Seus movimentos se
tornaram mais intensos, mais descontrolados, e usei as mãos em seus quadris
para manter nosso ritmo constante e sua boceta totalmente cheia. Suas unhas
cavaram nos meus ombros quando se afastava para me olhar e gritar:
— Max. Assim, Max. — Seus músculos pulsando me atraíram, e em duas
estocadas acentuadas dos meus quadris, estava gozando dentro dela,
observando seu orgasmo atenuar enquanto o meu se apoderava de mim.
L iguei para Grace logo depois da minha briga com Max e nos
encontramos em um bar na Murray Street, em Tribeca. Acenei
para o barman.
— Gostaríamos de alguns coquetéis e petiscos. Algo com bastante queijo.
— O garçom assentiu e eu me virei para Grace.
— Tá bom, estou muito confusa agora. Você tem transado com Max
King, a pessoa que mais odeia no mundo?
— Você está com total foco na coisa errada.
— Volte ao começo e me diga o que diabos está acontecendo.
Ela estava me olhando como se eu tivesse acabado de dizer que decidi me
mudar para o Alasca.
— Acho que fui contratada pela King & Associates por causa do meu
doador de esperma. — Devia ter mudado o sobrenome. Nós nunca tivemos
nenhum tipo de relação, então nem parecia ter o sobrenome dele.
— O doador de esperma é seu pai? — perguntou Grace e eu assenti. —
Como você sabe?
— E ele transou comigo, como se eu fosse uma prostituta. — Estremeci.
— Bem, mal sabe Max que, atualmente, meu pai e eu só nos comunicamos
através de advogados. — Como é que ele pôde ter sido tão frio? Deveria ter
confiado nos meus instintos a respeito dele.
— Chegaremos à parte do sexo mais tarde. Você não respondeu a minha
pergunta. — Grace me deu um tapinha no braço, tentando me fazer prestar
atenção. — Quem te disse que foi contratada por ser filha de quem é?
— Max. No escritório. — Tomei um gole do meu mojito.
Ela inclinou a cabeça de lado.
— Ele disse: “contratei você por ser filha de quem é”?
— Claro que não. Ele alegou que não sabia. Mas é obvio que estava
mentindo. Ele mesmo disse que queria trabalhar para JD Stanley.
— Tudo bem. — Grace fez uma pausa, as sobrancelhas unidas. — E você
estava transando com Max? Como isso aconteceu? — Ela remexeu as
sobrancelhas. — Trabalhando até tarde na empresa?
— Ele mora no meu prédio. É o homem da cobertura.
Grace arregalou os olhos.
— O casal transando feito coelhos? Você trepou com aquele homem?
Jesus, estou com inveja. — Ela tirou o palito da taça do Martini e mordeu
uma das azeitonas.
Tentei não sorrir. Ela deveria estar com inveja. Max sabia muito bem usar
o pau, isso eu não podia negar. Ele provavelmente devia ter transado com a
Grace, para começo de conversa. Afinal, as conexões da família dela eram
muito mais impressionantes do que as da minha.
— Então, o que vai fazer? — perguntou ela. — Ele tem perfil para ser
namorado?
— Não faço ideia. E, claro que não. — Coloquei os cotovelos no bar e
passei as mãos pelo cabelo. — O que eu estava pensando quando transei com
meu chefe? Agora tenho que pedir demissão.
— Ele disse que não sabia que você era filha dele. Ele não teria dito
alguma coisa se soubesse? Ele é do tipo mentironador?
— Mentironador? — Olhei pelo canto de olho para ela.
— Está no Dicionário da Grace. Procure.
Não tinha pensado que Max era do tipo mentiroso; ele era direto demais.
Mas era perfeitamente possível que eu tivesse sido levada pelo seu corpo
firme e lindos olhos verdes. Fui seduzida por seu cérebro brilhante e paixão
pelo trabalho?
— Isso importa? Agora ele sabe. Meu pai o convidou para fazer uma
apresentação.
— E Max disse que seu pai contou para ele?
Acenei com as mãos.
— Não, ele disse que somou dois mais dois, então pediu minha ajuda
nessa apresentação.
— E você não quer trabalhar para o seu pai?
— Não por causa do meu sobrenome.
Grace assentiu vigorosamente, o álcool claramente amolecendo partes de
seu corpo.
— Entendi, mas você está onde queria estar. Max está dizendo que não
sabia. Vai agir no calor da raiva e prejudicar seus próprios interesses, pedindo
demissão?
— Definitivamente não estou agindo no calor do momento, e nem quero
prejudicar meus interesses, mas acho que tenho que sair. É tudo humilhante
demais. Todo mundo vai saber quem é o meu pai e porquê consegui o
emprego, e não posso trabalhar com o homem que me fodeu para conseguir
uma vantagem.
— Você está pensando como mulher. Precisa pensar como se tivesse um
pênis. — Ela bateu a mão no bar e o garçom se assustou antes de colocar um
prato de queijo na frente dela. — No entanto, você tem esse emprego, precisa
provar que o merece porque é boa no que faz, não por causa do seu
sobrenome e não porque está dando para o chefe. — Ela tomou um gole de
seu coquetel. — Os homens têm ganhando vantagem usando a velha rede de
relacionamento há anos. Tem que tirar proveito das oportunidades quando
elas surgirem. Então, não só não pode desistir, como também precisa ir e
dizer a Max que deveria trabalhar na apresentação do seu pai, por causa do
seu sobrenome.
Ela não fazia o menor sentido.
— Como isso ajudaria? Só pioraria tudo.
Grace colocou a taça em cima do bar bruscamente, a bebida respingando
para os lados.
— Como se diz — ela jogou as mãos para o ar —, é uma situação onde
todos saem ganhando.
Balancei a cabeça e olhei a hora no meu celular. Devia estar chegando em
casa, com ou sem trabalho para ir amanhã cedo.
— Está me ouvindo? — perguntou Grace.
Eu não estava porque ela não estava fazendo nenhum sentido, mas abaixei
o celular e dei a ela toda a atenção.
— A King & Associates faz o tipo de trabalho que você quer fazer, certo?
— Certo. — Assenti.
— E eles são bons, certo?
Por que estávamos recapitulando aquilo?
— Certo, de novo. Mais uma e vai ganhar um faqueiro de carnes.
— Então, por que sairia de uma empresa como essa?
Ela me interrompeu antes que eu pudesse falar.
— Você só precisa mudar. — Ela segurou a minha banqueta e puxou-a
para perto dela. — Precisa mudar seu foco. A King & Associates é o melhor
lugar para sustentar o capitalismo, alimentar a ganância corporativa e todas as
coisas nerds que vocês fazem. Estou certa?
Revirei os olhos e tomei outro gole da minha bebida.
— Então fique lá. E exija trabalhar nesse projeto. Porque o seu pai é o
melhor no que ele faz, então a pessoa que fechar essa conta vai conseguir
todo o crédito, certo?
— E você acaba de ganhar o faqueiro de carnes.
— Então, banque a esperta ficando por perto. E enquanto trabalha nisso,
prove ao seu pai porque ele deveria ter lhe oferecido uma posição na empresa
dele e não aos filhos com pênis.
Coloquei a taça vazia no bar enquanto refletia sobre o que ela estava
dizendo. Ela tinha percebido alguma coisa?
— Está me dizendo para eu continuar trabalhando na King & Associates?
— Eu seria capaz de suportar a continuar trabalhando com o Max?
— Sim, porque seja lá como conseguiu o emprego, você está lá. Então
aproveite ao máximo a sua oportunidade.
— E exijo trabalhar na conta do meu pai?
— Você será famosa se conseguir fechar esse negócio, não é? E estará
mostrando o dedo do meio para o seu pai ao mesmo tempo. Como eu disse,
você só tem a ganhar. — Grace acenou para o barman, pedindo a conta.
— A menos que a gente acabe perdendo. — Seria ainda mais humilhante.
— Quando foi que você já perdeu qualquer coisa que queria? —
perguntou ela quando desceu do banquinho e entregou seu cartão American
Express Black ao barman.
— Não precisava pagar — eu disse.
— Eu não paguei. Foi cortesia do meu pai.
— Obrigada, Sr. e Sra. Park Avenue — gritei. — Pode ser que você saiba
de alguma coisa e por isso está me dizendo para eu não pedir demissão. Esta
poderia ser a minha oportunidade de provar ao meu pai que posso fazer mais
do que ficar em casa de pernas pro ar pelo resto da vida. Vou mostrar que
tenho valor e que ele deveria estar me implorando para trabalhar no seu
banco de investimentos estúpido. — Pulei da minha banqueta. — É isso.
Exatamente o que vou fazer. — Agarrei o rosto de Grace e lhe dei um beijo
estalado nos lábios. — Você é um gênio.
D
porta.
esabei no sofá com o celular colado no ouvido. Vestida e pronta
para sair e comprar um vestido de baile de Ensino Médio com
Amanda e meu chefe, eu estava apenas aguardando a batida na
Estar em um táxi com meu chefe e a filha dele depois que concordamos
em parar de transar, era mais do que estranho. Deixei a compaixão por
Amanda superar a minha lógica quando concordei em fazer compras hoje.
Subestimei o quão estranho seria passar um tempo com Max. Pensei que seria
um caso simples de salvar uma adolescente de quatorze anos do pai inflexível
e indiferente. O problema era que tinha me esquecido de que o pai em
questão era meu chefe e tinha me visto nua.
— Você concorda? — Amanda perguntou, olhando para o pai.
Tínhamos apanhado um táxi no centro da cidade e Amanda tagarelava
sobre o tipo de vestido que queria. Max parecia ter pouco interesse nela
enquanto olhava pela janela.
— Acho que vai chover — disse ele.
— Pai. — Ela deu um soco na perna dele e ele segurou sua mão
envolvendo-a na dele. — Você concorda sobre o vestido?
— Não irei me comprometer com nada até eu ver.
— Bem, se não encontrarmos algo hoje, vou pelada.
Max riu.
— Se você fosse alguns anos mais velha, eu podia me preocupar. No
momento, acho que sua angústia adolescente é minha apólice de seguro
contra essa possibilidade.
— Não entendi o que acabou de dizer — comentou ela.
— E isso significa uma vitória dupla pra mim, meu amor. — Quando ele
colocou o braço em volta do ombro dela para trazê-la para mais perto dele,
acabou pegando na manga do meu casaco. — Desculpe — disse ele e eu
sorri, olhando fixamente minhas mãos no colo. Não sabia se estava
imaginando coisas, queria olhar para os dois. Pareciam confortáveis juntos,
felizes. Senti uma pontada de ciúme.
— Chegamos — anunciou Amanda quando o táxi parou.
A umidade me atingiu quando saí do carro.
— Com certeza vai chover — murmurou Max, olhando para o céu.
Ao pararmos na frente da boutique, Max segurou a porta aberta
gesticulando para eu entrar na frente dele, enquanto Amanda liderava o
caminho. Esperava conseguir comprar logo o vestido nessa loja para eu voltar
para casa antes do almoço.
Quando começamos a dar uma olhada pelas araras, Max encontrou uma
cadeira do lado de fora dos provadores e se concentrou no telefone, em vez
da filha. Típico. Por que veio, então?
— Que tal esse? — perguntou Amanda, segurando um vestido roxo longo
na frente do corpo ao se virar para mim.
Sorri abertamente.
— Lindo! Separe para experimentar.
Nós escolhemos seis vestidos, e Amanda conseguiu pegar, sem o pai ver,
dois tomara que caia que eu tinha certeza de que o pai não acharia nada bom.
— Podemos procurar sapatos e uma bolsa assim que encontrarmos o
vestido — falei quando Amanda parou no caminho para o provador,
fascinada por uma mesa de bolsas cintilantes.
Pendurei os vestidos que estava carregando e fechei a cortina de Amanda.
— Harper, você vai ficar por aqui enquanto experimento os vestidos para
poder ver antes do meu pai? Quero surpreendê-lo com a escolha perfeita.
— É claro — respondi e me encostei à parede em frente à cabine de
Amanda. — Qual deles vai experimentar primeiro?
— O roxo. Uh-oh — disse ela. — Meu pai não vai gostar deste.
Na hora em que abriu a cortina, soube que ela estava certa. Max jamais
concordaria com esse vestido. E não podia culpá-lo. Uma jovem de vinte e
cinco anos teria que se esforçar muito para não parecer vulgar nele. O decote
era profundo, baixo demais com uma grande faixa em tecido transparente que
até mesmo deixava o sutiã aparente.
— Acho que não combina com você — comentei, não querendo ferir seus
sentimentos ou que ela sentisse que a opinião do pai era a única que contava.
— As pessoas dizem que você deve usar o vestido, não o vestido te usar.
Porém, não tenho certeza do que significa, mas acho que estamos em
território perigoso. E o outro mais curto?
Então, ela apareceu em um lindo vestido amarelo com alças finas, corpete
todo bordado com pedras brilhantes e uma saia rendada que parava logo
acima do joelho.
— O que achou desse? — perguntei, sorrindo.
— Acho que meu pai vai gostar — respondeu, mas o olhar em seu rosto
dizia que, embora pensasse que ele aprovaria, ela não estava apaixonada pelo
vestido. — Mas acho que quero parecer mais... adulta.
Assenti. O vestido ficou lindo nela, embora fosse muito parecido com
uma versão mais adulta de algo que uma criança de oito anos usaria. E se
Max ia gostar e ela não, então nem sequer mostraríamos a ele.
— Experimente o azul royal. Acho que ficaria ótimo em contraste com o
seu cabelo preto, e acessórios prateados combinariam perfeitamente com ele.
É mais sofisticado.
Ela se virou e puxou o cabelo de lado, e percebi que estava me pedindo
para abrir o zíper.
— Você usaria esse? — perguntou enquanto eu a ajudava a tirar o
vestido.
Assenti.
— Sim. É lindo. Não que eu teria onde usar um vestido assim. — Fechei a
cortina para que ela pudesse se vestir com privacidade.
— Num encontro? — perguntou. — Você tem namorado?
Meu estômago revirou quando me lembrei da nossa conversa na
lavanderia. Será que ela contou ao Max tudo o que eu disse? Dei uma olhada
na saída dos provadores. Dava para o Max ouvir a nossa conversa?
— Não. No momento, não.
— Você é tão linda. Quando for mais velha, quero amar meu trabalho,
mas quero que alguém me ame, também. — Não descartei o amor. Só que ele
nunca me encontrou. Talvez Grace tivesse razão e eu estava à procura da
perfeição. — Meu pai é como você. Sempre ocupado com o trabalho. Sempre
diz que entre o trabalho e eu, ele tem mais do que o suficiente para qualquer
homem.
Não pude deixar de sorrir. Era óbvio que ela queria a aprovação do pai, e
comecei a ter a impressão de que os dois realmente tinham um bom
relacionamento. Talvez fossem mais próximos do que eu pensava.
— Vocês saem muito? — perguntei, baixando o tom de voz.
— Meu pai e eu? Sim. Tipo, o tempo todo — respondeu.
Antes que eu tivesse chance de fazer mais perguntas a Amanda sobre seu
relacionamento com Max, ela abriu a cortina, sorrindo.
— Gosto muito deste — disse ela, saindo com uma saia longa de crepe
plissado com uma abertura na lateral.
— É muito bonito. — Eu me aproximei para ajustar a saia. — Amei. É
lindo. — Os ombros eram de um tecido prateado contrastando com o azul
que descia e cruzava no busto, num estilo grego. Não tinha decote, mas ao
mesmo tempo era espetacular. — E ficou lindo em contraste com seu cabelo.
Vou buscar alguns sapatos. Fique aqui.
Quando saí dos provadores, meus olhos encontraram os de Max quando
ele levantou os dele do telefone.
— Está tudo bem? — perguntou.
Assenti.
— Só vou pegar alguns sapatos.
Quando passei, ele segurou meu pulso. Travei no lugar. Quase que
imediatamente ele soltou a minha mão.
— Desculpa. Só queria te agradecer. Isso significa muito para a Amanda.
Assenti com a cabeça, mas não olhei para ele. Meu cérebro estava
falhando. Num minuto, ele estava gritando comigo, caso não pedisse seu
lanche certo. No seguinte estava me agradecendo por deixar sua filha feliz.
Sem falar naqueles beijos.
E não conseguia descobrir a dinâmica entre Max e Amanda. Ele parecia
bastante envolvido na vida dela. Mais do que eu pensava. Mas se nunca foi
casado com a mãe dela, como isso funcionava? Nunca deu certo com o meu
pai.
Peguei um par de sandálias prateadas com salto baixo e corri de volta para
Amanda.
— Ele vai gostar? Podemos convencê-lo? — perguntou ela ao pegar as
sandálias e amarrá-las. — É esse, não é?
— Você o conhece melhor do que eu, mas acho que está linda nele.
— Paiiii! — gritou ela. — Estou saindo. E gostei muito desse. É perfeito,
portanto não pode ficar bravo.
Seu sorriso era tão grande que não pude deixar de sorrir também.
Esperava muito que ele aprovasse. Amanda merecia usar o vestido. Era
apropriado para sua idade e verdadeiramente elegante.
Ela saiu do provador, entrando na área aberta da loja e, de canto de olho
espiei o rosto de Max. Suas sobrancelhas estavam na metade da testa
enquanto ela dava uma girada completa para ele ver.
— O que acha? — perguntou ela.
Ele sacudiu ligeiramente a cabeça enquanto se levantava e respirou fundo.
— Acho que parece muito adulta. — Os ombros de Amanda cederam. —
E absolutamente linda. — Ele a puxou para um abraço. — Você encontrou
seu vestido, meu amor. — Ele baixou a voz e falou em seu ouvido enquanto
continuavam abraçados: — Você está crescendo tão depressa. Tem que me
perdoar por querer mantê-la para mim por mais tempo do que deveria.
Lágrimas brotaram nos meus olhos. Ele parecia tão genuíno. Tão
completamente apaixonado pela filha.
— Sempre serei sua, pai — respondeu ela, sorrindo. Ele a beijou na
bochecha e a soltou.
Max pareceu recuperar a compostura.
— Dê outra voltinha pra mim — pediu ele, levantando a mão dela com a
sua e a rodopiou.
A saia do vestido levantava conforme ela girava cada vez mais rápido.
Max sorriu e Amanda dava risadas. Meu coração apertou. Era como se eu
estivesse invadindo o que deveria ser um momento particular. Devia ter
minhas próprias lembranças assim, não ter que roubar as de outras pessoas.
Sorri e olhei para Scarlett, cujas sobrancelhas estavam tão altas que quase
desapareciam no começo da raiz do cabelo.
— Há alguma coisa que gostaria de dividir?
Engoli meu sorriso e peguei minha taça.
— É só coisa de trabalho. — Tomei um gole.
— Sim, isso parecia coisa de trabalho.
O pensamento de tentar manter meus sentimentos pela Harper no âmbito
profissional desapareceu há muito tempo. Ela deixou claro que não queria ser
vista como a mulher que estava transando com o chefe, e eu não queria
enlamear as águas entre o profissional e o pessoal mais do que eu já tinha
feito. No escritório, combinamos de nos evitarmos. Facilmente resolvido, já
que as reuniões pela manhã sobre JD Stanley eram as únicas vezes que
realmente nos víamos. Alguma distância no escritório era uma coisa boa.
Mas toda a distância desaparecia assim que voltávamos para o
apartamento dela – por algum motivo, ela se recusou a ir até o meu, embora
fosse maior.
— Oi, pai — cumprimentou Amanda, interrompendo o silêncio.
— Oi, linda — respondi, inclinando-me para dar um beijo na minha filha.
Eu me perguntava quando ela não ia mais querer me beijar. Nossos pais
ficavam me avisando sobre a adolescência, assegurando-me de que nossa
discussão sobre o vestido era só a ponta de um iceberg gigante.
— Vai responder à mensagem da Harper? — perguntou Scarlett, sorrindo
para mim. Se o Pinot Noir não estivesse tão bom, teria jogado o resto na
cabeça dela. Minha filha não ia deixar de notar a alusão e Scarlett sabia disso.
— Harper mandou mensagem? — perguntou Amanda previsivelmente. —
Pode perguntar se ela virá ajudar a me arrumar para o baile? Quero que ela
passe o delineador em mim para ficar igual ao dela.
Coloquei o celular de volta no balcão.
— Não, não vou pedir a Harper para vir a Connecticut para te ajudar a se
arrumar. Ela não é sua personal stylist.
— Ela está muito ocupada cuidando das necessidades de outra pessoa
desta família, não está? — brincou Scarlett e eu a olhei feio.
— Como? — perguntou Amanda.
— Vamos falar da sua vida amorosa, que tal, Scarlett? — perguntei.
Ela inclinou a cabeça.
— Ah, então, você admite que Harper faz parte da sua vida amorosa?
Merda. Geralmente eu era melhor em evitar os interrogatórios dela. Eu me
virei para a geladeira.
— Já comeu? — perguntei a Amanda, tentando ignorar minha irmã.
— Me conte mais sobre a Harper, Amanda.
Eu gemi, internamente.
— Quero ser igual a ela quando for mais velha. Você a viu, né? —
Amanda tagarelou sobre o quão maravilhosa a Harper era, como era sábia a
respeito de garotos e como era ótimo o seu senso de moda. Parecia que a
Amanda a conhecia há anos, em vez de ter passado um tempo com ela em
duas ocasiões apenas.
— Então, jantar? — perguntei, esperando que elas mudassem de assunto.
— Posso comer a lasanha que está na geladeira? — perguntou Amanda,
apontando para a geladeira.
Parecia uma ótima ideia. Marion tinha até deixado uma salada também.
— Harper é ótima, não é? — perguntou Amanda.
Olhei para a minha irmã, que segurou meu olhar e perguntou à Amanda:
— Acha que ela gosta do seu pai?
— Scarlett — adverti.
— Ela tem namorado? — perguntou Scarlett, essa era uma questão que eu
tinha um pouco mais de interesse. Harper tinha falado de alguém para a
Amanda?
— Não, ela disse que está muito focada no trabalho — respondeu
Amanda. — Quando conversamos, ela praticamente concordou que os
garotos eram idiotas que deveriam ser evitados a todo custo.
Não pude conter uma risada, e acabei ganhando um olhar desconfiado da
minha irmã.
— Ela é uma mulher muito sensata.
Coloquei a salada no balcão.
— Pode pegar os pratos? — pedi a Amanda. Ela pulou da banqueta e
começou a arrumar os talheres e pratos enquanto eu servia a lasanha.
— Você sabe que só queremos que seja feliz — disse minha irmã,
abaixando a voz. — E pelo que me lembro, Harper é linda. — Ela bateu sua
taça na minha antes de tomar outro gole. — Amanda, obviamente, gosta dela.
Entreguei um prato de comida a ela, fingindo não estar escutando.
— Já pensou em convidá-la para sair?
Ignorando Scarlett, coloquei lasanha no meu prato e no de Amanda,
depois coloquei a louça de volta na geladeira. Minha irmã me importunava
para arrumar uma namorada quase tanto quanto Amanda, mas por que
estavam obcecadas pela Harper? Quem tinha que estar era eu. Quando voltei
para o balcão, Amanda e Scarlett estavam me encarando como se esperassem
que eu dissesse alguma coisa.
— O quê? — perguntei, sentando-me na banqueta ao lado delas e
pegando uma garfada de comida.
— Já pensou em convidar Harper para sair, pai? — perguntou Amanda,
como se eu fosse a pessoa mais burra com quem já precisou lidar.
Engoli e coloquei um pouco de salada no meu prato.
— O que está acontecendo com vocês duas? Eu já disse, Harper trabalha
pra mim. Que obsessão é essa por ela?
— Eu gosto dela. — Amanda deu de ombros.
Scarlett sorriu.
— E isso deveria ser razão suficiente. Por que não a leva para jantar? O
que uma noite poderia prejudicar?
Mal sabiam que tentar limitar o tempo com a Harper em apenas uma noite
seria impossível. Quaisquer que fossem os limites que coloquei com ela,
foram derrubados e superados. Nós nunca estivemos em Las Vegas. Bem, eu
não consegui de qualquer maneira. Mesmo aqui, com a minha irmã e filha,
uma situação que sempre foi muito consumidora, fiquei me perguntando o
que Harper estava fazendo, com quem estava passando o tempo. Ela sentia
igual? E se teve a mesma sensação, o que aconteceria? Viria para
Connecticut? Conheceria a minha família?
Eu queria que ela conhecesse?
— Acha que eu deveria namorar, hein? — perguntei. Scarlett estava certa,
era bom que Amanda gostava da Harper. Se minha filha estava de acordo
com isso, talvez eu devesse convidar Harper para sair. Oficialmente.
Amanda bateu na minha cabeça com o punho.
— Vamos, pai, duh. Só venho dizendo isso a minha vida toda.
— Tudo bem — respondi.
— O que “tudo bem” significa? — perguntou Amanda.
— Significa: por favor, não fale com a boca cheia — eu disse, olhando
para a minha filha.
Ela riu e engoliu.
— Desculpa. Mas o que significa “tudo bem”?
— Significa: tudo bem, vou pensar em convidá-la para sair. — A situação
com Harper parecia um quebra-cabeça com muitas peças. Harper trabalhar
para mim, complicou as coisas, e o pai ainda era o fundador de JD Stanley.
Nós também morávamos no mesmo prédio. Nunca tinha me envolvido com
alguém antes – eu estava fadado a estragar tudo. Havia muitas desvantagens.
Sair com uma das amigas de Scarlett provavelmente seria menos complicado.
Haveria menos choques posteriores se não desse certo.
Mas não seria a Harper.
— Vai pensar? — gritou Amanda. — Isso significa que ela pode vir
ajudar a me arrumar para o baile? Posso ligar agora pra ela e perguntar?
— Eu disse que pensaria em convidá-la para jantar, não contratá-la pra
fazer sua maquiagem. Jesus.
Amanda fez uma pausa, o que significava que estava pensando, e que só
poderia ser ruim.
— Você podia fazer o jantar pra ela aqui mesmo. Depois que eu sair para
o baile.
Podia. Seria bom ver Harper em Connecticut. Não foi a pior ideia que
Amanda já teve.
— Vou pensar no assunto — eu disse e Amanda gritou novamente.
Olhei para Scarlett, que sorriu para mim.
— Que foi? — perguntei a ela.
Ela deu de ombros.
— Nada.
Amanda abandonou seu prato de comida e foi para a sala, sem dúvida,
procurar seu celular.
— Posso ligar agora pra ela? Ver se estará desocupada? Vai ser muito
divertido. Será a melhor noite de todos os tempos!
— Você precisa diminuir suas expectativas — eu disse à minha filha. —
E prepare-se para o fato de ela poder dizer não.
Ela parou e virou para me encarar.
— E daí se ela me disser não? Você sempre me falou que não aceita não
como resposta.
Não podia discutir com isso. Estava acostumado a conseguir o que queria.
E agora, eu queria a Harper.
CAPÍTULO TREZE
— Max King para Peter Jones — disse ele quando paramos na recepção.
Subindo no elevador, ele disse:
— Já fiz isso um milhão de vezes, Harper. Vou intervir se ficar
complicado.
Ele queria me tranquilizar, mas eu não queria que ele intervisse. Queria
arrasar aqui, assim a apresentação da JD Stanley seria fácil. Ou mais fácil. Eu
realmente queria que meu pai visse do que eu era capaz de fazer,
independente dele. Quem sabe então se perguntaria o que tinha perdido,
percebido que apenas jogar dinheiro em uma situação não significava
conhecer uma pessoa, influenciar ou inspirá-la.
— Estou bem — eu disse com um sorriso sincero e profissional. — Está
tudo bem.
Quando entramos na sala de reuniões, três homens se levantaram de suas
cadeiras do outro lado da mesa oval de mogno para nos cumprimentar. Todos
brancos, calvos, e ligeiramente acima do peso. Na verdade, eu podia ter
trocado qualquer parte deles e tinha certeza de que ninguém notaria.
Após as apresentações, ocupamos nossos assentos à mesa.
— Senhores, temos algumas informações impressas que gostaríamos de
passar a todos — disse Max enquanto eu distribuía três cópias da nossa
apresentação.
Nenhum deles fez movimento para pegar os papéis.
O homem de terno cinza colocou as mãos à frente dele.
— Por que não nos fala sobre a experiência que vocês têm na Ásia? A
maioria de seus concorrentes tem escritórios locais, e eu gostaria de entender
um pouco mais em como podem fornecer qualquer verdadeiro valor de suas
mesas daqui de Manhattan.
Merda. Merda. Merda. Merda. Merda.
Não estava indo como planejado. A apresentação era onde eu me sentia
segura.
Olhei de relance para Max, que parecia totalmente relaxado como se
tivesse acabado de perguntar o nome de solteira de sua mãe. Ele recostou-se
na cadeira e assentiu.
— Claro. Fico feliz em falar sobre nossas escolhas estratégicas em termos
de alcance internacional.
Ele continuou explicando que como suas despesas gerais eram poucas,
significava que podia contratar especialistas in loco, o que poderia mudar de
projeto para projeto, onde seus concorrentes precisavam usar as pessoas que
empregavam em seu escritório local, independentemente de serem ou não
qualificados.
— Você vê alguém em sua mesa em Kuala Lumpur ainda no mesmo
lugar, eles não conhecem pessoas e não descobrem o que está acontecendo de
fato. Minha rede de contatos são as pessoas que vivem a realidade cotidiana
das situações geopolíticas em muitos setores. — Max inclinou-se para frente
enquanto falava, olhando para seus espectadores como se fossem as pessoas
mais importantes do mundo, e como se tivesse informações valiosas para
dividir. Eles pareciam achá-lo tão interessante quanto eu.
Max rebateu cada uma das perguntas como se fosse Nadal voltando a
jogar, e à medida que a reunião avançava, os engravatados relaxaram
visivelmente, até riram de alguns comentários irônicos dele.
— Você acha que o real processo produz algo que não vimos a respeito,
antes? — O homem do meio batucou os dedos no braço da cadeira. —
Claramente você vê isso como parte da sua vantagem competitiva.
Max se virou para mim. Essa era a parte da apresentação que eu tinha me
preparado.
— Harper, gostaria de acrescentar algo aqui?
Levantei o canto da boca, tentando fingir um sorriso, querendo esconder o
fato de que não me lembrava de nada. Absolutamente nada.
— Sim, bem. — Folheei minha cópia da apresentação que tinha ficado
intocada. — Como disse, vemos que essa é uma vantagem competitiva
importante sobre os outros no mercado... — Olhei para cima e vi três pares de
olhos focados em mim. Peguei meu copo de água e tomei um gole. Minha
cabeça deu branco. Já passei por isso centenas de vezes, mas precisava de um
pouco de tempo. — Mas gostamos de concluir as coisas — soltei. Esse era
um dos meus pontos-chave, não era? Não sabia o que estava dizendo.
Comecei a folhear a apresentação freneticamente. — Eu... Se eu pudesse
apenas...
Max colocou a mão no meu antebraço.
— Harper está certa. Uma das principais coisas que nos diferencia dos
outros no mercado são as conclusões que podemos extrair. — Várias vezes
Max parou e se virou para mim, dando a oportunidade para eu intervir e falar
algo se eu fosse capaz de pensar em uma única coisa sequer.
Eventualmente eu me desliguei e afundei na cadeira.
Foi-me dada essa enorme oportunidade, e eu acabei com ela, totalmente.
Mas que droga estava acontecendo comigo? Eu estava bem preparada. Não
poderia estar mais. Será que subconscientemente achei que não merecia estar
aqui? Os comentários do meu pai na semana passada tinham se aprofundado
mais do que imaginei? Estava tentando tanto provar para ele que era digna
desse trabalho, mas acho que nem eu realmente acreditava nisso.
UM ANO DEPOIS
— Caramba! — gritei do banheiro do andar de baixo.
— Eu te disse! — gritou Max de volta.
Voltei para a cozinha, apertando o teste de gravidez na mão.
— Vamos precisar de um barco maior — comentei.
Max sorriu. Ele me engravidou de Amy há pouco mais de um ano,
naquela noite em que a gente transou pela primeira vez na mesa do escritório
dele. Aquilo aconteceu várias vezes depois. A gravidez me deixou mais
excitada do que o normal.
— Do que você está falando? — perguntou Amanda, tirando a irmãzinha
da cadeirinha de balanço e a pegando no colo, apoiando no quadril. — Não
temos um barco.
Quando cheguei perto de Max, ele colocou o braço em volta do meu
pescoço e me puxou para ele, beijando-me na cabeça.
— Parabéns.
— O que foi que você fez comigo? — perguntei, balançando a cabeça.
— O que sei fazer de melhor — disse ele. — Sem dúvida, é outra menina,
porque não tenho mulheres suficientes na minha vida.
— Do que vocês estão falando? — repetiu Amanda, seus olhos se
estreitaram quando olhou para nós.
— Harper está grávida — anunciou Max.
— De novo? — perguntou Amanda.
Ele abriu um enorme sorriso.
— De novo.
Amanda me entregou Amy e nos abraçou.
— Isso é incrível. Quis uma irmã por tanto tempo e agora vou perder a
conta.
— Vai ter que se casar comigo agora — disse Max.
— Não vejo porquê. Já te disse para não ter pressa, e de qualquer forma,
se estivesse falando sério, teria feito um pedido apropriado. Do tipo com um
dos joelhos no chão, uma aliança. Esse era o acordo. Lembre-se, o esforço é
recompensado, Sr. King. — Coloquei as mãos nos quadris.
— Alguma vez você faz o que lhe é pedido? — perguntou ele, revirando
os olhos.
— Aparentemente, fico grávida conforme a demanda. Isso conta?
— Faço a maior parte do esforço no que diz respeito a isso. — Ele sorriu
para mim.
Revirei os olhos.
— Ah, sério?
— Chegou a hora, Harper.
— Max, estou grávida. Não percebeu isso? Não vou andar até o altar
grávida.
— Quero muito ser dama de honra — disse Amanda. — Na verdade,
posso muito bem comprar um vestido e usá-lo em casa se vocês dois não se
controlarem.
— Sr. King. — Um dos funcionários da empresa do buffet veio da área da
piscina para a sala de jantar. Graças a Deus tínhamos ajuda dessa vez. A
gente vivia em um estado de caos perpétuo nos melhores dias. Hoje
aumentamos o caos, fazendo um churrasco de boas-vindas para Pandora e
Jason em casa. — Estamos preparados e prontos para quando seus
convidados chegarem. Já iremos começar a servir algumas bebidas.
Eu me virei para o Max.
— Puta merda. Outros dezoito meses sem beber.
— Bem, estará em boa companhia — disse Max, abraçando-me apertado,
Amy agarrando seu cabelo.
Pandora e Jason também estavam esperando um filho. Era o motivo por
estarem voltando para a América. Isso e porque sentiam falta da Amanda.
— Não sei se caberão todos nessa festa — murmurei. A festa era apenas
uma reunião familiar, mas a lista crescia a cada dia. Junto com a minha mãe,
estávamos esperando os pais de Max, os pais de Pandora, Scarlett e seu novo
namorado, Violet, Grace e o irmão de Jason.
— Falei com um arquiteto na semana passada — comentou Max, pegando
Amy de mim. Max King nunca teve falta de atenção feminina de qualquer
tipo, então é claro que Amy era a filhinha do papai.
— Arquiteto? — perguntei, abrindo a geladeira. Agora tinha uma
explicação para aquele desejo de queijo, eu ia ceder a ele.
— Você está certa, precisamos de mais espaço. Pensei que talvez também
pudéssemos fazer uma casa de piscina, porque vamos precisar de ajuda em
tempo integral. — Max saiu da cozinha no meio da conversa antes que eu
pudesse dizer que tinha certeza de que conseguiríamos lidar com as coisas
sem ninguém morando com a gente.
Era como se a vida estivesse definida em alta velocidade – Max e eu
morando juntos, Amy, um segundo bebê.
— Meninas — Max chamou do escritório.
Fechei a porta da geladeira com o quadril.
— O que ele quer? — perguntei a Amanda.
— Não sei, mas vamos lá ver — respondeu, me empurrando em direção
ao escritório.
— Está sentindo o cheiro? — perguntei. — E de onde vem essa música?
Abri a porta do escritório e o encontrei vazio, mas as portas que davam
para o quintal estavam abertas, as cortinas brancas balançando com a brisa.
— O que está acontecendo, Amanda? — perguntei. Ela deu de ombros,
me empurrando em direção às portas. Quando saí, vi Max bem na minha
frente, com um dos joelhos no chão, cercado por todas as rosas coloridas que
existiam. Olhei em volta. Flores cobriam o chão e enormes vasos estavam
espalhados pelo gramado, adicionando cor aonde quer que eu olhasse. À
minha esquerda, um violoncelista, tocando o que reconheci imediatamente
como uma composição de Bach, a mesma peça que Max havia colocado no
volume máximo na noite em que dormimos juntos pela primeira vez.
Amy estava em seu tapete ao lado de Max, olhando para mim, sorrindo,
os lindos olhos verdes iguais aos do pai.
— O que você está fazendo? — perguntei. — Como... Quando... — Eu
me virei para Amanda, cujo sorriso me disse que estava claramente envolvida
nessa armação toda.
— Bem, onde há esforço necessário, não há desculpa para não tornar as
coisas perfeitas — disse ele. — E eu pensei, nós quatro aqui juntos e agora
com o número cinco a caminho... — Ele respirou fundo. — Não posso
imaginar nada mais perfeito do que isso.
Ele abriu a caixa vermelha que segurava, revelando um enorme diamante
corte de princesa.
— Harper, eu te amei desde o momento em que coloquei os olhos em
você. Você já é o meu coração, minha alma, minha família e agora eu quero
que o mundo saiba. Como o Rei de Wall Street, preciso que seja a minha
rainha. Case comigo.
Sorri. Como uma mulher poderia dizer recusar um pedido como esse?
AGRADECIMENTOS
Muito obrigada por lerem O Rei de Wall Street. Tem sido um ano maluco
para mim e sei que alguns de vocês queriam ler algo meu antes. Obrigada por
esperarem pacientemente. Espero que não tenha que esperar muito pelo
próximo. Adoro ouvir vocês nas redes sociais – nunca deixam eu me sentir
solitária! (Estou prestes a entrar para as estatísticas dos pontos de
exclamação).
Ainda acordo todos os dias sem conseguir acreditar que sou capaz de
dividir minhas histórias com vocês e que todos as leem! Obrigada. Amo
vocês!
Elizabeth, você é a melhor. Obrigada por sua paciência e sabedoria nesta
jornada.
Nina – minha esposa irmã. O que eu faria sem você? Com quem eu falaria
enquanto faço minhas mamografias? Com quem eu desabafaria? Você me faz
uivar. Você é incrível. PS, agradeça a Charlie pela dica de capa.
Jéssica Hawkins. E aí, BFF? Ha! Eu te amo. Amo sua escrita. Amo sua
postura e determinação. Ansiosa pela mudança para o deserto só para você
poder me levar para passear.
Karen Booth – tenho muita sorte em ter você na minha vida virtual! Como
conquistou o mundo em 2016 é algo incrível! Que continue assim por muito
tempo. É obrigatório usar seus poderes mágicos com sinopses.
Para todos os autores incríveis que constantemente me ajudam e dão
apoio – eu amo essa comunidade e tenho muito orgulho de fazer parte dela.
Najla Qamber – obrigada pela capa incrível e por me socorrer. Você é tão
talentosa.
Letitia Hasser – essa fonte é tão boa que eu quero comê-la. Obrigada.
Jules Rapley Collins – obrigada por ser um grande apoio, meu bem.
Megan Fields, você é uma querida. Obrigada por me dizer a verdade, sempre.
Obrigada a Jacquie Jax Denison, Lucy May, Lauren Hutton, Kingston
Westmoreland, Lauren Luman, Mimi Perez Sanchez, Ashton Williams
Shone, Tina Haynes Marshall, Susan Ann Whitaker, Vicky Marsh e Sally
Ann Cole.
Twirly, sua contribuição é inestimável, como sempre. Você descobriu que
idiota que senta em uma cadeira de ouro? A referência clássica é para você,
obviamente.
SOBRE A AUTORA
A escritora best-seller do USA Today, Louise Bay, escreve romances
sexy e contemporâneos – do estilo que ela gosta de ler. Seus livros incluem
os romances Faithful (atualmente não está à venda, para uma nova revisão!),
Hopeful, The Empire State Series, The Nights Series (uma série de livros
independentes, cada um com personagens diferentes) e O Rei de Wall Street.
Arruinada pelas minisséries românticas dos anos oitenta, Louise ama
todas as coisas românticas. Como não tem o suficiente disso na vida real, ela
desaparece nos mundos fictícios dos livros e filmes.
Louise ama a chuva, The West Wing, Londres, os dias em que não precisa
usar maquiagem, ficar sozinha, estar com amigos, elefantes e champanhe.
Ela adora ouvir os leitores, então entre em contato!
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