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Copyright © 2022 Tatiane Biasi

E SE... UM CONTO DE NATAL


1ª Edição

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma, meios
eletrônicos ou mecânico sem consentimento e autorização por escrito do autor/editor.

Capa: GB Design Editorial – readaptado por Lilly Designn e April Kroes


Revisão: Gabrielle Andrade
Diagramação: April Kroes

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência. Nenhuma parte desse livro pode ser utilizada ou reproduzida sob
quaisquer meios existentes – tangíveis ou intangíveis – sem prévia autorização da autora. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº 9.610/98, punido pelo artigo 184 do código penal.

TEXTO REVISADO SEGUNDO O ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA.


SUMÁRIO
AVISO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Epílogo
Notinha final
Esse conto se passa depois dos eventos do terceiro livro da série “E se”, “E se você
soubesse?”.
É necessário ler os três volumes e o conto de Marco e Alice.
Ele é recomendado para maiores de 18 anos, por conter cenas de sexo, uso de substâncias
lícitas e ilícitas e palavras de baixo calão. Além disso, é uma obra de ficção, portanto, gostaria de
deixar claro que é sempre importante buscar informação sobre educação sexual e temas
sensíveis.
capítulo um – paula braga

20 de dezembro de 2022

Existe uma coisa sobre homens altos… E tem algo mais excitante ainda em ficar de
joelhos para eles, sentindo suas mãos grandes segurarem seu pescoço com força.
O ar sendo suprimido aos poucos, as lágrimas se acumulando no canto dos olhos
enquanto ele fode sua boca de maneira bruta, bloqueando todas as formas de respiração.
Por alguns segundos, você se encontra à beira de despencar de um abismo, mas o olhar
dele lá no topo, completamente satisfeito te mantém excitada e ansiando pela queda.
Eu nunca vou ter a capacidade de descrever o que Leonardo Ortega é capaz de fazer
comigo. Em alguns momentos, acredito que ele é uma espécie de força da natureza, levando tudo
de mim, capaz de me dizimar por completo.
Relaxei minha língua e seu pau atingiu o fundo da minha garganta com mais força,
fazendo com que eu me engasgasse um pouco. Sua cabeça pendeu para trás por alguns segundos,
dando-me algum tempo para admirar aquela imagem diante de mim.
A calça social abaixada até a metade da perna, o pau grande e grosso pulsando na frente
do meu rosto e acima dele toda a perfeição daquele homem de 1,94 com a camisa aberta
exibindo o abdômen lindo que ele tinha.
Abri um sorriso quando nossos olhares se encontraram e suspirei.
— Ainda está com raiva? — perguntei baixinho, segurando a base do seu pau e suguei
sua glande devagar.
Ortega estava me odiando porque eu decidi convidar um ex-namorado da época de
faculdade para o evento que iríamos. Era um contato que poderia dar autorização para um projeto
da prefeitura e já tinha argumentado com ele sobre isso, mas Leonardo resmungou que não
queria nada com ele (por puro ciúme).
Então, óbvio que ficou puto ao vê-lo na festa e percebeu que eu passei por cima das suas
vontades... E ficou ainda mais quando o idiota flertou comigo.
Foi ridículo, porque eu literalmente apresentei Leonardo como meu noivo, mas não era
minha culpa que meu ex era tão sem-noção. Nós tínhamos começado a discutir uns minutos
atrás, assim que pisamos no quarto e bem... O resultado foi o de sempre.
— Pra caralho.
Ele inclinou meu queixo com uma das mãos, deslizando o polegar pelos meus lábios,
borrando o meu batom. Depois, soltou o ar, claramente irritado. Aquele homem ficava ainda
mais gostoso quando mostrava a parte que tanto amava esconder.
— Ótimo, vai ser ainda melhor assim.
Eu sorri e o engoli por inteiro. Um palavrão fugiu da sua garganta e Leonardo tornou a
agarrar meus cabelos com mais rigidez. Segurei novamente a base do seu pau para masturbá-lo
ao mesmo tempo, mas sua voz grossa e o tom autoritário fizeram com que um arrepio corresse
do início ao final da minha coluna.
— Tira a mão, Paula!
Como eu gostava do perigo, não fiz o que ele mandou e a resposta foi exatamente o que
estava esperando. O frio na barriga me inundou ao ver o olhar de repreensão por trás dos óculos.
E em seguida, sua mão acertou o meu rosto, a ardência se espalhando por toda minha pele.
— Você quer me irritar mais? — indagou, sério, segurando meu queixo e eu o olhei com
uma falsa inocência, negando com a cabeça. — Vai continuar me desobedecendo?
— Não, amor...
— Ótimo — ele afirmou, fazendo carinho no meu rosto e inclinando-se para me beijar
com urgência. — Porque tenho certeza de que quer sentir meu pau nessa sua boceta hoje.
Eu o encarei com os olhos arregalados, o medo começando a tomar conta de mim por
aquela ameaça velada. O maldito já tinha me deixado na mão duas vezes porque eu fui um pouco
mais teimosa do que o normal apenas para tirá-lo do sério.
Sim, ele simplesmente se recusou a me comer como “punição” e foi frustrante pra
caralho. Tão frustrante como na vez em que ele me deixou molhada e foi regar as plantas da
casa.
Era muito difícil competir com aquele monge insuportável porque o controle não era meu
aliado. Leonardo estava sempre metido em toda aquela patifaria de meditação e eu só tinha ódio
correndo nas veias. E muito tesão acumulado.
— Ortega... — eu o chamei em um tom alarmante e cheguei até mesmo a fazer menção
de me levantar.
— Leonardo — ele me corrigiu, demonstrando insatisfação e forçou meu ombro para me
manter de joelhos.
— Leonardo.
— De todos os dias, você não vai querer me testar hoje, Paula — avisou contra os meus
lábios, deslizando o polegar pela linha da minha garganta.
— Por favor, não faz isso... — implorei, ancorando meus braços em seu pescoço,
impedindo que ele levantasse e beijando sua boca. — Não vou desobedecer.
— Está vendo, linda? — disse, encostando os lábios nos meus e puxando-o entre seus
dentes.
Seus dedos longos deslizaram pelo meio das minhas pernas e eu engoli uma respiração
quando ele os esfregou por cima da minha calcinha de renda.
— Não é tão difícil, é? — perguntou baixinho perto do meu ouvido, lambendo o lóbulo
da minha orelha. — É tão mais fácil quando faz o que eu mando...
— Sempre faço o que você manda.
— Eu sei... Você é perfeita.
Ele me beijou, puxando-me pelo pescoço e me pegou no colo sem dificuldade alguma,
carregando-me até a primeira superfície que encontrou: um aparador de madeira que ficava perto
do sofá do quarto do hotel.
Leonardo se livrou das roupas e eu espalmei as mãos pelo seu peito, lambendo cada
centímetro de pele. Deus, como aquele homem era gostoso...
E era só meu.
Em seguida, puxou-me até a beirada do móvel e arrancou minha calcinha com um só
movimento.
— Deixa os óculos? — pedi quando ele fez menção de tirá-los, mordendo o lábio
inferior.
O idiota se posicionou entre minhas pernas, deu um sorrisinho convencido e torceu o
punho no meio dos meus cabelos, colando a boca na minha com uma certa agressividade.
— Deixo, mesmo que você não esteja merecendo.
Eu sorri, satisfeita.
— Por que você me tira tanto do sério, hein? — perguntou, sem parar de me beijar. —
Inferno, você está tão gostosa nesse vestido...
— Eu achei que você fosse gostar.
— Gostei — afirmou olhando nos meus olhos e cobrindo o meu rosto com sua mão quase
inteira. Porra, eu só queria outro tapa. — Gostei pra caralho.
Ele desceu a boca pelo meu pescoço, clavícula, lambendo devagar o meu colo até abaixar
o decote do vestido. As pontas dos seus dedos correram pelo tecido, passando pelo meu braço e
minha respiração começou a perder o compasso conforme sua mão foi se aproximando das
minhas pernas.
Somente a antecipação me deixava desnorteada. Saber o que ele faria comigo criava um
redemoinho interno incapaz de ser estabilizado. Todo o meu corpo parecia embaralhar qualquer
controle que existia dentro de mim.
Não que eu tivesse muito...
Fechei as pálpebras quando seus dedos roçaram de leve no meu clitóris e ele deu uma
risadinha vendo como eu estava encharcada. Sua língua rodeou o meu mamilo rígido, brincando
com o meu piercing, e em resposta soltei um gemido, jogando a cabeça para trás e batendo com
força na parede.
— Está tudo bem, não doeu — me antecipei para que ele não parasse o que estava
fazendo antes mesmo de ver que ele levantou os olhos, preocupado.
Leonardo continuou agarrando meu peito com uma das mãos, chupando-o cheio de
vontade, sem parar de me masturbar com a outra. Os palavrões e gemidos começaram a se
misturar, tornando-se apenas um som confuso na minha cabeça como sempre acontecia,
suprimindo toda minha consciência até que aquela névoa tomasse conta de tudo.
Ele continuou, metendo os dedos em um ritmo frenético, atingindo o ponto perfeito e
deixando a palma da mão roçar no meu clitóris. Eu gozaria em segundos, porque aquele homem
sabia o exato lugar onde me tocar. Era como se o seu corpo fosse um complemento do meu.
Leonardo me sentia por inteiro, até a alma.
Seus dentes puxaram o metal e ele o sugou com força no momento em que todo calor
explodiu dentro de mim, fazendo com que meu corpo tremesse. Fui atingida com força, todos os
meus nervos se rompendo enquanto um gemido lânguido fugia da minha garganta e ecoava pelo
cômodo.
Eu me desequilibrei, sentindo minhas pernas escorregando, mas suas mãos se firmaram
nos meus quadris, trazendo-me ainda mais para a borda do móvel e mantendo-me ali.
Sequer tive tempo de buscar uma respiração, porque ele enterrou seu pau na minha
boceta até o fundo, nublando qualquer resquício de sentido que ainda poderia existir no meu
corpo.
— Porra, linda! — O xingamento queimou o meu rosto quando ele encostou a testa na
minha e puxou por ar. — Que boceta gostosa do caralho.
Ele se movimentou devagar, a ereção acomodando-se e pulsando contra minhas paredes.
O olhar fixo em mim e a mão rodeando meu pescoço tornava tudo ainda mais intenso, como
sempre.
Seu pau entrando, saindo, atingindo-me bem no fundo em uma lentidão que beirava a
tortura. Tentei beijá-lo, mas ele se afastou um pouco, forçando o contato visual. O verde
daqueles olhos esmeralda estava quase extinto pela pupila dilatada queimando de desejo.
Não precisei de um comando para manter minhas pálpebras abertas, e para ser sincera,
parecia humanamente impossível desviar o olhar. Minha respiração começou a falhar cada vez
mais conforme o aperto se tornava maior e ele se enterrava em mim com mais intensidade.
A velocidade aumentou um pouco, deixando-me ainda mais alucinada, desesperada por
mais. Os gemidos não davam trégua, rompendo-se da minha garganta em desespero, tropeçando
nas respirações entrecortadas cada vez mais escassas.
Não demorou muito para que eu me visse próxima do abismo novamente, o calor
queimando no meu ventre, o formigamento se estendendo por cada extremidade, desesperado por
uma liberação.
Porra, aquilo era tão bom e o êxtase vinha em ondas, desesperado para me inundar de
uma só vez. Leonardo sabia disso e estava alternando os movimentos para que as coisas
acontecessem no tempo que ele desejava. Quando eu chegava perto do meu limite, o ar voltava a
circular um pouco mais e ele diminuía o ritmo. Sentia-me como se fosse um copo de água prestes
a transbordar.
E era maravilhoso, mas eu sequer conseguia vocalizar. Nem sei quanto tempo ficamos
nessa, mas pareceu uma eternidade. Em algum momento, ele foi mais rápido e eu achei que
finalmente iria gozar. Porra, estava tão louca por aquilo que nem conseguia mais raciocinar.
Minha expectativa foi quebrada e choraminguei quando a lentidão retornou. Porém, em
menos de cinco segundos, Leonardo foi mais fundo ainda e minhas lamentações foram
substituídas por um gemido alto. Já estava completamente transtornada e ele podia ver isso no
fundo dos meus olhos.
Ele sorriu, fodendo toda minha vida.
— Eu sei, linda... Eu sei... — respondeu, como se fosse capaz de ler meus pensamentos,
de sentir cada fibra do meu corpo.
Aquele homem sabia, realmente. Tinha pleno conhecimento do que era capaz de fazer
com uma mulher.
— Meu Deus... Não... Aguento... Mais...
— Aguenta, amor — ele afirmou, beijando minha boca preguiçosamente. — Sabemos
que você aguenta.
Mais uma vez, tentei mover meus quadris para aumentar a velocidade, desesperada para
gozar, mas Leonardo olhou para mim com repreensão e me impediu. Sua mão voltou a segurar
meu rosto e ele soltou o ar, sem parar de estocar seu pau em mim.
— Para de me torturar, por favor — implorei.
— Não.
— Por quê? — Meio que fiz um biquinho e ele puxou meus lábios como se fosse incapaz
de se segurar.
— Paula, Paula... Eu já fui muito legal em te fazer gozar antes de meter em você, não
acha? — perguntou, beijando minha mandíbula e se enterrando em mim quase como se estivesse
em câmera lenta.
Eu queria chorar de frustração.
— Eu quero muito gozar de novo...
— Você me irritou hoje — ele lembrou, como se estivesse tentando provar um ponto.
— Desculpa...
— Odeio pensar em outro cara com você, porra — confessou, deixando claro que aquilo
ainda estava consumindo-o.
— Sou só sua, Leonardo — afirmei, séria. — Corpo e alma.
— Sei disso. — Ele deu um sorrisinho cínico. — Por isso você só vai gozar quando eu
estiver menos puto.
— Desalinhei seus chakras, foi? — brinquei e ele riu, dando um tapa na minha bunda.
— Você sempre desalinha... — respondeu baixinho no meu ouvido, se enterrando ainda
mais em mim. — E sempre me deixa fora de mim... Principalmente quando está com essa boceta
pingando desse jeito.
— Estou sempre assim pra você.
— Boa garota.
Nós continuamos assim por um bom tempo, o suor se acumulando nos nossos poros, as
lentes dos óculos embaçadas, a umidade escorrendo da minha boceta cada vez mais, os gemidos
e palavrões compondo a melhor trilha sonora existente.
Ele me fodeu devagar, mas com força. E depois rápido e de maneira agressiva. Leonardo,
como sempre, fez com que eu gritasse e derrubou todas as minhas prateleiras internas. Ele
suprimiu o meu ar até que eu chegasse bem perto de ver tudo preto, mas antes que isso
acontecesse, gozei tão forte a ponto de ver pequenos pontinhos de luz por trás das minhas
pálpebras.
E em seguida, ele apoiou um dos braços na parede, perto do meu rosto e gemeu enquanto
explodia dentro de mim. Seus músculos relaxaram um pouco, ele segurou meu rosto com as duas
mãos e me beijou, sem parar de se movimentar.
— Eu... Amo... Você — sussurrei contra os seus lábios.
— Também amo você, linda.
Leonardo saiu de dentro de mim, empurrou um pouco meus quadris, tirando-me da
beirada do móvel. Ele se afastou, abrindo mais minhas pernas e apoiando as pontas dos meus
saltos na madeira.
Tentei me equilibrar e me movi minimamente, mas seu olhar me manteve no lugar.
— Deixa as pernas abertas — mandou, dando um passo para trás e balançando a cabeça
em diversas negativas.
Abri um sorrisinho safado, esfreguei os dedos na minha boceta e levei até a boca,
lambuzando meus lábios com seu gozo, tendo a certeza de que o vermelho do meu batom estava
borrando ainda mais minha boca.
Existem mulheres que acham que são sortudas na vida, mas elas não sabem o que é sorte.
Não de verdade. Porque nenhuma delas tem um Leonardo Ortega encarando-a completamente
hipnotizado com os olhos faiscando cheios de desejo.
A sensação é indescritível. E o jeito como ele me olha... Deus, o jeito como ele me olha é
avassalador.
Chega a ser um pouco selvagem e indecente demais. É faminto, impulsivo e
incontrolável. A impressão é de que aquele homem está me avaliando, prestes a me atacar. E no
meio de tudo há uma centelha de adoração, deixando claro que ele me considera a criatura mais
deliciosa e perfeita da face da Terra.
Meu noivo literalmente me fodia com os olhos e eu já estava começando a ficar excitada
de novo, desesperada para voltar a sentir aquele pau dentro de mim.
— Porra! — ele grunhiu, voltando a se aproximar para me beijar. — Você é perfeita...
Puta que pariu!
Dei um gritinho quando ele me puxou para seu colo, tirando-me de cima do aparador e
entrelacei as pernas no seu tronco.
— Pera aí, amor, vou acabar tropeçando — pediu, quando eu segurei o seu rosto para
beijá-lo enquanto ele me levava para o quarto.
Não deu outra. Ele chutou o sofá no caminho e soltou um palavrão, arrancando uma
risada minha.
— Você é foda... — disse, dando um tapa na minha bunda.
Ele me jogou na cama e em seguida cobriu meu corpo com o seu. Dobrou o braço na
altura do meu ombro e apoiou a cabeça ali.
— Como você consegue me deixar tão louco? — perguntou, tirando algumas mechas do
meio do meu rosto, deslizando a ponta dos dedos por ele. — Como você pode ser tão linda?
Eu sorri e suspirei.
— Você é lindo... — afirmei, afundando a mão por seus cabelos e puxando seu rosto para
mais perto do meu. — Ainda está me odiando?
— Nunca vou te odiar, Paula. Só não quero que passe por cima de uma decisão minha.
— Eu faço isso o tempo todo — lembrei, arqueando uma das sobrancelhas. — Bem,
quando é necessário.
Ele soltou o ar cansado.
— Não nas decisões que vão impactar nosso relacionamento.
— Impactar... — Estalei a boca e revirei os olhos. — Pelo amor de Deus, Leonardo. Sabe
que não precisa ter ciúmes!
— Foda-se, Paula, eu tenho! Não queria esse filho da puta no evento.
— Eu não dou a mínima se você não queria. Não tinha jeito de conseguir a autorização
sem ele.
Seu maxilar se fechou, porque no fundo o idiota sabia que eu estava certa, só não queria
dar o braço a torcer. Ele se levantou e exalou uma respiração cansada, avisando que iria até o
banheiro. Mordi os lábios vendo aquela bunda linda desfilando pelo quarto e suspirei porque era
apaixonada por ela.
Assim que voltou, eu me levantei e fui ao seu encontro.
— Leonardo, realmente não tinha jeito — falei, segurando seus braços e olhando para
cima.
— Eu iria resolver...
— Não, não iria. Eu resolvi, como eu sempre faço.
— Ele deu em cima de você, porra! — disse, exasperado. — Na minha frente! Eu quase
soquei a cara daquele merda e só não fiz isso porque tinha uma criança perto.
— Eu gostaria de ver essa cena... — brinquei, apoiando a mão no seu rosto. — Para com
isso? Desculpa por chamar o idiota para o evento, mas sempre vou fazer o melhor para sua
carreira. Faço isso desde antes de me apaixonar por você...
— Eu sei — respondeu de má vontade.
— E sabe que estou certa.
Leonardo concordou a contragosto.
— E como eu estou sempre certa... — comecei a dizer em um tom sugestivo. — Semana
que vem precisamos cancelar a ida a Três Amores, soube que a negatividade lá está péssima.
Ele riu, revirando os olhos e me beijou.
Ah, existe mais uma coisa sobre homens altos…
A forma como ele te envolve, como se inclina para alcançar a sua boca ou te levanta no
ar para que seus olhos fiquem na mesma altura. E nada, nada é mais perfeito do que a maneira
como seu corpo parece se adequar ao seu de um jeito protetor.
capítulo dois - paula braga

23 de dezembro de 2022

Eu estava completamente desesperada olhando para o teste de gravidez à minha frente.


Ok, não era uma grande surpresa, para ser honesta. Três semanas atrás, nós tínhamos
feito uma viagem a trabalho. Leonardo havia brincado em um dos dias em que estávamos
bêbados que eu deveria deixar de ser egoísta e dar um herdeiro logo para ele.
Então, eu joguei minha cartela de anticoncepcional no lixo e na hora tudo pareceu
engraçado demais, um efeito comum do álcool. Depois, ele me olhou com os olhos pegando
fogo, agarrou meu pescoço com força e o mundo todo parou de fazer sentido como sempre fazia
quando ele me segurava daquela forma.
Nós trepamos tanto naquela noite que seria impossível que aquele homem não tivesse me
engravidado.
Transamos na manhã seguinte...
E nos dias posteriores...
Por incansáveis horas.
Aquele calor habitual começou a se espalhar por todas as minhas terminações nervosas e
eu balancei a cabeça, buscando um pouco de concentração.
Foram dias um pouco louco demais. Nós estávamos sobrecarregados com tanto trabalho e
tudo o que queríamos era transar e não pensar em nada mais.
Bem, definitivamente foi o que fiz, porque além de jogar a cartela no lixo, ainda fiquei
uns quatro dias sem tomar a minha pílula. Quando coloquei minha cabeça no lugar e lembrei que
tínhamos um casamento para organizar, tomei duas para compensar.
“Já tinha feito isso uma vez quando esqueci do meu remédio e foi um sucesso”, foi o meu
raciocínio.
Ah, caguei! Pareceu lógico, porra!
E vamos ser honestos, eu era um pouco burra em relação a números. Tabelinhas nunca
funcionaram para mim.
Se eu fosse Rossi, isso jamais teria acontecido.
Se ao menos tivesse perguntado para ela se aquilo era inteligente... Esquece! A
insuportável teria me dado aquele olhar julgador de sempre, independente da resposta.
Ter uma família era algo que nós dois queríamos. Na verdade, eu nunca quis tanto ter
uma quanto antes. Porque era com ele. Leonardo Ortega era o homem da minha história, o único
possível.
Por toda a minha vida, eu havia buscado um amor verdadeiro, um final feliz, mesmo
achando que eu não merecia um. Confiei nisso por tantos anos que acho que cheguei a fazer os
outros acreditarem. Até mesmo repeti para mim mesma que uma pessoa quebrada como eu não
merecia uma inteira, como Leonardo Ortega.
Eu sempre me vi dessa forma.
Rachada.
Até entender que ele também era e compreender a frase que havia me dito uma vez, de
que nossas rachaduras se encaixavam.
Eu sofri muito em todos os meus relacionamentos, eles nunca pareceram certos. E a
verdade é que eu passaria por tudo, por todas as decepções novamente se soubesse que, no final,
ele seria meu.
Ainda assim, mesmo depois de tudo, era foda olhar aqueles dois tracinhos no teste,
comprovando que aquela era minha nova realidade.
Nossa nova realidade.
Em segundos, tudo pareceu me inundar como uma avalanche.
E se o teste estivesse errado?
E se estivesse certo?
Como assim eu seria mãe? Eu! Eu nem gostava de gente. Meu Deus, provavelmente
chutaria qualquer pessoa que olhasse atravessado para minha cria. Caralho, era capaz de ir presa!
Marco teria que pagar minha fiança.
Existia fiança para agressão, certo?
E como conseguiria manter uma família estável sendo que a minha própria era uma
confusão? Eu tinha problemas com meus sogros, um pai escroto e uma “irmã” disfuncional e
irritante.
Puxei o ar e tentei focar no caminho que o ar fazia diretamente para o meu pulmão.
Ok. Calma, Paula, porra!
Eu tinha Leonardo.
Leonardo era meu equilíbrio.
Puta merda, Ortega provavelmente iria querer amamentar nosso filho com chá!
Respira. Respira, inferno!
Namastê e o caralho…
E todas aquelas palhaçadas de calmaria que ele sempre repetia.
Não podia perder a postura. Eu era Paula Braga e sabia enfrentar crises muito piores. Eu
lidava com políticos, pelo amor de Deus. O que era uma gravidez?
Meu celular vibrou, arrancando-me dos meus pensamentos. Olhei o grupo do WhatsApp e
dei uma risada com a mensagem de Nick:

ROUND 6 DO CASAMENTO

Nick: Marco, você viu


que o Ortega estava no
Copacabana Palace
hoje? Saiu na QueenG!
Acho que o casamento
LEPAU vai sair
primeiro...

Nick:

Marco: Eles já estão


lotados.

Marco: Eu tentei
comprar até a vaga de
um casal de idiotas, mas
os dois preferem se
apegar a uma data ao
invés de dinheiro...

Nick: Marco, se as
pessoas estão casando
no Copacabana Palace,
elas definitivamente não
precisam do seu
dinheiro.

Marco: As pessoas são


burras, eu ofereci pagar
a festa e um pacote nas
Maldivas!

Marco: @Paula, o que o


Monge foi fazer lá?

Nick: Mais um cursinho


de massagem tântrica
kkkkkkkkkk

Nick: Não foi isso que


ele fez na Alice?

Marco: Vai se foder,


filho da puta.

Paula: Vocês dois são


idiotas.

Paula: Ele estava em


um coquetel com o
governador.

Marco: Você não vinha


almoçar com a minha
mulher?

Marco: Puta merda,


preciso comprar o
presente do inimigo
oculto.

Nick: Vou rir tanto se o


Ortega tirar você e te
der um guia de
massagem.

Marco: Vai se foder.


Paula: Estou indo.

Marco: Anda logo, ela


precisa comer. Está
desde cinco horas da
manhã no laboratório.

Paula: Credo, qualquer


hora a cabeça dela vai
explodir.

Paula: Não deve ser


normal acumular tanta
informação inútil lá...

Nick: Essa cabeçuda é


foda.

Nick:

Marco: Parem de falar


da cabeça dela, porra.

Paula: Estou indo!!!!

Pedi um Uber e fui ao encontro de Rossi. Ela já estava sentada na mesa do restaurante
que costumávamos ir. Tinha pedido duas taças de vinho e eu soltei um respiro de alívio tão alto
que até mesmo engasguei.
Sabe aquele momento em que você vê no álcool a grande solução para os seus problemas,
sua exaustão e todos os sentimentos que se misturam dentro do seu corpo fazendo um furacão?
Dei um grande gole no vinho como se fosse água no meio do deserto.
E cuspi logo em seguida, quando percebi que eu não poderia beber.
Dois segundos.
Dois segundos foi o tempo em que aquela cabeçuda dos infernos demorou para juntar as
coisas.
DOIS.
SEGUNDOS.
Eu odiava aquela sabe-tudo insuportável.
Sua boca fez um formato de “O” e ela levou as duas mãos para cobri-la. Os olhos
estavam arregalados e ela era incapaz de dizer uma única palavra.
— Você está grávida — foi uma afirmação.
— Não, eu só lembrei que estou tomando antibiótico e...
— Mentirosa! — Seu tom de voz se elevou e ela apontou um dedo acusatório na minha
direção.
Suas bochechas ganharam uma tonalidade vermelha quando ela percebeu que algumas
pessoas ao redor estavam olhando para nós e que havia se excedido. Fiz um chiado com a boca e
ralhei com ela.
— É sério, estou tomando antibiótico, a médica mandou não beber.
Ela cruzou os braços e ergueu uma das sobrancelhas, lançando-me um olhar desafiador, o
desdém escorrendo por cada uma das suas feições.
— O que você tem? — Rossi sorriu, com uma expressão meio maníaca e eu confesso que
fiquei com um pouco de medo.
Pigarreei, buscando dentro de mim a minha melhor atuação e comecei:
— É uma virose, nada demais. Estou bem mal do estômago, vou até comer uma salada —
menti, parecendo muito convincente. — Fui ontem no hospital e ela me passou...
— Virose? — Outro sorrisinho. — A médica disse que você tinha uma virose?
— Sim.
— E te prescreveu um antibiótico?
— Exatamente. E você melhor do que ninguém sabe que não se deve misturar
antibióticos com álcool.
Ela abriu um sorriso ainda maior, cheio de prepotência, e minha vontade foi esganar a
nerd que meu melhor amigo havia escolhido para ser sua futura esposa.
Por qual motivo eu andava com ela mesmo? Ah, claro, para prevenir o mundo de ver os
assassinatos de moda que ela tentava causar. Parando para pensar, eu era, sim, uma boa pessoa!
Era só olhar tudo o que eu fazia pela pobre alma sentada à minha frente, ajudando-a para que se
vestisse melhor.
— Deixa de ser mentirosa, Paula. Primeiro que antibiótico é para bactérias e eu duvido
que algum médico tenha te passado isso se você está com uma virose. Além do mais, para a
maioria dos antibióticos, você não precisa cortar o álcool. E vamos combinar que mesmo que
você estivesse sob esse medicamento, duvido que tenha lido a bula para saber que não poderia
beber. E para a sua informação, mesmo se você estiver grávida, você pode tomar um gole de
vinho. — Ela deu de ombros.
— Posso?
— AHÁ! — Ela deu uma risada e apontou novamente o dedo na minha direção, como se
tivesse ganhado de mim em um jogo.
Patética.
E eu também era, porque havia caído na dela.
— Na verdade, só falei isso para ver sua reação. Sobre o vinho na gravidez é muito
discutível porque o Ministério da Saúde diz que a mulher deve se abster, mas existem estudos
que apontam que não há problema. Inclusive, teve um estudo apresentado mês passado na
Sociedade Radiológica da América do Norte que...
— Rossi! — chamei sua atenção quando percebi que ela havia começado a falar mais
rápido, mexendo as mãos, completamente animada em partilhar alguma informação.
— Desculpe, me empolguei. — Deu uma risadinha e finalmente me olhou, parecendo
emocionada, os olhos enchendo de água. — Meu Deus, você e Leo vão ter um bebê!
— Por favor, não começa a chorar — implorei, olhando ao redor, mas já era tarde
demais.
Rossi começou a se debulhar em lágrimas, comprimindo os lábios enquanto tentava
inutilmente controlar suas emoções. Algumas pessoas estavam nos observando e balançando a
cabeça em negativas, com olhares de julgamento na minha direção.
Porra, pela primeira vez eu não estava fazendo ninguém chorar propositalmente! Certeza
que estavam pensando que eu estava terminando um relacionamento com Rossi, podia notar
pelas expressões de pena dos expectadores.
— Pelo amor de Deus, todo mundo está olhando — comentei entredentes. — E estão
achando que eu estou sendo babaca com você.
— Desculpa! — Então ela se levantou e jogou os braços ao meu redor, apertando-me em
um abraço.
Engasguei as palavras, sendo pega completamente desprevenida. Aquilo não era muito
normal entre a gente, mas tudo o que eu fiz foi suspirar, um pouco sufocada pelos seus cachos, e
me deixar levar.
— Parabéns, eu estou tão feliz — cochichou no meu ouvido e depois me olhou nos olhos.
— Eu sei que isso é algo que vocês dois queriam e, Paula... Você vai ser uma ótima mãe.
Um nó travou na minha garganta, trazendo uma infinidade de emoções. Senti meus olhos
arderem, mas dei um meio-sorriso e agradeci. Tudo ao meu redor pareceu turvar enquanto meus
pensamentos divagavam pelas minhas inseguranças.
— Leo já sabe? — perguntou, voltando para o seu lugar, me trazendo de volta para a
realidade diante de mim, e depois franziu o cenho, preocupada. — Você está bem?
— Não, ainda não contei. Acabei de descobrir. E está tudo bem, estou apenas tentando
digerir tudo isso.
— Como está se sentindo?
— É estranho — admiti.
— Claro. E acho que você precisa de um tempo para se acostumar com tudo isso. E fica
tranquila, não vou contar para ninguém.
— Obrigada. Ainda não pensei em como contar pro Leonardo...
— Não importa como você vai contar, ele vai ficar tão feliz — afirmou, sorrindo. — Ele
tem conversado muito comigo sobre isso.
— Tem? — Franzi o cenho e ela assentiu.
— Nem sei se você tem ideia de como ele ama você... — comentou, com uma risada
abafada e depois seus olhos marejaram um pouco. — Leo constantemente está mencionando o
futuro de vocês, Paula. E eu vejo o quanto ele fica ansioso com tudo o que está por vir como
nunca vi antes.
Eu me perguntava como eu era tão sortuda por ter um cara como Leonardo. Ainda me
questionava como um amor podia ser tão forte assim.
Limpei a pequena lágrima que fugiu sem a minha permissão e Rossi sorriu, fazendo o
mesmo.
— O que ele diz? — perguntei, curiosa.
— Semana passada comentou que precisa te convencer a ir para o Tibet quando fizerem
um ano de casados e...
— Nem fodendo — resmunguei e ela gargalhou.
— No outro dia, Leo viu uma matéria de uma mãe que colocou o nome de algum
personagem no bebê e me mandou, me perguntando qual era a probabilidade de você aceitar que
a filha de vocês se chamasse Uhura.
Pisquei. Aquilo não poderia ser sério. Que porra de nome escroto era aquele?
— Zero. Que merda de nome horrível é esse? — Meu rosto se retorceu em uma careta e
tenho certeza que meu bebê estava se revirando no meu útero apenas por ouvir aquela atrocidade.
— Foi o que eu respondi. E como assim? Você já não viu Star Trek? A gente fala disso
literalmente o tempo todo. Uhura é a personagem que inicialmente foi interpretada pela atriz...
— Tá, não precisa explicar — eu a cortei, porque previ que ela começaria uma aula sobre
aquela coisa nerd deles. — Já lembrei.
Lembrava porra nenhuma.
— Ela é o par do Spock! — continuou, indignada.
Ah, o orelhudo que fazia aquela idiotice com as mãos.
— Claro que é. — Dei uma risada, revirando os olhos e ela fez o mesmo em resposta. —
Enfim, a gente conversa muito sobre começar uma família e o futuro, mas é legal saber que ele
fala disso com você também.
— Ainda não acredito que você vai ter um bebê — ela comentou, sem tirar o sorriso
largo do rosto. — Você não podia ter esperado um pouco mais? Eu e Leo queríamos que nossos
filhos tivessem a mesma idade.
— Tarde demais... — Encolhi os ombros. — Faz um também, ué!
— Até parece.
A curiosidade coçou minhas beiradas. Aquele parecia um momento propício para sondar
alguma coisa. Existia uma grande chance de Marco me matar, mas eu estava grávida agora e isso
seria meu argumento para todas as coisas.
Que se foda!
Meu melhor amigo já tinha conversado comigo sobre algumas inseguranças e mesmo que
eu tivesse quase certeza de que a nerd cabeçuda iria querer propagar seus genes de gênio, nunca
tínhamos falado sobre aquilo de uma forma tão clara. Quando estávamos no aniversário de
família, Leo brincou que eles deveriam combinar de ter filhos na mesma época, mas Alice
apenas saiu pela tangente dizendo que o assunto estava sério demais.
E Marco estava surtando com isso, obviamente.
— Você quer? — perguntei, tentando soar casual.
— Como assim, eu quero? — Suas sobrancelhas se juntaram. — Claro que sim, mas um
passo de cada vez, não é? Marco demorou um século para ter coragem de me pedir em
casamento, eu não acho que ele vá...
— Ele vai — afirmei, séria, antes que ela completasse a frase.
Rossi piscou, um pouco confusa, como se realmente não estivesse entendendo o que eu
estava falando e isso não era algo normal de ver. Chegava a ser um pouco assustador.
— O que você quer dizer? — Seus olhos se estreitaram na minha direção.
— Pelo amor de Deus, deixa de ser ridícula! Acha mesmo que ele não quer? Eu aposto
todas as minhas bolsas da Prada que está errada.
— Ainda não tivemos a oportunidade de conversar sobre isso.
— Vocês são péssimos! — Rolei meus olhos e depois dei uma risada. — E a hora que ele
souber que eu estou grávida... Meu Deus, ele vai morrer!
— Por quê?
— Porque outro dia ele falou que vocês teriam antes de nós — contei, gargalhando.
Trouxa!
— Antes... — Sua boca se entreabriu, mas as palavras não saíram. Era uma sensação
muito boa mesmo deixar Alice Rossi sem saber o que dizer. — Ele disse isso? Mesmo?
— Rossi! — Estalei o dedo três vezes na frente do seu rosto. — Acorda! Marco não vê a
hora de meter um filho em você.
Ela ficou alguns segundos em choque, como se estivesse processando todas as
informações na cabeça.
— Meu Deus!
— É, meu Deus mesmo... Então prepara esse útero que sua fanfic de ter filhos na mesma
época que seu melhor amigo vai acontecer — avisei, rindo.
Seus olhos se arregalaram e ela congelou por alguns segundos. Eu conseguia ver as
engrenagens daquele cérebro gigante trabalhando. E alguns segundos depois, ela começou a ficar
agitada e eu cheguei à conclusão de que ela estava fazendo as contas.
— Espera... De quantas semanas você está? — Seu rosto se torceu e eu gargalhei,
comprovando que estava certa.
— Não sei, eu literalmente acabei de descobrir e sou péssima com contas.
Então, ela simplesmente tirou um bloquinho da bolsa e começou a anotar algumas coisas.
Eu contei a data da minha última menstruação, quando imaginava que tínhamos concebido
aquele bebê e Rossi chegou à conclusão de que eu deveria estar com um pouco mais de duas
semanas.
— Só que eu quero esperar o casamento primeiro antes de engravidar — falou.
— Eu também — respondi e ela comprimiu os lábios, olhando-me cheia de deboche.
— Queria, não é? É meio tarde agora.
Levantei o dedo do meio na sua direção e ela gargalhou.
— Meu Deus, imagina nossos bebês brincando juntos?
— Imagina minha filha horrorizada vendo a sua fazer conta achando que aquilo é uma
brincadeira?
— Há-há, muito engraçada — resmungou. — E filha? Como sabe se é menina se acabou
de descobrir?
— Eu nasci para ser mãe de menina. Meu Deus, eu só consigo imaginar a quantidade de
roupinhas da Burberry que vou comprar! — comentei, animada. — Certeza de que é uma
menina!
— É claro que você já está pensando no guarda-roupas dela.
— Óbvio! E fica tranquila, eu guardo tudo para você. Você não vai precisar fazer compra
nenhuma — afirmei, pensando no bem-estar da criança que sairia de Rossi.
Que meu sobrinho ou sobrinha herdasse os genes de Marco nesse quesito.
— Você é ridícula. — Ela riu, estalando a boca, percebendo minhas intenções. — E uma
idiota se acha que seus filhos não vão andar para cima e para baixo com os uniformes da Frota
Estrelar ou roupas aleatórias que Leonardo achar por aí.
Pisquei, lembrando quem era o pai da minha filha.
Que ótimo, eu tinha me esquecido de que iria procriar com um nerd, pai de plantas, sem
senso algum de moda e que vestia batas não ironicamente.
capítulo 3 - leonardo ortega

25 de dezembro de 2022

Por que infernos ela estava tão longe? Estiquei o braço para puxar Paula para os meus
braços, mas percebi que não havia ninguém ali. Abri os olhos com dificuldade, sentindo minha
cabeça latejando por conta de todo o álcool da noite anterior.
Nós tínhamos passado o dia vinte e quatro na casa dos Montes e foi bem legal, exceto
pelo fato que Hugo quase cagou com tudo. O que aquele idiota tinha na cabeça para aparecer no
meio da mansão do noivo da Alice para pedir para ela voltar para ele?
O grupo que eu tinha com Tito e Rodrigo estava entupido de mensagens e eles
continuaram conversando até depois que fui dormir. Eu só queria ver como seria o almoço de
hoje com toda a família e os meus pais. Se já não estava animado antes, que dirá depois da
palhaçada que o idiota tinha feito.
Certeza de que Alice não daria as caras.
Sentei na cama e na mesma hora Roberto veio correndo e pulou em cima de mim,
tentando lamber o meu rosto e me fazendo rir. Não demorou muito para Carrie fazer o mesmo,
mas a coitada da Miranda ficou tentando subir, balançando o rabinho até que eu a pegasse.
— Cadê a mãe de vocês? — perguntei, fazendo carinho em todos.
Joguei um brinquedo para eles, passei no banheiro para escovar meus dentes e depois fui
até a cozinha. Paula estava de costas, linda, dentro de um pijaminha rosa de cetim. Suspirei
quando ela se virou, segurando uma xícara de café e sorriu para mim.
Aquela mulher era a ruína da minha vida.
— Bom dia... — ela falou, ficando na ponta dos pés para me dar um beijo rápido.
Antes que seus pés encostassem totalmente no chão, eu a levantei, pegando-a no colo. Ela
deu uma risadinha e se derreteu nos meus braços no momento em que a beijei da forma
apropriada.
— Agora sim, bom dia. Feliz Natal.
Eu a coloquei no chão e Paula pegou uma xícara de café e entregou nas minhas mãos.
— Feliz Natal — respondeu, sorrindo, e eu dei um grande gole na minha bebida a
contragosto.
— Queria um chá.
— Ninguém mandou exagerar ontem... Fiz o café porque imaginei que fosse ficar de
ressaca.
— Obrigado, linda. Perdi a linha, mas porra, Montes me deu uma passagem para o Tibet,
acho que me empolguei — lembrei, rindo, e ela rolou os olhos. — E você? Está melhor?
Paula tinha dito que não iria beber na noite anterior porque não estava se sentindo muito
bem.
— Sim, estou ótima.
— E por que acordou cedo?
— Eu estava ansiosa para dar o seu presente.
Arqueei uma das sobrancelhas, cheio de insinuação e apoiei a xícara na pia, já prevendo
para onde iríamos com aquele papo.
O primeiro botão da camisa estava aberto e as bordinhas do sutiã branco de renda eram
visíveis. Era impressão minha ou eles pareciam maiores? Para ser sincero, estava muito satisfeito
com o tamanho dos peitos da minha mulher, mas havia algo diferente naquela manhã. Não sabia
se era a lingerie ou o caimento do pijama... Foda-se, eu era alucinado naqueles peitos perfeitos
que Paula tinha.
Segurei sua cintura e a coloquei contra a bancada, deslizando a mão por baixo do pijama.
— Eu não sou o presente — ela deixou claro, rindo.
Fiz um biquinho, recebendo um beijo em resposta. E antes que eu pudesse tentar
convencê-la de que ficaria muito feliz se ela fosse o meu presente, Paula me pegou pela mão,
puxando-me até a sala e parou no meio dela.
— Espera aqui, vou pegar o presente.
Sentei no chão, perto do sofá e da árvore de Natal e puxei uma folha morta de uma das
minhas plantas. Eu precisava colocar um pouco mais de adubo na próxima semana.
Não demorou nem mesmo um minuto para que minha noiva voltasse com uma caixinha
pequena nas mãos. Paula parecia tão ansiosa que nem mesmo reclamou que eu tinha ignorado o
sofá e se sentou ao meu lado, de frente para mim.
— Quer o seu primeiro? — perguntei e ela negou com a cabeça. — Tem certeza? Eu
comprei uma bata linda para combinar com a minha.
Paula me olhou de cara feia e eu dei uma risada.
— Se algum dia você me der uma bata, nosso relacionamento acaba — avisou em um
tom ameaçador.
— É, eu sei a mulher que eu tenho. E tenho amor à minha vida também.
— É bom que tenha mesmo. — Ela sorriu e inclinou a cabeça, entregando a caixinha nas
minhas mãos. — Pode abrir.
Olhei para o embrulho e depois para ela. Dei uma risada ao ver que Paula estava ansiosa,
apertando uma das mãos na outra.
Não fazia ideia do que havia ali, era pequeno demais.
— Anda! — exclamou, como se não pudesse se conter mais.
Eu ri novamente e abri a caixinha. Minhas sobrancelhas se juntaram e meu rosto se
retorceu em uma completa confusão. Havia apenas um biscoito da sorte dentro.
Paula estava sentada sobre seus calcanhares e movimentava o tronco, inquieta, como se
fosse impossível ficar parada. Era engraçado.
— É para abrir? Ou é algo sei lá... Simbólico de resina? — perguntei, ainda sem entender
nada.
Estava confuso pela minha noiva estar tão ansiosa em me dar um biscoito, mas achei fofo
por toda a simbologia da nossa história. Eu poderia mandar fazer um quadro de vidro para
colocar na sala...
— Resina? Pelo amor de Deus, é um biscoito de verdade, Leonardo! É para você abrir.
Quebrei o biscoitinho ao meio e meus olhos fixaram no papelzinho no seu interior.
Pisquei.
Uma, duas vezes, sem esboçar nenhuma reação. O ar não chegou até os meus pulmões e
tenho certeza de que meu coração parou por alguns segundos.
“Vamos ter um bebê!”.
Meus olhos começaram a arder conforme corriam pelo papel de novo e de novo, como se
fosse necessário reler aquela frase inúmeras vezes para acreditar no seu conteúdo.
Levantei os olhos para encontrar os dela exatamente como os meus: cheios de água.
Segurei o biscoito entreaberto com uma das mãos e levei a outra até a sua barriga em um
movimento involuntário, vendo um sorriso se formar no seu rosto.
Não fui capaz de dizer uma única palavra, mas em alguns momentos, eu acreditava que
nossa conexão era tão forte que Paula tinha a habilidade de ler meus pensamentos e comprovei
isso quando ela encostou no meu rosto e balançou a cabeça positivamente afirmando que era
verdade.
Uma mistura de sentimentos criou um furacão dentro do meu peito. Permaneci estático
por mais alguns segundos antes de envolvê-la em um abraço.
Meu coração batia tão forte a ponto de ter a impressão de que romperia as minhas
costelas e o dela pulsava na mesma intensidade, como se estivéssemos fundidos em um só.
Então, eu simplesmente transbordei e comecei a chorar.
— Vamos ter um bebê. — Minha voz saiu abafada contra seu pescoço, e o calor
aumentou dentro de mim, intensificando todas as emoções pela frase sendo pronunciada em voz
alta.
Cheguei à conclusão de que jamais poderia explicar em palavras o que estava sentindo,
mas tudo convergia para uma só coisa: felicidade. Felicidade na mais pura essência.
Sempre desejei ter uma família, mas havia algo que eu descobri querer ainda mais: uma
família com ela. Eu amava tanto aquela mulher que a intensidade daquele amor soava como uma
força intangível, ultrapassando todas as camadas da materialidade física.
E agora esse sentimento se expandiria ainda mais, porque Paula estava carregando uma
parte de nós dois.
Um frio começou a surgir na minha barriga quando ela me apertou com mais força,
tentando puxar uma respiração e se engasgando em um soluço. Ela não estava chorando só de
alegria, havia algo mais ali, eu a conhecia bem demais.
— O que foi, linda? — perguntei, preocupado, segurando seu rosto e limpando as
lágrimas dos seus olhos com os polegares.
— Eu... Estou feliz, ok? Muito — ela garantiu baixinho quando viu a confusão nas
minhas expressões. — Só estou com medo.
Havia tanto dentro daqueles olhos castanhos que eu amava. Era possível ver tudo sendo
refletido na sua íris: o receio, os traumas, o medo.
— Você vai ser uma mãe perfeita — afirmei, sem quebrar o contato visual e tornei a
limpar outra lágrima que escorreu.
Eu repetiria aquilo quantas vezes fossem necessárias até que ela acreditasse em mim.
Sabia bem sobre as preocupações da mulher com quem tinha escolhido passar todos os dias da
minha vida e para ser sincero, partilhava algumas delas.
— Fico me perguntando sobre tantas coisas... — começou a dizer baixinho. — Só que o
que mais me deixa insegura é não saber como lidar com tudo. É foda imaginar um futuro
diferente do atual, Leonardo, e não ter a certeza de que sou capaz de ser uma versão melhor de
mim mesma.
— Você é a melhor versão de si mesma.
Ela suspirou, enfadada, porque diferente de mim, Paula não acreditava naquilo.
— Não sou. E parece impossível ser quando minha própria família é a definição de erro.
Porque ela é totalmente disfuncional e cagada. E tem horas que me enxergo no espelho e
confirmo que minha família nada mais é do que um reflexo do que eu sou.
— Você não é nada disso, meu amor. Na verdade, nossos “traumas” é que são uma
consequência das merdas das nossas famílias. — Dei uma risada sem humor. — Me machuca
muito que você não se enxergue da forma como eu te vejo.
Paula arqueou uma das sobrancelhas, cheia de deboche.
— Você é míope — ela brincou, fazendo com que eu desse uma risada.
Segurei seu rosto e colei a boca na dela.
— Meu Deus, eu te amo tanto... Você por inteira. E sim, linda, nós provavelmente vamos
errar, fazer merda, mas não vamos ser nada como nossos pais — garanti.
— Você não tem como saber disso.
— Você confia em mim?
— Óbvio que sim, idiota. — Paula estalou a boca e sorriu.
— Nós temos um ao outro. Sempre. Então, nós vamos errar e acertar juntos, como
sempre fazemos, ok?
Ela assentiu e eu a puxei para o meu colo, beijando-a lentamente. Comecei a trilhar um
caminho de beijos por todo o seu rosto, por onde as lágrimas tinham corrido e a cada vez que
meus lábios encostavam na sua pele, afirmava o quanto a amava.
Paula começou a rir, o corpo cedendo e quando percebi, estávamos no chão e os
cachorros começaram a pular por cima de nós, lambendo nossos rostos.
Ela gargalhou alto, arqueando as costas e eu suspirei, vendo aquela cena e deslizei a mão
por sua barriga, ainda sem acreditar.
— Não acredito que vamos ter um bebezinho — ela murmurou contra minha boca,
sorrindo ainda mais.
— Não acredito que vou ter um filho com a mulher mais perfeita existente no mundo.
— Eu te amo tanto...
— Não mais do que eu, Paula.
capítulo 4 - paula braga

Eu estava deitada na maca esperando para fazer a primeira ultra. Leonardo estava do meu
lado, segurando minha mão com força, e sua perna balançava sem parar. Ele estava desesperado
desde que marcamos o exame e mesmo que tenha feito dezenas de meditações durante a semana,
nada funcionou.
A médica que faria a transvaginal perguntou se estávamos prontos e assim que
assentimos, começou a inserir o aparelho em mim. Na mesma hora, nossos olhares pularam para
o monitor, mas aposto que, assim como eu, Leonardo não estava visualizando nada que fizesse
sentido.
— Está tudo bem, doutora? — perguntei, vendo uma microexpressão de surpresa nos
seus olhos.
Leonardo apertou minha mão com mais força.
— Tudo ótimo, sim. Estão vendo? Isso aqui é um saco gestacional… — Ela contornou
uma bolinha com o dedo na tela.
— Meu Deus, por que ele está com essa linha no meio? — perguntei, nervosa, sentindo
minha voz falhar e o aperto na minha mão se intensificou.
— Então, isso acontece porque vocês vão ter dois bebês e…
Pisquei, um pouco atônita.
— Como assim...? — Leonardo começou a dizer e depois se interrompeu, fazendo uma
careta, um pouco confuso.
— Vocês vão ter gêmeos.
Que ótimo, tínhamos arrumado uma médica piadista. Dei uma risada e Leonardo fez o
mesmo, mas a mulher não nos acompanhou. Era como se ela estivesse realmente falando sério,
mas...
— Impossível — afirmei, olhando para o meu noivo em desespero.
— Nós já temos três cachorros — foi só o que Leonardo disse, a voz quase nula.
E MUITAS PLANTAS!
A médica deu uma risada, sem entender.
— Senhor Ortega, gêmeos não nascem só nas casas com zero cachorros.
Sua boca se entreabriu e a minha também. Nos dois continuávamos encarando o monitor
da mesma forma, como se não estivéssemos conseguindo assimilar aquela informação. Porém,
não demorou para que eu fosse a única em transe, porque ele começou a se agitar.
— Tem dois bebês aqui? Tem certeza? — perguntou, apontando para o monitor, e a
médica confirmou.
E num passe de mágicas, toda sua expressão e postura mudaram. Leonardo se virou para
mim, com os olhos marejados e um sorriso imenso.
— Linda, nós vamos ter dois bebês! — ele comemorou, segurando meu rosto e dando um
beijo na minha boca. — São dois!
Eu ouvi. Em alto e bom som.
— Dois…
Eu não sabia nem mesmo como daria conta de um, como assim eu teria dois bebês? Se eu
fosse uma péssima mãe, teriam duas crianças traumatizadas no mundo.
Que nem eu e a bastardinha da minha irmã.
Fechei os olhos. Meu coração disparou e o ar começou a querer fugir dos meus pulmões.
A médica finalizou o exame e disse que nos daria um momento a sós para absorvermos tudo,
mas eu só conseguia pensar: como aceitar o fato de que tinham duas crianças dentro de mim,
pelo amor de Jesus Cristo?
— Paula, está tudo bem, olha pra mim — ele pediu baixinho, ainda com as duas mãos
grandes emoldurando meu rosto.
O desespero começou a cutucar minhas extremidades, a insegurança me puxando para
baixo como uma espécie de âncora. E por alguns segundos, eu duvidei que as coisas dariam
certo, mas no momento em que eu de fato olhei dentro daqueles olhos verdes, os que eram só
meus, todo o medo foi se dissipando.
— Vai dar tudo certo. Eu te amo e estou aqui com você — afirmou.
E era impossível não acreditar naquelas palavras. Quando Leonardo olhava no fundo dos
meus olhos e dizia algo com aquela voz suave, eu poderia acreditar em qualquer coisa.
Era óbvio que tudo daria certo, eu tinha escolhido o melhor homem do mundo para ser o
pai dos meus filhos.
Dos meus dois filhos.
Meu Deus, porra!
— Não tem motivo para desespero — ele garantiu, sorrindo. — Nosso número sempre foi
três, não é?
Afirmei com a cabeça e ele me beijou, sorrindo.
— Então, a gente só vai adiantar uma etapa.
— Uma puta de uma etapa! — Olhei para o monitor, ainda em choque. — Meu Deus,
Ortega, como você conseguiu meter dois filhos em mim?
Ele riu.
— Eu provavelmente estava com meus chakras todos alinhados — zombou.
— Pelo visto, você estava — concordei, rindo, e depois suspirei, voltando a encarar o
monitor. — Isso é sério? Não é um sonho, nem nada?
Leonardo colocou a mão na minha barriga, fazendo carinho. Aquele gesto, por menor que
fosse, significava tanto.
— Não é um sonho... Quer dizer, é o nosso sonho. — Ele levantou os olhos para
encontrar os meus e sorriu.
Puxei uma respiração, ainda tendo dificuldade de respirar. Tentei conter as lágrimas, mas
quando ele limpou os olhos por baixo dos óculos, eu desabei, e na mesma hora Leonardo me
puxou para os seus braços.
Afundei o rosto no seu ombro, mas apenas por alguns segundos, pois ele começou a
beijá-lo em todos os lugares, sem conseguir tirar o sorriso gigante dos lábios.
— Nós vamos ter dois bebês — falei baixinho, tentando conter toda minha emoção.
Ele assentiu e continuou traçando alguns padrões aleatórios na palma da minha mão.
Olhei para baixo, observando o tamanho delas em relação às minhas e depois o encarei, um
pouco preocupada.
— Leonardo, você tem quase dois metros... — pontuei e ele deu uma risada, um pouco
confuso. — Como vou manter duas crianças com seus genes dentro de mim?
— Você vai ficar bem — ele garantiu, rindo, mas eu não estava achando graça nenhuma.
Era uma preocupação real. — Além do mais, os partos humanizados para gêmeos...
— Oi? — Minha voz saiu até mesmo esganiçada. — Você não acha mesmo que eu vou
fazer um parto normal, não é?
Ortega comprimiu os lábios.
— Você pode pensar sobre... — ele começou a dizer, mas minha cabeça balançava em
diversas negativas. — Existe uma parteira sensacional em Três Amores e...
— Nem fodendo, Ortega.
— É sua escolha, mas calma, você não precisa decidir agora, amor.
Dei uma risada incrédula.
— Já está decidido! Eu quero um quarto imenso no Hospital Albertelli e uma peridural.
Duas, se for possível — deixei claro e ele riu. — O que foi? Por que está me olhando assim?
Ortega suspirou e sorriu.
— Meu Deus, eu te amo tanto! — Ele segurou meu rosto e me beijou devagar.

Uma semana do exame e claro que Ortega estava desesperado para contar para as
pessoas, mas eu disse que preferia esperar um pouco mais. Estava sendo difícil pra caralho, e
cheguei a dar um bolo em Nick e Marco porque eles queriam beber. Porra, como se esconde uma
gravidez dos seus melhores amigos sendo que um deles é dono de bar e o outro tem 70% do
corpo composto por uísque?
No dia seguinte que soube que teríamos dois bebês, tive um pequeno surto pensando no
casamento. Ainda não tínhamos um lugar, muito menos uma data e a possibilidade de casar com
um vestido diferente do que eu tinha imaginado me deu pesadelos.
Leonardo afirmou que daríamos um jeito, que eu precisava pensar positivo e óbvio que
perdi minha paciência com toda sua positividade tóxica. Acontece que a vida gostava de me
foder e me descredibilizar na frente do meu noivo.
Então é claro que, algumas horas atrás, magicamente a assessora da Lexie Taylor ligou
para ele avisando que tinha conseguido uma vaga para março em uma das nossas primeiras
opções: O Parque Lage.
Ela disse que entendia se não nos atendesse, já que era muito perto, mas aceitamos na
hora, sem pestanejar. Fiquei curiosa e mandei que ele perguntasse como aquela mulher tinha
conseguido aquilo, já que o local estava lotado há meses. Aparentemente, uma noiva levou um
chifre do namorado de anos com a sua madrinha de casamento. De fato, o universo (que
provavelmente só ouvia Leonardo) ajudou e eu ganhei um lugar para casar e uma fofoca de
brinde.
Bem, claro que era uma pena para a coitada, mas ela se recuperaria e ainda tinha se
livrado de um encosto. O universo tinha ajudado a nós e a ela!
E assim que recebemos a notícia, o que vocês acham que aquele insuportável que eu teria
como marido fez? Abriu um sorrisinho, alegando que se manter positivo era sempre muito
importante e começou a discursar sobre a lei da atração ou qualquer coisa parecida.
Era de foder!
Como eu não perdia uma oportunidade para zombar dele, falei apenas: “Nossa, Leonardo,
você acha certo o universo punir uma pessoa para que você consiga o que quer?”, e ele travou.
Depois eu disse que estava brincando, mas o coitado se sentiu mal até que o lembrei que a
mulher tinha tido um livramento.
Então, sim, nossa vida estava uma loucura, porque eu tinha menos de dois meses para
programar o meu casamento com o prefeito de Coroa do Sul.
Hoje avisaríamos para nossos amigos sobre a data, e eu sabia que Marco iria surtar,
porque ele nunca conseguiria uma vaga antes de nós.
Estávamos indo para o primeiro jantar na casa nova e eu esfregaria na cara do meu
melhor amigo minha vitória. Ver Marco puto era quase como uma terapia.
— Ainda não acredito que sua mãe está realmente me encurralando com essa história de
jantar — resmunguei, olhando a mensagem da minha sogra.
— Minha mãe é foda, vai ficar perturbando agora com essa merda.
Minha relação com os pais do meu noivo não era boa. Primeiro por toda a confusão das
nossas famílias, mas principalmente porque eles souberam por anos sobre a bastardinha da
Mazza ser minha irmã e omitiram a informação.
Agora estavam tentando diminuir a culpa deles. Meu pai não queria olhar na cara do
Ângelo Ortega nem fodendo e eu não tinha paciência alguma para aquele tipo de interação
forçada.
Só de pensar nos meus filhos no meio daquela confusão me deixava enjoada.
Minha relação com Virgílio Braga estava um pouco menos turbulenta nos últimos dias,
mas eu sabia que o tratamento menos hostil acontecia por conta da Mazza.
Era com minha “irmãzinha” que ele desejava um tipo de relação de pai e filha, não
comigo. Ela, entretanto, já tinha deixado claro que se eu não estivesse “incluída” não haveria
relação alguma.
Era bem humilhante, para ser sincera, e eu já tinha reforçado diversas vezes que não
queria que ela fizesse nada do tipo, mas aquela idiota não me respeitava. Que merda, se
tivéssemos sido criadas juntas, eu teria adestrado a bastardinha a fazer tudo o que eu mandasse.
Leonardo se inclinou um pouco para olhar algo pela janela do carro. Depois,
simplesmente parou antes de chegarmos na casa dos nossos amigos e o olhei sem entender.
— O que aconteceu?
— Você viu isso? — ele indagou, apontando para o imóvel que tinha sido dos Oliveira na
época que assumiram a prefeitura de Coroa do Sul.
Meu noivo saiu do carro com o celular na mão e eu fui atrás dele, sem entender nada. E
assim que tive um estalo, respirei fundo, prevendo o que ele faria.
Certeza de que ele tinha visto alguma planta diferente e iria levar mais uma para o nosso
apartamento. Não era a primeira vez que Leonardo fazia isso. Chegava a ser ridículo, um prefeito
se esgueirando pelos terrenos da cidade roubando mudas de plantas.
— Leonardo, volta aqui! — cochichei, olhando para os lados. — Se você pegar outra
planta, eu juro por Deus…
Ele se moveu, saindo do meu campo de visão e eu vi uma placa grande de “Vende-se”.
— O que você acha? — perguntou, virando-se para mim, com um sorriso imenso no
rosto.
— Do quê?
— Dessa casa... Pra gente.
— Ah, agora quer sair do apartamento? — Arqueei uma das sobrancelhas e cruzei os
braços, deixando todo o desdém naquela frase.
— O apartamento já é pequeno demais, Paula.
— Claro, moramos dentro do Jumanji!
Ele riu, revirando os olhos.
— Você sempre ficou resmungando que era ridículo que um prefeito morasse em um
apartamento.
— E você sempre cagou para o que eu disse — lembrei.
— Era diferente. Eu não tinha você, nem os cachorros… E agora temos mais dois
integrantes a caminho — falou, vindo até onde eu estava e segurando meu rosto. — Essa casa é
linda e eu consigo ver a nossa família nela.
Também conseguia visualizar nossa vida dentro daquele lugar. Na verdade, eu não me
importava nem um pouco onde iriamos morar.
“Lar é onde você se sente em casa e é bem-tratado.”
Leonardo já tinha repetido aquela porcaria de frase de efeito várias vezes, e por mais que
eu achasse ridículo, não era uma mentira. Qualquer lugar com ele seria um lar para mim. O único
possível.
Eu sempre tive casas, mas nunca, em toda a minha vida, eu tive a sensação de ter um lar
de verdade. Leonardo Ortega havia transformado tudo para mim. Tudo em mim.
Suspirei, sentindo meus ombros suavizarem e desviei o olhar para o imóvel atrás dele.
— Eu sempre amei essa casa.
— Ela pode ser nossa — comentou em um tom incentivador.
— Você nunca vai convencê-los a vender para você.
— Não, você vai — afirmou, mexendo as sobrancelhas e abrindo um sorrisinho lindo. —
Se tem alguém capaz de fazer isso, é você, linda.
— O quanto você está disposto a se irritar ou talvez até a se humilhar? — brinquei,
porque eu ainda não fazia ideia de como conseguiria convencer aquela família a vender uma casa
para um Ortega.
— Por você? — Ele riu, como se eu fosse uma idiota. — Por você, eu estou disposto a
qualquer coisa.
Que inferno, como aquele homem sempre sabia o que dizer?
Eu o beijei e antes de voltarmos para o carro, tiramos uma foto do contato do corretor de
imóveis. Não demorou nem mesmo dois minutos até chegarmos na casa nova de Marco e Rossi.
— Finalmente, porra! — ele disse assim que nos recebeu.
A casa estava linda e finalmente com tudo no lugar, depois do meu amigo ameaçar uns
caras que queriam demorar para entregar a mesa de jantar.
— Sabemos que a pontualidade não é algo do DNA que você e Duda partilham... — Nick
zombou, como sempre fazia em qualquer oportunidade para me lembrar que sua mulher era
minha irmã.
Os dois me abraçaram e ergui as sobrancelhas quando vi Jonas sentado no sofá
conversando animadamente com Alice.
— Ele veio? — cochichei para Nick, que revirou os olhos.
— Queria poder te dizer que não, mas não posso.
Ortega estava olhando para a sala provavelmente sofrendo com o fato de ela estar toda
bagunçada por aquela palhaçada de Feng Shui. Era ridículo, ele sempre ficava analisando essas
coisas e eventualmente fazia algum comentário fingindo ser despretensioso para sugerir um lugar
novo para alguma coisa.
Uma vez, na casa de Jonas, ele comentou: “Nossa, mas não reflete muito sol de manhã
deixando o espelho aqui? Talvez se você chegasse um pouco para o lado fosse pegar menos luz”.
— Temos uma notícia! — Marco contou, animado, assim que terminamos de
cumprimentar todos.
— Alice está grávida — Nick brincou e Leonardo me olhou por trás do copo de uísque
que Marco já tinha empurrado em suas mãos.
Ele fez o mesmo comigo, mas apenas apoiei na mesa. O olhar de Alice também veio para
mim e nós três estávamos com vontade de rir.
— Eu não estou grávida — ela afirmou, e Marco me encarou, aflito, como sempre fazia
quando havia qualquer menção a um bebê.
— Não, ainda não. — Meu melhor amigo deu uma risada nervosa e ela arregalou os
olhos, um pouco surpresa pela resposta, mas ele sequer olhou na direção de Rossi para ver sua
reação. — Como vocês sabem, comecei a ver locais na serra por conta de toda essa merda com o
meu pai...
Desde que Miguel Montes tinha saído da prisão, ele estava constantemente querendo
forçar situações com o filho e já tinha, inclusive, dado um chilique quando Marco garantiu que
ele não iria no casamento.
Então, meu melhor amigo comentou que estava pensando em fazer a festa em um local
mais afastado, fora de alcance da sua tornozeleira eletrônica.
— Enfim, acredito que achamos um lugar perfeito para o casamento e vamos fechar essa
semana — contou, muito animado.
— Irraaaaa, já posso ver meu vestido? — Mazza quis saber, agitada.
— Porra! Aí sim! Então você ganhou o Round 6 do casamento? — Nick perguntou,
rindo.
— Sim — ele comemorou e depois se virou para meu noivo. — Se fodeu, Ortega!
Leonardo deu uma risadinha, esfregou a mão no queixo fingindo estar pensativo.
— Que dia vai ser mesmo?
— Em setembro, ainda estamos escolhendo o final de semana — disse, até mesmo
inclinando o queixo para se vangloriar.
— Então... Também temos uma notícia — ele começou a contar com um tom de desdém,
e eu vi o brilho do Marco morrendo quase que em câmera lenta.
— Paula está grávida! — Nick berrou, apontando o dedo para mim em um tom
acusatório.
Que porra?
O problema não foi a pergunta, ele estava fazendo aquilo de palhaçada, assim como tinha
feito com Rossi, mas nós dois demos uma travada e nos olhamos. Abrimos nossas bocas na
mesma hora, mas não emitimos nenhum som e somente aquela ação nos entregou.
— Meu Deus, você está grávida! — Jonas berrou, com os olhos arregalados, e eu queria
voar naquele fofoqueiro maldito.
Todos os olhares se viraram para mim imediatamente.
Que bela dupla de amigos intrometidos que eu tinha. Estava bem mais fácil com os dois
não se falando.
— Puta merda, sim! — Marco concluiu, porque eu era uma idiota e tinha travado com a
boca entreaberta. — Ela não está bebendo desde o Natal!
Era quem faltava para fechar o trio. Claro que o idiota não deixaria passar. Ah, que
inferno. O que eu faria agora? Não me parecia certo mentir sobre aquilo.
— Porra, vocês são os piores amigos! — resmunguei e Leonardo deu uma risadinha,
tentando comprimir os lábios. — Ah, que se foda! Sim, eu estou grávida.
Todos ficaram perplexos por cerca de cinco segundos, acho que esperando que eu falasse
que era uma brincadeira, mas quando perceberam que eu continuava imóvel, voltaram suas
atenções para meu noivo.
— É, ela realmente está — contou, rindo, e depois se voltou para Marco: — E sinto
informar, Montes, mas vocês perderam. A gente se casa em março.
— Não, vocês não... Espera! — Sua cabeça balançava em várias negativas e ele apoiou o
copo na mesa. — É zoação ou vocês estão falando sério, caralho?
— Estou falando sério, pode confirmar com sua noiva.
Marco se virou para ela incrédulo e até mesmo colocou a mão no peito.
— Traição? — indagou, chocado, e ela riu, o rosto corando de leve.
— Eu não podia contar!
— Fodeu, é sério... — Marco deu um berro, uma gargalhada meio maníaca e em seguida
me puxou para um abraço. — Puta merda, parabéns, Paula!
Todos começaram a nos parabenizar e foi engraçado ver o meu melhor amigo deixando
de lado todas as implicâncias com meu noivo, indo até ele e dando um abraço bem demorado,
além de umas batidinhas nas suas costas.
Marco podia dizer o que fosse, no fundo, ele gostava de Leonardo.
— Eu realmente estou feliz por você — Mazza falou baixinho no meu ouvido quando
veio me abraçar. — Sei que temos nossas questões, mas fico feliz de ver você começando uma
família com alguém como o Leonardo.
Ela se afastou um pouco e olhou no fundo dos meus olhos.
— E também acho que você vai ser uma mãe incrível, caso esteja se questionando sobre
isso — garantiu, dando um meio-sorriso, e eu senti meus olhos arderem e minha garganta
arranhar.
Não fazia ideia de como ela sabia que aquilo era uma insegurança minha, mas já tinha
parado de tentar entender algumas coisas sobre nossa relação. Mazza partilhava muito dos meus
sentimentos sobre o que aconteceu conosco.
— Obrigada — foi só o que consegui dizer, odiando aquele momento constrangedor.
— Bem, e como tia, sinto informar que eu estarei aqui para estragar seu bebê — brincou,
e eu sorri em resposta.
— Contanto que você não dê dicas de cabelo...
— Ai, que lindas, irmãzinhas — Nick zombou, puxando nós duas para dentro dos seus
braços e eu o empurrei algum tempo depois.
— Como você é insuportável...
— Você me ama! — afirmou. — Caralho, vou ter que comprar uma cadeirinha pro bar!
— Uma não, duas — Leonardo falou, rindo, e novamente os olhos de todos se
arregalaram.
Rossi deu um gritinho e jogou os braços para cima em comemoração. Todos voltaram a
nos parabenizar e nós perdemos um bom tempo contando sobre literalmente tudo.
Leonardo parecia uma torneirinha impossível de fechar. Não calou a boca, cuspindo
qualquer informação que tínhamos, superempolgado e eu me peguei suspirando
involuntariamente, vendo o homem da minha vida falando sobre nossos filhos.
O quão louco era tudo aquilo? Quando, em toda a minha vida, achei que estaria
parecendo uma idiota olhando para o cara que odiei por tanto anos prestes a me casar com ele e
parir seus filhos?
— Vem cá, Ortega já começou a colocar cristais na sua barriga? — Nick perguntou,
gargalhando, e eu passei as mãos pelo rosto.
— Não, mas certamente vamos fazer isso porque...
— Não vamos mesmo! — deixei claro, interrompendo-o e ele bufou. — E chega de
incensos também.
— Eu sei que vou me divertir muito nessa gravidez — Jonas falou, rindo. — Paula mais
estressada do que o normal, Ortega surtando... Isso vai ser melhor que reality show. Posso passar
uns dias na casa de vocês?
Fiz uma careta e levantei o dedo do meio para ele.
— Paula querendo álcool e Ortega tentando enfiar chá goela abaixo... — Nick comentou.
— Leo querendo comprar uma bata para os bebês e Paula berrando dentro da loja
dizendo que ele não vai levar aquilo — Rossi gargalhou.
— Ortega tentando colocar aqueles sons escrotos que fomos obrigados a ouvir no carro e
Paula querendo mijar — Marco continuou, rindo também.
— Meu Deus, vocês são chatos pra caralho... — Leonardo estalou a boca, tentando não
rir.
— Isso porque aposto que você já pensou no Feng Shui do quarto dos bebês — Mazza
afirmou.
— Ainda não, mas falando nisso, Alice, você bem que poderia mudar aquele fogão de
lugar, não acha?
— Porra, segura aí, Monge da Fecundação Dupla! — Marco berrou, gargalhando, e todos
fizemos o mesmo. — Puta merda, mudar o fogão foi de foder!
— Não, segura aí você, ô Capinoia — ele implicou, rindo, e Marco levantou o dedo do
meio para ele, mas Leonardo continuou, ignorando Nick e Mazza se jogando no sofá,
gargalhando do apelido. — É importante que o fogão não esteja de frente para a porta da cozinha
porque ele é considerado a parte vital da casa, o local em que preparamos os alimentos da família
e...
— Ele precisa da expansão de potência elevado por conta do fogo — zombei, fazendo
uma vozinha chata e ele abriu um sorriso imenso para mim.
— Isso, linda.
— Paula, você está precisando de ajuda? Pisque duas vezes — Jonas falou, fingindo uma
falsa preocupação.
— Isso é efeito do material genético do Monge dentro dela! — Nick concluiu, rindo.
— Definitivamente não funciona assim. — Alice riu.
— Minha cozinha não tem porta, porra! É um conceito aberto, idiota.
— Porta, entrada, dá no mesmo, Montes — Leonardo explicou.
— Gente, podemos fazer um chá revelação bem brega? — Nick perguntou, animado. —
A gente pode contratar duas capivaras gigantes, uma com fralda rosa e outra azul e elas começam
a brigar e vamos saber o sexo pelo vencedor da luta.
— Vai tomar no cu, Nicolas — Marco falou e depois olhou sua noiva com repreensão
porque Rossi estava quase caindo no chão de tanto rir.
— Na moral, de onde você tira essas coisas? — perguntei, rindo, porém perplexa.
— Só que fica meio foda, porque são dois. E se for uma menina e um menino? —
Leonardo indagou, parecendo estar cogitando aquilo, mas eu sabia que era só para irritar o
Marco.
— Aí dá empate!
— Paula, contenha o seu noivo — Marco pediu, puto.
— Sua noiva está ali se mijando de rir... — lembrei, vendo que ela estava literalmente
chorando de tanto gargalhar.
Ele foi até o bar encher o copo de uísque novamente e depois voltou, estalando a boca.
— Ainda não acredito que vocês vão se casar primeiro e que vão ter filhos primeiro. —
Ele se virou para Rossi. — Porra, amor!
Era muito bonitinho quando Marco a chamava de amor e Alice sempre ficava com o
rosto vermelho e sorria sem nem perceber.
— Nem vem, não é minha culpa.
— Vocês todos poderiam ter bebês também — Leonardo comentou sem nem olhar para
ninguém, mexendo no gelo do seu copo, distraído.
— Pode deixar, Ortega — Nick afirmou. — Vamos agilizar essa segunda geração.
— Não contem comigo! — Jonas se manifestou. — O que parando para pensar é uma
pena, porque desse grupo, eu sempre fui o mais sensato.
— Senta lá, pilastrinha — Nick respondeu, rindo.
— Não fode, Jonas! — Marco se manifestou. — Você só era o mais arregão.
— Tenho que concordar, do quarteto de vocês, Jonas era o menos pior na época da escola
— Alice afirmou e a Mazza concordou.
— Obrigado! Finalmente outra pessoa sensata.
— Paula era a pior. — Leonardo riu e eu dei de ombros, porque era mesmo.
Negar para quê?
— Gente, espera um pouco, estava fazendo umas contas aqui…
— Claro que estava — eu e Marco comentamos, rindo, em uníssono.
— Você vai ter gêmeos, o que significa que a gestação provavelmente vai durar em
média 37 ou 38 semanas e se a gente casar em setembro como Marco estava pensando, existe
chance de vocês não conseguirem ir — ela concluiu, desolada.
— Ai, minha porra! — Marco passou as mãos no rosto. — Você não podia segurar esse
pau dentro das calças mais uns meses, Ortega? Puta que pariu!
— Até parece… — Nick zombou.
— Vocês não conseguem adiantar um mês? — Duda sugeriu.
— Vocês não conseguem postergar três meses? — sugeri, pensando que seria um inferno
estar quase parindo no casamento.
— Não! — Marco respondeu e eu choraminguei.
— Aliás, você ligou para aquela mulher que a Mari te indicou? — Nick perguntou,
parecendo reflexivo.
— Que mulher?
— Aquela que ela conhecia do Castelo de Itaipava.
— Que mulher, Nick?
— Eu te mandei o contato, porra!
— Não mandou, não.
Nicolas começou a mexer no celular, impaciente, e depois deu uma risadinha nervosa.
— Er… Acho que esqueci — comentou baixinho, coçando a cabeça, e Marco o olhou
com ódio. — Minha prima conhece alguém que talvez consiga te arrumar uma vaga — contou,
como se aquilo fosse nada demais.
— Você é foda, hein, Nicolas? Me manda essa merda agora!
— Ela vai? — Jonas fez uma careta para mim. — No seu casamento?
— Por que não iria? — perguntei, sem entender.
— Porque ela namorou o Ortega?! — respondeu com um tom de questionamento, como
se fosse óbvio.
— Então nenhuma mulher da mesa pode ir também — Nick zombou, rindo, e Leonardo
ficou com o rosto todo vermelho.
Rossi também.
— Rossi nunca namorou o Ortega — Marco deixou bem claro. — Vamos mudar de
assunto, seu inconveniente do caralho?
— Falando nisso, como você conseguiu? — Jonas perguntou para ele. — Namorar ela,
quero dizer. Mariana é chata para um caralho!
— Ei! — Nick exclamou.
— Só é chata com você — Leonardo respondeu, rindo, e todos nós concordamos.
Jonas bufou. Em seguida, disse que iria embora porque sua mãe não estava muito bem.
Comentou que Matilda estava meio mal de saúde e que começaram a investigar para saber a
gravidade do problema. E mesmo que eu estivesse com raiva da mãe dele, fiquei um pouco
preocupada.
Nós ficamos conversando por boa parte de noite e em algum momento, eu fui ao banheiro
e quando estava voltando, percebi que meu futuro marido e meu melhor amigo estavam na
cozinha. Fiquei escondidinha para que eles não me vissem, prestando atenção no diálogo deles
ao ouvir a primeira frase:
— E quem disse que você é quem vai ser o padrinho dos meus filhos? — Leonardo
perguntou, achando graça, com um sorrisinho debochado no rosto.
Ele não tinha medo algum do perigo.
— Óbvio que sou eu. Quem mais seria? O Pentelho Flamejante? Seu amiguinho? Não
fode, Monge! As crianças são minhas.
Eu ri baixinho.
— Paula tem três melhores amigos — pontuou. — São dois bebês. Achei que você fosse
inteligente.
— Jonas fez merda, ele tá fora. — Marco cortou o ar com o braço. — Não vem com essa.
Se só tivesse um bebê, eu seria o padrinho. Eu sou o melhor amigo dela.
— Não sei não, cara... Ela me disse que era o Nick.
— No seu cu!
Ortega riu e eu apareci no campo de visão dos dois, indo direto para os braços dele.
— Quem é seu melhor amigo, Paula?
— Nick — afirmei, comprimindo os lábios para segurar uma risada e ele me olhou cheio
de ódio, puxando uma respiração bem funda.
— Vai se foder!
— Por isso eu prefiro Nick. E Jonas.
— Paula... — ele me chamou em um tom de repreensão. — Se eu não for padrinho dessa
criança...
— Realmente vai ser muito difícil escolher, mas... — comecei a dizer em um tom
sugestivo, amando tudo aquilo.
— O que você quer? Anda! Fala! — indagou, agitado, ignorando totalmente Leonardo.
— Meus filhos não estão à venda e...
— Voto de silêncio, Monge! — Ele se virou de supetão para Leonardo e colocou um
dedo na boca. — Estamos negociando aqui.
— Se você for um amigo perfeito até o final da gravidez, certeza que um deles será o seu
afilhado — afirmei, e Marco cruzou os braços, irritado.
— E isso significa que tenho que fazer suas vontades?
— Todas elas — afirmei.
— Você não teria coragem...
— Não? — Arqueei uma das sobrancelhas. — Quer testar uma grávida estressada?
— Você e Duda são iguais! — Marco jogou as mãos para o alto e saiu resmungando: —
Duas manipuladorazinhas do caralho, vai se foder...
Olhei para Leonardo rindo e ele fez o mesmo, segurando o meu rosto e dando um beijo
nos meus lábios.
— Você é malvada — disse, rindo, porque já tínhamos definido que Marco e Rossi
seriam os padrinhos de um deles.
— Não, eu sou muito inteligente.
— Muito linda também — afirmou, com os lábios praticamente colados nos meus.
— E muito safada — sussurrei no seu ouvido, dando uma risada, e ele jogou a cabeça
para trás, gargalhando.
— Eu sei... E agradeço ao universo todos os dias por isso.
Leonardo abriu um sorriso imenso e voltou a me beijar devagar, fazendo carinho no meu
rosto e tirando todo o meu mundo de órbita.
capítulo 5 – paula braga

Analisei meu reflexo no espelho, sentindo meus olhos arderem, vendo todos os meus
sonhos sendo materializados naquele vestido. Desde criança, eu imaginei aquele dia, fantasiando
estar com a roupa perfeita como uma das princesas da Disney, pronta para ir de encontro ao meu
príncipe encantado.
Acontece que eu nunca fui uma delas e ainda assim, eu o encontrei.
Era impossível ignorar o farfalhar no estômago e segurar as lágrimas, porque eu sabia
que tinha me vestido para mais uma etapa da minha vida com ele.
Deslizei as mãos pelo tecido de cetim. O modelo que eu tinha escolhido era liso, bem
clássico, com uma saia fluida e botões em toda as costas. Minha barriga não tinha crescido
muito, o que era um mistério, já que eu estava carregando os filhos do Ortega. Ainda assim, pela
estrutura do vestido, a gravidez não ficava aparente.
Meu Deus, eu não iria chorar! Zero condições de borrar minha maquiagem novamente.
Ouvi batidas na porta e o fotógrafo me chamou para tirar algumas fotos. A Mariana,
prima do Nick, tinha nos dado de presente as fotos de casamento com um dos melhores
fotógrafos de casamentos do Rio de Janeiro.
Começamos a fotografar e quando estávamos quase finalizando, não sei como o povo de
Três Amores apareceu na parte interna do local, e Yantra veio até mim com um cristal na mão e
um bastão de sálvia na outra.
Não, aquilo era um pesadelo. Não podia ser real.
— Paula, meu amor... — Ela veio quase dançando na minha direção com sua “bata de
gala” ou sei lá o que era aquela roupa.
— Você está linda! — todos meio que falaram elogios parecidos ao mesmo tempo, e eu
agradeci.
— Gente, o que vocês estão fazendo aqui? — indaguei, nervosa, olhando para minha
cerimonialista, querendo matá-la.
— Lexie e Leo disseram que você provavelmente estaria aqui — Cosmos explicou. — A
gente precisava fazer um ritual rapidinho com você.
Ah, minha boceta!
Eu ia matar Lexie e Ortega!
— Paula, você não vai querer ter azar no seu casamento, não é? — Éros perguntou,
parecendo realmente preocupado, e eu entreabri a boca.
Não que eu acreditasse naquelas bobeiras, mas o que eu faria? Não podia ser grossa e
mandar aquelas pessoas irem para a puta que pariu, até porque Leonardo era louco por eles. E eu
meio que tinha aprendido a aturá-los também.
— Está quase na hora de eu entrar.
— Fica tranquila, Paulinha, tem que ser durante a entrada da noiva — Netuno esclareceu.
O desgraçado estava bonito, mesmo com uma bata por baixo do blazer que estava
usando. Certeza de que alguma amiga minha iria cair na lábia daquele homem. Talvez até mais
do que uma...
— Vai ser bem rapidinho — Lavanda garantiu.
— Só um minutinho — pedi, dando um meio-sorriso e comecei a andar em direção ao
meu fotógrafo, que já tinha se afastado.
— Nossa, que diferente esse pessoal, não é? — Ouvi sua assistente perguntando. — Será
que é tipo contratado pra combinar com o lugar rústico? A gente vai tirar foto com eles?
— Não, eles são da comunidade que a primeira-dama participa.
— Eu não participo de comunidade nenhuma! — cochichei entredentes por trás deles,
fazendo com que ambos sobressaltassem.
— Ah, sinto muito, o bonitinho ali disse que era — comentou, apontando para Netuno.
— Pode chamar minha madrinha e meu padrinho? — perguntei para sua assistente,
ignorando aquela palhaçada.
— Qual deles?
— Alice e Marco.
A mulher assentiu e saiu correndo. Depois, me virei para o fotógrafo e questionei:
— Nós já estamos acabando?
— Já tenho muito mais do que o suficiente... A câmera te ama — o homem brincou. —
Só estão nos esperando para começar.
Não demorou muito para Marco e Rossi aparecerem, e na mesma hora os dois abriram
um sorriso imenso ao me ver.
— Meu Deus, você está linda — Alice falou com os olhos brilhando e Marco concordou.
Os dois me deram um abraço.
— Como está lá fora? Todo mundo já chegou?
— Só esperando por você — Marco disse e depois fez uma careta quando olhou para as
pessoas de Três Amores a alguns metros de distância.
— Os seus hippies vieram — ele zombou.
— Eles não são “meus hippies”.
— É sim, sua hippie maconheirinha.
— Cala sua boca, seu nerd do caralho.
— O amor de vocês realmente é tocante — Rossi afirmou, rindo. — Preciso fazer xixi
rapidinho. Já volto.
Marco me olhou mais uma vez e soltou o ar. Depois, me puxou para um abraço.
— Sabe que eu te amo, não é? — perguntou baixinho, meio que me esmagando um
pouco.
— Sim, me solta, vai estragar meu cabelo, inferno! — pedi, afastando-me um pouco dele
e rindo, mas suas mãos continuaram segurando as minhas.
— Sério, sei que implico com o Ortega porque ele é um pé no saco e tenho consciência
de que peguei pesado em alguns momentos... — ele começou a falar baixinho, olhando nos meus
olhos. — Eu só tinha medo de que o idiota quebrasse seu coração.
— Sei disso, Marco.
— E se ele fizer isso, eu com certeza irei arrebentar aquela cara...
— Marco! — eu o chamei, rindo. — Fica tranquilo.
— Tem certeza de que não quer que eu entre com você?
— Tenho. Eu quero entrar sozinha.
— Sabe que seu pai está puto com isso, não é?
— Caguei.
— Ok, então por favor, você pode andar logo? Eu não aguento mais o Pentelho
Flamejante secando minha mulher, jogando indiretas em voz alta de que uma hora o amor
verdadeiro vai vencer porque ele leu nas cartas... — Marco revirou os olhos e bufou. — Não para
de dizer que sua vida mudou desde que se mudou para essa comunidade de doidos.
— Está pronta? — Alice perguntou, ofegante, e abriu um sorriso imenso assim que
voltou.
— Estou pronta.
Eles foram andando na frente e minha cerimonialista apareceu. Algum tempo depois,
ouvi a música se iniciando e um frio começou a irradiar pelo meu estômago.
Os membros da comunidade vieram correndo na minha direção e começaram a passar
diversos incensos ao meu redor e murmurar algumas coisas que eu não conseguia entender
conforme caminhávamos em direção à porta principal.
Em que ponto eu tinha chegado, meu Jesus Cristo?
E quando finalmente aquele ritual aleatório acabou, Yantra me deu um abraço e depois se
afastou, sem soltar meus ombros.
— Paula, você e Leo são perfeitos um para o outro, até as suas auras possuem um
equilíbrio. Que a felicidade e o amor sempre acompanhem vocês.
— Obrigada — agradeci genuinamente.
Ortega tinha me estragado, eu nem conseguia mais odiar aqueles hippies. Também não
entendia o motivo pelo qual gostavam de mim, mas todos eles tinham relevância para o homem
que eu amava e eu entendi que qualquer coisa que era importante para Leonardo, era importante
para mim.
Leonardo Ortega:

A porta se abriu e Paula desceu as escadas devagar, o olhar fixo no meu. Meus olhos
começaram a arder no mesmo instante e antes mesmo que ela chegasse até o último degrau, senti
as lágrimas molhando meu rosto.
Ela dentro daquele vestido de noiva parecia a coisa mais magnífica de todos os universos
e multiversos existentes ou inexistentes. Eu não conseguia desviar o olhar, completamente
hipnotizado pela visão à minha frente.
Paula abriu um sorriso quando viu que eu limpei os cantos dos olhos. Foi uma ação que
não adiantou de nada, porque continuei chorando, incapaz de me conter. Meus lábios e mãos
tremiam, a respiração começou a falhar e meu coração pulsava tão rápido que achei que fosse
infartar por todo o tempo em que ela demorou para chegar até mim.
Dei um beijo na sua testa assim que ela parou à minha frente e Paula passou as duas mãos
pelo meu rosto para limpar minhas lágrimas.
— Desculpa, não consegui segurar… Você está linda.
Ela sorriu.
— Você está lindo também.
— E também está com cheiro de incenso — cochichei, segurando as risadas e tudo o que
recebi foi um olhar de repreensão.
A cerimônia começou com o celebrante falando um pouco sobre nossa relação, contando
algumas histórias e arrancando até mesmo algumas risadas nossas e dos convidados.
Confesso que não prestei muita atenção no que o homem falava, o nervosismo estava me
deixando desesperado. Não demorou muito para que ele terminasse o discurso, porque Paula
tinha deixado claro que não queria uma cerimônia demorada demais e que se ele se empolgasse
falando coisas aleatórias, ela perderia a paciência.
E pelas poucas reuniões que fizemos, o celebrante percebeu que irritar minha noiva não
era uma atitude muito inteligente.
Peguei o livrinho com os meus votos e o microfone que estava apoiado na mesa diante de
nós. Respirei fundo, tentando prestar atenção no caminho que o ar fazia até os meus pulmões.
Não queria desabar, mas me parecia impossível vendo a mulher da minha vida diante de mim,
prestes a dizer tantas coisas sobre nossa relação.
— Linda, você imaginou que estaríamos aqui quando me viu dentro daquela sala com
aquela roupa? — perguntei, rindo, e ela fez o mesmo, negando com a cabeça. — É, eu também
não. Nossa convivência sempre foi difícil e não só pelas questões políticas que rodeavam nossas
famílias... Afinal, você jogou corante no chuveiro e me deixou todo azul quando éramos
crianças.
Paula gargalhou de um jeito tão lindo que fez com que todo o meu ar sumisse por alguns
segundos. Como eu podia ter tanta sorte na minha vida de ter alguém como ela?
— Nós começamos a trabalhar juntos e sei que sempre te tirei do sério com toda minha
filosofia de vida — afirmei em um tom divertido, ouvindo algumas pessoas rindo ao redor. —
Sendo assim, queria dizer que em um de seus ensinamentos, Buda disse: “é melhor viajar bem do
que chegar”.
Abri um sorriso ao notar que ela me encarou cheia de cumplicidade, daquela forma que
era somente dela. Paula puxou uma respiração e rolou os olhos rapidamente como se estivesse
entediada, dando uma risadinha no final. Eu sabia que minha mulher não tinha paciência alguma
para minhas frases de efeito, mas eu amava suas reações.
Paula era honesta. Como ninguém mais.
— E essa frase nunca fez tanto sentido quanto agora — continuei. — Porque o amor nada
mais é do que uma jornada e cada passo que damos não precisa necessariamente ser em direção
ao topo de uma montanha. Não sei onde vamos chegar e, na verdade, o destino não me importa.
Eu só espero que o nosso caminho seja repleto de descobertas, risadas e crescimento mútuo. E
desejo que cada um dos passos sempre continue nos aproximando cada vez mais.
Ela engoliu em seco e eu sorri ao ver que finalmente tinha conseguido deixá-la
emocionada com um dos ensinamentos que aprendi.
— Paula, você é uma mulher incrível, com uma força extraordinária. Eu sou
completamente apaixonado por você, pela sua lealdade e pelo fato de ser tão real. — A minha
voz tremia e falhava, principalmente depois que ela começou a chorar, mas eu limpei a garganta
e continuei: — A conexão que nós dois temos é algo inexplicável e como te disse uma vez, de
alguma forma, nossas rachaduras se encaixam. Você me ensinou a enxergar quem eu era de
verdade, trouxe um equilíbrio para minha vida que eu jamais achei que pudesse ter. Vivia atrás
de metas inalcançáveis para ser alguém que nunca existiu. Sempre busquei a perfeição, mas você
me ensinou que havia beleza na imperfeição e trouxe para a superfície a melhor versão de mim
mesmo. Você me deu liberdade e sempre serei grato por isso. Eu te amo com toda minha alma e
tenho certeza de que vamos construir uma família incrível, porque você é a mulher da minha
vida.
Dei um sorriso e limpei as lágrimas do seu rosto. Ela suspirou e comprimiu os lábios,
tentando conter as emoções.
— Eu te amo — falou baixinho, e eu respondi da mesma forma.
Reparei que literalmente todos os nossos amigos estavam emocionados, até mesmo
Montes. Jonas tinha até trazido um lencinho, como se soubesse o que estava por vir.
— Desculpa por borrar sua maquiagem — brinquei, arrancando uma risadinha dela.
Paula pegou o livrinho, o microfone e deu um início aos seus votos:
— Ortega… — ela começou a ler os votos e deu uma risadinha. — É incrível como um
sobrenome pode ter tanto peso nas nossas vidas e como vínculos familiares podem ditar tantas
coisas. Eu nunca pensei em estar aqui… Bem, não com o cara que odiei minha vida toda —
brincou.
Puxei uma respiração, ainda tentando conter as lágrimas dentro de mim. Deus, eu me
sentia uma confusão!
— Eu nunca fui uma pessoa exemplar, na verdade, estou longe disso. Nunca tive muita
paciência também, como todos vocês aqui presentes sabem.
Os convidados deram uma risada e depois o silêncio voltou a preencher o ambiente. Para
mim, só havia ela. Nada mais era relevante.
Um sorrisinho debochado cresceu em seu rosto e ela continuou:
— Frases motivacionais nunca fizeram sentido para mim, mesmo que você insista em
repeti-las o tempo todo. E ainda assim eu me apaixonei por você. Dito isto, há uma frase de Buda
que eu gostaria de citar… — Eu gargalhei, sem acreditar que ela iria usar uma citação de Buda
em seus votos. Porra, o quanto eu amava aquela mulher não estava escrito. — “Jamais, em todo
o mundo, o ódio acabou com o ódio, o que acaba com o ódio é o amor.”
Aquela era a frase do quadro que ficava no meu escritório.
— Por mais que eu revire meus olhos todas as vezes em que você começa a filosofar, eu
não poderia concordar mais com isso, Leonardo. — Uma lágrima mais grossa escorreu do seu
rosto e eu automaticamente me inclinei para limpá-la, fazendo-a sorrir. — Você foi a pessoa
responsável por suprimir muito do ódio que eu sentia, não só por mim, mas pelo mundo. E você
fez isso simplesmente sendo quem é. Você é um ser humano com tanta luz, meu amor.
Eu não conseguia parar de chorar e minhas mãos tremiam involuntariamente, meu corpo
inteiro parecendo sem controle algum.
— Não existe no mundo alguém tão altruísta quanto você e eu não sabia que alguém
poderia se importar tanto com as pessoas. Passar os dias ao seu lado me fez ver a vida de uma
forma diferente. O elo que criamos, os alicerces que fomos fundando dentro do nosso
relacionamento... Não tenho dúvidas de que nós somos feitos um para o outro.
Paula precisou pausar por alguns segundos, e eu tentei acalmar minha respiração, mas
tinha a sensação de que era impossível.
— Você sempre fala sobre ser a melhor versão de si mesmo… Eu não acredito que sou a
minha melhor versão, mas tenho certeza de que quem eu sou hoje é melhor do que quem eu era
ontem. E você é o responsável por isso. Eu sempre vou estar ao seu lado, Leonardo. O mundo
inteiro ao nosso redor pode ruir e eu jamais me moveria do lugar.
Eu entendia o poder daquela frase, porque aquela era Paula na mais pura essência. As
palavras reforçavam toda a sua lealdade, uma das coisas que eu mais admirava nela.
— Eu nunca vou saber o que eu fiz de certo para merecer alguém como você, mas tudo o
que posso fazer é agradecer. E nesse momento, definitivamente, eu abdico de todo o passado e
enterro todo o peso de um sobrenome. Hoje, no papel, eu me torno sua esposa, mas você já é a
minha família, a única que importa.
Não me importei com porra nenhuma, em um movimento involuntário, eu a puxei para os
meus braços e colei minha boca na dela.
— Meu Deus, mas eu ainda nem mandei você beijar a noiva! — o celebrante falou,
fazendo todos rirem, e eu senti meu rosto esquentar, porque tinha esquecido completamente que
estávamos no meio dos convidados.
— Desculpa, foi mais forte do que eu — confessei, envergonhado, e ela sorriu para mim.
— Não tem problema, é nítido o que sentem um pelo outro. Quando eu olho para vocês,
eu percebo que de fato vocês se amam. — O homem olhou com carinho para nós dois. — Nesse
momento, nós teremos a entrada das alianças...
E na mesma hora, Roberto entrou vestido com um smoking para cachorros e veio até
onde estávamos. Todo mundo começou a rir e soltar comentários dizendo o quanto ele era fofo.
Nós dois nos abaixamos para retirar a almofadinha que estava presa na coleira, fizemos
um carinho nele e depois Nick o pegou no colo.
— Que inteligente o cãozinho de vocês — o celebrante comentou antes de puxar uma
respiração e pegar os anéis. — Bem, essas alianças simbolizam a união. Elas sendo círculos
fechados não têm começo e nem mesmo um fim. Porém, quando são conectadas, forma-se o
símbolo do infinito. E essa conexão de vocês vai além do infinito. Portanto, Leonardo, pegue a
aliança e a coloque na mão esquerda da Paula e repita comigo as seguintes palavras:
— Eu, Leonardo, com muita alegria serei seu marido e você, Paula, será minha esposa —
repeti, sem tirar os olhos dos dela, tentando manter sua mão e a minha estáveis. — Prometo te
amar, te respeitar e cuidar de você. Na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, hoje e por todos
os dias das nossas vidas.
Terminei de colocar a aliança, dei um beijo no anel e depois ela seguiu, olhando nos
meus olhos com um sorriso lindo no rosto.
— Eu, Paula, com muita alegria serei sua esposa e você, Leonardo, será meu marido.
Prometo te amar, te respeitar e cuidar de você. Na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, hoje
e por todos os dias das nossas vidas.
Nós assinamos os papéis e o celebrante falou mais algumas palavras antes de finalizar:
— Bom, Leonardo e Paula, diante da autoridade conferida a mim e em nome do amor é
que eu os declaro casados. Pode beijar a noiva.
Fiz exatamente o que ele mandou. Segurei seu rosto com uma das mãos e me inclinei
para beijá-la, curvando um pouco o seu corpo e arqueando suas costas pelo entusiasmo. Um
sussurro coletivo de aprovação começou a surgir e depois todos começaram a gritar, assoviar e
bater palmas.
O beijo foi apaixonado, como sempre era, e eu fui capaz de sentir um laço invisível nos
amarrando com mais força ainda. Aquele era o início das nossas vidas. Da única vida que eu
desejava.

A festa estava incrível e lotada. Tudo estava correndo da maneira que deveria ser.
Afastei-me um pouco da pista de dança para ir até o bar, mas sorri ao ver Paula dançando
animadamente com Alice.
Estar ali, no meio de tantas pessoas que gostávamos, era uma confirmação tácita de como
éramos muito sortudos. Não cansava de agradecer ao universo por cada uma das coisas
maravilhosas da minha vida.
Ainda parecia difícil acreditar que eu tinha casado com a mulher mais linda de todo
mundo e a mais leal também.
— É, parece que a próxima é você — comentei, brincando, ao ver a Mari conversando
animadamente com o barman.
Paula tinha jogado o buque com tanta força que passou pela multidão de mulheres
tentando pegá-lo e caiu em cima do prato em que estava na frente da Mariana. Todo mundo ficou
em choque e algumas amigas da Paula resmungaram que era injusto porque ela nem estava
participando da brincadeira e ainda ficaria com o buquê.
— Eu estou pensando seriamente em usar o presente do universo para propor casamento
para aquele gatinho ali — zombou, apontando para o Domenico Perazzo, o herdeiro mais velho
da família.
Não era muito fã daquele cara. Primeiro porque ele era herdeiro de uma petroleira que
não dava a mínima para o meio ambiente, mas isso não era nada perto do fato de ele já ter
comido minha mulher.
— Olha, olha... — Marco apareceu rindo e se pendurando no meu ombro.
E somente aquele gesto me fez ter a certeza de que ele estava muito bêbado.
— E não é que sua ex pegou o buquê? — brincou, gargalhando, e eu revirei os olhos.
— Será que eu caso antes de você, Marco?
— Nem fodendo! — Ele cortou o ar com as mãos. — Tá louca? Você nem tem
pretendente!
— Será que não tenho?
— Mariana... — Montes cerrou os olhos, desconfiado, mas com um ar ameaçador e ela
riu.
— Qual dia vocês fecharam mesmo? Você me ligou aquele dia para agradecer, mas eu
não cheguei a anotar, estava toda enrolada.
— Dia 16 de julho, para a infelicidade da minha mulher — eu respondi, e ela arregalou
os olhos.
— Meu Deus, a Paula não vai estar quase parindo?
— Calma, não é pra tanto. — Marco abriu as mãos ao lado do corpo. — O parto está
previsto para setembro. Mas como sou o melhor padrinho do mundo, já contratei um helicóptero
para ficar a postos. Se aqueles pestes resolverem nascer na hora do meu casamento, ela chega a
tempo no hospital.
— Sei que as chances são mínimas, mas já tive uns dez pesadelos imaginando a Paula
entrando em trabalho de parto em Itaipava — confessei, passando as mãos no rosto.
— Cadê a positividade, Monge? Enfiou no cu?
Ele gargalhou.
— Falando no seu casamento... — Mari perguntou, cheia de insinuação. — Aquele seu
primo que mora lá fora vem?
— Querendo um remember[1], Mari? — Marco zombou e eu franzi o cenho.
— Que primo?
— Marco tem um primo supergato da nossa idade.
— Ele é um babaca — o melhor amigo de Paula resmungou.
— Ah, que lindo. Então realmente é de família... — eu falei com deboche, e ele deu um
tapa na minha cabeça.
— Achei que se dessem superbem — Mari comentou, levando a taça de champanhe até a
boca.
— Eu sempre gostei dele, mas estou meio puto. E ele vem sim, na verdade, acho que está
voltando pro Brasil. O filho da puta do meu pai... — Montes fez uma pausa e me encarou. —
Não vamos falar disso hoje, ok?
Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, Montes abriu os braços e se jogou em
cima de Dante Perazzo, que tinha se aproximado com o irmão. Eu e Paula já tínhamos
cumprimentado todos, mas eu estava zero empolgado para aquela interação.
— Está vendo esse cara aqui, Mari? — Montes indagou, rindo. — Ele acha que é mais
gato do que eu.
Mariana me olhou, achando graça.
— Que absurdo, não é, Marquinho? — Ela estalou a boca, cheia de deboche. — Mas não
existe ninguém mais lindo que você.
— Tá vendo? — O noivo de Alice mostrou todos os dentes, feliz, nem percebendo a
ironia e a prima de Nick avisou que iria ao banheiro.
— Ela não sabe de nada. Eu sou mais gato que você — Dante afirmou, entrando na
brincadeira. — E mais rico também.
— Nos seus sonhos!
— Ahn... A festa está realmente linda, Ortega — o Domenico falou de um jeito
simpático, ignorando a palhaçada dos dois.
— Obrigado. Ficamos felizes com a presença de vocês.
Ficamos porra nenhuma.
Paula chegou ofegante, abanando o corpo por causa do calor e depois entrou nos meus
braços, apoiando a cabeça no meu peito.
— Estão se divertindo? Espero que estejam bebendo muito por mim, porque eu vou casar
de novo depois que tiver essas crianças só pra beber até passar mal — ela afirmou, fazendo todos
rirem.
Todos já estavam sabendo da gravidez, até porque não havia motivo para esconder.
Achamos melhor dar uma entrevista para a QueenG!, tendo Samuel Medici como nosso aliado,
do que ficar esperando que o fofoqueirinho vazasse a notícia antes de nós. E assim que o
procuramos para contar, ele avisou que já sabia e que não iria fazer nenhuma matéria a não ser
que quiséssemos. Foi uma supressa e isso meio que acabou nos aproximando.
— Ainda não acredito que vocês vão ter dois bebês — Domenico comentou e eu a apertei
contra o meu corpo, dando um beijo no topo da sua cabeça.
— Eu não sei nem o que faria com um, que dirá dois — seu irmão completou, dando uma
risada.
— Pra ter filho, você precisa casar, Dan.
— Ahn, não necessariamente — pontuei, fazendo com que todos gargalhassem.
— A gente toma muito cuidado e realmente não tem a menor chance de acontecer. Paula
já deve ter comentado, mas as famílias do Círculo de Ouro só têm filhos depois de se casar — o
mais velho dos Perazzo explicou para mim e eu assenti.
Palhaçada do caralho de linhagem.
— Bem, no momento, eu não estou procurando nem um e nem o outro.
— Falando nisso, cadê minha mulher? Você a deixou sozinha? — Montes perguntou para
Paula, fazendo um biquinho.
— Ela estava conversando com o Pentelho Flamejante... — minha mulher começou a
dizer com um tom zombeteiro, mas quando percebeu que seu amigo trancou o maxilar, se
adiantou: — É brincadeira, ela estava com a Mazza.
Como se sua palavra não valesse de nada, Marco saiu da rodinha e foi atrás de Alice.
Paula percebeu que eu já estava de saco cheio daquela interação e disse que precisava de mim,
puxando-me pelo braço em direção a um cantinho mais afastado.
Assim que paramos, eu a pressionei em uma das colunas de pedra e a beijei.
— Obrigado por me salvar.
— Sempre.
Do local em que estávamos, era possível ver vários convidados e nós ficamos um pouco
ali, apenas nós dois, conversando sobre a festa e fofocando a respeito das pessoas.
— Aquilo ali é a Mariana falando com o Jonas? — ela perguntou, perplexa, algum tempo
depois e eu estreitei os olhos.
— Parece que sim.
— Os efeitos do álcool.
— Sinto muito que não possa beber — falei, fazendo carinho no seu rosto. — Sei que
estaria se divertindo bem mais.
— Fala sério, Leonardo! — Paula estalou a boca. — Não me importo com isso.
— Mesmo? Não está me odiando nem um pouquinho por ter colocado dois possíveis
gigantes dentro de você antes do tempo? — brinquei e ela riu.
— Não. Estou muito feliz com meus dois possíveis gigantes. Eles e você... — Paula fez
uma pausa, olhando no fundo dos meus olhos. — Nada mais me importa além de vocês.
Eu me inclinei para beijá-la, sentindo todo o seu corpo se derreter nos meus braços. E
como sempre, na mesma hora, tudo parou de fazer sentido e ao mesmo tempo voltou a fazer.
Porque era verdade, nada mais importava além do amor que eu sentia por ela e pela nossa família
que só estava começando.
ALGUNS ANOS DEPOIS

— Meu Deus, esses garotos desalinham a porra dos meus chakras! — Leonardo
explodiu, entrando no gabinete e jogando a pasta em cima da mesa.
Comprimi os lábios, tentando não rir, porque eu amava vê-lo estressadinho. Daria um
pote de sorvete escondido para cada um dos meus filhos por me proporcionarem momentos
como aqueles.
Ele tirou o terno, sentou na cadeira e começou a dobrar a camisa. Puxei uma respiração,
tentando me controlar no momento em que encarei seus braços.
— O que aconteceu? — indaguei, indo até onde ele estava, apoiando os quadris entre ele
e a mesa.
— O que você acha? Merda, não é?
Leonardo soltou o ar devagar, buscando manter a respiração calma, e eu entranhei os
dedos por seus cabelos lentamente. Ele empurrou os óculos no rosto e me puxou para o seu colo.
Respirou forte assim que afundou o nariz no meu pescoço, como se estivesse buscando por algo
que o deixasse mais calmo.
— Vamos, estou curiosa... — incentivei, afastando-me um pouco e vendo a impaciência
voltar a tomar conta das suas expressões.
Seu maxilar travou novamente.
— Eles fizeram um perfil falso de namoro em um desses aplicativos para a professora,
porra! Esses dois garotos querem acabar com minha paciência.
— Acende um bastão de sálvia que passa… — zombei, e ele me olhou de cara feia.
— Você sabia que eles têm um apelido, Paula?
— Como assim?
— Gêmeos B.O. — contou.
— Ah sim, eu ouvi umas meninas comentando outro dia, mas qual o problema? É por
causa de Braga e Ortega.
— Quem dera... Não, não é por conta dos sobrenomes deles, Paula. É de B.O.[2] mesmo!
Comprimi os lábios, rindo. Nick amaria saber daquilo e provavelmente se odiaria por
toda a vida por não ter pensado naquele apelido antes. Ele normalmente se referia aos dois como
capetinhas ou algo do tipo.
— E sua filha? — indaguei, implicando, porque era óbvio que nossa garota não faria
aquilo. — Não estava envolvida nisso?
— Claro que não! — respondeu, ofendido. — Minha princesinha jamais faria isso.
— Vamos conversar com eles hoje, ok?
— Acho que seria bom fazermos aquele retiro em Três Amores — voltou a mencionar o
assunto e eu revirei os olhos. — Você disse que iria realmente considerar.
— Não quero ir — resmunguei, choramingando. — Eles fazem a merda e eu que sou
punida?
Leonardo se levantou e meus olhos fizeram o mesmo movimento quando ele apoiou as
duas mãos no meu rosto. Dei um passo para trás e ele me imprensou na mesa, colando o corpo
no meu.
— Eu peço um chalé separado... — começou a dizer em um tom baixinho, roçando os
lábios nos meus e depois arrastando a barba pela minha pele até meu ouvido. — E te garanto que
você não vai ser punida... Quer dizer...
Seus olhos encontraram os meus e ele deu um sorriso safado. Eu ainda não conseguia
entender como aquele homem podia ficar mais lindo conforme os anos iam passando.
Uma das suas mãos desceu pelo meu pescoço, o polegar deslizando pela linha da minha
garganta. Ele olhou o movimento quase que hipnotizado e eu suspirei, completamente rendida.
— A não ser que você queira — afirmou quase dentro da minha boca.
— Ah, esse tipo de punição, eu realmente quero, Ortega.

Continue até o final para as surpresas


OS GÊMEOS B.O. IRÃO RETORNAR.
Espero que tenham gostado do conto e vou ficar muito feliz se puderem avaliar. ♥
Eu sabia que muitos estavam com saudade dos personagens, então fiz um mega esforço
junto com minha equipe (sou muito grata por cada um de vocês que ajudou a fazer isso possível)
para trazer esse momento para os meus leitores que eu amo tanto.
Desejo que vocês tenham Natal maravilhoso e um ano novo incrível (livre de ataques de
capivaras).

[1]
Gíria que significa uma repetição de algo do passado. Geralmente é usado para se referir a um contato íntimo com um(a) ex.
[2]
Gíria que vem do significado da sigla "boletim de ocorrência". Significa que algo deu errado, que é problema ou causou
grandes confusões.

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