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PLAYLIST
CAPÍTULO 1
O DIABO RESSURGIU
— Eu fodi tudo.
Ok, bem, isso não é justo. Sua esposa, Olivia, é uma campeã
quando se trata de beber, embora ela mal seja do tamanho do copo
que compro na Starbucks para meu cachorro. Além disso, mereço
desabafar. Meus amigos estão todos se acomodando, exceto Jaxon,
e não estamos nem perto de estar no mesmo nível. Ele sai em
vários encontros por mês para transar; eu saio em vários
encontros só para voltar para casa sozinho, desapontado e
cansado de procurar por algo que provavelmente nem está
disponível neste momento. Não para mim, de qualquer maneira.
Carter: Foda-se.
1
Sigla para What The Fuck, na tradução: Que Porra É Essa.
2
Sigla para Rest In Peace, na tradução: Descanse Em Paz.
morna e envolvo meu punho em meu pau, minha outra palma
contra a parede de mármore, deixo cair minha cabeça e gemo.
Parar.
Ela parou, e agora não sei se algum dia encontrarei alguém que
me ame pelo que sou.
Apenas eu.
Nós não...?
Seguindo seu olhar por cima do meu ombro, meu coração para
nas pernas nuas no meu fogão. Eu acompanho os membros longos
até minha camiseta dos Vipers que mal cobre sua bunda. Mais
para cima, para o cabelo ruivo vibrante caindo nas costas
enquanto ela cozinha na minha cozinha.
— Então como vim parar aqui, Adam? Por que estou com sua
camiseta, preparando o café da manhã na sua cozinha?
E eu vou encontrar.
— Esperançosamente.
Ela pisa na varanda e abre a boca, mas antes que ela possa
usá-la, eu bato a porta na cara dela.
Bear cutuca minha coxa com o nariz molhado. Ele sorri para
mim, a língua pendurada para fora da boca, e eu solto uma risada.
— Huh? Desapareci?
— Ei, por acaso você viu uma ruiva aqui ontem à noite? —
Jaxon só se juntou à nossa equipe no ano passado, então ele
nunca teve o desprazer de conhecer Courtney. Ele também é o
único outro cara solteiro em nosso grupo, então se alguém esteve
por perto o suficiente ontem à noite para notá-la, seria ele.
— O quê?
Aqui com essa garota, não me sinto tão sozinha. Não é a vida
que imaginei quando criança, mas é o que me foi dado. Amo-a por
tudo o que é e por tudo o que me deu.
— Bear!
Minha vida inteira passa diante dos meus olhos, porque tenho
99% de certeza de que é um urso vindo em minha direção.
— Bear!
— Para ser justa, foi o seu cachorro da primeira vez, mas desta
vez eu só fiquei... distraída.
— Distraída?
— Sim, você fez aquela coisa com sua camisa e seu abdômen.
— Eu limpo minha garganta em meu punho. — Caras gostosos
fazem isso nos filmes o tempo todo.
A diversão dança em seus olhos. — Ah. Então nós dois temos
que nos desculpar, hein?
— Você está tão fofa agora — ele sussurra, rindo das minhas
mãos enquanto eu olho para os cachorros.
Ops.
BUBBLE BUTT3
3
Bunda Bolha, refere-se a nádegas arredondadas, normalmente de tamanho maior que a média.
Há uma batida constante no meu peito que lateja em meus
ouvidos, fazendo-me engolir os nervos que apareceram do nada.
Eu não o conheço. Nem um pouco. Ele é gentil e amigável e aqui
estou eu pronta para cair em seus pés. Preciso me controlar, então
o silêncio é provavelmente o melhor.
Eu rio. — Promessa?
Seja o que for que ele esteja procurando, não é provável que eu
acumule. A única coisa em que fui boa em ser é a segunda escolha
de alguém.
4
Problema, apelido carinhoso que ele dá a ela.
CAPÍTULO 4
Estou morrendo.
Além disso, elas nem estão nisso pelo sexo. Esse é o problema
de muitos caras do meu time: mulheres que só querem dizer que
transaram com um famoso jogador de hóquei.
Jesus, o beicinho dela pode ficar maior? Até onde vai esse lábio
inferior? — Quase ninguém pode nos ver aqui atrás.
— Talvez seja por isso que ela só me deu uma nota três em
cinco na escala de beijos.
Eu sei que ela está certa. O riso que me cerca nos meus
melhores e piores dias me traz um contentamento sem o qual não
poderia viver, e enquanto saio e observo meus amigos sentindo-se
à vontade em minha própria casa, sei que se eles fossem tudo que
tivesse pelo resto da vida nesta vida, eu ficaria bem.
Ele ri e bebe sua cerveja. — Sério. Parece algo que vale a pena
explorar.
— Seria bom saber se ela gosta de mim como sou, com certeza.
— Adam?
Ela é tão bonita. Ela sabe o quão bonita ela é? Seu cabelo
parece tão macio, eu só quero tocá-lo. Ela tem essas sardas, como
ouro líquido, pontilhando a ponta do nariz e cobrindo as maçãs do
rosto. Seu queixo tem uma pequena covinha, bem ali no meio, e
quando ela sorri, eu...
— Cuidado, Trouble.
E aquele rubor, da mesma cor do nome dela, mancha as maçãs
do rosto.
— Assustador.
Há uma parte de mim, uma parte tão grande, que está incerta.
Preocupada que estou vendo algo, sentindo algo que não está
realmente aqui. Que fiquei desesperado o suficiente para me
convencer de que ela está interessada. Quero dizer, realmente
interessada. E esse medo rouba minhas palavras.
Em vez disso, sorrio suavemente e pego a mão dela, ajudando-
a a passar por um aglomerado de pedras e chegar à ponte. Ela cai
de bunda na beira da floresta, os pés balançando sobre o riacho, e
afundo ao lado dela. Os cachorros correm para o lado dela quando
ela coloca a mochila no colo, e observo como Bear se comporta
como um anjo perfeito enquanto ela o faz sentar alto e imóvel,
mostrando a ele seu biscoito antes de oferecê-lo a ele. Ele pega
delicadamente e lambe a bochecha dela quando termina. Rosie ri
e beija o nariz dele antes de fazer o mesmo com Piglet, e depois de
beber um pouco de água de uma tigela dobrável, os dois cachorros
se enrolam atrás de nós.
— Eu poderia. Você?
Desta vez, o rubor sobe até a ponta das orelhas. — Sim. Acho
que sim.
— Legal. É um encontro.
Ela hesita como se fosse dizer não, mas Bear corre à frente,
batendo na água, e Piglet puxa sua coleira, puxando Rosie para
frente enquanto ela persegue Bear.
— Cuidado, Trouble.
Seus dedos apertam minha camisa e seu olhar cai para minha
boca. Então ela pisca, balança a cabeça e nos empurra para cima.
Piglet corre para o lado dela, cheirando as pernas de Rosie, suas
mãos, antes de finalmente lambê-la onde quer que ela consiga
colocar a língua.
— Nenhuma.
— Não é fã do apelido?
— Trouble?
— Mmm.
— E na adolescência?
É a maneira como todo o seu corpo ganha vida quando ela ri,
seu nariz enrugando junto com ela. É a maneira como seus olhos
brilham de excitação e escurecem de decepção, incapaz de
esconder uma única emoção que a percorre, deixando-a aberta,
implorando para ser lida como seu livro favorito. Como seus dentes
descem naquele lábio inferior, mordiscando quando ela está se
fazendo de tímida. Como ela é incapaz de segurar aquele sorriso
quando ele quer se libertar, e como ele arrasta o meu como um
ímã, porque quando ela sorri, tudo parece certo.
— Eu?
Mas não.
— Vamos, garota.
Rosie não está muito melhor do que eu. Ela está parada aqui
na minha frente, enrolando uma mecha rosa e arranhando o chão
com seus tênis Nike surrados com um swoosh floral branco e azul.
Seus olhos saltam entre seus pés e meu rosto, suas bochechas
ficando mais quentes a cada passagem.
— Bem, eu acho...
— Jantar?
— Sei que concordamos em caminhar novamente no próximo
sábado, mas seria bom ver você antes disso.
— Antes de.
— Antes de sábado?
— Antes de sábado.
— Encontro?
— Sim.
5
Viagem ao Palácio da Boceta – tradução literal.
6
O caminho de Adam para a esperança: a jornada de um homem ao Palácio da Boceta – tradução literal.
CAPÍTULO 6
— Eu não disse isso! É que, sabe... você tem oitenta e seis anos.
— Então você não fez nada de errado. Você pode contar a ela
na quarta-feira.
— Você passou dois dias com ela, apenas sendo capaz de ser
você mesmo, sem tudo o que vem sendo um figurão da NHL. Claro,
não parece muito, mas sem toda essa pressão, nenhum de vocês
tem motivos para ser alguém que não é. Rosie parece ser do tipo
que é desonesta sobre quem ela é?
Meu coração dói por Jennie, pela merda que ela passou. Ela
passou muitos anos sendo procurada pelos motivos errados
também. É onde ela e eu somos parecidos e me sinto um pouco
menos sozinho.
Mas eu quero estar onde ela está agora, do outro lado. Ela se
sentiu tão sozinha enquanto esperava? Ela sentia que nem se
conhecia? Porque sinto que estou perdendo pedaços de mim ao
longo do caminho, e odeio isso.
— Não.
— Mas nós...
— Entendeu o quê?
— Sim...
— O que nós...
— Cara...
Espero que seja assim que ela se sente sobre me ensinar a fazer
pulseiras Rainbow Loom, porque essa merda já dura duas
semanas e não está indo bem. Entendo o processo, simplesmente
não consigo fazer meus dedos gigantes trabalharem em algo tão
minúsculo.
— Devagar. Entendi.
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Onde quer que você esteja, meu amor o encontrará.
amiga de Garrett e Jennie e sua antiga vizinha, sai da sala atrás
dele. Ela coloca um par de óculos de armação escura no nariz e
sorri quando me vê.
Lily ri. — Ele ainda está aprendendo, mas está indo muito bem.
— Ela coloca suas ferramentas para baixo e envolve os braços em
volta da cintura de Emily, apertando. — Olá, Srta. Emily. Vamos
conversar hoje?
— Davis.
— Recentemente divorciado.
— Certo? Tão bonito. Vai correr tudo bem. Vou contar a Rosie
o que faço da vida, ela vai ficar totalmente indiferente com tudo
isso, vamos ter uma ótima noite, e talvez eu até segure a mão dela,
e vai ser perfeito. Noite perfeita. Sim.
— Cinco.
— E banho...
— Às seis e quinze.
— E...
— Sim, Rosie, eu sei. Eu não sou novo. — Ele enfia meu chapéu
de aba larga na cabeça. — Saia daqui, ou vou segurar você para
que Marco troque seus sapatos. — Ele lança um olhar aguçado
para o armário do corredor, onde um par de saltos de dez
centímetros espera para arruinar meus pés.
— Por quê?
— Perdão?
— Acho difícil acreditar que você está tão fora de contato com
o mundo dos encontros.
Ele joga meu chapéu para trás e afasta minha franja, as pontas
dos dedos roçando minha bochecha. — Eu posso dizer que você
está nervosa, Rosie, e quero que você saiba que, mesmo que eu
pareça confiante agora, tenho estado uma bagunça a semana toda
por causa disso. Não tenho vergonha de admitir. — Quando ele
olha para mim em seguida, sob cílios tão escuros e com um olhar
tão inebriante, borboletas explodem em meu estômago. — Então
vi você parada lá com esse chapéu e esse vestido de verão, e todas
as coisas assustadoras desapareceram. A única coisa que estou
sentindo agora é felicidade, e se você ainda está nervosa, já estou
feliz o suficiente por nós dois.
Ele tira meu chapéu e me aperta contra seu peito sólido. Seus
lábios tocam o topo da minha cabeça. — De nada, Rosie.
— Com fome?
— Muito.
— Como assim?
— Não precisa ser apenas uma ideia. — Ele coloca a mão sobre
a minha, um toque gentil que acalma as preocupações. — Você diz
que é uma especialista em cenários de pior caso, e a ideia de
desistir de qualquer quantidade de controle é provavelmente
horrível, mas talvez com tempo e um pouco de confiança,
aprendemos a dar e receber o controle quando precisamos. Um
para o outro e para nós mesmos.
— Faz todo o sentido, Rosie. Nada que valha a pena vem fácil,
não é? Queremos a calma, mas às vezes temos que enfrentar a
tempestade para chegar lá.
— Estou perto?
— Professor?
— Não.
— Corretor de imóveis?
— Frio.
— Policial?
— Mais frio.
Eu me inclino para o lado para poder olhar para ele por cima
do ombro. — Huh?
— Isso é apenas confuso. Todos elas vão para suas mãos. Por
que tantos nomes diferentes?
Em vez disso, ele baixa o olhar. Quando ele olha para mim, é
com uma reserva que embota o brilho em seus olhos, parece
antinatural em um homem tão gentil e aberto.
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Aqui foi usada a palavra mitten, que também é traduzida como luva na língua portuguesa, do tipo sem a
separação de todos os dedos, somente com o polegar separado.
— Um pouco de tudo — ele finalmente me diz, passando o dedo
pelo corte no meu joelho por causa da lâmina. — Treinamento,
nutrição, viagens. — Sua boca se contrai e ele pisca. — Todas as
coisas chatas.
Adam sorri para mim. — Você tem razão. O que é a vida se não
estiver cheia do que você ama?
Ele fica de pé, puxando-me com ele, e seu sorriso ilumina todo
o meu mundo em chamas.
— Trouble.
— Ok. Legal. Muito obrigado por ser linda. Não. Não. Foda-se.
Merda. — Ele me arranca dele, segurando-me no comprimento do
braço. — Isso não foi o que eu quis dizer. Quero dizer, eu acho você
linda, obviamente. Obviamente acho você linda. — Ele enfia os
dedos pelos cachos e suspira. — Isso é o pior. Eu sou o pior. Agora
estou nervoso de novo.
Rindo, ele pega minha mão e segue pela calçada. — Vamos lá.
Onde você estacionou?
— Não.
— Adam...
— Está tarde. Você não está andando e pegando o ônibus
sozinha.
— Mas eu...
Minha cabeça gira em câmera lenta para olhar para ele por
cima do meu ombro.
— Aí está. Isso não foi tão difícil. — Ele bate na maçaneta acima
da minha cabeça. — Para referência futura, se você segurar isso e
colocar o pé no degrau, poderá se balançar para cima. Ou posso
continuar levantando você. — Ele dá de ombros. — Pessoalmente,
prefiro a opção dois, porque assim posso verificar sua bunda. —
Antes de fechar a porta, ele pisca e, quando sobe na caminhonete,
simplesmente pede meu endereço como se não tivesse acabado de
dizer isso.
— Adam.
— Ok, vamos lá! — Ele está na minha porta antes que eu possa
contar até três.
— Qual deles?
Droga, Rosie.
— Mamãe!
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Expressão usada para se referir a algo similiar, apesar de chamado de forma diferente.
Ele espera que ela se afaste, observando com um sorriso
enquanto ela se junta a uma garotinha brincando com bonecas.
Ele coloca as mãos entre nós. — Ok, aqui está o que você faz. Você
aguarda pelo menos cinco dias e espera que ela ligue primeiro.
Quando ela ligar, você hesita, como se estivesse tentando
identificar o nome.
Ele abre uma pálpebra. — Por que você está olhando para mim?
Eu não ligo para garotas depois de um encontro, ponto final. —
Sarah, a garota que atualmente está fazendo sua maquiagem,
chuta sua canela. — Ai, porra! Quer dizer, merda. Merda, para que
foi isso?
— Por que eu... ugh, não importa. Você tem onze anos. Você
não está me irritando. — Jaxon aponta para mim enquanto Sarah
usa uma presilha de borboleta para tirar o cabelo de sua testa. —
Meu ponto é o seguinte: não me peça conselhos, porque não tenho
nenhum. Você e eu namoramos por dois motivos muito diferentes.
Ela ri em sua mão. — Pelo menos você tem a mim. Não sou
estranha.
— E você é a minha favorita de todos os meus amigos.
— Hipergrande.
— Fácil então.
Ela está certa; eu sei que ela está. Mas isso não impede o pânico
que aperta minha garganta com a mensagem de texto que aparece
na minha tela dois minutos depois.
— Adam?
Ela ri, mas antes que possa me tirar do meu sofrimento, a porta
é arrancada de sua perna onde ela a mantém aberta, e um
garotinho sai cambaleando atrás dela, segurando um sapato e
uma sandália.
PEQUENO PROBLEMA
Rosie é mãe.
— Eu adoraria, obrigado.
Seu queixo cai. — Eu... bem..., mas você... — Ela desiste das
palavras, escolhendo em vez disso entrelaçar suas ondas pastel em
volta do dedo.
— A menos que você não queira. Era sobre isso que você queria
falar comigo? Que você não quer mais me ver?
— Sim. Isso é.
— Dada!
Connor pisca para ela. Olha para mim. De volta a Rosie, depois
para mim. Ele aponta para o escorregador. — Dada, r-rega?
Isso é...
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Peanut Butter, manteiga de amendoim.
Rosie ri e me entrega um triângulo de sanduíche. — Eu nunca
sei com Connor, então sempre tenho um extra. Alguns dias ele dá
duas mordidas e diz pronto, e alguns dias ele...
11
Pequeno Problema.
dizer isso. Eu não quis dizer que você estava pensando em me
beijar ou qualquer coisa ridícula assim.
— Você não tem que esfregar isso, Rosie. Eu sou sensível sobre
minha bunda. Eu sei que a sua é melhor.
— Sinto muito por não ter contado ontem à noite — Rosie diz
baixinho, os olhos dançando com vulnerabilidade, uma explicação
que ela não me deve, mas quer me dar de qualquer maneira. — Eu
não estava tentando esconder, é só... eu não saio muito. Além de
ser difícil encontrar tempo, tem sido uma grande decepção. No
primeiro encontro que tive depois que Connor nasceu, foi com
alguém com quem conversei algumas vezes enquanto esperava na
fila pelo meu café da manhã. Eu realmente gostava dele, e quando
ele me convidou para sair, eu estava tão nervosa para estar com
alguém, ainda mais tendo que contar a ele que eu era mãe. Mas
ele foi tão legal que contei a ele sobre Connor quinze minutos
depois do encontro. Ele mal falou nos dez minutos seguintes, antes
de pedir licença e ir ao banheiro. Ele voltou, disse que não estava
se sentindo bem e foi embora. Comi sozinha, tentando não chorar.
No caminho para casa, eu o vi no pátio do bar três portas abaixo.
— Seu nariz enruga. — Cheguei em casa para dormir antes de
deixar as lágrimas virem. Acho que o pior foi que perdi a hora de
dormir do meu filho por alguém que não se importava conosco.
MY PEEN HERO12
12
Peen aparece aqui como gíria para pênis.
— Eu não estou usando isso. — Eu o empurro para longe, pego
o maiô pendurado na parte de trás da porta do banheiro e então
mudo de ideia. — Na verdade, acho que não vou levar roupa de
banho.
— Anaconda?
— Varinha mágica?
— Dickmatized13?
13
Referência ao pênis (dick em inglês) – um termo inventado que dá a ideia de ser aniquilada por ele.
— Hospitalizador?
— Sua cicatriz é uma medalha de honra por ter uma vida que
você criou esculpida diretamente de você. E suas estrias são listras
de tigre, Rosie. Você é forte. Você é feroz. Você é perfeita, do jeito
que você é. — Marco afasta minha franja. — Não duvide que a
pessoa certa não verá isso, porque ela verá.
Marco acena para ele. — Por favor, Rosie. Use as duas peças.
A parte de baixo é de cintura alta, mostra suas curvas, e Adam vai
ficar babando.
— Eu sei que sim. Agora vamos retocar essas unhas dos pés.
— Eu não sei.
— O que você quer dizer com não sabe? Você disse que algo
está errado. Ele está doente?
— Ele almoçou?
Eu: Sinto muito, Adam. Tenho que cancelar hoje. Espero que
possamos reagendar.
— Ei, você.
— Não. Quero dizer, sim. Sim, claro que está tudo bem. É que...
ninguém nunca... eu...
— Ok — eu finalmente digo.
— Ok?
Mas não, acho que não. Não, o olhar arrogante e confiante nos
penetrantes olhos verdes desse homem diz, eu tenho um pau
enorme e sei disso.
Não. Foda-se. Não, Rosie. Pense com o cérebro, não com os seios.
Pense com o cérebro, não com os seios. Pense com o cérebro, não
com os seios.
Se eu disser três vezes, talvez se torne realidade.
Adam estava certo sobre ter feito sua pesquisa, embora ele
insista que seu amigo realmente enfiou muitas informações goela
abaixo antes de sair da garagem com o assento instalado. Levamos
apenas um minuto para ajustar o assento perfeitamente para
Connor, e meu filhinho está feliz como sempre quando colocamos
o cinto de segurança nele.
— Ainda bem que você veio logo. Não acho que Connor e eu
poderíamos passar mais um minuto olhando para a virilha daquele
homem.
— O quê?
Ele nos mostrou a mesa da sala de jantar que ele e seu pai
construíram juntos quando ele se mudou há dois anos, e depois
brincaram de esconde-esconde com Connor ao redor dela.
Ele afasta minha franja. — Porque eles são da mesma cor dos
seus olhos.
Eles realmente teriam. Deus sabe que ele teria feito minha mãe
comer na palma da mão dele também.
Adam ri, e minha atenção vagueia por seu espaço incrível, como
é íntimo estar aqui com ele. Ando pelas tábuas castanhas, quentes
sob meus pés descalços pelo sol que entra pelas portas francesas
duplas. Elas estão abertas, deixando a brisa entrar, e sigo até
varanda enorme.
Com Adam.
— Bonito, hein?
— Sim, caiu como um... um... um... — Meus olhos rolam para
o peito nu de Adam, o pedaço de cachos escuros que parecem tão
macios que quero correr meus dedos por eles. Até as linhas de
músculos grossos e vigorosos esculpidos tão impecavelmente, e
puta merda, eu estava certa. É um pacote de oito. E, porra, o
calção de banho. Ele é apertado da pior maneira, porque eu não
consigo desviar o olhar, listras brilhantes de verão que envolvem
todo o corpo, abraçando cada centímetro dele.
Sim. Sim, deve. Porque não tem como ele... que ele...
simplesmente não tem como, certo?
Ok, estou fazendo isso. Porra. Caramba. Meu olhar salta para
baixo, então volta para cima. Os olhos de Adam seguem, e sua
boca se curva enquanto o calor derretido corre para as pontas das
minhas orelhas.
— Rosie?
— Precisa de ajuda?
Este corpo não é perfeito, mas por tudo o que fez e me deu, é
lindo.
Estou tão encantada com o amor que flui das fotos que não
percebo Adam até que ele esteja ao meu lado, elevando-se sobre
mim, embora esteja um degrau abaixo. Ele está sorrindo para as
fotos, uma pitada de saudade em seus olhos que me deixa um
pouco triste.
— Fui adotado.
Sempre.
— Que tal isso, Rosie? — Ele segura meu queixo com a mão, a
ponta do polegar prendendo meu lábio inferior. — Quão ocupada
você quer que eu mantenha você? Porque às vezes me sinto
sozinho, mas quando estou com você, eu me sinto completo.
Meu passado não é meu futuro. Posso ter medo e posso optar por
me mover devagar, desde que me mova.
— Rosie? — ele sussurra, tão perto que acho que seus lábios
podem estar quase tocando os meus. Eu quero olhar, mas não
posso.
— Sim?
— Eu tenho?
— E se eu dissesse os dois?
— Bem, eu diria que você não tem nada a temer quando se
trata de mim. Serei gentil e não vou machucar você. — Ele passa
o polegar sobre a covinha no meu queixo, persuadindo meu olhar
a se abrir. Olhos cobalto erguem-se para os meus. — Gostaria de
poder lhe dizer que você também não tem nada a temer quando se
trata de nadar, mas não conheço seus motivos e não vou miná-los.
Quero que saiba, porém, que está segura comigo. Não vou deixar
nada acontecer com você.
— Você promete?
— Juro.
TOTALMENTE HIPNOTIZANTE
Sou apenas eu, e ela diz que sou o suficiente para ela.
Mas eu sei que esta vida não pode ser verdadeiramente minha
até que eu dê a Rosie tudo de mim, e agora, estou lutando para
encontrar as palavras que dão a ela esses pedaços.
— Pelo quê?
Ela olha para mim, seu queixo com covinhas no meu peito,
olhos brilhantes e um sorriso ainda mais brilhante. — Mamãe
sempre quis um jardim enorme e colorido, como o que ela tinha
em casa quando criança. Fomos a uma linda loja de jardinagem
no final de setembro, quando eu tinha oito anos. — Seu sorriso se
alarga, florescendo enquanto a memória passa por sua mente. —
Fiquei encantada. Estávamos lá para sempre, apenas andando por
lá, absorvendo tudo. Mamãe queria algo que voltasse a cada
primavera. Ela disse que havia algo tão delicado em uma flor que
floresceria novamente após o inverno mais rigoroso. Encontrei um
delicioso arbusto de peônia. Eram tão bonitas, as flores cor-de-
rosa. Não extremamente brilhante, mas um tom rosa suave e lindo
que simplesmente me cativou.
Cativante? Mas ela é muito mais do que isso. Ela é... fascinante.
Deslumbrante. Totalmente hipnotizante. Ela não sabe disso?
Ela não tira o ar dos meus pulmões quando entra em uma sala;
ela respira a vida de volta em mim. Se ela é a flor que desabrocha
após o inverno mais rigoroso, eu sou a primavera. Eu sou tudo
novo e fresco, cheio de vida e cor e luz do sol e esperança, depois
que tudo foi roubado de mim do jeito que a primeira geada do
inverno rouba a beleza do outono.
— Mhmm.
— Um símbolo, eu acho.
— De?
A maneira como ela olha para mim, uma pequena ruga entre
as sobrancelhas enquanto ela se concentra em cada palavra,
pondera em sua cabeça, é uma sensação inebriante e viciante,
como se ela não estivesse em nenhum outro lugar, mas bem aqui
comigo.
— Se eu ouvir essa palavra sair de sua boca mais uma vez, não
serei responsável por minhas ações.
— Boa menina.
— Mamaaa!
CAPÍTULO 13
ESPECIAL 2 POR 1
Não acho errado fazer de alguém o seu mundo inteiro, mas sei
que a única vez que fiz isso foi meu maior erro.
Agora sei que Courtney não era o mundo destinado a mim, mas
isso não torna mais fácil pensar em começar um novo com outra
pessoa, alguém que tem o poder de quebrar você novamente. Eu
quero pular de cabeça. Porra, digo a mim mesmo que já estou
fazendo isso, que nunca me apaixonei tão rápido, comecei a sonhar
com um futuro com alguém que mal conheço. Mas a realidade é
como uma corda amarrada em meus tornozelos, deixando-me
arrastar os pés pela estrada que quero seguir, mas cada pequeno
passo queima minha pele, incitando-me a desacelerar, apenas...
esperar. Apenas no caso de.
Sobrevivi à primeira vez, mas sobreviverei à segunda?
— Dada!
Rosie não pisca, o olhar vagando para baixo, depois para cima.
Eu cutuco seu queixo com os nós dos dedos, guiando seus
olhos para os meus. — Ok, menina bonita?
Abro meu sorriso em sua testa, pisco para Connor e entro. Meu
telefone está tocando no balcão da cozinha, meu grupo favorito de
Puck Sluts fazendo check-in.
Carter: ...
Carter: Sim.
Eu: O nome dele é Connor, ele tem quinze meses e é fofo pra
caralho.
Jaxon: NÃO. Papai Adam?! RIP.
Não vou tentar tocar no fato de que um dia a Ireland vai crescer
e ser ela mesma e nunca mais ouvir o pai, porque é uma conversa
inútil. A atitude de Carter quando alguém tenta argumentar com
ele envolve tapar as orelhas com as mãos e cantar Não estou
ouvindo, não estou ouvindo.
— Ei, mãe.
— Isso é?
— Sim, claro.
— Absolutamente não.
— Bem, o que você está esperando? E faça bem, assim ela vai
querer ficar com você! Nada dessa meia-boca, a besteira de três de
cinco! — Ela ri do olhar de pura exaustão no meu rosto. — Você
pode nos contar um pouco sobre ela? Apenas rápido. Então
desligamos e deixamos você em paz. Prometo.
— Eu não esperava que ele se saísse tão bem para sua soneca
aqui. Ele dorme no meu quarto em casa e sempre vamos para lá
para as sonecas. — Ela empurra o cabelo dele para trás, sorrindo
para seus olhos cansados. — Acho que não lhe dou crédito
suficiente.
— Não acho que seja isso. Você tem sua rotina e nem sempre é
fácil fugir de nossa rotina. — Eu cutuco seu ombro com o meu. —
Trata-se de abrir mão de um pouco de controle, certo?
Ela enlaça seus dedos nos meus e aperta, uma pressão suave
que acalma meu batimento cardíaco. Eu tento de novo.
— Este foi um dia tão perfeito, Adam. Estou tão feliz que não
precisamos cancelar.
— Tudo certo?
— Nunca conheci minha mãe biológica. Só sei que ela era jovem
quando me teve e lutava contra o vício. Ela ficou limpa durante a
gravidez, mas teve uma recaída quando eu tinha apenas alguns
dias de vida. Ela me deixou com minha avó e nunca mais voltou.
— Passo a ponta do dedo pelo braço de Rosie, uma âncora para a
realidade, minha firmeza neste momento instável. — Não me
lembro da minha avó, mas sei que ela me amava muito. Em todas
as fotos que tenho, parecemos tão felizes juntos. Ela teve um
derrame quando eu tinha quatro anos. Minha única lembrança é
esta vívida em seu funeral, onde uma mulher com cachos escuros
e olhos azuis olhou para mim da porta e, em vez de entrar, ela se
virou e saiu.
— O problema é que nunca fiquei bravo com ela. Acho que ela
não poderia me dar a vida ou o amor que toda criança merece, e
ela sabia disso. Ela pensou que havia alguém melhor lá fora para
mim e, ao sair, ela me deu isso. Uma chance de algo melhor. — Eu
enxugo a única lágrima que escorre do olho de Rosie enquanto ela
segura minha bochecha. — Quando você me contou sobre seus
pais mais cedo, como o pensamento de dizer adeus despedaça
você, eu queria pegar sua mão e dizer que você não estava sozinha,
porque eu também perdi pessoas. Mas não senti uma perda tão
profunda quanto a sua. A minha é diferente. As pessoas
escolheram ir embora, porque não fomos feitos um para o outro.
Eles não foram feitos para mim, e há uma certa paz em saber disso.
— Isso não torna sua perda menos válida — Rosie diz com
firmeza. — Por favor, não diminua nada pelo que você passou por
minha causa.
— Eu não vou. A verdade é que tive muita sorte e sei disso. Não
há dor no meu passado, não nas minhas memórias, pelo menos.
Mas quando você falou comigo... eu quase queria que tivesse. Eu
não queria que você estivesse sozinha sentindo a sua.
Há uma suavidade no olhar de Rosie, uma compreensão que
nos aproxima, um nó na corda. — Eu não preciso que você assuma
minha dor, Adam. Eu só preciso que você se sente comigo
enquanto sinto isso. Isso é o suficiente para mim. — Ela tira um
cacho da minha testa. — Isso faz sentido?
— Sim.
— Hum?
— Rosie.
— Mas...
— Prometo.
CAPÍTULO 14
— Cale-se.
— Um?
Minha boca se contrai enquanto esfrego um garfo com vigor.
— Tracta! Brum-brum!
— E os seus pais?
— Mas você não disse a ele que os dois foram próximos? — ele
adivinha. — Você quase se afogou e seus pais faleceram?
— Ei. — Ele segura meu rosto, forçando meus olhos nos dele.
— Você passou muito tempo se convencendo de que não era digna
de amor porque ninguém escolheu você. Você queria ser a primeira
escolha de alguém e não foi. Mas não somos para todos. Sempre
houve algo melhor esperando por você. — Ele aponta para Connor.
— Você é a primeira e única escolha daquele garotinho. E você
também será a primeira escolha de outra pessoa quando se trata
de amor. Talvez seja Adam, talvez não. Mas o que mais importa,
Rosie, é que você é sua primeira escolha. Ame-se exatamente por
quem você é e onde está, erros, imperfeições e tudo mais. As
pessoas que escolherem você vão amar todas as suas peças, não
só algumas.
— Absolutamente não.
Absolutamente não.
Tudo bem, mas não é minha culpa. Temos passado tanto tempo
juntos, com Connor e sem, e eu apreciei cada vez que aquele
homem colocou a língua na minha boca na última semana. Estou
começando a desejar... não sei exatamente, mas mais. Um
pouquinho mais. Processe-me por esperar que eu consiga hoje à
noite.
Adam olha para mim, da mesma forma que ele tem feito a cada
trinta segundos, olhos azuis cobalto acesos. Um sorriso gentil
começa nos cantos de sua boca antes de explodir em um sorriso
enorme quando ele me pega olhando. Ele estende a mão, os dedos
se espalhando sobre minha coxa, deslizando dolorosa e lentamente
para cima, para cima, para cima, até que ele alcança a bainha do
meu vestido e aperta.
— Mmm...
— O quê?
Não tenho certeza do que ele quer dizer, mas observo com
muita atenção enquanto ele contorna o capô, abre minha porta e
estende a mão para mim.
Ele balança a cabeça. — Eu sei que filme vimos, mas não posso
contar porcaria nenhuma do que aconteceu. — Ele puxa minhas
mãos de seu cabelo, entrelaçando seus dedos com os meus e
levantando-os acima de sua cabeça, girando-me antes de me puxar
de volta.
— Não?
— Selvagem?
— Sim.
— Sim, Rosie?
Acho que essas duas palavras o levam ao limite. Ele não perde
tempo levantando meu vestido, revelando minha calcinha, a
mancha encharcada decorando o centro da seda rosa.
Digo a mim mesma que é por isso que o fundo do meu estômago
começa a florescer, porque minha coluna começa a tremer e meus
dedos dos pés se curvam, apesar de nunca ter chegado tão longe
com Brandon. Porque além do prazer alucinante que ele está
entregando, é a confiança, a sensação poderosa que vem com o
sentimento tão desejado. Estimada. Vista.
Santa Mãe de... – sim, isso basta. Adam também sabe, porque
ele fica com um sorriso malicioso no rosto, quase perverso.
— Minha.
CAPÍTULO 15
Há uma certa paz em ser a única aqui por uma ou duas horas,
enquanto o resto do mundo acorda de seus fins de semana. É um
tipo seguro de felicidade, em uma bolha de contentamento,
fingindo por um momento que não estamos todos recomeçando às
segundas-feiras, saindo correndo pela porta e nos preparando
para uma semana longa e prolongada em que você mal consegue
ficar parado no fim disso.
Mas ela merece mais do que eu. Mais tempo, mais dinheiro,
mais espaço. Eu tenho o amor; simplesmente não tenho mais
nada. E Piglet merece tudo, não apenas as sobras.
— Você está segura, Pig — digo a ela. — Eu não vou deixar nada
acontecer com você. Eu prometo.
— Ela ouviu você, merda. Agora ela vai pensar que não
gostamos do cabelo dela.
— Ele ainda não tem nome. Ele chegou há poucos dias. Ele foi
deixado quando seus donos saíram do apartamento, então não
temos nenhuma documentação sobre ele. — O gato cai quando
abro sua gaiola, patas no ar, barriga à mostra. O homem avança
sem hesitar.
— Poli-o quê?
14
Em inglês: luvas.
Jaxon puxa seu rosto mortificado da barriga de Mittens. O
queixo de seu amigo cai e ele dá um passo para trás.
— Não é!
— Eu sou!
— Onde?
E sei que ele está. Eu sei disso pelo jeito que ele mantém seus
dedos entrelaçados nos meus, uma mão no volante durante todo o
caminho até sua casa. Enquanto estou no pé da escada,
observando-o com Connor praticando subir e descer por dez
minutos, a maneira como Adam o pega em seus braços, o gira no
ar e comemora toda vez que eles descem. Quando ele puxa o
banquinho de madeira que construiu apenas para Connor, para
que meu homenzinho possa ficar com ele no balcão da cozinha
enquanto eles fazem o jantar juntos.
— Que ele vai pensar que não é minha prioridade. Que ele vai
se sentir menos amado, menos importante.
— Não acho que seja sobre o tempo que temos, mas como o
gastamos quando estamos juntos. — Eu pressiono um beijo em
seu bíceps antes de pressionar meus dedos dos pés e fundir minha
boca à dele enquanto sua testa descansa na minha. — E você
sempre me faz sentir importante quando estamos juntos, Adam.
— Dezoito? — eu expiro.
— Adam.
Você não tem se cuidado muito bem. Você ganhou algum peso.
Já se passaram dezesseis meses. Vá para a academia ou algo
assim.
Eu fecho meus olhos para palavras que tentam tanto trazer
vergonha, mãos se fechando em punhos que tremem em meu
estômago enquanto eu luto contra a tentação de deixá-las vencer.
Porque no final das contas, eu sei que amor-próprio não é ser feliz
comigo mesma, com tudo de mim, a cada momento. Não é realista
e uma receita para o fracasso.
— Tudo?
Uma única lágrima desce pelo meu rosto. Quando seus lábios
a prendem, eu me viro em seu beijo, afundando contra ele. — Acho
que realmente precisava ouvir isso.
Não sei por que parece tão pesado, tão profundo, como estar
submerso na água, exceto que é o tipo bom de afogamento, em que
dá a vida em vez de roubá-la. Afogando-me em apreço, em elogios,
em palavras que, por algum motivo, sei que são genuínas. A
realização é impressionante, puxando uma respiração instável de
meus pulmões, fazendo meus joelhos vacilarem enquanto a
sensação deste homem me envolve. E quando meus joelhos cedem,
jogando-me para trás, sinto a pressão pesada de uma
protuberância contra a parte inferior das minhas costas, o
tamanho e o peso dela arrancando um suspiro da minha garganta.
15
Termo para expressar surpresa, consternação, e não usando shitballs, que é um xingamento.
Eu fiz uma cesariana, porque a cabeça de Connor não cabia na
minha pélvis, e esse homem acha que seu pau vai de alguma forma
abrir caminho? Claro, um pau não é um bebê de três quilos. E,
sim, não está seguindo exatamente o mesmo caminho, mas, Jesus,
filho da puta...
— Eu definitivamente sou.
Eu não sei onde isso vai dar esta noite. Eu pensei que queria
mais tempo, mas com ele embaixo de mim, a maneira como ele
reivindica cada pedaço de mim como seu com o roçar de suas mãos
ao longo do meu corpo, me sinto pronta.
— Sim — eu gemo.
Ele está gostando disso. Fazendo-me sentir bem, faz com que
ele se sinta bem também. E isso... isso faz algo comigo. Não é uma
tarefa; é uma escolha. E pela sensação de suas mãos em mim, a
maneira como seus gemidos vibram contra mim... eu diria que é
uma escolha que ele faria alegremente de novo e de novo.
— Adam. — Alcançando atrás de mim, eu agarro seu pênis. Ele
pulsa na minha mão, e o corpo de Adam sacode abaixo de mim
enquanto ele sibila, puxando meu clitóris. — Eu quero me virar.
— Seu pau.
Mas eu não quero. Eu quero dar a ele tudo o que ele me deu.
Sua grande mão segura meu queixo enquanto ele deixa sua
boca cair na minha. — Minha versão do paraíso.
— Ele disse que fazer uma cesariana era a saída mais fácil, que
eu não podia mais usar a desculpa de ter um bebê.
Acho que não quero que ele o faça, porque enquanto o sono
ameaça me derrubar, levando-me a uma paz que não conheço há
anos, há uma coisa que sei com certeza.
Ele sorri para mim, então descansa sua testa contra a minha,
acariciando minha bochecha. — Bom Dada.
— Obrigado parceiro. Eu precisava disso. — Meus olhos
encontram Rosie, observando-nos com um sorriso atordoado. —
Pare de me olhar assim, Trouble.
— Como?
— Fico feliz por ser uma parte positiva da jornada dela, mas
não descarte todo o trabalho que você fez com ela, Rosie.
— Eu não vou. Realmente, não vou. Mas havia tanto que eu
poderia fazer sozinha, sabe? Sim, trabalhei duro para ganhar a
confiança dela, para ajudá-la a se sentir confortável, mas não
conseguimos aproximá-la dos homens até você. E agora olhe para
ela. Ela está tão despreocupada aqui, tão feliz. — A esperança se
esvai de seus olhos, deixando-a de luto por um futuro que ela disse
a si mesma que não poderia ter. — Ela vai fazer uma família tão
feliz um dia.
— Sério?
— Verão?
— Nada vai mudar entre nós, Rosie. Vai ser difícil, sim, mas
vamos descobrir isso juntos. Começaremos uma nova rotina e você
passará voando pelo seu último ano de escola. Antes que você
perceba, será primavera e você será uma veterinária.
— Oh, vamos lá. Você, a menina que planeja tudo, não sabe?
Eu não compro isso.
— Derrame-as, Trouble.
Estou feliz por poder dar a ela algo que ela tinha perdido, algo
que tanto deseja e que tanto merece.
Eu encontrei o amor.
— Acho que ela está pronta para fazer sexo.
— Amanhã.
— E o que faz você pensar que ela está pronta para o sexo?
— Meh meh meh meh meh — ele imita, então tenta arrancar o
pacote de Oreo da minha mão quando eu o pego. — Não! Você não
ganha meus biscoitos se vai tirar sarro de mim.
— Não.
A porta do pátio se abre, Olivia sai. Seu olhar varre o pátio antes
de pousar em Emmett e Ireland. — Aí está minha garota. Eu
preciso alimentar você, querida, mas prometo que vou trazê-la de
volta para o tio Emmett, ok?
— Estarei esperando. — Ele manda um beijo para Ireland e se
recosta na cadeira, cruzando um tornozelo sobre o outro, olhando
para mim. — De volta para você fazendo sexo.
— Você sabe que ela dormiu aqui pela primeira vez na semana
passada. E ela está dizendo... ela está dizendo que quer que a
próxima vez seja livre de bebê. Então eu acho... você acha... — Eu
apoio meus cotovelos em meus joelhos saltitantes. — Isso
significa…?
— Ay-yo!
— Aí está!
Emmett bate sua cerveja na minha. — Parece que você vai fazer
sexo amanhã à noite, amigo.
— Ok, papai.
Eu rio, beijando a bochecha de Archie. — Acho fofo quando você
se preocupa, papai.
— Maaaaaa!
— Ah-chee! Panquecas?
Nenhum, mas isso não significa que coisas ruins não tenham
acontecido comigo.
— O quê? Quando?
— Agora, talvez?
— Por que você não pede ao seu namorado para cuidar dele?
— Seu tom é azedo, e não tenho paciência para isso.
— Obrigada, Brandon.
— Você me deve. Você vai deixá-lo três horas e meia mais cedo,
então você me deve essas horas de volta.
— Você vai ficar com seu pai. — Meu sorriso é tão falso que dói.
— Mamãe vai ver você amanhã.
Meu peito aperta, e quando Connor olha para mim com os olhos
cheios de lágrimas, meus olhos também se enchem. Pego seu doce
rosto em minhas mãos, enxugando as lágrimas silenciosas que
caem. — Eu gostaria de poder ficar com você todos os dias,
querido. Isso deixaria meu coração de mãe muito, muito feliz. Você
vai ficar com papai esta noite, e mamãe estará pensando em você.
Quando eu vier buscar você amanhã, vou dar o maior abraço de
todos para que você perceba o quanto senti sua falta.
— Não, obrigado.
— Você acha que eu escolhi isso? Escolhi ela? Ela não deveria
ser nada além de uma foda casual por algumas semanas de
diversão de verão. Você sabe que os pais dela morreram quando
ela era criança e ninguém a adotou. Às vezes, acho que ela fez um
furo na camisinha ou algo assim, só para conseguir a família que
ela queria. Agora estou preso com ela para sempre. Você acha que
é isso que eu quero?
Meus dedos cavam no bichinho de pelúcia e tento me firmar no
momento. Sinto a maciez de seu pelo, ouço o zumbido do ar-
condicionado, sinto o cheiro da comida espalhada nas bancadas.
Ninguém a adotou.
Mas com algumas frases simples, ele tocou em cada uma das
minhas inseguranças. Ele trouxe à vida todos os medos que passei
anos em terapia combatendo as legitimidades e validou todos eles
de uma só vez.
O olhar de Eva diz que ela não acredita. — Como está sendo o
seu verão?
— Rosie...
— Está tudo bem — eu minto. — Estou bem. Aproveite o resto
do seu verão.
IDIOTAS
— Deixe-o em paz. Ele vai transar esta noite pela primeira vez
em muito tempo. Isso requer muita preparação mental.
— Eu vou indo.
— Ei, Jaxon?
— Sim cara?
— Cale a boca.
— Ah, merda. — Ele ri. — Cuidado, Rosie. Papai Adam está se
sentindo fogoso esta noite.
Trouble: Você acha que vou ser expulsa por ser uma
garota má?
Estou prestes a tentar ligar mais uma última vez quando capto
um flash de cabelos loiros finos e ondas douradas sob a sombra
de um carvalho imponente. Rosie está sentada sozinha em um
banco, e eu sei. Eu sei que algo está errado pela queda derrotada
de seus ombros, o jeito que ela pendura a cabeça, a maneira como
ela agarra a bolsa contra o estômago.
Quase espero que ela não diga nada. Sentada aqui em silêncio,
incapaz de encontrar as palavras de que precisa.
— Onde mais?
Ela coloca sua bochecha sobre meu coração, suas palavras são
suaves. — Há muito tempo queria pertencer a alguém. Tanto
tempo, não tenho certeza se meu cérebro vai me deixar acreditar
agora.
— O que quer dizer com você ficou sozinha? Você tinha família,
certo? Alguém que a acolheu?
— O quê?
— Eles não merecem você, Rosie. Ninguém que trata você assim
merece. — Eu escovo meu polegar sobre seu lábio inferior. — Sinto
muito que alguém não tenha escolhido você quando estava
crescendo, que não tenha tido tempo para conhecê-la, para ver
como seu coração é lindo. Lamento que Brandon seja um twat-
waffle16.
16
Gíria para imbecil, idiota.
sustentar a mim e Connor durante a licença maternidade. Não tem
outra maneira.
— Então, eu ajudo.
Juro que este corpo foi feito para mim. Quente e macio,
enrolado em torno de mim mais apertado do que nunca, dedos
gentis que deslizam ao longo dos meus braços, um olhar terno que
não balança.
— Pronta para – ahhh. Você está nua. — Ela está nua. Eu enfio
minha mão pelo meu cabelo, em seguida, aponto para o corpo
bonito, cheio e nu de Rosie. — Você está... realmente nua.
Espetacular também, caso você esteja se perguntando. Além disso,
nua.
Ela pega meu rosto em suas mãos, seu toque suave e quente
deslizando ao longo de minha barba por fazer. — Posso beijar você?
— Sim, querida?
— Por favor.
Rosie ganha vida quando enfio dois dedos dentro dela e, merda,
se isso não é uma visão impressionante.
— Muita certeza.
Ela sorri para mim então, livre e gentil, e eu sei que vou me
lembrar de como me sinto agora pelo resto da minha vida.
— Não quero que isso suba à sua cabeça, mas parece que estou
sendo educadamente dividida ao meio.
— Uma garota tão bonita, tomando tudo de mim. Você está indo
tão bem.
— Ainda não, você não vai. Não até que você diga a quem
pertence. — Eu levanto sua perna para cima, jogando-a sobre meu
ombro. Ela grita quando mergulho mais fundo, e graças a Deus
tomei aquele banho, porque estou a cerca de trinta segundos de
explodir minha carga. — A quem você pertence, Rosie? Melhor
fazer valer a pena, porque só vou perguntar uma vez.
O nome faz algo com ela, talvez a faça ganhar vida com
confiança. Porque ela tem esse brilho perverso em seus olhos,
tentando e falhando em segurar seu sorriso. Ela fica de joelhos, a
palma da mão batendo no meu peito enquanto ela me empurra
para baixo de costas e monta em meus quadris, prendendo meu
pau entre sua boceta molhada e meu estômago.
— Provocar-me?
E eu menti.
— Eu não.
Ele bufa uma risada, olhando para seus pés. — Sabe, eu sou
péssimo em relacionamentos, mas quando uma mulher diz que
está bem, quase sempre está mentindo.
— Claro. Estou aqui, não estou? Além disso, parece que você
vai vomitar, então provavelmente deveria fazê-lo antes de ficar
atrás daquela câmera.
— Sim, eu imaginei isso. Você fala sobre ela o tempo todo e está
constantemente sorrindo para o telefone como um colegial
enviando mensagens de texto para sua paixão. Ou Carter
mandando mensagens de texto para Olivia. Garrett e Jennie
também. — Ele suspira. — E Emmett e Cara. Vocês todos são
péssimos, para ser honesto.
— Sim. Foi ótima. Perfeita. Ela é... ela é perfeita pra caralho. É
só... algo mudou ontem à noite. Ela se abriu sobre algumas coisas
sérias, algumas merdas vulneráveis que são simplesmente...
horríveis. Não é justo. Ela não teve uma vida fácil e sentou-se lá e
me contou tudo sobre isso.
— Não.
— Cara.
— Por que cara? Por que você deixou chegar tão longe? Foda-
se, Adam, você poderia ter sido desmascarado por qualquer um a
qualquer momento. O campo de treinamento começa em breve e,
em seguida, os jogos da pré-temporada. O que você vai dizer a ela
quando estiver fora do país?
Meu estômago revira. — Eu só estava... com medo. Apavorado
pra caralho. Ser Adam Lockwood, goleiro da NHL, só me trouxe
problemas. Eu só queria ser eu. E isso é tudo que eu fui para Rosie.
Nunca tive que me preocupar com ela me querendo por nada além
de mim. Nunca tive que me preocupar com ela mentindo para me
fazer gostar dela. Foi fácil. Porra, foi apenas... bom.
Ela tem sido muito mais forte do que eu. Desta vez, vou ser
forte.
— Ah, vamos lá, Lockwood. Você sabe que não é isso que todo
mundo quer saber.
O OUTRO SAPATO
— POR QUE ele tem tantos dedos? Isso é normal? Gatos são
pequenas aberrações, não são?
— Rosie, não. Isso não foi o que eu quis dizer. Você pode ficar
o tempo que precisar.
— Eu sei que você está esperando que nos mudemos para que
você possa ir para lá. Não há espaço suficiente para todos nós,
entendo. — Eu coloco Mittens de volta em sua casa, e ele me dá
aqueles olhos enormes e tristes dele, emparelhados com o menor
miado, porque ele odeia ficar sozinho aqui. Ele é sociável, embora
pareça ser muito particular sobre quem é seu povo. O favorito dele
até agora foi aquele homem tatuado que veio aqui com o amigo, e
eu realmente pensei que ele voltaria para adotá-lo. Acho que
Mittens e eu estamos chateados por ele não ter feito isso. — Eu
estava planejando me mudar depois da formatura na próxima
primavera, mas agora, com a perda da bolsa de estudos...
— Marco.
— Posso dizer que você foi atingida com tanta força ontem à
noite que está mancando hoje.
Eu fui atingida com tanta força que sinto isso no meu cérebro.
— Rosie, você foi fodida com tanta força que está olhando para
o nada enquanto sorri.
— Mal podia esperar para ver você esta noite. Queria aparecer
e dizer oi.
— Marco!
— Eu não.
Marco franze a testa. — Você não sabe o que Adam faz para
viver?
— H... hóquei?
— Um dos melhores e mais bem pagos da liga.
Não posso; tudo o que posso focar são as fotos. Tantas delas,
todas de Adam. Clico em um, e a tela se enche com uma foto de
Adam no gelo, parecendo enorme em um par de patins e
equipamento enorme e desajeitado, uma máscara que combina
com sua camisa verde e azul.
Não tenho certeza, mas acho que é ali que meu coração acaba
também, depois que se despedaça.
CAPÍTULO 23
Mas não posso mais brincar com isso, então, quando o sinal na
minha frente fica verde, viro para o estacionamento do Wildheart
Sanctuary e estaciono no mesmo lugar de sempre, onde tenho um
assento na primeira fila para Rosie andando por ali, terminando a
última papelada, fazendo suas últimas rondas na toca dos gatos,
enchendo-os de amor uma última vez antes de se despedir.
Soltando meu cinto de segurança, eu olho para minhas mãos
trêmulas antes de limpá-las em meu jeans, esfregando uma sobre
minha boca, passando a outra pelo meu cabelo antes de colocar
meu boné de volta na minha cabeça e, finalmente, sair da
caminhonete.
— Rosie está por aí? Você pode dizer a ela que Adam está aqui?
— Ela não estava se sentindo bem. Ela foi para casa mais cedo.
— Archie-
— Rosie.
Ela olha para mim então, olha para mim com aqueles olhos
verdes, impossivelmente arregalados e tão destruídos, implorando
para que faça sentido. Tudo o que quero dizer a ela, tudo o que
pratiquei quando estava no controle dessa situação, tudo morre
em algum lugar na minha garganta.
Ela aperta as mãos dele nas dela, suas palavras são roucas. —
Agora não, querido.
— Não, é... quero dizer, sim, é. Mas não estou... quero dizer, eu
estava... meu perfil ainda está... ugh. — Eu esfrego minhas mãos
no meu rosto, porque nada está saindo direito. Estou todo fodido,
em pânico, e minhas palavras não estão sendo formuladas, então
respiro fundo e tento novamente. — Eu não o usei desde que
conheci você, Rosie. Prometo.
Ela olha para baixo, e eu odeio como sua voz é baixa quando
ela fala em seguida. — Por que você não excluiu seu perfil? Você
não tinha certeza sobre mim?
— Não quero voltar para antes. Para sem você. Não quero
esquecer como é ser uma família com você. — Algo se quebra
dentro de mim, se é que alguma coisa ainda está inteira. Ela
rasteja pela minha garganta, abrindo caminho para fora,
quebrando meu próximo apelo enquanto uma lágrima escorre dos
meus olhos. — Por favor, Rosie. Eu não posso deixar você ir. Eu
não vou.
STARDUST LANE
— Rosie?
Meu olhar se volta para Eva, esperando na porta de seu
escritório. Seu sorriso é fácil; eu gostaria de poder apreciá-lo mais.
Emocionante.
— Você tem todos os seus livros e materiais para este ano, não
é? — ela pergunta, sentando-se na beirada de sua mesa,
apontando para a cadeira em frente a ela.
Eu pego a lágrima assim que ela escapa do meu olho. Meu olhar
cai para o menino em meus braços, a única pessoa que pensa o
mundo de mim. Mas talvez ele seja o único que importa.
— Perdão?
— A taxa de sobrevivência-
Não solto quando a Dra. Holmes toca meu ombro, diz que esta
é a parte mais difícil do trabalho e ela lamenta que eu tenha visto
isso tão rapidamente.
Tudo fica tenso, tão apertado que sinto que algo tem que se
romper. Há um nó na minha garganta tornando cada vez mais
difícil respirar. — A GDV da Pepper era extensa e avançada. Seu
estômago se rompeu com a pressão logo depois que começamos, e
não conseguimos salvá-la.
— Ela não estava com dor quando se foi. Nós nos certificamos
de que ela estava confortável e amada. Ela não estava sozinha. —
Minha voz falha na última palavra e sinto um toque gentil em meu
ombro.
Eu estou bem. Juro que estou bem, mesmo quando seu peito
começa a arfar. Mas quando seu rosto se contorce, quando um
soluço se solta e ela desaba sobre si mesma, enterrando as mãos
trêmulas no cabelo e gritando por seu cachorro, algo dentro de
mim se despedaça. Agarro meu peito, tentando arrancar a dor dali,
e a Dra. Holmes sussurra um simples: — Vá — em meu ouvido
antes de se sentar ao lado da Sra. Greene.
Adotado.
— Rosie.
— Rosie.
— Você acredita?
Não muito do que encontrei online me fez sorrir, mas uma coisa
que fez foi essa pequena família que Adam parece ter formado com
alguns de seus companheiros de equipe e suas parceiras. Toda vez
que são fotografados em uma noite na cidade, eles estão juntos. A
mídia adora referenciar suas contas de mídia social também,
especialmente a de Carter Beckett, o modelo de cueca com o pau
enorme do ponto de ônibus e, aparentemente, o capitão do time.
Sua conta no Instagram está repleta de fotos de sua família: sua
filha, sua esposa e seus melhores amigos, sempre juntos.
Ele faz uma pausa na mesa, olhando para mim. — Você está
bem?
— Tudo bem.
Espero que ele acene com a cabeça, que saia pela porta com
seu novo melhor amigo, mas ele não se mexe. Apenas olha para
mim. Espera.
— Eu perdi um cachorro ontem — eu deixo escapar. — Na
faculdade. O nome dela era Pepper e ela ainda era apenas um bebê.
Eu segurei sua pata enquanto ela dava seu último suspiro, e então
eu tive que contar para sua mãe... — Lágrimas borram minha
visão, e a memória aperta minha garganta. — Tive de dizer à mãe
dela que ela não ia para casa. E tudo o que eu queria era ir até
Adam, porque ele apenas ouve, ele não tenta consertar coisas que
não podem ser consertadas. Ele me deixa sentir o que preciso
sentir e me faz sentir segura enquanto o faço. Mas ainda estou tão
magoada. Ele era meu lugar seguro, mas eu não era o dele. —
Esfrego minhas bochechas. Claro que estou chorando de novo.
Parece tudo o que fiz nas últimas duas semanas. — Quero ser
alguém com quem ele tenha orgulho de estar, mas em vez disso,
parece que eu era seu segredo sujo, e não sua primeira escolha.
— Eu sei que não parece agora, mas prometo a você que tudo
ficará bem. — Ele me solta, pega Mittens e caminha até a porta
antes de parar mais uma vez. — Você nunca foi o segredo sujo
dele, Rosie. Você é o mundo dele, e tenho certeza de que ele parou
de girar desde que você se foi.
Posso ter vivido uma vida inteira antes dele, mas agora dói
imaginar uma sem ele. Porque quando Adam diz para a câmera
que seu coração está em Vancouver, eu sei que o meu também
está.
— Exatamente.
E acho que isso é parte do motivo pelo qual não voltei aqui
desde então. Porque sei que se não achar agora, quando precisar
muito, vou me questionar. Minha mente vai vagar para aquele
perigoso território hipotético que odeio, onde eu duvido de tudo. E
estou tão cansada de adivinhar. Eu só quero ter certeza. Quero
seguir em frente com a certeza de que estou tomando a decisão
certa para mim. Não importa o que aconteça no final, quero saber
que acreditei em mim, que me dei uma chance verdadeira de amar,
de um feliz para sempre com alguém que só me eleva.
— Está aqui — digo a Piglet. — Eu sei que está aqui. Tem que
star.
Mas quanto mais eu me encontro de mãos vazias, mais duvido
de mim mesma. E quanto mais duvido de mim mesma, mais eu só
quero rastejar para os braços dos meus pais, lembrar como é estar
cercada, protegida por esse tipo de amor incondicional.
Porque mesmo quando ele não está aqui, ele está em todo lugar.
Talvez seja por isso que não me surpreendo quando meus olhos
pousam naquele coração esculpido no pinheiro imponente diante
de mim, aninhado no meio da floresta. Meu olhar percorre as
linhas daquelas iniciais, os números que marcam o tempo que
passei aqui com meus pais. E, finalmente, meus olhos baixam.
Descendo o tronco, onde a árvore encontra a terra.
Porque mesmo quando ele não está aqui, ele está em todo lugar.
E acho que não o quero em nenhum outro lugar.
CAPÍTULO 26
— Ei, Lily.
— Algo ruim?
Risos ecoam por toda a sala, e Carter coloca sua filha sorridente
em meus braços. — Sério, cara, você não se vê com clareza. E nós
entendemos. Como você poderia depois de tudo que você passou?
Mas se olhar em volta desta sala, verá um monte de gente que ama
você. — Ele dá de ombros. — Mas você precisa se amar também.
Especialmente se quiser que Rosie ame você.
— Por que você sente que não a merece? — meu pai pergunta.
— Não com suas palavras, talvez. Mas é isso que suas ações
dizem, não é? Você escondeu quem você era porque sentiu que
essa pessoa poderia ser menos merecedora do amor dela.
— Aqui você tem essa linda mulher que viveu sua vida sem ser
escolhida. Quem nunca quis nada mais do que alguém que a visse
e a amasse o suficiente para a escolher e seu filho. E você a
escolheu, Adam, você realmente escolheu. Mas você não escolheu
a si mesmo. Você pegou tudo dela e só deu a ela metade de você
em troca. Todos esses pedaços quebrados não fazem um todo, a
menos que você dê todos eles para ela.
Lembro que fui substituído por alguém que amava. Que eu não
era nada além de cifrões, uma casa chique e um rosto bonito.
Esqueço todas as coisas que Rosie ama em mim, as coisas que
amo em mim, e me concentro em todo o resto. Tudo isso me leva
mais fundo na mentira que contei, onde não consigo enfrentar a
possibilidade de dar tudo a Rosie, porque tudo nunca foi
suficiente.
Meu pai vem para ficar atrás de mim, cutucando meu ombro.
— Talvez duas semanas seja tempo suficiente para esperar de
braços cruzados. Você tem sido paciente, e isso é ótimo. Agora,
talvez o que Rosie precise seja que você se intensifique e lembre a
ela que você ainda está aqui e não vai a lugar nenhum. Que
quando ela estiver pronta, você estará bem aqui, pronto para
seguir em frente com ela. — Ele pisca. — As mulheres adoram os
homens que as perseguem um pouco. Basta perguntar a sua mãe.
— Carter.
— Não diga mais nada — diz ele, sem fôlego enquanto corre
pelo corredor.
Deve ser por isso que tenho flutuado durante minha rotação
matinal na emergência com um sorriso no rosto, sem um pingo de
tensão nos ombros.
Tudo bem, tenho que creditar a dose extra de café expresso que
adicionei ao meu café com leite gelado de baunilha esta manhã. E
tudo bem, também ajuda que as emergências tenham sido
inexistentes até agora. Passamos a manhã olhando radiografias
antigas e suas anotações clínicas correspondentes e contando a
Dra. Holmes o que achamos que estava acontecendo com os
animais. Eu acertei todos elas até agora, então eu flutuo um pouco
mais alto enquanto vou para a recepção para arquivar os registros.
Os dias bons nem sempre são os dias fáceis, ele disse. E ele
estava certo. Às vezes, eram os dias em que você se sentia
pendurada por um fio, em que se perguntava por que tinha
escolhido algo que poderia ser tão doloroso, apenas para ver um
amigo peludo abrir os olhos quando você não tinha certeza se eles
abririam novamente, quando os braços de seu humano vinham ao
seu redor sem aviso, abraçando-o com tanta força enquanto
agradeciam.
Os dias em que você pode olhar para trás e saber que fez a
diferença, ele disse. Esses são os dias que fazem tudo valer a pena.
Sei que os dias serão difíceis. Eu quero ser aquela que tira a
dor do dia mais difícil de alguém e o torna um pouco mais fácil de
carregar.
Isso não pode estar acontecendo, não de novo, não tão cedo, e
não com nosso Bear.
Ele olha para Bear, e eu aperto sua mão, trazendo seus olhos
de volta para os meus. — Não posso esperar para você ver como
gentil Maribel será com ele. Ele vai amá-la. Talvez até mais do que
ele me ama.
Seu olhar pisca com algo como descrença. — Isso não é possível
— ele murmura antes de dar a Maribel um sorriso fraco. — Ok.
Estamos prontos.
— O que aconteceu?
— Ok?
Então apenas aceno com a cabeça, rezando para não ter que
fazer isso hoje, e então peço licença para preparar a sala de
cirurgia.
— Mas você...
Ele morde o lábio inferior. — Você não vai sair do lado dele?
— Nunca. Prometo.
Meu único consolo é que estou cercado por minha família. Meu
pai anda pela área da recepção, e Carter está agachado em um
pequeno cercado, silenciosamente mostrando a Ireland uma
ninhada de gatinhos enquanto Jaxon se reveza para aconchegá-
los. Jennie se senta ao lado de Garrett, com a cabeça apoiada em
seu ombro, e Olivia e minha mãe ao meu lado, sussurrando
palavras tranquilizadoras para mim enquanto espero com a cabeça
entre as mãos.
Nós não vamos fazer isso. Não vamos nos concentrar em todos
os números ruins. Vamos nos sentar aqui juntos, porque é assim
que somos mais fortes, e vamos encontrar paz em saber que Bear
está nas mãos mais capazes agora, e vamos esperar. É isso que
vamos fazer, entendeu?
E Rosie.
— Ele... o quê?
— Rosie! Espere.
Ela olha por cima do ombro, acenando para mim. — Estou bem,
Adam. Não se preocupe comigo.
— Estou com minha família e estarei com Bear assim que ele
acordar. Então me diga o que você precisa fazer e eu ajudo.
— Um livro.
— Não, eu estou-
Você pensaria que bloquear o número dela não uma, mas duas
vezes, e dizer a ela para nunca mais me ligar resolveria, mas depois
que Courtney me ligou naquela noite na casa de Rosie, no meio de
todo o caos, ela recorreu a ligar para Angie.
Angie: Eu sei, eu sei. Mas ela diz que tem algo que você
gostaria de ouvir.
17
Calar.
18
Fechar. Aqui ela confunde as gírias de hóquei para muitas defesas em um jogo, por isso estão como no
original.
Oh, Deus. Isso é... isso é... — Ela passa a mão pelo ar. — Só não
ligue para mim.
— Você sabe que não posso dizer não a ele. Além disso, ele está
prosperando com toda a atenção. Ele tem as garotas aqui
enroladas em sua pata. — Um farfalhar desvia seu olhar de mim,
e então ela mergulha sob as cobertas com seu telefone. — Ah, cara.
Estou acordando Connor. É melhor eu ir.
— Rosie está aqui? Trouxe um lanche para ela, caso não tenha
comido esta manhã. Ela se esquece, às vezes.
Ele concorda.
— O quê?
Meu peito fica tenso com a palavra que ele usa com tanta
facilidade. — Posso levar mais tarde.
— O alarme.
— Rosie.
— Entre na caminhonete.
— Mas...
— Connor é um milhão de vezes mais importante. Não há
ninguém tão importante para mim quanto você e aquele garotinho,
então, pelo amor de Deus, Rosie, entre neste carro antes que eu
jogue você nele.
— Eu sei que não parece nada com isso. Essa besteira tóxica e
egoísta que você chama de amor não faz nada além de prejudicar
as pessoas. E eu não vou deixar você machucá-lo mais.
— Eu...
Uma vez.
Duas vezes.
Três vezes.
— Sim. Eu.
Deus, ele é tão fofo, sentado aqui ao meu lado, tentando puxar
conversa. Por que mais ele ficaria surpreso que eu, uma aluna de
veterinária do quarto ano e mãe, sou boa em cuidar de ferimentos?
Tem havido uma série de comentários desde que chegamos aqui,
dez minutos atrás, menos elogios e mais observações gerais. Você
está com uma trança no cabelo hoje. Eu gosto do seu grampo de
cabelo roxo. Você cheira a laranja. Sou só eu ou esta grama é
realmente verde?
— Acho que você pode muito bem ser o Batman pessoal dele.
— Você não está sozinha. Você tem Archie e Marco. Você tem a
mim.
— Eu sempre vi você, Adam. E amei tudo o que vi. Sei que você
escondeu essa parte de você por um motivo, mas tenho certeza de
que vou adorar também.
Ele olha para meu filho dormindo em seu colo, passando os
dedos por suas ondas loiras. — Eu só quero ser perfeito para vocês
dois.
Connor corre pela porta com um grito, então derrapa até parar.
Ele corre de volta para nós, jogando os braços em volta do pescoço
corpulento de Bear. — Tchau, cachorrão. Amo você. — Em
seguida, ele colide com as pernas de Adam, envolvendo-as com os
braços. — Tchau, Dada. Amo você.
— Você é especial para ele, Adam. Você é especial para nós dois.
— Eu estudo este homem diante de mim enquanto ele acena com
a cabeça, os olhos no chão, a mistura mais estranha e cativante
de confiante e tímido, o coração mais puro por baixo de tudo. —
Como você sabia?
— Sabe o quê?
Eu dou uma risada. — Acho que toda essa confusão teria sido
evitada se eu tivesse pesquisado você no Google.
— Ok. — Ele puxa a mão para trás. Seus olhos piscam e ele
flexiona os dedos, fechando-os em punhos antes de deixar escapar:
— Adoro Fruit Roll-Ups. Sei que parece que só como comida
saudável, mas adoro tanto Fruit Roll-Ups que tenho oito caixas na
despensa no momento. Já tentei parar, mas não consigo. — Ele
exala, tão longo e tão alto, uma mão em seu torso enquanto
desinfla. — Uau, eu me sinto muito melhor.
— Então eu deveria...
— Sim.
— Sim. — Pego meu telefone e imediatamente começo a digitar
uma mensagem, nem um pouco para dar a mínima para o jeito
que meus amigos estão rindo de mim.
Eu: Bom dia, Trouble. Espero que você tenha um bom dia.
— Ei — Rosie responde.
— Sinto muito que Connor esteja doente, Rosie. Você está bem?
— Adam...
— Eu não.
— Ah, cara. Mas todas as garotas adoram ver você dançar.
— Você também pode ser um papai sem camisa! — ele grita pela
porta enquanto eu subo em minha caminhonete.
Ah, foda.
Eu: Ótimo!
Eu: Só um pouco!
— Eu preciso de ajuda.
— Eu sei ler, Carter. Eu sei o que seu boné diz. E por que você
precisa de um boné DILF quando já está usando sua camisa DILF?
— Carro azul!
— Rrrrrr carro!
— Realmente?
— Não diga.
— E você disse que ela não tem talento para o drama? — Marco
sussurra.
— Não, eu disse que o talento dela para o drama não era tão
grande quanto o seu.
— Eu estou bem aqui!
Ela funga, um gole tão audível que dói minha própria garganta.
Quando uma lágrima escorre por sua bochecha, eu a pego com o
polegar. — Eu sei que é só minha imaginação, mas isso quase
torna tudo mais difícil, sabe? Porque se dói tanto só de imaginar...
Deus, a dor que meus pais devem ter experimentado naqueles
momentos, sabendo que era isso.
Ela passa a mão pelo ar, descartando sua própria dor, forçando
uma risada. — Então, sim, é por isso que tenho medo de dirigir,
embora adoraria aprender. Tolo, hein?
— Não.
— Não é nada tolo. Seus medos são reais e válidos. Posso sentir
sua dor, Rosie, e dói. Eu tenho um pensamento embora. Você está
sentindo o que está sentindo, esse medo de ter que dizer adeus a
Connor, deixá-lo para trás, e isso é assustador o suficiente por si
só..., mas e se você também estiver segurando a dor de seus pais?
E se você estiver assumindo a dor que eles sentiram deixando você
para trás? A dor deles por sentirem que estavam abandonando
você?
— Hmmm?
— Bigodes falsos?
— Uau.
— O quê?
— Ele merece isso, sabe. Você. Ele merece você. Alguém que o
veja por tudo que ele é e não peça mais nada. Alguém que ama seu
coração gentil e o combina com o dela. Alguém que olha para ele
do jeito que você olha para ele.
19
Bring your favorite snack.
em seu equipamento de hóquei, segurando uma Ireland
sorridente, as palavras Daddy Goes to Hockey rabiscadas na capa.
— Nem um pouco.
— Por quê?
— Com certeza.
— E se eu disser não?
— Você vai ter que dormir aqui esta noite — diz ele, mostrando-
me um de seus quartos vagos. — Tirei a cama do quarto de Connor.
— O quarto de Connor?
— Sim. — Ele abre a porta para o quarto onde o cercadinho
está sempre montado, e meu batimento cardíaco dispara quando
entro.
— Por vocês dois, Rosie. Quero que sintam que têm um lugar
quando estiverem aqui. Como se vocês estivessem...
— Lar.
— Montanha?
— Por quê?
É TRÊS DE OUTUBRO
— Não.
— Você sabe que ele comprou para Ireland uma camisa que diz
‘Daddy’ nas costas, certo? — Jaxon sussurra para mim. — E para
Olivia uma jaqueta de couro com o número dele e ‘Sra. Beckett’
nela. O homem é obcecado.
— Você sabe, Jaxon, Carter era muito parecido com você antes
de conhecer Olivia. Talvez pior.
— E aí?
— É três de outubro.
Um gemido coletivo enche o vestiário, enquanto Carter grita
com o punho no ar, seu telefone apontado para mim. — Acertou
em cheio!
— Porra.
Estou tão faminto por ela que a dor oca dentro de mim me
implora para me saciar.
— Vipers!
— Ninguém!
— E quem vai levar a vitória para casa esta noite?
— Nós vamos!
Carter puxa Jaxon entre nós, e ele revira os olhos, parado como
uma estátua enquanto o resto de nós segue as instruções da
música, deslizando para a esquerda.
— Criss-cross!
— Coisas de goleiro.
— Jennie diz que parece que estou batendo no gelo quando faço
isso — diz ele, saltando em seu alongamento. Ele olha para cima,
balançando as sobrancelhas, e eu sei, sem dúvida, que ele está
balançando para Jennie.
— Não.
Perfeição do caralho.
Olivia parou de enterrar o rosto nas mãos quando ele faz isso,
mas com certeza ela ainda fica vermelha pra caralho. Tudo se
desfaz, porém, quando Carter patina, tocando as mãos e a testa no
vidro, bem contra a de Ireland do outro lado.
— Saindo. Tchau.
— Ei, você.
CAPÍTULO 33
Porra, a única vez que estou atrasado e não tenho tempo para
arrumar tudo antes de sair de casa, Rosie vem para casa comigo.
— Ei.
— O que você está fazendo? — ela pergunta, e cada passo que
ela dá para mais perto de mim faz meu coração disparar.
— O que é o quê?
— Sim, eu acho. Bem, quero dizer, o livro diz que uma das
coisas mais importantes é descartar o rótulo de padrasto. Você
deve amar a criança como se fosse sua. Mas isso é fácil, porque,
olá, eu já amo Connor como se ele fosse meu.
— Eu quero.
Eu engulo novamente. — Você pode não querer que eu esteja
tão envolvido. Vocês dois já são uma família. Vocês podem não
precisar de mim, não da mesma forma que eu preciso de vocês.
Rosie olha para mim, com uma ruga em sua sobrancelha como
se estivesse tentando processar as palavras. Ela fecha os olhos,
balança levemente a cabeça e dá um passo à frente, pegando o
caderno das minhas mãos e entrelaçando seus dedos nos meus.
— Nós precisamos de você.
— Precisam?
— Por quê?
E eu pretendo.
Algo surge em seus olhos, uma hesitação que doma minha fome
por um momento.
— Promete?
Tudo de mim.
— Obrigado — eu sufoco.
— Pelo quê?
— Por me amar.
Esperei muito por isso, uma parceira para caminhar pela vida,
um amor que não tive que conquistar, mas simplesmente mereci.
Porque, porra, todos nós merecemos ser amados sem condições.
Minha boca toma a dela, um beliscão suave dos meus dentes,
implorando para entrar. Uma varredura suave da minha língua,
saboreando-a lentamente. Suas costas se curvam quando
pressiono dois dedos dentro dela, um mergulho sem pressa
enquanto saboreio a beleza abaixo de mim, cada um de seus
ruídos, aqueles que ela faz só para mim.
— É por isso que eu amo você, Rosie. Amo você, e amo há muito
tempo.
— Eu amo você.
— Eu sei.
Ela abre a boca, mas o que quer que esteja para sair morre em
um gemido quando a jogo bem no meu pau, enterrando-me até o
fim.
— Cale-se.
— Sim, Adam.
— Quantas vezes?
— Objetivos de vida?
— Meu único objetivo nesta vida é garantir que você passe o
resto de seus dias sabendo, sem dúvida, como você e Connor são
amados. — Eu a coloco ao meu lado, passando meu polegar sobre
seu queixo com covinhas. — Se eu tiver sucesso, terei vivido esta
vida direito.
Essa é Rosie.
NO NUT NOVEMBER20
20 No Nut November (NNN) é um desafio online entre homens onde eles fazem um
juramento de abstinência sexual de um mês. Este desafio surge todos os anos no mês de
novembro. Envolve homens que abandonam a ejaculação durante 30 dias, o que significa
nada de sexo e de masturbação durante um mês!
Aqui está, Skylar. — Eu despejo um monte de balas em seu balde
de abóbora de plástico. — Feliz Dia das Bruxas.
— Estou bem com Ireland. Ela só chora, tipo, trinta por cento
do tempo que eu a seguro, e ela ri quando eu sopro framboesas em
suas bochechas. E Connor é, tipo, meu melhor amigo.
Isso é verdade, mas pode ter algo a ver com o gato fofo que
Jaxon leva para minha casa toda vez que vai me visitar. Jaxon
adora exibir todos os truques que ensinou a Mittens, e Connor
adora rolar no chão com Mittens e Bear. Ele até chama seu gatinho
de pelúcia de Mittens agora.
— Ele disse a você que fantasias ele está nos fazendo usar esta
noite para doces ou travessuras?
— Ele disse o mesmo para mim, mas depois deu uma risadinha
estridente, prometeu que seria ‘picante’ e depois fugiu.
— Eu só sei que ela vai ficar sexy em sua fantasia. Não vou
conseguir resistir a ela.
Touché. — Jennie não vai querer tocar em você com seu vestido
de giz de cera.
— Uh-huh.
— Você?
— Não.
— Foda-se, sim!
— Você é-
— Sim.
— Ela quer ser gêmea com o papai, no entanto. Sim, você quer,
princesinha, não é? Papai até comprou uma jaqueta de couro para
mantê-la aquecida. — Apesar dos protestos de Olivia, ele segue
pelo corredor com Ireland em seus braços, cantando “Spice Up
Your Life” enquanto vai, e dez minutos depois, ele retorna com sua
irmã gêmea Posh Spice, só que ela ainda está usando as orelhas
de cachorro.
Ele não tem apenas uma noite restante; ele sabe disso tão bem
quanto o resto de nós, incluindo Olivia, que revira os olhos e
sussurra algo em seu ouvido, algo que faz seus olhos
esbugalharem enquanto todos nos dirigimos para a porta da
frente.
— Estou fora.
— Estou dentro.
CAPÍTULO 35
— Não.
Ele ri, puxando minha mão para sua boca, varrendo um beijo
sobre meus dedos. — Eu nunca iria rir de você. Eu só rio com você.
— Espere, são seis. Eu tenho seis carros. Porque Ollie não vai
me deixar me livrar de Red Rhonda.
Carter cobre sua boca com a mão, puxando-a contra seu peito.
— Uma vez que ela começa com Rhonda, ela não para. E confie em
mim, Ro, a velha Rhonda não vai levar você a lugar nenhum,
exceto presa em uma vala.
Olivia franze a testa, afastando a mão dele. — Isso foi uma vez.
Ela só precisa de pneus novos para neve e ficará como nova.
— Mas-
Orgulhosos de mim.
21
For Your Information, para sua informação.
um soluço baixo enquanto Garrett esfrega suas costas. — Tenho
alergias muito fortes.
— Mais cedo esta noite, você disse que queria me dar algo que
eu sempre quis. Mas já tenho isso, Adam, porque tenho você. Você
me deu você. O que sempre quis, mesmo antes de conhecer você.
Meu coração sabia que você estava por aí, que nós o
encontraríamos um dia. — Eu roço sua mandíbula, dedos
deslizando em seu cabelo enquanto guio sua boca na minha. —
Quão sortuda eu sou por ter meus sonhos realizados?
— Juro.
CAPÍTULO 36
— Oh, o quê? Então você e Carter podem levar seus filhos para
patinar em família, mas eu não posso levar o meu? — Jaxon
arremessa os braços no ar antes de apoiar os punhos nos quadris.
Seu gato, Mittens, mia de onde ele está amarrado ao peito, em um
– porra, isso me dói dizer – suporte para gatos. — Padrões duplos,
porra.
— Namorada.
Rosie solta uma risada e Jaxon estreita os olhos para ela. Ela
dobra os lábios na boca, fingindo abotoá-los, então se inclina para
mim enquanto amarro os patins de hóquei novinhos em folha de
Connor. — Acho que todos nós sabemos quem é o único com
ansiedade de separação.
— Deve ser Lily — Rosie murmura. — Por que você não vai dizer
oi? Connor e eu iremos até o gelo com os outros e esperaremos por
você no banco. — Ela dá um beijo em meus lábios e fica com as
pernas trêmulas, envolvendo um braço no de Jaxon enquanto
Garrett pega Connor, e eu os vejo desaparecer.
Olívia ri. — Você é uma aluna muito melhor do que Cara. Levei
semanas para ensiná-la.
— A minha também.
Ela hesita, então estende a mão timidamente, apertando seu
braço. — Você deve sentir muito a falta dela.
— Eu sei.
— Tchau, cara!
— Sim!
Uma das coisas que amo em Rosie é que ela não se apaixona
simplesmente. Ela é uma amante de cabeça para baixo, tudo ou
nada, tipo de amante do mundo inteiro. Se eu já não tivesse certeza
disso, certamente teria agora. Porque na semana seguinte à
patinação em família, Rosie não para de falar sobre uma certa
garota de cabelos castanhos que roubou seu coração.
— Sim.
— Hum, sim. Não. Acho... acho que esse vestido... não é para
mim.
— Vamos ver.
— Ops.
— Adam-
— Diga-me.
— E a quem pertence?
— Você — ela choraminga, sem fôlego enquanto eu empurro
dentro dela.
— Eu... eu não posso. Porra, Adam. Oh, Deus. Por favor. — Ela
levanta os quadris, e quando eu bato nela, ela explode ao meu
redor, gritando meu nome, arrastando o dela da minha garganta
enquanto eu me esvazio dentro dela, minha palma batendo contra
a parede.
— Foda-se, Rosie.
Carter faz beicinho. Aprendi que ninguém faz isso como ele,
exceto talvez sua irmã. Algo sobre aquelas covinhas de Beckett,
talvez. — Sim, mas não há crianças aqui, e suas pernas ficam
espiando por essa fenda.
Garrett joga de volta sua água. — Sim, Carter. Em vez disso,
leve-a ao banheiro. Jennie e eu já fomos.
Juro que ouço a forma como seu coração acelera, sua lenta
deglutição.
...
Sim.
Ouça, está além de mim esta noite. A festa vai até as onze para
que os meninos possam embarcar no avião para Tampa quarenta
minutos depois. Se eu o quiser mais uma vez – e eu quero – não
tenho escolha.
Eu beijo seus lábios e sorrio para ele enquanto ele luta com os
botões do paletó, os olhos arregalados saltando entre mim, o
corredor que leva aos banheiros e o palco onde todos estão
esperando por ele.
— Arrase, baby!
— Tenho os amigos mais solidários e inapropriados do mundo,
aparentemente. — A multidão ri, e ele sorri. — A maioria de vocês
me conhece como goleiro do Vancouver Vipers, mas também sou o
orgulhoso fundador do The Family Project, uma instituição de
caridade que apoia agências locais de adoção aqui na Colúmbia
Britânica. Todos os rendimentos vão diretamente para a nossa
comunidade e esta noite, em particular, estamos arrecadando
dinheiro para abrir nosso primeiro acampamento de verão
esportivo. — Seu sorriso é tão infantil, tão adorável enquanto ele
esfrega a nuca, um doce rubor pintando suas maçãs do rosto com
as vaias e aplausos. — Estou muito orgulhoso, mas
principalmente, estou orgulhoso desta comunidade. Nada disso
seria possível sem as pessoas incríveis que sempre aparecem e nos
apoiam, que doam seu tempo – e seu dinheiro, muito obrigado –
apenas para colocar um sorriso no rosto de uma criança. E embora
eu saiba o quanto isso significa para essas crianças, não posso
dizer o quanto significa para mim. Porque eu fui aquele garoto.
Meu coração pula para a garganta com essa palavra que ele
jogou ali tão casualmente, como se ele nem tivesse que pensar
sobre isso. Sua boca se curva enquanto ele me observa começar a
me mexer, puxando meu vestido, mexendo-me na cadeira.
— Isso é um sim?
— Pelo quê?
— Eu não me preocupo.
Meu queixo cai e Adam sorri, dois dedos no meu queixo para
fechar minha boca.
— Você não está surpresa, está? Você ouviu Carter dizer que
sou obcecado por você, certo?
— Esse mesmo.
— Feito.
— Aquele homem foi feito para ser pai — Cara diz, balançando
a cabeça.
Eu bufo. — Claramente.
Não.
— Rosie, eu juro...
— Você não está deixando nada passar por você esta noite.
— Não.
— Não.
— Não significa que não vão tornar isso mais difícil para ela.
— É por isso que você tem duas mamães, certo? — Ele desliza
na minha frente e eu o empurro para fora do caminho quando a
penalidade de Jaxon termina e ele pula para fora de lá. — Quantas
mais você acha que estão por aí? Aposto que as mulheres furam
as camisinhas há anos, tentando pegar um pedaço do menino de
ouro.
— Foda-se.
— Eu gosto daquela com cabelo rosa. Parece corajosa. E aquela
bunda? Oof. Amo algo para agarrar.
— Como o quê?
— É — eu digo simplesmente.
— Bingo.
— Eu nem quero saber por que você sabe disso, Jaxon — Angie
diz com um suspiro. — Mas os meninos estão certos, Adam. Você
tem duas opções. Você pode ver quanto dinheiro ela quer para ir
embora, ou...
Ela está certa sobre uma coisa: nada sobre isso parece simples.
É um jogo de espera, e já esperei demais em minha vida.
Ele salta de seu assento, correndo pela sala para pegar seu
telefone. — Ela tem se preparado para isso a vida inteira.
Sinto tanta falta de Rosie que meu alarme já está definido para
seis da manhã, então posso dirigir até a Starbucks, abastecer-me
com tudo que a deixa quente e sorridente e aparecer em sua porta
antes que ela vá para a faculdade. Se não fosse meia-noite, eu
estaria na porta dela agora, implorando para entrar.
Ela limpa a lágrima solitária que escorre pelo meu rosto antes
de pressionar seus lábios nos meus.
Tudo o que posso fazer, tudo o que fiz, é ficar ao lado de Adam.
Ele odeia que tenha chegado a isso. Depois de tudo que esta
mulher o fez passar, este homem gentil que posso chamar de meu
prefere que ela apenas se veja fora de sua vida silenciosamente.
Espero que um dia ele entenda que não há outro lugar para
mim e para Connor a não ser ao seu lado.
Mas não vou perder isso. Não Adam, não esta vida que estamos
construindo juntos.
Eu me recuso.
O sino sobre a porta toca quando entramos, e as cabeças se
erguem, os olhos esbugalhados quando veem o próprio Adam
Lockwood.
— Você tem razão; ela não vai se sentar. — Ele deixa cair o
envelope na mesa na frente dela. — Não vamos ficar.
— O que é isso?
— Uma carta do meu advogado. Ele está enviando uma via por
e-mail também. Deve estar na sua caixa de correio em... — Ele
verifica seu relógio. — Há dois minutos. — Então ele sorri para ela,
sádico e devastadoramente bonito. — Egoisticamente, eu tinha que
ver sua reação pessoalmente.
Há um leve tremor nas mãos que ela tenta esconder enquanto
abre o envelope, tira a carta. Seus olhos se movem sobre as
palavras, e qualquer indício de confiança que ela estava
conseguindo manter desliza de seu rosto, cai em seus ombros.
Ele entrelaça seus dedos nos meus e, juntos, nós nos voltamos
para a porta. Nós só damos três passos antes que ele se vire de
volta.
— E sem ofensa, Courtney, mas foda-se. Foda-se por me usar
para fazer você feliz até que decidiu que não precisava mais de
mim. Por pegar o que você queria e me deixar sem nada. Por ficar
por tudo que eu dava e não me dar nada em troca. Você não me
deu nada. Nem amor, nem felicidade e, com certeza, não o seu
respeito. Você tirou minha confiança e todo o meu valor próprio, e
machuquei alguém que amo porque você me fez sentir que ela não
seria capaz de me amar por mim. Você fez isso. E eu deixei, porra.
Ele não para de olhar para mim desde que saímos da cafeteria.
Ele ainda está olhando para mim agora, mesmo quando tiro
meus sapatos em seu corredor da frente, penduro meu casaco no
armário. Sinto seu olhar tocar minhas costas enquanto caminho
pelo corredor e entro na cozinha, tagarelando sobre tudo e
qualquer coisa para me distrair do fato de que, entre todos os
olhares, ele não falou uma única maldita palavra para mim desde
que nós abandonamos Courtney.
— Roupas? Mas-
Deus, é tudo que eu sempre quis, o jeito que ele me come. Feroz
e faminto, como se precisasse de mim para sobreviver. Reverente
e que tudo consome, como se ele adorasse cada centímetro deste
corpo. Ele lambe minha boceta, suga meu clitóris inchado em sua
boca, afunda dois dedos dentro de mim e me fode até que eu veja
estrelas, empurrando meus quadris e arrancando seus cachos
macios. E quando ele termina, ele me puxa para cima, para a
beirada do balcão e envolve minhas pernas ao redor de seus
quadris.
DICKICLES DE NATAL
Então ele estende a mão para Garrett e diz a ele: — Tenho sorte
de chamá-lo de cunhado — e quando eles se abraçam, todas as
mulheres na sala começam a chorar.
Eu concordo.
— Você não vai ter mais bolas para colocar em um torno se seu
gato continuar usando-as como prática de rebatidas — Rosie
murmura, e Jaxon dá uma gargalhada.
— Você não pode me dizer que não é uma merda de alma gêmea
— diz Garrett. — Calcinha combinando com o anel dela?
Parece coincidência, mas ele está tão empolgado com isso que
apenas aceno com a cabeça e digo: — Ah, com certeza.
Definitivamente calcinha de alma gêmea.
Rosie não teve isso, não até agora, e sei que esta família vai dar
a ela tudo o que ela estava perdendo.
Deixo Rosie com um beijo e sigo o resto dos meninos para fora,
sentando-me ao redor da pequena fogueira que Carter está
cuidando.
— Eu não vou dizer a Cara que você disse que ela estava certa.
Ela quase nunca está errada. Na verdade, ela conta cada dia que
passa onde ela não está errada. Sua sequência atual é de cento e
quarenta e sete. — Emmett passa a palma da mão exausto sobre
o rosto. — Eu deveria saber. Está escrito no espelho do meu
banheiro com batom rosa.
— Tenho vinte e seis anos. Não vou mergulhar meu pau na neve
para comparar tamanhos.
— Um!
Calor sobe para minhas bochechas, mesmo que meu lixo esteja
totalmente congelado. Com uma risada ansiosa e um sorriso
tímido que espero ser igualmente encantador, dou um passo para
a direita, mostrando a ela meu anjo sacana na neve.
— É o meu advogado.
— O quê?
Ela se foi.
Jogo meu telefone no peito de Carter, envolvo Cara no melhor
e mais apertado abraço e pego o rosto de Rosie em minhas mãos.
— Ela se foi.
PEÇAS DE QUEBRA-CABEÇAS
Ela está mais hesitante com Deacon, mas Adam disse que ela
fica um pouco nervosa com os homens, assim como Piglet. Mas as
duas garotas se aproximaram dele a manhã toda, e agora Piglet
está em seu colo, com as patas no ar, e sei que ela está
aproveitando uma folga do abrigo neste Natal.
E ainda há algo dentro de mim que está com medo. Algo que
me impede de dar esse passo final. Algo que me preocupa não será
a escolha certa.
Encontrei todas essas pessoas que são perfeitas para mim, mas
estou nervosa por não ser perfeita para ela.
— De novo?
— Bem, então como é que seu pai pode fazer isso? — ela grita
de volta, em seguida, envolve-se em torno de mim, abraçando-me
com força antes de voltar para a sala de estar. — Você só precisa
acreditar em si mesmo, Adam. Se você disser que não consegue,
nunca conseguirá. — Ela se senta ao lado dele, e ele olha para ela
como se ela fosse uma das poucas razões pelas quais ele respira.
— Não se preocupe. Eu não vou desistir de você.
— Hum?
Tudo o que fiz nos últimos seis meses foi encontrar mais peças,
encher minha vida com tantas pessoas incríveis. Mas eu tenho
mais espaço? Tenho espaço para mais uma? Como eu vou saber?
Começo com a pergunta mais lógica.
— Sim, eu estava.
— Gostaria disso.
Meu olhar desliza para Lily, e meu coração bate contra o meu
peito enquanto ela ajuda Connor a subir no sofá, aconchegando-
se com ele, Deacon, Bev e os cachorros.
O ajuste perfeito.
A palma da mão de Adam toca a parte inferior das minhas
costas, deslizando pela minha coluna, seu polegar se movendo
sobre a minha nuca. — Você sabe o que eu estava pensando?
— O quê?
Ele olha para Lily, e quando ela sorri para nós, ele sorri
também. — Sim.
Esta era a nossa casa. Foi aqui que descobri que estava
grávida, e foi no sofá da sala que Archie me segurou e me garantiu
que eu seria uma mãe incrível. Este quarto é onde Connor dormiu
quando voltou do hospital, e onde passei a noite inteira apenas
olhando para ele, recusando-me a acreditar que criei algo tão
perfeito. Esta casa é onde ele sorriu pela primeira vez, e estas
paredes ouviram sua risada antes que eu tivesse que compartilhá-
la com alguém. Ele aprendeu a engatinhar, aprendeu a andar e
aprendeu a amar aqui mesmo nesta casa.
— O que é?
Meu peito se abre e meu coração cai aos meus pés. Não tenho
palavras para dizer a ele o quanto isso significa para mim, então,
no verdadeiro estilo de uma garota que tem muitos sentimentos e
nunca aprendeu a expressá-los adequadamente, eu me jogo em
seu peito e choro.
Adam desliza a mão por baixo do meu suéter, sua palma fria
pesando nas minhas costas enquanto desliza para cima e para
baixo, repetidamente. Ele não diz nada, apenas me abraça
enquanto eu me agarro a ele. Então, ele pega minha mão e minha
bolsa, puxando-me em direção aos degraus da frente.
— Piglet.
— Miau!
— Ela vai adorar. Ela adoraria sem tudo isso, Rosie, porque ela
ama você.
— O ajuste perfeito.
Meu coração se aquece com o amor que ela tem por Connor,
tão profundo e infinito, e estou feliz que ela encontrou outra
maneira de se sentir mais em casa aqui, mais segura. Ouvimos a
porta do quarto dela abrir todas as noites esta semana, colocamos
nossas cabeças para fora e a vimos atravessar o corredor com pelo
menos um animal em seus calcanhares, rastejando
silenciosamente para o quarto de Connor. E cinco minutos depois,
abrimos a porta dele, e encontramos os dois dormindo
profundamente sob o brilho das luas e as estrelas presas em todo
o teto.
— Eu amo você, irmã — meu doce filho de dois anos diz a ela.
E então ela pega minha mão e diz: — Acho que estou pronta
para desfazer minha mala hoje.
— Papai!
— Papai!
Ser pai nunca combinou mais com uma única pessoa viva do
que com este homem, juro por Deus. Perdi a conta de quantas
vezes pulei em cima dele logo que ele saiu de seus quartos depois
de ler uma história para dormir, aconchegando-os durante a noite.
E eu fiz a mesma maldita coisa quando Adam voltou para casa
quatro noites atrás e me mostrou a nova máscara que ele fez com
a arte de Lily nela, um desenho de nossa família.
— Muita sorte.
Ele me pega contra ele quando caio em seu colo, uma risada
suave que desliza pelo meu pescoço enquanto jogo meus braços
em volta dele e choro por um amor com o qual passei minha vida
sonhando.
— Como?
— Ops.