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Série BattleScars

LANÇAMENTO
Breve
Equipe
Distribuição: SORYU

Tradução: Larisa Altavile

Revisão Inicial: Gi Vagliengo

Revisão Final: Ana K.

Leitura Final: Vivi

Verificação: DÉBORA SHAW

Formatação: DÉBORA SHAW


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Sinopse
Aubrey Thompson é uma jovem de vinte e três anos, aeromoça
na pequena empresa aérea comercial do seu pai. É uma espertinha
sarcástica que não tem nenhum problema em dizer o pensa. Também
despreza as estrelas do rock... Mas isso tudo é parte da história.Sua
avó Jean é observadora e você dará grandes gargalhadas.
Jake Parker, o jovem cantor de vinte e cinco anos, líder dos
Battlescars. Sua reputação é a de um bad boy. É intenso em tudo o
que faz. Dois dias depois de retornar de uma turnê de um mês pela
Europa recebe a visita de Bruce, um executivo de uma gravadora.
Bruce informa a eles que a Battlescars fará uma turnê durante três
meses.
O que ninguém sabe é que Jake está desgastado e cansado. Sua
gravadora contrata a empresa do pai de Aubrey para voar durante a
turnê de última hora.
A fim de manter a companhia de seu pai no ar, terão que
aprender a lidar com a situação. Quando Jake conhece Aubrey, ela se
nega inclusive a reconhecer sua existência. Ele a vê como um alívio, e
um doce desafio.
Ambos têm algumas cicatrizes bem pesadas de seu passado que
os detêm. Poderá Jake conseguir que Aubrey o deixe entrar? Ou o
rejeitará por sua extravagante reputação? Seu medo de ser
machucada outra vez o manterá afastado para sempre? Os dois são
um casal do céu ou do inferno?
A música dá alma ao universo,
asas para a mente, vôo para a
imaginação e vida para tudo.

Platão
Prólogo
Jake Parker, 2007
Cinco anos antes...

— Jake. — Uma voz lamentou. Não outra vez... eu gemi. Sentei e


passei as mãos sobre meu rosto bagunçado. Droga, eu realmente
precisava fazer a barba. Acordei não com uma, mas duas meninas na
minha cama. Sempre as despacho depois que a festa acaba e eu
tenho a minha diversão. Obviamente, foi como se tivessem passado
uma borracha na minha memória sobre o aconteceu na noite
passada. Lembro de fazer o show, mas tudo o que aconteceu depois é
uma incógnita. Tenho certeza de que aquela é Vanessa e a outra é
Trixie, ou será, Victoria?
Quem se importa? Eu não poderia mesmo estar mais com elas.
Esfreguei os olhos torcendo para a sala parar de girar. Olhei e
notei a pilha de preservativos no chão. Obrigado, eu não fui tão
estúpido, mesmo totalmente embriagado. Eu tentei sair da cama.
Vanessa ficava tentando me empurrar de volta na cama. Eu lutei
contra ela e consegui ficar em pé. Ela se sentou na beira da cama,
fazendo beicinho com os braços cruzados. Impressionante... eu saí
para a sala e vi meu guarda-costas recém-contratado, Brett, sentado
no sofá. Fiz um gesto com a cabeça para ele cuidar do descarte. Ele
balançou a cabeça em compreensão e fui iniciar o meu dia. Fiz um
lembrete mental realmente necessário para dar a ele um aumento ou
algo assim a ele. Entrei no chuveiro e liguei a água tão quente quanto
poderia. Minha cabeça latejava violentamente. Fiquei imaginando o
que o resto dos caras acabou fazendo na noite passada depois que eu
saí.
Eu fiquei sob a água até que não aguentar mais. Voltando para o
quarto, reparei que foi limpo há pouco tempo. Todos os pacotes vazios
foram retirados, assim como as convidadas da noite passada. Fui até
a cômoda e tirei um par de boxers e algumas roupas. Me vesti com
pressa e corri pelo corredor para ver o resto dos caras. Nós dormimos
demais e precisávamos estar em uma hora na arena. Abri a porta e
comecei a bater ao redor.
— O que é homem? Que porra é essa? — Derek resmungou.
— Vamos, precisamos ir, — eu disse o rolando para fora do sofá
até o chão.
Éramos um bando de desajustados de vinte e um anos de idade,
que se encontraram no Arizona, como adolescentes e tiveram a
chance de se mudar para LA ano passado. Ficamos presos tocando
em pequenos shows quando tivemos sorte suficiente de sermos
encontrados por Dylan Ryan, o vocalista do Crashing Down. Poucas
semanas depois sua gravadora se aproximou de nós para assinar um
contrato. Nós aproveitamos a oportunidade e embarcamos em uma
Van de quinze passageiros durante os últimos três meses que abrimos
os shows para o Crashing Down.
Passamos os nossos dias dormindo, curando nossas ressacas e
as noites em shows e festas. No ritmo que estamos indo, acho que vou
precisar de um novo fígado em breve. Fui até o quarto e comecei a
sacudir Blake. Ele estava reclamando para deixá-lo sozinho quando
Kevin saiu do banheiro pronto para ir. Juntos, conseguimos por Blake
de pé. Ele ainda estava sentindo os efeitos da noite passada. Uma vez
que todos estavam prontos, subimos na Van e fomos para o local.
Nós carregamos todos os nossos equipamentos já que não somos
tão famosos para termos roadies1 contratados. Depois de realizar uma
verificação de som rápida, fomos para o pequeno armário que eles
chamavam um camarim. As groupies2 já estavam esperando em
massa. Eu vi uma menina de cabelo escuro bonito e decidi que ela
seria a má decisão da noite. Fui até lá e bati em seu ombro. Ela se
virou para olhar para mim e fiquei boquiaberto. Ela tinha cabelos
negros bonitos, grandes olhos castanhos com um corpo pequeno
super gostoso.
— Oh meu Deus! — Ela gritou. — Você é Jake Parker. — Ela
gaguejou.
— Da última vez que verifiquei sim — Eu sorri.
— Eu sou uma grande fã. — Ela me olhou de cima a baixo. —
Eu sou Rachel.
— Prazer em conhecê-la, Rachel. — Eu peguei uma cerveja e me
aproximei para sentar em uma cadeira dobrável de metal. Ela veio e
sentou no meu colo. Sim, ela é fácil.
Nós fizemos o show e a Van nos levou de volta para o hotel.
Tivemos uma pequena festa na sala antes de Rachel e eu irmos para
o meu quarto. Eu estava definitivamente bêbado, novamente. Rachel
foi mais do que disposta e durante o tempo em que eu fui até o
banheiro dar uma mijada ela se esparramado nua sobre a cama. Ela
me ofereceu um preservativo, mas não confio em qualquer coisa que
não seja minha. Coloquei meu próprio preservativo e a fodi. Eu
honestamente não sei por que eu continuei a fazê-lo noite após noite,
especialmente desde que o sexo não significava nada, só meu Rock.
Não havia qualquer ligação emocional e sempre foi insatisfatório. Eu
meti nela até que gozei e nem liguei para o fato de ela não gozar. Ela

1 Aquele que carrega os equipamentos


2 Uma pessoa que busca intimidade emocional e/ou sexual com um músico.
estava fazendo beicinho parecendo irritada. Eu escolhi ignorá-la,
desligando a lâmpada de cabeceira e fechando os olhos.
Quando acordei na manhã seguinte, na verdade, foi a tarde, fui
direto para o banheiro. Tomei banho e sai para pegar algumas
roupas, mas quando peguei o meu jeans de ontem à noite, eu notei a
falta da minha carteira, e o meu telefone celular. Fui para a sala de
estar e perguntei a Brett se ele pegou. Ele olhou para mim e balançou
a cabeça. Filha da puta, ela me roubou! Joguei tudo na minha mala e
usei o telefone do hotel para ligar e cancelar todos os meus cartões de
crédito. O telefone de Brett começou a tocar. Ele atendeu e me
entregou. Era Ron. Ele era como meu pai, a única figura adulta que
tive na minha vida.
— Olá, filho. Como você está? — Ele perguntou, com
conhecimento de causa.
— Tudo bem. — Tentei parecer como se estivesse tudo sob
controle. Embora não estivesse enganando ele.
— Você com certeza não parece bem. — Ele protestou. — Escuta,
você deve estar em turnê. Divirta-se. Porra, tome algumas cervejas
aqui e ali, mas eu sei exatamente o que você está fazendo e isso não é
certo, Jake. Você não pode mudar seu passado. Eu sei que é tudo
diversão e brincadeira tendo seu pau molhado a cada noite, mas a
vida é mais do que isso. Haja com maturidade ou vou te levar para
casa. Não vou ficar parado e assistir você se perder. Entendeu?
— Sim, senhor, — eu murmurei.
— Ótimo. Vou verificar você em alguns dias. Lembre-se do que
eu disse. — Ele disse com firmeza.
Ele desligou o telefone e o entreguei de volta para o Brett. Voltei
para o meu quarto e me sentei na beirada da cama. Ron estava certo.
Eu precisava acertar minhas coisas. Estava usando minha fama e
deixando um rastro de destruição pelo caminho. A mídia já tinha me
rotulado como fora de controle depois de todo o episódio com Ashley
Noelle, e depois novamente com Lily Atlas. Eu nem era super famoso
naquela época e mesmo assim ele não me deixavam fora das fofocas.
Jurei desistir da bebida, exceto por uma cerveja ocasionalmente, e as
trilhas de sexo. Eu ia tentar o meu melhor para andar na linha. Só
esperava que eu fosse forte o suficiente para fazê-lo.
Capítulo 1
Aonde quer que vá

Aubrey
— Aubrey! — meu pai me chamou, me acordando. Levantei a
cabeça, olhei para seu escritório e bocejei forte.
— Amém. — Lancei um sorrisinho tolo.
Certa vez alguém me disse que se você for pego dormindo com a
cabeça baixa, era só fazer como se estivesse rezando e esperar o
melhor. Sabia que não estava encrencada e que meu pai acharia
divertido. Além disso, era sua culpa, já que estava esgotada de ter
viajado tanto esta semana. Estive em Los Angeles, Nova Iorque,
Boston e São Francisco, e esses eram só alguns nomes.
Não fui a passeio. Passei meu tempo trabalhando como
aeromoça para homens ricos de meia idade. Eles alugavam a
companhia aérea comercial do meu pai para voar até seus destinos, e
eu era parte do acordo. Sim! Eu!
— Boa tentativa, garota. — Dirigiu seu olhar enrugado e
sorridente para mim.
— Escuta, sei que acabou de voltar, e que está esgotada, mas
preciso de um favor.
Não outra vez... Esperava com impaciência ir para casa e dormir
durante um dia, ou vários.
— Tenho um encontro esta noite.
— Um encontro? — Engasgou.
Não tinha um encontro, e ele sabia.
— Sim, com minha cama. Íamos dormir juntinhas. —Eu disse
sarcasticamente.
Ele revirou os olhos e riu.
— Boa tentativa.
— Ugh, o que é desta vez? — Perguntei, me sentindo
ligeiramente chateada. Já sabia a resposta.
— Foi feita uma solicitação de última hora e preciso que você vá.
Este cliente pode se tornar valioso. — Ri, sabia que estava ferrada.
Podia ter vinte e três, mas ainda era a menina do papai e queria fazê-
lo feliz.
— Quais são os planos de vôo? — Perguntei com curiosidade.
— Bom. Vai partir de Los Angeles com destino a Manhattan. Se
tudo correr bem, poderá haver vários.
— Com quem voaremos desta vez? Melhor que não seja
horripilante, como o Sr. Carter. Deixei ele andando com as pernas
abertas durante uma semana da última vez. —
Meu pai estremeceu. — Não, ele já não é mais nosso cliente.
"O Incidente Carter", como meu pai se referia a isso, ocorreu há
três semanas. Carter Murphy é um otário cujo pai é dono das
Empresas Murphy, uma empresa têxtil localizada no Texas. Pensa
que tem direito a tudo o que quer, incluindo as mulheres. Aprendeu a
lição de que não pode ter o que quer do modo mais complicado, à
força. Voávamos de Houston para Dallas, quando Carter decidiu que
me queria e me tocou sem perguntar. O moço se surpreendeu quando
segurei suas partes intimas de uma vez... E torci, com força. Lamento
não ter uma fotografia de sua cara, adoraria pendurá-la como
advertência se por acaso alguém mais quisesse tentar. Ninguém me
toca sem minha permissão. Sobre tudo depois do que aconteceu...
Sabia que eu era bonita, e tive minha parte justa de
pretendentes. Não pensava que isso fosse um risco no trabalho, já
que a maior parte de nossos clientes não estaria interessada em
alguém que se parecesse comigo. Nunca gostei de me misturar com a
multidão, logo tendi a me destacar. Basicamente, tenho o cabelo preto
com mechas rosadas, um par de piercings e um monte de tatuagens.
Sou manequim 40, porque diferente da maioria das mulheres frescas
eu quero comer mais costelas que saladas. Tenho uma boca que seria
o orgulho de um marinheiro. Além disso, nunca consigo ficar de boca
calada e evitar ferir os sentimentos de alguém. Entretanto, sou
ferozmente leal e compassiva, só bata de frente comigo.
— Isto é muito ruim. — Disse, sem me sentir absolutamente
culpada.
— Escuta, Aubrey, os negócios andam meio devagar
ultimamente, está fora do normal... com o custo do combustível
subindo e com todo o resto, realmente precisamos deste cliente.
Recentemente notei que as coisas estavam mais lentas do que o
normal, mas o tom de sua voz me disse que ele estava preocupado. E
isso era inquietante para mim porque este negócio era sua vida. Foi
erguido literalmente do nada por meu avô, com sangue, suor e
lágrimas. Faria o que tivesse que fazer, inclusive me sacrificar para
manter a empresa viva.
— É Channing Tatum? Por favor, me diga que é... — Supliquei
de forma brincalhona.
— Não, ele é... — Pôs seus óculos para olhar o papel em sua
mão. — É Jake Parker.
Revirei meus olhos. Jake Parker, ótimo. Seu nome foi gritado e
aclamado por muitas mulheres, segundo as revistas de fofoca. Todos
abaixo dos cinquenta, exceto meu pai, sabiam quem era Jake Parker.
Era o super sexy vocalista e líder da banda Battlescars. Era alto,
bonito e estava cheios de tatuagens. Também tinha uma reputação,
uma que não estava interessada em conhecer. Você de dizer que faria
qualquer coisa. Eu disse a mim mesma.
— Está bem, e farei. Mas me deve um montão de tempo, e quero
dizer UM MONTÃO. Tenho que ir para casa e pegar um pouco de
roupa limpa. Quando temos que partir?
— Volte em duas horas e não se atrase nem um minuto. Pode
avisar sua mãe que chegarei um pouco tarde para jantar esta noite?
Assenti e dei um par de voltas na cadeira giratória antes de ir
para meu carro, um maltratado Honda Civic com um sério problema
no silenciador. Engatei a primeira marcha e dirigi para casa. Segui a
avenida central e admirei todas as famílias que passeavam para cima
e para baixo olhando as vitrines durante o ar fresco do entardecer.
Era o tipo de coisa que nunca estaria no meu futuro. Era uma coisa
que quase aceitava, quase. Estava destinada a estar sozinha por
causa dele. Afastei o meu pensamento e segui minha viagem para
casa. Dez minutos mais tarde continuei até o pequeno rancho dos
meus pais. Era branco com venezianas cinza e uma porta vermelha.
O caminho estava delineado com crisântemos vermelhos, laranjas e
amarelos. Havia duas cabaças em ambos os lados da escada e um
espantalho plantado no arbusto do lado. Foi onde cresci, e eu gostava
disto.
Virei a chave e empurrei a porta para abri-la.
— Mamãe. Estou em casa. — Gritei.
— Estou aqui querida. — Gritou da cozinha, que estava a uns
metros. A casa tinha um cheiro delicioso. Estava fazendo um guisado
de carne. Meu estômago roncou. Fui direto para a pequena e
encantadora cozinha da minha mãe, que se orgulhava de seus
gabinetes originais e eletrodomésticos dos anos 50, exceto o
refrigerador. Esse era retro chique. Beijei sua bochecha e preparei
uma tigela para mim, peguei uns pedaços de biscoitos e comi com
entusiasmo.
— Isso não é muito elegante, Aubrey Jean — Chamou minha
atenção.
Minha mãe, Caroline, é incrível. É a dona-de-casa tipicamente
americana, exceto pelo Botox. É a melhor cozinheira, e facilmente
poderia competir com a Paula Deen3 e ganhar. É forte e engenhosa.
Admiro ela demais. Somos aproximadamente da mesma altura:
1,67m, e temos os mesmos olhos mel. Seu cabelo é de um castanho
claro, já o meu é de um castanho escuro como do meu pai. Tinjo o
meu de preto porque acredito que combina melhor com minha pele.
Mostrei a língua para ela e sorri abertamente. Odiava quando me
chamava pelo meu nome completo. Meu segundo nome era Jean,
como minha avó Jean, quem vivia do outro lado da rua. Ela é
fantástica. Vive resmungando. Deveria fazer uma pausa e ir vê-la
antes de viajar outra vez. Eu termino de comer, limpo a minha tigela e
vou para meu quarto fazer as malas.
Logo que chego ao quarto, minha gata Mitsy vem até mim. Ela
começa a ficar louca e continua tentando subir na minha mala. Ela
me segue pelo quarto enquanto eu vou de cômodo em cômodo
recolhendo diversas porcarias. Era mais que provável que não
precisasse de nenhuma delas, mas eu gostava de tê-las à mão, caso
precisasse. Fiquei completamente imóvel ao chegar no banheiro. Ao
me ver no espelho quis gritar. Não podia acreditar que estava em
público com aquela aparência. Meu cabelo parecia com o da noiva do
Frankenstein, e meu lápis de olho parecia com a cena onde a puta se
encontra com seu cafetão. Pego um lenço umedecido e limpo meu
rosto. Volto a aplicar minha maquiagem, passo uma escova no meu
cabelo e troco de roupa, coloquei um jeans preto apertado e um

3 Uma das chef’s de cozinha mais famosas da TV americana.


suéter cinza. Arrumo o resto de meus pertences na mala e fecho o
zíper. Acaricio Mitsy durante um par minutos antes de chegar a hora
de partir. Abraço minha mãe, me despeço dela e vou visitar minha avó
Jean. Atravesso a rua e vou até sua casa azul de dois andares. Não
me incomodo em chamar porque ela me bateria com uma colher de
madeira se fizesse isso. Ela sempre insistiu que sua casa era minha
casa.
— Bem, se não é meu muffin de cereais favorito. — Estava
sentada na mesa da cozinha bebendo uma xícara de café e fumando
um Lucky Strike.
— Se não é meu dinossauro favorito. — Tirei o sarro de volta.
Ela mostra sua língua como um menino malcriado.
Sentei na mesa e roubei um de seus cigarros. Como ela fumava
essas coisas, nunca saberia.
— Parece que farei outra viagem. Não sei quanto tempo passarei
fora desta vez. — Disse um pouco zangada.
— Aonde agora? — Levantou uma sobrancelha.
— Estaremos em Nova Iorque, conduzindo uma estrela do rock
por lá.
Esperei sua reação. Vovó amava as estrelas do rock.
— Quem? — cravou.
— Jake Parker. — Disse com repugnância.
— Ah, eu gostaria de tirar minhas teias de aranhas com ele. —
Soltou.
A imagem que criei era desnecessária.
— Vó, isso é asqueroso! — chiei.
— Que seja, mas uma coisa é certa. Esse moço é um grande
copo de água, se alguma vez vi um.
— Ok. Vamos parar por aqui. Obrigado pelos pesadelos.
Expulsei a fumaça do meu cigarro e fiquei em pé. Caminho até o
outro lado da mesa e beijo seu cabelo branco antes de ir à porta. Para
um estranho, ela se parecia com a avó que fazia bolos de maçã e
escutava canções gospel. No que se referia à vovó Jean, isso estava
muito longe da verdade. Era ativa, e provavelmente escutava os
Rolling Stones antes de gospel. Coloco minha mala no porta-malas e
subo no meu carro. Gemo assim que viro a chave e o som do
silenciador soa forte por todo o carro. Realmente eu tinha que
economizar para comprar um carro novo, porque este estava me
deixando com vergonha. Engato uma ré até a entrada, manobro e sigo
viagem de volta ao campo de aviação. Quando chego, abro o porta-
malas e agarrei minha bagagem. Apoio contra o lado do passageiro e
vou ao escritório para pegar detalhes do voo. Também queria dizer
adeus ao meu pai. Caminhei para o escritório e abro a porta de sua
sala.
— Olá, garota, só falta terminar os últimos detalhes, e ter a
confirmação do plano de voo. Mark vai ser o piloto; já que sei que
vocês dois não matarão um ao outro. Sobre tudo, estarão viajando
juntos durante muito tempo. — Parecia esperançoso.
Ele me entregou um envelope com algum dinheiro e o cartão de
crédito da empresa.
— Quanto tempo é o “Muito Tempo”, pai? — Fiz cara de brava.
— Três meses... Mas antes de se transformar na rainha do
drama, realmente precisamos disto Aubrey. Por favor, dê o seu
melhor. — Pediu.
Três Meses!
— Tudo bem. — Me dei por vencida. E se levantou e foi onde eu
estava em pé, e beijou meu cabelo.
— Obrigado querida, eu te amo. E qualquer problema é só me
chamar.
Coloquei o envelope no meu bolso traseiro e saí abatida do
escritório.
Tiro um Marlboro Vermelho da minha bolsa e saio para acendê-
lo. Tinha que me preparar mentalmente para o longo voo da Cidade
de Merda para, Smithville, Ohio, Los Angeles e então voltar para Nova
Iorque.
Dave, que um dos membros da tripulação, estava comendo com
os olhos o meu traseiro. — Eh! Aubrey, boa vista.
— Se você quer manter seus olhos sugiro que continue andando,
bonitão. — Soprei fumaça em sua cara.
— Sempre uma dama. — Riu e sacudiu a cabeça enquanto ia
pra dentro.
Não odiava os homens. Só não acredito que fui posta nesta terra
para ser observada como um pedaço de carne. Alguns minutos mais
tarde, Ian veio e me disse que estávamos preparados para partir.
Entro na cabine e guardo minha bagagem. Pelo menos meu pai tinha
razão ao me colocar com Mark, não nos mataríamos um ao outro.
Conhecia ele desde que era uma garotinha, e me tratava como se eu
fosse um dos seus. Além disso, entendia meu retorcido senso de
humor e não se ofendia com facilidade. Mark Wilson estava no inicio
dos quarenta, solteiro por opção e sofria de calvície masculina. Era
em geral um grande cara, e isso me fazia temer um pouco menos esta
aventura. Infelizmente, teríamos um diferente co-piloto em cada vôo.
Teríamos "rogues", eram aqueles que são ou foram de outras linhas
aéreas privadas como a nossa. Hoje conseguimos o Scott, que babava
atrás de mim como uma vaca.
Disse um rápido olá e fui tratar de meus assuntos. Não estava
interessada em conseguir outro amigo. Mark começou a bater nos
interruptores se preparando para a decolagem. Me acomodei em uma
das poltronas e tirei meu leitor de e-books, comecei a ler e esperei que
o tempo passasse rapidamente. Uma vez que estivéssemos no ar
começaria a preparar a comida em voo, de modo que estivesse pronta
para nossos convidados. Encostei para trás e fechei os olhos para
tirar um cochilo. Infelizmente, Jake Parker era parte do meu sonho,
um sonho completamente erótico. Ugh!
Não fui mais capaz de dormir durante o resto do voo. Quatro
horas e meia mais tarde aterrissamos em Los Angeles, Mark desceu a
escada para a pista. Uma caminhonete esperava ali.
Um cara monstruoso que só poderia assumir que era o guarda-
costas de Jake apertou o passo. Gemi internamente e fui verificar se
tudo estava em ordem. Estava inspecionando o banheiro quando
senti que alguém respirava perto de meu pescoço. Agindo por instinto
rapidamente me virei e golpeie o cara diretamente nas suas bolas. Ele
agarrou seu pau. Caralho! Sabia que tinha que pedir desculpas, mas
será que nunca ouviu nada sobre o espaço pessoal?
— Sou Brett Barnes. — Não se alterou por meu ataque, mas
falou com um tom de voz apagado. Me ofereceu sua mão. — Chefe de
segurança do Sr. Parker. Tenho que comprovar que o avião está
seguro antes da decolagem.
Dei uma olhada nele, acima dos vinte, cheio de músculos, no
estilo BuzzCut. Parece ex-militar. Se adivinhasse, diria que media uns
2 metros de altura e pesava uns 120 quilos. Tinha ombros e costas
largos, corpulento, usava um terno preto. Ofereci minha mão em
troca.
— Aubrey Thompson. A propósito, me desculpe. — Agitei minha
mão diante de seu pacote. — Não deveria se mover assim em cima
das pessoas. — Reclamei.
Fiz um gesto com a mão para que ficasse a vontade para
terminar sua vistoria e saí. Ia ser uma longa noite. Ele examinou cada
canto do avião antes de dar permissão ao Senhor Celebridade, ou
Jake, que é equivalente, para subir a bordo.
Jake parou no último degrau e colocou seu Ray-Ban de aviador
para cima de sua cabeça.
Isso foi quando consegui minha primeira olhada real nele. Era
alto, pelo menos 1,90, bronzeado, tonificado, cabelos pretos e
penetrantes olhos azuis. Tinha dois piercings em sua sobrancelha
esquerda e um par sobre seu lábio. Seu rosto poderia fazer os deuses
gregos chorarem, com sua mandíbula quadrada e altas maçãs do
rosto. Inclusive a merda do seu nariz era atrativo. Então sorriu com
satisfação para mim. Odeio estrelas do rock!
Porra! Provavelmente pensa que estou cheia de admiração por ele.
Bom, estava um pouco, mas ainda assim.
— Sou Jake Parker. — Deu uma piscada e ofereceu sua mão.
— Sei quem é. — Respondi mal intencionada.
Então rapidamente lembrei que prometi ser agradável. Ofereci
minha mão em troca e percebi o que aconteceria neste momento.
Tinha mãos gigantescas que envolveram completamente as minhas
pequenas.
— Então é a aeromoça? Não se parece com as aeromoças
normais e habituais. — Olhava descaradamente meu peito. — É uma
tatuagem? — assinalou.
Olhei abaixo e notei que minha blusa deslizou para baixo, e
parte dos meus seios estava à mostra. Simplesmente fabuloso!
— Isso não é da sua conta, amável senhor, se fizer o favor de se
sentar podemos nos preparar para a decolagem.
Ajustei minha blusa e sorri diabolicamente com eficácia não
dando importância. Ele sentou no banco de couro, cor de nata e
esticou suas longas pernas diante dele.
— Ei! — Chamou, e a contra gosto fui até sua poltrona.
— Sim. — Sorri, mas não alcançou meus olhos. Minha paciência
quase inexistente está quase esgotada. O laranja da prisão não é sua
cor, Aubrey. Repeti esse mantra durante meu caminho.
— Não me disse seu nome. — Tentou parecer tímido.
— Aubrey. —Falei categoricamente, desejando estar em qualquer
lugar, menos aqui.
— Bonito nome, para uma moça ainda mais bonita. — Sorriu
com satisfação.
Virei os olhos e me afastei.
Verifiquei se as bagagens estavam seguras antes de confirmar ao
Mark a decolagem.
Voltei ao meu canto, tendo a certeza de que o Senhor
Celebridade estava devidamente afivelado. Ele ainda fez uma
observação sobre o que eu deveria verificar. Ignorei meus impulsos
para não dar um murro em sua cara e segui em frente. Se continuar
com essa merda, não darei para ele comer a carne assada que tenho
na panela da cozinha. Era a receita da minha mãe, e estava boa o
bastante para fazer querer vender sua alma. Dez minutos mais tarde,
estávamos voando. Uma vez que alcançamos a altitude, Mark
comunicou pelo alto-falante e avisou que já podíamos nos mover pela
cabine. Levantei e perguntei se alguém queria beber algo. Disse que
serviria a comida em aproximadamente uma hora. Levei para cada
um uma garrafa de água e voltei para meu assento. Estava escutando
música e me perdendo na leitura quando o assento ao meu lado se
moveu.
— O que está lendo? — Perguntou e segurou o meu fone de
ouvido.
— Não é da sua conta. — Respondi, sem me incomodar em olhar
para cima.
Eu não fazia parte do seu fã-clube.
— Não vai dividir? — Elevou uma sobrancelha.
— Isto é um IPod, não um UsPod4. — Ele ignorou a minha
atitude e riu.
— Se pudesse resumir sua vida em uma canção, qual seria? A
minha seria “Turn the Page" do Metallica.
Olhei para ele confusa e ligeiramente chateada, por que
demônios estava tão interessados em falar comigo?
— Lamento dizer, mas acredito que você tem que trocar suas
calças. — Disse Jake. Olhei para ele com curiosidade. — Acredito que
elas estão tão apertadas que estão te deixando irritada.
— Acredito que nada disso é da sua conta, provavelmente tem
alguma coisa haver com o fato de eu mal conseguir dormir nos
ultimos três dias. Ah, e você é um Deus do Rock que não tem feito
nada além de enganar garotas como eu. Não, obrigada. — Zombei.
— Deus do Rock? Pelo menos você admitiu. — Soltou. — Escuta,
vamos ter que aprender a conviver se vamos passar os próximos três
meses juntos. Então uma trégua? Não vou te julgar se você concordar
em não me julgar.
— Não faço promessas que sei que não serei capaz de manter.
Vamos levar minuto a minuto.
— De acordo. Então voltemos ao princípio. Sou Jake Parker, e
não sou tão mulherengo como a mídia me retrata.
— Sou Aubrey Thompson. Sou obstinada e direta, sem censura.
Só pra te avisar. — Encolhi os ombros.
— Prazer em conhecê-la, obstinada e sem censura Aubrey.
Quantos anos têm?
— Vinte e três quase vinte e quatro.
— Eu tenho vinte e cinco, quase vinte e seis.

4 Um trocadilho já que a palavra I do Ipod se traduz como Eu. Us se traduz como Nós.
— Bem, Jake-tenho-vinte-cinco-quase-vinte-seis-anos,
realmente quero começar de novo. — Segurei meu livro.
— Eu gostei de você, Aubrey. Posso dizer, por seu tom
sarcástico, comentários grosseiros e pelo senso de decência comum
posso te garantir que seremos amigos em um piscar de olhos.
— Que seja, chefe. — Resmunguei.
Voltei minha atenção ao meu livro até que o temporizador
apagou, me deixando saber que a comida estava pronta. Agilmente
preparei os pratos. Eles me olharam como se estivesse em um
restaurante cinco estrelas. Coloquei na bandeja e servi os meninos.
Jake devorou e gemeu todo o tempo, ganhando o meu sorriso secreto.
Talvez não fosse tão horrível depois de tudo.
Me chamou sobre seu ombro. — Se cozinhar assim o tempo
todo, vamos pular a etapa de amigos e nos casaremos.
Me corrigindo, vamos matar um ao outro. Sentei em minha
poltrona encolhida como uma bola. E perdi a batalha para o sono.

Jake
— Esta turnê é importante para a gravadora, e você vai fazer
queira ou não. — Bruce Samuelson é o executivo da gravadora, ele
trouxe o contrato que assinei. Seu pai o enviou aqui para fazer sua
vontade. Odeio ele e sua maldita gravadora.
Eu deveria estar em um hiato por um tempo. Voltamos há dois
dias de uma longa viagem de um mês por toda a Europa. Agora
decidiram essa merda e querem me usar como sua fonte de renda,
outra vez. Estava cansado e desanimado. Precisava descansar e
relaxar. Aos vinte e cinco anos, eu estava começando a ficar cansado.
Sempre tive problemas para dormir, mas ultimamente teria sorte se
dormisse uma ou duas horas por noite. Tampouco fui capaz de
escrever uma canção em quase um ano. A vida de estrela do rock não
era tudo o que se fantasiava. Claro, sempre há uma grande
quantidade de mulheres dispostas a se lançar sobre você, e
praticamente tem as coisas garantidas e de graça por onde quer que
vá, mas, você amadurece mais rápido. Nunca sabe quando alguém é
seu amigo por você ou por seu alter ego estrela do rock. Olhei sobre a
programação da turnê. Golpeei o teto quando vi que sairíamos esta
noite. Isso só me deixava com algumas horas para conseguir juntar
minhas coisas. Saí furioso da sala e fui para o quarto refazer a mala
que acabei de desfazer. O babaca do Bruce que estava ao lado ficou
com um sorriso em seu rosto.
Me forcei a ligar para o Brett, meu guarda-costas, e disse que
tinha que refazer a mala novamente. Me sentia muito mal, já que
acabávamos de voltar. Não via sua filha em mais de um mês, e agora
íamos de novo. Eu garantiria de que ele fosse capaz de chegar em
casa em algum momento no meio do show, mas ainda era uma
lástima. O resto da banda parecia igualmente chateada a respeito de
sair para a estrada de novo, tão rápido. Pelo menos a vida era um
pouco mais fácil para eles, não tinham a personalidade ou o perfil que
eu tinha. Era impossível para mim ir a qualquer parte sem ser
incomodado.
— Olá, Jake. Esta tudo bem? — Perguntou Brett.
— Olá, homem, aparentemente, a gravadora decidiu que quer
continuar me fodendo.
— Huh? — Ri imaginando a confusão em seu rosto.
— O que quero dizer é que Bruce acaba de sair. Vamos para uma
turnê outra vez. — Queixei-me.
— Já? — Ele parecia tão surpreso como eu.
— Sim, realmente estamos programados para partir hoje! — Eu
disse zangado.
— Está bem. Vou juntar algumas coisas, e estarei ai para te
acompanhar.
— Sinto muito, Brett. Se precisar de mais tempo livre, posso
chamar o Vin.
— Amigo, está bem. Quero dizer, sim é uma merda, mas se
precisa de mim, estou aqui.
— Obrigado, Brett. — Disse com sinceridade.
— Nos vemos daqui a pouco.
Desliguei o telefone e terminei de empacotar, ou como o chamei,
"atirar merda numa mala sem dobrar nada" torcendo para ter roupa
intimas junto. Teria sorte se estivessem limpas. Pelo menos a
gravadora fez os acertos para uma viagem em um avião privado desta
vez. Isto significava que estaria a salvo de ficar mutilado no aeroporto
como da última vez. Estremeci só de lembrar o incidente. Foi antes do
Brett, e estava a ponto de voar de Atlanta. Eu estava caminhando
para meu terminal quando fui, literalmente, atacado por um grupo de
quatro mulheres jovens. Ela começaram a se atirar em mim, e
arrancaram uma manga da minha camisa. A segurança do aeroporto
teve que vir e as afastar. Foi exatamente depois disso que decidi que
precisava de um guarda-costas. Peguei minhas malas, as deixei na
porta e esperei que Brett viesse me buscar.
Quando ele bateu na porta, eu lancei minhas malas pela porta e
a fechei. Subi na caminhonete e olhei minha casa enquanto saía.
Fizemos uma parada técnica na loja de comida rápida In-N-Out
Burger. Brett saiu para o tráfego e foi para pista de aterrissagem.
O pequeno avião comercial estava esperando na pista quando
chegamos. Brett insistiu em verificar tudo antes de me deixar
embarcar. O fazia se sentir importante, por isso permitia ter sua
diversão. Quando voltou e me deu a autorização para subir a bordo,
tinha um sorriso enorme na cara.
— Amigo, espere pra ver o pequeno pedaço quente ali! — Ele
sorria como o gato Cheshire5 .
— Do que está falando? Geralmente todas as aeromoças não são
mulheres loiras de meia idade?
— Esta não. É lutadora também, me deu uma joelhada bem nas
bolas.
Sorri, e foi realmente genuíno. Me perguntei se estava brincando
comigo. Entretanto, foi suficiente para que minha curiosidade
alcançasse seu ponto máximo. Caminhei lentamente para o avião me
perguntando se ia ser uma avó, ou algo assim. Não seria a primeira
vez. Realmente esperava que não fosse uma fã incorrigível. Logo que
cheguei ao topo das escadas, quase tropecei e caí sobre meu rosto
quando dei minha primeira olhada nela. Era maravilhosa! Parecia
como se tivesse saído diretamente do calendário de modelos. Tinha o
cabelo comprido e preto com mechas rosa. Olhei todo seu corpo.
Tinha uma cintura magra e quadris curvilíneos. Tinha um corpo feito
ampulheta. Percebi um par de piercings faciais atrativos. Tinha um
adorável nariz pequeno e grandes olhos marrons. Então vi uma
tatuagem que aparecia no seu ombro. Poderia dizer que tinha uma
peça no peito. Fiquei instantaneamente duro. Impressionante...
A primeira vista, parecia que estava me olhando. Então, seu
rosto mudou, parecia desgostosa. Me apresentei mas ela nem me
disse a hora. Eu sabia que nunca tinha transado com ela, porque se
tivesse eu me lembraria. Também estive por opção em um período de
seca por mais de um ano. Tentei ter uma pequena conversa, mas ela
não estava interessada. Deixei passar até que pôs seu maldito assado
diante de mim. Morri e fui ao paraíso com a comida, estava tão boa.

5 O Gato Sorridente de Alice no país das Maravilhas.


Passou tanto tempo desde que tive algo com um remoto gosto caseiro,
e, certamente, nunca da minha mãe. Praticamente levantei no mesmo
instante, eu sei, um movimento suave de minha parte. Olhei para trás
e a vi dormindo, encolhida em seu assento. Parecia tranquila. Percebi
que havia alguns cobertores, então agarrei um e me aproximei para
cobri-la. Era uma garota realmente linda, e eu gostei do seu jeito
descarado. Estava um pouco desanimado por ela obviamente ter a
ideia de que eu sou uma espécie de demônio do sexo, eu não sou.
Tirei com meu dedos algumas mechas de cabelo do seu rosto. Queria
conhecer Aubrey e seus segredos.

Aubrey
Despertei em algum lugar do Meio Oeste, e mentalmente me dei
broncas. Sinceramente, esperava não ter perturbado ninguém, sobre
tudo pelo Senhor Deus do Rock. Esfreguei meus olhos e cambaleei
sobre meus pés. Rapidamente me aproximei de Jake e Brett.
Jake levantou a vista do livro e sorriu cortesmente. Brett
roncava como uma moto serra.
— Sinto muito. — Pedi desculpa, constrangida.
— Está bem. Você disse que estava cansada. — Parecia sincero.
— Percebi que seria melhor te deixar por seu sono em dia, já que
vamos voar muito.
— Posso te oferecer algo? Eu trouxe um pouco de bolo de
chocolate da minha mãe. — Ofereci.
— Tem leite? — Mostrou um amplo sorriso, e eu assenti.
Me aproximei da pequena cozinha e servi um pedaço de bolo e
um copo de leite. Coloquei na bandeja e entreguei a ele um garfo.
— Você não vai comer nada? — Levantou uma sobrancelha. De
repente me senti envergonhada. Ele estava fazendo uma observação
sobre meu peso? Sinto muito, Sr. Parker, mas não sou uma de suas
bonecas anoréxicas. Me negava a demonstrar alguma emoção.
— Talvez mais tarde. Tenho que limpar e me preparar para a
aterrissagem, me deixe saber se precisar de qualquer outra coisa.
Lavei alguns pratos e os guardei. Fui ao banheiro e passei
rapidamente os dedos por meu cabelo. Felizmente, ainda parecia
minimamente decente. Não é que estivesse tentando impressionar
alguém. Fui à cabine para conversar com Mark por um minuto. Ele
disse que estava programado para aterrissar em quarenta e cinco
minutos e que o carro estaria lá para nos levar ao hotel. E me contou
que ficaria com uns amigos enquanto estávamos em Nova Iorque. O
que, em essência, significava que ficaria sozinha. Genial...
Aterrissamos na pista um pouco antes das onze. Jake se
queixou que estava morrendo de fome, apesar de ter acabado de
comer bolo, fazia menos de uma hora. Ele disse que íamos ter que
parar para jantar antes de ir ao hotel. Brett saiu primeiro do avião
para se assegurar de que era seguro. Fui pegar minha bagagem, mas
vi que Jake já havia pego. Tentei recuperá-la, com um pouco de
resistência. Perdi. Ele ficou ali com um olhar de suficiência em seu
rosto e insistiu que fosse na frente dele. Desci as escadas e me meti
no automóvel que nos esperava. Jake sentou ao meu lado, e saímos a
toda velocidade na noite em busca de comida.
Capítulo 2
Melhor lugar para dois

Aubrey
Jake segurou a porta enquanto entrávamos no Bar e Grill da
Margo. Não posso acreditar que me convenceram a vir aqui! Com ele,
entre todos! Tinha a sensação de que era uma armação para que
passasse um tempo com ele. A anfitriã, em seu terno preto que
poderia também ser uma segunda pele, deu olhadas lascivas a Jake.
Embora não gostasse, até eu podia admitir, que ele era bom o
suficiente para se comer. Me repreendi, outra vez.
— Por aqui. — Ronronou a anfitriã.
Garotas como ela me faziam passar mal. Ele continuava sendo
um ser humano, igual ao resto de nós. Começava a ter uma melhor
compreensão de por que ele parecia tão hostil na mídia, todo o
maldito tempo. Provavelmente eu estaria acabada se tivesse que
enfrentar esta merda diariamente. Sentamos bem no meio do maldito
restaurante. Era como se quisessem nos exibir, ou que não
tivéssemos um pouco de privacidade. Supunha que era a última
opção. Brett se sentou a uma distância prudente no bar e nos
observou com olhos de falcão.
— Sua garçonete será Carla. Ela virá em seguida. — Pôs os
menus na mesa e se assegurou de dar um balanço adicional em seus
quadris. Jake parecia indiferente.
Como se fosse um sinal, uma loira alegre com muito perfume se
aproximou.
— Como está esta noite? — Disse com entusiasmo, francamente
me ignorando.
Revirei os olhos para ela, mas ela não notou, de todo o modo, já
que estava muito ocupada comendo Jake com os olhos. Pelo menos
não deu atenção a ela. Ele era totalmente contrário do que eu
esperava.
— Estamos bem. Realmente preparados para fazer o pedido. —
Disse cortesmente. Ela tirou sua caderneta. — Vou querer um filé
médio e bem passado, e ela uma salada.
Atirei adagas com o olhar. Olhei o menu.
— Na verdade, vou querer um bife médio bem passado, com
purê de batatas extra e uma cerveja. Ela me olhou surpresa, mas
virou e saiu para pegar nossos pedidos. Toma essa, Parker!
Fulminei Jake com o olhar. Serão três longos meses...
— Saladas são para cadelas fracas e pessoas com problemas de
saúde. Não sou nenhuma delas — Disse bruscamente.
— Poderia pelo menos ter pedido um Martini feminino ou algo
assim. — Ele sorriu.
Revirei meus olhos e tentei manter meu temperamento sob
controle. Sentei sob minhas mãos, como minha mãe costumava me
obrigar a fazer quando era pequena, dessa forma, não daria uma
bofetada nesse sorriso satisfeito de seu magnífico rosto. Ele parecia
estar divertido.
Melhor avisar ao coveiro que cavasse duas tumbas porque nós
(sobre tudo eu) estrangularíamos um ao outro antes que a noite
termine.
— Sério? Você me vê como uma garota do tipo Martini feminino?
— Levantei uma sobrancelha.
— Relaxe. A salada era só uma prova. — Esfregou a parte
posterior de seu pescoço, incomodado. — Eu sou contra a essas
meninas que tem transtornos alimentares. Sem ofensa. Eu acho que
você tem um corpo fantástico. Lamento que não saiu como eu queria.
Droga! Melhor eu ficar quieto. — Disse ficando nervoso.
Um pequeno sorriso escapou dos meus lábios. Foi divertido vê-lo
desse jeito. Comemos e conversamos um pouco. E por um momento
fiquei com meu humor de ânimo leve. Ele pagou a conta e fomos de
novo ao carro. Apoiei a cabeça contra o vidro frio da janela e senti que
Jake sentou ao meu lado. Brett fechou a porta e se meteu no assento
do passageiro.
Aparentemente, nos hospedaríamos no Hotel W. Olhei enquanto
as luzes da cidade se distorciam.
Freamos de repente, e olhei pela janela. Durante o jantar, Jake
me advertiu de que sempre havia uma possibilidade de paparazzi à
espreita, nas sombras.
Nada poderia ter me preparado para o espetáculo quando
chegamos. Ele insultou-os tanto que estou segura de que ainda estão
flutuando em algum lugar do espaço. Afirmou que a gravadora
provavelmente divulgou seu paradeiro. Brett disse que tínhamos que
ter muito cuidado e chegar à porta o mais rápido possível. Dez
segundos depois, saímos do carro com as luzes piscando a mil por
hora. As manchas nublaram minha visão tanto que tropecei na
calçada. Jake rapidamente segurou um lado da minha cintura, me
firmando. Caminhamos rapidamente até o lobby. Jake estava
claramente furioso.
— Não posso acreditar que nos lançaram aos tubarões dessa
maneira!
— Por que fariam isso? — Perguntei incrédula, tentando
recuperar meu juízo. Quero dizer. Claro, histórias são ouvidas, mas,
passar a ser parte disso era outra coisa.
— Publicidade gratuita. A mesma razão pela qual a segurança do
hotel não faz nada até que estejamos dentro. Disparou, olhando
diretamente ao segurança do hotel, que rapidamente virou a cabeça.
Ele nos levou a recepção para me registrar. A pequena ruiva
atrás do balcão passou um mau momento formando uma frase
coerente quando olhou para Jake. Pressionou alguns botões e
entregou a ele um cartão. Manteve firme o cartão e o olhou com
admiração.
— Saio a uma. — Ela bateu suas pestanas.
— Está seriamente se oferecendo na frente da minha namorada?
Não quero te ofender, mas olhe pra ela, depois se olhe. — Disparou.
Ofeguei.
Eu iria entrar em seu quarto e assassiná-lo enquanto dormia.
Ele agarrou minha mão, e tentei soltar, mas foi em vão. Sua mão se
negou a soltar da minha.
— Sabe, é assim como começam os rumores. Agora me solte,
quero ir para meu quarto. — Disse secamente, olhando as câmeras
que estavam piscando através do vidro.
— O que seja, espere só até amanhã quando as imagens
chegarem à imprensa. Não me surpreenderia se já estiverem soltas
por toda parte em uma hora.
— Eu vou te matar enquanto dorme. — Murmurei para mim
mesma.
— O que foi isso? — Ele começou a rir.
— Nada. — Retrocedi.
— Vai ser fácil, já que estamos dividindo o mesmo quarto.
— O quê!? — Gritei.
— Tenho todo o piso superior. Há espaço mais que suficiente. —
Encolheu os ombros.
— Tem que estar brincando!
— Aubrey, pensei que tentaríamos ser amigos. Por que lutar
contra o inevitável? Não sou tão horrível, prometo. Não mordo, a
menos que você goste desse tipo de coisas, então, com muito gosto
faria uma exceção. — Ele me deu uma piscada e eu o acertei no
estômago.
Caralho, seu estômago devia ser de ferro, porque me doía a mão.
Meu pai receberia uma ligação logo depois que tomasse banho.
Fomos para suíte, e tivemos que esperar no corredor até que Brett
fizesse a vistoria e desse a permissão para entrar. Jake me falou de
algumas histórias de pessoas que Brett encontrou em seus quartos de
hotel durante anos. Foram desde garotas (e meninos), jovens e velhos,
a presentes e ameaças de morte de namorados e maridos furiosos.
Tremia, quanto mais falava sobre a vida de uma celebridade, mais
desagradável parecia.
Ele me contou que sempre gostou de música e escrever canções,
por isso compensava o lado negativo. Disse que quando subiam no
palco todas as coisas más eram dissipadas e não era mais que Jake
Parker, o menino do Arizona, cantando no espelho. Nós entramos na
suíte, que era enorme, mas só tinha dois quartos. Eu o olhei com
ceticismo. Estava pronta para sair pela porta quando ele disse que
Brett sempre dormia na sala de estar enquanto estavam em Nova
Iorque. Só no caso de que alguém tentasse forçar a entrada.
Simplesmente encantador.
Fui para o quarto, que ele escolheu para mim, e desempacotei
minhas coisas. Caminhei para o banheiro para tomar banho e me
preparar para dormir. Quando saí, escovei os dentes, prendi o cabelo
na parte superior da cabeça. Vesti um short curto e uma camiseta
rosa forte. Me aproximei da mesa e agarrei meu telefone. Liguei para
meu pai.
— Olá, querida. — Respondeu docemente.
— Não se atreva a me dizer "Olá, querida", Timothy Thompson.
— O repreendi.
— Oh, merda. Está realmente zangada, não? — Estava
claramente tentando ocultar sua diversão, só que não.
Abri a porta da sacada e saí para fumar.
— Zangada. Não estou zangada. Passei de estar zangada faz três
horas. Estou de saco cheio. — Acendi e dei uma longa tragada.
— Sinto muito, abóbora. Como vai, além disso?
— Mark está saindo com seus amigos, então estou
completamente só em um apartamento de cobertura com o Deus do
Rock e seu guarda-costas. Como acha que estou?
— Uh? Bom, divirta-se e fique a salvo. Falarei com você amanhã.
Sabia o que tinha que fazer, e não ia desistir. Desliguei o telefone
e me dei conta de que Jake estava de pé na porta. Usava um short
esportivo preto que pendia em seus quadris. Droga! Ele é musculoso,
tinha cada músculo completamente definido. Uma parte de mim
queria pegar um microscópio para poder avaliar suas tatuagens.
Outra parte de mim queria jogar ele contra à parede, o que era
estranho porque era virgem, com uma aversão ao toque. A parte mais
lógica me disse para ficar onde eu estava. Então foi exatamente o que
fiz.
— É um mau momento para te pedir que venha a nosso show
amanhã? — Perguntou divertido.
— Sério? Não sabe bater? — Revirei os olhos.
Então o que fez o imbecil inteligente? Ele bateu no batente da
porta.
Entrei no quarto e sentei na beirada da cama. Se minha mãe
visse esta cena, provavelmente teria um ataque do coração. Estava
falando com um cara, e estava vestida com uma roupa de dormir
horrível, sem maquiagem e o cabelo desordenado.
— Poderia, por favor, vir a meu show de amanhã? — Suplicou.
— Desde que perguntou tão amavelmente... Não — Provoquei.
— Não me faça implorar. — Ele entrou no quarto e se sentou na
cama perto de mim.
Eu podia sentir o calor que irradiava de seu corpo. Cheirava
muito bem, algo cítrico e algo almiscarado. Ele pôs sua mão em meu
ombro, e tentei me afastar, mas tinha um controle firme. Ele começou
a esfregar círculos em meu ombro. Na verdade, era agradável, e me
deixei começar a relaxar um pouco.
— Vamos, Aubrey. Amigos lembra? — Assenti ainda preocupada.
— Me fale sobre sua casa.
— O que quer saber? — Perguntei.
— Não sei. De onde é? O que você gosta de fazer? Quais são seus
amigos? Fico satisfeito com o que você quiser contar. — Encolheu os
ombros.
— Sou de Smithville, Ohio, nascida e criada lá. Eu gosto. É meu
lar. A maioria de meus amigos foram para a universidade e nunca
voltaram. Entretanto, não os culpo. Uma cidade pequena não é para
todos. Minha melhor amiga é Piper. Se soubesse que estou aqui com
você neste momento, estaria batendo na porta de meu pai pedindo
para voar para cá.
Ele riu.
— Talvez devesse ter enviado a Piper em seu lugar. Pelo menos
ela estaria feliz em me ver. — Brincou. — Mas falando sério, fiquei
feliz de que fosse você. É refrescante. Não tem altas expectativas de
mim, então posso só ser eu mesmo. Eu gosto. Agora, o que você gosta
de fazer para se divertir?
— Eu gosto de ler. Escuto música. Sim, inclusive a sua.
Especialmente eu adoro ir a viagens longas sem nenhum destino. E
você? — Perguntei, porque, honestamente não sabia muito sobre ele.
— O mesmo. É extremamente difícil fazer um montão dessas
coisas nos últimos dois anos, já que não posso ir a nenhuma parte
sem ser assediado. Eu adorava viajar pelas estradas. Você vai rir, mas
sou um fanático total da cama e os cafés da manhã. — Ri, mas na
verdade sentia pena por ele. Me sentia muito mais relaxada, graças a
sua massagem improvisada. — Então amanhã... Virá?
— Não acredito que tenha opção, certo? — Levantei uma
sobrancelha.
— Então está confirmado. — Ele sorriu e se levantou.m— Boa
noite, Aubrey. — Se aproximou da porta e virou. — Esse desenho no
peito está fumando, com certeza.
Olhei para baixo e me dei conta de que ele pôde ter visto muito
das minhas tatuagens. Surpreendentemente, não me sentia
envergonhada, o que era realmente estranho para mim. Algo estranho
estava acontecendo... De fato, poderia gostar de Jake Parker. Agh!

Jake
Saí do quarto da Aubrey, que era o lugar que normalmente eu
ficava quando nos hospedávamos aqui. Eu dei a ela já que tinha a
melhor vista. Caminhei pelo corredor. Passei a cama e fui diretamente
ao banheiro para me masturbar. Me sentia como um menino de
dezesseis anos outra vez. Tudo o que ela tinha que fazer era rir, e já
estava pronto. Queria guardar seu cheiro. Ela tinha um cheiro doce
como mel e baunilha, e algo a mais que não podia dizer ainda. Fosse
o que fosse, era delicioso. Queria em minha língua. Ela era linda,
inclusive sem maquiagem, eu adorei o fato de que tinha curvas
suaves, porque não era fã de garotas super magras. Sempre sentia
como se fossem quebrar. As que tinham as costelas aparecendo eram
as piores. Evitava todas.
O fato dela não ser consciente de si mesma me excitava muito.
Eu gosto de garotas que sabem o que querem e vão atrás. Aubrey
parecia esse tipo de garota, em especial no jantar. Então minhas
mãos tiveram vida própria e começaram a tocar sua pele, parecia
seda em meus dedos, e as tatuagens... vi um pedaço em seu peito
antes, mas quando a olhei de perto sabia que estava lascado. Era
extremamente complicado, flores e desenho tribal. Era incrivelmente
sexy.
Amava as tatuagens em garotas, mas eu não gostava quando
parecia que só entravam em uma loja e diziam "quero isso". Eu gosto
que cada tatuagem seja única. Ela tinha seios grandes e perfeitos.
Terminei o banho e sentei na cama. Estava contente que ela aceitou ir
ao show amanhã. Só poderia fazer mais suportável. Meu telefone
começou a tocar. Era nosso baixista, Blake Potter.
— Olá, amigo, como foi o ensaio? — Brinquei.
— Cala a boca, idiota. Derek quase se mijou e Kevin dormiu todo
o tempo. — Reclamou. — Acabamos de aterrissar e devemos estar aí
em uma hora mais ou menos.
— Sobre isso... — Eu estava pronto para ter miha bunda
chutada. — De certo modo reservei seu quarto em outro lugar.
Originalmente, Aubrey e Mark tinham quartos reservados no
piso de baixo. Quando descobri que Mark estava na casa de uns
amigos não quis que ela ficasse sozinha. A queria perto de mim. Disse
que ficaria comigo, e por sorte não questionou. O fato de que estava
do outro lado do corredor estava me deixando louco. Se acalme,
Parker!
— Você fez o quê? — Parecia confuso, mas pelo menos não
estava zangado.
— Escuta, entenderá amanhã. Suas reservas estão no Harry
Balls. — Sorri. Esse era a nova palavra chave que criamos para fazer
as reservas para evitar os perseguidores.
— Sim, está bem. Nos vemos amanhã. — Eu desliguei e liguei a
TV. No NFN (Notícias de Famosos Noturnas) havia uma foto de Aubrey
e eu, estampada na tela. Sorri. Os apresentadores estavam
especulando sobre quem era a garota misteriosa. Pensavam que
parecíamos perfeitos juntos. Estava totalmente de acordo.
Perguntavam se ela seria capaz de domar o menino mau Jake Parker.
Infelizmente, no começo da minha carreira cometi alguns enganos
que nunca foram esquecidos.. Nada terrível, nada mais que um
comportamento de um estúpido pirralho de vinte e um anos, livre,
desimpedido e aberto ao público, é daí que provém minha reputação.
Pensei que nós dois faríamos um grande casal. Agora, só tinha
que formular um plano para convencê-la. Ia ser mais fácil dizer do
que fazer. Nunca tive que trabalhar tão duro para chegar a uma
garota, mas sabia que Aubrey valia a pena. Desliguei a TV e fechei os
olhos, rezando por dormir. Dei voltas e voltas toda à noite enquanto
esperava o sono chegar. Finalmente consegui dormir em algum
momento depois das cinco da manhã. Estava em meio a um sonho
agradável quando despertei sobressaltado. Senti alguém saltar na
cama, e se esconder sob os lençóis. Ia matar o Blake!
— Que demônios? — Bocejei.
— Há alguém em meu banheiro. Brett me disse para vir pra cá.
— Disse ela com a voz ofegante.
Era Aubrey, e claramente estava um pouco assustada. Coloquei
meu braço ao redor dela e a puxei mais perto, deitamos juntos sobre
a cama. Me surpreendeu quando veio voluntariamente. Tampouco
podia deixar de notar que encaixava perfeitamente em meus braços.
Infelizmente, nosso momento durou pouco.
Blake e Derek entraram no quarto com sorrisos maliciosos.
— Que porra é essa, seus idiotas! — Gritei.
Juro que agiam como animais às vezes, bom, a maior parte do
tempo. Entretanto, eram como meus irmãos, então tinha que lutar
com eles.
— Cara, não nos culpe. Você nunca usa este quarto. — Disse
Blake com um olhar petulante.
Aubrey me olhou com os olhos muito abertos.
— Isso não significa que pode entrar nos banheiros por aí dessa
maneira. — Esbravejei.
Segurei Aubrey mais perto, mostrando a eles que ela estava fora
dos limites. Ela se inclinou para mim e se virou, então seu rosto
estava enterrado no meu peito. Estava rezando para que ela não
percebesse minha furiosa ereção. Entretanto, era mais que isso.
Havia algo nela que me fazia querer mais que tudo. Blake e Derek
eram do tipo "estamos para o que der e vier". Kevin era nosso
violonista rítmico e vocalista reserva. Ele era muito mais suave que
estes dois. Também tinha a mesma namorada durante três anos.
Blake levantou uma sobrancelha, e o fulminei com o olhar.
— Agora, vão esperar na sala antes que eu quebre suas caras,
ou farei que Brett o faça por mim. — Repreendi. Riram e saíram
fechando a porta atrás deles.
— Sinto muito pelos dois. Foram criados por lobos.
Aubrey continuava tremendo. Esfreguei suas costas com doçura
até que senti seu ritmo cardíaco retornar à normalidade.
— Quem são eles? — Ela me olhou e saiu dos meus braços.
Quase sorri, porque esqueci completamente que ela não era como as
outras garotas que sabiam mais sobre nós que nós mesmos.
— Esses eram Blake, nosso baixista; e Derek, nosso baterista.
Ou como Brett se refere a eles, tweedle-dee e tweedle-dum6 .
— Porra, me assustaram! Em um minuto estou dormindo
profundamente e no minuto seguinte ouço ruídos estranhos vindo do
banheiro. Saí correndo dali e vim direito para cá, como Brett disse.
Acredito que ele não sabia que eram eles, porque não estava
realmente acordado.
Tenho que agradecer ao Brett depois, por enviá-la aqui, porque
ganhei meu dia.
— Não estou me queixando. Pode me acordar assim a qualquer
momento. — Sorri.
Era tão linda, mesmo recém acordada. Ficou toda tímida, e era
ainda mais sexy.
— Vou vestir uma roupa. — Desceu da cama e saiu correndo do
quarto.
— Vou te buscar em um momento, então. — Falei.
Vi como saiu do quarto. Olhei suas pernas e gemi. Havia arcos
tatuados em sua coxa direita, debaixo de sua bunda. Esta garota ia
ser a minha morte. Só meus pensamentos me enviariam ao inferno...
Tomei uma ducha gelada e vesti uma calça e uma camiseta com zíper
e capuz preto. Penteei meus cabelos pretos e dei uma última olhada
no espelho. Decidi colocar minhas botas pretas ao invés de tênis já
que minhas opções no caminho eram escassas. Era em um dia como
hoje que desejava permanecer no anonimato. Gostaria de poder levar
Aubrey a algum lugar agradável e não ser interrompido pela mídia.

6Os gêmeos da Alicia no País das Maravilhas. Terminam a frases do outro e vão juntos a todas as
partes. São companheiros de travessuras.
Caminhei pelo corredor até o quarto de Aubrey e de fato, desta vez eu
bati na porta.
— Olá, sou eu. — Chamei.
— Entra. — Virei maçaneta e abri a porta.
Ela vestia uma saia branca, meias calça de rede preta, uma
camiseta de cor preta e uma jaqueta de couro curta. Só tinha um
pouco de maquiagem. Parecia uma maldita sedutora. Ia ter que
contratar outro guarda costa, sobre tudo se ela fosse se vestir assim
durante os próximos três meses.
— Você está ótima. — Tentei soar um pouco cavalheiresco.
— Você também. — Suas bochechas estavam ficando cor rosa.
Era adorável.
— Aubrey, está ficando vermelha? — Provoquei.
— Não. — Disse rapidamente e fora de tom.
Me aproximei e coloquei minha mão sobre seu ombro. Me dei
conta de que estava inventando qualquer desculpa para poder tocá-la.
Peguei sua mão e a levei a sala de estar.
— Bom dia, Brett. — Sussurrou ela. Ainda estava claramente
envergonhada pelo que aconteceu antes, apesar de não ser sua culpa.
— Bom dia, senhorita Thompson. — Ela rolou os olhos. Percebi
que fazia muito isso.
— Meninos, eu gostaria que conhecessem minha namorada,
Aubrey.
— Não sou sua namorada, Jake. — Repreendeu-me.
— Isso é o que diz, mas será. Esses são Blake e Derek, você já os
conhece; e esse é Kevin. — Ela assentiu.
— Recebeu seu alerta Google esta manhã? — perguntou Blake
odiosamente. Dei um olhar de fecha à porra da sua boca, mas já era
muito tarde.
— Alerta Google? — Perguntou Aubrey nervosamente e
murmurou algo que não pude entender.
Estremeci, porque ela ia enlouquecer. Aubrey não era uma
garota que procurava fama ou status. Tirei meu telefone do meu bolso
e a contra gosto mostrei a tela. Ela ficou pálida como um fantasma.
Seu lábio inferior começou a tremer e tive um forte desejo de beijá-la.
Provavelmente tentaria, se o quarto não estivesse cheio.
— Está tudo bem. Eles fazem estas merdas o tempo todo. Vai ser
notícia velha até esta tarde. — Tentei tranquilizá-la. Entretanto, nem
sempre isso acontece. Derek soltou um suspiro. — Será que vocês
podem parar com essa merda por quinze minutos? Ela não está
acostumada a este tipo de coisa, e não estão ajudando.
Como brincamos constantemente, sabiam por meu tom de voz
que estava falando muito sério, e não questionaram. A sala esvaziou
rapidamente.
— Acreditam que você será a única capaz de domar o famoso
Jake Parker. — Ela brincou.
— Eu não preciso ser domado. — Ela bufou e se afastou de mim.
— Aubrey, por favor, me escute. — Ela parou e virou para trás. — No
início da minha carreira, quando comecei a ficar famoso, eu era um
imbecil. Sou o primeiro a admitir que era um idiota de vinte e um
anos. E no momento em que ficamos realmente famosos essa fase já
havia passado. Não saio por aí fodendo com garotas ao acaso.
Realmente, já não bebo. Certamente, não me drogo, e eu gosto da
verdade. Eu gosto que fale comigo. Eu gosto da forma que me olha
como se eu fosse Jake Parker a pessoa, não a estrela de rock. Então
não me deixe fora, por favor, isso é o que todos fazem. É o que têm
feito toda minha vida. Sei que sou um pé no saco, e que vou estragar
tudo, mas te prometo que te farei feliz. Sei que não está pronta para
ser minha namorada, mas quero que seja. Então me dê somente uma
maldita oportunidade e pare de fazer com que eu te persiga. Eu... —
Continuaria divagando até que me dissesse algo, mas chocou seus
lábios com os meus. Esse beijo pôs meu mundo em chamas.

Aubrey
Ahhhh! Meu cérebro estava me repreendendo por beijá-lo, seus
tão incríveis lábios. Me afastei quando começava a ficar pesado. A
tensão sexual seguia crepitando entre nós. Passaram dois anos desde
meu último beijo, que na verdade foi só um selo. Sua mão se apoiava
em minha bochecha, impedindo de me afastar. Dei um passo atrás,
me sentindo um pouco envergonhada por meu descarado movimento.
Queria dizer algo, mas parecia ser incapaz de formular uma frase
coerente. Sorri timidamente e olhei para o chão. Pôs seu dedo sob
meu queixo e levantou meu rosto. Deu um beijo leve em meus lábios
e disse que tinha que ir falar com os meninos a respeito desta noite.
Saiu do quarto, me deixando sozinha com Brett. Minha mente estava
a mil.
— Aubrey. — Disse ele para chamar minha atenção. Olhei e
percebi que viu tudo acontecer. — Sei que não é da minha conta nem
nada, mas ele quis dizer o que disse. Ele não é como a mídia mostra.
De fato, é uma das melhores pessoas que conheci. Tenho uma filha,
Kayley, e ele voa para casa entre as turnês para que eu possa passar
um tempo com ela. Ele não teve a melhor infância. Sua mãe era uma
viciada, e nunca conheceu seu pai, então tenha paciência com ele,
certo? — Assenti e voltei para o meu quarto.
Tirei meu telefone e liguei para Piper. Saí na sacada e admirei a
vista. Também adorei que o ar não era tão fresco como na cidade.
Ascendi um cigarro e esperei completar a ligação. Ouvia seus gritos
nos primeiros cinco minutos quando eu disse onde estava e com
quem estava. Quando finalmente se acalmou, contei à situação com o
Jake Parker. Piper era muito inteligente e sempre via o copo meio
cheio. Conhecia meu passado e entendia por que estava assustada
pelo que fiz.
— Feijão, se fosse por mim eu gostaria de reescrever sua
história. Eu gostaria de mudar tudo o que aconteceu naquela noite,
mas não posso. Não pode ir por aí pensando que todos os homens são
como ele. Não são.
— Não sou tão boa como costumava ser. Não confio nas pessoas
nem conto meus segredos. Sei que me afasto, mas só faço porque me
nego a ser usada ou machucada de novo. Só posso confiar em mim
mesma. — Disse com firmeza.
— Escute o que estou dizendo! Você é difícil e teimosa, mas se
der às pessoas a oportunidade te prometo que vão ver o quão digna
você é. Só quero seu bem, feijão. Tire a prova, por mim. Um pouco de
cada vez, e não, não estou dizendo isto porque é Jake Parker. Digo
isto porque já é hora. Deixe acontecer e siga adiante.
— E o que vai acontecer se eu finalmente deixar ele entrar, e ele
me disser que não sente a mesma faísca que sinto?
— Então soque a cara dele e pergunte de novo quando acordar.
— Ela começou a rir.
— Oh! O que vou fazer com você?
— Só me ame, e você sabe. Só estou dizendo a verdade. Agora,
se seguir meu conselho estará pronta para sair. — Disse com orgulho.
— Falo com você em breve. Te adoro Mucosa.
— Eu também, feijão. Ligue se precisar de mim.
Desliguei e tive a sensação que algo melhorou. Decidi que ainda
manteria distância até que pudesse compreender melhor a situação.
Entretanto, meus hormônios tinham outras ideias. Nunca senti uma
conexão tão forte com alguém antes, e isso me assustava. Mark me
enviou uma mensagem dizendo que ficaria com seus amigos até
amanhã pela tarde, quando estava programado para sair. Brett gritou
quando o serviço de quarto chegou. Meu estômago roncou ante a
ideia da comida. Entrei na sala de estar e agarrei um prato. Peguei
umas torradas francesas e bacon, e me sentei à mesa. Meu telefone
tocou um punhado de vezes. Parecia que alguns de meus velhos
amigos estavam acompanhando revistas de fofoca.
Estava colocando um pedaço de pão na boca quando olhei para
baixo e vi o nome que apareceu. Era um nome que não via há dois
anos. Jeremy. Queria correr para o banheiro e vomitar. Minhas mãos
umedeceram. Toquei na tela e abri a mensagem.
“Bre-bre, te vi nas notícias esta manhã. Parece que você gosta de
foder estrelas do rock depois de tudo...”
Senti um dor tão forte, enquanto as lágrimas queimavam meus
olhos. Justo quando estava a ponto de me retirar do quarto, Jake
retornou com um grande sorriso em seu rosto. Vacilou no momento
que me viu a ponto de começar a chorar.
— Aubrey? Você está bem? — Perguntou preocupado.
NÃO! Gritou meu cérebro. Isto era exatamente o que me
preocupava quando vi seu telefone esta manhã. Ele estava do meu
lado em um abrir e fechar de olhos. Não disse nada. Não podia confiar
em mim mesma para mover um músculo.
Normalmente, era dura como uma rocha, e não deixava que
nada me incomodasse. Jeremy era outra história. Jake se ajoelhou na
minha frente e pôs sua mão debaixo do meu queixo para que o
olhasse. Tremi. Imediatamente se afastou e vi a preocupação gravada
em seu rosto. Escaparam algumas lágrimas. Não podia fazer isto.
Precisava ficar sozinha. Levantei e corri para meu quarto, fechando a
porta atrás de mim.
Jeremy Roberts era a razão pela qual eu odiava às estrelas do
rock.
Nós nos conhecemos quando eu estava no último ano do ensino
médio. Eu tinha quase dezoito anos, e ele vinte. Ele tocava baixo em
uma banda local chamada Gigawatts. Ele era o menino mau,
roqueiro, e eu a garota punk rock, ficamos. Terminou muito mal, e
jurei não voltar para alguém como ele nunca mais.
Capítulo 3
Imperfeito

Jake
Assim que cheguei ao quarto, eles começaram a me encher.
— Amigo, ela é uma coisinha gostosa! — Gritou Blake. —
Definitivamente, não estou zangado contigo por ter dado nosso
quarto. Entretanto, poderia ter nos dado este quarto e ficar no outro
quarto com ela. Isso teria sido a coisa mais inteligente a fazer.
— Ela pode sentar em minha cara a qualquer momento. —
Derek se meteu na conversa.
— Se algum de vocês sequer olhar pra ela de maneira
equivocada outra vez, vou castrá-los. Ela está fora dos limites! —
Disse com seriedade.
— Uau! Jake Parker está realmente levando a sério uma garota?
— Derek se engasgou.
— Eu gosto dela bastante. Ela é diferente, e não preciso de
vocês, imbecis, colocando ela pra correr com suas travessuras.
— Parece agradável, Jake. Espero que dê certo. — Disse
genuinamente Kevin.
— Obrigado, Kev.
Estávamos emocionados a respeito de nosso show esta noite no
Terminal 22, os ingressos esgotaram, e, julgando por nossas redes
sociais, ia ser uma multidão impressionante.
Disse que pusessem suas bundas em movimento ou
chegaríamos tarde para o ensaio. Voltei para o quarto, com a
esperança de tomar café da manhã com Aubrey antes do show. Olhei
para ela, estava sentada na mesa. A princípio pensei que estava
quieta e pensativa, mas logo me dei conta de que parecia como se
estivesse com dor. Minha resposta automática foi abraçá-la.
Certamente corri para ela. Tinha os olhos frágeis pelas lágrimas
contidas. Me perguntava o que poderia ter acontecido nesses quinze
minutos que fiquei ausente. Nem pude conseguir que me olhasse.
Estava tendo um ataque de ansiedade? Não tinha nem ideia do que
fazer em situações como essa. Logo que toquei seu lindo rosto,
estremeceu e saiu correndo.
Perguntei ao Brett se sabia o que aconteceu. Disse que não tinha
nem ideia, mas mencionou que ela estava com alguém ao telefone.
Peguei o aparelho e vi que estava bloqueado. Se alguém ia fazer
alguma merda com ela por mim, teriam que lutar comigo. Me sentia
culpado por invadir sua privacidade, mas parecia mais necessário
averiguar o que aconteceu. Tentei a data do seu aniversário, uma
pequena informação que consegui quando resolvi averiguar sobre ela
ontem à noite no jantar. Bingo.
Procurei através de seus textos. A maioria era de gente dizendo
que viram nossa foto na Internet, não era grande coisa. Outros
queriam saber qual era nossa relação. Não me surpreendi ao ver que
não respondeu a nenhuma delas. O mais recente era de um tal
Jeremy.
Bre-bre, te vi nas notícias esta manhã. Parece que você gosta de
foder estrelas do rock depois de tudo...
Estava furioso. Independente do que isso seja, deve ser o que a
incomodou. Eu sabia que Aubrey não era esse tipo de garota. Desejei
enforcar esse cara. Tinha que fazer ela se abrir. Precisava acalmá-la
primeiro. Respirei fundo e me concentrei na tarefa em questão. Uma
vez que tive minha compostura de volta, pouco a pouco fui à porta e
chamei.
— Aubrey, é Jake. Pode abrir a porta? Só quero saber se você
esta bem. — Pedi suavemente. Não recebi nenhuma resposta. Chamei
outra vez e estava preparado para arrombar a porta quando
finalmente ela veio e abriu. Voltou direto para a cama de novo, e
cobriu o rosto com um travesseiro, segui até a cama, parecia tão
desolada, estava me matando.
— Aubrey, vou me sentar ao seu lado. — Me movi muito
lentamente. — É a respeito das notícias? Sinto muito. Não pensei no
efeito que teria sobre você. Estou tão acostumado a isso que é
normal. Sinto muito. — Me sentia como um idiota.
Seu peito subia e descia enquanto soluçava. Me senti totalmente
impotente e estava seriamente começando a enlouquecer até que ela
alcançou minha mão. Meio sem jeito, esfreguei meu polegar sobre
seus dedos esperando que isso estivesse bem. Me senti aliviado
quando por fim pareceu relaxar um pouco. Usei minha outra mão
para esfregar suas costas com doçura, e parecia que ela gostava. Não
sei por quanto tempo nos sentamos assim até que finalmente
levantou a cabeça para me olhar. Ela parecia como uma linda
confusão. Seus olhos estavam vermelhos e inchados. Me aproximei da
mesinha e peguei um lenço para limpar seu rosto. Ela me olhou
solenemente. Precisava abraçá-la. Queria desesperadamente dizer que
tudo ficaria bem. Que me asseguraria de que tudo estivesse bem. Os
sentimentos que tinha por esta garota eram francamente ridículos.
Algo a respeito dela simplesmente me pegou. Era como um furacão.
— Aubrey, realmente preciso te abraçar agora mesmo. Tudo
bem? — Perguntei, me sentindo completamente miserável. Ela
levantou lentamente os braços e abriu, me inclinei e a envolvi em
meus braços, sentindo seu cheiro. Isto tinha a ver com algo muito
mais que uma simples mensagem. Aí havia obviamente, algo mais.
— O que aconteceu? Não quero me intrometer, mas isso foi
realmente assustador e preciso saber o que fazer caso volte a
acontecer.
— Não posso. — Ela soluçou e começou a chorar novamente. —
Não quero contaminar você com isso.
— Que tal se eu te contar minha história e então você decide se
quer me contar a sua? Eu já estou marcado, Aubrey.
— Nasci de uma prostituta adolescente que se tornou viciada.
Passei toda minha infância buscando restos, enquanto minha mãe,
que vamos chamar por seu nome porque realmente nunca foi uma
mãe. Enquanto Crystal gastava nosso dinheiro que era para comprar
comida em cocaína e heroína, eu tinha que encontrar uma maneira
de seguir adiante. Meu pai era um de seus muitos Johns. Não tenho
nem ideia de quem pode ser, e não me importa. Quando tinha onze
anos, teve uma overdose e a polícia a encontrou em uma lixeira no
centro. Fui levado pelo serviço de amparo de menores e me puseram
em um abrigo temporário. Ali foi onde conheci Ron, no programa de
divulgação. Ele acabou sendo meu mentor. Foi o que me meteu na
música. Me salvou e agora estou aqui.
Me emocionei falando de Ron e o que fez por mim. Ele era como
um pai pra mim. Não posso nem imaginar o que seria do meu destino
se ele não tivesse entrado na minha vida.
— Parece ter sido horroroso. Minha história não é nada
semelhante a isso. — Negou com a cabeça.
Sabia que ela não ia revelar nada. Decidi deixar ir até que
estivesse pronta e menos vulnerável. Me movi, a colocando ao meu
lado, e nos inclinei para trás até ficarmos sobre a cama. Me acomodei
contra ela, esperando que desse um pouco de consolo a ambos.
Observei sua respiração e senti a subida e descida de seu peito sobre
o meu. Tive a oportunidade de conhecer mais de perto sua tatuagem,
através de seus ombros quando ficou sem a jaqueta. Era uma
variedade de aves e estrelas com uma citação na parte inferior:
Sempre é mais escuro antes do amanhecer. Risquei distraidamente
meu dedo sobre ela e me perguntei por que escolheu essa citação em
particular. Era ainda mais irônico que eu tivesse uma frase similar na
mesma região.
Nosso abraço foi interrompido quando meu estômago roncou
vergonhosamente.
— Vamos, é hora do almoço e antes de protestar, sei que acabou
de comer. Vi seu prato. — Levantei e fiquei parado. Segurei sua mão e
a ajudei a levantar. O serviço de quarto estava sem dúvida frio a esta
hora. Decidi correr o risco e leva-la para comer fora. Conhecia o lugar
perfeito, onde tinha menos probabilidades de ser reconhecido.
Inclusive se fosse descoberto, ninguém se atreveria a enfrentar o
proprietário. Pedi para que pegasse a jaqueta. Fui até a sala e pedi ao
Brett para que sairmos pela parte traseira. Felizmente estava tudo
arranjado e depois que Brett deu o aviso que estava tudo bem,
passamos através da cozinha. Subimos em um táxi ao invés de alugar
um automóvel e levantar suspeitas.
Brett informou ao taxista a direção, e fomos do Harlem para
Bee’s Waffle House. Meu amigo, Big Mike, me apresentou este lugar
faz anos, quando eu estava começando. Dei um jeito de parar ali cada
vez que eu estava nessa cidade. Entramos e saudamos a mesma
mamãe Bee. Era um lugarzinho pequeno e encantador. Não havia
cabines, havia mesas e cadeiras que não combinavam. As paredes
estavam pintadas de um amarelo sol, e cobertas de fotos dela e sua
família. Minha foto estava entre elas, sempre ganhava uma risada.
Era quase como comer em sua cozinha.
— Olhe o que o gato trouxe. — Sussurrou ela, secando suas
mãos no avental. Um par de clientes levantou a cabeça, mas
rapidamente desviaram o olhar. Era uma mulher divertida e
carinhosa com o coração de ouro. Era baixa e corpulenta, com o
cabelo curto e escuro, e um sorriso que poderia iluminar um quarto.
— Mamãe Bee. — Sorri alegremente. Ela beliscou minha
bochecha.
— Oh, você está ficando magro, menino. Sentem, vou trazer sua
refeição. Quem é a bela senhorita? — Perguntou, olhando Aubrey.
— Ela, mamãe, é Aubrey Thompson. Estou tentando convencê-la
a ser minha namorada, mas somos amigos, por enquanto. — Eu
pisquei.
— Doce menino, quando vai aprender? Tem que começar a
conquista de forma lenta, deixando que ela decida por sua conta. Não
há sentido em pressioná-la, entendeu? — Ela levantou sua espátula.
— Sim, senhora. — Disse timidamente.
— Bom. Agora, decidiu o que quer comer, Aubrey? — Mamãe
sorriu.
— Vou pedir o mesmo que ele escolher.
Segurei para não dar uma gargalhada. Não tinha nem ideia onde
estava se metendo. Mamãe Bee encolheu os ombros e sorriu. E foi
para a cozinha.
— Eu gostei dela, Jake. — Gritou.
— Eu também, mamãe. Eu também...
Mamãe veio e colocou os pratos diante de nós. Havia duas
panquecas, duas torradas francesas, dois waffles, dois ovos over
easy7, uma grande porção de picadinho de carne e duas peças de pão
torrado.

7 Um ovo cozido por ambos os lados, mas com a gema mole.


Deu uma piscada para Aubrey e colocou sobre a mesa uma jarra
de suco de laranja sobre a mesa. E voltou para a cozinha assoviando.
Morto de fome, aproveitei e comecei pelos waffles porque
estavam fora deste mundo. Saboreei cada prato, limpando o último
com um pedaço de pão torrado. Fiquei impressionado que Aubrey
pudesse fazer o mesmo, já que era muita comida. Peguei minha
carteira, tirei cinco notas de cem e as pus debaixo do prato, já que
sempre rechaçava meu dinheiro. Beijei sua bochecha.
— Venho ver a senhora da próxima vez que estiver na cidade.
— Se cuide, meu doce menino. Um prazer te conhecer, Aubrey.
Aubrey assentiu timidamente.
— Isso foi muito doce. — Disse ela, uma vez que estávamos no
táxi.
— Mamãe Bee é uma mulher extraordinária. Sofreu muitas
perdas e dificuldades, mas provavelmente nunca saberá. Vou te dizer
uma coisa, e não é para me exibir. Só quero que tenha uma melhor
ideia de quem sou. — Aubrey assentiu. — Mamãe vive em uma
pequena e diminuta casa na Avenida B, é a mais bonita da quadra. É,
também, um ponto de encontro para sua família e amigos. Faz dois
anos, Big Mike me ligou e me disse que a hipoteca ia vencer, os
Battlescars acabavam de assinar seu primeiro contrato bom, utilizei
a maior parte do meu adiantamento para pagar sua hipoteca, de
forma anônima. Ela trabalhou muito para perder sua casa. Só
chegou a esse ponto porque sempre está cuidando dos outros. Mamãe
sempre cuida primeiro dos outros e deixa a si mesma. Se for ali comer
e não tiver dinheiro, dá de comer a todos da mesma forma.
— Isso é incrível! É exatamente o tipo de coisa que eu gostaria
de fazer se tivesse um montão de dinheiro. — Disse pensativamente.
— Tenho um montão de dinheiro. — Brinquei, e ela me beliscou.
Fiquei alegre em ver que a antiga Aubrey pré-crise estava de volta. —
Bem... Tenho que ir ao ensaio. Tinha a esperança de que pudesse me
acompanhar, já que vai vir ao show de qualquer maneira. Será sem
dor, prometo.
— Tudo bem. — Ela encolheu os ombros.
Sorri com entusiasmo. Brett disse ao taxista que fosse para o
Terminal 22.
Paramos na porta do teatro e sai, segurei a mão de Aubrey e
agarrei o crachá do pescoço do Brett e coloquei no pescoço dela, já
que a equipe o conhecia. Ele negou com a cabeça, desconcertado.
Apresentei a um par de encarregados da equipe e a alguns da equipe
de cenário. A levei até o palco, meu lar longe de casa. Fiquei parado
no "X" e agarrei o microfone.
Queria que Aubrey visse o verdadeiro eu, não à estrela do rock.
Comecei a cantar e dançar Macarena. Estava girando os quadris e
agitando minhas mãos ostentosamente. Sabia que parecia ridículo,
mas quando vi Aubrey rindo histericamente, só acrescentou lenha na
fogueira. Quando terminei, fiz uma reverência teatral excepcional e
pus o microfone de novo em seu suporte, me aproximei dela.
— Acha que Los Del Río me acolherão se a Battlescars algum dia
me jogar fora?
— Acho que deve manter seu trabalho atual. — Brincou.
Pus a palma da minha mão em minha testa, fingindo estar
ferido. Ela se inclinou e me beijou na bochecha. Porra, sim!
— Se isso for o que preciso para obter um pouco da sua atenção,
pequena senhorita, acredito que vou participar de muitas outras
atividades tolas.
— Oh, cale a boca. Está me incomodando agora. — Ela revirou
os olhos.
Era tão quente quando fazia isso.
Já que tínhamos um pouco de tempo para matar antes que o
show começasse, a levei ao terraço para mostrar a vista do mar.
Olhamos os navios e o entardecer que se aproximava sem dizer nada.
Pus meu braço ao redor de seus ombros e a puxei para mais perto de
mim. Ela virou e me olhou.
— Jake... — Deteve-se.
— O que é Aubrey? E só me dizer, eu sei que quer me contar. —
Supliquei.
— Tenho medo. Quero deixar você entrar, mas a última vez que
permiti a entrada de alguém terminou muito mal. Por alguma razão
pode me tocar e não sinto vontade de me afastar. Isso nunca
aconteceu com alguém que não seja da minha família, ou alguém que
conheci toda minha vida. Isso me assusta, Jake. — Ela choramingou.
Esse som me matou.
— Aubrey, eu não sei o que aconteceu. Não quero te machucar,
pelo menos não de forma intencional e jamais fisicamente. É isso o
que te preocupa? — Ela assentiu com a cabeça.
— Vamos fazer isto um dia de cada vez, como amigos. Vou
ganhar sua confiança. E você verá. — Prometi.

Aubrey
Estava de pé em um lado do palco, vendo o ato de abertura
terminar seu set. De fato, me peguei desejando ver a Battlescars tocar
esta noite. Sempre gostei do clima de show. Era uma loucura pensar
que todas estas pessoas vieram para ouvir Jake cantar. Ele estava
mostrando ter mais profundidade do que originalmente dei crédito.
Lembrei desta manhã, e como foi paciente durante minha cena,
e logo depois sua interação com mamãe Bee. A olhava com carinho e
respeito. Foi doce. Ele era doce. Era tão fácil lembrar como se parecia
nos tabloides, e o que diziam sobre ele. Havia mais de um lado de
Jake Parker, e agora tinha uma decisão a tomar. Poderia deixá-lo
entrar?
Ele veio e parou junto a mim com um grande sorriso no rosto.
—Pensei em algo. — Exclamou.
— Oh, sim? Em como amarrar seus sapatos? — Olhei para
baixo, para suas botas; tinham os cordões amarrados. Ele me olhou
atordoado e sacudiu sua cabeça.
— O quê? Não. Descobri algo sobre você. — Disse com orgulho.
Fiquei nervosa. O que sabia?
— Você, minha doce Aubrey, é como um chupachús8. Tem que
conseguir passar através de todas essas camadas antes de chegar ao
doce de dentro.
Uff! Se ele soubesse...
Não estava pronta para despir minhas cicatrizes, ainda.
— Claro. — Disse sarcasticamente.
— De todos os modos, estamos subindo. Que tal um beijo de boa
sorte? Se inclinou e pôs sua bochecha em frente ao meu rosto.
Inclinei. No último segundo esse rato bastardo virou o rosto.
Enquanto meus lábios foram encontrar sua bochecha, encontrei
seus lábios no lugar na bochecha. Era evidente que estava orgulhoso
de si mesmo. Em segredo eu gostei, mas nunca revelaria aquela
pequena intriga.
— Jake Parker! — Gritei. — Você está com sérios problemas.
— Mais tarde, minha doce Aubrey. — Me deu uma piscada.
Me lançou um beijo e saiu para o palco. O resto da banda o
seguiu de perto, rindo da nossa exposição. O ruído da multidão era

8 Bala de caramelo dura, recheada com chocolate ou chicle


ensurdecedor. Cada membro tomou seu lugar, e se prepararam para
começar.
— Como estão todos esta noite? — Gritou Jake no microfone. A
multidão aplaudiu em resposta. — Vocês são, fodidos sonâmbulos?
Eu disse. COMO ESTÃO TODOS ESTA NOITE? — Sua voz retumbou
através de meus ossos. A resposta do público foi ensurdecedora.
— Então, vamos fazer com que a festa comece!
Jake saltou em seu lugar e o teatro inteiro se iluminou. Blake
começou a tocar uma suave melodia em seu violão. Jake parecia estar
em casa. Muito de repente, Derek golpeou seu jogo de bateria e
pirotecnia voou ao seu redor. Começaram com seu hit Ransom. Jake
me olhou e me deu uma piscada. Vi como se movia agilmente pelo
palco; o público se apaixonou por completo. Blake cantou junto o
refrão. Fiquei impressionada pela forma como estavam sincronizados.
Era quase como ver uma só pessoa tocar. Uma hora e meia depois,
terminaram com sua atuação e deram ao público boa noite. Um
muito suado, e agora sem camisa, Jake, saiu do palco. Perdeu sua
camiseta na metade da atuação. Fiquei um pouco ciumenta por
milhares de pessoas enxergarem ele assim. Queria me esbofetear.
— O que acha? — Me abraçou com força, jorrando suor na
minha frente.
— Que você precisa de uma ducha. — Disse desgostosa.
— Sim, se está oferecendo. — Sorriu. — Vamos, temos que nos
reunir dar autógrafos e cumprimentar algumas pessoas, rápido. Logo
iremos ao hotel.
Segurou a minha mão e me levou a uma sala cheia de fãs, a
maioria mulheres com roupas extremamente justas. O resto da banda
já estava ali, esperando por Jake. Foram rapidamente sentar a uma
mesa que foi posta contra a parede. Sentou em uma cadeira no final e
me puxou para seu colo. Eu fui amável desta vez, porque naquele
momento não acreditava que tinha opção. Foi inesperado que
realmente me agradasse. Brett veio e parou ao lado de Jake. Cruzou
seus enormes braços e ficou como uma estátua, preparado para
saltar a qualquer momento. Jake assinou um par de autógrafos e teve
pequenos bate-papos com alguns dos fãs. Uma garota pediu uma
foto. Parecia como se tivesse minha idade e se vestia de forma
excepcionalmente vulgar. A contra gosto, me tirou do seu colo e me
pôs em sua cadeira. Ficou de pé ao lado da garota, mas não fez
nenhum contato físico. Ela deu um jeito de envolver seus braços ao
redor dele. Vi Brett preparado para intervir, mas Jake habilmente
saiu de seu agarre.
— Sinto muito, querida. Não pode tocar. — Ele disse
brandamente.
A garota me fulminou com o olhar.
— Ela estava te tocando. — Gemeu, e apontou para mim.
— Duhh, isso é porque ela é minha namorada, ou não viu NFN?
Jake me deu uma piscada. Desprezava garotas como ela, porque
caminhavam como se tivessem direito a tudo que quisessem. Era
como a versão feminina do Carter. Não se preocupavam com os
sentimentos dos outros. Todo mundo tem direito a seu espaço
pessoal. Sim, inclusive Jake Parker. Olhei o resto dos meninos que,
além do Kevin, desfrutavam da atenção feminina. Ela começou a me
olhar repugnantemente.
— O que diabos ela está vestindo? Ela parece com algo que saiu
do meu sapato. — Vi vermelho. Alguém tinha que colocá-la em seu
lugar. Levantei e olhei fixamente para baixo.
— Sabe o que, puta? Por que não vai trocar de roupa e vestir
algo mais confortável? Vai se foder ou vou ajudar a te deixar em
coma! — Cuspi. Jake parecia divertido.
— Uau, xinga muito? — Ela murmurou.
— Pelo menos, pareço uma maldita dama e não como uma
adolescente na puberdade. Agora, pegue sua vassoura e voe para
longe daqui. — Cuspi.
Brett pegou a garota pelo braço e a levou para a saída. Jake
virou para mim e beijou meu cabelo.
— Isso foi épico, porra! — Riu em meu cabelo.
Sorri satisfeita e me sentei em seu colo. O restante da entrevista
e saudações terminou rapidamente. O automóvel de aluguel estava
esperando na porta do teatro. Entrei e escorreguei para o lado, assim
Jake podia subir. Logo que começamos a nos mover, o esgotamento
me golpeou, apoiei a cabeça em seu ombro e fechei os olhos.
Despertei e me dei conta de que de alguma maneira terminei em
minha cama. Virei e olhei o relógio do alarme. Passavam das três da
madrugada, e realmente tinha que urinar. Sentei e coloquei minhas
pernas para fora, de um lado da cama. Me assustei quando vi Jake
sentado na cadeira em frente a minha cama. Levantei. Parecia
sombrio. Fiz um sinal com o dedo informando que precisava de um
minuto. Corri ao banheiro e fechei a porta. Rapidamente fiz meu
serviço e joguei um pouco de água fria no meu rosto. Já que estava
mais acordada, olhei para baixo e me dei conta de que estava
somente com minha calcinha de babado e uma camiseta. O que
significava que Jake tirou minha roupa. Entrei em pânico.
Provavelmente fez isso para que me sentisse mais confortável.
Retornei ao quarto e me sentei na beira da cama.
— Jake? — Sussurrei.
Parecia angustiado. Pouco a pouco, levantou da cadeira e deu
um passo na tentativa de se aproximar de mim. Pôs sua mão na
minha e olhou em meus olhos.
— Aubrey. — Ele sussurrou. Havia lágrimas cristalinas em seus
olhos.
— Jake, o que aconteceu? Está tudo bem? — Perguntei
consternada.
— Sinto muito, eu... — Respirou profundo. — Eu só queria te
levar até sua cama. Quando estava tirando sua roupa, algo
aconteceu. Nada inapropriado, eu juro. Teve um episódio estranho.
Começou a golpear e a gritar. Estava muito assustado. Não pude nem
dormir. Deus, Aubrey, eu sinto tanto. Eu só queria te agradar. Nem fiz
para aproveitar e dar uma olhada. Sou um idiota! — Se repreendeu.
Apertei sua mão para tranqüilizá-lo.
— Jake, me olhe. — Vacilou, mas me olhou.
— Está tudo bem. Nem sei o que aconteceu. Às vezes tenho
essas coisas chamadas "terrores noturnos". Derivam de algo que
aconteceu. Cheguei a ser tão boa em suprimir que normalmente não
sei que está acontecendo. Lamento que tenha visto isso. Realmente
aprecio que tenha me levado até minha cama. Foi amável. — Sorri
amavelmente, esperando aliviar sua dor.
— Aubrey. — Meu nome soava como uma prece. Ia fazer algo
que nunca fiz antes.
— Jake, testaria algo comigo? — Parecia surpreso e indeciso.
— Não se for te machucar. — Disse com veemência.
— Não sei como terminará, mas quero ver se podemos dormir na
mesma cama. Nunca fui capaz de fazer isso antes, e quero tentar.
Devo ser sincera e dizer que meus últimos namorados tiveram sorte
de passar da fase de pegar na mão para um beijo. Você já conseguiu
fazer isso, e nem é meu namorado. Inclusive o mais estranho é que
EU TE BEIJEI! Vamos tentar. Por favor. — Fiz minha carinha de
cachorrinho, aquela que sempre amolecia meu pai.
Queria que me abraçasse de novo. Me senti tão bem quando
fizemos isso antes, e eu sabia que tinha gostado.
— Tudo bem, mas dormirei na cadeira se for muito. — Advertiu.
Me acomodei na cama e o puxei para o meu lado. Vestia somente
uma cueca bóxer azul e branca. Senti o calor do seu corpo saindo
dele. Movi e senti que ele timidamente se aproximava de mim. Fechei
a distância e me aconcheguei contra ele.
— Boa noite, Jake.
— Boa noite, doce Aubrey. — Beijou meu cabelo.
Fechei os olhos e me deixei levar ao esquecimento.

Jake
Despertei segurando uma profundamente adormecida Aubrey.
Me surpreendeu o quão rápido pude dormir. Não teve nenhum outro
sonho angustiante depois que fui para a cama com ela. Ainda estava
assustadíssimo por antes.
Lembro da minha mãe tendo algum sonho fodido quando estava
dormindo, mas com Aubrey foi verdadeiramente apavorante.
Fiquei imóvel, vendo ela tranquila, um pouco de seu rosto se
espremia para cima. Abriu os olhos e bocejou. A senti espreguiçar e
momentaneamente relaxou, e logo me olhou. Ela estava tão
confortável que não queria me mover nunca.
— Bom dia. — Ela grunhiu.
— Bom dia, Bellíssima9. Nós, na verdade dormimos demais,
vamos ter que nos apressar para chegar ao aeroporto.
Sabendo que tínhamos que nos levantar, afastei ela a contra
gosto e me pus de pé. Estiquei meus braços sobre minha cabeça e
bati nas minhas bochechas. Ela se ergueu sobre seus cotovelos e me
olhou fixamente. Vi seus olhos se arregalarem. Rapidamente me dei
conta de que era porque Jake júnior estava de barraca armada.

9 Linda em italiano.
Vergonhoso! Não deveria estar envergonhado, pensando bem, era sem
dúvida uma boa espécie, se me permite dizer. Obviamente, Aubrey em
seus vinte e três anos sabia que a ereção matinal era totalmente
normal, certo? Rapidamente ajustei minhas boxers, me desculpei e
caminhei para meu quarto para que pudesse tomar banho.
Já na segurança do meu próprio quarto, rapidamente tomei
banho e me vesti. Decidi colocar um par de jeans escuros, uma
camiseta branca e minhas botas. Separei e atirei minhas coisas na
mala. Levei tudo até a sala de estar. Brett bem neste momento voltava
para o quarto com o café. Disse a ele bom dia e me deixei cair na
poltrona para revisar o correio eletrônico. Íamos até Boston para
nosso próximo show em dois dias. Levantei o olhar quando vi Aubrey
entrar no quarto. Amarrou seus cabelos em um rabo de cavalo. Tão
quente, porra! Usava um par de jeans de cintura alta e um top cinza
bem justo. Era minha fantasia do ensino médio, um milhão de vezes.
Se pensava que estava apaixonado antes, estava oficialmente
caidinho. No percorrer de vários dias, estava agora cheio de luxúria!
— Você está muito quente, poderia, totalmente, saltar de alegria.
— Sorri alegremente.
— Saltaria com você, mas meus peitos são muito grandes para
essa tolice. — Sorriu.
Cometi o engano de olhar para seu seio e tive uma bela ereção,
outra vez. Passei por um período de abstinência, não me interessava
por ninguém por completo.
— Eh, eu não te impediria se quisesse pular por aqui. — Ela me
deu uma piscada e um golpe no peito. Valia a pena tentar.
Ela começou a rodar a mala para a porta. Rapidamente a tirei e
a pus junto à minha. Passei a ela o café que Brett trouxe e beijei seus
cabelos. Sempre cheirava tão bem. Descemos para o hall de entrada.
Olhei à frente e vi o carro esperando. É obvio, os paparazzi estavam
rondando como tubarões, esperando a primeira gota de sangue.
Estendi minha mão para Aubrey. Ela olhou com apreensão, mas
colocou sua delicada mão na minha. Brett abriu a porta. Aspirei uma
respiração profunda e saí para o frenesi.
Câmeras clicavam, e Aubrey as enfrentou com graça. Sorriu
timidamente, inclusive quando sabia que queria mostrar o dedo do
meio. Seguimos adiante até que chegamos à segurança do carro.
Sabia que não gostava de atenção, mas agiu como uma profissional.
Ela poderia ser minha princesa do rock n' roll sem problemas.
Queria isso mais que tudo. Uma vez que a porta se fechou, pus
minhas mãos em ambos os lados do seu rosto e a beijei. Distanciei e
esfreguei meu dedo polegar em sua bochecha avermelhada.
— Obrigado. — Disse seriamente.
— Por quê? — Perguntou desconcertada.
— Sei que isto não é o que gosta, mas fico feliz de que esteja
aqui. Você o faz suportável. — Disse sinceramente.
Tudo parecia melhor quando ela estava perto. Sorriu docemente
e pôs sua atenção na janela. Parecia absorta em seus pensamentos
sobre algo. Tirei meu pequeno caderno, que levava a todos os lados
no caso de uma letra ou algo me viesse à cabeça. Comecei a anotar
palavras, me senti fantástico em pôr algo significativo no papel de
novo. Não estive inspirado para escrever nada em um longo tempo.
Fomos através das ruas de Manhattan até chegar aos subúrbios
e alcançar a pista de aterrissagem. Brett foi fazer seu controle de
segurança.
— Ei, Aubrey, está livre esta manhã? — perguntei.
— Não, estou incrivelmente ocupada10. — Começou a a rir.
— Não vou comprar o que estiver vendendo. — Brinquei.

10 A palavra em inglês para livre seria free, que se entende também como grátis. Desde aí a piada.
— O que quis dizer é: Quer fazer algo esta manhã? Comigo?
Talvez pudéssemos ir ao aquário, ou algo assim.
— Pode ser. Vou ter que consultar Mark e nos assegurar de que
não temos outro vôo antes que ele saia novamente.
Eu nem pensei nisso. Não queria que ela fosse... Mas, como me
encarregar desse problema?
— Estarei de volta.
Abri a porta e fui para o avião. Uma vez a bordo, rapidamente
recebi um olhar sujo do Brett. Ignorei e fui até a cabine para ver o
Mark. Ele me olhou com surpresa.
— Olá, Mark, não? — Assentiu com a cabeça
— Não fomos apresentados formalmente. Sou Jake Parker. —
Ofereci minha mão e nos cumprimentamos.
— Um prazer te conhecer, Jake. O que posso fazer por você?
— Escuta homem. Tenho um dilema. Preferiria que pudesse ter
todos os outros vôos, em seu tempo comigo, reorganizados. É obvio,
estaria disposto a te recompensar. Eu gostaria de ter a minha
disposição se por acaso for necessário. — Isso soava bem.
— Estou seguro de que podemos arrumar isto. Tem algo a ver
com Aubrey? — Levantou uma sobrancelha. Eu encolhi os ombros,
não querendo revelar muito. — Jake, considero Aubrey como a minha
família. Falei com ela ontem antes do show, e me disse que realmente
estava aproveitando de um tempo bom e agradável com vocês este fim
de semana. Posso dizer honestamente que não tem dito algo como
isso em muito tempo. Passou por muito nos últimos anos, e foi
extremamente protegida devido a isso. Ela é obstinada e difícil, mas
se der uma oportunidade, prometo que vale a pena. Simplesmente
quero que seja feliz. Então, Jake, se isso for o que quer não me
preocupa o dinheiro, e estou seguro de que seu pai também não.
Somente queremos que viva de novo.
— Obrigado, Mark. Prometo que serei bom com ela. — Estava
absolutamente resolvido em minha resposta.
— Melhor que seja, ou terá que responder para mim. — Sorriu
claramente satisfeito. Deu tapinhas no meu ombro, me levantei para
ir. Voltei para o carro, para dar a notícia para Aubrey. Abri a porta e
estendi a mão.
— Milady. — Fiz uma reverência. Riu, e foi o melhor som do
maldito mundo.
Entramos no avião. Ela guardou nossa bagagem e foi se
preparando para o vôo. Queria impedir, inclusive embora fosse seu
trabalho. Não que eu fosse incapaz de conseguir uma garrafa de água.
Além disso, o vôo a Boston ia ser curto, de todos os modos. Sentei em
um assento de couro confortável e me estendi. Depois de uns poucos
minutos vendo ela trabalhando comecei a me zangar. Brett se sentou
do outro lado, assim ela podia sentar ao meu lado. Agradeceria
depois.
— Aubrey, quer deixar de se preocupar com essas coisas, venha
se sentar já? Não acredito que vamos precisar de algo no vôo. E se
precisar, eu mesmo pegarei. Só sente.
Me mostrou a língua, mas me concedeu isso. Sentou ao meu
lado com uma caixa branca em seu colo. Abriu a tampa. Estava cheia
de deliciosos bolos. Havia pães-doce dinamarqueses de cereja e
queijo, bolo de maçã e cilindros de canela. Meu estômago grunhiu.
Estendi minha mão para pegar um, mas ela me afastou com uma
palmada.
— Meu. — Ela grunhiu adoravelmente.
— Só um. — Supliquei com olhos de cachorrinho. Ela segurou a
caixa longe. Arranquei de suas mãos e sorri. — Poderia me alcançar
uma faca, querida?
— Se quiser uma faca, por que não vem buscar aqui nas minhas
costas? Foi onde vi pela última vez. — Fez uma careta e cruzou seus
braços sobre seu peito.
— Se pudesse transformar seu mordaz sarcasmo em um
trabalho pelo qual fosse pago seria uma mulher muito rica. — Nem
estava brincando. Ela estaria no ranking com o Bill Gates.
— Sei. Agora, se quer ser capaz de dormir esta noite e não se
preocupar em acordar pela amanhã, sugiro que me entregue os bolos.
Escolhi um rolinho de canela e um bolo de maçã e renunciei à
caixa.
— Quem é um bom menino? — Ela murmurou.
— Eu. Eu sou. Consegui um beijo? — Sorri.
Se inclinou e beijou brandamente meus lábios. Aubrey tinha uns
lábios incrivelmente sensuais, a imagem da Angelina Jolie se reunia
com a de Megan Fox. Comi meu rolinho de canela em três bocados, e
lambi meus dedos. Mark avisou pelo inter-comunicador dizendo que
estávamos preparados para a decolagem e para verificar se nossos
cintos de segurança estavam postos corretamente. As mãos de Aubrey
estavam cheias de comida, então estiquei a mão e arrumei seu cinto.
Revirou os olhos. Sedutoramente colocou seu último bocado de pão-
doce dinamarquês na sua boca com o polegar. Fez baixos sons de
gemido e lambeu seus dedos sedutoramente. Eu estava
completamente duro. Essa cadela joga sujo! Brinquei com desgosto
fingido. Suspirei e dei as costas. Muito em breve estávamos no ar.
Uma vez que estava tudo tranquilo, ela levantou e se sentou onde
estava acomodada no outro dia. Era evidente que estava planejando
me ignorar. Deixei ficar por um par de minutos antes de me
aproximar dela.
— Qual é o problema? — Perguntei.
— Eu tenho certeza que há algo acontecendo com você, porque
está sendo um completo idiota.
— Eu tenho certeza que há algo acontecendo com você, porque
está muito tensa. Tem que relaxar.
— O que você sabe? — Cuspiu.
Uau! Estava chateada. Sentei ao seu lado e comecei a esfregar
seus ombros. Podia jurar que estava ronronando.
— Aubrey, alguém já te disse que parece um gato? — Disse que
não com sua cabeça. — Você é! Deseja carinho e quando você quer
tem que ser sob suas condições. O resto do tempo deseja tirar olhos
com suas garras e extrair sangue.
— Não sou assim! — Se defendeu. — Está bem. Talvez um
pouco, mas tenho minhas razões.
— Assim está melhor. — Movi sua cabeça, encostando no meu
ombro.
Tirei meu pequeno caderno e comecei a escrever um pouco mais.
Ela ficava tentando ver no que eu estava trabalhando, mas me virei
para que não pudesse ler. Ia ter que mostrar para os meninos para
fazer um acompanhamento musical. Me senti mal o resto da viagem
porque estava mais ou menos dividido, tentando acabar a canção.
Quando aterrissamos em Boston, esperei que a loucura dos paparazzi
e da mídia não fosse tão intensa. Brett entregou o itinerário. Analisei
e vi um possível problema.
— Aubrey, podemos repetir o mesmo de ontem de noite? O hotel
onde vamos ficar só tem uma suíte e um dormitório.
— Tanto faz. — encolheu os ombros.
— Bem, então está decidido. — Falei com ar satisfeito.
Outra noite aconchegado na cama de Aubrey era exatamente o
que receitou o doutor.
Capítulo 4
Sangue, sexo e álcool

Aubrey
Chegamos ao Hotel Millenium, com um só fotógrafo à espreita.
Nova Iorque era um giro de trezentos e sessenta graus. Jake nos
registrou em nosso quarto sem nenhum problema. É obvio, havia um
homem atrás do balcão, mas mesmo assim. Já que era muito
discreto, disse a Brett que saísse para se divertir. Brett parecia como
se quisesse discutir, mas Jake não deu oportunidade. Fomos só nós
dois. Não queria dizer por que fui tão cadela no avião. Era infantil e
estúpido. Por sorte, ele estava calmo e parecia ter superado. Eu
estava na verdade um pouco ferida comigo mesma, pela forma como
agi tentando ser sexy. Ele me ignorou completamente e logo me
acusou de que havia algo acontecendo. E para piorar estava sentindo
coisas que nunca senti antes. Não estava segura do que fazer com
isso.
Ele rodou nossa bagagem pelo corredor e passou o cartão-chave
na porta. Manteve a porta aberta e fez um gesto para que eu entrasse.
Entrei no quarto e olhei ao redor. Tínhamos uma pequena área com
um sofá e duas cadeiras. Nossa sacada dava para o Quincy Market,
no centro de Boston. Tínhamos uma cama gigante com um edredom
branco e macio. Me aproximei e me deixei cair sobre a cama. Jake
chegou e se sentou ao meu lado. Olhei para ele e dei um sorriso meio
tímido. Me devolveu isso e fez que minha barriga desse um salto
mortal. Me movi para que minha cabeça estivesse apoiada em sua
perna. Esfregou meus cabelos docemente. Levantou e ligou a TV.
Como não havia nada bom, decidimos ver um filme. Me desloquei
para que pudéssemos estar mais cômodos. Envolveu seu braço ao
meu redor, e me aconcheguei em seu ombro. Era estranho ser capaz
de fazer este tipo de coisa. Sinceramente, nunca pensei que poderia
ser possível para mim.
Por volta da hora de jantar, Jake me perguntou se queria ir
comer. Ainda estava cansada, então pediu o serviço de quarto.
Decidimos por hambúrgueres com bacon e queijo cheddar, e também
aros de cebola. Depois do jantar, fui procurar meu pijama na mala e
tomar uma ducha. Fechei a porta e me dei uma boa e longa olhada no
espelho. Era consciente do que via, e não era meu corpo. Depois,
empurrei esses pensamentos de lado e me meti na ducha. Escovei os
dentes, coloquei um pijama de flanela e uma camisa de manga longa.
Quando voltei para o quarto, Jake estava falando ao telefone com o
Derek. Me acomodei na cama e o observei enquanto falava. Sua voz
era tão sexy que poderia escutá-lo falar todo o dia. Ele desligou e
beijou a parte superior de minha cabeça antes de ir para o banho.
Enquanto ele estava na ducha, comecei a pensar em como
realmente podíamos ser compatíveis. Ambos tínhamos feridas de
nosso passado. Talvez pudesse funcionar? Se ao menos eu não fosse
uma merda de uma covarde. Comecei a me sentir sonolenta quando
Jake entrou no quarto. Só usava uma toalha envolta ao redor da sua
cintura. A deixou cair, e obtive uma gloriosa visão de sua parte
traseira. Santa gostosura! Ele vestiu um par de boxer e subiu na
cama junto a mim. Envolveu seu braço a meu redor e pôs sua mão na
minha.
— Doces Sonhos, Aubrey.
— Você também, Jake.

Jake
Eu fiquei muito feliz que tudo correu bem em nosso encontro
não oficial ontem. Levei Aubrey ao Aquário New England. Seus
favoritos foram os leões marinhos. Caminhamos pelo cais, e só tive
que assinar três autógrafos, que era a quantia mínima histórica.
Ponto! A levei ao Faneuil Hall. Olhamos as vitrines e comprei pra ela
uma camiseta que dizia "Eu só saio com meninos tatuados”. Ela
escolheu o Hard Rock Café para o almoço. Fui reconhecido ali, mas
nos colocaram em um lugar mais reservado então não nos
incomodaram. Ela sorriu o tempo todo.
Os últimos dias foram os melhores que tive em anos. Além disso,
estava precisando relaxar. Tudo era melhor quando ela estava perto.
Ela admitiu que ficou chateada sobre a forma em que reagi a ela
quando estava sendo sexy. Disse a ela que foi a coisa mais sexy que
vi. Ela me golpeou e me chamou de mentiroso. Então, eu deu um
beijo nela.
Liguei para o Blake enquanto Aubrey estava no banheiro se
preparando para o show. Queria me assegurar de que tudo estava
bem para esta noite. Nem consegui terminar a frase quando Aubrey
entrou no quarto, minha respiração parou. Terminei a ligação sem
dizer mais nada. Ela usava os cabelos soltos e encaracolados, e um
pouco mais de maquiagem do que o habitual. Usava sua camisa nova,
a que comprei ontem. Combinou com um tutu preto, meias arrastão e
um par de botas até o joelho. Limpei minha baba, fui à cômoda e
peguei meu bracelete de couro da sorte, coloquei em seu lugar.
Precisava de uma distração antes de atirá-la na cama e tocá-la. Por
certo, não estávamos nesse ponto ainda. Me perguntava como
empacotou toda essa merda nessa pequena mala. Ia ter que pedir
conselhos. Normalmente, só terminava atirando a roupa e comprando
outra nova.

Aubrey
Chegamos ao local um par de horas antes para que Jake
pudesse fazer a passagem de som antes do show. Disse que um
montão de bandas tinham assistentes para fazer isso, mas ele gostava
de fazer ele mesmo. Hoje cantou Afflicted do Age of Daze. Sua voz era
uma maldita perdição. Brett estava de pé ao meu lado, mantendo
uma estreita vigilância sobre as coisas. Parecia estar de bom humor
também. Jake saltou do palco, me levantou, rodou um par de vezes e
beijou meu nariz.
— Está emocionada por esta noite? — Perguntou. Sorri com
entusiasmo.
Na verdade, estava desejando ver outra de suas atuações. Ver o
Jake no palco era fascinante. Fomos para trás do palco para nos unir
ao resto dos meninos. Jake pediu pizza e cerveja para todos, e
comemos no camarim, enquanto a banda de suporte estava tocando.
Realmente não podia vê-los, mas, por isso pude escutar, tocavam
bem. Vi Jake movendo a cabeça com o ritmo, e sorri. Quando chegou
o momento de entrarem, caminhei ao lado do palco com ele. Dei um
beijo de boa sorte enquanto ele subia no stage.
— Boston! ESTÃO PREPARADOS PARA BALANÇAR? — Gritou.
— Vamos começar com uma música nova esta noite. Isto vai para
minha Belíssima. Você sabe quem você é.
O rugido ensurdecedor retumbou no estádio.
— BOM, VAMOS! — Gritou Jake, e saltou um metro no ar.
Era completamente apaixonante.
A banda quebrou com o Heaven Sent. Era sobre um anjo o
salvando de seu inferno. Quanto mais escutava a letra, mais me
perguntava se cantava sobre mim, porque me sentia da mesma
maneira por ele. Estava me salvando de meu próprio inferno. Me
surpreendi em como dormi bem nas noites em que ele estava comigo.
Eu ainda estava um pouco apreensiva, mas isso diminuía a cada dia
que passávamos juntos. Vai ser uma batalha difícil com certeza, mas
com o tempo, quem sabe?
A multidão de Boston estava fora de controle, as pessoas
dançavam e saltavam como loucas. Jake seguiu enviando furtivos
olhares em minha direção e mandando piscadas. Os meninos tinham
tanta paixão e entusiasmo esta noite que era uma loucura. Os
Battlescars ao terminarem o show estavam esgotados, se despediram
da multidão e saíram do palco. Depois do espetáculo, íamos a uma
festa, em um clube no centro. Jake saiu do palco gotejando suor e me
beijou brandamente. Olhei seus olhos azuis completamente
hipnotizada por sua intensidade. Foi exatamente neste momento que
percebi que se tivesse que deixar Jake, partiria meu coração. Estava
absolutamente assustada, porque pela primeira vez em muito tempo
me sentia vulnerável. Minha mentalidade nos últimos cinco anos foi:
Não deixe ninguém entrar, mantenha afastado e você estará segura ao
invés de correr o risco e terminar ferida. Com Jake, estava correndo
um risco enorme.
Olhei Jake trocar de camiseta, colocando uma branca e limpa.
Eu gostaria de chegar perto o suficiente para olhar todas as suas
tatuagens. Segurou minha mão e me levou até a porta. Havia uma
limusine esperando lá fora para levar a banda para o clube. Todos
nos subimos e saímos pela cidade.
— Caralho, amigo nós arrasamos esta noite! — Gritou Derek.
— Sim, nós arrasamos. — Disse Blake com ar de satisfeito.
Kevin só se sentou ali com um sorriso.
— O que você está pensando, Aubrey? — Jake perguntou.
— Eu acho que foi muito e completamente divertido. Vocês
meninos fizeram um trabalho realmente incrível. — Disse
timidamente.
Jake esfregou seu polegar sobre minha mão e sorriu
pensativamente.
Quando chegamos ao clube, a segurança do evento nos deixou
entrar pela entrada VIP. O lugar estava lotado. Cheirava a suor e
álcool. Os corpos se retorciam por toda parte e as pessoas seguiam
saltando contra nós. Jake me abraçou e fomos para a parte traseira.
Vimos uma cabine vazia perto do canto e subimos. Estava feliz
quando Kevin decidiu se sentar conosco. Brett estava junto à mesa
para manter a multidão distante. Deteve um par de esperançosos que
tentavam chegar até Jake.
Viva Krewella cantava através dos alto-falantes. Comecei a
conversar com Kevin, já que não tive a oportunidade de conversar
antes. Era muito inteligente, mas muito tímido. Tinha uma namorada
em Los Angeles que estava estudando para ser médica, e disse que as
festas não eram seu forte. Jake estava em seu próprio mundo. Parecia
chateado por não estar dando atenção a ele, mas eu ignorei. Estava
começando a se aproximar o final da noite, e a música mudou para
um ritmo mais lento. O público já estava começando a ficar
escandaloso. As garotas perdiam suas blusas e dançavam nas mesas.
Houve um par de brigas e ainda mais cerveja. A maioria dos clientes
parecia mais que bêbados. Fiquei feliz em estar segura em um canto
bebendo minha cerveja.
Jake
Estava de saco cheio com o Kevin. Queria passar um tempo com
a Aubrey, e estava totalmente monopolizando ela. Empolgados em
uma conversa, e eu cada vez mais zangado com ele. O único homem
que pensava que não teria que me preocupar estava paquerando com
a garota que eu queria. Além disso, ele tinha uma puta de uma
namorada que seria médica. Aubrey é minha! Eu estava assistindo o
Blake e Derek na pista de dança. Tinham uma bola. Tomei outro gole
da minha cerveja quando percebi que uma garota estava me olhando.
Talvez se deixasse Aubrey ciumenta se destroçaria. Fiquei em pé, e
ela quase nem se deu conta.

Aubrey
Percebi que uma ruiva voluptuosa não parava de olhar para
Jake. Eu ignorei e continuei conversando com Kevin. Depois de meia
hora, Jake saiu da cabine e foi para ela. Sussurrou algo em seu
ouvido. Ele riu e assentiu com a cabeça. Jogou os braços ao redor do
seu pescoço e a beijou com veemência. Senti a bílis em minha
garganta. Deu um passo atrás e sua boca estava manchada com
batom vermelho. Sorriu triunfalmente. Não pude ver mais. Levantei
para ir embora, logo que dei um passo Jake retornou e pôs seu braço
ao redor de mim. Saí de seu alcance e o empurrei para afastá-lo.
— Maldito seja, não me toque! Vá perseguir sua fama e fortuna.
Já terminei! — soprei.
— Não persigo fama e fortuna. Quero você! — Gritou.
— Sério? Beijar uma garota é uma maneira divertida de me
mostrar que se importa. — Cuspi.
— Bom, se não estivesse flertando com o Kevin a noite toda,
talvez eu não fizesse isso.
Levantei a mão e o golpeei na bochecha. Me concentrei na pista
de dança tentando empurrar além dele. Começou um empurra,
empurra geral no Nonpoint, as pessoas ficaram rebeldes e loucas.
Todos saltavam e empurravam uns aos outros.
Eu só queria ir. Vi Blake beijando uma puta loira, ele esfregava
suas mãos por seu peito quando outro homem se aproximou. Agarrou
Blake pela camisa e começou um jogo de empurrões. A garota ficou
ali parada, gritando. Um pequeno grupo começou a se reunir ao redor
deles. Jake ficou tenso, mas não fez nenhum movimento para ajudar.
Estava muito concentrado me olhando. Brett parecia estar em dúvida
se separava ou não, mas eu sabia que não ia se afastar de Jake.
— Essa é minha namorada, idiota. — Gritou o homem.
— Ela me disse que era solteira. Isso você resolve com ela, não
comigo, irmão.
O cara golpeou Blake bem na cara. Um minuto mais tarde,
Derek saiu do banheiro fechando a zíper de suas calças. Entretanto,
havia outra garota qualquer pendurada em seu braço. Logo que viu o
que estava acontecendo a afastou. Correu e agarrou Blake. Jake
oficialmente deu a noite pó encerrada.
— Isso se chama sangue, sexo e álcool. Juro que é uma
maldição. — Disse Kevin em meu ouvido.
Tudo o que eu sentia por Jake antes se foi pela janela. Subimos
na limusine. Blake segurando um guardanapo contra seu nariz
ensanguentado. Sentei tão longe de Jake quanto o pequeno espaço
permitia. Ele parecia angustiado e continuou me olhando. Que se
foda! Logo que estávamos de volta ao hotel, corri para o elevador e
apertei o botão antes que pudesse me alcançar. Peguei minha mala do
nosso quarto e percebi que ele vinha caminhando pelo corredor,
tentou agarrar meu braço, mas manobrei fora de seu alcance. Brett
disse algo e ele parou. Fui à recepção e utilizei o cartão de crédito da
empresa para conseguir meu próprio quarto. Enquanto esperava abrir
a porta do elevador. Ali estava Jake, ainda com o batom vermelho em
sua boca. Dei a volta e comecei a caminhar para longe dele. Prefiro
dormir em um banco do parque que estar em qualquer lugar perto dele,
neste momento.
— Pare Aubrey, espera um minuto! — Gritou.
— Vai à merda, Jake Parker! — Gritei.
Saí pela porta principal do hotel, e virei à esquerda. Ele estava
correndo atrás de mim. Comecei a caminhar rua abaixo. Não me
importava que fossem duas da manhã, ou que não ter ideia de onde
estava. Sabia que ele estava atrás de mim, mas segui adiante de
qualquer maneira. Dobrei a esquina e bati de frente com um corpo
grande. Caí de joelho. Olhei para cima e vi que era Brett. Estendeu a
mão para me ajudar a levantar. Cruzei as pernas e me sentei imóvel
no chão. Além disso, não me importava que estivesse agindo como
uma menina de cinco anos. Jake não era meu namorado. Eu não
tinha nenhum direito sobre ele, e depois desta noite não queria ter. E
daí se ele podia me tocar? Talvez tivesse superado minha aversão.
Jake se ajoelhou diante de mim.
— Já terminou? — Perguntou comicamente. Minha ira disparou.
— Fique longe de mim! — Gritei.
Levantei e comecei a caminhar novamente.
Brett realmente parecia querer fazer algo para me bloquear.
Encarei, ele encolheu os ombros e saiu do meu caminho. Jake
continuou me seguindo. Ele começou a cantar Brown Eyed Girl a
toda voz. Queria rir. Queria chorar. Queria gritar. Segui caminhando
até que tínhamos feito pelo menos um quilômetro e meio. Esta noite
foi um desastre e eu só queria ir para cama. Parei e dei meia volta.
Jake parecia cansado.
— Bem, não quer falar comigo? Vou falar de qualquer maneira.
Você me ignorou a noite toda, Aubrey. Feriu meus sentimentos, por
isso feri os teus. Sei que não era o correto a fazer, mas se coloque sob
minha pele!
— Vai foder uma de suas groupies e me deixe em paz, Jake!
— Vamos, não seja assim. Não quero uma groupie. Quero você.
— Muito tarde, porra! — Gritei.
— Eh, eu te disse que poderia ser um idiota às vezes. Esta noite
foi um exemplo estelar.
— Exatamente. Eu não tenho que aguentar esse tipo de coisas,
Jake. Não farei. — Virei para olhá-lo.
— Talvez se você me deixasse entrar, eu fosse de entender.
— Vai à merda! Te conheço há menos de uma semana. Não
mereço isso, Jake. E o que? Estava conversando com o Kevin. Você
parou para pensar por que eu encontraria pessoas de sua banda? Fiz
porque são importantes para você! Antes desta noite, pensei que você
gostava. Se pudesse ser como foi ontem, até poderia dizer que
inclusive poderíamos ter algo, depois desta noite, tem
aproximadamente a mesma oportunidade que um dia frio no inferno.
Ficarei em meu próprio quarto esta noite. — Segui caminhando. Ele
ficou ali parado, derrotado.
— Todo mundo vai embora. Suponho que deveria esperar o
mesmo de você. — Disse atrás de mim.
Parei em seco. Virei e olhei para ele. Era sua carta de triunfo, e
ele sabia. Ambos tínhamos enormes problemas de confiança. A
origem do seu era o abandono a minha era de ser ferida, no passado.
— Ainda estou aqui, não? É só que não quero estar perto de você
neste momento. Especialmente não quero estar na cama ao seu lado.
Pode me culpar?
— Tudo por culpa de um maldito beijo? Sério, Aubrey foi só um
beijo.
Minha ira se acendeu. Bem, ele disse que era só um beijo.
Enterrei meu medo e agarrei Brett pela parte posterior de seu
pescoço. Antes que pudesse processar o que estava fazendo, beijei ele.
Me afastei e sorri para Jake. Estava furioso! Bem. Ignorei e fui de
novo ao lobby do hotel para recuperar minha bolsa. Apertei o botão de
chamada do elevador e pressionei o botão do terceiro piso. Quando se
abriram as portas fui para meu quarto. Uma vez que estava dentro, e
a salvo, senti um pouco de alívio. Pelo menos ele teve um pouco de
seu próprio veneno. Agarrei minha escova de dentes e escovei
vigorosamente. Coloquei meu pijama e fui para o quarto. Saltei
quando vi que Jake estava na cama só de cueca.
— Fora! — protestei.
— Não. A meu ver, estamos quites agora.
— Jake, não estamos quites. — Eu fervia.
— Eu disse que me arrependi, Aubrey, estou tentando aqui
maldição. Por que não aprende a relaxar?
— Oh, sinto muito, eu não percebi que você é um perito na
minha vida e em como eu devo viver. Por favor, continue enquanto
faço minhas anotações. — Cuspi.
Aproximei da sacada e abri a porta. Saí e acendi um cigarro.
Jake pegou um dos meus cigarros e o acendeu também. Nunca o vi
fumar antes. Eu não fazia o tempo todo, só quando estava zangada,
assustada ou frustrada.
Ajudava a relaxar. Fiquei ali e o fulminei com o olhar. Atirei meu
cigarro ao chão.
— Fume seu cigarro. Espero que se sufoque. — Empurrei e
entrei. Pensei em trancá-lo no lado de fora, mas então o mais provável
era que fizesse algo estúpido e se machucasse.
— Aubrey, quer parar de uma vez!? Estou tentando entender. Eu
gostaria de poder afastar qualquer dor que sinta, mas não posso fazer
se não souber qual é o maldito problema!
— Você deveria ter tentado mantendo sua língua em sua boca.
Está ainda usando uma preciosa sombra de puta. — Disse com
desprezo.
— Por favor, Aubrey. — Implorou. — Sério, eu só consigo dormir
quando estou com você! Tem alguma ideia de quanto tempo passou
desde que fui capaz de dormir assim? Nem posso lembrar.
Me senti um pouco mal, mas ignorei. Continuava ali em pé me
olhando.
— Você, obviamente, vai dormir no chão. Se puser uma unha na
minha cama, vai ter uma parte do corpo a menos pela manhã. Vou ter
certeza de que será a sua extremidade favorita também!
Fez uma careta, pegou um travesseiro da cama e foi para o chão.
Deitei na cama me sentindo derrotada. Virei e olhei para lado
contrário de onde ele estava. Não ia deixar saber que estava sob
minha pele também. Dei boa noite e o ignorei.

Jake
Despertei me sentindo ridiculamente dolorido por dormir no
chão. Não queria nada mais que subir na maldita cama e me envolver
ao redor dela como um polvo. Eu realmente a machuquei ontem à
noite. Começou como um olho por olho e terminou comigo dormindo
no chão. Qualquer outra garota com que saí no passado nem teria
piscado, mesmo se eu tivesse transado com outra na frente delas. O
que já aconteceu. Mas isso é passado. Aubrey parecia me querer me
pendurar pelas bolas. O que era pior é que ela parecia ferida. Queria
me dar um chute na bunda por eu ser um idiota. Então ela beijou o
Brett! Que porra foi essa? Se fosse qualquer outra garota, teria
mandado ir à merda. Ao invés disso eu queria chutar a bunda do
Brett, o que não teria terminado bem para mim. Aubrey e eu tivemos
nossa primeira briga verdadeira. Agora tínhamos que fazer as pazes.
Já que não fazíamos sexo, precisava de um plano muito bom. Não
estava acostumado a perseguir garotas, mas sabia que ia ter que me
humilhar e suplicar por perdão. Isto implicava geralmente algo
brilhante.
Me vesti e sai na ponta do pé para meu quarto. Fui até à
recepção e juntei uma série de coisas para tentar reconquistá-la. Por
sorte, havia uma loja de presentes perto no Hall de entrada. Enchi
meus braços e levei tudo ao caixa para pagar. No caminho parei no
balcão da recepção para pedir um serviço de quarto especial.
Apertei o botão do elevador e pouco a pouco entrei no quarto.
Uf, Aubrey continuava dormindo profundamente. Comecei a
preparar a mesa. Arrumei três ramos de flores e estava me
preparando para decorar o resto das coisas quando tive outra ideia.
Rapidamente saí outra vez e fui bater na porta do Blake. Tive que
chamar durante três minutos seguidos antes que respondesse como
um urso zangado.
— O quê! — Rosnou.
— Preciso que me empreste seu violão.
Antes que ele me respondesse eu entrei em seu quarto e peguei
o violão. Saí da sala para continuar minha missão. Retornei ao nosso
quarto e terminei de prepará-la. Coloquei os acordes da música no
meu celular e as memorizei rapidamente. Escovei os dentes e me
certifiquei que não havia nenhum vestígio do batom de ontem à noite.
Agora o jogo da espera...
Logo que percebi que ela estava se mexendo na cama comecei a
dedilhar o violão. Comecei com Use Somebody do Kings of Leon.
Coloquei minha maldita alma nessa canção. Ela sentou no travesseiro
e me olhou enquanto abria meu coração. Nem sorriu. Terminei e pus
o violão ao lado da cadeira. Peguei as flores e dei um passo hesitante
em direção à cama. Não parecia que fosse me matar, continuei
caminhando. Quando finalmente cheguei à cama, coloquei as flores
na mesa de cabeceira.
— Eu trouxe estas flores para você. — Disse timidamente.
— Obrigada. — Murmurou.
— Aubrey, sinto muito.
— Sei. Você não agiu muito bem. Mas me mostrou algo,
entretanto.
— O que, que sou um idiota que não te merece? Descobri isso no
momento que coloquei meus olhos em você. Isso significa que a
missão da minha vida vai ser te provar que você está equivocada.
— Não. Mostrou que pode ser altruísta. Ontem à noite sei o
quanto queria subir na cama comigo. Francamente, ainda estou
surpresa por não ter feito, mas não fez porque eu não queria que
fizesse. — Ela me deu um meio sorriso.
— Maldita seja, eu não subi. Só quero que seja feliz, Aubrey.
Quero ser o que te faz feliz. Por que não me deixa entrar? — Queixei.
— Não estou pronta ainda. Depois de ontem, tive a certeza de
que precisamos nos conhecer melhor. Sobre tudo, antes de mergulhar
de cabeça em um relacionamento.
— Então está tudo bem? — Perguntei.
— Acredito que sim. — Encolheu os ombros.
— Ainda posso roubar beijos? — Implorei.
— Possivelmente às vezes. — Encolheu os ombros. Maldição! Ela
estava me matando!
— Posso ter um agora? Estou morrendo aqui. Preciso te beijar
mais do que preciso de ar pra respirar.
Ela assentiu timidamente.
Não precisava de mais confirmação. Entrelacei sua mão com a
minha e pus a outra na lateral do seu rosto. Baixei meus lábios nos
seus até que nossos se fundirem. Empurrei minha língua sobre seu
lábio inferior para fazê-la abrir. Nossos outros beijos eram todos com
a boca fechada, mas não hoje. Precisava de mais. Empurrei minha
língua contra a sua. Explorei sua boca, saboreando e desfrutando, ela
soltou um gemido na parte posterior de sua garganta. Eu,
literalmente, pensei que minha calça ia explodir, era o som mais sexy
que já ouvi. Tive que me mover um pouco para que ela não visse ou
sentisse quão duro estava.
Me afastei e olhei a minha garota de olhos marrons, a garota que
roubou meu coração. A garota que eu amav... Eu gostava muito.
Aproximei e peguei o urso de pelúcia que comprei na loja de
presentes. Bateram na porta. Sabia que era o serviço de quarto ou um
Blake extremamente zangado. Supus que era o serviço de quarto. O
pequeno bastardo está lá em baixo, espero que ele não venha aqui
falar asneira. Abri a porta e me movi para que pudesse colocar o carro
dentro do quarto. Entreguei cinquenta dólares de gorjeta e o empurrei
para fora do quarto. Levantei a primeira tampa, era uma omelete de
queijo, suave e macio, com bacon. Levantei a segunda tampa, bingo.
Levei a bandeja para Aubrey, segurei um garfo e comecei a alimentá-
la com o seu café da manhã. Quando terminou, entreguei o segundo
prato. Meu coração pulsava com força fora de meu peito. Era uma
caixa vermelha da joalheria Cartier. Ela levantou a tampa e ficou sem
fôlego.
— Antes que comece me deixe te explicar. Uma senhora
excepcionalmente simpática da loja de presentes me explicou o que
comprar e por quê. Há três cores de ouro, amarelo da fidelidade,
branco da amizade, e o rosa para... o amor. Estou caindo com força
Aubrey. A ideia de que vá embora me mata.
O anel era lindo! Era um anel de ouro coberto com diamantes
rosados, com uma gema rosada gigante. Era melhor ser bom também,
já que gastei quase cinquenta mil dólares nele. Também sabia quanto
Aubrey amava o rosa, então pensei que era melhor que um diamante.
O sol brilhava através da janela, e as gemas do anel capturavam
a luz perfeitamente, Aubrey ficou olhando como se tivesse dado um
extraterrestre.
— Você gostou? — Perguntei.
— Eu adorei, mas não posso ficar. É muito, muito cedo.
Fechou a tampa e me entregou. Recusado!
— Por que sempre o que é melhor para você, é o pior para mim?
— Murmurei.
— Um dia de cada vez. — Ela falou. — Foi muita consideração,
mas, não posso aceitar algo assim. Nem estamos saindo.
— Essa é sua opção. — Recordei.
— Sei. Você é intenso em tudo o que faz Jake. É apaixonado e
amo isso em você. Por favor, tenha apenas um pouco de paciência. ––
Ela se inclinou e me deu um beijo leve nos lábios. Saiu da cama e foi
para o banheiro. Um passo a frente, dois passos atrás.
Aubrey
Jake estava na ducha quando alguém bateu na porta. Olhei pelo
olho mágico e vi Blake em pé ali. Abri a fechadura, soltei a trava e
abri a porta. Seu cabelo loiro estava despenteado, e usava uma
camiseta e boxers. Blake poderia conseguir facilmente um trabalho
como modelo se sua carreira musical falhasse. Era alto e tinha o
aspecto clássico americano. Tinha os dentes perfeitos e grande
estrutura óssea.
Passou por mim e pegou seu violão. Olhou e o lançou sobre suas
costas.
— Bom dia. — Disse com voz áspera.
— Bom dia, Blake. — Reprimi uma gargalhada.
— Vocês dois se acertaram? — Arqueou uma sobrancelha.
— Estamos bem. — Assegurei.
— Bom, porque não posso aguentar quando ele fica como uma
cadela chorona, nunca esteve tão afetado por uma garota antes. É
perturbador! Normalmente ele não se importa, mas com você te
perseguiria até Marte. — Fez uma careta.
— Ouvi isso, idiota. — Jake gritou do banho. Saiu com uma
toalha envolta ao redor de sua cintura. — Ela inclusive me fez dormir
no chão.
Blake começou a rir.
— Nós todos vamos comer lá em baixo. Queríamos ver se vocês
querem se juntar a nós.
Jake me olhou e eu encolhi os ombros.
— Sim, está bem. Tenho que ir buscar um pouco de roupas em
meu quarto, já que houve uma mudança de último minuto nos planos
de ontem à noite. — Disse Jake me olhando.
— Nos vemos lá embaixo. — Blake riu fechando a porta atrás
dele.
Eu já estava vestida com calças jeans e um suéter com capuz,
Jake agarrou minha mão e me puxou para a porta. Foi para seu
quarto sem nada mais que uma toalha. Tivemos um par de olhares
sujos das pessoas que cruzavam em nosso caminho. Quando
chegamos ao seu quarto, fiquei na parte da sala de estar enquanto ele
ia se vestir. Saiu de jeans e camiseta azul clara que fazia com que
seus olhos parecessem ainda mais radiantes. Caminhamos de mãos
dadas para o bar ao lado do hall de entrada. O resto dos meninos já
tinha se reunido em uma mesa. Sentei ao lado do Kevin. Fez um gesto
que me fez acreditar que já sabia o que aconteceu ontem à noite,
depois de retornar ao hotel. Jake estava sentado ao meu outro lado e
nos pediu café, já que tínhamos comido.
— Ouvi que dormiu no chão ontem à noite, Romeo. — Brincou
Derek.
Jake olhou para Blake, que encolheu os ombros com astúcia.
Olhei para o Derek que claramente achava toda a situação divertida.
Derek não era tão alto como Jake e Blake, mas mesmo assim era
muito bonito. Tinha olhos verdes e o cabelo preto e curto. Uma argola
na parte direita de seu lábio, e seus braços estavam cobertos de
tatuagens. Era exatamente o bad boy estrela do rock. Ele percebeu
que eu estava olhando então rapidamente desviei o olhar.
— Vê algo que gosta, querida? Posso te ajudar se o senhor
Celebridade não se comportar bem no quarto. — Me deu uma
piscada.
— Uso saltos maiores que seu pênis, então não, obrigada. —
Provoquei, tentando parecer séria, mas logo ele desatou a rir.
— Ouch. É uma garota para se manter, Jake. — Derek sorriu.
— Estou trabalhando nisso. — Disse Jake de mau humor.
Me encolhi no ombro de Jake. Ele beijou meu cabelo e sorriu.
Me sentia em conflito depois do episódio do anel. As coisas se
moveram muito rápido. Terminamos nosso café e voltamos aos
nossos quartos para arrumar as malas. Já tínhamos que ir para o
próximo local da turnê. Brett carregou o carro, e fomos para pista de
aterrissagem. Íamos para a Albânia para o próximo show. Já que
faltavam alguns dias para o próximo show, decidi que voltaria para
casa por um par de dias. Precisava de um tempo para organizar as
coisas em minha cabeça. Não ia dizer a Jake até que chegássemos lá,
pois eu sabia que ele ia enlouquecer. Fui à cabine e disse ao Mark
meus planos. Me olhou com receio. Sabia que ele não queria fazer,
mas fez os acertos necessários. Quando aterrissamos entreguei ao
Jake sua mala.
Me olhou incrédulo. Cinco, quatro, três...
— Por que não tem sua mala? — Perguntou perplexo.
— Eu vou pra casa por uns dias. Preciso de um descanso. —
Disse.
— Você vai voltar? — Sussurrou. Ele parecia triste.
— Sim. — Encolhi os ombros.
— Só preciso de um pouco de espaço.
— Aubrey, por favor, não me deixe. Não posso suportar. —
Declarou.
— Isso é exatamente porquê tenho que ir.
— Meu maior medo neste momento é te perder. Não me faça
enfrentar esse medo, Aubrey. Não tem nem ideia de quanto significa
para mim! — Ele estava ficando emocionado.
Beijei sua bochecha e entrei no banheiro antes que eu pudesse
cair no choro. Estava tão confusa, uma parte de mim queria chegar a
conhecê-lo e deixar que ele me conhecesse. A outra parte de mim
queria fugir gritando. Ouvi Jake gritar com Brett. Não queria partir.
Me assegurei de que minha voz parecesse forte antes de gritar.
— Jake, basta ir!
O barulho parou, e Mark veio fechar a porta. Eu sabia que o
caminho estava livre e Mark queria dizer alguma coisa, mas manteve
a boca fechada. Me encolhi na poltrona e fechei os olhos. Despertei
bem antes que tocássemos o chão de Smithville. Fui diretamente à
loja de tatuagens para ver Piper. Estava terminando uma peça, então
me sentei e esperei que terminasse. Expliquei tudo o que aconteceu
ontem e esta manhã.
— Você tem que ver o que todo mundo vê em você, Aubrey. Tudo
o que nós vemos é uma garota linda e inteligente. Você não pode
fechar a porta e fugir dos problemas que causaram sua dores e
inseguranças. Isso é exatamente o que tem feito durante anos. Por
mais que pense o contrário, não está quebrada, Aubrey. — Ficou de
pé e pegou sua bolsa.
— Vamos, vamos ao Duke’s.
Segui ela até seu carro e dirigimos ao Duke's, o local com
buracos na parede. Sentamos no bar e pedi um Jack com Coca Cola.
Estava em silêncio processando o que Piper disse quando meu
telefone tocou. Ia tocar o botão de ignorar, mas Piper atendeu.
— Olá — disse.
Escutou durante um minuto antes de me entregar o telefone.
Coloquei em meu ouvido.
— Aubrey, preciso que fale com o Jake. Está totalmente aflito e
não vai me escutar, estive tentando acalmá-lo desde que chegamos
aqui, mas ele continua perguntando por você. — Pediu Brett.
— Está bem. Ponha ele no telefone.
— Aubrey. — Disse Jake arrastando as palavras.
— Está bêbado? — Já sabia a resposta.
— Não, enjoado. Na verdade, isso é uma mentira. Tenho uma
conta de quilômetros de comprimento. Quero cantar uma canção...
Escrevi pra você. — Murmurou.
— Jake. — Repreendi. — Não vê como isso não é saudável? Eu
disse que precisava de um descanso. Eu falei que ia voltar, e você se
nega a acreditar em mim. Sai e se embebeda. Está dificultando as
coisas para o Brett! — Gritei ganhando um olhar sujo do barman.
— Só fico tranquilo ao seu lado. Vou pegar o que estiver disposta
a me dar, mas não vai fugir de mim. Estou aqui para ficar, baby,
então diga suas condições.
— Jake, relaxe. — Disse com doçura.
— Não posso apagar a porra do meu cérebro. Sei que não vou
poder dormir porque vou estar preocupado com você até que volte.
Sei que parece loucura, mas estou louco por você.
— Te vejo em alguns dias.
— Sinto falta de você. Eu não quero ninguém além de você. —
Respirou.
Sabia que se referia a suas garotas groupies. Desliguei o telefone
e murmurei a todo vapor. Piper e eu terminamos nossas bebidas, e
fomos para casa para dormir um pouco. Rolei na cama a maior parte
da noite. Estava preocupada com Jake, e seu estado atual. Sabia que
as possibilidades de que ele estivesse acordado eram bastante boas.
Tirei meu telefone e enviei uma mensagem.
Eu: Está acordado?
Jake: Isso é uma pergunta retórica?
Eu: Vou considerar como um sim. Se sente melhor?
Jake: Não. Não posso dormir! Se soubesse onde você está, teria
pego um avião e estaria na cama com você faz horas.
Eu: Percebe por que pode me assustar um pouco? Eu te
entendo. Sinto algo por você também. Houve um momento em minha
vida em que outra pessoa tinha alguns sentimentos bastante
extremos por mim e me deixou destroçada. Não estou em busca de
uma repetição.
Jake: Nunca te faria mal, Aubrey. Não sei o que aconteceu, e sei
que me dirá quando estiver preparada. Enquanto isso, só tente ter
um pouco de fé em mim. Vou melhorar meu comportamento daqui em
diante.
Eu: Até breve. Boa noite Jake.
Jake: Boa noite, minha doce Aubrey. Queria que estivesse aqui.
Fiquei pensando sobre isso também. Finalmente consegui
dormir. Despertei e comi o café da manhã com minha mãe. Cruzei a
rua para passar algum tempo com vovó Jean.
— Por que a cara amarrada, muffin de cereais?
— Só estou tentando resolver algumas coisas em minha cabeça.
— Disse, com a esperança de que deixasse esse assunto de ladp.
— Cuspa. — Certamente exigiu.
— Sabe que estamos levando o Jake Parker. — Assentiu com a
cabeça. — Ele não é nada do que eu pensei que seria, mas não posso
evitar pensar que vai terminar como Jeremy. Vovó não posso lutar
com isso outra vez. Tivemos uma briga faz uns dias, e na manhã
seguinte ele me deu um anel ridiculamente caro para compensar.
Estou tão confusa... — Pus minha cabeça em minhas mãos.
— Me parece que ele realmente gosta de você. Acredito que você
gosta, também. — se aproximou e pôs a mão sobre minha cabeça. —
Querida, você tem que perceber que se continuar se mantendo dentro
dessa bolha nunca vai saber, ou seja, você vai passar o resto da sua
vida pensando: O que teria acontecido se...? E não quero ver isso. Não
estou dizendo que salte de cabeça, mas pelo menos jogue um salva-
vidas.
— Realmente estou no meu limite. — Como se isso fosse mudar
sua opinião.
— Bom, ele é exatamente o tipo de pessoa que precisa em sua
vida. Comece a viver e deixe de arrastar o passado por aí como uma
corrente pesada. Deixe ir. — Ela se levantou da cadeira, se aproximou
do armário chinês e tirou a foto do casamento dela e do meu avô. Pôs
diante de mim.
— George não era a pessoa mais fácil de conviver. Era um
conspirador, sempre conseguia vir com uma segunda opção melhor.
Também foi o homem mais apaixonado que conheci. Não me
apaixonei por ele de imediato, mas olhando para trás estou muito
contente por ter me apaixonado. Talvez Jake possa ser como seu avô.
Fazia muito sentido quando ela colocava assim. Eu levava
minhas cicatrizes como a peste, e as utilizava para afastar às pessoas.
Nunca dei oportunidade para ninguém entrar. Talvez o fato de que
Jake pudesse me tocar não fosse casualidade. Talvez estivéssemos
destinados a nos cruzar. Decidi que já havia tido tempo suficiente em
casa. Liguei para Mark e disse que me encontrasse no aeroporto. Fiz
uma rápida visita ao meu pai enquanto esperava Mark chegar. Em
pouco tempo estávamos no ar e em nosso caminho de volta para a
Albânia. Tomamos um táxi e fomos ao Hotel Lockwood. Fui à
recepção e perguntamos pelo quarto de Jake. A garota atrás do balcão
zombou mim. Não queria que Jake soubesse que eu estava ali e se
chamasse, saberia. Então, liguei para Kevin, já que trocamos
números na outra noite. Disse que já estava descendo. Mark se
registrou e já foi ao bar do hotel.
— Garota, estamos tão contentes em te ver! — Gritou Blake
através do Hall. Ri ao perceber que todos desceram.
— Ele tem se comportado como um desgraçado miserável desde
o outro dia. — Derek interveio. — Espera, foi só ontem? – esfregou
sua cabeça.
— Vamos. — Disse Kevin caminhando até o balcão. — Preciso de
uma chave do quarto 501. — A garota a contra gosto deu o cartão.
— Mas não fale nada sobre isto, porque se fizer, vai ser demitida
do seu trabalho. — Disse Blake. — É a namorada do Jake.
Ela olhou pra mim com puro desgosto.
— Ela simplesmente está chateada porque me ligou na noite
anterior e eu não retornei a chamada. — Disse Derek. — Não é assim,
amor? Ela estava suspirando por Jake, mas ele se queixou toda a
noite sobre quanto sentia saudades da sua preciosa Belíssima.
Sorri um pouco e fui para o elevador. Ele não me esperava pelos
próximos dois dias, então esperava fazer uma surpresa. Caminhei
pelo corredor e coloquei a chave na porta. Respirei fundo e baixei o
cartão. Brett estava ali de pé em modo de defesa, até que me viu.
— Obrigado, Caralho! — Sussurrou gritando, e levantou as mãos
no ar. Comecei a rir.
— Foi realmente tão ruim? — Brinquei.
— Não tem nem ideia. Estava literalmente considerando seu
sequestro. — Brincou.
Coloquei a mala no chão e fui para quarto e bati.
— Entre! — gritou.
Girei a maçaneta, mas estava fechada com chave. Voltei a bater.
— O quê! — Ele gritou abrindo a porta. Estava olhando por cima
da minha cabeça. Logo que olhou para baixo e me viu parada ali me
atirou por cima de seu ombro e chutou a porta, a fechando.
Gentilmente me lançou sobre a cama e se arrastou sobre mim.
Envolvi meus braços ao redor dele. Encostou seus lábios contra os
meus e beijou a um ritmo frenético. Parou e me olhou fixamente.
— Deus, senti tantas saudades, baby.
— Não me machuque mais, Jake. Se fizer, será a última vez.
— Não farei, eu te prometo. Você vai me confundir com um
santo.
— Não quero um santo. Só quero que seja Jake Parker.
— Passos de bebê. — Ele sussurrou em meu cabelo.
Eu Assenti.
Capítulo 5
Um passo na direção correta
Um mês mais tarde...

Jake
Passei o último mês sendo Santo Jake. Não dei nem um passo
fora da linha. As coisas com Aubrey foram muito bem. Estávamos nos
tornando extremamente próximos. Ela ainda se recusava me deixar
entrar, mas parecia que estava a ponto de estar preparada. Formulei
outro plano geral para o espetáculo desta noite.
Me afastei dela por um momento para poder ligar para Blake.
— Olá, Imbecil! — Respondeu Blake.
— Olá, cara de merda! Foi capaz de resolver o que te pedi?
— Sim, está tudo certo. Derek está trabalhando agora nisso,
dando os últimos toques.
— Obrigado, seu fodido. Te devo essa!
— Sim, deve. Quando se transformou em uma bicha? É Aubrey,
né?
— Suponho que está certo em dizer isso. Ela simplesmente não é
como as outras garotas. Você sabe que ela não espera nada de mim,
não se preocupa nem com meu dinheiro e nem com a fama. Gosta de
mim por quem eu sou. E quando faço alguma cagada, ela me bate e
revira seus olhos. É tão sexy porra!
— É um belo castigo, irmão. — Riu.
— Que seja. Só está com ciúmes. — Zombei.
— Talvez tenha razão. Te vejo mais tarde.
— Muito obrigado, Blake. Eu acho.
— Por Deus! Você está com TPM? Não vai ficar todo sentimental
comigo. Somos bons amigos, é que supostamente amigos fazem uns
pelos outros. Agora vai se arrumar e nos veremos em algumas horas.
— Adeus, Imbecil!
Desliguei e voltei para o quarto. Aubrey usava um vestido preto e
um par de sapatos pretos de tiras. Estava muito quente. Partimos
para fazer a passagem de som. Peguei o microfone e comecei a cantar
Baby do Justin Bieber. Tudo parecia bem; e então fomos ficar entre os
bastidores até o momento do espetáculo. De repente, estava nervoso.
Por sorte, o tempo voou, e nos levantamos. Beijei Aubrey e fui com
graça para o palco.
— Baltimore!!! — Gritei no microfone. — Vamos fazer algo um
pouco diferente aqui esta noite. Escrevi uma nova canção, e quero
saber o que pensam. — A multidão foi à loucura.
Kevin caminhou à frente do palco e me deu um de seus violões.
Atei a correia sobre meu ombro e comecei a tocar um par de cordas.
Derek começou a dar um toque nos tambores. Comecei a cantarolar
brandamente antes de olhar para Aubrey.
Aqui não há nada...
Por favor, Aubrey... Me deixe entrar, você me derrubou, outra vez,
É um caos por todos os lugares que passo, eu sei, não nos
deixarão em paz,
É meu pedacinho do céu, o sonho que nunca quero que termine,
Lamento que não possa andar a cavalo até o pôr-do-sol, mas farei
o que posso para conseguir,
Cruzarei meus T e dedilharei meu I até que veja que é a garota
para mim
Tudo o que realmente quero é você, Aubrey...
Me deixe entrar...
Devolvi o violão ao Kevin e sorri para Aubrey. Seus olhos
estavam frágeis com lágrimas não derramadas. Ponto!
— Sei que não era nada bom. — Sorri. — Desde que a minha
vida é como um livro aberto, e eu percebi que queria compartilhar
contigo.Sei que há muitas discrepâncias quando se ama realmente e
agora eu sei que o amor à primeira vista existe. Sempre pensei que
isso era um pote de merda até que encontrei esta garota. Agora, eu
acredito. Eu te amo, Aubrey, e prometo passar cada minuto
demonstrando meu amor.
A multidão cantava seu nome. Esta foi a primeira vez que eu
realmente quis correr do espetáculo. Queria sair correndo do palco e
ver se minha luta teve resultado.
Seus olhos estavam colados em mim durante todo o resto do
show. Quando terminamos de tocar, praticamente saí correndo do
palco. A agarrei e a joguei sobre meu ombro. Entrei correndo em um
camarim vazio e a sentei sobre a mesa. Grudei meus lábios contra os
seus e literalmente a devorei. Me devolveu os beijos com igual paixão.
Afastei e a olhei. Estava completamente apaixonado.
—Você gostou da sua canção? — Ela assentiu com
acanhamento. — Quis dizer cada palavra, Aubrey.
— Eu sei. — Sussurrou.
Aubrey
Não havia nada depois do espetáculo de esta noite, então
voltamos ao hotel. Nos despedimos e fomos para nossos respectivos
quartos. Uma vez que Jake fechou a porta, soltei de sua mão e disse
que queria tomar banho, mas que tinha que falar com ele depois.
Peguei minha roupa e entrei no banheiro. Conversava comigo mesma
na tentativa de reunir ânimo e coragem. Esse era o momento, e sua
canção somente reforçava ainda mais. Tinha que deixá-lo entrar. Ele
trabalhou com tanta força o mês passado para tentar demonstrar que
era bom o suficiente para mim.
Se ele soubesse, era eu quem não o merecia. Tomei meu tempo
me vestindo e caminhei para o quarto. Jake disse que queria tomar
banho, também. Me perguntei como deveria encarar o assunto.
Somente falo? Simplifico? Nunca estive perto de alguém o suficiente
para contar o que me aconteceu, nunca tive essa discussão. Estava
caminhando pelo quarto nervosamente quando saiu do banheiro em
suas boxers com uma expressão assustada. Olhei para ele e decidi
colocar as cartas na mesa.
— Jake, tenho que falar com você sobre algumas coisas. Quero
que prometa que não me julgará. Por favor. — Pedi. Meu medo maior
era ser rejeitada. Me sentia como uma mercadoria danificada e estava
preocupada em contar, porque talvez não me quisesse mais, uma vez
que soubesse o que aconteceu.
— Aubrey, não julgarei. Estou te escutando. — Me olhou
incrédulo.
— Estou preocupada que vá me rejeitar. — Disse tristemente.
— Sério? Você tem alguma ideia do quanto me atrai? Me sinto
como um adolescente de merda outra vez! Sempre que sorri para
mim, fico com um sorriso de bobo na cara! Quando revira seus olhos,
eu esqueço tudo! — Levantou e me sentei em seu colo. — O que
aconteceu realmente, Aubrey? Sei que há mais, me ajude a entender.
— Suplicou.
Senti como se estivesse começando a quebrar. Levantei sua mão
em meu peito e passei as pontas de seus dedos sobre minha
tatuagem.
Sabia que poderia sentir as linhas sob a tinta. Elas estavam tão
escondidas que mal podia notar, a menos que eu apontasse. Algo que
nunca fiz antes. Estava prestes a me abrir totalmente para ele.
— Há uma razão para esta tatuagem. Foi a primeira. Fiz isso
para cobrir algo feio. Pode sentir?
— São cicatrizes? — Sua mão começou a tremer. Seus olhos
estavam nublados pela emoção. Assenti e tentei nos manter unidos.
— Sim, tenho mais. As outras não são tão feias. Algumas mal
podem se distinguir.
— Como aconteceu isso? — Perguntou.
Aqui não há nada...
— Fui atacada por meu ex-namorado. Je... — Rapidamente pôs
seu dedo sobre meu lábio.
— Eu sei o seu nome, você não tem que dizer. — Sussurrou e me
segurou mais perto.
— Tinha quase dezoito anos quando aconteceu. Meus pais
viajaram durante o fim de semana, e ele me convenceu a ficar em seu
apartamento. Era uma adolescente ingênua, tanto que disse que sim.
Quando cheguei lá, ele estava fora de si. Não sabia que estava
drogado. Ainda não sabia que ele usava drogas. Tentei ir embora, mas
não deixou. Ele me quebrou... Ele me bateu porque eu me recusei
fazer sexo com ele. Eu perdia e recuperava a consciência, mas foi
mais brutal que sexual. Continuou durante mais de seis horas, até
que seu companheiro de quarto chegou e chamou a polícia. Ele ficou
preso por dois miseráveis anos. Disse que não lembra de nada disso,
e que tudo não passa de uma bobeira. Tentou entrar em contato
comigo várias vezes após isso, mesmo tendo uma ordem de restrição.
É por isso que fiquei tão alterada quando recebi aquela mensagem em
Nova Iorque. Sempre que vejo seu nome, a dor volta à superfície. É
quase como se passasse por isso mais uma vez.
Levantei e baixei minhas calças, além dos meus quadris. Tomei
um pouco de ar. Tinha que continuar, eu queria contar tudo.
— Estas estrelas cobrem os X que ele marcou na minha pele.
Estas eram as mais profundas.
Indiquei as estrelas marinhas que tatuei sobre os ossos do
quadril. Lembrei da faca que se cravava e saia da minha carne. As
cicatrizes ainda eram um pouco visíveis, mas eram menos sensíveis
devido às tatuagens. Jake olhou consternado.
— Posso te tocar? — Gaguejou. Assenti. Ele alcançou e passou
s u a m ã o d e v a g a r, a c a r i c i a n d o a s c i c a t r i z e s . E s t r e m e c i
involuntariamente, e ele se retirou. Agarrei sua mão e a coloquei
sobre meu quadril. Compartilhamos um intenso olhar entre nós.
Naquele momento, não havia ninguém mais no mundo. Éramos
somente Jake e eu. Ele não ia correr, muito menos para as colinas.
Rompeu o olhar fixo e olhou para baixo, para sua mão.
— Então você pegou algo trágico e o transformou em algo
maravilhoso. As tatuagens, digo.
— Eu acho que assim é como eu vejo. Fiz de forma que pudesse
ver sua beleza em vez da dor.
— Isso é realmente corajoso. Me ajudou a entender melhor.
Quero te conhecer, Aubrey, tudo de você, não somente o bom.
Obrigado por compartilhar isto comigo. Sei que é realmente difícil. —
Disse sinceramente.
— Minha avó sempre diz: "As mulheres são como os anjos,
quando alguém rompe nossas asas seguimos voando ao redor sobre
nossos paus de vassouras, porque somos assim, flexíveis". Isto não
me definia, exceto depois do que aconteceu. Eu passo mal quando
estou ao redor de homens. A maioria das pessoas, fora minha família,
nem podem me tocar. Sempre fui sarcástica e teimosa, mas depois me
tornei frígida. Até que você...
Inclinei e fiquei de modo que estivéssemos nariz com nariz e o
beijei. Beijei da forma que eu queria ser beijada durante os últimos
quatro anos. Me aproximei mais e envolvi minhas pernas ao redor de
sua cintura, passei as mãos ao redor da sua nuca enquanto ele
passava uma mão por meu cabelo e envolvia a outra ao redor da
minha cintura. Eu o beijei até que as lágrimas turvassem minha
visão. Mordi ligeiramente sobre o anel no seu lábio e me separei.
Estávamos apoiados um no outro, me senti salva e segura.
— Estou pronta para cair se for com você. — Sussurrei.
— Isso significa que finalmente está de acordo em ser minha
namorada?
— Sim, vou tentar.
Se moveu, me colocando sentada sobre a cama, e caminhou até
sua mochila. Jogou um par de coisas por cima de seu ombro, até que
tirou uma caixa vermelha. Retornou e ficou sobre seu joelho. Abriu a
tampa.
— Aubrey Thompson, concederia o prazer de ser minha
namorada?
— Sim. — Sorri.
— Obrigado, Deus! — Ele me beijou e colocou o anel em meu
dedo.
A imprensa terá seu banquete com isto.
— Sei que falamos um pouco, mas deve saber que realmente sou
inexperiente. Quero dizer, fiz algumas coisas com o Jeremy antes do
incidente, mas nunca...
— Está bem. Entendo. Eu não faço sexo a mais de um ano.
Esperar um pouco mais não vai me matar. Se, e quando, estiver
pronta falaremos disso. Não há um limite de tempo, aqui.
— Não fez sexo em mais de um ano? — Perguntei completamente
atônita. Isso nunca aconteceu antes.
— Essa é a única coisa que captou do que eu falei? — Zombou.
— Não, não fiz. Já te disse que não sou o homem promíscuo que a
imprensa quer retratar. Inclusive fiz um exame médico assim que
voltei da Europa. Estou completamente limpo. Fiz acima de tudo
porque estive no exterior, e há algumas coisas estranhas por lá. De
todas as formas, essa não é uma conversa agradável. Quero ver o
resto de sua tatuagem. Quem fez? É realmente boa.
— De fato, Piper fez. É realmente uma artista e começará a
trabalhar em uma loja assim que completar 18. É realmente
talentosa.
Comecei a mostrar todas as minhas tatuagens. Mostrei uma
linda e pequena coruja em meu tornozelo. Levantei meu pé e mostrei
o que tenho no peito do pé. Levantei minha blusa e mostrei o caule de
flores de cerejeira que tenho descendo na lateral. A última era uma
citação cruzando minha caixa torácica.
Esquece o que te machucou, mas nunca esqueça o que isto te
ensinou.
— Não sei se serei capaz de superar o que aconteceu, ou as
cicatrizes que levo por isso, mas talvez com o tempo, quem sabe. Eu
consiga.
— Vamos reescrever as páginas com nossas próprias palavras.
Começando com um dia de cada vez. — Ele sorriu.
No mês passado o mantive à distância de um braço, e EU
genuinamente queria olhar de perto suas tatuagens. Me lancei sobre
ele, que riu. Descaradamente empurrei Jake sobre a cama.
Finalmente tinha a oportunidade de olhar todas as suas tatuagens.
Uma citação no seu esterno dizia: "Viva livre, morra digno". Ele
também tinha estrelas marinhas sobre cada uma de suas omoplatas.
Tinha mangas compridas em cada braço com antigos trabalhos
artísticos. Eram extremamente intrincados e feitos em branco e
desbotados. Piper morreria de entusiasmo se pudesse vê-los. Fiz ele
virar e olhei suas costas. Esta parecia como uma pintura gótica. Ele
disse que esta era uma interpretação do Hades. Tinha uma que dizia:
"Apanhado entre a ardente luz e a poeirenta sombra". Estava
primorosamente feita, deve ter levado horas. Isto recordava a minha
própria frase: "Sempre é mais escuro antes do amanhecer". Ele se
virou e colocou uma das mãos em minhas costas e a outra ele
esfregou a pele do meu piercing no umbigo.
— Tem mais piercings? — Ele me perguntou, levantando uma
sobrancelha.
— Não. Você tem? — Ele ruborizou. — Tomarei isso como um
sim.
Já que não podia ver, só podia imaginar onde estavam... Devem
ter doído!
— Talvez te mostre um dia, mas agora mesmo tudo o que quero
é te abraçar.
Ele me aproximou, assim ficamos nariz com nariz. Eu estava na
cama com meu namorado Jake Parker. Isto era surreal.
— Está pronta para Pittsburgh? — Perguntou.
— Sim, já estive lá antes. Fica a só duas horas, mais ou menos,
de onde vivo.
— Sério? O show é daqui a cinco dias. Quer ir pra casa? Terá a
oportunidade de apresentar a seus velhos o seu novo namorado. —
Ele sorriu.
— Tem certeza que está pronto para isso? Quer dizer, não somos
oficialmente um casal por mais de meia hora. — Brinquei.
— Só se você quiser. Isto me daria a oportunidade de enviar o
Brett um par de dias para casa também.
— Está bem. Iremos para minha casa nos encontrar com os
velhos. — Ele me beijou brandamente. Beijei ele de volta, desfrutando
do sentimento de ser beijada na verdade.
Foi como se Jake houvesse despertado uma parte de mim que
estava inativa, ele era um cabo vivo em meu sistema. Se afastou e
sorriu com satisfação. Jake era respeitoso, e por mais que ele amasse
apertar meus botões, ele era um cavalheiro. Abria a porta para mim e
tinha maneiras que fariam a minha mãe ficar orgulhosa. Passei meus
dedos por seu cabelo, sabia que devia ligar para meu pai e dizer que
estivesse de bom humor amanhã quando chegássemos, podia ser um
idiota algumas vezes, suponho que a maçã não cai muito longe da
árvore. Virei e me aconcheguei contra Jake e fechei meus olhos.
O alarme despertou as oito, e estávamos preparados para partir
às onze. Jake foi tomar uma ducha, e eu aproveitei a oportunidade
para ligar para meu pai. Não era uma pessoa matinal, então receber
uma ligação minha tão cedo seria gracioso.
— Bom dia, Aubrey Feijão. — Ele riu entre dentes.
— Pai! — Sorri
— Tenho emocionantes notícias. Irei para casa uns dias antes do
espetáculo.
— Sério? Isso é genial. Senti saudades do seu lindo focinho de
porco.
— Preciso te falar de algo mais também... Levarei alguém
comigo.
— Está tudo bem? — Disse de maneira incrédula.
— Jake Parker. Antes que comece, deve saber que na verdade eu
gosto dele. Já contei a ele exatamente tudo o que me aconteceu.
Entende, e nunca me pressionaria a fazer algo que eu não queira.
Mas pode me tocar sem que eu tenha um colapso. É muito estranho.
Por favor, só tente ser amável com ele. — Implorei.
Minha mãe e a avó já sabiam da situação com o Jake, mas não
contei a informação a meu pai. Ficou muito super protetor após o
incidente.
— Verei o que posso fazer. — Disse carrancudo.
— Obrigado, pai. Te vejo em breve, então.
Liguei para o Mark, e seu horário teve uma mudança para que
pudéssemos ir imediatamente a Ohio. Jake ligou e reservou uma
passagem para Brett ir para casa. Ia dar como surpresa quando
viesse fazer o registro pela manhã. Era realmente caro, mais de 3.000
dólares por uma viagem de quatro dias, dois deles viajando. Jake
disse que não se importaria em gastar 10.000 dólares. Ele queria que
Brett visse Kayley. Eu achei isso incrivelmente doce.
Fui tomar um banho. Coloquei uma calça jeans vermelha e um
suéter branco. Amarrei meu tênis e entrei no quarto. Jake estava
esperando por mim, bem na porta, me pegou e me lançou sobre seu
ombro. Golpeei repetidamente seu traseiro e pedi inutilmente que me
pusesse no chão. Ele saiu do nosso quarto e foi à porta ao lado, o
quarto de Brett. Me colocou no chão. Eu levantei o olhar e vi um casal
de senhores caminhando pelo corredor. Eles pareciam prestes a sofrer
de um ataque do coração. Jake golpeou a porta, e Brett respondeu. Já
estava vestido com seu traje distintivo.
— Quero que conheça minha namorada, Aubrey Thompson. —
Sorriu orgulhosamente.
— Ja não era sem tempo. — Brett riu e lhe deu um golpe no
ombro. Suponho que essa era sua forma cavernícola de dizer
"felicitações".
— Empacote seu lixo, velho. — Chiou Jake. Entregou a
confirmação da aeronave.
— Sério? — Brett sorriu.
— Completamente. Se apresse! Tem um vôo para pegar. — Jake
deu tapinhas nas costas.
Brett era claramente um pai devoto. Devia ser difícil para ele
estar tanto tempo longe. Eu tive sorte por meu pai ficar a cargo do
negócio do meu avô. Isto permitiu o luxo de estar por perto enquanto
eu crescia. Já que era autônomo, tinha um pouco mais de liberdade.
Alguns dias no verão, ele simplesmente ficava livre para que
pudéssemos passear e nos divertir na praia ou no zoológico.
Algumas vezes inclusive pegávamos um avião só para ir a algum
lugar para almoçar. Estava acostumada a me sentir como uma
princesa.
Não vínhamos de uma família com dinheiro. Meu avô, George
Thompson, começou o negócio do nada. Ele progrediu durante a
recessão quando as companhias começaram a reduzir gastos.
Conseguiram se manter no ar, mas sei que é difícil fazer funcionar o
negócio também. Ele morreu três anos atrás. Sinto saudades
terrivelmente. Felizmente, minha avó Jean ainda estava cheia de vida
e humor ácido, e poderia chegar aos cem. Agarramos nossa bagagem
e fomos para o campo de aviação. Logo estávamos no ar a caminho de
Smithville. Expliquei a Jake quem era quem. Já estava familiarizado
com os nomes, e ali não havia muitas pessoas, assim que ele captou
imediatamente.
Aterrissamos em casa. Mark baixou os degraus, e eu sabia que
ele também estava feliz de estar em casa por uns dias. Eu certamente
saltei as escadas com Jake ao meu lado. Meu pai estava ali de pé me
esperando. Eu saltei nele e o abracei firmemente. Percebi o quanto
senti saudades.
— Aubrey, grão de café. — Disse com carinho.
— Pai! Quero que conheça meu namorado, Jake Parker.
Jake estendeu sua mão.
— Timothy Thompson, muito prazer. — Disse ele como um
sargento instrutor. Sabia que estava apertando muito firme a mão do
Jake.
— Igualmente, senhor. Obrigado por me receber. — Jake
flexionou sua mão.
— Certo. Um amigo de Aubrey sempre é bem-vindo. — Ele
sorriu. Logo se inclinou para Jake.
— Se machucar minha filha eu quebro seu pescoço. Entendido?
Eu revirei meus olhos.
— Entendido. — Engoliu de forma audível.
— Bem. Sua mãe está te esperando em casa. Está fazendo
presunto com toda a guarnição. Te vejo mais tarde.
Dei um beijo de despedida em meu pai e levei Jake para o meu
carro. Sorria de orelha a orelha por conhecer minha família. Sabia
que isto significava muito para ele, já que não tinha uma família
própria. Só esperava que nossa viagem não terminasse em uma
catástrofe.
Capítulo 6
Lar, doce lar

Aubrey
Carregamos nossas bagagens no porta-malas e subimos no
automóvel. Liguei o motor e vi Jake com os olhos arregalados.
— Baby. Acredito que há um animal sob seu capô ou algo assim.
— Brincou.
— Não, é o silenciador. — Disse me sentindo envergonhada.
— Estou trabalhando em conseguir algo mais silencioso.
— Pelo menos tem câmbio. Acredito que o fato de que possa
dirigir um manual é super quente.
Jake estava olhando tudo ao seu redor enquanto eu conduzia os
dez minutos até que chegamos ao pequeno rancho que chamava de
casa.
— Pronto? — perguntei.
— Definitivamente. — Sorriu.
Agarrei sua mão, e caminhamos pela passarela rodeada de flores
vermelhas até a porta. Abri. Minha mãe estava na cozinha
preparando o jantar. Todo seu rosto se iluminou quando ela me
olhou, e logo nossas mãos se entrelaçaram. Senti minhas bochechas
ruborizarem. Sabia que meus pais estavam preocupados de que fosse
terminar sozinha, sobre tudo com o que aconteceu, inclusive há anos
não tinha um encontro. Acredito que Jake poderia ter um terceiro
olho, e ainda assim eles ficariam muito contentes. Ela estava linda,
com um vestido floral de corte cruzado e sandálias rasteiras. Seu
cabelo castanho claro estava recém arrumado. Sorriu, esperando uma
apresentação oficial.
— Mami, este é Jake. Jake, esta é minha mãe, Caroline.
— Sra. Thompson é um prazer. — Disse Jake beijando sua mão.
— Prazer em conhecê-lo, Jake. Aubrey, já estou quase
terminando o jantar e acabo de perceber que não tenho nenhum
marshmallow. Pode por favor perguntar à sua avó se ela tem?
Assim que Jake se virou minha mãe pronunciou um “Oh Meu
Deus”. E eu sabia que minha cara ficou vermelha. — Está bem.
Vamos, Jake.
Reboquei ele para a porta. Cruzamos a rua. Abri a porta da vovó
e gritei uma saudação.
— Aqui, maldição. — Gritou da sala de estar.
— Por Deus vovó, temos companhia.
— E?
— Vovó, este é meu namorado, Jake. Jake conheça minha avó
Jean.
— O bom é que tenho meu cartão da biblioteca, porque eu estou
indo verificar você. — Ela protestou.
— Encantado em conhecê-la, senhora Thompson. — Jake riu.
— Não me dê essa merda de senhora Thompson. Me chame de
vovó Jean, ou pelo menos Jean. Demônio, Aubs, ele é bem gostoso. —
O avaliou.
— Vovó! — repreendi.
— O quê? Só sou sincera. Não é isso o que dizem os meninos
hoje em dia? — Ela desprezou seu cigarro e se levantou.
— Mamãe quer saber se tem uns marshmallows.
— O que pareço? Um mini supermercado? Não, não tenho.
Pegue minha bolsa, iremos à loja. Preciso de tabaco, de qualquer
forma.
Agarrei sua bolsa e entreguei as chaves do seu automóvel. Jake
estava a ponto de ter sua primeira experiência real com minha avó.
Subiu à parte traseira de seu antigo Cadillac. Disse para não se
esquecer de colocar o cinto de segurança. Ela ligou o motor e
queimou a borracha do pneu saindo à rua. Fomos à rua principal,
onde estavam todas as lojas. Um cara abriu a boca com espanto para
ela no semáforo, por isso ela mostrou a língua e mostrou o dedo do
meio para ele. Ele rapidamente voltou sua cabeça para trás. Escutei
Jake rir entre dentes. Ela murmurou algo sobre ser um idiota e parou
em um estacionamento. Saiu e fechou a porta atrás dela. Jake e eu a
seguimos pela loja. Peguei um pacote de marshmallows e fui pagar.
Havia um grupo de adolescentes passando no momento em que
saíamos. Sabia que tinham reconhecido Jake. Eu segurei sua mão e o
puxei para mim. Estivemos na imprensa ultimamente, mas não
queria nenhuma atenção não desejada. Ainda estavam especulando
quem era eu, e não tinham um nome ainda.
Minha avó notou a multidão.
— O que estão olhando pequenos insetos? Nunca viram uma
estrela do rock antes? Vão! — Gritou.
Tomaram um último olhar e se foram. Jake parecia estupefato.
Eu falei que ela era assim o tempo todo. Pagamos e certamente
corremos para o automóvel. Tinha a esperança de que a notícia de
sua presença na cidade não se estendesse. Era muito pouco provável,
entretanto. Era um povoado pequeno. Eu só queria alguns dias
discretos com ele. Enviei uma mensagem a Piper e perguntei se podia
ir à loja depois do jantar. Não falei que Jake estava comigo. Ela nem
sabia que estávamos oficialmente saindo. Ela disse que obviamente
podia. Dirigimos de volta para casa, e entreguei a minha mãe os
marshmallows. Recolhemos nossa bagagem e levei Jake para o meu
quarto.
Virei a maçaneta. Por sorte, minha mãe limpou depois da minha
partida. Não era nada luxuoso, mas tinha um banco de janela que eu
adorava. Estava cheio de travesseiros modernos que comprei nos
últimos anos. Era meu cantinho. Meu quarto tinha painéis de
madeira branca e esculpida. A parte superior da parede estava
grafitada de rosa forte. Meus móveis eram brancos, e tinha uma cama
grande com lençóis cor de rosa e um edredom de zebra. Era feminina
com um toque moderno. Sobre tudo, era muito eu. Jake parecia estar
tomando nota de tudo, se aproximou e pegou uma foto em minha
penteadeira. Era da Piper e eu na praia o ano passado.
Mitzy se aproximou e começou a se esfregar contra seus
tornozelos. Me aproximei e a recolhi.
— Seu quarto é lindo. — Eu encolhi os ombros.
— O que está acontecendo, baby?
— Nada
— Então por que parece zangada?
Passou seu polegar por meu franzido lábio inferior. Mordi. Ele
gemeu e moveu sua mão. Encostou seus lábios nos meus e seguiu
caminhando, até que a parte posterior dos meus joelhos encostaram
na cama. Me beijou com ardor, e pude sentir sua dureza empurrando
contra minha coxa. Parecia enorme, queria estender a mão e tocá-lo.
Rapidamente decidi que não estava pronta para ir aonde isso levaria.
Especialmente com minha mãe no cômodo ao lado. Afastou para trás
e mordeu meu pescoço.
— Agora, o que está acontecendo, baby?
Nunca gostei dos termos carinhosos, mas eu realmente gostava
quando me chamava de baby.
— Só estou preocupada que agora que foi descoberto e que isso
se espalhe pela cidade. — Era a verdade por omissão.
— Se preocupa com alguém em particular, ou em geral? Posso
chamar outro dos homens da segurança que utilizo às vezes, se
quiser. Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesmo, mas se
está preocupada...
— Está tudo bem, só terá que permanecer dentro de casa.
Queria te levar para conhecer a Piper na loja em um momento. Só
direi a ela que tive uma mudança de planos.
— Ainda podemos ir. Se ficar fora de controle, então voltaremos.
Combinado?
— Está bem. — Concordei, porque tinha muita vontade de
visitar ela.
Minha mãe gritou e disse que o jantar estava preparado. Todos
nos sentamos à mesa. Fez presunto, macarrão com queijo, inhame
coberto com açúcar, marshmallow e bolachas caseiras.
Não fizemos uma oração ou qualquer tipo de benção. Ao invés
disso, meu pai falou.
— Vamos ter um minuto de silêncio por todos aqueles idiotas
que estão caminhando, fazendo exercícios nas academias, andando
de bicicletas estáticas enquanto estamos aqui em uma festinha com
uma deliciosa comida e conseguindo engordar.
— Que se fodam as pessoas montando bicicletas estáticas, e os
corredores são estranhos. São sempre os que estão fora de forma.
Coincidência? Não acredito. — Interveio Jake, e meu pai sorriu.
O senso de humor de Jake encaixava perfeitamente com o
nosso.
Comecei a rir, sobre tudo porque os dois tinham razão. Jake
encheu seu prato e começou a comer. Meus pais ficaram me vendo e
sorriram. Foi embaraçoso, mas me dei conta de que estavam felizes.
Sorri de novo, porque se a maioria dos filhos trouxesse para casa um
homem que se parecesse com Jake eles provavelmente teriam um
aneurisma.
Jake não parecia aterrorizador, ou estranho, é só o estigma que
se uniu a ele. O mesmo que me acusam.
— Jake, de onde é? — Perguntou minha mãe.
— Nasci no Arizona. Vivi lá até que completei vinte anos, então
mudei para Los Angeles.
— Seus pais devem estar muito orgulhosos de você. Você é bem
sucedido para um rapaz de vinte e cinco anos. — Se gabou ela.
— Na verdade, minha mãe faleceu quando eu tinha onze anos, e
não conheço meu pai. Mas está bem, a senhora não sabia. —
Rapidamente a tranquilizou, parecia imperturbável.
— O que têm planejado fazer nos próximos dias, meninos? —
Perguntou meu pai.
— Provavelmente só passar o tempo por aqui. — Encolhi os
ombros. — Porém, vamos ver Piper depois do jantar.
— Diga a ela que enviamos saudações. — Disseram ao mesmo
tempo.
Terminamos o jantar, e Jake exigiu que tínhamos que limpar, já
que ela cozinhou. O olhei de cima a baixo, mas ele me arrastou para
cozinha. Ele lavou enquanto eu secava. Me salpicou com água, então
peguei a mangueira e apertei o bocal, ensopando sua camisa. Depois
limpamos a bagunça, trocou sua camisa, e dirigimos ao Truink.
Avisei que Piper era algo assim como uma super fã. Começou a rir,
mas não tinha nem ideia. Paramos na vaga do estacionamento mais
próxima que estava disponível, e entramos.
Disse olá ao Josh, o proprietário, e fui até o escritório da Piper.
Ela estava folheando uma revista quando levantou a vista, me viu, e
logo Jake.
— Santa merda! — Gritou ela. — Trouxe o fodido Jake Parker na
minha loja!? — Ficou de pé e saltou para cima e para baixo. Jogou os
braços ao meu redor e apertou.
— Jake, conheça a Piper. Piper conheça meu namorado, Jake.
— Acabou de dizer namorado? Falou, não? Santo céu! Está
saindo com o Jake Parker?
Olhei para Jake, que estava claramente envergonhado pelo
entusiasmo de Piper. Me limitei a sorrir e sussurrei um "Eu te disse".
Ele beijou meu cabelo e sorriu.
— Já terminou? — Brinquei.
— Sinto muito. É um prazer te conhecer, Jake. Sou uma grande
fã. Sua voz é como o pecado.
— Hum, obrigado. — Parecia incomodado.
— Então, o que os traz aqui? Está de visita? Não estão em
turnê?
— Estamos, mas tivemos alguns dias antes do próximo show em
Pittsburgh. Já que estávamos tão perto, parecia bobo não conhecer
onde Aubrey vive. — Jake encolheu os ombros.
— Genial! Eu adoraria vê-los alguma vez.
— Por que não vem ao show em Pittsburgh? Posso conseguir
uma entrada. — Sugeriu. Fiquei feliz que estivesse fazendo algo de
bom por alguém que eu considerava uma irmã.
— Sério? Eu adoraria!
— Eu vou providenciar. É na noite de sexta-feira.
— Siiim! — chiou.
Ficamos na loja por um tempo antes de voltar para casa. Íamos
para o automóvel quando escutei que gritavam meu nome. Parei e
olhei ao redor para ver de onde vinha.
— Aubrey? — Escutei de novo, desta vez foi Jake. — Sabe quem
é ele? — Ele pôs seu braço ao redor do meu ombro e apontou. Eu
fiquei tensa. Antes que eu pudesse chegar ao automóvel, Jeremy se
aproximou. Eu estava tremendo. Jake parecia ameaçador.
— Bre-bre, — Zombou Jeremy. — Vai dizer olá, pelo menos?
Vê-lo trouxe todo o horror que passei à superfície. Era como ver
acontecer novamente em câmera lenta. O corte, os gritos, a dor. Senti
que me faltava ar, exatamente como fiz quando ele me estrangulava
até me deixar inconsciente. Senti que minha visão ficando turva. Jake
rapidamente me segurou e me apoiou contra o automóvel. Parecia
indeciso. Deu um passo longe de mim para enfrentar Jeremy, e
lançou um olhar assassino.
— Jake Parker, o homem que está cuidando do meu saco de
sobras. — Zombou Jeremy.
Jake levantou o punho e o golpeou no rosto.
— Jake Parker, o homem que vai te matar se você se aproximar
da minha namorada novamente. — Rugiu.
Tudo foi um borrão, vi como Jeremy caía no chão. Jake me
ajudou a entrar pelo lado do passageiro. Sentou do lado do condutor
e arrancou o automóvel em marcha ré.
Correu para a casa do meu pai. Quando chegamos no caminho
de entrada dos meus pais, rodou seus ombros. Apoiou a cabeça
contra o volante e respirou profundo. Virou e olhou para mim.
— Baby, você está bem? — Sussurrou.
Estendeu a mão, vacilante, para tocar meu rosto, mas se deteve
exatamente antes de fazer contato. Olhou em meus olhos para
confirmar que estava bem. Fechei os olhos e dei um leve
assentimento. Tocou minha bochecha com seus dedos. Encontrei
conforto em seu toque. As lágrimas escorregavam lentamente em meu
rosto. Desabotoou meu cinto de segurança, e me ajudou a subir em
seu colo. Envolvi meus braços ao redor do seu pescoço e chorei. Todo
meu corpo doía. Senti que ia quebrar. Eu sabia que não podia voltar
para casa desta forma, consegui falar o nome da minha avó. Jake
empurrou o banco para trás para poder conduzir sem me tirar do seu
colo. Ele estacionou na garagem e sem esforço me levou até a porta.
Abriu e entrou. Vovó estava sentada na mesa ao telefone. Desligou
assim que me viu. Uma vez que ela soube que estava em modo de
auto preservação, ou como ela referia "O modo robô".
— O que aconteceu? — exigiu.
Olhei para o Jake e implorei que não dissesse. Ele me ignorou
— Tivemos um encontro com o Jeremy no estacionamento do
estúdio de tatuagens. Eu dei um murro no cara. Eu tenho certeza que
a polícia estará aqui logo. — Grunhiu, claramente chateado.
— Esse filho de puta com pênis de agulha. — Ela empurrou a
cadeira e se aproximou de um móvel com gaveta.
— Eu vou matar ele!
Abriu a gaveta e tirou sua pistola 380. Jake me sentou na
cadeira e começou a fazer controle de danos. Ele disse que não me
faria nenhum bem se ela fosse presa, então ela respondeu que
morreria logo, de todos os modos. Ele conseguiu tirar a pistola da
mão da vovó. Colocou a trava e guardou na gaveta. Vovó bufou e foi
acender um cigarro. Colocava na boca, e dava uma larga tragada.
Jake se aproximou de um armário e se serviu uma bebida. Jogou a
cabeça para trás e o engoliu a seco. Serviu outro e o levou até meus
lábios. Senti o líquido quente queimar em minha garganta. Não
demorou muito e a dor ardente dentro de mim acalmou. Deixou o
copo sobre a mesa e me levantou para que pudesse me sentar em seu
colo. Me apoiei em seu ombro e respirei.
Jake
Aubrey ainda estava catatônica. Vi como os minutos passavam
como dias. Não poder ajudar é a pior coisa do mundo. Comecei a fazer
algo que eu podia para ela retornar a si. Estava cantando em voz
baixa em seu ouvido e esfregando preguiçosos círculos em suas
costas e ombros. Logo mudei de cantarolar e comecei a dizer coisas
pequenas com a esperança que ela se sentisse melhor. Me inclinei e
dei um beijo na sua testa, e utilizei meus dedos para tirar o cabelo do
seu rosto. Vovó Jean se retirou para a biblioteca depois do incidente
da pistola. Disse que não podia suportar ver Aubrey assim outra vez.
Só podia imaginar quão difícil devia ter sido vê-la destroçada depois
do que esse filho da puta fez. Depois de uma hora, finalmente pensei
que Aubrey estava começando a retornar. Inclinou a cabeça para me
olhar. Pensei que meu coração ia saltar fora de meu peito.
Queria voltar e matar aquele idiota com minhas próprias mãos.
Que tipo de doente pervertido faz algo assim? Não há maneira de que
não soubesse o que estava fazendo, sabia muito bem. As cicatrizes de
Aubrey eram muito mais que só na pele, eram profundas.
Experimentei um pouco quando teve esse terror noturno, mas isto era
algo totalmente diferente. Era como uma tormenta em seu interior.
Seus olhos me diziam muito mais do que suas palavras jamais
poderiam. Não havia lugar para que se escondesse, por isso se
escondia em si mesma. Só esperava estar fazendo algo para oferecer
conforto. Seu lábio inferior tremia.
— Jake. Sono. Casa. — Gaguejou.
— Sim, baby, vou te levar para casa. — Beijei a parte superior de
sua cabeça e a levantei.
Dei um adeus à vovó e disse que se comportasse. Passei junto a
seu carro e cruzei a rua. Parece que esse imbecil não chamou à
polícia, depois de tudo. Felizmente, parecia que seus pais já haviam
deitado. Entrei em seu quarto e fechei a porta. Acendi a luz e a
coloquei na cama, me ajoelhei no chão e peguei seus pés, desatei
cada sapato calmamente e os tirei. A coloquei na cama. Ela começou
a lutar para tirar sua camisa. Coloquei minhas mãos em cima da dela
para ajudá-la a tirar, assim ela não ficaria frustrada. Ficou em pé na
minha frente apenas com sutiã e uma pequena tanga. Era
definitivamente a visão mais sexy que tinha visto em minha vida, mas
não estava nenhum pouco aceso. Ao invés disso, me sentia como
quem ia ter um ataque. Abri a mala rapidamente. Tirei uma camiseta
quente de manga longa e passei pela sua cabeça. Ela deixou cair seu
sutiã no chão. Auxiliei a colocar os braços nas mangas e a atraí para
mim. Vê-la tão ferida e quebrada rasgou meu coração até tirar do
meu peito. Queria tomar sua dor, tudo. Comecei a chorar.
Rapidamente me recompus porque tinha que ser forte por ela.
Tirei meu jeans rapidamente e deitei na cama. A aproximei tanto
quanto pude. Passei os dedos por seu cabelo e comecei a cantarolar,
até que senti sua respiração controlada. Sabia que estava dormindo.
Me sentei durante horas a vendo dormir. Não queria correr o risco de
estar dormido se ela tivesse um pesadelo. Pouco depois das três da
manhã, ela virou, abriu os olhos e olhou para mim.
— Jake? — sussurrou.
— Sim, baby? Estou aqui. — Tranquilizei.
— Estava tão assustada que você fosse me deixar. Sinto muito.
Vou tentar não fazer mais isso... — Chorou.
Que demônios...?
— Para! Aubrey, não vou a lugar algum. Não poderia te deixar
nem se quisesse, porque é tudo para mim. Eu te amo. Estou aqui pelo
tempo que me aceite. Espero que para sempre se isso funcionar para
você. Sei que parece muito rápido, mas sei o que sinto. Mas nunca vai
mudar, não importa o que aconteça.
Sei que já disse no palco diante de milhares de pessoas, mas
nunca o disse diretamente a ela. Eu gostaria que houvesse algo que
pudesse fazer para assegurar que estava aqui, e que não ia a lugar
nenhum.
— Você me ama? — Perguntou com incredulidade, como se fosse
questionável. Faria uma tatuagem bem na testa se isso desse a
segurança que queria.
— Mais do que amei qualquer coisa neste mundo. Não sei
explicar, mas é como se fosse o sol em meu universo. Entrou em
minha vida e acendeu meu mundo em fogo. — Beijei seu nariz. —
Sabia que era algo especial assim que te vi. Você me olhou como se eu
fosse chiclete em seu sapato, então eu soube que não era igual as
outras. Faz eu me sentir vivo. É como se minha vida estivesse vazia
durante tanto tempo, e você a encheu. Não estou chateado contigo
baby. Estou chateado porque literalmente me mata te ver assim. É
tão forte Aubrey, e te ver quebrada me quebra também. Estou aqui.
Não vou a lugar nenhum. Eu te amo pra caralho baby.
— Eu também te amo. — Sussurrou.
Falou soando quase inaudível.
— O quê? — Queria que repetisse. Precisava que repetisse.
Ela me olhou. Seus olhos marrons queimando com intensidade.
— Eu te amo, Jake Parker. Nem sei como explicar. Você me faz
sentir completa.
— Igualmente, baby. Agora, durma um pouco. Tenho que sair
cedo pela manhã, coisas da gravadora. Se eu não estiver aqui pela
manhã quando se levantar, prometo que estarei de volta assim que
puder. — Dei um beijo rápido.
Apoiou a cabeça em meu peito, justo sobre meu coração, e
fechou os olhos. Eu consegui dormir ao lado da garota que eu amava.
Despertei algumas horas mais tarde e em silêncio sai da cama. Peguei
meu jeans do chão e vesti. Peguei um suéter com zíper e capuz em
minha mala e meus sapatos. Fui ao corredor na ponta dos pés. O pai
de Aubrey estava sentado no sofá, bebendo uma xícara de café.
Coloquei meu suéter e caminhei para me sentar ao seu lado, para
poder calçar meus sapatos.
— Bom dia. — Disse.
— Bom dia. Ei, Tim, pode me fazer um favor? — Eu perguntei
nervosamente.
— Depende do que for. — Disse especulativamente.
— Não quero te incomodar, mas acredito que merece saber.
Tenho que ir à delegacia de polícia. Tivemos um pequeno encontro
com o Jeremy ontem à noite. Aubrey está bem agora, mas tenho
esperança de que talvez minha vida pública possa influenciar para
manter uma melhor visão de sua liberdade condicional. — Eu
provoquei. Eu ainda queria encontrar Jeremy e dar um gostinho do
seu próprio veneno. Por sorte, Ron me ensinou que dois enganos não
fazem um acerto, já que eu adoraria fazer isto direito.
— Ele se aproximou dela? Vou matá-lo. — Os músculos de seu
pescoço eram enormes.
Tim era muito aterrorizante. Tinha o aspecto de um homem que
poderia reorganizar seu rosto se quisesse.
— Eu estava lá. Dei um murro na cara dele, se te faz sentir
melhor. Não me faz sentir nenhum pouco melhor. Ela ficou catatônica
durante a maior parte da noite. Fomos à casa de sua mãe porque ela
não queria que a vissem dessa maneira. Vou falar com meu chefe de
segurança quando chegarmos a Pittsburgh. Quero ver se é preciso
deixar um segurança quando eu estiver ausente.
— Esse filho de puta. Vamos.
Ele levantou do sofá, e tinha as chaves na mão. Eu o segui até
sua caminhonete. Tive outra ideia. Corremos pela entrada e
chegamos à delegacia de polícia cinco minutos depois. Um muito
zangado Timothy foi direto até a recepção vazia e começou a golpear a
mão sobre o sino.
— Morgan! Ponha sua maldita bunda aqui agora mesmo! —
Gritou.
Um homem corpulento e calvo, vestindo uniforme, saiu de um
escritório na parte traseira.
— O quê? — Gritou.
— O quê? Vou te dizer o quê! Ontem a noite, enquanto minha
filha estava com seu noivo, foi abordada pelo Jeremy Roberts! Isso é o
que! — Tim gritou.
O homem empalideceu um pouco.
— Oh. Não deveria estar a menos de 100 metros de distância
dela. — Disse como um fato.
— Está de brincadeira, Sherlock. Você tem que fazer seu
trabalho em monitorar esse animal. — Rugiu.
Eu levantei minha mão.
— Sinto muito. Xerife, este é Jake Parker, o noivo de Aubrey.
Jake, o Xerife Morgan. — Tim fez um gesto.
— O vocalista do Battlescars Jake Parker?
— O mesmo. — Disse um pouco chateado.
Com sorte, teria minha vantagem.
— Minha filha Megan tem pôsteres seus que cobrem cada
centímetro quadrado do seu quarto.
— Vou assinar algo para ti, vou tirar uma foto, o que quiser, mas
quero algo em troca. Quero que garanta que esse idiota não consiga
se aproximar dela de novo. É um monstro. Cresci rodeado de gente
como ele, e não vai desaparecer. Ela já passou por muito.
— Verei o que posso fazer. — Disse.
Cheguei mais perto de seu rosto.
— Olha Xerife. Essa porra não vai funcionar para mim. Quero
sua palavra. Eu amo esta garota, e se algo acontecer com ela não
serei responsável por minhas ações. Entende? — Eu fervia.
Ele engoliu e assentiu. É isso mesmo filho da puta eu posso ser
fodão também. Tim me olhou com os olhos arregalados. Merda!
Acabei de dizer um palavrão na frente do pai de Albrey. Pelo menos
não parecia zangado. Prometeu que um oficial rastrearia enquanto
estivéssemos na cidade. Tim e eu saímos e subimos à caminhonete.
— Tim, sobre o que eu disse lá dentro. Quero que saiba que
apesar de ter acontecido muito rápido, amo a sua filha, muito. Sei
que provavelmente pensa que é uma loucura e que tudo está indo
muito rápido, mas eu sei o que sinto.
— Eu sei, já percebi isto. Os pais têm sentidos aguçados. Se fizer
mal a ela, vou te perseguir até o fim da terra. Se soubesse que poderia
sumir com ele, tiraria Jeremy do caminho. Permanentemente.
— Me diga tudo o que aconteceu naquela noite. Quero ajudá-la a
se recuperar. Ele, evidentemente, ainda suspira por ela. Enquanto
estávamos em Nova Iorque, enviou uma mensagem inquietante. É
uma bomba relógio, então vamos ter que fazer nossa própria
segurança.
— Estou realmente feliz de que se encontraram, Jake. Ela não
deixou nenhum outro homem se aproximar depois que essa merda
aconteceu. Foi doloroso para sua mãe e para mim vê-la daquela
forma, sobretudo sabendo que não havia absolutamente nada que
pudéssemos fazer. Justo depois do ocorrido, se alguém tocasse nela,
apenas para cumprimentar, gritava como se a estivessem
assassinando. Está mais tranquila agora, mas no fundo sempre vai
estar ali.
— Sei. Entendo exatamente o que tenho com Aubrey. Vou fazer o
que for necessário para fazê-la feliz, o que me leva a outra coisa que
quero fazer... Quero comprar um carro para ela.
— Você o quê? — Ele me olhou com incredulidade.
— Quero comprar um carro para ela. De verdade, um Mini
Cooper, acredito que gostaria de um desses. Seu carro já viu dias
melhores, e não quero que conduza algo que não tem airbag.
Sabia que seu carro provavelmente tinha airbag, mas era a razão
mais justificável que me ocorreu nesse momento.
— Não sei não. Quero dizer, é muito generoso de sua parte e
tudo, mas me deixa um pouco incomodado.
— Tim. Não quero parecer vaidoso, mas tenho dinheiro
suficiente para comprar. Vou comprar para ela, com ou sem sua
permissão. Por favor, só vamos comprar.
Cedeu à contra gosto e conduziu a uma concessionária mais
próxima. Estavam abrindo quando entrei. Disse ao vendedor
exatamente o que queria. Eles tinham em exposição e o levaram para
abastecer. Registrei o carro em seu nome e paguei. Senti vontade de
rir quando me entregaram o documento do carro, já que não era
muito mais caro que o seu anel. Eu gostaria de manter esse pequeno
detalhe para mim mesmo, porque era muito provável que causaria
um verdadeiro incômodo ao bom e velho Tim, saber que sua filha
usava uma pedra no dedo que custava mais que sua caminhonete.
Quando chegaram com o carro, o vendedor me deu as chaves. Sorri
para Tim, quem revirou os olhos. Deve ser genético.
Acompanhei Tim para fora da concessionária e retornamos para
Smithville. Estacionamos no corredor de entrada um pouco depois
das nove. O mais provável era que Aubrey ainda estivesse dormindo.
Estava me sentindo muito tonto que eu só queria saltar sobre ela e
acordá-la. Era tão agradável ser capaz de fazer algo de bom por ela
depois de ontem à noite, sobre tudo porque ela não tinha nem ideia, e
nunca em um milhão de anos seria capaz de adivinhar. Entrei na
casa e desejei bom dia para dona Caroline que estava na cozinha
preparando o café da manhã. Fui direto para o quarto de Aubrey e
subi em sua cama. O pequeno movimento a fez despertar. Ela se virou
e jogou os braços ao meu redor.
— Bom dia, linda. É hora de levantar. — Disse com entusiasmo.
— Eu trouxe um presente para você.
Ela negou com a cabeça e me apertou mais forte.
— Eu não quero levantar. — Gemeu sonolenta.
— Não quer seu presente?
— Você é meu presente.
— Isso é doce, mas é algo mais.
Tirei seu cobertor e belisquei suas costelas. Saiu aos tropeços da
cama e foi ao banheiro. Dez minutos mais tarde, saiu parecendo
muito mais acordada. Vestiu um par de leggings, mas permaneceu
com a minha camiseta. Precisava manter o Jake Júnior sob controle
porque estava incrivelmente visível. Segurei sua mão e a levei para a
sala de estar. Tim estava sorrindo, simulando ler o jornal. Há! E agiu
como se não quisesse seguir com meu plano.
— Bom dia, princesa. — Disse.
— Bom dia, papai.
Abri a porta e a levei para fora. Colocamos estrategicamente a
caminhonete do Tim para evitar que visse seu novo carro. Pus minhas
mãos sobre seus olhos para que fosse uma surpresa. Quando estava
à vista, tirei minhas mãos de seus olhos.
— O que é isso? — ficou sem fôlego.
— É seu carro novo. — Disse com orgulho.
Escolhi um Mini Cooper vermelho cereja, conversível. Tinha
navegação, som de primeira qualidade e assentos de couro preto.
Aubrey gritou.
— Você é tão engraçado. Que horas são? Nove da manhã? Sem
chance, pare de brincadeira. — Deu a volta e começou a entrar.
— Aubrey, estou falando sério. Pedi que seu pai me levasse esta
manhã. Um Mini parecia muito você. Você gosta? — Perguntei,
segurando as chaves.
— Está falando sério? — Arqueou uma sobrancelha.
— Como um ataque do coração.
Me olhou com receio. Esperei um minuto antes que um sorriso
se desenhasse em seu rosto. Deu um salto e envolveu suas pernas ao
meu redor.
— Isso é demais, já sabe disso, certo? Mas eu adorei. Obrigada!
— Gritou.
— Nada é bom demais pra você, baby. Vou comprar um puta de
um Porsche se isso for o que quer, porque te amo.
— Também te amo. — Roçou seus lábios perfeitos contra os
meus.
Muito em breve estávamos nos beijando sobre o capô de seu
carro novo, em plena luz do dia.
— Meninos, vão pro quarto já!!! É como ver pornografia em 3D.
— Gritou vovó Jean do outro lado da rua. — Lindas rodas, menina! —
E me deu uma piscada.
— Eu sei. — Gritou Aubrey.
Foi quase como se tivesse reprimido tudo o que passou ontem à
noite. Mas ainda assim me sentia em alerta, esperando que tivesse
uma recaída. Por mais que eu gostasse da família da Aubrey, queria
sair daqui. Queria levá-la a um lugar onde Jeremy não pudesse
alcançá-la.
Capítulo 7
Garras e adagas

Aubrey
— Não posso acreditar que estamos aqui! — gritou Piper. — Jake
Parker é literalmente o melhor namorado do mundo!
— Isto ele é. — Brinquei.
Estávamos sentadas atrás dos bastidores no show em
Pittsburgh. Como eram apenas duas horas de carro, convenci Jake de
que me deixasse dirigir, sobre tudo porque tinha um carro novo. Fiz
uma careta e disse que não sabia quando poderia voltar a dirigi-lo.
Concordou sem lutar. Podia ser tão fácil de convencer. Ainda não
podia acreditar que me deu um maldito carro, Piper estava pulando
logo que chegamos. Ela professava seu amor eterno por Jake dizendo
que seria uma namorada muito melhor. Ele riu, e disse que era "um
homem de uma garota só".
Eu não queria voltar a lembrar o que aconteceu na outra noite
com o Jeremy. Mas ter Jake fazia com que fosse mais fácil superar.
Entretanto, foi horrível vê-lo outra vez, ainda me assustava muito.
Afastei ele da minha mente e me concentrei em passar o tempo com a
minha melhor amiga e meu namorado.
Fomos a um lugar chamado Randy antes do show começar para
conseguir um pouco de comida, com o resto dos meninos. Alguém da
equipe do cenário chegou e disse ao Jake que era hora de começar.
Ele nos levou até uma pequena seção que tinha duas cadeiras para
que pudéssemos observar o espetáculo. Se inclinou e me beijou antes
de subir ao palco. Piper olhou tudo com assombro.
— Pittsburgh! Como estão todos nesta fodida noite? Estão
preparados para ouvir rock? — Um forte mar de "Porra, sim.” se
seguiu. — Então, comecemos!
A banda começou a tocar, e todo o lugar ficou eletrizante. Era
intoxicante vê-lo tocar, Jake exibia sua presença no palco com um
ostentoso cabelo moicano e seus virtuosos movimentos. Blake
apunhalou com seu “riff” de guitarra assassino na canção
"Hurricane". Piper sorriu todo o tempo. Inclusive eu poderia admitir
que era bastante formidável estar atrás dos bastidores. Quando o
espetáculo terminou, Jake quase correu fora do palco e veio direto
para nós.
— O que achou? — Perguntou para Piper. — Vocês são ainda
mais espetaculares ao vivo. Foi fantasmagórico! — Disse ela
completamente maravilhada.
— Obrigado. — Ele sorriu. Inclinou e me deu um longo e intenso
beijo. — Vou trocar minha camisa rapidamente. Não se mova.

— Realmente é a cadela mais sortuda do planeta. — Disse Piper.


— Você contou a ele tudo o que aconteceu com o Jeremy, verdade?
Ela era outra que estava muito protetora depois do que
aconteceu.
— Contei tudo. Nos entendemos, Piper. Ele não teve exatamente
uma infância dos sonhos. Somos um como o outro. — Encolhi meus
ombros.
— Estou feliz por você, feijão. — Ela me abraçou.
— Ouça! Posso entrar nisso? — Perguntou Blake.
Revirei meus olhos.
— Piper conheça Blake.
— Piper, eu gostaria de me meter em você até o fundo. — Gritou
Derek atrás do Blake.
— Por Deus caras, são animais? Onde estão suas maneiras? Ela
é uma maldita dama. A tratem como uma. — Repreendeu Kevin.
— Sou Kevin. Não se preocupe com eles.
Kevin me caía muito bem. Adorava todos os meninos, mas Kevin
era mais parecido comigo. Não suportava nenhuma merda, mas não
ia em busca dela.
Jake voltou, e fomos para o Randy, entramos e pedimos um
montão de comida e um par de jarras de cerveja, o lugar era um bar
típico. Tinha um par de mesas de bilhar e uma cabine de karaokê.
— Quem quer jogar bilhar? Eu vou com a Piper. — Blake sorriu.
Ela se levantou e concordou alegremente. Vi que enquanto
preparavam a mesa de bilhar, Blake ficava olhando a bunda de Piper
o tempo todo, Derek decidiu ir até lá e jogar com eles também. Cada
vez que um deles errava uma tacada, tinha que tomar um gole de
uísque. Voltaram depois de duas partidas e comeram alguns
aperitivos. Kevin se sentou em silêncio, as pessoas o olhavam todo o
tempo.
— Amigo, nossa amizade faz mal para meu fígado. — Disse
Derek a Blake.
— Não, não faz. Você é que não presta para o bilhar. — Brincou
Blake.
— Não é verdade. — Gritou ele. — Está bem, tem razão, não
presto. — Riu.
— Ouça Piper, não sou um homem romântico, mas esta noite
pode conseguir uns quinze centímetros. — Brincou Derek.
— Uau, como você é original. Você pensou por si só? — Disse ela
com sarcasmo.
— Ouch. Blake acredito que encontramos a nossa cara metade.
Blake deu um longo gole em sua cerveja e assentiu. Eu tinha a
certeza de que estava totalmente interessado nela. Decidiram que
queriam cantar karaokê. Blake foi primeiro, cantou Talk Dirty To Me,
do Poisson, Derek foi o seguinte. Foi horrível e definitivamente devia
continuar na bateria.
Ao final da noite, nos despedimos dos meninos e dissemos que
íamos vê-los na próxima parada. Jake disse que iria dirigir, já que era
tarde e nunca dormia. Subi no banco traseiro e me aconcheguei com
Piper.

Jake
Passaram duas semanas desde de Pittsburgh. Estávamos atrás
dos bastidores depois do nosso show em Nova Orleans. Tinha gente
importante que devíamos na seção de autógrafos. Sempre odiei estas
coisas. Sentia como se tivesse um alvo na cabeça. Estávamos
esperando que Kevin retornasse do banho antes de ir à mesa. Um
monte de garotas se aproximaram e ficaram muito perto. Estavam
ansiosas para ser uma "groupie" da noite. Acredito que pudesse dizer
que eram um grupo atrativo.
Sinceramente, nada me excitava, exceto Aubrey.
Blake e Derek sentiam o contrário.
— Bom, olá, te vejo em uma indecisão. Vem comigo. — Disse
Derek a uma garota de cabelo escuro. Ela sorriu com entusiasmo e se
atirou em seus braços.
Aubrey tinha uma expressão de completa repugnância.
— Precisa compartilhar às vezes, Aubrey. — Brincou Blake.
— Não vou compartilhar com um grupo de meninas imundas
que têm problemas com seus pais. Meus pensamentos sobre isso
seriam suficientes para te dar pesadelos. — Ela sacudiu a cabeça
como se estivesse tentando tirar o pensamento fora de sua cabeça.
Sorri e me inclinei para beijá-la. Quando Kevin retornou, nos
escoltaram até a mesa. Isto estava uma loucura esta noite. Duas
fanáticas tentaram inclusive fazer com que Aubrey tropeçasse
enquanto íamos através da multidão. Felizmente, ela estava ao meu
lado, por isso não caiu. As garotas estavam completamente loucas
esta noite. Aubrey parecia seriamente de saco cheio. Ela me olhou e
me fulminou com o olhar.
— O que aconteceu, baby? Está nervosa comigo? — Reprimi um
sorriso.
— Não estou nervosa com você. Estou nervosa com a situação
que criou. — Ela fez uma careta.
— A situação que criei? Eu não faço nada, exceto aparecer e
fazer meu trabalho. Na verdade, quando estou no palco e olho a
multidão você está em todas as partes, não é minha culpa que seu
namorado seja uma estrela do rock muito desejável. — Brinquei.
— Tudo o que quero fazer agora é ir para nosso quarto e me
aconchegar em você.
Esfreguei seus ombros até que o primeiro grupo foi escoltado.
Ela sabia o quanto eu odiava vir a estas coisas, porque as garotas
eram maliciosas com ela. E com maliciosas eu quero dizer
desagradáveis, horríveis, brutais, monstruosas e cruéis.
Me sentia culpado porque ela não tinha que estar aqui, e odiava
essas coisas também. Ela fazia com que essa situação se tornasse
tolerável, eu odiava ter que estar longe dela. Fiz uma careta quando vi
a primeira garota chegar à mesa. Era Verônica. Uma groupie loira
platinada que esteve suspirando por mim durante muito tempo,
desde que me tornei famoso. Também era uma bruxa.
Agradeci a tudo o que é mais sagrado que nunca dormi com ela,
porque Deus sabe que tentou se entregar em uma bandeja de prata
mais de uma vez.
— Olá, meninos. — Ronronou.
Ela olhou para Aubrey com veneno em seus olhos. Tremi.
— Verônica. — Disse Blake irritado.
Derek estava muito ocupado beijando a acompanhante desta
noite para se dar conta de quem estava ali. Kevin a ignorou, por isso
ela se aproximou e parou na minha frente. Estava avaliando Aubrey
como se fosse de sua conta.
— É uma interesseira ou uma prostituta? Não posso ver a
diferença. — Cuspiu.
Oh merda, isto vai ficar feio!
— Nenhuma, mas chama isso de elegante? O comprimento
apropriado de uma saia é cinco centímetros abaixo da celulite. —
Espetou Aubrey em resposta.
— Não posso acreditar que esteja com alguém que se parece com
ela, Jake. É nojenta! Poderia estar muito melhor, comigo. — Ela
juntou seus peitos.
Eu estava a ponto de abrir a boca quando Aubrey me fulminou
com o olhar. Assenti para que dissesse o que quisesse.
— Você não gosta... É uma pena, vou reservar um tempo para
chorar mais tarde, pois agora mesmo estou ocupada aproveitando a
vida. — Aubrey me agarrou pelo cabelo e grudou seus lábios nos
meus. Eu gostava da Aubrey ciumenta. Ela se retirou com um olhar
de satisfação no seu rosto. — Minha avó sempre diz que se alguém te
odiar sem razão, então dê a esse filho da puta uma razão. — Ela
sorriu.
— É tão bonita quando fica brava. — Brinquei.
— Se sou bonita quando estou nervosa, estou a ponto de me
tornar incrivelmente maravilhosa! — Ela virou para Verônica.
— Me encarregaria de acabar com sua cara, mas acredito que a
genética já fez um trabalho muito bom.
— Os rumores da rua dizem que não é mais que uma simples
idiota que está atrás do Jake por seu dinheiro.
Tive que rir disso porque não estava nem perto da verdade.
— Assombroso, está espalhando rumores a meu respeito? Pelo
menos encontrou algo para espalhar além de suas pernas.
Verônica bufou. Assenti com a cabeça para Brett, que a levou.
Me desculpei com Aubrey e prometi que ia recompensá-la mais tarde.
Ainda estava furiosa quando o próximo grupo se aproximou, pelo
menos se controlaram mais. Também foram inteligentes o suficiente
para não tentar nada e arriscarem ser expulsas. Assinei um CD atrás
do outro até que dei tudo por terminado. Subimos na limusine e
voltamos ao hotel. Derek ainda tinha a groupie com ele.
— Aubrey, aquelas foram boas respostas. — Disse Blake.
Derek e Black ficaram implicando um com o outro durante a
viajem de volta.
— Os meninos são um saco. — Grunhiu Aubrey, lançando suas
mãos no ar.

o
Mantive minha promessa de compensar essa noite a Aubrey por
causa da Verônica, e pedi o sorvete com cobertura e waffer de
chocolate maior que o hotel tinha para oferecer. Ela gemeu todo o
tempo, o que me levou a pedir licença e ir para o banheiro com umas
desculpas de "merda".
Esta manhã nos reunimos todos no hall para o café da manhã,
surpreendentemente, chegamos ali primeiro. Aubrey e eu pedimos
waffles e bacon. Brett pediu ovos e salsichas. Kevin desceu a seguir.
Sempre estava tão relaxado e tranquilo. Aubrey o chamava de o
Valium do grupo. Deu bom dia a todos e pediu tofu mexido. Blake foi
o próximo, tropeçou na cabine, ainda meio dormindo. Pediu um café e
pôs sua cabeça sobre a mesa. Derek foi o último, ele apareceu com
um enorme sorriso em seu rosto. Era muito provável que tivesse
passado acordado toda a noite fazendo coisas horríveis para
corromper a garota que levou para seu quarto.
— Uma boa noite? — Perguntou Blake para Derek.
— Ela me disse que queria uma noite mágica com uma estrela
do rock. Assim que a fodi e desapareci. — Disse Derek.
Blake começou a rir e Kevin zombou.
— Você acha ofensivo, mas eu acho engraçado. É por isso que
estou mais feliz que você. — Disse Derek a Kevin.
— Agir como um idiota não fará que cresça. — Disse Kevin.
— Sinto muito, se meu senso de humor te ofendeu. — Derek
começou a rir.
— Muito bem, é muito cedo para todos estes insultos. —
Repreendi eles.
Passamos o resto da manhã nos zombando de forma mais
amigável. Fomos para nossos quartos para pegar nossa bagagem.
Toda a banda voaria conosco para o próximo espetáculo no Biloxi,
Mississippi. Aubrey os advertiu que mantivessem seu melhor
comportamento ou ela se asseguraria de que a saída de emergência
fosse aberta acidentalmente. Amava ela loucamente. Queria muito
que a turnê terminasse. Tinha a esperança de que pudéssemos ter
um pouco de tempo de inatividade em Los Angeles para descansar e
relaxar. Talvez pudesse levá-la ao Arizona para conhecer Ron. Sentia
muita saudade, e não era mais jovem. Ron era a única figura paterna
que tive em minha vida, ele é incrível. Foi ele quem me ensinou a ser
um homem.Eu estava observando Aubrey arrumar sua mochila. Ela
me olhou e sorriu.
Quero me casar com esta garota. Ponto.
Capítulo 8
Com a vida fora de controle
Um mês mais tarde...

Aubrey
Esse mês que passei com Jake como meu namorado foi incrível.
Estávamos na metade do caminho da turnê. A turnê foi toda
vendida, e os shows foram sensacionais. Exceto pela sessão de
autógrafos. Odiava isso.
Hoje era o dia de São Valentín11, e acabávamos de chegar a
Houston. O show era no dia seguinte, e eu tinha grandes planos para
esta noite.
Também estava incrivelmente nervosa. Me sentia incomodada
por ter um namorado no dia de São Valentín. Não tive um em tanto
tempo que era estranho ter, mas Jake era literalmente perfeito. Não
acredito que pudesse ter encontrado um homem melhor, nem se
tentasse. Sempre tão amável e atencioso. Fazia pequenas coisas que a
maioria dos meninos nem pensariam. Por exemplo, se ia comprar
uma bebida, comprava uma barra de chocolate simplesmente porque
sabia que me faria sorrir. Afinal, chocolate é o caminho para o
coração de uma garota.

11 Dia dos Namorados


Estava mais que orgulhoso de me assumir diante de todo mundo
uma vez que nos tornamos oficiais. Mesmo que não estivesse
parecendo o melhor que podia, sempre estava dizendo "Essa é minha
namorada!". Adquirimos um vírus estomacal em Michigan e
conseguimos passar três dias repugnantes sem nos matar. Inclusive
dizia algumas coisas muito descaradas em suas entrevistas
ultimamente. Mencionou a palavra com "C" em mais de uma ocasião.
Uma vez que a imagem de meu anel chegou à imprensa, as acusações
de um compromisso secreto voaram. Minha mãe, é obvio, estava na
lua pelo entusiasmo. Meu pai e Jake tinham algum vinculo
masculino. Falavam como um par de garotas. Disseram que os
homens tinham que permanecer juntos.
Jake estava terminando de fazer os registros no Hotel Granduca.
O empregado entregou a chave, e fomos para nossa suíte. De repente
me senti muito ansiosa. O que acontece se eu fizer alguma coisa
errada? Piper estava me ensinando os detalhes a duas semanas desde
que tomei a decisão. Cada passo era um degrau mais perto de perder
meu cartão V. Estava preparada. Estava além de pronta.
Francamente, acreditava que se tivesse que esperar mais tempo ia
morrer de combustão espontânea.
Ele pôs a chave na porta e baixou a maçaneta. Respirei fundo.
Logo que passamos a soleira, Jake foi deixar a bagagem. Parecia
especialmente delicioso hoje, e eu estava decidida e com uma enorme
força de vontade. Ele usava um par de jeans baixo, desgastados e
rasgados, e uma camiseta branca e apertada que mostrava seus
ombros largos. Olhei para ele e mordi o lábio. Eu usava um vestido
transpassado justamente por este motivo. Esperei que me desse às
costas para desfazer habilmente o laço. Sabia que ele já tinha me
visto com pouca roupa antes, mas nunca estivemos completamente
nus na frente um do outro. Deixei que o vestido caísse aos meus pés,
mas fiquei com meus sapatos. Estava usando um conjunto de
calcinha e sutiã de renda vermelha. Ele se virou e me olhou com a
boca aberta.
— Feliz dia dos namorados. — Sorri.
— Sim é. Você está deslumbrante.
Fiquei vermelha enquanto ele se aproximava de mim. Me olhava
com total admiração, me fazendo sentir sexy e confortável. Ele me
amava apesar de minhas cicatrizes internas e externas.
— Estou preparada. Sei que falou que poderíamos falar disso,
mas não quero falar... Quero fazer. — Ronronei.
— Tem certeza? — Engasgou.
— Tenho certeza. Não queria que soubesse por que só queria
que acontecesse naturalmente.
Estiquei meus dedos e enrolei em seu cabelo, aproximando seu
rosto do meu, o empurrei para o quarto. Ele me olhou com desejo,
com completa adoração, fazendo com que a velocidade de meu pulso
acelerasse. Lentamente desabotoou meu sutiã e o desceu por meus
braços. Estendeu uma mão e esfregou seu polegar sobre meu mamilo
já sensível. Engoli em seco. Baixou a cabeça e tomou o outro em sua
boca, sugando levemente. Joguei a cabeça para trás, desfrutando da
sensação dele me tocando. Estava puxando sua camisa, tentando
retirar de uma vez por sua cabeça, mas se negou a para de sugar
meus seios. Agarrei um punhado do seu cabelo até que se afastou por
um minuto. Eu já estava encharcada, e quase não fiz nada. Joguei
sua camisa no chão e magistralmente desabotoei seu cinto. Devagar,
desabotoei o zíper das suas calças e as desci por suas longas pernas.
Jake Júnior balançava na minha cara. Tirei a língua e passei contra a
grossa cabeça, ele gemeu em voz alta. Sedutoramente olhei para ele
enquanto eu o colocava na minha boca. Passei a língua por debaixo e
senti os piercings. Havia quatro, como uma escada. Me afastou e me
deitou sobre a cama. Fiz uma careta, mas logo vi o fogo em seus
olhos. Virou para seu lado, de modo que estávamos na posição 69. O
tomei de novo em minha boca enquanto baixava seu rosto. Envolvi
minha mão ao redor da base de seu pênis grosso e comecei a
bombear. Passou a língua por meu dolorido clitóris, e gritei pela
sensação.
— Você não tem ideia de quanto tempo queria fazer isto. — Ele
gemeu.
Queria estar envergonhada, mas estava muito apaixonada por
ele para me sentir inclusive um pouco incômoda. O sangue pulsava
em meus ouvidos e o levei profundamente em minha boca. Ele
começou a correr a língua para frente e pra trás lentamente em meu
clitóris. Estava quase gozando quando ele parou. Virou na cama e me
colocou em cima dele. Eu o beijei com força e possessivamente,
provando a mim mesma em sua língua. Ele estava me esfregando
brandamente com a mão. Acrescentou um dedo e lentamente fez o
movimento para dentro e fora, e logo acrescentou outro. Senti que ia
gozar quando abruptamente se retirou.
— Quero te sentir, Aubrey. Preciso te sentir. Quer que eu ponha
uma camisinha? — Gaguejou.
Neguei com a cabeça.
— Comecei com a pílula faz um mês, e me disseram que estava
já posso transar. Não quero nada entre nós.
Olhei para o Jake júnior, e me preocupou se encaixaria.
— Te quero por cima, baby. Quero assim. Não confio em mim
mesmo para não ir forte e rápido. Segure minhas mãos e se mova
como quiser, vai doer, sinto muito. — Disse aflito.
Parecia aflito, e isso só me fez amá-lo ainda mais.
Me alinhei com ele e devagar empurrei para baixo. Meu ritmo
cardíaco fez um eco ensurdecedor por trás de minha caixa torácica.
Eu senti sua cabeça inchada entrando. Me senti tão bem. Baixei um
pouco mais, até que soube que era o ponto de ruptura. Apertei suas
mãos e empurrei até me encher por completo. Doeu, mas não era
nada insuportável.
— Deixa que seu corpo se acostume antes de começar a se
mover. Vá muito devagar. — Sussurrou com os dentes apertados.
Levantei um pouco e me movi um par de vezes. Era exatamente
onde fazia pressão. Senti minha liberação se aproximar como um
trem de carga.Jake moveu suas mãos e se encarregou dos meus
mamilos.
— Olhe pra mim, Aubrey. Quero ver seu rosto quando gozar.
Baixei o olhar e vi ele me enchendo. Era muito sexy. No
momento seguinte estava flutuando. Meus músculos palpitavam com
força ao redor dele. Não pude me conter mais, assim que me inclinei
sobre seu peito ele virou e se colocou em cima de mim. Entrando e
saindo lentamente, beijando meus lábios, meu rosto, meu pescoço.
— Aubrey, me sinto no céu. Poderia esquecer todo o maldito
mundo neste momento e nunca olhar para trás.
Ele começou a pegar um pouco de ritmo, e percebi que começava
a engrossar. Senti uma dor tão boa e a pressão de outro orgasmo que
começava a chegar.
Podia sentir os piercings cada vez que entrava e saía. Seu pênis
grosso começou palpitar, me enchendo. Minha visão ficou turva.
Cravei as unhas em seus ombros e gritei seu nome. Ele se inclinou e
me beijou.
— Eu te amo, Aubrey.
— Eu também te amo.
Transei pela primeira vez, e foi maravilhoso, magnífico,
sensacional...
Jake
Estava deitado ao lado de Aubrey, tirando o cabelo do seu rosto.
Não podia acreditar que acabamos de fazer sexo pela primeira vez.
Juro que era o único e melhor momento da minha vida. Não podia
acreditar que fui seu primeiro. Estava mais que comovido de que
confiasse tanto em mim. Deixou que suas inibições voassem, e era
muito linda. Só de pensar em seu movimento sobre meu pênis me
deixava dolorosamente duro. Era muito cedo para fazer de novo.
Provavelmente ela ia ter que tirar uns dois dias de descanso para se
recuperar. Comecei a pensar em tudo o que podia em um esforço para
me distrair. Meus pensamentos se voltaram para o show do dia
seguinte. Era nosso maior show até agora, e era ao ar livre. Puxei
Aubrey para perto de mim, em meus braços.
Estava tão acomodado quando meu estômago roncou. Merda!
Me dei conta de que perdemos totalmente a hora do almoço.
Perguntei a Aubrey se queria sair, já que era o dia dos namorados.
Disse que só queria comer aqui dentro, e eu estava mais que bem
com isso. Peguei o telefone e pedi o serviço de quarto. Pedi uma
festinha romântica que consistia em um prato de nachos, fatias de
carne e uma banana split.
Peguei minha camiseta da cama e a passei pela cabeça dela com
a esperança de que ajudaria; mas não ajudou. Na verdade, piorou.
Ela sorriu brilhantemente.
Quero me casar com esta garota. Me encontrava pensando muito
nisso ultimamente, pelo menos meia dúzia de vezes ao dia.
Agora que sabia o que era ter algo mais que sexo gostoso estava
arruinado. Provavelmente era tudo o que ia querer, o dia todo. Não
brincava quando disse que podia esquecer o mundo inteiro quando
estava dentro dela. Era como se meu corpo fosse transportado para
outro mundo. Quando a comida chegou nós nos acomodamos no sofá
e vimos reprises da série American Horror Story. Continuamente
perguntava se estava se sentindo bem. Sabia que eu era maior que o
normal, e estava realmente preocupado em tê-la machucado. Talvez
devesse ter tirado meus piercings na primeira vez. Me repreendi por
isso.
Aubrey notou minha preocupação, sentou e me olhou com
irritação.
— Estou bem, pare de se castigar. Sei que isso é exatamente o
que está fazendo. Não sou feita de cristal!
— Sinto muito. — Disse olhando para o chão.
— Sabia exatamente o que esperar. A parte dos piercings, esses
foram só um bônus adicional. — Fez uma pausa, como se estivesse
recordando.
— Doeram pra caralho no começo, mas depois...o prazer foi
tomando o lugar da dor e fez com que a dor valesse a pena. Sabia que
ia sentir dor depois, mas é uma dor boa. Então corta essa merda,
Parker!
— Sim, senhora. — Beijei seu cabelo e a puxei para mim.
Passamos o resto da noite relaxando antes de ir para a cama. Eu
a puxei para mim e consegui adormecer. No dia seguinte, quando
despertamos, tivemos que lutar para chegar ao local do show. Era
algo diário, e íamos fazer três séries diferentes durante todo o dia.
Tomei banho e coloquei o cabelo em pé. Tinha que parecer como uma
estrela do rock no dia de hoje. Coloquei um calção, já que fazia um
calor anormal hoje, e calcei meu sneakers. Escolhi uma camiseta que
ela comprou para mim em St. Louis que dizia "Te escrevi uma canção,
chama-se Vai se foder”. Aubrey saiu em um par de shorts pretos, uma
camiseta cinza bem apertada e seu tênis. Seu cabelo estava
lindamente trançado! Me deu uma piscada diabolicamente maliciosa.
Essa cadela! A agarrei e a joguei em cima do meu ombro, não
confiando em meu controle estando a sós com ela.
Brett nos esperava para receber o resto dos meninos no hall.
Uma pequena multidão se reuniu ao redor deles. Saudei todos, mas
segui caminhando e entrei no carro. Chegamos ao lugar e fomos à
tenda que foi instalada para os músicos. Estava sussurrando a
Aubrey quando meu arqui-inimigo Ian Voos, se aproximou. Ela era
consciente da nossa briga e zombou quando o viu. Isso vai dar merda.
— Jake Parker. — Olhou pra mim, e logo para Aubrey.
— Deve ser a nova namorada do Jake. Sou Ian Voos, vocalista do
Blood to Bleed. Estou certo que já ouviu falar de nós. Somos muito
maiores que a banda de merda do seu namorado. — Disse
condescendente.
— Não. Sinto muito, nunca ouvi falar. — Cuspiu. — Mas eu
tenho certeza que já ouviu falar da frase “Meta-se em suas calças”.
Acredito que levou isso muito literalmente.
Olhei para ver como estava vestido. Usava jeans apertados. Sorri
e reprimi uma gargalhada.
— Que tal se eu te der algo para essa boca inteligente? — Ele
pôs sua mão em seu lixo e deu um passo para ela. Brett estava em
estado de alerta, mas só ficou preparado.
— Sinto muito, mas minha mãe diz para nunca colocar coisas
pequenas em minha boca. — Replicou ela.
Caralho! Eu amava esta garota loucamente!
— Ouch. Bom, quando cansar de sair com a parte inferior da
cadeia alimentar, venha me encontrar.
Aubrey parecia enfurecida. Deu uma tapa na cara dele.
— Viu isso? Ela me deu uma bofeteada. — chorou ele.
— Não te esbofeteei. Foi carinho, mas falhou. — Ela agarrou
minha mão e se afastou.
— Isso foi épico e quente pra caralho! — Disse.
Puxei ela para uma sala vazia e a beijei apaixonadamente.
Baixou a mão e agarrou meu pênis duro. Gemi em voz alta com seu
toque. Nunca fui muito dado ao exibicionismo, mas com Aubrey não
importava onde estivesse. Sabia que ela ainda estava dolorida por
ontem à noite, mas tinha que tê-la. Movi seus shorts para o lado e a
acariciei calmamente, esperando que pedisse para parar. Em vez de
dizer para parar ela abriu meu zíper de modo que o Jake Junior ficou
livre. Foi para trás para sentar na borda da mesa. Envolveu suas
pernas longas e sexys ao redor da minha cintura e me puxou até me
pressionar contra seu centro quente e úmido. Lentamente afundei
minhas bolas em seu canal apertado. Envolveu seus braços ao redor
do meu pescoço e me atraiu para beijá-la. Empurrei dentro e fora com
cuidado para não machucá-la mais do que já estava. Engoli seu
gemido e a senti convulsionar ao meu redor, eu adorava o pequeno
ruído que fazia quando terminava. Muito perto do meu orgasmo,
empurrei nela com um gemido rouco. Fiquei onde estava durante um
minuto antes de me retirar. Não queria sair nunca. Ela sorriu
timidamente.
— Não posso acreditar que acabamos de fazer isso. — Riu.
— Pare de ser tão irresistivelmente sexy e não vai acontecer de
novo. Embora não acredito que seja possível. — Dei um beijo. — Eu te
amo, baby.
— Eu também te amo.
Ajudei ela levantar e me assegurei de que ambos parecíamos
apresentáveis. Entrelacei nossos dedos e voltamos à parte principal
da tenda. Brett estava em pé, vigiando a porta com um sorriso no seu
rosto. Manteve a boca fechada e nos seguiu ao redor, até que chegou
o momento de me preparar para nossa apresentação. Blake, Derek e
seus fãs se reuniram naquele dia, Kevin estava sentado em um banco
afinando seu violão. Beijei Aubrey e saí para o palco.
A multidão começou a cantar logo que estávamos à vista: —
Ransom, Ransom, Ransom.
— Houston! Como estão hoje? Faz mais calor que no saco do
Satanás! — Gritei no microfone.
Aplaudiram de novo, e Blake irrompeu com os primeiros
acordes de Ransom. Saltei com entusiasmo. Provavelmente tinha algo
a ver com a rapidinha que Aubrey me deu. Possivelmente tinha que
considerar e pedir que fizesse disso um ritual pré-show. Estava além
de empolgado. Quatro canções com esse calor extremo começaram a
me afetar, e senti que começava a empalidecer. Pus o microfone de
novo no suporte e saí do cenário. Estava orgulhoso de nossa
apresentação. Agarrei a mão de Aubrey e a levei de volta à sala que
finalmente estabeleci como a tenda da banda. Estava mais que
agradecido pelo ar fresco que os ventiladores davam. Agarrei uma
garrafa de água do balde de gelo e coloquei Aubrey em meu colo. Não
gostei de nenhuma das groupies que Blake e Derek pegaram.
Passamos um momento com os meninos na tenda até que nos
chamaram para a apresentação seguinte. Quando saímos, percebi
que já estava começando a ficar escuro. A atmosfera mudou, era
elétrica. Beijei Aubrey e disse que a amava. Sorriu com alegria e me
deu um tapa na bunda enquanto saía para o palco. Cantamos nossa
primeira canção. Era difícil ver alguma coisa com as luzes
deslumbrando meus olhos. A iluminação neste lugar era uma merda.
Literalmente estava sendo "cegado pela luz". Mesmo assim, me
assegurei de estar aos 110 %, como em todos os shows. Terminei a
apresentação e joguei a toalha suada à multidão. Graças a Deus que
só tinha mais uma série.
Quando sai do palco procurei Aubrey, mas não estava onde a
deixei. Perguntei ao Brett onde ela foi, ele me disse que ela saiu para
procurar um pouco de comida. Comecei a repreendê-lo por deixá-la ir
sozinha, mas sabia que sua primeira prioridade era minha proteção e
amparo, especialmente em um lugar como este. Me neguei a ir até
que retornasse porque não queria que nos separássemos e ter que me
preocupar com ela tentando me encontrar. Cinco minutos passaram,
e estava começando a enlouquecer. Fui até os meninos e pedi que, por
favor, fossem procurá-la. Sem pensar duas vezes, todos se foram e
começaram a procurar. Dez minutos mais tarde Brett estava
envolvendo a segurança do evento. Deram o alerta, mas me disseram
que não havia nada mais que pudessem fazer.
Acabei ficando sentado. Demandei que alguém da segurança
ficasse aqui enquanto ia procurar eu mesmo. Deixei instruções
específicas de que se ela voltasse me chamassem imediatamente.
Revisei todos os lugares de comida e os banheiros. Terminei com as
mãos vazias. Saía da última série de banheiros quando vi que Brett
estava no telefone gritando. Me pegou e me levou tão rápido como
pôde. Tentei lutar contra ele, queria saber que caralho estava
acontecendo. Não paramos até chegar ao estacionamento.
Ali estava o corpo sem vida de Aubrey, jogado no cimento. Meu
coração parou, e senti meus joelhos dobrarem. Brett me apanhou e
disse que a polícia estava a caminho.
Os paramédicos já estavam trabalhando nela, mas ela não
estava se movendo. Estavam tentando me afastar dela, mas Aubrey
precisava de mim. Finalmente me deixaram ir, fui e ajoelhei ao seu
lado. Esfreguei minha mão sobre sua cabeça. Estava úmida. Levantei
e vi que estava coberta de sangue.
— O pulso está normal. Também há pressão sanguínea. — Um
dos enfermeiros disse. Ele me olhou. — Conhece ela?
— É minha namorada. Seu nome é Aubrey. — Engasguei.
— Ela vai ficar bem. Temos que levá-la ao hospital para que
possa ser vista por um médico. Pode vir conosco se quiser.
Assenti. Brett parecia infeliz, mas disse que se reuniria conosco
no hospital. Não ia deixar ela sozinha, não importava o que. Eles
carregaram a maca na ambulância e fecharam a porta. A sirene soou
e fomos. Tomei sua mão na minha.
— Aubrey, pode me ouvir? Você vai ficar bem, baby. —
Sussurrei.
Levou quinze minutos para chegar ao hospital. Logo que
entramos pela porta de emergência fui reconhecido. Havia uma garota
com uns quinze anos com um braço quebrado. Começou a gritar, e
nesse desejei ter vestido um suéter com capuz. Uma enfermeira veio
correndo para a garota para ver qual era o problema. Vi o brilho de
reconhecimento em seu rosto. Imediatamente correu e nos fez entrar
em um quarto.
Um médico entrou e imediatamente começou a trabalhar em
Aubrey. Tinha o estômago na garganta enquanto olhava sem poder
fazer nada. Disseram que tinham que levá-la para fazer alguns
exames e que podia esperar aqui até que eles retornassem. Logo que
ela saiu do quarto, deixei cair minha cabeça em minhas mãos e
chorei. Chorei como nunca tinha chorado em minha vida. Senti uma
mão sobre meu ombro e levantei o olhar para ver Brett e os meninos.
Kevin se ajoelhou diante de mim e me deu um abraço muito pouco
viril.
Brett disse que a polícia estava na cena interrogando os
assistentes do show, mas até o momento ninguém viu nada. Não há
razão para que ela tivesse terminado em um estacionamento de
merda. Foi atrás de comida. Não estávamos brigados, então não tinha
que se afastar de mim. Blake e Derek aproximaram umas cadeiras e
me perguntaram se precisava de algo. A única coisa que precisava era
que Aubrey estivesse bem. Esperamos mais de uma hora e meia antes
que um médico finalmente entrasse. Disse que ela levou um golpe, e
havia inchaço no cérebro, mas parecia que nada estava quebrado.
Disse que era necessário colocá-la em coma induzido até que o
inchaço baixasse, para evitar danos maiores. Estavam levando ela
para a UTI para mantê-la em observação. Logo que o médico saiu,
uma desagradável mulher entrou em busca de informação sobre o
seguro. Não sabia onde estava a carteira de Aubrey, mas sabia que
tinha seguro. Disse isso à senhora, e me olhou como se eu fosse um
idiota. Disse que podia registrar meu cartão de crédito no registro, o
que resultou em uma boa risada. Que caralho!
— Escute senhora, sei que pensa que pareço um lixo, mas não
sou. Posso te garantir que tenho dinheiro suficiente para comprar
uma ala inteira neste hospital. Tome o cartão de crédito e registre. —
Empurrei o cartão de crédito de novo para ela.
A enfermeira de antes se aproximou e disse à mulher que podia
permitir qualquer tratamento necessário. Zombou e finalmente tomou
meu cartão. Me entregou volta, e fui procurar a UTI. Fiquei como um
guarda ao lado de sua cama tirei meu telefone para ligar para seus
pais. Tim atendeu ao primeiro toque.
— Ouça menino, como vai o Texas? — Perguntou.
— Tim, Aubrey esteve em algum tipo de acidente. Ninguém sabe
o que aconteceu. Eu estava no palco e ela foi procurar comida. A
segurança a encontrou inconsciente no estacionamento. Estamos no
hospital. — Disse aflito.
— Ela vai ficar bem? — Gaguejou.
— Acredito que sim. Tiveram que colocá-la em coma induzido
por causa de um inchaço cerebral. Além disso, disseram que parece
estar bem. — Vacilei.
— Porra. — Chorou.
— Pode chegar até aqui? — Perguntei.
— Que tipo pergunta estúpida é essa? É obvio que posso, sou
dono da minha própria companhia aérea. Vamos agora.
Desliguei o telefone e peguei sua pequena mão na minha. Odiava
que ela estivesse fria. A enfermeira disse que era devido ao fluido da
via intravenosa, mas mesmo assim eu não gostava. Seu rosto estava
coberto de sangue seco e sujeira. Levantei e fui ao lavabo. Passei um
par de toalhas sob a água quente e as esfreguei com um pouco de
sabão. Limpei brandamente seu rosto pálido e atirei as toalhas no
lixo. Voltei a me sentar na cadeira e disse aos meninos que voltassem
para o hotel. Só queria ficar sozinho. Brett ficou de pé do lado de fora
da porta fazendo guarda. Olhei seu peito subir e baixar até que o
cansaço me golpeou. Pus minha cabeça na cama e fechei os olhos.
Despertei surpreso, quando senti uma mão em meu ombro. A mão de
Aubrey ainda estava na minha. Levantei a cabeça para ver Tim,
Caroline e vovó Jean em pé no quarto. Esfreguei a mão livre sobre
meu rosto me negando a deixar Aubrey por um segundo.
— Olá, querido. — Disse Caroline beijando minha cabeça. —
Alguma notícia?
— Não aconteceu nada desde que liguei. — Esfreguei meus olhos
cansados.
Fiquei em pé para que Caroline pudesse sentar onde eu estava e
me sentei junto a Aubrey na cama. Tim parecia a ponto de chorar.
Estava destroçado. Vovó Jean beijou a cabeça de Aubrey e me
agarrou pelo braço me puxando para meus pés.
— Você, vamos! — Exigiu. — Vamos tomar um ar fresco, eu
preciso de um cigarro.
Quis protestar, mas não havia protestos. Isso já sabia.
Enganchou seu braço no meu e saiu pela porta. Brett nos seguiu
de perto enquanto caminhávamos pelas portas dianteiras do hospital.
Ficamos em pé ao lado da vovó Jean, enquanto ela procurava em sua
bolsa e tirava seus cigarros. Acendeu um e exalou uma nuvem de
fumaça.
— Relaxa, quer um? Ela vai ficar bem. Vai envelhecer
prematuramente se mantiver esta merda. — Me repreendeu. — Ouça
Jake, vocês são jovens, e tem toda sua vida pela frente. Obviamente,
foi um acidente. Acontece, e não há nada que possa fazer a respeito.
Todos temos dívidas a pagar nesta vida. A única coisa que pode fazer
é tentar não se foder nas trincheiras. Olhe pra mim. — Fez um gesto
a si mesmo com seu cigarro. — Sou velha. Sei das coisas. Quando
George morreu tudo o que consegui foi um fígado ruim e um coração
quebrado. Ainda pareço bem porque não me preocupo com merdas na
qual não tenho o controle. — Brincou.
A forma como colocou fazia sentido. Por mais que odiasse
admitir, ela tinha razão. Todos tínhamos dívidas a pagar. Exceto eu
que tomaria de bom grado ambas as dívidas, as minhas e as da
Aubrey.
— Sei. — Reconheci.
— Agora vamos voltar e conseguir algo para comer. Então vá
colocar suas calças de menino grande e a aja como um homem.
Minha neta precisa que seu namorado seja forte e que não aja como
uma mulherzinha.
Jogou o cigarro e pegou minha mão. Eu olhei para ela e quis
sorrir. Se havia uma definição para uma contradição ambulante era a
vovó Jean. Fomos para a cafeteria. Escolhi um sortido de coisas que
não precisavam estar resfriadas. Não queria ter que deixá-la de novo.
Peguei um par de bolsas de pretzels, um pouco de fruta e um
punhado de água engarrafada. Estava ansioso para voltar para
Aubrey. Paguei e voltei a UTI. Pedi ao Brett que ligasse e registrasse a
família de Aubrey no hotel do outro lado da rua. Vovó pediu que
assegurasse de que dariam um quarto com sacada para poder fumar.
Quando retornamos, percebi que ainda não havia nenhuma mudança
em sua condição. Agarrei outra cadeira para a vovó Jean e me sentei
frente ao Tim e Caroline. Meu coração estava quebrado por eles. Olhei
para Tim.
— Pedi ao Brett que fizesse reservas no hotel do outro lado da
rua para vocês. Se precisarem de algo, me avisem.
— Obrigado, Jake. — Tim assentiu.
— Por acaso têm a informação sobre o seguro de Aubrey? Não
sei o que aconteceu com sua carteira. Quando nos registramos eu
entreguei meu cartão de crédito para manter no arquivo, mas se
vocês o tiverem à mão podemos conseguir tirar essa enfermeira idiota
das minhas costas.
— Vou fazer o registro. — Disse Caroline agarrando sua bolsa.
— Vou trocar a informação de pagamento. — Tim começou a
levantar.
— Não faça isso. — Discuti. — Escuta, não me importo se tiver
que pagar por tudo. Só estava mencionando isso para o caso de terem
a informação à mão. Deveriam saber a essas alturas que o dinheiro
não significa nada para mim. Aubrey é tudo para mim. Claro que
tenho suficiente, mas quero cuidar dela. Vocês têm feito um trabalho
incrível nisso durante os últimos vinte e três anos, agora é minha vez.
Tim me olhava em estado de choque.
— Sinto muito, não foi minha intenção te interromper dessa
maneira. Só quero que ela acorde. — Me desculpei e esfreguei meu
rosto com as mãos.
— Eu sei filho. — Se aproximou e tocou meu ombro.
Decidi que embora não quisesse ir, precisava. Precisava me
acalmar. Quanto mais tempo me sentasse aqui, mais difícil ficaria.
Sabia que enquanto eles estivessem aqui, Aubrey não estaria sozinha.
Disse que logo estaria de volta, e peguei Brett. Voltamos para o hotel
para poder tomar banho e me trocar. Conduzimos em silêncio total.
Logo que estacionou na entrada, literalmente corri para o quarto e me
atirei no chuveiro. Tirei um boné da minha bolsa, não querendo
perder dez minutos aperfeiçoando meu cabelo. Peguei uma bolsa
pequena da Aubrey e coloquei algumas coisas que poderia querer
quando se levantasse. Coloquei a bolsa floral cor de rosa no meu
ombro como um campeão e fui para a porta. Brett riu, e eu disse para
calar a boca.
Voltamos para o hospital em menos de uma hora. Voltei para o
quarto, e todos pareciam estar esgotados. Disse que fossem procurar
algo para comer e se acomodassem no hotel. Prometi que chamaria se
houvesse alguma mudança na condição de Aubrey. Quando se foram,
fiz com que Brett ligasse para a gravadora para dizer que
reprogramassem as próximas duas semanas de show. De maneira
nenhuma eu iria para o Texas sem Aubrey. Os dias foram passando.
No dia seguinte não houve nenhuma mudança. No dia seguinte,
nenhuma mudança. No terceiro dia que Aubrey estava em coma, por
fim começou a retornar. Suas pálpebras se agitaram, e começou a
murmurar um pouco. Mantive um olho vigilante sobre ela por
qualquer pista de que fosse despertar. Os minutos passavam como se
fossem horas. As horas pareciam dias. Até que às 05h42min, senti
que apertou minha mão. Saltei da minha cadeira tão rápido que caiu
para trás fazendo barulho. Brett apareceu no quarto para garantir
que estava bem. Tim e Caroline acabavam de sair para conseguir algo
para comer, e vovó ficava quase sempre no hotel. Era só eu, eu e eu.
Seus formosos olhos marrons se abriram e olharam os meus. Podia
sentir sua ansiedade.
— Baby, está tudo bem. — Disse me aproximando. Golpeei o
botão e chamei à enfermeira. Ela veio alguns minutos mais tarde,
junto com o médico. Me neguei a soltar a mão de Aubrey. O médico
comprovou suas pupilas e começou a fazer perguntas básicas. Não
lembrava o que aconteceu.
— Lembro que fui procurar algo para beber porque não me
sentia bem pelo calor. Alguém me agarrou por trás e me afastou.
Tentei lutar, mas estava muito cheio. Golpearam minha cabeça e
pegaram meu anel. Isso é tudo que lembro. — Ela estava frustrada.
Neguei com a cabeça para o médico, para saber que eram perguntas
suficientes por agora. Olhei para sua mão esquerda e vi que o anel
que dei não estava.
Devia ter percebido. Como não vi isso antes? Fiz uma nota
mental para enviar Brett para conseguir uma substituição. Tinha que
haver uma Cartier em Houston, certo? Estava aliviado de que
estivesse acordada e falando. O médico disse que estava bem, que
comesse algo leve, mas realmente precisava descansar. Chamei Brett
e pedi que conseguisse comida para Aubrey e um anel substituto.
Coloquei a mão de um lado de seu rosto e beijei ligeiramente
seus lábios. Estavam secos, mas não me importava.
— Nos deu um susto, baby. Seus pais estão aqui. A vovó Jean
também. Vou ligar e avisar que está acordada.
Ela levantou uma mão.
— Só quero que me abrace por um minuto. Senti saudades. —
Sussurrou.
— Eu também senti saudades. Tanto.
Ela se afastou e deu um espaço para que pudesse deitar na
cama junto a ela, inclinou e pôs sua cabeça no meu ombro e seu
braço ao redor do meu estômago.
— Sonhei com você. — Levantei uma sobrancelha. — Na
verdade, sonhei que tínhamos um bebê. Nunca pensei que queria ter
filhos. Mas depois que te vi com nosso bebê, quero pelo menos três. —
Brincou.
Meu coração se inchou. Um bebê com Aubrey seria incrível.
Aposto que ficaria fantástica grávida.
— Um bebê, é? Vou te dar uma equipe de futebol se quiser. Só
quero que seja feliz — Me inclinei e beijei a parte superior de sua
cabeça.
— Sei. Você me faz feliz. — Sorriu.
— Vai ter que dar uma declaração à polícia. Pode esperar até
depois que coma e veja seus pais.
Brett retornou pouco depois com um pouco de comida e uma
pequena sacolinha de cor vermelha. Peguei a sacolinha vermelha e a
deixei de lado. Tirei tudo e pus na bandeja. Ele conseguiu limonada,
sopa e queijo grelhado. Alimentei Albrey com uns bocados da sopa de
queijo cheddar e brócolis. Quando terminou, chamei Tim para
informar que ela estava acordada. Estavam a caminho, mas vovó
Jean ganhou. Brett ia deixar à polícia saber que estava acordada. A
vovó irrompeu o quarto.
— Pãozinho de farelo de cereais, você parece acabada.
— Muito obrigada, Vó. — Disse Aubrey revirando os olhos.
— Fico feliz em saber que se tornou um ser inteligente. Estava
preocupada que quando golpearam sua cabeça tivesse se
transformado em uma pessoa normal. — Brincou. Comecei a rir.
Tim e Caroline entraram no quarto alguns minutos mais tarde,
levantei para sair da cama, mas Aubrey cravou suas unhas em minha
perna. Olhei para ela com curiosidade. Encolheu os ombros e me deu
um meio sorriso. Se aproximaram e a abraçaram com força. Se
certificando de que estava bem, só um pouco dolorida.
Ficaram até que apareceu a polícia. Encontraram sua carteira
em uma lata de lixo e trouxeram o conteúdo, ficariam com a carteira
com a esperança de tirar uma impressão digital e conseguir alguma
evidência. Interrogaram sobre o que nos aconteceu e informaram que
não havia câmeras de vigilância para que revisassem. Logo
perguntaram sobre o anel perdido, eu disse que como já tinha
chegado à imprensa qualquer um poderia saber dele e quanto
custava. Perguntaram sobre o preço, e disse a eles que um pouco
menos de cinquenta mil, o policial me olhou estupefato. Não disse a
eles que acabei de comprar uma réplica, podia imaginar as olhadas
que me dariam por isso. Expliquei que estava apaixonado e que nada
era muito bom o suficiente para minha garota, eles partiram e
disseram que entrariam em contato.
Aubrey queria tomar banho, então chamei à enfermeira outra
vez. Ela disse que tudo bem, mas que tomasse cuidado porque estava
debilitada. A ajudei a sair da cama e ir para o banheiro, desatei a
bata do hospital e olhei a contusão que ocupava a maior parte de seu
lado, deve ter se machucado quando caiu.
A ajudei a entrar na ducha e lavei seu cabelo, quando terminei,
a envolvi em uma toalha e a carreguei para a cama. Tirei um conjunto
de roupas intimas limpo do interior da bolsa que eu trouxe. Arqueou
uma sobrancelha, e então chegou a minha vez de encolher os ombros.
Também tirei sua escova, a ajudei a colocar a bata do hospital e
escovei seus cabelos.
Parecia cansada, então pedi que dormisse. Enquanto a olhava,
tive uma ideia. Assim que adormeceu, fui ao corredor para falar com
o Brett.
Perguntei ao médico quando dariam alta. Disse que quando se
sentisse bem, poderia voltar para casa amanhã. Pedi ao Brett que
fizesse todos os acertos necessários e voltei a me deitar com Aubrey.

Aubrey
Abri meus olhos e senti minha cabeça palpitante. Jake
continuava dormindo ao meu lado, o que era a primeira vez, já que
sempre acordava antes que eu. Se não o conhecesse melhor, teria
jurado que era um ser sobrenatural ou algo assim, já que dormia tão
pouco, entretanto, ainda tinha mais energia que qualquer pessoa que
conhecesse. Queria sair dali e dormir em uma cama normal, que não
cheirasse a desinfetante. Tentei me mover para me levantar e ir ao
banheiro, mas Jake abriu os olhos. Insistiu em me ajudar, e a contra
gosto o deixei, sabendo que era inútil lutar.
Meus pais vieram com sanduíches para o café da manhã e para
dizer adeus.
Partiriam para casa hoje, já que receberia alta. Minha mãe me
beijou na bochecha. Meu pai me abraçou com força e disse ao Jake
que cuidasse de mim.
Jake foi para minha bolsa e tirou um par de calças de moletom e
um suéter com capuz para que me trocasse. Escovei meu cabelo e o
prendi com um elástico na parte superior de minha cabeça. Insistiu
em ajudar a me vestir, do jeito que me tratava até parecia que eu
estava inválida, inclusive amarrou meus sapatos.
A enfermeira entrou e repassou as instruções da alta, então nos
desejou uma boa viagem. Viagem? Olhei para o Jake.
— Vamos para Los Angeles e conseguir um pouco de Rock &
Roll. — Me olhou fixamente.
— Tudo já está no carro. Só temos que chegar ao aeroporto. —
Sorriu.
— Terá a oportunidade de ver como vive sua melhor metade.
Subi na cadeira de rodas para o passeio obrigatório. Uma vez
que estivemos fora, Jake me ajudou a levantar e subimos na
caminhonete que nos esperava.
Havia um par de paparazzi esperando para tirar uma foto, mas
no geral escapamos ilesos. Fomos diretamente para o aeroporto e
subimos no avião. Chegamos a L.A às três da tarde. Brett disse que
era o de sempre, e que não correria nenhum risco. Saiu do avião e
comprovou o carro e seus arredores. Logo retornou dando a
permissão para sairmos do avião. Dirigimos até a casa de Jake na
Califórnia, decidi que se eu vivesse aqui não sairia de casa a menos
que não pudesse caminhar.
Chegamos a uma casa com vista para o mar. Brett tocou uma
série de números em um teclado, e a porta se abriu. Jake estava
sorrindo como o gato Cheshire de Alice no País das Maravilhas. Ele se
levantou e me estendeu a mão. Jake dispensou Brett para ir para sua
casa. Disse que poderia voltar amanhã, mas não antes de ligar. Tirou
as chaves do bolso e destravou a porta para abri-la. Se aproximou da
parede e desligou rapidamente o alarme. A casa cheirava a praia, logo
que as bolsas estavam dentro, fechou a porta e ligou o alarme de
novo. Não havia paredes, e toda a parte de trás da casa era de vidro.
Era de diferentes tons de azul e verdes claros. Estava cheia de alta
tecnologia. Havia uma escada em caracol no canto. Olhei com
assombro. Desde pequena sempre quis uma escada em caracol.
Estava acostumada a suplicar ao meu pai que construísse uma. Era
impossível, já que vivíamos em um velho rancho de um só andar,
Jake disse que me levaria ao seu quarto. Pegou minha mão e me
levou.
Subi as escadas até o quarto do Jake, todo o quarto estava
grafitado de azul marinho e branco. Seu mobiliário era de partes de
madeira. Tinha uma cama gigante no centro, de frente para o oceano.
Me aproximei da porta de correr, que dava para uma sacada,
destravei e deslizei a porta para que se abrisse. Havia duas cadeiras
de cor turquesa e uma sombrinha estrategicamente colocada nas
placas brancas. Senti a brisa cálida do oceano em meu rosto. Aspirei
o ar salgado. Me aproximei de sua cama e me deixei cair, era
confortável e cheirava como ele. Ele veio e se sentou na cama junto a
mim. Já me sentia muito melhor.
— O que está pensando? — Perguntou.
— Que não quero mais sair daqui. — Disse.
— Tinha a esperança de que dissesse isso. — Me beijou
levemente.
Ele se inclinou e pegou o controle para ligar a televisão, fez
pedido de comida chinesa e disse que tínhamos que ir comprar
comida, ir à praia e à banheira de hidromassagem amanhã. Fiz uma
careta e disse que queria ir à banheira de hidromassagem agora. Eu
ganhei. Depois do jantar, entramos na jacuzzi, me aproximei e me
sentei sobre ele. Rocei meus lábios com os seus, ele protestou, mas
não ia desistir.
— Senti saudades. — Fiz um beicinho com meu lábio inferior.
— Aubrey, acaba de sair de um coma de três dias.
— Exatamente, o que significa que estive sem isto durante três
dias. — Segurei seu pênis e massageei brandamente. — Estou me
sentindo desprezada. — Fiz um biquinho.
— Baby, meu controle não é tão bom. Vamos. — Declarou, mas
insisti.
Tirei minha calcinha e tirei sua boxer. Lentamente me empurrei
para baixo sobre ele, inclinou a cabeça para trás, e mordi seu pescoço
brandamente. Fizemos amor sob as estrelas, e aproveitei cada
momento disso. Mais tarde, quando estávamos na cama, lembrei de
algo e me assustei um pouco.
— Jake, você vai ficar bravo comigo. — Chorei. Parecia um
pouco assustado.
— Qual é o problema baby?
— Não tomei minha pílula nos últimos dias, e acabamos de fazer
sexo.
Deixou escapar um profundo suspiro.
— Sim, e?
— E então eu poderia ficar grávida. — Eu falei como se não fosse
obvio o suficiente.
— Você disse que em seu sonho tínhamos um bebê.
Simplesmente vai acontecer antes se esse for o caso. — Encolheu os
ombros como se não fosse uma grande coisa.
— Nem está zangado? Não quero que se sinta preso. — ah, como
pude ser tão estúpida?
— Arruinaria meus outros planos um pouco... Mas mesmo
assim estaria feliz. E mulher, por favor, estou esperando que me
prenda para que eu possa te ter para sempre.
A merda. Se aproximou da mesinha de cabeceira tirou algo.
— Tinha toda esta coisa romântica planejada, mas não quero
esperar mais. Tenho uma substituição.
Tirou uma caixa vermelha da Cartier e caiu sobre um joelho.
Abriu a tampa e situado no veludo cor nata estava uma réplica exata
do anel que foi roubado.
— Aubrey Jean Thompson, é e sempre será minha melhor
metade. É a minha imbecil inteligente, reviradora de olhos e
companheira de crimes. O dia que te conheci foi o dia em que aprendi
o que era respirar, você faz com que tudo em meu mundo seja melhor,
e não quero nada mais do que passar minha vida perdido em você. Eu
gostaria de poder te dar tudo, mas por agora espero que este anel seja
suficiente. Quer se casar comigo?
Olhei para Jake, e eu fiquei totalmente emocionada. Ali estava
ele, derramando seu coração me propondo casamento, e eu estava
choramingando como uma idiota. Atirei meus braços ao redor dele e
dei um tapa em sua bunda.
— Sim! — Gritei. — Sim, Jake Parker. Quero me casar com você.
— Graças a Deus! Eu te amo, baby.
— Eu também te amo.
Ele colocou o anel em meu dedo, e tivemos uma segunda
rodada.
Capítulo 9
Cúmplices de crimes

Aubrey
Acordei na manhã seguinte com o sol brilhando através das
janelas. Olhei ao meu lado, para meu anel de compromisso, e sorri
feliz. Escutei a música que vinha de baixo e fui procurar Jake.
Levantei da cama e caminhei pela escada em caracol. A música soava
a todo volume. Era Partner in Crime do Lit. Como encaixava... Jake
estava sentado à mesa de jantar com seu laptop. Não se deu conta da
minha presença, então escapuli ao redor e gritei: "Boo!" Deu um salto,
eu ri. Pegou minha mão, levou à boca e beijou o anel.
— Bom dia, minha linda noiva.
— Olá, bonitão.
— Você gosta de dragões?
— Essa é uma pergunta muito aleatória, mas sim, acredito que
são lindos, por quê?
— Porque vou esfregar12 minhas bolas em todo seu rosto logo,
entende? — Riu. Dei um tapinha em seu ombro.
— Isso é tolo, Jake Parker — Repreendi brincando.
— Você me ama de todas as formas.

12A autora faz um trocadilho em inglês com a palavra Dragons e a palavra Dragging que significa
esfregar.
— Te amo de todo o meu coração. — Fingi dramaticamente.
— Amo cada osso em seu corpo, especialmente quando estou
dentro dele. — Me deu uma piscada.
— Sim, bom, eu quero um beijo australiano. É como um beijo
francês, mas mais abaixo. — Sorri.
— Genial! — Ele assobiou.
— Alguém acordou do lado errado da cama hoje. — Brinquei.
— É, só que agora estamos imersos nisto, e todo o bate-papo do
bebê ontem à noite, fiquei entusiasmado, estive acordado quase toda
a manhã pesquisando.
— Jake, só disse que é uma possibilidade, não disse que vamos
começar a tentar ativamente.
— O que acontece se eu começar a praticar ativamente? Está
preparada? Porque baby, eu nasci preparado. — Sorriu.
— Oh, eu criei um monstro! Me deixe pensar nisso, certo? Na
verdade não pensei em outra coisa além da possibilidade geral.
Levantou e beijou meu nariz, parecia tão contido e incrivelmente
quente. Decidi ir tomar uma ducha para poder ir comprar um pouco
de comida, porque se ficássemos aqui por mais tempo, não
comeríamos nada todo o dia. Coloquei uma calça jeans e uma
camiseta rosa que dizia "Não chore, é só Rock &Roll".
Jake estava de pé na ilha da cozinha fazendo uma lista, eu
adorava a cozinha, e mal podia esperar para cozinhar nela. Tinha
todos os balcões eram pretos lisos, com eletrodomésticos de aço
inoxidável e pálidas bancadas de granitos. As paredes eram de cor
verde brilhante e tinham estes lustres lindos e antigos pendurados no
teto.
Olhei a lista que estava escrevendo:
✓ Leite
✓ Pão
✓ Suco
✓ Vitaminas pré-natais
Que o céu me ajude! Levantei uma sobrancelha e fiquei
vermelha. Segurou minha mão e me conduziu até a garagem. Fomos
até um Range Rover preto. Visualizei uma motocicleta perto dele.
Nunca mencionou uma motocicleta antes. Ele me disse que era uma
necessidade ter uma aqui, especialmente com o tráfego. Entramos no
carro e fomos à loja. Ligamos para meus pais no caminho. Minha mãe
estava muito emocionada, fiquei sabendo que Jake pediu minha mão
para meu pai, então ele sabia sobre o pedido.
— Ele te disse o que eu falei quando ele me perguntou? —
Perguntou meu pai.
— Não teve a oportunidade ainda. — Ele começou a rir.
— Bom, princesa, quando ele veio para mim e me pediu sua
mão, perguntei o que acontecia com o resto de você.
Ri. Essa linha era muito meu pai.
Continuando, liguei para vovó Jean. A primeira coisa que me
perguntou foi se já estava grávida, Jake disse que ainda não, mas
prometeu fazê-la bisavó mais cedo que tarde.
Fomos à loja e carregamos o carro com todo tipo de coisas,
incluindo as fodidas vitaminas.
Protestou no caminho porque se eu fiquei realmente grávida na
noite anterior seria particularmente benéfico eu tomar ácido fólico.
Sustentei que as possibilidades eram escassas, mas cedi para
acalmá-lo. Me encontrei fazendo muito isso ultimamente, o que era
muito diferente da minha personalidade normal.
Pagamos e fomos ao carro. Os paparazzi estavam ali tirando
fotos. Jake envolveu seu braço ao meu redor e lhe jogou um osso.
— Eu gostaria de apresentar a minha noiva, Aubrey. — Sorriu
com orgulho.
Abriu a porta do carro e me ajudou a entrar, ia ser um circo
midiático quando fosse publicado. Ligou para seu publicitário e disse
para permitir um comunicado que apareceria na imprensa. Eu
escutava enquanto ele estava no telefone.
— Não, quero que diga: "Imagine encontrar alguém que entende
até os cantos mais poeirentos da sua fodida alma. Essa é Aubrey". —
Olhou pra mim e sorriu.
— Não me importa, isso é o que quero dizer. — Desligou o
telefone. — Só queria ir a um lugar muito alto e gritar a todo pulmão
que te amo. Ele sorriu com entusiasmo.
Eu sorria como uma estúpida colegial. Isto estava acontecendo
comigo? Voltamos para casa e começamos a tirar a comida do carro e
levar para a despensa, quando ele veio por trás e me envolveu com
seus braços.
— Minha visão mágica me diz que não está usando calcinha. —
Passou os dedos pela borda das calças.
Me lançou por cima do ombro e me levou para cima. Me colocou
delicadamente sobre a cama e se inclinou para me beijar.
— Quero me perder em você. — Sussurrou.
Passamos à tarde toda "nos perdendo". Quando foi perto da hora
do jantar, decidi cozinhar alguma coisa. O mais provável é que
terminássemos nos “Perdendo” novamente e queimando o jantar, mas
a intenção é o que conta.
Estava polvilhando o queijo para colocar no forno quando o
telefone tocou. Era Piper. Merda! Esqueci de ligar pra ela!
— Olá, pequena. — Falei, colocando o jantar no forno.
— Não me chame de pequena. Merda, está me deixando louca!
— Eu sei. Sinto muito por não ter ligado. Estivemos, hum,
ocupados... sim. Ocupados.
— Ocupados minha bunda! A única forma que se manteve
ocupada foi deitada.
— Talvez. — Brinquei.
— Estou feliz por você, feijão. Depois de tudo o que esse pedaço
de merda te fez, já era hora de que encontrasse a felicidade. Não faz
mal que seja com o Jake Parker. Não soube que Jeremy se mudou
para L.A?
— Não. — Fiquei sem fôlego.
— Seu pai não disse nada? Estou bastante segura de que
inclusive Jake sabe.
Senti que meu ritmo cardíaco começava a acelerar.
— Depois te ligo.
Desliguei sem dizer adeus. Fui procurar Jake, que estava
sentado no pátio com seu laptop. Ele se inteirava por todas as
notícias que rodeavam nosso compromisso.
Levantou os olhos e eu o olhei com irritação.
— Qual é o problema, baby? — Perguntou desconfiado.
— Não me chame de baby. Esteve falando com meu pai a
respeito do Jeremy? Ele se mudou para Los Angeles! — Gritei.
— Sim? Estive tentando manter um melhor controle sobre as
coisas com ele. Sei que está em Los Angeles. Ele está do outro lado da
cidade, e ele não sabe onde estamos. — Se defendeu.
— E não acredita que eu deveria estar a par desta informação?
— Rugi.
— Baby, isso te traz más lembranças. Então para responder sua
pergunta, não. — Disse na maior tranquilidade.
Estava tão zangada que me segurei, ou algo assim. Fiquei
furiosa. Obviamente, viam o Jeremy como uma ameaça maior do que
originalmente se pensou. Agarrei as chaves da tigela sobre o balcão e
fui à garagem. Arranquei o carro, engatei marcha ré e tranquei a
porta. Dirigi como se o tivesse roubado. Não tinha nem ideia de onde
ia, e não me importava. Dirigi sem rumo até chegar a um mirante. Saí
e me atirei para sentar no capô do carro. Aproximei os joelhos do meu
peito e vi que o sol começava a se por. As luzes da cidade iluminavam
o céu. Ouvi um ruído forte à distância e ficava cada vez mais próximo.
Uma motocicleta preta parou ao lado do Range Rover. Sabia que era
Jake.
— Todos meus veículos têm GPS. — Sorriu.
— Isso é genial. Não quero te ver agora. — Disse.
— Vamos, não seja assim. — Suplicou.
— Como? Deveria ser da minha escolha se eu queria saber ou
não. — Gritei.
Olhei pra ele e soube que seria difícil manter a minha
determinação. Usava uma jaqueta de couro preta, e com um capacete
na cabeça. Parecia quente como o inferno.
Bufei e pulei do capô para poder me manter afastada dele. Ainda
estava furiosa. Odiava ser tratada como uma vítima. Era uma
sobrevivente, e a vida segue. Ele veio por trás e passou a língua pelo
pescoço. Tremi.
— Eu te amo. Só queria te proteger. Isso é o que fazem os
maridos.
— Não é meu marido ainda, e se continuar agindo desta forma,
não será.
Mordeu brandamente ao longo de meu ombro. Estava
derretendo e me transformando em uma poça.
— Vamos baby, vamos pra casa. — Sussurrou passando seu
nariz ao longo da minha orelha.
— Está bem. — Lancei minhas mãos no ar com irritação.
Ele murmurou algo como "Foi mais fácil do que pensava" e
voltou a subir na moto. Entrei no carro e o segui para casa, já que
não tinha nem ideia de onde estava. Certo, eu estava um pouco
contente que tivesse me encontrado. Provavelmente terminaria no
México se tentasse voltar sozinha. Passei pela porta e estacionei na
garagem. A casa cheirava a comida queimada. A comida! Corri para
cozinha e tirei o jantar queimado do forno.
— Então será cereal. — Ele sorriu, tirando uma caixa de Lucky
Charms do armário.
Tirou dois pratos e serviu os cereais e o leite. Me entregou uma
colher, e comi.
O Marshmallow me fazia lembrar quando era uma menina. Senti
que meu estado de ânimo se aliviava levemente. Depois do jantar,
Jake pegou seu violão e segurou minha mão. Me levou ao pátio diante
de um pequeno fogo na lareira. Começou a cantar Reason to Believe
do Rod Stewart. Sorri lembrando da conversa que tivemos na Virginia
depois de recuperar meu iPod.
— Você gosta de Rod Stewart? — Jake me olhou como se eu
estivesse louca.
— Claro! O que posso fazer? Minha mãe sempre escutava
enquanto eu crescia. Lembro de momentos felizes. — Confessei.
— Parece estranho passar de bandas como Battlescars e
ThreeDays Grace a Rod Stewart e James Taylor.
— O que posso dizer, tenho gosto eclético. — Brinquei pegando
meu ipod de volta.
Cantou as letras pecaminosamente. Era estranho o quanto eu
gostava mais ao vivo, em comparação com as versões gravadas. Uma
vez eu perguntei por que nunca tocava um instrumento no palco. Ele
disse que não acreditava ser bom o suficiente, também gostava de ter
a liberdade de se mover pelo palco e tocar fazia com que fosse mais
difícil. Começou outra canção. Fiquei olhando ele mover seus dedos
com habilidade pelo mastro do violão. Decidi que foi perdoado. Sobre
tudo, depois que ele cantou maravilhosamente para mim diante da
fogueira.
No dia seguinte, esteve ao telefone discutindo com seu
empresário, soube que acrescentaram uma última parada na turnê,
que terminaria aqui em Los Angeles.
Foram jogados em outro grande local com o Blood to Bleed, e
Jake não queria tocar com Ian de novo. Estava furioso. Eu sabia que
não se davam bem, mas sua reação me pareceu um pouco exagerada.
Tinha algo a ver com a época em que Jake estava começando.
Ian o maltratou e fez de tudo para que fracassasse. É evidente
que não funcionou já que esgotaram todos os ingressos para os
shows, e era praticamente um acessório para qualquer fã de rock’ n
roll. Não me importava com Ian, sobre tudo porque era um idiota
arrogante. Jake atirou o telefone contra a parede. Caiu no chão com
um estrondo.
— Sinto muito. — Disse se jogando em mim para me abraçar.
— O que foi isso? — Perguntei.
— Só a merda estúpida que sempre fazem. Toda vez, porra!
Ele tinha que se acalmar. Empurrei ele contra a parede a qual
acabara de lançar seu telefone e caí de joelhos, desabotoei seu zíper e
fui para baixo. Engoli o máximo que pude enquanto ele corria suas
mãos por meu cabelo. Quando terminei, parei e sorri para ele.
Jake me agarrou pela cintura e me fez girar, assim estava de pé
justo onde ele tinha estado.
— O que há com esse beijo australiano? — Sorriu.
Me empurrou contra a parede e enganchou minha perna por
cima do seu ombro. Moveu minha calcinha para lado e deixou cair
seu rosto entre minhas pernas. Mordeu, lambeu até formar um
redemoinho no qual estive me retorcendo. Ele me moveu de forma
que fiquei por baixo dele. A merda de lugar da felicidade, eu estava no
paraíso. Ele continuou empurrando dentro de mim até que voltei a
gritar. Minhas pernas se sentiam como gelatina, e estava
completamente esgotada.
— Deveria me irritar mais frequentemente. — Ele sorriu. Eu
golpeei seu peito.
No dia seguinte, levantamos cedo e saímos, fomos fazer um
trabalho voluntário em um restaurante, um lugar onde Jake ajudava
quando estava em casa. Subimos na sua caminhonete e fomos para o
centro. Vi como o mar desaparecia e a cidade ficava à vista. Paramos
no que se considerava uma "Zona escura" da cidade. Entramos na
cozinha pela porta traseira. Jake agarrou dois aventais de um gancho
e me deu um. Segurou minha mão e me levou mais para dentro. O
lugar parecia como qualquer outra cozinha comercial que havia visto.
Havia gente por todo lado preparando comida, enquanto que outros
serviam pratos.
— Rosie! — chamou Jake.
— Estou aqui! Você, cabeça de burro. — Gritou ela.
Notei uma mulher que parecia estar em seus sessenta. Era baixa
e robusta, de óculos, com o cabelo grisalho e encaracolado, se
aproximou e abraçou Jake com alegria. Ia ter que provocá-lo por ter
uma coisa por mulheres com mais idade. Primeiro mamãe Bee e agora
Rosie.
— Como está, bebê?
— Estou muito bem, Rosie. Como esteve por aqui desde que fui?
— Aguentamos. Graças a você. — Jake ruborizou.
— Não foi nada, Rosie. Já te disse isso. — Ele passou a mão pela
parte posterior de seu pescoço, incomodado.
— Eu não chamaria cem mil dólares de nada. — Pressionou ela.
— Podemos parar de falar disto? Estou ficando incomodado.
— Claro que sim, querido. Ela é Aubrey? — Voltou sua atenção
para mim. Jake assentiu.
— É um prazer te conhecer, Rosie. — Ofereci minha mão.
— É um prazer te conhecer, Aubrey. Garanta que ele fique na
linha, você me entendeu? — Sorri. — Agora vamos trabalhar.
— Sim, senhora. — Disse Jake.
Ele me levou onde se servia a comida. Já havia uma fila frente à
porta. Jake saudou cada pessoa que entrava pela porta com um
sorriso. Inclusive tirou fotos e assinou algumas camisas. Ele era
completamente diferente aqui. Era humilde, mas eu já sabia que Jake
tinha um lado brando. Vi de primeira mão quando me ajudou em
meus ataques de pânico. Ajudamos a servir e lavar os pratos a maior
parte da manhã, até à tarde. As duas, Jake disse a Rosie que
tínhamos que ir porque tinha uma visita programada no hospital local
de crianças. Penduramos nossos aventais e nos despedimos.
Era uma lástima que nenhuma de suas boas obras nunca virou
notícia. Pouco depois, chegamos ao hospital. Jake estacionou na
frente e foi abrir a porta com um sorriso em seu rosto. Percebi que
estava emocionado por me trazer aqui. Entramos pela porta giratória
em uma zona de recepção com cores vivas. Havia murais pintados por
pacientes que cobriam as paredes. Jake nos registrou e me conduziu
por um corredor até a sala de recreação. As crianças já estavam ali,
esperando a sua chegada. Logo que entrou na sala, todos explodiram
de contentamento ao vê-lo. Olhei ao redor, para seus rostos
sorridentes. Não pude evitar sentir um pouco de tristeza, já que
estavam aqui por uma razão: estavam doentes. Jake apertou minha
mão me tranquilizando, enquanto entrávamos na sala. Uma menina
correu para ele e abraçou suas pernas.
— Princesa Penélope. — Sussurrou ele.
Ele ficou de joelhos para estar ao nível dela e deu um abraço.
Era tão frágil e pequena. Não acredito que pudesse ter mais de quatro
anos. Tinha um lenço rosa na cabeça. Meu coração se partiu. Era tão
pequena para estar passando pelo que só podia imaginar que era
algum tipo de câncer ou outra enfermidade infantil. Tinha o rosto
redondo mais adorável e grandes olhos verdes.
— Jake! — Ela envolveu os braços ao redor do seu pescoço.
Ele se levantou com ela e a beijou na bochecha.
— Aubrey, eu gostaria que conhecesse a princesa Penélope.
Fiz uma reverência, e ela riu. Sua risada era mágica.
— É um prazer te conhecer, princesa Penélope.
— Aubrey vai ser minha rainha logo. — Disse Jake. — Vamos
nos casar.
— Posso ir? —Perguntou ela.
— Se os médicos, sua mamãe e papai disserem que está bem,
então absolutamente pode vir. — Ele a beijou na bochecha e a pôs no
chão.
Ela aplaudiu emocionada, e correu para quem assumi fosse sua
mãe. Olhou para Jake com lágrimas nos olhos e pronunciou
obrigada, se aproximou de um menino com os cabelos castanhos e
sardas que estava perto.
— Hey, Daniel. Como está meu amigo?
— Bem. — Disse timidamente.
— Esteve jogando Wii ultimamente?
— Sim, e Rock Band. Quero ser como você quando for grande. —
Sorriu.
— Continue praticando, e será. — Acariciou a pequena cabeça
do menino. Fomos para a televisão, onde Jake jogou Rock Band com
Daniel. Depois de que terminaram tivemos uma festa do chá com
Penélope, e Jake disse que tinha que fazer um par de paradas antes
de sair porque alguns dos meninos estavam muito doentes para
descer na sala de recreação. Foi muito amável e paciente com todos.
Fez com que cada um deles fosse a pessoa mais especial do mundo.
Vê-lo assim aliviou meus temores de poder estar grávida. Ia ser um
bom pai algum dia, e tinha sorte de que fosse ser meu marido. No
caminho para casa o felicitei por todo seu trabalho filantrópico.
Encolheu os ombros e disse que não era nada.
— Quando era um menino, antes da minha mãe morrer, eu teria
morrido de fome se não fosse o restaurante. Ajudavam um montão de
gente. Embora as crianças sejam especiais. Só merecem a
oportunidade de serem crianças, eu adoro ir lá e vê-las sorrir. Eu
gosto de pensar que talvez, só talvez, tive algo a ver com isso.
Penélope é minha bonequinha, eu amo loucamente essa garota!
— Isso é nobre, Jake. Não deve ficar envergonhado disso, deve
estar orgulhoso.
— Está bem, chega de falar de mim, vai subir à cabeça. —
Brincou.
Rapidamente trocou de assunto para comida e exigiu que
parássemos no In-N-Out Burger no caminho de casa. Concordei e tive
minha primeira experiência In-N-Out. Sim, são exatamente como se
pintam, e muito mais.
Passamos o resto de nosso tempo em L.A relaxando e vagando
pela praia. Não tivemos nenhuma outra briga. Nós dois estávamos
tristes de que essa fosse nossa última noite aqui antes de voltar para
a turnê e terminar os shows da Costa Oeste. Íamos perder nossa
pequena bolha. Fiz camarões para o jantar, e comemos no pátio em
frente ao oceano.
Tudo era perfeito... Quase muito perfeito.
Capítulo 10
Amor bêbado

Aubrey
Esta noite estávamos em Omaha. Estava rindo de Jake
pulverizando seus cabelos recém-tingidos. Desde que decidi que
estava na hora de retocar a tinta do meu cabelo, exigiu acrescentar
um pouco de rosa às pontas do dele, então poderíamos combinar.
Comecei a rir, pois pensei que estava brincando, mas não. Então
diante de mim estava a minha estrela do rock rude com cabelos
negros e pontas cor de rosa.
— O que acha? — Perguntou.
— Ficou muito bom. — Zombei.
— Eu imaginei. — Ele sorriu e se inclinou para me beijar.
Entramos no corredor, e Brett rompeu em um ataque de risada.
Jake o golpeou no ombro. Fomos ao quarto dos meninos no final do
corredor. Esperava suas reações mais que tudo. Jake bateu na porta.
Kevin abriu a porta com os olhos arregalados, mas não disse nada.
Blake e Derek estavam sentados no sofá. Quando olharam para nós,
Blake caiu instantaneamente no chão segurando o estômago com
uma incontrolável gargalhada.
— Oh meu Deus, o que você fez? — Riu Derek.
— Está muito ruim? — Jake me olhou.
Sorri e neguei com a cabeça.
— Tenho que começar a comprar absorventes? — Perguntou
Blake, levantando do chão.
— Cale a boca, idiota. — Jake lançou um travesseiro.
Eles continuaram rindo enquanto abrimos a porta e saímos pelo
corredor. Jake agarrou minha mão e entrou no elevador. Me
empurrou contra a parede e me beijou.
Os meninos assobiaram atrás de nós. Ele se virou e sorriu. Dei
uns tapinhas em suas costas para tranquilizá-lo. Chegamos ao palco
com tempo de sobra. Cantou One and Only de Adele durante a
passagem de som. Passaram os momentos seguintes sacaneando
Jake sem descanso até que chegou a hora, para eles, de seguir
adiante.
Dei um beijo pré-show e o empurrei para o palco. Era a primeira
vez que se apresentavam desde que a notícia de nosso compromisso
explodiu.
Blake se aproximou de seu microfone. — O que acham do novo
penteado deste fantoche? — Gritou.
A multidão gritou em resposta.
— Sinto muito, garotas, parece que Jake Parker está
oficialmente fora do mercado. Eu, pelo contrário, continuo sendo, sem
dúvida, solteiro.
Um cara que estava bem na frente disse que se calasse. Blake
lançou uma palheta de guitarra e acertou bem entre os olhos.
— Olhe, tenho uma grande pontaria, e só perguntar pra sua
namorada. — Blake deu uma piscada para a garota de pé junto a ele,
que se tornou todo amor de repente.
Derek começou a tocar bateria, e o lugar enlouqueceu. As luzes
começaram a apagar e Jake gritou no microfone.
— Omaha, vamos fazer isto!
Saltou e se moveu com agilidade pelo palco. Eu adorava vê-lo se
apresentar, e realmente ia sentir saudades disso quando a turnê
terminasse. Antes, estivemos discutindo onde queríamos ir viver
depois que nos casássemos. Decidimos mutuamente dividir nosso
tempo entre Los Angeles e Ohio. Ele queria comprar uma propriedade
e construir uma casa perto dos meus pais. Pensou que provavelmente
acabaríamos ali o tempo todo se tivéssemos filhos. Disse que ainda
teria que continuar vindo a Los Angeles para gravar, por isso
manteria sua casa para escapadas.
Ainda não podia acreditar que estávamos planejando um maldito
casamento. Não queria nada louco, ou inclusive grande. Minha mãe
tinha dificuldades com o fato de que queria me casar com um vestido
preto, mas disse a ela que o branco simplesmente não era minha cor.
Pensávamos em fazer isso muito em breve, logo depois que a turnê
terminasse, em pouco mais de um mês! A princípio me pareceu muito
rápido, mas Jake insistiu que estávamos destinados a estarmos
juntos. Nenhum dos dois via sentido em prolongar o inevitável.
Terminando a série, ele jogou uma toalha a uma garota que
provavelmente dormiria com ela sobre seu travesseiro. Desceu do
palco e me agarrou. Envolvi minhas pernas ao redor de sua cintura e
o beijei. O Jake suado era algo aprendi a amar.
— Esse foi um grande espetáculo! — Elogiei.
— Obrigado, baby.
Tinham uma seção de autógrafos programado atrás dos
bastidores para alguns ganhadores de um concurso, e depois uma
entrevista marcada com uma estação de rádio local. Caminhei com
ele de volta à sala cheia de admiradores, tirou várias fotos e assinou
CDs e camisetas. Quando a sala esvaziou, se reuniram em um sofá
gasto e se prepararam para sua entrevista. Me afastei com Brett. Jake
me queria ao seu lado, mas eu disse que se tratava dele e a banda.
— Olá, meninos, sou Ryan da WRU. — Um alto e magro homem
de cabelo escuro com tatuagens se aproximou da banda e se
apresentou.
— Jake, Derek, Kevin e eu sou Blake.
— Sei quem são todos vocês. — Riu. — Tenho algumas
perguntas, se vocês quiserem começar.
Sentou e colocou a mão em sua bolsa, tirou um bloco de papel
de notas e ligou um gravador.
— A pergunta número um vem de Terry. Estão trabalhando
atualmente em seu novo álbum?
— Não estamos atualmente em estúdio. Mas Jake tem algumas
coisas muito legais nas quais estivemos trabalhando. Com sorte
poderemos ser capazes de entrar no estúdio assim que a turnê
acabar. — Respondeu Kevin.
— Seguinte, vocês, meninos: Tiveram que re-programar um bom
número de shows devido a razões pessoais. Importaria se entrassem
em detalhes?
— Minha noiva teve um acidente e precisava de tempo para se
recuperar. Não seria justo para os fãs que eu atuasse nessas
circunstâncias. Definitivamente, não teria sido o melhor de mim. Por
muito que esteja casado com a música para o bem ou para mal,
Aubrey é minha prioridade. — Disse Jake.
— Fico feliz que ela está melhor. — Disse Ryan me olhando.
Jake grunhiu. — Está bem. Word acaba de anunciar que vocês serão
a cabeça da Excursão Radioativa junto com o Blood to Bleed. A
indústria não é alheia à disputa de muitos anos entre o Jake e Ian.
Também há o rumor de que o Blood to Bleed acaba de adquirir um
novo baixista que poderia rivalizar com o Blake. Algum comentário?
— Ian é uma mancha de merda. Minha habilidade é
incomparável. Sim, sei que é vaidoso, mas é a verdade. — Disse Blake
com ares de suficiência.
— Ian lembra o que uma vaca defecaria. — Repicou Derek.
— Escuta, não quero andar chutando um cavalo morto aqui.
Sim, Ian e eu não nos damos bem. Ele tentou sabotar minha carreira
desde o começo, e não pôde. Entretanto, nega a se dar por vencido. O
Battlescars tem seus próprios seguidores, fãs leais. Iremos a
Radioativa, e vamos chutar seus traseiros. Logo, pretendo me casar e
entrar no estúdio. Fim. Ian não tem lugar em minha vida, além de
agir como uma pulga.
— Há planos de casamento em curso?
— Boa tentativa. Sim há, mas não vou revelar nada até depois
que aconteça. Será um evento discreto, só para família e amigos
próximos.
— Obrigado por seu tempo esta noite, meninos. Realmente
gostei, e boa sorte, Jake, ela é incrível.
— Olhe para ela assim novamente que te encho de porrada. —
Sorriu. Se aproximou de mim e pôs seu braço ao redor de meu
ombro.
— Vamos. — Ele me levou para a porta.
Subimos no carro que estava nos esperando e voltamos para o
hotel.

Jake
Voltamos para o hotel, e tanto como queria me envolver nos
lençóis com Aubrey, algo da entrevista me incomodava. Disse que
queria falar com os meninos a respeito de algo e que voltaria em
seguida. Ela sorriu e foi tomar um banho. Brett e eu caminhamos
pelo corredor. Bati na porta e entrei. Foi uma noite bem calma para
eles. Pelo menos não havia nenhuma groupie flertando por aí. Disse
que precisava falar com eles. Atacamos o mini bar por um pouco de
cerveja e nos sentamos na sala da sua suíte.
— Amo vocês, caras, vocês são como meus irmãos, e vou contar
algo em confidência absoluta. Se alguma palavra sair desse quarto,
eu pessoalmente vou me encarregar de matar vocês com minhas
próprias mãos.
Me olharam para que continuasse.
— Hoje na entrevista o cara mencionou algo a respeito do Blood
to Bleed tendo um novo baixista. Busquei em meu celular no caminho
de volta, e é alguém que Aubrey conhece. Não é bom. Em um verão,
quando ela era adolescente saiu com um baixista, e é este cara
Jeremy. Ele tem algum tipo de doente obsessão com ela. Aqui está a
coisa... Quase todas suas tatuagens são para cobrir as cicatrizes.
Cicatrizes que ele deu a ela.
— Está zoando com a gente, certo? É uma pegadinha? —
perguntou Blake, procurando ao redor por uma câmera escondida ou
algo.
— Só está brincando, certo? — Perguntou Derek
— Desejaria estar. Ele a atacou fatalmente. Deixou um montão
de cicatrizes, ele pegou uma faca de caça e a cortou como se fosse um
pedaço de carne. De fato, esculpiu seu nome no peito dela. Fez uma
cirurgia para reduzir a cicatriz, mas não saiu completamente. Por isso
fez as tatuagens para cobrir.
— Que doente! — Gritou Derek, chutando a mesa de café.
Kevin parecia que ficaria doente. Sabia que de verdade gostava
de Aubrey, e tinham se aproximado nos últimos meses. Ele acreditava
que ela era boa para mim.
— Não quero que ela fique sabendo, se puder evitar. Ele tem
uma vingança contra ela, e eu quero protegê-la tanto quanto posso.
Vai ser um problema já que ela vem a cada show, e agora temos que
tocar com eles. Preciso encontrar uma maneira de fazer que ela fique
em casa esse dia. Preciso que vocês me ajudem com um plano. Não
vai ser fácil de controlar. — Encolhi os ombros.
— Encontraremos uma forma, irmão. — Disse Blake. — Não
posso te prometer que alguma das cordas do meu violão não
terminará ao redor do pescoço dele, mas encontraremos uma forma
de manter Aubrey segura.
— Que se foda a corda do violão. Vou encaixar uma baqueta no
olho desse idiota.
— Mataria com amabilidade. — Kevin riu. Todos o olhamos
como se tivesse crescido outra cabeça. — Só estou dizendo.
Me retirei para meu quarto e me preparei para a próxima
parada. Não consegui afastar a sensação de medo. Olhei para Aubrey,
adormecida, e tentei dormir um pouco também.
Brett ia começar a carregar sua arma consigo mais uma vez.
Sempre a trazia, no caso de emergência, mas nunca chegou a esse
ponto. Agora, sabendo que Jeremy estava à espreita, tínhamos que
tomar precauções extras. Haverá casos que podemos terminar na
mesma cidade durante um período de tempo. Eu ainda estava
acordado quando Aubrey despertou na manhã seguinte. Olhou para
mim cética. Admiti que foi uma noite difícil por causa da entrevista e
que eu não consegui dormir. Ela me repreendeu e me disse que eu
deveria tê-la despertado. Só puxei ela pra mim e respirei. Mas isso
não fez nada para acalmar meus nervos. Sabia que tinha que dizer ao
Tim, mas precisava me assegurar de que Aubrey não estava em
nenhum lugar escutando quando contasse.
Tomamos banho e fomos para o avião. Esperávamos tocar em
Denver durante dois dias. Eu estava olhando meu celular quando um
aviso apareceu, me recordando que era o aniversário de Aubrey na
próxima semana. Merda! Precisava pesar em algo memorável. Queria
fazer algo especial para ela. Aterrissamos em Denver e nos
registramos em um Bed & Breakfast13 que escolhi, algo fora do
comum, e seria capaz de manter um pouco de privacidade ali.
Avançamos para a mini mansão e nos apresentamos à proprietária,
Ruth. Ela nos mostrou nossa pequena residência e se foi. Era um
lugar agradável. Nosso quarto era vermelho e com um estilo vitoriano
que era incrível.
— Um Bed & Breakfast — Brincou Aubrey.
— O que posso te dizer? Eu te disse, sou um otário. E inclusive
mais agora que está aqui para compartilhar comigo. — A beijei
Ela começou a chorar. O que disse?
— Baby, está bem?
— Estou bem. — riu.
— Por que está chorando?
— Não sei. Só estou me sentindo um pouco emocionada hoje,
isso é tudo.
— Vai estar tão emocionada amanhã quando descobrir com
quem vamos tocar. — Sorri.
Ela ia enlouquecer e ficar toda fanática comigo.

13 Um tipo de pousada/hotel
Aubrey
Chegamos ao anfiteatro dos Rede Rocks e rodeamos por trás do
cenário. Jake terminou a passagem de som. Fiquei surpresa em
descobrir que eles abririam o show.
Estávamos caminhando quando parei em seco.
OH MEU DEUS!!! Meu pulso começou a martelar.
— Esse é Brian Fallon! Do Gaslight! — Gritei.
— Sim. Quer conhecer ele? — Ele levantou uma sobrancelha.
Sorri e assenti. Pegou meu braço e me levou para frente. Jake
bateu no seu ombro. Ele se virou.
— Olá, Bri.
— Jake, como está homem? Ouvi que as felicitações estão em
ordem.
— Definitivamente. Esta é minha noiva, Aubrey. Aubrey, Brian
Fallon.
Estava completamente deslumbrada.
— Prazer em conhecê-la. — Ele sorriu.
— Igualmente, sou uma grande fã. — Falei.
Ele riu de mim. — Estou feliz em escutar isso. Foi um prazer te
conhecer, Aubrey. Bom te ver, Jake.
— Por que não fica toda fanática comigo? — Brincou Jake.
— Fica quieto. — Brinquei, e belisquei suas costelas.
— Ouch. — Ele riu.
De repente comecei a me sentir realmente enjoada. Não queria
que Jake se preocupasse, então não disse nada. O mais provável era
que fosse por estar viajando muito tempo e a falta de sono que vinha
com isso. Ainda não estava completamente recomposta do incidente.
Olhei para o palco enquanto tocavam, e pedi que ficássemos
para vermos juntos o Gaslight tocar. Ele sorriu e puxou uma cadeira,
então podíamos nos sentar e assistir. Eu os amava absolutamente, e
eram muito melhor ao vivo, se isso era possível.
Abriram com Handwritten, e eu cantei junto com eles. Ok, cantei
o show inteiro. Era totalmente eletrizante, eu estava completamente
cativada. Também meio envergonhada de estar mais emocionada de
ver eles que meu futuro esposo. Pelo menos, Jake estava bem com
isso. Quando terminaram o show, Brian me deu uma palheta de
violão, e quase desmaiei.
Jake me arrastou até o carro, e avançamos para o hotel. Quase o
violei no caminho. Uma vez que estávamos no quarto, ataquei ele. Ele
não se importou. Até que comecei a me sentir enjoada outra vez. Me
afastei e corri para o banheiro.
Jake foi atrás de mim e segurou meu cabelo enquanto vomitava.
Gemi.
— Espero que não tenha pegado outro vírus. Kevin disse que
não estava se sentindo bem também. — Pôs uma toalha sob a água
fria e a pôs contra minha testa, eu me levantei e escovei meus dentes.
Jake chamou o serviço de quarto e pediu bolachas salgadas, chá
de camomila e xarope de gengibre. Me ajudou a colocar o pijama e me
pôs na cama. Me alimentou com as bolachas, mas meu estômago
continuava embrulhado. Passei a maior parte da noite vomitando,
como Kevin e Blake. Estava me sentindo miserável. Jake teve que
reprogramar os dois shows seguintes. Quando eu me senti melhor, ele
também adoeceu. Por sorte, só foi o vômito e não todas as outras
merdas. Graças a Deus as suítes de hotel tinham dois banheiros. Me
sentia mal porque ele estava enjoado e ainda tínhamos um vôo para
pegar. Ajudei ele a entrar no automóvel. Brett fechou a porta e passou
álcool nas mãos. Brett e Derek eram os únicos que não pegaram o
vírus.
Aterrissamos em Seattle e decidimos ficar ali e descansar. Ainda
estava cansada por estar doente, e Jake continuava doente.
Colocamos pijamas e nos rendemos a alguns filmes.
Estava sendo a enfermeira de Jake, que parecia miserável. Não
estava gostando da idéia dele ter que se apresentar amanhã. Era um
show grande, também, e teria um montão de imprensa lá. Dormimos
cedo para que tivéssemos umas boas horas de sono e descanso
decente.
Na manhã seguinte, estava agradecida por me sentir muito
melhor. Tomei banho e me preparei para o grande evento. Vesti calças
pretas de couro, um top apertado cor prata e saltos agulha pretos.
Jake assobiou com aprovação quando entrei no quarto. Ainda não se
sentia magnífica, mas já que não podiam se dar o luxo de
reprogramar sem prejudicar o resto das datas da turnê e suas coisas
habituais. Sentei em seu colo e ele me deu um beijo na testa.
— Quero resolver algumas coisas enquanto está fazendo a
passagem de som. Não demorarei muito.
— Aonde irá? — Ele levantou uma sobrancelha.
— É uma surpresa. — Disse timidamente.
O beijei e desci do seu colo. Caminhei para a porta me sentindo
nua sem ter a minha outra metade. Por quase três meses seguidos,
quase não ficamos separados. A maioria das pessoas teriam se
matado.
Não é que não houvesse momentos que sentia vontade de
sufocá-lo, mas, me sentia nua sem ele. Caminhei pela porta pensando
na Boutique de Noivas Lulu, estive procurando vestidos, e os
desenhos de Lulu eram únicos. Decidi que já que estávamos aqui,
daria uma olhada. Caminhei pela rua até que me encontrei com um
toldo adamascado branco e rosa no qual se lia "Boutique de noivas
Lulu". Abri a porta e entrei. A loja era pequena e decorada com um
estilo muito parisiense. Havia um montão de pretos e brancos com
detalhes de cor rosa e turquesa em tudo.
— Olá. Como posso te ajudar hoje? — Perguntou uma garota.
Não podia ser muito mais velha que eu. Ela tinha o cabelo loiro
com mechas vermelhas e pretas. Era linda e usava um vestido
despojado, com um estilo que provavelmente ela mesma fez.
— Na verdade, queria ver alguns de seus vestidos. — Disse.
— Sou Lulu. — Saiu de trás do balcão e me ofereceu a sua mão.
— Aubrey. — Sorri.
— Estou realmente interessada em um de seus vestidos pretos.
Tirei meu telefone e mostrei a foto que vi online. Ela olhou e
sorriu. Se aproximou de uma arara e tirou uma bolsa de roupa preta.
— Pessoalmente é um dos meus favoritos. Provavelmente é
porque foi meu primeiro desenho de noiva. Este é só uma amostra.
Podemos alterar exatamente como você desejar. Podemos mudar a cor
das fitas para como quiser. Quando é o grande dia?
— Em primeiro de Abril. — Nos duas rimos.
Escolhemos esse dia de propósito, então podíamos fazer
brincadeiras cada ano em nosso aniversário. Também seria uma data
fácil de lembrar. Ela tirou o vestido preto da bolsa, tinha um corpete
tipo espartilho de renda e era de estilo sereia, com renda na parte
inferior. Era simples e elegante, eu queria prová-lo para ter certeza
que não realçassem meus quadris e os fizessem parecer maior.
Lulu me conduziu para o provador e me ajudou a fechar o
espartilho nas costas. Virei para ver no espelho. Eu amei, eu poderia
me ver casando naquele vestido. Era O vestido!
— Posso encomendar um, para que fique pronto a tempo?
— É obvio. Me deixe tirar suas medidas. — Tirou uma fita
métrica, uma caderneta e uma caneta.
— Como é seu noivo?
— É maravilhoso. Tenho certeza que todas as noivas dizem o
mesmo, mas ele é realmente maravilhoso. Foi engraçado, quando nos
conhecemos, eu o odiei. Logo finalmente me convenceu para que
saíssemos em um encontro. Um mês depois me propôs e aqui
estamos preparados para nos casar um mês mais tarde.
— Uau, vocês não perderam tempo, meninos. — Brincou. —
Espera... Aubrey. Aubrey? Você é a noiva de Jake Parker?
— Um, sim. — Disse timidamente.
— É uma garota de sorte. Esse cara é delicioso. — Suspirou. —
Tudo terminado. Só preciso de algumas informações para enviá-lo.
Preenchi o formulário de informação e agradeci. Saí e peguei um
táxi para ir ao evento.
Quando chegamos, o taxista me olhou como se estivesse louca
quando pedi que estacionasse atrás. Os seguranças do evento o
detiveram antes de chegar mais longe.
Tirei meu passe de backstage, e mesmo assim disseram que não
podia passar, ia argumentar, mas ao invés disso tirei meu celular e
liguei para Jake.
— Olá, estou aqui e não me deixam entrar. — Ele desligou. O
guarda de segurança me olhou incrédulo.
Dois minutos depois, Jake caminhava pelo estacionamento com
Brett trás. Parecia zangado.
— Tem sorte de eu não dar um chute no seu fodido traseiro. Ela
te mostrou o passe, e disse que estava comigo! Eu entendo que é seu
trabalho. Mas, vamos lá, Porra!!!! Porra! Agora, melhor pedir
desculpas, e espero não te ver outra vez. — Gritou.
— Sinto muito e... Minha senhora. — Eu assenti e segurei a mão
do Jake para afastá-lo antes que tivesse outro ataque de raiva. —
Sinto muito. — Disse ao Jake.
— Por que sente? Esse imbecil que deveria sentir. — Abriu a
porta e me conduziu dentro de seu camarim. — Conseguiu resolver
suas coisas?
— Sim, consegui. Como se sente? — Perguntei.
— Estou melhor agora que você está aqui. Senti saudades. —
Aproximou o tanto como pôde.
— Senti saudades, também. É estranho, certo? — Ri.
— Muito. Literalmente me senti como se tivesse perdido algo.
Sabe quando você sai de casa e percebe que esqueceu sua carteira ou
as chaves? Foi assim que me senti. — Ele passou o nariz por meu
cabelo.
— Eu também.
Caminhei até ele e subi em seu colo, me fazendo uma bola. Ele
massageou meus ombros com doçura. Era aqui, quando estávamos
sozinhos, que descobria que realmente estávamos destinados a estar
juntos. Não podia imaginar uma vida sem Jake. Ele me ajudou a me
curar. Me fazia querer ser uma pessoa melhor, me dava força quando
não tinha nada, fazia me sentir completa. Deveria escrever isso em
meus votos.
Derek veio avisar que chegou a hora de subir no palco. A contra
gosto sai do seu colo e o vi sair para o palco. Depois do show, foi mais
do usual. Deram uma entrevista e assinaram alguns autógrafos.
Comecei a me sentir mal outra vez. Afastei ele, peguei uma
garrafa de água e me sentei. Vi Jake me olhando consternado. Sorri e
o cumprimentei. Esperava que não percebesse nada. Logo que
terminaram fomos ao hotel. Pediu aperitivo, mas ainda não me sentia
bem para comer.
— Baby, você está bem? — Perguntou, preocupado.
— Não sei. Eu me sentia melhor, mas agora não. Um minuto me
sinto como se estivesse no topo do mundo e no próximo só quero
subir na cama e dormir por dias. Sou um caso perdido.
— Talvez devêssemos chamar um médico e fazer uma consulta
amanhã. Só para ter certeza de que não seja nada sério. — Disse
preocupado.
— Sim, veremos.
Tentei afastar os sintomas e inclusive consegui comer umas
asinhas de frango. Isso pareceu acalmá-lo. Escovei meus dentes logo
subi à cama. Desmaiei imediatamente.
Na manhã seguinte, despertei esfomeada, já que não comi
muito no dia anterior. Peguei o telefone e pedi o serviço de quarto
antes inclusive de sair da cama. Jake estava sentado na poltrona
rindo de mim quando me levantei.
— O quê? Estou com fome.
— Pediu dois de tudo. Tem uma ideia de quanto vai custar? —
Brincou.
— Você pode pagar, você tem muito dinheiro. — Mostrei a língua
e peguei seu telefone para ligar para minha mãe. Saí para a sacada e
liguei para minha mãe. Contei que encomendei o vestido, ela ficou
muito feliz. Conversamos um pouco mais a respeito do casamento e
como todos nós estávamos ficando doentes. Um minuto estava
falando e me sentindo bem, e no seguinte meu estômago se revirou,
eu gemi.
— Já chega! Vá comer seu café da manhã e depois vamos
procurar um doutor.
— Está bem. — Grunhi.
O café da manhã veio e comi dois pratos gigantes de torradas e
bacon. Depois de comer e tomar banho saímos para procurar um
médico. Entramos no consultório e preenchemos a papelada
necessária. A enfermeira veio e me deu um copo para urinar nele. O
devolvi a recepcionista. Peguei uma revista e esperei que me
chamassem. Quando o fizeram, outra enfermeira colheu um pouco de
sangue e disse que o médico viria em seguida. Um médico jovem,
provavelmente próximo dos seus trinta, entrou. Era alto, com cabelo e
olhos escuros.
— Olá, sou o Doutor Chang. — Ofereceu a mão aos dois.
— Aubrey, e este é meu noivo, Jake.
— Doutor, tudo aqui é confidencial, certo? Há leis de
privacidade.
— Claro. Nunca revelamos informação do paciente.
— Por favor, se certifique de que sua equipe é consciente disso.
Se algo chegar à imprensa, vou processar você, e a sua clínica. —
Disse Jake laconicamente. Uau! Senhor super protetor?
— O que te traz por aqui hoje, Aubrey?
— Todos nós estamos nos recuperando de um vírus estomacal e
eu continuo me sentindo doente, então quis ver um médico.
— Vamos ver.
O médico verificou minha garganta, minhas orelhas, minha
boca, minhas glândulas e meu coração. Eu estava deitada e apertou
meu estômago. Pegou os resultados das amostras coletadas e
analisou. Disse que voltaria em seguida. Voltou para a sala com uma
máquina e papel na mão.
— Acredito que só poderia ter uma resposta. — Ele levantou
minha camisa e pôs um pouco de gel gelado em meu estômago.
Passou a sonda através da minha pele.
Capítulo 11
Grandes expectativas

Aubrey
Meu coração batia na garganta enquanto olhava a máquina.
Sabia para que costumavam usar. Olhei a tela quando o doutor
começou a golpear os botões.
Não tinha nem ideia do que estava vendo, mas parecia um feijão.
— Há cálculos renais. — Ele assinalou a tela.
— Cálculos renais? — Engasguei.
— Podem ser causados pela desidratação e outros fatores, mas
estão aí. — Assinalou o feijão.
— Geralmente eles saem sozinhos, mas advertirei que são
extremamente dolorosos. Se persistir, deveria ver outro médico
imediatamente.
Agradeci e me limpei. Olhei para Jake, que estava abatido.
— O que aconteceu?
— É mais o que não aconteceu. Em primeiro lugar, você está
doente, e te isso vai doer. Em segundo lugar, pensei que ia nos dizer
que estava grávida.
Isto claramente o incomodava. Ver Jake assim me fez desejar
que fosse verdade. Por alguma razão me sentia preparada. Fiquei
nervosa pelo que ia dizer a seguir.
— Por que não me leva para casa e me engravida? — Levantou
uma sobrancelha.
— Sério? — Sorriu.
Assenti. Nesse momento, algo fez clique, e tudo no mundo esteve
bem de novo.
Saímos do consultório como se estivesse em chamas. Jake me
tinha na parte traseira do automóvel e disse ao motorista que se
apressasse. Fomos diretamente para o quarto assim que chegamos no
hotel.

Jake
Nunca admitiria a Aubrey quão decepcionado fiquei quando
disse que eram cálculos renais. Não me interpretem mal, me senti
muito mal quando o médico disse que iria causar dor, mas realmente
desejava que estivesse grávida. Crescer como eu cresci e vir de uma
porra de um lar desfeito me fazia querer ter filhos. Queria dar tudo o
que eu não tive. Aubrey seria uma mãe fantástica, também. Era
agradável vê-la sair de sua concha. Eu gostava de pensar que tinha
algo a ver com isso. Cada dia tentava fazer algo para demonstrar o
quanto eu a amava, não importava quão pequeno ou corriqueiro
fosse. Ela me olha como se não houvesse mais ninguém no mundo, e
isso é tudo o que eu podia esperar. Era o maldito homem mais
afortunado do mundo desde que ela aceitou casar comigo. Nunca,
nem em um milhão de anos, pensei que existia alguém como eu.
Nossa turnê estava chegando ao fim. Só tínhamos o Radioactive,
e logo iríamos ao Arizona para o casamento. Decidimos nos casar no
rancho de Ron, já que ele estava em uma cadeira de rodas e não
estava em condições de viajar. Senti que era importante que
participasse, em especial porque era o mais parecido que eu tinha
como uma família.
Ele estava mais que emocionado por Aubrey. Não podia esperar
para finalmente se encontrar com ela. Íamos voar para ficar lá por
alguns dias antes da cerimônia, para que se conhecessem. Era grande
o suficiente para que coubéssemos todos. O rancho era um pouco
exagerado para o que precisava, mas queria garantir de que podia ele
se mover em sua velhice. Depois do que fez por mim, o mínimo que eu
podia fazer era comprar uma grande e louca casa e garantir que
estivesse amparado para toda a vida.
Eu tenho certeza de que um psiquiatra teria um dia de campo
comigo.
Amanhã é o vigésimo quarto aniversário de Aubrey, e tinha
grandes planos em andamento. Vi como dormia pacificamente ao meu
lado. Sempre parecia como um anjo quando dormia. Não posso
acreditar que consegui isto pelo resto da minha vida. Me sentia mal,
porque o dia dela não foi fácil por causa dos cálculos renais. Tinha a
esperança de que estivesse bem amanhã. Pensei em reprogramar a
primeira etapa da brincadeira, mas era algo que ela realmente
gostava, ela vivia o momento como se fosse o último, então enquanto
se sentisse bem seguiríamos indo.
Eu a acordei um pouco depois das dez. Desejei um feliz
aniversário e lhe dei o café da manhã na cama, ela parecia estar de
ótimo humor, e se sentia muito melhor hoje. Depois do café da
manhã, disse que se arrumasse e que vestisse algo confortável, ela
voltou à sala quinze minutos mais tarde, com calças, um suéter com
capuz e um sorriso em seu rosto. Para mim, era a garota mais linda
do mundo, não importava o que usasse. A levei até o carro, com o
Brett nos seguindo muito de perto. Estava em estado de alerta com
todas as atividades que planejei para hoje. Ela se surpreendeu
quando chegamos ao nosso primeiro destino.
— Sei que esteve em um deles um montão de vezes, mas não
acredito que tenha saltado.
Ela bateu palmas e sorriu com entusiasmo. Vimos um vídeo, e
nos deram uma aula rápida antes que atássemos nossos cintos. Nos
acompanharam até o avião. Ri porque Brett saltou junto, e era muito
divertido vê-lo com os cintos apertados. Uma vez que chegamos à
altura, abriram a escotilha. Beijei Aubrey antes que nossos saltadores
nos agarrassem e saltassem pela porta. A princípio me deu medo da
morte, mas foi libertador, e a vista era espetacular. Brett gritou como
uma menina o tempo todo. Uma vez que estávamos no chão, Aubrey
correu para mim e me jogou no chão.
— Isso foi tão divertido! — Gritou.
Sorri porque sua felicidade era contagiosa. Disse que havia mais,
e fomos para a nossa próxima aventura. Iríamos dar início a busca ao
tesouro que nos levaria ao seu principal presente. Trabalhei muito
duro a semana toda, preparando tudo. Contei com a ajuda dos
meninos na maior parte da noite, precisava terminar sem que ela
suspeitasse. Entreguei uma cesta que continha uma pista, seria de
grande ajuda encontrar o primeiro lugar na lista.
— Vamos ver, tem algo a ver com chocolate. — Ela sorriu.
Assenti. Minha pequena chocólatra.
Chegamos à rua principal de Polk, no Oregón, e saímos da
caminhonete. Brett nos seguia muito de perto enquanto Aubrey
seguia o rastro de bolinhos desenhados em giz na calçada da
Confeitaria da Cora. Abri a porta e entramos. Em frente à loja havia
uma mesa preparada com bolinhos sortidos. Havia uma nota anexa
que dizia: Me coma, ela sentou e felizmente comeu seus bolinhos me
alimentando com um bocado ocasionalmente. Aubrey era uma
fanática por todo tipo de doce, especialmente chocolate. A caixa de
Cora continha bolachas e desejava a Aubrey um feliz aniversário.
Colocou os doces em uma bolsa cor de rosa e entregou outra bolsa
marrom de almoço com uma nota anexa. Aubrey abriu o envelope e
leu o bilhete que Dizia: Me alimente, e não havia instruções anexas.
Nos levaram a um pequeno lago que estava cheio de cisnes e patos. A
bolsa estava cheia de farelo de pão. Não havia outro propósito que seu
entretenimento.
— Sabia que os cisnes são um casal pra toda a vida? — Disse.
Ela assentiu timidamente, me fazendo rir. Era curioso como
pequenas coisas pareciam incomodá-la. Alimentamos os animais por
um momento, e quando eles já estavam cheios de miolos de pão, pedi
para que ela olhasse debaixo da mesa próxima.
Havia outra nota que dizia: Me marque! Junto com outro
conjunto de direções. Não queria que andasse muito, assim disse que
subisse em mim. Caminhei com ela montada em minhas costas até a
próxima parada. Chegamos a um estúdio de tatuagens. Isto era mais
para mim que para ela. Me olhou com ceticismo, e sacudi a cabeça.
Entrei e cumprimentei o proprietário, Paul. Era amigo do Blake da
escola secundária, e já tinha um desenho preparado.
Sentei na cadeira de tatuagens e deixei Paul trabalhar. Aubrey
observou a agulha em meu pescoço. Quarenta e cinco minutos mais
tarde, terminou. Virei para deixá-la ver melhor. “Aubrey” estava
tatuado em uma letra elegante no lado esquerdo, bem debaixo da
minha orelha. Ela olhou surpresa, me deu um beijo e disse que
adorou. Ela sabia que me entregava de corpo e alma em tudo que
fazia. Ela chamava isso de "bolas na parede". Era uma das coisas que
mais gostava nela.
Aceitou tudo de mim. Me surpreendeu subindo na cadeira
depois que Paul envolveu minha tatuagem. Sussurrou algo em seu
ouvido, e ele assentiu. Trocou as luvas e as agulhas e pegou sua mão
esquerda. Ela tatuou um“J” no interior de seu dedo anelar. Neguei
com a cabeça e sorri. Nunca fazia o que eu esperava.
— Tatuagem por tatuagem, baby. Você me tem, eu também te
tenho. Sorriu. —
Amo perdidamente esta garota.
Paul entregou a pista seguinte. Abriu o envelope e sorriu como
uma lunática. Havia um valor de merda no interior. Dois mil e
quatrocentos dólares para ser exato, com uma nota que dizia: Me
divida! Adorava ajudar às pessoas, e pensei que isto a faria feliz.
Tinha razão. Ela imediatamente saiu pela porta. Brett teria um
ataque do coração. Tinha a mão na arma o tempo todo.
Ela ia de pessoa em pessoa e dava o dinheiro aos que pareciam
necessitados, inclusive recebeu um par de abraços que aceitou
amavelmente. Eram em sua maioria de mulheres, mas meu coração
se inchou por ser capaz de deixar se aproximarem dela.
Sua próxima pista estava em um poste de telefone. Dizia: Me
escolha! Caminhamos pela rua e na esquina do Doggy Delight, onde
nos encontramos com a Maggie. Entramos e logo que recebi "o olhar",
soube que fiz bem. Maggie tinha Bela toda pronta e esperando com
dois arcos brilhantes de cor rosa no cabelo. Bela era uma Terrier
Yorkshire em miniatura. Era preta com um pouco de cor marrom ao
redor de sua cara. Tinha um colar deslumbrante e unhas de cor rosa.
Quem sabia que havia esmalte de unhas feito especificamente para
cães? Eu não sabia, mas logo que me inteirei soube que Aubrey
gostaria de ter.
— Comprou um bebê! — Sussurrou ela.
Assenti.
Maggie entregou Bela. Esta foi a missão do Kevin, fui eu que
escolhi o cão, mas ele a pegou e me ajudou a colocar nome.
Decidimos por Bela, já que Belíssima era a maneira carinhosa que
apelidei Aubrey. Já estava tudo arrumado no hotel, tudo que precisei
fazer era arrumar um espaço adequado para manter Bela. Percebi que
ela estava apaixonada pela Terrier. Maggie entregou a Aubrey uma
caixa de transporte cor de rosa e Aubrey gritou. Colocou a Bela
dentro e fechou a trava. Abraçou a Maggie, e fomos.
— Como me saí? — Perguntei.
— Sério? Este é o melhor aniversário da minha vida! Pensou em
tudo. Escolheu todas minhas coisas favoritas também. Obrigado,
Jake. — Ela sorriu, e era o som que certamente eu precisava. Agora,
tinha que pensar em uma maneira de superar isto o ano que vem.
— Já te disse baby, que não há nada muito bom para você.
Queria seguir adiante, mas os meninos me interromperam. —
Coloquei meu braço ao redor dela enquanto ela colocava Bela no
carro.
Uma semana depois...

Aubrey
— Quem é o bebê mais lindo do mundo inteiro? — Disse.
— Sou eu. — Disse Blake.
— Porra, sou eu. — Disse Derek empurrando Blake.
— Estava falando com o cão, imbecis. — Brinquei.
Adorava a Bela completamente. Jake voltou a entrar no quarto
depois de ir trocar suas calças, já que Bela fez xixi em cima. Eu a
abracei enquanto Jake se aproximava para beijar minha cabeça.
Segurei e a envolvi como se fosse um bebê de verdade e ela gostava,
então assim é que a carregaria. Estávamos sentados nos bastidores
do último show antes de ir a Los Angeles, estávamos em São
Francisco. Não me sentia bem hoje. Tínhamos programado para ver o
médico amanhã, para que Jake pudesse ficar mais aliviado, sabia que
estava preocupado comigo, mas a dor era algo com que estava
acostumada a lidar.
— Você tem sorte de que te amo muito, e sei o quando ama esse
maldito cão, porque de outro modo já teria sumido com ela. — Ele
sorriu.
Comecei a rir. Bela dormia ao meu lado todas as noites, e
constantemente lambia seu rosto. Era adorável. Ele era um bom pai
para ela, passeava com ela e garantia que estivesse bem cuidada,
principalmente quando não me sentia bem, o que ultimamente foram
quase todos os dias. Me sentia muito cansada, e ansiosa para
descansar um pouco depois deste fim de semana. Decidi ficar no
camarim durante o show desta noite, já que não me sentia bem. Beijei
Jake e desejei um bom show. Ele queria que eu ficasse no hotel, mas
eu não queria estar lá. Pertencia aqui, com ele. Abracei Bela com
força e fechei os olhos por um par de minutos. Quando abri meus
olhos estavam me carregando no colo. Não podia acreditar que dormi
durante todo o show.
— Jake, me coloca no chão. — Pedi brincando.
— Não posso fazer isso. — Foi à resposta.
— Vamos, vou vomitar!
Ele me acomodou e me carregou como se fosse uma noiva. Brett
carregava Bela como se fosse um bebê e fazia carinho em seu ventre.
Eu sabia que tinha um sono pesado, mas, me surpreendeu que fosse
capaz de pegar ela sem que acordasse. Sorri, porque para um cara
grande e durão ele era um covarde total. Jake me ajudou a entrar na
limusine, e Brett me entregou Bela. Dirigimos diretamente ao
aeroporto essa noite. Me acomodei contra Jake e fechei os olhos.
Despertei quando cheguei na pista de aterrissagem onde eu
embarquei ainda sonolenta no avião, Mark me olhou preocupado.
Eu me movi e corri para o banheiro para vomitar, Jake se
aproximou e segurou meu cabelo.
— É o melhor segurador de cabelo que existe. — Brinquei.
— Baby, tem certeza de que está bem? Está muito pálida.
— Estou bem, só preciso dormir, vou ficar melhor assim que
chegarmos em casa.
— Ainda vamos ao médico amanhã. — Disse com severidade.
Assenti e nos acomodamos para o curto vôo. Quando
aterrissamos, Brett fez um controle de segurança rápido antes de nos
deixar entrar no automóvel. Quando chegamos, ele exigiu entrar
antes de nós e verificar todo o lugar. Disse:
— Melhor prevenir do que remediar. — Revisou tudo e deu o
visto de que estava tudo ok. Jake levou a bagagem e me ajudou a
subir. Tomei banho e me meti na cama. Jake levou Bela para passear.
Um par de minutos mais tarde, Bela se acomodou ao meu lado, e
senti que Jake deitou ao meu lado também. Adormeci, esperando que
a dor passasse, seja o que for que me fazia sentir doente.
Na manhã seguinte, despertei e me preparei para ir ao médico.
Me sentia ainda mais miserável hoje. Jake me ajudou a me vestir com
uma roupa fresca e fui à cozinha. Tentou me convencer a comer algo,
mas sabia que não poderia suportar nada sem querer vomitar. Ele
cedeu, me levou ao Range Rover e me ajudou a entrar.
Saímos e fomos através do tráfego de Los Angeles. Chegamos a
um consultório elegante uma hora mais tarde. Jake preencheu a
papelada e nos fizeram entrar imediatamente em uma sala de exame.
Uns momentos mais tarde, uma pequena médica entrou.
— Olá, Jake. Você deve ser Aubrey. — Assenti.
— Sou a Dra. Suzy Scott. Meu marido é o médico do Jake, mas
pensei que poderia estar mais cômoda com uma mulher.
— Obrigada.
— Vejo aqui que foi diagnosticada com cálculos renais. Eu
gostaria de fazer alguns exames para poder obter uma melhor
avaliação. Tem algo te incomodando?
— Sim. Me sinto enjoada o tempo todo.
— Está bem, vamos fazer uma coleta de sangue, vai ser uma
espetada rápida. — Colocou a agulha em meu braço, tirou um pouco
de sangue e me entregou um coletor de amostra de urina, após a
coleta ela saiu e pediu que aguardássemos o resultado.
Jake saiu da sala e foi dar uma volta e poucos minutos depois
retornou com a Doutora que trazia consigo um papel na mão.
— Temos o exame de sangue, e quero confirmar algo.
Ela me fez deitar na maca. Enrolou minha camiseta e espalhou
um líquido quente ao redor de meu umbigo. Tomou a varinha de
ultrassom e começou a correr meu abdômen.
— Em primeiro lugar, parece que os cálculos renais se foram.
Não acredito que aí seja de onde vêm os sintomas. — Moveu a varinha
de novo.
— Sua análise de sangue retornou mostrando níveis elevados de
HCG, o hormônio da gravidez. Parece que vocês dois vão ser pais. Não
apareceu da última vez porque os cálculos renais se apresentaram
imediatamente. E era muito cedo pra dizer, de qualquer maneira.
Senti como se pudesse desmaiar, estava emocionada, mas
nervosa ao mesmo tempo. Realmente estava acontecendo. Jake sorria
de orelha a orelha. A médica aproximou a máquina, assim podíamos
ver melhor. Baixou minhas calças e colocou a sonda sobre o lugar
onde estava o bebê. Parecia como uma pequena bolsa, mas era difícil
dizer algo. Ela tirou várias fotos da tela e me olhou, e depois para
Jake.
— Parece que são gêmeos. — A médica sorriu.
— Gêmeos? — Gritei.
— Sim! — Jake saltou da sua cadeira, derrubando-a.
— Quando faço as coisas eu faço bem feito e de primeira! Porra,
baby!
— Jake. — Repreendi.
— Sinto muito. — Se desculpou e ergueu a cadeira para poder
voltar a sentar.
— É muito difícil ter uma data exata ainda, mas diria que está
de cinco ou seis semanas, no máximo. Deve começar a tomar
vitaminas pré-natais imediatamente. — Ela colocou para imprimir e
nos deu várias imagens do ultrassom.
— Ela já está tomando há algum tempo. — Disse Jake com
orgulho.
— Bom. Escreverei uma receita para os bebês também.
Tirou sua caderneta e escreveu a receita. Entregou a receita e eu
segurei com a mão trêmula.
— Felicidades.
— Obrigada. — Disse encontrando minha voz.
Ela me deu uma toalha e saiu da sala.
— Vamos ser pais! — Disse Jake se inclinando para me beijar.
— De gêmeos. — Sorriu.
— Gêmeos... — Sorri, mas no interior gritava.
Estávamos em completo choque. Jake me ajudou a descer da
maca e a subir no carro, estava mais prestativo ainda, queria saber se
precisava de alguma coisa, perguntou especificamente se queria
pepinos japoneses ou sorvetes. Não pude deixar de rir. Ele sugeriu
que não divulgássemos a gravidez até depois do primeiro trimestre,
tínhamos que deixar somente que meus pais soubessem, também
disse que teria que fazer uma viagem de fim de semana a Smithville
para ver a propriedade e poder começar as obras o quanto antes.
Concordei. Ele pegou o telefone e ligou. Minha mãe respondeu
imediatamente.
— Olá, mãe. — Disse Jake com orgulho.
Começou a chamá-la assim faz um mês, quando nos
comprometemos.
— Olá, querido. O que estão fazendo? Como está em L.A?
— Muito bem, na verdade. Aubrey e eu temos algumas notícias.
Tim esta ai?
— Sim. Vou chamá-lo. — Ela gritou para que meu pai viesse
atender.
— Oi, está tudo bem? Está no viva voz.
— Está sentado?
— O que aconteceu? Aubrey está bem? — Gritou Tim.
— Estou bem! — Gritei.
— Oh, está bem. Qual é a notícia?
— Vão ser avós.
Minha mãe gritou e só pude imaginar sua cara. Ela, sem dúvida,
estava saltando. Meu pai provavelmente imaginava tudo que
aconteceu para chegar a isso, e provavelmente queria estrangular
Jake, apesar de amá-lo.
— É uma notícia maravilhosa! — Gritou ela com entusiasmo.
— Essa não é a melhor parte. São gêmeos!
— Gêmeos? — Meu papai se engasgou.
Exatamente meus sentimentos, pai...
— Dois, dois, o dobro. — Jake riu.
— Oh, estamos muito contentes por vocês. — Disse minha mãe.
— Obrigado. Vamos fazer uma viagem logo. Eu gostaria de ter a
casa pronta para o nascimento dos bebês.
— Felicidades. Nós adoramos vocês dois.
— Nós também os adoramos! Mas, ainda é cedo, então
mantenham isso em segredo por enquanto.
— É obvio. Cuide de meu bebê, Jake.
— Essa é minha intenção. — Prometeu.
Chegamos de novo à garagem e Jake insistiu em ajudar a me
arrumar para dormir. Me acomodei com Bela enquanto ele esfregava
meus pés e pesquisava no google. Estava me deixando assimilar a
notícia. Sabia que estava emocionada, mas a ideia de gêmeos,
literalmente, me assustava como um elefante. Como seria quando ele
estivesse em turnê? Teria dois bebês ao invés de um para cuidar.
Tudo em dobro. Pelo menos, não teria que me preocupar com o
dinheiro, já sabia que eu não gostaria de ter uma babá. Esperava que
minha mãe me desse uma mão quando Jake não pudesse.
Queria me bater mentalmente porque eu era Aubrey Thompson,
bom, quase Aubrey Parker, e era uma pessoa de sorte. Podia fazer
qualquer coisa que me propusesse desde ele que estivesse comigo. Ele
estava radiante.
— O que está pensando? — Perguntou.
— Gêmeos. — Brinquei.
— Sei. É uma loucura. Ouça, é sua culpa. Você é a que sempre
diz que sou fodão na cama. — Brincou ele. — Estou mais que
emocionado, baby. Mal posso esperar para ir nesta viagem incrível
com você. Vamos ser os pais mais chuta traseiros que uma criança
poderia ter. Além disso, ainda somos jovens, então teremos energia
para persegui-los sem problemas. Já sabe que não preciso dormir
muito, então serei bom para dar mamadeira à noite. Apesar de que
diz que a lactação materna é a melhor opção. Talvez possa retirar
durante o dia, talvez possa ter suficiente. Temos um tempo para
averiguar tudo isto. Talvez possamos perguntar ao Brett. Ele é o único
pai que conheço, além do teu, e é provável que suas habilidades
estejam enferrujadas.
— Não há ninguém mais no planeta com quem eu gostaria de
compartilhar este momento além de você. — Eu disse com
sinceridade. — Espero caber em meu vestido.
— Como só temos o show Radiactive talvez devesse ficar aqui.
Sei que você gosta de vir aos shows, e eu adoro te ter lá, mas estou
preocupado. Já não é mais só você. — Pôs sua mão sobre meu ventre
e se inclinou para me beijar.
— Pode ser que tenha razão. Agora me traga um pouco do In-N-
Out Burger e uma vitamina de chocolate gigante.
— Qualquer coisa pela mamãe do meu bebê. — Sorriu ele.
— Vou tentar dar uma pequena cochilada. — Bocejei.
Prendi Bela com sua pequena correia enquanto Jake se
preparava para sair. Nos aconchegamos para tirar um cochilo, Jake
me deu um beijo no cabelo e saiu do quarto. Fechei os olhos e sonhei
com nossos pequenos bebês e com quem iriam parecer. Acordei
quando era levantada. Gritei para que Jake me abaixasse. Tinha uma
séria relação amor/ódio com ele constantemente me pegando como
um boneco de pano. Ia dizer algo quando a realidade me atingiu. Não
era Jake.
Fiquei completamente imóvel enquanto processava a informação
e procurava minha voz. Tinha que planejar uma fuga. Tentei mover as
mãos, mas estavam amarradas com algo. Como ele amarrou minhas
mãos? Pus minhas mãos sobre Bela para evitar que caísse de sua
bolsa. Procurei ao redor. De algum jeito já estávamos na porta
traseira, e estava escuro. Tentei lutar contra ele com as pernas, mas
estava muito fraca. Ele me jogou na parte traseira de seu automóvel e
saiu pela noite. Como ele me encontrou?
Meu coração martelava em meu peito. Meu primeiro pensamento
foi nos bebês que levava. Ele pisou no acelerador e dirigiu pela noite.
Tentei abrir a porta, mas estava fechada com chave por dentro. Falei
para mim mesma que precisava manter a calma, finalmente
chegamos em uma parada, um Motel a uns vinte minutos de
distância, bem ao lado da estrada principal. Me arrastou rudemente
para um quarto na parte traseira do motel. Queria gritar, mas a voz
não saía. Não havia testemunhas, ninguém que me ajudasse. Ele iria
terminar o que começou há seis anos, exceto que desta vez ia me
matar.
Quando abriu a porta do quarto, fiquei sem fôlego. Parecia com
uma câmara de tortura. Havia velas acesas e a cômoda estava cheia
de vários tipos de facas brilhantes. Comecei entrar em pânico. Meus
pensamentos foram automaticamente para Jake. Não podia deixá-lo.
Era uma sobrevivente, não uma vítima. Decidi que ia agir como uma
participante disposta. Lembrei da última vez e como quanto mais
brigava, mais gostava. Eu parecia fraca, e não era, não mais. Só tinha
que encontrar uma maneira de conseguir vantagem. Ele se colocou
atrás de mim e tocou meu pescoço com o dedo. Estremeci.
— Como se sente ao saber que vai morrer esta noite? — Mordeu
com força meu ombro. Gritei. Ele deu a volta e me esbofeteou.
— Bre-bre, senti saudades. — Sussurrou em meu cabelo.
— Eu gostaria de poder dizer o mesmo. Eu não senti saudades
absolutamente. — Cuspi.
— Imponente, não seja assim. Ia esperar até este fim de semana,
mas como seu noivo sabe que sou a substituição do Blood to Bleed te
manteria afastada. Estive sonhando com isto durante muito tempo. —
lambeu seus lábios.
— Perdi dois anos na prisão por você, e nem consegui algo por
isso. Mas, isso vai mudar esta noite. — Grunhiu.
Nem podia estar nervosa com o Jake por esconder essa
informação pertinente a respeito de Jeremy. Ele sabia que não ficaria
no show se descobrisse. Demônios queria sair agora mesmo, pelo
amor de Deus. Fechei os olhos e prendi o fôlego. Precisava recuperar
minhas forças. Esfreguei a parte superior da cabeça peluda de Bela e
tentei pensar em uma maneira de soltar as ataduras de minhas mãos.
Jeremy me olhava com um sorriso sinistro. Me assustava
completamente, ele se aproximou da cômoda e agarrou uma faca.
Senti a dor alcançar meu peito. Jake me encontraria, tinha que me
encontrar, só tinha a esperança de que conseguisse a tempo. Poderia
aguentar esse tempo, certo?
Capítulo 12
O tempo não me deixará ir

Jake
Estava, literalmente, nas nuvens quando voltei da lanchonete,
peguei pra Aubrey um hambúrguer de queijo com bacon e pepinos
japoneses extras e a vitamina de chocolate maior que pude conseguir.
Tinha o pressentimento de que ia fazer muitas viagens como esta nos
próximos meses. Me chamem de masoquista, mas eu gostava.
Segurei a sacola e subi para o quarto, a cama estava vazia,
verifiquei o banheiro e rezei para que não estivesse enjoada outra vez.
Mas não estava ali. Não era um lugar muito grande, por isso não
levou muito tempo pra perceber que não estava em casa. Bela
também não estava. Seus tênis e sandálias estavam junto à porta.
Tirei meu telefone para ligar para ela. Ela nunca sairia sem o seu
telefone, ouvi tocar no segundo piso. Então soube que algo de ruim
estava acontecendo, chamei à polícia freneticamente e logo liguei para
Brett.
Ele teve a brilhante ideia de rastrear o microchip de Bela para
ter a localização do GPS. É por isso que eu lhe pago milhões por ano
para cuidar do meu traseiro. Sabia que tinha tudo a ver com Jeremy.
Não tinha ideia de como a encontrou e muito menos como entrou.
Então, me dei conta de que…. Esqueci de ativar o maldito alarme
antes de sair. Ela estava bem? E os bebês? Estava ferida? Estava
muito preocupado, preocupado com as consequências do fato e o
estresse que causaria e como suportaria.
Revisei as câmeras de segurança, que é obvio estavam
desligadas porque não ativei o maldito alarme! Passei as mãos pelo
cabelo e caminhei. Estava ocupado me atormentando até que o
telefone tocou por fim, era o Brett falando que a polícia localizou o
microchip. Ele me deu a direção e disse que já estava a caminho do
local.
— Se chegar primeiro, me espere. Não faça nada estúpido, Jake.
— Disse ele, com severidade. Nem pensar. Meu segundo nome era
estúpido neste momento. Desliguei.
Se esse imbecil tocasse num fio de cabelo de sua cabeça, ia
matar ele. Decidi que a maneira mais rápida de chegar era em minha
moto. Coloquei o capacete, sem me incomodar em prender a correia.
Acelerei e saí. O tráfego ainda era pesado e não tinha tempo para essa
merda agora. Comecei a rodear os automóveis e a passar os
semáforos. Só precisava chegar ao local que Brett me deu. Era em um
Motel na saída da cidade, conhecia a localização da redondeza, já que
fiz um voluntariado não fazia muito tempo. Fiz a viagem de vinte
minutos em dez e, sem dúvida, quebrei todas as leis de trânsito pelo
menos duas vezes. Este lugar estava em um setor muito ruim da
cidade, mas cresci no gueto.
Alguns caras de aparência suspeita me observaram enquanto
me aproximava da recepção. Direcionei um olhar ameaçador e
deixaram de me olhar em seguida. Tinha em conta a possibilidade de
que minha moto fosse desmantelada. Não me importava neste
momento. Poderiam levá-la se quisessem. Tudo o que precisava era
que Aubrey estivesse segura. Entrei na recepção como se fosse o dono
do lugar. Ainda não tínhamos o número do quarto, essa era a
prioridade numero um. Olhei o cara descuidado e gordurento
comendo Cheetos atrás do balcão, escrevia no computador e ria de
algo. Olhou com um par de óculos grossos e de armação preta e
começou a se engasgar. Notei que usava uma camiseta dois números
a menos do Battlescars. Genial, um fã.
— Jake Parker. — Gaguejou.
— Preciso do número de um quarto e preciso agora! — Gritei.
— Com certeza. — Murmurou.
— É provável que esteja em nome de Jeremy Roberts. Aparenta
uns vinte e cinco a trinta anos, tem cabelo escuro e olhos de louco.
Tenho certeza que sabe de quem estou falando. — Grunhi. Ele pegou
nervosamente uma argola de chaves com seus asquerosos dedos
alaranjados. Que tipo de lugar não tinha cartões eletrônicos hoje em
dia? Ele estava tão nervoso que estava demorando para encontrar o
número correto.
— É para hoje! — disse.
Me senti mal por agir como um idiota, em especial desde que
não era como eu normalmente me comportava. Fiz uma nota mental
para enviar uma camiseta do tamanho apropriado quando terminasse
com isto.
— Quarto 212, no fundo. — Gaguejou, e me passou a chave.
Abri a porta e comecei correr.
Enviei uma mensagem de texto ao Brett com o número do
quarto. Ele ia me matar, mas por nenhum motivo ia esperar que ele
ou a polícia chegasse. Estava girando a esquina quando ouvi as
sirenes à distância. Pelo menos sabia que estavam se aproximando.
Diminuí o passo a um trote lento quando por fim cheguei à parte de
trás do motel. Tinha que ser discreto em meu caminho para o quarto
para não atrair atenção não desejada. Olhei o número do quarto mais
próximos, era o 259. Seu quarto estava do outro lado de onde eu
estava.
Tentei ser o mais rápido possível, mas era como se tudo
ocorresse em câmera lenta. Era como ver uma miragem no deserto,
tão perto, mas tão longe. Estava na quarta porta quando a polícia
chegou. Desligaram as sirenes antes de chegar ao estacionamento,
Brett chegou bem trás deles, saiu do automóvel e estava ao meu lado
antes mesmo de me dar conta do que acontecia. Toda essa sobrecarga
emocional me deixou sem fôlego, meu cérebro simplesmente não
funcionava, falei a primeira coisa que me veio à cabeça.
— Está grávida. — Gritei.
O rosto do Brett se desfigurou. Como pai, sabia que ele entendia
o que eu sentia, se afastou de mim e chutou a porta, que saiu das
dobradiças. Ouvi a madeira e o metal. A próxima coisa que ouvi foi o
grito angustiante de Aubrey. Meu coração queria sair do meu peito,
foi um som aterrorizante, pelo menos sabia que ainda respirava.
Vários oficiais armados entraram. Cambaleei antes de estar firme de
novo. Vi Brett sair correndo do quarto com Aubrey em seus braços.
Suas mãos trementes estavam atadas. Chorava histericamente e
tinha Bela ainda na bolsa. Estava em choque. Brett se afastou da
porta para ficar em um lugar seguro. A deixou sobre seus pés e tirou
uma faca de seu bolso para cortar as ataduras. Os pulsos de Aubrey
sangravam pela profundidade dos rasgões que deve ter feito ao tentar
se soltar.
Tudo ocorreu tão rápido, ouvi a polícia gritar ao Jeremy que
baixasse sua arma. Logo ouvi disparos, Aubrey encolheu com o ruído
e Bela se queixou. Comecei a examiná-la, vi que sua camiseta foi
rasgada à altura do ombro, algumas partes de sua pele estavam
avermelhadas e notei a marca de uma dentada perto de seu
pescoço.Meu coração disparou quando percebi que havia sangue
infiltrando através da bolsa, seu estômago sangrava, começou a ficar
pálida e parecia que estava a ponto de desmaiar. Pus os braços a seu
redor e fiz que se sentasse no piso.
— Aubrey. Você vai ficar bem. Tudo vai ficar bem. — Tentei
parecer forte, mas sabia que minha voz me delatou.
Acariciei seu cabelo e beijei sua cabeça. Ela olhava fixamente à
frente, estava em "modo robô”. Eu estava preocupado. Era muito
difícil vê-la durante seus episódios, consciente de que não havia nada
que pudesse fazer. Os paramédicos chegaram com rapidez e
começaram a ajudá-la. Tiraram a bolsa e examinaram a punhalada
que tinha em seu abdômen. Queria chorar, os bebês... Peguei Bela e a
abracei. Ela lambeu meu rosto e se queixou. Nunca estive mais
agradecido da obsessão que Aubrey tinha com o cão. O microchip
salvou sua vida. Foi então quando percebi que Bela também
sangrava. A examinei e vi que havia muito sangue que vinha de sua
pata traseira. A entreguei ao Brett e pedi que a levasse a um
veterinário. Aubrey estaria devastada se algo acontecesse com esse
cão, e eu também. Ele assentiu e foi para sua caminhonete. Os
paramédicos subiram Aubrey em uma maca e se apressaram para a
ambulância.
— Jake! — Ela choramingou. — Estou aqui, baby. Não vou a
lugar nenhum. — Tentei dar segurança a ela enquanto me apressava
para acompanhar. Subi atrás deles e peguei a mão de Aubrey.
Fecharam a porta e puseram uma via intravenosa. Um dos
médicos envolveu seu pulso com gaze. Ela aproximou sua mão de seu
abdômen e começou a acariciá-lo.
— Estou grávida. — Falou para a paramédica.
Ela assentiu. Eu ficava doente só de pensar em perder mesmo
que fosse um de nossos bebês. O lábio inferior de Aubrey tremia, e me
senti inútil. Só queria que ela e nossos bebês estivessem a salvo.
Desejava ser eu o que estivesse na maca. Quando chegamos ao
hospital, nos levaram rapidamente à entrada de emergências. Um
grupo de médicos nos esperava. Me enfureci quando disseram que
devia ficar fora. Fecharam as cortinas para que nem pudesse ver o
que acontecia. Caminhei ansioso, enquanto esperava notícias. Vinte
minutos depois, uma enfermeira saiu e me disse que podia entrar.
— Olá, baby, está bem? — Perguntei.
— Vai ficar bem. Tivemos que dar três pontos de sutura no
abdômen. Ela nos contou que tinha um cão em seu colo, posso
garantir que o cão salvou a vida de Aubrey. Do contrário, o golpe teria
sido certeiro, teria, sem dúvida, interrompido a gravidez e
possivelmente a teria matado. É uma garota de sorte, Aubrey
Thompson. — Disse o médico. — Vamos interná-la para observação
como medida de precaução. Descanse e logo voltará para sua casa.
— Obrigado. — Eu disse com seriedade e apertei sua mão.
Ele assentiu com a cabeça e saiu do quarto.
— Aubrey, o médico disse que você e os bebês vão ficar bem. Por
que está tão triste?
— Bela. — Choramingou.
— Brett está no veterinário com ela neste momento. Farão todo o
possível para ter certeza que fique bem. Baby, ela salvou sua vida.
— Sei, mas ela também é meu bebê. — As lágrimas caíram por
suas pálidas bochechas.
Limpei suas lágrimas com a ponta dos dedos. Pus minha mão
sobre a sua e esperamos por notícias. Sabia que deveria ligar para o
Tim para contar o que aconteceu mas queria ter mais detalhes para
informar. Esperamos por mais de uma hora antes que trocassem a
Aubrey de quarto. Uma vez que esteve no novo quarto, a enfermeira
administrou um sedativo para ajudá-la a dormir. Comecei a protestar,
até que ela garantiu que não era perigoso para os bebês. Não
demorou a adormecer. Sentei com meu telefone nas mãos e esperei
que tocasse. Quarenta minutos depois, alguém bateu na porta, ergui
a cabeça e vi um detetive com outro oficial.
— Podemos entrar? — Perguntou.
— Na verdade, prefiro que falemos no corredor. Não quero
incomodá-la. — Fiz um gesto para Aubrey.
— Está bem.
Levantei e caminhei até o corredor. Ficamos em pé próximo a
porta de forma que podia observá-la.
— Senhor Parker, como você sabe, a senhorita Thompson tem
uma ordem de afastamento contra o senhor Roberts. Esta tarde, ele a
sequestrou com a intenção de fazer algo extremamente sinistro.
Felizmente, obrigado por nos ajudar com o microchip, pudemos evitar
que isto acabasse sendo uma investigação de homicídio. — Senti que
a bílis subia por minha garganta ante o pensamento. — Infelizmente,
não realmente, nossos oficiais tiveram que utilizar força letal para
derrubar o senhor Roberts e evitar um incidente maior. Quero
assegurar que nosso departamento fará tudo o que esteja ao seu
alcance para terminar a investigação com rapidez e que tenha
respaldo. Estávamos a par do caso quando nos falou sobre ele no mês
passado, mas não sabíamos que você e sua noiva estavam de volta.
— De fato, não prevíamos voltar tão cedo. Aubrey não se sentia
muito bem ultimamente, então adiantamos nossa viagem para que ela
pudesse voltar para casa e descansar. Só esta manhã nos inteiramos
que íamos ser pais, de gêmeos.
— Felicidades. Por favor, nos liguem se souberem de mais
alguma coisa. Precisaremos de uma declaração da senhorita
Thompson quando se sentir melhor. Oh, e sua motocicleta foi
roubada...
Me entregou um cartão de visita para contatá-lo.
— Sim. Sabia que isso poderia acontecer. Entrarei em contato.
— Disse. Sabia que isso ia acontecer.
Voltei para o quarto e me sentei junto a Aubrey de novo. Ela
murmurava algo brandamente enquanto dormia, com sua mão sobre
o estômago. Coloquei minha mão sobre a dela e estive agradecido de
que os dois bebês estivessem bem. Ainda tentava averiguar o que
aconteceu esta noite. Parecia uma eternidade enquanto esperava que
meu telefone tocasse. Finalmente, tocou. Era Brett.
— Olá. — Respondi em voz baixa.
— Bela vai ficar bem. — Disse rapidamente. — A verdade é que
eu não entendo a linguagem dos veterinários, mas pelo que
compreendi a faca não penetrou nada vital. É sortuda, sobre tudo
porque a faca enterrou até o fundo. Acabam de terminar a cirurgia e
está em recuperação agora.
— Graças a Deus! — exclamei.
Aubrey se virou, percebi que precisava me acalmar.
— Brett, obrigado por tudo. Sério. — Disse com sinceridade.
— Só faço meu trabalho. — Disse.
— Brett, pôs sua vida em perigo para proteger a Aubrey esta
noite. Coloca sua vida em risco cada vez que vai a algum lugar
comigo. Só quero que saiba que gosto disso, e de você também.
— Te considero como um irmão, Jake. Durante os últimos
meses, Aubrey também se tornou como uma irmã para mim. A
mudança que vejo em ambos não é mais que um milagre. Falo sério.
— Começou a rir.
— Sei. É uma loucura. — Não pude evitar rir também.
Realmente foi algo do destino que nos uniu. Somos como duas
almas perdidas no mundo e logo Bam!
— Então, sobre o que disse antes, que Aubrey está grávida. É
verdade?
— Sim, soubemos esta manhã. Literalmente, só tem cinco ou
seis semanas, e são gêmeos.
Pude escutá-lo rir do outro lado da linha. Por que todos pensam
que o fato de ter gêmeos é tão hilário?
— Gêmeos é? De todas as maneiras, vocês serão pais geniais.
— Estou seguro de que tentaremos. O médico disse que se não
fosse por Bela, teríamos perdido os bebês e talvez a Aubrey. Ela os
salvou.
— Aposto que já não pensa que é uma idiota estúpida, certo?
— Preciso que vá e compre algumas coisas novas para ela, antes
que deem alta. — Brinquei.
— Sim eu vou. Estarei de volta uma vez que terminar de revisar
algumas coisas. Quer que chame o Vin enquanto isso?
— Não, estamos bem. Por que não vai para casa para ficar com
Ri e Kayley? Tenho as coisas sob controle aqui. Te vejo pela manhã.
— Me chame se mudar de opinião e estarei aí.
— Obrigado de novo, Brett.
— Quando quiser Jake, quando quiser.
Desliguei o telefone e olhei meus contatos. Encontrei o número
do Tim e pus meu polegar sobre o botão para ligar. Era passada de
uma da madrugada. Pensei em esperar até amanhã, mas já evitei
bastante a ligação. Tocou um par de vezes antes que atendesse. Sabia
que o acordei. Contei tudo o que ocorreu e que já não teríamos que
nos preocupar com Jeremy, nunca mais. Expliquei que Aubrey, os
bebês e Bela ficariam bem. Ele queria vir, mas garanti que tinha tudo
sob controle. Disse que estaríamos lá em uma semana. Ele aceitou a
contra gosto. Prometi que o manteria informado sobre qualquer
mudança e pedi para que voltasse a dormir.
Parecia um dejávù do Texas outra vez. O hospital. Aubrey em
uma cama, mas pelo menos esta vez não estava em coma. Coloquei
minha cabeça sobre a cama e tentei dormir.

Aubrey
Acordei completamente confusa. Pisquei um par de vezes antes
que a compreensão do que ocorreu me golpeasse. Veio diretamente a
minha cabeça, como um trem de carga. Comecei a me alterar. Jake
elevou a cabeça e me olhou com os olhos muito abertos. Ficou em pé
e sentou ao meu lado na cama. Ainda tremia pelos fatos da noite
anterior. Jeremy. Facas. Bela. Disparos. Levaria um tempo para
esquecer tudo. Rapidamente, lembrei dos bebês e me obriguei a me
acalmar. Olhei para Jake de novo. Tinha uma expressão de
preocupação em todo seu lindo rosto. Toquei sua bochecha com a
mão que não tinha a intravenosa.
— Ele nunca mais vai te ferir, baby. — Sussurrou.
Compreendi que dizia que Jeremy estava morto. Já sabia, e a
maior parte de mim sentia uma enorme onda de alívio. A outra parte
sentia culpa por me sentir desta maneira porque ele ainda era o filho
de alguém. Obviamente estava mentalmente perturbado. Mas
nenhum motivo justificava suas ações, porque levaria as cicatrizes
que deixou em mim pelo resto da minha vida. Mais cedo ou mais
tarde todos pagam suas contas. Meu seguinte pensamento foi sobre
minha cachorrinha.
— E quanto a Bela? — perguntei.
Esperava o pior devido a quão pequena era, e ele me apunhalou
com a faca com muita força. Era provável que o ódio em seus olhos
me perseguisse toda a vida. Não brincava quando disse que queria me
matar.
Me sentia mal por Bela ter tido que suportar o impacto do
ataque, em especial porque ela estava indefesa. Em retrospectiva,
suponho que foi algo bom, já que o resultado poderia ser muito mais
grave; mas mesmo assim, queria que estivesse bem. Ela era meu
primeiro bebê.
— Vai ficar bem. Disseram que a faca não tocou os órgãos mais
importantes, esperam que tenha uma recuperação completa.
— Graças a Deus. — Deixei escapar um suspiro de alívio.
— Como se sente baby? — Olhou para mim com apreensão.
— Um pouco cansada. Confusa. Mas estou bem.
Tentei me sentar para estar mais cômoda. Jake se aproximou e
me ajudou. Me contou exatamente o que os policiais disseram. Disse
que tínhamos que nos reunir com o detetive para falar sobre minha
versão dos fatos, pedi que ligasse para terminar de uma vez com isto.
Ligou primeiro para Brett, já que queria que estivesse aqui também.
Depois de fazer as outras ligações, Jake levantou minha bata de
hospital para ver as suturas. Sabia exatamente o que sentia. A noite
anterior, quando senti que poderia perder os bebês, tudo ficou claro.
Tinha que acontecer, eles estavam destinados a passar por essa
situação. A vida não te dá mais do que pode suportar. Embora seja
como te pôr a prova.
Brett entrou no quarto com alguns pãezinhos e café. Só de sentir
o cheiro do café, meu estômago roncou. Ele riu.
— Ri tinha o mesmo problema quando estava grávida de Kayley.
— Sorriu.
Colocou a mão na bolsa e me ofereceu um pãozinho com creme
de queijo. O sabor era estupendo. Tinha sabor de fruta proibida.
Estava dando a última mordida quando os oficiais chegaram.
— Senhorita Thompson, sou o detetive Johnny Cruz, e ele é o
oficial Ryan Consuelo. — Disse enquanto entrava no quarto.
Aproximaram umas cadeiras à cama e o detetive tirou um
gravador portátil.
— Pode me dizer o que lembra da noite anterior? — Inquiriu,
com suavidade.
— Fomos ao médico mais cedo e o que pensamos que eram
cálculos renais acabou sendo bebês. Lembro que eu queria dormir
porque estava muito cansada, não conseguia manter a comida em
meu estômago durante a maior parte do dia, por isso disse ao Jake
que me comprasse algo. Quando acordei, alguém estava me
carregando. A princípio pensei que fosse Jake, porque tem o costume
de me carregar sobre seu ombro e me levar assim. — Olhei para ele e
sorriu.
— Entretanto, não era Jake, era Jeremy. De algum jeito,
conseguiu amarrar as minhas mãos enquanto dormia. Me colocou na
parte traseira de um automóvel e dirigiu até o motel. Me arrastou
para dentro, e havia facas e velas sobre o aparador. Meu instinto me
fez lutar, mas a última vez que me atacou notei que quanto mais
lutava mais gostava. Decidi agir como um participante disposto e ver
o que acontecia. Lembro que me perguntou: Como se sente ao saber
que vai morrer nesta noite? A próxima coisa foi que agarrou a faca
maior e me agrediu com ela. Logo que escutou que algo acontecia lá
fora, me apunhalou. Brett entrou no quarto logo depois disso, do
contrário, tenho certeza que continuaria me apunhalando. Brett deu
um golpe em Jeremy e o derrubou. Ele ficou bastante atordoado e
isso deu tempo a Brett para me recolher e correr para saída. Logo
terminamos aqui.
O detetive procurou em seu bolso e tirou um envelope de provas.
— Isso parece familiar? — Perguntou enquanto segurava.
Senti que meus pulmões ficavam sem ar.
— É seu anel. — Balbuciou Jake.
Ambos olhamos minha mão ao mesmo tempo, e vi que meu
substituto continuava em seu lugar. Era ele, foi ele que me atacou no
Texas! Jake estava enfurecido. Brett saiu do quarto e voltou uns
segundos depois.
— Maldito filho da puta! — Gritou Jake.
— Jake. — Repreendi.
— Não tinha como saber que era ele. Se acalme.
— Nem posso imaginar o que poderia ter acontecido no Texas.
— Essa maldita serpente! — Gritou Brett.
— Qual serpente? — Perguntou o detetive.
— Deveria falar com Ian Voos. — Sugeriu Brett.
— O do Blood to Bleed? — Perguntou o oficial.
— O mesmo. Tenho certeza de que está familiarizado com nossa
inimizade progressiva.
— O mesmo. Tenho certeza de que você está familiarizado com a
rixa dele com Jake. Ele saberia que algo como isso poderia
potencialmente arruiná-lo. Pense em todas as datas de turnê que
foram canceladas, além de tirar Jake da jogada. —
Maldito seja! Nem pensei nisso.
— Tudo faz sentido. — Disse Jake.
— Vamos falar com ele agora mesmo. Tenho certeza de que está
na cidade, já que estão preparados para fazer o show no sábado.
Obrigado por seu tempo, senhorita Thompson.
Assenti. Eles se foram e fecharam a porta. Jake se aproximou e
me beijou.
— Mal posso esperar para adicionar Parker em seu nome. —
Sorriu e me deu uma piscada.
Jake e Brett ficavam nos cantos como um par de galinhas.
Falavam sussurrando para que eu não os escutasse. Uma enfermeira
entrou e checou meus sinais vitais. Disse que prepararia os papéis de
alta para que pudéssemos ir embora. Queria ir para casa e dormir,
mas não antes de ter meu hambúrguer de queijo com bacon e pepinos
japoneses extras. Jake pediu ao Brett que saísse para poder me
ajudar a me vestir. Assinamos a alta e tive o passeio habitual em uma
cadeira de rodas. Esperava que a próxima vez fosse por uma razão
mais positiva. Jake me ajudou a entrar no carro de Brett.
Nem precisei pedir para comprar comida. Brett estacionou no
primeiro In-N-Out do caminho. Sentei feliz junto a Jake na parte de
trás e devorei minha comida.
Jake ligou para o veterinário e nos disseram que queriam que
Bela ficasse alguns dias a mais, queriam ter certeza de que tudo
ficaria bem, entretanto, disseram que estava ótima. Quis protestar,
mas queria que ela estivesse completamente segura. Jake me
prometeu que iríamos buscá-la assim que dissessem que podíamos
levá-la para casa.
Três dias depois, saíamos da clínica veterinária com minha
pequena Bela. Ela estava feliz em me ver, mas não tanto como eu.
Sua cauda se movia a um milhão de quilômetros por hora. Até mesmo
pintaram as unhas de rosa enquanto esteve lá. Jake me ajudou a
entrar na caminhonete e fechou a porta. Acariciei a cabeça de Bela e
dei muitos beijos enquanto dirigíamos para casa.
O show do Radioactive era amanhã. Jake ainda estava muito
ansioso para me deixar sozinha em casa depois de tudo o que
aconteceu, por isso Bela e eu íamos ao show depois de tudo. Os
encarregados do caso ainda não tinham as evidências suficientes
para provar que Ian tinha uma conexão com Jeremy. Jake também
contratou seu outro guarda-costas, Vin, para que cuidasse de mim.
Pedi que fizesse uma parada rápida para comprar uns burritos
durante o caminho para casa. Nesses últimos dias meu apetite era
tanto voraz quanto inexistente. Agora mesmo, morria de fome.
Devorei a comida de forma selvagem e praticamente rosnei para que
Jake me desse o resto da sua. Ele apenas sorriu e me entregou a
comida. Tirou outra sacola que estava perto dele. Era um prevenido.
Entramos na garagem e subimos para o apartamento. Só de caminhar
fiquei exausta. Deitei na cama e Jake se ofereceu para levar Bela para
que eu pudesse descansar. Liguei a televisão e comecei a ver um
episódio repetido do The Golden Girls. Esse programa sempre me
fazia dar muitas risadas. Quando Jake voltou depois de revisar o
alarme três vezes para ter certeza que estava ativo, decidimos que
poderíamos viajar a Ohio no domingo para começar a procurar uma
propriedade. Tínhamos que ir logo, porque meu pai teve um ataque
toda semana por estar preocupado comigo.
Despertei pela manhã. Consegui dormir quase quatorze horas.
Virei o rosto e Bela começou a lamber meu nariz. Acariciei sua cabeça
e me sentei. Foi então quando senti o aroma... Bacon! Me senti como
uma mulher maravilha voando até o andar de baixo. Jake me olhou e
sorriu como louco. Revirei os olhos e me aproximei do prato que
estava sobre o balcão. Ele fez torradas francesas e muito bacon.
Segurou minha mão, me levou até a mesa e puxou uma cadeira.
Sentei e ele colocou o prato diante de mim. Saboreei cada bocado.
O pobre Jake teria que encarar um par de meses miseráveis, a
comida era muito mais importante que os desejos sexuais neste
momento. Terminei meu café da manhã e fiquei em pé para pôr o
prato na lava-louça, mas ele me tirou isso e me obrigou a me sentar
de novo.
— É muito importante que descanse agora. Vou te servir,
senhorita. Já falei com todos os meninos esta manhã e concordamos
que vamos gravar um novo álbum. Mas faremos em Ohio.
— Ah? — Emiti confusa.
— Quando construirmos a casa vou incorporar um estúdio no
porão. Dessa maneira estarei livre de viagens. Já tenho tudo
planejado. Os meninos concordaram que seria bom sair de Los
Angeles por um momento. Acredita que Smithville poderá suportar o
Battlescars? — Brincou.
— Acredito que vão se adaptar a isso muito bem. Embora não
seja necessário que faça isso. Entendo seu trabalho, e sei que ama o
que faz. Não quero te afastar disso.
— Não fará nada disso, baby. Tudo o que me dá é mais do que
jamais pude esperar. Te amo muito, Aubrey Thompson quase Parker.
Não pude evitar, me tornei um desastre emocional. Estes
hormônios da gravidez eram como uma maldita montanha russa.
— Também te amo, Jake Parker.
Capítulo 13
Radioactive

Jake
Tomei banho e me preparei para o show. Vesti uma bermuda
cinza e uma camiseta preta, estava acabando de amarrar minhas
botas quando Aubrey entrou no quarto. Fiquei sem ar, ela estava
incrível, vestida com uma calça capri camuflada e um top preto.
Ela sempre estava incrivelmente sexy, mas ultimamente estava
muito incrivelmente sexy! Eu estava apenas esperando terminar esse
último show para poder nos concentrar em nosso futuro. Caminhei
até ela e a beijei profundamente.
Alcancei meu bolso traseiro e ofereci uma pequena surpresa que
encontrei na loja outro dia.
— Onde isso esteve durante toda minha vida? — Gritou
emocionada.
— Quem quer que tenha pensado em fazer brilho labial sabor
bacon é meu herói. — Ela me abraçou com força.
Beijei sua cabeça e ri. Ela acertou meu abdômen com o cotovelo,
brincando.
— Não ria de mim, Jake Parker! Acontece que estou à mercê não
de um e sim de dois bebês bem agora. Se quero comer bacon vinte e
quatro horas, sete dias por semana, então simplesmente vai ter que
lutar com isso. Capiche?
— Sim, mamãe.
— Bem. Acredito que podemos conseguir hambúrgueres de
queijo e bacon a caminho do show? Porque parece muito justo agora.
— Tenho certeza que encontraremos um jeito. Não queremos que
Brett e Vin te vejam com raiva quando fica muito tempo sem comer.
Pensando melhor, talvez devêssemos comprar um montão de coisas
que possa beliscar enquanto estamos lá. Vai ser um dia comprido e
não quero que saia por nenhuma razão. Capiche?
Ela grunhiu, e o cão a seguiu. Estendi a correia de Bela e
caminhamos para as escadas externas e esperamos chegar.
— Vamos, temos 15 minutos antes que cheguem aqui.
Puxei Albrey para que sentasse em meu colo e massageei seus
ombros. A buzina tocou e fui abrir enquanto Aubrey pegava Bela.
Acionei o alarme e verifiquei duas vezes para ter certeza que havia
fechado a porta. Entramos no carro. Apresentei Aubrey ao Vin. Disse
ao Brett que era melhor parar e comprar um pouco de comida para
Albrey. Especialmente quando sabia o que era bom para ele. Ele riu e
concordou, se quiséssemos manter nossa masculinidade deveríamos
fazer o que a dama grávida dissesse.
Ela se apoiou em meu ombro e acomodou Bela em seu colo.
Toda vez que olhava esse cão via muito mais que só um cão, era um
pequeno anjo. Odiava pensar naquela noite. Era difícil acreditar que
aconteceu menos de uma semana atrás. Era recente e antigo ao
mesmo tempo. Brett entrou no Ray's Burger House e pediu para
Aubrey uma variedade de opções, incluindo seu hambúrguer de
bacon. Entregou a sacola, a qual ela aceitou felizmente. Deu sua
última dentada exatamente quando chegamos. Vin tinha ordens
estritas de não deixá-la sozinha nem um segundo.
Fomos escoltados pela porta do palco aos bastidores para junto
de nossa banda. Todos os outros meninos já estavam lá quando
chegamos. Kevin se levantou, em seguida disse a Aubrey que
sentasse. Ele era uma mãe galinha algumas vezes. Perguntava a ela
como se sentia e blá, blá, blá. Ele alcançou sua mochila e tirou uma
bolsa com presente e a entregou. Era um guia de gravidez saudável e
umas quantas caixas de chá de ervas. Ele era consciente dessas
coisas da saúde. Aubrey agradeceu e deu um abraço. Que puxa saco!
Blake e Derek me surpreenderam também. Todos estavam sendo
supersensíveis com Aubrey e Bela.
Levantei uma sobrancelha ao Blake.
— O quê? — Respondeu desconcertado.
— Nada. Só estava me perguntando se vou ter que começar a
comprar absorventes.
— Cala a boca, cabeça de pinto. — Brincou.
— Ah, ele ainda está aí em algum lugar. — Brinquei.
— Por favor, todos estavam preocupados com ela. Ainda não
consigo entender que você vai ser pai de alguém. Há alguma merda
estranha aí. — Derek sacudiu sua cabeça como se acabasse de
compreender o que disse. Aubrey riu.
— A respeito disso... são gêmeos. — Disse com orgulho.
Todas as cabeças se levantaram para mim. Blake parecia como
se fosse desmaiar. Derek estava branco como um fantasma. Kevin
sacudiu sua cabeça e sussurrou algo que soou como "Imagine".
— Isso. Meus meninos podem nadar. — Disse orgulhosamente.
— E ela não te matou quando descobriu? — Derek riu e a olhou.
— Aubrey merece uma maldita medalha ou algo assim.
— Eu definitivamente teria cortado sua bola direita. — Gritou
Blake.
— Oh, eu pensei nisso. — Aubrey sorriu e me deu uma piscada.
Sacudi minha cabeça.
— O que é isto, o dia de sacanear o Jake?
— Não, isso é todos os dias. — Blake riu.
Sacudi a cabeça e caminhei para ficar ao lado de Aubrey. Ela
começou a folhear o livro que Kevin deu a ela. Fez um montão de
perguntas a respeito de coisas do livro. Logo falamos da mudança
para Ohio e o casamento, que aconteceria em duas semanas. Blake e
Derek não podiam esperar para conhecer a vovó Jean. Só podia
imaginar que palavras ela teria para eles e suas travessuras.
Não podia esperar para descobrir onde íamos construir. Eu
queria construir algo grande, então não teríamos que nos mudar de
novo, e assim teria uma desculpa para brincar com Aubrey, poderia
falar sobre nosso time de futebol? Também queria ter espaço
suficiente para quando o time viesse. Também queria construir uma
casa pequena de hóspedes, porque queria que os caras tivessem um
espaço para ficar quando tivéssemos que gravar. Definitivamente
queria algo isolado, e planejava pôr uma cerca ao redor de tudo.
Talvez pudéssemos incorporar um fosso. Quão assombroso seria isso?
Minhas ideias flutuavam como loucas quando vieram e nos
avisaram que era hora de ir. Aubrey ficaria ao lado do palco com o Vin
e Brett, que estavam armados.
Segurei suas mãos e a ajudei a levantar. Caminhamos de mãos
dadas até o palco. Fiz uma verificação rápida ao nosso redor e a deixei
com eles, mas não antes de ter meu beijo pré-show.
Aubrey
Estava parada ao lado do palco segurando Bela. Observava Jake
enquanto se apropriava do centro do palco. Tinha Brett a minha
direita e Vin a minha esquerda. Ambos eram gigantes. Vin tinha
provavelmente a minha idade, e Jake disse que ele era boxeador. Era
do mesmo peso que Brett, com músculos avantajados. Dava para ver
o volume da arma por dentro da jaqueta. Olhei para Brett, que me
deu uma piscada. Soube nesse momento que fui enganada por Jake.
Sabia que Jake estava preocupado por Ian, mas, sério, esse menino
era do meu tamanho, e provavelmente mais magro. Eu poderia
derrubá-lo sem problemas se tivesse que fazer, e sabia que Brett
poderia derrubá-lo com seu mindinho. Jake tomou seu microfone.
Olhei para ele com seu moicano com mechas cor de rosa. Eu estava
loucamente apaixonada por esse cara.
— Damas e cavalheiros. Me deixem escutá-los! — Gritou. O
som que seguiu ressoou por toda parte. — Como estão todos esta
noite? Começaremos esta noite com uma canção que estará em nosso
próximo álbum, assim que formos para estúdio. Se chama Life Starts
Now, e é dedicada a minha incrível noiva. Te amo, baby.
Sabia que estavam ensaiando algumas novas canções, mas não
tinha ideia de que tinham uma canção, com música e tudo. A canção
era basicamente a respeito de deixar ir o passado e abraçar o futuro.
Assisti ao show me sentindo agridoce por tudo. Revivi os últimos
três meses e meio. Era tão surreal. Quase parecia como se Jake
tivesse sido enviado para me ajudar a me curar. Quando o conheci
estava assustada. Acreditei que estava me protegendo o afastando. De
alguma forma, ele deu um jeito de entrar no meu mundo e
diretamente em meu coração. Saltava pelo cenário como louco. A
multidão estava completamente cativada por ele. Eu estava
impressionada, como sempre.
Finalmente, quando terminou o show, atirou a toalha e
caminhou para mim. Me levantou e envolvi minhas pernas ao redor
de sua cintura. Entreguei Bela ao Brett para que se salvasse de cair
ou ser asfixiada. Jake se inclinou e me beijou, deixando suor em meu
rosto. Não o teria de outra forma. Tentei descer, mas não me deixou.
Começou a caminhar para o camarim com os guardas nos seguindo.
Parou no meio do caminho.
— Olá, imbecil, bom truque que tentou fazer. Na verdade aprecio
cara de merda. — Gritou.
Virei para ver com quem estava falando. Ian. Bela começou a
ladrar como louca. Seu cabelo escuro estava amontoado para um
lado. Ele sorriu para Jake, então senti que Jake ficou tenso. Movi
minha cabeça e lambi seu pescoço em um intento de distraí-lo. Não
queria que entrasse em uma briga com o Ian, porque definitivamente
não valia a pena. Eles estavam metidos em um concurso de olhares.
Jake não respondeu como esperava. Mordi o lóbulo de sua orelha
gentilmente. Isso chamou sua atenção, mas ainda se manteve imóvel.
— Jake, só vamos. — Implorei. Sabia que queria me escutar, mas seu
orgulho de macho e essas coisas não o deixavam se mover. — Isto
não vai resolver nada. Deixe que o destino se encarregue disso. Tudo
o que vem vai...
— Está deixando a sua mulher mandar assim em você, Parker?
Jake começou a tremer. Me inclinei em seu ouvido e sussurrei:
— Baby, está todo suado, e realmente preciso de você
exatamente agora... Vamos para casa. Por favor. — E terminei com
um gemido.
Isso fez com que ele desistisse e começasse a caminhar para a
porta traseira. Vi sobre meu ombro que Vin estava verificando o corpo
completo do Ian. Blake e Derek emergiram de algum lugar e viram o
final das coisas. Blake parecia como um assassino. Derek muito
irritado. Observei Blake enquanto caminhava para o Ian e o golpeava
diretamente na garganta. Kevin apareceu depois.
— Estava pensando se um objeto contundente contra sua
garganta faria sua voz menos irritante. É um pedaço de merda sem
coração e sem pênis. — Cuspiu Blake em sua cara, e, enfurecido,
chutou uma lata de lixo no processo.
— Não sei como se olha no espelho. — Provocava Kevin. — Jake
Parker é uma ameaça tão grande pra você, que precisa se rebaixar
para contratar um stalker14 ?
Jake se deteve e deu a volta. Ian parecia um servo paralisado
pelos faróis.
— Não sabia que ele era um stalker até que a polícia me disse
isso no outro dia. Jeremy disse que já saiu com Aubrey, mas não
sabia que algo a mais aconteceu no passado. Acredito que Jeremy
tinha tudo planejado desde o começo. — Gaguejou. — Mark deixou a
turnê na metade sem nenhuma notificação depois do show no Texas,
e precisávamos de um novo baixista. Ele praticamente apareceu do
nada. Era realmente bom, então o pegamos como substituto sabendo
que isso incomodaria ao Jake.
Os punhos do Derek se fecharam tão forte que podia ver cada
tendão em sua mão claramente. Se olhar pudesse matar, Ian estaria
morto exatamente onde estava parado.
— A turnê acabou, e não vamos ter outra razão para nos ver
outra vez. Posso ser muito calmo e tranquilo, mas se sequer respirar
em nossa direção, eu pessoalmente vou te tirar do caminho.
Entendeu? — Gritou Kevin.

14 Perseguidor
Nunca o vi nervoso antes. Era, de fato, intimidador. Ian assentiu
ansiosamente.
— Bom, agora vá trocar sua cueca. — Gritou.
Olhei para baixo e vi a parte frontal das calças de Ian molhada.
Se urinou todo. Aí foi quando soube que não podia saber a respeito
dos planos sinistros do Jeremy. Ian late mas não morde, apesar do
que queria que a gente pensasse.
Agarrei o cabelo do Jake para ter sua atenção de volta para
mim. Ele me olhou com carinho. Me movi para beijar seus lábios,
continuamos nos beijando enquanto caminhava até que estávamos a
salvo dentro do carro. Brett entregou Bela, e ela lambeu o rosto de
Jake e moveu sua cauda. Pedi que parassem para que eu pudesse
comprar uma vitamina de banana no caminho para a casa. Bebi feliz
da vida! Quando chegamos, Brett insistiu em tomar precauções e
checar o lugar inteiro antes de nos permitir entrar.
Fomos diretos para o quarto com a intenção de arrumar as
malas para Ohio, já que íamos pela manhã. No segundo em que Jake
tirou a camisa, estive muito distraída para fazer algo, exceto com ele.
Me aproximei mais e pus os braços ao redor dele, respirando seu
perfume. A gravidez melhorava meu sentido do olfato, e ele cheirava
inclusive melhor que antes. Olhei para ele com os olhos cheios de
luxúria.
— Preciso de você. — Sussurrei.
Não precisei dizer nada mais. Fizemos um trabalho rápido com o
resto de nossas roupas. Ele me beijou e devorou cada pedaço de mim.
Me segurou no colo com minhas pernas envolvendo ao redor de sua
cintura e caminhamos para a parede para desligar o alarme, ele
caminhou em direção a porta de vidro de correr e a abriu, me
conduzindo para uma das cadeiras. Me colocou no chão
cuidadosamente e beijou meu pescoço, peitos e meu estômago,
parando para prestar atenção extra aos bebês antes de terminar em
meu centro. Levantou minhas pernas e as pôs sobre seus ombros, e
lambeu minha umidade quente, dando uma especial atenção a meu
nó inchado, só precisou de um par de movimentos circulares com sua
língua talentosa antes que estivesse me retorcendo debaixo dele.
Levantou a cabeça me olhando satisfeito. Colocou sua nervosa
ereção na minha entrada, lentamente empurrando até que me encheu
completamente. Estar assim me fazia sentir completa. Ele entrou e
saiu no ritmo das ondas. Passei meus dedos por seu cabelo, olhando
seu lindo rosto. Meu coração se inchava com o amor que sentia por
ele. Estava me empurrando mais perto e mais perto do orgasmo.
Quando veio, foi como ver as estrelas, glorioso. Senti seu pênis inchar
e me preencher. Não queria que este momento terminasse. Me
segurou no colo e me levou até o banheiro, me colocou na pia e me
limpou antes de me pôr na cama. Deitei de lado e fechei os olhos me
sentindo eufórica.

o
Encontramos uma bonita propriedade, não muito longe da dos
meus pais. Eram 4 hectares, e podíamos começar a construir
imediatamente.
Jake fez os acertos para nos encontrarmos com o arquiteto
hoje, então foi o que fizemos. Ele tinha tudo planejado em sua cabeça.
Eu queria uma cozinha, um quarto e um banheiro, para mim eram os
cômodos imprescindíveis. Seguimos para o escritório e Jake me
ajudou a sair do automóvel, como se eu fosse incapaz de abrir minha
porta.
Quando entramos Nick, o arquiteto, nos cumprimentou,
entramos em seu escritório, onde tinha uma grande tela de toque com
alguns planos já redigidos. Jake era como um menino na loja de
doces. Falamos do que queríamos e precisávamos. Deixei que Jake
negociasse, porque eu nem sabia quanto ia custar toda esta coisa.
Provavelmente ia terminar me dando pesadelos. Quando saímos
alguns planos e detalhes já estavam pré-estabelecidos. Fiz que Jake
descesse de doze quartos para oito, eu tentei cinco, mas foi vetado por
ambas as partes. No lugar disso, a casa de hóspedes terá cinco
quartos e seu próprio estúdio. Algumas das ideias que Jake tinha me
deixaram realmente impressionada.
Paramos na casa dos meus pais e compramos alguns
sanduíches para comer. Hoje também era o dia em que daríamos os
toques finais aos planos do casamento. Nós não tínhamos muito
tempo antes do grande dia, precisávamos conseguir as passagens de
avião a quem não tivesse e garantir o transporte dos convidados do
aeroporto ao rancho. Estava feliz e nervosa. Realmente gostaria muito
que Ron gostasse de mim e vice versa. Parecia alguém
verdadeiramente especial para o Jake, e era extremamente
importante para mim que nos déssemos bem. Sei que o via como um
mentor, mas Ron parecia ser sua figura paterna. Assim que tudo
estava resolvido, fui deitar, porque estava exausta. Exigi que Jake
viesse comigo e nos acomodamos enquanto tirava uma soneca.
Sempre dormia melhor quando ele estava comigo.
— Jake, você se lembrou de vestir calças pela manhã? —
Brincou meu pai enquanto revirava seus olhos.
— Cala a boca, cara. Todos nós sabemos que é Aubrey quem
veste as calças nessa relação. — Disse Jake.
— Não se esqueça! — Disse na brincadeira.
Esses dois eram diferentes quando estavam juntos. Estava
agradecida que se dessem tão bem, especialmente porque era a
menina do papai e não via uma mudança. Meu pai amava Jake com
todo seu coração, um implicava com o outro sem compaixão, e era
muito divertido ver. Eu me enrolei em Jake e fechei os olhos.
Capítulo 14
Ranchos e feridas

Aubrey
Chegamos ao rancho de Ron na semana anterior ao casamento.
Planejamos chegar com antecedência para ficar, conhecer e ter
certeza que tudo estará sendo feito e organizado como planejado.
Jake ainda não disse ao Ron sobre os bebês, e estava a ponto de
explodir para dar a notícia. Havia um carro nos esperando no
aeroporto, carregaram as bolsas no porta-malas e Jake entregou ao
motorista o endereço. Dirigimos por mais de uma hora no meio do
nada. Não havia nada em milhas, literalmente, exceto alguns cactos
de vez em quando. Finalmente chegamos a uma estrada com portão.
Todo o lugar estava rodeado por uma cerca. Jake sorria de orelha a
orelha. Digitou um código, e o portão se abriu. Contive a respiração
tentando acalmar meus nervos. Jake esfregou minha mão para me
tranquilizar. Agarrou nossa bagagem e tirou um chaveiro de seu
bolso, abriu a porta e chamou por Ron. Um homem deu a volta na
esquina em uma cadeira de rodas. Tinha o cabelo branco como a neve
e usava um chapéu de cowboy preto. Ele sorriu, com o mais
brilhante e branco sorriso que jamais tinha visto. Jake pôs Bela no
chão, e ela saiu correndo para explorar.
— Jake, meu filho. Está aqui. — Ron sorriu. Jake se inclinou
para abraçá-lo. — Senti saudades de você, filho. — Ele acariciou as
costas do Jake.
Meu coração se inchou e senti vontade de chorar. Malditos
hormônios da gravidez.
— Pops15, eu gostaria que conhecesse minha linda noiva,
Aubrey. Aubrey, este é Rum.
— É uma beleza, Jake. — Ele me olhou. — É um prazer te
conhecer, Aubrey.
— Igualmente. — Fiquei vermelha, me sentindo envergonhada.
— Vamos, tenho a Janine colocando uma festa para vocês antes
de sair. Podemos nos sentar e colocar a conversa em dia. Bom, eu já
estou sentado, mas já fazem ideia. — Brincou.
Ron tinha uma aura quente, podia dizer, sem dúvida, que era
uma pessoa de bom coração, e imediatamente me senti a vontade.
Também senti um enorme alívio. Olhei ao redor da casa. Tinha
espaços abertos e estava decorada principalmente em tons terra.
Fomos à cozinha. Jake puxou uma cadeira da mesa para que me
sentasse. Sentei, e Jake foi ao redor para servir alguns pratos de
comida.
— Estou muito feliz ao ver que ainda tem boas maneiras, moço.
Eu posso estar em uma cadeira, mas mesmo assim encontraria uma
maneira de chutar sua bunda. — Jake sorriu. — Me fale de você,
Aubrey.
— Não há muito que contar. Sou de Ohio, e trabalho como
aeromoça para a pequena empresa aérea do meu pai.
Jake pigarreou.
— Você trabalhava baby. Estava acostumada a trabalhar como
aeromoça. — Sorriu.

15 Pai
— Que seja. — Revirei os olhos e me voltei para Ron. — Sou filha
única e diria que venho de uma boa família. Isso é tudo. — Disse
timidamente.
— É modesta. Eu gosto disso em uma mulher, Jake. — Ele me
olhou e deu uma piscada. Devolvi o sorriso. — Estou tão feliz que
vocês dois estejam aqui. Obrigado por fazer o casamento aqui,
significa muito para mim.
— Pops, eu não o faria de nenhuma outra maneira. Sabe.
— Sei filho.
Jake colocou os pratos diante de nós e se sentou ao meu lado.
Comecei a escolher minha comida. O cheiro de um dos queijos me fez
sentir muito enjoada. Tinha um nó na garganta. Fiz meu melhor
esforço para disfarçar, mas tive que empurrar o prato antes de
vomitar. Jake percebeu e sorriu.
— Pops, temos algumas notícias... Íamos esperar até esta noite
para te dizer.
— Cuspa, moço. — Ron sorriu. Levantou o garfo para pôr um
pedaço de melão em sua boca.
— Você vai ser avô. — Sorriu Jake.
— Sério? — Perguntou Ron com ceticismo.
— É obvio. — Jake procurou em seu bolso traseiro e tirou sua
carteira.
Tirou a foto do ultra-som e a entregou para Ron. Ele a pegou e a
olhou com lágrimas nos olhos. Foi emotivo simplesmente vê-lo, e
comecei a chorar com ele.
— Aubrey, não sei se Jake te disse isto ou não, mas nunca fui
capaz de ter meus próprios filhos. Fui casado com o amor da minha
vida. Infelizmente, alguns anos atrás ela foi tragicamente atropelada
por um condutor bêbado. Estava já em meus quarenta anos quando
aconteceu, e não voltei a me casar. Em vez disso, comecei a perder
tudo o que tinha ao meu redor. Era isso ou o suicídio. Comecei a
trabalhar com um grupo de mentores para jovens, e assim foi como
conheci o Jake. Ele era um menino tão perdido quando o conheci.
Uma coisa esquelética, isso era. — Secou os olhos com um lenço e
tomou um comprido gole de água. — Anos mais tarde tentei adotá-lo.
Eles acharam que o ambiente onde eu morava não era apropriado
porque eu era um homem de idade média e sozinho. Independente
disso, penso nele como meu filho. Garanti que não importasse onde
estivesse, passaria todo o tempo possível com ele. Então, um dia
trouxe Jake a minha casa, e ele se aproximou e agarrou meu velho
violão. E veja só, quando eu era jovem, nos anos setenta, estava
acostumado a tocar com um grupo de meninos. Vi que Jake tinha
talento e providenciei que ele tivesse aulas de música e que não
faltasse nada que precisasse para progredir. O resto é história. —
Disse com orgulho.
Eu era um completo desastre derramado em choro.
— E... Isso é maravilhoso. — Chorei.
Jake se aproximou e esfregou minhas costas.
— Foi muito mais que isso, e você sabe. — Disse Jake.
— Só porque eu te dei uma ajuda de merda, não quer dizer que
tem que jogar. É um menino inteligente, e me sinto muito orgulhoso,
filho.
— Obrigado, pops.
Percebi que Jake começou a ficar emotivo.
— São gêmeos. — Riu Jake tentando mudar de assunto.
— É obvio que são. — Ron sacudiu a cabeça rindo.
Fomos para fora para ver onde ia ser o lugar do casamento. Era
um lindo terreno. Havia uma fonte um pouco fora do caminho onde
diríamos os votos. Já podia imaginar toda a cena. Meus pais, minha
avó Jean e Piper estariam aqui em um par de dias, junto com o Mark.
Mama Bee e Rosie chegariam para preparar toda a comida.
Penélope vinha com sua mãe e seu pai, ficaram muitíssimo
emocionados quando Jake pediu que fosse nossa dama de honra.
Blake, Derek, Kevin e sua noiva, Bryan, chegariam na noite da
quarta-feira. Brett, Ri e Kayley chegariam no último minuto já que
Jake os enviou para terminar a excursão de férias com a família dele.
Essa era toda a lista de convidados, já que queríamos manter o menor
possível, só com as pessoas que mais nos importava.
Jake pediu licença para conversar ao telefone, teve uma breve
conversa com o capataz da empresa construtora que contratou para
fiscalizar a construção. Supunha que iriam começar a escavação dos
alicerces da nova casa amanhã. Meus pais estavam emocionados
porque decidimos viver perto deles, especialmente com as crianças
chegando. Sentamos ao ar livre a maior parte do dia. No jantar,
comemos frango grelhado ao redor do fogo. O céu estava tão claro que
se podia ver cada estrela. Nos despedimos de Ron e nos retiramos. Ele
me levou para o seu quarto, do outro lado da casa, e abriu a porta.
O quarto era muito do estilo de Jake. As paredes eram de um
azul brilhante. Tinha uma cama de casal de madeira, com um
edredom de cor cobre, havia um aparador contra uma parede e uma
tela plana gigante pendurada na outra. Ele deixou cair nossa
bagagem e me levou para o banheiro. Havia uma banheira afundada
no chão. Sorri para ele. Abriu a torneira e tirou minha camiseta por
cima da minha cabeça. Ele me beijou e foi até abaixo da garganta.
— Eu te amo. — Sussurrou em meu ouvido.
Tirou sua camiseta pela cabeça e me ajudou sair de meus
shorts. Entrei na água morna e ele sentou ao meu lado. Me aproximei
e montei em seu colo, rosto com rosto. Olhei para seus olhos, me
senti completamente apaixonada por ele. Colocou sua mão de um
lado do meu rosto e inclinei para ela procurando seu toque. Nós dois
estávamos completamente perdidos no momento.
Eu adorava estar pele com pele com ele. Nos fazia sentir quase
como se fôssemos um. Levantei lentamente e baixei sobre sua dureza.
O beijei apaixonadamente e comecei a me mover, devagar. Envolveu
seus braços ao redor de mim e me manteve perto todo o tempo.
Chegamos ao orgasmo juntos, e foi um momento poderoso para mim.
Depois de tudo o que passamos em tão pouco tempo, estávamos aqui.
Íamos nos casar e tínhamos uma família a caminho. Jake seguiu me
beijando, negando sair de mim. Finalmente, me ajudou a sair da
banheira e me secou, beijando onde estavam os bebês.
Quando despertei na manhã seguinte me vesti apressadamente.
Tivemos que ir à cidade para obter nossa licença de matrimônio.
Escolhi um vestido de verão amarelo com flores brancas e calcei
sandálias. Acrescentei um prendedor de uma flor amarela em meu
cabelo e fui para a cozinha. Jake ria e bebia uma xícara de café com
Ron. Assim que me viu, se aproximou e me deu um beijo de bom dia.
Disse olá a Ron e me servi de um copo de suco de laranja. Jake já
tinha minha vitamina pronta e a meteu na minha boca. Tomamos o
café da manhã juntos antes de irmos à cidade. Entramos no cartório
e preenchemos todos os trâmites necessários. Disseram que
poderíamos reconhecer em dois dias. Jake me ajudou a voltar para
dentro da caminhonete de Ron e começou a ir na direção oposta de
onde vínhamos. Conduzimos por quinze minutos antes que Jake
estacionasse em frente a um deteriorado edifício de apartamentos.
— Aqui é onde cresci. — Disse solenemente.
Olhei para o cinzento edifício em ruínas, coberto por grafite. Meu
coração se afundou ao pensar que uma criança teve em um lugar
como este. Não apenas qualquer criança, mas Jake. Sabia que tinha
nascido em um conjunto de circunstâncias fora de seu controle, mas
ainda doía. Podia ver claramente que este lugar era sombrio, inclusive
durante o dia. Só podia imaginar como parecia de noite. Inclinou
sobre o volante e olhou o edifício que uma vez foi seu lar. Acredito que
procurava algum tipo de encerramento. Me aproximei e coloquei
minha mão na sua, entrelacei nossos dedos, e ele levou nossas mãos
a seus lábios e beijou a minha. Ele deu uma última olhada antes de
dirigir para longe.
Disse que queria fazer uma última parada antes de ir ao rancho.
Parou em um posto ao lado da estrada e comprou um buquê de
flores. Fomos de carro até o outro lado da cidade e chegamos a um
cemitério, ele não parou até que estivemos quase no final. Tirou as
flores, aproximou do meu lado e abriu a porta. Desci, segurou a
minha mão e saiu andando. Paramos em frente a uma lápide de cor
rosa. Pertencia a sua mãe.

Crystal M. Parker
Que os anjos a guiem para casa.
03/11/1970 — 22/12/1997

Fiz os cálculos em minha cabeça, ela morreu há dezesseis anos


atrás, dezesseis era a idade que ela tinha quando ganhou Jake. E
Jake hoje tem a idade que ela tinha quando morreu, e se ela estivesse
viva teria quarenta e três agora. Olhei à data de falecimento. Morreu
pouco antes do Natal. Como de costume, ele sabia o que estava
pensando.
— Ela morreu pouco antes do Natal. Nem sabia o que era o Natal
além do que via na televisão e o que os meninos da sala estavam
acostumados a dizer. Estavam acostumados a estar realmente
entusiasmados, mas nunca tive um Natal quando criança. Ela fazia
panquecas quando não estava muito drogada. Meu primeiro Natal
real foi com Ron, quando tinha doze anos. Ele me conseguiu este
brilhante violão vermelho Gibson. Nunca o esquecerei. Me deu alguns
livros para principiantes e me ajudou a aprender todas as notas.
Quando estava preparado, me ensinou a escrever música. Alguém
arrombou o apartamento que Blake e eu morávamos quando nos
mudamos para L.A e o roubou. Eu, literalmente, procurei por toda
parte durante meses para ver se podia encontrá-lo. Revisei cada casa
de empenho em Los Angeles, mas nunca o encontrei.
Ele se ajoelhou e colocou as flores em frente à lápide. Sabia que
apesar de que não tinha um montão de lembranças agradáveis com
ela, ainda a amava. O amor de um menino é incondicional.
Infelizmente, alguns pais não merecem. Acredito que ela queria
melhorar. Simplesmente não tinha as habilidades para conseguir.
Amava mais as drogas. Acredito que essa é a razão principal pela qual
Jake simplesmente fundou um centro de reabilitação para as mães
com crianças pequenas perto de Phoenix. Tinha a esperança de que
estivesse aberto no fim do ano. Ia ser um lugar seguro, com um
parque infantil e um montão de apoio às mães. Ia ser nomeado The
Crystal Parker House em sua memória. Seu principal objetivo era
conseguir ajudar às pessoas que queriam sair de sua situação, e dar
a capacidade e apoio para reconstruir uma vida melhor. Eu adorava
sua humanidade. Sempre pensava que havia mais a fazer, e dizia que
era a principal vantagem de ser famoso. Seu nome ficaria conhecido
por fazer algo importante.
Vi como apresentava seus respeitos. Queria dizer algo para
consolar, mas estava sem palavras. Nunca gostei do "sinto muito" em
coisas como estas. Parecia carecer de significado. Pus minha mão
sobre seu ombro, mostrando meu apoio. Ele pôs sua mão sobre a
minha. Parecia perdido em seus pensamentos.
— Não sei se pode me ouvir ou não. Sei que realmente não
venho muito aqui, mas quero que saiba que estou bem. Não te odeio.
Eu gostaria que tivesse sido capaz de mudar, mas vou tentar ajudar a
outros como você em sua honra. — Limpou uma lágrima do olho. —
Vou me casar em alguns dias com a garota mais forte que conheci.
Seu nome é Aubrey, e é incrível. Não sei se teriam se conhecido se as
coisas fossem diferentes, e eu não gostaria de ter uma vida sem ela.
Vou ser pai em alguns meses, também. Não vou cometer os mesmos
enganos que você. Vou ser o melhor pai que posso para meus filhos. E
o mais importante, eles irão saber o quanto os amamos. Sei que me
amou, da sua maneira, pelo menos acredito nisso. Não sei quando
poderei voltar, mas só queria te fazer saber que te perdoo.
Sequei as lágrimas com minha mão livre. Jake carregou essa
carga nos ombros durante muito tempo, e finalmente era capaz de
deixar ir. Não falamos muito sobre o passado, porque pouco
importava agora. Contei sobre Jeremy, e nunca mais toquei no
assunto novamente. Agradeci por entender e nunca me pressionar a
falar sobre isso de novo. Estou certa de que sempre haverá fatores
que me farão lembrar. Mas, em sua maior parte, fui capaz de voltar
para uma vida normal. Ele me ensinou o que é um toque de amor, e
sei que nunca me fará mal. Acredito que é o mesmo com sua mãe,
mas Jake carregou esta carga por muito mais tempo, basicamente
toda sua infância.
Eu me pergunto como teria sido a vida se nunca tivéssemos nos
conhecido. E se ele tivesse uma infância normal com pais normais?
Seria a mesma pessoa que é hoje? Seguiria sendo o vocalista do
Battlescars, ou estaria fazendo algo mais? Pensei o mesmo sobre a
possibilidade daquela noite com o Jeremy nunca ter acontecido. O
quanto diferente teria sido minha vida? Então me dei conta de que
não importava, porque nosso passado era exatamente isso. Tínhamos
um ao outro agora, e isso era tudo o que importava.

Jake
Estávamos no aeroporto esperando que a família de Aubrey
aterrissasse. Pegamos nossa licença de casamento no caminho. Não
podia acreditar que faltavam apenas alguns dias!! Olhei para minha
linda noiva e sorri. Aubrey e Ron se deram muito bem, e ele a
adorava. Sabia que seria assim. Tivemos a oportunidade de conversar
ontem à noite, depois que Aubrey foi dormir. Recordamos de quando
eu era um adolescente. Eu o olhava como se fosse um louco, um
velho, mas o escutava de todos os modos. Acontece que ele tinha
razão nos 99... Ou melhor, 100% do que me disse. Eu o agradeço por
ser o pai que nunca tive e por todas as oportunidades com as quais
me brindou, desde meu primeiro violão, as lições, até me dar o
dinheiro para me mudar para Los Angeles e seguir meu sonho, e tudo
mais.
Tive a sorte de estar rodeado de gente tão altruísta, Aubrey
inclusive. Ela sempre pensava nos outros antes dela, o que seria uma
de suas melhores qualidades como mãe. Nada seria sobre nós, porque
íamos ter duas pequenas pessoas com quem nos preocupar. Mal
podia esperar para quando começasse mostrar a barriga. Seu vestido
chegou ontem à noite. Ela tinha a esperança de que ainda ficasse
bem, porque ganhou um quilo desde que o provou. Ofereci minha
ajuda para provar o vestido novamente, mas disse que daria azar e
que ia esperar sua mãe e Piper para que ajudassem. Estava ansioso
para apresentar Tim a Ron.
Vi quando o pequeno avião aterrissava na pista. Saí para ajudar
Tim a carregar a bagagem na caminhonete. Uma vez que tudo estava
carregado, entramos todos. Nós colocamos Tim, Caroline, Piper e
Mark na parte de trás e Aubrey e a vovó Jean na frente comigo. Por
sorte, era uma caminhonete grande. Liguei o motor e voltamos ao
rancho.
Aubrey falava animadamente com sua mãe e Piper sobre o
casamento e seus planos de como ficaria tudo. Estava tão
emocionada que era contagioso. Teria me emocionado de todos os
modos, mas vê-la assim só o fez melhor. Vovó Jean se queixava sobre
querer parar em um posto de gasolina para comprar cigarros. Tim e
Mark pareciam como se estivessem rodeados por muito estrogênio e
precisassem de uma cerveja, ou várias. Quando chegamos ao rancho,
todo mundo praticamente pulou da caminhonete, exceto Aubrey.
— Eu te amo. — Ela sorriu e se aproximou.
— Eu te amo mais. — Sussurrei antes de beijá-la como um
louco.
Houve uma batida na janela. Era Tim, ele estava com o pulsos
levantados e batendo com o dedo indicador no seu relógio. Aubrey
ficou vermelha e começou a rir. Neguei com a cabeça e a beijei pela
última vez antes de abrir a porta.
— Estamos esperando. — Brincou ele.
Agarrei um par de malas e os conduzi até a porta principal.
Deixei aberta para que todos pudessem entrar. Rum entrou no hall de
entrada com um enorme sorriso em seu rosto. Soltei as malas no
chão e fiz as apresentações. Aubrey e eu mostramos a todo mundo
seus quartos e dissemos que se arrumassem para o jantar. Íamos
fazer um churrasco mais tarde, já que eu ia cozinhar. Dissemos que
nos encontrassem na sala de estar em uma hora.
Aubrey agarrou minha mão e me levou de volta para nosso
quarto. Fechou a porta e a trancou. Me empurrou para trás até que
estava na cama, se inclinou e começou a me beijar de novo. Esfregava
sua bunda de propósito contra minha virilha, me deixando duro o
suficiente para esmagar diamantes. Hoje ela estava usando uma
minissaia, então movi sua calcinha para um lado e comecei a
acariciar suavemente. Ela gemeu em minha boca um par de vezes
antes que eu a movesse, de maneira que ela estivesse de costas.
Desabotoei minha calça e me senti mal por não me despir totalmente,
era apenas uma rapidinha à tarde, depois de tudo. Pouco a pouco me
afundei nela, pouco a pouco construí um ritmo. Suas mãos
agarraram o edredom antes de segurar minha bunda e me fazer
mover ao seu ritmo. Senti ela se contrair ao meu redor, e sabia que
não podia aguentar muito mais. Ela se inclinou e sussurrou no meu
ouvido.
— Me foda, Jake! — Ronronou. — Por favor... Sempre é tão
amável comigo. Quero que me foda duro e rápido. Por favor. —
Suplicou.
Só de ouvir ela falando assim foi o suficiente para me perder
nela. No início não queria porque estava preocupado pelos bebês, mas
falamos com o médico e fiz minha própria investigação. Tudo dizia
que estava perfeitamente bem, então me joguei para trás e bati contra
ela. Agarrei o ritmo e se seus gemidos indicavam que estava gostando,
e muito. Criei um monstro. Continuei empurrando, e me dei conta de
que estava perto outra vez. Outros três empurrões e a senti minhas
bolas se apertando, soltando minha liberação em seu interior.
— Santa merda! Isso foi incrível... — Ela sorriu.
— Sempre é incrível, sempre é, quando é com você, baby. Eu te
amo.
Cada vez com ela parecia melhor que a anterior, à exceção da
primeira. Essa eu não conto porque entrará na história por ser a
melhor noite de minha vida até então, sem comparação. Abracei
Aubrey por alguns minutos antes de correr ao banheiro e pegar uma
toalha. Voltei para o quarto e a limpei. Vê-la estendida na cama assim
só me fez querer ela de novo. Olhei meu relógio. Estávamos nisso
durante quase quarenta e cinco minutos, e todo mundo estaria
esperando por nós. A ajudei a se levantar e a guiei até a sala antes
que mudasse de opinião.
Felizmente, estávamos no outro extremo da casa, então,
ninguém pôde nos ouvir. Acredito que apesar do fato de que nós
iriamos nos casar e Aubrey já estar grávida, Tim chutaria meu
traseiro. Provavelmente teria filhas, só pelo carma. De fato,
provavelmente deveríamos simplesmente nomear a nossa primeira
filha de Carma e economizar todos os problemas, então podiam dizer
que foi Carma. Estava tentando pagar uma indenização em forma de
boas ações durante muito tempo, mas não podia nem imaginar a
quantidade de corações quebrados que levei a...
Chegamos ao mesmo tempo que Piper.
— Oh meu Deus, vocês acabaram de fazer! — Gritou.
— Cala boca. — Sussurrou Aubrey.
— Pelo menos você recebeu algo. — Ela sorriu.
— Recebi sim. — Brincou.
Entramos na cozinha, reunimos todos os ingredientes para o
jantar e preparamos tudo no exterior. Acendi a churrasqueira
enquanto Aubrey ia procurar Ron em sua soneca. Piper estava pondo
a mesa. Todo mundo saiu um par de minutos mais tarde. Coloquei o
avental de Ron "Beije o cozinheiro" e atirei uns hambúrgueres na
churrasqueira. Entreguei ao Tim e ao Mark uma muito necessária
cerveja e tomei a minha. Vovó Jean estava sentada ao lado de Ron,
bebendo seu uísque e fumando um cigarro. Esses dois caíram bem
em seguida, provavelmente porque ambos tinham um encanto
perspicaz. Aubrey conversava com sua mãe e Piper. Fiz a comida e
olhei a minha grande família feliz. Estava mais que agradecido.
— Quer um pouco de ajuda, querido? — Perguntou Caroline.
— Caroline, a churrasqueira é um trabalho de homens. Não é
mesmo, Jake? — Brincou Tim.
— É o que ele diz. – Ri negando com a cabeça.
Regra de filho político #1: Sempre estar do lado do sogro.
— Isso ai menino!!! — Ele me deu uma palmada no ombro.
As garotas só assobiaram.
— Timothy Andrew Thompson, se comporte ou vou te dar uma
surra. — Gritou vovó Jean do outro lado do caminho. — Não me
importa se tenho quase oitenta anos, mas ainda te levarei sobre meus
joelhos.
Ron a olhou pensativamente. Conheço esse olhar...
Servi tudo nas travessas e as coloquei sobre a mesa. Todo
mundo comeu, e inclusive recebi alguns elogios por minhas
habilidades. Está bem, só Aubrey me felicitou, mas também contava.
Sentamos e conversamos. Acendi o fogo na lareira e entrei para pegar
o restante.
Entreguei a cada um, um espeto e um punhado de chocolate.
Assei um que ficou perfeito e entreguei a Aubrey. Percebi que Ron me
olhava. Quando o olhei, assentiu me deixando saber que acreditava
que estava fazendo um bom trabalho. Sua aprovação significava mais
para mim que qualquer outra coisa. Só esperava que um dia pudesse
ser a metade do homem que ele era. Por volta das onze, todos se
retiraram. Tínhamos que nos levantar cedo porque viriam algumas
pessoas para terminar os preparativos antes do casamento.
Na manhã seguinte, levantei antes do amanhecer e fui à
cozinha. Preparei a cafeteira para que estivesse pronta quando todo
mundo se levantasse. Peguei um pouco de fruta da geladeira e cortei.
Então decidi provar minha sorte e fazer uma caçarola de café da
manhã. Quase tinha terminado quando Ron saiu do seu quarto.
Olhou e sorriu.
— O que está fazendo? — Perguntou.
— Estou preparando o café da manhã. — Sorri.
Terminei de polvilhar um pouco de queijo cheddar em cima e o
pus no forno.
— Parece que fez um bom trabalho. Espero que seu sabor seja
tão bom como sua aparência. — Brincou.
— Só podemos esperar. — Sentei à mesa.
— Jake, a diferença que vejo em você da última vez que esteve
aqui é nada menos que incrível. É como uma pessoa completamente
nova. Sei que sempre teve problema com a sua auto-estima, mas
maldito seja, menino, não estou ficando mais jovem, e não sei
quantas oportunidades mais vou ter. Então vou te dizer isso
diretamente. Merece tudo o que está acontecendo neste momento. Te
vi aprender, lutar, cair e se levantar outra vez. Vi você ter êxito e voar,
mas isto é do que a vida se trata. Estou tão feliz de estar aqui para
ver isso. Me sinto honrado de que tenha me escolhido para ser sua
figura paterna. Se tivesse um filho, você é exatamente o que eu
gostaria. — Tirou um lenço do bolso e secou seus olhos. Me aproximei
e o abracei. Fiquei emocionado também.
— Se eu tivesse a oportunidade de escolher alguém para ser meu
pai, eu teria escolhido exatamente o senhor, também. Me ensinou a
ser um homem, mesmo com todos os meus erros, nunca me criticou.
Só me oferecia conselhos quando pedia ou quando pensava que eu
realmente precisava. Nunca serei capaz de te pagar o que fez por
mim. Te amo, Pops.
— Também te amo, filho. Fico feliz de que tivemos esta
oportunidade.
— Eu também.
O temporizador se apagou, e a tirei do forno. Era algum tipo de
ovo do sudoeste. Mais ou menos, tinha queijo, ovos, pimentão,
cebolas e salsichas, e coloquei uma lata de bolachas no fundo da
caçarola caso alguém quisesse. Cheirava deliciosamente. Servi para
nós uma xícara de café e o cortei. Aproximei e coloquei o prato com a
esperança de ter o selo de aprovação do ancião. Cortou um pedaço
pequeno com o garfo e o cheirou antes de colocar na boca. Ele
assentiu em sinal de aprovação, então eu também provei um bocado.
Estava bom, na verdade. Estava orgulhoso de mim mesmo. Tim foi o
próximo a chegar na cozinha. Era outro madrugador. Segurou uma
xícara de café e sentou à mesa.
— Você fez isso? — Perguntou duvidando.
— Fez, e, de fato, é comestível. — Brincou Ron.
— Bom, o que está esperando? Vai me servir um maldito pedaço
e não, não vou beijar o maldito chef. — Riu.
Servi um prato para Tim, e coloquei os outros pratos sujos na
máquina de lavar louça enquanto esperava sua resposta.
— Caralho, o menino sabe cozinhar. — Sorri.
Não demorou muito e todos já estavam em pé, exceto Aubrey.
Todos pareciam desfrutar da minha caçarola também. Pedi licença e
fui acordar minha garota. Abri a porta e vi que se espalhou por toda a
cama, me aproximei e sentei no espaço vazio. Tirei seu cabelo do
rosto e a sacudi ligeiramente. Ela enrugou a cara e me deu uma
tapinha.
— Vá embora. — murmurou toda preguiçosa.
— É hora de levantar, baby. Todos os outros já comeram, e tudo.
— Ela sentou de repente.
— Comeu sem mim? — Gritou.
— Estou morrendo de fome. Fez Bacon?
— Não, salsicha... — Ela fez uma careta.
— Vamos, vou cozinhar um pouco de bacon.
A levei para a cozinha.
— Que bom que você se juntou a nós nesta manhã, princesa. —
Disse Tim.
— Fale com a mão, porque esta princesa está de mau humor até
que coma seu café da manhã.
A sala inteira estalou em gargalhadas. Acendi a grelha para fazer
umas torradas francesas e bacons, seu favorito. Preparei o mais
rápido possível e coloquei o prato em sua frente em cinco minutos.
Ela pegou o garfo, apunhalou o primeiro pedaço de pão e meteu na
boca. Rapidamente devorou tudo e sorriu. Servi um copo de suco de
laranja e suas vitaminas. Colocou em sua boca e engoliu.
Os homens e eu íamos tirar as medidas dos ternos hoje. Havia
este impressionante alfaiate não muito longe daqui que disse que
podia os ter prontos sábado. As garotas iriam ficar aqui e fazer coisas
de garotas. Planejei uma surpresa para elas. Sabia que Aubrey
gostaria, e também pensava que as outras gostariam, exceto talvez
pela vovó Jean. Subimos na caminhonete e saímos.

Aubrey
— Está bem, vejamos este vestido. — Interveio Piper com
entusiasmo.
Me aproximei do armário e tirei a bolsa com a roupa. Abri a
zíper e fiz a grande revelação. Piper saltava emocionada. Minha mãe
disse que amou, mas que desejava que fosse branco. Vovó Jean
perguntou se eu ia trocar meu nome para Mortícia. Tirei minha roupa
para poder provar logo meu vestido, estava a ponto de prová-lo
quando a campainha tocou. Sai tropeçando até a porta segurando o
vestido contra meu peito. Me perguntei se alguém chegou antes do
esperado. Não estava preocupada em abrirem a porta, já que era
necessário ter o código de segurança para poder entrar. As únicas
pessoas que o tinham eram Ron e os convidados.
Eram duas mulheres vestidas com uniformes. Disseram que
eram do Lotus SPA e que estavam ali para nos dar um dia de mimos.
As convidei para entrar e disse que precisávamos de alguns minutos.
Rapidamente provei o vestido, e me olhei no espelho, ele se
ajustou perfeitamente, e parecia maravilhoso. Tirei o vestido e
pendurei de novo no cabide, no fundo do armário.
Voltamos à sala, e as garotas do SPA haviam montado várias
mesas de massagens e um par de caixas. Perguntaram onde preparar
tudo, e minha mãe sugeriu o pátio.
Massagearam Piper e eu primeiro enquanto minha mãe e minha
avó pintavam as unhas das mãos e dos pés. Eu estava me sentindo
ótima. Era outra das coisas que pensei que nunca seria capaz de
desfrutar. Eu me virei e ganhei um tratamento facial com chocolate.
Eu estava relaxada e hidratada no momento que os meninos
retornaram. Jake trazia uma bolsa, me ofereceu e me deu um beijo.
— Você gostou da sua surpresa? — Perguntou.
— Foi muita consideração, e todas aproveitamos muitíssimo.
Obrigada. — O abracei.
— Senti saudades. Conseguiu fazer todas as coisas?
— Claro que sim, espere até que me veja no dia do nosso
casamento. — Ele sorriu feliz.
— Essa bolsa que estou segurando contém um pedaço de bolo
de chocolate triplo com recheio e cobertura de chocolate e chantilly.
— Agarrei a bolsa e pulei sobre ele envolvendo minhas pernas ao
redor de sua cintura.
— É o melhor quase marido da história! — O beijei mordendo
seu lábio antes de me separar. Me inclinei e sussurrei em seu ouvido:
— Você com certeza conseguirá me foder totalmente mais tarde.
Senti que começou a ficar excitado e comecei a rir. Negou com a
cabeça, me colocou no chão e me levou para a cozinha. Pegou um
garfo e sentou, assim que eu estava em seu colo, abri a bolsa e tirei
meu bolo. Parecia um orgasmo em prato, o Picasso dos bolos. Quase
não queria nem comer. A quem estou enganando? Peguei o garfo e em
um piscar de olhos coloquei na boca e gemi. De algum jeito,
conseguiram fazer ficar muito mais gostoso do que parecia, se é que
isso era possível. A única coisa que poderia fazer ficar melhor era
chocolate com cobertura de bacon. Deveria ligar e ver se podiam fazer
isso por mim. Tenho certeza que Jake conseguiria fazer isso por mim.
— Podemos conseguir um destes com bacon cobrindo o
chocolate? — Perguntei com a boca cheia. Ele enfiou o rosto em meu
cabelo tentando fingir que não ria. Tirou seu telefone e procurou o
número.
— Olá, estive aí a pouco e comprei um pedaço do seu bolo de
chocolate triplo. Eu gostaria de saber se é possível ter um com bacon
na cobertura. — Ele esperou.
— Sim sou eu. — Riu.
— Obrigado. Vou estar aí amanhã para buscar. — Deu a volta
para me olhar.
— O chef disse que sim.
— Te amo como uma criança gordinha ama um bolo. — Dei um
beijo.
O alimentei com a última mordida, porque amar é compartilhar.
— Acredito que poderia ter algo com o bacon. — Brincou.
Nos juntamos aos outros e passamos a última noite antes do
nosso casamento relaxando ao redor do fogo antes que o restante de
nossos convidados chegassem.
Capítulo 15
Aceito?

Aubrey
Todo o lugar virou um caos desde que todos chegaram. Blake e
Derek estavam apaixonados pela vovó Jean, e fizeram uma nomeação
para sentar ao seu lado em todas as refeições. Derek perguntou se
podia morar com ela quando se mudasse para Ohio.
— Por acaso pareço um motel? — Perguntou ela.
— Não, parece uma avó. — A incomodou-a.
— Não seja um espertinho. — Ela deu um tapa na nuca dele de
brincadeira.
— Aubrey, definitivamente vou roubar a sua avó.
Neguei com a cabeça e ri. Estava ajudando mama Bee e Rosie a
cortar as espigas de milho, Jake veio e me beijou na bochecha,
inclinou e sussurrou no meu ouvido.
— Viu a Piper?
Neguei com a cabeça. De fato, não a vi recentemente.
— Está com o Blake? — Perguntei.
— Esse descarado! — Ele se afastou resmungando algo.
Um pouco depois, ambos, Piper e Blake, entraram na casa.
Fiquei me perguntando se ali começariam algo, e se Blake estaria
amarrado em Ohio logo.
Conversamos o suficiente para que ela conhecesse a sua
reputação e que ele não era exatamente do tipo que assume
compromisso. A campainha tocou, e me levantei para atender,
sabendo que só esperávamos mais um grupo.
Eram Penélope e sua família. Me agachei e a abracei. Eu estava
ansiosa para que ela visse o vestido que eu pedi para Lulu fazer para
ela. Cumprimentei seus pais, Lucy e Paul.
Jake entrou e os levou para apresentar aos outros convidados.
Usei a oportunidade para roubar Penélope por alguns minutos, a levei
até meu quarto e tirei o vestido, segurei sua mão e retornamos até a
sala de estar, porque queria que sua mãe visse sua reação. Ela
cortesmente se desculpou e se juntou a nós.
Abri a bolsa e o tirei, seu rosto se iluminou e soltou um grande
grito. Era um vestido estilo cinderela, rosa forte, com strass e glitter.
Tinha várias camadas de tule para que ficasse fofinho e com volume.
Ela passou os dedos pelo tecido e me abraçou com força.
— O que se diz Penélope? — Perguntou Lucy.
— Obrigada, Aubrey. É igual um vestido de princesa de verdade.
Entreguei a sacola do vestido a Lucy para que pudesse guardar
em seu quarto, ela também me agradeceu. Penélope correu para a
sala de estar e saltou sobre o Jake.
— Jake!
— Princesa Penélope, senti saudades. Como está minha garota?
— Estou fabulosa. Sabia que a rainha Aubrey me deu um
vestido? É o vestido mais lindo que já vi em toda minha vida!
— É mesmo? A rainha Aubrey tem bom gosto. Por isso se casará
comigo. Ele me olhou e deu uma piscada. Todos riram.
Jake mostrou o caminho para seu quarto e os ajudou a levar
suas coisas. Mama Bee e Rosie chamaram para ir jantar. Esta noite
fizeram carne assada, purê de batatas, espiga de milho e algumas das
famosas bolachas de mamãe. O que quer que elas fizeram com a
carne assada ficou ainda melhor que a receita da minha mãe. Estava
deliciosa. Saboreei até o último pedaço. Depois do jantar, íamos nos
encontrar com Kevin e Bryan para tomar um sorvete com os meninos
e Piper. Kevin queria ir para a cidade, já que não comiam carne,
encontrou um restaurante vegetariano para experimentar. Mamãe se
ofereceu para cozinhar algo mais, mas ele disse que estava tudo bem.
Notei uma forte tensão sexual entre Piper e Blake. Era só
questão de tempo antes que soubessem que era um casal perfeito.
Piper gostava de umas coisas estranhas, ou pelo menos estranhas
para mim. Tinha a sensação de que poderia ser da preferência do
Blake também. Todos subiram na caminhonete e fomos.
Chegamos ao Cones & Such e pedimos sorvetes. Jake pagou
para todos, inclusive tinham um tipo que Kevin podia comer. Jake me
puxou para seu colo.
— Olhe para esses dois. — Ri.
— Dou até o final da noite.
Nesse momento, uma gota de sorvete caiu pelo peito de Piper,
Blake se inclinou e a lambeu. Começaram algum tipo de concurso de
olhares.
— Eu vou te foder tão forte que provavelmente deveríamos
dividir a informação dos nossos seguros. — Disse ela com tom áspero.
— Com prazer. — Ele deu a ela uma piscada.
Os dois ficaram ocupados com uma grande sessão pública de
beijos. Jake atirava coisas para separá-los, mas eles nãos
desgrudavam. Atirou ao Blake as chaves e ele as apanhou no ar.
— Não suje os bancos. — Ele encolheu de ombros.
— Não tenho ideia de como conseguiu lidar com eles por três
meses. — Bryn riu.
— Ora, ela nos manteve na linha. Amava cada minuto disso. Não
é mesmo Audrey? — Derek sorriu.
— Não foi tão ruim como acreditei que seria. — Admiti.
— Além disso, ganhei um marido pelo trato. — Beijei ele
brandamente.
— Estão todos preparados para amanhã? — Perguntou ela.
— Tão preparados como podemos estar.
— Estou muito feliz por vocês dois. — Disse Kevin formalmente.
— Obrigado, Kev.
Terminamos nossa sobremesa e garantimos que a caminhonete
não estivesse se movendo antes de abrir a porta. Ele sorriu, e eu
soube...
Quando chegamos em casa, demos boa noite e fomos para cama.
Não nos conformamos com o tradicional "nada de ver a noiva na noite
antes do casamento". Não queríamos ficar separados, especialmente
se íamos estar separados a maior parte do dia seguinte. Me acomodei
junto ao Jake e fechei os olhos. Era minha última noite como Aubrey
Thompson.
Na manhã seguinte abri os olhos e vi o céu azul pela janela.
Levantei e me espreguicei, Jake não estava na cama, mas havia uma
rosa com uma caixa vermelha ao lado, em seu travesseiro. Peguei a
rosa e a cheirei, levantei a tampa da caixa e no interior havia um
colar com uma fila de pérolas com o fecho de diamante, ficaria
perfeito com o meu vestido. Estava começando a me asfixiar pela
sensibilidade quando ele entrou no quarto com uma bandeja de café
da manhã. Sorriu e colocou a bandeja ao final da mesa.
— Você gostou?
— Eu amei. Elas são perfeitas. Obrigada, Jake.
— Hoje é o grande dia. Suponho que eu não deveria estar aqui
por ordens das mulheres, mas preciso pelo menos de um beijo para
sobreviver durante o dia.
Colocou sua mão em meu rosto e apanhou meus lábios, se
afastou muito rápido. Fiz um beicinho, mas ele balançou a cabeça.
Ele sabia o que desejávamos fazer, o que era exatamente o que eu
queria. Precisava de um alívio.
Ele assentiu e baixou a mão. Me acariciou delicadamente até
que gozei. Queria retribuir o favor, mas ele me beijou e rapidamente
se afastou de meu alcance.
— Te vejo no altar, baby. — Me deu uma piscada.
— Sim, te vejo em breve. — Falei.
Por sorte o casamento era no início da tarde e não teria que
esperar muito. Não tinha paciência o suficiente, especialmente
quando se tratava de algo que esperava.
Comi o café da manhã e tomei uma ducha. Vesti uma das
camisas de botões do Jake. Caminhei para a sala de estar para
encontrar a minha mãe, avistei Jake no outro cômodo da casa e
escutei ele gemer. Minha mãe estava sentada no sofá lendo uma
revista, inclinei sobre o sofá e dei um abraço nela, fiz de forma
proposital, me inclinei o suficiente para que ele visse minha calcinha.
— Não é justo. — Gritou antes de desaparecer.
Ri.
— Todos preparados para hoje? — Perguntou ela.
— Definitivamente. A moça do penteado está para chegar logo.
Deveríamos nos reunir e ver quem vai arrumar o cabelo e irmos todas
para meu quarto, lá tem um banheiro enorme.
Fomos reunir todas as mulheres. Também tinha uma pequena
surpresa de último minuto para a Penélope. Já que disse que amava
meu cabelo rosa, fizemos que o salão preparasse uma peruca rosa
para que usasse. Assim, estávamos todas reunidas em meu quarto
quando meu pai e Ron trouxeram algumas cadeiras e disseram que
eles tinham tudo sob controle lá fora. Um pouco depois, chegou a
equipe de penteado e maquiagem. Começaram com minha mamãe e
vovó Jean, assim que ficaram prontas foi a vez de Piper e Penélope,
seu rosto quando viu a peruca foi surpreendente. Após arrumarem na
cabecinha dela, foi a vez de Lucy, ela tentou recusar, mas todas
insistiram. Eu fui à última. Começaram a colocar bobs na parte
superior do meu cabelo para formar cachos. Ao finalizar com os
detalhes, olhei no espelho e ofeguei. Estava espetacular. Maquiaram
meus olhos com sombra preta e rosa, e lábios de rosa pálido. Meu
cabelo parecia maravilhoso. Era como da década dos anos cinqüenta,
sabia que Jake amaria. Inclusive fizeram que os cachos à frente
parecessem com um coração, e por último, só faltava prender o véu.
Limparam tudo e se foram. Todas foram se vestir.
Minha mãe e Piper retornariam para me ajudar com o vestido
quando terminassem, peguei meu colar de pérolas e coloquei. Eu
estava pulando de alegria até que chegaram.
Mamãe me deu o ramo de rosas envoltas com um laço de cetim
negro, eu tirei o vestido do armário e o deixei na cama. Mamãe estava
linda, com seu vestido com mangas prateadas e um par de sapatos
que combinava. Piper tinha um vestido com um tutu rosa brilhante e
saltos pretos. Vovó Jean vestia um vestido com estampa de leopardo
até o joelho. Tinha algo pela estampa de leopardo, e por ter oitenta
anos parecia genial.
— Já que suas pérolas são seu algo novo, todas trouxeram algo
para terminar. — Piper me deu uma fita azul como algo azul. Vovó me
deu algo velho, era o relógio de bolso do meu avô. Minha mãe me deu
seu anel de topázio como algo emprestado, este era um presente pelo
vigésimo aniversário de papai, e ela nunca o tirava. Coloquei no dedo
da minha mão direita.
Abrimos a sacola de roupa e tiramos o vestido. Desabotoei a
camiseta e a joguei no chão. Fiquei de pé com minha lingerie preta e
entrei no vestido. Piper amarrou o espartilho, certificando que não
ficasse muito apertado, para não ferir os bebês.
Mamãe me ajudou com os sapatos. Escolhi sapatos baixos ao
invés de saltos porque não queria me arriscar a cair e passar por
ridículo. Olhei pela última vez no espelho. Bem quando terminávamos
os últimos detalhes, papai bateu na porta. Estava muito bonito com
seu smoking preto e camiseta branca, usava uma gravata rosa
brilhante, o que me fez sorrir. Cada uma me beijou enquanto saíam
do quarto.
— Você está linda, princesa. — Ele inspecionou meu vestido.
— Não posso acreditar que meu bebê esta casando. — Ele
começou a chorar.
— Não comece ou perderei o controle. Já estou emocionada o
suficiente com os hormônios da gravidez. — Me abanei e tentei
manter as lágrimas nos olhos.
Ele estendeu seu braço e uniu com o meu. Saímos do quarto e
caminhamos pelo corredor. Paramos antes de chegar ao pátio, respirei
com força para acalmar meus nervos e saímos. O pátio parecia
mágico, havia três filas de cadeiras com laços rosa e preto na parte de
trás. Notei que Brett e Ri chegaram no último minuto. Jake fazia
planos para enviá-los a Disneylândia como presente por ser tão
dedicado. Esta era a única semana que Kayley tinha livre. Penélope
estava sentada com Kayley segurando Bela, e parecia adorável com
seu vestido e cabelo rosa.
Todos se viraram para mim. Eu somente me concentrei em Jake.
Usava um terno preto, uma camisa rosa brilhante e uma gravata
preta. Ri quando vi que usava suas botas sem amarrar. Ele afirmava
que davam boa sorte e as usava todo o ano. Coloquei um pé em frente
ao outro até que o alcancei.
Meu pai me beijou na bochecha e foi sentar junto com minha
mãe. Kevin realizou a cerimônia, já que havia feito um curso on-line e
provavelmente era a única pessoa que levou nosso casamento a sério.
Jake segurou minha mão e sorriu brilhantemente.
— Estamos reunidos hoje, frente à família e amigos, para
presenciar o matrimônio entre Aubrey e Jake. Conheci o Jake a cerca
de uns oito anos e passou a ser um irmão para mim. Nos últimos
anos, o vi caminhar por aí sentindo falta de algo. Amor. Isso foi até
que conheceu Aubrey. Ela era exatamente o que ele precisava, e
embora ela não quisesse admitir, ele também era o que ela precisava.
Juntos começaram a criar um futuro incrível, uma vida que muitas
pessoas invejariam. Estou honrado por me escolherem para realizar
sua cerimônia. Seu matrimônio parece uma encruzilhada, juntos, não
podem estar separados. Frequentemente se movem em direções
opostas, castigando a qualquer um que se interponha entre eles. Isto
é verdade, quando se refere a eles dois. Eu nunca tentaria separá-los.
— Ele riu. — Ao invés dos votos tradicionais, decidiram escrever os
seus. Jake pode começar.
— Aubrey, minha Belíssima, meu amor. Escrevo canções para
viver, e foi difícil pôr em palavras exatamente o quanto você significa
para mim. Quando nos conhecemos foi um tornado. Me deixou de
bunda no chão e não me deixou levantar por nenhuma de minhas
tolices. Eu disse a mim mesmo naquela viagem a Nova Iorque que
sabia que você valia a pena. Tinha razão. Nesse mesmo momento quis
ganhar seu coração, tive que trabalhar muito forte para notar a
minha existência. Estou feliz que encontrou uma razão para acreditar
em mim, porque me mostrou como era viver novamente. Vivia com
apenas uma pequena visão do que é a vida antes que você chegasse.
Você faz eu me sentir vivo. Não tolera as minhas idiotices e me faz
andar na linha, com apenas um golpe me coloca no meu devido lugar.
Te amo tanto que não tenho palavras para expressar, e te prometo
que passarei minha vida te mostrando o quanto exatamente. É minha
companheira e cúmplice de crime que revira os olhos. Está comigo
toda vez que respiro. Vou cantar nossos nomes juntos até eu morrer.
Te amo, baby. — Ela inclinou e roçou meus lábios ligeiramente.
— Nada de beijar até o final. — Repreendeu Kevin brincando. —
Aubrey, é sua vez.
— Jake, quando te conheci era uma garota assustada com uma
máscara forte. Passei anos afastando às pessoas porque não queria
sair ferida. Foi tão paciente e compreensivo em tudo, e conseguiu
fazer eu me sentir salva e amada. Me ajudou a baixar a guarda e a
aprender a viver de novo, fui capaz de experimentar coisas que
acreditei que não eram possíveis para mim. Bom, sabe por que... Me
deu força e me ajudou a sarar, me fez querer ser uma pessoa melhor.
Soube que não era um sacrifício te deixar entrar. Amo o fato de estar
tão apaixonada. Nós nos equilibramos. Você é tudo que eu poderia
querer em um marido, e muito mais. Mal posso esperar que esta
viagem comece, e experimentar tudo o que esta vida tem para oferecer
com você ao meu lado. Te amo. — Me empenhei para dizer tudo isso e
não ter uma crise de choro.
— Posso ter os anéis, por favor? — perguntou Kevin.
Penélope deu Bela a Kayley e trouxe os anéis. Consegui para
Jake um anel de carboneto negro que parecia apropriado para ele,
Kevin deu meu anel ao Jake. Ele tomou minha mão e colocou o anel
em meu dedo. Era uma banda de ouro rosa rodeado de diamantes.
— Aubrey, te dou este anel com minha promessa de ser sempre
fiel a você. Prometo te amar incondicionalmente, nos bons e maus
momentos. Prometo ser o que precisar quando precisar. Prometo
estas coisas por todo o tempo que estivermos vivos.
Kevin me deu o anel do Jake.
— Jake, te dou este anel com uma promessa de te amar sempre
e estar para você sem importar o motivo. Prometo ser fiel, amorosa e
chutar seu traseiro quando for preciso. Solenemente juro isto por
todo o tempo que estivermos vivos.
— Sem mais a acrescentar, declaro Sr. e Sra. Parker. Pode beijar
a noiva.
Jake levou sua mão esquerda, que agora levava a aliança de
casamento, a minha bochecha. Se inclinou e me beijou. Começou
tenro e inocentemente, até que as línguas começaram a dançar. Kevin
pigarreou e Jake deu uma tapa nele.
— Há crianças presentes. — Gritou vovó.
Nos separamos a contra gosto e todos se levantaram e
aplaudiram. O fotógrafo que contratamos estava ocupado tirando
fotos enquanto todos caminharam para a pequena recepção que
tínhamos preparado.
Tudo era em rosa e preto. Mama Bee e Rosie estavam ocupadas
tirando as tampas dos carrinhos, fiquei observando a todos que
vieram, tínhamos tanta sorte de ter uma grande família e família
adicional. Acredito que a palavra amigos não fazia justiça, realmente.
Ron rodou para nós, e ambos nos inclinamos e o abraçamos. Pediu
para que eu reservasse um dança no baile com ele. Abrimos caminho
e saudamos todos antes de conseguir um pouco de comida. Se
superaram. Havia frango parmesão, quatro tipos diferentes de massa,
almôndegas, salsichas e pimentões, e muito bolo de chocolate. Tentei
me sentar em minha própria cadeira, mas Jake me colocou em seu
colo.
Blake começou com a música. Penélope e Kayley estavam na
pista de dança. Rapidamente se tornaram amigas, e era adorável as
ver. Fomos à pista de dança, Jake e eu teríamos a primeira dança
com o Make You Feel My Love de Adele. Dançamos com nossos
narizes colados enquanto Jake cantava para mim a canção. Foi tão
romântico. Quando acabamos, dancei com meu pai, Ron e os
meninos. Jake dançou com minha mãe, vovó Jean e Penélope. Fomos
à mesa do bolo e cortamos, Jake me deu o primeiro pedaço e mordi
seu polegar enquanto o tirava da minha boca, me olhou com os olhos
arregalados. Ele sabia exatamente o que eu pretendia fazer, coloquei
sua parte do bolo em sua boca e lambuzei seu rosto com glacê,
ganhando umas risadas do Derek.
— Vou fazer você me pagar, Sra. Parker.
— Assim espero Sr. Parker.
— Ainda não é hora de ir?
— Ir? Aonde vamos? — Perguntei perplexa.
— Para a lua de mel, sua boba. Não acredito que esqueceu esse
pequeno detalhe, não?
Neguei com a cabeça, porque esqueci esse pequeno detalhe por
completo.
— Vamos para o Taiti por duas semanas. Contratei uma
assistente pessoal para que providenciasse seu guarda-roupa para a
viagem. Tudo está empacotado e preparado.
— Controlador. — Dei um golpe em seu peito rindo.
— Bom... Podemos ir? — Levantou uma sobrancelha.
— Não há regras sobre abandonar seu próprio casamento? — Ri.
— Não. Socializamos por horas. Vamos começar a fazer as
despedidas. — Ele segurou minha mão e fizemos exatamente isso.
Nos despedimos de todos e todos nos desejaram sorte e uma grande
lua de mel.
Entrei no quarto para colocar uma roupa mais confortável
porque íamos viajar. Jake disse que o carro estava esperando em
frente para nos levar ao aeroporto.
Viajaríamos de primeira classe ao invés de em um vôo privado.
Gritamos uma última despedida antes de ir para o automóvel.
Chegamos ao aeroporto e passamos pela segurança da alfândega
sem muita chateação. Fomos ao sala da primeira classe, porque Jake
insistiu em que seria mais seguro sentarmos como pessoas normais,
chamaram o nosso vôo, embarcamos no avião e começamos nossa
aventura.
Quando chegamos ao Taiti, nos hospedamos em uma vila
pequena na praia, tínhamos nossa própria praia privada, a areia
branca e a água cristalina. Coloquei minha roupa de banho e Jake fez
o mesmo, pulei em suas costas e ele me levou correndo para a água.
Entramos na água quente e cristalina, senti a água envolta dos meus
pés, então Jake afundou, ficamos imersos da cintura para baixo, me
movi de modo que fiquei de frente para ele, inclinei e o beijei
apaixonadamente. Ele me abraçou com força enquanto se sentava no
oceano. As ondas golpeavam contra minhas costas. Tentamos ser
discretos caso tivéssemos algum visitante indesejado ou um paparazzi
com lente de alto alcance. Soltei o velcro de seu calção de banho
enquanto ele tirava a parte de baixo do meu biquíni. Movi até que
estávamos alinhados e gentilmente desci para sua dureza.
Balançamos com as ondas até que encontramos a liberação
completamente em sincronia.
Passamos o resto da lua de mel relaxando e comendo.
Desfrutamos de um pouco do panorama e fizemos outras atividades,
mas a maior parte do tempo estivemos embaixo dos lençóis. Era
delicioso ser capaz de sair e não se preocupar em ser flagrado, era
quase como ser normal de novo.
Começava a me sentir muito melhor, as náuseas quase se foram
e começava a recuperar a minha energia.
Essa noite ia ser a última na ilha e estava ansiosa para voltar
para casa. Estar longe foi ótimo, maravilhoso, mas, não há nada como
a própria cama. Decidimos que iríamos primeiro a Los Angeles e
passaríamos um tempo lá, logo iríamos para Ohio para verificarmos a
construção. Meu pai estava lá para acompanhar tudo.
Todos se surpreenderam quão rápido tudo estava indo. Devia ir
assim, já que tínhamos três equipes de construção diferentes
trabalhando todo o tempo para garantir que estivesse tudo pronto
para a chegada dos nossos bebês, pois eu já estava quase no final do
primeiro trimestre e o tempo não parecia desacelerar. Só espero que
dê tempo!! Também tinha a Piper e os meninos trabalhando em uma
missão para surpreender Jake.
Eu estava deitada em uma cadeira longa embaixo de um guarda
sol observando Jake fazer castelos de areia como um menino de cinco
anos. Ele me olhou e sorriu. Neguei com a cabeça e ri.
Ele ficou em pé e foi para o oceano para limpar a areia de suas
mãos e voltou correndo para mim.
— Como está a mamãe dos meus bebês? Está precisando de
alguma coisa?
— Estou bem. Pode voltar e construir seu castelo. — Brinquei.
Ele se inclinou e me beijou, e logo voltou para brincar na areia
mais um pouco.
Empacotamos todas nossas coisas para estar de volta a Los
Angeles.
Capítulo 16
O corvo e a mariposa
Cinco meses e meio mais tarde...

Jake
Rolei, e praticamente caí da cama. Entre Aubrey e Bela tinha
sorte se fosse capaz de dormir na cama. Tínhamos que ficar na casa
de seus pais, esperando que nossa casa estivesse pronta. Sua cama
ficou pequena desde que sua barriga estava tão grande. Ultimamente
acabava passando um montão de noites dormindo no sofá, embora
amasse sua barriga de grávida. Deixamos de ser capazes de voar para
Los Angeles, pois era longe e a médica disse que era muito arriscado,
especialmente levando gêmeos. Fomos à médica ontem para uma
verificação, e disseram que podia literalmente entrar em trabalho de
parto a qualquer momento. Sua cesárea estava programada para a
próxima semana. Alguns meses atrás descobrimos que seria um
menino e uma menina e finalmente conseguimos entrar em um
acordo com os nomes dos bebês. Meu voto por Carma Jean foi vetado.
Olhei para frente para observar a nova casa. Realmente íamos
ter que trabalhar dobrado para nos acomodar, e eu não queria que
Aubrey fizesse absolutamente nenhum esforço, esperava que todos os
móveis estivessem lá em algum momento do dia. Planejávamos ir para
lá mais tarde para nos certificar de que tudo ficou em seu devido
lugar e mover o resto das caixas. Levantei e saí da cama, peguei meu
caderno e um lápis assim podia tentar escrever mais algumas
músicas para o novo álbum, já que dormir estava fora de questão.
Estava me sentido tão inspirado ultimamente que enchi três cadernos
com letras. Fui para a cozinha e preparei um pouco de café na
cafeteira e sentei na mesa enquanto esperava filtrar.
— Bom dia. — Disse Tim entrando na cozinha.
— Bom dia. — Respondi.
— Te jogaram para fora da cama novamente?
— Não, mas teria caído se ela se movesse mais um centímetro.
— Ri.
— Você é um homem melhor que eu. Eu teria mudado para um
hotel ou algo assim. — Brincou.
— Estou acostumado a não dormir, eu fico bem com poucas
horas de sono. Provavelmente seja uma coisa boa, já que sinto que
dormir vai se transformar em um luxo na próxima semana.
Tim serviu duas xícaras de café e se sentou à mesa. Após tomar
o café e conversar um pouquinho mais com Tim, resolvi tomar um
banho e ficar pronto para que quando Aubrey acordasse pudéssemos
ir. Entrei no banheiro e comecei a me barbear quando senti Aubrey e
sua barriga atrás de mim.
— Bom dia, bonitão. — Disse Aubrey toda manhosa.
— Bom dia, bonitona. Como se sente?
— Como se tivesse engolido uma bola, uma melancia e o USS
Enterprise. — Riu.
— Você está maravilhosa, Aubrey. Estou falando sério.
Queria dizer, depois do primeiro trimestre, tirou um montão de
comida lixo de sua dieta porque não fazia bem para os bebês. Só
comia bacon ocasionalmente, e inclusive começou a caminhar mais,
não engordou muito por levar gêmeos. Tinha que pensar que parecia
explosiva de todas as formas, porque para mim ela era a garota mais
linda sobre a face da terra. Ela me deu um sorriso.
Limpei o restante do creme de barbear do rosto e me inclinei
para beijá-la.
— Está pronta para ir ver a casa hoje? — perguntei.
— Sim! Me sinto como uma sardinha nesta casa.
— Fiz uma caçarola.
Esperava que no momento em que eu saísse da ducha ela
estivesse pronta para ir. Segurou minha mão e me empurrou para seu
carro, ela mantinha o mesmo automóvel, inclusive pensei em comprar
um Range Rover branco, já que isso seria mais fácil com os bebês.
Abri a porta e a ajudei a subir, era tão teimosa.
Por mim eu desejaria usar somente a caminhonete, mas ela
amava seu pequeno automóvel. Sentei no banco do motorista e dirigi
exatamente sete minutos estrada abaixo até chegar na casa.
A casa era isolada em sua volta, então construímos uma cerca
branca, inclusive incorporei um fosso ao redor de toda a propriedade.
Dirigimos sobre a pequena ponte e subimos a grade, digitei o código, e
o portão abriu. Dirigi ao redor da primeira metade do círculo. A
metade da entrada para automóveis era uma réplica exata da fonte do
rancho de Ron, a mesma diante da qual nos casamos. Ajudei Aubrey
a descer do carro.
Tínhamos montões e montões de janelas, também, o piso do
saguão era de mosaico negro e as paredes eram de um cinza pálido.
Havia uma pequena mesa, com um espelho pendente em cima. Tinha
uma tigela para nossas chaves. À direita estava nossa sala de estar
familiar, e à esquerda nossa cozinha e a sala de jantar. A parte
inferior da casa foi construída de forma que todos os quartos
estivessem conectados como um quadrado.
A sala de estar foi pintada de uma cor laranja escuro que Aubrey
escolheu. Não tinha muita certeza disso a princípio, mas depois de
pintado amei.
Tínhamos algumas pedras na lareira ao longo de uma janela
panorâmica. Meu televisor de setenta polegadas estava preparado,
montado e parecia espetacular.
A sala de jantar era azul marinho e tinha um revestimento de
madeira branco, escolhemos um abajur de cristal antigo para
completar sua decoração. A cozinha era tudo o que Aubrey queria e
muito mais. Decidiu que todos os balcões fossem brancos com granito
escuro, enquanto as paredes estavam pintadas da mesma cor azul do
meu dormitório em Los Angeles, conseguiu toda a linha de aparelhos
eletrônicos em aço inoxidável e uns abajures geniais realmente
antigos para pendurar sobre o balcão de café da manhã.
Entramos na sala de estar ao lado da cozinha. Era de um suave
tom bege, íamos usar principalmente como uma sala de jogos para
quando os bebês fossem um pouco maiores. Meu escritório ia ser
perto das salas de estar. Esse era o projeto secreto de Aubrey, ela não
me permitia saber qual seria. A campainha tocou nos deixando saber
que tínhamos companhia. Caminhei para a porta de entrada liguei a
câmera, vi o caminhão de mudanças e apertei o botão para deixá-los
entrar.
Aubrey perambulava, procurando algo que limpar pobrezinha,
ela está ficando louca. Destravei o outro lado da porta para fazer a
entrada ficar maior e os guiei para dentro. Trouxeram os móveis da
sala de jantar primeiro. Aubrey escolheu uma mesa branca e cadeiras
estofadas em azul marinho para combinar. Logo foram os móveis da
sala de estar: um sofá bege enorme de dois lugares e duas poltronas
reclináveis. Trouxeram uma mesa de café cor moca e a puseram no
centro. Levaram dois tamboretes para o balcão de café da manhã e
meu escritório. Tentei mostrar a eles onde colocar, mas Aubrey me
parou.
Olhei confuso. Ela agarrou minha camisa, me empurrou para
dentro da sala de estar e fez que me sentasse na poltrona nova. Disse
para eu não olhar e saiu sem mais.
Os últimos móveis eram para os dormitórios na parte superior.
O segundo caminhão fez a descarga na casa de hóspedes quando o
anterior terminou, foram para a parte traseira e fizeram a descarga.
Aubrey voltou e me guiou até meu escritório, colocou suas mãos
sobre meus olhos e correu rapidamente me empurrando para frente
com sua barriga em minhas costas. Caminhou até estar em minha
frente e tirou suas mãos.
QUE MERDA!!!
— Sério? — Senti vontade de chorar.
Ela assentiu e começou a chorar. Inclinei e a beijei antes de ir
inspecionar. Não podia imaginar quantos problemas devia ter tido
para encontrá-lo. Era uma das coisas mais incríveis que alguém fez
por mim. Montado atrás do escritório estava meu primeiro violão
Gibson vermelho. Sabia que era o mesmo porque estava arranhado no
mesmo lugar. Caminhei ao redor do escritório e corri meus dedos
sobre ele. Não podia acreditar.
— Obrigado. — Disse sinceramente.
— Por nada. Sabia quanto significa para você, e quis devolver
isso. Não foi fácil encontrá-lo, tive um pouco de ajuda, mas
basicamente o rastreei. — Disse orgulhosa.
Se ela não estivesse com quase nove meses de gestação, a teria
colocado sobre meus ombros e a levado para cima para entrar
fortemente nela. Ao invés disso, ia ter que tomar sua mão e a levar
para o quarto como um cavalheiro. Tínhamos um novo colchão para
estrear.
Depois de tudo, fomos escada acima em direção ao corredor que
havia portas de ambos os lados e quase no final do corredor seria o
quarto dos bebês. Nosso dormitório estava muito ao final, atrás das
portas dupla. Baixei o trinco e abri a porta.
Nosso quarto estava pintado na cor verde seiva, e escolhemos o
mesmo estilo de mobiliário de madeira flutuante que tinha em Los
Angeles porque ambos adorávamos. Ela me empurrou na cama e se
abaixou, tirou seu maxi vestido e subiu sobre mim. Pensei o que eu ia
fazer com ela, mas ela se virou para o outro lado.
— Vou verificar meu armário. — Ela sorriu brilhantemente.
Estava certo de que ela tinha um quarto para sua roupa,
sapatos e outro tipo de coisas. Também comprei várias coisas para
ela. Comprei algumas peças de jóias, porque não ia comprar roupa
até depois de que os bebês nascessem. De maneira que, comprei uma
bolsa de enxoval da Juicy Couture porque a senhora da loja disse que
às garotas gostavam, fui e dei uma olhada no quarto das crianças
para garantir que houvesse o mobiliário correto em cada dormitório.
Tudo parecia perfeito.
Ouvi que me chamavam, caminhei ao encontro de Aubrey no
banheiro.
— Demorou! Eu vim fazer xixi e tenho certeza que minha bolsa
estourou.
Merda! Estava mentalmente me preparando para quando este
dia chegasse, respirei fundo para recolher meus pensamentos e
lembrar de nossas aulas de parto, o que se deve fazer em um
momento como este.
— Tem alguma dor?
— Não, mas tenho que ligar para a Dra. Robinson, então
podemos nos encontrar no hospital. Cesárea, lembra?
— Certo. Eu lembro.
Tirei meu celular e liguei para a doutora me sentindo
completamente desconcertado. Logo liguei para Caroline. Perguntei se
podia nos encontrar no hospital e trazer a bolsa de viagem. Pedi que
trouxesse o Range Rover porque era o automóvel com assentos
infantis. Ajudei Aubrey, e não podia fazer nada mais que sorrir.
Depois dos nove meses mais compridos da minha vida, finalmente
estava acontecendo. Comecei a relaxar. Ajudei descer as escadas e ir
para o carro, fechei a porta e liguei o alarme antes de entrar no carro
e dirigir para o hospital.
Chegamos quinze minutos mais tarde. Aubrey já estava sendo
aguardada, então era só questão de informar a nossa chegada.
Uma enfermeira veio nos auxiliar e nos enviou para o terceiro
andar, ajudou a Aubrey a vestir uma bata hospitalar começando os
procedimentos. Chamou o anestesista por ordem da nossa médica.
Alguns minutos mais tarde Caroline chegou acompanhada da vovó
Jean. Disse que Tim estava a caminho e deveria chegar logo, segurei
sua mão enquanto a médica chegava para administrar a peridural.
Nossa médica veio para nos avisar que eu precisava vestir uma bata
hospitalar também. Ela me passou várias para que eu escolhesse
uma. Tirei minha câmera da bolsa de viagem e fui ao banheiro me
trocar.
Realmente está acontecendo. Eu ia ser o pai de alguém... Depois
de me trocar, dobrei minha roupa e a coloquei em uma pilha. Me
apressei para voltar para o quarto, e Tim já havia chegado.
Aubrey disse que estava bem, nervosa e emocionada. Eles
vieram nos dizer que era momento de ir. Beijei Aubrey e disse que a
veria em alguns minutos. Odiava a ideia de deixá-la sozinha. Uma
enfermeira me levou aonde podia lavar minhas mãos. Pediu para que
eu aguardasse no corredor até que eles estivessem preparados.
Estava ansioso, passeando pelo corredor até que ela veio e me disse
que podia entrar.
Caminhei e me sentei em um banco junto a Aubrey. Havia um
lençol azul com uma cortina frente a ela. A médica perguntou se
podia sentir algo. Ela disse que não.
Segurei sua mão e fiquei em pé, assim podia observar.
Observei o movimento do bisturi atravessando sua pele.
Observei enquanto a doutora estirava seu braço e tirava um pé e logo
o resto do bebê. Ouvi o pranto e comecei a chorar. Uma enfermeira
veio pegou o bebê e o colocou em uma mesa. A doutora rapidamente
esticou o braço e tirou o segundo bebê. Ouvi o pranto de novo, e
Aubrey me pediu para que eu fosse olhar os bebês. A contra gosto me
movi porque não queria deixar ela sozinha, mas queria ver nossos
filhos.
Caminhei para o primeiro bebê. Nosso Filho, Jameson George
Parker. Pesava dois quilos e meio e media quarenta centímetros.
Tinha a cabeça coberta de um cabelo marrom escuro. Tirei algumas
fotos e caminhei para a próxima mesa, para ver nossa filha Violet
Kate Parker. Ela pesava dois quilos e media trinta e nove centímetros.
Tinha o cabelo castanho claro e abriu seus olhos azuis. Meu coração
se derreteu. Tinha só uns minutos de vida e já segurou meu dedo
mindinho com sua pequena mãozinha. Tirei várias fotos e parei de
repente totalmente espantado. Ambos fizeram um serviço
maravilhoso. A enfermeira me deu Jameson quando já estava limpo.
Com cuidado o embalei em meus braços e o levei para a Aubrey.
Sentei e o inclinei, assim ela podia beijar sua testa.
— Ele é perfeito. — soluçou.
— Exatamente como sua mãe. — eu disse. — Estão limpando
Violet agora, e ela é realmente perfeita também. Tem seu nariz e seus
lábios, graças a Deus. — Ri.
Ela riu nervosa, e fez careta. Deram pontos em sua incisão. Uma
das enfermeiras veio e trocou os bebês. Segurei a Violet acima para
mostrar a Aubrey. Ela beijou o pequeno nariz de Violet e disse que a
amava. A enfermeira colocou Jameson junto a Violet.
— Sacrificaria meu coração caso acontecesse alguma coisa com
vocês dois. — Disse Aubrey para as crianças.
Queriam levar os bebês para o berçário, então poderiam mover
Aubrey para o quarto para se recuperar. Disse a Aubrey que nos
encontraríamos lá, já que decidimos que queríamos nos garantir de
que estivessem a salvo.
Tim, Caroline e vovó Jean estavam lá fora esperando enquanto
as enfermeiras tiravam os moisés para o corredor. Deram uma olhada
e viram seus netos pela primeira vez. Caroline estava completamente
aflita pela emoção. Tim deu tapinhas nas minhas costas e me disse
que eu "fiz bem". Disse que eu não fiz nada exceto a parte divertida, o
que me valeu um golpe na nuca.
— Nem sempre é um cara sábio. Suponho que sou oficialmente
um velho estúpido agora, desde que serei um grande avó. — Riu,
jogando uma olhada aos bebês.
Caroline disse que ia esperar na janela pelos bebês e observar
que checassem novamente. Fomos corredor abaixo para o berçário.
Desejava poder ter um clone, então eu poderia estar com Aubrey e os
bebês ao mesmo tempo. A enfermeira disse que logo que estivessem
preparados os levariam a nosso quarto. A contra gosto os deixei e fui
encontrar com Aubrey. Tive que me esforçar para não me virar um
punhado de vezes. Ela estava em seu quarto quando cheguei. Me
inclinei e a beijei.
— Você está bem? — Perguntei.
— Sim. Um pouco dolorida, mas não é insuportável.
— Você é maravilhosa. Sério, baby. É a pessoa mais forte que
conheço. — Me deu um sorriso sonolenta.
— Mal posso acreditar que finalmente chegaram e estão aqui.
São perfeitos. — Murmurou.
— Sim, são. Por que não fecha os olhos por alguns minutos? Eu
te acordo quando trouxerem aos bebês.
— Está bem.
Ela fechou os olhos e caiu completamente adormecida. Imaginei
todas as coisas que deveriam estar doendo. Tinha que estar exausta.
Saí para o corredor e liguei para Ron. Respondeu o telefone
imediatamente.
— Olá, avô. — Disse.
— Já teve os bebês?
— Sim, faz menos de uma hora. Estourou a bolsa em casa esta
manhã e viemos direto ao hospital.
Podia ouvir sua consternação do outro lado. Ele planejava pegar
um vôo e ficar conosco por um tempo, então poderia conhecê-los.
Disse que podia ligar e fazer os acertos imediatamente. Logo liguei
para Brett e os meninos. Todos pediram que enviasse fotos, e que
poderiam vê-los em algumas semanas. Minha última ligação foi para
Piper. Gritou tão forte que tive que afastar o telefone do meu ouvido.
Disse que estava a caminho e que nos veria logo. Tim caminhava
corredor abaixo quando desliguei. Ele sorria de orelha a orelha.
— Mal posso acreditar que sou avô. — Sacudia sua cabeça. —
Como está minha princesa?
— Está bem. Dormindo. Vou acordá-la quando trouxerem os
bebês, mas precisa descansar um pouco para se recompor.
O sono durou uma hora completa. Aubrey estava lutando para
conseguir se sentar, fui ajudar e vi que seu rosto estava triste. Assim
que segurei Jameson, todo seu rosto se iluminou. Caroline foi sentar
na cama junto a ela. Aubrey o aproximou mais e passou seu nariz
sobre o dele. Segurei Violet e a beijei na cabeça antes de dar à vovó
Jean. Ela a passou ao Tim.
Eles já estavam saindo para casa quando Piper chegou.
Praticamente pulou pelo quarto indo direto para os bebês. Primeiro
segurou e embalou o Jameson. Afirmou que queria um e já que
tínhamos dois deveríamos compartilhar. Resultou que era uma
monopolizadora total de bebês. Não acabou ficando muito porque
Aubrey precisava descansar, mas prometeu que voltaria no dia
seguinte.
Aubrey dava de mamar a Violet quando Jameson se
sobressaltou, pude ver que ia ser um desafio com ambos querendo
comer ao mesmo tempo. Nós os viramos, então poderiam comer ao
mesmo tempo. Pobre Aubrey, tinha que se tornar uma máquina de
leite humano. Levantou o olhar e sorriu para mim. Não pude evitar rir
ante a vista frente a mim. Fiz Violet arrotar enquanto Jameson
terminava. Nós iriamos encontrar um rotina com o tempo. Aubrey se
moveu para um lado, então eu podia sentar junto dela. Aqui
estávamos com nossa perfeita e pequena família.
Dois dias depois chegamos em nossa nova casa, acompanhados
pelos bebês. Abri a porta e ajudei Aubrey a entrar. Caroline arrumou
um quarto na parte inferior da casa, então não teria que subir
escadas até que tirasse os pontos. Trouxe ambos os bebês-conforto e
os coloquei no piso. Bela veio correndo para ver o que era toda
emocionada. Ela os cheirava, ficando bem na frente dos bebês-
conforto como uma pequena protetora. Alimentamos Jameson
primeiro, e o levei ao seu quarto para dormir. Seu quarto era
temático, de estrela do rock, é obvio. Era cinza e vermelho. Pendurei
imagens de violões nas paredes. Tínhamos uma cadeira preta em um
canto. Tinha um berço preto e uma mesa de fraldas. Seus lençóis
eram brancos com pequenas notas musicais. Cuidadosamente o
coloquei no berço, e me certifiquei de que sua câmera monitorada
estivesse ligada. Desci escada abaixo para trazer Violet. O quarto de
Violet era uma cópia do quarto de Aubrey na casa de seus pais. Era
rosa forte, e tinha um estampado de zebra nos lençóis e cortinas.
Baixei o olhar para ela e li o recado que tinha posto. Dizia: "Olhe o
que meu papai fez". Sorri. Chequei duplamente sua câmera e fui me
sentar com a Aubrey por alguns minutos. Bela dormia na metade do
corredor, já que não pôde decidir qual quarto e de que bebê queria
estar.
Fui à cozinha e fiz alguns sanduíches. Coloquei em uma bandeja
e os levei para a sala de estar. Entreguei a Aubrey seu prato, e ela me
agradeceu. Desfrutamos de oito minutos em silencio antes que Violet
começasse a chorar. Fui verificar e estava com a fralda toda suja,
troquei por uma fralda limpa. Coloquei a chupeta na boca e voltou a
dormir em minutos. O resto da noite foi praticamente igual. Eles
estavam sendo muitos exigentes e Aubrey chamou a sua mãe para ver
se tinha algum conselho. Ela disse que como estiveram juntos no
útero por muito tempo provavelmente queriam estar um perto do
outro. Fui lá e os movi, assim que estavam juntos, o problema foi
solucionado. Incrível!
Um mês mais tarde…

Aubrey
Passou um mês desde que os bebês nasceram. Eram realmente
muito tranquilos para ser recém-nascidos. Mamavam, dormiam e
faziam caquinha. Muita. Havia me tornado uma fonte de alimento por
vinte e quatro horas, e a vida nunca foi melhor.
Jake era maravilhoso. Ele fez questão de cuidar de todos, eu
realmente não gostei de ter que alimentá-los com mamadeira às vezes
mas pelo menos eu podia dormir um pouco a noite.. Minha mãe veio
todos os dias para cozinhar e ajudar assim que podia. Estava tão
grata por estar perto. Os meninos programaram voar hoje para
começar a trabalhar em seu novo álbum. Jake queria prolongar para
o um mês ou dois, mas eu disse que ficaria bem e que deviam
começar agora. Sabia também que havia pressões da gravadora. Ele
tirou seu violão e começou dedilhar uma canção de ninar.
Acabávamos de fazer dormir os bebês quando a campainha
tocou. Eram os meninos. Apertei o botão e os deixei entrar. Vieram
atravessando a porta da frente com enormes animais de pelúcia.
Trouxeram uma girafa para Violet e um macaco para Jameson.
Trouxeram também uma garrafa de champagne. Tiramos alguns
copos e tomamos na cozinha. Jake tirou a rolha e serviu. Todos
seguraram um copo e brindamos.
— Para um de meus melhores amigos, felicidades. —
Homenageou Kevin.
— Ainda não posso acreditar que Jake é pai de alguém. — Disse
Derek sacudindo sua cabeça. Ele falou implicando comigo também.
— Piper, ela vem? — perguntou Blake.
— Não tenho certeza... — Disse tentando evitar o assunto.
Depois do casamento, ambos foram por caminhos separados.
Piper era teimosa e odiava falar de Blake. Blake estava tentando
seguir adiante em vão. Era muito difícil estando do outro lado do país.
Realmente tentou, embora várias de suas tentativas falhassem.
Enviou flores, sapatos, esboços e coisas realmente sofisticadas. Sabia
que estava doente por ela ainda, mas realmente não queria estar no
meio deles, porque ambos eram meus amigos. Eram adultos e podiam
dar conta deles mesmos. Realmente pensei que tudo era um mal-
entendido colossal, mas mordi minha língua.
— Tem que falar com ela, Aubs. — Implorou. — Eu sinto falta
dela como um louco, foi como se esses poucos dias com ela me
arruinasse para todas as outras mulheres. Desde então, não dormi
com ninguém. Não posso, já sabe...
Derek começou a atacar. — Não pode conseguir que se levante
certo?
— Cala boca idiota. — Grunhiu Blake.
— Blake está apaixonado! — Incitou Derek, e Blake o olhou com
fúria.
Terminamos nosso champagne, e foram ver a casa de hóspedes.
Os bebês despertaram alguns minutos depois. Demos banho,
trocamos e os alimentamos antes de colocá-los de novo na cama.
Estariam bem pelo menos por algumas horas. Jake e eu fomos para
nosso quarto. Eu estava bem e eu realmente sentia saudade de nossa
conexão. Ele esperava para que meu resguardo de oito semanas
terminasse, mas eu não podia esperar. Tirei meu vestido cruzado e o
chutei para ele.
Jake me olhou, sabia que tinha sua atenção completa.
Caminhou para mim e correu a ponta de seus dedos ao longo de
minha clavícula, me fazendo estremecer, alisou minhas tatuagens,
bem sobre minha cicatriz. Levei muito tempo para perceber que
ninguém pode passar pela vida sem uma cicatriz ou duas.
Escolhi transformar minhas cicatrizes em estrelas,
figurativamente. Ele me ajudou a aprender a aceitá-las e me curar de
dentro para fora. Olhei seus olhos azuis e me senti completamente
feliz.
— Eu te amo, Sra. Parker. — Sorriu.
— Eu também te amo, Sr. Parker. — Eu me inclinei e beijei seu
nariz.
A chave para achar um amor duradouro é encontrar alguém que
te ame com cicatrizes e tudo.

Fim.

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