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Agradecimentos especiais para Hollis Shiloh, que tem mais


uma vez me deixado pisar ( delicadamente ) ao redor do mundo
de My partner the Wolf e My Partner and Me. O personagem
Lowell foi pego emprestado com permissão. O segredo de
alguém acontece depois de O herói de alguém.

Também meu agradecimento para meus excepcionais


leitores betas Tara, Mike e Maria, por me ajudar a pegar erros
de digitação, não me repetir, fazer sentido e não me repetir.

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Eu acordei suando, ofegando e agarrando a coberta sobre
a minha cama. Por um momento eu estava completamente
desorientado e então um gemido me trouxe para os meus
sentidos quando algo quente e molhado envolveu meu pênis.
Meu pênis dolorido e duro. Eu olhei para a massa debaixo do
edredom. Puta merda.

“Brendan?”

Mãos agarram meus quadris estreitos e eu bati minha


cabeça de volta sobre o travesseiro enquanto meu namorado
redobrava seus esforços – não que ele precisasse. Ele ia me
conseguir lá muito rápido assim. Eu empurrei na sua boca,
incapaz de resistir ao desejo. Ele me engoliu, chupando
enquanto ele puxava de volta para fora e eu reprimi um uivo de
prazer – as paredes do nosso complexo de apartamentos eram
notoriamente finas, o que foi meio como nós tínhamos nos
conhecido para começar. Tecnicamente, éramos vizinhos.

Faíscas dançavam para cima e para baixo no meu estômago


e coluna, o formigamento familiar bem-vindo significando que
eu estava prestes a gozar. Este ia ser um grande. Por quanto
tempo, diabos, Brendan tinha estado lá embaixo enquanto eu
dormia inconsciente? Eu cerrei os dentes, quase com medo do
apocalipse se aproximando. De tempos em tempos, Brendan
tinha realmente me feito gozar inconsciente. Enquanto eu meio
que, de certa maneira, na verdade realmente amava quando isto
acontecia, nós dois tínhamos de trabalhar hoje.

“Ah, Bren... oh porra, tão perto, Bren, tão perto.”

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Aquelas mãos fortes acariciaram pelas minhas coxas,
depois de volta para cima. Brendan gemeu novamente e a
vibração me atingiu como uma bombinha. Meus ouvidos estavam
ressoando, um som quase como uma sirene enquanto a pressão
construindo dentro de mim alcançava um pico febril que ia
explodir a qualquer momento.

E então, de repente, Brendan sentou-se ereto, largando


meu pênis e levando as cobertas com ele, me deixando trepando
no ar rarefeito... ar frio, com um gemido angustiado de bolas
azuis. Brendan olhava para mim, a luz fraca do nosso quarto
fazendo-o parecer como um gato fulvo, com suas feições
asiáticas e maravilhosa pele dourada. Eu me contorci em
desconforto, tão perto, enquanto aquela sirene tocava nos meus
ouvidos.

Oh espere. Não, oh não, isto era uma sirene de verdade.


Lamentando através da suíte máster do meu apartamento. Nosso
alarme auxiliar puta merda você perdeu o primeiro.

“Aquele foi o segundo alarme?”

Brendan limpou a boca, seus lábios um pouco inchados,


parecendo tão despenteado e sexy e sujo que eu queria dizer
foda-se tudo. A respiração dele vinha em pequenos ofegos
curtos quando ele me perguntou isto ele e ele olhou para mim,
o que era ridículo. Ele realmente achava que eu poderia
responder de maneira coerente?

“Você não está em cirurgia hoje?” eu consegui engasgar


algo para fora, finalmente.

Ele engoliu em seco e em seguida olhou para mim. Eu


corei, eu ainda estava duro como pedra e agora, graças a ele,
pingando molhado.

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“Sim. Não consigo acreditar que perdi o primeiro alarme.
Tenho de estar na clínica em meia hora.”

Eu sentei com um gemido. “É melhor você correr,” eu


disse. Eu terminaria uma vez que ele saísse. Eu poderia estar
um pouco atrasado, sem meu chefe, Arthur, me criticando.

Brendan me observou por um segundo a mais e eu senti


meu coração perder uma batida. Ele era tão bonito, meu
namorado, especialmente assim, quando estávamos prestes a
cair na cama juntos. Havia um olhar nos seus olhos, algo
aquecido e eu pigarreei.

“Bren? Cirurgia? Atrasado?”

Eu tentei instigá-lo da cama. Ele odiava estar atrasado.

Ao invés de levantar e ir para o banheiro, ele saltou,


murmurando, Foda-se, no vinco da minha coxa enquanto ele me
derrubava de volta sobre os travesseiros.

“Oh, merda!”

E simples assim meu namorado retornou para o seu treino


de manhã cedo, os braços fortes mantendo-o em para cima,
enquanto eu abandonava todas as ilusões de silêncio e oferecia
uma variedade de gemidos, palavrões e ofegos para o desprazer
auditivo dos vizinhos. Não demorou muito antes que eu
estivesse estremecendo meu clímax no calor molhado da boca
de Bren, faíscas explodindo por trás das minhas pálpebras.
Prazer perfurava através de mim em ondas tão intensas que eu
estava praticamente me contorcendo hipersensibilidade e então
ele se afastou mais uma vez, rastejou pela cama até o meu lado
e desmoronou sobre o meu peito. A mancha molhada que senti
nos lençóis perto da parte inferior da minha perna me disse que
eu não tinha sido o único a apreciar a hora do recreio da manhã;

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Bren quase sempre gozava me fazendo gozar. Não acho que
alguma vez reclamei; na verdade eu achava que isto era muito
quente que ele ficasse tão excitado.

“Isto foi um inferno de despertar,” eu disse, passando


meus braços ao redor dele. Eu era menor do que ele, mas havia
muitas ocasiões onde eu tinha de distribuir ao invés de receber
afagos.

“Gostou?”

Eu assenti, meu peito ainda arfando. “O que ocasionou


isto?”

Nós não carecíamos de fogos de artifícios no quarto, mas


uau... isto tinha sido alguma outra coisa. Brendan virou a cabeça
para cima na minha direção e lançou-me um sorriso por baixo
do seu cabelo desgrenhado, espetado pela cama. “Apenas amo
você.”

“Amo você também.”

Era tão fácil dizer aquelas palavras agora. Dois anos atrás,
quando nos conhecemos, elas tinham parecido como uma
fantasia. Eu não tinha ouvido palavras de amor de ninguém há
muito tempo para confessar. Eu tinha estado assustado, tímido
e sozinho numa cidade estranha. Brendan não tinha apenas
quebrado as minhas paredes; ele tinha destruído-as com a força
da sua personalidade. Ele tinha tomado o tempo para conseguir
me conhecer, ele tinha levado tudo o que eu disse a ele na
esportiva e então ele virou e fez tudo que eu estava com medo
parecer nada. As coisas que eu achava que eram estranhas
sobre mim, coisas pelas quais minha familia me odiava, foram
coisas que Bren abraçou. Foi humilhante e eu estava feliz em
dizer que eu o amava. Ele sempre dizia aquelas palavras de

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volta, todas as vezes e eu as absorvia como uma esponja. Eu
precisava da garantia um pouco menos com cada repetição, mas
ainda era agradável de ouvir.

Agora, contudo, ele gemia no meu peito. “Realmente vou


estar atrasado.”

Eu o empurrei um pouco. “Vá,” eu encorajei. “Leve o resto


do macarrão para o almoço; irei comer na lanchonete. E pelo
menos pegue uma barra de cereal de café da manhã. Se você
tomar banho rápido ainda pode chegar a tempo.”

Ciente do seu hálito matinal, Brendan inclinou-se e beijou


minha testa. “Obrigado, Kerry-bug. Você é incrível.”

“Vejo você depois do trabalho?”

Brendan sorriu e balançou a cabeça triste, indo na direção


do banheiro. “Irei atrasar um pouco. Tenho algumas coisas para
fazer logo depois. Contudo, deverei estar de volta as oito.”

“Ok.” Brendan normalmente não fazia nada depois do


trabalho, mas se ele tinha algo para fazer ele tinha algo para
fazer. Eu sorri. “Irei guardar um pouco do jantar para você.”

“Obrigado, bebê.”

Eu ouvi o chuveiro ligar e virei de lado, usando meus dedos


para arrancar o canto do lençol sujo. Eu poderia jogá-lo na
máquina de lavar no meu caminho de saída. Passando os braços
ao redor do travesseiro de Brendan, eu inalei nossos cheiros
combinados. Era raro para nós passarmos as noites separados,
embora isto acontecesse ocasionalmente. Na maior parte, desde
que tínhamos começado a namorar, nossos pertences e roupas
tinham lentamente começado se misturar até que metade das
minhas coisas estava no apartamento dele e vice-versa.

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Nem sempre eu sabia para onde estávamos indo, mas eu
sabia que queria estar indo na mesma direção que Brendan
estava. Ele queria o mesmo de mim também. Uma coisa que eu
tinha certeza era do seu amor. Ele não fazia ideia de como ele
me carregava. Num mundo onde eu tinha sido ridicularizado por
ser tão pequeno, tão magro, tão efeminado, Brendan tinha me
cercado num mar de está bem quando eu tinha começado a pensar
que nunca estaria bem para ninguém a não ser que eu mudasse
completamente e isto ia simplesmente contra a minha natureza.
Meus pais nunca souberam como lidar comigo. Eu não fiz nada
que eles esperavam que eu fizesse ou queriam que eu fizesse.
Eu realmente não tinha deixado o ninho tanto quanto eu tinha
sido empurrado forçosamente para fora dele e pago para ficar
longe. Eu nunca iria me encaixar com a minha própria familia
biológica.

A família de Brendan, por outro lado, me queria. Seus pais


tinham adotado quatro crianças, todas rejeitadas porque elas
eram gays e quando aquelas crianças arranjavam um parceiro,
elas simplesmente absorviam o novo membro. A irmã mais velha
de Brenda, Jo, agora casada com sua esposa Marie, tinha sido a
primeira. Eu era o segundo e embora isto não fosse oficial já
que não estávamos casados, isto não pareceu importar. Eles me
faziam sentir em casa quando todos estávamos reunidos. Não
havia nenhuma pressão para ser alguém que eu não era. Nada,
exceto uma aceitação franca. Brendan e sua familia, deixaram
claro que eles me amavam da maneira que eu era e eu não
deveria mudar, o que me fez um inferno de menino sortudo
apesar da minha infância conturbada.

O chuveiro parou. Eu abri um olho quando Brendan surgiu


do banheiro, uma toalha ao redor da sua cintura, e atravessou a

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suíte máster para abrir sua gaveta na minha cômoda. Ele tirou
seu uniforme roxo e uma cueca e vestiu-os rapidamente. Em
seguida, ele veio até a cama, uma risada suave e rouca surgindo
da sua garganta.

“Você está tão lindo assim, Kerry. Gostaria que você


pudesse ficar ai e aconchegar o dia inteiro.”

“Eu também.”

“Mas o trabalho, chama, huh?”

Eu bocejei, assenti e sentei para recebe um beijo de pasta


de dente. “Vejo você hoje à noite, amor,” Brendan disse. Ele
deixou as pontas dos seus dedos flutuaram pelo meu peito,
nitidamente apreciando a renda suave da pequena camisola
provocante que eu tinha usado para dormir, em seguida
balançou a cabeça, suspirou e deixou o quarto.

Eu ouvi a porta da geladeira abrir e fechar, o arranhar da


sua mochila sobre o chão e em seguida a porta da frente. E meu
apartamento estava tranquilo novamente. Furacão Brendan
tendo passado, deixando-me apenas ligeiramente atordoado e
incrivelmente saciado.

Com um suspiro levantei, arrastando os lençóis comigo.


Minha gata, Giza, entrou rebolando no quarto, miou com fome
para mim e saiu com uma dignidade de rainha. Tomei isto como
um sinal para me apressar. O banheiro estava organizado e
limpo; Brendan não era tão organizado quanto eu, mas ele sabia
que eu gostava de ser organizado. Ao longo do último ano e
meio, eu tinha notado a mudança sutil nos seus hábitos de vida
enquanto ele seguia a minha liderança e organizava seus
pertences praticamente da mesma maneira que eu fazia com os
meus. Isto me aqueceu saber que ele se importava.

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Sua toalha azul estava dobrada na prateleira de toalhas e
ele tinha deixado a minha verde clara no aquecedor de toalhas
para mim. Eu sorri para isto, tirei a camisola de renda junto com
o pequeno caleçon combinando que deixava Brendan louco e
entrei no chuveiro. Lá, também, havia evidência do cuidado de
Bren. A toalha de rosto que ele tinha usado tinha sido
descartada, provavelmente, na lavanderia e uma nova estava
pendurada sobre a pequena barra. Seu xampu e condicionador
tinham sido colocados na parte de trás da prateleira do chuveiro
e os meus movidos para a frente. Era uma coisinha minúscula,
mas mesmo sem palavras, todos os dias, ele me deixava saber
que ele se importava.

Eu não poderia demorar muito no banho. Tinha de ir


trabalhar também. Rapidamente me sequei, sequei meu cabelo
loiro claro ( certificando-me que as duas mechas azul-claro na
frente ficassem exatamente sobre o meu olho ), joguei um
pouquinho de gloss nos lábios e me vesti com as minhas velhas
roupas chatas de trabalho. Com, claro, outro conjunto de
lingerie bonito por baixo delas. Brendan encorajou meu habito
e eu me entreguei a ele. Vestir assim tinha sido minha maneira
de sentir e experimentar algo bonito quando minha vida era
sombria e eu amava que ele compreendesse isto. Ele não
pensava nada sobre isto, exceto para me dizer o quanto ele
amava isto.

Sentindo-me preparado para encarar o mundo, eu fui para


a cozinha, onde Bren tinha me deixado uma barra de cereal de
café da manhã e uma maçã para comer enquanto eu dirigia para
o centro da cidade. Eu alimentei Giza e sai, um sorriso no rosto
enquanto pensava sobre o quanto eu amava minha vida e que
grande mudança isto era de dois anos atrás. Se alguém tivesse

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me dito quando eu tinha me mudado para a cidade que acabaria
conhecendo um homem que me queria do jeito que eu era, eu
teria dito que eles eram loucos. Mas eu conheci e gostava dele
exatamente como ele era também. De alguma maneira, apenas
aquela simples equação, trouxe tanta felicidade para nós dois.
Amo você mais não mude igual a felicidade.

Funcionava para mim.

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Naquela tarde enquanto esperava por Brendan para
terminar sua tarefa misteriosa, um entregador tinha tentado
entregar um pequeno pacote para mim que estava endereçado
para Bren. Eu lhe disse que ele tinha o apartamento errado e
que Brendan Morrow morava na porta ao lado. O entregador
insistiu que ele precisava de uma assinatura e não iria deixar o
pequeno pacote comigo. Não vi de quem era também, então não
poderia lhe dizer. Brendan retornou para o meu apartamento
quase as nove, tomou banho e trocou de roupa, mas parecendo
um pouco atormentado. Eu lhe contei sobre a entrega e ele
iluminou-se.

“Oh. Eles não poderiam deixá-lo? Provavelmente tenho de


assinar, huh?”

Eu assenti para ele enquanto sentávamos no meu sofá,


cada um numa extremidade oposta, pés descalços emaranhados
juntos.

“Ele disse que iria tentar entregar novamente amanhã à


noite e tinha de ser a sua assinatura.” Eu me senti um pouco mal
por isto. Não compreendia por que Bren não poderia
simplesmente deixar uma permissão para eu fazer isto, mas o
homem tinha sido muito claro sobre isto.

Contudo, ele acenou sua mão com desdém. “Não é grande


coisa, Kerry-bug. Irei consegui-lo quando consegui-lo.
Obrigado por me avisar. Ele desviou o olhar do jornal, sorriu
para mim e fez cocegas na sola do meu pé com seu dedão. E foi
isto.

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Realmente não me ocorreu questionar isto. Se eu tinha
aprendido algo sobre Brendan, era que ele era tipicamente
difícil de ficar calado. Guardar segredos às vezes era difícil para
ele. Então o fato que um pacote aleatório seria entregue amanhã
em algum momento realmente não registrou no meu radar Coisas
Estranhas de Brendan. Mais tarde, eu iria voltar a aquela noite
como o começo de Quando Tudo Ficou Estranho, mas apenas não
percebi na época.

No fim de semana logo depois disto, nós saímos para jantar


e ele recebeu uma ligação no seu celular. Ele olhou para ele,
porque de vez em quando, muito raramente, um cliente da clínica
veterinária tinha uma emergência sobre a qual eles
simplesmente tinham de telefonar para o Dr. Morrow e a
verdadeira clínica veterinária de emergência não iria. Contudo, ao
contrário do habitual, ele fez uma careta, desculpou-se comigo
e atendeu a ligação. Enquanto ele se afastava um pouco da mesa,
eu o ouvi repreender gentilmente quem telefonava sobre ter
ligado para ele no seu celular a noite. Antes que ele voltasse,
ele tirou algo do bolso, um caderninho preto, escreveu algo
rapidamente e em seguida guardou o caderninho.

Que diabos?

Quando ele voltou para a mesa, Brendan pegou minha mão


na dele. “Sinto muito, Kerry. Isto foi rude da minha parte, mas
era um telefonema que eu precisava atender.”

Eu não tinha ficado chateado, porque eu conhecia Bren. Ele


raramente atendia telefonemas quando estávamos num
encontro. Eu apertei a mão dele e sorri. “Está tudo bem. Sobre
o que era?”

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Ele fechou-se imediatamente. “Não era importante.
Apenas tinha de cuidar disto.”

Eu senti minha testa franzindo em confusão. “Está tudo


bem?”

Os olhos de Brendan arregalaram de maneira quase


cômica. “Sim,” ele sussurrou, inclinando-se para beijar minha
têmpora. “Tudo está maravilhoso, Kerry.”

Inclinando-se na minha direção, seus olhos castanhos


concentrados em mim, ele continuou fervorosamente e baixinho.
“Você sabe disto, certo Kerry-bug? Que tudo está ótimo? As
coisas estão um pouco caóticas para mim agora, pessoalmente,
mas por favor paciência comigo. Ok? Amo você mais do que
qualquer coisa neste planeta.”

Como eu poderia não concordar? Ele parecia tão


preocupado e isto parecia tão incrivelmente importante para ele.
Às vezes Brendan poderia fazer uma tempestade num copo de
água e eu tinha aprendido a simplesmente a ir com isto. Isto
realmente não registrou no meu Medidor Algo Está Acontecendo.

“Ok. Não se preocupe, Bren. Apenas quero que você saiba


que estou aqui para você, se você precisar de mim.”

“Sei que você está, bebê. E eu amo você muito mais por
isto.”

Contudo, enquanto estávamos deitados na cama naquela


noite, eu tive de me perguntar... o que eu realmente fazia por
Brendan? Todos aqueles milhões de coisas doces que ele fazia
por mim, o que eu lhe dava em troca? Ele tinha me mostrado
paciência, gentileza e amor e ele tinha me tirado da bagunça
conflituosa de auto-dúvida e inutilidade que eu tinha sentido
quando nos conhecemos. O que estava acontecendo na sua vida

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que ele não poderia me contar? Isto era incomum, porque
Brendan era um livro tão aberto, normalmente. Nós
conversávamos sobre tudo juntos. Absolutamente tudo.

Eu mudei de posição debaixo das cobertas, tentando não


perturbá-lo. Era uma causa perdida, ele tinha um sono muito
mais leve do que eu. Seu braço, frouxamente caído sobre a
minha cintura, ficou tenso e apertou. Ele me puxou de volta na
direção dele e eu sorri e me contorci para mais perto. Eu amava
o toque de Brendan. Não conseguia me lembrar da última vez
que tinha recebido um abraço da minha mãe ou pai. Em algum
momento da escola primaria, talvez? Brendan sabia disto,
mesmo se nunca tivéssemos conversado sobre uma data
especifica e mesmo meio adormecido ele me mantinha perto.

“Não consegue dormir, querido?” Sua voz fez cocegas na


minha orelha, brincalhona, embora um pouco rouca.

Balancei a cabeça. “Sinto muito, acordei você.”

“Está tudo bem, Kerry. Gosto de estar acordado quando


você está. Quer conversar sobre algo?”

A voz de Brendan estava mais alerta agora quando ele


acordou. Eu rolei para minhas costas e abracei o braço que ainda
estava ao redor de mim. Em seguida encolhi os ombros. “Apenas
não consigo acalmar a minha mente, eu acho,” eu murmurei.

A mão de Brendan perambulou mais para baixo e eu


respirei fundo. Suas próximas palavras me fizeram rir baixinho.

“Posso acalmá-la para você?”

“Muito excitado?” Contudo, eu inclinei minha cabeça para


trás, onde ela estava posicionada sobre seu outro braço e
convidei para um beijo que foi alegremente dado.

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“Por você, praticamente sempre.”

Bem, isto definitivamente parecia ser verdade. Eu sempre


tinha achado que quando as pessoas ficavam mais velhas elas
perdiam seu desejo sexual. Contudo eu estava com vinte e cinco
e Brendan ia completar trinta este ano e eu não achava que
desejo fosse um problema. Se qualquer coisa, as vezes
estávamos atrasados para os compromissos. Nós tentávamos
não estar, mas de vez em quando... bem, Brendan era difícil de
resistir. Eu também, aparentemente.

Eu o deixei me distrair, sucumbindo ao seu toque


agradável. Eu raramente era o agressivo entre nós dois; sim,
muitos dos meus problemas quando tínhamos nos conhecido
tinham nascido de uma falta de auto-estima, mas mesmo agora
que eu me sentia completamente confortável com Bren ou talvez
especialmente agora que eu me sentia completamente
confortável com ele, eu gostava quando ele assumia as rédeas.
Uma pequena parte minúscula de mim revirou seus olhos ao me
tornar o estereotipo – o menininho loiro parecido com um twink,
sendo o passivo para o seu parceiro maior ( não que Bren fosse
enorme ) – mas a maior parte de mim gostava disto. Brendan me
fazia sentir seguro, estimado, amado.

Nós tínhamos tentado inverter os papeis ocasionalmente e


tínhamos decidido que estava tudo bem, mas não era a nossa
coisa favorita. Eu sempre me sentia desajeitado tentando ser o
ativo para o meu amante muito mais alto, o próprio ato não era
particularmente natural para mim. Brendan nem sempre
apreciava ser penetrado, o que estava ótimo comigo também.
Eu estava absolutamente feliz sendo o passivo designado no
nosso relacionamento e Brendan, meu ativo perfeito. Eu não me

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sentia nenhum tipo de necessidade de provar minha
masculinidade ou igualdade ao inverter os papeis. Naquela noite
não foi diferente. Eu não queria experimentar. Ele também não.

Fechei meus olhos, apreciando a sensação perfeita de


plenitude enquanto ele balançava dentro de pouco tempo depois.
Passei meus braços ao redor ele e ergui meus quadris para ele
e Brendan fez o favor ao mover-se mais rápido, mais duro,
dando-me exatamente o que eu queria, o que eu desejava. Ele
extraia isto para nós dois e eu não objetava; eu amava a maneira
como ele me possuía e me deixei ser carregado para longe
naquela onda perfeita de prazer. Poderia ter sido um minuto ou
uma hora; pareceu como uma eternidade antes que eu não
pudesse me conter por mais tempo e estava gozando em jatos
rápidos sobre o meu estômago. Brendan terminou logo depois
de mim, seus suspiros quentes soprando pela minha orelha
intercalados com palavras de amor.

Ele puxou para fora gentilmente e foi até o banheiro


descartar o preservativo e pegar uma toalha de rosto. Mesmo
assim, no meio da noite, meu namorado cuida de mim. Eu estava
dormindo antes mesmo que ele voltasse. Eu soube na manhã
seguinte que ele tinha limpado gentilmente a minha barriga, já
que não havia nenhuma evidência restando, nada pegajoso, com
crosta ou desagradável.

Eu acordo aninhado nos seus braços como de costume,


ainda um pouco cansado, mas saciado e feliz. Quando esfrego
meu nariz no seu pescoço, respirando seu cheiro, ele agita-se
e sorri para mim.

“Dia, Kerry amor,” ele sussurra.

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“Dia, Bren.” Eu respondo na mesma, não querendo quebrar
o ambiente matinal pacifico.

Nós dois nos espreguiçamos. Brendan inadvertidamente


puxa as cobertas de cima de mim e eu estremeço; eu tinha
dormido nu. Ele ri e me embrulha novamente, fazendo um
pequeno casulo para nós. “Amo acordar com você,” ele
murmura, oferecendo mais beijos sonolentos que eu
alegremente aceito.

“Sim. Quer ficar na cama o dia todo?” eu sorrio para ele.

Ele dá um suspiro. “Gostaria que eu pudesse, baby. Mas


tenho algumas coisas para fazer.”

Eu levanto minhas sobrancelhas para ele. “Coisas para as


quais você quer companhia?”

Brendan inclina-se para frente e toca sua testa na minha.


“Sim... mas não hoje. Posso voltar mais tarde?”

Intrigado, eu aceno com a cabeça. “Claro.”

Não consigo me lembrar da última vez que um de nós tinha


pedido permissão para entrar no apartamento do outro. Nós
tínhamos trocado as chaves no ano passado, afinal. Contudo,
Brendan apenas sorriu como se tudo estivesse perfeitamente
normal e rolou para fora da cama. “Ok. Estarei de volta depois
que eu fizer tudo. Vamos comer alguma coisa, huh? Quero
panquecas!”

Eu rio, minha preocupação dissolvendo como névoa numa


manhã ensolarada. “Então, você quer que eu faça as panquecas,
em outras palavras?”

Brendan veste uma boxer. Eu fico momentaneamente


perdido no balanço e inclinação do seu esbelto quando registro

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sua resposta. “Não. Eu posso fazê-las. Sozinho. Na sua
cozinha.”

Ele sai do quarto; Giza, que tinha se aconchegado aos meus


pés em algum momento durante a noite, o seguiu. Eu sentei
rapidamente e gritei atrás dele.

“Não! Oh não, você não pode. Apenas espere um segundo,


já irei sair... Bren! Você não está autorizado a ficar sozinho na
minha cozinha!”

Coisas horríveis, horríveis, aconteceram quando Brendan


tentou cozinhar. Ele desafiava as leis da física na cozinha. Itens
entravam em combustão espontaneamente. Caçarola e panelas
misteriosamente deformavam-se a menor provocação. Massas
pegajosas de carboidratos modificados ficavam presas em cada
superfície e cinzas carbonizadas das antigas proteínas
flutuavam através do ar como se um mini Pompeia tivesse
entrado em erupção a partir do forno. Não, Brendan não estava
autorizado a tentar cozinhar.

Estas cenas de horror infiltraram-se através da minha


cabeça enquanto eu distraidamente pegava qualquer coisa para
usar e seguia pelo corredor, vestindo-me enquanto eu ia.
Quando cheguei na cozinha, ele estava sentado
presunçosamente no balcão com Giza no seu colo. Dois pares
de olhos olhavam para mim, expectantes, felizmente. Eu dei
outra gargalhada.

“Idiota,” eu disse, carinhosamente. “Panquecas em quinze


minutos. Alimente Giza.”

Brendan sorriu para mim e deslizou do banquinho em que


ele estava sentado, depositando Giza gentilmente no chão.
Enquanto ele passava por mim no seu caminho para pegar a

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tigela de Giza, ele me beijou novamente, deslizando seus braços
ao redor da minha cintura e abraçando-me.

“Sim, sim,” eu murmurei, sabendo que ele ouviria o sorriso


na minha voz.

Era difícil importar-se ao ser enganado tão


habilidosamente quando o resultado era conseguir cozinhar para
o meu namorado. Eu apreciava cozinhar e amava que ele amava
o que eu fazia. Eu sempre tentava fazer tudo especialmente bom
porque eu gostava de todos e cada um dos pequenos gemidos e
cantarolar de felicidade que ele fazia quando comia. Se enviá-
lo para fazer suas tarefas com uma barriga cheia era a coisa
mais útil que eu poderia fazer esta manhã, então eu ia fazer o
meu melhor nisto.

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Na quarta-feira de manhã eu estava pronto para outro fim
de semana. Eu amava meu emprego, mas as vezes lidar com
meu chefe poderia ser um pouco tedioso. O nome dele era
Arthur e levando-se em consideração que eu tinha sido imposto
a ele como um empregado, ele era muito bom comigo. Contudo,
ele era bastante inepto socialmente e embora eu fosse
tecnicamente seu Assistente de Coleções eu também era seu
mediador e tradutor. Com frequência ele me encaminhava e-
mails que eram destinados a ele como o Gerente de Coleções
do Departamento de Pedras Preciosas e Mineralogia do Museu
de História Natural. Ele fez isto fortemente esta semana. Eu tive
de lhe perguntar como ele queria que eu respondesse cada um
e por volta da quarta-feira toda as vezes que eu ouvia o
sussurro familiar de um e-mail chegando com seu nome nele,
eu simplesmente virava minha mesa ( nós compartilhávamos um
escritório – as propriedades eram muito preciosas no museu ) e
dizia, “Não sou seu secretário, Arthur.”

Contudo apesar do meu resmungo, eu respondia os e-


mails para ele. Na verdade, era um treino muito bom. No museu,
você não tendia a ser promovido porque você era um ótimo
empregado. A verdade do assunto era, você apenas esperava
até que alguém acima de você morresse ou aposentasse, e então
você se arrastava para cima na hierarquia junto com todo
mundo, abrindo espaço para um novo lote a nível de entrada de
candidatos de doutorado excessivamente qualificados.

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Esta era a triste verdade. Eu tinha um Mestrado em Ciência
do Museu e o melhor que pude fazer foi Assistente de Coleções
– uma posição que eu jamais teria conseguido em primeiro lugar
se algumas mãos dos membros do conselho não tivessem sido
molhadas. Mas eu era bom no meu trabalho e fui colocado na
posição para assumir o lugar de Arthur quando ele se
aposentasse, o que provavelmente não seria por mais dez anos,
mais ou menos. Isto me colocaria com trinta e poucos quando
eu me tornasse o Gerente de Coleções e isto estava
simplesmente bem. Enquanto isto, eu iria conseguir aumentos
de méritos regulares e o benefício de amar meu emprego não
era para ser ignorado.

Naquela quarta-feira, após responder o décimo-segundo


e-mail de Arthur ( antes do almoço ), fiquei surpreso quando ele
realmente tentou fazer uma conversa trivial. Não era que ele
fosse antissocial, exatamente, tanto quanto ele era apenas...
desajeitado. E vindo de mim isto era dizer alguma coisa. Até que
Brendan tivesse começado a respirar uma nova confiança em
mim, eu nunca tinha falado realmente com ninguém. Arthur
levou isto para um nível completamente novo.

Ele pigarreou de maneira desconfortável enquanto eu o


observava, seu rosto ficando vermelho. No que dizia respeito a
me educar, Arthur era ótimo. Mas conversa trivial?
Aparentemente, ele temia isto.

“Então, Kerry...”

Eu esperei mais um pouco. Finalmente ele meio que saltou


e olhou para mim como se surpreso que eu não tivesse,
repentinamente, lembrado de um compromisso urgente para ir.

“Como está tudo com você?”

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Eu inclinei minha cabeça para ele, tentando compreendê-
lo. “Está indo realmente bem, Arthur. E você? Como está Pam?”

Pam, a esposa de Arthur, tinha se ser a mulher mais


paciente no planeta. Arthur sorriu com a menção dela, seus
olhos ficando distantes por um momento. “Ela está ótima. Fomos
caminhar no último fim de semana, até o topo do West Peak. Foi
muito divertido.”

Eu amava a maneira como ele simplesmente parecia tão


em paz quando falava sobre ela. Pelo que eu compreendia eles
não tinham filhos, mas dois cachorros adoráveis e um ao outro.
Eu não sabia sobre os filhos e cachorros, mas quando estivesse
com os meus cinquenta anos como Arthur, eu queria parecer
assim quando falasse sobre Brendan.

“Parece que sim,” eu lhe disse.

“E sobre o seu jovem homem? Brendan? Como ele está?”

Eu estava, francamente, chocado que Arthur se lembrasse.


Ele não era realmente muito bom com os nomes das pessoas.
Ou rostos. Ou realmente lembrando qualquer tipo de detalhes
sobre a vida pessoal das outras pessoas. Às vezes eu ficava
chocado que ele lembrasse do meu nome e eu tinha estado
trabalhando no mesmo escritório com ele por dois anos e meio
agora.

“Ele está ótimo. Ele tem estado fazendo muito mais


cirurgias na clínica e está muito feliz sobre isto.”

Arthur riu. “Ele parece como um bom homem.”

“Ele parece?”

Isto provocou uma tosse no meu chefe. “A maneira como


você fala sobre ele. Eu sinto como se eu o conhecesse.”

23
“Você poderia conhecê-lo algum dia. Eu adoraria conhecer
Pam, ela parece tão doce.”

Arthur assentiu. “Tenho certeza que iremos. No devido


momento. As pessoas mais incomuns, as vezes, cruzam
caminhos neste planeta, não acha?”

Não tinha completamente certeza sobre o que ele quis


dizer, mas assenti de qualquer maneira, emocionado que ele
estivesse socializando. Depois disto, minha leve irritação com
responder seus e-mails para ele pareceu flutuar para longe. O
resto da tarde foi passada num silêncio quase amistoso e eu fui
embora do trabalho em sentindo muito contente.

Eu sempre chegava em casa antes de Brendan e tinha


desenvolvido uma rotina que realmente apreciava. No meu
caminho para casa do museu, eu iria parar num mercado de
comida natural e pegar algo para o jantar e em seguida eu
cozinharia o jantar para nós dois. Nós comíamos juntos quase
todas as noites, então foi com um pouco de surpresa para mim
quando não tive notícias de Bren por volta das oito. Eu já tinha
comido e colocado as sobras na geladeira, mas normalmente ele
me enviava uma mensagem de texto ou me telefonava se ele
estivesse realmente muito atrasado.

Por volta das oito e meia, eu fui até a porta ao lado depois
de espiar por cima da grade da frente para ver que, sim, seu
carro estava no estacionamento. Contudo, ele caminhava muito
para os lugares, então isto não significava necessariamente que
ele estava em casa. Levantei minha mão para bater e então me
perguntei por que estava batendo quando nenhum de nós tinha
feito isto em meses. Quando agarrei a maçaneta da porta, de
repente ouvi sua voz, então parei.

24
Ele estava usando sua voz Sou o responsável aqui, uma que
com frequência eu o ouvia usar na clínica veterinária, mas
normalmente não em qualquer outro lugar. Às vezes, nos nossos
apartamentos você podia ouvi uma conversa na porta ao lado se
ela fosse alta, mas Brendan estava ciente disto. Ele estava
mantendo sua voz baixa, provavelmente para não irritar os
vizinhos e eu não conseguia distinguir o que estava sendo dito.
Eu apenas sabia que ele estava falando muito sério com alguém.

Eu considerei; eu deveria apenas entrar? Deveria bater


primeiro? O velho Kerry teria corrido de volta para casa ou
batido. Contudo, eu não era mais aquela pessoa. Brendan
sempre me encorajava a estar em casa com ele. Então,
corajosamente eu girei a maçaneta da porta e a abri.

Brendan olhou para mim de onde ele estava escrevendo


naquele caderninho, uma expressão surpresa, mas satisfeita no
seu rosto. Ele terminou sua conversa sem que eu sequer
soubesse sobre o que era.

“Tudo bem. Amanhã as sete. Estarei lá. Vejo você então,


tchau.”

Ele colocou seu telefone para baixo, fechou seu


caderninho e enfiou-o debaixo do telefone. Em seguida,
estendeu os braços e eu fui para ele sem hesitação. Ele me
puxou para baixo sobre o seu colo sobre o seu modesto sofá
velho bege chato. Nós sempre riamos sobre suas escolhas de
cor; seu apartamento era sem graça onde o meu era brilhante e
colorido. Ele dizia que gostava mais do meu.

“Sinto muito, eu atrasei, baby,” ele disse baixinho, uma


mão acariciando meu cabelo. “Tenho muito acontecendo, estou
tentando resolver.”

25
Passei meus braços ao redor do seu pescoço. “Nada que
eu possa ajudar?”

Ele balançou a cabeça com pesar e parecia prestes a dizer


mais, mas então parou. “Não, realmente não.”

Eu suspirei baixinho e ele deve ter sentido isto. Seus


braços apertaram ao redor de mim. “Prometo que não é nada
ruim,” ele disse. “Realmente sinto muito que não estou fazendo
você uma parte disto.”

Seu pedido de desculpas foi um longo caminho na direção


de me fazer sentir melhor sobre isto. Eu esfreguei meu nariz no
seu cabelo preto curto e aspirei o cheiro dele; algo meio floral
e cítrico hoje.

“Está tudo bem,” eu disse. “Eu guardei um pouco do jantar


para você.”

O sorriso de Brendan foi maravilhoso, quente e amoroso e


todas as coisas que eu queria ver dele. “Ainda posso vir?”

“Gostaria que você parasse de perguntar,” eu disse,


retribuindo o seu sorriso. “Eu sempre quero você onde eu
estou.”

Eu deslizei para fora do seu colo, puxando sua mão e


trazendo-o junto comigo de volta para o meu apartamento.
Realmente não parecia certo sem ele mais. Às vezes
conversávamos sobre nosso futuro, o que queríamos, para onde
estávamos indo, mas nos nunca tínhamos feito qualquer
compromisso real com exceção do não importa o que e onde quer
que isto fosse, queremos que isto fosse juntos. Isto era o suficiente por
enquanto, mas eu realmente queria mais algum dia.

26
Eu olhei de volta para o braço do sofá enquanto
deixávamos o apartamento, notando que ele tinha deixado seu
telefone e caderninho lá. Eu amava que ele colocasse as outras
coisas de lado para estar comigo. Era apenas mais uma coisa
doce que ele fazia para o qual eu teria de ser digno. Contudo,
desta vez, eu tive de me perguntar... o que ele estava
escrevendo naquele caderninho o tempo todo?

27
Mais duas vezes na semana seguinte eu o encontrei
pendurado no telefone e parecendo bastante culpado. Várias
vezes ele tinha seu nariz naquele caderninho. O que ele estava
escrevendo nele? Eu estava ficando cada vez mais curioso
sobre isto! Finalmente mencionei isto para o meu melhor amigo
Lowell no fim de semana quando nos encontramos para almoçar
num dos nossos restaurantes japoneses favoritos. Sobre um
prato compartilhado de sushi, eu lhe contei sobre as coisas
estranhas que Brendan tinha estado fazendo, observando os
olhos azuis de Low, um tom mais profundo do que o meu,
arregalarem.

“Isto é estranho, Kerry,” ele disse, balançando a cabeça.


“O que você acha que está acontecendo?”

Eu encolhi os ombros. “Não sei, para ser honesto.”

“Ele está fazendo uma Coisa Surpresa do Brendan?”

Eu podia ouvir as letras maiúsculas na pergunta de Lowell.


Ao longo dos anos, tínhamos determinado que Brendan era na
verdade muito decente em guardar segredos, apenas não o fato
que ele tinha um segredo. Ele gostava de fazer coisas para mim
e normalmente ele ficava meio com uma atitude risonha Tenho
algo para lhe contar sobre isto.

Por exemplo, no meu aniversário de vinte e quatro anos


ele tinha planejado uma festa surpresa para mim. A semana
inteira antes ele continuava gotejando pequenas informações
sobre algo acontecendo naquele fim de semana. Então eu sabia

28
que algo estava acontecendo, apenas não o que. Não tinha sido
uma coisa enorme, mas ele tinha conseguido que nosso pequeno
grupo de amigos dirigissem três horas para fora da cidade até a
casa dos pais dele para aguardar por nós lá no fim de semana.
Após a nossa chegada, eu fui agradavelmente surpreendido ao
entrar na cozinha e encontrar não somente os Morrows, mas
todos os seus filhos, Lowell e seu parceiro Ada e a colega de
trabalho de Brendan, Emma e seu marido Phil. A mãe dele tinha
assado o meu bolo favorito e nós tínhamos tido um jantar de
espaguete com almondegas e muito queijo parmesão ( um dos
meus jantares favoritos ) e todos eles tinham me deixado pasmo
ao fazer uma vaquinha para comprar para mim uma mesa
enorme bonita feita por um artista com gavetas e
compartimentos para guardar meus cadernos de desenho e lápis
e coisas assim. Eu poderia aumentar ou abaixar o ângulo sobre
o tampo da mesa; ela tinha lâmpadas embutidas e era, em geral,
a peça de mobília mais cara, bonita e útil que eu possuía.

Meus pais não telefonaram ou sequer mandaram um cartão.


Ou um e-mail. Ou uma mensagem de texto.

Então, quando Lowell perguntou se era uma Coisa


Surpresa do Brendan eu tive de me perguntar. Era? Balancei a
cabeça pensativo. “Não tenho certeza.”

Lowell mordeu seu lábio e inclinou-se para frente, seus


olhos azuis preocupados. “Você não acha que algo, uh... está
acontecendo, não é?”

Eu franzi a testa, completamente confuso. “Acontecendo?”

Lowell importunou seu lábio mais um pouco, balançando a


cabeça. Ele parecia inquieto. “Você acha que ele poderia
estar...hum, traindo?”

29
Foi a minha vez para os meus olhos arregalarem então.
Balancei minha cabeça veementemente. “Não.”

Meu melhor amigo recostou-se, seus ombros caindo


aliviados. “Ok. Ok.”

Ele parecia estar usando as palavras para acalmar a si


mesmo mais do que qualquer outra pessoa. Ele respirou fundo
e soltou isto lentamente e eu estendi a mão para cobrir a mão
dele como a minha. Ele ofereceu-me um sorriso pálido.

“Ele não iria,” eu disse com firmeza.

Lowell tinha algumas opiniões muito fortes sobre traição.


Depois que nós tínhamos chegado a nos conhecer bem por mais
de dois anos, ele tinha me contado sobre o seu passado. Eu
fiquei surpreso ao descobrir que o próprio Lowell tinha traído o
seu primeiro marido. Ele não parecia o tipo. Ele e Adam eram
sólidos. Tipo sólidos como cimento. Mas eu imaginava que isto
apenas demonstrava que a infelicidade poderia se manifestar de
inúmeras maneiras. Aquela foi a infelicidade de Lowell, a
maneira como ele tinha explicado as coisas para mim. Agora,
quando o assunto surgiu, ele tinha ficado um pouco ansioso.

Eu compreendi de conversar com ele que ele tinha


originalmente estado apavorado de voltar a ser aquele cara e trair
Adam, como se ele seria possuído por algum monstro estranho
de infidelidade. Normalmente quando aquele estado de espirito
tomava conta dele, Adam era capaz de acalmá-lo e ele tinha
definitivamente dado passos enormes em recuperar a sua
confiança. O Lowell que eu conhecia estava muito longe da
pessoa que ele alegava ser quando tínhamos nos conhecido. Eu
me lembro dele me dizendo uma vez que eu poderia conseguir
amigos muito melhores, mas eu discordei. Ele era meu primeiro

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amigo de verdade e ele sempre tinha estado lá por mim mesmo
quando ele estava sendo arrastado para um relacionamento
novo e maravilhoso todo seu.

Lowell virou sua mão para cima e apertou a minha, seu


sorriso recuperando um pouco mais do seu brilho habitual.
“Desde que você tenha certeza,” ele disse.

Eu assenti. “Tenho certeza. Brendan não iria me trair. Eu


o amo e sei que ele me ama. Ele me diz todos os dias, com e
sem palavras.”

Lowell riu novamente. “Isto é tão fofo. Vocês vão ser


pombinhos apaixonados para sempre.”

Eu senti o calor subindo para o meu rosto, ciente que sim,


eu devo ter soado um pouquinho piegas. “Bem, é verdade,” eu
murmurei.

Lowell inclinou-se sobre a mesa e beijou meu rosto. “Não


fique envergonhado, Kerry, isto é uma coisa boa. Quis dizer isto
como um elogio.”

Eu assenti para ele. Eu não tinha de fingir coragem. Eu


sabia sem sombra de dúvida que Bren não estava me traindo.
Seja qualquer que fosse a conversa que ele tinha tido, seja
qualquer que fosse as pequenas anotações que ele estava
escrevendo, não era sobre isto. Além disso, que iria realmente
anotar algo sobre seus flertes num caderninho enquanto seu
parceiro estava bem ali? Isto não fazia sentido. Na verdade, que
ele não tivesse realmente tentado esconder a existência do
caderninho dizia algo. Eu apenas não tinha certeza o que. Ele
certificava-se que ele o tivesse com ele o tempo todo e ele não
ofereceu para mostrá-lo para mim. Era isto o que me

31
incomodava? O fato que eu não sabia exatamente como
perguntar o que havia nele?

“Então qual é o problema,” Lowell perguntou em voz alta.


“Temos de conseguir aquele caderninho e descobrir.”

Eu assenti lentamente, pegando um pedaço do sushi de


atum com meus pauzinhos e mergulhando-o no meu molho de
soja. “Isto nos daria uma pista. Talvez mais do que uma pista.”

Lowell sentou para frente no seu assento, animando-se


com o seu assunto, seus próprios pauzinhos traçando um
caminho no ar entre nós. “Sério, Kerry. Se há algo acontecendo
e ele está tomando notas, você não deveria saber? Você é o
namorado dele afinal.”

“Isto é verdade.” Eu ainda fiz uma pausa, sem ter certeza


se eu ainda queria apoiar isto.

“Deveria sempre haver abertura e honestidade num


relacionamento.” O rosto de Lowell estava firme, sério. “Adam
e eu fizemos esta promessa um para o outro. É parte de como
eu sei que ficaremos bem mesmo se eu... escorregar. Se eu
apenas lhe contar que estou atraído por alguma outra pessoa,
sei que ele irá sentar e conversar sobre isto comigo. É sobre
honestidade.”

Fiquei surpreso ao ouvir isto. “Isto já aconteceu?”

Foi a vez de Low corar, dois pontinhos de cor florescendo


no seu rosto. “Não. Não acho que alguma vez irá. Estou tão feliz
com ele. Contudo, no início, era quase como se eu precisasse
saber por mim mesmo que se alguma vez eu tivesse o desejo de
ter um caso, ele iria conversar comigo. Não apenas... estourar.
Não é como se eu merecesse a gentileza dele, sabe? Mas isto
apenas me fez me sentir melhor, saber que eu poderia realmente

32
estragar tudo e nós ainda teríamos uma oportunidade, talvez eu
poderia fazer isto.”

Eu balancei a cabeça. “Pensar sobre isto não o torna um


traidor. Você nunca seguiria em frente, não é?

O rosto de Lowell ficou um pouco pálido e eu me senti mal


por sequer perguntar. Contudo, a resposta dele foi tão veemente
quanto a minha tinha sido em relação a Brendan. “Não,” ele
disse. Então seu rosto suavizou, ele relaxou e seu sorriso estava
de volta. Foi suave, um pouco autodepreciativo e apenas um
pouco tímido. “Eu sei disto agora,” Lowell murmurou. “Eu
estava com medo antes, mas agora... agora tenho certeza.
Talvez eu irei pensar sobre isto e Adam e eu poderíamos
discutir sobre isto, mas nunca irei trair aquele homem. Não
posso sequer... não. Não. Sequer quero um terceiro no quarto
ou algo assim. Adam é bastante.”

Ele bufou um pequeno suspiro, em seguida endireitou a


coluna e bateu na mesa entre nós com seu indicador. “Este
caderninho. Temos de consegui-lo. Honestidade é tão
importante.”

“Eu imagino. Realmente não gosto que ele esteja


escondendo coisas de mim. E se é algo ruim e eu poderia
realmente ajudá-lo e ele apenas não sabe isto? Quero estar lá
para ele.”

Talvez era assim que eu poderia consertar o que eu via


como uma enorme desigualdade. Brendan fazia tantas coisas
para mim. Ele me lia como um livro. Eu estava lisonjeado pela
sua atenção por mim e amava o fato que ele cuidava de mim.
Ninguém jamais tinha feito isto. Às vezes eu me perguntava se
eu era excessivamente submisso, como se minha tendência para

33
deixar Bren tomar um monte de decisões me tornasse de alguma
maneira inferior ou dependente. Contudo, acho que não. Ele não
me fazia sentir inferior. Eu gostava de deixá-lo tomar as
decisões por nós porque ele era bom nisto, decisivo e prestava
tal atenção aos meus desejos, basicamente colocando-os acima
dos seus. Ele raramente tomava grandes decisões sem me
consultar. E ele sempre me dava sua opinião sobre o que
deveríamos fazer. Eu raramente discordava, mas sabia se eu
discordasse, Bren iria sentar comigo e iriamos conversar sobre
isto. Nós tínhamos nossas divergências durante nossas
interações regulares do dia-a-dia e embora às vezes elas
ficassem um pouco aquecidas, não havia realmente nada lá que
me fizesse duvidar sobre nosso vinculo.

Contudo, eu lia Brendan tão bem quanto ele me lia? Eu


poderia usar aquele caderninho dele para conseguir um pouco
de vantagem e talvez fazer por ele o que ele sempre fazia por
mim? Se eu pudesse usá-lo para me ajudar a antecipar o que
ele poderia precisar, eu poderia fazê-lo se sentir tão valioso
quanto ele me fazia sentir todos os dias do nosso
relacionamento.

Do outro lado da mesa, Lowell estava pacientemente


esperando que eu processasse tudo. Eu lhe dei um pequeno
aceno de cabeça. “Ok. Você está certo. Temos de conseguir
fazer isto.”

Isto pareceu como uma coisa simples para fazer, mas o que
Lowell disse sobre honestidade estava levantando todos os
tipos de pequenos alarmes. Que tipo de pessoa iria se esgueirar
por ai tentando olhar no caderninho? Por que eu estava tão
preso a isto? Tudo que eu tinha de fazer era perguntar. Eu
estava sendo o desonesto. Contudo, eu me sentia tão inseguro,

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sobre que coisas eram certas para fazer e não fazer num
relacionamento. Brendan tinha direito a sua privacidade, não
tinha? Ele não tinha realmente escondido nada de mim.

No entanto, e se ele tinha um problema com o qual eu


poderia ajudar e ele não percebia que eu poderia ajudá-lo? O
que eu estava fazendo? Eu achava que tinha superado este tipo
de insegurança. E eu tinha, eu disse a mim mesmo numa vozinha
dentro da minha cabeça. Eu realmente tinha. Na maior parte. O
que poderia machucar apenas talvez olhar o que ele tinha estado
escrevendo? Eu poderia sempre fingir que não tinha visto isto e
ninguém teria de saber.

35
Acabou por ser uma coisa, planejar colocar as mãos no
caderninho de Brendan. Foi outra besta completamente
diferente realmente fazer isto. Ele o levava com ele para todos
os lugares. Ela ia para o trabalho com ele, ia nas suas tarefas
misteriosas com ele. Outra semana se passou, comigo pensando
que talvez a minha melhor chance de consegui-lo fosse no fim
de semana. Se eu pudesse conseguir abrir a gaveta da sua
mesinha de cabeceira, onde eu o notava jogando-a antes de ir
dormir, eu poderia simplesmente dar uma espiada rápida.
Contudo, ele tinha um sono tão leve, que naquele sábado de
manhã eu mal tinha começado a me mover na direção do lado da
cama quando o braço dele apertou ao redor de mim.

“Indo a algum lugar tão cedo, Kerry-bug?” Sua voz


normalmente de barítono, não muito alta, não muito baixa,
estava rouca com sono.

Imediatamente eu capitulei. Seja o que fosse que estivesse


naquele caderninho, não poderia valer a pena perder um
aconchego matinal, poderia?

“Achei que talvez eu iria preparar o café da manhã,” eu


murmurei, não completamente uma mentira. Eu teria –
eventualmente.

Brendan deu uma risada suave. “As seis e meia?”

“Posso ter estado um pouco cedo.”

Ele aninhou-se atrás de mim e eu afundei de volta no


colchão macio, o edredom fofo sobre mim, a ereção matinal de

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Brendan aninhada com firmeza ( muita firmeza ) na minha bunda.
Aos meus pés, eu podia sentir a vibração de Giza ronronando.
Meus olhos fecharam praticamente por vontade própria.

“Amo você.”

O sussurro de Brendan foi tão suave que eu quase o perdi.


Foi um suspiro, talvez até mesmo completamente subconsciente
enquanto ele, também, cochilava novamente. Eu adormeci com
um sorriso que alcançava além dos meus ossos, por todo o
caminho até minha medula, por todo o caminho até a minha alma.

Quando acordamos novamente realmente não pensei sobre


o caderninho. Cozinhei o café da manhã para nós, omeletes com
espinafre, bacon e cebolas. Cogumelos no meu, nenhum no de
Brendan. Molho quente sobre o meu, queijo para o dele. Fiz isto
meio adormecido sem realmente pensar sobre isto porque eu
amava cozinhar para nós e eu tinha aprendido há muito tempo
atrás o que nós gostávamos e não gostávamos. Enquanto eu
misturava os ovos e fritava o bacon eu me lembrei que tinha
planejado tentar espiar o pequeno diário e suspirei comigo
mesmo. Uma oportunidade perdida. Eu tinha de consegui-lo.
Precisava descobrir como eu poderia ajudar meu namorado já
que ele estava tentando ser tão furtivo.

O próprio namorado entrou na cozinha, deu-me um


aconchego rápido e colocou a chaleira para ferver água para o
chá. Eu sabia que Brendan bebia café no seu caminho para o
trabalho ou em casa se ele estivesse disponível, mas eu mesmo
sempre bebia chá e ele tinha começado a beber também. Eu
amava que pudéssemos conversar sobre isto agora, discutir os
méritos do oolong ou a leveza do novo chá branco comparado
com a grama brilhante do meu verde favorito.

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Nossa rotina matinal era confortável, uma dança tranquila.
Brendan preparava o chá, alimentava Giza com um pouco da
comida de gato enlatada para suplementar sua ração e
endireitava a pequena pilha de correspondência que eu tinha
deixado sobre o balcão. Em seguida ele reunia meu cesto de
roupa suja, algo que tinha há muito tempo parado de me
envergonhar com todos os meus pequenos itens de renda, seda
e cetim ( inferno, provavelmente ele mesmo tinha comprado a
metade disto para mim ) e jogava as suas dentro com eles.
Alguns instantes depois, eu ouvia a lavadora ligar.

Era tão doméstico, tão aconchegante. Um pouco apertado,


talvez, com nós dois neste espaço pequeno, mas nós fazíamos
praticamente tudo junto, de qualquer maneira. Eu amava ter
Brendan aqui. Eu queria estar em todo lugar que ele estivesse.
Eu sabia que era provavelmente irritantemente pegajoso da
minha parte, mas ele não parecia se importar. Se qualquer coisa,
ele parecia compreender. Fazia muito tempo desde que eu tinha
sentido como uma parte de algo que quando ele estava perto de
mim eu sabia que eu era desejado. Eu sabia que eu pertencia.
Quando ele estava longe eu me lembrava de quão frio eu tinha
estado nos últimos anos. Eu me lembrava de quão terrível tinha
sido ser condenado ao ostracismo pelas pessoas que deveriam
me amar. O ensino fundamental e o ensino médio tinham sido
uma miséria para mim; minha baixa estatura e aparência
questionavelmente masculina tinha me tornado o alvo de muitas
piadas. Eu tinha tido um sinal invisível nas minhas costas
constantemente que dizia, por favor... me intimide.

Chegar a um acordo com ser gay tinha sido muito difícil,


mas quando meus pais tinham descoberto, não tinha sido bonito.
Eles não tinham sabido o que fazer comigo antes e isto meio que

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tornou a fissura num abismo enorme que nós nunca tínhamos
conseguido atravessar. Eles não pareciam querer. Minha irmã
Julie estava mais do que emocionada em ser o único objeto da
afeição deles. Crescer com ela tinha sido como nadar com um
tubarão e rezar para não conseguir mais do que um corte de
papel. Eu não tinha um osso competitivo no meu corpo,
realmente, mas Julie poderia transformar qualquer coisa numa
competição. Qualquer desculpa que ela tinha para manipular uma
situação para me fazer estranho e desajeitado, ela pegava.
Qualquer coisinha minúscula que a fazia parecer como uma
criancinha dourada, ela abraçava.

Não foi até que Brendan tivesse me puxado para fora do


meu buraco que eu tinha me sentido forte novamente. Agora eu
sabia que podia enfrentar qualquer coisa ou qualquer um se ele
estivesse disposto a ficar ao meu lado. Eu procurava pela sua
presença sem sequer saber disto e em relação a isto ele me
conhecia melhor do que eu mesmo me conhecia. Seus toques
eram frequentes; até mesmo apenas um pequeno roçar da sua
mão sobre o meu ombro me dava o contato e a firmeza que eu
ansiava. Eu estava aprendendo a ser forte, mas ele nunca se
considerava superior a mim por querer ser cuidado na cama.

Somente, a coisa era, eu nunca tinha tido um


relacionamento íntimo antes. Qualquer outra coisa que eu fosse,
eu era inteligente o suficiente para não acreditar em tudo que
eu via na televisão. Não, eu não achava que Brendan estava me
traindo como Lowell tinha trazido à tona de maneira hesitante,
mas obviamente algo importante estava acontecendo na sua
vida e eu estava sendo deliberadamente deixado de fora. O
quanto eu deixei passar antes que eu ficasse controlador? Eu
fiquei controlador? Eu não sabia. Nada na minha vida, na escola

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ou na faculdade, tinha me preparado para saber quando ser
confrontacional, se alguma vez. Eu procurava por Brendan para
coisas como esta porque nós nos dávamos tão bem. Eu acho que
talvez eu tinha sido ingênuo ao pensar que nunca haveria nada
que eu não pudesse discutir diretamente com ele. Na minha
mente eu circulava de volta ao redor da pergunta básica que eu
tinha estado perguntando a mim mesmo – por que eu estava tão
hesitante em trazer o assunto à tona com ele? Eu conversava
com ele sobre tudo. Pelo amor de Deus, o homem falava
obscenidades comigo com vários dedos enterrados no meu ânus.
E eu estava tendo dificuldade em trazer à tona um pequeno
caderninho de bolso?

O cheiro dos ovos quase queimados me sacudiu da minha


introspecção e eu olhei para baixo. “Oh, droga.”

Eu virei as omeletes rapidamente; elas estavam um pouco


secas num lado, mas definitivamente ainda comestíveis.

“Tudo bem?” Brendan passou por mim, passando


levemente as pontas dos seus dedos sobre a parte inferior das
minhas costas.

“Sim. Devo ter estado dormindo novamente. Com minha


cara na frigideira.” Eu lancei-lhe um sorrisinho enquanto ele
derramava a água no bule. O cheiro do jasmim perfumado
encheu a sala.

“Pobre bebê. Como você está tão cansado? Quer ficar em


casa hoje?”

Eu cantarolava comigo mesmo. Nós tínhamos planejado


sair e talvez caminhar ao redor da cidade e encontrar algo para
fazer, mas a manhã tinha começado tão aconchegante e quente

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que eu queria que isto continuasse. Eu me deparei como meu
sorriso crescendo.

“Nós poderíamos?”

Brendan trouxe o bule de chá para a área de café da manhã


e sentou. “Claro. Podemos construir para você um ninho no sofá
e assistirmos seja qual for a maratona que está passando na TV
hoje.”

Eu deslizei as omeletes nos nossos pequenos pratos


verdes. “Na verdade, isto soa realmente bom.”

Brendan me agradeceu quando eu lhe entreguei o seu café


da manhã e ele serviu para nós duas xicaras de chã. Juntos nós
nos sentamos, apreciando o nosso café da manhã e a companhia
um do outro. Depois que comemos, Brendan levou os pratos
para a pia e rapidamente limpou a pequena bagunça que eu tinha
feito cozinhando. Eu ajudei a carregar os pratos na lava-louça
e em seguida trouxemos nossas xícaras de chá para a sala de
estar. Brendan me seguiu, sorrindo enquanto ele me observava
empilhar os travesseiros numa extremidade do meu sofá.
Quando eu tinha acabado, eu fiz um pequeno gesto de depois de
você com minha mão e ele riu e subiu no sofá, recostando-se nos
travesseiros. Eu abaixei o termostato apenas um pouquinho para
mantê-lo extra frio ( ar condicionado era um luxo que eu insistia
que valia a pena o dinheiro extra e Brendan, abençoado seja,
concordou uma vez que ele viu o motivo para isto ). Então eu
subi no sofá e aconcheguei-me contra ele. Nós puxamos duas
das minhas mantas afegãs coloridas do encosto do sofá e as
envolvemos ao redor e por cima de nós. Uma vez que o rebuliço
acabou, Giza pulou, girou exatamente três vezes e acomodou-
se atrás dos meus joelhos dobrados. Brendan ligou a TV, passou

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pelos canais até que encontramos um show agradável de
reforma domiciliar e então colocou o controle remoto de lado e
passou o braço ao redor dos meus ombros.

Isto, para mim, era quase insuportavelmente agradável. Eu


fiquei meio surpreso que pudéssemos caber os dois no sofá
assim, mas Brendan era de uma constituição mais esguia e
flexível e eu tinha somente um centímetro, mais ou menos, a
mais de 1,52cm – e magricelo. Brendan era gentil e me chamava
de coisas agradáveis como delicado e magro, mas eu sabia que
era magricelo. Talvez eu pudesse trabalhar sobre isto, construir
um pouco de musculo, tornar-me um pouco mais atraente para
ele.

Eu deixei minha mente vagar enquanto assistíamos algum


especialista em construção pegar uma casa de uma ruina
abandonada para uma bela atração em sessenta minutos. Ou três
meses. De qualquer maneira como você contasse. Bren e eu
amávamos estes tipos de shows. Às vezes, eu sonhava que nós
éramos o casal no show procurando por uma casa nova e isto
deve ter estado na mente de Bren em determinado momento
também porque com frequência discutíamos as coisas que
iriamos querer se estivéssemos no lugar deles. Eu queria pelo
menos um quarto com muita luz natural em que eu pudesse
esboçar. Brendan queria uma sala de estar grande o suficiente
para suas estantes de filmes em Blu-ray. Eu nunca tinha
conhecido alguém que mantinha seus filmes tão
meticulosamente organizados.

Nós dois concordamos sobre uma cozinha aberta grande e


agradável e um banheiro igualmente grande. Nós amávamos
tomar banho juntos e tudo que tínhamos agora era uma banheira

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padrão com um chuveiro acima. E um closet maior também seria
realmente agradável.

Isto poderia nunca acontecer, mas era divertido conversar


sobre isto.

Por volta do meio-dia, quase no final do nosso segundo


show de reforma domiciliar, o telefone de Brendan soou. Ele
franziu o cenho e estendeu a mão para a mesa de canto para
pegá-lo. Eu me movi para que ele pudesse deslizar para fora do
sofá e ele me lançou um olhar de desculpas enquanto ele
caminhava para o quarto, conversando com seja quem fosse que
estivesse na linha em voz baixa. Eu tentei não ouvir, porque
seria rude. Mesmo se eu estivesse planejando roubar uma
olhada no seu caderninho, eu ainda poderia ser respeitoso,
certo? Mais ou menos? Contudo, a voz dele estava excitada e
eu peguei uma palavra ou duas apesar dos meus esforços
combinados em não fazer isto.

“Você pode? Serio? Sim, eu quero. Tem de ser agora?”

Uma pausa.

“Uhh, tudo bem. Posso chegar lá em quarenta e cinco


minutos. Isto estará bem? Ok. Ótimo, obrigado. Uh-huh, vejo
você em breve.”

Ele praticamente explodiu para fora do quarto. Eu o ouvi


praticamente correndo pelo corredor. Seu rosto iluminou-se
num grande sorriso quando ele me viu.

“Sinto muito, bebê, mas tenho de ir. Não vou demorar


muito. Talvez duas horas, no máximo e depois temos o resto do
dia. Ok?”

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Eu tentei manter a preocupação fora da minha expressão,
mas isto deve ter transparecido um pouco. Brendan inclinou-se,
gentilmente segurou meu rosto nas suas mãos e me beijou
suavemente, tentando conter sua excitação. Eu olhei para trás,
sentindo-me um pouco apavorado por algum motivo.

“Tem certeza que não posso ir? Eu poderia ajudá-lo com...


seja o que for que isto é?” Até mesmo para os meus próprios
ouvidos, minha voz soou pequena e lamentosa.

Brendan balançou a cabeça. “É algo que quero fazer por


mim mesmo. Mas eu prometo que irei lhe mostrar e lhe contar
tudo sobre isto tão logo eu puder, ok?”

Eu assenti lentamente e os braços de Brendan vieram ao


redor de mim num abraço gentil e carinhoso. “Prometo que não
é nada ruim,” ele disse. “É apenas... algo que tenho de fazer.
Sinto muito que estou deixando você de fora, mas vai ficar tudo
bem.”

Enquanto eu ficava sentado lá perplexo, Brendan fez a


preparação mais rápida que eu já o tinha visto fazer, saiu da
calça do pijama para roupas comuns, bermuda e uma camiseta,
o cabelo despenteado e os dentes escovados em tempo recorde.
Com um último beijo mentolado rápido nos meus lábios ele
estava porta afora, me deixando sentado no sofá num ninho meio
vazio de cobertores, sem saber realmente o que pensar.

Quando finalmente consegui meus pensamentos em ordem,


eu procurei pelo seu caderninho... mas ele o tinha levado com
ele. Eu voltei para o meu sofá, de repente sem ter certeza se
bisbilhotar era a coisa certa a fazer.

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Segunda-feira estava ensolarado, com vento e muito
agradável, então ao invés de dirigir até o centro da cidade para
o museu, eu peguei o transporte público, o que me deu muito
mais tempo para caminhar e apreciar o clima. Eu cheguei no
museu para encontrar Arthur de bom humor. O trabalho foi
agradável. Ele quase sempre era e havia até mesmo menos e-
mails do que o habitual para lidar.

Eu trocava mensagem de texto sem parar com Lowell e


lhe contei que não estava mais perto de conseguir minhas mãos
no caderninho super-secreto-mas-não-secreto de Brendan.
Ele pareceu preocupado e tentou não deixar isto chegar até
mim, mas eu não tive muitos barômetros de relacionamentos
para avaliar por conta própria. Eu meio que tinha de ir com o
que as pessoas ao meu redor tinham a dizer. Eu ainda não tinha
certeza por que eu me sentia tão relutante em trazer isto à tona
com Brendan.

Bem, ei, eu avaliei, observando Arthur do outro lado do


escritório que compartilhávamos. Arthur era bem sucedido no
seu relacionamento. Talvez eu pudesse perguntar para ele
sobre isto, apenas para ver o que ele faria.

“Então, Arthur,” eu esquivei-me.

Levou um segundo, mas Arthur levantou os olhos do


computador. “O que é, Kerry?”

Eu pigarreei. “Uh. Eu estava me perguntando. Quero dizer,


você e Pam têm estado casados por um tempo agora, certo?”

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Dezesseis anos se eu me lembrava corretamente. Não que
Arthur alguma vez tivesse mencionado isto.

“Dezesseis anos,” meu chefe disse orgulhoso.

Uma espécie de silêncio embaraçoso estabeleceu-se


sobre nós. Eu suspirei com a tensão. Eu sabia que qualquer
conversa ia ter de ser conduzida por mim e dificilmente eu era
um conversador hábil. Mas num concurso de falta de jeito entre
nós, Arthur ia sair o vitorioso então eu remexia com um papel
sobra a minha mesa e finalmente olhei para cima para ver o seu
olhar expectante.

“Como você sabe quando está bem ser mandão?”

As sobrancelhas de Arthur subiram na direção da sua linha


de cabelo recuando ligeiramente. “Mandão?”

Eu mordisquei o meu lábio. “Quero dizer, se alguém tem


algo acontecendo e eu acho que deveria saber, mas eles não
querem me contar... eu deveria ser mais insistente?”

Arthur estremeceu. Ele gaguejou parte de uma resposta


incompleta, em seguida seu rosto ficou muito vermelho, o que
eu achei estranho.

“Isto é um tipo de decisão difícil,” ele finalmente


desengasgou. “Sério, se sou eu lidando com Pam, eu a deixaria
em paz. Se ela precisa de ajuda com algo, ela me diz e
provavelmente ela não iria me agradecer por ser terrivelmente
atrevido sobre interferir. Por que, uh, por que você pergunta?”

“Apenas pesquisa, eu acho, para quando isto acontecer.”

Arthur pareceu comprar isto. Eu me senti um pouco mal ao


lhe dar uma resposta que eu sabia que ele iria aceitar
completamente; ele pesquisava tudo exaustivamente. De que

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café pedir a quais aquisições fazer para o departamento. Ele era
o rei de pesquisar todas as opões.

Contudo, eu me senti uma pequena implicância de


preocupação com a resposta de Arthur. Talvez houvesse algo
com a sua pesquisa. Com certeza, a opinião de uma pessoa não
poderia ser a única lá fora e honestamente, Arthur tinha uma
espécie de maneira antiquada sobre ele às vezes que eu achava
que nem sempre ia com a maré. Contudo, o relacionamento dele
era incrivelmente feliz, então eu não poderia rejeitá-lo
imediatamente.

Enquanto caminhava para casa decidi telefonar para


Lowell. Ele tinha uma pausa breve entre as aulas logo depois
das quatro, quando eu deixava o museu.

“Ei, Kerry! Como foi o trabalho?”

“Foi bom. Consegui reorganizar a gaveta de diamantes.”

“Eu mataria pelo seu emprego alguns dias.”

“Não é tão excitante quanto isto soa,” eu admiti com uma


risada suave.

A simples troca me deixou um pouco orgulhoso. Eu tinha


levado um tempo para perceber que quando um dos meus
amigos me fazia uma pergunta sobre o meu dia, ou eu mesmo,
eles realmente queriam ouvir mais do que uma resposta rápida.
Com a minha familia, eu teria simplesmente dado uma palavra e
eles teriam seguido em frente imediatamente, mas com meu
grupo de amigos íntimos, eu agora tentava me lembrar para
responder a pergunta e em seguida acompanhá-la com uma
breve descrição de seja qual fosse a informação que eles tinham
desejado saber. Depois de mais de vinte anos vivendo da outra

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maneira, isto ainda não era totalmente natural, mas todo mundo
sabia que eu lidava com isto.

“Mesmo assim, alguns dias eu iria preferir uma gaveta de


diamantes ao invés de uma sala cheia de crianças de seis anos.”
O tom de Lowell estava quente. Ele amava o que ele fazia e além
disso ele era fantástico com seus alunos infantis embora eu
nunca o tivesse visto pessoalmente dando aula. Contudo, eu o
tinha visto treinando num recital de dança antes e ele foi um
Lowell muito diferente lá – calmo, atento, concentrado e
encorajador. Não que ele não fosse todas estas coisas, mas o
Lowell que eu conhecia como um melhor amigo era pouco
preocupado, talvez um pouco tenso às vezes. Um pouco como
Brendan na verdade, eu meditei, embora provavelmente eles
nunca iriam admitir isto.

“Você está caminhando hoje? Eu ouço muito tráfego,”


Lowell observou.

Eu tentei proteger o telefone com a mão. “Sim, sinto muito


sobre isto. Estava simplesmente tão agradável.”

“Não culpo você. Se nós não vivêssemos fora da cidade,


eu caminharia o tempo todo também.”

Adam e Lowell tinham ido morar juntos pouco depois que


Brendan e eu tornamos nosso relacionamento oficial. Nós
tínhamos ajudado Lowell a mudar suas coisas do seu minúsculo
apartamento desprezível para a linda casa de Adam. Low não
tinha tido muito e isto ainda me fazia feliz ao lembrar o olhar no
seu rosto quando Adam o recebeu de braços abertos. Ele tinha
se instalado de maneira tão maravilhosa. Ele não tinha
conhecido o Lowell que ele costumava ser, tudo que eu conhecia
era o homem que tinha me conhecido ao me resgatar e que

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continuava a cuidar de mim. Low e Brendan realmente não
batiam de frente ou qualquer coisa, mas eu poderia dizer que
ocasionalmente havia um elemento de é melhor você não machucar
Kerry na atitude de Lowell e eu me sentia tão especial por isto.

“Então, um, sobre você e Adam...”

“Sim?”

Eu suspirei novamente. “Eu sei que a coisa da honestidade


é grande, mas você nunca consegue ter um segredo?”

Low ficou em silêncio por um momento e então ele disse,


“Realmente não. Acho que há algumas exceções. Quero dizer,
aniversários e feriados, talvez?”

Eu assenti embora Lowell não pudesse ver isto, então eu


falei. “Sim, era isto que eu estava me perguntando. Quero dizer,
Brendan não está fazendo nada de errado, eu não acho. Eu
apenas... gostaria que ele me contasse o que está acontecendo.”

“Não é seu aniversário? Aniversário de namoro?”

“Não. Nada.”

“Talvez não seja nada.” Agora Lowell pareceu em dúvida


também. Contudo, ele recuperou-se rapidamente. “Contudo, não
acho que eu poderia manter qualquer coisa um segredo de
Adam, já que você perguntou. Isto está realmente incomodando
você, não é?”

“Não estava no início, mas talvez um pouco mais agora.”

“Pegue aquele caderninho, querido,” Lowell disse. “Você


irá encontrar as respostas nele Então você estará preparado
para qualquer coisa e se não for grande coisa você pode
simplesmente agir como se você nunca soubesse.”

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Nós conversamos por mais um pouco e eu percebi que
estava passando na cafeteria favorita de Brendan. Então eu me
despedi de Low e entrei. Deslizando meu telefone no bolso da
minha calça de trabalho, uma chino cinza justa hoje, eu olhei
para o quadro sobre a caixa registradora.

“Ei,” a barista disse com um sorriso. “Você acabou de


perder o seu namorado.”

Nós éramos fregueses, praticamente. Com frequência eu


parava aqui por café ou chá, as vezes chocolate quente. Eles
faziam ótimos chás gelados também. Contudo, era incomum para
Brendan estar na rua a esta hora do dia. Era quase quatro e
meia.

“Perdi?”

“Sim,” a barista disse. Ela empurrou o polegar para o lado.


“Ele saiu e foi naquela direção.”

Ela tinha indicado a direção da clínica de Brendan, então


talvez ele tivesse tido alguma folga e deu uma escapada para
uma bebida.

“Ok, irei pegá-lo no trabalho,” eu disse. Eu lhe dei um


sorriso brilhante. “Obrigado. Oh, talvez, uh, um chá de pêssego
verde?”

“Com certeza.”

Alguns minutos depois eu estava de volta na rua, indo na


direção da clínica veterinária. Era uma caminhada muito curta,
apenas alguns quarteirões e eu estava lá. A campainha da clínica
soou, uma pequena sineta que tilintou alegremente na maçaneta
da porta quando eu entrei. Atrás da mesa, a recepcionista, Jen,
estava no telefone com um cliente. Ela acenou para mim e eu

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acenei de volta, perambulando para o lado do consultório
enquanto ela lidava com o telefonema.

Depois que ela desligou, ela sorriu para mim. “Ei, Kerry.
Estou surpresa que você não passou pelo Dr. Morrow. Ele
acabou de ir naquela direção alguns minutos atrás.”

Eu inclinei minha cabeça curioso. “Sério? Isto é estranho.


Eu estava na cafeteria e eles disseram que ele estava voltando
nesta direção.”

Jen encolheu os ombros. “Ele tem estado um pouco


distraído hoje. Achei que talvez você saberia do que se tratava.”

Balancei a cabeça agora. “Não faço a menor ideia, ele


estava desatento um pouco ao longo do fim de semana também.”
E pelas últimas semanas, quanto a isto. Que estranho.

A recepcionista riu. “Bem, tenho certeza que estará de


volta em breve. Quer esperar no consultório dele?”

Eu cantarolei pensativo. “Não, está tudo bem,” eu


finalmente decidi. “Tenho de parar na loja para que possa
preparar o jantar hoje a noite. Provavelmente eu deveria
começar a ir; eu ia apenas parar para um abraço.”

A mulher mais velha balançou a cabeça. “Você é o


namorado mais doce de todos os tempos. Espero que o Dr.
Morrow saiba o que ele tem.”

Eu senti meu rosto queimar. “O próprio Dr. Morrow é


bastante impressionante,” eu murmurei, envergonhado. O
milhão de coisinhas que Brendan fazia por mim rodopiava
através da minha cabeça. “Imagino que ele não mencionou o que
ele quer para o jantar hoje à noite, huh?”

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“Não para mim, mas eu ouvi que você faz uma bisteca de
porco incrível.”

“Ele disse isto?”

Jen sorriu. “Ele faz você soar como o próximo vencedor


do Prêmio James Beard, querido. E honestamente, as sobras que
ele traz tem um cheiro divino. Então não acho que ele esteja
muito longe. Se alguma vez você quiser largar o museu, você
pode vir a ser o meu chef pessoal.”

Eu ouvi a risada de Emma da área de tratamento. Em


seguida sua voz filtrou para fora, “Sem chance, Jen. Tenho
direitos sobre ele.”

Um momento depois, Emma enfia sua cabeça para fora da


parte de trás da clínica. “Ei Kerry, venha aqui atrás. Brendan
saiu por um momento, mas não acho que ele estava planejando
ficar fora por muito tempo.”

Eu dei um pequeno aceno para Jen e segui Emma, já que


seria rude não àquela altura. Eu poderia dizer olá por um minuto
ou dois, depois ir fazer as compras. Na parte de trás da clínica,
a área de tratamento não estava caótica hoje; ocasionalmente
eu entraria e a encontraria numa bagunça total, pêlo, aparas de
unha, bandagens por todo o lugar, técnicos de veterinária
atormentado tentando organizar isto antes da próxima leva de
pacientes. Eles realmente mantinham isto bastante limpo, mas
Brendan tinha explicado um pouco sobre trabalhar numa clínica
veterinária para mim e eu compreendia com as coisas poderiam
ficar fora de controle quando os animais estavam envolvidos.

Emma estava acabando de se preparar para ir embora; ela


trabalhava dias mais curtos cinco dias por semana em oposição
a semana de quatro dias de Brendan. No seu consultório, eu me

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apoiei na parede e olhei para as fotos da sua familia que ela
tinha sobre a sua mesa.

“Você e Phil estão bem?” eu perguntei, apenas fazendo


uma conversa fiada.

Ela sorriu. “Mmm. Estamos planejando uma viagem para


as montanhas no outono. Eu sempre quis ficar numa cabana.”

“Isto parece divertido.”

“Sim, temos um agente de viagem trabalhando nisto para


nós. O lugarzinho ao virar a esquina, lá.”

“Há um agente de viagens lá?”

Ela pareceu surpresa por um momento. “Há... sim, uh, sim


há uma pequena. Quero dizer, ano acho que eles faziam muitos
negócios até Phil e eu entramos, mas é bastante agradável lá
dentro. Eles arranjaram nossa viagem, as acomodações, tudo.”

Eu não compreendia a sua gagueira súbita, mas dei de


ombros. “Estou feliz que você vai tirar umas férias.”

“Eu também. Será a nossa primeira grande viagem em


familia.”

Olhei para o relógio de parede. “Oh. Você está prestes a ir


embora, sim?”

Emma assentiu. “Sim. Quer que eu diga a Brendan que


você esteve aqui?”

Eu acenei com a cabeça para ela. “Claro. Avise-o que eu


o verei em casa.”

Eu espero, eu pensei comigo mesmo.

Dizendo adeus para Emma e Jen, eu fui embora. Por


curiosidade, eu refiz o caminho que eu tinha vindo e olhei para

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uma das pequenas ruas laterais, aquela que Emma tinha
indicado. Enquanto eu me movia para virar a esquina, mal perdi
uma colisão com uma figura familiar. Houve uma pequena dança
enquanto nós dois nos manobrávamos para evitar derramar
nossas bebidas e então eu ouvi a risada surpresa de Brendan.

“Kerry! Sinto muito, baby. Quase atropelei você.”

“Ou eu quase atropelei você,” eu provoquei. Nós nos


beijamos, Brendan pegou minha mão.

“Você está indo para casa?”

Eu assenti. “Parei para comprar uma bebida para você,


mas eles disseram que você já tinha estado lá. Então eu fui até
a clínica, mas você ainda não tinha chegado lá. Você passou pelo
triangulo das Bermudas?”

Brendan olhou por cima do seu ombro rapidamente. “Não,


eu apenas fiz um desvio.”

“Oh?”

Ele sorriu. “Sim. Emma tem estado falando sobre esta


agência de viagem que ela e Phil usaram. Olhe.” Ele tirou um
pequeno folheto do bolso do seu uniforme e me mostrou.

“O que é?” eu estava curioso.

“Eu pensei, você sabe... uh, nós temos estado juntos por
alguns anos. Talvez deveríamos sair de férias juntos no próximo
verão?”

A lâmpada acendeu na minha cabeça e eu sorri de maneira


radiante para ele. “Eu adoraria isto. Você sabe, eu irei a
qualquer lugar com você.”

Brendan riu. “Eu adoraria vê-lo todo quente e bronzeado


pelo sol.”

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Eu arqueei uma sobrancelha para ele. “Acho que você tem
a sua genética misturada, asiático. Eu iria fritar crocante
imediatamente em qualquer coisa menor do que FPS menor do
que 500. Você pode fazer todo o bronzeamento.”

“Bom ponto. Não podemos ter meu vagalume se


transformando numa criatura toda crocante por minha causa.”

Nós nos beijamos rapidamente do lado de fora da clínica e


Brendan foi embora para terminar seu dia depois de me
prometer que ele estaria em casa naquela noite por volta das
sete e meia. Sentindo-me feliz, quase flutuante, eu fiz minhas
compras. Brendan queria que nós saíssemos de férias no
próximo anos... isto seria ótimo. Nós tínhamos nos movido muito
lentamente no nosso relacionamento, mas férias juntos? Isto
significava algo. Isto significava algo, de fato!

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Isto poderia ter sido o fim de qualquer especulação não
tivesse os telefonemas estranhos continuado por toda a semana.
Brendan chegou tarde em casa todas as noites e parecia que
seu telefone estava constantemente enfiado no seu ouvido. Ele
estava sempre deixando a sala e eu ouvia os trechos mais
estranhos de conversa.

“Não, eu lhe disse, elas têm de ser azuis.”

“Não foi isto que eu pedi. Nós podemos...sim.”

“Não, o ângulo da rua tem de ser a direita.”

Eu estava completamente perplexo. Isto soava


terrivelmente como se Bren estivesse planejando algo. Lowell
não tinha qualquer ideia também, quando eu lhe perguntei.

“Ele não tem dito qualquer coisa para mim se ele está,”
meu melhor amigo disse, “e Adam teria dito algo se ele soubesse.
Tenho certeza disto.”

Era sua familia? Era algo no trabalho? Eu estava


concentrado nesta coisa que estava crescendo entre nós e
parecia não conseguir tirar minha mente disto. Por volta da
sexta-feira eu era uma pilha de nervos e ainda não tinha
conseguido colocar minhas mãos no caderninho de Brendan. Ele
iria puxá-lo para fora em momentos aleatórios, rabiscar algo e
em seguida enfiá-lo de volta no seu bolso. Parecia como se
todas as respostas para a vida deviam com certeza estar
naquele maldito caderninho.

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Se eu estava uma pilha de nervos na sexta-feira, Brendan
era apenas uma casca de si mesmo. Ele não tinha estado em
casa antes das nove em qualquer noite naquela semana.
Trabalho, ele tinha dito, tinha estado ocupado. Além disto, ele
também estava vago e evasivo sobre o que tinha estado
mantendo-o longe de casa. Longe vão os chavões, o amo você e
o por favor seja paciente. Brendan era como um homem numa
missão agora, determinado a fazer seja lá o que isto fosse
sozinho sem eu estando envolvido.

Doía que ele não poderia me deixar saber o que estava


acontecendo. Mas ainda mais, doía vê-lo obviamente
estressado. Eu queria ajudar. E eu estava começando a sentir
como se eu não poderia ajudar, eu não tinha nenhum valor neste
relacionamento. Eu já tinha me sentido assim com a minha
familia. Eu não queria isto com Brendan, mas o que tinha
mudado?

Quando Bren sentou no sofá na minha sala de estar, seu


braço ao redor de mim, relaxando nas almofadas, eu virei para
ele e descansei minha mão na sua coxa. Ele olhou para mim e
sorriu.

“Você está bem, Kerry?”

Eu suspirei. “Não, realmente não.”

A atenção de Brendan estava imediatamente em mim. Ele


desligou a televisão e virou para olhar para mim. “O que está
acontecendo?”

Eu remexia com a barra do meu top, incerto agora que eu


tinha atenção de Brendan. Mas eu tinha de dizer o que estava
na minha mente. As palavras de Lowell sobre honestidade
tinham causado um impacto em mim.

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“Estou um pouco preocupado. Você tem estado, hum, meio
distante ultimamente.”

O rosto de Brendan caiu e ele suspirou. Em seguida ele


assentiu. Suas mãos alisaram meus ombros. “Eu sei,” ele disse.
“Eu realmente sinto muito, Kerry. Isto ficou um pouco mais
complicado do que eu achei que iria.”

Eu engoli em seco. “Mas eu quero ajudá-lo com seja o que


for que está incomodando você. Não sinto como se eu estivesse
contribuindo com qualquer coisa aqui. Você está cansado e
estressado e eu não posso fazer nada.”

O rosto de Brendan relaxou num sorriso. “Você não está


zangado comigo?”

Isto me surpreendeu. Bren era muito mais confiante do que


eu; nem sempre me ocorria que ele queria minha aprovação
também. Eu tomei um momento para realmente avaliar os meus
sentimentos. Não acho que eu tinha sentido qualquer raiva nas
últimas semanas. Frustração, talvez, mas eu tinha estado
zangado com ele? Não, realmente não.

“Não,” eu disse. “Não estou zangado. Apenas estou


preocupado.”

Os braços dele vieram ao redor de mim e ele me abraçou.


Eu resisti por um segundo, mas finalmente me permiti ser
puxado para o abraço do homem que eu amava. Eu senti uma
pequena pontada de pânico por um momento – e se eu o amasse
e ele parasse de me amar? E se minha preocupação fosse
demais? Mas ela acalmou quando as mãos de Brendan alisaram
sobre as minhas costas.

“Estou feliz que você esteja preocupado comigo, ” Bren


murmurou na minha orelha. “Sei que isto é difícil em você, Kerry

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e eu não tinha a intenção que fosse. Achei que ia ser muito mais
fácil.”

“Então apenas me ajude. Por favor, Brendan. Não sou


impotente. Há muito que posso fazer para ser útil.”

Algo na minha voz deve tê-lo surpreendido, porque ele


recuou um pouco. “É isto que você acha que está passando pela
minha cabeça?” Os olhos castanhos dele estreitaram em
preocupação. “Não é isto, Kerry. Realmente não. Você é tão
incrivelmente capaz. Contudo, isto é algo que eu realmente
preciso fazer sozinho.”

“Não compreendo.”

“Eu sei, mas não será assim para sempre. Você pode me
tolerar mais um pouco? Estou arruinando tudo que temos?
Porque nada vale isto.”

Eu me apoiei nele. Em seguida balancei a cabeça. “Você


não está arruinando nada. Acho que eu estou.”

Passei meus braços ao redor da sua cintura e fechei os


olhos, apenas querendo senti-lo lá. O peito dele subia e descia
debaixo do meu rosto, lento e calmo. A mão dele alisava minhas
costas.

“Você é feliz comigo, Kerry.”

Eu apertei meus braços. “Sim,” eu disse enfaticamente.


“Sempre. Eu quero...”

Eu quero uma casa com você, uma vida com você, a casa
com a cerca e o cachorro ( e a minha gata ) e talvez até mesmo
os dois filhos padrão. Contudo, eu não poderia dizer tudo isto.
Eu poder estar um milhão de vezes mais confortável com
Brendan do que com qualquer outra pessoa no planeta, mas este

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tipo de declaração sempre ficava entalado na minha cabeça e
raramente conseguia sair da minha boca no momento certo.

“Eu apenas quero ficar com você,” eu consegui dizer.

“Eu quero isto também,” Brendan disse. “Você tem de me


dizer se isto é demais. Se estou realmente bagunçando tudo tão
ruim que não podemos nos recuperar. Eu apenas...eu realmente
quero fazer isto.”

De algum lugar bem na boca do meu estômago eu tentei


desenterrar uma nova muralha de determinação. “Ok,” eu disse.
“Apenas me prometa, se isto ficar grande demais para você,
você irá me deixar participar.”

“Prometo.”

Eu não estava feliz sobre isto, mas parecia como o melhor


que eu poderia fazer. Nós nos abraçamos por um tempo, até que
eu percebi que Brendan tinha adormecido contra o encosto do
sofá, seus braços frouxamente ao redor de mim. Eu olhei para a
mesa de canto e descobri, para a minha surpresa, seu pequeno
caderninho de bolso lá. Bem ali, apenas ao alcance das pontas
dos meus dedos.

Eu poderia estender a mão e pegá-lo. Eu poderia levantar


meu braço muito cuidadosamente, tentando não perturbar
Brendan e poderia agarrar aquele caderninho e apenas olhar.

E eu não fiz isto.

Eu apenas fiquei deitado lá com meu namorado, dilacerado


com a decisão que eu tinha tomado, perguntando-me quando o
suficiente era o suficiente e quanto segredos eram permitidos
num relacionamento se fosse para ele permanecer saudável. Eu
pensei sobre tudo que eu tinha aprendido. Eu pensei sobre o que

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Arthur disse, o que Emma disse. Até mesmo as coisas que
Lowell tinha dito sobre seu relacionamento com Adam.

Como você sabia quando era o suficiente? Realmente não


estava em mim ficar com raiva. Eu não poderia ficar com raiva
de Brendan. Sim, eu queria saber o que estava no caderninho.
Eu queria desesperadamente aquele conhecimento. Aquela
vantagem. Contudo, com ele dormindo bem ali, isto parecia
traição. Mesmo sem ele ali parecia traição.

Como eu ia aprender quando tomar uma posição firme? E,


o que eu achava que era mais urgente, como eu ia aprender
quando simplesmente fazer as perguntas da minha mente para
Brendan? Eu precisa aprender a ser franco com ele sobre tudo.
Nós tínhamos acertado a parte da intimidade, pelo menos
fisicamente, mas intimidade significava muito mais. Significava
confiança. Significava conhecer o seu parceiro. Significava estar
um com o outro emocional e espiritualmente em todos os níveis.
Eu queria isto. Eu achava que nós tínhamos isto. Ou se nós não
tínhamos, estavam muito perto. Se eu pudesse apenas dar uma
espiada nos pensamentos de Brendan, a chave irá se encaixar
bem na fechadura e eu teria tudo que eu precisava para fazer
isto funcionar. Eu iria.

Eu não sabia porque isto me fazia me sentir tão inquieto.

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Pouco mais de um mês, agora, tinha se passado desde que
Brendan tinha começado a agir de maneira estranha. Desde que
a Entrega Errada do Pacote Misterioso meio que tinha começado
tudo isto. Eu era evasivo sobre o assunto do pequeno
caderninho, com certeza eu encontraria respostas nele. Cada
vez mais eu notava as coisinhas que ele fazia por mim que eu
estava desesperado para fazer em troca para ele. Eu me tornei
uma vítima das minhas próprias inseguranças, algo que eu tinha
achado que tinha superado. Eu ia várias vezes ao redor do
assunto na minha cabeça.

Este homem tinha feito tudo por mim quando nos


conhecemos. Ele tinha aceitado tudo que eu era, ele tinha me
abraçado como uma pessoa inteira, completa e não alguém
defeituoso. Ele me fazia forte. Eu queria fazer a mesma coisa
por ele.

Tudo bem então. Nós íamos sair naquele sábado à noite, e


embora eu não tivesse sido capaz de colocar minhas mãos no
caderninho de Brendan, eu iria me arriscar quando
encontrássemos com Adam e Lowell e o irmão de Brendan,
Justin no AXE. Com certeza, na esfregação da multidão do clube
eu poderia consegui-lo. Brendan gostava de parecer bem
quando dançávamos; eu saiba que ele não iria querer um
caderninho desajeitado no seu bolso. Eu poderia fazer isto. Eu
poderia pegá-lo, dar uma espiada e colocá-lo de volta.

Então eu conheceria o seu segredo e seria capaz de ajudá-


lo.

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Por que eu me sentia tão terrível sobre isto?

No momento em que chegamos no clube no sábado eu


estava nervoso, uma pilha de nervos. Eu estava vestido como
eu sempre me vestia quando saiamos com os amigos. Jeans
skinny, uma camiseta verde brilhante com uma gola canoa que
ficava bem na beirada dos meus ombros para revelar partes de
renda por baixo. Eu tinha usado maquiagem hoje à noite, algo
que eu amava fazer. Nada espalhafatoso; demais iria parecer
ruim em mim.

Eu sabia que eu tinha sucesso como um tipo de mulher


fatal e tinha minha cota de pessoas me perguntando se eu era
uma drag queen ou um transgenero ou qualquer número de
cosas. Até mesmo Brendan tinha quando nós começado a nos
conhecer. A resposta era que eu era apenas eu. Eu gostava de
coisas bonitas. Gostava de me sentir bonito com tanta
frequência quanto eu gostava de me sentir belo e por que
deveria haveria qualquer diferença? Eu não precisava mudar
meu corpo ou me vestir mais do que eu já vestia. Brendan foi o
único que realmente tinha me ajudado a compreender que meus
amigos e familia iriam me aceitar da maneira que eu era, falhas
e tudo, e que as coisas que eu tinha sido ensinado para até
mesmo ver como defeitos eram apenas facetas da pessoa que
eu era.

Eu queria mostrar para Brendan que eu o amava da


maneira que ele era também. Era apenas descobrir como fazer
isto. Era por isto que eu queria aquele caderninho. Então eu
poderia descobrir, já que eu parecia tão incapaz de fazê-lo sem
ajuda.

63
Nós entramos no clube de Adam sem ter de esperar na fila.
Os leões de chácara conheciam a todos nós e Adam tinha lhes
dito séculos atrás que éramos sempre bem-vindo. Nós não
pagávamos um cover a não ser que estivéssemos planejando
beber; uma ou duas estava bem e raramente cedíamos a mais
do que isto.

Nós vimos Lowell quase imediatamente, sentado na mesa


que tínhamos vindo a considerar como nossa, meio fora da
corrente principal contra a parede que conduzia para os
banheiros e os vestiários dos funcionários. Adam ainda não
estava com ele, mas isto não era terrivelmente surpreendente.
Mesmo nas suas noites de folga, Adam com frequência
verificava com todo mundo para garantir que as coisas
estivessem funcionando sem problemas. O que, claro, elas
estavam. Eu amava Axe. Eu tinha tido uma pequena altercação
na primeira noite que eu tinha vindo aqui, mas foi como eu tinha
conhecido Lowell para começar e nada como aquilo tinha
acontecido novamente. Na verdade, foi um dos catalisadores
para Adam realmente reprimir duramente sua equipe para
garantir que todo mundo aqui estivesse seguro.

Brendan e eu chegamos a mesa e cumprimentamos Low


com abraços e beijos no rosto. Seu sorriso era brilhante;
obviamente ele era um homem muito feliz. Quando nos
abraçamos ele ergueu uma sobrancelha para mim e eu lhe dei
um aceno rápido com a minha cabeça. Ele inclinou a dele,
questionadora e eu balancei novamente. Aquela conversa
silenciosa foi o suficiente. Nós nos conhecíamos muito bem a
esta altura. Você conseguiu pegá-lo? Não, eu não consegui. O que
aconteceu? Iremos conversar mais tarde.

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Logo depois que sentamos, o irmão de Brendan, Justin,
chegou. Ele tinha feito a viagem mais cedo da casa da familia de
Brendan que ficava cerca de três horas de distância e ele estaria
ficando conosco para o fim de semana. Bem, normalmente ele
ficava no apartamento de Brendan e Brendan apenas ficava
comigo, mas todos nós ficávamos juntos durante o dia. Nesta
ocasião, ele tinha tido uma entrevista de emprego na cidade e
eu estava animado por ele. Justin sofria de uma dislexia leve e
ataques de pânico muito ruins, o que tinha tornado a escola
difícil para ele, mas ele tinha se formado e estava procurando
por um emprego como fisioterapeuta. Tê-lo morando perto de
nós na cidade seria ótimo; eu amava Justin como se ele fosse o
irmão que eu nunca tinha tido.

Ele foi cumprimentado com outra rodada de abraços, justo


quando Adam nos encontrou para entrar em ação também. Eu
amava os abraços de Adam, na verdade. Ele era construído
como uma parede de tijolos, enorme mas gentil e eu sempre me
sentia como se estivesse sendo engolido por ele. De todos nós,
o único que sequer chegava perto dele em altura e largura era
Justin. Lowell e Brendan eram quase da mesma altura, alguns
centímetros abaixo de 1,82 e eu, claro, era a Coisa Minúscula
residente. Eu estava bem com isto.

Antes que qualquer bebida ou dança acontecesse, houve


uma conversa geral colocando os assuntos em dia, a maioria de
nós interrogando Justin animadamente sobre a sua entrevista.
Brendan, em particular, parecia realmente nervoso com isto. Ele
e Justin eram muito próximos, então eu sabia que ele estava
realmente ansioso para ter seu irmãozinho morando nas
proximidades.

65
“Foi realmente ótimo,” Justin disse alegre, um sorriso
amplo no seu rosto. “É uma academia grande, mas como um
centro comunitário, eu acho. Acabou de abrir e eles querem
manter um fisioterapeuta na equipe em tempo integral.”

“Isto seria bom para você,” Brendan disse.

Justin assentiu. “Sim. É um tipo muito informal de


ambiente. O lugar é maravilhoso. Você já o viu? Não acho que
seja tão longe de você. Chama-se Energize!”

Eu ergui as sobrancelhas. Eu tinha ouvido sobre o lugar


porque ele não era tão longe do museu. “É no centro da cidade,”
eu disse. “Talvez quinze minutos de nós. Tenho estado meio
curioso sobre isto.”

Brendan virou para mim. “Sério?”

Eu senti meu rosto corar um pouco mais. “Parece um ótimo


lugar para sair para passear. Pensei que talvez eu poderia ver
sobre o que é tudo isto. Talvez, você sabe, malhar um pouco.
Para que eu não seja tão magrelo.”

Brendan imediatamente saiu na minha defesa. “Você não é


magrelo. Você é simplesmente certo.”

Lowell deu uma risadinha, mas ele não estava zombando


de mim. Seu sorriso era carinhoso. Eu tive de rir também, com
Brendan me protegendo da minha própria crítica.

“Não importa o que eu sou,” eu disse através do meu rubor,


“deveria ser LGBT amigável.”

“Não apenas amigável,” Justin comentou. “Esta é a sua


principal clientela. Amigos héteros são permitidos, mas a
comunidade LGBT em particular é encorajada a associar-se. É
realmente legal.”

66
Meu namorado passou ambos os braços ao redor de mim e
apertou. “Se você quer ir lá, fazer uma visita ou qualquer coisa,
Kerry, nós iremos. Quero dizer, se você quiser que eu vá
também.”

Eu animei-me com a ideia de que isto poderia ser outra


coisa que Bren e eu poderíamos fazer juntos. “Você realmente
quer?”

Ele esfregou seu nariz no meu cabelo, respirando fundo e


assentindo. “Sim, por que não? Parece divertido.”

“Talvez Adam e eu pudéssemos nos associar também,”


Lowell sugeriu. “Ele tem estado falando sobre ingressar numa
nova academia.” Lowell virou para Adam, seus olhos quentes
enquanto eles absorviam o dono do clube.

Adam assentiu amigavelmente – o que era a sua


configuração padrão, eu acho. Raramente eu o tinha visto ser
qualquer coisa, exceto amigável. Ele era uma contrapartida tão
boa para o às vezes excitável Lowell. Sua voz profunda foi
facilmente ouvida sobre a música do clube.

“Seria legar sair com a familia,” ele disse, levantando seus


ombros enormes. “Minha academia é apenas um lugar bastante
comum. Nada realmente especial.”

Todos nós nos viramos para Justin, que estava rindo.


“Vocês, caras, são incríveis,” ele disse. “Ótimo ter o apoio antes
mesmo que eu consiga o emprego.”

“Eles irão contratá-lo.” Seu irmão, nosso leal defensor. Eu


descansei meu rosto no ombro de Brendan.

O sorriso de Justin apenas ficou maior. “Eu me senti


realmente bem sobre a entrevista, para ser honesto. Gostei da

67
vibração lá, gostei do ambiente. Há muito para fazer também,
não é apenas uma academia, realmente. Isto é apenas um
aspecto.”

A conversa flutuou e Lowell chamou minha atenção. Ele


ergueu as sobrancelhas, questionando. Eu assenti ligeiramente
e nós nos levantamos.

“Importa-se se eu roubar seu namorado, Brendan?” Os


olhos de Lowell estavam faiscando enquanto ele olhava na
direção da pista de dança.

Brendan deu-me um beijo rápido nos lábios e me soltou.


“Ele é todo seu. Por enquanto.”

Quando eu me inclinei para roçar meus lábios nos dele, ele


murmurou, “Irei dançar com você daqui a pouco. Apenas quero
conversar com Justin um pouco mais.”

“Sim. Isto será ótimo. Posso conseguir Lowell todo quente


para Adam.” Eu sorri para Brendan e ele riu.

Isto não era um jogo novo. Ele tinha, na verdade, sido


inventado na noite que Lowell e eu tínhamos nos conhecido, uns
dois anos e meio atrás. Lowell tinha estado com medo então que
suas indiscrições passadas, nascidas da frustração e do
julgamento pobre, estivessem algo arraigadas. Adam, que
também tinha um pouco de voyeur nele, tinha encorajado Lowell
a testar aquela teoria.

Registre um menino loiro minúsculo, muito inexperiente.


Lowell tinha me salvado de uma situação bem difícil e ele tinha
me oferecido algo que eu tinha desejado desesperadamente
naquela noite – liberdade. Ele tinha dançado comigo. Ele tinha
me tocado. Nós tínhamos flertado desavergonhadamente bem lá
na frente de Adam, com a promessa de Lowell que isto era

68
apenas diversão. Era seguro, era libertado e provou ser em
muitos pontos.

Primeiro lugar, de acordo com Lowell, ele nunca tinha tido


qualquer desejo de afastar-se de Adam. Eu podia dizer que ele
queria dizer isto. Dois anos e meio depois, meu melhor amigo
ainda estava enamorado com o homem pelo qual ele tinha se
apaixonado.

Em segundo lugar, eu podia me soltar quando me sentia


seguro e podia me permitir sentir-me sexy embora na época,
no dia-a-dia eu me sentia apavorado e desajeitado.

E em terceiro lugar, Adam ficava seriamente excitado nos


observando esfregar um no outro. Bônus por todos os lados. Eu
conseguia fazer o que eu queria sem medo de ser rotulado um
provocador ou qualquer coisa. Lowell e Adam fodiam um ao
outro com os olhos através do clube e deixavam um ao outro
louco e em seguida, de acordo com Lowell, iam para casa e
faziam um sexo ridiculamente quente um com outro. Eu não me
importava em facilitar o dito sexo quente. Eu achava isto meio
excitante, eu dançando com Lowell, especialmente agora que
Bren estava no quadro.

Isto era algo sobre o qual eu tinha me preocupado um


pouco quando Brendan e eu tínhamos começado a ficar juntos.
Oh, nós poderíamos ter parado o jogo. Eu não precisava mais
disto e Lowell estava confiante o suficiente no seu
relacionamento com Adam que ele poderia dançar com qualquer
um e não temer algum tipo de atração ilícita surpresa. Todos
nós apreciávamos isto.

E abençoado seja o seu coração paciente, Brendan não


parecia ter um problema com isto. Ele tinha perguntado, claro,

69
quando fomos pela primeira vez no Axe como um grupo, o que
isto significava para mim em particular. Eu tinha lhe dito e ele
tinha levado alguns minutos para processar isto. Mas Brendan,
embora ocasionalmente de alta manutenção e um pouco
preocupado em excesso, era sempre compreensivo. Ele
simplesmente assentiu, sorriu e perguntou se ele poderia
observar também ou ocasionalmente se juntar.

Então ele fazia ambos, com mais frequência observando do


que se juntando porque perto de Lowell ele dizia que ele parecia
como um idiota. Contudo, qualquer um iria parecer como um
idiota perto de Lowell. Ele era um dançarino por profissão.
Brendan parecia ótimo para mim, não muitas pessoas dançavam
como Lowell e não era como se Brendan fosse descoordenado.

Mesmo assim, isto significou o mundo para mim que isto


fosse mais uma coisa que Brendan aceitava sobre mim. Eu olhei
por cima do meu ombro para ele enquanto permitia que Lowell
me conduzisse para a pista de dança pela mão. Brendan estava
conversando com Justin, sério, atentamente, mas ele olhou para
mim antes que eu fosse absorvido na multidão e a luz nos seus
olhos era apenas para mim.

70
Lowell e eu encontramos um lugar não muito perto do
centro da pista de dança e ele imediatamente passou seus
braços ao redor de mim por trás e ondulou contra mim ao ritmo
da música. Eu sorri e fui com ele; eu mesmo era um dançarino
terrível, mas Lowell sabia como se mover e se eu não lutasse
contra isto, ele me fazia parecer bem. Talvez, como eu
frequentemente permitia que Brendan cuidasse de mim na cama,
Lowell cuidava de mim desta maneira. Eu apenas entregava as
rédeas para ele rédeas para ele e o deixava ir, e ele nos
conduzia enquanto dançávamos.

Ele abaixou a boca perto do meu ouvido e disse, “Alguma


sorte com o caderninho?”

Balancei a cabeça. “Ele o leva para todos os lugares.”

“Ainda escrevendo nele?” A voz de Low estava curiosa,


não realmente intrometida e eu não o culpava. Eu o tinha trazido
para isto afinal.

Eu assenti enquanto balançávamos. “Sim. Ele tem saído em


tarefas extras, tem telefonemas e tem estado realmente
cansado. Chegando tarde do trabalho muito também.”

As mãos de Lowell alisaram sobre os meus ombros. “Você


está tão tenso, Kerry.”

Eu sentia isto, eu era todo nós. “Estou preocupado,” eu


admiti, não pela primeira vez.

Os braços de Lowell eram mais como um abraço agora.


“Sinto muito, Kerry.”

71
Eu me inclinei contra ele, tirando conforto no abraço do
meu amigo mais velho. Lowell poderia ter considerado a si
mesmo uma pessoa terrível quando nos conhecemos, mas ele
sempre tinha estado lá nos bons e maus momentos para mim. Se
eu fosse seu amigo experimental, para ver se ele poderia fazer
um trabalho melhor, bem, isto era um sucesso na minha opinião.

Eu virei, olhando para ele e pressionei meu rosto no seu


peito por alguns minutos. Esta não era nossa dança habitual para
excitar Adam. Isto era direto conforto de um amigo para outro,
talvez um pouco incongruente para a pista de dança, mas bem-
vindo.

“Não é sua culpa,” eu disse. “Realmente não acho que seja


algo terrível também, exceto que ele não está parecendo bem,
sabe? E ele não irá me deixar ajudar e eu continuo pensando
que talvez eu não tenha nenhuma utilidade. Ele faz todas estas
coisas ótimas para mim e eu não sei o que fazer em troca.

Lowell me afastou o suficiente para ser capaz de olhar para


mim. “Oh, Kerr,” ele disse, encurtando meu nome de maneira
carinhosa. “Não deixe isto devorar você. Brendan ama você. E
você é a pessoa mais doce. Seja o que for que está acontecendo
entre vocês, por favor não pense sobre isto. Você lhe dá muito.
O que você faz por ele não é necessariamente o que ele faz para
você. Sabe o que quero dizer? Vocês combinam bem. Vocês
complementam um ao outro. Não deixe isto deixá-lo inseguro.”

Eu balancei a cabeça. “Estou tentando.”

Lowell me abraçou novamente e eu o vi olhando na direção


da mesa que nossos amigos ainda estavam sentados, Adam
bebericando uma cerveja e acenando com a cabeça para algo

72
que Justin tinha acabado de dizer, Brendan olhando para o seu
telefone.

“Brendan trouxe seu caderninho?”

Lowell estava concentrado em mim novamente. Eu assenti.


“Sim. Acho que está no carro.”

“Talvez pudéssemos dar uma escapada e pegá-lo?”

Eu mordi meu lábio inferior entre os meus dentes. “Não


sei. Se eu digo que preciso de ar ou algo assim, Brendan virá
comigo.”

“Vocês, caras, são tão co-dependentes.”

“Não somos.”

Contudo, isto era verdade até certo ponto. Alguns casais


não eram feitos para estar unidos pelo quadril – Brendan e eu
meio que éramos. De maneira nenhuma ele iria ficar sentado
aqui dentro do clube enquanto eu caminhava até o nosso carro
no estacionamento, mesmo bem iluminado como ele era. Isto era
apenas segurança e bom senso. E se eu lhe dissesse que algo
estava errado ou que eu precisava de uma pausa, ele estaria lá
comigo e eu queria isto. Precisava disto. Precisava saber que
ele se importava e coisas como estas me deixavam saber. Então
nossa dinâmica funcionava bem para nós.

Mas isto não me conseguia nem um pouco do caderninho


com os segredos de Brendan nele.

Lowell e eu estávamos nos movendo um pouco mais


rápidos agora, recapturando a sensação sexy da diversão de nos
deixarmos ir com a maré. Passei meus braços ao redor do
pescoço dele e apreciei a maneira como ele se movia; Lowell

73
era realmente um inferno de dançarino e ele somente tinha
ficado melhor desde que eu o tinha conhecido.

“Não tenho certeza se eu deveria olhar no caderninho,” eu


finalmente disse, verbalizando para Lowell o que tinha estado
me incomodando a semana toda.

Lowell franziu seus olhos azuis para mim por um segundo.


“Não?”

Eu suspirei. “Não tenho certeza,” eu repeti. “Brendan me


pediu para confiar nele.”

“Você não está preocupado sobre honestidade?” A testa


de Low franziu. “Ele está mentindo para você, Kerry.”

Contudo, isto era coisa de Lowell, não minha, de repente


eu percebi. O que assustava Lowell não necessariamente me
assustava e quais forças e fraquezas ele e Adam tinham como
um casal eram diferentes daquelas minhas e de Brendan. E se
Brendan tinha um segredo, com certeza ele tinha sido honesto
sobre isto comigo até esta altura. Como eu poderia retribuir com
um subterfugio meu, esgueirando-me e tentando descobrir?

“Ele não está mentindo,” eu disse, encontrando os olhos


de Lowell com firmeza. “Ele me disse que ia me pedir para
confiar nele e isto estava bem e para tolerá-lo. É confiança,
Low. Eu poderia não ser capaz de lhe dar muito, mas posso
confiar nele quando ele me pede. Certo?”

A expressão de Lowell era carinhosa, não cética como eu


temia que seria. “É sua escolha, Kerry. Você sabe que ele não
está traindo você. Eu sei que ele não está traindo você. Ele diz
que não é ruim, seja lá o que for que ele está escondendo.
Apenas... grande. Certo?”

74
Os lembretes de Lowell reforçaram a minha pequena
revelação. “Sim. Não sei o que está acontecendo, mas serei
paciente. Ele tem sido paciente comigo e eu confio nele com
tudo. Ele me conhece, Lowell. Tão bem que as vezes é como se
ele me conhecesse melhor do que eu me conheço.”

“Então vá com seus instintos, Kerry. Se você acha que é


confiança e paciência que você precisa, use confiança e
paciência.”

Meu coração, que tinha estado pesado por semanas, de


repente ficou mais leve. Eu tinha estado tão estressado sobre o
caderninho misterioso de Brendan, tão preocupado sobre o que
tudo isto significava, que eu tinha me permitido cair de volta na
velha rotina do Kerry sentindo-se inadequado e inseguro. Eu
poderia ter chutado a mim mesmo. Eu não era mais o velho
Kerry e eu tinha Brendan para agradecer por isto. E sim, a mim
mesmo também, eu imagino, mas ele tinha me dado a força
quando eu mais tinha precisado disto. Então, no momento em
que ele tinha me soltado eu quase tinha me permitido cair. Mas
não. Eu não tinha pego o caderninho quando eu tinha tido a
oportunidade, então talvez eu tinha me redimido antes que eu
ficasse muito fora de controle.

Brendan somente tinha me pedido duas coisas – confiança


e paciência. Não me custava nada dá-las para ele e ele não tinha
sequer mentido sobre o fato que ele estava fazendo algo nas
minhas costas. Não havia desonestidade aqui. Eu pensei sobre
as dinâmicas de relacionamento que eu tinha visto nas últimas
semanas. Arthur e Pam, onde Arthur parecia muito contente em
ocupar uma posição inferior. Lowell e Adam, onde Low usava
Adam como sua vareta de medição quando ele não tinha certeza

75
sobre as suas escolhas. Até mesmo, Emma e Phil, que pareciam
fazer muitas coisas juntos como Brendan e eu.

Nenhum deles era o mesmo que qualquer outro. O que


Brendan e eu tínhamos, funcionava para nós. Eu poderia ter
chorado aliviado. Eu confiava em Brendan com muitas coisas.
Com minha amada gata, com minha casa, com meus pertences e
mais importante, com meu coração e minha alma. Às vezes
confiança era um pouco assustador, saber que a pessoa para
quem você estava dando-a tinha o poder de machucá-lo mais
do que qualquer outra pessoa, mas este eram Brendan. Meu
Brendan.

Eu assustei-me um pouco com um toque no meu ombro.


As mãos de Lowell caíram para longe da minha cintura e foram
substituídas por duas mãos novas, mãos familiares. Sem abrir
meus olhos, levantei meus braços. Brendan não era tão
musculoso quanto Lowell, que estava em boa forma e tonificado
das horas no estúdio de dança. Bren era magro e flexível, em
forma, mas realmente não de maneira tão espetacular. Muitas
horas para ele passadas nas salas de exame veterinário. Eu
conheceria a sensação dele em qualquer lugar. O cheiro dele.

Meus braços acomodaram-se ao redor do pescoço de


Brendan e eu me senti derreter. Sim. Este era o lugar onde eu
pertencia.

Lábios gentis acariciaram os meus. Sem realmente me


beijar, Brendan murmurou na minha boca, “Está tudo bem? Você
parecia bastante preocupado aqui.”

Eu aqueci imediatamente até a minha alma. Eu tinha sido


observado tão atentamente. Após anos sendo dispensado,
rejeitado, ignorado pela minha familia, este homem me

76
observava como um falcão e importava-se que eu parecesse
preocupado. O suficiente para deixar nossos amigos na mesa
deles e vir se certificar que eu estava bem ao invés de sequer
me esperar voltar. Eu o amei tanto neste momento que eu senti
meus olhos começarem a arder. Eu os fechei com força, porque
era bobagem chorar sobre algo feliz. Eu odiava chorar.

Brendan notou, claro. Ele parou de dançar e a multidão na


pista continuou movendo-se ao redor de nós. “Kerry? Baby,
você está bem?”

Eu me permiti uma pequena fungada e olhei para ele, rindo


um pouco. “Sim. Sinto muito, Brendan. Eu estava preocupado
sim, mas Lowell meio que me ajudou. Eu estou apenas... Eu
realmente amo você. Você sabe disto, certo?”

“Claro que sei.”

Eu apertei Brendan com força. “Eu apenas quero continuar


amando você, ok? Só isto. Para sempre.”

Brendan afastou seu braço de mim por tempo suficiente


para fingir verificar um relógio que não existia. “Sim, acho que
tenho para sempre para isto. Tem certeza que você está bem?”

Eu ri novamente. “Sim. Sei que estou sendo estranho e


carente, até mesmo para mim. Sinto muito.”

Brendan deu uma risada e em seguida me pegou e me girou


de maneira que tive de passar minhas pernas ao redor dele ou
correr o risco de chutar alguém.

“Ei, gosto de você estranho e carente. Contudo, não se


preocupe, Kerry-bug. Sei que tenho sido ainda mais estranho
do que você ultimamente e prometo, está quase terminado. Se
você puder esperar mais um pouquinho, valerá a pena. Eu

77
espero... quero dizer, merda, eu realmente espero que valha a
pena.”

Eu segurei o rosto de Brendan. Seus dentes brancos e


regulares enquanto ele sorria para mim, o brilho travesso nos
seus olhos, embora eles parecessem um pouco cansado. Mas lá
estava ele, de repente, o brilho que tinha estado desaparecido
nas últimas semanas. O rosto Eu Tenho Um Segredo de Brendan.
Meu coração bateu forte aliviado e um pouco animado.

“Ninguém está doente?” Eu tinha de perguntar. “Ou...


morrendo, ou algo ruim?”

“É isto que você...?” O rosto de Brendan foi de excitado e


feliz para horrorizado. “Não. Não, Kerry, eu teria lhe contado.
Sinto muito. Realmente sinto muito. Realmente não é disso que
se trata.”

De repente eu estava sendo rebocado para fora da pista


de dança, saindo pela porta da frente e até o carro no
estacionamento sob os olhares atentos dos leões de chácara da
AXE. Eu não resisti, não até que Brendan abriu a porta,
vasculhou o porta-luvas e surgiu com seu pequeno caderninho.

“Aqui. Leia.”

A expressão dele estava séria, ansiosa.

Eu olhei para o caderninho, bem ali, o objeto que tinha


estado me causando tanto estresse e frustração. Eu olhei de
volta para o rosto de Brendan e percebi quão chateado ele
estava com minha noção que ele tinha estado escondendo algo
potencialmente ruim de mim, embora ele tenha dito que era bom.

Ele estava chateado e ele estava um pouco magoado. Eu o


tinha magoado, depois de tudo. Meu coração bateu forte

78
novamente, a pobre coisa desacostumada a estes altos e baixos
rápidos. Eu toquei a capa do caderninho e o empurrei de volta.

“Não.”

Nós olhamos um para o outro, em pé do lado de fora da


porta do passageiro do carro, nossas mãos iluminadas na luz
vindo do interior.

“Sinto muito, Brendan,” eu sussurrei. “Não tinha a intenção


de magoá-lo. Não é que eu não confie em você. Eu apenas não
pensei. Eu me deixei ficar apavorado.”

As mãos de Brendan tremiam onde elas seguravam o


caderninho e eu olhei para ele em estado de choque ao ver seus
olhos molhados e uma expressão de dor no seu rosto.

“Não quero lhe dar qualquer motivo para duvidar de mim,


Kerry. Eu não o quero apavorado. Eu estava tentando fazer isto,
mas ficou grande. Realmente grande. E eu queria manter isto
um segredo até que o momento certo, mas se isto vai lhe custar
o seu conforto...”

Eu o interrompi. “Por favor, Brendan. Pare. Isto foi tudo


eu. Eu fiz isto, não você. Você apenas me pediu para confiar em
você.”

“Mas você confiou.”

“Eu tentei espiar. Quase fiz isto. Na noite passada, quando


você adormeceu.”

“Estou oferecendo isto para você agora, então você não


tem de ter medo.”

Eu apertei minhas mãos sobre o caderninho e soltei. Deixei


a coisa toda ir. Eu me sentia em paz. “E eu estou lhe dizendo

79
que confio em você. Eu quero que você mantenha o seu segredo
até o momento certo.”

Ao invés de estender a mão para a coisa com a qual eu


tinha estado tão obcecado, estendi a mão para o rosto de
Brendan e gentilmente passei as pontas dos meus dedos sobre
os planos do seu rosto. Ele estava sorrindo de volta para mim
agora, um pouco tímido, mas na maior parte com o seu brilho
habitual. Ele colocou o caderninho de volta no porta-luvas. Eu
o segui para baixo quando ele se abaixou para dentro do carro
para fazer isto e ao invés de deixá-lo voltar a ficar em pé, eu o
empurrei gentilmente para o assento, seus pés descansando no
chão do lado de fora do carro. Em seguida eu o montei da melhor
maneira que eu poderia e o beijei como se eu quisesse fazer
isto, com cada centímetro de mim, cada poro meu, querendo
saborear, querendo sentir.

Os braços dele envolveram ao redor de mim e eu saboreei


a sensação de estar envolvido neste homem que significava o
mundo para mim. Ele nunca me pedia para ser qualquer coisa
que eu não fosse. Ele nunca parecia chateado que eu não fosse
ridiculamente masculino. Ele aceitava, até mesmo encorajava,
meu habito de usar seda e renda sob as minhas roupas. Ele me
tratava como eu nunca tinha sido tratado antes, como um
amante, um melhor amigo e um parceiro e em troca ele me pedia
por confiança.

Eu realmente poderia lhe dar isto.

Nós nunca voltamos para dentro do clube. Eu mandei uma


mensagem de texto para Lowell do lado de fora para avisá-lo
que tudo estava bem, mas estávamos indo para casa. Muitos

80
rostos sorridentes por todos os lados para que nossos amigos
não se preocupassem.

Tudo que eu queria era ficar perdido em Brendan, senti-


lo ao redor de mim, amando-me, de maneira tão perfeita como
ele sabia como. Ele não desapontou. Ele nunca desapontava. Eu
fiz o meu melhor para retribuir o favor, sentindo-me ousado,
mais confiante, agora que eu sabia como fazê-lo.

81
Mais outra semana se passou, mas sem o estresse e a
tensão das anteriores. Desde que ele conheceu Brendan, isto
era provavelmente o mínimo que ele via dele. Ele estava
entrando e saindo, realizando tarefas por todo o lugar. Em
determinado momento, eu poderia ter jurado que havia tinta azul
nas suas mãos, o que me fez subir pelas paredes querendo saber
que diabos estava acontecendo. Contudo, eu não perguntei e
quando olhei para baixo, Bren me deu um sorriso tímido e correu
para o banheiro onde eu ouvi a água começar a correr.

Eu não tive notícias de Lowell a semana toda também, o


que era um pouco incomum, exceto por uma troca rápida de
mensagem de texto na manhã depois do clube apenas para se
certificar que tudo estava bem. Depois disto foi tudo silêncio de
rádio. Ele e eu normalmente mantínhamos um fluxo esporádico
de conversa de mensagens de texto durante a semana,
complementando com o telefonema ocasional e quase sempre
nos encontrando para almoçar ou fazer compras ou qualquer
coisa no fim de semana. Neste fim de semana, eu não tinha
certeza. Não era como Low estar tão quieto e a mensagem de
texto que eu enviei para ele na quinta-feira à tarde perguntando
se ele estava bem ficou sem resposta.

Contudo, o novo Kerry estava suportando e enfrentando


as adversidades. Eu tentei não deixar o silêncio de Lowell me
incomodar. Se eu não tivesse notícias dele no fim de semana, eu
iria até a casa em que ele vivia com Adam e verificaria como
ele estava. Vê? Eu poderia aplicar este novo estilo de vida

82
confiante e não excessivamente estressado a todo
relacionamento que eu tinha.

Na sexta-feira à noite, Brendan voltou para o nosso


apartamento parecendo exausto. Ele não tinha me dito onde ele
tinha estado naquele dia; ele raramente trabalhava nas sextas
então eu sabia que ele tinha estado fazendo mais das suas
tarefas misteriosas. Seja qual fosse o segredo que ele estava
guardando, ele parecia... enorme. Mamute em proporção a
qualquer outra coisa que já tinha tido entre nós. Havia tensão
sobre isto, mas não era mais um tipo opressivo de tensão. Ela
apenas estava lá, como uma bolha que estava prestes a estourar
se você a cutucasse. Eu estava bem com isto, porque ele tinha
me pedido para estar.

Eu estava enroscado no sofá com Giza, trocando os canais,


quando Brendan surgiu do nosso quarto numa camiseta
confortável e calça de pijama de algodão xadrez. Meu pobre
namorado. Ele parecia uma ruina e eu não sabia como confortá-
lo. Eu levantei, atravessei a sala e peguei sua mão para arrastá-
lo para o sofá.

“Você parece cansado,” eu disse, dando-lhe um pequeno


empurrão. Ele caiu no sofá, inclinou a cabeça para trás e fechou
os olhos. Giza, temporariamente desalojada, ficou feliz o
suficiente por trocar um pai pelo outro e retomou sua posição
enroscada ao lado da perna de Bren.

“Foi um dia longo e agitado. Como foi o trabalho?” Brendan


inclinou-se para frente e passou os braços ao redor da minha
cintura, pressionando o rosto na minha barriga plana. Eu o
abracei de volta, entremeando meus dedos pelo seu cabelo
curto espetado.

83
“Trabalho foi trabalho. Arthur me fez responder mais dos
seus e-mails.”

“Secretário Kerry, huh?”

Nós compartilhamos uma risada; Brendan sabia que eu


realmente não me importava. Eu achava Arthur mais divertido
do que qualquer coisa, além disso ele tinha me ensinado muito
durante meu tempo lá.

“Com fome? Eu fiz o jantar. Posso aquecer um pouco para


você?”

Brendan inclinou a cabeça para cima e seus olhos


castanhos encontraram os meus olhos azuis claros. Ele parecia,
embora cansado, muito feliz. “Você não se importa? Eu mesmo
posso pegá-lo.”

Eu balancei a cabeça. “Apenas fique ai. Irei pegá-lo.


Alguma coisa que você quer fazer hoje à noite?”

Brendan virou o queixo para cima num pedido silencioso;


eu me inclinei e beijei-o lentamente. Não houve muito calor
nisto; mas parecia como se nós mal tivéssemos visto um ao
outro a semana toda, então nós demoramos e demoramos.
Quando nos separamos, o sorriso de Bren estava mais amplo.
“Apenas isto. Apenas quero ter uma noite agradável e tranquila
em casa com você. E não quero soltá-lo até que eu precise.”

Pequenos cachos de calor desenrolaram-se dentro do meu


peito, alastrando por todo meu corpo com alegria. Este cara. Ele
realmente amava tudo que eu era.

“Eu poderia subir a bordo com ser pegajoso,” eu disse.

84
Brendan assentiu e eu me inclinei para beijá-lo novamente,
um pouco mais aquecido, um pouco mais sugestivo. Meu
namorado gemeu. “Isto também,” ele disse num sussurro suave.

“Jantar primeiro.”

Eu já tinha comido já que eu não sabia realmente quando


Brendan estaria de volta, mas eu cantarolava baixinho para mim
mesmo enquanto eu fazia um prato para ele; frango com ervas
num molho de creme com aspargos sobre uma cama de arroz.
Eu ofereci isto para ele com um copo de água gelada e apreciei
os pequenos sons que ele fazia enquanto comia, os hums e
mmms de alguém que estava apreciando a sua refeição. Quando
ele teria levantado para colocar seus pratos na lava-louça, eu o
impedi e fiz isto por ele. Voltando para a sala de estar eu o vi
estendendo a mão, as almofadas empilhadas, pronto para
aninhar.

Balancei minha cabeça para ele. “Um pouco diferente


desta vez,” eu disse.

Desta vez, eu inverti nossos papeis. Eu me acomodei


contra as almofadas, puxei o corpo maior de Brendan para os
meus braços e enrosquei-me ao redor dele, abraçando-o com
força. Na verdade, eu senti seu corpo relaxar no meu, como se
ele tivesse estado tenso e finalmente tivesse ficado sem
energia.

Eu beijei o alto da sua cabeça. “Amo você, Bren.”

“Amo você também, Kerry. Muito. Obrigado por ser


paciente comigo.”

85
Balancei minha cabeça, sentindo o cabelo dele roçar no
meu rosto. “É uma boa prática por lidar com você,” eu
provoquei. Eu não ia deixá-lo ficar deprimido. Chega disto.

Os ombros dele tremeram quando ele deu uma risadinha.


Brendan, provavelmente mais do que qualquer um que eu
conhecia, adorava humor auto-depreciativo e praticamente
estava sempre disposto para ser o alvo de uma piada.

“Estou tentando as vezes,” ele disse, tentando soar


humilde. Ele fracassou muito, soando orgulhoso desta
característica em vez disto.

“As vezes?”

“Hmm. Bom ponto. Sempre, então. Você é um santo por me


tolerar.”

“Santo Kerry. Eu gosto disto melhor do que Secretário.


Quando recebo meu halo?”

Brendan virou de bruços. Oh. Ele não estava tão cansado.


Realmente não. “Já está reservado,” ele murmurou,
pressionando seus quadris nos meus e demonstrando
exatamente quais partes dele estavam muito acordadas.

“Isto é uma vergonha. Eu gostaria de experimentá-lo.” Eu


passei minhas pernas ao redor da cintura de Brendan agora,
erguendo meus quadris para ele, convidando-o para mais perto,
muito mais perto.

“Parecemos ter um conflito de interesses então,” Brendan


disse, “porque neste momento eu, principalmente, quero que
você tire as coisas fora.”

Ele agarrou minha camisa com os dentes e puxou


gentilmente. Eu ri. “Gosto do som disto também,” eu disse.

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A respiração de Brendan estava soprando gentilmente no
meu pescoço agora, a minha tinha acelerado um pouco também.
Se isto era como ele queria que a noite fosse, com certeza eu
não ia reclamar. Eu não poderia pensar numa melhor maneira de
aliviar o estresse para nós dois, honestamente.

“Quarto ou aqui?” Brendan já estava trabalhando minha


camisa por cima da minha cabeça, os dedos puxando o cós do
meu jeans com uma impaciência crescente. “Desejei você a
semana toda.”

“Aqui está bom.” Se a minha voz soou um pouco


estrangulada, bem, as mãos de Brendan estavam dentro da
minha calça agora, empurrando o denim para baixo e para longe,
as mãos alisando sobre o cetim verde-esmeralda da bermuda
que eu usava por baixo. Eu lutava para alcançá-lo, usando as
minhas próprias mãos trêmulas para rasgar sua camisa para fora
e agarrar um punhado da sua bunda perfeita...sem cueca para
ele. Ainda melhor.

Não demorou muito para estarmos nus juntos no sofá,


bocas e mãos explorando, deixando pequenos pontos e linhas
molhadas sobre a pele recém-exposta. Palavras provocativas e
galanteadoras hesitaram e sumiram quando nossas bocas
ficaram ocupadas fazendo outras coisas. Brendan fechou sua
boca sobre o meu mamilo e a sensação disto enviou ondas de
choque pela minha coluna. Eu nunca tinha imaginado, dois anos
e meio atrás, que meu corpo era capaz de tal sensibilidade.

Com somente a manta fina nos cobrindo, Brendan


empurrou para cima sobre os seus braços, erguendo-se sobre
mim. Eu já estava duro – além de duro, eu estava pronto para
entrar em combustão, quando senti seu pênis deslizando sobre

87
a minha bunda. Deixei escapar um pequeno gemido
estrangulado, que quase desapareceu apenas com a sugestão de
senti-lo nu dentro de mim. Nós nunca tínhamos feito isto, mas
tínhamos conversado sobre isto. Nós dois fomos testados, os
dois limpos, os dois exclusivos, claro.

Brendan estendeu a mão para a mesa de canto, onde


guardávamos os suprimentos para noites exatamente como
estas. Ele voltou com o lubrificante ( a marca que eu gostava )
e um pacote de alumínio. Sua boca desceu sobre a minha
novamente, sua língua deslizando para dentro, saboreando-me
enquanto seus dedos mergulhavam entre nós para procurar
gentilmente pela minha abertura. Eu o deixei, acolhendo-o e ele
moveu dos dedos escorregadios gentilmente para dentro.

Quando eu era mais jovem isto tinha sido quase uma fonte
de vergonha para mim. Eu sabia que nem todas as pessoas
apreciavam isto e eu sabia que gostar disto não me tornava nem
um pouco mais ou menos gay. Contudo, havia um estigma que
estava ligado a isto, que tinha me deixado um pouco temeroso
dos meus próprios desejos quando eu tinha sido um adolescente
confuso explorando pela primeira vez o seu próprio corpo.
Aquela confusão tinha ido embora há muito tempo. Com
Brendan, o único homem que eu já tinha amado, não havia
nenhuma dúvida na minha mente que isto era uma coisa perfeita
e estava tudo bem em gostar disto. Com Bren meu corpo zumbia,
movia-se com energia e faiscava como o vagalume que ele me
comparava. Ele me deixava louco com seu toque. Eu nunca gozei
tão profundamente, tão completamente, como quando ele estava
dentro de mim, se apenas com seus dedos ou seu pênis, ou as
vezes com ambos. Era quase demais as vezes, quando um
clímax mais leve, menos arrebatador iria satisfazer.

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Ele sabia disto também e por este motivo ele afastou-se
antes que as coisas fossem longe demais e olhou para mim.
“Você quer isto hoje à noite, amor?”

Eu queria gritar em frustração. “Não. Apenas estou prestes


a perder a minha mente porque eu, tão desesperadamente, odeio
o que você está fazendo.”

Sarcasmo era tudo o que me restava. Brendan deu uma


risada ofegante. “Ok. Entendi. Uma mente perdida chegando.”

Ele abaixou a mão para abrir o preservativo e eu agarrei


seu pulso. “Sem isto.”

Todo o corpo de Brendan congelou. “Kerry?”

Eu olhei para ele, firme. “Amo você. E confio em você. Nós


já conversamos sobre isto.”

Ele tocou sua testa na minha. “Confio em você também. E


amo você mais do que eu posso lhe dizer. Mas você não quer
que isto seja... especial?”

Eu ri alto, um som surpreendente e feliz. “Você é especial,


Brendan. É você e eu e nós nos desejamos e nenhum de nós vai
a lugar algum, sim?”

Brendan assentiu. Eu continuei. “Então o que seria mais


especial? Quero você. Dentro de mim. Quero senti-lo aqui, nada
entre nós, porque você é perfeito para mim e isto é tudo que eu
poderia precisar.”

Brendan olhou em dúvida para o preservativo. Eu o


arranquei da sua mão. “Não precisamos disto, baby,” eu disse
baixinho. “Há algum motivo que precisamos disto?”

“Claro que não.”

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Eu me esfreguei contra ele. Ele não tinha ficado sequer um
pouquinho mole durante a breve conversa. Ele gemeu baixinho
quando eu me pressionei nele. “Quero muito isto. Mas quero que
seja perfeito para você.”

“Quero que isto seja perfeito para você também, bobo,” eu


disse, beijando-o novamente. Bren nunca tinha transado sem
camisinha com alguém também. Por que deveria ser somente eu
quem recebia um tratamento especial?

“Você é perfeito de qualquer maneira.”

“Eu sinto o mesmo.”

Brendan riu então, uma risada nervosa engraçada que era


um pouco diferente dele, mas eu sabia como ele se sentia. Isto
era grande. Isto era permanente. Isto era tão íntimo, tão
confiante, quanto poderíamos ser. “É como se não
precisássemos ter uma discussão, mas estamos tentando fazer
um.”

“Pare de tentar então.” Pela primeira vez, foi a minha vez


de tranquilizá-lo. Ele realmente queria tornar isto bom para
mim, mas eu queria cuidar dele as vezes também e hoje à noite,
aparentemente, isto significava ser um pouco mais atrevido do
que o habitual. Eu podia lidar com isto agora.

Ele alinhou-se e eu rolei meus quadris para cima para ele,


implorando. O tempo pareceu ter parado na nossa sala de estar
quando ele gentilmente balançou contra mim, lentamente
trabalhando a si mesmo para dentro, embora para ser honesto o
processo não era muito difícil agora, cada um sabendo como o
outro funcionava, como nós nos encaixávamos juntos como duas
peças de um quebra-cabeças. Foi apenas muito mais intenso.
Não havia mais nenhum argumento não existente. Apenas nós

90
dois, unidos, tão em sincronia que nossas respirações pareciam
perfeitamente sincronizadas assim como nossos corações.

A sensação era incrível sem a camada extra entre nós.


Onde eu estava tão acostumado a sensação escorregadia falsa
do látex impessoal e estranho, agora havia pele, viva e quente.
Os braços de Brendan estavam ao redor de mim, sua boca na
minha, seu corpo dentro do meu corpo no encontro mais perfeito
que poderia existir.

Acho que durei dez segundos, não o meu melhor momento.


Três investidas e eu, na verdade, explodi gritando o nome de
Brendan, faíscas voando ao redor dentro do meu crânio. Meu
único consolo foi a sensação de Brendan pulsando dentro de
mim, me marcando, não mais capaz de esperar do que eu fui. Eu
ofegava por ar, agarrando seus quadris, tentando arrastá-lo tão
profundo dentro de mim quanto possível enquanto ele gozava e
gozava. Sem vergonha, sem medo, sem dúvida, nada exceto
amor entre nós.

Acho que eu apaguei com a intensidade disto, a maneira


como meu coração estava batendo forte. Quando eu voltei a
mim, Brendan estava deitado em cima de mim, ainda respirando
com um pouco de dificuldade e meus braços estavam envolvidos
ao redor dele. Ele não estava mais dentro de mim e eu podia
sentir a evidência escorregadia molhada, do que nós tínhamos
acabado de fazer, nas minhas coxas. Eu senti o rubor começar
no meu peito e subir para o meu rosto.

“Bem-vindo de volta,” Brendan disse. Ele usava um


sorriso preguiçoso e mais nada.

Eu tive de engolir em seco antes que eu pudesse responde.


“Puta merda.”

91
Nós olhamos um para o outro, em seguida, explodimos
numa gargalhada.

“Você está bem, certo? Foi... foi bom?” Brendan ainda


conseguia estar preocupado depois que recuperamos nosso
folego mais uma vez.

“Foi o melhor.”

“Bom. Porque vamos fazer isto novamente.”

Houve mais uma boa quantidade de risada e muito mais


provocação. Eu fui arrastado para uma cama adequada e, sim,
dentro da próxima hora mais ou menos, nós fizemos isto
novamente. E, em algum lugar por volta das três da manhã,
novamente. Quando finalmente caímos no sono pela última vez,
eu me senti um pouco presunçoso, que Brendan parecesse uma
boa visão mais relaxado do que ele tinha naquela noite. E eu
sabia bem no fundo da minha alma que nós estávamos firmes
juntos. Não importa o que.

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Thump

“Sinto muito.”

Eu gemi um pouco.

Brendan estremeceu.
Thump-thump.

“Merda. Sinto muito novamente, Kerry.”

“Onde estamos indo?”

Que não seja dito que três vezes não deixa uma marca.

Nós estamos no carro de Brendan depois da nossa incrível


noite arrebatadora e embora normalmente fazer sexo assim
realmente não deixava muito de nada exceto uma pontada, três
vezes era definitivamente o meu novo limite. Eu sentia cada
buraco. E eu queria uma almofada inflável. E gelo nos locais
embaraçosos. Não era necessariamente a entrada do meu corpo
que doía; Brendan era um amante maravilhoso e paciente e
honestamente, nós brincávamos assim com muita frequência que
eu estava acostumado a relaxar para ele. Mas ser dobrado como
um pretzel três vezes a noite, isto era o que me tinha dolorido.
Eu não tinha sido capaz de resistir a puxá-lo para dentro de mim
também, não quando nós estávamos olhando um para o outro e
empurrando de volta para ele na última vez quando eu tinha
estado de quatro. Então, basicamente, meu namorado tinha
passado a noite me espancando com a sua pélvis. O pensamento

93
disto quase me fez dar uma risadinha quando eu não estava
gemendo. Honestamente, eu tinha gostado disto. Amado.

Contudo, teria sido melhor, se Brendan não tivesse me


convidado para ir junto para fazer uma inspeção preliminar do
novo local de trabalho em potencial de Justin. Aparentemente,
o lugar estava localizado numa área magica da cidade acessível
somente ao atingir cada buraco na criação exatamente na ordem
certa. Brendan estava indo muito bem. Nós estaríamos lá em
breve, eu tinha certeza.

“Não é longe. Apenas preciso encontrar algum lugar para


estacionar. O estacionamento é horrível aqui.”

Eu olhei ao redor, tentando aliviar a minha dor ao sentar


sobre as minhas mãos. Não ajudou. “Há uma academia de
ginastica por aqui?”

“Sim. Não é muito longe daqui, mas é tão bonito, eu achei


que talvez poderíamos caminhar um pouco.” Brendan parecia
culpado. “Quero dizer, achei que caminhar poderia ser, hum,
melhor. Porra. Sinto muito, Kerry. Nós realmente nos deixamos
levar.”

Eu finalmente desisti e deixei minhas risadinhas


escaparem. Uma vez que eu comecei, não consegui parar.
Brendan logo juntou-se e isto se tornou uma daquelas coisas
onde todas as vezes que encontrávamos os olhos um do outro,
simplesmente começávamos tudo de novo. Estacionamento, de
fato, tornou-se critico uma vez que estava ficando cada vez
menos seguro para dirigir. Brendan tinha lágrimas nos olhos de
tentar se conter.

“Sinto muito,” ele disse novamente através de ofegos. “É


apenas... seu rosto. É tão... triste.”

94
“Eu irei lhe mostrar triste. Você vai estar muito triste
quando acabar vivendo uma vida de celibato, amigo.”

Nós olhamos um para o outro e começamos a rir


novamente e Brendan finalmente ( misericordiosamente )
encontrou uma vaga de estacionamento ao longo de uma rua
bonita numa área residencial. Com outra risada gemida, eu desci
do carro. Não era horrível, realmente, mas cara, eu podia sentir
o que nós tínhamos estado acordados a noite toda. Minhas
costas e minhas pernas ardiam. Brendan deu a volta no carro,
deslizou seu braço ao redor da minha cintura e me abraçou perto
enquanto fechava a porta do carro e a trancava.

“Realmente sinto muito, amor,” ele murmurou, dando um


beijo nos meus lábios.

“Pare de se desculpar,” eu gemi. “Foi fantástico. Se eu não


estivesse dolorido, eu estaria arrastando você de volta para
casa praticamente há meia hora atrás para fazer isto novamente.
Eu poderia ter estirado um musculo da bunda.”

“Viciado em sexo.”

“Olha quem está falando. Preciso de uma massagem mais


tarde.”

Nós fizemos o nosso caminho pela rua, bêbados de riso, de


braços dados. Nós não preocupamos em ser públicos assim; isto
não era uma grande preocupação nesta área. Havia algumas
partes da cidade, com certeza, que realmente não era inteligente
ser tão óbvio. Mas sendo quem eu era, minúsculo e meio
afeminado para começar, eu era geralmente bom em evitar
lugares assim com ou sem um parceiro.

“Isto é agradável,” eu disse.

95
Nós estávamos caminhando ao lado de um parque, cercado
por uma cerca de ferro forjado. Dentro havia crianças jogando
Frisbee e um grande Golden retriever numa correia observando
avidamente enquanto a mulher com quem ele estava, estava
sentada num banco lendo um livro. Estava ensolarado e quente
e havia pássaros cantando e pessoas conversando. Estávamos
cercados pela vida.

“Mais do que agradável,” eu mudei enquanto alcançávamos


uma esquina e virávamos. “É como se tivéssemos entrado num
daqueles shows de reforma de casas que gostamos, sabe? Onde
eles sempre querem se mudar para a casa perfeita, mas a casa
perfeita está um bilhão de dólares fora de alcance?”

A risada de Brendan foi rica. “Sim, é meio como isto.”

A rua que tínhamos virado estava revestida com uma fileira


de casas de arenito vermelho em cada lado. Elas eram
maravilhosas, realmente fofas e pitorescas. Cada uma tinha um
pequeno jardim cercado e um conjunto de degraus conduzindo
para uma porta em arco. Algumas tinham telhados pontiagudos
e algumas eram planas. Este era o tipo de casa que sempre
conversávamos sobre morar sempre que sonhávamos
acordados. Era uma coisa do tipo algum dia e não era incomum
para nós caminharmos ao redor de áreas tranquilas da cidade
como esta e simplesmente conversamos e conversamos sobre e
se.

Alcançamos o final da rua e meus olhos iluminaram quando


eu vi a casa na esquina.

“Oh, olhe aquela, Brendan.”

Era imponente e antiga ( mas não muito antiga ) e o lote de


esquina dava a ela um pouco mais de grama. Ela tinha uma linda

96
bay window1 que estava recebendo muito do sol da manhã, mas
as arvores grandes do outro lado da rua com certeza ofereciam
sombra mais no final do dia. O melhor de tudo também, ela tinha
pequenas persianas decoradas nas laterais das janelas.

“As persianas são azuis!” Eu as amava. Eu soltei a mão de


Brendan e olhando para ambos os lados, corri para o outro lado
da rua. Eu descansei minhas mãos no portão e dei uma espiada
por cima do lado. Virei para Brendan e sorri. “Este é um
daqueles momentos em que você apenas quer caminhar até a
porta, bater e pedir se você pode apenas entrar e bisbilhotar.
Apenas para ver quão perfeita ela é.”

Eu senti Brendan atrás de mim, solido e quente. Ele


deslizou as mãos ao redor da minha cintura.

“Esta é a casa que eu queria que você visse, realmente.


Na verdade, é por isto que estamos aqui.”

“Esta casa?” Eu virei a cabeça, descansando para trás no


peito de Brendan e olhei para ele. Havia um olhar estranho no
seu rosto.

“Esta casa. Eu pensei que deveria avisá-lo, estou fazendo


uma oferta por ela na segunda-feira.”

Eu olhei boquiaberto para ele. Por um segundo eu fiquei


entorpecido. Este era o grande segredo de Brendan? Ele estava
se mudando do nosso complexo de apartamentos sem me
contar? Comprando uma casa?

Eu devo ter ficado tenso, porque Brendan afastou-se de


mim. Eu senti falta do seu calor imediatamente. “Isto é... uau.
Isto é uma surpresa,” eu disse, olhando para a bonita casa de

1
NT: uma janela com múltiplos painéis, com pelo menos três painéis colocados em ângulos
diferentes para criar uma saliência da linha da parede.

97
arenito vermelho. Por um momento eu lembre da época que
meus pais, sabendo o quanto eu queria ir para a França, levaram
minha irmã lá sem me contar ou me convidar para ir junto. Isto
quase me destruiu, porque este era exatamente o tipo de
lugarzinho que eu iria querer se eu tivesse estado caçando por
uma casa. Tinha que haver mais do que isto. Brendan não faria
isto comigo.

“Kerry.”

Eu tomei uma respiração profunda e fortalecedora. Eu


sequer tinha certeza o que eu deveria dizer, mas a voz de
Brendan me obrigou a virar. Mas quando eu tentei encontrar
seus olhos eles não estavam acima de mim. Eles estavam abaixo
de mim. Ele estava ajoelhado num joelho, segurando na frente
dele uma caixa pequena praticamente do tamanho daquela que
Começou Tudo Isto ( oh sim, isto merecia letras maiúsculas ) que
quase foi entregue por engano na minha porta um mês atrás.

Eu senti o ar deixar os meus pulmões.

Brendan engoliu em seco. “Eu estava realmente esperando


que pudéssemos fazer uma oferta nela juntos. Porque seria
terrivelmente solitário sem você.”

E eu olhava.

“Eu queria encontrar um lugar que seria perfeito, então


quando eu pedisse para você casar comigo você poderia ver o
quadro todo. A casa. O parque. O jardim. E eu queria fazer isto
aqui, para que eu pudesse lhe oferecer tudo junto. Você iria,
Kerry. Você casaria comigo e moraria aqui comigo?” Ele abriu
a caixa, revelando uma linda aliança com tom branco com uma
faixa de safira azul brilhante no meio.

98
Eu continuava olhando, só que agora eu sentia as lágrimas
quentes escorrendo pelo meu rosto. Este era o grande segredo
de Brendan. Muito mais, muito melhor, do que eu já tinha
especulado. Eu tinha achado que ele estava ainda no estágio do
planejando as nossas primeiras férias e aqui ele deve ter estado
caçando uma caça pelo último mês, mais ou menos, planejando
a proposta de casamento mais perfeita de todos os tempos.
Apenas para mim.

Brendan pigarreou. “Kerry. Você está me matando aqui.”

“Oh porra. Sim. Sim, sinto muito, sim. Irei casar com você,
Bren, claro que irei.”

Eu me pus em movimento, lançando-me em Brendan, pela


primeira vez não tentando sequer me conter enquanto eu
soluçava no seu pescoço. Nós desmoronamos numa pequena
pilha na calçada, rindo, chorando, beijando. Com uma mão
trêmula, Brendan deslizou a aliança no meu dedo anular direito,
onde ele encaixou perfeitamente. Eu fiquei maravilhado com o
seu peso quente.

“Como você sabia que iria servir?”

“Sei tudo sobre você.” Brendan sorriu.

Eu o agarrei perto de mim. “Oh. Vamos nos casar. Vamos


realmente nos casar.”

“Isto é o que o sim e a aliança e as outras coisas significam.


Quero dizer, eu achava que sim.”

Eu cutuquei Brendan com força nas costelas. Ele riu e me


beijou novamente. Foi depois que nós viemos à tona para
respirar que eu olhei para o pátio da casa mais uma vez.

“Uh. Brendan, onde está a placa A venda?”

99
“História engraçada sobre isto, mas vai ter de esperar.
Temos um outro lugar para estar.”

“O que?”

Brendan estava livre, puxando-me pela mão, tão risonho


quanto eu estava. Felicidade florescendo no rastro de cada
passo meu enquanto eu o seguia, porque se esta era a sua
grande surpresa, eu não queria que ela terminasse.

Voltamos para o carro e dirigimos por mais alguns


quarteirões pela rua até um pequeno restaurante italiano que
nós dois amávamos. Desta vez ele conseguiu evitar os buracos,
embora eu tivesse certeza que eu não iria sentir nada.
Estacionar foi muito mais fácil. Eu deveria ter sabido que algo
estava acontecendo porque vários carros pareciam, de modo
suspeito, familiares, mas no momento em que abrimos a porta,
a pequena multidão dentro explodiu em movimento.

“Surpresa!”

Dentro do LaVita’s estava toda nossa familia e todos


nossos amigos. Um pequeno pôster estava pendurado na direção
da parte de trás sobre o bar e lia, Bem-vindo a familia, Kerry!
Alguém tinha escrito debaixo do meu nome ( oficialmente de
verdade ) com um marcador preto. Fomos imediatamente
cercados pelos Morrows, a mãe de Brendan a primeira entre
eles. Ela me envolveu num abraço enorme e apertou. Eu a
abracei de volta; ela era mais uma mãe do que a minha.

“Oh Kerry estamos tão felizes. Parabéns vocês dois!”

“Obrigado!” Eu não sabia o que mais dizer.

Nos dois continuávamos dizendo isto várias vezes.


Obrigado, obrigado, sim, estamos felizes. Extremamente felizes.

100
A familia de Brendan estava lá, a maioria dos seus colegas de
trabalho da clínica veterinária, incluindo Emma e seu marido
Phil. Adam e Lowell estavam lá também e Lowell me abraçou
apertado.

“Sinto muito que eu tentei fazer você olhar naquele


caderninho,” ele disse, agarrando-me num abraço feroz.

“Você não sabia o que havia nele?” Inferno, eu ainda não


sabia. Tudo que eu sabia agora era que devia ter de alguma
maneira estado relacionado a todo o planejamento de Brendan.

Adam, atrás de Lowell, riu, sua mão grande descansou


confortavelmente no quadril de Lowell. “Low não sabe guardar
um segredo para salvar sua vida.

Lowell fez um beicinho. “Eles não me contaram até a


semana passada. E então eu fui estritamente proibido de
conversar com você porque eles achavam que eu iria estragar
tudo.”

Eu o abracei novamente. “Não fique chateado. Esta foi a


melhor surpresa de todas.”

Lowell mordeu seu lábio. “Não, eu quero dizer... Não quero


arruinar sua festa. Podemos conversar sobre isto mais tarde.
Mas eu estava errado em ser mandão. Eu apenas... amo você,
querido. Eu queria protegê-lo.”

Foi difícil não sorrir; Low estava tão zangado consigo


mesmo, mas não havia motivo para estar. Eu tinha tirado
conforto do meu melhor amigo muitas vezes no passado. Agora
eu o abracei novamente e devolvi isto. “Está tudo bem, Low,”
eu disse. “Estou tão feliz em ter você cuidando de mim. E tudo
que você disse era verdade, para você e Adam. Eu fiz as minhas

101
próprias escolhas e você me ajudou a chegar lá, ok? Está tudo
bem.”

Lowell apertou; eu me incomodei. Ele beijou minha testa


enquanto me soltava. “Estou muito feliz por você, Kerry.”
Vestígios da sua travessura habitual cruzou suas feições
bonitas. “Contudo, Adam está em apuros. Vamos ter de discutir
guardar segredo e honestidade.”

Contudo, não havia raiva e eu achei que talvez meu melhor


amigo poderia ter aprendido algumas coisas também. Ele tinha
apoiado os braços nos quadris e estava olhando para Adam
numa raiva fingida. Eu suspeitava que talvez alguns meses mais
tarde, iriamos rir quão agitados ficamos por causa de um
caderninho idiota e um minúsculo segredo gigantesco.

Para minha surpresa, Arthur e sua esposa Pam estavam lá


também. Arthur apertou a minha mão e deu-me um sorriso de
verdade – não o seu sorriso responda meus e-mails, por favor. “Estou
tão feliz por você, Kerry. Quando Brendan veio me convidar
para estar aqui hoje, bem, eu fiquei lisonjeado. E muito feliz por
você. Muito feliz.”

Este era Arthur. Desajeitado, mas geralmente sincero.


“Ele o convidou pessoalmente?” Eu não pude deixar de
perguntar.

Arthur pigarreou. “Bem, er, ele, ah, tinha algumas outras


perguntas. Hum. Em relação, uh, ao trabalho. No museu. Que,
uh, ele achava que eu poderia responder.”

Antes que eu pudesse sequer ponderar sobre isto, fui


girado para longe novamente. Nós jantamos, bebemos um pouco
e celebramos da melhor maneira que sabíamos como, com

102
amigos e familia. Familia de verdade, o tipo que me queria aqui
porque eles me amavam. E eu os amava muito.

Enquanto comíamos a sobremesa, o Sr. Morrow ligou seu


laptop, que estava ligado a alguns alto-falantes para música. Na
tela, de repente havia uma foto minha e de Brendan caminhando
juntos na direção da casa. E em seguida a proposta. Eu girei ao
redor para tentar ver quem tinha sido o cinegrafista sorrateiro
e Justin balançou seus dedos para mim de brincadeira. Como e
onde ele tinha escondido seu corpo de 1,82m e cabelo ruivo
brilhante, eu não fazia ideia.

Depois das fotos da proposta, houve uma centelha e em


seguida as páginas do caderninho de Brendan começaram a
passar num slide show. E agora eu sabia o que ele tinha estado
escrevendo.

- tamanho da aliança: 5

- casa: precisa de persianas azuis!

- bay Windows

- não viajou de avião!

- precisa de uma cozinha maior

- sala de desenho

- prateleiras embutidas na sala de estar

- aparelhos domésticos de prata melhor do que branco

- terreno de canto?

- sala para um cachorro de verdade

- tem férias, mas não planos

- pergunte Emma – resposta: viagem.

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As anotações continuavam, as vezes uma por pagina, as
vezes mais. Havia pequenas coisas que eu tinha dito de
passagem que eu não tinha dado nenhuma reflexão. Havia
observações que ele tinha feito, hábitos que eu tinha que ele
fazia o seu melhor para alinhar com os seus, coisas que ele
queria para si mesmo também, então eu sabia que ele não estava
levando somente a mim em consideração ( Brendan tinha
desejado um cachorro sempre, mas ele preferia cachorros
grandes, então pelo menos um quintal pequeno era uma
necessidade ). Viver juntos tinha parecido tão sem esforço e
diante de mim estava a evidência de quão duro Bren trabalhava
para fazer tudo isto fluir. Havia endereços das casas que
Brendan tinha olhado e dispensado. Havia casas talvez. E então
havia a nossa. Sr. e Sra. Davis e o horário de uma reunião de
ontem quando Brendan tinha parecido tão exausto.

Eu ouvia sua voz, descrevendo algumas das coisas que ele


tinha escrito ou visto e em seguida conversando sobre os atuais
proprietários da casa que íamos tornar nossa. “Eles foram tão
agradáveis. Espere até você conhecê-los, Kerry. Eles vão nos
deixar ter a casa. Eu contei para eles o que eu queria fazer; eu
contei para eles tudo sobre você. Como eu queria que isto fosse
perfeito, como eu queria que você morasse lá comigo, algum
lugar onde poderíamos chamar de nosso, ter um pequeno pátio
na frente com um jardim e um cachorro. Eu contei para eles o
quanto você amava desenhar e como as bay windows iriam trazer
tanta luz. Eu contei para eles sobre todas as coisas que você
iria cozinhar para nós e quão duro você iria trabalhar para
transformá-la na casa perfeita porque é isto que você faz. Você
torna tudo certo, então quando eu tenho um dia longo e estou
cansado ou estressado, tudo que tenho de fazer é pensar sobre

104
como você está lá e tudo está simplesmente bem. Onde quer que
você está, é quente e é convidativo e onde quer que você está,
estou em casa.”

E simples assim eu estava chorando novamente. Eu me


recusei a chorar sobre a maior parte das coisas, mas isto, isto
me tinha chorando como uma torneira vazando.

Brendan sorriu para mim, apertando minhas mãos nas dele.


“Eles me deixaram pintar as persianas. Elas eram marrons até
o início da semana. E eles tiraram a placa esta manhã. Eles
disseram que eles querem que nós a tenhamos. Então podemos
fazer uma oferta por ela oficialmente na segunda-feira e
esperar para finalizar até... bem, você verá. É nossa se nós a
quisermos, Kerry.”

Todos seus pequenos mistérios simplesmente caíram no


lugar tudo de uma vez. Quão duro ele deve ter trabalhado,
organizando toda esta coisa. Quão tolo eu tinha sido
inicialmente, apropriando-me de problemas quando não havia
nenhum. Tudo que eu tinha tido de fazer foi confiar no meu
parceiro, porque ele nunca iria me decepcionar. Eu sabia melhor
do que pensar que ele nunca iria cometer um erro ou um
movimento errado, mas ele realmente me conhecia tão bem e
eu estava lisonjeado e humilhado pela sua atenção a cada
detalhe.

“Sim. Eu quero fazer isto. Quero tudo isto,” eu murmurei,


muito emocionado para falar, mas Brendan inclinou-se mais
perto para pegar minhas palavras. “Você não acha que sou muito
difícil de conviver? Quero dizer, é como você trabalha tão duro
para me deixar confortável.”

105
“Porque eu aprecio isto. Porque que quero retribuir um
pouco do que você dá para mim.”

A festa continuou ao redor de nós, as pessoas rindo,


bebendo, conversando e eu deslizei para o colo de Brendan para
me apoiar contra ele, finalmente contente. Mais do que
contente, extático. “Continuo me perguntando o que eu lhe dou.”

“Tudo que eu acabei de dizer.” A resposta de Brendan foi


imediata. “Você é casa para mim, Kerry-bug. A maneira como
você cozinha, organiza, limpa e mantem a casa toda fluindo ao
redor de nós embora você trabalhe também. Você sabe
exatamente como eu gosto das minhas omeletes. Você sabe que
eu gosto de dobrar meu lençol sobre o edredom antes de entrar
na cama. Você apenas sabe naturalmente todas estas coisinhas,
eu tenho realmente de ficar nas pontas dos meus pés para
acompanhar. Eu sempre me sinto um pouco inadequado porque
você é tão calmo.”

A ideia de que eu fosse o organizado foi o suficiente para


me fazer rir alto. “Eu sou calmo! Eu quase fiquei completamente
descontrolado sobre isto.” Eu abracei e agarrei um pouco; ele
retribuiu o abraço. “Você é casa para mim também, Bren.
Apenas... me prometa que podemos continuar fazendo algumas
coisas da sua maneira também, ok? Tudo não tem de ser
unilateral.”

Brendan riu. “Não é, baby. Você é apenas muito melhor em


fazer as coisas funcionarem em casa do que eu, é fácil seguir a
sua liderança. Você cuida de mim tão bem, não é uma tarefa
fazer as coisas do jeito que você gosta. Faz sentido. E se você
ficar um pouco emocionalmente descontrolado de vez em
quando, está tudo bem. Iremos equilibrar um ao outro. Ying e

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yang e algo inteligente e asiático que eu provavelmente tenho
antepassados que disseram.”

“E este tempo todo eu achei que você tinha estado


cuidando de mim,” eu disse com um sorriso.

Brendan inclinou a cabeça e me deu um sorriso atrevido.


“Bem, funciona para os dois lados.”

Eu assenti. “Acho que as vezes eu me preocupo por nada.”

“Não por nada. Contudo, isto me deixa saber que você se


preocupa.”

Eu o abracei e ele me abraçou. E nós não precisamos de


mais nenhuma palavra por um tempo.

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Quando a festa começou a desacelera estava ainda no
início da tarde. Nós estávamos lotados de comida italiana e
tiramisu e os dois um pouco tontos com a champanhe. Eu estava
esperando ir para casa e celebrar e eu realmente queria
celebrar. Contudo, isto não era para ser, porque Brendan não
fazia nada pela metade. Quando Arthur e sua esposa estavam
indo embora, ele apertou a minha mão e disse que me veria em
algumas semanas. Eles foram embora me deixando franzindo o
cenho para Brendan.

Contudo, foi Justin quem falou primeiro.

“Uau, olhe as horas. Temos que ir, crianças.”

Nossos amigos explodiram em vivas novamente,


desejando-nos uma viagem segura, pedindo por fotos. Eu
estava completamente confuso. Contudo, eu fui junto, apoiado
entre Justin e Brendan, o par mais improvável de irmãos. Um
alto, musculoso e ruivo; o outro magro e asiático. Justin
carregou os nossos eus tontos na parte de trás do carro de
Brendan e lá fomos nós novamente.

“Para onde estamos indo?” eu perguntei. “O que Arthur


quis dizer?”

“Não posso acreditar que você não tenha chegado nesta


parte ainda,” Justin murmurou para Brendan da frente. “Você
vai dar um ataque cardíaco ao seu noivo.”

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“Ainda está bem por enquanto,” eu o tranquilizei, embora
o órgão em questão estivesse batendo um pouco mais duro d
que o habitual quando eu comecei a fazer uma ideia.

“Eu visitei Arthur porque eu queria levá-lo para algum


lugar para celebrar. Algum lugar especial, que você sempre quis
ir. Nós dois temos férias. Nenhum de nós tirou nenhuma há mais
de um ano.”

Estávamos virando na única estrada nesta vizinhança que


conduzia para o aeroporto. Meu pobre coração acelerou seu
ritmo. Poderia ele realmente ter feio o que eu achava?

“Você está falando sério?” eu soei sem fôlego para os


meus próprios ouvidos.

A mão de Brendan encontrou a minha e apertou. Eu agarrei


a dele de volta. Ele mudou de posição ao meu lado e em seguida
ele estava segurando dois pedaços de papel. Cartões de
embarque. Com uma escala no outro lado do lago, destino final,
Paris, França.

“Não sei o que dizer, Bren,” eu ofeguei enquanto Justin


estacionava no aeroporto.

“Diga J’taime.” Just sugeriu. Ele espiou por cima do assento


e me deu um sorriso grande. “Vou cuidar de Giza enquanto
vocês estão fora. Espero chocolates quando vocês voltarem.”

“Feito,” eu disse, minha voz soou fraca.

Havia malas guardadas no bagageiro. Tudo que


precisávamos tinha sido arranjado. Agora eu compreendia
completamente por que Brendan tinha estado tão cansado, tão
distraído. A quantidade de trabalho que ele deve ter feito para
tornar isto uma realidade era impressionante, especialmente

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porque eu não tinha sequer suspeitado de algo nesta escala. Eu
estava chocado, lisonjeado e quase insensatamente feliz.

As filas para verificação da bagagem e segurança foram


uma espécie de borrão. Eu estava atordoado, apenas
descansando contra Bren enquanto a champanhe e a euforia
ocupavam espaço igual nas minhas veias. Ele manteve um braço
ao redor de mim o tempo todo, sua mão descansando na parte
inferior das minhas costas. Quando nós finalmente nos
acomodamos nas nossas cadeiras do lado de fora do nosso
portão, Brendan aproximou-se. Eu o encontrei na metade do
caminho e nós compartilhamos um beijinho suave e
circunspecto.

“Kerry, eu fiz isto direito? Eu queria que isto fosse perfeito


para você. Mas se há algo que você não gosta, qualquer coisa.
A casa, esta viagem, o que for. Apenas me diga.” Havia uma
pequena insinuação de preocupação naqueles olhos castanhos
que eu amava tanto, os olhos do homem que ia ser o meu marido.

Brendan continuou. “Eu sabia que estava fazendo um


monte de suposições, não envolvendo você, mas eu queria tanto
que isto fosse uma surpresa. Se eu baguncei isto, podemos
corrigi-lo.”

Eu levantei a mão finalmente, rindo, alegria pura me


preenchendo. Abraçando Brendan, eu balancei a cabeça. “É
perfeito,” eu disse, obrigando-me a não chorar novamente. Eu
tinha tido o suficiente disto por um dia, mesmo se elas fossem
lágrimas de felicidade. “Bren, tudo está perfeito. Amo como
você se importa. E como você nota as pequenas coisas sobre
mim que eu mesmo sequer sei. Isto é como todos os meus

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sonhos se realizando de uma vez. Estou chocado, mas é o
melhor choque de todos.”

Brendan relaxou e seu sorriso cresceu. “É bom, então?”

Eu assenti. “Sim. É incrível. Ninguém jamais tinha feito


algo como isto por mim.”

“Eu queria que fosse memorável. E perfeito. Não tive a


intenção de fazer você se preocupar sobre nós.”

Ele parecia tão apologético enquanto me dando o único


melhor dia da minha vida. Eu ri e balancei a cabeça. “Você não
fez isto. Eu fiz isto para mim mesmo. Meu coração e minha
cabeça não estavam na mesma página. Meu coração dizia para
confiar em você e minha cabeça, bem, não sei onde diabos ela
estava. Por todo o lugar.”

Quão fácil foi contar-lhe tudo agora, agora que eu tinha


percebido que quando você tem certeza que ama alguém e você
confia nele, as vezes isto é tudo que você precisa.

Brendan sorriu. “Mas você confiou em mim. Posso não


acertar o tempo todo, mas vou tentar.”

E realmente, o que mais eu poderia pedir num marido? Um


homem que amava tudo de mim, um homem que confiava em
mim para confiar nele em troca, que queria iluminar meu mundo
e eu me deixava iluminar o dele. Nunca pensei que estaria
casando, nunca pensei que teria uma familia que eu amasse
tanto quanto eu amo a familia de Brendan.

“Há somente uma coisa,” eu disse, inclinando-me para ele.

Ele arqueou uma sobrancelha para mim, sua confiança


habitual retornando. “De maneira nenhuma eu deixei algo de
fora,” ele disse.

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Eu balancei a cabeça. “Não. Mas não sei como vou superar
esta surpresa para você.”

Ele pegou minha mão, seus dedos contornando o bonito


anel de metal com sua listra azul que agora decorava o meu
dedo. Ele ainda não tinha um; ele queria que eu escolhesse para
ele. Eu já sabia o que iria escolher. Um anel de platina
combinando com uma listra de olho-de-tigre no meio, para
elogiar seus olhos como ele tinha feito.

Enquanto ficávamos sentados lá, segurando as mãos um do


outro enquanto esperávamos para voar para Paris, Brendan
sorriu para mim e entrelaçou seus dedos com os meus.

“Está tudo bem. Temos uma vida inteira para descobrir


isto.”

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A. Russo é desenvolvedor de aplicações durante o dia,
escritor de romance a noite ( e nas folgas, e a noite e as vezes
durante o trabalho quando as pessoas importantes não estão
observando ).

Fluido de gênero e orgulhoso disto, o autor pode


frequentemente ser encontrado no modo de menina, modo-
menino ou no modo em-algum-lugar-no-meio, tornando-se
essencialmente o equivalente a um transformador de gênero
sem o acompanhamento frio do barulho mecânico. Nós ainda
estamos trabalhando nesta tecnologia. Russo tem sido, no
passado, um gerente de livraria, um técnico de veterinária, um
professor substituto e um instrutor de equitação ( não
necessariamente nesta ordem e não necessariamente um de
cada vez ). Quando não está escrevendo, nosso herói/heroína
aprecia passeios a cavalo, cozinhar e sonhar sobre o que
escrever a seguir. Pode ser encontrado no Google+ ou pelo
a.russo.auth@gmail.com

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