Você está na página 1de 430

DADOS DE ODINRIGHT

Sobre a obra:

A presente obra é disponibilizada pela equipe eLivros e


seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer
conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos
acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da
obra, com o fim exclusivo de compra futura.

É expressamente proibida e totalmente repudíavel a


venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente
conteúdo.

Sobre nós:

O eLivros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de


dominio publico e propriedade intelectual de forma
totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e
a educação devem ser acessíveis e livres a toda e
qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em
nosso site: eLivros.

Como posso contribuir?

Você pode ajudar contribuindo de várias maneiras,


enviando livros para gente postar Envie um livro ;)

Ou ainda podendo ajudar financeiramente a pagar custo


de servidores e obras que compramos para postar, faça
uma doação aqui :)

"Quando o mundo estiver unido na busca do


conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e
poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir
a um novo nível."

eLivros .love

Converted by convertEPub
Copyright ® 2022 por Bia Ferraz

Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte desta publicação pode ser


reproduzida, distribuída, transmitida por qualquer forma,
ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou
outros métodos eletrônicos, sem a prévia autorização por
escrito do autor, exceto no caso de breves citações
incluídas em revisões críticas e alguns outros usos não
comerciais permitidos pela lei de direitos autorais.

Esse é um trabalho de ficção. Nomes, personagens,


lugares, incidentes são exclusivamente produtos da
imaginação do autor.

Título Original: Noiva de Aluguel.

Capa: Hórus Editorial.

Leitura Crítica: Alicia Bianchi, Val Barboza.

Diagramação: Val Barboza, Bia Ferraz.

FERRAZ, BIA. Noiva de Aluguel.

Edição do Kindle.
Noiva de Aluguel é o segundo livro da trilogia
Contrato de Amor – Irmãos West, em parceria com as
autoras: Val Barboza e Alicia Bianchi.

Agora que vocês conhecem o ranzinza de Ceo de


Aluguel, de Val Barboza, está na hora de se apaixonarem
por Tristan West, o incontrolável astro do rock e magnata
da música, que também descobrirá o amor através de um
contrato que traz algumas complicações a mais: ele não
faz ideia de que sua forasteira foi contratada pelo
empresário com a ajuda dos seus próprios irmãos para
limpar sua imagem.

É importante frisar que esse é um romance


destinado a adultos e contém cenas sexuais descritivas,
palavrões e outros temas sensíveis, como agressão e uso
de drogas ilícitas.

O terceiro livro contará a história de Dom (Namorado


de Aluguel) e será lançado em breve pela autora Alicia
Bianchi.

SEJAM TODAS MUITO BEM-VINDAS E


APROVEITEM A LEITURA!
Se você gosta de ouvir música enquanto lê, essa é
a playlist perfeita para você entrar no clima de Noiva de
Aluguel

Playlist - Noiva de Aluguel


Tristan West, caçula do clã West, é um astro do rock
atormentado por traumas do passado, após a morte
repentina de sua namorada seu comportamento se torna
ainda mais preocupante.

Ao se envolver em vários escândalos, seus irmãos e o


empresário pensam em um plano para ajudar o roqueiro a
superar o luto e limpar sua imagem: contratar uma
namorada para ele. Olivia Duncan é uma jovem garçonete
que está em Nova Iorque para recomeçar. Ela é doce,
ingênua e chamou a atenção do astro do rock, ou seja,
perfeita para o plano.

O acordo era Olivia se tornar a musa do novo


videoclipe da banda e seduzir o roqueiro. Mas o que era para
ser apenas uma farsa se transforma numa paixão
avassaladora envolvendo uma teia de mentiras cada vez
mais complexa da qual será difícil se desvencilhar. Ele nunca
imaginou que se apaixonaria outra vez. Ela nunca imaginou
que iria tão longe. Mas poderá o amor verdadeiro superar a
mentira?

Tristan West, 3 meses antes

Fechei os olhos e soltei um longo suspiro. Finalmente


estava voltando para casa, depois de uma longa turnê do
Easy Riders pelos Estados Unidos. A sensação de alívio e de
dever cumprido tomavam conta de mim.

Há seis meses eu tive que interromper a turnê porque


os membros da banda estavam tendo muitos problemas com
drogas. Eles tiveram que assinar um contrato que obrigava
todos a passarem por uma reabilitação se quisessem
continuar tocando comigo. Mesmo assim, tive que demitir o
baterista, Josh, que era um caso perdido.

Levava minha banda e todas as outras bandas que eu


produzia à mão de ferro. Apesar do meu gosto pelo rock n’
roll eu nunca toquei em drogas, pois detestava perder o
controle. Conheci a dura realidade do vício de perto, vi meu
pai colocar tudo a perder por causa disso. Minha mãe faleceu
pouco tempo depois, quando eu tinha oito anos.

Não sei o que teria sido de mim caso Amanda e Markus


West-Buchmann não tivessem me adotado. Eles eram a
família fundadora da Lebensmittel, uma holding do ramo
alimentício conhecida no mundo inteiro. Minha mãe
trabalhava como empregada na mansão deles na época e às
vezes eu a acompanhava no trabalho.

Foi assim que acabei fazendo parte de uma das


famílias mais poderosas do mundo e pude trabalhar no que
eu gosto. Além de cantar e liderar o Easy Riders, eu tinha
minha própria gravadora e era proprietário de várias casas
de shows e bares dedicados ao rock.

Olhei o relógio, faltava pouco para pousarmos, não via


a hora de estar com Serena, minha namorada. Abri nossa
última foto no meu celular, estávamos sentados em uma
poltrona de algum clube em Dallas. Seu cabelo loiro
platinado caía em cascatas até os seios. Ela usava meu
chapéu e um vestido decotado que fazia dela a mulher mais
gostosa daquele lugar.

Serena estava comigo entre idas e vindas, desde o


começo, há 5 anos, quando ela estrelou o primeiro e um dos
mais famosos videoclipes da banda, que trazia a música
"Untamed Hearts". Pretendia pedi-la em casamento em um
jantar que estava organizando para o dia de seu aniversário.

A viagem de volta seguiu sem nenhum incidente. Cada


um tomou seu rumo quando chegamos no aeroporto.
Teríamos uma semana de folga até entrarmos no estúdio
novamente para gravar músicas para o próximo álbum.

Cheguei no apartamento de Manhattan que eu dividia


com Serena e fiquei atordoado quando vi que ela estava
dando uma festa. A música estava alta e havia gente saindo
de todos os cômodos.

Dom, um dos meus irmãos mais velhos me avistou e se


aproximou acompanhado de uma das dançarinas de sua
boate:

— Tristan! Bem-vindo de volta. Como foi a viagem?

— Bem. Você viu Serena, eu olhava para todos os


lados.
— Ela estava no terraço da última vez que a vi.

Pretendia ir atrás dela, quando fui abordado por duas


convidadas.

— É bom ter você de volta a cidade, Tristan! — Uma


delas disse, me cumprimentando com um beijo de cada lado.

— Espero que estejam planejando o próximo show do


Easy Riders na Daza —A outra falou. Daza era o nome da
boate de Dom, o Easy Riders já havia tocado lá muitas
vezes.

— Em breve, meninas. Quem sabe para o lançamento


do próximo álbum? — Dom olhou delas para mim.

Assenti com um sorriso, mas já estava distraído. Não


conseguia ver Serena em lugar nenhum e fui tomado por um
mal pressentimento.

— Eu preciso ir. Licença. — Saí com pressa.

Andei por todo o terraço, depois desci para procurar


pelo apartamento e a encontrei na suíte com sua melhor
amiga, Phoebe.

— Amor, você chegou! Estava com tanta saudade! —


Ela se jogou em meus braços.

— Serena, o que está acontecendo aqui? — Perguntei,


me desvencilhando de seu abraço e tomando seu rosto entre
as mãos.

— Uma festa de boas-vindas para você — Ela


respondeu meio grogue, se pendurando em meu pescoço.

— Você está chapada de novo. Não acredito que vou


ter que lidar com isso em minha própria casa depois de tudo
que eu passei — disse indignado.

— Mas que droga, Tristan. Será que você nunca está


feliz com nada que eu faço? Eu estava solitária nessa casa,
só queria reunir os amigos — ela gritou.

Não queria ouvir mais nada, a mulher que eu amava


estava dando festas e usando drogas pelas minhas costas.
Deixei aquele quarto transtornado e voltei ao terraço, onde
estavam a maioria dos convidados. Subi no palco onde o DJ
estava e pedi para interromper a música.

— Essa festa acabou. Podem ir todos para casa! —


Anunciei no microfone.

Houve um burburinho e todo mundo ficou ali parado,


sem saber bem o que fazer.

— Talvez eu não tenha sido claro o suficiente. Quero


todo mundo fora daqui!

As pessoas começaram a se retirar. Dom veio falar


comigo com uma expressão alarmada no rosto:
— Ei, relaxa cara, o que está acontecendo?

— O que você acha? — Minha voz saiu mais agressiva


do que eu pretendia.

Desci do terraço e ele me seguiu. Serena saiu do


quarto confusa, com Phoebe atrás dela.

— Para onde estão indo? — Ela olhou desesperada para


as pessoas descendo — O que você fez? — Gritou histérica,
vindo para cima de mim e desferindo socos na altura do meu
abdômen — Você está sempre estragando tudo.

Ela levou a mão à testa e fez uma careta, fechando os


olhos. De repente, cambaleou e começou a espumar pela
boca, uma expressão terrível desfigurou seu rosto. Precipitei
em sua direção, mas ela caiu, rolando pelo primeiro lance da
escada, antes que eu pudesse ampará-la.

—Nãoo! — Gritei horrorizado, nunca senti tanto pavor


como naquele momento — Serena … — tomei seu corpo
imóvel nos meus braços sabendo que era tarde demais.
Portree, Escócia

Dias atuais

Era o auge do verão, a cidade estava cheia de turistas.


O Rasberries, o bistrô da minha família, onde eu trabalhava,
ficou muito movimentado, o que fez meu dia passar rápido.
Quando estava me arrumando para ir embora, Jane, minha
madrasta, apareceu atrás de mim no espelho.

— Não precisa esperar por mim. Não vou direto para


casa hoje— disse, com a cara fechada de costume.

— Ok

Nós nunca nos demos muito bem. Jane era fria comigo
e meu pai era um recluso, então eu me acostumei a ficar
sozinha na minha casa.

Essa era uma noite diferente para mim. O dia seguinte


marcaria o aniversário de morte da minha mãe.

Fazia 18 anos que ela se fora em um acidente de carro


em Edimburgo, onde vivíamos na época. Eu não tinha
qualquer lembrança dela, já que eu era um bebê quando
aconteceu. Tampouco sabia muito sobre ela, meu pai evitava
o assunto como podia. Ele ficava ainda mais isolado quando
essa época chegava, trancava-se no quarto que servia de
escritório e não era visto por dias inteiros.

Resolvi ligar para minha amiga, Amy, e ver quais eram


seus planos para essa noite. Eu não passaria a noite
trancada no meu quarto, me sentindo melancólica. Ela
atendeu no primeiro toque:

—Ei, eu já ia te ligar. Você nem respondeu minhas


mensagens — ela disse me repreendendo.

—Ei, é que eu tive um dia meio corrido hoje. Mas eu


estou afim de fazer alguma coisa. Qualquer coisa… De
preferência fora da sua casa. Preciso sair um pouco.

—Ótimo! Vai rolar uma festa lá nas ruínas e deve ficar


cheia de turistas gatos. Quem sabe você não perde esse
cabaço?

— Amy! — Exclamei indignada — Essa não é uma das


minhas prioridades no momento.
—Não diga! — ela fingiu estar em choque e caiu na
gargalhada — De qualquer jeito, homem gato nunca é
demais. Talvez o amor da sua vida esteja lá.

—Eu duvido muito. Mas estou precisando me divertir.

—E está precisando se apaixonar também. Não é


possível que você seja imune ao amor.

—Ai, Amy, deixa de ser brega.

—Tá bom, não está mais aqui quem falou. Eu só acho


que você não deve se fechar só porque seu pai é um
esquisitão que sofre de luto eterno e tem um casamento
horrível.

—Ah, pronto, virou psicóloga agora — respondi irritada.


Amy não me levou a sério, soltou uma risadinha e disse que
ela estava apenas sendo a voz da razão.

As ruínas onde a festa aconteceria eram do Castelo de


Dunkeld, um lugar mais afastado e pouco visitado por
turistas que acabou se tornando um ótimo local para festas
ao ar livre. Quando chegamos lá, vimos uma tenda e um
pequeno palco, no qual uma banda amadora tocava uma
balada country. As pessoas logo se empolgaram e passaram
a cantar junto.

—Eu amo essa música! — Amy falou empolgada,


balançando o corpo no ritmo da melodia.
—De quem é?

—Easy Riders. Eu já te mostrei! A banda do loiro


bonitão.

—Hum — eu fechei os olhos e deixei que meu corpo


fosse embalado pelo ritmo também.

Lembrei-me da foto de um loiro musculoso de cabelos


compridos com um olhar que era difícil esquecer, apesar de
eu não me interessar por bandas. Eu não tinha certeza de
que era dele que minha amiga falava, mas imaginei sua
figura naquele palco. Isso era novo para mim, normalmente
eu não fantasiava com homens que eu nunca veria.

"O que está acontecendo comigo?"

Realmente havia vários turistas por lá e Amy flertou


com alguns deles. Eu era muito reservada para isso, o oposto
da minha amiga, mas me diverti dançando e bebendo, com a
imagem do loiro grande e forte ainda povoando minha
mente.

Assim que pisei em casa, vi a figura de Jane na


poltrona da sala de estar com um bilhete entre as mãos e o
rosto vermelho.
—Jane? Está tarde, aconteceu alguma coisa? —
Perguntei tensa, parada ao pé da escada que levava para o
meu quarto.

— O de sempre. Seu pai vai passar a noite fora fazendo


pesquisas.

Quando eu era criança, meu pai costumava


desaparecer quando a data da morte da minha mãe se
aproximava. Sempre usava o trabalho como desculpa, com
suas supostas pesquisas históricas. Ele havia sido professor
no curso de História da Universidade de Edimburgo, até a
tragédia acontecer e ele resolver se mudar. Hoje ele dá aula
em uma pequena escola perto de casa.

Quando pensava nessas coisas, eu até entendia porque


Jane era tão amargurada.

—Sinto muito. Nem sei porque você aguenta isso —


acabei falando, de forma franca. Ela não respondeu, apenas
fez um gesto com a mão para que eu saísse.

Sonhei com minha mãe naquela noite. Eu descia as


escadas e meu pai dizia que tinha uma coisa para me
mostrar, com uma expressão estranhamente feliz. Eu o
seguia até a cozinha e dava de cara com minha mãe. Seus
olhos azuis reluzentes e cabelo escuro ondulado eram tão
reais e eu me dava conta de que eu parecia tanto com ela…
"Ela voltou, ela voltou…" a voz do meu pai ficava ecoando na
minha cabeça, enquanto eu me aproximava dela. Mas antes
que eu conseguisse tocá-la, eu acordei.
Passei pela porta do escritório do meu pai quando saí
do quarto e resolvi entrar. Bisbilhotei seus livros na estante.
A verdade era que eu não o conhecia muito bem. Um
exemplar de um livro de fantasia bastante bonito me chamou
atenção, o título era Phantastes[1]: a terra das fadas, de
George Macdonald.

Resolvi folhear o exemplar e vi que era lindamente


ilustrado. Percebi que a folha interna da contracapa estava
se soltando e que parecia haver algo lá dentro. Enfiei o dedo
no buraco e senti o que provavelmente era um pedaço de
papel dobrado. Resolvi puxar a folha com cuidado, depois eu
colaria.

"O que o senhor anda escondendo em seus livros,


hein?"

Abri a folha de papel dobrada, era uma reportagem de


uma revista antiga, que falava do casamento suntuoso do
cantor Lou Reese e sua esposa…Marianne.

Eu perdi o ar quando entendi o que era aquilo. Aquela


mulher ao lado dele na foto era minha mãe.

Encarei aquela página por vários minutos sem


conseguir processar um pensamento coerente. Olhei a data:
outubro de 2004, vários meses após sua morte. Aquilo era
impossível!
Algumas lágrimas brotaram em meus olhos. "Então ela
nos abandonou? Deve haver alguma explicação."

—Liv! — Levantei o rosto e vi meu pai chocado na


porta — O que você está fazendo com isso? — Ele perguntou
perturbado quando se recuperou do susto.

—É você que me deve explicações. O que significa


isso? — Eu balancei a folha aberta à minha frente.

—Eu achei que seria melhor te poupar dessa história —


ele falava com a voz tremida — Podemos conversar sobre
isso quando estiver mais calma, claro.

Fiquei alguns segundos sem conseguir dizer nada e ele


ficou lá, olhando para minha cara.

—Claro, agora tudo faz sentido — disse mais para mim


mesma do que para ele — Por isso você nos isolou do resto
da família e ficou tão incomodado quando tia Dorothy veio
nos visitar com meu primo aquela vez. Eles sabem da
verdade.

Ele abaixou a cabeça.

—Vocês tiveram uma discussão quando se trancaram


no seu escritório e depois ela preferiu ir embora. Era sobre
isso não era? Ela queria que você contasse.

—Sim — ele respondeu simplesmente.


Saí de lá o mais rápido que eu pude, sob os protestos
do meu pai. Peguei meu celular, coloquei algumas mudas de
roupa na mochila. Pretendia ficar na casa de Amy para
espairecer.

Bati a campainha da casa de Amy várias vezes.


Lembrei que era sábado e ela dormia até tarde. Além disso,
devia estar de ressaca por causa da noite anterior.

—Liv? — Ela apareceu descabelada na porta.

—Graças a deus! Já estava ficando desesperada —


disse entrando apressadamente.

—Ei, espera aí? O que aconteceu? — Amy veio em meu


encalço.

Contei toda a história para Amy e ela ficou tão chocada


quanto eu:

—Isso explica muita coisa. Por isso seu pai e sua


madrasta vivem tão mal. Ela deve saber de tudo.

—Todo mundo parece saber de tudo, eu sou a única


idiota que cresci acreditando que ela era uma mãe
maravilhosa que infelizmente sofreu uma grande tragédia.
Até aquele meu primo, Derick e minha tia sabem da história
— disse sem conseguir conter minha revolta.

— Sua mãe fugiu com um cara famoso, deve ter algo


na internet sobre os dois. O nome dele não é estranho para
mim. Podemos pesquisar juntas sobre eles quando você
estiver preparada.

—Eu estava pensando nisso mesmo. Mas tenho até


medo do que vou encontrar — disse.

Amy me ajudou a pesquisar tudo que havia sobre


Marianne e Lou Reese na internet, o que apaziguou minha
mente por alguns momentos. Aparentemente, eles estavam
sumidos da mídia e haviam abandonado Manhattan para
morar no interior do estado de Nova York, mas as
informações não eram precisas.

Acabei dormindo na casa da minha amiga. Ou pelo


menos eu tentei. Estava atormentada demais para isso.

No dia seguinte eu soube o que deveria fazer:

— Está decidido, vou me mudar para Nova York.

—Você tem noção do quão caro é viver naquela


cidade? Você não tem ninguém lá — Amy protestou.

—Eu preciso sair desse lugar há muito tempo, Amy,


você sabe disso. Essa história só serviu para que eu
descobrisse para onde ir.

—Tudo bem, eu apoio a sua decisão, mas não faça


nada de cabeça quente. Vamos pensar melhor nisso mais
tarde — Ela disse com um suspiro resignado.
—Tá bom, não se preocupe com isso. Você me conhece,
eu sempre penso em tudo que poderia dar errado. Posso me
manter por um bom tempo com o dinheiro que eu tenho
guardado.

—Você tem razão, esqueci que você junta dinheiro


desde a pré - escola para estar preparada para qualquer
“imprevisto.” — Ela disse debochada e mudou a voz para me
imitar — “tudo pode mudar da noite para o dia, Amy, é
importante ter um planejamento”. Sério, você já deve estar
milionária do jeito que é mão fechada.

Rimos e o clima ficou mais leve. Mas estava na hora de


eu voltar para casa e confrontar meu pai e minha madrasta.

Não havia ninguém quando eu cheguei. Subi direto


para o meu quarto, procurei meus documentos e tirei minha
velha mala do armário. Estava arrumando as minhas coisas
quando Jane chegou e parou na porta do meu quarto:

— Então, você vai embora. — Ela disse num tom


apático. — Talvez seja o melhor para todo mundo.

Eu senti um nó na garganta e meus olhos começaram


a arder com o meu esforço para não chorar.

— Eu espero que seja. — Eu disse arrumando minha


postura e encarando os olhos dela. — Só não entendo porque
você nunca foi capaz de me amar. — Disse e me arrependi
quase imediatamente.
Ela me olhou em choque, como se tivesse finalmente
despertado do seu transe e sentido algo pela primeira vez
em muitos anos.

— Eu sei que não fui justa com você. Não é culpa sua
que minha vida não tenha saído como planejado. — Ela fez
uma pausa e desviou o olhar. — Eu sabia há algum tempo
sobre sua mãe, mas não contei para ninguém, nem para
John. Não mudaria nada.

Comprei as passagens naquela mesma noite. Não


poderia ficar mais nenhum segundo naquela casa.
Nova York

Dias atuais

Estava de volta a Nova York há 4 dias, depois de


passar todo o verão em Vermont numa cabana isolada,
escrevendo músicas, bebendo whiskey e reformando o
lugar com minhas próprias mãos.

A morte de Serena caiu como uma bomba na


imprensa e desde então minha vida estava um caos.
Minha assessoria de imprensa publicava notas e mais
notas desmentindo rumores todos os dias.

Estava hospedado no St Regis e apenas Aaron, o


baixista da banda, sabia do meu paradeiro atual. Eu o
considerava um irmão. Nós dois viemos do Bronx e
passamos por coisas parecidas. Quando eu o via sempre
metido em encrenca, mas com uma enorme vontade de
tocar, sabia que tinha que fazer alguma coisa por aquele
garoto, assim como o clã West Buchmann fez por mim há
22 anos.

Resolvi retornar as ligações que ignorei durante 3


meses, começando por Dom. Ele atendeu no primeiro
toque:

—Tristan! Porra, eu nem acredito! Todos estavam


preocupados com você.

— Eu só estava precisando de um tempo... como


estão as coisas?

— Estão bem, na medida do possível. Christian está


bastante nervoso, parece que saíram novas manchetes
sobre como você sempre foi o irmão rebelde e
incontrolável. Você sabe como a imprensa adora inventar
histórias. Mas vamos dar um jeito nisso, não se
preocupe.

Suspirei, cansado daqueles abutres se


aproveitando da morte de Serena para difamar minha
família e destruir a imagem que eu construí
cuidadosamente durante todos esses anos.

— Escuta, Tristan, o que aconteceu com Serena foi


terrível, mas está na hora de você reagir. Talvez um show
pequeno, apenas para convidados, lá na Daza. Acho que
te faria bem.

Hesitei por um instante, antes de responder:

— Eu posso fazer isso. Tenho que falar com a


banda.

Assim que me despedi de Dom, resolvi ligar para


Allan, que estava gerenciando o Easy Riders desde que
eu me afastei dos negócios.

— Tristan, como você está? Queria mesmo falar


com você.

— Estou bem. Liguei para dizer que estou de volta


a Nova York e quero reunir a banda no estúdio amanhã.
Temos um álbum para gravar e um show para fazer.

—É assim que se fala. Vamos trazer o Easy Riders


de volta. A banda estava se desintegrando sem você.

Allan começou a me contar sobre o quanto era


difícil manter a banda unida e minimamente funcional
sem a minha presença. Aaron chegou a ser preso por
causa de uma briga de bar, Travis, o guitarrista,
desapareceu com sua namorada e Jack estava servindo
de baterista substituto para outra banda. O Easy Riders
era tudo o que eu tinha agora, já que meus planos de
iniciar uma família com Serena nunca iriam se
concretizar. Não podia deixar que eles se afundassem.

Aquele quarto de hotel já estava me deixando


claustrofóbico depois de algumas horas dentro dele.
Resolvi pegar minha Harley Davison, que sempre viajava
comigo para todos os lugares, e dar uma volta. Eu tinha
uma coleção de motos, quando queria experimentar uma
sensação maior de adrenalina eu usava a minha
Kawasaki, mas agora eu só queria apreciar a jornada.

Assim que arranquei, o rugido do motor abaixo de


mim e o vento contra o meu rosto me trouxeram uma
sensação reconfortante. Minha vontade era pegar a
estrada e ir para bem longe, mas me contentei em ir ao
Vagabond’s pub.

Estacionei na frente do bar, e olhei ao redor para


me certificar de que não havia chamado atenção de
ninguém ao tirar o capacete. O bar estava vazio, exceto
por um pequeno grupo que se reunia em volta da mesa
de bilhar.

Liguei para Aaron e pedi que ele me encontrasse


lá. Estava na terceira caneca de cerveja, sentado em um
canto escuro do bar quando o avistei, com seu jeans
surrado e rasgado no joelho e sua camisa xadrez, em um
claro esforço para parecer o Kurt Cobain.
—Você está horrível, cara — disse, assim que ele se
aproximou da mesa. Seus olhos tinham círculos escuros
e seu cabelo loiro estava tão emaranhado que parecia
um ninho.

—É, eu sei — Ele disse, sentando na mesa com ar


de derrota.

—Sério, cara. Você nunca foi grande coisa, mas


está pior que o normal, que merda você anda fazendo? —
Insisti irritado. A verdade é que eu estava preocupado
com ele, apesar da dureza em minha voz.

—Não é da sua conta o que eu faço da minha vida


quando não estou trabalhando — Ele reagiu com raiva.

—Você andou se enfiando naquele buraco com os


derrotados que você chama de amigos — Aaron
costumava andar com traficantes, viciados de todos os
tipos e membros de gangues do Melrose e arredores
quando nos conhecemos.

—Alguns deles eram seus amigos também. Nem


todo mundo esquece assim tão fácil de onde veio.

Meu melhor amigo na época da escola era Deacon,


o braço direito do chefe do Dead Rabbits, uma das
maiores gangues da região, Aaron o conhecia muito bem.
Havia outros nomes, muitos deles estavam presos,
mortos ou levavam uma vida de merda.

Respirei fundo e tentei soar mais compreensivo


quando falei:

— Escuta cara, eu entendo essa vontade de voltar


para o buraco de onde você saiu. Eu me sentia deslocado
entre os filhinhos de papai, por mais que todo mundo se
esforçasse para que eu me sentisse em casa. Eu tive a
minha fase de rebeldia idiota e causei muito desgosto,
mas eu tinha dezesseis, não vinte e cinco anos. Você
está meio velho para agir como um idiota — disse sem
conseguir medir as palavras, como sempre.

— Quase vinte e cinco — Ele corrigiu — Quer saber,


desculpa, cara. Eu acho que só estou estressado com
tudo dando errado. Fico feliz que esteja de volta. Eu…
sinto muito pelo o que aconteceu. Não tive a chance de
dizer antes, não sabia como agir…

— Obrigado — dei tapinhas em suas costas —Eu


preciso de uma coisa mais forte agora — disse,
encerrando o assunto antes que emoções indesejadas
viessem à tona.

Dirigi-me ao balcão e, para minha surpresa, uma


mulher em uma calça de couro colante e um top que mal
cobria seus peitos enormes se virou para mim.
Aparentemente, o barman que eu conhecia havia ido
embora.

—Tristan West!? Finalmente — disse com um olhar


cheio de malícia — Sempre ouvi dizer que você
costumava aparecer por aqui, mas nunca acontecia no
meu turno — ela explicou.

Ela era extremamente gostosa, não pude deixar de


notar. Não transava com ninguém desde que tudo
aconteceu. Estive com outras mulheres durante minhas
idas e vindas com Serena. Mas agora que ela estava
morta, era estranho pensar nisso.

— Então, o que você vai querer essa noite? — Ela


perguntou com sua voz sexy, se debruçando no balcão

— Eu só queria uma dose de Jack Daniels, mas


agora muita coisa me vem à mente — Respondi num
impulso, mais por hábito do que por vontade.

—Mais uma cerveja para mim — Aaron disse


revirando os olhos e sentando ao meu lado no balcão.

Ela se virou rebolando e voltou com as bebidas,


empurrando uma caneca displicentemente para Aaron
primeiro, e depois servindo a dose de whiskey sem tirar
os olhos de mim.
—Então, você é mesmo tudo isso que suas fãs
falam? — Ela provocou.

—Eu não faço ideia o que elas falam, mas posso te


mostrar essa noite — Respondi sem hesitar.

Não muito tempo depois, ela estava apoiada na pia


do banheiro e eu assistia seus peitos balançando pelo
espelho sujo enquanto eu a fodia por trás.

Cheguei atrasado ao estúdio, depois de acordar


confuso no meu quarto de hotel com a garota do bar na
minha cama. Houve um momento de tensão e
constrangimento. Ninguém sabia direito como me tratar
ou o que dizer.

Fui direto para o violão e comecei a cantar os


versos de uma das nossas novas músicas de trabalho:

— “Baby, you’re so far away

But I can’t stop thinkin’ about you

‘Cause there is so much to say

I just can’t bear another day…


Without you…

My foreign girl

Come back to me…[2]

My foreign girl

Just set me free…”

Travis demorou a se juntar a nós, mas acabou


pegando sua guitarra e fez um de seus solos memoráveis
e a canção ganhou vida. O Easy Riders estava de volta e
nada poderia nos deter.
Acordei às pressas como sempre e vesti meu
uniforme para trabalhar. Eu estava morando em um
apartamento no estilo studio no Brooklyn há quase um
mês, e ainda não havia me adaptado à correria da
metrópole. Comprei um café para beber no caminho, me
sentindo muito nova iorquina, pelo menos por um
momento. Eu trabalhava em uma lanchonete que ficava
em Tribeca, do outro lado da cidade.

Cheguei ofegante e provavelmente descabelada na


Fivestars e Kimberly me olhou com reprovação do outro
lado do balcão.

— Meu deus, Escócia! Você sempre chega nesse


estado, vai lavar esse rosto.

— Bom dia para você também, Kim.


No caminho para o banheiro, passei pela dona, que
ficava no caixa, tentando não ser notada. Conferi meu
rosto no banheiro. Minhas bochechas estavam vermelhas
e várias pontas do meu cabelo saiam desordenadas do
meu rabo de cavalo. Depois de dar um jeito nisso,
comecei minha rotina de atender as mesas. Eu gostava
do trabalho, porque era algo familiar para mim.

—Ei, Escócia! Uma amiga minha acabou de dizer


que surgiram duas vagas para trabalhar como garçonete
no evento de reabertura da Daza.

— Daza? — Perguntei confusa.

— Em que mundo você vive? É a boate mais


badalada de Manhattan. Vai estar cheio de gente rica e
famosa. Já dei nossos nomes, eles pagam bem quando
organizam esses eventos. E ainda vamos poder ver
aqueles caras gostosos do Easy Riders tocando.

—Easy Riders! — Disse mais alto do que pretendia


ao escutar o nome familiar.

—Ah, pelo menos você conhece eles. Já estava


achando que você era de outro planeta.

— Na verdade, eu não sei muito sobre eles. Só ouvi


uma música, logo antes de me mudar para cá —
expliquei — Eu fui numa festa e tinha uma banda
tocando um sucesso deles. Foi um dia antes de … —
“tudo que eu pensava saber sobre a minha vida se
revelar uma grande mentira”, pensei, mas não falei essa
parte — Enfim, parece que eles estão em todos os
lugares.

Kimberly me encarou com curiosidade, mas não


me fez perguntas. Apenas comentou em tom de
brincadeira:

— Quem sabe eles não estão no seu destino?


Talvez você encontre seu futuro marido rico e apaixonado
nessa festa. Espero que tenha algum para mim também.

Eu comecei a rir daquela fantasia absurda:

— Ai, Kimberly, só você mesmo. Está parecendo


uma amiga minha que só falava em arranjar alguém para
mim. O que eu sei é que estou mesmo precisando de
dinheiro, obrigada por pensar em mim. Quando você
disse que esse evento vai acontecer mesmo?

— Eu não disse, mas vai ser na próxima sexta-


feira.
Quando cheguei em casa, já estava anoitecendo.
Lembrei que Amy estaria livre e liguei para contar as
novidades.

— Liv! Como você está? Me conta tudo! Você é


uma chata, mas estou com saudades mesmo assim.

— Eu também! Essa cidade é uma loucura, mas


está tudo bem. Adivinha que banda eu vou conhecer de
perto na sexta feira?

— Você não sabe nada sobre bandas, só o que eu


te mostro. Deixa eu pensar… Easy Riders?

— Eles mesmo. Vou trabalhar em um evento super


chique numa boate em que eles vão se apresentar.

— Não acredito que eu não vou estar aí com você!


Meu Deus, pega autógrafo e tira foto com todos eles por
mim, por favor — Amy praticamente gritava animada do
outro lado da linha.

— Se eu fizer isso, vão me expulsar de lá, sua


maluca.

— Mas teria valido a pena.

— Ainda bem que eu não te dou ouvidos —


respondi rindo.
— É por isso que você ainda não perdeu esse
cabaço.

—Você não cansa de me provocar mesmo.

— Claro que não.

Depois de me despedir de Amy, fiquei pensativa.


Eu vim para Nova York em busca de respostas, queria
recomeçar minha vida e descobrir quem eu realmente
era quando não estava tentando agradar meu pai ou
minha madrasta. Talvez eu deveria dar ouvidos às
loucuras de Amy e me divertir mais. Decidi que me
arriscaria a tentar coisas novas toda semana. Esse
evento poderia ser um bom começo.

O dia do show chegou e meu entusiasmo era


grande, eu sentia mais falta do palco do que imaginava.
Cheguei no camarim, onde estava toda a banda e alguns
convidados. Normalmente eu tinha um camarim só meu,
mas preferi ficar com eles dessa vez para tentar resgatar
o entrosamento que tínhamos no início.

Dom chegou animado com Lou Reese à tiracolo. Ele


era o convidado especial da noite e cantaria algumas
músicas com a gente. Lou era um veterano do rock e
uma espécie de padrinho para mim.

—É bom ter você de volta aos palcos, cara — Reese


disse com sinceridade e eu o abracei calorosamente.

—Obrigado por vir, significa muito para a gente. Eu


sei o quanto é difícil tirar você daquele rancho, ainda
mais sem Marianne — eu disse.

— Os mojitos chegaram! — Dom falou


entusiasmado, chamando nossa atenção para uma moça
vestida com a roupa extravagante de tema tropical dos
funcionários. Alguma coisa aconteceu quando vi seu
rosto, quase translúcido, e seus grandes olhos azuis, que
pareciam petrificados.

Estendi minha mão para pegar um mojito da


bandeja, completamente hipnotizado por aqueles olhos:

—Você está bem? — Perguntei. Ela saiu de seu


transe e suas bochechas coraram.

— S…sim. Desculpe — ela respondeu nervosa e


desviou o olhar de mim para Reese, que também pegava
um drink da bandeja — com licença — disse se afastando
para terminar de servir os convidados.

— Espere! — Eu chamei sem pensar.


Ela se virou, visivelmente tensa.

— Qual o seu nome? — Perguntei.

— Olivia — ela respondeu timidamente.

— Olivia, é um nome bonito — eu disse sorrindo.

— Obrigada — ela respondeu em um fio de voz.

—Bem, Olivia, eu não tive a intenção de chateá-la


com a minha pergunta. Não precisava se desculpar —
disse, tentando prender sua atenção. Notei que seus
olhos tinham algo de triste. Sua boca delicada estava
pintada de um tom vermelho escuro que destacava ainda
mais sua pele pálida. Ela parecia um anjo, linda para
caralho.

—Não chateou. É que minha falecida mãe era uma


grande fã do senhor Reese. Eu fiquei um pouco
emocionada, só isso — ela disse com o rosto corado e
deu uma risadinha nervosa, olhando para Reese de
soslaio.

Fiquei um pouco surpreso e desapontado por seu


nervosismo ser sobre Lou Reese. Ela sequer citou o meu
nome, isso era novo para mim.
— Fico lisonjeado em ouvir isso. Sinto muito pela
sua mãe. Qual era o nome dela? Vou dedicar uma música
para ela essa noite — Reese respondeu atencioso.

Ela demorou alguns segundos para responder,


parecendo nervosa:

— Jane. Jane Duncan — disse por fim.

— Duncan? — Reese franziu o cenho— Jane


Duncan, não vou me esquecer — sorriu educadamente.

—Essa é a sua noite de sorte! Está convidada para


assistir ao show no nosso camarote particular. Vai ter
uma visão privilegiada do palco — eu disse.

Ela arregalou os olhos e respondeu:

— Muito obrigada — seus olhos pousaram em Dom


como se buscassem permissão.

Ele estava distraído e disse simplesmente:

— Ótimo, vamos todos para o camarote. O


espetáculo vai começar daqui a pouco.

Meu irmão não tinha economizado em nada, como


sempre. Havia acrobatas com roupas colantes de várias
cores se desenrolando graciosamente de tiras de tecido
passando a centímetros dos nossos rostos.
Avistei Christian entrando com Stella, sua esposa.

—Você veio mesmo, cara. Está meio atrasado, mas


já é uma evolução — Dom disse se adiantando em
cumprimentá-lo.

— Eu estava em uma reunião importante —


respondeu secamente e me cumprimentou meio
desconfortável, estendendo a mão. Apertei sua mão e o
puxei para um abraço.

— Obrigado por vir, cara — disse.

Ele ajeitou sua camisa e passou a mão pelo cabelo,


pigarreando contrariado, assim que o soltei.

— É bom te ver de volta aos palcos — Stella me


cumprimentou sorridente — Espero que você tenha um
bom show essa noite!

— Obrigado, Stella.

Christian olhou para as acrobacias com uma


expressão de tédio. Não demorou muito para tirar o
celular do bolso e ignorar o espetáculo.

— Porra, cara. Você vai trabalhar até aqui? — Dom


apareceu para repreendê-lo.
Christian fez um gesto com a mão pedindo um
minuto:

— Estou respondendo uma mensagem importante.


Eu não vejo graça nessas macaquices, de qualquer forma
— respondeu sem tirar os olhos do celular.

— Pelo menos vê se larga essa porcaria na hora em


que eu estiver no palco — provoquei rindo.

— Eu sei que é difícil para você e Dom entenderem,


mas algumas pessoas têm responsabilidades na vida —
ele respondeu irritado, para minha diversão.

Era bom estar com meus irmãos reunidos de novo.


Christian foi um pouco duro em relação ao meu
relacionamento com Serena, mas estava tentando
demonstrar solidariedade com a minha perda à maneira
dele.

Procurei pelo rosto de Olivia na multidão, mas


quem surgiu na minha frente foi Debbie Williams, uma
famosa modelo que estava entre os convidados vips da
noite. Ela me puxou para o camarim sem me dar chance
de pensar em muita coisa.

—Você precisa estar no seu melhor para esse show


— ela disse com sua voz levemente rouca — vou te
ajudar a relaxar.
Em um segundo, sua mão já estava roçando meu
pau por cima da calça jeans preta que eu usava. Seu
toque fez com que eu ficasse duro imediatamente. Ela
abriu minha calça e agarrei seus cabelos, metendo bem
fundo naquela boca deliciosa.

Subimos no palco pouco tempo depois e fomos


recebidos com uma chuva de aplausos na primeira nota.
A adrenalina do palco tomou conta de mim e eu me senti
realmente bem pela primeira vez em muito tempo.

Anunciei Lou Reese na metade do show e


cantamos duas músicas dele. No momento que
anunciamos Untamed Love, eu a vi com os olhos
cravados no palco e engoli em seco. Essa era a música
de Serena, mas mesmo que eu fechasse os olhos
enquanto cantava, era o rosto de Olivia que estava
gravado em minha mente naquele momento.

Depois do show, distribuímos autógrafos e tiramos


fotos com os convidados especiais de Dom. Estava
impaciente durante todo o processo, mas sobrevivi
àquela chatice.

Assim que deixamos a boate pelos fundos, Debbie


se pendurou no meu pescoço me dando um beijo meio
desesperado.
— Até que enfim você saiu do meio daquele monte
de gente. Não tivemos muita chance de conversar.
Ela me acompanhou na festa que fizemos no salão
do St. Regis. Eu poderia usá-la como distração a noite
inteira, isso estava funcionando bem para mim, mas algo
me dizia que ela era do tipo que esperava mais do que
apenas sexo e isso eu não poderia oferecer, por isso
voltei para o quarto sozinho depois.

Tive sonhos conturbados naquela noite. Eu tentava


encontrar Olivia desesperadamente, mas ela sempre
escapava das minhas mãos no último minuto. Até que
finalmente eu consegui agarrá-la e a beijei, mas ao abrir
os olhos era o rosto acusador de Serena que estava na
minha frente. Acordei irritado e tomei um banho gelado,
peguei as chaves da moto e saí no meio da noite.
Meu telefone não parava de tocar e parecia que o
meu dia só ia piorar. Eu olhava atônito para a tela do meu
laptop que exibia a notícia de um tabloide com a
manchete:

“A fila andou: Tristan West é visto aos beijos


com modelo após 3 meses da morte de sua
namorada de longa data.”

O tom da reportagem só piorava a partir dali. Nela


dizia que meu longo histórico de traições foi um dos
principais fatores que levaram Serena à depressão e vício
em drogas e que o relacionamento comigo sempre foi
mal visto por Michael Clifford, pai de Serena e prefeito de
Nova York por 12 anos.
Fazia uma semana desde a noite do show, que foi
meu último dia de paz. Christian havia me mandado uma
verdadeira coletânea de manchetes nada respeitosas que
estavam saindo na imprensa sem parar. Em uma outra
reportagem eu era acusado de viciar a inocente e
mimada filha do prefeito. Criaram toda uma trama me
transformando em um bad boy que destruiu a vida de
Serena.

Resolvi atender meu celular, Christian não parava


de me ligar:

— Até que enfim! Te liguei umas 20 vezes. Quando


pensei que essa história estava esfriando você dá um
jeito de ser visto com uma mulher para dar mais o que
falar para imprensa! Nós apoiamos os Clifford há
gerações e você está expondo todos ao ridículo com suas
noitadas desenfreadas desde que voltou para a cidade.

— É só com isso que você se importa? Estou


fazendo o melhor que eu posso, porra — vociferei com
raiva.

— Se esse é o seu melhor, você precisa de uma


intervenção. Devia ter me ouvido desde o ínicio quando
eu disse que esse seu namoro ia dar merda. Eu sinto
muito, Tristan, mas foi uma tragédia anunciada.
— Cuida dos seus negócios que eu cuido dos meus
— disse e desliguei o celular furioso.

Esse tom de superioridade que Christian usava me


dava nos nervos. Ele era o menino de ouro, ansioso por
agradar seus pais de todas as maneiras e provar que ele
era o mais competente e responsável para assumir os
negócios da família.

Passei o olho em outra reportagem e sorri com


satisfação com um trecho que deve ter irritado meu
irmão ainda mais, sobre uma namorada que eu teria
roubado dele. A verdade era que ela era uma típica
alpinista social que se infiltrou na família conquistando
Chris com muito custo. Depois de alguns meses, Christian
percebeu o jogo dela e terminou o relacionamento sem
pensar duas vezes. Foi então que ela me usou para se
vingar e eu cumpri meu papel de bom grado, já que eu e
Christian sempre tivemos muitos conflitos.

Meu celular tocou novamente. Era Allan dessa vez:

— Tenho más notícias.

— Você está atrasado — retruquei.

— Bom, o que eu tenho para dizer é que as


apresentações no Lollapalooza e VMA foram canceladas.
Assim como o show programado para o evento de
aniversário da cidade.

— Só me faltava essa agora — estava começando a


ficar realmente preocupado. Tudo parecia estar
afundando.

— Estarei aí em uma hora com Ashley para


discutirmos uma estratégia.

Peguei meu violão e sentei na sacada. Eu sempre


me sentia melhor depois de tocar alguma coisa. A
melodia de Free Falling do Tom Petty começou a tomar
forma, enquanto eu cantarolava a letra:

— “... And I’m a bad boy, ‘cause I don’t even miss


her, I’m a bad boy for breakin’ her heart…And I’m free,
free falling…”[3]

Ashley, minha assistente pessoal e Allan chegaram


pouco tempo depois. Foi decidido que eu teria que passar
uma imagem mais centrada e voltada para a família.

— Soube que seus pais estão de volta à Nova York e


que o aniversário da Sra. West - Buchmann está se
aproximando. Pode ser a ocasião perfeita para enfatizar a
imagem que queremos. Você poderia organizar uma festa
bem tradicional para ela. Pode ser aqui mesmo, no hotel
— Ashley sugeriu.
— Nem pensar. Essa é a última coisa que quero
fazer agora.

— Pense melhor. Seria uma forma de retratar a


família em harmonia, já que você tem sido apontado
como a ovelha negra que só causa problemas. Se você
concordar, eu já começo a organizar tudo.

Respirei fundo e pensei no quanto estava cansado


de tudo isso. Só queria cair na estrada e fazer shows. Mas
aqueles escândalos continuariam me perseguindo para
onde quer que eu fosse.

— Que seja, mas vai ser a única coisa que farei.


Depois dessa festa, não se fala mais no assunto —
declarei.

Estava nos fundos da lanchonete, comendo meu


sanduíche às pressas. Aquele seria o meu almoço e logo
eu voltaria para o balcão. Passei a manhã inteira
contando cada minuto para ficar sozinha e poder deixar
minha mente obsessiva me levar para onde eu queria.

As imagens daquela noite na Daza não saíam da


minha cabeça. Eu fiquei surpresa comigo mesma por ter
dito aquelas coisas sobre minha ‘falecida mãe’ quando
me vi na frente deles. Tudo aconteceu tão rápido que eu
ainda não acreditava.

Tristan era o homem mais bonito que eu já havia


visto de perto. Ele devia ter uns dois metros de altura,
sua presença era imponente, seu rosto era como o de um
deus viking. Mas eu consegui voltar a minha atenção
para Lou Reese, antes que ficasse paralisada de vez e
não fosse capaz de articular nenhuma palavra.

O resto do meu dia foi igualmente tedioso. Mal


conseguia prestar atenção no que eu estava fazendo.

— Eu pedi suco de laranja! — A voz aguda da


mulher sentada à mesa me sobressaltou. Já era pelo
menos a terceira vez que eu errava algum pedido em
poucas horas.

— Desculpe. Vou trazer para você — eu disse,


pegando o café que eu havia servido por engano.

Conhecer o marido da minha mãe e o famoso


Tristan West numa mesma noite foi demais para mim,
mas eu precisava voltar ao normal.

Kim me olhava de longe, atrás do balcão. Assim


que ficamos perto, ela perguntou:

— Onde você está com a cabeça, Escócia?


— Sinceramente? No show do Easy Riders — eu
disse sorrindo.

— Hmmm — ela sorriu de um jeito malicioso —


deve ser difícil mesmo esquecer aquele bonitão.

Revirei os olhos e retruquei:

— Não é para tanto. Ele é muito gato, eu admito,


mas deve se achar o centro do universo.

— Lá vem você, não pegou nem um autógrafo e


saiu de fininho, ao invés de tentar se aproximar dele de
novo. Quando penso nisso, eu tenho vontade de te bater.
Sua sorte é que teremos mais uma oportunidade. Acabei
de saber que surgiu um trabalho em um evento
organizado por Tristan West. Coloquei seu nome na lista.
Os West-Buchmann sempre preferem pessoas que já
trabalharam com eles antes.

— Meu deus, Kim. Você está falando sério? —


Minhas pernas ficaram bambas e eu não conseguia ouvir
mais nada. Resolvi retornar a ligação imediatamente.

— Muito sério e vai ser coisa chique, um coquetel.


O treinamento começa amanhã no St. Regis.

— Obrigada, Kim.

— Agradeça os meus contatos.


Sentia borboletas no estômago só de pensar que
ficaria perto de Tristan West de novo. Agora eu entendia
Amy quando ela falava toda empolgada sobre roqueiros
famosos. Eles podiam ser muito impactantes para falar o
mínimo. Isso já me deixava muito ansiosa para esse
coquetel, mas ainda havia mais uma coisa: talvez Lou
Reese comparecesse e se isso acontecesse era provável
que eu ficasse de frente para minha mãe pela primeira
vez.

Não saberia como reagir se eu a visse. Tinha tantas


perguntas e ao mesmo tempo parecia não haver
nenhuma resposta que pudesse justificar o que ela havia
feito. Tentei conciliar o sono, mas meu coração estava
aos pulos e virei a noite em claro.
O St Regis era super luxuoso com suas colunas que
remetiam a um estilo clássico, chão de mármore e lustres
colossais. Fui até a suíte presidencial, onde a responsável
nos esperava.

— Bom dia, meu nome é Ashley Pierce, trabalho


como assistente pessoal do Sr. West. Vocês devem falar o
mínimo possível e estarem prontos a servir antes que os
convidados deem falta de alguma coisa. A família West-
Buchmann preza muito pela discrição, portanto a postura
de vocês deve ser impecável, especialmente diante do
senhor Tristan West — ela dizia para todos que estavam
reunidos em volta de uma mesa oval, frisando a palavra
‘senhor’ como se estivesse falando de algum tipo de
empresário respeitável e não de um astro do rock — Se
alguém aqui não for capaz de lidar com isso, essa é a
hora para desistir. Qualquer um que importune o senhor
West ou sua família será imediatamente demitido.

Ela continuou explicando que o coquetel era em


homenagem à Sra. West-Buchmann em razão de seu 65°
aniversário. Fizemos um tour pelo salão em que o evento
ocorreria e tivemos uma aula sobre os vinhos sofisticados
e as outras bebidas que seriam servidas. Ao final, nossos
uniformes foram entregues com mais um monte de
recomendações.

Estava me encaminhando para a saída quando


começou um burburinho. Tristan apareceu de surpresa no
salão. Ashley fechou a cara e fuzilou todo mundo que
passou por ela com seu olhar duro.

—Tristan! Bom dia! Está tudo sob controle por aqui.


Precisa de algo? — Ashley perguntou com um sorriso
artificial no rosto, parecendo ansiosa diante de Tristan.

— Bom dia, Ashley! Eu só vim, hã…— ele hesitou


por um instante e olhou ao redor — Checar como as
coisas estavam.

Ashley assentiu, parecendo desconfortável com a


presença dele ali. Os olhos de Tristan continuavam
vagando pela sala e eu virei o rosto instintivamente
quando seu olhar me alcançou. Tentei sair de fininho,
quase certa de que ele não havia me notado, quando sua
voz grave e imponente me fez parar:

— Olivia!

Eu virei lentamente em sua direção. Ele estava


ainda mais bonito do que na última vez. Vestia uma
camiseta branca, com uma camisa xadrez aberta por
cima e calça jeans de cor clara. Seus cabelos compridos
e dourados caíam soltos de forma desalinhada. Ele alisou
sua barba e deu um largo sorriso assim que o olhei. Senti
meu coração disparar e minhas pernas ficaram bambas.
Congelei, sem saber o que fazer.

— Nós não tivemos a chance de conversar depois


do show. Eu te procurei, mas você já tinha desaparecido
— ele disse quando chegou mais perto.

— Eu tive que ir assim que o show terminou.


Precisava voltar ao trabalho. Mas foi maravilhoso,
obrigada — respondi, sentindo o olhar de Ashley mesmo
de longe.

— Pensei que iríamos conversar melhor no


camarim — ele disse e eu devo ter olhado com
reprovação, já que ele se adiantou em explicar — Eu
quero dizer, bem… Eu e a banda costumamos nos reunir
para confraternizar com os amigos mais próximos depois
do show, não é nada demais.
Soltei uma risadinha nervosa, querendo acabar
logo com aquilo. Eu não entendia porque ele estava tão
interessado em falar comigo. Talvez ele pensasse que eu
era uma presa fácil, já que eu fiquei totalmente
desconcertada quando o vi ao lado de Lou Reese pela
primeira vez e não estava me saindo muito melhor
agora.

— Algum problema, Tristan? — A voz cortante de


Ashley nos interrompeu.

— Está tudo ótimo, Ash. Pretendo dar uma volta de


moto daqui a pouco, você pode ir para casa quando tiver
terminado por aqui — Tristan respondeu, meio
impaciente.

— Eu já vou — apressei-me em dizer, dando um


passo para trás e acenando. Mas quando estava me
virando na direção da saída, senti uma mão agarrando
meu braço. Uma corrente elétrica se espalhou pelo meu
corpo na mesma hora. Meu olhar subiu lentamente para
encontrar o de Tristan, que demorou alguns segundos
para me soltar:

Uma tensão pairou no ar, até que Tristan limpou a


garganta e disse:

— Bem, eu não quero tomar o seu tempo. Só


queria dizer que vou arranjar um ingresso para você
assistir meu próximo show. Dessa vez, fora do horário de
trabalho. Ashley pode cuidar disso, certo?

— Claro! Como você quiser — ela precisou de um


segundo para responder.

“Droga, ele custaria o meu trabalho. Ashley iria me


dispensar com toda a certeza.”

— Dois ingressos — ele anunciou — Assim você


pode levar uma amiga.

— Obrigada. Eu realmente preciso ir. Não posso me


atrasar para o trabalho - eu respondi secamente,
tentando demonstrar para Ashley que, se dependesse de
mim, eu manteria minha postura profissional a qualquer
custo.

Estava esperando um táxi na frente do hotel


quando vi uma aglomeração se formando há alguns
metros. Jornalistas e outras pessoas se acotovelavam.
Tristan West surgiu em cima de uma Harley-Davidson,
vestindo uma jaqueta de couro e passou como um raio,
sem se importar com quem estava no seu caminho.
Cheguei na mansão dos West-Buchmann, no Upper
East Side, para o brunch com minha mãe e Dom. Aquele
era um dos endereços mais caros da cidade e possuía
uma decoração que fazia lembrar o palácio de Versalhes,
com suas colunas trabalhadas, móveis Luís XV e cortinas
suntuosas.

Dom me disse que Amanda, nossa mãe, estava


reformando alguns cômodos com um estilo zen.
Estranhei o lugar, assim que pisei no hall de entrada.
Fazia alguns anos que eu não pisava ali, já não conhecia
direito aquela casa.

Vendo meu desconforto, Presley, o velho mordomo


da família, indicou o caminho:

— Eles estão esperando no jardim da Sra.


Buchmann, no final daquele corredor.

— Obrigado, Presley!

Segui pelo caminho indicado e Amanda veio me


receber com um abraço assim que me avistou na porta
que dava para seu jardim zen:

— Meu filho! Finalmente você pisou nessa casa de


novo — ela me abraçou.
— Muita coisa mudou por aqui - eu disse olhando
em volta — Como você está, dona Amanda? — disse
segurando suas mãos diante de mim — Eu andei dando
dor de cabeça de novo, eu sei…. — encolhi os ombros e
fiz minha melhor cara de mea-culpa.

— O que significa que você apenas voltou ao seu


estado normal, irmãozinho! — Dom disse rindo, sentado
à mesa do brunch.

— Que história é essa de Amanda?

— Eu quis dizer mãe — respondi me adiantando


para dar um beijo em sua testa, o que apaziguou um
pouco seu humor.

— Como estão os preparativos da festa? — Dom


perguntou quando sentei.

— Ashley está cuidando de tudo. Conversei com ela


hoje de manhã. Prometo compensar todo esse transtorno
com uma festa impecável — eu disse enquanto cortava o
pão.

— Só de ter meus três filhos no mesmo ambiente já


me sinto feliz.

O brunch seguiu por mais algum tempo, num clima


amistoso. Fui ver o velho Markus West-Buchmann em sua
biblioteca antes de ir embora e voltei para o hotel.
Ashley me esperava na suíte com cara de poucos
amigos.

— Você ainda está aqui?

— Fez questão que eu contratasse as mesmas


garçonetes do show na Daza só para reencontrar aquela
garota, não foi? Tristan, onde você está com a cabeça?
Estamos fazendo de tudo para limpar sua barra e você só
pensa em transar com todas as mulheres bonitas que vê
pela frente. Você acha mesmo que vai superar alguma
coisa agindo assim?

— Não se preocupe Ashley, não serei fotografado


com ninguém, sei que o que estou fazendo.

— Eu sei que ainda está sofrendo. Você pode se


esconder nesse quarto de hotel e usar sexo como
distração à vontade, mas só vai conseguir seguir em
frente de verdade, quando parar de fugir.

— Não te pago para você dar uma de psicóloga,


Ashley. Vejo você amanhã — disse rispidamente e virei as
costas para ela, que saiu pisando duro.
Eu respirava fundo enquanto me esgueirava entre
as mesas com a bandeja na mão. Aquele coquetel era
definitivamente o evento mais refinado em que eu já
havia colocado os pés.

Uma banda de jazz tocava uma música suave e


alguns casais dançavam, inclusive o Sr. e a Sra. West-
Buchmann. As diferenças entre os dois saltavam aos
olhos de qualquer um que os observasse. Ela estava
sempre sorrindo e era do tipo "borboleta social” pelo o
que eu vi, enquanto o Sr. West-Buchmann estava com a
cara fechada o tempo todo.

Ashley estava recebendo os convidados na porta.


Vi quando Christian West chegou com sua esposa e não
pude evitar reparar que o contraste entre os dois
também era evidente.
—Sejam bem-vindos! Vou levá-los até a mesa —
Ashley os cumprimentou e me lançou um olhar que dizia
para que eu os acompanhasse imediatamente — Vocês
vão querer alguma coisa especial para beber? Escolhi o
melhor Pinot Noir pensando em vocês — Ashley disse
enquanto eles sentavam.

—Você é a melhor, Ashley! — A esposa de Christian


respondeu sorridente.

Limpei a garganta e disse:

—Boa noite! Vou buscar a garrafa.

Girei nos calcanhares e me dirigi à cozinha do bar à


passos largos. Assim que voltei, senti minhas pernas
falharem com a visão de Tristan vestido com uma camisa
preta que deixava parte do seu peitoral bem marcado e
terno da mesma cor. Ele trazia um cordão prateado no
pescoço com um pingente comprido que lembrava o
formato de uma pena. Seus cabelos compridos e barba
destoavam um pouco daquelas roupas formais.

—C-com licença — minha voz saiu trêmula quando


me aproximei com a bandeja nas mãos. Tive que me
concentrar para não fazer nenhuma besteira na hora de
servir o vinho. Podia ser apenas impressão minha, mas
eu podia sentir os olhos de Tristan em mim. Não tive
coragem de levantar a cabeça para comprovar, de
qualquer forma.

Eu mal olhava para cima e já estava me afastando


de cabeça baixa quando a voz de Tristan me deteve:

—Ei, não vai perguntar se vou querer uma taça? —


Ele disse com um sorriso meio cruel, parecia estar
gostando muito do meu desconforto.

—Desculpe, eu vou trazer imediatamente —


respondi.

Sentia-me apreensiva todas as vezes que chegava


mais algum convidado, achando que Lou Reese e sua
esposa poderiam entrar no salão a qualquer momento.
Depois de servir o vinho, eu evitei a mesa da família
West como pude, precisava manter a calma e lidar com
Tristan não ajudaria.

A hora da homenagem à minha mãe chegou.


Ashley havia me ajudado a preparar as imagens que
seriam exibidas em um telão. Escolhemos fotos e vídeos
que contavam um resumo da vida de Amanda West-
Buchmann e mostravam a família reunida. Ela assistiu
tudo ao lado de Dom e ficou visivelmente emocionada,
vindo me abraçar no final.

Fizemos os discursos, como de praxe, e a banda


contratada para o evento tocou fly me to the moon, do
Frank Sinatra, uma das músicas prediletas dos meus
pais.

Ouvi algumas vozes alteradas na entrada e senti


meu sangue gelar quando vi Aaron acompanhado de
Deacon. Eles gritavam com Ashley que insistia em dizer
que seus nomes não estavam na lista.

Eu sabia que aquilo ia dar merda. Eu não chamei


ninguém da banda porque queria que aquela festa fosse
apenas sobre a minha família. Ashley e Allan
concordavam que era a melhor estratégia. O pior de tudo
era que Aaron estava acompanhado do meu antigo
amigo que fazia parte de uma época que eu queria
esquecer.

—Tristan! — Aaron gritou assim que me viu,


chamando a atenção de todos — Fala para essa vadia
deixar a gente entrar. Ela tá fingindo que não me
conhece.

Ashley estava pálida e os seguranças avançaram


sobre os dois. A música parou e o burburinho se formou.
—Meu deus! Como eles deixam esse tipo de gente
entrar no hotel! — Que horror!

Meu pai veio na minha direção, mas Dom correu


em seu encalço e disse algumas palavras para apaziguar
o pai.

Christian olhava tudo de longe e balançava a


cabeça em negação, seu olhar de desaprovação quando
nos encaramos foi pior que um soco na cara. Eu podia
ouvir sua voz na minha cabeça: “Você nunca falha em
decepcionar a família.” Mas eu teria tempo de acertar as
contas com ele mais tarde.

Fui até Aaron e Deacon, que continuavam


esbravejando enquanto eram arrastados para fora.

— Você pode me explicar que porra é essa? O que


você pensa que está fazendo? — gritei com Aaron do
lado de fora do salão.

— Deacon queria te ver. Você nunca mais


apareceu, eu pensei que seria uma boa ideia dar uma
passada aqui, mas você está agindo como um filhinho de
papai de merda — ele disse e eu quase quebrei sua cara
ali mesmo.

— Hey, relaxa, cara — Deacon entrou no meio e


colocou a mão no peito de Aaron, impedindo que ele
avançasse para mim.

Em seguida, se virou para mim com um sorriso de


merda na cara:

— Quem diria que você ia se misturar com os


bacanas? Vai rolar um racha hoje. Se você ainda tiver
bolas e cansar desses frescos, aparece lá. Você sabe
onde é — ele deu passos para trás com as palmas das
mãos levantadas em sinal de trégua quando fiz menção
de ir para cima dele e foi embora, arrastando Aaron com
ele.

Eu costumava andar com Deacon e sua gangue na


adolescência porque eles eram antigos amigos de escola.
Sempre gostei de esportes radicais e velocidade e
participei de alguns rachas promovidos por eles.
Dominava minha moto como ninguém e quase sempre
saía vitorioso.

—Você está bem, cara? — Dom se aproximou me


dando um tapinha no ombro.

Dei um longo suspiro antes de responder:

— Parece que os problemas insistem em me seguir.


Onde estão nossos pais?
— Eles se retiraram para uma sala dos fundos do
salão. Nossa mãe achou melhor, já que papai ficou
contrariado.

Nesse momento, Christian se aproximou com um


brilho meio insano nos olhos. Ele sempre ficava muito
perturbado quando se via no meio de alguma situação
escandalosa:

— Nosso pai não ficou “contrariado” — ele fez o


sinal de aspas com a mão — Ele quase infartou por causa
desses animais que você chama de amigos.

— Chris, por f… — Dom começou a dizer num tom


suplicante.

— O que foi? Só estou falando a verdade. O médico


da família foi chamado porque ele sentiu dores no peito.

Eu não esperava ouvir aquilo. “Droga, porque tudo


na minha vida tinha que dar tão catastroficamente
errado.”

— Mas já está tudo sob controle — Dom explicou


para me acalmar — A pressão dele subiu e ele passou
mal, foi só isso.

Vi Stella se aproximando:
— Vamos, amor! Vocês estão de cabeça quente
agora. Obrigada pela festa, Tristan! Sinto muito por
qualquer transtorno — ela disse enlaçando o braço de
Christian e tentando tirá-lo de lá.

Christian saiu tão perturbado que esbarrou em uma


bandeja. Se desculpou rapidamente e foi embora. Só
então reparei que era ela. O rosto de Olivia estava ainda
mais pálido pelo susto e num impulso eu a peguei pelo
braço e a puxei para longe dali.

— O que você está fazendo? Eu, eu… — ela


protestou enquanto eu praticamente corria para fora do
salão.

Ignorei seus protestos e só parei diante do


elevador, sem soltar o braço dela.

—Senhor West — ela insistia, com a voz ofegante


— Onde nós estamos indo?

Puxei Olivia para dentro do elevador e apertei o


botão da garagem. Só então eu parei para olhá-la
demoradamente. Suas bochechas estavam vermelhas e
seus grandes olhos azuis estavam assustados e
confusos.

— Eu vou te mostrar um lugar. Sua noite vai ser


melhor do que você poderia imaginar — disse, desviando
o olhar e fitando a porta do elevador, que estava
demorando uma eternidade para chegar ao destino.

— Melhor? — sua voz tremia de indignação —


Ashley foi bem clara quanto à postura profissional que
ela esperava da gente. Eu vou acabar tendo que pagar
uma multa por descumprir o meu contrato e nunca mais
vão me chamar para esses eventos. Você pode dar uma
de rebelde sem causa, mas eu preciso viver no mundo
real.

— Se essa é a sua grande preocupação, pode ficar


tranquila. Ashley trabalha para mim e vai fazer o que eu
ordenar. Você vai receber o dobro pelo transtorno. Agora
venha — peguei em sua mão e a guiei até minha
Kawasaki. Normalmente eu passeava com a Harley, mas
hoje eu tinha outra coisa em mente.

— Eu não vou subir nessa coisa — ela parou e


cruzou os braços.

— Você pode ficar com isso — estendi meu


capacete para ela, mas Olivia não se mexeu — Onde
está seu senso de aventura?

— Eu não estou buscando aventura e você não


parece estar em condição de pilotar essa moto.
— Então você saiu de tão longe só para servir
mesas? Parece difícil de acreditar — provoquei.

— Você não sabe de onde eu venho. Mas eu já sei o


suficiente sobre você — ela retrucou, me dando as
costas.

— Seu sotaque te denuncia, forasteira — eu disse


com um sorriso zombeteiro que a fez se virar de volta e
me lançar um olhar furioso — Eu diria Irlanda, talvez
Escócia — continuei e seus olhos denunciaram que eu
havia acertado.

— Eu preciso voltar ao trabalho — ela respondeu


friamente.

— Que trabalho? Aquela festa acabou. Sobe logo


nessa moto que eu vou te mostrar que não sabe nada a
meu respeito…Ainda — ordenei, sem conseguir reprimir a
urgência de tê-la comigo naquela noite.

Ela me olhou com espanto, mas algo na minha


atitude pareceu convencê-la.

— É melhor que você saiba mesmo o que está


fazendo — ela disse sentando na garupa.

— Eu piloto essa moto até de olhos fechados —


respondi dando de ombros.
Quando ela enlaçou minha cintura e seu cheiro
delicioso invadiu minhas narinas, senti uma corrente
elétrica pelo meu corpo. Retirei sua mão e levantei o
blazer, oferecendo que ela agarrasse por baixo. Ela
hesitou, mas obedeceu.

— Assim é melhor — disse, sentindo minha pele


pegar fogo sob o seu toque.

Quando chegamos na rua eu acelerei e Olivia


soltou um gritinho, me apertando com mais força.
Costurei pelas ruas da cidade, sentindo o vento contra
meu rosto e seu corpo colado em mim. A presença dela
tornou a adrenalina ainda mais intensa. Aquilo era tudo
que eu precisava naquele momento.

— Que lugar é esse? — Olivia perguntou


apreensiva quando paramos na rua escura e cheia de
motoqueiros mal encarados.

— Relaxa, você está segura comigo.

Deacon se aproximou nesse momento:

— Tristan? Caralho, é você mesmo? Quem é vivo


sempre aparece - Juice veio me cumprimentar. Ele fazia
parte dos Dead Rabbits, a gangue do Deacon.
— Resolveu largar aqueles filhinhos de papai?
Finalmente — Deacon veio falar comigo — E quem é essa
belezinha com cara de anjo? Não parece o seu tipo —
Não gostei nem um pouco do olhar que ele lançou para
Olivia, e a puxei para perto de mim instintivamente.

— Vamos ao que interessa, Deacon. Vim aqui para


correr, não para ouvir um monte de merda. — disse num
tom cortante.

Olhei em volta e não avistei Aaron em nenhum


lugar.

— Onde ele está?

— Aaron? Deve estar lá dentro ficando chapado


com Mac, um dos nossos caras novos — ele apontou para
um beco escuro onde ficava a sede do Dead Rabbits, nos
fundos de um bar.

Estava cansado de me preocupar com Aaron, ele


devia saber o que estava fazendo.

Um garoto que não devia ter mais que 16 anos


anunciou em um megafone que a corrida estava prestes
a começar e que todos deveriam ficar a postos. Joguei
meu terno para longe, ficando só com uma camisa preta
e o jeans da mesma cor.
As mulheres se amontoavam para assistir, alguns
dos caras levavam suas garotas na garupa.

— Meu deus, você vai participar dessa loucura? —


Olivia me perguntou quando nos afastamos de Juice e
Deacon.

— Você pode vir comigo ou assistir daqui com as


garotas — eu disse.

Ela olhou para trás por um instante, julgando a


multidão.

— Você não vai me deixar com essa gente — ela


disse decidida e eu abri um sorriso satisfeito, colocando o
capacete. Olivia subiu na garupa e fez o mesmo.

A garota que sinalizaria a partida se aproximou


com um cinturão de couro que entregou para Olivia.

— O que significa isso?

— Você deve se amarrar a mim.

Ela viu o jeito que as outras garotas faziam e fez o


mesmo. Quase dez motos formavam uma linha na larga
avenida. O ronco dos motores e o barulho da multidão
dispararam uma descarga elétrica pelo meu corpo.
— Saiam da frente, caralho! Para trás! Eu disse
para trás — um cara gritava para que abrissem caminho.

Assim que a bandeira foi baixada na nossa frente,


arrancamos à toda velocidade, o som dos pneus
cantando no asfalto, misturado ao grito de Olivia e o frio
na barriga invadiram meus sentidos.

Olivia gritou ainda mais alto quando outra moto


encostou na minha, tentando nos derrubar. Aumentei
ainda mais a velocidade e disparei na frente. Havia uma
curva à frente e eu inclinei a moto.

— Ai meu deus! Pára, pára! Eu quero descer! —


Olivia gritava em desespero, enquanto eu me
concentrava no asfalto.

Logo depois da curva, um dos motoqueiros perdeu


o controle e pulou da moto antes dela se espatifar contra
um poste do outro lado do asfalto, poucos metros diante
de nós. Respirei aliviado depois de escapar da colisão.

—Você está bem? — Gritei para Olivia.

— Sim — ela respondeu com a voz trêmula, depois


de alguns segundos.

Já podia avistar a linha de chegada. Ultrapassei um


cara que fazia gracinha empinando a moto e cruzei a
linha de chegada em primeiro lugar.

Eu mal tinha descido da moto, quando um grupo


de pessoas veio me cercar, me parabenizando e tirando
fotos.

— Você não perde o jeito mesmo, cara. Foi demais!


— Deacon veio puxar meu saco, mas o ignorei para
assinar um autógrafo.

Uma mulher pulou em cima de mim, me dando um


selinho. Afastei a mulher sem cerimônia, tentando chegar
até Olivia, que estava com um olhar perdido e o
capacete na mão.

— Você pode assinar aqui? — Uma morena peituda


apontou para o seu decote me dando uma caneta.
Assinei meu nome em um de seus peitos.

— Aaaah, eu nem acredito. Vou tatuar isso. Eu te


amo! — ela gritou eufórica.

— Você não devia. As pessoas que me amam não


acabam muito bem — respondi, deixando a garota para
trás com uma expressão confusa.

Olivia saiu de seu estado de entorpecimento


quando me aproximei e começou a desferir socos no meu
abdômen:
— Como você pode fazer uma coisa dessas? Seu
babaca arrogante, irresponsável. Você podia ter matado
nós dois!

— Eu nunca me acidentei em cima da minha moto,


sabia muito bem o que estava fazendo. Foi você que
escolheu subir na minha garupa — disse, segurando seus
pulsos.

Ela soltou uma risada furiosa:

— Eu escolhi? Você me arrastou para esse lugar


sem me dar nenhuma explicação. Deve estar
acostumado a ter tudo o quer só porque é rico e famoso.
Pois eu não dou a mínima para sua fama.

— É isso que você acha de mim? Eu também não


dou a mínima para essa merda de fama. Construí meu
nome trabalhando duro, então não venha falar do que
não sabe — respondi com raiva.

Ela revirou os olhos, cruzando os braços:

— Eu só quero ir para casa agora — disse.

— Se você prefere assim, eu vou fazer uma ligação


— disse secamente.

Allan atendeu depois de poucas chamadas:


— Tristan, onde você está? Meu deus, a festa foi
desastrosa. Precisamos demitir Aaron o mais rápido
possível para evitar mais problemas.

— Allan, falamos sobre isso depois, agora eu


preciso que você mande um carro para o endereço que
vou te dizer.

— Entendido.

Não mais de meia hora depois, uma Mercedes


preta chegou e Sanders desceu dela. Ele trabalhava
para a família há mais de uma década e era um senhor
de uns 60 anos.

— Eu nem vou perguntar — Ele disse com ar de


reprovação quando olhou em volta.

— É melhor não. Só preciso que você a deixe sã e


salva em casa — disse, mostrando Olivia.

Ela cumprimentou Sanders e passou na minha


frente sem me olhar, mas eu a segurei pelo braço e a
puxei para mim, antes que ela entrasse no carro:

— Olivia, eu queria dizer que eu sinto muito por te


envolver nisso, mas a verdade é que eu não me
arrependo tanto assim de ter tirado você daquela festa —
disse, estendendo a mão para acariciar uma mecha do
seu cabelo. Ela sustentou meu olhar, com o rosto a
centímetros do meu. Notei sua respiração ficando pesada
e estive a ponto de beijá-la ali mesmo, mas ela se
desvencilhou no último instante e entrou no carro
bruscamente. Sanders já estava lá dentro e arrancou
assim que ela bateu a porta.

Não queria voltar para o hotel ainda, então resolvi


esperar o sol nascer no Vagabond’s pub, com Olivia
povoando minha mente. Eu ainda teria aquela garota.
Toda aquela sensação de liberdade e adrenalina se
esvaíram muito rapidamente e eu me sentia muito
cansado de novo, mais de espírito do que de corpo.
Assim que o dia clareou, eu fui à minha gravadora
no centro de Manhattan para finalizar o álbum de uma
banda que eu estava produzindo.

— Sr. West, seja bem-vindo de volta — a


recepcionista, Donna, me cumprimentou sorridente.

— Obrigado, Donna.

Cheguei ao estúdio onde uma banda indie que era


minha grande aposta para a temporada gravava e fui
abordado por Leon Curtis, o vocalista megalomaníaco.

— Cara, eu andei fazendo umas experimentações.


Resolvi dar uma mexida no que você mixou. Acho que
cheguei no som que eu queria.
— Você fez o que? — Perguntei puto, puxando o
fone de sua mãe e dando o play no computador.

O idiota me olhava com expectativa. Tinha certeza


que seu trabalho era genial. Eu odiava lidar com esse
tipo de artista. Já expulsei muita banda dos meus
estúdios por causa desse tipo de coisa.

— E então, cara, o que acha?

— Eu acho que você devia se limitar ao seu


trabalho, já tem muito o que melhorar como cantar.
Deixa o resto comigo.

O idiota perdeu toda a pose. Até tentou retrucar,


mas gaguejou. Meu celular tocou e eu pedi licença para
atender.

— Fala, Allan.

— Tristan, ninguém tem notícias de Aaron.


Precisamos arranjar um substituto para o show do
Madison Square Garden.

— Sei onde ele está. Deixa comigo.

Estava cercado de gente que só dificultava o meu


trabalho. Aaron era apenas um fã quando o conheci. O
Easy Riders costumava ser um trio, além de cantar eu
tocava o baixo no início da banda, antes de contratá-lo.
Eu vi que ele tinha potencial e lhe dei a chance de fazer
parte de uma das maiores bandas do mundo e era assim
que o filho da puta retribuía.

Liguei para Sanders e fui até a sede do Dead


Rabbits. Queria quebrar a cara daquele moleque idiota
desde ontem. Detestava ficar nesse estado.

Entramos na região com os vidros abaixados,


atraindo os olhares nada amistosos da vizinhança. Dois
garotos faziam a segurança do bar.

— O que você quer? — Um dos garotos me


perguntou quando desci, batendo a porta do carro e fiz
menção de entrar.

— Eu preciso do meu baixista. É melhor que vocês


saibam me dizer onde Aaron está.

— Eu não vi ninguém — Ele deu de ombros.

— Eu quero falar com Deacon agora.

— Ele está numa reunião. Volta mais tarde.

Como eu não conseguiria nada conversando, forcei


minha entrada puxando o garoto pela gola da camisa e
empurrando para longe. Enquanto ele se levantava, seu
companheiro veio atrás de mim:

— Parado aí, seu filho da puta. Ninguém entra aqui


desse jeito — ele gritou apontando uma arma nas minhas
costas.

Obedeci contrariado, parando no meio do salão


com as mãos à mostra.

— Mas que porra de gritaria é essa? — Deacon


surgiu por uma das portas dos fundos do bar — Abaixa
essa arma, Sleazy. Isso não é jeito de tratar um velho
amigo meu - ele acrescentou depois de me ver.

Sleazy obedeceu contrariado.

— Você veio por Aaron. Crystal está cuidando dele


— Deacon disse.

Ele fez um sinal com a cabeça para que eu o


acompanhasse. Aaron estava com olheiras profundas e
uma palidez mórbida. A tal de Crystal estava em seu
colo, beijando seu pescoço e massageando seu pau por
cima do jeans. Eles tomaram um susto quando foram
interrompidos, Aaron a jogou para o lado:

— Esteja no ensaio amanhã ou você está fora da


turnê! - vociferei furioso e lhe dei às costas, antes que
fizesse uma besteira.

— Ei, espera… quem você está pensando que é? —


Aaron retrucou às minhas costas.

— Só a porra do seu chefe, seu moleque imbecil —


gritei — Você foi avisado — acrecentei rispidamente, num
tom mais baixo.

Meu telefone tocou quando estava entrando de


volta no carro, era Ashley.

"Finalmente alguma coisa boa"

— Ash, conseguiu o que eu pedi?

— Claro. Vou te passar o endereço — havia uma


pontada de mau humor em sua voz.

Dispensei Sanders quando ele me deixou no hotel e


peguei a moto para cumprir o resto das coisas que eu
queria fazer naquele dia. Cheguei ao local que Ashley
havia me mandado, era uma lanchonete perto do Canal
Street.

Eu a vi anotando um pedido assim que empurrei a


porta de vidro. Eu estava de óculos escuros e meu cabelo
estava amarrado em um coque, escondido dentro do
capuz, em uma tentativa de chamar menos atenção das
pessoas ao redor. Mesmo assim, Olivia me reconheceu
imediatamente e, a julgar pelos cochichos das outras
garçonetes, ela não foi a única.

Ela se aproximou de onde eu estava e me olhou


com desconfiança:

— O …O que você quer? Perguntou tensa.

— Não vou demorar. Só queria saber se você está


bem. Desculpe por ontem, eu não quis assustar você....
Eu trouxe uma coisa — disse entregando uma caixa
decorada da Ladurée para ela. Eles faziam os melhores
macarons — Abra.

Ela obedeceu e analisou o conteúdo da caixa,


arrancando os ingressos que eu havia mandado fixar na
tampa.

— Como prometido, você e uma amiga vão assistir


ao show do palco dessa vez. Um carro vai buscá-las
quando chegar o dia. Tenho o endereço — disse,
enquanto ela continuava a me encarar, sem fazer
nenhum movimento — espero que goste desses —
apontei para os macarons.

— Eu nunca provei. Obrigada — ela respondeu


timidamente e eu fiquei satisfeito com o efeito que eu
consegui provocar.
— Eu tenho que ir agora, mas vou te ligar.

Assisti pasma enquanto Tristan West se afastava


em direção à saída. Minhas pernas ficaram bambas e
meu coração batia acelerado. Seu jeito convencido me
dava nos nervos, mas meu corpo reagia à sua presença
instantaneamente, o que era irritante.

— Aquele era quem eu estou pensando? — Amber


veio histérica me perguntar, enquanto eu manuseava a
máquina de café.

— Eu não sei o que você está pensando. Eu preciso


levar essa bandeja — respondi, tentando me afastar.

— Você não vai escapar, Escó… Olivia. Vai nos


contar detalhes do que está rolando entre você e Tristan
West. Meu deus, como você é sortuda. Quem diria? Essa
carinha de sonsa engana — Kim falava enquanto eu
tentava ignorá-la.

Já estava difícil voltar para minha rotina normal


depois daquela noite maluca e depois dele aparecer ali,
ficou impossível me concentrar em alguma coisa. A ideia
de viver uma aventura com um astro do rock, por mais
bobo que isso fosse, era atraente.

“Não, eu não posso me deixar levar. Vou a esse


show, mas isso é tudo”

Eu poderia conseguir informações sobre a vida de


Lou Reese com a minha mãe em alguma conversa com
ele. Isso vinha martelando a minha cabeça, por mais que
eu soubesse que o melhor era seguir em frente. Era
tentador estar tão perto de descobrir a verdade sobre o
meu passado.
Quando cheguei ao FiveStars no dia seguinte, eu
não estava preparada para o que me esperava. Tomei um
susto quando o vi sentado em uma das mesas: era
mesmo Dominic West que estava ali?

— Aí está você! Não sei se lembra, mas sou


Dominic West. Você conheceu meu irmão na noite em
que trabalhou na minha boate — ele disse, me
cumprimentando com um aperto de mão.

— Eu me lembro — eu disse, me perguntando o


que ele podia querer comigo.

— Eu tenho uma proposta de trabalho para você.


Quando pode vir ao meu escritório?
— Hã, eu saio daqui às 7 horas. Tristan mandou
você vir? — Perguntei surpresa.

— Hm, não exatamente. Vou deixar o meu cartão.


Estarei esperando na Daza, hoje às 8 horas. Eu sei que
parece meio repentino, mas você vai entender tudo
quando eu te explicar.

Segurei o cartão ainda me sentindo pasma. Que


tipo de proposta ele poderia ter para mim? Não parecia
ser apenas sobre trabalhar de bartender ou garçonete
nas festas da Daza. Ele não teria se dado ao trabalho de
vir pessoalmente atrás de mim se não fosse importante.

— O suco estava ótimo! Tenham um bom dia — ele


disse ao pagar no caixa e saiu.

— Meu deus, você atrai mesmo os ricaços. Já é


praticamente da família - Kim ironizou.

— O que ele queria com você? — Amber


perguntou.

— É sobre alguma proposta de trabalho. Estou tão


surpresa quanto vocês — respondi.
Cheguei à Daza com o coração aos pulos e me
apresentei ao segurança que me deu as instruções para
chegar ao escritório de Dom. O lugar ainda não estava
cheio devido ao horário e eu consegui reparar melhor na
decoração requintada do lugar, com paredes folheadas a
ouro, colunas entalhadas com esculturas e muitas cores
vivas que nos transportavam para algum lugar do
oriente. O escritório ficava no alto e de lá era possível ter
uma visão panorâmica da boate.

Dom me esperava com mais um homem:

— Seja bem-vinda. Esse é Allan, o empresário do


Easy Riders.

Allan me deu um aperto de mão e Dom me indicou


um lugar para sentar.

— Bem, o que vocês querem de mim? — Perguntei


enquanto eles se entreolharam como se estivessem
decidindo por onde começar.

— Você deve ter visto as últimas notícias


envolvendo Tristan e a nossa família — Dom começou a
dizer.

— Eu li alguma coisa a respeito — Respondi


cautelosa.
— Os últimos acontecimentos continuam
prejudicando a imagem da banda e colocando o nome da
nossa família nos holofotes, então Allan teve uma ideia
para mudar o foco da mídia: fazer o videoclipe para a
nova música … — ele buscou o nome na memória.

— Foreign Girl — Allan o ajudou.

— Isso. Allan precisa de uma musa para o clipe e


Tristan parece gostar bastante de você, então …

— Espera aí, vocês estão querendo me contratar


para estrelar um clipe? Eu não sou atriz, não daria certo
— eu protestei diante daquela ideia absurda.

— Pelo o que eu vejo, você é realmente


estrangeira, se encaixa como uma luva — Dom retrucou
empolgado com a ideia.

Allan limpou a garganta e disse:

— A parte mais importante é que a musa do clipe


deve ser apresentada ao público como a nova namorada
de Tristan.

Dei uma risada nervosa:

— Meu deus, vocês estão falando de um namoro


falso? Não me entendam mal, deve acontecer o tempo
todo entre famosos, mas eu não saberia como fazer isso
— eu disse balançando a cabeça incrédula.

— Essa parte foi ideia de Christian, meu irmão… —


Dom esclareceu.

— E vocês pensaram logo em mim? Deve ter um


monte de garotas mais adequadas para o papel,
modelos, atrizes, eu sei lá…

— Tristan não está nada bem ultimamente e nós


estamos preocupados. Ele nunca vai admitir que precisa
de ajuda. Então, Chris pensou que ter uma namorada por
um tempo poderia ajudar. O único problema é que Tristan
jamais concordaria, então ele não sabe de nada, é
claro — Dom continuou.

— Isso soa cada vez pior para mim…

— Bem, nós colocamos um detetive particular na


cola dele e descobrimos que você seria a candidata
perfeita para o papel. Já tinha observado como ele te
olhava diferente durante aquela festa e ficamos sabendo
sobre a visita que ele te fez na lanchonete.

Fiquei algum tempo em silêncio, processando todas


aquelas informações. Não só eu havia sido vigiada, como
queriam que eu fizesse parte de uma farsa.
— Você não está vendo a coisa pelo ângulo certo.
Todos sairiam ganhando. A reputação da minha família
não sofreria mais danos, as ações da nossa empresa
voltariam a subir, você ganharia um cachê gordo e
holofotes, Tristan ficaria menos carrancudo por algum
tempo e talvez até mesmo se lembrasse de como ele era
antes - Dom falou de forma acelerada.

— Você só precisaria manter a farsa por 3 meses —


Allan disse.

— Eu não acho que eu sirva para isso, não vou


dormir com ninguém — protestei.

— Não estamos pedindo isso, você vai até onde


quiser. Mas eu confesso que achei que qualquer garota
iria querer agarrar a chance de ter pelo menos uma noite
com Tristan — Dom parecia genuinamente surpreso com
minha preocupação.

“Talvez seja verdade, mas eu sou virgem, ” pensei,


mas não falei.

Dom estudou o meu rosto por um momento e


disse:

— Eu e meu irmão estamos dispostos a pagar uma


quantia generosa. Vou te ajudar em tudo que você
precisa fazer para prender a atenção de Tristan. Eu sei
tudo sobre aquele cara. Não vai ser tão difícil quanto
você está pensando.

— Você tem até o dia do show para decidir - Allan


anunciou.

— Não percam o tempo de vocês…

Eu estava levantando quando Dom ordenou:

— Diga um preço, então.

— Você não está entendendo, eu não estou à


venda.

— Quanto? Todo mundo tem um preço - ele insistiu.

Resolvi dizer a quantia mais absurda que me veio à


mente:

— Ok, 300 mil dólares então.

— Fechado. Vou te ligar para discutir os termos do


contrato.

— O que? — Eu não conseguia acreditar naquilo.

— Eu disse que concordo com o seu preço — ele se


levantou, sinalizando que a reunião havia acabado — Até
breve, senhorita Duncan.
— Ei, eu não disse que eu vou fazer isso…

Dom ignorou os meus protestos e pediu para Allan


me acompanhar até a saída.
Liguei para Amy quando cheguei em casa e contei
tudo o que aconteceu.

— Meu deus, eu não estou acreditando nisso! Você


vai ficar rica e ainda vai perder a virgindade com Tristan
West? Nossa! Nem nos meus melhores sonhos eu poderia
ter imaginado algo assim.

— Vou sugerir você no meu lugar então. Não vou


pegar DST de um roqueiro narcisista por dinheiro
nenhum — retruquei meio irritada por ela não levar nada
a sério.

— Camisinha está aí para isso. Eu não pensaria


duas vezes em assumir o seu lugar, amiga. Mas ele quer
você.
— Isso é o que os irmãos dele acham … eu
confesso que essa loucura é tentadora, mas eu não acho
que conseguiria fazer isso. Imagina eu atuando em
videoclipe e tentando seduzir alguém? Não vai rolar.

— Eu sabia que você estava mais interessada do


que queria admitir. Se joga, o que poderia dar errado? —
Amy dizia empolgada.

— Hm, deixa eu ver… tudo. É sério, não tem como


isso funcionar. Mas talvez eu devesse aceitar mesmo
essa proposta para dar uma lição nele. Esses caras de
banda acham que podem ter a mulher que quiserem e
que estão acima de todo mundo.

— Essa vai ser a sua desculpa? — Ela provocou.

— Amy!

— Desculpa, Liv, mas está na hora de você parar


de levar tudo tão a sério. Seria bom você não ser a
certinha pelo menos uma vez na vida.

Depois de me despedir de Amy, fui deitar. Aquele


apartamento estilo estúdio era frio e eu me encolhia na
cama enquanto repassava os acontecimentos do dia na
minha cabeça. Meu coração disparava toda vez que
lembrava da sensação de montar na garupa de uma
moto com Tristan e me agarrar a ele em alta
velocidade. Nunca havia sentido nada tão intenso e
assustador antes daquela noite.

Eu tentava me repreender por não conseguir parar


de pensar nele, mas minha mente escolheu ignorar a
minha vontade. O dia já estava quase clareando quando
senti minhas pálpebras pesando…

Abri os olhos meio grogue, incomodada com o


clarão do sol que entrava pela janela.

— Não! — sentei na cama de uma vez, o pânico se


instalando em mim — Não pode ser.

Procurei meu celular e vi a tela mostrando que


eram 11: 05 da manhã. Eu deveria ter chegado às 8 no
trabalho.

Liguei para a severa Senhora Adams, a dona da


Fivestars e pedi um monte de desculpas, enquanto saía
apressada de casa. Eu odiava me atrasar para qualquer
coisa, mas no trabalho era realmente imperdoável.

O lugar estava cheio e Amber corria de um lado


para o outro com uma expressão de confusão no rosto,
tentando dar conta de tudo. Kim tentava apaziguar um
cliente que estava muito incomodado pela longa espera.

Coloquei meu uniforme apressadamente e estava


voltando quando Kim me parou:

— Você tinha que atrasar logo quando Stacy faltou?


Isso aqui está uma loucura!

— Eu perdi a hora, sinto muito, Kim.

Ela fechou a cara e saiu carrancuda.

Na primeira oportunidade, Amber me cercou:

— O que Dominic West queria com você?

—Ah, você sabe como são esses bilionários. Acham


que podem ter quem quiserem. Ele só me fez uma
proposta indecente em troca de um trabalho melhor —
falei a primeira coisa que me veio à mente, já que a
verdade era absurda demais.

— Nossa, você causou mesmo um impacto nesses


irmãos. Pois eu aceitaria se estivesse no seu lugar.

— Olivia! — Kim chamou — Estou precisando de


ajuda aqui, leve isso para a mesa 14.
Atendi prontamente ao pedido, mas quando
cheguei com a bandeja, o homem sentado à mesa ficou
furioso:

— Estou esperando há quase 1 hora e meu pedido


vem errado, esse lugar já foi melhor. — Ele disse se
levantando e saindo intempestivamente pela porta de
vidro.

Voltei para trás do balcão:

— Parece que você confundiu o pedido — eu disse


para Kim.

— É, parece que sim — ela respondeu com uma


expressão meio cínica e eu me dei conta de que ela fez
de propósito. Tive que respirar fundo para não começar
uma discussão com ela ali mesmo.

Quando a hora de ir embora se aproximou, a


senhora Adams veio até mim e pediu que eu a
acompanhasse até sua sala.

Assim que sentamos, ela pôs os óculos e abriu uma


gaveta, retirando um envelope de dentro dela.

— Não é a primeira vez que vejo você distraída nas


últimas semanas, Olivia. Além disso, você vive se
ausentando por conta de outros compromissos e agora
chegou atrasada.

Não valia a pena protestar, eu poderia conseguir


outro emprego, não era tão difícil assim, ou pelo menos
eu esperava que não fosse. Peguei o envelope e fui
arrumar minhas coisas, torcendo para Kim já ter ido
embora.

Tomei umas duas taças de um vinho barato


que eu tinha na geladeira quando cheguei em casa. Não
conseguia parar de pensar na proposta de Dominic
West.

Procurei o cartão que ele havia me dado em todos


os lugares. Achei no fundo de uma bolsa e liguei em um
impulso:

— Alô — Dom gritava por cima do barulho de


música eletrônica.

— Aqui é Olivia Duncan, só liguei para deixar claro


que aceito sua proposta. Quando eu começo?

— Eu já considerava um negócio fechado, mas


gostei dessa nova atitude. Esteja no meu escritório pela
manhã, às 9 horas.
Dom colocou um contrato de quase 10 páginas na
minha frente e seu advogado começou a explicar
enquanto eu lia:

— Aí tem tudo que você precisa saber. Faltas nas


gravações, envolvimento com polêmicas que podem
manchar a imagem de Tristan e da banda, ser vista com
outro homem entre outras condutas reprováveis
descritas nas cláusulas resultam em multas.

— Nem preciso dizer que esse contrato é


totalmente confidencial e se alguma informação vazar
você deverá devolver todo o dinheiro que recebeu de
acordo com o que está escrito aí — Dom acrescentou.

— Acredite, eu quero manter isso em segredo tanto


quanto você e seu irmão — Respondi engolindo em seco.

Folheei as páginas e reli alguns trechos várias


vezes para me acalmar.

— Ok, onde eu assino?

Senti-me estranhamente excitada ao selar o


contrato, mesmo sabendo que aquilo tinha tudo para dar
errado.
— Preciso do seu celular, desbloqueia para mim —
Dom me pediu de supetão.

Entreguei o aparelho intrigada com o pedido:

— O que você está fazendo?

— Baixando a música preferida de Tristan. Vai ser


seu toque de chamada, assim quando estiverem juntos e
alguém te ligar, ele vai ver que vocês têm algo em
comum. Essa ele não costuma citar em entrevistas,
então você não vai parecer tão óbvia.

— Ah, é uma boa ideia — eu disse impressionada


com sua atenção aos detalhes.

— Agora precisamos falar de estratégia. Tristan


está agindo como um trem desgovernado ultimamente,
ele anda meio perdido e provavelmente entediado com
as mulheres com quem costuma sair… talvez elas
tenham se tornado previsíveis demais. Você precisa
parecer diferente de todas as outras — ele fez uma
pausa e me encarou como se estivesse me analisando —
Acho que vai ser fácil para você.

Dei uma gargalhada meio histérica. Nada nessa


história parecia fácil ou simples, eu não fazia ideia em
que eu estava me metendo. Mas com certeza eu era
diferente das modelos internacionais com quem ele saía,
só não imaginava que isso poderia ser visto como uma
vantagem.

— Seja você mesma, mas nem tanto — Dom


alertou — isso precisa dar certo. Fiz uma lista dos
interesses dele para você consultar.

— Isso vai ser útil — eu disse balançando a cabeça


afirmativamente.

Dom me deu mais instruções e dissecou os itens da


lista que ele fez. Ele estava realmente engajado nessa
farsa maluca e tentava se certificar de todas as maneiras
que eu não iria estragar tudo:

A primeira coisa que eu fiz ao deixar seu escritório


foi ligar para minha amiga. Eu sabia que ela estava de
folga naquele dia. Geralmente, ela dormia pesadamente,
mas me atendeu no segundo toque:

— Ei, Liv! Me diz que você realizou uma das minhas


fantasias por mim transando com Tristan West. Quero
riqueza de detalhes, para compensar o fato de você me
acordar no meu dia de folga.

— Toma vergonha, Amy. Eu sei que são quase 4


horas da tarde aí. Eu não transei com Tristan West, mas
você vai gostar do que tenho para dizer…Você será
minha acompanhante no show do Easy Riders no
Madison Square Garden. Consiga uma folga e esteja aqui
sábado. Sua passagem será paga pelos irmãos West.

— O que? Eu ouvi direito? Meu deus, Liv! Eu sabia


que você era a minha garota, eu te amo! Eu preciso de
alguém para me cobrir, vou dar um jeito nisso. Nós duas
em Nova York, eu nem consigo acreditar… já estou me
vendo numa limousine conversível pela Times Square.

— Ai, Amy, eu nem sei o que estou fazendo. Só sei


que preciso da minha melhor amiga do meu lado.

Tive coragem de entrar no apartamento que dividia


com Serena pela primeira vez depois de sua morte e não
foi tão difícil quanto pensei. De alguma forma eu me
sentia mais leve depois daquela noite maluca com a
garota escocesa que não saía da minha cabeça.

Pedi para minha assistente, Ashley, se certificar de


que alguns objetos de valor sentimental fossem levados
para minha nova cobertura no Soho.

Depois de passar o dia ensaiando com a banda,


resolvi fazer uma festa com pizzas, cervejas e música
para comemorar minha mudança.
— Cara, isso aqui é muito irado — Davy Raynor, o
baixista substituto que Travis arranjou praticamente
pulou na minha frente, muito empolgado com tudo o que
via.

Dei um sorriso e assenti com um movimento de


cabeça, esperando que ele me deixasse terminar meu
cigarro em paz. Eu estava na varanda, um pouco
afastado das pessoas.

— Vamos sentar um pouco, baby. Você está bêbado


— a garota de Davy o puxou. Ela tinha um visual meio
punk, com seu cabelo vermelho, piercings e uma
expressão mal-humorada.

Travis se aproximou assim que eles se afastaram:

— O que você achou? — Ele perguntou olhando


Davy se afastar escorado na garota — eu disse que ele
aprendia rápido.

— Tenho que admitir que não é fácil aprender 30


músicas em tão pouco tempo — respondi.

A verdade era que eu ainda preferia ter Aaron na


banda, mas se aquele idiota queria por tudo a perder,
então que fosse assim. Não deixaria ninguém ficar no
meu caminho. Estava planejando a turnê mais grandiosa
da minha carreira.
Voltei para a grande sala de estar, onde todos
estavam reunidos e uma mulher de rosto vagamente
familiar veio na minha direção:

— Adorei o lugar! E você parece melhor do que


nunca! Estou contando os dias para o show — ela disse
com um olhar que insinuava muitas coisas.

— Obrigado — Não conseguia lembrar seu nome,


podia ser a Karen ou Taylor, talvez Chloe.

— Allan me disse que está querendo convencer


vocês a fazerem um videoclipe grandioso para a nova
música. Se estiver precisando de alguma garota para
estrelar o vídeo, eu estou à disposição — ela disse,
praticamente se jogando na minha frente — então era
isso que ela queria.

Estava cansado de modelos e groupies de todo tipo


me cercando como abutres. Todas elas queriam alguma
coisa de mim. Às vezes era fama, dinheiro, outras vezes
elas queriam emoção, viver uma aventura, realizar
alguma fantasia sexual ou qualquer coisa do tipo.

Suspirei cansado daquele jogo previsível e minha


mente foi invadida por imagens de Olivia. Todas as
sensações daquela noite em que ela subiu na garupa da
minha moto vieram à tona de novo.
Olivia não queria nada de mim. Ela não pareceu
muito impressionada com minha fama, com meu dinheiro
ou com minha atitude. Na verdade, eu acho que ela
sequer gostou de mim. Eu não lembrava da última vez
que uma mulher havia agido assim comigo. Por mais
estranho que pareça, isso era revigorante. Tudo nela me
intrigava de um jeito que eu não sabia explicar.

Não queria me envolver com ninguém, mas volta e


meia, me pegava ansiando pelo momento em que a veria
de novo. Tomei uma decisão, eu a veria imediatamente e
acabaria logo com essa fixação.

— Aonde você está indo? — Taylor, ou seja lá qual


fosse o nome dela, gritou surpresa quando me afastei no
rosto.

O celular chamou várias vezes, já estava agoniado


quando ela finalmente atendeu.

— Alô, quem é? — sua voz soou desconfiada do


outro lado da linha.

— Ei, forasteira!

— Tr- Tristan?

— Quais são seus planos para essa noite? Bem,


não importa. Quero que você venha para minha festa,
não para servir mesas dessa vez. Vou te buscar em meia
hora. Prometo não acelerar tanto dessa vez.

— Ei, espera… — Olivia tentou responder, meio


atordoada, mas desliguei antes de ouvir seus protestos.

— Espero que você seja um homem de palavra,


Tristan West — o simples fato de ouvir meu nome na sua
voz deliciosamente sexy já me deixava excitado. Eu tinha
um bom pressentimento sobre aquela noite.

Olivia me esperava com uma calça jeans colante,


botas de salto alto e uma blusa escura e meio decotada.
Era a primeira vez que eu via seus cabelos escuros
totalmente soltos, caindo em cascatas abaixo dos
ombros.

Ela me olhou timidamente, colocando uma mecha


de cabelo atrás da orelha e dando um sorriso contido.

— Você fica ainda melhor sem um avental,


forasteira.

Ela deu uma risadinha e respondeu:


— Você ainda não me disse onde é essa festa.
Parece que você não é muito fã de dar explicações, não
é?

— Não se preocupe, dessa vez não vai ter nenhum


motoqueiro mal encarado, além de mim, é claro — ela riu
e ficou ainda mais linda — Venha, vou te mostrar minha
nova casa.

Assim que chegamos, um Allan levemente bêbado


veio até a mim:

— Onde você se meteu, cara? Pensei que tinha ido


embora da sua própria festa.

— Fui buscar a convidada que faltava. Essa é Olivia


— apresentei — Olivia, esse é Allan, empresário do Easy
Riders.

Suas bochechas estavam coradas e ela pareceu


desconfortável de repente.

— É um prazer, Senhorita — Allan disse apertando


sua mão e virando um copo de bebida — De onde você
conhece Tristan?

— Ela trabalhou em alguns eventos da Daza —


expliquei, socorrendo Olivia.
— Hmm, então você é bartender ou dançarina?

— Na verdade, eu sou garçonete. Ou era — ela


respondeu com a voz trêmula — Saí do meu emprego.
Hoje.

— Hm. Você não é daqui. Será que eu estou


conhecendo a foreign girl que inspirou Tristan?

— Foi apenas uma coincidência, Allan. Já disse que


não era sobre ninguém.

Observei Olivia, meio confusa com aquela


conversa.

— Eu escrevi uma música que falava de uma


forasteira, uma garota estrangeira por quem meu eu
lírico se apaixonava - esclareci.

— Ah, é mesmo uma coincidência — ela respondeu


corando mais ainda.

— Vem comigo. Quero te mostrar a vista - eu


chamei, pegando-a pela mão e levando para a varanda.

Eu a levei para um canto mais isolado que


encontrei.

— Dá para ver toda a cidade daqui! Acho que ainda


não me acostumei com Nova York, tem tantas coisas
acontecendo ao mesmo tempo, tantos lugares para ir —
ela dizia com seu olhar distante no horizonte.

— Posso te levar para conhecer a cidade qualquer


dia.

Ela se virou para mim no momento que Slow


dancing in a burning room, do John Mayer, começou a
tocar.

— Eu gostaria disso — ela disse abrindo um sorriso


adorável.

Sem hesitar, eu me precipitei em sua direção,


segurei seu rosto entre as mãos e a beijei. Ela cambaleou
para trás resistindo por um breve momento, mas acabou
se rendendo, deslizou as mãos pelas minhas costas e
gemeu ofegante quando nossas línguas se entrelaçaram.
Seu cheiro se impregnou no meu corpo, provocando uma
ereção.

Agora era oficial, eu estava completamente viciado


nessa garota. Era inédito e assustador que uma garota
com quem eu nunca havia transado tivesse esse efeito
sobre mim.
Pensei que já tinha tido emoção suficiente nas
últimas horas, mas a noite me reservou mais uma
surpresa: o convite inesperado de Tristan.

Liguei para Dom, assim que ele se despediu.

— Tristan vem me buscar em meia hora para uma


festa — disse quando ele atendeu.

— Você está se saindo melhor do que eu


imaginava, realmente achamos a garota certa — Ok,
essa é uma grande oportunidade para os nossos planos.
Allan deve estar lá, vou informá-lo. Ah, eu nem preciso
dizer que você deve agir como se não o conhecesse.

— Claro, eu sei disso — assenti nervosa.


— Allan vai conduzir a conversa para fazer Tristan
pensar em você como a nova musa dele. Isso vai ser
perfeito. Amanhã eu te ligo para saber como foi.

— Ok, até amanhã.

Meu coração estava aos pulos. Abri o guarda-roupa


em busca do que vestir. Optei por uma calça jeans
escura e botas de cano longo e salto. Coloquei uma blusa
de cetim preta, ligeiramente decotada e fiz uma
maquiagem para destacar os olhos.

Conferi minha imagem no espelho e gostei do


resultado. Só precisava tentar parecer mais confiante
agora. Respirei fundo e andei de um lado para o outro,
conferindo a hora a cada dois minutos. Quando estava
próximo da hora que ele disse que chegaria, resolvi
descer e esperar na frente de casa. Não estava
conseguindo ficar sentada.

Logo, Tristan apareceu em sua moto imponente.


Sentia meu corpo inteiro vibrando e minhas pernas
fraquejaram quando ele parou e olhou para mim abrindo
um largo sorriso.

— Você fica ainda melhor sem um avental,


forasteira.
Meu rosto esquentou e agradeci mentalmente por
estar escuro.

Subi em sua moto depois de trocar algumas


palavras. Agarrei-me a ele sentindo os gomos dos seus
músculos sob a camisa. Um arrepio percorreu meu corpo
ao encostar meus seios contra suas costas. Desejei ficar
em cima daquela moto por um longo tempo, sentindo
seu cheiro amadeirado.

Tristan morava em uma cobertura enorme, a


decoração era moderna e as janelas de vidro iam do
chão ao teto, um piano de cauda decorava o final da
espaçosa sala de estar, que formava um cômodo só com
a cozinha.

A música estava alta e havia pessoas por todos os


cantos. Estava ciente de cada poro do meu corpo
naquele momento. Fiquei ainda mais intimidada ao ver
um grupo de mulheres com roupas de grife olhando
diretamente para mim. Allan veio nos cumprimentar e eu
travei, tentando não dizer nada errado.

Tristan me levou para sua enorme varanda, havia


poucas pessoas por perto. Uma brisa fresca de verão
tocou minha pele e inalei profundamente o ar da noite,
tentando acalmar meus nervos.
Falei alguma coisa sobre a vista da cidade. Foi a
única coisa que consegui articular no estado em que me
encontrava. Quando voltei meu rosto para o lado, meu
coração bateu fora do ritmo ao encarar seus olhos, que
pareciam queimar com uma determinação que fez
minhas pernas fraquejarem, me deixando à mercê dele.

Tristan tomou meu rosto entre suas mãos em um


ímpeto e colou sua boca na minha. Nossas línguas se
entrelaçaram num beijo intenso e me perdi nele,
sentindo sua parede de músculos contra meu corpo. Seu
cheiro delicioso penetrou em mim e gemi em sua boca
quando ele entrelaçou as mãos nos meus cabelos. Desci
as mãos por suas costas, desejando mais dele.

Tristan deslizou a mão que agarrava meu cabelo


até meus seios e acariciou meus mamilos doloridos por
cima da blusa, descendo a boca devagar pelo meu
pescoço, como se saboreasse cada parte. Minhas pernas
estavam bambas, e eu sentia o calor se irradiando na
parte interna das minhas coxas. Chamei com um fio de
voz:

— Tristan, por favor… — segurei em seu antebraço


enquanto implorava para que ele parasse. Naquele
momento, eu era apenas uma massa confusa de
sentimentos nunca antes experimentados.
Ele hesitou antes de se afastar, com a respiração
ofegante:

— Eu quero você há tanto tempo que foi difícil me


controlar — sussurrou com sua voz rouca.

Olhei em volta, numa tentativa um tanto ridícula


de retornar à realidade. Mas tudo que eu conseguia ver,
tudo que eu sentia era Tristan, com sua presença
imponente e dominadora, que me atraía para ele.

— Vamos para outro lugar, onde ninguém possa


nos atrapalhar — ele disse com a respiração
entrecortada. Sua voz tinha o poder de mexer com todas
as minhas terminações nervosas. Antes que eu pudesse
pensar, fui carregada pela mão.

Entramos por uma porta de vidro lateral e


seguimos por um longo corredor que ficava em um canto
da sala de estar. Ele praticamente me jogou para dentro
de um quarto e fechou a porta atrás de si. Sua atitude
afoita e desesperada dera lugar a outra coisa, havia um
brilho selvagem nos seus olhos escurecidos de desejo.

Estremeci, quando ele acariciou uma mecha do


meu cabelo, se detendo nos meus lábios e desenhando
seu contorno. E então, me beijou novamente. Um beijo
suave, longo e profundo.
Tristan me pressionou contra seu corpo, colocando
uma das pernas entre as minhas. Podia sentir sua ereção
e uma dor aguda se espalhou abaixo da minha cintura.
Instintivamente arranhei a parte superior das suas costas
por baixo da camisa branca que ele vestia. Ele se livrou
da peça com rapidez e a visão que tive fez meu corpo
arder, desejando sua pele na minha.

Deslizei minha mão trêmula e vacilante por seu


peitoral musculoso, parando intimidada ao chegar
próxima do volume em suas calças.

— Meu deus, forasteira, eu quero você agora!

Nossas bocas se chocaram, em um beijo sôfrego e


insaciável. Tristan penetrou em todos os meus sentidos.
Desceu as mãos até minha blusa, levantei os braços sem
oferecer resistência quando ele começou a deslizar a
peça em direção ao topo. Minha pele se incendiou com o
toque de sua língua, que traçava um caminho do meu
umbigo até o meio dos meus seios, fazendo-me arquear
as costas num misto de prazer e agonia. Eu precisava
dele, como nunca havia precisado de nada antes.

Meu sutiã escorregou entre nós com um único


movimento de sua mão experiente e meus mamilos
doloridos se chocaram contra sua pele, provocando um
arrepio pelo meu corpo. Eu queimava, estremecia,
ansiava por Tristan. Mas a consciência de estar fazendo
uma coisa errada causava uma angústia crescente
dentro de mim à medida que as carícias ficavam mais
intensas.

Fiquei completamente travada quando ele abriu


minha calça e passou a mão por cima da minha calcinha
rendada. Mal ousava respirar quando ele deslizou o
pedaço de tecido pelas minhas coxas. Eu nunca havia
chegado tão longe com ninguém.

Como ele reagiria se descobrisse que sou virgem?

Comecei a entrar em pânico. Eu não poderia me


entregar, não suportaria manter a farsa se isso
acontecesse. Seus olhos penetrantes percorreram meu
corpo nu e um sorriso estonteante se formou em seus
lábios. Ele era definitivamente o homem mais bonito que
eu já tinha visto. Naquele momento eu soube que estava
perdida e poderia nunca mais encontrar meu caminho de
volta. Virei o rosto, deixando meus braços caírem ao lado
do corpo e cravei as unhas na colcha da cama.

Tristan se deteve, com o rosto a poucos


centímetros do vértice entre minhas pernas.

— Ei, você está bem? — Ele perguntou, afastando-


se e tocando meu queixo.
Como continuei encarando a parede na lateral da
cama, ele tornou a falar, dessa vez num tom de ordem:

— Olha para mim, Olivia!

Virei o rosto devagar e o encarei engolindo em


seco:

— Eu…. eu não posso fazer isso, me desculpe. Eu


nunca… — procurava as palavras certas. Tristan me
olhava com expectativa, com seu corpo ainda inclinado
sobre mim e as mãos apoiadas na cama — Eu quero
dizer, eu nunca saí com alguém famoso antes. Eu acho
que só preciso de mais tempo — falei em um ritmo mais
acelerado, aliviada por ter conseguido dizer algo.

Tristan se jogou de costas na cama, ao meu lado,


sua respiração estava pesada. Passou as mãos pelo
rosto, afastando seus cabelos:

— Tempo. Claro — ele disse olhando para o teto.


Um vinco profundo se formando na sua testa franzida —
Sabe, essa história de fama é meio enganosa. Não quero
que me veja como o famoso rockstar ou algo do tipo.
Quero que me veja do jeito que sou — ele virou o rosto
para me encarar ao dizer aquelas palavras. Seus olhos
eram tão francos e sinceros que senti-me suja, falsa.
“Droga, eu fui muito ingênua quando pensei que
Tristan West poderia permanecer superficial e intocável
para mim. O que eu faço agora?”

A consciência da minha nudez me atingiu em cheio


e eu fiquei subitamente envergonhada. Cruzei os braços
na frente dos meus seios, cobrindo meus mamilos. Eu
mal ousava me mexer.

— Eu acho que vou embora — eu disse.

Tristan sentou na cama bruscamente ao ouvir


minhas palavras e estendeu a mão para acariciar minha
bochecha:

— Você não precisa ir. Seja lá o que eu fiz, eu não


quis te assustar.

— Não assustou — eu disse balançando a cabeça


negativamente.

— Então vamos voltar para a festa. Vou te


apresentar as pessoas — ele disse se levantando
decidido da cama. Aproveitei o momento para tentar
avistar minha calcinha, meu rosto queimava de vergonha
e meu corpo inteiro tremia. Minha vontade era ir para
debaixo das cobertas, mas teria que me vestir na frente
dele.
— Tudo bem. — Respondi hesitante, sentando na
beirada da cama e alcançando meu sutiã. Conseguia
sentir seus olhos acompanhando cada movimento meu.
Lutei com a peça por alguns segundos até conseguir
fechá-la.

Minha blusa e minha calça jeans estavam no chão


aos meus pés, mas por mais que meus olhos se
movessem nervosamente em busca da droga da
calcinha, eu não a via em lugar nenhum.

Levei as mãos à cabeça, puxando meus cabelos


para trás em um gesto de desespero, ainda sem
desgrudar os olhos do chão, até que a calcinha surgiu
diante dos meus olhos, quase tocando o meu nariz.
Tristan trazia um sorriso de divertimento enquanto
estendia a peça para mim.

— Obrigada — sussurrei, arrancando a calcinha de


sua mão e me vestindo o mais rápido que consegui.

Tristan se afastou para pegar sua camisa, ficando


de costas para mim por um momento. Parei o que estava
fazendo, hipnotizada por suas costas nuas. Seus
músculos se delineavam, perfeitamente esculpidos, a
cada movimento dele. Desviei os olhos rapidamente
quando ele se voltou para mim.
Segui Tristan para fora do quarto, ainda sob o
efeito do que aconteceu entre a gente. Minha pele estava
em chamas e meu coração insistia em bater acelerado,
sem dar mostras de que se acalmaria tão cedo.

Um casal atravessou o corredor na nossa frente,


entre risos e beijos. Reconheci o guitarrista do Easy
Riders.

— Espero que não tenham destruído o quarto


dessa vez - Tristan disse, olhando para o cômodo de onde
eles saíram.

— Isso só aconteceu uma vez - seu companheiro de


banda respondeu.

A mulher, que estava pendurada com os braços em


volta do pescoço dele, estreitou os olhos na minha
direção, olhando-me da cabeça aos pés com muito
interesse.

— Não vai nos apresentar sua amiga? — ela


perguntou, desviando o olhar de mim para Tristan.

— Essa é a Olivia. Olivia, esses são Travis e Meghan


— ele disse gesticulando apressadamente.

Dei um sorriso amarelo e olhei para baixo


instintivamente. Não gostei do jeito que ela me olhava.
— Vamos! Você ainda não comeu, nem bebeu
nada. Sou um péssimo anfitrião — Tristan disse pegando
minha mão para me guiar, mas Meghan não deu
passagem.

— Hm, gostei de você! Cara de menina inocente.


Fazia tempo que Tristan não saía com uma assim — ela
disse com uma pose arrogante, praticamente me
rodeando.

—Não enche, Meghan — Tristan disse rispidamente.

— Não liga para ela. Meghan adora provocar —


Travis se intrometeu e ela riu de seu comentário —
Vamos, baby! Preciso de ar fresco, você acabou comigo.

Tristan revirou os olhos enquanto assistia os dois se


afastarem.

Seguimos pelo corredor e atravessamos a sala de


estar. A casa inteira estava lotada de gente. Algumas
pessoas dançavam ao som de música eletrônica que saía
das caixas de som enormes da sala.

— Você sabe tocar? - perguntei quando passamos


pelo piano de cauda a caminho da cozinha.

— Eu costumava tocar. Faz algum tempo que deixei


isso de lado — ele franziu a testa pensativo — talvez eu
devesse voltar a fazer isso.

— Eu adoraria ouvir — surpreendi — me dizendo e


corei.

Tristan sorriu ao ouvir minhas palavras.

— Ótima ideia! Vou tocá-lo para você qualquer dia


desses.

Servi-me de comida e peguei uma cerveja. Bebi um


grande gole, esperando que fizesse efeito logo, precisava
relaxar. O simples olhar de Tristan fazia meu corpo inteiro
vibrar.

Uma comoção fez com que nós dois virássemos ao


mesmo tempo na direção do barulho.

Meghan estava no sofá dando um amasso em outra


garota. Elas tiraram a blusa uma da outra, se exibindo
para a roda que se formou em volta delas.

Travis se juntou às duas, beijando uma de cada


vez. Eles se esfregavam e se acariciavam sem nenhum
pudor, para o deleite das pessoas que gritavam
obscenidades para eles.

Foi então que a garota avistou Tristan na multidão


e praticamente se jogou em cima dele, colocando os
braços em volta do seu pescoço. A cena me incomodou
mais do que deveria.

Desconforto, choque e indignação se misturavam


dentro de mim, enquanto eu assistia tudo aquilo sem me
mover, alguns passos atrás de Tristan.

Ele virou o rosto quando ela tentou lamber sua


boca, se desvencilhando dos seus braços. A garota
lançou um olhar ferido em sua direção:

— O que deu em você? Pensei que fossemos nos


divertir essa noite.

Um sorriso meio cruel se formou nos lábios dele:

— Não sei porquê você pensaria isso.

Tristan se virou e nossos olhares se encontraram. A


garota percebeu e me olhou com desprezo, saiu pisando
fundo.

— Vem comigo — Tristan pegou a minha mão e me


guiou para a porta de saída.

Sorri enquanto descíamos de elevador:

— Sabe, isso já está se tornando um padrão, você


abandonar as próprias festas.
Ele riu e o som dissipou um pouco da minha
tensão.

— Quero te mostrar a cidade do jeito que se deve.


Vamos ter um encontro de verdade dessa vez.
Não conseguia parar de sorrir, maravilhada com a
sensação de ter a cidade inteira aos nossos pés.
Estávamos no 86° andar do Empire State Building, o
principal observatório do prédio, que oferecia uma visão
panorâmica da cidade. Como era por volta da meia noite,
havia poucas pessoas no local, o que tornava tudo ainda
melhor.

— Não imaginava que podia ser tão bonito assim!

Quando virei para encarar Tristan, seus olhos


brilhavam e seu sorriso era o mais bonito que já tinha
visto. Queria poder gravar essa imagem dele e guardar
comigo para sempre. Meu corpo inteiro vibrava com
aquela eletricidade que só experimentei quando o
conheci.
— Sabe, eu já vim aqui um milhão de vezes, mas é
a primeira vez que consigo apreciar de verdade — ele
disse com seu olhar intenso que sempre me deixava
desconcertada — Estou gostando de ver a cidade com
seus olhos, forasteira.

Ele se aproximou devagar e pressionou seus lábios


nos meus, em um beijo longo e profundo. Seu cheiro era
viciante e eu sabia que estava completamente perdida. A
farsa mal havia começado e já estava fora de controle.

— Ainda tenho muitas coisas para te mostrar — ele


disse assim que desgrudamos nossos rostos.

Tristan me levou para o lugar em que o Easy Riders


costumava se apresentar no início da carreira, no Soho.
Misturamos - nos a multidão e curtimos algumas
músicas, mas como Tristan chamava muita atenção com
seus 2 metros de altura, não demorou para que ele fosse
reconhecido e submetido a uma sessão de fotos. Ele
atendeu a todos os fãs e foi mais simpático do que eu
esperava.

"Talvez estivesse tentando me impressionar, ou


será que eu estava vendo coisas demais? "

Logo repreendi esse pensamento, tentando me


convencer de que não havia nada especial acontecendo
entre a gente. Como Dom mesmo disse, Tristan estava
perdido desde que sua namorada morreu, eu era apenas
uma boa distração.

No fim da noite, ele acabou subindo no palco para


cantar uma música com uma guitarra que arranjaram
para ele. Era uma balada romântica poderosa que até eu
lembrava do quanto tinha feito sucesso há uns 5 anos.

Sua voz poderosa e ligeiramente rouca arrepiava


cada poro do meu corpo. Naquela noite, eu entendi um
pouco melhor o que significava estar com Tristan West.

Assisti ao show da primeira fila, nossos olhares se


cruzaram em alguns momentos e era como se ele
estivesse dedicando a música para mim. Um grupo de
garotas com cara de groupies me cercou.

— Você é a nova namorada dele? - Uma menina


magrela com cabelo azul me perguntou animada,
gritando no meu ouvido.

— Não exatamente - gritei de volta, para ser


ouvida acima daquela barulheira.

— Meu deus, nunca imaginei que ele fosse pisar


aqui — a amiga dela gritou agitando as mãos e pulando.

Quando desceu do palco, Tristan estava radiante e


o dia já estava quase amanhecendo quando
atravessamos a famosa ponte do Brooklin que foi cenário
de vários filmes. Já sentia-me parte de um,
perambulando pela cidade ao lado dele, mas eu sabia
que teria que voltar para a realidade em breve. Só
esperava que não fosse tão difícil quanto parecia…

Fomos para um Café charmoso que ficava há


alguns minutos de onde eu morava. Amy chegaria no
aeroporto dali algumas horas, teríamos muito o que
conversar. Tomei um grande gole do meu café e Tristan
se espreguiçou na cadeira à minha frente, levando os
braços para trás da cabeça.

— Confesso que fazia muito tempo que não


tomava um café da manhã de verdade e ainda por cima,
não são nem 7 horas — ele disse num tom divertido.

— Acho que arruinei os seus planos de acordar de


ressaca ao meio-dia.

Ele riu e disse com uma expressão provocadora,


olhando no fundo dos meus olhos:

— Parece que você faz de mim um homem melhor.

— Você está tentando me impressionar, Tristan


West? — Respondi no mesmo tom de provocação, apesar
de sentir minhas bochechas queimarem.
— Hm, talvez eu esteja — respondeu abrindo um
largo sorriso que acabava comigo.

Ele sustentou o olhar, me encarando com uma


expressão enigmática que me deixava sem jeito. O
barulho da notificação do celular dele desviou sua
atenção de mim e respirei aliviada.

O rosto de Tristan ficou nublado de repente.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei.

— Não é nada — ele respondeu com uma


expressão sombria.

— Eu já terminei. Podemos ir se quiser — disse,


sentindo sua urgência de ir embora dali.

— Tem certeza de que não quer mais alguma


coisa? Não precisa se apressar…

— Tenho mesmo que ir, vou sair para buscar minha


amiga no aeroporto daqui algumas horas. Ela estará
comigo no show de amanhã - eu disse, levantando - me.

Tristan deu um sorriso rápido que não chegou aos


olhos. Ele estava visivelmente perturbado com alguma
coisa.
— Você deve estar cansada. Eu te levo até em casa
então.

Cheguei a dizer que não precisava porque


estávamos perto, mas Tristan fez questão de me
acompanhar. Seu humor se manteve taciturno durante
todo o caminho, o que me deixou desconfortável.
Ficamos em silêncio durante a maior parte do trajeto.

Meu telefone tocou, demorei alguns segundos a


mais para processar o que estava acontecendo, já que o
toque era uma música que Dom havia colocado. Era meu
pai, ele tinha adquirido o hábito de me ligar pelas
manhãs, antes do trabalho. Recusei a ligação, sob o olhar
intrigado de Tristan.

— Não esperava que você tivesse uma ópera do


Wagner como toque de celular.

— Hã, eu aprendi a escutar essas músicas por


causa do meu pai — disse a primeira coisa que me veio à
mente.

— Eu também. Markus West ouvia essas óperas o


tempo inteiro, fumando charutos em sua biblioteca
particular. Ele gostava de contar as histórias por trás de
cada canção para mim… isso é estranho.
— Muito — respondi dando uma risadinha nervosa
— Também não imaginava que você gostasse de ópera.

— Não sou nenhum entendedor, mas essas óperas


fizeram parte da minha infância — ele disse encolhendo
os ombros e escondendo as mãos nos bolsos por um
momento.

— Eu não imaginava que você era assim — pensei


alto e corei.

—Assim como? — Ele perguntou franzindo o cenho.

Hesitei, escolhendo as palavras:

— Sinceramente? Pensei que você fosse um desses


astros do rock com o rei na barriga que só se importam
com fama e dinheiro, não imaginava que você fosse tão
comprometido assim com a música.

Ele riu, se divertindo com o comentário:

—Muita gente pensa isso, até na minha própria


família. Mas eu sempre gostei de música e da liberdade
da estrada.

Paramos na porta do meu prédio:

— Obrigada pela noite, foi incrível! — Disse,


despedindo-me.
— Até amanhã, Liv — ele disse com um movimento
de cabeça e um meio sorriso.

— Até amanhã — respondi baixinho com um sorriso


amarelo.

Subi os degraus de entrada rapidamente e só


respirei normalmente de novo quando me vi dentro
do apartamento.

Estava no Aeroporto há pouco mais de meia hora


quando Amy apareceu. Assim que me viu ela veio
correndo e nos abraçamos soltando gritinhos de
excitação.

— Estava com tanta saudades, sua maluca! —


disse ainda abraçada à ela.

— Nem me fala. Portree não é mais a mesma sem


você — ela disse e acrescentou — Não vou aguentar de
ansiedade, me conta tudo sobre Tristan West!

— Eu estava com ele antes de vir pra cá.

Amy soltou um grito super agudo, chamando a


atenção de algumas pessoas ao redor.
— Se acalma, mulher. Vou te contar tudo, mas
primeiro precisamos arranjar um táxi.

— Você conheceu a banda toda? Aquele baterista


do Easy Riders é um gato também, quem sabe você não
me apresenta? Ai, meu deus, esse show vai ser demais!

Conversamos animadamente durante todo o


caminho até minha casa. Amy falou sobre nossos amigos
em comum, que na verdade eram mais amigos dela do
que meus, sobre Jane e meu pai e sobre os últimos
acontecimentos na sua vida. Mas toda hora o assunto
voltava a girar em torno de Tristan.

Chegamos finalmente, e ela mal olhou ao redor do


meu apartamento de um cômodo e um banheiro, antes
de voltar a me interrogar, sentando no sofá.

— E então?

Sentei-me com ela e narrei todos os


acontecimentos da noite com riqueza de detalhes. Amy
ouviu tudo atentamente, reagindo a cada acontecimento.

— E agora estou completamente desesperada por


me dar conta da loucura em que me envolvi.
Sinceramente, não sei se vou conseguir levar isso
adiante. Acho que vou estragar tudo — desabafei.
— Você não tem escolha, Liv — Amy respondeu
categoricamente — Quer dizer, você assinou um
contrato.

Suspirei resignada. Amy tinha razão, como


sempre.

— Se você puder aguentar por 3 meses, as coisas


irão se resolver por si só. — Amy continuou.

— Se eu me deixar levar e perder a virgindade com


ele, sei que estarei arruinada para qualquer outro
homem que venha depois — Declarei o que vinha me
angustiando.

— Parece que você já está — Amy disse com um


olhar preocupado.

Avistei Aaron sentado na calçada, com Morris, um


dos seguranças da banda, na sua cola. Estávamos do
lado de fora do Madison Square Garden, onde nosso
show aconteceria no dia seguinte.

— Tristan, você veio. Estava te procurando desde


ontem, mas você não atendeu minhas ligações e
ninguém me deu seu novo endereço — Aaron disse se
levantando afobado quando me viu.

Encarei sua figura imunda e senti ainda mais raiva


por vê-lo naquele estado.

'Bem vindo de volta a sua vida, Tristan', pensei


amargamente. O tempo que passei com Olivia já parecia
parte de algum sonho distante.

— O que diabos você está fazendo aqui? —


Perguntei impaciente.

— Sei que está cedo e já imaginava que ninguém


estaria aqui, mas tinha pensado em esperar todo mundo
chegar… Eu vacilei feio com você e a banda e achei que
seria uma boa oportunidade para me desculpar com
todos de uma vez… — ele explicou, com as mãos nos
bolsos e a cabeça baixa — Mas esse brutamontes me
colocou para fora — acrescentou lançando um olhar
ofendido para Morris.

Quando um dos roadies mandou mensagem para


Ashley dizendo que Aaron havia aparecido no estádio, ela
tomou as providências necessárias e me informou tudo,
dizendo que ele insistia em me ver. Já sabia que não
seria nada agradável, mas ele estava ainda pior do que
imaginava.
— Você está chapado e não deve ver um chuveiro
há pelo menos uma semana. Tem sorte que ninguém da
banda, além de mim, te viu nesse estado.

— Eu sei que estou uma merda, não precisa jogar


na minha cara. Só queria conversar.

— Meio tarde para isso.

— Crystal desapareceu com uma bela quantia de


dinheiro e drogas que roubou de mim — Aaron disse
cabisbaixo.

— Aquela garota que não conseguia ficar longe do


seu pau na última vez que te vi?

— Ela mesma. Estávamos ficando no meu


apartamento. Acabei sendo expulso do condomínio
também, mas isso não vem ao caso.

Dei um sorriso amargo pensando que a capacidade


de Aaron de ferrar com tudo era realmente
impressionante.

— Sei que estou de fora e que aquele idiota do


Davy foi contratado para me substituir. Ele anda se
gabando com todo mundo — Aaron continuou com uma
pontada de mágoa na voz — Mas eu posso pelo menos
assistir ao show? Acho que me faria bem.
— Nem pense nisso.

—Cara, me desculpe. Eu não estava pensando


direito. Estou me esforçando. Na verdade, até compus
algumas músicas e queria que você ouvisse — ele disse
meio encolhido com as mãos nos bolsos.

—Conversamos depois do show. Vê se continua


vivo até lá — disse mais ríspido do que pretendia.

— Vou ficar limpo e recuperar meu lugar na banda,


você vai ver — ele disse determinado.

Ensaiei com a banda e fui para casa. Entrei na suíte


e assim que tirei a camisa o cheiro dela invadiu minhas
narinas fazendo meu pau pulsar ao mesmo tempo que
um sorriso involuntário se formava no meu rosto. É claro
que aquilo não iria muito longe, não me via com mulher
nenhuma a essa altura da minha vida, mas tinha que
admitir que ela mexia comigo e eu estava gostando disso
mais do que deveria.
Olhei minha figura no espelho pela vigésima vez e
ainda não estava muito segura do que vestir.

— OK, você venceu. O vestido novo é minha


melhor opção — disse para Amy.

— Você devia me ouvir mais, sempre digo.

Eu havia ido às compras com Amy algumas horas


antes e ela insistiu para que eu trouxesse um vestido
preto, curto e colante, com renda no meio do decote e na
cintura, que deixavam entrever um pouco de pele. Tirei o
conjunto de saia e blusa que vestia e coloquei o vestido,
finalizando com sandálias de salto alto da mesma cor.

— E então? — Dei uma voltinha na frente da minha


amiga.

— Uau! Você vai deixar Tristan West caidinho hoje.


Senti um frio na barriga quando ela mencionou o
nome dele. Tentava não criar muita expectativa porque
sabia que ele estaria cercado de mulheres bonitas e
famosas, mas mesmo assim eu ansiava pelo momento
que o veria.

— Agora para de sonhar e senta aqui. Quero


maquiar esses seus olhos enormes - Amy chamou,
trazendo-me de volta à realidade.

Ashley havia ligado mais cedo para falar sobre o


carro que mandaria para nos buscar. Olhei o relógio,
eram 7 horas. O motorista chegaria a qualquer momento.

— Amiga, relaxa. Você está uma pilha de nervos.


Cadê aquele vinho que a gente comprou? Uma taça te
faria bem agora - Amy disse olhando para mim e foi
procurar a garrafa.

Tomei um susto com meu celular tocando, ainda


não havia me acostumado com aquela ópera. Amy pegou
o aparelho para me entregar, olhando-me com uma
expressão confusa.

— Depois te explico. Oi, Dom!

— Ei, como vão as coisas? Estou sabendo pelo


detetive que contratamos que estão de vento em polpa.
Recebi fotos suas com Tristan pela cidade.
— Detetive? Isso não estava no contrato —
protestei, chocada por saber que estava sendo vigiada.

— A vida de Tristan e a reputação de Christian


estão em jogo, precisamos nos certificar de que tudo
está saindo como planejado. Mas não se preocupe com
isso, você está indo bem. Tudo que você precisa fazer é
continuar sendo fiel ao papel.

Não gostei de ser lembrada sobre meu papel, mas


apenas concordei com o que ele disse. Nessa hora, o
interfone tocou e Amy pulou do sofá para atender.

— Preciso ir agora, parece que o motorista chegou


— disse com a voz trêmula e o coração disparado.

— Vejo você lá, até mais!

Um senhor de terno nos esperava do lado de fora


do carro, seu rosto era familiar. Lembrei que foi ele que
me trouxe para casa na noite do racha.

— Boa noite — disse abrindo a porta da limousine


preta.

Assim que entramos, Amy e eu nos entreolhamos e


ela deu gritinhos de excitação:
— Não disse que estaríamos andando de limousine
por Nova York juntas? Está acontecendo - ela me abraçou
animada — E tem champanhe!

A garrafa estava em um balde de gelo com duas


taças em um compartimento na frente do banco.

— Ainda bem que você está aqui — disse, me


sentindo ansiosa.

Amy nos serviu e brindamos. Durante o percurso,


consegui me acalmar um pouco e curtir o momento.
Quando viramos o quarteirão do Madison Square Garden,
avistei a multidão que formava uma fila que parecia não
ter fim.

Sanders, como descobri que o motorista se


chamava depois, parou numa entrada alternativa e
Ashley já estava esperando.

— Acompanhem-me — disse secamente quando


nos viu, entregando crachás.

Passamos por um labirinto de corredores escuros,


cruzando com alguns funcionários apressados, até que
finalmente chegamos ao camarim. A banda estava
assinando autógrafos em uma mesa.
— Está acontecendo um meet and greet, depois
eles vão tirar fotos com cada fã.Vocês podem ficar na
próxima sala, com os convidados da banda — Ashley
disse indicando o lugar do outro lado do salão.

Quando passamos pela mesa, meus olhos estavam


fixos em Tristan, que levantou os olhos como se tivesse
sentido minha presença em meio à algazarra de fãs. Foi
como se o tempo tivesse parado quando nossos olhares
se cruzaram e eu fiquei imersa naquele sorriso. Por um
instante, a realidade foi suspensa. Nossa conexão era tão
palpável que era quase como se pudesse tocá-la.

Tristan cochichou alguma coisa para Allan que


anunciou que a sessão de autógrafos estava encerrada e
que a banda só tinha mais 20 minutos disponível para as
fotos. Saí do meu transe ao ser empurrada por alguém e
vi Ashley impaciente, esperando atravessarmos o salão.

Amy fazia charme, arrumando o cabelo


sensualmente, acompanhei a direção do seu olhar e
franzi o cenho surpresa, Travis olhava para ela com um
sorriso cheio de malícia.

— Vamos - puxei minha amiga, que acenou dando


um tchauzinho.

Havia modelos e celebridades de todo tipo


circulando pelo camarim. Uma mesa repleta de comida
ficava ao fundo para que os convidados se servissem à
vontade.

— Acho que Travis Rodriguez gostou de mim —


minha amiga praticamente gritou empolgada.

— Ele tem namorada. Fala baixo! — repreendi Amy,


olhando em volta —ela está sempre por perto.

— Vem, vamos circular um pouco — Amy me puxou


pela mão — Meu deus, aquele é o Adam Levine?

— É o que parece — respondi, olhando na mesma


direção de Amy. Mas quem me chamou realmente
atenção foi Lou Reese. Ele estava segurando a cintura de
uma mulher. Sua mulher. Não podia ver o rosto dela
direito, mas eu sabia que era Marianne, sabia que era
minha mãe.

Meu sangue fugiu do rosto, senti o corpo gelado.


Será que ela me reconheceria? Ou passaria por mim
como se fossemos apenas estranhas? Não sei qual das
opções me aterrorizava mais.

Sabia que esse encontro poderia acontecer. De


certa forma, isso pesou na minha decisão de aceitar a
proposta dos irmãos West. Mas agora que ela estava ali,
há poucos metros de distância, eu só queria sumir.
— Amiga, você está pálida. Quer dizer, mais do que
o seu normal.

— Minha mãe está aqui -disse olhando fixamente


para frente, estava em estado de choque.

— O que? Onde? — Amy exclamou com os olhos


arregalados, olhando para todos os lados - Você tem
certeza?

Apenas balancei a cabeça afirmativamente,


sentindo as lágrimas brotarem nos meus olhos.

— Liv, me explica essa história direito — Amy


segurou meus braços e me sacudiu.

— Preciso de ar — disse e corri para fora dali.

Passei pelas pessoas que formavam fila para tirar


foto com a banda, ouvi protestos quando esbarrei em
algumas delas, mas nem olhei para os lados. Apenas
continuei até que as vozes ficassem mais distantes.
Encostei na parede de um corredor vazio, ao lado de uma
pequena sala que parecia ser um depósito.

Era difícil respirar, senti um nó na garganta. Fechei


os olhos buscando me acalmar. Teria que voltar para lá,
fugir não era uma opção.
— Você está bem? — a voz grave e imponente de
Tristan ecoou nos meus ouvidos e meu corpo reagiu
imediatamente com um estremecimento.

Senti uma onda de calor se espalhando por


mim. Meus sentidos estavam à flor da pele e estar perto
dele tornava tudo ainda mais intenso e incontrolável.

Limpei minhas lágrimas rapidamente e virei para


ele. Tristan estava muito sério, encarando-me com um
olhar penetrante.

— Ei …— minha voz era quase um sussurro - hã, eu


estou. Estou — disse engolindo em seco.

Ele deu alguns passos, aproximando-se mais, e


tomou meu rosto entre as mãos. Minha respiração já
ofegante, tornou-se ainda mais irregular, senti uma
pulsação no meio das pernas e só conseguia enxergar o
par de olhos azuis que me encaravam com curiosidade.
Meu corpo inteiro vibrava sob seu toque.

Tristan estudou meu rosto com aquele olhar que


acabava comigo e declarou:

— Não é o que parece. Acho que perdi alguma


coisa enquanto estava preso naquela sessão de fotos
interminável.
— Você me seguiu até aqui?

Olhei para o corredor e não havia sinal de Amy.

— Vi você passando como uma flecha na minha


frente. Sua amiga até tentou segui-la, mas eu disse que
eu a traria de volta.

— Pensei que estivesse no meio do Meet and


Greet…

— E estava — ele abriu um de seus sorrisos


cativantes — Tenho que parar com essa mania de largar
tudo para trás quando te vejo. Você tem sido uma
péssima influência.

Sorri de volta involuntariamente. Tristan tinha o


poder de mobilizar todos os meus sentidos quando
estava por perto.

— Você parece um pouco melhor — acariciou meu


rosto e estremeci novamente, consciente de cada
sensação que ele despertava no meu corpo — Mas ainda
não me disse o que aconteceu.

— É meio constrangedor, na verdade — comecei a


dizer, fitando o chão para fugir daqueles olhos que me
perturbavam com sua intensidade — Acho que tive um
ataque de pânico no meio de toda aquela gente.
Quando me transformei numa mentirosa tão
natural?

— Não é nada constrangedor, acontece com mais


frequência do que você imagina. No início da minha
carreira, eu tinha que estar sempre chapado nessas
ocasiões.

Ele encostou as mãos na parede, me encurralando


entre seus braços:

— Não precisamos voltar agora se não quiser… —


disse num tom baixo e rouco que arruinou o pouco de
autocontrole que me restava.

Minha perturbação por ter visto minha mãe de


relance foi empurrada para o fundo da minha mente. Só
queria estar ali com ele. A tentação era poderosa demais.

Nossos lábios quase se tocavam e sentia seu hálito


quente no meu rosto. Sem aviso, ele atacou minha boca
num beijo arrebatador. Seu corpo quente colado ao meu
contrastava com a parede fria às minhas costas.

Tristan subiu a mão pela minha coxa e enlaçou


minha cintura com a outra, sem parar de me beijar.
Minha mente se aquietou e o mundo lá fora passou a se
resumir a nós dois. Quando nossas bocas se afastaram,
já estava completamente consumida por ele, com as
pernas bambas, incapaz de raciocinar. Só de olhá-lo,
sentia minha pele incendiar.

— Gostei do vestido, você tem belas pernas,


forasteira — sussurrou no meu ouvido, provocando um
arrepio na minha nuca.

Em um movimento repentino, Tristan suspendeu-


me e eu me agarrei a ele, com os braços em torno do seu
pescoço e as pernas em volta da sua cintura, sentindo-
me pequena e frágil em seus braços.

Rocei meus lábios entreabertos por sua barba,


traçando um caminho até sua boca, sentindo seu cheiro
inebriante e o calor da sua pele. Ele soltou um gemido
rouco quando mordi seu lábio inferior antes de beijá-lo.
Conduziu-me pelo corredor, não sabia onde estava me
levando e não me importava.

Pela primeira vez na vida, eu estava apenas me


deixando levar, dando vazão às minhas emoções. Era
como se Tristan tivesse o poder de me libertar das
minhas amarras.

Ele chutou uma porta que se abriu às minhas


costas e jogou-me em um sofá. Arfei, sentindo a urgência
de ter seu peso sobre meu corpo quando ele se afastou.
Trancou a porta e puxou uma corda que pendia de um
abajur do chão, preenchendo o ambiente com uma luz
amarelada.

Aproximou-se novamente, devorando-me com os


olhos. Eu ansiava por ele de um jeito que era quase
doloroso. Meu coração batia descompassado no peito,
estava nervosa com a expectativa do que aconteceria
entre nós. Dessa vez, nada me faria parar.

Sem tirar os olhos dos meus, ele despiu a camisa,


exibindo seu peitoral largo e seu abdômen definido. Ele
era grande e forte. Fiquei hipnotizada, arrebatada pela
visão do seu corpo perfeitamente esculpido.

Abriu o zíper do jeans escuro que usava e tirou a


calça, livrando-se dos sapatos e meias também. Ficou
apenas com a cueca boxer branca. Eu tremia, ansiosa,
com um desejo febril, sem conseguir desviar os olhos
dele. Podia ver através do tecido que seu pau era grande
e grosso e estava totalmente ereto.

Fiquei intimidada por não ter nenhuma experiência.


Mas só conseguia pensar em sua pele colada na minha,
em como seria a sensação de ser tomada por ele.

Ele se ajoelhou no sofá, na minha frente e afastou


meus joelhos, encaixando-se entre minhas pernas. Seus
olhos ardiam de desejo.
Mordiscou minha boca, beijando-me intensamente
em seguida. Nossas línguas dançavam, entrelaçando-se
num ritmo perfeito, desbravando um ao outro.

Aumentou a pressão contra meu quadril, me


fazendo arquejar. Subiu as mãos pelas minhas coxas,
agarrando minha bunda. Gemi, esfregando-me nele.

Então, com um movimento brusco, sentou no sofá,


me puxando para o seu colo, com as pernas em torno
dele. Senti seu membro rijo e volumoso na entrada da
minha vagina e latejei sentindo um calor crescente entre
as pernas.

Tristan entrelaçou os dedos pelos meus cabelos e


puxou, obrigando-me a erguer o queixo. Mordeu e sugou
a pele sensível do meu pescoço em vários pontos, como
se quisesse saborear cada pedaço da minha pele, me
fazendo estremecer.

Meu vestido estava embolado, deixando-me


exposta do umbigo para baixo. Ele puxou o fino tecido da
minha calcinha para o lado e me penetrou com um dedo.
Gemi, contraindo-me em torno dele.

— Essa bocetinha já está molhadinha para mim —


ele disse baixo no meu ouvido.
Corei diante daquelas palavras baixas. Minha
inexperiência devia ser muito óbvia para ele. Mas, apesar
de estar nervosa e intimidada, não travei dessa vez. O
tesão falava mais alto do que minha timidez. Busquei
mais contato, esfregando-me em todo o seu
comprimento.

Seu olhar era tão intenso que parecia pegar fogo.


Abriu o zíper do vestido, deslizando as mãos pelas
minhas costas, deixando-me em chamas com seu toque.

Meus seios doloridos se chocaram contra seu peito


quando ele firmou a mão na base das minhas costas e
me puxou para ele, beijando-me longamente. Minha
respiração ficou ainda mais pesada quando ele arrancou
meu sutiã, deixando a peça cair entre nós. Meus mamilos
expostos ao seu olhar esfomeado.

Ele abocanhou meu seio esquerdo e gemi, vibrando


violentamente com o toque úmido e quente da sua
língua. Depois passou para o outro e uma corrente
elétrica se irradiou pelo meu ventre até o meio das
minhas pernas.

— Como você é gostosa! — Ele disse olhando-me


com fascínio. Estremeci sob seu olhar - eu te quis desde
a primeira vez que te vi …
Sorriu cheio de malícia e meu coração bateu mais
forte quando ele desceu sua língua por meu corpo,
lambendo, mordendo e sugando.

Nada me preparou para a sensação que veio a


seguir, quando Tristan me deitou de volta, tirou minha
calcinha devagar, com os olhos queimando. Perdi o
fôlego, quando ele explorou cada pedaço da parte
interna das minhas coxas, mordendo de leve e chupando.
Provocando-me mais e mais até eu me contorcer numa
deliciosa agonia. Deixou-me totalmente nua e ergueu
minhas pernas com firmeza, empurrando-as na direção
do meu peito.

Fiquei completamente aberta para ele. Meu rosto


corou violentamente e fechei os olhos.

— Abra os olhos, Olivia — seu tom era autoritário e


obedeci instintivamente.

Ele desceu a cabeça entre minhas pernas e, sem


tirar os olhos dos meus, lambeu meu clitóris me fazendo
gritar com a onda de prazer que me atingiu.

— Ah… Tristan, por favor… — arquejava e gritava


coisas desconexas, sem saber direito o que queria
enquanto ele lambia e chupava num ritmo cada vez mais
intenso, seu olhar tornou-se duro, febril, enquanto
mantinha minhas pernas imobilizadas, fazendo o que
queria de mim.

—Ah, meu deus… — meu corpo sacudia


intensamente. Fui invadida por espasmos incontroláveis
e gritei quando ele aumentou a pressão sobre o meu
clitóris, sugando com força.

Tristan me penetrou com um dedo, esfregando um


ponto sensível lá dentro, num ritmo cada vez mais
intenso.

Cravei as unhas no sofá de couro, tremendo,


gritando. Minhas costas arquearam e um orgasmo tão
intenso assaltou meu corpo que parecia que ia morrer.
Não sabia que era possível sentir tanto prazer.

Fiquei algum tempo sem conseguir me mexer, com


a respiração ofegante, completamente consumida.

— Ah, forasteira, você é deliciosa!

Distribuiu beijos pela minha barriga, subiu o rosto


até o meu, procurando meu olhar. Notei que parecia tão
extasiado quando eu.

— E nós mal começamos … — disse com um


sorriso devasso e depositou um beijo entre meus seios
suados. Arfei com o calor dos seus lábios contra minha
pele sensível.

Meu coração disparou quando se levantou e pegou


um pacote de preservativo no bolso da calça que estava
jogada no chão.

Arregalei os olhos, ao mesmo tempo, fascinada e


apreensiva, quando tirou a cueca e expôs o membro
ereto, grosso e cheio de veias, rodeado por pêlos claros e
aparados. Ele era perfeito, sexy e viril.

Colocou a camisinha e veio na minha direção. Meu


nervosismo aumentou à medida que se aproximava.
Precisava dizer que era minha primeira vez. Tive medo
que ele desistisse.

Tristan se debruçou sobre mim com os olhos


sedentos, vorazes. Beijou minha boca e enterrou o rosto
no meu pescoço, mordendo e chupando, fazendo - me
contorcer, quando seu membro grande e volumoso tocou
a minha entrada, sem nenhum tecido como barreira
agora. Uma mistura de medo e desejo tomaram conta de
mim.

Com os olhos fixos nos meus, Tristan agarrou


minha bunda e levantou meu quadril. Era difícil respirar,
meu coração estava quase saindo pela boca quando ele
se moveu entre minhas pernas com uma estocada bruta.
— Tris … aa — um grito estrangulado saiu da minha
garganta e coloquei as mãos espalmadas no seu peitoral
tentando empurrá-lo.

Ele estacou, soltando um som rouco do fundo da


garganta, afastou o corpo, apoiando - se nas mãos.
Franziu o cenho, os olhos revelando seu choque.

— Você é … ? — ele começou a articular .

— Virgem — completei — eu deveria ter dito antes


— respondi ofegante, quase num sussurro.

Ele permaneceu alguns segundos me encarando,


perplexo, arquejante, sem saber como agir. Percebi que
hesitava e tive medo que se afastasse, não suportaria
isso. Segurei seu rosto entre as mãos num ato de
desespero:

— Eu quero você, Tristan. Seja meu primeiro. Me


faça sua — implorei.

Seus olhos retomaram o brilho febril. Olhava-me


com posse, desejo. Mordeu meu pescoço e entrelaçou
uma mão na minha.

— Ah, Olivia, você vai ser meu fim… — disse com


olhos famintos.
Foi assim, olhando no fundo dos meus olhos que
ele me invadiu, numa estocada bruta que me abriu de
uma vez, preenchendo-me por inteira com seu
comprimento. Senti uma dor profunda e lágrimas
escorreram dos meus olhos. Mordi seu ombro, alucinada,
sufocada, debatendo-me embaixo dele.

— Relaxa — ele disse com os olhos vigilantes, que


não deixavam escapar nada. Acariciou meu rosto e
encostou a testa contra a minha — Só precisa se
acostumar comigo.

Assenti e ele começou a se mover dentro de mim,


num ritmo lento e profundo. Ardia, queimava no começo.
Mas a dor foi cedendo e dando lugar a outras sensações.
Estremeci, sentindo seu pau pressionando minhas
paredes internas, mexendo com todas as minhas
terminações nervosas.

Sem que percebesse, passei a acompanhar o seu


ritmo. Busquei sua boca e saboreei o seu gosto. Arranhei
suas costas, inalei seu cheiro. A sensação de tê-lo dentro
de mim era única, indescritível. Arfei, arrebatada,
entregue. Estava consciente de cada centímetro da
minha pele, enquanto ele me abria. Fui tomada por um
desejo avassalador que só crescia, sem encontrar
limites.

— Porra, Olivia, como você é gostosa!


Ele tirava e colocava de novo, sem aliviar os
movimentos, bruto, violento. Gritei com a onda de prazer
que varreu meu corpo. Estava encharcada, sacudia-me,
vibrava embaixo do seu corpo musculoso. Seu cheiro,
seu gosto, tudo me enlouquecia.

Ele gemeu também, lambeu e sugou minha língua,


estremeceu e apertou-me com mais força. Meus seios
esmagados contra seu peito enviavam uma onda de
prazer que se espalhava por todo o meu corpo. Fitava-
me com as pálpebras pesadas, os olhos escuros de
tesão, enquanto movia o quadril, estocando fundo.

Enterrou uma das mãos nos meus cabelos e


mordeu levemente o lóbulo da minha orelha, descendo
pelo meu pescoço, sorvendo meu cheiro. Beijava cada
parte do meu corpo com paixão, enquanto me penetrava
com brutalidade. Eu me desfazia em seus braços,
inebriada.

O prazer me golpeou de forma mais intensa,


implacável. Gritei, sem conseguir me conter. Um líquido
quente escorreu das minhas entranhas e arqueei as
costas, subindo e descendo, extasiada. Tristan soltou um
som gutural e enterrou seu pau em mim, encarando-me
com assombro e desejo. Voltou a estocar, deslizando com
mais facilidade agora, nossos lábios quase se tocavam e
minha pele ardia contra a dele.
Não sabia mais onde eu começava e ele terminava,
éramos um só. Meu coração batia descontroladamente
no peito, era difícil respirar. Tristan arquejou, sendo
tomado por espasmos violentos e então gozamos,
praticamente ao mesmo tempo.

Ele permaneceu dentro de mim até esvair-se por


completo. Ficamos em silêncio, abraçados, até que
nossas respirações voltassem ao normal.

Quando nossos olhares se encontraram, vi que ele


estava surpreso, parecendo meio dopado e em choque,
assim como eu. Não havia palavras para descrever a
avalanche de sentimentos e sensações que me
assaltaram.

Uma dor física tomou conta de mim quando ele se


afastou. Senti-me vazia sem tê-lo dentro de mim. Tirou o
preservativo, manchado de sangue, jogando-o no chão
depois de amarrá-lo.

Sentou-se do meu lado, com aquela perplexidade


ainda presente em seus olhos. Estendeu a mão para
acariciar meu rosto:

— Você está bem? — Perguntou.

Não consegui falar, apenas balancei a cabeça


afirmativamente. Na verdade, não sabia o que estava
sentindo. Havia sido completa e irremediavelmente
arrebatada por ele e aquilo me perturbava.

Tentava lembrar a mim mesma que estava sendo


paga para seduzi-lo, que nada daquilo era real. Mas sabia
que nunca mais seria a mesma.

Meu coração pulou no peito quando ouvi batidas na


porta.

— Tristan, você está aí?

— Merda — ele praguejou baixinho — Me dê alguns


minutos, Ashley! — gritou.

— A banda de abertura está prolongando o show,


mas já estão ficando sem repertório. A plateia está
impaciente. Você precisa se apressar — Ashley
respondeu com tom de desespero.

— Fala pro resto da banda que já estou indo.

Encolhi-me no sofá, abraçando minhas pernas,


ainda estava trêmula. Não queria voltar para a realidade.
Senti um mal estar intenso quando pensei no confronto
que me esperava.

Tristan se virou para mim, atento às flutuações das


minhas emoções.
— Não se preocupe. Vamos tomar um banho e
voltar para lá assim que você estiver pronta.

Tristan me conduziu até uma ducha com água


quente que havia ali. Aparentemente, aquela era uma
sala montada para descanso.

Tomamos banho juntos. Ele acariciou minha pele


nua e molhada, beijou - me, pressionando meu corpo
contra o box. Também passei as mãos por seus músculos
duros como pedra, desejando - o novamente dentro de
mim, apesar de estar dolorida.

— Eu poderia ficar aqui a noite inteira — disse,


prendendo meus pulsos contra os ladrilhos e colocando
um dos meus mamilos em sua boca. Meu corpo reagiu
imediatamente, estremecendo e se contraindo, sedento
por mais.

As carícias continuaram. Tristan me apertou mais


forte contra seu corpo, senti seu pau duro encostado em
minha barriga. Virou-me bruscamente, encostando meu
rosto nos ladrilhos e empinando minha bunda na direção
do seu membro.

Sua boca estava na minha nuca, enquanto ele me


abria para ele. Contraí quando ele me acariciou naquele
lugar tão íntimo e proibido.
Se afastou de uma vez e eu quase desabei. Minhas
pernas estavam bambas.

— Saia logo desse box e coloque uma roupa ou eu


não respondo por mim —disse sorrindo. Estava ofegante,
com um braço apoiado no vidro do box.

Obedeci, saindo de lá e me enrolando em uma das


toalhas disponíveis. Ele se demorou lá dentro,
observando meus movimentos.

— Tem certeza que está tudo bem? — Perguntou


com o cenho franzido — Se arrependeu?

— Não, nunca me arrependeria, foi maravilhoso! Eu


só queria poder continuar aqui…— respondi
timidamente, dissimulando a confusão de sentimentos
que vinham à tona.

Ele abriu um sorriso largo e me agarrou por trás,


depositando um beijo em meu ombro.

— Eu também quero mais de você, forasteira. Sem


nada para nos interromper da próxima vez.

Obriguei-me a sorrir, apesar da tensão crescente


que tomava conta de mim. O encontro iminente com
Marianne Reese era só mais uma das coisas que me
perturbava agora.
Olhei para Olivia, tentando decifrar o que se
passava com ela. Seus olhos estavam nublados,
distantes. Ela parecia travar algum tipo de luta interna,
provavelmente tão abalada quanto eu pela intensidade
do que se passou entre nós.

Olivia era diferente de tudo que eu conhecia e,


quando ela se entregou para mim, praticamente
suplicando que eu fosse seu primeiro, o desejo que senti
foi tão incontrolável que desarmei minhas defesas. Não
podia negar que ela mexia comigo e isso me assustava
para caralho.

Seus lábios se repuxaram em um sorriso e suas


bochechas ficaram vermelhas quando viu que a
observava enquanto ela terminava de se vestir. Seu jeito
doce e tímido me deixavam ainda mais louco por ela. E
ainda tinha esse ar de mistério que a cercava. Não
lembrava a última vez em que havia ficado tão
interessado e fascinado por uma mulher ou que me
preocupei com o que ela poderia pensar a meu respeito.

Batidas insistentes na porta interromperam o fluxo


dos meus pensamentos:

— Tristan, é melhor que você esteja pronto. Não dá


mais para esperar — a voz de Ashley soou do outro lado
da porta.

— Preparada? — Perguntei para Olivia, sorrindo


com ar despreocupado, tentando amenizar seu
nervosismo evidente.

— Vamos lá! — Ela sorriu aflita e se aproximou.

Abri a porta e Ashley entregou meu aparelho de


retorno de som, enquanto me repreendia:

— Você não fez seus exercícios antes do show hoje.


O que deu na sua cabeça? Espero que não influencie no
seu nível de energia no palco.

— Não poderia estar com a energia melhor -


respondi rindo de suas preocupações exageradas.
Foi só então que ela notou a presença de Olivia,
meio escondida atrás de mim.

— Ah, entendi sua distração. - Disse com a cara


fechada, fazendo Olivia corar e se encolher de braços
cruzados.

— Não seja uma megera, Ash - disse, dissipando


um pouco daquela tensão.

Seguimos pelo longo corredor, Olivia continuou


quieta, alheia, até avistar sua amiga e correr para seus
braços. Fui cercado por técnicos de som e pela banda. Vi
Dom e Allan se aproximando.

— E aí, irmão? Você demorou, mas já entendi o


motivo - Dom disse me cumprimentando e lançando um
olhar para Olivia.

Revirei os olhos. Parece que todo mundo resolveu


especular sobre como passei a última hora.

— Essa não é aquela garçonete? Parece que ela


está sempre por perto agora… — ele continuou.

— O nome dela é Olivia e quem é aquela ali com


quem você estava conversando? — Perguntei indicando a
garota com um movimento de cabeça.
— Não tente mudar de assunto, daqui a pouco vai
estar andando de mãos dadas com essa garota — Dom
rebateu.

— Já disse que ela é uma ótima candidata ao


próximo clipe — Allan veio de novo com aquela história.

Fui salvo pelo gongo quando Ashley chegou,


dispersando os grupos de pessoas e convocando a
banda:

— Todos a postos? Está na hora de subirem.

Dava para ouvir a plateia gritando ensandecida


quando nos aproximamos. Fizemos o nosso ritual de
darmos um abraço coletivo e dizer algumas palavras de
incentivo, então nos posicionamos no palco, atrás da
lona que caíria em poucos segundos, nos colocando na
frente da multidão.

Olhei para trás, buscando Olivia e vi uma cena


estranha se desenrolar entre ela, Lou Reese e Marianne.
Um clima tenso pairou no ar quando se encontraram e
Marianne precisou ser amparada. Vi a amiga de Olivia
dizer algo em seu ouvido. Olivia a puxou para o canto
dos convidados na lateral do palco. Nesse instante, a
lona caiu e o show começou…
Fui atingido pela energia embriagante do palco e
das pessoas de braços levantados, gritando meu nome,
com os olhos vidrados em cada gesto meu.

Andei por aquele corredor, ao lado de Tristan e sua


assistente antipática, com o coração apertado e um frio
na barriga. Estava prestes a encontrar minha mãe, que
só existia em sonhos remotos até pouco tempo atrás e
ainda por cima tinha acabado de perder a virgindade
com o astro do rock dos sonhos de muitas garotas.

Imagens do que havia se passado há poucos


minutos invadiram minha mente e senti meu rosto
esquentar. Ainda não acreditava que estava vivendo tudo
aquilo, era como se estivesse no lugar de outra pessoa.
Não fazia ideia do que a noite ainda poderia reservar
para mim, mas sabia que não sairia ilesa.

Avistei Amy e um pouco da minha aflição se


dissipou. Corri para abraçá-la.

— Liv, parece que faz um século que você


desapareceu por aquele corredor. Estava preocupada -
Amy disse me fitando atentamente.
Fiz menção de dizer alguma coisa, mas minha voz
não saiu e ela continuou:

— O que rolou? Você acha que consegue continuar


aqui ? Vai tentar falar com ela? - Amy me interrogava
ansiosa.

— Não vou embora — disse simplesmente.

Olhei para Tristan, ele já estava cercado de pessoas


e se preparava para subir ao palco. Ashley surgiu na
nossa frente, apressada:

— Vocês devem passar por baixo dessa plataforma


e seguir aquelas pessoas, para assistir o show na lateral
do palco - disse indicando o caminho e afastando-se tão
abruptamente quanto chegou.

Amy nem pareceu notá-la, ao invés disso seus


olhos se arregalaram, olhando para algum ponto atrás de
mim e meu coração disparou, adivinhando o que era, ou
melhor, quem.

— Amiga, se você não estiver preparada, nós


podemos sair de fininho.

Não conseguiria fugir nem se quisesse, meus pés


pareciam fixos no chão. Apenas virei o rosto na direção
deles quando ouvi os passos ficarem mais altos e então
eu a vi. Seus olhos se detiveram em mim, alarmados.
Abriu a boca com o choque e levou as duas mãos ao
rosto, trêmula, lívida. Seu olhar me golpeou como um
soco no estômago. Os olhos de Lou Reese se alternavam
entre mim e sua esposa, estava tenso e assustado.

— O que está acontecendo, Marianne? Vocês se


conhecem? - ele perguntou engolindo em seco.

Amy deu um grito, quase ao mesmo tempo que


Reese, quando Marianne desmaiou, cambaleando e
sendo amparada por ele. Recuperei o controle das
minhas pernas e puxei minha amiga para o palco,
aproveitando a confusão.

— Liv, fala comigo! Você está me assustando —


Amy me sacudiu, gritando acima do barulho
ensurdecedor do palco - Está se sentindo bem?

O chão vibrava aos meus pés e a voz poderosa de


Tristan enchia o ambiente. Tudo contribui para me deixar
ainda mais aflorada.

— Eu n-não sei…Foi como ver um fantasma —


disse, sem conseguir focar o olhar em nada - A gente
pode só ficar aqui? - perguntei, encarando minha amiga
pela primeira vez.
— Claro — ela balançou a cabeça afirmativamente,
tentando disfarçar a tensão em seu rosto com um sorriso
que não mostrava os dentes.

A vibração do palco reverberou por todo meu corpo


quando foquei em Tristan, sendo ovacionado pela plateia
como um deus. Concentrava - me nele como se fosse
uma tábua de salvação, aquele encontro com minha mãe
foi mais do que eu poderia suportar. Pelo menos agora eu
sabia que ela se lembrava de mim.

Tristan cantava a plenos pulmões, imerso na


música e parecia mais poderoso do que nunca com a
multidão de 20 mil pessoas aos seus pés. E eu sabia que
esse número não era nem de longe o mais
impressionante da carreira do Easy Riders. Eles tocavam
em estádios 5 vezes maiores por todo o mundo.

Por mais que tentasse assimilar a grandiosidade


que o cercava, eu não entendia nada sobre o mundo
glamouroso, opulento e cheio de excessos do qual Tristan
fazia parte. Sentia-me de fato como uma forasteira ali.

Sorri ao lembrar do apelido que ele me deu,


observando-o correr de um lado para o outro do palco e
apertando a mão de algumas pessoas que reagiam
alucinadas, como se cada migalha que viesse dele fosse
preciosa.
Durante um solo de guitarra de Travis, ele se
aproximou, um tanto ofegante e suado. Jogou a jaqueta
de couro que usava em cima de um amplificador. Estava
mais sexy do que nunca.

Parou na nossa frente e se dirigiu à Amy:

— Espero que esteja se divertindo essa noite.


Preciso conversar com sua amiga um instante.

— Estou me divertindo muito, obrigada! — Amy


respondeu animada e tensa ao mesmo tempo. Sinalizei
para minha amiga que estava tudo bem com uma troca
rápida de olhares.

Tristan me puxou para um canto escuro, fora do


olhar do público e me encostou numa armação de metal,
enfiando a língua entre meus lábios, antes de dizer
qualquer coisa. Seu beijo era dominador, impetuoso.
Enlacei seu pescoço quando ele me levantou alguns
centímetros do chão e aspirei seu aroma delicioso, mais
acentuado pelo suor, enquanto ele explorava cada canto
da minha boca.

Desgrudou a boca da minha, me deixando sedenta


por mais:

— Não temos muito tempo - ele disse.


— Eu sei.

— Aconteceu alguma coisa? Vi você com Reese…


— ele perguntou com o cenho franzido.

— Hã, parece que a mulher dele passou mal. Eu


não sei … — desconversei.

Ele fez menção de dizer mais alguma coisa, mas se


calou.

Ashley, que estava sempre por perto, vigiando


cada passo de Tristan, veio na nossa direção:

— Lou Reese teve um problema com a esposa.


Talvez não suba ao palco para fazer o número.

"Não vai ser tão fácil assim escapar desse


assunto."

Tristan demorou alguns segundos para assentir.

— Ok — disse por fim e olhou para mim, intrigado.

Quando nos afastamos de Ashley a passos rápidos,


Tristan me puxou para mais perto:

— O que ele disse para você naquela hora? —


perguntou.
— Nada demais. Ele só me cumprimentou porque
lembrou de mim. E então sua esposa teve uma tontura
ou algo do tipo e eu me afastei com Amy, foi isso —
respondi tentando não parecer muito interessada.

Tristan soltou o ar pela boca e disse:

— Você é uma péssima mentirosa, Olivia— suas


palavras me golpearam como um soco no estômago —
Depois a gente conversa — deu alguns passos para trás
e se virou de costas para mim, avançando para a frente
do palco.

Voltei para perto de Amy e ouvi a comoção da


plateia quando Tristan perguntou se eles estavam
prontos para ouvir uma música nova.

Minha amiga estudou meu rosto e pegou em minha


mão:

— Vamos para os bastidores um minuto — gritou


em meu ouvido. Hesitei, mas acabei seguindo Amy até a
área dos convidados e entramos no banheiro feminino.

Paramos na frente do espelho e tomei um susto


com minha aparência. Meus olhos pareciam
transtornados e minhas bochechas estavam muito
vermelhas.
— Liv, sei que está sendo muita coisa para uma
noite só, então desabafa comigo. Não dá para você
continuar nesse estado - ela disse segurando minha mão.

— Não, você não sabe… - balancei a cabeça de um


lado para o outro - Eu perdi minha virgindade quase na
mesma hora em que vi minha mãe pela primeira vez.

—Ai. meu. deus. Eu sabia! Caramba, isso tudo é tão


surreal!

Segurei a pia para não cair quando vi pelo espelho


que Marianne havia acabado de entrar. Amy a encarou
com os olhos arregalados. Virei-me de frente para ela e
um silêncio tenso reinou por alguns segundos, até que
Marianne o quebrou:

— Você poderia nos dar licença por um momento?


— Disse para Amy. Sua voz era suave e baixa, mas ela
estava visivelmente perturbada, parecia lutar para
manter o controle.

— Vou te esperar lá fora - Amy disse para mim,


segurando meus braços e eu assenti.

Assim que a porta se fechou atrás de Amy, senti


um aperto terrível no peito e o nó em minha garganta
não me deixava respirar direito.
— Nem acredito que você está na minha frente -
ela disse com a voz embargada - Eu te procurei por tanto
tempo!

Agarrei o mármore da pia com mais força.

— Sei que você deve me odiar. Provavelmente


cresceu ouvindo as piores coisas a meu respeito.

Neguei com um movimento de cabeça:

— Não, eu cresci pensando que você estava morta


… — disse num fio de voz.

Seus olhos se arregalaram por um breve momento,


mas ela logo se recuperou do choque:

— Parece algo que John faria. Como… Como você


descobriu?

— Ele tinha um recorte de revista guardado em um


livro. Vi sua foto de casamento, você parecia muito
feliz…

Ela fez uma careta, como se ouvir aquilo fosse


doloroso. Pensei tantas vezes sobre como seria esse
momento, tinha tanto para perguntar. Mas agora que ela
estava na minha frente eu simplesmente não tinha forças
para ter aquela conversa.
— Sei que você deve ter muitas dúvidas a meu
respeito, talvez até mesmo me deteste… Eu gostaria que
a gente pudesse conversar, agora que te encontrei não
posso deixar que se afaste. Pode não acreditar em mim,
mas não houve um dia em que eu não pensasse em
você… — ela fez menção de se aproximar mais e recuei,
encostando-me na bancada.

Percebendo que eu continuaria impassível, ela


continuou:

— Sabe, eu não contei para Lou Reese que tinha


uma filha quando fugimos. Tive vergonha de admitir que
… Bem, eu acabei dizendo que havia uma criança, a filha
do meu marido, que eu cuidava como se fosse minha.
Uma criança de quem sentia falta. Lou foi compreensivo,
disse que entenderia se quisesse manter contato e que
devíamos mesmo uma explicação à John, para acertar as
contas, sabe. Meu plano era voltar para buscá-la… Eu
enfrentaria John e diria toda a verdade para Lou - ela deu
uma risada amargurada - não sei o que tinha na cabeça
quando pensei que tudo daria certo no final. Voltei tarde
demais… Vocês já haviam desaparecido — um soluço a
fez engasgar e ela começou a chorar copiosamente.

Balancei a cabeça em negação, perplexa com o


que havia acabado de escutar.
— Então essa é a sua história? Você é uma
mentirosa, egoísta e inconsequente? Meu deus, como eu
sou idiota! No fundo eu esperava descobrir uma boa
razão para te redimir. Chega. Não aguento ouvir mais
nada.

Saí de lá, decidida a parar apenas quando visse a


rua.

— Olivia, por favor, espera — Marianne me seguiu,


suplicante.

— Liv! - Amy estava esperando na porta do


banheiro e também apressou o passo para me alcançar
quando passei por ela decidida.

Algumas pessoas estavam no camarim. Havia um


telão transmitindo o show. Allan se levantou de um sofá,
assim que passei por ele.

— Olivia? Mas o que…? — não parei para ouvir o


resto e ele não veio atrás de mim.

Olhei para trás depois de atingir o corredor que


dava para a saída e vi que Marianne parou minha amiga
para lhe dizer alguma coisa. Amy concordou com um
movimento de cabeça e veio apressada:

— Liv, espere. Vamos para casa juntas - ela gritou.


Respirei aliviada quando chegamos à calçada. Fiz
sinal para o primeiro táxi que vi. Desabei no ombro da
minha amiga, assim que sentamos no banco de trás.

— Não posso fazer isso, Amy — disse, limpando as


lágrimas, depois de chorar quase o caminho inteiro —
Não posso ser como ela.

— Do que você está falando?

— Estou falando de ser uma mentirosa imprestável


como a minha mãe. Está tudo errado. Tudo errado —
disse entre soluços.

— Você está muito longe de ser uma mentirosa


imprestável. Você é a melhor pessoa que eu conheço -
Amy disse com um tom tranquilizador e me abraçou -
amanhã você vai estar mais calma e a gente conversa
sobre tudo.

— Ok — respondi, me sentindo exausta.

Meu celular não parava de tocar quando cheguei


em casa. Desliguei e joguei em algum canto. Entrei
debaixo do chuveiro quente e Amy me deu algo que ela
disse que me ajudaria a dormir. Caí na cama exausta e
chorei até adormecer.
Acordei com a cabeça pesada e o corpo dolorido.
Não sabia quantas horas havia dormido, mas sentia que
estava fora do ar há bastante tempo. Todos os
acontecimentos da noite anterior me atingiram de uma
vez e arrastei-me para fora da cama angustiada.

Amy me olhou com expectativa:

— Ei! Como está se sentindo? Você dormiu por


quase 16 horas.

— Ei. Isso explica porque parece que um trator


passou em cima de mim — respondi, suspirando.
Servi-me de uma xícara de café e perguntei
hesitante:

— Amy… O que minha mãe disse para você quando


estávamos indo embora?

Ela me observou por alguns segundos e respondeu:

— Ela perguntou onde você estava morando e


deixou um recado. Disse que está hospedada no Ritz e
quer te ver antes de voltar para o rancho. Vai esperar
você estar pronta… mas não pretende voltar sem que
vocês se encontrem mais uma vez.

Soltei um longo suspiro:

— Bom, isso era o que eu queria, não é? Preciso


lidar com ela agora — disse resignada.

— Eu odeio ter que ir embora e te deixar nesse


estado — Amy lamentou me abraçando — estou
preocupada.

— Eu vou ficar bem - respondi, tentando soar


convincente.

Amy mordeu o lábio inferior, olhando-me como se


quisesse dizer algo.

— O que foi? — Perguntei.


— Ah, é que hoje mais cedo um cara não muito
simpático veio aqui querendo falar com você. Explicou
que trabalhava para os West-Buchmann e que era melhor
você responder às ligações de Dominic West o quanto
antes— ela respondeu apreensiva.

— Mas que droga! Como foi que a minha vida virou


essa bagunça? — Disse, massageando minhas têmporas.

Comecei a andar pelo lugar minúsculo, tentando


achar meu celular, que encontrei depois de jogar todas as
almofadas no chão. Assim que o liguei, todas as
notificações começaram a surgir, fazendo o aparelho
vibrar sem parar nas minhas mãos. Havia algumas
mensagens de Tristan querendo saber onde eu estava e o
que havia acontecido e outras tantas mensagens e
ligações de Dominic West, a quem eu responderia
primeiro porque não estava preparada para falar com
Tristan ainda.

— Amiga, respira. Você precisa estar com a cabeça


no lugar para conversar com o todo poderoso West-
Buchmann.

— Eu sei…

Sentei no sofá com as mãos trêmulas e liguei para


Dom. Ele atendeu no primeiro toque:
— Onde você estava ontem à noite? Espero que
tenha uma boa explicação. Você tem sorte de estar
lidando comigo, Olivia. Christian não é tão compreensivo,
principalmente quando envolve o dinheiro dele.

— Eu não estava me sentindo bem. A gente precisa


rever algumas coisas, eu…

Dom me interrompeu com a voz ligeiramente


alterada:

— Você foi contratada com o único objetivo de


manter meu irmão sob controle para essa turnê e agora
ele está ainda mais instável do que antes.

Senti um aperto no peito quando ouvi isso:

— O que…aconteceu?

— Ele foi distraído pelo seu sumiço. Nem preciso


dizer que não foi mais o mesmo no resto do show. Depois
houve alguma discussão entre ele e Lou Reese. E por falar
nisso, que história é essa de Marianne Reese te seguir nos
bastidores? No que você se meteu, garota?

— Seu detetive não te informou tudo sobre mim? Se


eu estiver metida em algo errado você vai saber —
respondi na defensiva.
Ele soltou um grunhido irritado, mas logo se
recuperou e disse num tom de voz mais calmo:

— O Easy Riders tem mais um show no Madison


Square Garden essa noite e você vai aparecer na
festa que acontecerá depois. Vou te mandar o endereço.
A roupa que vai vestir será enviada para sua casa.

— Senhor West, sei que assinei um contrato, mas…

— Ainda não terminei. Como as críticas sobre o


show de ontem não foram das melhores, pensei em uma
forma de mudar o foco da mídia e uma matéria sobre seu
possível romance com Tristan já está circulando nas
principais fontes de notícias sobre celebridades, com
flagras de paparazzi e tudo mais.

— O que?

Dom continuou jogando informações e ignorando


minha reação:

— Você é convidada de Allan essa noite. O diretor


do novo clipe estará lá e você será apresentada como a
estrela. O negócio já está fechado e você aceitou porque
é uma grande oportunidade e Allan te convenceu de que
daria certo, blá, blá, blá. Acho que isso é tudo que
precisa saber.
— Vocês não perdem tempo mesmo… — comentei
meio atordoada.

— Levamos nossos negócios à sério, principalmente


quando envolve a nossa reputação. Espero que faça o
mesmo. Até mais tarde.

— Espera! — Praticamente gritei antes que ele


desligasse — E se Tristan não gostar da ideia de gravar
um clipe comigo e de toda essa história de romance na
mídia?

— Vai dar certo, sei o que estou fazendo.

— Ok… — Concordei sem muita convicção.

—Alguma dúvida?

— Não, você foi bem claro.

Fiquei algum tempo paralisada, com as palavras de


Dom ecoando na minha mente. Minha vida estava sendo
conduzida pelos caprichos dos irmãos West e eu já não
sabia quem eu era. Tentava imaginar todos os desfechos
possíveis para essa loucura e nenhum deles envolvia um
final feliz. Não suportava ter que continuar mentindo para
Tristan. Não depois do que aconteceu entre nós.

— Ai, amiga, estou quase arrumando as malas e


voltando para a Escócia junto com você —choraminguei.
— Você quer mesmo sua antiga vida de volta? —
Amy perguntou incrédula.

— Não — admiti com uma careta — Quer dizer, eu


poderia tentar devolver o dinheiro e cair fora, mas tenho
a impressão de que eles não me deixariam ir tão fácil e…
— hesitei, procurando as palavras certas.

— E você não quer ficar sem Tristan West — Amy


jogou na minha cara.

Respirei profundamente e me dei por vencida:

— Eu não sabia que poderia realmente gostar dele


quando aceitei a proposta. Ele não é o babaca que pensei,
mas, se formos ser realistas, não há qualquer
possibilidade de isso durar.

— Não vem com esse papo de ser realista. Quero


saber como você se sente de verdade. E se durasse? Você
gostaria disso? — Ela insistiu.

— Já vem você encher minha cabeça com coisas


que não levam a nada. - Retruquei irritada.

Ela me olhava com uma expressão divertida,


prendendo o riso. Desviei o olhar e acrescentei vacilante:

— Claro que ele mexeu comigo. Mas isso não quer


dizer que vou me deixar levar e esquecer que isso é
apenas um jogo. Só está tudo meio confuso agora, mas
vai passar.

Tem que passar.

— Aham, sei.

Joguei uma almofada em Amy e ela caiu na risada,


continuando a me provocar:

—Você já respondeu as mensagens do seu


namorado rockstar? Tenho certeza que ele ficou
maluquinho atrás de você.

— Ele não é meu namorado e deve ter achado que


sou louca, isso sim.

— De acordo com isso, aqui vocês estão namorando


oficialmente - Amy mostrou a tela de seu celular para
mim.

Preferi ligar para ele, o tom de suas mensagens era


impaciente, exigia saber o que estava acontecendo.
Estava tensa, angustiada. Não sabia o que esperar depois
daquela noite. Quando Tristan finalmente atendeu, sua
voz era fria e cortante:

— Olivia.
Estava escuro, muito escuro… eu tremia, ouvindo
os passos cada vez mais perto. Já sabia o que acontecia a
seguir. Ouvi seu grito de horror e senti um frio percorrer
minha espinha. Minha mãe implorava, enquanto era
arrastada por um dos homens maus. Tomei coragem e me
aproximei da fresta, queria vê-la uma última vez, não
conseguia lembrar do seu rosto…

O barulho do tiro foi ensurdecedor, tampei os


ouvidos e fechei os olhos, quis gritar, mas nenhum som
saía da minha garganta.

Sentei bruscamente na cama, suado e ofegante.


Demorei algum tempo para entender que estava em meu
quarto. Meu coração estava disparado e todo o meu corpo
tremia, ainda sob o efeito daquele pesadelo, que era
recorrente há alguns anos.

Batidas insistentes na porta me obrigaram sair do


meu torpor. Afastei o cabelo do rosto e me levantei
devagar, pensando que aquela era uma péssima hora
para aquele velho pesadelo voltar a me assombrar.

— Tristan, o carro já está esperando para te levar ao


estádio — Ashley gritava.
— Dá um tempo, Ash. Estou indo.

— Você ainda vai me fazer ter um ataque — ela


reclamou e ouvi seus passos se afastando.

Ainda estava tentando entender como minha noite


foi de épica para totalmente caótica ontem. Olivia
desapareceu sem ao menos se despedir e Reese disse
que não poderia subir ao palco, saindo sem dar maiores
explicações. Ouvi comentários sobre a cena que se
desenrolou entre Olivia e Marianne nos bastidores,
quando se cruzaram novamente. Mas ninguém me
explicava que merda estava acontecendo.

Peguei meu celular e senti uma pontada de raiva e


orgulho ferido ao ver as mensagens que havia mandado
para Olivia durante a noite anterior, ainda sem resposta.
Resolvi me torturar mais um pouco lendo novas resenhas
sobre o show. Um trecho de um comentário publicado na
revista Spin me chamou atenção:

“Apesar dos esforços heróicos do vocalista,


Tristan West, o show foi morno. Marcado pela
ausência do baixista e do padrinho da banda, o
consagrado Lou Reese, que deveria subir ao palco
naquela noite para fazer os duetos que o público
adora. Para se manter relevante na mídia, o jeito
foi apelar com fotos “vazadas” do novo affair do
vocalista, uma garota anônima chamada Olivia
Duncan, que não deve demorar a aparecer em
algum videoclipe da banda, protagonizando cenas
quentes com o cantor, para delírio dos fãs.”

Pisquei incrédulo e saí do quarto atônito, abrindo a


porta com tudo:

— Ash! — Gritei e ela parou imediatamente,


virando-se para mim — Quem é esse tal de Glen Peters?
Você sabe alguma coisa sobre essas merdas que ele
escreveu?

Ashley pegou o celular que estendia para ela e fez


uma careta:

— O nome é familiar para mim, mas quem se


importa com o que críticos musicais e colunistas dizem
hoje em dia?

Andava de um lado para o outro, furioso e cada vez


mais confuso.

— Mas, sobre as fotos vazadas… — Ash hesitou


antes de continuar — A explicação mais plausível é que
ela mesma chamou os paparazzi para se promover. Isso
acontece o tempo todo, você sabe…

Balancei a cabeça em negação:


— A gente andou por lugares públicos, qualquer um
poderia ter fotografado.

— Veja com seus próprios olhos então — ela me


devolveu o celular.

Havia fotos de ângulos privilegiados da minha


varanda e de vários locais em que estivemos. Ela subindo
na minha moto, a gente conversando em um café,
entrando juntos numa casa de shows no Soho, no Empire
State Building… Era inegável que alguém havia nos
seguido durante todo o tempo.

— Tenha mais cuidado com essas garotas, Tristan.


Essa estrangeira é uma completa estranha. Ela pode ser
uma dessas stalkers[4].

— Não viaja, Ash. Não foi Olivia que me perseguiu,


está mais para o contrário — Rebati, sem querer pensar
no assunto, mas a verdade era que sua mudança de
atitude estava me incomodando.

— Pode até ser, mas ela está escondendo alguma


coisa. Toda aquela cena com Reese e Marianne…

Voltei para o quarto e bati a porta atrás de mim.


Precisava dar uma volta, extravasar antes do show.
Ninguém estava fazendo sentido e eu estava de saco
cheio de tentar entender alguma coisa que se passava ao
meu redor.

Coloquei uma roupa e saí com pressa sob os


protestos de Ashley:

— Tristan, onde você vai? O carro…

Só parei de correr quando estava na frente da


minha Harley, a preferida entre as motos que eu tinha.
Liguei para Dom antes de arrancar:

— Fala, Tristan!

— Está afim de uma luta?

— Só um momento, gata — ele disse para alguma


mulher — Hã, claro. Por que não?

— Te encontro no ringue daqui 20 minutos então.

Costumava lutar Kickboxing com meus irmãos


quando estávamos crescendo. Depois Dom passou por
outras artes marciais até chegar nas práticas mais zen,
como o Tai chi chuan, que dizia ajudar a domar o seu
gênio. Eu era do tipo que preferia esportes radicais. Além
de lutar, eu praticava motocross.

Cheguei na academia e Benny, o dono e nosso


antigo mestre, veio me cumprimentar calorosamente:
— Tristan, que bom que veio! Deve fazer pelo
menos um ano que não te vejo.

— Prometo não passar mais tanto tempo longe.

Pratiquei uma sequência de socos, chutes e


joelhadas com Dom, até ambos ficarem exaustos.
Treinamos por 1 hora direto. Aquela mistura de adrenalina
com endorfina me deu a energia que eu precisava para
subir ao palco essa noite. O sumiço de Olivia e suas
atitudes estranhas ainda martelavam minha cabeça e eu
estava puto por deixar uma mulher que eu mal conhecia
ter esse controle sobre meu humor. Não entendia o que
diabos estava acontecendo comigo.

— Obrigado, cara. Estava precisando disso — disse


quando terminamos, exaustos — Você vai de novo essa
noite?

— Claro, não perderia por nada. Foi bom relembrar


os velhos tempos, temos que fazer isso mais vezes.

— Sim, acho que nunca deveria ter parado —


respondi ofegante — Bom, te vejo à noite, então.
Fui direto para o estádio, todo mundo já estava
atrás de mim para variar. Fiz alguns aquecimentos para
voz, tomei uma chuveirada e coloquei minha roupa de
palco. Antes que deixasse meu camarim, meu celular
tocou, era Olivia, finalmente. Senti uma pontada de raiva
ao lembrar de como ela havia agido e do poder que ela
tinha de mexer com minha cabeça. Minha voz soou mais
cortante do que pretendia:

— Olivia.

— Ei…eu…. Me desculpe por sair sem me despedir.

— Tudo bem. Vai me dizer o que diabos aconteceu?


Não me venha com historinha sobre crise de pânico de
novo, Olivia. De onde você conhece Marianne?

Olivia demorou alguns segundos para responder,


provavelmente surpresa:

— Não conversou com Reese? Ele não é como um


padrinho para você? Pergunte a ele — sua voz estava
trêmula, parecia magoada.

— Ele não sabe de nada. É o que ele diz, pelo


menos. E que história é essa de fotos vazadas? Se você
sabe alguma coisa sobre isso é melhor me dizer.

— Está me acusando? Você acha que eu chamei um


fotógrafo e vendi as fotos para a imprensa? É isso que
está insinuando?

Soltei o ar com força pelo nariz:

— Poderia ser. Não sei mais o que pensar.

— O que deu em você? Não estávamos nos


escondendo, é claro que alguém podia ver — o tremor e a
indignação em sua voz atingiram o pico.

O absurdo da ideia me atingiu em cheio e uma


pontada de culpa tomou conta de mim por descontar
minhas frustrações nela:

— Desculpe. Não devia ter desconfiado de você.


Deve ter alguma outra explicação. Talvez algum fã maluco
tenha nos seguido…

— É, talvez— ela respondeu numa voz baixa, mais


controlada — Eu...liguei para falar que... — ela se debatia
com as palavras de um jeito agoniante.

Pareceu desistir do que estava tentando dizer e um


silêncio pesado pairou sobre nós.

— Estou com um pouco de pressa, conversamos


pessoalmente depois. Eu te procuro - eu disse com
impaciência.
— Esquece. Tenha um bom show - ela respondeu,
desligando antes que eu pudesse dizer algo para
consertar as coisas.

Saí do camarim ainda mais irritado com tudo aquilo


e dei de cara com Lou Reese. Não estava contando com
ele depois do que fez. Encarei-o em silêncio.

— Desculpe por ontem — ele disse constrangido —


a gente pode conversar sobre isso outro dia? Marianne
ficou no hotel. Ainda estou tentando entender tudo o que
se passou e… Bem, vou te explicar tudo quando for a
hora certa.

— Que seja — respondi entre dentes.

— Vamos calar a boca de todo mundo essa noite e


arrebentar no palco. É tudo que precisamos — Ele disse,
me dando tapinhas nas costas.

Afastei-me na direção do palco e revirei os olhos ao


ver Meghan, ela havia chegado de uma viagem de
trabalho e já estava grudada em Travis. Não gostava de
como ela estava sempre arrastando–o para festas e
projetos paralelos, como a banda que ela tinha. Previa
que se esse namoro fosse longe, Travis seria cada vez
mais relapso nos seus compromissos com a banda.
Cumprimentei-a com um aceno e fui atrás de alguma
bebida. Tomei algumas doses de vodka, e meu corpo
esquentou.

Subi ao palco determinado a dar o melhor show da


minha carreira e, quando a lona caiu, tudo se desenrolou
num ritmo frenético e insano. Mudei o setlist e tocamos
uma sequência das músicas mais pesadas. Deixei a parte
mais romântica apenas para o momento em que Lou
Reese subiu ao palco. Costumava ser o ponto alto do
show, tanto para mim como para o público, mas não me
sentia assim essa noite.

Retomei as músicas pesadas assim que Reese


deixou o palco e até fizemos alguns covers das minhas
bandas preferidas, além do clássico Born to be Wild[5], do
Steppenwolf, que não podia faltar por ser tema do filme
que inspirou o nome da banda.

Saí do palco satisfeito comigo mesmo e tomado


pela sensação de dever cumprido. Não sabia o que os
críticos iriam achar, mas a plateia nos adorou e era só o
que importava. Fomos direto para o Zero Club. Estava
eufórico, nada poderia me perturbar.

— Vocês foram demais! Era disso que eu estava


falando, porra! — Um Allan embriagado gritava,
entornando uma garrafa de espumante.
Tomei mais algumas doses de vodka e um grupo de
garotas se aproximou da nossa mesa. Elas haviam
assistido o show e eram fãs de longa data pelo o que
disseram. Uma loira baixinha sentou do meu lado,
apresentou-se como Pam. Pensei que ela podia ser a
distração que eu precisava, já havia passado tempo
demais focado apenas em Olivia e aquilo estava me
deixando louco.

Depois de algum tempo, eu já estava meio bêbado


e me peguei entretendo o grupo com algumas histórias
do início da carreira:

— Estávamos famintos e sem dormir há dias, então


o show foi um fiasco. Travis desmaiou primeiro, seguido
de Aaron. Acho que fui o único a ficar de pé até o final. É
claro que não queriam nos pagar, então tivemos que
ameaçar queimar o lugar.

— Oh meu deus! Vocês eram tão selvagens — Pam


comentou com um risinho e agarrou meu braço.

— Aí está ela! — Allan gritou animado olhando para


o outro lado do salão.

Senti um baque quando a vi. Não esperava que ela


aparecesse, ainda mais daquele jeito. Olivia vestia uma
saia de couro curta, sapatos de salto e uma blusa
prateada com decote profundo. Seus cabelos caindo em
cascata e sua boca pintada de vermelho me deixaram
hipnotizado. Seu ar de menina havia desaparecido, ela
estava extremamente sexy.

Andou sensualmente na direção da mesa quando


nos avistou. Não consegui desgrudar os olhos de suas
longas pernas. Fingiu não prestar atenção em mim, mas vi
uma leve perturbação em seu rosto quando olhou
rapidamente para Pam.

— Apresento-lhes a nossa nova musa — Allan


levantou fazendo reverências exageradas — O novo
videoclipe será épico, o maior do ano. Vamos lançar o
November Rain da nossa geração.
[6]

Olivia corou levemente com todos os olhares


voltados para ela, mas manteve a postura. Sorriu e
sentou-se na cadeira que Allan puxou para ela do outro
lado da mesa redonda, à minha frente. Arrumou o cabelo
e olhou para baixo, tentando disfarçar a tensão palpável
entre nós.

— Seja bem-vinda! — Jack a cumprimentou


sorridente.

— Obrigada — respondeu com a voz suave.

— Parece que sou o último a saber das coisas agora


— disse mal-humorado.
— Qual é, Tristan? Você já sabia minha opinião. Ela
é perfeita para o papel. — Allan retrucou.

Ignorei o que ele disse e cravei os olhos em Olivia


que estava visivelmente tensa, mal se mexia na cadeira.

— Quando decidiu aceitar a proposta de Allan? —


Perguntei diretamente para ela.

— Tivemos uma reunião hoje, mais cedo —


respondeu acanhada, com a voz baixa. — Allan achou que
seria uma boa ideia que eu viesse essa noite para
celebrar com a banda, já que vamos trabalhar juntos —
acrescentou.

— Espero que não desista, depois de passar a noite


toda com a gente — Travis disse bem-humorado e todos
riram.

— Desculpe, estou um pouco confusa aqui… você é


atriz? — Meghan perguntou num tom provocativo.

— Não. Mas a Allan me convenceu e estou muito


animada em ter uma experiência nova — ela respondeu
docemente.

Tomei uma grande golada da minha bebida ainda


sem acreditar no que estava ouvindo. Pareceu uma
decisão estranha e repentina. Pam se inclinou para mim,
tirando-me dos meus pensamentos, descansou a mão na
minha coxa e perguntou:

— Quero ouvir mais. Como vocês decidiram se


chamar Easy Riders?

Já havia contado aquela história um milhão de


vezes em entrevistas, mas sorri e expliquei:

— Eu e Travis ficamos aficcionados pelo filme Easy


Riders que trazia a história de dois motoqueiros viajando
sem destino pelo sul do país. Eles eram os caras mais
legais que já havíamos visto. A gente só queria ser igual.
A banda seria nosso passaporte para aquela vida livre,
acordando cada dia em um canto diferente.

— E agora eu só penso em quando vou voltar a


dormir na minha cama quando estou na estrada — Travis
comentou rindo.

Olhei de esguelha para Olivia. Meghan estava ao


lado dela e lhe oferecia uma taça de champanhe.

— Não seja tímida, aproveite para comer e beber às


custas da banda essa noite.

Passei boa parte da noite naquela agonia de espiar


Olivia disfarçadamente, enquanto ela me evitava ao
máximo, engajada em uma conversa com Meghan, Travis
e Jack. Depois de algumas taças, ela estava mais relaxada
e até deu algumas gargalhadas.

Dom chegou com sua acompanhante da noite.


Cumprimentou todos rapidamente e o vi trocar algumas
palavras com Allan num canto mais afastado depois. Não
lembrava de quando eles haviam ficado tão próximos.

Uma banda indie da moda começou a tocar e


aproveitei para levantar dali, chamando Pam para assistir
comigo.

Lancei um último olhar para Olivia antes de me


afastar. Como se sentisse que estava sendo observada,
ela se virou para mim. Sua expressão ferida me atingiu
em cheio. Estava sendo um babaca por ficar a noite
inteira flertando com Pam, quando só conseguia pensar
nela. Pensei em dar meia volta e levá-la para longe dali.
Então, vi Meghan pegar sua bolsa e chamá-la:

— Vamos ao banheiro. Preciso retocar a


maquiagem.

Ela concordou e se levantou rapidamente, mas


cambaleou e apoiou as mãos na mesa para retomar o
equilíbrio.

— Você está bem? — Meghan perguntou.


— Sim. Só levantei rápido demais, fiquei tonta, mas
já passou.

Uma sensação ruim percorreu meu corpo ao vê-la


sair meio escorada em Meghan, mal conseguindo ficar em
pé. Pam me puxou para o meio das pessoas e tentei
prestar atenção nela e na banda que tocava.

Pam dançava na minha frente, alternando entre


esfregar a bunda em mim e se pendurar no meu pescoço.
O resto do nosso grupo começou a chegar e a curtir o
show. Travis e Davy, nosso baixista substituto, subiram ao
palco para tocar com os caras. Aparentemente, eles se
conheciam bem. Eu andava meio por fora da cena de
música de Nova York no último ano.

Havia transcorrido algum tempo, quando Olivia


apareceu, arrastada por Meghan, seus olhos estavam
distantes e seus movimentos eram cada vez mais
desengonçados e acelerados. Observei de longe,
enquanto ela tentava dançar, acompanhando o ritmo das
outras garotas do grupo. Ela olhou mais de uma vez na
minha direção, mas não pareceu me enxergar. Seu olhar
não se fixava em lugar nenhum e as bochechas estavam
muito coradas. Já tinha visto aquilo muitas vezes e sabia
que ela estava chapada.

Raiva e desespero se misturavam dentro de mim e


abri caminho entre a pequena multidão, decidido a tirar
Olivia dali.

— Tristan, onde você vai? — A voz de Pam soou


atrás de mim.

Olivia já seguia Meghan para cima do palco quando


a puxei pelo braço, fazendo-a girar e bater a testa em
meu peito.

— Me larga! — Ela se debateu, tentando


desvencilhar o braço.

— Você não está bem. Vamos embora daqui.

— Não vou embora. — Ela gritou furiosa. — Por que


não volta para aquela loira com quem você estava e me
deixa em paz?

— Solta ela, seu grosso. O que pensa que está


fazendo? — Meghan se meteu, tentando puxar Olivia de
volta.

— Saia da frente, Meghan. Já fez o suficiente por


uma noite — disse sentindo a ira crescer dentro de mim.

— Hey! — Travis gritou, descendo do pequeno palco


às pressas — O que está acontecendo?

Meghan gritou alguma coisa, mas não ouvi mais


nada quando Olivia levou as mãos à cabeça e caiu em
meus braços, completamente grogue.

“Não, aquilo não podia estar acontecendo de novo.


Carreguei uma Olivia semiconsciente em meus


braços para longe dali. Para o meu alívio ela começou a
se debater, recobrando ânimo:

— Para onde está me levando? Me solta! — Ela


desferiu socos no meu peito, mas eu ignorei o que pedia,
até entrarmos numa das salas privativas do clube.

Larguei Olivia em um sofá acolchoado. Ela se


levantou rapidamente e me encarou com os olhos
injetados.

— Já estou me sentindo melhor, vou embora — ela


disse quase correndo na direção da porta.

Puxei- a de volta e a encurralei na parede:

— Não vai a lugar nenhum até me explicar o que


diabos aconteceu com você nas últimas 24 horas? Parece
que virou outra pessoa. Ontem você estava fugindo de
mim, fugindo de tudo. Hoje, você aparece de surpresa
anunciando que aceitou estrelar um clipe, se entrosa com
todo mundo da banda como uma velha amiga, e fica
completamente chapada. Não sei mais o que pensar, nem
o que quer de mim — respondi, colocando para fora tudo
o que vinha me atormentando.

Ela deu um sorriso raivoso:

— Pare de agir como se me conhecesse tão bem,


Tristan! Você não sabe nada sobre mim. Você não
entende…

— Então me fala o que eu preciso saber — retruquei


com impaciência.

— Eu tentei. Eu quis conversar, mas você foi um


babaca arrogante — ela gritou revoltada, tentando me
empurrar, mas não me movi — Qual o grande problema,
Tristan? Está com raiva por que as coisas saíram do seu
controle? Por que não esperei você me procurar e
atrapalhei os seus planos com aquela vadia essa noite?
Não sou seu brinquedo, Senhor rockstar. Não tenho mais
nada para fal…

Não pude mais me conter e a interrompi com um


beijo desesperado. Pressionei seu corpo e esmaguei seus
lábios contra os meus como se quisesse devorá-la. Ela
cedeu, enroscando sua língua na minha por um instante,
mas me empurrou contrariada logo em seguida. Recuei
dessa vez. Uma lágrima escorreu por seu rosto.
— Olivia… — enxuguei sua bochecha e ela se
desvencilhou, arredia. Mais lágrimas brotaram — Olhe
para mim — segurei seu queixo, fazendo-a me encarar.

Vê-la naquele estado por minha causa me fez sentir


um idiota.

— Vem comigo, Olivia! Quero ouvir tudo que tem


para me dizer. Não sei que porcaria Meghan te deu, mas
não pode voltar sozinha nesse estado. Deixe-me cuidar de
você essa noite.

Ela soltou um soluço e suas pernas fraquejaram.


Enlacei sua cintura e a conduzi para fora dali. Olivia não
ofereceu resistência. O motorista já estava esperando no
estacionamento. Ela permaneceu em silêncio durante
todo o caminho, com uma expressão indecifrável.
Estava tudo escuro e silencioso quando subimos
até a cobertura de Tristan. Um pouco da euforia que eu
experimentei quando o tal MD que Meghan me deu
começou a fazer efeito havia se dissipado, mas eu ainda
me sentia meio “alta”, como se cada parte do meu corpo
estivesse aflorada.

Sentei no sofá da enorme sala de estar, sentindo


minha boca seca e uma angústia crescente em meu
peito. Tristan me olhava com preocupação e como se
soubesse exatamente do que eu estava precisando, se
afastou e voltou com um copo de água que eu bebi em
grandes goladas.

Seus olhos continuavam grudados em mim,


quando depositei o copo na mesa de centro. Naquele
momento, quando nos encaramos em silêncio, percebi
que por mais que eu tentasse me convencer de que
nosso envolvimento não era real, que aquilo era apenas
um jogo, por mais que tentasse manter algum controle
sobre a situação, não podia mais fugir dos meus
sentimentos. Quanto mais eu tentava me desvencilhar,
mas eu me envolvia.

— Marianne Reese é minha mãe — disse


bruscamente, tomada por um ímpeto de compartilhar
algo verdadeiro com ele.

— O que? — Tristan me encarou incrédulo.

— Ela fugiu com Lou Reese quando tinha a minha


idade. Me largou para trás, com meu pai…

— Reese nunca falou que ela teve uma filha… —


Tristan balançava a cabeça confuso, um vinco profundo
se formando em sua testa.

— Reese também não sabia de nada, até aquele


encontro no show… Descobri quem ela era há pouco
tempo. Sempre achei que tivesse morrido em um
acidente de carro.

Tristan olhou-me pasmo, tentando assimilar aquela


história.
— Algumas coisas fazem mais sentido agora. O
jeito que você ficou quando viu Reese pela primeira
vez… — ele disse olhando para a frente, ainda com a
expressão aturdida. — Se eu soubesse…, mas que droga,
me desculpe, Liv! Só piorei as coisas agindo como um
babaca. Não fazia ideia de que você estava lidando com
tudo isso — Acrescentou se virando para mim.

— Está tudo bem. Você não tinha como saber.

Levei a mão à testa, sentindo-me tonta de repente.

— Você está bem? — Tristan colocou sua enorme


mão espalmada na minha bochecha e minha pele se
incendiou sob seu toque.

— Estou. É só uma tontura, nunca tinha usado


nada antes, não sei onde eu estava com a cabeça.

— Meghan pode ser bem persuasiva — Ele


comentou com raiva.

— Ela só estava tentando ajudar com o que


funciona para ela, eu acho.

— Você realmente é uma forasteira que não sabe


onde se meteu. Preciso te ensinar umas coisinhas se
quer mesmo estrelar clipes e andar no meio dessas
pessoas. Esse mundo do show business é uma selva —
Seu olhar se tornou mais terno de repente, parecia
preocupado comigo como se eu fosse inocente demais
para fazer parte do seu mundo.

— Não me importo com o show business, só quero


ficar com você. — Disse de supetão.

Tristan encarou-me surpreso com aquela


declaração tão direta. Aquelas palavras saíram tão
espontaneamente da minha boca que fiquei chocada
também por ter dito aquilo em voz alta e corei
imediatamente.

Fugi de seu olhar sem saber o que fazer, até que vi


o piano do outro lado do cômodo e lembrei:

— Sabe, essa é uma boa hora para você cumprir


aquela promessa. — Minha voz saiu aguda e acelerada.

Tristan deve ter notado meu nervosismo, mas não


mencionou, apenas sorriu animado com a ideia:

— Não lembro a última vez que sentei na frente


desse piano, mas como sempre cumpro minhas
promessas… — disse, se levantando e me puxando até o
lugar onde o grande piano de cauda ficava.

Ele sentou no banco e experimentou as teclas, um


pouco hesitante no começo, depois começou a afinar o
instrumento empoeirado. Recostei na tampa fechada do
piano, meio sem jeito enquanto o observava tocar.

Reconheci a melodia de uma música do Billy Joel.


Tristan tocava compenetrado, como se tivesse sido
transportado para outro lugar e eu olhava fascinada para
aquelas mãos grandes, se movimentando habilmente.
Seu jeito grandalhão e meio rústico destoava da
delicadeza daqueles movimentos e da melodia suave que
eles criavam.

Parou de tocar repentinamente e me encarou com


os olhos queimando de desejo. Perdi o ar quando me
puxou pela cintura, empurrando-me violentamente
contra as teclas do piano. O som provocado pelo atrito do
meu corpo contra o instrumento me sobressaltou e antes
que me recuperasse, Tristan agarrou minha nuca e me
beijou de forma bruta, dominadora.

Deitou-me na tampa do piano e desceu a mão pelo


meio dos meus seios até parar na altura da minha saia
justa de couro, provocando fagulhas por onde tocava.
Puxou minha saia de uma vez de forma brusca e afastou
minhas coxas, pressionando a mão por cima da minha
calcinha. Arfei e me apoiei nos cotovelos, buscando seu
olhar.

Beijou-me mais uma vez, com a mesma urgência,


apertando a mão em volta do meu pescoço. Agarrei sua
camisa, puxando-o para mim, enlaçando minhas pernas
em torno dele. Minhas paredes internas se contraíram,
ainda estava dolorida, mas meu desejo de me entregar à
ele de novo era maior.

Tristan se livrou do resto das minhas roupas, me


deixando apenas com as sandálias de salto alto. Beliscou
um dos meus mamilos inchados e colocou na boca
sugando e soprando em seguida, minha pele se arrepiou.
Fez o mesmo com o outro seio e eu gemi com as mãos
enterradas em seus cabelos.

Meu corpo inteiro vibrava em suas mãos, estava


completamente arrebatada e um gemido de lamento saiu
do fundo da minha garganta quando ele se afastou de
repente, deixando-me sedenta por mais...

Meu pau pulsou quando Olivia se sentou com a


respiração pesada e me olhou suplicante,
completamente nua em cima daquele piano. Seu rosto
estava corado, a respiração pesada e a boca rosada
entreaberta. Aquela cena merecia um quadro. Ela era
perfeita.

— Abra as pernas — Ordenei.


Seu rosto ficou ainda mais vermelho, mas ela
obedeceu, dobrando os joelhos e afastando as pernas.
Sua timidez e submissão me deixaram ainda mais louco.

Arranquei a camisa e me aproximei de novo, sem


tirar os olhos dela. Mordeu o lábio inferior e se contraiu
quando a penetrei com dois dedos e esfreguei seu clitóris
com o polegar, sentindo-o inchar.

— Que boceta gostosa você tem… macia…


quente… sempre molhada, pronta para mim — Eu
prestava atenção em cada nuance de seu corpo, me
deleitava com seu olhar extasiado, desvairado de desejo.

Aumentei o ritmo, pressionando seu clitóris com


mais intensidade e fodendo sua boceta com meus dedos
enterrados nela. Quando começou a gozar, eu tirei a mão
e ela arfou.

— Fique de quatro — Mandei.

Olivia estava suada, inebriada e obedeceu


vacilante. Meu pau ficou tão duro diante daquela visão
que era doloroso. Agarrei sua bunda redonda e perfeita e
lambi toda a extensão da sua boceta melada,
provocando um espasmo em seu corpo.

Espalhei sua lubrificação na parte de trás,


acariciando seu cuzinho apertado e introduzindo um
dedo, ela se contraiu, soltando um gemido. Segurei seu
quadril para mantê-la na mesma posição, totalmente
aberta e empinada para mim.

Ainda com o dedo em seu cuzinho, eu suguei seu


clitóris e senti seu gosto delicioso invadindo minha boca,
sorvi seu cheiro e me fartei com seu gozo, sentindo seu
corpo inteiro vibrar e se contorcer, golpeado pelo prazer.

Beijei suas costas e ela estremeceu. Continuei


traçando uma trilha de beijos até sua nuca, vendo sua
pele se arrepiar. Depositei uma mordida na curva do seu
pescoço e suguei a pele no mesmo lugar até deixá-la
marcada.

Sua respiração voltou ao ritmo normal aos poucos


e ela se virou para mim, com as pálpebras pesadas.
Passou a mão pelo meu abdômen nu e enterrou o rosto
na minha pele, se esfregando e me beijando, como se
não conseguisse se conter.

Deslizou do piano e ficou de joelhos na minha


frente. Desabotoou minha calça com as mãos trêmulas.
Não conseguia mais esperar que ela terminasse, abri o
zíper me livrando da calça e dos sapatos em segundos.

Ela arfou quando libertei meu pau e pegou com as


duas mãos, lambendo todo seu comprimento e fazendo
movimentos circulares com a ponta da língua na cabeça.
Continuou me atiçando, hesitante, sem abocanhá-lo.

Soltei um gemido rouco, agoniado e juntei seus


cabelos na minha mão, segurando sua cabeça com
firmeza. Ela abriu a boca e me movimentei, enfiando
meu pau aos poucos, tomando as rédeas. Seus olhos
começaram a lacrimejar, mas ela se movimentou,
sugando e se lambuzando.

Rosnei e aumentei o ritmo, sem conseguir me


segurar por mais tempo. Empurrei mais alguns
centímetros, indo até o fundo da sua garganta. Ela
engasgou, mas se entregou, gemendo com aquela boca
deliciosa em volta do meu pau e os olhos grudados nos
meus.

A onda de prazer que me atingiu foi violenta, meu


pau ondulou e estava prestes a gozar quando puxei sua
cabeça para trás. O líquido viscoso escorria pelo seu
queixo e pescoço. Um desejo animalesco, primitivo
tomou conta de mim, ao admirá-la de joelhos, fraca,
arquejante, marcada pela minha porra.

Peguei minha camisa e a limpei. Ela fez menção de


pegar suas roupas espalhadas pelo chão, mas a puxei
para mim e pressionei seu corpo contra o meu:
— Ainda não acabamos, eu disse que iria te querer
a noite inteira da próxima vez, lembra? — Disse com um
sorriso malicioso, antecipando a sensação de ter sua
boceta apertada em torno do meu pau.

Sua respiração se agitou e ela estremeceu


visivelmente. Segurei em seus quadris e a puxei para o
chão, deitando-a no tapete.

Encaixei-me no meio de suas pernas, sentindo sua


carne macia e quente colada em mim. Mordi e dei
chupões lentos e firmes em seu pescoço e seios.
Coloquei a cabeça do meu pau na entrada escorregadia
entre suas pernas e me apoiei em um braço para fitá-la
enquanto a penetrava devagar. Ela se contraiu, sugando
meu pau, deixando-me louco de tesão.

Soltou um longo gemido, ondulando embaixo de


mim, subindo o quadril e cravando as unhas no meu
braço. Acariciei sua pele, contornando seu corpo com
uma das mãos, enquanto a penetrava mais fundo.
Arremeti com mais força e ela foi tomada por tremores
violentos, pressionando meu pau com suas paredes
internas. Agarrava-se a mim como se fosse cair e ficamos
tão colados quanto duas pessoas poderiam estar.

— Ah, Liv… — um gemido rouco escapou da minha


garganta quando ela se sacudiu, choramingando, com o
olhar desvairado.
Por um momento eu quase me deixei levar e gozei
dentro de sua boceta deliciosa, dopado de prazer como
estava. Ondulamos no mesmo ritmo e nossos gemidos se
mesclaram. Saí de dentro dela no último segundo,
soltando um rosnado alto e ensandecido enquanto me
esvaía completamente.

Ficamos algum tempo ali, jogados no tapete. Puxei-


a para meu peito e fechei os olhos por um momento.
Emoções confusas vieram à tona, Olivia tinha o poder de
me abalar e isso me perturbava.
Acordei ao lado de Olivia, ainda imerso nas
sensações desconhecidas que ela despertava em mim.
Imagens da noite anterior povoaram minha mente
quando a fitei adormecida, com a cabeça em meu peito,
os lábios entreabertos e os cabelos escuros espalhados
pelo travesseiro. Tudo nela me deixava louco, seu rosto
delicado, angelical e sensual ao mesmo tempo, sua pele
macia e pálida, seu cheiro viciante, o calor que emanava
da sua pele grudada na minha. Meu coração bateu mais
forte e uma onda de tesão me atingiu. O jeito que ela
mexia comigo era desconcertante, avassalador. Nem
mesmo com Serena havia sido assim…

Afastei aqueles pensamentos perturbadores e me


desvencilhei de Olivia com cautela para não acordá-la.
Fui direto para a suíte, passando pelo closet e tomei uma
ducha gelada. Aquele seria um dia cheio de
compromissos na gravadora. Estávamos ensaiando para
os próximos shows e divulgando o novo álbum em
programas de televisão e rádio.

Coloquei um moletom e uma camisa branca, meio


surrada do Nirvana e saí do closet. Olivia estava sentada
na beira da cama, arrumada com as roupas que usava na
noite anterior, suas bochechas se tingiram assim que me
viu.

— Bom dia! — Sorri para ela, mas Olivia continuou


tensa.

— Bom dia. Nem sei como eu pude dormir tanto…


— ela deu um sorriso rápido e nervoso — Só preciso
encontrar minhas sandálias e meu celular e eu vou
embora. Sei que você deve ter vários compromissos —
ela disse se levantando da cama e olhando ao redor do
quarto.

Puxei-a pelo braço e ela girou se chocando contra


meu peito, seus olhos se arregalaram e sua respiração
ficou mais pesada:

— Tris… — balbuciou.

— Não estou com pressa… — disse, descendo a


boca por seu pescoço, enquanto contornava seu corpo
com a minha mão livre, parando em cima da bunda.
Olivia enrijeceu e eu parei, me afastando para encará-la.
— O que foi? Está tudo bem?

— Está — ela disse, fazendo uma pequena pausa


antes de acrescentar — eu só preciso ir para casa, tomar
um banho e mudar essas roupas, eu acho.

— Ashley pode arranjar roupas para você em um


minuto. Enquanto isso, você toma banho, veste um
roupão e comemos alguma coisa, a mesa deve estar
pronta. Eu te levo em casa depois.

Olivia olhou-me hesitante, com os braços cruzados.


Fez menção de responder alguma coisa, mas nossa
atenção foi desviada pelas vozes alteradas de Aaron e
Allan.

Um barulho de vidro se quebrando foi ouvido e


a gritaria aumentou.

—O que está acontecendo? — Olivia perguntou


sobressaltada.

— Aaron está acontecendo — respondi com uma


pontada de irritação. Ele estava sempre chamando
atenção para si — Vou resolver isso num instante, me
espere aqui — disse segurando seus braços e ela
concordou com um movimento de cabeça.
Desci as escadas e parei próximo ao arco que dava
para a sala de estar, onde Aaron andava de um lado para
o outro, exaltado.

— Não vou aceitar essa merda. Estou limpo e fiz


tudo que esperavam de mim. Fiz mais, na verdade. Tenho
três músicas novas, sabia? — Ele berrava.

— Isso é ótimo, Aaron. Mas olha só para você,


saindo por aí, arranjando briga com todo mundo da
banda. Travis não está nada satisfeito e Davy vai se
apresentar com um olho roxo agora. Espera só até Tristan
saber disso.

— Já ouvi o suficiente — disse entrando na sala. —


Onde você estava quando isso aconteceu? Eu te pago
para manter Aaron longe de problemas — questionei
Morris, o guarda costas que coloquei para vigiar cada
passo de Aaron, que estava de pé perto da porta.

— Desculpe, senhor West. Não irá se repetir.

— Morris não teve culpa, se não fosse por ele, teria


sido mais difícil tirar Aaron de lá.- Allan interviu - Aaron
apareceu no clube depois que você foi embora ontem, é
claro que acabou em confusão. — acrescentou olhando
de mim para Aaron.
— Quer saber? Foda-se. Estou cheio de ter uma
babá me seguindo para todo lado. Não é como se eu
fosse o único a ter tido problemas com drogas nessa
banda. Ninguém presta atenção no que Jack está fazendo
e Travis pode tudo - Aaron saiu pisando forte e bateu a
porta atrás de si quando saiu.

Revirei os olhos diante daquela cena. Aaron sempre


foi um garoto problemático, mas a música o salvou de
certa forma, ou era o que eu pensava, até ele começar a
se afundar de novo. A ideia de Allan era que ele se
juntasse a nós em Los Angeles, na semana seguinte,
onde seriam as gravações do clipe. Mas para isso eu
tinha que me certificar de que ele se manteria vivo.
Mandei Morris segui-lo imediatamente.

— Continue de olho nele, mas seja discreto -


instruí.

Ashley saiu do escritório que eu tinha na cobertura


e adentrou a sala para me informar sobre minha agenda,
como sempre fazia pelas manhãs e estacou de repente,
olhando para um ponto do outro lado da sala. Olivia
havia saído do quarto e estava encostada em um canto
próximo ao piano. Allan notou sua presença ao mesmo
tempo e foi cumprimentá-la calorosamente, chamando-a
de musa e se desculpando pelo que ela havia
presenciado.
— Imagina, eu já estava de saída — Olivia
respondeu com um sorriso simpático que disfarçava sua
tensão, e me olhou de esguelha.

Seus olhos se fixaram nas sandálias jogadas no


tapete, ao lado dos cacos de vidro do que fora um vaso.
Ela abaixou para pegá-las com as bochechas vermelhas e
pediu licença, voltando para o quarto.

Segui na mesma direção e Ashley protestou


quando passei por ela:

— Tristan, você tem aquele compromisso na rádio.


Tem que chegar ao estúdio em meia hora. Travis já está
lá.

— Eles podem começar o programa sem mim. Me


manda a localização. — Respondi sem olhar para trás.

Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim,


Olivia estava terminando de afivelar a sandália e se
levantou rapidamente ao ouvir o barulho, pegando sua
pequena bolsa.

— Por que você parece a ponto de sair correndo


daqui? — Perguntei contrariado — Vai ser sempre assim?
Em uma hora você está morrendo de tesão, fazendo
declarações e na outra você age como se quisesse fugir.
Ela desviou o olhar, se encolhendo:

— Não estou fugindo, eu só… Tristan, você é um


astro do rock mundialmente famoso e eu sou apenas…
eu. Você pode dizer que isso não importa, mas eu tenho
medo…

Rodeei sua cintura e segurei seu rosto pequeno e


delicado com uma mão espalmada:

— Ah, forasteira! Não vê como me deixa louco?


Também não sei o que será de mim, mas nunca fui de ter
juízo — disse, sem conseguir evitar um sorriso.

Ela arfou e me lançou um olhar carregado de


desejo. Suas pupilas estavam dilatadas e pude sentir
seus mamilos enrijecidos colados no meu corpo quando a
puxei para mais perto e a beijei. Empurrei-a de forma
brusca contra a parede, ainda com a boca colada nela,
saboreando seu gosto. Olivia também me puxava, se
esfregava em mim, agarrando minha camisa. Desci a
boca pelo seu pescoço, lambendo e sugando sua pele.
Agarrei sua coxa e subi a mão por dentro da saia. Ela
gemeu, choramingou, cada vez mais sedenta enquanto
eu me livrava de suas roupas, ávido, impaciente.

Olivia levantou minha camisa e eu puxei a peça por


cima da cabeça. Esfregou o rosto em meu peito, depois
beijou minha pele, descendo até o abdômen, com os
olhos fechados, parecendo dopada de desejo. Fiquei
imobilizado, olhando para ela como se estivesse em
transe.

Rosnei e agarrei seus cabelos quando ela abaixou


minha calça e pôs meu pau em sua boca, deslizando uma
mão da base até a ponta, enquanto o abocanhava,
enterrando seu comprimento cada vez mais fundo, até
bater em sua garganta. Lágrimas escorreram dos seus
olhos quando tomei as rédeas e me movimentei, fodendo
sua boca deliciosa.

— Ah, forasteira… quero você toda!

Tirei o pau de uma vez e levantei Olivia do chão


com as pernas em volta de mim. Sentei na beira da cama
e a posicionei em meu colo, esfregando meu pau em sua
abertura molhada e quente, antes de penetrá-la.

— Vai tomar meu pau todo nessa boceta apertada


e gostosa, feita para mim…

Abri sua boceta pouco a pouco, sentindo cada


centímetro do meu pau sendo sugado por ela. Olivia
arqueou as costas e gemeu alucinada. Comecei a me
movimentar lentamente, até estar totalmente enterrado
dentro dela. Estoquei forte e fundo e ela arfou, extasiada.
Gritou e enterrou o rosto em meu peito, cravando as
unhas em minhas costelas. Puxei seu cabelo e abocanhei
seu peito, ela se movimentava, rebolando no meu pau.

Desci a mão por suas costas até a bunda redonda e


perfeita, deslizando até a abertura no meio. Pressionei o
orifício apertado e virgem e ela se contraiu,
estremecendo.

— Ainda vou comer esse cuzinho… Você vai ser


toda minha — sussurrei em seu ouvido e lambi sua
orelha. Olivia arquejou e estoquei mais forte, bruto, sem
aliviar, até ela começar a gemer fora de si e se sacudir
violentamente. Dei um tapa forte na lateral de sua
bunda. Ela choramingou, gritou, enquanto nossos corpos
se chocavam.

Não demorou para começar a ondular, se


contraindo em volta do meu pau num orgasmo intenso e
longo. Por pouco consegui me controlar e tirei o pau de
dentro dela, gozando em sua barriga. Ela se abraçou a
mim quando acabou e permanecemos um tempo assim,
colados, ofegantes.

— Porra, você fica ainda mais linda depois de gozar


no meu pau — disse olhando extasiado para sua pele
vermelha e suada, seus cabelos negros espalhados pelo
rosto e a minha porra escorrendo por sua barriga,
marcando que ela era minha.
Levei-a para sua casa na garupa da minha moto,
ainda abalado pelo prazer descomunal das últimas horas.
O jeito como ela se entregava para mim, tão doce e
verdadeira me deixava louco, alucinado por ela.

Paramos em frente a sua casa e nos despedimos


aos beijos, sem prestar atenção a nada ao nosso redor.
Não chegaria à rádio a tempo para a entrevista e não me
importava, havia valido a pena.

— Olivia…

A voz familiar às suas costas fez Olivia estremecer


em meus braços. Marianne Reese esperava por ela do
outro lado da rua.

Minha mãe se aproximou com os olhos fixos em


mim. Tristan apertou sua mão com mais força em torno
da minha cintura. Ela parou na nossa frente, lançando
um rápido olhar para ele, voltando a se fixar em mim, em
seguida. Um clima pesado se instalou entre nós e ela
quebrou o silêncio:

— Esperei por você, como não veio até a mim, eu


decidi procurá-la. Não foi difícil achar o endereço.
Podemos conversar? Só nós duas…

— Você vai ficar bem? — Tristan me perguntou


protetor.

Balancei a cabeça afirmativamente, pensando que


naquele momento ela era apenas uma presença
incômoda para mim.

— A gente conversa mais tarde, ok? — Segurou


meu rosto e se despediu com um beijo rápido.

Marianne nos olhava com um sorriso melancólico


nos lábios. Tristan acenou com um movimento de cabeça
ao passar por ela e subiu em sua moto. Senti-me
subitamente desamparada quando ele desapareceu ao
longe.

Indiquei com um movimento de cabeça que


Marianne poderia me acompanhar. Subimos em silêncio
até o meu apartamento. Mostrei um lugar no sofá para
que ela se sentasse e hesitei antes de sentar na outra
ponta, cada músculo do meu corpo tensionado. Ela olhou
ao redor e alisou o vestido, antes de começar:

— Sei que não há desculpas para o que fiz, mas


gostaria que me ouvisse. — Fez uma pausa e estudou o
meu rosto.
Engoli em seco, tentando controlar minha
impaciência e ela continuou:

— Não sei o que John te contou sobre como nos


conhecemos. Eu era aluna dele na Universidade de
Edimburgo. — Desviou o olhar e sorriu de repente ao se
lembrar - Ele era tão atraente e interessante. Lembro-me
que ficava fascinada durante suas aulas de história da
arte, poderia passar horas ouvindo sobre qualquer coisa
que ele tivesse para dizer. Ele era o homem mais
inteligente que eu conhecia. Fiquei obcecada por ele,
fazia de tudo para chamar sua atenção…

Seus olhos tinham um brilho melancólico, como se


fosse tomada por nostalgia enquanto contava:

— Estava em todos os eventos que ele


frequentava. Sabia que ele também se sentia atraído por
mim, mas tentava resistir porque era inapropriado e
poderia lhe custar a carreira. Um dia, em uma das
reuniões regadas a bebidas e discussões filosóficas entre
professores e alunos no apartamento de alguém, ele
acabou cedendo e …bem, eu fiquei grávida.

Olhei-a surpresa com aquela revelação. Entendi


que eu fui um “acidente”. Era para ter sido apenas uma
aventura com o professor, mas ela se viu presa. Meu pai
nunca me contou esses detalhes. Não sabia que havia
sido seu professor. Tudo o que eu ouvi dele foi que minha
mãe estudava lá na Universidade e que se conheceram
por amigos em comum.

Ela parou por um momento, puxou o ar e


prosseguiu:

— Fiquei assustada, não sabia como ele iria reagir.


Eu não tinha ninguém, só uma avó que me criou, mas ela
nunca aceitaria se soubesse que eu estava grávida, sem
ter um marido. Felizmente, John cuidou de mim. Fomos
morar juntos. Tive que me afastar da Universidade, é
claro, mas fomos felizes no começo. Ele pediu
transferência para Glasgow e tudo parecia estar dando
certo. Eu…

— E o que mudou? — Perguntei, interrompendo-a,


surpresa com meu próprio tom de voz, cortante e seco.

Ela umedeceu os lábios e respondeu com a voz


meio trêmula no começo:

— Eu me sentia sozinha, sabe. Como um objeto de


decoração da casa. Tudo que John fazia quando chegava
da Universidade era trabalhar mais, trancado em sua
sala cheia de livros empoeirados. Passei a me irritar com
tudo, detestava seus amigos intelectuais pedantes, vivia
com tédio, frustrada…Você era a única coisa boa que eu
tinha - Ela estendeu a mão para tocar meu braço e
enrijeci.
— Até Lou Reese chegar - retruquei, sem conseguir
evitar e ela recolheu sua mão.

— Lou apareceu no pior momento da minha vida.


Estava profundamente deprimida aquela altura. E ele era
tão cheio de vida, tão intenso e tão livre. Você deve
entender o que estou falando. — Ela me encarou como
se pudesse ver o que eu tinha por dentro - Tristan é como
ele.

Fiquei impactada ao ouvir o nome de Tristan, todos


os sentimentos que ele despertava em mim vieram à
tona e eu prendi o ar, tentando manter algum controle
sobre minhas emoções.

— Você está apaixonada? — Minha mãe estudava


minha reação. Apenas a olhei sem conseguir dizer nada -
Nem precisa dizer, está estampado na sua cara. E como
poderia ser diferente, ele é tão bonito, talentoso e
magnético quanto Lou em seu auge - sorriu com ar
sonhador.

—Você foi embora porque estava apaixonada, já


entendi isso. - Disse friamente.

Marianne ficou muito séria diante do meu tom e


rebateu, balançando a cabeça negativamente:
— Não, nunca. Eu acho que estava só fugindo de
mim mesma… naquela época eu pensava sinceramente
que você ficaria melhor sem mim … — Sua voz
embargou — Olha, eu tenho umas coisas para te
mostrar, coisas que levei comigo quando fui embora.
Estão no rancho onde moro… — Acrescentou com certo
desespero.

— Ok, eu preciso descansar agora. Não dá para


recuperar o tempo perdido em uma conversa e eu já tive
o bastante por hoje — disse, levantando e abrindo a
porta para ela.

— Eu entendo, claro. Mas saiba que não vou me


afastar de você novo. — Respondeu em pé diante da
porta, antes de ir embora.

Tirei aquela roupa de festa e me joguei na cama


com os últimos acontecimentos rondando minha cabeça.
Quando aquela montanha russa emocional iria terminar?
Estava sempre à flor da pele desde que cruzei o caminho
de Tristan. Era estranho pensar que ele acabou sendo a
chave para que eu encontrasse as respostas que tanto
buscava. Através dele encontrei minha mãe e estava
descobrindo cada vez mais sobre meu passado.

Minha pele esquentou e latejei ao pensar em


Tristan. Ainda podia senti-lo nas minhas entranhas, como
se estivesse impregnado em mim. Não podia negar que
minha mãe estava certa, eu estava irremediavelmente
apaixonada.
Depois que minha mãe saiu, passei o resto do dia
abalada, nervosa. Checava o celular a todo momento
esperando alguma notícia ou mensagem de Tristan. Era
só nele que eu conseguia pensar, estava a ponto de
enlouquecer. Um desejo febril varria meu corpo sempre
que lembrava das coisas que fizemos naquele piano, no
tapete da sala de estar, em sua cama… Então, eu
lembrava também que aquilo tinha prazo para acabar e
uma angústia terrível tomava conta de mim.

Meu coração chegou a bater fora do ritmo quando


ouvi meu celular tocar, mas fiquei entre o
desapontamento e o pânico quando li o nome de Dom na
tela. Sempre me sentia mal com suas ligações, em que
me fazia várias recomendações e informava como as
coisas seriam dali para frente.

— As coisas só melhoram, você pegou meu irmão


de jeito! Allan não está tão satisfeito por ele ter deixado
uma entrevista na rádio para te levar em casa, mas no
meu ponto de vista está tudo dando mais que certo.
Agora precisamos discutir os próximos passos.

— Pensei que o próximo passo já estava definido.


Vou encontrá-lo na Califórnia e gravar um clipe. O que
mais você quer de mim? — Retruquei — Sei que minha
opinião não importa muito, mas acho que agora é só
deixar as coisas fluírem, certo?

— Você tem razão, sua opinião não importa muito.


— Disse, soltando uma risada, como se estivesse
zombando de mim. Não tinha mais tanta certeza se era
preferível lidar com ele à seu irmão mais velho — Precisa
entender que isso é importante, Olivia. Não contratamos
você para deixar as coisas "fluírem" — Ele enfatizou a
palavra que usei com um tom de deboche — Mas não se
preocupe, só vamos providenciar uma reportagem sobre
você para não deixar o burburinho sobre a nova garota
de Tristan morrer.

— Que tipo de reportagem? — Perguntei


apreensiva.
— Vou te mandar a biografia que criamos para
você. Com alguns detalhes que vão manter Tristan
interessado e o público também. Não é nada demais.
Uma garota solitária e sensível que se refugiava na arte,
aprendeu a escutar os clássicos com o pai e veio para
Nova York correr atrás dos seus sonhos.

— Isso é realmente necessário?

— É um jeito de Tristan ser lembrado sobre você


mesmo longe. Uma semana de shows com festas
regadas à bebida, drogas e suas escolhas questionáveis
de mulheres pode colocar tudo a perder.

— Sabe, vocês deviam ter mais fé nele —


retruquei, incomodada com a forma que ele descreveu o
suposto comportamento de Tristan nas turnês.

— Você acabou de conhecer meu irmão e já virou


uma defensora ferrenha — ele riu com o mesmo tom de
deboche — Tristan é um imã de escândalos, o que nem
sempre é culpa dele, é verdade. Mas já que vão falar de
qualquer jeito, é melhor dar à mídia uma história mais
favorável como distração. Minha família sempre prezou
pela discrição, é bom para os negócios. O fato de termos
um irmão famoso não ajuda muito nesse sentido.

Mordi o lábio, tensa:


— Entendo, preciso desligar agora. — Despedi-me,
querendo me livrar logo daquela conversa desagradável
que me obrigava a pensar em coisas que eu não queria.

— Isso é tudo, por enquanto. Até mais!

Essa história de namoro falso estava ficando cada


vez mais doentia e absurda. Se ao menos os irmãos West
fossem menos obcecados por controle e me deixassem
esquecer por um instante o que eu estava fazendo, seria
tudo tão mais fácil. Pensei em Tristan, com seu jeito
espontâneo e incontrolável, crescendo numa família
como aquela e me senti mal por ele.

Calcei um tênis e resolvi dar uma volta no Central


Park. Corri em volta do grande lago com música alta e
acelerada nos fones de ouvido, o que serviu para
acalmar um pouco meus pensamentos obsessivos sobre
tudo que poderia dar errado.

Mal pude acreditar quando o vi sentado nas


escadas da entrada do meu prédio. Ele estava de capuz,
mas eu reconheceria sua figura grande e forte de
qualquer jeito.

— Tristan? — Parei meio tímida na sua frente.


Estava suada e provavelmente descabelada.
— Já estava pensando que você não vinha — ele se
levantou e abriu um largo sorriso que deixou minhas
pernas bambas.

Como continuei parada na sua frente, ainda


processando o fato do rockstar mais famoso do momento
estar me esperando na porta, ele perguntou, claramente
se divertindo com a situação:

— Vai me convidar para entrar ou não?

—C-Claro — gaguejei e limpei a garganta.

Subi as escadas, cada vez mais desconcertada e


cheia de expectativa e assim que abri a porta, Tristan me
empurrou contra a parede e me deu um beijo de tirar o
fôlego. Prendeu meus pulsos acima da cabeça e mordeu
o lóbulo da minha orelha, inalando meu cheiro, o que
provocou um arrepio na minha nuca que me fez estalar
de tesão. Estava meio tensa e entrei em pânico ao
lembrar que eu chegara de uma corrida no Central Park e
não estava exatamente apresentável.

— Tristan, espere — minha voz era quase um


gemido. Ele continuou beijando meu pescoço e dando
leves chupões que enviavam uma corrente elétrica
diretamente para o meio das minhas pernas — Tristan,
eu preciso de um banho antes.
— Você não precisa de nada, forasteira. Olha o que
faz comigo? — Colocou minha mão em cima do seu pau,
ele estava duro e eu contraí de antecipação.

Atacou minha boca e gemi, com minha pele


pegando fogo. Levantou—me de uma só vez e me sentou
na bancada da cozinha. Arrancou minha blusa, sem tirar
os olhos dos meus. Seu olhar era penetrante, faminto.
Estava tão excitada que encharquei até as coxas.

Tristan afastou meus cabelos do rosto e juntou na


minha nuca, acariciou meu rosto e delineou minha boca,
me fazendo estalar de expectativa antes de me beijar.
Foi um beijo mais lento e suave dessa vez. Inalei seu
hálito e meu corpo inteiro se acendeu.

Beliscou meus mamilos entre os dedos e eu arfei.


Em seguida, enterrou o rosto entre meus seios, se
alternando para chupar os mamilos inchados. Desceu
uma trilha de beijos pela minha barriga e eu arqueei as
costas, gemendo e esfregando as coxas para aliviar
minha crescente excitação.

Tristan deslizou minha calcinha pelas pernas numa


lentidão torturante. Fechei as pernas com força
instintivamente, quando seu rosto se aproximou da
minha boceta.
— Abra as pernas, Olivia — ele disse com a voz
firme e rouca.

Abri hesitante e trêmula:

— Mais — ele exigiu e obedeci.

Gemi alucinada quando ele passou a língua pelos


lábios inchados da minha boceta e fui tomada por
tremores violentos quando sugou meu clitóris.

— Tristan, aaah — choramingava e me debatia.

Uma nova onda de tesão me inundou e Tristan me


segurou firme, sem aliviar os movimentos.

—Aaaah, por favor…— supliquei e tentei afastá-lo,


empurrando sua cabeça, mas ele segurou meu pulso
firmemente e então eu gozei. Foi intenso e arrebatador.

Antes que eu pudesse me recuperar dos espasmos


que tomaram conta do meu corpo, Tristan me penetrou
com os dedos e lambuzou minha boca:

— Lambe. Prova o gosto delicioso que sua


bocetinha tem.

Passei a língua pelos lábios para seu deleite e ele


me beijou, bruto e exigente, misturando seu gosto ao
meu. Levou-me para o sofá:
— Toque essa boceta para mim.

Estremeci, me tocando, enquanto ele se despia


rapidamente e colocava o preservativo. Minha pele ainda
estava sensível pelo orgasmo de momentos antes e
cravei as unhas no sofá, completamente alucinada
quando ele me colocou de quatro e me penetrou numa
estocada funda e bruta.

— Ah, meu deus — gemi descontroladamente.

— Você gosta assim, forasteira? — Ele perguntou,


segurando meus quadris e enterrando todo o seu
comprimento em mim.

Minha resposta foi um lamento, o que só fez com


que ele aumentasse ainda mais a intensidade das
estocadas. Gozei de novo, pensando que a cada vez eu
experimentava um prazer ainda maior. Tristan rosnou em
meu ouvido e se esvaiu por completo dentro de mim.

Fiquei ali, estirada no sofá, coberta pelo seu corpo


e imersa no seu cheiro, até que nossas respirações
voltassem ao normal.

Tristan se levantou devagar e retirou o


preservativo:
— Vamos tomar um banho. Quero te mostrar um
lugar — disse.

Fomos parar nos Hamptons, era um lugar


paradisíaco. Tristan explicou que aquela era uma das
casas de verão que ele possuía e fomos até um farol que
ele mesmo construiu. Ele me tomou de novo e de novo,
até ficarmos exaustos e dormi em seus braços.

A partir desse dia criamos uma rotina. Tristan


sempre vinha me ver depois dos ensaios e outros
compromissos e meus dias se resumiam a contar as
horas até nosso próximo encontro.

Ao fim de uma semana, ele teve que partir


para a turnê e meus dias se tornaram monótonos e
vazios sem ele. Acompanhava cada show de longe, lia
todas as notícias que saíam para aliviar minha agonia.
Tentei ligar algumas vezes, mas Ashley sempre atendia
em seu lugar.

Pensava nele dia e noite. Quase podia ouvir sua


voz poderosa ecoando no palco, sua energia
incomparável tomando conta da multidão. Milhares de
mulheres gritando seu nome, ensandecidas. Imaginei
quantas dessas garotas já haviam ido parar na sua cama.
A ideia dele tocando em outras mulheres me deixou
completamente transtornada, mesmo eu não tendo
qualquer direito de sentir ciúmes.
O último show não poderia ter sido melhor. A
plateia ficou enlouquecida a cada música nova
apresentada. Nosso álbum estava sendo um dos mais
ouvidos do ano e eu estava exultante naquela noite,
exceto pelo fato de que Davy me enchia o saco durante
todo o caminho até o salão do hotel Renaissance:

— Cara, ia ser demais se a gente gravasse juntos.


Eu escrevi umas dez músicas desde que comecei a tocar
vocês, isso está sendo transcendental — ele tagarelava
no meu ouvido enquanto descíamos no elevador. Travis,
Meghan e Jack também estavam presentes, mas não se
manifestaram — Podíamos fazer um projeto paralelo,
claro. Não quero tirar o lugar de ninguém.

A verdade era que eu não suportava a ideia de


mais uma mudança na formação do Easy Riders. Por
mais que o comportamento de Aaron deixasse a desejar,
não me via tocando com outro baixista e não via a hora
de me livrar de Davy. Seu jeito puxa-saco me dava nos
nervos também.

As portas se abriram e saí sem olhar para os lados,


evitando encorajá-lo a falar mais.
— Caralho, esse é o melhor hotel que eu já fiquei!
Que lugar irado! — Davy olhou em volta, maravilhado
com o amplo salão com janelas em arco, teto decorado
com vitrais e móveis suntuosos.

Acenei para Allan, que estava cercado pela nossa


equipe técnica e apressei o passo, aproveitando a
distração dele.

— Tristan, espera. Posso te mandar as músicas


depois. — Ele disse sorridente.

— Não precisa, tenho certeza que podem fazer


parte de um grande álbum da sua banda — disse com
um aceno de cabeça e vi o sorriso abobalhado sumir da
sua boca antes de me virar de vez.

— Você é um filho da puta às vezes — Jack


comentou passando do meu lado.

Dei de ombros e fui até o bar com Allan em meu


encalço. Meus olhos pousaram no grande piano de cauda
que havia sido afinado para mim e imagens da noite que
tive com Olivia na minha cobertura invadiram minha
mente. Meu pau ficava duro só de lembrar dela. Mas não
era só tesão, era uma necessidade que ia além de me
satisfazer, algo que tinha medo de nomear.
— … e eu acho que Travis tem razão, pode ser
interessante renovar um pouco, seu irmão. O que acha?

— Que? — Olhei confuso para Allan.

— Onde você está com a cabeça? Estava falando


da conversa que tive com Travis sobre trazer o cara que
produziu o novo álbum do Maroon 5 para produzir vocês,
sabe, modernizar o som da banda. Deixar essas
influências country do Lou Reese para trás.

— A gente conversa sobre isso depois. - Respondi,


me afastando dele.

Aquilo jamais iria acontecer, não havia espaço para


discussões. Eu sabia que Travis se ressentia do fato de eu
ser o líder do Easy Riders, já que a ideia de montar uma
banda surgiu mais dele do que de mim. Ele era meu
amigo desde a época da escola e esperava ser tratado
como um igual na banda, tomando decisões importantes
junto comigo. Mas eu só conseguia ver a banda
funcionando com uma liderança clara e esse era o meu
papel, nunca poderia ser de outra forma.

Nunca me contentaria apenas compondo e


cantando também. Tudo precisava ser do meu jeito nos
mínimos detalhes, então eu fazia questão de produzir
todos os álbuns da banda praticamente sozinho.
Bebi muitas doses de Jack Daniels e sentei ao piano
para entreter os convidados. As pessoas se amontoaram
ao meu redor, cantando a plenos pulmões. Irina Ivanova,
uma modelo russa que já era velha conhecida da banda
com quem eu costumava transar de vez em quando,
sentou-se ao meu lado. Meu pau reagiu instintivamente
quando ela deslizou a mão por minha coxa, enquanto eu
tocava e cantava Tiny Dancer.

A noite continuou animada e fiquei cada vez mais


próximo de Irina. Gostava de sua companhia e do quanto
era sexy. Deixei-me levar pelo hábito e subimos até a
minha suíte quando a festa já estava rolando há algumas
horas. Minha vontade foi diminuindo já no elevador,
quando ela se lançou em mim e me beijou. Apesar da
minha inércia, ela continuou me provocando e me
empurrou para a cama com um sorriso depravado no
rosto.

Sentei-me assistindo Irina se despir, exibindo-se


para mim, e só conseguia pensar em Olivia. Minha
cabeça começou a girar e meu corpo esfriou
completamente. Segurei seu braço quando ela agachou
entre minhas pernas, impedindo que ela fosse mais
longe:

— Vamos parar por aqui. Não estou muito bem… —


Joguei-me para trás, deitando na cama e esfregando as
têmporas.
— Parece que alguém exagerou hoje. Mas a gente
ainda pode aproveitar de outro jeito.

Ela se virou e tirou um pequeno pacote com pó de


dentro de um compartimento de maquiagem.

— Você sabe que não curto essas coisas — Disse,


sentado novamente na beira da cama, mas ela se
aproximou e encostou o dedo indicador na minha boca.

— Precisa aprender a relaxar mais, grandão — ela


disse e seu tom de voz anasalado só me irritava a essa
altura.

“O que está acontecendo comigo?”

Acompanhei uma Irina decepcionada até sua suíte


e me despedi dela. Os grandes olhos azuis de Olivia me
assombraram a noite inteira e eu desisti de lutar contra a
minha vontade de estar com ela o tempo todo.
— Que se dane a Califórnia, eu quero você agora.
Não posso mais esperar — Tristan declarou ao celular,
me deixando de pernas bambas e coração acelerado.

— Tristan, você está bêbado? Não posso arrumar as


malas às pressas e ir atrás de você agora — Eu disse
rindo do absurdo da ideia. Mas a verdade era que isso
era tudo que eu queria.

— Por que não? Nada impede. Ashley vai


providenciar as passagens para para Boston. Em pouco
tempo você estará aqui.

Sorri diante do seu entusiasmo e determinação,


mas não me deixei levar tão fácil:

— É sério, Tristan. Eu tenho planos para essa


semana, estou fazendo um curso e organizando algumas
coisas na minha vida. Eu não posso largar tudo para
seguir uma banda de rock como se fosse aquela groupie
de Quase famosos.[7]

Esse filme estava na lista que Dom fez com gostos


e referências sobre Tristan. Eu tinha assistido na noite
anterior, já que não conseguia parar de pensar nele, e
realmente havia gostado de mergulhar naquela
atmosfera de uma banda de rock em seu auge,
desbravando os Estados Unidos e vivendo todo tipo de
dramas e experiências na estrada.

Tristan riu diante da minha referência:

— Preciso da minha Penny Lane para continuar.


[8]

“Ela não acabou muito bem”, pensei.

— Nos vemos daqui algumas horas então, é


melhor se apressar com as malas. — Desligou, antes que
eu pudesse protestar.

Eu tentava de todas as maneiras não ser


completamente sugada para o mundo de Tristan, não
perder a noção do que era real, mas era uma batalha que
não podia vencer. No fundo eu sabia que o seguiria para
onde ele quisesse.
Uma notificação de mensagem apareceu na tela do
meu celular, era Amy:

“Amiga, você está famosa!

Adorei isso aqui!!!”

Ela escreveu embaixo de um link que havia


mandado. Antes de abrir eu já sabia do que se tratava. O
título da matéria dizia “De garçonete à musa: Quem é a
garota que inspirou Tristan West a escrever a Foreign
Girl”.

A matéria era cheia de informações fabricadas, a


começar por esse título, já que Tristan escreveu a música
muito antes de sequer sonhar em me conhecer. Era só
uma estranha coincidência que Dom soube explorar
como ninguém.

O celular tocou em minhas mãos e atendi sem


prestar atenção em quem era. A voz do meu pai soou do
outro lado:

— Filha, que história é essa de você andar com


astros do rock agora? O que você está fazendo da sua
vida nesse lugar? Você a encontrou, não foi? Estou
tentando falar com você como um louco há um bom
tempo, vai me explicar essa história direito. O que ela te
disse? Quando você pretende voltar para casa? — Ele me
interrogou irritado. Não lembrava da última vez que
havia falado tantas frases comigo, era como se tivesse
despertado de novo para o que acontecia ao seu redor
depois de quase duas décadas.

— Agora você se interessa em conversar? —


Respondi na defensiva — Não é uma boa hora. Estou
atrasada para uma viagem.

— Então vai ser assim agora? Vai recuperar o


tempo perdido com Marianne e esquecer qual é o seu
lar? Vai passar seu aniversário no rancho de Lou Reese
também? — Ele continuou cheio de mágoa na voz,
nunca o tinha visto assim e me senti bem por estar longe
de casa naquele momento.

— Eu não conheço rancho nenhum. Sinceramente,


estou cansada dessa história de loucos. Não vou lidar
com você nem com minha mãe agora. Mande
lembranças à Jane.

Desliguei o celular e joguei o aparelho com força


em cima da cama. Nem havia pensado no meu
aniversário de 19 anos até meu pai mencionar. Eu estaria
ao lado de Tristan na Califórnia, só de pensar me dava
um frio na barriga.

Hesitei um pouco antes de começar a arrumar


minhas coisas. Tinha decidido que tiraria aquela semana
para planejar um rumo para mim, quando aquilo tudo
acabasse. Não gastaria o dinheiro que recebi dos irmãos
West e se eles não aceitassem de volta, eu doaria.

Estava fazendo um curso de confeitaria, pensei em


voltar a trabalhar e quem sabe até poderia abrir uma
cafeteria depois de algum tempo. Se Nova York ficasse
muito fria sem ele, eu iria para qualquer outro lugar que
não me trouxesse lembranças dolorosas.

Pensava em todas essas coisas quando conseguia


focar em algo que não fosse Tristan, mas foi só ele ligar
que lá estava eu arrumando as malas e deixando tudo
para trás. Era incrível como ele despertava meu lado
mais impulsivo e me fazia perder o controle e eu gostava
disso.

Fui cedo para a arena The Garden, conversei com a


equipe e fiz meus aquecimentos vocais. Para quem havia
passado a noite em claro e enfrentado um voo depois
disso, sem pregar o olho, eu até estava em forma.

Durante o ensaio em que estavam eu, Travis e Jack,


Meghan nos filmava com a câmera que levava para todo
o lado. Ela atualizava as redes sociais com os bastidores
da turnê o tempo todo e estava sempre por perto, nada
escapava das suas lentes.

Fiz uma pausa quando Ashley se aproximou com


um isotônico que me entregou:

— Olivia Duncan chegou ao hotel. Um carro vai


trazê-la para cá, assim que ela estiver pronta. E o
assistente de Tom Byrne ligou para negociar os direitos
da música Trouble Maker. Eles querem incluir em um
episódio de The Rebels. Dependendo da repercussão, ele
tem interesse em um projeto de trilha sonora com a
banda, para a próxima série dele.

— Obrigada, Ashley. Está tudo dando certo. —


Comentei radiante. Fazia tempo que eu queria entrar
nesse lance de criar trilhas sonoras e quem sabe até
ajudar a produzir algum filme. Gostava de cinema e
televisão e queria ver o Easy Riders no topo, não só
como uma banda de arena, mas como uma banda que
mudou a história da música.

— Pensei que a gente tinha concordado em deixar


esse negócio de trilha sonora para lá. Isso é coisa de
quem está se aposentando dos palcos, velhos como Elton
John e Phil Collins —Travis se intrometeu.

Jack riu, mas não deu qualquer opinião como


sempre.
— Você nem assiste essa série? — Ele continuou
protestando.

— Não, mas todo mundo assiste, é isso que


importa. — Respondi — Ah, vamos mudar o setlist essa
noite, avise ao Davy ou ele pode passar vergonha no
palco. — Entreguei uma folha com a nova lista de
músicas para Travis, que saiu bufando.

— Não sei se notou, mas Davy anda fugindo de


você. O cara fica intimidado de ensaiar do seu lado. —
Jack disse coçando a cabeça e dando de ombros.

— Desde que ele continue dando conta do recado


no palco, eu não ligo — Respondi secamente — Logo
Aaron estará de volta.

Deixei Jack para trás e fui para os bastidores.


Passei pela sala de jogos montada para a banda,
cumprimentei alguns jornalistas e sentei no meu
camarim, satisfeito com tudo correndo conforme eu
queria. Olivia estaria ali em pouco tempo, estava curioso
para saber como ela se encaixaria no meio daquela
loucura toda. Não sabia direito o que eu estava fazendo
quando a chamei, só queria mantê-la por perto. De
alguma forma, tudo se tornava melhor quando minha
forasteira estava lá.
Passei pela sala de jogos montada para a banda,
cumprimentei alguns jornalistas e sentei no meu
camarim, satisfeito com tudo correndo conforme eu
queria. Olivia estaria ali em pouco tempo, estava curioso
para saber como ela se encaixaria no meio daquela
loucura toda. Não sabia direito o que eu estava fazendo
quando a chamei, só queria mantê-la por perto. De
alguma forma, tudo se tornava ainda melhor quando
minha forasteira estava lá.

Peguei a revista que trouxe comigo depois de ver


pendurada em uma banca. Havia uma grande foto minha
e uma foto menor de Olivia na capa, parecendo ainda
mais nova do que era, com um sorriso meigo e os olhos
tristes que acabavam comigo. Na matéria curta, havia
algumas daquelas fotos que tiraram do nosso encontro
pela cidade e informações sobre quem ela era.

Uma menina solitária, órfã de mãe, criada em


uma cidade pequena, que tomou coragem e veio
sozinha para Nova York perseguir seus sonhos e
chamou a atenção do grande astro do rock, Tristan
West. O encanto foi tão grande que ela se tornou
sua musa. Uma verdadeira história de Cinderela
dos tempos modernos.

Sorri ao ler aquilo. A história não era bem assim,


mas não podia deixar de admitir que era boa, as pessoas
adoravam um conto de fadas. Servi-me de um copo de
Whiskey e afundei na poltrona pensando em tudo que
faria com Olivia quando ela chegasse.

Acordei, sobressaltado com as batidas na porta,


Ashley colocou a cabeça para dentro:

— Ela chegou, está com os convidados.

Percorri seu corpo com os olhos, ela estava linda


com um vestido xadrez e uma jaqueta, rindo de alguma
coisa que alguém dizia, espremida em um canto do sofá.
Quando ela se virou para mim com seu sorriso de
covinhas eu fiquei sem fôlego, meu pau pulsava tão forte
que chegava a doer. Fiquei desconcertado com todas
aquelas sensações me assaltando ao mesmo tempo.

Limpei a garganta e andei até o sofá onde ela


estava. Uma garota ao seu lado havia colocado um
chapéu de vaqueira nela, que se levantou para me
cumprimentar, fazendo uma pose:

— O que acha? — Ela perguntou risonha, se


divertindo com a atenção que estava recebendo das
pessoas.
— De onde você tirou essa garota? Já somos
amigas, quero você nos próximos shows, viu? - Roberta,
uma das roadies, dizia para Olivia.

— Você ficou linda! Fez boa viagem?

Ela arrumou o cabelo timidamente e sinalizou que


sim com a cabeça:

— Foi bastante rápido.

Quando Irina chegou conversando animadamente


com Allan, eu fiquei sem ação. Não esperava que ela
acompanhasse esse show. Ela era amiga de Meghan e
Ashley, então de vez em quando estava por perto, mas
isso tinha diminuído de frequência depois que paramos
de transar. Ela chegou a ter um noivo por um tempo e
sumiu. Mas estava de volta para valer agora, pelo o que
estava vendo. Mas que se foda, desde que não me
atrapalhasse com Olivia, eu não importava. Ela tentaria
se insinuar e me fazer cheirar com ela de novo, mas essa
noite eu tinha algo muito melhor.

Puxei Olivia pela cintura e falei em seu ouvido:

— Agora você vai ficar só de chapéu e botas no


meu camarim.
Gostava de ver como suas bochechas ficavam
rosadas na mesma hora. Ela mordeu o lábio inferior e me
olhou de lado de um jeito que me fez arder de tesão.
Deixamos todos para trás e fomos para o camarim.

Juntei seus cabelos na nuca e dei um leve puxão


que a fez arquear o pescoço, abrindo a boca com um
gemido. Ataquei aqueles lábios vermelhos e me fartei,
tornando-me mais exigente e faminto, enfiando a língua
até sua garganta.

Ela arfou quando afastei nossas bocas, os olhos


entreabertos e a pele toda corada agora. Dedilhei seu
pescoço marcado por um chupão na curva do ombro e
meu pau latejou:

— Você é minha, forasteira. Vai gozar gritando meu


nome hoje—Olivia estremecia, seu desejo era latente e
me deixava ainda mais louco. Tirei sua jaqueta e joguei
aos seus pés.

Dei alguns passos para trás sem tirar os olhos dela,


seu peito subia e descia num ritmo acelerado, ofegante.
A pele estava toda corada agora e os lábios entreabertos.
Virei-me de costas para ela e joguei tudo que estava em
cima da bancada com espelho que no chão.

— Agora tire o vestido—minha voz saiu rouca,


quase um rosnado, quando me virei de novo para ela.
Olivia começou a se despir, trêmula. Mantinha os
olhos fixos nos meus, abrindo cada botão numa lentidão
torturante. Meu pau se enrijeceu ainda mais contra
minha calça, quando o vestido caiu aos seus pés. Ela
ficou apenas de lingerie, mantendo as botas e chapéu.

Puxei para mim, segurando-a pela nuca e a beijei


longamente. Ela percorria meu corpo com as mãos e
roçava em mim. Desferi um tapa em sua bunda,
deixando a pele marcada. Ela gemeu e bati de novo no
mesmo lugar.

— Aah, Tristan…

Desci a mão entre suas pernas, enquanto a


mantinha presa com a outra. Ela estava encharcada
como imaginei. Puxei sua calcinha com violência e o
tecido se rasgou. Ela arfou, sussurrando coisas
desconexas quando toquei em sua abertura
escorregadia.

Suspendi Olivia e a coloquei no balcão, segurando


suas pernas abertas.

— Segura essa bocetinha aberta para mim.

Ela fez como pedi e eu me aproximei devagar,


percorrendo sua barriga com minha boca, mordendo e
chupando até chegar na altura do sutiã. Tirei a peça,
deixando-a apenas com seus acessórios. Seus mamilos
estavam rígidos, inchados. Segurei um deles entre meus
dedos e belisquei, fiz o mesmo com o outro e ela arqueou
a coluna:

— Ai, meu deus, por favor … — ela choramingava


suplicante, enquanto eu libertava meu pau.

Segurei - a pelo pescoço, encostando sua cabeça


no espelho da bancada e estoquei todo o meu
comprimento de uma vez.

— Aaaaa, Tristan…

Dei outra estocada funda e ela estremeceu, se


debatendo. Puxei seu quadril ao meu encontro e meti de
novo e de novo com força, fazendo nossos corpos se
chocarem no meio do caminho. Olivia deslizava os braços
pelo espelho, se sacudindo e choramingando. Apoiei a
mão no espelho e continuei as arremetidas até que ela
gritasse mais palavras desconexas.

— Como você é gostosa, Olivia. Sua boceta foi feita


para mim — Rosnei.

Quando ela estava prestes a gozar, eu saí de


dentro dela e a puxei para baixo. Olivia caiu de joelhos
aos meus pés, agarrando-se nas minhas coxas, sem
forças.
— Você vai cavalgar no meu pau agora, cowgirl.
Mas antes vai se rastejar e pegar o seu chapéu — Eu
disse, pegando-a pelos cabelos e virando-a na direção da
peça.

Olivia se rastejou obedientemente e pegou o


chapéu caído ao lado do balcão, colocando de volta na
cabeça. Sentei na poltrona e vesti a camisinha. Ela se
voltou na minha direção, ainda rastejando e um desejo
voraz tomou conta de mim com aquela cena.

Agachou-se diante da poltrona, com as mãos


apoiadas em meus joelhos. Puxei-a para cima, com uma
mão agarrando seus cabelos e a outra o seu quadril.
Encaixei-me entre suas pernas e ditei o ritmo, fazendo-a
subir e descer, sentada no meu pau.

— Ah, meu deus, Tristan.

Seus peitos se sacudiam com o movimento e eu


enterrei mais fundo, acelerando o ritmo. Sua boceta
começou a se contrair em espasmos violentos,
estrangulando meu pau. Ela se sacudiu mais algumas
vezes, gritando meu nome, me levando ao limite.
Aumentei o ritmo, segurando seu quadril e estoquei bem
fundo até jorrar dentro dela. Olivia caiu inebriada sobre
meu peito, depois do orgasmo intenso que a atingiu.
Distribui vários beijos pelo peitoral de Tristan,
subindo pelo seu pescoço e buscando sua boca. Não
conseguia me conter, ainda arrebatada, acesa pelo
desejo. Estava entregue a ele, de corpo e alma, o que só
aumentava meu desespero.

Por um breve momento, quando nossos olhares se


cruzaram, tive certeza de que eu não seria apenas mais
uma em sua cama, de que ele me desejava com o
mesmo desespero e intensidade que eu.

— Ah, Tristan, não sei o que vai ser de mim nas


suas mãos. — Disse, com a cabeça baixa, pois não
conseguia lidar com seu olhar naquele momento — O
que estamos fazendo?
— Não sei, forasteira — ele respondeu com sua voz
profunda — Não sei de nada, só sei que quero você.

Levantou meu queixo e me beijou com paixão,


deixando-me embriagada com seu gosto e seu cheiro
maravilhoso. Quando me soltou, deu um de seus sorrisos
de tirar o fôlego, tudo se iluminava quando ele sorria
daquele jeito. Como voltar para o mundo real depois de
experimentar tudo que Tristan me fazia sentir? Era como
se eu tivesse sido atingida por um furacão.

Percebendo que ele me olhava atentamente, me


esforcei para sorrir de volta e relaxar um pouco. Queria
aproveitar cada momento ao máximo, sem deixar que
nada atrapalhasse nossa felicidade.

— Assim está melhor. Quero minha forasteira


sempre satisfeita. — Ele disse, subindo a mão pela minha
coxa e apertando minha bunda.

O clima ficou um pouco mais leve de novo. Ele me


puxou para seu peito e conversamos por um tempo.
Depois, me mostrou a revista com a matéria sobre mim,
muito interessado em saber mais sobre minha vida.
Desconversei, não querendo ter que mentir mais ou ser
cínica, fingindo que estava surpresa por ter meu nome
circulando na mídia.
Tristan contou empolgado sobre seus planos
grandiosos para a banda e quis saber minhas
expectativas para a gravação do clipe. Rimos do roteiro
exagerado ao ponto de ser brega e me dei conta de que
até então não havíamos tido muitas conversas
descontraídas como aquela desde que tudo começou.

Sentia-me tão à vontade com ele naquele


momento que demorei a me dar conta de que ainda
estava sem roupa. Foi só quando comecei a me arrumar
que veio a constatação que me deixaria em pânico:

— Tristan! Eu não tenho mais uma calcinha para


vestir.

Ele riu do meu desespero, divertindo-se com a


situação.

— O que eu vou fazer agora? Não posso voltar


assim. —Peguei o tecido em frangalhos e vi que
realmente não tinha salvação.

— Você não vai precisar mais disso. — Ele disse


tomando a peça das minhas mãos e guardando em sua
calça.

Meu rosto ficou em chamas com aquela situação:

— Você nunca leva nada a sério mesmo?


— Ah, eu levo muito a sério tudo que vou fazer com
você quando o show terminar.— Ele sussurrou no meu
ouvido, agarrando minha bunda por baixo do vestido que
eu havia colocado— Só eu vou saber que não tem nada
além desse vestido impedindo a visão dessa boceta
deliciosa que você tem e que é só minha, toda minha,
para eu fazer o que quiser.

Gemi em sua boca quando ele me beijou e me


sobressaltei quando me deu mais um tapa na bunda, que
devia ficar marcada por algum tempo depois daquela
noite.

Minhas pernas ficaram bambas e quase não pude


me sustentar em pé quando me penetrou com dois
dedos, pressionando minhas paredes internas com
movimentos ritmados e passando minha lubrificação no
meu clitóris inchado e sensível.

Ele movimentou os dedos com perícia dentro de


mim e gemi mais alto, estremecendo enlouquecidamente
em suas mãos. Minhas coxas estavam encharcadas com
a intensidade do prazer que tomava conta de mim.

Tristan me empurrou contra o balcão e me beijou


de forma bruta e exigente. Abriu parte dos botões do
meu vestido, libertando meus seios. Sugou os mamilos
intumescidos, enquanto me mantinha pressionada contra
ele, com uma mão na base da minha coluna.
— Porra, não consigo parar quando estou com
você. — Ele disse me virando de costas bruscamente.

Beijou minhas costas e abriu o zíper da calça,


libertando o pau. Olhei para trás, enquanto ele vestia a
camisinha. A visão do seu pau grande e ereto me fez
latejar antecipando o que viria a seguir. Ele agarrou meus
quadris e meteu bem fundo, gritei ao ser invadida por
uma mistura de dor e prazer e gemi mais alto quando
suas investidas ficaram mais intensas.

Pegou meus braços e os segurou atrás das minhas


costas, me fazendo curvar mais, até encostar o rosto no
balcão. As arremetidas ainda mais brutas. Gritava seu
nome, gemia e choramingava fora de mim. O orgasmo
me atingiu em ondas intensas e gozamos juntos, nossas
respirações ofegantes se mesclando. Deixamos aquele
camarim exaustos e satisfeitos.

Continuei em um estado de torpor e arrebatamento


durante todo o show, embriagada pela paixão que sentia.
Conversei com Meghan e algumas pessoas que havia
conhecido e me senti muito à vontade perto de quase
todos, circulando despreocupadamente pelos bastidores.

A única pessoa que me incomodava era Allan,


sempre me cercando e se mostrando solícito. Sabia que
estava fazendo aquilo para me lembrar a todo momento
que eu só estava ali para cumprir um papel. Tinha
calafrios toda vez que ele me chamava de “musa” e
tentava evitá-lo ao máximo.

Fomos para o hotel, que era um dos lugares mais


bonitos que já tinha pisado. Havia um salão reservado
para uma festa, lotados de jornalistas e celebridades de
todo tipo. Reconheci alguns rostos recorrentes ao circular
no hall de entrada.

Subi o elevador com Tristan, cheia de expectativa


sobre o resto da noite. Transamos mais uma vez no
quarto do hotel e tomamos um longo banho na banheira
de hidromassagem da suíte.

Escolhi cuidadosamente minha lingerie e coloquei


uma saia curta e brilhosa com uma blusa que deixava
um dos meus ombros à mostra. Fiz uma maquiagem que
Amy me ensinou e mandei uma foto para minha amiga.

Chegamos juntos ao salão e Tristan foi logo cercado


de pessoas. Ele me apresentou a algumas delas. Fui
reconhecida várias vezes por causa das publicações a
meu respeito. Já estava ganhando uma certa reputação
como a ‘nova garota de Tristan’ e estava começando a
gostar do título.

Roberta acenou para mim, me convidando para


sentar com ela enquanto Tristan conversava com um
jornalista e posava para algumas fotos. Vi uma mulher
muito bonita se aproximando dele. Ela o tocou com uma
intimidade que me incomodou. Os dois conversavam
animadamente, numa pequena roda de pessoas.

— Quem é aquela? Não lembro de ter visto antes.—


Perguntei para Roberta, tentando parecer casual.

— Quem? Ali ao lado de Tristan? —Confirmei com


um movimento de cabeça e tomei um gole da minha
bebida - Irina Ivanova. Ela é uma velha conhecida da
banda.

— Ah —murmurei, irritada comigo mesma por ter


me deixado afetar tanto.

A noite continuou animada e Tristan fez alguns


números no piano lá pelas tantas da madrugada. Com a
quantidade de gente que o cercava, eu me sentia tímida
e passei um bom tempo sentada à mesa com as pessoas
que conhecia, esperando ele vir até a mim, o que ele fez
em vários momentos.

Irina chegou a se recostar no piano, cantando a


plenos pulmões com Tristan. Desviei meus olhos daquela
cena e engatei uma conversa com uma das garotas que
estavam do meu lado. Soube que era a namorada de
Davy, o baixista substituto da banda.
Quando Meghan se aproximou da mesa em que eu
estava com Irina eu fiquei desconfortável na mesma
hora. Ela cumprimentou todos com um aceno e se sentou
muito animada e descontraída.

— Você é a famosa forasteira de Tristan? É um


prazer, Irina—ela disse se debruçando na minha direção
e apertando a mão que eu apoiava na mesa. Detestei
ouvir o apelido que Tristan me dera na boca dela, mesmo
sendo uma simples referência à música.

— Olivia, prazer.

— Então, como vocês se conheceram? Li alguma


coisa sobre você ser garçonete, eu acho. —Ela continuou
num tom desdenhoso.

— Sim, eu era. Servi em um dos eventos da Daza


na noite em que o Easy Riders tocou e desde então
mantivemos contato. — Respondi tentando soar o mais
serena possível.

— Parece até coisa de filme. — Ela disse rindo.

— Uau, as fotos que publiquei da última festa estão


bombando. — Meghan disse animada olhando para o
celular.
— Deixa eu ver — Irina pegou o celular da amiga e
soltou um gritinho, animada — essa foto do piano ficou
demais, nem sabia que você estava registrando. — Virou
o celular na minha direção - Olha isso! Pittsburgh foi
maravilhoso! Uma pena você não ter ido.

Minha pele esquentou na mesma hora quando


coloquei os olhos naquela imagem. Ela passou para o
lado e havia um vídeo deles cantando a música do filme
que ele tanto gostava e que eu havia assistido sozinha,
pensando nele como uma idiota.

Ela cantarolou um pouco da canção e tudo que eu


conseguia fazer era ficar ali, atônita, assistindo ela
esfregar na minha cara o quanto eu fui boba por pensar
que era a única a ocupar os pensamentos e a cama de
Tristan.

As próximas fotos foram ainda piores. Ele


sussurrava em seu ouvido, enquanto ela se pendurava
em seu pescoço. Em outra, eles estavam numa poltrona,
Tristan descansava as mãos nas coxas dela e ela se
debruçava sobre ele, sorridente. Na última, eles se
beijavam.

Foi um golpe duro. Meu mundo desmoronou de


repente. Doía mais do que qualquer coisa que já havia
sentido.
Era claro que alguém como ele não teria um
relacionamento exclusivo com alguém como eu, quando
podia ter mulheres como Irina aos seus pés. Eu nem
entendia muito bem o que ele tinha visto em mim, para
começo de conversa. Eu devia ter imaginado que seria
assim, eu não era páreo para Tristan West, afinal.

Meus olhos ardiam com lágrimas se acumulando,


mas eu me recusava a tornar aquilo mais humilhante do
que já era. Respirei fundo e desviei os olhos, pegando
meu celular:

— Com licença, preciso atender uma ligação. -


Disse, levantando rapidamente.

Senti o peso do olhar de Meghan sobre mim e a


encarei de longe. Estudava minha reação como se
tivesse criado aquela situação de propósito para me ferir.
Mas por que ela faria isso?

Andei a passos largos até o banheiro e apoiei- me


trêmula na pia, respirei fundo e segurei as lágrimas até
poder chorar em silêncio, trancada em uma das cabines.
Assim que recuperei a calma, comecei a pensar no que
faria.

Quando saí da cabine, Irina estava lá retocando o


batom.
— Ah, você está aí! Queria mesmo te dizer uma
coisa. — Ela disse num tom meio afetado.

Preferi agir naturalmente, assentindo enquanto


lavava as mãos e conferia minha maquiagem também.

— Sabe, eu não sei bem o quanto você entende


sobre se envolver com alguém como Tristan. Eu quero
dizer, ele tem um espírito livre, como todos os
verdadeiros artistas. - Ela dizia, me olhando através do
espelho - Ontem a noite ele estava comigo, hoje ele está
com você, amanhã quem sabe o que ele vai fazer? Pode
ser que resolva sumir do mapa de novo como já fez
antes. Tudo é muito imprevisível quando se trata de
Tristan.

— Aham. Obrigada por me iluminar, mas sei bem o


que estou fazendo — Retruquei, simulando uma
confiança que eu não tinha.

Passei por ela à caminho da saída, mas me detive


quando ela acrescentou:

— Só estou dizendo isso porque ele parece gostar


muito de você e da última vez que isso aconteceu não foi
bom para ninguém. O estilo de vida que ele leva pode
ser muito destrutivo para garotas inocentes e
desavisadas.
O sangue subiu às minhas faces na mesma hora,
aquilo já havia passado de todos os limites aceitáveis.
Parti para cima dela num ímpeto de fúria tão intenso que
a derrubei, desferindo vários tapas em seu rosto,
enquanto ela tentava se desvencilhar sem sucesso.

— Me larga, sua louca. - Ela berrou, puxando meu


cabelo com muita força.

A dor me deixou atordoada e peguei a primeira


coisa que alcancei para bater nela. Sua bolsa de festa
cravejada de pedras fez um belo estrago em seu rosto.

— Aaai — Gritou com a voz esganiçada, enquanto


eu a golpeava repetidamente.

Ouvi o barulho da porta batendo atrás de mim,


alguém havia presenciado a cena e saiu em busca dos
seguranças. Saí de cima dela, jogando a bolsa para
longe. O impacto fez com que se abrisse e todo o
conteúdo ficasse espalhado pelo chão. A adrenalina me
fazia tremer da cabeça aos pés.

Dois saquinhos contendo um pó branco me


chamaram atenção, e me abaixei para pegá-los.

Irina ainda tentava se levantar do chão, quando


peguei o conteúdo:
— Você me dá nojo — Disse com desprezo e joguei
os dois saquinhos em cima dela.

Saí de lá determinada a acabar com tudo, não


aturaria aquela situação humilhante nem um segundo a
mais. Não estava nem aí para o que Dom e seu irmão
fariam comigo. Uma mulher apontou para mim e um
segurança veio na minha direção.

Apressei o passo, tentando desviar dele, mas fui


agarrada pelo braço:

— A srta. terá que me acompanhar — Ele disse


com a voz firme e impositiva.

— Tire as mãos dela agora! — Tristan falou num


tom que não admitia questionamentos.

O segurança se afastou e Tristan me interrogou,


retirando uma mecha do meu cabelo que estava caída
sobre meus olhos:

— Mas o que aconteceu com você?

Retirei sua mão de mim e gritei ensandecida:

— Não me toque, seu mentiroso desgraçado.


Nunca mais chega perto de mim.
Minhas palavras só serviram para incitá-lo a me
segurar pelos dois braços. Eu me debati e tentei acertar
o seu rosto. Era como se tudo que eu não havia me
permitido sentir viesse à tona de uma vez, eu não
conseguia mais parar. Tristan desviou o rosto e agarrou o
meu pulso no ar, exigindo uma explicação:

— Do que você está falando, Olivia? Onde diabos


você estava?

— Me solta, não tenho que te explicar nada. Você


sabe muito bem o que fez. Se prefere aquela vadia que
cheira pó, faça bom proveito. Eu não preciso disso. Não
sou como minha mãe, que largou tudo para seguir um
roqueiro qualquer. Nada disso aqui me impressiona.

— Isso tudo é sobre a Irina? — Ele perguntou


indignado.

— Isso é sobre você ser um cafajeste irresponsável


e mentiroso que não consegue manter o pau dentro das
calças. — Cuspi aquelas palavras com toda a raiva que
eu tinha dentro de mim. — Eu não estou nem aí que você
seja o grande Tristan West, eu mereço mais do que
alguém que age assim pelas minhas costas.

Allan se aproximou nervoso e tocou em seu ombro:


—Tristan, larga ela! —Vocês estão chamando
atenção de todo mundo, é melhor conversarem depois
que os ânimos se acalmarem.

— Não se mete nisso, porra! —Tristan respondeu


possesso e Allan recuou.

Eu continuava gritando:

— Se quer uma modelo ou essas groupies


estúpidas correndo atrás de você, pode ficar com elas,
mas não pense em me procurar depois. Foda-se o clipe,
não quero mais nada com você.

— Olivia, escute. —Tristan vociferou.

— Não tenho que escutar nada, já vi e ouvi o


bastante. Se você não pode ser meu, eu não quero nada,
Tristan— disse entre soluços.

Ele afrouxou o aperto em meus pulsos e eu me


desvencilhei bruscamente:

— Meu deus, como eu pude ser tão cega? Eu sou


uma idiota, uma estúpida. - Eu dizia desconsolada, sem
conseguir olhar para ele.

Quando comecei a andar na direção da saída,


Tristan me agarrou pela cintura e me levantou do chão:
— Não vou deixar você ir a lugar nenhum — Meu
corpo reagiu instantaneamente ao seu toque. Tristan
estava entranhado em mim e mesmo naquele momento,
com toda a mágoa que sentia, eu o desejei loucamente,
o que só serviu para renovar minha raiva, dele e de mim
mesma, por não conseguir dominar os meus
sentimentos.

Mesmo assim eu protestei. Desferi socos em seus


braços, que me envolviam com muita força e mal me
deixavam respirar, agitei as pernas no ar enquanto ele
me arrastava pressionando minhas costas contra seu
peitoral.

Ele me jogou repentinamente em um sofá no canto


do salão e gritou enlouquecido à centímetros do meu
rosto:

— Cala a boca, Olivia!

Estremeci diante dele e engoli em seco. Ele se


curvou na frente do sofá e agarrou meu rosto entre as
mãos, seu olhar era um misto de raiva e desespero.
Continuou, sem abrandar o tom:

— Quer saber, você deve ser mesmo muito idiota.


A pessoa mais cega, a mais estúpida do salão — Eu
tremia de choque e indignação com aquelas palavras —
A única que não consegue ver que eu te amo.
Lágrimas grossas escorreram pelo meu rosto e
antes que eu pudesse assimilar o que tinha acabado de
ouvir, Tristan me beijou com uma paixão que me
consumia por inteira. Foi um beijo faminto, cheio de
aflição e desejo.

— Tristan… — Gemi seu nome, acariciando sua


barba.

Tomou minhas mãos entre as suas e disse olhando


no fundo dos meus olhos:

— Eu sou seu, forasteira. Você é a única mulher


que quero na minha cama, a única em meus
pensamentos…Case comigo.

Perdi o fôlego, não conseguia acreditar no que


estava ouvindo. Eu havia ido do céu ao inferno e voltado
para o céu de novo em poucas horas. Respirei fundo até
conseguir dizer alguma coisa:

— Você está falando sério? — Meus lábios tremiam,


entreabertos e meu coração batia acelerado no peito.

— Nunca falei tão sério em toda a minha vida—Ele


se ajeitou, dobrando um joelho no chão — Olivia Duncan,
você quer casar comigo?
— Oh meu deus, sim. Eu te amo, Tristan —
respondi, sorrindo entre lágrimas.

Tomou minha boca novamente num beijo longo e


cálido.

— Agora só precisamos de um anel. — Disse com


um sorriso largo e encantador e eu ri como uma boba.

Só então me dei conta das pessoas ao nosso redor,


nos lançando olhares curiosos. Tristan se levantou, me
puxando pela mão e anunciou à plenos pulmões:

— Eu vou me casar!
Apesar de estarmos cercados de pessoas, a
realidade se resumia a nós dois naquele momento. Nada
poderia nos tocar. Meu coração disparava no peito e eu
não conseguia parar de sorrir, completamente
arrebatada por aquele pedido inesperado. Nunca pensei
que pudesse sentir algo assim.

Tristan me tomou nos braços e me deu um longo


beijo para deleite dos convidados e da imprensa presente
na festa. O clarão de flashes invadiu minhas vistas assim
que abri os olhos.

— Parabéns ao casal! — Um dos amigos músicos


de Tristan nos cumprimentou.

— Felicidades! — Uma jornalista com rosto


conhecido também veio nos saudar.
Apertei a mão de dezenas de pessoas sem
conseguir prestar muita atenção no que diziam, parecia
que eu ia explodir de tanta felicidade. Até que Allan se
aproximou com um sorriso forçado no rosto e uma
pontada de angústia me trouxe um pouco da realidade
de volta. Deu um abraço e vários tapinhas nas costas de
Tristan:

— Tristan, parabéns, cara. Você não cansa de nos


surpreender.

— Obrigado. Não imaginava que ficaria noivo essa


noite. — Tristan respondeu, pegando minha mão e
olhando para mim ao acrescentar — Mas agora que eu
pedi minha forasteira em casamento eu não sei como
pude esperar tanto.

— Vocês acabaram de se conhecer — Allan


comentou rindo nervosamente.

— É como dizem, quando você sabe, você sabe —


Tristan respondeu com um sorriso franco e me lançou um
olhar tão genuíno e amoroso que fiquei ainda mais
emocionada. Não havia nenhum sinal de dúvida
nublando seus olhos e naquele momento eu quase me
convenci de que ficaria tudo bem.

Allan me abraçou sorrindo e me felicitando em voz


alta, mas sussurrou sorrateiramente no meu ouvido:
— Você foi longe demais. Vamos ter que consertar
isso.

Meu sangue esquentou de indignação na hora.


Engoli em seco, sem poder respondê-lo. Quem ele
pensava que era para me ameaçar daquele jeito?

Ashley não foi muito calorosa quando chegou a vez


dela nos felicitar. Queria entender o que ela tinha contra
meu relacionamento com Tristan. Seria ciúmes? Ela
parecia extremamente profissional e trabalhava com
Tristan há muitos anos, me perguntava se sua atitude
com Serena e as outras que passaram pela vida dele era
a mesma.

Avistei Meghan do outro lado do salão, saindo de


fininho com Irina, que estava de cabeça baixa, com os
cabelos tampando o rosto. Fiquei envergonhada do meu
descontrole agora que a raiva havia passado, mas não
estava exatamente arrependida.

— Quero o melhor champanhe desse lugar para


todos os convidados! — Tristan dizia exultante.

Passei o resto da festa naquele estado de


excitação, com todos os olhares voltados para nós.
Tristan abriu a primeira garrafa de champanhe fazendo a
rolha voar longe, brindamos, tiramos fotos, conversamos
com muita gente, mas eu só pensava em quando
ficaríamos sozinhos novamente.

Como se lesse meus pensamentos, Tristan me


puxou para ele e disse em meu ouvido:

— Acho que está na hora da segunda parte da


comemoração — Subiu a mão pelo meio das minhas
coxas e minha pele se arrepiou na mesma hora.

— Já passou da hora. —Sussurrei, quase


encostando minha boca na dele, que me agarrou,
atacando minha boca, num beijo ávido e sedento.

Mal conseguimos nos conter durante o caminho até


o quarto e Tristan me pegou no colo assim que abriu a
porta da suíte espaçosa. Enlacei seu pescoço e o beijei
durante o caminho, atravessando a luxuosa sala até a
cama de casal

Ele me jogou na cama, deslizando as mãos por


baixo da minha blusa. Minha pele pegava fogo por onde
ele tocava. Ajoelhou-se na minha frente e acariciou
minhas coxas, fazendo minha saia deslizar por elas. Gemi
e arqueei as costas, com minhas pernas apoiadas em
seus ombros, enquanto ele distribuía beijos e mordidas
em toda a extensão das minhas coxas.
— Agora você é oficialmente minha, forasteira —
Ele disse com um sorriso apaixonado que me fez ficar
toda derretida. Ainda não conseguia acreditar que aquilo
estava realmente acontecendo.

Se livrou da minha calcinha e sutiã com poucos


movimentos e despiu sua camisa me fazendo perder o
fôlego, eu nunca me acostumaria com seu corpo
musculoso e perfeito, não importa quantas vezes eu o
olhasse.

Meus mamilos duros e sensíveis se chocaram


contra sua pele nua quando ele atacou minha boca. Gemi
e estremeci, sentindo o desejo quente e pulsante se
irradiando pelo meu corpo. Seu cheiro me deixava louca
e enterrei meu rosto em seu peito, agarrando-me a ele
com desespero, enquanto ele mordia o lóbulo da minha
orelha e soltava um gemido rouco em meu ouvido,
deixando-me arrepiada.

Mordeu meu pescoço e deslizou uma das mãos até


o meio das minhas pernas, massageando meu clitóris
inchado. Gemi descontroladamente, ondulando,
estremecendo. Estava encharcada até o meio das coxas.

— Tristan, espera. — Disse em um sussurro.

Ele estacou e levantou o rosto para me fitar. Seus


olhos ardiam com uma intensidade feroz, estava muito
sério. Meu coração batia descontroladamente no peito e
minha respiração se tornou ainda mais pesada, precisava
dizer o que não saía da minha cabeça:

— Tristan, quando eu disse que queria você só para


mim ou era melhor não ter nada eu estava falando sério
— Disse olhando no fundo dos seus olhos, com a mão
repousada em sua barba loira. — Eu não ligo se você
está acostumado a ter a mulher que quiser em sua cama,
se você é um espírito livre ou seja lá o que for. Não vou
te dividir com ninguém, eu não suportaria.

Ele demorou um tempo para reagir, mas então sua


expressão carregada desanuviou e ele abriu um largo
sorriso, antes de dizer:

— Ah, menina… minha forasteira que veio do outro


lado do oceano para mudar minha vida. Tudo ficou
melhor depois que você chegou! Eu amo você como
nunca amei ninguém antes. Não tem com o que se
preocupar, você me arruinou para as outras. Só quero
você, o tempo todo.

Lágrimas escorreram dos meus olhos ao ouvir


aquelas palavras. Nada mais importava para mim, só
aquele momento, queria ficar nos braços dele para
sempre.
— Ah, Tristan. Eu te amo tanto. — As palavras
escaparam do fundo da minha garganta, quase como um
lamento.

Tristan me beijou ternamente, aumentando a


intensidade aos poucos, até que seu desejo se tornou
voraz. Desceu a boca até meus seios, sugou meus
mamilos rígidos e doloridos, elevando ainda mais minha
agonia, deixando-me faminta por ele. Seguiu beijando
minha barriga, se apoderando de cada pedacinho do meu
corpo.

Pressionou meus seios contra seu peito ao deitar


sobre mim. Desci as mãos até sua calça e abri o zíper,
libertando seu pau duro e cheio de veias, sentindo-o
pressionado contra minha barriga, enquanto Tristan me
apertava contra ele, cada vez mais ávido e exigente.

Agarrei seu pau, sem conseguir fechar totalmente


minha mão em torno dele. Deslizei a mão por todo seu
comprimento, fazendo um movimento de vai e
vem.Tristan deitou de costas na cama, me puxando para
cima dele, com as mãos em torno do meu pescoço. Foi
minha vez de provar cada pedacinho dele, inalar seu
cheiro, descendo minha boca pelo seu peito e abdômen
definido.

Fiz movimentos circulares com a língua na cabeça


do seu pau e coloquei na boca, enfiando aos poucos até
o fundo da garganta.

— Porra, Liv! — Ele grunhiu em meio a um gemido,


enterrando a mão nos meus cabelos.

Chupei com vontade, aumentando o ritmo à


medida que me sentia mais habituada com seu tamanho.
Tristan se contraiu e apertou sua mão em torno da minha
nuca. Lágrimas escaparam dos meus olhos, enquanto
seu pau batia no fundo da minha garganta.

Aumentei o ritmo dos movimentos enquanto


deslizava minha mão da base até a ponta ao mesmo
tempo. Tristan soltou um gemido e puxou meu cabelo:

— Pare se não quiser que eu goze na sua boca —


disse entredentes.

Lambi todo o comprimento do seu pau, depois de


deixá-lo escapar da minha boca. Eu precisava dele
dentro de mim. Subi em suas coxas e ele acariciou meus
mamilos, provocando ondas de prazer que só
aumentavam minha agonia. Agarrei seu pau, colocando-o
na direção da abertura escorregadia entre minhas
pernas. Tristan puxou meus quadris com firmeza e me
penetrou. Gemi alto, estremecendo de prazer. Tomou
minha boca, beijando-me apaixonadamente.
Movimentava-me para cima e para baixo, guiada
por suas mãos enormes e fortes. Enlacei seu pescoço e
sorvi seu cheiro e seu gosto inebriante, enquanto era
preenchida por seu pau. Minhas paredes internas se
contraíram em torno dele e eu ondulei, gemendo
descontroladamente, enquanto ele ditava o ritmo das
estocadas.

— Ah, Liv, como você é gostosa. Eu te amo demais!

Ele se sentou na cama e lambeu meus mamilos.


Relaxou, deixando que eu tomasse as rédeas e eu o
cavalguei como queria. Sentindo suas mãos apertando
minha bunda, sua língua acariciando-me e seu pau
pulsando dentro de mim.

Fui varrida por um orgasmo intenso e arquei minha


cabeça para trás, com os olhos fechados, enquanto
gemia, estremecia e ondulava. Tristan agarrou meus
cabelos e ordenou:

— Abra os olhos, Olivia. quero você olhando para


mim enquanto goza no meu pau.

Ele meteu mais forte, segurando minha cintura, até


gozar também, dizendo o quanto me amava. Continuei
em cima dele, sem tirá-lo de dentro de mim. Beijei sua
boca e todo o seu rosto, ainda com a respiração
ofegante, enquanto ele acariciava meus cabelos.
Dormi em seus braços, me sentindo a mulher mais
sortuda do mundo. Aquilo era uma loucura completa,
fazia pouco mais de um mês que nos conhecíamos, mas
era como se ele fizesse parte de mim desde sempre. Não
lembrava mais de como era minha vida sem ele e não
queria mais lutar contra esse sentimento. Sabia que sua
família não me aceitaria tão facilmente, mas desde que
ele estivesse ao meu lado, tudo ficaria bem.

Chegamos na Califórnia depois de 2 semanas no


Canadá que não poderiam ter sido melhores. Não me
importava com os olhares de desaprovação de Meghan e
Allan e com as piadas dos membros da banda, apostando
quanto tempo meu noivado iria durar.

Olivia havia se enturmado com a equipe e estava


mais relaxada. Andávamos juntos para todo o lado.
Íamos a jantares a dois e preferíamos a companhia um
do outro à ficar muitas horas nas festas que aconteciam
depois dos shows.

Ashley se mostrava cética, mas acabou cedendo


um pouco depois que pedi sua ajuda para escolher um
anel. Ela acompanhou meu relacionamento conturbado
com Serena e teve muito trabalho junto com a assessoria
de imprensa para abafar os escândalos e consertar as
merdas que fazíamos. Chegamos a destruir dois
apartamentos durante brigas e fomos expulsos de alguns
condomínios. Pensando sobre tudo isso, eu entendia
porque ela tinha suas reservas.

Observei Olivia olhando maravilhada pela janela do


carro enquanto percorríamos a Sunset Boulevard.

— É tudo tão lindo e ensolarado! — Se virou para


mim sorrindo. Seus olhos brilhavam e ela estava ainda
mais bonita naquele momento. Sabia que guardaria sua
imagem ali, com os cabelos ondulados ao vento e as
bochechas rosadas.

Havia uma multidão nos esperando quando


chegamos na entrada do Bel Air hotel. Conseguimos
despistar uma parte das pessoas, que esperavam que a
gente fosse para o Chateau Marmont, mas logo haveria
gente acampando na frente do hotel.

Puxei Olivia para mim, passando o braço por seus


ombros quando descemos do carro. Ela se encolheu
diante da algazarra e os seguranças abriram caminho.
Chegamos ao lobby e respirei aliviado por estar longe
daquelas pessoas ensandecidas.

Olivia deu um grito eufórico ao avistar sua amiga


esperando no grande salão e correu ao seu encontro.
— Amy! Que saudades! Mas como você veio parar
aqui?

— Seu noivo achou que gostaria da surpresa. — Ela


respondeu sorrindo, olhando para mim por cima do
ombro de Olivia.

— Oh meu deus! Não poderia ter uma surpresa


melhor!

Correu na minha direção e me abraçou:

— Obrigada, meu amor!

A felicidade estampada no seu rosto me dava uma


estranha satisfação, nunca havia me importado com
ninguém dessa forma e agora me pegava pensando em
todas as maneiras em que poderia deixá-la feliz.

O dia foi agitado, cheio de compromissos chatos


com a imprensa. Olivia aproveitou para descansar com
Amy até a hora de irmos gravar. Chegamos em uma das
locações do clipe, o Orpheum Theatre, e quem foi
surpreendido desta vez fui eu. Dom e minha mãe
estavam lá nos esperando.
O sangue fugiu do meu rosto assim que eu avistei
Dom ao lado da mãe deles. Deveria saber que algo
estava por vir, ele estava quieto por tempo demais.

— O que vocês estão fazendo aqui? —Tristan


perguntou meio ríspido, parando há alguns metros de
distância deles.

— Como assim o que estamos fazendo aqui?


Descubro sobre seu noivado pela imprensa e é assim que
nos recebe? — Sua mãe respondeu se precipitando na
nossa direção.

O olhar gelado de Dom me encontrou por um breve


segundo e eu senti um aperto no peito. Havia ignorado
as mensagens e ligações que ele fizera com um número
privado, tentando adiar ao máximo aquele confronto.
Fui bem-sucedida em evitar ficar sozinha com Allan
até aquele momento também, depois de perceber que
ele jamais ficaria do meu lado.

Tristan abraçou a mãe que veio de braços abertos e


relaxou um pouco:

— Estou feliz em vê-los, só não esperava que


estivessem aqui. — Ele se justificou e nos apresentou —
Liv, essa é a minha mãe, Amanda, você deve se lembrar
dela do dia da festa. Mãe, essa é minha noiva, Olivia.

— Mas que coisinha linda você é! — Amanda disse


me olhando da cabeça aos pés, estampando um sorriso
artificial — Não foi atoa que meu filho ficou tão
encantado.

Sorri de volta desconcertada, enquanto Dom


parabenizava Tristan. Em seguida ele se voltou para
mim:

— Seja bem vinda à família. Nunca poderia


imaginar que estava conhecendo minha futura cunhada
naquela noite na Daza. Meu irmão está sempre nos
surpreendendo com suas escolhas.

Amanda soltou uma risada afetada diante do


comentário. Tristan não sorriu, parecendo incomodado.
Passou o braço em volta do meu ombro e disse para os
dois:

— Sei que foi tudo meio repentino para vocês, mas


tenho certeza que não poderia ter feito uma escolha
melhor— Me puxou para mais perto e acrescentou —
Estamos muito felizes.

Apesar do clima tenso, me senti protegida e amada


ao ouvir as palavras de Tristan. Só esperava que seu
amor fosse forte o suficiente para que me perdoasse
quando eu dissesse toda a verdade. Já havia tomado a
decisão de contar tudo assim que voltássemos para Nova
York. Sabia que era o certo a fazer, apesar de ter muito
medo de perdê-lo para sempre.

— Se é assim, também estou muito feliz por vocês.


Mas já que ela vai entrar para a família, precisamos
conviver mais. Vamos organizar um jantar quando
voltarem para Nova York. É uma ótima ideia, não acham?

— Fabulosa — Dom respondeu com um sorriso que


me gelou a espinha.

— Já vou começar a organizar tudo. É um bom


motivo para ter os meus três filhos reunidos de novo.
Christian terá que abrir um espaço na agenda dele.
— Vocês pretendem ficar muito tempo na cidade?
— Tristan perguntou com um vinco na testa.

— Ainda não decidimos. Vim à negócios, vai


depender de como as coisas irão se desenrolar — Dom
respondeu e eu sabia que era um recado para mim.

— Eu posso ficar o tempo que eu quiser. Preferi vir


com Dom do que voltar para Berlim. Seu pai já está lá, é
claro. Nunca vi gostar tanto daquele lugar! Vou ter que
arrastá-lo de volta para Nova York na ocasião do jantar.
— Amanda tagarelava e Tristan se remexeu impaciente
do meu lado.

— Nós começaremos em 10 minutos — Uma


pessoa da equipe de filmagem veio nos avisar e fiquei
aliviada.

— Precisamos ir, a gente se fala. Foi bom ver vocês


—Tristan aproveitou a deixa e se despediu, fiz o mesmo e
me afastei com ele.

O humor de Tristan mudou visivelmente depois


daquele encontro. Soltou um longo suspiro como se
estivesse exausto da breve interação que tiveram. Alisou
a barba inquieto, evitando olhar para mim.

— Você não parece ter gostado da ideia do jantar


— Disse e acrescentei quando ele me encarou — Acha
que sua família não vai me aceitar?

— Nunca me importei muito com a aprovação


deles. Mas acho que a Sra. Amanda West- Buchmann
gostou de você. Ela seria louca se não gostasse — Ele
sorriu e me abraçou, mas continuei tensa.

— E o seu irmão? Será que gostou também? —


Insisti.

— Dom não se importa muito com quem eu estou,


desde que isso não afete a família. Christian menos
ainda. Você não precisa se preocupar com eles. A gente
conversa sobre isso depois, ok? — Ele disse segurando o
meu rosto.

Balancei a cabeça e o observei se afastando na


direção do palco. Amy veio logo animada na minha
direção:

— Vou ter uma pontinha no clipe. Travis achou uma


boa ideia. Vou aparecer do seu lado na plateia. — Deu
pulinhos e me abraçou. Tentei relaxar um pouco.

— Travis? — Levantei uma sobrancelha. Reparei


nos dois conversando animadamente quando Meghan se
afastava.

— Que cara é essa?


— Nada. Eu só estava pensando aqui, sabe quem é
muito bonito e ainda por cima solteiro? Jack.

— E muito mal-encarado também. Acho que ele


não tem muito interesse em conversar com as pessoas.
Talvez porque seja um virtuoso, como Travis estava me
contando. Só se interessa em bateria e tatuagens.

— Amy, cuidado. Flertar com Travis não vai te levar


a nada.

— Relaxa, Liv. Sei o que estou fazendo, somos


apenas amigos. E eles tem um relacionamento aberto
pelo o que sei.

— Acho que sim, desde que ela possa participar.

— Ela não faz o meu tipo. Não daria certo.

Rimos e eu quase esqueci por um momento da


minha situação angustiante. Amy notou o meu estado e
me fez prometer que iríamos conversar mais tarde.

As gravações se arrastaram, era um processo lento


e repetitivo, com muitas cenas sendo gravadas dezenas
de vezes. Minha participação ao lado de Amy neste
primeiro momento envolveu apenas assistir ao show do
Easy Riders da primeira fila, dançando e cantando junto
como uma fã alucinada.
Fui instruída a olhar apaixonada para Tristan
enquanto ele cantava para que a câmera capturasse o
momento. Foi bem fácil, já que não precisaria atuar para
isso, apenas esqueci de todo mundo ao nosso redor e
fingi que só havia eu e ele ali. No final do dia, já havia
ouvido a música Foreign Girl umas cem vezes e saímos
exaustos do teatro.

O show da noite no The Forum foi um sucesso


como de costume. Dessa vez eu não assisti tudo com
atenção, fui para os bastidores com Amy para espairecer.
Tive medo a noite inteira de dar de cara com Dom, mas
ele não apareceu. Respirei aliviada no caminho para o
hotel, finalmente seria só eu e Tristan de novo.

Assim que abriu a porta do quarto, Tristan me


puxou para ele, atacou minha boca, praticamente me
devorando com sua língua, num beijo faminto e delicioso.
Minha pele se incendiou na mesma hora quando ele me
empurrou contra a parede e agarrou meu pescoço, com
os olhos escuros de desejo.

— Ah, menina, passei a noite toda pensando nessa


boca deliciosa… — Disse, passando o polegar pelos meus
lábios.

Desceu os olhos até meu decote e rasgou minha


blusa de botões, arrancando meu sutiã rapidamente.
— Nesses peitos perfeitos … — Gemi e encharquei
até as coxas quase imediatamente, quando ele tomou
um dos meus seios na boca e sugou meu mamilo,
enquanto acariciava o outro — com os mamilos sempre
durinhos de tesão.

Subiu meu vestido e rasgou a calcinha preta


minúscula. Estremeci e gemi descontroladamente
quando afastou meus joelhos e massageou meu clitóris.

— …e nessa sua bocetinha apertada e quente —


Ondulei e comecei a dizer coisas desconexas.
Choraminguei sedenta por mais quando Tristan parou de
repente e me jogou de bruços na cama.

Mordiscou a curva do meu pescoço, descendo


pelas minhas costas. Estremecia e latejava, cada vez
mais encharcada a cada toque.

— Como você é gostosa — Deu um tapa forte de


cada lado da minha bunda e soltei um grito, com a
mistura de dor e prazer. Não estava preparada para a
onda de tesão que varreu meu corpo quando ele abriu
minhas nádegas e circulou o orifício apertado entre elas
com a ponta da língua firme e molhada.

— Hoje você vai gozar com o meu pau enterrado


nesse cuzinho — Me contraí na mesma hora em que ele
disse isso perto do meu ouvido. Estava louca de desejo,
mas tinha medo que doesse.

Ele girou meu corpo, me colocando de costas na


cama. Olhou-me com tanta paixão que meus olhos se
encheram de lágrimas, senti-me a mulher mais sortuda
do mundo em seus braços. Meu coração batia
descompassado, enlacei seu pescoço, alisei sua barba e
busquei sua boca com tanto desespero que nossos
dentes se chocaram. Gemi ofegante em sua boca.

— Ah, Tristan, eu preciso de você — sussurrei entre


gemidos, enlaçando seu quadril com minhas pernas.

Tristan se pôs de pé na frente da cama e se despiu,


com seu olhar penetrante fixo em mim. Quase babei com
a visão do seu corpo, com seus braços fortes, peito largo
e abdômen cheio de gomos. Não conseguia manter
minhas mãos longe dele. Ajoelhei na cama e beijei toda a
trilha de pelos claros que levava ao seu pau grande e
grosso.

Foi a vez dele gemer quando suguei a cabeça do


seu pau, deslizando por todo o seu comprimento. Ele
pulsava na minha boca, enquanto eu chupava com
vontade.

—Aaaah, Olivia…
Agarrou meus cabelos e meteu mais fundo na
minha boca, até meus olhos lacrimejarem:

— Quero você tocando nessa bocetinha enquanto


chupa o meu pau.

Fiz o que ele disse e esfreguei meu clitóris inchado


e sensível. Gemi e me contraí, sendo tomada por
espasmos. Tristan soltou um som gutural e me puxou
pelos cabelos, tirando o pau inteiro da minha boca.

Deitou - me de volta na cama e espalhou minha


lubrificação até meu ânus, enfiando um dedo.

— Tristan… — Arfei.

— Relaxa — disse, depositando um beijo no meu


pescoço — Continua tocando essa bocetinha enquanto
eu fodo seu cuzinho.

Levantou minhas pernas me deixando totalmente


aberta para ele e posicionou o pau onde queria, forçando
a cabeça na minha entrada de trás.

Gritei com lágrimas saindo dos meus olhos e


pressionei o clitóris com mais força.

— Quer que eu pare? — Perguntou com um vinco


na testa.
— Não, por favor, continua — Respondi ofegante.

Era tudo o que ele precisava ouvir para enfiar com


tudo dentro de mim.

— Aaaah, meu deus — Tive a sensação que seu


pau me rasgava por dentro. Ardia e latejava, fazia com
que eu me sentisse cheia.

— Aaaah, puta que pariu… — Começou a se


movimentar devagar dentro de mim.

Eu vibrava por inteiro, aos poucos a ardência e a


pressão forte foi dando lugar a um prazer descomunal,
agora eu era completamente dele.

— Eu amo você, Tristan, eu amo você…

Fui tomada pelo orgasmo mais intenso que já havia


sentido, Tristan logo me seguiu, desabando entre meus
seios. Ficamos ali, na mesma posição por um tempo.
Depois Tristan me beijou, ainda ofegante e com um
sorriso satisfeito no rosto. Deitou-se de costas na cama e
me puxou para seu peito.

— Porra, Olivia. Você tem noção de como você é


gostosa?
Sorri aninhando-me nele. Notei seu rosto relaxado
e sorridente ficar sério de repente, como se estivesse
pensativo, enquanto acariciava minhas costas. Virou-se
para mim, erguendo meu queixo e disse, olhando no
fundo dos meus olhos:

— Você foi a melhor coisa que poderia ter


acontecido na minha vida, eu amo você.

Me beijou apaixonadamente e não pude conter as


lágrimas, meu coração ficou apertado só de pensar no
quanto a verdade poderia magoá-lo.

— Eu também te amo, não se esqueça disso.


Nunca se esqueça disso.

Ele abriu um largo sorriso e enxugou minhas


lágrimas.

— Já passou da meia noite — ele disse se


erguendo sobre mim, apoiado em um cotovelo — Feliz
aniversário, meu amor.

— Obrigada — Respondi sorridente, puxando-o


para um beijo.

— Agora vamos tomar um banho porque temos


uma festa no Chateau Marmont. Dom organizou tudo.
Meu sorriso se desfez, só de ouvir aquele nome eu
ficava tensa. Ele pretendia me encurralar nessa festa,
tinha certeza disso.

— O que foi, Liv? Não gosto dessa cara.

— Nada, eu só preferia continuar aqui. Não estava


preparada para ir a uma festa, só isso.

— Você vai gostar de conhecer o Chateau. É um


lugar lendário. Não pode passar por LA sem fazer uma
visita. E depois teremos o resto do dia só para nós dois,
eu preparei um roteiro para seu aniversário. Se isso for
sobre se sentir tensa perto da minha familia, relaxa. Dom
e minha mãe são a parte fácil.

Ele estava obviamente empolgado e tentei tirar


qualquer preocupação da minha cabeça. Era apenas uma
noite, eu poderia lidar com isso. Talvez fosse melhor
confrontar a situação de uma vez.

— Tudo bem, vamos lá.

O chateau Marmont era realmente


impressionante, com sua arquitetura que lembrava um
castelo medieval e seus jardins tropicais de encher os
olhos. Era tudo muito opulento e extravagante, ao estilo
de Hollywood.

Chegamos em uma limousine, junto com Aaron,


Amy e Jack. A festa estava acontecendo em um dos
terraços com vista paradisíaca que havia ali. Dei passos
vacilantes ao lado de Tristan, Amy me lançou um olhar
que significava que eu deveria disfarçar melhor meu
nervosismo.

— Enfim, as estrelas da festa! — Dom saiu do


restaurante amplo com uma camisa aberta e uma taça
na mão. Uma loira com roupas chamativas estava
pendurada nele.

Tristan o cumprimentou, bem mais relaxado do que


no primeiro encontro que tiveram mais cedo, olhou em
volta sorrindo e comentou:

— Esse lugar me traz muitas lembranças do início


da banda.

— É como dizem, se estas paredes pudessem falar


— Dom acrescentou rindo e se voltou para mim, em
seguida — Seja bem-vinda ao coração de Hollywood,
cunhada.

Seu sorriso me dava um frio na espinha toda vez e


a forma como dizia a palavra ‘cunhada’ estava me dando
nos nervos. Só percebi que eu estava encarando-o sem
responder nada quando Tristan me chamou e eu saí do
transe.

— Liv? — Ele me olhou confuso e dei um sorriso


amarelo — Vamos sentar um pouco e beber alguma coisa
— Acrescentou, me puxando para longe dali.

Dezenas de pessoas que eu não conhecia vieram


me parabenizar pelo noivado e pelo meu aniversário.
Reconheci alguns rostos que estavam sempre presentes
em festas envolvendo a banda.

Tomei alguns drinks tropicais que foram servidos e


fiquei logo tonta. O clima na mesa mudou um pouco
quando Travis chegou com Meghan. Ele estava
contrariado depois de Aaron voltar e roubar a cena, pelo
o que Tristan me contou. Aaron havia escrito algumas
músicas durante seu tempo de reabilitação e Tristan
queria testá-las com o público no próximo show. Passei
um bom tempo sem sair do lugar, tentando prestar
atenção nas conversas, mas só contava os minutos para
estar longe daquilo tudo.

— Amiga, vamos dançar um pouco. Vem! — Amy


me puxou antes que eu pudesse pensar no que estava
fazendo.
. Assim que fomos para a pista de dança, ela
disse no meu ouvido:

— Liv, você precisa disfarçar essa cara.

— Droga, por isso que eu não queria levantar da


mesa — respondi, vendo Dom vindo na minha direção.

— Tente agir naturalmente, não vai colocar tudo a


perder hoje — Amy disse e eu assenti.

— Está curtindo a festa? — Ele perguntou


sorridente assim que se aproximou.

— Muito. Está tudo perfeito, obrigada — respondi


com um sorriso congelado.

— Que ótimo. Quero te mostrar uma coisa, vem


comigo — seu tom era muito amigável e casual.

Falei com Amy e o segui com o coração aos pulos.


Sua expressão mudou da água para o vinho assim que as
pessoas ficaram para trás. Estávamos em um corredor
perto da cozinha do restaurante.

— É melhor que você esteja pensando em como


acabar com essa palhaçada de noivado antes do fim do
prazo. Você tem menos de um mês para resolver isso —
Ele disse direto ao ponto.
— Eu não posso — respondi balançando a cabeça
em negativa — Dom, eu amo seu irmão. Me apaixonei
por ele de verdade durante essa trama maluca que vocês
criaram.

Ele soltou uma gargalhada cruel:

— Mas é claro que se apaixonou — seu tom era


sarcástico e eu tremia de indignação.

— Você pode não acreditar em mim, mas estou


disposta a lutar por Tristan até o fim. Não quero seu
dinheiro sujo. Vou devolver a droga do cartão de crédito
que me deu e pode tirar todo o dinheiro da conta que
vocês criaram para mim. Está intocado.

Ele me ouviu com um sorriso desdenhoso durante


todo o tempo e respondeu:

— Escuta aqui, garota, meu irmão pode até ser


facilmente levado por esses arroubos sentimentais, mas
eu não.

Lágrimas grossas escorriam pelo meu rosto, ele


continuou no mesmo tom de desprezo:

— Bem que Christian me alertou que era arriscado


Tristan se envolver mais do que deveria. Mas não se
engane, Tristan é viciado em emoções fortes e assim que
a adrenalina vai embora, ele parte para outra. Ou você
levou esse pedido de casamento absurdo à sério?

— Agora eu vejo porque vocês nunca serão uma


família de verdade para ele — disse perturbada com o
que ouvia.

— Se você está pensando em contar o que não


deve, saiba que ninguém mexe com a minha família e sai
impune. Eu vou me certificar que você não consiga viver
um dia de paz em Nova York ou em qualquer lugar em
que você tente se esconder.

— Não vou desistir de Tristan — respondi, tentando


firmar a voz.

Ele me ignorou e continuou:

— Sabe, eu descobri uma coisa muito


interessante sobre sua mãe. A imprensa iria adorar
essa história. Mas acredito que seria muito duro
para o velho John Duncan ser humilhado
publicamente como o ex-marido traído de Marianne
Reese.

— Meu pai não tem nada a ver com isso! Faz o que
você quiser comigo, mas deixe minha família em paz.
Não é possível que você seja tão insensível assim? —
Gritei revoltada.
— Pobre John, ele era apenas mais um professor
pervertido que gostava de dormir com suas alunas,
algumas eram até mesmo menores de idade.

— Isso não é verdade. Você não seria capaz.

— Você tem um mês para decidir se quer colocar


tudo a perder por causa de uma paixonite ou se vai
colocar a cabeça no lugar — disse e mudou sua
expressão bruscamente, acrescentando num tom
amigável de novo — Agora vamos sair desse lugar
escuro. Eu disse que tinha uma coisa para te mostrar.
Mandei fazer esse prato especialmente para você, vai se
sentir na Escócia.

Eu o segui chocada com o quanto ele podia ser


dissimulado, entramos na cozinha e ele me apresentou
ao chef, que me serviu um cranachan. Era uma das
minhas sobremesas favoritas e me trouxe memórias na
mesma hora. O fato de Dom conseguir brincar com
minhas emoções daquela maneira me deixou ainda mais
revoltada.

Voltei para a festa ainda em estado de choque e


Tristan veio na minha direção:

— Onde você se meteu? Estava te procurando —


ergueu o meu queixo e franziu a testa — Que cara é
essa?
—Não é nada. Besteira minha. Eu ganhei um
cranachan, fazia muitos desses lá em Portree. Acho que
bateu a saudade de casa e fiquei emocional — Senti-me
tão suja quanto Dom naquele momento, mas ainda não
era a hora certa de dizer a verdade.

Tristan sorriu ternamente para mim e me deu um


beijo

— Vamos passar um tempo na Escócia, prometo.


Agora me dê um pedaço desse negócio para eu ver se
vale toda essa comoção mesmo.
Talvez eu estivesse paranóico depois de beber
além da conta, mas parecia que todos haviam resolvido
agir como loucos. Allan estava cada vez mais isolado,
Olivia voltou a ficar tensa, Dom e minha mãe estavam
sendo receptivos até demais em relação ao meu noivado,
o que era algo novo para mim. Naquele momento,
Amanda West-Buchmann conversava animadamente
com Olivia em uma roda de amigas socialites dela.

Fiquei surpreso ao avistar Lou Reese, ele olhava ao


redor meio deslocado. Marianne não estava em nenhum
lugar para ser vista. Eles se afastaram desde que a
verdade sobre Olivia veio à tona.

— Não sabia que você estava na cidade. É bom te


ver, cara! — Cumprimentei Reese — Como estão as
coisas?
— Estão um pouco melhor. Talvez eu volte aos
palcos em breve. Pegar a estrada me faz bem.

— Se ainda estiver na cidade, pode tocar no nosso


próximo show. Você é sempre bem-vindo.

— Obrigado, vou pensar nisso. Estou aqui há uma


semana. Ia ligar para você, mas soube da festa e achei
que seria uma boa ocasião para aparecer. Trouxe isso
para entregar à Olivia. Marianne mandou — disse me
entregando uma caixa de madeira.

Olhei para a direção em que Olivia estava


momentos antes e não a vi. Minha mãe continuava no
mesmo lugar com as amigas. Procurei por Amy e vi que
ela conversava com Aaron e Jack. Fiquei incomodado
com seu sumiço, já que ela estava se esgueirando pelos
cantos a festa inteira. Era como se estivéssemos
voltando ao começo, quando ela estava sempre fugindo,
se escondendo.

— Não sei onde ela está agora, mas vou entregá-la.


Obrigado — respondi.

— É importante. Então, não deixe em qualquer


lugar. Marianne quis muito vir, mas achou que seria
melhor deixar Olivia ver o que tem aí dentro e tirar as
próprias conclusões, antes de se aproximar novamente.
— Então vocês estão começando a se entender de
novo?

— Estamos tentando. Quem sou eu para julgá-la?


Você deve entender do que estou falando, fiquei
totalmente cego quando me apaixonei por ela há 18
anos. Ela mentiu sobre Olivia, mas não fui tão inocente.

— Sim, sei do que está falando — disse, dando um


sorriso meio amargurado —Vou pedir para Ashley cuidar
disso. Vem comigo, vamos beber alguma coisa.

Deixei o pacote aos cuidados de Ashley e sentei-


me com Reese. Conversamos por um longo tempo.
Falamos sobre o meu noivado com Olivia e como agora
éramos parte da mesma família. “Uma família
disfuncional para caralho”, pensei, mas não dividi esse
pensamento com Reese.

Olhei em volta e ainda nada de Olivia voltar. Não


conseguia mais ignorar meu incômodo com aquilo,
precisava encontrá-la e descobrir o que estava
acontecendo. Pedi licença a Reese e fui procurá-la.
Perguntei a Amy, e ela não tinha visto a amiga há pelo
menos meia hora.

Andei por toda a extensão do terraço, esbarrei em


um monte de gente e tive que me livrar de algumas
pessoas que queriam me deter numa conversa. Já estava
irritado quando ouvi vozes alteradas na direção dos
fundos do restaurante. Meu coração disparou assim que
reconheci a voz dela.

— Você está me machucando — Olivia dizia com a


voz trêmula.

Segui o som até os fundos do restaurante e vi que


ela estava encurralada contra a parede. Demorei alguns
segundos para me dar conta de que o homem que a
empurrava, apertando seus pulsos era Allan.

— Trabalhei duro por muitos anos para chegar até


aqui e não vou deixar uma vadia qualquer destruir tudo!
Você não passa de uma puta que tem que se colocar no
seu lugar. Conheço o seu tipo, de inocente só tem a cara.
É uma vadia aproveitadora — Ele berrava e a segurava
com violência, encoxando-a na parede.

Olivia deu uma joelhada no meio das pernas do


desgraçado e ele urrou de dor, mas conseguiu golpeá-la
no rosto com as costas da mão.

— Sua puta, eu te mato! — Ele berrou e a puxou


pelos cabelos.

Senti uma raiva insana e não pensei em nada,


apenas voei para cima dele. Segurei o colarinho de sua
camisa e desferi um soco em sua cara, depois outro. Na
minha insanidade, a cena que acabara de presenciar se
misturou às memórias que eu tinha do dia da morte da
minha mãe.

“Você é a puta daquele rato traidor, não é? Você


vai morrer por causa daquele desgraçado. A culpa é toda
dele. É uma pena porque você é tão gostosa…”

A frase ecoava nos meus ouvidos, tudo veio à tona


de uma vez, me deixando completamente perturbado e
confuso.

—Tristan, para! Por favor, chega!

A voz de Olivia me trouxe de volta à realidade e me


detive, olhando atônito para o rosto desfigurado de Allan,
enquanto era segurado pelos homens que faziam a
segurança do Easy Riders. Minhas mãos tremiam pela
descarga de adrenalina. Ainda estava meio atordoado
quando vi Olivia olhando horrorizada de Allan para mim.
Tentei me aproximar, queria saber se ela estava bem,
mas ela recuou assim que dei um passo na sua direção.
Amy correu para abraçá-la, enquanto eu era levado para
um lugar mais reservado. Vi Dom dispersando as pessoas
e fazendo telefonemas, provavelmente para o advogado
da família.

Todo mundo falava ao mesmo tempo e eu apenas


fiquei ali com os olhos vidrados, enquanto retiravam
Allan todo arrebentado do local. Dom segurou meu rosto,
tentando trazer minha atenção de volta e falou para que
eu o acompanhasse. Chegamos em uma sala, longe de
toda aquela barulheira. Ele logo saiu, com o telefone na
mão. Não me fez perguntas.

— Mas que porra aconteceu? Allan foi embora


numa ambulância. Você ficou maluco, caralho? — Travis
entrou de modo intempestivo na sala onde eu me
encontrava. Seguido de Aaron e Jack.

— Ele está demitido. Não quero olhar para aquele


filho da puta nunca mais e vai ser processado também —
esbravejei.

— Se ele for, eu vou junto. Não aguento mais fazer


o que você manda — Travis gritou e virou a mesa de
centro antes de sair.

— Acho melhor eu ir atrás dele enquanto vocês


dois conversam — Jack falou, saindo de fininho.

Aaron tentava se aproximar de mim, enquanto eu


andava de um lado para o outro.

— Sei que você deve ter tido um bom motivo para


dar uma surra nele. Pegou sua noiva no flagra? Foi o que
eu ouvi vindo para cá.
— Era só o que me faltava, aquele filho da puta me
paga.

— Então… é verdade ou não? — Aaron insistiu meio


receoso.

— Não, porra. Aquele desgraçado estava bateu


nele — gritei indignado e ele arregalou os olhos — Fez
ameaças. Não sei de que porra estavam falando, não sei
de nada. Mas eu vou descobrir.

Foi a vez de Dom entrar na sala. Antes que ele me


passasse algum sermão eu o puxei pelo terno e
perguntei com desespero:

— Onde ela está? Preciso falar com ela.

— Calma, cara. Ela foi na limousine com a amiga.


Vai esperar no hotel. Eu consegui resolver a situação. Os
funcionários assinaram contratos de confidencialidade e
eu subornei quem eu pude para você não entrar na lista
de celebridades banidas para sempre do Chateau
Marmont. Nossa mãe já foi para a casa de Malibu, achei
melhor tirá-la daqui o mais rápido possível.

— O carro está pronto para nos levar ao hotel se


estiver preparado. Vamos sair por um caminho discreto
— Ashley disse assim que chegou.
Assenti e segui os dois com Aaron em meu encalço.
Ashley leu a nota que a assessoria de imprensa
divulgaria sobre o caso e se mostrou preocupada com o
show que aconteceria dali dois dias, mas naquele
momento eu não conseguia me importar. Tinha o
pensamento fixo em Olivia, só me sentiria calmo quando
a visse de novo.

Amy estava com ela quando cheguei no quarto.


Olivia se levantou rapidamente quando me viu e me
encarou aflita. Amy olhou para a amiga e depois para
mim:

— Vou deixar vocês dois a sós — disse e Olivia


assentiu com um movimento de cabeça.

Assim que Amy saiu, me precipitei na direção de


Olivia e toquei na marca que aquele desgraçado tinha
deixado em seu rosto. Ela tomou minha mão entre as
suas e acariciou as juntas em carne viva.

— Sei que te assustei essa noite. Sinto muito por


você ter visto aquilo, mas quebraria a cara daquele
desgraçado de novo se tivesse a chance — segurei seu
rosto entre minhas mãos e a fiz olhar nos meus olhos —
Nem ele, nem ninguém podem te fazer mal. Sempre
estarei aqui para te proteger, vou cuidar de você.
Olivia se agarrou em mim, com lágrimas nos olhos
e eu a apertei nos meus braços com tudo que eu sentia.
Eu a ergui, deitando-a na cama. Desfiz o nó do roupão de
banho que ela vestia e admirei seus seios redondos e
firmes, com os mamilos rosados e pequenos, sua pele
pálida e as pernas longas. Beijei-a longamente, sem
pressa. Adorei cada pedaço do seu corpo. Ela estremecia
a cada toque, beijou minha boca e o resto do meu rosto,
puxou minha camisa e a ajudei a me despir.

Encaixei-me entre suas pernas e ela gemeu na


minha boca quando dei a primeira estocada. Aumentei o
ritmo até nossos quadris estalarem ao se chocarem.
Olivia se sacudia embaixo de mim, arquejante, com os
lábios entreabertos. Tomei sua boca e a beijei com
paixão, metendo fundo dentro dela.

Sua boceta apertava meu pau, tomada por


espasmos incontroláveis:

— Ah, Tristan. Eu amo você.

Agarrei seus cabelos e a apertei com mais força


contra mim, tomado por um turbilhão de emoções.

— Porra, você me deixa louco.

Afundei minha mão em seu quadril e estoquei com


brutalidade até que ela começasse a choramingar e
latejar em volta do meu pau. Olivia gozou e eu a segui,
jorrando em suas coxas. Desabei com a cabeça entre
seus peitos e permaneci ali até que minha respiração
voltasse ao normal, rodeado pelos braços dela.

— Tive medo de perder você — surpreendi-me


dizendo em voz alta.

— Você nunca vai me perder, nunca. Eu sou sua


para sempre, Tristan.

Soltei o ar com força e levantei a cabeça para olhar


para ela enquanto perguntava:

— O que aconteceu naquela festa, Olivia? Diga a


verdade.

Tristan me encarava com um olhar penetrante,


aflito. Não podia mais mentir para ele, não suportaria.
Então contei tudo o que podia naquele momento:

— Sua mãe praticamente me arrastou para o grupo


de amigas dela e eu fiquei algum tempo lá, me sentindo
deslocada. Então resolvi sair para tomar um ar, na
primeira oportunidade. Queria ficar sozinha um pouco.
Nessa hora ele veio para cima de mim e tentou me
beijar. Estava transtornado, se declarou para mim…

— Aquele filho da puta — Tristan estava tão furioso


que não conseguia ficar parado e se levantou de uma
vez, dando um murro na cômoda — Ele vai me pagar por
achar que pode mexer com o que é meu. — Seu tom era
duro e implacável. Estremeci ao notar a semelhança com
a forma que Dom falou comigo.

Estava omitindo parte da verdade. Allan realmente


deu em cima de mim e tentou forçar um beijo, dizendo
que poderia cuidar de mim depois que aquela farsa
terminasse. Que ele me trataria melhor do que Tristan
jamais seria capaz e tentou me fazer desmanchar o
noivado.

Tristan continuava nervoso:

— Vou me certificar de que aquele desgraçado não


consiga gerenciar nem mesmo uma lanchonete daqui
para frente.

— Tristan… — me coloquei em pé na sua frente e


toquei em seu braço — Ele se retesou — Não quero ver
você daquele jeito de novo. Por favor. Ele já está fora do
nosso caminho. Eu sou sua, só sua. Ninguém pode nos
separar.
Abracei sua cintura e ele soltou o ar com força pelo
nariz. Demorou um pouco para se render, mas acabou
me envolvendo em seus braços fortes. Aquele era o
melhor lugar do mundo, sentia que nada poderia me
atingir quando estava nos braços dele.

— Você tem razão — ele disse num tom mais suave


e me deu um beijo rápido.

Permanecemos ali de pé, abraçados em silêncio


até que Tristan disse de repente, com olhar distante:

— Eu tive pesadelos quase todas as noites durante


muitos anos — ele fez uma careta de dor — neles eu via
minha mãe morrer, de novo e de novo, noite após noite.
O nome dela era Caroline. Aconteceu quando eu tinha
oito anos. Meu pai estava metido com tráfico, mas era só
um capanga menor. Ele foi preso e acabou colaborando
com a polícia em troca de proteção para ele e para a
família, mas nos acharam mesmo assim e se vingaram
nela. Assisti a cena de dentro do guarda roupa. A última
coisa que eu me lembro é do som do tiro, devo ter
desmaiado depois.

— Meu deus, eu sinto muito — disse com a voz


trêmula. Nunca imaginei que ele pudesse ter passado por
algo tão chocante e terrível.
— De alguma forma tudo veio à tona hoje. Agora
você me conhece por inteiro, viu meu lado feio.

— E te amo ainda mais por isso. Amo tudo o que


você é — declarei e ele me olhou nos olhos pela primeira
vez desde que começou a contar aquela história.

Puxou meus cabelos e ergueu o meu rosto,


tomando minha boca num beijo sôfrego. Abriu o meu
roupão, que caiu aos meus pés. Empurrou-me contra a
parede e deslizou a boca entre meus seios, percorreu
meu corpo com as mãos. Sentou-me em um aparador
que havia na suíte e abriu minhas pernas, apoiando-as
nos seus ombros.

Estremeci quando senti o toque de sua língua em


minha boceta. Me chupou até que meu corpo inteiro
vibrasse, tomado por uma onda de calor que me deixava
alucinada. Abocanhou meu clitóris inchado e eu gemi
enlouquecidamente.

Ele me ergueu do móvel e me pressionou contra a


parede, me penetrando bruscamente. Gritei fora de mim
com a onda de desejo que me arrebatou. Estava
totalmente à mercê dele. Segurou minhas coxas bem
afastadas e me manteve suspensa. As arremetidas
tornaram-se mais duras, violentas. O desejo que nos uniu
foi visceral, selvagem. Gozei e Tristan logo me seguiu.
Estremeci em seus braços sentindo o líquido quente que
ele jorrou escorrendo pelo meu ventre.
A imprensa fez a festa com a história da briga e
meu suposto caso com o empresário da banda. O clima
ficou pesado durante o trajeto de 1 hora do aeroporto de
LA até o aeroporto regional de Monterey. Allan foi
demitido e processado por assédio sexual e agressão.

Tristan olhava pela janela do jatinho particular,


distante em pensamentos, apertei sua mão e ele me
fitou com um sorriso triste e cansado. Surpreendi Ashley
nos olhando de sua poltrona do outro lado do corredor.
Ela olhava para Tristan genuinamente preocupada, como
se tivesse confirmado suas suspeitas sobre mim e
desviou o olhar quando cruzou com o meu.
Nosso destino final era Carmel by the Sea, que logo
descobri ser um lugar paradisíaco com suas casas
pequenas e charmosas, praias de areia branca e um
pequeno centro onde havia boutiques, bistrôs e galerias
de arte. As gravações do clipe seriam ali, eu provaria
alguns vestidos de noiva para filmar uma cena de
casamento na praia e depois teríamos a noite livre.
Depois iríamos para Las Vegas, Amy não parava de falar
sobre isso.

— Isso aqui parece Portree, só que melhor — Amy


observou, quebrando o silêncio no caminho de carro até
o hotel — Vocês dois bem que podiam aproveitar o
cenário e casar de verdade logo. Pensando bem, casar
em Vegas seria ainda melhor — ela comentou rindo.

— Não teremos um casamento de verdade


ainda, mas teremos a noite de núpcias — anunciou
Tristan com um sorriso convencido — Não vamos dormir
no mesmo hotel que o resto da banda. Já tinha pensado
num roteiro para gente — ele acrescentou, olhando para
mim. Sorri para ele e aninhei a cabeça em seu ombro,
desejando que as circunstâncias fossem melhores.
Tentaria aproveitar ao máximo minha lua de mel
adiantada, antes que tudo desmoronasse.

— Ai, vocês dois! — Amy suspirou olhando para


gente — Acho que também vou arranjar um rockstar para
mim ou quem sabe um jogador de golfe bem rico em
Pebble Beach, assim eu não teria que voltar para minha
antiga vida depois de umas férias dessas.

— Pois ele teria que se mudar para Portree. Você


não viveria tão longe assim da Escócia, eu te conheço —
respondi rindo.

— É, sou mais apegada às raízes que você — ela


disse pensativa.

Chegamos à fazenda onde seriam gravadas as


cenas em um clima um pouco mais animado. Ashley
andava de um lado para o outro, com seu celular sempre
à mão e veio falar com Tristan naquele tom de urgência
que sempre usava:

— Conseguimos Rick Parker. Ele vai nos encontrar


em Las Vegas.

— Ótimo. Obrigado, Ashley.

Descobri depois que esse seria o novo empresário


da banda. A saída de Allan foi a mais tumultuada possível
e a banda teria que pagar milhões de dólares para ele. A
gravadora não estava nem um pouco satisfeita. Allan foi
um cretino, mas eu me sentia mal por ser o centro dessa
confusão.
Fui arrancada desses pensamentos com uma
câmera apontada para minha cara:

— Liv, fale um pouco sobre suas primeiras


impressões do cenário e o que vão gravar hoje — o
homem da câmera pediu.

Ainda estava me acostumando com isso tudo,


ficava desconfortável em ter que dar entrevistas curtas
durante as gravações e em ser filmada em momentos
espontâneos.

— A cidade é linda! Estou louca para conhecer os


bistrôs, eu trabalhava em um antes de vir para os
Estados Unidos — disse sorrindo para a câmera e Tristan
se aproximou, me abraçando por trás e depositando um
beijo em meu pescoço — Nós vamos gravar nosso
casamento hoje. Vou provar o vestido daqui a pouco.

— A câmera ama vocês! — Ele nos filmava


maravilhado e eu não conseguia conter o sorriso.

Fui para o trailer com Amy e a figurinista. Minha


amiga faria a maquiagem com a qual eu apareceria no
clipe. Percebi o quão cansada eu estava quando parei
para me arrumar. Sentia-me tonta e ligeiramente
enjoada, como se tudo o que passei nas últimas horas
estivesse finalmente cobrando seu preço. Parte do
processo foi gravado também e eu sabia que as redes
sociais da banda estavam sendo atualizadas. Isso serviria
para acalmar os rumores de que a saída intempestiva de
Allan havia acontecido porque eu havia traído Tristan
com ele.

Depois de pronta, me encarei no espelho. O


vestido parecia ter saído de um conto de fadas e eu
lamentei que aquilo não fosse real quando me vi no
espelho. Era justo até o meio das pernas e depois abria
em uma saia de tule, desenhando meu corpo como o de
uma sereia. As alças eram enfeitadas pelo mesmo tecido,
fluido e delicado que caía pelos ombros. Havia um decote
em V generoso nas costas e a renda aderia à minha pele
com uma leve transparência.

— Ai meu deus, você parece uma princesa — Amy


disse orgulhosa.

Logo descobri que não estava preparada para ver


Tristan em um terno cinza, com colete e uma rosa branca
na lapela. Seus cabelos compridos foram amarrados de
forma displicente em um coque samurai e algumas
mechas escapavam, caindo em seu rosto. Seus olhos
brilharam quando me viu e ele abriu aquele sorriso largo
e apaixonado que eu tanto amava.

— Porra! Você ficou a noiva mais linda que eu já vi


— disse, me levantando pela cintura e rodopiando.
— Tristan! Demorei horas para ficar pronta —
protestei.

— Nem pense em estragar esse penteado — Tess,


a figurinista, nos repreendeu e saímos rindo de mãos
dadas.

Foi um dia muito especial apesar de todas as


minhas preocupações e dos olhares hostis e desconfiados
de Meghan e Ashley. Se meu casamento de verdade
nunca acontecesse, pelo menos teria aquelas imagens
para sempre.

Deixei a fazenda no fim da tarde com Tristan, Amy


ficou no hotel com o resto da banda. Ela fez amizade
com todos e se sentia à vontade mesmo quando eu não
estava por perto. Fomos para um charmoso vilarejo onde
nos instalamos em uma cabana aconchegante com
acesso para uma praia particular.

— Meu deus, isso é tão lindo! — Disse me jogando


nos braços de Tristan — Parece até um sonho!

— Mas é bem real — ele disse com os olhos febris


de desejo e me beijou.

Virou-me de costas e desceu uma trilha de beijos


pela minha nunca, abrindo os botões do vestido de noiva
que ainda estava no meu corpo.
— Vamos casar assim que voltarmos para Nova
York.

— Você quer dizer daqui duas semanas? — Eu ri


incrédula com o vestido caindo aos meus pés.

— Por que não? Nada nos impede — ele disse, me


apertando com mais força contra si.

— Você está louco — virei-me para ele rindo para


ele.

— Completamente maluco, um caso perdido — ele


disse sorrindo e me jogou na cama, distribuindo beijos
pelo meu corpo — Ah, forasteira…agora já era, nunca
vou te deixar ir.

Meu coração disparou no peito, nunca fui tão feliz


como naqueles últimos dias ao lado de Tristan e por um
instante tive certeza de que era a hora certa de contar
tudo para ele e me libertar daquela angústia que estava
sempre à espreita.

— Tristan — chamei com a voz trêmula e ele me


fitou apreensivo — Preciso contar uma coisa, não quero
que haja segredos entre a gente. É sobre, sobre… —
engoli em seco, sentindo minha coragem sumir.

Tentei recomeçar:
— Allan estava tão bravo comigo porque…

— Shhh — Tristan me silenciou colocando o dedo


indicador em minha boca — Não quero ouvir o nome
desse desgraçado na sua boca. Não quero que nada
estrague essa noite. Nada que me disser vai mudar o que
sinto por você — ele disse com tanta certeza que senti
um alívio momentâneo por dentro e lágrimas escorreram
dos meus olhos. Eu queria tanto que aquilo fosse
verdade. Tristan voltou a me beijar e eu me entreguei a
ele com tudo o que eu tinha, como se quisesse gravá-lo
na minha pele.

Desembarcamos em Las Vegas e Rick Parker, o


novo empresário do Easy Riders já estava nos
aguardando no aeroporto. Ele já havia gerenciado
grandes bandas e era muito experiente no ramo,
teríamos uma longa reunião assim que chegássemos ao
hotel, então disse para Olivia explorar a cidade com sua
amiga, até que eu estivesse livre de novo.

Amy estava maravilhada com a cidade e Olivia


quase se deixava levar pelo entusiasmo dela, mas eu
sabia que no fundo ainda estava cheia de preocupações,
provavelmente infundadas. Ou era isso que eu dizia a
mim mesmo para me convencer de que não havia nada
de errado. Eu estava verdadeiramente feliz e em paz
pela primeira vez em toda a minha vida e não suportaria
se tudo aquilo desmoronasse de repente.

A reunião foi tranquila, exceto pela presença de


Travis, que só continuava ali porque tinha um contrato a
cumprir. Descobri que ele andava planejando lançar sua
própria banda com Meghan nos vocais e que Allan seria o
gerente. Assim que saímos da sala de conferências, ele
se aproximou de mim:

— Tristan, precisamos conversar. Sei que está com


raiva de mim e eu entendo. Não deveria estar tramando
pelas suas costas com Allan, desculpe por isso. Não ia te
deixar na mão, só queria ter um projeto meu, onde eu
pudesse tocar como quisesse. Mas, as coisas não saíram
bem como planejadas e eu nem estou mais com Meghan.

Suspirei impaciente:

— Era só isso?

— Não, na verdade eu descobri umas coisas


conversando com Allan e, bem, só tome cuidado. Sei que
está apaixonado e pode ser que Olivia seja a mulher
certa para você, mas tente ir com calma.
— O que isso quer dizer, hein? Por que resolveu me
dar conselhos agora? — Retruquei com o sangue
fervendo.

— Cara, apesar de tudo ainda te considero um


amigo.

— Se você faz negócios com aquele filho da puta,


você não é meu amigo — respondi, afastando-me
depressa.

Não queria que aquela conversa continuasse.


Conseguia entender porque todos pareciam céticos sobre
meu relacionamento. Eu nunca fui exatamente uma
referência quando o assunto era compromisso e meu
histórico com as mulheres não era dos melhores. Além
disso, a morte de Serena era recente, então era normal
que as pessoas se preocupassem. Mas não deixaria que
nada me atrapalhasse com Olivia.

O show no estádio foi espetacular. O ponto alto da


noite foi a música Foreign Girl, já que o clipe havia
estreado naquele dia e era um sucesso de visualizações.
Extravasei tudo o que senti nos últimos dias quando subi
ao palco e o público respondeu com a mesma entrega.
Las Vegas era sempre um lugar mágico. Éramos o Easy
Riders outra vez, unidos contra o mundo, apesar de
todas as nossas diferenças e disputas internas.

Olivia pulou em mim assim que o show encerrou.

— Parabéns, meu amor. Você foi incrível como


sempre.

Ainda estava ofegante e suado, mas colei meu


corpo nela assim mesmo e a beijei longamente.

— Tristan. Você precisa acompanhar o resto da


banda para a sala vip. Aiden Roux[9], o dono do estádio,
está aí com a família e eles querem conhecer vocês —
Rick Parker anunciou, interrompendo o momento.

Revirei os olhos:

— Ah, qual é? Agora vou ter que paparicar um


bando de riquinhos que só querem parecer legais nas
redes sociais. Eles nunca se importam com a música.

— Ele é praticamente o dono da cidade, são ossos


do ofício. É sempre bom para a banda aparecer perto de
gente importante.

— Vamos, amor. Não custa nada — Olivia me puxou


e eu segui o resto da banda.
Parker falava de alguns planos que ele tinha para a
banda, envolvendo contatos que ele tinha da alta
sociedade e eu ouvia tudo, irritado com aquela ladainha.
Não queria associar o nome da banda à empresários
bilionários. Sempre fiz questão de bancar tudo com o
meu trabalho, não usei o nome da minha família, nem o
dinheiro deles para me ajudar com a banda.

Olhei na direção de Aiden Roux e das duas garotas


que estavam ali, junto com dois gêmeos que não tinham
nem idade para estarem nos nossos shows. Uma delas
pulou na minha frente e pediu um autógrafo nos peitos
que ela pretendia transformar numa tatuagem. Não pude
evitar sorrir, pensando no quão típica ela era.

— Alguém tem uma caneta? — Perguntei.

Olivia me estendeu uma caneta na mesma hora,


com um sorriso provocante:

— Eu tenho uma, meu amor.

Ofereci um autógrafo para a outra também, ela se


apresentou como Ella Griffin [10]e disse que iria querer, só
que em um pedaço de papel. Reconheceu Olivia do clipe
e elas engataram em uma conversa animada por algum
tempo. Não ouvi a conversa, mas era bom vê-la relaxada
e feliz de novo.
Ficamos ali por mais algum tempo, mas ninguém
chegou perto de Roux. Um burburinho iniciou quando um
outro engravatado entrou e começou a gritar,
aparentemente por ciúmes. Tomei um gole de cerveja
entediado com aquela cena. Olivia olhava espantada, já
afastada de Ella, que era o pivô da disputa.

— Aquele não é o tal Stavros[11], um banqueiro


grego? — Amy especulou.

— Não faço ideia, amiga — ouvi Olivia responder.

A briga escalou rápido e de repente todos estavam


apontando armas um para o outro. Mas tudo foi resolvido
logo. O assunto da noite girou em torno disso. Olivia ficou
muito impressionada com a cena. Eu não poderia me
importar menos com essas disputas de riquinhos
afetados.

Passamos mais quatro noites em Las Vegas,


fazendo um show atrás do outro, visitando cassinos e
dando festas. Travis não veio me falar mais nada e eu
também não perguntei. Notei a ausência de Meghan, ela
já não era uma presença tão constante ao lado dele, o
que era um alívio para mim.

Voltamos para Nova York e não demorou nem 24


horas para que eu recebesse um telefonema da minha
mãe, informando que o jantar estava marcado para o dia
seguinte. Meu pai já estava em Nova York e Christian
havia confirmado presença. Odiava admitir o quanto a
perspectiva de apresentar Olivia oficialmente para toda a
minha família me deixava desconfortável. Dificilmente
Christian e meu pai aprovavam alguma escolha que eu
fazia e costumavam deixar isso bem claro. Dom e minha
mãe eram mais condescendentes, mas não faziam me
sentir muito melhor.

Todas as dúvidas que eu havia enterrado para o


fundo da minha mente vieram à tona e me peguei
pensando em ligar para Dom pedindo um contato de um
detetive particular para investigar Olivia, minha família
sempre usava esses serviços por um motivo ou outro.
Tirei essa ideia da cabeça, me sentindo ridículo por
cogitar uma coisa dessas.

Fui até o quarto decidido a confrontar Olivia sobre


o que ela quis me dizer naquela noite em Carmel, mas a
encontrei chorando em meio a fotos espalhadas, com
uma carta nas mãos. Ela finalmente havia aberto a caixa
que Marianne mandou para ela.
Resolvi abrir a caixa que minha mãe enviou para mim
assim que cheguei à casa de Tristan. O próximo passo seria
responder aos seus telefonemas insistentes. Fiquei em
choque ao ver que lá dentro havia várias fotos minhas desde
criança até alguns anos atrás.

Durante todos esses anos, minha mãe havia me


acompanhado de longe, chegou até mesmo a contratar um
detetive particular para se manter atualizada a meu respeito.
Ela deixou uma carta, em que dizia que agora eu poderia
comprovar com meus próprios olhos que ela nunca me
esqueceu. Uma passagem, em que ela dizia que seu maior
arrependimento foi não ter se aproximado antes e dito toda a
verdade para mim e para Lou Reese por medo de como seria
julgada, chamou minha atenção.
“Por causa da minha covardia eu tentei viver de
mentiras. Pensei que isso fosse possível, mas só fiquei ainda
mais infeliz e envergonhada de tudo o que fiz”

Só conseguia pensar que era irônico que eu estivesse


vivendo um dilema tão parecido com o dela. Por medo de ser
desprezada, eu não sabia como contar a verdade ao homem
que eu amava.

Tristan abriu a porta do quarto nesse momento, prestes


a dizer alguma coisa. Mas a determinação em seu rosto
sumiu quando me fitou. Enxuguei as lágrimas e contei a ele
sobre o conteúdo. Ele me ouviu muito sério e pegou uma das
fotos:

— Essa é você e … Amy, eu imagino. Que idade


tinham? — perguntou analisando a fotografia.

— Acho que uns 8 anos. Isso foi durante um


piquenique, com a família dela. Eu sempre estava com eles.

— Você parece tensa perto dessa mulher. É a sua


madrasta? — Ele perguntou, me mostrando outra foto.

— Sim, Jane. Nunca fomos muito próximas.

Ele continuou me fazendo muitas perguntas sobre


todas as fotos que chamavam sua atenção, como se
quisesse saber o máximo de coisas a meu respeito. Não me
lembrava de ter falado tanto sobre mim antes. Não tive que
mentir sobre nada, contei como era minha vida, como me
sentia solitária e que era mais próxima de Amy e sua família
do que da minha própria.

Nosso relacionamento estava se aprofundando a cada


dia e isso me deixava mais confiante para enfrentar seus
irmãos. Tristan sempre foi a ovelha negra da família, então
talvez não fosse tão importante assim o fato de seus irmãos
não me aceitarem, poderíamos viver longe deles.

Recebi uma mensagem anônima, que com certeza era


de Dominic West. Ele dizia que meu tempo estava se
esgotando. O meu acesso à conta com a primeira metade do
dinheiro já havia sido bloqueado e eu estava aliviada por não
ter que lidar mais com aquilo.

Tristan ficou meio distante durante o resto do dia, se


trancou no estúdio por algumas horas para trabalhar na
trilha sonora que estava fazendo para uma série. Depois foi
para sua academia e ficou lá por um longo tempo. Tentei me
manter ocupada, liguei para Amy para saber como foi sua
viagem e descobri que ela continuava mantendo contato
com Travis, que estava solteiro agora. Não sei se gostava
muito da ideia de vê-los juntos, mas ela estava muito
empolgada.

Depois tomei coragem e liguei para minha mãe,


tivemos uma longa conversa. Não foi tão difícil como eu
imaginava e aceitei me encontrar com ela na outra semana
para um almoço, só nós duas.
As coisas não mudaram muito no dia seguinte, Tristan
estava cheio de compromissos e passou bastante tempo
com Ashley e o empresário da banda, Rick Parker. Acabei
pegando no sono enquanto matava o tempo assistindo
televisão na cama. Acordei com o barulho da porta e me
deparei com Tristan me encarando na entrada da suíte.

— Que horas são? — Perguntei me espreguiçando.

— Tarde — ele respondeu se dirigindo para o bar e


serviu uma dose de vodka que bebeu de uma vez.

Ficou de costas para mim, apoiado no balcão do


pequeno bar. O pânico tomou conta de mim. Ele teria
descoberto alguma coisa? Desde que chegamos de viagem
ele estava agindo daquele jeito estranho.

Engoli em seco e me aproximei devagar:

— Trist… — chamei, tocando de leve em suas costas.

Ele se virou bruscamente, me fazendo soltar um grito


pelo susto. Seus olhos pareciam queimar quando me
encarou e minha respiração se tornou pesada. Em um
ímpeto, ele atacou minha boca e me beijou, sôfrego.

Tristan me tocava quase como se quisesse guardar


cada sensação, enterrando o rosto na curva do meu pescoço
e mordendo minha pele exposta, cheirando meu cabelo,
apertando-me contra si. Encharquei até as coxas e gemi em
seu ouvido. Voltou a me encarar com seu olhar esfomeado
de tesão, desabotoou minha calça jeans e deslizou a peça
pelas minhas coxas junto com a calcinha. Minhas pernas
fraquejaram e me apoiei no balcão, inundada de desejo.
Quando me puxou pela nuca e tomou minha boca, seu beijo
foi ainda mais desesperado e avassalador.

Definitivamente havia algo além do tesão em seu


desespero. Não conseguia mais lidar com aqueles
sentimentos turbulentos, eu precisava saber o que estava
acontecendo. Desvencilhei-me do beijo e disse vacilante:

— Tristan, espera…Precisamos conversar.

— Shh — ele me calou passando os dedos em minha


boca — Só preciso de você agora.

Sua voz rouca arrepiava cada pelo do meu corpo. Seria


capaz de gozar só de ouvi-lo falar naquele tom no estado em
que estava. Arrancou minha blusa, torceu um dos meus
mamilos entre seus dedos e eu gemi em sua boca.

Ajoelhou-se entre minhas pernas e meu corpo inteiro


vibrou com o toque da sua língua, o prazer escorreu pelas
minhas coxas. Estremeci e me contorci, agarrando a beirada
do balcão, gemia ardendo de desejo. Tristan me segurou
com mais firmeza quando fui tomada por espasmos
violentos. Afastou a boca, me penetrou com um dedo,
passando nos meus lábios entreabertos e enfiando na minha
boca em seguida. Ele soltou um gemido rouco, quando
suguei seu dedo e me pegou pela nuca, jogando-me de
bruços na cama.
Meteu bem fundo, tirando tudo e colocando de novo.
Arfei e cravei as unhas nos lençóis. Enterrou o rosto no meu
pescoço e me deu um chupão que me fez estremecer e
arrepiar da cabeça aos pés. Nossos corpos se fundiram até
ondularmos no mesmo ritmo. Estava quase no clímax
quando ele tirou e estocou bem fundo de novo.

— Ai, por favor — choraminguei.

— O que você quer?

— Quero você — implorei.

— Então pede — ordenou, entrelaçando a mão em


meus cabelos e me puxando para ele — Quero ouvir você
dizendo meu nome e implorando por mais — disse no meu
ouvido e sua voz enviou faíscas por todo meu corpo.

— Tristan, por favor, eu quero mais — implorei e ele


voltou a estocar num ritmo menos intenso — Mais forte …
Aaah… Tristan.

Ele soltou um gemido do fundo da garganta e me


virou, me jogando de costas na cama. Puxou-me para ele e
me penetrou olhando-me intensamente. Aumentou o ritmo
de novo e eu gritei, arqueando os quadris para encontrá-lo
no meio do caminho.

— Aaaah, Tristan — gemi, ouvindo o estalo dos nossos


corpos se chocando.
— Porra, menina, ninguém é como você. Eu te amo —
disse prendendo meus pulsos acima da cabeça com uma
mão e acariciando o comprimento do meu cabelo com a
outra. Abriu minha boca com a sua e explorou cada canto,
num beijo exigente que me consumiu por inteira. Meu
coração disparava no peito, ser amada por Tristan era o
melhor sentimento do mundo. Ele continuou estocando cada
vez mais fundo, até que gozei gritando seu nome.

Tristan saiu de dentro de mim no último momento e


gozou entre meus seios. Por um segundo chegou a sorrir,
ofegante, com aquele olhar apaixonado que acabava
comigo. Mas logo ficou tenso, com um vinco profundo
marcando sua testa e desabou ao meu lado, impassível. Um
mal pressentimento me percorreu.

— Tristan — chamei com a mão apoiada em seu peito


— Alguma coisa aconteceu, você está diferente desde que
chegamos.

Ele passou o polegar pelos meus lábios, encarando-me


em silêncio por um momento, então respondeu:

—Temos um jantar na casa dos meus pais daqui uma


hora.

Meu coração quase parou de bater quando ouvi


aquelas palavras. Um frio percorreu minha espinha.

— Jantar? Mas você não disse nada antes —


questionei, tentando controlar o pânico que tomou conta de
mim.

— Devo ter esquecido de dizer, foi mal. Mas não


precisa se preocupar, é só um jantar. Logo estaremos de
volta — ele disse como se também precisasse convencer a si
mesmo.

Voltou até o pequeno balcão do bar e tomou mais um


gole de vodka, depois estendeu uma dose para mim. Virei o
copo e tossi quando o líquido desceu queimando a minha
garganta.

— Agora estamos prontos para encarar a família


completa — ele disse com um sorriso sarcástico,
depositando o copo no balcão.

O trajeto até a mansão West- Buchmann, no Upper


East Side, foi angustiante. Tentava me distrair com a
paisagem, mas meu estômago doía e eu suava frio. Tristan
parecia tenso também, trazendo uma expressão sombria no
rosto.

Vários cenários catastróficos se desenharam na minha


mente ao ver a imponente fachada da mansão. Minhas
pernas quase falharam quando saltamos do carro. Um
empregado elegante abriu a porta para nós. Seguimos por
um corredor até uma sala de estar onde os irmãos e os pais
de Tristan estavam reunidos. Amanda veio sorridente na
nossa direção:

— Que bom que vocês chegaram! Nós estávamos


justamente conversando sobre a festa no Chateau Marmont,
que foi esplêndida, tirando aquele episódio lamentável, é
claro — ela comentou casualmente com uma risadinha —
Espero que já esteja tudo resolvido.

— Está. Não se preocupe — Tristan respondeu


abraçando a mãe.

— O que aconteceu dessa vez? — Perguntou Markus


West-Buchmann num tom severo. Amanda, Christian e Dom
se entreolharam e Tristan cerrou o maxilar.

— Nada com o que deva se preocupar, pai. Tristan se


envolveu numa briga com o empresário da banda —
Christian respondeu do lugar onde estava, sentado ao lado
da esposa — Não foi isso? Está ficando um pouco difícil de
acompanhar — acrescentou olhando para Tristan.

Tristan deu um sorriso gelado:

— É bom te ver também, irmão. Essa é minha noiva,


Olivia.

Christian me cumprimentou de forma seca e formal.


Stella foi calorosa e simpática, confirmando a primeira
impressão que tive dela na festa de aniversário de Amanda
West. Depois fui apresentada ao severo Markus West -
Buchmann, que foi tão seco quanto Christian. Dom
continuava com o mesmo tom descontraído e debochado,
me chamando de “cunhada”.

Um empregado veio avisar que o jantar estava pronto


e nos dirigimos para a mesa. Christian se engajou em uma
conversa sobre negócios com o Sr. West Buchmann, mas
lançava olhares nada amigáveis na minha direção de tempos
em tempos. Tristan esvaziava suas taças de vinho cada vez
mais rápido e estava claramente entediado. Dom pedia
licença toda hora para atender alguma ligação.

— Você está linda no clipe! — Stella me elogiou —


Estou viciada na música também. Parabéns aos dois! Estou
louca para assistir um show dessa nova turnê, já falei para
Chris.

— O que? — Ele se virou confuso para a esposa.

— Estou falando de irmos a um show da nova turnê do


Easy Riders. Podíamos ir todos juntos, o senhor Markus
também — ela respondeu sorridente.

— Essa eu queria ver — Dom riu.

— Seria uma coisa inédita. Mas se tem alguém capaz


de convencer meu pai a ir num show de rock é você. Depois
que você amoleceu o coração desse daí eu acho que
consegue qualquer coisa — Tristan comentou rindo de
verdade pela primeira vez desde que chegamos.
— Confesso que não esperava que essa banda
chegasse tão longe. Tristan não levava nada a sério e pensei
que seria mais um hobbie passageiro — Markus disse muito
sério.

— É claro que achou — Tristan respondeu num tom


cortante e virou mais um pouco de vinho.

Amanda deu uma risadinha nervosa e quebrou a


tensão:

— Pois eu sempre soube que Tristan seria artista.


Desde pequeno ele se interessava pelo piano.

Markus West assentiu e se dirigiu a mim:

— Como conheceu meu filho? Você é uma dessas


garotas aficcionadas por música que viajam com bandas?
Como é mesmo que elas chamam? — Ele buscou ajuda
olhando para Dom.

— Groupies — Dom respondeu com um sorriso


maldoso.

Tristan revirou os olhos e colocou a mão sobre a minha


por baixo da mesa.

— Não, eu não sou uma groupie Senhor West —


respondi constrangida.
— Mas que ideia, Markus! — Amanda deu mais uma de
suas risadas forçadas.

— Só estou tentando entender as coisas — ele disse


dando de ombros.

— Acho que podemos dizer que Olivia era apenas uma


garçonete que estava no lugar certo na hora certa — Dom
respondeu e me lançou um olhar que me fez gelar por
dentro — Acho que todos se lembram do aniversário da
nossa mãe, dos estava lá.

— Foi inesquecível — Christian comentou mais para si


mesmo do que para os outros com o cenho franzido.

— Assim como tudo que eu faço — Tristan retrucou


com sarcasmo.

— Sempre criando momentos icônicos para a família —


Dom acrescentou rindo.

O Senhor West franziu o rosto e pigarreou incomodado


e um silêncio tenso se abateu sobre a mesa. Amanda
quebrou o clima estranho perguntando num tom animado:

— Já pensaram em uma data para o casamento? Já


aviso logo que quero me envolver nos preparativos. Fui eu
que organizei o de Christian e Stella e, modéstia à parte,
tudo estava perfeito.
— Ainda não temos uma data, mas estamos pensando
em casar na Escócia — Tristan disse com um brilho nos
olhos.

— Adorei, é um lindo país! — Stella disse encantada.

Christian massageava a têmpora com uma das mãos,


visivelmente incomodado e eu mal conseguia me mexer em
meio aquela tensão. Notei que Tristan estava ficando
levemente bêbado, podia ser uma boa desculpa para puxá-lo
dali e ir embora, só então eu poderia respirar normalmente
de novo.

Amanda continuou tagarelando sobre o casamento,


empolgada com todos os detalhes da festa. Eu apenas sorria
e concordava com tudo o que ela dizia, contando os minutos
para sumir daquele lugar.

— Fico tão feliz que meu filho tenha encontrado uma


garota boa como você. Ela não é um doce Markus?

Antes que o Senhor West pudesse responder qualquer


coisa, todos se assustaram com o baque na mesa causado
pelo punho fechado de Christian.

— Chega — ele disse raivoso para o choque de todos.

— O que deu em você, meu amor? — Stella perguntou


com cautela, pousando a mão em seu antebraço.
— Chris, nós conversamos sobre isso, não é momento
— Dom se dirigiu ao irmão com tom de desaprovação.

Eu sabia que estava tudo acabado para mim e só


conseguia ficar ali sentada, com o pânico tomando conta de
cada célula do meu corpo. Quis gritar, me explicar, correr,
fazer qualquer coisa para que Tristan não descobrisse
daquele jeito, mas eu sequer conseguia encará-lo. Apenas
ouvi sua cadeira arrastando do meu lado, quando ele se
levantou.

— Não é o momento para que? De que porra vocês


estão falando? — Tristan perguntou possesso. Dom e
Christian não responderam e Amanda interviu pedindo que
todos se acalmassem, mas Tristan continuou furioso:

— Que se foda, nós estamos indo. Esse jantar foi um


erro.

Ele se virou para mim e acrescentou num tom mais


suave:

— Sinto muito que você esteja passando por isso, meu


amor. Vamos embora! — Passou o braço em volta dos meus
ombros de um jeito protetor.

— Me perdoa. Eu queria te contar — murmurei


deixando escapar um soluço da minha garganta.

Tristan afastou o braço de mim e perguntou com a voz


dura:
— Queria me contar o que?

— Que ela foi contratada para sair com você —


Christian revelou — Foi ideia minha e de Dom. Allan nos
ajudou, é claro. Achamos que uma namorada seria um bom
jeito de te manter longe de problemas e recuperar sua
imagem na mídia. Eu sinto muito, Tristan. Não esperava que
isso fosse tão longe.

— Ai meu deus — Amanda levou as duas mãos à


boca.

Ele me encarou atônito:

— Isso é verdade? — Sua voz era baixa e sombria.

Confirmei com um movimento de cabeça e fitei o chão.

— Olha para mim, porra! — Ele vociferou.

Dom se precipitou na direção dele e tocou em seu


ombro:

— Tristan, é melhor sairmos daqui.

Tristan sequer o olhou, apenas empurrou o irmão para


longe, fazendo com que ele batesse contra um aparador
cheio de louças de cristal, algumas delas se estilhaçaram no
chão. Soltei um grito quando ele me pegou pelos braços e
me levantou da cadeira.
— Por que, Olivia? — Ele gritava e me sacudia — Eles
te pagaram quanto para me fazer de otário?

— Não foi assim, eu não quis o dinheiro. Eu me


apaixonei por você, foi tudo real — eu tentava fazê-lo me
ouvir, mas ele só ficou ainda mais furioso.

— Sua mentirosa desgraçada — Ele rosnou me


apertando ainda mais.

— Você está me machucando, Tristan.

— Não vou tolerar cenas como essa na minha casa —


o Senhor West gritou e dois seguranças se aproximaram de
Tristan. Ele finalmente me libertou do seu aperto firme e deu
um soco em um deles, derrubando-o no chão. O outro
segurança recuou sem saber o que fazer.

— Não piore as coisas, Tristan. Deixa a garota em paz


e vamos conversar como homens — Christian disse num tom
severo.

— Vai se foder, Christian. Não tenho nada para falar


com você. Se chegar mais perto eu arrebento essa sua cara,
como já fiz antes.

Ele se virou para Dom em seguida:

— Esperava mais de você.


— Tristan, não fizemos isso para te humilhar. Era para
ser um lance temporário, que não daria em nada. Não era
para você ter se apaixonado — Dom tentou se justificar.

Tristan deu um sorriso amargurado e praticamente


cuspiu as palavras:

— Não. Mas parece que eu sempre faço o que não


devia.

Eu fiquei de pé, encolhida, me martirizando por não ter


contado antes. Onde estava com a cabeça quando concordei
em pisar naquela casa?

Tristan me lançou um último olhar de puro ódio e


desprezo e eu fiquei sem chão ao constatar que o havia
perdido para sempre. Quando o vi se afastar para ir embora,
não pude conter meu desespero:

— Não, não me deixa aqui! — Gritei suplicante,


abraçando-o por trás.

Ele se livrou do meu abraço e virou furioso. Agarrou-


me pelo pescoço e me empurrou contra a parede:

— Eu não quero olhar para sua cara nunca mais. Você


é só uma vadia mentirosa como a sua mãe.

— Não fala assim, você sabe que não é verdade. Você


me conhece — disse entre lágrimas.
— Não sei nada sobre você. Só as mentiras que me
contou e eu caí como um idiota. Você e Allan devem ter se
divertido bastante às minhas custas.

— Não, nunca — balancei a cabeça em negação.

— Acabaram se desentendendo porque você foi


gananciosa demais e eu te defendi como a porra de um
babaca — Seu aperto em torno do meu pescoço se tornou
mais forte e eu perdi o ar.

Dom e Christian se posicionaram para puxá-lo, mas ele


acabou me soltando antes. Deu um murro na parede, a
centímetros do meu rosto. Então, se afastou bruscamente e
deixou a sala de jantar. Tremia da cabeça aos pés com o
susto.

Olhei ao redor e vi que Amanda assistia a tudo


mortificada, amparada por Stella. Markus estava impassível,
em pé do outro lado da mesa. Demorei alguns segundos
para reagir e correr atrás de Tristan.

— Tristan, por favor espere! Eu não estava mentindo


sobre o que sinto por você, Tristan… — gritei da varanda,
mas ele não olhou para trás. Vi quando disse alguma coisa
para o motorista que nos trouxe e saiu pelo portão.

A voz de Christian me tirou do meu torpor:

— Você não achou mesmo que conseguiria, não é?


Estamos acostumados a lidar com oportunistas como você.
Devolveu o dinheiro porque casar com meu irmão seria
muito mais lucrativo.

— Vocês só usam as pessoas e descartam quando não


servem mais. Eu amo Tristan, mas não esperava mesmo que
você ou Dom acreditassem em mim — respondi indignada.

— É natural que você tenha se deslumbrado, eu


deveria ter pensado que isso aconteceria. Você foi a escolha
errada — ele disse e virou as costas, entrando na casa
novamente. Dom observava a cena de longe.

Tristan havia dado instruções para que o motorista me


levasse de volta para casa. Nunca me senti tão sozinha
como naquela noite. Meu pior pesadelo havia se tornado
real. Desabei no chão, quando cheguei ao estúdio em que
morava no Brooklyn. Saber que eu nunca mais veria Tristan
era uma realidade muito dura para suportar. Precisava
arranjar uma forma de fazê-lo me ouvir, não podia ficar ali
parada.

Resolvi pegar um táxi e ir para a cobertura dele. Liguei


diversas vezes no caminho, mas só dava desligado. Já tinha
um cartão de acesso para o apartamento e estava me
dirigindo ao elevador privativo quando o porteiro veio atrás
de mim e disse que o Senhor West não estava em casa e
havia dado ordens para que não deixassem ninguém subir.

— Faz quanto tempo que ele saiu? Você viu ele? —


Perguntei nervosa.
— Não, senhora. Ele ligou para a portaria, parecia com
pressa.

Levei as mãos à cabeça desesperada. Onde eu o


encontraria? Talvez Aaron soubesse de alguma coisa.

Liguei para ele e finalmente fui atendida por alguém.

— Liv? — Ele atendeu surpreso.

— Aaron, eu preciso da sua ajuda.


Deixei a mansão completamente transtornado.
Nem sabia como havia chegado em casa, andei pelas
ruas sem ver nada, perturbado demais para prestar
atenção em qualquer coisa.

Assim que me vi naquela cobertura sozinho, o


baque da ausência dela me atingiu em cheio. Seu
perfume parecia impregnado em todas as minhas coisas.
Como eu pude ser tão cego? Eu devia mesmo saber que
era tudo bom demais para ser verdade. Eu nunca poderia
ter sido tão feliz.

Olhei para o piano do outro lado da sala e fui


inundado por lembranças que eu não podia tolerar. Num
ímpeto de raiva, empurrei o instrumento com toda a
força contra a vidraça que separava o cômodo da
varanda e só parei quando consegui jogá-lo dentro da
piscina. Precisava sair dali ou eu enlouqueceria.

Deixei ordens para que o porteiro não permitisse


que Olivia subisse. Não conseguia nem pensar em como
reagiria se a visse no estado em que estava. Desci até a
garagem e peguei uma das minhas motos, a Kawasaki
mais veloz que eu tinha.

Em pouco tempo eu estava na área dos Dead


Rabbits, que eu conhecia tão bem. Saltei da moto e
percebi os olhares mal-encarados dos seguranças na
entrada do bar. Eles cochicharam entre eles e não
demorou muito para Deacon aparecer na entrada.

— Olha só o que temos aqui, o famoso Tristan


West! A que devo a honra? — Ele me cumprimentou com
sarcasmo.

— Não vem com essa de famoso. Hoje eu só


preciso relembrar os velhos tempos — Respondi.

Deacon sorriu satisfeito com a resposta e sinalizou


que eu o acompanhasse:

— Vem comigo, vamos para um lugar onde


ninguém vai atrapalhar.
Fomos para uma sala escura, com sofás
acolchoados. Uma garota seminua veio com uma
bandeja, nos serviu whiskey. Tomei um gole da bebida.
Logo depois, duas strippers entraram:

— Essa são Candy e Stacy. Elas vão cuidar de você


essa noite. Cortesia da casa.

Elas faziam caras e bocas e se esfregavam em mim


como gatas no cio. As duas eram muito gostosas e eu
estaria louco de tesão em outras circunstâncias, mas
naquela noite eu não conseguia reagir com muito
entusiasmo. Ainda assim, elas serviriam para me fazer
esquecer quem eu era por algumas horas.

Tomei mais um gole da minha bebida, enquanto Candy


se exibia numa dança sensual e Stacy abria minha calça.
Por mais que ela se esforçasse, acariciando meu pau com
suas mãos experientes, não ficava duro. Então ela
colocou na boca. Era macia, molhada e firme, mas eu
não conseguia ficar excitado.

Fechei os olhos, tentando me concentrar. Mas a


imagem de Olivia na minha cama algumas horas antes
era tudo que eu via. Fiquei puto ao constatar que ela me
arruinou para outras mulheres. Afastei Stacy, puxando-a
pelos cabelos:
— Toque nela. Quero assistir as duas — disse,
numa última tentativa.

Stacy deu um sorriso pervertido e começou a beijar


Candy, massageando seu clitóris. Fiquei ali, vendo elas
se exibirem, totalmente entregues ao prazer e nada do
meu pau dar sinal de vida.

Aquilo era demais para aguentar. Levantei puto


comigo mesmo por ser tão fraco, por ainda desejar
aquela traidora. Saí batendo a porta atrás de mim. Ouvi
os protestos das duas ao fundo e a voz de Deacon
quando passei pelo corredor, mas nem olhei para os
lados. A raiva que eu sentia parecia me sufocar.

— Eu sabia que te encontraria aqui quando Olivia


me falou o que aconteceu. — Aaron surgiu no meu
caminho e meu sangue ferveu quando ele disse o nome
dela.

— O que aquela filha da puta te contou? Fala! —


Gritei ensandecido, pegando-o pelo colarinho e
empurrando contra a parede.

— Ei, calma, cara — ele disse acuado — Ela só


falou que vocês tiveram uma briga séria e estava atrás
de você.

— Onde ela está?


— Deve estar em casa. Eu a convenci a esperar.
Disse que te encontraria. Mas que porra está
acontecendo?

Larguei Aaron cambaleando e fui até o beco escuro


onde havia estacionado minha moto. Eu tinha que vê-la
uma última vez. Parei em frente ao estúdio onde Olivia
vivia e subi as escadas furioso, dando batidas insistentes
na porta.

Olivia abriu e meu corpo reagiu imediatamente à


sua presença. Meu coração bateu ainda mais forte e fui
assaltado por emoções violentas e conflitantes. Amor,
tesão, mágoa, tudo se misturou sem controle, me
deixando estarrecido em sua frente.

— Tristan … Você veio! — Disse emocionada e se


jogou nos meus braços.

Cerrei os punhos ao lado do corpo, olhando dentro


dos seus olhos.

— Tristan, me perdoa… Eu amo você, isso nunca foi


mentira. Eu amo você desde o começo.

— Falsa, mentirosa — rosnei — Foi fácil me


enganar, não foi? Bem mais fácil do que esperava.
— Não…Não fala assim — ela dizia suplicante — Eu
aceitei a proposta por impulso, nunca pensei que me
apaixonaria de verdade, mas foi isso que aconteceu.

— Vadia mentirosa — agarrei seus braços e a


sacudi. Olivia soltou um gemido assustada.

— Você está me machucando, Tristan…

Girei seu corpo e a empurrei contra a parede,


fechando a porta de entrada com um pontapé. Olhei para
sua boca trêmula, os lábios entreabertos e rosados,
agarrei seu rosto entre as mãos e a beijei, desvairado de
raiva e desejo. Colei meu corpo no seu. Ela não tentou
fugir, se entregou com igual desespero.

Percorri seu corpo, apertei seus seios, sentindo os


mamilos duros roçando nas palmas das minhas mãos,
rosnei insano, esfregando meu pau duro entre suas
pernas.

— Ah, Tristan… Eu preciso de você — ela disse


arquejante.

Algo me dizia para parar, enquanto eu me


embriagava com seu cheiro e sua pele macia,
distribuindo mordidas pelo seu pescoço. Respirei fundo e
ergui o rosto de novo, colocando uma mão em torno do
seu pescoço.
Separei suas pernas e afastei a calcinha para um
lado, mergulhando meus dedos em sua boceta molhada
e quente.

— Ah, Tristan…

— Você é minha — disse rouco, completamente


fora de mim.

— Sou toda sua. Para sempre.

— Mentirosa — respondi rasgando sua calcinha e


pressionando seu corpo com mais força contra a parede.
Seus seios estavam esmagados contra meu corpo.

— Não, não estou fingindo. Não posso viver sem


você — ela se agarrou mais a mim e me beijou com
paixão.

Afastei-me apenas o suficiente para arrancar o


resto de sua roupa. Ela vestia uma camisola meio
transparente que deixei em pedaços. Abri minha calça e
posicionei meu pau entre suas pernas, estocando fundo
dentro dela.

— Era isso que você queria, desgraçada…


mentirosa? — Disse erguendo seus pulsos e apertando-os
contra a parede — Gosta quando eu te fodo assim, não
é?
Sua resposta foi um gemido suplicante. Segurei - a
firme e meti com mais força. Ela buscou minha boca e se
abriu mais para mim, estrangulando meu pau com suas
paredes internas.

— Ah, Tristan, me perdoa … me perdoa — arfou.

Nossos gemidos se confundiram e ela começou a


ondular, repetindo que me amava e pedindo perdão.
Enterrei meu rosto na curva do seu pescoço e aumentei o
ritmo das estocadas até gozar dentro dela, descontrolado
como estava.

— Ah, Tristan, como eu te amo… — ela disse,


distribuindo vários beijos pelo meu rosto e enterrando o
rosto em meu peito.

Eu me desvencilhei dos seus braços bruscamente e


ela tentou me puxar de volta:

— O que você está fazendo? — Perguntou


alarmada.

Ignorei sua pergunta e fechei o zíper da minha


calça. Olivia se desesperou e caiu de joelhos chorando
convulsivamente:

— Tristan! Não vá embora, por favor, não!


Fechei a porta às minhas costas querendo me
afastar o mais rápido possível de sua armadilha.

Cheguei em casa com os primeiros raios de sol


despontando no céu. Era difícil entrar no meu quarto,
algumas roupas dela ainda estavam no closet e seu
cheiro em toda parte. Tirei a roupa e entrei debaixo da
água gelada do chuveiro. Só então eu senti que os dedos
da minha mão direita ardiam e latejavam. Fitei a mão
com as juntas esfoladas e a aliança ainda ali.

Saí do banho ainda mais perturbado que antes, me


livrei da aliança, jogando numa gaveta. Olhei ao redor
quando cheguei na sala. A vidraça destruída e os cacos
que haviam por toda a parte eram um lembrete do caos
em que minha vida havia se transformado.

Lembrei que Irina estava na cidade, ela nunca mais


havia falado comigo depois do que aconteceu na noite
em que pedi Olivia em casamento, mas eu sabia que ela
viria.
Os dias passaram sem que nada amenizasse minha
agonia. Um advogado me procurou e eu assinei um termo de
confidencialidade que me proibia de comentar sobre meu
relacionamento com Tristan.

Uma nota sobre o fim do noivado foi publicada na


imprensa. Nela dizia simplesmente que depois de um mês
noivos percebemos que nossas diferenças eram
irreconciliáveis e decidimos seguir por caminhos separados.
Também dizia que Tristan estava muito focado na carreira e
tinha grandes projetos.

Ele estava em turnê internacional agora e meu peito


doía só de imaginar todas as coisas que ele estava vivendo
sem que eu estivesse ao seu lado. As noitadas, as mulheres
e todo tipo de excessos que sempre fizeram parte de seu
mundo. Eu sentia que quando sua raiva abrandasse ele
sequer pensaria mais em mim. Não restaria nada.

Estava deitada na cama há horas, remoendo meu


último encontro com Tristan, como fazia desde que ele foi
embora, quando meu telefone tocou. Era minha mãe de
novo. Eu vinha ignorando suas ligações.

A única pessoa com quem eu conversava era Amy. Ela


me escutava por horas a fio falando sobre Tristan quando
meu desespero era grande demais e eu precisava desabafar.
Eu estava me sentindo especialmente mal naquela tarde,
provavelmente porque não comia, nem dormia direito há
duas semanas, quando tudo aconteceu.

Não podia continuar assim, tinha que haver um jeito de


arrancar aqueles sentimentos de dentro de mim. Precisava
refazer minha vida e deixar Nova York para trás junto com
todas as lembranças, mas a saudade que eu sentia dele me
abatia, me derrotava. Em outros momentos, eu o odiava com
a mesma intensidade e era ainda mais doloroso. Seu olhar
duro, sua raiva e a indiferença final me machucaram mais do
que eu poderia suportar.

Levantei da cama às pressas e vomitei na privada o


pouco que eu havia conseguido comer naquele dia. Minha
condição estava piorando consideravelmente nos últimos
dias e resolvi ir para o hospital.

Foi estranho deixar o cubículo onde eu morava depois


de tantos dias sem sair. Peguei um táxi e fui direto para o
pronto socorro do hospital mais próximo, pensando no
quanto isso me custaria.

Respondi algumas perguntas e passei por uma série de


exames que só serviram para me deixar ainda mais ansiosa.
Era uma droga estar sozinha. Como a médica não falava
nada, eu perguntei:

— E então, o que eu tenho? Pode ter sido apenas


cansaço. Como eu disse, eu tenho dormido mal e me
alimentado pouco nos últimos dias.

— Uhum. Essa é uma possibilidade, mas preciso


eliminar uma suspeita com o exame de sangue.

Vários cenários ruins surgiram na minha mente diante


daquelas palavras e minha angústia só piorou. Peguei o
celular, pensando que tudo que eu queria naquele momento
era poder ligar para Tristan. Não conseguia mais entrar em
contato com ele, meu número foi bloqueado, fui cortada de
vez da sua vida, como se não tivesse significado nada.

Resolvi retornar uma ligação de Amy. Ela atendeu no


primeiro toque:

— Amiga, graças a deus. Estava preocupada com você.


Como você está?

— Na mesma, eu acho. Resolvi vir ao pronto socorro,


acabei passando muito mal hoje.
— Ai meu deus, eu sabia que você ia ficar assim
quando visse. Mas você vai sair dessa, aquele idiota não te
merece.

— Quando visse o que? Eu não sei do que …

— Olivia Duncan — a médica chamou antes que eu


pudesse entender do que minha amiga estava falando. Fui
tomada por um mal pressentimento e me levantei
completamente abalada.

— Tenho que ir. Já te ligo — despedi - me.

— Confirmei a minha suspeita — A médica disse com


um sorriso no rosto que só me deixou confusa.

— Parabéns, Sra. Duncan, você está grávida.

A notícia veio como um furacão e eu só conseguia


tremer e chorar com o choque.

— A senhora está bem? Quer uma água? Sente-se um


pouco. Se seu marido, ou noivo pelo o que estou vendo,
puder buscá-la, seria melhor. Não está em condições de ir
sozinha para casa — ela disse, apontando para minha aliança
que eu não tive coragem de tirar.

Como não me mexi, a médica insistiu:

— Sra. Duncan? Sente-se um pouco. Vou encaminhá-la


para um obstetra para que inicie o pré-natal.
Assenti e me sentei, enxugando as lágrimas, enquanto
ela fazia algumas recomendações e insistia que eu não fosse
embora sozinha. Concordei com tudo o que ela dizia sem
conseguir assimilar nada.

Aquela teria sido uma notícia maravilhosa se Tristan


estivesse ao meu lado. Mas era impossível agora. Ele
pensaria que eu estava tentando dar algum tipo de golpe,
talvez exigisse o DNA, e isso, considerando que eu
conseguisse entrar em contato com ele de alguma maneira.
Na verdade, eu não fazia ideia de como ele se sentia em
relação a ser pai. Não tivemos tempo para conversar sobre
filhos. Eu diria que nossa relação foi intensa, rápida e
devastadora.

Peguei um táxi para casa, ainda assimilando a notícia.


Pousei a mão sobre minha barriga e me dei conta de que
teria que reagir agora. Não podia mais passar meus dias na
cama, me sentindo miserável e vazia. Minha vida acabara de
ganhar um novo sentido. Por mais assustadora que fosse a
ideia de criar um filho sozinha, eu estava disposta a lutar e
fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para cuidar
daquela criaturinha. Era um sentimento novo que tomava
conta de mim, estranho e poderoso.

A rádio estava ligada e me arrepiei quando reconheci a


voz de Tristan cantando uma balada suave e bonita que eu
nunca tinha escutado antes. Sorri melancólica, sentindo meu
coração bater mais forte.
— Ah, Tristan, como eu queria que você estivesse aqui
— suspirei, com lágrimas grossas escorrendo pelo meu rosto.

— Desculpe, disse alguma coisa? — O taxista


perguntou.

— Não, nada. Só estava pensando alto — respondi,


tentando disfarçar a emoção na minha voz e sendo muito
mal - sucedida nisso.

Foi então que me lembrei de como Amy parecia


preocupada com algo que ela achava que eu havia visto e
fiquei alarmada de novo. Seria sobre essa música nova?
Provavelmente tocaria em toda a parte nas próximas
semanas e eu teria que me acostumar em ouvir a voz de
Tristan onde eu estivesse.

Peguei meu celular com as mãos trêmulas e pesquisei


notícias sobre o Easy Riders, evitando digitar o nome dele
diretamente, mas sabendo que eu encontraria o que estava
procurando.

Demorei alguns segundos para entender o que eu


estava vendo, quando as imagens surgiram na tela. Soltei
um grito e deixei o celular escorregar das minhas mãos. Era
difícil respirar. Tive a sensação de ter levado um soco.

— Más notícias? — O motorista me olhou intrigado pelo


retrovisor.
Tristan e Irina estavam juntos. Ele escreveu a música
nova para ela. Havia várias fotos com os dois aos beijos em
cenas gravadas para o novo videoclipe da banda, feito para
celebrar o casal.

— As piores possíveis — murmurei.

Saltei do táxi e caí num pranto descontrolado.


Cambaleei na rua e minha mãe correu para me amparar.

— Olivia, o que aconteceu? — Ela perguntou


preocupada me abraçando — Como você não atendia minhas
ligações eu resolvi vir. Cheguei na hora certa pelo jeito. Isso
é sobre Tristan, não é?

Balancei a cabeça confirmando e enxuguei as


lágrimas.

— Sinto muito, filha — ela disse e pela primeira vez eu


acreditei que ela se importava de verdade — Não sei o que
aconteceu com vocês. Tristan e Lou são próximos, mas você
sabe como os homens são, não conversam sobre seus
problemas. Vamos subir e você pode me contar com calma
se quiser. Eu faço um ótimo chocolate quente.

Concordei, achando a ideia estranhamente


reconfortante. Estava cansada de ficar sozinha.

Ela olhou ao redor do pequeno estúdio com


preocupação. Minha cama estava desarrumada e
embalagens com restos de comida se acumulavam na
cozinha.

Sentei no sofá, enquanto ela inspecionava o armário.

— Meu Deus, Liv. Você não pode continuar vivendo


assim. Vou te ajudar e não aceito não como resposta. Tristan
West me paga por mexer com minha filha.
Minha cabeça estava a ponto de explodir e tudo
girava ao meu redor. Estava em um pub em Londres, onde
havia feito um show desastroso algumas horas antes.
Acabei me atrasando para subir ao palco porque apaguei
em um quarto de hotel depois de beber por muitas noites
seguidas.

A plateia já estava impaciente e o show


foi interrompido várias vezes para que eu recuperasse o
fôlego. Aquele era o ponto mais baixo da minha carreira,
tudo estava desmoronando.

Não gostava de ser visto assim por Aaron e pelo resto


da banda, então estava cada vez mais isolado, só
encontrava com eles em cima do palco. Ashley escondia
meus problemas e eu tentava parecer no controle. Mas essa
noite havia ficado claro para todo mundo o quanto eu
estava fodido e isso me deixava puto.
A verdade era que por mais que eu tentasse fugir do
que sentia, não havia uma hora sequer em que eu não
pensasse em Olivia. Tentava procurar motivos para perdoá-
la, procurar sinais de que seus sentimentos eram
verdadeiros, mas nada mudava o fato de que ela me
enganou desde o começo e eu facilitei seu trabalho me
comportando como um idiota apaixonado.

Em uma tentativa desesperada de atingir Olivia no


calor da raiva, tive a ideia de gravar um videoclipe com
Irina. Acabou servindo para que a imprensa tivesse alguma
coisa para comentar além do término do meu noivado. Mas
a companhia de Irina foi insuportável durante todo o
processo. Estar perto de outra mulher só me lembrava do
quanto eu estava obcecado por Olivia e sentia falta dela
mesmo contra a minha vontade.

Ouvi uma gritaria quando estava me levantando para


ir embora. Allan entrou no salão gritando e Travis tentava
detê-lo:

— Achei você, seu filho da puta! — Gritou assim que


me viu.

— Allan, não vai adiantar nada. Vamos embora, já


disse que posso te ajudar — Travis disse, tentando
apaziguá-lo.

— O que você quer? — Perguntei ríspido.


— Quero que você me pague o que deve. Por sua
culpa eu fui demitido da gravadora e não consigo contrato
com nenhum artista. Tudo por causa daquela putinha que
nem valeu a pena.

Travis agiu rápido para que eu não quebrasse a cara


daquele filho da puta, entrando no meio:

— Tristan, não faça isso! Ele só está tentando te


provocar. Não cai nessa — apelou com a mão espalmada em
meu peito.

Cerrei o maxilar e fechei a mão em punho ao lado do


corpo. Travis tinha razão, eu não seria preso por causa
daquele verme.

— O plano de arranjar uma garota para você não


foi ideia minha. Mas ela pôs tudo a perder, aquela putinha
gananciosa. Eu tinha grandes planos para ela. Mas ela não
se contentaria comigo, aquela vadia.

O sangue subiu à minha cabeça ao ouvir aquelas


insinuações. Agora estava claro para mim que eles tiveram
um caso. Aquilo era demais para suportar e parti para cima
daquele desgraçado, mas Travis entrou no meio e o covarde
teve tempo de recuar.

—Nunca deveria ter concordado em colaborar


com seus irmãos nesse plano maluco. Vocês ricos vivem
jogando a culpa das merdas que fazem em cima dos outros,
não é? No final todo mundo acaba se entendendo e o único
que se fodeu nessa história fui eu — ele disse antes de sair.

Deitei na cama com as palavras de Allan ecoando na


minha mente. Olivia havia me traído de todas as maneiras.
Não conseguia me perdoar por ter sido tão cego. Meu sono
foi conturbado e, no dia seguinte, acordei com um falatório
na antessala da suíte em que estava.

Travis veio falar comigo e foi barrado por Ashley:

— Ele está descansando. Posso dar o recado.

— Qual é, Ash. Que palhaçada é essa? Tristan ficou


inacessível agora? Somos amigos e colegas de trabalho. É
um assunto pessoal. Não vou mandar recado.

— Vai ter que esperar então…

Abri a porta de correr que separava os dois


ambientes.

— Aí está ele. Bom dia!

— O que você quer conversar?


— Tristan, eu disse a ele que não era uma boa hora —
Ashley se justificou.

— Está tudo bem, Ash. Você pode ir.

Ashley pediu licença e nos deixou a sós. Me servi de


uma xícara de café bem preto e Travis começou a dizer:

— Olha, sei que provavelmente não quer tocar no


assunto, mas é óbvio para todo mundo o quanto essa coisa
do noivado te destruiu. Só que talvez Olivia não seja essa
golpista fria e oportunista que pareceu. Estou conversando
com Amy desde que terminei de vez com Meghan e
descobri um monte de coisas, inclusive a treta com
Marianne Reese.

Bufei impaciente e ele continuou:

— Olivia não queria aceitar a proposta. A única coisa


que ela queria era descobrir sobre a mãe. Foi Amy que a
convenceu. Se aproximar de você era um jeito de encontrar
Marianne Reese e isso pesou na decisão dela. Achei que
você deveria saber.

— Escuta, Travis, sei que está tentando ajudar, mas


não quero ouvir falar de Olivia nunca mais. Entendeu?

— Eu entendo, cara. Só acho que isso não está


funcionando muito bem para você. Está colocando tudo a
perder, Tristan. Pode ficar puto comigo, pode me demitir,
foda-se. Não vou ficar calado enquanto você se afunda e
leva a banda junto no processo.

— Então faça o seu trabalho e deixa o resto comigo —


respondi determinando a sair daquele buraco. Cair de
cabeça nos negócios era tudo que eu precisava agora.

Desde o dia que minha mãe apareceu em um dos


piores dias da minha vida nunca mais nos afastamos, agora
eu estava em seu rancho, em Montauk. Os dias estavam
mais leves, não me sentia tão sozinha e evitava ter notícias
de Tristan.

Olhei minha imagem no espelho assim que levantei da


cama, levantando meu baby doll. Ainda não havia sinal de
barriga, eu estava com 10 semanas. Não contei sobre a
gravidez para minha mãe, Amy era a única pessoa que
sabia. Ainda não sabia o que fazer a respeito. Não
suportaria ser maltratada por Tristan, acusada de dar um
golpe da barriga.

Tinha planos de voltar para a Escócia e minha mãe


prometeu me ajudar a abrir uma cafeteria para mim na
capital. Já estávamos com data marcada para irmos juntas.
Tentaria recomeçar minha vida pelo bebê. Se não fosse pela
descoberta de que ia ser mãe, eu tinha certeza que já teria
me afundado completamente. Mas eu tinha que ser forte
agora.

Desci as escadas para tomar o café da manhã e


Dorothy, uma simpática cinquentona que trabalhava para a
família há décadas me cumprimentou:

— Bom dia, querida! Fiz ovos mexidos com bacon


como você gosta. Ainda estão quentes.

— Bom dia, Dorothy. Estão com o jeito de estarem


deliciosos.

— E estão. Pode comer tudo, todos já tomaram café


da manhã. Você já está até com o rosto mais cheinho e
corado. Chegou aqui tão abatida. Essa vida corrida na
capital adoece qualquer um.

— Onde minha mãe está?

— Saiu para cavalgar com o Sr. Reese. Devem voltar


daqui a pouco.

Sorri pensando em como eles se davam bem. Reese


era um eterno apaixonado por minha mãe. Mesmo quando
soube que ela havia mentido por anos sobre mim, ele
encontrou motivos para perdoá-la e eles viviam felizes
desde então.
Tristan era diferente, jamais me perdoaria. Sequer se
importava comigo a essa altura. Vou ficar marcada apenas
como um episódio vergonhoso de sua vida, a pessoa de
quem ele não fala.

Fui para a varanda com uma caneca de café quente


nas mãos me sentindo melancólica de novo.

— Bom dia, Liv! — Minha mãe me cumprimentou


sorridente ao chegar da cavalgada — Dormiu bem?

— Até demais. Queria ter acordado mais cedo —


respondi, sorrindo de volta.

Reese também me cumprimentou e pediu licença


para ir ao estúdio.

— Tenho um ensaio em NYC hoje. Você quer me


acompanhar? Podemos ir às compras depois. Vai ser bom
para você se distrair um pouco.

Hesitei, mas acabei concordando. Nova York me trazia


lembranças de Tristan, mas era melhor do que ficar ali
sozinha.

Como ainda tinha tempo, resolvi sair para caminhar. O


rancho era bem grande e eu fui até o limite dos fundos,
onde havia um pomar que eu adorava. Estava colhendo
maçãs quando fui surpreendida por uma mão tampando
minha boca. Tentei gritar, mas ele me segurava com muita
força.

— Então foi aqui que você resolveu se esconder, sua


puta? — A voz áspera de Allan soou no meu ouvido.
— Estou vigiando você há algum tempo. Pensou
que ia se dar bem, não é? Eu perdi tudo por sua causa —
Allan gritava descontrolado. Tentei gritar, mas ele
pressionava minha boca com muita força.

Debatia-me desesperada quando ouvi passos.


Lembrei que havia câmeras espalhadas por toda a
propriedade. Allan não havia pensado nisso direito, ele
não sairia impune. Em segundos nós estávamos cercados
pelos seguranças com armas apontadas.

— Se atirarem em mim, ela morre junto — Allan


apontou um revólver para minha cabeça.

Aconteceu muito rápido. Alguém pulou em cima de


Allan, derrubando nós dois e a arma disparou, então tudo
ficou escuro.
Despertei na minha cama horas depois, sob os
olhares preocupados da minha mãe e de um senhor que
foi apresentado como doutor Howard. Estava confusa e
tudo voltou para minha mente de uma vez. Sentei na
cama e pus a mão na barriga com o pânico voltando a
tomar conta de mim.

— Está tudo bem, filha. Aquele louco está preso.


Você desmaiou com o choque, quando a arma disparou.
Por sorte, ninguém foi atingido — minha mãe disse,
sentando-se na cama e me encostando de volta nos
travesseiros. Apenas assenti, um pouco mais aliviada.

O médico conversou comigo a sós e fez alguns


exames quando relatei que estava grávida. Só relaxei de
novo quando soube que estava tudo bem com o bebê.
Conversei com minha mãe, assim que o médico saiu, e
contei tudo sobre a gravidez.

— Por que não disse antes, minha filha? Não devia


passar por tudo isso sozinha — ela disse me abraçando e
não consegui evitar chorar.

Pedi que ela mantivesse segredo, por enquanto. Ela


concordou a contragosto.

— Uma hora vocês dois tem que conversar. Isso


não pode ficar assim. Não sei quem é mais cabeça dura.
— Ele vai saber na hora certa — respondi.

Minha mão suspirou com ar de desaprovação:

— Sei que você está evitando ter quaisquer


notícias dele, mas acho que você deveria saber o que eu
vou dizer...

— Mãe, por favor não — Protestei.

Ela fez um gesto com a mão sinalizando que eu a


deixasse falar e acrescentou:

— Eu soube por algumas amigas que ele e Irina


não estão juntos. Ela até forçou bastante, mas Tristan
tem fugido dela e não foi visto com nenhuma mulher
durante a turnê. Ele pode até estar magoado com você
agora, mas ainda te ama.

Meu coração disparou ao ouvir suas palavras e


ousei ter alguma esperança de que as coisas iriam se
acertar, mas depois me repreendi. Era melhor não criar
muitas expectativas.

Fiquei inquieta o resto do dia, não conseguia parar


de pensar sobre ele. Depois que minha mãe me instigou
de novo, eu queria saber tudo sobre o que ele andava
fazendo. Acabei pesquisando seu nome e descobri que
ele havia desembarcado em Nova York há algumas horas.
Abri uma gaveta, onde eu havia guardado a caixa
que minha mãe havia enviado para mim e tirei a aliança
que Tristan me deu lá de dentro. Nunca mais havia
olhado para o anel com brilhante. Coloquei no dedo de
novo e sorri, me sentindo uma boba.

Voltei para Manhattan depois de uma exaustiva


temporada de shows. Fui direto para a gravadora, estava
produzindo dois artistas novos que eram uma aposta
certa para o próximo ano. De lá, eu segui para um dos
meus bares esportivos, era noite de MMA e reuni alguns
amigos para assistirmos na sala vip, que era uma espécie
de cinema.

Meu celular não parava de tocar durante a maior


parte do primeiro round, era Reese. Desliguei o telefone
para não ser incomodado por ninguém. Senti uma
pontada incômoda ao pensar que Reese provavelmente
sabia o que Olivia andava fazendo. Pensar nela sempre
me perturbava e eu evitava ter notícias sobre seu
paradeiro.

Nada me preparou para o que aconteceu a seguir.


No intervalo da luta, uma jornalista com a expressão
severa anunciou:
— Temos imagens exclusivas do atentado à
propriedade de Lou Reese, que ocorreu nesta manhã de
sábado. O rancho em que o cantor vive com a esposa foi
invadido por um homem identificado como Allan Smith,
ex-empresário da banda Easy Riders. Aparentemente,
seu alvo era Olivia Duncan…

O copo de whiskey que eu segurava, escorregou da


minha mão e espatifou no chão. Meu peito parecia pesar
uma tonelada. Por mais que eu puxasse o ar, não
conseguia respirar. Fiquei petrificado, até a âncora do
jornal concluir:

— …quase terminou em tragédia …a polícia


agiu rápido…

— Você está bem, cara? — Alguém perguntou,


mas não respondi.

Não conseguia pensar em nada, só sabia que


precisava vê-la. A ideia de que Allan poderia tê-la
tirado de mim para sempre me deixou sem chão.
Não conseguia me libertar daquela obsessão por
Olivia por mais que eu tentasse lembrar a todo
momento que não podia confiar nela.

— Espere, Tristan. Onde você vai? Ela não se


feriu, foi só um susto. Conversei com Reese mais
cedo, ia dar a notícia, mas não queria te atrapalhar
no trabalho — Ashley gritava atrás de mim,
enquanto eu me dirigia para minha moto.

— Tristan, você não pode sair assim! — Ela


insistiu, se colocando na frente da minha Harley.

— Saia da minha frente, Ashley. Eu preciso vê-


la. Preciso ter certeza de que ela está bem. Não vou
me acalmar enquanto não colocar os olhos nela —
disse duramente e ela deve ter percebido a
determinação em minha voz, pois saiu da frente e
não disse mais nada.

Arranquei com a moto e segui pela estrada


que levava à Montauk, onde ficava o rancho. Fiz o
percurso em menos de 3 horas, transtornado como
estava. Adentrei a estrada de chão que levava ao
casarão e uma luz se acendeu no segundo andar.
Parei a moto embaixo da janela iluminada.

Olivia apareceu em poucos minutos, correndo


na minha direção. Meu coração disparou na mesma
hora. Eu a tomei nos braços com desespero,
saudade. Acreditaria em qualquer coisa que ela me
dissesse naquele momento. Ansiava tanto por ela
que não conseguia mais sentir raiva. Segurei seu
rosto entre as mãos e ataquei sua boca, sôfrego,
esfomeado.
Seus olhos eram profundos e apaixonados
quando a fitei depois de separar nossas bocas em
um esforço para me conter.

—Você voltou. Senti tanta saudade — ela disse


com a voz embargada, enlaçando meu pescoço.

— Ah, forasteira… pensei que tinha te perdido


para sempre.

Acariciei seu rosto e a beijei de novo. Ela


correspondeu com a mesma intensidade, gemendo
na minha boca, apertando o corpo contra o meu.
Entregava-se completamente, mostrando em cada
gesto o quanto me desejava.

Minha necessidade de tê-la de novo era tão


grande que quase rasguei suas roupas ali mesmo,
mas ela me fez parar, agarrando meu antebraço:

— Tristan, vamos sair daqui. Alguém pode nos


ver — disse, ofegante, com os lábios quase colados
aos meus.

Assenti e Olivia subiu na garupa da moto.


Saímos no meio da noite e paramos próximo a um
lago.
Assim que descemos da moto, puxei-a para
mais perto e meu pau latejou com o contato, através
do jeans apertado que ela usava. Olivia gemeu e se
esfregou em mim, sedenta por mais.

Ergui Olivia e a coloquei sentada na moto de


novo, de frente para mim.

Levantei sua blusa junto com o sutiã e


abocanhei seu seio, faminto. Ela estremeceu e meu
corpo se incendiou quando senti seu mamilo durinho
com a ponta da língua. Fiz o mesmo com o outro
seio e puxei seu cabelo, fazendo-a erguer o queixo.

— Fiquei louco sem você — disse, sem


desgrudar os olhos dela.

— Então não vá embora nunca mais — ela


disse ofegante — Eu preciso de você, Tristan.

Soltei um gemido rouco, abri sua calça e


arranquei o jeans e os sapatos que ela usava, afoito.
Olivia me enlaçou com as pernas e ergueu o quadril.

Agarrei sua nuca e a puxei para mim,


beijando-a mais uma vez. Ela gemia e choramingava
com a respiração pesada. Enterrei o rosto na curva
do seu pescoço e desci a mão por sua barriga lisa,
sentindo a pele macia e quente.
— Tristan, por favor. Não posso mais respirar
sem você dentro de mim — ela suplicou com os
olhos fixos nos meus.

Juntei seus seios redondos nas minhas mãos e


desci uma trilha de beijos por sua barriga, ela gemia
enlouquecida. Puxei sua calcinha com violência:

— Você não sabe como senti falta dessa


bocetinha — disse rouco, inalando seu cheiro. Abri
sua boceta e passei a língua na carne rosada, ela
estava encharcada de tesão e eu me fartei com seu
gosto delicioso. Olivia gritou com o toque da minha
língua, tremendo violentamente.

Ergui o rosto para fitá-la e tirei sua blusa e o


sutiã, que ainda estavam retorcidos acima dos seus
seios. Ela abriu minha calça. Sua mão delicada
sequer conseguia se fechar totalmente em torno do
meu pau, mas ela a moveu com destreza e gemi
agarrando seus cabelos e atacando sua boca.

— Vou foder essa boceta até quando eu quiser.


Você é minha, Olivia. Minha, para eu fazer o que
quiser.

— Ah, Tristan… — ela choramingou,


posicionando meu pau em sua entrada — eu amo
você.
Quase me deixei levar, mas então resolvi
retomar o controle no último momento, agarrando
seu pescoço e deitando-a sobre a moto. Ela tentou
se desvencilhar do meu aperto, quis se erguer para
me tocar, mas a mantive bem firme.

Enterrei meu pau inteiro em sua boceta na


primeira estocada e ela gritou fora de si. Continuei
metendo bem fundo, inclinado sobre ela em cima da
moto. Segurava suas pernas bem afastadas. Olivia
gemia e gritava, arrebatada.

Sua boceta estrangulava meu pau. Ela tremia


e se sacudia, com o corpo castigado pelo prazer. Fui
tomado por um redemoinho de emoções que me
deixava completamente atordoado. Extravasei tudo
o que sentia naquele momento, possuindo Olivia
com brutalidade, violência, sem aliviar em nenhum
momento. Ela começou a ondular com lágrimas
escorrendo pelos olhos.

Uma onda intensa de tesão varreu meu corpo


também e senti meu pau inchar e ondular dentro
dela. Gozei em sua barriga e seios.

Demorei alguns segundos para libertá-la do


meu aperto, ainda perturbado pela intensidade de
tudo que senti nas últimas horas.
Ela também demorou para reagir. Sua pele
estava rosada e seu peito subia e descia. Minha
porra escorria do meio dos seus seios.

De repente, Olivia se ergueu e buscou minha


boca com desespero:

— Eu te amo, eu te amo — ela repetia entre


beijos.

Retesei-me diante de suas carícias.

— Eu sou sua, Tristan. Sempre serei —


Continuou.

— Por que Allan veio atrás de você, Olivia? —


Perguntei bruscamente, retirando suas mãos do meu
rosto.

—O que? — Ela pareceu desconcertada com a


pergunta e estacou.

— Por que ele viria atrás de você, porra?

— Eu não sei, Tristan. Por que não pergunta


para ele? — Sua voz tremia de indignação, mas eu
não estava satisfeito.

— Só estou tentando entender, Olivia. Por


mais que eu tente, não faz sentido para mim.
— O que você está insinuando?

— Só consigo pensar que vocês tiveram um


caso, mas você acabou se arrependendo quando já
era tarde demais. Na verdade, ele confessou tudo.

— O que? Não, não, isso não é verdade — sua


voz ficou aguda e quase falhou.

— Então por que ele agiria como se você o


tivesse traído, hein? Por que ele te perseguiu como
um amante ferido querendo acertar as contas?

Lembrei de como Allan estava sempre se


referindo a ela como ‘musa’ e da forma que ele a
olhava e fiquei enojado. Estava tudo na minha cara
o tempo inteiro e eu não enxerguei.

— Porque ele é louco. Nunca tivemos nada. Só


amei você desde o começo. Tristan, por favor. Olhe
para mim — ela tocou em meu rosto e me
desvencilhei, afastando sua mão de forma bruta.

Olivia me encarou com uma expressão ferida e


desceu da moto. Pegou suas roupas espalhadas e se
vestiu sem olhar para mim.

— Eu quero acreditar em você, Olivia. Mas não


é tão fácil assim — disse, num tom mais ameno,
sentindo minha convicção fraquejar ao vê-la se
afastando.

— Não posso esperar por você, Tristan. Não


vou ficar aqui, implorando o seu perdão. Se não
consegue confiar em mim, está tudo acabado entre
nós — disse com determinação, enxugando as
lágrimas.

Ela retirou o anel de noivado, que só então me


dei conta de que ainda usava e jogou longe. Assisti
em choque enquanto ela ia embora para nunca mais
voltar.
Quando me vi sozinha no quarto de novo, eu
desabei na cama e chorei como nunca antes. No fundo,
ainda tinha esperança de que as coisas poderiam se
acertar no futuro. Mas depois desse encontro, eu estava
convencida de que Tristan nunca voltaria para mim, não
do jeito que eu queria.

Sabia que ele ficava tão abalado quanto eu, que


me desejava na mesma intensidade e poderia até voltar
e me usar como bem entendesse para satisfazer suas
vontades. Mas eu nunca o teria por inteiro de novo e isso
eu não poderia suportar.

Adormeci com o dia quase clareando e acordei


confusa com a voz da minha mãe me chamando:
— Filha, já são quase meio dia. Precisa comer
alguma coisa. Está se sentindo mal? — Sentei na cama,
ainda meio grogue. Ela se aproximou e colocou a mão
em minha testa — Meu Deus, você está queimando de
febre.

Continuei em silêncio. Minha mãe suspirou e


sentou ao meu lado na cama:

— Está assim por causa de Tristan. Dorothy disse


que viu você saindo na garupa de uma moto ontem de
madrugada. O que ele fez dessa vez?

Apertei os olhos tentando não voltar a chorar


quando ouvi o nome dele.

— Está tudo acabado, mãe — Respondi.

Ela fez menção de dizer algo, mas minha expressão


a desencorajou. Por fim, apenas me deu um abraço e
disse:

— Sinto muito, filha. Vou chamar o Dr. Howard para


examiná-la.

Como já desconfiava, o Dr. Howard concluiu que


não havia nada fisicamente errado comigo. Disse para
eu fazer o possível para não me aborrecer e receitou
algumas vitaminas.
Passei vários dias sem querer sair do quarto. Não
tinha vontade de fazer nada e comia apenas para não
prejudicar o bebê.

Minha mãe resolveu adiantar nossa viagem para


Edimburgo, reagi com indiferença quando ela veio me
dizer que partiríamos em três dias. Já não me importava
mais com os planos que eu tinha de abrir uma cafeteria
para mim.

— Agora se arruma, nós vamos sair — ela


anunciou.

— O que? Nem pensar.

— Você não vai se arrepender se levantar dessa


cama hoje, prometo. Estou te esperando lá embaixo.

Ela saiu ignorando meus protestos. Saí da cama


resignada e vesti uma roupa confortável. Não sabia o que
ela tinha em mente, mas torcia para ser um passeio
rápido. Talvez me fizesse caminhar e tomar um sol, como
ela sempre dizia que eu estava precisando.

Quando desci, constatei que iríamos de carro e


quase voltei quando descobri que estávamos indo para
Nova York.
— Não se preocupe. Estaremos de volta antes do
anoitecer.

— Se está pensando em uma tarde de compras, eu


realmente não estou interessada.

Minha mãe apenas sorriu de forma enigmática.


Passei a maior parte da viagem com a cabeça na janela,
olhando a paisagem. Paramos na frente do Hard Rock
Hotel e olhei confusa até reconhecer a figura de Amy nos
aguardando na entrada.

— Eu disse que valeria a pena — Minha mãe sorriu


e dessa vez eu também.

Saltei do carro e corri para abraçá-la.

— Que bom que você está aqui!

— Já estava morrendo de saudade. Cadê essa


barriga que não aparece hein? — Ela se afastou para me
olhar melhor — Está mais magra do que antes. Vamos
dar um jeito nisso hoje.

Amy sempre tinha o poder de me fazer sentir


melhor e passamos uma tarde agradável andando por
Manhattan. Fiquei emocionada quando ela me mostrou a
roupinha de bebê que havia comprado ainda na Escócia.
No final do dia, voltamos juntas para o rancho. Amy
ficaria comigo até partirmos para Edimburgo.

Os dias passaram um pouco mais depressa com a


presença da minha amiga. Até voltei a dar uns passeios
curtos e a comer com todos na mesa. Sentia-me bem
com essas distrações, mas assim que me deitava na
cama, todos os meus sentimentos por Tristan vinham me
atormentar de novo.

Edimburgo - 2 meses depois

Era o grande dia da inauguração da minha


cafeteria, estava muito animada pela primeira vez em
muito tempo. Tudo ficou do jeito que eu queria. Um lugar
aconchegante e tradicional.

As pessoas começaram a chegar aos bandos,


atraídas pela novidade e pelos cranachans gratuitos.

Meu pai e Jane foram me prestigiar e ela até


mesmo elogiou os pratos que provou e me desejou
sucesso.

— Posso não ter sido a melhor madrasta do mundo,


mas você aprendeu algumas coisas comigo — comentou
bem humorada.
Meu pai também estava feliz e relaxado. Ele
acabou se encontrando com minha mãe na escada do
meu prédio, ao vir me visitar sem avisar, alguns dias
antes. Foi um encontro rápido e tenso, eles mal trocaram
duas palavras. Mas de alguma forma isso mudou algo
dentro dele, como se tivesse superado o rancor que
sentia.

Mesmo assim, foi tudo planejado para que não


houvesse mais encontros desagradáveis. Minha mãe só
chegou, acompanhada de Lou Reese, quando meu pai e
Jane já estavam longe.

O dia passou sem maiores incidentes e comecei a


arrumar as coisas para ir embora, assim que Amy saiu. Já
estava vestindo o casaco para sair quando ouvi o barulho
da porta:

— Amy, você me assustou. Já sei, esqueceu alguma


coisa de novo — disse rindo, antes de me virar.

O sorriso sumiu dos meus lábios rapidamente,


dando lugar ao choque. Tristan estava de pé na porta,
olhando-me fixamente, mas bonito do que nunca, com
um sobretudo preto e os cabelos loiros e compridos
caindo soltos e displicentes pelo rosto.

— Tristan? O que você está fazendo aqui? —


Perguntei com dificuldade de acreditar no que via na
minha frente. Engoli em seco, sentindo as pernas
bambas e o coração acelerado.

Tristan se precipitou na minha direção e tomou


meu rosto entre as mãos:

— Forasteira…— ele murmurou, como se estivesse


maravilhado em constatar que eu estava mesmo na sua
frente. Continuei sem ação, abalada demais para reagir
— Eu nunca deveria ter deixado você ir, me perdoa por
não ter acreditado em você.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu assenti


trêmula, enquanto Tristan beijava meus cabelos,
tomando a minha boca em seguida.

— Só se você me perdoar também — sussurrei com


a boca quase colada a sua.

— Estamos os dois perdoados. Daqui para frente


nada pode nos separar — ele respondeu, com a testa
colada à minha.

Minhas roupas volumosas de inverno disfarçavam o


volume da minha barriga, que já começava a despontar,
agora que eu estava entrando no quinto mês. Toquei em
sua mão que ainda estava em meu rosto e a guiei até
minha barriga:
—Tristan … — Seus olhos se arregalaram e ele
quase retirou a mão em choque, mas se deteve.

Ele fitava a minha barriga ainda atordoado com a


descoberta:

— Eu vou ser pai? — Ele riu ao mesmo tempo


incrédulo e emocionado.

Tristan me levantou nos braços e eu soltei um


gritinho, enlaçando seu pescoço. Não conseguia parar de
sorrir olhando para ele.

— Meu deus, Liv — Beijou-me com tudo o que


sentia e me colocou no chão novamente.

— É um menino. Descobri ontem — disse.

Seu semblante ficou fechado de repente:

— Você passou por tudo isso sozinha…

— Está tudo bem agora, meu amor — eu o


tranquilizei — Nada mais vai nos separar, lembra?

— Prometo cuidar de você e estar ao seu lado em


todos os momentos, forasteira — Ele disse e me apertou
em seus braços.
Levou uma das mãos ao bolso e tirou uma
caixinha:

— Você deixou cair — Abriu, mostrando o anel de


brilhante que havia me dado.

— Como você encontrou isso? — Levei as mãos à


boca, surpresa.

— Deu bastante trabalho, mas tudo vai ter valido a


pena se você ainda aceitar se casar comigo — disse, se
ajoelhando na minha frente.

— É claro que eu aceito. É tudo que eu mais quero


nesse mundo. — Respondi, me jogando em seus braços.

Finalmente eu era feliz de novo.

Os dias sem Olivia só se tornavam piores à medida


que o tempo passava. Não conseguia esquecer nosso
último encontro e tive que me controlar muito para não
largar tudo o que estava fazendo e ir atrás dela de novo.
Mergulhar no trabalho não ajudava em nada, mas era a
única coisa que eu tinha.

Praticamente me mudei para o estúdio depois que


a turnê acabou e deixei todos os funcionários a ponto de
se demitirem com minhas exigências.

Minha mãe e Dom apareceram, tentando se


reaproximar de mim.

— Meu filho, você nunca mais atendeu aos meus


telefonemas. Não pode se afastar da família para
sempre. Seus irmãos erraram por excesso de zelo.

Cerrei a mandíbula ficando instantaneamente


irritado com aquilo. Que tipo de família doentia fazia uma
coisa dessas? Os West-Buchmann não conheciam
limites.

— Escuta, Tristan. Nós tivemos boas intenções e se


servir de algum consolo, posso dizer que, por tudo que
nosso detetive particular levantou a respeito de Olivia,
ela era realmente uma boa garota.

— Detetive?

— Claro, nós cuidamos de todos os detalhes para


que ela andasse na linha. Havia muito em jogo, você
sabe — ele disse dando de ombros.
Peguei meu irmão pelo colarinho:

— E o que esse detetive sabe?

— Calma aí. Podemos conversar como pessoas


civilizadas se você me soltar.

Soltei Dom a contragosto e ele contou tudo desde


o começo: quando percebeu que Olivia seria perfeita
para o que pretendiam, os detalhes do acordo e de como
fabricaram as matérias a nosso respeito na imprensa.
Tive que me segurar para não esmurrá-lo em alguns
momentos, aquilo era absurdo demais.

— Nosso erro foi ter envolvido Allan no plano. Ele


ficou paranóico e começou a ter comportamentos cada
vez mais problemáticos. Queria garantias de que não
sairia prejudicado caso você descobrisse. Fazia
chantagens e passou a perseguir Olivia no final. Devia
pesquisar seus funcionários mais a fundo. Sabia que o
cara tem um laudo psiquiátrico?

Aquela informação caiu sobre mim como uma


bomba. Só agora eu percebia o quanto a raiva havia me
cegado. Olivia estava dizendo a verdade sobre Allan.
Como pude pensar que ela tinha alguma coisa com
aquele desgraçado? Aquilo sequer fazia sentido, agora
que as peças estavam se encaixando na minha cabeça.
Despedi-me dos dois secamente, dizendo que
tinha muito trabalho a fazer. Assim que saíram, liguei
para Reese e descobri que Olivia havia se mudado para
Edimburgo:

— Se você ainda a ama, venha imediatamente. Já


perdeu tempo demais — Reese disse ao telefone.

Na mesma hora pedi a Ashley para desmarcar


meus compromissos e fretar um voo para mim. Não
conseguiria passar mais nem um dia longe dela, agora
que tinha certeza do seu amor.

Estava transbordando de felicidade com Olivia em


meus braços novamente. E ainda por cima, éramos uma
família agora. Eu mal podia acreditar na minha sorte. Só
de pensar que quase deixei tudo escapar das minhas
mãos eu sentia um aperto no peito.

Fomos direto para seu apartamento, que era bem


mais espaçoso e confortável do que o que ela ocupava
no Brooklyn. Não conseguia parar de beijá-la pelo
caminho até o quarto.

— Minha forasteira…— disse entre beijos.


— Vamos deixar uma coisa bem clara, agora o
único forasteiro aqui é você — ela disse bem séria e nós
rimos.

Ainda de pé, tirei sua roupa devagar, peça por


peça. Ela também me despiu e o contato de sua pele na
minha me fez arder de tesão. Beijei sua boca, mordi seu
queixo, deslizei as mãos sobre sua pele macia e respirei
fundo para sentir seu cheiro que me deixava louco,
saboreei cada parte do seu corpo. Olivia gemia em minha
boca e estremecia a cada toque.

— Ah, Tristan… que saudade — murmurava


extasiada.

Massageei seu clitóris e ela estremeceu, jogando a


cabeça para trás.

— Ai meu deus — arquejou quando a penetrei com


os dedos.

Ela pingava e latejava e não pude esperar mais


com toda a saudade que sentia. Deitei Olivia na cama e a
penetrei, deslizando meu pau até que não restasse
nenhum centímetro fora dela.

— Tristan … — ela dizia meu nome emocionada.


Passei a me movimentar devagar, sentindo cada
parte de sua boceta quente e macia se apertar em torno
do meu pau. Era a melhor sensação do mundo e gemi
rouco em seu ouvido.

Segurei-a firme, nossos corpos tão unidos quanto


poderiam estar e arremeti com mais intensidade. Olivia
gritava e gemia, murmurando em meu ouvido o quanto
me amava.

Fechou os olhos, entregue e feliz quando começou


a ondular embaixo de mim. Gozei dentro dela
completamente arrebatado, exatasiado de desejo. Meu
amor por ela só crescia, finalmente eu tinha minha vida
de volta.
— Meu deus, você está perfeita! — Amy disse com
os olhos brilhando quando me viu com o vestido de
noiva.

Admirei-me no espelho maravilhada, realmente o


vestido era um espetáculo à parte, com uma renda
delicada e uma cauda enorme.

Fazia pouco mais de um mês que Tristan havia


voltado e desde então estávamos vivendo um verdadeiro
conto de fadas.
Como Tristan não quis esperar mais, organizei a
cerimônia de casamento com a ajuda de Amy e minha
mãe.

A família de Tristan chegou no dia anterior e todos


se hospedaram na nossa propriedade recém-comprada,
onde o casamento aconteceria. No início foi um pouco
estranho vê-los de novo, mas logo as coisas se
acertaram. Amanda ficou muito empolgada com a notícia
de que teria mais um neto e Tristan perdoou os irmãos.

Saí do casarão de braços dados com meu pai,


tremendo da cabeça aos pés. Respirei fundo, tentando
controlar as lágrimas quando avistei Tristan, com um
terno escuro e os cabelos presos em coque. Seus olhos
brilhavam e ele tinha um sorriso largo estampado no
rosto.

— Você está linda, forasteira!

O padre disse algumas palavras bonitas, mas eu


mal prestava atenção. Tristan não desgrudou os olhos de
mim durante toda a cerimônia. Pronunciamos nossos
votos e ele me tomou nos braços assim que o padre
pronunciou as palavras:

— Pode beijar a noiva.


A festa correu noite adentro, com Tristan dedicando
algumas músicas para mim, em um pequeno palco
montado para ele se apresentar com a banda. Amy
acabou pegando meu buquê e os membros do Easy
Riders não deixaram barato, provocando Travis, que
voltou a se aproximar de Amy desde que eu e Tristan
reatamos.

No dia seguinte, partimos para nossa lua de mel na


Itália. Foram dias maravilhosos, de passeios a pé e de
trem pelos lugares mais paradisíacos que eu já tinha
visto, no interior da Toscana e passeios de barco pela
Riviera de Cinque Terre.

Voltei a trabalhar na cafeteria assim que chegamos


da lua de mel. Tristan concordou em continuar em
Edimburgo até nosso filho nascer. Depois iríamos nos
alternar entre Nova York e a Escócia.

A vida com Tristan era cada vez melhor, eu nunca


pensei que poderia ser tão feliz. Pensei que isso era
impossível, mas eu o amava cada dia mais.

Mandei fechar uma ala do melhor hospital da


cidade quando o médico disse que o bebê poderia vir a
qualquer hora a partir daquela data. Marianne veio
ajudar Olivia e Amy sempre nos visitava quando tinha
folga no hospital.

Já era tarde da noite e eu ainda estava no estúdio


que mandei montar em casa, trabalhando numa
mixagem.

Olivia se sentou em meu colo e enlaçou meu


pescoço:

—Não demora muito para vir para cama — pediu


docemente, distribuindo beijos pelo meu rosto.

Puxei-a para mais perto e a beijei longamente.


Olivia soltou um gritinho se sobressaltando em meu colo.

— Ele está chutando.

Coloquei a mão sobre sua barriga e senti nosso


filho se movendo.

— Nem nasceu ainda e já quer a atenção da mãe


só para ele.

Beijei sua barriga e prometi que subiria logo para o


quarto. Não muito tempo depois escutei um grito e corri
alarmado.
Marianne já estava ao lado de Olivia quando
cheguei no quarto:

— Vai nascer.

Mesmo com tudo preparado, eu estava em pânico.


Nunca me senti tão perdido em toda a minha vida. Olivia
foi levada às pressas em uma cadeira de rodas assim que
chegamos.

— Respira fundo e disfarça essa cara quando for


entrar na sala de parto — Marianne disse, pegando em
minha mão.

Assenti e logo fui chamado. Olivia estava toda


vermelha e suada. Deu um sorriso débil assim que me
viu, já com a roupa do hospital.

Segurei em sua mão e ela gritou e me apertou com


uma força que não imaginava que ela tinha.

O choro de Dylan Duncan West-Buchmann ecoou


pela sala não muito tempo depois e meu coração bate
tão forte que o ouço por todo o meu corpo.

— Parabéns, ele é um menino forte e saudável.

Ainda trêmulo, pego nosso filho nos braços, depois


de cortar o cordão umbilical e levo até Olivia.
— Ele é tão perfeito! — Ela se derrete, com
lágrimas nos olhos.

—Obrigado por me dar uma família. Eu te amo,


forasteira.

5 anos depois

Voltei para casa depois de uma longa turnê. Olivia


me acompanha sempre que possível, agora que nossa
segunda filha, Lily, completou 3 anos, mas não pode se
ausentar por muito tempo da sua cafeteria, que ela
adorava comandar.

— Papai, papai — Dylan disparou na minha direção


assim que saí do carro.

Eu o levantei no ar e o joguei para cima do jeito


que ele gostava.

— Aprendi uma nova música no piano — ele disse


ofegante e empolgado — Quer ouvir?

— Claro. Vai me mostrar daqui a pouco. Cuidou


bem da sua mãe e da sua irmã para mim?

— Uhum. — Ele correu na minha frente,


anunciando aos quatro ventos que eu havia chegado.
Olivia apareceu na porta com Lily no colo e ela logo
agitou os bracinhos gritando quando me viu.

— Papai!

— Estava morrendo de saudades das minhas


princesas — disse, pegando-a no colo.

Puxei Olivia para um abraço e lhe dei um beijo


rápido na boca.

— Como foram os últimos shows, meu amor?

— Maravilhosos, mas é ainda melhor estar em


casa.

Deixei as crianças correrem soltas com a babá as


seguindo e subi as escadas com Olivia. Assim que fechei
a porta do quarto, pressionei Olivia contra a parede a
beijei do jeito que queria. Ela correspondeu na mesma
hora, gemendo na minha boca. Nossa urgência um pelo
outro não tinha dado nenhuma mostra de que diminuiria.

— Agora você é toda minha, Sra. West.


Primeiramente quero agradecer as minhas betas e
parceiras Alicia Bianchi e Val Barboza, eu nunca chegaria
até aqui sem a ajuda de vocês. Muito obrigada por me
incentivarem quando estava muito difícil conciliar minha
rotina maluca com a escrita e por estarem sempre
disponíveis.

Também gostaria de agradecer as minhas


parceiras, que foram essenciais nesse processo:
@uma_simples_camponesa; @re.livrosromanticos; @ana.silvabookgram;

;@thais_ta_lendo; @umadicaliteraria; @lhamaleitora; @fefeviterbo;

@mundoliterariodaluuh; @dea_calves; @devoradorasdepaginas;

@leioerecomendo; @umcontonocoracao; @mundo.literario.da.ale;

@aparecida_divulgacoes; @baby.literaria; @leiturasetravessuras;

@cantinholovebook; @euviciadaemleitura; @seducaoliteraria;

@priscillasantosbooks; @club_edolivro; @anadivulgacaoes. Obrigada

meninas, vocês foram maravilhosas.


Minha divulgadora, Nayara (@nayliteraria, @amoremresenhas)
obrigada pela seu comprometimento e dedicação desde o comecinho e
obrigada às minhas leitoras do wattpad por comentarem cada capítulo,
sempre me incentivando a continuar.

Nos vemos na próxima história!


[1]
Clássico da literatura de fantasia publicado em 1858.
[2]
Em tradução livre: Querida, você está tão distante,

mas não consigo parar de pensar em você

Há tanto para ser dito

Não consigo suportar outro dia sem você...

Minha forasteira

Volte para mim

Minha forasteira

Me liberte.

[3]
Em tradução livre: “E eu sou um cara mau porque nem mesmo
sinto falta dela, sou um cara mau por partir seu coração e estou livre, em
queda livre ...”

[4]
Em tradução livre “Perseguidoras”

[5]
Música que fez parte da trilha sonora do filme “Easy Rider” (Sem
destino, em português), de 1969.
[6]
Videoclipe da banda Guns n’ roses, lançado em 1991.

[7]
Filme de Cameron Crowe, lançado em 2000, sobre uma banda de
rock fictícia dos anos 70, inspirada em The who e Led Zeppelin.
[8]
Personagem groupie do filme Quase famosos que se apaixona por
um dos membros da banda.
[9]
Personagem do livro “Acordo com um bilionário”, de Alicia
Bianchi.

[10]
Protagonista feminina do livro “Acordo com um bilionário, de
Alicia Bianchi.

[11]
Phillip Stavros, protagonista masculino de “Acordo com um
bilionário, de Alicia Bianchi.

Você também pode gostar