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Independentes
A tradução dessa obra foi efetuada pelo grupo de Tradutoras E
Revisoras Independentes – T.R.I., de forma a dar ao leitor, acesso
a obras sem previsão de publicação no Brasil, tendo como único
objetivo o entretenimento e não visando a obtenção de lucros,
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incentivando a continuarmos independente dos obstáculos.
Nossos mais sinceros agradecimentos para a equipe de tradutoras
as quais se dedicaram a esta tradução, abdicando de seu tempo
livre para nos ajudar.

O T.R.I, recomenda a aquisição dos livros originais, seja em obras


físicas ou e-books, com o intuito de resguardar os direitos
autorais, conforme a estabelece a legislação brasileira.
Blow Hole Boys 1.5
Perfecting Patience
Tabatha Vargo

Playing Patience Vol. 01 – Lançado


Perfecting Patience Vol. 1.5 – Lançamento
Finding Faith Vol. 02 – Em Tradução
Convincing Constance Vol. 03 – Na Fila
Having Hope Vol. 04 – Aguardando
Lançamento
Índice
Sinopse
Prólogo
Capitulo Um
Capitulo Dois
Capitulo Três
Capitulo Quadro
Capitulo Cinco
Capitulo Seis
Capitulo Sete
Capitulo Oito
Capitulo Nove
Capitulo Dez
Capitulo Onze
Capitulo Doze
Capitulo Treze
Capitulo Quatorze
Capitulo Quinze
Capitulo Dezesseis
Capitulo Dezessete
Epilogo
Sinopse
Às vezes finais felizes são apenas o começo de uma
estrada ainda mais difícil.

Apesar de sua tia e irmã acreditarem que ela deve


procurar ajuda para lidar com seus demônios do passado,
Patience acredita que a única coisa que ela precisa é de Zeke.
Quando ele volta para o seu mundo, sua vida não poderia ser
mais perfeita. Exceto que velhos demônios escolhem o pior
momento para virem à superfície, e mais uma vez a felicidade
deles é ameaçada. Ajuda nunca foi uma necessidade, mas
Patience descobre que o amor nem sempre é tudo que você
precisa.

Zeke tem lidado com muito em sua vida, mas nada


poderia prepará-lo para assistir a pessoa que ele ama desmoronar.
Patience é diferente, ela não é a garota que ele veio a amar. Ele
está disposto a fazer o que for preciso para recuperá-la, mas uma
carreira musical em ascensão e seus próprios demônios parecem
continuar ficando no caminho. Como você pode ajudar alguém
quando você mal pode ajudar a si mesmo? Mais uma vez, Zeke é
confrontado com a decisão entre o seu futuro e o futuro de
Patience.

*** Atenção: este livro contém linguagem gráfica, sexo e


violência. Leitores maduros apenas. Não se destina a leitores
jovens adultos. ***
Prólogo

`;Fr
O vento soprou seu longo cabelo platinado para o lado,
cobrindo seu belo rosto enquanto ela se virava para mim. Ela
estava partindo e isso estava me matando. Ela levantou a mão
com uma careta. Olhos tristes e gelados olharam para mim. Meu
Floco de Neve perfeito. Ela foi minha por um breve momento na
minha vida, e agora ela estava indo embora e seguindo em frente.
Expandindo sua mente e se tornando uma parte da sociedade.

Ela não precisa mais de mim. Ela não precisa de mim


para tornar as coisas melhores, para abraçá-la apertado quando
ela estiver com medo. É uma droga. Eu precisava que ela
precisasse de mim. Eu queria que ela precisasse de mim até o fim
dos tempos, mas as coisas nunca mais seriam as mesmas, e tanto
quanto isso me machucava, eu sabia que era o melhor. Então eu
lhe disse adeus, e vi quando ela desapareceu atrás de um
conjunto de portas pretas, e eu fui embora. Meu coração estava
quebrado, eu estava cheio de medo, mas eu não pude deixar de
sorrir com orgulho pela facilidade com que ela seguiu em frente.
Um

`;Fr
Patience
O DJ local parecia um pouco com o Papai Noel. Exceto que,
em vez de um terno vermelho, usava couro preto, e em vez de um
chapéu alegre, uma bandana azul cobria seus cachos grisalhos.

"Então, Zeke, nós temos um monte de perguntas sobre


algumas de suas tatuagens. Eu queria saber se você poderia nos
dizer o que os três flocos de neve em seu antebraço representam."

O piercing nos lábios de Zeke moveu-se quando seu sorriso


se alargou. Era estranho vê-lo sorrir tão abertamente na frente das
pessoas. Ele olhou para mim e piscou quando ele levantou o braço
em cima do balcão na frente dele para mostrar ao DJ suas
tatuagens.

"A maior aqui é para a minha garota. Quando começamos


a namorar, ela me lembrava de uma princesa de Floco de Neve,
então eu comecei a chamá-la de Floco de Neve. Eu ainda a chamo
assim. Os dois menores são para as nossas duas filhas. Elas são
tão loiras e lindas quanto à mãe delas."
"Floco de Neve, hein?" Perguntou o DJ. "É um milagre que
ela não derreta com o calor da Califórnia." Ele riu.

Os olhos de Zeke encontraram os meus do outro lado da


sala, e o amor dentro deles brilhava. Ele inclinou o canto da boca, o
sorriso secreto que reservava só para mim.

"Bem, nós fomos até as profundezas do inferno para ficar


juntos. Se ela ainda não derreteu, eu acho que ela nunca derreterá."

O DJ riu muito. "Quer apostar?" Ele disse enquanto seus


olhos se iluminaram com uma tonalidade vermelha.

A sala encheu-se de fogo. Os meninos da banda dividiam-


se em direções opostas, tentando escapar. Eu estava no lado oposto
da saída da sala, congelada de medo, quando o fogo chegou com
suas chamas irregulares e tocou o chão aos meus pés.

Em vez de fugir, Zeke correu em direção ao outro lado da


sala para mim. Tudo começou a se mover em câmera lenta quando
eu gritei para ele ir para fora e se salvar. Ele não deu ouvidos e,
antes que pudesse fazê-lo, o fogo o consumiu. Seus gritos ecoaram
por todo o cômodo e perfuraram os meus ouvidos.

Minhas pernas, de repente, sentiam-se fracas, e quando


eu olhei para baixo, tudo o que eu podia ver era meu jeans
pingando do meu corpo. Minha pele seguiu, e se transformou em
uma bagunça parecida com uma sopa no chão.

Eu estava derretendo.
Sentei-me abruptamente, verificando meus braços e
pernas para me certificar de que eles ainda estavam lá. Eu fiz isso
todas as vezes que acordei do meu pesadelo de derretimento, e
mesmo sabendo no fundo da minha mente que não era real, eu
não conseguia afastar a sensação de que minhas pernas estavam
indo embora quando eu acordava.

O quarto desconhecido me rodeando era pouco


iluminado. Paredes discretamente delicadas me fechavam e o
cheiro de colônia masculina me cercava. Enquanto o quarto era
estranho para mim, a colônia eu conhecia bem. Como se fosse um
incenso relaxante, eu respirei o leve cheiro almiscarado e suspirei.
Eu estava, obviamente, entrando em outro sonho e eu estava
perfeitamente bem com isso.

Permitindo que o meu corpo relaxasse no colchão


felpudo, eu senti ainda mais profundamente o perfume masculino.
Eu costumava odiar o cheiro de um homem. Considerando tudo o
que tinha acontecido na minha vida, fazia sentido, mas esta
colônia específica seria sempre um lembrete da paz que eu tinha
encontrado nos últimos meses antes de me mudar para a Flórida.
Seria uma lembrança dele.

Eu balancei quando uma mão pesada pousou em meu


estômago e me puxou para o lado. Eu segui o braço até que os
meus olhos pousaram no pequeno Floco de Neve tatuado na parte
interior do antebraço. Tomando uma respiração profunda,
calmante, eu coloquei minha cabeça no travesseiro de pelúcia e
sorri para mim mesma.

Foi quando notei o meu estado físico. Meu corpo ainda


mostrava os efeitos que sobraram da noite anterior. Minhas coxas
estavam doloridas, mas de um jeito bom, e os músculos do meu
estômago estavam apertados, como se eu tivesse passado a noite
fazendo flexões. Havia uma leve excitação em volta de mim que
enviava minúsculos choques de felicidade para as minhas partes
mais profundas. Parecia incrível. Eu me sentia incrível.

Minha melhor amiga Megan uma vez me disse que havia


uma grande diferença entre fazer sexo e fazer amor. Eu nunca dei
muita atenção, já que eu não planejava ter a chance de tentar
qualquer um. Eu tinha certeza de que eu nunca seria capaz de
tocar um cara, muito menos permitir que algum me tocasse.

No entanto, lá estava eu, deitada ao lado do meu deus da


guitarra tatuado e permitindo que seu braço descansasse em meu
estômago. Posso dizer, sem dúvida, que Megan nunca esteve mais
certa. Havia sexo, e havia fazer amor. Zeke tinha me mostrado na
noite anterior. Na verdade, ele passou a noite inteira me
mostrando isso. Não havia palavras para descrever a nossa
primeira noite juntos depois de meses estando separados.

Deitei na cama e assisti o ventilador de teto acima de


mim, rodar e rodar. A cortina escura que cobria a janela soprou
para o lado, permitindo a entrada de um feixe de luz solar para
dentro do quarto. Os sons da fonte do lado de fora do quarto
estavam em perfeita sintonia com as respirações de Zeke
dormindo. O medo de acordá-lo me impedia de mover-me e olhar
para a vista deslumbrante.

Depois de meses em uma existência miserável e


pensando que eu nunca veria seu rosto novamente, eu estava em
seus braços. Depois da noite de um dos melhores sexos que eu
tive em toda a minha vida, eu dormi por um par de horas, mas
dormir era a última coisa que eu queria. O sono tomou meu tempo
com ele. Eu queria estar acordada. Eu queria ver o rosto dele.
Sonhar com ele não era, nem de longe, o suficiente, não quando
eu poderia estar em seus braços. Não quando eu podia me
consumir com seu calor. Não, sonhos não eram nada quando
comparados a minha realidade com Zeke por perto.

Sem mencionar os pesadelos terríveis que pareciam vir


depois de um sonho realmente bom com Zeke. Eu estava
perfeitamente bem em nunca ter um desses novamente. Não há
nada como acordar encharcada de suor e sentindo como se
estivesse prestes a morrer de tristeza ou, melhor ainda,
derretendo-se em nada.

Mas nada disso importava agora. Minha salvação estava


aqui e eu estava disposta a apostar que agora que ele estava de
volta à minha vida, os pesadelos estavam em seu caminho para
longe.

Girando em seus braços para encará-lo, eu toquei


suavemente em seu rosto adormecido. Sua boca estava
ligeiramente aberta e seus longos cílios escuros relaxados contra
as maçãs salientes do rosto. Correr um dedo pelo lado do seu
rosto me rendeu um profundo gemido rouco. Foi a coisa mais sexy
que eu já tinha ouvido. Seu cabelo parecia veludo quente contra
minha bochecha, quando eu me inclinei para um pequeno beijo no
canto da sua boca.

Eu recuei, esperando continuar a vê-lo dormir, mas ele


me seguiu com os olhos ainda fechados e começou a me beijar.
Mais uma vez ele gemeu quando eu lhe permiti o acesso e ele
enfiou a língua na minha boca. Jogando-me de costas na cama,
seu corpo nu cobriu o meu. O lençol branco enrolava em torno dos
nossos corpos conforme ele pressionava-se contra mim.

Sua mão traçava o lado do meu corpo, roçando meu seio,


e eu soltei um pequeno gemido em sua boca. Sua mão continuou
seu caminho até descansar contra o lado do meu pescoço. Dedos
tatuados cavavam os cabelos na minha nuca enquanto a minha
boca era invadida pela doçura de Zeke.

Afastando-se, ele olhou para mim com os olhos


sonolentos e um sorriso preguiçoso.

"Você nos acordou." Sua voz era áspera por causa do


sono.

Eu passei meus braços em volta do pescoço. "Nós?"

Olhando para baixo entre os nossos corpos, ele olhou de


volta para mim com um sorriso insinuante, e pressionou seus
quadris contra os meus. Eu senti sua excitação enfiada na minha
coxa e eu levantei meus quadris para mais. Ele sorriu para mim e
tirou o cabelo dos seus olhos.

"Sim... nós. Eu estou bem na parte da manhã, mas o


amigo lá embaixo vai atacar você, se você acordá-lo.”

"Diga a ele que eu disse para vir."

Ele riu e balançou a cabeça para mim. Foi bom ouvir


essa felicidade genuína vinda dele. Combinava exatamente com a
maneira que eu sentia. Era como se tivéssemos bloqueado o resto
do mundo, mantendo-os longe. Nós estávamos em nossa própria
pequena ilha no meio do nada. Nada mais importava.

Ele se inclinou e chupou minha orelha. Seu hálito quente


fez cócegas no lado do meu pescoço e me deu um arrepio. Lábios
quentes me acariciavam enquanto ele mordiscava meu queixo e
provocava meu lábio superior com a língua.

Esfregando os lábios suavemente contra os meu, ele


sussurrou, "A noite passada foi incrível."

"Sim, foi." Eu beijei suavemente e corri minhas unhas


levemente por suas costas.

Olhando para mim, ele mordeu o piercing no lábio antes


de começar a me beijar novamente. Seus piercings de mamilo
roçaram meus seios e um pequeno ruído escorregou de mim,
fazendo-o gemer contra a minha boca.

Tomando fôlego, ele sorriu para mim. Seu cabelo estava


bloqueando seus olhos escuros, então eu usei um dedo para
empurrá-los para o lado.

"Eu te amo tanto," eu disse sem constrangimento.

Era bom ser capaz de expressar meus sentimentos tão


facilmente. Era incrível ser capaz de dizer isso a ele depois de
meses desejando que eu pudesse ouvir sua voz, depois de meses
sem sentir nenhuma outra emoção que não fosse tristeza.

A covinha em sua bochecha se aprofundou quando seu


sorriso se alargou. "Eu te amo mais, Floco de Neve."

Ele usando meu apelido especial, fez-me formigar toda.


Ele me beijou profundamente mais uma vez quando deslizou para
dentro de mim. Não havia nada melhor do que estar fisicamente
conectada com Zeke. Era mais do que apenas sexo. Era mais do
que se sentir completa. Era uma ligação, que se aprofundava
quando ele estava dentro de mim, tornava-o uma parte de mim.
Seu corpo se movia contra o meu. Estômago contra
estômago, deslizando para trás e para frente, até que o atrito era
tão prazeroso, que eu não podia controlar os sons que eu fazia.
Ele sussurrou a sua aprovação e descansou sua testa contra a
minha. O calor dos nossos corpos encheu a sala enquanto uma
fina camada de suor se desenvolvia nos lugares onde a nossa pele
se tocava.

Eu cavei minhas unhas em sua pele e os meus


calcanhares na cama. Seu ritmo acelerou e sua respiração
combinava com seus movimentos enquanto balançava seu corpo
contra o meu. Apenas a liberação era a cura para saciar o meu
desejo. Eu impulsionei seu corpo mais próximo ao meu quando o
calor do formigamento se intensificou nas minhas coxas e na
parte de baixo do meu estômago.

"É isso aí, baby. Você está quase lá."

A tensão estalou e alívio percorreu minha espinha, até


meu interior, e tudo foi liberado. Gritei seu nome e, em resposta,
ele se moveu mais rápido e mais duro. Logo depois, ele jogou a
cabeça para trás e rosnou sua libertação.

Seu corpo caiu em cima de mim. Respiração quente


correu no meu pescoço e ele colocou seus lábios quentes contra
minha pele formigando.

"Para sempre," ele sussurrou em meu ouvido.

Eu estava exausta. Minha boca se espalhou em um


sorriso sonolento satisfeito. Não demorou muito mais tempo e eu
adormeci em seus braços. Não houve pesadelos, e sonhos não
eram mais necessários, já que o que eu queria no meu sonho
estava pressionado firmemente contra mim. As coisas não
poderiam estar mais perfeitas.

O tempo passou tranquilamente, até que fortes batidas


na porta do quarto do hotel me acordaram. Meio adormecida, eu
mantive meus olhos fechados enquanto sentia Zeke se levantar, e
o ar frio substituiu seu lugar na cama. Os sons dele andando até
a porta encheram a sala e ele amaldiçoou quando pisou em
alguma coisa.

A porta se abriu e eu ouvi a voz de Chet.

"Cara, eu preciso tomar a porra de um banho e todas as


minhas coisas estão aqui. Cubra sua merda porque eu estou
chegando."

Sentei-me na cama rapidamente e puxei o lençol até o


queixo.

"Calma aí, cara! Minha menina está nua aqui," Zeke


gritou enquanto Chet forçava para entrar no quarto.

Eu vi o alívio imediato em seus olhos quando ele se virou


e me viu completamente coberta. Ele sorriu para mim e eu sorri de
volta.

Chet percebeu a nossa comunicação silenciosa e revirou


os olhos, balançando a cabeça.

"Eu, com certeza, espero que a noite passada tenha sido


boa pra vocês, porque a minha noite foi uma merda do caralho,"
ele disse enquanto abria a mala e começava a cavar procurando
por suas roupas.

De repente eu me senti mal por me apossar do seu


quarto na noite anterior.

"Eu sinto muito, Chet," eu disse enquanto dava um


sorriso de desculpas.

Ele riu e jogou um par de meias enroladas em mim. "Não


se preocupe. Eu tive uma noite de sexo quente. Ainda assim, foi
um inferno a noite passada."

"Ah, vamos lá. Não pode ter sido assim tão ruim," Zeke
disse enquanto cruzava os braços e encostava o ombro contra a
parede.

Ele parecia tão sexy em seus moletons suados que


estavam em seus quadris tatuados. Moletom nunca pareceu tão
quente.

"Foda-se você, mano. Finn dorme nu e Tiny ronca como


um urso maldito. Eu senti como se estivesse assistindo a porra do
canal National Geographic ou algo assim. Tudo o que estou
dizendo é que eu espero que a noite passada tenha sido divertida.
Eu tive que por minha bunda sexy para dormir no chão duro de
um quarto de hotel. Não há como saber que tipo de fluidos
corporais desagradáveis estão misturados nesse tapete, cara. Eu
provavelmente dormi com duas ou três mulheres na noite passada
e nenhuma delas estava no quarto."

Zeke e eu rimos disso.

"Sim, sim, sim. Continuem rindo de mim, mas eu sugiro


que vocês encontrem outro lugar para descansar suas bundas
porque eu vou dormir na minha cama esta noite."
Chet pegou o resto de suas coisas e saiu da sala. Gritei
que eu sentia muito mais uma vez, e ele piscou para mim antes
que Zeke fechasse a porta na cara dele.

"Então, o que você quer fazer hoje?" Zeke perguntou


enquanto ele deslizava de volta na cama comigo.

Eu descansei minha cabeça em seu braço e ele beijou


minha testa.

"Hoje?" Eu perguntei quando apontei para o céu da tarde.

O sol mal estava na espreita sobre o horizonte e eu sabia


que não demoraria muito para que a lua estivesse alta e todas as
manchas de sol na Flórida estivessem cobertas de preto.

"Ok, então o que você quer fazer hoje à noite? Eu digo


que devemos tomar um banho e ficar na cama." Ele passou um
dedo pelo lado do meu estômago.

"Eu preciso de algumas roupas novas."

"Não, você está perfeita desse jeito. Eu gosto de você


nua." Ele se inclinou e passou seu nariz pelo lado do meu rosto.

"Isso é tudo muito bom, mas precisamos comer, e eu


tenho certeza que, se eu sair deste quarto nua, eu vou ser presa."

Ele acariciou o lado do meu pescoço e inspirou "Algemas.


Soa como bons tempos."

Empurrando-o de brincadeira, eu deslizei para fora da


cama e vesti a minha roupa do dia anterior. O cheiro de cerveja
velha e fumaça do Rockfest ainda estavam em minha blusa e
shorts.

Peguei um par de jeans do chão e os joguei para ele.


"Você... Chuveiro," eu disse enquanto apontava para o banheiro.
"E então vamos para a casa da tia Sarah, onde eu vou conseguir
roupas e um banho, e depois nós comemos." Eu esfreguei meu
estômago roncando.

"Sim, senhora!" Ele me respondeu. "Sabe, eu meio que


gosto quando você manda assim. É sexy."

Ele bateu na minha bunda em seu caminho para o


banheiro. Logo depois, ouvi o barulho da água saindo do chuveiro,
seguida por um assobio. Eu não poderia imaginar o cara que eu
conheci meses atrás assobiando, mas nós dois estávamos
diferentes agora. Estávamos melhores.

Debrucei-me sobre a sacada do quarto do hotel e olhei


para a vista na minha frente. O céu noturno estava se enchendo
com uma lua fraca e algumas estrelas. A agitação da vida noturna
de Orlando ainda não tinha começado, por isso, era um breve
momento de paz. Eu respirava profundamente, sentindo-me como
uma garota diferente, e amando isso.

Voltei para dentro quando ouvi a porta do banheiro sendo


aberta. O cheiro de shampoo e creme dental encheu a sala. Vapor
derramado a partir do pequeno espaço seguiu quando ele saiu.
Agarrando a carteira da mesa de cabeceira, ele bateu em seu
cabelo molhado e empurrou-o de seu rosto. Ele deslizou um cinto
cravejado em torno de sua cintura e sorriu para mim enquanto o
abotoava.

"Pronta para ir, linda?" Ele perguntou enquanto ele


empurrava o fio de cabelo fora do seu rosto mais uma vez.

Eu nunca pensei que fosse possível, mas Zeke estava


ainda mais sexy agora do que quando eu o vi pela última vez.

"Sim, tudo pronto para ir."

Caminhamos de mãos dadas pelo longo corredor e


entramos no elevador. Quando estávamos fora, eu entrei no meu
carro e ele seguiu. Ele não disse nada, quando eu disse muito
claramente que eu estava dirigindo. Não é como se ele tivesse uma
escolha. O único meio de transporte que os meninos tinham era o
ônibus e uma limusine, cortesia de sua gravadora, para levá-los
ao redor da cidade. De jeito nenhum eu ia passear em uma
maldita limusine.

Seus olhos estavam em mim, mesmo que eu não pudesse


vê-los no carro escuro, enquanto eu saia do espaço de
estacionamento. Depois que eu saí com o meu carro, ele deslizou
seus dedos entre os meus e trouxe a minha mão para beijá-la. A
vida era doce novamente, mas o meu lado sádico sussurrou que,
se algo parece bom demais para ser verdade, então provavelmente
é.
Dois

`;Fr
Zeke
Eu me senti vivo de novo. Estar com Patience era como
fazer pequenos acertos na alma e na vida, evaporando todas as
más lembranças dos meses anteriores. Foi fodidamente incrível.
Ela era incrível, e o jeito que ela me fez sentir era nada menos que
um milagre.

Quando acordei com os lábios dela nos meus, eu tinha


certeza de que tinha morrido e ido para o céu - no mínimo, um
inferno realmente incrível. E se eu estava no inferno e tudo isso
era apenas uma miragem cruel do próprio diabo, então que assim
seja. O diabo foi legal comigo, se fosse esse o caso.

Quando ela adormeceu nos meus braços, eu observava a


sombra do ventilador acima de nós dançando em seu rosto
pacífico. Ela era mais bonita agora do que em todos aqueles meses
atrás, quando eu a vi se afastar de mim. Pensei que nunca mais ia
voltar a partir daí. Eu nunca tinha sido tão quebrado, mas estava
curado. Ela me consertou, beijo por beijo.
A curta viagem para a casa de sua tia foi silenciosa. Não
havia necessidade de falar. Nada precisava ser dito entre nós. O
passado estava exatamente onde precisava estar, no passado.
Mesmo havendo perguntas que eu queria fazer.

"Já era hora de chegar em casa, menina," sua tia disse.

Ela estava encolhida sobre algumas plantas na varanda


da frente, seu chapéu de cowboy de palha cobrindo um conjunto
de tranças. Ela caminhou até o carro com os pés descalços.
Passando as mãos cobertas de sujeira em seus shorts jeans
curtos, ela estendeu a mão para me cumprimentar.

"Você deve ser o infame Zeke," disse ela com um sorriso


acolhedor.

"Sim, senhora, sou eu. É bom conhecê-la.” Eu peguei a


mão dela.

"Bem, você não estava brincando, Pay." Ela levantou o


chapéu de palha e olhou por cima para Patience. “Ele é uma besta
sexy, com certeza. Não é à toa que você estava uma bagunça por
causa ele." Ela riu.

Um rubor subiu pelas bochechas de Patience, e ela


cobriu os olhos com a mão. "Por favor, não me envergonhe, tia
Sarah."

Eu não pude deixar de rir.

"O quê? Tudo o que eu estou dizendo é que as coisas não


são mais como eram quando eu estava crescendo. Vamos sair
desse calor," disse ela enquanto se dirigia para a porta da frente.
"Vocês chegaram a tempo para o jantar. Zeke, Patience te contou
sobre meu famoso espaguete?"
Conversei com Sarah e Sydney na mesa da cozinha
enquanto Patience tomava um banho. Eu estava comendo um dos
melhores espaguetes que eu já provei e respondendo pergunta
após pergunta sobre todas as pessoas famosas que eu conheci.

Foi bom falar com Sydney. Eu nunca tive um irmão ou


irmã mais nova, mas eu sempre tive curiosidade de saber como
seria. Conversar com ela sentado ali foi como um pequeno gosto
de ter um irmão mais novo.

Ela não se parecia em nada com Patience no


departamento de aparência, mas ainda era bonita em sua própria
maneira. Os óculos de aros finos reforçavam seus olhos
brilhantes. Ela bateu os cílios para mim e riu muito, o que era
doce. Eu podia ver a beleza que ela ia ser quando ela
amadurecesse.

Sydney era uma boa garota e eu estava contente de ver


que ela não parecia ter sido afetada por todo o drama. Eu não
tinha ideia se ela conhecia a história real, mas não era o meu
negócio para contar. Eu podia ver o que Patience tinha tentado tão
fortemente proteger. Enquanto eu não sabia qual era a sensação
de ter alguém mais jovem para vigiar, eu conhecia o sentimento da
necessidade de proteger alguém. Essa necessidade de proteger te
leva a fazer algumas coisas malucas.

A influência de Patience nela era óbvia e isso me deixou


orgulhoso do meu Floco de Neve. Ela era apenas uma criança
quando teve que começar a cuidar de sua irmã. E ela fez tudo isso
enquanto lidava com os mais terríveis abusos que uma pessoa
pode sofrer.

Só de pensar no que eu tinha visto aquele dia na cozinha


da mansão do governador, e me lembrar de tudo que Patience me
disse quando ela confessou como sua vida era, dava-me vontade
de quebrar o pescoço de alguém. Eu tive que afastar a vontade
esmagadora de assassinar alguém para que as senhoras que eu
estava sentado não vissem o rubor de raiva que correu até meu
pescoço.

Até o momento em que consegui me controlar, Floco de


Neve virou a esquina com o cabelo molhado, shorts minúsculos
que fizeram suas pernas parecerem dez vezes maiores, e uma
blusa de alças bonita, com um par de óculos de sol na parte da
frente. Não era a coisa mais sexy que eu já a tinha visto vestir,
mas meu pau começou a ficar duro só de olhar para ela. Eu tive
que me controlar de novo, mas por uma razão completamente
diferente. Flórida fazia muito bem para ela.

"A tia Sarah te encheu com macarrão?" Ela perguntou


com um sorriso.

Batendo no meu estômago, eu sorri.

Sentei-me à mesa com as três, e contei a Sydney sobre a


Califórnia enquanto Floco de Neve mastigava seu espaguete
fazendo barulho e tomava um gole de chá doce. Foi um
sentimento de família normal. Isso me fez pensar no que meu pai
estava metido e, então, me fez pensar em minha mãe.

Sydney e Sarah nos acompanharam até o carro quando


era hora de ir. Patience tinha uma pequena mochila de coisas em
seu ombro e um belo sorriso no rosto.

"Não entrem em muitos problemas, por favor. Liguem


para o meu celular, se vocês precisarem de alguma coisa.
Mantenham-se seguros, os dois." Sarah gritou quando nós
pulamos no carro.

"Divirta-se!" Sydney gritou.

Patience apenas riu, disse-lhes que as amava, e se


afastou.

"Então, para onde?" Ela perguntou.

"Voltar para o hotel?" Eu disse enquanto passava um


dedo pelo braço nu dela.

Ela parecia incrível, e tudo que eu queria fazer era


compensar o tempo que eu tinha ficado sem sexo. Não que fosse
só isso, mas eu passei a noite recebendo o que eu tinha perdido
há meses, e agora eu estava viciado. Merda, eu sempre tinha sido
viciado na Floco de Neve.

"Pare com isso!" Ela riu e deu um tapa na minha mão.

Eu parei de tocá-la e a observei dirigindo. Ela estava


diferente desde a última vez que a tinha visto. Sua postura era
diferente. Ela andava com a cabeça levantada, e a tensão em seus
ombros se foi, mas ainda havia uma pequena quantidade de
tensão ao redor de sua boca e, de vez em quando, eu olhava para
ela, e via um breve flash de sombras escuras cruzando seus olhos.

A fera ainda estava dentro dela. Inferno, eu não podia


culpá-la. Havia ainda uma besta em mim por ter sido levado à
merda por toda a minha vida, mas eu deixava a minha besta sair,
de vez em quando. Patience a manteve escondida e fingiu que tudo
estava bem. Eu não tinha certeza se era saudável, mas os anos
que eu passei em um ambiente fodido me disseram que
provavelmente não era.
"Agora que você não me tem entre suas pernas, como
você está?" Perguntei.

Suas mãos apertaram o volante. As luzes dos carros que


se aproximavam passaram em seu rosto e a tensão apareceu em
seus olhos de novo. Eu me senti mal por trazer de volta a
lembrança dos últimos meses, mas eu queria saber como a sua
vida tem sido.

"Eu não tive você preso entre as minhas pernas." Ela


estendeu a mão e empurrou de brincadeira o meu joelho.

Eu agarrei a mão dela e segurei-a na minha. Dando-lhe


um pequeno aperto, eu perguntei novamente. "Não mude de
assunto, Floco de Neve. Como você tem estado?"

Seus dedos dobraram contra a palma da minha mão.

"Tenho estado bem." Ela balançou a cabeça como se


estivesse tentando se convencer.

"As coisas estão todas resolvidas em casa?"

Dessa vez eu senti a mão dela apertar forte a minha. Por


que eu estava perguntando essas coisas? Não deveria importar,
mas importava. Eu queria saber se ela estava bem. Eu precisava
saber que ela estava melhor.

Ela se virou para mim com um sorriso tenso que eu


entendi. As coisas, definitivamente, não estavam bem.

"Sim. Tudo está pronto para seguir em frente."

Ela apertou meus dedos de forma encorajadora e eu


decidi deixar de lado por agora. Nós tínhamos acabado de nos
reencontrar. Coisas como essa podiam esperar. Eu poderia
esperar.

Nós acabamos passando um tempo com os meninos em


um bar local, enquanto Patience ria deles conforme as garotas
ficavam se aproximando. Eu só tinha olhos para o meu Floco de
Neve, mas os meninos pareciam estar tendo um bom tempo
flertando e tentando descobrir qual delas levar para casa.

"E quanto a você? Nenhuma garota aqui te atrai?"


Patience se virou e atirou os braços em volta do meu pescoço.

Ela estava em pé na frente da minha banqueta,


parecendo um anjo doce cercado por demônios. Ela era,
possivelmente, a única pessoa sóbria no bar. Eu tinha me
oferecido para ser o motorista da rodada, mas ela não quis.

"Só você. Na verdade, você está me atraindo agora." Eu a


puxei para mim e enchi as minhas mãos com sua bunda
maravilhosa.

Toda esta situação era diferente para mim, mas eu


gostava. Eu era um homem de uma mulher só pela primeira vez
na minha vida, e ela estava exibindo abertamente seu afeto por
mim. Todo mundo no lugar sabia que éramos um casal, e eu tinha
que admitir que era maravilhoso pra caralho. Eu não conseguia
nem me lembrar do momento em que Patience era intocável. Eu
não podia me lembrar de todas as lutas que passamos. Tudo o
que eu sabia era que ela estava lá em meus braços.

A noite passou voando em uma névoa de bebidas e


toques secretos. Eu bebi muito – além da conta na verdade – e eu
tinha quase certeza que passei a noite inteira provando Patience
pelos cantos. Eu não me lembro da viagem de volta para o hotel,
mas lembrava de ter chutado Chet para fora. O resto da noite foi
um borrão. Quando acordei, Patience estava nua, abraçada em
mim com um leve sorriso em seu rosto adormecido.

Arrastei-me de debaixo do braço dela, cuidando para não


acordá-la, e fui tomar um banho. A água quente lavou as
memórias dos meses anteriores infernais que eu tinha passado, e
quando eu saí do chuveiro para o banheiro cheio de vapor, limpei
o espelho nebuloso e olhei para a felicidade que eu não conseguia
tirar da minha cara. As coisas estavam mais do que perfeitas.

Enrolei a toalha em volta da minha cintura e abri a porta


do banheiro. Floco de Neve estava ali vestindo uma das minhas
camisetas. Eu adorava quando ela usava minhas roupas. Meus
olhos seguiram o caminho desde seus pequenos pés, pelas longas
pernas, até onde terminava a minha camisa. Saber que ela não
estava usando calcinha fez com que minha velha camiseta de
guitarra parecesse ainda melhor nela. Foi um enorme tesão e eu
quase a arrastei de volta para a cama.

Eu andava pelo quarto com um sorriso no meu rosto.


Meu sorriso desapareceu rapidamente quando ela não sorriu de
volta. Em nosso mundo, as coisas nunca ficavam boas por muito
tempo e uma parte de mim esperava que elas desabassem. A
minha vida foi assim por tantos anos que era difícil não esperar
pela queda.

"O que há de errado?" Perguntei.

"Finn passou por aqui. Ele disse que vocês estão saindo
em uma hora." Ela olhou para seus pés enquanto cravou os dedos
nervosamente no carpete macio.

Com isso, os bons sentimentos foram embora. Como eu


pude ter esquecido que estávamos indo embora? Eu estava tão
envolvido no momento que eu não pensei sobre o mundo fora do
quarto de hotel. Eu não pensei sobre a turnê ou a banda porque
nada disso importava quando estávamos juntos.

O fato é que eu não estava indo embora sem ela. Nós


tínhamos uma hora até o momento de ir embora, o que significava
que eu tinha uma hora para me certificar de que ela estava a
bordo, indo embora comigo.

"Venha comigo," eu disse enquanto estendia a mão e a


puxava em meus braços.

Ela se encaixava perfeitamente e eu me sentia incrível.


Apoiei o queixo no topo de sua cabeça.

"Diga que você vem comigo. Eu não vou sair daqui sem
você." Eu me afastei para dar uma olhada em seus olhos e foi aí
que eu vi. O pânico. O medo. E alguma outra emoção indefinível
que me disse que eu estava indo para mais um inferno.

Ela balançou a cabeça com os olhos tristes. "Eu não


posso."

Suas palavras suaves foram como uma facada no meu


peito. O ar que eu respirava tão facilmente tornou-se espesso e
difícil de inalar.

"Eu não vou com você." Seu lábio inferior tremeu.

"O que quer dizer com não vir comigo? Mas eu pensei..."
Eu não conseguia nem terminar a frase. As palavras ficaram
presas em algum lugar na minha garganta e estavam começando
a bloquear qualquer oxigênio dos meus pulmões.

Ela não sabia que não éramos bons sem o outro? Pelo
menos, eu não valia merda nenhuma sem ela. Apenas o
pensamento de estar sem ela fez o meu peito apertar com
ansiedade. Para um cara como eu, que nunca teve medo de nada,
foi como um soco no estômago. Eu estava seriamente pensando
em ficar de joelhos e implorar para que ela viesse comigo.

Seus olhos se encheram de umidade e vi como uma única


lágrima tremeu na borda de seus cílios. Seu peito arfava com
respirações pesadas de emoção e eu soube, naquele momento, que
ela estava sofrendo tanto quanto eu. Eu nunca quis que ela se
machucasse. Eu tinha visto dor suficiente nela desde que nos
conhecemos e eu preferia morrer do que vê-la passar por qualquer
coisa dolorosa novamente.

"Eu sinto muito, Zeke. Eu acho que depois de uma vida


protegendo Sydney, está gravado no meu DNA. Eu não posso
respirar quando penso em deixá-la."

A lágrima finalmente escapou de seus cílios e correu pelo


seu rosto. Puxando-a para mim, eu usei meu polegar para limpá-
la.

"Mas ela está bem agora, baby. Você mesmo disse que
Sarah estava cuidando bem dela. Eu prometo que nós poderemos
vir para visitá-la sempre que você quiser. Tudo que você tem a
fazer é dizer as palavras e vamos pegar um voo para a Flórida." A
pressão em meu peito se expandiu quando mais lágrimas
correram pelo rosto dela. "Eu preciso de você, Floco de Neve, e eu
acho que você também precisa de mim. Por favor... Venha
comigo."

Ela colocou a cabeça para baixo e vi suas lágrimas caindo


sobre meu peito e escorrendo pelos meus músculos. Eu afundei
minhas mãos em seus cabelos e trouxe seu rosto de volta para o
meu. "Por favor." A palavra era áspera e queimou minha garganta.

Eu nunca implorei por nada em minha vida, mas eu tive


que implorar. Eu precisava que ela entendesse que eu não era
nada sem ela.

Seus olhos cravaram nos meus e vi o momento em que


sua decisão foi tomada.

"Eu te amo, Zeke, mais do que você pode imaginar, mas


ela é minha irmãzinha. Desculpe-me, eu não posso."

E assim, suas lágrimas corriam livremente, fazendo meu


coração parar sabendo da decisão que eu tinha que tomar.
Três

`;Fr
Patience
Eu fechei a porta atrás de Finn e senti meu coração como
se tivesse machucado. Eu me sentia vazia, como se eu não
estivesse cheia de ar, sangue e ossos. Eu estava dividida e seca.

Eu iria com ele, ele me querendo ou não. Eu não podia


voltar para o lugar escuro que eu tinha estado sem ele. Tínhamos
uma hora para chegar à casa de tia Sarah, arrumar minhas coisas
e dizer adeus a ela e Sydney.

Sydney. O meu processo de pensamento gritou por uma


parada abrupta. Como eu poderia ter esquecido a minha
irmãzinha? Eu passei todo o momento da minha vida, desde que
ele começou a vir para o meu quarto, protegendo-a. Eu seria
capaz de simplesmente ir embora e passar por todo o país, sem
ela?

Tudo congelou porque eu sabia que logo que essa


pergunta passou pela minha cabeça que eu não poderia. Tão mal
quanto eu odiava o lugar escuro que fui quando eu não estava
com Zeke, eu odiava a ideia de estar sem ela ainda mais.

O olhar em seu rosto quando eu lhe disse que não


poderia ir quebrou meu coração em milhões de pedaços. Eu
nunca quis machucá-lo. Desde o momento em que ele me
conheceu, tudo o que ele fez foi me proteger e cuidar de mim, e
tudo que fiz foi feri-lo.

"Então eu vou ficar aqui," ele murmurou tristemente.

Suas palavras me rodearam como vespas me picando em


cada pedaço de pele exposta. Olhando em seus olhos, eu podia ver
a finalidade de suas palavras. Ele estava desistindo de tudo que
amava, sua banda, para estar comigo, e não havia nenhuma
maneira que eu poderia permitir isso.

Meu coração se encheu de amor por ele, sabendo da


dimensão que ele iria para ficar comigo, mas depois a culpa
surgiu. Ele abriria mão de sua carreira por mim, mas eu era muito
egoísta e mentalmente fodida para deixar para trás a minha
irmãzinha perfeitamente saudável. Era errado e cada célula do
meu corpo gritava para eu ir com ele, mas meu cérebro
disfuncional não permitiria isso.

Pressão aumentou por trás das minhas costelas e


trabalhou seu caminho até o buraco do meu peito. Formigamento
e dormência seguiram atrás. Eu nunca tinha sentido nada
parecido e isso me assustou. Eu disse antes que eu senti como se
estivesse morrendo sem ele. Seria isso um sinal de que eu
realmente morreria quando ele entrasse no avião e partisse?

A pressão e dormência no meu peito expandiram e de


repente eu não podia obter oxigênio suficiente em meus pulmões.
A sala girou e minha cabeça ficou muito leve. Inclinei-me e apoiei
as palmas das mãos sobre os joelhos. O sangue tinha deixado
meu cérebro e eu precisava ajudá-lo a voltar. Se eu não fizesse, eu
ia desmaiar.

Foi quando as dores no peito começaram. Dor irradiava


do meu peito, meus braços e até no meu pescoço. Foram os
sintomas clássicos de um ataque cardíaco fulminante. De jeito
nenhum eu estava tendo um ataque cardíaco, aos dezenove anos,
mas meu peito estava tão apertado e as dores agudas explodindo
através do meu ombro estavam me dizendo de forma diferente. Na
tentativa de respirar, eu sugava o máximo de ar que podia o mais
rápido que conseguia, mas nada chegou aos meus pulmões.

O sangue em minhas veias parecia que estava se


movendo muito rápido. Percorreu pelo meu corpo como um raio e
eu me senti dura com seus movimentos constantes. Dormência
encheu meus dedos das mãos e pés e uma descarga aquecida
correu pelo meu rosto.

"Floco de Neve, você está bem?" Eu ouvi Zeke perguntar a


um milhão de quilômetros de distância.

Olhei para cima para vê-lo debruçado sobre mim. Seu


rosto estava em frente ao meu e a preocupação em seus olhos me
assustou ainda mais. Foi quando todo o meu corpo começou a
tremer.

Eu tremia enquanto meu corpo era sacudido com


vibrações. O pequeno terremoto assumiu fazendo meus dentes
baterem. Eu estava tendo um ataque cardíaco e uma convulsão ao
mesmo tempo. Eu não sabia que isso era possível.
Eu estava morrendo. Depois de anos de tortura, eu
estava finalmente morrendo. Bem quando eu pensei que estava
tudo perfeito no meu mundo, bem quando eu tinha tudo que eu
queria, eu ia cair morta. O que mais eu poderia esperar? Eu
deveria saber que algo assim aconteceria.

Senti os braços de Zeke virem em torno de mim e eu caí


contra ele, ofegando por ar. Eu estava na fase final de aceitar essa
morte, quando de repente a pressão no meu peito acabou e eu fui
capaz de engolir ar tanto quanto meus pulmões poderiam segurar.
Tudo abrandou e os tremores que assolaram o meu corpo
começaram a diminuir. Minha mente clareou e eu não senti que
eu ia desmaiar mais. Tão rapidamente como tudo começou, isso
foi embora.

Eu não tinha certeza do que aconteceu, mas eu sabia que


não era normal.

"Você está bem, baby? Preciso ligar para alguém?" Zeke


perguntou quando ele suavemente empurrou meu cabelo para
longe do meu rosto.

Meu rosto estava coberto de suor. Eu senti uma pequena


gota cair da ponta do meu nariz e rolar para baixo nos meus
lábios. Levou um minuto para responder, mas quando eu fiz, as
palavras machucaram minha garganta.

"Eu estou bem. Eu não sei o que aconteceu." Limpei meu


rosto suado com a palma da minha mão.

"Você assustou a merda fora de mim. Tem certeza que


está bem? Deixe-me levá-la para o hospital para ser examinada.
Você está tão pálida. Você parecia que estava prestes a desmaiar."
Olhei em seus olhos castanhos e eu odiava a
preocupação que eu vi lá. Desde o momento em que ele me
conheceu, ele tinha que se preocupar comigo. Eu sabia como era
se sentir assim. Eu estive preocupada com Sydney durante a
maior parte da minha vida e lá estava eu prestes a ir para longe
da pessoa que eu amava por causa disso. Ele estava tentando
fazer o mesmo pra ficar aqui comigo em vez de terminar sua turnê
com a banda. Eu não podia deixá-lo fazer isso.

"Não, eu estou bem. Eu prometo."

Enquanto o mundo se voltou para mim completamente,


eu entendi que eu tinha acabado de ter um ataque de pânico em
massa. Lembrei-me de minha mãe ter um no consultório do
médico anos atrás. O médico havia lhe dado uma dose de algo e
ela se acalmou rapidamente. Eu me lembro de ler sobre eles e
pensado que não soava tão ruim quanto parecia. Eu nunca estive
mais errada. Foi louco sentir como se eu estivesse morrendo
lentamente.

Durante meses, eu pensei que estava ficando cada vez


melhor. Eu pensei que estava passando por meu passado, mas
naquele momento eu percebi que estava tão doente como eu
sempre fui. Tristeza voou e me encheu. Minha tia Sarah certa vez
sugeriu que eu procurasse ajuda médica, mas eu estraguei tudo e
lhe disse que estava bem. Eu tinha certeza de que minha
depressão foi de alguma forma ligada a Zeke e o fato de que eu
senti muita falta dele, mas talvez fosse mais. Na verdade, eu tinha
certeza que era mais.

Eu queria ser boa para ele. Eu queria estar bem para ele.
Eu não queria ser uma garota doente que acompanhava sua
banda ou alguma cadela egoísta que foi a causa por trás de ele
desistir de algo que ele tanto amava. Daqui a dez anos, ele me
odiaria, e não haveria nada que eu pudesse dizer, porque eu me
odiaria também. Não, eu não podia permitir isso.

Eu queria estar com Zeke. Eu amava a minha irmã, mas


nada estava me segurando na Flórida. Eu sabia na parte de trás
da minha cabeça que ela não precisava mais de mim e se
perguntasse, ela me diria para sair correndo em direção ao sol da
Califórnia com o homem que eu amava. Mas eu senti pânico só de
pensar nisso. Eu senti ansiedade pensando em deixar Sydney, e
eu senti isso pensando em estar sem Zeke.

A melhor coisa que eu poderia fazer, era ir a tia Sarah e


aceitar a oferta de ajuda médica, melhorar, e depois fugir com
Zeke. Isto é, se ele estivesse disposto a esperar por mim. Eu não
poderia lhe pedir para esperar por mim, é claro, mas eu tinha a
esperança de que ele me amava o suficiente para me dar tempo.
Eu tinha a esperança de que o que tínhamos iria aguentar
enquanto eu passava por mais uma coisa, e então eu estaria
perfeita para ele.

"Zeke, você tem que ir com os meninos," eu sussurrei.

Ele olhou para mim com a pergunta em seus olhos e eu


sabia que ele estava se perguntando o que eu estava pensando.
Eu tinha vergonha de lhe dizer o meu plano. Depois de tudo o que
ele tinha me visto passar, esta última coisa eu queria guardar
para mim. Eu não queria que ele corresse depois de perceber que,
mesmo depois que meu pai foi retirado da equação, eu ainda
estava doente.

"Eu não vou deixar você, Floco de Neve. Você está onde
eu quero estar. Eu vou encontrar um emprego ou algo assim. Não
é um grande negócio." Ele suavemente esfregou os ombros
enquanto ele tentava me coagir a arruinar sua vida.

"Não. Eu não posso deixar você fazer isso."

"Por quê? Se é o que eu quero, é tudo o que importa. A


menos que... Você não quer ficar comigo?"

Era a sua vez de entrar em pânico. Eu podia ver isso


borbulhando logo abaixo da superfície.

Eu tinha que pensar com coerência. Recusei-me a lhe


dizer que precisava de ajuda. Em vez disso, eu fui para a coisa que
era mais acreditável.

"Eu quero ficar com você mais do que qualquer coisa. É


só que... Eu tenho uma bolsa de estudos integral de futebol no
Estado da Flórida," eu soltei.

Não era tecnicamente uma mentira. Eu tinha conseguido


uma bolsa de estudos, mas eu nunca pensei duas vezes sobre ela.

Seu rosto passou de sombrio para radiante quando um


grande sorriso esticou seus lábios sensuais.

"Isso é ótimo, baby. Por que você não disse nada antes?
Vou trabalhar e você vai para a escola. É um plano perfeito."

"Não," eu disse de novo quando eu coloquei minha mão


em seu peito nu. "Eu não posso deixar você fazer isso com os
caras. Eu não quero ficar longe de você, mas se você está disposto
a fazer isso por mim, você consideraria uma coisa de longa
distância até que você termine sua turnê ou até que eu tenha
terminado a escola?"
Seu rosto caiu novamente.

"Mas... Eu apenas consegui você de volta."

"Eu sei, mas seria apenas por pouco tempo. Nós


estivemos longe um do outro antes. Pelo menos desta vez podemos
visitar um ao outro o tempo todo. Você acabou de dizer sempre
que eu quisesse ver Syd, tudo o que tínhamos que fazer era saltar
em um avião. Não poderia ser o mesmo para nós?"

Ele não parecia convencido.

"Por favor, Zeke, por favor, faça isso por mim. Eu quero
estar com você, mas quando estivermos prontos. Blow Hole está
apenas começando e você tem que estar lá para os caras. Eu não
posso dizer não para a escola."

Ele se sentou na beirada da cama e passou as mãos pelo


seu cabelo molhado, então bruscamente pelo seu rosto. Eu caí de
joelhos na frente dele e descansei minhas mãos sobre suas coxas.

Ele olhou pra mim com tristes olhos castanhos. Eu podia


ver o conflito em seus olhos e eu entendia isso. Correndo os dedos
pelo meu queixo, ele respirou fundo.

"Se é isso o que você quer, nós vamos fazê-lo funcionar,"


ele disse com um suspiro.

Corri de joelhos em seu colo. Passando os braços ao


redor de seu pescoço, eu dei um beijo duro contra seus lábios. Ele
me beijou de volta e riu na parte de trás de sua garganta.

Quando eu quebrei o beijo, ele capturou meu rosto em


suas mãos. Com um sorriso forçado e olhos tristes, ele me
envolveu. "Você vai ser a minha morte, mulher."
"Então é melhor eu torturá-lo em primeiro lugar," eu
disse enquanto eu empurrei-o de volta na cama.

Ele agarrou meus quadris e me puxou para cima dele,


então eu montei suas coxas. "Eu sei tudo sobre tortura. Faça o
seu pior, menina bonita."

Um alto barulho batendo na porta pôs um fim a tudo e


trouxe nós dois de volta para a situação.

Eu deslizei fora dele e peguei meu short do chão. Ele


esperou até que eu estivesse decente antes de abrir a porta e
deixar Chet e Finn entrarem.

"Cara, vista sua bunda. Temos que pegar um avião,"


disse Finn quando ele caiu em uma poltrona ao lado da TV.

Os olhos de Zeke encontraram os meus no outro lado da


sala, antes dele ir até sua mala e pegar algumas roupas.
Precisando estar longe da densidade na sala, eu fui para o
banheiro para escovar os dentes e refrescar-me antes que fosse
hora do check-out.

Quando saí do banheiro, os meninos tinham ido embora


e Zeke estava ali completamente vestido com suas malas prontas.
Sua pele morena parecia mais pálida e seus olhos eram os de um
menino perdido. Eu nunca o tinha visto tão impotente e parte de
mim queria desviar o olhar e sair, mas eu não podia. Desta vez,
precisava dizer um adeus apropriado. Eu tinha confiança que
poderia fazer isso e eu precisava dele para ver essa confiança. Eu
queria que ele sentisse o mesmo.

Eu andei até ele e coloquei meus braços ao redor de sua


cintura. Inclinando-se, ele deu um beijo suave no topo da minha
cabeça.

"Nós podemos fazer isso," eu sussurrei suavemente.

Seus braços ficaram mais apertados e ele me puxou para


mais perto.

"Eu espero que você esteja certa."


Quatro

`;Fr
Zeke
Como eu poderia dizer não para ela? Especialmente
depois de vê-la surtar e quase desmaiar.

Eu não tinha certeza do que a fez de repente tão pálida,


mas eu esperava que não fosse o pensamento de estar comigo. Eu
a amava. Eu nunca pensei que diria isso e realmente significaria
isso, mas eu disse. A única razão que me afastou dela era porque
eu poderia dizer que era algo que ela realmente queria, e eu não
queria lhe causar mais stress.

Então, eu fui com ela em vez de os meninos para o


aeroporto, e ela me acompanhou e segurou minha mão quando eu
verifiquei minhas malas e cuidei dos arranjos para o voo final.

Uma hora. Isso é quanto tempo eu tenho para dizer


adeus a Floco de Neve. Eu não tinha certeza que tipo de teia
mágica ela lançou em torno de mim para me fazer aceitar um
relacionamento de longa distância, mas eu estava fazendo isso. O
fato da questão era que eu faria qualquer coisa que ela me
pedisse. Eu nunca iria deixá-la saber disso, mas era a verdade.

Seu argumento fazia sentido. Casais fazem isso o tempo


todo. Ela ia para a escola e jogaria futebol, o que eu sabia que ela
amava, e eu sairia em turnê para tocar com a banda, que é o que
eu amava. Poderíamos visitar uns aos outros, tanto quanto
possível, e quando eu não estivesse em turnê eu ficaria com ela.
Uma vez que ela tiver terminado a escola, poderíamos ir daí.

Parecia muito simples, mas eu sabia que seria diferente.


Isso ia ser um inferno para nós dois, mas se ela achava que era o
melhor, então eu iria tentar. Por ela. É incrível as coisas que o
amor faz você fazer. O amor vai fazer você matar, enganar e
roubar. Ele também vai fazer você se afastar da pessoa que inspira
seus sentimentos se isso mantém um sorriso em seu rosto e dá-
lhe felicidade.

Enquanto isso, eu seria infeliz. Tinha sido assim desde o


momento em que ela saiu da minha vida, e eu continuaria a sê-lo
depois de sair da dela.

O nosso último beijo antes de eu entrar no avião foi


agridoce. Prazer e dor, tudo embrulhado em uma conexão quente
de nossas bocas. Era o céu e o inferno colidindo para uma grande
emboscada de emoções que eu tanto odiava e amava ao mesmo
tempo.

Esse era o nosso relacionamento desde o primeiro dia.


Perfeitamente imperfeito, um grande fodido, bonito desastre, que é
o que nós éramos. Se isso significava viver em uma montanha-
russa de altos e baixos para o resto da minha vida, então eu faria
para estar com ela. Eu não tinha outra escolha. Ela era o que eu
queria.
"Parece que você precisa de uma bebida," Finn disse
quando ele caiu no assento ao meu lado.

Ele levantou uma minigarrafa com um grande sorriso e,


em seguida, despejou-o no copo que estava segurando.

Nós estávamos no avião por mais de uma hora e eu ainda


estava me sentindo mal do estômago.

"Obrigado, cara," eu disse enquanto levantei a taça e bebi


o que fosse.

"Términos são uma droga, cara. Pelo menos é o que eu


ouço. Eu nunca fui o cara de relacionamentos." Ele derramou
outra minigarrafa.

"Nós não terminamos. Nós vamos tentar a coisa de longa


distância." Eu olhei pela pequena janela da primeira classe e me
afundei mais no meu lugar.

"Sim, bem, boa sorte com isso. Espero que tudo dê certo.
Eu só preciso que você esteja lá quando estivermos no palco. Blow
Hole não seria Blow Hole sem você. Todo o negócio de garota a
parte, precisamos de você para realmente se destacar, não apenas
aparecer. Você sabe o que quero dizer?"

"Sim, cara, eu sei disso. É muito difícil. Um dia você vai


conhecer uma garota que vai foder o seu mundo. Quando esse dia
acontecer, você vai entender." Fechei a janela e coloquei minha
cabeça no encosto de cabeça.

"Eu entendo, acredite em mim. Meu dia já veio e se foi."

Eu não tive a chance de responder. Ele levantou de sua


cadeira e ficou de mau humor na parte de trás do avião. Eu não
conseguia lembrar de Finn alguma vez falando de uma garota em
particular, mas eu sabia que não devia empurrá-lo. Nossa
amizade era assim. Eu sabia que botões eu estava autorizado a
pressionar, e ele sabia o mesmo.

Fechei os olhos e adormeci. Quando eu os abri


novamente, Chet estava em cima de mim.

"Bom dia, linda. Estamos em casa."

Eu o empurrei para trás e ele começou a rir. "Seu hálito


cheira lixo quente. Vá gargarejar algo mentolado rápido antes do
xerife do ar prendê-lo por terrorismo."

"Foda-se, cara de merda. Levante-se. Estamos


desembarcando."

Levantei-me de meu assento, peguei minha bagagem de


mão, e uma hora mais tarde, estávamos no carro no caminho de
volta para a nossa casa na Califórnia.

Eu desfiz a mala e verifiquei todas as minhas roupas. Eu


não percebi que estava faltando a minha camisa da guitarra até
que eu as lavei. Ela parecia incrível nela. É justo que ela tenha
guardado. Eu sorri para mim e puxei meu telefone.

Eu: Eu espero que você desfrute de usar a minha


camisa.

Patience: Eu vou. É patético que eu já sinta


saudades?
Eu: Se for, então eu sou patético também.

Patience: Você é O Zeke Mitchell. Você nunca poderia


ser patético.

Eu: Eu sou patético sobre você.

Patience: Eu te amo.

Eu: Eu te amo mais

Patience: Impossível. Boa noite.

Eu: Bons sonhos, Floco de Neve.

A semana seguinte voou conforme fizemos entrevistas e


fizemos shows menores. Minha guitarra era minha melhor amiga,
como de costume, e quando eu não estava tocando-a em cima do
palco, eu estava tocando sozinho com Finn quando nós viemos
com material novo.

Quando eu não estava fazendo isso, eu estava no telefone


com Patience ou mandando mensagens para ela. Eu não tinha
medo de admitir que eu estava completamente caído. Os meninos
riam, mas tanto quanto eu estava preocupado, eles poderiam se
danar. Ela me fez feliz e isso não era algo que eu estava disposto a
deixar ir.

Uma semana depois, estávamos na estrada. Quatro


shows em cinco noites em três estados diferentes. Eu não
conseguia dormir na merda do ônibus. Mesmo que tenha crescido
com os sons constantes do mundo de merda ao meu redor, o
barulho suave do ônibus e alguns solavancos aqui e ali, me
mantiveram acordado a noite toda. Era a vida que tinha escolhido
e era uma bem legal, mas um homem precisava de seu sono.

No nosso último show em nosso impulso de cinco dias,


uma menina pulou no palco seminua e se jogou em mim. Esfregou
seus seios contra o meu peito enquanto ela bateu a boca na
minha. Ela tinha gosto de cerveja e cigarros. Isso me fez perder o
sabor doce da Floco de Neve.

"Eu te amo, Zeke!" A mulher seminua gritou acima da


música.

Joel, um dos seguranças de palco, puxou-a para longe.


Ela saltou para cima e para baixo, descuidando do fato de que ela
não tinha nada cobrindo a parte de cima da roupa, e a multidão
foi à loucura.

Finn riu no microfone no meio da música, pulando


algumas letras, e balançou a cabeça, divertido. Eu ri e continuei a
tocar. O resto do show seguiu o exemplo. Multidão de pessoas
passando por cima das outras e o cheiro de drogas no ar,
contribuíram para a adrenalina que o show nos deu.

Mais tarde, no ônibus, nós terminamos a noite passando


um baseado. Eu tinha bebido muito no palco e o ônibus embaixo
de mim parecia estar incerto e mexendo de um lado para o outro.
Isso não era possível, considerando que estaríamos em uma vala
em algum lugar, então eu sabia que era tudo de mim. Eu ri e
peguei meu telefone para ligar para Floco de Neve.

Ele tocou e tocou e eu podia sentir-me ficando irritado.


Por que ela não estava atendendo? Eu desliguei e liguei
novamente e novamente até que finalmente atendeu.

"Olá?" Sua voz estava quebrada e cheia de sono.

"Ei, baby. O que você está fazendo?" Eu falei arrastado no


telefone.

"Eu estou dormindo, Zeke. Está tudo bem?"

"Estaria se você estivesse aqui. Por que você não está


aqui?" Eu gemia bêbado.

"Você soa como uma vadia!" Chet riu alto.

Sem pensar, eu joguei meu telefone nele. Ele voou e


chocou-se contra a parede do ônibus. Levantei-me e o apanhei do
chão. A frente estava rachada, mas ainda estava aceso.

"Olá? Floco de Neve?" Eu disse ao telefone.

Não havia nenhum som.

"Merda!" Eu joguei-o novamente.

A irritação estava começando a ser demais. Eu sentia


falta dela e seria mais algumas semanas antes que eu pudesse
sequer pensar em ir para a Flórida novamente. Patience estava
presa lá por causa do registro escolar e as práticas de futebol.

Toda essa situação era fodidamente demais.


Eu desmaiei na minha cama com meu celular quebrado
apertado contra o meu peito.

No dia seguinte, me levou uma eternidade para encontrar


uma loja para substituir o meu telefone. Eu tentei chamá-la pelo
telefone dos outros, mas ela não respondeu. Foi no final da tarde
que eu tinha um novo telefone. Liguei para ela uma e outra vez,
mas ela ainda não atendeu.

Eu estava começando a ficar estressado e eu não tinha


como chegar a ela para saber se ela estava bem ou se ela só estava
chateada comigo por ligar tarde da noite e acordá-la. Eu sabia que
não devia chamar tarde demais. Estávamos em Seattle, e na
Flórida eram três horas à frente de nós, mas quando eu estava
bêbado e sentindo falta dela, os fusos horários e toda essa merda
eram a última coisa em minha mente.

Finalmente, no final do dia, ela me mandou uma


mensagem.

Patience: Desculpe, estava na aula. Indo para o


treino. Te ligo depois. Sinto sua falta. Te amo.
Cinco

`;Fr
Patience
Sexo com Zeke.

Essa é a única coisa que ainda chegou perto de me dar a


adrenalina que o futebol dá.

Enquanto corria pelo campo em completo controle da


bola em preto-e-branco, eu me perdia. A alegria e o poder que eu
rendia no campo eram incríveis. Controle. Era tudo sobre ter
controle sobre alguma coisa. Eu tinha vivido sem uma certa
medida de poder durante toda a minha vida. Futebol sempre
sanava isso. O que eu tinha na cabeça quando eu pensei que
poderia sair do futebol tão bruscamente?

Minha companheira de equipe, Hope, corria ao meu lado


e eu chutei a bola para ela. Continuamos com esse padrão para
baixo do campo, até que finalmente ela passou para mim e eu
chutei direto para a rede. A goleira caiu de joelhos em uma
tentativa de parar a bola e, em seguida, deu um soco na grama em
irritação depois de ter passado por ela.
"Inferno sim!" Disse Hope quando ela me deu um “high
five1”. "Nós vamos dominar esta temporada."

Era apenas o treino, mas fazia tanto tempo desde que eu


tinha jogado e tive companheiros de equipe. Eu não tinha
percebido o quanto eu sentia falta disso.

Originalmente, a coisa toda de escola era uma pequena


mentira branca para me comprar algum tempo afastada para ficar
melhor. Foi algo que eu disse a Zeke então ele concordou em uma
coisa de longa distância. A última coisa que eu queria era que ele
perdesse a turnê, e eu sabia que tinha um longo caminho a
percorrer. Eu também sabia que Zeke estando perto prejudicaria o
meu progresso.

Eu não podia sair por aí fingindo que tudo estava melhor.


Eu precisava enfrentar meus demônios e realmente ficar melhor.
Quando ele estava por perto, eu não conseguia estar doente. Ele
entenderia, sem perguntas, mas eu estava doente e cansada de
ser a menina doente, a menina quebrada com problemas. Era
hora de me tornar a garota que Zeke pensava que eu fosse.

Uma vez, ele me disse que eu era a garota mais forte que
ele conhecia. Eu não podia dizer a ele na época, mas ele estava tão
errado. Eu estava fraca e entrar em um ataque de ansiedade louco
bem em frente dele era a prova disso. Felizmente, ele não tinha
ideia do que era um ataque de ansiedade, mas ainda assim, foi
embaraçoso do mesmo jeito.

Eu estava coberta de cicatrizes internas. Há uma coisa


engraçada sobre cicatrizes. Você pode cobri-las e escondê-las, mas
não importa o que você faça, eles estão sempre lá. Elas marcam
1
Comprimento feito com as mãos abertas...
você e deixam que todo mundo que possa vê-las saber que você é
mercadoria danificada. Eu estava danificada. Mesmo que minhas
cicatrizes estivessem escondidas dentro de mim, onde ninguém
podia vê-las, eu sabia que elas estavam lá. Ele sabia que elas
estavam lá, também. Algumas cicatrizes nunca cicatrizam.
Algumas se tornam maiores à medida que crescem. Elas refletem
um passado que está marcado em sua alma e não importa o que
de bom venha a seu caminho, nada pode aliviar a dor que
infligem.

Dra. Jensen, minha terapeuta, disse que o futebol era a


melhor coisa para mim. Por muitos anos, eu usei o esporte como
minha libertação. Ela pensou que voltar para o jogo era uma boa
maneira de começar o meu processo de cura. Então, por causa
disso, acabei me matriculando no Estado da Flórida. Bem, isso e o
fato de que a tia Sarah e Sydney foram possivelmente as mulheres
mais intrometidas no mundo. Sydney pode ser bastante
convincente com sua hábil manipulação doce.

Acontece que, correr para a tia Sarah e confessar tudo


foi, provavelmente, uma das melhores coisas que eu poderia ter
feito. Pedir ajuda não era tão fácil como você pensa, e quando eu
disse a ela que eu tinha certeza que estava começando a ter
ataques de pânico, ela foi compreensível e gentil quando sugeriu a
Dra. Jensen.

"Então, como foi a aula e o treino ontem?" Dra. J


perguntou quando ela bateu a caneta em sua prancheta.
Ela cruzou as pernas finas e dirigiu seus olhos azuis para
mim. Eu muitas vezes pensei sobre o quanto eu admirava seus
olhos azuis e o cabelo vermelho-fogo. Ela era mais velha, mas
bonita, e eu gostei do fato de que ela não me julgava. Querendo ou
não, isso foi porque ela foi paga para me ouvir, ela nunca recuou,
nunca julgou, mesmo quando eu disse a ela todos os detalhes
nojentos da minha vida. Isso foi as duas semanas mais difíceis da
minha vida.

"Foi tudo bem."

Ela me olhou por cima da borda de seus elegantes óculos


escuros. "No sentido de que você mal conseguiu passar a sua
semana ou como em nada aconteceu de excitante?"

Ela ergueu o copo de café da mesa de mogno ao lado dela


e tomou um gole.

Seu escritório não era como os dos médicos charlatões


que você vê na TV. Era um quarto acolhedor e convidativo com
grande mobília confortável e uma tigela cheia de chocolate. A
mulher sabia sobre depressão. Nada poderia transformar um rosto
deprimido em um sorriso, como chocolate.

Peguei um pedaço embrulhado em papel alumínio,


desembrulhei o doce dos deuses, e coloquei na minha boca.

"No sentido de que foi bom," eu disse com a boca cheia de


pedaços do céu. "Eu me exercitei bastante no campo, e eu fiz
algumas novas amizades."

Ela escreveu em seu papel. "Quaisquer ataques de pânico


desde a sessão da semana passada?"

"Não, nenhum."
"Isso é bom." Ela escreveu mais um pouco. "Quaisquer
pesadelos?"

Fiquei tensa. Eu odiava falar sobre os meus pesadelos.

"Sim. Eu tive o do derretimento algumas vezes e aquele


com ele."

Eu não poderia mesmo dizer a palavra pai mais. Eu só


me referia a ele como "ele". Tinha que ser um sinal de que eu não
estava indo tão bem.

Eu também não gosto de falar sobre a sua morte. Até


onde a Dra. Jensen sabia, ele teve um colapso mental. Eu disse a
ela que a posição que ele manteve foi demais para ele e que ele
tirou a própria vida. Foi a única mentira que eu disse a ela, mas
em minha mente, é exatamente o que ele tinha feito. Toda vez que
ele pôs as mãos sujas em mim, ele estava se preparando para a
morte. Cada toque era como um prego para o caixão, e a menina
dentro de mim estava apenas esperando o momento em que ela
poderia finalmente quebrar e destruí-lo.

Ver suas mãos na minha irmãzinha foi tudo que eu


precisava. Eu ainda podia lembrar o som da arma, o cheiro de seu
sangue. Aquela noite, iria me marcar para o resto dos meus dias.

Mais tarde naquela noite, sentei-me ao telefone com Zeke


até que eu adormeci. Foi difícil desde que eu sentia muito a falta
dele e eu não tinha certeza se era o novo medicamento que Dra. J
me deu ou o que, mas de repente eu estava preocupada com ele
estar perto de todas as vadias roqueiras. Eu confiei nele com a
minha vida, mas eu sabia que tipo de cara ele era quando eu o
conheci. Quem vai dizer que ele estar apaixonado o havia
mudado? Eu poderia imaginar que era difícil para um cara como
ele ser enfrentado no dia a dia com mulheres se jogando em cima
dele. Ele não estava acostumado a se negar nada.

Os pensamentos dele dormindo com essas garotas


selvagens fez mal ao meu estômago, mas eu tinha que confiar que
eu estava fazendo a coisa certa.

Alguns dias depois, recebi um telefonema bêbado de Zeke


no meio da noite. Não durou muito tempo e, em seguida, o
telefone ficou mudo. Esse acontecimento não ajudou a enterrar o
monstro de olhos verdes que parecia estar me seguindo. E quando
eu vi uma atualização de notícias da MTV sobre um de seus shows
e vi uma mulher nua atirar-se para ele, não ajudou muito.

Eu odiava. Eu odiava ver a forma como as meninas se


lançavam nele. E enquanto eu podia ver claramente que ele estava
muito bem as empurrando para longe, eu não podia evitar, mas
pergunto o que acontecia quando não havia câmeras em cima
dele. Ele levou todas as meninas de volta para seu quarto de hotel
para uma rapidinha?

Não era da natureza de Zeke ficar sem sexo por longos


períodos de tempo, e enquanto eu sabia que ele falava sério
quando disse que me amava, era o suficiente para fazê-lo suportar
o sexo?

O inseto do ciúme estava dando uma mordida grande na


minha bunda e isso estava me deixando louca. Peguei meu
telefone e abri as mensagens de texto de Zeke.
Eu: Eu sinto sua falta.

Zeke: Eu sinto sua falta mais.

Não demorou muito até que a temporada começou e nós


estávamos no ônibus para o nosso primeiro jogo. Felizmente, o
nosso primeiro jogo foi com a Universidade de Charleston e eu tive
que voltar para a Carolina do Sul. Isso significava que eu podia
ver Megan depois do jogo e talvez espremer algum tempo para
visitar o túmulo da minha mãe.

No vestiário antes do jogo, de repente eu comecei a me


sentir um pouco tonta. Jogar um jogo nunca tinha sido um
grande negócio para mim, mas mais cedo eu tinha saído e vi a
multidão esperando para nos ver jogar. Eu me senti um pouco
mal do estômago com o pensamento de tantos olhos em mim.

Quando chegou a hora de jogar, eu me levantei e segui as


meninas. Na porta, as dores no peito começaram e eu tive que
tomar uma respiração profunda. O único problema era que eu não
conseguia obter qualquer oxigênio. Virando-me, eu caí no banco
dentro do vestiário. Os tremores estavam começando e não
importa o quão duro eu tentei me convencer do contrário, um
ataque de pânico estava chegando.

Eu estava apenas começando a hiperventilar quando


Hope voltou para mim.

"Você está bem, Patience? Você não parece tão bem,"


disse ela enquanto se sentava ao meu lado.

Ela estar lá e me fazendo essa pergunta parecia


intensificar meu pânico, e não demorou muito até que todo o meu
corpo tremia. Coloquei minha cabeça entre as minhas pernas e
tentei respirar, mas o medo de morrer ali mesmo no meio do
vestiário das meninas foi tão intenso. Lágrimas aquecidas
saltaram dos meus olhos e deslizaram pelo meu rosto.

Por que isso foi acontecer comigo? E por que não fui forte
o suficiente para fazê-lo parar? Eu me senti como uma idiota por
me sentar lá tremendo. Eu me senti ainda mais burra por chorar
sobre isso. Eu odiava ser fraca. Eu odiava que eu estava deixando
essas coisas tirar o melhor de mim. Eu não podia lutar com isso
quando eu estava crescendo, assim como eu não podia lutar
contra mim mesma e fazer essas coisas pararem.

Longe eu podia ouvir Hope falar comigo. Eu não


conseguia entender suas palavras, mas mesmo com os dedos
dormentes, senti suas mãos quentes enquanto colocava uma
garrafa de água em uma das minhas mãos e uma pílula na outra.

Olhei para o rosto dela. Seu sorriso compreensivo ajudou


um pouco.

"O que... é-é... isso?" Eu gaguejei.

Eu mal conseguia segurar a pequena pílula oval na


minha mão.

"É um valium2. Beba com a água. Ele vai ajudar. Eu


prometo."

2
Remédio usado como relaxante muscular, anticonvulsivante e sedativo. Mais conhecido como Diazepam.
Eu não conhecia Hope muito bem. Nós realmente só
saímos em campo e algumas vezes quando eu pegava um almoço
rápido entre as aulas. Mas o medo de morrer só foi piorando e,
nesse ponto eu faria qualquer coisa para fazê-lo parar.

Joguei a pílula em minha boca e comecei a mastigar. O


sabor acentuado da pílula esmagada rolou na minha língua e fez
minha mandíbula travar. Eu rapidamente engoli a água e coloquei
minha cabeça de volta entre as pernas enquanto eu esperava que
algo acontecesse. Ou eu ia morrer de um ataque cardíaco
fulminante, uma vez que meu coração parecia querer estar do lado
de fora do meu corpo, ou a pílula mágica iria fazer efeito e as
coisas ficariam bem.

Uma vez que os tremores começaram a se acalmar, eu


podia sentir meu coração e sangue voltarem devagar para uma
velocidade normal. A circulação voltou para os meus braços e
pernas, e eu já não sentia o peso dos membros entorpecidos me
puxando para baixo. O ar era mais fresco quando eu respirava, e o
quarto parou de girar.

"Bem, você certamente parece melhor. Está pronta para


ir lá e chutar alguns traseiros?" Perguntou Hope.

Apreciei o fato de que ela estava fingindo que nada


aconteceu - como se fosse uma coisa diária alguém entrar em um
ataque desenvolvido de pânico em torno dela.

"Sim. Só me dê um minuto." Minha garganta doía, por


isso, tomei mais um gole da água.

Poucos minutos depois, estávamos indo rapidamente pelo


nosso caminho para o campo. Demorei um pouco para entrar no
jogo, mas logo eu estava correndo para cima e para baixo do
campo e fazendo gols. Jogamos duro e ganhamos por três gols. Eu
ainda estava sentindo o relaxamento da pílula que ela tinha me
dado antes do jogo, quando eu fiz meu caminho de volta para o
vestiário. Era como se eu tivesse engolido magia.

Quando eu saí do banho, eu fiz questão de andar com


Hope pelo caminho para o meu armário.

"Obrigado por mais cedo," eu disse calmamente.

"A qualquer hora. Se você precisar de mais um, é só me


avisar. Todos nós temos nossos momentos e minha mãe me
mantém abastecida. Eu tenho um pouco de algo para ajudá-la a
ficar alerta para estudar, também, se você estiver com necessidade
disso."

O pensamento de ser medicada o tempo todo não caía


bem pra mim. Eu sabia que havia pessoas que tomavam as coisas
para derrubá-las e coisas para dar-lhes vitalidade em sua etapa.
Toda vez que eu estava em torno dos amigos de Zeke, era óbvio
que todos eles estavam usando alguma coisa, mas isso não era
para mim.

"Eu agradeço, mas não, obrigada. Podemos, por favor


manter o episódio anterior entre nós, no entento?"

Ela assentiu em compreensão e me deu um sorriso


amigável. "Claro, Patience. Se alguém entende dessas coisas, sou
eu."

Depois de ter me limpado do jogo, eu me encontrei com


Megan. Paramos no túmulo de minha mãe. Megan ficou no carro
enquanto eu me sentei ao lado de lápide da minha mãe e falei com
ela como se ela estivesse ali comigo.

Foi a primeira vez que eu visitei desde que a enterrei e foi


difícil. Eu chorava e explicava a situação, enquanto desejava que
ela ainda estivesse lá comigo. Ela tinha excelentes conselhos. Eu
sentia falta das nossas conversas e lamento o fato de que eu não
me abri para ela. O fato de que eu não consegui dizer adeus ainda
doía, mas não tanto quando aconteceu.

Deixei rosas roxas em seu túmulo, sua favorita. Depois


de um tempo, me levantei da grama de sua lápide, disse a ela que
a amava e sentia falta dela, e fiz meu caminho de volta para o
carro de Megan.

Megan não disse nada quando eu entrei no carro com os


olhos vermelhos, e nós não falamos até pararmos no
estacionamento do restaurante para jantar.

Ela parecia diferente. Seu cabelo tinha crescido desde a


última vez que a vi e ela perdeu os fios multicoloridos e estava
indo tudo natural. O marrom mel lhe convinha muito bem.

Ela já estava em seu terceiro semestre na Universidade


da Carolina do Sul e parecia estar fazendo muito bem para si
mesma. Era como se tivéssemos partido e trocado de posições. Eu
estava uma bagunça e ela parecia que tinha sua merda junta, mas
eu sabia melhor do que ninguém que era fácil de colocar uma
interpretação.

Foi como nos velhos tempos. As coisas pareciam estar


indo bem para ela e fiquei feliz em vê-la sorrir, mas uma vez que
eu trouxe Zeke e o resto dos meninos, houve uma pequena
rachadura em sua fachada.

"É bom que você e Zeke estão fazendo isso. Eu acho que
vocês são bons um para o outro. Então Chet está indo bem?" Ela
nervosamente brincou com o canudo.

Demorou muito para ela perguntar sobre ele.

"Ele parece estar. Quando foi a última vez que você falou
com ele?" Perguntei.

Ela traçou um desenho em seu chá doce. "Logo antes


deles partirem," disse ela tristemente.

Eu tentei parar minha mandíbula de cair, mas eu não


consegui a tempo. "Você quer dizer que ele não entrou em contato
com você?"

Ela balançou a cabeça negativamente e seus cachos


ondulados caíram um pouco.

"Eu sinto muito, Megan. Eu estou aqui falando sobre o


encontro com Zeke e as coisas cada vez melhor entre nós e você
ainda está ansiando por Chet."

Eu me senti como uma merda oficialmente. Eu não podia


imaginar o que seria ainda estar esperando para ouvir ou ver
Zeke.

"Oh, que inferno eterno, eu não estou ansiando por sua


bunda punk. Eu só estava perguntando como ele estava indo.
Honestamente, eu não poderia me importar menos." Ela chamou a
garçonete e pediu um pedaço de bolo.

"Você não tem que fingir comigo, Megs. Lembre-se, eu sei


tudo sobre fingir."
Passamos o resto do jantar falando de Chet e o quanto
ela sentia falta dele. Ela me contou sobre um cara legal que ela
meio que estava vendo na Columbia. Ele estava em sua aula de
álgebra, mas ela não conseguia esquecer Chet e seus modos tolos.
Ela até me falou em mandar mensagens de texto a Zeke e ver se
ele poderia falar com Chet para ligar para ela. Eu me senti horrível
por ela.

De alguma forma, acabamos no The Pit - algo sobre a


necessidade dela de estar em algum lugar que a fez se lembrar de
Chet, mas eu estava convencida de que ela só queria engolir
algumas bebidas. Eu concordei. Depois de entrar em pânico antes
do meu jogo, a distância de Zeke, e ir até o túmulo de minha mãe,
eu estava precisando de alguma coisa para beber.

Eu pedi uma cerveja no bar e em virei para ouvir a


banda. O lugar parecia exatamente o mesmo e isso me fez lembrar
de quando eu conheci Zeke. Ele era um completo idiota, em
seguida foi difícil acreditar que o cara doce que me beijou através
do telefone todas as noites era o mesmo cara que foi um idiota
completo todos aqueles meses atrás.

Certifico-me de que o barman nos trouxe duas bebidas


fechadas, e Megan e eu passamos o resto da nossa noite nos
afogando inteiramente em muito álcool e dançamos para uma
banda que não estava nem perto de ser tão boa quanto Blow Hole.

Estava tão alto que eu tinha perdido todos os telefonemas


de Zeke chamando para me dizer boa noite. Não foi até que eu
segui Megan para o banheiro que eu as vi. Eu disquei o número
dele e esperei que ele atendesse.

"Onde você esteve, baby? Eu fiquei preocupado quando


você não atendeu," disse ele ao telefone.

"Eu estou bem eu prometo!" Eu gritei.

A música de fora do banheiro ainda estava fazendo o seu


caminho passando os azulejos encardidos que cobriam as
paredes. Apertei meu ouvido para que eu pudesse ouvi-lo falar.

"O que é todo esse barulho? Onde você está?"

"Estou com Megan no The Pit. Há uma banda de baixa


qualidade no palco. Eles não são nada comparado ao Blow Hole."
Minha voz ecoou das paredes do banheiro, mas eu não me
importei.

O meu telefone decidiu naquele exato momento perder


sinal. Eu podia ouvir partes cortadas do que ele disse, mas nada
fazia sentido. Finalmente, a ligação caiu e não importa quantas
vezes eu tentei chamá-lo de volta, eu não conseguia.

Três cervejas mais tarde, eu desisti e resolvi chamá-lo


quando saíssemos. Meu telefone estava quase sem bateria e eu
não conseguia ouvir absolutamente nada de qualquer maneira.
Desliguei para economizar a bateria e o coloquei no bolso de trás.
Seis

`;Fr
Zeke
Não tenho certeza do que era pior – saber que meu Floco
de Neve estava em um lugar onde não deveria estar, ou estar com
ciúmes por não estar com ela.

A verdade era que eu estava sentindo saudades do The


Pit. Tínhamos falado sobre voltar lá e executar um show no nosso
próprio tempo, mas as coisas estavam surgindo para nós e tudo
estava acontecendo muito rápido.

Mais do que qualquer coisa, no entanto, eu estava


sentindo medo. Eu sabia o que acontecia nos cantos escuros do
The Pit e, além disso, eu sabia que não queria Patience correndo
por lá sozinha. Eu não havia pensado sobre o fato de que as
garotas iriam lá quando ela me disse que estava indo para
Charleston jogar uma partida. Desejei que tivesse pedido para ela
não ir sozinha.

Eu passei as próximas três horas caminhando pelos


corredores. Tentei ficar alto e matar alguns dos meus nervos, mas
não funcionou. Liguei para seu telefone várias vezes até,
finalmente, cair na caixa postal. Antes, eu conhecia esse medo
com Patience. Parecia que eu estava constantemente preocupado
com ela. Ela não era ignorante, mas sempre parecia estar no lugar
errado na porra da hora errada. The Pit sempre seria o lugar
errado para ela.

Quando meu telefone finalmente tocou, eu não poderia


atendê-lo rápido o suficiente.

“Hey Zekey. É a Megan. Estou ligando pela Patience. Ela


está muito bêbada, cara. Ela disse que te liga amanhã.”

Eu podia ouvir Patience falando ao fundo e ela parecia


abafada.

“O que ela está fazendo?”

“Ela está vomitando ao lado do meu carro. Não se


preocupe. Ela está em boas mãos. Estou a levando de volta para o
hotel onde ela está ficando e ela está partindo para a Flórida com
suas companheiras de time pela manhã.”

Corri minhas mãos brutalmente pelo meu cabelo.

“Vocês não tinham nada que ir ao The Pit. Ambas sabem


o quanto esse lugar pode ser perigoso,” eu gritei no telefone.

Não é coisa minha gritar com mulheres, mas eu estava


tão preocupado e bravo que não podia evitar isso.

“Cara, ela está bem. Ela te ligará pela manhã.”

E então o telefone ficou mudo.

Agarrei-me em tudo para não quebrar meu telefone de


novo. Eu quero tacá-lo na parede, mas não posso. Estava me
matando ficar longe e não estar lá por ela. Ela estava bêbada,
doente e sabe-se lá mais o que, e eu estava há horas de distância,
preso em uma porra de ônibus, sem poder fazer nada, esperando
ela me ligar de volta.

Essa noite eu não consegui dormir merda nenhuma.


Toda hora minhas emoções mudavam. Durante uma hora, eu
estaria tão bravo, que poderia chutar alguém na cara, e na
próxima hora, eu poderia estar tão preocupado que eu desejaria
gritar. Isso é uma porra fodida.

O sol se espreitava através das cortinas, o ônibus no


para-e-anda do tráfego da manhã, quando meu celular finalmente
tocou. Olhei para a tela, uma foto sorridente da Floco de Neve
apareceu. Passando meu dedo contra a tela, eu atendi.

“Se sentindo melhor?” Disse grosseiramente no celular.

Eu odeio ser mau com ela, mas eu também odeio que ela
tenha me mantido preocupado a noite toda.

“Na verdade não. Eu me sinto como se eu tivesse sido


atingida pelo ônibus que estou viajando. Estarei de volta à Flórida
daqui umas três horas.” Sua voz estava rouca e áspera.

Ela estava definitivamente lidando com uma séria


ressaca e por pior que isso soe, eu não podia evitar, mas pensar o
quanto ela merecia.

“Bem, isso acontece quando você bebe muito. Você fica


doente e se sente como uma merda no dia seguinte. Espero que
isso tenha valido a pena.” Sentei-me e joguei meus pés para fora
do beliche.

“O que há de errado com você?” Ela perguntou.


Sacudi minha cabeça com irritação e respirei fundo.
Namoros à longa distância são uma merda do caralho.

“O que tem de errado comigo? É sério que você está me


perguntando isso? Você foi para o The Pit... Sozinha. Toda vez que
você vai lá, alguma coisa acontece com você. Eu passei a porra da
noite inteira preocupado com você.”

“Cala a porra da sua boca, cara!” Tiny gritou do beliche


ao lado do meu.

“Vai se foder e volte a dormir,” gritei de volta.

Coloquei o celular perto da minha orelha.

“Eu não dormi nada na noite passada.”

Eu sabia quando as palavras saíram que eu estava


soando como uma putinha. Merda, eu me senti como uma, mas
estava tão zangado com ela. Isso estava igual aos velhos tempos.

“Estou bem, Zeke. Então pare com isso,” ela disse


delicadamente no celular.

Era óbvio que ela estava rodeada por outras pessoas e


não queria ter essa conversa na frente deles, mas eu nunca dei a
mínima para o que os outros pensam. Então de novo, eu nunca
tinha dado merda nenhuma sobre qualquer coisa.

Pensando sobre isso agora, preocupar-me com uma


pessoa meio que era uma merda também.

“Que seja, Patience.” Eu disse seu nome completo como


se fosse um castigo. “Já estou cansado dessa merda.”

Desliguei.

No minuto que eu fiz isso, eu pensei imediatamente em


ligar de volta, mas eu estava tão sonolento e irritado. Meu telefone
tocou várias e várias vezes de novo, e tão mal quanto eu estava
querendo responder e pedir desculpas por ser um idiota, eu não
queria falar. Os caras estavam começando a serem umas vadias,
então eu silenciei meu celular, rolei e fui dormir.

Nós tínhamos uma entrevista em alguma rádio em quatro


horas e eu estava funcionando sem dormir e sem comer muito. Já
estava fazendo nenhum esforço nesta turnê e sendo metade parte
da banda. Os caras já estavam começando a reclamar. Precisava
me definir ou sair fora. Sair para Flórida, de preferência.

Eu não falei com Patience de novo até um dia depois. Até


lá eu tinha me acalmado e ela estava se sentindo melhor. Eu não
me desculpei por ter desligado na cara dela e ela também não
pediu desculpa por fazer eu me preocupar. Em vez disso, nós
apenas não conversamos sobre isso de novo.

Ela me contou sobre seu jogo e falou sobre estar indo


visitar sua tia Sarah e Sydney. Desde que o Estado da Flórida
estava a algumas horas da casa de sua tia, ela estava hospedada
em um pequeno apartamento na faculdade.

Os pensamentos de mudar para a Flórida uma vez que as


coisas estivessem definidas com a banda e a tour tivesse acabado
continuaram se mantendo na minha mente, mas eu me livrei
deles sabendo que em breve eu estaria disponível para fugir por
uma semana com ela.

Tivemos um show em Houston, Texas, um dia depois


disso, e eu não cheguei a falar muito com ela pelo telefone.

Submeti minha irritação na minha música e toquei


intensamente. Era como os velhos dias quando eu usava minha
guitarra para transferir todas as merdas em casa. Eu poderia
dizer honestamente que eu não tinha tocado tão bem desde que
parti da Carolina do Sul. Eu tinha esquecido o quanto eu amava o
que eu fazia.

Nós fizemos um bis da nossa canção final quando o


público gritou por mais, e quando nós já estávamos de volta ao
ônibus e pegando a estrada de volta para a Califórnia, eu estava
cansado demais para levantar minha cabeça. Contudo, eu liguei
para o meu Floco de Neve para dizer boa noite.

“Eu sinto tanto a sua falta,” ela respondeu.

“Eu também sinto sua falta, baby,” disse enquanto


deitava em minha cama.

Houve uma fungada na outra linha e eu me sentei


novamente.

“Você está chorando?”

“Não”, ela disse suavemente.

“Você está mentindo?”

“Sim.” Seus soluços ficaram mais altos do outro lado da


linha.

Meu coração quebrou. Senti a necessidade súbita de


correr para a Flórida e abraçá-la. Isso nunca daria certo. Eu
precisava estar com ela e ela precisava de mim lá.

“O que aconteceu? Alguém te machucou? Eu vou matar


quem fez isso. Diga-me quem te machucou.”

Minha raiva correu através de mim, fazendo com que


meu cabelo e meus pelos do braço se arrepiassem.

Ela deu uma risadinha do outro lado. “Não, ninguém me


machucou. Eu só tive um tempo ruim na Carolina do Sul. Eu fui
ao túmulo da minha mãe e acima disso tudo, eu sinto sua falta.”

“Logo que sairmos desse ônibus, estarei indo até você.


Nós temos que fazer um show em um lugar local, mas eu vou
ignorá-lo.”

“Não. E se eu for ficar uns dias com você?”

E assim, a minha noite ficou um milhão de vezes melhor.

“Parece perfeito,” eu sorri no telefone. “Vou ligar para o


aeroporto e ter um bilhete pronto para você.”

Eu não podia esperar para ligar e dar as informações do


meu cartão de crédito para o primeiro voo disponível.

“Eu posso comprar minha própria passagem, Zeke. Eu


tenho um pouco de dinheiro guardado. Vai ficar tudo bem.”

Eu estava feliz em ouvir que suas lágrimas haviam


parado.

“Absolutamente não. Você está vindo até mim, então eu


vou pagar. Além disso, eu lhe devo dinheiro desde que você pagou
minhas fianças."

Ela ficou um pouco em silêncio do outro lado da linha.

“Você sabia sobre isso?” Ela perguntou.

“É claro que eu sabia. Eu sei de tudo, baby. Então estou


ligando para o aeroporto e então eu ligarei de volta para você
quando estiver tudo certo. Parece bom?”

Eu podia ouvi-la sorrindo através do celular e senti como


se tivesse ganhado uma medalha.

“Parece ótimo!”

“Oh, e Floco de Neve?” Sorri para mim mesmo.

“Sim?”

“Traga aqueles shorts de ginástica sexy que você


costumava usar.”

Ela deu risada. “Combinado.”


Sete

`;Fr
Patience
A última coisa que eu empacotei foram meus shorts de
ginástica. Eu tinha um grande sorriso bobo na minha cara
conforme eu fechava minha mala e arrastava até a sala para
esperar meu táxi. De todas as coisas que eu poderia vestir para
excitar meu homem, esses malditos shorts pareciam obter o efeito
desejado.

Eu liguei para tia Sarah e Sydney e as deixei sabendo que


estava saindo da cidade por alguns dias. Eu prometi que
apareceria para jantar como de costume quando voltasse. Eu
tentava jantar com elas pelo menos dois dias por semana, e eu já
me sentia como se estivesse incomodando.

Senti-me nervosa sobre o voo, então eu tomei outro


Valium, obrigada a Hope, por me dar. Eu prometi a mim mesma
que não tomaria mais nenhuma dessas coisas, mas parecia que
estava tomando pelo menos uma vez por semana. Isso ajudava
quando me sentia ansiosa sobre alguma coisa.
O voo para a Califórnia demorou uma eternidade, e
depois da mudança de aviões em Houston e sentar até o fim de
uma escala de duas horas, eu estava esgotada e dormi sem
interrupção até o resto da viagem.

Agarrando minha mala, fiz meu caminho para o ponto


que Zeke disse que iria me encontrar. Eu o vi antes de ele me ver.
Ele estava encostado contra uma viga com seus braços cruzados,
olhando para a paisagem ao redor do aeroporto. Ele vestia uma
camiseta preta e jeans escuros. Suas botas estavam mal
amarradas como de costume.

Seu cabelo escuro estava sobre sua cara, e os óculos de


aviador estavam cobrindo seus olhos castanhos. Eu estava quase
cruzando o aeroporto até ele quando ele virou e olhou em minha
direção. Sua expressão séria mudou e um doce sorriso se arrastou
pelos seus lábios carnudos.

Sorri de volta e arrastei minha mala atrás de mim. Ele


me encontrou no meio do caminho, pegando todas as malas de
mim, e me deu um beijo suave.

“Você está bonita,” ele sussurrou no meu ouvido.

“Eu duvido disso. Estive presa em um avião a maior parte


do dia.”

“Acredite em mim, baby. Eu sei do que estou falando


aqui.”

O segui para fora até um carro que não reconheci, e ele


enfiou minhas malas atrás. Eu tentei ajudá-lo, mas ele bateu
suavemente em minhas mãos e me disse que ele faria aquilo. Ele
abriu a minha porta do carro, mas antes que eu pudesse entrar,
ele puxou meu cabelo para o lado e me beijou.

Era um beijo de um homem faminto, todo quente e


profundo. Ele absorveu dentro de mim e me empurrou para além
da decência. Puxei sua camiseta com força e passei minha mão
sob ela, correndo meus dedos através de seus músculos
abdominais. Ele liberou minha boca, assobiou e mordeu seu lábio.

“Ok, isso é mais do que eu posso lidar agora.”

Ele me deu um selinho e fechou a porta atrás de mim


depois que eu subi. Uma vez que ele entrou e acionou o que eu
apenas poderia supor que era seu novo carro, ele alcançou e
entrelaçou seus dedos com os meus.

“Então, onde estamos indo?” Eu perguntei.

“Diretamente para o show. Desculpe-me, eu sei que você


está cansada por causa do seu voo, mas vai ser bom ter você lá
enquanto eu toco.” Ele apertou meus dedos.

“Não, está tudo bem. Você sabe que amo vê-lo tocar.”

Ele sorriu para mim, então levantou minha mão para


beijar meus dedos. Meu… Isso é tudo que eu conseguia pensar.

O resto da banda me recebeu no backstage quando


chegamos lá, e sentei ao lado conforme os caras estavam se
preparando para o show e repassando um baseado. Eu não perdi
o fato de que Zeke negou quando chegou sua vez.

Ele sorriu para mim timidamente e eu sorri de volta,


deixando-o saber que eu estava feliz com a decisão dele.

Embora, do jeito que eu estava tomando valium


esporadicamente esses dias, não tinha muito que eu poderia dizer
sobre o que ele fazia para relaxar.

Eu fiquei ao lado do palco e vi quando a banda saiu. A


multidão foi à loucura; o barulho ergueu até o teto e me forçou a
espreitar a minha cabeça por trás dos suportes. A quantidade de
pessoas olhando para os meninos era chocante.

A primeira música que eles tocaram era familiar para


mim, e eu me vi balançando a cabeça ao som da música. De vez
em quando, Zeke olhava para mim e piscava. Eu adorava vê-lo
tocar, a maneira como seus dedos se moviam através das cordas.
Eu invejava essa paz.

Um pouco mais tarde, ele estava encharcado de suor e


tocando com o coração. A multidão estava louca e cheia de
pessoas fazendo mosh3. Uma vez, uma menina tentou subir no
palco, mas foi rapidamente removida. Isso não aconteceu, no
entanto, a segunda vez que uma menina tentou subir. Ela
cuidadosamente enganou o cara grande, que fazia parte da
equipe, e fez seu caminho para o palco.

Ela ficou acenando com as mãos para a multidão, e então


correu direto para Zeke e se atirou contra ele. Ele a empurrou
para trás com um sorriso, mas ela se moveu mais rápido e
plantou seus lábios contra os dele. Fogo voou através de mim, e se
não houvesse tantas pessoas no meio da multidão, eu teria ido lá
e arrancado seus cabelos. Zeke gentilmente a afastou e sorriu
para ela. Seus dedos continuaram a se mover através de sua
guitarra.

Finalmente, a menina foi levada para longe e os caras


3
No Brasil o mosh é conhecido como bate-cabeça ou roda punk. Algumas vezes, ao contrário do nome americano,
no Brasil, mosh é o nome erroneamente dado ao ato de mergulhar do palco sobre a plateia em apresentações
musicais.
continuaram a tocar, mas eu não conseguia superar o sorriso
maroto de Zeke depois que a menina beijou. Ele gostou? Ele não
parecia incomodado por ela estar em cima dele.

Ele espiou para cima de mim persistentemente, mas eu


não queria olhar para ele. Quanto mais tempo eles tocavam, mais
chateada eu ficava. Eu não poderia lidar com essas meninas sobre
ele e sabendo que se um cara fizesse o mesmo comigo, Zeke
provavelmente o teria matado.

Depois do show, Zeke veio direto para mim. Ele me beijou


nos lábios e, em seguida, recuou com um grande sorriso em seu
rosto.

"Fique aqui. Eu vou organizar e limpar um pouco. Estarei


de volta. Não se mova, ok?"

Balancei a cabeça, ele se virou e foi embora. Sua camisa


estava grudando nele. É incrível o suor que eles liberam em cima
do palco. Trinta minutos depois, o palco estava silencioso e a
multidão tinha ido embora. A sala ficou em silêncio enquanto eu
caminhava na plataforma vazia e passava os dedos em todos os
instrumentos.

A guitarra de Tiny estava apoiada em seu estande e


quando eu passei os dedos sobre as cordas, todo o local pareceu
vibrar. Puxei minha mão para trás rapidamente e me afastei. Eu
esbarrei em algo sólido e me virei para ver Zeke sorrindo para
mim.

"Você gosta da sensação disso?" Perguntou.

"O quê?"

Ele estendeu a mão e tocou a guitarra de Tiny


novamente, e novamente o palco pareceu vibrar do baixo.

"Isso," ele disse enquanto corria a mão pelo meu braço


nu.

Eu senti minhas bochechas se encherem de calor quando


entendi o que ele estava dizendo, mas de repente me lembrei da
menina correndo no palco e o beijando. A raiva me atingiu com
força de novo, e eu revirei os olhos.

"Eu posso te dizer o que eu não gosto." Dei um passo


para trás.

Ele me seguiu, passo a passo. "E o que é?" Ele perguntou


com uma sobrancelha levantada.

Porra, ele era sexy.

"Eu não gosto dessas garotas te beijando, mas você


parecia gostar muito." Virando a cabeça, eu golpeio o cabelo na
minha cara.

Seus dedos ásperos pegaram meu queixo e ele virou


minha cabeça para encará-lo novamente.

"Você está com ciúmes, Floco de Neve?"

Mais raiva me atingiu.

"Não, não estou com ciúmes. Apenas estou dizendo."


Revirei os olhos novamente.

"Isso é tão bonito, porra. Você está com ciúmes."

Eu respirei fundo, pronta para gritar com ele e negar


meus sentimentos verdes vivos, mas antes que eu pudesse falar,
ele se moveu e me pegou pela cintura.
“Você é a única garota que eu quero. Você acredita em
mim quando digo isso?” Ele perguntou.

Engolindo com força, eu encolhi meus ombros ao invés


de responder.

“Você acredita?” Seus dedos mergulharam em meu


cabelo e eu quase ronronei alto. “Eu preciso que você confie em
mim, baby, e se você o fizer, eu prometo que nunca farei algo que
quebre essa confiança.”

Inclinando-se, ele colocou seus lábios quentes contra o


meu, e eu esqueci tudo sobre as meninas que correram seminuas
através do palco. Quem se importa com o que elas fizeram? Ele
era meu.

Ele lentamente me fez andar para trás até que a parte de


trás dos meus joelhos bateram em algo duro.

"Então me diga, Floco de Neve. Você confia em mim,


garota bonita?"

Mais uma vez, sua mão desceu pelo meu braço nu e seus
dedos pegaram os meus.

"Sim," eu sussurrei.

“Bom. Agora me deixe tocar para você.”

Sua língua deslizou através do meu lábio inferior antes


de escorregar dentro da minha boca. Um gosto doce de hortelã
invadiu minha língua, e eu gemi suavemente contra sua boca. Não
recuei quando ele começou a me empurrar para baixo suavemente
em uma posição sentada. O que era duro atrás de meus joelhos,
agora estava debaixo de mim quando sentei.
Ele quebrou o beijo e ficou em pé sobre mim, olhando
para baixo com incandescente luxúria em seus olhos.

“Não se mova desse lugar.” Ele correu o dedo para baixo


ao lado do meu pescoço acima da minha blusa. Meus mamilos
endureceram e eu inclinei minha cabeça para trás para dar a ele
mais de mim.

Recuando, ele pegou a guitarra de Tiny e sorriu para


mim.

"Tenho certeza que Tiny vai chutar o seu traseiro por


mexer com sua guitarra preciosa." Eu ri.

"Eu tenho certeza que se ele soubesse para o que eu


estava usando, ele aprovaria."

"E para o que exatamente você está usando isso?"

Não antes das palavras saíram da minha boca, Zeke


dedilhou a guitarra. Vibrações dispararam entre minhas pernas e
até o meu núcleo. Eu engasguei e olhei para baixo em estado de
choque. Eu não tinha prestado atenção ao que eu estava sentada,
e agora eu podia ver que era um alto-falante.

Olhei para ele com os olhos arregalados, e ele estava mais


perto. O sorriso malicioso no rosto, deixou-me saber que ele não
tinha acabado. Dando mais um passo em minha direção, ele
dedilhou a guitarra novamente, e mais uma vez, a corda que ele
tocou saltou dentro do alto-falante e fez seu caminho até entre as
minhas coxas. O pequeno feixe de nervos ao redor do meu ponto
de prazer pulou com as vibrações e eu não pude evitar o pequeno
suspiro que saiu de meus lábios.

“De novo?” Ele perguntou com uma sobrancelha


levantada.

Eu engoli forte e lambi meus lábios ansiosamente. Que


tipo de garota eu seria se pedisse a ele para continuar? Ele
gostaria disso? Eu queria mais que tudo excitá-lo, mas alguém
poderia estar assistindo. Melhor ainda, alguém poderia sair neste
palco vazio e quebrar tudo a qualquer momento.

Ele deu mais um passo em minha direção e estendeu a


mão por cima das cordas, como se estivesse prestes a dedilhar
novamente.

“Estou esperando, Floco de Neve. Diga-me que você quer


que eu toque para você, baby.”

Mais um passo em minha direção e ele estava em cima de


mim, olhando para o meu rosto corado. Eu podia sentir o calor em
minhas bochechas e meu traseiro pediu para ele tocar aquele
acorde de novo e de novo.

Ele era tão bom nessa coisa de sedução, mas dois podem
jogar esse jogo. Eu já não importava quem entraria ou quem
poderia estar assistindo. Eu não tenho certeza o que isso me fez,
mas eu não me importo com o que quer que seja. Se Zeke pensou
que poderia me seduzir, eu ia mostrar a ele que poderia jogar no
mesmo nível, se não mais.

Eu me levantei, puxando minha saia para cima em torno


de minhas coxas e permitindo-lhe um vislumbre da minha
calcinha rosa. Seus olhos pousaram nela e ele avidamente me
acolheu. Espalhando minhas coxas, coloquei uma perna para o
outro lado da caixa de som e, em seguida, me abaixei para ele.

Prazer brilhou em seu rosto enquanto eu montei o alto-


falante e olhei para ele com grandes olhos inocentes. Ele estavatão
perto, que a dureza que estava pressionando contra seu jeans
estava ao meu alcance e o pequeno tremor em seus dedos era
visível enquanto os mantinha acima das cordas e esperava por
mim para responder.

Sua sobrancelha levantada enquanto esperava.

“Diga-me o que você quer, Floco de Neve.” Sua voz estava


rouca e provocante.

O pomo de Adão balançou quando ele engoliu em seco.


Sua língua saiu e correu através de seu piercing no lábio.
Provocativamente, passei a mão no meu joelho e descansei os
dedos na parte interna da minha coxa. Olhos castanhos seguiram
meus movimentos e, novamente, ele engoliu em seco.

“Toque para mim,” eu disse suavemente.

Com um sorriso inclinado, ele começou a tocar acordes


simples. Seus dedos tocaram as cordas várias vezes, enviando
vibrações duras para dentro da minha saia, que abalou toda a
parte sensível dentro da minha calcinha.

Eu joguei minha cabeça para trás quando ele continuou


a tocar e o prazer ondulou dentro de mim, em minhas coxas e
parte inferior do estômago. Mordi meu lábio inferior, conforme as
vibrações continuaram e eu senti uma ascensão girar a partir do
alto-falante e empurrar até mim. Meu estômago se apertou
quando eu me inclinei para trás e agarrei completamente a parte
do alto-falante que estava atrás de mim.

Fechando os olhos, pequenos ruídos saíram dos meus


lábios cada vez que ele pegava as cordas da guitarra.
"Isso é quente pra caralho, baby. Caralho, isso é a coisa
mais quente que eu já vi," ele murmurou.

Ele se estabeleceu em um acorde específico e tocou várias


vezes. Ele tocou mais e mais rápido e eu podia me sentir prestes a
gozar.

"Oh meu Deus, Zeke. Eu acho que vou..."

E então a coisa mais louca aconteceu. Eu gozei sentada


em um alto-falante enquanto Zeke dedilhava aquelas cordas como
se sua vida dependesse disso, e foi possivelmente o melhor
orgasmo que ele me deu. Ao longe, eu podia ouvi-lo concordando
com os meus sons e movimentos. Eu nem tinha percebido que eu
estava indo e voltando sobre os sons como se estivesse montando
nele.

Quando voltei a mim, eu abri meus olhos e ele estava lá.


Ele soltou a guitarra e a colocou de volta em seu apoio. Ajudando-
me, ele ajustou a minha saia e então ele me levantou em seus
braços e me levou para o lado do palco. Passamos por algumas
pessoas que olhavam para nós como se fôssemos loucos, e depois
fomos para o estacionamento a caminho do carro. Ele me colocou
no chão ao lado da porta e a abriu.

Subi, e ele fechou a porta atrás de mim e correu para o


lado do motorista. A luz dentro do carro iluminou a escuridão
entre nós assim que ele entrou. Uma vez que a porta estava
fechada, a escuridão tomou conta novamente.

"Venha aqui," disse ele sem rodeios.

Eu não perdi nenhum tempo me ajeitando sobre o


console central e montei nele.
"Eu vou explodir, se eu não entrar em você," disse ele,
quando ele começou a desatar o cinto. O som de seu zíper
descendo encheu o carro em silêncio. Olhei para o estacionamento
preto e vi alguns retardatários correndo por aí. O pensamento de
ser pega meio que me excitou.

Ele empurrou minha saia em torno de minhas coxas e eu


assobiei quando ele deslizou o dedo no lado da minha calcinha e
correu para cima e para baixo na minha umidade.

"Eu tenho você assim quando eu toco para você?" Sua


voz estava rouca e sombria.

Comecei a mexer os quadris para trás e para frente


contra a mão dele. A sensação de formigamento estava começando
a fazer seu caminho até o meu estômago novamente.

"Sim. Eu adoro quando você toca para mim," eu


sussurrei.

Minha calcinha parecia estar no seu caminho, então eu


fiquei de joelhos, preparando-me para puxá-la para baixo, mas em
vez disso, ele enfiou os dedos para o lado e puxou com força,
fazendo-a estourar. Ele rasgou o outro lado, até que ele foi capaz
de puxá-la para fora de mim completamente.

Eu ri um pouco para mim.

"Aquelas eram as minhas favoritas, sabe?” Provoquei.

"Vou te comprar mais," ele disse sem fôlego quando


pressionou sua ereção contra mim.

Ele me ajustou em seu colo e eu ajudei até que ele


mergulhou dentro de mim. Ele rosnou quando o meu calor e
umidade o cobriu completamente, e eu não perdi tempo, movendo
o meu corpo para trás e para frente.

O carro balançava com os meus movimentos. Ele enfiou


os dedos na minha bunda e me levantou para cima e para baixo
para ajudar com os meus movimentos no carro pequeno.

"Você é tão gostosa, Floco de Neve. Tão malditamente


boa," ele disse enquanto inclinava a cabeça para trás contra o
encosto de cabeça e fechava os olhos.

Eu continuava a me mover até que o prazer era tão


espesso e profundo que não conseguia me concentrar. Já não
sendo capaz de controlar meus movimentos, me movimentei como
uma mulher louca. Meus sons combinavam com meus quadris e
eu ofegava e gemia alto. Eu não me importava se alguém fora do
carro me ouvia; só me preocupava em alcançar o meu lugar feliz e
fazer Zeke se sentir tão bem quanto possível.

Ele continuou a me levantar para cima e para baixo, sua


respiração vindo de forma ofegante. A tensão em seu pescoço,
deixou-me saber que ele estava chegando perto, então me
movimentei mais rápido e mais forte. Os movimentos só
intensificaram a minha dor. Eu me inclinei para trás contra o
volante e a buzina soou.

Ele me puxou de volta contra ele e me empurrou para


seu pau. Suas coxas começaram a empurrar para me encontrar, e
eu não aguentava mais. Deixei sair um grito com seu nome. Ele
seguiu logo atrás de mim.

"Oh merda. Porra, sim, baby," ele gritou com um


grunhido.
Calor morno me encheu quando me acomodei com força
uma última vez.

Desmoronando contra seu peito, enterrei meu rosto em


seu pescoço. Seu pulso forte martelando contra a minha
bochecha. Os sons altos de nossas respirações encheu o carro e
as janelas estavam tão embaçadas que eu já não podia ver através
delas.

Beijando o topo da minha cabeça, ele passou as palmas


das mãos para cima e para baixo em minhas costas.

"Puta merda, eu não sei se posso dirigir para casa depois


disso." Ele deu uma risadinha.

"Tudo bem. Eu posso dormir aqui," eu disse contra seu


pescoço.

"Parece bom para mim," ele disse com um suspiro


pesado. "É claro, comida soa agradável." Eu podia ouvir o sorriso
em sua voz.

"Comida," eu disse roucamente.

Ele deu um tapinha no meu traseiro e ajudou a puxar


minha saia para baixo. Então eu me movi com dificuldade para o
console central e no banco do passageiro. Ajustei minha saia e
tirei meu cabelo suado do meu rosto.

Zeke se abaixou e fechou o zíper de sua calça e afivelou o


cinto. Olhando para mim, ele riu um pouco para si mesmo.

"O que há de tão engraçado?" Eu perguntei enquanto


afivelava o cinto de segurança.

Ele riu de novo e balançou a cabeça.


"Nada. Eu só estava agradecendo a Deus por ter bancos
de couro."
Oito

`;Fr
Zeke
O que é mais quente do que a Patience com ciúmes? A
Patience sedutora.

Eu não tinha ideia de que ela tinha isso dentro dela, mas
quando ela se levantou e puxou sua saia pra montar a caixa de
som, eu quase acabei com minha resistência ali mesmo em meu
jeans.

Dedilhando aquelas cordas e observando ela montar


aquele alto falante como se fosse um pau vibrando foi o destaque
da minha vida. Nenhum pornô iria jamais se comparar. Floco de
Neve era de longe a criatura mais sexy que já andou na terra.

Ela segurou minha mão e sorriu sonolenta para mim


enquanto eu dirigia para o fast food mais próximo e então a levei
de volta para o meu lugar.

Os caras já estavam lá. Duas garotas que eu nunca tinha


visto antes estavam sentadas no balcão da cozinha, jogando bolas
de queijo em Chet enquanto ele tentava pegá-los com a boca.
Ambas as meninas sorriram para mim sedutoramente quando
entrei, e eu senti a mão de Floco de Neve apertar a minha.

Eu acenei com a cabeça para todo mundo e a puxei


através da cozinha para o meu quarto.

“Ah, vejam! O casal doce está indo se esconder em seu


quarto. Eu nunca pensei que veria o dia em que Zeke seria
domado,” Chet gritou do outro lado da cozinha com uma risada.

Eu nem sequer respondi. Em vez disso, eu o empurrei


conforme puxei Patience através do apartamento elegante. Era
diferente de tudo que eu já tinha vivido antes. Quando a
gravadora nos prometeu um lugar, eu não estava esperando nada
tão rico.

Uma vez em meu quarto, eu soltei nossos sacos de


comida em meu armário e virei para encarar Patience. Ela ficou lá
com um olhar perdido em seu rosto enquanto torcia as mãos e se
ajeitava no quarto.

“Você está bem?” Eu perguntei.

Eu não gostava de vê-la tão vulnerável. Ela cresceu


através da garota que costumava ser, e eu queria que ela ficasse
no controle e melhor.

“Sim, eu apenas gostaria muito de um banho. Você pode


me ajudar a trazer minhas malas?”

Eu fui até ela e coloquei meus braços em volta de sua


cintura. Ela se encaixou perfeitamente como sempre. Beijando o
topo de sua cabeça, eu corri minhas mãos por seus braços finos.

“Você senta e come. Eu vou pegar tudo.” Eu virei para


deixar o quarto.

“Mas eu posso ajudar,” ela chamou de volta.

“Sente-se. Coma.” Eu fechei a porta atrás de mim.

Quando voltei para o quarto, eu deixei toda a sua


bagagem em frente ao meu armário. A comida não tinha sido
tocada e Patience estava longe de ser encontrada. Eu ouvi a água
do chuveiro ser ligada no meu banheiro e eu pensei em quebrar a
porta e ter um pequeno show.

Arrastei-me até a porta do banheiro e agarrei a maçaneta.


Não estava trancada, então eu a virei e empurrei a porta um
pouco. Eu olhei em volta do banheiro e através do vidro do
chuveiro, mas ela não estava em nenhum lugar. Então meus olhos
percorreram o chão e foi lá que eu a encontrei.

Ela estava encolhida ao lado da bancada do banheiro


com seus joelhos puxados até o queixo. Ela estava sem uma gota
de cor; até mesmo seus lábios trêmulos estavam brancos. Seus
olhos estavam fechados e seu corpo inteiro tremia violentamente.

Eu empurrei a porta e caí de joelhos na frente dela.

“Floco de Neve?” Eu mergulhei minhas mãos em seus


cabelos e trouxe seu rosto até o meu. “Baby, você está bem?”

Eu estava começando a surtar. Ela parecia semelhante à


forma como eu a encontrei pela primeira vez que vi seu rosto doce.
Só que desta vez, ela parecia ainda mais perto da morte.

Suor escorria pelo seu rosto e quando ela abriu os olhos


para olhar para mim, lágrimas saltaram deles e escorreram pela
sua pele pálida. Dei um pulo e corri para pegar meu celular no
armário. Quando voltei ao banheiro, eu caí de joelhos de novo e
comecei a discar 911.

Eu estava prestes a pressionar enviar quando ela colocou


a mão trêmula sobre a minha.

“Não,” ela disse suavemente.

Eu segurei meu telefone lá, pronto para ligar.

“Deixe-me chamar uma ambulância. Você precisa ir para


o hospital, baby.”

Medo, eu nunca tive esse medo com ela antes. O


pensamento de que algo acontecesse com ela me deixa louco. Faz-
me gritar com qualquer pessoa ou qualquer coisa perto de mim.

Seu aperto aumentou na minha mão e ela tentou sorrir


para mim. O lado de seus lábios pálidos levantou com um sorriso
fraco.

“Eu estou b-bem. Eu p-prometo,” ela gaguejou.

Quando ela caiu em meu colo e colocou os braços em


volta de mim, eu não a parei. Eu coloquei meu celular na bancada
do banheiro e a segurei em meus braços conforme o banheiro
embaçava com o chuveiro quente.

Dez minutos mais tarde, ela olhou para mim com olhos
tristes.

“Eu sinto muito,” ela disse.

“Não se desculpe. Apenas me diga o que aconteceu,” eu


disse quando usei meu polegar para enxugar uma lágrima
escorrendo em sua bochecha.

“Eu realmente não quero falar sobre isso.”


Eu a deixei ir quando ela começou a se levantar. Eu a
segui do chão e fiquei na frente dela.

“Você pode me contar. Se algo está errado com você,


apenas me diga. É meu trabalho cuidar de você, Floco de Neve. Eu
quero cuidar de você.”

E eu o faria. Pelo resto da minha vida eu teria a certeza


de ela estava protegida. Eu não podia suportar vê-la desse jeito e
eu faria o que fosse preciso para certificar de que ela nunca se
sinta doente ou triste novamente.

Ela balançou a cabeça e deu um suspiro agravado. “Não


é nada, Zeke, e não é o seu trabalho tomar conta de mim. É meu
trabalho cuidar de mim. Apenas deixe isso, por favor.”

Ela andou em torno de mim para puxar uma toalha da


prateleira, e então ela começou a tirar a roupa.

“Por favor, feche a porta atrás de você,” ela disse sem


rodeios.

Eu não tinha certeza do que tinha acontecido, mas a


garota na minha frente não era a garota que eu tinha acabado de
ter sexo despreocupado no carro. Esta não era a garota que abriu
as pernas para um alto falante apenas uma hora atrás e me
seduziu com seus gemidos e gritos. Esta era uma garota doente e
estressada. Uma que eu não pensava que existia.

Eu não disse nada quando me virei e saí do banheiro.


Fechei a porta atrás de mim e fiquei lá em choque. Suas palavras
tinham me magoado e eu fodidamente não tinha gostado disso.
Sentimentos eram novos para mim no geral. Os felizes eu podia
lidar, sem perguntas, mas quando Floco de Neve me cortou, doeu
mais do que ter minha bunda espancada pelo meu pai todos os
dias.

Eu não me incomodei em comer. Em vez disso, eu deixei


o quarto e fui para a sala principal com os caras. Eles estavam
passando um baseado e a fumaça ao redor da sala era grossa. Eu
caí na cadeira próxima de Finn e, sem fazer qualquer pergunta,
ele passou para mim.

Eu tinha diminuído os cigarros desde que tinha


encontrado Patience novamente. Ela era boa para mim em mais de
um sentido. Eu não precisava me sentir entorpecido e vazio todo o
tempo quando eu a tinha do meu lado. Este não era o caso
naquele momento. Eu precisava relaxar e eu precisava bloquear a
dor que sentia na boca do meu estômago por ser empurrado para
longe dela.

Eu bati a ponta forte e suguei a fumaça até os meus


pulmões. Inclinando-me para trás na cadeira, eu deixei a
queimadura trabalhar seu caminho na minha garganta até o meu
peito antes de expirar. Eu bati mais uma vez e passei para uma
das garotas estranhas que seria, provavelmente, um dos
brinquedos dos caras para a noite.

Eu olhei para Chet que estava enchendo a cara com


manteiga de amendoim mergulhada com pedaços de cebola.
Comer coisas fodidas era a coisa de Chet quando ele estava
drogado. Ele jogou um pedaço na boca e depois lambeu a
manteiga de amendoim de seus dedos.

“O que?” Ele perguntou quando me notou o olhando.

“Isso é nojento pra caralho, cara. Isso é o que é.”


“Alguma vez você já experimentou?” Ele inclinou o saco e
o pote de manteiga de amendoim em minha direção.

“Inferno, não.”

“É como garotas feias, cara. Não pare até que você tenha
experimentado. As garotas feias tentam mais.” Ele riu.

Uma das meninas deu um suspiro e jogou um travesseiro


do sofá em seu rosto.

“Isso não é muito legal.” Ela riu. “Você está tentando


dizer que uma garota feia seria melhor na cama que eu?” Ela
passou as mãos pelo seu corpo para fazer um ponto.

“Quem disse que você não é uma das garotas feias que
me refiro?” Ele levantou uma sobrancelha e jogou outro pedaço na
boca.

O resto da sala riu, incluindo sua amiga, mas ela estava


puta.

Eu tive o suficiente da cena toda, e eu queria dar uma


olhada em Patience. Eu voltei para o meu quarto, mas as luzes
estavam apagadas e ela estava abraçada em minha cama,
dormindo. Em vez de acordá-la e tentar fazê-la falar, eu joguei um
hambúrguer na boca, pulei para o chuveiro, e fui para a cama.
Dormimos em lados opostos, como um casal de velhos. Foi uma
droga.

Na manhã seguinte, depois de uma noite de sono de


merda, eu estava de pé antes dela. Ela rolou para perto de mim
durante a noite e tinha seu braço e perna jogados sobre mim.
Corri meus dedos pelo cabelo dela e fiquei lá até que o sol estava
cheio no céu.
Sua respiração mudou quando ela acordou, e eu esperei
ela se empurrar para longe de mim. Eu não queria que ela se
afastasse. Em vez disso, ela olhou para mim e sorriu.

“Bom dia,” disse ela em uma voz sonolenta enquanto se


inclinou e me beijou suavemente.

Eu a beijei de volta e segurei seu rosto em minhas mãos.


Eu não tinha certeza o que diabos aconteceu a noite passada, mas
eu não me importava mais. Enquanto ela estivesse bem, eu estaria
bem. Todo mundo tinha o direito de ter seu momento,
especialmente Patience, considerando o que ela tinha passado. Eu
acho que a peguei em um momento embaraçoso e ela ficou
envergonhada.

Ela parecia doente mais do que qualquer coisa na noite


passada, mas todo mundo fica triste de modo diferente.

“Então, podemos sair hoje?”

Ela levantou-se de joelhos e montou em mim. Ela estava


linda no sol da manhã com um sorriso sonolento e seu cabelo
caindo em volta de seu rosto. Estar com ela nunca ficaria velho.
Eu nunca iria querer outra mulher para o resto da minha vida.

Eu não tinha percebido quando vim para a cama a noite


passada, mas eu podia ver agora que ela estava usando uma
camiseta minha e um par de minhas boxers. Ela não precisava
usar roupas de novo se não quisesse. Ela parecia incrível nas
minhas roupas e algo sobre isso foi pessoal. Eu gostei disso.

“Eu vou te mostrar alguns pontos turísticos,” eu disse


enquanto me inclinei e a beijei novamente.

Ela riu contra os meus lábios e me empurrou para trás.


“Não. Não me mantendo presa nesse quarto. Por mais
que eu adore a sensação de você entre as minhas pernas, eu
nunca estive na Califórnia e há tanta coisa que eu quero ver. Eu
só vou ficar aqui por mais dois dias.”

“Eu sinto muito. Tudo o que ouvi, foi que você gosta da
sensação de eu estar entre suas pernas,” eu disse conforme a virei
de costas e subi em cima dela.

Eu amava quando ela ria. Risada verdadeira, não a


merda falsa que ela costumava fazer quando a conheci. Isso me
fez sentir bem por ser capaz de fazer seu rosto se iluminar.

Eu a beijei mais forte e ela gemeu contra a minha boca,


fazendo meu pau inchar e latejar. Eu quebrei o beijo e olhei para
ela novamente. Ela colocou os braços em volta do meu pescoço e
brincou com o cabelo na parte de trás do meu pescoço

“Por favor, Zeke, mostre-me a Califórnia,” ela implorou


docemente.

“Eu vou lhe mostrar o mundo se é isso que você quer.”

Qualquer coisa que ela quisesse.

Depois de ver a placa de Hollywood e caminhar por toda a


calçada da fama, nós almoçamos em um café fofo na calçada, e
então eu a levei para a costa para que ela pudesse mergulhar os
dedos dos pés no Pacífico. Ela parecia uma deusa da praia
correndo para a água apenas a uma profundidade suficiente para
cobrir seus tornozelos. A brisa soprava seu cabelo cor de areia e
de vez em quando ela olhava para mim e sorria.

Ela escreveu nossos nomes na areia e tirou uma foto com


seu telefone, então eu a levei de cavalinho até o carro.

“Hoje foi perfeito,” ela disse quando eu abri a porta do


carro para ela.

“Você é perfeita.” Eu beijei a ponta do seu nariz e esperei


até que ela estivesse sentada para fechar a porta.

Eu não sabia quem eu era mais, mas quem quer fosse


essa pessoa nova, eu gostava dele. E Patience parecia gostar dele
também. Eu estava mais feliz do que jamais fui, e eu não
conseguia afastar a sensação de que algo estava prestes a
acontecer e destruir tudo.

Quando voltamos para a minha casa, nós entramos e


andamos até Chet e uma das novas garotas estava sendo tocada
por ele no sofá.

“Droga, cara, você agora só está tocando? Eu perguntei


enquanto eu abria a porta da geladeira para uma bebida. “Ela está
aqui desde ontem à noite. A última que você fodeu dois dias atrás
deixou a calcinha cair para você na primeira hora. Você está
ficando enferrujado.”

Eu pisquei para Patience quando a garota ficou puta e


saiu de cima do sofá. Ela puxou o vestido para baixo e bateu a
porta atrás dela.

“Mas que inferno, cara? Quando você se tornou um


bloqueador de pau?” Ele gritou quando fechou o botão da calça.

“Eu não sou um bloqueador de pau. Eu sou um chutador


de bolas. Faça essa merda em seu quarto quando a Floco de Neve
estiver aqui ou eu vou mostrar minhas habilidades de chutar
bolas.” Eu joguei sua camisa para ele e ele a pegou no ar.

Ele murmurou alguma coisa que eu tenho certeza que foi


rude pra caralho enquanto eu agarrei a mão de Patience e a levei
para o meu quarto.

Nós decidimos ir ao clube a noite, e eu tive o prazer de


vê-la escorregar em um vestido curto e sexy de verão e sandálias.
Ela não precisa mostrar um monte de pele para ser sexy; ela
simplesmente era.

Depois de tomar banho juntos e, em seguida, nos


trocarmos, encontramos os caras na sala e saímos juntos. Eu levei
meu carro apenas no caso dos caras decidirem ficae a noite toda e
a Floco de Neve e eu quisermos ir pra casa ter alguma diversão.

A noite foi boa. Conseguir bebidas não era um problema


para mim, e eu tive a certeza de Patience ter qualquer coisa que
quisesse do bar. Uma hora da madrugada, ela estava tonta e
dançando livremente na pista de dança enquanto eu a observava
do bar.

De vez em quando, uma garota vinha até mim e


paquerava, mas eu as deixava saber bem rápido que eu já tinha
sido pego. Eu notei alguns caras olhando minha Floco de Neve,
mas enquanto eles estivessem apenas olhando e não tocando, eu
estava bem com isso. Ela era minha. Deixe os filhos da puta me
invejarem.

Ela fez o look de verão parecer como inocência sedutora.


Ela não sabia o que estava fazendo, mas com aquele vestido fofo
de verão aderindo a sua pele suada e seu cabelo cor de areia
pulando em volta de seu rosto, os homens eram obrigados a olhar.

Eu dancei com ela algumas vezes e assisti de longe ela e


Finn dançarem juntos algumas vezes. Eu tive um bocado de
bebida e estava seriamente considerando diminuir para que eu
pudesse dirigir para casa em segurança. Se por algum acaso eu
não ficar sóbrio rápido o suficiente, eu poderia simplesmente
pegar um táxi até em casa, nada demais.

Virei-me para colocar minha última garrafa vazia sobre o


bar quando me virei para trás, meus olhos colidiram com um cara
estranho que estava dançando lentamente seu caminho atrás de
Patience. O álcool no meu sistema borbulhou fogo em mim e se
espalhou por todo o meu corpo, e uma vez que ele passou um
braço em volta dela e a puxou bruscamente contra ele, eu estava
fora da minha banqueta e fazendo o meu caminho através da pista
de dança.

Patience arranhou o braço dele do jeito que ela tinha feito


com o meu a vários meses atrás, e o medo em seu olhos foi a
minha perdição. Eu puxei seu braço para longe dela e o girei para
me encarar.

“Se você tocar nela de novo, eu vou matá-lo,” eu disse


com tanta força que me chocou.

“Escute, idiota. Isso não tem nada a ver com você.” Ele
me empurrou pelo peito e minha pulsação saltou.

Ele empurrou meu botão principal e eu estava pronto


para chutar algumas bundas. Levantei meu punho para colocá-lo
em linha reta com a cara feia do filho da puta, mas Patience
agarrou meu braço e me parou.

“Pare com isso, Zeke. Você está bêbado. Por favor, apenas
vamos para casa para que você esqueça isso.” Ela cravou as
unhas em minha pele.

Eu estava ligado e puto ao mesmo tempo, mas escutá-la


dizendo a palavra casa me acalmou um pouco. Olhei para a sua
minúscula mão contra a minha pele tatuada e então olhei para
seu rosto. Ela estava com medo. Eu não tinha certeza se ela
estava com medo por mim ou pelo cara que eu estava prestes a
brigar, mas eu não gostava de vê-la assustada.

Eu balancei a cabeça para ela e comecei a recuar. Meu


punho doía para sentir o rosto do cara, e eu queria tirar essa dor,
mas então eu senti Patience beijar suavemente o topo da minha
mão e eu sabia que tinha coisa muito melhor que eu poderia estar
fazendo do que foder com um idiota como ele.

Eu voltei minha atenção para ela e seus olhos azuis


brilharam.

“Vamos,” eu disse quando passei a mão sobre suas


costas e a coloquei em sua bunda.

“Isso mesmo, cuzão. Ouça a sua cadela e vá para casa.”

Meu controle explodiu e eu fui direto para matar. Agarrei-


o pelo colarinho e tentei enfiar meu punho em seu rosto. Seu
sangue respingou por toda a parte, incluindo o lindo vestido
amarelo de Patience, quando meu punho o atingiu.

Parecia incrível acertar alguma coisa. Eu não tinha feito


isso há muito tempo. Eu não estava tão irritado como eu
costumava ser, mas velhos demônios são difíceis de matar. Bater
nele foi como um gatilho. Instantaneamente, eu fui transportado
para um tempo onde lutar era a minha única libertação, e eu
podia sentir a besta dentro de mim rasgando.

Ele era um cara de pau e em vez de recuar, como devia,


ele voltou para mim. Eu sorri por dentro quando o deixei acertar
um soco. Patience gritou ao meu lado e eu senti sua mão agarrar
meu braço, mas Finn estava lá a empurrando para longe. Sabendo
que ele iria mantê-la fora do perigo, eu não parei. Eu bati nele
uma e outra vez até que ele caiu no chão.

Uma ou duas vezes, alguém tentou me puxar para longe


dele, mas depois de me deixar soltar, era difícil como o inferno me
trazer de volta. Quando ele parou de lutar e eu já não podia mais
ver seu rosto, eu recuei e voltei para os meus pés. Todo o álcool
que tinha bebido girava em torno do meu cérebro e me manteve
fora de equilíbrio.

Havia pessoas em todos os lugares se movendo. Um


grupo de homens levantou o imbecil do chão e o puxou para
longe. Olhei ao redor da sala até que meus olhos encontraram
Floco de Neve. Finn a tinha pelo braço e ela estava cobrindo a
boca e olhando para mim com os olhos arregalados como se eu
fosse um monstro.

Eu tinha majestosamente fodido tudo. Eu podia ver agora


que a adrenalina estava diminuindo em minhas veias. A multidão
se abriu conforme eu fiz meu caminho até Patience e Finn, mas
ela se livrou dele e virou para sair antes que eu pudesse chegar
até ela.

Eu mudei a direção para sair do bar atrás dela, mas


quando cheguei lá, ela já estava atravessando a rua. Ela não
conhecia a área e ela deixou seu celular em casa. Ela estava tonta
com sangue respingado em seu vestido, e não havia nenhuma
maneira no inferno que eu iria deixá-la correr solta pelas ruas
louca da Califórnia sozinha.

Sem olhar, eu arranquei no meio da rua para pegá-la do


outro lado antes que ela fosse muito longe.

“Floco de Neve, espere!” eu gritei.

Ela se virou para olhar para mim e, em seguida, seus


olhos se arregalaram.

O forte barulho de buzina de uma SUV chamou a minha


atenção, e eu desviei o olhar apenas tempo suficiente para ver um
par de faróis. Os sons de moagem de metal e vidro quebrando
lançaram em volta de mim. Eu parei e virei para checar Patience e
um olhar de horror absoluto cobriu seu rosto. Sua boca se abriu e
ela gritou. Foi quando eu senti o choque.

O cheiro de borracha queimada e fumaça encheram


minhas narinas quando eu senti como se estivesse voando no céu
da meia-noite. Foi calmo voar, silencioso, mas a queda foi forte
contra minhas costas.

O ar foi arremessado do meu corpo e a parte de trás da


minha cabeça latejava. Algo pesado caiu em cima de mim e
esmagou meu corpo no asfalto em baixo de mim. Dor atravessou
meus braços e pernas enquanto algo rolou através da minha mão
direita. Senti os ossos minúsculos dentro dos dedos quando eles
foram esmagados juntos com que sabe mais o que.

Então, a dor foi rapidamente substituída por dormência.


Foi um alivio quando a agonia em meus braços e pernas se
dissolveu, mas eu sabia no fundo da minha cabeça que não estava
certo não sentir nada. O desejo de dormir estava tomando conta e
meus olhos começaram a se fechar por conta própria. Eu me
esforcei para ficar acordado.

Ao longe, ouvi Patience gritando meu nome uma e outra


vez. Sangue invadiu minha garganta quando tentei responder. O
gosto metálico cobriu a minha língua e fez meu estomago revirar,
mas eu não podia me mover para vomitar. Eu não podia fazer
nada já que tudo estava felizmente dormente.

Os sons ao meu redor se tornaram abafados e a voz de


Patience estava sumindo. Eu não queria deixar sua voz. Eu queria
ficar com ela sempre, mas, em seguida, o mundo girou muito
rápido e tudo ficou escuro.
Nove

`;Fr
Patience
O cheiro de borracha queimada invadiu meu nariz.

Eu não tinha certeza de quando eu tinha recebido a


habilidade de me mover na velocidade da luz, mas um minuto eu
estava em pé na calçada vendo uma grande SUV indo na direção
de Zeke, e no minuto seguinte eu estava caindo de joelhos ao lado
dele gritando seu nome. Meus gritos eram cortantes, tão cortantes
que machucaram meus próprios ouvidos.

Seu rosto estava coberto com sangue e ele não estava se


movendo. Seu braço não estava caído direito e sua mão já estava
roxa e obviamente tinha sido esmagada.

Braços vieram em torno de mim e eu alcancei atrás de


mim, cegamente socando a quem quer que estivesse tentando me
levar para longe dele. A voz de Chet cortou entre meus gritos.

“Você tem que se mover, Patience. Eles precisam ajuda-


lo,” disse ele uma e outra vez.

Ou talvez ele só disse isso uma vez, mas suas palavras


soaram no meu cérebro um milhão de vezes por minuto. Ainda
assim, eu não compreendia o que ele dizia e continuei lutando.

Debrucei-me sobre o corpo imóvel de Zeke e chorei.


Implorei para ele não me deixar uma e outra vez, mas ainda assim
ele se recusou a se mover. Em seguida, mais mãos surgiram em
cima de mim e mesmo que eu tenha continuado a lutar, eu estava
sendo levantada para longe do único homem que já amei um dia.

“Patience, olhe para mim!” Finn gritou em meu rosto.


“Pare de lutar comigo. Os paramédicos precisam ajudá-lo. Eles
não podem fazer isso se você estiver no caminho.” Os olhos dele
estavam marejados e eu podia ver a preocupação gravada neles.

Eu parei de lutar e quando olhei de volta para Zeke,


minhas pernas pararam de trabalhar. Se não fosse por Finn me
segurando, eu teria caído no asfalto, com certeza.

Os sons de sirenes estavam a minha volta e tinha luzes


piscando, iluminando o céu de vermelho e azul. Os paramédicos
trabalhavam nele e de longe eu podia ouvir um deles gritando
ordens. Então, ele estava sendo transferido para uma maca e
sendo colocado na parte de trás da ambulância.

Eu saltei para as portas e bati nas mãos de Finn para me


deixar ir. Quando um paramédico tentou me parar, eu o empurrei.

“Eu vou com ele!” Gritei.

O paramédico deu um passo para o lado e me permitiu


pular na traseira da ambulância com Zeke.

Ele parecia horrível. Não havia nenhuma semelhança


com homem moreno e sexy que capturou meu coração meses
atrás. Eu estendi a mão e descansei meus dedos em sua perna.
Eu não podia perdê-lo. Eu já tinha perdido tanto em minha vida.
Recusei-me a deixá-lo ir. Eu não podia deixar.

Ruídos soaram alto na parte de trás da ambulância e os


paramédicos praticamente me empurraram para o lado quando
começaram a trabalhar nele. Um usou um aparelho para bombear
oxigênio dentro dele enquanto os outros checavam seu pulso e
davam inicio a massagem cardíaca.

Eu não podia me mover. Ele estava me deixando e era


minha culpa. Se eu não tivesse tido uma crise e saído correndo do
bar, ele não estaria me seguindo. Ele não teria sido atingido pela
SUV. Nós estaríamos em nosso caminho para o apartamento dos
caras onde Zeke teria passado a noite toda me mostrando o
quanto me amava.

Em vez disso, ele estava lá deitado, frio e seu corpo


estava segurando os últimos pedaços de vida que ainda tinha. Eu
não podia chorar. Eu não conseguia respirar. Era como se meu
corpo estivesse desistindo junto com o dele. Eu não queria viver
em um mundo que não tivesse Zeke. Além de Sydney, ele era a
única coisa boa que me restava. Ele era isso para mim.

Inclinei-me em seu ouvido e suavemente movi seu cabelo


emaranhado de sangue do seu rosto.

“Eu te amo tanto, Zeke. Por favor, não me deixe.”

Eu sabia em meu coração que ele não podia me ouvir,


mas era tudo o que eu podia fazer.

Quando chegamos ao hospital, os paramédicos o levaram


às pressas para dentro e eu fiquei ali parada sob a garagem de
concreto, coberta de sangue. Eu não podia fazer minhas pernas se
moverem. Por mais que eu quisesse muito segui-lo no hospital e
estar lá até o final, eu não podia. Quão egoísta eu era? Eu era
uma vadia egoísta e eu era o motivo pelo qual ele estava lutando
por sua vida.

O tempo voou e eu continuei enraizada no concreto duro


sob as minhas sandálias. Em algum momento, Finn e Chet
estavam falando comigo, mas eu não conseguia responder. Eu
nem sequer lutei quando Finn me pegou e me levou para a sala de
espera do hospital.

Eu uma vez atirei no homem que conhecia como meu pai,


e eu pensava que sabia o que era choque, mas nada poderia ter
me preparado para isso. Eu estava em choque. As pessoas se
moviam ao meu redor. Alguém me deu uma xícara de café e eu a
segurei lá até que o calor do copo tinha ido embora e o líquido
preto dentro estava frio. Tudo tinha parado e acelerado ao mesmo
tempo, e por mais que eu quisesse ceder e deixar um ataque de
pânico me levar, o sistema de respostas do meu corpo não
disparava.

Horas depois, o medico saiu. O olhar triste em seu rosto


me deixou saber o que eu já sabia em meu coração o tempo todo.
Zeke tinha ido embora. Ele nunca ia voltar. Eu nunca mais iria
ouvir a sua gargalhada profunda ou sentir seus braços protetores
ao meu redor novamente. Eu morreria. O minuto em que o médico
dissesse o que eu sabia que ele iria dizer, eu seria a próxima a ir.

“Eu estou procurando pela família de Zeke Mitchell.”

Finn levantou-se ao meu lado. Eu nem tinha percebido


que ele estava comigo.
“Nós somos a única família que ele tem. Ele é
praticamente meu irmão e esta é a sua noiva.” Finn tocou meu
ombro.

Eu não era a sua noiva. Eu nunca seria sua noiva. Eu


sentiria falta de tudo isso com Zeke, e era tudo a minha culpa.

Levantei-me ao lado de Finn e minhas pernas pareciam


gelatina. Eu olhei nos olhos verdes profundos do médico e queria
que ele dissesse algo diferente ao invés de dizer que Zeke tinha
partido. Ele estava pensando em não nos dizer uma vez que não
éramos exatamente da família. Eu não podia ficar mais um
segundo sem saber.

“Por favor,” eu sussurrei. “Eu preciso saber. Ele…?” Eu


não conseguia dizer a palavra. A palavra “morto” sugou toda a
umidade da minha boca e me fez mal do estômago.

Alcançando os bolsos de seu longo jaleco branco, o


médico balançou em seus calcanhares uma vez antes de
finalmente ceder.

“Ele sobreviveu.”

Minhas pernas cederam e Finn me pegou e me segurou.

“O quê?” Minha voz soou como se eu não a tivesse usado


nos últimos anos.

Lágrimas de felicidade brotaram dos meus olhos e caíram


pelo meu rosto.

“Ele está sedado. Uma vez que ele acordou, ele começou a
ficar violento com a equipe e estava perdendo a cabeça sobre
querer Floco de Neve. Nós não queríamos que ele se machucasse
mais, então não tivemos outra escolha.”

Ouvir que ele estava lutando de volta me fez tão feliz. Não
que eu quisesse que ele se machucasse, mas Zeke era um lutador;
ele tinha sido por toda sua vida. Ele me deu esperança de que não
iria desistir tão cedo.

“Quando é que podemos vê-lo?” Eu perguntei depressa.

Eu queria estar perto dele. Eu queria vê-lo e observar sua


respiração. Enquanto estivesse respirando, então ele ainda estaria
aqui comigo.

Trinta minutos mais tarde, eu estava sendo levada para o


andar de Zeke. Finn e Chet voltaram para o apartamento para
pegarem uma roupa limpa para mim. Andar por aí com respingos
de sangue cobrindo minha roupa não era uma coisa boa.

Eu andei até sua cama e engasguei com seu rosto


inchado. Inclinei-me e beijei suavemente a testa dele. Sua mão
direita tinha sido esmagada por um pneu, então ele tinha uma
tala que ia até seu cotovelo. Seu braço esquerdo estava enrolado
em bandagens. Havia manchas vermelhas onde o sangue estava
começando a acumular.

Suas pernas não foram quebradas, mas elas estavam


muito cortadas também. Foi o corte na parte de trás de sua
cabeça que preocupou todo mundo, mas conhecendo Zeke, se ele
estivesse acordado, ele estaria surtando mais com o fato de que
sua mão fora esmagada. O médico disse que levaria meses para
ele usá-la novamente, se ele conseguisse.

Quando eu não aguentava mais e achava que meu corpo


não iria me segurar por mais tempo, eu sentei em um sofá na
sala. Outra hora passou enquanto eu estava sentada naquele
lugar e olhando para ele. Se houvesse qualquer movimento, eu
não queria perder. E quando ele acordasse, eu queria estar lá.

Fechei os olhos apenas por um segundo para deixá-los


descansarem, e quando os abri novamente, o quarto estava
completamente iluminado pelo sol. Levei um minuto para reunir
meu juízo, mas quando o fiz, eu pulei do sofá e corri para o lado
de Zeke. Ele ainda estava deitado, mas estava respirando, e
naquele momento era tudo o que eu precisava ver.

“Bom dia,” eu sussurrei suavemente conforme plantei um


pequeno beijo em seus lábios.

“Bom dia para você também,” disse Finn atrás de mim.

Eu pulei e me virei rapidamente. Ele estava parado na


porta com dois copos de café em suas mãos.

“Eu trouxe algo para animá-la.” Ele fez seu caminho até
mim e me deu um copo. “Alguma mudança?”

“Não. Nós estamos apenas esperando ele acordar. Os


médicos vieram algumas vezes na noite passada, mas foi só.
Obrigada pelo café.”

“Sem problemas. Eu trouxe algumas roupas para você


ontem à noite, mas você estava dormindo no sofá. Eu vou ficar
aqui com ele, se você quiser voltar para a nossa casa e tomar um
banho.” Ele sentou no sofá e tomou um gole de seu café.

Era estranho ver Finn tão sério e tomando café. Ele


normalmente estava usando algo, bebendo qualquer coisa
alcoólica e nenhum dos garotos era sempre tão sério.
“Não. Vou ficar aqui. Eu quero estar aqui se ele acordar.”

“Ok. Chet deve trazer um lanche mais tarde. Você deveria


comer alguma coisa quando ele trouxer.” Ele me deu um sorriso
amigável.

“Eu vou.” Tomei um gole de café. “Obrigada de novo pela


noite passada. Desculpe-me se eu o atingi ou qualquer coisa. Eu
não sabia o que estava fazendo.”

“Não se preocupe. Eu e Chet somos garotos grandes.


Acho que podemos aguentar apanhar um pouco. De nenhuma
maneira que uma coisa bonita como você poderia nos derrubar.”

Eu balancei a cabeça e sorri para ele. Ele estava certo. De


nenhuma maneira que eu poderia machucar um dos dois
fisicamente, mas ainda assim eu senti que precisava me
desculpar.

“Pare de flertar com a minha menina, cara de merda,”


Zeke sussurrou.

Ofegante, eu voltei minha atenção de volta para ele. Seus


olhos ainda estavam fechados, mas eu poderia dizer que ele estava
com dor pela expressão em seu rosto.

Larguei meu copo e agarrei sua mão boa.

“Zeke? Eu estou aqui, baby.”

“Floco de Neve.” Meu nome escapou de seus lábios como


uma oração.

Inclinei-me e pressionei minha bochecha na palma de


sua mão. “Sim. Sou eu. É a Floco de Neve. Eu sinto tanto Zeke.
Eu realmente sinto muito. Eu te amo tanto.”
Seus olhos lentamente começaram a abrir e então eu
estava olhando para os olhos castanhos injetados de sangue. Um
sorriso pequeno surgiu em seus lábios e ele estremeceu e fechou
os olhos de novo.

Finn foi chamar uma enfermeira, e eu sentei na cama ao


lado de Zeke. Levou apenas alguns segundos para ele voltar aos
seus sentidos e começar a tentar se levantar. Eu empurrei com
toda a minha força para deitá-lo novamente, mas mesmo com
ossos quebrados, ele era muito mais forte do que eu.

“Zeke, por favor, fique quieto até que as enfermeiras


cheguem,” eu implorei.

“Eu não vou ficar aqui. Eu malditamente odeio hospitais


e aquela vadia me drogou. Estou indo para casa. Leve-me para
casa,” ele disse enquanto puxava sua intravenosa.

Eu coloquei as mãos em concha em suas bochechas e o


forcei a olhar para mim.

“Querido, você está machucado. Por favor, deixe-os


cuidar de você. Se você me ama, você vai deixá-los fazer seu
trabalho. Eu estava muito preocupada. Eu não quero nem pensar
em outra coisa acontecendo com você. Eu não posso perder outra
pessoa que eu amo. Por favor.” Eu não conseguia parar as
lágrimas.

Como se tivesse sido drogado novamente, ele parou de


lutar comigo. Senti o esfregar suave de seu polegar contra minha
bochecha e então, ele suspirou e caiu de costas na cama com um
silvo. Ele afirmou os olhos com dor e então, olhou para mim com
tristeza.
“Minha mão?” Ele perguntou suavemente.

Eu não queria ser aquela a contar para ele, mas de jeito


nenhum eu poderia deixar alguém fazê-lo. Eu balancei a cabeça e
afastei um grande pedaço de cabelo negro de seus olhos.

“Foi esmagada. Vai demorar um pouco até que você


possa tocar novamente. Você vai precisar de fisioterapia e algumas
outras coisas.”

Ele cerrou os maxilares com tanta força que eu pensei


que eles fossem explodir. Primeiro tristeza crua passou por sua
expressão e, em seguida, ele estava com raiva. Seu rosto ficou
vermelho vivo e a tensão no pescoço fez um músculo saltar. Ele
engoliu em seco em frustração e dor. Eu nunca o vi responder
dessa forma antes. Eu não estava com medo dele. Eu estava com
medo por ele.

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, falei


novamente.

“Zeke, está tudo bem. Tudo vai ficar bem. Nós


cuidaremos de tudo e você estará tocando novamente antes de
perceber,” eu disse tranquilizando.

Ele não quis abrir seus olhos e olhar para mim. Em vez
disso, ele balançou a cabeça antes de se virar para longe de mim
completamente.

Eu dei um passo para o lado quando a enfermeira entrou


e o examinou. Ela perguntou sobre seu histórico médico, sobre
drogas recentes e então ela saiu. Depois disso, o médico entrou e o
checou novamente. Ao longo de tudo isso, Zeke nunca olhou para
mim ou disse uma palavra. Eu não podia dizer o que ele estava
sentindo. Eu não sabia se ele estava com raiva ou machucado. Eu
apenas sabia que ele não estava bem.

“Ele precisa descansar,” disse o médico quando saiu do


quarto.

Essa foi a nossa deixa para sair, mas eu recusei. Eu ia


sentar lá até que ele estivesse melhor. Ele faria o mesmo por mim,
e não havia nenhuma maneira que eu estava indo embora. O que
aconteceu foi meio que minha culpa, afinal de contas.

Três dias depois, Zeke deixou o hospital. Ele ainda não


havia dito muito para mim, respostas básicas e nunca nenhuma
pergunta. Eu não tenho certeza o que me preocupou mais – o fato
de que sua mão tinha sido esmagada, ou o fato de que ele tinha
desistido de praticamente todo o controle. Não era como ele, e eu
odiava vê-lo seguir com tudo silenciosamente. Ele estava
quebrado, fisicamente e mentalmente.

Eu tinha planejado ir para casa antes das aulas


começarem, mas de jeito nenhum que eu o estava deixando
quando ele precisava de mim aqui. Eu liguei para Tia Sarah e
disse a ela o que estava acontecendo e ela me apoiou totalmente
em perder algumas aulas para ajudar Zeke.

Outro dia se passou e ele ainda não falava comigo. Ele


apenas ficava deitado na cama e olhava para o teto ou dormia.
Quando eu não podia mais aguentar, eu falei.

“Diga-me o que está errado, Zeke. Você não disse muito


para mim desde que acordou, e eu estou começando a ficar
preocupada. O que eu puder fazer para tornar isso melhor ou
mais fácil, eu farei. Apenas me diga e eu farei.”

Eu empurrei uma mecha de cabelo de seu rosto. Olhos


escuros viraram para mim e me cortaram. Sua boca suculenta
estava apertada em uma expressão de raiva que eu tinha visto
antes muitas vezes quando eu o conheci. Era como se o homem
que conheci tivesse retornado em pleno vigor e o cara doce que
sussurrava eu te amo através do telefone e me beijava suavemente
tivesse ido embora.

“Eu acho que você fez o suficiente,” disse ele antes de se


virar e me bloquear para fora.
Dez

`;Fr
Zeke
Eu não queria estar com raiva. Eu nunca quis dizer
coisas ofensivas à Patience, mas cada vez que eu olhava para a
tala que cobria minha mão e antebraço direito, eu não podia
deixar de sentir raiva.

Tocar minha guitarra era minha libertação. Ela me fez


passar por uma vida de loucuras, e agora eu não poderia fazê-lo
por meses. Quem sabia se eu iria ser capaz de tocar novamente?
Minha vida, meu emprego, tudo que eu tinha trabalhado tão duro,
tudo isso se foi em uma piscar de olhos. Se foi. Tudo porque eu
estava correndo atrás de uma garota, que era algo que eu tinha
jurado nunca fazer. Eu amava a Floco de Neve, mas eu amava
tocar guitarra também.

Ela não disse nada depois de eu ter sido rude com ela.
Eu não queria ter sido, mas depois de dias segurando minha
raiva, eu só explodi. Eu poderia dizer que feri seus sentimentos,
embora. Seu lábio inferior tremeu um pouco e seus olhos se
arregalaram. Eu me senti como merda, mas eu estava tão
chateado com todos.

Ela não precisava mais estar lá. Ela não precisava me ver
por aí como um vagabundo, não sendo capaz de trabalhar. A
escola era onde ela queria tanto estar, e é lá que ela deveria estar.

“Você não tem aula ou algo assim?” Eu perguntei.

Eu não podia olhar para ela. Eu nunca fui bom o


suficiente para ela e agora eu estava em uma situação ainda pior.
Ela merecia mais do que um músico fora-do-trabalho, um ex-
músico, um ninguém. Se minha mão nunca curasse, eu não seria
capaz de cuidar dela. Eu não queria nada mais do que fazer isso.

“Seja um idiota o tanto que você quiser. Você não acha


que eu sei que isso é minha culpa?” Ela pulou da cama e começou
a arrumar meu quarto.

Eu não podia fazer nada, mas apenas sentar lá e assistir.

“Diga e faça o que quiser comigo. Eu não vou deixar você.


Você não iria me deixar se a situação fosse diferente.”

E com isso, ela saiu do meu quarto e bateu a porta atrás


dela.

Três dias depois, ela ainda estava lá. Eu não disse nada
para ela e ela não disse nada para mim. A única vez que precisava
ter alguma comunicação era quando ela estava tentando me
ajudar a fazer alguma coisa. Porra, eu odiava tê-la me ajudando a
fazer coisas simples.

“Basta levantar este braço e eu irei retirá-lo,” ela disse


enquanto tentava me despir.

A tala estúpida de merda continuava a prender em minha


camisa e eu estava a três segundos de rasgar a maldita coisa.

“Eu posso fazer isso sozinho!” Eu gritei.

Ela se encolheu, e imediatamente eu me odiei mais. Ela


levantou as mãos em exasperação e deixou meu quarto. Eu acabei
rasgando a camisa e tomando uma ducha. Eu não me incomodei
em colocar outra depois. Foda-se camisas e foda-se as mangas
apertadas de merda também.

A porta do quarto se abriu de novo depois que eu já


estava na cama. Olhei para cima para vê-la em pé na porta. Seus
olhos estavam vermelhos como se ela tivesse chorado, e eu senti
como se tivesse levado um soco no estômago. Eu fiz isso. Eu a fiz
chorar. Não importa o quanto eu estivesse chateado com o
mundo, eu precisava manter minha merda reprimida. Eu comecei
a me desculpar, mas antes que tivesse soltado as palavras de
minha boca, ela falou.

“O guitarrista substituto está aqui. Os caras querem que


você o escute. Eles querem que isso seja sua decisão.”

A turnê tinha que continuar, e, enquanto eu odiava a


ideia de alguém tocando a minha parte, eu entendia que os caras
tinham que fazer o que deviam.

Eu manquei atrás dela até a sala. Com a minha cabeça


baixa, eu podia sentir os olhos na sala me penetrando e eu me
senti como um maldito inválido. Foi embaraçoso como um inferno
mancar por aí como uma putinha punk, mas dói como um inferno
colocar muita pressão no meu joelho direito.

Quando olhei para cima, todos os olhares se desviaram


como se não estivessem olhando. Os caras nem olharam para mim
quando eu sentei no sofá e os ignorei. Eu sabia que eles se
sentiam culpados por seguir sem mim, mas tinha que ser feito e
eu entendia. Foi decente da parte deles me permitir a decisão de
quem deveria tomar meu lugar até que ou se minha mão curasse.

Todos estavam alinhados em torno do enorme sofá de


couro. Meus olhos pousaram em uma menina sentada no final do
sofá em frente a mim. Ela olhava para mim com irritados olhos
delineados de preto enquanto mastigava rudemente um pedaço de
chiclete. O único som na sala era quando ela ocasionalmente
estourava uma bola de chiclete.

Ela tinha o cabelo rosa choque e seu quinhão de


tatuagens. Um pedaço de meias arrastão podia ser visto entre as
botas de cano alto e saia curta de colegial preta. Seu top, o qual
também era feito de arrastão, cobria um sutiã brilhante rosa. Ela
era a típica garota roqueira, lábios, nariz, e sobrancelhas para
combinar. Eu assumi que ela era uma das transas de um dos
caras.

“Então, onde está o guitarrista substituto?” Eu perguntei


irritado.

Os caras começaram a rir alto. A menina punk na minha


frente se levantou e lançou os olhos para eles.

“Este seria eu.” Ela cruzou os braços como se estivesse


implorando por uma luta.

Eu não pude evitar rir um pouco também. Ela parecia


prestes a chutar algumas bundas grandes.

“É mesmo?” Eu perguntei em tom arrogante.

Seus olhos foram para o meu peito nu antes de colidirem


com os meus. “Sim. Quer que eu toque ou não?”

Ela colocou as mãos nos quadris, suas unhas pretas


cavando na pele revelada.

“Isso é algum tipo de piada?” Eu perguntei aos caras.

Eles me olharam e então explodiram em gargalhadas de


novo.

“Não é uma fodida piada. Pare de ser um idiota machista.


Ou você me quer para tocar ou não, porra. Diga alguma coisa ou
pare de desperdiçar meu maldito tempo,” disse ela com raiva.

Ela estava puta e mantendo sua posição. Ela não estava


batendo os cílios para os caras. Ela foi rápido e direto ao ponto, e
de alguma forma maldita, eu respeitei o inferno fora disso.

“Então toque,” eu disse calmamente.

Eu teria certeza em chamar a gravadora e dar-lhes meus


dois centavos assim que essa cadela estivesse fora da porta.

Ela foi até a case de sua guitarra que estava colocada no


balcão da cozinha. Ela abriu e tirou uma bela Les Paul vermelha.
Ela tinha gosto decente para guitarras, o que era outro bônus
para ela.

Ela amarrou-a e começou a tocar e todos nós nos


sentamos lá em estado de choque. Eu nunca ouvi uma mulher
tocar tão bem. Ela deixou todos nós com vergonha e o riso morreu
instantaneamente em nossos lábios. A garota tinha habilidades.
Não havia nenhuma dúvida sobre isso. Eu ainda iria mais longe a
dizer que ela quase podia tocar melhor do que eu. Ela fechou os
olhos e destruiu as cordas conforme atingia as notas de uma de
nossas músicas perfeitamente.

Instantaneamente, eu tanto a odiava como gostava dela


por ser capaz de tocar tão bem. Era uma droga ser substituído,
mas se eu estava sendo substituído, que fosse pelo melhor. Pelo
menos até minha maldita mão melhorar.

Quando ela terminou, ela desamarrou e colocou a peça


de volta na case. O clique da fechadura preencheu o silêncio da
sala conforme todos nós a olhávamos de volta em choque.
Patience levantou as mãos e começou a aplaudir.

“Isso foi incrível!” Disse ela com um sorriso.

Eu não poderia concordar mais.

“Como você disse que era seu nome?” Eu perguntei.

“Eu não disse. Ninguém se incomodou em perguntar.


Meu nome é Constance.” Ela estourou seu chiclete e apertou os
lábios, aborrecida.

Eu olhei para os caras e eles olharam de volta para mim


em choque. Eu sabia o que tinha que fazer.

“Bem, Constance, bem vinda ao Blow Hole.”

Depois que ela saiu, houve um grande debate.

“Você permitiu uma cadela na banda? Que diabos,


Zeke?” Disse Tiny.

“Cara, ela sabia tocar. Ela irá tocar até que Zeke possa
tocar de novo.” Finn me cobriu.

Chet estava ocupado demais pensando em maneiras de


conseguir entrar nas calças dela.
“Ela vai servir, tudo bem. Aposto que ela é uma
imitadora. O que você acha, Finn? Você acha que ela é selvagem?”

Finn riu. “Cara, eu acho que talvez ela seja um pouco


hardcore, até mesmo para você.”

“Não existe tal coisa.”

Alguns dias depois, os caras partiram para terminar a


turnê sem mim. Uma vez que estavam de volta à estrada,
Constance incluída, era somente Patience e eu no apartamento.

Logo ela teria que voltar para a Flórida e eu ficaria


sozinho. Minha fisioterapia estaria começando em algumas
semanas e eu ainda estava tentando descobrir como levar minha
bunda até lá. Mas vamos por partes; eu precisava tentar corrigir o
que estava acontecendo entre a gente. As coisas ainda não
voltaram ao normal. Não era ela e não era eu, mas algo estava
fora. Nós íamos para a cama separados e eu acordava com ela
aconchegada com força contra mim, mas não conversávamos. Eu
não a tinha beijado apropriadamente desde o acidente e eu sentia
falta disso.

“Então, você vai voltar para a Flórida em breve?” Eu mexi


em meus sucrilhos polvilhados com minha colher.

Ela ficou um tempo em silêncio antes de finalmente


responder

“Eu preciso. Estou tão atrás das coisas e eu já perdi três


treinos.”
Tanto quanto eu queria, eu não podia prendê-la aqui
comigo. Eu não podia simplesmente ficar deitado enquanto ela
esperava em prontidão minha mão ficar melhor. Eu nunca quis
ser canhoto em toda a minha vida, mas eu queria ser mais do que
qualquer coisa naquele momento.

“Eu entendo. Eu vou ligar e reservar sua passagem em


um momento. Amanhã está bom?”

Senti-me doente só de pensar nela me deixando, mas


havia tantas coisas em casa que eram mais importantes. Escola,
futebol, e Sydney era muito mais importante do que um
guitarrista de merda quebrado em pedaços como eu.

“Amanhã está bom. O que você vai fazer sozinho na


Califórnia? Você não conhece ninguém aqui além dos caras.” Ela
olhou para mim com os olhos azuis tristes.

“Eu ficarei bem. Eu tenho que começar a fisioterapia se


eu quiser dedilhar uma corda de novo.” Eu dei de ombros.

Sem perguntar, ela pegou minha tigela de cereais vazia e


levou-a para a pia. A água caiu enquanto ela enxaguava e lavava
os poucos pratos do café.

“Há fisioterapeutas na Flórida, você sabe,” ela disse ainda


de costas para mim.

Seu rabo de cavalo cor de areia subia e descia enquanto


ela esfregava a panela de ovos mexidos. Todo o lugar cheirava a
café da manhã fresco e detergente.

“Eu não estou indo para a Flórida,” eu disse com firmeza.

Apenas o pensamento de arrastá-la para baixo me


deixava louco. Desde o momento em que conheci Patience, eu
sabia que não era bom para ela, mas quando minha carreira
começou a decolar, eu pensei que talvez eu pudesse ser. Agora eu
estava de volta à estaca zero. Eu me sentia como um nada de
novo, e o minuto em que ela perceber isso, ela terá ido embora
para sempre.

“Por que não?” Os pratos estavam limpos, mas ela ainda


não se virou para me olhar.

“Nós temos uma máquina de lavar louça, você sabe.”

Eu não queria respondê-la com sinceridade. Eu não


queria dizer-lhe que uma vez que ela me visse ao lado de todos
seus amigos novos da faculdade que não tinham uma vida fodida,
ela nunca mais olharia para mim da mesma forma.

“Não mude de assunto, Zeke. Por que você não vem para
a Flórida comigo?”

“Porque eu não preciso de uma porra de babá.” O


banquinho arranhou o revestimento de azulejos caro quando eu
empurrei-o de baixo de mim.

Eu estava quase fora da cozinha quando senti seus dedos


gelados segurarem meu braço. Eu queria sacudi-la e gritar com
ela, mas ao invés disso eu apenas fiquei lá e a deixei falar.

“Uma vez você disse que queria nós juntos para


cuidarmos um do outro. Eu não quero tomar conta de você. Eu
quero cuidar de você. E honestamente, eu preciso de você para
cuidar de mim. Eu estou sozinha naquele apartamento, Zeke. É
solitário e algumas vezes eu sinto medo. Eu acordo de pesadelos
horríveis e desejo mais do que qualquer coisa que você estivesse lá
ao meu lado. Eu preciso de você mais do que você precisa de mim.
Eu prometo.”

Houve um tempo em minha vida quando os apelos de


uma mulher não faziam nada para mim. As mulheres eram
apenas meu consolo, um lugar para eu despejar minha carga. Eu
nunca me preocupei sobre o que elas precisavam ou queriam, e eu
conseguia pensar em um milhão de retornos diferentes para uma
mulher que dissesse que precisava de mim.

Eu não tenho certeza do que aconteceu comigo quando


eu era mais novo para me fazer assim. Talvez fossem os
espancamentos semanais que o velho me dava. Talvez fosse o jeito
que eu via meu pai tratando minha mãe antes de o câncer a
enfraquecer.

Eu costumava atribuir isso à perda da minha mãe. Talvez


no fundo da minha mente eu a culpava por me deixar, e tratar
mal as mulheres era como meu troco. De qualquer maneira, eu
era um exemplo fodido da espécie masculina. Eu sabia disso e
toda mulher que já tinha cruzado meu caminho sabia disso –
todas elas, exceto Floco de Neve.

Vai entender porque ela seria a única que eu não podia


dizer não. É apenas a minha sorte que eu iria ficar loucamente
apaixonado pela única mulher no mundo que me tinha pelas
bolas. Ela sabia o que estava fazendo quando veio até mim. E
assim, uma hora mais tarde, reservei duas passagens só de ida
para a Flórida.
Onze

`;Fr
Patience
Ele estava fora do meu alcance novamente.

Lembrei-me de como ele foi seco quando o encontrei a


primeira vez, e ele estava devargazinho voltando a ser aquele cara.
Ir e voltar para a Flórida quando as coisas pareciam tão estranhas
entre nós, não era algo que eu estava disposta a fazer, mas as
pílulas mágicas que me mantinham calma estavam acabando e eu
não poderia dar ao luxo de perder mais a escola e o treino.

Zeke vindo para a Flórida comigo era a única solução, e


eu mal podia acreditar quando ele concordou. Eu odiava usar
suas preocupações sobre o meu estado depressivo contra ele, mas
foi a única carta que eu tinha na manga.

Tia Sarah nos pegou no aeroporto e fomos de volta para


sua casa para o jantar. Sydney era a única alegria e até mesmo
com ela, Zeke não agia na sua forma brincalhona habitual. Eu
estava começando a sentir falta dele, mas a culpa era minha por
ele estar desse jeito. Era minha culpa que ele se sentia tão inútil, e
eu faria qualquer coisa que eu pudesse para lhe dar motivo até
que sua mão curasse e ele pudesse voltar ao trabalho. Com sorte,
teríamos boas notícias logo que ele começasse a terapia.

"Então, quanto tempo você vai ficar na Flórida, Zeke?"


Syd perguntou com a boca cheia de carne de frango.

Sua boca e suas mãos estavam cobertas com molho de


churrasco. Era muito adorável. Dei-lhe um guardanapo de papel e
ela espalhou mais ainda a sujeira pelo rosto. Ela achava que
estava tão crescida, mas ainda assim não sabia lidar com molho
de churrasco.

"Só até a minha mão melhorar. Eu não estou fazendo


nada em casa agora de qualquer maneira. O mínimo que eu
poderia fazer é vir e me tornar útil para Patience."

Eu estava sentindo falta do meu apelido. Ao ouvi-lo me


chamar Patience de novo e de novo estava me dando nos nervos.
Soava estranho em seus lábios, e mesmo que fosse o meu nome,
soava tão impessoal.

Quando finalmente chegamos ao meu minúsculo


apartamento de um quarto, era quase meia-noite. Era o lugar
perfeito para mim. Fiquei emocionada quando eu me encontrei
nesse pequeno espaço localizado diretamente acima de uma loja
exótica de café. Não só eu recebia um delicioso café a qualquer
hora que eu queira, mas meu apartamento sempre cheirava bem.

O aluguel era barato e incluía água e esgoto. Eu não


podia passar isso tão facilmente. Eu o decorei para agradar o meu
gosto, comprando a maior parte das coisas na Target, e me
acomodei imediatamente nele. Isso me fazia sentir em casa.
Sydney até veio para ficar a noite em alguns fins de semana,
quando eu não estava sobrecarregada com os trabalhos da escola.

Zeke ajudou a carregar as malas para cima o melhor que


podia, e eu não disse nada quando ele xingou a si mesmo por não
ser capaz de carregar mais. Ele era um cara tão independente. Eu
odiava vê-lo lutar tanto. Eu subia e descia as escadas
rapidamente com mais malas do que meus braços pobres
poderiam lidar apenas para que ele não tivesse que se esforçar
tanto.

Ele parecia um gigante em meu pequeno espaço. Quando


eu aluguei pela primeira vez o apartamento, eu me lembro de
pensar quão grande era o espaço da sala, mas na hora que eu
fechei a porta da frente e dei uma olhada no espaço, incluindo ele,
eu sabia que eu estava errada sobre o tamanho da sala.

"E agora?" Ele perguntou.

Ele parecia desajeitado naquele lugar.

"Bem, seja bem vindo," eu disse quando passei meus


braços ao redor da sua cintura.

Ele me apertou de volta e eu apreciei o momento. Quando


eu me inclinei para trás e olhei para ele, eu esperava que ele me
beijasse. Em vez disso, o canto da sua boca levantou com um
sorriso forçado e ele desviou o olhar como se ele não tivesse
interessado.

Eu me afastei e passei os dedos pelo meu cabelo. "Eu vou


tomar um banho. Fique à vontade."

Assim que eu entrei no banheiro, peguei meu celular e


liguei para Hope.
"E aí, estrela do futebol? Onde diabos você esteve? O
treinador está acabando com a gente no campo."

Liguei o chuveiro para que Zeke não me ouvisse.

"Desculpe. Eu tive alguns negócios para cuidar fora da


cidade. Eu acabei de voltar. Ouça, Hope, você tem mais daquelas
pílulas. Odeio perguntar, mas... Você sabe?"

O silêncio cresceu do outro lado da linha e eu podia


sentir o pânico começando na base da minha espinha. E se ela
não tivesse mais? E se ela não conseguisse mais? Eu tinha
começado a depender daquela pequena pílula para ajudar a me
sentir melhor. Eu odiava aqueles episódios estúpidos.

"Droga, Patience, eu queria que você tivesse me ligado


ontem. Minha mãe não está, mas você tem algum dinheiro?"

"Eu tenho um pouco. Por quê?"

"Tem um cara que eu conheço. Eu posso conseguir algo


semelhante com ele por vinte dólares se você quiser?"

"Algo semelhante?"

"Sim. É apenas um pouco mais forte para que você possa


tomar a metade e obter o efeito completo. Não é nada perigoso,
garota. Eu não faria isso com você. Então, você quer que eu o
chame?"

Isso significava baixar o nível para mim. Comprar drogas


de um cara que eu não conhecia não era algo que eu queria fazer,
mas eu precisava. A ideia de entrar em um ataque de pânico no
meio de uma aula ou bem antes de entrar em campo me fez ficar
mais em pânico. Eu não queria que Zeke soubesse que eu era
uma louca de pedra, e ele vivendo comigo agora, descobrir era
uma possibilidade muito real, se eu não tivesse nada do que eu
gostava de chamar de meus "comprimidos calmantes."

"Sim, ligue para ele."

Depois de um longo banho quente, achei Zeke dormindo


no sofá. Quando eu tentei acordá-lo, ele se queixou e rolou. Eu o
queria na minha cama, mas, ao mesmo tempo, eu não queria
incomodá-lo. Do jeito que sua mão estava, ele raramente dormia
muito.

Levei todas as nossas malas para o quarto e as joguei no


canto até amanhã. Subi na minha cama, liguei a TV, e ajustei o
temporizador, e depois fui dormir.

Uma batida forte na porta da frente me acordou na


manhã seguinte. Eu estava quase totalmente acordada quando eu
consegui ouvir a voz de Hope na sala de estar.

"Que porra é essa, cara? Esta é a casa da minha garota.


Eu não sei quem você é, mas deixe-me entrar ou eu juro por Deus
que eu vou virar uma vadia ninja bem na sua bunda."

Saltei da cama e corri para a sala.

"Está tudo bem, Zeke. Você pode deixá-la entrar."

Zeke deixou a porta aberta e Hope lhe deu um sorrisão


sarcástico conforme entrou no meu apartamento.

"Desculpa te acordar, mas eu queria trazê-los para você e


receber meu dinheiro de volta antes da aula," disse ela enquanto
enfiava a mão na mochila.

"Não aqui," eu disse rapidamente.


Ela e Zeke olharam para mim como se eu fosse louca.

"No quarto. Nós já voltamos," disse a Zeke. "É coisa de


menina," eu disse antes que ele pudesse fazer qualquer pergunta
sobre por que eu estava agindo de modo estranho.

Eu fechei a porta atrás de nós quando chegamos ao meu


quarto.

"Ele não precisa saber. Isso é entre mim e você, ok?"

"Como você quiser," ela disse dando de ombros.

Ela tirou um invólucro de celofane de um maço de


cigarros e no interior tinham três pílulas brancas no formato de
barra. Segurei o pacote e sacudi. Eu nunca me senti como uma
criminosa em minha vida, mesmo depois de tirar uma vida, mas
por alguma razão, estar escondida no meu quarto e trocando
dinheiro por pílulas me fez sentir como se eu fosse um marginal.

"O que são estes?" Eu perguntei.

Eu nunca tinha visto pílulas que eram longas e


retangulares.

"Xanax4. São melhores do que Valium, eu acho. Basta


tomar metade e você estará pronta."

"O que isso faz?"

Eu não tinha que ter tomado pílulas. Eu estava


completamente paranoica.

"Calma, menina. Tudo o que isso vai fazer é relaxar você


quando você se sentir que está prestes a perder o controle. Confie

4
Remédio utilizado em distúrbios de ansiedade e em crises de agorafobia. Medicamento de tarja preta que reduz a
ansiedade moderada e ansiedade associada a depressão. Também possui propriedades sedativas, hipnóticas,
anticonvulsivantes e de relaxamento muscular.
em mim, estes vêm bem a calhar. De qualquer forma, eu tenho
que correr. A aula começa em 20 minutos. Vejo você no treino
desta tarde?" Ela se virou para o espelho e usou um polegar para
enxugar o delineador extra debaixo do olho.

"Sim, eu estarei lá." Entreguei-lhe os vinte dólares.


"Obrigada por isso, Hope. Eu realmente aprecio isso."

"Não se preocupe, garota. Deixe-me saber se você


precisar de mais."

Eu a acompanhei até o lado de fora e fechei a porta.


Quando me virei, Zeke estava ali de pé, com os braços cruzados e
um olhar chateado em seu rosto.

"Que porra foi essa?" Seu olhar estava acusatório.

"Eu lhe disse que era coisa de menina." Eu fui para a


cozinha e vasculhei os armários buscando algo que não estivesse
estragado.

"Que tipo de "coisas de mulher”?” Seus olhos me seguiam


em torno da cozinha.

"Jesus, Zeke, eu precisava de alguns absorventes, se você


quer saber, e Hope me trouxe um pouco."

Eu me dei um tapinha nas costas mentalmente por


pensar tão rápido. E quando seus lábios levantaram em um
sorriso estranho e ele se virou sem dizer uma palavra, eu
comemorei por dentro.

Quando chegou a hora de eu ir para a aula, eu deixei


Zeke em casa. Ele não parecia muito feliz sobre ficar sentado no
apartamento durante todo o dia, entediado, mas até que nos
acostumássemos a esta nova rotina, teria que ser assim.

Quando eu cheguei em casa depois do treino, era final da


tarde. Eu estava esperando que ele tivesse descansando no sofá,
miserável - do jeito que eu o deixei - mas fiquei surpresa quando
entrei em um lugar vazio. Já que meu apartamento era tão
pequeno, não demorou alguns segundos para eu ver que ele não
estava no banheiro ou no quarto.

Eu estava pegando o meu telefone para ligar para ele e


ver onde ele estava quando a porta da frente se abriu e ele entrou
com um braço cheio de compras. Corri para tirar o saco dele, mas
ele se afastou.

"Eu consegui!" Ele disse rapidamente.

Eu o deixei lutar para carregar as sacolas até o balcão da


cozinha.

"Você foi fazer compras no supermercado? Em uma


cidade estranha, sem carro e uma mão quebrada? O que você
estava pensando?"

Claro, ele era um homem adulto, mas se tivesse esperado


um pouco, eu poderia ter levado ele e o poupado de possivelmente
ferir ainda mais sua mão.

"Eu estava pensando que eu estava morrendo de fome.


Tudo o que você tinha aqui era o leite ruim. Eu não sou um bebê,
Patience. Eu posso ir ao supermercado."

Exaustão me impediu de discutir. Ele estava aqui e sua


mão parecia nem melhor nem pior do que estava quando eu o
deixei. Não havia necessidade de empurrá-lo. Não seria discutindo
que as coisas iram melhorar entre nós.
Joguei minha bolsa em cima do balcão e fui tomar um
banho. Quando eu saí, o cheiro de comida na cozinha encheu a
sala. Cheirava incrível e fez o meu estômago roncar. Eu estava
morrendo de fome.

"Você não tinha que fazer isso, você sabe," eu disse


enquanto secava o cabelo com a toalha.

"É o mínimo que posso fazer. Se eu vou ficar aqui, eu


posso, pelo menos, certificar-me de que você está alimentada." Ele
sorriu para mim e por um breve momento, ele se parecia como
meu Zeke novamente.

"Eu adoro quando você faz isso," eu disse sem pensar.

"Fazer o que? Cozinhar?" Ele perguntou enquanto pegava


uma panela do fogão.

"Não. Sorri para mim. Eu sinto falta disso. Eu sinto sua


falta.” Lágrimas engasgaram minha garganta, fazendo minhas
últimas palavras soarem ásperas.

Desligando o fogão, ele andou até mim e colocou um


braço em volta da minha cintura. Ele trabalhou seus dedos pelos
meus fios molhados de cabelo e balançou a cabeça.

"Eu também sinto falta de mim. Eu sei que tenho sido


estranho ultimamente. Eu só não sei o que fazer se eu não posso
tocar. Eu me sinto perdido."

"Você é mais do que apenas um guitarrista, você sabe."


Eu me aconcheguei em seu peito duro e inalei seu cheiro.

"É mesmo? Diga-me o que eu sou, então."

Entrelaçando meu braços em volta de seu pescoço, meu


corpo tremeu quando ele passou o dedo sobre a pele nua logo
acima das minhas calças de pijama.

"Você é o meu lugar feliz," eu sussurrei contra seus


lábios.

Ele mordiscou meu lábio superior e provocou minha boca


com a sua língua.

"Você é minha. Eu te amo, Patience. Mais do que você


jamais poderia compreender.” Sua mão se moveu sob minha
camisa e tocou a pele suave debaixo do meu sutiã.

"O meu nome é Floco de Neve."

Ele sorriu docemente para mim e me beijou


completamente pela primeira vez em dias. Eu senti a tensão que
havia se formado entre nós depois do acidente lentamente
escapar. Alcançando sua camisa, eu coloquei minhas mãos em
seu peito forte.

Ele me apoiou contra o balcão da cozinha, e eu o segurei


pelo gesso antes que ele pudesse tentar me levantar. Ele parou de
me beijar e olhou para mim em confusão.

"Você está ferido. Deixe-me," eu disse enquanto eu o


beijei e puxei-o comigo para a sala de estar.

Eu o empurrei para baixo no sofá e subi em cima dele.


Levantando a camisa por cima da sua cabeça, eu a tirei facilmente
pelo gesso. Ele agarrou minha bunda com a mão boa e me puxou
para baixo sobre ele. Voltando, eu tirei sua mão de mim e
entrelacei meus dedos com os dele. Eu apertei sua mão no sofá e
tentei segurá-lo.
"Oh, você quer me controlar, huh?" Ele inclinou a cabeça
para cima e chupou suavemente o lado do meu pescoço.

"Isso depende. Você é controlável?" Eu mordi seu ombro e


ele sussurrou entre meu cabelo.

"Claro que não, mas é quente pra caralho ver você


tentar." Ele levantou os quadris e pressionou em mim.

"Bom. Então fique olhando. Está prestes a ficar mais


quente."
Doze

`;Fr
Zeke
Eu estava contente. Felicidade e alívio refletiam nos olhos
do meu Floco de Neve. Eu nunca pensei que eu seria capaz de
sentir esse tipo de paz novamente. No entanto, lá estava eu, sendo
montado pela única mulher que me fez sentir qualquer tipo de
emoção. Fui preenchido por um sentimento de alegria que eu só
consegui sentir estando com ela.

Inclinando-me, eu envolvi meu braço bom em torno dela


e agarrei seu quadril. Puxando-a para mais perto de mim, ela
baixou a cabeça e colocou seus lábios macios contra os meus.
Pequenos gemidos derramaram dos seus lábios enquanto ela
movia seu corpo lentamente para trás e para frente e para cima e
para baixo. Ela jogou a cabeça para trás de prazer, quebrando o
beijo. Fios brancos de cabelo cobriram meus braços e deslizaram
sobre minhas coxas quando ela se inclinou para trás. Foi uma
coisa linda de se ver.

A curva de seu pescoço capturou minha atenção. Meus


olhos seguiram passando por sua clavícula até os seios rosados.
Corri meu polegar através de seu estômago até chegar e
mergulhar em seu umbigo. Seu corpo tremia com o meu toque. Eu
amava o quão sensível ela era.

Deixei que ela tivesse o controle completo sobre mim. Ela


era a única pessoa no mundo a quem eu dei essa liberdade. Ela
era a única pessoa que eu permitiria isso para o resto da minha
vida.

Minhas costas cavavam seu velho sofá a cada investida


dela em mim. Eu levantei meus quadris para mais. Eu nunca
tinha o suficiente dela. Nunca.

O resto da noite foi um borrão de membros torcidos e os


sons de Patience sempre que ela gozava. Era um lindo som, um
som que eu gostaria de ouvir para sempre.

Após desmaiar exausto, eu acordei com uma mão


latejante. Olhando para o relógio, o número um piscou para mim.
Dormir durante a noite era algo difícil para eu fazer ultimamente.

Eu tirei o braço da Floco de Neve do meu peito e deslizei


de baixo dela. Em algum momento, nós acabamos na sua cama.
Seu lugar era aconchegante e eu me sentia em casa, mas isso
podia ser porque ela estava lá. Minha casa era onde quer que ela
estivesse.

Acendi a luz do banheiro e me olhei no espelho. Havia um


leve chupão no meu peito e eu passei os dedos sobre ele. Virei às
costas para o espelho e marcas de arranhões rosa se espalhavam
nas minhas costas. Patience estava se tornando um gato selvagem
na cama, e eu amava cada minuto disso. Depois de dar uma
mijada, lavei minhas mãos com algo que cheirava a coco, tomei
dois dos meus comprimidos para a dor que não pareciam aliviá-la,
apaguei a luz e voltei para o quarto.

Sons de murmúrios suaves encheram o quarto, e eu não


tinha certeza se Patience estava tentando me dizer algo.

"O que você disse baby?" Eu perguntei na escuridão.

Não houve resposta. Eu nunca tinha a ouvido falar em


seu sono, mas sempre há uma primeira vez para tudo.

Deslizando de volta para a cama, levantei as cobertas


para pressionar meu corpo contra o dela. Ela era tão quente e
doce. Eu a envolvi com meu braço bom e a trouxe mais perto com
o meu abraço.

Naquele momento, tudo mudou. Ela me atacou cravando


suas unhas em meu peito e no meu rosto. Eu me afastei e agarrei
seus braços como pude, mas o gesso e a dor tornaram isso difícil.

"Que diabos, Patience?" Eu perguntei prendendo os


braços dela na cama.

Ainda assim, ela não parou de se debater, tentando fugir.


Usando minha mão quebrada, acendi o abajur ao lado da cama.
Doeu demais, mas eu empurrei a dor completamente. Voltando
meu olhar para ela, a luz suave iluminou seu rosto e tudo que eu
podia ver era medo. Seus olhos ainda estavam fechados, mas ela
parecia tão assustada que partiu meu coração.

Ela continuou a lutar.

"Sou eu, Floco de Neve. Acorde. Sou eu, Zeke."

Nada do que eu disse a fez atravessar a barreira do medo.


Ela continuou a chutar, me acertando na canela de vez em
quando, até que eu coloquei minha perna sobre a dela.

"Não! Não me toque! Não mais. Não me toque!" Ela gritou


de novo e de novo.

"Se você parar de me chutar, eu solto você!" Eu gritei de


volta.

Eu não sabia o que diabos era o problema dela, mas eu


não estava disposto a deixá-la se machucar ou a mim.

"Por favor, papai, deixe-me ir."

E então eu soube. Um mal estar se formou em meu


estômago e eu não queria nada mais do que levá-lo embora. Você
ouve histórias sobre pessoas que foram molestadas sexualmente e
as vidas difíceis que levam depois de um evento traumático, mas
eu achava que ela estava melhor. Ela sempre parecia tão feliz e
recuperada.

Soltei-a imediatamente e sai da cama. Liguei a luz do teto


e todos os cantos escuros se iluminaram. Seus olhos se abriram e
ela olhou para mim. O suor escorria de um fio de cabelo e rolava
em seu rosto.

Seus olhos arregalados varreram todo o ambiente, até


novamente colidirem com os meus. Compreensão e
constrangimento preenchiam suas expressões faciais enquanto
um rubor vermelho se espalhava pelo seu rosto e pescoço.

"Você está bem?" Eu perguntei hesitante.

Ela engoliu em seco e jogou o edredom longe de sua pele.

"Eu estou bem. Eu não machuquei você, não é?"

Ela pulou da cama e se aproximou de mim. Estendeu a


mão para o meu gesso, que, mesmo sem perceber, eu estava
segurando contra o peito. A verdade era que ela tinha machucado
meu braço como uma cadela, mas eu nunca lhe diria isso.

Eu puxei meu braço para longe dela e com a minha mão


boa coloquei seu cabelo atrás da orelha.

"Eu estou bem. Tem certeza que você está bem?"

Ela olhou para longe de mim e agiu como se não fosse


nada.

"Uhum. Foi apenas um pesadelo. Acontece com o melhor


de nós. Vamos lá, vamos dormir."

Eu a segurei em meus braços pelo o resto da noite. Eu


senti o efeito dos analgésicos e meus olhos ficaram pesados.
Finalmente, por volta das três da manhã, eu adormeci.

Mais tarde naquela manhã, eu acordei com o cheiro do


café da manhã. Esfregando minha mão pelo meu rosto, eu me
arrastei para fora da cama e fiz meu caminho para a cozinha.

"Bom dia, raio de sol!" Disse ela com um sorriso


brilhante.

Ela estava fingindo que a noite passada nunca


aconteceu.

"Então, eu sei que futebol realmente não é sua praia, mas


eu tenho um jogo esta tarde. Quer vir junto? Sydney e tia Sarah
vão estar lá, então você não terá que sentar sozinho."

Patience, em shorts minúsculos correndo em volta do


ginásio coberta de suor. Sim, isso soava como bons momentos
para mim. Eu estava ficando excitado só de pensar nisso.
"Sim. Eu vou para ver como que é." Eu dou uma mordida
na torrada e bebo o suco de laranja.

No final da tarde, me sentei com Sydney e Sarah para


assistir um jogo de futebol pela primeira vez na minha vida.
Futebol é coisa séria. Essas meninas não estão para brincadeira,
mas eu não conseguia tirar os olhos de Patience. Ela era incrível, e
ver seu movimento corporal tão natural era lindo e quente, tudo
ao mesmo tempo.

Ela passeava pelo campo como se ela pertencesse a ele.


Seu rabo de cavalo saltava enquanto ela conduzia a bola com as
laterais dos pés antes de mover a perna para trás e chutar a bola
que passou pela goleira atingindo o meio da rede para marcar o
gol da vitória. Seu rosto se iluminou e o sorriso que se formou em
seus lábios era diferente de qualquer sorriso que eu já tinha sido
capaz de colocar em seu rosto.

A multidão irrompeu em uma gritaria aplaudindo. Um


grupo de meninas a atacou com rostos sorridentes e abraços
felizes, enquanto atiravam ela para cima. Eu podia ouvir uma
pitada de sua risada genuína enquanto ela aproveitava o passeio
jogando a cabeça para trás com alegria. Foi a imagem mais bonita
que eu já vi.

Depois do jogo, eu esperei enquanto ela estava no


vestiário com o resto das meninas. Quando ela finalmente saiu,
ela tinha os cabelos molhados e o pequeno e doce short de futebol
foi substituído por um par de jeans colados. Eu me aproximei dela
e a puxei para os meus braços.

"Você acabou com o jogo, baby. Foi sexy como o inferno


assistir." Eu beijei a testa dela.
"Você acha que tudo é sexy." Ela disse empurrando meu
peito de brincadeira.

"Tudo o que envolve você."

Eu coloquei minha mão em sua bochecha e dei uma boa


olhada nela. Algo parecia diferente. Ela parecia desligada. Seus
olhos estavam vidrados e o sorriso bobo em seu rosto parecia
muito feliz. Sua visão estava desfocada e ela não conseguia me
olhar nos olhos.

"Você fumou alguma coisa?" Eu perguntei enquanto a


afastava longe para dar-lhe outro olhar.

Sua boca se abriu em choque.

"O quê? É claro que eu não fumei nada. Você sabe que eu
não toco nessas coisas, Zeke."

No fundo eu já sabia disso. Muitas vezes, eu a vi passar,


enquanto todo mundo estava dividindo um baseado, mas ela
parecia estar aérea.

"Eu sei, mas você parece drogada. Se você usou, você


pode me dizer. Você sabe que eu não me importo com essa merda.
Não ligo para isso, eu ficaria chateado por você não compartilhar."
Eu ri.

"Bem, eu não usei. Estou apenas cansada. Eu não dormi


muito e, em seguida, teve o jogo... Vai passar." Ela encolheu os
ombros.

Eu me senti mal por perguntar. É claro que ela estava


cansada. Os pesadelos a mantiveram acordada a noite toda,
depois veio a escola e o futebol. Sem falar que ela estava me
ajudando aqui e ali, quando eu não podia fazer algo por causa da
minha estúpida e quebrada mão.

"Sinto muito, querida. Eu deveria saber. Venha, vamos


para casa." Eu peguei a mão dela e começamos a caminhar para o
seu carro.

"Isso parece lindo e tudo, mas há uma festa pós-jogo


hoje. Eu tenho que, pelo menos, fazer uma aparição. Você não tem
que ir se você não quiser, mas eu gostaria que você estivesse lá."

Uma hora depois, eu estava em uma festa cheia de


estudantes universitários, álcool e cheiro de fumaça. Eu me senti
em casa e eu me vi cercado de um monte de caras que eu não
conhecia e batendo um baseado toda vez que passava por mim.

A dor em meu braço foi esquecida com a noite ficando


mais leve.

"Ei, eu conheço você!" Uma menina com cabelos loiros


encaracolados falou em meu ouvido. "Você é aquele guitarrista da
Blow Hole, não é?"

Ela estava vestida para ser fodida. Algumas garotas eram


assim. Seus shorts eram de fácil acesso, curto e seu top poderia
ser usado na praia. Nesses shorts jeans abraçando o quadril, era
possível ver as laterais de sua tanga preta e ela fez questão de
curvar-se o suficiente para chamar a atenção dos caras ao meu
redor.

Eu a empurrei para longe de mim e dei uma risada


enquanto tomava um gole do meu copo vermelho.

"Sim, sou eu."


Ela passou o dedo pelo meu abdômen e franziu a testa.
"Fiquei triste quando ouvi sobre o seu braço. Espero que ele fique
melhor logo e você possa usar seus dedos novamente."

Ela estava flertando. Isso era óbvio. Olhei ao redor da


sala procurando por Patience, mas ela não estava em nenhum
lugar.

"Sim, eu espero que em breve," eu disse rapidamente


enquanto fingia não entender o que ela disse.

Ela se aproximou de mim e colocou a mão no meu joelho.

"Então, o que um cara como você está fazendo aqui?" Ela


sussurrou.

Se eu fosse o mesmo cara que eu costumava ser, eu já


teria levado essa menina para a cama mais próxima. É uma
loucura como as coisas mudam.

"Estou aqui com a minha namorada." Levantei-me e fui


embora, mas não antes de ver seus olhos se arregalarem.

Eu andei pela festa toda, à procura da Floco de Neve, sem


sucesso. Fui até a cozinha e peguei outra bebida durante a
passagem. Depois de olhar todo o andar de baixo, eu subi passo a
passo até que eu estava no andar de cima.

O corredor da casa, que pertencia a alguma das meninas


da equipe de Patience, era muito apertado e eu não tinha certeza
se eram os analgésicos misturados com erva e cerveja, mas meu
ombro batia o tempo todo na parede enquanto eu caminhava pelo
corredor cheio de pessoas. Topei com um casal que estava se
pegando contra a parede e me virei rapidamente para cair fora
daquele pequeno espaço. A Patience não estaria aqui onde todo
mundo estava se pegando e fazendo merda.

Eu estava quase alcançando as escadas quando a porta


do outro lado foi aberta. Tudo parou ao meu redor quando
Patience saiu acompanhada por um cara alto e desengonçado. Ele
parecia um rato sujo e o jeito que ele olhou ela da cabeça aos pés,
fez meu sangue ferver. Ele segurou a mão dela na dele com um
sorriso. Ele estava dizendo algo para ela, mas eu não podia ouvi-
los de onde eu estava.

Ela sorriu para ele em reposta e murmurou: "Obrigada."


Sem sequer me ver, ela desceu as escadas para o primeiro andar.
O cara olhou ao redor do corredor e, em seguida, voltou para o
quarto, fechando a porta atrás de si.

Imagens minhas derrubando a porta e o arrancando do


quarto passaram pela minha mente. Eu praticamente podia sentir
meu punho contra o rosto dele, e com a minha habilidade, eu
poderia fazer alguns danos sérios, danos permanentes.

De jeito nenhum isso tinha acabado de acontecer. Ela


não iria me trair, mas é certo como uma porra que parecia isso.
Meu sangue ferveu e minha visão ficou embaçada. Eu queria tirar
a porta fora e arrancar a vida do filho da puta. Em vez disso, desci
as escadas de dois em dois degraus até que eu estava no piso
inferior novamente. Senti-me como um homem louco. Eu queria
saber o que diabos estava acontecendo e eu queria saber agora
mesmo.

Eu procurei pelo piso inferior novamente, e de novo ela


estava longe de ser encontrada. Eu andei pela casa como um
animal selvagem em busca de sua presa. Na última sala, encontrei
sua amiga Hope conversando com um grupo de rapazes perto da
porta da frente. Puxando-a para o lado, eu não disse nada, e
quando eu percebi o quão duro os meus dedos estavam cavando
em seu braço, eu aliviei um pouco a pressão.

"Cara! Que porra é essa? Você é sempre tão rude?" Ela


arrancou meus dedos de seu braço.

"Sempre. Você viu a Patience?" Eu olhei ao redor da sala


de novo.

"Sim. Ela foi lá para fora. Eu acho que ela estava


procurando por você."

Eu nem sequer disse obrigado. Em vez disso, fui direto


para a porta da frente. Fiz meu caminho pela grama molhada do
jardim da frente até minhas botas afundaram nela, fazendo
barulhos altos de splash. Eu estava do outro lado do quintal
quando a vi encostada em seu carro. O tempo parecia passar
lentamente enquanto eu fiz o meu caminho até ela.

"Onde você esteve? Eu estava procurando por você." Ela


sorriu inocentemente.

Ela estava longe de ser inocente. Eu sabia disso agora.


Ela poderia aplicar esse truque de ingênua em algum outro idiota,
porque eu não ia cair mais nessa. Ela foi a melhor jogadora. Quer
dizer, ela tinha que ser; até eu caí em sua mentira. Talvez ela
realmente fosse uma garota doce e inocente quando eu a conheci,
mas agora já não era o caso. Eu era o único que conseguiu chegar
até ela e agora os outros desgraçados estavam se aproveitando
desse fato.

"É engraçado. Eu estava procurando por você, também,"


eu disse sem rodeios.
Seu sorriso se dissipou. "O que há de errado?"

Esta merda estava chegando muito rápido. Eu não me


incomodei em tentar jogar com ela. Fui direto para a matança.

"Eu vi você sair do quarto com aquele cara. Eu nunca


pensei em você como uma vagabunda traidora, mas eu acho que
eu tenho permissão para estar errado às vezes."

Meu rosto virou quando sua pequena palma se chocou


contra ele. Meu rosto ardia e ficou rígido. Era bom ser atingido. Já
tinha um tempo que alguém tinha me dado um tapa, e o babaca
doente dentro de mim se agitou com prazer. Estava na ponta da
língua lhe pedir para fazer novamente.

"Nunca mais me chame assim de novo," disse ela com


firmeza.

Chamá-la de vagabunda era errado, mas eu estava com


raiva e meus sentimentos foram feridos.

"Eu chamo-a como eu a vejo, querida."

"Você entendeu errado." Ela bufou.

"Oh, ok. Então, eu não vi você saindo de um quarto no


segundo andar com algum filho da puta? Droga, eu devo estar
alucinando. Eu não fazia ideia. Talvez alguém batizou a minha
bebida. Talvez eu devesse rastejar até o banheiro mais próximo e
orar para alguém vir me salvar. Talvez eu fizesse esse idiota se
apaixonar por mim assim eu poderia foder com ele."

Eu estava sendo um idiota total e eu não me importei. A


ideia de ela estar com outro cara doía, e como um cão ferido, eu
estava mordendo. Eu queria gritar e bater em alguma coisa. Eu
queria arrancar algo e fazer em pedaços e fazer qualquer um se
sentir tão mau como eu estava me sentindo naquele momento.

"Não é o que você pensa," disse ela com um olhar de


pânico.

"Então, por favor, me esclareça. Que outra razão existe


para um cara e uma garota se trancarem num quarto no andar de
cima. Não espera! Eu sei! Você estava mostrando sua zona de
ataque? Deixe-me perguntar uma coisa, Patience." Eu disse o
nome dela com nojo. "Você o deixou marcar um ponto, baby?"

Mais uma vez, ela me deu um tapa, e eu quase implorei


para ela me bater novamente. Eu queria sentir a dor física para
que a dor dentro do meu coração não fosse tão ruim. Eu queria
alguma coisa, não importa o que, para entrar e levar tudo isso ir
embora.

Em vez de ficar lá discutindo, eu me virei e fui embora.


Eu não tinha por que levar essa merda adiante, e se eu ficasse lá
por mais tempo, eu iria lá para cima e mataria aquele idiota com
minhas próprias mãos. Eu poderia estar na Califórnia fodendo
uma estranha garota para quem eu não daria a mínima. Eu
poderia estar fumando a melhor erva que eu poderia encontrar até
que meu rosto ficasse dormente. Mas eu não estava fazendo nada
disso.

Eu estava na Flórida, sendo o melhor namorado para


uma menina que tinha estado obviamente fodendo com outra
pessoa. Mudei a minha vida em torno dela para que eu pudesse
ser todo domesticado e acabar discutindo no meio de uma festa
como um cara casado. Foda-se. Se ela quisesse abrir as pernas
para cada pau da Flórida, eu não dava mais a mínima.
Treze

`;Fr
Patience
Eu sentei no meu sofá e assisti o sol nascer. Ele iluminou
o velho muro de tijolos expostos, espalhando pequenas sombras
dançantes enquanto os pássaros e os galhos das árvores se
movimentavam do lado de fora da minha janela.

Eu ainda não tinha ouvido falar de Zeke e eu temia que


ele tivesse saltado para um voo de volta para a Califórnia. Eu não
podia vê-lo sair assim, mas, novamente, ele nunca tinha estado
tão chateado comigo.

Liguei para o telefone dele tantas vezes que ele começou a


ir direto para a caixa postal e havia dezessete mensagens de texto
sem resposta. A maioria delas era eu tentando chegar a algum
tipo de explicação para o que ele tinha visto. Eu não podia dizer a
ele que eu estava me encontrando com um traficante. Eu ainda
tinha a maior parte do Xanax que Hope pegou para mim, mas o
meu medo de ficar sem, fez eu me encontrar com Phillip, o amigo
traficante de Hope, e comprar mais por precaução.
Phillip era um cara legal e ele tinha uma namorada, mas
isso não o impediu de flertar comigo inofensivamente. Não foi
nada sério, nada que eu não pudesse lidar. Se isso significava
conseguir o que eu precisava para que eu pudesse fingir estar
bem, então eu faria o que eu tinha que ser feito.

Eu estava dividida. Parte de mim estava chateada que


Zeke não confiava em mim, mas a parte de mim que compreende,
a parte que sabia de onde Zeke veio, entendeu. Em seu mundo,
uma menina que ia para um quarto, sozinha com um cara
significava algo sexual. Mas eu estava naquele quarto, sozinha
com Phillip, para um pecado totalmente diferente.

Depois de olhar para a parede iluminada, por uma


quantia obscena de tempo, eu finalmente decidi me levantar e
desempacotar minhas coisas da Califórnia. Separei todas as
roupas sujas e coloquei tudo em seu lugar. Então eu enfiei todas
as malas de Zeke no armário. Eu teria desempacotado também,
mas uma vozinha no fundo da minha cabeça me dizia que, em
breve, eu estaria pagando para enviá-las para a Califórnia.

Achei o estojo da guitarra que eu o comprei debaixo de


tudo. Colocando o pesado estojo na cama, eu abri-o e peguei a
guitarra. Parecia exatamente o mesmo, exceto que ele tinha
adicionado flocos de neve aleatórios com caneta permanente por
toda sua extensão. Eu corri um dedo ao longo das linhas
irregulares do símbolo que ele me deu.

Eu sorri para mim mesma e abracei forte a guitarra. Ele


ia voltar para esta guitarra. De jeito nenhum ele iria se sentir bem
comigo enviando ela para a Califórnia, quando não havia como
saber o que poderia acontecer com ela. Enquanto eu tivesse a
preciosa guitarra, eu estava certa que o veria de novo.

Eu ajustei o grande instrumento em meus braços do jeito


que ele me ensinou tantos meses atrás e passei os dedos sobre as
cordas. Suaves sons sem melodia vibraram e fizeram a guitarra
roncar um pouco em meus braços. Enquanto eu corria os dedos
inexperientes por ela, fechei os olhos e pensei sobre o passado. Eu
voltei ao tempo em que Zeke tinha tentado me ensinar a tocar.

As coisas também estavam bagunçadas nessa ocasião, do


modo como parecem estar agora, as coisas nunca iam ser
perfeitas para mim e Zeke. Eu não quero perdê-lo, contudo
parecia que nunca estaríamos juntos e felizes. Havia uma pequena
nuvem negra que nos seguia e nos atingia com relâmpagos cada
vez que as coisas pareciam ir bem. De jeito nenhum outros casais
têm que lidar com tanto drama. Outros casais não parecem
esforçar-se tanto como nós fazemos. Não era justo. Não
merecemos o mesmo como todos os outros?

Eu estava preparada para lutar por Zeke. Eu tive que


lutar para ficar com ele, quase desde o início, mas Zeke estava no
mesmo lugar que eu em nosso relacionamento? Ele sempre lutou
por mim, mas vendo-o se afastar de mim tão facilmente na noite
anterior, me fez pensar que não tinha restado nenhuma luta nele.

Era de se esperar. Ele tinha lutado durante toda a sua


vida. Eu não podia culpá-lo se ele dissesse dane-se e se afastasse
permanentemente. Eu sempre pensei que Zeke faria tudo melhor.
Uma vez que eu o encontrei novamente, eu esperava melhorar e
correr direto para uma existência perfeita com ele, mas isso não
foi o que aconteceu. Em vez disso, os ataques de pânico
começaram e os pesadelos continuaram. Ele já não era o que eu
precisava, era o que eu queria.

Era uma droga que eu tinha percebido isso – agora que


ele foi embora, pensando com certeza que eu fiz sexo com algum
traficante estranho em uma festa. Precisar e querer eram duas
coisas diferentes. Eu precisava de ar, sol, comida e água para
sobreviver, mas eu queria que Zeke estivesse lá para fazer essa
sobrevivência valer à pena. A vida não era, obviamente, toda
corações e rosas – eu sabia disso mais que a maioria – mas ele fez
com que as coisas fossem mais fáceis de lidar.

Eu continuei mexendo com sua guitarra, verificando meu


telefone a cada poucos minutos. Ele ainda não tinha respondido
ou ligado. Eu tinha dito a ele a única coisa que eu consegui
pensar, que Hope tinha uma queda por Phillip e eu estava falando
com ele por ela. Foi juvenil, mas foi rápido. Eu precisava de um
motivo, que não fosse a compra de medicamentos, para estar
naquele quarto.

Eu me perdi no momento, tocando coisas aleatórias que


soaram bem para os meus próprios ouvidos e verificando meu
telefone. A luz do sol que era tão brilhante, já tinha começado a
escurecer. Eu não podia me obrigar a olhar para o relógio, porque
eu sabia que só iria me preocupar mais.

"Eu espero que você não deixe sempre a porta da frente


destrancada assim." Sua voz me assustou e eu quase derrubei sua
guitarra.

Seus olhos se lançaram para o instrumento em meus


braços e depois de volta para o meu rosto. Inexpressivo, ele estava
completamente bloqueado de mim – um desconhecido em pé na
minha frente, irritado, fechado, e frio. Eu não gostava de vê-lo
dessa forma. Eu o queria quente e aberto, aceitando-me e toda a
minha loucura, do jeito que ele sempre fez.

"Eu costumo trancar. Onde você esteve? Você recebeu


algumas das minhas mensagens?"

Ele ignorou minhas perguntas e foi direto para os seus


analgésicos. Destampando o frasco, ele tomou dois sem beber
nada. Ele provavelmente tinha passado a noite com dor em
alguma esquina. Que eu saiba, ele não conhecia ninguém na
Flórida. Eu me senti horrível só de pensar nele estando com dor e
sozinho.

"Eu sinto muito," eu disse enquanto olhava para ele com


olhos tristes.

E eu sentia muito. Sentia por ele estar magoado. Eu me


sentia como merda porque eu lhe causei mais dor. Pensamentos
dele perdido pela Florida, sozinho, fizeram-me sentir ainda pior.
Eu só queria tirar tudo. Eu queria voltar no tempo e fazer tudo
melhor.

Então a coisa mais louca aconteceu. Ele se aproximou e


se ergueu sobre mim. Seu cabelo escuro caiu em seus olhos e o
restante do sol refletiu em seu piercing no lábio. Ele colocou o
cabelo que escapou do meu rabo de cavalo atrás da minha orelha
com a mão boa e depois passou o polegar em meu lábio inferior.

“Não. Eu sinto muito.” Ele balançou a cabeça. "Eu não


deveria ter enlouquecido daquele jeito e te chamado de um nome
tão horrível. Isso não é quem você é, e eu desejo retirar tudo que
disse. Eu deveria confiar em você, não importa o quê. Minha única
desculpa é que eu fiquei temporariamente insano com
pensamentos de outra pessoa tocando em você. Eu não posso
lidar com isso. Não importa quem seja. Eu fico com esta veia
protetora selvagem que corre por mim e me faz querer matar quem
quer que seja. Eu fui embora porque eu estava pensando
seriamente em matá-lo. Por favor, perdoe-me por não confiar em
você. Você nunca me deu nenhuma razão para não confiar. Você é
uma menina honesta. Eu deveria te conhecer melhor."

Eu estava em choque e eu me senti ainda pior porque eu


tinha sido desonesta com ele. Eu deveria ter aproveitado aquele
momento pelo o que ele era – a oportunidade perfeita para
confessar tudo e começar de novo com Zeke – mas eu não podia.
Minha boca formou as palavras, mas eu não pude forçá-las
através da minha língua. Eu apenas sentei lá e olhei para ele
como uma idiota.

Ele sentou-se ao meu lado e deu um sorriso culpado.


"Você me perdoa?"

Eu queria gritar. Era errado. Ele não devia estar se


sentindo um lixo; eu devia. Estendendo a mão e empurrando o
cabelo de seus olhos, eu me inclinei e o beijei. Não faria tudo
melhor, mas me fez sentir melhor.

"Vamos esquecer isso, ok?" Eu disse.

Eu queria esquecer, porque, tecnicamente, eu era a única


errada. Não, ele não deveria ter surtado assim, e não, ele não
deveria ter me chamado de prostituta, mas, pelo menos, suas
reações eram honestas. Enquanto isso, tudo que eu conseguia
pensar eram nas mentiras que eu disse a ele. Eu estava sendo
desonesta e me senti horrível.
Toda a emoção e drama começaram a cobrar um preço
em mim. Meu coração disparou e eu comecei a me sentir tonta.
Um ataque de pânico estava chegando. Eles vinham nos
momentos mais inconvenientes, mas pelo menos eu tinha algum
tipo de controle sobre a possibilidade de deixar ou não isso
acontecer.

"Eu já volto," eu disse, ficando em pé e indo para o


banheiro.

Eu tranquei a porta atrás de mim e alcancei o topo do


armário de remédios, onde eu escondi alguns Xanax num
saquinho de sanduíche. Eu nem sequer me incomodei em engolir
a pílula. Em vez disso, eu enfiei debaixo da língua e deixe derreter.
Pareceu funcionar mais rápido dessa forma, mesmo que o gosto
fosse amargo e repugnante.

Eu estava no banheiro, olhando-me no espelho, até que


senti os tremores e ansiedade se derreterem. Eu odiava isso. Eu
nunca quis ser assim, mas nada do que eu fizesse me fazia sentir
melhor. A melhor coisa que eu podia fazer era voltar para Dra.
Jenson e descobrir o que diabos havia de errado comigo, mas eu
parei de ir quando eu fui para a Califórnia, e eu não tinha tentado
remarcar. Não tinha sido realmente necessário. Eu tinha que ser
honesta com ela, também, se eu quisesse realmente melhorar,
mas ser honesta com ela poderia significar um tempo na prisão.
Eu entendi que o que eu estava fazendo era ilegal, mas eu poderia
ter feito pior. Eu tinha feito pior.

Zeke estava sentado na cama, segurando sua guitarra,


quando eu saí do banheiro. O sol tinha desaparecido
completamente e as sombras escuras tinham substituído todos os
lugares ensolarados.

"Tudo bem?" Ele olhou para cima com uma expressão


doce e compreensiva.

E então eu olhei para ele, sorri e disse outra mentira.

"Tudo perfeito."

Passamos a próxima hora tocando sua guitarra juntos.


Ele colocava os dedos sobre as cordas e eu dedilhava. Foi um
momento inocente. Eu precisava de mais desses. Momentos em
que pudéssemos afastar tudo e ficarmos juntos.

Não muito tempo depois, adormecemos um nos braços do


outro.

Mais tarde, eu descobri que Zeke tinha passado a noite


com a tia Sarah e Sydney. Aparentemente, eles passaram o resto
da noite jogando cartas, após Zeke dizer a elas que nós
precisávamos de um tempo. Fiquei aliviada ao descobrir que ele
não esteve em uma esquina qualquer. Em vez disso, ele tinha
dormido no sofá da tia Sarah.

Era bom saber que ele e minha família estavam se dando


tão bem. Todos os três significavam muito para mim e aqueceu
meu coração quando Sydney quis me dizer o quanto ela adorava
Zeke e vice-versa.

As próximas semanas se passaram sem problemas. Fui a


todas as minhas aulas e treinos, enquanto Zeke se perdia pelo
campus ou saía do apartamento. Ele parecia estar bem com isso.
De vez em quando, pegávamos o jantar no restaurante
chinês mais próximo ou assistíamos a um filme. Às vezes, íamos a
uma festa com alguns amigos que eu tinha conseguido fazer no
futebol. Algumas vezes as pessoas se aproximavam dele para pedir
um autógrafo e pegar uma assinatura irregular da mão esquerda.
Fomos lentamente nos tornando conhecidos em todo o campus.
Eles começaram a se referir a nós como as estrelas – eu sendo a
estrela do futebol e Zeke sendo a estrela do rock. Nós apenas
ríamos disso.

Nesse pouco tempo, meus problemas de ansiedade foram


lentamente indo embora, mas poderia ter mais a ver com o fato de
que eu já estava tomando as pílulas todas as manhãs. Se eu as
tomasse antes de precisar delas, então eu nunca precisaria. Essa
foi a minha maneira de pensar. Era um problema caro, mas valia
à pena se ele me mantinha sã.

"Eu juro, se a treinadora nos fizer correr mais uma volta


em torno dessa porra de campo, eu vou sufocá-la com aquele
maldito apito," disse Hope enquanto ela colocava seu cesto de
batatas fritas e sua bolsa em cima da mesa na minha frente e na
de Zeke.

Eu raramente almoço no pequeno café na esquina da


escola, mas nos dias que eu faço, Zeke vem e come comigo.

Era um lugar encantador, onde você pode obter um


hambúrguer e batatas fritas ou uma refeição caseira quando
estivesse cansado de algo rápido. Era pequeno e convidativo e a
senhora que era proprietária sempre tinha um sorriso no rosto.

"Diga-me sobre isso. Acho que ela está tentando nos


matar," eu disse quando mergulhei minha batata frita na pilha de
ketchup na cesta vazia de Zeke.

"Oh, olha quem está aqui. O esquisito," disse Hope,


referindo-se a Zeke.

Eles tinham uma relação de amor e ódio. Ambos amavam


se odiar.

Ouvi-los sarcasticamente se rebaixando pode ser


divertido, mas às vezes pode ser extremamente desprezível. Eu
tenho que entrar em cena de vez em quando, mas acho que Zeke
sente falta da conversa afiada com os meninos e Hope sente falta
disso com seus três irmãos mais velhos.

Eu tive o prazer de conhecer seus irmãos anteriormente.


Eles eram grandes, cruéis, e tinham uma resposta espertinha
para tudo o que saía da boca de qualquer pessoa. Desnecessário
dizer que, graças a eles, Hope estava no mesmo nível que Zeke
quando se tratava de jogo de palavras.

"Ah, olha, Floco de Neve, é aquele cara da sua aula. Qual


é o seu nome mesmo, cara?" Zeke rebateu.

Ela jogou uma batata frita nele, e seu rosto ficou


vermelho. "Foda-se você, idiota."

"Eu não jogo nesse time, cara, mas obrigado pela oferta."

"Que seja. Ok, garota, eu vou vê-la no campo mais tarde."


Hope apanhou suas batatas fritas e pegou sua bolsa. "Zeke, como
sempre, foi um prazer. Ah, e por falar nisso, você é um idiota."

"Bem, considerando que eu tenho um pau, isso faz


sentido. Devo apontar o que você tem e o que você está sendo?"
Ela jogou sua bolsa em suas costas e saiu.

"Ok, boa conversa, Hope. Vejo você na próxima terça!" Ele


gritou através do lugar depois dela.

"Oh meu Deus, você não apenas a chamou d-"

"Eu a chamo como eu vejo, baby." Ele jogou o braço em


volta dos meus ombros e sorriu enquanto levava a garrafa de água
aos lábios.

"Sim, mas eu acho que você pode ter machucado os


sentimentos dela, dessa vez." Eu fiz uma careta.

"Baby, confie em mim, ela adora."

Assim que ele disse essas palavras, eu olhei para a porta


da frente e vi Hope prestes a sair. Ela virou para nós, mostrou o
dedo para Zeke, e depois, brincando, mostrou a língua para ele.
Uma vez que ela estava fora, ela estava sorrindo e rindo com outra
de nossas companheiras de equipe.

"Está vendo? Eu disse que ela adora. Ela é chata, mas eu


gosto dela." Ele empurrou meu ombro com o seu e me beijou na
bochecha.

Era bom ver ele e Hope se dando bem, mesmo que de


uma forma distorcida.

Nós estávamos sentados no café por um pouco mais de


tempo do que o habitual, quando uma enorme multidão de
estudantes entrou. O chefe de bombeiros teria tido um ataque
cardíaco se tivesse visto a quantidade de pessoas que se
amontoava no pequeno espaço. As paredes excessivamente
decoradas estavam cobertas com pessoas em pé, conversando e
comendo.

O som das cadeiras de ferro sendo arrastadas pelo chão


encheu a sala, enquanto as mesas a nossa volta ficaram lotadas.
Havia um grupo de meninas que bloqueava a porta, conversando e
rindo, o que fez me sentir presa. Tudo na sala se intensificou com
a minha ansiedade.

Zeke estava ocupado conversando com a garçonete sobre


a conta e tudo que eu queria fazer era correr para o ar fresco.
Estendi a mão e peguei a mão dele, mas ele interpretou mal o meu
movimento e entrelaçou nossos dedos. Eu queria gritar, mas eu
não conseguia obter oxigênio suficiente e minha boca estava seca
demais para formar palavras.

Eu apertei os dedos e ele sorriu para mim antes de se


voltar para a garçonete. Ele largou minha mão para puxar a
carteira do bolso de trás. Em seguida, o espaço ficou ainda menor
quando uma multidão de pessoas cercou nossa mesa.

"Você é Zeke Mitchell do Blow Hole, certo?" Uma morena


baixinha perguntou.

Eu ouvi Zeke responder e então guardanapos foram


jogados sobre a mesa para que ele assinasse. Zeke estava rindo e
assinava com a mão esquerda quando entrei no modo de pânico
total. As pessoas ao nosso redor estavam rindo demais e falando
demais. Elas estavam sugando todo o oxigênio disponível quando
eu precisava dele.

Completamente no meu ponto de ebulição, eu pulei da


minha cadeira. Ela voou atrás de mim e caiu de costas com um
grande estrondo. A conversa parou e todos os olhos se voltaram
para mim. Sem me importar em olhar de volta para Zeke, eu
escapei daquele ambiente e empurrei duas meninas para fora do
meu caminho enquanto corria para a porta da frente.

Eu tinha deixado minha bolsa em casa, o que significava


que os meus calmantes não eram uma opção, e eu não tinha
outra maneira de parar o pânico que subia pela minha espinha e
fazia minha cabeça se sentir pesada e confusa. Então, ao invés de
parar do lado de fora do café, eu continuei correndo. Corri até
meus pulmões queimarem.

O mundo à minha volta me fez sentir fora de equilíbrio


enquanto vertigens se espalhavam pelo meu cérebro. Minhas
pernas doíam enquanto meu tênis agarrava o asfalto embaixo de
mim e me empurrava para frente. Eu não tinha certeza de quanto
tempo eu corri, mas num ponto eu comecei a me preocupar que
minhas pernas simplesmente parassem de funcionar.

Comecei a me sentir melhor quando os borrões em torno


de mim começaram aparecer familiar. Quando o cheiro de café
fresco invadiu meus sentidos, eu parei do lado de fora do meu
apartamento e me inclinei para sugar ar, tanto quanto eu podia.
Meus dedos cravaram em meus joelhos e pontos pretos pairavam
diante de meus olhos.

Ouvi um carro parar e então ouvi Zeke chamar meu


nome, mas eu o ignorei. Afastei-me do meu nome e subi as
escadas correndo. Tão rápido quanto podia, eu abri minha porta e
corri para o meu banheiro.

Trancando a porta do banheiro atrás de mim, eu fui para


a parte superior do armário de remédios. Minhas unhas
arranhavam o metal branco desbotado, me fazendo estremecer.
Tão rápido quanto eu pude, esvaziei a última pílula do saquinho
de sanduíche na minha mão e joguei-a na minha boca, sob a
minha língua. Um gosto amargo invadiu a minha boca, fazendo a
minha mandíbula travar.

Caindo no piso de cerâmica, eu balancei para frente e


para trás até que eu pude sentir o relaxamento se espalhar pelos
meus braços e pernas. Finalmente, o nevoeiro se dissipou, eu
respirei fundo, e os tremores pararam. Foi então que eu notei Zeke
batendo na porta e chamando meu nome em pânico.

"Sinto muito, baby. Eu não sei o que eu fiz, mas, por


favor, abra a porta." A porta sacudiu sobre as dobradiças. "Floco
de Neve, deixe-me entrar. Vamos falar sobre o que quer que seja."

Levantei-me do chão e abri a porta. Ele estava lá,


segurando o braço contra o peito, o suor se formando em sua
testa. Seus olhos castanho-escuros me fitaram da cabeça aos pés
e as sobrancelhas se apertaram em confusão.

"O que está acontecendo? O que eu fiz?" Ele se


impulsionou para dentro do pequeno espaço e me puxou para ele.

"Nada, baby. Eu só tinha muito que fazer xixi."

Eu estava ficando cada vez melhor nessas mentiras


brancas rápidas. Era uma coisa ruim para ser boa, mas
funcionava.

Ele olhou para mim como se eu fosse louca, então


colocou uma mecha do cabelo suado atrás da minha orelha. Seus
olhos percorriam meu rosto e fizeram me sentir nervosa.

"Você correu até aqui, todo o caminho do café, que tem


um banheiro, apenas para usar o banheiro?"
Eu gaguejei um pouco e, em seguida, sorri docemente
para ele do jeito que eu sabia que ele gostava.

"Havia muitas pessoas lá. Viu a fila para o banheiro? Eu


estava tentando chamar sua atenção, mas você estava
conversando com a garçonete e eu não podia esperar mais.
Desculpe-me se eu te apavorei."

Eu me esgueirei por ele e entrei na cozinha para pegar


uma garrafa de água. O sabor amargo da pílula se solidificou na
minha língua e me fez sentir um pouco mal do estômago.

Ele me seguiu e colocou os braços em volta de mim por


trás. Esfregando minha barriga, ele me inalou e deu um pequeno
beijo na parte de trás do meu pescoço.

"Não se preocupe, baby."

Eu faltei no treino naquela tarde e passamos o resto da


noite assistindo filmes e fazendo lição de casa juntos. Zeke era
realmente muito, muito bom com números, por isso ele fez a
maior parte do meu trabalho de probabilidade e estatística. Eu
nunca estive tão grata por tê-lo perto de mim.

Eu estava tendo algumas aulas bem difíceis desde que eu


finalmente mudei o meu estado, de indecisa para especialização
em psicologia. Quanto mais eu pesquisava coisas sobre meus
problemas mentais, mais eu gostava de ler sobre os diferentes
tipos de fobias e medicamentos. Se alguém sabia sobre ser uma
bagunça na cabeça, essa era eu.

No dia seguinte, eu perdi minha primeira aula para ir


com ele a sua primeira consulta na fisioterapia. Ele finalmente
teve o gesso removido e foi capaz de mexer os dedos, mas eu podia
dizer pelo olhar em seu rosto que isso ainda era doloroso.

"Ok, Sr. Mitchell, eu vou vê-lo na próxima semana.


Aproveite o seu fim de semana, mas pegue leve com a mão. Só
porque o gesso se foi não significa que você deva fazer alguma
coisa muito insana".

"Entendi, doutor. Sem brigas ou brincadeiras." Zeke


piscou para mim.

Depois de pegar uma nova prescrição de analgésicos e


pagar a conta, nós tínhamos acabado.

"Eu não posso esperar para colocar as mãos na minha


guitarra," disse ele com um grande sorriso enquanto segurava a
porta aberta para mim. "Mas primeiro eu quero ocupar minhas
mãos com isso." Ele me puxou para os seus braços e agarrou
minha bunda.

Eu bati na sua mão boa, e minha risada nos atraiu mais


atenção.

"Isso soa muito bem, mas em primeiro lugar, eu tenho


aula."

Ele me levou para a aula e eu o beijei suavemente nos


lábios. Seus dedos cravaram em meu cabelo enquanto ele me
puxava para mais perto.

"Eu nunca me canso de você," ele sussurrou contra os


meus lábios.

"Bom," eu disse enquanto abria a porta do passageiro.

"Eu vou estar aqui às três para buscá-la."

"Vejo você depois."


Eu fechei a porta atrás de mim e, em seguida, inclinei-me
para olhar para ele através do vidro. Beijando meus dedos, eu
soprei-lhe um beijo pela janela. Ele alegremente fingiu pegá-lo e
colocá-lo contra a sua boca. Eu sorri. Normalmente, quando eu
faço isso, ele o pega e agarra sua virilha fazendo uma piada.

Antes de colocar o carro no sentido inverso, ele


pronunciou a palavra "sempre" para mim. Eu só podia esperar que
durasse para sempre. Eu o queria para sempre, e eu tinha certeza
que ele sentia o mesmo, mas o medo de que ele descobrisse sobre
minhas mentiras pesava no meu coração.
Catorze

`;Fr
Zeke
Eu não tinha certeza de quando tinha me tornado um
monstro ciumento, mas parecia que tudo que eu podia pensar era
no meu Floco de Neve me deixando por outra pessoa.

Provavelmente tinha a ver com o fato de que, não importa


o que ela dissesse, eu sempre sentia que ela estava escondendo
algo de mim. Era esse instinto que todo mundo sempre diz que
você nunca deve ignorar. Eu fiquei tranquilo que ela nunca faria
algo assim. Ela não era mentalmente capaz. Ela ainda tinha
problemas com qualquer um, que não fosse Sydney ou eu,
tocando-a, mas alguma merda estranha tinha acontecido.

O único momento em que ela estava bem com o contato


físico era no campo de futebol e mesmo assim ela mal deixava ser
tocada. Eu mantive esse argumento interno forte em minha
mente, mas o filho da puta perverso, na parte de trás da minha
cabeça, ficava me lembrando que Patience tinha me permitido
entrar no seu mundo. Por que ela não concederia esse luxo a
alguém mais? Por que ela não permitiria a alguém mais digno?
Eu me mantive ocupado enquanto ela estava na aula. Eu
me tornei sua vadia de casa até que eu pudesse colocar a minha
bunda de volta ao trabalho, eu estava totalmente bem com isso.
Eu me certificava de que a casa estava abastecida com
mantimentos e cozinhava algo novo a cada noite. Eu não podia
acreditar o quanto eu realmente gostava de cozinhar. Eu sempre
colocava a roupa para lavar e o apartamento estava sempre limpo.
Quanto menos ela tivesse que se preocupar com a casa, melhor.

Ela não sabia, mas eu até mesmo comecei a pagar suas


contas. Ela estava muito ocupada com a escola e com o futebol
para perceber que ela não estava recebendo avisos de atraso, e eu
não disse nada. Era o mínimo que eu podia fazer, e eu meio que
gostava de tomar conta dela. Pela primeira vez na minha vida, eu
podia ver um futuro real com Patience. Um cheio de anéis e bebês,
coisas que nunca passaram pela minha cabeça antes.

O pensamento de fazer Patience minha, em todos os


sentidos, me deu uma sensação de satisfação que eu nunca
pensei que a palavra casamento me daria. Mas esses pensamentos
eram para o futuro – numa época em que eu estivesse de volta à
banda e ela tivesse terminado a escola.

Encostei o carro no meio fio do estacionamento do lado


de fora da última aula de Patience e esperei até a hora dela sair.
Eu deitei no meu banco e ouvi o rádio. Estava começando a ficar
nublado, e eu esperava que começasse uma tempestade em breve.
Eu não queria que ela tivesse que atravessar o estacionamento na
chuva, então eu mudei o carro para mais perto do prédio. Ela teria
dificuldade em me ver aqui, mas eu podia parar perto dela e pegá-
la, uma vez que eu a visse sair.
A chuva veio rápida e logo havia tanta água descendo
pelas janelas que tudo do lado de fora estava embaçado. Árvores
balançavam com vento enquanto as pessoas corriam para os seus
carros e procuravam por um abrigo.

Não muito tempo depois, eu vi seus cabelos platinados


saltando para fora da porta do prédio. Eu acionei o carro para
estacionar mais perto para buscá-la, quando o cara alto da festa
correu até ela com o seu guarda-chuva. Ela se encolheu sob o
guarda-chuva dele e ele pegou a sua mão. Eles começaram a
conversar e vi sua cabeça ir para trás enquanto ela ria de algo que
ele disse.

Eu quase coloquei o carro em movimento e o atropelei. Se


não fosse machucar Patience também, eu juro que teria feito. Ele
esteve ali, ao lado dela, por mais alguns segundos e, em seguida,
virou-se e foi embora enquanto eu parava ao lado da calçada.

Ela não perdeu tempo pulando no banco do passageiro.

"Oh meu Deus, eu estou encharcada!" Ela riu e tirou


suas roupas.

"Eu aposto que você está. É isso que ele faz com você?"
Eu saí do estacionamento e desci correndo a rua para o
apartamento.

O que havia no filho da puta que eu não gostava? Eu


nunca tinha falado com ele um dia na minha vida, contudo, havia
algo que eu podia sentir que me avisava que ele não era um bom
rapaz. Eu não queria que Patience estivesse perto de alguém que
era ruim. Bem, ninguém além de mim.

"Por favor, não comece com isso, Zeke. Eu lhe disse


antes, estou tentando juntar ele e Hope." Ela suspirou com
irritação.

"Então por que ele está te tocando? Eu o vi pegar sua


mão e você não se afastou. Eu não gosto de ver outros caras te
tocando."

Eu odiava. Isso me fez sentir como se todos os meus


ossos estivessem quebrando de uma vez, e eu queria arrancar a
mão dele e alimentá-lo com ela.

"Ele apertou minha mão. Não foi um grande negócio.


Você tem que parar de se preocupar com isso, Zeke. Eu não vou a
lugar nenhum. Estou com você. Você é a única pessoa autorizada
a me tocar. Eu prometo. Você tem que começar a confiar em mim.
Até que eu te dê uma razão para não fazer, eu mereço essa
confiança."

Parecia que ela estava prestes a chorar, e eu estava tão


confuso mentalmente que eu não sabia o que fazer. Eu ouvi o que
ela estava me dizendo, mas eu também sabia o que meu instinto
estava dizendo. Os dois estavam em total desacordo um com o
outro. Eu não conseguia afastar a sensação de que ela estava
escondendo alguma coisa e tudo o que isso fez foi despertar o meu
ciúme.

Eu reduzi a velocidade e ela estendeu a mão e agarrou a


minha, dando-lhe um aperto. Eu me senti como um idiota. Eu
sabia que por dentro Patience estava escondendo alguma coisa,
mas eu seria o bobo para ela. E se por acaso eu descobrisse mais
tarde que ela estava fazendo alguma coisa com aquele grande
pedaço de merda que eu continuava vendo com ela, eu o mataria.
Fim da história.
No fim de semana seguinte, Patience e eu nos
encontramos com Hope e alguns de seus amigos para sairmos
para uma balada. Eu não estava realmente entusiasmado, mas
Patience parecia animada para ir e me pediu para ir com ela. Eu
tinha problemas em dizer não para ela, então eu me sentei no sofá
e esperei enquanto ela se vestia.

Passando pelos canais no grande controle remoto da TV à


cabo, eu me perdi em um programa de reconstrução de carro em
um dos canais masculinos. Atualizar a TV à cabo da Floco de Neve
foi uma das melhores coisas que eu poderia ter feito. Você só pode
ver tanta notícia antes de começar a odiar o mundo ao seu redor.

Eu olhei para cima quando ouvi a porta do quarto sendo


aberta e meu queixo caiu. Ela parecia tão fodidamente sexy que
eu quase fui até ela, joguei-a contra a parede, e enterrei meu pau
nela ali mesmo. Seu cabelo estava solto e ondulado, a parte da
frente jogada para trás, dando uma visão clara de seu lindo rosto.
O pouquinho de maquiagem ao redor dos olhos fez suas íris azuis
aumentar.

Seu pescoço nu deu lugar a um decote profundo. A ideia


de colocar algo bonito em seu pescoço encheu minha mente. Eu
me certificarei de consertar isso, assim que eu estiver sozinho
novamente. Eu nunca tinha realmente comprado joias para uma
garota antes, mas eu tinha feito um monte de coisas com Patience
que eu nunca tinha feito antes. Eu não podia esperar para
conseguir algo especial para ela.
Ela estava com um vestido azul suave que era escasso e
curto. Suas longas pernas bronzeadas estavam lisas e brilhantes,
e seus pés bonitos estavam cobertos de um par de saltos prata de
tiras. Meus olhos a fitaram da cabeça aos pés, e eu não pude
deixar de sentir satisfação em saber que ela era toda minha.

Ela sorriu para mim e conscientemente acariciou seus


cabelos e alisou o vestido.

"Eu pareço bem?"

Bem não era a palavra que eu usaria para descrever o


jeito que ela parecia.

"Não," eu disse simplesmente.

O rosto dela caiu e ela se virou para voltar para o quarto.

"Você está sexy."

Ela fez uma pausa e virou o rosto para mim novamente.

Levantei-me do sofá e fui até ela. Colocando meus braços


ao redor da sua cintura, eu puxei seu corpo perto do meu.

"Eu já estou duro só de olhar para você." Corri meus


dedos em seu pescoço.

Ela estendeu a mão e agarrou meu pau como se ela não


acreditasse em mim. Fechei os olhos com a sensação de sua mão
me envolvendo. Empurrando meu quadril, eu me pressionei
contra a palma da sua mão. Eu a queria. Eu queria puxar esse
vestido até a sua cintura e fodê-la até que ela gritasse meu nome.

Eu comecei a empurrá-la lentamente contra a parede. Ela


sorriu para mim e não me impediu. A dor atravessou minha mão
quando eu a levantei, mas eu ignorei. Ela fechou as pernas em
volta dos meus quadris quando eu comecei a subir o seu vestido.
A calcinha preta que ela usava por baixo me fez endurecer ainda
mais.

"Você me quer?" Eu perguntei enquanto empurrava a


calcinha para o lado e passava o dedo em seu clitóris.

Ela já estava molhada e pronta. Eu adorava que eu tinha


o mesmo efeito sobre ela que ela tinha sobre mim.

"Sim," ela sussurrou contra minha bochecha antes dela


começar a chupar suavemente o meu pescoço.

Eu rapidamente soltei meu cinto e comecei a desabotoar


minha calça jeans. Eu praticamente já podia sentir seu calor me
envolvendo. Eu empurrei minha calça jeans em torno de meus
quadris e fiquei pronto para abaixar as minhas boxers. Tudo
parou quando uma batida forte soou na porta.

"Apressem-se, todos vocês! As meninas estão esperando


no carro, e tem muitas bundas saindo para eu estar de pé aqui
sozinha," Hope chamou através da porta antes de bater mais uma
vez.

"Merda," eu disse enquanto me afastava e deixava que


seus pés tocassem o chão.

Puxei minha calça e me recompus enquanto ela corria


para a porta e deixava Hope entrar.

"Droga, garota! Você está Q-U-E-N-T-E, quente! Zeke, é


melhor você se preparar para ficar de guarda." Hope riu.

"Oh meu Deus, que seja!" Patience riu.

Eu balancei minha cabeça, porque eu sabia que Hope


estava certa. Eu teria que bancar o cão de guarda hoje à noite,
com Patience estando desse jeito e tantos bêbados fodidos com as
mãos ansiosas. Eu não me importava, no entanto. Ela estava linda
e era o meu trabalho protegê-la.

Nós apagamos as luzes e trancamos a porta atrás de nós.


Patience caminhou na minha frente e eu estava encantado com o
balanço de seus quadris e parte de trás das suas coxas. Eu não
queria mais nada a não ser puxá-la de volta para o apartamento e
me enterrar nela o resto da noite.

Hope entrou no carro com Patience e eu, mas isso não


me impediu de tocar a perna dela e deixar minha mão vagar sob
sua saia. Ela também não me parou; em vez disso, ela deslizou no
banco e deixou as pernas abertas. Maldição, ela estava
devastadora. As coisas que ela fazia para mim, fisicamente e
mentalmente, eram alucinantes.

Como eu já imaginava, passei a noite certificando-me que


esses filhos da puta mantivessem suas mãos para si mesmos.
Tirei algumas fotos com as meninas e dancei algumas vezes com
Patience e seus amigos quando o DJ tocou algo diferente do que a
droga de techno fodido.

Eu adorava vê-la rir e sorrir tão livremente. Ela estava


lentamente se curando, e eu estava feliz que eu era uma parte de
seu processo de cura. Ela tinha ficado ao meu lado durante todo o
problema com a minha mão e em algumas semanas eu estaria
liberado pelo fisioterapeuta e eu seria capaz de voltar ao trabalho.
Isto é, se eu mantivesse a minha merda em linha reta e não fizesse
nada estúpido.

Voltar ao trabalho me dava uma mistura de emoções. Eu


estava animado para tocar com os garotos de novo e eu estava
louco para acabar o segundo álbum, mas eu temia deixar Floco de
Neve. Eu não sabia se seria capaz de deixá-la novamente, mas ela
estava tão absorta na escola e no futebol, que não havia nenhuma
maneira que eu poderia sequer pensar em pedir-lhe para vir
comigo.

A boa notícia era que, uma vez que terminado o segundo


álbum, eu poderia voltar para a Flórida para estar com ela até que
estivesse na hora da turnê novamente. Eu faria isso dar certo. Eu
gostaria de encontrar uma maneira de estar com ela sem colocar a
música e a banda em segundo plano. Ela merecia muito mais de
mim, e por mais que eu adorasse tocar, eu a amava mais.

Patience e suas amigas estavam na pista, dançando e


rindo. Ela sorriu para mim enquanto passava as mãos pelo corpo
e balançava os quadris. Eu pisquei para ela e, em seguida, acabei
com a minha cerveja. Voltando-me para o bar, eu pedi uma
cerveja para mim e mais uma rodada para as meninas. Eu paguei
o bartender e coloquei o troco num frasco pequeno no bar.

Quando eu virei, as meninas ainda estavam dançando,


mas Patience não estava lá. Olhei em volta do clube para
encontrá-la, mas ela estava longe de ser vista. Eu deixei o bar e
caminhei em direção ao banheiro, pensando que provavelmente
fosse o lugar onde ela estivesse. Ela tinha bebido durante todo o
tempo que estivemos lá.

Entrei no pequeno corredor e esperei até que ela saísse


do banheiro das mulheres. Eu não gosto da ideia de ela estar
sozinha em um lugar como um clube. Não era seguro e
considerando sua história com bares e clubes, eu tinha razão para
me preocupar. Ela parecia encontrar alguma forma de problema
sempre que havia álcool envolvido.

A porta do banheiro se abriu e Patience saiu. Eu quase


me movi do meu canto escuro, mas parei quando o filho da puta
alto que eu sempre via com ela saiu atrás dela. Eu senti como se
alguém tivesse me chutado no estômago. Meu abdômen enrijeceu
com o fato dos dois juntos rastejarem para fora do banheiro, como
se eles não quisessem ser apanhados.

Esta foi a primeira vez que eu tinha conseguido dar uma


boa olhada nele já que ele estava praticamente parado bem na
minha frente. Ele era da minha altura, mas pelo menos 30 quilos
mais leve. Seu cabelo era loiro escuro e parecia gorduroso. Ele
estava definitivamente drogado e parecia que tinha bebido muito.
Ele se encostou na porta para se apoiar e balançava quando a
porta balançava. Seus olhos escuros vagaram por Patience como
se ela estivesse nua na frente dele e então eu os vi deslizar pelo
seu decote.

Inclinando-se sobre ela, ele disse algo em seu ouvido e


colocou a mão na parte inferior das suas costas, como eu faço
quando entramos em uma sala. Ela alcançou as suas costas e
moveu a mão dele do seu corpo e, em seguida, ela sorriu e
balançou a cabeça em acordo.

Era isso. Eu estava fodidamente cheio desta merda. Meu


ritmo cardíaco aumentou e eu senti sua batida por trás dos meus
olhos. O som da música do clube foi substituído por um estrondo
que parecia um trem de carga. Eu conhecia bem o som; era o som
da minha pressão arterial subindo, se movendo rapidamente
através do meu cérebro.
A terceira vez que era pra ser um atrativo, mas, neste
caso, a terceira vez estava quebrando os meus limites. Patience
estava, obviamente, atraída por este pedaço de merda e se Hope
estava tão na dele, então por que ela estava na pista de dança em
vez de estar trancada com ele no banheiro? Eu não sei o que me
irritou mais - ele estar perto da minha menina, ou o fato dela ter
mentido para mim. Ela estava me traindo. Não havia outra razão
para eles se encontrarem assim.

A cor do clube foi toda drenada, e tudo que eu vi foi o


vermelho enquanto eu investia contra ele.
Quinze

`;Fr
Patience
"Quantos você quer desta vez?" Phillip perguntou
enquanto ele se inclinava contra a parede do banheiro.

Seus longos braços estavam cruzados sobre o peito e ele


parecia irritado que eu o arrastei até o banheiro e pedi para
comprar lá. Ele jogou sua longa franja loira do rosto e colocou
atrás de sua orelha. Seu cabelo era muito longo, muito mais do
que Zeke, e eu não tinha certeza do que meninas viam nele, mas
isso não importava. Tudo o que importava era que ele tinha o que
eu precisava para passar pelo resto da semana e os meus dois
últimos jogos de futebol.

"Quantos você tem com você?" Perguntei.

Eu senti como se estivesse prestes a ser pega e eu ficava


olhando atrás de mim na porta do banheiro.

Eu sabia que na parte de trás da minha cabeça que se


Zeke me visse sair do banheiro com Phillip não seria bom, mas
esta era a única sala que ele não ousaria entrar. Eu só tinha que
ter certeza de quando saíssemos que Zeke estivesse longe de ser
encontrado, e eu tinha que fazer isso uma rápida visita. Zeke ia
começar a se preocupar e procurar pelo lugar por mim no
momento em que ele percebesse que eu não estava lá dançando.

"Eu tenho dez comigo. Sessenta dólares e eles são seus.


Eu não sei por que você não vai seguir o meu conselho e pegar
algo mais forte." Ele puxou um pequeno saquinho e ergueu-a.

Enfiei a mão no meu sutiã e tirei o dinheiro.


Empurrando-o na palma da mão, agarrei o saquinho e me voltei
para a porta.

"Espere. Qual é a pressa, menina? Estamos aqui


sozinhos e você está parecendo muito boa esta noite. Nós também
podemos tirar proveito." Ele inclinou a cabeça e, obviamente, me
checou.

"Eu tenho um namorado, mas obrigada pela oferta." Eu


abri a porta e a música tomou conta do banheiro tranquilo.

Eu tentei sair correndo e deixar a porta atrás de mim,


mas Phillip saiu logo atrás. Senti sua proximidade atrás de mim e
entrei no modo automático de procurar Zeke. Senti a mão de
Phillip nas minhas costas e a movi o mais rápido que ele colocou
lá.

Seu hálito quente atingiu meu ouvido. "Se precisar de


mais, você sabe onde me encontrar."

Eu sorri para ele e agradeci com os meus olhos antes de


me virar para ir embora. Foi quando eu vi Zeke se movendo em
linha reta em direção a nós. Eu coloquei as minhas mãos para
detê-lo, mas ele passou por mim tão rápido.
"Não, Zeke, apenas espere!" Eu gritei.

Ele não me ouviu, ele nem sequer me deu atenção


quando ele agarrou Phillip em torno do pescoço com as duas mãos
e deu uma cabeçada.

Phillip caiu para trás para fora da alcova e para o canto


externo da pista de dança. As pessoas pararam de dançar e se
viraram para ver o tumulto, e a música parou. Havia pessoas que
se aglomeraram, prontos para ver uma boa briga.

Phillip não recuou. Ele parecia seguro em suas


habilidades de luta e isso me assustou ainda mais. Ele se manteve
firme quando ele entrou e deu um soco em Zeke tão duro que sua
cabeça disparou para o lado e o sangue voou de seu lábio.

Engoli em seco e comecei a caminhar para a briga, mas a


multidão foi engrossando ao redor deles ao mesmo tempo e eu não
podia passar. Do outro lado da horda, eu podia ver Hope tentando
passar e parar a briga, e eu comecei ainda mais forte, tentar
passar também.

"Esse é o seu único, filho da puta." Zeke levantou um


dedo, depois limpou o lábio sangrando.

Phillip olhou ao redor em confusão. Ele estava


obviamente querendo saber quem diabos era Zeke. Enquanto isso,
Zeke tinha um sorriso maligno em seu rosto. Eu conhecia sua
história e eu também sabia que ele estava se divertindo
totalmente. Lutei mais duro para conseguir atravessar a multidão
quando vi Zeke mover novamente. Ele era tão rápido e estava com
tanta raiva que eu podia praticamente ver a fumaça saindo de seu
rosto vermelho.
Phillip lutou o melhor que podia, mas Zeke ganhou e
derrubou-o no chão. Eles rolaram e Zeke parou em cima. Ele não
hesitou a partir desse ponto, quando os punhos voaram um por
um, para cima e para baixo.

Finalmente, eu quebrei no meio da multidão. Eu estendi


a mão e agarrei seu punho antes que ele pudesse bater em Phillip
novamente, mas ele me sacudiu como se eu fosse nada e
continuou a socá-lo.

"Zeke, pare com isso! Você está machucando ele. Zeke!


Pare com essa merda, de verdade. Você vai estragar a sua mão de
novo," eu repetia uma e outra vez, mas ele não ouviu nada.

Seu cotovelo subia cada vez que ele trazia seu punho. O
nariz de Phillip jorrava sangue e Zeke continuou a bater em seu
rosto. Quando eu me joguei nas costas de Zeke, ele me sacudiu
novamente. De jeito nenhum eu poderia deixar isso continuar.

"Alguém me ajude!" Eu gritei para os espectadores.

Ninguém se mexeu. Eles estavam muito ocupados


assistindo, e eu já não podia ver Hope em qualquer lugar. Fui em
cima de Zeke mais uma vez. Quando cheguei a ele, eu me abaixei
para pegar seu braço e impedi-lo, mas eu estava muito perto e
quando ele trouxe o cotovelo para cima novamente, bateu no meu
nariz.

A dor se espalhou por todo o meu rosto. Eu senti


imediatamente meu nariz como se estivesse pegando fogo e uma
dor aguda picou atrás dos meus olhos. A sala mudou em torno de
mim e eu caí de volta na minha bunda. Estendendo a mão, cobri
meu nariz e tentei conter as lágrimas. Água brotou dos meus
olhos e escorria pelo meu rosto, e quando eu puxei minhas mãos
estavam cobertas em vermelho brilhante.

Eu gritei quando vi todo o sangue escorrendo do meu


nariz. Ninguém parecia nem me notar, e eu estava começando a
surtar, até que de repente Hope estava ao meu lado.

Zeke virou com um olhar de completa devastação em seu


rosto. Phillip esquecido, ele correu para o meu lado e caiu de
joelhos ao meu lado. Inclinando-se com uma camisa coberta de
sangue, ele tentou me pegar.

"Eu sinto muito. Oh meu Deus, eu sinto muito," disse ele


em pânico.

Eu não o queria perto de mim. Eu tive minha cota.


Depois de meses de ele agir ciumento e louco, eu atingi o meu
limite. Eu tinha que acabar com tudo isso. Eu estava cansada de
discutir e eu estava cansada de tentar esconder o meu problema
com ele. Eu estava cansada no geral.

Eu pressionei a palma da mão sangrenta em seu peito e


empurrei-o com toda a força que eu tinha.

"Fique longe de mim!" Eu gritei. O gosto de sangue


encheu minha boca quando eu a abri para falar. "Eu estou
cansada dessa merda, Zeke! Cansada!"

Seu rosto assumiu seu olhar de cachorro ferido que


normalmente derretia a minha determinação, mas não deu certo.
Eu não tinha certeza de quem estava me ajudando a ficar de pé,
mas eu os deixei. E quando Hope estava ao meu lado novamente,
eu deixei que ela me levasse para fora da porta da frente do clube
e para o banco do passageiro do meu carro.
Ela enfiou a mão no porta-luvas e então começou a
encher guardanapos do McDonald em minhas mãos. Eu cobri
meu nariz com eles e ela puxou para baixo a viseira, deixando as
chaves cair na palma da sua mão. À medida que se afastou do
estacionamento, vi Zeke correr para fora da porta. Seus olhos
devastados conectado com os meus quando nos afastamos.

Eu inclinei minha cabeça para trás contra o encosto de


cabeça e Hope me levou para o hospital mais próximo.

"Eu não posso acreditar que ele bateu em você! Aquele


desgraçado! Isso é tão diferente dele," disse Hope enquanto ela
acelerava pela interestadual.

"Ele não me bateu tecnicamente. Eu estava no caminho


de seu cotovelo, mas isso é suficiente para mim. Estou tão
fodidamente cansada disso. Ele está agindo como um louco por
semanas." Meus guardanapos estavam enchendo rápido, mesmo
com a minha cabeça para trás.

"O que deu nele? Talvez você devesse dar-lhe alguns dos
seus comprimidos." Ela passou pela saída e nós ultrapassamos a
placa azul deixando-nos saber que havia um hospital próximo.

"Ele não sabe que eu os tenho. Isso é o que começou


tudo. Ele continua me vendo sozinha com Phillip. Disse-lhe que
você tinha uma queda por Phillip e eu estava conversando com ele
para você. Hoje à noite ele me pegou saindo do banheiro feminino
com ele."

Eu sabia o quão ruim isso soou, mas estava cansada de


esconder e negar. Passei quase toda a minha vida escondendo algo
de alguém e eu estava cansada de tentar manter as mentiras. Eu
estava mentindo em geral. Eu não era uma mentirosa por
natureza, mas eu estava me tornando patológica.

"Droga, Patience, você deveria ter contado a ele. Agora o


pobre Phillip está lá atrás inconsciente. E eca! Você disse a Zeke
que eu tinha uma queda por Phillip? Nojento."

Eu não disse mais nada depois disso. Ela estava certa.


Foi minha culpa que Phillip se machucou. Na verdade, a maior
parte disso foi minha culpa, mas isso não importava. Zeke me
bateu. Se foi acidental ou de propósito, ele tinha fisicamente me
machucado e eu não estava bem com isso. Eu nunca ficaria bem
com isso.

Depois de alguns raios-x, o médico voltou para o quarto.

"Bem, ele não está quebrado, mas você vai ter alguns
hematomas muito feios e inchaço ao redor dos olhos. Eu vou lhe
dar uma receita para a dor. Se você começar a ter algumas
tonturas ou se você desmaiar, mande sua amiga te trazer de volta
imediatamente."

Deixamos o hospital uma hora depois. Eu me enrolei em


meu casaco que eu tinha no banco de trás. Eu parecia como se
tivesse sido abatida. Havia muito sangue na frente do meu
vestido. Deixou-me um pouco triste pensar nisso. Eu coloquei o
vestido para Zeke e ele pareceu adorar. Era apropriado que o
vestido fosse arruinado desde que o que tivemos juntos fora
arruinado também.

Em vez de ir para casa, eu fui com Hope para sua casa


da irmandade. Peguei emprestado uma camiseta longa e alguns
shorts e tentei dormir no sofá no andar de baixo. Em vez disso, eu
olhava para o teto. Meu coração ferido, quase tanto como o meu
rosto.

Meu telefone tinha morrido há muito tempo, uma vez que


Zeke tinha chamado e mandado mensagens repetidamente. Suas
mensagens iam e vinham. Em uma delas, ele estava com raiva de
mim e queria saber o que estava acontecendo com Phillip e eu, e
então ele me envia uma cara de choro e pede o meu perdão. Ele
era uma bagunça bipolar.

Houve várias mensagens de voz no meu telefone, mas


depois de verificar que consistia em ele chorando e me implorando
para voltar para casa assim ele saberia que eu estava bem, eu
decidi que verifica-las era uma má ideia.

Depois que o sol estava plenamente em meus olhos, eu


me levantei e verifiquei meu rosto. Eu estava horrível. Os
hematomas preto espalharam debaixo dos meus olhos para baixo
em minhas bochechas e cobria a maior parte do meu nariz. Eu
parecia uma grande bagunça, inchada preta. Senti como se minha
cabeça tivesse sido atropelada por um caminhão grande.

Tomei uma das pílulas de dor e fui para casa. Eu estava


exausta, confusa e ferida, física e mentalmente. Passei na loja de
café debaixo do meu apartamento e peguei um café. Todos
olharam para mim como se eu fosse uma esposa espancada e eu
queria dar o fora de lá. Mas eu precisava de café, e eu queria uma
desculpa que eu pudesse pensar para evitar voltar para o meu
apartamento.

Eu sabia que quando eu abrisse a porta da frente, Zeke


estaria lá e que ele estaria muito, muito zangado ou muito, muito
triste. Eu não estava olhando para frente em qualquer um. Eu não
tinha medo de Zeke. Eu sabia que ele nunca faria nada para me
machucar de propósito, mas eu não podia mover além do fato de
que ele tinha.

Tive o cuidado de abrir a porta da frente calmamente. Eu


não sei por que eu senti que precisava rastejar em meu
apartamento, mas eu fiz. Uma vez que eu estava na porta da
frente, eu podia ouvir os sons suaves de sua guitarra vindo do
quarto. Ele tocava de forma diferente do que o habitual. O som
que flutuava na parte de trás do meu apartamento estava triste e
sombrio.

Eu fechei a porta atrás de mim e coloquei as chaves


sobre a mesa de entrada. A música continuou. Ele estava tocando
a minha música. "Patience" do Guns N 'Roses encheu o
apartamento minúsculo e parecia espalhar uma profunda tristeza
por toda parte. Segui a melodia deprimente macia pela cozinha e
pelo curto corredor para o meu quarto.

A porta estava quebrada e eu era capaz de olhar sobre


ele. Ele estava sentado na cama. Suas malas prontas estavam no
chão aos seus pés. Concentrado na música que tocava, seus olhos
estavam fechados. A pele ao redor dos olhos estava inchada e
vermelha, deixando-me saber que ele passou algum tempo
chorando. Eu senti sua dor no estômago, mas eu empurrei-o para
longe e tranquei minhas emoções.

Eu respirei fundo e abri a porta. Ele olhou para mim


quando as dobradiças fizeram um rangido alto. A música parou e
ele colocou a guitarra na cama ao lado dele. Seus olhos
lacrimejaram quando ele olhou para cima novamente, e então ele
estava de pé na minha frente. Seu rosto estava severo quando ele
estendeu a mão e passou o dedo na minha bochecha. Não doeu,
mas ela sentiu o toque até os pés, então eu empurrei minha
cabeça. O olhar esmagado em seu rosto era difícil de olhar.

"Eu fiz isso." Sua voz soou áspera. Seus olhos percorriam
meus machucados. "Eu nunca bati em uma mulher na minha
vida e eu jurei que nunca faria. Eu te machuquei. Eu sinto muito
que machuquei você."

Ele caiu de joelhos na minha frente. Olhando para cima,


uma lágrima correu pelo seu rosto. "Não importa o que aconteça,
eu espero que você me perdoe por machucar você. Por favor, me
diga que você me perdoa."

Eu queria estender a mão e segurá-lo perto. Eu queria


que ele parasse de chorar. Vendo Zeke com lágrimas em seu rosto
e olhos vermelhos era irreal. Ele era tão forte. Ele era tão
despreocupado e duro. Eu o tinha visto soltar algumas lágrimas
antes, mas nada como isto. Isso me fez mal do meu estômago por
vê-lo sofrendo tanto, mas eu não podia desistir. Recusei-me a ser
uma daquelas meninas que simplesmente aceitaria quando seu
namorado lhes batesse. Eu tive que deixá-lo saber que o que ele
fez foi inaceitável.

"O que você fez não é certo. Eu te perdoo, mas não posso
mais ficar com você." As palavras queimaram meus lábios.

Náusea passou por mim e eu me senti como se estivesse


caindo de joelhos na frente dele. Nada dura para sempre, mas eu
queria para sempre com Zeke. Eu o amava mais do que eu poderia
colocar em palavras, e meu coração estava quebrando, mas eu tive
que encarar os fatos. O fato era que até que eu ficasse melhor, eu
não poderia me dar a ninguém. Não sem mentiras e enganos da
minha parte. Eu não queria ser uma mentirosa. Eu nunca quis
ser mentirosa.

Zeke se levantou e pegou minha mão. Ele balançou a


cabeça em compreensão. "Eu sei. Eu não posso mais ficar com
você, também. Eu te amo tanto que dói às vezes, mas somos letais
como um casal. Nós trazemos o melhor e o pior um do outro. É
uma faca de dois gumes. Você me levantou, e eu espero ter feito o
mesmo por você, mas agora eu sinto que estamos destruindo o
que nós construímos. Estamos destruindo o outro. Antes que
destruição seja muito ruim, eu acho que nós devemos apenas..."
Ele não conseguiu terminar a frase e, honestamente, eu não
queria.

"Você quebrou meu coração, Floco de Neve." Ele balançou


a cabeça em descrença.

Não havia sentido em tentar resolver a situação de


Phillip. Ele não confiava em mim. Eu tinha me tornado indigna de
confiança.

"Bem, você quebrou meu rosto. Eu acho que estamos


quites."

Ele estendeu a mão e passou um dedo no meu rosto. Eu


vacilei quando ele tocou a parte mais dolorosa, e angústia encheu
seus olhos. Ele não esperou muito tempo. Em vez disso, ele se
abaixou, colocou a guitarra de volta em sua case, pegou as malas
e, em seguida, tirou as chaves do bolso.

"Eu acho que isso é um adeus." Ele limpou os olhos com


as costas da mão.

Como pode algo que foi tão bom me fazer sentir tão mal?
Mesmo que eu quisesse chorar, eu não podia. Eu só fiquei lá e
olhei para ele. Ele estava esperando pela minha resposta, mas ele
teria que esperar para sempre, porque não importa o quanto eu
quisesse responder, eu não podia.

Ele se inclinou para mim. Seu hálito quente aliviou a dor


no meu rosto. Sua boca estava tão perto que eu senti seus lábios
roçarem a minha pele quando ele falou.

"Eu vou te amar até que eu já não exista, e mesmo depois


de eu morrer, se há alguma coisa boa em mim, o amor que tenho
por você vai continuar na minha alma."

Fechei os olhos e então eu pude sentir a minha perda


enquanto ele se afastava de mim. Todo o calor que normalmente
irradiava dele dissolvido, deixando apenas o ar frio em seu rastro.
Foi então que as lágrimas decidiram cair. Elas foram agressivas e
feias, e não importa o quão duro elas caíram, eu não senti alívio.

A porta da frente se abriu e eu sabia que ele estava indo


embora. Eu não podia deixá-lo sair da minha vida pensando que
eu o odiava. Eu não odiava. Eu o amava e senti ansiedade quando
eu pensei sobre estar sem ele.

Antes que ele pudesse fechar a porta atrás dele, corri


para baixo no curto corredor até a sala de estar.

"Zeke!" Eu gritei.

Ele parou e abriu a porta dos fundos para me ver.


Franziu a testa em confusão e ele mordeu nervosamente o seu
lábio.

"Sim?"
Sua voz soou plana. Não esperançosa. Não contente,
apenas plana. Como se eu tivesse sugado cada gota de emoção. De
certa forma, eu fiz. Eu o tinha transformado de dentro para fora e
ele tinha feito o mesmo para mim. Ele estava certo; somos letais, e
se continuássemos isso, um de nós não iria conseguir sair vivo.

Minha língua parecia grossa. Lágrimas encheram o fundo


da minha garganta e ameaçou me sufocar cada vez que eu abri
minha boca para falar. Engoli a obstrução e isso encheu o meu
estômago com dor.

"Eu amo você também. Sempre."

Seus olhos escuros se encheram de água, mas ele


entendeu que estávamos acabados exatamente como eu entendi.
Ele acenou com a cabeça, tentou sorrir, e então ele se virou e
fechou a porta atrás de si.
Dezesseis

`;Fr
Zeke
O fundo do poço é um lugar terrível para se estar. Eu já
estive lá algumas vezes, embora tivesse certeza de que voltaria lá
ao menos doze vezes antes de morrer. Isso ainda não significava
que era um período de férias. Era o inferno.

Eu nunca coloquei as mãos em uma mulher em toda


minha vida. Teve apenas um incidente no The Pit quando eu tive
que segurar uma mulher para evitar que ela me acertasse no meio
de uma briga de bar, mas essa foi uma exceção. E claro, não
tenho certeza se essa conta desde que ela era mais homem do que
eu.

Deixava-me arrasado saber que eu machuquei


fisicamente a mulher que eu amava. Era como seu eu tivesse sido
despido e alguém tivesse derramado álcool sobre mim. Cada parte
minha, por dentro e por fora, doía. Doía em todos os lugares, e
anos vendo meu pai bater na minha mãe me atingiu e paralisou
minha alma.
Eu fiquei parado lá, observando enquanto Floco de Neve e
Hope fugiam da cena, saindo correndo pela porta. Por mais que eu
quisesse correr e impedi-la, eu não podia. O choque tinha me
imobilizado. Tinham se passado alguns minutos quando eu me
recuperei e corri para ver como ela estava.

No momento em que cheguei lá fora, ela estava indo


embora. Seu rosto estava coberto com lenços e eu podia ver a dor
em seus olhos quando ela olhou para mim. Eu queria correr ao
lado do carro, e deixar tudo bem, mas o que foi feito, foi feito e não
havia nada que eu pudesse fazer para voltar no tempo e consertar.

Olhando para a bagunça que estava minha camisa, a


marca da sua mão sangrenta foi como um soco na parte de trás
da minha cabeça. Nem me incomodei em puxar a camisa pela
cabeça. Eu a arranquei do meu corpo o mais rápido possível.
Precisava do sangue dela longe do meu corpo. Era como um
veneno, eu podia me sentir ficando doente só por saber que era
culpa minha.

As coisas realmente ficaram fodidas dessa vez. O que


tínhamos tinha acabado. Tinha que ser assim ou iríamos destruir
tudo de bom que havia sobrado em nós. Mesmo sabendo que
provavelmente eu iria sangrar sem tê-la por perto, eu tinha que
deixá-la ir. Evidentemente, ela estava pronta para seguir em frente
com o cara que eu sempre via com ela, e eu não podia mais me
sentir louco.

Ainda assim, eu precisava saber que ela estava bem.


Nunca me perdoaria por ter machucado Patience, mesmo que por
acidente. Não importa o que ela tivesse feito comigo. Nenhuma
mulher merece ser ferida, mesmo que ela tivesse arrancado meu
coração e o partido em pedaços.

Quando voltei para o apartamento, arrumei minhas


coisas e deixei tudo pronto para partir. Eu precisava vê-la mais
uma vez. Precisava ver se ela estava bem e depois voar para o
Oeste e com a esperança de nunca mais olhar para trás.

Eu toquei sua musica repetidamente e observei o relógio.


Meu telefone estava sobre a mesa de cabeceira ao meu lado já que
eu tinha esperança de que ela fosse retornar minha mensagem ou
ligar para me dizer que estava bem, mas ele nunca fez nenhum
barulho.

Quando olhei para cima e a vi parada na porta, senti


alívio e devastação ao mesmo tempo. Alívio por saber que ela
estava bem depois de eu ter passado a noite preocupado com ela,
mas o ferimento em seu rosto me deixou mal. Eu mal podia
respirar ao ver o que tinha feito com ela. Senti-me como um louco.
Queria destruir tudo no apartamento, mas só o que podia fazer
era me desintegrar em um maldito amontoado de arrependimento
no chão do quarto, aos seus pés.

Parecia que eu tinha feito muito isso ultimamente. Eu


implorei e chorei. Eu lutei pelo o que queria, mas as vezes não é o
suficiente. Algumas vezes você tem que desistir e lamber suas
feridas. Isso ou se afundar nas drogas para que você não sinta
mais suas feridas.

A viagem de volta para a Califórnia foi horrível. Tentei


não pensar nas ultimas semanas, mas eu já estava começando a
sentir falta de Patience. Recusei-me a ser o idiota que é traído
varias e várias vezes, mas que continua com a mulher porque está
apaixonado. Eu a amava. Faria qualquer coisa por ela, exceto a
compartilhar. Talvez isso me faça ser egoísta, mas eu não me
importo.

Estava de volta ao condomínio, sozinho com minha


mente e memórias por uma semana quando os caras finalmente
apareceram. Nunca fiquei tão feliz em ver esses babacas. Eles
eram tão fodidos quanto eu, mas eram honestos e ficavam ao meu
lado não importa o que acontecesse.

A primeira coisa que fizemos foi sentar e ficar o mais


chapado possível. Eu podia me lembrar do tempo em que drogas,
álcool e festas eram tudo na minha vida. Não era mais desse jeito,
mas ainda era legal ficar de boa com meus garotos e esquecer
tudo.

“Então, como foi com a garota nova?” perguntei, me


referindo à guitarrista que me substituiu.

Dei mais um trago, segurei em meus pulmões e depois


exalei. Uma onda de calma se espalhou pelo meu corpo e
terminou nos dedos dos meus pés.

“Constance é uma boa pessoa. Ela era boa para trabalhar


e poderia estourar nossas bolas quando precisávamos acertar as
coisas,” Finn disse. “Ela e Tiny trocaram algumas discussões
algumas vezes. Apesar disso, ela tocou guitarra bem pra caralho.”

“Isso é bom. Perdi alguma coisa?”

“Na verdade não. Foi apenas aquele bando de putas


loucas tentando pular na gente, como de costume”. Ele tomou um
gole da sua cerveja.

“Ele só está chateado porque não transou tanto quanto


eu.” Chet sorriu.
“Vai se foder cara. Você pode continuar por ai enfiando
esse pau em todo lugar se quiser. Você vai estragar tudo e deixar
alguma garota grávida. Então você vai estar realmente ferrado.”
Finn riu.

“Quem se importa. Eu envolvo meu pau bem apertado.”

Continuei em silêncio a maior parte da conversa deles.


Foi só bem tarde, quando eu estava quase dormindo, que Finn
veio ao meu quarto para ver se estava tudo bem.

“Você parece estar nas profundezas do desespero, cara. O


que quer que tenha acontecido enquanto estávamos fora, espero
que fique melhor. Você sabe onde estou se quiser conversar.”

Fiquei feliz por ele não forçar a barra. Eu não queria


conversar. Queria mergulhar na minha tristeza até que estivesse
zangado o suficiente para não me importar mais com merda
nenhuma. Eu queria me enfiar nas minhas desculpas e refazer
algumas cenas na minha cabeça diversas vezes até que a única
coisa que iria me deixar melhor era uma cerveja gelada ou uma
mulher gostosa.

Só que isso nunca aconteceu. Todos os dias eu acordava


achando que o dia tinha chegado, mas eu nunca fiquei tão
zangado a ponto de não me importar mais e nunca dei a mínima a
ponto de querer me aliviar com uma bebida ou uma rapidinha. Só
ficava pior e pior, e eu podia sentir que estava afundando cada vez
mais em uma depressão.

Distanciei-me dos garotos, mesmo após ter sido liberado


pelo fisioterapeuta e voltar a trabalhar no segundo álbum. Eu ia
para lá, fazia meu trabalho, mas nunca estava realmente lá. Não
fazia mais brincadeiras com os caras; eu nem me juntava a eles
quando estavam bebendo e fumando. Dava um ou dois tragos e
depois ia me esconder no meu quarto.

Se os caras perceberam que eu estava estranho, não


disseram nada. Acho que eles sabiam apenas pelo fato de Patience
não estar em nenhum lugar e de eu não andar com meu celular
em mãos, que alguma coisa tinha acontecido entre nós. Eu queria
mandar uma mensagem para ela e saber como ela estava. Queria
saber se ela estava bem, mas não conseguia fazer isso. Era
estranho; as coisas estavam terminadas, mas mesmo assim não
resolvidas.

Após gravar a terceira música do nosso novo álbum,


dispensei a carona de volta com os caras e decidi ir caminhando
para casa. Precisava de um tempo longe de tudo só para respirar.
Quando eu estava no carro, sentia como se estivesse sufocando.
Que inferno, mesmo ao ar livre, eu sentia falta de oxigênio.

Eu sabia do que precisava para me sentir melhor, mas


voltar para a Floco de Neve não era uma opção. Eu nunca poderia
confiar nela novamente.

Ela nunca admitiu que me traiu com aquele filho da


puta, que mais tarde descobri que se chamava Philip. Ao menos se
ela tivesse admitido, teria sido uma forma de encerrar o assunto.

Na caminhada para casa, passei por uma joalheria e na


vitrine estava um colar com um pingente de Floco de Neve.
Lembrou-me da ultima noite em que estivemos juntos. Lembrei-
me do quanto ela queria um colar para usar com seu vestido.
Desejei que tivesse dado a ela alguma coisa que a lembrasse de
mim. Eu tinha tantas lembranças dela, e queria que ela tivesse o
mesmo.

Mesmo duvidando que algum dia veria Patience


novamente, entrei na loja e comprei o colar caro. Eu o manteria
comigo como uma lembrança dos tempos em que estivemos
juntos, uma lembrança de que algumas vezes, mesmo quando as
coisas são escuras e fodidas, lá no fim, sempre tem uma luz.
Mesmo por um breve momento na minha vida, Patience foi essa
luz.

Não muito tempo depois de ter comprado o colar, Sydney


me mandou uma mensagem perguntando se eu estava bem, ela
disse que ela e tia Sarah estavam preocupadas comigo. Parte de
mim esperava que Patience tivesse pedido para ela me mandar
essa mensagem, mas de qualquer maneira era bom sentir que
alguém se importava comigo. Eu gostava de Sydney e Sarah, e por
um breve momento considerei o quanto tinha sido bom quando
elas também foram minha família.

Na marca de três semanas, quando as coisas deveriam


ter ficado mais fáceis, eu ainda estava todo fodido. Eu me
lembrava do tanto que fiquei doido nos meses em que estivemos
separados após a morte do seu pai, só que dessa vez, era bem
pior. Ao menos antes, eu me perdia na música, mas agora, nem
mesmo minha música estava me salvando.

Nós tínhamos acabado de terminar a gravação do dia


quando meu telefone começou a tocar. Abaixei minha guitarra e
atendi.

“Zeke?”.

A voz não era familiar.


“Sou eu. Quem está falando?” Peguei minha garrafa de
água e bebi.

“Aqui é Sarah, a tia de Patience. Você pode falar um


minuto?” Ela parecia um pouco desligada.

Geralmente ela era falante e feliz. Eu podia escutar a


tensão na sua voz pelo telefone, e essa tensão percorreu todo o
caminho até meu estômago.

“Sim, é claro que tenho tempo. Está tudo bem? Patience e


Sydney estão bem?” Eu sabia no momento em que perguntei que
alguma delas não estava.

Os caras estavam murmurando algo para mim, mas eu


apenas os dispensei. Saí da sala de gravação para o hall de
entrada. Caindo em uma poltrona grande do lado de fora, me
apoiei nos meus braços, esperando a má noticia que eu sabia que
estava por vir.

“É Patience. Ela está no hospital.”

Suas palavras foram simples e diretas, mas demoraram


um minuto para atravessar a névoa no meu cérebro.

Quando elas finalmente alcançaram seu destino e eu


entendi completamente o que ela tinha dito para mim, o chão
debaixo dos meus pés desapareceu e eu estava caindo. Ao menos
foi assim que me senti.

Patience precisava de mim e eu não estava lá. De repente,


todos os motivos para o nosso término e eu ter ido embora não me
pareciam tão claros. Nada disso importava quando ela estava
precisando de mim. Nada importava se ela estava machucada.
Dei um pulo da cadeira e corri para fora. Chamei um táxi
antes de falar novamente.

“O que aconteceu?” Perguntei.

Pulei no primeiro carro amarelo que parou. O motorista


olhou para mim como se eu fosse doido, e então ligou o taxímetro.

Disse meu endereço e me desliguei de tudo, menos de


Sarah. Sua respiração profunda enchia o silêncio e sua
preocupação de alguma forma atravessava o país e atingia meu
coração.

“Ela teve uma overdose. Foi acidental, mas mesmo assim


aconteceu. Aparentemente ela vem tomando uma quantidade
obscena de Xanax todos os dias. Algumas semanas atrás quando
ela foi atingida no rosto por uma bola de futebol e foi para a
emergência, o médico prescreveu alguma coisa para dor. Ela
misturou os dois e sua amiga Hope a encontrou em seu
apartamento quando ela não apareceu para o jogo.”

Minha boca ficou seca. Entre isso e o choque pelo o que


tinha acabado de escutar, levou um minuto para que eu
conseguisse responder.

“Ela está bem?” As palavras saíram como um sussurro e


eu me forcei para fazê-las sair pelos meus lábios.

“Ela está bem, mas eu estou tentando fazê-la assumir.


Ela é uma menina doente, Zeke. Quando você foi embora, só fez
piorar. Ela finalmente admitiu que está se automedicando. Ela
vem tendo ataques de pânico o tempo todo e parou de ir ao
terapeuta. Realmente acho que isso aconteceu para o melhor,” eu
podia escutar as lágrimas na voz de Sarah.
Como eu poderia ter vivido com ela sem saber de tudo
isso. Eu pensava que ela estava melhorando. Pensava que ela
tinha deixado o passado para trás, mas realmente, ela estava se
automedicando. Eu nem ao menos sabia que ela ia ao terapeuta.

Dói saber que eu era a “bola de futebol” a qual sua tia se


referiu. Eu era a razão pela qual ela teve que ir à emergência. Eu
era a razão pela qual ela teve uma overdose, e eu queria morrer
por conta disso, mas morrer não era uma opção, não quando
Patience precisava de mim.

Ela era uma menina doente. Seu pai fez questão de


deixar problemas para ela enfrentar pelo resto da sua vida, e
mesmo que fôssemos apenas amigos, eu iria ajudá-la. Eu a
colocaria antes de qualquer coisa em minha vida, desde que ela
era a maior parte do meu coração, e eu estaria lá por ela, não
importa o que ela tivesse feito ou deixou de fazer para mim.

“Estou a caminho,” disse antes de desligar.

Ela me contou as informações do hospital, e eu arrumei


as malas e parti para o aeroporto em um piscar de olhos. Mandei
uma mensagem para Finn e disse a ele o que tinha acontecido, e
uma hora depois eu já estava voando.

Sarah me pegou no aeroporto e fomos direto para o


hospital. Patience tinha sido removida para a ala psiquiátrica, e
mesmo que tecnicamente ela não tenha tentado se matar, estava
em observação.

Sarah me deixou entrar para vê-la sozinho e eu agradeci


por isso. Muita coisa precisava ser esclarecida; muita coisa
precisava ser dita. Se não desse em nada, eu sentia que devia ao
menos um pedido de desculpas a Patience. De todas as pessoas
na vida dela, eu deveria ter percebido o que ela estava passando.
Eu deveria ter sido aquele em quem ela poderia recorrer, mas ela
não fez isso. Não conseguia entender porque ela não veio até mim,
mas não tinha outra opção a não ser acreditar que era porque eu
tinha feito algo de errado.

Fui colocado em uma pequena sala de reunião, sentado


na cadeira mais desconfortável que eu já sentei na vida para
esperar. Quando a porta abriu, fiquei de pé, mas meus joelhos
ficaram fracos quando ela entrou. Seu cabelo estava flácido e sem
brilho, seus olhos estavam molhados e sem vida, e seu rosto
estava marcado com o que parecia ser uma careta permanente.

A calça cinza de moletom e a camiseta branca a deixou


ainda mais sem vida. Ela não parecia quase nada com a linda
garota por quem me apaixonei. Seus olhos encontraram os meus,
mas a luz que usualmente estava lá, nunca apareceu. Ela apenas
olhou para mim em silêncio.

A enfermeira que a trouxe sorriu sem jeito para mim


antes de fechar a porta silenciosamente atrás dela. Era só
Patience e eu de pé, no silêncio do quarto praticamente vazio.

“Você está bem?” Foi a única coisa que consegui pensar


em perguntar.

“Acho que sim.”

Sua voz soou pequena e tão frágil quanto ela parecia. Eu


queria abraçá-la e fazê-la esquecer de tudo. Queria levá-la para
longe de tudo e deixá-la no sol da Califórnia, e rezar para que ela
voltasse a ser a garota que costumava ser.
“Ótimo,” engoli a seco. “Você deveria ter me procurado.
Eu poderia ter te ajudado.”

Ela não respondeu. Ao invés disso, encolheu um pouco


os ombros e eu vi o arrependimento em seu rosto.

“Eu nem sabia que você estava indo ao terapeuta. Queria


que você tivesse confiado em mim o suficiente para me dizer essas
coisas. De todas as pessoas no mundo que poderia entender sobre
drogas e problemas da vida, eu poderia ter entendido. Eu nem
sabia que você tinha uma receita para comprar Xanax.”

Era uma conversa genérica, mas eu estava com medo de


pressionar, e ela obviamente não estava muito para conversa.

“Eu não tinha uma receita,” ela sussurrou.

Ela empurrou uma mecha de cabelo loiro e fechou os


olhos, constrangida.

“Então, como você conseguia eles?”

Nada disso estava fazendo sentido para mim. Senti como


se tivesse vivido com uma estranha o tempo todo em que estive na
Flórida. Patience me conhecia melhor do que qualquer outra
pessoa, mas eu obviamente, não sabia nada sobre ela. Isso doía.

“Eu comprava eles de Philip.” Ela abriu os olhos e uma


pequena lágrima rolou pela sua bochecha.

E então tudo fez sentido. Ela não estava transando com


aquele cara. Eles não estavam se encontrando escondido para
beijos e amassos. Ele era seu traficante. Como eu pude ser tão
cego? Como eu, de todas as pessoas, não percebi o que estava
acontecendo debaixo do meu nariz?
“Você quer dizer que não...?” Eu não conseguia dizer as
palavras. O pensamento de outra pessoa a tocando me deixava
enjoado.

“Não,” eu mal escutei a palavra.

“Você deveria ter me contado. Eu ainda teria chutado a


bunda dele por estar vendendo isso para você, mas você deveria
ter me contado.”

Eu queria falar muito mais, mas minhas emoções


estavam misturadas. Estava aliviado por descobrir que ela não
estava me traindo, mas eu estava magoado porque ela não tinha
sido sincera comigo sobre as drogas. Eu pensava que éramos mais
próximos que isso.

Ela olhou para mim e desespero encheu seus olhos. Ela


parecia fraca e fora de si, e tive que me segurar para não
sequestrá-la e levá-la para longe daquelas paredes brancas e
entediantes e daquele cheiro estranho de hospital.

“Eu queria ser perfeita para você,” ela disse e outra


lagrima caiu. “Você merece alguém perfeito. Não queria que você
soubesse que eu era apenas outra garota cheia de problemas. Eu
estava com medo de te perder.”

Saí da minha cadeira e fiquei de joelhos diante dela.


Enxugando a lágrima que estava caindo, peguei suas bochechas
em minhas mãos e a forcei a olhar para mim. Queria ver seus
olhos. Precisava ver que aquela garota que eu amava ainda estava
lá em algum lugar.

“Mas você é perfeita, Floco de Neve. Não importa pelo o


que você está passando ou o que está fazendo, você sempre será
perfeita para mim porque eu sou apaixonado por você e quando
você ama alguém, nada mais importa.”

Ela colocou seu rosto na palma da minha mão e fechou


os olhos bem apertados. Usando meu dedão, eu acariciei seu lábio
inferior. Minha vontade era beijá-la até que ela esquecesse tudo,
mas não tinha certeza se era o que ela queria. Eu a queria de
volta. Queria passar o resto da minha vida cuidando dela, mas
com tudo o que tinha acontecido eu não sabia o que ela queria.

Finalmente seus olhos encontraram os meus e um


pequeno sorriso surgiu no canto da sua boca.

“Quando eu sair daqui, você promete tocar para mim?”


Seu sorriso ficou maior e eu sabia que ela estava tentando
suavizar o clima e fazer uma brincadeira.

Não consegui me segurar. Sorri e me aproximei para


beijá-la. Ela me beijou de volta e jogou seus braços em volta do
meu pescoço.

Puxei-a da cadeira e a segurei bem perto de mim. Era


uma sensação maravilhosa tê-la em meus braços novamente, e
prometi a mim mesmo nesse momento que nunca a deixaria de
novo.

Quando olhei para ela, seus olhos estavam cheios de luz.


A sua cor parecia ter voltado ao normal e seu sorriso era
brilhante. Não tinha como negar – não importa o que acontecesse
no futuro, não importa quantas vezes o que nós construímos se
desfizesse, estávamos destinados a ficar juntos.

“Eu vou tocar para você todos os dias, pelo resto de


nossas vidas.”
Dezessete

`;Fr
Patience.
Acordar no hospital com Sydney chorando sobre mim, me
mudou.

Talvez quase morrer tenha feito o truque, mas eu estava


cansada de esconder meus problemas das pessoas. Era óbvio que
eu precisava de ajuda, e era óbvio que eu não podia me consertar.

Quando Zeke se afastou de mim, senti um baque. Eu caí


na minha depressão. Meus ataques de pânico se intensificaram e
eu já não me preocupava com a escola ou o futebol. Eu parei de
ver as coisas de forma clara. Não que eu fosse muito de ver as
coisas claras antes, mas ficou pior quando eu não tinha que
esconder o que estava fazendo.

Eu comprei abertamente muitas coisas de Philip. Não me


importava quem me viu tomando os comprimidos. Tudo que me
importava era acabar com a ansiedade, o medo e dor de perder
Zeke. Estava começando a entender as pessoas que eu conheci na
vida de Zeke na Carolina do Sul. Eu me lembro de encontrar seus
amigos e vê-los drogados e fora de si. Lembro de pensar que eu
nunca seria assim. Bem, agora eu sou, e tudo faz sentido para
mim.

Parei de visitar Sydney e tia Sarah para jantarmos, e elas


começaram a cobrar e a se preocupar. Eu estava caindo no fundo
e não me importava. Eu não sabia mais quem eu era. Era como se
eu tivesse ido embora, e não importava quantas vezes tentei me
encontrar, eu não conseguia.

Aprendi algumas coisas durante o caos induzido pelas


drogas. Como o fato de que eu perdi muito. Havia coisas
acontecendo ao meu redor que eu não tinha ideia, que incluía
trabalho da escola. Aparentemente, eu tive uma conversa com
Hope que eu não me lembro de ter tido.

A coisa mais importante que aprendi foi que os


analgésicos não fazem a dor de perder alguém que você ame ir
embora. Claro, Lortab5 poderia tirar a dor de um dente ou nariz
quebrado, mas não podia tirar a dor de um coração partido.

Ele também não acaba com os ataques de pânico, que


era o que eu estava tentando fazer quando acidentalmente tive a
overdose. Xanax não estava mais fazendo o truque, e não
importava quantos eu tomava, nada faria aquela agitação e medo
de morte súbita ir embora. Eu estava desesperada, e quando abri
meu armário de remédios e encontrei os comprimidos para a dor
do nariz, pensei que poderia dá-los uma chance.

Trinta minutos mais tarde, eu estava com sono.


Quarenta e cinco minutos mais tarde, eu não conseguia ver direito
e estava tão tonta que eu não conseguia pegar o telefone para
5
Remédio utilizado para aliviar dor moderada a severa.
chamar alguém. Não conseguia me lembrar de quando adormeci,
mas eu conseguia me lembrar de muita escuridão, e então não
havia nada.

Isso é outra coisa que eu aprendi. Misturar Lortab e


Xanax não é uma boa ideia. Levou tudo embora, isso era certo,
mas eu quase perdi minha vida nesse processo. Eu tinha sido tão
descuidada comigo mesma, mas quando acordei e vi as lágrimas
escorrendo pelo rosto de Syd, sabia que tinha que começar a me
cuidar e tinha de começar isso rápido.

Assinei os papéis que a tia Sarah me entregou e permiti


que ela me internasse em um hospital psiquiátrico. Larguei tudo e
me foquei em melhorar. Não fingi estar melhor, nem a metade
melhor – eu queria estar completamente melhor. Não há mais
quase.

Zeke ficou em um hotel nas proximidades e me visitou


todos os dias durante a primeira semana em que eu estive lá. Não
foi até eu descobrir que ele e os meninos estavam no meio da
gravação de seu segundo disco que, eu o empurrei de volta para a
Califórnia.

“Eu não vou deixar você, querida. Você é mais importante


que tudo isso.”

Ficamos aconchegados no sofá da sala principal


envolvida por outros malucos como eu. Ele era a cor do quarto
bege chato, a felicidade em um lugar deprimente. Foi bom vê-lo
todos os dias durante o horário de visitas, mas eu tinha que ser
justa. Não poderia assumir toda a sua vida, e os caras precisavam
dele de volta.
“Zeke, eu vou ficar bem. Não vou a lugar nenhum.
Agradeço por estar aqui por mim, mas os caras precisam de você
também. Volte para a Califórnia, termine a gravação, e depois
volte. Uma vez que eu esteja fora daqui e tudo mais, vamos
descobrir como equilibrar tudo melhor. Prometo.”

Demorou uma semana para eu convencê-lo a voltar ao


trabalho. Eu o amava por ser tão solidário, mas eu entendia o
quanto ele amava a música, e eu estava cansada de afastar as
coisas dele.

Eu não tinha permissão para ter um telefone, mas ele fez


questão de me ligar todos os dias e me checar, uma vez que ele já
estava instalado de volta na Califórnia. Na sua ausência, a tia
Sarah e Sydney vieram me visitar tanto quanto foi possível.

“É bom ter você de volta. Senti sua falta,” disse Sydney


quando me abraçou no final da sua visita.

Eu sorri para ela e a abracei mais forte ainda. “É bom


estar de volta.”

Eu estava até começando a dormir melhor. Eu ainda


tinha pesadelos sobre meu pai, ocasionalmente, mas eles não
eram nada como costumavam ser. Eu até comecei a ter sonhos
com a minha mãe e os momentos felizes que costumávamos ter.
Adorava ter esses. Era como se ela estivesse lá comigo.

Depois de seis semanas, e tanta terapia eu não tinha


certeza se poderia voltar para as minhas aulas de psicologia, fui
liberada. Foi definido que eu deveria ver a Dr. Jenson uma vez por
semana e me prescreveram dois remédios para minha ansiedade e
depressão.
Sydney estava na escola na manhã em que fui liberada,
então tia Sarah me buscou. Depois de colocar todas as minhas
malas no carro, ela me abraçou com força e nós duas choramos.

“Nós levamos tudo de seu apartamento e seu quarto está


pronto na minha casa. Vamos levá-la para lá, e quando você se
sentir pronta, podemos ter toda suas aulas online juntas.”

Eu decidi que voltar para a escola não era uma opção


para mim, e pedi a tia Sara para olhar os cursos online. Eu
definitivamente estava indo atrás do meu bacharelado de
psicologia. Queria ser capaz de um dia ajudar garotas jovens como
eu. Entendi o que significava ser quebrada por abuso. Eu sabia o
que isso fazia mentalmente. Queria ser capaz de estar lá assim
como a Dr. Jenson e os demais profissionais estavam para mim.

Assim que eu entrei pela porta da frente, fui para o


telefone enviar uma mensagem ao Zeke.

Eu: Estou em casa. Sinto sua falta.

Zeke: Eu sinto sua falta mais. Assim que as coisas


desenrolarem aqui, eu volto para você.

Eu: Mal posso esperar. Eu te amo tanto.

Zeke: Eu te amo mais.


Eu: Mais

Zeke: Mais Ainda.

Eu: Isso não é uma palavra real, de modo que não


conta. Eu ganhei.

Zeke: Eu tenho você, então eu ganhei.

No fim de semana seguinte, a tia Sarah, Sydney e eu


dirigimos até a Carolina do Sul para visitar o túmulo da mamãe.
Colocamos rosas roxas em volta da lápide de mármore dela e
fizemos piadas bobas que sabíamos que a teria feito rir se
estivesse com a gente. Eu sabia no fundo que a mamãe estava
rindo com a gente.

Os grandes carvalhos fizeram um dossel sobre o tumulo


da mamãe e do musgo espanhol que fluía dos ramos balançando
de leve. Havia pedras com nomes nelas tão quanto o olho podia
ver, e estátuas representando a serenidade e paz. O ambiente me
fez sentir relaxada e eu quase pude encontrar a paz na morte da
minha mãe.

Quando chegou a hora do almoço, fiquei para trás da tia


Sarah e Syd e tive uma conversa com a minha mãe. Eu disse a ela
tudo o que eu tinha passado desde que ela foi para o céu. Eu não
deixei de fora nenhum detalhe. Eu quase pude ouvi-la dizendo que
tudo ficaria bem.

Ela tinha um jeito de fazer as coisas ficarem melhor.


Mesmo quando ela estava em seu leito de morte e mal podia
respirar fundo, ela segurava minha mão e dizia exatamente o que
eu precisava ouvir. Não importava que ela estivesse morrendo e
com dor, ela sempre tinha tempo para mim. Ela sempre estava lá
e eu sentia falta disso.

Mais tarde naquela noite, em um hotel em Savannah,


Geórgia, sentei-me à beira da piscina e peguei o telefone para
conversar com Zeke.

“Eu peguei algo para você enquanto estivemos


separados,” disse Zeke no telefone.

“O que é?”

“Você vai ter que esperar e ver.” Ele brincou. “Então,


estou indo para a Flórida no próximo fim de semana.”

Foi a melhor notícia que eu ouvi nas últimas semanas.

“Sério? Vocês terminaram a gravação?”

“Nós terminamos esta manhã. E eu não posso esperar


para ver seu rosto.” Eu podia ouvir seu sorriso através do telefone.

“Eu não posso esperar para ver o seu.”

“Eu amo você, menina linda.”

“Eu te amo mais.”

No dia seguinte, quando chegamos em casa da nossa


visita à Carolina do Sul, havia um pacote esperando por mim. Abri
e encontrei um lindo colar com um encantador Floco de Neve. Tia
Sarah colocou em mim, e eu tirei fotos de mim mesma usando-o
para enviar para Zeke. Liguei para ele assim que eu cliquei em
enviar.

“Você está tão bonita,” ele respondeu.

“Estou feliz que você pense assim.”

“Eu não penso assim. Eu sei que você é assim. Você


gostou?”

“Eu amei isso. É perfeito.” Eu sorri.

“Você é perfeita.”

O resto da semana se arrastou desde que eu soube que


Zeke viria no fim de semana seguinte. Quando chegou sexta-feira,
eu mal podia conter a minha emoção. Eu segurei meu telefone
perto de mim o dia todo, esperando a ligação para buscá-lo no
aeroporto, mas a chamada nunca veio.

Finalmente, no final da tarde, ele me ligou. Ele já estava


instalado em um dos hotéis mais caros da região.

“Por que você não me ligou para buscá-lo no aeroporto?”


Eu perguntei.

“Havia um carro esperando por mim quando cheguei lá.


Porque você não está aqui?” Ele riu.

Arrumei uma bolsa para a noite, beijei Syd e a tia Sarah


no rosto, em seguida, fomos para o hotel.

A senhora da recepção ficou encarando meu jeans


rasgado e meu all star e me deu um olhar que disse que eu não
era digna. Eu não me importava. Sorri de volta para ela quando
ela me disse o número do quarto, e depois fui embora.

Ele estava no sexto andar. O elevador parecia estar


conspirando contra mim, uma vez que parou em cada andar na
subida. Quando a campainha apitou no sexto andar, eu respirei
fundo e sai. Seguindo os números dos quartos, eu finalmente
encontrei a porta que eu queria. Bati levemente, esperei até que
ele respondeu.

Assim que ele abriu a porta, me puxou para dentro e


para seus braços. Ele chutou a porta atrás de nós e sorriu para
mim. Eu não aguentava mais. Fazia semanas que estivemos
juntos. Semanas desde que ele me tocou. Debrucei-me na ponta
dos pés e o beijei.

Ele me beijou suavemente no início, mas logo eu estava


jogando minhas malas de lado e empurrando-o contra a porta. Ele
empurrou as mãos nos meus cabelos e lambeu meus lábios antes
de aprofundar o beijo.

“É melhor desacelerar. Tem sido um bom tempo e eu não


quero apressar isso,” ele disse contra meus lábios.

“Apresse isso.” Eu disse.

Era tudo o que precisava. Ele me levantou contra a


parede e me beijou mais forte. Suas mãos cavaram meus quadris
quando ele começou a pressionar sua dureza contra mim uma e
outra vez.

“Eu queria ter meu tempo com você. Queria que isso
fosse perfeito,” ele disse enquanto se moveu para o lado do meu
pescoço e chupou suavemente.

Os botões da minha camisa estalaram um por um


quando ele a puxou aberta e trabalhou com sua boca sobre meus
seios por cima do sutiã. Eu arranhava suas costas e pedia mais.
Não podia obter o suficiente dele. Fazia muito tempo e eu
precisava dele. Eu não tinha planejado que fosse assim, e pelo o
que ele estava dizendo entre os beijos, ele não tinha planejado
dessa forma também, mas não conseguimos manter as mãos
longes um do outro.

Puxei sua camisa sobre a cabeça e ele tirou a boca do


meu corpo apenas o tempo suficiente para me permitir. Em
seguida, sua pele quente estava próxima a minha. Ele me puxou
para longe da parede e tirou meu sutiã. Ele jogou a camisa
rasgada e meu sutiã para o lado da sala, em seguida, sugou meu
mamilo em sua boca.

Gritei e cravei minhas mãos em seus cabelos. Ele


continuou a se pressionar contra mim, e o atrito da calça jeans
contra minha calcinha fina estava me deixando louca. Puxei seu
sinto. Puxei-o através dos lados de sua calça jeans até que eu
fosse capaz de jogá-lo onde minha camisa e sutiã estavam.

Sua calça jeans caiu em torno de seus quadris e eu


passei meus dedos pelo cabelo logo abaixo do seu umbigo. Ele
gemeu contra a minha pele. Lutei com o zíper da calça jeans, até
que finalmente eu pude colocar minha mão sob sua cueca.

Ele estava duro e quente na minha mão e eu trabalhei


com meus dedos para cima e para baixo. Ele tirou sua boca do
meu corpo e pressionou a testa contra meu peito.

“Adoro quando você me toca.” Ele estava respirando com


dificuldade e seus ombros levantavam para cima e para baixo.

Continuei a usar a minha mão sobre ele até que


finalmente ele me soltou. Puxei minha mão de sua calça e coloquei
meus braços em volta do seu pescoço para puxá-lo para baixo
para me beijar. Ele me levantou de novo e eu o envolvi com
minhas pernas enquanto ele me levava para o outro quarto.

Deitando-me na cama, ele começou a tirar meu jeans. Ele


tirou meus sapatos antes de puxar minha calça jeans
completamente. Ele ficou em cima de mim e me olhou por um
minuto, e eu quase me cobri.

Então ele estava lá, beijando a parte interna das minhas


coxas e deslizando o dedo entre minha pele recém-raspada e
minha calcinha rosa fina. Meus quadris se levantaram da cama
por conta própria implorando por mais.

E então eu o ouvi rasgar minha calcinha.

“Agora você me deve dois pares.” Eu sorri para ele.

Lambendo o interior da minha perna, ele olhou para


mim. Seu cabelo escuro quase cobriu seus olhos completamente.

“Você pode muito bem parar de usá-las.” Ele sorriu para


mim.

Eu estava o observando, mas ele tomou as palavras e a


respiração para fora de mim quando ele começou a chupar
suavemente sobre a parte mais sensível do meu corpo. Eu me
contorci e movi meus quadris quando comecei a gemer. Ele sabia
o que estava fazendo, e eu o estava deixando fazer isso. Ele não
parou até chegar lá.

Uma vez que o jeans foi ao chão, os únicos sons no


quarto eram nossos corpos se unindo e seus sussurros suaves de
quão bonita eu era, o quanto ele me amava e o jeito que eu era
gostosa.
Depois disso, eu adormeci em seus braços. Ele me
segurou perto e fez carinho com os dedos no meu cabelo. O
movimento do seu peito com sua respiração movia minha cabeça
para cima e para baixo e me balançava lentamente.

Quando acordei, ele tinha ido embora. Sentei-me e tirei


os lençóis quentes do meu corpo. O ritmo suave da sua guitarra
veio do outro quarto. Ele estava tocando “Patience” e cantando
baixinho. Parecia perfeito.

Enrolei o lençol em volta do meu corpo nu e saí da cama.


Meus pés encontraram pedaços de folhas de caderno que haviam
sido cortadas em flocos de neve de diferentes tamanhos. Meus
olhos seguiram os pedaços de papel, que pareciam ser definidos
em um caminho para a sala de onde vinha a música.

Eu segui o caminho, cuidando para não pisar nos flocos


de neve de papel perfeitamente cortados. Ocasionalmente, eu
passava por alguns com palavras escritas sobre ele.

Bonita, forte, única, minha e então, no final do caminho


com a maior letra estava escrito palavra “Perfeita.”

Sorri enquanto me abaixei para pegar aquele floco em


particular, e o trouxe para meus lábios. Zeke achava que eu era
perfeita. Contanto que ele pensasse que eu era, então era tudo o
que importava. Eu tinha lutado a minha vida toda tentando ser
alguém melhor. Era bom ser apenas eu e ter alguém que aceite
isso e me ame.

Abri a porta e entrei na sala de estar mal iluminada por


uma única vela. A chama na ponta do pavio dançava na brisa.
Sombras suaves se moviam nos cantos e fazia o quarto parecer
estar vivo com os sons de Zeke.

A música ficou mais alta e a voz de Zeke encheu a sala.


Eu nunca o tinha ouvido cantar, mas era bom. Olhei em volta
procurando por ele, mas ele estava longe de ser visto. Entrando
mais no quarto, fui seguindo para onde a música estava vindo.
Um rádio pequeno estava próximo à vela. Fui até lá e abaixei a
música em confusão. Onde estava Zeke e quando ele gravou a
música do Guns N 'Roses?

“Você parece uma deusa grega com esse lençol enrolado


em você.”

Virei-me de encontro a sua voz e o encontrei encostado


na porta que eu tinha acabado de passar. Seus braços estavam
cruzados sobre o peito e o moletom cinza que ele usava estava
agarrado em seus quadris. Ele era tão sexy, e era meu.

Ele caminhou em minha direção, enquanto seus olhos


me acolhiam, e então ele me puxou para seus braços. Os sons
suaves dele e de sua guitarra tocava atrás de nós.

“Eu gravei isso para você depois que terminei o álbum.


Você gostou?” Ele perguntou, baixinho e beijou minha testa.

“Eu amei isso. Eu te amo.”

Ele passou o dedo através da minha bochecha e seu rosto


ficou sério. “Você entrou na minha vida quando eu mais precisava
de você. Eu nem sabia que era capaz de ser o homem que eu sou
quando estou com você. Eu era escuro e quebrado, e você
iluminou meu mundo e me consertou, juntou peça por peça. Eu
não consigo respirar quando não estou com você. Não consigo
pensar em nada, além de seu sorriso e o jeito que me faz sentir
quando estamos separados. Eu decidi que nunca mais quero ficar
longe de você de novo, e se você quiser, eu gostaria de ser seu até
que não sobre mais nada de mim.”

Ele caiu de joelhos em minha frente e pegou minha mão.


“Eu quero nós dois para cuidar um do outro. Eu quero segurar
você quando estiver triste e protegê-la de qualquer coisa que a
ameace prejudicá-la. Eu quero dormir com você todas as noites e
acordar com seu sorriso doce todas as manhãs. Eu te amo mais
do que eu poderia colocar em uma música, mais do que eu
poderia colocar em palavras, frases e eu quero que você seja
minha para sempre. Quer casar comigo, Floco de Neve?”

Ele abriu uma caixa de anel e eu olhei para o único


diamante descansando na caixa almofadada. Diamantes menores
cercando-o, dando-lhe a aparência de um pequeno Floco de Neve
moldado no aro de platina. Era lindo.

Olhando para seus olhos, eu pude vê-los marejados. Eu


nem percebi que estava chorando, também, até que ele me
estendeu a mão e enxugou as lagrimas com o polegar.

“Sim. Eu me casaria com você todos os dias para o resto


da minha vida.”

Seu sorriso era o mais brilhante que eu já tinha visto


quando ele tirou o anel da caixa e o colocou no meu dedo. Ele se
levantou, passou os braços em volta de mim, e me beijou.

“Para sempre,” ele sussurrou em meu cabelo.

A vida tinha sido difícil para Zeke e eu. Houve tempos


difíceis que nós quase não conseguimos. Mas então encontramos
um ao outro e nos unimos. Nem todo mundo encontra sua outra
metade. Nem todo mundo tem a chance de sentir o tipo de amor
que Zeke e eu temos um pelo outro, mas eu gostava de pensar
que, depois de tudo que passei na minha vida, Zeke era o meu
final feliz.

Eu nunca seria perfeita, ninguém é, mas quando eu


estava com Zeke, a perfeição não era necessária. A verdade é que
eu era uma bela bagunça e Zeke era a cola maluca que me
segurava.
Epílogo

`;Fr
Zeke
O vento soprou seu longo cabelo loiro para o lado,
cobrindo seu belo rosto quando se virou para mim. Ela estava
partindo e isso estava me matando. Ela levantou a mão franzindo
as sobrancelhas. Olhos tristes e gelados me encaravam. Meu
pequeno Floco de Neve perfeito. Ela foi minha por um breve
momento na minha vida, e agora, estava partindo e seguindo em
frente. Expandindo sua mente, tornando-se parte da sociedade.

Ela não precisava mais de mim. Ela não precisava de


mim para melhorar as coisas, para abraçá-la quando estava com
medo. Era uma droga. Eu precisava que ela precisasse de mim.
Eu queria que ela precisasse de mim até o fim, mas as coisas
nunca mais seriam iguais, e por mais que isto doesse, eu sabia
que era o melhor.

Então eu disse adeus, vi quando ela desapareceu atrás


de um conjunto de portas pretas e eu fui embora. Meu coração
estava quebrado, eu estava cheio de medo, mas não pude deixar
de sorrir com um pouco de orgulho.
Antes que eu pudesse voltar para o carro, senti uma
pequena mão puxando meu braço. Virei-me, e a vi na minha
frente com lágrimas nos olhos.

"Eu amo você, papai."

Aquelas palavras sempre me amoleciam. Abaixei-me e a


levantei. Quem diria que o primeiro dia de aula fosse uma coisa
tão emocional?

"Eu também te amo, garota bonita. Eu e mamãe estamos


muito orgulhosos de você."

Eu a beijei na testa e coloquei seus pés de volta no


gramado de fora da escola. Ela acenou um adeus novamente e
correu para as portas de entrada. Sua mochila, que parecia
grande demais para ela, saltou para cima e para baixo durante
todo o caminho.

Antes que eu voltasse para o carro, enxuguei minhas


lágrimas assim Patience não saberia que eu tinha ficado chateado.

"Ela parece muito pequena para estar entrando nessa


escola grande," Patience disse enquanto eu fechava a porta e
travava o carro.

"Sim, ela parece." Eu me virei e olhei para a escola mais


uma vez.

Eu tinha voltado da turnê a tempo de estar lá para o


primeiro dia de aula da Sky. Recusei-me a perdê-lo.

"Então, quem ganhou a aposta?" Patience perguntou


enquanto me afastava do meio-fio.

"Eu ganhei."
Ela olhou para mim com um olhar que sabia que eu
estava mentindo.

"Acho que é difícil acreditar que você não chorou," disse


ela em tom de acusação.

"Tudo bem. Você ganhou," eu disse enquanto puxei uma


nota de cem dólares e a entreguei.

Ela dobrou a nota sorrindo e enfiou-o em seu sutiã. Seus


seios cheios pularam do seu top de maternidade. Gravidez caía
bem em minha esposa.

"Olhe para a estrada, Zeke," disse ela com um sorriso


quando me pegou olhando.

Eu não podia esperar para por minhas mãos sobre ela


quando chegássemos em casa. Desde que Skylar nasceu,
raramente tínhamos algum tempo sozinhos e uma vez que Kylee,
nossa filha de três anos de idade, veio, ela vivia agarrada ao
quadril de Patience. Finn tinha concordado em ir com Kylee ao
parque enquanto nós levávamos Skylar para seu primeiro dia de
jardim de infância, o que significava que eu tinha exatamente
duas horas a sós com Patience.

Quando o carro virou na rua de nossa casa, tudo que eu


conseguia pensar era em tirar suas roupas e fazer amor com ela
até que ela não aguentasse mais. Eu tinha estado fora por três
semanas e enquanto estive fora, eu senti muito a falta de Patience.

Você poderia pensar que estaríamos acostumados com


isso agora, mas não havia nada como voltar para casa para a
minha pequena família e depois passar a primeira noite na cama
com a minha linda esposa.
Patience segurou suas costas e fez um pequeno ruído
cheio de dor enquanto subíamos os degraus da porta da frente.

"Você está bem, baby?" Eu perguntei com preocupação.

"Minhas costas andam doloridas ultimamente," ela


confessou.

Ela passou por três gestações e nunca se queixou. Estava


com apenas seis meses, mas eu podia dizer que o bebê estava
exigindo dela. Outra menina estava a caminho. Quem iria
imaginar que um ex-mulherengo como eu, estaria cercado por
garotas. Foi um castigo dos deuses, sabendo um dia que minhas
três filhas iriam crescer e se tornar adolescentes sendo abordadas
por caras como eu.

Patience fez outro ruído e, em vez de deixá-la terminar de


subir os degraus, eu a peguei em meus braços e a levei até a
porta. Ela riu e escondeu o rosto no meu pescoço até que a
coloquei no chão para abrir a porta.

"Por que você não se senta e relaxa. Existe alguma coisa


que você queira?" Se ela tinha que carregar e dar a luz aos bebês,
então o mínimo que eu podia fazer era ter certeza que ela estivesse
confortável e tivesse tudo o que queria.

"Não, mas eu acho que vou aproveitar a ideia de sentar e


relaxar." Ela se sentou lentamente no sofá e começou a esfregar
suas costas.

No mesmo instante, eu esqueci as minhas necessidades.


Sexo podia esperar quando meu Floco de Neve precisava de algo.
E
Patience
Zeke massageou minhas costas até que eu adormeci no
sofá. Eu nunca admitiria isso a ele, mas essa gravidez estava
sendo a mais difícil.

Eu sentia falta dele loucamente quando estava em turnê,


mas com as meninas, eu não podia mais ir com ele, especialmente
agora que Skylar estava na escola.

Quando eu acordei, eu estava na minha cama e já eram


três horas da tarde. Eu dobrei as cobertas e fui para a sala. O
pessoal estava lá brincando com as meninas. As meninas amavam
os meninos demais, e Finn, Chet, e Tiny – ou como as meninas
gostavam de chamá-los de tio Tin, tio Tet, e tio Iney – tinham
finalmente encontrado o seu jogo quando se trata de mulheres.
Não havia nada que os rapazes não fizessem para as minhas
meninas.

Arrastei-me passando pela sala e fui para a cozinha para


pegar um copo de água. Olhei a foto do nosso casamento na
parede e ri do nosso grupo louco. Zeke tinha Finn, Chet, e Tiny do
seu lado, é claro, e eu tinha Sydney, Megan, e Hope. Na imagem,
estávamos todos nós, posando com caras engraçadas.
Eu adorava olhar nossas fotos de casamento. Foi uma
das primeiras vezes que todo mundo que eu amava estava junto.
Mesmo o pai de Zeke apareceu. Aparentemente, ele estava sóbrio
desde Zeke se fora e estava frequentando a terapia para os seus
problemas de raiva. Zeke ainda tinha seus problemas com ele,
mas sempre que visitamos a Carolina do Sul, nós não deixamos de
levar as meninas para vê-lo. Eu mal podia acreditar o quão
diferente ele estava com as meninas.

Eu estava lavando o meu copo e colocando no escorredor


de pratos quando Zeke veio atrás de mim colocando os braços ao
redor da minha não tão minúscula cintura.

"Como você está se sentindo, linda?" Ele beijou a minha


nuca.

"Melhor. Você devia ter me acordado. Dormi o dia todo."

"Bom. Estou em casa agora, baby. Relaxe e me deixe


cuidar das meninas."

Eu me virei e coloquei meus braços em volta do seu


pescoço. Minha barriga ficou tanto entre nós que eu não pude
chegar perto dele como eu gostaria. Ele olhou para baixo entre nós
e, em seguida, de volta para mim com um sorriso doce.

"Você sabe que não posso simplesmente deitar na cama o


dia todo."

Ele se inclinou e me beijou docemente nos lábios.

"Que tal se eu mantê-la acordada a noite toda esgotando


você até tudo o que você vai conseguir fazer amanhã é ficar
deitada na cama o dia todo?" Ele passou a língua ao longo dos
meus lábios.
"Isso parece delicioso." Eu flertei de volta.

"Você é deliciosa."

Naquela noite, uma vez que os rapazes foram para casa e


as meninas foram todas para cama, Zeke me levou no quarto e
começou a me despir.

"Esperei o dia todo para ficar sozinho com você." Ele


beijou meu ombro e passou os dedos descendo pelo meu corpo.

"Você estava sozinho comigo hoje."

"Sim, mas você não estava se sentindo bem e precisava


dormir." Ele deu pequenos beijos no meu ombro até o lado do meu
pescoço.

"Eu tenho muita sorte de ter você. A maioria dos homens


não se preocupa como suas esposas se sentem depois de ficar sem
sexo por semanas." Levantei meus braços para que ele pudesse
tirar o meu top.

Ele se inclinou e beijou minha barriga, e então


desamarrou minhas calças de cordão e puxou para baixo. Ele
trabalhou com as mãos descendo pelas minhas coxas, e depois
massageou meus músculos da panturrilha doloridos até minhas
pernas formigarem. Quando chegou aos meus tornozelos, eu não
aguentava mais, então sentei na nossa cama.

Ele tomou seu tempo plantando beijos suaves no interior


das minhas pernas enquanto ele massageava meus pés. Aquilo
estava incrível. Não demorou muito até eu estar deitada na cama,
completamente nua e ele beijando cada parte de mim.

"Você é tão linda," ele sussurrou uma e outra vez.


"Eu me sinto enorme." Eu respirei fundo quando ele
passou a língua pelo meu mamilo.

Tudo estava tão sensível e eu estava dolorida por ele. Eu


puxei seus quadris para pressioná-lo contra mim.

"Eu garanto que você não está enorme. Você é perfeita."

Eu ri um pouco. "Oh, eu sou?"

Ele estava chupando minha orelha agora e lentamente se


movimentando entre as minhas pernas. Eu mal podia esperar
para senti-lo dentro de mim.

"Com certeza. Você é mais do que perfeita e você é


quente. Pra falar a verdade, se você ficar mais quente, você pode
derreter." Ele sorriu para mim com essas palavras.

Eu podia me lembrar de quando ele costumava dizer isso


para mim o tempo todo, e eu sorri quando eu pensei sobre tudo o
que tínhamos passado para estar juntos.

Inclinei-me para frente e o beijei, enquanto corria meus


dedos sobre os três minúsculos flocos de neve em seu antebraço.
Zeke me beijou de volta e, em seguida, ele passou o resto da noite
cumprindo bem sua promessa de me esgotar.

The End

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