Você está na página 1de 364

Grupo de Tradutoras & Revisoras

Independentes
A tradução dessa obra foi efetuada pelo grupo de Tradutoras E
Revisoras Independentes – T.R.I., de forma a dar ao leitor, acesso
a obras sem previsão de publicação no Brasil, tendo como único
objetivo o entretenimento e não visando a obtenção de lucros,
direta ou indiretamente.

No intuito de resguardar os direitos autorais, o Grupo de


Tradutoras e Revisoras Independentes poderá, sem aviso prévio,
efetuar o cancelamento ao acesso a Tradução.

A presente tradução é para uso particular, sendo proibida a


venda. Respondem os sites, blogs, fóruns, grupos, pela
disponibilização da tradução, isentando o T.R.I. de toda e
qualquer responsabilidade, perante a legislação Brasileira.

Agradecemos a todos que contribuíram com esta tradução nos


incentivando a continuarmos independente dos obstáculos.
Nossos mais sinceros agradecimentos para a equipe de tradutoras
as quais se dedicaram a esta tradução, abdicando de seu tempo
livre para nos ajudar.

O T.R.I, recomenda a aquisição do livros originais, seja em obras


físicas ou e-books, com o intuito de resguardar os direitos
autorais, conforme a estabelece a legislação brasileira.
Blow Hole Boys 01
Playing Patience
Tabatha Vargo

Playing Patience Vol. 01 – Lançamento


Perfecting Patience Vol. 1.5 – Em Tradução
Finding Faith Vol. 02 – Em Tradução
Convincing Constance Vol. 03 – Na Fila
Having Hope Vol. 04 – Aguardando
Lançamento
Índice
Sinopse
Prólogo
Capitulo Um
Capitulo Dois
Capitulo Três
Capitulo Quadro
Capitulo Cinco
Capitulo Seis
Capitulo Sete
Capitulo Oito
Capitulo Nove
Capitulo Dez
Capitulo Onze
Capitulo Doze
Capitulo Treze
Capitulo Quatorze
Capitulo Quinze
Capitulo Dezesseis
Capitulo Dezessete
Capitulo Dezoito
Capitulo Dezenove
Capitulo Vinte e Um
Capitulo Vinte e Dois
Capitulo Vinte e Três
Capitulo Vinte e Quatro
Capitulo Vinte e Cinco
Capitulo Vinte e Seis
Capitulo Vinte e Sete
Epilogo
Musica
Sinopse
Às vezes, tudo que você precisa é paciência.

A vida tem sido difícil para Zeke. Ser um saco de


pancadas para seu pai alcoólatra o transformou em uma rocha.
Nem mesmo o suspeito estacionamento de trailers em que ele vive
pode assustá-lo. Lutar é a sua libertação, e sexo, drogas, e sua
guitarra lhe trazem paz, mas no fundo Zeke não é tão duro como
ele finge ser. Quando ele conhece Patience, ela encontra todos os
seus pedaços quebrados e o reconstrói, mas ela é um raio de luz
em sua vida sombreada e a última coisa que ele quer fazer é trazê-
la para o seu mundo escuro. Fingir ser o descuidado é fácil, fingir
ser o cara mal pode ser divertido, mas enganar Patience é
impossível, especialmente quando ela pode ver através dele.

Zeke não é o único que está quebrado, e pela primeira


vez, em muito tempo, Patience se sente viva. Seu mundo preto e
branco recebe um tiro de cor quando ela conhece Zeke. Ele é
diferente de qualquer pessoa que ela já conheceu, com suas
tatuagens, piercings e brusca honestidade. Ela não quer nada
mais do que deixar-se ir e andar pelo lado selvagem com ele, mas
algumas feridas nunca cicatrizam e os pedaços quebrados de
Patience não são tão fáceis de encontrar.

***Aviso: este livro contém linguagem gráfica, sexo e


violência. Leitores adultos apenas. Não se destina a leitores de
jovens adultos.***
Prólogo

`;Fr
Há um lugar em que você aterrissa logo antes de bater no
fundo do poço, um tipo de amortecedor antes da pancada. É cheio
de ar fresco que preenche seus privados pulmões e há tanta luz
que até nos cantos mais sombrios sua pele se aquece. Este lugar
lhe prepara para o seu mergulho, segura-lhe em uma presença
calma e o balança suavemente. Zeke era esse lugar para mim. Ele
era uma espécie de arco-íris no meu filme preto-e-branco, um
toque calmante contra cicatrizes irregulares.

Então eu cheguei ao fundo do poço.

Enquanto eu estava sobre um corpo sem vida de um


homem que não merecia a paz que a morte traria, eu sabia que
jamais seria a garota que eu costumava ser. As partes
despedaçadas de mim estavam se recuperando e sua alma era a
cola que as seguraria todas juntas.
Um

`;Fr
Zeke

Eu exalei uma trilha de fumaça, e uma tosse que


machucou minhas costelas tomou conta de mim. Meu peito doeu
e meus pulmões chiaram. A queimação em minha garganta
intensificou e então o relaxamento começou a se infiltrar pelos
meus poros. O espaço cheio de fumaça flutuou ante meus olhos
vidrados enquanto eu me derretia no sofá de couro rasgado de
Finn. O sofá separava o espaço da banda do resto de sua garagem
suja.

“Se você não tossir, não vai passar,” Finn disse enquanto
eu passava a ele o baseado. “Então o que aconteceu com a
Ashley?” Ele deu uma tragada. O pedaço se iluminou e se desfez.
“Ela desistiu ou o que?” Sua voz estava distorcida enquanto ele
lutava para segurar a fumaça antes de finalmente liberá-la e
tragar mais uma vez.

“Eu não quero aquela boca perto de mim. Você viu aquela
bolha nojenta no lábio dela semana passada? Ela tentou, mas não
deu certo.”
“Não posso te culpar. Você precisa transar, cara. Já faz
duas semanas desde aquela estranha no The Pit. Qual era o nome
dela mesmo?” Ele ergueu suas pernas e deixou cair suas botas
pesadas e cobertas de lama em cima da mesa de café em frente ao
sofá.

“Não faço ideia. Não perguntei.” Dou de ombros.

Eu dedilho minha guitarra enquanto tento afiná-la.

“Sortudo filho da mãe! Você sempre consegue as que


desaparecem. Eu sempre fico preso às putas pegajosas. Lembra-se
daquela no último verão que me seguiu por um mês? Droga, ela
era boa de cama.” Ele tomou um gole de cerveja e sacudiu a
cabeça com a memória. “De qualquer forma, consiga uma mulher
antes do show do final de semana. Você toca melhor quando suas
bolas não estão azuis.”

Ele passou o baseado de volta pra mim. A fumaça


preencheu meus pulmões enquanto dava uma tragada forte,
segurava, e então exalei.

“Sim, veremos.”

Eu não sentia vontade. Muita merda estava acontecendo


ao meu redor e eu estava de saco cheio das mesmas putas de
sempre.

Quando todos chegaram, tocamos por duas horas antes


de todos se separarem e irem embora para casa. Depois de jogar a
case da minha guitarra atrás do meu rústico El Camino, eu dirigi
por aí pela última hora. Meu velho geralmente não passava das
onze, então eu sabia que era melhor voltar para casa antes disso.

Depois de um bom tempo, rolei meu carro até o jardim e


desliguei o motor. Todas as luzes no nosso amplo trailer estavam
apagadas, mas eu podia ver a tremulação da TV pela janela da
frente. Cair no sono assistindo TV era uma mania do meu pai.

Garoa salpicava contra meu para-brisa rachado e


correntes de água da chuva começaram a descer pela minha
janela. Minhas botas afundaram na lama macia quando saí do
carro, o que significa que o jardim estaria uma bagunça pela
manhã.

Um gato perdido saiu correndo de debaixo do degrau


enquanto eu caminhava pelo pequeno trecho do meu carro até a
varanda. O caminhão de reboque do meu pai estava estacionado
na lateral da garagem de pedras e o gato desapareceu por lá.

Eu me arrastei até os quebrados degraus de madeira e


coloquei minha chave na fechadura. A porta de alumínio implorou
por um pouco de óleo lubrificante enquanto rangia quando a abri.
Essa porta ainda seria minha morte, já que parecia amar acordar
meu pai. A madeira apodrecida do chão da varanda curvou-se
contra meu peso antes de eu pisar dentro do espaço cheio de
fumaça.

O odor de cerveja, Marlboro vermelho e óleo de motor


preencheram minhas narinas. Eu deslizei da sala de estar
bagunçada para o corredor ao meu lado. Meu pai tinha desmaiado
na velha cadeira malva de minha mãe. As luzes da TV dançavam
através de seu rosto sujo. Ele ainda estava com suas roupas sujas
de trabalho e a garrafa em sua mão estava inclinada o suficiente
para que o carpete emaranhado ficasse polvilhado de cerveja
quando ele respirava. O cinzeiro ao lado dele estava cheio de
cinzas, pontas de cigarro e cerveja.

Eu não me incomodei em desligar a televisão. Eu não


queria arriscar acordá-lo. Ao invés disso, eu me escondi e andei
até meu quarto. Eu estava tomando o cuidado ao pisar na parte
do corredor onde o chão era fraco. Houve um vazamento no
banheiro há alguns anos que arruinou o chão e deixou um
persistente mau cheiro de bolor em frente ao meu quarto. Isso fez
minha vida ser dez vezes pior e não fez nada para amenizar o ódio
que eu sentia por aquele lugar.

Tirei minha jaqueta e fiquei só em minhas boxers. O


aquecedor em nosso trailer era uma merda, então meu quarto
tinha um frio persistente que apenas o cobertor esfarrapado de
minha mãe poderia amenizá-lo. Liguei meu rádio no volume baixo
e deitei em minha cama.

Lá fora eu podia ouvir nossos vizinhos discutindo em


espanhol e um bebê chorando. Mais ao longe havia sirenes de
polícia e o som de vidros quebrando. A interestadual estava
apenas do outro lado da cerca, então o som de carros correndo era
interminável. Por muitos anos esse tinha sido o lugar que chamei
de lar. Eu tinha dificuldade para dormir com silêncio total depois
de anos de poluição sonora para me desejar boa noite.

Eu estava cochilando quando ouvi um barulho alto do


meu pai fechando a cadeira reclinável com suas pernas. O trailer
se deslocou um pouco com seus passos pesados conforme ele fez
seu caminho até meu quarto. Preparei-me para o ataque enquanto
ele adentrava meu quarto. Uma luz fraca entrou quando ele abriu
a porta. Eu silenciosamente desejei que ele fizesse isso apenas no
escuro. Desse jeito eu não teria que ver seus punhos chegando até
mim.

“Onde diabos você estava? Pegou dinheiro da minha


carteira?” Ele me encarou com olhos bêbados e vermelhos.

Eu não respondi. Não adiantava negar que eu tinha


pegado o dinheiro. Ele não se importava se sim ou não; ele só
queria um motivo para bater em alguém. Eu conhecia esse
sentimento bem até demais. Eu me curvei e protegi meu rosto e
estômago. Seu punho invadiu a carne em meus braços e
ocasionalmente passou pela minha defesa até meu rosto. Houve
alguns golpes em minhas costelas, até que finalmente ele se
sentiu satisfeito e saiu. Graças a Deus ele estava bêbado. Ele
estava fraco e lento com uma garrafa de cerveja debaixo do braço.
Geralmente as surras eram piores, mas eu nunca revidei, mesmo
quando eu poderia facilmente acabar com ele.

Não era medo que me segurava de acabar com cada


pedaço de sua vida. Era a promessa que fiz a minha mãe quando
ela estava morrendo. Todas as vezes que pensei em levantar meus
punhos e acertá-los na sua cara, eu ouvia sua voz suave pedindo
para que eu deixasse para lá.

“Ele é um bom homem e ele te ama. Ele só tem muita


coisa acontecendo nesse momento,” ela dizia enquanto colocava
gelo em meu rosto.

Houve apenas uma única vez em que ela apanhou, mas


quando o câncer a atingiu, ele transferiu sua raiva para mim. Eu
estava feliz com isso – melhor eu do que ela.

Costelas doloridas ou olhos pretos eram tão naturais


para mim que eu dificilmente notava. Era uma merda pensar que
eu poderia ter minha bunda chutada uma vez por semana e ainda
assim não ser nada, apenas mais um dia.

Eu adormeci com sangue em meu travesseiro por causa


do nariz e costelas doendo.

No dia seguinte na escola, eu ostentava um olho preto.


Eu estava sempre brigando, então ninguém prestou atenção. Não
era que eu começava as brigas propositalmente, mas as pessoas
me irritavam facilmente. Normalmente, minhas lutas começavam
depois das surras de meu pai. Eu sabia que lá no fundo era meu
jeito de revidar, exceto que não era com ele que eu estava
brigando, era um jogador de futebol ou algum velho de merda no
The Pit.

“Eu espero que a cara do outro esteja pior que a sua,”


Chet disse inclinando sua cabeça para trás e fazendo anéis de
fumaça enquanto exalava.

“Você duvida?” Ergui uma sobrancelha em questão.

“Sem dúvidas. Já vi você em ação, cara. Aposto que ele


está irreconhecível. Alguém que eu conheça?” Ele agitou seu
cigarro em cima do carro estacionado do Diretor William.

“Nah, só um babaca da minha vizinhança.” Coloquei


minhas mãos nos bolsos e inclinei-me no poste de luz. “Vamos
praticar na casa do Finn essa noite?” Mudei de assunto.

“Sim, Finn disse que tem alguma merda nova e quer que
a gente trabalhe nisso. Ele disse por volta das sete.”

Finn, o vocalista da nossa banda, Blow Hole, era uns


quatro anos mais velho do que nós. Todos nós o conhecíamos; ele
reprovou tantas vezes na escola que estava apenas um ano na
nossa frente antes de finalmente desistir. Ele ainda vivia na casa
de sua mãe. A garagem suja tornou-se nossa casa e o chamamos
de Blow Hole 1 já que você podia entrar e puxar uma linha de
cocaína a qualquer momento. O nome transferiu-se de alguma
forma para nossa banda e é assim que nos chamamos desde
então.

1
Algo como buraco do sopro; nesse caso refere-se ao lugar onde eles podem usar drogas.
De alguma forma, Chet e eu administramos para
conseguirmos chegar ao último ano. Nós dois estávamos um ano
atrasado de onde deveríamos estar, mas ainda estávamos lá. Eu
quis desistir, mas permanecer na escola era outra promessa que
eu fiz a minha mãe em seus últimos suspiros. Então podia estar
um inferno ou vir um temporal, eu estava na escola todos os dias.
Porém, entrar na sala de aula era uma história completamente
diferente.

No fim da noite, praticamos uma hora a mais na casa de


Finn. Estávamos a três dias da nossa apresentação no The Pit e
tínhamos adicionado uma nova música ao setlist. Geralmente,
fazíamos cover de músicas para que lotasse o lugar, mas uma vez
ou outra nós tocávamos uma original.

Meus dedos doíam por tocar violão tão forte e por tanto
tempo. Eu tinha que admitir que estávamos tocando muito. Chet
estava na bateria e Tiny poderia tocar um contrabaixo como se
sua vida dependesse disso, mas era Finn que estava dando um
show. Ele era um maldito de um líder e nosso nome estava
lentamente se espalhando.

Quando finalmente cheguei em casa naquela noite, meu


pai já estava na cama. Caí num sono irregular enquanto os
vizinhos discutiam em espanhol e o tráfego na interestadual
tocava sua familiar canção de ninar.

Depois disso, a semana passou voando numa névoa entre


ficar alto e tocar na garagem de Finn. Não demorou muito para
estarmos nos preparando para nosso show de sexta no The Pit. O
palco era pequeno, mas era nosso lugar preferido para tocar. A
multidão era louca e muitas pessoas vinham apenas por nós.

The Pit não poderia ter um nome mais perfeito. Era um


grande, sólido, espaço subterrâneo. Parecia uma garagem
vandalizada com um bar, um palco e um banheiro. O dono
permitia grafite desde que não parecesse como merda, então as
paredes de concreto estavam cobertas com grandes peças de arte
coloridas e palavras irregulares. Havia até um ponto especial na
parede mais distante com o nome da nossa banda em preto e
vermelho.

Depois que nos preparamos e a multidão chegou, nós


tocamos como nunca. A galera foi à loucura depois do meu solo de
guitarra enquanto Finn cantava uma música de Chevelle. Tiny,
que tinha pelo menos cento e trinta quilos, invadiu o espaço com
força tocando seu baixo. Olhei de volta para Chet que estava
tocando bateria. Ele estava tão drogado que seus olhos eram
pequenas fendas em seu rosto. Ele acenou para mim com um
sorriso, atirou suas baquetas no ar e então as pegou firmemente.
Era a merda de uma ótima noite.

Depois de uma hora tocando, fizemos uma pausa.

“Cuide das minhas cordas,” eu disse para Finn enquanto


eu apoiava minha guitarra em seu microfone.

Eu bebia demais quando estava tocando e ia transbordar


se eu não fosse mijar. Andei pelo lugar lotado enquanto o DJ
tomava conta e tocava uma alta música Techno. O lugar se
encheu de luzes a laser enquanto a pista de dança lotava com
pessoas dançando de cima a baixo, totalmente fora de suas
mentes.

“Você tocou muito bem lá em cima, Zeke,” alguma garota


aleatória disse enquanto eu caminhava.

Ela me alcançou e agarrou minha bunda. Isso era uma


coisa normal para mim e nada me pegava de surpresa em se
tratando das mulheres do The Pit. Eu me virei e dei de cara com
uma ruiva quente com um decote pulando de um muito-pequeno
top. A maioria das ruivas que eu fiquei tinham sido selvagens na
cama, então eu estava definitivamente pronto se ela quisesse se
divertir mais tarde. Eu me curvei para baixo para ter certeza de
que ela poderia me ouvir através da música alta.

“Belos peitos.” Eu sorri para ela enquanto eu passava


meus dedos por seu decote. Havia uma tatuagem irregular
debaixo da linha de renda de seu sutiã que eu queria dar uma
olhada. “Encontre-me atrás do palco mais tarde.”

Eu não estava pedindo. Eu estava mandando. Minha


natureza brusca era algo pelo qual eu era conhecido e isso servia
muito bem para mim. Desonestidade não era meu negócio e eu
nasci sem um filtro ao redor do meu cérebro. Qualquer coisa que
passasse pela minha mente saía da minha boca, mesmo que
doesse ou não. O negócio de não ter filtro iniciou umas boas
brigas na minha vida. Também não ajudou o fato de eu não ter a
menor ideia de como morder minha língua.

Eu empurrei a porta preta do banheiro. Não havia


homens nem mulheres; havia apenas um banheiro com tendas
revestindo uma parede, mictórios na outra e uma pequena pia
com um sujo e quebrado espelho. Não era um lugar higiênico, mas
ainda havia vezes em que você entrava e tinha um cara transando
com uma garota. Não era grande coisa mijar ao lado de um casal
logo ali. Fechei meus jeans e fui até a pia para lavar minhas mãos.
Nunca havia sabonete no pote então nem me importei. Usando
minha camisa como toalha, eu me virei para sair. Um flash de
branco se sobressaiu contra a parede, e eu parei em meu caminho
quando notei uma minúscula loira enrolada no canto. Ela estava
balançando para frente para trás com seus joelhos encostados em
seu queixo. Suas mechas platinadas estavam grudadas em seu
rosto suado e seus olhos vidrados e vermelhos rolavam em seu
rosto.

Eu reconhecia uma nerd quando via uma. Eu


provavelmente descobriria amanhã que alguma menina teve uma
overdose no banheiro. Acontecia frequentemente, mas ninguém
realmente prestava atenção, então nem eu iria quando me virei e
saí andando. O mínimo que eu poderia fazer era parar no bar e
avisar alguém que ela estava lá antes de voltar ao palco.

Antes que eu pudesse passar pela porta, ela disse.

“Por favor, me ajude.” Sua voz tremulou.

Ela tinha uma voz suave. Não era rouca nem grossa como
a maioria das mulheres que eu conhecia. Todas elas fumavam, e
cortar um pulmão tinha mudado a voz delas. Ao invés disso, sua
voz era suave e pequena como ela. Virei-me para ela e ela me
olhou com brilhantes olhos azuis. Eles não estavam mais rolando
pelo seu rosto; agora eles estavam cheios de medo.

Foi aí que prestei atenção em suas roupas – calças caqui


e blusinha com botões e colarinho branco. Definitivamente nada
parecido com os jeans baixos e pequenos tops que as mulheres
que eu conhecia costumavam vestir. Ela tinha as unhas limpas e
não usava maquiagem.

Como eu não a tinha notado lá antes? Ela se destacava


como uma puta numa igreja. Exceto que nesse caso era
exatamente o contrário. Ela parecia um anjo no inferno.

De qualquer forma, eu não seria enganado. Ela era


provavelmente uma riquinha que veio ao The Pit para uma noitada
e escondeu de seus saudáveis amigos, mas ainda assim, os mais
carregados eram os que tinham as melhores merdas. Novamente,
perguntava-me o que ela estava fazendo num lugar tão depravado,
envolta de toda aquela inocência.

“Por favor,” ela sussurrou. “Tem alguma coisa errada


comigo.”

Ela deslizou pelo azulejo de cerâmica e usou a parede


para segurá-la.

O palco e minha banda chamavam por mim. Eu não


tinha tempo para essa merda. Eu precisava ir andando, avisar o
bartender que tinha uma garota fodida no banheiro, e então voltar
para minha guitarra. Mas, quanto mais eu olhava para ela, mais
eu sabia que eu não seria capaz de sair andando. Alguma coisa
nela parecia verdadeira e parte de mim sabia que ela não estava
aqui para usar drogas.

Não era de minha natureza me importar com alguma


coisa, e isso me deixou com raiva. Eu não queria ver essa menina
machucada e ela ficaria, desde que estava totalmente fora do
corpo.

“Merda,” eu disse enquanto fechava a distância entre


nós. Ela recuou como se eu fosse machucá-la quando levantei
minhas mãos para seu rosto. Sua hesitação me deixou nervoso.
Eu nunca machucaria uma mulher, mas imaginei que eu parecia
assustador para essa pequena, puritana garota. Sua pele pálida
começou a se misturar com as mechas arenosas de seu cabelo.
Seus olhos azuis bebê tomaram um novo tipo de medo conforme
eu me aproximava mais e usava meus dedos para abrir suas
pálpebras.

Depois de uma inspeção mais próxima, eu pude ver que


seus olhos injetados de sangue estavam severamente dilatados.
Pontos pretos vazios rodeavam um mar de azul dentro de seus
olhos ligados. Ela tinha definitivamente usado algo.

“O que você tomou?” Eu perguntei asperamente.

Ela olhou para mim como se eu fosse louco. Sua testa


enrugou em confusão.

“Eu não usei nada, eu juro,” ela disse arrastado.

“Alguém te deu alguma coisa, talvez um pedaço de doce


ou algum pó?”

Meus dedos deslizaram pelo seu rosto até a lateral de seu


pescoço para checar sua pulsação e ela enrijeceu. Como eu
suspeitava, seu coração estava batendo muito lentamente. Ela
estava sob efeito de algo e seu corpo não estava aceitando muito
bem.

“Não, ninguém me deu nada.” Ela estava começando a


surtar.

“Então não há nada que eu possa te dizer.” Me virei para


sair.

Eu não tinha tempo para isso e meu limite de merda já


tinha acabado.

“Espere.” Ela me alcançou e agarrou meu braço. Ela


puxou sua mão para trás como se estivesse pegando fogo.

“O que?” Eu suspirei.

Merda, eu estava sendo ofensivo. Havia pessoas me


esperando do lado de fora para terminar o show e aqui estava eu
fodendo por aí com alguma fada de cabelos loiros.

“Um cara no bar me deu uma bebida.” Ela me olhou com


olhos enlouquecidos. “Eu pensei que ele tinha apenas pegado com
o bartender. Foi realmente doce, e o gosto era realmente bom. Não
achei que tinha nada. Eu teria sentido, certo?”

“Ótimo, simplesmente ótimo.” Joguei minhas mãos ao


alto dramaticamente. “Você foi dopada.”

Eu inclinei minha cabeça para trás e corri minhas mãos


pelo meu rosto. Isso era tudo o que eu precisava.

Ela me alcançou e colocou sua mão em meu braço. Olhei


para seus dedos. O contraste entre minha bronzeada e tatuada
pele com seus pálidos dedos perfeitamente cuidados era chocante.

“Eu vou ficar bem?” Ela perguntou em pânico. “Devo ir a


um hospital? Minha amiga, a que me trouxe... Eu não consigo
encontrá-la. Ela queria o baterista e agora não consigo achá-la.
Por favor, não me deixe.”

Seu peito se elevou enquanto ela começava a


hiperventilar. Ela inclinou sua cabeça para baixo, deixando seu
cabelo cair pelo seu ombro. Era muito maior do que parecia de
frente. Alcançando-os, ela tirou de seu rosto. Ela estava à beira
de um colapso.

Com o cabelo fora de seu rosto, eu tinha uma melhor


visão sua. Meus olhos se encontraram com uma suave, intocável
pele e bochechas coradas. Ela tinha um nariz fino e olhos
levemente puxados. Ela parecia estrangeira, toda pálida com um
cabelo naturalmente platinado, não aquele cabelo tingido de
branco que as mulheres costumavam usar. Ela me lembrava uma
pequena fada das neves.

Agitando meu cérebro e tirando esses pensamentos


loucos, a situação do momento bateu em mim.
“Eu vou conseguir alguma ajuda,” Eu disse quando me
virei para sair novamente.

Ela me alcançou mais uma vez e agarrou meu braço.


Seus dedos já não eram tão suaves como antes. Em vez disso, eles
cavaram desesperadamente meu antebraço. Sua boca abriu como
se fosse dizer algo e então seus olhos rolaram em seu rosto. Eu
tive que pegá-la quando ela desmaiou em meus braços.
Dois

`;Fr
Patience

Eu aconcheguei-me em meus lençóis e suspirei enquanto


meus músculos doloridos finalmente relaxaram. Eu pratiquei mais
forte na esperança de ir para casa, tomar banho e desmaiar. A
queimação em minhas panturrilhas me mostrou que eu tinha
exagerado, mas me senti bem em me esforçar. Futebol era a única
coisa que eu tinha controle. Em uma vida tão secretamente
caótica como a minha, aquele pequeno pedaço de poder era bem-
vindo.

Rolei de lado e deixei meu braço debaixo do meu


travesseiro. Meus olhos tremularam enquanto eu começava a
adormecer, mas eles estalaram de volta abertos ao menor som.
Uma porta se abriu no corredor e então eu ouvi o suave clique se
fechando. Os pelos dos meus braços se eriçaram como um gato
assustado. Ele estava vindo para me ver. Eu estava exausta, mas
não havia nada que eu pudesse fazer. Tudo o que eu podia fazer
era ficar deitada e rezar para que acabasse logo.
Acontecia com maior frequência agora que eu era mais
velha. Quando eu era mais nova acontecia mais ou menos uma
vez por mês, mas esses dias tornaram-se rapidamente nosso ritual
semanal, um ritual doentio que eu saberia muito bem ao longo
dos anos.

A porta do meu quarto se abriu e eu rolei em minhas


costas. Meu colchão tamanho grande guinchou com seu peso
unido ao meu. Ar gelado passou pelas minhas pernas enquanto
ele tirava minhas cobertas. Eu não disse uma palavra e levantei
meus quadris enquanto ele puxava minha camisola e tirava a
calça fora das minhas pernas.

As pontas dos seus dedos roçaram a parte interna das


minhas coxas e fizeram cócegas nas minhas áreas privadas. Ele
solicitou que eu sempre depilasse meus pelos pubianos. Eu era
provavelmente a única menina de dezessete anos na escola que se
depilava semanalmente.

Eu abri minhas pernas mais amplamente enquanto ele se


posicionava em cima de mim. Ele empurrou meus cabelos para o
lado e se inclinou para beijar minhas bochechas enquanto
vagarosamente entrava em mim. Eu odiava a sensação de seus
lábios pegajosos em meu rosto. Havia uma queimação normal em
minha pele seca contra a dele antes de meu corpo finalmente
ceder.

Era nessa hora que eu mentalmente viajava. Eu fechava


meus olhos e repassava meu dia todo em minha cabeça. Eu
passava por alguns jogos que eu tinha perdido e checava a lista de
coisas que eu precisava fazer antes do treino do dia seguinte.
Ficava pensando nos jogos que estavam por vir e nos times rivais
que nós enfrentaríamos. Eu lançava ao redor pontuações e pontos
e calculava quantos pontos seria para os próximos jogos.

Lá longe, eu podia ouvir minha cabeceira colidindo contra


a parede no seu ritmo normal. À distância, havia o eco da sua
respiração pesada e eu podia sentir levemente sua respiração
quente contra meu pescoço. O som que meu colchão fazia debaixo
de nós era algo que eu memorizaria. Sempre começava com uma
baixa melodia que acelerava enquanto os minutos passavam até
ele finalmente gemer e o colchão se silenciar.

Ele saía de dentro de mim e o ar gelado enchia meu


vazio. Ele correu suas mãos pelas minhas pernas enquanto
puxava minha camisola de volta. Então senti seus lábios roçando
minha testa.

“Boa noite, querida,” ele sussurrou.

“Boa noite.” Eu disse.

Fiquei deitada por uma hora antes de finalmente


conseguir dormir. Somente quando estava adormecendo eu era
capaz de realmente respirar. Apenas nos momentos inconscientes
dos meus sonhos profundos eu era capaz de me abrir e me
permitir relaxar. Às vezes, eu secretamente rezava por um sono
eterno – um que não houvesse dor e ele não existisse.

Na manhã seguinte eu levantei cedo o suficiente para


tomar um banho demorado. A água quente lavou a noite anterior
enquanto eu esfregava meu corpo brutamente. Minha pele estava
rosa e com linhas de arranhões da minha bucha. Eu nunca
poderia ficar limpa o suficiente. Por anos, eu tentei me limpar,
mas de alguma forma eu ainda estava suja. Eu me lembrava de
implorar para minha mãe por banho quando eu tinha nove anos.
Ela costumava rir e contar às suas amigas que eu era a criança
mais limpa que existia. Se ela soubesse o quão suja eu estava.
Lavei meu cabelo duas vezes antes de finalmente sair,
escovar meus dentes, e então me vestir para a escola. Eu pulei o
café da manhã então eu pude evitar a cozinha e esperar na
varanda pela minha carona. Eu tinha um carro, mas ele tinha
comprado para mim. Eu preferia caminhar até a escola a ficar
perto do Toyota cinza de quatro portas. Em vez disso, fingia que
estava com medo de dirigir e engatava uma carona com minha
melhor amiga, Megan.

Seu branco Honda Civic estremeceu quando ela


estacionou na minha garagem. O porquê dos seus pais terem
comprado um carro manual eu nunca entenderia.

“Hey, rock star! Belo gol ontem,” ela disse enquanto eu


entrava em seu carro aquecido.

“Obrigada. Nós vamos detonar nesse fim de semana,” eu


disse orgulhosamente.

Eu deixei minha mochila no chão entre meus pés e tirei


meus cabelos imaculados do rosto. Megan me olhou com grandes,
olhos castanhos de cachorrinho e eu sabia que ela me pediria algo
que eu não poderia dar. Ela beliscou seus cabelos pretos de fada,
e então fez uma bola de chiclete.

“Okay, então eu sei que você geralmente não frequenta


festas, mas vai ter uma balada acontecendo neste fim de semana
no The Pit. Eu posso colocar a gente dentro já que a minha irmã
começou a dormir com o segurança da portaria. Ele tem tipo uns
quarenta anos e Melanie tinha nossa idade quando começaram.
Nós temos que ir, Pay. Por favor, diga que você vai. Blow Hole vai
tocar e você sabe que eu tenho uma queda por Chet.” Ela aplicou
gloss em seus lábios e apertou-os juntos.

Um carro buzinou para nós quando ela mudou de faixa.


Ela prestava atenção a tudo exceto a estrada. Eu enrosquei meus
dedos no cinto.

“Não, você tem uma queda por bateristas. Por que não
vamos apenas assistir filmes na sua casa no fim de semana como
tínhamos planejado?” Eu choraminguei.

“Eu prometo que você vai se divertir. Apenas faça-me


esse favor e vamos. Vou ficar te devendo uma.” Seu carro sacudiu
quando chegou ao estacionamento da escola, então derrapou
numa parada abrupta no espaço vazio mais próximo.

De maneira alguma eu iria com Megan ao The Pit, não


importa o quanto eu quisesse. Nunca tinha ido, mas ouvi histórias
horrendas sobre meninas com seus rostos perfurados e que
andavam quase nuas. Em um lugar como esse, eu seria a pessoa
a me destacar. Meus cabelos louro-platinados combinariam,
exceto que o meu era natural, enquanto que a maioria das
meninas conseguiria minha cor apenas num salão. Pelo menos se
eu fosse, eu não teria que ver meu pai se eu ficasse fora até tarde.
Qualquer coisa que me mantivesse distante dele era uma coisa
boa.

Fiquei até tarde no treino e aproveitei tudo o possível da


escola. Eu tinha um horário equivalente a quatro garotas e na
maioria das noites eu deitava em minha cama e desmaiava. Era o
meu plano de sobrevivência, o modo que eu consegui viver minha
vida. Pessoas de fora jamais saberiam que atrás das portas
fechadas minha vida era um inferno. Eu era bem querida e uma
estrela do futebol, mas eu era uma boneca de porcelana quebrada,
rachada além do reparo e atirada ao fundo de um armário.

Todos os olhos se viraram para Megan quando andamos


na Pinewood Prep. Ela se destacava como um dedão ferido com
sua saia xadrez curta, além de uma gravata muito fofa e sexy para
substituir o azul marinho tedioso. Em um mar tedioso de cinzas e
azul marinho, sua pequena explosão de cores era bem vinda pelos
meus olhos.

Eu me lembro de quando ela foi à escola com um novo


piercing no nariz. Achei que era adorável e eu invejei sua
liberdade, mas todos praticamente assoviaram para ela enquanto
nós andávamos pelo corredor. Megan não poderia se importar
menos. Ela andava por aquele corredor como se ela fosse a dona,
com sua cabeça erguida e um secreto sorriso no rosto. Ela amava
a atenção, enquanto eu estava perfeitamente bem em me
misturar. O único lugar que eu não me misturava era no campo
de futebol. Era o meu reino. Mesmo que geralmente eu fosse a
menor menina em campo, eu dominava.

Eu passei o resto da minha semana dando aulas


particulares depois da escola e então eu continuava praticando
futebol. Durante a semana eu não praticava, eu ia para a
academia e malhava até pensar que meu corpo estava entrando
em colapso. Eu chegava em casa por volta das nove da noite,
tomava banho, e ficava no banheiro ate às onze, e quando eu
achava que estava tudo limpo, eu ia para o meu quarto.

Na sexta eu fui direto para a casa de Megan depois da


escola e disse para meus pais que eu ia passar a noite lá.
Certifiquei-me em fazer minha mala completa com algo para usar
no The Pit. De alguma forma eu pensei que usar o uniforme da
escola não ia funcionar. Embora, algumas pessoas loucas
usassem o look colegial... Eu sabia bem.

“Droga, Pay, olha para o seu lindo e pequeno corpo.


Garota , o que você tem feito?” Megan disse enquanto nos
vestíamos para sair.

“Apenas futebol e academia.” Eu sussurrei.

“Quem pensaria que você tivesse tudo isso escondido


debaixo de todo aquele uniforme horrendo?” Ela gesticulou pelo
meu corpo parcialmente nu. “Se eu fosse você, eu iria nua todos
os dias.” Ela gargalhou.

“Você iria nua todos os dias sem ser eu.” Eu ri.

O jeans baixo de Megan mostrava seus profundos ossos


pélvicos, e acima estava seu bonito umbigo. Seu lindo piercing no
umbigo com pingente de cereja pendia baixo. Seu estilo de corte
de cabelo era repicado, lindamente bagunçado e ela fez questão de
passar uma camada extra de máscara nos cílios. Ela parecia
quente e eu me sentia mal vestida.

Eu me decidi por um par de semiapertadas calças caqui e


uma blusinha branca com botões em cima. Eu deixei dois botões
desfeitos para pelo menos fingir não ser uma bundona. Megan
tentou me convencer a usar suas roupas sexys, mas o
pensamento de mostrar mais pele do que eu jamais tinha
mostrado me deixava com náuseas. Homens olhando para mim
me deixavam doente. Eu era uma menina mentalmente doente e
ninguém sabia disso.

Enquanto Megan tinha seu cabelo e maquiagem feitos, eu


deixei meu cabelo pálido solto. Coloquei um pouco de gloss em
meus lábios e isso foi toda a maquiagem que eu usei.

“Você não precisa de maquiagem de qualquer forma.”


Disse Megan enquanto eu guardava o gloss.

Dissemos um breve adeus a sua mãe, que era


possivelmente a mãe mais legal no mundo, e então fizemos nosso
caminho para o outro lado da cidade. Rapidamente, as grandes
casas brancas ficaram para trás e estávamos ao redor de
construções destruídas e estacionamentos de trailers. Eu alcancei
a trava da porta e tranquei-a, o que valeu um rolar de olhos de
Megan.

Nós paramos em um estacionamento lotado de carros


que não tinha construções ao redor.

“Chegamos,” ela disse enquanto levantava o freio de mão.

Olhando ao redor em confusão, eu ergui uma


sobrancelha para ela.

“Hum, não há nada aqui, apenas um monte de carros


abandonados.”

Ela riu alto. “Siga-me, menina boba.”

Fiquei perto dela enquanto a seguia até o canto do


estacionamento. Um conjunto de escadas de concreto para baixo
apareceu no escuro. The Pit estava dando um novo significado
para as palavras clube subterrâneo.

Enquanto descíamos as escadas, nós lentamente fomos


sendo rodeadas por um túnel de concreto. O túnel nos levou a
uma grande abertura onde um homem estava com seus braços
cruzados sentado em um banquinho em frente à porta de entrada.

A música vinda do outro lado da porta de metal


vermelho-brilhante fazia o piso imundo debaixo dos meus pés
vibrar e fazia ondas no copo de soda perto dele.

“Hey, Gerald.” Megan deu um sorriso cheio de dentes.


“Eu presumi que não haveria problemas em colocar eu e minha
garota dentro?” Ela gesticulou em minha direção.
Ela o tinha na palma de suas mãos e ele sabia disso. Ele
podia nos deixar entrar ou ela gritaria sobre ele dormir com uma
menor de idade anos atrás. Megan não disse essas palavras, mas
ele sabia que ela intencionava. Ele me olhou e então balançou sua
cabeça assentindo. Ele não se incomodou nem em olhar nossas
identidades enquanto nos deixava entrar.

“Eu nunca deveria ter tocado nela.” Ele sussurrou.


“Mulheres malditamente complicadas.”

Megan jogou um sorriso de merda enquanto passávamos


por ele e atravessávamos a porta.

O mundo do outro lado daquela porta vermelho-sangue


não era parecido com nada do que eu já tinha visto pessoalmente.

Eu já tinha visto pessoas dançando loucamente e


concertos selvagens na TV antes, mas aquilo era uma diferença
esmagadora. Megan fez seu caminho através da multidão e eu a
segui de perto. A todo o momento eu era empurrada. Tomou toda
a minha força para ficar de pé.

A música alta de rock perfurou meus tímpanos. Era tão


alto que eu não conseguia ouvir nem meus próprios pensamentos.
Havia mulheres quase nuas dançando no bar e grafites coloridos
cobriam todos os metros quadrados das paredes de concreto.
Cada pessoa que passava tinha uma tatuagem ou um piercing e
todas pareciam mostrar mais pele ou estavam cobertas de preto
da cabeça aos pés.

Exatamente como quando Megan andava pela escola,


todos os olhos estavam em mim. Eu instantaneamente me
arrependi de não usar suas roupas. Se eu soubesse que usar
roupas tão sem graça traria todas as atenções para mim, eu
estaria como as mulheres quase nuas ao meu redor. Nunca me
senti tão deslocada em minha vida.

Uma vez que chegamos ao bar, pude falar com Megan.

“Eu não acho que eu pertença aqui,” eu gritei através da


música.

“Você vai ficar bem, só precisa de uma bebida.”

Ela gritou um pedido de bebida para o cara atrás do bar,


então me entregou um copo. Eu sorvi a bebida enquanto
voltávamos para a multidão no meio da pista de dança.

Foi quando eu o vi. Sua cabeça estava abaixada


enquanto dedilhava sua guitarra. Uma música perfeita fluía dele e
era como se todos os outros instrumentos da banda tivessem
desaparecido. Eu me prendi em seu solo de guitarra enquanto o
assistia mover seus dedos para cima e para baixo. Ele era
maravilhoso.

Seu jeans folgado tinha rasgos e as mangas de sua


camiseta preta estavam enroladas para cima. As tatuagens em
seus cotovelos desapareciam por baixo das mangas de sua
camiseta. Havia letras gravadas em seus dedos, mas suas mãos se
moviam tão rápido que eu não conseguia ler o que estava escrito.
Uma vez que seu solo tinha acabado, ele olhou de volta para a
galera. Sua longa e escura franja ocultava metade de seu rosto.
Ele virou sua cabeça para o lado, jogando-a para longe de seus
olhos e me dando uma mostra de uma pequena nota musical
tatuada atrás de sua orelha.

Ele não sorria. Ele era tão duro quanto o concreto ao


nosso redor, mas em seus olhos você podia ver que ele amava o
que estava fazendo. Era um olhar natural de alegria em seu
semblante enquanto ele esbarrava na mulher na primeira fila com
seu olhar desatento. Ele respirou por um minuto e alcançou sua
cerveja. Eu assistia enquanto ele trazia a garrafa a seus lábios e
seu piercing labial prata conseguiu minha total atenção. O cara
era coberto de cor e arte; ele era uma estátua exalando liberdade,
e eu estava presa em sua figura descuidada.

“Oh meu Deus, Chet é tão gostoso! Olhe para ele, Pay.
Ele não é um deus do rock?” Megan gritou acima da música.

Eu assenti, mas não estava olhando para Chet. Quem no


inferno era Chet? E por que alguém iria querer olhar para ele
quando elas podiam sustentar seus olhos com o deus alto e
tatuado da guitarra?

Nós ficamos lá curtindo por mais algumas músicas até


nossos copos ficarem vazios. Megan estava certa. Eu já estava me
sentindo mais relaxada com apenas uma bebida descendo pela
minha garganta.

Uma vez que chegamos ao bar, Megan me deu algum


dinheiro e disse para pegar mais enquanto ela saía e
cumprimentava uma garota que eu nunca tinha visto antes. Eu
gastei alguns minutos sendo empurrada ao redor, enquanto
gritava ao bartender, que aparentemente não me via ou ouvia. Eu
estava prestes a desistir e voltar quando um homem mais velho
me parou.

Ele não era muito mais alto que eu, mas ele tinha ombros
largos, que o fazia parecer maior. Ele tinha um brilhante, amigável
sorriso e isso era bem-vindo em um lugar cheio de roupas pretas e
rockeiros mal humorados.

“Eu vi você parada ali tentando tanto conseguir uma


bebida, então eu pensei em te ajudar,” ele falou através da música
enquanto ele me passava duas bebidas que eu e Megan estávamos
bebendo antes.

“Oh meu Deus, muito obrigada. Aqui, deixe-me pagá-lo.”


Eu tentei entregar o dinheiro em suas mãos.

“Que tipo de cavalheiro eu seria se eu deixasse você me


pagar? Beba. Aproveite, por minha conta.” Ele sorriu
educadamente antes de sumir no meio da multidão.

Aparentemente, as aparências enganam. Ele parecia ser


um pilantra no caminho errado, mas ele era um cara tão
agradável.

Depois de ser empurrada por mais um tempo, fiz meu


caminho de volta a Megan e entreguei uma das bebidas.

“Yay, obrigada Pay!” Ela me deu um grande sorriso. “Viu?


Eu disse que nós teríamos um bom momento.”

“Sim, você disse.” Eu coloquei um grande e falso sorriso


em meus lábios e fiquei ao seu lado enquanto ela se socializava
facilmente.

Eu fiquei a próxima hora ouvindo a banda tocar e


assistindo o guitarrista enquanto ele espiava a multidão com seu
olhar de aço. Isso me perturbou tanto que eu o achei atraente. Eu
nunca olhei para homens; eles eram tão repugnantes quanto eu
estava interessada. Então, enquanto eu o assistia, eu fiz um jogo
mental concentrando no que me atraía nele.

A conclusão era que ele me atraía porque ele era


intocável. Pelo menos para uma garota como eu ele era. E se eu
não podia tocar nele, então isso quer dizer que ele não poderia me
tocar. Um cara que não pudesse me tocar seria atraente.
Permaneci daquele jeito por um tempo antes de perceber
que Megan já não estava mais ao meu lado. Eu me virei
rapidamente para ver se ela estava atrás de mim e a sala girou. O
chão de concreto se deslocou debaixo dos meus pés e a música
tornou-se um alto zumbido em meus ouvidos. Eu estava bêbada...
Eu pensei. Eu nunca fiquei bêbada antes. Olhei para meu copo
vazio e fiquei espantada em quão rápido consegui ficar bêbada.

De repente, tudo começou a girar, e eu percebi que meus


membros pareciam estar presos. Meus braços pareciam estar
pesando cem quilos cada. Eu me virei e me empurrei para o meio
da multidão. Procurei ao redor por Megan enquanto pânico
começava a brotar. Foi quando eu vi uma porta preta à minha
direita com luzes neon verdes que piscava a palavra “Banheiro”.

O mais rápido que eu pude administrar o peso em


minhas pernas e braços, fiz meu caminho até o banheiro, na
esperança de encontrar Megan lá dentro e ela poderia me levar
para casa. Uma vez dentro, o som da música estava abafado. Com
a perda do alto barulho, eu realmente poderia dizer que havia algo
errado. Uma vez eu ouvi um zumbido no casamento de minha tia,
mas nada parecido com isso. Eu me sentia adormecida e pesada.
Eu me curvei para olhar por baixo das portas dos banheiros para
ver se os sapatos de Megan estavam lá, mas quando me abaixei, o
chão parecia repentinamente muito próximo e eu desmoronei no
nojento chão do banheiro.

“Megan!” Eu gritei. Minha voz soou arrastada e alterada.

Ninguém respondeu.

Tudo ao meu redor começou a ficar embaçado e uma


parede de náusea me invadiu. Eu caí e deixei meu corpo em
posição fetal. Eu precisava de ajuda. Eu queria gritar por ajuda,
mas minha boca não trabalhava mais. O espaço começou a piscar
enquanto eu começava a perder consciência. Meus batimentos
cardíacos ficaram muito lentos, mesmo eu estando totalmente em
pânico. Estava definitivamente lento. Eu estava com medo de que
ele parasse a qualquer segundo.

Eu tentei gritar, mas eu estava tão cansada. Ao longe, a


música tornou-se alta novamente enquanto a porta do banheiro se
abria. O som se foi assim que a porta se fechou. Eu deixei meus
olhos abertos rezando para que fosse Megan parada ali, mas tudo
o que eu vi foi um par de botas pretas e longas pernas em minha
visão.

Ele se moveu para mais perto. Eu ouvi a água correndo e


então eu o vi se virando para sair. Eu precisava de que quem quer
que fosse, ficasse. Eu precisava de ajuda e ele poderia ser a última
pessoa a entrar antes de eu morrer no sujo chão do banheiro.

Eu empurrei as palavras pelos meus lábios secos. “Por


favor, me ajude.”

As palavras escaparam de minha boca como uma suave


oração. Eu me preocupei que não tivesse sido alto o suficiente,
mas quando eu disse suas pernas pararam. Ele se virou e fez seu
caminho até mim e eu forcei minha cabeça a se virar para ele. Era
o deus da guitarra da banda. Ele me encarou com olhos castanhos
raivosos. Ele estava embaçado e uma vez ou outra ele piscava
dentro e fora enquanto eu tentava mantê-lo focado. Eu estava
envergonhada e apavorada, mas eu sabia que eu precisava de
ajuda e eu ia pegar essa ajuda de qualquer pessoa nesse
momento.

“Por favor.” Eu podia apenas sussurrar. “Há alguma coisa


errada comigo.”
Com o último pedaço de força que minhas pernas
tinham, eu pressionei meu corpo contra a parede e me levantei.
Eu continuava a usar a parede como apoio.

Ele me olhou sem nenhuma expressão em seu rosto, mas


então a raiva em seus olhos me perfurou.

“Merda.” Ele rosnou. Sua voz ecoou no banheiro ao meu


redor.

Então ele começou a se aproximar e colocou suas mãos


em meu rosto. Eu fiquei totalmente em alerta. Eu queria gritar
para ele não me tocar, mas entre o que quer que estivesse
acontecendo comigo e o medo absoluto de suas mãos em mim, eu
estava sem palavras. Ele usou seus dedos para abrir meus olhos e
eu tentava mantê-lo longe da minha cabeça.

“O que você tomou?” Ele perguntou rudemente.

Eu não era uma daquelas indolentes andando lá fora. Eu


não usava drogas e eu estava ofendida que ele pensasse que
usava, mas por que eu me sentiria dessa forma? Tinha que ser o
álcool porque eu não me lembrava de ter tomado nada.

“Eu não tomei nada, eu juro.” Eu falei arrastado.

“Alguém te deu alguma coisa, talvez um pedaço de doce


ou algum pó?”

Ele correu seus dedos pelo meu rosto e tocou meu


pescoço. Isso me aterrorizou num primeiro momento, até eu
perceber que ele estava checando minha pulsação. Eu não era
uma pessoa morta, mas eu me sentia como se estivesse morrendo.

Eu podia sentir o pânico crescendo e eu passei


rapidamente os eventos da noite em minha cabeça, tentando
lembrar se alguém tinha me dado algo. Ninguém.
“Não, ninguém me deu nada.” Eu estava surtando.

Ele rolou seus olhos. “Então não há nada que eu possa te


dizer.” Ele virou-se para sair.

Eu não podia deixá-lo ir embora. Eu não queria morrer, e


se eu estivesse morrendo, eu não queria morrer sozinha.

“Espere,” eu disse e alcancei seu braço.

Perceber que eu tinha tocado um cara me fez surtar


ainda mais e eu puxei meu braço como se ele estivesse pegando
fogo.

Era óbvio que ele estava incomodado comigo. Ele ficava


movendo seus pés e rolando seus olhos. Para ele, eu era apenas
outra drogada no The Pit.

Então repentinamente eu me lembrei do cara legal no bar


que me deu as bebidas. Ele tinha colocado algo em minha bebida
como em um daqueles programas loucos de policiais?

“Um cara no bar me deu uma bebida,” eu disse


apressadamente. “Eu pensei que ele tinha apenas pego com o
bartender. Era realmente doce, e o gosto era realmente bom. Não
achei que tinha nada. Eu teria sentido, certo?”

“Ótimo, simplesmente ótimo.” Ele suspirou. “Você foi


dopada.”

Dopada? Que infernos aquilo significava? Eu estava


morrendo? Isso era o que eu basicamente queria saber.

Sem pensar nos meus severos problemas psicológicos em


tocar em homens, eu alcancei-o e coloquei suavemente minha
mão em seu braço. Se eu ia morrer, porque importava quem eu
estava tocando?
“Eu vou ficar bem?” Eu perguntei. “Devo ir a um
hospital? Minha amiga, a que me trouxe... Eu não consigo
encontrá-la. Ela queria o baterista e agora não consigo achá-la.
Por favor, não me deixe.” Não importa o quanto eu respirasse, eu
não conseguia respirar profundamente. Comecei a respirar mais
rápido.

Isso fez o espaço girar ainda mais e eu tive uma súbita


urgência em colocar minha cabeça entre minhas pernas. Eu senti
meus cabelos contornarem meus ombros e cobrirem meu rosto.
Mechas loiras espetavam minhas bochechas então as tirei para
longe.

Ele me encarou como se eu fosse de outro planeta por


um momento, então desviou o olhar.

“Vou conseguir alguma ajuda,” ele disse.

Então ele estava se afastando novamente. Todo o ar de


meus pulmões se extinguiu e pontos pretos dançaram em minha
visão. Eu estava oficialmente morrendo. Eu o alcancei e o agarrei,
então o lugar ficou preto.
Três

`;Fr
Zeke

“Você está fodidamente de brincadeira comigo.” Eu disse


com meus braços cheios com uma pequena loira.

Sua boca estava levemente aberta e sua cabeça caía em


meus braços enquanto eu a carregava ao longo do banheiro até a
porta. Seu peso não era nada, mas ela tinha um corpo firme de
atleta. Eu a ajustei em meus braços enquanto eu puxava a porta
do banheiro aberta e trabalhava para nós dois sairmos de lá.

Fui recepcionado por uma explosão de música alta,


fumaça e Finn.

“Merda, cara, vejo que seu pau matador fez vítimas de


novo.” Finn brincava enquanto passava seu braço pelos meus
ombros.

“Eu a achei no banheiro. Alguém a drogou com alguma


coisa. Eu não podia apenas a deixar lá,” eu disse enquanto
trabalhava em passar através da multidão.

“Merda, cara, isso é uma droga.” Ele empurrou um casal


que estava bloqueando meu caminho.

Finn ficou ao meu lado e me ajudou a empurrar as


pessoas. Felizmente, as luzes estavam apagadas e ninguém nos
notou. As garotas no clube amavam pairar sobre toda a banda e
geralmente eu estava bem com isso, mas não agora, não com o
que possivelmente poderia ser uma menina morrendo em meus
braços.

“Desde quando você liga pra alguma garota aleatória no


banheiro?” Finn disse quando eu me dirigia ao bar.

“Apenas cale a boca e me ajude cara.”

Ele tirou o cabelo de seu rosto, então procurou por


pulsação em seu pescoço.

“Hm, cara, ela precisa ir ao hospital agora. Ela mal tem


uma pulsação. Tire ela daqui! Eu vou cobrir o show e cuidar da
sua guitarra.”

Eu olhei para seu rosto pálido. Seus lábios rachados


pareciam que estavam prestes a sangrar, e havia círculos
esverdeados formando debaixo de seus olhos. Ela estava
definitivamente morrendo.

Ao invés de responder, apenas concordei com Finn. Eu


girei e corri até a porta da frente. Não havia necessidade de tentar
pedir por ajuda ou chamar uma ambulância. Ninguém me ouviria
ou se importaria, e eu seria odiado se eu chamasse a policia ou
qualquer autoridade ao The Pit. Metade das pessoas lá era menor
de idade e havia drogas suficientes rolando para colocar todos nós
na prisão.

Então eu apenas corri para o meu carro segurando a


menina em meus braços. Eu abri a porta do passageiro e a
coloquei no assento. Ela caiu bruscamente no banco. Eu corri ao
redor do meu carro e entrei. Eu andei bebendo então as coisas
estavam meio difusas, mas foda-se, a garota estava morrendo e
por alguma estúpida razão eu era sortudo suficiente para me
importar.

Eu corri para fora do estacionamento e fui para o


hospital mais próximo em minutos. Com a garota inconsciente em
meus braços, eu corri para o balcão de emergência. A velha
senhora do outro lado do balcão me olhou como se eu fosse um
monstro. Eu tinha certeza que eu não parecia bem, um tatuado,
cheio de piercing, segurando uma quase-morta rainha da calça
caqui.

“Ela precisa de ajuda. Encontrei-a ao lado da estrada. Ela


estava consciente no momento e disse que alguém a drogou. Ela
desmaiou e então eu a trouxe aqui.”

Houve uma agitação de enfermeiras e doutores e então a


garota estava correndo para longe em uma maca. Tendo feito meu
trabalho, virei-me para sair.

“Com licença, filho. Nós precisamos que você fique por


perto para falar com a polícia,” a senhora mais velha do outro lado
do balcão disse.

Eu podia ver em seus olhos que ela tinha nojo de mim.

“Sem ofensas, senhora, mas eu não converso com


policiais. Desculpe.”

Eu me virei e saí. Eu podia ouvi-la atrás de mim gritando


algo e então eu vi carros de policiais estacionados fora das portas
da emergência, luzes azuis piscando.

“Ótimo,” eu resmunguei enquanto as portas deslizaram


abertas e dei de cara com três policiais.

Sem nada a dizer, eu fui questionado até meus olhos


rolarem em meu rosto.

“Por que no inferno eu drogaria uma menina, e então a


traria ao hospital? Que sentido isso faz?” Eu disse enquanto me
encostava à cadeira plástica de hospital e torcia meu piercing
labial.

Eu não iria para a cadeia por drogar uma menina, mas a


polícia não podia ignorar as drogas em meu carro. Você pensaria
que eles fossem fechar seus olhos já que eu estava sendo todo
herói, mas não, essas coisas não aconteciam comigo.

As molas do beliche sujo cutucavam minhas costas


enquanto eu esperava ajuda de alguém. Eu já podia imaginar a
surra vinda de meu pai. Eu acho que uma era justa; já havia
passado uma semana desde a última. Pelo menos desta vez era
por uma boa causa. Antes de ser algemado eu ouvi que a menina
estava bem. Eu me senti muito melhor pelo fato de salvá-la.
Finalmente, eu tinha feito algo decente em minha vida.

Três horas depois eles me liberaram. Eu não fiz


perguntas. Peguei minhas coisas e saí em direção à porta.

“Espere um minuto, Tatuado. Alguém quer falar com você


antes de você sair.” Um jovem policial me pegou antes de eu
conseguir escapar.

Fui conduzido a um quarto escuro e sem mobílias com


exceção de uma mesa e duas cadeiras e fui deixado sozinho. Eu
me sentei e encarei um espelho preto do outro lado da sala, um
espelho de dois lados, sem dúvidas. Eu não estava lá há muito
tempo, quando um homem alto e bem vestido apareceu na porta.
Ele desabotoou o botão de seu terno caro, e então se sentou a
minha frente. Seus olhos castanhos em alerta me prenderam
enquanto ele corria as mãos pelos cabelos grisalhos. Sua calvície
sobrepunha algumas rugas em sua testa, mas fora isso, ele
parecia ser um homem em boa forma em seus cinquenta anos.

“Zeke Mitchell. Esse é um nome interessante. Combina


com você.” Ele bateu seus dedos em cima da mesa.

“Obrigado. Olha, cara, eu não fiz nada errado.” Eu


imediatamente fiquei na defensiva. “Eu só estava tentando ajudar
a garota e agora eu vou ter minha bunda cuidada pelo meu pai, e
os policiais pegaram meu estoque.”

Ele ajustou novamente seu terno e então soltou um riso


abafado.

“Você sabe quem eu sou?” Ele perguntou. Suas


sobrancelhas juntaram em confusão como se ele fosse um homem
famoso e eu deveria ser um fã frenético.

“Não faço a menor ideia.” Eu inclinei minha cadeira para


trás equilibrando-a nas duas pernas traseiras e cruzei meus
braços.

Eu fiquei encarando-o de volta até ele desviar o olhar.

“Meu nome é Charles Phillips.” Ele esperou minha


reação. Quando eu não reagi, ele continuou. “Tipo Governador
Phillips.”

Eu nunca ouvi falar dele, mas por que no inferno o


governador tiraria um tempo para falar comigo.

“Eu estou profundamente ferrado, não estou?”

“Não, eu só queria apertar a mão do homem que salvou a


vida da minha filha.” Seu sorriso era um sorriso de político
corrupto, grande, com dentes brancos e sem entusiasmo.

Então eu salvei a filha do governador. Eu deveria saber


que ela era uma menina de colarinho branco, com calças caqui e
linho branco. Eu saberia, apenas olhando para ela, que ela não
pertencia ao meu lado da cidade e eu estava certo. Ela era
provavelmente uma bonequinha de porcelana tentando aborrecer
o papai. E aconteceu. Essas geralmente eram as melhores. Elas
tentavam de todas as formas serem as meninas más e eram as
mais dispostas a experimentar.

Ele deixou sua mão no ar para apertar a minha e por um


breve momento eu pensei que fosse uma piada. Eu era o epítome
de lixo branco e o homem em minha frente vestia um terno que
custava mais caro que meu trailer e meu carro juntos. Eu a
alcancei e apertei sua mão.

“Não foi nada. Posso ir?”

“Claro, olha, você parece ser um homem rápido e direto


ao ponto então só vou falar. Eu tiro todas as acusações de drogas
contra você se você não levar isso para fora deste lugar. A última
coisa que eu preciso é que os jornais descubram que minha filha
foi drogada. Ela está bem, todos estão bem, e eu preferiria manter
isso longe da mídia. Isso soa como um acordo?”

“Claro, eu vou manter isso para mim mesmo, mas você


pode querer manter sua filha no seu lado da cidade.” Eu me
levantei, ele me seguiu e apertou minha mão mais uma vez.

“Oh, eu acho que ela aprendeu a lição. Obrigado


novamente.” Então ele se virou e deixou o espaço.

Eu o segui e andei para fora da delegacia, ileso.


Felizmente, quando cheguei em casa, meu pai estava
dormindo e ninguém sabia sobre minha pequena ida à cadeia.
Finn tinha me mandado mensagens até minha bateria acabar,
então o coloquei para carregar e respondi para deixá-lo saber que
tudo estava bem.

Eu me despi, tomei um banho rápido e então vesti


minhas boxers.

No dia seguinte, dirigi até a casa de Finn para pegar


minha guitarra. Todos estavam lá descansando ao redor da
garagem, incluindo duas novas meninas que eu nunca tinha visto
antes. Uma delas me passou um baseado e traguei algumas vezes.
Nesses dias, minha vida tinha se baseado apenas em ficar alto. Eu
acho que era mais fácil não pensar sobre como tudo estava tão
fodido quando eu não podia sentir nada.

“Então o que aconteceu com a loira da noite passada?”


Finn perguntou.

Minha mente voltou para aqueles cabelos platinados e


olhos azuis. Era estranho conseguir me lembrar tão facilmente de
seus olhos. Isso me deixou desconfortável.

“Ela sobreviveu. Eu a deixei no hospital e fui embora.” Eu


resmunguei.

Por alguma razão eu deixei de fora a parte em que fui


para a prisão e que ela era a filha do governador. Eu não sabia por
que me importei, mas parecia ser errado contar aquela parte. Ela
já tinha passado por coisas o suficiente e eu tinha quase certeza
de que eu nunca a veria neste lado da cidade novamente, então
não havia necessidade em divulgar essa parte da informação.

Finn me cutucou com suas botas. “Então, The Pit nos


chamou novamente no próximo final de semana. Está para virem
alguns agentes da cidade também, então nós temos que estar
afiados. Eu tenho uma nova música que eu quero mostrar. Vamos
nos encontrar aqui amanhã de tarde. Você me ouviu, Tiny?” Ele
atirou uma lata de cerveja vazia em Tiny, que estava dando uns
amassos numa menina de cabelos pretos no canto.

“Sim, cara, eu te ouvi. Ensaiar. Amanhã. Música nova.


Fechado.” Ele voltou a beijar a menina.

Tiny era um cara grande, mas as mulheres gostavam de


baixistas e ele era um dos melhores.

Não fiquei muito tempo, apenas o suficiente para ficar


chapado e pegar minhas coisas. Parei para abastecer no caminho
para casa e deixar minhas últimas vinte pratas no tanque. Sendo
um quebrado fodido nesse momento eu estava considerando
fortemente vender algum pó para fazer alguma grana. Um
traficante na minha vizinhança tinha me oferecido um trabalho,
mas eu não estava tão desesperado. Eu estava indo lá, no entanto,
e eu estava debatendo negociar e fazer dinheiro suficiente pra dar
o fora da casa de meus pais.

Quando estacionei na minha garagem, havia um carro


branco parado ao lado de meu jardim. O lado do passageiro abriu
enquanto eu fechava a minha porta e tirava minha guitarra para
fora do carro. Eu estava perto de dar as costas e rudemente sair
andando até meu trailer quando o sol capturou as mechas loiras
da menina da noite anterior.

Ela sorriu timidamente enquanto fechava a porta e


andava até mim.

“Merda,” eu disse alto para mim mesmo.


Essa era a última coisa que eu precisava. Ajudar alguma
menina estranha estava fora do meu personagem e tudo o que eu
queria era deixar as coisas como estavam e esquecer que tudo isso
tinha acontecido. Partes de mim queriam se virar e ir embora.
Talvez se eu tivesse feito isso ela pegaria a dica e apenas iria
embora, mas alguma coisa me segurou em meu lugar.

Na porta ao lado, meu vizinho Carlos parou o seu carro


Impala vermelho-maçã. Música alta mexicana soou de seu carro e
o barulho de crianças rindo espalhou-se lá fora quando ele abriu a
porta da frente do trailer e chamou sua namorada em espanhol.
Do outro lado da rua, dois rapazes começaram a discutir e xingar
entre eles sobre o que eu achava que eram drogas. E é claro, os
sons intermináveis de carros na interestadual preenchidos por
alguns rápidos momentos de silêncio.

Os olhos da menina loira deixaram meu rosto por um


breve minuto para olhar o estacionamento de trailer ao redor dela.
Seu rosto permaneceu neutro, entretanto. Eu podia apenas
imaginar o quão enojada ela estava. Eu podia apostar que
políticos e seus familiares praticavam a expressão facial imparcial
então quando eles fossem visitar o bairro de merda, eles
conseguiriam o voto do povo sem parecer idiotas sem nada para
fazer. Sua impassibilidade me incomodava. Partes de mim
queriam sua reação real. Eu queria ver seus lábios e narizes
curvados em repulsa. Eu odiei sua postura calma enquanto eu
apostava que cada nervo em seu corpo gritava para ela fugir para
a segurança.

Eu não podia aguentar mais.

“O que você está fazendo aqui?” Eu perguntei rudemente.


Eu fiz a cara de desgosto que eu sei que ela queria fazer.
Ela piscou para longe seu choque com minhas não boas-
vindas. Então seus olhos encontraram os meus diretamente. Seu
olhar pegou o meu e eu senti como se ela estivesse olhando dentro
de mim. Ela nervosamente pegou suas unhas e mordiscou os
lábios. Finalmente, ela deixou suas mãos caírem e falou.

“Eu só queria agradecer pela noite anterior. A maioria


das pessoas teria me deixado lá para morrer.” Ela brincava com as
pontas de seu cabelo.

Ela tinha mais tiques nervosos do que qualquer outra


pessoa que eu tenha conhecido antes. Ela parecia uma pequena
corça à beira de fugir. Ela parecia deslocada. Sua aparência limpa
se destacava da estrada suja de pedras e dos trailers enferrujados
que a cercavam. Suas roupas de marca e bolsa cara estavam
implorando para serem roubadas por um maltrapilho encapuzado
mais próximo. Ela tinha que ser mais esperta que isso. Ela não
sabia que teria que andar pelos portões do inferno só por aquele
deplorável agradecimento? Ela não sentia o perigo que estava ao
seu redor? Ela precisava ir embora. Ela era refrescante demais
para um lugar poluído como esse.

“Por nada. Agora volte para o seu lado da cidade,” eu


estalei.

Eu não pretendia ser tão rude, mas me deixou puto


novamente estar preocupado com ela. Não era natural para mim e
eu estava começando a surtar.

Suas bochechas tornaram-se rosa e uma carranca


formou-se em seu rosto.

“Eu não deveria ter vindo aqui. Eu só queria agradecer.”


Seus olhos me cortaram antes de ela se virar e começar a ir
embora.
Ela fez seu caminho até o carro que a esperava ainda
ligado, antes da minha consciência acordar e dar uma surra em
mim.

“Hey,” eu a chamei.

Ela parou e me encarou novamente. Instantaneamente,


eu me senti o maior idiota do Sul quando vi seus olhos brilharem
em lágrimas. Alguém tão sensível não teria nenhuma chance ao
redor de uma pessoa como eu, mas saber que provavelmente eu
nunca mais veria seu rosto novamente fez eu me desculpar por
ser eu mesmo por algum motivo.

“Eu sou rude, mas você já viu em primeira mão o que


acontece com coisas brilhantes em um desmanche.” Eu gesticulei
para o mundo ao redor de nós. “A sua melhor aposta é ficar longe
dessa parte da cidade, princesa. Uma coisa bonita como você não
duraria duas horas aqui. Há quanto tempo você estava no The Pit
antes de estar morrendo no chão do banheiro? Uma hora, no
máximo? Pense na minha grosseria como uma bênção.” Eu ajustei
minha guitarra em minhas palmas suadas e me voltei para a porta
do meu trailer.

Olhei para trás para ter um último vislumbre dela. O


contraste entre ela e o estacionamento de trailer ao seu redor era
alarmante. Entretanto, com sua pele clara, cabelos platinados, e
pálidos olhos azuis, eu tinha certeza que ela chamava atenção
onde quer que ela fosse. Ela era única, um único Floco de Neve
com seus próprios padrões gelados, e se ela ficasse no inferno da
minha vizinhança por mais tempo, ela derreteria.

“Faça uma boa viagem de volta para o País das


Maravilhas, Floco de Neve,” eu disse enquanto abria a porta do
meu trailer.
“Meu nome é Patience,” ela retrucou.

Patience... Era único como sua dona. Eu gostei,


entretanto eu jamais admitiria em voz alta. Ao invés disso, eu
balancei minha cabeça e ri alto como se ela tivesse me contado
uma piada, andei para dentro, e a deixei do lado de fora.
Quatro

`;Fr
Patience

"Mas que idiota!" Disse Megan quando entrei no carro.


"Ele não tinha o direito de falar assim com você. Tudo o que você
estava fazendo era dizer obrigada. Nossa, quão difícil seria ele
dizer “de nada” e educadamente sair? Chet me disse que ele era
um idiota com as meninas, mas caramba."

É claro que ela estava certa. Levou tudo de mim para que
eu saísse do carro e cuspisse um “obrigada”. Eu já sou uma
pessoa naturalmente tímida, mas o fato de que ele tinha me visto
no pior estado que eu já estive me deixou ainda mais
desconfortável. Não importa o quão frágil meu corpo estava ou
como estava nervosa, eu sabia que agradecê-lo era a coisa certa a
fazer. Ele salvou minha vida, depois de tudo.

Agora, depois que ele tão rudemente me esnobou e foi


embora, eu estava pensando que eu deveria ter deixado isso para
lá.

"Como Chet disse que era seu nome mesmo?"


"Zeke Mitchell," ela disse quando saiu da estrada de
pedras esburacada para a estrada principal. "Até mesmo seu
nome grita idiota. As meninas o amam, no entanto. O que
acontece com meninas e babacas arrogantes? Eu nunca vou
entender isso."

"Diz a menina que persegue cada pau arrogante em um


raio de quinze quilômetros." Eu ri.

"Hey! Uma garota possui necessidades. Tenho certeza de


que um dia eu vou encontrar um bom garoto que eu possa levar
para casa para conhecer minha mãe, mas até lá, eu irei apreciar
ser pega pelos meninos maus.” Ela ronronou brincando e então
rosnou.

"Estou convencida de que há algo errado com você. De


qualquer forma, eu fiz o que vim fazer aqui. Eu teria morrido se
ele não tivesse me levado para o hospital. Agradeci e agora eu
posso esquecê-lo."

"Sim, isso provavelmente seria o melhor. Ouça Pay, eu


realmente sinto muito sobre a noite passada. Eu juro que eu
pensei que você tinha saído. Eu liguei para o seu telefone no
minuto em que eu percebi que tínhamos sido separadas." Ela
olhou para mim e franziu a testa enquanto fazia uma curva à
direita.

Ela correu para a minha casa na hora que eu estava


sendo liberada do hospital e então ela passou a hora seguinte
chorando no meu colo e pedindo desculpas. Não é como se ela
tivesse me drogado. Isso acontece e isso nunca vai acontecer
novamente. Você vive, você aprende, e você supera. Eu já passei
por coisa pior e vou passar por coisas piores ainda.

"Você não fez nada de errado, e até meus braços ficarem


dormentes, eu estava tendo um bom tempo." Eu tentei fazê-la se
sentir melhor. "Mas eu não sei se aquele é o meu tipo de lugar."

"Entendo. Eu sei que não é realmente seu local. Eu vou


sozinha.” Ela empurrou seu carro na minha garagem e pisou no
freio.

Segurei na porta para evitar que a minha cabeça fosse


esmagada pela parada súbita.

"Por que no mundo você gostaria de voltar lá?" Eu


perguntei, chocada.

"Bem, eu não disse nada por causa de toda a loucura que


aconteceu, mas Chet me pediu para ir vê-lo tocar no próximo fim
de semana. Oh meu Deus, ele é estupidamente quente. Ele me
mandou uma mensagem hoje de manhã e me chamou de linda.
Acho que estou apaixonada.” Ela suspirou.

"Você sempre está apaixonada." Eu balancei minha


cabeça. “Prometa-me que não irá sozinha. Se ele repetir o convite
eu vou com você e levo uma garrafa de água na minha bolsa para
ter uma bebida segura. Eu não acho que eu quero festejar tanto
quanto eu fiz da última vez.” Eu brinquei.

"Eu totalmente não estou rindo disto. Você poderia ter


morrido ou se eu tivesse pegado seu copo ao invés do meu eu
poderia ter morrido. Temos que ter mais cuidado de agora em
diante.”

"Concordo." Eu sorri de volta para ela.

Eu olhei para a grande casa branca que era o meu lar.


Meus olhos se encontraram com os do meu pai, que olhou para
mim da janela de seu escritório. Eu teria que enfrentá-lo em
algum momento, mas eu faria qualquer coisa para escapar disto.
"Você e Chet, hein? O que você acha que vai acontecer?"
Perguntei.

"Bem, eu sei o que eu espero que aconteça, e envolve um


monte de respiração pesada, gemidos agudos e palavrões." Ela
sorriu. “Ele se parece com um puxador de cabelo. Deus, eu ia
deixar ele me bater com suas baquetas." Um grande sorriso
derramou de seus lábios quando meu rosto esquentou.

"Hum, eu tenho certeza que isto constituiria em abuso."


Eu suspirei. "De qualquer forma, isso é nojento. Eu não tocaria
nas suas baquetas, muito menos qualquer outro tipo de vara. Pelo
menos espere um pouco para ir dormir com ele." Revirei os olhos e
fingi vomitar.

"Ah, tanto faz, eu não durmo com todo cara que me dá


um pouco de atenção. Além disso, eu realmente gosto deste, mas
se isso te faz sentir melhor, eu prometo fazê-lo esperar." Ela
brincou cutucando meu braço com um dedo pintado.

"Bom. Ok, garota, eu a verei na parte da manhã. Tente


estar aqui em uma hora decente. Se eu me atrasar mais uma vez,
a Senhora Marshall vai me dar uma detenção, e se eu pegar
detenção, terei de faltar à aula."

"Eu vou tentar, mas não prometo nada. Esta obra-prima


leva tempo." Ela apontou para o rosto dela e inclinou a cabeça
para frente e para trás como se estivesse posando para a câmera.

"Ok, rostinho lindo. Basta estar aqui.” Eu empurrei


minha porta aberta.

"Sim senhora," ela disse com um grande sorriso.

Saí e olhei enquanto seu carro puxou para baixo na


estrada. Escutei as engrenagens de seu carro até que eu já não
pudesse ver suas lanternas traseiras.

Meu pai estava em pé no saguão de mármore quando


empurrei a porta da frente. Seus olhos furiosos me seguiam
enquanto tirava meu casaco e o pendurava no armário. Eu senti
meu estômago revirar com a atenção dele.

"Aquela era sua amiga Megan?" Ele perguntou, quando


inclinou seu quadril contra a mesinha ao lado da porta da frente.

"Sim, nós estávamos apenas batendo papo." Eu coloquei


minha cabeça para baixo, prendi meu cabelo atrás das orelhas, e
comecei a rastejar em torno dele.

Eu fiquei tensa quando o senti pegar meu braço quando


passei. Ele se inclinou para mim; seus lábios roçaram meu rosto
quando ele sussurrou em meu ouvido.

"Esta menina é má noticia. Eu não tenho certeza que


estou bem com você sair festejando Deus sabe aonde com ela.
Você vai conhecer o tipo errado de pessoas, Patience, e se eu
descobrir que você tem feito alguma coisa ruim com alguém, eu
ficarei muito zangado." Eu não perdi o seu propósito. "Aquele
garoto que a ajudou na noite passada, estou supondo que foi a
primeira vez que você encontrou com ele?"

Ele estava agindo como um namorado ciumento, em vez


de um pai superchateado. Era nojento. Toda a minha vida era um
livro de psicologia em construção. Estudantes iriam fazer testes
com base nos detalhes terríveis da minha família disfuncional um
dia.

"Ontem à noite foi a primeira vez que eu o conheci e


mesmo assim não fomos devidamente apresentados. Sabe, desde
que eu estava praticamente morrendo e tal." Minha voz era calma
e fria, mas as minhas palavras eram sarcásticas.

"Não seja uma espertinha, Patience. Fique longe dele. Não


me deixe saber que você esteve daquele lado da cidade novamente,
você entende?" Seus dedos começaram a cavar no meu braço e eu
assobiei quando a unha do seu dedo mindinho cortou a minha
pele.

"Sim," eu sussurrei.

"Sim, o quê?" Ele estendeu a mão e acariciou meu cabelo


para o lado.

"Sim, senhor," eu repeti respeitosamente quando eu


puxei meu braço para longe de seu aperto de morte.

"Aí está você! Onde você esteve, Pay?” Minha irmã Sydney
irrompeu no espaço.

Nosso pai se afastou de mim, e o quarto


instantaneamente adotou um ar mais leve depois de ver seu
sorriso. Enquanto eu era a filha mais velha, a filha sombria
depressiva, Syd era a luz do sol em nossa casa. Ela tinha doze
anos e estava apenas começando a ser ela mesma. Eu tenho
certeza que ela não foi planejada, já que havia uma grande
diferença de idade entre nós, mas em vez de me sentir
incomodada com a minha irmã mais nova como eu tenho certeza
que a maioria das meninas da minha idade teria, eu adorava estar
ao seu redor. Ela me fazia sentir necessária e, tecnicamente, ela
precisava de mim.

Eu era a única que a protegia dele. Eu usava meu corpo


como uma distração para que ela permanecesse intocada, e eu
continuaria a fazer isso até que ela estivesse sã e salva e por conta
própria. Ela nunca saberia sobre o que acontecia por trás da
minha porta algumas noites, e eu, com certeza, nunca direi a ela,
mas enquanto fosse o meu quarto que ele visitava uma vez por
semana e não o dela, eu morreria feliz. Enquanto eu puder
proteger Sydney, estarei em paz com a vida.

"Ei, você." Eu estendi a mão e puxei de brincadeira seu


cabelo loiro. "Quando você chegou em casa?" Perguntei.

Ela tinha estado longe devido a alguma viagem escolar


desde a semana passada, o que era muito parecido com uma
minipausa para mim, desde que eu só tinha que me proteger e
não a ela durante a semana. Na verdade, eu tive uma boa noite de
sono em algum momento. Eu não tinha dormido bem desde que
Sydney e eu tínhamos ganhado nossos próprios quartos quando
eu tinha doze anos. Eu não podia cuidar dela adequadamente
quando ela estava no quarto ao meu lado, o que resultou em uma
grande quantidade de ficar tentando ouvir ruídos. Eu havia me
tornado uma pessoa de sono leve, uma vez que meus pais me
mudaram para meu próprio quarto. Eu odiava isso, mas pelo
menos não havia uma chance de Syd acordar e me ver sendo
maltratada.

"Eu cheguei em casa à uma hora. Mamãe parece boa


hoje.” Ela sorriu. Eu imediatamente me senti mal por não visitar a
minha mãe antes de correr para o outro lado da cidade.

"Ela parece? Acho que eu deveria ir para cima e dizer oi


então, huh? Venha comigo." Eu a puxei pelo braço e a arrastei
para cima para o quarto dos nossos pais.

Se o espaço do lado de fora da porta do seu quarto


cheirava a um hospital, então o próprio quarto cheirava a
necrotério. Por mais que eu adorasse visitar minha mãe e vê-la
deitada na cama, esperando com um sorriso, eu também
desprezava visitá-la. A sala estava repleta de morte e era um
lembrete constante de que hoje poderia ser o último dia que eu
veria o sorriso da minha mãe ou ouviria sua voz suave.

Eu tinha sete anos quando ela foi diagnosticada com


câncer de mama. Sydney tinha apenas dois anos. Desde seu
diagnóstico, ela tem ficado dentro e fora do hospital. Um ano ela
estava em remissão e as coisas pareciam mais brilhantes, e então
ela iria para um de seus exames semestrais e as paredes
começavam a cair de novo, uma vez que o médico iria deixá-la
saber que seu câncer havia retornado.

Eu a vi em todos os estágios da doença. Eu tinha


segurado seu cabelo para trás enquanto ela vomitava após a
quimio. Eu a segurei em meus braços enquanto ela chorava pela
perda de seus seios depois de uma mastectomia dupla e, como se
isso não fosse suficiente, eu a alimentei com caldo de galinha
quando ela estava fraca demais para sequer levantar seus braços.
Essa fase que ela estava agora eram as fases finais. Meu pai
estava pagando uma enfermeira para cuidar dela agora desde que
não havia muito mais que os médicos pudessem fazer por ela.
Chegou ao ponto em que ela se recusa a ir para a quimio.

"Três dias de ser feliz e viva são melhores do que cinco


dias de estar doente e quase morta,” ela dizia quando meu pai lhe
pedia para ir para os tratamentos.

Foi a sua decisão e, após vê-la tão doente ao ponto de


não conseguir se mover, eu entendi essa decisão. Mesmo que as
partes egoístas de mim tinham vontade de gritar para ela levar
sua bunda ao médico e aceitar qualquer tratamento que eles
oferecessem, as partes de mim que entendiam a doença e a dor,
rezavam todas as noites para ela encontrar a paz.
No futuro, quando minha depressão obtiver o melhor de

mim, eu vou contar a minha história dos anos que passei sendo
molestada por uma das pessoas que deveriam me proteger. Eu irei
contar a uma terapeuta caríssima todos os meus segredos sujos e
irei pedir os medicamentos que irão levar minhas memórias para
longe. Quando esse dia chegar, irão me perguntar por que eu
nunca contei a ninguém antes. O médico vai me perguntar por
que eu não pedi ajuda ou corri para a minha mãe.

A resposta sempre será a mesma. Eu queria que a minha


mãe vivesse seus últimos dias como uma pessoa feliz. Ela estava
morrendo; todos em nossa casa sabiam disso, incluindo a
enfermeira que agora cuidava dela. Lentamente, mas com toda a
certeza, ela estava morrendo. Que tipo de pessoa seria eu a dizer-
lhe algo tão devastador tão perto de sua morte? Seria preciso uma
pessoa sem coração para fazer isso.

Então, ao invés disso, eu mantive isto bloqueado,


sabendo que um dia, uma vez que mamãe tenha ido e Sydney
estiver sã e salva na faculdade, eu serei capaz de fugir e deixar
tudo para trás.

"Oi, mãe," eu sussurrei para o quarto escuro onde ela


morava. "Gostaria de alguma companhia?"

Um fino raio de luz atravessou o quarto mofado e pousou


no rosto profundo da minha mãe. Eu vi quando um pequeno
sorriso sugou a energia de seus olhos.

"Claro que sim. Obtenham seus traseiros aqui," ela disse


com a voz rouca.

Syd e eu subimos na cama com ela e nos aconchegamos


perto. Eu passei meus dedos ao redor dos dela. Eu não perdi o
quão magra ela parecia. Era como se a fina barreira que a
mantinha junta estivesse lentamente se dissolvendo.

Olhei para Syd e ela tentou sorrir para mim. Era um


sorriso triste, um que era apenas para as aparências. Nós duas
sabíamos que poderia acontecer a qualquer instante e momentos
como estes eram valiosos.

"Então, vamos ter uma conversa de meninas," mamãe


disse. Suas palavras eram sem fôlego e eu apreciei o seu esforço.

Ela começou a acariciar suavemente a minha mão com a


dela e eu fechei os olhos e me deixei levar.

Syd e eu fomos a que mais falamos. Até um ponto em que


ganhamos uma boa risada dela quando Syd começou a lhe contar
sobre alguma brincadeira executada na escola com uma garota e
uma aranha falsa. Ficamos e falamos até que ficou claro que a
mãe estava exausta.

Naquela noite, Sydney dormiu no meu quarto. Quando


meu pai veio à minha porta, ele simplesmente disse boa noite para
nós e voltou para seu quarto.

Eu pulei o ginásio e atividades extracurriculares naquela


semana, já que nossa empregada, Lynn, estava fora. Eu me sentia
bem em ficar fora até tarde com ela por perto, uma vez que seu
quarto era ao lado do de Syd. Com ela estando fora em férias, eu
não podia correr nenhum risco de ele ir para o quarto de Syd
enquanto eu não estava lá. Desnecessário dizer que eu passei
mais tempo em casa do que eu queria, mas valia a pena se isso
significava proteger a minha irmãzinha.

Logo era sexta-feira, e Megan estava planejando sua


roupa para a nossa noite no The Pit. Eu odiava que ela estava tão
obstinada em voltar aquele lugar fodido. Ela indo significava que
eu também teria que ir. Não havia nenhuma maneira que eu a
deixaria sozinha. Syd foi passar o fim de semana com uma amiga
então eu podia me dar ao luxo de sair de casa. Depois de estar
presa lá depois da escola durante toda a semana, eu precisava
disso. Como eu disse antes, eu seria mais cuidadosa. Eu sabia
onde eu estava me metendo desta vez.

"O que você acha disso?" Megan disse enquanto segurava


um pedaço de renda rosa-choque.

"Que diabos é isso?" Perguntei.

"É um Halter Top. Vai ficar fodidamente quente em mim.”


Ela segurou-o contra o peito e parecia que não cobriria nem um
seio, quanto mais dois.

"Tem certeza de que não é muito pequeno?"

"Uh, este é o ponto. Aqui, tente este." Ela me entregou


um pedaço de material minúsculo, exceto que este era negro.

Eu o levantei até a minha virilha, desde que parecia com


uma minúscula calcinha, e isso fez Megan rir.

"Pay, é um top. Aqui, é assim que você deve colocá-lo. "

Ela então começou a me vestir. Ela não parou no top.


Logo, eu estava usando um jeans skinny apertado que mal cobria
minha bunda e botas pretas que subiam até minhas panturrilhas.
Normalmente, eu não seria pega nem morta em qualquer coisa do
tipo, mas como eu sabia que eu me destacaria menos desta forma,
fui com tudo. Eu até lhe permiti me sentar e colocar um pouco de
maquiagem no rosto e enrolar meu cabelo.

Quando eu olhei no espelho de novo, eu estava olhando


para uma garota diferente. Não era eu. Era uma garota roqueira
do The Pit, tirando as tatuagens e piercings. Havia sombra preta
ao redor dos meus olhos azuis que os fizeram ficar maiores,
grandes brincos de argola em minhas orelhas, e meus cabelos era

uma massa de cachos platinados ao redor do meu rosto.

"Oh meu Deus, Megan. Isso está... Eu não sei. Eu pareço


uma pessoa diferente." Eu fiquei chocada.

"Não, você não parece. Você parece quente. Não que você
não seja quente, mas eu só acentuei sua gostosura."

"Sim, um... nem tanto, mas obrigada. Pelo menos agora


eu não vou me destacar tanto. Promete que não vai fugir com Chet
e me deixar sozinha naquele lugar."

"Oh, por favor! A última vez me ensinou uma lição. Eu


vou estar ligada ao seu lado como sua gêmea siamesa sexy." Ela
pegou através da maquiagem em seu armário, jogando coisas
aleatórias em sua bolsa.

Gerald, o porteiro, não disse nada desta vez quando


passamos por ele. The Pit, mais uma vez, estava cheio de pessoas
saltando fora das paredes de concreto, todos vestidos de preto. Só
que desta vez eu me encaixava perfeitamente. Enquanto eu ainda
me sentia desconfortável, não foi tão ruim quanto a primeira vez.
Eu estava completamente preparada e eu estava determinada a
não perder Megan no meio da multidão dessa vez.

A banda já estava tocando quando fizemos o nosso


caminho para o bar. Nós pedimos algo em uma garrafa e pedi ao
barman para nos dar uma fechada. Isso nos trouxe um olhar
estranho, mas nós não nos importamos. Desta vez, estávamos
determinadas a sair, de preferência, não drogadas e à beira da
morte. Nós entrelaçamos nossos mindinhos quando fizemos o
nosso caminho para perto do palco. Chet piscou para Megan uma
vez que estávamos perto da frente do grupo.

Eu dei uma espiada em Zeke e ele olhou por cima de mim

enquanto olhava a multidão através de sua franja escura. Eu


senti uma leve pontada quando ele nem sequer me notou, mas
então eu percebi que eu não parecia exatamente como a garota
que ele encontrou quase morta no chão do banheiro nojento.
Quando ele virou a cabeça, eu aproveitei o tempo e chequei suas
tatuagens. Aquela que se destacou mais foi a estrela náutica no
topo da sua mão que derretia para o lado de seu pulso. Eu não
sabia o que era tão apelativo na tatuagem, mas quando
combinada com a flexão de seus músculos enquanto ele tocava,
era muito atraente.

Eu estava começando a entender o fascínio de Megan


com os bad boys, embora eu nunca admita isso para ela. Zeke
tinha sido um idiota total comigo nas duas vezes que nos falamos,
mas ele não estava passando a mão e ele não fez nenhum avanço
sexual em direção a mim, e de alguma forma, eu apreciava isso
nele.

Então, novamente, olhando ao redor para todos os


tatuados, mulheres seminuas na sala, eu, obviamente, não era o
seu tipo e apenas uma pequena parte de mim queria ser como as
meninas ao meu redor. Eu posso até fazer parte deste grupo hoje,
mas isto não sou eu e não existe nenhuma quantidade de
minúsculas roupas e maquiagem que possa me fazer gostar deles.

Zeke dedilhou as cordas para seu solo e mais uma vez eu


fui pega com a forma do quão intocável ele era para mim. Ele
fechou os olhos enquanto tocava e a luz refletia o piercing em sua
sobrancelha. Eu me encontrei com ciúmes de sua liberdade de ser
ele mesmo. Assim como na primeira vez que eu o vi, ele estava
encharcado de sensualidade temperamental. O fato de que eu
poderia descrevê-lo como sexy foi um grande passo para mim,
mas era a verdade e todas as meninas empurrando em direção ao
palco para entrar em sua linha de visão sabiam disso tanto
quanto eu. Zeke Mitchell era sexy. Ele era um completo idiota,
mas eu acho que isto funcionava para ele.

Depois de algumas garrafas lacradas de cerveja e muitos


olhares estranhos do bartender mal-intencionado, eu estava
começando a me sentir relaxar. O álcool tinha feito o seu caminho
através do meu sistema e para baixo em meus membros. Eu
estava começando a me divertir. Eu mesmo me peguei balançando
ao som da música de vez em quando.

Uma hora depois, eu estava dançando com Megan e um


grupo de pessoas que eu não conhecia. Eu estava pulando para
cima e para baixo, gritando as letras que tinha acabado de
aprender, e rindo como se eu não tivesse rido desde que eu tinha
sete anos. Tipo, o riso verdadeiro, não o riso falso que eu produzia
em torno de pessoas na escola. Era uma sensação incrível. Eu
poderia totalmente ver eu me tornando uma alcoólatra se isso
significasse me sentir assim o tempo todo.

E, de repente a diversão acabou. A multidão quebrou e


correu em direções diferentes quando The Pit encheu de policiais.
Megan pegou minha mão e me puxou em sua direção, mas a
cerveja cobrou seu preço e meus reflexos não estavam
funcionando.

"Vamos lá, Patience! Fique de pé!" Ela gritou através dos


ruídos.
A música tinha parado e tudo o que eu podia ouvir eram
os sons da polícia gritando para que todos ficassem parados. As
luzes piscavam e eu vi algumas pessoas serem pegas. Em seguida,
a mão de Megan foi arrancada da minha e eu fui jogada para trás.
Perdi o equilíbrio e caí duro no chão de concreto pegajoso. Tentei
me levantar, mas uma garota pisou em mim e eu caí de volta para
sobre meu estômago. Então eu senti um aperto forte em meus
braços quando alguém me puxou para ficar em pé. Por um breve
momento, senti um alívio, mas depois meus braços foram puxados
para trás em minhas costas e eu estava algemada.
Cinco

`;Fr
Zeke

"Você vai para a aula?" Perguntou Chet, enquanto me


entregava o baseado.

Estávamos deitados na parte de trás do meu El Camino,


ficando drogados no estacionamento da escola.

"Eu duvido. E Você?" Eu dei uma tragada profunda e


segurei-a.

"Pfft, inferno não. Já tive escola suficiente para a semana.


Vamos arranjar qualquer coisa para comer. Estou morrendo de
fome. Daria a minha perna esquerda por um hambúrguer e um
milk-shake agora mesmo."

Acabamos por ir parar no McDonalds perto da casa de


Finn, com metade do menu jogado no painel do meu carro.

"Aquela garota Megan está vindo sexta-feira para nos ver


tocar. Espero que ela use aquela roupa de uniforme colegial bem
justa." Um rosnado saiu do fundo de sua garganta. "Cara, essa
merda é muito quente. Hey, talvez ela venha com a sua garota.
Você sabe, a loira. Se ela conseguir ficar sóbria por tempo
suficiente você pode vir a ter sorte," ele brincou.

"Por favor. Aquela garota é tão certinha que eu teria que a


drogar também para que ela pudesse se soltar mais." Nós rimos.

Mais tarde naquela noite, nós tocamos na casa de Finn


durante duas horas até que finalmente eu fui para casa. Quando
cheguei em casa, meu pai não estava, o que significava que ele
tinha recebido uma chamada para rebocar o carro de alguém.
Entrei, aqueci duas embalagens grandes de miojo e, em seguida,
caí no sofá para assistir TV enquanto comia. Tinha acabado de
terminar de comer meu miojo quando ouvi meu pai estacionar.
Coloquei a minha tigela na pia e fui tomar um banho.

Naquela noite, ele não me fodeu a cabeça. Acho que ele


estava cansado demais para se dar ao trabalho. Gostaria que eles
o matassem de tanto trabalhar mais vezes. Merda, eu realmente
gostaria que ele morresse de tanto trabalhar... Ponto final.
Adormeci com apenas um par de boxers, com o meu rádio ligado e
sonhei com a garota loira e seus olhos azuis estranhos.

Quando chegou a sexta-feira, eu já tinha perdido dois


dias de escola e estava tão quebrado que mal tinha dinheiro
suficiente para pôr umas gotas de gasolina no tanque do meu
carro. Eu tinha corrido a todas as lojas da cidade tentando
conseguir um emprego, mas as tatuagens e piercings não foram
bem aceitas. Em vez disso, dei por mim na varanda da frente de
Javier, o traficante local. Tempos desesperados exigem medidas
desesperadas, e se eu precisava de gasolina e comida eu tinha de
arranjar algum dinheiro. O meu pai trabalhava, mas ele era o filho
da puta mais mesquinho da face da terra e eu já tinha idade
suficiente para cuidar de mim.
Deixei o lugar de Javier com um pequeno saco de erva.
Ele não queria que eu começasse com muito, mesmo depois de eu
lhe ter dito que eu conseguia ter aquilo vendido em 30 minutos
no Pit. Tinha que começar em algum lugar. Um saco de erva hoje
poderá ser um quilo amanhã. De qualquer forma, era dinheiro no
meu bolso.

Tomei banho, vesti-me e fui até ao Pit. A banda já estava


se preparando quando eu cheguei e já havia pelo menos vinte
pessoas no bar. Não demorou muito até subirmos ao palco e
tocarmos como nunca para uma sala cheia. Toquei até os meus
dedos doerem e bebi um gole da minha cerveja a cada
oportunidade que eu tive. Foi uma boa noite. Eu estava tocando
meu coração fora e, mais tarde, uma vez que tudo estivesse
tranquilo, eu venderia esta erva e ganharia meu dinheiro.

Passei os olhos pela multidão e vi alguns rostos


familiares. Na fila da frente estava uma bonita morena que me
chamou a atenção. Ela olhou para mim com um olhar insinuante
enquanto lambia o lábio inferior. Ela era bonita, não era sexy,
mas serviria. Decorei onde ela estava no meio da multidão antes
de seguir em frente. Um flash de cabelo claro atravessou meu
campo de visão e os meus olhos aterraram numa pequena loira.
Vista de costas, a moça lembrou-me muito aquela garota Patience,
mas essa moça estava usando um par de jeans que destacava sua
bunda e a blusa mais sexy que eu já tinha visto.

Meus olhos percorreram-na de alto a baixo, passando


pelo seu longo cabelo cor de areia, e pousando na sua deliciosa
bunda. Fiquei tão excitado que toquei o acorde errado. Isso me
rendeu um par de olhos esbugalhados de Finn, mas ninguém na
sala pareceu notar além dos meus companheiros de banda. Os
seus ombros delgados e as suas costas estavam totalmente
expostos. Uma pequena marca de nascença em seu ombro se
destacou e por um segundo eu me imaginei correndo o dedo sobre
ela. Seus ombros claros se moviam para cima e para baixo
conforme ela pulava com a música.

Cada curva do seu corpo podia ser vista através de seus


jeans apertados, e eu soube, naquele momento, que não havia
hipótese daquela ser a mesma garota que eu encontrei no chão do
banheiro. A menina que esteve na minha casa, e nervosamente
brincava com tudo quando disse calmamente a palavra "obrigada",
nunca seria pega vestindo essas roupas reveladoras.

A morena da primeira fila foi esquecida, eu foquei na


menina loira sexy. Eu nunca iria mexer com uma menina tão
certinha como a Patience, mas isso não significava que eu não
poderia meter meu pau numa garota que me fizesse lembrar dela.
Então, a garota se virou e seu nariz perfeito e seus cintilantes
olhos azuis se destacaram. De cima do palco, eu observei como
Patience dançava e ria rodeada pelo seu grupo de amigas,
incluindo sua amiga Megan. No mesmo instante, eu fiquei puto ao
descobrir que era ela.

Em primeiro lugar, ela não tinha nada que voltar a este


lugar. Ela não pertencia aqui, e só o fato de ela estar era um
perigo para todos nós, uma vez que era a filha do governador. Em
segundo lugar, ela parecia demasiado sexy para ser uma garota
tão doce e inocente. Estava tentando arranjar problemas ao usar
aquele jeans apertado e aquele top minúsculo. E em terceiro
lugar, estava puto porque isso significava que eu não estava
prestes a me dar bem com uma loira quente esta noite. Se fosse
uma outra loira gostosa, então tudo bem, eu teria passado a
minha noite a fazendo gritar o meu nome, mas não ela, eu nunca
iria colocar as minhas mãos na princesa Floco de Neve.
Desviei minha atenção para longe a tempo de ver a sala
ficar inundada de policiais. Eu e os rapazes sabíamos o que fazer
e tínhamos desligado e sumido muitas vezes antes, uma vez que
tínhamos tocado em alguns lugares muito obscuros. Assim que eu
estava prestes a desligar e pegar minhas coisas, olhei para cima e
vi um flash de uma loira sendo empurrada na multidão. Eu soube
imediatamente que era a Patience.

Xingando eu mesmo, coloquei minha guitarra no chão e


pulei para fora do palco. Ela era tão pequena que eu podia vê-la
sendo esmagada até a morte. Eu pensei num plano enquanto eu
empurrava através da multidão em direção a ela. Eu iria agarrá-la,
pegar minha guitarra, e dar o fora pela porta dos fundos.

Assim que eu estava prestes a agarrá-la, ela foi


empurrada para o chão. Eu vi quando ela tentou se levantar, mas
foi pisoteada. Então, surgiu um policial puxando-a para cima. Eu
me afastei e corri direto contra outro policial que colocou meus
braços atrás das costas e me algemou. Eu olhei para cima para
ver Finn sacudindo a cabeça para mim enquanto ele pegava a
minha guitarra e saia pela porta de trás. Pelo menos eu sabia que
a minha guitarra estava a salvo.

Depois que o policial me algemou, ele me levou para fora


dali. O ar fresco da noite percorreu o meu cabelo e me deu um
calafrio. O policial me empurrou contra o carro e eu me encontrei
ao lado de Patience. Ela olhou para mim com um olhar assustado
e eu podia apenas imaginar como ela se sentia.

"Primeira vez sendo presa?" Perguntei casualmente, como


se estivéssemos num restaurante e não a ponto de sermos jogados
na traseira de um carro da polícia.

"Sim," ela bufou.


Ela parecia estar com tanto medo. Por alguma razão
estranha, esta menina tocou minha consciência e eu me senti mal
por ela. Eu queria mais do que tudo conseguir soltar suas algemas
e deixá-la ir para casa. Eu queria fazê-la se sentir melhor, então
disse a primeira coisa que me veio à cabeça.

"Bem, eu não me preocuparia com isso. Seu pai


conseguirá te soltar a qualquer momento." Balancei minha
cabeça. "Eu, por outro lado, vou ficar lá a noite toda."

Eu não perdi a mudança repentina em sua expressão,


exceto que não era uma expressão de alívio. Ela deveria ter ficado
aliviada sabendo que o seu pai faria tudo por ela, mas em vez
disso, uma expressão de puro medo tomou seus olhos. Estava
prestes a questionar essa expressão, mas depois me lembrei do
saco de erva que eu tinha retirado da porção e enfiado no bolso de
trás para vender enquanto estivesse no The Pit. Naquele momento,
eu soube que ia passar mais de uma noite na cadeia.

"Merda," eu disse em voz alta.

"O quê?", ela perguntou.

"Acabei de me lembrar que eu tenho um pouco de erva


comigo," sussurrei. "Parece que eu vou estar na cadeia por um
tempo."

"Drogas são ruins para você." Ela piscou os seus grandes


olhos azuis para mim.

"Assim como ir para o lado errado da cidade," exclamei.


"Mas você simplesmente não consegue resistir, não é?"

"Você não tem que ser tão mau comigo, sabe? Na verdade
eu sou uma menina muito inteligente. Sei que vir para este lado
da cidade não é seguro para uma menina como eu, mas eu
também sei que não é seguro para a minha amiga Megan. Se ela
vem, então eu venho. Chama-se ser uma boa amiga, idiota." Ela
veio até mim, em seguida, desviou o olhar.

Uma garota nunca me pareceu tão sexy. Ela enfrentou


minha merda e depois a jogou na minha cara. Eu tinha que
admitir, foi um enorme tesão. O fato de que ela estava naquele
jeans justos e de cintura baixa, com aquela bunda e seu top preto
não ajudou. Então, ela fez algo que nunca ninguém tinha feito por
mim antes, o que pirou minha cabeça e me irritou, tudo ao mesmo
tempo.

"Onde está a erva?" Ela perguntou um pouco alto demais,


fazendo-me a calar a boca.

"Merda, por que você não vai perto dos policiais e conta
isso em vez de gritar?" Eu disse sarcasticamente. "Está no meu
bolso de trás. Tenho certeza de que vão encontrá-la, mas na
esperança de que eles não vão encontrá-lo para nos deixar ir, não
vamos mencioná-lo."

Ela afastou-se de mim e foi ao encontro dos policiais que


ainda estavam ocupados a tirar pessoas do The Pit. A maioria
fugiu, mas continuavam a ser os mais fracos a serem pegos. Isso é
o que essa garota tinha feito comigo; ela me fez um fraco. Eu
nunca tinha sido pego em uma batida policial antes, mas ao parar
para ajudá-la me fez ser apanhado e eu estava indo parar na
cadeia, enquanto seu pai a tiraria do gancho.

"Ei, oficial! Você pode vir aqui, por favor?" Ela gritou
através do estacionamento.

Eu não podia acreditar! Depois de tudo o que eu tinha


feito por ela; ela estava realmente indo dizer-lhes sobre as drogas.
Que vadia! Um jovem policial parou o que estava fazendo e
caminhou até nós.

"Minha senhora, você vai ter que esperar até nós


tomarmos conta de tudo aqui e depois vamos deixar que todos
tenham um lugar na parte de trás do carro," disse o policial.

"Não, eu preciso confessar uma coisa!" Disse ela


rapidamente. Ela apontou em minha direção, revirou os olhos e
emitiu um suspiro exagerado. "Meu namorado aqui está tentando
bancar o herói, mas ele tem a minha erva no bolso de trás e eu
não quero que ele se meta em problemas por minha causa. Eu sei
que ele me ama e tudo mais, mas eu não me sentiria bem com
isso, sabe?" Ela lançou os olhos na minha direção, mas
rapidamente desviou o olhar.

Eu a encarei de boca aberta. Era uma raridade alguém


me deixar chocado, mas a pequena menina Floco de Neve havia
me deixado sem palavras. Nunca ninguém tinha tido um gesto
destes comigo. Homens adultos haviam se recusado a lutar por
mim e aqui estava ela bancando a pequena heroína. Eu não podia
deixar que isso acontecesse, mas um ataque indesejado de
orgulho percorreu meu sistema com suas palavras. Por que eu
ficaria orgulhoso de um estranho conveniente, eu não sei, mas eu
estava.

Eu disse as primeiras palavras que vieram na minha


cabeça. "Eu não tenho nada com ela e as drogas são minhas."

Um rubor cresceu pelo seu pescoço e se espalhou pelo


seu rosto. Ela me olhou como se tivesse levado um tapa na cara e,
em seguida, virou de costas para mim. Ela tinha que saber que eu
não era um fraco que deixaria uma mulher pagar meus rolos.

O policial olhou entre nós e balançou a cabeça. "O que


você disser," disse ele enquanto começava a me revistar. Ele
enfiou a mão no meu bolso de trás e tirou o saco de maconha e
serrou os dentes. "Parece que a sua pequena amiguinha tem você
preso, companheiro." Então ele abriu a porta do carro da polícia e
abaixou minha cabeça enquanto me colocava no banco de trás.

Patience se juntou a mim na parte de trás, mas não


olhava para mim. Eu não lhe disse nada. Não havia nada a dizer.
Tecnicamente eu poderia agradecê-la por tentar me proteger, mas
se ela não tivesse dito nada talvez eles nunca tivessem encontrado
o pacote. A viagem para a delegacia foi estranha e silenciosa. Os
policiais conversavam no banco da frente sobre tráfico de drogas e
sobre o The Pit ser o centro de tudo. Não fiquei surpreso, mas
fiquei chateado por estarmos perdendo o nosso lugar favorito para
tocar. Essas coisas acontecem, e logo-logo haveria outro lugar e
eles nos chamariam para tocar. Até lá, nós iremos tocar na
garagem com nossos fãs a assistir.

A delegacia estava cheia de pessoas que estavam no Pit.


Havia piercings e tatuagens até onde os olhos conseguissem ver.
Isso não era estranho em um lugar como The Pit, mas numa
delegacia rodeada de paredes brancas e policiais, elas se
destacavam. Eles me colocaram com Patience numa sala sozinhos,
ela continuava sem falar nada enquanto se sentava do outro lado
da mesa. A sala era a mesma em que eles me colocaram quando
pensaram que eu a tinha drogado. Engraçado... Toda vez que eu
me envolvo com essa garota eu acabo em uma delegacia de polícia.

"Você deveria ter me deixado lidar com isso." Ela


finalmente falou.

Eu balancei minha cabeça e revirei os olhos. "Eu não sou


uma cadela, Floco de Neve. Eu não podia deixar que uma garota
assumisse minhas acusações por posse de drogas, especialmente
a filha do governador."

"O meu nome é Patience." Ela bateu com a mão no topo


da mesa. "E eu não sei como você sabe que eu sou a filha do
governador, mas essa é a principal razão pela qual você deveria ter
me deixado levar a culpa. Meu pai nunca me deixaria ficar na
prisão por muito tempo. Ele irá me socorrer o mais rápido
possível, mas você vai ter que ficar."

"Está feito. Além disso, não gostaríamos de sujar o seu


cadastro criminal. O que Harvard iria achar?" Eu fingi estar
chocado.

"Você tem sempre que ser tão rude?" Ela nervosamente


roeu suas unhas.

Inclinei a minha cadeira para trás, descansei a minha


cabeça contra a parede e fechei os olhos. "Sempre."

Depois disso a sala ficou em silêncio. Eu podia ouvi-la


tocar ansiosamente na mesa e no pequeno copo de água que
deram a ela. Então, ouvi a porta a abrir. Abri meus olhos, mas eu
estava escondido no canto atrás da porta e não conseguia ver
nada. Quando a porta se fechou, eu podia ver Patience diante de
seu pai, o governador. Ele estava de costas para mim e eu tinha
certeza que ele não sabia que eu estava ali.

Ele elevou-se sobre ela e eu vi como ela se encolhia


fisicamente com medo. Eu não gostava de vê-la reagir daquela
forma. Ela supostamente deveria ser a minha pequena salvadora.
Ela, metaforicamente, havia se jogado na frente do trem por mim,
mas aqui estava ela, encolhida de medo em frente da única pessoa
no mundo que deveria protegê-la. Talvez ele seja um homem
rigoroso. Na verdade, pensando em como ele agiu da primeira vez
que eu o conheci, eu tinha quase certeza de que ele era um
homem rigoroso.

Então, ele me surpreendeu quando estendeu a mão e


apertou-lhe as bochechas. Ele esmagou os seus lábios com o
polegar cavado em um dos lados do seu rosto e o resto dos dedos
cavados no outro lado. Ela tentou se afastar, mas isso só fez seus
dedos cavarem mais fundo. Eu estava na ponta da cadeira, pronto
para puxá-lo para longe dela, quando ele falou.

"Este é um novo look para você, filha. Quem poderia


adivinhar que você era uma garota selvagem? Eu gostaria de já ter
sabido." Sua voz era suave e ameaçadora. Ele se inclinou e ficou
mais perto de seu rosto. Ela tentou virar a cabeça para o lado,
mas seu aperto estava deixando o seu rosto vermelho. "É isso o
que você gosta? Você gosta do lado áspero das coisas?"

Eu levantei abruptamente e seus olhos se voltaram para


mim. Eu já tinha aguentado as suas besteiras por tempo
suficiente e caso ele não fosse retirar as suas mãos dela, eu
mesmo iria fazer isso por ele. Ele a soltou rapidamente e se virou
para mim. A surpresa ao me ver atravessou sua expressão, mas
em seguida, a calma e frieza política voltaram ao seu rosto. De
repente, eu sentia um ódio profundo do homem que estava na
minha frente, um filho da puta que maltratou a filha e cavou seus
dedos em suas bochechas intocáveis. O filho da puta! Aposto que
ele batia nela.

Pensando nisso e sabendo a dimensão de como é sentir


ser agredida pelo seu próprio pai, fez meu sangue ferver. Eu
poderia aguentar a surra de um homem, mas não a Floco de Neve.
Ela era delicada e vendo como era pequena e como ele se erguia
sobre ela, apenas me irritou ainda mais.
"Ah, o nosso amiguinho Zeke. Eu deveria saber que você
tinha algo a ver com isso." Ele apontou para as roupas de
Patience.

"Pai, ele não tem nada a ver comigo indo ao clube." Ela
saiu em minha defesa novamente, mas eu queria machucá-lo de
qualquer maneira como pagamento por ter tocado nela.

"É claro que eu tenho algo a ver com isso. O que posso
dizer? Eu não posso ficar longe dela." Eu menti.

Ouvi Patience suspirar atrás dele e reconheci o seu olhar.


Eu nem sequer pensei que a minha pequena declaração traria
consequências para ela, mas eu gostei da expressão que
atravessou o rosto dele. Seu maxilar se contraiu e eu soube que
tinha acertado um nervo, e então, um sorriso intimidante
espalhou-se pelo seu rosto.

"Ela é definitivamente uma garota especial. No entanto,


eu prefiro que você fique longe da minha filha." Ele colocou um
braço de forma protetora em torno de sua cintura e a puxou para
mais perto de si.

Ele me irritou ainda mais agora que estava fingindo


protegê-la de mim. Ele que era, obviamente, o perigo para ela,
enquanto eu só tinha tentado ajudá-la. Eu podia sentir o calor da
minha raiva na parte de trás do meu pescoço. Apertei meus
punhos e pensei nas consequências que eu teria se batesse na
bunda desse filho da puta.

"Eu vou tentar, mas não posso prometer nada. Ela é


muito viciante e eu tenho uma personalidade viciante como o
inferno." Eu o atingi com outra ironia.

Patience olhou para mim, abrindo a boca em choque.


"Pai, ele está brincando. Nós mal nos conhecemos," disse
ela com os olhos arregalados quando olhou para seu pai.

O rosto dele já tinha tomado um tom vermelho escuro.

Coloquei a minha mão sobre o meu peito como se tivesse


ficado ofendido. "Depois de tudo que passamos, Floco de Neve.
Isso me magoa profundamente. Eu gostaria de pensar que eu
conheço bem você,” eu disse enquanto propositadamente olhava
para o seu corpo esguio de cima para baixo.

Seu rosto ficou vermelho, assim como o do pai, e ela


jogou as mãos para cima.

"Pare com isso, Zeke! Ele vai pensar que você está falado
sério!"

Finalmente, eu tinha tido o suficiente e eu estava


começando a ficar preocupado que tivesse piorado as coisas para
ela.

“O que você quiser, princesa,” eu disse enquanto me


sentava na cadeira e abria as pernas.

Cruzando os braços, eu olhei para cima para os dois


através do meu cabelo. Eu mordi o meu piercing e a vi, enquanto
ela olhava para o seu pai. Seus olhos estavam arregalados de
medo e de repente eu senti um mal estar no estômago ao pensar
que ela podia possivelmente apanhar quando fosse para casa.

"Eu só estou brincando," eu cuspi.

Seu pai olhou para ela e em seguida agarrou-lhe a mão.

"Patience, vamos embora." Ele então se virou para mim.


"Filho, eu acho que você precisa tomar um rumo. Desse jeito, não
está indo a lugar nenhum."
"Eu não sou seu filho," eu respondi. "E o que eu faço não
é da sua conta."

Ele não disse nada quando se virou para sair da sala.


Patience olhou para mim por cima do ombro e eu pude ver a
preocupação nos seus olhos. Eu não gostei disso. Eu não era da
sua conta. Eu me virei e ouvi o clique da porta, quando se fechou
atrás deles.

Três dias depois, saí do presídio com uma multa bastante


pesada, 60 dias de serviço comunitário e um telefone cheio de
mensagens de texto vindas de Javier querendo saber onde estava
o seu produto.
Seis

`;Fr
Patience

O caminho para casa após termos saído da delegacia foi


horrível. Estar sozinha no carro com o meu pai era insuportável.
Assim que chegamos à nossa zona da cidade, eu podia sentir a
raiva que ele estava sentindo. O fato de ele ter ficado em silêncio
durante a maior parte da viagem, assustou-me para caralho. Eu
sabia que quando chegasse em casa eu estava por conta dele. Eu
nem sequer conseguia pensar sobre o que ele ia fazer comigo.

"Eu não tinha ideia que este era o tipo de garota que você
era." Ele preencheu o silencio que estava o carro com o seu
suspiro. "Eu nunca pensei em um milhão de anos que teria que ir
a uma delegacia pegar a minha filha. Talvez eu devesse tratá-la
como a delinquente juvenil que você é. Você ia gostar disso,
Patience? Você quer que eu te trate de acordo como eu a vejo
agora? Huh? Você quer que eu te trate como uma putinha?" Sua
voz passou de calma para perversa, enquanto ele continuava a
falar.

Eu não respondi. Em vez disso, eu olhava pela janela e


via as casas passarem. Eu rezei silenciosamente para que Lynn,
nossa empregada, estivesse acordada e por perto. Eu acalentava a
esperança de que a enfermeira da minha mãe estivesse lá
tomando conta dela. Eu desejei por qualquer pessoa que pudesse
me salvar dele, mas eu sabia, bem lá no fundo, que ele tinha feito
de tudo para estarmos sozinhos quando chegássemos em casa.
Esse pensamento fez o meu estômago revirar e eu de repente me
lembrei do tempo que fiquei doente e vomitei em cima dele uma
vez após ele ter terminado comigo. Eu tinha apenas nove anos e
ele disse à minha mãe que eu devia ter apanhado um vírus no
estômago.

Assim que chegamos em casa, eu saí e o segui pela


garagem para dentro de casa. Ele jogou as chaves em cima do
balcão de mármore da cozinha e passou as mãos pelos cabelos.
Eu baixei a minha cabeça e comecei a sair da cozinha, mas antes
de eu chegar à metade do caminho, senti a mão dele sobre topo do
meu braço. Meu corpo ficou tenso quando ele me virou para
encará-lo. Eu não tive tempo para pensar conforme a palma da
sua mão pousou com força na minha bochecha. Meus ouvidos
zumbiram e o gosto metálico do sangue preencheu a minha boca.

Estendi a mão e cobriu meu rosto enquanto olhava para


ele em choque. Ele era abusivo, mas não esse tipo de abusivo. Ele
nunca tinha me batido, e agora, conforme ele olhava para mim,
com uma expressão estranha em seu rosto, eu soube que ele foi
pego de surpresa pela sua própria reação. A sua realização
pareceu irritá-lo ainda mais conforme ele me agarrou pelos
braços e me empurrou contra a parede.

"Veja o que você me fez fazer?" Ele disse com raiva. Saliva
saiu de sua boca e pousou em minha bochecha que estava
ardendo.
Eu nunca tinha sentido tanto medo dele e ele se
alimentava do medo que via no meu rosto. Eu nem vi que a mão
dele estava vindo me bater de novo. Desta vez eu gritei alto. Eu me
repreendi por ter gritado. A última coisa que eu queria era que a
minha mãe me ouvisse e ficasse preocupada. Cobri a minha boca
com a mão e esperei ele me bater de novo. Meu rosto parecia
inchado e quente, tão quente que eu achei que a única lágrima
que caiu pelo meu rosto fosse fritar. Ele deslizou seu polegar sob
os meus olhos com tanta força que me machucou enquanto
tentava apagar meu delineador grosso.

"Eu não posso nem olhar para você," ele assobiou.

E então eu estava apenas em movimento conforme ele me


atirava ao redor, então eu fiquei na frente da mesa da cozinha e
olhei para longe dele. Ele me deu um murro nas costelas,
enquanto de forma grosseira, me empurrava sobre a mesa e
prendia com força o meu braço esquerdo atrás das minhas costas.
O meu rosto doía conforme ele me empurrava para cima da mesa.
Eu tinha uma ideia de como isto ia acabar, mas uma vez que ele
só me tocava no meu quarto quando todos estavam dormindo, eu
realmente não sabia o que esperar. Eu chorei em minhas mãos
quando ele começou a rasgar minhas calças. Meu estômago estava
preso na lateral da mesa da cozinha e eu tinha certeza de que se
ele me empurrasse para baixo com mais força que ele iria quebrar
minhas costelas.

Uma vez que as minhas calças e calcinhas estavam para


baixo, eu me afastei para o meu lugar interior que eu sempre ia
quando ele entrava no meu quarto. As lágrimas pararam e senti
meus olhos pegajosos e secos enquanto eu olhava pela janela da
cozinha para o quintal. A piscina parecia extremamente brilhante
e as estrelas pareciam alcançar para sempre. Fechei os olhos e
desejei ser uma dessas estrelas, distantes, queimando no céu da
noite onde ninguém poderia me alcançar.

À distância, eu podia ouvir a mesa tremer e deslizar pelo


piso de ladrilho caro. Um suporte de vela caiu e partiu-se à frente
dos meus olhos. O braço que ele segurava nas minhas costas foi
puxado com mais força e eu tinha certeza de que ele iria deslocá-
lo do meu ombro, mas eu não chorei. Eu não senti mais nenhuma
dor. Em vez disso, a minha mão lentamente caiu de minha boca e
eu fiquei ali parada e em silêncio enquanto eu rezava para que eu
estivesse morta. Se não fosse por Sydney e minha mãe, eu bem
que receberia a morte com um sorriso, mas enquanto elas
estivessem aqui, eu também estaria.

A minha memória a curto prazo tinha sido alterada.


Enquanto eu estava sob a água escaldante do chuveiro, eu não
conseguia me lembrar de como eu tinha chegado lá. Eu não
conseguia lembrar o momento em que ele me deixou, ou a viagem
das escadas até ao banheiro, e isso me assustou. Eu sempre
soube que eu estava quebrada, mas era óbvio que ele estava
quebrando os pequenos pedaços de mim em fragmentos ainda
menores. Logo, eu seria poeira no vento. Talvez então, eu poderia
voar para longe e ficar no meu lugar feliz.

Depois do banho, olhei a minha bochecha no espelho. A


contusão foi ficando pior a cada minuto e eu sabia que teria que
arranjar uma maldita de uma boa desculpa para dizer a mamãe e
a Syd. Meu celular estava possuído desde que Megan não tinha
ideia de onde eu estava. Finalmente, eu mandei uma mensagem
para ela e lhe disse que eu estava bem e que estava indo para a
cama.

Quando eu me coloquei debaixo das cobertas, todo meu


corpo doía. Eu não conseguia dormir, então eu fiquei lá olhando
para o teto. Agradeci a Deus por Sydney ter ido ficar na casa de
uma amiga e por minha mãe nunca ter como saber o que estava
acontecendo debaixo do seu teto. Se eu conseguisse aguentar por
mais alguns anos, então eu nunca mais teria que olhar novamente
para a sua cara se eu não quisesse... São só mais alguns anos.
Eu já passei por isso por quase dez anos. O que é um pouco mais?

Eu observei quando o teto escuro se tornou cinza, e por


fim, um laranja brilhante, à medida que o sol da manhã entrava
pelo meu quarto. Senti como se os meus olhos não tivessem
piscado a noite inteira e eu tinha quase certeza que eu não tinha.
O meu corpo estava tenso e as minhas costelas doíam. Sentia que
o lado ferido do meu rosto estava maior do que o outro e temia me
olhar no espelho e ver com o que eu teria que lidar na segunda-
feira na escola. Eu esperava que não estivesse muito ruim e caso
estivesse, eu esperava que os dois dias que eu tinha pela frente,
antes de voltar para a escola, fossem suficientes para curar.

Assim que eu me levantei e me vesti, liguei à Megan para


vir me pegar. Não importa o quanto eu queria estar fora de casa,
eu não conseguiria conduzir aquele Toyota cinza que estava na
garagem.

"Eu estarei aí em 30 minutos," disse Megan ao telefone.


Decidimos pegar um cinema, almoçar, e fazer algumas compras
muito necessárias.

Passei dez minutos tentando disfarçar com pó o


machucado feio e inchado na minha bochecha e depois fui
verificar a minha mãe. O quarto estava escuro e ela estava
dormindo. Eu assisti seu estômago subir e descer enquanto
respirava fundo. Enquanto seu estômago estivesse se movendo era
porque ela ainda estava com a gente. Com medo que eu fosse
acordá-la, fechei suavemente a porta e desci em seguida para
esperar pela Megan na varanda da frente.

"O quê é que aconteceu com seu rosto?" Ela perguntou


me olhando com os olhos arregalados, quando entrei no seu carro.
"Oh meu Deus, isso aconteceu ontem à noite? Eu estava pirando
quando eu vi você algemada. Seu pai surtou com você?" Nós
fomos descendo pela estrada fora, fazendo o nosso caminho para o
cinema.

Eu pulei assim que ela fez a primeira pergunta. Nem se


quer tinha passado pela minha cabeça dizer que isso tinha
acontecido na noite anterior no The Pit.

"Sim, uma puta pisou em mim e eu bati com a cara no


chão. Parece horrível, eu sei. Dói para caramba, também. Ainda
não posso acreditar que eu fui presa." Eu olhei para fora da
janela. "Eu bem que te disse que voltar lá era uma má ideia. Meu
pai estava tão chateado." Eu rapidamente mudei de assunto, "O
que é que aconteceu com você?"

"Chet me tirou de lá." Ela tentou não sorrir. "Eu acabei


indo com eles para a garagem do Finn. Eles disseram que Zeke
também foi preso. Você o viu?"

Entramos no estacionamento do cinema e ela estacionou


parando o carro e puxando o freio de mão.

"Sim, eu o vi." E deixei por isso mesmo.

Não havia necessidade de ir mais fundo na situação.

Eu ainda estava chateada por ele ter irritado meu pai.


Parte de mim queria culpá-lo por aquele doloroso momento em
cima da mesa, mas eu sabia que não poderia fazer isso. Ele não
tinha ideia de quão doente o meu pai era. Ele não tinha como
saber que, levando meu pai ao limite, estaria contribuindo para
liberar uma noite de terror em mim. Eu tinha quase certeza que se
ele soubesse o que estava preparando para mim, ele não teria dito
aquelas coisas. Zeke não era um cara simpático, mas ele era um
bom rapaz. Só um bom rapaz correria para levar uma garota
desconhecida para o hospital, e apenas um bom rapaz iria me
salvar de ser pisada até à morte por um rebanho de pessoas no
Pit.

Eu mal prestei atenção durante o filme. Minha mente


continuava pensando em Zeke. Eu ficava imaginando se ele teria
saído da cadeia. Eu esperava que ele não tivesse arranjado muitos
problemas. Caso tivesse, ele não podia culpar mais ninguém além
dele mesmo por andar por aí carregando drogas, mas ainda assim,
eu o denunciei. Mesmo que eu estivesse tentando ajudar, no final
eu só piorei as coisas para ele. O pobre rapaz só estava tentando
me ajudar e a minha forma de agradecer foi fazendo-o responder
por posse de drogas. Eu odiava a ideia de ele estar sentado na
prisão, enquanto eu estava livre para ir ao cinema e tudo por
causa de quem meu pai era.

Na segunda-feira, na escola, eu descobri que Zeke tinha


sido libertado da prisão. Megan e Chet estavam profissionais em
mensagens de texto e tinha me encostado a ela na tentativa de
saber se ele estava bem. Aparentemente, ele tinha que pagar uma
grande multa e tinha ainda que cumprir serviço comunitário
durante dois meses. Talvez eu conseguisse descobrir que tipo de
serviço que ele iria fazer, já que, tecnicamente, eu também deveria
ter que fazer serviço comunitário.

Depois da escola, eu fui até o Cartório do Tribunal e


paguei a sua multa da minha conta poupança. Era o mínimo que
eu poderia fazer quando eu já tinha visto a casa de Zeke. Ele
provavelmente não tinha sequer dinheiro para gasolina, quanto
mais quinhentos dólares para pagar uma multa.

Eu acabei chegando tarde para o treino de futebol, o que


me fez dar dez voltas em torno do campo. Eu não me importei. Eu
usei esse tempo para sair dali e ir para o meu lugar feliz. Parecia
que ultimamente eu estava vivendo mais tempo naquele mundo
imaginário do que o mundo real.

Após as voltas ao campo, eu treinei duro e, em seguida,


fui correndo para casa. Eu queria estar tão exausta ao ponto de
não conseguir ficar de pé quando chegasse em casa.

Assim que eu entrei pela porta, fui bombardeada por


Sydney.

"O que aconteceu com o seu rosto?", ela perguntou com


os olhos arregalados.

Eu esfreguei meu rosto. Já tinha ouvido essa pergunta


tantas vezes naquele dia e diferentes pessoas obtiveram diferentes
respostas. Eu estava me tornando a rainha da mentira.

"Oh, isso aconteceu no treino de sexta-feira passada. Eu


não vi você antes de sair para ir passar o fim de semana na casa
da sua amiga. Não se preocupe, Syd. Ele está curando bem.
Então, o que vocês fizeram neste fim de semana? Muitos trotes
telefônicos e muita comida instantânea?" Eu perguntei conforme
passava por ela e ia até a cozinha para beber alguma coisa.

Minha bochecha ficou esquecida e ela começou a falar


sobre todas as coisas divertidas que ela e sua amiga Ashley
tinham feito no fim de semana. Eu adorava saber que ela tinha se
divertido. Fiquei feliz em saber que a minha irmã estava crescendo
tendo memórias felizes da sua infância.

"E então o pai dela nos levou naquela sorveteria no fim


da rua e pedimos sundaes. Ei, você sabia que o irmão da Ashley
frequenta a mesma escola que você? Seu nome é Jacob e ele é
superfofo. Talvez vocês pudessem ter um encontro ou algo assim?"
Ela me cutucou e empurrou. Provavelmente achava que estava me
fazendo cócegas, mas realmente as minhas costelas ainda
estavam doloridas.

"Eu acho que não conheço ninguém chamado Jacob, mas


agora eu ando ocupada demais para namorar, Syd. Talvez depois
que eu me formar." Eu puxei uma mecha de seu cabelo enquanto
eu passava por ela para subir e tomar um banho.

Assim que eu me estendi na cama, meu telefone tocou


com uma mensagem de texto de Megan.

Megan: Para sua informação Zeke está prestando seu


serviço comunitário no The Boy’s Club, aquele que fica na avenida
North Rhett.

Eu: OK. Por que você está me dizendo isso?

Megan: Meu Deus, não se comporte como se não estivesse


a fim dele.

Eu: Eu não estou.

Megan: Como quiser. Eu não acredito em você. Você devia


se voluntariar, apenas dizendo.
Eu: Talvez eu o faça.

Megan: Ótimo. OK, vejo você pela manhã, apaixonada por


Zeke.

Eu: Meu Deus, que seja! Boa noite, cachorra vagabunda.


LOL

Megan: Ei, eu meio que gosto de como soa. LOL Boa noite!

No dia seguinte, após o treino de futebol, Megan me levou


até o The Boy’s Club para que eu pudesse me voluntariar. O The
Boy’s Club era um lugar para os garotos mais jovens e com
problemas irem depois da escola. Seria difícil lidar com um bando
de meninos complicados, mas se Zeke tinha que fazer isso, era
justo que eu fizesse também. Eu entrei em um ginásio enorme
cheio de garotos correndo com bolas de basquete. O som de
borracha rangendo ecoou pelas paredes e se misturou com
gargalhadas e brincadeiras, tornando o espaço muito barulhento.

Havia garotas e garotos mais velhos, usando camisas de


um azul brilhante, espalhados por todo o ginásio. Na parte de trás
das camisas estavam as seguintes palavras "Irmão Mais Velho" ou
"Irmã Mais Velha." Era bem legal haver um lugar para as crianças
problemáticas ficarem, ao invés das ruas.

Alguns meninos me chamaram a atenção, pois olhavam


para mim e riam. Um valentão se afastou do grupo e veio até mim.
Ele não tinha mais que treze anos e trazia uma camisa branca
suja e tênis furados.

"Meu amigo ali acha você bonita," ele disse com um


grande sorriso, apontando para outro rapaz do grupo.

"Oh, bem, diga ao seu amigo que agradeço," eu disse


quando eu comecei a me virar para ir embora.

Eu me virei e dei com a cara direto no peito de Zeke. Eu


me afastei e ele olhou para mim através da sua escura franja. Ele
jogou a cabeça para o lado, tirando a franja do rosto, e então ele
suspirou.

"Você de novo," disse ele, enquanto cruzava os braços e


mordia o seu piercing labial. "Acho que isso significa que eu estou
indo para a cadeia hoje."

De repente eu fiquei nervosa. "Por que você iria para a


cadeia?" Eu brinquei com o meu cabelo.

"Toda vez que eu te vejo eu acabo atrás das grades. O que


aconteceu com seu rosto?" Ele deixou escapar.

Eu ri como se não fosse nada, e então eu disse uma das


mentiras que eu venho dizendo desde então.

"Levei uma estúpida bola de futebol no rosto no treino de


ontem."

Ele não acreditou em mim. Eu podia ver isso em seus


olhos.

"Porque você está aqui? Quero dizer, além de flertar com


meninos menores de idade." O canto da sua boca se inclinou para
cima.

"Eu não estava flertando com garotos menores de idade e


eu estou aqui para ser voluntária. É justo uma vez que ambos
fomos presos." Eu comecei a ficar incomodada.

"Como você sabia que eu estava aqui?" Ele perguntou.


Ele se moveu para mais perto e se elevou sobre mim. Inclinou-se
para chegar perto do meu ouvido e sussurrou: "Seu pai sabe que
você está me perseguindo, Floco de Neve?"

Ele estava muito perto. Eu não gostava quando os


rapazes chegavam muito perto, e de repente eu senti como se não
conseguisse respirar. Eu dei um passo para trás como se ele
tivesse me queimando.

"Meu. Nome. É. Patience!" Eu gritei.

Minha voz saltou pelas paredes e ecoou por todo o


ginásio. Todo mundo que estava à nossa volta parou e olhou para
mim como se eu fosse louca. A vergonha se apoderou de mim e eu
senti meu corpo inteiro ficar vermelho. Minhas bochechas
estavam pegando fogo e eu queria encolher e desaparecer.

Por cima de mim, Zeke soltou uma risada gutural.

"Cuidado, Floco de Neve, se o seu rosto ficar muito


quente, você pode derreter."
Sete

`;Fr
Zeke

Passar as minhas tardes com um monte de pirralhos


complicados não parecia muito atraente, mas uma vez que o juiz
decidiu não havia muito o que eu pudesse fazer. Era melhor do
que 30 dias de prisão. Então, depois de vegetar na sala de aula
durante todo o dia de terça-feira, eu pulei no meu carro e dirigi até
ao The Boy’s Club para marcar o ponto.

Fui atacado pelo cheiro de tênis esportivos velhos assim


que entrei no ginásio cheio de jovens garotos. Cada barulho que
ecoava no salão fazia a minha dor de cabeça piorar dez vezes
mais. Fui abordado por uma jovem mulher com um cabelo preto
saltitante e ela sorriu inocentemente para mim.

"Você é o Zeke?" Ela perguntou com um sorriso.

"Sou eu," eu disse com menos exuberância.

"Ótimo! Você está adiantado." Ela sorriu. "O meu nome é


Lindy! Vamos colocar você numa camiseta de Irmão Mais Velho e
irei apresenta-lo ao seu grupo."
A ideia de mudar minha roupa não me agradava, mas
ordens do juiz são ordens do juiz.

Segui-a pelo ginásio até a um pequeno escritório


arrumado num canto. Eu disse a ela o meu tamanho, então me
sentei enquanto ela foi lá para trás tentar encontrar uma camiseta
para mim. Olhei para o exterior da pequena janela do ginásio e vi
como as crianças brincavam sem preocupação. Na verdade, era
muito bom haver um lugar para onde as crianças problemáticas
pudessem ir. Eu gostaria de ter tido um lugar como este, quando
eu estava crescendo. Talvez eu poderia ter sido salvo. Talvez eu
não tivesse ficado tão fodido.

O sol espreitou para dentro do ginásio quando a porta da


frente se abriu e uma menina cercada por um raio de sol entrou.
Uma vez que a porta se fechou, a luz brilhante em torno dela
desapareceu e eu pude ver que não era outra se não Patience,
meu pequeno amuleto de má sorte. Eu suspirei em voz alta.

Por que eu não podia ficar longe desta menina? Ela


estava em todo lugar que eu estava e parecia que cada vez que eu
a via, algo de ruim me acontecia. Eu estava começando a pensar
que ela era um presente do diabo em pessoa. Ela era uma caixa
bonita de tentação embrulhada por policiais à minha espera, ou
uma caixa de doces com uma ratoeira invisível presa na tampa.

Vi quando ela entrou no ginásio e ficou olhando em volta


como se estivesse perdida. Ela estava usando shorts de ginástica e
uma blusa, tinha os cabelos presos no alto da cabeça num rabo
de cavalo bagunçado. Um par de meias pretas até o joelho
apertavam-lhe as pernas bem torneadas. Ela definitivamente tinha
acabado de praticar algum esporte. Futebol, talvez? Eu nunca
tinha achado as meninas desportivas atraentes, mas alguma coisa
na forma como ela soprou uma mecha rebelde de cabelo do rosto e
na forma como flexionou os braços firmes pousando na cintura
era bastante quente. Isso me fez pensar se ela era atlética na
cama. Aposto que ela era.

"Aqui está." Lindy apareceu do canto com uma camiseta


azul brilhante em seus braços.

Eu quis lhe dizer que o azul não era a minha cor, mas eu
faço qualquer coisa que pudesse me tirar dessa merda o mais
breve possível.

Ela apontou através do ginásio para algumas crianças


que estavam bem ao lado de Patience.

"Aquele grupo de meninos ali é o seu grupo. Como hoje é


seu primeiro dia, gaste a hora apenas para conhecê-los e
trabalharemos em atividades amanhã."

Eu balancei a cabeça em compreensão, então me levantei


e saí andando. Eu observava Patience enquanto eu caminhava
atrás dela. Ela estava começando a me incomodar novamente e ela
me surpreendeu com o quão bonita era. Eu ouvi os meninos do
meu grupo rindo e brincando, e então eu assisti como o mais
corajoso do grupo caminhou até ela e começou a flertar. Eu não
ouvi a resposta dela, mas de repente ela se virou e deu de cara
comigo.

Ela cheirava a grama recém-cortada e a mulher. Era uma


combinação estranha uma vez que o cheiro feminino geralmente
não era associado com atividades ao ar livre, mas eu gostei. O
cheiro lhe pertencia, e de alguma forma, mesmo que ela tivesse
aquela aparência delicada e completamente doce, encaixava nela.
Ela olhou para mim e, de repente, eu me senti mal do estômago.
Um hematoma preto estava presente desde a sua bochecha até em
baixo do seu olho. Eu conhecia meus machucados e este era
definitivamente um golpe dado com a mão no rosto. Tinha, pelo
menos, três dias, o que me permitiu perceber que tinha acontecido
depois que ela deixou a delegacia.

O desejo de alcançá-la e passar o meu dedo suavemente


pelo seu machucado era forte. Eu nunca quis tanto tranquilizar
alguém na minha vida. Eu não gosto de me sentir assim. A
verdade é que odeio para caralho me sentir assim. Eu queria gritar
com ela, mas mais do que tudo, eu queria dar uma surra no seu
pai por colocar a mão em uma pessoa tão indefesa. Então,
novamente, eu deveria chutar minha própria bunda uma vez que
eu tinha sido um espertinho e contribuído para o problema.

Deve ter sido óbvio que eu estava olhando para o seu


machucado porque ela colocou ansiosamente sua mão sobre ele e
virou um pouco a cabeça. Ela me disse com os olhos o que eu já
sabia. Aquele machucado foi culpa minha.

"Você de novo," eu disse enquanto mordia meu piercing


labial. "Acho que isso significa que hoje eu estou indo para a
cadeia."

Ela olhou como se ela estivesse tremendo fisicamente e


me perguntei por um momento se ela teria medo de mim. "Por que
você iria para a cadeia?" Ela perguntou. Ela estendeu o braço e
com a mão, agarrou a ponta do seu rabo de cavalo.

Cada vez que eu a via, ela estava mais e mais bonita e


depois de nossa última passagem pela prisão com o palhaço do
seu pai, eu olhava para ela de forma diferente. Antes, eu pensava
que sua vida era perfeita, mas depois de ver o relacionamento
fodido com o seu pai, eu percebi que nem tudo era o que parecia.

"Toda vez que eu te vejo eu acabo atrás das grades. O que


aconteceu com seu rosto?" Eu soltei.

Eu não deveria dar a mínima para o que aconteceu com


seu rosto, mas eu dava.

Ela encolheu os ombros e tentou rir com isso. "Levei uma


estúpida bola de futebol no rosto no treino de ontem."

Ela estava mentindo, mas eu não iria pressiona-la. Eu


sabia o que era inventar desculpas para um lábio arrebentado ou
um olho roxo.

Rapidamente, eu mudei de assunto.

"Porque você está aqui? Quero dizer, além de flertar com


meninos menores de idade." Eu sorri para ela.

Ela era muito mais baixa do que eu. Eu gostava disso.


Isso me fez sentir poderoso de alguma forma... Viril.

"Eu não estava flertando com garotos menores de idade e


eu estou aqui para ser voluntária. É justo uma vez que ambos
fomos presos." Ela encolheu os ombros.

Eu acho que ser filha do governador tinha suas


vantagens, como ser capaz de descobrir informações pessoais
sobre o serviço comunitário das pessoas, mas, novamente, por que
seu pai iria lhe dizer como me encontrar quando ele obviamente
não queria nos ver juntos? Não que eu pudesse culpá-lo, depois
da minha atitude de espertinho da última vez em que estivemos
juntos.

"Como você sabia que eu estava aqui?" Perguntei. Eu não


queria que as crianças atrás dela nos ouvissem então cheguei
mais perto. "Seu pai sabe que você está me perseguindo, Floco de
Neve?"
Seus olhos transpareceram pânico e me deixou irritado
perceber que ela tinha medo dele. Em seguida, ela deu um passo
para trás tão rapidamente que quase tropeçou em seus tênis. Ela
olhou para mim com a sua boca serrada. Ela estava chateada com
alguma coisa.

"Meu. Nome. É. Patience!" Ela gritou comigo.

Eu tinha que admitir, eu gostei quando ela gritou comigo.


Principalmente porque me permitiu saber que ela não era tão
fraca e indefesa como aparentava, mas também porque eu sou um
indivíduo fodido e, ocasionalmente, eu gosto de ser um idiota com
todo mundo.

Sua voz chegou a todas as paredes do ginásio e todos se


viraram para olhar para nós. Eu vi como um vermelho bonito
subiu seu pescoço e preencheu suas bochechas. Seus olhos
começaram a se encher de água e tornam-se vermelhos e ela
parecia que estava prestes a explodir de vergonha. Pobrezinha,
parecia que estava prestes a desmaiar, mas foi engraçado vê-la tão
irritada e envergonhada. Eu meio que gostei de lhe dar uma
balançada.

Eu ri baixinho para mim mesmo, ganhando outro olhar


furioso, eu não podia deixar de cutucar o urso mais uma vez.

"Cuidado, Floco de Neve, se o seu rosto ficar muito


quente, você pode derreter."

Ela pressionou o meu peito com pequenas palmadinhas e


rosnou para mim enquanto me empurrava para fora de seu
caminho. Porra, eu adorei. Virei-me apenas tempo suficiente para
vê-la voar para o banheiro feminino.
O grupo de rapazes começou a rir. Eu me virei e olhei
fixamente para eles. Todos pararam de rir e olharam em volta
como se não estivessem sendo um bando de jumentos
intrometidos.

"Então, eu acho que sou sortudo o suficiente para ficar


preso com vocês," eu disse enquanto me dirigia para o grupo.

Havia três deles e nenhum deles parecia velho o


suficiente para já ter se metido em problemas. Eles não poderiam
ter mais do que treze anos, mas, novamente, quando eu tinha
treze anos eu estava fumando maconha e conseguindo que
meninas de quinze anos me batessem uma punheta atrás do meu
trailler.

"Que bom! Qual é o seu nome?" Um dos meninos


perguntou.

Ele era o menor e ainda assim as suas roupas pareciam


curtas demais. O garoto tinha duas meias diferentes e uma
camisa rasgada, mas ele tinha o maior e mais feliz sorriso em seu
rosto, o que faz você esquecer o fato de que ele provavelmente era
infeliz em casa.

Peguei uma das pequenas cadeiras escolares de plástico,


dei-lhe a volta, e montei-a com os braços pousados na parte
traseira.

"O meu nome é Zeke. Qual é o seu?"

O menor deles driblou a bola de basquete por entre as


suas pernas e trocou os pés em torno da bola como se fosse uma
estrela de basquete. "O meu nome é Keaton. O garoto alto é o Riley
e o garoto mais sossegado é o Alex."

Minha atenção foi para o Alex, o garoto que estava quieto


no canto. Ele parecia chateado e tão infeliz em estar lá como eu
estava.

Depois das apresentações, eu disse aos meninos para


irem jogar bola e saírem um pouco; então eu sentei na minha
cadeira e assisti de longe enquanto jogava no meu telefone. Depois
de alguns minutos, senti que tinha alguém atrás de mim. O cheiro
de grama fresca encheu meu nariz.

"Vejo que você decidiu voltar para jogar," eu disse, sem


tirar os olhos do meu telefone.

"Eu não pensaria nisso como jogar. Este é tanto um


castigo para mim como é para você," disse ela conforme se sentava
na cadeira ao meu lado.

Eu queria lhe dizer que ela já tinha sido punida o


suficiente por seu pai. Eu poderia dizer isso pelo seu rosto, mas
mesmo eu sendo um estúpido, eu não poderia dizê-lo.

"Então por que fazer isto?" Eu perguntei.

"Porque é o que é certo." Ela olhou para mim como se eu


fosse burro.

"Você sempre faz o que é certo?"

"Eu tento, mas às vezes pessoas como você tornam isso


difícil." Ela me deu um olhar sexy que eu tenho certeza que ela
pensou que parecia uma vilã.

"Oh, vamos lá. Você sabe que gosta quando eu provoco


você." Eu sorri.

"Você chama isso de provocação? Provocar não deveria


ser divertido? Nada do que sai da sua boca é divertido. Você é um
idiota cada vez que eu falo com você." Ela se recostou na cadeira e
cruzou os braços.

Ela queria provocação? Então provocação era o que ela


estava indo ter.

"Nada do que sai da minha boca é divertido? As suas


palavras me magoam. A minha língua sai da minha boca e me
disseram várias vezes que é divertido."

Seus olhos ficaram grandes e ela começou a corar


novamente. Porra, eu gostei de fazê-la corar.

"Eu provavelmente deveria ir falar com o diretor e


descobrir o que ele precisa que eu faça. Foi bom falar com você de
novo, mas nós definitivamente devemos ficar longe um do outro,
eu acho." Ela se levantou e sua cadeira guinchou pelo chão do
ginásio.

"Com certeza." Eu concordei brincando.

Eu fiquei olhando para a sua bunda em seu minúsculo


short de ginástica enquanto ela se afastava. Sendo tão pequena,
ela tinha as mais belas coxas e panturrilhas e eu estava
começando a me perguntar como seria a sensação de tê-los em
torno de mim. Por mais que eu tentasse lutar contra isso, ela
estava começando a crescer em mim, o que significava que ficar
longe dela era a minha melhor aposta. Uma menina do seu lado
da cidade não tinha nada a ver com um cara como eu. Sobre a
chance de ela decidir que quer dar uma volta no Expresso Zeke,
eu precisava deixar bem claro que ela não era bem vinda. Eu me
conhecia, e se ela se oferecesse, eu pularia fora.

É claro que o plano foi para o inferno quando ela


terminou de falar com o diretor do The Boy’s Club.

"Parece que eu estou presa com você," disse ela quando


caiu na cadeira ao meu lado.

Ela soprou a mecha de cabelo que tentava escapar de seu


rabo de cavalo e revirou os olhos.

"Bem, eu cheguei aqui primeiro. Além disso, eu tenho que


estar aqui, enquanto você está aqui apenas para que você possa
flertar com os garotos." Eu não olhei para cima do meu telefone.

"Eu não estou aqui para... Quer saber? Não vou nem
responder a isso. Agora é tarde demais. Eu disse que ia me
oferecer para um mês, então eu vou, mas assim que o mês
terminar eu dou o fora daqui." Ela soprou na mecha de cabelo de
novo e meus dedos coçaram para empurrá-lo para trás da orelha.

Em seguida, ela se levantou e caminhou até os meninos e


começou a falar com eles.

"Vocês gostam de jogar basquete?" Ela perguntou,


enquanto tentava driblar uma bola. A bola saltou para longe dela
e o menino menor foi atrás dela.

"Sim, o nosso esporte favorito é o basquete. Qual é o seu


esporte favorito?" Perguntou o garoto chamado Riley.

"Eu jogo futebol. Vocês sabem alguma coisa sobre


futebol?"

Vi de longe como ela, muito pacientemente, chutou a bola


com os meninos. Ela estava os ensinando a chutar suavemente a
bola com a parte interna do pé. Ela aplaudia e ficava animada
quando eles faziam bem e batia de leve na parte de suas cabeças e
lhes dizia para continuar tentando, quando eles não o faziam. Era
realmente incrível de assistir. Ela era tão carinhosa, doce e
paciente com os meninos. Mais uma vez, fiquei impressionado
com o quão perfeito o nome dela era para ela.
"Você é a goleira?" O menino menor perguntou enquanto
enxugava com as costas da mão a sua testa suada.

"Não, eu sou a garota que marca os gols. Eu sou a


atacante." Ela sorriu com orgulho.

Aposto que ela parecia muito quente toda suada naqueles


pequenos calções de ginástica. Eu balancei a cabeça, tentando
afastar a imagem de Patience tirando seu top de treino e ter um
pequeno e sexy sutiã de esportes embaixo.

Quando a nossa hora terminou, eu levantei da minha


cadeira e me espreguicei. Ficar sentado por quase uma hora
naquela pequena cadeira deixou a minha bunda dormente e
minhas pernas rígidas.

"Ok, rapazes, acho que vou ver vocês todos amanhã." Eu


bocejei.

"Sim, ele não quer perder a chance de ter uma hora de


soneca," Patience brincou com os meninos.

Todos riram. Ela olhou para mim e o sorriso em seu rosto


era tão brilhante e feliz que eu me peguei sorrindo para ela. Assim
que percebi isso, eu virei e fui embora. Eu nem sequer lhe disse
adeus. Parei no banheiro para fazer xixi antes de sair e depois
empurrei as pesadas portas azuis do ginásio e sai para o fim de
tarde sombrio. Já era quase noite e os pais que tinham acabado
de sair do trabalho foram aparecendo para recolher os seus filhos.
Eu coloquei o meu capuz preto e caminhei para o meu carro.

Minha porta rangeu quando eu a abri e pulei para


dentro. Eu liguei o meu motor e acendi meus faróis. Eles
brilharam diretamente sobre Patience, que estava sentada na
calçada em frente. Eu parei por um minuto e pensei em deixá-la
lá, mas o pensamento de ela ficar ali no escuro me incomodou.
Parei ao lado dela e ela olhou para cima e revirou os olhos.

"Você não tem carro, menina rica?"

Eu sabia que era uma coisa idiota para dizer, mas eu


disse mesmo assim.

"Sim, eu tenho um carro." Ela olhou de volta para o


telefone e me dispensou.

"Então por que você está sentada aqui, em vez de dirigir


para casa?"

Eu sabia que deveria apenas ter ido embora e ficar livre


logo, mas este não era o melhor lugar para uma garota bonita
como Patience estar sentada sozinha quando já tinha escurecido.

"Eu não dirijo. Estou esperando minha amiga Megan me


pegar. Ela já deveria estar aqui. Tenho certeza que ela está a
caminho." Ela mordeu o lábio interior de sua boca.

"Mas você não ouviu nada dela e ela não está aqui?" Eu
suspirei e apertei a mão em volta do meu volante.

"Ela já vai chegar. Eu vou ficar bem."

Eu empurrei minha cabeça para trás até o encosto e


suspirei. "Deixe-me levá-la para casa. Mande uma mensagem à
sua amiga e diga que você já tem carona."

"Obrigada, mas eu prefiro esperar."

Eu olhei para ela e revirei os olhos.

"Você está com medo que eu tire vantagem de você


quando você estiver no meu carro? Porque se esse for o caso,
acredite em mim quando eu digo que você não tem nada com que
se preocupar."
E ela não tinha. Não porque eu não achasse que ela era
atraente, porque eu achava sim. Eu queria tirar cada peça de
roupa que ela usava, exceto aquelas meias de futebol até os
joelhos, bem sexys, e ter a minha oportunidade com ela. A razão
pela qual ela não tinha nada com que se preocupar era porque eu
sabia que não devia pular a cerca de homem rico. Além disso, ela
era, provavelmente, virgem e as virgens tendem a ser pegajosas e
irritantes depois.

"É bom saber que você acha que eu sou um cachorrinho,


mas eu ainda prefiro esperar por Megan. Obrigada mesmo assim."
Ela me deu um sorriso rápido, sarcástico.

Naquele exato momento, seu telefone apitou. Ela olhou


para baixo e suspirou. Em seguida, ela balançou a cabeça e olhou
de volta para mim.

"A Oferta continua de pé," eu disse enquanto acelerava o


carro dando a entender que eu estava prestes a partir sem ela.

"Tudo bem." Ela se levantou e limpou a sujeira na parte


de trás de seu short.

Ela passou à frente do meu carro e os meus faróis


iluminados bateram nas suas coxas grossas enquanto cortava
caminho na minha frente. Estendi a mão, destranquei a porta do
lado do passageiro e a abri. Ela se sentou ao meu lado, fechou a
porta, e então estendeu a mão para o cinto de segurança que já
não existia.

"Não há cinto de segurança, mas se você está preocupada


com o fato de poder voar para fora do carro, você pode deslizar pra
cá e eu irei segurá-la." Eu sorri para ela enquanto partíamos.

Ela brincava com as mãos em seu colo conforme eu sai


do estacionamento. Tudo isso chamou a minha atenção para suas
pernas. Os meus olhos foram desde suas coxas até os joelhos e
depois ao contrário. Eu queria alcançá-la, deslizar a mão sobre
sua coxa, e descansar meus dedos entre o calor das suas pernas.
Olhei para cima e a vi me observando enquanto eu olhava para
suas pernas. Ela desviou o olhar rapidamente como se ela não
tivesse me pego olhando para ela, e eu ri baixinho para mim
mesmo.

"Então, qual é o seu problema? Você gosta de chutar


cachorrinhos durante o seu tempo livre entre outras coisas?" Ela
perguntou enquanto trabalhava com a maçaneta para rolar a
janela para baixo.

Fiquei chocado que ela sabia como usá-la, desde que eu


tenho certeza de que todos os carros em que ela já tinha estado,
tinha janelas automáticas e ar-condicionado.

"Eu não gosto de chutar cachorros, apenas pessoas." Eu


olhei e vi como os faróis dos outros carros iluminavam o seu rosto.
A luz refletiu em seus olhos quando ela olhou para mim.

"Algo muito ruim deve ter acontecido com você quando


você era mais jovem para deixar você tão zangado," disse ela
casualmente.

"Por que você diz isso?" Eu não pude evitar perguntar.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos antes de


finalmente responder.

"Sei reconhecer pessoas quebradas quando eu as vejo."


Ela olhou para o lado e se concentrou nas árvores que iam
passando.

Achei que essa era a parte em que ela estava indo para
tentar me psicanalisar e depois me corrigir. Um monte de
mulheres tinha tentado, mas nenhuma conseguiu. Algumas
dessas mulheres eram da pesada e entendiam o que era não ter
nada e viver uma vida de merda. A princesa que estava no meu
banco do passageiro não sabia nada dessas coisas.

"Pfft. Você não sabe nada sobre o que é ser quebrado," eu


rebati.

"É, eu acho que não." Ela olhou para baixo e balançou a


cabeça.

De repente, a memória da forma como o seu pai a tratou


e o fato de que ela tinha um hematoma cicatrizando em seu rosto
surgiu na minha cabeça. Eu me senti como uma merda na hora
que eu pensei sobre isso. Quem pode dizer que esta menina não
leva um chute no seu traseiro uma vez por semana como eu?

Eu soube imediatamente quando nós entramos no seu


lado da cidade. As árvores, prédios velhos e caravanas foram
substituídos por casas de médio porte e, em seguida, casas
enormes cercadas por cercas de ferro e gramados bem cuidados.

Ela me deu indicações para onde eu devia ir e eu virei


para a esquerda ou direita, quando ela me disse o que fazer. Essa
foi a conversa no resto da viagem. Quando eu estacionei junto à
casa dela, fiquei surpreso com o quão grande era. Por que essas
pessoas precisam de casas tão grandes? Era uma enorme casa
branca de dois andares com colunas grandes e cerca de vinte e
cinco janelas apenas na parte da frente. Havia um Jaguar
estacionado na garagem e um gramado verde bem tratado. Os
repuxos apareceram e começaram a jorrar água.

Meu carro parecia um amontoado de lixo só de estar na


frente de sua casa e parte de mim queria que o meu grande balde
de ferrugem batesse naquele Jaguar.

Ela virou para mim e um pequeno sorriso apareceu no


canto de sua boca. "Obrigada pela carona. Acho que vou vê-lo
amanhã.”

"Talvez." Eu não sorri de volta.

Ela continuou sentada como se estivesse esperando por


algo.

"Você está esperando por um beijo de boa noite, Floco de


Neve? Porque você não está indo conseguir um." Debrucei-me
sobre ela e abri a porta.

Seu perfume invadiu meus sentidos e eu senti sua


respiração quente contra a lateral do meu rosto conforme eu me
inclinava sobre ela. Por um breve momento, eu contemplei um
pequeno beijo. Principalmente porque eu não tinha beijado uma
menina desde que eu tinha quatorze anos - beijo era muito
pessoal - mas também porque os seus lábios pareciam tão doces e
suculentos que me fez pensar qual seria a sensação de beijá-la.

Ela piscou seus olhos para mim e suspirou, então pulou


para fora do carro como se ele estivesse pegando fogo enquanto
murmurava algo que soou como "idiota." Eu ri quando ela bateu a
porta e se virou em direção a sua casa. Esperei por alguns
segundos e, em seguida, sai em disparado. Quanto mais rápido eu
voltasse para o meu lugar cativo, melhor.
Oito

`;Fr
Patience

Amaldiçoei o carro de Megan durante a viagem para a


minha casa. Vá imaginar que o seu alternador iria parar na hora
que eu precisava dela para me pegar. E vai entender que eu iria
ficar presa com alguém que muito obviamente me despreza por
algum motivo desconhecido.

Eu sofri com outra viagem desconfortável enquanto


falava as direções. Quando ele chegou em minha casa, a primeira
coisa que notei foi o meu pai em pé na janela de seu escritório,
olhando para mim. Eu sabia naquele momento que eu iria ter
uma noite ruim e eu considerei partir com o carro e me deixar na
casa de Megan. Se não fosse pelo fato de que a minha irmãzinha
estava presa naquela casa, eu iria.

Olhei para ele e tentei sorrir através do meu medo. Seus


olhos pareciam ainda mais escuros no meio da noite. Seus
piercings capturavam a luz e chamavam minha atenção para sua
boca e olhos. Eu pensei em uma maneira de matar o tempo. Eu
nunca pensei que fosse me sentir desta maneira, mas a última
coisa que eu queria fazer era sair do carro velho e esfarrapado de
Zeke. Ele não era seguro, mas ele era mais seguro do que o que
me esperava dentro daquela casa enorme cheia de mentiras e
morte.

"Obrigada pela carona. Acho que vou vê-lo amanhã," eu


disse.

Eu estava esperando que ele fosse dizer algo sobre The


Boy’s Club ou seu serviço comunitário. Eu estava esperando que
ele dissesse qualquer coisa para iniciar algum tipo de
conversação. Eu até me contentaria com uma resposta idiota
sarcástica. Em vez disso, ele apenas respondeu.

"Talvez," ele disse com uma cara séria.

Ele queria que eu saísse do carro. Eu poderia dizer que


ele queria se livrar de mim e sair deste bairro extravagante. Eu
não podia culpá-lo. Eu queria a mesma coisa.

"Você está esperando por um beijo de boa noite, Floco de


Neve? Porque você não vai ter um," disse ele.

Ele se inclinou para o meu colo e meu corpo inteiro ficou


tenso. Eu tinha certeza de que ele estava prestes a fazer uma
loucura, mas em vez disso, ele abriu a porta e se inclinou para
trás. Seu hálito quente pegou a lateral do meu rosto no caminho.
Era de menta, o que foi surpreendente para mim. Eu esperava que
ele cheirasse a erva ou algo igualmente terrível.

Eu sabia que o meu tempo tinha acabado e eu tinha que


enfrentar as consequências. Meu pai tinha me visto sair do monte
de sucata de Zeke e ele sabia que o carro não pertencia a ninguém
que ele considerasse bom para estar comigo. Um enxame
irracional de raiva passou por mim e eu pulei para fora do carro.
Por que ele não podia ser social apenas por uma vez? Eu só
precisava de um motivo para não entrar. Isso era demais para
pedir?

"Idiota," eu murmurei quando bati a porta.

Ouvi sua risada quando ele foi embora.

Uma vez lá dentro, eu encontrei Sydney que estava


comendo uma taça de sorvete na cozinha.

"Ei, você. Como foi o treino?" Ela perguntou através de


uma colherada de sorvete de cookies.

"Bom. Nós temos um jogo sábado contra o Fort


Dorchester. Eu vou tomar um banho. Eu vou por você para
dormir, ok?" Gritei enquanto fazia o meu caminho para as
escadas.

Quanto mais rápido eu tomasse meu banho, mais rápido


eu posso ver a minha mãe e mais rápido eu poderia ir para a
cama.

Eu estava sob a água fumegante e deixei o calor tirar a


tensão dos meus músculos. Eu não tenho certeza de quanto
tempo fiquei assim até que, finalmente, a minha pele começou a
ficar dormente. Depois que me sequei, limpei o espelho embaçado
e verifiquei a minha contusão. Ela estava muito melhor, mas eu
tinha certeza de que Zeke sabia como eu tinha conseguido. Era
estranho que alguém que não me conhecia sabia mais sobre o
funcionamento interno da minha vida em casa do que minha
melhor amiga. Eu acho que foi uma coisa boa Zeke ser tão sem
envolvimento com outras pessoas. Caso contrário, ele poderia se
sentir tentado a dizer a todos que o governador era um idiota
abusivo.
Prefiro que ele pense que eu fui golpeada por aí. Eu não
quero nunca que ninguém saiba o tipo de abuso real que eu
passei. Era embaraçoso para mim e eu entendia quão nojenta
minha situação era.

Quando cheguei ao quarto da minha mãe, ela parecia


bem. Pela primeira vez ela tinha um pouco de cor em seu rosto e
seu sorriso era um sorriso real, ao contrário da coisa falsa que ela
dá a Syd e eu, para que não nos preocupemos. Eu rastejei na
cama com ela e ela escovou meu cabelo molhado enquanto eu
falava para ela sobre o meu dia. Eu deixei de fora o fato de que eu
tinha passado uma hora da minha tarde em um ginásio de merda
cheio de delinquentes juvenis e um idiota certificável.

"Eu gostaria de poder ir para os seus jogos de futebol,"


disse ela tristemente depois que eu contei sobre o treino.

"Você está lá, mãe." Eu sorri para ela e seus olhos se


encheram de lágrimas antes dela continuar a desembaraçar meus
cabelos.

Não demorou muito até que Sydney se juntou a nós.


Sentamos e assistimos TV até que tanto a mãe e a Sydney
adormeceram. Eu não me incomodei em acordar Syd. Se ela
estava dormindo ao lado da minha mãe, então ela estava segura a
noite e eu poderia tentar dormir um pouco. Eu ainda tinha que
ver o meu pai e eu sabia enquanto me arrastava pelo corredor
acolchoado que não demoraria muito tempo antes dele vir e fazer
sua reconciliação ou algo mais.

Passei pela enfermeira da minha mãe, Patrícia, no


caminho para o meu quarto e ela sorriu para mim e mencionou
como a mamãe teve um grande dia. Uma vez que a vi desaparecer
no quarto escuro da minha mãe, eu sabia que estava sozinha.
Fechei a porta do quarto atrás de mim e entrei debaixo do
meu cobertor. Eu rolei para o lado e coloquei o braço embaixo do
travesseiro. Foi então que eu vi meu pai sentado na cadeira ao
lado da minha janela, olhando de volta para mim. Que tipo de
pessoa louca senta-se em um quarto escuro e espera? Um
predador, esse tipo.

"Quem deixou você?" Ele perguntou calmamente.

Eu sabia que na hora que eu dissesse o nome de Zeke


aquela calma exterior iria rachar.

Engoli em seco e me sentei apoiada no meu cotovelo.


"Zeke Mitchell."

Eu poderia ter mentido, mas de alguma forma eu sabia


que ele já sabia a resposta da sua pergunta. Mentir teria sido pior,
então em vez disso, eu fui honesta.

Estava escuro no quarto, então eu não podia ver a reação


dele, mas eu tenho certeza que não era boa.

"Por que você constantemente ignora minhas regras,


Patience? Onde eu e sua mãe erramos?"

Ele suspirou no quarto escuro quando eu não respondi


sua pergunta. Eu sabia que era uma pergunta retórica. Qualquer
coisa que eu dissesse a esta altura só iria irritá-lo ainda mais.

"Você costumava ser uma boa menina, mas não mais. Eu


não estou muito feliz com esta mudança." Ele se levantou e ajeitou
o roupão.

Esperei sem respirar por ele para desatar seu roupão e


vir para a minha cama, mas em vez disso, ele atravessou o meu
quarto e abriu a porta. A luz do corredor entrou no meu quarto e
iluminou seu rosto. Eu podia ver suas bochechas coradas e olhos
vermelhos e eu soube então, que ele estava bebendo seu uísque
caro. Eu amava aquela garrafa maldita de uísque. Sempre que ele
o bebia se cansava, e uma vez que ele dormia ele estava fora para
a noite. E estava começando a parecer que eu definitivamente
teria esta noite de descanso.

Ele virou-se para sair do quarto, mas de repente virou-se


para mim.

"Fique longe daquele garoto, Patience. Eu quero dizer


isso. Fique longe dele e daquela menina Megan. Você tem um
carro. Eu sugiro que você o use. É melhor eu não pegá-la com eles
novamente. Você entendeu?"

Ele nem esperou minha resposta. Meu quarto ficou


escuro novamente quando ele fechou a porta. Ouvi seus passos
pelo corredor até seu escritório e então ouvi a porta abrir e fechar.
O sofá do escritório era onde ele dormia quase todas as noites,
então eu sabia que eu não teria que me preocupar com ele
novamente. Fechei os olhos e caí em um sono tranquilo.

No dia seguinte, eu fui de ônibus para a escola. Isso era


algo que eu não tinha feito... Nunca, agora que pensava nisso. O
carro de Megan estava sendo consertado de qualquer maneira, e
eu iria a pé antes que eu dirigisse o meu carro ou pedisse ao meu
pai por uma carona.

O dia na escola passou muito rápido e antes que eu


percebesse, eu estava no campo treinando. Eu estava distraída e
perdi alguns gols, induzindo o meu treinador vir até mim e falar
sobre a importância de praticar e ter uma boa noite de sono. Eu
achei que era engraçado considerando que a noite anterior eu
realmente tinha dormido muito bem.

Eu peguei uma carona com minha companheira de


equipe, Casey, e ela me deixou no The Boy’s Club para minha
hora de voluntariado. Eu sabia que eu teria que ligar para o meu
pai para me buscar, e me lembrei de que eu não deveria pedir a
Zeke, mas eu tinha um compromisso e eu quis seguir adiante. Se
eu tivesse que correr todo o caminho para casa eu faria.

Casey dirigia como uma mulher de oitenta anos de idade


e pelo tempo que cheguei ao The Boy’s club, eu já estava vinte
minutos atrasada. Quando entrei, fui recebida mais uma vez com
os ecos fortes dos meninos ao redor do ginásio. Eu escapei por
pouco de uma bola de basquete no rosto enquanto eu fiz o meu
caminho através do ginásio para o meu grupo e Zeke.

O meu grupo não estava onde deveria estar e eu fiz a


varredura da sala até que eu os encontrei. Escondido no canto
atrás das arquibancadas, Zeke estava sentado em uma das
pequenas cadeiras de plástico, de costas para mim. Ele estava
tocando um violão enquanto os três rapazes sentados estavam
com seus olhos colados a ele. Quanto mais eu chegava perto, mais
claro eu podia ouvir o que ele tocava. Soava pura, não
contaminada pelo resto de sua banda. Eu parei no meu caminho e
ouvi quando ele tocou uma música que soava familiar. Eu não
podia colocar o dedo nisso, mas eu sabia que eu já tinha ouvido
antes. Com medo de interromper, eu fiquei lá e ouvi. Foi lindo.

Não era o violão que eu o tinha visto tocar antes e eu me


perguntei de onde ele tinha vindo. Era claro, bege, e parecia
pequeno demais para ele, mas ele ainda tocou perfeitamente.

"Você pode me ensinar a tocar?" O menino quieto, Alex,


perguntou.

Eu nunca tinha escutado ele falar até agora. Seus olhos


estavam iluminados e ele parecia tão envolvido em Zeke tocando.
Foi um momento tão especial, mas eu sabia que Zeke iria abalar
as crianças e arruinar isso tudo. Em vez disso, ele parou de tocar
e me chocou.

"Bem, essa música é meio difícil, mas que tal eu mostrar-


lhe como tocar algo mais fácil. Se você gostar, eu vou te ensinar
algo mais difícil. Feito?"

Alex praticamente bateu palmas como um colegial


animado, então se acalmou quando Zeke começou a tocar uma
música fácil para os meninos ouvirem. Era uma versão lenta de
"Smoke on the Water," enquanto ele pegava cada acorde
lentamente para o menino aprender. Ele estava dizendo o que
cada acorde era e mostrando o menino como colocar os dedos no
violão. Então ele o entregou a Alex.

"Ok, você o segura assim," ele disse enquanto


posicionava as mãos do garoto corretamente.

Então eu vi quando ele muito pacientemente ajudou Alex


pegar cada parte do refrão. Quando ele terminou, ele olhou para
Zeke como se ele fosse um deus. Foi tão adorável.

"Bom trabalho, garoto," disse Zeke enquanto ele


bagunçou o cabelo de Alex. "Agora, veja se você pode fazer
sozinho."

Ele elogiou Alex quando ele tocou as cordas certas, então


suavemente riu e o ajudou quando ele não o fez. Era como ver
uma pessoa completamente diferente, e, de alguma forma, eu
sabia que eu estava vendo o verdadeiro Zeke.

Abaixei para coçar minha perna e isso chamou a atenção


para mim. Bem na frente do meu rosto, Zeke virou o babaca. Suas
costas ficaram duras e os olhos apertaram nos cantos.
"Ok, isso é o suficiente por hoje. Vocês vão jogar," ele
disse em uma voz severa.

Alex sorriu para ele, agradeceu-lhe, em seguida, correu


com os outros meninos. Ouvi-o dizer alguma coisa sobre ser uma
estrela do rock quando ele passou por mim.

"Se tiver um violão em um raio de oito quilômetros, você


encontra, hein?" Eu perguntei enquanto me sentava ao lado dele.

"Sim, acho que sim." Ele não olhou para mim enquanto
pegava o violão e começava a afinar.

"Onde você conseguiu esse?"

"Um garoto trouxe e deixou na arquibancada," respondeu


ele.

"Você é realmente bom com essa coisa." Eu apontei para


o violão.

Ele sorriu para mim. "Eu sou muito bom com um monte
de coisas."

De alguma forma, eu sabia que o lado sedutor e a


insinuação sexual de Zeke era uma fachada. Eu não sei como eu
sabia disso, mas eu sabia.

"Você não tem que fazer isso comigo, sabe?" Eu não tinha
certeza se estava indo na direção certa, mas eu senti que deveria
deixar claro que eu não estava julgando.

"Fazer o quê?" Suas sobrancelhas recuaram em confusão.

"Fingir. Eu vi você com Alex. Você é um cara legal, Zeke.


Eu não sei por que você insiste em agir como idiota."

"Eu não finjo nada. O que você vê é o que eu sou." Ele


olhou para mim.
"Se você diz." Eu sorri para ele e balancei a cabeça. Não
havia nenhuma maneira no inferno que eu deixaria ele me
intimidar com aqueles olhos profundos.

Era tarde demais. Foi-me dada uma espiada no universo


de Zeke e nada que ele pudesse dizer iria me convencer do
contrário. Ele era um bom rapaz que fazia o papel de um idiota.

Peguei o violão dele e corri meu polegar sobre as cordas.


Ele fez um barulho horrível e eu me encolhi.

"Bem, eu sou horrível com o violão." Eu ri.

Ele não riu. Ele só olhou para mim como se estivesse


puto com alguma coisa. Então, do nada, ele veio e ajustou o violão
em meus braços.

"Você está segurando errado," disse ele.

Eu puxei minha mão rapidamente quando ele me tocou


para colocá-la para baixo na posição certa. Eu não tinha certeza
se ele percebeu o quão desconfortável fiquei de ser tocada, mas se
percebeu, ele não mencionou isso.

"Aí. Sente-se mais confortável?” Perguntou.

Eu me sentia e olhei para ele e balancei a cabeça. Ele


jogou a cabeça para o lado e tirou a excessivamente longa franja
de seu rosto. Eu adorava quando ele fazia isso.

"Coloca seu dedo aqui," instruiu.

Mais uma vez, ele estendeu a mão e tocou meus dedos


enquanto ele os colocava na posição. Suas mãos eram ásperas e
quentes. E mesmo que eu tivesse puxado a mão no começo,
quanto mais ele tocava meus dedos, menos desconfortável era.
Esta foi uma revelação para mim, pois a partir do momento em
que meu pai começou a ir ao meu quarto, eu raramente deixava
que alguém, além de minha mãe e Sydney, me tocassem.

"Agora, dedilha," disse ele.

Eu fiz e pareceu muito melhor.

Ele estendeu a mão novamente e reorganizou os meus


dedos contra as cordas. Eu senti um puxão suave no meu
estômago inferior quando ele mudou suavemente o dedo indicador
e o pressionou para baixo.

"Mais uma vez." Ele estava mais perto agora e eu ainda


não estava incomodada com sua proximidade.

Corri meu polegar sobre as cordas de novo, e de novo


soou bem. Isto continuou, ele movendo meus dedos e me dizendo
para dedilhar as cordas até que finalmente eu podia ouvir a
música que eu estava tocando. Era a mesma música que ele
estava tocando quando eu entrei. Exceto que minha versão era
uma versão mais lenta e desagradável.

"Eu conheço esta canção," eu disse. "Qual é?"

Finalmente, ele sorriu para mim e mudou sua franja


novamente. Seu piercing no lábio capturou minha atenção e eu
tive que parar de olhar para sua boca. Ele deve ter me pego
olhando porque seu sorriso ficou maior. Ele se inclinou mais
perto, sua respiração mexeu o cabelo em volta da minha orelha.

"Patience." O modo como ele disse meu nome enviou uma


onda de calor através da minha espinha. "Do Guns and Roses... É
o seu hino."

Eu senti meu rosto esquentar.

"Você estava tocando quando eu entrei," eu disse


enquanto brincava com o violão novamente. Qualquer coisa que
eu pudesse fazer para manter meus olhos longe dele.

Estava começando a me sentir desconfortável do quanto


confortável eu estava com ele. Ele era um estranho, pelo amor de
Deus, e malvado. Eu deveria estar morrendo de medo desse cara,
mas em vez disso, eu me sentia segura perto dele. Talvez tivesse
algo a ver com o fato de que ele me salvou duas vezes ou talvez
tenhamos alguma conexão cósmica estranha. Tudo que eu sabia
era que estar perto dele era bom. Eu não tenho que aturar
qualquer coisa ou ser a filha do governador. Eu não tenho que
fingir dar uma merda sobre moda ou ser a melhor jogadora de
futebol no campo. Eu poderia apenas sentar e ser eu. Eu não
tenho que fingir ser a Patience que todo mundo achava que eu era
porque ele não dava a mínima de qualquer maneira.

"Eu estava." Seus olhos eram escuros.

Ele realmente sabia como dar aquele olhar, escuro e


perigoso.

"Você gosta de tocar essa música?" Eu perguntei


casualmente, quando eu lhe entreguei o violão.

Ele pegou as cordas um pouco e depois deu de ombros.


"Não realmente."

"Então por que você estava tocando?" Eu ajustei minha


blusa e sentei na cadeira.

Ele tocou um pouco da música e atirou em mim outro


sorriso sexy.

"Isso me lembra de você."


Nove

`;Fr
Zeke

No minuto em que as palavras saíram da minha boca me


arrependi delas. O doce rosa que cobria seu rosto foi o principal
motivo. A outra razão foi porque parecia algo que um vagabundo
idiota diria. Eu ignorei completamente o fato de que era verdade.
Eu estava tocando aquela música enquanto esperava que ela
aparecesse. Ninguém precisava saber que eu estava, na verdade,
meio que à sua procura para seguir com a nossa pequena guerra
de palavras. Foi divertido provocá-la e ficar sob sua pele. Isto me
impediu de pensar sobre o fato de que eu queria entrar em suas
calcinhas ainda mais.

Felizmente, ela não reagiu ou me fez explicar. Por causa


disso, gostei instantaneamente mais dela. A maioria das mulheres
teria questionado e me obrigado a confessar, mas não Patience.
Ela era boa demais para isso. Em vez disso, ela sorriu para mim e,
em seguida, levantou-se e foi jogar bola com os meninos. Uma vez
mais, eu a apreciei em seus shorts de ginástica pelo resto da
minha hora.
Depois, quando a vi sentada na calçada, eu apenas parei
e ela abriu a porta do passageiro e entrou. Eu não tive que pedir e
ela não fingiu que não precisava de uma carona. Eu não sei por
que fiz isso. O meu tanque de gasolina estava muito baixo e eu
não tinha duas moedas para esfregar juntas, mas simplesmente
parecia a coisa certa a fazer.

Dirigir até a casa dela foi tranquilo e de novo apreciei o


fato de que ela era tão diferente da maioria das meninas. A
maioria das meninas não podia se sentar e apenas desfrutar de
um passeio tranquilo, ouvindo o som baixo do rádio. A maioria
das meninas sentiria a necessidade de poluir o silêncio com
bobagens excessivamente dramáticas. Não Patience. Ela ficou
olhando pela janela e de vez em quando eu a pegava balançando a
cabeça ao som da música e sorrindo. Ela tinha um sorriso bonito,
um cheio de honestidade e doçura genuína. Eu gostava de vê-la
sorrir.

Quando chegamos mais próximo de sua casa, aquele


sorriso escorregou de seus lábios.

"Você pode me deixar por aqui," disse ela enquanto se


inclinava como se estivesse pronta para se arremessar do meu
carro.

"Eu posso levá-la até lá. Eu não me importo." Eu


continuei a dirigir.

"Não, por favor, pare o carro aqui." De repente, ela


parecia tensa e irritada.

Eu desviei para o lado da rua e me virei para ela.

"Qual é o problema?" Perguntei.

Melhor pergunta, por que eu me importo? Se ela queria


sair do meu carro, então, era suposto que caísse fora, mas
alguma coisa estava errada. Havia algo de errado. Ela passou de
pacífica e sorridente para tensa e preocupada em questão de
segundos.

"Nada, eu apenas gastaria de correr a partir daqui." Ela


virou-se para sair e me enviou um grande sorriso falso.

Estendi a mão e agarrei seu braço. Um breve momento de


terror percorreu a expressão dela e depois se dissipou muito
rapidamente. Havia acontecido a mesma coisa antes, quando
toquei sua mão para mostrar-lhe como tocar a guitarra. Foi breve,
mas não perdi.

"Corte o papo furado, Floco de Neve. O que está


acontecendo?" Perguntei.

Ela sentou-se, olhou para o teto do meu carro, e


suspirou.

"Meu pai me disse para ficar longe de você."

Tomei um minuto para comemorar o fato de que ela não


tentou me corrigir de como a chamei. Eu gostava de Floco de
Neve. Isto se encaixava muito bem.

"Saquei. Você deveria definitivamente ouvir o que seu


papai diz." Eu sorri para ela.

"Sim, é apenas mais fácil, eu acho." Ela encolheu os


ombros.

"Apesar de..." Eu me inclinei para mais perto dela. Seu


cheiro único se aglomerava em volta de mim. "Qual é a graça
disso?"

Ela olhou para mim através de seus cílios longos e


respirou fundo. Eu gostava que eu a afetasse. Era justo uma vez
que ela me afetava. Eu queria me mover para mais perto. Eu
queria tocá-la. Principalmente porque ela era tão malditamente
intocável e eu tinha algo de rebelde em mim que era de quinze
quilômetros de comprimento, mas também porque estava
começando a pensar coisas estúpidas. Merda semelhante a como
seria sentir seu cabelo ou se seu rosto era tão suave quanto
parecia.

Eu precisava de um chute no traseiro. O que os meus


meninos pensariam se pudessem ouvir os meus pensamentos?

Então, ela me pegou desprevenido, aproximando-se e


correu seu dedo em meu piercing no lábio. Seu dedo era macio
contra o meu lábio e uma parte estranha de mim que eu nem
mesmo conhecia queria beijá-la na ponta dos dedos. Foi a coisa
mais fora de personagem desde sempre... para mim, e eu acho que
para ela também. Nada me chocava mais, e era estranho que algo
tão inocente conseguisse.

Ela puxou sua mão rapidamente, como se minha boca


estivesse cheia de cobras e depois se afastou de mim. Ela
estendeu a mão e colocou uma mecha de cabelo atrás de sua
orelha, mas isso era tão desafiador como eu me sentia e não
resisti. Estendi a mão e o capturei em meus dedos. Seu cabelo era
de fato tão suave como parecia. Eu não perdi a expressão
estranha em seu rosto enquanto colocava seu cabelo atrás da
orelha novamente. Eu deveria ter parado por aí, mas em vez disso,
corri meu dedo por sua bochecha suave de bebê.

"O que é isso?" Sua voz falhou.

A pergunta me trouxe de volta a realidade e afastei minha


mão. Eu fiz a primeira coisa que eu poderia pensar para fazer este
momento desaparecer. Eu me inclinei para trás e agarrei a virilha
da minha calça.

"O que é isso? Venha aqui. Eu vou lhe mostrar."

O olhar vidrado em seus olhos desapareceu e ela olhou


para mim. Sem dizer outra palavra, ela abriu a porta e saltou para
fora. Vi quando ela começou a correr em direção a sua casa. Eu
esperei até que ela estava em seu quintal antes de me afastar.

Dez minutos mais tarde, eu estava encalhado na beira da


estrada sem gasolina e à espera de Finn para me trazer alguma.
Uma hora e cerca de dez mensagens de texto e chamadas mais
tarde, eu finalmente desisti de Finn e chamei meu pai. Ele não
ficou muito feliz de ter que me trazer gasolina. Quando ele chegou
lá, não me disse nada. Ele parou, abaixou o vidro, e empurrou
uma lata vermelha de gasolina para fora da janela para mim. Eu
peguei dele e o observei enquanto se afastava.

Quando eu finalmente consegui chegar em casa para a


noite, tudo o que eu queria fazer era tomar um banho e ir para a
cama. Mas na hora que eu entrei na porta, fui bombardeado com
o cheiro atrevido de cerveja e Marlboro e eu sabia que seria uma
noite difícil.

Eu mal consegui chegar até a porta do meu quarto antes


que ele estivesse nas minhas costas me socando. Apenas uma
cadela batia em um homem por trás. Eu queria dizer-lhe o quão
filho da puta eu achava que ele era, mas em vez disso, mantive-me
parado enquanto ele me batia. Ele lançou alguns socos em
minhas costelas e eu caí para trás contra a parede do trailer fina
como papel. Eu errei e tirei as mãos do meu rosto e ele aproveitou
a oportunidade para acertar um soco duro direto no meu olho
direito. Uma explosão de dor tocou na minha cabeça e eu me
deixei cair. Quando acordei, já eram duas horas da manhã, a
porta do trailer estava aberta, e meu pai estava desmaiado na
cadeira da minha mãe.

Eu pulei a escola no dia seguinte, uma vez que meu olho


direito doía e estava vermelho como sangue, cercado por uma
contusão média. Em vez da escola, fui até Finn para que eu
pudesse chutar sua bunda por não aparecer.

"Desculpe-me, mano. Fiquei preso com uma pernoite que


não queria sair. Eu finalmente consegui fazê-la sair em torno das
dez desta manhã," ele disse enquanto caia sobre seu sofá e
suspirava.

"Você sabe como fazer um caso de uma noite sair, certo?"


Eu disse enquanto pegava os papéis para enrolar e fazer um
baseado.

"Não. Por favor, esclareça-me, fodão." Ele acenou com as


mãos em volta como se estivesse chamando alguém. Eu chutei-o,
fazendo-o rir.

"Se você quiser que ela vá embora, tudo o que você tem a
fazer é retirar sua carteira e perguntar quanto você deve a ela."

Finn começou a rir. "Porra, isso é foda, cara. Vou deixar


para você surgir com uma merda destas."

Uma vez que eu tinha acabado de enrolar a maconha,


acendi o baseado e tomei um trago longo e difícil. Esforcei-me
para segurá-lo no maior tempo possível enquanto passava para
Finn.

"Então, o que aconteceu com o olho?" Ele perguntou


enquanto soltava a fumaça.

Eu tentei chegar a uma maldita boa desculpa, mas


minha cabeça estava muito embaçada. Não que eu pudesse ter
feito melhor uma vez que estava fumando maconha e estava alto.
Como não respondi rápido o suficiente, Finn atacou.

"Espero que, pelo menos, você tenha chutado a bunda


deles."

Eu não disse nada. Em vez disso, lancei meus olhos para


ele e dei-lhe um olhar que dizia que eu o tinha feito.

Quem diria? Talvez a próxima vez fosse à gota d’água que


faria transbordar o copo. Talvez da próxima vez, eu irei estar
cansado de ser seu saco de pancadas e irei me arrastar e bater em
meu pai até a morte. Às vezes, isso é o que tinha vontade de fazer
quando ele partia para cima de mim. A ideia de passar o resto da
minha vida na prisão não era muito atraente e eu já estava
planejando sair da casa do meu pai muito em breve. Eu poderia
aguentar sua merda por mais alguns meses. Eu tinha feito isso há
anos. O que seriam mais alguns meses?

Se eu tivesse escolha, eu teria ignorado o serviço


comunitário também, mas, novamente, a coisa de passar um
tempo na prisão não era algo que eu queria fazer. Então, depois de
passar o dia com Finn e de ter fumado muita maconha, dirigi-me
para o The Boy’s Club. Patience me encontrou na porta. Ela tinha
um reluzente suor em seu rosto e seus olhos estavam
extraordinariamente brilhantes. Acho que é verdade o que dizem
sobre o exercício ser bom para você. Ela parecia vibrante e cheia
de energia, enquanto eu me sentia como se precisasse encontrar a
cama mais próxima e tirar um cochilo durante toda a noite.

Ela retirou seus fones de ouvido e enrolou-os em torno de


seu telefone. Inclinei-me para abrir a porta do ginásio para ela e
ela me parou.
"Que diabos é esse cheiro?" Ela perguntou. Sua boca
bonita enrolada em desgosto. "Você acabou de sair de um incêndio
em casa ou algo assim?"

Merda! Eu nem sequer pensei em ir para casa e trocar de


roupa, e agora estava prestes a entrar em um lugar cheio de
delinquentes juvenis cheirando maconha. Ela pensou que eu
cheirava como um incêndio em casa, o que era hilário. Deixe isso
para Patience, ser o único ser vivo de dezessete anos de idade que
não conhecia o cheiro de maconha. Aposto que ela nunca esteve
perto do material, com exceção do The Pit. Eu soube de um fato
que girava em torno daquele lugar.

"Sem incêndio em casa," eu disse enquanto puxava


minha camisa sobre a cabeça.

Voltei para o meu carro e joguei-a no banco da frente.


Quando eu caminhei de volta para a porta, ela ainda estava ali
esperando por mim. Seus olhos brilhantes pareciam grandes
piscinas azuis enquanto ela olhava abertamente para o meu peito.
Eu amava o jeito como ela olhava para mim - como se eu fosse o
único cara que já tinha visto sem camisa.

Vi quando seus olhos pousaram sobre cada uma das


tatuagens no meu peito e nos braços e, em seguida, mudaram-se
para baixo em meu estômago. Seus olhos estavam me levando
para dentro e, por algum motivo, foi um enorme tesão. Era como
se ela me tocasse em cada lugar que ela olhava. Eu comecei a ficar
duro. Eu nunca tinha tido uma menina me deixando duro só de
olhar para mim. Mais do que provavelmente tinha a ver com o fato
de que eu não tinha tido relações sexuais nas últimas semanas,
mas ainda assim, eu realmente gostei muito disso.
"Você vai entrar lá assim?" Ela apontou para o meu peito
nu.

Eu dei um tapinha debaixo do meu queixo. "Não, eu


estava esperando que você corresse lá dentro e pegasse uma
camiseta estúpida de Big Brother para mim."

"Oh." Os olhos dela se lançaram sobre o meu peito mais


uma vez. "Claro, já volto."

Ela abriu a porta e entrou. Poucos minutos depois, ela


voltou para fora segurando uma camisa azul horrível. Puxei-a
sobre a minha cabeça e tirei o cabelo da minha cara. Ela me
observou abertamente então sorri para ela enquanto abria a porta
do ginásio e a segurava aberta para ela.

"Depois de você." Fiz um gesto para ela entrar.

Eu não era geralmente o tipo cavalheiro, mas ela tinha


conseguido uma boa visão de mim. Era justo que eu pudesse
assistir a sua pequena bunda naqueles shorts apertados de
ginástica que eu amava tanto. Ela não decepcionou quando moveu
seus quadris. Ao contrário da maioria das meninas, ela não estava
fazendo isso de propósito. Ela tinha uma oscilação natural que me
fazia praticamente balançar a cabeça de um lado para o outro.
Seu rabo de cavalo saltava com a batida de seu pé. Eu estava tão
envolvido assistindo sua bunda e coxas que eu bati nela, quando
ela parou de repente para não ser pega por uma bola de basquete
selvagem.

Envolvi meu braço em torno da cintura dela para impedi-


la de cair. Seus quadris e bunda se fundiram em mim e eu nunca
senti nada tão fodidamente incrível. Isto me transformou em um
homem das cavernas. Eu queria agarrá-la pela parte de trás de
seu cabelo e dobrá-la sobre a coisa mais próxima. Hoje à noite, eu
ia cair no sono pensando em pegá-la por trás.

Eu não a soltei imediatamente. Em vez disso, eu a


segurei perto de mim e gostei da sensação de sua bunda contra
meu pau agora duro. As mulheres dizem que os homens pensam
com seu pênis e, nesse momento, meu pênis era a única coisa
pensando. Levei um minuto para perceber que todo o seu corpo
tinha ficado tenso em meus braços. Eu não senti suas unhas
enquanto cavavam no meu braço. Eu não a ouvi implorando para
deixá-la ir.

"Deixe-me ir, deixe-me ir, deixe-me ir," ela estava dizendo


uma e outra vez, enquanto ela dava um tapa no meu braço.

Soltei-a imediatamente e ela se virou e me encarou. Suas


pupilas estavam dilatadas e havia mais medo em seu rosto pálido
do que jamais tinha visto em qualquer outra pessoa. Ela estava
ofegante e tremendo tanto que pensei que ela fosse desmaiar. Em
vez disso, ela decolou e saiu correndo pela porta do ginásio. O sol
apareceu e, em seguida, a porta se fechou, deixando-me no
ginásio escurecido. Era como se ela tivesse deixado a escuridão do
inferno e tivesse entrado em uma sala cheia de luz celestial. Era
uma metáfora perfeita para a minha situação atual. Ela pertencia
à luz e eu estava exatamente onde estava destinado a estar - preso
em um escuro e úmido ginásio, rodeado de delinquentes.

Eu queria ir atrás dela, mas isso era algo que eu nunca


faria. Perseguir mulheres era para meninos chorões e eu estava
determinado a não deixar esta garota me mudar. Ela já me tinha
com pensamentos loucos, assim. Eu tinha mais controle sobre
minhas ações do que sobre meus pensamentos. Assim, em vez de
ir atrás dela e ter certeza de que ela estava bem, fui para o meu
grupo e sentei na minha cadeira de confiança para esperar a hora
passar.

Ela não voltou mais e a hora foi a mais longa que passei
no The Boy’s Club. A hora se arrastou uma vez que não a tinha
para provocar e conversar. Os meninos estavam fazendo suas
próprias coisas, o que me fez sentir como se fosse nada mais do
que uma babá no comando. De vez em quando, um dos meninos
se aproximava e perguntava onde estava Patience. Eu apenas dava
de ombros e dizia que não sabia.

Depois que minha hora acabou, saí para o ar fresco da


noite e andei até o meu carro. Eu verifiquei o estacionamento para
me certificar de que ela não estava lá esperando por uma carona,
e então liguei o carro e fui para casa. Quando parei no primeiro
semáforo vermelho e meus faróis iluminavam o parque do outro
lado da rua. Vi Patience sentada sozinha em um balanço e com a
cabeça baixa. Meus faróis refletiam praticamente até seu visual
platinados. Liguei a seta e em vez de virar no semáforo, fui direto
para o estacionamento do parque quando o sinal ficou verde.

Meu carro barulhento chamou sua atenção e ela olhou


para cima. Eu desliguei o motor e sai. Ela estava escrevendo na
areia debaixo dela com seu sapato enquanto eu me dirigia para os
balanços. Sentado no balanço ao lado dela, eu me aproximei mais
e suavemente bati o seu joelho com o meu.

"Os meninos perguntaram por você. Acho que Keaton tem


uma enorme queda por você."

O canto de sua boca se inclinou para cima, mas ela


continuou a olhar para seus pés. Ficamos em silêncio depois
disso, até que finalmente ela inclinou a cabeça para trás e
suspirou.
"Eu sinto muito pelo o que aconteceu," disse ela, sem
olhar para mim. "Eu não costumo soltar o inferno para fora de
pessoas que estão tentando me impedir de cair."

Claro, eu tinha envolvido originalmente meu braço em


torno dela para não a deixar cair, mas eu o mantive lá por muitos
motivos diferentes.

"Não se preocupe com isso. Eu estava sentindo você


depois de certo ponto. Então estamos quites." Eu sorri para ela
quando ela olhou para mim com os olhos arregalados.

"Sério? Bem, nesse caso, tudo está bem." Ela sorriu para
mim e me deixou saber que ela estava me provocando. "Foi isso
que aconteceu com seu olho? Será que alguma garota o socou por
ser muito ciumenta?" Ela riu.

Eu tinha esquecido sobre meu olho.

"Sim, algo assim." Eu balancei a cabeça.

Ela se inclinou para trás e empurrou o balanço com os


pés. Agarrei-me às duas correntes que prendem o balanço e a
observei enquanto ela ia e voltava ao meu lado.

"Então, qual é o seu negócio, Floco de Neve?" Perguntei.

Ela olhou para mim. Uma mecha de cabelo loiro presa em


seu rosto.

"O que você quer dizer?" Ela desacelerou.

Mais uma vez, ela não me corrigiu quando eu a chamei


de Floco de Neve. Eu tinha ganhado essa batalha.

"O que você faz quando você não está sendo filha do
governador, ou a craque, ou a Boa Samaritana, ou uma ambiciosa
garota roqueira no The Pit?"
Suas sobrancelhas enrugaram enquanto ela pensava por
um minuto.

"Eu realmente não faço muito mais, eu acho. Apenas a


escola e outras coisas."

"Você vai para a escola preparatória, certo?"

Ela suspirou e revirou os olhos. "Sim."

Chet tinha me falado sobre os uniformes colegiais


sensuais que elas usavam lá, e eu a imaginei neles. Droga.

"Eu gostaria de vê-la em seu uniforme de colegial sexy,"


eu disse.

Suas bochechas ficaram rosa brilhante, e ela balançou a


cabeça. "Você é sempre tão contundente?"

"Sempre," eu disse enquanto me inclinava para trás no


balanço.

"Acho que gosto disso em você," ela disse suavemente,


como se estivesse confessando algo enorme. "É refrescante.
Mesmo quando você diz algumas coisas bem perversas." Ela
estendeu a mão e empurrou meu braço de brincadeira. "E você?
Qual é o seu negócio?"

"Eu realmente não tenho um negócio. Meu pai não é


nenhum governador, eu nunca pratiquei nenhum esporte, mas eu
toco violão desde que eu tinha sete anos, eu não ajudo as pessoas,
e eu nunca poderia deixar ter o visual de uma garota roqueira."
Toquei a minha franja como uma garota faria.

Ela riu com a última parte e isso me fez sorrir. Ela tinha
uma risada incrível.

"Bem, isso é bastante curto e seco, exceto que você está


errado sobre uma coisa."

"O que seria?" Perguntei.

Ela olhou para mim e seu rabo de cavalo descansou


contra o lado de seu rosto. "Você me ajudou."

Ela me pegou. Eu ainda não sabia o que me fez ajudá-la


no banheiro naquela noite no The Pit. Era uma pergunta que eu
me fiz algumas vezes. Eu estava mudando um pouco e eu não
tinha certeza de que estava tudo bem em ser suave desde que eu
precisava do meu escudo duro para me manter vivo.

"Só porque eu estava esperando dormir com você." Eu


menti.

"Se você diz," ela disse enquanto empurrava no balanço


mais uma vez. "Então, você vive com o seu pai?" Ela perguntou.

Eu não queria responder, mas desde que eu tinha


iniciado as perguntas, senti que tinha que fazer.

"Sim."

"Você alguma vez vê sua mãe?" Ela parou de balançar e


puxou o cabelo do seu rabo de cavalo. Fiquei preso em seus
movimentos enquanto ela corria os dedos por ele.

"Não, eu não vejo a minha mãe. E se eu não arrumar


minha bunda para que eu possa ir para o céu quando morrer,
provavelmente nunca mais a verei. Ela morreu há alguns anos."
As palavras queimaram minha garganta quando eu as disse.

Eu raramente falava sobre a minha mãe. Principalmente


porque causava essa estranha pressão no meu peito que eu não
gostava, mas também porque isso não era da maldita conta de
ninguém. Foi diferente com Patience. Ela não estava sendo uma
cadela intrometida. Ela estava apenas mantendo a conversa.

"Eu sinto muito," ela sussurrou. Ela olhou para mim com
um olhar ferido em seus olhos. "Minha mãe está morrendo."

Eu não disse nada. Não há realmente muito que você


possa dizer quando alguém lhe diz algo como isto e mesmo se
houvesse eu não era o tipo de cara que diria. Em vez disso, desviei
o olhar.

"Eu não sei por que eu disse isso," ela murmurou. "É
realmente a primeira vez que disse isso em voz alta. Sinto muito."

Quando eu olhei de volta para ela, seu lábio inferior


tremia e a pressão estranha que eu odiava tanto quando falava
sobre a minha mãe se infiltrou em meu peito.

"Não se desculpe," eu disse enquanto me levantava. Eu


precisava me mover. Eu precisava fazer alguma coisa que pudesse
fazer a pressão no meu peito ir embora. Ela se levantou ao meu
lado e olhou para mim com aqueles grandes olhos azuis. "Vamos
lá, vamos levá-la para casa."

Estendi a mão e coloquei uma mecha de seu cabelo atrás


da orelha. Ela estremeceu com o contato e, em seguida, seu corpo
relaxou.

"Obrigada," ela disse enquanto começava a caminhar ao


meu lado até o meu carro.

"Não se preocupe, você me deve uma," eu sorri para ela.


Dez

`;Fr
Patience

Eu não sei o que me fez dizer para Zeke que minha mãe
estava morrendo. Mesmo dizer as palavras me fez sentir doente,
mas nós estávamos tendo um momento honesto e eu queria que
ele soubesse que eu meio que entendia sua dor.

Eu tinha visto o olhar em seus olhos quando ele disse


que sua mãe estava morta e tinha sido como um soco nas costelas
ver como era duro, mesmo ele tentando mostrar uma cara
despreocupada, houve tanta dor naquele breve momento.

Estar perto de Zeke era como assistir a um filme em uma


TV quebrada e ter a tela piscando ligado e desligado. De vez em
quando, eu tinha visto breves lampejos do seu eu real e eu tinha
que admitir, eu realmente gostava daqueles breves momentos.
Mais do que eu deveria.

Nós não falamos muito no carro até a minha casa e ele


até mesmo parou e estacionou antes de chegar à minha casa sem
que eu pedisse. Gostei de ele fazer isso.
"Bem, eu acho que eu vou vê-lo amanhã à tarde?" Eu
disse, antes de sair do carro.

"É um encontro." Ele sorriu para mim.

Eu abri a porta do carro e saí. Eu fechei a porta pesada e


me virei para ir embora.

"Hey, Floco de Neve," ele gritou. Eu virei para trás e


inclinei-me sobre a janela do carro. Eu estava começando a gostar
do meu apelido, embora nunca fosse admitir isso a ele.

"Sim?"

"Sinto muito por sua mãe. Eu sou um idiota, mas mesmo


eu não desejaria este tipo de dor para alguém." Ele parecia
desconfortável com sua confissão.

Eu assenti com compreensão e me afastei do carro. Eu


fiquei lá enquanto ele partia. Seu carro se destacava no bairro de
classe alta. Não era sempre que um carro com o capô descascado
e soltando fumaça pelo escapamento dirigia por aqui, mas verdade
seja dita, eu estava até começando a gostar de seu carro. Ele
combinava com ele de alguma forma.

Uma vez que ele estava fora de vista, eu me virei e corri o


resto do caminho para casa. Depois do banho e de uma visita para
a minha mãe, Syd e eu assistimos a um filme na minha cama. Ela
adormeceu no meio e eu não quis acordá-la. Desliguei a TV, fiquei
sob meu cobertor com ela, e depois tive mais uma noite incrível de
sono.

Felizmente, o carro de Megan estava de volta na estrada e


ela foi capaz de me pegar para ir à escola na manhã seguinte. Foi-
me dito para ficar longe dela, mas meu pai já tinha saído antes
que ela chegasse lá. Eu teria que tomar as providências para que
ela me pegasse no sinal de parada perto da minha casa. Ela iria
questionar, mas eu cruzaria essa ponte quando eu chegasse nela.

Eu nunca fiquei tão feliz em vê-la estacionando na minha


garagem. Eu odiava pegar o ônibus cheio de calouros e assentos
pegajosos com goma sobre eles. Era nojento e rezava para que
nunca tivesse que fazê-lo novamente. Ainda assim, era melhor do
que andar com o meu pai ou dirigindo o carro que deveria ser
meu.

"Eu senti sua falta, garota. Nada de novo acontecendo?


Como está indo o serviço comunitário voluntário?" Ela riu.

Pensei imediatamente em Zeke e em como eu estava feliz


por ter decidido ser voluntária. Eu não podia negar o fato de que
estava começando a gostar dele. Nada poderia vir disso, porque eu
era um caso total de cabeça fodida, mas ainda assim, era bom
pensar que eu era capaz de gostar de um cara. Ele me deu uma
pequena centelha de esperança e eu queria me agarrar a essa
esperança, regá-la e carregá-la com luz solar para que ela pudesse
crescer.

"O que é esse olhar?" Perguntou ela com os olhos


arregalados.

"Que olhar?"

"Oh meu Deus, não adianta tentar me enganar! Eu já vi


esse olhar antes, apenas nunca em você." Ela riu. "Então,
derrame, mulher! Quem é o cara?"

Tentei desviar meu rosto, mas não importa o quanto


tentasse, não conseguia disfarçar o sorriso em meu rosto. Eu
tentei suavizar os lados da minha boca para baixo com os dedos,
mas ainda assim o sorriso bobo permaneceu.
"Eu não tenho ideia do que você está falando." Eu olhei
pela janela já que não podia manter uma cara séria.

"Oh, vamos lá, Pay. Como mulheres é o nosso trabalho


falar sobre meninos. Conte-me sobre ele. Alguém que eu
conheço?" Ela bateu as unhas no volante.

"Ok, então você tem que jurar não dizer nada." Eu


suspirei.

Seus olhos se iluminaram com a perspectiva de algumas


fofocas.

"Eu juro que eu não vou." Ela virou para o


estacionamento da escola e quase acertou outro carro. Eles
explodiram a buzina para nós e Megan desviou.

Depois de soltar minha mão por causa da quase colisão,


passei os dedos pelo meu cabelo e respirei fundo. Esta foi a
primeira vez que confessei estar interessada em alguém.

"Então, você sabe que eu passei os últimos dias no The


Boy’s Club com o Zeke," eu comecei.

"Oh meu Deus, você e Zeke fizeram pré-bebês?" Seus


olhos estavam tão grandes que fiquei com medo que eles fossem
saltar para fora de sua cabeça.

"Eu e Zeke fizemos o quê?" Eu nunca tinha ouvido falar


qualquer coisa do tipo.

"Você sabe! Vocês treparam? Tipo, vocês fizeram sexo?"


Ela estava fazendo sinal com as mãos para mim me apressando a
contar para ela.

"Deus, não! Nossa Megan. O que eu ia dizer, antes de ser


tão rudemente interrompida, é que ele está me levando para casa
depois e eu não sei... Eu acho que meio que gosto dele." Meu rosto
parecia que estava prestes a entrar em combustão.

"Bem, é claro que você gosta dele, Pay. Ele é mais quente
que o inferno. Além disso, não faz mal que ele seja incrível com
uma guitarra, isso tem que dizer que ele é bom com os dedos, mas
você me conhece. Eu tenho uma coisa para tatuagens e estrelas
do rock. Eu não achava que você tinha, no entanto. Eu nunca
ouvi você dizer que um cara era bonito antes. Honestamente, eu
estava começando a pensar que você gostava de meninas." Ela
encolheu os ombros.

"Eu não gosto de meninas."

"Hey, nenhum ódio por aqui. Você sabe que eu não me


importo com merdas como essa." Ela levantou as palmas das
mãos para cima. "Mas eu só imaginei..."

"Sim, bem, você imaginou errado." Eu pulei para fora do


carro e comecei a caminhar para a escola. Em poucos segundos,
Megan estava bem ao meu lado.

"Então, Zeke, assim, fala com você? Porque Chet diz que
ele não é muito de falar.”

Eu ri pensando em todas as coisas que saíram de sua


boca.

"Sim, ele fala um pouco. Ele nunca irá admitir, mas ele
não é um cara mau.”

"Diga isso para todas as garotas que ele deixou para trás.
Embora, não seja como se elas não soubessem de nada. Chet diz
que Zeke é muito sincero sobre querer ficar apenas uma noite."
Ela acenou para um cara conforme passávamos por ele.
"Sim, isso soa como certo. Eu não sei. Nós só falamos um
pouco. Eu não estou tipo, apaixonada por ele ou qualquer coisa.
Eu estava apenas dizendo que gosto dele." Eu comecei
imediatamente a me preocupar com o que Megan diria para Chet e
Chet diria para Zeke.

Oh meu Deus, tomara que eu não me arrependa. Isto


tudo de falar sobre os meninos era uma coisa nova para mim e eu
não sabia se podia confiar em Megan para manter sua boca
fechada.

"Escute, Megan, por favor, não diga nada a Chet, ok?"

"Juro por Deus!" Ela gritou do outro lado do corredor


para mim.

Nós nos separamos quando ela foi para sua sala de aula
e eu fui para a minha.

Depois de um dia longo e cansativo de escola, fui para o


treino e suei pra caramba. Jogamos um amistoso para nos
preparar para o jogo de sábado e eu deixei o treino com doze gols.
Porra, eu gostava de jogar futebol.

Uma vez que Megan estava gastando mais e mais tempo


com Chet, eu pedi para Casey me levar novamente para o The
Boy’s Club após o treino. Deu certo uma vez que ficava a caminho
de sua casa. Quando eu entrei no ginásio, fiquei satisfeita com
Zeke mostrando a Alex como tocar o violão de novo, mas desta vez
eles estavam praticando em um violão bem maior. Tinha que ser
de Zeke e pensei que era doce que ele deixasse um garoto tocar
seu violão.

"Soa bem, Alex," eu disse enquanto me aproximava e


bagunçava seu cabelo.
Ele sorriu para mim enquanto pegava lentamente no
violão.

Sentei-me em frente a eles e Zeke olhou para mim. Eu


sorri para ele, mas ele não sorriu de volta.

Ótimo! Nós estávamos fingindo que não tivemos uma boa


conversa no dia anterior.

Ele tirou o cabelo dos seus olhos e desviou o olhar


enquanto ajudava Alex. Eu levei um tempo dando uma boa olhada
nele. Ele era alto. Pelo menos 1,85 de altura e mesmo que ele
dissesse que nunca tinha praticado nenhum esporte, ele tinha um
corpo excelente. Lembrei-me do dia em que ele tirou a camisa,
porque ele cheirava a fumaça. Seu peito e braços eram muito
bonitos e suas tatuagens eram surpreendentes. Eu mesmo tive
um pequeno choque ao ver que um de seus mamilos era
perfurado. Eu nem sabia que os homens faziam isso e eu gostei,
mas aquelas tatuagens eram como viver a arte na sua pele. Eu
daria qualquer coisa para tirar sua camisa e dar uma boa olhada
nelas novamente.

Sem perceber que eu estava olhando para ele, ele mordeu


o piercing labial e depois lambeu seu lábio inferior. Eu não sabia
muito sobre como ser afetada por um cara. Eu só sabia o que
Megan e outras meninas diziam, mas eu estava quase certa de
que era o que estava acontecendo. Eu não podia olhar para longe
dele, seu cabelo escuro estava pendurado em seu rosto e seus
lábios carnudos estavam constantemente mordendo e lambendo.
Tudo nele era escuro, mas havia uma pequena luz dentro dele,
que brilhava ocasionalmente, e tão triste como parecia, eu estava
disposta a me sentar na escuridão e esperar por aquele breve
momento brilhante.
Eles estavam tocando uma música diferente hoje e eu
sentei e ouvi enquanto Zeke pacientemente mostrava para Alex as
notas certas. Por fim, ele mandou Alex ir jogar bola com os outros
meninos e fiquei olhando enquanto ele tocava. Seu violão não era
nada parecido com o pequeno bege que aquele garoto havia
trazido para o ginásio. O dele era muito maior e era de uma
madeira mais escura. Havia coisas escritas nele que eu não
conseguia ver, então me inclinei para dar uma olhada melhor. Ele
olhou para mim e parou de tocar.

"Quer tentar outra vez?" Ele virou o violão para mim.

"Claro." Eu sorri.

Ele me entregou o violão e não era tão pesado quanto


parecia, mas era muito maior do que o outro e era difícil segurar.
Esforcei-me para segurá-lo e ele riu baixinho.

"O que quer que você faça, por favor, não o deixe cair."
Ele me deu um sorriso genuíno.

Eu gostava quando ele sorria para mim.

"Eu não vou. Isto não se parece com o que você toca no
palco".

"Não é. Aquele é um acústico. Este foi o meu primeiro. O


que eu toco com a banda é mais caro e um tipo diferente, mas é
bom saber que você presta tanta atenção em mim quando estou
no palco."

Eu não respondi a isso. Eu só brincava com seu violão.


Exceto que, ao invés de tentar tocar alguma coisa, eu o virei para
que pudesse ler o que estava escrito nele.

"O que você está fazendo?" Perguntou.


"Eu notei a escrita e queria ver o que diz," eu disse
enquanto me inclinava e tentava ler.

Eu tinha deixado meu cabelo solto, assim caiu na minha


cara enquanto eu estava olhando para baixo. Eu olhei para cima
quando senti seus dedos vasculhando meu cabelo para colocá-los
atrás da minha orelha. Ele encontrou meu olhar antes de
rapidamente desviar. Foi então que percebi que não havia me
afastado do seu toque. Eu nem tinha estremecido. Foi uma
revelação para mim.

Ele passou o dedo em todo o violão.

"Todas essas são citações que minha mãe escreveu no


meu violão, quando ela estava doente. Coisas que ela achava que
eram perspicazes. Veja aqui..." Ele apontou para um lugar
diferente. "Essa é a sua assinatura."

Havia uma suavidade em sua voz que eu nunca tinha


ouvido antes. Não que estávamos juntos há tanto tempo, mas
Zeke era apenas naturalmente um cara duro. Ouvi-lo falar tão
baixinho era meio estranho. De alguma forma, eu sabia que
estava tendo o mais raro vislumbre dele e embebi-me.

"Então, esse violão é muito importante para você? Quero


dizer, mais do que o que você toca com a banda?” Eu perguntei.

"Esse violão é o meu bem mais precioso," ele disse


enquanto passava o dedo por toda a extensão dele. Ele sacudiu
seu momento emocional. "Então, se você quebrá-lo, eu talvez
tenha que matá-la," brincou.

"Obrigado pelo aviso." Eu ri.

"Eu sempre dou um aviso justo para minhas mulheres."


Ele piscou.
"Suas mulheres? Eu não sou sua mulher."

"Não, mas você quer ser." Ele levantou uma sobrancelha


desafiadora.

Na parte de trás da minha cabeça eu temia que Megan já


tivesse aberto sua boca grande. Eu não respondi. Em vez disso,
coloquei meus dedos sobre as cordas e dedilhei. Mais uma vez,
soou horrível, e mais uma vez, ele tocou meus dedos para
posicioná-los. Desta vez, eu não surtei interiormente. Desta vez,
eu não quis correr para longe. Em vez disso, eu gostei da sensação
das mãos de outra pessoa na minha. Era bom ser tocada por
alguém que não fosse a minha mãe ou Syd.

Eu gostava quando ele me tocava e eu não queria que ele


parasse. A parte estranha era que eu me sentia culpada por gostar
disso. Era como se eu estivesse desonrando as peças quebradas
de mim mesma para desfrutar de ser tocada quando, depois de
tantos anos da minha vida, ser tocada por um homem era uma
coisa ruim. Ainda havia alarmes disparando em diferentes partes
do meu corpo, mas Zeke me fez ignorar os alarmes. Não, Zeke me
fazia querer percorrer e esmagar todos os alarmes com um taco de
beisebol.

Depois que nossa hora acabou, saímos do ginásio e


andamos pela brisa da noite. Parei na beira da calçada e ele
continuou a caminhar até o carro dele. Quando ele percebeu que
eu não estava andando com ele, ele se virou com um olhar
confuso em seu rosto e voltou para mim.

"Você não vem?" Perguntou.

"Oh, não. O carro de Megan está de volta na estrada e ela


deve estar aqui a qualquer momento para me pegar."
Sua expressão pareceu cair um pouco e eu apreciei o fato
de que ele poderia me querer tanto em seu carro quanto eu queria
estar lá.

"Você tem certeza? Eu já estou aqui e eu não me importo.


Apenas mande um texto para Megan e diga a ela que eu levo
você.”

"Você tem certeza? É fora do seu caminho," eu perguntei


enquanto puxava o celular do meu bolso.

Eu esperava que ele tivesse certeza. Eu queria muito que


ele me levasse para casa. Eu gostava daqueles vinte minutos a sós
com ele.

"De que outra forma eu vou ficar sozinho com você?" Ele
sorriu.

"Você quer ficar a sós comigo?" No momento em que as


palavras saíram da minha boca, eu gostaria de rebobiná-las de
volta.

Eu estava flertando? Definitivamente pareceu como


flertar quando repassei em minha cabeça, mas eu não paquero...
Tipo nunca.

"Eu definitivamente quero ficar a sós com você," ele disse


enquanto estendia sua mão e passava o dedo em minha bochecha.

Eu sabia no fundo da minha cabeça que eu não deveria


dar muita atenção a suas palavras. Eu tinha ouvido as histórias
sobre o tipo de cara que Zeke era, mas era tão difícil não derreter
quando ele parecia tão convincente.

"Então vamos." Eu timidamente sorri de volta para ele.

Mandei uma mensagem para Megan enquanto caminhava


atrás dele para seu carro. Uma vez que chegamos, ele ligou o
motor e saiu do estacionamento.

"Então, que tal a gente ir para algum lugar divertido?"


Perguntou.

Foi inesperado e desde que eu não queria ir direto para


casa, fiquei em êxtase quando ele disse essas palavras.

"Um... mantenha esse pensamento." Peguei meu telefone


novamente.

Enviei um texto para ter certeza que Syd não estava


sozinha. Uma vez que ela mandou uma mensagem de volta e
confirmando que Lynn e Patrícia ainda estavam lá, eu me senti
melhor sobre ficar fora até mais tarde do que o habitual. Eu sabia
que ia ter um inferno para pagar quando chegasse em casa, mas
sempre havia um inferno para pagar. Eu poderia muito bem me
divertir enquanto estivesse livre.

"Ok, eu sou toda sua." Eu sorri para ele.

"Eu gosto do som disso," disse ele. O canto da boca


inclinada para cima em um sorriso sexy.

Eu não quis dizer isso, mas eu não tinha vontade de


corrigi-lo.

"Então, para onde estamos indo?" Perguntei.

"Eu pensei que você poderia vir ficar um pouco comigo na


casa de Finn.”

Foi então que me lembrei de que estava com as roupas


suadas do treino.

"Mas olhe para mim. Eu não posso me encontrar com


pessoas assim." Fiz um gesto para minhas roupas e cabelos.
"O que há de errado com a maneira como você parece?"
Perguntou.

"Hum... Eu estou com roupas suadas e pareço um lixo."

Ele riu.

"Você deve saber, que eu acho sexy para caralho ver você
correr pelo ginásio com estes pequenos shorts bonitos." Ele olhou
para mim e levantou uma sobrancelha.

Eu podia sentir o calor em minhas bochechas e em vez de


responder, eu olhei para fora da janela para esconder meu rubor.

Quando chegamos à casa de Finn, eu fiquei surpresa


com a quantidade de pessoas que estavam lá em um dia da
semana. Essas pessoas não têm empregos ou vão para a escola?
Eles estavam sentados em torno de sua garagem e o interior do
lugar cheirava como se estivesse pegando fogo. Não foi até que vi o
cara do outro lado da sala fumando um baseado que percebi do
que era o cheiro.

"Patience? O que diabos você está fazendo aqui?" Megan


correu até mim com um grande sorriso.

"Hum... estou com Zeke. O que você está fazendo aqui?"

Ela me deu um grande sorriso bobo e apontou para a


garagem para Chet. Ele ergueu a mão e eu acenei de volta.

Os olhos de Megan ficaram grandes quando ela olhou


para trás, e então senti braços ao meu redor. Eu endureci e estava
prestes a arranhar os braços como uma gata selvagem, quando
ouvi a voz de Zeke. Muito rápido, eu me senti calma. Se alguma
coisa me assustou, foi o fato de que eu estava bem com ele me
tocando depois de um curto período de tempo. A gente acha que
depois de quase dez anos de abuso, eu levaria uma eternidade
para me sentir confortável com alguém, especialmente um cara.

"Você joga cartas?" Ele sussurrou em meu ouvido.

Meu corpo inteiro se iluminou com arrepios e eu tremi.


Sua risada gutural enviou sua respiração em minha bochecha.

"Claro."

Ele acenou para Megan e ela tinha um grande sorriso em


seu rosto quando se afastou e caminhou de volta para Chet. Zeke
se abaixou, pegou minha mão e depois me puxou para uma
pequena mesa.

"Rummy 2 ?" Ele perguntou enquanto montava uma


cadeira ao lado da mesa.

Notei a cerveja na sua mão.

"Tudo bem." Eu sentei em frente a ele.

Ele venceu a primeira mão, e depois ganhei na segunda.

"Então, Floco de Neve, deixe-me perguntar uma coisa,"


ele disse enquanto virava uma carta e pegava outra no monte.
"Você tem um namorado?"

Eu olhei de boca aberta para ele por um tempo até que


eu pudesse descobrir como responder a sua pergunta.

"Não, eu não estou vendo ninguém. Eu nunca tive um


namorado." Eu me chutei mentalmente por confessar a última
parte.

O que tinha sobre ele que me fazia confessar tudo com


tanta facilidade? Foi como quando me aproximei dele, eu apenas
abri minha boca e as palavras saíram.

2
Rummy - Tipo de jogo de cartas, cujo objetivo é combinar suas cartas em séries de sequências do
mesmo naipe ou em grupos de três ou mais cartas.
"Nunca?" Suas sobrancelhas enrugaram.

Eu soube imediatamente onde ele estava indo com isso.


Sem namorado significava nada de sexo. Sem sexo significava que
eu era virgem, mas meu caso era muito diferente e eu realmente
não queria ir para lá.

"Nunca."

"Oooh". Seus olhos ficaram grandes como se ele estivesse


percebendo alguma coisa. "Eu entendo. Você gosta de meninas."

Será que eu tenho a palavra "lésbica" escrita na minha


testa ou alguma coisa assim hoje?

"Não," eu disse com firmeza.

"Não, isso é legal." Seu sorriso era muito grande. "Eu não
discrimino. Confie em mim. Eu gosto de garotas também. Você
sabe o que? Nós poderíamos gostar delas juntos, tipo ao mesmo
tempo." Ele se inclinou e passou o polegar sobre seu lábio inferior
antes dele suavemente puxar seu piercing labial.

Meus olhos lançaram para sua boca e ele sorriu pela


atenção. Revirei os olhos.

"Eu não gosto de garotas, e se o fizesse, certamente não


iria compartilhar com você." Eu joguei minha carta e peguei outra
no monte.

"Ok, então você não é lésbica. Então, o que você é?"

Provocada por sua pergunta, eu suspirei alto e respondi


honestamente.

"Você quer saber o que eu sou? Sou quebrada, isso é o


que eu sou. Há pequenos pedaços de Patience espalhados por
toda parte."
"Eu gostaria de um pedaço de Patience." Ele estendeu a
mão sobre a mesa e correu um dedo pela minha mão.

Desta vez eu fiquei tensa, mas por razões completamente


diferentes. Meu batimento cardíaco acelerou, como se estivesse à
beira de um ataque de pânico, mas em vez disso, uma onda de
euforia me encheu.

"Eu não sei se posso lhe dar um pedaço." Ouvi-me flertar


de volta.

Isto me ganhou outro sorriso sexy. Maldito seja ele por


ser estupidamente sexy.

“Por que não?”

"Porque eu não sei onde eles estão." Senti-me franzir a


testa ao ouvir essas palavras.

O que começou como flerte inocente tinha apenas


rapidamente se tornado uma triste verdade. Eu era uma menina
quebrada e eu não tinha ideia de onde meus pedaços estavam ou
como os juntar novamente, se os encontrasse.

"Eu aposto que eu poderia encontrar seus pedaços." Ele


se inclinou e inundou minha bochecha com seu hálito quente.

Eu não perdi o seu sentido oculto, mas escolhi ignorá-lo.


"Boa sorte. Eu venho tentando encontrá-los durante anos."

Eu encolhi os ombros com um arrepio e comecei a dar as


cartas novamente.

"Desafio aceito," disse ele enquanto se inclinava para trás


em sua cadeira e tomava um gole de sua cerveja.

Seus olhos castanho-escuros nunca deixaram meu rosto


e uma parte de mim tinha medo de que ele secretamente já tivesse
encontrado alguns pedaços de mim. A sala em torno de nós, de
repente, parecia muito quente e muito pequena.

Como ele fez isso? Como ele fez evaporar todo o ar frio me
rodeando com apenas um olhar? Ele sabia o que estava fazendo
com aqueles olhos e aqueles lábios que estavam começando a me
deixar selvagem, mas ao mesmo tempo, assustando-me? Eu
queria fugir dele, mas estar perto dele de alguma forma fazia tudo
ficar bem. Ele estava me deixando louca e não no bom sentido. Eu
nunca me senti tão rasgada sobre minhas emoções antes.

Fisicamente, eu queria tudo o que seus olhos e lábios


prometiam. Eu queria sentir sua pele contra a minha, as pontas
dos dedos, sua boca, mas mentalmente, queria pegar o próximo
avião para qualquer lugar longe e nunca olhar para trás. Eu não
conseguia entender ou lidar com os pensamentos que meu corpo
enviava para o meu cérebro. Eu estava excitada por eles, mas
enojada com eles. Eu estava pirando feito Jekyll e Hyde 3 com
peitos e partes femininas.

"Eu não lancei qualquer desafio. Eu só estava fazendo


uma declaração." Engoli em seco.

"Sim, você fez. Você só me pediu para encontrá-los.


Considere-o feito."

3
Jekyll e Hyde – Doutor Jakyll e Senhor Hyde (dois personagens opostos vividos por uma mesma pessoa;
livro famoso de Robert Louis Stevenson sobre uma pessoa que sofre de dupla personalidade.)
Onze

`;Fr
Zeke

Eu ia transar esta noite. Fim da história. Fazia muito


tempo, e se eu não saísse da seca em um futuro próximo, as
pessoas iriam começar a levar murros na face aleatoriamente. Eu
precisava de algum alívio sério de estresse e eu não acho que
socar um cara aleatório iria fazer o truque. Eu precisava de
atenção feminina e gostaria que esta mulher fosse a princesa
Floco de Neve.

Enquanto eu flertava com Patience, eu sabia que a


queria. Ela estava me deixando fodidamente louco com aqueles
seus minúsculos shorts de ginástica. Houve até um momento em
que ela levantou suas pernas e eu tive um vislumbre de suas
calcinhas roxas. Eu nunca tinha amado tanto a cor roxa na minha
vida. Fui para casa naquela noite e sonhei em ser envolvido em
calor roxo e acordei com um palpitante pau duro.

Normalmente, eu evitava garotas como ela, uma vez que


sempre havia a chance de brotar sentimentos em uma mulher
inexperiente, mas algo me dizia que ela não era virgem. Uma
virgem não moveria os quadris do jeito que ela fazia quando
atravessava o ginásio.

Ela disse que nunca teve um namorado. Eu não tinha


certeza de como isso era possível mesmo para uma garota como
ela. Se eu fosse propenso a relacionamentos, Patience seria o meu
tiro certo. Felizmente, eu não era, mas alguns caras eram. Talvez
ela não fosse o tipo que namora. Talvez ela fosse de alta
manutenção e nenhum cara ousasse tentar. De qualquer forma,
isso não importava para mim. Eu não podia mais ficar perto dela e
não saboreá-la. Eu não estava acostumado em passar tanto tempo
com uma garota e não conseguir, pelo menos, um gosto.

Senti-me confiante de que poderia conseguir o que


queria. Ela estava flertando comigo e eu havia notado o jeito que
ela olhava para mim. Eu conhecia aquele olhar. Eu provavelmente
tinha dado a ela o mesmo olhar. Ela me queria tanto quanto eu a
queria. Eu também gostei do fato de que ela não se movia mais
para longe de mim toda vez que eu a tocava. Isso tinha que ser um
bom sinal, mas ainda assim, eu tinha que ir devagar com isto.

Eu não costumo trabalhar para chegar numa garota, mas


eu queria fazer isso direito. Além disso, eu estava pensando que
Patience era o tipo de garota que eu poderia manter como amiga
depois. Eu nunca tive uma amiga com benefícios antes, uma vez
que eu era o tipo de cara de foda–e–abandono, mas eu realmente
gostava dela... Como um amigo, é claro. Eu esperava que as coisas
não ficassem estranhas depois e pudéssemos ficar com o papel de
amigos.

Depois de algumas cervejas e oito mãos de Rummy,


estava ficando tarde e eu sabia que se eu queria um pouco de
tempo a sós com Patience antes de levá-la para casa, eu precisava
sair dali. Ela pegou as cartas e as colocou de volta na caixa. Eu
mantive meus olhos sobre ela o tempo todo, e eu poderia dizer
pelo tom rosa que correu pelo seu pescoço e pousou em seu rosto
que ela sabia que eu estava olhando para ela. Inclinei-me e
sussurrei para ela.

"Eu quero ficar sozinho com você," eu disse


honestamente.

Honestidade é a melhor política quando se trata de


mulheres. Às vezes, elas não gostavam do que você tinha a dizer,
mas nunca poderiam dizer que você não as advertiu.

Seus olhos encontraram os meus e eu visivelmente a vi


engolir.

"Você quer?" Ela olhou para mim através de seus cílios.

Eu não respondi. Em vez disso, estendi a mão e liguei


nossos dedos. Eu não era o tipo que segurava mãos, mas faria
tudo o que precisasse para tocá-la.

Eu comemorei o fato de que ela não se moveu para longe


de mim. Eu larguei a minha cerveja sobre a mesa e segurei a mão
dela enquanto andava até a garagem de Finn e para o meu carro.
Eu balancei a cabeça para Finn e os caras quando passei e eu não
perdi o grande sorriso bobo no rosto de Megan. Eles sabiam o que
íamos fazer e eu não me importei.

Eu soltei a mão dela quando fui para o lado do motorista.


Ela abriu a porta do lado do passageiro e entrou. Uma vez que
estávamos acomodados, liguei o carro e me virei para ela. Ela
parecia tão gostosa, minha pequena sedutora tímida. Ela tinha
que saber o que estava fazendo. Talvez jogar de namorada tímida
fosse a sua coisa, mas algo me dizia que ela era um fenômeno na
cama.

Eu deixei meus olhos vagarem até suas meias de futebol


negras e dei uma pequena olhada na área de pele da perna entre
suas meias e o short de ginástica. Como o tempo estava frio, ela
usava um maldito moletom com capuz, mas eu sabia o que estava
por baixo. Eu queria vê-la nua. Eu queria ver se tudo dela era tão
suave como suas mãos e bochechas.

Assim que deixamos a casa de Finn, fui em direção a


casa dela, mas sabia que ainda não estava nem perto de levá-la
para casa. Olhei para a parte exposta das suas pernas mais uma
vez e não aguentei mais. A pele dela me chamava e eu precisava
tocá-la. Ela estava olhando pela janela para a paisagem, por isso
ela não sentiu eu me aproximar, mas quando coloquei minha mão
sobre a pele acima do joelho, ela engasgou e olhou para mim.

Houve um breve momento de pânico nos olhos dela antes


dela baixar as pálpebras e respirar fundo. Eu senti a tensão
abandonar sua perna na minha palma mesmo sem olhar para ela,
moldei minha mão na sua coxa e apertei meus dedos para baixo
para o espaço entre os joelhos. Sua pele era tão quente e macia.
Tudo o que eu conseguia pensar era em mover minha mão para
cima e chegar dentro de sua calcinha. Eu juro que se isso
acontecesse e os meus dedos encontrassem umidade, eu
empurraria meu carro para o lado da estrada e transaria com ela
ali mesmo, no meu banco da frente.

Eu mantive a minha mão lá, mas comecei a mover meus


dedos suavemente para trás e para frente dentro de seu joelho. Eu
senti sua perna se arrepiar debaixo da minha palma e ouvi sua
respiração se aprofundar. Ela já estava afetada e eu estava apenas
começando. Suas minúsculas respostas alimentaram a minha
confiança, então mudei a minha mão mais para cima de sua
perna. Eu tinha certeza que ela ia bater as pernas juntas e mover
minha mão, mas ela me chocou. Em vez disso, ela inclinou a
cabeça para trás contra o assento e suas pernas abriram uma
polegada mais. Aquele pequeno movimento foi como uma grande
luz verde para mim.

Eu olhei para ela e a encontrei olhando para mim. Os


faróis dos carros se aproximando dançavam em seu rosto e eu
percebi que ela era mais do que apenas uma garota quente. Ela
era linda. O vento de sua janela empurrou mechas de seu cabelo
em seu rosto e ela as retirou. Ela olhou para mim com os olhos
confiantes e um sorriso nervoso, e foi como um esguicho de água
fria. Ela não era como as outras garotas que eu transava e eu
sabia disso desde o começo. Eu estava deixando meus hormônios
nublarem minhas decisões. Patience era uma menina linda e eu
não queria nada mais do que senti-la em cima de mim, mas ela
era imaculada e eu não queria ser o único a contaminar ela.

Eu deixei minha mão deslizar de volta para a zona de


segurança e, em seguida, suavemente acariciei seu joelho. Por
mais difícil que fosse, levantei a minha mão de sua pele e a envolvi
em torno do volante. Na próxima luz voltei a mim, eu liguei o
pisca-pisca e fui direto para sua casa. A viagem até a casa dela
pareceu uma eternidade. Eu nunca me neguei uma mulher
quando eu a queria e permanecer calado nesse carro apertado
com ela era o inferno. Eu não acho que eu poderia tirá-la do meu
carro.

Quando eu puxei até a calçada na esquina da sua casa,


parei o carro e virei-me para ela.

"Esta noite foi muito divertida. Fazia um tempo que eu


não chutava um traseiro no Rummy." Eu ri.

"Hum... você está delirante. Ganhei totalmente três jogos.


Além disso, você deve saber, eu deixei você ganhar os outros três."
Ela sorriu para mim.

Eu ri alto com isso. "Você me deixou ganhar, hein?"

O sorriso dela diminuiu e ela desviou o olhar. "Eu deixei


você fazer um monte de coisas."

"Você deixou? Como o que?"

Ela estendeu a mão sobre o meu assento. Eu a deixei


deslizar os dedos entre os meus e então apertei meus dedos em
torno dos dela. Ela segurou minha mão e esfregou círculos na
palma da minha mão com o polegar.

"Assim." Ela olhou para mim e sorriu.

"Ok, você me deixou segurar sua mão? Qual é o grande


negócio com mãos dadas?" Minhas sobrancelhas franziram em
confusão.

"Eu não deixo ninguém tocar em mim." Ela olhou para


longe. "Nunca."

Suas palavras tinham algum significado mais profundo


por trás delas. Foi apenas um pequeno momento, mas eu podia
sentir o fato de que sua confissão era enorme. De repente, me
senti privilegiado. Algo tão pequeno como segurar a mão de uma
garota pareceu enorme.

"Por que não?" Perguntei.

Eu tive um sentimento de que sabia a resposta. Eu tinha


visto o hematoma em seu olho e eu tinha certeza que seu pai batia
nela de vez em quando. Talvez tivesse algo a ver com isso.
"Eu só não gosto disso. Isso me deixa desconfortável."

"Mas você está bem comigo tocando-a? Isso não faz


nenhum sentido."

"Por que não? Você é um cara legal, Zeke. Eu não tenho


certeza do que se trata, mas eu confio em você. Eu me sinto
confortável com você e sei que você nunca faria nada para me
deixar desconfortável." Ela encolheu os ombros.

"Você é uma juíza de caráter muito ruim, Floco de Neve.


Você nunca faria isso se soubesse da onde eu venho." Eu balancei
minha cabeça.

"Você está dizendo que eu estou errada sobre você ser um


cara bom?"

"Eu estou dizendo que durante todo o tempo em que


ficamos na casa de Finn, tudo o que eu conseguia pensar era em
ficar sozinho e transar com você. Será que isso soa como algo que
um cara legal pensa?"

"Todos os homens pensam em sexo, mas você realmente


não tentou nada. Em vez disso, você me trouxe direto para casa. O
que isso diz sobre você? Eu acho que diz que você é um cara legal
e respeitável."

Ela estava errada. Eu não era um cara legal. Eu era eu e


eu não era bom o suficiente para estar perto dela, muito menos
dentro dela. Eu sabia disso e acho que ela sabia disso, mas não
havia nenhuma maneira no inferno que eu iria admitir isso para
ela. Em vez disso, inclinei a cabeça para trás e ri quando percebi
que estava desconfortável com a conversa.

"Tudo para ajudá-la a dormir à noite, baby."

Em seguida, ela estava ali, bem ao meu lado, me olhando


no rosto, e o carro ficou muito pequeno. Ela estendeu a mão e
tirou minha longa franja do meu rosto com seu dedo. Ela correu o
dedo para o lado do meu rosto e me senti como se estivesse sendo
tocado na boca do estômago. Mordi meu piercing labial e ela
traçou meu lábio inferior com o dedo uma vez que eu o libertei.
Era demais. Eu nunca tinha tido uma menina me explorando
assim e eu não tinha certeza se eu odiava ou adorava. Então ela
me olhou nos olhos e sorriu.

"Você pode esconder tudo o que você quiser lá dentro,


mas eu ainda posso ver você."

Eu não disse nada quando ela se afastou para o lado da


porta do carro, abriu-a e, em seguida, pulou para correr para
casa.

Não foi até que eu estava quase em casa que percebi que
ela estava certa. Escondi-me muito, mas só porque estava
secretamente com medo de chegar perto de alguém. Chegar perto
de pessoas era perigoso. Pessoas morreram e os que não
morreram te machucaram.

No dia seguinte no The Boy’s Club, não conversamos


muito. Eu fiquei sozinho e jogando com meu celular enquanto ela
aproveitava o tempo para mostrar aos rapazes alguns truques de
futebol. Quando chegou a hora de ir embora, ela disse que já
tinha uma carona e eu não tentei convencê-la a ir comigo. Como
uma piada, eu estava sem dinheiro, de qualquer forma, e eu não
tinha gasolina. Eu tinha feito arranjos com Javier para trabalhar
pela maconha que tinha sido pega pela polícia e eu estava
esperando fazer algum dinheiro neste fim de semana.

Após o The Boy’s Club, fui até Finn e finalmente tive a


chance de praticar. Finn tinha nos reservado em algum clube
underground novo na cidade para o próximo sábado. Eu tinha
perdido muitos ensaios por causa do meu serviço comunitário e
passando muito tempo com Patience. Minha guitarra estava
começando a parecer estranha contra meus dedos e isso não era
bom.

Quando o sábado chegou, eu mal tinha visto o meu pai e


eu mal tinha falado com Patience. Papai era fácil de evitar, quando
caía no sofá de Finn, e eu acho que Patience estava me evitando,
tanto quanto eu a evitava. Eu dirigi para Mount Pleasant,
atravessando a cidade, com o rádio ligado, minha guitarra no
meio, e Tiny no banco do passageiro massacrando a merda de
uma música do Smashing Pumpkins. Havia uma razão para que
ele tocasse baixo e não cantasse.

O clube em que estávamos tocando se chamava The


Icehouse e isso me fez pensar em Flocos de Neve, o que me fez
pensar em Patience. Este pensamento sobre esta merda de
menina estava realmente começando a me irritar, mas não
importava o que eu fizesse para ocupar meu tempo, algo sempre
me trazia de volta para ela.

"Megan está vindo para o show hoje à noite," disse Chet


enquanto me ajudava a montar alguns fios.

"Qual é o negócio com ela? Você está recebendo alguma


coisa ou o quê?" Perguntei.

"Pfft, cara, ela é o melhor sexo que já tive. Essa menina é


uma grande aberração. Eu estou falando tipo sobre mordidas e
rosnados. Acho que vou ficar com ela. Não, nada disso, eu
definitivamente vou ficar com ela. Pelo menos até ficar entediado."
Ele riu.

Pelo menos um de nós estava transando. Então eu


percebi uma coisa. Patience tinha dito uma vez que ela não
deixaria Megan ir sozinha para um clube subterrâneo. Isso
significava que ela também estava vindo? Eu queria perguntar a
Chet, mas eu não sabia como fazê-lo. Se eu perguntasse, iria
parecer que eu dava importância se ela estava lá ou não, e eu não
dava. Eu realmente não dava.

Então, quando a gente começou a tocar e eu a vi entrar


com Megan, não foi excitação que senti. Foi aborrecimento.
Principalmente porque ela estava lá e ela veio sabendo que eu
estaria lá também, mas também porque ela parecia tão gostosa
que eu não conseguia tirar os olhos dela. A Patience da escola
preparatória se foi, e em seu lugar estava uma megera sexy com
um top decotado e o par de jeans mais apertado que eu já tinha
visto num corpo feminino.

Eu tentei manter meus olhos longe dela enquanto tocava,


mas de vez em quando, eles se moviam para ela contra a minha
vontade, e eu sentia um súbito calor percorrer pela minha espinha
e em torno de meus ossos pélvicos, e pousando na virilha da
minha calça. Não era nada com o que eu já tinha experimentado
antes. Eu queria essa garota mais do que jamais quis uma menina
na minha vida, mas eu não podia, e eu não iria tocá-la. Não
importa o quanto meu corpo me pedisse, eu me recusaria.

Uma hora mais tarde, ela tinha algumas bebidas em seu


sistema e estava dançando na pista com Megan. Foi bom vê-la
sorrindo e feliz, mesmo sabendo que teria que levá-la para casa.
Megan estava, obviamente, completamente bêbada e não havia
nenhuma maneira no inferno que Chet iria deixá-la dirigir para
casa, o que era bom para mim, considerando que não havia
nenhuma maneira no inferno que eu deixaria Patience ir para
casa com ela. Eu tinha bebido algumas cervejas, mas não tinha
sequer um zumbido e uma vez que vi que as garotas iriam ter uma
noitada, eu comecei a bebericar minha cerveja ao invés de bebê-la.

Eu levei a minha atenção para longe de Patience um


pouco para observar a multidão. A sala estava cheia e todo mundo
estava tendo um bom tempo. Eu me virei e olhei para Chet e ele
jogou sua baqueta no ar. Exibido. Quando me virei, vi Patience
conversando com um cara. Ela tinha a minha atenção a partir
daquele momento. Eu abertamente olhei enquanto ela flertava
com o cara ao lado dela. De repente, me senti todo tenso. Meus
braços pareciam rígidos e meus olhos estavam começando a
queimar de olhar tão duro.

O cara estendeu a mão e pegou algo de seu cabelo e vi


vermelho com o pensamento de suas mãos a tocando. Levou tudo
que eu tinha em mim para ficar no palco e continuar tocando. Ela
inclinou-se para dizer algo a ele e pedaços de seu decote se
tornaram visíveis. Patience não era o tipo de garota que fazia algo
assim de propósito, embora eu conhecesse algumas meninas que
faziam isso. Eu tinha estado em torno de mulheres o suficiente
para saber quando estavam, obviamente, curvando-se apenas o
certo para mostrar um pouco de seus peitos, mas não Patience.
Ela estava sorrindo inocentemente para ele e não tinha ideia de
que o filho da puta estava admirando sua pele nua. Ele tomou-a
com olhos ávidos e maliciosamente sorriu para ela.

Ela olhou para ele, com seus grandes olhos azuis, e


sorriu e, em seguida, ele a tocou novamente e colocou a mão em
suas costas. Eu vi o seu sorriso tornar-se desconfortável por um
segundo e, em seguida, ela pareceu relaxar. Eu não. Em vez disso,
perdi um acorde e outro logo em seguida, o que levou Tiny a me
dar um pequeno cutucão com sua guitarra e me questionar com
seus olhos. Ele estava me perguntando em silêncio se eu estava
bem. Eu não estava, mas balancei a cabeça e continuei a tocar.

Quanto mais o tempo passava, mais eu poderia dizer que


Patience não era ela mesma. Eu não conseguia tirar os olhos dela
e ela estava definitivamente agindo de forma estranha. O flerte
brincalhão, o decote, e os jeans desbotados... Nada disso era ela.
Então ela pegou um copo e virou o líquido como se ela tivesse
bebido isso toda a sua vida. Dizem que bebida tira todas as
inibições e ela estava se certificando de enviar todas as suas
inseguranças para longe.

No momento em que o nosso set acabou, eu estava


furioso. Eu não podia sair do palco rápido o suficiente. Eu
coloquei minha guitarra ao lado de Finn e, em seguida, pulei do
palco. Eu fiz o meu caminho através da sala até o bar onde eles
estavam conversando. Afastei o garoto sedutor enquanto agarrava
seu braço e a puxava para longe dele. Ele tentou dizer algo, mas
eu me virei para ele e o olhei duro. Ele deve ter visto a raiva nos
meus olhos porque ele calou a boca e se afastou.

"O que você está fazendo, Zeke? Deixe-me ir," ela disse
arrastado.

Eu não respondi enquanto a arrastava através da sala


para o banheiro. Ela estava mais desajeitada do que o habitual, o
que não fez nada, senão me irritar ainda mais desde que eu sabia
que era porque ela estava bebendo. Puxei-a para o banheiro e
deixei a porta bater atrás de nós. Finalmente, soltei seu braço
quando tive a certeza de que não havia mais ninguém no banheiro
com a gente.

"Você vai me dizer do que isso se trata?" Ela cruzou os


braços, o que empurrou ainda mais seus seios.
"Sim, o que diabos você pensa que está fazendo?" Fiz um
gesto para o seu corpo.

Ela olhou para si mesma, depois para mim como se


estivesse confusa.

"Megan me vestiu. Não é grande coisa. Eu me misturo


melhor assim."

"O inferno que você faz! Eu sugiro que você não deixe que
ela a vista novamente. Aqueles sujeitos lá fora estavam
praticamente esperando para estuprá-la".

"Primeiro de tudo, não havia ‘caras’. Havia apenas um


cara, como só um, e ele era realmente bem legal. Em segundo
lugar, eu posso vestir o que diabos eu quiser."

"É claro que ele estava sendo gentil. Ele estava muito
ocupado curtindo a porra do show para ser um idiota."

"Que show?"

"Esse show!" Eu apontei para seu decote.

Ela suspirou e chupou os dentes.

"Toda garota lá está mostrando o decote. Eu me destaco


mais quando eu não mostro. Eu estou bem. Não se preocupe
comigo, está bem?"

"Eu não estou preocupado, mas vou levá-la para casa."


Tirei minha franja dos meus olhos e mordi meu piercing labial
exasperado.

"Estou aqui com Megan. Eu tenho que ir para casa com


ela." Ela olhava para mim com os olhos muito brilhantes.

"Você já parou para olhar para sua amiga ultimamente?


Ela está bêbada pra caralho. Chet vai levá-la para casa e eu vou
levá-la."

"Por que de repente você está falando comigo? Você me


ignorou nos últimos dias."

"Eu não a ignorei e eu estou falando com você, porque


você está prestes a fazer algo estúpido. Fique perto do palco e eu
vou levá-la para casa após o show. Apenas me escute. Eu sei o
tipo de gente que paira em torno de lugares como este, Floco de
Neve, e confie em mim quando digo que você é fora do alcance
deles." Eu me virei e comecei a andar para fora.

"Você quer dizer caras como você?" Ela perguntou atrás


de mim. "Você acha que você está fora do meu alcance, Zeke?"
Sua voz soava sonolenta e arrastada.

Voltei-me para ela. Ela estava usando a parede do


banheiro para manter-se para cima e a tristeza em seus olhos me
irritou.

"Não, você está fora do meu." Eu me virei, sai do


banheiro, e não olhei para trás.
Doze

`;Fr
Patience

Zeke acabou por estar certo sobre o idiota no clube. Logo


depois que voltei para o bar com Megan, ele tentou me convencer
a ir para fora com ele e lhe dar um boquete. Bastardo doente.
Passei o resto do show ao lado do palco, mas não porque Zeke me
mandou. Fiz isso porque não conseguia arrastar a bunda bêbada
de Megan para longe de Chet por cinco minutos.

Depois que o show acabou, os caras empacotaram o


material e todos nós caminhamos para os carros. Tal como Zeke
havia dito que faria, Megan literalmente caiu no carro de Chet,
então eu lhe disse boa noite e fui ficar ao lado do carro de Zeke.
Eu não estava satisfeita com Megan ficando bêbada demais para
dirigir. Eu estava planejando ficar em sua casa, uma vez que a
minha irmã estava ficando na casa de sua amiga esta noite.

Agora eu teria que ir para casa, e podia apenas esperar


não ser incomodada esta noite. As chances eram mínimas de meu
pai não ir para o meu quarto, uma vez que Sydney não estava em
casa. Só de pensar nisso meu estômago revirou.
Quando Zeke se aproximou de seu carro, não me disse
nada enquanto abria a porta do lado do motorista e saltava para
dentro. Assim que ligou o motor, abri a porta do carro e entrei
também. Ele se sentou e conversou com Finn por um minuto
sobre algo que não entendi. Era quase como se eles estivessem
falando em código. Eles estavam falando sobre vender bastante e
adquirir mais erva. Eu achava que eles estavam falando sobre
música e ganhar dinheiro tocando. Eu nunca consegui entender
os diferentes tipos de gíria que falavam em volta.

Quando estávamos no caminho para fora de Mount


Pleasant, ele se inclinou e ligou o rádio. Eu observava os
marcadores de quilometragem na interestadual enquanto
passávamos por eles em uma contagem regressiva do tempo que
eu tinha antes que estivesse de volta em casa no inferno. Eu não
queria ir para casa. Eu iria a qualquer lugar. Eu não me
importava onde fosse, se isso significasse ficar longe de casa esta
noite. Meu pai iria para o meu quarto. Ele cheiraria o álcool no
meu hálito, verificaria a maquiagem no meu rosto, e eu não tinha
medo de admitir para mim mesma que estava com medo dele. Ele
estava mudando. Ele nunca foi inocente, sobre o que estava
fazendo comigo, mas desde que fui presa, ele tinha sido cruel
sobre isso.

"Você está perdida em pensamentos. No que você está


pensando?" Zeke perguntou do outro lado do carro. Eu não podia
dizer a ele no que estava pensando, mesmo que eu quisesse. No
fundo eu sabia que poderia confiar em Zeke. Eu sabia que podia
contar-lhe os meus segredos. Ele pensava que eu era uma menina
rica privilegiada, porque vim de uma família rica, mas minha vida
tinha sido tão dura quanto à das pessoas em seu mundo. Eu
queria dizer isso a ele. Por alguma razão, isso significava muito
para mim que ele soubesse que eu nunca fui tão eu mesma do que
quando eu estava com ele. Eu precisava que ele soubesse que a
Patience, a jogadora de futebol filha do governador, era apenas
uma atriz, mas a garota que eu era quando estava com ele... Essa
era o meu verdadeiro eu.

Mas tanto quanto eu queria ter coragem de derramar


minhas entranhas e me libertar, sabia que não podia. Não apenas
por causa do que Zeke poderia pensar, mas porque eu tinha
minha mãe e minha irmã para me preocupar. Caso Zeke fosse dar
com a língua nos dentes, não demoraria muito até que os boatos
sobre o governador começassem a circular e chegassem até a
minha casa, para a minha mãe.

"Nada de mais. Eu só estou pensando sobre algumas


coisas." Eu me virei no meu lugar para ele. "Vamos para algum
lugar, para qualquer lugar. Eu não me importo onde você me
levar. Eu só não quero ir para casa ainda."

Ele olhou para mim com seu sorriso marcante. Seus


olhos cheios de riso.

"É depois da meia noite. Tenho certeza que seu pai já irá
matá-la," ele disse enquanto mudava as mãos no volante.

"Então acho que é melhor aproveitar minhas últimas


horas viva, não acha?"

Talvez fosse o álcool ou talvez fosse à forma como me


sentia confortável com Zeke, mas eu estava realmente flertando.
As palavras soaram até mesmo sedutoras quando saíram. Ele
olhou para mim com um olhar sério em seu rosto e, em seguida,
balançou a cabeça.

"Não faça isso, Floco de Neve."


"Fazer o quê?" Perguntei.

"Você está flertando comigo. Eu tenho certeza que é o


álcool falando, mas não sou diferente dos caras no bar. Na
verdade, eu sou pior."

"E se eu achar que você é diferente?"

"Então você é mais ingênua do que eu pensava."

Estávamos nos aproximando rapidamente da minha casa


e eu estava ficando sem tempo para convencê-lo a me levar para
outro lugar, mas não conseguia pensar em um lugar para ele me
levar ou uma razão pela qual eu não queria ir para casa que
soasse legítima.

Quando nós chegamos ao meu bairro e vi que estávamos


passando casas enormes, comecei a pirar. Não seria bom e eu
ficava me lembrando como era sentir ser atirada contra a mesa da
cozinha e ser tratada como menos do que nada. Eu não podia
fazer isso. Eu não faria isso. Se eu tivesse que dormir ao lado da
piscina no meu quintal eu iria, mas não iria para minha casa com
essas roupas e álcool no meu hálito. Eu não podia esperar mais.
Eu tinha que dizer alguma coisa.

"Por favor," eu disse com toda a calma possível. "Por


favor, não me leva para casa, Zeke. Eu vou a qualquer lugar,
qualquer lugar, mas não para lá."

Ele olhou para mim com uma expressão estranha em seu


rosto, em seguida, puxou o carro mais para o lado da estrada.

"Qual é o problema? Por que você tem tanto medo de ir


para casa? Você pode me dizer qualquer coisa, você sabe."

De repente, me senti desconfortável com a conversa e


tudo que eu queria era sair de seu carro e ir para longe da minha
casa.

"Esqueça isso. Eu vou encontrar um lugar para ir." Eu


me aproximei da porta e me virei para sair.

Senti sua mão quente em volta do meu braço quando ele


me parou.

"Volte aqui. Você pode dormir na minha casa se você


prometer ficar quieta. Meu pai vai cagar um tijolo se me vir
trazendo uma garota para casa e eu juro que meu pai fará com
que seu pai pareça um santo...”

Ele virou o carro e foi em direção a sua casa. Se ele


soubesse. Meu pai não era definitivamente um santo, e eu
enfrentaria qualquer um ou qualquer coisa em seu
estacionamento de trailers se isso significasse ficar longe de casa
esta noite.

Vinte minutos depois, ele estava estacionando em seu


quintal. As luzes em seu trailer estavam apagadas e eu estava
achando difícil encontrar o caminho para a porta do trailer. Ele
estendeu a mão e agarrou a minha mão à medida que me
arrastava com passos instáveis. Ele colocou um dedo sobre os
lábios, me dizendo para ficar quieta, enquanto suavemente abria a
porta do trailer. O cheiro que me acolheu só podia ser descrito
como sujo e o pequeno espaço parecia sufocante.

A luz acima do fogão na cozinha iluminou uma pequena


área, através da sala de estar e tornou possível para eu ver que
não havia ninguém em qualquer lugar dela. Zeke fechou a porta
atrás de nós, trancou-a e, em seguida, conduziu-me por um
corredor longo e escuro.

"Tenha cuidado com o chão bem aqui, " sussurrou na


escuridão.

Ele me puxou por uma porta e, em seguida, fechou a


porta atrás de nós e acendeu uma luz fraca. Seu quarto era
pequeno, mas organizado. Havia um colchão duplo, um banco de
pesos, e uma cômoda que parecia como se a única coisa a
segurando eram as roupas nas gavetas. Ele foi até seu armário e
pegou um cobertor e o estendeu no chão. Sentei-me na cama e
abri minhas botas. Uma vez que as tirei, coloquei-as no canto e
me arrastei para a cama que ele fez no chão.

"Não. Eu vou dormir aqui em baixo. Você dorme na


cama," disse ele.

Então ele puxou a camisa sobre a cabeça e jogou-a no


canto. Ele já enchia o espaço pequeno antes, mas uma vez que
seu peito estava nu, ele de alguma forma pareceu maior. Olhei
suas tatuagens e me perguntei o que ele faria se eu tivesse um
olhar mais atento. Observei do chão ele retirar o cinto e puxá-lo.
Ele fez isso enquanto tirava suas botas. Seus olhos nunca
deixando os meus.

Eu não achava que ele faria, mas ele puxou a calça jeans
para baixo, revelando um par de boxers pretos com guitarras
sobre ela. Eu não pude evitar o sorriso que se espalhou pelo meu
rosto.

"Mais guitarras?" Perguntei.

"Sim, mais guitarras." Ele zombou de mim. “Você quer


uma camiseta e uma boxer?”

A ideia de dormir com roupas de Zeke me aqueceu e eu


balancei a cabeça que sim.

Ele foi até seu armário, tirou uma camiseta preta e um


par de boxers cinza, e depois as jogou para mim.

"Eu não vou espiar," ele disse enquanto caía sobre a


cama de cobertores no chão e tentava ficar confortável em suas
costas.

"Por que não posso simplesmente ir ao banheiro?"

"Você pode acordar o meu pai."

"Oh, ok. Promete que não vai espiar?"

Eu realmente não me importava com a ideia dele me


vendo nua e isso me assustou um pouco.

"Se eu quisesse vê-la nua, então a teria deixado nua." Ele


bocejou e jogou o braço sobre os olhos.

Não havia nenhuma maneira que eu poderia responder a


isso. Incomodava-me que ele não quisesse me ver nua, mas, ao
mesmo tempo, não queria que ele tentasse me ver nua. Eu poderia
dizer todo tempo que ele não seria capaz de me tirar das minhas
roupas, mas algo me dizia que iria comer essas palavras, se ele
tentasse.

Virei às costas para ele e tirei meu top. Agradeci a todos


os deuses que eu pude pensar por ter colocado um sutiã mesmo
que Megan jurasse que eu não precisasse de um. Peguei a
camiseta e a puxei sobre a minha cabeça. Eu olhei atrás de mim
para ver o braço ainda sobre seus olhos, enquanto desabotoava
minha calça jeans e as tirava. Elas eram apertadas, tão apertadas
que não conseguia tirá-las tão rápido quanto gostaria. Uma vez
que elas estavam em torno de meus tornozelos, me inclinei e as
puxei para fora. Deslizei as boxers de Zeke sobre minha calcinha
tão rápido como se estivesse me vestindo para um incêndio.
A camiseta quase atingia meus joelhos quando a puxei.
Virei-me rapidamente para desligar a luz e esbarrei em Zeke.
Olhando para seu peito nu, respirei fundo. Quando exalei, podia
sentir minha respiração quente contra minhas bochechas
enquanto refletia em sua pele. Eu estava tão perto, muito perto.
Minha reação habitual teria sido me afastar imediatamente, mas
minhas mãos pousaram em seu peitoral duro e elas ficaram lá
como se estivessem derretendo em sua carne quente, não porque
eu estava sentindo-o, mas porque estava muito chocada por estar
tão perto de um homem nu e sem fazer disso uma tragédia.

Eu deveria ter ficado horrorizada. Eu deveria ter ficado


completamente enojada dado a minha história com o sexo oposto,
mas não senti nenhuma dessas coisas. Assim como quando ele
me tocou em minha perna em seu carro, meu corpo cantarolou e
fisicamente eu queria me moldar a ele e nadar em seu calor. No
entanto, as peças mentalmente perturbadas de mim ainda
estavam presentes e se fazendo saber no fundo da minha mente.

Senti suas palpitações cardíacas sob minha palma.


Olhando para ele através dos meus cílios, fiquei impressionada
mais uma vez com o quão bonito ele era. Ele olhava para mim com
seu olhar de aço do qual já estava acostumada e o ar em torno de
nós crepitava e estalava. Eu sabia que precisava dizer alguma
coisa ou fazer alguma coisa, mas minhas pernas estavam moles e
eu não conseguia encontrar a minha voz. Quando finalmente
consegui, disse a primeira coisa que me veio na cabeça.

"Você prometeu." Foi quase um sussurro.

Meu corpo ficou tenso contra a minha vontade, quando


senti suas mãos deslizarem para cima sobre meus lados. O canto
de sua boca se inclinou para cima e um pequeno sorriso apareceu
em seu lábio com piercing. Seus olhos escuros podiam ver dentro
de mim. Eu tinha quase certeza que isso me assustava mais do
que ele me tocando.

Prendi a respiração enquanto ele inclinava seu rosto para


mais perto do meu. Tecnicamente, eu nunca tinha sido beijada e,
secretamente, estava esperando que Zeke fosse o meu primeiro
beijo, mas em vez de pressionar seus lábios nos meus, ele moveu
sua boca ao meu ouvido.

"Eu disse que era um cara mau. Você não pode confiar
em caras como eu." Sua voz profunda trabalhava seu caminho até
a parte de trás do meu pescoço, deixando arrepios ao longo do
caminho.

Ele me disse antes que não deveria confiar nele, mas a


parte engraçada era que eu confiava. Eu não sei por que o fiz. Eu
apenas o fiz.

"Eu confio em você." Minha voz soava estranha para


mim, como se eu tivesse algo preso na parte de trás da minha
garganta.

"Se você soubesse o que eu estava pensando, você não


faria isso. Minha mente está imunda. Eu não tenho certeza de que
você poderia lidar com isso."

Ele estava certo. Eu provavelmente não poderia lidar com


isso, mas isso não significava que eu não queria saber no que
diabos ele estava pensando.

"Eu posso." Minha voz tremia como uma garotinha


assustada.

"É mesmo?" Ele perguntou enquanto acariciava o meu


pescoço.
Eu comecei a ficar nervosa. Minhas entranhas tremiam
tanto que não conseguia decidir se era de medo ou excitação.

"Lembra-se do outro dia no meu carro, quando você me


disse que me deixaria fazer coisas?" Sua língua estalou sobre o
lóbulo da minha orelha e eu deixei escapar um suave assobio
entre os dentes.

"Uh-huh." Parecia infantil, mas era tudo o que fui capaz


de dizer.

O quarto de repente pareceu menor e mais quente. Uma


onda de calor se espalhou por todo o meu corpo e eu podia sentir
meu pulso nas têmporas de tão forte e rápido que meu coração
batia. Eu respirei pelo nariz e absorvi o cheiro de sua pele
aquecida. Ele cheirava incrível, como colônia masculina e roupa
fresca.

Ele me surpreendeu com um beijo suave no lado do meu


pescoço e eu me dividi ao meio. A metade superior de mim queria
correr para o ar fresco da noite e correr para casa, mas a metade
inferior de mim queria desaparecer dentro dele e se tornar uma.

"Você me deixou segurar sua mão. O que mais você vai


me deixar fazer, Floco de Neve?"

Eu costumava odiar quando ele me chamava de Floco de


Neve, mas agora estava começando a pensar que ela era quem eu
realmente era. Havia Patience, a filha do governador, e então havia
a Floco de Neve, a menina que estava começando a derreter nas
mãos muito capazes de Zeke. Se me fosse pedido uma escolha de
quem gostaria de ser para o resto de meus dias, eu seria para
sempre Floco de Neve.

Um barulho suave passou por meus lábios úmidos e o


senti sorrir contra a lateral do meu pescoço. Sua respiração
moveu o cabelo que caía no meu rosto e me fez tremer ainda mais.
Tudo em mim tremia enquanto minhas entranhas começavam a
pressionar minhas veias. A menina saudável dentro de mim
queria ser livre. Ela queria explorar todos os cantos escuros de
Zeke, mas a outra, aquela que tinha sido discriminada estava
inacreditavelmente a segurando.

"Você vai me deixar fazer isso?", Ele perguntou enquanto


deslizava suas mãos pelos meus lados e me puxava em torno de
meu traseiro.

Eu endureci por apenas um segundo, quando uma


pequena pitada de pânico se infiltrou, mas no momento em que
ele começou a desenhar círculos preguiçosos na parte de trás das
minhas coxas com um único dedo, esmaguei o pânico e deixei o
prazer tomar o seu lugar. Um pequeno murmúrio veio de dentro
de mim e ele suavemente rosnou sua aprovação em meu ouvido.

"E isso? Você vai me deixar fazer isso?" Ele perguntou


enquanto levava suas mãos para cima e colocava-as na parte de
trás da minha boxer. Ele encheu suas grandes mãos com minha
bunda e deu-lhe um aperto suave.

Apenas o meu par de calcinhas de algodão fino mantinha


suas mãos de tocar minha pele aquecida. Minha respiração
aumentou e meu coração acelerou.

Suas mãos se moveram para baixo, levando a boxer com


elas, e eu não parei o short quando deslizou pelas minhas pernas
e sobre meus tornozelos. Ele levou as mãos ao redor do meu
estômago e passou o dedo ao longo do topo da minha linha de
calcinha e osso pélvico.
"O que você quer que eu faça? Você quer que mova
minha mão mais para baixo?" Eu sentia sua respiração em minha
bochecha enquanto ele movia a cabeça para baixo e beijava minha
clavícula.

Eu não respondi. Em vez disso, meu corpo assumiu e eu


pressionei minha região pélvica contra a mão dele.

"Sim, você quer que eu mova a mão para baixo. Você


quer que eu te toque aqui, não é?" Sua mão deixou meu corpo por
um breve segundo, e então senti um dedo de fogo traçar um
caminho por cima da minha calcinha direto sobre as partes mais
sensíveis de mim.

Meu corpo estremeceu em sua própria vontade, e eu não


conseguia parar os ruídos que deslizaram sobre a minha língua.
Eu nunca tinha experimentado nada parecido com isso. Na minha
vida, quando alguém tocou minhas áreas íntimas, foi perturbador
e doente, mas quando Zeke me tocava, era suave e me fazia ver as
coisas de uma forma totalmente nova.

"Diga-me o que você quer Patience," disse ele docemente


contra minha bochecha.

E assim, já não odiava o som do meu nome. A maneira


como ele o falava era tão pessoal. Depois de ser chamada tantas
vezes por um apelido, quando ele finalmente me chamou pelo meu
nome real, tive uma sensação emocional. Isso teve uma estranha
sensação de finalidade, como se ele tivesse de alguma forma
cedido a mim.

Seus olhos se encontraram com os meus quando ele


mergulhou a ponta do dedo sob a banda da minha calcinha e ele
corria para trás e para frente através de meu osso pélvico. Ele
colocou um novo dedo dentro da minha calcinha, até que,
finalmente, sua mão estava me tocando. Ele não estava movendo
seus dedos, mas só a pressão da palma da sua mão era quase o
suficiente para mim.

Inclinei a cabeça para trás, os olhos fechados, e minha


boca se abrindo em um suspiro sem palavras.

"Por favor, me diga o que você quer baby." Suas palavras


eram tudo ao meu redor.

Meu corpo teve outra onda de calafrios e meus ombros


começaram a tremer. Quando finalmente falei, a minha voz tremia
com o meu corpo. "Eu não sei."

Ele estava me perguntando o que eu queria, mas eu não


sabia. Eu não era como a maioria das meninas que leem sobre
sexo ou mesmo são experientes com ele. Para mim, sempre foi um
ato desprezível de injustiça em cima de mim, mas agora não era
assim. Ele estava me sentindo antes de me tocar. Ele estava
garantindo que eu estivesse confortável com suas mãos antes de
se mover. Era como se ele soubesse do meu medo e entendesse, e
por causa de sua compreensão, eu fui capaz de desfrutar do
contato pela primeira vez na minha vida.

Ele respirou fundo e seu peito tremeu, deixando-me


saber que ele estava mais afetado do que parecia. "Posso tocar em
você?" Perguntou.

Havia mais? Eu tinha certeza de que essa era a altura


máxima de meu auge sexual, mas acho que estava errada.

"Você já está me tocando." Minha voz soou mais


profunda, mais sedutora, e eu comemorei isso. Talvez eu estivesse
mudando diante de seus olhos, porque eu me sentia como se
estivesse. Eu estava passando por uma transformação mental e eu
tinha quase certeza de que a transformação se refletia no meu
exterior também.

"Não, eu posso tocar em você?" Com a sua pergunta, ele


deu um único toque de dedo contra uma parte de mim que nunca
tinha sido tocada. Meu corpo tornou-se vivo e de tão sensível,
como nunca tinha estado antes, comecei pulsar contra seu dedo.

Engoli em voz alta e perdi o controle de mim mesma.


Toda a força do meu corpo foi embora e eu estava preocupada que
meus joelhos se dobrariam e eu tombaria no chão. Eu desisti e cai
contra seu peito. Pequenos jatos de ar sopravam de volta ao meu
rosto quando comecei a ofegar baixinho contra sua pele. Seu peito
subia e descia com um ritmo que eu entendia bem.
Coincidentemente, era quase o mesmo ritmo que seu dedo fazia
enquanto pressionava com mais força contra o meu lugar quente e
iniciava um movimento circular.

Eu ia desmaiar. Só que desta vez não era de medo; era de


prazer bruto. Minha respiração tornou-se irregular e agora eu
estava cavando meus dedos em seus ombros. Meu corpo estava
tão apertado que parecia prestes a explodir, e algo, embora eu não
tivesse ideia do que era, estava um pouco além do horizonte. Ele
estava lá, esperando para consumir meu corpo e pronto para
apagar todas as lembranças escuras que eu armazenava.

Sentir seu dedo deslizando contra o meu corpo era tão


erótico. Eu não tinha ideia de que meu corpo era mesmo capaz de
ficar molhado, mas de alguma forma ele tinha feito isso acontecer.
Cada um dos meus cinco sentidos estavam aumentados e eu me
vi participando de um ritual tão antigo quanto o tempo que meus
quadris começaram a mover-se com o seu ritmo.

Havia dor, uma muito mais doce do que aquela que


estava estabelecida sobre o meu peito durante os últimos dez anos
de minha vida, e eu tinha certeza que esta nova dor que eu estava
sentindo ia me ajudar a acalmar a velha só um pouco. Meu corpo
parecia estar em ordem crescente de alguma maneira. Eu estava
subindo, mas meus pés ainda estavam firmemente plantados no
chão.

"Por favor, Zeke," eu resmunguei.

Eu não sabia o que eu estava pedindo a ele, mas eu sabia


que ele tinha a resposta.

"É isso aí, baby. Você está quase lá," eu o ouvi dizer a
distância.

Eu inclinei minha cabeça para trás afastada e o senti


acariciar meu queixo. Eu ouvi alguém sussurrar seu nome uma e
outra vez, mas não podia ter sido eu. De jeito nenhum que eu
faria uma coisa dessas, mas ele confirmou.

"Eu adoro quando você diz meu nome. Você o está


sussurrando agora, mas isso está prestes a mudar."

Senti a cama contra minhas costas quando ele me deitou.


Isso deveria ter sido a parte em que eu começaria a pirar, mas não
o fiz. Tudo o que ele estava oferecendo, eu queria. Tudo para
tornar a dor no meu estômago menor e ir embora. Ele começou a
se espalhar por todo o meu corpo e senti como se estivesse
renascendo. Ele era a cura para minha dor. Ele sabia disso e
agora eu sabia.

Seu dedo parou seu movimento e estava na ponta da


minha língua para pedir-lhe para continuar. Ele encaixou seu
corpo entre as minhas pernas e descansou em seu antebraço. Ele
estava pairando acima de mim e seu rosto estava tão perto do
meu, mas ele nunca me beijou. Eu queria que ele me beijasse. Eu
precisava sentir a sua boca contra a minha. Nossos corpos
estavam praticamente conectados em qualquer outro lugar. Fazia
sentido nós nos beijarmos.

Eu estava prestes a inclinar-me e beijá-lo, mas ele


enterrou a cabeça no espaço entre meu ombro e meu pescoço. Sua
respiração combinava com a minha e isso me fazia sentir bem
sabendo que ele estava tão afetado quanto eu. E então ele
empurrou seus quadris e senti sua dureza impressa contra a
minha calcinha. A dor quente de repente ficou fria e tudo me
congelou. Fragmentos de meu gelo interno me cutucavam em
todos os lugares e senti minha pele parecer espinhosa. O quarto
era muito pequeno, seu corpo pesado demais, e eu não conseguia
respirar. Não importa o quão duro eu tentei chupar uma
respiração, meus pulmões tinham apreendido seu movimento.

Eu era uma menina doente, mais doente do que eu


realmente havia compreendido. Eu estava psicologicamente
destruída. Como uma pessoa poderia deixar de ser assim em algo
que sentia medo até a morte e com a única pessoa que a fez se
sentir segura em questão de segundos? Foi possível. Eu era a
prova de que era possível. Meu corpo deixou de estar em um
estado agradável e nebuloso para tenso e ansioso. Meus reflexos
de luta ou fuga chutaram contra a minha vontade e eu queria
correr.

Ele estava respirando com dificuldade, empurrando


contra mim, e sussurrando algo, mas tudo que eu ouvi era o ritmo
da minha cabeceira em casa. Essa batida maldita ficaria comigo
para sempre. Eu não sabia que eu estava chorando até que senti
minhas lágrimas quentes correrem em uma linha fina em minhas
têmporas. Ele deve ter sentido a mudança em mim, porque ele
olhou para o meu rosto. Tudo parou e ele olhou para mim em
confusão. Ele estendeu a mão e passou o polegar debaixo do meu
olho, como se para ver se minhas lágrimas eram reais, e então ele
abriu a boca para dizer algo, mas uma porta fechando alto do
outro lado de seu trailer parou suas palavras. Eu nunca tinha
visto um cara se mover tão rápido. Ele levantou-se e foi para o
interruptor de luz. Ele o alcançou, apagando a luz e me deixando
na escuridão. Eu queria rastejar para um canto sombreado e
desaparecer para sempre.

Ele colocou as boxers que eu estava usando na minha


mão.

"Coloque-as de volta e fique muito quieta," ele sussurrou.

Puxei a boxer por cima da minha calcinha e sentei-me.


Eu assumi que a razão pela qual ele queria que eu ficasse quieta
era para que seu pai não soubesse que ele tinha uma menina em
seu quarto. Zeke era mais velho, mas talvez seja uma das regras
de seu pai ou algo assim. De qualquer maneira, eu
silenciosamente disse um obrigado para o pai de Zeke por
interromper o que estava a ponto de ser um momento muito
desconfortável. Eu não queria responder a quaisquer perguntas.
Eu não queria explicar a minha mudança de humor repentina.
Havia realmente apenas uma explicação para isso e não havia
nenhuma maneira que eu poderia ter inventado uma mentira tão
rápida.

Ficamos em silêncio no escuro conforme seu pai se


movimentava. Ouvimos água corrente e armários se fechando até
que, finalmente, a porta da frente foi aberta e fechada. Zeke
permaneceu em silêncio até que ouvimos o barulho do caminhão
sendo ligado e se afastando.
Depois que seu pai foi embora, ficamos em silêncio ao
lado um do outro na cama por mais um minuto antes dele se
levantar. Ele olhou para mim, um poste de luz do lado de fora de
sua janela cortando um caminho através de seu rosto. Sua
expressão era severa e ele parecia irritado. Eu me senti mal por
provocá-lo, mas não era como se tivesse feito isso de propósito.

"Boa noite," disse ele enquanto se afastava e ia para o


chão.

Eu afastei as cobertas de sua cama e entrei nelas.

"Boa noite," eu respondi.

Eu era a rainha do silêncio chorando e eu chorei até


dormir.
Treze

`;Fr
Zeke

Com os olhos arregalados, eu a ouvia chorar


silenciosamente embaixo de mim na minha cama. Eu não sei o
que aconteceu, mas me assustou. Eu não queria ir tão longe. Eu
não tinha a intenção de fazer mais do que olhar para ela quando
eu menti e disse que ela teria que se trocar aqui e não no
banheiro, porque poderia acordar o meu pai. Eu não conseguia
nem acreditar que ela caiu nessa e eu fiquei muito chocado
quando ela se virou e começou a se despir. Ela parecia muito
tímida mesmo para isso.

Eu assisti por entre meus braços quando ela tirou a


roupa e eu estava feito. Seu sutiã branco e calcinha sexy quase
acabaram comigo. Eu não sei o que me possuiu e me fez levantar
e ir até ela, mas era uma força que eu não podia lutar. Eu estava
atrás dela e ela ajustou suas roupas, seu perfume encheu meu
quarto. Só que desta vez não era o cheiro de grama recém-cortada.
Desta vez foi um cheiro suave feminino, como algo doce misturado
com seu perfume natural.
Quando ela puxou o cabelo para fora da gola da camisa,
eu queria chegar e correr meus dedos por ele. Eu nunca tinha
visto um olhar feminino tão sexy em toda a minha vida. Ela
parecia incrível nas minhas roupas e isso me deu uma satisfação
estranha, como se minhas roupas contra sua pele, de alguma
forma a fizesse parecer minha. Ela nunca poderia ser minha, e
mesmo que isso seja o que eu queria que ela fosse, eu nunca faria
isso com ela. Eu correria até que eu não poderia mais fugir antes
que eu manchasse a sua vida, fazendo-me uma parte dela. Ela
merecia mais do que eu poderia ser para ela.

Quando ela se virou e olhou para mim, senti me dar a ela


completamente. Ninguém nunca teve esse tipo de controle sobre
mim, e enquanto eu deveria ter odiado, porra, eu me senti bem.
Pela primeira vez na minha vida, estar com uma mulher não me
fazia sentir como um pecado erótico sujo. Parecia real. A sensação
da pele dela na minha pele, a forma como seu corpo reagiu sob
meus dedos, era certo.

Era mais do que apenas tentar transar. Era mais do que


ver uma garota quente nua. Para a maior parte, eu não tinha
sequer me preocupado em fazer me sentir bem. Bastava tocá-la e
puxar essas reações naturais dela, era suficiente para mim. Eu
nunca olhei para uma mulher e pensei sobre a sua beleza, mas
Patience era tão bonita. O jeito que ela se movia, os sons que
vinham de sua boca perfeita, eles foram demais para mim. Beijar
não era a minha praia. Na verdade, eu nunca beijei garotas, mas
eu quase a tinha beijado. Com ela, eu já tinha feito mais do que
com qualquer outra garota no departamento de beijos. Eu não era
o tipo de cara que plantava beijos suaves em uma mulher, mas
não consegui manter minha boca longe dela. Era como se eu fosse
um cara completamente diferente quando se tratava dela.
Quando ela parou debaixo de mim e eu vi aquele olhar de
puro medo em seu rosto, isso tinha sido como um choque de uma
tomada elétrica. Parecia que ela estava chorando, mas eu não
estava certo até que eu corri meu polegar sob seu olho e senti a
umidade.

Por que ela me deixou ir tão longe se não era o que ela
queria? Por que ela tinha sido tão receptiva aos meus toques se a
fez triste? Foi o momento mais confuso de toda a minha vida e
naquele breve momento de reflexão, deixei o velho Zeke tomar o
centro do palco novamente. Eu estava prestes a dizer algo
doloroso e rude quando ouvi meu pai se levantando para o
trabalho. Em seguida, o medo real bateu em mim.

As chances de ele vir no meu quarto antes do trabalho


eram pequenas, mas seria a minha sorte se ele não o fizesse. Eu
não queria que Patience visse esse lado da minha vida. Eu não
quero que ninguém saiba os detalhes embaraçosos que é ter
minha bunda chutada. Eu não senti alívio, até que ouvi o
caminhão se afastar.

Em vez de dormir, eu deitei lá e me forcei a ficar parado


até que eu ouvi sua respiração regular. Estava ficando ridículo.
Esse puxa e empurra com Patience estava fazendo minha cabeça
girar, e ainda por cima, eu sentia como se minhas bolas fossem
explodir.

Levantei-me, peguei algo para comer, e depois tomei um


banho quente. Eu tive certeza de usar sabão e minha mão para
obter algum alívio. Esperemos que esse bom tempo me ajude com
meus hormônios enlouquecidos por Patience. Eu tinha que
encontrar uma garota do meu mundo para ter relações sexuais
com ela. Isso é tudo que se resumia.
Quando eu saí do banho, sequei-me e coloquei algumas
roupas, depois voltei para o meu quarto para verificar Patience.
Ela ainda estava dormindo pacificamente, e se eu não tivesse
ouvido o choro dela na noite anterior, eu ainda descobriria pelo
inchaço ao redor dos olhos. Ela virou-se de costas e os lençóis se
moveram revelando uma das pernas e minha cueca cinza. Ela era
grande sobre ela e tinha mudado durante a noite onde agora eu
podia ter um vislumbre de sua calcinha branca.

Estendi a mão para puxar o lençol de volta e seus olhos


se abriram. Ela inclinou-se sobre os cotovelos, olhou ao redor da
sala, e depois pareceu se lembrar da noite anterior.

"Bom dia, luz do sol," eu disse suavemente, enquanto eu


procurava através da minha gaveta de meias. "É hora de você
acordar. Você quer tomar um banho antes de eu te levar para
casa?"

Ela sentou-se com os olhos sonolentos e cabelo


desgrenhado. Ela parecia incrível e tudo que eu queria fazer era
subir debaixo das cobertas quentes com ela.

"Eu vou ter um quando eu chegar em casa. Deixe-me


pegar minhas roupas e escovar meus dentes."

Ela entrou no banheiro e saiu minutos depois, vestindo


as roupas da noite anterior. Peguei minha guitarra e fomos
embora. O passeio até a casa dela foi tranquilo e quando eu parei
algumas casas para baixo da dela, ela abriu a porta e saiu. Antes
que eu pudesse me afastar, ela inclinou-se para a janela.

"Obrigada," disse ela com um pequeno sorriso.

Era uma única palavra, mas soou tão definitiva que meu
estômago doía.
"Não se preocupe."

Vi quando ela saiu do meu carro, e então eu fui embora e


não olhei para trás.

Passei todo o dia de domingo na casa de Finn, mas


quando um baseado foi passado para mim, eu recusei. O apelo de
ficar doidão simplesmente não estava lá. De vez em quando, eu
penso comigo mesmo que nem mesmo isso poderia me deixar tão
alto quanto Patience fez na minha cama, mas assim que o
pensamento entrou na minha mente, eu o esmaguei.

"Cara, o que diabos está errado com você?" Finn


perguntou depois que eu toquei o acorde errado pela décima vez.
"Temos tocado por anos e eu nunca ouvi você estragar assim. Você
fez isso na outra noite no The Icehouse, também. Você não está
cheirando essa merda, não é?"

"Não, cara, eu quero desacelerar, não acelerar. Eu só


tenho muita coisa na minha mente, eu acho."

Felizmente, os caras deixaram pra lá, mas eu estava


tendo uma séria dificuldade em me concentrar desde que Chet
decidiu trazer Megan no ensaio. Toda vez que ela recebia uma
mensagem de texto em seu telefone, eu me perguntava se era meu
Floco de Neve do outro lado.

Eu tropecei em minha casa perto de meia-noite,


completamente bêbado. Meu velho estava esperando na porta
quando eu cheguei lá. Eu estava bêbado demais para lembrar do
espancamento, mas na manhã seguinte, quando acordei para a
escola, meu lábio estava inchado e havia manchas de sangue por
todo o meu rosto. Aparentemente, eu não bloqueava muito bem
quando estava bêbado.
Patience não veio para o serviço comunitário durante
toda a semana, e embora eu jurasse que não tinha nada a ver com
o fato de que ela não estava lá, a semana foi a pior que eu tive em
um tempo. Praticamente, quando sexta-feira a noite chegou, eu
cedi e perguntei a Megan sobre ela. Eu tentei demonstrar que eu
estava feliz por ela não estar em torno de mim, mas realmente eu
estava preocupado. Não parecia com ela desaparecer da face da
Terra.

"Onde está a sua amiga Patience? Por que ela não está
aqui ficando no caminho?" Eu perguntei a Megan conforme eu
sintonizava minha guitarra.

"O que está errado, Zeke? Você está bravo porque não
conseguiu entrar em sua calcinha?" Riu Tiny.

Eu olhei para ele. "Ela não é meu tipo."

"Tanto faz, cara. Seu tipo é mulher e ela era toda do sexo
feminino,” disse Chet, ganhando um olhar puto de Megan.

"Ela tem estado doente. Eu acho que é gripe. Ela faltou


na escola durante toda a semana também. Eu não a vejo desde
aquela noite na The Icehouse e ela não tem realmente me
mandado mensagens também." Ela encolheu os ombros. "É
estranho. Patience nunca fica doente, mas eu acho que ela está
bem."

Nada disso pareceu bom pra mim. Patience faltando à


escola e ao The Boy’s Club não parecia ela. Talvez ela realmente
estivesse doente, mas meu instinto, que veio na hora errada, me
disse que não era. Eu tentei empurrá-lo para fora da minha
mente.

Eu não fui para casa naquela noite. Em vez disso, eu


dormi no sofá de Finn.

Descobrimos sábado de manhã que o The Pit estava


aberto novamente e no sábado à tarde, foi reservado para
tocarmos lá naquela noite. Eu nunca estive tão feliz em ver essas
paredes de concreto. Todos os grafites foram pintados, mas havia
alguns caras com tinta spray trabalhando em algo novo em uma
parede distante. Montamos e começamos a tocar uma vez que a
sala começou a encher.

Duas horas depois, eu estava encharcado de suor e tinha


um inferno de um zunido. Toquei pra caramba e a multidão
parecia estar se alimentando de nossa energia. A ruiva que eu
tinha visto antes ficava me dando olhares da primeira fila e eu
decidi no meio do set que eu estava levando-a de volta para casa
de Finn e obter alguma coisa. Algumas vezes eu me inclinei para
baixo, enquanto eu estava tocando e chegava a seu decote
transbordante.

Após o show acabar, nós arrumamos nossas coisas e


fomos para os carros. O interior do clube ainda estava pulando e
nós poderíamos ter ficado e festejado o resto da noite, mas eu
tinha uma ruiva chamada Stephanie disposta no meu braço e com
uma excitação que estava doendo contra meu jeans.

"Hey, Chet, vamos pegar vocês na casa de Finn depois,"


Eu chamei por cima do meu ombro enquanto eu pegava a ruiva
pela cintura e a puxava contra mim.

Eu sabia o nome dela, mas não era necessário. Ruiva era


um nome suficientemente bom para mim. Eu tinha sido aberto e
honesto sobre o que eu estava prestes a fazer esta noite e ela
parecia estar perfeitamente bem com uma rápida foda de uma
noite.
Quando eu me virei para sair, eu quase atropelei
Patience. Seus olhos azuis encontraram os meus e depois pousou
na minha mão, que estava segurando Stephanie perto de mim. Ela
mediu a menina ao meu lado e seus olhos foram para cima e
depois para baixo. Seu rosto era inexpressivo, quando ela olhou
para mim, mas eu vi a pequena rachadura em sua armadura
quando um breve segundo de dor encheu seus olhos.

"Hey, estranha! Muito tempo sem te ver," eu arrastei.

Seus lábios curvaram-se em um sorriso falso.

"É, eu estive meio ocupada esta semana." Ela encolheu os


ombros.

Eu não poderia dizer se ela estava mentindo ou não, mas


eu queria saber o que era tão importante para ela perder a escola
e o The Boy’s Club.

"Eu estarei de volta, baby. Eu vou correr ao banheiro


antes de sair," disse Stephanie quando ela inclinou a cabeça para
cima e me beijou no pescoço.

Era óbvio que ela estava marcando seu território para a


noite, mas Patience não parecia pegar. Uma vez que Stephanie
tinha ido embora, o espaço desapareceu em torno de mim e minha
atenção era toda em Patience. Ela estava usando um par de jeans
apertados e um top azul-claro que fez seu cabelo e olhos
destacarem.

"O que é isso?" Disse ela enquanto acenou para


Stephanie, que estava facilitando seu caminho através da
multidão em direção ao banheiro.

"Um homem tem necessidades, Floco de Neve." Eu sorri


para ela.
Sua garganta trabalhou de cima para baixo enquanto ela
engoliu em seco.

"As mesmas necessidades que eu não pude suprir." Seus


olhos foram para baixo como se estivesse envergonhada.

A dor nos olhos dela fez a pressão no meu peito se sentir


mais pesada. Eu queria dizer a ela que não tinha nada para se
envergonhar. Eu queria dizer a ela que estar com ela, mesmo sem
o sexo, tinha sido maravilhoso, mas eu não respondi. Eu apenas
dei de ombros e balancei a cabeça como se eu não estivesse
chateado com ela. Realmente, eu estava chateado comigo mesmo,
porque eu queria Patience para atender minhas necessidades. Eu
queria levá-la em algum lugar tranquilo e fazer o que ela quisesse.
Eu até abraçaria se isso significasse estar perto dela, mas isso
nunca iria acontecer, porque eu nunca deixaria isso acontecer.

"É o que é," eu finalmente disse.

Ela não respondeu. Em vez disso, seus olhos se


encheram de lágrimas não derramadas e ela balançou a cabeça
quando ela entendeu. Maldita seja por ser sempre tão
compreensiva. Maldita por não estourar comigo da mesma
maneira que eu faria se a visse com outro cara. Eu estava
chateado que ela tinha acabado de se afastar tão facilmente. Nós
não estávamos em um relacionamento ou qualquer coisa parecida
e nunca estaríamos, mas eu nunca desistiria dela assim tão fácil.
Embora, tecnicamente, não era isso o que eu estava fazendo? Eu
estava desistindo dela, mas eu estava fazendo isso por ela. Eu
nunca poderia ser o que ela precisava em sua vida e ela nunca
poderia ser o que eu precisava na minha. O que quer que fosse
que estivesse acontecendo precisava acabar. Já era praticamente
inexistente de qualquer maneira.
Foi então que Stephanie voltou do banheiro. Ela colocou
o braço em volta dos meus e disparou a Patience um sorriso
maligno. Patience sorriu docemente para ela, depois olhou para
mim. Algo em seus olhos me queimou. Talvez tenha sido a
resolução que eu vi neles, o fato de que ela estava perfeitamente
bem com apenas ir embora e me deixar sair com Stephanie. Por
alguma razão isso doeu no meu peito e estômago, e essa dor não
fez nada senão me irritar ainda mais.

"Divirta-se hoje à noite," disse ela com um grande sorriso


falso.

"Eu vou." No momento que as palavras saíram da minha


boca eu queria empurrá-las de volta e engoli-las para baixo.

Ela olhou para baixo e respirou fundo, e então ela se


virou e foi embora. Eu fiquei ali preso ao meu lugar até que eu
senti Stephanie puxar meu braço.

"Vamos fazer isso ou não?" Ela perguntou, impaciente.

Eu balancei a cabeça e fomos embora.

Acabei deixando Stephanie na casa dela e indo embora,


mesmo sem tocá-la. Desnecessário dizer que ela foi uma cadela
total sobre isso. Depois de ver Patience, eu não poderia ter
conseguido isso mesmo se eu quisesse e, de repente, eu não tinha
mais vontade de transar com a ruiva.

Eu não queria ir para casa. Era depois da meia-noite e eu


não queria lidar com o meu pai. Em vez disso, eu fui para a casa
de Finn. A festa havia se mudado para a casa dele e a garagem
estava cheia de pessoas que estavam no clube. Assim que eu
entrei, eu virei duas doses seguidas de vodka. Eu sabia no fundo
da minha cabeça que a maneira que eu estava bebendo estava
ficando fora de controle, mas parecia que a única coisa que me
trazia paz ultimamente, era Patience e ela era algo que eu não
estava disposto a afundar mais.

"Porra, cara, eu acho que você acabou de quebrar um


recorde mundial pela foda mais rápida." Finn riu quando ele jogou
o braço em volta do meu ombro.

Eu não lhe disse que nada aconteceu. O que pensariam


se soubessem que eu tinha pulado fora de uma garota pronta e
molhada, sem nem sequer tocá-la? Eles pensariam que eu perdi a
porra da minha mente, e eu estava começando a pensar a mesma
coisa. Finn começou a falar sobre algo que tinha a ver com The
Pit, mas uma vez que eu vi o corte de cabelo espetado de Megan,
meus olhos começaram a procurar pela garagem por longos
cabelos platinados que eu viria a amar tanto.

Ela estava sentada no canto, bebendo algo de um copo


vermelho, sozinha. Ela olhou para mim assim que eu a vi e eu não
perdi o alívio que apareceu em seu rosto. Sem sequer dizer alguma
coisa para Finn, eu saí e comecei andar em direção a ela.
Quatorze

`;Fr
Patience

Eu não podia decidir o que era pior, o que meu pai me fez
passar quando Zeke me deixou domingo de manhã ou de vê-lo
com a ruiva putanesca. O abuso que meu pai me deu através de
suas mãos, me manteve fora da comissão para o resto da semana,
mas ver Zeke com a ruiva seminua ia me manter para baixo por
muito tempo. Eu soube disso na hora em que senti vontade de
correr para o banheiro e vomitar o pouco de comida que eu tinha
conseguido comer naquele dia.

Eu passei a semana me escondendo no meu quarto


enquanto eu fingia ir para o treino e para escola. O passeio com
mãos sobre a mesa que meu pai me deu quando eu cheguei da
casa de Zeke tinha me deixado com um conjunto de costelas
fraturadas. Então eu passei a semana na cama, mal conseguindo
respirar. Foi a semana mais longa da minha vida e não foi até
sábado de manhã para me sentir próximo do normal.

As coisas estavam definitivamente ficando fora de mão e


precisavam mudar. Eu estava ficando desesperada e tendo
pensamentos loucos. Eu estava começando a planejar minha fuga.
O plano era embalar tudo o que eu pudesse e colocar no temido
Toyota cinza, sequestrar Sydney, e dirigir até que eu não pudesse
mais dirigir. Era o que eu realmente queria fazer, mas com a
minha mãe ligada a essa querida vida, literalmente, eu não
poderia induzir-me a deixá-la.

Parecia que as únicas vezes que me sentia mais viva era


quando eu estava com Zeke. Ele foi lentamente se tornando a
minha liberdade. Então, quando Megan me mandou uma
mensagem e me disse que Blow Hole estava tocando no The Pit, eu
agarrei a chance de vê-lo. Se eu soubesse que eu deixaria o The
Pit com costelas fraturadas e um coração fraturado, eu teria
mantido minha bunda estúpida na cama.

Eu queria sair logo em seguida e ir para casa, mas isso


não era uma possibilidade. Eu não tinha certeza se eu
sobreviveria a mais um ataque do meu pai, depois da última vez
em que cheguei tarde parecendo, como ele chamou, uma puta
selvagem. Então, eu passei o resto da noite dançando e curtindo
com Megan e Chet. Eu até os segui de volta para a garagem do
Finn e tomei uma bebida já aberta de um cara que eu não
conhecia. Autodestruição era o meu tipo de coisa agora,
aparentemente.

Eu me camuflei em um canto com meu copo vermelho,


cheio de Deus sabe o que, e via como as pessoas ao meu redor
riam, ficavam drogadas, e viviam suas vidas livres. Minhas
costelas ainda estavam doendo pra caramba, mas eu não me
importei. E então eu olhei do outro lado da garagem e vi Zeke
olhando para mim e tudo mudou. A sala desapareceu, incluindo
todas as pessoas nela. Senti meus nervos irem de normal à
hiperexcitados em segundos, quando ele começou a se arrastar
por toda a sala em minha direção. Seus olhos nunca deixaram o
meu rosto e ele manteve a sua expressão irritada.

"Vejo que agora você é uma garota regular de festa," ele


apontou para o meu copo.

"Vejo que você levou o lixo para fora e jogou em algum


lugar," disse, referindo-me a ruiva.

Ele sorriu para mim e mudou a franja de seus olhos.


"Você quer que eu pegue um guardanapo? Há um pouco de ciúme
em seu queixo."

Eu olhei de volta para ele. Ele estava certo. Eu estava


morrendo de ciúmes, mas, ao mesmo tempo, foi errado da minha
parte o querer para mim quando eu nunca poderia ter dele. Não
no sentido bíblico de qualquer maneira. Nenhum cara que eu
conheci jamais ficaria bem sem nunca ter relações sexuais e sexo
não era uma opção para mim. Eu acho que nunca seria.

"Não tenho nada para ter ciúmes."

Eu desejei que eu pudesse ter uma resposta melhor do


que essa, principalmente porque era uma grande, grande mentira,
mas também porque ele estava tão mal-humorado em suas
respostas que eu queria queimar o rabo dele com uma boa.

Seu rosto de repente ficou sério. "Você está certa. Você


não tem nada para ter ciúmes."

Eu queria perguntar-lhe o que isso significava, mas


parecia inútil. Em vez disso, eu inclinei o meu copo e tomei um
grande gole da bebida misteriosa. Quando eu trouxe meu copo
para baixo, eu soltei a única coisa que estava me incomodando.

"Você dormiu com ela?" Perguntei.


Seu rosto ficou escuro, duro como aço. Seus olhos
cortaram nos meus e eu sabia que eu tinha ido longe demais. Eu
parecia uma namorada ciumenta, e não era da minha conta com
quem ele teve relações sexuais. Eu sabia disso e ele sabia disso.

"Você está uma intrometida esta noite, não está?"

Eu não perdi o fato de que ele não respondeu minha


pergunta.

"Seja como for," eu disse enquanto eu me afastei da


parede e comecei a me afastar.

Ele me agarrou pelo pulso e me puxou de volta.

"Não," disse ele.

Essa pequena palavra fez tudo ficar melhor e eu odiei


isso. Por que eu me importava com quem ele dormiu? Ele era um
cara sexualmente ativo e eu tinha certeza que ele transava com
uma garota diferente a cada chance que tinha, mas de alguma
forma ver isso tornou real e isso era uma merda.

"Bom, então há esperança para você. Eu sabia que havia


um cara decente aí em algum lugar." Eu tentei sorrir para ele.

Ele não sorriu de volta. Em vez disso, ele se inclinou e


olhou com raiva para mim.

"Eu não ficaria muito esperançosa, Floco de Neve. Faça


um favor e não vá se iludindo em pensar que há algo remotamente
decente em mim. Eu faço o cara que seu papai lhe avisou parecer
como uma putinha. Eu fico drogado, eu bebo, e eu gosto de foder.
Se você é tão inteligente quanto eu acho que você é, você vai
colocar seu lindo e pequeno rabo para correr de volta para
Pleasantville e ficar longe de mim.” Ele lambeu os evidentes lábios
grossos, antes de erguer a cerveja e beber como se fosse água.
"Você acabou de provar meu ponto. Só um cara legal
daria a uma garota como eu, uma espécie de aviso.”

Havia mais nele do que apenas sexo, drogas e música. Eu


tinha conseguido um vislumbre do cara decente que ele mantinha
trancado. Ele poderia tentar se esconder de mim o quanto
quisesse, mas eu sabia a verdade. Ele era bom. Ele poderia ter me
deixado para morrer, mas ele não o fez. Ele poderia ter se
aproveitado de mim em seu quarto naquela noite, mas ele não o
fez.

Às vezes, quando ele olhava para mim, eu via algo mais


em seus olhos. Eu não tinha certeza do que era, mas era uma
centelha de algo que implorava para ser libertado. Não eram
ilusões de uma menina com uma paixão. Eu não estava vendo
coisas que não estavam lá.

Ele moveu-se rapidamente e pressionou-me contra a


parede. Suas mãos grandes capturaram minha cintura e
pressionaram suavemente. As minhas costelas doíam e
protestaram, mas eu não mostrei nenhuma dor. Inclinando-se, ele
correu os lábios até o lado do meu pescoço até que eu podia sentir
sua respiração contra meu cabelo. Ele mordiscou minha orelha e
depois deu um beijo suave atrás dela. Minhas pernas tremeram e
fechei os olhos.

"Você está fazendo de novo, menina bonita," ele


sussurrou. O cheiro de vodka flutuava em volta de mim. "Você
precisa entender a natureza da besta. Mesmo uma cascavel
assobia em alerta antes de atacar."

Engoli em seco e respirei fundo. "Você não iria me


atacar."

"Pode apostar sua bunda sexy que eu faria."


"Então faça isso." Eu o desafiei.

Ele se inclinou para trás e olhou para mim com um


sorriso arrogante.

"Não, você não fez por merecer. Além disso, eu tenho uma
coisa com ruivas." Ele tocou uma mecha do meu cabelo.

E foi assim que eu fiquei nervosa. Ele era tão irritante!


Ele pensava que todo esse excesso de confiança sufocada em seu
rabo era sensual. Ele pensava que era um presente de Deus
envolto em tatuagens e piercings. Era como se ele esperasse que
as mulheres babassem em cima dele. Bem, maldito seja ele e
maldita seja eu por fazer exatamente o que ele esperava. Eu
praticamente podia sentir a baba do lado da minha boca.

Ele pensa, porque ele foi cozido em luxúria em brasa e


temperado com feromônios ele poderia conversar com as pessoas
do jeito que ele quisesse? Ele pensa que porque ele podia tocar
guitarra, todas as mulheres ao seu redor deveriam apenas se
transformar em groupies do Zeke?

Claro, eu totalmente queria jogar minha calcinha para ele


toda vez que ele tocava, mas o ponto é que ele não sabia disso.

"Você é tão irritante. É como se você vivesse para me


irritar e eu estou cansada disso, de tudo. Então, vá buscar sua
putinha ruiva. Fico feliz que ela queira tanto você, porque eu
certamente como um inferno não quero. Eu realmente não poderia
dar uma merda sobre o que você faz com ela. Eu espero que você
foda com ela até que seu rosto caia." Eu me virei e joguei meu
cabelo loiro com as costas da minha mão, certificando-me de bater
na cara dele.

Ele agarrou um punho cheio deles e gentilmente me


puxou contra ele. Seu corpo quente estava pressionado contra
minhas costas. Seu forte batimento cardíaco bateu em meu
ombro, me lembrando do quão alto e grande ele era. Sua
respiração fez cócegas na minha bochecha enquanto ele
pressionou os lábios na minha orelha. Arrepios invadiram cada
centímetro da minha pele e eu tremi. Ele sentiu o meu arrepio e
riu baixinho. Foi profundo e escuro... Sexy.

"Cuspa todas as mentiras que você queira, Floco de


Neve." Sua mão serpenteava em torno de mim e em baixo da
minha camisa. Meus músculos abdominais apertados, fazendo-me
sentir dor em minhas costelas quando ele passou o dedo em volta
do meu umbigo. "Seu corpo falava minha língua na outra noite e
ele disse algo muito diferente. Eu não sou estúpido. Eu vejo o jeito
que você me olha. É quente e eu amo isso, porra. Eu aposto que
você fantasia sobre mim também. Um dia você vai me pedir essas
coisas que você fantasia. Se você for uma boa menina, eu poderia
lhe dar algum alívio quando essa hora chegar. Então, eu sugiro
que você jogue bonito." Ele deu um beijo quente na lateral do meu
pescoço e, em seguida, o ar frio entrou correndo em minhas costas
e o substituiu.

Eu fiquei ali em choque por um tempo. Por um lado, eu


nunca tinha falado assim com ninguém na minha vida. A palavra
com F não era algo que eu deixava cair muitas vezes e eu me
surpreendi quando falei. Segundo, meu corpo estava
supersensível e eu senti como se estivesse derretendo em uma
grande pilha de Patience bem ali no meio da garagem de merda de
Finn.

Ele estava certo. Eu tinha respondido a ele naquela noite


em sua casa. Eu estava respondendo a ele agora. Por sua vez, eu
queria que ele fizesse essas coisas que faziam o meu estômago
vibrar e girar ao mesmo tempo, mas querer e fazer são duas coisas
diferentes. Eu fantasiava sobre as coisas que eu nunca poderia
fazer e depois me punia por pensar em coisas que eram um
conflito direto com a minha sanidade.

O ponto era que Zeke estava me deixando ainda mais


louca do que já estava, e ficar longe dele era a melhor coisa que eu
poderia fazer, mas eu não podia. A parte pior era que eu amava o
jeito que ele me fazia sentir. Eu amava a cor que ele trouxe para a
minha vida. Nos momentos em que a vida tinha sugado todo o
meu oxigênio, ele mergulhou e me ajudou a respirar. Ele era
praticamente um desconhecido, um bad boy do lado errado da
cidade, mas de alguma forma bizarra, ele me ajudou a sobreviver.

Atirei meu copo vazio no lixo e me dirigi para a porta.


Megan estava aconchegada no colo de Chet e eu não estava
prestes a levá-la para longe dele apenas para que ela pudesse me
levar para casa. Eu tinha dois pés, e depois de ter sido trancada
em casa por uma semana, eu precisava do exercício. Eu não
poderia mesmo encontrar um motivo para ter medo das
repercussões quando chegasse em casa. Com o humor que eu
estava, meu pai era quem deveria estar com medo. Eu poderia
perfeitamente me ver quebrando seus dedos e não dar a mínima
para quem na casa soubesse.

O bairro de Finn não era o melhor. Havia um monte de


carros bloqueados e sirenes. Eu tenho certeza que eu passei por
alguns negócios de droga, e em uma das vezes, um grupo de
rapazes assobiaram para mim, mas depois de uma hora de
caminhada, a área tornou-se mais limpa. Eu andei em um posto
de gasolina que tinha vidro à prova de balas em torno dos caixas e
comprei um pacote de chicletes para me livrar do cheiro de álcool.
Em seguida, uma hora depois, eu estava no meu lado da cidade.
Minhas bochechas estavam queimadas do ar frio, mesmo
eu me encolhendo no meu casaco. Meus pulmões doíam de
respirar o frio e minhas costelas doíam tanto que eu queria
chorar. Caminhar até aqui não foi a ideia mais brilhante, mas
naquele momento eu estava quase em casa. Isso foi uma coisa boa
considerando que o céu estava ficando cinza e eu sabia que o sol
sairia em breve.

Eu teria chamado Megan para vir e me pegar, se não


fosse pelo meu telefone caro que não conseguia nunca manter a
carga. Um telefone mudo não era muito útil para qualquer pessoa
e passou pela minha cabeça várias vezes apenas jogar a maldita
coisa na estrada e deixar alguém passar por cima.

Finalmente – eu não tenho certeza de quanto tempo


devido ao meu telefone sem bateria e sem relógio - atravessei os
portões da frente do meu bairro. Eu estava chegando na esquina e
pude ver minha casa ao longe, quando ouvi pneus guinchando ao
meu redor. Eu congelei quando o carro batido de Zeke puxou para
cima e ele pisou no freio bem na minha frente.

Ele saltou do lado do motorista com os olhos selvagens.


Ele puxou o celular do bolso, discou um número, e então esperou.

"Hey... Sim, eu a encontrei... Ok, eu vou," disse ele ao


telefone.

Ele o enfiou no bolso, em seguida, olhou para mim com


os olhos irritados.

"Onde está seu telefone?" Ele perguntou calmamente.

A raiva estava borbulhando logo abaixo da pergunta e eu


poderia dizer que a qualquer momento ele estava prestes a lançar-
se em mim. Eu não sei porque, mas ele definitivamente estava
puto comigo.

"Está no meu bolso. Ele está sem bateria. Por quê? O que
tem de errado?"

Ele beliscou a ponta de seu nariz e respirou fundo.

"Megan está ligando para você e enviando mensagens de


texto toda a maldita noite. Por favor, me diga que você não andou
aqui todo o caminho da casa de Finn."

"Por quê? Ela está bem?” Eu comecei a entrar em pânico.

Eu não devia ter deixado ela lá sozinha. Um verdadeiro


amigo teria ficado.

"Ela está bem! Ela está pirando porque você estava longe
de ser encontrada. Nós pensamos que alguém tinha sumido com
você ou alguma merda assim!" Eu estremeci quando ele levantou a
voz para mim. "Agora, mais uma vez eu pergunto, se você andou
todo o caminho da casa de Finn até aqui?"

Eu estava com medo de responder a pergunta.

"Bem, eu não tive a intenção de preocupá-la, mas como


você pode ver, eu estou perfeitamente bem." Eu segurei meus
braços para os lados para mostrar que eu estava bem. "Eu apenas
estou com um sono do inferno e eu penso somente em ir para
casa dormir, mas, além disso, eu estou fantástica."

Eu pisei em torno dele e fui em direção a minha casa,


mas eu não cheguei a ir muito longe antes que ele agarrasse meu
pulso e me puxasse de volta para ele. Suas narinas estavam
dilatadas quando ele olhou para mim com lábios apertados. Seu
rosto estava ficando vermelho e eu estava com medo. Eu estava
prestes a sentir a ira de Zeke.
"Responda a pergunta." Suas palavras eram um sussurro
sinistro.

Eu sustentei seu olhar até que eu não podia mais e tive


que desviar o olhar.

"Sim, mas foi bom. Veja? Eu estou bem."

Ele largou meu braço e balançou a cabeça para mim.


Ainda assim, seus olhos furiosos queimaram em minha carne.

"Faça um favor para nós dois e fique do seu lado do


mundo. Não venha para The Pit. Não venha para a casa de Finn.
Basta ficar bem longe de todos nós."

E então ele se virou e foi embora.

Suas palavras machucaram. Elas machucaram muito


mais do que deveriam. Senti um aperto em torno de mim me
espremendo até que eu não conseguia mais respirar. Apenas
algumas horas atrás, ele estava me derretendo, mas com essas
palavras, ele fez mais do que me derreter. Ele me queimou e então
me fez em cinzas.

Seus pneus cantaram mais uma vez quando ele foi


embora. Tudo o que restava dele eram duas marcas de borracha
queimada na estrada em frente a mim.
Quinze

`;Fr
Zeke

Medo não era o som dos passos pesados do meu pai, que
vinha pelo corredor pronto para me bater. Medo não era acordar
de meu pesadelo repetindo a imagem dos olhos mortos de minha
mãe. Não, essas coisas não eram nada de medo.

O medo era olhar ao redor da casa de Finn procurando


por Patience e não encontrá-la. Eu havia perguntado a sua amiga
Megan onde ela estava e ela me disse que não tinha ideia. A
verdade é que eu nunca soube o que era ter medo até o momento
em que eu pensei sobre ela saindo da festa de Finn, tentando ir
para casa, e sendo estuprada e assassinada.

Megan chamou seu telefone uma e outra vez e todos nós


saímos procurando por ela. Durante horas procuramos até que,
finalmente, eu a vi andando até sua casa. O alívio que senti
quando vi seu cabelo loiro no amanhecer cinzento era tão extremo,
eu não poderia colocá-lo em palavras, mesmo que eu quisesse.

Enquanto eu dirigia para longe dela, eu não conseguia


lembrar o que foi que eu disse. Eu só sabia que eu estava irritado.
Eu estava irritado com ela por ter sido estúpida o suficiente para
andar sozinha à noite no bairro de Finn. Eu estava irritado porque
ela estava apenas casualmente andando enquanto Megan e eu
estávamos em um pânico completo. Eu estava irritado porque ela
foi capaz de me colocar em uma onda de pânico para começar.

Felizmente, eu tinha ido sozinho para encontrá-la. A


última coisa que eu queria era que meus amigos me vissem
pirando com o fato de que eu não poderia encontrar uma garota. E
eu estava pirando. Eu nunca tinha sentido esse tipo de ansiedade.
Meus dedos ainda estavam duros e dormentes por agarrar meu
volante tão forte por tantas horas.

Em um ponto, eu quase fiquei sem gasolina, mas


felizmente, eu tinha finalmente começado a fazer algum dinheiro
de Javier e eu fui capaz de encher o tanque e continuar
procurando por ela.

No meio do caminho para a minha casa, minha memória


começou a voltar e eu consegui lembrar que eu disse-lhe para
ficar longe. O ficar longe seria uma coisa boa, mas ao mesmo
tempo, a semana que passei sem vê-la tinha sido um inferno. Eu
não sabia o que estava acontecendo comigo e eu malditamente
odiava todas essas questões conflitantes que saltavam ao redor da
minha cabeça.

Então a culpa começou a surgir – outra emoção que eu


nunca tinha experimentado até Patience. Eu me senti mal por ter
gritado com ela, mas eu estava tão bravo com ela por se colocar
em perigo que eu não conseguia nem enxergar direito. Ela era a
rainha das más decisões e chegar perto de mim era ainda uma
das piores.
Eu tinha o seu número de celular no meu telefone desde
que Megan insistiu para eu programá-lo para o caso de achá-la.
Uma vez que cheguei ao meu quintal, peguei meu telefone e lhe
enviei um texto.

EU: Eu gritei com você pq o que você fez foi estúpido.

Não era exatamente um pedido de desculpas, mas era o


mais próximo que ela ia ter. Uma hora mais tarde, eu tive uma
resposta.

Patience: Devo levar-lhe um guardanapo? Você pode ter


algum pedido de desculpas em seu queixo.

Eu ri. Eu gostei do fato de que ela poderia despejar isso.


Eu também gostei do fato de que ela me pegou. Eu não queria
admitir isso antes, mas ela definitivamente me pegou. Eu não
tinha que lhe enviar um pedido de desculpas para ela saber que
meu texto era a minha maneira de pedir desculpas.

EU: Espertinha.

Patience: Grosso.

EU: Boa noite, Floco de Neve.


Patience: Boa noite, Zeke.

Eu desmaiei assim que deitei na minha cama e não


acordei após duas da tarde. Uma vez que estava totalmente
acordado, tomei banho e saí. Eu passei por meu pai na sala de
estar e, como de costume, ele não disse nada para mim. Ou ele
estava batendo em mim ou ele estava me ignorando. Eu tinha feito
um bom dinheiro vendendo drogas para Javier até agora, então eu
não estaria vivendo aqui por muito tempo de qualquer maneira.

Quando eu apareci na casa de Finn, eu entrei e dei de


cara com Chet e Megan se beijando no sofá.

"Vocês dois não têm suas próprias casas não?" Eu disse


quando deixei a minha guitarra ao lado da bateria de Chet.

"Então, você e Patience estão ok?" Perguntou Megan,


enquanto limpava a boca e ajeitava a parte superior.

"Estamos bem, mas não há nenhum eu e Patience," eu


disse quando caí no sofá.

"Oh, ok. Se é o que você diz." Ela sorriu para mim.

"Sério, nós somos apenas amigos."

"Eu vi vocês dois juntos ontem à noite naquele canto."


Ela assentiu com a cabeça para o canto da sala. "Pareciam mais
do que amigos para mim."

Finn chegou e me salvou de ter que responder, mas a


verdade é que eu não sabia o que o inferno Patience era para mim
mais. Eu só sabia que eu não fazia a coisa de namorada e se isso
é o que ela estava procurando, ela estava procurando no lugar
errado.
Ela não veio ao The Boy’s Club. Eu acho que ela levou a
sério o que eu disse sobre ficar longe. A semana passou lenta e foi
completamente um pé na bunda. Tocamos no The Pit na sexta à
noite e vi Megan, mas ainda nada de Patience. Então, quando me
encontrei com ela, na noite seguinte, em uma festa na casa de
Finn, eu estaria mentindo se dissesse que não estava um pouco
animado. Eu podia ver em seu rosto que ela estava muito
animada.

"Muito tempo sem te ver, menina rica." Eu brinquei com


ela.

Ela revirou os olhos.

"Meu nome é Floco de Neve." Ela sorriu.

Maldição, ela era divertida flertando.

"Então você sentiu minha falta?" Eu balancei a cabeça


para o meu amigo Connor que passou e disse oi.

"Eu senti sua falta tanto quanto você de mim."

Eu não poderia evitar. Eu tinha que dizer alguma coisa


doce.

"Tudo isso, huh? Droga, eu devo ser muito especial." Eu


pisquei.

Seu sorriso se espalhou e eu tive um sentimento de


satisfação. Eu gostava de fazê-la sorrir. Algo me disse que ela não
fazia muito isso em casa.

"Sim, deve ser." Suas bochechas ficaram rosa. Ela


estendeu a mão e colocou o cabelo atrás da orelha timidamente.
"Vocês deveriam tocar. Precisamos de um pouco de música aqui."

Ela estava certa. O lugar estava completamente quieto


demais.

"Você apenas gosta de me ver tocar."

"Talvez." Ela encolheu os ombros e olhou para mim


através de seus cílios.

Eu adorei quando ela fez isso. Ela parecia tão gostosa


quando ela flertava. Não havia como negar. Caramba, eu gostava
de Patience, e se você me perguntasse, eu também sentia falta
dela. Droga, era difícil admitir para mim mesmo, mas coisas ruins
aconteceram.

Nós ficamos juntos a maior parte da noite e eu


furtivamente a tocava de vez em quando. Nenhuma vez ela
empurrou para longe de mim, e eu estava contente de ver que ela
estava se tornando confortável comigo. Quando Megan bebeu
demais e desmaiou no sofá de Finn, eu sorri para mim mesmo,
porque eu sabia que eu ia ter que levar Patience para casa.

Depois que eu já estava com ela no meu carro e não


estávamos cercados por um grupo de pessoas, eu poderia
realmente transformar o flerte. Normalmente, eu era o grande
paquerador nas festas de Finn, mas sequer tinha me ocorrido que
eu não tinha prestado atenção em nenhuma das outras meninas
que estavam lá. Em um determinado momento, Stephanie, a
ruiva, ainda tentou se atirar para mim, mas eu quase não notei.

"Eu acho que ela faz isso comigo de propósito," Patience


disse quando ela abriu sua janela.

"Por que ela te deixaria sem carona de propósito?"

"Eu nunca fico sem carona, porque você sempre me leva


para casa. Ela só bebe demais quando você está por perto.” Ela
olhou por cima de mim.
Isso só poderia significar uma coisa.

"Então, ela bebe demais para a gente ficar a sós?" Eu


perguntei.

"Sim."

"Você disse a ela que gostava de ficar sozinha comigo?"

Eu realmente esperava que fosse esse o caso, porque eu


adorava estar a sós com ela.

"Não exatamente com essas palavras."

"Então o que você disse a ela?"

Meu carro pareceu muito grande. Eu queria que ela


estivesse mais perto de mim. Olhei para ela e seus olhos se
conectaram com os meus. Não era seguro para dirigir com ela no
carro. Foi difícil como o inferno para manter minha atenção na
estrada quando ela se sentou a poucos metros de distância.

"Isso não é importante." Ela balançou a cabeça.

"É para mim."

E era. Era inteiramente muito importante. Por que diabos


era tão importante?

Nós estávamos chegando mais perto de sua casa e


parecia que quanto mais perto chegávamos, mais nervosa ela
ficava. Algo definitivamente estava acontecendo em sua casa. Eu
desejei para mim mesmo que ela se abrisse e me contasse para
que eu pudesse ajudar, mas, novamente, eu nunca falei sobre os
meus problemas em casa, então eu realmente não podia esperar
que ela falasse os dela.

"Zeke?"
Eu amava o jeito que ela dizia meu nome – como um
apelo emocional, como se eu fosse a única coisa que ela sempre
quis se segurar. Isso me fez sentir importante; isso me fez sentir
necessário.

"Sim?"

Ela torceu as pontas dos cabelos nervosamente. "Você


pode me levar para casa?"

"Eu estou te levando para casa, querida."

Eu estava esperando que ela dissesse mais alguma coisa.


Eu não sei o que mais eu queria ouvir, mas a maneira como ela
disse meu nome era tão profundo e desesperado. Eu senti que
havia algo mais que ela queria me dizer.

"Não, quero dizer se você não poderia me levar para sua


casa. Posso ficar com você esta noite?"

Apenas assim, meu carro encolheu cinco tamanhos e eu


a senti tão perto que podia sentir o calor do seu corpo contra o
meu lado. O que ela estava dizendo? Ela queria fazer sexo comigo?
Eu não podia negar o fato de que eu estava pensando em ter
relações sexuais com ela a partir da palavra "ficar”, mas havia um
problema e o problema era que eu sabia que o meu pai ainda
estaria acordado. Eu não podia levá-la lá. Eu não queria que ela
visse isso.

"Eu não acho que seja uma boa ideia, Floco de Neve."

Eu assisti seu rosto cair e eu me senti horrível. Eu não


queria que ela pensasse que eu não a queria, porque Deus sabia
que sim, mas eu simplesmente não podia correr esse risco.

Ela abaixou a cabeça e brincou com os dedos. "Eu não


quero ir para casa."
E então eu entendi. Não é que ela queria a mim; ela
apenas não queria ir para casa, e se ela não queria ir para casa,
tinha que haver um motivo muito bom.

"Que tal irmos ao parque um pouco?"

Um pequeno sorriso levantou o canto da boca. "Ok."

Então eu fui para o parque perto do The Boy’s Club e


estacionamos, mas em vez de fazermos sexo, como a maioria das
pessoas fazem, nós conversamos.

"Então, como sua mãe tem passado?" Perguntei.

"Ela tem seus dias bons e seus dias ruins. Câncer é uma
vadia."

"Concordo."

Eu não tenho que lhe dizer que a minha mãe morreu de


câncer também. Quando ela olhou para mim e balançou a cabeça,
eu sabia que ela sabia. E é assim que a próxima hora passou. Ela
me contou sobre sua irmã, Sydney, e quão próximas elas eram.
Ela me contou sobre seu amor pelo futebol e sobre a partida que
jogou mais cedo naquele dia. Tão pequena como ela era, eu nunca
teria imaginado que ela era tão durona no futebol.

Quando foi a minha vez de falar, eu disse a ela sobre


como a banda começou e sobre os caras. Fiz-lhe rir algumas vezes
quando eu falei sobre Tiny e as meninas que o amavam. Ela fazia
perguntas, mas nada muito pessoal e nada que eu não estava
disposto a responder. Ela era tão respeitosa com minha
privacidade e eu a apreciava por isso. Nem uma vez falamos de
nossos pais. Eu estava grato que ela não perguntou sobre o meu e
eu sabia que não devia perguntar sobre o dela.

"Alguma vez você já teve uma namorada?"


"Não, apenas garotas que eu me enrosco por aí." Eu dei
de ombros e estiquei as pernas.

"Sim, eu ouvi que você tem uma mulher diferente a cada


noite." Ela riu, mas soou forçado.

"Eu costumava ter, mas não desde que eu conheci você."

Seus olhos se chocaram contra o meu. Eu não tinha


certeza do porque eu ter confessado isso. Talvez fosse porque
estávamos falando por tanto tempo e eu estava confortável com
ela. Eu não sei, mas no momento em que as palavras saíram da
minha boca, seus olhos se iluminaram. Eram piscinas azuis
fluorescentes de emoção e eu poderia dizer que a minha confissão
a agradou.

"Sério? Por quê?"

Eu sabia que ela ia me perguntar isso e a verdade é que


eu não sabia o porquê.

"Talvez eu esteja esperando por você." Eu olhei para ela e


sorri.

Ela respirou fundo e olhou para longe.

"Você não deveria fazer isso," disse ela suavemente. "Eu


não acho que eu poderia ser como as garotas que você está
acostumado."

Bom. Eu não queria que ela fosse qualquer coisa


parecida como as meninas que eu estava acostumado. Eu queria
que ela fosse Patience, meu Floco de Neve, exclusivamente apenas
ela. Não havia ninguém como ela, e eu não a queria de outra
maneira.

"Bom," eu disse.
Ela balançou a cabeça. "Não, não é bom."

Estendi a mão e a puxei para perto de mim. As palmas de


suas mãos pousaram em meu peito e ela olhou para mim. Eu não
perdi a expressão nervosa no seu rosto ou o fato de que seu corpo
tremia um pouco.

"Sim, é muito bom." Eu passei os dedos pelos seus


cabelos. "A primeira vez que te vi eu sabia que você era diferente.
Eu acho que você é perfeita do jeito que você é." E eu quis dizer
isso. Eu realmente quis, mas isso não significava que eu queria
dizer isso em voz alta.

Eu já estava me xingando por dizer algo tão ridículo. Por


que eu estava sentado no meu carro, falando docemente com essa
menina, quando o que eu deveria estar fazendo era tentar entrar
em sua calcinha?

Ela estendeu a mão e empurrou meu cabelo para fora do


meu rosto com seu dedo. Ela estava tão perto que eu podia sentir
seu hálito quente contra a minha boca. Seus olhos brilhavam na
escuridão enquanto ela olhava para mim.

"Estou longe de ser perfeita. Confie em mim. Eu sou a


pessoa mais imperfeita que conheço." Ela se virou.

Pegando em seu queixo, virei seu rosto para mim


novamente. Seus lábios pareciam tão gordos e úmidos, mesmo
estando virados para baixo em uma careta. Eu queria que ela
sorrisse. Eu queria isso do mesmo jeito que eu queria minha
próxima respiração, e eu queria beijá-la. Eu tinha lutado com isso
por um tempo, mas eu definitivamente queria beijá-la.

"Patience." Seu nome saiu em um suspiro.

Eu deixei minha mão escorregar para o lado de seu


pescoço. Meus dedos giraram nos cabelos macios atrás da orelha.

"Sim?"

Nós dois estávamos respirando tão duro que minhas


janelas do carro foram ficando embaçadas. Foi a primeira vez na
minha vida que eu tinha embaçado as janelas fazendo algo
diferente do que sexo.

Ela estendeu a mão e colocou o cabelo atrás da orelha e


mordeu o lábio como se ela soubesse o que eu estava pensando.
Ela fechou os olhos e suspirou quando eu corri meu polegar sobre
seu lábio inferior.

"Eu acho que eu quero te beijar."

Então é isso. Eu disse isso e não tinha como voltar atrás.


Eu não tinha beijado uma menina desde que eu tinha quatorze
anos. Principalmente porque eu sentia que era totalmente pessoal,
mas com Patience eu queria que fosse pessoal. Eu queria saboreá-
la de maneiras que eu não tinha experimentado outras mulheres,
e beijar era a única maneira que eu poderia fazer isso.

Seus olhos se arregalaram e sua garganta subia e descia


quando ela engoliu em seco. Sua respiração acelerou enquanto eu
dei-lhe um minuto para deixar minhas palavras afundarem. Se ela
não estava bem com ser beijada, eu estava dando a ela muito
tempo para dizer isso. Eu tinha a sensação de que uma vez que
minha boca conectasse com a dela, levaria muito para eu parar.

"Eu acho que eu quero que você me beije," ela sussurrou.

Olhei para sua boca doce e mordi o aro em meu lábio.


Inclinei sua cabeça para encontrar a minha. Deixei meus lábios
roçarem os dela e eles estavam tão suaves quanto parecia. Um
pequeno ruído escapou de sua boca e eu perdi o controle.
Eu pressionei meus lábios nos dela e experimentei um
novo mundo. Fechei os olhos e a tomei nos braços. Ela jogou os
braços em volta do meu pescoço e se derreteu em mim. Senti seus
dedos no cabelo na parte de trás do meu pescoço e, em seguida,
sua boca se abriu um pouco e eu levei isso como um convite para
aprofundar o beijo.

Foi melhor do que o sexo de alguma forma. Eu tinha feito


sexo o suficiente na minha vida, mas isto era mais profundo.
Desta vez foi diferente. Era como estar dentro dela em um nível
totalmente diferente. Eu a estava deixando me inspirar. Eu a
estava respirando e ela era a respiração que eu precisava tomar
por toda a minha vida.

Tudo de ruim foi embora naquele momento. Ela acalmou


cada cicatriz, tirou todas as más memórias. Ela me fez melhor.
Meus olhos estavam fechados, mas havia tanta luz nos rodeando.
Pelo menos eu me sentia assim, e aqueceu minha pele. Eu estava
absorvendo um calor de cura que se espalhou através de mim
como um fogo eufórico.

Beijei-a até que estávamos sem ar e pendurados um no


outro. Então eu quebrei o beijo, respirei fundo, e fui para mais
uma rodada. Eu não conseguia o suficiente. Ela agarrou-se à
frente da minha camisa como se eu fosse seu salvador e eu pensei
que era apropriado, já que, de muitas maneiras, ela era a minha.
Ela era a sensação de paz que eu estava procurando em todos os
lugares errados.

Ela se afastou e respirou fundo outra vez e lambeu os


lábios. Isso me deixou selvagem. Ela me provou da mesma forma
que eu a provei e eu gostei. Ela se apertou firmemente contra
mim. Seu corpo se moldou ao meu como se ela fosse feita
especialmente para mim, e eu estava começando a pensar que ela
era.

Ela se inclinou e me beijou novamente e eu a deixei


tomar o controle. Ela se aprofundou em nosso beijo quando ela se
levantou de joelhos ao meu lado. Cheguei por trás dela e coloquei
minhas mãos em seus quadris. Ela estava em cima de mim, ao
meu redor, dentro de mim, e então ela me chocou quando ela
deslizou uma perna em cima de mim e montou minhas coxas.

Eu quebrei o beijo e olhei para ela. O pânico habitual não


estava lá. Seus olhos estavam arregalados e cheios de emoção.
Eles tinham o mesmo olhar vidrado de uma menina no meio do
sexo. Seu cabelo caía em meu rosto enquanto ela banhava meus
lábios e bochechas com suas respirações suaves, ofegante. Ela
parecia querer ir além, mas naquela noite na minha casa também,
a noite que ela me parou com lágrimas em seu rosto. Eu não
podia passar por isso novamente. Eu explodiria.

"Talvez devêssemos diminuir o ritmo," eu disse.

Eu queria rir em voz alta, mas eu estava com muito medo


de estragar o momento. Foi tão uma coisa de garota de se dizer,
mas eu não queria pressioná-la demais. Já tínhamos estabelecido
o fato de que ela não era nada como as meninas que eu
costumava ficar. A última coisa que eu queria fazer era assustá-la
novamente.

"Você quer ir mais devagar?" Ela perguntou. As


sobrancelhas dela se inclinaram em confusão.

"Claro que não, mas você surtou da última vez e eu não


quero que isso aconteça de novo," eu disse honestamente.

Senti seu corpo ficar um pouco tenso e ela olhou para


mim como se ela estivesse prestes a lançar uma confissão enorme
sobre mim. A expressão estava lá por um breve momento antes de
ela limpá-la.

"Desculpe-me por ficar com medo. Eu desejaria que eu


não ficasse, mas não é algo que eu possa evitar."

Eu odiava a ideia dela estar com medo de algo. Quando


ela estivesse comigo, medo deveria ser a última coisa em sua
mente. Patience trouxe uma veia protetora em mim que iria
derrubar qualquer um, se isso significasse mantê-la segura.
Assim, a ideia de que eu colocava medo em seu coração me dava
nojo.

Ela olhou para longe de mim como se tivesse falado


demais, mas eu coloquei minhas mãos em seu rosto e a forcei a
olhar para mim. Seus dedos cravaram em minha camisa e olhos
feridos encontraram os meus.

"Nunca tenha medo de mim. Eu nunca faria nada para


machucá-la e eu destruiria qualquer um que tentasse."

Duas coisas aconteceram depois disso.

Primeira: Eu levei um tapa na cara com a constatação de


que eu tinha sentimentos por Patience. Eu tentei e Deus sabe que
eu tentei evitar que isso acontecesse, mas eles estavam lá,
sentados dentro de mim onde eu não poderia chegar até eles para
jogá-los para longe, e depois desse ponto, eu não tinha certeza se
queria mais que eles se fossem.

Segundo: Ela fechou os olhos e uma única lágrima


escorreu pelo seu rosto quando um sorriso minúsculo surgiu
através de sua boca. Ela colocou as mãos frias em meu rosto e
olhou para mim como se eu fosse tudo o que eu nunca seria e
então ela se inclinou e me beijou como se sua vida dependesse
disso.

Uma onda de relaxamento atravessou seu corpo e ela


colidiu em mim emocionalmente. Seu corpo se fundiu no meu e eu
não tinha certeza de onde eu terminava e ela começava. Suas
mãos estavam por toda parte, no meu cabelo, envoltas na minha
camisa quando ela tentou me puxar para perto, e então através da
minha camisa contra a minha pele.

Quebrando o beijo, eu me inclinei e pressionei meus


lábios contra o lado de seu pescoço. Eu chupei suavemente a pele
lisa apenas sob o queixo. Ela engasgou e seus dedos cravaram em
meus lados. Seu pulso era rápido contra meus lábios enquanto eu
os corria para o lado de seu pescoço.

Ela estava tremendo, mas não de medo ou ansiedade. Ela


estava tremendo como uma menina à beira de uma nova
experiência. Ela respondeu da mesma maneira naquela noite em
minha casa, na minha cama. Eu amei suas respostas. Eu nunca
tinha tido uma garota me respondendo dessa maneira. Ela era
tímida, mas ainda assim era difícil de se segurar, e eu a queria
solta em mim.

Corri minhas mãos por suas pernas e agarrei seus


quadris. Puxei-a para mais perto e ela fez o resto do trabalho
quando começou a pressionar-se contra mim e mover os quadris
para trás e para frente.

Um gemido rouco derramou de seus lábios e ela deixou


cair a cabeça para trás com os olhos fechados. Foi a coisa mais
erótica que eu já tinha visto. Eu tinha visto mulheres nuas se
darem prazer para mim, mas Patience ainda estava
completamente vestida e ela não estava fazendo isso por mim; ela
estava fazendo isso para si mesma. Foi um enorme tesão.

Eu empurrei a parte inferior de sua camisa e passei os


dedos através de seu umbigo. Seu estômago entrava e saía com a
respiração pesada. Meus olhos chocaram com o dela quando olhei
para cima. Havia uma pequena tensão em seu rosto, e eu sabia
muito bem sobre o que a tensão era. Seu corpo estava amarrado e
apertado e se eu sabia alguma coisa, era como tocar uma corda
tensa. Eu queria liberar a tensão em seu corpo e ver o alívio em
seu belo rosto.

"Isso está bom?" Eu perguntei quando eu deixei a minha


mão se movimentar para baixo.

Minha voz falhou e eu me assustei em como eu estava


conectado no momento. Estar com uma garota não era nada de
novo para mim, mas Patience me fez sentir como um virgem de
quinze anos de idade. Eu não posso dizer que eu odiava, mas era
diferente.

Ela mordeu o lábio inferior e assentiu com a cabeça que


sim. Minha mão escorregou um pouco mais e deixei meu dedo
correr apenas dentro de seus jeans. O elástico rendado da
calcinha fez cócegas nas pontas dos meus dedos e ela fez um
pequeno gemido que foi, provavelmente, o ruído mais sexy que eu
já tinha ouvido uma menina fazer. Eu estava indo devagar com
ela, mas ir devagar foi divertido. Eu estava brincando comigo e
brincando com ela ao mesmo tempo. Por mais que eu amasse
foder rápido e duro contra uma parede, ir devagar com Patience ia
ser incrível e eu tive a nítida sensação de que eu gostaria de me
lembrar de estar com ela dessa forma para o resto da minha vida.

Eu levantei meu dedo de sua pele e sorri quando ela


levantou os quadris e trouxe seu corpo de volta para o meu dedo.
Ela não estava falando, mas seu corpo estava falando por ela. Ela
queria o que eu tinha para oferecer e, neste exato momento, eu
estava oferecendo tudo o que eu tinha.

Com as mãos hesitantes, ela levantou minha camisa e


puxou-a sobre a minha cabeça. Seus dedos correram pelos meus
ombros e meu peito. Suas mãos pareciam incríveis na minha pele
quando ela suavemente passou as pontas dos dedos sobre meu
abdômen. Abaixei-me e desabotoei a calça jeans. Eu queria senti-
la novamente.

"Posso te tocar?" Eu perguntei sem fôlego.

Eu perguntei a última vez que isso aconteceu com ela. Eu


não tinha certeza do porque que eu perguntei. Eu nunca pedi
permissão para qualquer coisa na minha vida, mas a pequena voz
no fundo da minha cabeça, a que estava me dizendo para ir
devagar, foi também me dizendo que eu precisava de permissão
para tocá-la. Inicialmente, eu apenas a queria, mas agora, depois
de tocá-la um pouquinho, meu corpo precisava dela. Nenhuma
outra garota poderia aliviar essa dor. Foi bem colocada na boca da
minha zona pélvica e a combinação para a liberação era o seu
toque.

"Sim, por favor." Sua voz era tensa e silenciosa.

E foi como a resposta para todas as minhas orações. Ela


deixou a cabeça cair no meu ombro e eu respirava o perfume de
seus cabelos. Eu deslizei meu dedo para baixo e deixei-o
mergulhar em sua umidade. Ela estava tão molhada. Eu nunca
tinha sentido tanta umidade no corpo de uma mulher e foi
magnífico.

E então sua boca estava na minha novamente e ela me


beijou com força. Barulhinhos foram pressionados contra os meus
lábios enquanto eu a tocava com os dedos experientes. Ela
começou a dizer meu nome suavemente ofegante e empurrando
seus quadris. Sua resposta foi tão sexy, inocente, mas
definitivamente sexy.

Esse era geralmente o ponto em que eu tiraria toda sua


roupa deixando-a nua e acharia o meu caminho dentro dela, mas
algo sobre a maneira como ela movia seu corpo, seus movimentos
inexperientes... Eu gostava de fazê-la se sentir bem. Por mais que
eu quisesse a minha própria liberação, eu queria muito mais a
dela.

Olhando para cima em seu rosto cheio de prazer, ela


abriu os olhos e cravou nos meus. Ela inclinou a cabeça para trás
e abriu a boca para o ar extra. Ela estava tão perto. Eu podia ver a
doce dor em seu rosto. Sua respiração tornou-se irregular e ela me
puxou para mais perto.

Uma sensação de prazer bruto ondulou em cima de mim,


quando ela começou a sussurrar meu nome uma e outra vez. Seus
dedos cavaram mais fundo em meus ombros e eu senti seus
movimentos cada vez mais ferozes. Então a coisa mais linda que
eu já tinha visto aconteceu. Ela mordeu o lábio, jogou a cabeça
para trás e gemeu uma versão longa de cortar a alma.

Sua expressão era de choque quando ela olhou de volta


para mim. Sua pele avermelhada brilhava a luz da lua quando ela
voltou em si. Eu alcancei e coloquei seu cabelo atrás da orelha. Eu
fui para outro beijo, mas sua expressão mudou de repente e ela
parecia que estava prestes a ficar doente.

"Oh meu Deus, o que eu fiz?" Ela perguntou.

Pânico encheu seus olhos e ela olhou para mim como se


nunca tivesse me visto antes.
Eu não sabia o que estava acontecendo. Eu nunca tinha
visto uma menina reagir desta maneira antes. Ela se esforçou
para sair dos meus braços, mas algo me disse que se eu a
deixasse ir, eu nunca mais a veria. Ela começou a chorar e
empurrar contra o meu peito.

"Floco de Neve? O que está errado? Você não fez nada


errado." Eu tentei pressionar minhas palavras para passar esse
seu escudo de pânico.

Ainda assim, ela continuou a olhar para mim como se eu


fosse um estranho tentando atacá-la, e ela batia contra o meu
peito enquanto tentava se libertar. Eu sabia que deveria deixá-la
ir, mas de repente a ideia de não vê-la novamente me fez sentir
louco. Eu precisava dela para se acalmar. Eu queria conversar
sobre isso com ela.

"Floco de Neve! Hei, sou eu, Zeke, e eu nunca faria nada


para machucá-la. Por favor, pare com isso," eu implorei.

Foi a primeira vez para mim. Eu nunca implorei, mas ela


estava agora hiperventilando e eu estava com medo que ela
exagerasse e pulasse fora. Eu a liberei para que não se
machucasse e ela pulou de cima de mim e bateu seu corpo contra
a porta do lado do passageiro.

Ela arranhou a porta até que finalmente encontrou a


maçaneta. O ar frio correu para o meu carro, quando ela bateu a
porta e saltou para fora. Eu segui atrás dela, mas ela não foi
muito longe antes que ela corresse direto para os braços de seu
pai. Havia três policiais que estavam atrás dele.

Os policiais olhavam para mim como se eu fosse um


estuprador procurado. Seu pai olhou para mim como se quisesse
me matar no local. E Patience olhou para mim como se estivesse
me implorando para salvá-la.
Dezesseis

`;Fr
Patience

Protegida. Preciosa. Perfeita. Eu senti todas essas três


coisas nos braços de Zeke. Eu nunca tinha conhecido o amor,
além do amor que eu tinha pela minha mãe e irmã, mas quando
olhei para o rosto de Zeke depois que ele me beijou, eu sabia que
eu estava apaixonada por ele.

Eu tinha me apaixonado por Zeke. Ele era escuro e


perigoso, mas ele também era o lugar mais seguro do mundo para
mim. Ele, de alguma forma, tornou-se minha casa, um lugar para
eu ir e reunir os meus pensamentos. Um lugar onde eu poderia
deixar ir tudo de ruim e tomar um pouco de coisas boas.

Eu nunca tinha estado tão perto de alguém na minha


vida, eu nunca tinha revelado coisas sobre mim do jeito que eu fiz
com ele. Eu tinha estado à beira de dizer-lhe meus segredos sujos,
coisas que poderiam mudar minha vida, coisas que poderiam
arruinar meu pai e destruir a minha mãe. Isso é o que Zeke faz
comigo; ele me faz querer soltar tudo.
Quando ele me beijou, havia uma ligação entre nós e eu
tinha certeza que ele sentiu isso também. Ele tinha que ter
sentido. Foi tão forte. Era como se as nossas almas tivessem se
colidido e começassem a reconstruir uma a outra. Era poderoso e
me empurrou sobre a borda e direto nele.

Eu tinha certeza de que eu nunca senti qualquer coisa do


tipo, mas uma que vez ele me tocou com os dedos e meu corpo
experimentou uma libertação que nunca teve antes, eu sabia que
estava transformada. Ele minuciosamente colocou os dedos em
lugares que só um homem experiente poderia e trouxe uma
realidade que eu nunca soube que existia, um lugar onde ser
tocada era maravilhoso e gratificante, um lugar repleto de alívio.

Mas no minuto que a sensação foi dissolvida, algo trágico


aconteceu e virou meu belo momento em um pesadelo. Olhei para
o rosto de Zeke e ele sorriu timidamente para mim. Algo sobre a
maneira como ele olhou para mim parecia errado. Tudo parecia
errado, e eu estava esperando o golpe. O que eu tinha feito era
ruim e o castigo a seguir era certo.

O lado lógico de mim sabia que eu estava sendo


irracional enquanto eu lutava para ficar longe dele, mas as partes
doentes de mim sabiam que não era bom o que tinha acabado de
fazer. Um pânico que eu nunca tinha experimentado antes tomou
conta de mim e eu entrei em um ataque de ansiedade total. Eu
não estava tentando fugir de Zeke tanto quanto eu estava
tentando sair do carro. Eu precisava de ar. Eu precisava respirar e
o carro era muito pequeno e ele estava muito perto.

Uma vez que eu estava fora do carro, corri direto para o


único lugar que eu nunca quis estar novamente, os braços de meu
pai. Seus olhos bateram em mim e seu aperto era tão forte que eu
tinha certeza que ele ia arrancar meus braços pela metade. Nesse
ponto, tudo o que eu queria fazer era subir de volta para o carro
de Zeke e desaparecer, mas não havia fuga, especialmente quando
vi os policiais que estavam atrás de meu pai.

Meus olhos encontraram os de Zeke e algo se passou


entre nós. Eu precisava de ajuda e eu queria lhe pedir para me
salvar, mas isso não poderia acontecer. Eu nunca poderia pedir
sua ajuda. Pedir sua ajuda exigiria revelar verdades, e eu nunca
poderia fazer isso.

"Deixe-a ir," disse Zeke. Sua voz tinha um toque de


ameaça.

Os dedos do meu pai me apertaram e eu sabia que era


sua maneira de dizer que seria melhor ficar parada. Eu sabia que
meu pai era poderoso e eu também sabia que ele poderia destruir
o pouco que Zeke tinha. Assim como Zeke tinha prometido me
proteger, eu faria o mesmo por ele, assim eu fiquei ali. Tanto
quanto eu queria correr de volta para ele, eu não fiz.

"Zeke Mitchell, você não aprendeu a lição ainda, meu


filho? Eu poderia ter esses oficiais agradáveis o prendendo, já que
eu tenho certeza que você tem drogas em seu carro, mas não vou
fazer isso. Tudo que eu peço é que você entre em seu carro e vá
para casa. Patience está indo para casa também, e tudo o que está
acontecendo entre vocês precisa parar. Patience irá para a
universidade em poucos meses de qualquer maneira."

Os olhos de Zeke encontraram os meus, como se


estivesse procurando a verdade. A verdade é que esta foi a
primeira vez que eu ouvi sobre algum plano de faculdade. Eu
ainda não tinha escolhido por nenhuma, desde que eu não tinha
planos de deixar Sydney por conta própria. Qualquer coisa, eu
faria uma escola técnica local, até que Syd se formasse.

Em vez disso, dei de ombros e dei-lhe um pequeno


sorriso torto que disse que estava arrependida. Ele não o
comprou. Seus olhos me disseram que sabia que eu estava
jogando com a merda do meu pai. Então, eu forcei o sorriso mais
real que eu poderia apenas para ele.

"Está tudo bem, Zeke. Diga a Megan que envio um texto


para ela mais tarde. Eu precisava ir para casa de qualquer
maneira. Eu me diverti. Obrigada pela carona."

Ele parecia irritado com minhas palavras e eu sabia que


era porque ele sentiu-se dispensado por mim, mas eu não queria
que ele fosse preso novamente. Ele já tinha sido preso duas vezes
graças a mim, e não havia nenhuma maneira no inferno que eu ia
deixar isso acontecer novamente.

"Eu não vou deixar você," ele disse com determinação.

E naquele momento eu sabia que tinha que ser como


Zeke. Eu tinha que mentir sobre meus sentimentos e afastá-lo.
Cortei meus olhos para ele e, em seguida, rolei-os. Então eu disse
algo que fez meu estômago revirar.

"Olha, foi divertido, mas agora é hora de você voltar para


a merda do seu pequeno trailer. Eu queria ver se o que eles
disseram sobre você era verdade, e agora que eu vejo que não é,
eu cansei de brincar com você."

Eu tinha atingido meu objetivo. O olhar esmagado em


seus olhos me disse que foi um golpe direto. Eu não esperei por
ele para responder. Eu me virei e entrei no banco do passageiro do
carro do meu pai. Zeke ficou ali em choque, olhando para o meu
pai, até que finalmente ele se virou, pegou o carro e foi embora.
A janela estava abaixada e eu podia ouvir meu pai falar
com os policiais. Ele estava lhes agradecendo por me encontrar e
agradecendo por seu serviço. Ele estava fazendo o papel de bom
político, por isso, se as histórias circularem sobre sua filha
delinquente, ele poderia aparecer como o bom rapaz que estava
tentando ajudar sua filha.

Eu sabia como as coisas funcionavam. Eu não era uma


idiota nesse lado da vida. Os policiais pareciam comer na palma
da sua mão, assim como todos os outros fizeram. Não demorou
muito até que ele se juntou a mim no carro e outra carona para
casa em silêncio começou.

Era quase madrugada quando eu estava livre de meu pai.


Eu estava no chuveiro quente e tentei lavar sua punição para
longe. Foi pior ainda, mas eu passei por isso com o pensamento
sobre todas as coisas maravilhosas que Zeke me disse em seu
carro.

No dia seguinte, passei a maior parte do meu tempo com


a minha mãe. Ela parecia bem e estava realmente sentada na
cama assistindo TV, e não completamente fora de si.

"Então, você vai me dizer quem é ele?" Ela perguntou


quando eu pintei suas unhas finas com uma brilhante camada
rosa.

"O que você quer dizer?" Perguntei.

Ela sorriu para mim e balançou a cabeça.

"Eu nem sempre fui uma mulher doente, você sabe.


Lembro-me de como era ser jovem e apaixonada. Não diga ao seu
pai, mas eu fui apaixonada antes dele. Seu nome era Robert e ele
era maravilhoso. Eu me apaixonei por ele quase que
instantaneamente." Ela tinha um olhar feliz, sonhador que me fez
sorrir.

"Então o que aconteceu?" Eu perguntei.

"Bem, meu pai me disse para ficar longe dele. Ele disse
que não era bom o suficiente. Acho que você poderia dizer que ele
era um bad boy." Ela sorriu. "Mas quando ele veio para mim, ele
era o cara mais doce do mundo."

Fiquei chocada com a semelhança entre nossas histórias.


Talvez seja isso que me fez confortável o suficiente para me abrir
com ela.

"O nome dele é Zeke," eu disse com um sorriso.

"Ah, agora estamos chegando a algum lugar." Ela


acariciou minha mão. "Conte-me mais sobre esse Zeke. Ele é um
bad boy?"

E nesse momento eu nunca me senti mais perto da


minha mãe. Eu não contei a ela toda a história de como eu
conheci Zeke, porque eu não queria que ela se preocupasse, mas
eu lhe dei alguns detalhes.

"Estou tão feliz que cheguei a ver isso," disse ela


tristemente.

"Ver o quê?" Eu perguntei confusa.

"O olhar no seu rosto. Eu não achei que eu viveria para


ver o dia em que uma das minhas meninas se apaixonaria e eu
sou grata que eu, pelo menos, pude ver isso uma vez."

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e eu não conseguia


segurar a minha de volta, não importa o quanto eu tentasse. Eu
estendi a mão e abracei o corpo pequeno de minha mãe e
choramos juntas.

"Faça-me um favor, Patience," disse ela para mim quando


ela capturou o meu rosto molhado de lágrimas em suas mãos.

"Qualquer coisa," eu resmunguei.

"Se você o ama, não o deixe ir por ninguém e lhe diga


como se sente. Eu nunca tive essa chance com Robert, e eu
descobri que ele morreu há dez anos. Eu nunca tive a chance de
dizer a ele o quanto eu o amava. Não deixe que isso aconteça com
você."

Uma hora depois, minha mãe dormiu e eu estava de pé


no meio da garagem ao lado do temido Toyota cinza com um
conjunto de chaves nunca antes tocados. Dei uma tonelada de
respirações profundas e agarrei a maçaneta da porta cinco vezes
antes que eu fosse capaz de entrar no carro.

O interior cheirava a novo uma vez que tecnicamente era


um carro novo. Meu pai tinha me obrigado a conduzi-lo uma vez
quando o ganhei e eu chorei em silêncio o tempo todo. Mesmo
agora, subir no interior do carro estava errado. Eu senti como se
estivesse dizendo que o que meu pai fazia para mim estava tudo
bem. Não estava, mas eu precisava chegar ao Zeke e eu não
poderia continuar chamando Megan toda vez que eu precisava ir a
algum lugar.

Eu sabia o caminho para a casa de Zeke muito bem. O


que eu não sabia era o que diabos eu ia dizer a ele quando
chegasse lá. Ele provavelmente nunca iria falar comigo de novo e
eu não podia culpá-lo se ele não o fizesse, mas eu prometi a
minha mãe que eu seria honesta sobre meus sentimentos em
relação a ele, e isso é o que eu ia fazer.
Eu tinha a sensação de que uma vez que eu confessasse
meus sentimentos, ele nunca mais falaria comigo. Caras como
Zeke fugiam de relacionamentos, mas no fundo eu podia sentir as
coisas ficando fora de controle. Logo, nós nunca mais falaríamos
um com o outro de qualquer maneira. Desta forma, eu poderia
transbordar meus sentimentos do meu peito e ter uma paz que a
minha mãe nunca chegou ter.

Quando eu puxei para o quintal lamacento de Zeke,


estacionei entre seu carro e o caminhão de reboque de seu pai.
Desliguei o motor e saí. Meus sapatos afundaram na terra quando
eu andei em seu pequeno quintal. Os degraus rangeram quando
eu subi. Eu estendi minha mão para cima e estava prestes a bater
quando ouvi um barulho alto de algo quebrando lá dentro.

Alguém estava gritando e então houve outro barulho alto.


Sem pensar eu agarrei a maçaneta e girei. A porta se abriu com
facilidade. Entrei no pequeno espaço gasto, e a primeira coisa que
vi foi Zeke no chão com sangue no rosto. Seu pai estava de pé
sobre ele com o punho no ar pronto para descer.

Sem pensar, eu pulei. Travei no braço de seu pai e


segurei firme enquanto ele tentava se livrar de mim. Uma vez que
soltei seu braço, eu pulei na frente de Zeke e olhei nos olhos de
seu pai.

Ele era um homem grande, muito maior do que o meu


pai, e ele cheirava horrível, como cerveja e cigarros. Sua camisa
coberta de graxa era muito apertada e seu cabelo estava
desgrenhado como se tivesse acabado de acordar.

"Quem diabos é você?" Perguntou ele.

Seu hálito quente bateu no meu rosto e eu


acidentalmente respirei. O cheiro fez meu estômago embrulhar-se
e eu tinha certeza de que eu iria vomitar em cima dele. A sala
girou quando o medo bateu em mim, e eu tinha conhecido o medo
muitas vezes na minha vida, mas eu não ia deixá-lo me dominar
agora, não quando Zeke precisava de mim.

"Não se atreva a bater nele de novo!" Eu rosnei para ele.

Minha voz me surpreendeu. Como eu era capaz de


enfrentar esse estranho? Como eu era capaz de superar o medo
profundo que havia tomado conta de mim? Quando confrontava o
meu pai, eu não podia fazer isso, e eu sabia o quão longe eu podia
ir com ele. Já esse homem, eu não o conhecia, mas eu estava
frente a frente com ele e desafiei-o a tocar Zeke.

Ele se elevou sobre mim e seu peito bateu em meu rosto.


Atrás de mim eu podia ouvir Zeke levantando-se do chão e vindo
para mim.

"Não, Floco de Neve," disse ele através de um lábio


sangrando. "Basta deixá-lo ir e dar o fora daqui."

Só assim, tantas coisas fizeram sentido agora; as


contusões que eu vi nele, a sua ira com todos, sua rapidez para
lutar contra outro ser humano. Assim como eu tinha os meus
mecanismos de defesa, Zeke tinha os seus. Ele tinha escudos da
mesma forma que eu.

Nossas vidas não eram tão diferentes. Abuso era abuso,


não importa sua forma. Nenhum era mais fácil do que o outro; de
qualquer forma machucava. De qualquer maneira, marcava a
pessoa por toda a vida. Marcavam-nos e os quebrava em pedaços
pequenos. Zeke e eu estávamos ambos com partes quebradas e
não importava qual pedaço você coloca ou aonde ele iria se
encaixar, porque nós nos encaixamos como um todo. Eu sempre
soube disso. Nós combinamos.
"Cuide da sua vida de merda, menina," disse seu pai.

E então ele empurrou meu peito com grandes dedos e


tirou o fôlego de mim, assim tão facilmente. Ainda assim, eu
mantive minha posição.

"Você não vai tocá-lo de novo!" Eu disse com mais força


do que eu sentia.

A sala girou quando o dorso de sua mão conectou com o


meu rosto. Eu caí de cara no chão de carpete felpudo. Houve uma
briga atrás de mim, então eu rapidamente virei de costas e tentei
me levantar. Minha boca estava cheia de sangue e o quarto
continuava a girar. Zeke tinha que ser um cara durão, se ele
passava por isso o tempo todo.

Quando minha visão finalmente clareou, eu olhei para


cima para ver Zeke batendo em seu pai impiedosamente. Seu pai
não desistiu e voltou com um soco em seu rosto. Os painéis finos
da parede racharam quando Zeke se chocou contra eles, mas ele o
sacudiu e manteve perfurando seu pai no estômago e enfrentando
uma e outra vez.

Seu pai o pegou no estômago e eu ouvi a compressão de


ar em seus pulmões quando ele caiu de joelhos.

"Vamos lá, filho da puta." Seu pai o provocou. "Isso é


tudo que você tem? Aposto que sua putinha bate mais forte do
que você!"

Zeke se arrastou no chão e partiu para o ataque


novamente. Ele jogou socos tão rápidos que suas mãos
começaram a se confundir. Uma vez que seu pai caiu sobre um
joelho, Zeke atacou mais forte e, em seguida, do nada, ele
estendeu a mão para a guitarra que sua mãe comprou-lhe e
trouxe-o por cima da sua cabeça. As coisas começaram a se mover
em câmera lenta.

Eu vi a que isso estava levando e me ouvi gritar para ele


parar, mas antes que as palavras saíssem da minha boca, ele
trouxe a guitarra para baixo e bateu com ela nas costas de seu
pai. Houve um estalo alto e, em seguida, pequenos pedaços de
guitarra voaram por toda parte.

Ele pegou-o novamente e desta vez ele trouxe para baixo


e bateu a guitarra já quebrada no rosto de seu pai. Seu pai caiu
duro e o trailer balançou.

Zeke puxou para trás um pedaço quebrado que ainda


tinha as cordas. A maior parte estava pendurada sobre seu pai
inconsciente e sangrando. Ele olhou para sua guitarra e, em
seguida, ele olhou para os pedaços sobre o idiota que ele
conseguiu abater. Tristeza infiltrou em seus grandes olhos
castanhos e então ele olhou para mim. Ele segurou os pedaços da
guitarra, como que para me mostrar o que ele tinha feito.

Seu bem mais precioso estava quebrado além do reparo.


A guitarra que sua mãe comprou para ele anos atrás tinha ido
embora... Insubstituível... Foi-se. Eu não podia evitar sentir como
se fosse minha culpa. Eu era a razão pela qual ele tinha perdido
algo que significava mais para ele do que qualquer outra coisa no
mundo e uma vez que ele percebesse, ele iria me odiar. Eu me
odiava.

Olhos escuros, ilegíveis olharam para mim antes de olhar


para baixo novamente e balançar a cabeça, o que eu assumi que
era algo grave.

"Você está bem?", ele me perguntou asperamente


enquanto limpava o lábio sangrando.
Eu? Quem diabos se importava com como eu estava? Eu
estava bem. Tudo o que eu conseguia pensar era nele e sua
guitarra. Ele me disse o quão especial essa guitarra era e eu sabia
o que isso significava para ele.

"Eu estou bem. Você está bem?"

"Eu vou viver." Parecia que ele estava prestes a chorar.

"Eu sinto muito, Zeke."

O piso mudou quando me levantei e fui até ele. Estendi a


mão para o lado e ele não me afastou. Escovei o cabelo de seu
rosto suado, seu olho já estava inchando e ficando preto. Ele se
encolheu quando eu corri meu dedo sobre a ferida.

"Não sinta, você não fez nada de errado. Eu deveria ter


me levantado sobre ele anos atrás." Ele se sentou no sofá e a
guitarra quebrada caiu a seus pés. "O que você está fazendo
aqui?"

Sentei-me ao lado dele e coloquei minha mão em seu


joelho. Ele olhou para minha mão e então olhou para mim.

"Eu vim aqui para dizer que estava arrependida. Eu não


quis dizer o que eu disse na outra noite. Eu só não queria que
você fosse preso."

O canto de sua boca inclinou para cima e ele soltou um


suspiro profundo.

"Você poderia apenas ter me mandado uma mensagem."

Eu fui para o tudo ou nada.

"Mas então, eu não teria sido capaz de ver você."

Ele se virou para mim e seus olhos pegaram meu rosto.


Estendendo a mão, ele a colocou em minha bochecha dolorida.
Raiva encheu seus olhos e ele respirou fundo, fazendo suas
narinas dilatarem.

"Ele bateu em você. Eu sinto muito, eu o deixei bater em


você." Seu polegar acariciou onde eu tinha certeza de que já havia
um hematoma se formando.

"Você não o deixou fazer nada." Eu cobri sua mão com a


minha. "Vocês sempre lutam assim?"

Ele balançou a cabeça e fechou os olhos.

"Não. Eu geralmente nunca revido. Eu prometi a minha


mãe em seu leito de morte que eu não iria lutar com ele."

"Mas você fez hoje." Eu disse o óbvio.

Profundos olhos castanhos me acolheram quando ele


trouxe a outra mão e colocou-a sobre a minha outra bochecha.

"Quando ele bateu em você, eu quis matá-lo."

Sua confissão disse muito para mim. Eu me inclinei para


beijá-lo, mas seu pai gemeu como se ele estivesse levantando.
Zeke saltou do sofá e me puxou com ele.

"Você precisa sair daqui. Quando ele acordar, não vai ser
bom."

"Eu não vou te deixar."

E eu não estava brincando. Recusei-me a deixá-lo em um


lugar onde ele não estava seguro.

"Tudo bem, deixe-me pegar algumas coisas. Fique perto


da porta e não se mova. Se ele se levantar, saia daqui e vá sentar-
se no meu carro, ok?"

Eu balancei a cabeça de acordo e fiquei de pé ao lado da


porta enquanto Zeke correu para seu quarto e começou a atirar
coisas aleatórias em uma mochila. Um pedaço de madeira no chão
chamou minha atenção. Eu abaixei e peguei. Era a parte de sua
guitarra com a assinatura de sua mãe.

Rapidamente, eu cavei através das peças de sua guitarra


quebrada. Como se fosse o destino, eu encontrei quatro citações
que ainda estavam inteiras. As extremidades estavam quebradas e
irregulares, mas ainda inteiras. Eu peguei e coloquei todos no
meu bolso. Eu tinha certeza de que havia algo que eu poderia
fazer com as peças.

Zeke voltou de seu quarto e pegou minha mão.

"Vamos sair daqui."

Uma vez que estávamos fora, ele jogou suas coisas na


parte de trás de seu carro e se virou para mim.

"De quem é esse carro?" Ele acenou com a cabeça para o


meu carro.

"É meu, mais ou menos."

"Ótimo. Siga-me."

Eu balancei a cabeça e me virei para ir embora, mas ele


suavemente agarrou meu pulso e me puxou de volta para ele. Ele
passou os dedos pelo meu cabelo e depois se inclinou e deu um
beijo suave nos meus lábios.

"Sério, Floco de Neve, eu preciso de você."


Dezessete

`;Fr
Zeke

Volte para a merda do seu pequeno trailer. Eu queria ver


se o que eles disseram sobre você era verdade, e agora que eu vejo
que não é, eu cansei de brincar com você.

As palavras de Patience rodaram pela minha cabeça toda


a volta para casa. O olhar em seus olhos não era verdadeiro, mas
eu não poderia dizer se ela quis dizer isso ou não. De qualquer
maneira, estava feito. Ela estava certa. Éramos de dois mundos
diferentes e eu precisava ficar na minha zona.

Uma vez que cheguei em casa, fui direto para a cama,


mas eu não conseguia dormir. Meus pensamentos estavam uma
bagunça. Parte de mim queria ir sequestrar Patience e mantê-la a
salvo do bosta do seu pai, e a outra parte de mim sabia que eu
deveria deixá-la e esperar que ela estivesse bem.

Quando eu fechei os olhos, tudo o que eu podia ver era o


seu rosto em êxtase e o jeito que ela ficou depois que nos
beijamos. Eu nunca tive uma mulher olhando para mim com
tanta emoção em seus olhos. Eu também nunca tive alguém me
cortando tão profundamente com as suas palavras. Eu não tenho
certeza de quando ela conseguiu essa capacidade, mas eu tinha
certeza que isso aconteceu durante o nosso beijo.

Eu odiava admitir isso para mim, mas eu estava me


apaixonando por ela e pela forma como ela olhava para mim, eu
tinha certeza de que ela se sentia da mesma maneira, mas depois
ela se apavorou e eu não conseguia entender por que ou o que
estava acontecendo.

A única coisa que eu sabia era que algo não estava certo.
Patience estava escondendo algo. Se era um distúrbio psicológico
grave ou o fato de que seu pai batia nela, ela estava
definitivamente escondendo algo.

No dia seguinte, eu fiquei em casa o dia todo. Eu sabia


que era uma má ideia ficar preso em casa com meu pai, mas
depois da noite que eu tive, eu tinha muito no meu cérebro e a
última coisa que eu queria fazer era ficar vadiando com alguém.
Eu seria uma companhia de merda.

Eu estava sentado no sofá, tocando minha guitarra


acústica e pensando na minha mãe, quando meu pai entrou pela
porta de uma corrida de reboque. Precisando estar fora do mesmo
espaço que ele, levantei-me para ir para o meu quarto. Ele nunca
me deu essa chance. Em vez disso, ele foi direto para a luta.

Eu não tenho certeza se ver minha guitarra com a letra


da minha mãe fez com que sua raiva viesse à tona ou outra coisa,
mas ele não disse nada. Ele não me deu qualquer razão para essa
luta. Eu empurrei minha guitarra para fora do caminho e me
cobri. Só que desta vez era diferente, desta vez ele não apenas
tentava me quebrar; ele também quebrava as coisas ao nosso
redor. Ele jogou um prato contra a parede como um Frisbee, e em
seguida, jogou a mesa de café em toda a sala em uma raiva
aquecida.

"Você se parece com ela!" Ele cuspiu na minha cara.

Minha bochecha explodiu quando ele trouxe seu punho


para baixo sobre ela e senti o gosto de sangue, mas eu ignorei
tudo. Eu caí inconsciente e ficaria ali desacordado se eu não
tivesse ouvido a voz de Patience.

No início, eu pensei que eu estava perdendo minha


cabeça. Pensei que talvez eu invocasse os sons da sua voz suave
como um mecanismo de sobrevivência. Mas então eu olhei para
cima e a vi parada na minha frente e eu sabia que ela era real.

Ela ficou na frente do meu pai como um delicado anjo


vingador. Seu olhar azul trancado no dele como se pudesse cortá-
lo ao meio, e seus pequenos punhos estavam enrolados como se
ela fosse chutar alguns traseiros. Foi a coisa mais emocionante e
assustadora que eu já tinha visto.

A larga estrutura do meu pai se ergueu. Sua sombra


rastejou em seu rosto, e ainda assim, ela se manteve firme. A
camiseta de Patience se agarrou contra ela quando ela estufou o
peito e seu rosto ficou vermelho de raiva quando o olhou
diretamente nos olhos.

"Não se atreva a bater nele de novo!"

Meu pai olhou para ela como se fosse uma piada no


início. Muita cerveja tinha, obviamente, danificado seu cérebro.
Balançando a cabeça, ele ajustou sua visão.

Lembro-me de estar dizendo-lhe para deixá-lo, dele


empurrá-la para o lado e dizer algo rude pra caralho, mas na hora
que eu o vi bater nela, uma raiva que eu nunca tinha visto antes
me dominou. Eu não sentia mais nada. Tudo o que eu sabia era
que ele tinha que morrer.

Vi quando a cabeça dela foi jogada bruscamente para o


lado antes de cair. Naquele momento algo quebrou dentro de mim,
algo diferente de uma costela ou um pulso. Desta vez, foi algo
profundo, definido dentro da minha alma. Isso rachou e se desfez
em pedaços pequenos de fúria.

Eu não esperei que ele viesse até mim. Em vez disso, fui
direto para ele. Meu punho acertou seu rosto e por um segundo
ele olhou para mim, chocado. Anos de abuso e eu nunca tinha
levantado minha mão para ele, mas ele cruzou a linha, e do outro
lado dessa linha era um novo eu, um eu que iria matar alguém
antes de deixá-lo machucar Patience.

Minha raiva foi alimentada por anos ao ser seu saco de


pancadas. Eu vi imagens dele batendo em minha mãe, imagens de
seu punho vindo em minha direção e, finalmente, a imagem de
Patience caindo depois que ele bateu nela, todas passaram pela
minha mente uma e outra vez. Eu não poderia ter parado nem se
eu quisesse.

Ele podia me bater o quanto ele quisesse. Eu pegaria


meu traseiro chutado a cada dia se esse era o jeito, mas eu defini
uma linha bem clara quando o assunto era Patience. Ela era a
única coisa boa, um raio de sol em minha noite eterna, Flocos de
Neve no meu inferno, e eu faria qualquer coisa para protegê-la de
mim e do meu mundo. Eu mataria quem colocasse suas mãos
sobre ela.

Eu estava tão cego pela minha raiva, que eu nem percebi


o que eu tinha pegado. Eu não sabia que eu tinha usado o meu
bem mais precioso para levar o meu pai para baixo. Desgosto
diferente de qualquer outro rasgou através de mim quando eu
puxei de volta os pedaços de corda e madeira, e as lágrimas
ameaçaram romper.

Patience sabia sobre a minha guitarra. Ela era a única


pessoa no mundo, além do meu pai, que sabia. Quando eu olhei
para ela e lhe mostrei as peças quebradas da memória favorita
com a minha mãe, o rosto dela me disse que ela entendeu a
solidez do que eu tinha acabado de fazer.

Meus olhos se encontraram com a pele que estava


começando a inchar e mais uma vez eu senti minha raiva subir.
Respirando fundo, eu tentei esmagá-la antes que eu fizesse algo
realmente estúpido. O canto da minha boca queimava e havia
gosto de sangue na minha língua, mas eu estava mais preocupado
com ela.

Toda vez que eu olhava para ela, eu sentia como se


minha pele estivesse derretendo dos meus ossos. Eu não encontrei
alívio até que ela veio até mim e me tocou. É tão engraçado.
Durante anos o meu pai abusou de mim e não teve uma vez que
eu me senti verdadeiramente zangado sobre isso, mas um golpe
em Patience e eu queria seu sangue em minhas mãos.

Eu pensei que nunca iria vê-la novamente, mas ela


estava aqui e ela estava aqui para me ver. Mesmo após o drama da
noite anterior, ela ainda queria me ver. Então, quando ela disse
que não iria embora sem mim, eu sabia que tinha que ir com ela.
Eu saí da casa de meu pai com quase nenhum dinheiro no bolso e
um saco cheio de tudo o que caberia.

A coisa mais estranha era, quando cheguei ao meu carro


e ela tentou se afastar, eu quase não podia deixá-la ir. Senti como
se o mundo estivesse uma bagunça. Eu me sentia enjoado apenas
por ser uma parte disso, mas quando ela estava perto de mim ou
me tocando, tudo parava de girar e eu estava completo com uma
forte dose de clareza.

Olhando pelo retrovisor, eu a observava seguindo atrás


de mim em seu carro, eu não sabia que ela tinha um. Eu não
tinha ideia de onde eu estava indo. Eu apenas sabia que enquanto
ela estivesse comigo, eu estaria bem. A ideia de precisar de alguém
agarrada junto a mim me deixou morrendo de medo, mas era isso.
Não haveria mais volta. Eu precisava de Patience e eu não
conseguia afastar a sensação de que, de alguma forma, ela
precisava de mim também.

Meu El Camino 4 soltou uma nuvem de fumaça quando


eu desliguei o motor na frente do motel mais barato na cidade.
Patience ficou perto da porta da recepção enquanto eu pagava por
duas noites. Eu poderia ter ficado com Finn, mas eu não era o tipo
de pessoa que se impõe na casa dos amigos.

A senhora atrás do balcão entregou a minha chave do


quarto e sorriu timidamente para Patience. Eu sorri para ela
quando seu rosto ficou cheio de fogo. Ela me seguiu até o quarto e
eu segurei a porta aberta para ela quando entramos na sala
escura.

"Eu provavelmente deveria ir." Ela cutucou suas unhas.

Joguei minha bolsa em cima da cama queen-size, então


me virei para ela. Cobrindo suas mãos com a minha, eu a parei de
cutucar suas agradáveis unhas.

4
El Camino – é uma pickup de pequeno porte da Chevrolet. Sua carroceria é um pouco diferente das
outras picapes. O vidro traseiro não desce em noventa graus, mas inclinado. Mudança manual junto à
coluna de direção.
"Não," eu disse simplesmente.

Eu não tinha certeza se ela percebeu que eu estava


pedindo para ela ficar, mas ela olhou para mim através daqueles
longos cílios e eu quase esqueci que eu era oficialmente sem-teto,
e que eu quase matei meu pai e destruí a última coisa que eu
tinha de minha mãe. Eu não conseguia me lembrar de nada das
últimas horas.

Colocando de lado um grosso pedaço de franja loura,


deixei meu polegar roçar sua bochecha inchada.

"Eu sinto muito, Floco de Neve." Engoli em seco.

Eu nunca me senti mais fracassado em toda a minha


vida. Eu o deixei bater nela. Ele nunca deveria ter sido capaz de
chegar perto dela.

"Você não fez nada errado, Zeke." Ela cobriu minha mão
com a dela.

Virando o rosto para a palma da mão, ela fechou os olhos


e sorriu.

"Eu nunca pensei que iria gostar tanto disso," ela


sussurrou.

"Gostar do quê?"

Ela esfregou a palma da minha mão contra o seu rosto


novamente.

"Seu toque." Ela sorriu para mim.

"Bem, já que você gosta tanto assim..." Eu disse


enquanto envolvi meu outro braço em volta de sua cintura e
puxei-a para perto de mim.

Seu corpo se encaixava ao meu com perfeição. Isso me fez


questionar todas as outras mulheres que eu já toquei na minha
vida. Minha mão passeou de seu rosto para o pescoço e meus
olhos caíram em sua boca carnuda. Após a noite passada, beijar
Patience não parecia ser uma tragédia. Na verdade, seus beijos
eram pequenos milagres. Eles transformaram o idiota dentro de
mim em um grande urso de pelúcia.

O cheiro do seu cabelo encheu-me quando me inclinei e


corri meu nariz até o lado de seu pescoço. Ela enrijeceu em meus
braços, mas me puxou para mais perto, ao mesmo tempo. Quando
cheguei ao seu ouvido, eu coloquei um pequeno beijo em sua
orelha.

"Eu vou te beijar agora," eu sussurrei meu aviso.

Eu estava pensando em beijá-la desde o momento em que


o último beijo terminou.

Senti um arrepio percorrer seu corpo e eu sabia que


tinha ganhado a oportunidade para outro beijo. Sentia a pele
suave contra meus lábios enquanto eu os deslizava através de sua
bochecha para chegar a sua boca. Quando eu pressionei meus
lábios nos dela, ela pegou meu beijo e exalou uma respiração forte
pelo nariz.

Era suave, não mais do que nossas bocas pressionadas


uma na outra, mas era o suficiente. Tudo era suficiente quando se
tratava dela. Sua mão apertada na parte de trás da minha camisa
e ela envolveu seu outro braço em volta de mim. Eu me afastei em
primeiro lugar, não porque eu não estava gostando, mas porque
minha mente entrou em um ritmo sexual. E eu não queria chegar
a um ponto em que eu a empurrasse longe demais.

Eu cutuquei o seu nariz com o meu e sorri para ela.


"Eu tenho quase certeza que eu nunca vou ficar cansada
disso," ela murmurou.

"Só quase certeza?" Eu provoquei.

"Ok, eu estou absolutamente certa que eu nunca vou me


cansar disso." Ela sorriu.

"Isso me parece melhor." Eu dei-lhe outro selinho rápido.


"Mas agora, eu tenho que tomar um banho."

Pegando minha bolsa, eu cavei através dela para um


novo par de roupas. Entreguei-lhe o controle remoto para a TV.

"Ocupe-se enquanto eu vou ao banheiro ficar nu e


molhado." Eu pisquei para ela.

Ela riu e colocou o controle remoto para baixo.

"Na verdade, eu tenho que voltar para casa." Ela


encolheu os ombros. "Escola amanhã e tudo mais. Você tem meu
número, se você precisar de alguma coisa."

Eu não queria que ela fosse embora. Minha vida estava


ficando louca, e se eu estivesse sendo honesto comigo mesmo, eu
realmente não queria ficar sozinho. Mas em vez de dizer qualquer
coisa e olhar como um idiota total, eu balancei minha cabeça.

"Eu acho que te vejo por aí então?"

"Espero que sim." Ela timidamente deu de ombros e


olhou para longe.

Após Patience sair, eu tomei um banho quente e assisti


seriados de baixarias na TV. Uma hora depois, o sol já tinha se
posto e eu estava morrendo de tédio.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para


Patience.
EU: PSI5, você está perdendo uma grande festa aqui.

Patience: Eu estou?

EU: Na verdade não. Estou entediado.

Patience: Ah, e eu aqui estava pensando que você me


mandou uma mensagem, porque você estava pensando em mim.

EU: Se eu te mandasse uma mensagem toda vez que eu


pensasse em você, eu nunca mais pararia de lhe enviar
mensagens.

Patience: Você é tão convencido.

EU: Você deveria estar convencida.

Patience: Pervertido.

EU: Você gostou.

Patience: Talvez.

5
PSI – No original, a autora usa a abreviação FYI, que é a abreviação para o termo na língua inglesa “For
your information”, que em português significa “Para sua informação”.
EU: Venha passar a noite comigo. Sem sexo. Apenas
fazendo nada.

O meu telefone ficou em silêncio por quase uma hora. Eu


estava prestes a cochilar quando ela respondeu, e eu não pude
deixar de ficar animado.

Patience: OK. A caminho.


Dezoito

`;Fr
Patience

Eu estava nervosa no caminho de volta para o quarto de


motel do Zeke. E se ele esperasse alguma coisa que eu não
pudesse dar? Eu sabia que ficar presa em um quarto de motel
com um cara como ele não era seguro, principalmente porque não
podia parar de pensar em suas mãos e boca, mas eu queria estar
perto dele.

Ao chegar em casa e descobrir que meu pai tinha saído


por uma semana da cidade, eu não pude esconder a excitação que
tomou conta de mim. Uma semana sem preocupações paternas –
uma semana para ir e vir como eu quisesse e não tendo que agir
como protetora... Sem ter que jogar Patience 6 . Estava excitada
para aproveitar uma semana livre do meu pai.

Quando se tratava de Zeke, dirigir o carro do meu pai não


parecia ser um pecado. Eu odiava o carro e tudo o que ele
representava, mas eu adorava estar mais perto de Zeke.

6
Patience - Trocadilho com o nome e o jogo paciência.
A ida até o motel foi rápida, e não demorou até eu colocar
o carro próximo ao dele. Eu não poderia evitar me sentir um
pouco suja por estar indo a esse tipo de lugar assim tão tarde da
noite. Coloquei minha mochila nas costas e peguei minha bolsa de
futebol que tinha roupas extras e tudo o que iria precisar para ir à
escola.

“Levou bastante tempo,” Zeke disse apoiando seus


ombros no batente.

Senti-me corando após perceber que ele estava ali me


observando todo o tempo. Obrigado Deus por eu não ter feito nada
nojento tipo puxar a calcinha da bunda ou alguma coisa assim.

Ele virou e apoiou as costas no batente quando comecei a


andar através da porta. Quando tentei passar, ele colocou seus
braços e me impediu de passar.

“Qual é a senha?” Ele se inclinou e sussurrou.

“Um... Eu sou um esquisitão assustador?” Brinquei, me


referindo a ele.

Ele riu. “Você é? Eu não fazia ideia.”

Bati em seu peito de brincadeira.

“Só me deixe entrar.” Eu suspirei.

Ele moveu seus braços, mas antes de eu dar um passo,


ele me puxou e colocou seus lábios contra a pele delicada abaixo
da minha orelha.

“Como referência, a senha para você será sempre ‘Eu


gosto de Flocos de Neve em minha língua.’”

Sua voz contra o lado do meu pescoço me fez arrepiar.


Sua risada me seguiu quando ele entrou e fechou a porta.
“Você parece nervosa,” ele disse quando pegou a mochila
pesada de mim.

“Eu meio que estou,” eu disse honestamente.

“Não fique nervosa. Somos apenas dois amigos saindo e


assistindo TV. É a primeira vez para mim, mas parece que estou
tendo muitas outras primeiras vezes quando se trata de você.”

“É a primeira vez para mim, também.”

“Você nunca saiu com seus amigos e assistiu TV?” Ele


enrugou a testa em confusão.

“Eu já. Mas nunca passei a noite com um garoto antes.”

“Bem, se você não tirar esses shorts de ginástica e essas


meias de futebol, eu acho que vai sair ilesa.”

Eu ri.

“Sério, minhas meias de futebol?”

“Inferno sim. Tenho tido algumas fantasias sujas sobre


você e essas suas meias.” Ele piscou e jogou um travesseiro em
mim, então se jogou na cama em frente a TV.

“Ok, então o que nós vamos assistir?” Ele perguntou


casualmente, como se não estivesse flertando dois segundos
antes.

Nós assistimos seriados e falamos sobre nossos filmes


favoritos até meus olhos se recusarem a ficar abertos. A certa
altura, eu tinha quase certeza que Zeke me beijou na bochecha e
disse boa noite, mas eu estava tão sonolenta que não tive certeza.

Eu acordei duas vezes durante a noite. Uma das vezes, os


braços de Zeke estavam enrolados firmemente em volta de mim
como se estivéssemos de conchinha e a segunda vez, meu braço e
perna jogados por cima dele enquanto estava deitado de costas.
Foi a melhor noite que tive em anos.

Na manhã seguinte meu celular me acordou. Eu me


estiquei para atendê-lo, mas não consegui a tempo. Era meu
aniversário de dezoito anos e eu sabia que provavelmente era
minha irmã me ligando para cantar feliz aniversário. Ela me
avisou que faria. Ela não estava muito feliz sobre eu “passar a
minha noite com Megan” na noite anterior ao meu aniversário.

O sol atravessou as cortinas por uma fenda direto em


meus olhos. Do lado de fora, pude escutar um casal discutindo
sobre dinheiro. Como consegui dormir não tenho nenhuma ideia.
Isso não parece incomodar Zeke já que ele estava dormindo ao
meu lado. Eu me virei em sua direção e toquei seu rosto
adormecido.

Feliz aniversário de dezoito anos para mim!

Meu Deus, o homem parecia lindo mesmo dormindo.


Dormindo de bruços, sua mão estava próxima a minha. Pressionei
minha cabeça no travesseiro e deixei meus olhos rolarem por toda
a suas costas nuas. Quando ele tirou a camisa e porque inferno
eu perdi isso?

Seu dedo mexeu e retornei minha atenção de volta a suas


mãos. Eu corri meus dedos na tatuagem de estrela náutica de um
lado do seu pulso. Ele dormia sossegado então tracei as linhas
escuras da tatuagem. Ocasionalmente, a ponta do meu dedo
tocava em uma veia saliente.

Ele fez um barulho durante o sono e virou a mão.


Enquanto o topo de sua mão era macio, sua palma era grossa. Eu
coloquei a palma de minha mão contra a sua e comparei nossas
mãos. A dele era muito maior e bronzeada. Suas mãos são de um
rapaz que teve uma vida difícil, mas quando ele me toca é como se
elas fossem macias, igual algodão.

Ser capaz de tocar nele desse jeito era um bom negócio


para mim. Eu sempre pensei que o toque fosse algo que eu tivesse
que viver sem, mas com ele era uma coisa linda.

“Sobre o que você está sorrindo?” Ele me perguntou com


a voz grossa e rouca de sono.

Eu não percebi que estava sorrindo.

“Não é nada.”

“Isso não parecia com nada.” Ele rolou. “Que horas são?”

Droga!

Peguei meu telefone e olhei a hora. Era mais de oito


horas, o que significava que nós dois estávamos atrasados para a
escola.

Eu me virei para pular fora da cama, mas ele me agarrou


por trás e me forçou a voltar.

“Não. Durma,” ele disse do seu travesseiro.

“Nós vamos perder a escola.”

Eu raramente perdi a escola e quando aconteceu, foi por


alguma coisa importante como quebrar as costelas.

“Vamos faltar. Nós somos veteranos. Depois de todos


esses anos na escola, nós merecemos um dia de folga.”

Decide voltar para a cama junto a ele.

“Você é uma má influencia,” eu disse enquanto encarava


o teto.

“Eu sei e você ama isso.”


Sua respiração saía regular e depois disso eu sabia que
ele tinha voltado a dormir. Eu escorreguei para fora da cama e fui
tomar uma chuveirada. Quando terminei, eu espiei fora do
banheiro para ver se ele ainda continuava dormindo. Assim que vi
que ele estava, eu abri a porta do banheiro para deixar o vapor
sair. Eu já tinha posto meus sutiã e calcinha, mas o banheiro era
tão pequeno e eu não podia respirar com a porta fechada.

Eu puxei meu jeans, então me curvei para escovar os


dentes. Eu murmurei uma música do Imagine Dragons enquanto
salpicava um pouco de água para enxaguar a boca, então escovei
meus cabelos. Quando eu voltei para pegar minha camisa, ela
tinha sumido. Eu fiz uma rápida procura pelo banheiro antes de
meus olhos colidirem com os de Zeke. Ele estava na porta do
banheiro em um jeans folgado. Seus cotovelos estavam apoiados
contra o batente enquanto seus olhos percorriam meu corpo
avidamente.

Meus olhos foram até a minha camisa, a qual ele estava


balançando em seus dedos acima da sua cabeça. Ele riu
forçadamente e moveu mais acima.

“Posso pegar minha camisa?” Eu disse e tentei me cobrir


da melhor maneira que pude com minhas mãos.

Não era como se eu estivesse pelada, mas ainda, isso era


suficiente pelada para mim. Ele me alcançou e puxou meus
braços para longe do meu corpo.

“Não.” Eu disse tentando me cobrir de novo.

“Não. Você não. Seu corpo é lindo.”

Ele arremessou minha camisa sobre a cama do outro


lado da porta do banheiro e então entrou no pequeno banheiro de
vapor. O espaço encolheu com seu enorme tamanho, mas em vez
de me sentir claustrofóbica, eu me senti quente. Ou o vapor tinha
ficado mais grosso ou a minha respiração começou a ficar mais
difícil.

Arrepios cobriram meus braços na medida em que ele


corria suas mãos dos meus ombros até meus cotovelos. Então ele
me puxou mais perto e minha barriga nua tocou nele. Ele olhou
para mim e mordeu o piercing no lábio. Puxando meus cotovelos
para cima, ele colocou meus braços ao redor do seu pescoço,
pressionando meus seios em seu peito.

Ele encostou e acariciou meu pescoço com seu nariz,


então eu senti seus lábios macios contra minha clavícula.

“Eu amo como você me provoca,” ele disse e moveu suas


mãos para baixo e puxou meus quadris para mais perto.

“Eu não sabia disso.” Minha voz soou fraca e nervosa.

“É isso mesmo. Você faz isso sem perceber. É tão


inocente, mas tão malditamente excitante. Eu não estou
acostumado com alguém sendo tímida e sexy ao mesmo tempo.”

Seus lábios roçaram minha mandíbula e então ele


mordeu meu queixo com os dentes. Eu não podia aguentar isso.
Eu agarrei seu rosto e trouxe seus lábios para o meu. Ele me
puxou mais forte contra ele e gemeu em minha boca. Eu senti isso
entre minhas pernas e meus mamilos endureceram no sutiã.

Pressionando-me, ele me moveu para trás até minhas


coxas encostarem-se ao balcão molhado do banheiro. Como se eu
não pesasse nada, ele me levantou sobre o balcão e se pôs entre
minhas pernas. Parecia incrível. Zeke era tão bom nessas coisas.
Ele continuou me beijando. Sua língua escorregou para dentro da
minha boca e um pequeno som saiu da minha garganta.

Beijar era tão novo para mim, mas ainda conseguia me


manter. Eu senti seu piercing do lábio pressionar meu lábio
inferior e ele moveu rapidamente minha língua com a dele antes
de chupar delicadamente a ponta. Seu corpo está me
pressionando mais forte. Eu envolvo minhas pernas ao redor dele
e o ajudo a balançar seus quadris contra mim.

O atrito do meu jeans se esfregando contra mim uma e


outra vez começou a me fazer sentir bem. Eu agarrei seus quadris
e enfiei meus dedos nele. Eu ainda não tinha percebido que estava
fazendo barulho até ele apontar isso.

“Eu amo quando você geme desse jeito. Eu posso fazer


melhor se você deixar.”

Ele escorregou um dedo dentro da borda do meu jeans.


Eu me apoiei para trás no balcão para facilitar seu acesso. A
palma da minha mão pousou em cima do meu celular e a
mensagem de voz da minha irmã começou a tocar no alto falante
do celular. A medonha execução dos parabéns para você encheu o
banheiro aquecido e tudo parou.

Eu golpeei meu celular para tentar fazê-lo parar, mas


então já era tarde.

Zeke me olhou com confusão.

“Hoje é seu aniversário?”

“Não é realmente grande coisa.”

“Baby, dezoito é grande coisa,” ele disse com olhos


selvagens. “Por que você não disse nada?”

Meu pai me tirou coisas alegres como aniversários


quando eu tinha sete anos, e foi como o último prego em um
caixão quando ele pegou minha virgindade quando eu tinha treze
anos. Era difícil achar entusiasmo sobre alguma coisa, como outro
ano de vida, quando sua vida é como viver no inferno.

“Porque não é grande coisa.”

A sensualidade do banheiro esquecida, ele me puxou


para fora do balcão e plantou um beijo doce na minha boca.

“Nós temos que celebrar. Deixe me levar você para um


almoço e um show.”

“Nós estamos quebrados. Como nós vamos fazer isso


acontecer?”

“Escute, princesa, eu cresci pobre como a sujeira. Eu sei


tudo como fazer o dinheiro render... Vamos lá.” Ele agarrou minha
mão e me puxou para fora do banheiro.

Eu peguei minha camisa no ar quando ele a lançou para


mim então a puxei pela minha cabeça. De certa forma eu apreciei
o fato de Zeke colocar meu aniversário antes de sexo. Isso disse
muito sobre onde eu estava em suas prioridades.

“Ok, primeiro de tudo, eu estou levando você ao melhor


restaurante da cidade.”

O melhor restaurante da cidade acabou sendo o


McDonald’s. Zeke me instruiu nos caminhos do menu e quando
eu apontei que Transformers era um dos meu filmes favoritos, ele
usou seu poder de persuasão contra a morena atrás do balcão
para dar a ele o boneco do Optimus Prime do McLanche feliz pelo
meu aniversário. Isso foi, possivelmente, o presente de aniversário
mais doce que já recebi.

Quando nós fomos embora, ele segurou minha mão


enquanto caminhávamos até seu carro. Eu não acho que ele
estava ciente disso, mas eu estava. Eu estava ciente de tudo sobre
ele.

A exibição que ele prometeu acabou em uma viagem ao


aquário local. Um amigo dele trabalhava na cabine da frente e
garantiu que entrássemos de graça. O lugar estava morto, então
enquanto andávamos pelos corredores, nós estávamos sozinhos.
Ainda assim, ele continuou segurando minha mão.

“Aquele peixe parece como Chet quando ele toca bateria,”


ele riu enquanto apontava para um peixe com cara de esguicho.

Assim foi nosso resto do dia. Quando voltamos ao motel,


era quase a hora de Zeke ir para o The Boy’s Club. Eu não tinha
tempo, mas eu realmente precisava ir para casa e verificar mamãe
e Sydney.

Nós entramos e eu juntei minhas coisas. Ele ficou


paralisado ao lado com uma expressão estranha no rosto. Eu
queria perguntar o que estava errado, mas eu não queria cavar tão
fundo.

Quando todas as minhas coisas estavam guardadas, eu


caminhei até a porta. Ele me seguiu tão de perto que, quando me
virei para dizer adeus estávamos cara a cara. Ele me analisou com
olhos tão escuros que pareciam pretos, e eu fui sugada na sua
atenção.

“Muito obrigada por hoje. Este foi de longe o melhor


aniversário que eu já tive.” Eu sorri para ele.

“Estou feliz que tenha gostado. Sinto muito por não poder
dar mais.” Ele me alcançou e me puxou para ele.

“Eu não.”
Ele se inclinou e me beijou delicadamente nos lábios.

“Boa noite, Zeke.”

“Boa noite, Floco de Neve.”


Dezenove

`;Fr
Zeke

Eu estava convencido que não existia nada mais


deslumbrante do que Patience com a luz azul do aquário refletida
em seu rosto. O sorriso radiante em seu rosto durante todo o dia
me fez esquecer que a minha vida estava uma bagunça. Sinto-me
orgulhoso de tê-la feito sorrir tão lindamente.

Assistir ela guardar suas coisas para voltar para casa me


deixou triste e não deveria. Na verdade, eu estou começando a
sentir mais pela Patience do que deveria. Eu não tinha percebido
que por todo o dia nós estávamos de mãos dadas. Isso foi como se
eu não quisesse me desconectar dela.

Essa noite no The Boy’s Club foi um desastre. Eu gostava


de passar o tempo com os meninos, mas eu preferia estar com
Patience ou praticando com a banda. Eu realmente precisava
praticar desde que Finn me disse que terá alguns executivos de
gravadoras no nosso show no próximo fim de semana.

Neste ponto, eu tinha terminado minha hora de serviço


comunitário, enviei uma mensagem a Tiny, que vive sozinho, e
combinei de morar com ele em alguns dias, e eu já tinha falado
com Javier sobre mais coisas para vender. As coisas estavam se
ajeitando e eu estava começando a sentir um peso saindo do meu
peito.

Esta noite, enquanto esperava na cama assistindo TV, eu


podia sentir o cheiro de Patience nos travesseiros e lençóis. Eu me
aninhei no travesseiro que ela usou na noite anterior e respirei
nele. Eu realmente amava estar ao redor dela. Eu amava seu
sorriso e o jeito que seus olhos se iluminavam quando eu fazia
alguma coisa que a deixava feliz. Eu amava sua risada e sua
provocação tímida. Eu amava...

De repente, o quarto caiu em mim. Eu não podia


respirar. Eu me sentei rapidamente e tentei puxar fundo a
respiração, mas nada aconteceu. Eu pulei da cama e corri para o
banheiro. Sentei no balcão onde tinha um prendedor de cabelos
dela. O banheiro ainda cheirava ao caro xampu que ela tinha
trazido.

Eu liguei a água fria e enchi minhas mãos com ela. Eu


lavei meu rosto quente com água gelada até meu nariz ficar
dormente.

Como posso ter deixado isso acontecer? Como isso é


possível? Eu estava apaixonado por Patience. Eu nunca estive
apaixonado, mas eu definitivamente tenho os sintomas. Eu sentei
no chão do banheiro e olhei para o prendedor roxo de cabelo no
balcão. Eu não poderia fazer isso com ela e não faria isso comigo.
Ela merece muito mais do que um cara que compra um lanche no
McDonald’s de aniversário e pode apenas pagar por mais se
vender o suficiente de drogas.
Uma vez que eu estava na cama, ela me enviou uma
mensagem que nunca respondi. Ela iria me agradecer mais tarde,
e talvez ficar longe dela pudesse curar esses sentimentos que
tenho.

A semana se arrastou. Eu me mudei para o apartamento


de merda do Tiny na quinta com planos de ir à casa do meu pai
no próximo fim de semana e pegar o restante das minhas merdas
quando ele ainda estivesse no trabalho.

Meus dias eram livres desde que dificilmente ia para


escola. O ano escolar estava terminando e eu apenas tinha que
assistir a uma aula pelo resto do ano. Ser retido um ano tem suas
vantagens. Eu não precisava de muitos créditos para me formar.

Mais tarde, depois do The Boy’s Club, fui para casa do


Finn para praticar. Patience deixou de enviar mensagens depois
que eu deixei de responder, e se eu estivesse sendo honesto, eu
admitiria que sentia sua falta como um louco. Tudo estava
diferente na minha vida, mas eu ainda sentia como se estivesse
fora de controle ao menos que eu estivesse com ela.

“Finn, diga a Zeke o que você disse para aquela garota no


The Pit na outra noite,” Chet disse enquanto deu um grande trago
no baseado que estava passando.

Ele ainda não tinha vindo em minha direção, mas fazia


tanto tempo que não fumava. Eu nem tinha percebido que
enquanto estava com Patience, tinha abrandado no cigarro e na
bebida.

“Eu perguntei se ela me deixava pegá-la por trás nua e


com as bolas fundo nela.” Finn disse casualmente.

“E depois ela esmurrou a merda para fora dele.” Chet riu


através de sua respiração.

Todos riram histericamente. Eu ri também, mas eu não


estava sentindo isso.

O baseado finalmente chegou até mim, e em vez de fumar


eu passei para Tiny.

“Cara, que porra é essa? Eu conheço você desde sempre e


você nunca passou o baseado sem fumá-lo. Você está doente?”
Tiny perguntou.

“Doença do amor.” Chet riu.

“Sobre o que você está falando, Chet? Você está dizendo


que nosso garoto Zeke é pau mandado?” Finn perguntou com
olhos arregalados.

“Foda-se você, cara. Você sabe melhor do que isso.” Eu


disse enquanto alcançava outro baseado.

Eu dei uma grande tragada antes de passá-lo.

Até meus garotos estavam notando as mudanças em


mim. Talvez eu esteja doente. Eu sei que me sinto um pouco
doente.

Uma vez com a cerveja, eu bebi até não sentir mais nada.
Já tinha passado tanto tempo desde que eu tinha ficado bêbado e
drogado e, porra, eu adorei. Eu odiava sentir algumas coisas por
Patience, e dessa forma eu estava muito bêbado para pensar
direito, muito menos sentir.

Então quando Frankie deu uma passada com seus


equipamentos de tatuagem, eu culpei o álcool por ser estúpido o
suficiente para fazer uma nova tatuagem. Fazer uma tatuagem
não era um grande negócio. Eu tinha muitas ao redor de mim,
mas na manhã seguinte quando eu acordei para mijar e vi um
Floco de Neve pequeno e azul na parte de dentro do meu
antebraço esquerdo, eu sabia que estava fora da minha mente.

A semana passou como um borrão que alternou entre


escola, The Boy’s Club, praticar e intoxicação. Eu ainda não tinha
feito nada sobre meu pai então eu ainda estava vivendo apenas
com uma mochila. Nós tocamos no The Pit por alguns extras na
esperança de algum executivo de gravadora estar lá na mesma
noite, mas nós não escutamos nada sobre isso.

Quando o fim de semana estava se aproximando, Finn


deu uma daquelas suas festas. Eu estava me afogando em meia
garrafa de Everclear7 quando eu vi seu cabelo platinado atravessar
a sala. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu correria para ela
de novo. Especialmente desde que Chet estava fodendo
regularmente sua melhor amiga.

Eu não podia tirar meus olhos dela. Primeiro de tudo, ela


deixou Megan vesti-la de novo e droga, ela parecia tão quente
agora. Segundo, era Patience, meu Floco de Neve, e eu sentia sua
falta como louco. Ela riu de alguma coisa que Megan disse e então
correu os dedos através de seus cabelos para tirá-los do rosto.
Tudo o que eu podia pensar era sobre o cheiro do seu xampu caro.
Quando eu deixei o motel, eu pensei em roubar o travesseiro como
um psicopata.

Ela deve ter sentido meu olhar porque ela se virou e seu
olhar colidiu com o meu. Seu rosto caiu e seus olhos ficaram
tristes. Eu conhecia sua tristeza. Eu sentia o mesmo. Ela foi a
única mulher no mundo que eu passei meu tempo sem sexo e eu
fui estúpido o suficiente para me apaixonar por ela.

7
Vodka
Antes que ela pudesse vir falar comigo, eu fui para a
garagem. Eu não podia permanecer olhando para ela e eu odiava a
expressão em seu rosto. A mãe do Finn estava fora da cidade com
o seu novo namorado, que era da mesma idade de Finn, então eu
me fechei no quarto dela.

Estar cercado por um quarto no estilo anos oitenta e uma


desagradável roupa de cama e cortinas na cor malva não
ajudaram no meu estado de espírito. A cor lembrava minha mãe.
Era sua cor favorita para decorar. Talvez quando eu fosse buscar
minhas coisas no meu pai, eu pegue sua antiga poltrona também.
Era tudo o que eu tinha desde que fui idiota o suficiente para
destruir minha memória favorita dela.

Eu bebi avidamente o liquido flamejante e rezei para ficar


bêbado o suficiente para desmaiar. Eu me deitei na cama, e o
cheiro de perfume de mulher velha preencheu meus sentidos e me
fez querer vomitar. A música lá fora estava tão alta que eu não
podia pensar, tão alta que eu quase não escutei a suave batida na
porta do quarto.

“Vá embora porra,” eu gaguejei alto.

A música ficou mais alta enquanto a porta abria e


abafada de novo quando fechou.

“Eu não disse que esse quarto estava sendo usado?” Eu


fechei meus olhos e senti o álcool tomar conta de mim.

“Por que você está me ignorando?” A voz de Patience


preencheu o quarto.

Eu sentei me apoiando em meus cotovelos e a fitei com


olhos vermelhos de bêbado.

“Por que você está me seguindo? Você está em uma


perseguição agora?”, eu rosnei.

Ela recuou com minhas palavras e eu esperava que ela


apenas fosse embora. Estar tão perto dela e não tocá-la estava me
matando. Eu me sentei e pendurei meu pé no lado da cama. Virei-
me de cotas para ela de propósito, esperando que ela pegasse a
dica, mas eu ainda a escutava atrás de mim.

“Eu fiz alguma coisa?” Ela perguntou.

“Não, você realmente não fez. Talvez se tivesse feito ainda


estaríamos nos falando.”

Eu sabia que era totalmente errado quando eu disse isso,


mas a vontade de estar perto dela foi ficando mais forte.

"Então, você para de falar comigo por que eu não


avancei?" Ela parecia chocada.

"Ding, ding, ding!" Levantei-me e a encarei.

O quarto girou comigo e então eu dei uma boa olhada na


tristeza em seu rosto e isso me irritava. Ela se moveu para perto
de mim e eu senti minha espinha endurecer.

Ela ficou ali olhando para mim como se estivesse


tentando ver o meu segredo escondido. Estava ali, logo abaixo da
superfície, e isso me deixou desconfortável com ela olhando tão de
perto.

"Veio tentar novamente? Talvez você não vá surtar


quando chegar dessa vez?"

Foi como um tapa no rosto. Eu sabia que seriam quando


as palavras fizeram seu caminho para fora da minha boca. Seus
olhos se encheram de lágrimas e eu senti meu coração murchar.
Batendo seu cabelo no meu rosto, ela se virou para sair, mas
machucá-la me machuca e eu queria pedir desculpas no local.

Estendi a mão e agarrei seu braço e ela se virou para


mim. Um pedido de desculpas estava esperando atrás de meus
lábios, mas então ela olhou para o meu braço e seus olhos se
arregalaram. Segui seu olhar e vi que ela estava olhando para a
minha tatuagem de Floco de Neve.

"O que é isso?" Ela segurou meu braço.

Puxei-o e cruzei os braços.

"Isso é um Floco de Neve?" Ela apontou para o meu


braço. "Por que você iria tatuar um Floco de Neve no seu braço?"
Sua expressão mudou e eu vi um pouco de esperança infiltrar-se
em seus olhos. "Isto... você fez isso por mim?"

Droga, eu fiz! Isso é o que eu queria dizer. Sim, eu estava


bêbado quando eu fiz isso. Claro, eu estava completamente fora de
mim, mas eles dizem que um homem bêbado nunca mente e eu
tive um momento de honestidade, quando eu tinha me marcado
com um símbolo que lembrava Patience. Ela estava sob a minha
pele sempre. Por que não colocá-la na minha pele também?

Em vez de desistir, eu fui mais fundo no modo idiota.

"Oh, Deus, aqui vamos nós. Vá em frente, Floco de Neve.


Transforme isso em algo que não é. Vá dizer a todos os seus
amigos de colarinho branco que a porcaria de menino do outro
lado da cidade está tão apaixonado por você que ele foi e fez uma
tatuagem para você."

Eu fiz isso soar como se fosse uma piada, mas na


realidade era a verdade... Era a verdade e era uma droga.

"Você é um idiota. Eu não sei o que me fez pensar que eu


poderia estar apaixonada por alguém como você.” As palavras dela
chegaram ao meu peito e apertaram meu coração com punho de
ferro. "Por que você faz isso? Por que você me dá algo bom e então
o arranca fora? O que será preciso para você me permitir ir
embora apenas uma vez sentindo como se eu fosse algo
importante para você? Apenas uma vez!" Uma lágrima escorreu
pelo seu rosto. "Você é a única pessoa no mundo para quem eu
quero ser importante, mas você se recusa a me dar um minuto
desse sentimento."

Eu fiquei lá e ouvi sem dizer uma palavra. Ela tinha tudo,


mas admitiu que estava apaixonada por mim. Qualquer coisa que
eu estive a ponto de dizer ficou preso na minha garganta.

Ela jogou os braços para cima em frustração. "Eu não


vou mentir. Sim, eu pensei que o Floco de Neve era para mim, mas
só porque você me chama de Floco de Neve. Partes de mim espera
que você tenha feito essa tatuagem como uma lembrança de uma
garota por quem você é louco, mas eu sei melhor. Você é incapaz
de ter sentimentos por qualquer coisa, aparentemente. Portanto,
não se preocupe comigo por ter quaisquer noções equivocadas
sobre onde você está. Eu sei onde eu estou em sua vida e é logo
abaixo da sua guitarra, seu carro de merda, alguma piranha que
você fodeu semana passada, e as drogas!"

Eu fiquei ali em choque com a veemência em sua voz. As


palavras que ela disse não poderiam ter sido mais falsas, mas
seria errado da minha parte admitir tais sentimentos por ela.
Claro que sim, eu marquei o meu corpo com a sua essência, mas
eu tinha sido marcado por ela muito antes da tatuagem. Ela
ganhou seu lugar no meu corpo, bem como no meu coração e
alma, mas eu nunca seria cruel o suficiente para admitir isso.

Eu morreria antes de pegá-la em uma armadilha e torná-


la uma prisioneira do meu mundo. Patience iria me dar cem por
cento de si mesma, e eu sabia que ela viria com força total para
dentro do meu inferno sem pensar nas consequências. Eu sabia
disso porque eu queria fazer o mesmo quando se tratava dela, mas
um de nós tinha que ser inteligente.

Ela tinha um futuro – com a faculdade e empregos com


altos salários. Ela tinha um futuro com maridos ricos e lindos
bebês loiros com olhos azuis brilhantes e uma pele impecável. Eu
não podia lhe oferecer mais do que uma vida de salário mínimo
com viagens ocasionais de aniversário para o McDonald’s. Eu
nunca me perdoaria se a afastasse de seu futuro.

Ela se virou para ir embora, e sem um único


pensamento, corri até ela. Meu corpo pressionou sua figura
esbelta no péssimo papel de parede coberto de rosas do quarto da
mãe de Finn. Seus olhos se encheram de raiva e pânico. Ela
tentou me empurrar para longe e ficar livre, mas eu agarrei-lhe os
pulsos e os prendi na parede com ainda mais força. Eu sabia que
o que estava fazendo era errado. Eu sabia do seu medo irracional
de ser pressionada, mas ela estava tão incrível e eu estava
sonhando com ela sentindo isto desde a última semana.

É triste quando você percebe que só de estar perto de


alguém que você ama é o suficiente. Não sexo, não uma
brincadeira suja na minha cama de solteiro, simplesmente um
momento de intimidade – a sensação da sua respiração no meu
peito, as lufadas de ar aquecido atingindo minha bochecha e
lábios. Era o suficiente quando se tratava de Patience.

"Você não sabe nada sobre o que eu quero ou sinto.


Então, até que você saiba, eu sugiro que você mantenha a boca
fechada.” Ela lutou novamente para ficar livre, e seu esforço
empurrou seu corpo para mais perto.

"Por que você me odeia tanto?" Lágrimas obstruíam sua


garganta.

Suas palavras cortando minhas entranhas.

"Você não sabe o que diabos você está falando."

"Então me diga. Explique para mim já que sou tão


ignorante. Tudo o que sei é que agora você está olhando para mim
como se eu fosse nada e está validando o fato de que isso é
exatamente o que eu sou... Nada."

Ela segurou as lágrimas. Seu rosto distorceu com seu


esforço, mas eu podia vê-las esperando para escorrer por suas
bochechas. Tentou de novo se soltar, mas eu não podia deixá-la ir
assim. Bati minhas mãos com raiva contra a parede e a pressionei
mais com meu corpo. Meus braços eram como barras a segurando
enquanto pressionava minhas mãos na parede ao lado de sua
cabeça.

Ela virou a cabeça para o lado como se não pudesse olhar


para mim. Eu queria ver seus olhos. Eu queria ver dentro dela
apenas uma última vez. Corri meus dedos contra sua bochecha e
inclinei seu rosto para mim com a ponta do dedo. Ela fechou os
olhos para me impedir.

"Olhe para mim." Minha voz era um sussurro perigoso.

Senti-me perigoso. Eu senti como se estivesse prestes a


explodir em milhões de pedaços. Ela não tinha ideia de quanto ela
significava para mim em tão pouco tempo e isso me irritava
porque ela estava fazendo suposições.

Seus olhos se abriram e ela olhou dentro dos meus. Eu


estava tão perto dela. Perto o suficiente para que eu pudesse ver
os pontos negros em suas íris azuis. Sua respiração quente
percorreu meus lábios e eu apertei meus dedos contra seu queixo.

"Você nunca vai saber a minha complexidade, por isso


não adianta tentar explorar esse ponto. Você vai se perder, e você
não vai sobreviver a mim. Não pretenda entender meus
sentimentos e emoções. Metade do tempo eu não tenho nenhum
de qualquer maneira, mas quando se trata de você, eles são
ilimitados, o que é mais perigoso. Eu não olho para você como se
fosse nada. Eu olho para você como se você fosse tudo, porque
você é, e eu odeio isso."

Olhei para o rosto dela e meu olhar íntimo a fez parar em


sua fuga. E então ela me chocou, inclinando-se nas pontas dos
pés e pressionando seus lábios macios contra os meus de um jeito
inocente e ainda mais provocante. Isso me deixou excitado como
eu nunca tinha estado antes. Nenhuma quantidade de drogas
poderia ser como o calor que pulsava através do meu sangue com
o toque de seus lábios. Fechei os olhos, puxei-a para perto de
mim, e a beijei de volta.
Vinte

`;Fr
Patience

Depois do melhor aniversário que eu tive desde que era


uma garotinha, eu deixei o quarto de motel do Zeke e fui para
casa para o drama. Mamãe estava doente e eu me senti horrível
por não estar lá com ela.

"Por que você não me ligou?" Eu perguntei a Sydney.

"Ela me fez prometer que não o faria. É seu aniversário e


ela disse que provavelmente você estava com o seu namorado e ela
não queria interromper." Uma pequena lágrima correu pelo seu
rosto.

Ela era muito jovem para estar lidando com isso. Se eu


pudesse tirar a dor de nossa mãe eu faria em um piscar de olhos.

Eu a puxei para mim e a envolvi em meus braços. "Eu


não tenho um namorado. Ele é só meu amigo e, ainda assim, você
e mamãe são mais importantes. Não importa o que ela diz a partir
de agora, você sempre vai me ligar."

Entrei no quarto da minha mãe e fui agredida pelo cheiro


de vômito e doença. Ela estava deitada na cama, com a cabeça
jogada para o lado. Se eu não tivesse visto seu peito se
movimentando, eu teria pensado que ela estava morta. Eu fechei a
porta atrás de mim e o clique chamou sua atenção.

Um sorriso forçado espalhou pelo seu rosto.

"Feliz Aniversário, pequena menina. Novamente, outra


coisa que eu estou feliz em ter sido capaz de ver. Dezoito anos de
idade." Ela engasgou com cada palavra.

Seus olhos febris me acolheram e seu corpo tremia


constantemente. Droga, foi difícil ver isso, mas eu estaria lá, não
importa o quê.

Eu forçava um sorriso grande, falso. "Sim, os grandes


dezoito anos."

Passei horas com minha mãe no quarto dela. Eu disse a


ela sobre o meu dia com Zeke e ela concordou que a coisa do
McDonald’s era doce. Ela teve um ataque de tosse de vez em
quando e logo estava exausta demais para falar. Uma vez que ela
estava dormindo, deixei o quarto dela e fui para o meu.

Não havia nada pior do que ver minha mãe morrer, mas
ser ignorada por Zeke era uma droga. Uma semana depois, eu
ainda não tinha ouvido falar dele. Após os dois primeiros dias de
mensagens de texto e ele não respondendo, eu desisti.

Meu pai voltou para casa naquele fim de semana e eu


tentei ficar fora tanto quanto possível, mas não havia nenhum
lugar para ir agora que Megan estava com Chet o tempo todo. Na
maioria das vezes eu ficava com a mãe e quando ela não estava
disposta para companhia e Sydney estava ocupada, eu andava até
o lago do bairro e ficava sentada até que fosse tarde o suficiente
para ir para casa e me preparar para dormir.

Meu pai deve ter estado ocupado, porque ele não me


incomodou e eu estava feliz por isso.

Na semana seguinte, fui para a escola normalmente,


treinei normalmente, e tive dois jogos. No momento em que a
sexta-feira chegou, eu estava pronta para o fim de semana. Megan
me implorou para ir à festa de Finn, e depois de não ver Zeke por
tanto tempo, eu não aguentava mais. Eu queria saber por que ele
estava me ignorando. Eu queria saber o que eu tinha feito de
errado.

Após encurralá-lo no quarto e ele meio que confessar que


ele tinha sentimentos por mim, eu o beijei. No começo, ele me
beijou de volta e foi maravilhoso, mas, de repente, o Zeke imbecil
me colocou no lugar e se afastou.

"Não me beije a menos que você esteja pensando em


terminar o trabalho dessa vez," disse ele enquanto limpava a boca
com as costas da mão.

Quando eu vi a maldita tatuagem de Floco de Neve em


seu braço, eu estava feita. Eu sabia no minuto em que a vi que era
para mim, e isso foi o destaque da minha semana.

Depois que ele quebrou o beijo, ele correu para fora do


quarto. Eu não o vi na festa novamente. Acabei sendo a carona de
Megan e Chet e segurando as lágrimas durante toda a noite.
Minha vida era uma bagunça completa, mas pelo menos quando
eu estava com Zeke eu poderia esquecer tudo isso. Com ele,
saindo da minha vida, as coisas pareciam dez vezes pior.

Naquela noite, quando Megan me deixou, eu rastejei pela


minha casa e tentei ir para o meu quarto sem ser vista pelo meu
pai. Esta noite não era minha noite de sorte e passei por ele no
corredor. Ele me seguiu com os olhos irritados quando passei por
ele para o meu quarto. A porta mal teve tempo de fechar antes
dele ir abrindo-a e entrando.

"Onde está a sua irmã?" Perguntou.

Eu odiava que ele estivesse perguntando sobre ela. Eu


odiava a ideia de ele sequer pensar sobre ela.

"Ela está na casa de uma amiga," eu respondi com a


cabeça para baixo.

Eu queria ser forte. Eu queria combinar seu olhar como


uma cadela má até que ele saísse do meu quarto, mas depois de
tudo que ele me fez passar e depois de ser tratada como um nada
por Zeke, eu estava fraca. Eu sempre tinha sido fraca.

Ele agarrou meu queixo e lançou minha cabeça para trás.

"Se você vai se vestir como uma prostituta, o mínimo que


poderia fazer é olhar um homem nos olhos como uma prostituta,"
ele sussurrou.

Eu não disse nada. Eu só olhava para ele e esperava o


que estava por vir. Quanto mais se aproximava, mais eu podia
sentir o cheiro de álcool em seu hálito. Por um breve momento,
senti alívio, pois geralmente quando ele bebia me deixava em paz e
desmaiava, mas desta vez foi diferente. Havia selvageria em seus
olhos que estava saltando para fora.

"Eu estou tão desgostoso por você. Apenas olhe para


você.” Ele apontou para minhas roupas. "Basta olhar para o que
você se tornou. Estou tão feliz que não é o meu sangue que corre
em suas veias."

No minuto em que as palavras saíram de sua boca, sua


expressão seguiu seu acidente. Sua boca abriu como se fosse para
corrigir seu erro, mas em vez disso, ele olhou para mim com os
olhos arregalados.

"O que você acabou de dizer?"

Toda a casa se moveu e eu senti o sangue correr da


minha cabeça. Certamente eu estava ouvindo coisas. Talvez eu
tenha bebido demais na festa de Finn. Eu tomei uns drinques de
pessoas que eu não conhecia. Talvez algo tenha sido colocado na
minha bebida e eu estava realmente desmaiada em algum lugar
na garagem de Finn, tendo um pesadelo. Tudo soou melhor do
que o que eu tinha ouvido.

Sem medo, eu o empurrei.

"Você não é meu pai," eu disse simplesmente.

De alguma forma, isso fazia sentido, e de alguma forma


isso fez os anos de sexo com este homem um pouquinho melhor,
mas ainda assim, eu me senti mal do estômago.

Eu olhei para ele. Eu realmente olhei para ele como eu


não tinha feito em muitos anos desde que eu não tinha coragem.
Olhei em suas características faciais e os olhos marrom-escuros.
Então meus pensamentos correram para Sydney e seus olhos
verdes e depois a minha mãe... Seus olhos eram verdes também. E
assim, tudo ficou claro.

"Você não é. Oh meu Deus, você não é meu pai."

Ele não negou. "Não importa. Eu te criei."

"Você abusou de mim toda a minha vida!" Eu gritei.

Assim que as palavras saíram da minha boca, ele me


calou com as costas da mão. Meu rosto ardia e meus ouvidos
zumbiam.

"Você sempre foi uma garota egoísta, Patience. Você sabe


disso?" Ele colocou os dedos em meu rosto e me forçou a olhar
para ele. "Você é tão egoísta que iria dizer a sua mãe algo assim
tão perto de sua morte? Você realmente quer que ela morra com
isso em seu peito? Deixe ir. Você gostou tanto quanto eu."

E então ele se virou e foi embora. Eu fiquei lá e deixei


tudo afundar e então eu caí no chão e chorei até adormecer.

No dia seguinte, eu fiquei no meu quarto durante a maior


parte da manhã. Eu debati sobre se devia ou não ir até a minha
mãe e procurar saber por que ninguém me disse que o governador
não era o meu verdadeiro pai, mas como eu nunca iria contar
sobre o abuso sexual, eu nunca diria a ela que eu sabia. Não
mudaria nada, e com a minha mãe em seu leito de morte, eu não
queria dar-lhe alguma razão para não morrer em paz.

Então a memória da minha mãe me contando sobre seu


primeiro amor me abateu. Talvez essa tenha sido sua maneira de
me dizer. Talvez tenha sido a sua maneira de conseguir colocar
para fora. Meu pai verdadeiro era um bad boy chamado Robert
que ela estava proibida de ver. Quão conveniente é eu estar
apaixonada por um bad boy. Estava no meu sangue.

O homem que eu chamei de pai toda a minha vida não


era meu pai, mas ele era definitivamente o de Sydney. Ela se
parecia com ele, com exceção de seus olhos. Todos esses anos, eu
estava preocupada com ele indo até Sydney, e todos esses anos,
ela era realmente sua, enquanto eu não era. Talvez seja por isso
que foi tão fácil para ele fazer as coisas para mim. Talvez o
pensamento de que meu sangue não era dele o fez achar que tudo
bem em sua mente para fazer sexo comigo. De qualquer maneira,
eu ainda mantinha um olhar atento sobre Sydney. O homem era,
obviamente, doente e pessoas doentes não são meticulosas.

No final da tarde, o homem que estava trabalhando na


guitarra de Zeke ligou e disse que estava tudo pronto. Ele não
queria me ver, mas eu sabia que o que eu tinha para ele iria fazê-
lo feliz.

Eu dirigi à loja do homem. O pequeno sino acima da


porta soou como meu nome quando ele tocou. Apertei meus
braços contra o balcão da frente e me mexi inquieta enquanto
esperava alguém para me ajudar.

Um pequeno homem de cabelos grisalhos veio da parte de


trás com um sorriso.

"O que posso fazer por você, querida?"

"Eu deixei uma guitarra e você ligou dizendo que estava


pronta."

Dei-lhe o meu nome. Quando ele saiu da parte de trás de


novo, ele tinha um estojo de guitarra preto em suas mãos.

"Aqui está, senhorita," disse ele enquanto colocava a case


da guitarra em cima do balcão.

Ele abriu os pequenos trincos na lateral e abriu a case.


Dentro havia uma Fender8 preta que eu escolhi. Os pedaços de
guitarra velha de Zeke foram primorosamente adicionados à frente
da nova guitarra lindamente, especialmente a parte em que a mãe
dele tinha assinado o nome dela. Ela foi personalizada apenas
para ele.

Ele não tinha ideia de que eu tinha pegado os pedaços


quebrados de sua guitarra. Eu ainda me sentia como se fosse
8
Marca de guitarras
minha culpa que o seu bem mais precioso fora destruído. O
mínimo que eu podia fazer era substituí-lo, e eu pensei que usar
peças da velha guitarra que sua mãe comprou era a ideia perfeita.

Eu paguei o homem atrás do balcão uma quantia


obscena de dinheiro e, em seguida, caminhei até o meu carro com
a guitarra na mão. Megan me disse que Zeke estava com Tiny,
então eu liguei para ela e peguei o endereço do apartamento dele.

Dirigir através da cidade não me chocava mais. Lembrei-


me da primeira vez que vim ao mundo de Zeke pensando em como
o lugar era nojento. Lembro-me de pensar que eu nunca poderia
viver em um lugar assim, mas agora, quando eu dirigia para
qualquer lugar que ele fosse, eu sentia como se estivesse indo
para casa, como se eu não tivesse crescido em uma casa de um
milhão de dólares, como se pertencesse a algum lugar pela
primeira vez na minha vida.

O complexo de apartamentos era pior que o parque de


trailers de Zeke. Bati na porta e fiquei chocada quando Tiny
atendeu em sua boxer.

"Zeke está?" Perguntei.

Seus olhos percorreram de cima para baixo do meu corpo


e eu me senti suja.

"Não, ele foi até a casa de seu pai para pegar o resto de
sua merda."

Isso não era bom.

"Ele foi sozinho?" Eu perguntei com os olhos arregalados.

Ele olhou para mim como se eu fosse uma idiota.

"Ah, sim. Ele saiu em torno de..."


Eu nem sequer ouvi o resto. Eu corri para o meu carro e
pulei dentro. Felizmente, o complexo de apartamentos não era
muito longe do estacionamento de trailers.

O caminhão de reboque de seu pai não estava à vista,


mas seu carro estava estacionado no quintal quando eu cheguei
lá. Eu podia ouvir o som alto do seu rádio do lado de fora do
trailer, e eu pensei que era estranho que ele viria para o seu pai e
colocar a música alta. Bati duro em sua porta e depois de cinco
golpes, ele não veio. Eu estava começando a ficar preocupada,
então eu tentei a maçaneta.

A porta se abriu e eu escorreguei no pequeno,


enfumaçado espaço. Eu fechei a porta atrás de mim e gritei seu
nome. Ainda assim, eu não obtive resposta, o que significava que
ou ele não podia me ouvir ou eu não podia ouvi-lo. A música
estava tão alta que parecia estar balançando o pequeno trailer. A
guitarra ficou puxando meu braço para baixo, então eu a coloquei
no encardido sofá xadrez e mexi meu braço para aliviar a tensão
que havia no meu cotovelo.

Eu ouvi um barulho vindo do quarto dele e percebi que


ele estava lá empacotando. Talvez ele tenha tirado sua camisa e eu
iria pegá-lo com apenas um par de deliciosos jeans rasgados que
ele gostava. Esperando que eles estivessem pendurados em seus
quadris e mostrando suas tatuagens sensuais. Eu o tinha visto
sem camisa antes e eu tinha visto cada tatuagem que ele tinha
abaixo da linha das calças. Eu não estava desapontada, nada
físico sobre Zeke era decepcionante.

Eu achei engraçado que um cara tão perigoso como Zeke


seria aquele que, finalmente, me chamou a atenção. Eu não era o
tipo de garota que procurava por problema. Especialmente desde
que o problema parecia me encontrar pelo menos uma vez por
semana, mas algo sobre ele me pegou e me fisgou. Conhecê-lo e
ver as partes íntimas dele fez meu apego ser um tanto melhor. Ele
era perfeito para mim.

O piso macio do corredor apertava debaixo dos meus pés.


A porta do quarto estava quebrada, então eu empurrei o resto da
porta e entrei. Eu secretamente desejava que eu fosse pegar Zeke
seminu, mas quando eu desejei isso, eu desejei que ele estivesse
sozinho quando eu o encontrasse. O que eu vi diante de mim foi
como um soco nas costelas.

Zeke estava deitado em sua cama, com as mãos atrás da


cabeça enquanto ele relaxava contra a cabeceira. A ruiva em cima
dele estava pressionando-se contra ele em todos os sentidos
possíveis. O ritmo da cabeceira batendo na parede de painéis
marrom fez o meu estômago revirar. O som do colchão rangendo
me deu vontade de cair de joelhos e tapar os ouvidos. Eu conhecia
bem aqueles sons e trouxeram nada além de pesadelos.

Eu queria chorar. Eu queria dissolver lentamente em


nada e flutuar no ar pelo clique do ventilador circulando no pé de
sua cama. A parte confusa era que eu não poderia estar com
raiva. Ele não era meu e por mais que eu quisesse ser a única a
ter relações sexuais despreocupadas com ele, eu não podia. Não
importa o quanto eu tentasse, eu não poderia fazê-lo.

Sério? O que mais o universo poderia derrubar sobre


mim neste momento? Eu tinha tudo, mas eu tinha morrido em
diversas ocasiões na minha vida. Você acha que, finalmente, eu
tinha acabado de cair, mas eu continuei e eu continuei correndo
em coisas que quebraram o meu espírito. Ver Zeke ter relações
sexuais com outra garota estava me quebrando naquele momento.
Naquele momento, as portas abertas que restavam para a
minha alma se fecharam. Zeke era isso para mim, e se eu não
podia trazer e dar a parte de mim que foi levada tantos anos atrás,
então não haveria mais ninguém. Todos os pensamentos de um
relacionamento físico na minha vida se afastaram. Os
pensamentos de casamento, filhos, ou vida real, em geral, foram
embora em um piscar de olhos.

Ele só estava recebendo o que eu nunca poderia lhe dar.


A prova estava ronronando e saltando em frente a mim. Eu nunca
poderia ser o que Zeke precisava ou queria. A tatuagem de lua
crescente na sua parte inferior das costas dela combinava com a
tatuagem de estrela na mão dele que agora estava segurando sua
bunda. Eu não conseguia tirar os olhos das duas tatuagens. Elas
eram um símbolo para mim. Elas eram um sinal de que eles
pertenciam um ao outro e eu era a maravilha sem estrelas que
pertencia ao meu suposto mundo seguro de paredes acolchoadas
e higienizado. A verdade é que eu estava mais segura neste
estacionamento de trailers quebrado cercado por tráfico de drogas
e membros de gangues do que na minha própria casa.

E então eu vi sua tatuagem de Floco de Neve e eu morri


um pouco mais. Como ele poderia me marcar em sua pele dessa
forma e depois ter sexo despreocupado, sem sentido com outra
pessoa? Que tipo de pessoa faz isso?

Olhei para o único Floco de Neve. Eu não conseguia tirar


os olhos dela.

A ruiva fez um barulho alto de choramingar, fazendo-me


desviar minha atenção. Eu sabia no fundo da minha mente que eu
deveria sair lentamente do quarto, mas eu não conseguia tirar
meus olhos para longe dela. A forma como os longos cachos
vermelhos balançavam sobre seus quadris, o arco em suas costas,
seu ritmo perfeito enquanto ela dava prazer a ele com seu corpo,
era tudo tão hipnótico. Ela se deu tão livremente e eu invejava
essa liberdade.

Eu ouvi os ruídos que derramaram de seus lábios quando


ela alcançou uma paixão que eu nunca saberia, e era quase
musical. Eu deveria odiá-la, mas ela estava magnífica e sedutora,
todas as coisas que eu desejava ser. Eu queria desviar o olhar,
mas algo sobre a cena era estranhamente bela. Tire o fato de que
meu Zeke estava fazendo sexo com outra mulher. Tire o fato de
que meu coração estava murchando em uma pilha de nada no
meu peito. Ela era uma menina que eu nunca seria e observar sua
liberdade era de tirar o fôlego.

Era assim que deveria ser para uma menina. O colchão


rangendo e os sons da cabeceira batendo na parede deveriam ser
uma coisa boa. A ruiva teve sorte. Ela não se encolhe com os
ruídos eróticos. Ela não sente vontade de chorar e cair no chão em
posição fetal, se alguém a tocar. Ela era exatamente o que Zeke
necessitava. Ela era o que ele merecia e eu não era.

Lentamente, eu me afastei em direção à porta, mas antes


que pudesse desviar o olhar, vi os olhos de Zeke pousarem em
mim. Os ruídos pararam e ele usou as mãos para parar os quadris
dela saltando. O constrangimento de ser pega assistindo me
atingiu e eu senti o calor preencher minhas bochechas. Eu aposto
que a ruiva não corava como uma garotinha. Eu aposto que a
ruiva era uma mulher de verdade, uma mulher que podia dizer a
palavra pênis sem rir.

Senti o batente da porta bater nas minhas costas. Ele me


impediu de fazer uma fuga rápida. A ruiva pendurou a cabeça e
com os olhos grandes, ela me olhou com aborrecimento.

"Floco de Neve," disse Zeke. Sua voz estava tensa e ele


estava sem ar.

Uma fina camada de suor cobria seu corpo e todo o


prazer deixou seus olhos quando ele olhou para mim. Uma
estranha emoção que beirava coração partido cruzou sua
expressão, mas ele estar ferido não fazia sentido para mim. Por
que ser apanhado no meio de sexo quente feria seus sentimentos?
Na verdade, desde quando Zeke Mitchell tem sentimentos? Eu
estive enganada por um tempo, mas era óbvio que ele estava certo.
Eu estava fora do meu alcance.

Eu senti que deveria dizer alguma coisa. Eu senti como


se precisasse que eles soubessem que eu sabia que não deveria
estar lá, mas a minha língua parecia estar inchada do tamanho de
um balão e parecia que ela estava cheia de chumbo. Não importa
o quanto eu queria sorrir como se não fosse grande coisa e dizer
algo espirituoso, eu não podia forçar meus lábios a se moverem e
minha voz parecia estar presa em algum lugar no fundo de meus
pulmões, o que eu não conseguia preencher.

"Eu sinto muito." As palavras guincharam fora da minha


boca. Elas eram pequenas e insignificantes, como eu.

E então, minhas pernas não pareciam mais dormentes e


de alguma forma eu consegui virar e sair da sala. O corredor do
trailer de Zeke nunca pareceu tão longo. Ele de repente ficou mais
longo na minha frente e eu não acho que iria conseguir chegar à
porta da frente. O piso afundando parecia que estava consumindo
meus pés a cada passo, até que finalmente eu consegui.

A porta de alumínio pegou o vento quando eu a abri e se


não fosse pela corrente enferrujada que segurava a porta, ela teria
se chocado contra o trailer. Eu usei o batente da porta para me
segurar quando uma onda de tontura passou por mim. Eu
silenciosamente perguntei a mim mesma se alguém já tinha
morrido por causa de coração partido. Eu senti que não conseguia
respirar e meu cérebro estava falhando. Eu não conseguia pensar
direito. Pequenas coisas como mover as pernas e sair do trailer
eram muito difíceis para eu compreender.

Finalmente, minhas habilidades motoras retornaram e eu


pude me mover de novo. A brisa fresca beijou meu rosto quando
eu saí para a varanda de pedra. Empurrei a porta e deslizei para
baixo nas escadas arborizadas. No meio do caminho para o meu
carro eu senti pingos de chuva contra o meu cabelo. Não era até
que eu estava segura no meu carro que eu percebi que eram
lágrimas reais no meu rosto.

Eu rezei silenciosamente para mim mesma que elas não


viessem até que eu estivesse fora da casa de Zeke. A última coisa
que eu queria era que ele me visse chorar. Ele nunca precisaria
saber o quanto eu gostava dele. Ele nunca precisaria saber que a
última peça de mim que estava se mantendo esvoaçou para longe
quando eu o vi com ela.
Vinte e Um

`;Fr
Zeke

Fugir de Patience era difícil, mas era necessário. O olhar


em seu rosto quando eu andei para longe dela estaria em meus
pesadelos por um tempo.

Eu nem sequer disse a Finn que estava saindo. Em vez


disso, eu saí e dirigi bêbado pra caralho pelo parque perto do The
Boy’s Club. Lembrava-me de Patience e me senti perto dela lá. Eu
ainda poderia me lembrar daquele primeiro beijo com ela. Ele foi
mais que incrível.

Eu levantei a minha garrafa de confiança Everclear e


acabei com ela. Eu estava tão bêbado que meus lábios estavam
dormentes. Eu saí e saltei para a cama que tinha no meu carro.
Eu tirei algum lixo e me joguei na cama. Olhando fixamente para
as estrelas, eu desmaiei.

Na manhã seguinte, acordei rígido e de ressaca. Voltei


para o apartamento e, em seguida, entrei no chuveiro quente até
que comecei a me sentir vivo novamente. Quando eu saí, Tiny
estava sentado no sofá de cueca, jogando Xbox.

"Cara, o que aconteceu com você na noite passada?" Ele


perguntou, sem tirar os olhos do seu jogo.

"Eu fiquei bêbado e desmaiei no parque."

Eu abri a geladeira e bebi um pouco de suco de tomate.


Meu pai jurava que era bom para ressaca. Acontece que ele estava
certo. Eu me abasteci na hora que soube que eu entraria em uma
bebedeira. Eu caí no sofá ao lado de Tiny.

"Por que você joga essa merda, cara? Dói meu cérebro só
de assistir."

"Você não sabe nada sobre Skyrim9," disse ele enquanto


lutava com algum gigante de aparência louca na tela.

"Sim, você se diverte com isso. Eu estou indo para a casa


do meu pai para pegar minhas coisas. Eu estarei de volta."

Eu saí do sofá e andei até porta.

"Sim, vejo você mais tarde."

Em nenhum momento ele tirou os olhos da tela.

Poucos minutos depois, eu pulei no quintal vazio do meu


pai. Eu nunca estive tão feliz em ver que seu caminhão estava
fora. A varanda de merda da frente se curvou enquanto eu corria
para a porta da frente. A porta abriu com pouco esforço e o cheiro
de cerveja era mais forte do que nunca quando eu entrei.

Não perdi tempo. Fui direto para meu antigo quarto e


comecei a arrumar minhas coisas em sacos de lixo preto que eu
tinha pegado na cozinha. Eu estava quase terminando quando

9
É um RPG eletrônico desenvolvido pela Bathesda Game Studios. É o quinto jogo da série The Elder
Scrolls.
ouvi a porta sendo aberta. Eu congelei. O pensamento de meu pai
chegando em casa era uma merda. Era a última coisa que eu
queria lidar agora. Tenho certeza de que ele estava azedo como
merda por ter levado uma surra.

Olhei para o corredor, esperando ver seu grande corpo se


aproximando. Em vez disso, Stephanie, a ruiva, estava lá. Ela
sorriu sedutoramente e caminhou lentamente pelo corredor em
direção ao meu quarto.

"O que você está fazendo aqui?" Eu perguntei, virei e


comecei a embalar. "Como você sabia onde eu estava?"

"Eu não sabia. Eu estava do outro lado da rua, saindo


com minha amiga, quando eu vi você entrando. Pensei em vir e ver
se havia algo que eu poderia ajudá-lo. Finn me disse que estava
indo morar com Tiny. Achei que estivesse embalando."

Ela correu uma unha pintada na parte de cima da minha


velha cômoda quebrada.

"Finn tem a porra de uma boca grande," eu disse


secamente.

"Eu também." Ela sorriu para mim.

Eu não perdi o significado. Ela tornou ainda mais


evidente quando ela olhou para a virilha em minha calça. Senti
meu pau ficar duro sob seu olhar. Não é como se eu pudesse
evitar. Fazia semanas desde que eu tive uma mulher e ser
provocado pela Patience toda vez que eu chegava nela não ajudou.
Talvez se eu tirasse isso do meu sistema eu não estaria tão preso
em Patience. Talvez tudo o que eu precisava era de uma boa foda
sem sentido.

"Praticamente, você veio aqui para transar?" Eu perguntei


sem rodeios quando me sentei na minha velha cama.

Ela riu. "Bem, podemos conversar também. Eu tenho um


monte de coisas no meu peito que você poderia talvez ajudar a
acalmar." Ela sorriu.

Foda-se. Eu estava feito em pensar merda. Era hora de o


velho Zeke voltar e esmagar toda essa merda emocional.

"Eu acho que você deveria vir sentar aqui e me contar


tudo sobre isso." Eu bati na virilha em meu jeans.

Ela se movia como um gato em meu quarto,


desabotoando a blusa no caminho para a minha cama. Quando
ela chegou ao lado da minha cama, ela estava apenas na sua
pequena saia sexy e um sutiã preto de renda que não deixou nada
para a imaginação. Estava muito gostosa e deveria ser tudo sobre
mergulhar meu pau naquele pedaço vermelho quente, mas meus
pensamentos continuavam voltando para Patience.

Ela parecia pensar que eu era muito melhor do que isso.


Bem, ela estava errada. Eu não era melhor do que isso. Esse era
quem eu fui; isso é o que sempre seria.

Stephanie subiu no meu colo. Levei minhas mãos até


suas coxas e debaixo de sua saia. Fui recebido por uma calcinha
pegajosa e um ponto suave e molhado.

"Tira isso," eu exigi e puxei rudemente em sua saia.

Seus olhos se iluminaram. Mulheres amam essa merda.


Elas amam um homem que assume o comando durante o sexo e,
por isso as mulheres me amavam. Ela estava em cima de mim,
sua virilha na frente do meu rosto, e puxei sua calcinha preta
combinando por suas pernas. Sem vergonha de seu corpo, ela
estava em cima de mim e me deixou percorrer seu corpo com
meus olhos. Foi muito excitante, mas ainda assim, tudo que eu
conseguia pensar era como Patience ficou bonita quando ela
estava tentando certificar-se de que seu corpo estava coberto. Ela
era tão tímida sobre seu belo corpo. Modéstia era algo que eu não
estava acostumado. Honestamente, eu meio que gostei e
estranhamente, foi mais que excitante.

Por que eu tenho que continuar pensando nela? Por que


eu não podia simplesmente esquecê-la, considerá-la uma garota
legal, e seguir a merda adiante? Era inacreditavelmente irritante e
eu já estava farto do jeito que ela me fazia sentir. As emoções não
eram uma coisa boa para um cara como eu. Na verdade, estava
sendo fodidamente perigoso e eu não podia permitir isso na minha
vida. Se eu tivesse que fazer sexo com todas as garotas que
passavam, então que assim seja. Eu tinha que tirar Patience do
meu sistema. Eu precisava dela fora da minha pele e a única
maneira de fazer isso era seguir em frente.

Eu fodidamente odiava isso! Tudo! Minha vida não era


para ser tão complicada, e foder sem sentido com Stephanie iria
fazer as coisas menos complicadas, eu esperava.

Eu subi e corri minhas mãos por suas pernas, então corri


meu polegar através de seu ponto molhado. Ela respirou fundo,
então se inclinou para me beijar. Virei minha cabeça e puxei-a
para ficar em cima de mim. De jeito nenhum eu poderia beijá-la.
Patience era a única garota que eu conseguia ficar tão perto.

Eu a empurrei de volta e desabotoei minha calça jeans.


Ela ajudou quando eu a puxei para baixo em torno de minhas
coxas. Ela não perdeu tempo me montando e empurrando-se para
baixo no meu pau.

Eu pensei que no minuto em que nossos corpos


estivessem ligados, eu estaria perdido. Eu costumo me perder com
um bom baseado e uma mulher encharcada, mas isso não
aconteceu. Em vez disso, tudo o que vi foram brilhantes olhos
azuis olhando de volta e um cabelo loiro-areia em vez de vermelho.

Fechei os olhos e inclinei meu corpo de volta contra a


minha cabeceira enquanto ela movia seu corpo contra o meu. Eu
realmente não quero, mas eu acho que fazer sexo com Stephanie
foi a minha maneira de me irritar. A maneira de provar a mim
mesmo que eu era exatamente o que todos ao meu redor achavam
que eu era - um cão, um perdedor, não suficientemente bom para
beijar os pés da Floco de Neve. E eu iria beijar seus pés, se essa
era a sua coisa.

Pela primeira vez na minha vida, eu estava atravessando


os movimentos do sexo. Ouvi a cama bater na parede e eu sabia
que Stephanie estava fazendo um bom trabalho. Ouvi-a gemer em
cima de mim e eu sabia que mesmo que eu não estivesse ali para
isso, meu corpo estava fazendo um bom trabalho. Ainda assim,
não senti nada. A pressão dolorida no meu abdômen e bolas que
normalmente acompanhavam o sexo não estavam lá.

Eu senti o calor dela e eu reconheci que era para se


sentir bem, mas tudo que eu conseguia pensar era o quanto eu
desejava que fosse Patience em cima de mim. Eu desejava fosse
fios de platina descansando contra o meu peito quando ela se
inclinou sobre mim. Eu desejava que fosse Patience me dizendo o
quão bom era, mas não foi. Era uma ruiva atrevida que sabia o
que estava fazendo e ainda, eu queria que já estivesse acabado.

Como um robô eu levantei e puxei a parte de trás de seu


cabelo. Ela parecia ser do tipo que gostaria disso e eu obtive a
resposta que eu esperava. Ela acelerou, o colchão gemendo contra
meus quadris quando ela me pressionou mais profundo em suas
molas. Trabalhei minhas mãos por suas costas e agarrei a bunda
dela. Talvez se eu apertasse mais forte e ela se movesse mais
rápido alguma coisa aconteceria e eu não teria que fingir um
orgasmo. Eu nunca tive que fazer isso antes e de alguma forma
isso me fez sentir menos homem.

Um movimento com o canto do meu olho me chamou a


atenção e o mundo em torno de mim parou quando meus olhos se
conectaram com Patience. Por um breve segundo, eu pensei que
talvez minha mente a tinha conjurado como uma espécie de
recompensa para um possível orgasmo, mas a única lágrima que
fez um caminho pelo seu rosto me deixou saber que ela era real.

O olhar em seus olhos me queimou. Ela efetivamente me


fez sentir como o maior pedaço de merda do mundo. A dor que
sentia era evidente e imediatamente ela quebrou meu coração e
me deixou puto ao mesmo tempo. Quem diria que ferir alguém
que me importava mataria os pequenos pedaços vivendo dentro de
mim? Quem diria que se preocupar com alguém me faria tão
bravo?

Eu queria empurrar Stephanie longe e ir para ela. Eu


queria abraçá-la e dizer a ela o quanto eu sentia que ela teve que
ver isso. Eu queria dizer a ela que eu estava com pena por ser eu,
por não ser o suficiente para ela, porque, no fundo, é tudo que eu
sempre quis. Eu queria ser bom o suficiente e desde que eu não
tinha nenhuma maneira de me tornar até mesmo perto de bom o
suficiente, aqui estava eu sabotando qualquer parte razoável de
mim.

O nome dela caiu de meus lábios e, em seguida, ela se


desculpou. Por que diabos ela estava se desculpando? Ela não fez
nada de errado. Eu era o único no erro. Eu era o único que
precisava de um bom chute nas bolas. Eu não era nada e lá
estava ela sofrendo por mim, e então ela se foi.

Eu sabia na minha cabeça que aqueles olhos cheios de


lágrimas iam ser a última coisa que eu veria de Patience. Para os
próximos anos, eu teria pesadelos com aqueles olhos. Eu ficaria
acordado na minha cama à noite e repetiria aquele momento uma
e outra vez na minha cabeça. Foi o momento em que eu a
machuquei, o momento em que eu me destruí.

Tirei Stephanie do meu colo e puxei minha calça para


cima.

"Saia," eu disse calmamente.

"Que porra é essa, Zeke?" Ela ficou ali, nua e furiosa. "É
por causa dessa vadia loira?"

Eu olhei para ela.

"Você me ouviu... Saia daqui".

Ela se vestiu rapidamente com um olhar puto em seu


rosto. Pegando os sapatos e as chaves, ela voou pelo corredor do
meu trailer e bateu a porta da frente.

Eu abotoei meu jeans e peguei minha carteira e as


chaves, então fiz meu caminho para a cozinha para tomar uma
cerveja. Abri a geladeira e tirei a cerveja da parte superior.
Voltando-se para a sala de estar, eu joguei minha cabeça para
trás e dei um grande gole. Foi quando meus olhos pousaram na
case de guitarra sentada no meu sofá.

Coloquei a cerveja no balcão e cautelosamente caminhei


até o sofá. Eu permaneci perto da guitarra, encontrando
dificuldade para abrir a caixa e olhar para dentro. Acho que parte
de mim sabia que dentro havia algo que seria o equivalente a um
chute nas bolas. Inclinando-me, eu passei a mão sobre a letra Z
bordada na parte superior da caixa em vermelho brilhante. Eu
apertei as travas do lado e empurrei a tampa aberta.

Dentro havia uma guitarra preta, 1967 Fender, e


enquanto isso foi o suficiente para me fazer cair de joelhos na
frente do meu sofá, foram os pedaços da minha velha guitarra que
fez o truque. No minuto em que vi a peça com a assinatura da
minha mãe, lágrimas encheram meus olhos e pela primeira vez em
muito tempo, eu as deixei cair.

Eu bati em meus olhos com raiva fechei a case.


Fechando-a, eu a peguei e peguei o resto das minhas coisas e levei
para o meu carro, colocando a case na frente comigo. Pedaços de
rocha e poeira voaram dos meus pneus traseiros quando eu saí do
quintal do meu pai. Mandei mensagem duas vezes para ela no
caminho para a sua casa, mas ela não respondeu.

Eu não me lembro de atravessar pela cidade. Era como se


eu tivesse sido levado para o lado pomposo da cidade no piloto
automático. Eu estava preso dentro da minha cabeça e em uma
corrida para chegar a Patience e dizer que estava arrependido e
pedir perdão. Eu não era bom o suficiente para ela e eu ainda não
iria arrastá-la para o meu nível, mas saber que ela estava
andando com o coração partido por causa de mim não me fez
bem. Especialmente considerando o que ela tinha me dado.

Além da minha guitarra, ela me deu esperança em um


lugar sem esperança. Ela me deu a luz quando eu tinha estado
preso no escuro por tanto tempo. Ela tinha feito tanto por mim, e
como eu paguei a ela? Machucando, rasgando seu coração para
fora e dando uma mordida nele. Eu era o mais baixo dos baixos.
Quando cheguei à sua garagem, desliguei meu motor
barulhento. Eu saí do meu carro e fiz o caminho pelo gramado
recém-cuidado para a porta da frente. De pé na porta da frente da
mansão do governador parecia errado, mas naquele momento eu
ainda não tinha pensado sobre a possibilidade de correr contra
ele. Não até que ele abriu a porta e olhou para mim com aquele
familiar olhar de ódio que ainda me fazia pensar nele em tudo. Ele
inclinou seu corpo contra o batente da porta e cruzou os braços.

"Ah, meu amigo, Zeke. O que posso fazer por você, meu
jovem?" Seu sorriso não alcançou seus olhos.

"Eu preciso falar com Patience," eu disse com um pouco


de força.

Ele precisava saber que eu estava falando sério.

"Eu não acho que seja uma boa ideia. Eu pedi a Patience
para ficar longe de você e eu agradeceria se você ficasse longe
dela. Além disso, ela não está aqui."

Seus olhos permaneceram nos meus enquanto ele fechou


a porta na minha cara.

Duas semanas mais tarde, eu ainda não tinha ouvido


falar de Patience. Ela não retornou nenhum dos meus telefonemas
e ela nunca me mandou uma mensagem de volta. Megan nem
sequer me disse nada sobre ela. Foram as piores duas semanas da
minha vida, e nenhuma quantidade de cerveja ou drogas iria
torná-la melhor.
Vinte e Dois

`;Fr
Patience

Fazia duas semanas que não via Zeke e eu estava infeliz.


A parte enjoada era que eu sinceramente não tinha nada de ficar
chateada com ele. Tecnicamente, ele não tinha feito nada de
errado, mas eu não podia falar com ele. Eu estava machucada e
meu mundo estava desmoronando lentamente em mim.

Minha mãe estava morrendo, meu pai não era meu pai, e
a única pessoa no mundo que fez tudo parecer melhor só me feriu
mais do que já estava ferida. A vida estava parecendo muito triste,
mas ao invés de cair aos pedaços, eu me mantive inteira, sorri por
fora, e fui indo pelos meus dias como eu tinha ido antes. Escola,
treino e jogos, eles foram o que me fizeram passar por isso. Joguei
mais duro do que eu jogava antes e chutei tanta bunda no campo
que minhas companheiras estavam começando a me chamar de a
fera.

Eu parei de ler suas mensagens de texto e até mesmo


comecei a ignorar Megan. Eu estava em um lugar ruim e não
tinha ninguém para me ajudar.
Quando eu não estava na escola ou fazendo coisas do
futebol, eu estava com a minha mãe. Ela ainda ocasionalmente
tinha um bom dia aqui ou ali, mas não estava com boa aparência.

Finalmente, depois de semanas de ficar para baixo,


Megan apareceu na minha casa.

"O que diabos está acontecendo com você? Eu não ouvi


muito de você nas últimas semanas e Zeke não vai me deixar em
paz," disse ela enquanto se jogou na minha cama.

"Nada. Tenho estado ocupada com a escola e outras


coisas. Além disso, minha mãe não está indo muito bem."

Ela mudou de atitude rapidamente e foi assim que ela


superou o fato de eu estar ausente em sua vida. Eu amo isso em
Megan. Ela pode ser tão tolerante e compreensiva.

"Então, qual é o negócio com você e Zeke?" Ela pegou um


vidrinho de esmalte na minha cômoda e começou a pintar as
unhas.

"Nada. Éramos amigos e agora não somos."

Eu não queria falar sobre isso e eu estava esperando que


ela desistisse disso. Sim, certo.

"Ele está uma bagunça, Pay. Você deveria falar com ele.
Ele diz que você não responde as mensagens ou atende ao
telefone. O que ele fez?"

"Ele não fez nada. Eu só tenho muita coisa acontecendo


na minha vida agora para me preocupar com garotos.
Especialmente um como Zeke."

Ela foi embora uma hora mais tarde, com a promessa de


que eu iria para The Pit com ela na noite do próximo sábado.
Quando sábado finalmente chegou, eu fui para a casa dela me
arrumar. Meu pai ainda estava se mantendo afastado, mas eu não
queria sair de casa com roupas justas e com maquiagem, apenas
no caso dele mudar de ideia sobre não mexer comigo.

"Deixe-me tão sexy quanto você puder," eu disse


enquanto Megan fazia meu cabelo.

"Você tem certeza?" Ela perguntou.

"Absolutamente."

Eu saí da casa de Megan em uma minissaia jeans


apertada, saltos de quinze centímetros, e uma blusa regata que
não deixou nada para a imaginação. Eu me senti como uma sexy
gatinha malcriada e eu tinha a intenção de interpretar a peça bem
no rosto de Zeke durante a noite inteira. Eu geralmente não sou
uma pessoa vingativa, mas eu queria que ele sentisse o que eu
senti quando entrei em seu quarto e o encontrei com ela.

Quando finalmente nós chegamos ao The Pit, eu não


senti o meu desconforto habitual, o que era estranho
considerando o que eu estava vestindo. Eu tinha me acostumado
com o lugar e as pessoas. Fomos direto para o bar e pedimos
drinques e, em seguida, fizemos o nosso caminho para o palco.

Finn estava cantando uma música do Three Days Grace 10


e a multidão estava devorando tudo. No minuto em que meus
olhos pousaram em Zeke, me senti quente. Ao vê-lo tão perto me
fez perceber o quanto eu sentia falta dele. Eu observava seus
dedos se moverem através de sua guitarra e eu senti alegria
quando vi que ele estava tocando a guitarra que eu tinha dado a
ele.

10
Banda de metal alternativo e post-grunge do Canadá. Seu nome representa uma reflexão: “Se tivesse
três dias para mudar alguma coisa na sua vida, iria conseguir fazê-lo?”
Ele olhou para cima e explorou a multidão com o olhar
zangado que eu aprendi a amar. No início, seus olhos procuravam
por cima de mim, mas eu soube o momento em que ele percebeu
que eu estava no meio da multidão. Zeke nunca deixava nada
passar, mas eu sabia que ele tinha me visto.

Eu bebia, dançava, e tive uma farra com Megan. O tempo


todo, eu podia sentir seus olhos em mim e eu adorei. Eu podia
sentir o olhar de rastreamento em toda a minha carne e isso me
excitou. Foi a coisa mais estranha, mas eu estava definitivamente
ficando excitada.

Eu não tinha certeza se era o álcool ou se eu realmente


estava me perdendo após ser despedaçada nas últimas semanas,
mas algo me deu uma camada de coragem. Um cara que eu não
conhecia se aproximou e começou a dançar atrás de mim e eu
deixei. Eu estava um pouco enojada por ele, mas eu sabia que
Zeke estava assistindo, então eu fui para dentro como se eu
estivesse realmente me divertindo.

Depois disso, eu flertei abertamente com três caras


diferentes. Eu estava totalmente entediada com isso, mas houve
muito sorriso e olhadas através dos meus cílios. Eu praticamente
só imitei cada menina no local. Eu sabia que meu decote estava
demais e eu estava ciente de que cada vez que eu levantava os
meus braços, mais da minha barriga ficava exposta, mas eu não
me importei. Eu tive a certeza de que todas essas partes ficassem
disponíveis para os olhos dele. Eu trouxe meus braços sobre
minha cabeça e, em seguida, corri para baixo sobre meus seios e
abdômen.

Eu olhei para ele e ele olhou para mim. Eu não poderia


dizer se eu o estava deixando puto da vida ou excitando-o. Eu
estava bem com qualquer coisa. Peguei minha garrafa, olhei para
ele, e lambi os lábios antes de colocá-la contra a minha boca.
Ainda assim, sua expressão não mudou.

"Menina! Você é tão má!" Megan gritou ao meu lado.

"Eu não sei do que você está falando." Eu sorri.

"Oh, você sabe o que está fazendo. Eu só espero que você


possa lidar com a ira de Zeke, quando ele vier na sua bunda." Ela
riu.

"Por favor, é bom ele torcer para conseguir lidar comigo."

Eu estava definitivamente bêbada. Não havia nenhuma


dúvida sobre isso.

O after party11 era na casa de Finn e eu fui junto com


Megan. Uma vez que estava lá, alguém me entregou um copo
vermelho com cerveja. Em vez de ir para o canto e beber a minha
bebida como eu normalmente faria, eu estava no meio de tudo. Eu
conversei com as pessoas e flertei com os caras. Eu podia sentir
alguém me observando o tempo todo e eu sabia que era ele.

Um cara que eu nunca tinha visto antes começou a falar


comigo e eu tive a certeza de sorrir de volta para ele e flertava com
meus olhos. Ele era mais baixo que Zeke e muito menor. Com
cabelos claros e olhos claros, ele abertamente me olhou e lambeu
os lábios, e eu joguei o tempo todo.

"Qual o seu nome?" Ele perguntou enquanto olhava para


minha camisa.

“Patience.”

"Lindo nome para uma menina bonita." Ele sorriu.

11
Pós-festa.
“Obrigada.”

Não demorou muito até que eu segui em frente e estava


conversando com outra pessoa. Originalmente, isso começou
como uma maneira de entrar sob a pele de Zeke da maneira como
ele tinha entrado sob a minha, mas depois de receber muita
atenção, eu estava começando a gostar.

Olhei ao redor da sala por Megan, e ela estava longe de


ser encontrada. Eu andei pela garagem, verificando todos os
cantos e ela ainda estava longe de ser encontrada. Eu andei para
dentro e fui em direção ao banheiro. Quando uma menina está
desaparecida, geralmente é o melhor lugar para procurar. Eu
estava no meio do corredor quando senti alguém nas minhas
costas. Eu me virei e Zeke estava lá, olhando para mim com uma
cara vermelha irritada e lábios comprimidos.

"Venha comigo," disse ele quando abriu a porta e me


puxou para dentro.

Era o quarto de um simples garoto, mas a decoração me


deixou saber que eu estava de pé no quarto de Finn. A cama
queen-size coberta com roupa de cama vermelha estava no meio
do quarto. A única cômoda com um espelho foi empurrada contra
a parede e estava coberta de lixo. Havia roupas em todos os
lugares; o chão era pouco visível.

"Você está se divertindo?" Ele perguntou enquanto se


aproximava mais de mim.

Eu podia ouvir a raiva em sua voz.

Eu gostava que ele estivesse chateado. Isso é nada menos


do que o que ele merecia. Talvez fosse porque eu estava bêbada ou
talvez fosse porque eu estava além do reparo e doente e distorcida
como o homem que me criou, mas eu apreciei sua raiva. Se ele
odiava me ver flertar com outros homens, então ele estava
recebendo apenas uma amostra do que eu senti quando eu o
encontrei com a sua ruiva. Nós não estávamos juntos, então
tecnicamente ele não tinha feito nada de errado, mas, porra, doeu
como uma vadia. Eu não sou geralmente uma pessoa vingativa,
mas eu queria que ele entendesse a minha dor.

"Muito," Eu disse arrastado.

"Você está tentando me fazer ciúmes, Floco de Neve?"

"E se eu estou?" Eu combinei seu olhar.

"Você está brincando com fogo. Você percebe isso, né?”


Ele se aproximou.

Ele se elevou sobre mim e eu tive que arquear o pescoço


para continuar a olhá-lo nos olhos.

"Oh, garoto. É melhor eu ter cuidado ou eu posso me


queimar," eu disse sarcasticamente.

Ele estava me apoiando e eu nem tinha percebido isso.


Quando senti a borda da cômoda de Finn contra minhas costas,
eu coloquei minhas mãos para fora e apertei contra seu peito. Ele
pressionou mais. Garrafas de colônia balançaram e tilintaram
quando a cômoda moveu.

"Se eu ver mais um filho da puta te tocar, eu vou me


perder. Você quer que eu vá para a cadeia de novo?"

Ele se inclinou sobre mim e colocou as mãos sobre a


cômoda em ambos os lados, me aprisionando entre elas.

"Eu não tenho controle sobre o que você faz. Assim como
você não tem controle sobre o que eu faço," eu disse enquanto eu
pressionei contra ele e tentei retirá-lo do meu caminho.

Ele não se moveu.

"Eu não suporto ver você com eles." Os músculos de seu


maxilar estalaram quando ele cerrou os dentes. "Isso me faz sentir
como se minha pele estivesse pegando fogo."

"Eu conheço o sentimento."

Tirei meus olhos longe do seu e o ignorei. Eu agi como se


estivesse irritada e aborrecida, mas na verdade, cada vez que ele
pressionava seu corpo no meu eu queria jogá-lo na cama de Finn
e atacá-lo.

"Você é minha," ele disse com tanta força que meus olhos
correram de volta ao seu e eu olhei para ele e para baixo como se
eu estivesse prestes a lutar com ele.

"Desculpe? Eu não pertenço a ninguém. Deixe-me ir." Eu


empurrei novamente em seu peito, mas ele era como uma parede
de tijolos.

Eu realmente queria ficar longe dele depois disso. Como


ele ousa lançar uma reivindicação sobre mim enquanto ele estava
ocupado transando com qualquer coisa com um buraco molhado?
Oh, inferno não! Isso não estava acontecendo.

"Não," ele retrucou. Seus olhos cravaram em mim. "Pare


de flertar com esses caras. Você está fazendo promessas com seus
olhos que não pode cumprir."

Revirei os olhos e ri sarcasticamente para mim mesma.

"Eles vão viver." Eu virei o rosto e olhei para o lado


quando eu senti sua respiração quente aquecer minha bochecha.
Ele estava tão perto que sua respiração moveu o meu cabelo.
"Você parece tão fodidamente quente esta noite," disse
ele.

Ele estendeu a mão para dobrar o meu cabelo atrás da


minha orelha e eu puxei minha cabeça longe de sua mão.

"Eu estou?"

"Inferno sim, você está."

O canto de sua boca levantou e seus olhos se moveram


pelo meu corpo e voltaram.

"Estou ficando duro só de olhar para você." Ele apertou


seus quadris em mim e as minhas entranhas apertaram.

"Então eu acho que é melhor você encontrar a sua ruiva."

Ser uma espertinha fez eu me sentir bem. Não admira


que ele fosse um idiota o tempo todo.

"Talvez eu devesse." Ele levantou uma sobrancelha


sarcástica.

E assim, eu fui de ser uma espertinha para estar puta.


Eu empurrei o seu peito duro com as palmas das mãos. Quando
ele não se moveu, eu continuei empurrando.

"Você é um idiota." Eu estava aquecida e minha


respiração estava saindo com dificuldade, bufando.

"Bem, você está sendo uma cadela agora, então eu acho


que estamos quites," ele retrucou.

Do nada, minha mão foi para trás e dei um tapa no seu


rosto. Era bom deixar a minha raiva sair. Se eu soubesse que iria
me sentir tão bem batendo em alguém, eu teria saído por aí
batendo a merda para fora de todos.
Suas narinas dilataram quando ele olhou para mim. Uma
pequena marca de mão vermelha começou a se formar em seu
rosto. Talvez eu tenha ido longe demais desta vez. Talvez Zeke não
fosse contra bater em uma menina e ele iria me atacar de volta.
Em vez disso, ele pegou meu rosto e me puxou para um beijo
áspero.

No início, eu fiquei chocada, mas em questão de


segundos eu esqueci o que estávamos fazendo e comecei a beijá-lo
de volta. A cômoda moveu e garrafas tilintaram quando ele me
empurrou com mais força contra ela. Eu empurrei de volta contra
ele.

Um pequeno grunhido escapou de sua garganta e ele


agarrou sob a minha bunda e me levantou na cômoda de Finn. A
parte de trás do espelho bateu na parede atrás. Ele empurrou
minha saia para cima, abriu mais minhas pernas, e empurrou-se
contra mim.

Eu quebrei o beijo e um rosnado escapou dos meus


lábios. Puxei-o contra mim enquanto ele começou trabalhar ao
lado do meu pescoço. Ele mordeu de leve minha clavícula e depois
deu um beijo no mesmo local. Isso me deixou louca.

Eu empurrei minhas mãos na parte de trás de sua


camisa e cravei minhas unhas em suas costas. Ele fez um ruído
de assobio alto.

"Sim, isso é tão malditamente quente."

As coisas estavam fora de controle. Ele enfiou as mãos na


minha saia e empurrou-a até que ela estava na minha cintura. Eu
me inclinei para a cômoda e empurrei meu quadril para ele.

"Eu sei o que você quer, baby," ele disse asperamente


quando puxou minha blusa sobre a minha cabeça.

Ele se inclinou sobre mim e começou a chupar o topo do


meu decote. Era áspero e cru e eu deveria ter sido intimidada,
mas eu gostei.

Eu peguei a parte de trás de sua cabeça e puxei-o para


mim. Cavando meus dedos em seus cabelos, puxei um pouco
quando eu o senti puxar meu sutiã para baixo. Ele cobriu o meu
mamilo com a boca e meu corpo sobrecarregou. Eu estava muito
sensível e toda vez que ele pressionava seus quadris contra o meu
ou mordia suavemente meu mamilo, um barulho que eu nunca
tinha feito antes saía dos meus lábios e eu cravei minhas unhas
em sua pele.

O ponto entre as minhas pernas doía e a única vez que


eu pude fazer a dor se sentir melhor foi quando eu empurrei meu
quadril em direção a ele. Eu nem percebi que eu estava fazendo
isso uma e outra vez até que ele enfiou um dedo no lado da minha
calcinha e ele correu para cima e para baixo dentro de mim.

"Você me quer aqui, não é?"

"Uh-huh," eu respondi.

Eu estava tão molhada. Eu poderia dizer pelo deslize do


seu dedo. Ele mudou a mão e seu dedo pressionou contra o ponto
mais sensível do meu corpo. Ele começou esse movimento circular
que eu entendia agora e eu comecei a respirar em pequenos jatos
de ar.

"Diga-me o que você quer, baby. Eu vou te dar o que você


quiser," disse ele quando se inclinou e sugou minha orelha.

Meus quadris continuaram a sacudir quando o acúmulo


que eu me lembrava começou a subir. Eu sabia que estava
chegando e eu não conseguia pensar direito, muito menos falar
direito.

Ele substituiu o dedo com o polegar e eu gritei quando


ele deslizou um dedo dentro de mim. Era novo. Eu nunca me senti
assim antes. Não foi forçado e meu corpo aceitou com a umidade.
Ele sabia o que estava fazendo. Ele sabia como fazer meu corpo
funcionar imediatamente.

"Eu quero você, Patience. Deus, eu quero você há tanto


tempo."

Eu estava tão absorta no ritmo de seus dedos, o


movimento circular do dedo polegar, o dentro e fora de seu dedo, e
quando ele adicionou um segundo dedo, eu coloquei minha
cabeça contra o espelho e comecei a ofegar mais forte.

Eu queria mais. Isso era tudo que eu conseguia pensar.


Eu precisava de mais e eu queria tudo dele. Inclinei-me para cima
e comecei a arrancar seu cinto. Ele tirou a camisa sobre a cabeça.
Fui recebida com uma tatuada pele morena e eu aproveitei
enquanto me inclinava e mordia seu peito.

"Porra, sim," ele sussurrou.

E então ele puxou o cabelo na parte de trás da minha


cabeça até que eu estava olhando para ele e cobriu minha boca
com a dele. A sala começou a girar em torno de nós e eu estava
tão fora de mim que eu não conseguia desafivelar o seu cinto.

Ele tirou as mãos da minha calcinha e eu gemi em


irritação. Ele tirou minhas mãos do caminho e começou a desatar
o cinto. Eu o ajudei a empurrar seu jeans e cueca para baixo e
então eu senti o calor duro contra o interior da minha perna.

Eu o alcancei e o segurei na minha mão. Houve um som


de estalo quando ele puxou minha calcinha e depois quando ele a
rasgou. Ele me puxou para mais perto da borda do armário e, em
seguida, levantou meu joelho direito para cima e ao redor de seu
quadril.

"Oh meu Deus, baby, se você não tem certeza sobre isso,
então, por favor, pare-me agora." Seus olhos eram selvagens.

"Eu tenho certeza. Eu tenho tanta certeza. Eu quero você,


Zeke."

Abrindo mais as pernas, ele se inclinou e tomou minha


boca novamente. Sua língua invadiu minha boca e ele se
empurrou dentro de mim ao mesmo tempo. Foi um movimento
rápido e duro e, em então, ele estava enterrado dentro de mim. A
cômoda bateu contra a parede quando ele começou a empurrar
seus quadris duro e rápido. Era o barulho mais incrível que eu já
tinha ouvido na minha vida.

Eu envolvi minhas pernas em volta dele e me apoiei em


minhas mãos. Mordi o lábio para tentar manter os ruídos baixos,
mas eu não podia evitar. Era uma sensação muito boa e eu não
podia ficar quieta.

Ele mergulhou as mãos no meu cabelo e puxou meus


lábios nos dele. Inclinei-me para cima e agarrei seus quadris. Eu
segurei enquanto ele continuava a empurrar dentro de mim uma e
outra vez. Quando ele quebrou o beijo, seus olhos se conectaram
com os meus.

"Você é tão gostosa, baby. Eu amo estar dentro de você.”

Com suas palavras, a dor dentro de mim começou a subir


em meus quadris e estômago. Estava tão perto. Meus lábios se
abriram e eu comecei a respirar com dificuldade.
"É isso aí. Goze para mim, baby. Eu quero ver o seu rosto
bonito quando você gozar."

E então eu gozei. Meu corpo iluminou como o Quatro de


Julho e todos os meus pedaços se estilhaçaram e explodiram tudo
ao meu redor. Onde nossos corpos estavam conectados e pulsava
ao seu redor conforme seus movimentos ficaram mais rápidos e
ele começou a empurrar em mim com mais força.

Eu podia me ouvir gritando. Eu chamei o seu nome


várias vezes e depois o ouvi dizer o meu nome. Eu abri os olhos e
encontrei o seu. Sua respiração estava acelerada e ele estava se
movendo tão rápido e duro. Parecia incrível.

Então, do nada meu corpo explodiu de novo e eu gritei


mais alto do que a primeira vez. Meus dedos curvados dentro dos
meus saltos e eu tinha certeza de que sua parte inferior das costas
estava sangrando por causa das minhas unhas cavando tão
profundamente em sua pele.

A cômoda batia alto e rápido e, então, ele inclinou a


cabeça para trás e gritou meu nome quando ele explodiu dentro
de mim. Ele continuou empurrando um pouco até que finalmente
empurrou em mim uma última vez e desabou. Sua cabeça estava
em meu pescoço e sua respiração estava bem alta no meu ouvido.

Meu corpo cantarolava com satisfação quando ele passou


os braços em volta de mim e beijou o lado do meu pescoço.

"Isso foi incrível," eu disse através da minha respiração


ruidosa.

Ele se inclinou para trás e olhou para mim. Estendendo a


mão, ele segurou meu rosto e passou o polegar na minha
bochecha.
"Você é incrível." Seus olhos ardiam nos meus e sua
garganta se moveu quando ele engoliu em seco. "Eu te amo, Floco
de Neve," ele sussurrou.

Seus olhos pediam minha resposta, mas eu só olhava


para ele. Suas palavras eram tão significativas e suaves e eu as
senti pesadas no meu peito. Ele disse que me amava e eu
conhecia Zeke. Ele era incapaz de mentir. Se ele disse isso, ele
quis dizer isso.
Vinte e Três

`;Fr
Zeke

Eu ficava me imaginando espancar cada homem que ela


conversava com a minha guitarra. Eu tinha que ter cuidado com
pensamentos como esse, vendo que eu realmente faria isso, mas
vê-la abertamente flertar com todos esses babacas no The Pit foi
me deixando louco. Era nada menos do que eu merecia, mas que
droga, porra.

Não importa o quão chateado eu estava, eu não podia me


deixar levar. Tínhamos certeza de que havia um executivo de
gravadora no meio da multidão nos observando e eu não seria a
razão por nossa chance ser arruinada.

Eu não conseguia parar de olhá-la. Por um lado, eu


ficava de olho nela, apenas para o caso de algum idiota ir um
pouco longe demais e, dois, eu senti tanta falta dela, e o fato de
que estava me ignorando, levou-me completamente à loucura.
Nunca houve uma mulher que me recusou. Vai entender que a
única que dei atenção faria isso.
Eu fiquei no palco tocando, mesmo que cada nervo do
meu corpo gritava para ir até lá e buscá-la. Ela estava vestida
como nunca antes. A minissaia jeans que usava era apenas o
suficiente para cobrir sua bunda e o top preto mal cobria seus
seios. Ela parecia fodidamente gostosa e tudo que eu conseguia
pensar era em levá-la sozinha e degustar cada pedaço de sua pele
exposta.

No momento em que nossa apresentação acabou, eu


tinha uma enorme excitação pressionando contra o meu jeans e
minha pressão arterial parecia que estava prestes a estourar meus
olhos. O fato de que ela de vez em quando olhava para cima, e
direcionava os olhos para mim e chupava sua garrafa de cerveja
como se fosse um pênis, deixou-me saber que ela sabia o que
estava fazendo. Seu show foi para mim, e eu teria a certeza de que
ela saberia o que eu achava de seu show, assim que pudesse.

Na casa de Finn, eu esperei pela oportunidade de ficar


sozinho com ela e uma vez que eu consegui, eu aprendi algumas
coisas muito importantes. Um, sexo selvagem compensador era o
melhor tipo. Dois, Patience era uma aberração. Ela rasgou a
minha pele e rosnou e eu fodidamente amei. A doce menina tímida
foi substituída por uma deusa sedutora e essa deusa gostava
disso bruto.

A coisa mais importante que eu aprendi foi que ela me


amava. Eu tinha uma ideia de que ela se importava comigo, mas
eu não tinha certeza que era amor o que ela sentia.

O rosto dela quando confessei que eu era apaixonado por


ela foi inestimável. Seus olhos se iluminaram em estado de choque
e um pequeno sorriso brincou em seus lábios. Ela estava corada
do nosso sexo selvagem. Um pequeno reflexo de suor brilhava em
sua testa e acima de seu lábio superior. Ela parecia incrível e
satisfeita, mas mais do que tudo, ela parecia feliz.

"Eu também te amo," ela sussurrou.

E foi assim que eu era um homem tomado. Meu coração


sempre pertenceria a Patience e enquanto ela me quisesse, eu era
dela para ser tomado.

"Venha para casa comigo esta noite," eu disse enquanto


eu acariciava sua cintura com meu polegar.

Ela fechou os olhos e respirou fundo.

"Se você não parar de fazer isso, eu vou querer mais." Ela
sorriu para mim.

Eu ri.

"Baby, eu vou lhe dar o que você quiser."

"Qualquer coisa?" Ela perguntou com uma sobrancelha


levantada.

"Qualquer coisa." Eu me inclinei e a beijei suavemente.

E eu iria mesmo. Eu tinha certeza de que a partir desse


ponto, eu não ia ferrar com tudo quando envolvesse minha Floco
de Neve e não importa o que, eu queria fazê-la feliz.

Ficamos de mãos dadas no caminho para o meu


apartamento e mal chegamos ao meu quarto antes de estarmos
nisso novamente. Desta vez foi contra porta do meu quarto com
minhas calças em torno de meus tornozelos e sua saia em torno
de sua cintura. Ela era insaciável e selvagem, e eu adorava vê-la
tão feliz com a liberdade.

Na manhã seguinte, acordei antes dela e vi como ela


dormia tranquilamente na minha cama. Seus cachos platinados
estavam espalhados por todo o meu travesseiro e, ocasionalmente,
ela soltava um ronco suave. Enquanto olhava para ela, eu sabia
que estava mais feliz do que já estive em minha vida. Nunca
ficaria melhor do que isso.

Corri meus dedos pelo cabelo dela e ela se aproximou de


mim com um gemido suave. Fiquei ali com meus dedos em seus
cachos e contemplando o meu próximo passo. Depois que me
formar, eu irei para o trabalho. Teria que parar de vender drogas.
Um traficante de drogas não era bom para a Patience e eu queria
ser bom para ela.

Tinha que desacelerar na bebida também. Eu estava indo


em uma pista de um caminho só para ser meu pai, e eu terei me
internado em algum lugar antes de me tornar um alcoólatra
nojento como ele. Havia muitas mudanças que eu queria fazer,
coisas que eram boas para mim e coisas que eram boas para a
Patience.

Eu não sabia que ela estava acordada até que eu a senti


beijar suavemente meu peito. Eu empurrei o cabelo de seu rosto
enquanto ela beliscou meu piercing no mamilo. Eu adorava ter a
sua boca em mim e eu assobiei alto quando ela chupou o anel
entre os lábios.

"Você está tentando me matar, mulher. Pelo menos você


vai me alimentar antes de se aproveitar de mim de novo?" Eu sorri
para ela e passei o dedo ao lado de seu rosto.

"Alimente-me, diz ele," ela brincou. "Você não teve o


suficiente de comida na noite passada?"

Joguei minha cabeça para trás e ri. Eu tinha criado um


monstro, um monstro de pele macia e sexy que estava lentamente
começando a me montar.
"Eu nunca vou ter o suficiente de você," eu disse contra
seus lábios quando ela se abaixou e começou a me beijar.

Trinta minutos mais tarde, Tiny estava batendo na minha


parede e nos dizendo para calar a boca. Duas horas depois,
estávamos no meu carro indo para a casa dela. Ela estava com
minhas roupas e os cabelos molhados do chuveiro. Eu tinha
certeza de que seus gritos combinados com a acústica do banheiro
deixou uma impressão fabulosa às pessoas no apartamento ao
nosso lado.

"Você tem certeza de que não quer que eu vá com você?"


Eu perguntei enquanto dirigia até sua casa.

Ela precisava de roupas e outras coisas de garotas e,


embora ela parecesse mais quente do que nunca na minha cueca
e camiseta, ela não poderia usar essa roupa fora.

"Sim, eu tenho certeza. Eu só vou correr para dentro,


pegar algumas roupas e outras coisas, ver a minha mãe, e então
estarei pronta. Quinze minutos... no máximo."

Ela me deu um doce beijo na boca antes de pular para


fora do carro e correr pela calçada até a porta da frente. Ela
desapareceu no interior da mansão branca e eu me sentei no meu
carro ouvindo Radiohead e batendo no volante.

Eu olhei para o relógio do rádio e quinze minutos mais


tarde, ela ainda não tinha saído. Eu não estou cogitando nada
disso, mas uma vez que se passaram 30 minutos, eu saí do meu
carro e caminhei até a porta da frente. Ela me disse para ficar
esperando, mas algo não estava certo. Ela teria, pelo menos, me
enviado uma mensagem me dizendo que seria mais tempo.
Bati na porta da frente, mas ninguém veio. Meus nervos
estavam pulando dentro de mim e meus instintos me diziam que
definitivamente havia algo errado. Eu estendi a mão e tentei a
maçaneta e a porta se abriu. Eu acho que quando você mora em
um bairro como este, trancar a porta da frente não era
importante.

Eu entrei no enorme espaço e olhei ao redor para todos


os móveis caros. Conforme eu continuei a andar, passei por uma
sala de estar e um escritório. Ouvi vozes nas proximidades, então
as segui e encontrei-me na cozinha.

Vi Patience e seu pai falando. Eles não sabiam que eu


estava lá e, enquanto a maioria das pessoas teriam se anunciado,
eu estava pensando seriamente em me retirar e voltar ao carro.
Agora que eu vi que ela estava bem, eu estava mais preocupado
com o governador ficar chateado sobre eu entrar em sua casa sem
ser convidado a entrar. Patience era a minha menina agora, e a
última coisa que eu queria fazer era irritar seu pai ou acabar na
cadeia de novo.

Eu comecei a recuar, mas algo estranho me


impressionou. A maneira como suas mãos estavam tocando ela.
Ele era muito pessoal. Não era o tipo pessoal de um pai para seus
filhos, mas o tipo pessoal de como um homem era com sua
mulher. Observar isto me deixou doente.

Ela estendeu e bateu em sua mão para longe e seus olhos


ficaram com raiva. Então, eu dei uma boa olhada em seu rosto e
eu vi o medo lá. Ela estava com medo dele e de suas mãos, e foi
assim que descobri. Todas as peças de Patience estavam claras
para mim e lentamente eu as coletei.
Lembrei-me de sua timidez e do jeito que ela surtou sobre
ser tocada. Lembrei-me da culpa que eu vi em seu rosto quando
eu dei a ela um orgasmo no meu carro na primeira vez. Sua
constante necessidade de correr de casa, as contusões, tudo fez
sentido para mim agora. Então, uma coisa me bateu e eu tinha
certeza que eu ia ficar doente. Patience não era virgem. Eu tinha
estado com uma virgem antes e ela definitivamente não era uma,
mas antes, ela quase não tinha me deixado tocá-la. Não havia
nenhuma maneira no inferno que ela tinha tido relações sexuais
com outra pessoa, a menos que ela tenha sido forçada. Seu pai a
molestava sexualmente. Estava tudo tão claro para mim agora e
eu não conseguia nem acreditar que eu não tinha visto isso antes.
Seu pai a tocou de forma inadequada. Aquele desgraçado tocou
minha Patience.

Ele a empurrou e girou em torno dela sobre a mesa da


cozinha. Ela chutou e lutou, mas nunca fez um som. Ele começou
a puxar seus shorts para baixo, e foi assim que eu queria matá-lo.
Ele tinha que morrer. Ele merecia morrer.

"Você tem cerca de dois segundos para tirar a merda de


suas mãos fora dela antes de eu chegar ai e matá-lo." Minha voz
ecoou na cozinha.

Ambas as cabeças estalaram em minha direção e ele a


soltou imediatamente. Deveria haver alívio em seus olhos, mas
tudo que eu vi foi ela começar a entrar em pânico ainda mais.

"Seu filho da puta doente." Eu comecei a atravessar a


cozinha.

Patience pulou na minha frente antes que eu pudesse


chegar até ele e eu parei e olhei para ela. Seus olhos estavam
arregalados e ela colocou as mãos no meu rosto.
"Tudo está bem, Zeke. Venha, vamos embora." Ela falou
para mim como se eu estivesse prestes a pular de um penhasco.

"Não! Tudo não está fodidamente bem. Esse desgraçado


tem molestado você, não tem?"

Eu sabia que estava sendo barulhento e eu não dei a


mínima.

Ela começou a me calar e eu a olhei como se ela fosse


louca.

"Não me diga para ficar quieto." Eu estava ficando ainda


mais nervoso que ela ainda estava com medo dele.

Ela nunca precisaria ter medo de novo. Eu mataria o


filho da puta se ele sequer olhasse para ela de forma errada.

"Não tenha medo dele, Floco de Neve. Se ele ainda pensar


em tocar você, eu vou matá-lo." Eu o olhei nos olhos o matando
quando eu disse isso.

"Eu não tenho certeza se eu sei o que você está falando,


meu jovem." Ele tentou negar. Eu fiquei ainda mais barulhento e
Patience me silenciou novamente.

"Por que você está me dizendo para ficar quieto? Quem se


importa, quem sabe? Ele precisa ir para a cadeia, Patience. Ele
pertence a cadeia."

"Zeke, por favor, pare. Minha mãe vai te ouvir." Seus


olhos se encheram de lágrimas.

E então outra coisa ficou clara para mim. Ela estava


escondendo isso por causa de sua mãe. Sua mãe estava morrendo
e Patience, sendo a pessoa mais altruísta que eu conheço, iria
preferir segurar o segredo obscuro a deixar sua mãe morrer
sabendo o que estava acontecendo com ela.

"Você precisa ir embora," disse seu pai com severidade.

"Não, o que eu preciso fazer é chegar logo ai e espancá-lo


até a morte." Meu peito pressionou contra as pequenas palmas de
Patience conforme eu sentia perder o controle.

"Eu tenho uma arma na minha gaveta da mesa que diz


que você precisa sair," ele retrucou com os olhos irritados.

Então eu me senti movendo em direção a ele. Uma


ameaça era uma ameaça e ele só tinha jogado uma em cima de
mim. Eu fiquei frente a frente com ele e gostei do medo que
penetrou em seus olhos.

Senti Patience puxando meu braço.

"Por favor, Zeke, por favor, basta ir," disse ela uma e
outra vez.

Eu não pestanejei enquanto eu olhava em seus olhos.


"Eu não vou a lugar nenhum sem você."

Eu não ia. Não havia nenhuma maneira no inferno que


eu estava a deixando naquela casa com aquele filho da puta.
Especialmente considerando que eu provavelmente só piorei as
coisas para ela.

"Tudo bem." Ela estava em pânico. "Por favor, vamos


embora."

E então eu estava me afastando dele enquanto ela


pressionava as mãos contra o meu peito. Meus olhos nunca
deixaram o rosto dele. Eu nunca quis rasgar a carne de alguém
tão mal na minha vida.
Eu não respirei de novo até que estávamos no meu carro.
Virei-me para ela e ela olhou para mim com os olhos arregalados.

"Você deveria ter me contado." Eu queria chorar.

A tristeza que eu sentia por ela, combinada com a raiva


crua que eu sentia por seu pai era esmagadora.

"Eu sinto muito," ela sussurrou.

Eu a puxei para mim e segurei-a em meus braços,


quando ela começou a chorar.

"Nunca me peça desculpas por nada. Na verdade, eu que


deveria pedir desculpas. Se eu soubesse, teria lidado com as
coisas de forma diferente."

A frente da minha camisa estava molhada de lágrimas.


Eu tirei o cabelo de suas bochechas úmidas e beijei sua testa.
Jurei naquele momento cuidar dela. Não havia nenhuma maneira
no inferno que eu a deixaria voltar para aquela casa, e não até
aquele filho da puta estar preso ou morto.

Eu me afastei e olhei para ela. "Onde está sua irmã?"

Eu ainda não tinha pensado sobre sua irmã mais nova.


Ela derramou suas entranhas. Bem ali, no jardim da morte e do
diabo. Ela me contou sobre os anos sendo abusada, sobre
descobrir que o governador não era seu pai, e sobre seus medos
por Sydney. Ela explicou que não achava que ele iria tocar em
Sydney porque ela era realmente sua. Eu não comprei isto. Ele
era, obviamente, um homem doente e homens doentes poderiam
dar uma merda sobre quem suas vítimas eram.

Ainda assim, ela disse que manteve um olhar atento


sobre a sua irmã e só ficou longe quando sua irmã não estava. Era
estranho saber essas coisas sobre Patience, coisas que a fizeram
ser o que era ainda mais compreensível. Nós dois crescemos em
ambientes fodidos e nós dois salvamos o outro. Nós fomos feitos
para ficar juntos e eu iria acalmar sua ferida da mesma forma que
ela acalmou a minha.

"Eu entendo se você nunca quiser me tocar de novo,"


disse ela em meio a lágrimas.

Eu a olhei como se ela fosse louca.

"Isso, você nunca terá que se preocupar," senti seus


lábios macios e úmidos contra o meu quando a beijei gentilmente.
"Vamos levá-la para casa."

Eu puxei para fora da garagem.

"Casa?" Ela perguntou.

"Sim, casa. De jeito nenhum eu estou deixando você


voltar aqui. Nós vamos para casa, descobrir qual deve ser o nosso
próximo passo, e então nós chamaremos a polícia."

"Eu não posso, Zeke. Mataria a minha mãe."

"Você não pode garantir que ele nunca tocará em sua


irmãzinha, Floco de Neve, e você não pode segui-la até que ela
tenha idade suficiente para sair de casa. Você tem uma vida para
viver também – uma que eu espero que você compartilhe comigo.
Faça isso por ela? Por favor, faça isso por nós."

Ela olhou para suas mãos e assentiu. Puxei-a para mais


perto do meu lado enquanto eu dirigia de volta para o
apartamento.
Vinte e Quatro

`;Fr
Patience

Eu finalmente consegui. Eu lutei contra. Principalmente


porque eu sabia que Zeke me esperava no carro, mas também
porque eu me recusava a deixá-lo me tocar novamente. Recusei-
me a deixá-lo transformar o que eu tinha feito com Zeke em algo
repugnante e pervertido. Se ele me tocasse, tiraria toda a magia da
noite anterior. Eu estava livre. Zeke tinha me liberado e não havia
nenhuma maneira no inferno que eu estava deixando este homem
por as mãos em mim.

Fui até meu quarto e arrumei uma mochila sem ver meu
pai. Visitei minha mãe e lhe disse que Zeke e eu estávamos juntos
e apaixonados. Fiz tudo isso sem vê-lo. Não foi até eu fazer meu
caminho à porta da frente, que ele me bloqueou e puxou-me para
a cozinha.

Ele me chamou de todos os nomes no livro. Puxou e


repuxou meus braços e chegou perto de agarrar meu pulso, mas
lutei com todas as forças que Zeke havia me dado. E quando, ele
me virou na mesa e começou a abrir meu shorts, eu sabia que
lutaria até não poder mais.

Quando a voz de Zeke parou tudo, eu sabia que era o fim


do fingimento. Não havia mais ocultação. Não havia mais manter
isto em segredo para proteger a minha mãe e irmã. Zeke nunca
faria isto. Ele queria meu pai morto ou na prisão, e pelo olhar em
seus olhos, eu tinha certeza que ele estava a segundos de matá-lo.

Não foi até que estávamos de volta ao seu apartamento


que eu senti a pressão sair do meu peito. Tanta coisa aconteceu
na minha vida e eu estava nervosa com tudo estar prestes a ser
revelado ao mundo. Eu iria para a polícia e iria denunciar o meu
pai. Eu precisava. Zeke estava certo. Não havia nenhuma maneira
de ter certeza que ele nunca tocaria em minha irmã e, talvez fosse
egoísta da minha parte, mas agora que estava com Zeke, queria
viver minha vida. Não poderia fazer isso se estivesse acorrentada a
essa casa como um minicão de guarda da minha irmã.

O principal era que, eu queria ser a única a dizer para


minha mãe. Parecia errado ela ouvir isto de algum policial
impessoal. Eu queria que ela soubesse que não era sua culpa.
Queria que ela soubesse que eu deveria ter dito alguma coisa. Ela
estava doente e eu nunca a esperava me salvar desde que eu
nunca tinha dito nada. Se minha mãe fosse morrer com meu
segredo pesado em seu peito, então, eu ao menos queria ajudar a
acalmar tanto quanto o possível.

Ela, melhor do que ninguém entendia a importância de


alguns segredos. Ela caminhou ao redor de toda a minha vida
sabendo que meu pai não era meu pai, mas o segredo não poderia
causar dano físico a outro ser humano como poderia a mim.

Então, depois ter conversando face a face com Zeke,


dizendo-lhe coisas que nunca pensei que diria em voz alta, eu
estava deitada em seus braços com os olhos abertos até eu saber
que ele estava dormindo. Eu queria falar com minha mãe antes de
ir para a delegacia no dia seguinte, e sabia que não haveria o
inferno de maneira nenhuma de Zeke me deixar voltar àquele
lugar até meu pai estar firmemente atrás das grades.

Arrastei-me para fora da cama e me vesti o mais


silenciosamente possível. Espalmei suas chaves para que não
fizessem barulho e então, andei nas pontas dos pés pelo
apartamento e sai pela porta. Estava com medo de seu carro
barulhento fosse acordar todo mundo quando desse a partida,
mas eram duas horas da manhã e as janelas de todos estavam
escuras.

Dirigir para a minha casa foi longo. O tempo todo,


sabendo o que eu estava a caminho de fazer, meu coração estava
em minha garganta. Era o meio da manhã, por isso meu pai
estaria dormindo e eu teria de acordar minha mãe, mas isso
precisava ser feito.

Abri a porta da frente e a fechei suavemente atrás de


mim. As escadas rangiam sob os meus pés conforme eu me
esgueirava subindo-as. O longo corredor que atravessava a casa
parecia mais comprido conforme fazia meu caminho para a porta
do quarto de minha mãe. Passei o quarto de Sydney e um barulho
estranho me trouxe a um impasse. Eu sabia que precisava entrar
e sair, mas eu tinha certeza que eu ouvi um barulho vindo do
quarto de Syd.

Fui até a porta e lentamente a abri. A casa se encolheu


enquanto eu via a cena na minha frente. O pai estava em cima de
Sydney. Ela não deveria estar em casa, mas ela definitivamente
estava, e enquanto eu pensava que talvez por ela ser sua filha
verdadeira, ele não iria tocá-la, eu nunca tinha estado mais
enganada.

O pesado corpo dele cobrindo seu corpo minúsculo. Fui


confrontada com as costas nuas dele enquanto segurava-a. As
longas pernas dela que terminavam com unhas cor de rosa
apareciam por debaixo dele. Eu não podia ver suas mãos, mas eu
sabia que ele estava cobrindo sua boca. Seus gritos foram
abafados. Lembrei-me do sabor de sua palma salgada contra os
meus lábios.

Eu queria gritar para ela, mas senti minhas cordas vocais


quebradas e nenhum som saiu da minha boca aberta. Por conta
própria, minhas pernas me moveram. Senti-me sair do quarto e
andar pelo corredor. Tomei as escadas e de alguma forma
consegui me manter descendo-a. Eu estava em choque e sentia
meu corpo alheio.

Sentia o frio da maçaneta do escritório do meu pai contra


a minha mão quente. Eu sabia onde estava escondida a chave do
seu cofre. Eu me lembrava de ir lá muitas noites contemplando
terminar com toda a dor. Eu me lembrava de desbloquear o cofre e
segurar o aço frio contra minha palma. Senti a mesma coisa na
minha mão agora, como fiz todas as várias noites atrás.

Era como se assistisse os movimentos de outra pessoa,


como um filme na tela grande, conforme eu trabalhei meu
caminho para sair do escritório e voltar a subir as escadas. Eu
estava tão longe de tudo que eu fiz que nada parecesse real. As
escadas não parecem reais, o chão do corredor não parece real, e
quando eu voltei para o quarto da minha irmã, aquilo
definitivamente não pareceu real. Mas era; tudo o que eu fiz foi
real. Tudo o que eu via era real.
Eu fiquei lá por um minuto quando ele começou a rasgar
a camisola. Ele soltou a boca para usar as duas mãos e os seus
gritos suaves chegaram aos meus ouvidos. Eles não duraram
muito tempo, e eu tive um vislumbre de seu rosto, e os olhos
fechados quando ele mudou de posição em cima dela. Ela
desmaiou de medo. Eu podia me lembrar de ter feito o mesmo
quando era jovem. Lembrei-me de acordar com minha roupa toda
distorcida e sabendo que meu corpo estava diferente de alguma
forma.

De repente, eu estava no meu controle novamente. Eu


senti o peso da arma na minha mão quando eu levantei meu
braço e apontei para as costas dele. Dez anos da minha vida veio
batendo em mim. As memórias de seu corpo em cima do meu, sua
intrusão, seu cheiro, e do jeito que ele soava - tudo isso invadiu
minha mente de uma vez. Ele me deu toda a determinação que eu
precisava e naquele momento eu sabia que eu ia puxar o gatilho
se isso significasse preservar Sidney de passar pelo mesmo.

A força da arma empurrou minha mão para cima. O som


era tão alto que bloqueou a minha audição por alguns segundos
até que tudo o que eu ouvia era o zunido constante e alto das
minhas orelhas.

Seu corpo estremeceu e ele se virou com os olhos


arregalados. De pé, seu corpo inteiro nu me encarou e eu me senti
enjoada por sua nudez. Ele estendeu a mão para trás e pegou
suas costas antes de inspecionar a mão ensanguentada. Eu tinha
de fato batido minha marca, mas agora que eu tinha, eu não
estava satisfeita com ele ainda andando. Se ele ainda estava
andando, então isso significava que ele ainda poderia fazer. Se ele
ainda poderia fazer, então isso significava que Sydney ainda não
estava segura. Enquanto ele estivesse respirando, eu nunca
poderia ser inteira e ela nunca estaria segura.

Eu correspondi seu olhar quando eu, mais uma vez


levantei a arma e apontei para seu peito. Seria apenas a segunda
vez que eu daria um tiro com uma arma na minha vida e eu teria
certeza que eu não erraria. Eu apertei o gatilho de novo e mais
uma vez, a minha mão se ergueu. Seu corpo caiu no chão em uma
massa de sangue e carne nua. Olhei para Sydney que estava
felizmente ainda inconsciente. Havia manchas de sangue em seu
rosto bonito e cobrindo sua roupa de cama cor de rosa.

Meus sentidos enclausurados se expandiram e mais uma


vez eu poderia acompanhar tudo ao meu redor. Os estouros em
meus ouvidos continuaram, mas agora as batidas do meu coração
foram adicionadas aos sons ao meu redor. O cheiro de suor e
sangue encheram minhas narinas e o gosto de bile encheu o
fundo da minha garganta quando me senti ficando doente. Todas
essas coisas bateram em mim de uma só vez e ainda assim eu me
senti muito mais leve, como se um peso de mil quilos tivesse sido
tirado do meu peito.

Dei um passo mais perto de seu corpo ensanguentado e


enquanto eu sabia que eu deveria sentir tristeza pelo fato de que
eu provavelmente iria passar o resto dos meus dias na prisão,
tudo que eu podia pensar era como livre eu ia ser para o resto da
minha vida.

"Floco de Neve," Zeke sussurrou atrás de mim.

Eu me virei e ele colocou as mãos para cima como se


estivesse com medo de que eu fosse matá-lo. Seus olhos estavam
arregalados enquanto ele olhava para mim. Logo, Finn e Tiny
estavam de pé atrás dele, olhando para a sala. Os três me
cercaram enquanto Zeke lentamente estendeu a mão e deslizou a
arma da minha mão.

"Oh meu Deus, o que você fez, Patience?"

Palavras ficaram presas no fundo da minha garganta e eu


tive que empurrá-las para fora. Minha voz soou como se estivesse
a um milhão de milhas de distância. "Ele estava machucando
Syd."

Seus olhos olharam atrás de mim e pegaram o corpo


inconsciente de minha irmã e meu pai morto. Em seguida, seus
olhos escuros colidiram em mim e uma expressão sombria e triste
cobriram seu rosto.

"Finn," ele chamou por cima do ombro. Seus olhos nunca


deixaram os meus.

O rosto branco de Finn apareceu ao lado de Zeke. "Sim,


cara?" Sua voz tremeu.

"Você é meu garoto, certo? Você faria qualquer coisa que


eu lhe pedisse para fazer, sem perguntas?" Perguntou Zeke.

Finn engoliu em seco, depois balançou a cabeça que sim.


"Sim, cara, com certeza. Tudo o que precisa fazer. Vamos fazê-lo e
dar o fora daqui."

Zeke estendeu a mão e passou o dedo para o lado do meu


rosto. Seus olhos se encheram de lágrimas quando ele se inclinou
e me beijou suavemente. "Pegue Patience e saia," disse ele
severamente.

"Zeke, não faça isso cara. Você vai arruinar a sua vida,"
Finn disse com os olhos selvagens.

Zeke lhe lançou um olhar final e Finn levantou as mãos e


balançou a cabeça.

"Se é isso que você quer," disse ele com determinação.

Minha cabeça virou para trás e para frente entre os dois


até que finalmente caiu em si. Zeke ia tentar levar a culpa.

"Não!" Eu gritei quando Finn agarrou meu braço.

Eu tentei me afastar, mas depois Tiny estava ao meu


lado, puxando-me também.

"Eu vou lhes dizer a verdade. Eu vou lhes dizer que eu fiz
isso. Por favor, Zeke, não faça isso" gritei enquanto eu lutava
contra seus firmes apertos.

Eles me afastaram dele e os meus pés arrastavam através


dos tapetes rosa da minha irmã.

"Em quem você acha que eles vão acreditar?" Perguntou


Zeke. "Um cara como eu do lado errado do caminho que já foi para
a cadeia? Ou você, a filha do governador, que é estúpida o
suficiente para tentar proteger o namorado da prisão?”

Peguei no batente da porta enquanto Finn e Tiny


puxaram meu corpo.

"Não!" Eu gritei mais uma vez.

Ele estava certo. Não importava o que eu dissesse. Se ele


confessasse e dissesse a eles que eu só estava confessando para
salvá-lo, a polícia iria acreditar nele. Mais uma vez, as nossas
origens estavam mordendo minha bunda.

Meus dedos estavam ficando roxos enquanto segurava o


batente da porta. Seus olhos ardiam nos meus e uma única
lágrima caiu por sua bochecha. Ele fungou uma vez e limpou-a
com as costas da mão que ainda estava segurando a arma.
"Eu te amo, Floco de Neve. Sempre."

Finn me puxou uma última vez forte e meus dedos


deslizaram para longe do batente da porta. Eu gritei não me
importando com quem me ouvisse quando eles me puxaram pelo
corredor, em seguida, descendo as escadas.
Vinte e Cinco

`;Fr
Zeke

Eu acordei do meu pesadelo com Patience em que ela era


jogada para fora e na escuridão com seu nome em meus lábios. O
edredom grosso estava preso ao meu peito suado, então eu tirei-o
para trás e deixei a corrente de ar frio passar pela minha pele
pegajosa. Querendo aproximar-me dela, afastei-me do travesseiro.

Com os olhos arregalados, sentei-me e acendi o abajur ao


lado da minha cama para ver que ela não estava lá. No mesmo
instante, senti que algo estava errado. Eu pulei da cama vestindo
apenas minha cueca e atravessei o apartamento, liguei as luzes,
procurando por ela. Ela tinha ido embora.

Corri de volta para o meu quarto e coloquei algumas


roupas. Eu procurei por minhas chaves, mas eu não conseguia
encontrá-las em qualquer lugar. Então eu percebi que se ela não
estava lá, ela estava no meu carro. Corri para a janela e arranquei
de volta a minha cortina. As luzes da rua em frente brilhavam no
meu espaço de estacionamento vazio.
"Merda!"

Invadi o quarto de Tiny e acendi sua luz. Ele olhou para


mim como se eu fosse louco com os olhos cheios de sono e o
cabelo selvagem.

"Levante-se. Se vista. A merda veio abaixo, cara, e eu


preciso de você para me dar apoio.”

Cinco minutos depois, estávamos em seu carro e no


caminho para casa de Patience. Não havia nenhuma dúvida em
minha mente, onde ela teria ido. Eu só podia esperar que eu
chegasse lá antes que ela se machucasse.

Mandei uma mensagem para Finn, quando deixei o


apartamento e ele disse que queria ir também, e como sua casa
era no caminho, paramos para buscá-lo. Ficaríamos juntos, e se a
merda fosse bater no ventilador, eu queria meus meninos lá para
pelo menos tirar Patience para fora do caminho. Nós paramos e
ele entrou.

Parecia que demorou uma eternidade para chegar a sua


casa, mas logo estávamos na entrada de automóveis. Meu carro
estava estacionado contra a garagem e, em seguida, eu tive a
certeza de que ir lá tinha sido a coisa certa.

Finn e Tiny seguiram atrás de mim. A porta da frente


estava aberta e, logo eu que passei pela porta, ouvi um tiro.

Eu não sabia de onde estava indo, mas corri em direção


ao som. A casa era tão grande e eu me vi de pé na frente de um
longo corredor no topo das escadas. Fiquei ali esperando ouvir
algo e depois outro tiro foi disparado. Meus pés se moveram antes
que eu pensasse enquanto corria para a porta de onde os tiros
estavam vindo. Ouvi Finn e Tiny em meus calcanhares. Nós
poderíamos estar indo em direção de nossas mortes pelo o que
todos nós sabíamos, mas isso não importava. Tudo o que
importava para mim era chegar até Patience e ajudá-la.

Quando cheguei à porta, eu olhei e senti um alívio


imediato quando a vi ali de pé de costas para mim. Então meus
olhos viram a cena, sua irmã deitada na cama com as roupas
rasgadas e o corpo ensanguentado do seu pai no chão.

Quando eu vi o olhar em seu rosto, eu sabia o que tinha


que fazer. Sua pele estava mais pálida do que o normal, mais
branca do que o cabelo dela, e seus olhos estavam arregalados
com o choque. Eu queria abraçá-la e lhe dizer que tudo ia ficar
bem, mas eu sabia que tínhamos que agir rápido.

As palavras não poderiam descrever a forma como me


senti ao vê-la sendo puxada para longe de mim sabendo que eu
nunca poderia estar com ela novamente, sabendo que uma vez
que eu levasse a culpa por isso minha vida nunca mais seria a
mesma. Ela entrou na minha vida e levou todo o mal, e eu a
amava com cada parte da minha alma. Era o mínimo que eu podia
fazer.

Eu podia ouvir os gritos dela pelo corredor e eu esperei


por alguém aparecer para que eles pudessem chamar a polícia
para mim, mas ela ficou em silêncio e ninguém nunca veio. Eu
fiquei ali olhando para os dois corpos, um inconsciente e um
morto, e pensei sobre qual seria o meu próximo passo. Cavei no
bolso e tirei meu celular. As mensagens de texto ainda estavam
abertas e eu olhava para todos os "Onde está você?" Mensagens
que eu tinha enviado a Patience.

Limpei a tela e puxei o discador para chamar alguém. Eu


digitei o número nove, mas parei quando ouvi alguém vindo atrás
de mim. Virei-me e fiquei cara a cara com quem eu só poderia
presumir que era a mãe de Patience.

Ela arquejava por ar enquanto segurava firmemente seu


carrinho de intravenosa. Um lenço roxo cobria a cabeça careca.
Ela se esforçava para ficar de pé e eu só podia imaginar o esforço
dela para sair da cama e vir a esta sala. Ela olhou para mim com
os olhos febris e pele pálida.

Seus olhos lacrimejantes percorreram a sala. Passaram


através de Sydney desmaiada em sua cama e, em seguida, para o
corpo enrugado de seu marido. Sua mão trêmula veio e cobriu sua
boca enquanto ela começou a chorar.

"Sinto muito," eu disse para a sala em silêncio. "Eu não


podia deixá-lo machucá-la." Eu apontei para o corpo de Sydney.

"Ela está... Ela está morta?" Sua voz era tão frágil quanto
parecia.

"Não, senhora, ela desmaiou, eu acho."

Vi alívio correr através de seu corpo. Ela entrou no


quarto, o corpo nu de seu marido, sua filha de roupas rasgadas, e
eu vi em seus olhos o momento em que ela percebeu o que estava
acontecendo.

"Como você soube?" Ela perguntou.

Não havia nenhum ponto em mentir para ela.

"Patience me disse. Ele a tem molestado desde que ela


era uma garotinha."

Eu odiei que pareceu que fui curto e grosso, mas não


havia realmente nenhuma outra maneira de dizê-lo. Suas pernas
fraquejaram como se ela fosse cair. Mudei-me rapidamente e a
peguei. Puxei-a para uma cadeira acolchoada branca que estava
em frente a uma mesa no canto e a ajudei a se sentar.

"Como você conhece Patience?" Perguntou ela, com


lágrimas no rosto.

"Ela é minha namorada," eu disse com firmeza. "Eu estou


apaixonado por sua filha, minha senhora."

Uma pequena dica de um sorriso tocou seus lábios.

"Você é Zeke?"

"Sim, senhora." Eu balancei a cabeça.

Ela estendeu a mão e acariciou minha bochecha


suavemente. Sua pele de papel fina parecia fria contra minha
bochecha.

"Ela ama você, também." Ela suspirou. "Zeke, faça-me


um favor, meu filho."

"Qualquer coisa."

Era o mínimo que eu poderia fazer, considerando que ela


achava que eu tinha matado seu marido.

"Dê-me a arma, chame 9-1-1, leve Sydney com você, e


prometa que vai cuidar das minhas meninas."

Minhas sobrancelhas puxaram para baixo em confusão.

"Desculpe-me, eu não entendi. Quem vai dizer que você


não irá atirar em mim se eu lhe der essa arma?"

Era uma pergunta válida. Eu não sabia o quanto da


minha história ela acreditava. Por tudo o que ela sabia, eu tinha
invadido e atirado e matado seu marido e sua filha.

"Eu tive minhas suspeitas de que meu marido era um


homem doente. Eu deveria ter dito alguma coisa e salvado
minhas meninas. A culpa é minha e é o mínimo que posso fazer."
Seus ombros caíram. "Eu estou morrendo, Zeke. Tenho dias, no
máximo, e agora meu marido está morto. Se você for para a cadeia
pelo resto da vida simplesmente por ter feito algo que eu falhei em
fazer, então quem vai cuidar de minhas meninas?"

Ela sorriu tristemente para mim enquanto ela se


abaixava e usava o pouco que tinha de força para puxar a arma
da minha mão. Eu sabia que deveria ter parado, mas ela estava
certa. Patience precisava de mim. Especialmente considerando
que sua mãe iria morrer em breve.

Ela usou o algodão grosso de seu manto para limpar o


cabo da arma e a colocou no colo.

"Agora, seja um bom menino e faça o que eu disse," ela


disse asperamente.

Eu balancei a cabeça e me afastei.

Peguei meu telefone e liguei para a polícia. Eu disse a


eles que alguém havia sido baleado, dei-lhes o endereço, e depois
desliguei. Ela sorriu para mim e balançou a cabeça como se ela
concordasse que o que estávamos fazendo era certo.

Eu me virei, peguei o corpo inerte de Sydney, em seguida,


virei-me para sair da sala.

"Zeke." Ela me parou. "Estou tão feliz que Patience tem


alguém em sua vida como você. Diga a minha filha que eu sinto
muito, pois não consegui protegê-la e diga a ela que eu a amo." As
lágrimas corriam por suas bochechas pálidas.

"Sim, senhora." Eu ajustei o corpo de Sydney em meu


aperto e me afastei.
Eu odiava deixá-la ali tão doente e frágil, mas era o que
ela queria, e enquanto eu estaria mais do que disposto a assumir
a culpa por ter matado aquele filho da puta doente, Patience
precisava de mim. Eu sempre estaria lá para ela, não importa o
quê.

Felizmente, Sydney esteve apagada toda a viagem de


volta para o meu apartamento. Eu nunca tinha sido formalmente
apresentado a ela e eu não queria que ela acordasse mostrando
sua bunda, pensando que eu a estava raptando. Sem dizer que ela
tinha passado por algo bastante traumático.

Eu não tinha certeza que história Patience queria dizer a


ela, mas de qualquer forma, quando ela acordasse, ela iria
descobrir que seu pai estava morto. Se tivesse sido eu, eu ficaria
feliz que o desgraçado tinha ido embora, mas ela pode não levar
tão bem. A vida das meninas ia mudar a partir deste ponto, e eu
planejava estar lá para ajudá-las através de cada passo do
caminho.

Quando entrei pela porta segurando o corpo de Sydney,


Patience levantou-se do sofá e empurrou Finn e Tiny para fora de
seu caminho. Eles estavam fazendo um bom trabalho protegendo-
a, aparentemente, e ela parecia muito irritada com isso. Ela
correu até mim e empurrou o cabelo de Sydney de seu rosto, e
então ela olhou para mim com um olhar de confusão.

"O que aconteceu?" Perguntou ela com os olhos


arregalados, acusando.

"Aqui, dê ela para mim. Vou colocá-la em sua cama"


disse Tiny.

Entreguei Sydney para ele e ele se virou para levá-la para


o meu quarto. Finn acenou com um adeus quando ele se virou e
saiu do apartamento.

Estendi a mão para Patience e tentei puxá-la em meus


braços. Tudo o que eu queria era estar perto dela. Nós quase
tínhamos sido separados hoje à noite e eu queria senti-la contra
meu corpo, mas ela colocou as palmas das mãos contra o meu
peito e me parou.

"O que aconteceu, Zeke?" Ela perguntou novamente em


irritação.

O sol estava começando a espreitar por entre as cortinas


da sala de estar e banhar seu rosto. Havia manchas de lágrimas
em seu rosto e seu cabelo estava uma bagunça total, mas ela
ainda era a coisa mais linda que eu já tinha visto.

"Sua mãe, ela ouviu o barulho e veio para o quarto."

Seus olhos ficaram grandes e ela começou a entrar em


pânico.

"Ela está bem? Temos que ir atrás dela. O que a polícia


disse? Por que eles não te prenderam?"

Eu olhei para ela com tristeza nos meus olhos. Eu sabia


que o que eu estava prestes a dizer-lhe iria perturbá-la, mas eu só
esperava que ela pudesse ver como sua mãe o fez.

"Ela assumiu a culpa, Floco de Neve. Ela me pediu para


lhe dar a arma, e então ela me disse para chamar a polícia e trazer
Sydney para você."

Ela explodiu.

"E você a deixou! Você deixa uma mulher morrendo


assumir a culpa pela morte de seu marido!"

Ela se afastou de mim e começou a cavar através dos


meus bolsos pelas chaves.

"É o que ela queria, baby. Eu lhe disse que atirei nele
para proteger você e ela disse que uma vez que seu pai estava
morto e que ela estaria morrendo logo, ela queria que eu cuidasse
de você e de sua irmã."

Ela não estava me ouvindo. Ela estava muito ocupada


tentando pegar minhas chaves. Quando ela finalmente as pegou,
ela correu para a porta. Eu a peguei pela cintura e ela lutou
contra o meu aperto.

"Não faça isso, Patience. É o que ela queria."

Ela rosnou para mim e me bateu no peito. Eu estava com


medo que eu a estivesse machucando, então afrouxei minha
contenção um pouco e ela aproveitou a oportunidade para fugir.
Corri atrás dela e tentei novamente detê-la, mas finalmente ela
escapou e correu para o meu carro. Quando ela trancou a porta
do motorista e começou a pôr em marcha o carro, eu corri para o
lado do passageiro e saltei.

Passei a viagem para a delegacia tentando impedi-la com


o que quer que fosse que ela estava planejando fazer, mas ela não
quis nem olhar para mim, muito menos falar comigo. Era como se
eu não estivesse mesmo no carro.

"Baby, por favor, pare o carro. Eu não quero perder você.


Basta pensar sobre isso. Sua mãe estava certa e é o que ela
queria. Eu prometo que eu não teria feito isso se ela não tivesse
me perguntado. Ela queria que eu lhe dissesse que ela estava feliz
que você me tinha, e que ela a amava."

Isso teve uma resposta dela e mais lágrimas caíram pelo


rosto.
No momento em que chegamos à delegacia, o sol estava
completamente no céu. Havia repórteres em todos os lugares fora
da estação, à espera de notícias sobre o governador. Felizmente,
nenhum deles percebeu Patience. Com a cabeça erguida, ela foi
até a delegacia de polícia em uma corrida aquecida. Eu estava
bem atrás dela, implorando que ela pensasse nas coisas direito.
Ainda assim, ela me ignorou.

Quando chegamos ao balcão, um jovem oficial olhou para


ela com olhos preocupados.

"Há algo que podemos fazer por você, senhora?"

Eu não perdi o fato de que ele olhou para mim com olhos
desconfiados. Eu tinha certeza que parecia que ela estava fugindo
de mim porque eu era um perigo para ela, quando tudo o que eu
estava tentando fazer era salvá-la.

"Sim, minha mãe foi trazida por assassinar meu pai, o


governador, ontem à noite. Eu gostaria de confessar e tê-la
liberada imediatamente. Ela está doente e ela não pertence atrás
das grades."

Ela estava começando a levantar a voz e os policiais


foram virando e olhando para nós. Um detetive mais velho veio e
nos introduziu a uma pequena sala de interrogatório.

"Onde está minha mãe? Eu quero vê-la agora," exigiu


Patience.

O detetive olhou para ela com olhos tristes e eu soube


imediatamente que ele estava prestes a dar uma terrível notícia.

"Minha senhora, a sua mãe nunca chegou à delegacia.


Quando vimos o estado em que ela estava, chamamos uma
ambulância para levá-la para o hospital local em vez disso. Mas
ela nunca chegou ao hospital. Estou triste em dizer que ela
morreu na ambulância."

Eu estendi a mão e puxei Patience para mim, logo que ele


disse essas palavras, mas ela se afastou de mim e me deu um
tapa forte no rosto. Ela olhou para mim como se eu fosse um
intruso, como se eu não fosse o homem por quem ela estava
apaixonada, e meu coração se partiu. Eu entendi que ela estava
chateada e eu precisava deixá-la chorar a morte de seus pais, mas
ainda assim, doía demais.

Ela voltou para o detetive.

"Eu matei o meu pai! Você pode me ouvir? Eu o matei.


Aquele desgraçado me molestou sexualmente toda a minha vida e
eu não estava prestes a deixá-lo fazer isso com a minha
irmãzinha. Prenda-me, porra! Prenda-me!" Ela estava chorando
histericamente.

O detetive calmamente sentou-se na cadeira e entregou-


lhe um lenço de papel.

"Senhorita Phillips, isto é extraoficial. Eu vou fingir que


não ouvi isso. Está nos registros que sua mãe matou seu pai e o
caso foi encerrado. Se o que você diz é verdade, então o filho da
puta merecia morrer. Não vamos arruinar a sua vida, porque você
estava protegendo a si e sua irmã. Eu posso guardar um segredo,
se você puder.”

Com a sorte que eu não sabia que tínhamos, Patience e


eu saímos da delegacia e não fomos condenados à prisão
perpétua, graças ao detetive que decidiu virar a cabeça.

Ele estava certo. Não havia necessidade de Patience


arruinar sua vida por causa daquele idiota, especialmente quando
a culpa já tinha sido dada e sua mãe que já havia falecido.

Quando voltamos para o meu apartamento, eu segui


atrás de Patience e fechei a porta da frente. Pela primeira vez
desde que eu disse a ela sobre a confissão de sua mãe, ela se
virou e me reconheceu.

"Eu estou indo para ficar com a minha irmã. Fique longe
de mim, Zeke. Nós terminamos."

Ela nem me olhou nos olhos, e assim mesmo, Patience


tinha me matado duas vezes em menos de vinte e quatro horas.
Eu tinha certeza que meu coração parou e eu tinha certeza que eu
estava morrendo, enquanto ela se afastava de mim, ela foi para o
meu quarto, e fechou a porta atrás dela.
Vinte e Seis

`;Fr
Patience

Três dias depois, minha mãe foi enterrada em um funeral


privado. Sydney ficou ao meu lado e segurou minha mão
enquanto observava abaixar seu caixão rosa bonito no chão. Eu
me senti dormente por dentro. Eu não podia chorar, embora as
lágrimas estivessem me sufocando. Sua morte era esperada, mas
eu esperava que ela fosse morrer quente na cama de casa.

Quanto ao meu pai, eu pedi que ele fosse cremado e suas


cinzas fossem espalhadas sobre o Atlântico. Ele não merecia
tanto, mas já que as emissoras estavam fazendo um grande
negócio disso tudo, achei que iria chamar mais a atenção se eu
não fizesse pelo menos isso. Se não tivesse sido pelos repórteres,
eu teria deixado sua bunda no gelo do necrotério.

Ambos tinham um seguro de vida pessoal, mas eu não


podia tocá-lo até que eu tivesse vinte e um anos. Minha tia Sarah,
na Flórida tinha a custódia sobre Sydney e mesmo que eu tivesse
ligado para ela e pedido para deixar Sydney ficar comigo, ela se
recusou e eu tive que arrumar minha irmã e enviá-la para a
Flórida. Foi a coisa mais difícil para eu fazer. Eu passei anos a
protegendo e lá estava eu, enviando-a para viver com uma
estranha.

Eu prometi a ela uma vez que tudo estivesse resolvido


com as posses e propriedades de nossos pais, eu mudaria para a
Flórida, também, e eu o faria. Eu queria dar o fora dessa cidade e
deixar tudo para trás, tudo, incluindo Zeke.

Eu não podia deixar passar o fato de que ele permitiu que


a minha mãe assumisse a culpa pela morte do meu pai. Eu não
podia deixar para lá que ele era a razão pela qual ela morreu na
traseira de uma ambulância e que Sydney e eu não conseguimos
dizer um adeus apropriado. Eu o amava, mas eu o odiava por ter
feito isso comigo.

Ele ligou continuamente e mandou mensagens


constantemente até que, finalmente, eu mudei meu número. Eu
não queria ouvir sua voz. Eu não queria falar com ele. Eu só
queria que tudo fosse embora.

Agora eu era capaz de conduzir o Toyota cinza, então eu


dirigi até Megan para lhe dizer adeus antes de eu partir para a
Flórida.

"Eu senti tanto sua falta," disse ela enquanto ela me


abraçava com força.

Eu disse a ela a verdade sobre tudo. Eu não estava


preocupada que ela dissesse às pessoas. Ela concordou que meu
pai merecia o que ele teve, mas o que ela não concordava era com
a minha decisão de deixar Zeke.

"Ele está uma bagunça, Pay. Pelo menos ele estava na


última vez que o vi. Eu e Chet terminamos," disse ela tristemente.
Puxei-a para um abraço.

"Oh meu Deus, Megan, eu sinto muito. Eu fui uma amiga


horrível, mas eu tinha tanta coisa acontecendo."

Eu me senti horrível por não estar lá para ela, mas com


tudo o que aconteceu, eu mal tive tempo de pensar em mim,
muito menos qualquer outra pessoa.

"Garota, por favor." Ela deu um tapa em mim e revirou os


olhos. "Com tudo o que você tinha acontecendo; a última coisa
que você precisava para se preocupar eram meus estúpidos casos
de amor."

Choramos quando era hora de eu ir embora e nós


prometemos manter contato através de telefonemas e textos. Ela
ainda prometeu ir para a Flórida por uma ou duas semanas
durante o verão.

Uma hora mais tarde, eu estava na estrada e no meu


caminho para minha nova vida. Flórida não era muito diferente da
Carolina do Sul. Era mais quente e as casas eram mais planas,
mas não muito diferente.

Minha irmã correu para os meus braços quando eu saí


do meu carro. Eu nunca estive mais feliz em ver seu rosto doce.
Minha vida era um naufrágio e ela era a única pessoa que eu
realmente tinha mantido. Minha tia me acolheu de braços abertos
e eu prometi iniciar um trabalho ou a escola assim que tudo
ficasse resolvido.

Foi exatamente dois dias depois que eu comecei a sentir a


falta de Zeke como uma louca. Os efeitos da morte de minha mãe
e o drama estavam começando a se desgastar e eu estava
percebendo que eu precisava dele mais do que eu pensava. Eu
sentia falta da voz, do seu sorriso, de tudo sobre ele, e estar tão
longe dele só piorava.

Tomei a coragem de ligar para o seu celular, mas estava


desconectado. Eu achei isso estranho e eu estava começando a
surtar um pouco. O que eu fiz? Sim, eu estava no meio de um
momento perturbado, mas eu afastei o único homem que eu amei,
um homem que estava disposto a passar a vida na prisão por
mim.

De repente, o que minha mãe tinha feito fez sentido. Eu


podia ver isso a partir de seu ponto de vista. Por que deixar sua
filha ou o homem que sua filha amava cumprir um tempo na
prisão por algo que foi merecido? Ela sabia que sua hora estava
chegando ao fim, e ela sabia que nós tínhamos uma vida longa
pela frente.

Liguei para Megan em pânico.

"Hey, Pay!" Ela cantou no telefone.

"Estou tentando entrar em contato com Zeke, mas seu


telefone está desconectado. Você sabe como eu posso alcançá-lo?
Talvez você pudesse chamar Chet e conseguir o seu novo
número?"

Ela ficou em silêncio do outro lado e a ouvi respirar


fundo. Cada pensamento ruim que eu poderia pensar passou pela
minha mente. E se alguma coisa aconteceu com ele? Eu não
poderia lidar com a perda de outra pessoa que eu amava. Eu
queria Zeke e eu o queria aqui na Flórida comigo.

"Pay, eu não sei como te dizer isso, mas, literalmente, um


dia depois que você partiu, a grande notícia foi que Blow Hole foi
contratada por uma gravadora da Califórnia."
Eu senti felicidade me preencher. Zeke estava
provavelmente em êxtase e eu odiava que eu não estava lá para
celebrar este marco com ele.

"Isso é ótimo, Megan! Aposto que eles estão felizes. Por


que você tinha medo de me dizer isso?"

Mais uma vez, ela ficou em silêncio do outro lado.

"Bem, porque ele se foi, Pay, todos eles se foram. Eles


arrastaram a bunda para a Califórnia."

O piso mudou sob os meus pés. Zeke estava a milhares


de quilômetros de distância, em vez de centenas, e sua perda foi
afundando e me deixando num estado de angústia.

Eu nem sequer me lembro de me despedir de Megan.


Zeke tinha ido embora, fora viver seu sonho, e eu provavelmente
nunca mais ouviria falar dele. A única conexão real que ele tinha
na Carolina do Sul era seu pai e eles nem sequer se falavam mais.
Eu não tinha nenhuma maneira de mandar uma mensagem para
ele. Ele foi embora para a Califórnia pensando que eu o odiava.
Ele estava lá cercado de vadias loiras oxigenadas da Califórnia
querendo conhecê-lo, ele provavelmente estava tirando sua mágoa
e raiva com uma delas na forma de sexo violento naquele
momento.

As semanas passaram voando a partir desse ponto. Eu


vivi a minha vida em um estado interminável de depressão. Minha
irmã e tia comentaram sobre o meu comportamento, mas eu não
poderia me conter. Ele foi embora e eu não poderia encontrar uma
maneira de alcançá-lo.

Eu consegui um trabalho de merda em um restaurante


perto da casa da minha tia e desde que a escola tinha terminado,
Sydney passava a maior parte de seu tempo com a tia Sarah na
praia. Todos os dias era a mesma coisa. Acordar, ir trabalhar,
voltar para casa, dormir, mas não importa o que eu estivesse
fazendo, eu pensava em Zeke.

Entre a depressão e não praticar mais esportes, ganhei


dois quilos e meu jeans começou a ficar desconfortável. Tenho
certeza de que tinha mais a ver com o sorvete que eu tomava para
aliviar a minha dor, mas pelo menos era melhor do que as drogas
e o álcool.

Meu diploma do ensino médio foi encaminhado para mim


alguns dias depois e eu estava feliz por tê-lo, mas eu estava
pensando que a faculdade definitivamente iria ter que esperar. Eu
não queria pensar sobre a escola ou esportes. Eu só queria
chafurdar na minha vida de merda.

Meses se passaram e, enquanto eu estava começando a


me sentir mais viva, eu ainda era seguida por uma nuvem negra
de tristeza. Ficou pior o dia em que eu ouvi pela primeira vez a
música do Blow Hole no rádio. A guitarra se destacou para mim
mais do que voz de Finn. Droga, eu sentia falta de Zeke.

Seis meses depois, Sydney estava confortável na sétima


série em sua nova escola e eu estava trabalhando em turnos
dobrados no restaurante. Minha tia recebia dinheiro para cuidar
de Sydney, de modo que algum dinheiro já se tinha, mas alguma
forma de trabalho deixava as coisas melhor, mantinha minha
mente ocupada.

Eu estava no trabalho quando ouvi algumas garotas em


uma mesa falando sobre o festival de rock que estava vindo para
Orlando. Ela jogou os nomes das diferentes bandas que estavam
vindo.
Eu estava limpando uma mesa que tinha acabado de
desocupar sem uma gorjeta e minha mão parou quando a ouvi
dizer o nome Blow Hole. Deixei a mesa e rudemente interrompi a
conversa.

"Desculpe-me, você acabou de dizer que a Blow Hole vai


estar em algum festival de rock?"

As meninas olharam para mim como se eu fosse louca.


Talvez eu estivesse, mas o amor te faz fazer coisas malucas.

"Uh, sim, é neste fim de semana. Os ingressos ainda


estão à venda, eu acho."

Eu nem sequer ouvi o resto. Eu me virei e fui para a


minha bolsa. Eu disse a Gladys, a senhora que era a dona do
lugar, que eu tinha uma emergência familiar e, em seguida, fui
para casa o mais rápido possível para que eu pudesse entrar no
computador da minha tia.

Eu pesquisei festivais de rock em Orlando e, com certeza,


ele estava lá. Eu comprei um ingresso para Orlando Rockfest com
planos de esperar ver Zeke. Pela primeira vez em meses, eu me
senti como se eu tivesse algo para olhar para frente. Eu me sentia
feliz. Eu só esperava que não fosse tarde demais e eu realmente
esperava que ele não estivesse vendo alguém novo e tivesse se
esquecido de mim.

Já que eu estava indo para o Rockfest sozinha, esperei


até ao fim da tarde, quando Blow Hole estivesse planejando sair.
Minha pele clara e o sol da Flórida não gostavam muito um do
outro. Eu já tinha sofrido quatro queimaduras ruins desde que me
mudei para lá.

Quando cheguei lá, a banda antes de Blow Hole ainda


estava tocando. Eu parei num stand de bebida e peguei uma
garrafa de água e, em seguida, atravessei meu caminho através da
multidão com a esperança de chegar o mais perto possível do
palco. Eu só podia esperar que ele fosse capaz de me identificar na
multidão e eu rezava, que se ele me localizasse, ele não estivesse
tão chateado comigo ao ponto de me ignorar.

Quando ele e os rapazes entraram no palco, o céu


noturno estava iluminado com luzes e as meninas enlouqueceram.
Foi então que percebi todas as camisetas "Eu sou louca por Zeke!"
que as meninas usavam. Eu não tinha medo de admitir que eu
estava morrendo de ciúmes.

Uma vez que eles começaram a tocar, era quase


impossível chegar ao palco. Meninas invadiram e um mosh pit12
formou-se bem no centro da frente. Não importa o quão forte eu
tentasse, eu não podia me apertar o suficiente para passar.
Finalmente, eu desisti. Se esta ia ser a última vez que eu iria vê-lo,
então eu queria realmente vê-lo.

O tempo todo até agora, eu fiquei tentando me aproximar


e eu ainda tinha que parar e olhar para ele. Eu sentia tanta falta
dele e, eu não tinha fotos dele. Eu estava começando a esquecer
como ele parecia.

Olhei em seus jeans escuros e camiseta rasgada. Sua


franja caía em seu rosto, como de costume e a luz continuava
pegando seus piercings no rosto e fazendo-o brilhar. Ele era lindo.
Ele era tudo o que eu sempre quis e eu o empurrei e corri de tudo
o que ele representava.

Eu sorri quando vi que ele ainda estava usando a

12
Uma roda punk onde seus participantes fazem movimentos bruscos e violentos como cotoveladas,
joelhadas, empurram uns aos outros e colidem entre si durante um show de rock, punk e heavy metal.
guitarra que eu dei para ele e sorri ainda mais quando fui capaz
de ver uma pequena mancha em seu antebraço de longe e eu
sabia que era meu Floco de Neve, mas quanto mais tempo eu
ficava ali, mais eu percebia que o que eu estava tentando fazer era
impossível. Eu deveria ter sido inteligente e vindo mais cedo. Eu
deveria ter enfrentado o sol quente da Flórida por Zeke. Pelo
menos assim, eu teria tido um lugar garantido na frente e poderia
ter chamado sua atenção.

Sua última música começou a tocar no momento em que


me senti começar a rasgar. Eu tinha fracassado e era tão difícil vê-
lo tão perto e tão longe. Ele estava bem ali, mas eu não podia tocá-
lo.

Quando o set acabou, eles disseram seu adeus e


deixaram o palco. Vê-lo ir embora foi tão difícil. Sabendo que eu
tinha perdido minha chance era ainda mais difícil. Eu me virei
para sair, na esperança de sair antes de os enxames de pessoas
seguirem para o estacionamento.

Essa coisa toda foi uma má ideia. Na verdade, eu estava


indo embora me sentindo pior do que antes, mas eu tinha que
pelo menos tentar. Zeke tinha sido responsável por me colocar de
volta no lugar e agora eu estava mais quebrada do que eu estava
quando eu o conheci. Eu não preciso dele para viver, mas ele com
certeza fez eu me sentir viva.

Estava muito escuro lá fora quando eu já estava longe o


suficiente do show. Pessoas polvilhando o estacionamento. Uma
menina estava vomitando ao lado de seu carro e isso fez meu
estômago revirar.

Eu passei por um monte de ônibus e eu pensei que talvez


eu pudesse pegá-lo no caminho de volta para o seu ônibus, mas
havia muitas pessoas já alinhadas lá, então eu não me incomodei
mesmo. Eu estava exausta e pronta para ir para casa.

Eu estava andando de volta para o meu carro, quando de


repente alguém saiu das sombras e me puxou para dentro da
escuridão entre dois ônibus. Ele empurrou sua mão sobre minha
boca e apertou-me contra a traseira de um ônibus. Estava tão
escuro que eu não conseguia ver nada.

A pessoa me segurando pressionava seu corpo grande


contra o meu e suavemente empurrou uma mecha de cabelo do
meu rosto antes de correr um dedo quente em minha bochecha.
Uma respiração quente e mentolada atingiu meus lábios quando
ele moveu seu rosto perto do meu e esfregou meu queixo.

Ótimo, eu estava sendo estuprada por um romântico.


Então ouvi uma risada profunda familiar e senti uma felicidade
florescer em todo o meu corpo.

"Droga, Floco de Neve, se você ficar mais quente vai


derreter."

E então suas mãos se foram e seus lábios estavam nos


meus.
Vinte e Sete

`;Fr
Zeke

Meus sonhos estavam se tornando realidade. Os caras e


eu estávamos recebendo tudo o que queríamos. Um contrato
muito bom de uma gravadora foi assinado com a LA Records e
tivemos que nos mudar para a Califórnia. Estávamos no meio da
gravação de nosso primeiro disco. Deveria ter sido o momento
mais feliz da minha vida, mas tudo parecia errado.

Deixar a Costa Leste sem ser capaz de dizer adeus ao


meu Floco de Neve foi de longe a coisa mais difícil que eu já tinha
feito. Liguei e mandei mensagens até que eu não podia mais ligar
e mandar textos e, finalmente, seu telefone estava desconectado.
Eu procurei por ela e até perguntei a Megan o que estava
acontecendo, mas nada. Era como se ela tivesse desaparecido da
face da terra e eu senti como se tivesse desaparecido com ela.

Quando eu estava fazendo as malas para ir para


Califórnia, descobri o brinquedo do Optimus Prime do Mc lanche
feliz e chorei um pouco. Eu não era muito de chorar. Para mim, o
choro era para idiotas fracos, mas, por vezes, alguma coisa iria me
enviar ao limite. Um brinquedo barato do McDonalds fez o truque
naquele dia.

Outra coisa que me matava era a minha guitarra. Eu


adorava minha guitarra, mas agora cada vez que eu tocava eu
pensava em Patience. Eu poderia ter comprado uma nova, mas eu
não podia me convencer a fazê-lo. Por mais que me machucasse
tocá-la, doía mais quando eu pensava sobre mantê-la num
armário.

A primeira vez que ouvi uma de nossas músicas no rádio,


deveria ter sido um momento lindo, mas tudo que eu conseguia
pensar era se Patience iria ouvi-la ou não.

"Cara, você tocou um acorde errado novamente." Finn


reclamou. "Saia desse inferno, homem."

Os caras estavam constantemente reclamando desde que


eu me mantinha errando. Era tão diferente de mim e eu não
poderia deixar isso continuar por mais tempo, então eu empurrei
para trás todas as minhas memórias de Patience e engoli minhas
emoções. Eu mergulhei fundo na música e esqueci todo o resto.

Eu fingia ser feliz, fumava muita maconha ultimamente,


e bebia como um peixe. Quando os caras traziam garotas para
casa, eu flertava e bobeava algumas vezes, mas eu nunca poderia
me levar a ter relações sexuais com qualquer uma delas. Foi uma
tragédia o que Patience tinha feito comigo. Eu estava mais
quebrado agora do que eu estava antes de ela ter me consertado.

Meses se passaram e logo eu só pensava nela poucas


horas em vez de a cada minuto de cada dia. Quando fomos
convidados para Rockfest em Orlando, Flórida, eu estava
animado, mas mais porque eu sabia que por estar na Costa Leste
novamente, eu também iria estar perto de Patience. Era um ciclo
sem fim de emoções que eu estava cansado de estar.

Quando chegou a hora de ir para Orlando, eu dormi


durante a maior parte da viagem de avião. Dormir era a minha
coisa favorita. Quando eu não estava tocando, ficando chapado,
ou festejando, eu estava dormindo.

Uma parede de umidade bateu em nós quando saímos do


avião. Fomos colocados em um hotel agradável perto de Disney
World pela semana, de modo que passamos aquela semana
ficando bêbados pra cacete e saindo em todos os clubes fodões de
Orlando. Quatro homens solteiros poderiam entrar em algum
problema sério nessas partes, e eu deveria estar encantado por
todos os corpos de praia que me cercavam.

As mulheres estavam em todos os lugares tentando


conseguir um pedaço de mim, mas eu fui para a cama sozinho
todas as noites, enquanto eu ouvia os caras em seus quartos com
qualquer menina que trouxessem de volta para o hotel. Era um
inferno.

No momento em que o fim de semana chegou e nós


estávamos nos preparando para o Rockfest, o clima estava
começando a esfriar para um agradável trinta e dois graus. Ainda
estava quente, mas não quente pra caralho. Havia uma grande
diferença. A multidão entrou num enxame e estávamos
programados para tocar no final do dia. Eu saí com outras bandas
por trás do palco e fumei maconha demais.

Uma vez que era hora de subirmos ao palco, a multidão


havia dobrado. Mais da metade das pessoas estava bêbada e
queimada de estar fora o dia todo no sol da Flórida. As mulheres
ficavam aos ombros dos homens com seus tops de fora e o cheiro
de maconha circulava ao redor da multidão.

Pessoas pulavam para cima e para baixo com a nossa


música enquanto Finn dominava a multidão. Meninas com
camisetas que diziam: "Eu sou louca por Zeke!" pulavam sem
sutiãs na primeira fila. Eu balancei a cabeça para baixo para elas,
para que elas soubessem que eu não tinha perdido isso, e elas
sorriam e mandavam beijos para mim.

Foi um bom show.

O céu estava ficando negro conforme a noite surgia e a


área se tornou mais fria. Quando tocamos a nossa última canção,
tristeza pairou sobre mim, porque eu sabia que estaria deixando a
Costa Leste em dois dias e eu mais uma vez estaria a milhares de
quilômetros de distância de onde quer que Patience estivesse.

Olhei para a multidão mais uma vez quando toquei meu


solo final pela noite e fui pego de surpresa por um flash de cabelos
platinados. Um minuto ele estava lá e no próximo ele tinha ido
embora. Eu tinha certeza que eu estava vendo coisas quando de
repente a multidão clareou mais uma vez e meus olhos colidiram
com Patience.

Ela olhou para mim com os olhos arregalados e um olhar


irritado em seu rosto. Ela parecia diferente, mais espessa em
alguns lugares e bronzeada, mas ela era tão bonita quanto à
última vez em que a vi. Eu continuei a tocar quando assisti sua
luta para chegar à frente e, finalmente, ela desistiu e olhou para
mim. De tão longe, eu não podia ver seus olhos, assim como eu
tenho certeza que ela não podia ver os meus, mas o meu coração
sentiu a presença dela e levou tudo que eu tinha em mim para
ficar parado no palco.
Eu a perdi no meio da multidão e não fui capaz de
localizar seu cabelo loiro de novo. Uma vez que estávamos fora do
palco, eu fiquei tentado em passar no meio da multidão e tentar
encontrá-la, mas eu mal conseguia me mover de tão cheio, e fui
sendo parado por meninas bêbadas que mantiveram tentando
esfregar os peitos em mim.

Nós seguimos a multidão para os ônibus e eu estava a


ponto de me desesperar. Ela estava tão perto. Ela estava lá e eu
não podia vê-la ou chegar até ela. Eu estava quase no ônibus
quando a vi cortando um caminho através do estacionamento. Eu
abaixei minha cabeça e enfiei-me no meio da multidão e me
escondi na escuridão entre o ônibus e outro na frente dele.

Uma vez que eu a vi caminhando em minha direção,


minha alma cantou com alegria. Eu estendi a mão e a puxei para
mim. Eu não queria que ela gritasse e chamasse a atenção para
nós, então eu cobri sua boca com a palma da mão. Eu mal podia
acreditar que ela estava aqui em meus braços, e eu jurei que não
importava o que tinha acontecido nos últimos meses, ela nunca
deixaria meus braços novamente.

Anos de sombras e escuridão foram apagados naquele


exato momento. Eu segurei minha fonte de liberdade em meus
braços e eu já podia sentir o calor de sua luz na minha pele.

Sua respiração era pesada enquanto ela lutava contra


mim, mas uma vez que ela percebeu que era eu e ela colocou os
braços em volta do meu pescoço e me beijou de volta, eu sabia que
as coisas nunca seriam ruins novamente.
Epílogo

`;Fr
Eu assistia com um sorriso enquanto Blow Hole era
entrevistada pelo DJ de uma estação de rádio local.

"Então, Zeke, temos um monte de perguntas sobre


algumas de suas tatuagens. Eu queria saber se você poderia nos
dizer o que os três flocos de neve em seu antebraço representam."

Zeke sorriu para mim e levantou o braço em cima do


balcão na frente dele para mostrar ao DJ sua tattoo.

"O maior aqui é para minha menina. Quando começamos


a namorar, ela me lembrou de uma princesa Floco de Neve, então
eu comecei a chamá-la de Floco de Neve. Eu ainda continuo a
chamá-la assim. Os dois menores são para as nossas duas filhas.
Elas são tão loiras e bonitas como ela é."

"Floco de Neve, huh?" Perguntou o DJ. "É um milagre que


ela não derrete com o calor da Califórnia." Ele riu.

Os olhos de Zeke encontraram o meu do outro lado da


sala e o amor que permanecia lá brilhou. O canto de sua boca
inclinou para cima em um sorriso.
"Bem, nós passamos através das profundezas do inferno
para ficarmos juntos. Se ela ainda não derreteu, eu acho que ela
nunca irá."
"Flocos de neve no inferno"

Por Blow Hole

Perdido no escuro, eu parei de lutar contra ela.

Este é o meu mundo, esta é a minha casa.

Perda de ar, querendo esquecer,

Isto me quebra, esmagando ossos.

Não há nenhuma brisa; não há sol,

Apenas esta necessidade de escapar.

Não há fim para o que eu comecei.

Longe demais, é tarde demais.

Eu vou arrastá-la para baixo, segure a respiração.

Comigo, você está indo para baixo.

Fuja minha desejada morte.

Salve-se da perigosa fome.

Refrão

Você pode ver as minhas peças quebradas?

Elas se reproduzem no meu lugar escuro, em seguida, saem sem


deixar vestígios.

Há um buraco na minha alma sombria.


Está na ponta dos dedos e dança em seus lábios.

Em minhas profundezas, eu já sei.

Eu nunca deveria sentir seu brilho.

Uma coisa egoísta para contar.

Quero flocos de neve em meu inferno.

Vou deixar cicatriz em sua pele perfeita,

Com traços negros da minha necessidade,

Te engolir totalmente com o meu pecado,

Fazer você desejar que você estivesse liberada.

Sonhos se tornam pesadelos,

Abastecido por ciúmes,

Abalada por meus cuidados negligentes,

Implorar libertação da minha gaiola preta.

Cavar fundo dentro de seu centro,

Apodrecer você por dentro.

Um jogo sem um vencedor,

Sem começo não tem fim.

Refrão

Você pode ver as minhas partes quebradas?

Eles se reproduzem no meu lugar escuro, em seguida, saem sem


deixar vestígios.
Há um buraco na minha alma sombria.

Está na ponta dos dedos e dança em seus lábios.

Em minhas profundezas, eu já sei.

Eu nunca deveria sentir seu brilho.

Uma coisa egoísta dizer,

Quero flocos de neve em meu inferno.

Você também pode gostar