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SINOPSE
Nunca odiei ninguém tanto quanto o odeio.

No dia em que minha irmã morreu, eu disse ao melhor amigo dela que
nunca mais queria vê-lo, e falei sério.

Eu a perdi por causa dele. Tudo o que eu gostava não significa nada agora
por causa dele.

É tudo por causa dele.

Então, quando ele aparece na minha garagem dois anos depois e me diz
que vai morar comigo no primeiro ano de faculdade, chuto a bunda dele e
digo a ele para desaparecer. Para sempre desta vez.

Mas eu já sei que o pirralho desafiador não vai ouvir. Ele nunca ouve.

Estar perto dele novamente me deixa louco. Eu deveria ser a estrela do


basquete universitário que meu pai me criou para ser, mas agora estou
focado em um novo jogo. Estou obcecado em observá-lo, tocá-lo, quebrá-lo.
Seu corpo, sua cabeça, seu coração, qualquer coisa que eu possa colocar em
minhas mãos...

Vou levar tudo até que ele não tenha mais nada.

E mesmo sabendo exatamente o que estou fazendo com ele, ele vai me
deixar fazer isso de qualquer maneira.
AVISO DE CONTEÚDO
Certos aspectos desta história podem ser perturbadores e/ou
desencadeantes para alguns leitores, tais como: linguagem gráfica, sexo
explícito, vício, abuso de álcool e substâncias (por menores), depressão,
ideação suicida, overdose, morte de uma irmã e melhor amiga, violência
(entre os personagens principais), perseguição, obsessão, menções de
agressão sexual, chantagem e calúnias homofóbicas.
PLAYLIST
“mars” by YUNGBLUD
“FUCKED UP” by jxdn
“Move Along” by The All-American Rejects
“lonely” by Machine Gun Kelly
“sTrAnGeRs” by Bring Me The Horizon
“Animals” by Maroon 5
“Mind Games” by Sickick
“forget me too” by Machine Gun Kelly & Halsey
“idfc” by blackbear
“I’m a Mess” by Bebe Rexha
“Drown” by Bring Me The Horizon
“I Hate Everything About You” by Three Days Grace
“Good For You” by Selena Gomez & A$AP Rocky
“Come & Get It” by Selena Gomez
“Houndin” by Layto
“Take What You Want” by Post Malone, Ozzy Osbourne & Travis Scott
“Church” by Chase Atlantic
“the 1” by blackbear
“Scars to Your Beautiful” by Alessia Cara
“Ghost” by Justin Bieber
“Bones” by MOD SUN
“@ my worst” by blackbear
“What I’ve Done” by Linkin Park
“WANNA BE” by jxdn & Machine Gun Kelly
“Power Over Me” by Dermot Kennedy
“Beautiful Way” by You Me At Six
“Poison” by Rita Ora
“Odeio-o. Eu odeio o que ele me faz sentir. Se ao menos não fosse tão
bom.”

- Andi Jaxon
Para Becca
PRÓLOGO

3 MESES ATRÁS

Eu não deveria estar aqui.


Fiz uma promessa a única amiga que tive, uma promessa que está cada
vez mais difícil de cumprir. Já pensei em quebrá-la centenas de vezes – pelo
menos uma vez por dia desde o dia em que ela me deixou – mas nunca tive
coragem de fazer isso.
Esta noite, porém... parece diferente. Sinto-me me diferente. Estou muito
envolvido desta vez e só quero que isso pare. Não mais dor. Não mais culpa.
Não mais miséria.
Com alguma sorte, vai parecer... nada. Escuridão. O fim.
Agarrando a venda que mantive em mim por quase dois anos, estou
montado em minha moto na beira da curva da estrada onde minha amiga
morreu, de frente para o penhasco íngreme com vista para a floresta abaixo.
Andar de motocicleta.
Pular de um penhasco.
— São dois coelhos com uma cajadada só aqui, querida. — Eu rio através
da dor no meu peito. Então, me inclino para ver melhor. — Vou fazer isso.
Mas ainda não terminei.
E provavelmente não foi isso que ela quis dizer quando escreveu aquela lista.
Ela não queria morrer. Ela prometeu, assim como eu prometi.
Um relâmpago ressoa acima de mim e envolvo meus braços em volta de
mim mesmo. Há uma tempestade chegando. A chuva ainda não começou,
mas está ventando tanto e fazendo tanto frio que mal consigo sentir minhas
mãos enquanto enfio a mão no bolso do moletom. A garrafa de uísque que
roubei do escritório do meu pai esta noite já acabou há muito tempo, então
engulo alguns comprimidos, acendo o baseado que enrolei mais cedo e dou
um trago.
Meu cabelo imundo e sujo atinge meus olhos, bloqueando minha visão,
mas isso não importa. Não preciso ver nada. Só preciso dirigir. Só mais
alguns metros.
Vamos lá, seu covarde...
Vamos lá, vamos lá, vamos lá…
Meu telefone vibra entre o guidão e quase o ignoro dessa vez.
Quase.
Aperto os olhos para ver a mensagem de texto na tela, o medo paralisante
envolvendo meus pulmões e apertando enquanto leio as palavras. E então
olho as fotos…
Acho que vou vomitar.
Não paro para pensar antes de encostar o telefone no ouvido. Ele demora
uma eternidade para atender, mas quando atende, parece estar bem
acordado e muito divertido, com os sons da festa em que está ecoando ao
fundo. — O que você quer? — ele provoca.
— Preciso da sua ajuda.
— De novo? — Acho que ele ri, mas mal consigo ouvi-lo por causa do
zumbido em meus ouvidos. — Você não pode estar falando sério.
— Por favor. — Falo, estremecendo com o próximo relâmpago no céu. —
Ele... é Nate.
Ele faz uma pausa e pergunta: — Onde você está agora?
Balanço minha cabeça pesada, sentindo-me tonto enquanto olho ao redor.
— Eu…
— Deixa para lá. Maldita rainha do drama. Estarei aí em breve.
Depois que ele desliga, coloco o telefone no bolso e espero, mas não
prendo a respiração. Em breve pode significar cinco minutos ou cinco horas.
Ele não vai se apressar porque realmente não dá a mínima para mim. Não o
culpo. Eu também não dou a mínima para mim.
A chuva começa, chove e depois chove mais um pouco. Estou encharcado
da cabeça aos pés em segundos. Não sei quanto tempo passa enquanto fumo
meu baseado, protegendo-o dentro do moletom para tentar mantê-lo seco.
Depois que ele acaba, jogo a bituca e inclino a cabeça para trás, dando uma
última olhada no céu escuro antes de colocar à venda no lugar.
Outra mensagem chega e fecho os olhos por trás do tecido. Levantando-o
um centímetro, apago rapidamente todas as mensagens que ele me enviou e
bloqueio seu número. Meu telefone provavelmente quebrará quando atingir
o fundo, mas não posso arriscar que alguém o encontre lá e veja o que há
nele.
Não posso arriscar que Nate descubra o que fiz.
Colocando a venda de volta nos olhos, seguro o guidão e rastejo um pouco
mais perto da borda. — Desculpe, Katy. — Sussurro.
Mas então hesito, engolindo em seco enquanto flexiono os dedos.
Apenas torça-o, Xavi.
Faça isso logo, porra.
Apenas faça porra...
CAPÍTULO 1

2 ANOS ATRÁS

Estou no hospital, chapado, tropeçando pelos corredores intermináveis


enquanto caminho até a sala de espera no terceiro andar. Parece que as
paredes estão se aproximando de mim e mal consigo ver para onde estou
indo, mas não paro para recuperar o fôlego. Não vai funcionar de qualquer
maneira. Não voltarei a respirar direito até saber que Katy está bem.
Por favor, fique bem.
Quando finalmente chego ao local onde preciso estar, paro dentro da sala,
segurando a máquina de venda automática à minha esquerda para me
manter firme. Há muitas pessoas aqui, vozes baixas e gritos suaves vindos...
não sei de onde. Meus olhos se recusam a focar em qualquer pessoa que não
seja ele. Como ímãs, eles não o deixam ir embora. Ele está sentado sozinho
no meio da sala, com os cotovelos apoiados nos joelhos enquanto passa o
polegar sobre o anel preto que está segurando - meu anel. É robusto e preto
com o número treze escrito na face. Emprestei-o à Katy há algumas semanas,
quando ela estava tendo um dia ruim. Os médicos devem ter tirado o anel
do dedo dela quando a trouxeram para cá e o deram a ele. Essa é a única
razão pela qual ele o tem. Tem de ser essa a razão. Porque se foi ele quem o
tirou dela... Se foi ele quem a encontrou assim...
Como se sentisse minha presença aqui, ele levanta a cabeça para olhar
para mim.
Porra.
Ele parece furioso, seus olhos geralmente castanhos claros agora
vermelhos e injetados, seu cabelo curto e escuro espetado no topo, como se
estivesse puxando-o repetidamente. Os nós dos dedos também parecem
quebrados, como se ele tivesse socado algumas paredes. Acho que ele estava
chorando, mas quando olha para mim não há mais lágrimas. Só existe ódio
e raiva.
— Nate. — Digo e dou um passo lento e cauteloso para mais perto dele.
— O que aconteceu?
Ele apenas olha para mim, o que é estranho porque geralmente sou eu
olhando para ele. Ele tem apenas dezenove anos, dois anos mais velho que
eu e sua irmã mais nova, mas é um filho da puta alto e com um corpo enorme
feito para o basquete. Ele e eu sabemos que ele poderia quebrar minha bunda
magra ao meio se quisesse.
— Quem chamou você? — ele pergunta, ignorando minha pergunta.
— Meu pai. — Sussurro. — Ele está a caminho.
Ele balança a cabeça lentamente, com as mãos tremendo levemente
enquanto continua a brincar com o anel. — Saia.
Engulo em seco e olho para seus pais pela primeira vez. A mãe dele está
soluçando no canto, o pai na cadeira ao lado dela, esfregando suavemente as
costas da esposa enquanto olha para o nada.
— Nate... — Tento novamente. — Por favor, apenas me diga o que...
Ele se levanta vindo para mim antes que eu possa terminar, puxando
minha jaqueta e me jogando para trás na máquina de venda automática,
fazendo com que algumas pessoas olhem para cá. Eu estremeço e envolvo
minhas mãos em torno dele, prendendo a respiração enquanto ele se
aproxima, diminuindo a pequena distância entre nós.
— Nathaniel, solte-o. — Diz sua mãe baixinho, com a voz rouca de tanto
chorar. — Não é culpa dele.
— Foda-se isso. Ele está chapado para caralho agora, mãe — ele rosna,
ainda olhando para mim, baixando a voz para que ela não possa ouvir a
próxima parte. — Você quer saber o que aconteceu, festeiro? — ele provoca,
cruel e ameaçador. — Você a matou. Minha irmã está morta por sua causa.
— Não — sufoco, balançando a cabeça. — Você está mentindo.
Ela não está morta.
Ela não pode estar morta.
Mas ele não está mentindo.
Um ruído entrecortado escapa da minha garganta, as lágrimas brotam dos
meus olhos, e posso senti-lo observando-as cair como se estivesse fascinado
por elas. Ele está olhando para mim novamente, seus dedos agarrando
minha camisa como se soubesse que vou desmoronar se ele não me segurar.
Eu gostaria que ele me deixasse cair.
— Deveria ter sido você — ele diz depois de um minuto, concedendo meu
desejo tácito e me soltando.
Deslizo para o chão, lutando para não vomitar enquanto me afasto dele.
Não pensei que fosse possível sentir tanta dor de novo, mas lá está ela, me
devorando e me engolindo de dentro para fora.
Isso parece pior do que quando perdi meu irmão mais velho, há três anos.
Pelo menos quando ele morreu, não havia nada que eu pudesse ter feito. Eu
era apenas uma criança e ele morreu em um acidente de carro.
Mas Katy... eu poderia estar presente para ajudá-la esta noite. Eu poderia
tê-la impedido de tomar aqueles comprimidos. Eu poderia tê-la salvado.
Me levanto e tropeço em direção à porta pela qual passei há um minuto.
Não quero deixar minha melhor amiga aqui sem me despedir, sem dizer a
ela o quanto sinto muito e o quanto a amo, mas ele não me deixa ficar. E
mesmo que eu tivesse energia para lutar com ele agora, perderia de qualquer
maneira.
— Xavi? — ele chama, esperando até que eu vire a cabeça para olhá-lo nos
olhos. — Você está morto para mim, entendeu? Se algum dia eu tiver que
olhar para seu rosto novamente, vou quebrá-lo.

“Mars” de YUNGBLUD toca repetidamente no som do meu carro – a


última música que me lembro de Katy ouvindo antes de deixá-la em casa
ontem à noite. Estou me torturando, mas não consigo parar.
— Xavi! — ela canta meu nome, sua risada boba atingindo meus ouvidos
pela centésima vez nas últimas duas horas. — Você sabe que odeio quando
você me dá perdido assim. Onde você está? Quero sair. Ligue-me agora
mesmo ou vou sem você!
Apertei o botão reproduzir novamente, inclinando a cabeça para trás
contra o encosto de cabeça.
Katy é cega - era cega - e, embora pudesse enviar mensagens de texto se
quisesse, ela preferia usar mensagens de voz.
Olho para o teto e ouço sua voz, com lágrimas encharcando meu rosto e
pescoço enquanto bebo a garrafa de vodca que encontrei embaixo do assento
dela.
— Xavi! — ela canta meu nome...
CAPÍTULO 2

PRESENTE

— Só estou dizendo que geralmente é muito mais fácil brincar com garotos
do que com garotas — diz Frankie, segurando meu ombro enquanto eu
quase a carrego para fora do carro. — Eles não pedem muito. Eles quase
nunca querem algo sério. Só querem molhar o pau, certo? Eu achava que
Myles era assim. Mas aí ele pega um calouro fazendo um body shot1 no meu
peito e fica louco. Disse que eu estava fazendo-o de bobo ou algo assim.
Como eu poderia saber que isso o deixaria com ciúmes? Não sou sua
namorada ou sua mãe. Você sabe o que quero dizer?
Não tenho ideia do que ela está falando, mas ainda assim aceno com a
cabeça, ajudando-a a caminhar até a enorme casa de seis quartos que meu
melhor amigo Carter e eu alugamos para a faculdade. Gosto porque é longe
o suficiente do campus para não ter que lidar com ninguém, mas perto o
suficiente para levar apenas dez minutos para chegar à aula e treinar.
Era para sermos apenas nós dois no início, mas então nosso colega de
equipe Easton foi expulso de seu apartamento pela namorada no ano
passado, então Carter achou que seria divertido deixá-lo morar conosco.
Frankie se mudou há apenas alguns meses. Ela estava em uma situação

1 É uma brincadeira que é muito comum nos Estados Unidos e consiste em tomar uma dose (um shot),
geralmente de tequila, no corpo de outra pessoa.
difícil quando a conheci, então eu disse que ela poderia ficar algumas noites
até que encontrasse outra coisa. Ainda estou esperando-a ir embora.
Ela tropeça novamente e então arranca os calcanhares com raiva. — Sapatos
estúpidos.
— Não acho que sejam os sapatos, Frank.
— Vai a merda — ela provoca, empurrando os calcanhares no meu
abdômen.
Ainda não são quatro da tarde, mas é isso que ela ganha por festejar com
os meninos a noite toda e depois continuar metade do dia. O intervalo entre
o Ano Novo e o início do próximo semestre é basicamente uma longa festa
nesta cidade, uma forma de tirarmos tudo de nossos sistemas antes de
voltarmos à rotina na próxima semana.
Meus colegas de equipe adoram tê-la por perto porque ela é legal para
caralho, mas então essa coisa aconteceu com Myles hoje e Easton me ligou
para buscá-la antes que ela cortasse o pau do garoto e o fizesse chupá-lo na
frente de todos. Palavras dela, não as dele, aparentemente.
— Vamos — insisto, tirando seu cabelo loiro branco e emaranhado do
rosto para que ela possa ver para onde está indo. — Vamos levar você para
a cama.
— Mas você disse que íamos festejar em casa.
— Menti para tirar você de lá.
Ela olha para mim como se eu a tivesse traído e solto uma risada. Só então,
alguém faz um som baixo de tosse. Eu estava tão concentrado em Frankie
que nem vi o cara de cabelos escuros encostado na motocicleta estacionada
ao lado da caminhonete de Frankie. Estreito os olhos para dar uma boa
olhada nele, depois congelo. Meu sangue gela quando observo suas feições
escuras, os ombros presos às orelhas e as mãos enfiadas nos bolsos. Ele
parece nervoso enquanto olha de volta para mim, mas então algo parece
surgir nele e ele empalidece. — Porra.
Sua voz baixa me tira do meu estado de choque momentâneo, e deixo cair
os sapatos de Frankie no chão enquanto me movo em direção a ele. Ele xinga
novamente, afastando-se da moto para me encarar de frente. Ele abre aquela
boca grande para dizer alguma coisa, mas é tarde demais para isso. Já estou
enfiando meu punho nele, derrubando sua bunda no cascalho com um só
golpe.
— Nate! — Frankie grita atrás de mim.
Eu a ignoro, muito ocupado olhando para Xavi Hart e me perguntando o
que diabos ele pensa que está fazendo na minha garagem. Ele não mudou
muito desde a última vez que o vi. Ele ainda é tão baixo quanto era quando
tinha dezessete anos, seu cabelo bagunçado ainda tem o mesmo tom de
castanho escuro. Ele está vestindo jeans escuros rasgados e um moletom
preto. Seus olhos parecem um pouco mais azuis e brilhantes do que antes,
mas isso não significa nada. Ele pode não estar usando nada agora, mas esse
idiota inútil nunca poderia ficar fora disso por muito tempo.
— Levante-se.
— Dê-me um segundo, sim? — Ele estremece, olhando para o céu cinzento
acima de nós.
Covarde.
Nem bati nele com tanta força. Definitivamente não foi tão forte quanto
quando ele teve a coragem de aparecer no funeral da minha irmã. Ou no
aniversário dela, algumas semanas depois, quando o encontrei desmaiado
no chão em frente à lápide dela.
— Quem é ele? — Frankie pergunta atrás de mim.
— Suba. Estarei lá em um minuto — digo a ela, depois repito para Xavi:
— Levante-se.
Suspirando, ele limpa o sangue do lábio e se levanta. Ele ainda tem um
piercing ali – uma pequena argola preta no canto da boca – e tudo que
consigo pensar é em acertá-lo novamente. Meu rosto deve mostrar minha
intenção antes que eu possa agir, porque ele rapidamente dá um passo para
trás e levanta as mãos em sinal de rendição. — Nate…
Deus, eu odeio o jeito que ele diz meu nome.
Frankie ainda não entrou como eu mandei, me xingando baixinho
enquanto pega os sapatos. — Estes são Jimmy Choos, sabe?
— Vou comprar novos para você.
— Nate.
— Frankie — respondo, virando-me para olhar para ela novamente.
Ela hesita como se não tivesse certeza se é seguro me deixar sozinho com
ele. Então, revirando os olhos, pega as chaves que entrego a ela e tropeça até
a porta da frente.
— Certo. Mas se você o matar, estará cavando o buraco sozinho. Estou
desmaiando agora.
— Beba um pouco de água primeiro.
— Sim, sim — ela diz, meio acenando para mim por cima da cabeça.
Depois que ela vai embora, dou um passo mais perto de Xavi e estudo sua
boca ensanguentada, observando o modo como ele continua cutucando
aquele maldito piercing com a língua. Quero arrancar isso da cara dele e
sufocá-lo com isso.
— Por que está aqui?
— Eu... — Ele para de falar, suas feições se contorcendo de ansiedade
enquanto ele esfrega a nuca. — Pensei que você soubesse.
— Soubesse o quê?
— Estou me mudando para o primeiro ano.
— Que merda você está.
— Nate...
— Eu disse não, seu idiota.
Não.
Não há como isso acontecer.
Nós nos encaramos. Eu já sei o que ele está pensando antes de falar. Posso
ver as perguntas que tem para mim claras em seu rosto. A necessidade de
saber o que diabos tenho feito nos últimos...
— Dois anos — ele diz suavemente, concluindo meu pensamento. — Você
não vai para casa há dois anos, Nate. Você não liga nem quer que ninguém vá
aos seus jogos. Sua família está muito preocupada...
— Jesus, você não entende? — Interrompo, agarrando seu queixo para
calá-lo. — Não me importo, Xavi. Estou farto com aquela cidade e todos nela.
Ele franze a testa com isso, olhando para mim confuso. — Desde quando?
Desde você, penso comigo mesmo, mas não me preocupo em dizer isso em
voz alta. Ainda assim, acho que ele sabe a resposta porque estremece e
desvia os olhos.
Depois que Katy morreu, exagerei e passei quase um mês me afogando
em álcool e transando com todo mundo que estava à vista. Meu pai me
pegou com um garoto na piscina enquanto seus amigos do golfe estavam em
casa e me disse que era hora de parar com essa merda. Eu queria sair do time
– abandonar completamente a faculdade – mas ele não aceitou. A filha dele
estava enterrada, mas a vida continua e toda essa merda.
Odeio-o.
Eu odeio todo mundo.
Ele nunca tinha me batido antes, mas ganhei um soco no rosto pela minha
atitude naquele dia. Então me deu uma escolha: ser a estrela que me criou
para ser ou me internar na reabilitação. Saí sem me despedir e não falei com
ele desde então. Ele apareceu nos meus primeiros jogos depois disso, mas
não falei com ele nem reconheci sua presença ali, então acabou desistindo de
tentar. Não porque estava me dando o espaço que eu queria, mas porque
envergonhei-o ao ignorá-lo.
Falei algumas vezes com minha mãe ao telefone, mas não a vejo
pessoalmente desde o dia em que saí de casa para sempre, e não pretendo
fazer isso tão cedo. Isso pode me tornar um idiota sem coração, mas é melhor
assim para todos nós. Não sou uma pessoa muito boa quando estou perto
deles – quando estou perto dele. Não tenho sido o mesmo desde que Xavi
tirou minha irmãzinha de mim e arruinou a porra da minha vida. Desde que
meus pais decidiram que mesmo que Katy morreu, manter as aparências é
sempre o mais importante. Desde que fiquei tão arrasado pela dor e pela
repulsa que não aguentava mais olhar para eles.
Tudo volta para ele, no que me diz respeito.
Tudo é culpa dele.
E o odeio por isso.
Sabendo o que está por vir, Xavi arranca o queixo da minha mão, tentando
ao máximo se afastar de mim. Antes que possa se mover, agarro-o pela gola
do moletom e dou um soco nele novamente, jogando-o para trás na lateral
da caminhonete de Frankie. Meus nós dos dedos estão me matando, mas não
me importo. Gosto da queimadura, principalmente quando vem dele. Parece
uma droga. Minha primeira dose em quase dois anos.
— Nem se preocupe em entrar nesta casa — digo, recuando em direção à
porta da frente. — Volte para aquela motocicleta, escolha outra faculdade e
dê o fora da minha vida.
Mas já sei que ele não está disposto a fazer nenhuma dessas coisas.
Algo mudou em seus olhos desde a última vez que o vi. Posso ver isso
agora. Só por um segundo, ele é o velho Xavi de novo, aquele que era antes
da morte de Katy. A vadia malcriada e desafiadora que nunca fez nada que
lhe foi dito. O jeito que ele está olhando para mim...
O garoto tem coragem, admito isso.
CAPÍTULO 3

A porta da frente se fecha atrás dele.


— Porra — sussurro, segurando minha nuca enquanto olho para os
grandes portões de ferro pelos quais passei há pouco tempo.
Pensei que estava pronto para isso, mas depois de vê-lo novamente,
depois de levar um chute na bunda novamente e descobrir que ele não tinha
ideia de que eu estava vindo...
Enfio os dedos nas órbitas latejantes dos meus olhos.
Isso foi um erro. Eu deveria ter voltado para o meu buraco, onde pertenço.
Antes de ir para a reabilitação, há três meses, eu passava a maior parte do
tempo trancado no quarto da casa da minha mãe, com persianas e janelas
fechadas e luzes apagadas. Meu próprio bloco de festa de piedade para um.
Tirei um ano sabático depois de me formar no ensino médio porque tudo
parecia tão sem sentido sem Katy. Parecia errado na época, e ainda parece,
vir para a mesma faculdade que deveríamos frequentar juntos. Universidade
Hawthorne – um campus de elite para garotos ricos e mimados como nós, a
cerca de uma hora de carro da nossa cidade natal.
Não estou aqui por opção, mas admito que não demorou muito para me
convencer. Porque no fundo, sei que ela iria querer isso para mim. Ela iria
querer que eu fizesse isso por ela. Eu nunca quis vir - não sou o tipo
universitário - mas ela implorou e me garantiu que teríamos o melhor
momento de nossas vidas. Ela tinha tudo planejado. Moraríamos com Nate
e Carter em sua casa fora do campus, quer eles gostassem ou não, e depois
que se formassem, seria tudo nosso durante os nossos últimos dois anos.
Acabei concordando porque teria feito qualquer coisa por ela. Eu a teria
seguido até uma ponte se me pedisse. Ela era minha melhor amiga. Minha
única maldita amiga.
Deixando cair minha bunda no chão gelado, me encosto na lateral da
minha moto e tento chamar o idiota que já tentei três vezes quando parei
pela primeira vez. Ele deveria me encontrar aqui há quase uma hora.
Ele não atende o telefone, então mando uma mensagem para ele
novamente.
XAVI
[Onde você está cara?]

Suspirando, tiro minha carteira do bolso e retiro a tira dobrada de fotos


que guardo dentro. Eu disse a mim mesmo que não faria isso quando
chegasse aqui, mas não consigo evitar. Olhar para isso me acalma tanto
quanto parte meu coração.
Com cuidado para não amassar mais do que já está, passo os dedos pelo
lindo rosto de Katy, lembrando do dia em que tiramos essas fotos juntos.
Estávamos brincando no shopping. Ela realmente precisava fazer xixi, e
achei que seria engraçado arrastá-la para uma daquelas cabines fotográficas
antigas e prendê-la lá comigo. Ela estava rindo tanto que estava gritando, e
quase se mijou ali mesmo quando eu a prendi no assento e fiz cócegas nela
até que me deu um soco na garganta.
Ela tinha uma caixa cheia de fotos no armário quando era viva, mas não
tenho ideia de onde elas estão agora. Não tive permissão para entrar na casa
dela depois que ela morreu. Não sei o que os pais dela fizeram com o quarto
dela ou o que guardaram e não guardaram. Tenho minhas próprias fotos,
vídeos e mensagens de voz armazenadas em meu telefone, mas esta tira de
fotos é uma das duas únicas coisas físicas que me restam dela, uma das
únicas coisas que tenho que realmente pertencia a ela.
Meu telefone toca e olho a tela antes de atendê-lo, murchando quando vejo
que é meu pai.
— Olá?
— Eu disse que esperava que você me ligasse — ele diz como saudação,
parecendo estar distraído no trabalho, como sempre. — Você já está aí?
— Sim — respondo, cutucando as pedras no chão entre meus pés.
Eu disse a ele que viria até aqui hoje, mas ele não sabe onde estou
hospedado. Eu disse a ele que isso foi resolvido quando ele se ofereceu para
me ajudar com a moradia, e surpreendentemente deixou isso para lá. Ele
provavelmente pensa que minha mãe me arranjou um apartamento, o que é
bastante ridículo. Eu a amo, mas ela mal consegue se lembrar que existo na
maioria dos dias, muito menos me alugar um lugar para morar.
— Como está o apartamento?
— Ótimo.
— Você não parece muito animado com isso.
— Estou entusiasmado, pai. De verdade.
— Cuidado com a atitude, Xavier — ele avisa, mas não estou mais
ouvindo.
Eu o ignoro quando ele começa com sua palestra normal. Meus
pensamentos voltam para Nate e viro o rosto para espiar a casa atrás de mim,
imaginando o que ele está fazendo com aquela garota bêbada que ele trouxe
para casa. Ela é linda. Cabelos loiros acinzentados, grandes olhos azuis,
curvas que duram dias e um corpo que eu tenho certeza de que a maioria
dos caras mataria para ter um pedaço.
— ... fique longe de problemas e não me envergonhe.
Aposto que ele adora cada centímetro dela quando a fode.
Uma emoção doentia me percorre e me pego imaginando como ele é
quando está em cima dela. Ele provavelmente está descarregando sua raiva
nela neste exato momento, machucando suas coxas e fodendo-a o mais forte
que pode, pensando em mim enquanto faz isso.
Ouço um suspiro profundo em meu ouvido e então: — Você está drogado
de novo, Xavier?
— Puta que pariu, pai.
— Isso não é uma resposta.
— Eu disse que estou sóbrio.
— Os viciados são mentirosos compulsivos. Você realmente espera que eu
acredite...
— Sabe de uma coisa? Você tem razão. Tenho que ir. Meu traficante está
na outra linha.
— Xavier.
Reviro os olhos e desligo o telefone. Eu provavelmente deveria parar de
ser tão pirralho com ele, considerando que é ele quem paga minha
mensalidade, mas foda-se. Não adianta tentar ser melhor para um homem
que sabe que nunca serei.
É muito mais fácil com a mamãe. Ela pode não ser a mãe mais amorosa do
mundo, mas pelo menos não está repreendendo-me 24 horas por dia, sete
dias por semana. Ela é uma modelo aposentada, vivendo sua melhor vida
com o cantor de rock com quem está namorando, que está mais próximo da
minha idade do que da dela.
Depois que meus pais se divorciaram, quando eu tinha sete anos, ela
recebeu a custódia total de mim e do meu irmão mais velho. Tenho quase
certeza de que ela só brigou com nosso pai por nossa causa por despeito. Ela
nunca se importou o suficiente para perguntar o que estávamos fazendo ou
onde estávamos fazendo, mas quando ficamos mais velhos, não nos
importamos tanto com isso. Usamos isso a nosso favor e nos safamos de
tudo.
Meu pai a culpa pela morte de Blaine. Diz que a única razão pela qual ele
dirigiu bêbado naquela noite foi porque ela se recusou a tentar controlá-lo
como uma mãe de verdade faria.
Ele trata a mim e a ela como lixo, como os problemas com os quais é forçado
a lidar, e depois anda por aí com o nariz empinado como se fosse uma
espécie de santo – o homem que nunca cometeu um maldito erro na vida.
Você está drogado de novo, Xavier?
Quem me dera, pai.
Precisando fazer alguma coisa com as mãos, guardo a tira de fotos e retiro
o maço de cigarros meio vazio da calça jeans. Tiro um e olho para ele entre
os dedos, rolando-o lentamente para frente e para trás. Não faz tanto tempo.
Ainda me lembro da sensação quando a fumaça enchia minha boca e descia
até meus pulmões. A forma como a nicotina me relaxava. Talvez tirar um
pouco da dor, só por um ou dois minutos.
Meu rosto dói para caramba, mas não me importo. De qualquer maneira,
tudo sempre dói por dentro, então é bom sentir um pouco de dor por fora
novamente. Como se talvez isso fosse anulado se concentrasse-me bastante
na pulsação em meu nariz.
Não funciona.
Rasgo o cigarro e enfio os dois pedaços no bolso, apoiando os cotovelos
nos joelhos para colocar o rosto nas mãos.
E então espero.
De novo.
CAPÍTULO 4

Sentado na beira da cama, olho para o telefone em minha mão, esfregando


pequenos círculos no tornozelo de Frankie com o polegar. Eu a verifiquei
assim que entrei, tirei o vestido do corpo, coloquei-a em uma das minhas
camisas velhas e a alimentei à força com um pouco de água.
Ela desmaiou novamente agora. Na minha cama, como sempre. Ela gosta
de dormir aqui comigo quando está bêbada. Diz que é para o caso de
vomitar, não quer que seu próprio quarto cheire mal.
Cobrindo seus pés com o cobertor, olho para a janela, ouvindo movimento
lá fora. Não ouvi a moto dele dar a partida, então sei que ele ainda está por
aí.
Pequeno bastardo desafiador.
Mais uma vez, aperto a palma da mão em volta do telefone que estou
segurando, ainda tentando descobrir como isso está acontecendo.
Por que ele está aqui?
O pai de Xavi e o meu são melhores amigos, mas mesmo que eu estivesse
conversando com qualquer um deles (o que não estou), não haveria
nenhuma maneira de eles o mandarem morar comigo. Eles sabem o quanto
o odeio. Todo mundo sabe. Nunca tentei manter isso em segredo.
Fecho silenciosamente a porta do meu quarto atrás de mim e desço as
escadas até a sala na frente da casa. Posso vê-lo através desta janela sem ter
que ir direto até ele. Ele está sentado no chão ao lado da moto, os cotovelos
apoiados nos joelhos, usando os antebraços como travesseiro,
provavelmente congelando a bunda magricela. Seu rosto está virado para
longe de mim, então só consigo ver a parte de trás de sua cabeça, tornando
impossível saber o que está pensando. Finjo que não estou desejando que ele
vire para cá para poder saber.
Ligando para o número que estive esperando nos últimos trinta minutos,
interrompo-o antes que ele pudesse falar.
— Você é um homem morto.
— Você recebeu meu presente — ele diz com um sorriso na voz. Ouço a
porta de um carro abrir e fechar, seguida pelo barulho do motor ligando. —
Você ama isso?
Esse filho da puta.
Cerro os dentes, nem me preocupando em parecer surpreso. Isso é uma
besteira típica de Carter Westwood. Conheço-o há toda a minha vida e esta
não é a primeira vez que ele faz algo assim comigo. Ele adora brincar com a
vida das pessoas, conspirando, tramando e amarrando-as como marionetes,
tudo para seu próprio entretenimento distorcido.
Indo até o bar, pego uma garrafa de uísque e tiro a tampa, sem me
preocupar com um copo. Engulo um grande gole, tentando acalmar meu
coração acelerado. O álcool queima à medida que desce, exatamente como
eu queria. Desesperado para sentir a dor, bebo um pouco mais.
— Ah, você está sem palavras — continua Carter. — Está tudo bem. Não
precisa me agradecer. Apenas enfie a goela no meu pau bem gostoso quando
eu chegar em casa e vamos encerrar o assunto...
— Você se acha engraçado? — Rosno, limpando a boca com a manga. —
O que há de errado com você, Carter?
— Você pode parar de ser tão ingrato? Eu lhe fiz um favor.
— Como assim?
— Não brinque comigo — ele brinca. — Sei o que você quer. Ele é seu
agora, Nate. Você pode bater nele, transar com ele, matá-lo e acabar com isso,
se isso fizer você se sentir melhor. Apenas se sinta melhor para que você possa
parar de ser um idiota mal-humorado e voltar a ser meu melhor amigo. Você
sabe, aquele que sabe como se divertir sem agir como uma vadiazinha mal-
humorada o tempo todo.
— Sua puta de merda.
— Quer foder essa puta? — ele brinca. — Logo estarei em casa, querido.
— Carter...
Ele desliga na minha cara, me dispensando. O uísque sai da minha mão
antes que eu pense, a garrafa bate na parede ao lado da janela com um
estrondo satisfatório, pedaços de vidro voando por toda parte. Embora seja
satisfatório apenas por cerca de três segundos.
— Porra.
A cabeça de Xavi gira em direção à janela e eu rapidamente volto para as
sombras, fechando os olhos enquanto bato a cabeça contra a parede.
Mudei de ideia. Não quero ver a expressão no rosto dele.
CAPÍTULO 5

3 ANOS ATRÁS

Carter geme em minha boca, segurando meus braços para se firmar


enquanto empurro-o para dentro do meu quarto. Aperto seu quadril e puxo
sua cabeça para trás pelos cabelos loiros sujos, exigindo melhor acesso. Ele
desiste de boa vontade, tropeçando quando seu pé fica preso embaixo do
meu.
— Por que estamos fazendo isso de novo?
— Porque eu não queria uma buceta esta noite e você era o cara mais
gostoso da festa — respondo, jogando seu jogo e alimentando seu enorme
ego.
Ele sorri e me beija avidamente, estremecendo quando aperto seu cabelo
com mais força.
— Jesus, Nate, calma — ele murmura. — Você está sendo muito rude.
— Porra. — Eu rio, sabendo que ele está brincando comigo.
Ele ri sombriamente, e me viro para empurrá-lo contra a minha porta
fechada. Suas mãos vão para minha calça jeans e mordo seu lábio inferior,
arrastando-o entre os dentes do jeito que ele gosta. Ele geme novamente e
afasto-me para tirar minha camisa, jogando-a no chão. Vou para a camisa
dele em seguida, tirando suas mãos desajeitadas do meu zíper porque ele
está demorando muito.
Já fizemos isso algumas vezes antes, mas sabemos que não significa nada.
É apenas uma maneira de desabafarmos um pouco de vez em quando.
Uma vez que tenho meu pau na mão, pego o lubrificante e o uso para ficar
escorregadio, me divertindo com a maneira como ele está me pressionando
com impaciência. Ainda nem toquei em seu pau, mas posso sentir o quão
duro ele está enfiando meu quadril por baixo de sua calça jeans.
— Vai me deixar ser ativo com você? — ele pergunta, grunhindo quando
agarro um punhado de seu cabelo e viro sua cabeça para o lado, empurrando
seu rosto contra a madeira.
— Pare de brincar e vire-se.
Ele sorri e faz o que mando, ambas as mãos apoiadas no batente da porta,
me observando por cima do ombro enquanto empurro sua calça jeans e
boxer para baixo sobre sua bunda. Coloco um pouco mais de lubrificante na
minha mão e encontro seu buraco com as pontas dos dedos, esfregando e
empurrando para abri-lo para mim. Deslizo meu dedo médio para dentro e
giro. Beijo-o porque isso faz com que ele se sinta menos usado, e às vezes
deixo ele chupar meu pau por um tempo antes de transar com ele, mas fora
isso, sempre me certifico de que seja rápido e direto ao ponto. Dentro e fora.
Sem amarras, sem drama.
Quando estou prestes a me alinhar, ouço um baque distante seguido de
um grito agudo. Os olhos de Carter encontraram os meus, provavelmente
pensando a mesma coisa que eu, e então estamos nos movendo. Ele puxa a
calça jeans de volta e eu rapidamente me afasto, limpando as mãos cobertas
de lubrificante nas coxas antes de abrir a porta. Ele está em meu encalço
enquanto corro para o quarto dela no final do corredor, seguindo os sons
vindos de seu banheiro privativo. Assim que entro, paro derrapando diante
da cena à minha frente, franzindo a testa para as poças de água com sabão
espalhadas pelo chão.
Que porra é essa?
Ela e Xavi Hart estão parados na enorme banheira com pés no meio da
sala, totalmente vestidos e cobertos de bolhas. “Move Along” do The All-
American Rejects está tocando no sistema de som à prova d'água que
comprei para ela no Natal do ano passado. Ela está cantando as palavras a
plenos pulmões, usando a garrafa aberta de vinho que segura como
microfone, rindo enquanto ele segura o braço dela acima da cabeça e a gira
como se estivessem na porra de uma pista de dança. Fico bravo então,
percebendo que deve ser por isso que ela gritou agora há pouco. Ele a deixou
cair. Ela parece ilesa e livre de cortes e hematomas, mas ainda assim. Ele
deixou minha irmã cega escorregar e cair na banheira.
Deus, o odeio.
A espessa camada de delineador preto que ela usa está espalhada por todo
o seu rosto, e não sei dizer se é porque ela está chorando ou porque
decidiram transformar o banheiro em um parque aquático. Seu cabelo
escuro está encharcado, grudado em sua pele, e só então vejo o leve contorno
de seus mamilos através da camisa branca encharcada que ela está vestindo.
Imediatamente olho para Carter, encontrando-o já olhando para o canto do
teto, mas não perco a diversão em seu rosto, como se ele soubesse que estou
prestes a perder a cabeça.
— Katy! — Chamo, mas é claro que ela não pode me ver ou ouvir por
causa da música.
Minhas narinas se dilatam enquanto caminho até o sistema de som do
chuveiro, furiosamente cutucando a tela sensível ao toque com o polegar até
encontrar o botão de parar. O silêncio atravessa o banheiro e Katy pula com
um suspiro, ela e Xavi girando em minha direção, ela de costas para o peito
dele. Seus olhos se arregalam quando ele me vê parado aqui e, a julgar pela
expressão em seu rosto, ele já sabe exatamente o que estou pensando.
Eu vou te matar.
— Xav? — minha irmã pergunta, sua voz tremendo de medo.
Ele pisca e se inclina para falar em seu ouvido, pegando gentilmente os
antebraços dela e cruzando-os sobre o peito. O que quer que ele sussurre
para ela faz com que seu rosto fique pálido e então ela cora, apertando os
braços sobre o corpo para esconder os seios. Ela parece muito culpada, como
deveria. Nossos pais estão fora da cidade neste fim de semana para o décimo
nono aniversário de casamento deles. Katy me disse que ficaria na casa de
uma amiga esta noite, o que não me incomodou. Eu a deixei na porta da casa
da garota há algumas horas, o que significa que ela me enganou e mentiu na
minha cara, saiu de sua festa do pijama imaginária, se encontrou com esse
pequeno punk e o levou para casa com ela. Sozinho.
— Nate... — ela diz cuidadosamente, tentando me acalmar com aquele
olhar de corça que ela me dá desde que éramos crianças. — Eu...
— Nem tente. — Balanço a cabeça, indo até a banheira para pegar a garrafa
de vinho da mão dela. — Saia daí e vá para a cama. Você está de castigo.
— Você não pode me deixar de castigo, seu idiota — ela sussurra. — Eu
tenho dezesseis anos.
— Exatamente! — Eu grito com ela. — Você tem dezesseis anos e está se
embebedando com o estoque da mamãe e fazendo sabe-se lá o quê com esse
perdedor. — Balanço a garrafa na direção de Xavi com um sorriso de
escárnio, mais para o benefício dele do que dela. — O que você está fazendo
com esse cara, Katy?
— Ele é meu amigo — ela enfatiza. — Ele me faz rir e é uma das únicas
pessoas que realmente se importa. Ele entende — acrescenta ela,
murmurando. — Ao contrário de algumas pessoas.
— O quê?
Ela enxuga as lágrimas repentinas do rosto com as costas da mão. Eu
deveria me sentir um pedaço de merda por fazê-la chorar, e normalmente
me sentiria, mas estou muito lívido para me importar agora.
Com um braço ainda cobrindo o peito, ela pega a mão de Xavi e permite
que ele a ajude a sair da banheira, me surpreendendo porque ela nunca
aceita ajuda de ninguém.
Ele entrelaça os dedos ensaboados enquanto a conduz cuidadosamente
sobre os azulejos molhados, contornando Carter para levá-la até a porta do
quarto.
— Você está bem? — ele pergunta baixinho, e posso dizer que ele não está
perguntando se ela consegue chegar ao quarto sem ajuda. Ele sabe que ela
pode fazer isso. Ele está perguntando se ela está bem mentalmente, não
fisicamente.
Ela acena com a cabeça, dando-lhe um pequeno sorriso. — Boa noite, Xav.
— Boa noite, querida.
Olho para ele quando ele a chama assim, mas ele não parece perturbado.
O merdinha arrogante volta para a banheira e pega seu moletom do chão,
jogando-o sobre seu corpo encharcado. — Você deveria tomar cuidado com
a maneira como fala com ela — ele diz, corajoso o suficiente para me olhar
nos olhos.
— Saia antes que eu te jogue pela maldita janela.
Ele dá uma risada e balança a cabeça para mim, enfiando os pés nos tênis
sem se preocupar em secá-los primeiro. Sua atitude despreocupada me irrita
– tudo nele me irrita. Dou um passo mais perto dele, rangendo os dentes
quando Carter agarra meu ombro para me impedir.
— Ele tem dezesseis anos — ele me lembra, massageando minha pele com
as pontas dos dedos, provavelmente tentando aliviar a tensão em meus
músculos.
Sabendo que ele está certo – eu não posso espancar uma criança – eu agarro
a mão de Carter e o puxo para mim, seu peito nu e abdômen pressionados
contra os meus. Eu tinha esquecido que ainda estávamos sem camisa até que
ele me tocou, mas agora uso isso a meu favor. Não perco a maneira como a
língua de Xavi escorrega para lamber o piercing no lábio enquanto ele olha
entre nós. Sorrindo, puxo a boca de Carter para a minha, mas mantenho os
olhos em Xavi, usando a única maneira que sei que posso provocá-lo. Lambo
a língua de Carter e passo minha mão por suas costas, deslizando-a para
baixo em sua calça jeans para tocar seu buraco já molhado e aberto,
continuando de onde paramos. Ignoro a forma como meu pau fica mais duro
com o brilho de calor nos olhos de Xavi. Ou talvez seja ciúme. Provavelmente
um pouco de ambos.
A maioria das pessoas pensam que ele só é amigo da minha irmã porque
quer transar com ela, mas sei que não. Sei o que ele realmente quer, e isso o
mata por não poder ter.
— O que você ainda está fazendo aqui? — Pergunto a ele, enfiando meu
dedo propositalmente dentro de Carter para fazê-lo gemer, lambendo uma
longa linha na lateral de seu pescoço.
Os olhos de Xavi se estreitam em mim, mas então ele desliza aquele sorriso
fácil para o lugar, fazendo questão de levantar o dedo médio antes de bater
à porta ao sair.
Pirralho.
— O garoto ficou com os sentimentos feridos — brinca Carter, uma risada
consciente escapando dele quando empurro sua cabeça para trás pela
mandíbula e enfio meus dedos em seu rosto.
— Cale-se.
CAPÍTULO 6

PRESENTE

— Ele realmente te deixou aqui no frio? — Carter ri, sorrindo para mim
enquanto observa os hematomas no meu rosto e o sangue no meu queixo.
— O que você esperava, Carter? — Olho para ele enquanto me levanto,
ignorando sua mão quando ele a estende para mim. — Você me disse que
não iria pegá-lo de surpresa.
— E você acreditou em mim?
Na verdade, não.
Mas que escolha eu tinha? Carter me fez um favor. Ele salvou minha
bunda de várias maneiras. E quem conhece Carter Westwood sabe que ele
não faz nada de graça para ninguém. Este é o preço que estou pagando. Vou
morar com eles no meu primeiro ano de faculdade – ou pelo menos, no que
resta dele. Eu não estava na melhor forma em setembro, e é por isso que vou
começar meu primeiro ano em janeiro.
— Vamos. — Ele caminha até a casa e me joga uma chave. — Seu quarto
fica lá em cima, terceira porta à direita. — Ele sorri por cima do ombro. — O
de Nate é a segunda.
Claro que é.
Pego minha bolsa e a jogo por cima do ombro. Ele abre a porta da frente e
hesito na soleira, passando o polegar pela borda irregular da chave ao meu
lado. — Ele me odeia, Carter.
Ele para e se vira para mim. Passando lentamente os olhos pelo meu corpo
da cabeça aos pés, ele balança a cabeça enquanto observa minha aparência.
— Acho que você sobreviverá.
Duvido, mas tudo bem.
Sigo-o pela ampla entrada e até a enorme cozinha à nossa esquerda,
observando as paredes brancas brilhantes e as bancadas de madeira escura,
a pia sem louça e os eletrodomésticos todos alinhados exatamente assim.
Este lugar é impecável, mas isso não me surpreende. Nate é uma aberração
por limpeza. Aposto que ele inspeciona cada centímetro deste lugar toda vez
que os faxineiros saem, esfregando obsessivamente todos os pontos que
perderam.
— Do que você está sorrindo? — Carter pergunta.
— Nada. — Balanço minha cabeça. — Onde é o seu quarto?
— Bem em frente ao de Nate.
— E a garota? — pergunto, tentando parecer imperturbável enquanto
coloco minha bolsa no chão ao lado do balcão. — Frankie. Ela tem seu
próprio quarto?
— Sim, mas ela dorme no quarto de Nate a maior parte do tempo.
Concordo com a cabeça e desvio o olhar, irritado com a pontada de ciúme
que torce meu interior. — Certo.
Carter sorri novamente e abre a porta do freezer, pegando uma bolsa de
gelo e enrolando-a em uma toalha de mão. — Aqui — ele diz, apontando o
queixo para meu rosto enquanto passa o pacote.
Pego-o e seguro-o na minha bochecha, observando enquanto ele molha
outra toalha na pia e caminha até mim. Movendo minha bunda contra o
balcão, ele empurra seus quadris nos meus, gentilmente pegando meu
queixo para limpar o sangue. Luto contra um arrepio e viro meu rosto para
longe dele, pegando a toalha dele para fazer isso sozinho. Ele sorri
maliciosamente enquanto recua, com as mãos levantadas em falsa rendição.
Estreito os olhos, ainda sem saber com que diabos ele pensa que está
brincando. Ele sempre adorou mexer com as pessoas, mas isso é péssimo, até
para ele.
— Por que estou aqui, Carter? — Sussurro, não querendo que mais
ninguém nesta casa me ouça. — Por que está fazendo isso?
— Porque é divertido.
Ele me deixa sozinho, desaparecendo pela porta sem olhar para trás.
Assim que termino de me limpar, enxáguo o sangue da toalha e jogo-a na
pia. Prefiro não levar uma surra por fazer bagunça, então limpo a água,
depois encontro a lavanderia ao lado da cozinha e jogo as toalhas no cesto.
Pegando minha bolsa, não me atrevo a verificar nenhum dos outros quartos
daqui no caminho de volta para a entrada. Subo a escada e sigo o corredor,
parando na terceira porta à direita.
É melhor ele não estar brincando comigo.
Com cuidado, como se estivesse manuseando uma bomba-relógio, giro a
maçaneta e espio o interior do quarto, aliviado ao encontrá-lo vazio. Eu não
duvidaria se Carter armasse uma cilada para mim e me fizesse entrar no
quarto de Nate sem avisar.
Entrando, fecho silenciosamente a porta atrás de mim e coloco minha
bolsa no chão. O quarto é enorme, exatamente como Katy disse que seria. As
paredes aqui também são brancas, o chão é de um cinza claro e empoeirado.
A cama queen-size é composta por lençóis brancos, cobertos com uma manta
cinza fofa e travesseiros combinando. Há uma TV na parede oposta, um
closet ridiculamente grande que Katy não teria problemas para encher e um
banheiro privativo igualmente grande no canto do quarto.
Deixando minhas roupas, rastejo para a cama e deito em cima das
cobertas, cruzando o braço sob a cabeça. Então pego minha carteira e olho
para o grande sorriso no rosto da minha melhor amiga.
— Eu disse que viria, querida — sussurro. — Estou aqui.
E estou infeliz sem você.
CAPÍTULO 7

— Aqui cheira a uísque.


Meu queixo treme, mas não abro os olhos, minha cabeça inclinada para
trás no sofá da sala.
Frankie está certa. Isso cheira. Peguei todos os vidros quebrados e limpei
o máximo que pude, mas não consegui tirar tudo do carpete. A parede
também está arruinada. Agora tenho que esperar até segunda-feira para que
a equipe de limpeza e os pintores venham e encubram a bagunça que fiz.
— O que aconteceu, Nate?
Eu a ignoro novamente, abrindo um olho quando percebo que ela não vai
entender a dica.
Faz apenas algumas horas desde que ela desmaiou no meu quarto, mas
ela já tomou banho e está vestida para mais uma noite de festa. Seu cabelo
loiro está bem liso, as pontas roçando a curva de sua cintura toda vez que
ela se move, e está usando uma saia preta com algum tipo de sutiã como top.
A gargantilha preta e pontiaguda em volta do pescoço parece uma coleira
de cachorro, mas não me atrevo a apontar isso para ela.
Uma lembrança me vem então, uma de Xavi usando algo assim uma vez
enquanto estava na minha casa. Lembro-me de pensar como ele parecia um
punk na época, mas agora estou imaginando-o usando uma novamente. Eu
enganchando meus dedos sob a seda e puxando-o para mais perto, fazendo
dele meu brinquedinho, meu presente...
— Vai compartilhar isso? — Frankie pergunta, apontando o queixo para a
nova garrafa de uísque que tenho entre as pernas.
Passo para ela. Ela pega alguns copos do bar e coloca dois dedos em cada
um, completando com um pouco de Coca-Cola da geladeira. Ela me entrega
o meu, e eu pego, olhando seu corpo por cima enquanto tomo um gole. —
Você vai sair?
— Estamos saindo — ela me corrige. — Vá tomar banho e se troque. Você
parece uma merda.
— Sou muito gostoso para parecer uma merda — tento brincar.
Ela solta um suspiro, suas unhas brancas e letais afiadas batendo na borda
do copo. — Quem é o novo garoto?
— Não.
— Ele é seu? — ela pergunta. — Porque senão, eu...
— Eu disse que não — digo, mais duro do que eu pretendia. — Fique longe
dele, Frank. Por favor — acrescento, mais suave desta vez.
Ela olha para mim, observando meus olhos. Ela deve ver alguma coisa ali,
porque depois de uma rápida olhada nos nós dos meus dedos vermelhos e
inchados, ela balança a cabeça uma vez e diz: — Tudo bem.
Tudo bem.
Se ao menos fosse assim tão simples para minha irmãzinha. Se ela tivesse
dito tudo bem, talvez eu não a tivesse perdido para ele. Talvez ela ainda
estivesse aqui. Talvez…
— Posso pegar outro? — Pergunto, segurando meu copo vazio.
— Não. — Ela balança a cabeça, arrancando-o da minha mão. — Banho.
Agora.
Olho para ela, e ela sorri, balançando sua bunda mandona enquanto
caminha até o espelho acima do bar. Eu poderia dizer a ela para se foder,
mas não faço isso. Ela só vai ficar aqui e me irritar até eu desabar, e é por isso
que decido me poupar da dor de cabeça. Obrigando-me a ficar de pé, subo
as escadas. Verificando se não há ninguém por perto, contorno meu quarto
e paro no próximo, ouvindo movimento lá dentro. Não ouço nada, abro a
porta silenciosamente e espio pela fresta. Eu esperava que ele estivesse
acordado, mas não está. Ele está deitado em cima dos lençóis no meio da
cama, enrolado como uma bolinha com as mãos debaixo do queixo,
dormindo como se não tivesse a menor preocupação no mundo. Minha mão
aperta o batente da porta, e é preciso muita força de vontade para não entrar
ali, subir em cima dele e sufocá-lo com um travesseiro.
Muito fácil.
Se eu fosse matá-lo, faria doer.
O faria gritar.
Meu coração bate um pouco mais rápido e recuo antes de fazer algo
estúpido. Fecho a porta com um clique suave e vou até o banheiro dentro do
meu quarto, tirando a camisa antes de ligar o chuveiro. Meus dedos
encontram a corrente em volta do meu pescoço e estendo a mão para
desfazer o fecho, meus olhos colados no anel que uso no peito todos os dias
desde o dia em que o peguei. Chorei no ombro da minha irmã naquela noite
e roubei o anel de seu corpo flácido e sem vida, caído no chão daquela casa
estranha e imunda onde a encontrei.
Eu não deveria ter feito isso, mas não poderia deixá-la ir com aquele
pedaço dele no dedo.
Agora uso isso como um castigo. Como um lembrete e uma promessa.
Nunca esquecerei o que ele fez com ela.
CAPÍTULO 8

Está escuro lá fora quando acordo. Eu não queria adormecer, mas uma
rápida olhada no meu telefone me diz que são quase nove horas, o que
significa que estou adormecido há quase três horas.
Gemendo, saio da cama. No banheiro, evito me olhar no espelho e esfrego
a areia dos olhos, sibilando com a dor latejante que se segue.
Sinto-me uma merda. Provavelmente também estou uma merda, e
definitivamente não coloquei gelo no rosto por tempo suficiente.
Escovo os dentes, tomo um banho de dois minutos e me visto. Passando
os dedos pelos cabelos úmidos, desço as escadas. Não como desde ontem e
estou morrendo de fome. É estranho receber comida aqui, então pego meu
telefone e procuro a pizzaria mais próxima onde posso dirigir, parando na
entrada quando ouço movimento na cozinha.
Apenas mantenha-se andando.
Ignorando meus instintos, viro para a direita, mantendo meus passos
leves enquanto espio pela porta aberta. Não sei se fico decepcionado ou
aliviado quando vejo que não é Nate como pensei. É Easton Miller, um dos
caras que reconheço da equipe de Nate e Carter. Ele tem cabelo castanho
claro e um sorriso descontraído no rosto. Ocupado ao telefone, ele coloca a
mochila no chão, perto da lavanderia. Tento não fazer careta enquanto vejo
suas roupas de ginástica e a bola de basquete que ele está girando no dedo
indicador.
Claro que há outro esportista aqui.
Já entrei em inúmeras brigas com caras assim. Principalmente no ensino
médio, com os atletas idiotas que achavam engraçado colocar as mãos em
Katy. Eles brincavam com ela, empurravam-na e davam-lhe o inferno
sempre que podiam, por isso devolvi-lhes imediatamente. Levei uma surra
mais vezes do que consigo contar, mas não deixei que isso me impedisse.
Todas as vezes levantava-me e continuava atacando até que um dos
professores aparecia para interromper.
Depois que ficou claro que teriam que passar por mim para chegar até ela,
todos na escola pensaram que estávamos namorando. Até nossos pais
pensaram que havia algo mais acontecendo entre nós. Provavelmente
porque nunca me preocupei em dizer a eles que buceta não deixa meu pau
duro. Não que eu dê a mínima para o que eles pensam. Prefiro me poupar
da dor de cabeça. Felizmente para mim, todos que conheço geralmente
olham para mim e presumem que sou hétero.
Quase todo mundo…
Limpo a garganta quando percebo que Easton me pegou parado aqui, com
as sobrancelhas puxadas para baixo enquanto ele estuda os hematomas
escuros ao redor dos meus olhos, depois o moletom com capuz preto que
estou usando e os jeans grandes e esburacados pendurados em meus quadris
estreitos.
— Ei — ele diz com bastante educação. — Você é Xavi, certo?
Franzo a testa, sem saber como ele sabe disso. Se Carter nem se incomodou
em dizer a Nate que eu estava vindo, por que ele contaria para esse cara?
— Frankie me mandou uma mensagem e disse que você estava aqui —
explica ele. — Sou Easton.
Concordo com a cabeça, enfiando desajeitadamente as mãos nos bolsos.
Realmente não sei o que fazer com ele ou o que Nate disse a essas pessoas
sobre mim, então apenas o observo por um minuto, lentamente voltando por
onde vim. — Ok, bem, eu só... uh, vou...
— Está com fome? — ele pergunta, segurando um saco de comida chinesa
antes de colocá-lo no balcão. — Eu estou morrendo de fome, então comprei
um de tudo.
— Hum…
Ele começa a tirar recipientes e abri-los, levantando uma sobrancelha para
mim enquanto se inclina e bate no balcão com um par de pauzinhos. —
Sente-se, Xavi. Não mordo.
Está bem então.
Sento-me à frente dele e ele abre a geladeira, tirando duas cervejas. —
Quer uma?
Meu coração começa a bater mais rápido. — Não, obrigado.
Calma.
Fácil.
Porra, respire, cara.
Easton encolhe os ombros enquanto coloca uma de volta e pega um
refrigerante para mim, segurando-o em oferenda. Pego-o e tiro a tampa,
observando enquanto ele serve comida suficiente para alimentar uma
pequena aldeia. Ele fica olhando para meu rosto enquanto comemos, e posso
dizer que está curioso sobre o olho roxo, mas não me pergunta sobre isso.
Em vez disso, me conta sobre suas aulas e jogos e seu lugar no time, falando
sobre tudo e mais alguma coisa. Ele é meio doce, e me sinto mais relaxado
perto dele do que pensei que ficaria.
— Há uma festa hoje à noite — ele diz enquanto começamos a limpar. —
Você quer ir?
Abro automaticamente a boca para dizer não, mas então penso em Katy,
imaginando-a me agarrando pelos cabelos e empurrando minha bunda
antissocial na direção dele.
Ainda hesito, querendo perguntar se ele sabe se Nate estará lá, mas é claro
que não faço isso.
— Sim — digo a ele, forçando as palavras através do nó na minha
garganta. — Eu irei.

— O que aconteceu com a garota com quem você morava? — pergunto a


Easton, olhando para a casa para onde ele me levou enquanto subimos os
degraus largos que levavam até ela.
Todo o lugar é feito de vidro e mármore branco perolado.
— Ela queimou todas as minhas coisas e me deu um chute na bunda —
ele responde, rindo levemente da expressão no meu rosto. — Não se sinta
mal por mim. — Ele balança a cabeça, abrindo a porta da frente e me
permitindo entrar primeiro. — Eu mereci.
— Por quê? O que você fez?
— Fodi a irmã dela.
Levanto uma sobrancelha com isso, virando-me para encará-lo enquanto
volto para dentro de casa. — Você diz a todo mundo que acabou de conhecer
que é um idiota traidor?
— Só aqueles que eu realmente gosto — ele brinca, passando o braço
grande por cima do meu ombro e me girando para me levar para a frente no
meio da multidão.
Fico tenso ao seu lado, sem saber o que devo fazer com as mãos. Seus
dedos apertam minha clavícula através do moletom, e luto para manter meu
pau sob controle, dizendo a mim mesmo para não examinar muito sobre
isso. Sem pensar na sensação de seu corpo quente contra o meu, ou em como
aquele sorriso fácil dele surge quando ele olha para mim.
Pelo amor de Deus, não faça isso.
Não comece a se apaixonar pelo jogador de basquete hétero que também é um dos
melhores amigos de Nate, seu idiota.
Ele me leva até a cozinha, batendo alguns punhos e sorrindo para algumas
garotas quando passamos por elas. Fico encostado na lateral dele e deixo que
ele me mova, balançando a cabeça enquanto aponta os caras do time e me
diz em quais posições eles jogam. Ele me diz seus nomes, e não me preocupo
em dizer que já os conheço. Vou guardar esse pequeno segredo para mim.
Ele começa a conversar com Bryson West – o cara cujos pais são donos
desta casa. Olho para a piscina pela janela atrás de nós, mordendo o lábio
enquanto procuro algum ponto de saída por lá. Deve haver alguma coisa.
Um portão lateral ou...
— Xavi. — Easton balança meu ombro, chamando minha atenção de volta
para ele e Bryson.
— Hum?
— Eu disse que você obviamente não gosta de cerveja, então qual é a sua
bebida?
Mudo de um pé para o outro e olho para as várias garrafas de álcool
alinhadas no balcão. — Água.
Suas sobrancelhas franzem, mas ele fica sério mais rápido do que eu
pensava. — OK. Água, é isso.
Ele se move ao meu redor e pega uma garrafa da geladeira, de costas para
todas as pessoas aqui enquanto ele a abre e a serve em um copo individual.
Eu poderia beber da garrafa, mas acho que ele está fazendo isso para que eu
possa me misturar com todos os outros universitários bêbados daqui. Ele
sabe que algo está acontecendo e está tentando me ajudar a evitar chamar
atenção indesejada para mim. Ou talvez eu esteja desesperado para que
alguém se importe e esteja examinando demais sobre as coisas novamente.
Ele me entrega minha bebida e me recosto no balcão enquanto a levo aos
lábios, movendo meus olhos sobre todas as pessoas esbarrando e se
esfregando umas nas outras pela casa. Já faz um tempinho que não vou a
uma festa como essa, mas, pelo que sei, não é tão diferente daquelas que eu
costumava ir no ensino médio. Álcool. Drogas. Sexo. Decisões erradas…
nada muda.
Vejo pelo menos uma dúzia de casais transando com a língua, alguns
contra até a escada de vidro no canto. Há uma garota seminua deitada de
costas na mesa da sala de jantar, alguns caras ao seu redor cheirando cocaína
em sua pele nua. Limpo a garganta e desvio os olhos da cena, já me
arrependendo da minha decisão de vir aqui. Esfrego o peito com os nós dos
dedos enquanto o pânico aumenta, roubando meu fôlego e turvando minha
visão.
Droga, eu não deveria estar aqui.
Não posso estar aqui.
Não posso, não posso, não posso...
— Ei. — Alguém me toca. É Easton, sua mão segurando meu ombro
novamente enquanto ele se inclina para ficar na minha altura. — Cara, você
está bem?
— Sim — falo, balançando a cabeça rápido demais, mas então estou
balançando a cabeça e me afastando dele. — Preciso de um pouco de ar. Vou
sair por um segundo.
Ele diz mais alguma coisa, mas não o ouço quando me viro e saio quase
cambaleando pela porta dos fundos. Assim que saio de lá, respiro fundo e
solto lentamente. Isso ajuda, então faço isso de novo, mais três vezes, até que
a bagunça dentro da minha cabeça comece a se dissipar. Bebo um pouco de
água e continuo caminhando, com a música alta diminuindo à medida que
me afasto da fonte. Há o mesmo número de pessoas aqui fora, se não mais,
mas os grupos estão mais espalhados do que lá dentro, então não parece tão
lotado. Ninguém me dá atenção enquanto me encosto na lateral da casa e
passo a mão no rosto. Pego meus cigarros, abro o maço com o polegar e tiro
um com os dentes, com a cabeça baixa enquanto procuro o isqueiro no bolso.
Foda-se.
Apenas um não vai doer.
Eu só preciso de um, porra...
Sinto mais do que vejo o brilho em mim no segundo em que acendo o
isqueiro, a chama pairando a apenas alguns centímetros da ponta.
Levantando os olhos, arranco o cigarro da boca e deixo meus braços caírem
ao lado do corpo.
Nate está sentado do outro lado do quintal, as luzes azuis neon da piscina
sombreando seu rosto e fazendo suas feições parecerem ainda mais
sombrias. Frankie e o grupo de pessoas que estão com ele, estão rindo e se
divertindo, mas seu olhar não deixa o meu. Mesmo quando ele sabe que o
peguei, não reage nem desvia o olhar. Ele parece furioso e tem todo o direito
de estar. Não tenho orgulho da pessoa que ele vê quando olha para mim – o
merdinha arrogante e estúpido que eu era há dois anos. Aquele cara era
imprudente e egoísta e tudo o que importava era perseguir a próxima dose.
Odeio-o tanto quanto Nate. Por corromper Katy. Por transformar a boa
menina da cidade na história de terror sobre a qual todos sussurram. Por
encorajá-la, capacitá-la porque doía menos não doer sozinho.
É tudo culpa dele.
Minha culpa.
Engolindo em seco, abaixo a cabeça como o covarde que sou e volto para
dentro. Easton ainda está no mesmo lugar, cercado pelo dobro da
quantidade de pessoas que estavam aqui há alguns minutos. Ele pega o copo
vazio que estou segurando e o substitui por um cheio. — Não se preocupe
— ele diz, inclinando-se para o lado para gritar por cima da música. — Eu
me certifiquei de que ninguém o batizasse.
— Obrigado — murmuro no copo, sem perder os olhos que queimam um
buraco na parte de trás da minha cabeça.
Só então, Carter aparece ao meu lado com uma bebida na mão,
descaradamente fodendo o cara bonito parado a poucos metros de nós. O
cara o fode de volta, e balanço a cabeça com um sorriso quase imperceptível.
Carter faz parecer tão fácil estar assumido. Ele pode ser um idiota, mas não
posso negar que respeito a maneira como ele fica feliz por ser quem é. Nate
nunca anunciou o fato de que gosta de ficar com garotos e com garotas - seu
pai não permitiria isso - mas Carter realmente não se importa com o que seus
pais, seu treinador ou qualquer outra pessoa tem a dizer sobre ele. Ele
sempre foi assim.
— Está se divertindo, Xav?
— O que você quer, Carter?
— Nate está me evitando. — Ele finge fazer beicinho e reviro os olhos
diante de sua estupidez.
— Isso provavelmente é porque assim que ele chegar perto de você, ele
vai chutar sua bunda.
Ele ri disso, olhando para algo acima da minha cabeça enquanto se move
em direção ao seu entretenimento desta noite. — Engraçado, porque me
parece que ele quer muito mais a sua bunda do que a minha.
Ignoro o jeito que isso me enche de pavor e calor ao mesmo tempo. Ele
não quis dizer isso. Ele só está tentando mexer comigo. Tentando foder com
minha cabeça e me fazer esperar por algo que não deveria esperar.
Os cabelos da minha nuca se arrepiam quando percebo que Nate está bem
atrás de mim. Sua mão aparece quando ele a apoia no balcão próxima ao
meu quadril. — Por que você está aqui?
— Eu já te disse...
— Quero dizer, aqui, nesta festa — ele resmunga, com a boca perto da
minha orelha enquanto abre uma garrafa de alguma coisa e se serve de uma
bebida.
— Easton me trouxe.
— Ele trouxe? — ele pergunta casualmente, mas não sou estúpido. Ele está
chateado e quer que eu saiba disso. — E por que ele faria isso depois que o
dissemos para ignorar você e deixar sua bunda em casa?
— Talvez ele goste mais de mim do que de você — murmuro. Sei que não
é sensato provocá-lo, mas acho que velhos hábitos são realmente difíceis de
morrer. — Katy sempre gostou.
Assim que o nome dela sai dos meus lábios, ele me faz arrepender. Ele não
parece se importar com quem pode estar olhando enquanto agarra um
punhado do meu cabelo e me arrasta para fora, me jogando como uma
boneca de pano. Minhas costas batem na parede de mármore onde eu estava
encostado antes, o copo de água escorrega da minha mão e encharca nós
dois. Ele também não parece se importar com isso, seu enorme corpo
apertando o meu enquanto ele me força a olhar nos seus olhos.
Ele está tão perto.
Muito perto.
Que porra ele está fazendo?
— Não fique surpreso, festeiro — ele provoca. — Você acabou de me pedir
isso. Puro e simples para caralho.
Talvez ele esteja certo.
Afinal, provoquei sua ira. É justo que ele me dê isso.
Nem tento lutar com ele quando ele enfia os dedos na minha garganta,
dificultando a respiração. Ele não me deixa desviar o olhar de seus olhos, e
agora que o choque inicial de o ver novamente passou, eu...
Porra, esqueci o quanto dói olhar para ele.
Seu polegar roça a borda do meu queixo, abaixo da orelha, e tento não
fazer barulho quando ele encontra a pequena cicatriz que ganhei no dia em
que me encontrou dormindo ao lado do túmulo de Katy, no aniversário dela,
alguns anos atrás. Não me lembro muito dessa luta. Eu estava muito fora de
mim, mas sei que foi a última vez que ele me viu pessoalmente antes de hoje.
— Eu te dei isso? — Ele pergunta, ainda manuseando o mesmo ponto no
meu queixo.
Concordo com a cabeça uma vez e uma sugestão de sorriso toca seus
lábios.
Ele gosta disso.
Ele ainda está me segurando no lugar, mas não está mais me machucando.
De alguma forma, isso é pior, especialmente quando vejo o brilho de
diversão em seus olhos, como se ele soubesse exatamente o que estou
pensando agora.
Nunca importou o quanto tentei esconder isso. Ele sempre foi capaz de
me ver como sou.
Quebrado. Patético. Gay.
Meu pau está duro para ele, e sei que ele pode sentir isso através de nossas
roupas. Minha respiração acelera quando ele empurra sua coxa entre minhas
pernas, sua boca abaixando até ficar a apenas alguns centímetros da minha,
me dando um gostinho de algo que nunca terei.
— Você quer mais? — ele sussurra.
Mais cicatrizes ou mais... ele?
Seja o que for, eu aceito.
Quando aceno, ele segura meu rosto e lentamente coloca a mão livre entre
nós, corajosamente espalmando meu pau através da minha calça jeans. Ele
me acaricia através do material, e um som de choque sai da minha garganta
antes que eu possa pará-lo, meus quadris vão automaticamente contra os
dele.
— Porra — falo contra seus lábios. — Porra...
Algo acontece então, e ele se transforma em pedra contra mim. Sua cabeça
se inclina para trás e ele olha para minha boca, para o copo caído ao lado dos
meus pés, depois volta para meu rosto, sua mandíbula travada enquanto
estuda cada centímetro de mim. Pisco para ele em confusão, minhas
sobrancelhas franzindo com o retorno repentino de sua raiva. Não que isso
tenha ido embora, mas isso parece diferente. Ele parece estar com dor, seus
olhos castanhos claros brilhando enquanto ele observa os meus.
— O que... — ele para.
Meus olhos começam a lacrimejar também, a compreensão do que ele está
pensando arranca mais um pedaço do meu coração partido.
— O que havia naquela bebida?
— Nate.
— Vá se foder, Xavi, — ele cospe, com as narinas dilatadas enquanto se
afasta de mim. — Foda-se.
— Sim — sussurro para mim mesmo, fechando os olhos para não ter que
vê-lo ir embora. — Foda-me.

— Acho que estou bêbado.


— Você acha? — Eu rio, seguindo Easton enquanto ele sobe as escadas,
esbarrando no corrimão enquanto caminha.
— Você está bêbado? — ele pergunta.
— Não, cara, estou bem.
Ele cantarola e passa o braço em volta do meu pescoço, me puxando para
ele e pressionando sua bochecha contra a minha. Não pela primeira vez esta
noite, me pergunto se ele é apenas super amigável ou se gosta de garotos.
Sei que tinha namorada, mas ele poderia ser bi.
Talvez ele já tenha ficado com Nate antes...
— Quantos anos você tem?
— Dezenove — respondo.
— Merda. Sou uma má influência, não sou?
Eu sorrio e balanço minha cabeça. Não digo que ele não é nada comparado
às más influências a que estou acostumado. As pessoas de merda que me
viciaram em drogas quando eu tinha apenas quatorze anos.
— Você é menor de idade — ele brinca, seus lábios contra minha têmpora,
e juro que não estou imaginando desta vez.
Acho que ele pode realmente estar a fim de mim.
— Quantos anos você tem? — Pergunto.
— Vinte e um.
O mesmo que Nate, penso comigo mesmo. Cada pensamento que tenho esta
noite parece voltar para ele. Não consigo parar de pensar na forma como ele
observava cada movimento meu na festa. A sensação de estar preso entre
seu corpo e a parede.
A maneira como ele olhou para mim quando percebeu que eu estava sóbrio...
Quando penso nisso, dobro a esquina e encontro o próprio demônio
encostado na moldura da minha porta. Ele parece cansado, com os olhos sem
foco, enquanto leva uma garrafa de uísque à boca. Não o vejo desde que ele
me deixou do lado de fora mais cedo. Carter e Easton ainda estavam na
cozinha quando voltei para dentro, mas Nate não estava em lugar nenhum.
Eu não sabia para onde ele tinha ido ou com quem estava, mas agora estou
achando que ele voltou para cá para se esbaldar sozinho.
Easton tropeça e ri, o braço ainda preso em meu pescoço, os lábios no meu
rosto. Tento segurá-lo com o braço em volta de sua cintura, mas acho que
não estou ajudando muito, considerando que ele tem quase o dobro do meu
tamanho. Ele abre a boca para dizer algo para mim, fechando-a rapidamente
quando seus olhos encontram os de Nate. Os dois parecem ter algum tipo
de conversa sem palavras por um segundo, e então Easton suspira e me solta.
— Acho que ele não gosta muito de mim esta noite — ele sussurra em meu
ouvido, sorrindo enquanto anda de costas para seu quarto. — Boa noite,
garotos.
Não é minha intenção, mas me pego sorrindo também, abaixando a cabeça
desajeitadamente para esconder. Meu rosto fica corado de repente, e espero
que Nate esteja bêbado demais para perceber.
Ele não está.
Ele inclina a cabeça para mim e aponta para a porta fechada de Easton com
a garrafa de uísque. — Realmente?
— O quê? — pergunto, arriscando olhar para ele. — Gosto dele.
— Você é patético.
Meus ombros caem e desvio os olhos, cruzando os braços sobre o peito
enquanto olho para o chão ao lado de seus pés.
Ai.
— Não pense que você é especial. Ele é assim com todo mundo. No início
— acrescenta ele enigmaticamente. — Eu trancaria sua porta à noite se fosse
você.
Eu rio levemente com isso, me forçando a olhar para ele. — Você faz
piadas agora?
— Não estou brincando.
Nós nos encaramos por um momento, nenhum de nós se movendo ou
dizendo nada enquanto ouvimos Easton batendo em algo dentro de seu
quarto.
— O que você está fazendo aqui, Nate? — pergunto suavemente,
observando-o tomar outro gole.
Meu corpo avança como se quisesse ir até ele, como se quisesse tentar
confortá-lo ou algo assim, mas fico parado, deixando uma distância segura
entre nós. Suas sobrancelhas franzem e ele olha em volta como se acabasse
de perceber onde está.
Bloqueando minha porta.
Esperando por mim…
Ele não diz nada, então pressiono um pouco mais. — O que você quer de
mim?
— Quero que você vá embora.
Mas já estou balançando a cabeça. — Não posso.
— Por que não?
Hesito, sem saber como responder a isso.
— Xavi, juro por Deus. Mude-se ou...
— Ou o quê, Nate? — Suspiro. — Vai me expulsar? Chutar minha bunda
de novo? Já ouvi tudo isso antes, cara.
— Falo sério dessa vez.
— Não — digo a ele, levantando o queixo em desafio. — Você não fala.
Não sei por que estou tão confiante sobre isso. Apenas estou.
Seus olhos castanhos escurecem, e juro que posso ver a emoção neles
quando ele se aproxima, invadindo meu espaço e espalhando a ponta da
garrafa no meu lábio inferior. — Tem certeza de que quer jogar esse jogo
comigo, festeiro?
Estremeço e viro a cabeça, prendendo a respiração enquanto ele usa a
garrafa para trazer meu rosto de volta ao dele.
Não pode haver mais do que uma gota de uísque na minha boca, mas
ainda assim...
É muito.
Eu rapidamente limpo com a manga e ele balança a cabeça para mim com
raiva.
Isso foi um teste e tenho certeza de que falhei.
— Tranque a porta — ele me lembra.
E então ele se foi.
CAPÍTULO 9

Rastejo pelo quintal vazio e olho para a casa por cima do ombro,
mordendo o interior da minha bochecha quando vejo os pais de Bryson West
parados na cozinha. Estive aqui há apenas algumas noites, mas parece uma
casa completamente diferente da que era então, recém-limpa e livre de toda
a bagunça, do bar improvisado e dos corpos se fodendo a seco nas mesmas
superfícies em que estão apoiando-se.
Seria mais fácil fazer isso quando eles não estivessem em casa, mas Katy
não teria feito isso pela metade. Ela teria adorado a emoção e o medo de ser
pega.
Tiro todas as minhas roupas e as coloco sobre a mesa em que Nate estava
sentado na outra noite, balançando a cabeça quando começo a pensar nele
novamente.
Pare com isso, Xavi.
Isto não é sobre ele.
Puxando a venda sobre os olhos, cubro meu pau e minhas bolas com a
mão e pulo de cabeça na piscina aquecida. Subindo para respirar, consigo
nadar duas distâncias antes de ouvir os gritos vindos de algum lugar ao meu
lado. São os pais de Bryson, provavelmente chateados pra caramba ao
encontrar algum estranho nu se sentindo em casa em sua piscina chique.
— Ei! — O Sr. West grita à minha esquerda. — Que diabos você está
fazendo?!
Balanço a cabeça para o outro lado e mergulho em direção à borda, me
puxando para fora antes de sair correndo. Não vou muito longe antes de
bater em uma cadeira, dobrar os joelhos e cair de bunda, lutando para me
livrar das mãos que tentam agarrar meus tornozelos.
— Seu idiota.
Chuto-o e me levanto. Tateando em busca da mesa, encontro minhas
roupas e as enrolo contra o peito, me escondendo o máximo possível
enquanto corro pelo quintal. Bato em outra coisa e solto um grunhido, rindo
sozinho enquanto aperto minhas costelas doloridas.
Jesus, como ela fazia isso parecer tão fácil?
Estou cego com o coração na garganta. Por algum milagre, consigo
encontrar a parede que escalei para entrar aqui e jogo minhas roupas por
cima, me levantando e saltando rapidamente para o outro lado. Ainda posso
ouvir os dois gritando comigo enquanto pego minhas coisas do chão,
arranco a venda e corro de volta para minha moto estacionada na beira da
estrada, na mesma rua. Estou congelando e meus dentes estão batendo
loucamente, mas a adrenalina me faz continuar enquanto coloco minhas
roupas de volta e balanço a perna sobre o assento, ainda rindo sozinho
enquanto saio em alta velocidade. Dirijo por alguns minutos sem destino em
mente, apenas longe o suficiente de casa para ter certeza de que o pai de
Bryson não vai me alcançar e me dar uma surra. Depois de parar, seco as
mãos e retiro a lista que trouxe comigo, destampando meu marcador preto
com os dentes enquanto encontro a tarefa número cinco.
Vá nadar nu na piscina de um estranho.
Riscando, dobro novamente o papel e guardo-o, meu peito arfando
enquanto tiro o cabelo molhado da testa. Colocando meu capacete, quase
posso ouvir a risada histérica de Katy em meus ouvidos enquanto ligo o
motor e dirijo de volta para a casa do irmão dela.
Ser cego deve ser uma droga. Meus joelhos e cotovelos doem, minha
bunda e costelas estão machucadas e a parte interna da minha coxa está
pingando sangue. Não percebi na hora, mas devo ter me cortado em alguma
coisa quando voltei pulando o muro.
Mancando até a cozinha, pego uma bolsa de gelo e volto para as escadas,
me assustando quando Nate entra pela porta da frente.
— Jesus, você me assustou.
Ele para quando me vê, estreitando os olhos enquanto observa minha
forma desgrenhada.
Ele não me disse uma palavra desde aquela primeira noite no corredor.
Acho que ele nem olhou para mim uma única vez nos últimos três dias. Mas
ele está olhando agora.
Não tenho certeza se devo amar ou odiar.
— O que você está fazendo?
— Nada — respondo, provavelmente um pouco rápido demais.
Ele inclina a cabeça e agarra a alça da bolsa de ginástica em seu ombro, os
olhos nunca deixando os meus enquanto a deixa cair no chão. Ele está
vestindo um short preto e uma daquelas camisas de ginástica justas de
mangas compridas que gruda em sua pele, mostrando cada curva e
inclinação da parte superior de seu corpo.
Não olhe para o abdômen dele.
Não olhe.
Não...
Eu olho, e ele vem em minha direção, levantando meu queixo com o dedo
e fazendo questão de fechar minha boca aberta.
Idiota.
— Por que você está molhado?
Minhas bochechas coram e luto contra um arrepio quando seus dedos
quentes percorrem meu rosto gelado.
— Fui para a piscina.
Mesmo que eu não esteja tecnicamente mentindo – entrei em uma piscina,
mas não na piscina dele – acho que ele sabe que estou escondendo alguma
coisa. Ele não me questiona sobre isso.
— Você se machucou? — Ele pergunta, com as sobrancelhas levantadas
enquanto ele abaixa a cabeça na minha perna.
Pisco para ele, confuso com sua preocupação comigo. — Você se importa?
— Nem um pouco. — Ele afasta meu rosto e se inclina para pegar sua
bolsa. Ele esbarra no meu ombro a caminho da escada, quase me derrubando
com a força. — Limpe o sangue do meu chão.
Apoio-me no corrimão, esperando o som da porta do quarto dele se
fechando antes de pegar um pano na cozinha e começar a trabalhar.
CAPÍTULO 10

Ele não tranca a porta.


Todas as noites, desde que ele chegou, eu tentei a maçaneta e a encontrei
destrancada, entrando sorrateiramente em seu quarto para vê-lo dormir.
Neste momento, estou de pé junto à janela aberta, fumando o cigarro que
roubei do maço que estava em sua mesa de cabeceira.
Ele nem fuma.
Já o vi rasgando cigarros e jogando-os no lixo quando acha que ninguém
está olhando, mas nunca o vi acender um e dar uma tragada.
Viro a cabeça para soprar o cigarro lá fora, lembrando-me da primeira vez
que peguei ele e minha irmã atrás da garagem, quando eles tinham quinze
anos, os pequenos punks, rindo e sussurrando um para o outro enquanto
passavam cigarros de um lado para outro. Enlouqueci e o expulsei de casa,
mas tudo o que ele fez foi rir.
Eu gostaria de tê-lo matado.
Eu gostaria de ter sabido naquela época para poder ter feito mais para
detê-lo.
Eu gostaria que ele estivesse morto em vez dela.
Jogando a bituca para fora, fecho a janela e sento-me na cama ao lado dele,
puxando cuidadosamente o cobertor para baixo para revelar seu corpo.
Deitado de lado com a perna enganchada, os braços magros enrolados no
travesseiro, o cabelo escuro escondendo o rosto de mim. Ele está vestindo
um short minúsculo e um top preto de manga curta, com a bainha logo
abaixo do esterno. Eu já o peguei usando roupas minúsculas como essa
algumas vezes antes, mas apenas quando era só ele e Katy. Ele nunca usaria
algo assim em público. Deus não permita que seu pai descubra que tem um
menino queer e fada como filho.
Passo meus dedos por sua barriga e até seu peito, parando na barra que
sinto em seu mamilo. Ele tem piercings em ambos, percebo, e odeio isso.
Odeio o quão gostoso ele é.
Odeio o quão excitado ele me deixa enquanto giro meu dedo em torno do
metal.
Ele não se mexe. Deslizo minha mão um pouco mais para baixo, sem me
importar se ele acordar e me pegar tocando nele. Ele dorme como um
cadáver, portanto, não é provável.
Agarrando seu joelho, eu cuidadosamente abro suas pernas e olho para a
escuridão, estudando os pequenos hematomas por toda parte, olhando para
o corte recente que encontrei na parte interna de sua coxa.
Não sei o que aconteceu com ele esta noite, mas quero.
Quero saber tudo.
Abaixando a cabeça, olho para seu rosto enquanto passo meus lábios sobre
a carne macia ao lado da ferida, um ruído baixo escapa da minha garganta
enquanto esfrego meu pau duro sob o moletom.
Não sei o que deu em mim.
Esse ódio dentro de mim parece algo vivo e que respira, e quer Xavi Hart.
Agora que ele está ao seu alcance, quer tomá-lo e possuí-lo, prendê-lo e puni-
lo pelo que fez, fazê-lo chorar e implorar para que eu pare com isso.
Ele sibila entre os dentes, e olho para baixo, soltando-o quando percebo
que estava cravando os dedos no corte, com força suficiente para fazê-lo
sangrar novamente.
Ainda dormindo, ele geme e rola para o outro lado, batendo o joelho na
minha cabeça antes de se enrolar de costas para mim. Inclino-me sobre ele e
jogo o cobertor no chão, fora de seu alcance, esperando que ele morra
congelado.
Eu deveria ir embora agora, mas não vou.
Quero saber, droga.
Pegando o telefone do carregador na mesa de cabeceira, desbloqueio-o
com a senha, acho que na primeira tentativa. Aniversário de Katy. Igual a
minha.
Abrindo sua lista de ligações recentes, procuro e tento descobrir se ele
estava com alguém esta noite. As únicas pessoas com quem ele conversou
na última semana foram seu pai, Carter, e uma única ligação de Easton. Ele
não tem nenhum amigo, o maldito perdedor.
A seguir, vou para as mensagens dele, mas não há nada de interessante
nisso. O único que me interessa é o do pai dele. Ele mandou uma mensagem
para ele esta tarde, mas Xavi nunca respondeu.

PAI
[Não se esqueça que você tem uma consulta com seu
terapeuta amanhã às nove da manhã. Não se atrase.]

Zombo e abro seu aplicativo de alarme, desligando aquele programado


para oito da manhã. Guardo o telefone dele, mas não o coloco no carregador,
então pego sua carteira e vasculho-a como último recurso. Não há nada aqui
também. Só um pouco de dinheiro e…
Pisco e coloco os cotovelos sobre os joelhos, a cabeça baixa enquanto olho
as fotos dele e da minha irmãzinha. Minha irmãzinha feliz, sorridente e
risonha. Lágrimas enchem meus olhos antes que eu possa impedi-las, e travo
minha mandíbula, virando meu rosto para o garoto dormindo ao meu lado.
— Te odeio.
CAPÍTULO 11

— Caramba, droga.
Meus lábios se contraem com o pânico na voz de Xavi, minhas mãos
envolvem minha caneca de café enquanto sento-me ao lado de Frankie no
balcão da cozinha. Carter está sentado à nossa frente, sem camisa e de
ressaca, a cabeça baixa enquanto ingere o café da manhã que fiz esta manhã.
Não consegui dormir ontem à noite. Quando não consigo dormir, eu
limpo. E quando não há mais nada para limpar, cozinho o máximo de
comida que posso para poder limpar tudo de novo.
Meus amigos geralmente não acordam antes do meio-dia quando não
temos aulas para ir, mas toda vez que cozinho, é como se sentissem a comida
e viessem correndo buscá-la.
Xavi finalmente aparece no final da escada, e observo pela porta enquanto
ele anda e passa as mãos pelos cabelos. Já passa das nove, o que significa que
ele está atrasado para o compromisso. Seu telefone continua tocando em seu
bolso, mas ele o ignora. Ele parece um pouco enlouquecido, mal olhando
para nós três enquanto entra na cozinha e se agacha para olhar embaixo do
freezer.
— O que você tem? — Carter pergunta a ele com a boca cheia de bacon.
— Eu... — Xavi para e olha duas vezes para mim, seu rosto caindo
enquanto ele lentamente se levanta. — Nate…
— Festeiro.
Ele xinga e bate na porta do freezer com a ponta do punho, fazendo
Frankie, sonolenta, pular ao meu lado. Com o garfo a meio caminho da boca,
ela levanta os olhos e olha entre mim e Xavi, sem mover um músculo. A boca
de Carter se estica em um sorriso lento, mas eu não desvio o olhar da vadia
irritada atrás dele, percebendo tudo enquanto vejo as emoções passarem por
seu rosto. Quase posso ouvir os pensamentos passando por sua cabeça
enquanto ele tenta encaixar as peças, rangendo os dentes quando descobre
o que fiz.
Isso aí, de repente percebo.
Isso é o que quero.
Mal consegui uma reação dele até agora. Cada vez que o provoco, é como
se ele se contentasse em ficar ali deitado e aguentar.
Mas não desta vez.
Desta vez, ele parece chateado e eu gosto disso.
Quero mais disso.
Recostando-me um pouco mais, viro-me no assento e alargo as pernas.
Venha aqui.
Não digo isso em voz alta, mas seus pés ainda se movem em minha
direção como se ele tivesse ouvido o comando. Lentamente, ele se aproxima
até ficar entre minhas coxas abertas, os dedos se contorcendo
incansavelmente ao lado do corpo. Nós nos encaramos por alguns instantes,
e então ele estala, suas pequenas mãos agarrando meu moletom para revistar
meus bolsos. Agarro seus pulsos e torço, fazendo-o gritar enquanto os
prendo nas costas. Com a outra mão, agarro a barra de sua camisa e puxo
até que seu peito bata no meu, meus dedos roçando a pele macia e quente
logo acima de sua cintura. Em vez de lutar comigo, ele solta um suspiro e se
derrete contra mim. Uma única lágrima derrotada desliza por seu rosto
enquanto seu corpo fica mole em meus braços.
Patético pra caralho.
— Sei que você tem isso — ele fala.
— Tenho o quê? — Pergunto, desafiando-o com meus olhos a dizer isso.
Ele não faz isso – não na frente de Frankie e Carter – e essa é a única razão
pela qual não enfio meu punho naquele olho roxo dele e o faço chorar de
verdade.
— Por favor — ele sussurra só para mim. — Farei o que você quiser,
apenas... Por favor, Nate.
— Qualquer coisa, hein?
Ele concorda.
— E se eu lhe dissesse para arrumar suas coisas e sair da minha casa?
— Farei isso — ele diz sem hesitação. — Irei embora.
Meus olhos se estreitam e puxo seu corpo novamente, trazendo-o até que
seu rosto fique bem próximo ao meu. Alcançando meu moletom, retiro a tira
de fotos que roubei de sua carteira na noite passada, deslizando-a
discretamente no bolso da frente de sua calça jeans. Ele suspira novamente,
aliviado, e passo meu nariz sobre a cicatriz em sua mandíbula, apreciando o
jeito que ele treme contra mim.
Não digo a ele para ir embora.
— Tranque a porta — sussurro lentamente, garantindo que ele me entenda
desta vez.
Ele se afasta um pouco e pisca para mim, balançando a cabeça em silêncio
enquanto se solta do meu aperto. Deixo-o ir observando suas costas
enquanto ele sai da cozinha e leva o telefone até o ouvido, quase colidindo
com Easton enquanto caminha. Easton agarra seus lados para firmá-lo, e
Xavi murmura um pedido de desculpas envergonhado, abaixando a cabeça
para esconder seu rosto corado enquanto sai pela porta da frente.
Easton entra e pega um prato, ainda meio adormecido e sorrindo como
um idiota, seus passos vacilando quando ele percebe o olhar que lanço em
sua direção.
— Você ainda está bravo comigo por causa da festa da outra noite? — ele
resmunga, pegando um pedaço de bacon e arrancando um pedaço com os
dentes. — Eu disse que sentia muito.
— Eu disse para você não o levar.
— Carter me disse que você estava brincando.
— Carter é um filho da puta mentiroso.
Carter bufa, e me levanto para colocar minha caneca vazia na máquina de
lavar louça, agarrando sua nuca e enfiando seu rosto no prato ao sair. Ele
apenas ri, balançando a cabeça para mim com aquele sorriso estúpido e
sabichão nos lábios.

Mais tarde naquela noite, olho para o teto e me esforço para adormecer,
para esquecer ele, seus tops e os piercings em seu corpo, aquele maldito corte
na parte interna da coxa que não consigo parar de pensar...
Vá dormir, Nate.
Mas não posso.
Tenho que saber.
Saindo da cama, visto um moletom e saio para o corredor. Agarrando a
maçaneta da porta ao lado da minha, empurro para baixo, meu queixo
batendo quando ela não se move.
Ele a trancou.
Ele realmente a trancou.
Não sei por que estou chateado de repente.
Era isso que eu queria, não era?
Então, por que parece que acabei de perder algo?
CAPÍTULO 12

A faculdade é uma merda.


As aulas começaram hoje, e já estou me arrependendo da minha decisão
de vir aqui e tentar voltar para a minha vida – ou pelo menos o que sobrou
da bagunça que fiz nela.
Não sou apenas um calouro, mas também o novo garoto no campus,
porque fui um idiota demais para começar em setembro com todo mundo.
É mais difícil do que pensei que seria, não ter amigos e nem vontade de
fazer novos.
Estou estudando administração, assim como meu pai queria que eu
estudasse. Eu gostaria de ser bom em outra coisa - qualquer outra coisa só
para irritá-lo - mas não sou, então é administração.
Odeio isso.
Finalmente terminei as aulas do dia, mas não vou voltar para casa ainda.
Parece errado estar lá sozinho. Em parte porque não é minha, mas também
porque o lugar é enorme e meio assustador. Isso me assusta, sentir que estou
sendo observado o tempo todo. Como se houvesse algo esperando em cada
esquina, pronto para pular em cima de mim e arrancar meus olhos.
Envolvo meus braços em volta da minha cintura, mantendo o olhar baixo
enquanto atravesso a multidão e desço as escadas.
Meu peito dói quando vejo um grupo de garotas saindo do prédio musical
com seus instrumentos. Se as coisas fossem diferentes, Katy poderia estar lá
com elas.
Durante toda a sua vida, tudo o que ela quis fazer foi cantar. Ela era
incrível. Ela tinha uma voz rouca e poderosa que causava arrepios na minha
espinha toda vez que eu a ouvia. Eu disse a ela em todas as chances que tive
que ela conseguiria algum dia, que eu estaria presente com ela, sempre.
Deus, sinto falta dela.
Eu estava pensando em ir estudar na biblioteca por um tempo, mas não
estou mais com vontade disso. Não como desde ontem – de novo – então me
viro e vou em direção à cafeteria do outro lado do pátio. Abro a porta e entro.
Está cheio, mas a fila se move rápido o suficiente. Não demora muito para
que eu esteja segurando um copo de café fumegante e um muffin de
chocolate. Agradeço ao barista e me viro, congelando quando encontro
Frankie sentada em uma mesa no canto com um cara e uma garota que nunca
vi antes. É claro que a única mesa vazia aqui é aquela ao lado da dela.
Considero desistir, mas ela já me pegou, com uma daquelas pequenas
sobrancelhas perfeitas levantadas em um desafio silencioso. Vou parecer um
idiota e um covarde se sair daqui agora.
Aproximando-me, sento-me em um dos assentos e tiro a tampa do meu
café, soprando-o para esfriá-lo enquanto folheio meu telefone. Tento cuidar
da minha vida, mas é meio difícil quando consigo ouvir tudo o que estão
dizendo.
— Você o conhece? — pergunta a garota, conversando com Frankie, acho,
mas não a ouço responder nada. — Droga, ele é legal. Ele tem namorada?
— Ele pode ouvir você, boca grande — o cara sussurra, e um pequeno
sorriso toca meus lábios enquanto mordo um pedaço do meu muffin.
— Ei, garoto emo — a garota chama, e viro minha cabeça para olhar em
sua direção, tentando não rir quando ela sorri e mexe as sobrancelhas para
mim. — Oi.
Aceno e lambo o chocolate dos lábios antes de dizer. — Oi.
— Ah meu Deus, ele é adorável. — Ela finge um gemido, pegando sua
carteira antes de ficar atrás de mim, inclinando-se com as mãos nas costas da
minha cadeira. — Sou Taylor.
— Sou Xavi.
— Posso ter seu número, Xavi?
— Hum…
Merda.
Não vou dizer a ela que sou gay, mas também não quero enganá-la.
Mesmo que ela esteja brincando comigo, o que provavelmente está, não
tenho ideia do que fazer ou dizer agora.
Espio Frankie, que está simplesmente nos observando enquanto toma seu
café, uma perna cruzada sobre a outra, usando meia-calça preta e botas de
salto alto que me lembram Katy. Ela não se vestia assim com frequência,
especialmente na frente de sua família, porque eles teriam tido um ataque,
mas sei que ela teria eventualmente se tivesse vivido o suficiente para
mandá-los se foder. Nós dois teríamos. Eu com meus tops curtos e
gargantilhas e ela com meia arrastão e botas grossas. Duas pequenas merdas
contra o mundo.
Taylor estala a língua atrás de mim, e só agora percebo que ainda estou
olhando para as pernas de Frankie.
— Não é justo. — Taylor faz beicinho, interpretando mal a situação
completamente. — Você sempre os pega primeiro.
Frankie encolhe os ombros evasivamente, ainda sem dizer nada. Taylor ri
de bom coração antes de ela e o cara irem até o balcão para pegar mais cafés.
Com as orelhas corando, volto para meu café e continuo comendo meu
muffin, sem perder o olhar de Frankie na lateral do meu rosto. Posso dizer
que ela tem perguntas, mas não pressiona.
— Disseram-me para ficar longe de você — ela diz, quebrando o silêncio
constrangedor entre nós.
Franzo a testa com isso, virando a cabeça apenas o suficiente para
encontrar seu olhar. — Talvez você devesse ouvir.
— Talvez — ela diz, passando uma unha longa e pontiaguda na borda do
copo.
— O que ele te falou? — pergunto, incapaz de me conter, mas ela apenas
inclina a cabeça para mim.
Certo.
Quer ele tenha contado nada ou tudo a ela, não há como ela ficar sentada
ali e repetir alguma coisa para mim. Mal conheço essa garota, mas posso
dizer que ela é leal.
Ainda não consigo entender o que está acontecendo entre ela e Nate, se
são apenas amigos, companheiros de foda ou algo mais, e odeio isso.
Odeio o quanto estou com ciúmes dela.
Porque sejam eles o que forem, ela consegue tê-lo de uma forma que eu
não. Ela o conhece de uma maneira que nunca conhecerei. Conheci-o
primeiro, mas ele e eu podemos muito bem ser estranhos.
Frankie e seus amigos vão embora logo depois disso, e faço questão de
não os ver partir. Coloco meus fones de ouvido e escolho uma playlist
aleatória no Spotify, excluindo todos ao meu redor e esperando que me
deixem em paz.
Sozinho.
Como sempre.
CAPÍTULO 13

— Desde quando você se aventura até aqui? — Frankie pergunta, sorrindo


para mim por cima do ombro enquanto eu a sigo até a cafeteria.
— Cale-se.
Ela ri e vai até o balcão para fazer seu pedido. Olhando em volta, encontro
Xavi sentado em sua mesa habitual perto da janela, vestindo um moletom
cinza escuro com o capuz puxado sobre a cabeça. Forço meu rosto a
permanecer frio e impassível enquanto o observo, apreciando a maneira
como ele se mexe na cadeira e puxa as mangas até os nós dos dedos. Seus
olhos enrugam nos cantos quando me encontram, como se estivesse
tentando não estremecer.
Meu rosto é um castigo para ele. E se ele insiste em ficar por aqui, não
tenho nenhum problema em fazer de tudo para fazê-lo olhar sempre que
posso.
— Nate — diz Frankie, provavelmente não pela primeira vez.
— Sim?
— O que você quer?
— O que você estiver comendo está bom.
Ela levanta uma sobrancelha com isso. — Um latte de abóbora com
especiarias? — ela pergunta, e torço o nariz em desgosto. — Isso foi o que
pensei. — Ela ri, voltando-se para o barista. — Ele vai querer um cappuccino.
Depois de tomarmos nossas bebidas, nos sentamos lado a lado em uma
das mesas vazias no canto, nós dois observando por um tempo enquanto
aquecemos as mãos com os copos. Não dizemos nada, mas não é estranho.
É fácil com Frankie. Confortável.
Um grupo de pessoas entra apressado na loja, aliviado por estar fora do
frio, e eu não perco a maneira como o cara na parte de trás do grupo vira a
cabeça para olhar para Xavi, mastigando o lábio enquanto observa sua
forma.
— Isso acontece em todo lugar que ele vai? — Frankie pergunta,
inclinando sutilmente o queixo para Xavi. — Garotas e garotos?
Concordo com a cabeça, minhas mãos cerradas em punhos sobre a mesa.
— Ele não tem ideia, não é?
— Não tem a menor ideia.
Ele sempre foi assim. Mesmo na época do ensino médio, o garoto não se
importava com toda a atenção que recebia. Ele também está alheio agora,
com a cabeça baixa enquanto tenta fingir que não está olhando para mim a
cada cinco segundos para ver o que estou fazendo. Gosto do fato de eu ser o
seu único foco, de ele estar claramente com ciúmes de mim e de Frankie,
mas, ao mesmo tempo, aquele olhar triste e quebrado em seus olhos me faz
querer esganá-lo. Só consigo pensar em forçá-lo a se ajoelhar, cravar meus
polegares em sua jugular e enfiar meu pau em sua garganta com tanta força
que ele se engasga. Tomá-lo com toda a força e com toda a grosseria que eu
puder e dar a ele algo que realmente o deixe triste.
— Jesus, o jeito que você olha para ele... — Frankie murmura. — Eu
gostaria que alguém me olhasse assim.
— Como o quê?
— Como se quisesse brigar comigo e me foder ao mesmo tempo. — Ela
sorri, e sorrio de volta, inclinando-me em seu espaço e segurando seu queixo
entre o polegar e o indicador. — Você odeia isso, não é? — ela sussurra
contra meus lábios, brincando como a boa amiga que ela é. — O modo como
você o deseja. Isso irrita você.
— No momento, a única coisa que está me irritando é você — digo a ela,
cravando as pontas dos meus dedos em sua pele, mas não com força
suficiente para machucar. Nunca com tanta força quanto eu faria com Xavi.
— Isso não é muito legal.
— Não sou uma pessoa muito legal, Frank.
— Eu sei — ela diz. — É por isso que você é meu favorito.
Lutando contra um sorriso, inclino minha cabeça para o lado, beijando o
canto de sua boca. — Ele se foi?
— Hum.
Meu sorriso se liberta e desta vez beijo sua bochecha. Ela afasta meu rosto
de brincadeira e me recosto na cadeira, apoiando o braço nas costas da
cadeira dela. Levanto meu café para tomar um gole e rio baixinho enquanto
observo Xavi sair furioso pelo pátio.
CAPÍTULO 14

É o primeiro jogo de basquete do ano novo esta noite. Como sempre, as


arquibancadas estão lotadas, a emoção tomando conta da multidão
enquanto os meninos Hawthorne se movimentam pela quadra. Eles estão
invictos nesta temporada e a caminho de vencer o campeonato pelo quarto
ano consecutivo.
Nate Grayson pode ser um idiota mal-humorado e miserável, mas ele é
bom para caralho no que faz. Realmente muito bom.
Meus olhos seguem o número 13 em suas costas, sua camisa preta e azul
grudada em seu corpo como cola enquanto ele quica a bola e enxuga o suor
da testa. Fico nas sombras como sempre fico, meu capuz puxado para baixo
sobre minha cabeça enquanto sento-me na última fila com os cotovelos nas
coxas, as mãos entrelaçadas entre os joelhos.
Eu sei que é praticamente uma vitória certa - eles estão ganhando por treze
pontos com menos de quatro minutos no relógio -, mas ainda estou nervoso,
meus olhos constantemente se cruzam entre Nate e o placar enquanto eu
cravo meus dedos nos nós dos dedos.
Ele não sabe que ainda vou aos jogos dele. Katy começou a me arrastar
com ela no colégio para que eu pudesse contar-lhe o que estava acontecendo,
e adorei. Mesmo depois que ela morreu e eu estava me afogando em minha
própria miséria, continuei vindo. Ele pode não ter me visto desde aquela
noite no cemitério, mas eu o tenho visto. Em todos os jogos dos últimos dois
anos - exceto nas doze semanas em que estive na reabilitação - estive bem
aqui, observando seu coração afundar a cada arremesso, a luz em seus olhos
desaparecendo cada vez mais com o passar do tempo. Não demorou muito
para que a luz se apagasse completamente e nunca mais voltasse.
Ele costumava adorar estar lá, mas não fica mais animado com isso. Ele
não comemora na quadra depois de uma vitória, nem fora dela, até onde sei.
Isso faz com que ele pareça um idiota, mas entendo. Por que ele consegue
viver seu sonho quando Katy não consegue viver o dela? É como me sinto
também. Sobre tudo. Ficar sóbrio e ir para a faculdade… ouvir suas músicas
favoritas… A vida em geral…
Não é justo.
A campainha final soa quando Nate bate a bola no aro, e então a multidão
ao meu redor está de pé, pipoca e bebidas voando por toda parte enquanto
gritam seu nome sem parar. Carter, Easton e o resto do time estão sorrindo,
pulando e dando tapinhas nas costas uns dos outros, mas nenhum deles
tenta tocar seu capitão. Eles já sabem que devem deixá-lo em paz e deixá-lo
fazer suas próprias coisas.
Nate caminha em direção à beira da quadra e o treinador o agarra,
sorrindo orgulhosamente enquanto ele aperta seu ombro e se inclina para
dizer algo a ele. Nate balança a cabeça repetidamente, mas sua atenção está
em outro lugar, apenas ouvindo parcialmente, pelo que parece. Mesmo
daqui de cima, posso ver as linhas nítidas de sua mandíbula, a pequena
marca ali, como se ele estivesse rangendo os dentes. Ele tem feito muito isso
esta noite, olhando para as arquibancadas...
Ele está procurando por mim?
Não é possível.
Balançando a cabeça, me viro e saio furtivamente do estádio. Assim que
chego ao estacionamento, subo na moto e dirijo uma hora até o cemitério da
minha cidade natal, sentando-me no túmulo de Katy para contar a ela o jogo,
como sempre faço.
Quando volto para casa mais tarde naquela noite, a entrada está cheia de
carros e há uma festa violenta acontecendo lá dentro. Tiro meu capacete e
caminho pela porta aberta, recuando quando uma garota loira usando um
biquíni branco quase bate em mim, gritando enquanto Easton a persegue.
— Ei. — Easton me chama, passando os braços em volta dela por trás. —
Nem pense nisso.
— O quê?
— Tudo o que você faz é ficar deprimido em seu quarto. Vá se divertir
pelo menos uma vez.
— Não fico deprimido.
Ele balança a cabeça para mim com um sorriso, apontando o queixo em
direção à sala. — Tem uma garota aí que não para de perguntar sobre você.
— Que garota?
— Não sei. — Ele encolhe os ombros, enterrando o nariz no pescoço da
loira. — Ela é próxima de Frankie. Cabelo castanho, boca grande, sem filtro.
O nome dela é Tia ou algo parecido.
— Taylor — corrijo-o, lembrando-me da garota da cafeteria outro dia.
— Sim, é ela — ele diz, balançando as sobrancelhas. — Vá pegá-la, garoto
emo.
Meus olhos se arregalam ligeiramente, e ele ri da expressão em meu rosto,
guiando a garota que está segurando em direção à piscina com as mãos na
bunda dela e os lábios em seu peito.
Mordo o interior da bochecha e olho entre a sala e a cozinha, escolhendo
a cozinha. Apesar do que Easton disse sobre divertir-me um pouco, não
pretendo ficar aqui por muito tempo. Estes não são meus amigos, e esta não
é mais minha cena. Só quero ver Nate, saber o que ele está fazendo e como
está sua cabeça depois do jogo.
Contorno um grupo de pessoas paradas no balcão e reconheço alguns dos
garotos do time distribuindo doses de tequila. Balanço a cabeça quando me
oferecem uma, pego uma garrafa de Coca-Cola na geladeira e torço a tampa.
Nate não está aqui com eles, mas enquanto atravesso o corredor, não
demoro muito para encontrá-lo. Ele está sentado no canto da sala, com um
olhar distante enquanto leva um copo de líquido âmbar aos lábios. Ele
parece... triste, cansado, solitário, embora esteja cercado por pessoas que o
adoram e o amam. Ele está tão distante da pessoa que costumava ser, e isso
parte meu coração.
Não saio da porta, não querendo que ele ou aquela garota Taylor saibam
que estou aqui, mas é claro que não é assim que funciona. Como se sentisse
minha presença, Nate rola a cabeça no encosto do sofá, me observando
enquanto ele engole sua bebida e se serve de outra.
Sempre assistindo…
Uma linda garota morena – uma das líderes de torcida, eu acho – se inclina
no encosto do sofá para dizer algo para ele, e ele balança a cabeça enquanto
pega a mão dela e a guia, puxando-a para seu colo. Meu estúpido coração
para e quebro o contato visual primeiro, ficando tenso quando dois braços
musculosos me envolvem por trás.
— Você se divertiu nos assistindo esta noite? — Carter pergunta, sua
respiração fazendo cócegas em minha orelha. — Sei que você estava lá. Você
está sempre presente, não é, Xav?
— Você não sabe de nada.
— Claro que não.
Tento me livrar de seu controle, mas ele não me deixa ir muito longe, seus
dedos envolvendo meu braço enquanto me arrasta para fora da sala.
Tropeço quando me puxa em direção à entrada, subindo as escadas e
andando no corredor até chegarmos aos quartos.
— O que você está fazendo? — Pergunto, meu estômago revirando de
nervosismo.
Ele está me mandando para a cama ou me levando para a cama?
Easton me disse que lá em cima é proibido quando eles dão festas, então
não há ninguém aqui, mas ainda assim, qualquer um poderia subir e vê-lo
com as mãos em cima de mim.
— Carter...
— Relaxa. Estou te ajudando — ele sussurra, prendendo-me contra a
parede. — Confie em mim, garoto. Isso não demorará muito.
— Carter, pare.
— Não foi isso que você disse da última vez — ele brinca, mais alto do que
antes. — Você me implorou para não parar, lembra?
O constrangimento toma conta de mim quando me lembro da noite que
tentei esquecer, da noite em que tentei me matar na beira daquele penhasco,
três meses atrás.
As mãos de Carter agarram minha cintura, e estou prestes a dar um soco
nele, mas não tenho a chance antes que ele seja puxado para longe de mim
pela nuca, sua bunda batendo no chão com um estrondo quando seu melhor
amigo, em vez disso, dá um soco nele. Forte.
— Jesus, Nate, — eu sibilo, meus olhos arregalados enquanto o sangue
jorra do nariz de Carter.
— Você transou com ele. — Nate diz enquanto caminha direto para mim,
seu peito batendo no meu.
— Eu…
— Quando, Carter? — Ele rosna, e só agora percebo que ele não está
falando comigo, mesmo que seus olhos ainda não tenham deixado os meus.
— Cara, você pode relaxar? — Carter ri enquanto se senta, limpando o
sangue na palma da mão. — Eu não o toquei até ele completar dezoito anos.
— Depois que minha irmã morreu — ele rosna, virando-se para mim como
se estivesse prestes a atacá-lo pela segunda vez. — Vou te matar.
Sem pensar, estendo a mão para ele e agarro sua camisa, puxando-o para
trás até que ele esteja contra mim novamente. Suas narinas se dilatam
enquanto ele olha para mim, suas mãos cerradas em punhos na parede de
cada lado da minha cabeça. Provavelmente não é uma boa ideia tocá-lo
agora, mas não me importo. Quero a atenção dele em mim, só em mim. Foda-
se Carter e seus jogos estúpidos.
— Apenas deixe-o ir — digo calmamente. — Por favor.
Seu olhar se aprofunda, mas surpreendentemente ele faz o que peço,
nenhum de nós se move enquanto Carter se levanta e limpa a sujeira
imaginária de seu peito. De nada, ele murmura para mim, piscando antes de
desaparecer na esquina.
Sorrio para ele antes de olhar para Nate, olhando em seus olhos vermelhos
enquanto suas mãos descem para minha cintura. Ele me agarra ali como
Carter fez alguns minutos atrás, só que com mais força. Tento não gemer
com o contato.
— Eu mesmo poderia ter dado um soco nele, sabe?
Ele solta uma risada, mas não é uma risada legal. Ele está rindo de mim,
não comigo. — Ah sim? — ele pergunta. — E por que você teria feito isso?
— Porque não o quero.
Seu aperto em minha cintura aumenta enquanto ele olha para minha boca.
— O que você quer, festeiro?
— Não aja como se não soubesse.
Sua testa toca a minha, e enrolo meus dedos em sua camisa, me
preparando para o que vier a seguir. Justo quando penso que ele está prestes
a fazer algo maluco, como me beijar - ou me bater - um som áspero e
quebrado sai de sua garganta e ele afasta seu rosto do meu. — Foda-se. — Ele
parece enojado. Com ele ou comigo, não sei. Provavelmente um pouco de
ambos.
Ele pega a Coca-Cola da minha mão esquerda e olha para ela, lançando-a
pelo corredor o mais forte que pode. Pulo quando ele me encara novamente,
balançando enquanto agarra dois punhados do meu cabelo e puxa minha
cabeça para trás, me fazendo estremecer.
Merda.
Merda, ele parece bravo.
— Você está com medo — ele diz.
— Você está bêbado.
Mas esse não é o problema. O problema é que não estou. Estou sóbrio e ele
odeia isso. Ele não entende isso e isso o está matando.
— Diga-me por que — ele diz, sua voz cheia de dor e tormento enquanto
ele passa os olhos entre os meus. — Por que você tem uma segunda chance?
Por que consegue viver enquanto ela está enterrada? Não é justo, porra.
Engulo em seco, lembrando-me de como pensei exatamente a mesma coisa
há apenas algumas horas.
— Eu sei — sussurro, quase inaudível por causa da falha na minha voz.
— Eu estou...
— Apenas me diga por que — ele diz, perdendo a paciência. — Por que
você consegue ser melhor?
— Não é desse jeito. Eu... — Balanço a cabeça, meus lábios tremendo. —
Odeio-me pelo que fiz com ela, Nate. Sei que é minha culpa que ela se foi.
Não larguei as drogas porque queria mudar minha vida depois que ela
morreu. Fiz isso porque elas me fazem sentir…
— O quê?! — ele grita, me fazendo pular novamente.
— Nada — eu sufoco, fungando enquanto uma lágrima perdida cai sobre
minha bochecha. — Elas não me fazem sentir nada, ok? Não me faz sentir
tudo. Toda a dor, a culpa e a porra da miséria. Estou sóbrio porque mereço.
Porque dói mais.
Ele pisca com isso, seu olhar seguindo a lágrima que cai do meu queixo.
— Você quer se machucar?
Concordo com a cabeça, minha visão fica embaçada, e um sorriso lento
toca seus lábios carnudos, logo antes de ele puxar meu rosto para cima e
bater sua boca na minha.
CAPÍTULO 15

Não sei o que estou fazendo, mas estou bêbado demais para pensar duas
vezes sobre isso. Quero-o abaixo de mim e cansei de fingir o contrário. Pelo
menos por enquanto.
Sem interromper o beijo, empurro-o para o meu quarto e bato a porta atrás
de mim. Meus dentes prendem seu lábio inferior enquanto levo-o até a cama,
chupando seu piercing no lábio do jeito que pensei em fazer desde a primeira
vez que o vi nele.
Isso foi há anos.
Há anos que eu queria isto.
Ele segura meu pescoço para se equilibrar enquanto abro o botão de sua
calça jeans, empurrando-a para baixo sobre os globos redondos e apertados
de sua bunda. Seu pau está tão duro quanto o meu, a parte inferior de nossos
corpos batendo um contra o outro.
— Nate — ele murmura. — O que você está fazendo?
Ainda não sei, mas não tenho vontade de contar isso a ele.
Em vez de responder, puxo o zíper do seu moletom e o puxo sobre seus
ombros. — Tire isso — exijo, minhas mãos voltando para sua calça jeans.
Ele me obedece e tira a camiseta também, jogando-a no chão antes de
passar os dedos pelos cabelos da minha nuca. Sinto um formigamento onde
ele me toca, e luto contra um arrepio, lambendo sua boca para chegar à sua
língua. Ele me dá, inclinando a cabeça para trás com um gemido quando
esfrego seu pau com a mão sobre sua boxer.
— Mais — ele implora, e balanço a cabeça para ele, apertando sua bunda
com a mão livre enquanto provoco meu polegar sobre a ponta molhada.
— Cale a boca e aceite o que eu te der.
Ele choraminga, grunhindo quando o empurro na minha cama. Retiro sua
calça jeans e sua boxer e as jogo na pilha de roupas no chão, parando quando
dou uma boa olhada nos piercings em seus mamilos e em seu pau vazando
na parte inferior do abdômen. Ele é maior do que pensei que seria, mais
longo do que eu e igualmente grosso. Levanto uma sobrancelha para ele, e
ele sorri como o pequeno demônio arrogante que é, apoiando-se em um
cotovelo enquanto se dá um golpe lento e provocador. — Vai ficar aí me
fodendo com os olhos a noite toda ou vai fazer isso de verdade?
Agarrando seu cabelo, o puxo para sentar-se na beira do colchão. Ele grita
de dor, e empurro seu rosto em meu quadril para que ele não veja o pequeno
indício de sorriso em meus lábios. — Pensei ter dito para você calar a boca.
— Obrigue-me.
Desabotoando minha calça jeans, puxo meu pau para fora e esfrego a
ponta em sua bochecha macia e levemente corada. Ele começa a dizer mais
alguma coisa, mas não deixo, inclinando meus quadris para enfiar meu pau
em sua boca grande. Não dou a ele um segundo para se preparar. Usando
meu aperto em seu cabelo, puxo sua cabeça para frente e para trás e me fodo
nele, gemendo ao sentir sua língua quente e molhada deslizando sobre a
parte de baixo do meu pau. Ele engasga e entala, cravando as unhas curtas
na minha cintura. Mas ele não está me afastando. Ele está tentando me puxar
para mais perto. Ele está aceitando porque sabe que merece.
— Pequeno filho da puta — digo, empurrando mais fundo até atingir o
fundo da garganta. — Olhe para mim.
Ele olha, e quase gozo naquele momento ao ver seu olhar, as lágrimas
escorrendo por seu rosto enquanto roubo todo o ar de seus pulmões.
Eu normalmente não dou a mínima por ter meu pau chupado. Fico
entediado com as preliminares e faço isso o mais rápido que posso. Ou
simplesmente ignoro completamente. Garotos ou garotas, desde que ambos
gozemos rápido, fico feliz. Mas com Xavi…
Eu poderia olhar para seus lindos lábios esticados ao redor de mim a noite
toda.
Paro de me mover antes que goze muito cedo, passando o polegar sobre a
argola preta na borda de sua boca. Ele move as mãos para minha bunda e
engole meu pau sozinho.
— Porra — sufoco, envolvendo meus dedos em volta de seu pescoço para
detê-lo.
Ele sorri, e empurro-o de costas, rastejando até a cama entre suas pernas.
Ele limpa o cuspe da boca com as costas do braço, e aproveito o segundo
para observar seu corpo nu. Ele é pequeno, mas não tão magro como antes.
Ele cresceu um pouco nos últimos anos, ainda magro, mas com mais
músculos. Mais depressões e sulcos nos quais quero afundar minha língua
até que ele esteja desesperado e implorando por mim.
Da próxima vez, digo a mim mesmo, afastando o pensamento com a mesma
rapidez.
Não.
Não haverá uma próxima vez.
Xavi tosse e eu afrouxo o aperto em sua garganta, removendo uma das
mãos para pegar uma camisinha e o frasco de lubrificante da minha mesa de
cabeceira. Revestindo meus dedos, desço entre suas pernas e esfrego seu
buraco, observando sua boca se abrir enquanto empurro o do meio dentro
dele. Ele segura meu pulso, levantando os quadris enquanto abro-o com os
dedos.
Ele é tão sexy.
Sempre soube disso e isso me irrita. Pensando em quantos caras o
quiseram assim, quantos o pegou assim como se ele fosse deles.
Ele não é deles.
Esse ódio familiar sangra em minhas veias, e o viro de bruços, enfiando
seu rosto no travesseiro para não ter que olhar para ele. Ele se segura nos
antebraços, abrindo as pernas e arqueando as costas como um gato,
esfregando seu buraco molhado e necessitado sobre meu pau nu. Meu corpo
se move para encontrar o dele, meus polegares espalhando suas nádegas
enquanto deslizo meu comprimento para frente e para trás ao longo da
dobra de sua bunda. Minhas narinas se dilatam com o quão bom ele se sente,
minha raiva e essa necessidade desesperada por ele me consumindo de uma
só vez.
Sem paciência, limpo os dedos na calça jeans e rasgo a embalagem da
camisinha.
— Espere. — Ele olha para mim por cima do ombro, suas bochechas
brilhando do jeito que ficam quando ele está agindo de forma tímida ou
envergonhada com alguma coisa. — Sou negativo. Se você quiser…
Inclino minha cabeça para isso, meu pau latejando na minha mão quando
percebo o que ele quer. Ele quer que o foda sem camisinha. Ele quer que o
faça se sentir especial.
— Você acha que significa mais para mim do que os estranhos com quem
fodo aqui nesta cama? — Pergunto enquanto coloco a camisinha, inclinando-
me sobre ele até que meu peito esteja pressionado contra suas costas. — Você
não é.
Seu rosto entristece e sorrio com a dor em seus olhos.
— Você acha que confio em uma vagabunda fácil como você? — Empurro
ainda mais fundo, cobrindo-me com lubrificante antes de esfregar a ponta
sobre seu buraco fechado. — Nunca na vida — sussurro em seu ouvido.
Ele grita quando afundo nele, cerrando os dentes e enfiando o rosto de
volta no travesseiro. Seu forte calor me envolve, me queimando de dentro
para fora. Engulo o gemido que sobe pela minha garganta, rindo quando ele
estende a mão e tenta puxar o cabelo curto do topo da minha cabeça. Ele está
chateado agora, tentando me machucar como o machuquei.
— Vou te foder com tanta força que você vai me sentir por uma semana.
Você está pronto?
— Porra, só... me dê um segundo, Nate.
— Você tem cinco.
Ele geme e abre o punho apertado, passando as unhas em meu couro
cabeludo enquanto respira longa e profundamente. Tenho que lutar contra
outro gemido, pressionando meu rosto contra a lateral de seu pescoço para
esconder a forma como meu corpo reage ao dele. Eu poderia culpar o fato
de estar bêbado, mas seria um mentiroso. A maneira como me sinto em
relação a ele... não é por causa do álcool. É tudo culpa minha.
— O tempo acabou, festeiro — murmuro em sua carne quente, e então
faço exatamente o que disse que faria.
Finalmente o solto e o fodo o mais forte que posso, prendendo um braço
sob sua barriga e o outro descansando próximo a seu ombro. Ele inclina a
cabeça para trás para mim, expondo o pulso errático batendo sob sua pele.
Incapaz de me conter, afundo os dentes no local. Ele se contorce e geme
embaixo de mim enquanto o marco para que todos possam ver. Carter,
Easton, a amiguinha excitada de Frankie que acha que tem uma chance de
pegar um pedaço dele. Eles saberão quem esteve aqui na próxima vez que o
virem. Eles saberão a quem ele pertence.
— Meu — sussurro em seu pescoço. — Todo meu, porra, agora.
— Jesus Cristo, Nate — ele choraminga meu nome, enrolando os dedos
em volta do lençol.
— O quê?
— Nada, eu só… nunca pensei que isso fosse acontecer — ele admite. —
Nem em um milhão de anos.
— Mas você queria — eu digo, lembrando-me de todas as vezes em que o
peguei olhando para mim quando ele estava na minha casa, os olhares que
ele me dava quando eu passava por ele nos corredores da escola. — Você
sempre quis isso, não é mesmo, festeiro?
Ele cora, mas balança a cabeça, sugando o lábio inferior na boca.
— É melhor do que você pensou que seria?
— Sim.
— Melhor que meu melhor amigo? — Pergunto, meu lábio se curvando
em um grunhido enquanto empurro nele mais rápido.
— Sim — ele diz rápido, com a voz estrangulada. — Muito melhor.
— Bom garoto. — Mordo o lóbulo de sua orelha, sentindo-o tremer contra
mim antes de puxar meu pau para fora de sua bunda. — Vire-se.
Ele rola de costas e envolve as pernas em volta dos meus quadris, os olhos
semicerrados enquanto passa as mãos pelo meu peito por cima da minha
camisa. Ele parece tão bonito e desesperado, deitado nu embaixo de mim
enquanto eu ainda estou totalmente vestido.
Ele levanta a bunda, buscando meu pau, mas agarro sua parte interna das
coxas e aperto, empurrando-o de volta para o colchão. Curvando-me sobre
ele, lentamente lambo seu corpo desde a ponta de seu pau grande até a base
de sua garganta, em seguida, abaixo de volta para girar minha língua em
torno das barras de metal em seus mamilos. Ele geme alto e agarra a parte
de trás da minha cabeça para me segurar nele, a outra mão se esgueirando
por baixo da minha camisa para esfregar meu abdômen. Nossos corpos
suados deslizam juntos enquanto ele puxa a bainha, empurrando-a
impacientemente pelo meu corpo e por cima da minha cabeça.
Provavelmente não é uma boa ideia, mas sou um bastardo malvado demais
para impedi-lo.
Depois de tirar minha camisa, ele a joga no chão e espalha os dedos pelas
minhas costas, prendendo-os sobre meus ombros para cravar suas unhas em
minha carne. Ele encontra a corrente em volta do meu pescoço, exatamente
como eu sabia que faria, então congela, olhando para o anel no centro do seu
peito – o anel dele. O anel com o número da minha camisa.
Seus lábios se abrem, mas nenhuma palavra sai. Então seus olhos
marejados encontraram os meus, e meu pau dói com a necessidade de ser
enterrado de volta dentro dele.
Adoro quando ele chora.
Seu olhar escurece e ele zomba como se tivesse me ouvido, rapidamente
pegando o colar como se estivesse prestes a arrancá-lo. Agarro seus pulsos
para detê-lo, prendendo-os no lençol acima de sua cabeça. — Não toque.
— Seu idiota — ele murmura entre os dentes. — Isso é meu.
— Não mais.
Outro olhar, sua respiração acelerada com uma mistura de tristeza e raiva.
— Te odeio.
Eu rio e pressiono meus lábios nos dele, sorrindo quando ele trava a
mandíbula e vira a cabeça para longe de mim. Solto suas mãos e agarro seu
rosto, puxando-o de volta. — Beije-me de volta ou vou piorar as coisas.
Um barulho de dor sai de sua garganta e ele abre a boca, permitindo que
eu chupe sua língua. Alcanço meu pau e empurro de volta para ele, nossas
línguas e dentes se chocando enquanto envolvo minha mão em volta de seu
pescoço e uso sua bunda como se fosse meu brinquedinho de foda.
Todas as noites em que o observei dormir, foi nisso que pensei. Prendendo-
o e tirando o que quero dele. Fazendo-o pagar. Fazendo-o quebrar. Fodendo
com sua cabeça, seu coração e seu corpo, tudo ao mesmo tempo. É o que
mais desejo no mundo. Vê-lo desmoronar, pedaço por pedaço, até não restar
mais nada.
Com todo o seu corpo tremendo, ele crava os calcanhares na minha bunda
e os dedos nas laterais do meu corpo, encorajando-me a levá-lo mais fundo.
Sabendo que ele está perto, deslizo minha mão entre nossos corpos e envolvo
seu pau. Ele está vazando em cima de nós, gemendo a cada movimento dos
meus quadris enquanto bato em seu ponto ideal uma e outra vez.
— Ah meu Deus — ele se engasga. — Merda, Nate.
— Eu sei — digo suavemente, observando seu corpo se mover enquanto
ele esfrega sua bunda, me fodendo de volta. — Porra. Continue assim. Você
fica tão gostoso assim, bebê.
Ele pisca e me encara por um segundo, então agarra meu rosto e me beija
como se estivesse morrendo de fome por mim. Seu pau pulsa em minha mão,
sua bunda aperta meu pau com tanta força que vejo estrelas. Ele grita na
minha boca e goza sobre si mesmo, prendendo as mãos em volta do meu
pescoço e as coxas em volta da minha cintura, agarrando-se a mim como se
nunca quisesse me soltar.
Não sei por que é isso que me irrita, mas irrita. Com nossas testas se
tocando e nossos gemidos se misturando, eu retiro e me livro da camisinha,
liberando seu pau e abdômen, sujando-o e marcando-o novamente.
Passo meu polegar pelo nosso esperma e levanto-o até seus lábios,
empurrando-o em sua boca para alimentá-lo. Ele lambe e chupa, girando a
língua para garantir que não perca uma gota.
— Garoto indecente — provoco, puxando meu polegar antes de beijá-lo
novamente, engolindo o gosto de nós dois.
Passo minha mão sobre sua coxa enquanto acalmamos, aconchegando-me
nele e mantendo nossos corpos o mais próximos possível. Ele solta um
suspiro longo e cansado, seu sorriso desaparece enquanto ele passa os dedos
pela corrente na minha clavícula. Suavizando meus olhos, tiro o cabelo da
testa.
— Você ainda se odeia?
Ele balança a cabeça, mastigando o interior da bochecha.
— Ótimo — sussurro, sentindo-o tenso embaixo de mim. Aperto meu
punho em seu cabelo e puxo sua cabeça para trás, minha boca pressionada
contra a linha dura de sua mandíbula. — Agora dê o fora.
CAPÍTULO 16

Eu sou um idiota.
Apoiando os cotovelos no balcão da cozinha, abaixo a cabeça e passo as
mãos pelos cabelos.
Já se passaram três dias. Três dias e não consigo parar de pensar nisso.
Não consigo parar de repassar a noite inteira em minha mente, tentando
identificar o momento em que perdi a cabeça e comecei a cair nas merdas
dele.
Eu deveria saber melhor. Eu sabia melhor.
Até que eu não fiz isso.
Tento pensar em outra coisa - faculdade, Katy, literalmente qualquer outra
coisa - mas não funciona. Ele se sentiu como casa bem no fundo da minha
cabeça e não consigo me livrar dele. Patético, considerando que ele não me
disse uma palavra desde que saí do quarto dele na sexta à noite. Acho que
ele não estava mentindo quando disse que eu não era diferente de qualquer
outra pessoa com quem transa. Ele me usou como a vagabunda fácil que me
chamou e depois me jogou fora como se eu não significasse nada. Menos que
nada. Doeu, mas esse era o plano dele o tempo todo, não era? Machucar-
me…
E eu praticamente implorei a ele por isso.
Sentindo-me enjoado, fecho os olhos e passo a mão sobre o buraco em meu
estômago, minha outra mão segura a marca que ele chupou em meu pescoço.
Odeio o jeito que meu coração bate mais rápido toda vez que lembro que
isso está lá, o que acontece o tempo todo.
Alguém pigarreia atrás de mim e viro a cabeça para encontrar Frankie
parada ali, arregalando seus grandes olhos azuis para mim como se eu fosse
estúpido.
— Cara, você está atrapalhando — ela diz, inclinando a cabeça para a
máquina de café que estou bloqueando.
Saio de seu espaço e ela se estica para pegar uma caneca no armário acima.
Ela vai ficar lá por um tempo se está sendo rude desse jeito para arrancar
uma reação minha. Ela provavelmente não está fazendo isso. Só estou
chateado porque ela dormiu na cama de Nate ontem à noite - de novo -
enquanto passei a noite sozinho no quarto ao lado, batendo a cabeça na
cabeceira e desejando ser ela.
Ela me olha de soslaio com uma expressão vazia no rosto enquanto toma
um gole de café, seu olhar caindo para minha garganta. Sei que estou sendo
mesquinho, mas não me preocupo em tentar encobrir isso. Se eu tiver que
ouvi-la ficar bêbada, assistir filmes de terror e fazer sabe-se lá o que mais
com ele através da parede, ela pode ficar lá e olhar para o chupão que seu
amigo de foda me deu.
Ela franze os lábios, e tenho certeza de que está se esforçando muito para
não rir de mim, a putinha. Olho para ela, e ela revira os olhos antes de
começar a dizer alguma coisa, mas então...
— Frank — Nate diz da porta, e ele olha para a bunda dela, seus olhos
comendo o jeans apertado e rasgado que ela está usando. — Você está pronta
para ir?
— Vamos... — Ela franze a testa.
Um momento passa e ela balança a cabeça com um pequeno sorriso nos
lábios. Ela termina o café em tempo recorde, provavelmente queimando a
boca na pressa de ir com ele, depois enxagua a caneca antes de colocá-la na
máquina de lavar louça.
Nate nem olha para mim. Ele me fodeu com tanta força que não consigo
me sentar sem ficar duro graças à dor na minha bunda, e agora está agindo
como se eu fosse invisível, como se eu não estivesse bem aqui na frente dele.
Ele não estava exagerando quando me disse que o sentiria por uma
semana. Parece que ele me bateu de novo, só que isso é melhor - ou pior -
porque não é só o meu rosto. Posso senti-lo em cima de mim. Suas marcas de
dentes em meu pescoço, os hematomas em meus quadris, o corte que deixou
em meu coração...
Ele e Frankie se movem para sair, e fico aqui como um idiota, mexendo
meu queixo quando vejo a corrente que ele está usando no pescoço, por
baixo da camiseta.
— Você é um idiota, sabia disso? — Eu o persigo, observando suas costas
enquanto ele se afasta de mim. — Não consigo tirar você da minha cabeça!
Ah, meu Deus, seu idiota.
Com as bochechas corando, eu me inclino sobre o balcão da cozinha e
deixo meu rosto cair em minhas mãos, desejando que o chão se abra e me
puxe para baixo. Quando encontro coragem para olhar para ele através do
espaço entre meus dedos, vejo-o sorrindo para mim por cima do ombro
enquanto veste a jaqueta e segue Frankie para fora.
Parece que a minha cabeça está exatamente onde ele quer estar.
CAPÍTULO 17

— Você quer me dizer por que está me dando uma carona até o campus
quando estou com minha caminhonete ali? — Frankie pergunta, com um
cigarro preso entre os dentes enquanto ela procura um isqueiro no bolso.
— Basta entrar no carro.
Abrindo a porta do passageiro, ela entra.
Ela sabe por que está aqui. Eu queria irritá-lo, irritá-lo ainda mais do que
já estou. Além disso, eu só queria afastá-la dele. Não gosto quando ele fica
muito perto dela. Isso me deixa nervoso.
Uma vez que estou sentado ao lado dela, dou ré e saio do meu lugar na
garagem e dirijo pelo portão. Frankie não consegue encontrar seu isqueiro,
então pego o meu no console interno e acendo o cigarro para ela, levantando
uma sobrancelha quando ela dá uma tragada exagerada e finge que cuida da
própria vida.
Um minuto se passa e não aguento mais. — Você não vai perguntar?
— Ah, tenho certeza de que já sei — ela diz com um sorriso, soprando a
fumaça pela janela. — Sexta à noite, depois que você jogou aquela linda líder
de torcida do seu colo e desapareceu, você estava com ele?
Concordo com a cabeça e franzo a testa ao me lembrar da maneira como
agi quando Carter agarrou Xavi e o arrastou para longe de mim. Eu estava
tão bêbado que todos os momentos que antecederam o beijo de Xavi foram
um pouco confusos, mas não consigo esquecer o olhar que Carter me lançou
enquanto colocava as mãos por todo o corpo de Xavi e a boca perto da orelha.
O olhar que dizia, você o quer? Venha buscá-lo.
Tão rápido que provavelmente lhe causei uma lesão no pescoço, deixei a
garota com quem estava sem uma única palavra ou explicação e os segui até
o andar de cima. Vi Xavi com as costas contra a parede e as mãos no peito
de Carter, tão perto que estavam quase se beijando. Então os ouvi falando
sobre a última vez, e tudo o que vi foi vermelho depois disso.
Olhando para o corte inchado em meu dedo, flexiono minha mão no
volante, fazendo-o rachar e sangrar novamente.
Valeu muito a pena.
— Essa foi a primeira vez? — Frankie pergunta, me puxando de volta da
lembrança satisfatória de socar o nariz de Carter.
— Você está dizendo isso como se fosse acontecer mais de uma vez —
murmuro, roubando o cigarro da boca dela.
— Cara, quem você está enganando? — Ela ri, balançando a cabeça
enquanto pega de volta e me passa o meu. — Ele acha que você me fodeu
ontem à noite.
— Eu sei. — Sorrio maliciosamente, inclinando a cabeça para acender.
— É por isso que me deixou dormir na sua cama? Para deixar seu
brinquedinho com ciúmes?
— Não — digo honestamente, virando a cabeça para olhar para ela, para
que ela saiba que estou falando sério. — Isso é apenas um bônus.
Ela bufa e revira os olhos. — Xavi estava certo.
— O quê?
— Você é um idiota.
Sorrio e fumo meu cigarro enquanto dirijo, usando meu joelho para dirigir
para poder alcançá-la com minha mão livre, com a palma para cima,
espalhando meus dedos até que ela entrelaça os seus nos meus.
Minha garota faz cara de corajosa e pode enganar praticamente qualquer
um fazendo-o acreditar que é a festeira despreocupada e selvagem que finge
ser, mas não está me enganando. Posso ver a dor que esconde sob a
superfície, ainda mais nos últimos dias. É por isso que a deixei dormir na
minha cama. Porque mesmo que ela nunca admita, odeia ficar sozinha
quando os demônios vêm atrás dela e tentam arrastá-la para baixo.
Só vi uma outra pessoa parecer tão abatida e devastada como ela na noite
em que a conheci, há quatro meses. Eu a encontrei na rua da cidade, sentada
contra a parede do bar gay em que eu estava com Carter. Ele estava lá dentro,
tendo um trio em uma cabine de banheiro, e ela estava lá fora - uma garota
de dezoito anos sem dinheiro, sem roupas e sem lugar para ir. No início, ela
me mandou ir à merda, mas acabei fazendo com que ela falasse quando
percebeu que eu não estava tentando pagá-la por sexo. Ela perguntou se eu
era gay, por estar em um bar gay e tudo mais, e eu hesitei antes de dizer que
era bi, algo que quase nunca conto a ninguém. Depois disso, ela se abriu e
me contou tudo. E quando ela quase desmaiou em meu ombro, exausta
depois de ter medo demais para dormir na calçada por três dias, eu a levantei
do chão e a levei para casa comigo. Eu disse a mim mesmo que só fiz isso
porque ela me lembrava a Katy, mas isso não é exatamente verdade. Ela me
lembrava mais o Xavi. A maneira como ela olhava para mim com
maquiagem preta e lágrimas secas espalhadas pelo rosto, mas ainda assim
conseguia rir da dor. A maneira como aquela coisinha arrogante ainda
conseguia me dar atitude, apesar da merda pela qual tinha acabado de
passar. Ela me tinha enrolado em seu dedo desde o início.
— Nate — ela diz baixinho, quase como um aviso, e pisco de volta para o
presente. Estamos no estacionamento agora, sentados em silêncio com as
mãos unidas no colo dela. Passo meu polegar sobre o dela e ela limpa a
garganta, flexionando os dedos para tentar se libertar. — Vou me atrasar
para encontrar com Taylor.
— Frankie, pare.
Ela se recosta no assento, mordendo o lábio inferior para esconder o
quanto ele está tremendo. — Eu disse que não vou falar sobre isso de novo.
Nunca mais.
— Por que não?
— Porque dói — ela admite, o que rapidamente me deixa em silêncio.
Acho que nunca a ouvi dizer algo tão honesto antes. — Jesus, esqueça que
eu disse isso — ela sussurra. — Eu só... não quero, ok?
— Não, não está tudo bem. Você acha que é melhor continuar ignorando
e fingindo que não existe?
Ela inclina a cabeça para mim, estreitando os olhos com um olhar que me
faz mudar de posição no banco.
Porra. Aqui vamos nós.
— Por que você odeia Xavi? — ela finalmente pergunta, simplesmente
toca no assunto, e cerro a mandíbula, tentando ignorar o jeito que meu
coração está batendo forte. — Você não vai me contar, vai?
— Isso é diferente.
— Não acho que seja — ela brinca, puxando a mão antes de sair do carro.
— Se você pode ignorar seus problemas, pode recuar e me deixar fazer o
mesmo.
— Frankie — eu chamo, desanimando quando ela se vira para olhar para
mim. — Se você precisar de mim…
— Sim, sim. Ligo para você. — Ela acena para mim, seus saltos batendo
no chão enquanto ela caminha em direção à cafeteria perto do prédio de
música.
A vontade de correr atrás dela está presente, mas me forço a ficar onde
estou, sabendo que é o melhor, mas odiando mesmo assim. Fui muito forte
com Katy, tentei forçá-la a falar comigo e controlar cada movimento que ela
fazia para mantê-la segura, e veja onde isso me levou. Eu a perdi para o
festeiro. Não cometerei esse erro novamente.
Agora que estou pensando nele – de novo – decido me sentar no meu carro
e esperar que ele apareça como o perseguidor em quem me transformou.
Gosto de observá-lo. Memorizei sua agenda tão bem que quase sempre sei
onde ele está e para onde vai. A não ser quando ele foge à noite por horas a
fio. Como na noite em que ele fez aquele corte na coxa. E na sexta-feira,
depois do jogo, quando cheguei em casa e ele não estava em lugar nenhum.
Fico chateado com o fato de que algumas partes da vida dele não giram em
torno de mim, mas posso consertar isso. Só preciso descobrir para onde ele
está indo, o que está fazendo e com quem está fazendo isso...
Ele finalmente para do outro lado do estacionamento, e olho para a parte
de trás de seu capacete, minha mão se fechando em um punho apertado no
volante. Se eu descobrir que ele está saindo da minha casa para foder outra
pessoa, vou sufocá-lo até vomitar.
Tenho certeza de que ele viu meu carro ao entrar, mas não me vê sentado
aqui enquanto desce da moto e tira o capacete, passando a mão pelo cabelo
até que ele caia um pouco sobre os olhos. Eu gosto quando ele faz isso. O
cabelo dele está um pouco mais comprido do que há alguns anos, e espero
que ele não o corte tão cedo. Mais para eu segurar na próxima vez que eu
estiver chupando seu pescoço e fodendo sua bunda por trás.
Uma risada leve me deixa e balanço a cabeça, deixando-a cair de volta no
assento com um baque suave.
E aqui estava eu, tentando convencer a mim e a Frankie de que isso nunca
mais aconteceria.
Falo tanta merda.
CAPÍTULO 18

Xavi se foi novamente. Já passa das dez da noite e não tenho ideia de onde
ele está. No começo, pensei que talvez estivesse se drogando, voltando ao
seu jeito de festeiro, mas depois pensei melhor. Ele não faria isso. Pelo menos
não acho que faria...
Preocupado com a possibilidade de estar errado, decidi pegar minha bola
e ir desabafar na quadra do quintal, mas parei ao passar pelo quarto de Xavi
no corredor. Foi assim que acabei aqui, bisbilhotando toda a merda dele para
tentar encontrar uma pista. Mas não há nada aqui. Apenas suas roupas e
alguns livros em sua mesa que parecem nunca ter sido tocados. Ele não
trouxe quase nada com ele quando se mudou. Ele poderia arrumar todas as
suas coisas e sair de casa em menos de dois minutos, se quisesse.
Fechando a gaveta de cima de sua cômoda, tento ignorar como esse
pensamento me enche de desconforto suficiente para me fazer sentir
enjoado.
Eu não quero que ele vá embora.
O que é estúpido porque quando ele chegou aqui, pensei que isso era tudo
que eu queria. Mas agora…
Jesus, o que há de errado comigo?
E por que ele continua sumindo?
Caindo na beira da cama, olho para o espelho à minha frente enquanto
rolo minha bola de basquete entre as palmas das mãos, rangendo os dentes
quando encontro Carter me observando da porta aberta.
— Não.
Ignorando o aviso, ele se afasta do batente da porta, entra e se posiciona
bem na minha frente. Ele tem um olho roxo, mas isso não tirou aquele sorriso
estúpido dele. — O que você está fazendo, melhor amigo?
— Carter, saia da minha frente.
— Obrigue-me. — ele diz alegremente, murmurando. — Se puder. —
Enquanto arranca a bola das minhas mãos.
Antes que ele possa fazer outro movimento, levanto-me e o agarro pela
camisa. Mesmo que eu tenha acabado de dizer para ele sair da minha frente,
avanço sobre ele até estar na dele, tão perto que nossos narizes se tocam. —
Você tem muita coragem.
— Sim. Nós sabemos disso. Agora pule para a parte em que você me
perdoa para que possamos jogar bola e trocar histórias sexuais.
Esse filho da puta.
— Eu vou te matar.
— Então você continua dizendo. — Ele ri, lambendo o lábio inferior
enquanto olha para o meu. — Sinto sua falta...
— Pare de jogar! — Grito, tão bravo com ele que minha mão está tremendo
em seu peito, minha voz embargada de raiva e tormento quando digo: —
Isso não é uma piada. Ele é a razão pela qual minha irmã está morta, Carter.
Você sabe o que sinto por ele e você transou com ele de qualquer maneira.
— O que você sente em relação a ele — ele ecoa. — Como em... o quanto
você o odeia, ou o quanto você não o odeia?
— Vá se foder.
— Você está realmente bravo porque sente que traí você e Katy ao foder o
inimigo? — Ele inclina a cabeça, saltando os olhos entre os meus. — Não —
ele sussurra antes que eu possa dizer qualquer coisa, respondendo à
pergunta para mim. — Você não o teria fodido se esse fosse o motivo. Só está
com ciúmes porque o tive primeiro.
Isso me pega, assim como ele sabia que aconteceria, e a próxima coisa que
sei é que estamos na cama e estou em cima dele, montando nele com as mãos
em volta do pescoço. Não sou maior ou mais forte do que ele. Ele poderia
me empurrar sem suar a camisa se quisesse, mas não o faz. Isto é o que
acontece quando lutamos. Ele me deixa vencer, me deixa colocar tudo para
fora até começar a me sentir melhor. Mas não vou me sentir melhor desta
vez.
— Você nunca o teve, Carter. — Inclino-me para ocupar seu espaço,
cravando meus polegares em sua garganta. — Ele nunca foi seu.
— Seu garoto fica duro quando você o joga desse jeito? — Ele pergunta
como se eu nunca tivesse falado, pegando minha mão esquerda para movê-
la até seu pau, por cima do moletom. — Eu fico. Você fica tão gostoso quando
perde a cabeça.
— Toque-o novamente — eu aviso, apertando com força suficiente para
fazê-lo gemer. — Vou arrancá-lo e enfiá-lo na sua bunda.
— Seu filho da puta excêntrico.
— Você acha que estou brincando?
— Cale a boca e me beije — ele murmura contra meus lábios, e afasto-me
um pouco, franzindo a testa para ele como se ele fosse louco.
— O quê?
— Nós dois sabemos que você não vai fazer nada comigo — ele diz como
se fosse um fato, usando nossas mãos para se ajustar. — Sou uma das únicas
pessoas que lhe restam. Uma das únicas que você ainda não se afastou...
— Eu tentei afastar você, seu idiota.
— Não foi forte o suficiente. Você está preso comigo, goste ou não. Então,
se não está sentado no meu colo para me matar, o que não está, pode pelo
menos me aliviar e fazer valer a pena meu tempo.
Fico olhando para ele por alguns segundos, então o solto e sento-me em
suas coxas. — Há algo errado com você.
— Você me ama.
Eu não – não agora, pelo menos – mas não posso negar que ele está certo
sobre o resto. Não posso fazer nada de errado aos olhos de Carter. Não
importa o quanto eu seja idiota com ele, ele nunca vai embora. Acho que ele
nunca vai me deixar. Eu poderia matar alguém a sangue frio, e
provavelmente me cumprimentaria quando fosse pegar uma pá.
— Estamos fazendo isso ou o quê? — Ele pergunta impacientemente,
movendo-se embaixo de mim, e franzo a testa um pouco mais.
— C, nós não transamos desde que estávamos no ensino médio.
— Como eu disse — ele brinca, apoiando-se no cotovelo para segurar
minha nuca. — Sinto sua falta.
— É por isso que você não para de tornar minha vida um inferno? —
Abaixo-me para encontrá-lo no meio do caminho, zombando. — Por que
você dormiu com o cara por quem sou obcecado há anos e depois o trouxe
aqui, o pendurou na minha frente e o chamou de presente, depois esfregou
isso na minha cara na primeira chance que teve? Por que você sente tanto a
minha falta?
— Ok, agora você está me fazendo ficar mal. — ele resmunga. — Eu nunca
planejei deixar você descobrir. Simplesmente aconteceu.
Antes que eu possa arrancar seus dentes, um movimento em minha
periferia chama minha atenção. Carter e eu olhamos para a porta enquanto
Xavi entra, seus passos vacilam quando ele nos vê aqui. Em seu quarto. Em
sua cama. Seu capuz está tão baixo que está quase cobrindo seus olhos, mas
posso dizer, pela forma como seu rosto entristece, que ele está presumindo
que estamos transando, que eu trouxe Carter para cá e subi em cima dele só
para sacaneá-lo. Não posso dizer que o culpo. Isso é definitivamente algo
que eu faria se tivesse pensado nisso antes.
Xavi pisca como se achasse que poderíamos desaparecer no ar, depois
pisca novamente. — Você está brincando?
Aquela sensação de mal-estar no estômago retorna. Não tenho ideia de
porque me sinto compelido a dizer a ele que não planejei isso. Quando estou
prestes a fazer isso, Carter abre a boca grande e torna tudo cinquenta vezes
pior.
— Garotinho — ele brinca, apontando para o espaço estreito entre seu
corpo e o meu. — Quer participar disso? Vou deixá-lo montar no pau dele
se você me der sua boca.
Empurro-o para trás pelo peito, e Xavi move sua mandíbula, forçando um
sorriso que parece mais um olhar mortal queimando dois buracos no centro
do meu rosto. Deixando cair o telefone e as chaves na cômoda, ele caminha
em nossa direção como se estivesse pronto para fazer isso, e olho de volta
para ele. — Nem mesmo isso...
Carter me dá um tapa nas costelas para me calar, sussurrando: — Relaxe.
Ele não tem coragem.
— Eu não teria tanta certeza disso, C. — murmuro baixinho, revirando os
olhos quando Xavi se ajoelha na cama.
Sua perna passa por cima do corpo de Carter na minha frente. Ele monta
nele, de costas para o meu peito e com a bunda no meu pau. Carter olha para
ele boquiaberto e reviro os lábios para esconder minha repentina diversão.
Acho que nunca vi Carter sem palavras antes, mas aí está.
Segurando a cintura de Xavi com uma mão, levanto a outra para abaixar
o capuz, mas ele afasta a cabeça antes que eu possa fazer isso, não me
deixando tocá-lo.
Pirralho.
Agarrando-o com mais força desta vez, vou até seu capuz novamente e
puxo sua cabeça para trás em meu ombro, minha boca em seu pescoço
enquanto passo meus dedos por seu cabelo. Sua boca se abre com um
gemido silencioso, e ele estremece antes que possa pará-lo, derretendo por
mim quando roço o osso do quadril com o polegar.
Sim. Ele pode ficar chateado o quanto quiser. Ele ainda é meu.
— Você se acha engraçado? — pergunto, meus lábios brincando com o
chupão logo acima de sua clavícula.
— O quê? Ele ofereceu — ele diz, colocando as mãos atrás das costas para
sentir meu pau. Encontrando-o duro e pronto para ele, ele envolve os dedos
em torno da base através do meu moletom, apertando-o e me fazendo
estremecer. — Isso é meu, certo?
Maldito inferno.
— Tudo bem, sua putinha, entendemos o que você quer dizer. — Tranco
meu braço em volta dele e o levanto de cima de Carter, colocando-o de pé
quando estou de pé.
— Cara, nós poderíamos ter vencido esse jogo se você não fosse um
covarde — reclama Carter.
Ignoro-o, observando Xavi enquanto coloco meu pau sob a cintura. —
Onde você esteve?
Ele fica boquiaberto, olhando do meu rosto para a virilha e depois de volta
para o meu rosto. — Por quê? — ele pergunta desconfiado.
— Apenas responda à pergunta — eu digo, e ele franze a testa como se eu
tivesse perdido a cabeça.
— Não.
Dou um passo em direção a ele e ele se encolhe, engolindo em seco quando
suas costas batem na parede ao lado da mesa de cabeceira.
— Por que você está falando assim? — pergunto, minha irritação
crescendo enquanto estudo seus lábios carnudos e rosados.
— Como o quê?
— Como se sua língua fosse grande demais para sua boca.
— O que há com todas as perguntas?
Respirando fundo pelo nariz, decido mudar de tática porque isso
claramente não está funcionando.
Descansando meu braço na parede acima de sua cabeça, toco
cuidadosamente seu queixo com os nós dos dedos, brincando o mais
gentilmente que posso com ele enquanto passo meu polegar sobre seu
piercing labial. — Diga-me onde você estava.
Ele tenta manter a boca fechada, mas não funciona. Esta é a primeira vez
que lhe dou atenção em dias, e acho que ele gosta, anseia tanto quanto eu.
— Fui a uma loja de tatuagem na cidade.
Isso me faz tropeçar e procuro as poucas partes de sua pele que não estão
cobertas pelas roupas. — Você fez uma tatuagem?
— Não.
— Então por que diabos você estava em uma loja de tatuagem? — Estou
perdendo a paciência de novo, mas não consigo evitar.
O garoto é irritante.
Revirando os olhos, ele abre a boca e mostra a língua, me mostrando o
novo piercing ali. Meus lábios se abrem e sinto meu pau ficando ainda mais
duro, meus olhos escurecendo enquanto examino a bolinha prateada.
— Isso é sexy. — diz Carter, e viramos a cabeça para onde o deixamos na
cama.
— Saia.
— Estou bem aqui. — Ele sorri para mim, recostando-se nos travesseiros
com os braços cruzados sob a cabeça.
Não estou com vontade de lidar com ele agora, finjo que ele não está
presente e olho para Xavi novamente. Meu polegar ainda está apoiado em
seu lábio e continua avançando como se quisesse tocar sua língua. — Por
que colocou isso?
Ele hesita antes de responder, apenas por meio segundo, mas o pego. —
Porque eu queria.
— Por quê? — Repito, rezando pela paciência que não tenho quando ouço
Carter rindo ao nosso lado. Suspirando, pergunto: — Do que você está
rindo?
— Seu merdinha. — Ele balança a cabeça de brincadeira para Xavi,
sentando-se na beira da cama antes de decidir me responder. — Você
percebe que ele não pode chupar seu pau por um mês.
— O quê? — pergunto, e Xavi fecha os lábios, sem conseguir esconder sua
diversão.
— Não até que ele se cure. Perguntei.
— Você perguntou ao cara quanto tempo vai demorar para você poder
chupar um pau?
— E daí? — Ele dá de ombros. — Ele não me conhece.
— Você nunca conta a ninguém que você é gay.
— Além de todos os caras com quem fodo... — ele acrescenta, erguendo
as sobrancelhas como se isso fosse óbvio.
— O que você quer dizer com todos os caras?
— Eu... — Ele se encolhe. — Isso saiu errado.
Carter ri de verdade desta vez, seus ombros balançando para cima e para
baixo enquanto ele abaixa o rosto entre as mãos, claramente aproveitando
cada minuto disso. Estou a cerca de três segundos de enfiar a cabeça dos dois
na maldita parede.
— Por que você está tão bravo... espere, está indo embora? — Xavi
pergunta, a decepção estampada em seu rosto enquanto me observa pegar
minha bola do chão.
Agarrando Carter pelo braço, puxo-o para fora da cama e empurro-o para
o corredor à minha frente, batendo a porta de Xavi ao sair. Esfregando a mão
no rosto, espero alguns segundos, meus ombros caindo quando não ouço o
som dele me trancando do lado de fora.
Maldito seja.
— Você me perdoa agora, certo? — Carter pergunta, sorrindo quando
levanto meu olhar para ele.
— Não.
— Ei, Nate? — ele chama enquanto afasto-me, e fecho os olhos quando
paro, já me arrependendo da minha decisão de ouvir tudo o que ele tem a
dizer. — Lembra daquele cara de quem falei há alguns meses? O jovem sexy
com pau grande e piercings nos mamilos? Esse era Xavi.
Girando a bola em minhas mãos, me viro e jogo na lateral de sua cabeça.
Easton escolhe esse exato momento para virar a esquina, suas sobrancelhas
se erguendo enquanto ele pega a bola no rebote. Posso dizer pela expressão
em seu rosto que ele ouviu o que Carter disse, mas sabiamente não faz
perguntas. Em vez disso, ele olha para Carter, que está segurando a têmpora
e rindo tanto que quase se mija.
Quem precisa de inimigos, certo?

Tentei não estar aqui esta noite, mas não consegui ficar longe dele. Não
quando ele fez questão de deixar a porta aberta para mim depois de semanas
me trancando do lado de fora.
Sentado na cama ao lado dele, enrolo um de seus cigarros entre as pontas
dos dedos, copiando o que o vi fazendo ontem no quintal enquanto o
observava pela janela da cozinha. Fiquei confuso quando ele chegou aqui,
mas sei por que ele faz isso agora, por que carrega isso consigo, mas nunca
os fuma. Me dei conta na manhã depois que transei com ele, depois que me
contou por que ficou sóbrio.
Porque eu mereço isso. Porque dói mais...
Partindo o cigarro ao meio, jogo os pedaços quebrados na mesa de
cabeceira, apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto viro a cabeça para
olhar para ele. Seu cabelo ainda está um pouco úmido do banho e cheira a
coco, entre todas as coisas, tornando quase impossível para mim resistir a
me inclinar e enfiar o nariz nas mechas. Ele está usando uma Calvin mais
justa que já vi e um daqueles tops curtos e sexy, a curva de suas costas e
bunda expostas onde ele tem o cobertor preso entre as pernas. Está
congelando aqui, mas parece que ele não se importa.
Ele sabia que eu viria.
Ele quer que eu esteja aqui. Para vê-lo assim.
Assim que penso, ele se espreguiça, empurrando ainda mais a bunda. Eu
conheço o jogo dele, então deixo ele fazer o que quer por mais alguns
segundos antes de decidir estourar sua bolha.
— Sei que você está acordado.
Ele congela e pergunta: — Como?
— Sua respiração parece diferente — murmuro. — Mais rápida.
Ele faz um esforço para diminuir a velocidade, virando a cabeça em minha
direção quando não digo mais nada. O silêncio se estende entre nós, e posso
dizer que isso o está matando. Ele está ficando impaciente, os dedos dos pés
balançando no lençol ao meu lado.
— Você me observa dormir — ele finalmente diz. — Rouba meus
cigarros… bisbilhota minhas merdas…
— Toco em você às vezes também.
— O quê? Onde?
— Onde eu quiser.
— Cara, isso é meio assustador.
— Eu disse para você trancar a porta — lembro a ele. — Três vezes. Não é
minha culpa que você não ouça.
— Não disse que não gostei.
Levanto uma sobrancelha com isso, um pequeno sorriso tocando meus
lábios antes que eu possa impedi-lo.
Ele é uma aberração.
Incapaz de me conter, pego sua coxa e o puxo para baixo da cama, fazendo
sua camisa subir ainda mais. Ele abre as pernas sem que eu diga, e eu rastejo
em cima dele, minhas mãos roçando suas laterais enquanto admiro sua
roupa. — Você colocou isso para mim?
— Sim — ele admite, com a respiração presa quando passo o dedo sobre
a dobra entre seu quadril e sua coxa.
— Você pensou em mim no chuveiro? — pergunto, e ele balança a cabeça,
parecendo quase delirante enquanto move as mãos até meus ombros. — Mas
você não gozou — eu digo, sem perder o quão duro ele está ou a mancha
molhada na frente de sua cueca. — É por isso que está vazando quando nem
toquei ainda?
Ele geme baixinho, e coloco sua perna em volta da minha cintura e coloco
meus lábios em seu pescoço, meu queixo batendo quando ele se afasta de
mim como fez antes.
Eu odeio isso.
— O que você e Carter estavam fazendo aqui esta noite?
— Lutando — digo a ele, agarrando-o pelos cabelos e puxando-o para trás.
— Sobre o quê?
— Você.
Ele se cala por um segundo, e mesmo que eu não consiga ver sua
expressão com meu rosto sob seu queixo, posso dizer que ele está sorrindo
antes de murmurar: — Não parecia que você estava brigando por mim.
Eu rio e lambo seu pescoço, aproveitando a maneira como seu pulso bate
contra minha língua. — Eu estava aqui tentando descobrir onde você estava,
ok? Ele me viu e achou que seria divertido me irritar. Foi só isso.
— Mas se eu não tivesse entrado…
— Nada teria acontecido — digo honestamente, sem saber por que estou
contando tudo isso a ele. — Carter e eu não ficamos juntos desde antes de
nos mudarmos para cá.
— Por que não?
— Porque não gosto dele assim.
— Você... — Ele limpa a garganta, hesitando como se tivesse medo de
perguntar. — Você gosta de mim... assim?
— Eu não gosto de você, ponto final — resmungo, abrindo meus dedos e
passando a mão sobre sua coxa. — Ver seu rosto… Só de pensar em seu
nome me dá vontade de bater em alguma coisa. Eu te odeio, Xavi.
— Então por que está beijando meu pescoço agora? — ele pergunta, e
fecho meus olhos porque porra, eu não sei. — O que está fazendo aqui, Nate?
Eu gemo impotente e movo meus lábios até sua mandíbula, mantendo a
honestidade. — Quero quebrar você.
Quando estou prestes a dar-lhe outro chupão, ele me agarra pelo pescoço
e me empurra com mais força do que eu imaginava que ele possuía, me
impedindo novamente. — Frankie está na sua cama agora?
— Não.
Ele olha nos meus olhos e engole em seco antes de sussurrar: — Faça isso
então. Quebre-me.
— Sim?
— Sim.
— Posso beijá-lo? — Pergunto, e ele balança a cabeça.
— Não com a língua.
Vou ter que beijá-lo em todos os outros lugares então.
Deixo-o me sufocar um pouco enquanto começo com seu piercing no
lábio, confuso sobre porque meu pau gosta tanto dele. Piercings realmente
não são excitantes em mais ninguém, e nem uma mão em volta do meu
pescoço, mas quando se trata de Xavi... estou tão duro agora que dói.
Passo meus lábios por sua bochecha e depois desço até sua mandíbula,
lambendo a cicatriz que lhe dei antes de subir até seu queixo. — Mostre-me
de novo.
Ele abre a boca e pego o abajur em sua mesa de cabeceira, apertando o
interruptor para poder ver melhor.
— Diga-me que você não colocou isso só para me deixar louco. — Inclino-
me sobre ele para lamber a costura de seus lábios, mordiscando-os
suavemente com os dentes.
— Não fiz isso — ele insiste. — Não é sobre você.
— Como quiser — murmuro em sua boca.
Talvez ele esteja dizendo a verdade, mas sei que está escondendo alguma
coisa porque seus olhos ficam desviando cada vez que falo sobre isso. Mas
não me importo – ou pelo menos não deveria me importar – então decido
deixar para lá.
Descendo pelo seu corpo, passo para os piercings em seus mamilos.
Chupo um na boca e brinco com o outro com os dedos, sorrindo para ele
quando geme novamente.
— Você gosta disso?
Ele balança a cabeça e o mordo com mais força, apertando os dentes até
que ele enfie o punho na cama. Uma vez que ele se contorce debaixo de mim,
beijo lentamente até seu umbigo e passo meus lábios sobre a pele macia logo
acima de sua cintura. Seu pau está me cutucando no peito, mas eu ainda não
o toco, passando as mãos sobre suas coxas e depois descendo pelas pernas
até os tornozelos.
— Pensei que você queria me quebrar — ele gagueja, seus quadris
automaticamente se levantando em meu rosto. — Por que está demorando
tanto?
Olhando para ele novamente, dou uma risada e coloco meu rosto em seu
quadril para escondê-lo.
Por que ele acha que estou fazendo isso?
— Vire-se — eu digo, e ele solta um suspiro de... alívio, eu acho, franzindo
as sobrancelhas quando balanço a cabeça para ele. — Não vou te foder,
festeiro.
— Então por que…?
— Porque quero que você faça isso — digo simplesmente, agarrando sua
cintura e virando-o de bruços. — Curve-se para mim para que eu possa
comer essa bunda linda.
Ele xinga e enfia o rosto no lençol, ficando de joelhos e arqueando as
costas. Passo a mão por sua coluna e depois desço até sua bunda, puxando
sua cueca Calvin até o topo de suas coxas. Ele começa a se mover como se
esperasse que eu a tirasse, mas bato nele para mantê-lo imóvel.
— Ela fica.
Outra maldição, mais alta desta vez quando abro suas nádegas com meus
polegares. Ajoelhando-me atrás dele, coloco o cuspe na boca e deixo escorrer
até seu buraco, abaixando a cabeça para espalhá-lo com a língua. Ele respira
fundo e depois prende a respiração, pegando o travesseiro acima de sua
cabeça e puxando-o contra o peito.
— Nem pense em gemer nisso — digo, abrindo a boca e passando a ponta
da língua sobre sua abertura. — Quero ouvi-lo.
— Jesus Cristo. Nate…
— O quê?
— Você é um provocador.
— Diz o garoto que se vestiu assim e esperou que eu viesse brincar com
ele — murmuro, cuspindo nele novamente antes de afundar minha língua
em seu buraco.
Ele choraminga quando começo o foder com isso. Gemendo na carne
macia e quente sob minha boca, molho meu dedo antes de colocá-lo dentro
dele, próximo à minha língua. Seu pau ainda está preso dentro da cueca, e
quando ele tenta alcançá-lo, bato em seu pulso e fecho seus braços atrás das
costas, fazendo-o ficar de cara no colchão.
— Sente-se — digo, e ele choraminga enquanto faz isso, deixando-me
posicioná-lo até que suas pernas estejam bem abertas e suas nádegas estejam
apoiadas em seus pés. — Isso é bom. Agora incline-se um pouco para frente
e esfregue seu pau na cama.
Ele gira os quadris e volto para seu buraco, deixando-o montar minha
língua enquanto torço meu dedo de volta para dentro. Ele grita quando
encontro sua próstata, depois adiciono outro, os dedos dos pés se curvando
com força enquanto seus movimentos ficam um pouco mais frenéticos e
menos controlados.
— Continue — insisto, agarrando sua bunda para ajudá-lo a moer seu pau
no lençol. — Mais forte, bebê.
— Merda, Nate, por favor — ele engasga, suas coxas tremendo enquanto
ele tenta se conter. — Não quero gozar assim. — Ele parece desesperado,
como se fosse demais e não o suficiente de uma vez.
Como se ele não quisesse que tudo acabasse ainda...
— Você quer gozar com meu pau na sua bunda? — pergunto, enrolando
meus dedos dentro dele e lambendo entre eles.
— Sim — ele suspira. — Quero isso.
Alcançando sua mesa de cabeceira, abro a gaveta e pego o lubrificante que
vi aqui antes. Jogo uma camisinha na cama ao lado dele, e ele faz uma pausa
por um segundo antes de pegá-la e rasgá-la.
— Tire meu pau para fora.
Rapidamente, ele se aproxima e desliza as mãos para dentro do meu
moletom, gemendo quando percebe que estou sem cueca. — Porra, Nate,
isso é tão gostoso — ele diz, envolvendo seus dedos quentes em torno da
base do meu pau.
Beijando sua nuca, começo a passar lubrificante em sua bunda,
observando-o rolar a camisinha em mim antes de esguichar um pouco em
sua palma aberta. Com as duas mãos em volta do meu pau, ele me lubrifica
enquanto faço o mesmo com ele, segurando seu quadril enquanto passo o
nariz pelos cabelos de sua nuca. Ele tem um cheiro tão doce e isso me irrita.
Xavi Hart não é doce. Ele é venenoso.
Ainda não terminei com ele, mas parece que ele parou de esperar,
esfregando a ponta do meu pau em seu buraco ao lado dos meus dedos. —
Estou pronto, Nate.
Não acho que ele esteja, mas se ele quiser que isso machuque, o que eu
tenho certeza de que ele quer, então que seja.
Afastando suas mãos, puxo meus dedos, me alinho com sua bunda e
empurro para dentro. Ele parece estar com dor enquanto grunhe entre os
dentes, mas não me pede para parar. Em vez disso, ele se senta no meu pau
até me atingir até as bolas, respirando forte e pesado enquanto deixa cair a
cabeça para trás no meu ombro. — Tire sua camisa.
— Por quê?
— Quero sentir você.
Eu a tiro e jogo no chão, puxando-o de volta para o meu peito enquanto
rolo meus quadris para ele. Sei que ele pode sentir o anel da minha corrente
arranhando sua pele, mas ele não diz nada sobre isso. Ele aceita isso como
um bom garoto, de boca aberta enquanto seus olhos rolam para trás.
Segurando-o pelo pescoço, minha mão livre encontra seu abdômen e viaja
até seu peito, as pontas dos meus dedos roçando a bainha de seu top curto.
Ele geme alto quando belisco seu mamilo, segurando meus pulsos para
manter minhas mãos onde estão.
— Olhe para você — digo, virando seu rosto em direção ao espelho à nossa
frente. — Uma putinha tão carente para mim.
Ele pisca para si mesmo, depois desvia os olhos com um olhar que não
consigo entender, agarrando minha nuca para puxar minha boca até seu
pescoço.
— Quer mais das minhas marcas em você? — Pergunto, passando minha
língua sobre o local.
Ele acena rapidamente. — Faça doer — ele me lembra, fazendo nós dois
gemermos quando cravo meus dentes nele.
Ele sacode em meu abraço, todo o seu corpo estremecendo enquanto eu
chupo o hematoma na lateral de sua garganta.
— Fique quieto — murmuro em sua carne.
Ele se força a parar de se mover, e faço isso de novo. Não sou legal com
isso, o mordo com tanta força que estou perto de romper a pele, marcando-
o cinco vezes em zigue-zague, da mandíbula até a clavícula. Ele está farto
quando termino, fechando os olhos com força enquanto se afasta e coloca a
mão sobre o pescoço. Afasto seus dedos para olhar meu trabalho, inclinando
seu rosto para cima até que nossos lábios se toquem e compartilhemos o
mesmo ar.
— Porra, bebê, você está tão bonito — sussurro, passando meu polegar
possessivamente sobre o chupão abaixo de sua orelha. — Você se parece
como meu.
— Não — ele implora, e inclino a cabeça, observando-o olhar para mim
com olhos tristes e um coração frágil. — Não me faça me apaixonar por você.
Eu não conseguiria evitar o sorriso curvando meus lábios nem se quisesse.
Afasto sua cabeça e ele cai para frente sobre as mãos, choramingando
quando agarro seus quadris com força e fodo meu pau nele o mais forte que
posso. — É isso que você quer?
— Sim.
Entrego a ele, com nada além dos sons de seus gritos e meus quadris
batendo em sua bunda enchendo o quarto. Ele está gemendo tão alto que
tenho certeza de que toda a casa pode ouvi-lo, mas isso só me faz sorrir mais
e fodê-lo mais rápido.
— Volte aqui — digo, agarrando seu cabelo para puxá-lo para cima
quando ele demora muito para se mover.
Ele estremece quando inclino sua cabeça para trás, minha boca em sua
orelha enquanto agarro seu pau através de sua cueca. Aperto-o através do
tecido macio e ele grita novamente. — Porra. Nate…
— O quê? — Pergunto, uma mão em sua cintura enquanto agarro-o por
trás, masturbando-o em meu punho e empurrando-o golpe por golpe. —
Você está pronto para gozar?
Ele está gozando antes mesmo de eu terminar a pergunta, sua bunda
apertando meu pau enquanto ele absorve o interior de sua cueca Calvin.
Gemo em seu cabelo, e ele cai de volta em mim, mais pesado agora que está
descansando seu peso morto em meu peito. Suas bochechas estão vermelhas
e seus olhos estão lacrimejando. Ele parece destruído, e isso faz algo em mim
que prefiro não pensar.
Empurrando-o para frente uma última vez, sua cabeça bate na cama
enquanto saio e me livro da camisinha. Abro suas nádegas com os dedos e
vejo meu esperma disparar sobre sua dobra e buraco, mordendo meu lábio
enquanto o espalho para cima e para baixo com a ponta. A vontade de
empurrar isso para ele existe, mas não faço isso porque seria idiota.
Não deixe que ele te faça de idiota, pelo amor de Deus.
Soltando um suspiro, agarro o cós de sua cueca, puxo-a sobre sua bunda
e a coloco no lugar, batendo em seu quadril antes de sair da cama.
— Você vai me expulsar de novo? — ele resmunga nos lençóis, e eu rio
enquanto guardo meu pau.
— Xavi, estamos no seu quarto.
— Ah sim. — Ele levanta a cabeça, apertando os olhos para a luz na mesa
de cabeceira antes de olhar ao redor.
— Você está bem? — pergunto, divertido, usando minha camisa para
enxugar o suor do pescoço e abdômen.
— Você se importa? — ele murmura, mas então ele se encolhe e deixa cair
o rosto nos antebraços. — Não responda isso.
Meus olhos percorrem todo o comprimento de seu corpo e volto para a
cama antes que possa me convencer do contrário. Eu gentilmente o rolo de
costas, meus dedos roçando a parte interna de sua coxa. — O que estava
fazendo na noite em que fez esse corte aqui?
Ele franze a testa, seus cílios tremulando enquanto ele olha para mim
como se eu tivesse crescido duas cabeças. — Eu... não posso te contar.
— E a noite do meu jogo? — pergunto, afastando o cabelo dos olhos. —
Cheguei em casa e você não estava aqui.
— Você estava procurando por mim?
— Você estava com outra pessoa?
— Não.
Observo-o por um momento, procurando em seu rosto a mentira, mas não
acho que haja nenhuma. Passando meus dedos sobre seu abdômen, paro
para desenhar um círculo em seu umbigo. — Nunca me deixe pegar você
com outra pessoa.
Sua carranca se aprofunda enquanto ele me observa me endireitar,
pegando a camisinha da cama antes de jogá-la na lata de lixo do banheiro.
Quando volto, parece que ele está tentando forçar o corpo a se mover, indo
até a beira da cama, depois se levantando e levantando a blusa como se
estivesse prestes a se despir e ir para o chuveiro.
— Não — eu digo, e ele deixa os braços caírem ao lado do corpo.
Tão obediente quando quer.
— Não tome banho esta noite.
— Por quê?
Seguro seu queixo entre o polegar e o indicador, puxando-o e falando por
cima de seus lábios. — Quero ir para a cama sabendo que você está
dormindo com o nosso esperma.
Beijo-o uma vez, suavemente, fechando sua boca aberta com os nós dos
dedos antes de sair.
CAPÍTULO 19

— Como você fica assim quando nunca para de comer? — Pergunto a


Easton, observando-o quase inalar o café da manhã na frente dele como se
fosse sua última refeição.
— Chama-se academia, garoto emo — ele responde com a boca cheia de
panquecas, levantando uma sobrancelha enquanto passa os olhos pelo meu
corpo. — Você deveria tentar algum dia.
— Foda-se. — Eu rio e ele balança a cabeça.
— Estou brincando — ele diz, com os olhos fixos no meu corpo enquanto
acrescenta outro pedaço de bacon ao meu prato. — Você não precisa ir à
academia. Você parece bem como está.
Sinto minhas bochechas corarem, mas tento ao máximo agir como se não
percebesse sua atenção em mim. Da mesma forma que estou fingindo não
notar os olhos âmbar furiosos queimando em mim do outro lado do balcão.
Nate preparou o café da manhã esta manhã – algo que ele faz muito
quando acorda de madrugada. Eu estava planejando ficar longe como
costumo fazer enquanto ele come com seus amigos, mas então Easton me
arrastou até aqui, sento-me ao lado dele e exigiu que eu comesse a comida
que ele colocou na minha frente. Achei que Nate iria me colocar no meu
lugar e me dizer para sumir, mas não o fez. Ele apenas olhou para nós de seu
telefone, olhando para a mão de Easton em meu ombro, e tenho certeza de
que está lá desde então.
Depois que ele me deixou no meu quarto na semana passada, voltou a me
ignorar. Odiei isso. Mas agora que ele está olhando de novo - que está olhando
para mim novamente - acho que prefiro voltar a ser invisível. Honestamente,
não sei o que quero e isso está fazendo minha cabeça girar.
— Sim? — Murmuro para Easton, usando meu garfo para brincar com a
pilha de comida no meu prato que fica cada vez maior. — Então por que
você está tentando me engordar?
— Não estou tentando engordar você. — Ele ri. — Cara, você não come.
Sei por que a única vez que vejo você colocar algo na boca é quando eu dou
para você.
Jesus Cristo.
Ele realmente não percebe o quão sexy parece quando diz coisas assim?
Sem pensar, arrisco uma olhada em Nate para verificar sua reação,
imediatamente desejando não ter feito isso quando vejo a expressão em seus
olhos. Não sei dizer se está chateado comigo, chateado com Easton ou
apenas chateado, ponto final. Ele é tão difícil de entender às vezes.
— Eu como... os muffins da cafeteria do campus. — Digo, meu rosto
corando quando Easton sorri para mim como se eu fosse adorável.
Sério, Xav. Seja mais embaraçoso.
— Claro que sim, cara. — Easton continua comendo, e me forço a fazer o
mesmo só para ter algo para fazer com as mãos.
Nate se levanta da cadeira e o sigo com os olhos, levantando os ombros
quando ele vem por trás de mim e coloca a boca perto da minha orelha. —
Você sabe que ele está brincando com você — ele sussurra para que só eu
possa ouvi-lo.
— Foda-se — sussurro de volta. — Não, ele não está.
Ele não está, certo?
Sinto seus lábios se curvarem em um sorriso antes dele envolver sua
grande mão na parte de trás do meu pescoço, seus dedos roçando os chupões
ali antes de se afastar. Meus ombros afundam com a perda de seu toque, e
me repreendo por querer isso de volta.
— Você deveria ir ao jogo hoje à noite. — Easton me diz, e limpo a
garganta, esfregando o local onde a mão de Nate estava.
Estou pensando em ir de qualquer maneira, mas Nate não sabe disso e
gostaria de continuar assim.
Felizmente, não preciso pensar em nada para dizer antes de Frankie
entrar, vestida com legging preta e um moletom com capuz quatro números
maior que o dela. O boné que ela usa cobre metade de seu rosto. — Ei,
pessoal — ela diz a caminho da máquina de café.
Franzo a testa, tentando ver melhor a marca que pensei ter visto em sua
boca. Olho para os meninos para ver se eles também viram, mas acho que
não. Eu provavelmente deveria cuidar da minha vida, mas agora é tarde
demais para isso. Já estou olhando para Nate, e ele está olhando para mim,
franzindo as sobrancelhas quando bato no lábio e viro a cabeça para Frankie.
Ela está sangrando, eu falo, e ele pisca, estreitando os olhos na parte de trás
de sua cabeça.
— Frankie.
— Sim?
— Olhe para mim — ele diz, e ela suspira, virando-se para olhar para mim
em vez de para ele.
— Seu pequeno informante.
Eu dou o dedo a ela e ela bufa, revirando os olhos quando Nate se
aproxima dela e tira o boné da cabeça dela. Ela tem um corte no lábio inferior
e outro logo acima da sobrancelha. Eles não são tão profundos, e ela parece
bem para mim, mas ele ainda parece furioso.
Sei que é uma bagunça, mas não posso evitar a forma como meu coração
para com o quão protetor ele é com ela.
— Quem diabos...
— Nate, relaxe — ela o interrompe, pegando o boné para colocá-lo de volta
na cabeça. — Briguei com minha irmã ontem à noite. Não é grande coisa.
Acredite em mim, ela parece pior do que eu agora.
Ele olha para ela, e parecem ter algum tipo de conversa silenciosa que não
consigo ouvir, outra coisa que me faz revirar de ciúme.
Eu a odeio.
— Você tem uma irmã? — Easton pergunta, balançando as sobrancelhas
para aliviar o clima. — Ela é tão gostosa quanto você?
Frankie solta uma risada leve e balança a cabeça para ele, virando-se para
pegar uma caneca. — Sim, eu acho. Mas ela é uma vadia furiosa. Vocês,
meninos, deveriam estar gratos por não terem irmãs.
O sorriso de Easton desaparece quando seu foco cai para seu prato, e olho
para Nate, bem a tempo de vê-lo engolir e olhar para os azulejos sob seus
pés, com as mãos brancas no balcão em que ele está recostado. Estou prestes
a perguntar a Frankie o que diabos há de errado com ela, mas ela não parece
notar a tensão que cresce entre nós enquanto aperta alguns botões da
máquina de café.
Ela realmente não sabe sobre Katy?
Ela começa a conversar com Easton sobre o jogo desta noite, e me levanto
para raspar meu prato e lavá-lo na pia. Colocando-o na máquina de lavar
louça, chego o mais perto possível de Nate sem deixar isso óbvio.
— Nate? — Pergunto baixinho.
— Cale a boca, Xavi.
— Mas eu só...
— Eu disse para calar a boca — ele sussurra, olhando para mim com
adagas cruéis enquanto bate seu ombro no meu. — Não vá esta noite — ele
resmunga, então pega as chaves do lado próximo ao meu quadril e se dirige
para a porta.
CAPÍTULO 20

Estou jogando uma merda esta noite. Perdemos por seis quando
deveríamos estar aumentando, pelo menos. E provavelmente estaríamos se
eu não tivesse fodido todos nós no final do primeiro tempo ao fazer falta em
Jackson Banks, o armador do outro time e meu maior rival. Ele estava sendo
um idiota tagarela e perdi o controle.
Estou perdendo o controle aqui.
O treinador está gritando de novo, mas ignoro-o e pego a bola que Easton
passa para mim. Ficando em posição, eu arremesso da linha de três pontos...
e erro.
— Recomponha-se. — Easton murmura enquanto passa, e aceno
rapidamente, esfregando as mãos sobre a cabeça enquanto tento melhorar
no jogo que eu costumava viver por isso.
É uma sensação estranha, amar e odiar tanto algo. Este estádio costumava
ser meu santuário, o único lugar onde nada poderia me tocar e todas as
minhas preocupações iam embora, mas agora parece... contaminado. Não
me sinto em paz nesta quadra há mais de dois anos.
Cada vez que olho para as arquibancadas, lembro-me da expressão no
rosto de Katy na noite em que ganhei meu primeiro campeonato no primeiro
ano. Ela me odiava do jeito que as irmãs mais novas odeiam seus irmãos
mais velhos na maior parte do tempo, mas aqui ela era minha maior fã. Ela
ficou tão orgulhosa de mim quando ganhei aquele jogo que nem fiquei bravo
porque foi Xavi quem contou a ela. Não sou leitor labial, mas no segundo
em que fiz aquela tacada vencedora, tenho quase certeza de que as primeiras
palavras que saíram de sua boca foram: — Ele conseguiu. Puta merda, ele
fez isso.
Sorri para ele antes de saber o que estava fazendo, e o sorriso que ele me
deu foi o maior que já vi nele. Eu rapidamente encarei para salvar a
aparência, e ele riu e mordeu o lábio antes de passar o braço em volta do
pescoço de Katy e enxugar suas lágrimas de felicidade.
Odiei-o estar aqui no começo. Eu disse a Katy um milhão de vezes para
deixar a bunda dele em casa, mas ela era uma pimentinha teimosa e nunca
me ouviu. Além disso, ninguém teria feito o que ele fez por ela. Meus pais
disseram que trazê-la aqui era uma perda de tempo. Qual é o objetivo? Ela não
pode ver você. Todo mundo olha para ela e é constrangedor. Katy e eu nunca nos
importamos, nem Xavi. Em todos os jogos, ele a trazia e era seu olhar, nunca
tirando os olhos de mim enquanto contava cada movimento que eu fazia.
Nunca contei a ninguém – acho que nem admiti para mim mesmo na época
– mas comecei a gostar depois de um tempo. Mesmo que ele estivesse aqui
principalmente para ela, parecia que ele também estava aqui para mim um
pouco.
Mas então Katy morreu e tudo virou uma merda.
Cada vez que jogo e minha irmã mais nova não está aqui comigo, meu
coração se parte novamente.
— Grayson! — O treinador grita e me encolho ao ver Jackson pular e enfiar
a bola no aro.
Carter pede um tempo assim que ele rouba a bola de volta, e suspiro de
alívio, mesmo sabendo que o treinador está prestes a me dar bronca de novo.
O zumbido do estádio enche meus ouvidos, deixando meus dentes tensos
enquanto recebo o sermão que mereço. Tento ignorar o barulho da multidão
como sempre faço, mas não consigo evitar a maneira como fico espiando as
arquibancadas a cada dez segundos.
O treinador balança meu ombro e aceno, embora não esteja ouvindo uma
maldita palavra do que ele está dizendo.
Ele não está aqui, seu idiota.
Tire-o da sua cabeça.
Só então, uma briga entre dois caras da fraternidade começa no meio da
multidão, e olho duas vezes, olhando para o garoto de moletom com capuz
sentado no final da última fila. Ele estremece e abaixa a cabeça, tentando
esconder o rosto de mim, mas eu já o vi.
— Pequeno filho da puta — sussurro.
Carter joga a bola no meu abdômen e me empurra de volta para a quadra.
— Ignore-o.
— Quem é o cara? — Jackson me provoca.
Carter balança a cabeça antes que eu possa dizer qualquer coisa, me
empurrando novamente. — Ele também.
Voltamos ao jogo e tento fazer o que ele disse, mas não é fácil quando sinto
Xavi me observando. É uma distração lutar contra a vontade de olhar para
lá.
O tempo passa e só piora quando Jackson marca novamente, deixando-
nos perdendo por nove, faltando dois minutos e meio para o fim do relógio.
— Onde está sua cabeça esta noite, bicha? — Jackson pergunta, sorrindo e
esticando os braços enquanto se afasta de mim. — Com certeza não está
nesta quadra.
Ele está me irritando, mas forço minha boca a ficar fechada, porque ele
não passa de um punk covarde, me chamando de bicha como se isso fosse
me abalar.
Há rumores de que sou bi, mas ninguém sabe ao certo porque nunca
confirmei ou neguei. Nunca deixei ninguém me pegar com um cara porque
meu pai ficaria furioso se descobrisse que eu estava assumindo isso.
— Sério, Grayson. — Jackson continua falando, abusando da sorte. —
Quero dizer, você é péssimo de qualquer maneira, mas eu não vi você ser tão
ruim desde que sua irmã idiota acidentalmente se matou...
Meus pés se movem antes mesmo de ele terminar, minha visão fica
embaçada quando o agarro pela camisa. Estou prestes a bater minha cabeça
na dele, mas então Carter se coloca entre nós para ficar na minha cara, me
levando de volta empurrando sua testa na minha. — Pare de deixá-lo afetá-
lo — ele rosna. — Você sabe que ele só está fazendo isso para... — Ele para e
estuda cada centímetro do meu rosto, sussurrando: — Jesus, você bebeu
hoje?
— Saia de cima de mim, Carter. — Empurro-o para trás, desviando os
olhos quando ele olha como se estivesse prestes a bater na minha bunda.
— Sim, Carter. — Jackson ri enquanto salta ao nosso redor, levantando o
queixo na direção de Xavi. — Você está deixando o namorado lindo dele
nervoso.
— Nate! — Carter grita, mas desta vez ele não é rápido o suficiente para
me impedir. Já estou socando Jackson entre os olhos, lutando contra os
braços ao meu redor enquanto tento ao máximo acertar um segundo golpe.
A próxima coisa que sei é que todos os caras da minha equipe estão me
cercando, me puxando para trás para me manter longe de Jackson. Carter
está gritando alguma coisa na minha cara, mas estou olhando para as
arquibancadas, observando Xavi sair pelo túnel enquanto o árbitro grita com
o treinador para tirar minha bunda da quadra.

Sinto-me entorpecido ao sair do carro, enfiando as mãos congeladas nos


bolsos enquanto sigo o caminho escuro que leva ao túmulo da minha irmã.
Faz um tempo que não venho aqui. Eu vinha sempre que podia, mas
depois parei. Não porque não queira vê-la, mas porque toda vez que a vejo,
tudo que sinto é raiva. Raramente fico triste quando penso em Katy. Não
estou triste por ela estar morta. Estou furioso.
Sei que não está certo, mas não consigo evitar. O fato de que ela se foi
quando não deveria ter ido... que nunca mais a verei, nem a ouvirei rir, nem
a escutarei cantar... me dá vontade de esmagar tudo o que estiver à vista até
que tudo esteja tão quebrado quanto eu me sinto.
Parado a poucos metros de sua lápide, olho para a nuca de Xavi. Ele está
sentado de pernas cruzadas no chão na frente dela, mexendo na grama
enquanto sussurra algo que não consigo ouvir.
Eu sabia que ele estava aqui porque estacionei ao lado da moto dele, mas
olhando para ele agora, não consigo parar de pensar na última vez que
estivemos aqui juntos.
É o aniversário de Katy na próxima semana, o que significa que já se
passaram quase dois anos. Ela teria vinte anos. Ela já estaria morando
conosco na casa, na metade do segundo ano em Hawthorne, provavelmente
se metendo em tantos problemas quanto possível e me deixando louco.
Às vezes sonho com isso - uma vida em que ela não esteja morta - mas
depois acordo e gostaria de não ter acordado. Só por um minuto, eu gostaria
de estar morto também, para não ter que sentir a perda dela e a dor que vem
com isso.
Acho que Xavi sabe que estou atrás dele, mas não se move nem olha para
mim. Ele apenas espera, como se esperasse que o pegasse no colo e chutasse
sua bunda.
Talvez eu devesse fazer isso. Provavelmente me faria sentir muito melhor,
mas não me sinto. Em vez disso, o observo, apenas percebendo que minha
mão subiu pelo meu peito, meus dedos inconscientemente roçando o anel
que lhe deu a cicatriz em sua mandíbula.
CAPÍTULO 21

2 ANOS ATRÁS

Não sei há quanto tempo estou parado aqui, sem me mover ou dizer nada,
apenas observando-o - olhando para ele, incapaz de desviar os olhos da
pessoa que mais odeio neste mundo.
Katy deveria completar dezoito anos hoje. Deveríamos ir à praia como
sempre fazemos, e então eu estaria planejando surpreendê-la levando-a ao
jogo dos Lakers em Los Angeles. Em vez disso, estou passando o aniversário
dela no cemitério, olhando para o garoto desmaiado de bruços na frente de
sua lápide.
Está escuro e chovendo, e ele está deitado de bruços no chão, usando uma
garrafa de vodca como travesseiro, vestindo apenas uma calça jeans rasgada
imunda e uma camiseta preta grudada na pele. Suas unhas estão pintadas
de preto, mas estão lascadas e suas cutículas estão rasgadas, provavelmente
porque ele as mordeu tanto que as fez sangrar. Observei-o o suficiente ao
longo dos anos para saber que isso é algo que ele faz quando está ansioso.
Fantasiei em matá-lo tantas vezes nas poucas semanas desde que minha
irmã morreu, mas agora que ele está bem aqui na minha frente, vulnerável e
sozinho, matá-lo parece ser a última coisa que penso. Talvez seja porque
estou bêbado, mas só consigo pensar em como ele parece triste e solitário lá
embaixo. Patético, como um brinquedo quebrado com o qual ninguém quer
mais brincar. Isso faz meu coração disparar com... não sei o que é. Tudo o
que sei é que isso não me faz sentir tão bem quanto deveria.
Meu telefone vibra na minha mão e eu o viro, apenas tirando os olhos de
Xavi para olhar para a tela. Carter está me ligando de novo, mas o mando
para a caixa postal, exatamente como tenho feito nos últimos... Jesus, eu
realmente estou aqui na chuva há uma hora?

CARTER
[Nate, vamos. Estou ficando preocupado.]
Bufo com isso, usando meus polegares entorpecidos e gelados para digitar
uma resposta.
NATE
[Desde quando você se preocupa com alguém além de
você mesmo?]
CARTER
[Esse é exatamente o meu ponto! Você está em uma
espiral e isso está me deixando nervoso. Não gosto disso.
Você vai voltar para casa? Por favor?
Voltou a me ignorar, hein?
Foda-se isso. Estou indo te pegar.]
NATE
[Não.]
Ele não responde, e suspiro, sabendo que ele dirigirá até aqui se eu não
lhe der uma razão para não o fazer.
NATE
[Xavi está aqui.]
O telefone toca quase assim que clico em enviar e relutantemente aperto o
botão de atender. — O quê?
— Ele está com você? — Carter pergunta. — No cemitério?
— Não, quero dizer, sim, ele... — Lambo os lábios, olhando para o cabelo
molhado caindo sobre os olhos de Xavi. — Ele está dormindo.
— O que quer dizer com ele está dormindo?
— Quero dizer, ele está dormindo, Carter. — Reviro os olhos e aceno para
Xavi, mesmo que ele não possa vê-lo. — Ele desmaiou no chão em frente ao
túmulo de Katy.
— Você o nocauteou?
— Não — resmungo. — Encontrei-o assim.
Carter fica em silêncio por um momento e depois pergunta: — Cara, você
tem certeza de que ele não está morto?
Merda. Eu nem tinha pensado nisso.
Agachando-me ao lado de seu corpo, rolo-o de costas e pressiono dois
dedos na lateral de seu pescoço, sem sentir nada a princípio. Meu coração
começa a bater descontroladamente dentro do meu peito e deixo cair meu
telefone, rapidamente levantando sua cabeça e dando um tapa em sua
bochecha. Seus cílios tremulam e eu solto um suspiro pesado.
Maldito inferno.
— Merda, Nate, ele está morto? — A voz baixa de Carter me lembra que
ele ainda está lá, e pego o telefone.
— Não — murmuro, fazendo o meu melhor para parecer desapontado
com o fato. — Não venha aqui. Estarei em casa em breve.
— Espere...
Desligo e enfio o telefone no bolso do casaco. Uma gota de chuva rola pelo
lábio inferior inchado de Xavi. Ainda segurando sua cabeça com a mão,
pego-a com o polegar e enxugo-a, ignorando a vontade repentina de fazer a
mesma coisa com a língua.
— Xavi — digo, pegando seu queixo e sacudindo-o. — Levante.
Sua testa se enruga e ele lentamente abre os olhos, estremecendo como se
estivesse com dor enquanto cai de costas. — Adorável pra caralho — ele diz
quando vê que sou eu. — O que está fazendo aqui?
— Este é o túmulo da minha irmã, seu idiota.
— O quê? — ele pergunta, olhando em volta como se estivesse confuso.
Sem paciência, agarro um punhado de seu cabelo e o coloco de joelhos.
Puxo sua cabeça para trás e o forço a olhar para mim, esperando que seus
olhos encontrem os meus. — Eu disse para você não voltar aqui.
— Sim, lembro-me. — ele diz entediado, como se minha presença não
tivesse nenhum efeito sobre ele. — Você vai chutar minha bunda e me fazer
ir embora como fez no funeral de Katy?
Com as narinas dilatadas, balanço a cabeça e empurro-o para longe de
mim. — Apenas vá, Xavi. Vá rastejar de volta para o buraco de onde você
saiu e fique lá, porra.
— Você sabe o quê? Foda-se — ele balbucia, corajoso o suficiente para me
olhar nos olhos. — Você não decide quem vem aqui e quem não vem.
— Que porra eu não decido. Eu sou o irmão dela, não você.
— Ninguém dá a mínima, idiota — ele dispara de volta. — Ela prefere me
ter aqui a você e você sabe disso. Ela odiava você...
Nem percebo que estou prestes a dar um soco nele até que isso já esteja
acontecendo, até que estou em cima dele com uma mão segurando-o pelo
peito e a outra batendo em seu rosto. Meu sangue escorre quente em minhas
veias quando bato nele novamente, dizendo adeus ao pouco autocontrole
que me resta.
Eu o odeio.
Odeio sua atitude arrogante, que não dá a mínima e sua boca grande.
Odeio o fato de que ele nunca consegue ficar calado e fazer apenas o que eu
digo para ele fazer.
Acima de tudo, odeio que ele esteja certo.
Ela o escolheu em vez de mim, noite após noite, repetidas vezes, e não
havia nada que eu pudesse fazer a respeito.
Minhas mãos e seu rosto estão cobertos de sangue, seus olhos fechados
enquanto ele está inerte debaixo de mim.
Porra. Eu não queria bater nele com tanta força.
Ainda montando em sua cintura, eu rosno seu nome, puxando-o pela
camisa quando ele não responde. Justamente quando penso que desta vez
ele está realmente morto, ele solta um barulho doloroso que se transforma
em uma risada ofegante, os dentes brancos perolados ensanguentados, a
cabeça balançando sobre os ombros enquanto ele pega a vodca do chão ao
nosso lado.
— Do que você está rindo?
— Você — ele responde, jogando a tampa fora antes de incliná-la para
tomar um gole. — Você pode me bater o quanto quiser, Nathaniel — ele
provoca, meu nome completo rolando em sua língua como seda. — Não
consigo sentir absolutamente nada.
Meus dentes cerram e engulo enquanto olho em seus olhos inchados e
vermelhos. — Xavi, o que está fazendo?
— Com o que se importa? — Ele pergunta, com um sorriso desleixado e
torto na boca enquanto passa a mão pelo meu peito, seus olhos seguindo o
caminho que ele está tomando com os dedos. — Você está preocupado que
eu tenha uma overdose?
Agarro seu pulso e olho para ele. — Você acha isso engraçado? O que
diabos há de errado com você?
Ele sorri, dá de ombros e toma outro gole, engasgando com a vodca que
está na boca quando roubo a garrafa de sua mão. Colocando-a atrás de mim,
sento-me sobre os calcanhares e puxo-o de joelhos, pegando-o pela cintura
quando ele balança como se estivesse prestes a cair.
A chuva parou, mas ele ainda está encharcado e gelado, seus dedos me
fazendo tremer enquanto os envolve em volta do meu pescoço por baixo do
meu moletom. Suas pernas envolvem meus quadris e continuo segurando
sua cintura enquanto ele se senta no meu colo.
— O que pensa que você está fazendo? — pergunto, mas ele está tão
perdido que não tenho certeza se ele sabe. Nem tenho certeza se ele vai se
lembrar disso quando acordar amanhã.
Em vez de me responder, ele senta confortavelmente e enterra o rosto na
curva do meu pescoço, cantarolando enquanto enfia o nariz na minha
garganta. — Você cheira a maconha. Tem alguma? — ele pergunta, suas
pequenas mãos invadindo o bolso frontal do meu moletom. Ele encontra o
que procura, enfiando meu baseado na boca com outro daqueles sorrisos
preguiçosos. Inclinando a cabeça, ele balança o polegar como se estivesse
tentando acendê-lo, franzindo a testa quando isso não acontece. — Porra —
ele resmunga, tentando novamente.
Não há isqueiro em sua mão, então pego o meu e acendo para ele,
hipnotizado pela maneira como seus lábios carnudos se movem enquanto
ele inala o primeiro trago. Ele o segura dentro dos pulmões por alguns
segundos e depois o solta lentamente. Ele não se preocupa em virar a cabeça,
então a fumaça sopra direto no meu rosto.
— Ela me prometeu, sabe?
— Prometeu o quê?
— Que ela nunca se mataria — ele diz calmamente, com os olhos cansados
enchendo-se de lágrimas enquanto explica. — Ela me fez prometer a mesma
coisa. Agora estou preso aqui sem ela. Meu pai me culpa. Minha mãe não dá
a mínima. Seus pais não querem nada comigo. Todo mundo na escola pensa
que sou um viciado em drogas. E você... — Ele engole em seco, as lágrimas
finalmente escorrendo por seu rosto enquanto ele pisca lentamente. — Cada
vez que você olha para mim, vejo o quanto me odeia. O quanto gostaria que
fosse eu em vez dela — acrescenta ele, respirando fundo antes de continuar.
— Estraguei tudo, Nate. Não tenho mais nada e ninguém.
Meu queixo treme com a verdade crua em suas palavras, minhas narinas
dilatam enquanto o vejo fumar meu baseado. — Eu deveria sentir pena de
você?
— Não.
— Então por que está me contando isso?
— Eu não sei — ele murmura, encolhendo os ombros. — Achei que isso
poderia fazê-lo se sentir melhor.
Isso não acontece.
Mas eu ainda aceno e tiro o baseado de sua boca, desviando o olhar
daquela expressão vazia em seu rosto enquanto o coloco entre os lábios. Ele
estremece contra mim, e tiro o casaco sem pensar, franzindo as sobrancelhas
quando ele me impede de colocá-lo nele. O merdinha corajoso se enterra em
meu peito, optando por se aquecer com o calor do meu corpo. Eu deveria
movê-lo, jogá-lo no chão e deixar sua bunda aqui para congelar, mas não
faço isso. Em vez disso, cubro suas costas com meu casaco como se fosse um
cobertor, seu hálito quente fazendo cócegas em meu pescoço enquanto passo
a mão por seus cabelos.
Não sei o que está acontecendo. Não nos tocamos a menos que estejamos
brigando, mas não estamos brigando agora, e não poderíamos estar mais
próximos um do outro nem se tentássemos.
Meu olhar encontra minha mão em seu quadril e flexiono os dedos,
olhando para o sangue que cobre o anel que estou usando no dedo
mindinho. É de Xavi, e as mãos dele são minúsculas, então esse é o único
dedo em que consigo colocá-lo.
Examino o sangue em sua mandíbula, passando cuidadosamente o
polegar pela borda do corte recente. — Isso dói? — Pergunto, e ele balança a
cabeça lentamente, como se mover a cabeça para cima e para baixo fosse
muito esforço para ele. — Achei que tivesse dito que não conseguia sentir
nada.
— Menti — ele murmura contra minha clavícula, e só agora percebo que
ele está olhando para a lápide de Katy ao nosso lado. — Tudo dói, Nate —
ele se engasga.
Meu coração se contorce e depois se quebra em mais pedaços, minha mão
segura seu rosto machucado enquanto passo meu braço em volta dele e
coloco sua cabeça sob meu queixo. — Eu sei — digo suavemente, mal
reconhecendo o som da minha própria voz enquanto sigo sua linha de visão.
Enquanto olho para o nome da minha irmã, ouço o som de alguém vindo
atrás de nós, sem sequer se preocupar em verificar quem é. Não estou
surpreso. Eu sabia que ele viria atrás de mim assim que desliguei na cara
dele.
Posso senti-lo olhando para mim, para nós, para o sangue e as lágrimas e
meu braço envolvendo firmemente a cintura fina de Xavi, mas ele consegue
manter a boca fechada.
Durante trinta segundos.
— Ele está bem? — Carter pergunta suavemente - com cuidado - como se
soubesse que vou explodir se ele me pressionar, mesmo que seja só um
pouquinho.
Balanço minha cabeça.
— Você está bem?
Limpando a garganta, balanço a cabeça novamente, fechando os olhos
enquanto enterro a mão no cabelo molhado de Xavi, minha bochecha
apoiada na lateral de sua cabeça.
— O que ele está usando?
— Não sei, C. — sussurro. — Ele não me contou.
Ele fica em silêncio novamente, e dou outra olhada na lápide de Katy,
tirando discretamente a lágrima do meu rosto antes que ele perceba.
Engolindo em seco, fico de pé, mantendo as pernas de Xavi enroladas em
minhas costas enquanto carrego seu corpo flácido e adormecido.
— Você precisa de ajuda?
— Não, eu o seguro — respondo, parando ao lado de Carter para que ele
possa pegar as chaves do meu carro no bolso.
Ele caminha na nossa frente em direção aos portões, e pressiono meus
lábios no pescoço de Xavi, prendendo sua cabeça em minha mão quando ela
quase cai do meu ombro.
— Está tudo bem, bebê. Te peguei.
CAPÍTULO 22

PRESENTE

O silêncio está me matando.


Ele está parado ali há não sei quanto tempo, sem dizer absolutamente
nada. A única razão pela qual sei que está ali é porque ouvi seus passos
quando veio atrás de mim. Não o ouvi se mover desde então. Nem o ouvi
respirar, então também não respiro.
Eu gostaria de saber o que ele está pensando agora, gostaria de poder ver
a expressão em seu rosto para saber o que esperar quando ele finalmente
decidir me reconhecer.
Se algum dia ele decidir me reconhecer.
Nervoso demais para ficar parado por mais tempo, arrisco uma espiada
nele por cima do ombro e o encontro olhando para o nada. Ele está olhando
diretamente para mim, mas não acho que esteja realmente me vendo. É como
se ele estivesse em outro lugar, como se estivesse aqui, mas não aqui.
— Nate?
Ele pisca ao som da minha voz, estreitando os olhos enquanto ele os força
a focar. — O quê?
— O que está errado?
— Nada — é tudo o que ele diz, seguido por mais silêncio.
OK…
Ele se aproxima e fica ao meu lado, com as mãos nos bolsos da calça jeans,
elevando-se sobre mim enquanto eu sento-me no chão a seus pés como um
cachorrinho.
— Como você sabia onde me encontrar?
Ele levanta uma sobrancelha ao ouvir isso, deslizando os olhos da lápide
de Katy para mim. — Quem disse que eu estava procurando por você?
Meu queixo treme e baixo o olhar para o chão, incapaz de parar de
imaginar a maneira como ele olhou para mim antes de eu sair do estádio
mais cedo. Só por um segundo, juro que parecia que ele não queria que eu
fosse. Como se precisasse que eu ficasse.
— Você…?
Ele concorda. — Fui suspenso. Nós perdemos o jogo.
E lá se vai sua temporada invicta.
— Sinto muito.
— De que é que você sente muito?
— Bem, eu... — hesito. — Foi minha culpa, não foi?
Ele solta uma risada cruel, nem mesmo se preocupando em esconder o
quão patético ele pensa que sou. — Você se dá muito crédito por alguém
com quem eu não poderia me importar menos. Você não é a razão pela qual
joguei como uma merda esta noite. Você não tem esse tipo de poder sobre
mim, festeiro.
Claro que não.
— Tanto faz — murmuro, e então, como sou um perdedor que ficou com
os sentimentos feridos, acrescento: — Você realmente jogou como uma
merda. E deixou Jackson afetar tudo na sua cabeça, exatamente como ele se
propôs a fazer. Katy estaria chutando sua bunda idiota agora mesmo se ela
estivesse aqui.
— Você contou a ela sobre isso?
— Conto tudo a ela — admito, percebendo seu olhar intenso na lateral do
meu rosto.
No começo, acho que ele está prestes a me fazer sentir um perdedor ainda
maior por conversar com uma pedra, mas não o faz.
— Você disse a ela que comi você?
— Onde você acha que fui depois que me expulsou da sua cama? —
Pergunto, encolhendo os ombros quando seu rosto entristece um pouco. —
Se não quer que ela saiba que você é um idiota, talvez devesse parar de agir
como um.
— Você acha que estou atuando?
Não respondo, fico tenso quando ele se agacha para colocar a boca bem
perto dos meus lábios, o polegar e o indicador em concha no meu queixo. —
Você tomou banho primeiro?
— O quê?
— Antes de você vir aqui e me delatar para minha irmã, você lavou a
bagunça que fiz no seu pau? — ele pergunta, sorrindo quando eu tremi. —
Você não fez isso — ele adivinha. — Você adora andar por aí com meu
esperma em suas roupas, não é? Me sentindo toda vez que se move... — Ele
continua me provocando, seus dentes mordendo meu piercing no lábio. —
Aposto que você adoraria que vazasse ainda mais da sua bunda.
Não sei quem se move primeiro, mas de repente é ele quem está sentado
no chão e estou no colo dele, ele agarra minha cintura enquanto envolvo
minhas pernas em volta dele. Inclino-me, mas ele me para com a mão na
minha garganta, aquele sorriso malicioso ainda descansando em seus lábios
enquanto mantém minha boca longe da dele. Ele balança a cabeça para mim
e vejo o quão estúpido ele me faz sentir. Ele desliza a mão livre no bolso da
frente do meu moletom, roubando um dos meus cigarros. Ele acende, e meu
olhar desaparece enquanto ele fuma, seus olhos nos meus enquanto sopra a
fumaça em meu rosto.
— Eu... — Paro, sentindo algo arranhar os cantos da minha mente. Tento,
mas não consigo segurar o suficiente. — Nate?
— O quê?
Sua expressão não muda, e eu franzo a testa, saltando meus olhos entre os
escuros.
Não me lembro muito da última vez que ele me encontrou aqui. Lembro-
me de ter vindo aqui no aniversário de dezoito anos de Katy, miserável e
sozinho. Lembro-me de Nate me bater com tanta força que deixou uma
marca permanente, mas todos os detalhes intermediários são confusos.
Acordei em uma cama de hospital na manhã seguinte, sem nenhuma
lembrança de como cheguei lá, com meu pai e um psiquiatra olhando para
mim do outro lado da sala, três pontos na mandíbula e uma lavagem no
estômago. Quando perguntei à enfermeira o que aconteceu, ela me disse que
meu irmão me deixou, entregou-lhe o saco de comprimidos que encontrou
em meu bolso e desapareceu antes que a polícia pudesse lhe fazer qualquer
pergunta. O único irmão que tenho morreu, mas nem me preocupei em
contar isso a ela. Eu sabia em meu coração que era Nate, mas estava com
muito medo de ligar para ele e perguntar por que fez isso. Não nos falamos
novamente até que apareci na garagem dele, dois anos depois.
Quando estou prestes a perguntar o que aconteceu aqui naquela noite, ele
pergunta: — Seu irmão também está aqui?
Franzo ainda mais a testa, não só porque estava pensando no meu irmão,
mas porque em todos os anos que conheço Nate, ele nunca me perguntou
sobre Blaine.
Balançando a cabeça, faço um gesto para a esquerda com a cabeça, meus
movimentos limitados pela garganta em sua mão. — Ele está ali.
— Você sente falta dele?
Aceno novamente, minhas sobrancelhas franzidas. — Sim.
— Não tanto quanto você sente falta da minha irmã, certo? — Ele
pergunta, me pegando desprevenido. Tropeço no que dizer, e ele se afasta,
balançando a cabeça para mim com um sorriso incrédulo. — Você é um
verdadeiro pedaço de merda, sabia disso?
Cerro os dentes e o empurro antes que ele possa fazer isso comigo, dando
uma última olhada na lápide de Katy antes de me levantar e tirar a sujeira
dos meus joelhos.
— Para onde você está indo?
— Para casa — resmungo, e ele solta outra daquelas risadas cruéis e
ofegantes.
— Onde é casa, festeiro?
Meu coração afunda até a bunda, coloco o capuz sobre a cabeça e continuo
andando.
— Ei, Xavi?
— O quê, Nate? — Suspiro, girando para encará-lo e abrindo bem os
braços. — O que mais?
— Vejo-o mais tarde — ele brinca, e zombo, mostrando-lhe o dedo
enquanto me afasto dele.
— Sem chance, idiota.
Ele sorri de novo, tão seguro de si enquanto repete: — Vejo-o mais tarde.
Eu me viro e aquelas três palavras me seguem por todo o caminho... de
volta à casa que não é minha e nunca será.
CAPÍTULO 23

Quando chego em casa, zombo do carro estacionado em minha vaga.


Deixando meu carro estacionado na diagonal da garagem, pego minhas
coisas no banco de trás e caminho até a porta da frente. A música está
bombando dentro de casa, e há pessoas por toda parte, dançando, bebendo
e usando drogas nas minhas bancadas.
Encontro Carter na piscina, com os braços em volta da cintura de um cara
enquanto ele enfia a língua na sua boca. Quando Carter me vê olhando, tudo
o que faz é sorrir, revirando os olhos quando dou alguns passos em sua
direção. — Venha aqui — exijo.
— Não.
— O quê?
— Você nos fodeu hoje à noite, Nate — ele diz, agarrando a bunda do cara
para incentivá-lo a continuar a se esfregar nele. — Não quer festejar com a
gente? Vá para outro lugar. Não estou cancelando a festa.
— Carter — digo, e ele umedece os lábios, sussurrando algo para o cara
antes de nadar até a borda onde estou agachado para ficar na altura dele. —
Eu…
— Você o quê?
— Sinto muito, ok? Não sei o que aconteceu.
— Sim — ele diz encolhendo os ombros, apoiando o queixo nos
antebraços. — Você o deixou entrar na sua cabeça.
Não me preocupo em perguntar de quem ele está falando. Já sei que não
é Jackson Banks.
— Você deveria estar na cabeça dele, Nate. Não o contrário. Eu não o trouxe
aqui para isso.
— Exatamente — eu sibilo, aproveitando a chance de culpá-lo. — Foi você
quem o trouxe aqui. O que você achou que iria acontecer? — Baixo a voz,
passando as mãos pelos cabelos. — Desde que ele chegou aqui, ele é tudo
em que consigo pensar e isso está me fodendo — confesso. — Eu o odeio, C.
Ele não diz nada a princípio, mas depois balança a cabeça como se tivesse
decidido alguma coisa e se move para sair da piscina. — Vou fazê-lo ir
embora.
— O quê?
— Agora mesmo. Vou contar a ele...
Empurro-o de volta, soltando um suspiro quando ele aparece, cospe a
água da boca e me olha com um olhar que é ao mesmo tempo divertido e
irritado.
— Eu não queria molhar meu cabelo.
— Ele não vai a lugar nenhum — digo.
— Ok, o que vai fazer com ele então?
Apenas olho para ele, lutando para manter o rosto sério quando sua boca
se abre em um sorriso lento e malicioso. Sorrio de volta, e ele ri, saltando
para pressionar sua testa molhada contra a minha.
— Esse é o meu garoto — ele sussurra.
— Vá se foder.
— Nate? — ele chama enquanto movo-me para sair. — Se você aparecer
em um jogo assim de novo — ele avisa, assim significa bêbado, eu acho —
vou bater na sua bunda.
— Você poderia?
— Forte — acrescenta ele, agarrando o cara que ele estava beijando antes
e puxando-o de volta para sua boca.
Volto para casa, indo direto para a cozinha para me servir de um uísque.
Ocorre-me então que posso ter um problema, mas afasto esse pensamento
com a mesma rapidez, engolindo-o de uma só vez antes de servir outro.
Zoey, a líder de torcida que usei para deixar Xavi com ciúmes na semana
passada, aparece ao meu lado. Ela está vestida com um vestido sexy
vermelho sangue, seu cabelo castanho brilhante preso em um rabo de cavalo
alto e apertado. Ela é linda, e se eu não estivesse tão fodido, acho que ela é o
tipo de garota por quem eu poderia me apaixonar. Alguém divertido, sexy
e confiante em sua própria pele. Alguém que meus pais poderiam realmente
gostar, se eu lhes oferecesse a chance de conhecê-la. Alguém que não faria
meu coração parecer que está se despedaçando e caindo do meu peito toda
vez que olho para ela.
— Ei, Nate — ela diz, passando os olhos pelo meu corpo da mesma forma
que fiz com ela agora há pouco, parando quando ela chega em meu rosto. —
Você parece... chateado.
Uma risada rara brota de mim, e ela sorri um pouco, inclinando-se para o
meu lado enquanto passo meu braço em volta de seu pescoço e lhe sirvo uma
bebida.
Ela viu o que aconteceu na quadra hoje à noite, então não se incomoda em
me perguntar por que estou chateado.
Batemos nos copos, bebemos e ela pergunta: — Quer conversar sobre isso?
— Não.
— Quer foder por isso?
Levanto uma sobrancelha e ela dá de ombros, sem parecer nem um pouco
envergonhada ou ofendida por eu não estar interessado.
— Vale a pena tentar — ela diz, pegando a garrafa de uísque para se servir.
— Então, quem é?
— Quem é o quê?
— A garota por quem você continua me ignorando. — Ela semicerra os
olhos para todas as pessoas ao nosso redor, torcendo o nariz quando vê
Frankie olhando para cá do outro lado da sala. — Não me diga que é Frankie.
— O que há de errado com Frankie?
— Nada, exceto que ela fodeu metade dos garotos do seu time e metade
das garotas do meu time — ela resmunga. — Ela é uma prostituta.
— Cuidado, Zoey — provoco, embora não esteja inteiramente brincando.
— É da minha melhor amiga que está falando.
— Achei que Carter fosse seu melhor amigo.
— Eu tenho dois.
— Sorte sua — ela murmura, mas não está olhando para mim e não tem
olhado para mim nos últimos trinta segundos.
Com os olhares travados, Frankie faz questão de mostrar a língua e lamber
a borda do copo, sorrindo quando Zoey zomba dela.
— Zoey — digo.
— O quê?
— Você já fez sexo com ódio antes? — Pergunto, pegando a garrafa que
ela está segurando como se estivesse pensando em bater na cabeça de
Frankie com ela.
— Não, por quê?
— É gostoso — informo a ela, inclinando-me para falar em seu ouvido
como um diabinho em seu ombro. — Você deveria tentar.
— Talvez eu tente — ela murmura.
Sorrio maliciosamente para Frankie enquanto me afasto delas, sentindo-
me muito orgulhoso de mim mesmo ao sair da cozinha e levar o uísque
comigo.
Falando em sexo com ódio…
Quando subo, estou prestes a ir direto para o quarto de Xavi para vê-lo,
como disse que faria, mas parece que não preciso. Ele já está me esperando
do lado de fora da minha porta. Encostado na parede, ele está com os braços
cruzados sobre o peito, seu olhar melancólico seguindo cada passo que dou
em sua direção. Meus lábios se curvam antes que eu possa impedir, e
engancho meus dedos no cós de sua calça jeans, puxando-o para mim
enquanto abro a porta e o levo para dentro do meu quarto. — Bom garoto.
CAPÍTULO 24

Bom garoto.
Porra, por que ele tem que continuar dizendo coisas assim?
Meu coração está acelerado, minha tentativa inútil de ficar com raiva é
esquecida assim que ele fecha a porta atrás de nós. Seus nós dos dedos roçam
a base do meu pau enquanto ele usa meu jeans como uma coleira, me
guiando com ele antes de me empurrar para baixo na cama.
— Fique nu — ele exige e toma um gole de uísque. — Agora, Xavi — ele
diz quando não me movo. — Não tenho a noite toda.
— Você tem outro lugar para ir? — Pergunto amargamente, meu nariz se
contorcendo com aquele olhar estúpido e presunçoso em seu rosto.
— Fique nu — ele repete lentamente. — Ou saia.
Certo.
Agarrando a bainha do meu moletom, tiro-o e jogo-o aos pés dele como
um pirralho, fazendo o mesmo com minha camiseta antes de tirar meu jeans.
Minhas mãos tremem com uma mistura de ansiedade e antecipação
enquanto o empurro até os tornozelos, arrancando-o do chão antes de jogá-
lo na pilha.
— Isso foi muito sexy — ele diz, e forço um olhar furioso.
— Você não disse strip tease, idiota.
— Você pode deixar isso — ele diz quando coloco meus polegares na
cueca apertada que estou usando.
— Por quê?
— Porque você fica lindo com ela — ele me diz, encolhendo os ombros
como se não fosse grande coisa enquanto toma outro gole. — Você quer um
pouco? — ele pergunta, segurando a garrafa quando me pega olhando.
Rapidamente desvio meus olhos, balançando a cabeça com uma zombaria.
— Você é um idiota.
Ele ri sombriamente e coloca-a na mesa de cabeceira, depois sobe na cama
e separa minhas coxas. Deitado em cima de mim, ele olha nos meus olhos e
passa cuidadosamente o polegar pelo canto da minha boca, brincando com
meu piercing. — Você é patético — ele me diz, não pela primeira vez, e já sei
o que virá a seguir antes que diga. — Sabe o quão desesperado você parecia
esta noite? Aparecendo no meu jogo como se fosse meu namorado ou algo
assim.
— Não foi só esta noite — deixo escapar, meu coração torcendo com mais
ansiedade quando ele se afasta para olhar para mim.
— O quê?
— Eu disse que não foi só esta noite — repito, desta vez mais baixo. —
Vou a todos eles. Estou sempre lá, Nate.
O silêncio se segue e seus olhos brilham de raiva. Não sei o que ele
encontra quando olha para o meu, mas seja o que for, não gosta.
— É por isso que você foi ao cemitério depois. Então poderia contar a Katy
sobre isso — ele adivinha, apertando a mandíbula. — Você faz isso toda vez?
A parte de trás dos meus olhos começa a arder, e baixo meu olhar para seu
peito, selando meus lábios para me impedir de abrir meu coração para ele.
Isso não me servirá de nada. Na verdade, isso só vai irritá-lo ainda mais.
Ele começa a dizer alguma coisa, depois muda de ideia, com a voz mais
suave do que jamais ouvi quando diz: — Xavi, isso não é saudável.
— Não fale comigo sobre o que é saudável, Nate — sussurro, olhando para
a corrente que sei que ele está usando por baixo da camisa. — Você é tão
bagunçado quanto eu.
— Você acha?
— Você vai me dizer que estou errado?
Ele não diz, inclinando a cabeça para o lado enquanto olha para minha
boca grande. — Já posso te beijar?
Pisco com a mudança repentina de assunto, franzindo a testa. — Não.
— Eu quero — ele admite de uma só vez, mais uma vez mexendo em meus
lábios para puxar o de baixo para baixo. — Quero cuspir na sua boca. Molhar
tudo e foder esse pequeno piercing na língua com meu pau.
— Isso é nojento.
— Você gosta disso?
Concordo com a cabeça, desejando que ele pudesse fazer isso agora.
— O que você quer, Xavi? — Ele pergunta, me fazendo gemer quando ele
abaixa os quadris e se esfrega em mim.
Ele ainda está vestindo todas as suas roupas, então o material áspero de
sua calça jeans arranha a pele sensível entre minhas pernas, mas não me
importo. Isso é bom.
É incrível.
— O que você quiser — falo. — Apenas pegue isso.
— Tem certeza disso?
Concordo com a cabeça novamente, e ele coloca sua boca na minha,
pegando minhas mãos para colocá-las em ambos os lados do seu pescoço.
Ele não cospe na minha boca nem chega perto do meu piercing na língua.
Em vez disso, ele brinca com meu piercing labial, puxando-o entre os dentes
e sacudindo-o com a língua. Quase posso sentir o gosto do uísque que ele
estava bebendo, vendo a garrafa na mesinha de cabeceira no meu periférico
toda vez que abro os olhos. Isso está me deixando um pouco nervoso, mas
não acho que estou mentindo para mim mesmo quando percebo que não
quero isso. Eu não. Tenho algo ainda melhor aqui em cima de mim.
Ele é tão viciante quanto qualquer droga que já tomei, tão destrutivo e
perigoso para minha saúde. Ele preenche cada canto da minha mente até que
tudo que consigo pensar é colocá-lo dentro de mim novamente.
— Nate…
— Hum?
— Por que você está sendo tão…
— E daí? — ele pergunta, beijando da minha boca até meu queixo,
lambendo a cicatriz que ele tanto gosta.
— Lento — termino, bufando em sua bochecha.
Seus lábios se curvam contra minha pele e ele desce até meu pescoço. —
O que eu quiser, certo, bebê?
Engulo em seco, afundando meus dedos em seu cabelo e cravando minhas
unhas, esperando que isso o irrite e o encoraje a se mover mais rápido e mais
bruscamente.
Isso não acontece.
Na verdade, isso o torna ainda mais lento. Juro que ele está tentando me
matar com a boca e a língua, sem deixar um centímetro da parte superior do
meu corpo intocado. Quando ele chega à minha barriga e desliza a língua
molhada pelo vale do meu abdômen quase imperceptível, minhas coxas
estão apertando, meu pau está vazando e estou enlouquecendo.
— Nate — rosno, mas isso se transforma em um gemido quando ele
inclina a cabeça e chupa meu quadril, deixando um chupão logo acima do
cós da minha cueca.
Deus.
Meus quadris balançam e encontro a corrente em seu pescoço. Sem pensar,
puxo-a e enrolo o excesso em meu punho. Ele está em cima de mim num
piscar de olhos, seu nariz tocando o meu enquanto ele se apoia nas mãos.
— Se você quebrar isso — ele diz calmamente. — Vou estrangular você
com isso e enfiar o anel na sua garganta.
— Jesus. — Deixo passar, estremecendo antes que eu possa parar quando
ele levanta a mão.
Em vez de me bater, ele pega minha mão, com um brilho divertido nos
olhos enquanto a coloca de volta no peito, envolvendo cuidadosamente
meus dedos na corrente novamente. — Você tem medo de mim?
— Não — nego, e ele levanta uma sobrancelha com a minha resposta
muito rápida. — Ok, talvez um pouco, sim — admito.
Ele ri como se eu fosse ridículo e se levanta para me olhar direito. — Você
está falando sério? — ele pergunta, sua risada morrendo em seus lábios
quando ele percebe que não estou brincando. — Você nunca teve — ele diz
baixinho, franzindo as sobrancelhas enquanto passa o polegar pelo meu
queixo. — Você costumava correr em círculos ao meu redor, lembra? Não
importava o que eu dissesse ou fizesse com você, você apenas riria e me diria
para ir me foder. Você me deixava louco.
Limpo a garganta enquanto várias lembranças enchem minha cabeça ao
mesmo tempo. Posso imaginar como ele disse; eu sendo um pirralho para
chamar a atenção dele, ele me ameaçando, divertindo-me e sendo um
pirralho ainda maior com ele...
Mas eram duas pessoas completamente diferentes, duas vidas
completamente diferentes. As pessoas que éramos naquela época nem
existem mais.
— Isso foi antes…
Antes de Katy morrer.
Não me atrevo a dizer isso em voz alta, mas sei que ele me ouve mesmo
assim. Ele balança a cabeça e, no segundo seguinte, está agarrando minha
cintura, me virando e me empurrando de bruços na cama, algo que sei que
faz quando não suporta olhar para mim.
Engulo minha vergonha, enterrando-a para outro momento, e ele segura
minha cueca com as duas mãos, rasgando-a ao meio para facilitar o acesso
ao meu buraco.
— Porra — sussurro nos lençóis, levantando minha bunda para ele
quando agarra meus quadris e puxa.
Ele me abre com os polegares, e agradeço a distração, gemendo livremente
quando sua boca encontra meu buraco. Ele cospe em mim e depois espalha
com a língua, suas mãos ásperas esfregando a parte de trás das minhas coxas
enquanto ele me come. Estou quase tremendo, arqueando as costas o
máximo que posso sem puxar nada. Meus dedos torcem os lençóis perto do
meu rosto e tenho que fechar os olhos com força, lutando contra a vontade
de alcançar sua cabeça e segurá-lo sobre mim. Ele parece saber o que quero
sem que eu diga, agarrando minha mão direita e puxando-a para trás até que
ela repouse na parte de trás de sua cabeça.
— Porra — digo novamente, minha boca se abrindo quando ele empurra
um dedo e sua língua em mim ao mesmo tempo. — Merda, Nate, continue
fazendo isso — imploro, ignorando o quão desequilibrado pareço. — Dê-me
outro.
— Puta gananciosa — ele diz, mas parece mais um elogio do que um
insulto, sua voz abafada pela minha carne em sua boca. — Monte, bebê.
Segure-me e empurre sua bunda de volta na minha cara.
Bebê.
Maldito seja.
Ele acrescenta outro dedo, gemendo como se estivesse gostando disso
tanto quanto eu. Rolo meus quadris para frente e para trás, para cima e para
baixo, me fodendo em seu rosto.
— Preciso gozar — eu ofego. — Preciso disso…
Incapaz de pensar em qualquer coisa além de liberação, alcanço a faixa da
minha cueca e aperto meu pau. Usando meu pré-gozo como lubrificante,
acaricio-o com força e rapidez, acompanhando o ritmo da minha bunda em
sua língua e dedos, roubando prazer de ambos os lados. Em segundos, já
estou certamente na beira. Mas então ele para e afasta minha mão do meu
pau, endireitando-se e puxando-me com ele pelos cabelos.
— Ainda não.
— Nate...
— Eu disse ainda não — ele rosna em meu ouvido, esfregando meu peito
arfante com a palma da mão enquanto roça os lábios sobre a pulsação em
meu pescoço. — Acaricie-o devagar.
Faço uma pausa e olho para o meu pau, sem perder a forma como o dele
está duro e pressionado contra a minha bunda através da calça jeans. — O
seu ou o meu? — Pergunto estupidamente, sentindo seu sorriso na minha
pele antes de ele responder.
— O seu, Xavi.
Acaricio como ele me disse enquanto pega o que precisa em sua mesa de
cabeceira. Sinto-o desabotoando a calça jeans atrás de mim e puxando seu
pau para fora, sem soltar meu peito enquanto ele abre a camisinha e a coloca.
Ainda quero que ele me foda sem camisinha, mas não vou oferecer de novo,
não depois do que me disse da primeira vez.
Ele tira a tampa do lubrificante com os dentes, e então seus dedos
molhados estão no meu buraco, empurrando e torcendo para dentro para
me abrir ainda mais. Ele me toca por um tempo, brincando com o metal em
meus mamilos enquanto faz isso, beliscando meu lóbulo da orelha,
lambendo os chupões no meu pescoço, me deixando louco de necessidade.
— Nate, por favor, apenas me foda.
— Você gozará assim que eu colocar? — ele brinca, puxando os dedos para
esfregar a cabeça do seu pau no meu buraco, deslizando-o para cima e para
baixo.
— Provavelmente.
— Não — ele avisa, e então ele está empurrando isso dentro de mim em
um movimento rápido, tirando o ar dos meus pulmões, me puxando para
trás pela cintura até que ele se enterre até as bolas profundamente na minha
bunda. — Deus, você é apertado.
— Porra — murmuro ao mesmo tempo, apertando meu pau com tanta
força que tenho certeza de que está ficando roxo.
Não.
Não goze, não goze, não goze.
Ele geme contra minha bochecha e começa a rolar em mim, a posição em
que estamos faz com que seu pau atinja minha próstata a cada movimento
de seus quadris. Ele me fode lenta e profundamente no começo, depois com
força e mais profundamente, depois volta a devagar. Toda vez que sinto que
estou prestes a gozar, ele muda o ritmo, recuando do meu ponto ideal para
me foder apenas com a ponta.
— O que está fazendo? — Eu reclamo, virando a cabeça para trás em seu
ombro para olhar para ele.
— Controlando seu orgasmo — ele responde, sorrindo quando percebe a
expressão no meu rosto. — Você gosta disso?
— Odeio isso.
Eu sou um mentiroso.
Adoro que ele esteja brincando comigo desse jeito, arrastando tudo como
se estivesse tão desesperado quanto eu para fazer isso durar.
Ele me beija e desce até meu pescoço, me segurando com os dedos
firmemente em volta da minha garganta. Ele está me sufocando, mas não é
forte o suficiente para me impedir de respirar, meu pau vazando pelos nós
dos dedos enquanto chupa minha pele machucada, deixando chupões novos
bem em cima dos antigos.
Quando começo a esfregar meu pau novamente, torcendo a base grossa
com o punho, ele pega minhas duas mãos e desliza os dedos pelos meus,
prendendo-os ao meu lado. Minha respiração fica presa e fecho os olhos, me
escondendo dele, mordendo o lábio quando ele beija minha nuca e desliza
os polegares sobre os nós dos meus dedos.
Ele me fode assim por um tempo - segurando minhas mãos - nossos corpos
cobertos de suor e deslizando um contra o outro. É tão bom, mas tudo que
consigo pensar é... isso não está me machucando. Isso não está me quebrando
como ele disse que faria.
Ou talvez esteja.
Talvez este seja o castigo dele para mim, seu próprio tipo distorcido de
tortura.
Um gemido escapa da minha boca com o pensamento, e ele sorri para mim
como se pudesse ver dentro da minha cabeça, como se ele simplesmente
soubesse, mesmo que eu não tenha dito uma palavra.
Ele sabe exatamente o que está fazendo.
— Eu te odeio — digo. — Eu te odeio para caralho.
— Eu sei, bebê — ele sussurra, e gemo pateticamente.
— Diga algo maldoso.
— Você quer que eu seja mau com você? — Ele parece divertido,
recusando-se a soltar minhas mãos quando tento retirá-las. — Por quê? Só
porque você acha que eu poderia começar a gostar de você se eu te fodesse
por tempo suficiente? — Ele flexiona os dedos entre os meus e engulo, não
gostando do rumo que isso vai dar. — Não importa o quão gostoso você é
ou quão bom você é em pegar meu pau, festeiro. Você ainda é a razão pela
qual minha irmã está morta. — As palavras que ele diz são duras, mas sua
voz é suave, seus lábios gentis enquanto ele os passa pela minha nuca, e acho
que essa é a parte que dói mais. — Você ainda é a razão pela qual temos que
acordar todos os dias e viver essa vida de merda sem ela — ele continua. —
Você ainda é a razão de estarmos sozinhos.
Lágrimas rolam pelo meu rosto, mas não consigo nem as enxugar. Tudo o
que posso fazer é aguentar enquanto ele continua me fodendo, usando
nossas mãos unidas para puxar meus quadris de volta para os dele.
— Você é um idiota — sufoco, me odiando pela forma como minha voz
falha na última palavra.
Você pediu isso, seu idiota.
Ele ri. — Não estou apontando uma arma para sua cabeça, sabe? Você não
precisa estar aqui e aturar minhas merdas. Você pode sair. — Ele inclina a
cabeça para a porta para enfatizar seu ponto de vista, e estreito meus olhos
para isso.
— E se eu não fizer isso?
— Então você é meu — ele diz simplesmente, abaixando a cabeça para
lamber as marcas no meu pescoço. — Quando, onde e como eu quiser, você
é meu.
— E quando você não me quiser? O que sou então?
Ele dá de ombros como se fosse óbvio. — Nada.
Meus dentes cerram e torço meu corpo em seu aperto, um cruzamento
entre um rosnado e um grito me escapando quando ele começa a atacar
minha bunda sem remorso. Desisto de lutar e caio nele, me apoiando em seu
peito enquanto me equilibro no limite tênue entre prazer e dor.
— Odeio você. — Lembro-o.
Ele para, puxando tão rápido que faz minha cabeça girar. Ele me pega e
me vira como uma boneca de pano, me empurrando pelo peito e beliscando
meu mamilo com tanta força que solto um grito.
— Filho da put...
— Olhe para mim quando diz isso — ele exige, provocando minha bunda
com seu pau antes de enfiá-lo de volta. — Vamos, festeiro. Diga isso de novo.
— Eu te odeio — digo, tentando ao máximo entender as mentiras que
saem da minha boca. — Te odeio. Te odeio.
— Bom garoto — ele diz suavemente, me elogiando de verdade desta vez,
seus olhos escurecendo quando ele cai em cima de mim, pressiona sua boca
na minha e empurra em mim o mais forte que pode. — Tão bom, bebê. Porra.
— Nate, posso...
— Sim — ele sussurra, empurrando a mão entre nós para chegar ao meu
pau. — Faça isso agora. Envolva suas pernas em volta da minha cintura e
goze em cima de mim.
Deus.
Ele está agindo como um louco, e só agora percebo que ele não estava
apenas me intimidando esse tempo todo, ele também está se esforçando.
É o quão maníaco ele parece agora que finalmente me irrita. Agarrando
ambos os lados de sua cabeça, grito seu nome em sua boca e caio da borda
que ele está me pendurando pelo que parecem horas, meu esperma
encharcando seus dedos enquanto ele me fode.
Ele está respirando com dificuldade e rápido quando sai, tirando meus
braços do seu caminho antes de se ajoelhar e montar em meu peito. Seu pau
está na minha cara, a camisinha jogada de lado, e então ele empurra minha
cabeça de volta para o lençol.
— Feche a boca — ele diz, usando a mão limpa para passar os dedos pelo
meu cabelo, puxando-o com força.
Respiro pelo nariz, esperando ansiosamente pelo que está por vir. Ele goza
em meus lábios e queixo, seus quadris gaguejando enquanto ele aperta a
ponta, me dando tudo o que tem. Sinto-o escorrendo pelo meu pescoço, mas
ele não dá chance de atingir os lençóis. Ele se inclina e me limpa com a
língua, deslizando-a pelo meu rosto até pegar até a última gota.
Inclino minha cabeça para trás para ele, garantindo-lhe melhor acesso. —
E você me chama de indecente.
Ele lambe meus lábios por último, chupando e brincando com meu
piercing labial por um momento antes de se endireitar novamente. Olhando
diretamente nos meus olhos, ele coloca os dedos na boca e suga meu
esperma de cada um deles, ainda me segurando pelos cabelos para garantir
que eu continue olhando para ele.
— Posso ficar com você esta noite? — Deixo escapar, me chutando assim
que as palavras saem da minha boca.
— Não — ele diz, saindo de cima de mim para guardar seu pau.
— Por que não?
Jesus Cristo, cale a boca.
Ele pega seu uísque na mesa de cabeceira, me fazendo esperar enquanto
ele toma um gole. — Pare de agir como se isso fosse mais do que realmente
é. Você é um buraco para enfiar meu pau, festeiro. É isso.
Zombo. — Como uma boneca sexual?
— Bonecas sexuais não falam — ele resmunga, e olho, sentando-me para
pegar meu jeans do chão. — Elas também não se vestem depois de serem
fodidas.
Ele deve estar brincando comigo.
Mas quando olho para ele, vejo que ele está falando sério. Ele não vai me
deixar me vestir antes de sair desta vez. Há um enorme rasgo na parte de
trás da minha cueca Calvin, e ele quer que eu saia para o corredor assim
enquanto há uma festa cheia acontecendo lá embaixo. Sei que ninguém é
permitido neste andar, mas Carter, Easton ou Frankie podem chegar a
qualquer momento. Pelo que sabemos, eles já podem estar aqui.
— Você acha que não vou fazer isso? — Inclino a cabeça para ele, forçando
aquele sorrisinho malcriado que sei que ele tanto odeia. Ele nem pisca, então
decido empurrá-lo, me curvando para pegar minhas roupas do chão. —
Observe-me. Talvez um dos meninos me veja assim e me deixe dormir na
cama deles.
Seu rosto franze, e fico na ponta dos pés para beijar sua boca, minha
pequena vitória quase tão doce quanto o gosto do nosso esperma em seus
lábios.
— Xavi — ele avisa, mas já estou saindo.
— Até mais tarde, idiota.
Ainda sorrindo, abro a porta e saio para o corredor. Não há ninguém aqui,
mas não perco o jeito que ele está me protegendo só para ter certeza,
esperando até que eu esteja de volta em segurança ao meu próprio quarto,
onde pertenço. Fazendo questão de não olhar para ele, fecho a porta atrás de
mim e caio contra ela, deixando cair minhas roupas no chão antes de bater
minha cabeça para trás com um baque baixo.
Minha felicidade fingida desaparece assim que estou sozinho, e sinto
novas lágrimas enchendo meus olhos, chateado comigo mesmo por deixá-lo
afetar-me, por esperar que desta vez pudesse ter terminado de forma
diferente.
Pedi isso.
Mereço isso.
Todo dolorido, rastejo para a cama, puxo o cobertor sobre a cabeça e choro
silenciosamente até dormir, assim como faço toda vez que ele me fode.
CAPÍTULO 25

Gosto de Easton, gosto mesmo, mas às vezes gostaria que ele


simplesmente calasse a boca e me deixasse afogar na miséria.
Hoje é aniversário de Katy. Ainda não vi Nate e não quero. Acordei esta
manhã e nem me preocupei em sair da cama. Planejei passar o dia me
escondendo dele e de todos os outros, mas cometi o erro de descer. Achei
que não havia ninguém por perto quando entrei na sala. Não esperava que
Easton estivesse atrás de mim quando peguei o uísque. Definitivamente não
esperava que ele o arrancasse da minha mão e me assustasse quando quase
tomei um gole. Senti toda a cor sumir do meu rosto quando vi a preocupação
dele, mas ele não disse nada, nem eu. Sem uma palavra trocada entre nós,
ele colocou a garrafa no balcão e me arrastou para o sofá na sala e jogou um
controle de PlayStation em mim. Não consegui me afastar dele desde então.
Já se passaram duas horas e toda vez que tento me levantar, ele agarra a
manga do meu moletom e me puxa para baixo sem tirar os olhos da TV.
— Você gosta de chocolate quente? — ele faz outra pergunta e jogo minha
cabeça para trás com um gemido silencioso.
Sei que ele está apenas sendo legal, tentando me fazer falar ou algo assim,
mas me sinto morto por dentro.
— Não.
— Qual é o problema entre você e Nate?
Isso chama minha atenção, e olho para ele, piscando quando vejo o
pequeno sorriso em seus lábios.
Ele sabe que me pegou.
— O que você quer dizer? — pergunto, limpando a garganta quando ouço
o quão rouca minha voz soa.
— Ouvi você gritando o nome dele do outro lado do corredor, Xav — ele
murmura, ainda sorrindo para a TV. — Sei que é ele quem está transando
com você.
Abro a boca e fecho-a novamente. — Eu não grito.
— Você grita muito — ele diz sem rodeios, rindo quando me pega
escondendo minhas bochechas coradas com as mangas. — Pensei que ele te
odiava.
— Ele me odeia.
— Então, o que, você simplesmente o deixa te mastigar e cuspir de volta
sempre que ele quiser? Como se você fosse a vadia dele?
— Não sou a vadia dele. — minto, resistindo à vontade de girar meus
quadris e passar a mão sobre meu pau através do moletom.
Estou ficando duro. É como se meu pau só precisasse ouvir o nome do
dono e acordasse pronto.
— Cara, odeio dizer isso a você, mas esses chupões no seu pescoço dizem
vadia. Claramente. Vi aquele em seu quadril também. — Ele solta seu
controle para cutucar meu lado, me fazendo pular. — Ali.
— O quê? Quando?
— Sua camisa subiu quando você pegou um copo na cozinha ontem à
noite. — Ele encolhe os ombros, me olhando de soslaio quando volto a não
dizer nada. — Você sabe que ele quer que a gente os veja, certo? Ele está o
marcando, deixando todos nós sabermos que você pertence a ele.
Afundando ainda mais no sofá, levanto os joelhos e cubro os lábios com
os nós dos dedos, lutando contra o sorriso estúpido que tenta se libertar.
Ele está falando besteira, mas não consigo evitar que meu coração fique
um pouco mais cheio quando finjo que o que ele está dizendo é verdade.
Easton olha para algo atrás de mim e fica surpreso, suspirando baixinho
enquanto levanta o braço nas costas do sofá. Sigo sua linha de visão para
encontrar Nate nos observando da porta, meu rosto entristece quando vejo
as olheiras sob seus olhos. Ele parece rude, apoiando o ombro no batente da
porta com os braços cruzados sobre o peito. Ele não parece zangado ou
divertido ou algo parecido. Ele está apenas olhando para mim.
Ele é um perseguidor.
Por que eu gosto tanto disso?
— Quanto disso você ouviu? — Easton pergunta, mas Nate o ignora.
Não perco o leve tique em sua mandíbula enquanto seus olhos se movem
do meu rosto para o braço de Easton apoiado atrás da minha cabeça, quase
me tocando, mas não exatamente.
— Venha comigo. — diz Nate.
Pisco, levantando as sobrancelhas enquanto olho para Easton e depois de
volta para Nate. — Eu?
— Sim, você, festeiro. Se apresse.
Ele nem sequer reconhece Easton, esperando que eu passe por ele antes
de se virar e me seguir para fora da sala. Sentindo seus olhos nas minhas
costas, paro e giro para encará-lo. — Ainda não tomei banho hoje.
Não que eu estivesse planejando fazer isso, mas se ele quiser foder, terá
que esperar que eu me prepare.
— Você não precisa de banho para isso — ele diz depois de um instante.
Quando não me movo, ele agarra meu braço e me leva até seu carro. — Entre.
Pisco para ele novamente, atordoado porque ele nunca me deixou entrar
neste carro. Mesmo quando Katy estava viva, quando eu saía com ela e
ficava muito fodido para levá-la para casa, ele a buscava onde quer que
estivéssemos, mas sempre me deixava sozinho. Todas as vezes.
— Realmente?
Ele solta um suspiro longo e pesado, me atingindo com um olhar
impaciente que me faz fechar os lábios e mover minha bunda.
Está bem então. Entrando no carro.
CAPÍTULO 26

EASTON
[Vá com calma com ele, Nate. Peguei-o com uma garrafa
de uísque esta manhã.]

Paro no meu caminho para o lado do motorista, meus pelos se arrepiam


enquanto olho para Xavi através do para-brisa. Ele parece bem, mais ou
menos, mas ainda verifico seus olhos, tentando decidir se a vermelhidão é
porque está chateado ou porque teve uma recaída.
Antes que eu possa perguntar, outro texto aparece.

EASTON
[Ele não bebeu nada.]
NATE
[Tem certeza disso?]
EASTON
[Sim. Parei-o. Não tirei os olhos dele desde então.]
NATE
[Sim, aposto que não, seu filho da puta.]

Ele me responde com três emojis risonhos, e coloco meu telefone no bolso,
entrando no carro.
Eu não estava planejando levar Xavi comigo hoje, mas quando desci e
encontrei ele e Easton juntos no sofá, jogando videogame e falando de mim
como se fossem melhores amigos ou alguma merda, agi sem pensar.
Maldito Easton.
Ele geralmente não é tão legal. Porque ele tem uma queda por Xavi, entre
todas as pessoas, não faço ideia.
Observo a forma de Xavi enquanto dirijo, chateado com o quão gostoso
ele está hoje, mesmo quando está uma bagunça por dentro.
É por isso.
CAPÍTULO 27

Estamos sentados em completo silêncio, sem sequer o rádio para nos fazer
companhia, enquanto olho diretamente para a estrada movimentada.
— Sabe para onde estou te levando? — Nate finalmente pergunta.
Concordo com a cabeça e continuo roendo as unhas no banco do
passageiro, minha ansiedade crescendo enquanto passamos pela placa para
a praia na próxima saída.
— Ela te contou — ele adivinha, e aceno novamente.
— Ela me disse...
— Tudo — ele termina e acrescenta: — Entendi, Xavi.
Olho pela janela e enfio a unha nas cutículas sangrentas, virando a cabeça
quando ele agarra minha mão esquerda e a puxa para o lado dele. Mantendo
os olhos para frente, entrelaça nossos dedos como fez na outra noite, seu
polegar se movendo sobre a borda do meu.
Engulo e fico parado o máximo que posso, o que não é nem um minuto
inteiro. Quando não aguento mais, testo a situação e tento libertar minha
mão, mas ele não deixa, apertando ainda mais e selando os dedos sobre os
nós dos meus dedos. Ele não diz nada, mas posso dizer que está pensando
profundamente enquanto nos leva para onde estamos indo.
— Meus pais são idiotas — ele diz aleatoriamente.
— OK…
— Você sabia que meu pai está me ligando sem parar desde sexta à noite?
— Para te repreender sobre ter sido suspenso — presumo, não realmente
surpreso com isso.
Aposto que ele está furioso. Tudo o que esse cara se preocupa é com sua
imagem. Ele tem que ser o melhor em tudo, ter mais dinheiro, a casa maior,
o carro mais caro, os filhos mais bem-sucedidos, heterossexuais e certinhos,
ênfase na parte heterossexual.
Sei que ele está orgulhoso de Nate por ser a estrela que ele é, não porque
o ama e quer o melhor para ele, mas porque isso o faz parecer bem.
Katy uma vez me disse que achava que seu pai desejava que ela nunca
tivesse nascido. Ela pensou que o envergonhava por ser cega. Nunca quis
dar um soco em alguém tanto quanto naquele dia.
— Ele me ligou de novo esta manhã e atendi só para ver o que ele diria.
Ele nem sequer disse olá antes de começar a me criticar por causa do jogo.
— Ele faz uma pausa, apertando a mandíbula enquanto engolia. — Ele não
disse uma palavra sobre Katy.
— Ele esqueceu.
— Sim, Xavi. Ele esqueceu — ele diz calmamente. — Ou talvez não, e ele
simplesmente não dá mais a mínima.
Cerro os dentes para me impedir de dizer o que realmente quero dizer,
observando a paisagem conforme nos aproximamos do oceano. — E a sua
mãe?
— Não sei. Não falei com ela.
— Por que não?
— Você conhece minha mãe, Xav — ele resmunga, ainda sem olhar para
mim. — Ela é a pequena serva do meu pai. Não importa o que ele faça, nunca
está errado. Tudo sempre foi culpa de Katy. Foi culpa de Katy ela ter nascido
cega, culpa de Katy ter sofrido bullying no ensino médio, culpa de Katy por
eles a terem deixado tão deprimida que ela começou a brincar com você,
ficou viciada em drogas e arruinou a reputação deles. — Seu pulso está
apoiado no volante, a mão fechada em punho. — Minha mãe defenderá meu
pai até ficar com o rosto azul, mas ela nunca poderia defender seus próprios
filhos. Ela ficou do seu lado em vez do meu no dia em que Katy morreu, você
se lembra disso?
— Sim — sussurro, sem saber mais o que dizer.
Ele estaciona o carro e finalmente solta minha mão. — Deixe tudo o que
você tem aqui.
— Por quê?
— Apenas faça isso, Xavi. — Ele suspira, largando suas coisas no console
interno antes de sair.
Preocupado que ele vá embora sem mim, rapidamente pego meu telefone
e o jogo dentro, verificando se minhas fotos e a lista de Katy estão guardadas
com segurança dentro da minha carteira antes de colocá-la em cima da dele.
Saio do carro e corro em direção a ele, puxando o capuz sobre a cabeça e
enfiando as mãos nos bolsos, me protegendo do frio. O céu está cinzento e
quase não há ninguém aqui em cima, talvez duas ou três pessoas
caminhando na areia.
Nate caminha até o final do píer, exatamente como eu sabia que ele faria.
Sento-me na beirada ao lado dele, hesitando por um momento antes de
deslizar minha bunda e bater em seu quadril com o meu, chegando o mais
perto que posso dele, sem estar em cima dele.
O silêncio se estende entre nós, mas não parece estranho. É quase bom
estar aqui com ele, sentindo o calor de seu corpo ao meu lado, nossas pernas
penduradas na borda enquanto olhamos para a água.
— Meus pais costumavam fazer isso todos os anos, para nós dois — ele
diz depois de um tempo. — Fazer essas festas de aniversário ridículas em
casa, convidar todos os amigos e filhos para mostrar quanto dinheiro eles
têm. — Ele não parece zangado ao falar sobre isso, apenas distante, e embora
eu já tenha ouvido essa história algumas vezes antes, estou me apegando a
cada palavra enquanto ele me conta sua versão. — Katy tinha treze anos
quando finalmente disse a eles que não queria uma grande festa com um
monte de gente que ela não conhecia. Ela só queria ir para a maldita praia, e
eles não podiam nem dar isso a ela. Encontrei-a chorando no banheiro pouco
antes de cortarmos o bolo. Fiquei tão chateado que a peguei e disse para ela
ir me esperar na garagem. Roubei as chaves do meu pai quando ele não
estava olhando e roubamos o carro dele. Katy estava tão animada e histérica
ao mesmo tempo, com medo de que eu fosse preso. — Um pequeno sorriso
surgiu, mas ele esfrega a mão na boca para enterrá-lo. — De qualquer forma,
eu a trouxe para a praia e ficamos sentados aqui, falando merda sobre nossos
pais. E então ela me disse que queria nadar…
— Jesus — sussurro, sentindo náuseas só de pensar nisso enquanto espio
o oceano abaixo de nós. — E então ela simplesmente… pulou? Com todas as
roupas vestidas?
Ele ri da expressão de horror em meu rosto, balançando a cabeça enquanto
esfrega a mão na nuca. — A merdinha sabia que eu iria segui-la, mas ainda
assim, nunca estive tão assustado em toda a minha vida. Eu poderia tê-la
matado.
Sorrio e passo os braços em volta dos joelhos, em silêncio por um minuto
antes de perguntar: — Você vem aqui todos os anos?
Ele balança a cabeça, e só agora percebo o quão vulnerável ele parece,
ainda esfregando o mesmo ponto no pescoço como se estivesse
envergonhado. — Sei que é estúpido — ele diz.
Meus lábios se abrem enquanto olho para o lado de seu rosto.
Conheço esse idiota sem coração há cinco anos e nunca o vi agir assim
antes.
— Não acho que isso seja estúpido — digo suavemente, descansando
minha bochecha em seu braço. — Acho que é fofo.
Ele vira o rosto para olhar para mim, torcendo o nariz. — Não sou fofo.
— Sim, eu sei — resmungo, apontando na direção geral do meu queixo e
garganta.
Ele sorri e afasta minha cabeça, levantando-se para inclinar a cabeça para
o oceano. — Vamos.
— V-você quer que eu vá com você?
— Por que não? — ele brinca, agarrando meus pulsos e me levantando. —
Você está assustado?
Fico pálido, e ele estreita os olhos, olhando para mim como se eu tivesse
crescido duas cabeças.
— Já te vi nadar centenas de vezes, festeiro. Sei que você não tem medo da
água.
— Não é a água, é o que há nela — enfatizo, um arrepio percorrendo meu
corpo enquanto balanço a cabeça com firmeza. — Não nado na porra do mar,
cara. Isso me assusta.
— Por quê?
— Porque é escuro e... imundo. E há peixes nele.
— Peixes.
— Sim, peixes — sibilo. — Pare de rir.
Mas estou sorrindo.
Por que diabos estou sorrindo tanto?
Não consigo parar, e isso só fica maior quando ele diminui a distância
entre nós, coloca as duas mãos na minha cintura e descansa a testa na minha.
Assim que penso que ele está prestes a me beijar, sua risada morre e ele
examina meu rosto.
— Você está falando sério quando diz que me odeia?
— Não — admito, mal pensando nisso enquanto passo meus braços em
volta de seu pescoço e me inclino para roçar meus lábios nos dele. — Na
maioria das vezes estou apenas fingindo.
— Quer ver se podemos consertar isso? — ele pergunta, e então...
— Nate! — Grito, mas já estou caindo.
Caindo.
Ainda caindo antes de atingir a água com um estrondo.
Ah, merda, ah, merda, ah, merda.
Aperto os olhos e a boca enquanto afundo rápido e profundamente,
chutando freneticamente os braços e as pernas para nadar de volta à
superfície. Assim que a quebro, respiro fundo e continuo chutando,
desesperado para manter minha cabeça afundada acima da água gelada.
Porra. Ele não fez apenas isso.
Esse filho da puta, sério, simplesmente me pegou e me jogou na porra do
mar!
— Nate! — Grito de novo, cuspindo enquanto mais água entra em minha
boca. — Se me deixar aqui, juro por Deus que vou encontrar sua irmãzinha
e vamos assombrar sua bunda...
Um respingo enorme me assusta profundamente, e entro em pânico,
empurrando a água para tentar fugir dela. A cabeça de Nate aparece alguns
segundos depois, e estou ao mesmo tempo aliviado e furioso.
— Seu idiota — falo. — Mudei de ideia. Eu falei sério todas as vezes.
Ele sorri, e jogo água nele furiosamente, apesar de estar me afogando,
gritando quando meu pé bate em algo duro debaixo d'água.
— Que diabos é isso?!
— Jesus Cristo. — Ele engancha o tornozelo na parte de trás do meu joelho.
— Venha aqui.
Assim que ele está ao meu alcance, jogo meus braços em volta de seu
pescoço e prendo minhas pernas em volta de seus quadris, tremendo
enquanto me agarro a seu corpo.
— Você sabe quão profunda é essa água? — ele pergunta.
— Estou tentando não pensar nisso.
— Você quer nadar um pouco?
— Não! — Digo rapidamente, olhando quando ele sorri novamente. —
Você não é engraçado — rosno.
Mas ele ainda ri e começa a nadar, um grande braço em volta da minha
cintura enquanto usa o outro para nos levar de volta à costa. Não ajudo em
nada e ainda estou apavorado, mas me sinto... feliz por algum motivo,
sorrindo como um idiota enquanto enterro meu rosto em seu ombro e passo
meus dedos por seu cabelo curto e molhado.
Comecei este dia me sentindo tão quebrado e sozinho, querendo me
afogar em uísque e em qualquer outra coisa que pudesse encontrar, mas
agora está se transformando em um dos melhores dias que já tive em muito
tempo.
— Xavi.
— Sim?
— Você pode se levantar agora. — diz Nate, e só agora percebo que ele
começou a andar, ainda me segurando, embora a água mal chegue até seus
quadris.
— Não, obrigado. Estou bem aqui em cima — digo seriamente, travando
meus tornozelos na base de sua coluna para garantir que ele não me deixe
cair e me faça tocar o fundo.
Ele me carrega de volta para seu carro no estacionamento vazio, abrindo
o porta-malas e pegando uma toalha de dentro. Eu distraidamente passo
meus polegares pela base de seu pescoço, contente por ficar bem aqui em
seus braços. Ele inclina a cabeça para mim. Bufando de decepção, deslizo de
seu corpo e coloco os pés no chão, pegando a toalha que ele me oferece. Só
tem uma, então compartilhamos, usando uma ponta de cada para secar o
cabelo.
— Tire toda a roupa — ele diz, cruzando os braços sobre o corpo para tirar
o moletom e a camisa molhados. — Vou me certificar de que ninguém te
veja.
— Não me importo se alguém vir minha bunda nua, Nate.
— Talvez não, mas eu me importo — ele enfatiza, e faço uma pausa.
Dispo-me e ele me entrega uma calça preta limpa e um moletom com
capuz, espremendo o excesso de água das minhas roupas enquanto visto as
dele. Elas são enormes e ficam ridículas em mim, mas gosto delas.
— E você? — pergunto, movendo meu olhar sobre seu corpo seminu.
Ele me ignora e pega a toalha, secando meu cabelo porque,
aparentemente, não fiz isso direito da primeira vez.
— Você nunca planejou me trazer aqui, não é? — pergunto, afastando a
toalha do rosto para poder vê-lo. — Você só queria me afastar de Easton.
Mais uma vez, ele me ignora.
Quando estamos tão secos e limpos quanto possível, ele joga toda a coisa
molhada no porta-malas e o fecha com força. Estou tentando ao máximo tirar
o sorriso do meu rosto quando voltamos para o carro, mas ele não vai
embora.
Nate aumenta o aquecedor e me abraço, aproveitando a sensação macia e
quente de seu moletom na minha pele congelada. — Vou ficar com isso —
digo a ele.
— Fique — ele diz, segurando o encosto do meu assento enquanto sai da
vaga. — Não é meu.
— De quem é isso?
— Não me lembro do nome dele.
Sorrio e puxo o tecido entre o polegar e o indicador. — Você transou com
ele no banco de trás?
— Não — ele diz, sorrindo enquanto coloca o carro em movimento. — Ele
estava curvado exatamente onde você está quando o fiz gritar com meu pau
na bunda dele.
Olho, estudando cada centímetro de seu rosto enquanto ele nos leva de
volta para a rodovia. — Você está mentindo.
Ele levanta uma sobrancelha com isso. — O quê?
— Você é uma aberração por limpeza, Nate. Seu carro está tão imaculado
quanto sua casa. Não há como você ter o moletom de um cara qualquer no
seu porta-malas. Você ficaria louco sabendo que ele estava lá, sem nenhum
lugar adequado para ir.
Ele vira os olhos brevemente em minha direção e depois murmura: —
Você se acha tão inteligente, não é?
Sorrio grande, enganchando meus dedos sobre a gola e apertando meus
ombros no meu novo moletom.
— Vou ficar com isso — digo a ele novamente.

Estou tão confuso.


Nós nos revezamos no banho em seu banheiro quando voltamos para
casa, e então ele me levou para a cozinha. Depois que terminou de colocar
uma carga de roupa na máquina de lavar, me perguntou quando foi a última
vez que comi uma refeição adequada. Fiz uma careta e disse a ele que foi
quando tomei café da manhã com ele e Easton outro dia, e ele me encarou
antes de nos preparar comida suficiente para alimentar toda a sua equipe.
Observei-o enquanto ele cozinhava e então nos sentamos lado a lado no
balcão da cozinha, conversando e comendo juntos como se fosse a coisa mais
normal do mundo.
Estamos de volta ao quarto dele agora, deitados na cama e assistindo a um
filme que nem estou prestando atenção. Ele está de costas e estou de lado,
minha perna enganchada em sua coxa e minha bochecha em seu peito, os
nós dos dedos roçando minha coluna enquanto passo as pontas dos dedos
sobre o cós de seu moletom.
Ele não vai me deixar em paz. Não que eu queira que ele faça isso, mas
estou testando-o. Cada vez que tento escapar, ele me agarra pelos cabelos e
me puxa de volta, silenciosamente me dizendo que ainda não terminou
comigo.
Eu sorrio em seu peito toda vez que ele faz isso.
— Por que continua olhando para o relógio? — pergunto, apontando o
queixo para o Rolex preto em seu pulso.
— Hum?
— Você verificou cinco vezes nos últimos dois minutos. — Informo-o, meu
rosto corando de vergonha quando ele não diz nada. — Você... quer que eu
vá?
Em vez de me responder como uma pessoa decente faria, ele se vira e pega
o saco de papel marrom na mesa de cabeceira. Ele o comprou em uma
padaria da cidade no caminho de volta, mas não quis me dizer o que havia
nele quando perguntei.
Ele tira dois cupcakes cobertos com cobertura de baunilha e granulado de
arco-íris – o favorito meu e de Katy – e minha boca se abre quando ele me
passa um. Quando ele pega duas velas prateadas, eu agarro seu pulso e
verifico seu relógio, minha garganta quase se fecha quando percebo que é
quase meia-noite.
De jeito nenhum…
— Nate, o que você está... — Paro, fechando a boca quando ele me puxa e
se senta na minha frente.
Estamos de frente um para o outro na cama, ambos com as pernas
cruzadas e os joelhos se tocando enquanto ele coloca uma vela em cada bolo.
Ele sorri enquanto rouba o isqueiro do meu bolso, mas não é o seu sorriso
habitual. Ele não está brincando ou zombando de mim, está apenas sorrindo,
um pouco tímido, eu acho, e isso está me fazendo querer chorar.
— Como sabe disso? — Sussurro, incapaz de falar direito enquanto ele
acende as velas.
— Ela também me contou coisas, festeiro — ele responde. — Você era tudo
o que ela falava na maior parte do tempo.
Solto um barulho que mais parece um soluço do que uma risada, meus
olhos brilhando com lágrimas enquanto esperamos os segundos passarem
em seu relógio. Faltando um segundo para a meia-noite, ele apaga a vela, e
um segundo depois da meia-noite, eu apago a minha, sinalizando o fim do
aniversário de Katy e o início do meu.
Tiramos as velas e ele dá uma grande mordida no dele, me fazendo rir.
Imito-o, observando sua boca se mover enquanto lambo a cobertura do meu
lábio inferior.
— Feliz aniversário, Xav — ele diz suavemente.
Jogo-me nele, montando em seus quadris e passando meus braços em
volta de seu pescoço. Ele me beija primeiro, mas beijo-o com mais força,
cegamente colocando os bolos meio comidos em sua mesa de cabeceira antes
de me abaixar e puxar a bainha de seu moletom. Ele me deixa tirá-lo por
cima de sua cabeça, e então ele está segurando minha cintura com força, me
rolando para frente e para trás para me fazer esfregar nele.
Eu deveria manter minha boca fechada e deixá-lo me foder até eu perder
a capacidade de pensar direito, mas algo passou pela minha mente o dia todo
e preciso saber.
— Por que você está sendo tão legal comigo? — Falo, empurrando seu
peito até que ele esteja deitado de costas, esfregando meu pau duro contra o
dele. — Por que passou o dia comigo, Nate?
— Porque eu queria.
— Por quê?
Ele hesita antes de admitir: — Porque eu não queria ficar sozinho.
Faço uma pausa quando ele diz isso, e ele agarra minha cintura
novamente, me forçando a continuar esfregando.
— Eu não queria que você ficasse sozinho. Hoje não.
Eu... não tenho ideia do que dizer sobre isso, então não digo nada.
Beijo-o novamente, segurando seu rosto com as duas mãos e puxando seus
lábios com os dentes. Ele perde a paciência depois de alguns segundos e
recupera o controle, puxando meu cabelo e movendo a boca sobre meu
pescoço e garganta. Meu colarinho continua atrapalhando e ele rosna: — Tire
isso.
— Tirar o quê?
— Tudo isso — ele diz, puxando o moletom que estou vestindo como se o
ofendesse.
Tiro o moletom e jogo-o em algum lugar na cama, deixando-o morder o
lóbulo da minha orelha enquanto trabalho para colocar o cós do moletom
debaixo da minha bunda. Meus olhos se fixam na minha carteira no lençol
ao nosso lado e faço uma pausa. Caiu do bolso do meu moletom, o pedaço
de papel dentro dele saindo da parte de cima. Vejo meu nome escrito em
tinta preta no final da lista de Katy, e todos os pelos do meu corpo se
arrepiam.
Porra. Esqueci que tinha isso comigo.
Devo ter parado de respirar porque Nate puxa a cabeça para trás com as
sobrancelhas baixadas. — O que está errado?
— Nada — minto, agindo da forma mais natural possível enquanto tento
chutar minha carteira para fora da cama.
Ele já está olhando, estreitando o olhar quando percebe que estou
tentando esconder alguma coisa. Ele pega o papel e entro em pânico,
agarrando seu pulso para detê-lo.
— Nate, não.
Mas é claro que ele não me escuta. Ele me afasta com facilidade e desdobra
o papel, olhando silenciosamente para as palavras nele, seus olhos indo
repetidamente para o final da página.
Eu sei o que ele está lendo. Sei o que está nessa lista, palavra por palavra -
só a li mil vezes - mas me forço a ficar o mais imóvel possível, com muito
medo de assustá-lo.
Depois do que parece uma eternidade, ele lentamente pisca os olhos para
os meus.
Meu estômago está revirado em nós tensos e dolorosos.
Ele tenta dizer alguma coisa, não consegue e depois olha novamente para
o papel em sua mão. Seus olhos estão vidrados, e isso está partindo meu
coração, vê-lo lutar contra isso, cerrando a mandíbula enquanto ele me
empurra para longe dele e se levanta para me virar as costas.
Ele ainda está segurando a lista da irmã e, pela primeira vez na vida,
desejo nunca a ter conhecido. Eu gostaria de nunca ter entrado no mundo
dela e a forçado ser minha melhor amiga.
— Por que você não estava com ela? — ele pergunta, e estremeço como se
ele tivesse me dado um tapa. — Se você tivesse estado lá... — Ele lentamente
vira a cabeça em minha direção, parecendo tão quebrado e destruído quanto
eu. — Você poderia tê-la salvado.
Deus, apenas me mate, porra.
— Eu sei — consigo dizer.
Isso é algo que carrego comigo todos os dias, algo que assombra meus
sonhos e me mantém acordado à noite. Está existe, a culpa e a vergonha
espreitando logo abaixo da superfície.
Katy me enviou uma mensagem de voz na noite em que morreu e disse
que sairia sem mim se eu não ligasse de volta, e não fiz nada. Eu estava
mergulhado até os joelhos em alguma merda que não queria que ela
soubesse, então a deixei ir pensando que ela estaria mais segura assim.
Não percebi o quanto estava errado até que fosse tarde demais.
O cara que alugou a casa onde ela foi encontrada disse à polícia que já a
tinha visto por lá antes - um grupo de nós costumava frequentar muito a
casa dele - mas ele não sabia que ela estava lá naquela noite. Ele tinha um
álibi, disse que estava em uma festa na casa de um amigo com um monte de
gente. Ainda não sabemos se estava mentindo ou não. Se ele não estava com
ela, quem quer que fosse deve ter entrado em pânico e fugido. Katy tinha
apenas dezessete anos, então a deixou sozinha e não olhou para trás. A
pessoa nem se preocupou em chamar uma ambulância para ela. Se tivesse,
haveria uma boa chance de que ela ainda estivesse aqui.
Descobri alguns dias depois que, quando Nate não conseguiu entrar em
contato conosco naquela noite, ele invadiu a conta de Katy e conseguiu
rastrear o telefone dela até a casa em que ela estava, tarde para salvar sua
vida. Ele segurou a irmã enquanto ela morria em seus braços e só me viu
quando cheguei ao hospital, uma hora depois.
Fiquei esperando por isso durante semanas depois que ela morreu, mas
ele nunca perguntou.
Nem uma vez.
Agora ele está perguntando, e estou com medo de como ele se sentirá por
mim quando descobrir.
— Onde você estava, Xav?
Eu poderia mentir agora. Eu deveria. Eu deveria inventar alguma coisa,
dizer a ele que estava desmaiado em algum lugar, muito perturbado para
responder quando ela me ligou. Qualquer coisa seria melhor que a verdade.
Mas eu ainda dou a ele.
— Eu estava com meu traficante.
— Comprando drogas?
Ajoelhando-me em sua cama na frente dele, torço meu rosto em agonia, as
lágrimas escorrendo pelo meu rosto e mandíbula.
— Não comprando drogas — ele adivinha, uma risada entrecortada
escapando enquanto ele se aproxima. — Você estava sendo fodido enquanto
ela ligava para você? Enquanto ela estava morrendo no chão do banheiro de
um cara qualquer?
Mesmo que tenha sido ele quem disse isso, não acho que realmente
acredite ainda. Acho que ele está esperando que eu negue, mas não nego. Eu
não posso.
— Jesus Cristo. — Ele ri novamente. — Não é à toa que você não consegue
se olhar no espelho, seu pedaço de merda.
— Nate.
— Pare de dizer meu nome assim! — ele grita, me fazendo pular e me
afastar dele.
— Como o quê?
— Como se você estivesse arrependido. — Ele zomba, me puxando para
fora da cama e me empurrando de bunda no tapete. — Estou tão cansado de
você estar arrependido.
Enxugo os olhos com a parte de trás do pulso e me apoio na cabeceira da
cama, incapaz de olhar para ele de frente. — O que quer que eu faça?
Balançando a cabeça para mim, ele empurra a lista de Katy no meu peito
com força suficiente para me fazer recuar um passo. — Apenas saia da minha
frente.
— Nate, por favor...
— Saia, Xavi.
... não me expulse.
Agarrando o papel, pego minha carteira e o moletom que ele me deu,
usando-o para me cobrir enquanto abro a porta e saio para o corredor.
Quando chego ao meu quarto, largo minhas coisas na cama, vou direto para
o banheiro e me inclino sobre a pia.
O pequeno espelho no balcão parece estar me provocando, e eu curvo meu
lábio para ele, pegando-o e batendo-o contra a parede de azulejos. Um
pedaço de vidro ricocheteia e me atinge no rosto, cortando minha bochecha
logo abaixo do olho. Tocando o sangue ali, meus lábios tremem enquanto
me agacho para pegar os pedaços, imaginando os cupcakes comidos pela
metade na mesa de cabeceira de Nate enquanto olho para meu reflexo
quebrado.
CAPÍTULO 28

— Onde diabos você estava? — Frankie pergunta assim que entro em casa,
me seguindo com Carter e Easton em seu encalço.
— Eu disse que ia correr. — Jogo minha camiseta por cima do pescoço,
apertando as pontas dos dedos enquanto entro na cozinha.
— Nate, isso foi há três horas — ela prolonga. — Jesus, você correu esse
tempo todo?
Não respondo a isso, ficando de costas para eles enquanto pego um pouco
de água na geladeira. Sinto seus olhos em mim enquanto bebo metade da
garrafa, meu peito queima enquanto o suor escorre pelo meu peito e costas.
Todo o meu corpo parece estar em chamas, que é exatamente o que eu
queria. Precisava. Aceitarei a dor física em vez de qualquer outro tipo.
Quando me viro para tomar um banho, encontro Carter me observando
atentamente, olhando para minha cabeça como se estivesse tentando ver o
que há dentro dela. — O que aconteceu?
— Não é da sua conta.
Ele levanta uma sobrancelha ao meu tom. Quando estou prestes a dizer a
ele para não brincar comigo hoje, ele se afasta de mim e grita: — Garotinho!
Ele caminha pelo corredor até a sala de estar, e não posso deixar de segui-
lo, ouvindo Easton e Frankie vindo atrás de mim enquanto paro para
observar da porta aberta.
— O que você fez? — Carter pergunta a Xavi.
Xavi está olhando para ele do seu lugar no sofá, confuso, mas então ele me
vê, e sua confusão se transforma em algo mais doloroso e cru.
Eu não deveria ter aberto a boca ontem à noite. Eu sabia que não deveria
ter perguntado a ele o que eu queria perguntar há anos, mas perguntei, e
agora aqui estamos. Provavelmente nunca mais serei capaz de olhar para ele
novamente sem imaginá-lo curvado para algum idiota sem rosto, gemendo
em seus lençóis, ignorando minha irmãzinha ligando para seu telefone
porque ele estava muito ocupado enchendo seu buraco safado.
Qualquer olhar que ele vê no meu rosto o faz estremecer, seus ombros
afundando enquanto ele se enterra no cobertor que está enrolado em seu
corpo. Ele parece exausto, como se não tivesse dormido nada na noite
passada, as olheiras ainda mais escuras do que o normal, seu cabelo
bagunçado espetado em todas as direções possíveis. Ele está usando o
moletom que dei a ele ontem e sinto algo puxar meu peito, mas antes que eu
possa descobrir o que é, a sensação desaparece e volto a querer jogá-lo de
um telhado.
Carter suspira e volta sua atenção para Xavi. — Você vai passar o
aniversário inteiro de mau humor ou o quê?
Os olhos de Xavi se arregalam um pouco e suas bochechas ficam rosadas
de vergonha quando Easton e Frankie olham para ele, provavelmente
porque agora ele parece um perdedor ainda maior do que já é.
— É seu aniversário? — Frankie pergunta, franzindo a testa. — Mas você
ficou sentado aí sozinho o dia todo. Onde estão seus pais?
— Ei, fui eu quem não quis fazer nada com eles, e não o contrário — ele
retruca na defensiva, e ela franze a testa ainda mais.
— Cara, eu só estava perguntando.
Ele revira os olhos e sutilmente movo os meus entre os dois. Essa não é a
primeira vez que ele diz ou faz algo para irritá-la, mas Frankie nunca parece
reagir a ele da maneira que costuma fazer. Se alguém falasse assim com ela,
ela já estaria ameaçando enfiar o punho na garganta deles. Eu espero, mas
ela não diz nada para ele. Em vez disso, ela esconde um sorriso atrás dos nós
dos dedos, e isso me faz querer bater em alguma coisa.
Ótimo. A garota psicopata também tem uma queda por ele.
— Devíamos levá-lo ao clube gay. — Frankie sugere do nada, e Carter
sorri.
— Sim.
— Não. — Xavi e eu dizemos juntos, nossos olhares colidindo exatamente
ao mesmo tempo. Olho para ele, e ele olha de volta.
— Vou se eu quiser.
— O caralho que você vai.
Easton limpa a garganta e passa a mão pelo cabelo. — Eu vou — ele diz
para Frankie e Carter, claramente desconfortável e pronto para sair daqui.
— Espere, você vai ao clube gay? — Xavi pergunta, animando-se enquanto
se vira de joelhos e apoia os braços nas costas do sofá.
— Por que não? — Easton encolhe os ombros, sorrindo um pouco
enquanto passa o braço em volta do pescoço de Frankie. — As garotas bi
estão lá.
Ela empurra o rosto dele de brincadeira e Xavi ri, seu rosto entristecendo
quando ele encontra meus olhos novamente. — Por que não posso ir?
— Provavelmente porque você é um viciado em recuperação. — Carter
diz sem rodeios, ainda sorrindo de todo o drama enquanto coloca um
chiclete na boca. — Muita tentação.
Os olhos de Frankie se arregalam ligeiramente.
As bochechas de Xavi coram ainda mais quando ele diz: — Vá se foder,
Carter.
— Diga-me como você quer, garotinho — ele brinca, agarrando a base do
seu pau através da calça.
Puxo-o pelo colarinho antes que ele possa dar um passo, encarando Xavi
enquanto me coloco entre ele e Carter. — Você não está indo.
Cruzando os braços sobre o peito, ele levanta as sobrancelhas como um
pirralho. — Você não acha que eu posso fazer isso?
— Sei que você não pode.
Seus olhos se estreitam e ele se levanta do sofá, parecendo ao mesmo
tempo humilhado e determinado enquanto dobra o cobertor exatamente do
jeito que eu gosto.
— O que você está fazendo?
— Provando isso para você — ele responde, falando com Frankie e os
meninos ao passar. — Dê-me uma hora.
Passo na frente dele novamente, e ele para com vergonha de esbarrar em
mim, seus olhos lentamente se movendo para cima do meu short, sobre meu
abdômen e peito, e finalmente pousando em algum lugar ao redor da minha
boca, sem coragem suficiente para me olhar no olho quando estamos tão
perto. Minhas mãos se movem sem meu consentimento, e enrolo meus
dedos em volta de sua cintura, puxando-o e acariciando seus quadris por
baixo do moletom. Ele se derrete contra mim quase instantaneamente, como
uma vadia que não se cansa, desesperado por minha atenção.
Segurando o lado de seu rosto macio, forço-o a encontrar meu olhar
enquanto toco o pequeno corte em sua bochecha. Ele engole, fechando os
lábios com força e se recusando a responder à minha pergunta não
formulada.
Não consigo entender o que ele está pensando no momento. Sua cabeça
está muito confusa para que eu possa sequer tentar, mas posso dizer que ele
está nervoso, e eu adoro isso. Adoro o modo como ele age quando estou por
perto, como se estivesse constantemente no limite, esperando que eu lhe dê
um soco. Ou transe com ele.
Deixo minhas mãos caírem de seu corpo, depois me afasto, inclinando a
cabeça na direção da porta para lhe dar permissão. Ele pisca, abaixando o
rosto para esconder sua expressão enquanto sai da sala.
— Bem, que merda.
— Cale a boca, Carter — murmuro, segurando a camiseta em volta do
pescoço enquanto observo meu garoto ir embora.

Depois do banho, eu me seco, coloco uma toalha limpa em volta da cintura


e saio do banheiro com os pés descalços em direção ao canto do meu armário.
Alcançando a prateleira superior, encontro a caixa preta que estou
procurando e a retiro, colocando-a cuidadosamente sobre a penteadeira.
Olho fixamente para ela por um minuto, antes de tomar a iniciativa e tirar a
tampa.
Não vejo essas fotos com frequência, principalmente porque as odeio, mas
também porque toda vez que faço isso, a tentação de rasgá-las todas e atear
fogo quase vence. Ainda quero fazer isso, talvez forçar Xavi a assistir
enquanto arranco o último pedaço de seu coração, mas sei que isso não
mudaria nada.
Eu costumava pensar que se tentasse o suficiente, se pressionasse o
suficiente, poderia virar Katy contra ele e separá-los, mas nunca tive a menor
chance. Ela costumava me dizer que eram almas gêmeas platônicas ou algo
assim, e descobri que ela estava certa. Não importava o que eu fizesse, não
havia nada que eu pudesse fazer para mantê-los afastados um do outro.
Pego uma das fotos Polaroid que estão no topo e fico olhando para ela.
Eles estão no parque nesta, sentados no topo da roda gigante. Ele está com o
braço em volta do pescoço dela, e ela está com a língua na bochecha dele, o
braço estendido na frente deles para tirar a foto. Ele parece estar sorrindo e
se encolhendo, e ela está rindo tanto que sua mão deve estar tremendo,
desfocando um pouco a foto.
Virando-a, li as palavras que ela rabiscou no verso. A caligrafia de Katy
era um desastre mesmo nos dias bons, mas já li isso tantas vezes que consigo
entender perfeitamente.
Eu lambi, então é meu.
Sorrindo um pouco, jogo a foto de volta na caixa e coloco delicadamente a
tampa em cima. — Que pena, irmãzinha — sussurro. — Ele é meu agora.

Assim que estou saindo do meu quarto, Xavi sai do dele com dez minutos
de sobra, fechando a porta atrás de si e enfiando a carteira e o telefone no
bolso de trás.
Amaldiçoo quando dou uma boa olhada nele, rapidamente diminuindo a
distância entre nós e fazendo-o pular, com os olhos arregalados enquanto o
prendo contra a parede.
Não sei se ele está tentando me irritar ou me impressionar, mas de
qualquer forma, ele teve sucesso em ambos.
Ele está vestindo o jeans mais justo que possui e um top preto em rede
arrastão. Tem mangas compridas, mas a bainha é curta, logo abaixo dos
mamilos. Seus piercings perfuram o material, e meus dedos deslizam sobre
suas costelas e depois até seu peito para roçar o metal. Ele se engasga, e beijo-
o sem aviso, apertando seu mamilo com força suficiente para fazê-lo gemer
em minha boca.
— Porra.
Sim. Porra.
Não sei o que há de errado comigo.
Odeio-o, mas não consigo ficar longe dele.
A maneira como sou puxado em direção a ele... sou impotente para
impedir isso.
Há uma corrente de prata com vários pingentes em volta de sua cintura
estreita, e coloco um dedo embaixo dela, meu pau balançando atrás do zíper
enquanto imagino o quão gostoso ele vai ficar quando eu transar com ele
mais tarde.
Puxo enquanto o beijo, e ele choraminga, abrindo a boca e me oferecendo
a língua. Ele não deveria me dar o piercing até que esteja completamente
curado, mas eu ainda o pego, provocando apenas a ponta e as bordas com o
meu, tomando cuidado para não tocar em seu piercing.
Ele fica na ponta dos pés para tentar se aproximar, como se quisesse entrar
na minha pele e morar lá. Ajudo-o, prendendo sua coxa em meu quadril e
deslizando minha mão livre em seu bolso de trás. Roubo suas coisas e as
enfio nos bolsos, apenas tirando minhas mãos dele por um segundo antes de
colocá-las de volta em seu corpo.
— O que você está fazendo?
— Elas estão atrapalhando — digo a ele, espalhando meus dedos sobre
sua bunda e apertando. — Quero ver o formato dessa bunda toda vez que
você se mover esta noite.
— Nate, — ele choraminga, cruzando os braços em volta do meu pescoço,
esfregando seu pau grande na minha coxa. — Mudei de ideia.
— Sobre o quê?
— Não quero sair — ele diz rapidamente, com as mãos tremendo
enquanto tenta desabotoar meu jeans. — Quero ficar aqui com você. Foda-
me aqui mesmo. Por favor.
Suprimindo um gemido, agarro seus pulsos e os prendo na parede. Ele
tenta se libertar, então bato suas mãos novamente. Ele olha para mim então,
e o beijo mais suavemente desta vez, provocando-o.
— Filho da puta — ele sussurra, e eu rio, olhando para a esquerda quando
a porta de Carter se abre ao nosso lado.
Ele para de andar quando nos vê, seus olhos pousando imediatamente no
corpo de Xavi, sua boca formando aquele sorriso estúpido enquanto ele o
devora com seu olhar. — Você realmente vai deixá-lo usar isso?
— Ele pode usar o que quiser. — Passo as costas dos dedos pela corrente
da cintura de Xavi, olhando para ele novamente. — Ninguém vai chegar
perto dele.
Seus olhos parecem escurecer e iluminar ao mesmo tempo, e mordo seu
lábio inferior, meu toque tão suave quanto as palavras que saem da minha
boca.
— Se você tentar me deixar com ciúmes esta noite, vou te foder com tanta
força e por tanto tempo, que nunca mais vai querer pau de novo quando eu
terminar com você.
— Não vou tentar deixá-lo com ciúmes. — Seus braços envolvem meu
pescoço, sua respiração fazendo cócegas em meu queixo. — Não estou
tentando deixá-lo bravo, Nate. Eu só queria ficar bem para você.
Meu gemido escapa e agarro seus quadris, esfregando-me nele para
mostrar o quão duro ele está me deixando. — Você está tão bem, bebê —
digo, segurando seu rosto para estudar o delineador que ele está usando. —
Tão lindo.
Ele cora e morde o lábio. — Eu gostaria de ter uma gargantilha para usar
— ele diz, e baixo meus olhos para sua garganta.
Pegando seu pulso, ignoro o modo como Carter está boquiaberto para nós
enquanto levo Xavi pelo corredor. Ele parece confuso quando bato na porta
do quarto de Frankie, sem tirar os olhos dele enquanto ela grita: — Ok, ok,
estou quase terminando!
Abro a porta e saio do caminho, gesticulando para Xavi entrar. Ele não se
move, torcendo o nariz enquanto estica o pescoço para espiar dentro do
quarto. — Não vou entrar aí.
Empurro-o de qualquer maneira, e ele me bate com os olhos arregalados
e um olhar de pânico por cima do ombro. Quando ele está prestes a sair
correndo, Frankie aparece vestindo nada além de calcinha e sandália
vermelha nos pés. — Droga — ela diz, com seu enorme sorriso voltado para
Xavi. — Cara, você está lindo.
Seus olhos ainda estão arregalados e ele está ficando vermelho das
bochechas até o abdômen, incapaz de esconder isso com toda aquela pele
nua à mostra. Ele está olhando para qualquer lugar, menos para ela, e ela
está olhando para ele bem na minha frente, bufando quando percebe meu
olhar.
Movo-me para sair, então paro quando algo me ocorre. — Você comeu
hoje? — pergunto a Xavi, e ele hesita antes de balançar a cabeça.
Rangendo os dentes, vou até a cozinha e preparo um pouco de comida
para ele, fingindo que Carter não está olhando para minhas costas,
preocupado que eu tenha enlouquecido.
CAPÍTULO 29

Xavi continua tocando seu pescoço como se pudesse sentir meus olhos
nele, olhando para mim de vez em quando para verificar se ainda o estou
observando.
A gargantilha que Frankie lhe emprestou é prateada e apertada, com
apenas um dedo de espaço entre ela e sua carne, o pequeno pingente de
borboleta pendurado em seu pescoço combinando com os da corrente na
cintura. Fica tão bem nele que estou tentado a dizer que ele nunca vai tirar.
Ele sorri como se pudesse ouvir os pensamentos incessantes passando
pela minha cabeça, sua mão flexionando a minha enquanto nos
aproximamos da entrada principal do clube para onde o estamos levando.
Agarrei-o quando saímos da caminhonete e me recusei a soltá-lo, fazendo
questão de me posicionar entre ele e Carter quando peguei Carter olhando
para sua bunda.
— Por que não pegamos um Uber? — Xavi pergunta, apontando o queixo
para a caminhonete de Frankie por cima do meu ombro. — Não confio em
mim mesmo para dirigir essa coisa, Frankie. É muito grande.
— Você não vai dirigir minha caminhonete — ela diz, indignada por ele
ter dito tal coisa.
— Então como devemos voltar?
— Na minha caminhonete... — ela diz lentamente. — Que vou dirigir.
Ele franze a testa. — Você não vai beber esta noite?
— Nenhum de nós vai. — Frankie diz a ele, afofando o cabelo na janela de
um carro enquanto passamos por ele.
Ele olha para os meninos, piscando para eles quando Easton dá de ombros
como se isso não fosse grande coisa. Xavi me olha de lado com as
sobrancelhas franzidas, a acusação clara, e eu sutilmente balanço a cabeça.
Eu não disse a eles que não poderiam beber esta noite. Isso é culpa deles.
Chegamos ao clube e o encontramos tão movimentado como sempre,
corpo a corpo, as luzes estroboscópicas das cores do arco-íris piscando pelo
enorme espaço. Olhando em volta, imediatamente vejo dois caras passando
comprimidos com a língua, encostados na parede do canto, e é exatamente
por isso que eu não queria que Xavi viesse aqui, mas ele nem está olhando
para eles. Ele parece mais preocupado com a minha mão na dele, seus dedos
se contraindo a cada poucos segundos, como se ele quisesse soltá-la.
— Pare — digo, e ele para, mastigando aquele maldito piercing no lábio
novamente enquanto eu o viro para mim.
Frankie e os meninos nos deixam sozinhos e vão para a pista de dança, e
levo Xavi de volta para a varanda de vidro com vista para o nível inferior.
Ainda segurando suas mãos, empurro-me nele, descaradamente deixando
todos ao nosso redor saberem que ele é meu. Há tantos olhos nele agora, mas
ou ele os está ignorando ou realmente não percebe, nem uma vez desviando
o olhar de mim.
Nem sei por que estou tão preocupado. Posso não ser o único cara que ele
já deixou transar com ele, mas sou o único que ele já olhou dessa forma.
Nunca o vi olhar para ninguém como ele olha para mim. Nem mesmo a Katy,
e ele costumava olhar para ela como se ela fosse seu mundo inteiro.
— Nate... — ele avisa, engolindo em seco quando meus lábios roçam seu
piercing. — Nate, alguém pode reconhecer você.
— Você acreditaria em mim se eu dissesse que você vale a pena? —
Pergunto, e ele estreita seus lindos olhos em fendas.
— Não.
Uma leve risada me deixa, e finalmente deixo que ele coloque as mãos
para trás, segurando sua cintura antes de passar as palmas sobre sua barriga.
— Ninguém vai me reconhecer, mas se isso acontecer, Carter está aqui. Ele
me protege.
Ele vira a cabeça para seguir minha linha de visão pela varanda, vendo
Carter olhando para nós enquanto dança com um lindo garoto de cabelos
escuros que se parece muito com Xavi à distância. Olho e Carter sorri, o filho
da puta.
— Há rumores sobre você, sabe? — Xavi pergunta, chamando minha
atenção de volta para ele.
— Sim, eu sei.
— Mas você não se importa?
— Meu pai é o único que se importa, Xav. Não dou a mínima para o que
as pessoas dizem sobre mim. A única razão pela qual não estou assumido é
porque só quero...
— Uma vida fácil — ele termina para mim, balançando a cabeça. —
Entendo.
Seu sorriso é mais triste do que reconfortante, e de repente me dá vontade
de fazê-lo sorrir de verdade.
— Venha dançar comigo.
— O quê?
Ignorando seu choque, levo-o para baixo e o guio por todos os corpos na
pista de dança, pegando sua cintura e enganchando meus dedos sob a
corrente apoiada em seus quadris. Ele hesitantemente estende a mão e coloca
as mãos atrás do meu pescoço, permitindo-me mover seu corpo e girar
nossos quadris juntos.
Carter levanta uma sobrancelha para mim por cima do ombro e sorrio,
abaixando a cabeça para colocar minha boca perto da orelha de Xavi. —
Lembra-se da última vez que peguei você e minha irmã em um lugar como
este?
Ele balança a cabeça, e não perco o olhar presunçoso em seu rosto antes
que ele tente escondê-lo em meu pescoço.
Lembro-me de entrar naquele clube com Carter e encontrar Katy com um
cara que eu nunca tinha visto antes, ele parado na frente dela como um
escudo humano enquanto Xavi brigava com outro cara a poucos metros de
distância. Furioso com os dois, agarrei minha irmã e disse a Carter para
observá-la, então me movi para agarrar seu melhor amigo idiota, puxando-
o pela nuca do cara que ele estava em cima. Xavi tentou me dar um soco,
então agarrei-o pelo pescoço e puxei seu corpinho contra o meu, desafiando-
o com meus olhos a fazer isso. Toda a cor sumiu de seu rosto quando ele viu
que era eu, e finalmente se acalmou, estremecendo quando gritei para ele
parar de brigar na frente da minha irmã. Perdi a conta de quantas vezes ele
se envolveu com algum cara que tentou colocar as mãos nela. Eu
provavelmente teria agradecido ao merdinha se não fosse ele quem a
colocasse em perigo daquela forma, noite após noite.
Quando eu estava prestes a tirar os dois de lá, o cara que estava no chão
se levantou e tentou atacar Xavi de novo, e perdi o controle. Nocauteei-o ali
mesmo, no meio do clube, com os nós dos dedos ensanguentados, enquanto
agarrava o braço de Xavi e o arrastava até a saída. Ele não conseguia parar
de sorrir, mesmo com o lábio sangrando, pingando por todo o queixo e
pescoço, eu nunca o tinha visto tão feliz. Isso me irritou e acabei prendendo-
o na parede do lado de fora. Isso foi o mais perto que cheguei dele antes, e
eu sabia que ele gostava tanto quanto eu fingia que não. Seu pau estava duro
e ele nem tentou esconder isso de mim. Foi só quando nós dois percebemos
que eu também estava duro que finalmente o deixei ir e dei dez passos para
longe dele.
Carter e eu levamos Katy para o carro, e Xavi ficou encostado na parede
contra a qual empurrei-o, ainda sorrindo enquanto me observava abandoná-
lo.
— Idiota arrogante — murmuro, e Xavi ri no meu ouvido, apertando os
braços em volta do meu pescoço enquanto giramos os quadris ao ritmo da
música.
Sua respiração fica presa quando passo minhas mãos até sua bunda, suas
bochechas brilhando sob as luzes. Inclinando a cabeça, esfrego
discretamente meu dedo médio sobre seu buraco através de sua calça jeans.
Ele geme, cravando as unhas na minha nuca.
— Bebê…
— Hum?
— O que tem na sua bunda?
— Um plugue.
Amaldiçoo, e ele sorri com orgulho, fechando os olhos enquanto continua
dançando contra mim.
— Você é uma puta. — Seguro seu rosto em minhas mãos, esperando que
ele olhe para mim novamente. — Você o colocou para mim? Para que esteja
bem e pronto para o meu pau assim que chegarmos em casa?
Ele concorda.
— Bom garoto — digo, e ele fica na ponta dos pés para me beijar.
Beijo-o de volta e o levo para um dos sofás vazios no canto da boate,
sentando e guiando suas pernas sobre minhas coxas. Ele monta em mim e
esfrega sua bunda no meu pau para ficar confortável, seus dentes brincando
com meus lábios. — Você acha que alguém será capaz de dizer se eu fazê-lo
gozar de jeans?
— Provavelmente, sim.
— Correrei esse risco se quiser — ele brinca, e agarro suas mãos antes que
ele possa agarrar meu pau, fazendo-o fazer beicinho.
— Conte-me sobre a lista.
Toda a brincadeira desaparece de seu rosto e ele engole em seco, baixando
os olhos para evitar os meus.
— Diga-me, Xav.
Tão baixinho que tenho que ler seus lábios para entender, ele diz: — Não
quero.
— Xavi.
— Eu disse não, Nate. — Ele tenta se afastar de mim, mas eu não deixo,
agarrando a parte de trás dos seus joelhos e puxando-o de volta.
— Não vou ficar bravo. — Afrouxo meu aperto, suspirando quando ele
me lança esse olhar, como se quisesse me dizer que estou falando merda. —
Prometo.
— Você também não vai me dar um soco?
Balanço a cabeça e ele semicerra os olhos para mim, franzindo os lábios
enquanto pensa nisso por um minuto.
— Não estou lhe contando nada — ele finalmente diz. — Você pode me
perguntar e responderei se quiser.
— Ok. — Concordo. — Você escreveu para ela?
Ele acena com a cabeça uma vez, sem me dar mais nada.
Levanto uma sobrancelha, incapaz de resistir a fazer a pergunta para a
qual mais quero saber a resposta. — E o último?
— Foda-me — ele murmura baixinho, passando a mão pelo cabelo
enquanto seu rosto cora de vergonha. Inclino a cabeça, esperando, e ele
revira os olhos, deixando cair o braço de volta no colo. — Ok, olha, foi Katy,
não eu. Eu nem sabia que estava lá até que invadi sua casa para pegá-la.
— Você invadiu minha casa?
— Você me bateu e me expulsou do funeral dela — ele retruca, cerrando
os dentes diante da falta de remorso em meu rosto. — Eu estava chateado
com vocês e sabia que todos ficariam na igreja por um tempo, e eu
simplesmente...
— Você simplesmente o quê?
— Eu só queria algo que fosse dela, ok?
Não, não está tudo bem.
Estou prestes a dizer a ele que ele não merecia nada que era dela, mas me
contenho, fazendo o meu melhor para não ficar bravo como prometi.
— E agora? — Pergunto. — Ela não está aqui para fazer essas coisas
sozinha, então você está fazendo tudo por ela?
Ele hesita por alguns instantes, depois balança a cabeça novamente, meu
coração torcendo no peito com a emoção crua em seu rosto. Parece amor,
mas está contaminado, a culpa dele pelo que aconteceu com ela o corta por
dentro.
Não digo a ele que sei exatamente como é isso.
— É por isso que colocou um piercing na língua?
— Sim.
— Em qual piscina você mergulhou nu?
— A de Bryson West — ele responde, e penso na festa que Easton levou
ele na noite em que se mudou para cá, na noite em que o arrastei para fora
da cozinha depois que ele me disse que Katy sempre gostou mais dele do
que de mim. — Foi assim que machuquei minha perna — ele continua
olhando para baixo e passando o dedo pela parte interna da coxa. — Cortei
na cerca quando estava fugindo do pai dele.
— Ele te perseguiu?
— Sim, enquanto eu estava pelado. — Ele dá uma risada, balançando a
cabeça com a lembrança. — Borrei-me todo.
— Você sabe que ele tem uma arma, certo?
— O quê?
— Xavi, ele é louco — enfatizo, não achando isso nem um pouco
engraçado. — Ele puxou isso para você?
— Não sei. Eu estava com os olhos vendados.
Jesus Cristo.
— Espere, por que você estava…?
E então isso me atinge.
Ele está fazendo tudo às cegas.
Porra. Há algo errado com meu coração.
Xavi limpa a garganta e desvia o olhar, observando Easton e Frankie
dançarem com uma garota coberta de tatuagens a poucos metros de nós, ela
no meio enquanto meus amigos a pressionam de ambos os lados. Easton
pisca para Xavi, e os lábios de Xavi se contraem, sua cabeça virando-se para
mim quando eu digo: — Vá dançar no bar.
— O quê?
— Você me ouviu. — Recosto-me no sofá e passo as mãos sobre sua
barriga tensa, as pontas dos dedos provocando a pele sob seu top curto. —
Esse é o número sete, certo? Dançar em um bar.
— Sim…
— Então vá dançar no bar.
— Não posso.
— Por que não?
— Eu não trouxe a venda.
Olhando ao redor para todas as pessoas sem camisa andando pelo clube,
coloco a mão atrás do pescoço e puxo minha camiseta pela cabeça, torcendo-
a algumas vezes antes de usá-la para cobrir os olhos de Xavi. Ele fica
boquiaberto enquanto amarro minha camisa na parte de trás de sua cabeça.
Colocando nós dois de pé, conduzo-o pela multidão e volto para a pista de
dança.
Easton e Frankie abandonaram a garota com quem estavam, só os dois
dançando juntos agora, então ando por trás de Frankie, inclinando-me sobre
ela para gritar por cima da música. — Distraia o barman para mim.
Ela sorri maliciosamente por cima do ombro, e levo Xavi até o local menos
movimentado do bar. Não que isso vá fazer alguma diferença. Ele ainda nem
chegou lá, mas as pessoas já estão olhando para ele, curiosamente seguindo-
o com os olhos enquanto ele ajusta a venda improvisada.
— Se você cair, caia para frente — digo em seu ouvido, pegando-o e
colocando sua bunda no limite.
Ele solta um grito e estende a mão para tocar meus ombros, verificando
onde estou. Bato na parte externa de sua coxa, sinalizando para ele se
levantar, e ele nem hesita, puxando as pernas e se levantando para ficar de
pé. “Come & Get It” de Selena Gomez está tocando no clube, e Xavi não
perde o ritmo, atraindo uma multidão em segundos.
Posso ver Frankie e Easton em minha visão periférica, começando uma
discussão um com o outro do outro lado do bar para chamar a atenção do
barman. Tenho certeza de que Carter também está por aqui em algum lugar,
mas não tiro os olhos de Xavi para descobrir. Sou como um falcão
perseguindo sua presa, meus punhos apoiados na borda do bar na frente de
seus pés, minhas unhas cortando as palmas das mãos.
Ele parece tão sexy lá em cima. Ele está se movendo como um stripper,
girando lentamente os quadris de um lado para o outro, com as mãos na
cintura, na barriga, subindo pelo pescoço e no cabelo. Seu sorriso é enorme,
mas aposto que ele não percebe quantas pessoas estão assistindo seu
pequeno show agora, atraídas por ele como mariposas pela chama.
É meio engraçado. Uma coisinha arrogante como ele não tem ideia de
como é lindo.
Vejo um cara apontando o telefone para Xavi ao meu lado, mas antes que
eu possa pensar em meu próximo movimento, Carter aparece do nada e
casualmente tira o telefone de sua mão, pressionando-o contra o peito do
cara e dizendo-lhe para ir embora. Ele diz algo para ele, ficando na cara de
Carter, e Carter o empurra com mais força do que o necessário. Ele tropeça
em outra pessoa, e então começa uma briga entre Carter e alguns amigos do
outro cara.
Hora de ir.
Estendendo a mão para agarrar a parte de trás da coxa de Xavi, eu
gentilmente o puxo em minha direção e o pego quando ele pula em meus
braços, envolvendo as pernas em volta da minha cintura enquanto tiro a
camisa de seu rosto. Ele sorri para mim como se eu tivesse pendurado a
maldita lua para ele, e sorrio de volta, segurando-o com o braço sob sua
bunda enquanto vejo as costas da camisa de Carter. Empurrando-o para
andar na minha frente, o sigo até a saída, revirando os olhos quando vejo
Frankie brigando com um cara com o dobro do tamanho dela perto da porta
principal. Carter a agarra por trás, e ele e Easton a carregam para fora do
clube, evitando ser nocauteados por suas longas pernas enquanto ela as
chuta no cara com quem ela ainda está gritando.
— Eles são sua família agora, não são? — Xavi me pergunta, e só agora
percebo que há um sorriso estranho em meus lábios.
Concordo com a cabeça, encolhendo os ombros quando percebo o olhar
patético que ele está me dando. — Não sinta pena de mim, festeiro. Tenho
mais pessoas que amo do que você.
Ele aperta os lábios e aperta os punhos sobre meus ombros, tentando e não
conseguindo esconder a dor em seu rosto. Ele tenta se abaixar, então bato
em sua bunda e aperto com força, empurrando meus dedos em sua dobra
sobre sua calça jeans. Ele geme e coloca o rosto no meu pescoço,
provavelmente se arrependendo de ter me contado sobre o plug em sua
bunda.
— Vou para casa com aquele novinho bonitinho que se parece com Xavi.
— Carter anuncia, e paro de andar, virando-me para encará-lo.
— Quero o nome e endereço dele.
— Por que, para que possa aproveitar meus restos de novo? — ele brinca,
piscando para Xavi quando ele zomba dele. — Relaxe, garoto. Estou
brincando.
— Por que você é amigo dele? — Xavi me pergunta.
— Porque ele paga metade do aluguel — respondo, balançando a cabeça
ao ver o olhar estúpido no rosto de Carter.
— Também te amo, melhor amigo.
— Nome e endereço, Carter.
— Eu já os enviei.
Tiro meu telefone da calça jeans para verificar, acenando para ele quando
vejo a mensagem e a foto que ele me enviou. Ele volta para dentro do clube
e coloco meu telefone no bolso novamente, carregando Xavi de volta para a
caminhonete. Aparentemente me perdoando por ter sido um idiota há um
minuto, ele passa os braços em volta do meu pescoço e deita a cabeça no meu
ombro, observando Easton e Frankie entrarem na fila para nos seguir. —
Como você conheceu Frankie?
— Se eu te contasse isso, ela te mataria enquanto você dormia.
— Com certeza. — Frankie grita.
Olho para ela, parando no meio do caminho quando a vejo limpando o
sangue do lábio com o dedo.
— Aquele cara bateu em você de volta? — Easton pergunta, andando para
trás como se estivesse prestes a voltar correndo.
— Não, mordi minha língua.
Meus ombros caem e me encosto no lado do passageiro da caminhonete,
permitindo que Xavi deslize para ficar de pé, mas sem deixá-lo ir.
— O que aconteceu lá? — Ele pergunta, virando-se para descansar a
cabeça no meu peito.
— Nate me disse para fazer uma cena. — diz Frankie simplesmente,
pegando um cigarro e acendendo-o.
— Eu disse para distrair o barman — eu a corrijo.
— Mesma coisa. — Ela dá de ombros. — De qualquer forma. Easton e eu
estávamos fingindo discutir, empurrando um ao outro e outras coisas, e
então um cara ficou entre nós e tentou me defender. Ele deu um soco em
Easton, então dei um soco na garganta dele.
Easton solta uma risada, passando o braço em volta do pescoço dela e
beijando sua têmpora. — A expressão no rosto dele, cara. Foi engraçado para
caralho.
Xavi ri e puxa meus braços ao redor de seu corpo, usando-me para se
manter aquecido. — Desculpe — ele diz a Frankie.
— De que é você que está arrependido?
— Fazê-la ser expulsa do clube.
— Querido, valeu muito a pena — ela diz a ele, sorrindo enquanto me
observa brincar com sua cintura. — Essa foi uma das coisas mais sexy que já
vi.
— O quê?
— Você — ela diz, sorrindo com ternura ao ver a expressão confusa no
rosto dele. — Você realmente não tem ideia de quão gostoso é, não é? Isso te
deixa ainda mais sexy.
— Eu que agradeço…?
— De nada. — Ela ri, jogando a ponta do cigarro na rua. — E não se
preocupe com a possibilidade de eu ser expulsa do clube. Vou mostrar meus
seios ao gerente no próximo fim de semana e ele me deixará entrar de volta.
Bufo e Xavi torce o nariz, inclinando a cabeça para trás para me olhar de
cabeça para baixo. — Ela está brincando?
— Provavelmente não.
CAPÍTULO 30

Minhas costas batem na minha cômoda e estremeço, agarrando-me a ele


enquanto me beija até ficar sem ar. Minhas mãos estão fechadas em sua
camisa, puxando-a sobre seu abdômen, mas não consigo tirá-la. Estou
apenas tentando sentir sua pele na minha, arqueando as costas para chegar
o mais perto possível dele.
Não confio na maneira como ele está me tratando esta noite, na maneira
como está olhando para mim desde o segundo em que saí do meu quarto
usando a roupa que coloquei para ele. Parecia real, mas sei que não é. Sei
que estou deliberadamente me preparando para mais sofrimento, mas estou
envolvido demais para impedi-lo. Tudo o que posso pensar agora é em
aceitar cada pedaço que está disposto a me dar. Cuidarei de todo o resto mais
tarde.
— Você quer isso? — Ele pergunta, movendo a boca até minha orelha
enquanto trabalha no zíper.
— Sou um viciado, Nate — digo com voz rouca. — Preciso disso.
Ele empurra meu cós para baixo sobre meus quadris e me pega como se
eu não pesasse nada, me colocando na cômoda para tirar o resto da calça
jeans e da cueca. A pressão do plug na minha bunda me faz gemer, o brilho
perverso em seus olhos me diz que foi exatamente por isso que ele me
colocou aqui.
— Tire a sua também — imploro, abrindo as pernas para deslizar os dedos
dos pés sobre a parte externa de suas coxas.
— Não.
Tento encarar, mas estou muito nervoso para conseguir. — Por que você
sempre me fode vestido?
— Porque quer que eu tire — ele diz simplesmente, seu toque leve
enquanto ele toca a corrente na minha cintura. — Gosto do jeito que age
como uma vadia mimada quando não consegue o que quer.
— Não sou uma vadia.
— Esses chupões no seu pescoço dizem vadia — ele me provoca, repetindo
exatamente as mesmas palavras que Easton me disse ontem. — Minha vadia.
Meu queixo treme e olho em seus olhos, lutando contra a vontade de me
apoiar em sua mão quando ele passa a mão em meu pescoço e passa o
polegar sobre uma das marcas ali. Por algum milagre, consigo manter minha
cabeça exatamente onde está, sem esperar pacientemente que ele pare de me
tocar como se eu fosse seu bem mais precioso.
— Apenas me foda para que você possa ir se foder.
Seus lábios se curvam para cima e ele me empurra para trás, fazendo-me
bater com a nuca na parede. Ele puxa minha parte inferior para frente até
que eu fique pendurado na cômoda, com a mão espalmada no meu peito
enquanto ele usa a outra para esfregar o plug entre minhas pernas. Minhas
narinas se dilatam, mas não posso chamá-lo de idiota porque então ele está
empurrando a base, me fodendo e fazendo meus olhos rolarem para trás.
— Deus…
Sua mão no meu corpo sobe até minha garganta, e ele envolve os dedos
em torno da gargantilha que estou usando, me segurando enquanto tira o
plug. Ele o coloca de lado e desliza dois dedos dentro de mim, atingindo
minha próstata a cada curva lenta dos nós dos dedos. É impossível ficar
quieto quando ele está me provocando desse jeito, tentando tirar de mim o
máximo de barulho possível.
— Nate, por favor...
Espero que ele recuse, mas me surpreende ao me levantar novamente e
me abaixar suavemente na cama. Ele se sente à vontade entre minhas pernas
e pega minha mão, entrelaçando nossos dedos enquanto morde meu lábio
inferior. — Gosto disso — ele sussurra, passando a língua sobre meu
piercing antes de chupá-lo.
— Você? — Pergunto distraidamente, muito focado na sensação de suas
mãos nas minhas.
Ele tenta aprofundar o beijo, então inclino a cabeça para trás e ofereço-lhe
meu pescoço, desesperado para manter o que resta da minha dignidade. Ele
não deixa, pegando meu queixo para puxar minha boca de volta para a dele.
— Nate — lamento, lutando embaixo dele para recuperar minha mão, mas
ele apenas aperta ainda mais e se recusa a me deixar ir.
— O que está errado?
O bastardo sabe o que está errado.
Ele ri na minha boca e procura uma camisinha na minha mesa de
cabeceira, puxando a cabeça para trás quando eu a arranco dele e a jogo do
outro lado do quarto. Ele pega outra e jogo de novo, sorrindo tão docemente
quanto posso quando ele me prende pelo pescoço.
— Pirralho.
— Achei que você gostasse — provoco, levantando os quadris para
esfregar minha bunda na frente de sua calça jeans. — Você já colocou seu
pau em alguém sem uma antes?
— Não.
— Faça isso comigo — digo. — Por favor.
Ele solta meu pescoço e agarra meu pau, usando seu aperto forte para me
impedir de moer nele. — Você não gosta quando seguro sua mão, mas quer
que eu faça você se sentir especial te fodendo sem camisinha — ele diz
lentamente. — Faça com que isso faça sentido.
Quando não digo nada, ele se inclina sobre mim e toca minha testa com a
dele.
— Diga-me por que quer isso.
— Não sei por quê.
Exceto que quero.
Eu nunca deixei ninguém me foder sem camisinha antes, mas o
pensamento de Nate deslizando para dentro de mim, sentindo-o dentro de
mim sem nada entre nós, seu gozo vazando da minha bunda...
Está me deixando louco.
— Sério, bebê — ele diz em meu ouvido. — Pense mais.
Gemo e envolvo meus braços em volta do pescoço dele. — Quero
significar algo para você — admito. — Qualquer coisa. Quero que você se
lembre de mim depois de decidir que terminou comigo e me expulsar da sua
vida para sempre. Quero tanto arruiná-lo que é em mim que vai pensar toda
vez que estiver transando com a pessoa com quem realmente quiser estar.
É a vez dele ficar sem palavras, olhando para mim como se estivesse
hipnotizado enquanto embalava-me em sua mão. Perdendo a paciência, me
abaixo para abrir o zíper de sua calça jeans, liberando seu pau. Mais alguns
segundos de silêncio se passam antes que ele finalmente se recupere,
soltando meu pau antes de cuspir na palma da mão aberta. — Você quer
arruinar minha vida, festeiro?
— Você já arruinou a minha — murmuro, levantando minha bunda para
ele enquanto ele cobre seu pau com saliva. — Só f-foda — digo em vez disso,
meus olhos caindo enquanto ele empurra a ponta dentro de mim.
— É isso que quer?
— Sim.
Ele empurra o resto com um giro dos quadris, não parando até que sua
pélvis esteja pressionada contra meu pau. Nós gememos ao sentir isso,
minhas unhas arranhando os lados de seu pescoço enquanto seus dedos
cravam em minha cintura.
— Deus, bebê — ele diz, achatando a mão e movendo-a sobre minha
barriga. — Você precisa de mais lubrificante?
— Não. — Balanço a cabeça, meu buraco apertando com o quão grande e
duro ele se sente dentro de mim. — Preciso que doa um pouco. Por favor,
não pare.
Ele lambe minha gargantilha enquanto balança dentro de mim,
estabelecendo um ritmo constante que faz meus dedos dos pés se enrolarem
nos lençóis.
— Ah meu Deus, Nate...
— Xavi, cale a boca.
— Mais forte — imploro, gemendo novamente quando ele rosna e sai
rápido. — Por que você está parando?
— Porque eu preciso, seu merdinha.
Uma risada surpresa brota de mim, e me apoio nos cotovelos para ver o
que ele está fazendo, levantando uma sobrancelha quando o pego apertando
a ponta do seu pau.
— Você realmente não consegue durar trinta segundos?
Ele estreita os olhos e fecho meus lábios para esconder minha diversão,
grunhindo quando me empurra de volta para baixo e separa minhas pernas
na parte de trás dos joelhos. Sua boca está no meu buraco antes mesmo de
eu perceber o que ele está fazendo, sua língua passando rapidamente pela
minha entrada um momento antes de empurrá-la para dentro. Ele me fode
com isso por um tempo, depois afasta para cuspir em mim. Gemo alto,
agarrando sua nuca e segurando com força. Uso minha outra mão para
alcançar meu pau, mas ele a afasta antes que eu possa alcançá-lo, agarrando
a base e apontando para sua boca. Meus olhos se arregalam, mas ele não me
dá um segundo para me preparar antes de chupá-lo, deslizando o polegar na
minha bunda enquanto começa a chupar meu pau.
— Porra!
Meus dedos cavam em seu couro cabeludo, minha boca aberta enquanto
minhas pernas começam a tremer incontrolavelmente. Ele se engasga
algumas vezes, mas não deixa que isso o impeça. Ele continua voltando para
buscar mais, olhando nos meus olhos com sua saliva e meu pré-gozo
pingando em sua mandíbula.
— Jesus, porra, Nate — digo, amando a forma como seus lábios inchados
parecem esticados ao redor do meu pau. — Você fica tão gostoso com meu
pau na boca.
Ele me solta, deslizando a língua pela parte de baixo e deixando-a ainda
mais úmida. — Você sabe que não sou eu quem gosta de elogios, certo?
— Não tenho uma queda por elogios.
— Você também tem um problema de degradação — acrescenta ele, e
puxo a cabeça para trás, torcendo o nariz.
— Eu não.
— Se você diz — ele murmura, voltando a ficar de joelhos e acariciando
lentamente seu próprio pau. — Seja uma boa putinha e me mostre o que é
meu.
O lampejo de calor em meus olhos o faz sorrir. Abrindo minhas pernas o
máximo que posso, movo minhas mãos por baixo de mim e separo minhas
nádegas, o mostrando como ele me disse para fazer.
— É isso, bebê. — Ele se aproxima, batendo no meu buraco com seu pau.
— Segure-o aberto para mim.
Faço isso, e ele cospe em mim novamente, esfregando com o polegar antes
de colocar o pau de volta dentro. Ele me fode lentamente, dolorosamente lento,
seus olhos escurecendo enquanto ele balança os quadris para frente e para
trás.
— Eu faço você se sentir bem? — Pergunto.
— Tão bem — ele fala, inclinando-se sobre mim para falar contra meus
lábios. — Você ama isso, não é? Fazer-me perder a cabeça…
Concordo com a cabeça, agarrando sua cabeça para puxá-lo até meu
pescoço. — Marque-me — imploro. — Preciso de mais.
Ele suga minha pele em sua boca e tremo violentamente, plantando meus
pés em cada lado dele para me mover com seu corpo. Depois que ele termina
meu pescoço, se move até minha clavícula e desce até meu peito, chupando
meu mamilo através do tecido da minha blusa. Choramingo com o quão bom
é, virando a cabeça para olhar o espelho na parede. Evito olhar para o meu
rosto e em vez disso estudo nossos corpos, o dele ainda totalmente vestido
enquanto o meu está completamente nu do peito para baixo. Ele parece
muito maior em cima de mim assim, cobrindo minha pequena forma com a
sua enorme, suas mãos ásperas deslizando pelos meus lados, sua testa
tocando meu peito enquanto ele mexe em meus piercings com a língua.
Eu gostaria de poder ficar aqui para sempre. Ser dele para sempre.
Ele gentilmente puxa meu queixo com o dedo indicador, e olho para longe
do espelho e para seus olhos, confuso com a expressão em seu rosto. É meio
suave, e não gosto disso, meus pelos se arrepiam quando abaixa sua boca na
minha. Ele me beija como se nunca fosse me deixar ir, e afasto-me, virando
a cabeça para o outro lado. — Pare com isso, Nate.
— Parar o quê? — Ele pergunta inocentemente, ainda se movendo dentro
de mim enquanto passa seus lábios pelo meu rosto e pescoço.
— Pare de me beijar. — Afasto-me o máximo que posso, batendo em sua
mão quando ele tenta me puxar de volta. — Jesus Cristo. Apenas me foda
como se me odiasse.
— Odeio você.
— Então pare de fingir que não!
A risada que ele estava lutando se liberta com a minha explosão, e ele se
apoia no cotovelo, tirando meu cabelo do caminho. — Você fica confuso
quando te toco assim?
— Não — nego, e ele tira o pau da minha bunda e empurra de volta dentro
de mim uma vez, com força. — Sim — eu digo. — Sim, isso me confunde para
caralho, ok?
Ele não diz isso, mas ouço a palavra que ele está pensando enquanto
esfrega o polegar no meu lábio inferior. Bom.
— Nate... — aviso, minhas unhas cravando nas palmas das mãos enquanto
ele começa a me foder lentamente novamente.
— Você disse que eu poderia pegar o que eu quisesse, lembra?
— Isso não — digo.
Seus lábios se contraem quando ele desliza a mão sobre meu peito, sobre
o órgão que bate descontroladamente sob seu toque.
— Quero isso, Xavi.
— Você não conseguirá isso.
— Você vai me dar de qualquer maneira — ele brinca, puxando minha
boca para encontrar a dele.
Foda-se ele.
Foda-se ele com tanta força por fazer isso comigo.
E que eu me foda por deixá-lo fazer isso.
Agarrando ambos os lados do seu rosto, beijo-o de volta e abro a boca,
deixando-o sentir minha língua perfurada pela primeira vez. Ele geme e
chupa avidamente, enfiando a mão entre nós para envolvê-la em meu pau.
— Bom garoto — ele diz, e foda-se, talvez eu tenha uma queda por elogios.
— Você quer muito?
Concordo com a cabeça, e ele me dá, batendo na minha próstata e me
masturbando ao mesmo tempo, não parando até que eu cante o nome dele e
goze em cima de nós dois. O gemido que ele solta em minha boca me faz
choramingar, meus dedos cavando em seu couro cabeludo e minhas pernas
travadas em sua cintura, segurando-o sobre mim enquanto sinto seu
esperma quente enchendo minha bunda. Levanto meus quadris, tentando
roubar até a última gota. Ele bate na parte externa da minha coxa e grito,
rindo levemente quando ele cai em cima de mim e coloca a cabeça no meu
ombro.
Ele não se move por um tempo depois disso. Ele é pesado, mas não me
importo, levantando sua camisa e passando as pontas dos dedos pelas
laterais do corpo enquanto espero que nós dois acalmemos. Depois de
alguns minutos, ele levanta a cabeça para olhar para mim, examinando meu
rosto com a mão debaixo do meu queixo.
— Por que não usa mais maquiagem?
— O quê?
— Gosto quando você usa — ele diz, passando os polegares sobre as
manchas pretas sob meus olhos. — É sexy quando escorre pelo seu rosto
assim.
Mordo o lábio, evitando dizer a ele que vou usá-la todos os dias, agora
que sei como ele se sente a respeito.
Sei que ele sente meu pau ficar duro novamente, e quando penso que está
prestes a levantar-se e sair, ele olha para baixo e o envolve com os dedos. —
Seu pau é tão grande — ele diz, girando o polegar sobre o esperma na ponta.
— Nunca fiz isso antes.
— Fez o quê? — Pergunto distraidamente, meu abdômen apertando com
o quão sensível é quando ele toca assim.
— Colocar um na minha boca.
Eu rio, minhas sobrancelhas franzindo quando percebo que ele não está
brincando comigo. — É sério? Por quê?
— Não gosto disso. Nem mesmo quando sou eu quem está tendo meu pau
chupado. Prefiro apenas foder e acabar logo com isso.
— Você gostou quando fiz isso — lembro a ele. — E chupou o meu como
se estivesse morrendo de fome.
— Isso é porque eu estava. — Ele gira o punho em volta da cabeça,
olhando para mim novamente quando sente meus olhos no topo de sua
cabeça. — Tire esse olhar estúpido do seu rosto, festeiro. Eu ainda te odeio.
— Tem certeza disso?
— Pare de falar, Xavi.
Eu provavelmente deveria ouvi-lo e parar antes que meus sentimentos
fossem feridos, mas não o faço.
— Quer saber o que acho?
— Na verdade, não.
— Acho que você só fala besteiras — digo a ele de qualquer maneira. —
Acho que está começando a gostar de mim.
— Você gosta?
— Só um pouquinho — sussurro, apertando o polegar e o indicador.
Ele ri e solta meu pau, mais uma vez agarrando meu queixo enquanto
rasteja por cima de mim. — Não te fodo porque gosto de você. Eu te fodo
porque você é fácil.
— Não sou tão fácil. — Continuo tocando, sorrindo enquanto me apoio
em meus antebraços e provoco sua boca com a minha. — Você levou cinco
anos para entrar em mim.
— Querido, eu poderia ter você em cinco minutos se quisesse. — Ele
diminui a pequena distância entre nós, chupando meu lábio. — Fácil.
Ele me pegou nisso.
— Por que não fez isso então?
— Você tinha quinze anos.
— Perdi minha virgindade quando tinha quatorze anos — digo a ele,
apreciando a maneira como seus olhos escurecem de ciúme.
— Quem era ele?
— Quem disse que era ele?
Suas sobrancelhas saltam com isso, mais surpreso do que divertido. —
Você já transou com uma garota antes?
Concordo com a cabeça, já antecipando sua próxima pergunta, tentando
não rir enquanto espero que sua mente se atualize.
Ele examina meu olhar, depois pisca, passando rapidamente a mão em
volta do meu pescoço, o pingente de borboleta cravando-se em minha
garganta com seu aperto forte.
Aí está.
— Se fodeu minha irmãzinha, vou te matar agora mesmo.
Minha risada sai e coloco minha mão sobre a dele, não para tirá-la de cima
de mim, mas para mantê-la ali. — Não fiz isso, prometo. Era apenas uma
garota. Ela era amiga do meu irmão. Fizemos isso na primeira vez que fiquei
chapado. Eu sabia que algo estava acontecendo comigo quando eu não
gostei, mas pensei que fossem as drogas ou algo assim. Não percebi que era
gay até a primeira vez que você me tocou.
Ele franze a testa e examina meu rosto novamente, um sorriso duvidoso
tocando seus lábios. — Você está mentindo.
— Juro por Deus. Lembra da primeira vez que me pegou entrando pela
janela de Katy? Você me agarrou pelo moletom e ameaçou me jogar para
fora da janela.
— Sim, e você apenas olhou para mim...
— Isso é porque eu estava tão duro que não sabia o que fazer comigo
mesmo — digo a ele, rindo enquanto passo as mãos por baixo de sua camisa.
— Lembro-me de ter percebido que a razão pela qual eu amava tanto irritar
você é porque eu tinha uma queda ou algo assim. Eu estava com tanto medo
que voltei depois que você me expulsou e surtei enquanto eu estava me
assumindo para Katy. Ela não me renegou como pensei que faria. Ela apenas
riu e disse que me amava, não importando com quem eu quisesse foder. Ou
ser fodido.
Ele me encara por um tempo desconfortável, me fazendo arrepender de
tudo que acabei de dizer.
— Katy foi a primeira pessoa para você quem se assumiu?
— Ela foi a única pessoa, Nate. Algumas pessoas sabem que sou gay,
obviamente, mas Katy foi a única pessoa em quem confiei o suficiente para
dizer isso em voz alta. E agora você, eu acho... — Faço uma pausa, limpando
a garganta. — De qualquer forma. Evitei você por um mês depois que
descobri, porque pensei que seria capaz de perceber. Quer saber o que
aconteceu na primeira vez que você me viu de novo?
— O quê?
— Deu para perceber — digo, e ele ri.
— Xavi, eu sabia que você era gay na primeira vez que te vi.
— Que bom para você, mas eu não sabia.
Ele balança a cabeça para mim e sai da minha bunda, me fazendo lamentar
o quão vazio me sinto depois de ter seu pau dentro de mim por tanto tempo.
— Não vá embora.
Assim que as palavras saem da minha boca, bato a cabeça nos travesseiros,
desejando poder puxá-las de volta.
Droga, ele me fez andar em círculos. Num minuto odeio o jeito que ele
está me tocando e estou desesperado para que ele pare, e então, assim que
sai, sinto que vou morrer se não o recuperar.
Quando finalmente encontro coragem para espiá-lo, encontro-o parado ao
pé da minha cama, sorrindo para mim enquanto enfia o pau de volta na calça
jeans.
As minhas pernas ainda estão bem abertas, e consigo sentir o seu esperma
pingando do meu buraco, apertando o meu buraco para manter o máximo
possível dentro de mim. Seus olhos brilham, mas ele não se move, nem
mesmo quando me abaixo e esfrego as pontas dos dedos sobre a bagunça
que ele fez. Ele me observa, porém, demorando muito mais do que o
necessário para fechar o zíper da calça jeans novamente.
Inclinando-se sobre mim novamente, ele coloca as duas mãos na cama, de
cada lado da minha cabeça. — Sou sua droga agora, festeiro? — ele pergunta.
Concordo com a cabeça, sem vergonha enquanto enfio o dedo em mim e
empurro seu esperma de volta na minha bunda. Estou quase pronto para
implorar para ele me foder de novo, apenas uma vez, qualquer coisa para
convencê-lo a ficar, mas ele já está recuando.
— Tenho certeza de que você viverá sem isso — ele provoca, sorrindo ao
ver a maneira como meu rosto entristece pouco antes de ele fechar a porta
atrás de si.
Tiro meus dedos da minha bunda, limpando-os nas cobertas enquanto
olho para o teto. Penso em segui-lo, entrar furtivamente em seu quarto e me
deitar na cama com ele, mas consigo me convencer de que isso seria
estúpido.
Tão estúpido.
Saindo da cama, limpo e troco os lençóis, empurrando com raiva os sujos
para o cesto. Tomo um banho escaldante e esfrego meu corpo dolorido,
recusando-me a olhar para as marcas recentes em meu pescoço enquanto me
seco com uma toalha.
Imediatamente me arrependendo de ter lavado seu cheiro, visto o
moletom que ele me deu e pego meus cigarros, parando no meio do caminho
quando vejo o presente embrulhado em papel preto no assento da janela.
Isso não estava aqui quando limpei agora há pouco, o que significa que
alguém deve ter entrado e deixado lá enquanto eu estava no banheiro.
Olhando-o com desconfiança, pego-o e sento-me, apoiando os pés para
cima enquanto enfio o cigarro entre os dentes. Há uma fita branca e um laço
elegante, mas nenhum cartão, nenhum nome que me diga de quem é.
Coloco-o no colo e rasgo o papel, meu coração batendo forte nos ouvidos
assim que reconheço a caixa preta que ficava no fundo do armário de Katy.
— Puta merda — sufoco, o cigarro caindo da minha boca enquanto cubro
o rosto com as mãos.
Soltando um suspiro trêmulo, limpo a umidade dos olhos e tiro
cuidadosamente a tampa, e quando vejo todas as Polaroids dentro, envolvo
meus braços em volta da caixa e choro com todo o meu coração.

Não sei há quanto tempo estou sentado aqui, olhando todas as fotos e
revivendo os três melhores anos da minha vida. Quando termino de olhar
para a última, guardo todas e fico andando ao redor da cama, encontrando
minha carteira onde Nate a deixou na mesa de cabeceira. Pego a lista de Katy
e pego meu marcador, destampando-o para riscar o número sete: Dançar em
um bar. Depois de guardá-la, toco na tela do meu telefone para verificar
quanta carga ele tem, franzindo a testa para as mensagens que perdi.
DESCONHECIDO
[Belo namorado.]
Rangendo os dentes, dou um zoom na foto que me enviaram, xingando
quando percebo que é uma foto minha e de Nate. Ele está encostado na
caminhonete de Frankie na rua em frente ao clube, com os braços em volta
da minha cintura e a boca no meu pescoço. Minha cabeça está inclinada para
o lado e fica claro que estou adorando cada segundo.

DESCONHECIDO
[Seu último foi mais sexy.]

Minha perna bate na minha mesa de cabeceira e estremeço com o barulho


que faz, ficando em silêncio por alguns minutos para poder ouvir se Nate
decidir vir e verificar que porra estou fazendo. Ele não vem, então
rapidamente tranco a porta e digito uma resposta.

XAVI
[O que você quer?]

Já se passaram horas desde que ele enviou a última mensagem, mas como
o perseguidor que é, ele responde quase instantaneamente.

DESCONHECIDO
[Você sabe o que quero.]

Antes que eu possa dizer a ele que não há nenhuma chance, chantagem
ou não, ele me manda uma mensagem novamente.
DESCONHECIDO
[Feliz aniversário, Xav. Deixei seu presente na sua
motocicleta.]

Meus olhos se arregalam e me movo tão rápido e silenciosamente quanto


posso, correndo escada abaixo e saindo pela porta da frente. Pego a caixa do
tamanho de um tijolo do assento da minha moto. Já sei o que tem dentro,
mas ainda tiro a tampa, zombando dos vários saquinhos de comprimidos e
coca dentro.

DESCONHECIDO
[De nada.]

Seu momento perfeito me deixa nervoso, e olho em volta, semicerrando


os olhos para as árvores grossas que cercam a propriedade.

XAVI
[Você ainda está aqui?]
DESCONHECIDO
[Você não pertence a ele e sabe disso.]

Os faróis brilhantes brilhando através dos portões de ferro me assustam


muito, e corro, arrastando minha bunda pela porta da frente e trancando-a
atrás de mim. Apago as luzes e me afasto, me escondendo na parede do
canto da entrada. Pulo ao som de uma chave na fechadura, e então a porta
se abre, as luzes acendendo novamente para revelar Carter entrando. Meus
ombros afundam de alívio e solto um longo suspiro. Nunca fiquei tão feliz
em vê-lo em minha vida.
Ele sorri quando me vê vestindo nada além do moletom de Nate, com a
bainha na altura das minhas coxas, mas então ele deve ver os resquícios de
horror em meu rosto, e desiste da atuação. — O quê?
Sei que tenho que contar a ele, mas ainda hesito, mantendo as mãos nas
costas para esconder meu presente. — Não fique bravo.
— Mostre-me — ele diz, então mostro a ele. Seus olhos descem para a caixa
aberta em minha mão e depois voltam para os meus, sua mandíbula cerrada
enquanto ele pega as drogas. — Ele estava aqui?
Concordo com a cabeça, inclinando a cabeça para a porta da frente. — Ele
deixou na minha moto. Não sei se ainda está por aí.
— Droga, Xavi — ele sussurra enquanto olha pela janela, mas não parece
assustado, apenas bravo.
— Eu disse para não ficar bravo.
— Você me disse que estava acabado.
— Acabou. Não o vejo e nem falo com ele desde que... — paro, encolhendo-
me. — Você sabe.
— Ele não tentou vê-lo desde que saiu da reabilitação? — ele pergunta, e
balanço minha cabeça. — Então por que agora?
— Ele nos viu no clube — respondo, passando-lhe meu telefone para
mostrar a foto.
Ele olha por alguns segundos antes de devolvê-lo. — Vou lidar com isso.
Volte para a cama.
— Estou indo com você.
— Não, você não está.
— Carter...
— Você acha que ele não vai notar que você saiu no meio da noite? — ele
sussurra, aproximando-se de mim enquanto joga a mão em direção às
escadas. — Eu queria contar a ele, Xavi. Você é quem está com medo de que
ele descubra.
— Já contei um pouco a ele — digo baixinho, me afastando dele quando
percebo a raiva em seus olhos.
— O quê?
— Ontem à noite — admito. — Ele me perguntou, então eu... eu disse a
ele que estava com meu traficante quando Katy morreu.
Sua mandíbula treme e ele inclina a cabeça, sem se preocupar em esconder
o quão estúpido ele pensa que sou. — Como foi para você?
Suspiro, cruzando os braços sobre o peito enquanto olho para meus pés
descalços no chão de ladrilhos.
— Da próxima vez que ele perguntar, faça um favor a nós dois e mantenha
a porra da boca fechada — ele diz asperamente, olhando para mim no
caminho até a porta da frente.
— Carter.
— O quê?
Espero que ele se vire e me encare, esfregando desajeitadamente minha
nuca enquanto digo: — Obrigado.
— Vá se foder, Xavi. A única razão pela qual continuo fazendo essa merda
por você é porque estamos muito envolvidos. Se Nate descobrir, minha
bunda estará em risco ao lado da sua.

Já se passaram quase duas horas e meia desde que Carter saiu. Fiquei
sentado no banco da janela do meu quarto a noite toda, olhando para a
entrada escura e esperando o carro dele parar. Tentei ligar para ele, mas é
claro que ele não atendeu.
Quando ele finalmente chega em casa, pouco depois das cinco da manhã,
sento-me direito, olhando para ele enquanto sai do carro. Ele acena para mim
quando me pega olhando, e suspiro de alívio.
Sabendo que ele provavelmente não terá vontade de me contar se eu
perguntar o que aconteceu, não me preocupo em descer. Subindo na cama,
me enterro debaixo das cobertas, desejando não ter trocado os lençóis para
poder usar o cheiro de Nate para dormir.
Meus olhos se recusam a permanecer fechados e, quando a primeira luz
do sol entra pela janela, ouço meu telefone tocar e estendo a mão para
verificá-lo.

DESCONHECIDO
[Maldito covarde.
Se mandar seu cão de guarda atrás de mim de novo, vou
mandar o pau dele em uma caixa.]

Zombei e joguei meu telefone de volta na mesa de cabeceira.


CAPÍTULO 31

Nate está me excluindo. Não que eu estivesse esperando algo diferente


depois da última vez em que estivemos juntos, mas dessa vez parece
diferente.
Sei que me dar aquela caixa de fotos foi mais difícil para ele do que jamais
deixou transparecer. Na época, imaginei que ele teria que se preocupar
comigo pelo menos um pouco para desistir delas, mas desde aquela noite,
não o vi nenhuma vez. Ele não está me provocando com silêncio como
costuma fazer. Ele não faz questão de me ignorar toda vez que estamos
juntos na mesma sala. Ele simplesmente... não está aqui.
Ele está se escondendo de mim e odeio isso.
Deixo cair a cabeça na cabeceira da cama e passo os dedos pela gargantilha
de borboleta de Frankie em meu pescoço. Tenho usado todos os dias desta
semana, passado delineador todas as manhãs, andado pela casa usando as
blusas mais minúsculas que possuo, tudo na esperança de que Nate
descubra e venha me procurar para fazer algo a respeito. Mas ou Frankie e
os meninos não estão me delatando, ou estão delatando e Nate simplesmente
não dá a mínima.
Pegando meu telefone, procuro até encontrar o número de Nate.

XAVI
[Ei.
Onde você está?]
Encolho-me assim que clico em enviar pela segunda vez, e mais ainda
quando vejo que ele leu a mensagem, mas não se preocupa em me
responder. Espero cinco minutos e depois mais vinte, sentando-me ereto
quando ele finalmente decide me responder.

NATE
[Quem é?]

Bufo. Sei que ele tem meu número porque costumava me ligar o tempo
todo e me ameaçar para contar onde Katy e eu estávamos.

XAVI
[Você realmente excluiu meu número?]

Ele deixa minha mensagem lida por mais sete minutos.

NATE
[Nunca o salvei em primeiro lugar.
O que você quer? Estou ocupado.]
XAVI
[Ocupado fazendo o quê?]

Depois disso, ele não me manda mais nenhuma mensagem, e posso


imaginá-lo balançando a cabeça e colocando o celular de volta no bolso,
provavelmente se divertindo com a situação de apego em que me
transformou.
Pouco depois do anoitecer, ouço o carro dele parar e pulo da cama como
se tivesse me queimado. Caminhando até a janela, espio pelas persianas,
aliviado quando vejo que ele está sozinho, pegando sua mochila de ginástica
no banco de trás. Não sei por que pensei que ele poderia estar namorando
outra pessoa, que poderia trazer outra pessoa para casa com ele. Não acho
que ele me odeie tanto, mas nunca sei com Nate.
Quando ele não olha para a minha janela como costuma fazer, olho para a
porta do meu quarto, pensando em fazer algo que não deveria.
Foda-se.
Não tenho nada a perder. Nem mesmo minha dignidade, porque essa
vadia já se foi há muito tempo.
Saindo do meu quarto, vou para o próximo. Ele não mantém a porta
trancada, então entro e vou no banheiro. Ligando a água, tiro a roupa e entro
sob o chuveiro, inclinando a cabeça para trás para molhar o rosto e o cabelo.
Pegando seu gel de banho na prateleira bem empilhada no canto, coloco um
pouco na palma da mão e coloco o frasco de volta no lugar errado para mexer
com ele. Sorrio para mim mesmo enquanto lavo meu corpo, amando o jeito
que me faz cheirar como ele.
Ele não me deixa esperando por muito tempo. Como se pudesse sentir
meu desespero por ele, entra no banheiro e semicerra os olhos para mim,
meus olhos nos dele enquanto masturbo-me vagarosamente com as bolhas
de sabão.
— O que pensa que está fazendo?
— Esperando por você — respondo, fazendo-me tremer enquanto
espremo uma gota de pré-sêmen. — Você está com saudades de mim?
— Na verdade, não — ele murmura, mas não consegue evitar que seu
olhar faminto passe pelo meu corpo encharcado.
Sorrio porque se ele quiser, vai ter que tirar a roupa e vir buscá-lo. Mas é
de Nate que estamos falando, e o filho da puta teimoso não joga do jeito que
quero. Inclinando a cabeça para mim, ele coloca as chaves do carro e o
telefone no balcão e entra no chuveiro completamente vestido. Faço
beicinho, observando a água encharcar a camiseta branca que está vestindo
até ficar completamente transparente. Posso ver seus mamilos e o contorno
de seu abdômen através do material, perto o suficiente para que eu possa
tocá-lo, mas não tenho a chance antes que ele se aproxime e trace a
gargantilha em volta do meu pescoço com o dedo indicador. O sorriso
maroto em seus lábios me faz querer arrancar seu rosto com uma mordida.
— Você é um idiota — resmungo, e ele me beija, apertando minha
garganta com a mão esquerda enquanto envolve a outra em volta da minha
mão no meu pau.
Gemo com a maneira como ele está me ajudando a me masturbar, abrindo
minha boca e mostrando minha língua para ele, encorajando-o a chupá-la.
— E quanto a isso? — Ele pergunta, lambendo meu piercing.
— Está tudo melhor agora — digo a ele, provocando um dedo sobre seu
abdômen. — Você pode fodê-lo se quiser.
Ele solta um suspiro e me empurra de joelhos. Colocando o moletom sob
as bolas, ele agarra a base de seu pau duro e puxa minha cabeça para frente,
pela nuca. Se pensei que ele seria gentil com isso, eu estava completamente
errado. Antes mesmo que eu possa tentar me preparar, seu pau está na
minha garganta e estou engasgando com ele, enfiando os dedos em seus
quadris para me manter firme. Apoiando-se na parede com a mão livre, ele
puxa minha cabeça para trás pelos cabelos e me obriga a olhar para ele, me
mantendo imóvel enquanto balança os quadris para frente e para trás.
— Porra, isso é bom — ele diz, mais para si mesmo do que para mim, me
fodendo mais profundamente.
Eu me engasgo, e ele me deixa respirar por não mais que cinco segundos,
puxando meu rosto para trás pelo queixo quando tento desviá-lo. A mesma
coisa acontece na próxima vez que ele me deixa fazer uma pausa e puxa meu
cabelo com tanta força que estremeço.
— Vire o rosto para longe de mim novamente e eu vou fodê-lo até que
você se engasgue com o meu esperma.
Olho fixamente, com os nervos à flor da pele, ao ver como ele está agindo
de forma estranha. — O que há de errado com você?
— Você é o que há de errado comigo — ele grita, e eu olho para ele sem
graça, sentindo-me um pouco tonto.
— Não sei o que isso significa.
— Isso é porque você é um idiota.
Eu bufo e abro a boca, arregalando os olhos como um pirralho e fazendo
questão de não desviar o olhar.
— Bom garoto — ele elogia, rindo levemente do calor em meus olhos antes
de enfiar seu pau de volta na minha garganta.
Dói, mas não imploro para que ele pare, como acho que ele esperava que
eu fizesse. Eu poderia muito bem estar implorando para que ele continuasse,
tentando ao máximo impressioná-lo, penetrando-o o mais fundo possível.
Meus pulmões estão em chamas e estou engasgando a cada estocada, e
quando tenho certeza de que vou vomitar, ele puxa minha cabeça para trás
e passa o polegar sobre meu lábio inferior. Seu pau está pingando, e ele o
esfrega em toda a minha boca e bochechas, cobrindo meu rosto com a
mistura de seu pre-sêmen e minha própria saliva. É confuso e nojento, e
adoro isso.
— Deus, bebê — ele geme quando chupo a ponta, lambendo sua fenda
com meu piercing. — Foda-se.
Ele puxa e sai do banheiro, me deixando sozinho e confuso de joelhos.
Estou prestes a me levantar, mas ele retorna um momento depois e me joga
um frasco de lubrificante, retomando seu lugar na minha frente e cutucando
minha coxa com o pé.
— Abra as pernas e prepare-se para mim. Quero-o pronto.
Concordo com a cabeça obedientemente, tirando a tampa para cobrir as
pontas dos dedos. Tirando meu pau e minhas bolas do caminho, me abaixo
e esfrego meu buraco para me preparar. Ele bate em meu lábio com seu pau,
e abro bem, gemendo ao redor dele enquanto deslizo meus dedos médios
dentro da minha bunda.
— Mais forte — ele exige, e faço o que ele diz, meu queixo e braço doem
enquanto abro.
Ele pega leve comigo dessa vez, me deixando chupá-lo no meu próprio
ritmo, acariciando minha nuca enquanto passa os olhos entre meu rosto e o
ponto entre minhas coxas abertas. Ele não consegue decidir para onde olhar
e, embora eu esteja de joelhos, isso me faz sentir com três metros de altura,
sabendo que ele está tão agitado quanto eu.
— Estou pronto — digo a ele, e mesmo que ele pareça não acreditar em
mim, não me critica.
Ele me levanta, me empurra contra a parede e prende minha coxa em seu
quadril. Cubro seu pau com lubrificante, e ele olha para baixo entre nós,
assumindo o controle para se alinhar. Grito quando ele desliza para dentro
de mim, passando meus braços em volta de seus ombros e enterrando meu
rosto em seu pescoço. Sem me dar um segundo para relaxar, ele me fode com
força contra a parede do chuveiro, meu pau preso entre nossos estômagos
enquanto a água cai sobre nós dois. Sem pensar muito nisso, afundo meus
dentes em sua carne molhada, mordendo-o com mais força quando ele
aperta minha bunda com as duas mãos.
— Nate — resmungo, e ele me levanta, arrastando minhas duas pernas em
volta de sua cintura.
Seu telefone toca no balcão atrás dele, mas ele não consegue ouvir ou está
ignorando, provavelmente machucando minha bunda com a ponta dos
dedos enquanto me fode forte e rápido. Toca novamente e ele grunhe em
meu ouvido, virando-nos e me tirando do chuveiro. Com seu pau ainda
enterrado na minha bunda, ele me coloca na beira do balcão, seca a mão
esquerda e aperta o botão de atender.
— O quê? — Ele pergunta enquanto leva o telefone até o ouvido,
estreitando os olhos em meu peito enquanto ouve quem quer que seja. — O
que ela está fazendo?
Ele continua me fodendo, então me apoio na mão e arqueio as costas,
levantando os quadris enquanto belisco meu mamilo entre o polegar e o
indicador. Ele se inclina sobre mim para mordê-lo, e gemo mais alto do que
pretendia, agarrando sua nuca para pressionar meus lábios em seu cabelo.
— Quem você acha que é? — ele resmunga contra a minha pele, olhando
para mim enquanto baixa a voz para um sussurro. — Goze antes que ele
desligue ou não goze. Tenho coisas para fazer.
Minhas narinas se dilatam e ele prende meu mamilo entre os dentes,
sugando-o em sua boca e me fazendo tremer.
— Cuspa no meu pau — digo, e ele surpreendentemente faz o que eu peço,
afastando-se para deixar sua saliva escorrer até onde minha mão está
enrolada em meu pau.
Minhas coxas começam a apertar quando ele atinge minha próstata,
masturbo-me golpe após golpe, choramingando uma maldição enquanto
junto-me a ele até a borda. Ele goza primeiro, e gozo logo atrás dele,
mordendo meu lábio para me manter quieto enquanto o sinto enchendo
minha bunda com seu esperma. O meu atinge meu abdômen e cintura, e ele
rapidamente pega tudo com os dedos, me sufocando enquanto continua
falando ao telefone.
— Não a perca de vista — ele diz para quem presumo ser Easton. —
Estarei aí em dez minutos.
Ele joga o telefone ao lado da pia, e caio de volta no espelho atrás de mim,
minha mão ainda em volta do meu pau gasto enquanto estudo o chupão
roxo em seu pescoço. Ele tira as roupas molhadas e toma um banho de trinta
segundos, olhando para mim enquanto coloca o gel de banho de volta na
prateleira da maneira correta. Saindo, ele pega duas toalhas do suporte e
joga uma na minha cabeça.
— Saia.
— Aonde você está indo? — pergunto, pegando minhas roupas para
segui-lo até seu quarto.
— Fora.
Franzo a testa, sem saber se ele está me dizendo que vai sair ou reiterando
o fato de que eu deveria sair.
Ele não me reconhece novamente enquanto nos vestimos, e eu mexo meu
queixo, olhando para o lado de sua cabeça. — Por que você está sendo tão
idiota?
— Sou sempre um idiota.
— Não desse jeito.
Ele solta uma risada, me poupando alguns segundos de seu precioso
tempo para me encurralar no canto ao lado da porta. — Você me implora
para te foder como se eu te odiasse, e então me quer suave quando eu dou
isso a você. Não sabe o que quer, não é, bebê?
Balanço a cabeça lentamente e ele me olha com uma expressão de falsa
pena, batendo em meu queixo com os nós dos dedos antes de sair.
— É Frankie? — chamo enquanto o sigo, suspirando quando ele não
responde. — Posso ir com você?
— Não.
— Por que não?
— Porque não quero você comigo. — Ele se vira, falando devagar como se
eu tivesse quatro anos de idade. — Você não é meu namorado, festeiro. Não
é nada para mim.
Estou prestes a lembrá-lo de que ele me chamou de seu mais de uma vez,
mas então paro e não digo nada, porque não faz sentido.
Ele caminha pelo corredor sem mim, nem mesmo se preocupando em
olhar para trás antes de desaparecer na esquina. Entrando no meu quarto,
resisto a bater à porta atrás de mim, sabendo que isso só o fará rir quando
ouvir.
Indo até minha janela, encosto meu ombro na parede e o vejo entrar no
carro, a parte de trás dos meus olhos ardendo quando ele pisa no acelerador
e sai em alta velocidade. Depois que ele vai embora, tiro minhas roupas e
tomo outro banho, me forçando a não chorar por causa dele e de seus jogos
mentais.
Cansei de jogar.
Cansei de deixá-lo me quebrar.
CAPÍTULO 32

Estacionando em frente à casa que Frankie está, encontro-a sentada na


grama no final da entrada, com os braços cruzados sobre os joelhos e o
queixo apoiado em cima. Easton está parado atrás dela com as mãos nos
bolsos, mordendo os lábios quando me vê caminhando em direção a eles.
O cabelo loiro de Frankie está uma bagunça e há manchas pretas sob seus
olhos, mas não acho que ela esteja chorando. Ela apenas parece desgastada,
como se estivesse esfregando as mãos no rosto sem se importar em estragar
a maquiagem.
Easton me disse que ela agiu de forma estranha a noite toda, ficando
bêbada sozinha no canto, sem responder ou falar com ninguém. Ele disse
que a perdeu de vista por alguns minutos e, ao revistar a casa, encontrou-a
meio adormecida no chão do banheiro. Isso foi logo antes de ele decidir que
era hora de me ligar.
— O que aconteceu? — Pergunto.
— Nada aconteceu — ela balbucia, revirando os olhos ao ver meu rosto. —
Estou bem, Nate. Easton está apenas sendo uma rainha do drama, como
sempre.
— Ei. Não sou uma rainha do drama.
— Se você diz.
Ele solta um suspiro e olha para mim, esperando uma orientação. Inclino
a cabeça para a casa, deixando-o saber que pode voltar para dentro, e ele
hesita.
— Eu a tenho — garanto a ele, e ele balança a cabeça, inclinando-se atrás
de Frankie para beijar o topo de sua cabeça.
Ela estende a mão para esfregar o cabelo dele, e eu os espero se
despedirem, chegando mais perto quando ele sai e me agachando na frente
dela. Ela olha para mim com um sorriso falso e de lábios apertados, e solto
uma risada.
Essa maldita garota.
— O que há de errado, Frank?
— Nem sei. — Ela balança a cabeça, rindo como se toda essa situação fosse
ridícula. — Eu só sinto…
— O quê?
— Que merda — ela termina, usando as costas da mão para enxugar os
olhos. — Foi um dia realmente horrível, Nate.
Concordo com a cabeça, sabendo exatamente o que ela quer dizer sem ter
que perguntar. Eu nunca entendi quando Katy costumava se sentir tão
deprimida às vezes sem motivo específico, mas agora que eu mesmo
experimentei esse sentimento, entendo. É uma pena sentir que há um peso
invisível puxando e empurrando você para baixo ao mesmo tempo, quando
não há nada que você possa fazer para impedi-lo, então você só tem que
sofrer com isso e torcer para que amanhã seja melhor.
Frankie sorri tristemente, depois suspira e abaixa a cabeça. — Preciso de
outra bebida.
— Você não vai voltar para lá.
— Não preciso — ela murmura, tirando uma garrafa fechada de vodca de
dentro de sua jaqueta de couro.
— Onde você conseguiu isso?
— Roubei da cozinha quando Easton estava me acompanhando — ela diz
com orgulho, torcendo a tampa.
Sabendo que ela ainda não está pronta para ir para casa, sento-me na
grama ao lado dela e espelho sua posição, apoiando os joelhos e apoiando os
cotovelos em cima.
— Desculpe-me por ter tirado você de Xavi.
Não posso deixar de estremecer ao som de seu nome, aceitando a garrafa
que ela me oferece e tomando um gole para esconder isso. O álcool queima
enquanto desliza pela minha garganta, mas não dói tanto quanto meu peito.
Toda vez que penso nele esta semana, tudo que consigo imaginar é eu do
lado de fora do quarto dele, na noite do seu aniversário, ouvindo seus gritos
suaves através da porta depois que ele encontrou a caixa de fotos que deixei
para ele. Eu queria entrar lá, mas não entrei. Deixei-o entregue à sua miséria
e continuei fingindo que ele não significava nada para mim.
E a maneira como o tratei esta noite...
Não sei por que me sinto tão culpado por isso. Ele merece tudo que jogo
nele, mas...
— O que você fez? — Frankie pergunta, provando que não estou
escondendo nada dela.
Suspirando, tomo outro gole de vodca. — Fiz o que sempre faço, Frank.
Ela não parece surpresa com isso, não dizendo mais nada enquanto
passamos a garrafa de um lado para outro.
— Posso ter um cigarro?
Ela enfia a mão no bolso da jaqueta, me passando um antes de acender
outro para si mesma.
— Você já foi um passivo antes? — ela pergunta aleatoriamente, e sorrio,
pegando o isqueiro que ela me oferece para acender o meu.
— Não.
— Por que não?
— Por que você está perguntando?
— Eu estava pensando que você deveria deixar o seu garoto foder você
com aquele pau enorme dele. — ela diz casualmente, levantando uma
sobrancelha quando percebe o olhar desagradável que estou lançando para
ela. — O quê? Você acha que é legal demais para ser um filho da puta triste
como o resto de nós? — ela pergunta, soprando uma nuvem de fumaça na
sua frente. — Porque você não é.
— Como você sabe o tamanho do pau de Xavi?
— Carter tem uma boca grande. — Ela dá de ombros e cerro a mandíbula.
— É por isso que você está fazendo isso com Xavi? Por que ele dormiu com
seu melhor amigo quando deveria ser seu?
Balançando a cabeça, desvio o olhar, covarde demais para deixá-la ver
meu rosto. Termino o cigarro, apago-o na grama e tomo a vodca, enchendo-
me de coragem líquida. — Xavi era... — Limpo a garganta, tentando
novamente. — Ele era o melhor amigo da minha irmã mais nova.
A expressão de Frankie não muda, mas não perco a leve inclinação de suas
sobrancelhas.
— Katy — tento dizer a ela, mas sai como nada mais do que um sussurro
áspero. — O nome dela era Katy.
CAPÍTULO 33

— Você não tem mais alguém para olhar? — Carter pergunta, com os
olhos fechados enquanto inclina a cabeça para trás na lateral da banheira de
hidromassagem. — Onde está Nate?
Esta é uma boa pergunta.
Ele está fora há mais de duas horas. Achei que ele já estaria de volta, mas
estou tentando não me preocupar muito. Ou sentir muita falta dele. Não está
funcionando, mas é o esforço que conta.
Cansei de ficar olhando pela janela como um cachorrinho abandonado,
então desci e encontrei Carter aqui sozinho. Ele não disse nada quando me
sentei na beira da banheira ao lado dele. Ele apenas olhou para mim, deu
uma olhada casual em meu corpo e depois voltou a fumar o baseado em sua
mão.
— Não aqui — respondo, cerrando os dentes ao ver o sorriso estúpido em
seu rosto. — Ele me fodeu e foi embora. De novo.
Ele parece genuinamente confuso quando abre os olhos e percebe meu
olhar sobre ele.
— Por que você está chateado comigo?
— Porque a culpa é sua — rosno, seu sorriso retornando enquanto ele ri
de mim com os olhos. — Não sou estúpido, Carter. Você me trouxe aqui para
que ele pudesse se vingar. Você sabia que ele iria partir meu coração e não se
importou. Eu deveria ter dito para você se foder e voltar a morar com minha
mãe.
— Por que ela te ama tanto?
— Foda-se.
Ele ri de verdade desta vez, e afasto sua cabeça com raiva, rosnando
quando ele continua rindo.
— Do que está rindo?
— Você — ele diz. — Você é tão cego.
— O quê?
— Você acha que é fácil para ele te ignorar assim? — Ele se ajoelha na
beirada para ficar ao meu lado, agarrando meus pulsos quando tento recuar.
— Você acha que ele gosta de te afastar quando tudo o que quer é mantê-lo
ao seu lado?
— O quê? — Pergunto novamente, sem saber o que mais dizer.
— Ele está apaixonado por você, seu idiota — ele diz lentamente,
revirando os olhos quando arregalo os meus um pouquinho.
— Não diga isso. — Balanço a cabeça, me odiando pela maneira como meu
coração está pulando no peito, esperançoso e desesperado para que o que
ele está dizendo seja verdade. — Ele não... — Paro, balançando a cabeça
novamente. — Você não sabe do que está falando.
— Tem certeza disso? — ele brinca. — Querido, ele está profundamente
apaixonado por você e te odeia por isso. É por isso que está te tratando como
uma merda. Provavelmente é por isso que sempre tratou você como uma
merda.
O som da porta da frente batendo atinge meus ouvidos e me viro, tirando
meus pulsos do aperto de Carter quando ele tenta me segurar com mais
força.
— Não me chame de querido.
— Garotinho... — ele diz no meu ouvido, mas mal ouço enquanto Nate e
Frankie andam pela casa, o braço dele em volta da cintura dela para segurá-
la enquanto ela entra na cozinha.
— Não me chame assim também. — Tiro a mão de Carter do meu quadril,
olhando para ele quando ele me toca novamente. — Que porra você está
fazendo?
— Apenas espere e veja o que ele faz — ele diz calmamente, inclinando a
cabeça para que eu olhe para Nate enquanto ele passa o dedo pela parte
inferior das minhas costas.
Ele mal está me tocando, mas está perto o suficiente para eu sentir seu
calor, seu peito nu e molhado a apenas alguns centímetros de distância
enquanto ele se ajoelha atrás de mim.
— Não acredito que estou arriscando outro olho roxo por isso — ele
murmura. — É melhor pensar em mim quando ele estiver transando com
você esta noite.
— Nunca vou pensar em você quando ele estiver dentro de mim.
Ele cantarola perto do meu ouvido. — Diga isso a ele na próxima vez que
o assunto surgir — ele sugere. — Confie em mim, ele vai gostar.
Nate finalmente nos vê, e me forço a não me contorcer, esperando por isso,
como Carter me disse para fazer. Mas Nate não se move. Nem um
centímetro.
Frankie segue sua linha de visão e o dispensa para sair, com um sorriso
torto nos lábios enquanto pega o baseado no cinzeiro.
— Você é um homem morto — ela murmura para Carter, aparentemente
feliz com isso enquanto enfia o baseado entre os dentes, fica só de calcinha e
se acomoda do outro lado da banheira de hidromassagem.
Carter usa sua sorte e desliza as mãos para minha frente, e então Nate se
move, empurrando a porta e vindo em nossa direção. Sem dizer uma
palavra, ele empurra Carter de volta para a banheira de hidromassagem e
enrola o punho na frente do meu moletom. Puxando-me para ficar de pé, ele
nos vira, toma meu lugar na beirada e me guia para montá-lo, um braço atrás
das minhas costas para me arrastar para mais perto. Seus dedos rastejam por
baixo do meu moletom e coloco minhas mãos em seus ombros, estudando
seus olhos vidrados e sua cabeça pendendo para o lado.
— Você está com saudades de mim? — ele pergunta, e pisco ao som de
sua voz arrastada.
Puta que pariu. Ele está bêbado.
— Na verdade, não — murmuro, minhas sobrancelhas se abaixando
quando Carter solta um grito alto atrás dele.
Tento ver o que Nate está fazendo com o braço atrás das costas, mas ele
me impede, usando a mão livre para me segurar pela nuca. — Não olhe para
ele.
Fico completamente imóvel em seu colo, e ele me recompensa passando
os dedos pelos meus cabelos, as unhas provocando meu couro cabeludo e
me fazendo tremer.
— Nate, saia de cima de mim. — Carter grunhe, mas Nate o ignora,
olhando nos meus olhos enquanto passo meus polegares sobre seu queixo.
Ele deve notar a preocupação em meu rosto porque franze a testa e
pergunta: — O quê?
— Você dirigiu assim?
Ele balança a cabeça. — Conseguimos uma carona.
— E o seu carro?
— Você pode me levar para buscá-lo pela manhã.
— Quer que eu leve você? — Levanto uma sobrancelha. — Na minha
moto?
— Porra, não. Vamos pegar um Uber.
— Então por que preciso ir…?
— Porque quero que você faça isso — ele diz simplesmente, e eu rio.
— Você realmente está bêbado.
— Não preciso estar bêbado para querer passar um tempo com você. —
Ele suspira. — Isso também acontece quando estou sóbrio.
— Eu te disse. — Carter diz, então solta um som sufocado.
Pela maneira como a água continua caindo na lateral, acho que Nate o está
afogando repetidamente, mas ele não tira os olhos de mim nenhuma vez.
Meu pau está duro como uma rocha, e sei que ele pode senti-lo, sua mão
descendo entre nossos corpos para agarrá-lo por cima do meu moletom.
— Garotinho carente — ele sussurra, inclinando a cabeça para baixo para
beijar meu pescoço. — Você está pronto para dormir?
Concordo com a cabeça e agarro seu cabelo, olhando para Frankie por
cima do ombro enquanto lhe concedo melhor acesso. Ela parece divertida,
mas não perco a maneira como seus olhos suavizam um pouquinho para
mim. Ela tem uma cara neutra, mas eu a conheço melhor agora do que
quando me mudei para cá. Nós nos tornamos... bem, não exatamente
amigos. Eu ainda a odeio. Só a odeio um pouco menos, já que ela me deixou
ficar com a gargantilha de borboleta que Nate tanto ama.
— Cama. — Nate me lembra, e saio de seu colo, olhando para ele quando
se levanta e me puxa para mais perto. Ele me beija com força, provavelmente
para provar alguma coisa para Carter, seus dedos cavando minha cintura
enquanto ele me provoca com a língua, me fazendo gemer. Seu sorriso em
meus lábios me diz que era exatamente isso que ele estava esperando, sua
testa apoiada na minha enquanto ele me guia de volta para casa.
De repente, ele para de andar e vira a cabeça para olhar para Frankie. Ele
parece um pouco culpado por algum motivo, mas ela apenas ri, parecendo
saber o que está acontecendo sem precisar perguntar. — Está tudo bem —
ela diz a ele. — Sou uma menina crescida, Nate. Posso dormir sozinha.
— Tem certeza disso?
— E se eu disser não? — Ela pergunta, sorrindo enquanto fuma o baseado
de Carter, usando a ponta acesa para gesticular entre mim e Nate. — Você
vai me deixar dormir no meio? Porque não acho que seu garoto gostaria
muito disso.
— Não brinca — digo, mexendo minha mandíbula quando ela, Carter e
Nate bufam em uníssono.
Empurro-me de volta para o peito de Nate, e ele passa os braços em volta
de mim por trás, hesitando por um momento antes de trocar um olhar com
Frankie, acenando para ela quando o afasta com a mão. Ela pisca para mim
e eu discretamente dou o dedo a ela, fazendo-a rir.
Cadela.
Odeio gostar dela.
Nate me leva para cima sem soltar minha cintura, o que significa que
levamos três vezes mais tempo para chegar ao quarto dele, mas não me
importo. Sei que não deveria, mas adoro quando ele age assim, como se
estivesse obcecado por mim e precisasse manter as mãos em alguma parte
de mim o tempo todo.
Ele me apoia até que minhas pernas toquem a cama, e olho para ele com
os braços em volta de seu pescoço, sentindo todos os tipos de coisas que não
deveria estar sentindo.
Tanta coisa para ser feita, penso comigo mesmo, mas não me importo. Meu
coração dói tanto por ele que chega a doer. Eu não poderia ir embora agora
mesmo se quisesse.
Afasto-me até estar deitado na cama, e ele vem comigo, levantando uma
sobrancelha quando o rolo de costas e subo em cima dele. Ignorando a
diversão em seu rosto, tiro meu moletom e camisa e os jogo no chão,
passando as unhas sobre sua barriga dura enquanto empurro suas camadas
superiores até a clavícula. Ele não luta comigo quando eu as tiro por cima de
sua cabeça, agarrando minha cintura novamente para me puxar até sua boca.
Passo para ele o lubrificante que está em sua mesa de cabeceira, e ele o usa
para me abrir com os dedos, sua mão na parte de trás do meu moletom
enquanto me beija sem sentido. Ainda estou um pouco dolorido de antes,
mas ele não é rude comigo, demorando enquanto me estica com um dedo,
depois com dois.
Estamos nos beijando e nos beijando como adolescentes, nossos corpos
seminus se esfregando pelo que parece uma hora, talvez mais.
— Se você me quer com força enquanto me fode, precisamos parar —
aviso.
— Por quê?
— Porque vou gozar.
— Goze então — ele diz, sugando meu lábio entre os dentes. — Posso te
deixar duro novamente. A noite toda, se eu quiser.
Ele não está errado sobre isso.
— Mais fundo — sussurro, e ele me dá, me fazendo choramingar enquanto
agarra minha bunda e aperta, curvando os dedos enquanto se esfrega em
mim.
— Bebê, deixe-me ver seu pau.
Sento-me e coloco minha mão entre nós, empurrando meu moletom até a
parte superior das coxas para mostrar a ele. Estou sem cueca esta noite - não
para provocá-lo, mas porque era mais confortável depois da maneira como
ele tratou minha bunda mais cedo - e ele geme quando percebe, seu pau
visivelmente empurrando contra o meu.
— Está molhado? — ele pergunta, e aceno, torcendo meu punho sobre o
pré-sêmen que vaza da ponta. — Suba aqui e coloque na minha boca — ele
exige. — Quero provar.
Quando não me movo rápido o suficiente, ele engancha os dedos dentro
de mim e me puxa para cima até que estou sentado em seu rosto, deslizando
suas costas na cama para que eu possa me inclinar para frente em cima dele.
Agarrando a cabeceira da cama, olho para baixo e alimento meu pau para
ele, arqueando as costas enquanto giro meus quadris para frente e para trás,
dando a ele cerca de metade em cada golpe.
— Não seja um covarde, Xav — ele provoca, ainda tocando minha bunda.
— Use minha garganta como usei a sua. Foda-me com força.
Deus. Merda.
Ele aperta minha bunda com um incentivo silencioso, e dou a ele o que
quer, enfiando meu pau em sua boca até foder o fundo de sua garganta.
Eu queria fazer isso durar, mas é fisicamente impossível aguentar
enquanto o vejo sufocar no meu pau, o calor de sua boca me levando à beira
da insanidade. Afastando-me no último segundo, descanso a ponta do meu
pau em sua língua, gemendo enquanto meu esperma dispara em sua boca
aberta. Ele fecha os lábios em volta da cabeça e chupa, e choramingo entre
os dentes, empurrando-o para baixo pela cabeça para tirá-lo de cima de mim.
— Você já engoliu?
Ele balança a cabeça e me inclino para pegar seu rosto em minhas mãos,
roubando um beijo pegajoso de seus lábios que o faz gemer mais um pouco.
Ele enfia meu próprio esperma na minha boca com a língua, e chupo como
um demônio.
— Mostre-me. — ele diz, então coloco minha língua para fora do jeito que
ele gosta e mostro meu piercing, deixando nosso cuspe e meu esperma
escorrer de volta para sua boca.
Ele engole então, lambendo meus lábios de canto a canto para garantir que
ele consiga tudo. Beijo-o novamente antes de descer por seu corpo, tirando
o resto de nossas roupas. Levantando minha perna sobre seus quadris, pego
o lubrificante e tiro a tampa, alcançando entre minhas pernas para esfregar
um pouco em seu pau. Estou prestes a colocá-lo, mas ele está estranhamente
complacente esta noite, e isso me faz hesitar. — Quão bêbado você está
agora?
— O quanto você se importa? — ele diz de volta, pegando minha bunda
para me guiar para frente e para trás, me ajudando a provocá-lo.
— Não muito — admito, fazendo-o sorrir enquanto aperto a base de seu
pau, esfregando a cabeça sobre meu buraco aberto e molhado. — Preciso
disso.
— Pegue, bebê. É seu.
Meu.
É verdade que ele não me disse que ele era meu, mas finjo que sim
enquanto me abaixo, minha boca se abrindo enquanto grito ao sentir isso.
— Isso dói?
— Não, quero dizer, sim, mas eu gosto — confesso, sentindo-o me abrir
enquanto levanta sua bunda, enchendo-me profundamente com um
impulso lento — Foda-se, Nate.
— Estou chegando nisso — ele brinca, e solto uma risada surpresa,
fechando os lábios quando isso me faz apertar em torno dele.
Quando ele está prestes a começar a se mover, paro-o com as mãos em seu
abdômen. — Deixe-me fazer isso — imploro, descaradamente considerando
seu bom humor como garantido. — Deixe-me mostrar o quão bom posso
montar em você.
Ele xinga, e tomo isso como um sim, levantando meus quadris quase
totalmente antes de me abaixar. Começo devagar no início, depois me movo
mais rápido, adorando a maneira como seus punhos apertam o lençol e seus
olhos escurecem até parecerem escuros como breu.
— Porra, Xavi — ele rosna entre os dentes, e então ele geme, geme para
caralho quando eu pressiono seu pau e realmente dou a ele.
Sentindo-me mais confiante do que nunca, puxo sua cabeça pela nuca,
provocando seus lábios com os meus. — Cuspa na minha boca de novo.
Ele faz isso, e sento direito, deixando pingar no meu pau antes de usá-lo
para me masturbar.
— Putinha indecente — ele murmura, e posso dizer que ele adora isso
tanto quanto eu. — Venha aqui.
Colocando minha mão livre em sua coxa atrás de mim, me inclino ainda
mais. Ele sorri maldosamente, me atingindo com um olhar aquecido que me
diz que estou forçando. Passando as palmas das mãos sobre meu peito, ele
aperta meus mamilos e puxa, forçando-me a deitar em cima dele ou arriscar
que arranque meus piercings. Desisto e deixo ele brincar com minha língua.
— Você é tão bom nisso, garotinho — ele geme, passando as mãos pelos
meus lados e descendo até a parte inferior das minhas costas. — Você é
perfeito.
Seu elogio me anima, seus dentes mordiscam meu lábio enquanto o monto
com mais força. — Carter me chama assim.
— Não dou a mínima para o que ele chama você. — Ele agarra minha
bunda, me segurando possessivamente. — Você não é dele. Você é meu. Meu
garotinho...
— Deus, Nate, continue falando assim. — imploro, passando meu punho
sobre meu pau entre nossos corpos.
— Você gosta quando te chamo de meu?
Concordo com a cabeça, virando a cabeça para trás quando ele move a
boca até minha garganta e marca minha pele com mais de suas marcas.
— Mostre-me. — ele diz, lambendo os hematomas. — Mostre-me o quanto
você quer que eu fique com você.
Meu coração acelera ao pensar nele me mantendo, nossas peles batendo
juntas enquanto salto para cima e para baixo em seu pau. Faço-o gozar
primeiro, gemendo em seu pescoço quando o sinto pulsando dentro de mim
e me preenchendo. Estou prestes a segui-lo até o limite, mas ele não deixa,
afastando minha mão do meu pau e pegando meus pulsos.
— Você já gozou sem masturbar antes?
— Não.
— Faça isso por mim — ele exige, pressionando as palmas das mãos na
cama, de cada lado de sua cabeça. — Agora.
— Não sei se consigo...
— Você não vai sair do meu pau até que o faça.
Cerro os dentes e ele me fode, sorrindo maliciosamente quando grito de
frustração. Coloco minhas mãos perto de seu rosto, focando em seu olhar
enquanto ele toca cada parte do meu corpo que pode alcançar, ajudando-me
a subir e descer sobre ele.
Ainda duro dentro de mim, ele tesoura os dedos e os esfrega em seu pau
no meu buraco. Solto um som impotente que nunca fiz antes, sentindo-me
tremer e apertar em torno dele.
— É isso, bebê — ele diz suavemente, de alguma forma sabendo que estou
perto. — Vamos. Você consegue.
— Me sufoque.
Sua outra mão aperta minha garganta, meus olhos rolando para trás
enquanto ele se aproxima de mim. Isso me provoca, um grito saindo da
minha boca aberta enquanto gozo forte e alto. Parece que isso dura uma
eternidade, fazendo todo o meu corpo vibrar enquanto sou dilacerado de
dentro para fora.
Mal registro o que Nate está fazendo embaixo de mim, mas quando ele
me puxa para baixo e enfia a língua molhada em minha boca, sinto o gosto
do esperma e percebo que ele está ocupado tirando-o de seu abdômen e
peito.
— Tão indecente. — Resmungo, caindo em cima dele quando estou fraco
demais para me segurar.
— Você está bem?
— Não. Minhas pernas estão pegando fogo — digo a ele, sorrindo em seu
pescoço enquanto ele massageia a parte externa das minhas coxas,
amassando a carne sob as palmas das mãos. — Que bonitinho.
— Cale-se.
Eu rio e saio de cima dele, olhando para o teto acima de nós enquanto me
preparo mentalmente para ir embora. Ele não me expulsa imediatamente, e
fico grato, esticando as pernas enquanto ele fica em silêncio ao meu lado.
— Você contou a Frankie sobre Katy — digo depois de um minuto,
pensando no olhar que ela me lançou lá fora.
Não tenho coragem suficiente para olhar para ele, mas o vejo acenar com
a cabeça pela minha visão periférica.
— O que ela disse?
— Ela não disse nada. Ela apenas ouviu — ele responde calmamente, me
fazendo franzir a testa quando seu dedo mindinho roça o meu. — Ela estava
chorando quando terminei, mas não diga a ela que te contei isso.
— Por que não?
— Porque ela vai bater em nós dois.
Concordo com a cabeça, ficando tenso quando ele pega minha mão e
entrelaça nossos dedos, seu polegar roçando o meu. Ele tem o hábito de fazer
isso, mas nunca depois do sexo. Não sei o que ele pensa que está fazendo,
mas sou covarde demais para perguntar, então não pergunto.
— Você nunca transou com ela, não é? — Em vez disso, pergunto a ele,
finalmente virando a cabeça para encará-lo, encontrando seus olhos já presos
nos meus. — Você só está brincando comigo para tentar me deixar com
ciúmes.
— Tentar? — ele ecoa presunçosamente, rindo quando percebe o leve
tique em minha mandíbula. — Não, Xav, nunca transei com ela — ele
admite. — Isso seria estranho. Ela é tipo uma pequena i... — Ele interrompe,
e nós dois estremecemos com a palavra que ele quase usou. — Ela é minha
melhor amiga.
— Bom para ela — murmuro, deslizando minha mão de seu aperto antes
de me sentar e pegar meu moletom do chão.
— Onde pensa que está indo?
— Cama.
— Você já está na cama.
— Minha cama, Nate... — Eu digo, franzindo a testa quando ele joga meu
moletom e me puxa pelo pulso.
— Não.
— Não?
— Não — ele repete, agarrando meus quadris para me puxar para mais
perto, me puxando contra seu peito. Estou muito atordoado para lutar com
ele, olhando boquiaberto para ele enquanto ele agarra a parte de trás da
minha coxa e a arrasta sobre seu corpo. — O quê? — ele pergunta, divertido.
— Não vou dormir aqui com você.
— Por que não?
— Você sabe por que não — digo com raiva. — Você só quer foder comigo
antes de roubar tudo de novo.
— Não vou — ele promete. — Não dessa vez.
Eu não deveria acreditar em uma palavra que sai da boca dele, mas por
alguma razão, acho que ele está falando sério.
Olho para ele, e ele olha de volta para mim, levantando uma sobrancelha
escura quando vê as perguntas não ditas nadando em meus olhos.
— O quê? — ele pergunta. — Diz.
— Não entendo você — admito, evitando seus olhos enquanto passo meu
dedo sobre o anel em sua corrente. — Você é tão caloroso e frio o tempo todo.
É como se você fosse duas pessoas completamente diferentes. Qual lado você
está fingindo, Nate?
Um pequeno sorriso toca seus lábios, mas ele não me responde, os nós dos
dedos roçando minha coxa enquanto deito minha cabeça em seu peito. Estou
exausto, tanto física quanto mentalmente, mas luto contra o sono tentando
me puxar para baixo, não querendo perder um segundo do conforto e do
calor do corpo dele contra o meu.
— Você já dormiu ao lado de alguém antes, Xav?
Hesito, e ele aperta o braço em volta das minhas costas, provavelmente
sabendo o que estou prestes a dizer antes de dizer.
— Apenas Katy — sussurro.
CAPÍTULO 34

— Você sabe que tenho meu próprio banheiro, certo? — Xavi pergunta,
me tirando do caminho para enxaguar o condicionador de seu cabelo. — E
meu próprio chuveiro.
— Você não parecia se importar com isso ontem. — Lembro-o,
empurrando-o contra a parede para tomar meu lugar debaixo da água.
— Sim, bem, eu queria seu pau ontem — ele brinca, com os olhos no dito
pau enquanto desliza os dedos pelas bolhas de sabão ali. — Estou farto disso
agora.
— Só meu pau, hein?
Um pequeno sorriso toca seus lábios, e ele envolve seus dedos em torno
dele, me puxando para ele e usando a outra mão para passar a mão sobre
meu peito. O mentiroso não parece cansado disso, e sei que ele queria muito
mais do que sexo quando o encontrei aqui ontem, mas não o repreendo.
Estou muito focado em seu lindo rosto, esticando os polegares sobre a
maquiagem preta borrada sob seus olhos.
Acordei esta manhã e encontrei-o enrolado em mim como um cobertor, as
pernas emaranhadas nas minhas, a cabeça no meu ombro e o cabelo
bagunçado cobrindo seu rosto. Tirei-o do rosto e ele sorriu enquanto dormia,
mais contente do que nunca. Ele estava lindo assim, e isso me irritou, então
eu o virei, acordei-o com minha língua em sua bunda e depois o fodi por trás
até que ele gritasse meu nome.
Seu pequeno sorriso se transforma em um sorriso completo, a felicidade
em seu rosto é clara enquanto ele fica na ponta dos pés para se aproximar.
— Você não consegue parar de pensar em mim, não é? — ele pergunta, me
provocando com a boca, mas nunca me dando isso de verdade. — Mesmo
quando estou bem aqui na sua frente…
Agarro sua cintura e o levanto, sua cabeça batendo contra a parede do
chuveiro enquanto pego o que quero à força. Ele ri e envolve as pernas em
volta de mim, agarrando minha nuca enquanto aprofundo o beijo.
— Quando você ficou tão arrogante? — Pergunto.
— Sempre fui tão arrogante.
Apertando ainda mais sua coxa, afasto-me para olhar para ele. — Não foi
isso que eu quis dizer e você sabe disso. — Observo seu olhar, chateado com
o modo como ele parece saber algo que eu não sei. — Diga-me.
Ele hesita, rindo de novo quando percebe o tique na minha mandíbula.
— Desde que Carter me disse que você está apaixonado por mim.
Meu rosto desaba e solto um palavrão, fechando a mão livre na parede ao
lado de sua cabeça.
Eu vou matá-lo.
— Isso é verdade?
Maldito inferno.
— Vista-se — ordeno, deixando-o de pé e saindo para jogar uma toalha
em seu corpo.
— Espere, Nate, eu estava apenas brincando...
— Não vou te expulsar, Xavi.
Ele pisca com isso, a dor em seu rosto se transformando em confusão.
Enrolando a toalha na cintura, saio para o quarto e vou até o armário,
pegando algumas roupas limpas e dois moletons. Quando saio, encontro
Xavi secando o cabelo com uma toalha ao lado da cama, sua bunda sexy à
mostra, coberta de chupões e pequenos hematomas.
— Preciso lavar minha roupa — ele diz, torcendo o nariz para a pilha de
roupas sujas no chão. — Posso usar...
Jogo um dos moletons nele e ele sorri, deixando cair a toalha para pegá-
lo. Assim que ele começa a dizer alguma coisa, alguém bate na porta e
viramos para lá, encontrando Easton abrindo uma fresta e enfiando a cabeça
para dentro. — Cara, você está doente ou algo assim... — Ele interrompe,
olhando duas vezes para Xavi antes de seus olhos arregalados caírem para o
pau do meu garoto.
A boca de Easton se abre enquanto ele olha para ele, e pego minha bola de
basquete, jogando-a na porta perto de seu rosto. — Que porra você está
olhando?
Xavi dá uma risada e olho para ele. Ele não se preocupa em se cobrir, então
aproximo-me e dou um tapa na lateral de sua bunda, aproveitando o
pequeno grito que ele solta antes de eu colocar meu moletom sobre seu
corpo.
— Ninguém vê isso além de mim — digo baixinho, descendo abaixo da
bainha para apertar seu pau.
Ele morde o lábio e balança a cabeça, seus olhos brilhantes fixos nos meus
para me mostrar sua obediência. Nós dois estamos duros agora, então sento-
me na beira da cama e o puxo para sentar no meu colo.
— Bom garoto.
Ele geme e separa minha toalha, esfregando-se em mim de maneira não
tão discreta enquanto nos masturba com as duas mãos. Dou a ele um olhar
aguçado e ele faz beicinho.
— Não me impeça — ele sussurra. — Vou ficar quieto.
Duvido disso, mas não vou impedi-lo. Posso não querer que Easton veja o
que me pertence, mas não tenho problema em deixá-lo ouvir. De novo.
— O que você quer?
Easton olha de Xavi para mim quando percebe que estou falando com ele,
limpando a garganta enquanto pega a bola e a coloca na minha cômoda. —
Nada, só pensei que algo estava acontecendo com você. Você nunca dorme
tão tarde e perdeu o cardio.
— Fiz meu cardio — digo a ele, inclinando a cabeça para Xavi. — Quatro
vezes.
Easton aperta os lábios, não conseguindo esconder o sorriso, depois solta
uma risada, balançando a cabeça para mim enquanto sai pela porta. Antes
que ele feche, vejo Frankie passando pelo meu quarto no corredor, sua
expressão ilegível enquanto olha diretamente para mim. Lembro-me de ter
contado a ela sobre Katy ontem à noite, mas devia estar mais bêbado do que
pensava, porque tenho quase certeza de que contei a ela... outras coisas
também.
Tenho certeza de que contei tudo a ela.
Merda.
Percebendo que Xavi está prestes a gozar em cima de mim, eu o viro,
empurro-o de volta na cama e chupo seu pau na minha boca, engolindo seu
esperma.
— Vista-se e vou levá-lo para tomar café da manhã depois de pegarmos
meu carro. — Bato em sua bunda novamente e me levanto, parando quando
ele agarra meu pulso e me puxa de volta.
— E você? — Ele pergunta, piscando para mim com aqueles lindos olhos
azuis, girando a língua ao redor da cabeça do meu pau.
— Você quer isso?
Ele balança a cabeça e monto em seu rosto para entregá-lo a ele.

— O que está fazendo aqui? — Xavi pergunta, me olhando com


desconfiança enquanto caminhamos em direção à entrada principal do
Lucky's Diner.
— Eu disse que estava levando-o para tomar café da manhã.
Ele franze a testa para mim quando seguro a porta para ele, e sorrio em
suas costas antes de segui-lo para dentro.
Não seguro a mão dele aqui porque estamos muito perto do campus para
que alguém possa me reconhecer, mas ainda o mantenho por perto, guiando-
o de um lado para o outro com as pontas dos dedos na parte inferior de suas
costas.
Uma linda garçonete com cabelos loiros na altura dos ombros nos senta
em uma mesa, olhando para Xavi enquanto ela prepara nossos cardápios e
nos pergunta o que queremos beber. Pedimos café e ela olha para ele antes
de nos dizer que já volta.
— Você a conhece?
— Quem?
— A garçonete — digo secamente.
Ele vira a cabeça para dar uma boa olhada nela. — Acho que não, por quê?
Balanço a cabeça para ele, rindo baixinho enquanto pego meu cardápio.
— Você é fofo para caralho.
Seus olhos viram de volta para os meus. — O quê?
— O que você quer comer?
Ele olha para mim como se não soubesse o que fazer comigo, então pega
seu próprio cardápio. Fazemos o pedido e, quando a garçonete volta com a
comida, acho que ela percebe que Xavi não está interessado nela.
Ele pode pensar que ninguém fora do nosso pequeno círculo sabe que ele
é gay, mas ele não é tão astuto quanto pensa. Ele não tira os olhos de mim
enquanto come, e posso dizer que a garçonete percebe, com um sorriso
conhecedor no rosto enquanto ela nos traz mais dois cafés.
— O que aconteceu com o seu apetite? — Pergunto quando ela sai,
apontando para a pilha de panquecas pela metade que ele está comendo há
meia hora.
Sei que ele costumava ter um porque uma vez o vi comer uma pizza
grande inteira sozinho, mas desde que ele voltou à minha vida, mal o vi
comer.
— Depressão. — Ele força um sorriso falso, fazendo questão de colocar
um pedacinho de bacon na boca. — Eu também não durmo muito.
— Você dormiu comigo ontem à noite.
Ele encolhe os ombros, escondendo a expressão atrás da caneca de café
enquanto se recosta para tomar um gole.
— Você tem a lista de Katy com você? — Pergunto, fazendo-o franzir a
testa mais uma vez.
— Sim…
— Escolha algo nela.
— O quê?
Suspirando com o quão difícil ele está sendo, apoio os cotovelos na mesa
e repito lentamente: — Escolha alguma coisa nela.
Não pela primeira vez, ele olha para mim como se eu fosse uma pessoa
louca, seus olhos cautelosos em mim enquanto ele tira o dinheiro da carteira.
Abrindo-a, ele olha para a lista e depois para a loja de motocicletas do outro
lado da rua, com um sorriso lento abrindo seus lábios.
— Qualquer coisa menos isso — digo, e ele sorri um pouco mais.

— Não posso acreditar que estou te deixando fazer isso — resmungo,


olhando enquanto me aproximo de sua moto na garagem.
O capacete que compramos para mim no caminho para casa agora pesa
muito em minhas mãos, um preto sólido para combinar com o dele, como
ele insistiu.
Balançando a cabeça com o quão estúpido isso é, coloco a maldita coisa
antes de mudar de ideia. Ele já está usando o capacete, então não posso dizer
o que ele está pensando enquanto acena para mim. Passando a perna por
cima da moto, ele dá um tapinha no assento atrás dele e hesito.
— Talvez você devesse ser a carona — digo.
— Por quê? Você não confia em mim?
— Nem um pouco.
Ele ri disso, agarrando a frente do meu moletom e me puxando para mais
perto. Justamente quando penso que ele está prestes a dizer algo
tranquilizador, ele se aproxima de mim e diz: — Covarde.
Afasto sua cabeça e fico atrás dele, agarrando sua cintura e puxando-o de
volta para mim. Inclinando-se para frente para agarrar o guidão, ele recua
um pouco mais, e espero que ele fique confortável, deslizando meus braços
ao redor de sua cintura para alcançar seu bolso da frente.
— Só para você saber — começo, tirando a venda e esticando-a sobre o
capacete, prendendo-a na parte de trás. — Se você tivesse deixado minha
irmã dirigir essa coisa, teria sido a última coisa que você faria.
Suas mãos agarram as minhas para colocar minhas palmas em sua barriga.
— E você se pergunta por que escondemos tantos segredos de você.
— Que segredos?
— Não sou dedo-duro, bebê — ele brinca, girando um pouco o acelerador
antes de nos levar até o final da garagem. — Vou levar isso para o meu
túmulo.
Bebê.
— Quem diabos você está chaman...
Ele torce novamente para me bater em suas costas, e solto um palavrão,
forçando-me a calar a boca e me concentrar no que deveria estar fazendo.
Guio-o através dos portões, e ele vira à esquerda, acelerando assim que eu
lhe dou permissão e sai para a rua. Meus braços estão apertados em torno
dele, meu coração bate forte dentro do peito, e não consigo dizer se é de
medo ou de êxtase. Provavelmente um pouco dos dois, embora eu nunca
contarei isso a ele.
— Três quilômetros de estrada aberta e depois voltamos.
Ele balança a cabeça para me avisar que me ouve enquanto acelera ainda
mais, e posso dizer que ele está sorrindo quando diz: — Como você quiser,
bebê.

— Venha aqui, seu merdinha.


Ele foge de mim e o persigo pela porta da frente e subo as escadas,
agarrando seu tornozelo no meio do caminho e fazendo-o gritar. Ele me
empurra de cima dele e continua correndo, indo direto para o meu quarto e
tentando fechar a porta na minha cara. Pego-a bem a tempo e a abro,
agarrando-o pelos quadris para jogá-lo na minha cama. Ele cai de costas com
um grunhido, e monto em sua pequena cintura, prendendo o filho da puta
contorcendo pelos braços.
— Eu disse que sentia muito!
— Você bateu no meu carro — rosno, arrancando o capacete da minha
cabeça antes de fazer o mesmo com o dele.
— Eu risquei nele — ele murmura. — Foi um acidente!
Ele empurra os quadris para cima de mim e estreito os olhos com o puro
deleite em seu rosto.
— Você acha isso engraçado?
— Não — ele mente.
Ele ainda está lutando e girando seu corpo, e estou deixando-o jogar seu
joguinho, permitindo que ele nos gire e me empurre de costas. Ele sobe em
cima de mim, com os antebraços apoiados em cada lado da minha cabeça, e
então a merda mais estranha acontece. Percebo que estou rindo tanto quanto
ele, nossos corpos vibrando juntos com a adrenalina percorrendo em nossas
veias. Mas então, como se nos atingisse exatamente ao mesmo tempo, o
momento morre e os sorrisos desaparecem de nossos rostos.
Não deveríamos estar tão felizes.
— Onde está a lista?
Sentado no meu colo, ele enfia a mão no bolso de trás e tira a carteira,
desdobrando o papel e alisando-o no meu peito. Apoiando-me nos
cotovelos, olho para ele de cabeça para baixo, lendo a segunda coisa que ela
escreveu nele.
Andar de motocicleta.
Ele risca com o marcador, mordendo o lábio ansiosamente enquanto olha
para mim. Deito-me novamente, afastando sua mão da boca quando ele
começa a roer as unhas.
— Ela costumava me procurar para coisas assim, sabe? — Murmuro
depois de um tempo, sacudindo suavemente a ponta do papel. — Ela
costumava vir até mim para tudo. E então, um dia, ela começou a procurar
você, e eu... — paro, respirando fundo enquanto levanto os olhos para o teto.
— Eu a perdi.
Xavi não se move nem fala, uma ruga profunda se formando entre suas
sobrancelhas enquanto ele tenta impedir que seus lábios tremam. Seus olhos
estão brilhando, e posso dizer que ele quer me pedir desculpas novamente,
mas ele sabiamente escolhe não o fazer.
Dobrando o braço sob o travesseiro, desço a outra mão até sua coxa,
brincando com um fio solto no rasgo de sua calça jeans. — Quer saber uma
das razões pelas quais eu te odiava tanto naquela época?
— Por quê?
— Porque eu estava com ciúmes de você — admito, engolindo meu
orgulho. — Ela não guardava uma caixa de fotos minhas e dela em seu
armário, Xav. Eu odiava você porque ela o amava mais do que a mim.
Sua boca se abre e eu lentamente balanço minha cabeça, parando-o antes
que ele possa dizer isso.
— Não me diga que não é verdade. Nós dois sabemos que é.
Ele abaixa os ombros, revirando os lábios para garantir que fiquem
fechados, mastigando o de baixo com tanta força que começa a inchar.
Estendendo a mão, uso meu polegar para puxá-lo entre seus dentes.
— Eu era um irmão de merda — acrescento, deixando minha mão cair na
barriga. — Não a ouvi. Não vi isso. E então ela morreu e... era tarde demais.
Eu daria qualquer coisa por mais um dia com ela — sussurro, desviando o
olhar para não ter que ver a dor em seus olhos, sabendo que ele sente o
mesmo. — Só para dizer a ela todas as coisas pelas quais sinto muito… para
ouvir a voz dela… para ouvi-la cantar mais uma vez…
— Tenho vídeos.
Meus olhos se voltam para os dele e levanto a cabeça, apoiando-me nos
cotovelos. — O quê?
— Nada — ele recua. — Nada. Apenas esqueça...
— Você vai me mostrar? — Minha voz falha, minha determinação fingida
quebra junto com ela. — Por favor.
CAPÍTULO 35

Engolindo em seco, aceno silenciosamente e tiro meu telefone do bolso.


Abrindo o álbum que fiz só para mim e Katy, vou até o topo e clico em um
dos vídeos anteriores, hesitando por um momento antes de apertar o botão
reproduzir e passá-lo para o irmão dela.
A voz de Katy sai pelo alto-falante, no meio do refrão de “Scars to Your
Beautiful” de Alessia Cara. Assim que Nate ouve, ele se senta
completamente, os olhos brilhando de emoção enquanto examina meu rosto
pálido na tela.
— Onde ela está?
— Bem na minha frente — sussurro.
Seu braço esquerdo treme ao passar pelas minhas costas, e passo os dedos
pelos cabelos curtos de sua nuca, tentando confortá-lo e a mim mesmo.
Há um sorriso preguiçoso no meu rosto no vídeo, minha cabeça inclinada
para trás no assento enquanto fumo um baseado na varanda da casa da
minha mãe.
Antes do próximo refrão começar, Katy para de cantar só para dizer: —
Xav, aumenta o volume.
Quando a câmera gira, ela dá um zoom nela deitada de lado na cadeira à
minha frente, com as pernas nuas e os pés pendurados no braço. Ela está
vestindo uma das minhas camisetas pretas desbotadas e um short, seu
cabelo escuro e emaranhado preso em um coque bagunçado, os fios soltos
emoldurando seu lindo rosto.
O anel preto que eu costumava usar aparece quando alcanço o alto-falante
na mesa de centro entre nós, diminuindo o volume em vez de aumentar,
querendo ouvi-la durante a música. Katy para de cantar novamente e deixa
cair os óculos escuros, estreitando os olhos em minha direção. — Você está
me gravando de novo?
— Hum.
Seu aborrecimento fingido desaparece e ela finge virar o cabelo. — Como
estou?
— Você está linda, querida.
— Mas?
— Mas nada — digo automaticamente. — Continue.
Ela sorri e começa a cantar ainda mais alto do que antes, fechando os olhos
e batendo os pés no ritmo da música. A maneira como ela canta é fácil. É
como se nem estivesse tentando parecer tão bem, ela simplesmente é. Devo
ter assistido isso uma centena de vezes, mas mesmo agora, a voz dela ainda
me pega desprevenido e me tira o fôlego.
O vídeo termina com a música, e depois de alguns segundos olhando para
o sorriso congelado de Katy na tela, Nate diz: — Foda-se. — Ele abaixa a
cabeça e eu a pego em minhas mãos, envolvendo minhas pernas em sua
cintura e meus braços em volta de seus ombros, enterrando seu rosto em
meu pescoço.
—Nate, você está bem?
Ele balança a cabeça com firmeza, sem dizer nada.
Deixando a lista de Katy de lado para garantir que não a rasgaremos, ele
me afasta dele, sentando-me entre suas pernas e puxando minhas costas
contra seu peito.
Ele não me devolve meu telefone e não tenho coragem de pedir isso. Sei
que é uma má ideia, mas ignoro meu nervosismo e me encosto nele de
qualquer maneira, deixando-o percorrer centenas de fotos e vídeos enquanto
desenha padrões aleatórios em minha barriga com os dedos.
Tenho horas e horas de filmagens – algumas dela cantando, algumas de
nós apenas brincando – e passamos o resto do dia assistindo, sem nos mover,
mesmo quando o sol começa a se pôr no horizonte.
— Ela ficaria chateada com você por me deixar assistir isso? — ele
pergunta, sua voz um pouco áspera depois de não falar por tanto tempo.
— Ela provavelmente está me amaldiçoando até o inferno agora. — Aceno
e ele solta uma risada estranha.
Sou muito covarde para olhar para ele, com muito medo de ver qualquer
expressão em seu rosto, então olho para nossas mãos, abrindo meus dedos
para ele quando entrelaça os seus com os meus.
À medida que ele se aproxima dos vídeos mais recentes, fico cada vez mais
ansioso com o que verá se não pararmos logo. Mas toda vez que tento
levantar a mão para tocar o telefone, ele envolve a minha, prendendo-a no
meu peito para me impedir.
Quando chegamos ao meu escovando os dentes no banheiro de Katy com
ela cantando no chuveiro atrás de mim, seu corpo escondido atrás da tela
fosca, sinto seu olhar furioso na lateral do meu rosto e solto uma risada, me
surpreendendo tanto quanto ele com minha atitude de merda. — Supere
isso, Nate. Quantas vezes você já viu o Carter nu?
— Isso é diferente.
— Ah sim. Você está certo — digo sarcasticamente. — Você fodeu Carter.
Nunca fodi Katy.
Ele cerra os dentes, mas posso sentir seu sorriso divertido em minha
bochecha antes que ele o morda. — Pirralho.
Solto um ruído suave e arqueio-me de volta para ele, estendendo a mão
para agarrar sua cabeça e guiar sua boca até meu pescoço exposto. — Você
está me deixando duro.
Passando a mão pela minha frente, ele alcança meu pau por cima do
moletom, agarrando a base e apontando para cima como se estivesse
examinando. Eu não estava mentindo, mas acho que ele sabe que estou
tentando distraí-lo.
Soltando meu pau, ele passa os lábios pela pulsação em meu pescoço e
pergunta: — Quer me dizer por que está tão assustado?
Não. Não, eu não.
Tento pegar meu telefone sem dar muita importância a isso, mas,
novamente, ele não deixa, agarrando meus dois pulsos e prendendo-os ao
meu corpo.
— Nate, isso é o suficiente — sussurro. — Falo sério.
— Não, quero ver. — ele diz com firmeza, puxando os joelhos para cima
para prender minha metade inferior entre suas coxas.
— Ver o quê?
— O que quer que esteja fazendo seu coração bater tão rápido.
Tento me desvencilhar de seus braços, mas ele é muito mais forte do que
eu, não vou a lugar nenhum. Tudo o que posso fazer é assistir enquanto ele
passa para o próximo vídeo, me encolhendo quando o rosto de Katy
preenche a tela, suas pupilas arregaladas e seu cabelo emaranhado caindo
em seu rosto.
— Xav, isso está ligado? — ela pergunta, ajoelhando-se no chão do meu
quarto. — Não sei dizer se está ligado...
— O que você está fazendo?
— Você está sempre gravando vídeos meus — ela resmunga, inclinando o
telefone em direção ao som da minha voz. — É a minha vez.
— Essa é você — eu digo, tropeçando em cima dela, xingando quando
bato meu quadril na cômoda.
— Ah. — Ela franze a testa, depois franze os lábios e segura o telefone na
sua frente. — Eu pareço gostosa?
— Você é linda — digo a ela, como sempre.
— Mas?
— Mas nada — caio de joelhos atrás dela, envolvendo meus braços em
torno dela e pressionando minha boca em sua bochecha. — Você está sempre
linda, querida.
— Ah. Você é tão doce e bonito.
— Como você sabe que sou bonito?
— Sorte — ela provoca, passando a mão no meu rosto e rindo quando eu
desço para o seu pescoço.
Estou sorrindo no vídeo, mas aqui e agora, meus nervos estão à flor da
pele e estou em pânico. — Nate...
— Cale-se.
Desvio os olhos para não ter de ver o que vem a seguir, mas não consigo
deixar de imaginar o que ele está vendo. Ele já nos viu drogados algumas
vezes hoje, mas estamos fora de si nesse caso, um em cima do outro e rolando
no chão do meu quarto. Depois de Katy apoiar o telefone contra a base da
minha cômoda, ela acaba em cima de mim, e minha cabeça bate no tapete
com um baque suave, minhas mãos em suas laterais enquanto ela abaixa o
rosto para o meu. O silêncio se mantém por alguns momentos, e então ela
abaixa ainda mais o rosto, estalando a língua quando eu sorrio e viro a
cabeça para o outro lado no último segundo.
— Ugh. Seu provocador — ela brinca, colocando um dedo na minha
bochecha para puxar meus olhos de volta para ela. — Por que você não pode
simplesmente se apaixonar por mim?
Meu sorriso fica maior quando balanço a cabeça para ela, e ela solta um
suspiro exagerado, deitando-se no meu peito e apoiando o queixo nas mãos.
— É por que você está apaixonado pelo meu irmão?
— Foda-se. — Eu rio, minhas bochechas ficam rosadas enquanto pego a
garrafa de vodca ao nosso lado. — Não estou apaixonado por ele. Só quero
que ele me foda.
— Seu mentiroso.
Aperto meus lábios o mais forte que posso, e ela toca minha boca, sentindo
minha expressão. Ela começa a rir quando percebe, e eu rio também, nos
virando e prendendo sua cabeça em meus braços. — Não conte a ele.
— Eu nunca faria isso — ela promete. — Contanto que prometa que posso
ser dama de honra no seu casamento.
Bufo com isso. — Você percebe que ele me odeia, certo?
— Quer saber o que acho? — Ela pergunta, sem me dar a chance de
responder antes de dizer: — Acho que ele é um mentiroso. Acho que um dia
ele vai te agarrar e vai te amar tanto quanto eu. Mais do que eu — ela corrige,
fazendo beicinho enquanto levanta a mão, e pressiona o polegar e o
indicador juntos. — Só um pouquinho, pouquinho mais.
— Você terminou?
— Acho que você vai virar o mundo dele de cabeça para baixo e não
haverá nada que ele possa fazer para impedir isso. — Ela sorri, parecendo
muito orgulhosa e animada com isso.
Sentando-me com os joelhos em cada lado da cintura dela, tiro a tampa da
vodca e tomo um gole. Katy não pode me ver, mas Nate e eu não podemos
deixar de ver o sorriso patético e esperançoso em meu rosto. — Mesmo que
toda essa merda que você acabou de dizer aconteça, o que não acontecerá,
tenho certeza de que seus pais não ficarão felizes a menos que ele acabe com
uma garota, querida. Ele não vai acabar comigo.
— Foda-se. — Ela balança a cabeça, roubando a garrafa da minha mão e
apontando para o meu rosto. — Ele vai arriscar tudo por você. Você vai ver.
— Você está fora de si.
— E certa — ela acrescenta. — Estou sempre certa.
Rindo de novo, meus olhos encaram o telefone que esqueci ao nosso lado,
meu rosto em pânico quando estendo a mão para pegá-lo.
O vídeo finalmente termina e engulo o aperto na garganta, enxugando as
lágrimas que escorrem dos meus olhos o mais discretamente que posso.
Katy me fez prometer que não excluiria este, mas agora estou desejando
ter quebrado essa promessa e me livrado dele assim que peguei meu
telefone.
Os braços de Nate se afrouxam em volta de mim, e consigo escapar sem
lutar, sem olhar para trás enquanto tiro meu telefone da mão dele e quase
corro para fora do quarto. Frankie para de andar quando me vê no corredor,
mas eu a ignoro, mantendo a cabeça baixa enquanto entro no meu quarto.
Minhas lágrimas caem rápidas e fortes, e sinto que estou sufocando com
elas, tentando ficar o mais quieto possível enquanto me deito na cama. Olho
para a porta algumas vezes, mas ele não vem atrás de mim.
Sou um idiota por pensar que ele faria isso.
CAPÍTULO 36

Sem sair do meu lugar na cama, meus olhos ficam vidrados enquanto olho
para o espaço vazio entre minhas pernas, sem saber o que pensar ou fazer
comigo mesmo.
A parte de trás dos meus olhos está em chamas, e ainda posso ouvir a voz
da minha irmã, suas palavras repetindo dentro da minha cabeça uma e outra
e outra vez.
É porque você está apaixonado pelo meu irmão?
A porta do meu quarto se abre e levanto a cabeça, sem saber se fico
aliviado ou desapontado quando percebo que não é Xavi.
Frankie entra e caminha até mim, com a mandíbula tensa enquanto apoia
as mãos nos quadris. Pisco meus olhos para seu rosto, rezando
silenciosamente para que ela não consiga ver a agonia que persiste em mim.
Devo ter um controle melhor do que pensei, porque ela não parece sentir
pena de mim.
Ela apenas parece chateada comigo.
— O que você está fazendo?
Minha boca se abre, mas não digo nada, congelado no lugar.
— Não fique aí sentado, seu idiota. Vá atrás dele — ela exige, cerrando os
dentes quando não faço nenhum movimento para me levantar. — O que
diabos há de errado com você, Nate?
Mais uma vez, não digo nada, recusando-me a mostrar-lhe um pingo de
emoção ou remorso. Ela zomba de mim, e forço um sorriso, usando toda a
força que tenho para parecer o idiota sem coração que sou.
— Sabe o quê? — Ela ri amargamente, recuando alguns passos. — No
começo pensei que era sexy, mas me enganei. O que está fazendo com aquele
garoto é doentio.
Puxo minha cabeça para trás com isso, finalmente encontrando minha voz
para criticá-la. — Você não sabe de nada, Frank.
— Se você não quer perdê-lo — ela continua — é melhor levantar e ir atrás
dele.
Com isso, ela sai do meu quarto tão rápido quanto entrou, fazendo
questão de bater a porta atrás dela. Faço uma careta por um momento,
recostando-me na cabeceira da cama e ouvindo qualquer som vindo da
parede entre o quarto de Xavi e o meu. Não ouço nada, apenas o som do
meu próprio coração ressoando em meus ouvidos.
Acho que você vai virar o mundo dele de cabeça para baixo e não haverá nada que
ele possa fazer para impedir isso.
Engolindo em seco, estendo a mão e pego a lista de Katy na mesa de
cabeceira, sentindo-me desmoronar enquanto leio o que ela escreveu no final
da página.
Ela sabia.
Ela sempre soube, porra.

Algumas horas depois, estou sentado sozinho no corredor escuro,


encostado na parede ao lado da porta de Xavi, com uma garrafa de uísque
pendurada entre os dedos. É meio da noite, mas sei que ele não está
dormindo porque posso ouvi-lo se mexendo de vez em quando,
provavelmente se revirando na cama.
Quero estar naquela cama com ele. Quero abraçá-lo e tocá-lo enquanto ele
dorme. Quero acordar ao lado dele de manhã e nunca o deixar fora da minha
vista. Mas não posso. Não vou. Então apenas sento aqui e anseio por ele,
olhando para a escuridão enquanto tento beber todos os meus problemas.
Ouço mais movimento dentro do quarto dele, o som da porta do armário
abrindo e fechando seguido pelo tilintar das chaves, e então a porta se abre
silenciosamente ao meu lado. Xavi sai, fecha a porta e tropeça nas minhas
pernas abertas. Ele xinga e agarro sua cintura para impedi-lo de cair sobre
mim.
— Nate. Jesus — ele sussurra, endireitando-se antes de afastar minhas
mãos. — O que está fazendo?
Minhas narinas se dilatam enquanto o estudo, tentando decifrar seu
humor no escuro. — O que você está fazendo?
— Indo dar um passeio.
— Sem seu capacete? — Agarro sua cintura novamente quando ele tenta
se afastar de mim, puxando-o para sentar no meu colo. — Até parece que
você vai. Tire a roupa e monte em mim — exijo, agarrando um punhado de
seu cabelo para beijar seu pescoço.
Deslizo minha língua sobre as marcas que sei que estão lá, e ele afasta meu
rosto, seus dedos cavando meu queixo enquanto segura minha cabeça contra
a parede. Mostro a ele um sorriso preguiçoso e bêbado, e percebo o leve
encolhimento em seu rosto antes que ele desviasse os olhos, saindo do meu
colo e pegando minhas mãos nas suas. — Vamos. Levante-se.
Coopero o melhor que posso, e ele consegue me colocar de pé e passar
meu braço em volta de seu pescoço, pegando meu uísque quando tento me
abaixar para pegá-lo. Levanto uma sobrancelha, mas não digo nada,
deixando-o bancar o enfermeiro e me guiar de volta para a cama. Assim que
me sento na beirada, agarro sua bunda e o puxo para ficar entre minhas
pernas, empurrando seu moletom para beijar seu quadril e a pele macia
acima de sua cintura.
— Você é tão quente — digo. — Gostoso.
— Nate… — ele avisa. — Não estou fazendo isso.
— Não?
— Não.
— Então por que você está me segurando? — Provoco, sorrindo para ele
antes de deslizar minha língua sobre seu abdômen.
Ele estremece e solta meu cabelo, dando um passo para trás. Antes que ele
possa ir muito longe, levanto-me e ocupo seu espaço, apoiando-o e
prendendo-o contra a parede ao lado da cômoda.
— Nate... — ele diz novamente.
— Não vá — falo, quase implorando. — Preciso disso.
— Isso.
— Você — altero, sugando seu lábio em minha boca. — Preciso de você,
bebê.
— Eu disse não — ele grita, me empurrando para trás com mais força do
que eu imaginava que ele tinha.
Aproximo-me novamente e ele me encara, me parando com apenas aquele
olhar.
— Você está bravo — digo, mudando meus olhos entre os dele.
— Não brinca.
— Por que você está bravo?
Outro olhar. Depois de um longo momento de silêncio, nós dois presos
em uma intensa disputa de olhares, ele cede primeiro e bate a cabeça contra
a parede. — Você deveria me perseguir.
Examinando seu rosto mais uma vez, dou-lhe meu melhor olhar
incrédulo, forçando uma risada quando sua expressão não muda. — Você
não pode estar falando sério.
Ele fecha os olhos brevemente antes de sair, e pego seu braço,
empurrando-o de volta contra a parede e pressionando minha testa na dele.
— Você realmente vai ser uma vadia sobre isso? — Pergunto, segurando-
o com mais força quando ele tenta lutar comigo. — O que, você achou que
eu iria descobrir que está apaixonado por mim há anos, ouvir você chorar e
correr atrás de você para dizer que também te amo?
— Algo assim — ele murmura, e balanço a cabeça.
— Isso nunca vai acontecer.
— Por que não?
— Você sabe o porquê — eu rosno. — Você realmente espera que eu
esqueça o que você fez?
— Não quero que você esqueça — ele sussurra, sustentando meu olhar
enquanto pisca para tirar as novas lágrimas de seus olhos. — Só quero que
você me ame de qualquer maneira.
Respirando lenta e profundamente, inalo seu doce perfume e deslizo meus
polegares sobre suas bochechas molhadas. Ele parece tão triste e quebrado,
e então me ocorre que isso é exatamente o que eu queria. Tenho seu
coraçãozinho frágil na palma da minha mão, só preciso esmagá-lo. E mesmo
que haja algo dentro de mim gritando para eu não fazer isso, é exatamente
isso que faço.
— Eu não te amo, festeiro — digo, canalizando cada grama de ódio que
me resta. — É apenas um jogo.
Ele balança a cabeça, esperando por isso, seus olhos escurecendo enquanto
ele move a mandíbula. — Você é um maldito mentiroso.
Abro a boca, mas ele não me dá a chance de dizer que está errado, me
empurrando no ombro com tanta força que tropeço um passo para trás.
— Estou farto — ele me diz, pegando a lista de Katy da minha mesa de
cabeceira e colocando-a no bolso de trás.
— De quê?
— Você — ele responde, sua voz tão vazia quanto o olhar vazio em seu
rosto. — Você venceu, Nate. Eu te odeio tanto quanto você me odeia.
Meu estômago embrulha e estreito os olhos na parte de trás de sua cabeça
enquanto ele se agacha para pegar seu capacete. Ele olha para o que
compramos para mim hoje, hesitando por meio segundo antes de deixá-lo
onde está.
— Xavi, se sair por aquela porta...
Ela a fecha atrás dele e assusto-me, franzindo a testa enquanto espero ele
voltar.
Ele não volta.
CAPÍTULO 37

Levo apenas alguns minutos para arrumar a única bolsa que trouxe até
aqui, enxugando o rosto com raiva com o ombro enquanto enfio as últimas
roupas dentro. Agarrando os dois moletons que Nate me deu, hesito por um
momento, depois os jogo na cama.
Guardo meu telefone, chaves e carteira, mordendo o lábio trêmulo
enquanto olho para a caixa de fotos minhas e de Katy. Pego-a e saio do
quarto, recusando-me a parar ou mesmo olhar para a porta do quarto de
Nate quando passo por ela.
Quando desço, encontro Carter olhando para mim da porta da cozinha,
seu rosto quase todo escondido nas sombras graças às luzes fracas acima do
balcão atrás dele. Nate e eu devemos tê-lo acordado porque ele parece meio
adormecido, vestido com um short preto de ginástica e nada mais.
— Ele sabe que está fugindo no meio da noite? — ele pergunta, usando a
garrafa de água que está segurando para apontar para as escadas.
Não sei se ele sabe ou não, mas de qualquer forma...
— Ele não dá a mínima — digo em voz alta, me odiando por quão
quebrada minha voz soa.
Carter balança a cabeça, sem se preocupar em me dizer que estou errado.
— Você está feliz? — pergunto, usando minha mão livre para gesticular
para mim mesmo. — Isso é o que você queria, certo? Posso sair agora que
paguei minha dívida?
Seu rosto estoico não revela nada, mas não perco a leve contração de seus
dedos ao seu lado. Por um momento, acho que ele poderia tentar me
impedir, mas não o faz. Balançando a cabeça, ajusto a alça no ombro e
destranco a porta da frente.
— Xavi.
— Vá se foder, Carter — sufoco, jogando minha chave na mesa lateral
antes de fechar a porta atrás de mim.
CAPÍTULO 38

Estou bebendo o uísque que Xavi esqueceu de confiscar adequadamente


quando o som de sua moto ligando atinge meus ouvidos. Virando a cabeça,
vou até a janela e enfio os dedos nas persianas, bem a tempo de vê-lo ir
embora. No começo, acho que ele está apenas dando um passeio como disse,
está usando o capacete como um bom garoto, mas quando esforço os olhos
para vê-lo melhor, vejo a bolsa nas costas dele.
Não.
Correndo para seu quarto, vou direto para seu armário e abro a porta,
batendo nela com a ponta do punho quando descubro que todas as suas
roupas sumiram. Volto para a parte principal do quarto dele e arranco todas
as gavetas, sentindo minhas mãos começarem a tremer quando percebo que
ele pegou tudo. Seus livros, sua maquiagem, a gargantilha de borboleta de
Frankie, a caixa de fotos que dei a ele de aniversário. Tudo menos os dois
moletons que dei a ele...
Tudo se foi.
Ele se foi.
Chutando a cadeira para o outro lado do quarto, viro a cabeça e encontro
Carter encostado no batente da porta. Ele cruza os braços sobre o peito e
engulo em seco, com os olhos arregalados de medo e pânico.
— Perdi-o.
Carter acena com a cabeça e depois dá de ombros. — Então? Ele é um
idiota, Nate. — Ele revira os olhos ao ver meu rosto, entrando para verificar
seu cabelo no espelho ao lado do armário. — Dê-me um dia e encontrarei
outro buraco bonito para enfiar seu pau...
Agarro o cabelo que ele acabou de arrumar e empurro sua testa contra o
vidro, pressionando meu antebraço em sua nuca quando ele tenta se afastar
de mim.
— Jesus. O quê? — Ele pergunta, estremecendo quando puxo com mais
força.
— Não fale assim sobre ele.
— Por que não?
— Você disse a ele que eu estava apaixonado por ele, Carter! — Grito. —
Você me conhece melhor do que ninguém e agora está agindo como se ele
não fosse nada para mim.
Ele franze a testa para mim por cima do ombro, parecendo genuinamente
confuso, o rosto esmagado contra o espelho. — Se ele não é nada, então o
que ele é?
— Ele é tudo, seu idiota — deixo escapar, piscando para o meu reflexo
assim que as palavras saem dos meus lábios.
A boca de Carter se torce em um sorriso lento e malicioso, e solto sua
cabeça com um empurrão.
— Você não é engraçado.
Ele ri de qualquer maneira, estendendo a mão para tocar sua cabeça onde
bati. — Isso dói.
— Era para doer.
— Mas gostei — ele diz, balançando as sobrancelhas. — Se Xavi não
aceitar você de volta, deveríamos nos vingar daquele espelho... o que você
está fazendo?
— Perseguindo-o.
— Não seja estúpido, Nate. É meia noite e você está bêbado — ele chama,
me seguindo enquanto continuo andando. — O que você vai fazer? Aparecer
na casa da mãe dele de madrugada e arrastá-lo para fora de lá, chutando e
gritando?
Ainda não pensei muito, mas sim, é exatamente isso que vou fazer.
Vou recuperar meu garoto, quer ele goste ou não.
CAPÍTULO 39

Eu não deveria estar aqui.


Eu deveria ter ido para a casa da minha mãe como planejei. Ela não teria
me incomodado. Ela provavelmente nem teria notado que eu estava lá. Eu
poderia ter entrado em casa sem ter que falar com ninguém, me trancado no
meu quarto e me afogado na miséria que eu mesmo criei sozinho.
Em vez disso, encontro-me do lado de fora da casa do meu traficante,
lutando para manter os olhos abertos enquanto olho para a porta da frente.
Sinto-me exausto, derrotado, destruído, os pedaços do meu coração estúpido
e despedaçado perfurando meu peito enquanto estou no único lugar para o
qual disse a mim mesmo que nunca mais voltaria.
Já passa das cinco da manhã, mas ele não costuma dormir até o sol nascer,
e é por isso que não fico surpreso quando abre a porta segundos depois de
eu bater nela. Devin dá uma olhada na minha forma desgrenhada e sorri
como se estivesse emocionado. Sem o olho roxo, presumo que Carter lhe deu
outra noite, ele parece exatamente o mesmo da última vez que o vi: cachos
loiros e apertados no topo da cabeça, olhos azuis gelados e um corpo magro
coberto de tatuagens e piercings.
— Já era hora — ele diz, com um cigarro aceso entre os dedos enquanto
encosta o quadril no batente da porta. — Estou esperando por você há um
mês.
— Você vai me deixar entrar?
Sorrindo com o quão crua e áspera minha voz soa, ele estende a mão e
pega a gola do meu moletom, me puxando para perto para passar o nariz na
minha bochecha. — Você acha que pode aparecer aqui coberto pelos
chupões de Nate Grayson e esperar que eu te aceite de volta? — Ele pergunta
no meu ouvido, passando a unha pelas marcas no meu pescoço e clavícula.
Fico tenso e olho para baixo, puxando minha mão quando ele tenta
queimá-la com o cigarro.
— Filho da puta — sibilo, fazendo-o rir.
Ele nunca me machucou daquele jeito de verdade, mas é um bastardo
maluco e gosta de me fazer pensar que vai fazer isso.
Ele sorri novamente e dá uma longa tragada, deixando a fumaça sair de
suas narinas enquanto exala. — Você vai relaxar? Estou brincando. Senti sua
falta — ele diz com falsa suavidade, passando os braços em volta do meu
pescoço e movendo sua boca sobre a minha.
Ele tenta passar a língua pelos meus lábios, e viro o rosto, me encolhendo
quando a sinto deslizando pela minha bochecha.
— Não vim aqui para isso, Dev. Eu preciso... — Engulo em seco, meus
olhos passando por cima do ombro dele, para o saco de comprimidos na
mesa de centro de vidro.
— Sei o que você precisa — ele brinca, passando um dedo sobre meu corpo
e descendo até o contorno do meu pau. — O que vai me dar por isso?
CAPÍTULO 40

Carter praticamente me pegou na entrada da garagem e me arrastou para


o banco do passageiro de seu carro, então estou preso no banco do carona,
balançando o joelho ansiosamente quanto mais nos aproximamos de nossa
cidade natal. Ele dirige como um lunático, o que agradeço neste momento,
mas não perco a maneira como ele reduz a velocidade na curva apertada da
estrada onde o irmão de Xavi morreu, mexendo os lábios entre os dentes
como se estivesse pensando profundamente.
— O quê? — pergunto, quebrando o silêncio entre nós.
— Hum?
— No que estava pensando?
— Você se lembra de Blaine Hart? — ele pergunta, acelerando novamente
depois de fazer a próxima curva. — Eu tinha uma queda por ele quando
estávamos no ensino médio. Ele era tão gostoso. Magro e bonito como Xavi.
Um pouco estranho. Aposto que ele me imploraria para transar com ele se
pudesse me ver agora. Você sabe, se ele não estivesse morto.
— O que há de errado com você?
Ele ri, mas não diz mais nada.
Tento ligar para Xavi novamente, mas ele não deve ter carregado o
telefone antes de sair, porque vai direto para o correio de voz, assim como
aconteceu nas outras cinquenta vezes que tentei.
Quando finalmente paramos na garagem da mãe dele, saio do carro antes
mesmo de Carter estacioná-lo. Toco a campainha algumas vezes para
garantir, depois dou um passo para trás para procurar alguma luz acesa lá
dentro. Meu peito dói quando olho para a janela escura do quarto. Não
consigo parar de imaginar a expressão em seu rosto quando eu disse que não
o amava.
Costumava ser bom animá-lo só para machucá-lo. Sentia-me no direito de
sentir sua dor, mas agora isso me faz sentir como se quisesse morrer. Cada
vez que penso naquele olhar vago em seus olhos, sinto vontade de arrancar
meu próprio coração e entregá-lo a ele.
No momento em que estou pensando em entrar, a porta da frente se abre
e fico cara a cara com Grace Holloway pela primeira vez desde o funeral da
minha irmã. O funeral onde causei uma grande cena fora da igreja e
espanquei o filho dela.
— O que você acha que está fazendo? — ela pergunta, amarrando com
raiva um roupão de seda preta em volta de sua cintura fina. — Você sabe
que horas são?
— Preciso falar com Xavi.
— Xavi? — Ela franze a testa. — Ele não está aqui, Nathaniel. Ele está na
faculdade. Não o vejo há seis meses.
— Quatro — resmungo, e sua carranca se aprofunda.
— Com licença?
— Pode chamá-lo para mim? — Pergunto impacientemente. — Por favor.
— Acabei de dizer que ele não está aqui.
Sabendo que estou prestes a perder a cabeça, Carter limpa a garganta ao
meu lado, dando-lhe um sorriso estranho enquanto me puxa para trás pelo
braço. — Ela não está mentindo, Nate, a moto dele não está aqui.
Olho por cima do ombro para ver que ele está certo. Carter dirigiu rápido
o suficiente para que pudéssemos chegar primeiro que ele aqui, mas eu
estava procurando nas estradas o tempo todo. O teria visto se tivéssemos
passado por ele. A menos que ele tenha parado em algum lugar…
O cemitério.
Vou direto para o carro de Carter.
— Bom ver você, Sra. Holloway. Vou dizer à minha mãe que você disse
oi. — Carter diz, e ela zomba de nós dois, batendo a porta na cara dele.
Quando voltamos à estrada, Carter não diz uma palavra enquanto dirige,
e quando verificamos o cemitério e Xavi não está em lugar nenhum, aquele
olhar estranho em seu rosto retorna, e ele parece estar tão ansioso quanto eu.
Ignoro isso por enquanto, cada célula do meu corpo está cheia de pavor e
paranoia enquanto paramos na garagem vazia do pai de Xavi. A moto
também não está aqui. Convencendo-me de que deve estar estacionado na
garagem, saio do carro e bato na porta. Bradley Hart atende, totalmente
vestido com terno carvão e gravata, com o telefone pressionado no ouvido
enquanto observa minha aparência abalada.
— Gracie, eu te ligo de volta — ele diz para sua ex-esposa, seus olhos
desconfiados em mim enquanto ele desliga.
— Ele está aqui? — Digo rápido antes que ele possa dizer uma palavra.
Ele balança a cabeça, uma pequena ruga se formando entre suas
sobrancelhas enquanto meus ombros caem em derrota.
— O que ele fez? — ele pergunta, seu olhar se movendo entre mim e Carter
nas minhas costas.
— Ele não fez nada — digo, meus instintos gritando para proteger o filho
que não consegue fazer nada certo aos seus olhos. — Não estou aqui para
machucá-lo. Ele fugiu ontem à noite e preciso encontrá-lo.
— Fugiu de onde?
— De mim — digo, tentando aliviar a tensão na nuca com as duas mãos.
— Ele fugiu de mim.
Não achei que fosse possível deixar esse homem sem palavras, mas aí está,
sua boca entreaberta enquanto ele olha para mim boquiaberto.
— Ele realmente não está aqui? — Pergunto, e ele balança a cabeça mais
uma vez.
Porra, bebê, onde você está?
Volto para o carro. Quando estou prestes a dizer a Carter que vamos
verificar o cemitério novamente, olho para encontrá-lo cerrando a
mandíbula, olhando para o chão enquanto abre a porta do motorista.
— Carter... — aviso, minhas narinas dilatando quando vejo a expressão
em seus olhos. — Diga-me onde ele está.
CAPÍTULO 41

— Você vai ficar aí sentado olhando para isso? — Devin provoca,


acariciando minha coxa enquanto se inclina ao meu lado no sofá da sala de
estar.
Afasto sua mão e continuo a rolar a pequena pílula branca entre os dedos,
minha cabeça inclinada para trás contra as almofadas.
Eu disse a ele para ir se foder quando ele queria que eu chupasse seu pau
por isso, mas ele apenas riu e disse que o primeiro era por conta dele.
Qualquer coisa depois disso, eu teria que ganhar, como antes, e é por isso que
estou hesitando. Não dou a mínima para mim mesmo. Só não quero trair
Nate. Isso está me deixando doente, o que é patético porque eu não estaria
traindo. Não estamos juntos. Nunca estivemos juntos, por mais que eu
quisesse que ficássemos.
Eu não te amo, festeiro. É apenas um jogo.
— Vamos, Xav — Devin insiste, apoiando o braço no encosto do sofá atrás
de mim enquanto coloca a língua no meu ouvido. — Tome.
Minhas pálpebras fecham e quase faço o que ele diz, mas o som dos freios
lá fora me faz parar. Olho para a janela e olho para o carro estacionado na
diagonal da garagem. Meu coração salta até a garganta quando Nate salta
do lado do passageiro.
— Quem é... Porra. — Devin murmura, me fazendo assustar. — Seu idiota,
você disse que ele não viria aqui.
— Eu…
Não achei que ele faria isso.
Preciso me mover, fazer alguma coisa, mas o medo me deixa paralisado
enquanto Devin corre pela sala. Ele tenta trancar a porta da frente, mas ela
se abre antes que ele consiga alcançá-la e o acerta no rosto, fazendo-o grunhir
e recuar alguns passos.
Nate vem direto para mim e me arranca do sofá, lívido enquanto joga
todas as drogas dispostas na mesa de centro.
— Nate...
— O que você tomou? — ele rosna, segurando meu queixo para forçar
meu rosto até o dele.
Meus olhos estão arregalados de choque enquanto nos encaramos, seu
olhar aguado observando o meu. Não respondo a sua pergunta, mas ele deve
ver a resposta por si mesmo, porque relaxa um pouco, soltando um suspiro
enquanto passa o braço em volta da minha cintura.
— Bebê, o que você está fazendo? — Ele sussurra, seus lábios na minha
têmpora enquanto ele segura a parte de trás da minha cabeça.
Engolindo em seco, balanço a cabeça e empurro para baixo todas as
palavras que quero dizer a ele. Não estou dizendo a ele o quanto dói, como
prefiro não sentir nada do que essa dor paralisante rasgando meu interior.
Viro o rosto e ele aperta o braço em volta de mim, seguindo minha linha
de visão enquanto encontro o olhar de Devin do outro lado da sala. Ele sorri
para nós, com as costas presas ao peito de Carter e os braços para trás,
provavelmente para impedi-lo de puxar a faca que sabemos que ele carrega
às vezes.
Os olhos de Carter encontram os meus por cima da cabeça de Devin, e
olho para ele, cerrando os dentes quando ele olha de volta. — Não me olhe
assim. — ele diz duramente. — Você é o idiota aqui, não eu.
Devin ri como se estivesse adorando isso, mas não consegue esconder o
pequeno lampejo de medo em seus olhos quando percebe o olhar assassino
de Nate. A cabeça de Nate se inclina enquanto ele estuda o torso nu de
Devin, sua carne tatuada à mostra.
— Vê algo que gosta, Grayson? — ele brinca, arqueando as costas para
mostrar seu corpo. Os olhos de Nate se enrugam quando ele diz seu nome e
Devin ri. — Você não tem ideia de quem sou, não é? — Ele pergunta,
estalando a língua para mim. — Garotinho travesso, mantendo seu ex-
namorado em segredo do seu novo.
Nate me solta para se aproximar dele, e eu instintivamente fico no seu
caminho, pressionando minhas costas em seu peito para mantê-lo longe de
Devin.
— Ele nunca foi meu namorado — murmuro, e Devin zomba, balançando
a cabeça para mim.
— Não, deixou-me fodê-lo todos os dias exclusivamente por dois anos —
ele diz secamente, estremecendo quando Carter agarra um punhado de seus
cachos e puxa sua cabeça para trás em um ângulo estranho.
— Cale a sua boca.
— Ou o quê? — Devin pergunta, olhando para Carter. — Você vai me dar
outro olho roxo?
Carter zomba dele, e Nate crava as unhas na minha cintura por trás, me
agarrando com mais força quanto mais irritado e confuso ele fica.
Preciso tirá-lo desta casa.
Assim que me viro para encará-lo, Devin diz: — Eu também conhecia sua
irmãzinha, sabe? Nosso namorado me deixou foder sua boceta virgem por
alguns sacos de cocaína.
Nate e eu avançamos para atacá-lo exatamente ao mesmo tempo, mas
Carter é mais rápido do que nós, girando Devin e enfiando o punho no meio
de seu rosto. Ele cai de costas no chão à nossa frente, e Carter coloca os pés
em cada lado de sua cintura, agachando-se sobre ele e puxando a faca do
bolso antes que Devin possa pegá-la.
— Não dê ouvidos a ele, Nate. — Carter murmura. — Cada palavra que
sai de sua boca é mentira.
— Vocês dois são os mentirosos. — Devin dá uma risada trêmula, seu
olhar deslizando sobre a forma de Nate. — Você quer saber por que parecem
tão culpados agora? Pergunte-lhes o que fiz à sua irmã antes de ela morrer.
Pergunte por que Xavi tentou se matar há quatro meses.
Os olhos de Nate se fixam nos meus e empalideço.
— Do que ele está falando?
— Nate... — Balanço a cabeça, apavorado.
Seu peito bate no meu quando ele se aproxima, sua mão voltando para
meu queixo. — Diga-me.
CAPÍTULO 42

2 ANOS ATRÁS

Ela está morta. Minha melhor amiga está morta.


Ela se foi.
Minha visão fica embaçada enquanto olho para a cama em que estávamos
deitados juntos há menos de vinte e quatro horas, passando uma garrafa
para frente e para trás e falando sobre merdas aleatórias que nunca vão
acontecer agora, esperanças estúpidas e sonhos que nunca vão se tornar
realidade. Vivendo e fazendo o que quisermos enquanto eu a acompanho
em turnê, fugindo de nossos pais, vivendo nossas próprias vidas e
finalmente sendo felizes…
Solto um som que nunca fiz antes e pego a primeira coisa que vejo,
puxando meu braço para trás e jogando-a na parede acima da cabeceira da
cama. A garrafa de vidro se estilhaça com um barulho alto, mas não é bom o
suficiente. Pegando meu computador da mesa, lanço-o também, destruindo
tudo que está à vista até meu quarto ficar em pedaços. Quando não há mais
nada para quebrar, me viro e me olho no espelho, respirando com
dificuldade enquanto olho para o pedaço de merda inútil olhando para mim.
Odeio-o.
Chuto-o com um grito. O espelho cai para trás na parede, e meus punhos
estão batendo nele antes que eu possa me conter, meus dedos se abrindo, as
rachaduras em meu próprio reflexo se enchendo de sangue.
— Xavi.
Ela se foi.
— Xavi! — Carter rosna, me pegando pela cintura e me arrastando para
longe de mim.
— Saia de cima de mim! — Grito, chutando minhas pernas e raspando
minhas unhas em suas mãos.
Ele me solta com um empurrão e giro sobre ele para empurrar sua bunda
para trás. Ele não se move, nem sequer recua, o que só me irrita ainda mais.
Dou um soco no peito dele, e ele me observa fazer isso, deixando-me
descontar toda a minha raiva e auto aversão nele, até que caio no chão,
exausto demais para ficar de pé. Sento-me e olho para seus pés, sentindo
seus olhos queimando no topo da minha cabeça.
Eu não queria ligar para ele. Nós não somos amigos. Nem gostamos um
do outro, mas ele é a única pessoa no mundo que pode me ajudar. Não posso
me vingar sozinho. Não consigo nem me levantar do chão.
— Xavi, o que aconteceu?
— Não sei — sufoco, balançando para frente e para trás com as mãos no
cabelo. — Eu não sei, Carter. Ele prometeu que a deixaria em paz.
— Quem foi?
— Meu traficante. Devin. — Pego meu telefone e passo para ele, deixando-
o ver a série de fotos de Katy que ele me enviou outro dia.
As primeiras são apenas algumas fotos dela entrando no meu carro do
lado de fora da casa dela, saindo comigo no shopping, mas depois ficam
piores. Não sei como ele fez isso, mas conseguiu tirar fotos dela nua na cama
de uma pessoa qualquer, desmaiada de costas com o corpo à mostra. Carter
arregala os olhos quando chega aos ângulos mais íntimos, deixando o
telefone cair no meu colo quando já viu o suficiente.
— Será que... Katy sabia disso?
— Não. Eu não queria assustá-la.
— Por que ele estava chantageando você? Dinheiro?
Concordo com a cabeça, engolindo a bile subindo pela minha garganta. —
Não deixei ele me foder outra noite e ele disse que eu tinha que pagar por
todas as drogas que me deu nos últimos meses. Eu disse a ele para me foder
e pensei que seria isso, mas então ele me enviou essas fotos... — Faço uma
pausa, lutando contra a vontade de vomitar. — Ele disse que a machucaria,
Carter. Eu não tinha dinheiro e entrei em pânico, então disse a ele que iria
resolver o problema.
— Resolver como?
— Dei a ele o que ele queria — sussurro, com muita vergonha de olhar
para ele. — Ele me deixou chapado e… perdi a conta de quantas vezes o
deixei fazer isso. Foi onde eu estava hoje. Era onde eu estava quando ela...
— engasgo, inclinando-me para frente sobre minhas mãos.
Carter fica atrás de mim e pega a lata de lixo caída ao lado da minha mesa
de cabeceira, segurando-a debaixo do meu rosto enquanto vomito todo o
álcool do meu estômago. Quando termino, sinto sua mão quente nas minhas
costas e me afasto dele, virando o rosto para baixo. Não mereço seu conforto.
Na verdade, ele deveria estar me fazendo um favor e me dando uma surra.
Se eu pudesse fazer isso sozinho, eu faria.
— Xavi, olhe para mim.
Balanço a cabeça e limpo a boca com a manga. Carter se agacha na minha
frente e levanta meu rosto. Se eu já não estivesse quebrado, a expressão em
seu rosto bastaria. Nunca vi Carter chateado. Eu nunca o vi com raiva. Mas
agora, ele parece arrasado, com os olhos cheios de pura raiva e lágrimas não
derramadas.
— Carter, você vai me ajudar?
Ele balança a cabeça, fungando enquanto tira o telefone do bolso de trás.
— Estou ligando para Nate.
— Não! — Corro para frente, segurando o telefone para detê-lo. — Por
favor, não.
— Por que não?
— Porque ele vai me odiar.
— Ele já te odeia, Xavi…
— Não assim. — Balanço a cabeça, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
— Por favor, Carter.
Ele me estuda pelo que parece uma eternidade, imerso em pensamentos e
com as sobrancelhas franzidas. — Se ele descobrir que escondemos isso
dele…
— Ele vai matar a nós dois — termino, balançando a cabeça antes de
colocá-lo em minhas mãos.
Carter me ajuda a ficar de pé e limpo a umidade do meu rosto, virando-
me para encará-lo quando ele não se move.
— Você está vindo?

— Qual é? — Carter pergunta do banco do motorista de seu carro, olhando


para a rua escura.
— Aquela. — Inclino meu queixo para a casa, minhas narinas dilatadas
quando vejo Devin descansando no sofá pela janela da sala.
Ele nunca fecha aquelas malditas cortinas. Nem mesmo quando eu estava
curvado no encosto do sofá com seu pau enfiado na minha bunda apenas
algumas horas atrás.
Curvando os lábios com a lembrança, cheiro um pouco de cocaína na
ponta do dedo e engulo um pouco mais de coragem líquida, olhando para a
esquerda quando a mão de Carter envolve a garrafa que estou virando. Em
vez de me dizer que já chega, ele toma um gole e coloca a tampa de volta,
depois a coloca entre meu quadril e a borda do assento de couro. — Vamos.
Saímos do carro e fico ao lado dele enquanto caminhamos em direção à
casa. Devin também não tranca as portas, então entramos sem bater. Ele olha
para mim com um sorriso conhecedor no rosto, seus olhos indo para Carter
por um segundo antes de voltarem.
— Você está horrível — ele comenta, sorrindo enquanto inclina a cabeça
para mim. — Dia difícil?
— Seu doente de merda — sufoco. — Agarre ele.
Carter arranca a bunda do sofá e passa o braço grande em volta do pescoço
por trás, apertando ainda mais quando Devin tenta fugir.
— O que acha que está fazendo?! — Devin retruca, lutando contra o
controle de Carter sobre ele.
— O que você deu a ela? — Rosno, abrindo a gaveta da mesinha de centro
e abrindo caminho através de todos os sacos de drogas que ele guarda aqui.
Quando eu os encontrar, vou enfiá-los na garganta dele até que ele comece
a espumar pela boca.
— Quem?
— Katy! — Grito o nome dela, batendo a gaveta antes de me levantar
completamente.
— Espere, você acha que eu a matei? — Ele ri, balançando a cabeça para
mim quando vê que estou falando sério. — Você é insano. Não fiz merda
nenhuma.
— Você está mentindo.
— Se eu quisesse matá-la, não teria dado a ela alguns comprimidos que
ela pode ou não ter tido uma overdose — ele afirma categoricamente,
sorrindo diretamente para mim enquanto acrescenta: — Eu teria acertado a
cega vadia com meu carro.
Bato no rosto dele, e sua cabeça bate na boca de Carter, fazendo seu lábio
se abrir enquanto seu braço se afasta do pescoço de Devin. Ignorando a dor
na minha mão, tento agarrar Devin pela camisa, mas ele segura meus pulsos
e os torce, nos girando e me prendendo no sofá. Ele me solta quando paro
de lutar, cuspindo o sangue de sua boca no meu rosto. Levanto o queixo,
olhando para ele quando sinto a picada afiada de uma faca na minha
garganta. Recuso-me a desviar o olhar de seus olhos.
— Faça isso.
— Xavi... — Carter avisa, dando um passo cuidadoso mais perto na minha
visão periférica.
— Faça isso! — Empurro o peito de Devin, esperando que isso o assuste,
esperando que isso o irrite o suficiente para me cortar.
Isso não acontece. Ele apenas me encara com algo que parece surpresa,
depois diversão e depois falsa pena. Sabendo que ele não vai me matar, meu
peito desaba e bato minha cabeça contra a almofada. Levantando uma
sobrancelha ao ver o quão patético devo parecer, Devin olha para Carter com
um olhar que diz: Ele é real?
— Saia de cima dele.
Devin dá um passo exagerado para trás, levantando as mãos em uma falsa
rendição. Carter toma seu lugar na minha frente e estuda meu rosto
ensanguentado, seu olhar desce enquanto pega minha mão flácida.
— Você está bem?
Concordo com a cabeça, embora não esteja limpando a sujeira do meu
rosto com a mão boa.
— Parece quebrada.
— Não me importo, Carter — sussurro, cansado demais para falar mais
alto. — Basta apagar as fotos.
Ele se levanta e se vira para olhar para Devin, agarrando-o pela garganta
novamente e sufocando-o com tanta força que ele não consegue respirar.
Batendo a cabeça contra a parede, ele joga a faca fora como se não fosse nada
e vasculha o bolso de Devin, puxando o telefone e virando a tela em direção
ao rosto de Devin. Depois de desbloqueá-lo, ele rola a tela até encontrar as
fotos de Katy, curvando os lábios enquanto exclui todas elas do dispositivo.
Devin começa a ficar azul e Carter finalmente solta, jogando-lhe o telefone
antes que ele deslize pela parede e fique de joelhos.
— Você tem sorte, Xav, — ele suspira, tossindo enquanto se dobra. —
Muita sorte.
Ignoro-o e me forço a sair do sofá, balançando a cabeça quando Carter
tenta me ajudar.
— Você ainda me deve cinco mil, seu covarde.
Carter pega um maço de dinheiro e joga as notas no chão na sua frente.
— Eu te pagarei de volta — digo quando saímos.
— Com o quê?
— Não sei — murmuro, tropeçando de volta para o carro e entrando ao
lado dele.
— Xavi — ele diz com uma voz com a qual não estou acostumado,
esperando que eu arraste meus olhos até os dele. — Esse cara não é seu
amigo. Você sabe disso, certo?
— Sim.
Mas ele é tudo que me resta.

Dois anos depois, me encontro quase exatamente na mesma situação,


montado em minha moto na beira do penhasco, fumando um baseado no
meio de uma tempestade enquanto leio a mensagem que Devin me envia.

DEVIN
[Última chance…]
As fotos a seguir são todas de Nate, algumas no campus, na quadra,
malhando na academia. Há até uma dele em um box de chuveiro, com a
cabeça inclinada para trás e os dedos ensaboados abertos sobre a barriga.
Assim como fez com Katy, Devin tirou alguns ângulos de seu corpo nu,
principalmente de seu abdômen, o V em sua virilha e seu pau meio duro.
Jesus.
O medo me agarra pela garganta e estou morrendo de medo. Sei o que
Devin está insinuando, mas não acho que ele realmente faria isso. Ele não é
corajoso ou estúpido o suficiente para matá-lo. Ele vai machucá-lo em vez
disso. Atropelá-lo com seu carro. Drogá-lo e espancá-lo em um beco escuro.
Quebrar a perna ou o braço para que ele nunca mais possa jogar basquete…
Acho que vou vomitar.
Não paro para pensar antes de colocar o telefone no ouvido. Carter leva
uma eternidade para atender, mas quando o faz, ele parece bem acordado e
muito divertido, os sons da festa em que ele está ecoando ao fundo. — O que
você quer? — ele brinca.
— Preciso da sua ajuda.
— De novo? — Acho que ele ri, mas mal consigo ouvi-lo por causa do
zumbido em meus ouvidos. — Você não pode estar falando sério.
— Por favor — falo, estremecendo com o próximo relâmpago no céu. —
Ele... é Nate.
Ele faz uma pausa e pergunta: — Onde você está agora?
Balanço minha cabeça pesada, sentindo-me tonto enquanto olho ao redor.
— Eu…
— Deixa para lá. Maldita rainha do drama. Estarei lá em breve.
Depois que ele desliga, coloco o telefone no bolso e espero, mas não
prendo a respiração. Em breve pode significar cinco minutos ou cinco horas.
Ele não vai se apressar porque realmente não dá a mínima para mim. Não o
culpo. Eu também não dou a mínima para mim.
A chuva começa, chove e depois chove mais um pouco. Estou encharcado
da cabeça aos pés em segundos. Não sei quanto tempo passa enquanto fumo
meu baseado, protegendo-o dentro do moletom para tentar mantê-lo seco.
Depois que ele acaba, jogo a bituca e inclino a cabeça para trás, dando uma
última olhada no céu escuro antes de colocar à venda no lugar.
Outra mensagem chega e fecho os olhos por trás do tecido. Levantando-o
um centímetro, apago rapidamente todas as mensagens que ele me enviou e
bloqueio seu número. Meu telefone provavelmente quebrará quando atingir
o fundo, mas não posso arriscar que alguém o encontre lá e veja o que há
nele.
Não posso arriscar que Nate descubra o que fiz.
Colocando a venda de volta nos olhos, seguro o guidão e rastejo um pouco
mais perto da borda. — Desculpe, Katy — sussurro.
Mas então hesito, engolindo em seco enquanto flexiono os dedos.
Apenas torça-o, Xavi.
Faça isso logo, porra.
Apenas faça porra...
— Xavi! — alguém grita, agarrando meu guidão enquanto desliga minha
ignição. — Que porra você está fazendo? — Carter sibila, arrancando a
venda da minha cabeça. Ele abaixa o suporte e me levanta do assento,
empurrando meu peito enquanto me empurra para longe da borda. — Entre
no carro.
Quando não me movo, ele me empurra de novo, me fazendo tropeçar nos
próprios pés. Minha bunda bate na terra molhada e enterro o rosto nos
braços cruzados, me enrolando como uma bola enquanto a chuva encharca
minhas costas.
— Você terminou? — Carter pergunta. — É isso? Você não quer mais ficar
aqui?
Balanço a cabeça, sem saber se é uma confissão ou uma negação.
Aparentemente superando minha besteira, Carter me pega e enfia os dedos
em meu braço, quase o deslocando enquanto me puxa em direção ao carro
que ainda está ligado na beira da estrada.
— E a minha moto?
— Você acha que sou estúpido? — Ele ri amargamente, chutando meus
tornozelos quando coloco os pés. — Mova sua bunda malcriada antes que
eu mesmo jogue você aí.
— Foda-se, Carter.
— Não, vá se foder — ele responde, me arrastando pela nuca. — Não vim
aqui no meio da noite para vê-lo se matar.
— Com o que você se importa?
— Eu não! — ele grita, me empurrando para o banco do passageiro de seu
carro. — Mas conheço alguém que se importa, e ele vai me matar se eu deixá-
lo morrer aqui.
Estremeço quando ele bate à porta na minha cara. Ele dá a volta até o lado
do motorista, entra e aumenta o aquecedor, passando a mão pelo cabelo
antes de deixar cair a cabeça para trás no banco.
— Mostre-me.
Mostro a ele, e ele zomba das mensagens e imagens ameaçadoras no meu
telefone, jogando-o de volta no meu colo antes de colocar o carro em
movimento.
— Filho da puta.

Quando terminamos com Devin, Carter se recusa a me deixar na casa da


minha mãe. Em vez disso, ele me leva para a casa de seus pais, sem me dizer
uma palavra enquanto destranca a porta da frente. Subimos as escadas em
silêncio, sem querer acordar seus pais, e ele me leva para seu enorme quarto,
inclinando a cabeça para a porta à minha esquerda. — O banheiro está lá. Vá
tomar um banho antes de morrer congelado.
Fico onde estou e examino o espaço. A cama fica em um estrado de
madeira preta em um lado do quarto, há um sofá de canto de couro preto do
outro lado e um frigobar totalmente abastecido no canto ao lado das portas
deslizantes do pátio.
— Por que estou aqui?
— Porque não confio em você agora. — Carter diz, mais uma vez
inclinando a cabeça para a porta do banheiro.
Tomo banho primeiro, e então ele me obriga a sentar no balcão enquanto
espero ele tomar banho. Tento não olhar, mas é meio difícil quando o pau
dele está bem na minha frente. Carter é gostoso, tem mais de um metro e
oitenta de altura e é musculoso como Nate, um corpo esculpido que
pareceria tão grande e duro entre minhas coxas.
Ele levanta uma sobrancelha para mim e coro, olhando para baixo
enquanto cutuco a pele ao redor das unhas. Estou duro sob a toalha enrolada
na cintura.
Uma vez que estou vestido com um moletom e uma camiseta branca,
sento-me no sofá e cruzo as pernas. Ele parece cansado enquanto prepara
uma bebida no bar, revirando os olhos quando me pega olhando. Pegando
outro copo, ele me serve um e se senta ao meu lado. Pego a bebida e engulo
de uma só vez, mal sentindo a queimação do uísque deslizando pela minha
garganta.
— Posso pegar outro?
Ele hesita, depois suspira, voltando para o bar e colocando o resto da
garrafa na mesinha de centro na minha frente. Sirvo-me de outra bebida e
ele se senta novamente, com as longas pernas abertas à sua frente enquanto
gira o copo no colo.
— O que aconteceu com Devin?
— Realmente não me lembro — respondo, acidentalmente batendo meu
joelho no dele enquanto o balanço inconscientemente. — Estávamos saindo
outra noite e devo ter desmaiado na cama dele. Ele me acordou no meio da
noite, me disse para sair e não voltar até que eu pagasse o dinheiro que lhe
devia.
— O que o irritou?
— Nate, eu acho — admito, engolindo outro gole de uísque. — Eu sonho
com ele às vezes. Tenho quase certeza de que disse o nome dele enquanto
dormia.
Carter franze a testa com isso. — Você e Devin estão juntos? Ele está com
ciúmes?
— Não, ele é simplesmente louco — murmuro, mastigando o interior da
minha bochecha enquanto cutuco a pele quebrada ao redor da minha unha.
— Como está Nate?
— Como você acha?
Respirando fundo, hesito por um longo momento e depois pergunto: —
Ele fala de mim?
Carter balança a cabeça lentamente, revirando os lábios em um sorriso
triste. — Não.
Balançando a cabeça, desvio o olhar para esconder meu rosto, as lágrimas
silenciosas rolando dos meus olhos enquanto termino minha bebida.
— Xav, o que está acontecendo?
Tento não fazer barulho, mas um soluço me escapa antes que eu possa
impedi-lo. — Nada, eu só... Ninguém... — Paro, sentindo seu braço enrolar
em minha cintura por trás, me puxando para trás para seu peito. — Sinto-
me tão sozinho, Carter.
— Eu sei — ele diz suavemente, beijando meu cabelo no topo da minha
cabeça. — Eu sei.
Soltando um suspiro trêmulo, me viro para me enrolar nele e coloco minha
cabeça em seu ombro, seu corpo aquecendo o meu de dentro para fora.
Quando encontro coragem para olhar para ele, nossos olhos se encontram
e molho meus lábios secos, dando-lhe um sorriso torto quando sinto seu pau
duro cavando em meu quadril. Ele luta contra isso, mas depois me responde
com um sorriso conhecedor.
Não sei por que minha boca está tão atraída pela dele de repente, mas está,
e não tenho energia para lutar contra isso. Simplesmente vou em frente,
esticando o pescoço para chegar mais perto. Ele não faz nada por alguns
segundos, mas então agarra meu queixo e puxa minha boca até a dele. Gemo
baixinho com o contato, levantando-me para plantar os joelhos no sofá, de
cada lado dele. Sentado em seu colo, arranco sua camisa do meu corpo e
esfrego minha bunda ao longo de seu pau, engolindo seu gemido enquanto
ele me beija com fome. Inclino meus quadris para ele, e ele entende a dica,
seus dedos enganchando o cós do moletom que estou usando.
— Merda — ele diz, recuando para olhar meu pau grande em sua mão. —
Você quer ser o ativo?
Eu rio e balanço a cabeça, puxando sua boca de volta para a minha.

Quando acordo, procuro meu telefone na cama, confuso quando minha


mão bate no encosto de um sofá de couro. Abrindo meus olhos pegajosos,
levanto a cabeça e olho para a janela, franzindo a testa quando percebo que
este não é o meu quarto. Esta nem é a minha casa.
Empurrando-me para sentar, procuro em meu cérebro as memórias, meu
pulso pulsando quando encontro Carter sentado no braço do sofá aos meus
pés.
— Ah, porra — gemo, abaixando meu rosto para enfiar as pontas dos
dedos nas órbitas dos olhos.
O arrependimento toma conta de mim e balanço a cabeça algumas vezes,
sentindo-me cada vez mais enojado comigo mesmo à medida que os
acontecimentos da noite passada voltam à minha mente. Tentei me matar,
ele salvou minha bunda – de novo – e então rastejei em cima dele e o deixei
me foder. Não, não deixei. Eu implorei a ele por isso, e então abri meu coração
como um covarde e chorei até dormir em seus braços. Não me lembro
exatamente o que disse a ele, mas sei que foi ruim.
— Porra.
— Sim, você já disse isso. — Carter diz, deixando cair dois comprimidos
em minha mão. — Tome estes.
— O que são?
— Aspirina — ele diz categoricamente.
Colocando-os no chão, procuro em minhas coisas na mesinha de centro
por algo mais forte, pego dois analgésicos prescritos e os engulo a seco.
Carter me olha, mas não diz nada.
Sentindo-me muito estranho, vejo meu capacete de moto e as chaves na
mesa à minha frente. Minhas roupas parecem ter sido lavadas e secas,
dobradas em uma pilha ao lado do resto das minhas coisas. Ele deve ter
lavado minha roupa e ido buscar minha moto enquanto eu dormia. Não faço
ideia do porquê, mas não vou perguntar a ele.
— Obrigado — digo, e ele acena com a cabeça. — Que horas são?
— Quase duas.
Percebendo que provavelmente exagerei nas boas-vindas, pego minhas
roupas e fico de pé, tentando não me encolher com a dor na minha bunda e
a lembrança de onde seu pau estava na noite passada. É claro que ele
percebe, com um meio sorriso nos lábios enquanto balança a cabeça para
mim.
— Você não precisa ir. Só pensei que gostaria de usar suas próprias roupas
em vez das minhas.
Franzindo a testa novamente, agarro a barra de sua camisa. Ele tem razão.
É uma sensação agradável, mas não quero isso no meu corpo porque não é
do melhor amigo dele.
Jesus Cristo, estou tão fodido.
Depois de me vestir com minha própria camiseta e jeans, escovo os dentes
com uma escova sobressalente e volto para o quarto de Carter. Ele pergunta
se quero café da manhã e balanço a cabeça. Eu provavelmente deveria,
porque não como há dias, mas pensar em comida me deixa enjoado, então
pego a garrafa quase vazia que estávamos compartilhando ontem à noite e
termino o café da manhã.
Saio para a varanda e fumo um cigarro, olhando para a piscina no quintal
enquanto me torturo pensando em cada decisão ruim e erro que já cometi.
Os comprimidos e o uísque no meu organismo ajudam a entorpecer um
pouco, mas estão sempre presentes na minha mente. O ódio por eu mesmo
e a culpa. Sinto isso me destruindo todos os dias, destruindo a pessoa que
Katy conhecia e me transformando na casca vazia da pessoa que um dia fui.
— Por que você faz isso consigo mesmo?
Assusto-me com o som da voz de Carter, virando a cabeça para encontrá-
lo parado atrás de mim.
— Porque me faz sentir melhor — resmungo, levando a garrafa até a boca.
— Você acha que merece se sentir melhor?
Meus olhos se fecham e engulo, quase engasgando com o uísque preso na
minha garganta.
— Você sente falta dela.
Não é uma pergunta, mas ainda aceno com a cabeça, fungando enquanto
limpo as gotas de líquido da boca.
— Você a amou?
— Você sabe que sim.
— Sim, mas não é disso que estou falando. — Ele se aproxima, mas não
me toca. — Você estava apaixonado por ela, Xav?
— Não — admito. — Mas às vezes eu gostaria de estar. Pelo menos assim
eu não estaria apaixonado por alguém que nunca vai parar de me odiar.
Eu não deveria ter dito isso, mas está aí agora, as palavras pairando no
pequeno espaço entre nós.
Quando arrisco olhar para ele, vejo-o estudando os pés com o lábio
inferior preso entre os dentes. Se eu não soubesse, pensaria que aquela
expressão em seu rosto era de culpa.
— Carter?
— Sim?
— Você poderia... — Limpo minha garganta. — Você vai me levar?

— Você está bem, garoto?


— Não. — Viro a cabeça de um lado para o outro, meu estômago
revirando de pavor ao pensar em qualquer novo inferno que esteja
esperando por mim atrás daquelas portas. — Não consigo pensar em nada
pior, cara.
— Então por que eu te trouxe até aqui?
— Porque você estava certo — murmuro, saindo do banco do passageiro
para pegar minha bolsa na parte de trás, olhando para a instalação por cima
do teto do carro dele.
Eu não mereço me sentir melhor.
CAPÍTULO 43

PRESENTE

Estou praticamente vibrando de raiva, movendo meus olhos de Xavi para


Carter e depois de volta para Xavi novamente.
— Como ele conseguiu as fotos da minha irmã, Xav?
— Eu já te disse que transei com ela. — Devin responde por ele, rindo de
mim com os olhos.
Ele ainda está no chão onde Carter o colocou, apoiado nas mãos e com as
pernas cruzadas vagarosamente na altura dos tornozelos. Carter está em pé
acima dele, empurrando sua bunda para baixo toda vez que ele tenta se
levantar, e Xavi está parado na minha frente, seus olhos azuis cheios de
remorso e terror e uma centena de outras emoções enquanto ele espera que
eu perca a cabeça.
Ele balança a cabeça sem dizer nada, a mandíbula cerrada.
— Então como?
— Não sei — ele sussurra. — Mas sei que ele está mentindo. Ela nunca
teria deixado que ele a tocasse.
— Quem disse alguma coisa sobre me deixar? — Devin provoca.
Fico bravo, tiro Xavi do caminho e agarro o covarde tagarela pela camisa,
puxando-o para cima e batendo minha testa na dele. Quando o solto, suas
costas batem na mesa de centro e a quebra, seu corpo caído em uma poça de
vidro quebrado.
— Nate.
Algo molhado escorre no canto interno do meu olho, então Xavi está na
minha frente novamente, com as mãos no meu rosto enquanto Carter está
atrás dele, os dois bloqueando meu caminho até Devin.
— Nate, você vai me ouvir? — Xavi aperta ainda mais, forçando meus
olhos para os dele. — Ele não a tocou. Eu prometo. Ela teria me contado se
ele tivesse tocado.
— Então por que ele está dizendo isso? — Respiro entre os dentes,
segurando seus pulsos para me firmar. — E se ele a drogou, Xav? E se...
Ele balança a cabeça novamente, me impedindo de terminar. — Não — ele
diz com firmeza. — Ele está brincando com você. É isso que ele faz, Nate. Ele
é um mentiroso.
Devin nos olha com um meio sorriso, meio escárnio, alternando seu olhar
entre mim e Xavi.
Ele está com ciúmes.
Beijando o topo da cabeça de Xavi, eu me movo ao redor dele e de Carter
e paro na frente de Devin, inclinando a cabeça para o pedaço grosso de vidro
que ele está segurando na mão, fazendo-se sangrar. Ele parece ser do tipo
que não pensaria duas vezes antes de usá-lo em mim, então eu piso em seu
pulso, fazendo-o gritar enquanto me agacho e puxo a parte superior de seu
corpo pela camisa.
— Ele é meu — digo a ele, nem mesmo me preocupando em abaixar a voz.
— Ele sempre foi meu. Mesmo quando você achava que ele era seu, era
sempre em mim que ele pensava. Todas as malditas vezes.
Seus lábios se curvam e ele tenta cuspir em mim, então agarro a pequena
barata pela mandíbula e forço sua boca a fechar.
— Se eu ouvir seu nome dos lábios do meu garoto novamente, farei com
que deseje nunca o ter conhecido.
Ele puxa o rosto para trás e olha para mim. — Saia.
Sorrindo, aplico um pouco mais de pressão em seu pulso antes de ficar em
pé, fazendo-o gritar enquanto seus ossos quebram sob meu peso. Xavi se
encolhe, sem dizer uma palavra enquanto pego sua mão, pego sua merda do
sofá e o levo para fora. Carter sai conosco com as mãos enfiadas nos bolsos,
mexendo a mandíbula quando paro e enfio o capacete de Xavi em seu peito.
— Leve a moto dele de volta para casa.
— Nate — ele tenta, bufando quando viro as costas para ele. — Esse é o
meu carro, você sabe?
Ignorando-o, levo Xavi para o lado do passageiro e abro a porta para ele.
— Entre.
Ele não faz isso, torcendo os lábios enquanto olha de Carter para mim. —
Não vou voltar com você.
— Sim, você vai. — Agarro seu braço, empurrando-o em direção ao
assento.
— Saia de cima de mim — ele exige, plantando os pés quando tento
empurrá-lo para dentro. — O que você está fazendo?!
— Levando-o para casa.
— Onde é casa, Nate? — ele murmura, devolvendo a mesma pergunta que
fiz a ele não muito tempo atrás.
Segurando seus pulsos com as duas mãos, me aproximo até que meu peito
fique rente ao dele, colocando suas mãos quentes em ambos os lados do meu
pescoço. — É onde eu estiver, Xav.
Suas sobrancelhas saltam, mas então ele levanta o queixo, me olhando
com desconfiança. — Você não está chateado comigo?
— Bebê, eu nunca quis tanto bater em você.
— Por quê?
— Porque você foi até ele — rosno, apontando minha cabeça para a porta
de Devin. — Por que você voltaria aqui? O que teria acontecido se Carter
não tivesse me dito onde encontrá-lo? Você teria ficado chapado com ele e
deixado ele te foder?
Ele balança a cabeça e depois engole. — Não sei…
— Você não sabe. — Eu rio, empurrando-o em direção ao assento
novamente. — Entre no carro.
— Nate, pare com isso — ele retruca, depois suspira, puxando os pulsos
da minha mão para pegar as chaves que estou segurando. — Irei com você
— ele diz calmamente, segurando meu rosto para tocar o sangue escorrendo
sobre minha cabeça com o polegar. — Apenas deixe-me dirigir, ok?
Relutantemente, deixando-o ir, espero enquanto ele caminha até o lado do
motorista, pronto para persegui-lo se ele pensar em fugir de mim. Uma vez
que ele está em segurança dentro do carro, olho para o meu suposto melhor
amigo e subo ao lado de Xavi. Carter finalmente coloca o capacete e sai
dirigindo na moto de Xavi, e Xavi o segue.
— O que Devin fez com você? — pergunto, temendo a resposta, mas
precisando ouvi-la mesmo assim.
— Nate…
— Diga-me.
Ele fica quieto por tanto tempo que tenho certeza de que não vai me
responder, mas então diz: — Ele não fez nada comigo. Fiz isso comigo
mesmo.
— O que quer dizer?
— Meu pai parou de me dar dinheiro depois que Katy morreu, alguns dias
depois do meu aniversário de dezoito anos.
— O quê? Por quê?
Ele inclina a cabeça para mim e franzo a testa, minhas sobrancelhas
saltando quando percebo que sou a razão disso.
Na noite em que o encontrei desmaiado no cemitério, levei-o ao hospital,
entreguei às enfermeiras o saco de comprimidos que ele tinha e liguei para
o pai dele para ir buscá-lo. Não sei o que aconteceu com ele depois disso
porque voltei a fingir que ele não existia. Ou tentei fingir, pelo menos.
— Ele e minha mãe ainda compravam coisas para mim, mas eu não tinha
dinheiro nenhum.
— Então você não poderia comprar drogas.
— Não com dinheiro.
Jesus.
— Eu estava desesperado e ele sabia disso — continua Xavi, optando
sabiamente por não dizer o nome de Devin. — Mas nunca me forçou a fazer
nada com ele. Eu... eu queria estar lá porque precisava dele.
Meu sangue ferve em minhas veias, meus punhos se fecham com o desejo
de dar uma surra em alguma coisa.
— Leve-me de volta para a casa dele.
— O quê? Não.
— Vire o carro, Xav.
— Não.
— Xavi...
Me amaldiçoando, ele pisa no freio e para no acostamento, agarrando
minha manga para me puxar para trás quando tento sair do carro.
— Para onde você está indo?!
— Vou queimar a porra da casa dele até o fim...
— Pare. Olhe para mim. — Ele se inclina sobre o console interno e prende
meu queixo entre os dedos, não me dando escolha a não ser olhar
diretamente em seus olhos. — Estou lhe dizendo que ele não vale a pena.
— Você é forte.
O sopro de ar que ele solta roça meus lábios, e ele fecha os olhos, soltando
meu rosto para mover a mão até meu peito. Ficamos assim por alguns
minutos, comigo ouvindo sua respiração, permitindo que o ritmo constante
me acalme, e ele esperando meu coração acelerado desacelerar.
Quando ele está satisfeito de que não vou matar ninguém, ele volta para
seu assento e engata a marcha, acenando para Carter através do para-brisa
antes de voltar para a estrada.
— Xavi.
— O que, Nate?
— Prometa-me que nunca mais voltará lá.
— Prometo.

Quando voltamos para casa, Xavi pega suas coisas no banco de trás e troca
as chaves com Carter. Eles trocam um olhar, e alargo minhas narinas, dando
um passo atrás de Xavi para afastá-lo, minha mão em suas costas enquanto
o levo para dentro. Carter tenta tocar meu braço, mas empurro-o.
— Nate.
Parando na escada, me viro e inclino a cabeça quando vejo a culpa nos
olhos de Carter. Ele parece prestes a dizer alguma coisa, mas hesita,
balançando a cabeça enquanto continuo me afastando.
— Fique sóbrio e durma um pouco — ele grita atrás de mim. — O
treinador vai chutar sua bunda se perder o treino.
Não estou faltando ao treino, mas não digo isso a ele.
Quando Xavi e eu subimos, abro a porta do quarto e faço um gesto para
que ele entre primeiro. Ele não o faz, passando ansiosamente a mão pela
nuca, como se não tivesse certeza.
— Carter está certo, sabe? Talvez eu...
— Não fale comigo sobre Carter.
— Nate, escute, não foi culpa dele. Foi min...
— Por que você ligaria para ele? — pergunto, aproximando-me até que
suas costas batem no batente da porta. — Você mal o conhecia naquela
época. Por que confiaria nele? Você tentou se matar e v... — Esforço-me para
falar apesar do nó na garganta. — Por que não me ligou?
Ele franze a testa com isso. — Você não teria ido.
Abro a boca e fecho-a novamente, balançando a cabeça ao ver como ele é
ignorante.
— Eu deveria dormir no meu próprio quarto.
— Não. — Digo, agarrando seu moletom para empurrá-lo para dentro. —
Você está dormindo comigo.
Ele se vira como se estivesse prestes a protestar, mas interrompo-o antes
que possa fazê-lo, guiando-o de volta para a cama.
— Não estou perguntando, Xavi.
Ele pisca para mim com olhos cansados. — O que você está fazendo, Nate?
Por que foi até a casa de Devin?
— Pare de dizer o nome dele. — digo.
— Diga-me o porquê.
— Eu estava te perseguindo, seu idiota.
Ele engole em seco, seus olhos procurando os meus em busca de intenção.
— Por quê? Você teve a chance de me impedir e me deixou ir.
— Não o deixei ir — argumento, envolvendo meus braços em volta de seu
corpo para mantê-lo perto. — Você disse que estava farto. Você não disse
que me deixaria.
— Nate... — Ele balança a cabeça, os lábios tremendo. — Por favor, não
faça isso comigo de novo. Não posso…
— É por isso que foi até ele? Por que te machuquei tanto que não queria
sentir nada de novo?
Ele balança a cabeça e esconde o rosto no meu peito, agarrando minha
camisa como se eu fosse a única coisa que o mantivesse de pé.
— Sinto muito, bebê — sussurro, passando os dedos pelos seus cabelos.
— Eu não falei sério.
Levo-o até a cama, puxo os cobertores e o faço deitar. Ele se aproxima e
abro suas pernas para me acomodar ali, beijando as lágrimas que escorrem
por seu rosto e pescoço.
— Nate. — Ele diz meu nome como um aviso e um apelo ao mesmo tempo,
com as mãos nos meus ombros para me afastar dele. — Nate, pare.
— Por quê? O que está errado?
— Se você está brincando comigo…
— Não estou. Eu... — faço uma pausa. — Quero que você seja meu. De
verdade desta vez. Podemos ser de verdade.
Ele chora enquanto olha para mim, apertando os lábios como se estivesse
tentando se impedir de dizer alguma coisa. Ele não precisa dizer isso. Já sei
o que está passando pela cabeça dele agora. Empurrei-o demais ontem à
noite. Quebrei-o exatamente como disse que faria, e agora ele não confia em
mim.
— Xavi, por favor — digo, enxugando as lágrimas com os nós dos dedos.
— O que você quer? Farei qualquer coisa.
— Diga que me ama.
Minha mão para em sua bochecha e inclino a cabeça para ele, exasperado,
lutando contra meu instinto natural de mostrar o desgosto em meu rosto. —
Qualquer coisa menos isso.
Ele solta uma risada baixinho e joga a perna por cima da minha cabeça,
sentando-se na beira da cama. Agarro seu braço para impedi-lo de sair e ele
tenta me atacar. — Saia m...
— Jesus Cristo. Eu te amo, ok? — Quase grito, empurrando-o de costas e
rastejando em cima dele. — Odeio-me por isso, mas eu te amo para caralho.
— Isso é doce.
— Não percebi antes de você sair ontem à noite, mas eu... eu não vou
deixá-lo ir. Não posso fazer isso. A ideia de se afastar de mim para sempre,
encontrar outro cara e ficar com ele em vez de mim... — Meus dedos se
curvam enquanto imagino isso, e prendo sua cabeça com meus antebraços.
— Nunca vou conseguir parar de perseguir você, Xav. Não vou ficar quieto,
nem dormir, nem pensar em mais nada até você que seja meu novamente.
Quando termino, ele está pressionando os lábios para esconder um
enorme sorriso. — Você é um pouco louco, sabia disso?
— Você me deixa louco — admito, deixando cair meus lábios nos dele
enquanto puxo o botão de sua calça jeans.
— O que você está fazendo?
— Fazendo você meu novamente.
Ele levanta a bunda e empurro sua calça e cueca até os tornozelos, minha
boca nunca deixando a dele enquanto as jogo de lado. Nossos dentes se
chocam na pressa de nos despir, os nós dos dedos roçando meu abdômen
enquanto ele puxa minha camisa para cima. Voltando por apenas um
segundo, ajudo-o a tirá-la, tirando o resto de nossas roupas antes de
recuperar sua boca, roubando todo o fôlego de seus pulmões.
— Diga isso de novo.
— Eu te amo — gemo em sua boca, enganchando suas pernas em volta da
minha cintura. — Mas se contar a alguém tudo o que acabei de dizer, vou
bater na sua bunda.
Ele ri e me deixa beijar cada parte de seu corpo em que posso colocar meus
lábios, seus quadris rangendo repetidamente enquanto eu lentamente desço
até seu pau. Chupo a cabeça, levantando os olhos para vê-lo tremer e gemer
por mim.
— Deus, Nate... Nate, merda...
Empurro seus joelhos até os ombros e cuspo em seu buraco, comendo-o
por um tempo antes de adicionar um dedo. Ele choraminga, movendo minha
cabeça para colocar minha boca de volta onde ele quer. Sorrindo para ele,
chupo seu pau e toco sua bunda ao mesmo tempo, me fazendo engasgar toda
vez que tento colocar tudo dentro.
— Nate, vou gozar.
Ainda não, ele não vai.
Dou um tapa na parte interna de sua coxa e ele xinga enquanto cai de volta
na cama. Paro de chupá-lo e lambo-o da virilha até o pescoço, pegando o
lubrificante da minha mesa de cabeceira para cobrir meu pau e sua bunda.
— Sabe o que quero? — Pergunto, e ele balança a cabeça, sua respiração
falha quando empurro a cabeça do meu pau dentro dele. — Você vai me dar?
— Não.
Meus lábios se contraem enquanto deslizo o resto, agarrando sua bunda
enquanto passo minha língua sobre seu lábio. — Não vou deixá-lo gozar até
que faça isso.
— Veremos.
Uma risada brota de mim enquanto beijo-o, minha língua girando em
torno da dele antes de chupá-la. Movendo meus quadris, fodo-o um pouco
mais fundo até atingir sua próstata, fazendo-o gritar e fechar o punho em
volta do meu colar. Olho para baixo e ele congela, olhando entre os meus
olhos enquanto espera meu próximo movimento. Mal hesitando, tiro a
corrente e abro o fecho antes de colocar o anel na palma da mão. Pegando
sua mão direita, deslizo-o até seu dedo médio, onde ele costumava usá-lo.
— Nate, o que...?
— É seu, bebê — digo, passando o dedo sobre o meu número. — Sou seu.
— Porra — ele sussurra, com o olho arregalado enquanto luta contra a
vontade de chorar novamente.
Ele envolve seus braços em volta de mim, nossas bocas se movendo juntas
no ritmo do meu pau em sua bunda. Fodo com ele por um longo tempo,
saindo de vez em quando para esfregar meu pau escorregadio entre suas
nádegas, provocando-o e fazendo-o me implorar para colocá-lo de volta.
— Por favor — ele choraminga, agarrando minha bunda e levantando os
quadris da cama. — Por favor…
— Por favor, o quê?
— Continue me fodendo. Quero que doa toda vez que me movo. Quero
que saiba que posso sentir você dentro de mim enquanto observo você jogar
amanhã à noite.
Isso me deixa louco, e enfio meu pau de volta dentro dele, fazendo-o gritar
enquanto o estico e estrago seu buraquinho apertado. Ele afunda as unhas
em meu pescoço e as arrasta, deixando um rastro ardente ao longo da parte
superior das minhas costas e ombros. Diminuindo o ritmo, levanto uma
sobrancelha e ele sorri, xingando quando volto a transar com ele no colchão.
— Você vai me dar?
— Não — ele suspira. — Você pode sofrer até que eu esteja pronto.
Eu sorrio, prendendo seu pau entre nossos abdominais enquanto giro
meus quadris, dando-lhe a fricção que ele tanto deseja. Gozamos alto, seus
braços e pernas travados em volta do meu corpo enquanto ele deixa um
chupão no meu pescoço. Eu gemo, sabendo que ele quer que todos vejam
isso junto com os arranhões nas minhas costas amanhã à noite.
— Porra. Porra, seu merdinha.
Ele ri, fechando os olhos antes que seu corpo fique mole. Eu gentilmente
passo meus dedos sobre seu pescoço e peito corados, beijando o lado de seu
rosto antes de descer até a linha de sua mandíbula. Ele quase desmaia em
menos de trinta segundos, mas não deixo, agarrando-o por baixo dos braços
e nos arrastando para a beira da cama. Ele se recusa a se mover, então o pego
e o levo para o chuveiro. Depois de nos limpar e nos vestir, pego um pouco
de água e algo para comer, depois subo na cama atrás dele, puxando-o contra
mim.
— Você está com sono?
— Não — ele murmura. — Só estou tentando descobrir quem é você e o
que fez com Nate.
Sei que ele está brincando, mas meu coração ainda se contorce de culpa e
vergonha pela maneira como o tratei. — Eu sinto muito.
— Não, você não sente. — Ele suspira. — Na verdade. E você não precisa
se desculpar. Mereci isso. Eu sabia o que você faria comigo e deixei
acontecer.
— Por quê?
— Você sabe o porquê.
— Mas você ainda não vai dizer isso?
Ele balança a cabeça, sua mão se contraindo ao meu lado enquanto ele
brinca com o anel em seu dedo.
Puxando o cobertor até seu queixo, enrolo minha perna sobre a dele para
mantê-lo aquecido, fechando os olhos enquanto espero o sono me arrastar
para baixo com ele. Não consigo dormir. Não até eu contar a ele mais uma
coisa.
— Eu teria ido — digo finalmente, meus lábios roçando o cabelo úmido
em sua nuca.
O silêncio se segue, mas sei que ele me ouviu porque parou de respirar.
— Sei que provavelmente não acredita em mim, mas é a verdade. Eu teria
ido atrás de você, Xav.

Quando acordamos, algumas horas depois, Xavi se deita no meu peito e


verifica seu telefone, agora que está carregado, bufando enquanto olha para
a tela.
— Acho que expus você para os seus pais.
— Sim, imaginei — ele diz, levantando-o para me mostrar as várias
mensagens de seu pai dizendo para ele ligar de volta imediatamente.
Em vez de ligar para ele, Xavi manda uma mensagem para ele e sua mãe
avisando que está bem e depois joga o telefone de volta na mesa de cabeceira.
— Você está com raiva?
— Na verdade não. — Ele encolhe os ombros, rolando para me encarar
completamente. — Eles iriam descobrir mais cedo ou mais tarde. Pelo menos
meu pai não me pegou transando com o garoto na piscina enquanto seus
amigos de golfe estavam a três metros de distância.
Eu franzo a testa. — Como você sabia disso?
— Carter tem...
— Uma boca grande — termino para ele, deixando cair a cabeça no
travesseiro.
Ele balança a cabeça e descansa a cabeça no meu ombro, as sobrancelhas
franzidas enquanto olha para a mão no meu peito. Ele continua brincando
com o anel, usando o polegar para girá-lo em círculos.
Eu gostaria de saber o que ele estava pensando. Sei que está fazendo o seu
melhor para não ceder totalmente a mim, provavelmente com medo de que
eu puxe o tapete debaixo dele quando menos esperar e quebre seu coração
novamente, mas percebo o sorriso puxando seus lábios quando ele pensa
que não consigo ver.
Ele olha para mim e beijo-o só porque posso. — Tenho que ir.
— Eu sei.
— Estarei de volta em algumas horas, — digo, saindo relutantemente da
cama para pegar algumas roupas limpas no meu armário. — Não vá a lugar
nenhum.
— Não vou. Estou cansado demais para me mover — ele murmura no
meu travesseiro, envolvendo-o com o braço e abraçando-o contra o peito. —
Tente não matar Carter.
— Pare de falar sobre Carter.
— Por quê?
— Porque estou chateado com ele.
— Por que implorei para ele não ligar para você?
— Isso, e porque você implorou para ele te foder.
— Certo — ele diz com outro sorriso escondido em sua voz. — Bem, se
isso faz você se sentir melhor, não significou tanto quanto você pensa. Eu só
queria porque estava com tesão e ele era gostoso.
Puxo o cobertor e bato na parte de trás da sua coxa com força suficiente
para fazê-lo gritar. Ele ri quando o giro, empurrando-o de costas para montá-
lo. — É melhor estar aqui esperando por mim quando eu voltar.
— Por quê?
— Para que eu possa foder de você essa atitude malcriada.
— Sim, senhor — ele brinca, prendendo o lábio inferior entre os dentes.
Puxo-o com o polegar e substituo-o pela boca, forçando-o a se abrir para
mim, certificando-me de que não haja dúvidas em sua mente de que ele
pertence a mim e somente a mim. Então deixo-o com o rosto no meu
travesseiro e os lábios inchados esticados em um enorme sorriso – um sorriso
que ele não conseguiria esconder de mim mesmo que tentasse.
CAPÍTULO 44

XAVI
[Você pegou minhas chaves?]
NATE
[Sim.]

Irritado, jogo a bolsa em que estava procurando no chão e sento-me na


cama dele, mandando uma mensagem para ele novamente.

XAVI
[Você poderia me dar um pouco mais do que isso.]
NATE
[Sim, bebê.]
XAVI
[Você não é fofo.]
NATE
[Você realmente acabou de perceber que elas se foram?
Eu as peguei enquanto estava no treino ontem também.]
XAVI
[Como devo chegar ao jogo?]
NATE
[Frankie está te trazendo. Você sentará com ela.]
XAVI
[Frankie senta na primeira fila.]
NATE
[Eu sei.
Chega de se esconder de mim, Xav. Preciso ver você.]
XAVI
[OK.
Você está preocupado que eu vá embora?]
NATE
[Não quando eu tiver suas chaves.]

Quando Frankie e eu chegamos ao jogo, ela pega dois refrigerantes e me


leva até a primeira fila do estádio. Ela passa por um grupo de homens com
o dobro do seu tamanho e eu sigo o caminho que ela está abrindo, deixando
que ela segure minha manga enquanto me arrasta pela multidão animada.
— Ele está procurando por você. — Frankie grita para mim acima do
barulho. Ela inclina o queixo para baixo na direção da quadra, e sigo sua
linha de visão, encontrando Nate olhando para as arquibancadas enquanto
ele deveria estar se aquecendo com o resto de seu time.
À medida que nos aproximamos, vejo a marca em seu pescoço e pressiono
meus lábios, amando secretamente o fato de que ele não a cobriu com um
band-aid como sugeri esta manhã. É pequena, mas não importa. Não há
dúvidas sobre o que é.
Frankie levanta uma sobrancelha para mim e eu, de brincadeira, bato meu
cotovelo em sua lateral antes de nos sentarmos.
— Cale-se.
Quando os olhos de Nate encontram os meus, ele para de correr e relaxa
visivelmente, sua mão subindo até a cabeça para imitar algo que não consigo
entender.
Eu preciso ver você.
Percebendo o que ele quer, abaixo o capuz e esfrego os dedos no cabelo.
Ele sorri um pouco antes de olhar para baixo, quicar a bola e continuar
fazendo suas coisas. Carter pisca para mim ao lado dele e, claro, Nate
percebe. Ele empurra sua bunda e belisco a ponta do meu nariz.
Jogue bem, falo para Nate, e ele sorri e joga a bola para Carter, errando por
pouco seu rosto antes que Carter a pegue.
Depois que a banda e as líderes de torcida terminam, Nate avança para o
lançamento central e acerta, certificando-se de que a bola caia nas mãos de
Carter antes que ele corra pela quadra. Solto um suspiro de alívio e tento
relaxar, mas estou nervoso por ele. Este é o seu primeiro jogo de volta desde
que foi suspenso, e se ele quiser se tornar profissional na próxima
temporada, ele precisa provar seu valor esta noite. Ele precisa mostrar a
todos aqui que pode ser o melhor e manter as mãos para si mesmo. Não
importa quantos pontos ele consiga marcar, a NBA não vai querê-lo se criar
o hábito de perder a cabeça na quadra.
— Você está preocupado? — Frankie pergunta, me olhando de soslaio
antes de colocar a mão no meu joelho para firmá-lo.
— Não. Ele tem isso sob controle.
E ele tem. Faz muito tempo que não o vejo jogar tão bem. Não sei o que é,
mas é como se a atitude dele tivesse dado uma guinada durante a noite. Ele
geralmente parece tão entorpecido e retraído lá embaixo, quase como se
estivesse no piloto automático, mas esta noite, ele parece estar realmente se
divertindo. Só um pouco.
Ele olha para mim toda vez que marca, buscando minha aprovação, e me
alegro toda vez que ele faz isso.
Ainda não tenho certeza se sou um idiota por esperar que isso seja real,
mas não consigo evitar. Estou perdidamente apaixonado por ele desde os
quinze anos e, infelizmente para mim, nada que ele faça comigo pode tirar
isso.
A multidão enlouquece quando Nate adiciona mais três pontos ao placar,
e cubro os lábios com os nós dos dedos, captando seu olhar novamente.
Percebi que algumas pessoas ficam se virando para ver o que ele está
olhando, mas não me preocupo muito com isso. Não há como eles saberem
que sou eu que estou roubando a atenção dele de milhares de outras pessoas.
Ou que fui eu quem colocou aquela marca no pescoço dele.
Quando o jogo termina, os Hawks vencem por quarenta e três pontos, e
metade do estádio está enlouquecendo, o som deles gritando o nome de Nate
enchendo meus ouvidos enquanto me levanto também. Parece que o
treinador está prestes a chorar enquanto comemora com seus meninos -
incluindo Nate - e estou assim com ele. Eu não conseguiria esconder a alegria
em meu rosto nem se quisesse. Estou tão orgulhoso dele.
O treinador diz algo para Nate, e Nate inclina a cabeça para mim, seus
lábios se movendo rápido demais para que eu possa ler. O treinador se vira
para olhar diretamente para mim, e eu rapidamente desvio o olhar antes de
seguir Frankie de volta no meio da multidão. Quando finalmente
conseguimos sair, verifico meu telefone.

NATE
[Espere por mim. Vou levá-lo para ver Katy.]
CAPÍTULO 45

GAROTINHO
[OK.
Isso foi incrível. Estou tão orgulhoso de você.]
NATE
[Por não matar ninguém?]
GAROTINHO
[Sim. Bom trabalho.]

— Você realmente acabou de se assumir para o treinador com todas


aquelas câmeras na sua cara? — Carter murmura quando vem atrás de mim,
estalando a língua quando não digo nada. — O que, você ainda não está
falando comigo?
Enxaguando o xampu do meu cabelo, verifico se ele fechou a porta do
chuveiro antes de empurrá-lo contra ela, colocando minha mão em seu peito
para manter seu corpo nu e molhado longe do meu.
— Você mentiu para mim. Por dois anos.
— Sim, e provavelmente farei isso de novo. — Ele responde, seu rosto
franzindo quando apenas olho para ele sem expressão. — Porra, Nate.
Desculpe. Eu não sabia mais o que fazer, ok?
— Entendi...
— Sim? — ele pergunta esperançosamente.
— Sim, mas não precisava transar com ele — rosno, xingando baixinho
quando ouço um dos caras assobiando alguns chuveiros, me lembrando que
não estamos sozinhos. — Você não precisava continuar voltando por ele. Eu
deveria ter sido o único... — Balanço a cabeça, baixando a voz antes de falar
novamente. — Nunca será você e ele, C. — Procuro seus olhos. — Diga-me
que você sabe disso.
Suas sobrancelhas se curvam, sua boca se curva nas bordas como se ele
estivesse se divertindo. — Eu sei disso.
— Não brinque comigo.
— Não estou — ele diz, e relaxo um pouco, deixando minha mão cair de
seu corpo.
— Amo-o.
— Sei que você ama.
Balançando a cabeça, inspiro e solto o ar lentamente, mastigando o interior
da minha bochecha enquanto penso no motivo pelo qual ele veio aqui.
Eu não deveria ter dito nada ao treinador sem antes falar com Xavi sobre
isso. Ainda nem falamos sobre o que vamos dizer aos nossos pais. Eu
simplesmente fui pego pelo momento e abri a boca sem pensar.
— Você acha que ele vai ficar chateado comigo?
— Por contar ao treinador? Não. — Carter balança a cabeça, me tirando
do caminho para roubar meu gel de banho. — Acredite em mim, aquele
garoto sairá do armário sem nenhuma vergonha se for você ao lado dele. Ele
faria qualquer coisa por você, Nate. Você sabe disso.
Quando chego ao estacionamento, encontro Xavi e Frankie sentados
juntos no capô da caminhonete dela, sorrindo enquanto falam sobre algo que
não consigo ouvir. Indo até eles, levo Xavi até a borda pelas coxas e fico entre
elas, levantando seu queixo para beijar sua boca aberta.
— Nate — ele sussurra, balançando sutilmente a cabeça antes de olhar em
volta para verificar se ninguém viu.
— Bebê, não me importo se alguém me vir beijando você.
— Desde quando? — Ele se apoia nas mãos para olhar para mim. — O que
você disse para o trei...
— Nathaniel!
— Ah, porra. — Xavi e eu dizemos juntos, virando a cabeça para ver meu
pai caminhando até nós com nossos pais ao seu lado. Nossos pais parecem
furiosos, minha mãe parece mortificada e a mãe de Xavi parece que
preferiria estar em qualquer lugar menos aqui.
— Seu desempenho esta noite foi incrível, Nathaniel. — diz o pai de Xavi
depois de um silêncio longo e constrangedor, olhando feio para o filho
enquanto ele fala comigo. — Você deveria estar orgulhoso de si mesmo.
Xavi baixa o olhar para os pés e se afasta centímetros de mim, empurrando
suavemente minha mão de sua perna quando tento impedi-lo. Minha mãe
percebe o gesto e olha de mim para Frankie, olhando para sua saia curta e
botas militares com claro desdém. Frankie desce do capô, lança um olhar
compreensivo para mim e Xavi, e vai embora.
— Por que não vamos todos para sua casa para conversarmos em
particular? — Minha mãe pergunta, limpando a garganta enquanto olha em
volta para todas as pessoas que ainda estão ali.
— Mãe, vamos ver Katy, — digo a ela, cerrando os dentes quando ela
estremece ao ouvir o nome da minha irmã. — Qualquer merda que tenham
a nos dizer, podem dizer aqui mesmo.
— Tenha um pouco de respeito, sim? — meu pai diz. — Sua mãe não fez
nada de errado.
— Fiz algo errado, pai?
— Sabemos que vocês estão juntos — ele sussurra, passando a mão entre
mim e Xavi.
— Você tem algum problema com isso?
— Sim — minha mãe deixa escapar. — Nós temos.
Concordo com a cabeça e tento manter a dor longe do meu rosto, sem
perder a forma como Xavi se encolhe atrás de mim.
— Qual é o seu problema, Xavier? — Seu pai zomba. — Primeiro foi Katy,
e agora está arrastando Nate com você. Você vai arruinar a vida dele, assim
como estraga tudo o que toca.
— Cuidado com a porra da sua boca.
— Nathaniel! — meu pai grita, aproximando-se e baixando a voz. — Eu
disse que suas... preferências precisam ficar fora da imprensa. Você não pode
jogar basquete e ter um relacionamento com um garoto.
— Por que não? Carter é gay e eles o amam.
— Sim, bem, Carter é... — Minha mãe para.
— Ele é o quê?
— Ele é uma ameaça — ela bufa. — As pessoas esperam esse tipo de
comportamento dele. Você deveria ser...
— Normal?
— Sim.
Suspirando, estendo a mão e pego a mão de Xavi, passando o polegar
pelos nós dos dedos para acalmá-lo.
— Não posso evitar quem amo, mãe — digo, puxando-o para ficar ao meu
lado.
— Amor? — A mãe de Xavi ecoa, puxando a cabeça para trás, surpresa.
— Pensei que você o odiava.
Passando os dedos pela minha cabeça latejante, não me preocupo em
tentar explicar a ela, porque não conseguiria, mesmo que tentasse. Não sei
como cheguei aqui, mas sei que não vou voltar.
Eu não posso voltar.
— Não vou escondê-lo. — digo, olhando para Xavi antes de olhar para
nossos pais. — Não, a menos que ele queira.
— Você não tem escolha! — meu pai murmura.
— Por favor, Nate, — minha mãe implora, colocando a mão no braço do
meu pai como se ela tivesse o poder de acalmá-lo. — Só até chegar à NBA.
— Não. — Balanço a cabeça, apertando ainda mais a mão de Xavi. — Se a
NBA me disser que é ele ou eles, o escolherei.
— Isso é um erro — diz o pai de Xavi sem rodeios.
— Não, não é. — Trazendo Xavi para minha frente, viro-o para mim, de
costas para eles, enquanto seguro seu rosto com as duas mãos, olhando meu
garoto bem nos olhos enquanto digo: — O erro seria ouvir vocês e perder
uma pessoa sem a qual não posso viver.
Xavi sorri com isso, seus dedos enrolando em meus pulsos enquanto seu
corpo se funde no meu.
— Nate — avisa minha mãe, provavelmente ansiosa com a possibilidade
dos fotógrafos se aproximarem de nós.
— Bebê, deixe-me beijá-lo.
Xavi acena com a cabeça sem hesitar, e pressiono meus lábios nos dele,
passando as mãos pelos seus cabelos enquanto os flashes das câmeras nos
cercam por todos os lados. Alguns repórteres começam a me fazer perguntas
rápidas, mas não me preocupo em respondê-las, deixando que minhas ações
falem por si enquanto seguro Xavi pela cintura e o guio através da multidão
crescente. Quando chegamos ao meu carro, abro a porta e ele se vira para
mim, suas mãos deslizando em volta do meu pescoço enquanto nos encosta
no lado do passageiro.
— Eu te amo — ele finalmente diz. — Sempre te amei.
— Eu sei — provoco, roçando meus lábios nos dele. — Eu só queria ouvi-
lo dizer isso para mim.
CAPÍTULO 46

Quando voltamos do cemitério já é tarde e a festa continua, a casa cheia


de gente comemorando a maior vitória da temporada até então. Nate e eu
entramos e vamos até a cozinha, encontrando Carter, Easton e Frankie
tomando drinks com o resto da equipe no balcão da cozinha. Algumas
pessoas olham em nossa direção quando passamos por elas, seus olhos
parando na mão de Nate na minha, mas a maioria parece mais curiosa do
que qualquer outra coisa.
— Por favor, me diga que um desses é para nós. — diz Frankie, apontando
para as duas sacolas de comida chinesa que Nate está segurando.
Ele coloca uma na frente dela e beija o topo de sua cabeça. Gemendo em
agradecimento, a garota vasculha a sacola como se não comesse há semanas.
Easton balança a cabeça para ela e pega a caixa de comida que ela lhe dá,
olhando para nós e para todas as pessoas assistindo enquanto Nate me puxa
para mais perto, me colocando entre ele e o balcão. Com meus quadris contra
o balcão e minha bunda em suas coxas, me inclino em seu peito e coloco
minhas mãos em seus braços ao longo do meu corpo.
— Coma — ele exige, então como, sorrindo quando sua respiração passa
pela minha orelha, seus lábios macios se movendo pela cicatriz em meu
queixo.
— Ugh. — Frankie zomba, torcendo o nariz para nós com desgosto. —
Estou com tanto ciúme.
Nós rimos, e Easton dá um tapinha na cabeça dela, sorrindo quando ela
afasta a mão dele. Ele pega um refrigerante para mim na geladeira e oferece
uma cerveja a Nate, que Nate recusa.
— Ouvimos sobre o que aconteceu depois do jogo. — diz Easton, pegando
outro refrigerante para Nate. — Você acha que seus pais vão mudar de ideia?
Fico tenso e mastigo o interior da bochecha, relaxando um pouco quando
Nate aperta os braços em volta de mim.
— Não me importo se mudam ou não — ele diz, colocando a mão sob meu
moletom para passar o polegar sobre o osso do meu quadril.
Tenho certeza de que ele se importa, mas é orgulhoso demais para admitir
que o machucaram esta noite.
— Eles farão isso quando perceberem que ninguém dá a mínima. — diz
Carter, falando com a boca cheia de comida.
Espero que ele esteja certo, mas não vou prender a respiração.
— Coma. — Nate me lembra, e reviro os olhos, inclinando a cabeça para
trás para olhar para ele.
— Por que você está me apressando?
— Porque quero você só para mim — ele responde, guiando minha mão
nas costas para me deixar sentir o quão duro ele está.
Ajustando discretamente minha própria ereção, termino minha comida e
jogo meu lixo fora, percebendo os sorrisos maliciosos de Carter e dos outros.
Quando Nate e eu chegamos ao quarto dele, ele tranca a porta e me
empurra na cama, caindo em cima de mim para pegar minha boca na dele.
Tiramos todas as nossas roupas enquanto nos beijamos, e gemo ao sentir seu
corpo grande e duro contra o meu.
— Quando terminarmos, quero que traga todas as suas coisas para cá —
ele diz, mordendo meu piercing no lábio enquanto abre minhas pernas e me
abre com lubrificante.
— O quê? — Eu falo, meus olhos vidrados enquanto passo minhas mãos
gananciosas sobre seu abdômen e peito.
— Quero que more comigo. — Ele levanta meu queixo, me forçando a
olhar em seus olhos. — Não apenas nesta casa, mas comigo. Quero que faça
isso seu.
— E depois que você se formar? — Pergunto. — Depois de ser convocado,
você pode acabar do outro lado do país. O que acontecerá conosco então?
— Nada. — Ele afasta os dedos, me fazendo gemer quando esfrega a
cabeça do seu pau no meu buraco. — Você irá comigo.
— Tenho aula.
— Foda-se a faculdade. — Ele empurra, lentamente me enchendo até que
ele esteja profundamente dentro de mim. — Você pode obter um diploma
em administração em qualquer lugar. Preciso de você comigo, Xav. Não vou
deixá-lo aqui.
— O que te faz pensar que eu quero ir?
Ele sorri e gira os quadris, me fazendo gritar quando ele atinge minha
próstata. — Bebê, você me seguiria através do inferno e voltaria se eu
pedisse.
Balançando a cabeça, puxo seu rosto para o meu. — Beije-me.
— Você ainda quer algo forte? — Ele pergunta, persuadindo minha boca
a abrir com sua língua.
— Não — falo. — Foda-me como se me amasse.
EPÍLOGO

— Não — digo, olhando para o cara ridiculamente gostoso coberto de tinta


parado do outro lado da loja de tatuagem. — Encontre outra pessoa.
— Por quê? — Xavi pergunta, sorrindo quando viro meu olhar para ele.
— Por favor? Ele é muito bom.
— Não me importo com o quão bom ele é — digo. — Não vou me sentar
aqui e vê-lo tocar em você.
— Vai ser no meu pulso, Nate, não na minha bunda. — Ele revira os olhos,
agarrando minha mão para me puxar para perto dele. — Você pode relaxar?
Você está me deixando nervoso.
Deixando cair minha bunda no sofá, faço o que me manda e mantenho
minha maldita boca fechada.
Xavi nunca tinha ido a um jogo da NBA antes, então o surpreendi com
ingressos para o Lakers e o trouxe para Los Angeles para assistir ao jogo
ontem à noite. Vamos voltar para casa mais tarde hoje à noite, mas ele me
implorou para trazê-lo aqui primeiro para ver se esse cara poderia nos
atender. Aparentemente, ele é o melhor artista da Costa Oeste ou algo assim,
então concordei. Agora estou desejando tê-lo arrastado para o aeroporto.
— Você está preocupado que vai doer? — Pergunto, olhando quando o
pego brincando com seu anel.
Ele balança a cabeça, seu olhar caindo para a lista que está segurando. —
Estou preocupado que isso acabe.
— Bebê.
Ele olha para mim, seus olhos azuis cheios de tristeza e pesar enquanto ele
engole. — Não quero que ela pense que a esqueci, Nate.
— Ela nunca faria isso — digo com firmeza, puxando seu queixo para
puxar seus lábios macios para os meus. — Ela sabe que você sempre a amará,
Xav. Ela sabe que você é a única pessoa no mundo que teria feito tudo isso
por ela — acrescento, batendo no pedaço de papel em seu colo.
Assentindo, ele sorri e olha para as duas últimas coisas a riscar.
Já se passaram seis semanas desde que eu disse a ele que o amava, e
passamos esse tempo fazendo o máximo que podíamos juntos antes do final
da temporada e eu começar a me preparar para o recrutamento da NBA.
Tenho adiado isso desde o segundo ano, me sentindo culpado demais para
continuar, mas depois de várias conversas que levaram principalmente a
brigas, Xavi finalmente me convenceu a parar de ser tão idiota e ir atrás do
meu sonho, assim como Katy queria que eu fizesse isso. Quando tive
coragem de ligar para minha mãe para contar, ela começou a chorar e
perguntou se Xavi e eu queríamos ir jantar em casa. Quase disse que não,
mas concordei quando Xavi cerrou os dentes para mim e me deu um tapa na
cabeça. Os pais dele também estavam lá, o que tornou tudo estranho para
caralho, mas está ficando mais fácil. Se eu não soubesse melhor, pensaria que
eles parecem genuinamente felizes por nós. Mas sei melhor. Eles só estão nos
aceitando porque ficarão mal se não aceitarem. Não me importo. Desde que
tratem o Xavi como ele merece, estou feliz.
— Nate, olhe — diz Xavi calmamente, inclinando a cabeça para uma das
grandes telas na parede. É uma foto do dono da loja, Xander Reid, e Niko
Reid, um famoso cantor de rock que morreu há cerca de dez anos. — Ele é o
irmão mais novo de Niko Reid.
— É provavelmente por isso que esta loja é famosa, Xav — murmuro. —
Não porque ele é bom.
— Cale a boca — ele sussurra. — Mostrei o trabalho dele. Você está apenas
com ciúmes.
— Você está certo.
— Nate e Xavi. — Xander chama, apontando o queixo para nós. — Sua
vez.
Xavi se levanta e o sigo até o balcão, meu queixo tenso enquanto observo
a aparência de Xander de perto. Ele é um punk de cabelo roxo com mais
piercings que Xavi e um sorriso que me faz querer dar um soco nele, e tenho
certeza de que o filho da puta sabe disso.
— Você tem o design? — Ele pergunta, olhando duas vezes para mim,
suas sobrancelhas baixando enquanto ele estuda meu rosto. — Já nos
encontramos antes?
— Não.
Xavi zomba da minha atitude e coloca a lista de Katy no balcão, apontando
para o final da página. Observando o rosto de Xander, espero ele zombar da
caligrafia de Katy ou perguntar se foi escrita por uma criança. Ele não diz
nada enquanto estende a mão para pegar o papel. Xavi hesita, puxando-o
para trás, e Xander olha entre nós.
— Terei cuidado com isso — ele promete.
Xavi entrega e esperamos enquanto Xander cria os estênceis. Assim que
termina, ele devolve a lista a Xavi e nos leva até uma das cadeiras de couro
preto no canto mais distante.
— Quem é o primeiro?
Xavi nervosamente me empurra para frente dele, e me sento, olhando para
o anel na mão esquerda de Xander enquanto ele prepara a pele do meu
pulso.
— Você é casado?
— Sim.
— A pessoa também está coberta de tinta e piercings?
— Ela é ela, se é isso que você está perguntando. — Ele sorri, sem tirar os
olhos da tarefa enquanto aplica o estêncil. — E não, ela não está. — Ele nos
mostra a tatuagem do diabinho em seu pulso. — Ela tem um desses e um
piercing na língua.
— Você é hétero? — Xavi deixa escapar, corando e baixando a voz. —
Desculpe.
Xander ri e relaxo no assento, o zumbido da arma enchendo meus ouvidos
enquanto ele marca permanentemente minha pele.
Dói mais do que pensei, mas não digo isso a Xavi, mantendo o rosto o mais
neutro possível para não o assustar.
Quando chega a sua vez, ele tira as mãos dos bolsos e se senta, mexendo
nervosamente a bunda para ficar confortável. A primeira vez que a agulha
passa por seu pulso, seus olhos quase saltam das órbitas, seus dentes
cerrados enquanto ele olha para mim.
— Te odeio.
— Mentiroso — murmuro, e ele solta um suspiro.
Assim que termina, ele salta da cadeira como se ela o queimasse e aperta
protetoramente o pulso contra o peito, olhando para o sorriso divertido no
rosto de Xander.
— Maldito sádico. — Xavi murmura.
Xander ri e nos envolve, falando sobre os cuidados posteriores antes de
passar meu cartão na recepção. Quando estamos prestes a sair, uma garota
loira usando um vestido rosa claro e carregando uma criança pequena no
quadril entra na loja. Fico boquiaberto para ela sem querer, mas ela não olha
para mim ou para qualquer outra pessoa, todo o seu rosto se iluminando
quando encontra os olhos de Xander.
— Xan, ela está andando! — ela diz com entusiasmo, colocando a menina
no chão. — Olhe.
Xander se agacha na frente dela e estende as mãos, sorrindo quando a
garota dá alguns passos e vai direto para seus braços. Ele ri e a pega,
jogando-a no ar e pegando-a novamente. A garota, que presumo ser sua
esposa, sorri, cruzando as mãos na frente do corpo enquanto observa o
momento com orgulho. Ela é linda, e sei que Xavi percebe, semicerrando os
olhos para mim antes de empurrar meu peito. Sorrio e envolvo meu braço
em volta do pescoço dele, puxando-o para o meu lado para beijar sua cabeça.
— Deveríamos ter uma dessas? — pergunto, apontando para Xander e sua
filha.
Xavi olha para mim horrorizado. — Agora?
— Não. — Eu ri. — Um dia, porém... — esquivo-me, e ele torce o nariz,
pensativo. — O quê?
— Realmente não gosto de crianças — ele diz um pouco alto demais.
— Você vai gostar da sua — garante a esposa de Xander, olhando para
mim duas vezes antes de abrir os lábios. — Oi — ela diz depois de uma
pausa.
— Oi — digo de volta.
— Você é Nate Grayson.
— Quem? — Xander franze a testa, seus pelos se arrepiando enquanto ele
olha entre mim e sua garota.
— Você sabe. Ele joga na NCAA. Ele está prestes a ganhar seu quarto
campeonato em quatro anos.
— Ah sim. — Xander sorri, batendo em meu punho enquanto passa o
braço em volta da cintura dela. — Prazer em conhecê-lo, cara. Esta é Jordyn.
Ela acha que você é gostoso para caralho...
— Xan. — Jordyn o interrompe, estendendo a mão para cobrir os ouvidos
da filha. — Você é um idiota! — ela sussurra, me fazendo rir.
Xavi revira os olhos e força um sorriso para a foto que ela nos pede para
tirar com eles. Eu autografo uma bola de basquete para a filha deles, e então
Xavi e eu saímos, de mãos dadas, enquanto descemos a rua movimentada,
procurando um lugar para jantar.
— O que você quer comer?
Ele dá de ombros, me dando um tratamento de silêncio. Ele está de mau
humor, tentando andar na minha frente e tirar a mão da minha, então aperto
mais e giro ele para me encarar, parando no meio da calçada e forçando
todos a andarem ao nosso redor.
— O quê?
— O quê? — Ele responde, suas narinas dilatando quando levanto uma
sobrancelha para ele. — Você sabe que seus pais ficariam muito mais felizes
se você encontrasse uma garota assim por quem se apaixonar, — ele diz,
apontando o queixo para a loja de tatuagem. — Ela é fofa e engraçada e adora
basquete...
— Xavi, cale a boca. — Movo meus braços em volta de sua cintura,
puxando seu corpinho para o meu. — Não dou a mínima para o que os faz
felizes. Você me faz feliz. Na maioria das vezes — brinco, e ele passa a língua
pelo lábio inferior, lutando contra um sorriso.
— Você acha que ela é mais bonita que eu?
— Bebê, ninguém é mais bonito que você — provoco, inclinando-me sobre
ele para roçar sua boca na minha.
Seu sorriso desaparece e ele me beija bem aqui no meio da rua, fazendo
com que algumas pessoas virem a cabeça ao passar por nós.
— Quero panquecas — ele diz na minha boca, mordendo meu lábio antes
de se afastar de mim.
— Para o jantar…
— Quero panquecas — ele diz novamente, então continuo andando até
encontrar algumas malditas panquecas para ele.

Quando voltamos do aeroporto, deixamos as malas no chão do quarto e


caímos na cama, apoiados nos cotovelos, enquanto Xavi desdobra a lista de
Katy no travesseiro. Ele pega seu marcador na mesa de cabeceira e
destampa, mordendo o interior da bochecha enquanto risca o número nove.
Faça uma tatuagem.
— Gosto que tenhamos algo para nós três. — Ele sorri suavemente,
estendendo nossos braços para estudar a tinta correspondente na parte
interna de nossos pulsos. — Ela provavelmente pensa que somos idiotas.
Chego mais perto para pegar sua mão, passando suavemente o polegar
pelo pequeno e instável coração na ponta. — Não. Ela está adorando isso.
Ele balança a cabeça e vira o rosto para olhar nos meus olhos, beliscando
os lábios de um lado para o outro enquanto hesita.
— Risque isso, Xav.
Ainda sorrindo, ele traça uma linha entre as três palavras que Katy
escreveu no final da lista.
Nate e Xavi <3
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido, aos nossos filhos e à nossa linda família e amigos, pelo
seu amor e incentivo sem fim. Isso significa o mundo para mim.
À minha maravilhosa amiga e uma das minhas autoras favoritas, Becca
Steele (sim, você é a Becca a quem este livro é dedicado), por me convidar
para fazer parte da antologia Anti-valentine onde Nate e Xavi fizeram sua
primeira aparição. Esta história e esses personagens não existiriam sem você.
Também por me convencer de que tudo ficaria bem quando pensei que o céu
estava caindo. Você estava certa, e mal posso esperar para abraçá-la
desajeitadamente algum dia.
À Corina Ciobanu, minha incrível assistente pessoal e leitora alfa, por tudo
o que você faz e por aturar minha teimosia. Você é uma superestrela.
Aos meus leitores beta, Mari, Xander, Amy e Season, pelos comentários
iniciais sobre este livro e por amarem esses personagens tanto quanto eu.
A Zainab M, a melhor editora e amiga, pelo seu entusiasmo, comentários
hilariantes e por arrasar mais uma vez. Tenho muita sorte de ter você ao meu
lado.
A Cassie Chapman, Kate Welter e Leila Reid da Opulent Designs por esta
capa deslumbrante, pela formatação interna e pelas centenas de gráficos que
implorei que fizessem para mim. Vocês são as melhores.
À Michelle Lancaster e Mick Maio por esta foto deslumbrante na capa. Já
faz um ano e ainda não consigo parar de olhar para ela.
À Katie e a todos os blogueiros da Gay Romance Reviews, e a todos da
minha equipe ARC e Street por lerem, revisarem, promoverem e divulgarem
este livro para quem quiser ouvir. Li todas as postagens, comentários e
resenhas e não posso agradecer o suficiente por seu apoio.
A Megan Hope, Andi Jaxon e todos os amigos incríveis que fiz nesta
comunidade. Há muitos de vocês para citar, mas espero que saibam quem
são e que eu aprecio muito vocês. Vocês me mantêm sã (na maior parte do
tempo) e eu não poderia fazer isso sem todos vocês.
E a vocês, meus leitores, obrigada por quererem (e implorarem) pelo resto
desta história. Obrigada por lê-la. Quer que vocês estejam aqui desde sempre
ou este seja seu primeiro livro meu, sou muito grata a cada um de vocês.
Com todo o meu amor,
Bethany <3
SOBRE A AUTORA
Bethany mora em Gales do Sul com o marido e os dois filhos. Ela adora
café gelado, livros, moletons grandes e Machine Gun Kelly, embora seu
marido ainda esteja muito bravo com esse último. Quando ela não está
escrevendo, está sonhando acordada com todos os personagens malucos
dentro de sua cabeça, lendo, tomando café ou invadindo livrarias em busca
de lindos livros de bolso para acumular.

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