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Créditos

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Leia o aviso no m do livro!


Para minha incrível mãe, que sempre foi minha
maior fã, minha crítica mais severa e a mulher
sozinha responsável por minha descon ança em
relação àqueles idiotas da indústria de calçados.
Obrigada por me deixar ler sob as cobertas
quando eu deveria estar dormindo. .

E para meu amado pai, que viu a capa, mas


nunca conseguiu ler o livro. Ele teria adorado a
cena de Stella e se lembrado do ketchup. RIP,
Jerry Painter (17/05/39 – 18/ 05/20)

—L. P.
PRÓLOGO

“Eu sou apenas uma menina, parada na


frente de um menino, pedindo a ele
para me amar”
—Um Lugar Chamado Notting Hill

Minha mãe me ensinou a regra de ouro do namoro antes mesmo de eu chegar ao


segundo ano.
Aos sete anos, eu entrei sorrateiramente em seu quarto depois de ter um
pesadelo. (Um grilo do tamanho de uma casa pode não parecer assustador, mas
quando fala com uma voz de robô e sabe seu nome do meio, é assustador.) O
Diário de Bridget Jones estava passando na televisão quadrada em cima da
cômoda, e eu assisti uma boa parte do lme antes mesmo de ela me notar aos pés
de sua cama. Naquele ponto, era tarde demais para me resgatar do conteúdo não
amigável da primeira série, então ela se aninhou ao meu lado e assistimos ao nal
feliz juntas.
Mas meu cérebro de primeira série simplesmente não conseguia computar.
Por que Bridget desistiria do mais fofo – o charmoso – pela pessoa que era o
equivalente a um bocejo gigantesco? Como isso fazia sentido?
Sim – eu perdi completamente o objetivo do lme e me apaixonei
loucamente pelo playboy. E até hoje, eu ainda posso ouvir a voz da minha mãe e
sentir o cheiro de baunilha de seu perfume enquanto ela brincava com meu
cabelo e me endireitava.
— Charme e intriga só podem te levar até certo ponto, Libby Loo. Essas
coisas sempre desaparecem, é por isso que você nunca, nunca escolhe o bad boy.
Depois disso, compartilhamos centenas de momentos semelhantes,
explorando a vida juntas por meio de lmes românticos. Era o nosso negócio.
Nós comíamos um lanchinho, relaxávamos nos travesseiros e assistíamos à
compulsão de sua coleção de nais felizes repletos de beijos, como outras pessoas
assistiam à TV de realidade trash.
O que, em análise, é provavelmente o motivo pelo qual estou esperando pelo
romance perfeito desde que tive idade su ciente para soletrar a palavra "amor".
E quando ela morreu, minha mãe me passou sua crença inabalável em felizes
para sempre. Minha herança foi saber que o amor está sempre no ar, sempre uma
possibilidade e sempre vale a pena.
O Sr. Certo – o cara legal, versão con ável – pode estar esperando na próxima
esquina.
Razão pela qual eu estava sempre pronta.
Era apenas uma questão de tempo até que nalmente acontecesse para mim.
CAPÍTULO UM

“Ninguém encontra sua alma gêmea


quando tem dez anos. Quer dizer, onde
está a diversão nisso, certo?”
—Doce Lar

O dia começou como qualquer dia normal.


O Sr. Fitzpervert deixou uma bola de cabelo no meu chinelo, queimei o
lóbulo da orelha com a chapinha e, quando abri a porta para sair para a escola,
percebi meu inimigo da porta ao lado esparramado descon ado no capô do meu
carro.
— Ei! — Deslizei meus óculos de sol pelo nariz, fechei a porta da frente atrás
de mim e saí correndo em sua direção, com cuidado para não arranhar minhas
lindas sapatilhas orais novas enquanto basicamente corria para ele. — Saia do
meu carro.
Wes saltou e ergueu as mãos na pose universal de sou inocente, embora seu
sorriso o zesse parecer tudo menos isso. Além disso, eu o conhecia desde o
jardim de infância; o menino nunca foi inocente um dia em sua vida.
— O que está em sua mão?
— Nada. — Ele colocou a mão em questão nas costas. Mesmo que ele tenha
cado alto, masculino e um pouquinho gostoso desde a escola primária, Wes
ainda era o mesmo garoto imaturo que “acidentalmente” queimou a roseira da
minha mãe com um foguete.
— Você é tão paranóica — disse ele.
Parei na frente dele e apertei os olhos em seu rosto. Wes tinha um daqueles
rostos de menino travesso, o tipo de rosto em que seus olhos escuros – cercados
por cílios grossos de quilômetros de extensão porque a vida não era justa –
falavam muito, mesmo quando sua boca não dizia nada.
Uma sobrancelha levantada me disse o quão ridícula ele pensava que eu era.
Dos nossos muitos encontros nada agradáveis, eu sabia que o estreitamento de
seus olhos signi cava que ele estava me avaliando, e que estávamos prestes a falar
sobre o aborrecimento mais recente que ele me trouxe. E quando ele estava com
os olhos brilhantes como agora, seus olhos castanhos praticamente brilhando
com malícia, eu sabia que estava ferrada. Porque o endemoniado Wes sempre
vencia.
Eu o cutuquei no peito. — O que você fez com o meu carro?
— Eu não z nada com o seu carro.
— Babaca
— Uau. Cuidado com a boca, Buxbaum.
Revirei os olhos, o que fez com que sua boca se abrisse em um sorriso
perverso antes de dizer: — Isso foi divertido, e eu amo seus sapatos de vovó, a
propósito, mas tenho que correr.
— Wes...
Ele se virou e se afastou de mim como se eu não tivesse falado. Apenas...
caminhou em direção a sua casa daquele jeito descontraído e con ante dele.
Quando ele chegou à varanda, ele abriu a porta de tela e gritou para mim por
cima do ombro: — Tenha um bom dia, Liz!
Bem, isso não poderia ser bom.
Porque não havia nenhuma maneira de ele legitimamente querer que eu
tivesse um bom dia. Eu olhei para o meu carro, apreensiva até mesmo em abrir a
porta.
Veja, Wes Bennett e eu éramos inimigos em uma guerra total e sem limites
sobre a única vaga de estacionamento disponível no nosso nal da rua. Ele
geralmente ganhava, mas apenas porque era um trapaceiro sujo. Ele achou
engraçado reservar o local para si mesmo, deixando coisas no espaço em que eu
não era forte o su ciente para mover. Mesa de piquenique de ferro, motor de
caminhão, rodas de caminhão monstro. Você entendeu.
(Mesmo que suas travessuras tenham chamado a atenção da página do
Facebook da vizinhança – meu pai era um membro do grupo – e as velhas
fofoqueiras espumavam de raiva em seus teclados por causa das pragas na
paisagem da vizinhança, nenhuma pessoa jamais disse nada a ele ou o fez parar.
Como isso era justo?)
Mas fui eu quem pegou a onda da vitória pela primeira vez, porque ontem
tive a brilhante ideia de ligar para a cidade depois que ele decidiu deixar o carro
no local por três dias seguidos. Omaha tinha uma ordem de vinte e quatro horas,
então o bom e velho Wesley ganhou uma bela multa de estacionamento.
Não vou mentir, z uma pequena dança feliz na minha cozinha quando vi o
policial deslizar aquela multa por baixo do limpador de para-brisa de Wes.
Eu veri quei todos os quatro pneus antes de entrar no meu carro e a velar o
cinto de segurança. Eu ouvi Wes rir, e quando me inclinei para encará-lo pela
janela do passageiro, sua porta da frente se fechou.
Então eu vi o que ele achou tão engraçado.
A multa de estacionamento estava agora no meu carro, colada no meio do
para-brisa com ta adesiva transparente que era impossível de ver. Camadas e
mais camadas do que parecia ser ta adesiva de qualidade comercial.
Saí do carro e tentei erguer uma esquina com a unha, mas as bordas estavam
totalmente achatadas.
Que idiota.

Quando nalmente cheguei à escola depois de raspar meu para-brisa com uma
lâmina de barbear e respirar profundamente para recuperar meu zen, entrei no
prédio com a trilha sonora do Diário de Bridget Jones tocando em meus fones de
ouvido. Eu assisti ao lme na noite anterior – pela milésima vez na minha vida –
mas desta vez a trilha sonora tinha acabado de falar comigo. Mark Darcy dizendo
Oh, sim, eles fodidamente beijam Bridget era, é claro, tão desleixado como o fogo
do inferno, mas não teria sido tão oh-meu-Deus-digno se não fosse por “Someone
Like You” de Van Morrison tocando em o fundo.
Sim, eu tenho uma fascinação nerd por trilhas sonoras de lmes.
Essa música começou quando eu passei pelo pátio e z meu caminho através
da multidão de alunos que fechavam os corredores. Minha coisa favorita sobre
música – quando você a tocava alto o su ciente com bons fones de ouvido (e eu
tinha o melhor) – era que ela suavizava as bordas do mundo. A voz de Van
Morrison fez nadar rio acima no corredor movimentado parecer uma cena de
lme, ao contrário da dor real que realmente era.
Fui em direção ao banheiro do segundo andar, onde encontrava Jocelyn todas
as manhãs. Minha melhor amiga sempre dormia demais, então raramente havia
um dia em que ela não estava se esforçando para passar o delineador antes de o
sinal tocar.
— Liz, adoro esse vestido. — Joss me lançou um olhar de soslaio entre limpar
cada olho com um cotonete enquanto caminhávamos para o banheiro. Ela
puxou um tubo de rímel e começou a passar a varinha nos cílios. — As ores são
tão você.
— Obrigada! — Fui até o espelho e me certi quei de que o vestido vintage A-
line não estava preso na minha calcinha ou algo igualmente embaraçoso. Duas
líderes de torcida rodeadas por uma nuvem branca voavam atrás de nós, e eu dei
a elas um sorriso de boca fechada.
— Você tenta se vestir como os protagonistas de seus lmes ou é uma
coincidência? — Perguntou Joss.
— Não diga "seus lmes" como se eu fosse viciada em pornogra a ou algo
assim.
— Você sabe o que quero dizer —, disse Joss enquanto separava os cílios com
um al nete de segurança.
Eu sabia exatamente o que ela queria dizer. Assistia às amadas comédias
românticas da minha mãe praticamente todas as noites, usando sua coleção de
DVDs que herdei quando ela morreu. Eu me sentia mais perto de minha mãe
quando os via; parecia que um pequeno pedaço dela estava lá, assistia ao meu
lado. Provavelmente porque nós os assistimos juntas. Muitas. Vezes.
Mas Jocelyn não sabia de nada disso. Tínhamos crescido na mesma rua, mas
não nos tornamos boas amigas de verdade até o segundo ano, então, embora ela
soubesse que minha mãe tinha morrido quando eu estava na quinta série, nunca
tínhamos realmente conversado sobre isso. Ela sempre presumiu que eu era
obcecada pelo amor porque era irremediavelmente romântica. Eu nunca a
corrigi.
— Ei, você perguntou ao seu pai sobre o piquenique do último ano? — Joss
olhou para mim no espelho e eu sabia que ela caria irritada. Honestamente,
quei surpresa que não foi a primeira coisa que ela me perguntou quando entrei.
— Ele não estava em casa ontem à noite até depois de eu ir para a cama. —
Era verdade, mas eu poderia ter perguntado a Helena, se realmente queria
discutir isso. — Vou falar com ele hoje.
— Claro que você vai. — Ela torceu o rímel e o en ou na bolsa de
maquiagem.
— Eu vou. Eu prometo.
— Vamos. — Jocelyn colocou sua bolsa de maquiagem em sua mochila e
pegou seu café. — Não posso chegar atrasada na aula de Literatura de novo ou
vou pegar detenção, e disse a Kate que jogaria chiclete em seu armário no
caminho.
Eu ajustei a bolsa carteiro no meu ombro e peguei um vislumbre do meu
rosto no espelho. — Espera, esqueci o batom.
— Não temos tempo para batom.
— Sempre há tempo para o batom. — Abri o zíper da bolsa lateral e tirei meu
novo favorito, Retrograde Red. Na chance (com certeza) de meu McDreamy
estar no prédio, eu queria uma boca bonita. — Vá em frente.
Ela saiu e eu esfreguei a cor nos meus lábios. Muito melhor. Coloquei o
batom de volta na bolsa, recoloquei os fones de ouvido e saí do banheiro,
apertando o play e deixando o resto da trilha sonora de Bridget Jones envolver
minha psique.
Quando cheguei à aula de Literatura Inglesa, fui até o fundo da sala e me
sentei à mesa entre Joss e Laney Morgan, deslizando meus fones de ouvido até o
pescoço.
— O que você colocou no número oito? — Jocelyn estava escrevendo rápido
enquanto falava comigo, terminando seu dever de casa. — Esqueci a leitura,
então não tenho ideia de por que as camisas de Gatsby zeram Daisy chorar.
Peguei minha planilha e deixei Joss copiar minha resposta, mas meus olhos se
voltaram para Laney. Se pesquisados, todos no planeta concordariam
unanimemente que a garota era bonita; era um fato indiscutível. Ela tinha um
daqueles narizes tão adoráveis que sua existência certamente criou a necessidade
da palavra "atrevido". Seus olhos eram enormes como os de uma princesa da
Disney, e seu cabelo loiro sempre era brilhante e macio e parecia que pertencia a
um comercial de shampoo. Pena que sua alma era exatamente o oposto de sua
aparência física.
Eu não gostava muito dela.
No primeiro dia do jardim de infância, ela gritou Ewwww quando eu quei
com o nariz sangrando, apontando para o meu rosto até que a classe inteira cou
boquiaberta com nojo. Na terceira série, ela disse a Dave Addleman que meu
caderno estava cheio de bilhetes de amor sobre ele. (Ela estava certa, mas esse não
era o ponto.) Laney havia falado com ele e, em vez de ser doce ou charmoso como
os lmes me levaram a acreditar que ele seria, David me chamou de esquisita. E
na quinta série, não muito depois que minha mãe morreu e eu fui forçada a
sentar com Laney no refeitório devido aos assentos designados, todos os dias
enquanto eu pegava meu almoço quente quase comestível, ela abria o zíper de
sua lancheira rosa pastel e wow a mesa inteira com as delícias que sua mãe tinha
feito só para ela.
Sanduíches cortados em formas adoráveis, biscoitos caseiros, brownies com
granulado; tinha sido um tesouro de obras-primas da culinária infantil, cada uma
preparada com mais amor que a anterior.
Não houve um único dia em que seu almoço não incluísse um bilhete escrito
à mão por sua mãe. Eram cartinhas engraçadas que Laney costumava ler em voz
alta para os amigos, com desenhos bobos nas margens, e se eu permitisse que
meus olhos bisbilhoteiros vagassem até o nal, onde dizia "Com amor, mamãe"
em letras cursivas encaracoladas com corações rabiscados em torno disso, eu
cava tão triste que não conseguia nem comer.
Até hoje, todos achavam que Laney era ótima, bonita e inteligente, mas eu
sabia a verdade. Ela pode ngir ser legal, mas desde que eu conseguia me lembrar,
ela me deu olhares estranhos e rabugentos. Como em todas as vezes que a garota
olhava para mim, era como se eu tivesse algo no rosto e ela não conseguisse
decidir se estava nojenta ou se divertia. Ela estava apodrecendo sob toda aquela
beleza, e um dia o resto do mundo veria o que eu vi.
— Chiclete? — Laney estendeu um maço de Doublemint com as
sobrancelhas perfeitamente arqueadas.
— Não, obrigada, — eu murmurei, e voltei minha atenção para a frente da
sala quando a Sra. Adams entrou e pediu o dever de casa. Passamos nossos papéis
adiante e ela começou a falar sobre coisas literárias. Todos começaram a tomar
notas em seus laptops fornecidos pela escola, e Colton Sparks me deu um aceno
de queixo de sua mesa no canto.
Eu sorri e olhei para o meu computador. Colton era bom. Eu conversei com
ele por duas semanas inteiras no início do ano, mas acabou sendo meh. O que
meio que resumiu toda a minha história coletiva de namoro, na verdade: meh.
Duas semanas – essa foi a duração média dos meus relacionamentos, se é que
você pode chamá-los assim.
É assim que geralmente acontecia: eu via um cara bonito, sonhava acordada
com ele por semanas e totalmente o construía em minha mente para ser minha
única alma gêmea. As coisas normais de pré-relacionamento do colégio sempre
começavam com a maior das esperanças. Mas, ao nal de duas semanas, antes
mesmo de chegarmos perto do o cial, quase sempre era atingido pelo Ick. A
sentença de morte para todos os relacionamentos orescentes.
Definição de Ick: Termo de namoro que se refere a um sentimento repentino de
contração que alguém tem quando tem um contato romântico com alguém e fica
quase imediatamente desanimado.
Joss disse que eu estava sempre navegando, mas nunca comprando. E ela
acabou acertando. Mas minha propensão para relacionamentos minúsculos de
duas semanas realmente mexeu com o potencial do baile. Eu queria ir com
alguém que zesse minha respiração prender e meu coração palpitar, mas quem
cou na escola que eu ainda não tinha considerado?
Quer dizer, tecnicamente, eu tinha um par para o baile; Eu estava indo com
Joss. É só que... ir ao baile com minha melhor amiga parecia um fracasso. Eu
sabia que iríamos nos divertir – estávamos jantando antes com Kate e Cassidy, a
mais divertida do nosso pequeno grupo de amigos – mas o baile era para ser o
auge do romance do colégio. Era para ser propaganda de cartazes, corsages
combinando, temor mudo sobre a maneira como você ca em seu vestido e
beijos doces sob a bola de discoteca brega.
Andrew McCarthy e Molly Ringwald Pretty in Pink e este tipo de merda.
Não se tratava de amigos jantando na Cheesecake Factory antes de irem para a
escola para uma conversa estranha enquanto os casais encontravam seu caminho
para a infame parede de moagem.
Eu sabia que Jocelyn não entenderia. Ela achava que o baile não era grande
coisa, apenas um baile do colégio para o qual você se vestia, e ela me acharia
completamente ridícula se eu admitisse estar desapontada. Ela já estava irritada
com o fato de que eu não parava de ignorá-la nas compras de vestidos, mas nunca
tive vontade de ir.
Em absoluto.
Meu telefone vibrou.
Joss: Eu tenho uma GRANDE fofoca.
Eu olhei para ela, mas ela parecia estar ouvindo a Sra. Adams. Olhei para a
professora antes de responder: Fale.
Joss: Para sua informação, recebi por mensagem de texto da Kate.
Eu: Então pode não ser verdade. Entendi.
O sinal tocou, então peguei minhas coisas e coloquei na minha bolsa. Jocelyn
e eu começamos a caminhar em direção aos nossos armários, e ela disse: — Antes
que eu diga a você, você tem que prometer que não vai car toda nervosa antes
de ouvir tudo.
— Oh meu Deus. — Meu estômago caiu e eu perguntei: — O que está
acontecendo?
Viramos na ala oeste, e antes que eu tivesse a chance de olhar para ela, eu o vi
caminhando em minha direção.
Michael Young?
Eu parei completamente.
— Eeeee... aí está a minha fofoca —, disse Joss, mas eu não estava ouvindo.
As pessoas pularam de cima de mim e me contornaram enquanto eu cava ali
parada olhando. Ele parecia o mesmo, só que mais alto, mais largo e mais atraente
(se isso fosse uma possibilidade). Minha paixão de infância se moveu em câmera
lenta, com minúsculos pássaros azuis cantando e batendo suas asas em torno de
sua cabeça enquanto seu cabelo dourado soprava em uma brisa cintilante.
Acho que meu coração pode ter parado.
Michael morou na mesma rua quando éramos pequenos e ele foi tudo para
mim. Eu o amava desde que eu conseguia me lembrar. Ele sempre foi incrível no
próximo nível. Inteligente, so sticado e... não sei... mais sonhador do que
qualquer outro garoto. Ele corria com as crianças da vizinhança (eu, Wes, os
meninos Potter na esquina e Jocelyn), fazendo coisas típicas da vizinhança –
brincar de esconde-esconde, pega-pega, futebol americano, ding-dong-ditch, etc.
Mas enquanto Wes e os Potter gostavam de coisas como jogar lama no meu
cabelo porque isso me fazia gritar, Michael fazia coisas como identi car folhas,
ler livros grossos e não se juntar à tortura deles.
Meu cérebro sugeriu “Someone Like You” e a música recomeçou do início.
Venho procurando há muito tempo,
Por alguém exatamente como você.
Ele estava vestindo calça cáqui e uma bela camisa preta, o tipo de roupa que
mostrava que ele sabia o que parecia bom, mas também não gastava muito
tempo com a moda. Seu cabelo era espesso e loiro e tinha o mesmo estilo de suas
roupas – intencionalmente casual. Eu me perguntei como cheirava.
Seu cabelo, não suas roupas.
Ele deve ter sentido um perseguidor em seu meio, porque o slowmotion
parou, os pássaros desapareceram e ele olhou diretamente para mim.
— Liz?
Fiquei muito feliz por ter dedicado tempo para aplicar o Vermelho
Retrógrado. Claramente, o cosmos sabia que Michael apareceria diante de mim
naquele dia, então ele fez tudo ao seu alcance para me deixar apresentável.
— Garota, relaxa —, Joss disse entre os dentes, mas eu estava impotente para
impedir o sorriso de rosto inteiro que se abriu quando eu disse: — Michael
Young?
Ouvi Joss murmurar — Lá vamos nós —, mas não me importei.
Michael se aproximou e me envolveu em um abraço, e eu deixei minhas mãos
deslizarem ao redor de seus ombros. Ai meu Deus, ai meu Deus! Meu estômago
embrulhou quando senti seus dedos nas minhas costas, e percebi que
poderíamos muito bem estar tendo nosso encontro fofo.
Oh. Meu. Deus.
Eu estava vestida para isso; ele era lindo. Este momento poderia ser mais
perfeito? Fiz contato visual com Joss, que estava balançando a cabeça
lentamente, mas não importava.
Michael estava de volta.
Ele cheirava bem – tão, tão bem – e eu queria catalogar cada pequeno detalhe
do momento. A sensação macia e gasta de sua camisa sob minhas palmas, a
largura de seus ombros, a pele dourada de seu pescoço, a poucos centímetros do
meu rosto enquanto eu o abraçava de volta.
Foi errado fechar meus olhos e respirar fundo.
— Ufa. — Alguém esbarrou em nós, com força, destruindo o abraço. Fui
empurrada para dentro e para longe de Michael e, quando me virei, vi quem era.
— Wes! — Eu disse, irritada por ele ter arruinado nosso momento, mas tão
incrivelmente feliz ainda que sorri para ele de qualquer maneira. Eu fui incapaz
de não sorrir. — Você realmente deveria prestar atenção para onde está indo.
Suas sobrancelhas franziram juntas. — Sim…?
Ele estreitou os olhos e falou mais devagar. — Desculpe, eu estava
conversando com Carson e fazendo aquela coisa extremamente difícil de andar
para trás. Mas chega de falar de mim. Como foi sua ida para a escola?
Eu sabia que ele queria ouvir todos os detalhes, como quanto tempo tinha
levado para remover a ta ou o fato de que eu tinha quebrado duas unhas recém-
feitas, mas eu não estava prestes a dar a esse agravante a satisfação. — Muito bem,
obrigada por perguntar.
— Wesley. — Michael deu um aperto de mano com Wes – quando eles
tiveram tempo de coreografar aquele pequeno toque de adorabilidade? – e disse:
— Você estava certo sobre a professora de biologia.
— É porque você se sentou ao meu lado. Ela me odeiaaa. — Wes sorriu e
começou a falar, mas eu ignorei esse idiota e observei Michael falar e rir e ser tão
docemente charmoso quanto eu me lembrava.
Só agora ele tinha um sotaque ligeiramente sulista.
Michael Young tinha um sotaque suave que me fez querer escrever
pessoalmente uma nota de agradecimento ao grande estado do Texas por torná-
lo ainda mais atraente do que já tinha sido. Eu cruzei meus braços e praticamente
me derreti em uma poça enquanto apreciava a vista.
Jocelyn, que eu devo ter esquecido que existia na presença de tão adorável
Michaelhood, me cutucou com o cotovelo e sussurrou: — Acalme-se. Você está
babando em cima de si mesma.
Revirei os olhos e a ignorei.
— Ei, escuta. — Wes puxou sua mochila e apontou para Michael. — Lembra
do Ryan Clark?
— Claro. — Michael sorriu e parecia um estagiário do Congresso. —
Primeira base, certo?
— Exatamente. — Wes baixou a voz. — Ryno vai dar uma festa amanhã na
casa de seu pai – você deveria vir.
Tentei manter minha expressão neutra enquanto ouvia Wes pedir ao meu
Michael para ir à sua festa. Quero dizer, Wes costumava sair com os caras que
Michael costumava conhecer, mas ainda assim. Eles eram melhores amigos de
repente ou algo assim?
Isso não seria bom para mim. Não pode ser.
Porque Wes Bennett começou a mexer comigo – ele sempre fez. Na escola
primária, Wes era o cara que colocava um sapo na minha Barbie DreamHouse e a
cabeça decepada de um gnomo de jardim na minha pequena biblioteca gratuita
feita em casa. No ensino médio, ele era o cara que achava hilário ngir que não
me viu quando eu estava deitada, e depois regar os arbustos de sua mãe,
"acidentalmente" espirrando a mangueira bem em cima de mim até eu gritar.
E agora, no colégio, ele era o cara que tinha como missão me assediar
diariamente no The Spot. Eu cresci uma espinha dorsal desde que éramos
crianças, então tecnicamente agora eu era a garota que gritou por cima da cerca
quando seus amigos atletas acabaram e eles eram tão barulhentos que eu podia
ouvi-los acima da minha música. Mais ainda.
— Parece bom, — Michael disse com um aceno de cabeça, e eu me perguntei
como ele caria com um chapéu de cowboy e uma camisa de anela. Talvez um
par de shitkickers, embora eu não soubesse tecnicamente o que diferenciava um
shitkicker de uma bota de cowboy normal.
Eu terei que pesquisar no Google mais tarde.
— Vou mandar uma mensagem com os detalhes. Eu tenho que ir – se eu
chegar atrasado na minha próxima aula, eu tenho detenção com certeza. — Ele se
virou e começou a correr na outra direção com um grito de "Mais tarde, pessoal".
Michael observou o desaparecimento de Wes antes de olhar para mim e falar
lentamente: — Ele saiu daqui tão rápido que não pude perguntar. É vestimenta
casual?
— O quê? Hum, a festa? — Como se eu tivesse alguma ideia do que eles
usavam em suas festas atléticas. — Provavelmente?
— Vou perguntar a Wesley.
— Legal. — Eu trabalhei para dar a ele meu sorriso de primeira, embora eu
estivesse morrendo de medo do fato de que Wes tinha estragado meu encontro
fofo.
— Eu também tenho que correr —, disse ele, mas acrescentou: — No
entanto, mal posso esperar para nos encontrar de novo.
Então me leve com você para a festa! Eu gritei internamente.
— Joss? — Michael olhou além de mim e seu queixo caiu. — É você?
Ela revirou os olhos. — Demorou o su ciente.
Jocelyn sempre foi mais próxima dos meninos da vizinhança, jogando futebol
com Wes e Michael enquanto eu fazia cambalhotas horríveis pelo parque e
inventava canções. Desde então, ela se transformou nesta humana alta e
assustadoramente bonita. Hoje suas tranças estavam puxadas para trás em um
rabo de cavalo, mas em vez de parecer bagunçado como quando eu usava um
rabo de cavalo, ela mostrou suas maçãs do rosto.
O sinal de aviso tocou e ele apontou para o alto-falante. — Este sou eu. Vejo
vocês mais tarde. Todos vocês.
Ele foi para o outro lado, e Jocelyn e eu começamos a andar. Eu disse: — Não
acredito que Wes não nos convidou para a festa.
Ela me olhou de soslaio. — Você ao menos sabe quem é Ryno?
— Não, mas isso não vem ao caso. Ele convidou Michael bem na nossa frente.
É uma cortesia comum que ele nos convide também.
— Mas você odeia Wes.
— Então?
— Então, por que você gostaria que ele te convidasse a qualquer lugar?
Suspirei. — Sua grosseria só me irrita.
— Bem, eu, pelo menos, co feliz que ele não tenha feito isso, porque não
quero ir a nenhuma festa que esses caras estejam dando. Já estive no Ryno's e é
tudo sobre bongos de cerveja, Fireball e aquele tipo de coisa imatura que nunca
vi.
Joss costumava sair com as crianças populares antes de deixar o vôlei, então ela
“festejou” um pouco antes de nos tornarmos amigas. — Mas...
— Ouça. — Jocelyn parou de andar e agarrou meu braço para me impedir de
andar também. — Isso é o que eu ia te dizer. Kate disse que ele mora ao lado de
Laney e eles estão conversando há algumas semanas.
— Laney? Laney Morgan? — Nããão. Não pode ser verdade. Não-não-não-
não, por favor, Deus, não. — Mas ele acabou de chegar ...
— Aparentemente, ele voltou há um mês, mas estava terminando as aulas
online em sua outra escola. Há rumores de que ele e Laney são quase o ciais.
Não Laney. Meu estômago apertou quando imaginei seu narizinho perfeito.
Eu sabia que era irracional, mas a ideia de Laney e Michael era quase
insuportável. Essa garota sempre conseguiu tudo que eu queria. Ela não poderia
tê-lo, caramba.
O pensamento deles, juntos, fez minha garganta apertar. Isso fez meu coração
doer.
Isso iria me esmagar.
Porque ele não era apenas tudo com que eu sonhava, mas ele e eu tínhamos
uma história. O tipo de história maravilhosa e importante que envolvia beber em
mangueiras de jardim e pegar vaga-lumes. Pensei na última vez que vi Michael.
Foi em sua casa. Sua família fez um churrasco para se despedir de todos os
vizinhos e eu fui com meus pais. Minha mãe tinha feito suas famosas barras de
cheesecake, e Michael nos encontrou na porta e nos ofereceu bebidas como se
fosse um adulto.
Minha mãe disse que era a coisa mais adorável que ela já tinha visto.
Todas as crianças da vizinhança jogaram kickball na rua por horas naquela
noite, e os adultos até se juntaram a nós para um jogo. Em um ponto, minha mãe
estava cumprimentando Michael depois de roubar sua base em seu vestido de
verão oral e sandálias de cunha. Esse momento cou gravado em minhas
memórias como uma fotogra a amarelada em um álbum antigo.
Eu não acho que Michael nunca teve a menor ideia de quão loucamente
apaixonada por ele eu estive. Eles se mudaram um mês antes de minha mãe
morrer, quebrando a ponta do meu coração em pedaços.
Jocelyn olhou para mim como se soubesse exatamente o que eu estava
pensando. — Michael Young não é o cara da corrida para a estação de trem.
Entendeu?
Mas ele poderia ser. — Bem, tecnicamente eles ainda não são o ciais, então...
Começamos a andar novamente, desviando dos corpos enquanto nos
dirigíamos para o seu armário. Provavelmente iríamos nos atrasar por causa do
nosso encontro improvisado no corredor com Michael, mas valeria totalmente a
pena.
— Sério. Não seja essa garota. — Ela me deu sua carranca maternal. — Aquilo
com Michael não foi seu encontro fofo.
— Mas — Eu nem queria dizer isso porque não queria que ela o derrubasse.
Mesmo assim, quase gritei quando disse: — E se fosse?
— Oh meu Deus. Eu soube, no segundo em que soube que ele estava de
volta, que você ia perder o controle. — Suas sobrancelhas baixaram, assim como
os cantos de seus lábios quando ela parou na frente do armário e girou a
fechadura. — Você nem conhece mais o cara, Liz.
Eu ainda podia ouvir sua voz profunda dizendo vocês, e meu estômago
afundou. — Eu sei tudo o que preciso saber.
Ela suspirou e puxou sua mochila. — Há algo que eu possa dizer para
arrancar você disso?
Eu inclinei minha cabeça. — Hum... ele odeia gatos, talvez?
Ela ergueu um dedo. — Isso mesmo, eu esqueci. Ele odeia gatos.
— Ele não odeia. — Eu sorri e suspirei, pensando de volta. — Ele costumava
ter esses dois gatos sarcásticos que ele adorava. Você deveria ter visto a maneira
como ele tratou aqueles bebês.
— Ai credo.
— Tanto faz, odiadora de felinos. — Eu me sentia viva, vibrando com a
emoção das possibilidades românticas enquanto me encostava no armário
fechado ao lado. — Michael Young é um jogador justo até eu ouvir uma
proclamação o cial.
— Eu não posso falar com você quando você está assim.
— Feliz? Animada? Esperançosa? — Eu queria pular pelo corredor cantando
"Paper Rings".
— Delirante. — Jocelyn olhou para o telefone por um minuto, depois de
volta para mim. — Ei, minha mãe disse que pode nos levar para comprar vestidos
amanhã à noite, se quiser.
Minha mente cou em branco. Eu tinha que dizer alguma coisa. — Eu acho
que tenho que trabalhar.
Ela estreitou os olhos. — Toda vez que eu toco no assunto, você tem que
trabalhar. Você não quer um vestido?
— Certo. Sim. — Eu forcei os cantos da minha boca. — Claro.
Mas a verdade é que não.
A emoção do vestido era sua capacidade de inspirar romance, de deixar um
par sem palavras. Se esse fator não estivesse em jogo, o vestido de baile era apenas
um desperdício de tecido caro.
Somando-se a isso, havia o fato gritante de que comprar vestidos com a mãe
de Jocelyn era apenas um grande lembrete de que minha mãe não estava lá para
se juntar a nós, o que tornava o passeio extremamente desagradável. Minha mãe
não estaria lá para tirar fotos e chorar enquanto seu bebê participava do baile
nal de sua infância, e nada fez isso bater em casa tanto quanto ver a mãe de Joss
fazer essas coisas por ela.
Para ser honesta, eu não estava emocionalmente preparada para o vazio que
parecia acompanhar meu último ano, as muitas lembranças da ausência de
minha mãe. Fotos do último ano, regresso a casa, inscrições para a faculdade,
baile, formatura; como todos que eu conhecia cavam entusiasmados com
aqueles padrões do ensino médio, eu tinha dores de cabeça de estresse porque
nada parecia da maneira que eu planejei.
Tudo parecia... solitário.
Porque mesmo que as atividades do último ano fossem divertidas, sem minha
mãe elas eram vazias de sentimentalismo. Meu pai tentou se envolver, ele
realmente tentou, mas ele não era um cara emocional, então sempre parecia que
ele era o fotógrafo o cial enquanto eu percorria os destaques sozinha.
Enquanto isso, Joss não entendia por que eu não queria dar grande
importância a cada marco sênior como ela fazia. Ela cou chateada comigo por
três dias quando eu perdi a viagem das férias de primavera para a praia, mas
parecia mais um exame que eu temia do que um bom momento, e eu
simplesmente não conseguia.
Contudo. Encontrar um nal feliz com comédia romântica que minha mãe
teria adorado – que poderia transformar todas as sensações ruins em boas, não
poderia?
Eu sorri para Jocelyn. — Vou mandar uma mensagem depois de veri car
minha programação.
CAPÍTULO DOIS

“Uma amiga mulher. Isso é incrível. Você


pode ser a primeira mulher atraente
com quem não quis dormir em toda a
minha vida.”
— Harry e Sally — Feitos um Para o
Outro

Michael estava de volta.


Apoiei meus pés na mesa da cozinha e cavei minha colher no pote de
Americone Dream, ainda fora de mim com tontura. Em meus sonhos mais
loucos, eu não teria imaginado o retorno de Michael Young.
Achei que nunca mais o veria.
Depois que ele se mudou, durante anos sonhei acordada com ele voltando.
Eu costumava imaginar que estava dando um passeio em um daqueles dias
gloriosamente frios de outono que sussurravam o inverno, o ar cheirava a neve.
Eu estaria usando minha roupa favorita – que mudava com cada imaginação, é
claro, porque essa fantasia começou na escola primária – e quando eu virasse a
esquina no nal do quarteirão, lá estaria ele, caminhando em direção a mim.
Acho que houve até uma corrida romântica envolvida. Quero dizer, por que não
haveria?
Também houve nada menos que cem anotações com o coração partido em
meus diários de infância sobre sua saída de minha vida. Eu os havia encontrado
alguns anos atrás, quando estávamos limpando a garagem, e as entradas estavam
surpreendentemente escuras para uma criança.
Provavelmente porque a ausência dele em minha vida foi cronometrada
muito de perto com a morte de minha mãe.
Acabei aceitando que nenhum deles voltaria.
Mas agora ele voltou.
E foi como receber um pedacinho de felicidade de volta.
Eu não tive nenhuma aula com ele, então o destino não poderia intervir nos
jogando juntos, o que era péssimo. Quero dizer, quais eram as chances de que
não tivéssemos nenhuma ocasião para interação forçada? Joss teve uma aula com
ele, e claramente Wes também. Por que não eu? Como eu deveria mostrar a ele
que deveríamos ir ao baile e nos apaixonar e viver felizes para sempre, quando eu
nunca o vi? Eu cantarolei junto com Anna of the North em meus fones de
ouvido – a música sexy da banheira de água quente de To All the Boys I've Loved
Before – e olhei pela janela para a chuva.
A única coisa a meu favor era que eu era uma espécie de especialista em amor.
Eu não tinha um diploma e não tinha feito nenhum curso, mas assisti
milhares de horas de comédias românticas na minha vida. E eu não tinha apenas
os assistido. Eu os analisei com a perspicácia observacional de um psicólogo
clínico.
Não só isso, mas o amor estava em meus genes. Minha mãe tinha sido uma
roteirista que produziu várias comédias românticas excelentes para a telinha.
Meu pai tinha 100 por cento de certeza de que ela seria a próxima Nora Ephron
se tivesse tido um pouco mais de tempo.
Portanto, embora eu não tivesse nenhuma experiência prática, entre meu
conhecimento herdado e minha extensa pesquisa, eu sabia muito sobre o amor.
E tudo o que eu sabia me deu a certeza de que, para que Michael e eu
acontecêssemos, eu precisaria estar na festa de Ryno.
O que não ia ser fácil, porque não só eu não tinha ideia de quem Ryno era,
mas também não tinha nenhum interesse em ir a uma festa cheia de axilas suadas
de atletas e o hálito fedorento de cerveja dos populares.
Mas eu precisava me reaproximar de Michael antes que alguma loira horrível
que permaneceria sem nome me vencesse, então eu teria que encontrar uma
maneira de fazer isso funcionar.
Um relâmpago cruzou o céu e iluminou o grande carro de Wes, todo
aconchegado contra o meio- o em frente à minha casa, a chuva batendo forte
em seu capô. Aquele idiota estava bem atrás de mim durante todo o caminho da
escola para casa, e quando eu puxei para frente para o estacionamento paralelo,
ele deslizou direto para o The Spot.
Que tipo de monstro estacionava com o nariz na frente em uma vaga na rua?
Enquanto eu buzinava e gritava com ele em meio à chuva torrencial, ele
acenou para mim e correu para dentro de sua casa. Acabei tendo que estacionar
na esquina, em frente ao duplex da Sra. Scarapelli, e meu cabelo e vestido
estavam encharcados quando entrei pela porta da frente.
Nem pergunte sobre os sapatos novos.
Lambi a colher e desejei que Michael morasse ao lado, em vez de Wes.
Então me dei conta.
— Santo Deus.
Wes era meu parceiro. Wes, que havia convidado Michael para a festa em
primeiro lugar, obviamente estaria presente. E se ele pudesse me colocar dentro?
Embora... ele não fez nada para me ajudar. Como sempre. A alegria de Wes
era derivada da tortura, não da generosidade. Então, como eu poderia convencê-
lo? O que eu poderia dar a ele? Eu precisava pensar em algo – alguma coisa
tangível – que faria com que ele me ajudasse e mantivesse a boca fechada ao
mesmo tempo.
Peguei outra colher de sorvete e coloquei na boca. Fiquei olhando pela janela.
En m percebi.

— Bem, bem. — Wes estava dentro de sua casa, atrás da porta de tela, olhando
para mim na chuva com um sorriso malicioso no rosto. — A que devo esta
honra?
— Me deixe entrar. Eu preciso conversar.
— Eu não sei – você vai me machucar se eu deixar você entrar?
— Vamos, — eu disse com os dentes cerrados enquanto a chuva forte batia
em minha cabeça. — Estou cando encharcada aqui.
— Eu sei – e sinto muito – mas estou seriamente com medo de que você vá
me dar um soco de lixo por roubar o Spot se eu deixar você entrar. — Ele abriu
uma fresta da porta, o su ciente para me mostrar o quão quente e seco ele
parecia em jeans e uma camiseta, e disse: — Você é um pouco assustadora às
vezes, Liz.
— Wes! — A mãe de Wes veio por trás dele e pareceu horrorizada ao me ver
parada na chuva. — Pelo amor de Deus, abra a porta para a pobre menina.
— Mas acho que ela está aqui para me matar. — Ele disse isso como uma
criança assustada, e eu poderia dizer que sua mãe estava tentando não sorrir.
— Entre, Liz. — A mãe de Wes agarrou meu braço e gentilmente me puxou
através da soleira para onde estava quente e cheirava a lençóis secos. — Meu lho
é um incômodo e ele sente muito.
— Não, eu não sou.
— Diga o que ele fez e eu ajudarei você a puni-lo.
Afastei o cabelo molhado do rosto, olhei diretamente para ele e disse à mãe
dele: — Ele roubou minha vaga quando eu estava tentando estacionar em
paralelo.
— Oh meu Deus, você contou para minha mãe sobre mim? — Wes fechou a
porta da frente e seguiu a mim e sua mãe para dentro. — Bem, se estamos
tagarelando aleatoriamente, mãe, provavelmente devo dizer que Liz foi quem
chamou a polícia no meu carro quando eu tive pneumonia.
— Espere o que? — Eu parei e me virei. — Quando você cou doente?
— Bem, quando você ligou? — Ele colocou as duas mãos no coração, tossiu e
disse: — Eu estava doente demais para sequer mover meu carro.
— Pare. — Eu não sabia se ele estava brincando comigo ou não, mas suspeitei
que não estava, e me senti como um monstro, porque tanto quanto amava
vencê-lo, não gostava da ideia de ele estar doente. — Você estava gravemente
doente?
Seus olhos escuros varreram meu rosto e ele disse: — Você se importaria
Sério?
— Parem com isso, seus pirralhos. — Sua mãe fez um gesto para que a
seguíssemos até a sala de estar. — Sentem no sofá, comam alguns biscoitos e
superem.
Ela colocou um prato de biscoitos de chocolate na mesinha de centro, pegou
um galão de leite e dois copos, jogou-me uma toalha, lembrou a Wes que ele
tinha que pegar sua irmã às seis e meia, e então ela nos deixou a sós.
A mulher era uma força.
— Ohh. — Kate e Leopold estavam passando em um daqueles canais de TV
retrô que só os velhos assistiam, e eu esfreguei a toalha no cabelo enquanto o
personagem de Meg Ryan tentava fugir do charme de um Hugh Jackman muito
britânico. — Eu amo esse lme.
— Claro que você ama. — Ele me deu um sorriso que me deixou
desconfortável, como se ele soubesse coisas sobre mim que eu não sabia que ele
sabia, e ele se abaixou e pegou um biscoito. — Então, sobre o que você quer falar
comigo?
Minhas bochechas caram quentes, principalmente porque eu estava
morrendo de medo de que ele zombasse de mim – e contasse a Michael –
quando eu dissesse a ele o que eu queria. Sentei-me no sofá, coloquei a toalha ao
meu lado e disse: — Tudo bem. Aqui está a coisa. Eu meio que preciso da sua
ajuda.
Ele começou a sorrir imediatamente. Eu levantei a mão e disse: — Não. Ouça.
Sei que você não pode ajudar por causa da bondade de seu coração, então tenho
uma proposta para você.
— Ai. Como se eu fosse algum tipo de mercenário ou algo assim. Isso
machuca.
— Não, não importa.
Ele cedeu com um encolher de ombros. — Não, realmente não importa.
— OK. — Demorou muito para não revirar os olhos para ele. — Mas antes
de dizer no que quero que você ajude, quero rever os termos do negócio.
Ele cruzou os braços – quando seu peito cou tão largo? – e inclinou a
cabeça. — Continue.
— OK. — Respirei fundo e coloquei meu cabelo atrás das orelhas. — Em
primeiro lugar, você tem que jurar segredo. Se você contar a alguém sobre nosso
negócio, ele será anulado e você não receberá o pagamento. Em segundo lugar, se
você concordar com o acordo, terá que realmente me ajudar. Você não pode
simplesmente fazer um pouco e depois me dispensar.
Fiz uma pausa e ele olhou para mim com os olhos estreitos. — Nós vamos?
Qual é o pagamento?
— O pagamento será incontestável, acesso vinte e quatro/sete dias por
semana ao local de estacionamento durante a duração do nosso negócio.
— Uau. — Ele se aproximou e se sentou na cadeira em frente a mim. — Você
vai me dar a vaga de estacionamento?
Eu não queria, mas também sabia o quanto Wes queria. Ele e seu pai estavam
sempre mexendo em seu carro velho, principalmente porque ele nunca ligava, e
suas caixas de ferramentas pareciam terrivelmente pesadas sempre que eu pegava
o Spot e eles tinham que carregá-las até o m da rua para fazê-lo funcionar. —
Está correto.
Seu sorriso cou grande. — Estou dentro. Estou fazendo isso. Eu sou seu
cara.
— Você não pode dizer isso ainda – você nem sabe qual é o problema.
— Não importa. Eu farei o que for preciso.
— E se eu quiser que você corra pelado pelos jardins durante o almoço?
— Feito.
Peguei a manta que estava dobrada sobre o braço do sofá e envolvi em volta
dos meus ombros. — E se eu quiser que você dê cambalhotas peladas no meio do
refeitório durante o almoço enquanto canta toda a trilha sonora de Hamilton?
— Você entendeu. Eu amo "Meu Shot".
— Sério? — Isso me fez sorrir, embora eu não estivesse acostumada a sorrir
para Wes. — Mas você consegue fazer uma estrela?
— Sim.
— Prove.
— Você precisa de muita manutenção. — Wes se levantou, empurrou a
mesinha de centro com o pé e deu a pirueta mais terrível que eu já vi. Suas pernas
estavam dobradas e não viravam a cabeça, mas ele conseguiu pousar com os
braços de ginástica acima da cabeça e um sorriso con ante antes de se jogar de
volta na cadeira. — Agora me diga.
Eu tossi a risada que estava tentando conter e procurei seu rosto. Eu estava
procurando honestidade, algum tipo de dica de que podia con ar nele, mas me
desviei pela forma como seus olhos eram escuros e a maneira como ele exionou
a mandíbula. Pensei na vez, na sétima série, quando ele me deu seis dólares para
me fazer parar de chorar.
Helena e meu pai tinham acabado de se casar e decidiram reformar o andar
principal da casa. Na preparação, Helena limpou os armários e gavetas e doou
todas as coisas antigas. Incluindo a coleção de DVDs da minha mãe.
Quando eu tive um colapso emocional e meu pai explicou a situação para
Helena, ela se sentiu péssima. Ela se desculpou várias vezes enquanto eu chorava.
Mas tudo em que consegui me concentrar foram as palavras dela para meu pai:
— Eu simplesmente não acho que alguém assistiu àqueles lmes cafonas.
Eu tinha sido uma criança cheia de recursos – ainda era cheia de recursos,
como provado por estar na casa de Wes naquele exato momento – e bastou um
telefonema para descobrir onde os lmes tinham ido parar. Eu escapei,
mentindo para meu pai e dizendo que estava indo para a casa de Jocelyn, e dirigi
minha bicicleta todo o caminho até o brechó. Eu tinha cada centavo do meu
dinheiro de babá no bolso da frente, mas quando cheguei lá, não foi o su ciente.
— Vamos vender isso como uma coleção, garota – você não pode comprá-los
individualmente.
Eu encarei aquela etiqueta de preço e, não importa quantas vezes eu contasse,
eu estava seis dólares a menos. O idiota da loja foi in exível e chorei todo o
caminho para casa na minha bicicleta rosa choque. Parecia que estava perdendo
minha mãe de novo.
Quando eu estava quase em casa, vi Wes quicando uma bola de basquete em
sua garagem. Ele olhou para mim com seu rosto de sempre, meio sorrindo como
se soubesse algum segredo sobre mim, mas então ele parou de babar.
— Ei. — Ele jogou a bola na grama em seu jardim e caminhou em minha
direção. — O que está errado?
Lembro-me de não querer dizer a ele porque sabia que ele acharia isso
ridículo, mas havia algo em seus olhos que me fez desmoronar novamente. Eu
chorei como um bebê enquanto lhe contava o que aconteceu, mas em vez de rir
de mim, ele ouviu. Ele cou em silêncio durante todo o meu colapso, e quando
parei de falar e comecei a soluçar pequenos soluços embaraçosos, ele se inclinou e
enxugou minhas lágrimas com os polegares.
— Não chore, Liz. — Ele parecia triste quando disse isso, como se quisesse
chorar também. Então ele disse: — Espere aqui.
Ele me deu o dedo de um segundo antes de se virar e correr para dentro de sua
casa. Fiquei ali, exausta de tanto chorar e chocado com sua gentileza, e quando
ele saiu pela porta da frente, ele me deu uma nota de dez dólares. Lembro-me de
olhar para ele e pensar que ele tinha os olhos castanhos mais gentis, mas meus
pensamentos devem ter aparecido no meu rosto porque ele imediatamente me
fez uma careta e disse: — Isso é apenas para calar sua boca porque eu não
suporto ouvi-la berrar por mais um minuto. E eu quero meu troco.
Minha mente me empurrou de volta para a sala da família de Wes. Michael. O
ponto. Precisando da ajuda de Wes.
Meus olhos percorreram seu rosto. Sim, seus olhos castanhos ainda pareciam
exatamente os mesmos.
— OK. — Peguei um biscoito e dei uma mordida. — Mas eu juro por tudo
que é sagrado que vou contratar um assassino se você tagarelar sobre isso.
— Eu acredito muito em você. Agora desembucha.
Eu tive que olhar para algo diferente do seu rosto. Fui com meu colo, olhando
para a textura lisa de minhas leggings quando disse: — Tudo bem. Aqui está a
coisa. Michael está de volta à cidade, e eu meio que esperava, sabe, entrar em
contato com ele. Estávamos perto antes de ele se mudar, e quero ter isso de volta.
— E eu posso ajudar como, exatamente?
Eu mantive meus olhos baixos, traçando a costura da minha calça com meu
dedo indicador. — Bem, eu não tenho aulas com ele, então não tenho como falar
com ele naturalmente. Mas você e Michael já são amigos. Vocês saem. Você o
convidou para uma festa. — Ousei olhar para ele quando disse: — Você tem a
conexão que eu quero.
Ele jogou o resto do biscoito na boca, mastigou e espanou as mãos nos joelhos
das calças. — Deixe-me ver se entendi. Você ainda está maravilhada com Young e
quer que eu a arraste para a festa de Ryno para que possa fazer com que ele goste
de você.
Considerei negar, mas em vez disso disse: — Basicamente.
Sua mandíbula exionou. — Ouvi dizer que ele está meio interessado em
Laney.
Ugh, não. Deixando de lado meu próprio investimento pessoal na situação,
Laney Morgan era totalmente errada para Michael. Na verdade, cutucá-lo para se
apaixonar por mim estaria fazendo um favor a ele simplesmente por salvá-lo
disso. Eu disse: — Não se preocupe com isso.
Uma sobrancelha se ergueu. — Que escandaloso da sua parte, Elizabeth.
— Cala a boca.
Ele sorriu. — Você não pode pensar que apenas aparecer em uma festa vai
fazer ele notar você. Haverá muitas pessoas lá.
— Eu só preciso de alguns minutos.
— Muito con ante, não é?
— Eu sou. — Já havia escrito um roteiro. — Eu tenho um plano.
— E isso é…?
Coloquei minhas pernas embaixo de mim. — Como estou te dizendo.
— Nah. — Ele se levantou, foi até o sofá e se sentou ao meu lado. — Seu
plano é uma merda.
Enrolei a manta com mais força em volta dos meus ombros. — Como você
poderia saber disso se não conhece meu plano?
— Porque eu te conheço desde que você tinha cinco anos, Liz. Tenho certeza
de que seu plano envolve uma reunião planejada, um caderno inteiro de ideias
tolas e alguém cavalgando ao pôr do sol.
Ele estava perto, mas eu disse: — Você está muito errado.
— Aposta.
Suspirei. — Então…? — Tudo que eu precisava era que The Spot fosse uma
atração mais forte do que a determinação de Wes de me antagonizar.
Wes cruzou os braços e parecia satisfeito consigo mesmo. — Então…?
—Oh meu Deus, você está me torturando de propósito. Você vai me ajudar
ou não?
Ele coçou o queixo. — Só não sei se o local vale a pena.
— Vale o quê? Me permitir estar em sua presença por algumas horas? —
Coloquei um cacho molhado atrás da orelha. — Você nem vai saber que estou lá.
— E se eu estiver tentando me dar bem com alguém? — O olhar em seu rosto
era tão assustador que sorri apesar de tudo. — Sua presença pode atrapalhar meu
mojo.
— Con e em mim, você nem vai me notar. Eu estarei muito ocupada
fazendo Michael se apaixonar perdidamente por mim para até mesmo tocar seu
mojo.
— Ai credo. Pare de falar sobre tocar meu mojo, sua pervertida.
Revirei os olhos e me virei para ele. — Você vai dizer sim ou o quê?
Ele sorriu e chutou a mesa de centro. — Eu adoro ver você dar o passo da
vergonha na casa da Sra. Scarapelli. É meio que meu novo hobby favorito. Então,
acho que vou arrastar você para a festa.
— Sim! — Eu me impedi de dar um soco da vitória.
— Acalme-se. — Wes se inclinou para frente, pegou o controle remoto e
aumentou o volume da TV antes de olhar para mim como se eu cheirasse mal. —
Espere – este lme? Você ama este lme?
— Eu sei que é uma premissa estranha, mas eu juro para você que é ótimo.
— Eu vi. Este lme é um lixo, você está brincando comigo?
— Não é lixo. É sobre encontrar alguém tão certo para você que você esteja
disposto a largar tudo e atravessar séculos por ela. Ela literalmente abandona sua
vida e se muda para 1876. Quero dizer, esse é um amor poderoso. — Olhei para a
TV e meu cérebro começou a citar junto com o lme. — Tem certeza de que viu
este lme?
— Eu sou positivo. — Ele balançou a cabeça e observou enquanto Stuart
implorava à enfermeira para deixá-lo sair do hospital. — Este lme é um lixo
tropical com infusão de aspartame.
— Claro. — Por que eu esperaria que Wes me surpreendesse? — Claro que
Wes Bennett é um esnobe de comédia romântica. Eu não esperaria menos.
— Não sou um esnobe de comédia romântica, seja lá o que isso for, mas um
espectador perspicaz que espera mais do que um enredo previsível com
personagens que preenchem as lacunas.
— Oh, por favor. — Coloquei meus pés na mesinha de centro. — Prédios
explodindo e perseguições em alta velocidade não são previsíveis?
— Você está supondo que gosto de lmes de ação.
— Você não gosta?
— Ah, sim. — Ele jogou o controle remoto sobre a mesa e pegou o copo. —
Mas você não deve presumir.
— Mas eu estava certa.
— Que seja. — Ele bebeu o resto do leite e pousou o copo. — Conclusão –
lmes femininos são risivelmente irrealistas. Tipo, "Oh, esses dois são tão
diferentes e se odeiam tanto, mas – espere. A nal, eles são tão diferentes?".
— Inimigos para amantes. É um tópico clássico.
— Oh, bom Deus, você acha isso incrível. — Ele estreitou os olhos, se
inclinou e me deu um tapinha na cabeça. — Sua pobre e confusa amorzinha.
Diga-me que você não acha que este lme está remotamente conectado à
realidade de nenhuma forma.
Eu tirei sua mão da minha cabeça. — Sim, porque acredito em viagem no
tempo.
— Isso não. — Ele gesticulou em direção à TV. — A viagem no tempo é
provavelmente a parte mais realista. Estou falando de comédias românticas em
geral. Relacionamentos nunca, nunca, nunca funcionam assim.
— Sim, eles funcionam.
Suas sobrancelhas se ergueram. — Eles funcionam? Corrija-me se eu estiver
errado, mas não parecia que funcionava assim com Jeremiah Green ou Tad
Miranda.
Fiquei meio surpresa com sua consciência da minha história romântica (ou a
falta dela), mas achei que era inevitável quando estávamos na mesma série e na
mesma escola.
— Bem, eles podem. — Afastei o cabelo ainda úmido do rosto e não quei
surpresa que Wes pensasse dessa maneira. Eu nunca tinha ouvido falar dele
falando sério com qualquer garota – nunca – então provavelmente era seguro
presumir que ele era um jogador clássico. — Está lá fora, mesmo que pessoas
cínicas e cansadas como você sejam, hum... cínicas para acreditar.
— Você disse "cínicas" duas vezes.
Suspiro.
Ele sorriu com a minha irritação. — Então você acha que dois inimigos – no
mundo real – podem magicamente superar suas diferenças e se apaixonar
perdidamente?
— Eu acho.
— E você acha que tramar, planejar e trapacear não é grande coisa se for feito
para despertar algum tipo de amor verdadeiro?
Eu mordi meu lábio. Era isso que eu estava fazendo? Trapaça? O pensamento
fez meu estômago revirar, mas eu o ignorei. Não era isso que estava acontecendo
aqui. Eu disse: — Você está fazendo parecer ridículo de propósito.
— Oh, não – é simplesmente ridículo.
— Você é ridículo. — Percebi que estava rangendo os dentes e relaxei o
queixo. Quem se importava com o que Wes pensava sobre o amor, a nal?
Ele deu um sorrisinho e disse: — Você já pensou no fato de que, se suas
noções de amor são válidas, Michael não é o cara certo para você?
Não; ele era o cara para mim. Tinha que ser. Ainda assim, perguntei: — O
que você quer dizer?
— Neste ponto, você e Michael não estão bravos um com o outro, então está
condenado. Cada comédia romântica tem duas pessoas que não conseguem se
suportar no início, mas acabam se dando bem.
— Bruto.
— Sério. Mens@aem Para Você. A Verdade Nua e Crua. Hum… Harry e Sally
– Feitos um Para o Outro, 10 coisas que eu odeio em você, Sweet Home
Alabam...
— Em primeiro lugar, Doce Lar é um trope da segunda chance no amor,
idiota.
— Ooh – erro meu.
— Em segundo lugar, você é um pouco impressionante com seu
conhecimento de comédia romântica, Bennett. Tem certeza de que não é um
observador do armário?
Ele me deu uma olhada. — Positivo.
Fiquei realmente um pouco impressionada; Eu amei A Verdade Nua e Crua.
— Eu não vou contar a ninguém se você é secretamente fangirl sobre lmes de
romance.
— Cala a boca. — Ele riu e balançou a cabeça lentamente. — Então, qual
trope funciona para você e Michael? O trope que você-o-seguia-como-um-
cachorrinho-mas-agora-ele-vê-o-cachorrinho-como-uma-namorada-em-
potencial-embora-ele-já-tenha-uma-namorada-em-potencial?
— Você é um hater do amor detestável. — Foi tudo o que eu consegui pensar
em devolver para ele, porque – de repente – Wes tinha a incrível habilidade de
me fazer rir. Tipo, mesmo enquanto ele zombava de mim, eu tive que me forçar a
não ceder a outra risadinha.
Mas tínhamos um acordo, então trocamos números para que ele pudesse me
enviar uma mensagem depois de falar com Michael, e decidimos que ele iria me
buscar para a festa às sete horas do dia seguinte.
Enquanto eu voltava para minha casa na chuva, não pude acreditar que ele
concordou com isso. Eu estava um pouco insegura sobre ir a qualquer lugar com
Wes, mas uma garota faz o que tem que fazer em nome do amor verdadeiro.

Eu não era fã de correr na chuva ou no escuro, então fazer os dois ao mesmo


tempo foi uma grande merda. Helena tinha feito espaguete quando cheguei em
casa da casa de Wes, então tive que me sentar para um jantar em família completo
– completo com direito a pergunta Como foi seu dia – antes de poder sair. Meu
pai tentou me convencer a pegar a nova esteira que ele comprou no dia anterior,
já que estava chovendo forte do lado de fora, mas isso não era uma opção para
mim.
Minha corrida diária não tinha nada a ver com exercícios.
Eu apertei a corda do meu capuz, abaixei a cabeça e caí na calçada, meu
Brooks desgastado espirrando água na minha calça a cada passo. Estava frio e
terrível, e aumentei o passo quando virei a esquina no nal da rua e pude ver o
cemitério através do aguaceiro.
Não diminuí a velocidade até passar pelos portões, subir a conhecida estrada
asfaltada de uma faixa única e logo passar pelo olmo tortuoso; então corri quinze
passos mais para a esquerda.
— Este tempo está uma merda, mãe, — eu disse parando ao lado da lápide da
minha mãe, colocando minhas mãos em meus quadris e sugando o ar enquanto
tentava desacelerar minha respiração. — Sério.
Eu me agachei ao lado dela, passando minha mão sobre o mármore liso.
Normalmente eu me sentava na grama, mas estava úmido demais para isso. A
chuva forte fez com que parecesse ainda mais escuro do que o normal no
cemitério sombreado, mas eu sabia o lugar de cor, então isso não me incomodou.
De uma forma estranha, este era o meu lugar feliz.
— Então Michael está de volta – tenho certeza que você viu – e ele parece tão
perfeito como sempre. Eu vou vê-lo novamente amanhã. — Imaginei o rosto
dela, como sempre fazia quando estava aqui, e disse: — Você caria animada com
este aqui. — Mesmo se eu tivesse que pedir ajuda a Wes. Minha mãe sempre
achou que Wes era doce, mas ele jogava muito duro.
— Parece que é uma coisa do destino, o jeito que ele caiu no meu colo logo
depois que eu estava ouvindo "Someone Like You". Quero dizer, o que é mais
destino do que isso? Sua música favorita, do nosso lme favorito, e nosso ex-
vizinho fofo favorito simplesmente apareceu? Eu sinto que você está escrevendo
Felizes para Sempre do seu lugar...
Eu parei e gesticulei para o céu. — Lá em cima em algum lugar.
Nem mesmo a chuva fria me impediu de car animada enquanto descrevia
seu sotaque sulista de “vocês” para minha mãe. Eu me agachei ao lado de seu
nome esculpido e divaguei, como fazia todos os dias, até que o alarme do meu
telefone tocou. Esse ritual meio que se tornou como um diário oral ao longo dos
anos, exceto que eu não estava gravando e ninguém estava ouvindo. Bem, exceto
– eu esperava que minha mãe estivesse.
Era hora de voltar.
Eu me levantei e dei um tapinha em sua lápide. — Vejo você amanhã. Amo
você.
Respirei fundo antes de me virar e correr colina abaixo. A chuva ainda estava
caindo forte, mas a memória muscular tornava mais fácil permanecer no
caminho.
E quando passei correndo pela casa de Wes e virei para a minha garagem,
percebi que estava mais animada do que há muito tempo.

— Liz.
Levantei os olhos do meu dever de literatura para ver Joss subindo pela minha
janela, com Kate e Cassidy seguindo atrás dela. Havíamos descoberto anos atrás
que se você escalasse o telhado da minha velha casa de brinquedo no quintal,
você estaria alto o su ciente para abrir a janela do quarto e entrar imediatamente.
— Ei, pessoal. — Eu estiquei minhas costas e me virei na cadeira da minha
escrivaninha, surpresa ao vê-las. — E aí?
— Acabamos de fazer uma reunião de planejamento para a travessura do
último ano, mas não queremos ir para casa ainda porque meu pai disse que eu
poderia car fora até às nove, e são apenas oito e quarenta. — Cassidy – cujos
pais eram terrivelmente rígidos – sentou-se na minha cama, e Kate a seguiu,
enquanto Joss se sentou de costas no assento da minha janela e disse: — Então,
vamos car escondidas aqui por mais vinte minutos.
Eu me preparei para a pressão delas sobre a pegadinha do último ano.
— Eram basicamente, tipo, trinta pessoas amontoadas no Burger King,
gritando em voz alta ideias de coisas que elas achavam engraçadas. — Joss deu
uma risadinha e disse: — Tyler Beck acha que deveríamos apenas soltar, tipo,
vinte mil Super Balls nos corredores – e ele conhece um cara que pode nos ligar.
Kate riu e disse: — Juro por Deus que ele convenceu todo o grupo de que foi
a ideia do dinheiro. Até que ele disse que precisaria de dinheiro de verdade.
— Nós, veteranos, somos engraçados, mas pobres como o inferno. — Cassidy
deitou-se na minha cama e disse: — Pessoalmente, gostei da ideia de Joey Lee de
dizer dane-se e fazer algo horrível, como virar todas as prateleiras da biblioteca ou
inundar a escola. Ele disse que era "ironicamente engraçado porque não era nada
engraçado" e que "nunca seria esquecido".
— Isso é de nitivamente verdade — eu disse, puxando meu rabo de cavalo e
en ando as mãos no cabelo. Eu não queria olhar para Joss porque senti que ela
daria uma olhada e saberia que eu estava tramando com Wes, então mantive
meus olhos em Cass.
— Você deveria ter estado lá, Liz —, disse Joss, e eu me preparei para o que
viria a seguir. Uma palestra sobre como éramos veteranos apenas uma vez, talvez?
Ela era muito boa nisso. Apenas faça isso, Liz. Somos apenas veteranos do ensino
médio por mais alguns meses.
Mas quando olhei para ela, ela sorriu e disse: — Todo mundo estava falando
sobre ideias, e então Conner Abel disse: "En aram garfos no quintal da minha
casa uma vez".
Meu queixo caiu. — Cale-se!
— Garfos? — Kate gritou.
No ano passado, quando eu estava apaixonada por Conner, pensamos que
seria engraçado bifurcar seu jardim em um sábado à noite, quando não havia
nada acontecendo e estávamos todos dormindo na minha casa. Sim, era bobo,
mas éramos juniores – não o conhecíamos melhor. Mas no meio da bifurcação
da meia-noite, seu pai saiu para deixar o cachorro fazer seu trabalho. Corremos
para o quintal do vizinho, mas não antes que o cachorro conseguisse prender os
dentes na calça do pijama de Joss, expondo sua calcinha para que todos
pudessem ver.
Joss gargalhou e disse: — Foi hilário porque, você sabe, ele pronunciou as
palavras bizarras "En aram garfos no quintal da minha casa".
— Eu não posso acreditar que ele disse isso, — eu ri.
Ela balançou a cabeça e acrescentou: — Mas também foi engraçado porque
alguém perguntou a ele de que diabos ele estava falando e ouça isso. Ele disse, e
passo a citar: "Um bando de garotas en ou garfos em todo o meu quintal no ano
passado, e então uma nos mostrou a bunda enquanto fugia. Não estou
brincando com vocês, caras".
— Cale a boca! — Morri de rir então, me apoiando na memória daqueles
bons tempos. Eles eram puros, de certa forma, intocados por meus problemas
sênior estressantes que mancharam as memórias que estivemos fazendo este ano.
— Matou você não levar o crédito por isso?
Ela acenou com a cabeça, levantou-se e foi até o meu armário. — Grande
momento, mas eu sabia que sairíamos parecendo perseguidoras obcecadas se eu
confessasse.
Observei enquanto ela folheava meus vestidos, e então ela perguntou: —
Onde está o vestido xadrez vermelho?
— É xadrez de búfalo e está do outro lado. — Apontei e disse: — Com as
camisas casuais.
— Eu conheço o layout, mas o teria imaginado com os vestidos.
— Casual demais.
— Claro. — Ela olhou através da outra prateleira, encontrou o vestido e, em
seguida, puxou-o do cabide e colocou-o sobre o braço. — Então o que você fez
esta noite? Apenas lição de casa?
Pisquei, apanhada pelos faróis, mas Cass e Kate nem estavam prestando
atenção e Joss estava olhando para o vestido. Limpei a garganta e murmurei um
rápido, — Praticamente. Ei, você sabe quanto de Gatsby devemos ler amanhã?
Cass disse: — Gente, precisamos acertar —, ao mesmo tempo que Joss disse:
— O resto.
— Obrigada, — eu consegui dizer, enquanto minhas amigas foram até a
janela e saíram do mesmo jeito que vieram. Joss estava prestes a balançar a perna
quando disse: — Seu cabelo parece super fofo assim, a propósito. Você o
enrolou?
Pensei na sala de estar de Wes e em como meu cabelo estava encharcado
quando cheguei. — Não. Eu, hum, acabei de ser pega na chuva depois da escola.
Ela sorriu. — Você deve ter muita sorte todos os dias, certo?
— Sim. — Imaginei a estrela de Wes e queria revirar os olhos. — Certo.
CAPÍTULO TRÊS

“Você está atrasado.”


“Você é deslumbrante.”
“Você está perdoado.”
—Uma Linda Mulher

Eram sete e quinze e Wes ainda não tinha aparecido.


— Talvez você devesse ir até lá. — Meu pai ergueu os olhos do livro e olhou
diretamente para minhas unhas batendo. — Quero dizer, é o Wes.
— Tradução —, disse Helena, dando-me um sorriso. — Sua batida o está
distraindo e ele acha que seu par é capaz de esquecê-la totalmente.
— Isto não é um encontro.
Meu pai ignorou meu comentário, colocou seu livro na mesa ao lado dele e
deu um sorriso para Helena. — Na verdade, a batida dela está me distraindo e
Wes Bennett é capaz de qualquer coisa.
Meu pai e Helena começaram a fazer suas brincadeiras hilárias na poltrona, e
eu tive que lutar para segurar o revirar de olhos. Helena era incrível – ela me
lembrava uma Lorelai Gilmore loira – mas ela e meu pai às vezes eram muito
para aguentar.
Ele a conheceu em um elevador preso – de verdade – exatamente um ano
depois que minha mãe morreu. Eles passaram duas horas em con namento
forçado entre o oitavo e o nono andares do prédio do First National no centro da
cidade, e foram inseparáveis desde então.
Foi a epítome da ironia que eles tiveram o encontro perfeito e pareciam feitos
um para o outro, porque ela era o oposto de minha mãe. Minha mãe era doce,
paciente e adorável, como uma versão moderna de Doris Day. Ela adorava
vestidos, pão caseiro e ores recém-colhidas de seu jardim; tudo isso fazia parte
do motivo pelo qual meu pai havia se apaixonado perdidamente.
Ele disse que ela era encantadora.
Helena, por outro lado, era sarcástica e bonita. Ela usava jeans e uma
camiseta, vamos-buscar-comida, Eu-não-gosto-de-comédias-românticas, mas
meu pai se perdeu para ela no minuto em que o elevador falhou.
Em um instante, eu perdi meu amigo no luto e ganhei uma mulher que não
era nada parecida com a mãe por quem eu chorava todas as noites.
Isso tinha sido muito para a Liz de onze anos lidar.
Eu veri co meu telefone – nenhuma mensagem de Wes. Ele estava quinze –
não, dezessete – minutos atrasado e ainda não tinha enviado uma única
mensagem de desculpas pelo atraso.
Por que eu ainda me incomodei em estar pronta na hora certa? Ele
provavelmente tinha se esquecido completamente de mim e já estava na festa
com uma cerveja na mão. Ele me mandou uma mensagem na noite passada para
dizer que Michael estava feliz em saber que eu iria para a festa, e me matou por
não fazer todas as perguntas do ensino médio.
Ele disse alguma coisa sobre mim?
Diga suas palavras exatas.
No nal das contas, eu me abstive porque Wes só usaria isso contra mim.
Meu telefone vibrou e eu o tirei do bolso.
Jocelyn: O que você está fazendo?
Eu o coloquei de volta sem responder enquanto a culpa se contorcia em
minha barriga. Normalmente eu contava tudo a ela, mas sabia que ela não
aprovaria minha ida à festa. Você ao menos sabe quem é Ryno? Michael Young
NÃO é o cara da corrida para a estação de trem. No minuto em que ela disse isso,
eu sabia que ela não tinha ideia do quanto isso importava para mim.
Eu estava indo para a festa e mandaria uma mensagem para ela depois que
chegasse em casa.
Meu pai perguntou: — Você estará em casa à meia-noite?
— Sim.
— Nem um segundo depois, entendeu? — Meu pai parecia mais sério do que
o normal e acrescentou: — Nada de bom acontece depois da meia-noite.
— Eu sei, eu sei. — Ele dizia essas palavras todas as vezes que eu saía. — Vou
ligar se...
— Não, você não vai. — Meu pai sempre descontraído balançou a cabeça e
apontou para mim. — Você apenas fará com que seja uma prioridade não se
atrasar. Compreende?
— Querido, relaxe — ela entendia. Trocamos olhares de compreensão antes
que ela apontasse para a janela e começasse a divagar com ele sobre a grama. Meu
pai só cava tenso quando chegava o toque de recolher, e era apenas por causa da
morte de minha mãe. A coisa favorita dele a dizer se eu ousasse empurrar de volta
era se sua mãe não tivesse saído à meia-noite, aquele motorista bêbado não
poderia ter batido nela.
E ele estava certo. É intenso. Então, eu quase sempre calo a boca sobre isso.
Continuei batendo as unhas na mesinha de canto, sacudindo minhas pernas
cruzadas enquanto os nervos se acalmavam. Não estava nervosa com Michael;
Estava animada com essa parte. Nervosa por ir a uma festa com os populares.
Não conhecia nenhum deles além de Wes, e meu eu estranho sabia ainda menos
sobre como agir em uma festa do barril.
Porque nunca tinha ido a uma festa do barril.
Eu era mais uma garota discreta. Em uma típica sexta-feira à noite, Joss, Kate,
Cassidy e eu íamos ao cinema ou saíamos para a livraria ou talvez ao Applebee's
para comprar aperitivos baratos. De vez em quando, íamos às compras e
acabávamos no Denny's ou no Scooter's Co ee.
E gosto da minha vida previsível. Eu entendia, controlava e fazia sentido para
mim. Na minha cabeça, minha vida era uma comédia romântica e eu estava
vivendo como uma personagem do tipo Meg Ryan. Vestidos bonitos, bons
amigos e a eventual aparição de um garoto que me acharia adorável. As festas de
barril não tiveram nenhum papel nisso. Elas pertenciam a um tipo de vida
Superbad, certo?
— E os pais estão em casa?
Revirei os olhos e o Sr. Fitzpervert pulou no meu colo. — Sim, pai, os pais
estão em casa.
Spoiler: eles não estavam em casa.
Mas meu pai e Helena eram pais super relaxados. Eles con avam em mim,
principalmente porque eu raramente saía e nunca tinha problemas, então eles
não sentiam a necessidade de ligar para saber como eu estava quando eu estava
fora de casa. Então, sim, eu me senti um pouco culpada por mentir, mas desde
que eu não planejei fazer nada que eles não aprovariam (exceto o melhor cenário
que tinha eu e Michael nos beijando na varanda de trás sob um céu noturno
claro com "Ocean eyes" da Billie Eilish em um alto-falante ao fundo e suas mãos
segurando meu rosto enquanto meu pé direito subia no momento certo, como
nos lmes), minha culpa foi apenas uma fração do que poderia ter sido.
Eu cocei atrás da orelha de Fitzpervert, o que o fez ronronar e morder minha
mão.
Ele era um idiota.
Ele estava usando a gravata borboleta xadrez que eu comprei no
DapperTabby.com, então ele parecia elegante em um tipo de maneira eu-quero-
matar-você-mas-eu-como-demais-para-realmente-me-mover. A gravata acentuou
seu recente ganho de peso, então não quei brava por ele ter atacado.
Eu entendi.
Eu o coloquei no chão e fui até a janela, e lá estava Wes, como se meus
pensamentos o tivessem chamado. Ele desceu os degraus da varanda vestindo
jeans e um moletom, e começou a caminhar pelo nosso jardim da frente.
— Ele está aqui. Tchau pessoal. — Peguei minha bolsa e alcancei a porta.
— Tenha uma boa festa, querida.
— Você tem dinheiro para um telefone público? — Helena perguntou.
Eu olhei para Helena, que deu de ombros e acrescentou: — Quer dizer, você
nunca sabe. Você poderia entrar em uma máquina do tempo, uma coisa de Volta
para o Futuro e precisar de um telefone público para chegar em casa, e o que
você faria então?
Eu rolei meus olhos então. — Sim, hum... de nitivamente tenho dinheiro
su ciente para voltar a esta década, se encontrarmos um buraco no continuum
espaço-tempo. Obrigada.
Ela acenou com a cabeça e colocou os pés no colo do meu pai. — De nada.
Agora vá embora, garota.
Abri a porta da frente antes que Wes pudesse bater, e fechei-a rapidamente
atrás de mim. O que resultou em quase nos esbarrarmos. Ele parou bem a
tempo, parecendo um pouco surpreso.
— Ei, — eu disse.
— Ei. — Ele olhou ao meu redor e disse: — Eu não preciso entrar para
receber um sermão dos pais?
Eu não consegui responder por um segundo porque foi um pouco chocante
ver Wes parado na minha varanda ao anoitecer, cheirando levemente a colônia
almiscarada masculina e parecendo ter tomado banho. Ele esteve na porta ao
lado durante toda a minha vida, mas era surreal que nossas vidas paralelas
estivessem realmente se cruzando.
— Nah, — eu disse enquanto colocava minhas chaves na minha bolsa e
comecei a andar em direção ao seu carro, que estava, é claro, no The Spot. — Eles
sabem que isso não é um encontro.
Ele só deu dois passos e ele me alcançou. — Mas e se eu quisesse declarar
minhas intenções ao seu pai?
— Suas intenções? — Eu parei ao lado de seu carro. — Você quer dizer como
pretende me irritar por várias horas seguidas esta noite?
Ele destrancou e abriu a porta para mim. — Na verdade, eu estava me
referindo à maneira como pretendo cancelar totalmente a festa para usar seu
corpo como um escudo humano no campo de paintball.
— Nem brinque sobre colocar tinta neon neste vestido.
Ele fechou minha porta, deu a volta no carro e sentou-se ao volante. — Sim, o
que há com o vestido? Eu meio que pensei que você usaria algo normal para uma
festa.
— Isto é normal. — A velei meu cinto de segurança e abaixei o visor para
veri car minha maquiagem. Como se Wes soubesse alguma coisa sobre moda.
Eu estava apaixonada por meu vestido de moletom mostarda e seus botões de
ores.
Ele ligou o carro e o colocou em movimento. — Para você, talvez. Garanto
que você será a única pessoa na Ryno's usando um vestido.
— O que fará Michael me notar. — En ei a mão no bolso – porque é claro
que meu vestido tinha bolsos – e abri o batom que estava dentro. Minhas mãos
tremiam e respirei fundo, tentando me refrear. Foi difícil, porém, quando em
poucos minutos eu estaria cara a cara com o garoto com quem sonhei por mais
da metade da minha vida.
Respiração profunda.
— Sim, isso é de nitivamente verdade. — Ele se afastou do meio- o e
acrescentou com voz de caubói: — Olá, parceiro. Quem é a potranca do vestido
que está bloqueando minha visão das garotas gostosas?
— Oh, vamos lá. Michael não fala assim. — Eu bufei e ri apesar de mim
mesma, o que bagunçou a aplicação do batom enquanto eu me olhava no
espelho retrovisor. — Ele fala como o cara inteligente e carismático que é.
— Como se você soubesse. — Ele virou à direita na Teal Street e seu pé estava
pesando no pedal do acelerador. — A última vez que o conhecemos, ele era um
aluno da quarta série.
— Quinta. — Coloquei a tampa de volta no batom. — E eu posso dizer.
— Oh, você pode dizer. — Ele fez um pequeno barulho que era o equivalente
a ele me chamando de criança. — Pelo que você sabe, ele passou os últimos anos
torturando esquilos bebês.
— Pelo que você sabe —, eu disse, erguendo o visor e estendendo a mão para
ligar o rádio, — ele passou os últimos anos dando mamadeira a esquilos bebês
órfãos.
— Bem, se você me perguntar, isso não é menos alarmante.
Revirei os olhos e mudei a estação, levemente irritada por ele também me
achar ridícula. Eles não entendiam o quão destinado era o seu reaparecimento,
então eu simplesmente iria ignorar a negatividade deles.
Eu amava Jay-Z, mas estava me sentindo em meu vestido de moletom, então
mudei para longe do rap até que encontrei uma estação tocando uma música
super antiga da Selena Gomez. Isso me rendeu outro ruído de desaprovação
antes de Wes mudar de volta para “PSA”.
— Ei, eu gosto dessa música.
— Você gosta de uma música sobre Selena Gomez sedenta pelo Justin Bieber?
Eu olhei para seu rosto sorridente. — Você é realmente nojento.
— Você é quem gosta dessa música seriamente nojenta.
Se minha mãe estivesse certa sobre toda a regra de seus-olhos-vão- car-assim,
passar um tempo com Wes me deixaria com de ciência visual pelo resto da
minha vida.
— Você não vai bater?
Wes parou com a mão na maçaneta da porta e olhou para mim como se eu
fosse de outro planeta. — Por que eu deveria?
— Porque não é sua casa?
— Mas é de Ryan; Já estive aqui uma centena de vezes. — Ele empurrou a
porta da frente. — E vamos a uma festa no porão, não a uma degustação de
vinhos na sala de jantar formal. O mordomo não precisa anunciar nossa chegada
desta vez.
— Eu sei disso, seu idiota.
Ele sorriu e gesticulou para que eu fosse na frente dele.
Entrei no foyer chique, com mármore no chão e um lustre de vidro acima, e
estava silencioso. Muito quieto. Meu estômago estava cheio de borboletas e eu
meio que queria ir para casa, apesar de saber que provavelmente Michael já estava
aqui.
— Relaxe, Libby.
Wes estava olhando para mim como se soubesse o quão nervosa eu estava, e o
tom de sua voz me disse que ele estava realmente tentando me fazer sentir
melhor. Isso parecia um exagero, no entanto, quando ele provavelmente estava
apenas pensando em como era hilário eu ser um rato tão nerd.
— Ninguém me chama de "Libby". — Minha mãe chamava, mas como ela
não está mais aqui, eu não posso contá-la, certo?
— Aw – então eu já tenho um apelido perfeito para você.
— Não. Eu odeio isso. — Nem sempre, mas agora sim.
— Oh, você não precisa. — Ele cutucou meu braço com o cotovelo. — E você
pode me chamar de "Wessy" se quiser.
Eu não pude deixar de rir disso; ele era tão ridículo. — Eu não vou querer
fazer isso, tipo, nunca.
Ele caminhou até uma porta e a abriu, e ruídos vieram do fundo da escada. —
Pronta para a festa?
De jeito nenhum. — Ei, não me abandone até eu encontrar Michael, ok?
— Chame-me de '"Wessy" e não vou com certeza.
Eu bufei. — Perfeito. Se você me largar, Wessy, vou apunhalá-lo com a
torneira do barril.
— Minha pequena Libby é uma selvagem.

— Onde ele está?


Wes me deu uma olhada enquanto estávamos perto do barril. — Nós só
estamos aqui há dez minutos – relaxe. Ele está aqui em algum lugar.
Segurei o copo vermelho SOLO entre minhas mãos e olhei em volta. “Up All
Night” de Mac Miller seria a escolha perfeita se uma câmera fosse panorâmica e
capturasse a energia da festa. Porque havia muitas pessoas naquele porão
inacabado, gritando, rindo e bebendo cerveja quente. Um pequeno grupo
sentou-se ao redor de uma mesa no canto jogando Presidentes e Babacas, que
parecia ser um jogo envolvendo cartas, bebidas e gritos esporádicos: "Ooh-wee
baby!"
Mas eu não me importei com nada disso. Eu só queria ver Michael. Eu queria
meu momento reunido-e-parece-tão-bom com ele, nosso momento de infância-
virando-um-círculo completo, e tudo o mais fosse apenas ruído de fundo.
— Talvez você devesse relaxar e tentar se divertir. — Wes tirou o telefone do
bolso da frente, veri cou as mensagens e colocou-o de volta. — Você sabe como
fazer isso, não é?
— Claro, — eu disse, tomando um gole da cerveja e tentando não parecer tão
nojenta quanto eu realmente achava. Mas eu realmente não tinha ideia de como
me divertir em uma festa como aquela; ele estava certo.
Wes se encaixa, no entanto.
Desde o minuto em que descemos as escadas, seu nome foi gritado pelo
menos dez vezes. Toda a nossa turma do ensino médio parecia adorar meu
vizinho chato. Estranho, certo? O que era ainda mais estranho era que até agora
ele não tinha se tornado o cara que eu imaginava que ele fosse em uma situação
de festa.
Ele não me deixou sozinha, não fez uma parada de barril, e não discutiu seios
e/ou bundas com seus amigos na minha frente. Quer dizer, ele recusou cerveja e
estava bebendo água porque tinha que dirigir, pelo amor de Deus. Quem é esse
cara? O cara que eu supus que ele fosse teria bebido cerveja enquanto dirigia.
Os amigos da vizinhança eram assim. Você cresceu com eles, correndo em
calçadas quentes e gritando uns com os outros em gramados recém-cortados,
mas, quando cou mais velho, tornou-se conhecido pela proximidade com nada
além de um nível super cial de conhecimento básico. Eu sabia que ele
estacionava feito um idiota, jogava bola – beisebol, talvez? – e estava sempre
rindo e falando alto quando o via na escola. Tenho certeza de que ele sabia ainda
menos sobre mim.
— Wesley! — Uma linda garota loira gritou e deu-lhe um grande abraço. Ele
olhou para mim por cima do ombro quando ela quase saltou sobre ele, e revirei
os olhos, o que o fez rir. A loira se afastou e disse: — Por que você demorou
tanto? Tenho procurado por você em todos os lugares.
— Eu tive que pegar Liz. — Ele gesticulou em minha direção, mas ela nem se
virou. A garota estava parada, tipo, a uma polegada de distância dele quando
disse: — Você está muito quente esta noite.
Era assim que o escalão superior do meu gênero conseguia namorados na
minha escola? Se for assim, eu nunca teria uma chance com Michael porque sou
um grande fã de espaço pessoal. Na verdade, senti um pouco de pena de Wes
quando ele engoliu em seco e deu o menor passo para trás. Ele disse: — Uh,
obrigado, Ash.
— Eu provavelmente não deveria te dizer isso. — Ela estava meio que
gritando por causa do barulho, mas Wes ainda parecia desconfortável, como se
eles estivessem sozinhos em um quarto escuro e a porta estivesse trancada. —
Mas que diabos, certo?
Ela não se moveu das profundezas do espaço de Wes, então eu bati em seu
ombro. Ele foi um amigo de infância, eu suponho, então provavelmente era meu
dever de vizinha salvá-lo pelo menos uma vez.
Ela se virou e sorriu. — Ei.
— Ei. — Eu sorri e toquei seu braço. — Ouça.
Inclinei-me e coloquei minha boca mais perto de sua orelha e tive vontade de
rir quando vi a sobrancelha de Wes subir como um ponto de interrogação. Eu
disse a ela: — Não conte a ninguém, mas Wes e eu estamos meio que... sabe...
— Juntos? — Seus olhos se estreitaram em confusão e então ela sorriu.
Acenou lentamente. — Eu não tinha ideia – sinto muito!
— Shh. — A garota falava alto. — Não se preocupe, estamos apenas
mantendo o silêncio.
— Quer dizer, eu estava indo atrás dele. — Ela gesticulou para si mesma com
os dois dedos indicadores e riu. — Eu não queria fazer um movimento contra o
seu homem!
Eu balancei minha cabeça e queria aquela máquina do tempo que Helena
havia mencionado, enquanto tudo se encaixava no lugar. Ela – Ash – era Ashley
Sparks. Oh meu Deus. Ela não era apenas barulhenta, mas superpopular e uma
péssima fofoqueira. Cada pessoa neste prédio pensaria que Wes e eu estaríamos
juntos em provavelmente cerca de dez minutos. Eu a silenciei e disse: — Shh...
não é nada demais. Ele ainda não é meu homem, então...
— Ele será, garota. — Ela me cutucou com o ombro e sorriu para Wes. —
Você vai pegar.
— Oh meu Deus. — Eu murmurei, — Shh. Hum, está bem.
Ela se afastou e eu fechei os olhos com força, sem querer olhar para ele.
— Você acabou de dizer a ela que...
Eu abri meus olhos. — Sim.
Ele dobrou os joelhos para que seu rosto casse na altura do meu, e seus olhos
estavam estreitos quando ele disse: — Por que você faria isso?
Eu engoli e olhei para minha cerveja. — Bem, eu estava tentando te salvar,
hum, de suas garras amorosas.
Ele começou a rir. Duro. Eu levantei meus olhos para o rosto dele e não pude
evitar de me juntar, porque ele deu uma daquelas risadas. Garotinho feliz,
travesso e cheio de coragem; era contagioso. E realmente, era ridículo que eu
tivesse tentado salvar um metro e oitenta e cinco de Wes da garota gostosa que
claramente queria car com ele. Eu tinha lágrimas nos olhos quando nos
controlamos.
— Olá a todos. — Michael veio ao lado de Wes e disse algo sobre cerveja, mas
meu coração começou a bater tão rápido que desmaiar se tornou uma
possibilidade distinta e eu não ouvi nada do que ele disse. O barulho da festa
diminuiu para um murmúrio zumbido enquanto eu apertava meus dedos em
volta do meu copo vermelho SOLO e o bebia. Ele era tudo que eu lembrava, mas
melhor. Seu sorriso era a mesma arma poderosa que me fez sentir enjoada e
como se eu pudesse entrar em combustão espontânea, tudo ao mesmo tempo.
Wes e Michael continuaram conversando, mas não ouvi nenhuma de suas
palavras enquanto levava meu copo aos lábios, desejando tanto ter fones de
ouvido comigo. Porque “How Would You Feel” de Ed Sheeran de nitivamente
deveria ter tocado enquanto meus olhos passeavam por seu cabelo espesso, seus
lindos olhos e aqueles dentes perfeitos que estavam à mostra quando ele sorriu
para Wes.
Nota para mim mesma: crie a trilha sonora de Michael e Liz depois de chegar
em casa.
— Como você está, Liz? — Ele voltou sua atenção para mim, e minhas
entranhas derreteram quando ele sorriu. — Você parece exatamente a mesma. Eu
teria te reconhecido em qualquer lugar.
Minha voz não funcionou por um segundo e meu rosto estava pegando fogo,
mas então consegui pronunciar as palavras — A mesma.
— Então onde você trabalha?
— O que?
Ele apontou para o meu vestido. — Seu uniforme...?
— Oh. — Oh não. Ele pensou que meu vestido adorável, aquele que deveria
me destacar na multidão para ele, era um uniforme de garçonete.
Me mate agora.
Eu olhei para Wes, e ele me deu um olhar de vamos-ver-como-você-vai-sair-
disso. Eu gaguejei: — Meu uniforme. Sim. Hum, eu, uh, às vezes atendo o
horário na lanchonete.
— Que lanchonete?
— The, uh, The Diner.
O rosto de Wes se abriu em um sorriso enorme. — Eu amo o The Diner.
Gotas de suor se formaram na ponta do meu nariz enquanto eu mentia. —
Eu quase nunca trabalho lá.
Michael inclinou a cabeça um pouco. — Onde exatamente...
— Eu gostaria que você tivesse se mudado de volta para sua antiga casa,
Young, — Wes interrompeu. — Porque poderíamos refazer totalmente nosso
último jogo épico de esconde-esconde.
Fiz uma nota mental para agradecer a Wes mais tarde pela mudança de
assunto.
Michael sorriu e deu um gole em seu copo vermelho. — Você pode imaginar?
— Eu pre ro não fazer. — Eu sorri para ele e ignorei a risada de Wes. —
Quando nossos jogos de esconde-esconde se tornaram "épicos", isso geralmente
signi cava que Wes e os gêmeos estavam me aterrorizando.
— Quantas vezes você acha que eu me esgueirei e avisei você? — Os olhos de
Michael percorreram meu rosto como se ele estivesse reconciliando o antigo e o
novo. — Eu salvei você de tantos insetos e sapos em sua camisa.
Wes disse: — Os gêmeos cavam muito irritados quando você a ajudava.
Michael deu de ombros e voltou sua atenção para Wes. — Eu simplesmente
não podia deixar você fazer isso com Liz.
Ed Sheeran estava de volta na minha cabeça enquanto eu observava Michael
rir com Wes. Nós três voltamos alguns anos para nossa infância de vaga-lumes, e
foi tão bom.
Como você se sentiria,
se eu dissesse que te amo?
— Toda vez que vejo um lme cafona na TV, penso na pequena Liz.
Só que, quando disse isso, Michael conseguiu fazer a palavra “pequena” soar
sexy. Pequena, mas ele soou como um fazendeiro sonolento quando disse isso, ao
contrário de alguém se referindo ao mais novo rapper resmungão, Pequena Liz.
Ele ergueu seu copo e terminou o resto de sua cerveja. — Lembra-se de como
ela sempre assistia ao Diário de Bridget Jones e cava tão brava quando
zombávamos dela? — Eles nunca souberam que era porque aquele lme era o
favorito da minha mãe.
— Precisamos relembrar o passado? — Empurrei meu cabelo atrás da orelha e
tentei direcioná-los para um tópico que mostrasse a Michael o quão interessante
eu era agora. — Eu ouvi...
— Você pode me pegar uma cerveja? — Ashley estava de volta, segurando um
copo para Michael e sorrindo para mim como se fôssemos melhores amigas. —
Eu sou ruim com o barril e sempre acabo com muita espuma.
Ugh – ela disse dessa maneira. Você sabe qual.
Michael sorriu, mas não parecia sedutor quando disse: — Claro.
Ele se virou de costas para nós e pegou a torneira enquanto ela voltava sua
atenção para Wes. — Você vai ao baile, Bennett?
Wes olhou para mim e ergueu uma sobrancelha, sorrindo. — Eu ainda não
decidi.
— Sonhe —, eu murmurei, fazendo-o rir enquanto Ashley continuava, alheia
à nossa troca.
— Muitos de nós vamos como um grupo. — Ela estava gaguejando
fortemente agora. Comecei a me perguntar se deveríamos encontrar seus amigos.
— Vocês dois deveriam vir. Vamos ter uma limusine e tudo.
Olhei para Michael, mas ele parecia ter perdido o comentário, graças a Deus.
Wes se aproximou dela e disse: — Ash, teve um pouco de pré-jogo antes da
festa?
Ash riu e acenou com a cabeça. — No Benny's – a mãe dele tinha ido
embora.
— Eu vi. Que tal um pouco de água? — Wes pegou uma garrafa para ela do
refrigerador de gelo perto do barril e deu a ela um belo sorriso que percebi que
ele nunca tinha me dado. Nem uma vez. Eu só recebi sorrisos zombeteiros,
sorrisos sarcásticos e peculiaridades de sobrancelha do meu vizinho. — Bem, eu
adoro uma limusine, então terei que pensar no baile.
Michael se virou. — Quando é o baile?
Tudo parou quando Wes pegou a cerveja que Michael tinha servido para
Ashley e a colocou de lado. Ela nem percebeu. Wes disse: — Em duas semanas.
Foi em câmera lenta total. Emmm. Duaasss. Semanaasss.
Michael disse a Wes: — É tão bizarro mudar de escola dois meses antes da
formatura. Supõe-se que o baile do último ano seja um grande negócio, mas eu
nem conheço nenhuma garota aqui ainda, exceto Laney.
Você me conhece! Leve-me, meu lindo Michael, não a malvada e insípida
Laney! Eu teria que explicar a mudança nos planos para Joss, mas eu poderia
fazê-la entender se meu garoto dos sonhos se apresentasse.
Michael fez um gesto para Wes e para mim e perguntou: — Vocês vão?
— Nós? — Minha voz saiu estridente, e eu acenei com a mão freneticamente
entre mim e Wes enquanto fazia uma careta exagerada, grata por Ashley ter
desaparecido na multidão. — Wes e eu? Oh, meu Deus, não. Você está
brincando comigo?
— Sim. — Wes balançou a cabeça e fez o movimento de corte com a mão. —
Não vamos a lugar nenhum juntos. Con e em mim. Eu não iria para o posto de
gasolina com essa.
— Bem, eu não iria convidá-lo para o posto de gasolina, então você pode
simplesmente calar sua boca grande, — eu disse com um sorriso, seguindo-o com
um grande e velho soco falso no braço. — Acredite em mim.
Michael olhou para nós como se fôssemos engraçados. — Oh. Eu pensei ter
ouvido que vocês eram alguma coisa.
— Sim, bem, você ouviu errado, — eu disse, horrorizada ao perceber que fui
eu quem começou o boato. Sobre mim.
Deus. E quão rápido era a fofoqueira Ash? Honestamente, eu teria cado
impressionada se não estivesse tão preocupada com ela estragando tudo.
— Muito longe da base, cara. — Wes bagunçou meu cabelo e disse: —
Nenhuma pequena Liz para mim.
Eu bati em sua mão. — Não.
— Oh. — Michael fez um aceno lento de consideração e então olhou para
mim. — Duas semanas, hein?
Duaassss. Semanaasss. Huuuuuuuuh?
Arrepios percorreram meus braços enquanto Sheeran utuava de volta para
minha cabeça.
— Então me diga o que aconteceu desde que me mudei. — Michael
aparentemente parou de pensar que Wes e eu éramos uma coisa e também
acabou me deixando tonta ao falar a palavra “baile” na minha presença. — Vocês
ainda saem? Que tal os gêmeos e Jocelyn?
Wes e eu olhamos um para o outro antes de eu assumir, principalmente
porque não queria que ele dissesse algo constrangedor ou desagradável sobre
mim. — Wes e eu nos vemos por tempo su ciente para brigar pela vaga na frente
de nossas casas, mas é isso. E Joss é na verdade minha melhor amiga agora, o que
até eu acho difícil de acreditar.
Ele sorriu com isso, e tinha o tipo de sorriso que fazia você sentir que tinha
feito algo certo. Um milhão de terminações nervosas felizes zumbiam dentro do
meu corpo, e eu queria aproveitar aquele sorriso e fazê-lo nunca desaparecer.
Ashley reapareceu e disse algo para Wes, fazendo-o virar as costas para nós
para falar com ela, o que estava bom para mim, porque deixava Michael e eu em
uma conversa cara a cara. Eu disse: — Os gêmeos, por outro lado, agora estudam
na Horizon High. Eles foram mandados para a escola alternativa depois que
pousaram no reformatório por roubar um carro.
— O que? — O queixo de Michael caiu, mas seus olhos ainda sorriam. — A
mãe deles era super religiosa, não era?
— Sim. — Tomei um gole da cerveja quente e z o possível para não vomitar.
— Ela ainda dá aulas de catecismo todas as quartas-feiras à noite no St. Patrick's,
mas tem que usar uma letra escarlate em seu suéter jeans.
— Escandaloso. — Ele inclinou a cabeça mais perto. — Isso é selvagem – eu
ainda não consigo acreditar que é você. Pequena Liz, toda adulta.
— Eu sei. E quem teria pensado que Michael do quarteirão voltaria? —
Minhas bochechas estavam quentes quando eu também me inclinei para que ele
pudesse me ouvir acima do barulho da festa. Meu coração estava batendo forte
enquanto eu repassava as palavras – como eu tinha estado nas últimas horas –
repetidamente na minha cabeça. O relógio estava correndo, então eu precisava
pular com os dois pés. Eu disse: — Não sei se você sabia, mas quando éramos
pequenos, eu tinha uma queda maior por você.
Seus lábios se curvaram em um sorriso arrojado. — Bem, eu vou ser honesto.
Eu meio que...
Eu não sei se Michael terminou a frase ou não, porque assim como eu estava
tendo um pequeno aneurisma de prazer nas possibilidades da próxima frase, eu
ouvi um barulho. Tipo, o tipo de gorgolejo que uma mangueira de jardim faz
quando você a liga, mas a água ainda não saiu do tubo. Olhei na direção do som,
e Ashley abriu bem a boca e cuspiu vômito marrom e grosso por toda a minha
frente, do pescoço ao vestido, até minhas rótulas expostas.
Oh. Meu. Deus.
Oh, meu Deus! Eu olhei para baixo, vendo que estava coberto com os restos
liquefeitos do estômago de Ashley. Era quente e grosso e respingava na minha
roupa, deixando a parte de cima do meu vestido tão encharcada que grudava na
minha pele. Na minha visão periférica, pude ver que havia pedaços úmidos no
lado direito do meu cabelo, perto da minha orelha, mas não conseguia me
concentrar nisso porque podia sentir um rastro de vômito quente escorrendo
pela minha perna.
Correndo pela minha perna.
Não tenho certeza se z um som ou se apenas pareci vitimada enquanto
estava lá com meus braços estendidos, mas Wes rapidamente entregou a loira
vômita para uma das garotas que estavam por perto, e então ele estava ao meu
lado.
— Eu tenho roupas limpas no meu porta-malas, Liz. Vamos levá-la ao
banheiro e você pode se limpar enquanto corro para o meu carro e as pego.
Eu não conseguia nem formular palavras. Eu apenas balancei a cabeça e o
deixei pegar meu cotovelo e me levar através da multidão – que parecia pensar
que minha situação era nojenta e hilária – e subir as escadas. Eu estava lutando
contra meu re exo de vômito e tentando não inalar aquele cheiro horrível
enquanto morria de morti cação.
Não apenas eu era um motivo de riso vomitado, mas Michael tinha
testemunhado toda a terrível provação.
Fale sobre o oposto de um encontro fofo.
Eu ia morrer seriamente de vergonha. Com certeza. Foi, de fato, uma coisa.
Minha morte era iminente.
Quando chegamos ao topo da escada, Wes me conduziu até um banheiro que
cava ao lado da cozinha. Ele acendeu a luz, me conduziu para dentro e dobrou
os joelhos para que casse no meu nível. Ele olhou para o meu rosto para que eu
não pudesse ver nada além dele e disse: — Tire essas roupas e se limpe, e eu já
volto, ok?
Eu ainda não conseguia formular palavras, então assenti.
Michael apareceu no topo da escada, olhando para mim com o nariz perfeito
enrugado como se ele quisesse vomitar também, mas de uma forma simpática.
Ele disse: — Pelo menos você estava vestindo seu uniforme e não suas próprias
roupas.
Agora eu queria vomitar – e desaparecer – então apenas disse: — Sim.
— Há algo que eu possa fazer? — Ele parecia enjoado ao me ver, mas ainda
assim me deu um sorriso doce e disse de uma maneira do tipo consoladora do
sul: — Precisa que eu vá buscar alguma coisa para você?
Buscar. Ah.
Eu balancei minha cabeça, mas senti – oh meu Deus – algo úmido grudar no
meu pescoço. Cerrei os dentes e disse: — Não, mas obrigada.
Fechei a porta e girei a fechadura. Olhei ao redor e amaldiçoei quem
construiu esta casa por não fornecer um chuveiro naquele banheiro de hóspedes
em particular. — Você tem que estar brincando comigo!
Eu olhei para a pia. E me desculpei com Ryno – quem quer que fosse – pelo
que eu estava prestes a fazer em seu banheiro.
Primeiro, arranquei cada pequena peça de roupa que vestia, incluindo minha
calcinha, deixando-a cair em uma pilha nojenta no chão de mármore branco. Em
seguida, abri a torneira e comecei a empurrar partes do corpo para baixo da água
quente corrente. Perna esquerda, perna direita. Braço esquerdo, braço direito.
Tive de quase dobrar as costas para enxaguar o pescoço e o torso, espirrando
água em toda a penteadeira e no chão, antes de en ar a cabeça diretamente sob a
água.
Ótima ideia, Liz, ir a uma festa de cerveja com o Wes.
Julgamento terrível.
Eu podia ver os pedaços diminuindo a velocidade do ralo da pia enquanto eu
esfregava meu cabelo com uma barra de sabão, então eu tive que ter cuidado para
manter minha cabeça levantada apenas o su ciente para evitar recontaminar
meu cabelo com vômito.
Eu me endireitei e molhei uma das toalhas de hóspedes e espalhei outra barra
de sabonete chique antes de me dar um banho de esponja de corpo inteiro.
Tive um vislumbre de mim mesma no espelho respingado de água,
vasculhando descontroladamente meu corpo nu no banheiro de um estranho
enquanto murmurava pequenos gemidos de nojo, e meu cérebro adicionou a
próxima faixa ao álbum.
“Hello Operator” do White Stripes.
As palavras não eram particularmente adequadas à minha situação
excepcionalmente horrível, mas os ri s de guitarra enquanto eu esfregava
maniacamente e abertamente teriam sido perfeitos.
— Liz? — Wes estava na porta do banheiro. — Você quer que eu passe a bolsa
pela porta, ou devo apenas deixá-la aqui no chão e voltar para baixo?
— Se você pudesse deixar isso, seria ótimo. — O banheiro luxuoso era como
uma casa divertida, com grandes espelhos por toda parte, então não havia como
abrir a porta com Wes lá fora. Eu com certeza acabaria mostrando minhas partes
a ele. — Obrigada.
— Sem problemas. — Ele pigarreou. — Todo mundo está lá embaixo, então
se você simplesmente estender a mão para fora da porta e roubar a bolsa,
ninguém verá nada.
— OK.
— Há uma bolsa Target no bolso lateral onde você pode colocar suas roupas
sujas. E eu tenho sua bolsa lá embaixo – você precisa dela?
— Não. — Eu tinha esquecido totalmente que até tinha uma bolsa. — Hum
– obrigada. De verdade, Wes.
Ele estava sendo muito não-Wesley legal comigo. Ou pelo menos o que eu
pensei que não era Wesley. Acho que a realidade é que talvez eu não soubesse
mais quem ele era. Quero dizer, desde que chegamos na festa, ele estava
realmente... ótimo.
— Sem problemas. Vou descer então. — Eu ouvi um farfalhar do lado de fora
da porta, e então tudo cou quieto. Cobri minha frente com outra toalha de
hóspedes – totalmente não cobriu o su ciente, a propósito – antes de me
agachar, abrir a porta e en ar minha mão na abertura.
Imediatamente z contato com a bolsa de náilon, graças a Deus. Eu empurrei
para dentro do banheiro, então fechei e tranquei a porta. Eu precisava me
apressar e me trocar se quisesse car mais um minuto a sós com Michael antes
que Laney aparecesse e estragasse tudo. Estávamos tendo um momento total de
lme antes da Loira chover seus alimentos regurgitados sobre mim, e não havia
nenhuma maneira que eu deixaria esse momento passar.
Tirei as roupas da bolsa.
Ah, nossa, Wes.
Não sei o que esperava que ele tivesse no porta-malas do carro, mas eu ia
parecer uma idiota em suas roupas esportivas. Vesti a calça de moletom cinza e a
puxei para cima, mas cou enorme em mim. Tive que rolar o cós para baixo duas
vezes para não tropeçar na parte de baixo, e ainda sofria de um destino provável,
já que um pequeno puxão mandaria aqueles bebês direto para os meus
tornozelos.
Eu puxei o moletom EMERSON BASEBALL sobre minha cabeça molhada
– de novo, enorme – mas cheirava a amaciante de roupas e parecia um cobertor,
então eu meio que talvez tenha gostado um pouco.
Uma risadinha horrorizada escapou de mim quando vi meu re exo – um
marshmallow cinza no conjunto de lã macio, fofo e grande demais. Minhas Mary
Janes de cor amarela com salto quadrado cariam incríveis com a roupa,
especialmente porque também estavam salpicadas de vômito marrom.
Suspirei e puxei meu cabelo para fora do capuz do moletom. Eu
simplesmente teria que enviar uma mensagem para Wes informando que
precisávamos sair e eu o encontraria no carro. Eu odiava deixar Michael e nosso
potencial grande momento, mas parecia ridícula demais para car.
Apenas... onde está? Nããããão.
Meu telefone estava na minha bolsa. Meu telefone estava na minha bolsa, que
estava lá embaixo com Wes e Michael, sem mencionar o resto dos festeiros. Eu
rolei meus lábios para dentro e respirei pelo nariz.
Eu estava em um programa de câmera escondida?

Respirei fundo e abri a porta para os degraus do porão. Eu abandonei o moletom


de Wes, optando por dar um nó nas costas de uma camiseta gigantesca que
encontrei amassada no fundo de sua bolsa. Já que parecer so sticadamente
adorável não estava mais nas cartas para mim, eu tentei para a vibe legal, casual,
eu- co-bonita-com-roupas-grandes-do-meu-namorado.
Provavelmente parecia mais com a vibe do colegial-do-meio- irmão, mas como
eu estava sem opções, preferi ser otimista. Eu não tinha muito tempo antes do
baile, então eu teria que aguentar e fazer Michael se apaixonar por mim, vômito
que se dane.
A escada estava fria e empoeirada sob meus pés descalços, e assim que cheguei
ao chão lotado, olhei em volta procurando Wes, desesperada para sair de lá antes
que alguém me notasse. Algo do AC/DC estava tocando, mas não alto o
su ciente para que as palavras fossem ouvidas nos sons da festa.
— Garota do vômito! — Um cara urso vestindo uma camisa do Lakers muito
apertada sorriu para mim. — Você voltou!
Por que? Por que, em nome de Deus, eu seria “garota do vômito”? Ashley
deveria ter sido “garota do vômito”, droga.
Olhei ao redor do cara e vi Wes. Minha bolsa estava pendurada em seu
cotovelo enquanto ele falava com Michael ao lado do barril, e me forcei a ignorar
todos os olhares que estava recebendo como a recém-coroada Garota do Vômito
e acenei minha mão em sua direção.
Quase instantaneamente, seu olhar encontrou o meu. Seus olhos
mergulharam rapidamente no meu conjunto de moletom folgado e camiseta, e
então suas sobrancelhas baixaram antes que ele caminhasse em minha direção e
puxasse as chaves do bolso.
— Presumo que você queira ir?
— Sim. — Virei meu olhar para Michael, que seguiu Wes, e nervosamente
corri a mão pelo meu cabelo úmido. Mas seus olhos estavam olhando
diretamente para o meu umbigo, não para o meu cabelo. Oh, Deus. A enorme
calça de moletom estava tão baixa em meus quadris que acabei de expor uma boa
parte do meu estômago para a festa inteira. Eu puxei para baixo a barra da
camisa, mas era tarde demais.
Ele me deu um sorriso que transformou minhas entranhas em mingau e disse:
— Eu realmente gosto da sua tatuagem.
Oh Deus – ele viu a tatuagem.
Pelo menos ele disse isso de uma maneira totalmente sem tesão.
— Oh. Obrigada. — Eu resisti à vontade de puxar minha blusa novamente
enquanto esperava desesperadamente que ele não estivesse sendo sarcástico.
Wes me lançou um olhar de irritação, sua mandíbula exionada. —
Preparada?
Antes que eu pudesse responder, Wes pegou um punhado da minha calça e
envolveu em sua mão, puxando-a mais para cima para que minha barriga casse
totalmente coberta. — As roupas de Liz estão caindo, então é hora de irmos
embora.
Eu congelei quando senti a mão de Wes na minha pele. Eu olhei para seu
rosto enquanto ele olhava para mim, e me senti... fora de forma. Eu não tinha
certeza se era em resposta ao seu toque ou seu súbito protecionismo cavernícola.
Eu também não tinha certeza de por que isso não estava me irritando.
Eu permaneci amarrada à mão esquerda de Wes enquanto ele e Michael
trocaram um aperto de mão de adeus de irmãos, trocando palavras que eu não
conseguia ouvir por causa do barulho. Assim que eles se separaram, Michael me
deu um pequeno aceno com o copo SOLO e um sorriso doce antes de se virar e
ir embora.
— Tchau, — eu sussurrei baixinho, observando-o desaparecer entre os foliões.
— Vamos, Buxbaum. — Wes pendurou minha bolsa no ombro, passou o
punhado de minhas calças para mim e me conduziu escada acima. — Vamos te
levar para casa antes que você se mostre a qualquer outra pessoa.
CAPÍTULO QUATRO

“Você não é tão cruel quanto pensei que


fosse.”
—10 coisas que odeio em você

— E daí? — Olhei pelo para-brisa enquanto ele se afastava da casa, onde os carros
se en leiravam dos dois lados da rua. Naquele momento, ocorreu-me que Wes e
seus amigos viviam totalmente a vida Superbad. — Ele disse algo sobre mim
quando eu estava me trocando?
— Ele disse, na verdade. — Ele acendeu o pisca-pisca e dobrou a esquina. —E
isso provavelmente vai te irritar.
— Oh Deus. — Olhei para o per l de Wes e esperei pelas notícias terríveis. —
O quê?
Ele acelerou e mudou de faixa. — É muito claro que ele ainda pensa em você
como a pequena Liz.
— O que isso signi ca?
Sua boca se curvou um pouco, mas ele manteve os olhos na estrada. — Oh
vamos lá.
— Sério. O que? Como se ele ainda pensasse que estou na escola primária?
Ele deu um sorriso de eu-não-deveria-sorrir e disse: — Tipo, ele ainda pensa
em você como uma pequena esquisitona legal.
— Oh meu Deus – você está brincando comigo? — Eu encarei seu sorriso e
quis dar um soco nele. — Por que ele pensaria que eu sou uma esquisita agora?
Eu era muito charmosa até sua namorada vomitar em mim.
— Não é isso. — Ele cambaleou em seu sorriso e me lançou um olhar rápido.
— É que ele presume que você é a mesma pessoa que costumava ser, porque ele
se foi.
— Eu não era uma pequena esquisitona legal.
Seu sorriso estava de volta. — Ah, vamos, Buxbaum.
Pensei nos velhos tempos na vizinhança. — Eu não era.
— Sim, você era. Você inventava canções constantemente, sobre tudo.
Músicas terríveis que nem rimavam.
— Fui criativa. — Verdade, eu era menos atlética e mais dramática do que o
resto deles, mas não era estranha. — E essa era a minha música-tema.
— Você mentia sobre namorados o tempo todo.
Isso era verdade. — Você não sabe que eles não eram reais.
— Príncipe Harry?
Oof – eu tinha me esquecido disso. —Ele poderia ter sido meu namorado;
não havia como saber com certeza.
Ele riu e apertou o acelerador com mais força. — E as peças, Liz. Lembra de
todas as peças? Você era um show de uma mulher na Broadway todos os
malditos dias da semana.
Uau, eu também tinha esquecido totalmente das peças. Eu adorava criar
peças e fazer com que toda a vizinhança as representasse. E sim, eu posso ter sido
a instigadora, mas o resto deles sempre jogou junto, então eles deviam ter
gostado também. — O teatro é uma vocação nobre, e se vocês eram muito
incultos para reconhecer isso, sinto pena de vocês.
Sua risada se transformou em uma gargalhada. — Você implorou a Michael
para ser o Romeu para sua Julieta e, quando ele não quis, você subiu em uma
árvore e ngiu que chorou por uma hora.
— E você jogou bolotas em mim, tentando me derrubar!
— Eu acho que o ponto aqui é que ele vê você de maneira diferente das
outras garotas por causa de sua história.
Eu olhei para ele e me perguntei – santo Deus – eu tinha sido um pouco
estranha? — Então, eu sou uma esquisita para ele para sempre e não há nada que
eu possa fazer sobre isso?
Ele pigarreou. — Bem, talvez não. Mas.
Ele parecia culpado e eu disse: — O que você fez, Wes?
— Eu não z nada, Buxbaum – você fez. — Ele parou em um sinal vermelho
e me deu um contato visual direto. — Michael e eu estávamos dizendo o quão
ruim foi terem vomitado em você, e ele fez um comentário sobre o seu uniforme
feio.
Minhas bochechas caram quentes quando me lembrei da minha linda roupa
que agora estava arruinada. — Então?
— Então era algo sobre como era clássico Liz usar uniforme de garçonete para
uma festa e como você não mudou nada.
Suspirei e olhei para fora da janela, de repente me sentindo sem esperança
sobre ter uma chance com Michael. — Incrível.
— Eu disse a ele que você está completamente diferente agora.
Eu olhei para o banco da frente escurecido. — Você fez?
— Sim. Eu disse a ele que você canta menos agora e que é considerada uma
garota gostosa na escola.
Meu coração estranho estava quente. — Eu sou considerada uma garota
gostosa?
— Provavelmente. Quer dizer, você não é feia, então é possível. Eu não sei. —
Wes manteve os olhos na estrada e parecia irritado. — Não tenho o hábito de
discutir sobre você, a menos que seja no contexto de "Adivinhe o que minha
vizinha idiota fez", então, na verdade, não tenho ideia. Eu só estava tentando
mudar a impressão que ele tinha de você.
Revirei os olhos e me senti ridiculamente chateada por ele ter inventado isso.
— Mas aqui está o seu problema. — Ele ligou o pisca-pisca e diminuiu a
velocidade conforme nos aproximávamos de um sinal amarelo. — Como eu
estava fazendo o meu melhor para convencê-lo de que você não é mais um pouco
estranha, ele interpretou da maneira errada e disse, tipo, "Então você gosta da
Liz. Eu sabia".
— Oh, não. — Merda, merda, merda!
— Oh, sim. — Ele olhou para mim depois de parar no sinal vermelho. — Ele
acha que gostamos um do outro.
— Não! — Abaixei minha cabeça para trás no encosto de cabeça e imaginei o
rosto de Michael enquanto ele sorria e observava Wes e eu. Ele achava que eu
gostava de Wes, e era inteiramente minha culpa. Eu comecei o boato, pelo amor
de Deus. — Ele nunca vai me convidar para o baile se achar que você gosta de
mim.
— Provavelmente não.
— ECA. — Pisquei rápido, não querendo me emocionar, mas não pude
evitar enquanto continuava imaginando seu rosto. Ele deveria ser meu destino,
caramba, e agora Laney o teria em suas garras antes que eu recebesse meu beijo
de arrasar.
E levei vômito por nada.
— Ele disse algo sobre você quando estávamos indo embora, se isso faz você se
sentir melhor.
— O que? Quando? O que ele disse?
Ele acelerou na esquina e pisou fundo. — Tudo o que ele disse foi "Não
acredito que a pequena Liz tem uma tatuagem" quando eu disse que estávamos
saindo.
Eu suspirei. — Bem, como ele disse isso?
Ele olhou para mim. — Mesmo?
— Eu só quis dizer que ele disse como se estivesse com nojo ou, como... como
se ele pensasse que talvez fosse legal?
Ele manteve os olhos na estrada e disse: — Ele de nitivamente não estava
enojado.
— Bem, pelo menos tem isso. — Fiquei olhando pela janela e observei as luzes
do nosso bairro se aproximarem. O que eu vou fazer? Se fosse outro cara, eu
poderia simplesmente ter desistido e chamado o vômito do projétil de um sinal
cósmico.
Mas este era Michael Young. Eu não poderia desistir.
Honestamente, o pensamento disso fez meu coração se sentir um pouco
apertado.
Tinha que haver uma maneira.
Corri meus dentes em meu lábio inferior e ponderei. Quero dizer,
tecnicamente, independentemente do boato auto-in igido sobre Wes e eu,
Michael parecia sedutor quando olhou para minha tatuagem. Não era muito,
mas era alguma coisa, certo? Provou que era possível mudar suas suposições de
“pequena esquisita”.
Eu só precisava de uma chance de fazê-lo ver todas as coisas que mudaram em
mim.
Senti a esperança borbulhando de volta. Quer dizer, não demoraria muito
para abrir os olhos se eu pudesse passar um tempo com ele, certo? Tempo e talvez
alguma ajuda.
Hmmm.
— Você está tão quieta, Buxbaum. Me deixa um pouco apavorado com o que
você está pensando.
— Wesley. — Eu me virei para ele em meu assento. Com meu sorriso mais
vencedor, eu disse: — Amigão. Eu tenho a MELHOR ideia.
— Deus me ajude. — Ele puxou o carro para o estacionamento, tirou as
chaves da ignição e disse com um meio sorriso: — Qual é a sua ideia terrível?
— Bem, — eu comecei, olhando para minhas mãos e não me movendo para
sair do carro. — Ouça-me antes de dizer não.
— De novo com isso? Você está me assustando.
— Shh. — Respirei fundo e disse: — E se deixarmos as pessoas pensarem que
estamos namorando, mas apenas por, tipo, uma semana?
Minhas bochechas estavam quentes enquanto eu esperava que ele zombasse
de mim. Seus olhos se estreitaram e ele olhou para mim por um longo segundo
antes de dizer: — O que exatamente isso resolveria?
— Eu ainda estou trabalhando nisso, então tenha paciência comigo. Mas se
ngíssemos estar um no outro por uma semana, isso poderia ajudar Michael a
ver que não sou mais a pequena Liz. Ele já pensa que estamos namorando. Por
que não usar isso para mostrar a ele que sou uma opção romântica perfeitamente
viável?
Ele tamborilou seus longos dedos no volante. — Por que isso é tão
importante para você?
Pisquei e esfreguei minha sobrancelha com o dedo indicador. Como eu
deveria responder a essa pergunta? Como eu poderia dizer a ele que tinha certeza
de que o universo havia enviado Michael de volta para mim?
Odiei que minha voz estivesse grossa quando disse: — Sinceramente, não
tenho ideia. Só sei que por algum motivo realmente é. Isso soa bobo?
Ele olhou para fora do para-brisa à sua frente com uma expressão
estranhamente séria no rosto.
Depois de alguns segundos, eu me perguntei se talvez ele não tivesse me
ouvido, mas então ele disse: — O que é bobo é que não.
— Mesmo?
— Mesmo. — Ele limpou a garganta e se virou para olhar para mim, seu
sorriso Wes de volta ao lugar. — Agora, o que posso ganhar se eu zer isso? Além
da alegria de te juntar com o cara que você quer transar, é claro.
— Bruto. — Limpei a garganta e quei feliz por ele ter voltado a ser o
espertinho que eu conhecia. Introspectivo, entender Wes era demais para aceitar.
Eu disse: — Você pode car com a vaga por mais uma semana.
— Isso di cilmente parece ser o su ciente. Quer dizer, você vai esperar que eu
te leve para sair de novo?
— Bem, isso ajudaria, sim. — Coloquei meu cabelo atrás das orelhas e estava
hiperconsciente do quão silencioso estava em seu carro.
Wes cruzou os braços enquanto sua boca se abriu em um sorriso presunçoso
de satisfação. — Eu tenho isso. Eu tenho um plano brilhante.
— Dúvido.
— Shhh. — Ele estendeu a mão e colocou a palma da mão inteira – que
cheirava a sabonete – no meu rosto por um segundo antes de relaxar no banco
do motorista. — Vou ngir que estou tentando fazer algo acontecer com você,
mesmo que você não seja a m de mim.
— OK…?
— Além disso, tentarei ativamente ajudá-la a conseguir Michael. Exaltar suas
muitas virtudes a ele.
Mesmo sabendo que devia haver uma pegadinha, foi divertido ver Wes aceitar
a ideia. Eu perguntei:
— O que você ganha com isso?
— Se você conseguir fazer com que ele convide você para o baile como
resultado da minha ajuda, eu terei o The Spot para sempre.
Peguei a maçaneta da porta. — Para sempre? Sem chance.
— Você não está ouvindo. Estou falando sobre eu fornecer minha experiência
em levá-la para o baile de formatura. Nosso acordo atual era apenas para eu
deixá-la ir a uma festa. Estou falando sobre eu lhe dar informações privilegiadas,
trabalhar em Michael para você, dar dicas úteis, conselhos de moda, etc.
— Conselhos de moda? — Eu bufei.
— Isso mesmo, conselho de moda. Etcetera. Por exemplo, se você vai a uma
festa e quer que Michael pense que você é gostosa, vista-se como isso, em vez de
uma garçonete Doris Day.
— Uma garçonete Doris Day soa como uma estética excelente, para sua
informação, mas, honestamente, não consigo superar o fato de que você sabe
quem é Doris Day.
— O que? Minha avó gosta de Con dências à Meia-Noite.
Eu amei aquele lme. Talvez ainda houvesse esperança para Wes.
— Ela também gosta de pés de porco em conserva e de tentar escapar de sua
casa de repouso.
Ah. Lá estava.
Ele girou as chaves no dedo. — Então…? Estás dentro?
Eu respirei fundo. Se ele pudesse me ajudar com Michael, eu daria a ele a
vaga, junto com a lua e as estrelas e possivelmente um rim. Eu inalei e disse: —
Estou dentro.
— Boa menina. — Ele saiu do carro, bateu a porta e deu a volta para o meu
lado bem quando eu fechava a minha. Ele se inclinou um pouco e murmurou:
— A propósito, vou adorar minha vaga eterna.
Eu revirei meus olhos. Menino incorrigível. — Você não tem que me
acompanhar até a porta, Wes.
Ele pegou a sacola da minha mão mesmo assim. — Vamos – não é todo dia
que um cara tem a chance de carregar um saco de menina cheio de roupas com
vômito até a porta para ela.
— Verdade. — Isso me fez sorrir a ponto de rir. — Embora, eu espero que
consiga segurar minhas próprias calças sem a sua ajuda.
— Eu duvido que você possa – eu literalmente salvei sua bunda na festa.
Ele caminhou ao meu lado até minha casa, e pude sentir o cheiro de sua
colônia. Cheirava bem e fresco, e um publicitário provavelmente diria que tinha
“notas de pinho”, mas quase tropecei quando percebi que o reconheci como
sendo dele. Esse era o cheiro de Wes, puro e simples. Então... quando esse
conhecimento ocorreu? Devo ter notado inconscientemente durante nossas
lutas de estacionamento, ou talvez ele o estivesse usando desde a puberdade.
Mas quando chegamos à varanda e ele me entregou a sacola, olhei para o rosto
dele e fui tomada pela sensação de que estava acordando de um sonho ou algo
assim. Porque de que outra forma faria sentido eu ter acabado de sair de uma
festa de cerveja na mansão de um dos populares e agora Wes Bennett estava na
minha varanda – e não estávamos discutindo?
Mas a parte mais surreal disso – de longe – era que não parecia
necessariamente errado. Parecia o começo de algo.
Eu disse: — Obrigada pelas roupas e... bem, por tudo. Você foi muito mais
legal do que eu esperava.
— Claro que fui. — Ele me deu um sorriso então, um sorriso que era
diferente de todos os outros que ele já me deu. Era um sorriso bonito, genuíno
como o que ele usou com seus amigos na festa. Eu não me importava de ser
olhada assim por ele. Ele disse: — Não se esqueça de lavar seu uniforme sujo
antes do próximo turno. Eu imagino que o The Diner provavelmente se orgulha
muito da aparência de seus funcionários.
Eu sorri de volta para ele. — Eu vou te matar se você contar.
— Meus lábios estão selados, Libby.

Na manhã seguinte, no trabalho, eu estava me sentindo bem em relação a todo o


passeio enquanto o repassava em minha mente. Quero dizer, sim, vomitaram em
mim, o Sr. Certo achou que meu vestido adorável era um uniforme de trabalho
e, oh, sim, ele também pensou que eu ainda era uma "esquisitona" (esperava que
fosse o termo pessoal de Wes e não um que tivesse deixado os lábios de Michael
em referência a mim) – mas esses eram os únicos pontos negativos.
Sim, eu tinha uma natureza otimista absurdamente irreal.
Michael também parecia bastante interessado em ir ao baile, então eu ainda
tinha uma chance. Especialmente com Wes ajudando a iluminar a não-estranha,
uma vez-uma-lagarta-mas-agora-uma-linda-borboleta, Liz.
— Je ? — Eu disse o nome em voz alta, e um cliente de cabelos prateados em
suspensórios vermelhos e tênis vermelhos combinando caminhou em minha
direção com dois livros na mão.
Ele parou no balcão e estendeu seu tíquete de reclamação. Eu agarrei e disse:
— Podemos dar-lhe vinte e quatro dólares pelos seus registros.
Suas sobrancelhas peludas se franziram como duas lagartas e seus lábios se
achataram. — Vinte e quatro dólares? Eu sei com certeza que o álbum
Humperdinck vale pelo menos isso por si só.
— Você provavelmente está certo, — eu comecei, querendo
desesperadamente rolar meus olhos. Os caras dos velhos discos eram os piores.
Eles sempre souberam o quanto seus LPs valiam para outros caras das gravadoras
antigas, e sempre discutiram comigo quando eu lhes oferecia metade do que
poderíamos realmente vender para eles. — Mas nesta loja, só conseguiremos uma
fração disso por ele. Você certamente é bem-vindo para mantê-lo, se você acha
que pode vendê-lo online por mais.
Ele olhou para mim sem dizer uma palavra. Apenas cou lá e me olhou, como
se seu olhar poderoso fosse me fazer encolher e começar a jogar dinheiro nele. Eu
estava trabalhando na Dick's Used Books há três anos e podia muito bem olhar
para uma pessoa entrando na loja e saber se ela tentaria pechinchar ou não.
Eu o encarei de volta, com um sorriso, é claro, e esperei que ele se cansasse de
seus jogos do Big Man.
Vinte segundos se passaram antes que ele nalmente dissesse: — Não preciso
de duas cópias. Acho que aceito sua oferta.
Sim, eu sabia que você iria.
Eu estava ligando para o crédito dele quando a campainha da porta da frente
tilintou.
— Bom dia, — eu disse, sem tirar os olhos da caixa registradora.
— Você pode me dizer onde estão seus livros de peido?
Eu olhei para cima e lá estava Wes, parecendo tão sério quanto um ataque
cardíaco, e Je , o Velho, olhou na direção de Wes.
— Com licença? — Tive que distorcer meu rosto para não rir. Eu não iria
sorrir com sua infantilidade. Não na frente de um cliente, pelo menos.
Wes estava vestindo shorts de basquete e um moletom COM CERTEZA,
NEM TODO MUNDO ESTAVA LUTANDO KUNG FU, seu cabelo escuro
espetado na frente como se ele tivesse tomado banho e esfregou a mão sobre ele
em vez de usar uma escova. Eu não tinha certeza de quando ele tinha cado tão
longo, magro e viscoso, mas honestamente, era uma boa aparência.
Se você gostasse de caras como Wes.
— Seus livros de peido. Olá? — Ele disse isso com grande impaciência, como
se eu fosse a única agindo estranhamente por apenas olhar para ele. — Eu preciso
de algum alívio, senhora. Onde estão os livros sobre emergências
gastrointestinais?
Entreguei ao Velho Je seu dinheiro e recibo. — Muito obrigada – tenha um
ótimo dia.
Ele murmurou e colocou o dinheiro na carteira antes de sair da loja. Eu olhei
para Wes e balancei minha cabeça. — O que há de errado com você?
Ele encolheu os ombros. — Eu sou engraçado?
— Não, eu não acho que seja isso. Por quê você está aqui?
— Porque eu gosto de livros e… — Ele se virou e olhou para a loja atrás dele.
— Discos.
— É assim mesmo? Qual é o seu disco favorito?
Ele apontou para o álbum que eu acabei de comprar do velho Je . — Aquele.
Engelbert Humperdinck.
— Mesmo.
— Sim. Ninguém faz rap como o Dink. Eu poderia ouvir aquele Engelbert –
ou, como gosto de chamá-lo, Big E – cuspindo rimas o dia todo.
— Sério, por que você está aqui?
Ele se aproximou do balcão. — Eu precisava falar com você, e sua madrasta
disse que você estava aqui.
Madrasta. Seria normal para mim pensar em Helena assim e chamá-la assim,
mas por algum motivo, nunca poderia. Era "meu pai e Helena" ou "esposa do
meu pai". Eu morava com ela há anos, mas ela ainda era apenas Helena para
mim.
— E aí?
— Michael me mandou uma mensagem esta manhã.
— Ele fez? — Meu queixo caiu e deixei escapar um grito que deveria ter me
envergonhado, mas não, porque era apenas Wes. Bati minúsculas palmas e disse:
— O que ele disse? Ele me mencionou? O que ele disse?
Ele sorriu e balançou a cabeça para mim como se eu fosse uma criança com
excesso de açúcar.
— Então, muitos de nós vamos ao jogo esta noite.
— Isso seria um jogo de bola? — Eu mudei a arma de preços para três dólares
e comecei a etiquetar os livros de liberação. Eu disse a Joss que iria comprar
vestidos naquela noite, principalmente porque precisava criar uma abertura para
mencionar a festa antes que ela soubesse do incidente com vômito na escola na
segunda-feira. Se eu pudesse apaziguá-la com o vestido, ela não me incomodaria
muito com a festa.
— Basquete, merda.
— Como eu saberia disso?
— Porque é a temporada de basquete e estamos nos playo s...?
Eu apenas dei de ombros e continuei etiquetando, o que o fez sorrir. — De
qualquer forma, eu, Michael e alguns dos caras vamos, e eu pensei que poderia
ser uma maneira casual de você se destacar sem que outras garotas roubem a
atenção.
Eu parei de marcar. — Você realmente acabou de insinuar que eu sou
invisível se outras garotas estiverem na equação?
— Não. Deus, você está tensa. Eu...
— Não, não estou.
— Você não está?
Eu abaixei a arma e coloquei minhas mãos em meus quadris. — Não,
de nitivamente não estou.
Um lado de sua boca deslizou para cima. — Você está usando um vestido em
um sebo, seu planner é assustadoramente organizado e cada etiqueta de preço
está perfeitamente correta. Acima. Firme.
Eu semicerrei os olhos para ele enquanto fechava meu planner
elaboradamente codi cado por cores e adesivos. — Isto é uma saia e um suéter,
não um vestido.
Eu adorei meu kilt xadrez, cardigã babado e quase novo, nunca-vomitado-em
couro de verniz Mary Janes.
— Mesma diferença. Quando todo mundo está de jeans, você sabe.
Eu revirei meus olhos. — Só porque gosto de vestidos e sou organizada não
signi ca que estou tensa.
— Claro que não.
Peguei a arma e comecei a etiquetar mais rápido, irritada por ele parecer
desprezar tudo o que eu era. — Então termine de me falar sobre basquete antes
que eu machuque você.
— É basicamente isso. Se você for conosco, terá tempo para mostrar como é
legal no caminho para o jogo.
Parei com as etiquetas novamente e imaginei Michael e eu, perdidos em
sorrisos e conversas profundas na parte de trás de um carro íntimo. — Uma
pequena sessão individual da frieza de Liz, hein?
— Deus ajude a todos.
Corri um dedo por cima da arma e perguntei a ele: — Isso não seria estranho,
você me levando?
Ele deu de ombros. — Nah. É super frio.
— Então, hum, sim. — Eu me endireitei e abaixei a arma mais uma vez,
animada com esta oportunidade inesperada. — Totalmente. Conte comigo.
— O negócio é o seguinte, Liz. — Ele puxou um molho de chaves do bolso e
as girou no dedo. — Não que chateada comigo por dizer isso, mas eu gostaria
de ajudá-la com sua roupa.
— Com licença? — Eu inclinei minha cabeça e não conseguia acreditar que
ele tinha dito isso para mim. — Acho que entendi, mas obrigada.
— Sério, você precisa me ouvir.
— Se é sobre moda, eu realmente não quero. Sem ofensa.
— Algumas tomadas, mas isso não é sobre isso. Isso é sobre o fato de que
ninguém vai acreditar que você está apenas assistindo casualmente alguns jogos
de basquete se estiver usando um vestido de babados e sapatos com ores.
Eu tirei a franja dos meus olhos. — Bennett – eu tenho um par de jeans, você
sabe.
— Me deixa surpreso. — Ele colocou as palmas das mãos na mesa e se apoiou
nos braços. Seu rosto estava mais perto, e eu me distraí com as sardas super leves
que eu nunca tinha notado e a forma como seus cílios não eram apenas longos,
mas também perfeitamente curvados. — Mas eu aposto que eles nem são
normais. Tipo... hum, provavelmente são aqueles jeans da moda de cintura
estranha, certo? Ou jeans com vincos passados a ferro e punhos na parte inferior?
— Não.
— Bem —, disse ele, suspirando como se isso fosse importante, — acho que
se você está falando sério sobre toda a coisa do Michael, você precisa expandir seu
armário.
— Você está brincando comigo, moletom de kung fu?
Ele sorriu como se eu tivesse elogiado sua roupa e esfregou a mão sobre as
letras em sua camisa. — Me ouça. Eu sei o que as garotas da nossa escola usam.
Garotas como Laney Morgan – sim, lembra dela?
Como se eu pudesse esquecê-la. Boa pele, bons seguidores no Instagram, bom
histórico de namoro e uma mãe amorosa. Invejável e inesquecível.
— Você está rangendo os dentes, Liz?
Eu liberei o aperto e disse: — Não. Continue com sua divagação.
— Se você quer pegar o seu homem, você precisa parar de ser teimosa e me
deixar ajudá-la.
— Só não acho que você seja capaz.
— Treinar você para a vitória ou escolher suas roupas?
— Com certeza as roupas. — Abaixei-me e peguei uma pilha de livros da
prateleira inferior do carrinho. A dúvida surgiu enquanto ele falava como se
estivéssemos o cialmente planejando algo. O que eu estava fazendo – tentando
viver minha própria versão pessoal de Ela é Demais? Para ser honesta, porém, a
parte de mim que amava comédias românticas de reforma estava um pouco
intrigada.
Entretanto gosto de mim mesma. Gosto das minhas roupas.
E não era um pouco esquisita, e não precisava da ajuda de moda de Wes.
— Ouça. — Ele pegou um pedaço de papel do balcão e disse: — E se apenas
passássemos pelo shopping e eu mostrasse coisas que parecem legais? Você estará
comigo, então não precisa receber nada de que não goste. Mas não faria mal a
você parecer uma colegial de verdade quando está tentando encantar seu amor há
tanto tempo perdido, certo? Nada selvagem ou lixo, apenas algo que não faz você
parecer uma bibliotecária.
Eu estava claramente perdendo a cabeça, porque de repente parecia que talvez
não fosse uma má ideia ir com Wes e ver o que ele achava que eu deveria estar
vestindo. Eu não estava prestes a mudar minha aparência para um menino –
dane-se esse pensamento para sempre – mas se ele pudesse me indicar uma roupa
de que eu gostasse e me zesse parecer menos tensa, isso não seria uma coisa
ruim, seria?
— Estou muito falida agora, então não posso me dar ao luxo de ir para uma
"garota gostosa rica". Existe uma maneira de fazer um look feminino com
orçamento e moderadamente atraente?
Ele me deu um sorriso acelerado então, o sorriso de alguém que acabou de
bater em outra pessoa.
— Con e em mim, Buxbaum – eu tenho você.
Assim que ele saiu, mandei uma mensagem para Joss.
Ugh – parece que tenho que trabalhar em dobro. Podemos procurar uma loja
de roupas amanhã? SINTO MUITO.
Eu me senti como uma amiga lixo. Eu sabia que precisava parar de colocá-la
para fora e apenas fazer a maldita coisa do vestido já, mas eu estava realmente
tendo di culdade em me forçar a ir.
Talvez amanhã.
CAPÍTULO CINCO

“Só porque ela gosta da mesma


porcaria bizarra que você, não significa
que ela é sua alma gêmea.”
—(500) Dias com Ela

— Sério, Wes? — Olhei ao redor da loja e não consegui me livrar da culpa. Uma
coisa era deixar de fazer compras com sua melhor amiga para fazer outra
atividade, mas sair de compras com sua melhor amiga para fazer compras com
outra pessoa? Parecia cruzar uma grande linha antiga. — Você é ridículo.
Ele pegou uma túnica vermelha de um expositor e a jogou no carrinho. —
Ridiculamente inteligente. Agora você só precisa entrar no provador uma vez.
Olhei para o carrinho cheio e me perguntei se ele sabia que você só pode levar
seis itens de cada vez. Eu não disse nada, porém, porque o homem estava em uma
missão. Ele me pegou na livraria quando meu turno acabou, acelerou os dois
quarteirões até o shopping e quase puxou meu braço para fora do encaixe toda
vez que eu não conseguia acompanhar seu ritmo acelerado.
Aparentemente, Wes odiava fazer compras.
Estávamos na Devlish, a franquia da moda do ensino médio que eu
geralmente evitava. Eu queria muito comprar roupas vintage online ou caçar em
brechós as peças retrógradas perfeitas; Devlish não era meu jogo. Wes tinha me
perguntado meu tamanho quando entramos na loja de três andares, e desde
então ele tem jogado itens no carrinho como se estivesse em algum tipo de game
show de compras rápidas.
Finalmente zemos uma pausa no meio de um corredor, entre os vestidos
formais de lantejoulas e reveladores e o traje de negócios falsos. Wes olhou o
conteúdo do nosso carrinho, segurando alguns itens para reconsiderá-los,
acenando com a cabeça ou balançando a cabeça pensativamente. Finalmente, ele
disse: — Acho que provavelmente temos o su ciente.
Tentei não soar sarcástica quando disse: — Provavelmente.
Ele apontou o dedo para mim e disse: — Mas eu conheço você bem o
su ciente para saber que esta é minha única chance.
— Verdade. — Ele tinha jogado jeans, camisetas, alguns tops super fofos,
alguns tops não tão bonitos; o menino estava de nitivamente cobrindo todas as
suas bases. — Mas por que tanto branco?
Ele empurrou o carrinho em direção a uma enorme prateleira de camisas
dobradas e disse: — Pessoas ruivas cam bem de branco. Você não deveria saber
disso?
Eu apenas o segui, tentando não sorrir com a con ança dele em suas próprias
crenças na moda. — Eu perdi aquele memorando.
Ele pegou um punhado de camisas e as adicionou à nossa pilha. — Branco e
verde, cara. Essas são as suas cores preferidas.
Eu não consegui parar de rir. Cara. — Observado.
Ele parou de fazer compras maníacas por um segundo e sorriu para mim, seus
olhos calorosos enquanto percorriam meu rosto. Isso me lembrou do olhar que
Rhett deu a Scarlett em E o Vento Levou quando ele tentou amarrar seu novo
gorro para ela. Era um olhar que admitia que ele não sabia nada sobre o que
estava fazendo e que sabia que parecia um tolo.
Mas ele não se importou porque estava se divertindo.
Foi estranho, mas parte de mim pensou que poderia ser o caso de Wes. Não
que ele gostasse de mim, mas eu senti que ele gostava da nossa luta verbal.
Honestamente, eu também, quando ele não estava dizendo coisas que me
zeram querer sufocá-lo.
Ele estendeu a mão e pegou uma camisa de anela xadrez de um cabide. Isso
não ia funcionar para a primavera, mas eu não disse nada. Eu apenas coloquei
meu cabelo atrás das orelhas e o deixei terminar. Não escapou da minha atenção
que nossa viagem de compras reformada foi exatamente como eu imaginava, mas
era mais A Verdade Nua e Crua do que Ela é Demais. Era tão reminiscente de
Mike levando Abby às compras que era quase engraçado, só que Wes não era o
protagonista e eu não estava me apaixonando por ele.
— Acha que devemos ir para o provador? — ele perguntou.
— Oh, louvado seja o Senhor, você nalmente terminou. Sim.
Ele correu em direção ao provador, apoiando seu grande corpo no carrinho, e
quei um pouco impressionada com seu foco. Ele não tinha veri cado ninguém
desde que chegamos na loja, e havia muitas garotas naquele lugar. Garotas da
moda que eram exatamente o seu tipo.
Mas ele só queria fazer compras.
— Liz?
Eu olhei para cima e – puta merda – lá estava Joss, saindo de um provador.
JOSS? Merda, merda, merda – quais eram as chances? Quais eram as malditas
chances? Não havia nenhum lugar para se esconder, nenhum lugar para esconder
Wes, enquanto ela olhava para mim com confusão em seu rosto.
— Achei que você estivesse trabalhando. — Ela se aproximou e olhou para
Wes antes de dizer: — Em dobro, certo?
Merda. Eu me senti como se tivesse sido pega trapaceando e queria
desaparecer.
Mas, ao mesmo tempo, olhei para ela e percebi que preferia fazer compras
sem sentido com Wes do que comprar vestidos com ela.
Porque não havia laços com Wes, nenhuma conexão com nada doloroso. A
compra de vestidos de formatura, por outro lado, era coberta por faixas
melancólicas que me faziam sentir um mundo de coisas que eu não queria sentir.
Primeiro – havia o fato de que, ao assistir Joss e sua mãe comprando vestidos
juntas, eu comecei a hiperfocar no fato de que minha mãe não estava lá para fazer
compras comigo. Em seguida, o evento para o qual estávamos comprando me fez
pensar na realidade de que minha mãe não estaria lá na noite do baile para me
ajudar a me preparar ou para tirar muitas fotos.
E então, é claro, havia o vestido em si. Minha mãe tinha se apaixonado por
roupas formais, e experimentar vestidos com ela seria um des le de moda de
proporções épicas, completo com lookbooks caseiros e pares de joias.
— Eu saí mais cedo. — Eu era uma pessoa horrível. Eu a vi olhar para o
carrinho lotado e disse: — E quando cheguei em casa, o carro de Wes estava
morto, então ele perguntou se eu poderia levá-lo ao shopping. Ele está
comprando um presente para a mãe.
O que estava acontecendo? Era alarmante a maneira como as mentiras
estavam saindo da minha boca.
— Eu sei falar, Buxbaum. Cristo. — Ele me deu uma olhada e balançou a
cabeça para Joss enquanto meu coração disparava. Ele perguntou a ela: — Você
tem alguma ideia sobre o que dar para minha mãe no aniversário dela? Liz puxou
um carrinho cheio de roupas e não estou convencido.
— Eu con aria nela se eu fosse você. — Joss pendurou a camisa que segurava
no braço e disse a ele: — Ninguém é tão bom em presentear quanto Liz.
— Tem certeza? — Ele me olhou de soslaio. — Porque ela está usando um
kilt, Joss.
Ela começou a rir e eu senti que poderia car tudo bem. Ela disse a Wes: —
Ela tem um estilo interessante, mas é por escolha. Você é bom.
— Se você diz.
Ela ajeitou a camisa que estava pendurada no braço e disse: — Me ligue mais
tarde, Liz. Eu quero fazer a coisa do vestido amanhã, e juro por Deus que vou
car muito chateada se você furar de novo.
— Eu não vou.
— Promete?
Eu me senti grata o su ciente por ela não estar chateada com a minha viagem
de compras com Wes que eu realmente quis dizer isso. — Prometo.
Ela se despediu e se dirigiu ao caixa, e no segundo em que ela estava fora do
alcance da voz, Wes disse: — Suas calças estão pegando fogo.
— Cale a boca.
— Achei que vocês fossem melhores amigas.
— Somos. — Revirei os olhos e gesticulei para que ele empurrasse o carrinho
em direção aos provadores. — É complicado.
Ele parou e disse: — Como?
— O que? — Eu queria empurrá-lo e sicamente fazer aquele corpo grande
andar, já que ele ainda não estava se movendo.
— Como é complicado? — Ele parecia genuinamente interessado. Será que
Wes realmente se importava?
Suspirei e gemi um pouco, passando a mão pelo cabelo. Parte de mim queria
contar a ele sobre tudo isso, mas Wes não entenderia minha dor mais do que Joss
entenderia. — Eu não sei. Às vezes, guardo as coisas para mim e isso causa tensão.
Wes inclinou a cabeça. — Está tudo bem? Quero dizer, você está bem...?
Seu rosto estava – eu não sei – docemente preocupado? Era um pouco
enervante, o quão sincero ele parecia, e algo dentro de mim não odiava. Acenei
com a mão e disse: — Vai car tudo bem. E obrigada por perguntar.
— Peguei você, Buxbaum. — Ele me observou por um minuto, como se
estivesse esperando por mais, mas então ele piscou e se inclinou no carrinho. —
Você está no meu time agora.
— Deus me ajude.
Ele nalmente empurrou o carrinho para a área do provador e começou a se
sentar em uma das cadeiras de espera, esticar as pernas à sua frente e cruzar os
braços.
— O que você está fazendo?
Seus olhos se estreitaram um pouco. — Sentando.
— Mas por quê? Não estou experimentando isso para você.
— Oh, vamos, Liz. Se eu for responsável por te transformar, eu preciso...
— Oh meu Deus, você não está me transformando. Você está falando sério?
— Às vezes, ele era além de irritante. — Estou levando sua opinião em
consideração, mas não sou patética e não preciso que Wes Broseph Bennett me
transforme.
Ele olhou para mim com olhos sorridentes. — Acho que Michael estava certo
sobre você ser tensa.
— Você é impossível. Vá para outro lugar.
— Como você vai saber como elas caram se eu não estiver aqui?
— Eu tenho olhos.
— Olhos que permitiam um uniforme de garçonete para uma festa, lembra?
— Aquele vestido era adorável.
— Discutível. E o uso do pretérito signi ca que não era recuperável?
— Não, tinha vômito nos bolsos. Eu disse meu adeus ontem à noite.
Ele sorriu com isso e seus olhos escuros enrugaram nos cantos. — Bem, eu
sinto muito. Era um vestido feio, mas não merecia morrer.
Revirei os olhos e a atendente do provador saiu por trás. — Quantos?
— Alguns —, Wes murmurou ao mesmo tempo que eu disse: — Quantos
posso levar de uma vez?
— Oito.
— Apenas oito? — A voz de Wes estava alta na minúscula área do vestiário.
— Vamos lá, isso vai demorar uma eternidade.
Eu o ignorei e levei oito itens para um provador. O terceiro top que
experimentei, uma coisa de lã branca desleixada que caía de um ombro de uma
forma que caria adorável com uma regata por baixo, era realmente fofo. Eu
combinei com jeans desbotados que estavam rasgados por toda parte, e eu estava
feliz por Wes ter sugerido isso.
Ele conseguiu encontrar para mim algo moderno de que gostei; Eu não pude
acreditar.
Quando eu estava vestindo um suéter verde-esmeralda, ouvi-o dizer: — Você
pode se trocar um pouco mais rápido? Estou adormecendo aqui.
— Você não tem algumas compras para fazer enquanto espera por mim?
Acho que vi uma liquidação de trajes de atleta detestáveis na parte de trás.
— Ai. — Ele assobiou. — Você é tão cruel.
— Me dê dois minutos e pronto.
— Sério? — Ele parecia chocado.
— Sério.
— Mas você está apenas no primeiro de oito.
Tirei o suéter e coloquei minha camisa de volta, deslizando meus pés em
meus sapatos enquanto ajeito meu cabelo no espelho. — Eu consegui o que
precisava, então não há razão para continuar.
Ele parecia duvidoso quando eu saí, como se ele não con asse na minha
resposta, mas quando chegamos ao caixa, ele parecia ter aprovado os itens que eu
selecionei.
— Ainda não consigo acreditar que estou seguindo seus conselhos de moda.
Eu sinto que isso é algum tipo de fundo do poço. — Entreguei meu cartão de
débito ao caixa e olhei para a pequena pilha de roupas no balcão.
Apontei para a caixa de sapatos bem ao lado das minhas roupas. — Esses não
são meus.
— Eu tenho ótimo gosto. Eu sou como sua Fada Padrinho Pessoal. — Wes
gesticulou para os sapatos. — E esses são a minha contribuição.
— O que?
Ele apoiou o braço no balcão e deu ao caixa um sorriso que dizia: Está vendo
com o que estou lidando? — Eu sei que você não tem nenhum all star, Libby, e
você de nitivamente precisa de alguns.
— Você comprou sapatos para mim.
— Sapatos não. Chuck Taylors.
Olhei para o seu sorriso engraçado e não tinha ideia de como reagir, então
estendi a mão e abri a caixa.
Wes Bennett havia comprado sapatos para mim.
Nenhum menino jamais comprou nada para mim, mas aqui estava Wes, o
vizinho antagônico, gastando seu próprio dinheiro porque pensava que eu
precisava de all star. Toquei o tecido grosso. — Quando você teve tempo para
fazer isso?
— Quando você estava no provador. — Ele parecia doce enquanto sorria para
mim e dizia: — Eu pedi a Claire para cuidar disso.
— Quem é Claire?
— A atendente do provador. Presta atenção.
O caixa me entregou o recibo e minha bolsa, e eu ainda não sabia como reagir.
Foi doce e atencioso e tão pouco Wes. — Hum, obrigada pelos sapatos. Eu–
— Pare de falar, Buxbaum. — Ele sorriu tanto que seus olhos se estreitaram.
— É embaraçoso.
Saímos da loja e, antes de chegarmos à saída do shopping, z com que ele
entrasse na Ava Sun comigo, minha loja favorita. Era como o estilo Kate Spade
com um orçamento TJ Maxx, principalmente vestidos e saias e acessórios
delicados.
— Caramba, é como uma versão gigante do seu armário.
Eu sabia que ele queria dizer isso como uma piada, mas enquanto me dirigia
para as prateleiras de vendas nos fundos, disse: — Obrigada.
— Eu quis dizer que parece um pesadelo.
Eu o ignorei e comecei a folhear as prateleiras.
— Como um pesadelo real. Monstros e goblins e vestidos de ores horríveis.
— Shhh. Estou tentando fazer compras.
Encontrei uma prateleira à venda e comecei a cavar enquanto ele se encostava
na parede e olhava para o telefone. Parte de mim se perguntou se sua provocação
incessante era sua maneira de ertar. Quer dizer, de outro cara seria, mas esse era
o Wes. Ele sempre me provocou e atormentou, então por que eu interpretaria de
forma diferente do que no passado?
Era o seu jeito.
— Uau. Esse vestido é tão Liz Buxbaum.
— Hmmm? — Eu olhei para cima e ele estava apontando para um
manequim.
— Aquele vestido. É tão você.
Segui seu ponto até o manequim e quei totalmente perplexa. Porque, para
esclarecer, ele não estava apontando para qualquer manequim. Ele estava
apontando para o meu manequim, aquele que estava usando minha bainha
houndstooth, o vestido pelo qual eu me apaixonei instantaneamente quando ele
chegara duas semanas antes.
Aquele que eu olhei online nada menos que vinte vezes desde então.
Era caro, então eu estava me forçando a esperar até que pudesse pedir ao meu
pai para comprá-lo no meu aniversário, mas havia algo sobre o fato de que Wes
olhou para ele e pensou que era “eu” que era... algo. Isso me fez feliz.
— Na verdade, adoro esse vestido.
— Viu? Sou incrivelmente intuitivo para uma fada padrinho.
Reajustei a alça de ombro da minha bolsa e disse: — Vamos antes que eu
vomite no seu uniforme.
Assim que entrei em seu carro, meu telefone tocou. Foi uma noti cação de
que o novo álbum da Insipid Creation acabara de ser lançado. Devo ter feito um
pequeno som de empolgação, porque Wes disse: — O quê?
— Nada. Acabei de ver que o álbum que encomendei está sendo enviado
hoje.
— Encomendou, vó? — Ele colocou a chave na ignição e disse: — Você não
reproduz música como os jovens?
Eu bati minha porta. — Claro que sim, mas algumas coisas devem ser tocadas
em vinil.
Ele olhou enquanto ligava o carro e eu a velei meu cinto de segurança. —
Você sempre gostou tanto de música? Quer dizer, acho que vejo você com fones
de ouvido na maioria das vezes.
— Chega. — En ei meu telefone na bolsa e olhei pela janela. — Minha mãe
me colocou em aulas de piano quando eu tinha quatro anos e eu me apaixonei
por ela, e então ela costumava jogar esse jogo comigo, onde criamos trilhas
sonoras para tudo.
— Sério? — Wes olhou por cima do ombro antes de sair da vaga de
estacionamento.
— Sim. Passávamos horas e horas selecionando as músicas perfeitas para
acompanhar qualquer evento que estivéssemos fazendo a trilha sonora.
Eu percebi quando disse isso em voz alta para o interior de seu carro que eu
nunca disse isso a ninguém antes. Era uma memória que pertencia
exclusivamente a ela e a mim, e eu sempre achei terrivelmente triste ser a única
pessoa no planeta que sabia disso.
Até agora, eu acho.
Sorri, mas parecia um sapo quando disse: — Fiz uma para o acampamento de
verão, para as férias de Natal, para o curso de natação de seis semanas que odiei e
nunca passei; tudo e qualquer coisa era digno de uma trilha sonora.
Wes desviou o olhar da estrada por tempo su ciente para olhar para mim, e
então foi como se ele sentisse que eu não queria mais falar sobre minha mãe.
— Então era isso! — Sua boca se abriu em um sorriso. — Você fez uma trilha
sonora para você e Michael.
— O que? — Virei um pouco no banco e soube que minhas bochechas
estavam vermelhas. — Do que você está falando?
Como em nome de Deus ele sabia disso?
— Relaxe, senhorita amor – seu segredo está seguro comigo.
— Eu não tenho ideia do que você–
— Eu vi o papel. — Wes parecia estar tentando não rir enquanto seu rosto
inteiro sorria. — Eu vi o papel, então é inútil negar. Estava na sua agenda esta
manhã e dizia "The Soundtrack of M&L". Oh meu Deus, Buxbaum, isso é
incrivelmente adorável.
Eu ri mesmo estando morti cada. — Cale a boca, Wes.
— Quais músicas estão nela?
— Sério.
— Sério, eu quero saber. São todas canções arrasadoras, como Ginuwine e
Nine Inch Nails, ou é romance cafona? Taylor Swift estava na lista?
— Desde quando o Nine Inch Nails é uma música para bater as botas?
— Sou eu quem está fazendo perguntas aqui.
Eu apenas suspirei e olhei pela janela.
— Bem, podemos fazer uma trilha sonora?
— Te odeio.
Ele disse: — Oh, vamos lá.
— Você não tem coisas melhores para fazer do que isso? — Fiz um gesto entre
nós dois, provocando, mas também meio interessada em sua resposta. Era tudo
sobre The Spot ou talvez um pouco sobre mim? — Sério?
— Claro, mas eu venderia minha própria avó pelo The Spot. Isso —, disse ele,
imitando meu gesto, — tem tudo a ver com mover o carro de Wessy para mais
perto de Wessy.
E aí estava minha resposta.
— Um apelido tão horrível. — Eu mantive meu olhar xo no para-brisa, mas
pude ouvir o sorriso em sua voz quando ele disse: — Então, de volta à trilha
sonora de W&L. O que devemos colocar nela?
— Você é um idiota.
— Eu não estou familiarizado com essa cantiga, mas você é a audió la aqui,
não eu. Na verdade, estava pensando em algo mais parecido com o tema de amor
do Titanic.
— Se estivéssemos fazendo uma trilha sonora —, eu disse, apontando para
seu rosto, — e não estamos, seria tudo sobre a guerra do estacionamento.
— Ah, sim, a guerra do estacionamento. — Ele ligou o pisca-pisca e parou no
sinal vermelho. — Que música acompanharia essa batalha gloriosa?
— Não é Titanic.
— Ok, então...?
— Hmm. — Fechei meus olhos e pensei, não me importando que ele
estivesse sendo sarcástico. Esta foi a minha coisa favorita em todo o mundo. —
Primeiro precisamos decidir se queremos que a música seja um
acompanhamento da cena ou se queremos que seja uma justaposição.
Ele não respondeu e, quando abri os olhos, ele estava me observando. Ele
engoliu em seco e disse: — Justaposição, com certeza.
— OK. — Eu ignorei isso e continuei. — Então, se estivermos pensando no
dia em que você prendeu meu para-brisa como um canalha total, eu selecionaria
algo que o celebrasse. Você sabe, porque você era notavelmente indigno de
comemoração.
— "Isn’t She Lovely", do Stevie Wonder? — ele sugeriu.
— Ooh, eu gosto disso. — Eu cantarolei o primeiro compasso antes de dizer:
— Ou. Os Rose Pigeons têm uma música chamada "He´s So Pretty, It Hurts My
Eyes" e ela cataloga o quão doce e incríveis alguns caras são. Então essa é
totalmente a sua justaposição na guerra do estacionamento, certo?
— Eu z o que tinha que fazer. Tudo é justo no amor e no estacionamento.
Quando ele parou na frente da livraria para que eu pudesse pegar meu carro,
agradeci e peguei minhas sacolas. Ele disse que mandaria uma mensagem de texto
para Michael e mencionaria que eu viria, e também disse que daria algumas boas
palavras sobre mim. Eu queria ajudá-lo a criar os adjetivos perfeitos, mas mordi
minha língua. Saí do carro e, quando estava prestes a bater a porta, ele disse: —
Você deveria arrumar o cabelo para esta noite.
— Sinto muito, pareceu que você estava me dizendo como devo usar meu
cabelo. — Eu sabia que ele estava tentando me ajudar a ganhar Michael, mas ele
percebeu que me fez sentir uma merda total quando ele agiu como se meu estilo
fosse uma piada? Eu era 100% boa com minhas escolhas de moda – vestia-me
para mim e apenas para mim – mas ainda não era bom saber que ele não gostava
da minha aparência.
Meu cabelo estava em uma trança naquele momento e, embora não fosse
particularmente legal, também não era como se eu tivesse cabelo até os
tornozelos que nunca tivesse visto uma escova também. — Já que isso não pode
estar certo, o que você realmente disse?
Ele ergueu a mão. — Isso saiu errado. Tudo o que eu quis dizer foi que, em
vez de apenas trocar de roupa, você deveria dar a Michael o tratamento completo
de garota gostosa. Ele ainda pensa em você como a pequena Liz, mas se você
aparecer parecendo o tipo de garota que ele namorou desde que se mudou, pode
ser um bom começo.
Ainda não gostei, mas ele tinha razão. — Então, qual é o plano para mais
tarde?
— Vou buscá-la às cinco.
— OK.
— Use os all star.
— Você não é o meu chefe. — Eu disse isso com um beicinho provocador e
infantil, mas ainda estava confusa sobre o motivo de ele ter me comprado os
sapatos. Tudo o mais que ele selecionou a dedo para o meu guarda-roupa “nova
Liz”, eu paguei. Então, por que ele se deu ao trabalho de pagar por eles enquanto
eu estava trocando de roupa? Por que ele pagou por eles?
Ele juntou as mãos grandes como se estivesse rezando. — Você pode, por
favor, usar os all star?
— Veremos.
CAPÍTULO SEIS

“Quando estou perto de você, eu meio


que sinto que estou drogado. Não que
eu use drogas. A menos que você use
drogas, nesse caso, eu as uso o tempo
todo. Todas elas.”
—Scott Pilgrim Contra o Mundo

Às quatro e quarenta e cinco, amarrei meus all star – que, eu tinha que
admitir, cavam muito fofos com todo o meu conjunto esportivo – e desci as
escadas. Eles eram confortáveis, e algo sobre eles me deixava meio macia, mas eu
não iria perder um minuto tentando descobrir isso.
Meu pai havia levado meu avô para o campo de treinamento, então a casa
estava silenciosa. Helena estava por perto em algum lugar, mas eu não tinha
certeza de onde.
A campainha tocou e eu não pude acreditar. Wes chegou cedo?
Fui até a porta, mas quando a abri, era Jocelyn, não Wes.
— Oh. Ei. — Tenho certeza de que meu rosto mostrou totalmente meu
choque ao vê-la em vez de Wes, e eu tentei muito não parecer abalada. — O que
você está fazendo aqui?
Sua boca abriu por um segundo e ela me olhou de cima a baixo. — Oh meu
Deus, quem fez isso com você?
Eu olhei para minhas roupas. — Um–
— Eu quero dar um beijo de língua nele– você está incrível!
Ela entrou pela porta da frente, e minha mente estava correndo quando
fechei a porta atrás dela. Eu ainda não tinha contado a ela sobre a festa, ou o
jogo, ou Michael ou Wes ou qualquer uma das coisas questionáveis que eu estava
fazendo com minha vida pessoal. E Wes estaria lá a qualquer minuto agora.
Merda.
— Você comprou isso quando estava com Wes? — Ela ainda estava sorrindo,
então ela não estava chateada comigo.
Ainda.
— Sim, aquele idiota realmente encontrou algumas coisas boas. — Minhas
bochechas estavam quentes e eu senti como se a culpa estivesse em meu rosto. Eu
era um lixo de amiga. — Vai saber.
— Oh, ei, Joss. — Helena saiu da cozinha parecendo muito mais legal do que
eu em jeans e uma camisa de hóquei. — Eu pensei ter ouvido a porta. Você quer
um refrigerante ou algo assim?
Deus, Wes estaria lá a qualquer segundo com sua boca grande. Sem papai!
— Não, obrigada – eu só tenho um segundo. Estou indo buscar minha
irmãzinha do futebol, mas Liz não responde às minhas mensagens, então tive
que passar por aqui.
Porcaria.
Helena sorriu e disse: — Ela é a pior, certo?
Jocelyn sorriu para Helena, mas também me nivelou com um olhar. — Certo.
— Eu, hum, estou prestes a sair também. — Engoli em seco e esperava poder
tirá-la de lá rapidamente. — Em cinco minutos.
— Onde você está indo?
Helena tinha feito a pergunta, mas as duas caram lá, olhando para mim
enquanto eu tentava pensar em algo.
— Hum, o Wes da porta ao lado vai ao jogo de basquete e ele, hum,
perguntou se eu queria ir. Quer dizer, é uma coisa casual, sem grande
importância – eu só estava entediada e parecia menos entediante, sabe? Eu
totalmente não quero ir, mas disse que iria. Então.
As sobrancelhas de Jocelyn se ergueram. — Você vai a um jogo de basquete.
— Ela disse isso como se eu tivesse acabado de me declarar um tricerátopo. —
Com Wes. Bennett.
Helena cruzou os braços sobre o peito. — Você não chamou a polícia do
estacionamento sobre ele alguns dias atrás?
— Não, eu, hum, eu disse que quase z isso. — Eu cuspi uma risada falsa
horrível e encolhi os ombros. — Sim, honestamente, não tenho ideia por que
disse que iria com ele.
Eu sabia exatamente por quê.
— O Bennett fez você comprar aqueles all star também? — Jocelyn estava
olhando para meus sapatos. — Porque você odeia esses sapatos.
Era verdade. Eu sempre pensei que tênis cano alto eram feios e careciam de
suporte para arco. Agora eu tinha uma estranha a nidade com eles que me fez
questionar minha própria fortaleza mental.
— Eles estavam em promoção, então eu disse, "Que diabos". — De novo com
uma risada terrível. — Por que não comprar algum all star, certo?
Jocelyn balançou a cabeça um pouco, como se ela não tivesse ideia do que
estava testemunhando.
Igualmente, garota. Igualmente.
— Bem, pessoa que eu conhecia, só passei porque minha mãe precisa saber
em que dia vamos comprar vestidos na próxima semana.
Ironicamente, depois que eu nalmente concordei em ir às compras com ela,
sua mãe teve que reagendar para um dia diferente. Inicialmente, quei aliviada
por adiar por mais tempo, mas agora parecia que o universo só queria me
torturar. Nesse ponto, eu meio que esperava que um vestido fosse en ado no
meu armário para que eu pudesse parar de ouvir a frase "compra de vestido".
— Ooh, eu adoro comprar vestidos. — Helena inclinou a cabeça e
acrescentou: — Eu raramente os uso porque sentar como uma dama é uma
merda, mas toda primavera eu quero prateleiras e mais prateleiras de vestidos
orais.
— Esta é a compra de um vestido de baile. — Jocelyn ainda estava olhando
para minhas roupas quando disse: — Liz e eu vamos juntas, e minha mãe disse
que pode nos levar para caçar vestidos.
— Oh. — Helena piscou e olhou para mim por um segundo, e eu me senti
como um monstro. Ela mencionou várias vezes que achava que eu deveria ir ao
baile porque me arrependeria se não o zesse, e ela também mencionou várias
vezes que poderia me levar para comprar vestidos e poderíamos "fazer um dia
inteiro disto."
Ela pensou que seria tão divertido.
Mas isso tinha sido, tipo, um mês atrás, e eu meio que esqueci.
Desse jeito.
Meus sentimentos sobre Helena fazendo as coisas que minha mãe deveria
estar lá para fazer comigo eram complicados, e na maioria das vezes eu apenas os
evitava até que eles fossem embora.
Ou até que isso acontecesse.
— Bem, tenho certeza de que será incrível. — Seus olhos estavam tristes, mas
ela disse: — Só não escolham nada muito revelador, ok, meninas?
Jocelyn sorriu. — Faremos o nosso melhor, mas sem promessas.
A campainha tocou – tinha que ser Wes desta vez, certo? – e eu me senti
nauseada quando seus olhos pousaram em mim.
Eu me apertei entre elas e caminhei em direção à porta. — Provavelmente é
Wes.
Envolvi meus dedos em torno da maçaneta da porta e me preparei. Quais
eram as chances de Wes manter a boca fechada e não mandasse Jocelyn e Helena
falarem sobre nossa conspiração?
Eu abri a porta. E tentei comunicar a situação apenas com os meus olhos. Eu
esperava que eles estivessem dizendo Não torne isso pior, mas é provável que eu
apenas parecesse nervosa. — Ei, — eu disse.
Wes estava sorrindo, mas quando olhou para mim, seu sorriso mudou para
uma coisa estranha, como o sorriso de alguém que acabou de descobrir algo. Ele
se transformou em um sorriso largo e ele disse: — Você é uma boa ouvinte.
Eu bati a porta.
— Hum? — Joss franziu os lábios e Helena franziu as sobrancelhas. — Qual
é o plano aqui?
Suspirando, abri a porta novamente e levantei a mão. — Não fale. Sério. Você
pode simplesmente não dizer uma palavra até que estejamos em seu carro? Ou
talvez, tipo, para sempre?
— Oi, Wes. — Helena deu-lhe um pequeno aceno. — Suponho que você
encontrou Liz esta manhã?
Ele me lançou um olhar que era o equivalente a uma língua de fora e sorriu
para Helena. — Encontrei – obrigado. Não acho que Liz tenha apreciado minha
presença em seu local de trabalho, mas fui lá mesmo assim.
Jocelyn inclinou a cabeça. — Então você foi ao trabalho dela para pedir que
ela fosse com você ao jogo esta noite?
— Sim.
Uma observação casual: Wes havia se tornado um cara muito atraente. Quer
dizer, eu não estava pessoalmente atraída por ele, mas a camiseta desbotada que
ele estava vestindo exibia alguns bíceps bem de nidos. Combine os músculos
com seu sorriso malicioso e olhos escuros de pálpebras pesadas, e ele estava muito
bem.
Simplesmente não é o meu tipo.
— Liz? — Joss me lançou um olhar carregado. — Posso falar com você em
particular por um minuto?
Sem chance. — Nós realmente temos que ir, na verdade, mas tenho certeza...
— Vou esperar. — Wes entrou totalmente na sala de estar e balançou as
chaves em torno do dedo. — Sem pressa.
Jocelyn agarrou meu cotovelo e me puxou até o minúsculo banheiro que
cava logo depois da cozinha. Assim que a porta se fechou atrás de nós, ela disse:
— Achei que o carro de Wes estava morto esta manhã.
— O que?
Ela suspirou. — Você me disse que ele precisava de uma carona para o
shopping porque seu carro estava morto. Mas Helena acabou de dizer que ele
dirigiu até o Dick para encontrar você.
Puta merda – Helena disse isso? Eu estava tão distraída por Wes que as
desliguei totalmente? Meeerdaa. Limpei a garganta e disse: — Não, o carro dele
morreu no Dick's.
— Não foi isso que você me disse no shopping.
Como eu deveria me lembrar do que disse a alguém mais? Mentir não era
apenas uma coisa desagradável de se fazer, mas também era difícil de controlar.
— Sim, foi isso.
Ela suspirou. — Não importa. O resultado nal é que você está prestes a sair
com Wes Bennett, garota.
— É realmente mais–
— Não. — Ela balançou a cabeça. — Para alguém super apaixonada e essas
merdas, você é meio sem noção. Agora me escute. Wes veio a sua casa esta
manhã, e quando você não estava aqui, ele dirigiu todo o caminho até o seu
trabalho para pedir que você fosse ao jogo com ele, quando ele sabe que você não
tem noção de esportes.
Oh não – não, não, não. Ela estava tendo a ideia errada, e se ela ouviu o boato
de que eu, na verdade, você sabe, comecei na festa e não tive a coragem de contar
a ela ainda, eu estava ferrada.
— Ei–
— Você sabe que é a verdade. E então ele ngiu precisar da sua ajuda para
fazer compras. Este é um encontro, Liz. Um encontro.
Eu queria contar a ela o que realmente estava acontecendo, mas fui uma
covarde. Eu sabia que ela agiria como se eu fosse a perseguidora obcecada de
Michael, e eu simplesmente não conseguia ouvir. Gostei mais da descrição de
Wes, de qualquer maneira; Michael era meu amor há muito perdido. Eu disse: —
Não é um encontro, mas concordo que tem potencial para um encontro.
Finalmente, algo que não era mentira. Tinha potencial para um encontro. Só
não em relação a Wes.
— Então você quer isso?
Se eu tivesse feito referência a um certo garoto de uma forma que fosse
facilmente mal interpretada, bem, não foi minha culpa, foi? Dei de ombros e
disse: — Não sei. Quero dizer, ele é lindo e divertido às vezes, sabe?
— Bem, sim, é claro que eu sei – todo mundo adora Wes. Eu só pensei que
você o odiava.
Isso foi algo? Todo mundo amava Wes? Quer dizer, parecia que os
participantes da festa do barril o adoravam, mas não me ocorreu que isso ia além
de seu círculo social. Eu morava ao lado dele e íamos para a mesma escola. Era
possível que ele fosse amado universalmente sem que eu nunca soubesse?
Eu disse: — Ah, sim. Mas odiá-lo às vezes é divertido. Então.
Isso a fez rir e abrir a porta. — Não entendi e vamos ter que falar amanhã
sobre seu novo visual, mas eu só queria ter certeza de que você não estava
enganando nosso garoto Wesley.
Quando voltamos para a porta da frente, Helena estava fazendo Wes rir
enquanto compartilhava sua opinião sobre o reality show de namoro que teve
seu nal na noite anterior.
— Quer dizer, a mulher realmente disse as palavras "Eu quero um homem
que coloque pétalas de ores na minha cama todas as noites se ele achar que isso
me faz feliz". Se isso não é uma bandeira vermelha, não sei o que é.
— Por que quem iria querer isso, certo? — Wes deu a Helena um de seus
melhores sorrisos. — Alguém tem que limpar tudo isso.
— Obrigada, Wes. — Helena ergueu o braço em agradecimento à sua
comiseração. — E você não teria que tirar o pó das pétalas da cama antes de
deitar, de qualquer maneira? Quero dizer, ninguém precisa de pétalas de ores
grudadas em suas partes, certo?
Wes disse: — Eu sei que não.
Joss perdeu o controle e Wes estava rindo; Quero dizer, foi muito engraçado.
Mas Helena estava propositalmente perdendo o ponto da declaração romântica.
Sim, talvez fosse um pouco extravagante, mas havia algo a ser dito sobre fazer o
grande gesto.
Minha mãe teria entendido.
— Você está pronta para ir, Buxbaum? — Wes voltou sua atenção para mim, e
meu rosto cou quente enquanto seus olhos percorriam meu cabelo e minha
roupa. Eu odiava o jeito como minha pele sempre mostrava ao mundo o que eu
estava sentindo, e eu desejei desesperadamente que houvesse uma maneira de
diminuir o calor em minhas bochechas.
Infelizmente, não tive essa sorte.
— Você de nitivamente parece pronta para alguns aros —, disse ele com uma
sobrancelha levantada, — mas ainda não tenho certeza se você pode fazer isso.
— Meu voto é não. — Jocelyn se inclinou e baixou a voz. — Quer fazer uma
aposta, Bennett?
— Vocês são hilários. Ha, ha, ha – Liz não sabe nada sobre esportes. — Abri a
porta da frente. — Agora vou assistir a torção de tornozelo do time. Você vem ou
não, Wes?
— Está quebrando alguns tornozelos. — Ele deu a Jocelyn e Helena um olhar
cético que fez as duas rirem quando ele disse: — E eu estou bem atrás de você.
Helena disse: — Não se esqueça de que seu pai e eu vamos ao cinema esta
noite e só voltaremos tarde.
— OK. — Fechei a porta atrás de nós, estressada com o que diabos Joss estava
pensando agora, e disse a Wes: — Deus, você precisa relaxar com o charme, ok?
Suas sobrancelhas se ergueram. — Com licença?
— Eu tive que deixar Joss pensar que eu poderia gostar de você, tudo bem.
Essas duas são o seu público-alvo; elas vão totalmente para a sua vibração de
menino da travessura. — Eu olhei para ele e apontei para ele enquanto nos
aproximávamos de seu carro. — Então, pelo amor de Deus, recuse, ou elas vão
acabar comigo para realmente sair com você.
Ele abriu a porta para mim e apoiou os braços no topo da janela enquanto eu
entrei. — Isso seria o pior, certo?
— O pior absoluto. — Ele bateu a porta e eu a velei meu cinto de segurança
enquanto ele contornava o carro. Ele entrou e ligou o motor, e não pude deixar
de notar que ele cheirava muito, muito bem. Eu não conseguia parar de inalar.
— Isso é sabonete ou desodorante?
Sua grande mão pousou no volante, e suas sobrancelhas franziram quando ele
olhou para mim. — Perdão?
— Você cheira muito bem, mas não é o seu cheiro normal.
Ele não colocou o carro em movimento, em vez disso, apenas olhou para
mim. — Meu perfume de costume?
—Não aja como se eu fosse estranha. Sua colônia normal é tipo, tipo pinho,
mas esta noite você cheira mais... eu não sei... picante. — A imagem dele sem
camisa e colocando desodorante surgiu na minha cabeça e eu limpei minha
garganta, mandando-a embora.
Sua voz era profunda e meio rouca quando ele deu uma risada gutural. —
Puta merda, Liz Buxbaum conhece meu cheiro.
— Quer saber? Esqueça. — Eu estava feliz por ele apenas colocar o carro em
marcha e se afastar do meio- o, porque se ele olhou para mim, eu tinha certeza
que minhas bochechas estavam vermelhas. — Você cheira a bunda.
Isso o fez cair em uma gargalhada completa. — Bunda de pinho picante, você
quer dizer.
— Hilário. — Liguei seu rádio na esperança de uma mudança de assunto.
Pareceu funcionar porque ele disse: — Não acredito que você está realmente
usando as roupas. — Ele ligou o pisca-pisca e diminuiu a velocidade para a
esquina. — Eu esperava muito ver você em um vestido de vovó quando eu
aparecesse.
— Gastei dinheiro com elas – é claro que vou usá-las.
Ele olhou e olhou diretamente para a minha roupa antes de voltar seu olhar
para a estrada.
Que diabos? Eu brinquei com um dos os da minha calça jeans rasgada e me
perguntei o que ele pensava. Não que eu estivesse com sede de um elogio de Wes
Bennett – porque eu não estava – mas você não podia olhar diretamente para a
roupa de alguém e não comentar sobre ela, certo?
Foi totalmente desconcertante. Não parecia bom?
Eu arranhei os fragmentos entrecruzados e disse: — Suponho que devo um
agradecimento a você. Não por tentar me transformar, seu idiota, mas...
— Ainda não superou isso, vejo.
— Porque eu gosto dessa roupa. Eu nunca teria notado isso na prateleira, mas
eu gosto.
— Viu? Eu sou bom–
— Não. — Inclinei-me para a frente e comecei a explorar as estações de rádio.
— Esses são todos os elogios que você está recebendo de mim hoje. A menos que
você queira que eu vomite como sua amiga loira.
— Não, obrigado.
Eu olhei para o seu banco traseiro vazio. — Onde estão os caras?
— Eles estão na casa de Adam. Todos nós vamos em sua minivan, e ele está
dirigindo.
E assim, meu estômago estava uma bola de nervos. Eu não conhecia seus
amigos, então isso era estressante o su ciente, mas a ideia de sentar na parte de
trás de uma minivan com Michael trouxe todas as preocupações.
Porque eu queria – tanto – que ele visse que eu não era mais a pequena Liz.
— Todo mundo é super relaxado, então não se preocupe. — Foi como se ele
tivesse lido minha mente, mas antes que eu pudesse pensar muito, ele disse: —
Ooh, eu gosto dessa música.
— Eu também. — Parei minha exploração, surpresa que Wes e eu
concordamos em qualquer coisa. Era “Paradise” do Bazzi, que era bem antiga e
bonita. Mas era uma daquelas músicas que tinha um toque, como junto com as
notas, você também recebia uma saudável dose de sol de verão que beijava seus
ombros enquanto você caminhava pelo centro da cidade ao anoitecer.
Seu telefone tocou naquele momento, e nós dois olhamos para onde ele
estava no porta-copos. A parte superior da pequena caixa de noti cação dizia
“Michael Young”.
— Parece que seu homem está enviando mensagens de texto.
— Oh meu Deus! — Imaginei o rosto de Michael e meu coração disparou.
— Você responde. Eu não envio mensagens de texto e dirijo.
— Quão responsável da sua parte, — eu disse enquanto pegava seu iPhone.
Segurá-lo parecia estranhamente pessoal, como se estivesse segurando o livro de
sua vida social em minhas mãos. Eu me perguntei quem foi salvo em seus
favoritos, para quem ele enviava mensagens de texto regularmente e – Deus me
ajude – que imagens viviam em seu rolo de câmera.
— Na verdade. Eu simplesmente odeio a morte e a prisão.
— Compreensível, embora eu deva dizer a você, estou totalmente fascinada
por alguém tão casual sobre ter seu telefone nas mãos de outra pessoa.
— Não tenho segredos —, disse ele, e me perguntei se isso era verdade.
— Senha, por favor. — Sua foto na tela de bloqueio era uma foto de seu
cachorro, Otis, que era adorável. Ele tinha aquele velho golden retriever desde
que eu conseguia me lembrar.
— Zero-cinco-zero-quatro-dois-um.
— Obrigada. — Abri suas mensagens e olhei o que Michael havia enviado.
Michael: Então você convenceu Liz a vir?
— Puta merda – ele perguntou se eu vou! — Abaixei o volume do rádio e
disse a Wes: — Isso signi ca que ele está esperando que sim?
— Já que ele está me mandando mensagens de texto, — ele murmurou, me
olhando de lado e exionando a mandíbula, — Eu vou com o não.
— Ele pode. — Eu não gostei dessa resposta. — Você não sabe.
— Parece que ele está apenas fazendo uma contagem de cabeças, Liz. — Ele
olhou para mim e apontou para seu telefone. — Quer responder a ele?
— Sério?
Ele encolheu os ombros. — Por que não?
Eu inalei. — Hum, está bem. Uh...
— Você é patética. — Wes entrou em uma rua arborizada. — Acho que uma
resposta sólida seria "Sim", não é?
Eu disse as palavras em voz alta enquanto mandava uma mensagem. "Sim.
Estamos quase lá."
Mandar.
Eu estava prestes a colocar o telefone no porta-copos de Wes quando ele
zumbiu em minhas mãos.
Michael: Legal. Vou colocar bom termos para você.
Wes (eu): Incrível, cara. Olhei para Wes e acrescentei: A propósito, adoro o
seu cabelo. Você tem que me dizer que produto usa nele.
Mordi meu lábio para conter o sorriso.
Michael: Você está brincando, certo?
Olhei para Wes novamente antes de adicionar rapidamente: Muito sério. Você
é meu herói de cabelo. Vejo você em alguns minutos.
Coloquei o telefone no porta-copos e dei a Wes um sorriso completo quando
ele parou na frente de uma casa e olhou na minha direção.
— É isso, — ele disse enquanto estacionava, seus olhos indo até o meu cabelo
antes de voltar para o meu rosto. — Preparada?
— Como um ataque cardíaco.
— Você sabe que isso não está certo, não sabe?
— Sim. — Às vezes eu esquecia que nem todo mundo estava na minha
cabeça. — Eu gosto de metáforas misturadas.
O lado de sua boca se ergueu. — Como você é rebelde, Elizabeth.
Eu apenas rolei meus olhos e saí de seu carro.
Nós nem mesmo subimos até a porta da frente. Eu segui Wes enquanto ele
caminhava ao redor da casa e abria o portão da cerca.
Mas ele parou antes de entrar no quintal, fazendo com que eu batesse em suas
costas.
— Deus, Wes. — Eu me senti ridiculamente estranha enquanto batia meus
seios em suas costas. — O que você está fazendo?
Ele se virou e olhou para mim, o menor indício de um sorriso em seus lábios.
Havia algo em seu sorriso, a maneira como não só exibia dentes perfeitos, mas
também tornava seus olhos escuros divertidos e brilhantes, que tornava
impossível não sorrir de volta. — Só quero lembrar que Michael acha que estou
tentando me aproximar de você. Portanto, se ele não parece interessado em você,
não leve para o lado pessoal. Ele é um cara bom, então provavelmente vai manter
distância até saber que não somos nada. Okay?
Eu não sabia se era a leve brisa que estava fazendo isso ou o fato de que ele
estava tão perto, mas sua colônia masculina (ou desodorante – ele nunca
respondeu minha pergunta) continuava encontrando meu nariz e o deixando
muito feliz. Eu inalei novamente e coloquei meu cabelo atrás das orelhas. —
Você está tentando me tranquilizar?
Seus olhos se estreitaram como se quisesse sorrir, mas ele balançou a cabeça
em vez disso. — Deus não. Você está sozinha, emocionalmente falando. Estou
apenas nisso pelo Forever Spot.
O sorriso tomou conta dos meus lábios, quer eu quisesse ou não. — OK,
bom.
Ele bagunçou meu cabelo como se eu fosse uma criança – o idiota – e então
começou a caminhar em direção à garagem independente nos fundos. Sua
sicalidade repentina tinha sido chocante – familiar e estranha ao mesmo tempo
– e levei um minuto para me recuperar totalmente. Eu podia ver três pessoas
paradas ao lado da primeira porta, e rapidamente penteei meu cabelo com os
dedos enquanto o seguia, meu pulso acelerando enquanto os nervos de eu-não-
conheço-essas-pessoas deslizavam por mim.
Respirei fundo e lá estava Michael, falando e encostado em uma van prateada
enferrujada em jeans e uma jaqueta de lã preta que fez seus olhos azul-bebê
estourarem. Tão, tão bonito.
— Não que nervosa. — Wes disse com o canto da boca e me cutucou com o
ombro antes de começar imediatamente as apresentações. — Este é Noah,
Adam, e você conhece Michael.
— Ei, — eu disse, meu rosto queimando enquanto todos olhavam para mim.
Eu era péssima com nomes, mas apelidos ajudariam. Eu gravei Cara Sorridente
(Noah), Camisa Havaiana (Adam) e Sr. perfeito com a bunda perfeita (Michael,
é claro) na memória. Todo mundo foi amigável o su ciente. Camisa Havaiana
disse que se lembrava de mim do ensino fundamental porque tínhamos o
mesmo professor de sala de aula, e então ele e Noah começaram a discutir o quão
legal a Sra. Brand tinha sido na leitura da sétima série.
Era tudo muito brando e desinteressante, então eu os desliguei e tentei olhar
para todos os lugares, menos para Michael. Tentei e falhei. Não importa o que eu
disse ao meu cérebro, meus olhos continuamente o procuraram e deram uma
volta por todo o seu rosto bonito.
Wes estava totalmente ciente de mim, e quando ele fez contato visual, ele
balançou a cabeça.
O que me fez colocar a língua para fora.
Cara Sorridente inclinou a cabeça – viu totalmente a língua – mas Wes me
salvou dizendo: — Vamos ou o quê?
Todos nós entramos na minivan, e quando eu estava prestes a pegar um
assento na leira do meio, Wes me empurrou para trás e murmurou: — Con e
em mim.
Ele empurrou em torno de mim e se estatelou no lugar da janela esquerda, o
que me deixou com o assento vago entre ele e Michael. Eu olhei para Wes
quando me sentei, e ele me deu um movimento de sobrancelha que fez meu
nariz esquentar quando Adam ligou a van e saiu do beco.
Wes começou a falar com os caras da frente, inclinando-se para falar na
segunda la, meio que dando a mim e a Michael um pouco de privacidade.
Limpei a garganta e estava hiperconsciente de como sua perna estava perto da
minha. O que dizer? Minha mente estava em branco total, enviando uma linha
de EKG solidamente plana enquanto minha boca parava de funcionar.
Hora da morte: 5:05.
Em todas as vezes em que imaginei nossos primeiros momentos mágicos,
nunca pensei que caria sem jeito olhando para os joelhos, totalmente muda,
esperando que o que quer que cheirasse a mofo no carro não fosse de alguma
forma eu, enquanto uma música terrível de Florida Georgia Line soava nos alto-
falantes atrás de nossas cabeças.
Michael estava olhando para seu telefone, e eu sabia que estava cando sem
tempo. Diga algo inteligente, Liz. Abri a boca e quase disse algo sobre a festa,
mas fechei-a novamente quando percebi que lembrá-lo do incidente do vômito
– e conjurar a imagem de ser atirado sobre mim para ele – era uma ideia terrível.
Oh meu Deus – diga qualquer coisa, sua perdedora!
Então... — Liz.
Meus olhos pularam para o rosto dele, mas olhar para ele fez meu estômago
doer, e eu baixei meus olhos para o zíper de sua jaqueta para acalmar meus
nervos. Embora meu rosto estivesse pegando fogo e eu tivesse certeza de que
havia minúsculas gotas de suor na ponta do meu nariz, tentei agir como alegre e
provocadora, dizendo: — Michael.
Ele sorriu. — Posso te contar uma coisa?
Oh Deus.
O que ele vai dizer? O que ele poderia dizer quando estava de volta há apenas
alguns dias? Eu me preparei para sua con ssão de que meu perfume o deixava
nauseado ou que eu tinha algo nojento saindo do meu nariz. — Claro.
Seus olhos foram até o meu cabelo por um minúsculo segundo antes de
pousar de volta nos meus olhos e ele disse: — Você realmente se parece muito
com sua mãe agora.
É possível sentir seu próprio coração parar? Provavelmente não, mas senti um
aperto no peito quando imaginei o rosto da minha mãe e percebi que Michael
ainda se lembrava do rosto dela também. Ele ainda podia imaginá-la. Tive que
piscar rápido para me controlar, porque em toda a minha vida, esse foi o elogio
mais importante que já recebi. Minha voz estava nervosa e comprimida quando
eu disse: — Você acha?
— Eu realmente acho. — Ele sorriu para mim, mas parecia um pouco
inseguro, duvidoso do jeito que as pessoas sempre olham quando se perguntam
se cometeram um erro ao mencionar a existência de minha mãe. — Sinto muito
sobre o, hum, o–
— Obrigada, Michael. — Eu cruzei minhas pernas, mudando para car de
frente para ele um pouco mais. A verdade é que gostava de falar sobre minha
mãe. Trazê-la para uma conversa casual – colocar palavras sobre ela no universo –
era como manter um pedaço dela aqui comigo, mesmo que ela já tivesse partido
há muito tempo. — Ela sempre gostou de você. Quer dizer, provavelmente foi
porque você foi a única pessoa que não se escondeu sob o banho de pássaros e
pisou nas margaridas dela durante o esconde-esconde, mas conta.
Seus olhos azuis me sugaram enquanto ele sorria e dava uma risada profunda
incrivelmente agradável. — Eu vou levar em consideração. É disso que trata a sua
tatuagem? As margaridas da sua mãe?
Meu coração com certeza parou então, e tudo que pude fazer foi acenar em
resposta enquanto lágrimas de felicidade brotavam no canto dos meus olhos. Eu
virei minha cabeça para longe dele, piscando rapidamente algumas vezes. Ele
tinha visto minha tatuagem, e sem qualquer explicação, ele entendeu. Ele talvez
não soubesse que minha mãe adorava a linha em Mens@gem Para Você sobre as
margaridas como a or mais amigável, mas as ores o zeram pensar nela. Wes
olhou para mim e suas sobrancelhas se juntaram enquanto ele ia falar, mas eu
apenas balancei minha cabeça. Por algum motivo, a van começou a diminuir a
velocidade, embora estivéssemos na estrada apenas por alguns minutos.
— Por que estamos parando? — Wes chamou Adam.
— Esta é a casa de Laney.
Minha cabeça virou para a esquerda, e logo após o rosto de Wes eu pude ver
Laney pela janela, saindo de uma grande casa branca em estilo colonial. Ela
pulou os degraus em sua roupa de dança, um collant preto brilhante que teria
iluminado minhas falhas, mas estava vazio nas dela, e eu me senti enjoada
enquanto a observava abrir a porta deslizante da van.
Então é por isso que havia um assento aberto.
Meu momento com Michael e as memórias felizes de minha mãe
desapareceram quando Laney entrou na van e fechou a porta atrás dela. Michael
a tinha convidado? Ele queria que eu me movesse para que ela pudesse sentar no
meu lugar? Ela era, tipo, seu par? E eu era do Wes?
— Muito obrigada por ter voltado para me buscar. — Ela se sentou no banco
em frente a Michael, e seu perfume sutil utuou de volta para onde eu estava
sentada, um lembrete olfativo de que ela era incrível nos mínimos detalhes. Ela
olhou para nós e disse: — Oh, ei, Liz, eu não sabia que você estava vindo. Eu
achava que você não gostava de esportes.
Forcei um sorriso, mas não parecia que meus lábios estavam totalmente
estendidos enquanto fervia por dentro. Claro que ela estava certa, mas por que
ela assumiria isso sobre mim? Porque eu não usei uma jaqueta boba? E eu tinha
certeza de que não era por acaso que ela estava apontando isso na frente de
Michael. Tentei parecer alegre pela segunda vez naquela noite quando disse: —
Ainda sim estou aqui.
E caramba – ela me fez esquecer de olhar e ver como era a casa de Michael.
Ela olhou para frente e disse aos caras da frente: — Bem, de jeito nenhum eu
estaria pronta quando Michael fosse embora, mas em minha defesa, ele não teve
que colocar maquiagem no palco e se espremer em uma fantasia qualquer.
Todos riram – é claro – quando Laney começou a fazer uma diatribe fofa
sobre o que era necessário para car pronta para dançar.
— Eu não tinha ideia de que ela estava vindo, — Wes disse, me
surpreendendo. Sua boca estava tão perto do meu ouvido que literalmente
estremeci. — Eu juro.
O que quer que Wes tenha dito sobre o Forever Spot, naquele momento eu
não pude deixar de pensar que ele também estava me ajudando porque era
genuinamente legal. As palavras de Joss ecoaram em minha cabeça. Todo mundo
adora Wes.
Eu estava começando a ver o porquê.
Inclinei-me para mais perto dele para que ele pudesse me ouvir quando
murmurei: — Você estava certo sobre a coisa toda de roubar atenção, no entanto.
Na verdade, estou invisível agora.
Ele me deu um olhar Não-você-não-está, mas eu nem mesmo tentaria me
convencer do contrário. Laney tinha se virado em sua cadeira e estava contando a
história passo a passo diretamente para Michael, e uma leve sensação de mal-estar
se instalou em meu estômago. Como isso é justo? A garota estava usando
maquiagem pesada, um macacão deslumbrante e um laço ridiculamente enorme
bem no topo de sua cabeça. Ela deveria ter parecido a Rainha dos Palhaços.
Mas ela parecia bonita.
E a pior parte é que ela era incrivelmente charmosa. Ela de alguma forma
conseguiu enterrar sua alma rançosa e revelar totalmente que ela era um ser
humano genuinamente encantador.
Era bruxaria, isso.
Não havia como competir com um show de perfeição de uma mulher só,
então desisti e peguei meu telefone para ler. Eu comecei um livro realmente bom
naquela manhã, então continuei de onde parei e tentei me perder na alegria de
Helen Hoang.
Joss me mandou uma mensagem um minuto depois.
Joss: Ei. Você foi à festa do Ryno?
Merda. Meu estômago afundou enquanto eu digitava: Wes me convidou no
último minuto, e foi um pesadelo total. Eu ia te contar sobre isso antes, mas
Helena interrompeu.
Joss: WTH? Eu sempre convido você para minhas coisas.
Eu: Eu pensei sobre isso, mas você disse que as festas de Ryno eram uma
besteira imatura, então eu sabia que você não gostaria de ir.
Joss: Só acho estranho que você não tenha me contado que estava indo. Você
cou estranha de repente.
Levantei os olhos do telefone em busca de desculpas, mas tudo que tive foi a
impressão de que Laney estava fazendo uma lavagem cerebral em todos os
meninos para que se unissem ao seu culto à adorabilidade. Nada para me salvar
do fato de que eu estava sendo uma péssima amiga.
Eu: Eu só estava tentando te salvar uma situação constrangedora.
Joss: Tanto faz. Eu tenho que ir trabalhar agora.
Suspirei, dizendo a mim mesma que compensaria isso de alguma forma e
voltei a ler. Mas eu só li cerca de três parágrafos quando Wes disse: — Se importa
se eu ler por cima do seu ombro? Estou entediado.
Eu olhei de soslaio para ele. — Você não gostaria disso. Con e em mim.
— Quer calar a boca para que eu possa ler?
Minha boca queria sorrir, mas eu limpei minha garganta e disse: — Desculpe.
Tentei voltar ao livro, mas agora estava hiperconsciente de que ele estava
lendo todos os parágrafos do livro sedutor e sexy também. Continuei rolando,
mas as palavras eram diferentes agora, girando umas sobre as outras com um
novo contexto cambaleante enquanto os personagens principais começavam a
ter uma conversa levemente sexual.
Desliguei meu telefone quando eles foram para um quarto juntos.
— Suas bochechas estão tão vermelhas —, disse ele calmamente, sua voz
profundamente rica em riso contido. — Por que você parou de ler?
Eu tossi uma risada e o encarei, seus olhos escuros maliciosos enquanto ele
me dava um sorriso malicioso. Eu disse: — A estrada está muito ruim para ler.
— Ah sim. — Ele me deu um aceno lento enquanto seus lábios deslizaram
em um sorriso completo. — É a estrada que fez você parar de ler.
— Posso car enjoada e vomitar em você se você não tomar cuidado.
— Oh, Liz. — Laney se inclinou no espaço entre as duas poltronas e disse: —
Eu ouvi sobre isso, sobre Ash vomitando em você. Isso foi tão terrível. Ela se
sente tãããão mal.
Meu sorriso foi embora quando ela colocou a mão sobre o coração e me fez
um beicinho empático. Ela estava trazendo isso de propósito para me fazer car
mal? Dei de ombros e disse: — O que é uma festa se você não vomitar? — Eu
ouvi Michael rir ao meu lado e senti como se tivesse ganhado aquele ponto.
Laney saltou de volta em sua tagarelice ininterrupta, então coloquei meus fones
de ouvido para deixar os sons de Wicked Faces abafar seu absurdo. Antes de
apertar o play, parei para oferecer um fone a Wes. Ele pegou, e nós ouvimos em
silêncio até que zemos a curva para o estacionamento da escola.
Quando Adam estacionou o carro, Laney nalmente disse algo que me
deixou feliz. Ela abriu a porta deslizante da van e disse: — Obrigada novamente
pela carona, Adam. Tenho que encontrar a equipe. E não se esqueça: estou
voltando de ônibus.
Isso signi cava que eu teria todo o jogo de basquete para conversar com
Michael – sem a distração de temer a volta para casa. Ninguém realmente assistia
ao jogo em eventos esportivos, certo?
Wes me devolveu meu fone de ouvido, mas quando tentei chamar sua atenção
para comunicar silenciosamente como estava emocionada com a boa notícia, ele
estava muito ocupado enviando mensagens de texto para alguém para notar.

Acontece que os jogos de basquete do colégio são incrivelmente barulhentos.


Sentei-me entre Michael e Wes, e os outros sentaram-se na leira à nossa
frente. A banda animada estava à nossa esquerda, e eles pareciam estar todos
empolgados com um entusiasmo ensurdecedor. Eles tocaram um uxo constante
de melodias que tornava impossível conversar. Parecia que a esperança de fazer
Michael ver meu verdadeiro eu teria que esperar até depois do jogo.
Eu estava meio que bem com isso, porque gostava da vibração da academia. O
lugar estava cheio de energia, como se cada pessoa naquele ginásio estivesse
prestes a explodir com sua excitação incontrolável. A equipe estava se aquecendo
e parecia que algo grande estava para acontecer.
As bolas quicaram, os alunos escalaram os degraus das arquibancadas à
procura de seus amigos, os minutos foram marcados no placar gigante e as líderes
de torcida dançaram no ritmo da banda. Olhei para Laney e procurei por erros,
mas é claro que não havia nenhum. Ela fez cada movimento coreografado como
se tivesse criado, seu sorriso nunca vacilou enquanto ela chutava, girava e
aplaudia em uníssono perfeito com as outras garotas.
Decepcionante.
Eu olhei para Michael, mas felizmente ele estava falando com o cara ao lado
dele.
Wes me cutucou com o ombro. — Se divertindo? — Ele meio que gritou no
meu ouvido. — Em absoluto?
Eu ri em seu ouvido. — A banda está em sua terceira apresentação de
"Uptown Funk", então eu realmente sinto que estão se preparando para ser uma
noite especial.
Isso o fez sorrir. Ele se inclinou mais perto, mas seu rosto permaneceu xo na
quadra de basquete. — Tudo bem, Buxbaum – vamos tornar isso interessante.
Se aquele cara ali —, disse ele, apontando para o número 51 de nossa equipe, —
superar o número vinte e três do outro time, você ganha cinquenta dólares.
— O que? Por que?
— Sem perguntas. Você quer um cinquentão ou não?
— Er, é claro. — A nal, eu estava com 50 dólares a menos no vestido. — Mas
e se ele não o zer?
— Então você lava meu carro.
Imaginei seu carro. — Seu carro parecia bem limpo antes. Qual é o truque?
— Sem pegadinhas. — Ele deu de ombros, cruzou os braços longos e disse: —
Quer dizer, posso ou não sair da estrada em Spring eld amanhã, mas não diria
que isso é um problema.
— Você é um trapaceiro. — Olhei para seu rosto provocador quando a banda
começou a tocar "Hit Me With Your Best Shot", e eu disse: — Mas você está no
ar. Qual é o nome do cinquenta e um?
— Matt Kirk.
Eu assisti o número 51 acertar um tiro atrás da linha branca e me virei para
sorrir para Wes. Mas ele não estava olhando para a quadra. Ele estava olhando
para mim – sorrindo, na verdade, de uma forma que fez meu estômago
embrulhar um pouco Pisquei, voltando-me para a quadra, esperando que ele não
percebesse o que quer que fosse. Em seguida, a campainha tocou e, felizmente,
me sacudiu de volta de qualquer lugar estranho que tenha acontecido naquele
momento.

— Eu não tinha ideia de que vocês gostavam tanto de basquete. — Michael


parecia um pouco impressionado com meu fanhood enquanto passávamos pela
barraca de concessão e pelo corredor, seguindo Wes, Noah e Adam.
Eu devia a Wes um grande agradecimento pela aposta de cinquenta dólares,
porque não só me fez entrar no jogo de basquete a ponto de me esquecer de
Laney e de tudo o mais no mundo, mas, aparentemente, aumentou meu valor
aos olhos de Michael.
— Bem, hum, são os playo s. — Eu sabia que Wes iria sorrir se me ouvisse
usando suas palavras. Era intervalo e estávamos prestes a entrar furtivamente no
ginásio de treino de Lincoln para que pudéssemos atirar até o jogo reiniciar. Por
“nós” eu quis dizer todos menos eu.
— Suponho que vocês sejam bons amigos de Matt?
— Quem?
Ele parecia confuso, embora ainda estivesse sorrindo. — Número cinquenta e
um? Você dominou o jogo dele.
Duh. — Oh sim. Matt. Somos... amigos.
Amigos? Mesmo? Diga algo legal pelo menos uma vez na vida! Algo que o
eleve além da pequena Liz. Limpei a garganta e acrescentei: — Nós namoramos
por um tempo, mas no nal decidimos que somos melhores como amigos.
Sim, mentir de nitivamente torna tudo melhor.
Eu não sabia mais o que estava fazendo com todas as mentiras, para ser
honesta. Eu sempre me considerei uma pessoa muito verdadeira, mas agora eu
menti para Joss, para Helena, e para Michael. Quando isso iria parar?
Wes era o único para quem eu não tinha mentido ultimamente, porque eu
não estava tentando agradá-lo ou impressioná-lo. Ele sabia como eu era, então aí
realmente não fazia sentido.
— Sim, entendi. — O ombro de Michael bateu no meu de uma forma casual,
mas – eu tinha 99 por cento de certeza – proposital. Eu tinha certeza de que
minha mentira desnecessária tinha acabado de me dar um ponto. Ele disse: — Eu
tive namoradas assim.
— Vamos. — Noah estava segurando uma porta aberta e gesticulando para
que nos apressássemos. — Entrem antes que alguém nos veja.
Nós o seguimos através da porta e para o ginásio de treino. Adam encontrou
uma bola perto do bebedouro do canto enquanto os outros rapazes decidiam os
times.
— Você está jogando, Buxbaum? — Wes olhou para mim como se eu devesse
dizer sim, mas eu sabia que meu nível de habilidade não faria nada para me
ajudar.
— Vou assistir, mas obrigada. — Tirei os fones de ouvido do bolso da frente
– sempre tive pelo menos três pares comigo em um determinado momento –
antes de clicar na minha música. Eu me joguei no chão e sentei cruzando as
pernas enquanto colocava os fones de ouvido e observava os meninos jogarem.
E assim, eles estavam imersos no jogo do intervalo. Wes e Noah eram um
time; Michael e Adam eram o outro. Noah falava merda sem parar, e sua disputa
verbal com Michael e Adam me fez rir porque era brutal, arrogante e hilário.
Michael fez alguns arremessos, mas foi ofuscado por Wes, que parecia muito,
muito bom no basquete.
Isso estava cando divertido.
Nunca criei trilha sonora para um evento esportivo – e minhas playlists de
corrida não contam, mas sempre achei que havia uma magia especí ca para eles.
Quer dizer, a trilha sonora de Duelo de Titãs? Totalmente ridícula. O curador
conseguiu uma obra-prima que deixou as músicas para sempre mudadas para
cada pessoa que viu o lme.
Quem poderia ouvir “Ain't No Mountain High Enough”sem imaginar Blue
cantando no vestiário depois daquele treino de pesadelo no campo de
treinamento? E “Fire and Rain” de James Taylor foi completamente reencarnado
por aquele lme. Eu não conseguia lembrar o que tinha imaginado ao ouvir
aquela música antes de ver o lme, mas pelo resto da minha vida eu sempre iria
imaginar o acidente de carro que deixou Bertier paralisado.
Observei Noah driblar pela quadra. Ele quicou a bola com a con ança de
quem sabia que a bola não seria roubada dele. Inspirada, rolei para ver algo alto,
porque o jogo que estava assistindo era todo sobre barulho. Era uma cacofonia
de vozes, grunhidos, guinchos e saltos de tênis.
Eu comecei “Sabotage” dos Beastie Boys. Não era original, mas era perfeito.
Continuei aumentando o volume enquanto Ad Rock de nia o cenário perfeito
para essa luta suada. Noah sorriu maliciosamente enquanto girava em torno de
Adam, e logo após o primeiro conjunto de arranhões de registro, ele deu um
passo para trás e deu um tiro que fez um arco no ar antes de acertar a cesta. Nada
além de rede.
Então ouça porque você não pode dizer nada
Michael passou a bola para Adam, que foi rápido e correu até o canto, mas
Wes já estava lá com as mãos para cima. Adam saltou para Michael, que driblou
para baixo da cesta e apenas colocou, como se fosse fácil.
Ouçam todos, é uma sabotagem...
Adam passou a bola bem no meio do grito da música, e eu estava zunindo,
viva do jeito que só me sentia quando acertava a combinação musical. Se a vida
era um lme, essa música era para este momento.
A música tornou tudo melhor.
Quando Noah disparou uma seta de três pontos para ganhar o jogo, eu me
sentei totalmente e gritei. Apenas, eu estava comemorando minha própria
pequena vitória, não a deles.
Todos relaxaram instantaneamente quando o jogo acabou, conversando e
lançando casualmente a cesta. Eu rolei para “Feeling Alright” de Joe Cocker
enquanto observava o espírito esportivo na minha frente. Noah estava
discutindo – em voz alta – com Adam enquanto os dois riam, e Wes estava
fazendo um movimento de dança terrível ao lado deles, também rindo.
Havia algo doce na maneira como eles passavam de inimigos a amigos, de
rivais atléticos a simples garotos adolescentes, no minuto em que o apito
metafórico encerrou o jogo.
— O que você está sorrindo?
Eu pulei e minha mão voou até meu coração antes de arrancar os fones de
minhas orelhas.
Virei minha cabeça em um ângulo estranho para ver Michael parado ao meu
lado e olhando para o meu rosto.
— Você me assustou!
— Desculpa. — Ele me deu um pequeno sorriso e meu estômago virou de
cabeça para baixo. Seu cabelo loiro estava suado nas franjas externas, mas era
como se o suor funcionasse como um gel e segurasse todas as partes pontiagudas
no lugar. Seus olhos eram calorosos quando ele disse: — Você parecia tão feliz,
apenas sentada aí com seus fones de ouvido. Eu não deveria ter incomodado
você.
— Ai, tudo bem. — Coloquei meu cabelo atrás das orelhas e disse: — Eu,
hum, eu adoro...
Deus sabe que eu não amo esportes, então acenei minhas mãos, gesticulando
ao redor do ginásio, esperando que isso fosse su ciente e me salvasse de outra
mentira.
— Quer fazer cestas por aí? — Ele estava sorrindo para mim, e eu percebi que
ele realmente tinha um cabelo lindo. Ele realmente poderia ser um herói de
cabelo se isso fosse uma coisa real.
— Sou terrivelmente descoordenada —, eu disse, e tive um vislumbre de Wes
com minha visão periférica. Eu cometi o erro de virar minha cabeça em sua
direção, e ele me deu um duplo sinal de positivo com um sorriso extravagante e
uma sobrancelha levantada.
Oh, pelo amor.
Michael driblou e disse: — Você não pode ser tão ruim.
Voltei minha atenção para ele e disse: — Eu posso.
— Vamos. — Ele parou de driblar e estendeu a mão para me puxar para cima.
— Vou ajudar no seu arremesso.
Eu agarrei sua mão, e calor percorreu cada uma das minhas moléculas
enquanto ele me puxava para car de pé. Eu o segui enquanto ele driblava em
direção ao aro aberto e, assim que chegamos perto, ele deu um tiro e ele entrou.
Peguei o rebote e ele disse: — Vamos ver o seu arremesso.
Percebi naquele segundo que poderíamos estar prestes a ter um momento de
cinema. Eu sorri para ele e disse: — Aqui vai nada.
Por conta própria, “Paradise” de Bazzi começou na minha cabeça.
Essa merda parece sexta-feira à noite.
Essa merda me faz sentir vivo–
Eu liberei, e vi minha bola de ar de couro duro falhar completamente. Como
em, a bola voou muitos, MUITOS metros para da cesta. Quando comecei a rir,
Michael apenas sorriu para mim, e a expressão em seu rosto era tão charmosa
que me deu vontade de escrever um poema.
Em vez disso, eu disse: — Você está mordendo a parte interna da bochecha
para não rir?
Ele estreitou os olhos. — Você pode ver isso?
— Eu vejo tudo, jovem Michael.
Ele me lançou um olhar adoravelmente brincalhão e disse: — Na verdade, é
"Michael Young''.
— Oh, sim, — eu disse, — Isso mesmo.
— Bem — Ele recuperou a bola e quicou entre as pernas, dando-me um meio
sorriso que me deixou um pouco tonta. — Se você pode ver tudo, provavelmente
pode ver que Wesley meio que tem uma coisa por você.
A música parou com um arranhão recorde.
— Pft– o quê? Não, — eu parei. Mesmo sabendo que esse era o ângulo que
estávamos jogando, imaginei Wes no dia em que ele arrastou um para-choque de
caminhão velho e enferrujado para o The Spot apenas para que eu não pudesse
estacionar lá. Se Michael soubesse apenas a metade.
— Estou te dizendo, Liz. — Ele me passou a bola e eu a peguei. — O menino
me contou.
Oof. De repente, a mentira não era tão fácil de administrar como eu pensei
que seria. Wes já havia falado com ele? O que eu deveria dizer de novo? Eu
quiquei a bola, concentrando-me em não deixá-la car fora de controle. — Oh.
Hum. Eu gosto do Wes, mas apenas como um amigo.
— Você deveria reconsiderar – ele é um cara muito bom.
Eu sorri para ele, tentando não sorrir como uma idiota apaixonada enquanto
ele estava lá parecendo o garoto-propaganda de tudo que eu sempre quis. — Wes
não é um "cara muito bom", Michael – vamos lá. Ele é… — parou de driblar. —
Wes é divertido e imprevisível e a vida da festa. Ele tem boas qualidades, mas não
é bom.
Mas, ao dizer isso, não senti isso mais. Foi assim que sempre pensei nele, mas
estava cando claro para mim que ele havia mudado ou eu estava errada o tempo
todo.
Michael deu um pequeno aceno de cabeça como se reconhecesse meu ponto.
Eu levantei a bola para arremessar, mas Michael veio atrás de mim e moveu
minhas mãos para que eu segurasse a bola de uma maneira diferente. Parecia que
as pontas dos dedos dele queimavam cada poro na minha pele, e eu tive
di culdade em lembrar como usar meus apêndices. Suas mãos bronzeadas
estavam espalhadas em volta dos meus dedos claros e esmalte turquesa lascado e,
apesar daquela imagem romântica, eu ainda consegui soltar a bola e realmente
mandá-la através do aro.
— Você ensinou isso a ela, Young? — Afastei-me da cesta e lá estava Wes,
caminhando ao lado de Michael. — Porque ela com certeza não sabia como fazer
isso antes.
Peguei a bola. — Como você saberia?
— Eu sei tudo, Buxbaum.
Revirei os olhos e gaguejei na outra direção.
— Posso ter dado algumas dicas, mas aquela cesta foi toda pequena Liz —,
ouvi Michael dizer. Eu me encolhi. — E, por falar nisso, sobre meu cabelo.
Eu parei de babar e olhei por cima do ombro. As sobrancelhas de Wes se
arquearam como se ele estivesse confuso e interessado em ouvir o que estava por
vir. Michael tocou a frente de seu cabelo e disse: — Eu uso uma pomada de
modelagem Ieate na frente, para conseguir segurar, mas não parece rígido, e
então eu só coloco um pouco de gel nas laterais.
— Percebi — Os cantos da boca de Wes pareciam querer sorrir, mas eu
poderia dizer que ele não tinha certeza se Michael estava falando sério sobre seu
cabelo ou sendo um espertinho.
— Seu cabelo provavelmente faria a mesma coisa, honestamente, se você
deixar crescer e obter um bom corte.
Eu quase ri quando vi a mudança no rosto de Wes quando ele percebeu que
Michael estava falando sério. — Você realmente acha isso? — Wes disse.
— Com certeza. — Michael deu um tapinha no ombro de Wes, deu um
sorriso adorável e disse: — Você pode ser seu próprio herói do cabelo.
Opa.
— Hum, Michael? — Eu tive que intervir e pará-lo.
— Sim?
Merda – eu tinha que dizer algo. — Erm – você pensou mais no baile? Se
você vai com alguém? Talvez um amigo ou algo assim. — Oh, pelo amor de Nora
Ephron, isso parecia muito ousado. Limpei a garganta e acrescentei: — E você,
Wes, você vai? Parece que muitas pessoas estão pulando este ano. Eu ouvi.
Os olhos de Michael estavam em mim, como se ele tivesse me considerado
para a posição, e eu me senti eletrizada. Ele disse: — Ainda estou...
Naquele mesmo segundo, ouvi Noah gritar: — Atenção!
O que foi meio segundo antes de uma bola de basquete atingir meu rosto e
me jogar de bunda no chão.

— Eu sinto muitíssimo.
Tentei olhar para Noah, mas não consegui vê-lo através da camisa amassada
sobre o nariz e por causa da maneira como minha cabeça estava inclinada para
trás. As únicas coisas que eu podia ver eram a camisa e o teto. — Pare de se
desculpar. Está bem.
Não estava bem. Quer dizer, foi porque eu não estava com raiva de Noah.
Aparentemente, ele andou brincando e tentou passar a bola violentamente para
Adam, que não sabia e saiu do caminho no momento mais inoportuno.
As coisas estavam indo tão bem com Michael um pouco antes da bola bater
no meu nariz. Em um minuto estávamos tendo um momento potencial de lme
e no seguinte havia sangue jorrando do meu rosto.
E não pode ter sido apenas um pequeno sangramento no nariz. Não. Não
comigo, não na frente de Michael Young. No momento em que a bola bateu, foi
como se uma torneira tivesse sido aberta. Wes puxou sua camisa, en ou contra
meu nariz e me ajudou a sentar enquanto Michael se agachava ao meu lado,
perguntando se eu estava bem, com olhos preocupados.
Minha nova camisa branca estava coberta de sangue e meu jeans também
estava bastante respingado. Nãoo tinha espelho; tinha certeza de que morreria de
vergonha se pudesse me ver. Ninguém no mundo jamais parecera atraente com
sangue escorrendo de um orifício.
Ninguém.
E enquanto eu estava sentada ali sangrando, não pude deixar de me perguntar
se o universo estava me enviando uma mensagem. Quer dizer, eu era mais
otimista do que a maioria e acreditava de todo o coração no destino, mas estaria
mentindo se dissesse que bandeiras vermelhas não estavam prontas para levantar.
Porque tanto o vômito quanto o sangue aconteceram bem quando eu estava
tendo momentos com Michael. Ambas as vezes, parecia que estávamos nos
conectando, e então BOOM. Fluídos corporais.
— Ainda está bem, Buxbaum?
Eu não conseguia ver o rosto de Wes, mas sua voz profunda me fez relaxar.
Provavelmente porque eu o conhecia melhor do que o resto deles. Ele caiu no
chão ao meu lado depois de empurrar sua camisa contra meu rosto, e o cheiro
dele, combinado com seu lado carinhoso inesperado, me manteve calma.
— Noah, você quebrou a cara da garota.
— Se você tivesse realmente conseguido passar, seu vagabundo, a pobre Liz
não estaria na lista de transplantes.
Eu estava começando a reconhecer cegamente suas vozes porque eles nunca
paravam de mandar.
Adam disse: — Como posso pegar algo que não sabia que estava vindo?
— Como você não pode? — Noah disse isso bufando. — Chama-se instinto.
— Existe algo como um transplante de nariz? — Isso soou como Adam
novamente. — Só curiosidade.
— Ouça você com as boas perguntas. — Michael parecia estar rindo e
quicando a bola de basquete. — Porque isso é certamente relevante para esta
situação.
Não vou mentir, era meio alarmante como Michael estava tão solto e relaxado
enquanto eu estava praticamente sangrando.
Adam disse: — Não posso evitar ser um menino curioso.
— Você é um nerd. — Noah parecia estar rindo também.
— Ainda preciso de uma resposta —, disse Adam.
— Acho que sim. — Minha voz soou estranha e abafada por trás da camisa.
— Havia uma senhora que teve seu rosto todo arrancado por um macaco e ela
fez um transplante de rosto.
— Sério? — Adam parecia fascinado. — Todo o rosto dela?
— Eu tenho certeza. — A conversa ada foi uma boa distração da minha
ansiedade sobre o potencial dano nasal. Quero dizer, as pessoas que quebraram
seus narizes não acabaram cando com caroços enormes? Meu nariz estava
quebrado?
Eu tentei apertar e ele matou. Merda.
O rosto de Wes apareceu na minha linha de visão, algo para se olhar além do
teto do ginásio. — Você está bem?
Ele parecia realmente preocupado e, por algum motivo, me senti na obrigação
de tranquilizá-lo. Eu cegamente peguei sua mão e dei um aperto. — Eu acho que
está tudo bem. Assim que o sangramento parar, provavelmente estaremos bem.
— Ela é muito mais forte do que você, Bennett, — Adam disse.
— Não brinca. — Wes ajustou um lado da camisa para que eu pudesse ver
um pouco melhor, e senti sua mão grande e quente apertar a minha. — Eu
estaria gritando.
Michael acrescentou: — O mesmo.
— Oh meu Deus, o que aconteceu? — Um adulto apareceu na minha linha
de visão, uma mulher loira com um cabelo severo, olhando preocupada para o
meu rosto. — Você está bem, querida?
Repeti o que disse a Wes, e ela sugeriu que eu tentasse remover a camisa. Ela
disse com uma voz astuta: — Aposto que a maior parte do sangramento já
passou.
Enquanto ela tomava um segundo para dar um sermão aos meninos sobre
como eles não deveriam estar no ginásio, eu me preparei para mover a camisa.
Mesmo sabendo que era realmente imaturo, parte de mim não queria, porque
certamente havia manchas de sangue no meu rosto. E ewwww, certo? Eu não
queria que Michael – ou qualquer pessoa – me visse assim.
Mas eu respirei e abaixei a camisa de Wes, olhando para todos.
E... As expressões nos rostos dos meninos não eram boas.
Michael tossiu um pouco e disse: — Bem, parece que não está mais
sangrando.
Eu olhei para Wes. Ele era perpetuamente sem tato, e eu sabia que ele seria
honesto comigo. — O que está errado?
Eu o encarei, esperando. Ele estava sem camisa, tendo doado sua camisa para
o meu nariz sangrando, e quei momentaneamente distraída com a visão de seu
peito. Quer dizer, eu geralmente não era do tipo que cobiçava o físico de
ninguém, mas meu vizinho era muito de nido.
— Não me leve a mal —, disse Adam, respondendo antes de Wes e me
puxando para fora da minha orgia peitoral, — mas seu nariz se parece com... o
nariz da Sra. Cabeça de Batata.
— Puta merda, é isso! — Noah assentiu enfaticamente. — Não o resto, mas
com certeza o nariz.
Michael nem mesmo escondeu a risada, mas foi pelo menos uma risada
calorosa e amigável. — Parece mesmo um nariz de batata. E está sangrando de
novo.
Ele estava certo – eu senti um gotejar quente no meu lábio superior. — Oh
meu Deus! — Eu cobri novamente meu nariz.
— Não, não parece; não dê ouvidos a eles. — Wes ergueu meu queixo com o
polegar e o indicador, e seus olhos caíram para o meu nariz coberto. — Seu nariz
está um pouquinho inchado.
Noah murmurou, — Um pouquinho? — ao mesmo tempo, a senhora disse:
— Você provavelmente deveria ir ao pronto-socorro, querida. Só para ter certeza
de que não está quebrado.
O pronto-socorro, realmente? E a minha carona sem Laney para casa com
Michael? Eu disse: — Hu...
Mas Wes interrompeu com: — Não, sem objeções. Estou levando você ao
pronto-socorro e você pode ligar para seus pais no caminho. Legal?
Adam disse: — Cara, você não dirigiu. E pare de ser tão mandão com a
patroa.
Meu nariz latejava, mas não consegui evitar o sorriso. Os amigos de Wes eram
ridículos. — Não preciso que você me leve ao hospital. Vou ligar para meu pai.
— Mas Helena disse que ela e seu pai iriam ao cinema. — Wes parecia
preocupado, o que me fez sentir um pouco aquecida e confusa. O que signi cava
que provavelmente tive uma concussão. Ele olhou para algo em seu telefone e
disse: — O hospital ca literalmente no nal da rua.
— Oh sim. — Ele estava certo sobre meu pai e Helena, e provavelmente sobre
o hospital também.
— Tenho certeza que eles podem nos encontrar lá se você ligar. — Wes me
deu a mão para me ajudar a levantar. — Acha que consegue car de pé?
— Claro. — Eu o deixei me colocar de pé.
— É melhor você colocar a camisa, cara. — Adam fez uma careta. — Você
parece um pervertido só de jeans, como uma stripper menor de idade.
Apertei a camisa com mais força contra meu rosto enquanto Wes pegava sua
jaqueta do chão e a colocava sobre o peito nu. Minhas bochechas estavam em
chamas – parecia que estava assistindo algo sujo – e trêmula consegui dizer: —
Vamos, seu pervertido.
Mas quando saímos do ginásio, ocorreu-me que Wes já tinha doado suas
roupas para mim duas vezes. Ou eu estava em um programa de câmeras
escondidas e Wes estava me pregando uma peça, ou ele era realmente o cara mais
legal.

— Herói do cabelo. Oh meu Deus, eu nem tenho palavras. — O rosto de Wes


estava sério enquanto ele descia comigo os degraus do lado da escola, mas havia
aquele brilho malicioso em seus olhos, aquele que nunca foi embora. — Você se
acha muito engraçada, não é?
— Quer dizer, sim, acho que sou uma pessoa bastante divertida. — Eu agarrei
a grade de metal e me perguntei como acabei sozinha com Wes no nal desta
noite, em vez de fazer mágica com Michael. Fiquei um pouco surpresa por não
ter me sentido mais desapontada, mas talvez fosse apenas o mecanismo de defesa
do meu corpo para me impedir de morrer de vergonha.
— E se Michael disser a todos que ele é o herói do meu cabelo?
Sorrir doeu, mas eu o z mesmo assim. Wes estava agindo como se meu nariz
não tivesse explodido na frente da minha paixão eterna, e eu o amava por isso.
Ele estava pegando exatamente onde nossa conversa teria ido se não fosse pelo
meu acidente. — Ele não vai.
— Porque eu poderia fazer muito melhor. — Ele começou a nomear as
pessoas enquanto caminhávamos pela calçada escura. — Tipo, Todd Simon –
aquele cara tem um cabelo bonito. E Barton Brown – você pode se perder na
juba brilhante de Barton. Esses caras são dignos de heroísmo de cabelo. Esses
caras são dignos de adoração do folículo. Mas Michael Young? Por favor.
— Você nunca conseguiria Barton Brown; seja realista.
— Eu poderia pegar Barton. Ele provavelmente iria enlouquecer se eu pedisse
a ele para ser meu herói do cabelo.
— Você nunca perguntaria a ele, Wes, e você sabe disso. Ele está em outra liga
do cabelo.
— Por que você está me machucando assim?
— Desculpa. — Tentei não olhar enquanto caminhávamos sob um poste de
luz, mas percebi ao olhar para ele que seu rosto era sempre divertido. Ele quase
nunca parecia chateado ou um idiota, e eu não conseguia imaginá-lo
legitimamente zangado. — Acho que estou projetando.
Ele olhou para mim e fez uma careta de pena com a boca fechada. — Como
está o nariz?
— Realmente não dói agora. Exceto quando eu toco.
— Portanto, não toque.
— Mesmo?
Ele deu de ombros e colocou as mãos nos bolsos da jaqueta. — Parece lógico.
Eu estava cando cansada de segurar aquela camisa sobre o nariz. Peguei meu
telefone e virei a câmera para fazer um espelho, então parei de andar e lentamente
tirei a camisa do meu rosto. — Oh meu Deus, eu sou a Sra. Cabeça de Batata.
A ponta do meu nariz estava tão inchada que a coisa toda parecia larga. Era
como se meu nariz se misturasse ao resto do meu rosto.
A boa notícia: quando inclinei minha cabeça para trás, não parecia que mais
sangue estava esperando para cair.
Essa coisa toda era simplesmente nojenta.
— Eu quebrei meu nariz duas vezes e vai sarar rápido. — Ele colocou o dedo
na tela do meu telefone e virou a câmera para que eu não pudesse mais me ver.
— Você pode parecer um brinquedo de criança por um dia, mas depois disso
você mal conseguirá dizer.
Eu olhei para seu per l no escuro e não vi nenhum inchaço ou nó em seu
nariz. Mas eu disse: — De na "mal".
Ele me ignorou e disse: — Ligue para o seu pai.
— Oh sim. — Saí da câmera e entrei no telefone real. — Obrigada.
Liguei para meu pai enquanto Wes estava ao meu lado na calçada, rolando em
seu telefone, e depois que eu disse ao meu pai o que tinha acontecido e, em
seguida, recontou Helena, eles disseram que estavam indo em direção ao hospital
e iriam nos encontrar quando chegassem lá.
— A propósito, muito obrigada. — Coloquei meu telefone no bolso e
amarrei a camisa nojenta sobre a alça da minha bolsa, e começamos a andar
novamente. A cada passo, tentei descobrir o que estava acontecendo com a
gentileza de início repentino de Wes. O cara estava aparentemente decidido a
conseguir aquela vaga de estacionamento. — Você não precisava me
acompanhar.
Ele cutucou meu ombro com o dele e brincou: — Sorte minha, você
sangraria até a morte e então minha culpa não me permitiria desfrutar do
Forever Spot.
— Espere – você ainda aceitaria, mesmo depois de ter uma mão na minha
morte prematura?
Tentei dar-lhe um soco brincalhão, mas ele segurou meu punho em sua mão
enorme. Ele sorriu com o pequeno barulho que eu z e me soltou.
— Bem, está bem aí, Buxbaum – como eu não poderia?
Paramos em um sinal vermelho quando chegamos à esquina e ele se virou e
olhou para mim. Ficamos em silêncio por um momento, nossos sorrisos
fervendo lentamente, e então ele perguntou em sua voz grave e grave: — Então
você estava fazendo algum progresso com Young antes de ser esmagada?
Não sei por que, mas hesitei em contar a ele por um segundo. Estávamos nos
divertindo e eu não queria levar a sério. Mas então eu me lembrei que era meu
companheiro de equipe vamos-pegar-Michael, Wes. Por que eu não diria a ele?
— Sabe, acho que estava. Ele estava ertando um pouco antes de você caminhar
até a quadra pequena, e mexeu sicamente meu braço para me ajudar a atirar
melhor.
— Doce Senhor, ele tocou em você? — Seus olhos se arregalaram como se isso
fosse realmente um grande negócio.
— Ele fez. — Eu orgulhosamente levantei meu queixo.
— Tipo, como ele fez isso? Foi treinado e clínico, ou...?
— Era assim. — Estendi a mão e movi seus cotovelos de sua posição ao lado
do corpo para alguns centímetros mais alto no ar. — Só talvez mais leve e mais na
ponta dos dedos.
— Puta merda, Liz. — Ele balançou a cabeça um pouco e sua boca estava
aberta. — Isso é enorme.
Meus lábios deslizaram por todo o caminho para o sorriso geek mais radiante
de todos os tempos, embora isso tenha enviado um choque de dor pelo meu
nariz. — Isso é?
— Oh meu Deus, não. Não é. — Wes colocou as mãos nos bolsos e gesticulou
para que eu andasse, pois o sinal estava verde. — Isso foi sarcasmo. Achei que
você soubesse disso até dizer "ponta dos dedos".
— Oh. — Limpei a garganta e disse: — Bem, parecia algo.
— Como algo na ponta dos dedos?
Enquanto ele zombava de minhas palavras e minha obsessão por Michael,
percebi que tudo estava errado. Foi Wes quem me acompanhou até o hospital, e
foi a camisa de Wes que estancou o uxo de sangue do meu rosto.
Não era para ser Michael?
Ele olhou de novo, sua expressão ilegível enquanto caminhávamos até a
entrada do pronto-socorro. Pouco antes de as portas se abrirem, ele disse: —
Você não acha seriamente que o fato dele ter te pegado nas pontas dos dedos era
uma coisa, não é?
— Como eu deveria saber? — Estremeci de frio e me perguntei por que Wes
de repente parecia um pouco cínico. — Poderia ter sido.
Ele deixou escapar um ruído que era uma mistura de expiração e gemido. —
Como você é tão ruim em ler sinais?
— O qu–
— Liz. — Meu pai saiu pelas portas do hospital e correu para mim, seu rosto
severo de preocupação. — Estávamos literalmente no cinema do outro lado da
rua. Como está o nariz?
Atravessamos as portas e Helena, esperando ao lado do balcão de check-in,
olhou para Wes e me deu um sorriso engraçado. O que imediatamente me
estressou acima de tudo. A última coisa que eu queria era que meu pai fosse
envolvido na falsa narrativa de eu e Wes sermos uma coisa.
Wes foi legal com eles e conversou banalmente por um momento, mas ele
nem mesmo olhou para mim o resto do tempo. Quando ele saiu, ele disse: —
Mais tarde, Buxbaum —, e simplesmente jogou o braço para cima em um aceno
antes de desaparecer.
Eu não tinha certeza do que pensar. Ele não podia estar com raiva de mim,
não é? Por que a esquisitice? Estava tudo na minha cabeça?
Mandei uma mensagem de texto para Joss sobre meu nariz (omitindo
qualquer referência a Michael, é claro) enquanto esperávamos pelo médico,
porque eu sabia que ela apreciaria a história ridícula. A resposta dela:
Joss: Wes Bennett levou você ao hospital??
Eu: Sim, mas ele era minha carona, então não foi grande coisa.
Foi bom mandar uma mensagem para ela sobre meu nariz, provavelmente
porque era um território seguro. Não tinha nada a ver com o último ano – sua
obsessão – e nada a ver com meu esquema de Michael.
Joss: ASSIM?? OH MEU DEUS! Acho que o Sr. Bennett tem uma queda…
Tanto para garantir. Eu sabia que era estranho, mas enquanto me sentava na
mesa de exames coberta de papel, senti falta da minha melhor amiga antes do
último ano. Sentia falta de ser boba e desagradável e 100 por cento de mim
mesma sem ter que me esquivar de conversas emocionais indesejáveis.
Eu: Cale a boca – eu tenho que ir.
Joss: Podemos ir comprar os vestidos na segunda já que não temos aula?
Viu? Eu sentia falta de poder escrever mais de uma frase antes de o estresse e o
con ito entrarem em nossas conversas.
Eu: Acho que tenho que trabalhar – SÉRIO – não que brava.
Joss: Cale a boca – eu tenho que ir, perdedora.
Ugh. Eu realmente precisava fazer a coisa de compras antes que seus
sentimentos se machucassem. Joss era uma pessoa forte com muitas opiniões,
mas por trás de sua teimosia ela era doce e extremamente sentimental.
Razão pela qual geralmente nos dávamos tão bem – nós duas éramos.
A médica nalmente entrou, e depois de cutucar e cutucar meu nariz sensível,
ela concluiu que não estava quebrado. Ela disse que pareceria normal em um ou
dois dias, então eu só tinha que fazer a Cabeça de Batata por alguns dias.
Quando chegamos em casa, eram onze horas e eu estava exausta. Tomei banho e
me en ei debaixo das cobertas, e estava quase dormindo quando meu telefone
tocou.
Eu rolei e olhei para a tela. Era uma mensagem de um número que eu não
conhecia.
Desconhecido: Ei, Liz – é Michael. Só queria ver como você está.
— Oh meu Deus. — Procurei meus óculos e acendi a lâmpada. Oh meu
Deus! Eu encarei o telefone. Michael Young estava me enviando uma mensagem
para ver se eu estava bem. Puta merda. Respirei fundo e tentei pensar em uma
resposta que não me zesse parecer uma idiota.
Eu: Bem, meu nariz da Sra. Cabeça de Batata não está quebrado, então está
tudo bem.
Ele: Haha co feliz em ouvir isso. Wes me disse que você recusou todos os
analgésicos no hospital porque é durona, então imaginei que fosse esse o caso.
Nota para mim mesma: agradeço a Wes por isso. Eu sorri e rolei sobre meu
estômago. Era como se eu pudesse ouvir sua voz rica e arrastada falando seus
textos em voz alta. Senti vontade de rolar na cama e chutar os pés como quando
Julia Roberts enlouqueceu por mais de três mil dólares em Uma Linda Mulher.
Eu: Ele está certo sobre eu ser durona, aliás.
Ele: Hm, parece que me lembro de uma menina que chorou ao se molhar.
Revirei os olhos e desejei que ele pudesse esquecer aquela garotinha.
Eu: Aquela garota foi deixada para trás há MUITO tempo. Acredite em mim
quando digo que você não quer mexer com a nova Liz.
Ele: É mesmo?
Oh Deus – ele estava ertando? Michael Young estava realmente ertando
comigo? Eu estava radiante como a nerd que sempre fui, enquanto digitava:
Com certeza é assim.
Ele: Bem, acho que só preciso conhecer essa nova Liz.
Eu morri. Não sei como consegui enviar uma mensagem do além-túmulo,
mas foi legal.
Eu: Acho que você precisa. Se você acha que tem cocos para isso.
Ele: O quê?
Ah, meu Deus. O que ele estava fazendo? Os cocos? Eu era péssima
mandando mensagem.
Eu: Eu quis dizer que talvez você precise, se você acha que está pronto para
isso.
Ele: Entendi.
Eu não queria estragar a chance de ter uma conversa de texto com Michael,
mas mais uma vez eu estava perdendo totalmente o que falar. Escola, basquete,
nariz... hmm.
Eu: Então, o que você está fazendo agora?
Ele: Mandando mensagem para você.
Bem, isso não ajudou muito.
Eu: Parece emocionante.
Ele: O que faz?
Isso era real? Eu era realmente tão horrível em tagarelice textual? Merda.
Eu: Nada. Em uma nota lateral aleatória, estou morrendo de fome. Envie
comida. SOS.
Ele: Tenho que ir tirar minha pizza do forno porque o alarme de incêndio
está prestes a disparar e acordar meus pais, mas ponha-me nos seus contatos. Vou
mandar uma mensagem algum dia.
Eu ia desmaiar.
Eu: Você entendeu.
Ele: Boa noite, Liz.
Eu lentamente coloquei o telefone na minha mesa de cabeceira. Hum... eu
tinha certeza de que estava animada. Mas o que isso signi ca? Eu estava de volta
ao jogo? Eu não tinha certeza, mas ele se importou o su ciente para pegar meu
número – eu estava adivinhando com Wes – e enviar uma mensagem de texto
pessoalmente e ver como eu estava me sentindo.
Mesmo que tenha sido estranho, ainda era um bom sinal, certo?
O tema de amor que escrevi quando tinha sete anos de repente voltou para
mim com força total. Liz e Mike, amam e gostam, juntos para sempre em todos os
tipos de clima.
Depois que desci da minha montanha-russa emocional, cansei de novo e meu
nariz começou a latejar.
E comecei a me preocupar.
Porque eu não tinha ideia do que tinha acontecido com Wes no hospital. Em
um minuto estávamos caminhando lá, fazendo nossa costumeira conversa, e no
próximo parecia que ele estava louco.
E eu odiava a ideia de ele estar com raiva de mim, especialmente depois que
ele foi tão bom desde o momento em que me pegou naquela noite.
Peguei meu telefone da mesa de cabeceira e disquei seu número,
inexplicavelmente nervosa quando ouvi tocar. Achei que fosse cair na caixa
postal quando ele atendeu no quinto toque.
— Ei, Libby Loo. — Wes parecia cansado, ou como se não usasse a voz há
algum tempo. Tinha aquela coisa gravemente acontecendo. — E aí?
Puxei minhas cobertas sob minhas axilas e corri meu dedo sobre a costura do
meu edredom. — Eu z algo para te irritar no hospital?
— O que? — Eu o ouvi limpar a garganta antes de dizer: — Não.
— Porque você parecia... hum, conciso...? Quando você saiu? — Eu parecia
uma estudante do ensino fundamental nervosa e rolei para o lado. — Só sinto
muito se disse algo que te aborreceu.
— Uau. — Eu podia ouvir o sorriso em sua voz. — Eu não tinha ideia de que
você se importava tanto em me fazer feliz.
— Ok, pare com isso. — Eu ri – o que machucou meu nariz – e disse: — Só
queria ter certeza de que estamos bem.
— Estamos bem, Lib. — Sua voz era profunda quando ele disse: — Eu
prometo.
Rolei para o outro lado, tentando car confortável. — A propósito, você deu
meu número ao Michael?
— Sim. Ele queria saber se você estava bem.
— E ele perguntou! — Eu estava sorrindo de novo e gritando um pouco. —
Ele me mandou uma mensagem para saber como eu estava.
— E? Como está o nariz?
— Tudo bem. — Virei de costas e olhei para o meu ventilador de teto. —
Dolorido, mas vou sobreviver. Ainda pareço uma aberração, mas a médica disse
que o inchaço vai diminuir em breve.
— Isso é bom. — Wes pigarreou e disse: — Se eu te contar algo, você tem que
prometer não me fazer mais do que três perguntas.
Oh Deus. O que ele poderia querer dizer que eu não pudesse fazer mais de
três perguntas? — Do que você está falando?
Ele suspirou, e eu pude ouvir uma TV ao fundo. — Prometa, Buxbaum , e eu
juro que você vai adormecer sorrindo.
Eu não sabia por que, mas algo sobre Wes dizendo essas palavras fez meu
estômago embrulhar. Engoli. — Ok, eu prometo.
— OK. Então, quando estávamos jogando basquete, Michael mencionou seu
visual.
— O que ele disse? — Eu meio que gritei enquanto me endireitei na cama. —
O que ele disse?
— Eu não me lembro das palavras exatas dele–
— Qual é, Wes, você tem um emprego e é–
— –mas ele basicamente disse que podia ver por que você é tão popular.
Oh meu Deus. Olhei para Fitz, que estava enrolado em um canto em cima de
uma sacola de compras amassada da Barnes and Noble, e esperava que não fosse
só pela minha aparência. — O que ele disse exatamente?
— Eu já te disse que não me lembro das palavras exatas dele, idiota. Mas o
sentimento geral era de que ele entendeu. Você não é mais a pequena Liz.
— Oh. — Eu caí de costas, em con ito. Uma pequena parte de mim estava
desconfortável com isso. Tipo, antes de eu endireitar meu cabelo e colocar uma
roupa padrão, ele não conseguia entender como Wes poderia se interessar por
mim? Quando eu tinha a aparência que gostava, era inconcebível para ele que
Wes me achasse atraente? Esse tipo de picada.
Imaginei Michael e disse a mim mesma para não me prender a isso. O fato é
que ele havia me notado. — Ele disse fofo, tipo, "Ooh, cara, entendi totalmente
agora" ou foi mais prático?
— Estávamos jogando basquete. Ele estava ofegante e grunhindo.
— Você é terrível nisso.
— Não, você é apenas uma esquisitona.
— Por que você não me contou sobre isso antes? — Olhei para minha janela,
onde tudo que eu podia ver na escuridão era o lado de sua casa. Era um pouco
surreal eu estar falando com Wes como se ele fosse um amigo, quando ele sempre
foi meu inimigo na vizinhança. — Houve muito tempo quando você estava
caminhando comigo para o hospital.
— Eu estava distraído com a sua cara de Cabeça de Batata e a preocupação de
que você fosse desmaiar por falta de sangue. — Ele pigarreou. — Assim que a
imagem do seu nariz de ginormo saiu da minha mente, lembrei-me de lhe contar.
Tentei imaginá-lo do outro lado da linha. Ele ainda estava completamente
vestido ou estava usando um pijama adorável e aninhado com seu cachorro? —
Onde é o seu quarto?
— O que?
Sentei-me na cama e cruzei as pernas. — Curiosidade totalmente aleatória.
Sua casa ca do lado de fora da minha janela, e acabei de perceber que nunca
estive lá em cima, então não tenho ideia de que lado ca seu quarto.
— Guarde os binóculos porque meu quarto está virado para a parte de trás.
Você não tem nenhuma chance de um peep show.
— Sim, porque era isso que eu queria. — Minha mente instantaneamente
conjurou a imagem de seu corpo seminu no ginásio. Quando ele tirou a camisa e
eu quase engoli minha língua. Você sabe, ao mesmo tempo que está sangrando.
— E eu não estou no meu quarto. Estou na sala assistindo TV.
Levantei-me e fui até minha janela. Meu quarto era o único com uma janela
na lateral da casa e, quando olhei para baixo, pude ver a luz brilhando pela janela
da sala de estar.
— Eu posso ver sua luz.
— Que assustador.
Isso me fez sorrir. — O que você está assistindo?
— Acho que a fala correta é "O que você está vestindo?".
Eu não conseguia parar de sorrir – isso era incrivelmente Wes. Era estranho
como falar com ele era tão fácil – muito mais fácil do que enviar mensagens de
texto com Michael. Eu não tinha certeza se era porque eu conhecia Wes melhor,
ou talvez porque Wes me conhecia melhor. Ele sabia que eu não era legal – ele
sempre soube disso – então talvez fosse por isso que parecia tão relaxado.
Eu não tive que tentar.
Eu disse: — Talvez se eu me importasse, mas estou curiosa para saber o que
você está assistindo.
— Adivinhe.
Cruzei os braços e me inclinei contra a parede, olhando para o lado de sua
casa, onde havia arbustos oridos movendo-se com a brisa sob a janela iluminada
da sala de estar. — Provavelmente algum tipo de jogo. Basquetebol?
— Errado.
— OK. É um lme ou um programa de TV?
— Filme.
— Hmm. — Peguei meu pufe e o deslizei na frente da janela. Senti que
precisava olhar para a casa dele. Eu me sentei e perguntei: — Então, eu preciso
saber. Você selecionou, ou apenas aconteceu de você por acaso parar quando
sacudiu o controle?
— Sacudi o controle.
— Hm. Isso complica as coisas. — O Sr. Fitzpervert pulou no meu colo e
colocou as patas dianteiras no meu peito para que eu coçasse sua cabeça. Eu
aprovei a gravata borboleta estampada que Helena deve ter escolhido para ele, já
que o deixei sem gravata quando estava com pressa naquela manhã. — Hum...
Garota Exemplar?
— Não. Mas palpite decente. Eu achei Emily Ratajkowski brilhante naquele
lme. A cena dela com A eck ainda está gravada em meu cérebro.
— Você é nojento.
Havia risos em sua voz quando ele disse: — Estou apenas brincando porque
sabia que você saberia o que eu quis dizer. Minha pequena Libby é tão fácil de se
irritar.
Ignorei seu comentário, o menino incorrigível. — Bem, o livro era incrível,
mesmo sem os recursos da Srta. Ratajkowski.
— Concordo,
— OK. — Tentei pensar sobre o que faria Wes parar e assistir. — Hum, talvez
Se Beber, Não Case?
— Não.
— American pie?
— Nem mesmo perto.
— Em que época —, comecei, me perguntando se talvez eu o tivesse
considerado totalmente errado, — essa obra-prima cinematográ ca saiu?
— Eu sinto que você está assumindo que eu só gosto de lmes de seios.
— Hm. — Sua suposição sobre minha suposição estava correta, mas agora eu
estava tendo dúvidas. Quanto mais eu sabia sobre Wes, mais ele provou que
minhas noções preconcebidas estavam erradas. — Sim, é basicamente isso.
— Estou assistindo Miss Simpatia.
— O que? — Quase deixei cair o telefone. — Mas, Bennett. Isso é uma
comédia romântica.
— Sim.
— Então…?
— Então, parei porque parecia engraçado.
— E..?
— E é isso.
— Eu adoro esse lme. Qual canal?
— Trinta e três. Espere – seus pais ainda têm TV a cabo?
— Sim. Meu pai tem medo de cortar o cordão porque não tem certeza se
conseguirá todas as boas lutas de boxe se mudarmos para o streaming. — Liguei
minha TV e mudei para o lme. Era o começo, onde o personagem de Sandra
Bullock estava comendo bife com Michael Caine em um restaurante. — A ideia
de perdê-los apavora o homem.
— É futebol para meu pai. Ele está convencido de que tudo o que você pode
assistir no Hulu são lmes e programas da NBC.
Isso me fez sorrir. O pai de Wes era um professor universitário supernerd que
eu nunca teria considerado um fã de qualquer coisa atlética. — Você acha que
também teremos desa os tecnológicos quando carmos velhos?
— Ah, com certeza. Você provavelmente será uma daquelas velhas que nem
tem TV. Todos os dias serão iguais. Você tocará piano, tomará chá e ouvirá discos
por horas, então pegue o ônibus para o cinema.
— Você faz o envelhecimento parecer incrível. Eu quero essa vida agora.
— Então, você canta quando toca?
— O que?
— Sempre me perguntei. Quando você toca piano, você canta?
Ele "sempre" se perguntou? Isso signi cava que ele pensava nisso com
frequência? Quando éramos crianças e eu praticava com as janelas abertas, ele
costumava uivar como se fosse um cachorro e isso estivesse machucando suas
orelhas. Eu acho que não tinha percebido que sabia que eu ainda tocava.
Há muitos anos que não o ouvia gritar.
— Depende do que estou tocando. — Parecia incrivelmente pessoal
compartilhar isso com ele, mas também não parecia errado. Provavelmente
porque eu o conhecia há muito tempo. Olhei para o livro de piano na minha
mesa. — Eu realmente não canto quando eu estou fazendo escalas ou
aquecimento, e de nitivamente não canto se estou tocando algo super
desa ador. Mas quando toco para me divertir, cuidado.
Ele disse em meio a uma risada: — Me dê uma música que a faça ceder.
— Umm… — Eu ri. Eu não pude evitar. Compartilhar coisas privadas sobre
mim enquanto estava sentada no escuro me fez sentir... alguma coisa. De alguma
forma.
Talvez eu estivesse apenas me sentindo introspectiva, porque – do nada – eu
percebi que minha vida nos últimos dias parecia diferente. De repente, eu estava
vivendo esse estereótipo de uma vida de colégio. Fui a uma festa com bebidas e
na noite seguinte entrei em um carro com um monte de gente para assistir a um
jogo de esportes do colégio.
E meu interesse amoroso me mandou uma mensagem.
Não só isso, mas eu estava falando ao telefone com o garoto da casa ao lado
como se fosse uma coisa.
Essas coisas eram normais, mas não para mim.
E foi divertido. Tudo isso. Mesmo com o vômito e o nariz sangrando. E meio
que me fez pensar se eu estava perdendo. Na maioria das vezes, eu preferia car
em casa e assistir lmes. Esse era o meu lugar feliz. Joss tinha seus amigos de
softball com quem ela saía, e mesmo ela sempre me convidando, eu sempre
escolhi car em casa com minhas comédias românticas.
Mas agora eu estava questionando essa decisão.
Wes me puxou para fora da minha cabeça. — "Umm" não é uma resposta,
idiota.
— Eu sei, eu sei, eu sei. — Eu ri e admiti: — Na verdade, eu praticamente me
transformo em Adele quando toco "Someone Like You".
— Você não. — Ele estava totalmente rindo agora. — Sério? Essa é uma
música de grande voz.
— E eu não sei disso? — Puxei o cobertor da minha cama, levantei Fitz do
meu colo e envolvi nós dois nele. — Mas quando não tem ninguém em casa, é
incrível estilhaçar totalmente o vidro com minhas a nações.
— Eu pagaria para ouvir isso.
Fitz me deu um miado profundo e rosnado e correu pelo meu corpo, pulou
do meu ombro e escapou do meu quarto. Eu disse: — Você nunca terá o
su ciente.
Ele fez um comentário, mas não ouvi o que era, porque me distraí com o fato
de a luz da sua sala ter apagado. Ele ainda estava naquela sala? Ele estava cando
confortável no sofá? Ele não parecia estar caminhando. — Como é que você
apagou a luz?
Minha mão foi para a minha boca por hábito – essa era uma pergunta
intrometida para se envergonhar – mas então me lembrei que era apenas Wes. Eu
poderia dizer essas coisas não ltradas para ele porque ele não se importava. Wes
Bennett sabia a bagunça que eu estava por trás de tudo, e havia um pouco de
alegria em saber que ele me via de verdade.
Liberdade.
Eu nunca perguntaria a Michael por que ele desligou a luz (se ele morasse ao
lado). Isso seria um movimento de stalker total.
— Eu sabia que você estava olhando pela minha janela, Buxbaum. — Wes
deu uma risada profunda que me fez rir também. — Eu nunca teria imaginado
que alguém tão tensa seria uma pervertida.
Eu encarei sua janela escura. — Eu não sou tão tensa, só para constar.
— Eu vou dizer que você tem sido muito legal sobre os desastres que
aconteceram com você desde que você começou a caçar Michael.
— Hum… obrigada? E eu não estou "caçando" ele. Eu só estou tentando...
Eu pisquei – o que exatamente eu estava tentando fazer? Michael era – o cara.
Assim como no livro que estávamos lendo em Lit – O Grande Gatsby – ele era a
luz verde do outro lado da baía, o símbolo do sonho, o interesse amoroso coeso-
o-vir-círculo completo que minha mãe havia escrito em todos os seus scripts.
Acho que estava tentando colocar um nal feliz em meu roteiro, por assim dizer.
Eu disse: — Só preciso saber que o feliz para sempre existe de verdade.
Ele cou quieto por um minuto e então disse: — Acho que seu gato está no
meu quintal.
Fiquei grata pela mudança de assunto. — Não é Fitz. Ele nunca sai.
— Gato esperto, meu cachorro provavelmente o usaria como um brinquedo
para roer.
— Como se Fitzpervert fosse permitir. — Olhei pela janela e tentei ver um
gato, mas tudo que pude ver foi um quintal escuro e as ores brancas nos
arbustos de minha mãe. — Então, onde está você? Você foi para a cama ou está
sentado no escuro como um completo Patrick Bateman?
— Oh meu Deus, você é tão obcecada.
— Você pode calar a boca e me dizer? — Eu estava rindo – forte – e isso fez
meu nariz latejar um pouco. — Eu preciso ir para a cama.
— E você não pode dormir até saber onde estou. Eu te vejo.
— Tão delirante. Esqueça.
Meu rosto literalmente doeu de tanto sorrir, e do nada eu me perguntei como
as coisas seriam comigo e Wes quando nosso negócio acabasse. Ele voltaria a
pensar em mim apenas como sua vizinha estranha, apenas me notando quando
tivesse vontade de mexer comigo? Será que voltaríamos a ser apenas colegas de
classe que não gostavam particularmente um do outro?
Pensar nisso fez meu estômago car um pouco pesado.
Eu não gostei disso.
Ele riu e as luzes piscaram em sua sala de estar. Ligado-Desligado, Ligado-
Desligado. — Eu ainda estou aqui, Liz. Só brincando com você.
— Ok, bem, boa noi–
— Sua vez.
— Huh?
— Pisque suas luzes. É a minha vez de saber onde você está.
Justo era justo. Inclinei-me e acendi a luminária da minha mesa, me
perguntando se ele iria até a janela para poder ver meu quarto.
— Então esse é o seu quarto, hein?
Aparentemente sim. — Isto é.
Ele poderia me ver? Eu achava que não – meu pufe estava bem baixo – mas
ainda me sentia exposta.
— Uau. — Ele soltou um assobio baixo. — Não vou mentir, há algo sobre
saber que é onde a Sra. Cabeça de Batata dorme. Quer dizer, caramba, você sabe?
Inclinei-me para frente e acenei para a escuridão. — Droga, de fato. Boa noite,
idiota.
Ele me deu uma risada profunda e rouca, mas não disse nada sobre a onda. —
Boa noite, Elizabeth.
Em vez de voltar para a cama, fui até minha cômoda e peguei o álbum de
fotos rosa. Falar sobre nais felizes e olhar para os arbustos favoritos da minha
mãe me deu a sensação de mãe.
Embora, ultimamente, tudo estivesse me dando isso.
Passei a hora seguinte olhando fotos de minha mãe; as fotos do casamento
dela, fotos dela me segurando quando eu era um bebê, e a surpresa engraçada
que meu pai gostava de tirar quando ela não estava esperando por elas.
Quando cheguei às fotos de um dos piqueniques do bairro, apertei os olhos e
sorri para a foto em grupo. Minha mãe estava vestida com um vestido de verão
estampado e pérolas, enquanto todos os outros pareciam desleixados de verão
descalços. Tão a marca dela, certo?
Meus olhos escanearam para a primeira la, onde nós, crianças –
provavelmente com sete anos na época – parecíamos assustadoramente
semelhantes ao nosso eu atual. Não na aparência, mas na expressão. Os gêmeos
estavam desviando o olhar da câmera com as bocas bem abertas, claramente
tramando algo. Michael estava sorrindo como um pequeno modelo perfeito, e eu
estava sorrindo para ele em vez de olhar para o fotógrafo. Joss estava dando um
sorrisinho adorável, e Wes – é claro – estava com a língua totalmente para fora.
Algo naquele álbum de fotos me fez sentir bem com o presente, mas estava
cando cansada demais para analisá-lo. Além disso, meu nariz de Cabeça de
Batata estava doendo. Guardei as fotos, apaguei a luz, conectei meu telefone e
voltei para a cama. Mas antes de adormecer, recebi mais uma mensagem.
Wes: Certi que-se de adicionar “Someone Like You” à lista de reprodução de
Wes e Liz.
CAPÍTULO SETE

“Prefiro lutar com você do que fazer


amor com outra pessoa.”
— Muito Bem Acompanhada

— Bom dia, raio de sol.


Grunhi e fui direto para a cafeteira. Eu adorava meu pai, mas a visão de seu
rosto sorridente e de olhos brilhantes espiando por trás do jornal na mesa do café
da manhã era um pouco demais. Meus olhos não queriam estar abertos e eu
de nitivamente não queria me envolver em uma conversa animada pela manhã,
depois de car acordada a noite toda com o nariz latejando.
— Como está o nariz?
Eu sorri – foi assim que Wes o chamou – e apertei o botão que esquentava a
água. — Dolorido, mas vou sobreviver.
— Você trabalha hoje?
— Sim, eu sou a sortuda que vai abrir.
Ele fechou o jornal e começou a dobrá-lo. — Você preencheu a papelada do
dormitório que enviei para o seu e-mail?
Porcaria. — Eu esqueci. Eu farei isso hoje.
— Você tem que parar de adiar. Se você tem idade su ciente para fazer
faculdade do outro lado do país, já tem idade su ciente para preencher alguns
formulários.
Suspirei. — Entendi.
Arquive em Outra Coisa que Liz estava Evitando. Eu estava morrendo de
vontade de ir para a escola e começar na UCLA. Eu estava até ansiosa pelos
estudos reais. Aulas de curadoria de música não pareceriam um trabalho, não é?
Mas toda vez que pensava em morar lá, sentia uma enorme bola de pavor no
estômago que não tinha nada a ver com a Califórnia e tudo a ver com deixar o
único lugar em que já morei com minha mãe.
E nas poucas vezes em que me permiti considerar a realidade de que não seria
mais capaz de apenas colocar meus tênis de corrida e vê-la no cemitério, minha
visão instantaneamente turvou com lágrimas e minha garganta parecia que estava
fechando.
Então sim. Eu tive alguns problemas para resolver lá.
Ele me deu um olhar de pai. — Pare de procrastinar. Quem madruga ca com
o melhor dormitório, pequena Liz.
— Ei. Falando nisso. — Coloquei a cápsula na máquina e fechei a tampa. —
Eu era uma pequena esquisitona legal quando era criança?
Ele ergueu uma sobrancelha. — Diga novamente?
Apertei o botão e o Keurig começou a zumbir. — Wes disse que, naquela
época, eu era uma pequena esquisitona legal, e simplesmente não me lembro
desse jeito. Ele está certo?
O rosto do meu pai se abriu em um largo sorriso. — Você não se lembra desse
jeito?
— De jeito nenhum. — Eu encarei o café quando ele cuspiu na minha xícara.
— Quer dizer, talvez eu não fosse super legal, mas–
— Você era de nitivamente uma criança estranha.
— O que? — Eu olhei para o seu sorriso e quei dividida entre rir e car
irritada. — Eu não era.
— Você transformou nosso deck em uma capela para casamentos quando
tinha sete anos, lembra disso? Você passou dias arrumando tudo com ores
roubadas do jardim e lençóis brancos de sua mãe. Você amarrou um cordão de
latas de milho vazias na gola de Fitz.
— Então? É uma criatividade impressionante.
Ele deu uma risadinha quando me juntei a ele na mesa. — Isso mesmo, essa
parte foi fofa. A parte estranha foi quando você convenceu aquele garoto que
morava na esquina, Conner qualquer coisa, a ngir que se casava com você. Ele
deixou você mandar nele até que você disse a ele que era legal e que ele seria
casado com você para sempre. Então ele tentou ir para casa, mas você o derrubou
no chão e disse que ele não poderia sair enquanto não carregasse você sobre a
"árvore".
— Uma expectativa razoável de uma noiva.
— Ele chorou até que nalmente ouvimos seus gritos através da porta de tela,
Liz.
Eu soprei meu café. — Ainda estou esperando a parte estranha.
— Você quebrou seus óculos ovais pretos na briga e ainda não o deixou subir.
— Ele deveria ter cado como um bom marido.
Ele começou a rir e eu também. Então talvez eu tenha sido um pouco
estranha.

— Com licença, você trabalha aqui?


Revirei os olhos enquanto tentava terminar de mudar a última linha de cção
de nível médio para a próxima prateleira. Eu passei por uma manhã inteira de O
que aconteceu com seu nariz? na caixa registradora, então mudei para estocar
novos lançamentos na esperança de evitar mais contato humano.
Eu me levantei do meu agachamento e me virei.
E quase engoli minha língua quando vi Michael. — Oh meu Deus – ei.
— Ei, Liz. — Seu rosto deu um grande sorriso. — Eu não sabia que você
trabalhava aqui.
— Sim. — Eu queria tanto cobrir meu nariz horrível e talvez desaparecer. Ele
foi o instigador da nossa conversa de texto na noite passada, mas eu me senti
estranha sobre o quão estranho tinha sido.
— Estou impressionado. — Suas mãos deslizaram para os bolsos e ele disse:
— Dois empregos e escola?
— O que?
— Não acredito que você serve mesas e trabalha aqui, quando não tenho nem
um emprego no momento.
Ugh – “The Diner”. Minhas mentiras estavam realmente se tornando difíceis
de administrar. — O que posso dizer? Eu gosto de dinheiro.
Senti minha respiração engatar quando olhei para ele. Ele estava usando uma
camisa xadrez de botão – não de anela xadrez casual, veja bem, mas, tipo, uma
camisa bonita. E combinava com calças perfeitas e sapatos de couro que pareciam
pertencer a um barco de luxo. Ele estava lindo e elegante, como alguém que
poderia vencer uma discussão sem levantar a voz.
Mordi meu lábio inferior e tentei não olhar para seu rosto perfeito. — Existe
algo que eu possa ajudá-lo a encontrar?
Seu sorriso se transformou em um sorriso autodepreciativo e envergonhado.
— Estou procurando um livro. Ele apareceu como disponível online, mas não
está na seção.
— Que livro?
Parecia que ele não queria me contar. Ele colocou as mãos nos bolsos e disse:
— Tudo bem, não ria. Estou procurando por Um Cavalheiro a Bordo, da Julia
Quinn.
Eu rolei meus lábios para dentro e inclinei minha cabeça, tentando descobrir
qual era a história. Eu li aquele livro – quero dizer, eu li todos os romances de
Bridgerton – mas romances históricos eram normalmente lidos por mulheres. —
Por que eu iria rir? É um ótimo livro.
Seus olhos se estreitaram. — Você está sendo sarcástica?
— De jeito nenhum. Eu amo tudo que a Quinn já escreveu.
Sua boca se afrouxou em um pouco de alívio. — Você está me julgando por
lê-los porque sou um cara, não é?
Hmmm... vamos ver. Um cara que lê romance – romance muito, muito
bom? Alguém que não liga para rótulos e se perde em livros sobre heroínas
inteligentes e engraçadas e os homens que apreciam sua individualidade?
Nenhum julgamento aqui. Um pouco de tontura, talvez, mas nenhum
julgamento.
Eu descansei casualmente minha mão sobre meu nariz horrível e disse: —
Absolutamente não. Estou curiosa para saber como você os escolheu, mas
sinceramente acho que são da qualidade Jane Austen.
Isso fez sua boca se curvar em uma provocação. — Você não acha que isso é
exagero?
— Con e em mim, Michael, você não quer discutir isso comigo. Tenho um
turno de quatro horas pela frente e um amor obsessivo por livros de romance.
Você não pode vencer este.
Ele deu uma risada que atingiu seus olhos, apertando-os da maneira mais
calorosa. — Bem observado. E só para constar, tudo começou com uma aposta.
— Como todas as coisas boas fazem. — Antes que a última palavra deixasse
meus lábios, uma imagem do rosto de Wes surgiu na minha cabeça. Durante
todo o dia eu estive repetindo nosso telefonema, a sonolência grave de sua voz
enquanto assistíamos a Miss Simpatia juntos de duas casas separadas.
Michael riu de novo, e assim eu estava de volta ao presente e nós dois
estávamos sorrindo um para o outro ao lado da seção de Judy Blume de segunda
mão. Ele cruzou os braços na frente do peito e disse: — Uma amiga minha me
desa ou a ler O duque e eu há alguns anos. Ela apostou na ideia de que, se eu
realmente lesse, gostaria.
Eu amei aquele livro. — E foi isso?
— Era isso. — Ele me deu um sorriso tímido e disse: — Além disso, o que é
mais divertido do que uma história que começa com um relacionamento falso?
Cada bra do meu ser queria rir loucamente com as palavras que ele acabara
de dizer, mas eu balancei a cabeça e disse: — Concordo de todo o coração.
— Você sabe que a sua mão não está fazendo nada para cobrir o nariz, certo?
Ainda consigo ver.
Revirei os olhos, o que o fez sorrir. Larguei a mão e disse: — É tão horrível
que não consigo evitar de tentar encobri-lo, sabe?
— Eu entendo, mas não parece ruim em comparação com a noite passada.
Talvez um pouco inchado, mas só isso.
— Obrigada. Você sabe, por mentir para mim. — Eu tinha um espelho, então
suas palavras só serviram para con rmar que ele estava tão bom quanto antes. E
esse sotaque? Oh, baby. Fiz um gesto para ele me seguir. Eu sabia exatamente
onde encontrar o livro que ele procurava e estava do outro lado da loja. — Eu
realmente acho que está encolhendo, embora ainda seja Cabeça de Batata.
— Concordo.
— Então, como estão seus pais? — Eu olhei por cima do ombro. — Intere-
me.
— Bem, o pessoal é bom —, ele começou, e me perguntei se seus pais ainda
falavam muito sério. Eu tinha memórias borradas de óculos grossos e bocas
carrancudas.
— Você ainda tem gatos? — Eu adorava que ele gostasse mais de gatos do que
de cachorros. Esse era outro motivo pelo qual ele sempre parecia mais inteligente
do que o resto das crianças da vizinhança. — Purrkins e o Sr. Squishy?
— Não acredito que você se lembra dos nomes deles. — Ele estava sorrindo
novamente, parecendo o tipo de felicidade que me fez querer comer seu rosto. —
Squish mora com minha avó agora, mas Purrkins ainda mora conosco, nos
atormentando diariamente com sua atitude de gato de merda.
— Sua bondade. — Parei na frente da seção de letras grandes. — Bom
menino.
Minha mente foi para Wes então, porque quando conversamos ao telefone na
noite anterior, ele perguntou se meu gato estava lá fora. Demorei uma eternidade
para adormecer assim que fui para a cama, principalmente por causa do sorriso
incessante que estava dando enquanto me lembrava de nossa conversa.
O som rosnado de sua voz quando ele brincou, E você não pode dormir até
saber onde estou. Eu te vejo.
Michael disse: — Falando de Wes–
— O que... eu não estava —, eu soltei, piscando rápido enquanto tentava
descobrir o que diabos eu perdi e que palavras ele estava dizendo enquanto eu
estava perdida.
Michael franziu a testa enquanto me olhava estranhamente e dizia: — Eu
realmente acho que você deveria dar uma chance a ele.
Espere o que?
Michael já havia cumprido seu dever de amigo ao mencionar isso para mim
na quadra de basquete, certo? Claro, eles eram amigos, mas se ele tivesse algum
pensamento sobre mim que fosse além da amizade, parecia que ele não estaria
pressionando tanto.
Mas ele tinha me mandado uma mensagem, e ele era o mais brincalhão.
Então, o que tudo isso signi ca? Eu precisava de um quadro de avisos e alguns
barbantes neste momento. Quando chegamos à seção de Quinn, eu disse: —
Uma chance. O que constitui uma chance, exatamente?
Ele estendeu a mão e puxou o livro da estante. — Basta conhecê-lo.
— Eu já o conheço.
— O ele de agora, não o do esconde-esconde. — Ele abriu o livro e folheou as
páginas. — Uau, essas são algumas palavras grandes.
— Desculpe, só temos a edição em letras grandes em estoque.
— De qualquer forma, — ele continuou, dando-me contato visual o
su ciente para me deixar inquieta. — Ele gosta de você, Liz. Honestamente, só
estou aqui há alguns dias e não consigo fazer com que ele se cale sobre você.
O que exatamente Wes estava dizendo quando eu não estava por perto? Ele
estava jogando muito? Porque se ele zesse, o plano poderia sair pela culatra
totalmente. Eu disse: — Ele nem mesmo me conhece de verdade – ele conhece a
minha eu de esconde-esconde.
— Apenas tente – isso é tudo que estou pedindo. Saía com ele e experimente.
Eu olhei para ele e mordi o canto do meu lábio. — Você está me chamando
para sair por ele?
Como raios Wes e eu sairíamos dessa?
Isso o fez sorrir novamente. — De jeito nenhum. Mas vou convidar pessoas
na noite de quarta-feira para assistir a lmes, já que os veteranos começam tarde
na quinta-feira, e vocês deveriam vir.
Engoli em seco e provoquei: — Você quer dizer juntos, certo?
Isso o fez sorrir. — Só carona com Wes. Por favor?
Deus, essa coisa toda estava começando a sair de controle. Agora Michael
estava recebendo pessoas para que Wes pudesse agir. Mas Wes estava apenas
ngindo pensar que eu era incrível para mostrar a Michael o quão incrível eu era.
Eu estava levando uma chicotada, e esse era meu próprio plano. Eu precisava
acabar com isso logo. Eu perguntei: — E se, depois disso, eu ainda gostar dele
apenas como amigo? O que então?
— Sem dano, sem falta. — Seus olhos percorreram meu rosto e pareceu um
momento. Parecia que ele estava realmente me vendo, ou considerando algo
sobre mim, e eu me perguntei o quão ruim meu nariz parecia.
— Tudo bem, — eu disse. Talvez ele estivesse dando uma última chance ao
amigo antes de se mudar. Eu disse: — Vou dar a ele uma chance.
— Sim. — Ele sorriu para mim e fez um pequeno movimento de punho. —
Agora, se me der licença, vou levar meu romance para casa e lê-lo em um banho
de espuma fumegante.
Eu ri. — Vá se mimar, querido.

— Foi simplesmente adorável, mãe. — Encostei-me na lápide e cruzei os


tornozelos, inalando o cheiro da grama recém-cortada. Às vezes, abril demorava
para chegar em Nebraska, com uma tempestade de neve tardia ocasional
soprando para destruir a promessa da primavera, mas não este ano.
Os pássaros cantavam nas folhas que brotavam das árvores altas do cemitério,
o sol da tarde estava quente e aquele sentimento primaveril de antecipação
utuava no ar, junto com o cheiro das cerejas em or.
— Ele não estava apenas comprando um livro romântico que nenhum
homem inseguro típico jamais admitiria ler, mas ele era engraçado e charmoso e,
entre você e eu, ertava com seus olhos. Flertando com seus olhos, e ele estava
com certeza ertando em suas mensagens na noite passada. Acho que ele pensa...
não sei, não quero dizer que ele me acha legal, mas talvez engraçada...? Sim,
tenho quase certeza de que ele me acha engraçada.
Eu imaginei seu rosto rindo de novo – tipo, pela vigésima vez desde que ele
deixou a livraria – e eu queria gritar. — Juro por Deus que você o amaria tanto.
Ela faria isso. Ele era maduro, educado, charmoso e inteligente, totalmente o
tipo de cara que ela transformava no herói de cada um de seus roteiros. Cada
script que ela havia escrito tinha a fofura sólida e con ável conquistando seu
amor.
Razão pela qual eu só queria que ele me convidasse tanto para o baile. De
alguma forma, indo ao baile com alguém que ela conhecia – que a conhecia bem
o su ciente para saber e lembrar suas margaridas – parecia de vital importância.
Como se pudesse fazer parecer que ela estava de alguma forma envolvida no meu
último ano.
Ridículo, certo?
Mas eu só queria que o vazio da minha vida diminuísse um pouquinho. Isso
era pedir muito? Fiquei esperando pelo “fechamento” que deveria sentir, mas
estava começando a pensar que nunca aconteceria.
A árvore de cerejeira que eu estava olhando cou embaçada e eu engoli o
aperto na minha garganta. — Papai e Helena cam me perguntando sobre o
baile – se eu vou, se preciso de um vestido – e a questão é que não quero a ajuda
deles em nada. É egoísta e eles não merecem, mas se não posso permitir que você
faça essas coisas comigo, não quero mais ninguém.
— Você está falando sozinha?
Eu pulei, batendo minha cabeça contra a lápide da mamãe, antes de me virar
para ver Wes. Ele estava lá em pé com roupas esportivas com uma testa suada e
escorrendo, e eu coloquei minha mão sobre meu coração acelerado e disse: —
Oh, meu Deus, o que você está fazendo aqui?
Sua boca desceu e suas sobrancelhas se franziram como se ele estivesse
confuso. — Uau, desculpe. Eu não queria te assustar.
Por algum motivo, quei chateada pelo seu aparecimento. Eu sabia que
deveria me sentir envergonhada por ele me pegar falando com um pedaço de
mármore, ou preocupada com o que exatamente ele tinha ouvido, mas tudo que
eu conseguia pensar era no fato de que ele estava neste espaço. Era meu espaço –
de minha mãe e meu – e ele não deveria estar lá.
Eu me levantei com di culdade. — Wes, você me seguiu até aqui? Qual é o
seu problema?
— Oh. — Seu sorriso desapareceu e ele olhou para o túmulo da minha mãe –
agora que eu me mexi, ele podia ver o nome dela – antes de dizer: — Merda. Eu
já estava correndo quando vi você entrar aqui. Eu pensei que você estava apenas
cortando caminho.
— Sim, bem, eu não estava, ok? — Pisquei rápido, tentando parar minhas
emoções de acelerar qualquer rampa para a qual eles estavam indo. —
Provavelmente é melhor se você simplesmente não correr atrás das pessoas sem
que elas saibam. Essa provavelmente seria sua melhor aposta.
Ele engoliu em seco. — Eu não sabia, Liz.
Revirei os olhos e tirei meus fones de ouvido do bolso. — Sim, bem, agora
você sabe. Você sabe que a pequena esquisitona Liz é a aberração que não
consegue esquecer a mãe morta. Incrível.
— Não. Ouça. — Ele se aproximou e colocou as mãos em volta dos meus
braços, apertando suavemente enquanto seus intensos olhos castanhos se
moviam por todo o meu rosto como se ele estivesse desesperado para me
convencer. — Eu vou agora, e você ca. Esqueça que você já me viu.
— Muito tarde. — Eu respirei pelo nariz e cerrei os dentes, me afastando dele
e de suas mãos. — Fique se quiser, eu não me importo.
Eu coloquei meus fones de ouvido em meus ouvidos e comecei a música.
Liguei o Foo Fighters tão alto que não pude ouvir o que quer que Wes estava
dizendo para mim, e me afastei dele e comecei a correr pela estrada, mesmo
sabendo que ele estava gritando meu nome.
Corri para casa em um ritmo recorde, tentando pensar em coisas mundanas
como dever de casa em uma tentativa fraca de desligar minhas emoções. Eu
precisava escrever um artigo sobre o patriarcado na literatura e não conseguia
decidir se deveria usar “O Papel de Parede Amarelo” ou “A História de Uma
Hora”. Gostei mais do segundo, mas o primeiro tinha mais material.
Bati a porta da frente e quase cheguei na segurança do meu quarto quando
meu pai gritou por mim.
— Sim?
— Venha aqui por um segundo.
Eu desci o corredor para o seu quarto e empurrei a porta do quarto, ainda
respirando com di culdade por causa do exercício. — Sim?
Ele estava sentado na cama, lendo um livro, com um episódio de Friends na
TV ao fundo. Ele nem mesmo tirou os olhos do livro quando perguntou: — Ei,
você já foi comprar um vestido de baile com Jocelyn?
— Ainda não – a mãe dela atrasou e eu realmente não estava com vontade
por causa do meu nariz.
— Oh, sim. A propósito, como está essa sensação?
Dei de ombros e pensei no quanto adorei ouvir a reprises de Friends do
quarto do meu pai. Ele e minha mãe haviam assistido àquele programa na cama
tantas vezes que se tornou uma canção de ninar para mim, um som que evocava
as imagens e os cheiros da minha infância. — Melhor, eu acho.
— Fico feliz em ouvir isso. — Ele baixou o volume da televisão para zero e
nalmente olhou para mim. — Escute, já que você ainda não foi, talvez você
pudesse ver se Helena quer ir com vocês. Eu sei que ela adoraria fazer isso, e
tenho certeza que ela vai pagar pelo seu vestido caro também.
Oh, o momento. Eu não queria que ela viesse e de nitivamente não queria
que ela pagasse pelo meu vestido. Senti um salto de ansiedade no batimento
cardíaco e tentei: — Acho que ela provavelmente também...
— Qual é, Libby Loo. — Meu pai tirou os óculos de leitura. — Ela realmente
quer fazer isso com você. Por que é uma pergunta tão grande?
Engoli. — Não é.
— Mesmo? Porque eu a ouvi mencionar duas ou três vezes que ela caria feliz
em levá-la às compras, mas você fez planos com outra pessoa.
— Eu cuidarei disso. — Por que ele – e Helena – não podiam deixar pra lá?
Por que eles tiveram que aumentar a pressão do baile? Parecia que todos queriam
que eu zesse algo – várias coisas – que eu não queria fazer.
Ele ergueu uma sobrancelha. — Você vai convidá-la? E não dizer algo como se
fosse ideia minha?
Minha garganta estava apertada, mas eu disse: — Claro.
Ele passou a falar sobre outra coisa, mas eu não ouvi nada disso. Por que eu
deveria ir comprar vestidos com Helena? Pelo resto da nossa conversa e por toda
a duração do meu banho depois, meu cérebro gritou argumentos para o grande
desconhecido. Eu me senti sufocada ao pensar em Helena tomando o lugar de
minha mãe, o tipo de desespero impotente que fazia suas unhas deixarem
pequenos sulcos em forma de meia-lua nas palmas das mãos. Eu não a quero lá,
então por que isso está sendo forçado na minha garganta? Por que os desejos dela
contam mais do que os meus? As discussões fervilharam dentro de mim enquanto
escovei os dentes e arrumei minhas roupas, e quando apaguei a luz e subi na
cama, estava exausta.
E totalmente atormentada pela culpa sobre a vadia que eu tinha sido para Wes
no cemitério. Ele não tinha feito nada de errado, mas a visão dele naquele lugar
estranhamente sagrado me irritou. Acho que foi porque aquele era o único lugar
onde eu ainda a sentia. O resto do mundo – e minha vida – mudou, mas naquele
lugar, nada mudou desde que ela morreu.
Eu era patética.
Liguei minha TV e carreguei o Amor à Segunda Vista no DVD de. Era outro
lme em que Hugh Grant estava jogando uma bola de esboços, mas a
brincadeira entre ele e Sandra Bullock mais do que compensou esse fato e
realmente o tornou perdoável. Puxei os cobertores até o queixo enquanto o
personagem de Sandra Bullock pedia comida chinesa demais. Quando peguei
meu telefone para conectá-lo, percebi que perdi uma mensagem de texto.
De Wes.
Wes: Sinto muito. Não sabia que sua mãe estava lá ou nunca teria seguido
você para dentro. Eu sei que você acha que eu sou um idiota, mas eu prometo a
você, eu nunca iria me intrometer nisso.
Suspirei e me sentei. Eu estava tão envergonhada. Como eu poderia explicar
isso? Ninguém normal jamais entenderia.
E espere – ele pensou que eu o achei um idiota?
Eu: Esqueça. Eu é que deveria estar se desculpando porque você não fez nada
de errado. Você me pegou em um momento ruim e eu surtei – não é sua culpa.
Wes: Não, entendi. Não era um pai, então eu sei que não é a mesma coisa,
mas eu era próximo da minha avó. Cada vez que vamos ao MN, a primeira coisa
que faço é ir ao cemitério para falar com ela.
Eu olhei por cima do meu telefone e pisquei. Então mandei uma mensagem:
Sério?
Wes: Sério.
Eu balancei a cabeça na escuridão e pisquei rapidamente enquanto meus
polegares voavam sobre as teclas.
Eu: Comecei a “correr” como forma de falar com ela sem ter que explicar.
Wes: Não me diga – é por isso que você começou a correr?
Eu podia ouvir Fitz miando na minha porta, então me levantei e fui abri-la.
Eu: Não no passado – é por isso que corro.
Wes: Espere um segundo – você está me dizendo que todos os dias quando
vejo você sair e suponho que esteja treinando para chegar às eliminatórias
olímpicas, na verdade você está apenas correndo para Oak Lawn para falar com
sua mãe?
O Sr. Fitzpervert olhou para mim, miou e foi embora. Agora havia uma
bagunça. Eu fechei minha porta.
Eu: Bingo. Mas juro por Deus que vou te estripar com um descascador de
legumes se contar a alguém.
Wes: Seu segredo está seguro comigo, Buxbaum.
Eu fui até a janela. Sua casa parece escura – você está no seu quarto?
Wes: Você nunca está obcecada em mim, obcecada? E antes que você
pergunte, estou usando uma calça legal, uma blusa de pirata e uma boina preta.
Eu ri no silêncio do meu quarto.
Eu: Eu não ia perguntar, mas parece gostoso.
Wes: É verdade. Eu tenho uma insolação aqui.
Olhei para o jardim da frente, onde alguém havia deixado uma bola de
futebol ao lado dos arbustos de hortênsias.
Wes: E a resposta à sua pergunta é que estou nos fundos, na Área Secreta.
A área secreta. Eu não pensava nisso há anos. A casa de Wes tinha um pedaço
de terreno atrás da cerca que nunca havia sido desenvolvido. Então, enquanto o
resto das casas nesta rua davam para outros quintais, a de Wes tinha uma
pequena oresta atrás dela.
Na escola primária, durante os dias de auge do esconde-esconde, nós a
apelidamos de “Área Secreta”. Foi onde exploramos, ngimos, iniciamos
fogueiras não aprovadas... Foi incrível. Eu não tinha voltado lá desde o verão
antes do ensino médio.
Eu: porquê?
Wes: Venha ver por quê.
Ele realmente queria que eu fosse? Sairmos sozinhos, de uma forma que não
tinha nada a ver com Michael? Minha mãe tinha alertado contra o namoro de
garotos volúveis, mas estava tudo bem ser amiga deles, certo? Eu mandei uma
mensagem: Meu pai e Helena já estão dormindo.
Wes: Então saia furtivamente.
Revirei os olhos – tão típico. Ao contrário de você, eu nunca escapei. Parece
imprudente.
Eu não podia, mas parte de mim sentia que podia ouvi-lo rir da minha
resposta. Depois de cerca de um minuto, meu telefone tocou.
Wes: “Imprudente”. Buxbaum, você nunca deixa de me fazer rir.
Eu: Obrigada.
Wes: Não é um elogio. MAS. Você está olhando para isso da maneira errada.
Eu: Oh? E qual é o caminho certo?
Wes: Você – uma adolescente muito bem comportada – simplesmente quer
tomar um pouco de ar fresco da primavera e olhar as estrelas por alguns minutos.
Em vez de acordar seus pais, você decide escapar silenciosamente por alguns
minutos.
Eu: Você é um sociopata.
Wes: Te desa o.
Olhei na direção do corredor enquanto aquelas palavras – "te desa o" –
trouxeram de volta tantas memórias de Wes me incitando a fazer coisas que eu
não deveria, como subir no telhado de Brenda Buckholtz e destruir a casa do Sr.
Levine.
Antes que eu pudesse responder, ele mandou uma mensagem: Estou
desligando meu telefone, então não vou receber suas desculpas. Vejo você em
cinco minutos.
CAPÍTULO OITO

“Eu gosto muito de você. Assim como


você é.”
— Bridget Jones’s Diary

Eu não conseguia acreditar que estava fazendo isso. Passei por cima do piso
rangente do corredor e rastejei silenciosamente em direção à porta de vidro
deslizante da sala de jantar. Era arriscado, mas por algum motivo eu precisava
fazer isso.
Eu queria sair com Wes.
Provavelmente foi apenas porque sua compreensão da minha dor me fez
sentir empatia por ele. Sempre achei que minhas visitas à minha mãe eram
estranhas, mas também senti que algo dentro de mim iria se quebrar se eu tivesse
que parar.
Essa teoria seria testada no outono, não é?
Apesar de tudo, nalmente compartilhar com alguém parecia quase como
um alívio. Não fazia sentido que ele fosse o único – de todas as pessoas – com
quem eu pudesse compartilhar, mas eu estava começando a ir além de questionar
isso.
Também era bom não estar brigando com Wes pela primeira vez. O que era
estranho, porque esse era o nosso negócio; ele mexia comigo e eu cava puta.
Enxágue e repita, por toda a vida. Mas agora eu estava descobrindo que ele era
hilário e legal e parecia mais divertido do que qualquer outra pessoa que eu
conhecia.
Eu abri a porta lentamente , ouvindo qualquer som vindo do outro lado da
casa enquanto o Sr. Fitzpervert serpenteava entre meus pés com meias.
Saí para o convés e fechei a porta atrás de mim. Era uma noite fria, com céu
claro e uma lua alta e brilhante que iluminou a cidade. Eu podia ver as sombras
da lua em todos os lugares, que eram lindas e assustadoras ao mesmo tempo.
Desci as escadas e, assim que cheguei à grama fria, corri pelo quintal e fui até a
cerca de arame que separava nossos quintais. De repente, parecia que haviam se
passado meros dias – não anos – desde que eu tinha escalado aquela cerca
quando criança, e eu estava em seu quintal em segundos.
As sombras eram assustadoras, então continuei correndo até o portão dos
fundos, esquecendo-me de qualquer aparência de frieza ou compostura. Eu
puxei o braço, abri o portão e sussurrei-gritei, — Wes?
— Por aqui.
Eu mal conseguia ver porque as árvores grossas bloqueavam a lua, mas
caminhei na direção de sua voz. Contornei um arbusto orido e um grande
pinheiro e lá estava ele.
— Oh meu Deus, Wes. — Eu olhei em volta, pasma.
Havia centenas de pequenas luzes cintilantes amarradas em um agrupamento
de árvores que rodavam quatro cadeiras de madeira Adirondack, uma das quais
Wes estava sentado. Uma fogueira rugindo com chamas estava no centro de
tudo, e uma cachoeira de pedra corria atrás dele. O espaço era tão denso com a
folhagem que parecia um local selvagem e escondido, em vez de um quintal
suburbano. — Isto é incrível. Sua mãe fez tudo isso?
— Nah. — Ele encolheu os ombros e parecia desconfortável. Wes Bennett
parecia estranho – talvez pela primeira vez – e cou sentado ali com as longas
pernas esticadas à sua frente e olhou para o céu. — Este é o meu lugar favorito,
então eu realmente z isso.
— Não. — Sentei-me na cadeira em frente a ele. — Você não fez isso. De jeito
nenhum.
— Sim. — Ele manteve os olhos erguidos e disse: — Trabalhei para uma
empresa de paisagismo há três verões e tudo o que cobramos uma fortuna dos
clientes, eu faria sozinho aqui. Muros de contenção, cachoeiras, lagoa; é tudo
simples e barato de fazer se você sabe o que está fazendo.
Quem era esse cara?
Colocando minhas pernas embaixo de mim, puxei minhas mangas sobre os
dedos e olhei para o céu. Estava claro e havia estrelas por toda parte. “Bella Luna”
– uma canção muito antiga de Jason Mraz – foi a mais escolhida de todos os
números musicais para de nir o pano de fundo para este oásis surpreendente ao
luar.
Bella luna, minha linda e linda lua
Como você me desmaia como nenhuma outra–
Eu parei a música na minha cabeça e disse: — Ei, eu vi Michael hoje.
— Eu sei.
Eu apertei os olhos, tentando ver melhor seu rosto na escuridão, em busca de
alguma oferta. Ele apenas continuou olhando para o céu, no entanto. — Ele te
contou?
— Ele disse. — Eu olhei para o per l de Wes. Seus lábios mal se moveram
quando ele disse baixinho: — Ele me mandou uma mensagem. Disse que tinha
topado com você e, Liz, disse que você era engraçada.
— Ele falou? — Eu queria uivar. Eu sabia. — O que exatamente ele disse?
— Ele disse: ´Ela é muito engraçada´. E então ele mencionou a reunião em sua
casa.
— Sim. Eu disse que daria uma chance a você. — Eu olhei para o fogo.
Engraçado – ele disse que eu era engraçada. Isso foi bom, certo? Eu acho que isso
signi cava que minha estranha mensagem de coco não tinha me chutado para
fora da ilha. — Mas parte de mim se preocupa que estou estragando minhas
chances com nossa pequena versão de namoro falso.
Isso trouxe seus olhos de volta ao meu rosto. — Você quer parar?
Eu dei de ombros e me perguntei o que ele estava pensando. Porque por mais
divertido que isso realmente fosse, e apesar do fato de estar meio que
funcionando, eu estava farta de todas as mentiras. Eu disse: — Eu sempre acho
que sei o que estou fazendo, mas e se você estiver certo sobre meus terríveis
grandes planos? E se eu estiver apenas arruinando nossas vidas amorosas?
E colocando em risco minha amizade com Joss e também afundando em uma
vida de desonestidade habitual.
— Então eu terei que matar você. Namorar é tudo para mim.
— Espertinho. — Revirei os olhos porque, para um cara popular, eu só tinha
ouvido falar dele tendo alguns relacionamentos, nenhum dos quais se
transformou em algo sério.
Corri meus dentes sobre meu lábio inferior e disse: — Talvez você devesse me
levar para a casa de Michael, e então devemos decidir que não somos iguais. E, eu
não sei, enviar uma mensagem de texto em grupo?
Pisquei rápido e tentei descobrir por que o pensamento de terminar com
nosso plano fez meu coração bater no meu pescoço.
Ele olhou para mim então, e quei surpresa com o quão suave era seu sorriso.
Ele parecia quase meigo quando disse: — Não posso acreditar que seu plano
ridículo está funcionando.
— Direito?
Ele meio que riu e eu também, e então disse: — Eu realmente sinto muito por
isso antes.
Eu acenei com a mão. — Não é nada demais.
— Eu te z chorar. — Ele desviou o olhar, porém tive um vislumbre de sua
mandíbula cerrada. Era quase como se importasse para ele ter me chateado. E, à
luz da lua, senti algo que nunca havia sentido sobre Wes antes. Eu queria me
aproximar dele.
Eu engoli e me veri quei. O que foi esse in uxo de afeição por Wes? Eu
provavelmente estava ciente de quanto me diverti com ele durante o nosso
negócio, e agora estava quase acabando.
Foi isso.
Então, em vez de seguir o instinto absurdo de chegar mais perto, eu apenas
disse: — Deus, você é tão arrogante, Bennett. Eu já estava chorando quando você
apareceu. Tudo não é sobre você, você sabe.
Mas foi realmente aquele momento, aquele momento de choro, que forjou
algum tipo de conexão entre mim e Wes.
E foi uma boa conexão.
Eu vi seu pomo de adão balançar em uma andorinha enquanto eu olhava para
sua silhueta. Ele ergueu os olhos para mim e disse: — Promete?
— Argh. Sim. — Bom Deus, ele estava me matando com sua preocupação.
Limpei minha garganta e olhei para o céu. — Estou bem agora, então esqueça o
que você já viu.
— Feito.
Ficamos sentados em silêncio por alguns minutos, ambos perdidos no céu
estrelado, mas não foi estranho. Pela primeira vez na minha vida, não me senti
insegura a preencher o espaço vazio com tagarelice constante.
— Ainda consigo imaginá-la perfeitamente, sabe —, disse ele.
— Hm? — Eu disse. Eu estava confusa, e devo ter parecido, porque ele
acrescentou: — Sua mãe.
— Mesmo? — Eu me enrolei mais na cadeira, envolvendo meus braços em
volta das minhas pernas e imaginando seu rosto. Mesmo eu não tinha certeza de
que conseguia me lembrar de suas características exatas. Isso partiu meu coração
um pouco.
— Com certeza. — Sua voz era calorosa, como se estivesse segurando um
sorriso, e ele estalou os nós dos dedos quando disse: — Ela era tão... Hmm...
Qual é a palavra? Encantadora, talvez?
Eu sorri. — Fascinante.
— Perfeito. — Ele me deu um sorriso de menino e disse: — Houve um dia,
eu estava correndo na frente da sua casa e totalmente desatento. Absolutamente
rasguei meu joelho na calçada. Sua mãe estava lá fora, cortando suas rosas, então
tentei pular e ser legal. Sabe, porque eu tinha, tipo, oito anos e sua mãe era muito
bonita.
Eu sorri e me lembrei do quanto ela adorava cuidar de seu jardim.
— Em vez de me tratar como uma criança, ela cortou uma de suas rosas e
ngiu machucar o dedo. Ela fez todo um 'ai' antes de dizer: “Wesley, você se
importaria de me ajudar por um minuto?”, Agora, veja bem, eu só queria rastejar
para um canto e morrer por causa dos meus horríveis ferimentos de batalha. Mas
se a Sra. Buxbaum precisava de mim, eu iria muito bem ajudar.
Wes estava sorrindo e eu não podia fazer nada além do mesmo. Fazia tanto
tempo que eu não ouvia uma nova história sobre minha mãe que suas palavras
eram oxigênio e eu as respirava com um desespero de vida ou morte.
— Então, manquei até lá e a segui para dentro de sua casa, que, a propósito,
sempre cheirava a baunilha.
Eram velas de baunilha – eu ainda compro o mesmo perfume.
— De qualquer forma, ela me fez ajudá-la a colocar um band-aid em seu dedo
como se ela não pudesse fazer isso sozinha ou algo assim. Eu me sentia um herói
quando ela cava me agradecendo e me contando como eu estava cando adulto.
Agora eu estava radiante como um idiota.
— Então ela 'notou' meu joelho sangrando e disse que eu devia estar tão
preocupado em ajudá-la que nem percebi que estava sangrando. Ela me limpou,
colocou um Band-Aid e me deu um sorvete. Me fez sentir como um herói
maldito por car de cara amarrada na calçada.
Eu ri e olhei para o céu, meu coração cheio. — Essa história é tão marcante
para minha mãe.
— Toda vez que vejo um cardeal em seu quintal, acho que é ela.
Eu olhei para seu rosto sombreado e quase quis rir, porque eu nunca teria
imaginado Wes tendo um pensamento tão fantástico. — Você acha?
— Quero dizer, existe toda aquela história de cardeais serem...
— Pessoas mortas?
Ele franziu as sobrancelhas para mim, encolhendo-se um pouco. — Eu estava
tentando usar um palavreado um pouco mais delicado do que isso, mas sim.
— Não sei se compro toda aquela coisa de gente-morta-voltando-como-
pássaros, mas é uma boa ideia. — Era. A mais legal. Mas sempre senti que, se me
permitisse acreditar nessas noções, nunca superaria sua morte, porque
certamente passaria cada segundo da minha vida em lágrimas observando
pássaros.
— Você sente muito a falta dela? — Ele limpou a garganta e fez um pequeno
som como se estivesse envergonhado por sua própria pergunta. — Quero dizer, é
claro que você sente. Mas... é pelo menos um pouco mais fácil agora do que
costumava ser?
Inclinei-me para frente e coloquei minhas mãos em frente ao fogo. — Eu
sinto muita falta dela. Tipo, o tempo todo. Mas ultimamente parece diferente.
Eu não sei...
Eu parei e encarei as chamas. Seria mais fácil, ele se perguntou? Eu senti que
não poderia responder a essa pergunta porque me recusei a deixar car mais fácil.
Eu pensei muito sobre ela – todos os dias – e se eu começasse a fazer menos, com
certeza caria mais fácil.
Mas quanto mais fácil cava, mais ela desaparecia, certo?
Ele coçou a bochecha e perguntou: — Diferente como?
— Pior talvez? — Encolhi os ombros e observei a parte inferior do tronco
aquecer até quase um tom de branco. Eu não tinha certeza de como explicar isso,
quando eu nem mesmo entendia. — Eu não sei. É muito estranho, na verdade.
Eu só... acho que parece que estou realmente perdendo ela este ano. Todos esses
marcos estão acontecendo, como inscrições para o baile e a faculdade, e ela não
está aqui para eles. Então minha vida está mudando e avançando, e ela está sendo
deixada para trás com a minha infância. Isso faz sentido?
— Puta merda, Liz. — Wes sentou-se um pouco mais reto e passou as mãos
pelo topo de seu cabelo, bagunçando-o quando seus olhos sérios encontraram os
meus à luz do fogo. — Isso faz todo o sentido e também é uma merda.
— Você está mentindo? — Eu apertei os olhos na escuridão, mas a cintilação
do fogo tornou difícil ler sua expressão. — Porque eu sei que sou estranha com a
minha mãe.
— Como isso é estranho? — A brisa levantou seu cabelo escuro e o
despenteou um pouco. — Faz todo o sentido.
Eu não sabia se isso acontecia ou não, mas uma onda de emoção caiu sobre
mim e eu tive que rolar meus lábios e piscar rápido para me conter. Havia algo
sobre sua con rmação casual de minha sanidade, minha normalidade, que
curou um pequeno pedaço de mim.
Provavelmente o pedaço que nunca discutiu minha mãe com ninguém além
do meu pai.
— Bem, obrigada, Bennett. — Eu sorri e coloquei meus pés na beira da
fogueira. — A outra coisa que está mexendo comigo é que Helena e meu pai
continuam tentando inserir Helena em cada uma dessas coisas onde minha mãe
deveria estar. Eu me sinto o cara mau porque não quero Helena lá. Eu não
preciso de um preenchimento.
— Isso é difícil.
— Certo?
— Mas pelo menos Helena é super legal. Quero dizer, seria pior se sua
madrasta fosse um pesadelo total, não seria?
Eu me perguntei isso o tempo todo. — Pode ser. Mas às vezes acho que ela ser
legal torna tudo mais difícil. Ninguém entenderia por que me sinto assim
quando alguém tão legal está aqui.
— Bem, você não pode incluí-la e simplesmente não substituir sua mãe?
Parece-me que você ainda pode guardar suas memórias, mesmo que Helena
esteja com você. Certo?
— Não é tão fácil. — Eu gostaria que fosse, mas não achei que houvesse
espaço para os dois. Se Helena fosse comprar vestidos comigo e nos divertíssemos
muito, essa memória caria gravada para sempre, e minha mãe não faria parte
dela.
— Você quer um cigarro?
Isso interrompeu minha linha de pensamento. — O que?
Eu vi o movimento ascendente de seus lábios no escuro antes de dizer: — Eu
estava prestes a desfrutar de um doce Swisher aqui antes de você aparecer.
Isso me fez rir, Wes imaturo apreciando uma variedade de cigarros de posto
de gasolina em seu quintal como uma espécie de homem adulto. — Ooh –
elegante.
— Eu não sou nada se não so sticado. Na verdade, tem sabor de cereja.
— Oh, bem, se for cereja, estou totalmente dentro.
— Mesmo?
— Não, na verdade não. — Revirei meus olhos para seu Wes-ness total. — Eu
só não acho que apreciaria o bastão da morte com sabor de cereja, mas obrigada
pela oferta.
— Eu sabia que essa seria a sua resposta.
— Não, você não sabia.
— Achei que você diria 'vara de câncer', mas o resto acertei.
Eu inclinei minha cabeça. — Eu sou tão previsível?
Ele apenas levantou uma sobrancelha.
— Tudo bem. — Eu estendi minha palma. — Entregue um de seus elegantes
palitos de nojo com sabor de cereja para que eu possa colocá-lo no fogo e sugar
sua fumaça mortal para os meus pulmões.
Ele ergueu as sobrancelhas surpreso. — Sério?
Dei de ombros. — Por que não?
— A propósito, você deveria escrever uma cópia do anúncio para as pessoas
de Swisher.
— Como você sabe que eu não escrevo?
— Bem, se você o zesse, saberia que não inala cigarros.
— Não?
— Não.
— Então... você apenas inala e segura nas bochechas como um esquilo
inchado?
— De nitivamente não. Você acaba de inalar menos do que um cigarro.
— Você gosta de um fumante inveterado ou algo assim?
— Não.
— Bem, parece-me que se você está acendendo um cigarro aqui sozinho
depois de um dia longo e difícil, talvez você tenha um problema.
— Vem cá. — Ele deu um tapinha na cadeira ao lado dele.
— Eca, não. — Eu disse provocadoramente, me sentindo de alguma forma
quebrada desde que pensei em me mudar para mais perto dele mais cedo.
— Relaxe, eu só estava indo acender seu bastão nojento em chamas para você.
— Oh. — Eu me levantei e fui até a cadeira ao lado dele. — Foi mal.
— É a primeira vez que você diz isso, não é?
— Eu acho que sim.
Ele riu e abriu o pacote. Eu não tinha certeza de por que estava fazendo isso,
especialmente com Wes Bennett, mas sabia que não estava pronta para entrar. Eu
estava meio que me divertindo.
— Você já fumou?
— Sim.
— Sério? — Wes colocou um dos cigarros na boca e acendeu o isqueiro.
— Eu fumei com Joss em uma festa no verão passado.
Ele sorriu e bufou como o Swisher iluminou. — Eu teria adorado
testemunhar isso. A pequena Libby Loo, tossindo os pulmões enquanto Jocelyn
provavelmente ria e soprava anéis de fumaça perfeitos.
— Você não está tão longe. — Jocelyn era nauseantemente boa em tudo. Eu
nunca a vi falhar em nada. Não há muito tempo, e de nitivamente não desde
que nos tornamos amigas. Se eu fosse honesta – e nunca diria isso em voz alta –
isso me irritou muito.
Não que ela fosse boa nas coisas. Eu poderia lidar com isso. Era mais porque
ela era boa nas coisas, sem realmente tentar ou se importar com elas. Ela passou
pela vida, parecendo nunca tropeçar como eu fazia de hora em hora.
— Aqui. — Ele me entregou o cigarro e acendeu o outro. Peguei e recostei-
me na cadeira, esticando casualmente as pernas e olhando para as estrelas.
Pareceu importante inclinar-se para a atitude do cigarro
Eu dei uma tragada. A cereja era boa, e a coisa não era tão desagradável
quanto um cigarro, mas ainda tinha gosto de bituca.
Wes estava me observando com um meio sorriso no rosto, o que me fez dizer,
enquanto a fumaça saía da minha boca: — É muito bom estar de volta ao país
dos sabores.
Ele começou a gargalhar.
Eu acrescentei: — Ame-me bom cigarro.
Isso o mandou. Era impossível não se juntar a ele enquanto ele ria com a
cabeça para trás. Quando ele nalmente parou, deu uma tragada e disse: — Você
pode apagar, Buxbaum.
— Oh! Graças a Deus. — Apaguei o cigarro, apagando-o com cuidado contra
a borda da fogueira. — No entanto, foram dez segundos super relaxantes.
Realmente me ajudou a relaxar.
— Uh-huh.
— A propósito, ouvi dizer que Alex Benedetti tem uma queda por você. —
Eu ouvi isso em química, e minha resposta inicial foi que eles poderiam ser uma
boa combinação. Ambos eram atletas atraentes. Então, certamente eles foram
feitos para ser, certo?
Imaginei Alex saindo aqui com Wes em vez de mim, e não gostei. Comecei a
ansiar por nossa camaradagem estranha e, embora estivesse lutando para aceitá-
la, meio que achava que ele era uma pessoa legal.
Ele deu uma baforada no cigarro, o rosto inalterado. — Eu também ouvi isso.
E…? — Ela é bonita.
Ele abaixou a cabeça. — Sim, eu suponho. Ela simplesmente não é realmente
o meu tipo.
— O que? Por que não? — Alex era uma líder de torcida deslumbrante com
mil amigos, o tipo de garota que eu presumi que caras como ele tendiam a babar.
Além disso, ela era genuinamente legal e muito inteligente. Tipo, eu-ouvi-que-
ela-queria-ser-dentista de nível inteligente.
— Eu não sei. Alex é ótima, mas... — Ele olhou para mim e encolheu os
ombros como se isso explicasse tudo.
Eu agarrei o laço de cabelo do meu pulso e puxei meu cabelo para trás. Eu
senti que devia a Wes, já que ele passou tanto tempo me ajudando com Michael.
Sim, ainda havia uma chance dele ganhando o The Spot, mas algo sobre o ar
noturno na Área Secreta me fez querer fazer algo legal para ele. — Eu sei que a
química desempenha um grande papel na atração, mas ela é linda. Eu não posso
acreditar que você não está aproveitando essa chance.
— Ela é linda. — Ele acendeu a cinza da ponta do cigarro e me deu o tipo de
contato visual que obriga você a ouvir. — Mas, tipo, o que isso signi ca,
realmente? A menos que meu objetivo seja apenas sentar e olhar para ela como
alguém olharia para um oceano ou uma cadeia de montanhas, bonito é apenas
um visual.
Eu arregalei meus olhos e cobri minha boca com as duas mãos. — Oh,
querido Senhor, diga-me mais, Wesley.
— Cala a boca. — Ele me mostrou o dedo do meio e disse: — Só estou
dizendo que gosto de uma garota que me faz rir, só isso. Alguém com quem me
divirto, não importa o que estejamos fazendo.
Recostei-me na cadeira e cruzei os braços sobre o peito. Inclinei a cabeça,
franzi as sobrancelhas e disse: — Não me leve a mal, mas você é diferente do que
sempre pensei que fosse.
Seus olhos estavam brilhantes e quentes quando ele disse: — Você está
chocada por eu ter saído da fase de decapitação dos gnomos, não é?
— Nesse sentido. — Eu ri e balancei minha cabeça. — Mas eu também pensei
que você aproveitaria a chance de, hum, 'acertar'.
Isso o fez sorrir e olhar para mim com uma de suas sobrancelhas escuras
levantadas. — Isso é nojento, Buxbaum.
— Certo?
— É a primeira vez que você diz essas palavras?
Eu apenas ri e balancei a cabeça, o que o fez rir muito.
Nós sentamos lá fora depois disso, só falando sobre nada, até que ele
terminou seu Swisher.
— Você vai ter outro? — Eu perguntei.
Ele jogou a ponta no fogo e se levantou, agarrando um grande graveto e
mexendo na madeira. — Por que – você quer um?
— Deus, não. — Eu levantei meu cabelo até o nariz e disse: — Essas coisas
fazem meu cabelo cheirar a lixo.
Ele apoiou o graveto próximo à fogueira e pegou o balde que estava atrás de
sua cadeira. — Na verdade, tenho levantamento de peso amanhã, então
provavelmente devo desligar isso se você estiver pronta para entrar.
Havia algo sobre o quão suave seu rosto era naquele momento – calmo e feliz
e iluminado pela fogueira – que me fez sentir com sorte por ter descoberto em
quem ele havia se tornado. — Sim, estou pronta.
Ele mergulhou o balde no lago e o derramou no fogo, levantando uma nuvem
de fumaça. Quando saímos da Área Secreta e entramos em seu quintal, ele disse
que me mandaria uma mensagem quando Michael contasse a que horas a noite
de cinema aconteceria.
Fui para a cama me sentindo feliz, embora não tivesse certeza sobre o quê. Ou
melhor, quem. Fiquei deitada ali, meio relaxada, até que o cheiro de fumaça em
meu cabelo me deixou tão louca que tive que tomar um banho noturno e trocar
a fronha.
Depois fui para a cama feliz.
CAPÍTULO NOVE

“O amor é paciente, o amor é gentil,


amor significa perder lentamente a
cabeça.”
— Vestida para Casar

— Ei, garota. — Helena olhou para mim da porta que dava para a cozinha
enquanto eu praticava piano na sala de estar. Eu gostava de tocar de manhã e
tocar com meu pijama orido chique e chinelos de seda combinando. Praticar
parecia um passatempo elegante, como se eu fosse um antigo personagem de
Austen aprimorando uma das habilidades que me tornariam algo terrível de se
ver.
— Você está com fome? Quer que eu faça a você um Pop-Tart ou algo assim?
— Não, obrigada. — Tentei continuar tocando enquanto falava com ela, mas
nunca fui capaz de usar essa habilidade em particular. Se eu praticasse por mais
de uma ou duas horas por semana – como minha mãe costumava fazer –
provavelmente não pareceria tão difícil. Ela tocou todos os dias, e isso tinha
aparecido. — Eu já comi uma banana.
— Entendi.
Ela se virou para voltar para a cozinha e eu me forcei a fazê-lo. Eu disse: —
Helena. Espera.
Ela inclinou a cabeça. — Sim?
— Eu sei que é de última hora, — eu deixei escapar, me preparando contra os
sentimentos enquanto eu estendia o convite, — mas, hum, Jocelyn acabou de
me mandar uma mensagem e disse que sua mãe pode nos levar para comprar
vestidos de baile mais tarde esta manhã, já que hoje é dia de serviço do professor.
Você quer vir?
Helena ergueu o queixo e baixou as sobrancelhas, prendendo o cabelo atrás
das orelhas. — Depende. Por que você está perguntando?
— Hum, porque eu pensei que você gostaria de vir...?
Seu olhar me disse que ela sabia melhor. — Seu pai não disse para você fazer
isso?
Parte de mim queria ser honesta, mas em vez disso eu disse: — Não, ele
deveria ou algo assim?
Ela piscou e olhou para mim por mais um segundo, e então seu rosto se
transformou em felicidade. — Eu adoraria ir, querida. Oh meu Deus. Acho que
devemos ir ao Starbucks primeiro, onde podemos adivinhar os pedidos de café
das pessoas por suas roupas. Então podemos fazer a coisa do vestido, e talvez ir
descansar no Eastman para um almoço que inclui aquela sobremesa de lava
quente que supostamente é de morrer. Embora, eu duvido seriamente que
qualquer comida seja para morrer. Quer dizer, sou obcecada por barras
Caramello, mas certamente nunca daria minha vida por uma.
Ela estava sendo divagante e sarcástica de costume, mas eu senti como se a
tivesse deixado muito, muito feliz.
— Que tal sorvete? — Estendi a mão direita e toquei uma melodia de
caminhão de sorvete, feliz por ter perguntado a ela. Talvez isso seja bom para nós.
— Isso poderia ser considerado para morrer.
— Não é nem um sólido. Se estou descendo para comer, não vai ser um
alimento que está pairando em algum lugar entre dois estados químicos.
— Bom ponto. — Eu parei de tocar. — Nós ao menos discutimos seu amado
pão de banana?
— É digno de roubo criminoso, talvez, mas não a morte. Eu roubaria do
próprio presidente, mas também não daria a vida apenas por sua umidade
deliciosa.
— Mas roubar do presidente não faria com que você fosse morta pelo Serviço
Secreto e, portanto, seria a mesma coisa?
— Bem, eu não vou ser pega, é claro.
— Claro, de fato.
Subi as escadas e me arrumei e, quando terminei, Helena já estava esperando
por mim na sala. Ela estava usando uma jaqueta de couro de vadia que cava
perfeita com seus jeans, e mais uma vez quei maravilhada com o fato de que ela
tinha a idade do meu pai.
— Você está pronta para fazer isso? Estou pensando em comprar um vestido
de brincadeira só para assustar seu pai. Tipo, nós compramos para você um
vestido deslumbrante, mas também um pequeno número trash que causa um
infarto.
— Você realmente quer ter que cuidar dele de volta à saúde depois de sua
ponte de safena tripla?
— Bom ponto. Ele é um bebê total quando não se sente bem. — Ela agarrou
as chaves e en ou o telefone no bolso. — Vou mandar uma mensagem de texto
para ele para dar um pequeno susto.
Segui Helena até a garagem e entrei em seu carro. Ela tinha um Challenger
preto fosco, que era um carro bruto que roncava tão alto que não dava para
ouvir o rádio a menos que estivesse ligado. Um cara na loja de peças de
automóveis perguntou a ela sobre isso uma vez, sobre por que ela queria dirigir
um carro que era claramente destinado a um homem e provavelmente com
potência demais para ela lidar, e nunca esquecerei sua resposta.
— Foi amor verdadeiro, Ted. Eu olhei, vi esse cara e perdi totalmente a
cabeça. Eu sei que ele é barulhento e direto na sua cara, mas sempre que eu olho
para ele, me sinto um pouco fraca. E quando eu o dirigir – esqueça. Ele é rápido,
selvagem e um pouco indisciplinado, e posso sentir seus estrondos guturais por
todo o meu corpo quando enterro o pedal do acelerador. Essa besta me arruinou
para sempre para todos os outros veículos.
Ted no NAPA perdeu a capacidade de falar, enquanto Helena sorriu para ele
como se não tivesse ideia do que tinha feito. Ela exerceu seu poder como uma
deusa e, independentemente dos meus sentimentos complicados sobre ela e seu
lugar na minha vida, eu tinha um respeito louco por isso.

— Café com leite de abóbora com especiarias.


— Sério? Esse é o seu palpite? — Revirei os olhos e tomei um gole do meu
Frappucino. — É como se você nem estivesse tentando. Pense, Helena – é abril.
A Starbucks nem mesmo oferece essa bebida em abril.
— Você acha que eu não sei disso? — Seus lábios mal se moveram enquanto
ela observava a garota ir até a caixa registradora. A compradora em questão era
jovem – provavelmente uma caloura – e estava vestida como uma modelo da
Gap. — Ela é um bebê, então ela não conhece as regras. Ela só sabe que sua irmã
mais velha a deixou tentar um uma vez, e foi in-crí-vel.
Eu ri.
A menina abriu a boca e disse: — Posso pegar um café com leite de gengibre?
Ao que o barista respondeu: — Sinto muito, mas é uma bebida sazonal.
Olhei para Helena com uma escancarada. Meu queixo caiu. — Você estava
tão perto!
— Não é meu primeiro rodeio, garota. — Ela encolheu os ombros e tomou
um gole de seu expresso. — Você tem uma bolsa carteiro ali – não me
decepcione.
Olhei para o cara com a bolsa carteiro que estava olhando para seu telefone.
Sua bolsa era de uma beleza total, couro rico usado na perfeição de uma maneira
que só bolsas caras poderiam ser usadas. Seus óculos de tartaruga o deixavam
com uma aparência inteligente, mas também elegante, e seu relógio combinava
perfeitamente com seu cinto e sapatos.
— Venti gelado Americano com leite de soja. — Recostei-me no banquinho e
cruzei os braços. — Ele está abraçando a primavera ao escolher uma bebida
gelada, mas não consegue se livrar da forte seriedade da mordida do Americano.
— Isso é excelente, minha aluna.
Bolsa Carteiro olhou para o barista e disse: — Sim, eu só preciso de um
torrado escuro gelado.
— Ooh, tão perto, — eu murmurei, puxando meu telefone do bolso do
vestido e veri cando as mensagens. Não havia razão para pensar que Wes me
mandaria uma mensagem, mas depois de sair ontem à noite e se divertir tanto,
parecia uma possibilidade.
— E posso pegar um pouco de soja, por favor?
— Estrondoso. — Helena deu um tapa na mesa. — Isso é assustadoramente
perto, Liz.
— Estamos pegando fogo hoje.
Ela balançou a cabeça e disse: — Por falar em fogo, o que há com Wes?
— O que ele tem a ver com o fogo?
Ela encolheu os ombros. — Nada. Estou muito impaciente para esperar por
uma boa transição.
— Oh. — Limpei a garganta e vi quando Bolsa Carteira pegou seu café e se
juntou a uma mesa de três outras Bolsas Carteiros. — Hum. Nada está
realmente "animado" com Wes.
— Tem certeza? Porque você passou pelo menos uma hora fora com ele na
noite passada.
Meus olhos dispararam para os dela, mas em vez de parecer irritada, ela me
deu um Te peguei sorriso. — Não se preocupe – foi puramente por acidente que
eu sei. Acontece que eu estava olhando pela janela no momento exato em que
você atirou no quintal como se sua bunda estivesse pegando fogo e escalou a
cerca.
— Meu pai sabe?
— Por que eu iria acordá-lo quando você estava saindo para olhar as estrelas?
Eu dei de ombros e mordi meu sorriso. Por mais que eu não quisesse cair no
feitiço de ela ser tão legal que todos que conheciam Helena pareciam cair, às
vezes ela realmente conseguia ser incrivelmente legal. — Eu não sei. Obrigada
por não ter contado a ele. Não foi nada, mas sinto que seria um grande problema
para ele.
— Oh, de nitivamente seria. — Ela ergueu a xícara e brincou com a tampa.
— Ele con a em você, no entanto. Nós dois con amos.
— Eu sei. — Eu cruzei minhas pernas e tracei uma das ranhuras em minha
meia-calça com meu dedo. — E Wes e eu somos apenas amigos, só para constar.
Ele está me ajudando com alguma coisa.
— O que? — Ela balançou a perna para frente e para trás ao lado do banco.
— A última vez que ouvi, vocês dois estavam lutando por aquela vaga de
estacionamento. Agora, de repente, vocês são amigos e ele está prestando uma
ajuda útil? Como diabos isso aconteceu?
— É meio complicado.
— Não esperaria nada menos. — Ela olhou pela abertura da tampa antes de
girar o copo. — Mas você tem que estar um pouco atraída por Wes. Quer dizer, o
cara não é apenas bonito e musculosouma queda po ele.
Antes que eu tivesse a chance de emitir um som, ela se interrompeu com: —
Oh, bom Deus, por favor, risque isso do disco. Pareço um daqueles professores
que mandam fotos de suas genitais para seus alunos. Você sabe que eu não quis
dizer isso, certo?
Isso me fez sorrir. — Claro.
— Eu acho Wes adorável da mesma forma que alguém acha adorável um
cachorrinho com patas enormes.
— Sossegue. Eu sei.
— Oh! Graças a Deus.
— E eu concordo. Até recentemente, eu realmente não tinha notado Wes.
Mas agora que passei um tempo com ele, posso ver totalmente por que uma
garota pode estar a m dele.
— Seus ombros, certo? Eles são extremamente amplos.
Eu apertei os olhos. — Eles são?
— Você não percebeu?
— Não realmente. Mas esse não é o ponto. O que eu ia dizer é que posso ver
como uma garota entraria nele porque ele é meio atencioso para um... — Como
eu ainda poderia categorizar Wes? Meus rótulos anteriores não pareciam se
encaixar. — Para Wes.
Eu o imaginei na festa de Ryno, me salvando de certa humilhação por segurar
as calças que ele me emprestou. Santo Deus, Wes Bennett era uma espécie de
partido, não era? Ele ouviu bem, deu telefonemas tarde da noite, construiu
lindas fogueiras que pertenciam a revistas de estilo de vida. Wes era um pouco
sonhador.
— Mas não para você?
— Não. — Não importava o que eu estivesse aprendendo sobre Wes,
qualquer relacionamento real com ele terminaria em um desastre seguro. E –
como se eu precisasse me convencer – simplesmente assim, eu queria dizer a ela.
Tudo. — Então aqui está o que está acontecendo. Mas isso é ultrassecreto, certo?
Tipo, mesmo Jocelyn não sabe.
— Oh meu Deus, adoro ser a única por dentro. — Ela sorriu e se inclinou um
pouco mais perto. — Conte-me tudo, sua vadia espertinha.
E eu z. Contei a ela sobre Michael, e ela fez um gesto comovente quando o
descrevi e seu inesperado ressurgimento em minha vida. (Embora eu tenha
interrompido a conexão com minha mãe.) Contei a ela sobre Wes e meu plano, e
ela riu e me chamou de gênio do mal.
Ela chorou de verdade quando eu descrevi que tinham vomitado em mim, e
bufou enquanto chorava quando acrescentei à história os detalhes do acidente
com o nariz e o basquete. Ela estava enxugando os olhos quando disse: — Oh
meu Deus, é como se o destino estivesse tentando ao máximo mantê-la longe
dele.
O que? Não foi assim, foi? Essas foram apenas coincidências infelizes.
— Cada vez que você chega perto de ter um momento com Michael, parece
que o universo se desfaz com uma bola no rosto ou um vômito na roupa. Acho
que o universo gosta mais de Wes.
Tenho certeza de que olhei para ela como se ela tivesse uma cobra rastejando
para fora de sua boca. — Não, não importa. Essas coisas foram acidentes
estranhos. Se qualquer coisa, eu diria que o azar apenas segue o rastro de Wes. Eu
estar perto dele era provavelmente o motivo de o destino estar chateado.
Suas sobrancelhas se ergueram. — Oh-kay, Liz. Qualquer coisa que você diga.
O universo gosta mais de Wes.
Meu cérebro foi frito por aquela única e solitária frase enquanto íamos para o
carro dela e dirigíamos para o shopping center. O universo gostou mais de Wes?

— Eu vou car doente. — Eu balancei minha cabeça e olhei enquanto Jocelyn


olhava seu re exo no espelho. Ela estava usando um vestido laranja até o chão e
parecia mais alguém no tapete vermelho do Oscar do que uma estudante do
ensino médio experimentando um vestido de baile. — Alguma coisa ca ruim
em você?
A mãe de Joss latiu: — É muito adulto. Tire.
Sua mãe era um daqueles pais legais, mas intimidantes. Ela sempre foi super
doce comigo, mas quando estava com raiva de Joss, isso me deixava nervosa. Ela
era minúscula – pouco mais de um metro e meio, mas cada centímetro dela
estava no comando.
Ela era advogada, e eu sempre achei que ela era incrível em seu trabalho
porque eu ainda não tinha visto Joss ganhar uma discussão com ela.
Jocelyn revirou os olhos e murmurou algo sobre sacudir sua mãe até que o
cabelo da mulher caísse do coque, o que me fez rir, mas também pensar sobre
como Wes sempre bagunçava meu cabelo. Era super irritante, mas algo sobre isso
me fazia sorrir todas as vezes.
Limpei a garganta e z uma careta, apenas para ter certeza de que não estava
sorrindo assustadoramente para o espaço.
Isso pode estragar tudo.
Porque, até agora, Joss e eu estávamos nos divertindo como uma viagem
normal de compras. A irritação dela com minha reticência nas atividades da
terceira idade e minha irritação com sua insistência ainda não tinham aparecido.
Foi ótimo e eu não queria que minhas mentiras dramáticas de garotos
estragassem tudo.
Estávamos em nossa terceira loja, e estava indo da mesma forma em todas as
paradas. Eu experimentei um punhado de vestidos que eram mais ou menos, e
cada vestido que Jocelyn vestia parecia incrível. Ela estava tendo di culdade em
reduzir para um, e eu estava tendo di culdade em encontrar pelo menos um.
— Não é que eu pareça bem; é que estou experimentando vestidos lindos. —
Jocelyn olhou para mim no espelho. — Você, por outro lado, continua
experimentando coisas orais retrô que nem parecem vestidos de baile. Eu sei
que você tem toda a sua vibe romântica, mas experimente um maldito vestido
longo que é considerado um vestido de baile, pelo amor de Deus.
— Ela está certa, Liz. — Helena estava comendo um cachorro-quente que
comprou no shopping enquanto se sentava em uma cadeira e nos observava
experimentar os vestidos. — Basta pegar uma pilha e começar a jogar.
— Saia da sua zona de conforto —, disse a mãe de Jocelyn, dando-me um
sorriso maternal e um aceno de cabeça tranquilizador. Em seguida, ela gritou
para Joss: — Esse aqui é muito apertado e o decote é muito grande. Para o
próximo.
Olhei para as prateleiras e não tive mais vontade de procurar. — ECA.
— Aqui. Espere. — Jocelyn ergueu um dedo. — Vá para o provador e espere
por mim. Vou trazer dez vestidos para você experimentar. Apenas con e em
mim.
— Mas você não–
— Con e em mim.
Suspirei e voltei para os provadores, já cansada de comprar o vestido. Eu
sentei no banco e senti meu telefone vibrar quando me sentei. Puxei-o para fora e
vi uma mensagem de Wes.
Wes: O que aconteceu com seu carro?
No minuto em que vi que a mensagem era de Wes, senti... algo. Algo bom e
igualmente confuso que considerei estar relacionado a Michael. Ele poderia estar
enviando mensagens de texto sobre Michael – essa tinha que ser a razão da
minha reação.
Sua pergunta me quebrou, porque é claro que Wes notaria. Meu pai, o
homem cujo nome estava no título, não tinha notado o dano que eu z quando
bati o carro na lateral do posto de estacionamento no dia anterior, mas Wes
Bennett sim.
Eu: Fique de boca fechada se você sabe o que é bom para você.
Wes: Você está me ameaçando?
Eu: Só se você tocar no assunto do meu carro novamente.
Wes: Então... hum... bom tempo hoje, hein? O que você está fazendo?
Eu: Comprando vestido de baile. É horrível.
Wes: Pior do que fazer compras comigo?
Eu pensei sobre isso por um segundo. Na verdade, sim. Pelo menos você
estava com pressa. Essas garotas querem me esticar, e eu meio que quero fugir
disso. Acho que poderia rastejar para fora deste provador sem ser detectada...
Wes: Com quem você vai ao baile? Achei que o objetivo fosse Michael.
Meu cérebro produziu uma imagem de Wes em um smoking, e eu
rapidamente limpei. Michael era o objetivo.
— OK. — Jocelyn apareceu na porta com uma braçada de vestidos. — Me
prometa que você vai experimentar tudo isso. Mesmo que eles não se pareçam
com algo que você normalmente faria, apenas me agradeça e experimente para
nós. Combinado?
Eu coloquei meu telefone no banco. — Combinado.
Ela franziu as sobrancelhas. — Para quem você estava enviando mensagens de
texto?
Eu franzi minhas sobrancelhas de volta para ela. — Por quê?
— Sério?
Dei de ombros e me senti como se tivesse sido pega olhando fotos sujas. —
Wes, ok? Ele me mandou uma mensagem sobre a pintura na lateral do meu
carro.
Jocelyn sabia sobre a tinta porque eu tinha mandado uma mensagem para ela
quando bati no poste, então ela não se intimidou com a revelação. Mas seu rosto
se iluminou e ela disse: — Você e Wes trocam mensagens agora?
— Na verdade. — Limpei a garganta e tentei me lembrar do que disse a ela
antes do jogo de basquete. — Aconteceu algumas vezes e é totalmente casual.
— Okay, certo. Você não está me enganando, aliás. — Ela pendurou os
vestidos em um gancho e colocou as mãos nos quadris. — Mesmo que você
esteja agindo de forma legal, você gosta de Wes Bennett.
— Eu não. — Eu não gosto! Minhas respostas emocionais a Wes foram todas
sobre sua conexão com minha mãe e o fato de que éramos parceiros no crime.
Foi isso.
— Oh, sim, você gosta. Você sonhou acordada o dia todo, toda vez que
experimentou um vestido. — Seus olhos se estreitaram e ela disse: — Oh meu
Deus, é melhor você não me largar por Wes.
— Cala a boca. — Meu estômago apertou quando ela me deu aquela
pequena amostra de quão infeliz ela caria se Michael me convidasse para o baile.
— Eu não estou trocando você por Wes.
Mas posso fazer isso por Michael. Deus, eu era uma amiga lixo.
— Bem, você tem algum menino em mente, e se não for o querido Wesley,
então quem é?
Parte de mim queria confessar e apenas contar a ela. Quem se importava se ela
pensava que meu plano era uma má ideia? Talvez fosse a hora.
Mas quando esse pensamento começou a disparar, ouvi Helena e a mãe de
Joss rindo diante do espelho grande. Elas pareciam duas mães, esperando
alegremente por suas lhas, e isso trouxe todas as minhas emoções confusas de
volta.
Não. Eu simplesmente não conseguia encontrar coragem para uma
desavença, não ali no provador da loja de departamentos Ralph. Não seria tão
ruim dobrar o lance do Wes, seria? Quer dizer, tecnicamente ele era o único que
tinha estado na minha mente o dia todo. Estava totalmente dentro do reino da
credibilidade que eu tinha uma pequena queda por Wes que no nal das contas
não daria certo, certo?
Passei a mão pelo cabelo. — Ainda estou tentando descobrir, ok? Eu me
divirto totalmente quando estou com Wes, mas ele também não é meu tipo e...
— O que você quer dizer com não é seu tipo? Porque ele não é um
personagem que escreve poesia e sabe qual é a sua or favorita?
Eu odiava quando ela fazia isso. Quando ela me reduziu a uma criança louca
de amor. Eu disse: — Não importa, porque estamos apenas conversando, ok?
— OK. — Ela me deu um sorriso engraçado, e a montanha-russa emocional
em que acabei de desfrutar de um passeio de três minutos passou despercebida.
— Meu dinheiro está em Bennett, no entanto. Se alguém pode entrar e sacudir
suas noções românticas, é Wes.
Revirei os olhos e me lembrei do que Helena havia dito antes. — Eu acho que
você está fazendo desta coisa mais de uma coisa do que é.
— Veremos. Agora experimente os vestidos.
Ela bateu a porta atrás dela e eu empurrei a fechadura. Antes de começar com
os vestidos, peguei meu telefone e respondi ao texto anterior, sabendo que
minha resposta era uma mentira.
Eu: Jocelyn e eu tínhamos planejado ir juntas, mas tenho certeza que ela vai
entender se eu for convidada por alguém de quem gosto.
Apenas colocá-lo no universo pode torná-lo verdadeiro, certo?
Eu coloquei o primeiro vestido, uma coisa vermelha longa e brilhante que
provavelmente poderia ser vista do espaço, e ri do meu re exo. Eu parecia uma
concorrente de concurso que havia perdido sua bolsa de maquiagem e
suprimentos de cabelo. Dos ombros para baixo – bom. Dos ombros para cima –
nem tanto.
Meu cabelo ruivo contrastava totalmente com o vestido.
Fui até o espelho triplo de qualquer maneira e girei para meus fãs, que
concordaram.
— Mas o estilo é muito melhor do que os que você tentou antes. — Helena
juntou as mãos como se estivesse rezando. — Louvado seja Jesus, sinto que
estamos chegando perto.
Quando voltei para o provador, olhei para o meu telefone antes de me trocar.
Wes: Por que você não gosta de comprar vestidos? Isso parece sua coisa.
Abri o zíper do vestido e deslizei para fora enquanto enviava uma mensagem
de texto.
Eu: Minhas preferências não combinam exatamente com as tendências do
baile, e as pessoas com quem estou não ligam.
Wes: Ah. Você quer ores, bolsos e babados de velhinha, e elas querem que
você use algo quente.
Por que sua opinião sobre a maioria das coisas – mesmo quando ele estava
zombando de mim – me fazia rir? Eu sorri e peguei o vestido preto. Era curto na
frente e comprido nas costas, com uma blusa amarrada atrás do pescoço. Eu
estava prestes a entrar nele quando meu telefone tocou.
Wes: Não se esqueça que branco é a sua cor, garota.
Ok – isso me fez rir alto. Olhei para os vestidos, e havia um branco lá. Larguei
o preto e estendi a mão para pegá-lo. E uau.
Era realmente... maravilhoso.
Era sem alças, com um corpete de seda simples que se a nava em um cinto
branco de contas e uma saia longa, que ia até o chão. Era impressionante porque
75% do vestido era simples e discreto, e na parte de baixo havia uma explosão de
ores silvestres coloridas.
Eu o puxei, sugando tudo enquanto deslizava o zíper lateral no lugar. E
quando olhei para meu re exo – peguei meu telefone. Você pode estar certo,
Bennett. O único vestido de que gostei até agora é branco. WTF é com você
acertando minha moda?
Eu levantei meu cabelo e me virei de lado para ver as costas. Era realmente um
vestido glorioso. E quando corri minhas mãos pelas laterais, encontrei bolsos.
Wes: Por que você sempre duvida de mim?
Eu: Bom julgamento. Experiência.
Wes: Foto, por favor.
"O quê?" Eu disse para mim mesma, e um bufo nervoso saiu de mim mesmo
enquanto eu pensava no melhor ângulo. Deus, por que eu estava pensando isso
quando Wes estava perguntando? Murmurei uma torrente de obscenidades –
merda, merda, merda – baixinho antes de nalmente responder com Hum, isso
é um grande não.
Wes: Ok, então me envie uma foto de outra coisa para que eu me sinta
incluído.
Olhei ao redor do provador em busca de algo engraçado para mandar para ele,
e então pensei – que diabos? Tirei uma foto do vestido no espelho e mandei uma
mensagem para ele.
Eu realmente tinha acabado de fazer isso? Eu realmente tinha acabado de
enviar a Wes Bennett uma sel e vestido-de-baile-de-amor-de-mãe? Santa meeer–
— Liz! Você está de vestido? — Jocelyn estava gritando de seu lugar na
galeria. — Você precisa nos deixar ver, porque mesmo que eles não sejam o seu
estilo, um deles vai funcionar, droga.
Deixei cair meu telefone e fui até o espelho grande. Como se fosse O Vestido
Ideal ou algo assim, Jocelyn e Helena engasgaram e cobriram a boca com as mãos
quando eu pisei na frente delas. A mãe de Jocelyn apenas sorriu.
— Esse vestido foi feito para você. — Jocelyn cruzou os braços. — Por favor,
não me diga que você odeia. Você não pode.
— Você está incrível. — Helena estava de pé, sorrindo como se ela estivesse
prestes a car com os olhos marejados. — Você gosta disso?
Dei de ombros. — Tem bolsos. E ores. Eu praticamente tenho que gostar,
certo?
Eu olhei para meu re exo no espelho e soube – eu simplesmente sabia – que
minha mãe teria adorado aquele vestido. Ela teria escolhido aquele vestido para
mim. Caramba, ela mesma teria usado aquele vestido se tivesse motivos para ir
para o baile. Talvez ela não pudesse estar lá, comprando comigo, mas encontrar
aquele vestido foi demais, certo?
— Oh, Libby, malposso esperar para que seu pai veja você nele. — A cabeça
de Helena estava inclinada para o lado e ela sorria, mas suas palavras eram como
um balde de água fria, me levando de volta ao presente sem mãe. Porque o que
Helena acabara de dizer era exatamente o que minha mãe teria dito se estivesse lá.
Na verdade, eu podia ouvir perfeitamente sua voz alegre dizendo essas palavras.
Mas Helena não era minha mãe, mesmo que de repente ela estivesse me
chamando de Libby como ela era.
Cruzei meus braços sobre o peito e precisava tirar esse vestido AGORA. —
Eu vou me trocar.
— Você não está animada? — Ela me deu um olhar espertinho animado e
uma bomba de punho falsa que provavelmente teria me quebrado uma hora
atrás. — Você encontrou seu vestido.
— Certo. — Observei seu sorriso vacilar, mas não consegui me conter. Uma
parte de mim acreditava que, se eu não recuasse, ela apagaria o fato de que minha
mãe um dia existiu. Pensei no dia inteiro que Helena planejou. Eu só queria car
sozinha. — A propósito, não estou com fome, então podemos ir para casa depois
disso?
Helena olhou para Jocelyn e sua mãe, que felizmente estavam conversando e
não prestando atenção em nós, antes de dizer: — Claro. Se é o que você quer.
Depois que me troquei, em vez de me juntar aos outros no grande espelho,
levei o vestido até o balcão e paguei antes que Helena tivesse chance. Quando me
juntei ao grupo com meu vestido já ensacado e pendurado no braço, todos
pareciam confusos.
— Você já comprou? — Os olhos de Jocelyn estavam arregalados quando ela
colocou a alça de sua mochila por cima do ombro e murmurou sarcasticamente:
— Sim, isso não é uma coisa estranha de se fazer.
Eu levantei o vestido e ngi que estava tudo bem. Eu até sorri. — Já que
temos que voltar à última loja e pegar o seu, pensei em acelerar as coisas.
Ela me deu um olhar que me disse que ela sabia o que eu estava fazendo. —
Bem pensando, Liz.
Uma vibração estranha pairou sobre nós quatro enquanto falávamos felizes e
falávamos e caminhávamos em direção à saída. Jocelyn e sua mãe sabiam o que
estava acontecendo, Helena sabia o que estava acontecendo e também sabia que
os outros sabiam o que estava acontecendo, então todos nós apenas zemos o
nosso melhor para ngir que eu não tinha estragado tudo o dia inteiro.
Depois de entrar no carro, coloquei meus fones de ouvido e rapidamente
coloquei uma música na la antes que Helena pudesse trazer à tona o que tinha
acontecido.
Então percebi a mensagem no meu telefone.
Wes: Compre esse vestido. Eu estou te implorando.
Meu estômago embrulhou. Eu podia ouvir essas palavras sendo ditas em sua
voz profunda. Ainda assim, era Wes. Certamente ele não quis dizer o que
parecia.
Eu hesitei na minha resposta, olhando para o telefone na minha mão
enquanto visões de Wes Bennett dançavam na minha cabeça. Comecei a escrever
mais de uma resposta “legal”, mas então simplesmente cedi às minhas
necessidades patéticas.
Eu: Você gostou?
As bolhas pareciam como se ele estivesse digitando, mas depois de alguns
minutos elas desapareceram. Eu esperei e elas nalmente apareceram novamente.
Wes: Michael vai adorar. Con e em mim.
Comecei a responder, tipo, cinco vezes diferentes ao longo do dia, mas no
nal, não disse nada. Porque o que havia para dizer? Eu estava sendo um pouco
sugada pela performance de Wes, tropeçando em seu charme, mas sua resposta
me lembrou do meu jogo nal.
Eu. Michael.
Baile de formatura.
Boom.
CAPÍTULO DEZ

“Mas principalmente eu odeio o jeito


que eu não te odeio. Nem perto, nem
um pouquinho, nem um pouco.”
— 10 coisas que odeio em você

Wes: Filme amanhã na casa do Michael. Você ainda está dentro?


Levantei os olhos do telefone para ter certeza de que a professora ainda estava
dando aula e não olhando para mim enquanto eu quebrava as regras. Meu pé
acidentalmente chutou a cadeira de Joss na minha frente enquanto eu segurava
meu telefone no meu colo e mandava uma mensagem: De nitivamente.
Wes: Eu pego você às 6 para que possamos pegar comida no caminho.
Eu olhei para cima por um segundo. Eu estava repassando minhas recentes
interações com Wes na minha cabeça, e eu precisava fortalecer nossos limites.
Todos os nossos bons momentos ultimamente estavam turvando as águas, e eu
precisava me controlar e focar em meu objetivo.
A última coisa que eu queria era bagunçar tudo por ter um erte idiota mal
interpretado. Não é um encontro, certo?
Wes: Eca, Liz.
Eu: Só checando. Você não pode se apegar.
Wes: Por mais difícil que seja de acreditar, não estou tendo problemas em
lutar contra as sensações, sua pequena esquisitona.
Isso me fez bufar uma risadinha.
— Oh, meu Deus.
Eu olhei para cima, e Jocelyn estava totalmente virada em sua cadeira,
olhando para mim com um sorriso enorme no rosto. Ela sussurrou: — Você está
mandando mensagem para ele, não está?
Eu limpei minha garganta. — Quem?
— Você sabe quem. — Ela olhou para a professora antes de se virar e dizer: —
Bennett.
Eu inalei pelo nariz antes de dizer: — Sim, mas estamos apenas trocando uma
merda. Coisas totalmente platônicas.
— Quando você vai admitir que gosta dele? Não estou dizendo que é amor
ou o que quer que você escreva no seu diário secreto, mas você genuinamente
gosta do menino.
— Aproveite o menino. Nome de banda – chame-o.
— Maldita. — Ela riu e se virou. Outro ponto para mim no jogo que
estávamos jogando por mais de um ano.
Eu olhei para a parte de trás de sua cabeça enquanto o agora familiar
sentimento de culpa enchia meu estômago. Quer dizer, tecnicamente ela não
estava errada; Eu estava gostando de Wes. De um jeito amigo, ele estava
rapidamente se tornando uma das minhas pessoas favoritas.
Mas isso estava me incomodando, não saber o que aconteceria depois de
amanhã à noite. Ainda seríamos amigos quando tudo isso acabasse? Ele tinha
algum interesse nisso?
Meu telefone vibrou naquele mesmo segundo. Como se ele soubesse que eu
estava pensando nele.
Wes: Chuva de meteoros hoje à noite, se você estiver interessada. Eu tenho
cigarros, pra sua informação.
Eu apertei meus lábios em uma tentativa de não sorrir, mas foi inútil.
Eu: Quem se importa com a chuva de meteoros? Se você trouxer os cigarros
de cereja, estou lá.
Wes: Você é uma merda. Vejo você lá.

— Eu estava apenas me escondendo entre seus livros nerds para não ser pego. Eu
não estava te aterrorizando.
— Não estou comprando. — Virei meu graveto para que os marshmallows
girassem no fogo. — Em primeiro lugar, você não precisava decapitar o pequeno
querubim. Em segundo lugar, você colocou tinta vermelha ao redor da boca e
dos olhos e levantou a cabeça para que ela casse olhando para qualquer um – ou
seja, eu – que ousasse acessar aquela pequena biblioteca gratuita.
— Eu esqueci da pintura. — Ele sorriu e colocou seus pés grandes ao lado da
fogueira. — Talvez tenha havido uma pequena intenção terrorista.
— Você acha? — Tirei os marshmallows do fogo e soprei sobre eles antes de
tirar um do graveto. — O tempo suavizou a memória de seu antigo eu. Você
acredita – a menos que esteja ngindo – que era simplesmente um garoto
indisciplinado sem nenhuma má vontade para comigo. E isso é categoricamente
falso.
Seus olhos seguiram o marshmallow fofo que en ei na boca. Enquanto
mastigava, percebi que estava completamente inconsciente perto dele. Em vez de
me preocupar com a aparência de um porco, disse com a boca cheia de
marshmallow: — Admita.
Ele olhou para mim enchendo minha boca por mais alguns segundos. Então
ele disse: — Não farei tal coisa. Admito, no entanto, que foi muito divertido
mexer com você. E ainda é.
— Bem, eu não gostava disso naquela época, mas agora – agora posso pegar
você, então é legal.
— Por favor, pare com a conversa ada. — Ele agarrou a sacola de barras de
chocolate Hershey do tamanho de um lanche, desembrulhou uma e jogou na
minha direção. — Você não pode – e nunca irá – me pegar. Pelo menos não
quando se trata de bagunçar.
Peguei o chocolate e o ensanduichei com o outro marshmallow entre dois
grahams. Eu estava segurando o mais perfeito do mundo. — Tem certeza que
não quer que eu faça um para você?
— Não, obrigado, mas sua forma é impressionante.
— Não é a minha primeira vez, raio de sol. — Eu sorri e dei uma grande
mordida. — Mmm – tão bom.
Wes deu sua risada profunda e olhou para as estrelas. Ele não tirou nenhum
cigarro desde que eu cheguei lá, então eu não tinha certeza se ele não estava mais
no clima ou se ele estava se segurando por cortesia para mim. Ele zombou da
minha braçada de suprimentos de petiscos quando eu apareci, mas ele também
tinha comido cerca de dez das minhas minúsculas barras de Hershey até agora.
Eu ouvi as primeiras notas de “Forrest Gump” de Frank Ocean saindo do
alto-falante Bluetooth de Wes e sorri. Uma ótima música de sentar-sob-as-
estrelas. Eu cantarolei junto com a introdução e me senti tonta de primavera
enquanto a letra gotejava sobre mim como a luz das estrelas.
Minhas pontas dos dedos e meus lábios
Eles queimam com os cigarros
— Quais são seus planos para o próximo ano, Buxbaum? — Ele ainda estava
olhando para o céu, e meus olhos permaneceram em seu per l. Mesmo que ele
não fosse meu tipo, aquela mandíbula forte, pomo de adão proeminente e cabelo
grosso formavam uma imagem muito bonita.
Ignorei o nó no estômago com a menção do próximo ano. — UCLA. Você?
Isso o fez olhar para mim como se eu fosse louca. — Sério?
— Hum... sim...?
— Por que UCLA?
Eu inclinei minha cabeça. — Você tem algum problema com a UCLA?
Ele tinha uma expressão estranha no rosto. — Não. De jeito nenhum. Isso foi
simplesmente... realmente inesperado.
Eu olhei para ele na escuridão. — Você está agindo muito estranho sobre isso.
— Desculpa. — Seus lábios se curvaram em um meio sorriso. — UCLA é
uma ótima universidade. O que você quer estudar – lmes românticos
irrealistas?
Revirei meus olhos quando ele sorriu um sorriso de auto-satisfação. — Você
se acha mais engraçado do que realmente é.
— Acho que não. — Ele gesticulou com as mãos para eu ir. — Plano de
estudo, por favor.
Eu limpei minha garganta. Eu odiava estragar as vibrações da noite com
conversas sobre faculdade. Falar sobre o próximo ano sempre me deixava
arrasada, porque eu sabia em primeira mão o quão rápido tudo mudava. A vida
avançou com uma velocidade de queima que deixou todos os detalhes
lindamente pressionados rapidamente esquecidos.
Depois que eu fosse embora, nada seria o mesmo novamente. Meu pai, a casa,
suas roseiras, nossas conversas diárias; todas essas coisas seriam diferentes quando
eu voltasse. Elas desapareceriam no passado antes mesmo que eu tivesse a chance
de notar, e não haveria como recuperá-las.
Até Wes. Ele estava lá desde o início, vivendo sua vida paralela à minha, mas
no próximo ano seria diferente.
Pela primeira vez, ele não estaria ao meu lado.
Limpei a garganta e disse: — Musicologia.
— Sons inventados.
— Certo? — Eu senti como se tivesse memorizado a verborragia do catálogo
da UCLA depois de lê-lo tantas vezes. — Mas é legítimo e um programa muito,
muito bom. Posso obter uma especialização em indústria musical e obter uma
certi cação em supervisão musical.
— Que trabalho você consegue com isso depois da faculdade?
— Eu quero ser um supervisora de música. — Normalmente, quando eu
dizia isso, me deparava com uma cara contorcida e uma sílaba, Huh? Mas Wes
apenas cou sentado lá, ouvindo. — Basicamente, signi ca que quero fazer a
curadoria de músicas para trilhas sonoras.
— Uau. — Ele balançou levemente a cabeça. — Em primeiro lugar, eu não
tinha ideia de que era uma coisa. Mas, em segundo lugar, esse é o trabalho
perfeito para você. Puta merda, você já faz isso o tempo todo.
— Sim. — Dei outra mordida no meu petisco e lambi o marshmallow
pingando em meus dedos. — E você não tem ideia; Tenho prateleiras cheias de
cadernos de trilhas sonoras. Mal posso esperar para começar.
— Droga. — Ele me lançou um olhar sério que senti na barriga. Sua voz
estava tão profunda na escuridão da Área Secreta que qualquer coisa que não
fosse bobagem parecia íntima. — Você sempre meio que fez suas próprias coisas,
Liz, e é legal como a merda.
Foi estranho que seu elogio enviasse calor da ponta dos meus pés até o
estreitamento dos meus olhos? Todas as tensões foram afastadas com aquele legal
de merda comentário. — Obrigada, Wes.
— É Wessy para você.
— É, não.
O momento foi quebrado, mas o calor sob meu esterno permaneceu,
deixando-me relaxada e felizmente contente de divagar sem pensar. — E você?
Onde todos os americanos estão indo para a faculdade?
— Nenhuma ideia. — Ele se inclinou para frente e moveu o fogo ao redor
com o bastão do petisco. — O beisebol está apenas começando, então ainda está
no ar.
— Oh, então você quer jogar na faculdade?
— Sim, senhora.
— E você é bom o su ciente...?
— Sim, sou bom o su ciente, Liz. — Ele tossiu uma risada. — Bem, eu
espero.
— Eu não quero dizer isso como uma crítica, a propósito. Nunca fui a um
jogo. O que você é, como um rebatedor ou algo assim?
— Ok – não estamos falando de beisebol até que você realmente tenha
assistido a um jogo. Isso foi patético.
— Eu sei. — Eu trouxe minhas pernas até a cadeira e passei meus braços ao
redor delas. — Então, você acha que vai embora para a escola ou permanecer na
cidade?
— Longe. — Ele olhou para o fogo e as sombras das chamas dançaram em seu
rosto. — Já recebi ofertas de escolas na Flórida, Texas, Cali e Carolina do Sul,
então por que eu iria querer car em Nebraska?
— Uau. — Quão bom ele era? E mesmo que eu estivesse planejando ir
embora, por que o pensamento de Wes não estar aqui – para sempre na casa ao
lado – causou uma pequena dor no coração? Estudei a fogueira e perguntei a ele:
— A UNL não tem um time de beisebol realmente bom?
— Eles têm – eu não posso acreditar que você sabe disso, a propósito. — Ele
sorriu, mas não atingiu seus olhos e ele não desviou o olhar do fogo. — Estou
pronto para deixar Nebraska para trás. Não há realmente nada aqui para mim,
sabe?
— Não, não sei. — Eu tirei meus braços das minhas pernas e coloquei meus
pés de volta no chão, incomodada com o que ele tinha acabado de dizer. — Eu
odeio deixar isso para trás, mas meus sonhos estão todos na Califórnia ou em
Nova York.
Ele olhou para mim com os olhos semicerrados. — Você está louca?
— Não. — Talvez? Eu revirei meus olhos. — Quero dizer, faça o que quiser.
Só não entendo...
— Libby? — Minha cabeça girou ao som da voz do meu pai. Lá estava ele,
parado na clareira, de calça de pijama e camiseta do DINKER'S
HAMBURGERS, olhando para mim como se eu estivesse dançando break nua
em cima do fogo. — O que, em nome de Deus, você está fazendo aqui às onze e
meia em uma noite de escola?
Eu pensei no texto original de Wes. — Eu vim para ver a chuva de meteoros, e
então Wes gritou por cima da cerca para eu vir.
— Ooh, esqueci da chuva de meteoros. — Ele se aproximou e se sentou na
cadeira vazia entre Wes e eu, sentando-se na almofada antes de esfregar
casualmente o topo de seu cabelo encaracolado. — Como é?
Wes e eu olhamos um para o outro então, porque nenhum de nós realmente
se lembrava da chuva depois que saímos. Eu disse: — É ótimo.
— Dê-me uma marshmallow, sim, querida? Eu não como um petisco há
anos.

A quarta-feira se arrastou, principalmente porque passei o dia todo obcecada por


duas coisas. Primeiro, eu ainda estava incomodada com o comentário de Wes na
noite anterior. Não há realmente nada aqui para mim. Por que ele diria isso? Ele
realmente se sentia assim? Eu ainda não sabia muito sobre toda a sua grande vida,
mas por algum motivo isso magoou meus sentimentos.
Talvez fosse porque eu estava me divertindo em conhecê-lo e pensei que ele se
sentia da mesma maneira.
Mas quando me forcei a parar de pensar nisso, quei super animada com a
noite que viria. Enquanto ouvia o Sr. Cooney falar em trigonometria, decidi que
usaria a blusa verde que comprei com Wes e alisaria o cabelo. Eu realmente
contei a Joss sobre isso – yay, honestidade complicada – então eu fui capaz de
obter a opinião dela sobre minha roupa.
Enquanto a Sra. Adams encorajava a classe a explorar nossos escritores
internos em Literatura, eu coloquei meus fones de ouvido e explorei meu
devaneio interno. Coloquei “Electric” de Alina Baraz e Khalid no repeat, a
música perfeita para acompanhar minha imaginação da noite.
Mais escuro que o oceano, mais profundo que o mar
Você tem tudo, você tem o que eu preciso
Apenas, a música continuou me fazendo pensar em Wes em vez de Michael, o
que me frustrou completamente. Não importa quantas vezes eu comecei a
pensar sobre o que a noite traria, meu cérebro deu uma cambalhota e eu estava
pensando em jantar com Wes.
Porque eu nunca z uma refeição de verdade com ele. Bem, não desde que
nossas mães nos deram sanduíches de presunto no piquenique anual do bairro
em Parkview Heights, mas isso não contava, assim como nossos petiscos da noite
anterior também não contavam.
Ele comeu muito? Ele foi todo namorado e puxou cadeiras para suas parceiras
de jantar?
Não ajudou que Joss achasse que eu estava animada para sair com Wes.
Durante todo o almoço, eu balbuciava sobre como eu estava indo fazer minha
maquiagem, e sua conivência tornou tipo de sentir como eu estava animada
sobre sair com Wes.
Minha falta de sono na noite anterior estava claramente me deixando
confusa.
Assim que o último sinal tocou, quase corri para o carro. Meu telefone tocou
enquanto eu caminhava pelo estacionamento.
Wes: Ok – pergunta estranha.
Eu: Todas as suas perguntas são estranhas.
Wes: Ignorando isso. Na verdade, tenho duas perguntas. Primeiro – irritei
você ontem à noite?
Mais ou menos, mas eu não queria que isso estragasse a noite iminente, então
respondi com: Não.
Wes: Mentirosa. Diga-me.
Como se ele realmente quisesse saber. Ele só queria deixar tudo para trás
porque não havia nada aqui para ele. Revirei os olhos e mandei uma mensagem:
Continue com sua pergunta, Bennett.
Wes: Tudo bem. Você gosta de bares de mergulho com boa comida? Eu meio
que sinto que você é muito bagunceira para hambúrgueres gordurosos em
guardanapos.
Eu destranquei meu carro e abri a porta. Obrigada por me chamar de
bagunceira, mas na verdade sou uma carnívora sem vergonha que venderia sua
alma por um bom hambúrguer.
Wes: Graças a Deus. Estou ansioso por Stella e pensei que você não estaria
disposto a isso.
Ele tinha acabado de transformar a noite já atraente em maravilhosamente de
dar água na boca. Eu amava Stella!
Wes: Vou buscá-la às 6. E para sua informação – “bagunceira” não era um
elogio.
Eu sorri e entrei no meu carro. Claro que não.
Quando cheguei em casa, larguei minha roupa da escola – um vestido super
fofo que estava coberto de papoulas vermelhas brilhantes – e tomei um segundo
banho. Depois de enxotar Fitz das minhas roupas, sequei e passei uma eternidade
alisando o cabelo que não era para ser outra coisa senão crespo e encaracolado.
Eu até demorei um pouco mais para acertar as pontas do meu delineador.
No momento em que Wes mandou uma mensagem de texto que estava
prestes a tocar minha campainha, eu me senti como se estivesse muito bem do
jeito que eu pareço com todo mundo. Eu rapidamente mandei uma mensagem
para ele: Não toque. Estarei fora em um minuto.
Wes: Eu sinto que você tem vergonha de mim.
Eu: Eu tenho.
Wes: Bem, se você não sair em trinta segundos, vou começar a tocar a buzina.
Eu abri a porta do meu quarto e corri pelo corredor, fechando o zíper da
minha mochila enquanto voava escada abaixo.
— Ooh – alguém está com pressa.
Parei na parte inferior da escada e olhei para Helena, que estava lendo um
livro no sofá da sala e sorrindo para mim como se eu estivesse a entretendo. As
coisas estavam super estranhas desde a compra do vestido, mas ontem foi como
se ela tivesse decidido esquecer. Ela pegou pizza para o jantar e agiu como se a
minha idiotice nunca tivesse acontecido. Graças a Deus, porque eu realmente me
senti mal, mas não tinha certeza de como me desculpar sem provocar uma
discussão mais aprofundada.
Eu disse: — Eu já disse a papai que vou para a casa de Michael com Wes. Para
lmes. Você ainda não estava em casa quando conversamos sobre isso.
Ela virou o livro e o colocou na mesa nal. — Ele me disse. Então... Wes ainda
está ajudando você a pegar Michael, então?
Eu podia ler totalmente em seu rosto que ela pensava que havia algo
acontecendo – emocionalmente – com Wes. — Sim.
Ela olhou para o seu relógio. — É muito cedo para a noite de cinema, não é?
— Wes e eu vamos para a Stella antes de irmos para lá. — Não sorri, mas senti
que ela podia ver a mudança da verdade em meus olhos. Eu esperei por um
comentário.
— Bem, isso não é apenas saboroso? — Ela sorriu, e nós meio que tivemos
uma conversa inteira com nossos rostos antes de eu dizer–
— Tanto faz, idiota. — Corri a mão pelo meu cabelo liso e disse: — Você está
com inveja porque estou indo para Stella e você não.
— Deus, eu lamberia o chão para um daqueles hambúrgueres agora.
Eu ri. — Entendi.
— Sério. Se alguém dissesse que eu poderia comer um hambúrguer da Stella
neste exato minuto se eu lambesse o chão da cozinha, eu faria isso.
Isso me fez bufar e perguntei: — Você quer que eu traga um de volta para
você?
— Oh, meu Deus, sim, por favor! — Ela saltou e correu para sua bolsa no
balcão. — Você está falando sério?
— Sim… — Comecei a responder quando ouvi a primeira buzina. Oh, bom
Deus, Wes estava buzinando. — Estou falando sério. Mas vai estar muito frio
quando voltarmos para casa.
Foi bom fazer algo por ela depois da estranheza na segunda-feira, mas eu meio
que desejei que ela viesse imediatamente e me pedisse para pegar um para ela. Ela
sentia que não podia? Eu me sentia mal se esse fosse o caso, e havia uma grande
parte de mim que desejava que estivéssemos mais próximas.
Eu era uma bagunça em con ito.
Ela puxou uma nota de vinte e empurrou na minha direção. — Não me
importo. Traga-me um hambúrguer duplo com tudo dentro.
— De jeito nenhum você pode comer tudo isso.
— Aposta.
Eu balancei minha cabeça enquanto pegava o dinheiro dela. — Estarei em
casa por volta das onze e meia ou meia-noite, ok?
— Seja boa, garota.
Wes tocou a buzina então, e Helena disse: — Ele está fazendo isso de
propósito, não está?
Olhei para ela por cima do ombro, imaginando Wes me empurrando para o
assento que garantiu que eu estivesse sentada ao lado de Michael na minivan. —
Tenho certeza de que ele faz tudo de propósito.
Corri para fora da porta e entrei no carro de Wes. — Não acredito que você
buzinou.
— Você não acredita? — Ele sorriu para mim e esperou enquanto eu colocava
meu cinto de segurança. — É como se você nunca tivesse me conhecido. Bela
camisa, por falar nisso.
— Obrigada. — Eu a velei e coloquei meu cabelo atrás das orelhas. —
Alguém me disse que o verde é minha segunda melhor cor.
— Isso faz sentido, com seu cabelo ruivo e tudo.
Revirei meus olhos novamente. — Isso não é uma coisa.
— Como você pode não saber as regras? Quero dizer, Style 101.
— E você saberia disso, Sr. Jockshop?
— Porque eu sou inteligente. — Sua boca deslizou em um sorriso malicioso
quando ele colocou o carro em marcha à ré e saiu da garagem. — Obviamente.

— E você faz isso por quê? — Wes perguntou.


Sorri enquanto escrevia minhas iniciais com ketchup no guardanapo,
circundando-as com um grande coração. — Tradição. Crescendo, sempre que
viemos aqui, eu sempre escrevia coisas com ketchup nos guardanapos enquanto
esperava pela nossa comida.
— Isso é estranho.
— Não, não é. — Cerquei o grande coração com corações menores. — Você
tem que experimentar e ver. Há algo na dica de ketchup que o torna ótimo.
— Hum, estou bem, mas obrigado.
— Oh, meu Deus, você é muito legal para escrever com ketchup?
— Bem, sim, com certeza sou. — Ele estendeu o braço sobre a mesa e tirou o
condimento da minha mão. — Mas, pelo bem de ser um bom parceiro de jantar,
vou tentar o seu passatempo infantil.
— Boa. — Tirei alguns guardanapos do distribuidor e os coloquei na mesa na
frente dele. — E não é desperdício, porque você pode mergulhar suas batatas
fritas nele.
— Não gosto de ketchup nas minhas batatas fritas.
— Eu nem entendo você, Wes.
Ele começou a fazer algo no guardanapo, e percebi que passava Wheel of
Fortune na TV atrás do bar enquanto a capa de "Kiss" de Tom Jones saía da
jukebox antiquada. O Stella's era um bar gorduroso que antigamente fora uma
casa e, embora servissem hambúrgueres em guardanapos e o lugar fosse
totalmente desprovido de atmosfera, você se considerava com sorte se
conseguisse arrumar uma mesa na hora do almoço.
Minha cidade aprecia um bom hambúrguer e batatas fritas cortadas à mão.
Eu olhei para trás em seu guardanapo, e ele totalmente desenhou um cara de
desenho animado. Era um rosto em ketchup, muito melhor do que as letras
infantis que eu z. — Então, como foi o beisebol hoje?
Ele continuou trabalhando com o ketchup. — Porque você está me
perguntando isso?
Observei seu rosto enquanto ele se concentrava. O comprimento de seus
cílios escuros era totalmente injusto. — Porque agora eu sei que é importante.
Tipo, não apenas um hobby. Então... você acertou um home run? Ou rebateu
um dinger?
Seus lábios se curvaram. — Pare com isso.
— Ou você é um arremessador? Você deslizou uma bola curva?
— Você tem que parar, Buxbaum. — Ele me deu um bom sorriso, e eu
enrolei os dedos dos pés nas minhas botinhas marrons descoladas. — Aprenda
sobre o jogo ou nunca mais fale sobre ele.
A garçonete apareceu com a nossa comida (e a de Helena em uma caixa para
viagem), e éramos parecidos quanto ao fato de que todo o nosso foco se voltava
para as ofertas gordurosas. Sem conversa ada, sem brincadeiras. Nossos olhos
eram apenas para comida.
— Oh, meu Deus, este é bom. — Engoli meu primeiro pedaço de
hambúrguer e peguei meu refrigerante. — Deus te abençoe por me trazer aqui.
— Eu egoisticamente queria isso. Você é apenas um dano colateral.
— Nem me importo. — Mergulhei duas batatas fritas e as coloquei na boca.
— O que importa é que minha boca tem essas delícias dentro dela.
— Eca.
Isso me fez bufar. — Certo?
— Não que bufando enquanto você come. Se você aspirar comida, pode
pegar uma infecção pulmonar e morrer.
Engoli. — Não tenho ideia de como responder a essa a rmação.
Ele disse: — "Muito obrigada, Wessy, por cuidar de mim". Essa é uma
resposta perfeita.
Peguei outra batata frita. — Muito obrigada, Wessy, por me entreter com sua
conversa fútil enquanto comemos. Isso de nitivamente não é chato.
— Bem, isso é bom.
— Não é mesmo?
Ficamos em silêncio enquanto comíamos, mas era um silêncio confortável.
Eu estava perdida na comida até que ele disse: — Não me leve a mal, mas você
come como um homem.
— Muito sexista?
— Me deixe reformular. — Ele pigarreou, limpou as mãos no guardanapo,
ergueu um dedo e continuou: — A sociedade – erroneamente – espera que uma
garota bonita coma uma salada e belisque a comida, mas você engole um
hambúrguer como uma pessoa que passou fome por semanas. E provavelmente
criada por lobos.
Era ridículo que seu uso da palavra “bonita” deixasse meus nervos à or da
pele. Ele me acha bonita? — Eu gosto de comida. Me processe.
Ele se recostou um pouco na cadeira e estalou os nós dos dedos da mão
esquerda. — Então, qual é o seu plano hoje à noite? Como você vai conquistar
Mikey se eu conseguir um cara-a-cara com você?
Checando – Wes gosta de estalar os dedos, não é?
Estalar os dedos era uma daquelas coisas que eu não chamaria de implicância
minha, mas sempre que ouvia aquele som, eu imediatamente entrava em uma
sensação de alerta canino, olhando ao redor para ver de onde o som estava vindo.
Isso geralmente me deixa nervosa.
— Bem, — eu disse, limpando minha boca com um guardanapo antes de
pegar outra batata frita. — Eu vou dar a ele um golpe duplo. Em primeiro lugar,
começarei acertando-o nos sentimentos, trazendo de volta as canções de cigarra
de sua infância com minhas reminiscências emocionantes.
— Nada mal —, disse ele, e estalou os nós dos dedos da mão direita. —
Golpear é sempre um vencedor.
Eu olhei para seu meio sorriso e me perguntei por que seu estalar de dedos
parecia certo. Tipo, de alguma forma combinou com seu rosto ou algo assim. —
Sabe, acho que vou guardar o resto para mim.
— Oh, vamos lá. — Ele estendeu a mão e puxou a mecha de cabelo do meu
rosto que teimosamente se recusava a endireitar. — Serei bom.
Por que sua natureza física e a maneira como ele não tinha problemas com o
contato próximo – os cabelos despenteados, os puxões, as cutucadas – sempre
faziam meu estômago embrulhar? Eu bati em sua mão e agarrei uma de suas
batatas fritas, dizendo um muito calmo — Não, obrigada.
Mas por dentro, eu estava enlouquecendo. O que, em nome de Deus, estava
acontecendo? Foi provado que estalar os dedos causava aquela sensação
desagradável de este-não-é-certo-para-mim; ele sempre fez. Era um botão de
ejeção direto de qualquer relacionamento romântico em potencial. Mas lá estava
eu, a poucos metros de Wes e seus nós dos dedos, e quase achei seu hábito...
cativante? Tipo, ele meio que parecia adorável quando sorria e estalava?
Isso estava muito, muito errado.
Porque (A) Wes era o cara errado, (B) minha mãe tinha me avisado sobre me
apaixonar por caras como ele e (C) ele não tinha nenhum interesse em mim, daí
o não há realmente nada aqui para mim comentário da noite anterior. O que
diabos eu estava fazendo com minhas emoções?
— Oh, meu Deus, você me bateu.
— O que? — Eu olhei em volta, sem saber do que ele estava falando.
Ele engoliu em seco e pegou um guardanapo. — Você já terminou sua
comida.
Ele estava certo. Olhei do meu prato – completamente limpo, exceto por
algumas pequenas poças de gordura, manchas de ketchup e pequenos grãos de
sal – para o dele, que ainda continha três mordidas de hambúrguer e um
pequeno grupo de batatas fritas. — Então?
— Puta merda, você come rápido.
— Puta merda, você come como um octogenário.
Isso fez seus olhos se estreitarem. — Quer o resto das minhas batatas fritas?
Olhei para as batatas fritas gordurosas cortadas à mão. — Você não vai comê-
las?
Ele empurrou a tigela de plástico com batatas fritas para mim. — Este
velhinho está cheio.
Peguei quatro batatas fritas e as mergulhei em seu ketchup. — Bem, então,
obrigada, vovô.
Enquanto devorava aquelas batatas fritas, era impossível ignorar o fato de que
não estava com pressa para o jantar terminar. Eu estava me divertindo com Wes.
Eu estava sorrindo o tempo todo (quando não estava revirando os olhos) – e
mesmo sabendo que Michael estava esperando, eu não estava pronta para ir.
Mas era só porque as coisas eram tão fáceis entre nós – isso foi o que me
confundiu. Nossa amizade era tão confortável que turvou as águas.
Boom.
Isso me fez pensar em Harry e Sally – Feitos um Para o Outro. Menos a parte
de terminar juntos.
— Você acha que homens e mulheres podem ser amigos, Bennett?
Ele pegou sua água. — Certo. Quer dizer, somos, não é?
— Acho que sim. — Eu estava jogando com calma – ele não tinha ideia do
que sua amizade na semana passada signi cava para mim. Eu também não tinha
percebido, para ser honesta, mas o fato de que tivemos algumas conversas
seriamente incríveis, centradas na minha mãe, o tornava diferente de todos os
outros relacionamentos da minha vida.
— Estranho, certo? — Ele tomou um gole, seus olhos nunca me deixando
enquanto ele engolia. — Você nunca pensou que essa merda fosse acontecer, não
é?
— Com certeza não. — Engoli o pedaço de batata frita e peguei mais. — Mas
muitas pessoas dizem que não funciona. Isso...
— É esse o lance de Harry-Sally?
— Como você sabe disso?
— Minha mãe adora aquele lme. Eu vi isso algumas vezes.
— Algumas vezes? Viu? Eu sabia que você gostava de comédias românticas!
— Oh, pelo amor de Deus, não. — Ele balançou a cabeça como se eu fosse
ridículo. — Eu apenas gosto de Billy Crystal. Se ele pode ser Mike Wazowski, ele
pode ser qualquer um. É um lme engraçado e isso é tudo.
— E você não acha que ele está certo? O fato de que eles cam juntos no nal
praticamente prova sua teoria, certo?
— Pode ser. Eu não sei. — Ele deu de ombros, o que me fez notar seus
ombros. Maldito seja, Helena. Ele disse: — Acho que ele tem alguns pontos
válidos, mas é irrelevante para nós.
— Isto é?
— Certo. — Ele coçou a bochecha e disse com toda a naturalidade: — Somos
a exceção porque não sou seu amigo – sou sua fada padrinho do amor.
— Isso parece nojento. — Eu z a piada, mas não gostei que ele disse que não
era meu amigo.
Ele ignorou a piada e disse: — Mas é verdade. Somos como amigos, por
enquanto, mas o fada padrinho se preocupa em ajudá-la a conseguir o que deseja.
Uma vez que a magia começa a acontecer, ele não ca por perto para o nal do
conto de fadas. Quero dizer, quão assustador seria isso?
— Realmente assustador? — Eu ri ngindo, como se estivéssemos na mesma
página. Mas ele estava dizendo que se eu terminasse com Michael, não seríamos
mais amigos? Que realmente não éramos amigos agora, mas apenas jogadores
que faziam meu desejo acontecer?
Fazia sentido depois do que ele disse na noite anterior.
— Isso mesmo, Buxbaum. — Ele estendeu a mão sobre a mesa e tocou a
ponta do meu nariz – uma cutucada afetuosa – com o dedo. — Assustador
como o inferno.
Eu estava lutando para acompanhar, para processar o que ele estava dizendo e
o que isso signi cava para nós, ao mesmo tempo que analisava demais o fato de
que até mesmo uma picada de dedo fez meu estômago enlouquecer, quando sua
boca se transformou em um sorriso malicioso e ele disse: — Agora termine
aquelas batatas fritas para que possamos levá-la ao seu Michael.
— Feito. — En ei a última batata frita na boca e empurrei minha cadeira para
trás, precisando sair para tomar um pouco de ar fresco antes que meu cérebro
explodisse. — Vamos, fada padrinho.
CAPÍTULO ONZE

“Se você procurar por ele, tenho a


sensação de que você descobrirá que o
amor realmente está em toda parte.”
—Love Actually

— Ei, é a Sra. Cabeça de Batata!


Segui Wes pela porta da cozinha e sorri quando vi Adam parado na ilha
central, carregando um prato cheio de Pizza Rolls. Eu dei a ele um aceno de
queixo e disse: — Sou eu.
— Seu rosto parece muito melhor, a propósito. Você está muito des-batatada
agora.
— Caramba, valeu.
— Noah se sentiu péssimo por quebrar seu rosto, então certi que-se de fazê-
lo se sentir ainda mais mal. — Ele pegou seu prato e pegou uma lata de Coca. —
Ele merece.
Wes e eu fomos para a sala atrás dele, e cou claro que éramos os últimos ali.
A sala estava cheia principalmente com as mesmas pessoas do jogo de basquete,
além de outras três. Ashley, a garota que vomitou em mim; Laney (ugh); e Alex,
aquela que gostava de Wes.
Fale sobre uma reunião de pesadelo de pessoas, certo?
— Liz, sinto muito pelo seu nariz. — Noah estava sentado no sofá entre Alex
e Ashley e apontou para meu rosto. — Parece bom agora, no entanto.
Isso me fez sorrir. — Obrigada. E não se preocupe com isso.
Adam disse: — Vamos lá, cabeça de batata – você tem um emprego.
— Eu sei e sinto muito.
— Oh, ei, Liz! — Laney, que estava esticada na poltrona reclinável, sorriu
para nós. — Eu não sabia que vocês estavam vindo.
Meu cérebro zombou dela com uma voz estridente de bebês Muppet antes de
eu apenas dizer: — Sim.
— Ei, pessoal. Os lanches estão na cozinha e o lme está prestes a começar. —
Michael apareceu de onde estava deitado no chão e nos deu um pequeno aceno.
— Isso é bom, — Wes disse atrás de mim. — Porque eu acho que Liz
provavelmente está cando com fome.
— Haha. — Eu me virei e seu rosto fez aquela coisa no meu estômago de
novo, o que me irritou porque ele nem mesmo pensava em mim como sua
amiga. — Eu como muito; você é hilário.
— Eu sei.
Não havia como me afastar de Wes sem causar estranheza, então nos
sentamos juntos no chão e todos caram quietos quando o lme começou. Foi
um thriller muito intenso, e todos caram em silêncio para não perderem nada
importante. Mas eu não conseguia me concentrar no lme porque estava
tentando descobrir por que Wes estava me deixando irracionalmente emocional.
Eu também não conseguia me concentrar porque minha coxa estava tocando
a coxa de Wes.
Nós dois estávamos com as pernas esticadas à nossa frente enquanto nos
recostávamos nas palmas das mãos; nada era íntimo sobre nossa posição. Mas é
como se o ponto onde minha coxa direita tocou sua coxa esquerda estivesse
in amado e eu não pudesse ignorar. Cada pequena molécula da minha existência
estava focada naquele ponto solitário.
Estava quente naquela casa?
Meus olhos viram um homem na televisão ser assassinado por um serial killer
que en ou a cabeça do homem na hélice de um motor de barco, mas minha
mente estava em Wes. Wes e o fato de que se ele e eu estivéssemos reclinados um
pouco mais, tipo, descansando em nossos cotovelos, tudo que ele teria que fazer
seria inclinar seu corpo um pouco na minha direção, então ele estava pairando
sobre mim, e nós estaríamos perfeitamente alinhados para ele me beijar.
Ele olhava para os meus lábios com aqueles olhos escuros e visivelmente
engolia com aquele pomo de adão proeminente que por algum motivo sempre
me distraiu, e então–
— Buxbaum.
— Huh? — Virei minha cabeça para a direita e olhei para ele, um pouco
ofegante e me sentindo como se tivesse acordado de um sonho. O que diabos eu
estava fazendo?
Meu rosto estava quente quando ele se inclinou um pouco mais perto, onde
seu ombro cutucou o meu. Ele me deu um sorriso malicioso e sussurrou: —
Estou um pouco desconfortável com o nível de atenção que você deu a essa cena.
Eu não acho que você piscou.
Pisquei então, minhas bochechas cando ainda mais quentes – se isso fosse
possível – enquanto ele sussurrava para mim no escuro. Minha boca se curvou
em um sorriso que eu não tinha controle, e sussurrei de volta: — Pare de me
observar, stalker.
E então o momento simplesmente parou.
Em pausa.
Parado.
Seu sorriso desapareceu e seu rosto cou intenso. Sua mandíbula exionou e
eu mal conseguia respirar enquanto olhava para ele, meu coração batendo forte
enquanto me deixava ser óbvia e olhava para sua boca por um segundo.
Sua boca estava incrivelmente perto da minha.
Quando eu trouxe meus olhos de volta para os dele, eu sabia sem dúvida que
se estivéssemos em qualquer outro lugar – sozinhos – ele me beijaria. Ele engoliu
em seco e meus olhos rastrearam sua garganta antes de subir lentamente de volta
por meio de seu queixo forte, nariz e olhos castanhos escuros como a noite.
Ele ergueu uma sobrancelha, uma pergunta não dita, e eu percebi naquele
momento que eu queria. Eu queria Wes. Michael tinha sido meu jogo nal, mas
eu não conseguia mais me preocupar com isso.
Eu não correria em uma estação de trem para Michael. Mas eu faria isso por
Wes.
Puta merda.
Eu levantei meu ombro direito em um encolher de ombros que cutucou seu
ombro, um toque do meu algodão contra sua lã.
— Chega pra lá. — Noah sentou-se ao meu lado e disse: — Estou cando
surdo sentado entre aqueles gritadores.
Nããão!
Sentei-me e movi um o de cabelo mais perto de Wes, com cuidado para não
olhar para ele enquanto me mexia. O momento foi quebrado, e parte de mim
estava desapontada por termos sido interrompidos, enquanto a outra parte
estava envergonhada e totalmente sem noção sobre se o que eu pensei que tinha
acabado de acontecer realmente aconteceu.
Fiquei olhando xamente para a TV pelo que pareceu uma eternidade antes
de ouvir Wes sussurrar: — Vou pegar uma bebida. Você quer uma?
Eu respirei fundo – por favor, não fique zombando – e me virei para encará-lo.
Mas em vez da expressão espertinha que era o padrão de Wes, ele me deu um
sorriso devastadoramente esperançoso enquanto esperava pela minha resposta.
Eu engoli e me senti tremer enquanto sorria de volta para ele. — Seria ótimo.
Obrigada.
— Coca diet, certo?
Eu balancei a cabeça e tive que me concentrar em não suar depois que ele se
levantou e saiu da sala.
O que diabos é isso mesmo?

Quando voltei do banheiro, Wes ainda não havia retornado ao seu lugar no chão.
Olhei ao redor da sala escura antes de perceber que ele estava no deque. A
princípio, não consegui dizer com quem ele estava falando, mas então vi que era
Alex.
Fale sobre um copo de água fria no rosto.
Ele estava lá fora com a garota bonita que sabia que gostava dele, enquanto eu
estava me sentindo quase nauseada pelas coisas confusas que estava pensando
sobre meu vizinho. Fale sobre um abismo enorme.
Eu mordi meu lábio e apertei os olhos, tentando vê-los melhor. Ele disse que
não estava interessado nela, e eu acreditei que ele quis dizer isso, mas isso não
signi ca que não poderia mudar, certo? E se eu estivesse interpretando mal cada
pequena coisa entre Wes e eu, para começar? Meu pequeno fada padrinho pode
estar interessado apenas em encontrar o amor para mim, não comigo, certo?
Eu tinha imaginado completamente o momento no chão?
Eu tomei meu lugar e assisti o resto do lme, mas minha atenção agora estava
nas duas pessoas que eu podia ver na minha visão periférica. O que eles estavam
falando? Por que eles estavam lá fora? Eu perdi totalmente o foco e quei feliz
quando o lme acabou e eles entraram.
Eu precisava colocar minha cabeça no lugar.
As pessoas ao meu redor começaram a falar umas com as outras e me senti
estranha e deslocada. E eu sentia falta de Jocelyn. Mandávamos mensagens todos
os dias, como sempre, mas eu não tinha passado nenhum tempo de qualidade
com ela ultimamente. Estar com todas essas pessoas que eram amigas íntimas me
dava saudades dela; Eu precisava ir lá depois de chegar em casa.
Na verdade, provavelmente era hora de confessar tudo a ela.
— Você sabia que o pai de Michael tem um piano de cauda? — Wes olhou
para mim de onde estava empoleirado no encosto do sofá e estendeu a mão para
me ajudar a levantar. — É lá em cima em uma sala projetada acusticamente.
Eu agarrei sua mão e me levantei, e oh, doce Deus, parecia um momento de
Mr.Darcy-mãos- exionadas-da-melhor-versão-de-Orgulho e Preconceito. O
mundo parou de girar por apenas um segundo quando sua grande mão envolveu
a minha.
Mas então, com a mesma rapidez, a rotação voltou, e eu estava cara a cara com
Wes e toda a minha confusão. Eu olhei para o rosto dele – e então para Michael,
que eu nem tinha notado até então – e percebi que eles estavam esperando por
uma resposta minha.
Para quê, de novo? O que são palavras? Como é conversar?
"Uau." Pai. Piano. Sala. Entendi. "Sério?"
— Acho que ele está convencido de que poderia ter sido um pianista clássico
se tivesse aquele quarto quando era mais jovem. — Michael cruzou os braços e
disse: — Ele é obcecado por isso.
— Nossa pequena Liz toca piano. — Wes me deu uma olhada e disse a
Michael: — Ela é muito boa.
Eu disse: — Não, eu não–
Assim como Michael me disse: — Você quer ver?
Eu pisquei. — Eu adoraria.
— Bem, então, siga-me, Sra. Liz.
Michael caminhou até a escada e eu o segui, mas quase tropecei quando olhei
para trás e vi que Wes não estava vindo conosco. Ele estava rindo de algo que
Adam estava dizendo, então respirei fundo e subi as escadas, dominada por meus
pensamentos enquanto subia os degraus.
Isso era algum tipo de sinal? Literalmente me entregando a Michael, era essa
sua maneira gurativa de me entregar e ir embora?
Puxa, provavelmente teria sido engraçado se estivesse acontecendo com outra
pessoa. Aqui estava meu lindo Michael, convidando-me – e não a Laney – para
ver uma sala de música do sonho que se tornou realidade, e eu só queria que ele
fosse embora para que eu pudesse car com Wes.
Tudo bem? Eu estava tendo problemas para me manter em dia.
Como minha mãe teria escrito esta parte? Ela teria visto o lado bom do “bad
boy” e distorcido a trama?
Droga.
Pare de pensar, Liz.
— Onde estão seus pais? — Limpei minha garganta e desliguei meus
pensamentos íntimos. — Não os vejo há, tipo, um milhão de anos.
— Eles foram ao cinema —, disse Michael enquanto subia as escadas de dois
em dois degraus. — Mas minha mãe adoraria ver você.
Quando chegamos ao topo da escada, ele me levou a uma porta fechada que
parecia pertencer a apenas outro quarto. Ele empurrou e...
— Oh, meu Deus.
A sala tinha um piso de madeira brilhante e um tapete grosso cava embaixo
do piano de cauda virado diagonalmente em um dos lados do espaço. Ele
começou a me falar sobre re exão, difusão e absorção, sobre como a decoração da
sala estava estrategicamente posicionada para um som de melhor qualidade, mas
eu não conseguia ouvi-lo.
Esse piano era tão lindo. Aproximei-me e sentei-me no banco. Eu queria tocar
– muito – mas claramente isso era um grande problema para o pai dele, e eu era
um pianista idiota. Wes gostava de agir como se eu fosse boa porque eu era a
única pessoa da nossa idade que ainda tinha aulas uma vez por semana, mas eu
era decente na melhor das hipóteses.
Eu amava o piano, no entanto. Eu amei muito isso. Eu tinha certeza de que a
obsessão de minha mãe com o instrumento tinha algo a ver com isso, mas
também não havia nada como fechar os olhos e me perder em uma música que
toquei centenas de vezes antes, ajustando o ritmo e a paixão e ouvindo para ver se
eu conseguia ouvir as diferenças mínimas que tentei criar.
— Você pode tocar, Liz —, disse Michael, caminhando até a porta e
fechando-a. — Meu pai isolou o quarto para que ninguém lá embaixo possa
ouvir você tocando se a porta estiver fechada.
— É muito bom – eu não posso. — O piano preto não tinha uma partícula
de poeira sobre ele. Como isso é possível? — E é o instrumento do seu pai –
ninguém mais deve tocá-lo.
— Ele está se preparando para tocar, mas não desde que nos mudamos para cá
– vá em frente.
Empurrei a tampa do teclado, limpei a garganta e disse: — Prepare-se para
não car impressionado.
Michael sorriu. — Considere-me preparado.
Eu sorri e comecei a tocar o início de “Someone Like You” de Adele,
lembrando de Wes me dizendo para adicioná-la à nossa trilha sonora depois de
nossa conversa por telefone na noite em que meu nariz quebrou.
A boca de Michael se transformou em um sorriso. — Você memorizou?
— É muito fácil, na verdade. — Eu me senti estranha enquanto meus dedos
corriam sobre as teclas. — É principalmente um loop de quatro acordes.
Qualquer um pode tocar.
— Tenho certeza que não posso.
Meus olhos foram até os dele enquanto ele se encostava no piano, olhando
para mim. Ele era tão bonito, com o mesmo sorriso que ele me encantou pela
primeira vez na escola primária, mas eu não conseguia parar de me perguntar o
que Wes estava fazendo lá embaixo. Eu mal tinha começado a música quando a
porta se abriu e lá estavam todos... exceto Wes e Alex.
Minhas mãos pularam no meu colo e me senti a maior idiota do mundo. Os
amigos de Wes olharam para mim e tenho certeza de que pensaram que eu era
uma esquisita por tocar piano quando todo mundo estava saindo.
E era óbvio que todos eles conversavam muito, porque todo o grupo
simplesmente continuava de onde haviam parado no andar de baixo,
conversando e rindo como se fossem melhores amigos.
Laney se aproximou e cou ao lado do piano, dizendo para mim: — Não
acredito que você pode tocar assim.
— Achei que o quarto fosse à prova de som.
— É isolado. — Michael disse isso para mim e para Laney. — Você não pode
ouvir lá embaixo, mas pode do corredor.
— Ah. — Eu me senti boba, sentada naquele piano.
— Sua Adele foi incrível.
— É uma música super fácil. — Como se eu precisasse de seus elogios, Laney.
— Mas obrigada.
— Ainda estava ótimo e estou com ciúmes. — Seus olhos se moveram para
Michael, onde ele estava à minha direita, e seu rosto cou mais bonito quando
ela sorriu para ele. Talvez fosse porque minha noite tinha saído completamente
do curso, mas sua expressão me fez sentir um pouco mal por ela. Aquela
expressão no rosto dela, o que dizia? Eu poderia relacionar.
Eu disse a ela: — Eu seriamente poderia ensinar para você em uma hora. Não
é nada.
— Sério? — Ela cruzou os braços e me olhou com olhos arregalados. — Você
poderia?
Wes nalmente apareceu na porta, com Alex logo atrás dele, e ele disse: —
Devíamos pedir uma pizza.
— Ooh – estou dentro —, disse Alex, e eu senti um aperto no esterno
quando ela sorriu para Wes. Ele olhou para ela e sorriu de volta. Ele estava dando
a ela seu melhor sorriso, aquele que era divertido, mas também caloroso e feliz, e
eu cerrei meus dentes quando ela jogou o cabelo e perguntou: — Mas de onde?
E então – Wes olhou para mim.
Foi fugaz, nem mesmo um olhar, mas seu olhar encontrou o meu por um
breve segundo e eu senti em todas as minhas terminações nervosas. O que ele
estava fazendo? Ele ainda estava tentando me ajudar, depois de tudo?
— Zio's, — Noah disse, e ele e os outros começaram a seguir Wes e Alex para
fora da sala e descendo as escadas. Eu encarei a porta vazia, incapaz de pensar em
qualquer coisa além de Wes e aquele olhar abrasador e a proximidade infeliz de
Alex.
Você acabou de comer, Wes – o que você está fazendo?
Alex era adorável, e eu pensei que eles seriam uma boa combinação quando
ouvi falar de seus sentimentos, mas agora eu pensei que ela era um pouco séria
demais para ele. Quero dizer, claro, ela parecia divertida o su ciente, mas
comparada ao desprezo total de Wes por qualquer coisa madura, ela era um
pouco estóica.
Além disso, Wes e eu tivemos um momento lá embaixo, caramba.
Certo? Ou eu tinha imaginado isso?
— Você diz a palavra "pizza" e a sala limpa.
Eu pulei quando Michael falou. Eu nem tinha percebido que ele ainda estava
lá.
Eu sorri e levantei casualmente. — Quem não gosta de pizza, certo?
Ele gesticulou para o corredor. — Você quer entrar nisso?
— Hum, não, obrigada. — Eu balancei minha cabeça, não querendo seguir
Wes, especialmente se ele estava namorando Alex. — Wes e eu fomos para a Stella
antes de chegarmos aqui e ainda estou cheia.
— Isso mesmo – ele me disse que vocês iam jantar antes de chegar.
— Sim.
— Ele também me disse que as coisas estavam mais amigáveis com vocês dois
e está pensando em convidar Alex para sair.
Tentei parecer que não me importava. Sorri com a sensação de peso no
estômago e disse: — Sim, ele está certo. Ele totalmente deveria – ela parece
ótima.
— Sim. Aparentemente, ele está cansado de car preso na sua zona de
amizade, então ele está seguindo em frente.
— Finalmente. — Esfreguei meus lábios e foquei nos olhos azuis de Michael.
Isso é o que você queria. Começar qualquer coisa com Wes seria uma má notícia.
Olhos no prêmio, garota. — Eu não queria que as coisas cassem estranhas,
então isso é muito bom.
— Provavelmente.
— Hum, quando ele te disse isso? — Dias atrás, por favor. — Sobre Alex?
— Quando estávamos na cozinha.
— Ah. — Olhei para as teclas do piano e engoli em seco, e parecia que havia
algo preso na minha garganta. Quer dizer, era exatamente o que tínhamos
planejado para Wes dizer, então não havia razão para eu me sentir incomodada
com isso, certo?
O telefone de Michael fez um barulho, me tirando do meu torpor. Ele olhou
para a mensagem, suspirou e colocou o telefone de volta no bolso da calça.
— Hum – você está bem? — Eu perguntei, porque seu rosto ansioso parecia
o mesmo que tinha na escola primária, quando ele deixou cair seu jogo favorito
do Boggle na calçada e todas as pequenas letras tinham caído nos arbustos. Ele
sempre foi o tipo de pessoa que se estressava com cada coisa pequena.
Exceto – querido Senhor – eu não sabia nada sobre Michael agora. Em
absoluto. Eu sabia que ele falava com um sotaque sulista e tinha um cabelo
bonito – só isso. Claro, o Michael que conheci na escola primária gostava de
insetos, de livros e de ser gentil, mas o que eu sabia sobre ele hoje? Eu conhecia
Wes mil vezes melhor do que Michael e estava começando a adorar aquele meu
vizinho.
Merda.
O que eu estava fazendo nesta sala com Michael?
Ele tocou as teclas agudas, olhando para o piano. Ele pressionou o dedo
indicador no dó do meio e disse: — É essa coisa toda com Laney e o baile.
A resposta inata do meu corpo ao nome “Laney” foi pular de alegria quando
ele foi dito em um tom nada positivo. Mas agora eu não conseguia reunir a
emoção. Eu perguntei: — Vocês vão? Eu não sabia. Quer dizer, ouvi que vocês
estavam conversando. Mas, você sabe...
Eu parei, não querendo parecer que conhecia todas as fofocas.
— Bem não. Quer dizer, não, ainda não vamos. — Ele suspirou mais uma vez.
— Veja, nós temos conversado, e Laney é maravilhosa. Mas no dia em que a
conheci, seu namorado tinha acabado de terminar com ela. Literalmente. Eu a
conheci porque ela estava chorando lá fora.
— Oh. — Eu não tinha ideia de quem ela tinha namorado, mas era meio
difícil de acreditar que Laney Morgan foi dispensada.
— Então eu não tenho ideia do que está acontecendo na cabeça dela. Não
quero me mover muito rápido se ela não estiver pronta e, especialmente, não
quero começar algo se ela ainda estiver ligada ao ex.
Eu me senti um pouco mal por ele porque eu podia sentir empatia
totalmente. Quer algo, mas não tem certeza se é capaz de ter? Ou se é seguro ter?
Sim, eu entendo isso. E agora que eu sabia como realmente me sentia, a nova,
iluminada e emocionalmente honesta Liz queria ajudar Michael com Laney, dar-
lhe algum tipo de conselho.
Mas, ao mesmo tempo, eu queria sair dessa conversa e correr escada abaixo
para encontrar Wes antes que Alex começasse a usá-lo como uma camisa. Eu
disse: — Você não pode convidá-la para o baile de formatura como amiga e ver
aonde vai?
— Eu poderia. — Ele brincou com as teclas um pouco mais. — Mas o baile
deve signi car algo. Talvez seja a grandeza do Texas com a qual estou
acostumado, mas para mim, é sobre a proposta e o jantar e ores e muito mais.
Isso é bobo?
Eu bufei uma risada. — Oh, meu Deus, não – pense em com quem você está
falando aqui.
Ele ergueu os olhos e sorriu.
— Isso mesmo. Pequena Liz, — eu disse, e apontei para mim mesmo e revirei
os olhos. — Eu sinto exatamente o mesmo. Devo ir com Joss e tenho certeza que
vai ser divertido, mas estou com você. Não é assim que eu sempre sonhei que
seria o baile de formatura.
Imaginei o rosto de Wes e minhas mãos estavam quentes. Eu as sacudi e disse:
— Quanto mais penso sobre isso, mais não quero resolver. Quero a possibilidade
de mais, mesmo que não funcione. Quero ter a chance de uma noite mágica,
porque mesmo que fracasse, posso pelo menos ter um encontro com
possibilidade em vez de um amigo.
Ele inclinou um pouco a cabeça e sorriu para mim. — Você deve ter razão,
Liz.
— Eu sei que tenho. — Eu estava cando nervosa com a ideia de ir ao baile
com Wes. Alguém precisava me encharcar com água fria, rápido. Porque de
repente parecia que era tudo o que eu sempre quis. — Acredite em mim quando
digo que às vezes a pessoa com a maior "possibilidade de noite mágica" é a última
pessoa que você esperaria. Às vezes, pode haver alguém que você conhece desde
sempre, mas nunca percebeu.
Deus, eu gostaria de ter notado antes. Meu cérebro estava vomitando
pequenas montagens de Wes e eu – na área secreta, na Stella, no caminho para
casa depois da festa...
Como eu não percebi antes?
— Acho que sei o que você quer dizer —, disse Michael, olhando para mim
intensamente, e os sinos de alarme começaram a soar na minha cabeça. Eu não
tinha certeza de por que ele estava olhando para mim assim, mas agora
de nitivamente não era o momento.
Adam colocou a cabeça na porta e disse: — Precisamos de vocês. Estamos
fazendo times para Cards Against Humanity.
— Sim! — Gritei minha resposta, emocionada por ser interrompida.
Adam inclinou a cabeça e me deu um Qual é o problema com você sorriso, e
Michael ainda estava me olhando. Limpei a garganta e tentei me recuperar,
dizendo com um olhar casual: — Quer dizer, conte comigo.
— Eu nunca joguei isso em times, — Michael disse, me dando um olhar
estranho.
— Nem eu, — eu concordei, ansiosa para encontrar Wes.
— Estamos apenas jogando em times porque Alex quer formar dupla com
Wes. — Adam me lançou um olhar de comiseração, como se fôssemos da mesma
opinião, e eu não tinha certeza do que fazer com isso. — Ela diz que é mais
divertido assim, mas tenho quase certeza de que só quer dividir uma cadeira com
ele.
— Bem, vamos lá. — Michael me deu um belo sorriso, mas não fez nada por
mim. Em absoluto. Isso apenas me lembrou que eu precisava começar a jogar
cartas antes que Alex acabasse com meu nal feliz.
CAPÍTULO DOZE

“Ele a beijou longa e bem. Fomos


banidos da piscina para sempre
naquele dia, mas toda vez que
passávamos por lá depois disso, o salva-
vidas olhava para baixo de sua torre,
diretamente para Squints, e sorria.”
— Se Brincar O Bicho Morde

— Graças a Deus estacionamos perto. — Wes ligou o carro e ligou os limpadores


de pára-brisa enquanto a chuva caía forte. — Teríamos cado encharcados se
estivéssemos a um segundo depois.
Meu coração batia forte no pescoço. O interior do carro escuro parecia
íntimo contra a tempestade, e eu estava totalmente inquieta. Desde o momento
em que percebi o que realmente sentia por Wes, fui tomada por uma espécie de
necessidade de pânico de contar a ele. Para ter certeza de que ele soubesse antes
que Alex se sentisse confortável com ele. — Com certeza.
— Desculpe pelos meus questionáveis amigos.
— Nah – é legal. — Ele estava se referindo ao fato de seus amigos terem
jogado Cards Against Humanity por cerca de cinco minutos antes de decidirem
que todos queriam ir junto quando Noah foi buscar a pizza. Tenho quase certeza
de que estava sorrindo loucamente quando Alex entrou na minivan. — Eu
deveria ir para casa assim que o lme acabasse, de qualquer maneira.
— Sim, o que há com isso? Você está a meses de ir para a faculdade, mas seu
pai ainda está metido em seus negócios. Ele é um pouco superprotetor, talvez?
Ele olhou por cima do ombro antes de colocar o carro em movimento e sair
para a rua, e a nova música de Daphne Steinbeck – “Dark Love” – começou a
tocar no rádio. Foi lento e pesado na batida sexy crescente, e eu considerei mudar
a estação porque parecia demais.
Era perfeito demais.
Eu disse: — Grande momento. Mesmo que ele tenha seguido em frente com
sua vida, ele nunca se esqueceu sobre o acidente da minha mãe e do fato de que
às vezes as coisas que parecem improváveis de acontecer na vida na verdade
acontecem.
— Uau. — Ele olhou para mim. — É bem difícil discutir sobre isso, hein?
— Eu nem me preocupo.
A chuva se intensi cou e Wes colocou os limpadores de pára-brisa em
velocidade máxima. Ele saiu lentamente para a Harbor Drive, a rua
movimentada que corria paralela ao bairro de Michael, e as luzes brilhantes e
multicoloridas dos postes ao longo da estrada foram completamente borradas
pela chuva. Inclinei-me para a frente, liguei o descongelador e disse o mais
casualmente que pude: — Então, Alex, hein? Você vai convidá-la para sair?
— Michael disse isso? — Ele esticou o pescoço mais perto do pára-brisa,
demorando enquanto nos aproximávamos de um cruzamento. O semáforo
mudou para verde e ele acelerou quando todos os carros no cruzamento
pararam. Tudo limpo, voltamos a acelerar, mas ao longe vi um Jetta disparar de
um posto de gasolina e entrar na estrada em frente ao Suburban que estávamos
seguindo de perto demais e–
— Carro! — Eu me preparei para o impacto enquanto as luzes de freio na
nossa frente brilhavam em um vermelho brilhante através da janela encharcada e
enevoada. Os pneus de Wes tentaram parar no asfalto molhado, mas os freios
travaram e íamos bater naquele Suburban.
Wes guiou o carro para a direita, jogando-nos para cima e por cima do que
poderia ser um meio- o, e então estávamos indo para algo muito verde. Parecia
uma oresta.
— Merda, merda, — ele gritou enquanto tentava controlar o carro. Seu pé
pisou no freio, mas quando os faróis iluminaram a encosta íngreme e lamacenta à
nossa frente, simplesmente continuamos descendo a colina em direção às
árvores. Íamos bater em uma árvore – de jeito nenhum – e eu disse uma oração o
mais rápido que pude enquanto meu coração batia forte.
Ele girou o volante novamente e, assim que o fez, senti um solavanco enorme,
como se tivéssemos batido em alguma coisa, e quei preocupada com a
possibilidade de o carro capotar.
Mas, em vez disso, ele parou.
Eu olhei para Wes, e seu rosto estava corado como se ele tivesse acabado de
voltar de uma corrida. Estávamos ambos respirando com di culdade enquanto o
trovão continuava a estalar, a chuva batia no teto do carro e o rádio ainda tocava
"Dark Love". — Isso acabou de acontecer?
— Você está bem? — Suas mãos ainda estavam rmemente presas ao volante
e ele piscou para mim, congelado, antes de abrir os dedos e colocar o carro em
ponto morto. — Puta merda, Liz.
— Estou bem. — Tentei olhar pelo para-brisa, mas ainda não consegui ver
nada. — Oh, meu Deus, estamos bem...?
— Oh, meu Deus. — Ele deitou as costas na cadeira e soltou a respiração. —
Isso foi selvagem.
Selvagem. Desde o momento em que ele pisou no freio até agora,
provavelmente se passou um minuto – no máximo. Mas aquele minuto durou
cerca de uma hora. No intervalo daquele minuto, eu me preocupei que iríamos
morrer. Eu estava preocupada sobre como meu pai sobreviveria se algo
acontecesse comigo, eu me preocupei com Joss, eu me preocupei com a mãe de
Wes e lamentei o fato de que nunca teria a chance de ver as coisas com Wes.
Bizarro, certo?
— Não acredito que estamos bem —, falei, lembrando-me da maneira como
Wes girou o volante. Eu disse: — Você foi incrível.
Ele desa velou o cinto de segurança e não olhou para mim. — Incrivelmente
imprudente para dirigir com este tempo, você quer dizer.
— Não, quero dizer, não só a sua direção nos impediu de bater naquele carro,
mas também nos impediu de bater em uma árvore. — Também tirei o cinto de
segurança e acrescentei: — Obrigada.
— Não me agradeça ainda. Eu posso ter nos prendido. — Ele estendeu a mão
na minha frente e abriu o porta-luvas, remexeu até encontrar uma lanterna. —
Espere aqui – vou dar uma olhada.
Ele abriu a porta e saiu. Tentei espiar pelo para-brisa, para ver por mim
mesma, mas as janelas estavam tão embaçadas que não vi nada. Abri minha porta
e saí, imediatamente sendo golpeada pela chuva forte enquanto meu pé
esmagava na lama úmida.
— Merda! — Abaixei minha cabeça e corri ao redor da frente do carro para
onde eu pudesse ver Wes ajoelhado ao lado do pneu. Parei ao lado dele e me
agachei. Gritei: — Sério? Uma pedra?
Parecia que nosso pneu havia batido em uma pedra enorme e depois cado
presa nele. O pneu dianteiro de Wes estava literalmente fora do chão. Ele apertou
os olhos, a chuva escorrendo em seu rosto enquanto ele parecia surpreso em me
ver. — Pensei ter dito para você esperar no carro.
— Você não manda em mim —, gritei em meio à chuva, e seu rosto passou de
uma seriedade dura como uma rocha para uma suavidade divertida em um
segundo. Eu disse: — Além disso, se você morrer, carei presa aqui sozinha.
— Verdade, — ele berrou, agarrando minha mão molhada com a sua e me
puxando para cima.
— Estou voltando para o carro – a senhora gostaria de se juntar a mim?
— Ela iria, na verdade.
Em vez de vir para o meu lado, ele abriu a porta e gentilmente me empurrou
para dentro. Eu ri e subi, deslizando para o meio do banco, e quando seu grande
corpo entrou e a porta se fechou, o interior de seu carro parecia incrivelmente
isolado.
Por alguns segundos camos em silêncio, cada um de nós enxugando a água
do rosto e afastando os cabelos encharcados dos olhos. Então ele pegou seu
telefone e discou um número.
— Estou ligando para meu pai —, ele disse enquanto levava o telefone ao
ouvido, olhando para o volante. — Ele pode chegar aqui rápido, e seu amigo tem
um caminhão de reboque.
— Legal. — Eu olhei para baixo e sussurrei: — Oh não – meu Chucks.
Eles estavam cobertos de lama pegajosa e molhada, e isso me deixou mais
chateada do que deveria. A nal, eram apenas tênis e era apenas lama. Mas... Eu
queria que eles permanecessem tão perfeitos quanto estavam quando Wes os
levou até o balcão em Devlish e pagou por eles.
Talvez eu pudesse lavá-los com alvejante quando chegasse em casa.
Baixei o visor e olhei no espelho enquanto ele contava ao pai o que havia
acontecido e onde estávamos. Limpei sob meus olhos em uma tentativa de
erradicar o olho de guaxinim, mas meus dedos trêmulos não eram bons.
Eu virei o visor de volta e respirei fundo. Fiquei abalada com o acidente, mas
essa estranha onda de adrenalina que eu estava sentindo era algo mais.
Porque me ocorreu, enquanto o carro de Wes estava parado com um pneu no
ar, que a vida era imprevisível. Não importa o quanto você planejou, e não
importa o quão seguro você jogou, algo intangível sempre iria aparecer e sacudir
as coisas.
O que me fez pensar.
Se minha mãe ainda estivesse viva, ela teria mudado de opinião agora sobre
toda essa coisa de bad boy? Pareceu-me que por causa de coisas como acidentes
de carro e amores perdidos, vida e morte e corações partidos, devíamos agarrar
cada momento e devorar absolutamente as partes boas. Ela não iria querer isso?
Para eu improvisar minha vida em vez de viver de acordo com algum script
datilografado em Courier New tamanho doze?
— Ele estará aqui em dez minutos. — Wes largou o telefone no porta-copos e
voltou os olhos para mim. — Eu sinto muito, Lib.
Suprimi um arrepio e me perguntei se ele pretendia me chamar assim. Ele
normalmente só dizia quando estava brincando, mas desta vez tinha sido pessoal.
Íntimo. Quase como se fôssemos realmente uma coisa. Minha voz não soou bem
quando eu disse: — Não se preocupe – você não me jogou de cabeça em uma
árvore, então estamos bem.
Isso fez seu rosto suavizar. — Boa.
Eu rolei em meus lábios e quei nervosa, principalmente porque eu
realmente, realmente, realmente queria dizer a ele como me sentia e o que eu
queria. Respirei fundo e disse: — Wes.
— Ei. Seus cachos estão de volta. — Seus olhos castanhos se estreitaram um
pouco e seus lábios se curvaram. — Acho que senti falta deles.
Ele começou a levantar a mão, como se fosse tocar meu cabelo molhado, mas
não o fez.
A decepção passou por mim enquanto eu respirava em torno de uma risada.
— Não foi você quem exigiu que eu alisasse meu cabelo?
— Era eu. — Sua pele estava molhada da chuva também – obviamente – e
uma gota estava prestes a cair da ponta de seu nariz. Aqueles olhos castanhos
viajaram por todo o meu rosto, mergulhando sobre meus olhos e bochechas e
boca antes de dizer em uma voz rouca e profunda, — E eu acho que me
arrependo de tudo isso. Sinto falta de suas roupas e cabelos cacheados. Você ca
melhor quando é você.
Você ca melhor quando é você. Oh, Deus.
Estávamos tão perto, os lábios a poucos centímetros de distância enquanto
nos sentamos cara a cara em seu banco da frente. Eu senti como se não houvesse
mais ninguém no mundo, nada além de mim e Wes na cabine embaçada de seu
carro enquanto a chuva nos envolvia em montes. Eu queria que ele se inclinasse e
me beijasse – eu queria tanto isso – mas eu sabia que ele não faria.
Como é que eu sei?
Porque passei minha vida inteira certi cando-me de que Wes Bennett
soubesse o quanto eu nunca, jamais, gostaria que ele me beijasse. Eu disse em um
suspiro: — Puxa, obrigada, Bennett.
Sua voz estava baixa quando ele disse: — Estou falando sério.
E então eu o beijei.
Indo para cima, eu deslizei meus braços em volta do pescoço e pressionei
meus lábios contra os dele, virando minha cabeça um pouco e deslizando meus
quadris sobre o banco. O cheiro de sua colônia se misturou com o cheiro da
chuva, e ele estava ao meu redor.
Wes cou congelado por um segundo, imóvel enquanto minha boca
descansava contra sua boca. O pensamento de que ele poderia não querer me
beijar passou pela minha cabeça tarde demais. Eu poderia recuar e jogar isso fora?
Faça a coisa Opa, fiquei desequilibrada com o acidente e caí na sua boca com a
minha boca?
E então, como se atingido por um raio, Wes inalou e suas mãos apertaram os
lados do meu rosto. Ele estava me beijando de volta. Eu estava beijando Wes
Bennett e ele estava me beijando.
Passou de um tímido respirar para algo escaldante em um instante.
Ele inclinou a cabeça e me beijou do jeito que Wes deveria beijar, selvagem e
doce e totalmente con ante ao mesmo tempo. Ele sabia exatamente o que estava
fazendo quando suas grandes mãos deslizaram em meu cabelo, mas foi o arrepio
em sua respiração e o leve tremor em seu toque que me atraia. O fato de que ele
se sentia tão fora de controle quanto eu.
Wes me deslizou ainda mais perto dele no assento, então fomos pressionados
peito a peito. Pela primeira vez na minha vida, entendi como as pessoas
simplesmente esquecem onde estão e fazem sexo selvagem e indiscriminado no
banco da frente de um carro. Eu queria envolver minhas pernas em volta de sua
cintura, subir em cima dele e explorar tudo o que já foi feito com dois corpos. E
eu ainda era (meio que) virgem.
Não pude evitar que minhas mãos fossem a todos os lugares enquanto me
perdia em tudo que englobava nosso momento. En ei-os sob seu capuz
enquanto seus dentes beliscaram meu lábio inferior, e então eles estavam em seu
rosto, sentindo a rigidez de sua mandíbula enquanto ele me beijava como se fosse
seu trabalho e ele quisesse um aumento. Ele fez um som quando coloquei
minhas mãos em seu cabelo – como se ele gostasse – e eu queria que chovesse
assim para sempre e nunca parasse.
Não foi até que ele disse meu nome - sussurrou em minha boca – três vezes
que voltei à realidade.
— Liz.
— Hmmm? — Eu abri meus olhos, mas minha visão estava meio desfocada.
Eu sorri quando vi seu lindo rosto tão perto do meu. — O que?
Seus olhos escuros estavam com as pálpebras pesadas quando ele disse: —
Acho que meu pai está aqui.
— O que? — Eu me senti totalmente fora de mim quando pisquei para ele e
sua mão se moveu lentamente para frente e para trás na parte inferior das minhas
costas. Acho que não teria ouvido ou notado se uma matilha de cães selvagens
tivesse passado.
Então eu vi os faróis ao lado de seu carro.
— Oh. — Respirei fundo e passei a mão pelo cabelo, semicerrando os olhos
enquanto a luz muito forte iluminava tudo. Sussurrei: — Merda.
— Eu provavelmente deveria ir falar com ele antes que ele abra sua porta. —
Seus lábios estavam quase tocando minha orelha enquanto ele falava baixinho
comigo. — OK?
Meus olhos mal estavam abertos quando senti sua boca quente sussurrar
sobre a minha orelha.
— Libby?
Eu balancei minha cabeça. — Nuh-uh.
Isso me rendeu uma risada profunda e suja que enrolou meus dedos dos pés
dentro dos meus sapatos. Sua respiração fez cócegas em minhas terminações
nervosas quando ele disse: — Estou bem em car, se você não se importa que
meu pai nos veja assim.
— Tudo bem, vá, — eu murmurei, e empurrei seu peito, me sentindo de
alguma forma possessiva com Wes Bennett enquanto me deliciava com a
sensação de seu peito sob minhas palmas. Seus olhos desceram para as minhas
mãos pelo mais rápido dos segundos e sua testa franziu, mas assim que estava
normal novamente.
Eu dei uma olhada para ele e disse: — Eu terminei com você de qualquer
maneira.
— Tanto faz, senhorita Nuh-Uh. — Seu sorriso me disse que ele sabia
exatamente o quanto me afetou. Ele abriu a porta e disse: — Já volto, Elizabeth.
— Estarei aqui, Wessy —, eu disse, recebi mais risadas sujas antes de ele sair e
bater a porta atrás de si.
Eu ajustei minhas roupas molhadas e tentei endireitar meu cabelo. Oh meu
Deus, oh meu Deus, isso realmente aconteceu? Eu senti que o pai de Wes seria
capaz de dizer apenas olhando para mim que eu estava namorando seu lho, mas
provavelmente não havia muito que eu pudesse fazer sobre isso.
— Ei. — A porta do passageiro se abriu e Wes se inclinou. — Ele vai precisar
da caminhonete de Webb para tirar meu carro, então ele vai nos levar para casa e
voltar.
Pisquei e me perguntei por que não passei minha vida inteira maravilhada
com a visão de seu rosto. Eu deixei meus olhos tropeçarem em tudo isso. — OK.
Seus lábios se transformaram em um sorriso sexy, e eu juro por Deus, ele sabia
o que eu estava pensando. Ele colocou a boca perto da minha orelha e disse: —
Eu não estava pronto para ele estar aqui ainda.
Eu me senti quente quando ele levantou a cabeça e sorrimos um para o outro.
— Eu também não, — eu admiti.
— Vamos, crianças – estou cando encharcado aqui —, gritou o Sr. Bennett
de algum lugar atrás de Wes antes de entrar no carro e fechar a porta.
Wes estendeu a mão, e quando eu agarrei e saí do carro, ele não me soltou. Em
vez disso, ele entrelaçou seus longos dedos entre os meus, sem olhar para mim, e
me levou até o carro de seu pai na chuva torrencial.
Wes Bennett estava segurando minha mão.
Ele abriu a porta dos fundos... e uma grande caixa estava no banco.
— Do outro lado, — seu pai disse, e Wes soltou minha mão e abriu a porta do
passageiro da frente para mim. Eu entrei e ele me deu uma piscadela antes de
fechar a porta.
Eu estava em apuros porque aquela piscadela me deixou tonta.
— Obrigada, — eu disse enquanto ele fechava minha porta, corria para o
outro lado e entrava nos fundos. Não era apenas estranho sentar na frente com
seu pai, mas eu queria desesperadamente sentar ao lado de Wes.
— Obrigada por vir nos buscar, Sr. Bennett.
— Sem problemas, querida. — Ele a velou o cinto de segurança e colocou o
carro em movimento. — Da última vez que te dei uma carona para algum lugar,
você era bem pequenininha.
Eu sorri e me lembrei da vez em que ele levou todos nós, crianças, para Dairy
Queen, quando houve uma queda de energia maciça. — Dairy Queen, certo?
Isso deve ter sido há dez anos.
Ele assentiu. — Isso mesmo.
Quando ele entrou na Harbor Drive, desejei poder ver o rosto de Wes e saber
o que ele estava pensando. Ele estava pirando como eu – no bom sentido? Ele
queria encontrar uma maneira de car juntos mais tarde e car um pouco mais?
Ele estava interessado em mim – tipo, realmente interessado?
Porque eu estava fora de mim de tanta empolgação, explodindo com o
absoluto ahhhhh! isso só poderia seguir nosso joguinho de cinco minutos no
carro cheio de vapor.
Seu pai começou a falar sobre a situação do carro, e ele e Wes se perderam em
conversas sobre automóveis durante todo o caminho para casa enquanto eu
olhava pela janela e repassava o beijo em minha cabeça. Quando o Sr. Bennett
parou na minha garagem, peguei a mochila de Helena e minha bolsa. Eu não
tinha ideia do que dizer, então deixei escapar: — Obrigada pela carona.
— Claro. Prazer em ver você, querida.
Saí, bati a porta e corri no meio da chuva até chegar à nossa varanda coberta.
Só... eu não podia deixar de dizer mais nada para Wes, certo? Não podia deixar
que as últimas palavras da noite fossem de Stuart Bennett.
Observei quando o carro deles saiu da minha garagem e parou na porta ao
lado deles, e assim que vi Wes sair na garagem, coloquei as coisas na minha mão e
corri para a chuva. Assim que cheguei ao canto de seu quintal, parei e gritei: —
Wes!
A chuva caiu sobre mim, mas gritei seu nome novamente enquanto tentava
chamar sua atenção.
Ele olhou, mas estava chovendo muito forte para eu ver seu rosto. A chuva
achatou meu cabelo encharcado contra meu rosto, mas eu gritei: — Obrigada
por tudo!
Corri de volta para a varanda, empurrei meu cabelo pingando para trás e
peguei minha chave.
— Libby!
Eu sorri e me virei, e lá estava Wes, parado na chuva torrencial no meu jardim.
Inclinei minha cabeça e disse: — O quê?
— Você disse "tudo"! — Suas roupas estavam encharcadas quando ele gritou:
— Isso signi ca que você também está me agradecendo pelo beijo?
Eu ri e peguei a comida de Helena. — Eu deveria saber que você iria estragar
tudo!
— Nuh-uh, Buxbaum. — Ele en ou as mãos no cabelo molhado e fez tudo
car espetado enquanto sorria para mim em meio à tempestade. — Aquilo era
perfeito demais para qualquer coisa estragar. Boa noite.
Nuh-uh. Suspirei e me senti quente por dentro, mesmo enquanto meu corpo
molhado estremecia. — Boa noite, Bennett.

— Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu Deus. — Fechei a porta atrás de mim e
descansei minha testa pingando no frio da madeira branca. O que foi isso e o que
signi ca? — Puta merda.
— Isso é bom, hein?
Virei-me e Helena estava sentada na cadeira ao lado da lareira com o Sr.
Fitzpervert dormindo em seu colo, um livro ainda em sua mão e um sorriso
malicioso no rosto. Eu queria car com raiva ou envergonhada, mas não
conseguia parar de sorrir. Empurrei meu cabelo molhado e disse: — Você não
tem ideia.
— Venha para a cozinha antes de acordarmos seu pai. — Ela se levantou,
fazendo Fitz grunhir um mal-mrrfhumorado enquanto pulava no chão. Helena
largou o livro e gesticulou para mim enquanto caminhava em direção à cozinha.
Quando chegamos lá, ela pegou sua comida antes de lançar uma toalha em mim
e dizer: — Agora comece a falar.
Eu ri – não pude evitar – e esfreguei a toalha na cabeça. — Eu, hum, me
diverti muito com Wes esta noite.
— Sim…? — Ela abriu o recipiente para viagem e o colocou no micro-ondas.
— E…?
— E. — Continuei esfregando meu cabelo, repetindo sua boca na minha. O
som de sua respiração, o cheiro de sua colônia, a sensação de suas mãos
segurando meu rosto...
— Ei. Com licença. Você pode se concentrar por um minuto?
Isso me fez rir de novo. — Eu não posso, ok? Sinto muito, mas não consigo
me concentrar em nada porque tive uma noite incrível com Wes Bennett, de
todas as pessoas. Uma noite incrível que terminou com ele me beijando como
um beijador campeão mundial. Estou abalada, Helena.
— Eu não tenho certeza como. Quero dizer, sim, você o odiou desde sempre,
mas ainda sinto que vocês estavam caminhando para isso.
— Mesmo? — Eu coloquei a toalha no balcão. — Nós temos? Deus, tenho
estado tão alheia.
De alguma forma, por tanto tempo, eu consegui ignorar totalmente que Wes
era atraente, engraçado e inteligente, assim como a única pessoa com quem eu
era totalmente capaz de ser eu mesma. Eu estava tão cega pela ideia de Michael
que nem tinha percebido o que estava acontecendo entre nós.
— Mas é bom, sim? — Helena se apoiou no balcão e sorriu para mim. —
Parece-me que é muito, muito bom.
Abri a geladeira – ainda sorrindo – e disse: — Estou com medo de dizer isso,
mas acho que pode ser.
Embora... eu ainda estivesse preocupada com Alex. Eu sabia o que ele disse
sobre ela, mas às vezes os sentimentos mudavam. Só porque ela não era seu
“tipo” outro dia, não signi cava que com mais tempo juntos e mais tempo para
contemplar sua beleza, ele não mudaria de ideia.
Ela bateu palmas. — E se ele convidar você para o baile?
Quase derrubei o suco de laranja quando ela disse isso. Eu me endireitei um
pouco e imaginei seu rosto enquanto olhava para a geladeira, a maneira como
seus olhos escuros pareciam quase pretos depois que paramos de nos beijar. Era
de Wes Bennett que estávamos falando, mas não era. Era Wes 5.0, a versão do
homem adulto, e eu senti que estava perdendo a cabeça porque não tinha ideia
de como as coisas estavam conosco. Ele beijou meu rosto. Essa era a única coisa
que eu sabia ser verdade. Ele ainda acha que estava me ajudando com Michael?
Ele não podia, certo?
E eu não sabia se ele queria perseguir alguma coisa comigo, mas eu estava
desesperadamente esperançosa de que o fervor do beijo signi cava que ele queria.
A coisa toda do Michael parecia boba agora. Eu gostaria de poder voltar no
tempo e interpretar o cupido pessoal de Michael e Laney, em vez de fazer todas as
acrobacias que z. Eu esperava que minha conversa íntima com Michael ao
piano tivesse dado a ele o que ele precisava para convidar Laney para sair.
— Tenho certeza que ele não vai. — Fechei a geladeira e fui realista sobre o
baile, embora meu pobre e confuso amante de amor lado estivesse gritando com
o pensamento. Independentemente de minhas imobilizações, eu disse a Joss que
iria com ela e precisava me limitar a isso. Até agora eu tive sorte e minha merda
como amiga não tinha me custado nada com ela, então eu precisava me esforçar e
continuar. — Além disso, eu tenho um encontro.
— Joss se importaria se você fosse com ele?
— Oh, sim – mas talvez pudéssemos ir todos juntos...? — Vestindo-se com
duas das minhas pessoas favoritas? Parecia muito mais incrível do que o que eu
havia imaginado anteriormente como o baile de formatura perfeito.
— Bem, aconteça o que acontecer —, disse Helena, — carei feliz em
subscrever um salão de pré-formatura e um dia de spa.
Desparafusei a tampa do suco e disse: — Parece muito divertido. Mas você
tem que vir junto. — E eu quis dizer isso. Eu a queria lá comigo.
Ela ergueu uma sobrancelha. — Mesmo?
Dei de ombros e disse: — Quer dizer, se você me irritar, direi ao seu
cabeleireiro que você secretamente quer mini franjas.
— Você consegue imaginar como elas cariam nesta passarela de testa?
— Eles cam horríveis em todo mundo – ponto nal.
Depois disso, subi para o meu quarto e enviei a Jocelyn uma mensagem sobre
Wes, o que nos levou a ir e vir por, tipo, uma hora.
Eu: Acho que posso gostar dele.
Ela: OBVIAMENTE.
Eu: Acho que ELE pode gostar de mim.
Ela: Conte-me cada pequena coisa que aconteceu.
Eu não mencionei que tínhamos nos beijado, o que era estranho porque eu
geralmente contava tudo a ela. Bem, exceto recentemente. Mas tinha sido tão
perfeito – tanto o beijo quanto seu doce comentário sobre meu estilo – que não
queria que a opinião de Joss estragasse a perfeição da noite.
Fiquei acordada até tarde fazendo uma lista de reprodução de Wes e Liz e fui
dormir pensando em seu rosto depois que ele me beijou. Porque a maneira como
ele olhou para mim – como se ele não pudesse acreditar que tinha acontecido e
também como se quisesse fazer isso de novo – enfraqueceu meus joelhos com
sua mera lembrança.
Seus olhos eram suaves e quentes ao mesmo tempo, intensos e doces, e eu
desejei que houvesse uma maneira de arquivar a memória para que nunca
pudesse ser perdida.
Como é que eu vou dormir?
CAPÍTULO TREZE

“Garotos legais não beijam assim.”


“Oh, sim, eles beijam.”
— O diário de Bridget Jones

— Oh, Deus te abençoe. — Jocelyn pegou o café da minha mão e o levou à boca.
— E por que você está vestindo isso?
Eu olhei para o meu adorável vestido de coruja antes de destrancar meu
armário. — Por que não? Eu amo isso.
Ela fez uma careta enquanto bebia de sua xícara e se encostou no armário ao
lado do meu. — Eu esperava que você continuasse com o novo visual.
Você fica melhor quando é você. Meu rosto cou quente quando me lembrei de
Wes e da chuva e de suas mãos no meu cabelo. Eu estive em alerta máximo desde
que cheguei à escola naquela manhã, procurando por ele em cada esquina e em
cada corredor, meu estômago embrulhado com a ideia de colocar os olhos nele.
Dele colocando os olhos em mim de volta.
Senhor.
Ele não tinha mandado uma mensagem desde o beijo, mas era tarde quando
ele me deixou, e ele ainda teve que voltar para seu carro. Peguei meu livro de
história da prateleira de cima e disse: — Ainda gosto dos meus vestidos. Processe-
me.
— Não me entenda mal —, disse ela, girando o café em seu copo. — Você é
adorável, não importa o que você veste, mas você era apenas ultra-adorável no
casual moderno.
— Obrigada, embora essa roupa esteja totalmente arruinada agora pelo meu
nariz sangrando.
A boca de Jocelyn se contraiu enquanto ela olhava para o buraco em sua
tampa. — Ainda não consigo acreditar que isso aconteceu.
— Não, é? — Eu bati meu armário, e Jocelyn e eu fomos para o primeiro
bloco. Fiquei tão desapontada por não topar com Wes, especialmente porque seu
silêncio me levou a car obcecada durante toda a manhã e car paranóica de que
o beijo não era nada para ele e absolutamente nada havia mudado entre nós.
Quase gritei quando meu telefone tocou na hora do almoço. Eu tinha
acabado de sentar com minha salada de morango e limonada quando vi que era
uma mensagem de Wes.
Wes: Gosto do seu vestido de pássaro.
Olhei em volta, mas não o vi em nenhuma das mesas ocupadas do refeitório.
Eu: Elas são corujas. Onde você está?
Wes: Na biblioteca – vi você passar alguns minutos atrás. Corujas são
pássaros, aliás.
Eu: Sim.
Wes: Pare de gritar comigo sobre pássaros, Buxbaum. Eu acabei de dizer que
você ca fofa com seu vestido – isso é tudo.
Eu sorri e imediatamente olhei em volta para me certi car de que ele não
estava espreitando por perto, observando minha reação patética.
Eu: Você realmente não disse isso.
Wes: Claro que sim.
Eu: Hum...
Wes: Tenho que correr. Falamos mais tarde?
Eu coloquei meu telefone na mesa como se estivesse queimando minhas
mãos. Falamos mais tarde? Isso nunca foi bom, certo? Que tipo de sentimento
sinistro era esse? Abri o pacote de vinagrete na minha bandeja e reguei a salada
antes de pegar o telefone de volta e mandar uma mensagem de texto:
Eu: Sim.
Se eu estivesse obcecada pela manhã, seria ridículo à tarde. Porque eu
precisava saber mais, mais do que o fato de que nós compartilhamos um bom
beijo. Ele gostou de mim? Ele queria dar as mãos e talvez beijar mais? Ele seria
talvez meu namorado em um futuro próximo, ou o beijo era apenas parte de
nossos encontros divertidos e realmente não signi cava nada para ele?
E me ocorreu, enquanto caminhava pelo corredor com Joss depois da escola,
que não tive a chance de dizer a Wes que não estava mais interessada em Michael.
Ele sabia disso, certo? Quer dizer, o beijo deve ter expressado esse sentimento.
— Você acha que Wes vai te convidar para um encontro?
Meu estômago revirou quando um ash do beijo me atingiu. — Espero que
sim.
— Quem diria? — Joss empurrou a porta de saída e eu a segui para o sol
quando ela disse: — O garoto que torturou você na escola primária agora é o seu
sonho romântico. Esquisito.
— O que está acontecendo aí? — Eu disse, distraída. Havia uma espécie de
multidão perto da estrada principal. — Aposto que é uma briga.
Joss disse: — Provavelmente Matt Bond e Jake Headley.
Matt e Jake eram dois desses caras em nossa escola. Quando se espalhou a
notícia de que eles tinham problemas um com o outro, todo o corpo discente
perdeu a cabeça com a possibilidade de algo acontecer.
Nós ziguezagueamos pela multidão, principalmente porque meu carro estava
no estacionamento que todos estavam bloqueando. Eu disse: — Eu ouvi que eles
estavam indo para briga.
— Você não acabou de dizer isso, vestido de coruja.
— Bem, isso foi literalmente o que eu ouvi. Palavra por palavra. — Passei por
algumas pessoas e disse: — Com licença.
— Oh. Meu. Deus.
Minha cabeça virou para olhar para Jocelyn. — O que?
Ela estava olhando por cima do meu ombro. Sem olhar para mim, ela cobriu a
boca com uma das mãos e apontou com a outra.
Virei minha cabeça e segui seu dedo até um carro que estava estacionado no
centro do saguão. Era um Grand Cherokee preto, e o fato de estar estacionado ali
era incomum, mas não era isso que o tornava um ponto focal.
Não, o que tornava isso incomum era que todo o lado do motorista do carro
estava coberto com caixas brancas, caixas em que cada uma tinha uma letra preta,
e havia um grande quadrado laranja emoldurando todas elas.
A lateral do carro era uma enorme prancha Boggle.
Uma prancha Boggle que tinha letras diagonais em vermelho soletrando a
pergunta — Baile de formatura?
— Puta merda, Liz – chega aí! — Bailey Wetzel estava no meio da multidão e
sorriu para mim e estendeu o braço. — Vai!
Demorei a absorver o que estava acontecendo até ver Michael. Ele estava
parado ao lado do carro, sorrindo para mim e segurando um pôster que dizia
QUER JOGAR BOGGLE COMIGO, LIZ?
Era uma proposta.
Michael estava me convidando para o baile.
Eu me senti confusa e desconexa enquanto sorria e todos que estavam ao
redor começaram a aplaudir. Michael estava me convidando para o baile – de
uma forma romântica e atenciosa – mas eu estava em choque. Era totalmente o
que eu queria uma semana atrás, mas não mais.
Eu caminhei lentamente em direção a ele, minhas pernas bambas enquanto
me aproximava.
Ouvi Joss dizer: — Decepcione-o com calma, Liz.
Eu olhei para o rosto sorridente de Michael. Que diabos? Eu não conseguia
pensar em nenhuma maneira de fazer isso fazer sentido. Cada encontro que tive
com Michael basicamente terminou em desastre – vômito, nariz sangrando,
conversa de Laney – então por que isso estava acontecendo?
A ironia, certo?
Ter tantas pessoas me observando me fez sentir quente e coceira.
Desconfortável. Quando cheguei ao seu lado, não tinha ideia do que dizer. Ele
parecia bonito e caloroso e com tudo que eu sonhava desde o jardim de infância.
E nada como Wes.
Eu pude nalmente ver ele – nós – claramente, e agora que eu podia, eu não
queria que “aquele” fosse mais Michael.
— Isso é incrível —, eu disse, olhando para o carro do Boggle. Ele cobriu
caixas de sapatos com papel branco e as a xou ao lado para fazer o quadro, o que
era uma tarefa que teria levado muito tempo. — Não acredito que você fez isso.
— Eu te conheço há tempo su ciente, Liz, para saber que você precisa de um
grande gesto pr...
— E quanto a Laney? — Eu interrompi. Eu estava sussurrando para que
ninguém mais pudesse me ouvir, esperando que eu pudesse salvar nós dois de
alguma humilhação pública.
Ele deu de ombros e disse com um sorriso: — Realmente levei a sério o que
você disse na sala de música. Assim como você, quero a possibilidade de algo
mais. Então... por que não você? Por que não nós?
Senti meu queixo cair e rapidamente fechei-o com força. Mas vamos lá –
sério? Alguém realmente ouviu minhas ideias terríveis pela primeira vez? Eu
poderia apenas me chutar por divagar sobre Wes sem realmente dizer um nome.
É como se eu nunca tivesse visto uma comédia romântica antes ou algo assim.
Fale sobre sua comédia de erros.
Eu olhei para a multidão e – oh não – lá estava Wes. Nós nos olhamos
enquanto ele estava ao lado do prédio, me olhando com uma expressão ilegível.
Eu engoli e olhei xamente para seu rosto, o rosto que estava beijando o meu da
última vez que o vi.
Eu silenciosamente implorei àqueles olhos castanhos que me dessem uma
resposta.
Ou para ele me dar um sorriso.
Dê-me algo, Bennett. Por favor.
Mas ele virou a cabeça e desviou o olhar de mim.
Antes que aquele soco no estômago pudesse ser registrado, eu observei Alex
se esgueirar ao lado dele. Ela sorriu e agarrou seu braço, puxando-o para mais
perto para que pudesse falar em seu ouvido.
Eu mal conseguia respirar enquanto olhava para eles enquanto todos no pátio
olhavam para mim. Meu silêncio estava cando estranho e eu estava muito ciente
disso. Lentamente, as pessoas começaram a aplaudir e aplaudir, mas eu só
conseguia ouvir meu coração batendo nos ouvidos. Em meio a tudo, mantive
meus olhos em Wes. Ele ergueu as mãos, colocou dois dedos na boca e assobiou
alto. E então ele deixou cair o braço direito sobre os ombros de Alex e me deu
um sinal de positivo.
Rejeição, amarga e quente, tomou conta de mim. A outra noite – o beijo,
tudo – foi como nada. Wes não sentia por mim o que eu sentia por ele. Era assim
que deveria terminar.
— Isso está cando constrangedor, e eu tenho que sair em, tipo, dois
minutos. Você talvez queira responder? — Michael parecia desconfortável
enquanto esperava.
Respirei fundo e simplesmente aceitei as ores que ele segurava – não
consegui dizer nada quando Wes estava aconchegando-se com Alex e assobiando
para eu dizer sim. Então Michael virou o pôster, revelando um verso que dizia
ELA DISSE SIM no mesmo formato do Boggle.
As pessoas que estavam em volta aplaudiram e – graças a Deus – começaram a
se dispersar, enquanto eu estava lá me sentindo em estado de choque. Michael
apertou minha mão e disse: — Eu realmente tenho que ir agora, mas isso pareceu
certo logo após nossa conversa no quarto do meu pai na noite passada. Podemos
resolver os detalhes amanhã, ok?
— Hum, parece bom.
— Sua "conversa" ontem à noite? — Jocelyn parou na minha frente assim que
Michael se virou, seus olhos se estreitaram. — Você estava com Michael Young?
Senti o sangue sumir do meu rosto enquanto minhas mentiras me
alcançavam. Eu me atrapalhei com as palavras e disse: — Eu disse que estávamos
assistindo lmes
— Você disse que estava saindo com Wes. — Ela balançou a cabeça e disse em
voz baixa: — O que há de errado com você? Você está tão ferrada com essas
merdas românticas que mente para a sua melhor amiga – e para quê? Sair com
um cara que já está falando com outra pessoa?
Engoli em seco, sentindo a necessidade de me defender, mesmo sabendo que
estava errada. — Talvez se você não fosse tão crítica, eu poderia ter sido honesta
com você. Mas você torna isso tão difícil às vezes.
Joss me olhou como se eu fosse nojenta. E ela estava certa. — Você está
dizendo que é minha culpa você ser uma mentirosa?
— Claro que não. Deus, sinto muito. Eu só...
Suas sobrancelhas baixaram enquanto ela olhava para mim e disse: — Então,
qual é o problema com Wes, então? Você ao menos gosta dele?
Suspirei. Havia alguma razão para não contar tudo para Joss agora? — Bem,
essa parte é verdade – eu gosto muito dele.
Ela cruzou os braços sobre o peito. — Então, o que você estava fazendo na
casa de Michael se você gosta de Wes?
Eu ajustei minha bolsa carteiro e olhei para Kate e Cassidy, que eu nem tinha
notado que estavam atrás dela até então. — Eu fui lá com Wes, na verdade.
— Você foi lá com Wes e acabou com Michael no quarto do pai dele? Tá
brincando, né?
— Hum, na verdade era uma sala de música.
Ela abriu a boca, mas antes que pudesse falar eu disse: — Mas eu sei que não é
esse o ponto. Wes estava bem com a coisa toda – ele queria que eu fosse falar com
Michael.
— Ele fez. — Ela me lançou um olhar que a fez parecer a mãe, uma advogada
que tinha um criminoso mentiroso no banco e estava prestes a fazê-lo chorar.
— Sim. — Limpei minha garganta e decidi confessar. Eu disse: — Veja, ele
tem me ajudado...
— Oh, meu Deus, você planejou com ele para pegar Michael, não é? — Seus
olhos se estreitaram em repulsa. — Eu sabia que você perderia a cabeça quando
ele aparecesse de novo. O que há de errado com você?
— Nada. — Pisquei e tentei justi car. — Ele e Laney não eram o ciais,
então...
— Isso explica as roupas e o cabelo alisado, não é? Você estava mentindo para
mim quando vocês estavam fazendo compras também?
Eu apenas olhei para ela. Quer dizer, o que eu poderia dizer?
— E gostar dele também foi uma besteira total?
— Só no começo...
— Vá se ferrar, Liz. — Ela puxou a bolsa mais para cima no ombro e se
afastou de mim. Kate me deu um meio sorriso de boca fechada, como se se
sentisse mal por mim, mas ela ainda iria com Joss, e Cassidy me olhou como se
eu fosse horrível.
Houve um tempo em que aquelas duas não teriam escolhido um lado, mas
como eu as rejeitei muitas vezes em eventos seniores, elas eram o Time Joss o
tempo todo.
— Espera. — Minha garganta estava comprimida e minha visão turva
enquanto a observava caminhar de volta para a escola. — Joss, espere! Me
desculpe, ok? Você não precisa de uma carona para casa?
— Não de você. — Ela apenas ergueu o braço e gritou: — Pre ro caminhar.
— Ei, você. — Helena estava sentada em um banquinho na cozinha quando
cheguei em casa, trabalhando em seu laptop com calças de pijama respingadas de
tinta e um moletom. — Como foi seu dia?
— Meh. — Deixei cair minha mochila no chão, esgotada de tanto chorar
durante todo o caminho para casa, e fui até a geladeira para procurar algo bom.
— Oh, meu Deus, esqueci – você viu Wes? — Ela ergueu os olhos da tela,
quase gritando aquelas palavras, e eu tive que me lembrar de não revirar os olhos.
Não foi culpa dela que o enredo tivesse mudado.
— Hum, sim. — Estávamos sem pudim de chocolate e isso me deu vontade
de chorar. Novamente.
— Que cara é essa?
Eu dei de ombros e fechei a porta. — Michael me convidou para o baile.
— O que? — A boca de Helena caiu escancarada. — Você está brincando
comigo.
— Não. — Fui até a despensa e procurei biscoitos, me perguntando se a
sensação no estômago que não ia embora era uma úlcera.
Eu nem sabia realmente o que era uma úlcera.
— Você recusou?
— Não. — Eu cerrei meus dentes. — Na verdade, eu disse sim.
— Você disse sim? — Ela disse como se eu tivesse acabado de dizer sim para
vender meus órgãos no mercado negro ou algo assim. — Por que você faria isso?
Oh, meu Deus, Wes sabe? Oh, pobre Wes.
Bati a porta da despensa e peguei minha mochila. Pobre Wes? O pobre Wes
não tinha nenhum interesse real na pequena Liz, mas eu não tinha energia para
dizer isso a ela. Ou pensar nisso por mais um segundo. Porque, além de como eu
me sentia rejeitada de forma esmagadora por sua aparente falta de sentimentos
por mim, eu me sentia enganada.
Traída por meu próprio coração.
Porque eu sabia que não devia ser atraída por ele; Eu sempre soube melhor.
No entanto, aconteceu. Eu me apaixonei por shorts de basquete, cigarros
nojentos e beijos encharcados de chuva. Como isso pode ter acontecido?
Além disso, planejei, menti e estraguei minha melhor amizade do mundo. E –
ah, sim – eu também atrapalhei Laney e Michael, duas pessoas que realmente
pareciam feitas um para o outro.
Eu disse: — Sim, ele sabe e, acredite, ele está bem. Eu preciso ir estudar.
— Liz?
Eu quei parada, mas não virei na direção dela. — O que?
— Eu sei que você pensou que queria Michael, mas você realmente quer car
com ideias super-romantizadas quando você pode ter uma coisa incrível real?
Ideias super-romantizadas. Por mais que ela chegasse às vezes, Helena não
entendia. Minha mãe teria entendido. Minha mãe estaria torcendo o tempo todo
para eu ir para a linha de chegada.
Eu havia ignorado sua regra de ouro e estava sofrendo as consequências.
— Liz?
— Eu tenho que ir estudar.
— Espere – você está com raiva de mim?
Eu levantei minha mochila e soltei o fôlego. — Não. De jeito nenhum.
— Você quer–
— Não. Deus. — Eu disse isso com os dentes cerrados e saiu muito mais duro
do que eu pretendia, mas não pude fazer isso. Não com ela. — Eu só quero car
sozinha, ok?
CAPÍTULO QUATORZE

“Eu não estou fugindo.”


“Besteira.”
— Como perder um homem em 10 dias

— Vou dar uma corrida —, gritei enquanto descia correndo as escadas. Virei a
esquina para a sala de estar e encontrei meu pai no sofá com os pés apoiados na
mesa de centro, assistindo ao noticiário. Eu estava toda confusa e não sabia o que
pensar de nada, então ao invés de me torturar, eu ia visitar o cemitério.
Não menos torturante, certo?
Olhei para a cozinha, mas o único movimento que vi lá foi o Sr. Fitzpervert,
rolando no tapete sob a mesa e chutando seu rato catnip com as patas traseiras.
— Onde está Helena?
— No segundo que eu entrei, ela disse que tinha que ir. Tinha uma missão
ou algo parecido. Você está bem?
Eu não tinha nenhum interesse em uma conversa franca, então disse: — Sim,
apenas cansada. Acho que posso estar pegando um resfriado.
Ele acenou com a cabeça, olhou para mim como se soubesse de algo e disse:
— Helena disse a mesma coisa.
— Oh, sim? — Coloquei meus fones de ouvido. — Desagradável.
Ele suspirou. — Tome cuidado.
— Vou ter.
Depois de ligar meu Garmin, desci a rua, evitando intencionalmente colocar
os olhos em seu carro. Quero dizer, o que foi isso, a nal? Por que eu senti algo
como nostalgia quando coloquei os olhos no velho carro de Wes que parecia ter
sobrevivido ao nosso acidente sem nenhum dano visível?
Nostalgia que me deu vontade de dar um tapa no carro dele à la Beyoncé no
vídeo de Lemonade e causar alguns estragos visíveis. Eu estive repetindo tudo em
minha mente, cada segundo terrível do que aconteceu, e a rejeição de Wes estava
começando a me irritar.
Porque não era só porque ele me rejeitou. Não, era o fato de que ele sabia que
meu objetivo nal era Michael, mas ele ainda pressionou bastante o charme com
seu jantar e suas provocações na Área Secreta e seu beijo na chuva saído
diretamente de Diário de uma Paixão.
Ele sabia que eu era suscetível ao romance e o usou contra mim.
E para quê?
Ele estava se movendo para Alex, então qual era mesmo o ponto?
Como se isso não fosse ruim o su ciente, toda vez que eu pensava em Jocelyn,
meu estômago doía tão intensamente que eu queria vomitar. Como eu iria
ganhar seu perdão? Eu tinha sido uma doninha mentirosa ultimamente, e não
importa o quanto eu justi casse isso, eu não conseguia encontrar uma defesa
para deixar isso bem.
Entrei no cemitério e quei feliz porque estava escurecendo, porque não
estava com vontade de ser educada ou falar com quem pudesse estar por perto.
Às vezes havia outras pessoas lá, fazendo a mesma coisa que eu, e às vezes elas
gostavam de conversa ada. Eu só queria sentar ao lado de minha mãe, contar os
detalhes de meu último desastre e, em seguida, aproveitar a sensação imaginária
de que não estava sozinha.
Mas quando cheguei mais perto, pude ver uma gura parada exatamente
onde eu queria estar. E assim como no momento em que Wes apareceu lá, eu
quei instantaneamente – e ilogicamente – irada. Quem estava no meu lugar?
A pessoa se virou quando me aproximei e vi que era Helena. Seu rosto estava
sério e ela ainda estava usando aquelas calças manchadas de tinta.
— Liz. O que você está fazendo aqui? — ela disse.
Eu levantei minha mão em direção à lápide da minha mãe. — Sem ofensa,
mas o que você está fazendo aqui?
Ela pareceu assustada com a minha aparência, quase como se eu tivesse
interrompido algo. Ela passou a mão pelo cabelo e disse: — Acho que você
poderia dizer que preciso falar com sua mãe.
— Por que?
— O que?
Eu inalei pelo nariz e tentei impedir que essa raiva inesperada escapasse. —
Você não conhecia minha mãe, então não entendo por que você precisaria falar
com ela. Você nunca falou com ela ou ouviu sua voz ou mesmo assistiu a uma
boba comédia romântica com ela, então me chame de irracional, mas parece
muito estranho que você esteja acampada onde ela está enterrada.
— Eu esperava que ela soubesse como posso entrar em contato com você. —
Ela piscou rapidamente e apertou os lábios, cruzando os braços sobre o peito. —
Escute, Libby, eu sei–
— Não me chame assim.
— O que?
— Libby. É como ela me chamava, mas isso não signi ca que você precisa, ok?
— O que é isso? — Ela disse isso com uma voz cansada que tinha um pouco
de nervosismo. — Eu sinto que você está tentando lutar comigo.
Eu pisquei rápido. — Não, eu não estou. — Eu estava totalmente. Ninguém
com quem eu queria brigar falava comigo. Então, por que não Helena?
— Mesmo?
— Sim, com certeza.
— Porque você cou brava porque eu chamei você pelo apelido que ouvi seu
pai e o vizinho do lado chamam. Não vejo você tendo problemas com ninguém
além de mim dizendo isso.
— Bem, eles realmente a conheciam.
Ela olhou para mim, exalando decepção com a pirralha que eu sabia que
estava sendo. — Não posso evitar que não o z.
— Eu sei. — Não era sobre se ela conhecia ou não minha mãe; era sobre a
violação das memórias de minha mãe. Seus legados. Quer dizer, não era
irracional tentar mantê-los puros, não é?
Ela suspirou e deixou cair os braços para os lados. — Você sabe, Liz, que a
memória de sua mãe não vai desaparecer se você se aproximar de mim.
— Com licença? — As palavras pareceram um tapa físico porque – Deus –
ela acabou de dar voz ao meu maior medo. Como não desapareceria se Helena se
aproximasse? Porque não importa o que ele disse, ele desapareceu para meu pai.
Quando ele falava sobre minha mãe agora, era como se ele estivesse se referindo a
alguma gura histórica de quem ele gostava muito.
O lugar dela em seu coração se foi, e ela só vivia em sua cabeça agora.
Helena inclinou a cabeça e disse: — Não vai. Você ainda vai se lembrar dela
exatamente como você faz agora, mesmo se você me deixar entrar um pouco.
— Como você sabe disso? — Pisquei as lágrimas e disse: — E se ela
desaparecer? Eu sei que você é ótima para o meu pai e super legal, e sei que você
está aqui para car. Eu sei de tudo isso, mas não muda o fato de que você está
aqui e ela não, e isso parece uma merda.
Sua boca se fechou. — Claro que sim. Eu estaria perdida sem minha mãe. Eu
entendo totalmente que é horrível. Mas me afastar não vai trazê-la de volta, Liz.
Funguei e enxuguei as lágrimas em meu rosto. — Sim, acho que sei disso,
Helena.
— Talvez se nós–
— Não. — Cerrei os dentes e desejei que ela desaparecesse para que eu
pudesse chorar e deitar na grama macia. Mas se ela não fosse embora, eu teria
que ir. Coloquei meus fones de ouvido, rolei até “Enter Sandman” do Metallica
e disse: — Talvez se você me deixar em paz e me deixar viver minha vida sem
tentar ocupar o lugar dela toda vez que eu me virar, todos seremos mais felizes.
Eu não esperei ela responder. Comecei a correr do jeito que vim, só que
empurrei minhas pernas para correr o mais rápido que pudesse. Limpei minhas
bochechas e tentei fugir da tristeza, mas ela permaneceu comigo durante todo o
caminho para casa.
Eu estava quase na minha casa quando vi Wes saindo do carro.
Ele bateu a porta e começou a atravessar a rua, até onde eu estava, antes que
ele me notasse. Ele acenou com o queixo e disse: — Ei.
Ei. Como se não tivéssemos nos beijado, mandado mensagem, falado ao
telefone ou comido hambúrgueres juntos. Apenas ei. Uau – ele realmente era
um idiota, não era? Parei de correr e puxei um dos meus fones de ouvido. — Ei.
A propósito, obrigada por me ajudar a pegar Michael. — As palavras jorraram.
Eu estava ciente de minha própria horribilidade enquanto vasculhava meu
cérebro em busca de algo para dizer que o faria sofrer tanto quanto eu, e eu não
conseguia me conter.
Seus olhos percorreram meu rosto antes de dizer: — Claro, embora ele ainda
esteja com aquela maldita Laney por perto. Acho que você terá que lidar com
isso antes de "pegá-lo" o cialmente.
— Nah. — Acenei com a mão e engoli minhas emoções com um sorriso. —
Ele me disse que não vai fazer nada.
— Ele disse? — Ele esfregou a sobrancelha e olhou além de mim por um
minuto antes de seu olhar voltar para o meu rosto. Minha respiração cou presa
quando olhei para os mesmos olhos que tinham sido quentes e selvagens para
mim no banco da frente de seu carro, e ele disse: — Bem, você está prestes a obter
tudo o que sempre quis, então, não é? Por que você não me disse isso antes?
Hum, era difícil falar quando estávamos dirigindo de um penhasco e então
você estava comendo meu rosto. Eu inalei pelo nariz. Eu estava tão chateada com
ele – comigo mesma – tão desapontada, e eu queria fazer ele sentir um pouco
disso. — Como se eu realmente fosse compartilhar todos os meus segredos com a
pessoa que estava apenas me fazendo um favor e substituindo o Sr. Certo.
Ele engoliu em seco e cruzou os braços sobre o peito. — Bem pensado.
— Não, é? — Soltei uma risada falsa e disse: — Quer dizer, sem ofensa, mas
vocês não poderiam ser mais diferentes. Ele é como um restaurante gourmet, e
você é um bar esportivo superdivertido. Ele é uma limusine e você é um Jeep
Wrangler. Ele é um lme vencedor do Oscar, e você é... um lme de corrida de
carros. Ambos bons, mas bons para pessoas diferentes.
Esses olhos escuros estreitaram-se ligeiramente. — Há algum motivo para
isso, Buxbaum?
— Nah. — Eu estendi a mão, puxei meu rabo de cavalo e cravei meus dedos
em meu cabelo. Parecia uma vitória, a maneira como ele estava visivelmente
irritado. — Apenas grata a você por tudo que você fez por mim.
— Mesmo.
— Sim. — Eu z o meu melhor para forçar minha boca em um sorriso
gigante e feliz. — Você deveria convidar Alex para o baile, a propósito.
— Sim, eu já estava planejando isso.
Eu senti isso em meu coração. Imaginá-lo sorrindo para Alex fez minhas
pálpebras queimarem. Eu disse com aquele sorriso falso: — Devíamos todos ir
como um grupo – isso seria divertido.
Ele parecia chateado quando disse: — Você não acha uma má ideia misturar
"restaurantes gourmet" com "bares esportivos superdivertidos"?
Dei de ombros. — Alex é como um restaurante muito bom, então tenho
certeza de que se vocês dois carem juntos, vão subir de nível para, tipo, um
restaurante de sushi da moda.
Ele me olhou como se eu fosse uma escória e estava certo. Ele girou as chaves
entre os dedos e disse: — Mesmo assim, pre ro ir sozinho com Alex.
Então seus olhos desceram para minha camiseta e shorts de corrida, e seu
rosto cou com uma expressão de pena “eu-sei-tudo”. — Oh. Você acabou de ver
sua mãe.
Eu pisquei. — O que isso tem a ver com alguma coisa?
Ele me olhou como se eu deveria saber o que ele quis dizer.
— O que?
— Qual é, você está faltando autoconsciência? Você se apega a essa noção de
sua mãe angelical e da comédia romântica como se o maior desejo dela na vida
fosse que sua lha perdesse o controle na porra do colégio. Só porque ela gostava
desses lmes não signi ca que, se você vive sua vida como um adolescente de
verdade, você a está desapontando.
— Sobre o que é mesmo que você está falando? Só porque...
— Vamos, Liz, pelo menos seja honesta consigo mesma aqui. Você se veste
como ela, assiste aos programas que ela assistia e faz tudo ao seu alcance para se
comportar como se ela estivesse escrevendo o roteiro da sua vida e você fosse o
personagem dela.
Minha garganta doeu e eu pisquei rápido quando suas palavras vieram para
mim como golpes.
— Mas as notícias são: você não é um personagem de um lme. Você pode
usar jeans às vezes e alisar o cabelo se quiser e xingar como um marinheiro e
honestamente fazer o que quiser, e ela ainda pensaria que você é incrível porque
é. Eu garanto que ela teria achado você charmosa pra caralho quando você estava
fumando um cigarro na Área Secreta, eu sei que eu z. E quando você me atacou
no meu carro. Fale sobre fora do personagem. Foi–
— Oh, meu Deus, eu não ataquei você. Você está brincando comigo? — Era
o cial – eu estava morrendo de morti cação. Porque enquanto eu estava
cantarolando canções de amor desde a sessão de beijos em seu carro, ele estava
considerando isso terrivelmente “fora do personagem” para mim.
Ele me ignorou e disse: — Mas você está tão presa a essa ideia de quem você
acha que sua mãe quer que você seja, ou Michael, ou mesmo eu. Me esqueça!
Seja quem você quiser ser. Apenas faça e pare de jogar, porque você está
machucando as pessoas.
— Cale a boca, Wes. — Eu estava chorando de novo e o odiei naquele
momento. Por não entender, mas também por estar certo. Eu pensei,
independentemente da situação do baile, que ele era a única pessoa que tinha
entendido sobre minha mãe. Limpei minhas bochechas com as costas dos meus
dedos. — Você não sabe nada sobre minha mãe, ok?
— Deus, não chore, Liz. — Ele engoliu em seco e parecia em pânico. — Só
não quero que você perca as coisas boas.
— Tipo o que – você? — Eu cerrei meus dentes. Eu queria uivar e chutar as
coisas. Em vez disso, eu disse: — Você é bom, Wes?
Sua voz estava baixa quando ele disse: — Nunca se sabe.
— Sim, eu sei. Você não é – você é o oposto de tudo que eu quero. Você é a
mesma pessoa que era quando arruinou minha Little Free Library, e você é a
mesma pessoa que minha mãe achava que era selvagem demais para eu brincar.
— Respirei fundo e disse: — Você pode car com o Forever Spot e vamos
esquecer que tudo isso aconteceu.
Eu me virei e me afastei dele, e estava abrindo a porta da frente quando o ouvi
dizer: — Por mim tudo bem.

Adormeci antes das oito da noite, ouvindo “Death with Dignity” de Sufjan
Stevens repetidamente. Eu dormi a noite inteira com meu Beats ligado, e aquela
música suave assombrou meus ouvidos até de manhã.
Mãe, eu posso te ouvir
E eu desejo estar perto de você
Eu sonhei com ela. Eu raramente o fazia mais, mas naquela noite, persegui
minha mãe em meus sonhos.
Ela estava cortando rosas no jardim da frente e eu podia ouvi-la rindo, mas
não conseguia ver seu rosto. Ela estava muito longe. Tudo o que consegui
distinguir foram suas luvas de jardinagem e seu elegante vestido preto com gola
franzida. E não importava o quanto eu caminhasse ou o quão rápido eu corresse,
eu não estava perto o su ciente para ver seu rosto sem borrões.
Corri e corri, mas ela nunca se aproximou.
Não acordei arfando como nos lmes, embora isso possa ter me feito sentir
melhor. Em vez disso, acordei com uma triste resignação enquanto a música
continuava seu ciclo suave e solene.
CAPÍTULO QUINZE

“Eu te amo. Eu te amo há nove anos; Eu


simplesmente fui muito arrogante e
assustado para perceber isso, e... bem,
agora estou apenas com medo. Então,
eu sei que isso chega em um momento
muito inoportuno, mas eu realmente
tenho um favor gigantesco para pedir a
você. Me escolha. Case comigo. Me
deixa te fazer feliz. Oh, isso soa como
três favores, não é?”
— O Casamento do Meu Melhor Amigo

Os dias que antecederam o baile se arrastaram, principalmente porque eu era a


maior solitária do mundo. Jocelyn não estava falando comigo, Wes era apenas
um vizinho agora e Helena estava me evitando completamente.
Eu trabalhava todas as noites e ganhava horas extras, então pelo menos estava
ganhando dinheiro em minha vida solitária e patética. E eu assistia meus lmes
favoritos quando não estava trabalhando, então tinha meus DVDs de apoio
emocional para me impedir de pensar sobre todas as coisas que eu não queria
pensar.
Michael me encontrou no meu armário um dia após o pedido do baile, e ele
foi tão meticuloso e e ciente como sempre. Discutimos a que horas ele me
pegaria, que cores usaríamos e onde comeríamos.
Ele era perfeito.
Razão pela qual, enquanto arrumava meu cabelo no dia do baile, tentei me
convencer de que talvez tudo tivesse acontecido por um motivo. Quer dizer, a
coisa de Joss ainda era um grande pesadelo que eu tinha que consertar, e foi
estranhamente vazio que Helena estava fora para o dia, quando eu estava me
preparando para o baile, mas talvez eu tivesse sido destinada a
momentaneamente ir para o lado escuro com Wes para que eu realmente aprecie
a incrível leveza de Michael.
Um conto preventivo, talvez? Liguei a lista de reprodução de Michael
enquanto arrumava meu cabelo e tentava car animada para a noite. O resultado
nal era que eu iria ao baile de formatura com Michael Young, o garoto que eu
amei desde que tive idade su ciente para criar memórias.
Estava realmente acontecendo.
O problema com a lista de reprodução era que todas as músicas agora tinham
memórias de Wes anexadas a elas.
A música de Van Morrison do meu encontro fofo original com Michael agora
me fez pensar em Wes esbarrando em nós no corredor e então me dando um
olhar espertinho sobre meu para-brisa colado. E a música de Ed Sheeran da festa
agora me lembrava de Wes me dando suas calças – e as segurando para mim –
depois que fui vomitada.
— Droga, Bennett, saia da minha cabeça. — Terminei meu cabelo e passei
para a maquiagem, aplicando glamour casual para car melhor do que o normal,
mas não muito maquiado. Quando nalmente terminei, veri quei meu telefone
e, claro, não havia mensagens.
Coloquei meu vestido – era tão bonito, eu queria ser enterrada nele, aliás –
mas parecia um pouco errado. Jocelyn deveria estar lá, colocando seu vestido
também, e Helena deveria estar por aí, fazendo piadas e tirando fotos.
Silenciei a voz que adicionou Laney à lista, incluindo-a como alguém que
deveria estar se preparando para o baile dos seus sonhos com Michael, mas não
podia porque decidi tirá-la da equação.
Bem quando eu estava prestes a descer, ouvi uma porta bater e olhei pela
janela. Wes saiu pela porta da frente em um smoking preto, e ele estava
carregando uma caixa de corpete. Ele desceu os degraus com seu andar relaxado
de sempre, e seus óculos escuros o faziam parecer rebelde além de bonito.
Meio perfeito, e doeu em meus olhos olhar para ele.
Eu pressionei a mão no meu estômago enquanto ele caminhava para seu
carro, que estava estacionado na garagem pela primeira vez. Parecia que ele tinha
lavado, porque toda a lama que estava espalhada na lateral desde que eu
conseguia me lembrar nalmente tinha sumido. Ele entrou, começou a subir, e
eu senti algo apertar meu centro quando ele foi embora.
Desci as escadas e estava calçando os sapatos quando a campainha tocou.
Enquanto eu sentia um friozinho na barriga, a expectativa era mínima.
Mas – e eu estava esperançosa com isso, mas – se eu realmente me esforçasse,
talvez ainda houvesse a possibilidade de uma noite agradável com um doce
encontro. Eu me levantei e corri minhas mãos pela frente do meu vestido,
caminhei até a porta da frente e a abri.
Uau.
Michael estava na minha porta, seu smoking acentuando perfeitamente seu
cabelo loiro e pele bronzeada. Ele parecia como Hollywood, como alguém que
nasceu para usar smokings. Ele sorriu para mim e foi todo caloroso e bons
sentimentos quando disse: — Uau. Você está ótima, Liz.
— Obrigada.
— Pare! — Meu pai entrou na sala com um meio sorriso no rosto, shorts
cargo e uma camisa escrita quer leite? — Eu preciso tirar fotos, vocês dois.
Helena tinha coisas para fazer, — ele disse, seus olhos pousando em mim. — Mas
ela me mataria se eu não conseguisse as fotos.
Mordi o interior da minha bochecha enquanto a culpa coagulava no meu
estômago. Porque mesmo que eu quisesse dizer o que disse a Helena, me senti
um lixo por fazê-la se sentir mal.
— Claro. — Michael deu a meu pai um sorriso encantador e disse: — Prazer
em vê-lo novamente, Sr. Buxbaum.
— Você também, Michael. Como estão seus pais? — Quando ele disse isso,
meu pai fez um gesto para que fôssemos car em frente ao piano. — Ouvi dizer
que seu pai é coronel agora.
— Ele é. — Caminhamos até o piano e olhamos para a câmera. — Ele mudou
o título o cial no ano passado.
— Precisamos usar um título para você agora? — Meu pai se achava
engraçado. — Como o coronel júnior Michael?
— Vamos lá, pai, ele não é lho do cara da galinha. — Revirei os olhos e
Michael riu. — Basta tirar a foto.
Meu pai nos orientou a car em uma pose super-estranha, com o braço de
Michael em volta da minha cintura, e eu apenas fechei minha boca e sorri para
acabar com isso. Felizmente, ele foi rápido e, após cerca de quatro fotos, nos
deixou sair.
— Divirtam-se, crianças.
— Sinto muito por ele —, murmurei para Michael enquanto caminhávamos
para o carro. — Ele é tão idiota como sempre foi.
— Seu pai sempre foi ótimo —, disse ele, sorrindo enquanto abria a porta do
passageiro para mim.
— Sim, suponho. — Peguei um punhado de vestido longo e entrei, olhei pela
janela depois que ele fechou a porta e deu a volta para o outro lado. Olhei para
meu pai na varanda, sorrindo e acenando sozinho, e me ocorreu que ele poderia
ter sido assim o tempo todo se nunca tivesse conhecido Helena.
Sozinho.
Era errado ela não estar lá.
— Então, você está bem com o Sebastian? — Ele saiu da garagem e notei que
seu carro estava imaculado. Limpo, aspirado, sem uma partícula de poeira de
ventilação – o interior era perfeito. De algum lugar no centro do meu cérebro, eu
me perguntei se o interior do carro de Wes era assim também. Quero dizer, ele
claramente lavou a parte externa do Bronco. Foi para impressionar Alex?
— Liz?
— O que? Hm? — Pisquei e voltei do atraso. — Sim. O Sebastian parece
ótimo.
Quando chegamos ao restaurante, a recepcionista nos conduziu a uma mesa
deslumbrante com lençóis brancos, um vaso cheio de lírios e velas brancas, já
acesas. Sentei-me em uma das cadeiras e disse: — Uau.
Michael se sentou na minha frente e imediatamente colocou o guardanapo
no colo. — Achei que a romântica pequena Liz iria querer ores antes de seu
baile de formatura.
— Espere o quê? Você comprou isso para mim?
Ele sorriu e suspirou. — Era o mínimo que eu podia fazer. Eu meio que
peguei você desprevenida, no último minuto, com a coisa toda.
Levantei do meu assento apenas o su ciente para me inclinar para frente e
cheirar as ores lindas. Como ele poderia ser tão atencioso? Foi um gesto tão
perfeito. — Sim, não vou mentir, quei chocada quando você perguntou.
— Depois do que você disse na sala de música, eu decidi que diabos.
O que exatamente eu disse? Eu vasculhei meu cérebro, mas estava sem noção.
Eu estava tão focada em Wes e Alex que realmente não tinha prestado atenção
em Michael. Má jogada, Liz.
— E quanto a Laney?
Uma sombra passou por seu rosto antes de desaparecer rapidamente. Ele
disse: — Ela vai ao baile com os amigos.
— Oh. E você está bem com isso?
— Aqui está a coisa. Não tenho ideia do que ela quer e não quero desperdiçar
o baile de formatura tentando descobrir. Eu pre ro...
O garçom apareceu, interrompendo-o com cardápios, pratos especiais e
bebidas, e pude perceber que Michael estava aliviado. Ficou claro para mim que
ele queria Laney, mas estava com muito medo de se colocar lá fora. Ele preferia
ngir que eu era seu par mágico, segura pequena Liz, mas talvez algo mais, do
que correr o risco de ser negado.
Isso deveria ter me feito sentir como um lixo, mas eu realmente não senti
nada sobre isso. Na verdade, eu sentia o mesmo sobre seu amor não-abrasador
por mim e sobre sua opinião sobre toda a guerra do ketchup contra o
condimento de mostarda.
Totalmente não afetada.
Puta merda – eu não me importava.
Eu me sentia mais relaxada apenas por admitir para mim mesma. Porque
realmente – por que eu estava forçando? Michael não era o único – não é grande
coisa, certo? E talvez eu não fosse encontrar o único. Isso estava bem também,
certo? Por que eu estava desperdiçando minha vida tentando corresponder às
expectativas ridículas que estava estabelecendo para mim mesma?
Mudei de assunto apontando uma impressão art déco dos anos 20 na parede
e, quando a comida chegou, estávamos no meio de uma conversa sobre O
Grande Gatsby.
— Eu ouço o que você está dizendo, Liz – eu entendo. Mas o único propósito
de Daisy na história é ser o sonho inatingível de Gatsby. Ela é a luz verde. Então
ela não pode ser uma antagonista monstruosa.
Revirei os olhos e coloquei um pedaço de bife na boca. — Errado. Sua
memória dela é a luz verde. Lembre-se: "Sua contagem de objetos encantados
diminuiu em um". Depois que ele se reconectar com ela em carne e osso, ela não
será mais a luz verde.
Ele acenou com a cabeça e espalhou manteiga em seu pão. — Isso é verdade.
Eu disse: — Daisy em pessoa é uma antagonista monstruosa. Ela brinca com
o afeto dele, trai o marido e permite que Jay a proteja quando ela passa por cima
da amante do marido. Então, quando ele é assassinado e deixado para ser um
bobber da piscina, ela sai da cidade sem nunca olhar para trás.
— Bem —, disse ele, estendendo a mão e pegando seu copo de água, — todos
esses são pontos válidos. Ainda não acho que ela seja a vilã aqui, mas você
conseguiu derrubá-la um pouco para mim.
— Aha – a vitória é minha. — Mergulhei meu garfo na batata assada cremosa
e peguei um pedaço. — Nesse ritmo, antes de morrer, serei responsável por
colocar centenas de leitores contra Daisy Buchanan.
— Uma vida bem vivida, suponho.
Tínhamos acabado de jantar quando a sobremesa apareceu – ele tomou a
liberdade de pedir cheesecake para mim com antecedência – e quase desmaiei de
gratidão.
En ei meu garfo no cheesecake e perguntei: — Como você sabia que eu amo
cheesecake?
Ele inclinou o rosto para a frente e disse: — Eu não... eu só queria.
Eu sorri e senti o cheesecake deslizar contra o céu da minha boca. — Bem,
ainda foi legal.
— Ei, vocês, — veio uma voz atrás de mim.
Peguei minha água e tomei um gole.
Michael disse: — Ei, Lane.
A água desceu pelo tubo errado e comecei a tossir. Um pequeno esguicho
saiu da minha boca, mas eu me recuperei rapidamente, pegando o spray com
meu guardanapo, embora tenha demorado dez segundos para parar de tossir. Eu
podia sentir os olhos de todos no restaurante em mim quando Michael
perguntou: — Você está bem?
Pisquei para afastar as lágrimas e balancei a cabeça, mais alguns acessos de
tosse forçando o caminho para fora antes que eu pudesse dizer: — Estou bem.
Outra tosse.
Eu tentei um sorriso calmo enquanto respirei fundo e tentei recuperar minha
compostura.
— Odeio quando isso acontece. — Michael tentou me fazer sentir menos
envergonhada, sorrindo e dizendo: — Eu juro que acontece comigo, tipo, uma
vez por mês.
— O mesmo —, disse Laney, caminhando ao redor da mesa como se para ter
certeza de que eu pudesse ver o quão bonita ela parecia enquanto eu tentava ser
uma fonte humana. — Beber é difícil, certo?
Michael riu e ela sorriu para ele, e eu meio que tive vontade de cuspir água
nos dois. Não porque eu me importasse que eles parecessem adoravelmente
perfeitos, mas porque isso me fez sentir falta de Wes. Laney deve ter percebido
que ela estava apenas parada olhando para o meu par porque ela piscou e disse:
— Oh. Bem, eu deveria voltar para minha mesa. Divirtam-se esta noite, pessoal.
— Você também, Lane, — eu murmurei, e z um pequeno aceno com meu
garfo. Sim, algumas atitudes são difíceis de mudar.
Michael pareceu um pouco perdido por um segundo depois que ela se
afastou, mas ele se recuperou e deu uma mordida em seu cheesecake. — Uau,
isso é muito bom.
Eu balancei a cabeça e esfaqueei meu cheesecake com meu garfo, raspando o
recheio por todo o prato chique. — Sim.
Não sei o que estava pensando, mas perguntei: — Você a conhecia quando
morou aqui pela primeira vez? Laney, quero dizer.
Sua boca se curvou um pouco e ele sorriu. — Oh, sim. Ela era uma pirralha
total na época e costumava me denunciar o tempo todo no recreio quando eu
não a deixava jogar kickball com a gente. Eu odiava aquela pequena meleca.
Ok, isso me fez sorrir. — Eu também a odiava.
— Honestamente, eu esperava que ela se tornasse uma bruxa total.
Não foi?
— Mas de alguma forma ela não fez. Você sabia que ela é voluntária todo m
de semana no abrigo de animais?
— Uau. — Sério? Mesmo que eu de repente tivesse empatia com a situação
dos amantes infelizes de Michael e Laney, isso não signi cava que eu queria saber
em primeira mão que Laney Morgan era um ser humano melhor do que eu. —
Hum, não, eu não sabia disso.
— E ela está economizando para fazer uma viagem missionária neste verão.
Eu queria virar a mesa e gritar algo do tipo “Você está brincando comigo?”
Em vez disso, assenti e disse: — Não fazia ideia.
— Mas vamos falar sobre você, Liz. — Ele apoiou o queixo na mão. — Wes
me disse que você é "literalmente" a pessoa mais legal que ele já conheceu, então
você mudou muito também. Quer dizer, a última vez que te vi antes de nos
mudarmos, você usava quimono e batom vermelho vivo para um churrasco no
bairro. Você comeu seu cachorro-quente com talheres.
Eu ri com animosidade de mim mesma quando ele disse: — Isso é um inferno
de um aumento de nível.
Limpei a garganta e disse: — Wes estava exagerando. Posso não comer mais
cachorro-quente com garfo e faca, mas não mudei muito.
— Não seja modesta. — Ele puxou seu telefone e começou a rolar,
claramente procurando por algo. Depois de cerca de trinta segundos, ele
murmurou “Boom” e estendeu o telefone para eu olhar. — Vê?
Peguei seu telefone e olhei para a tela. Era um tópico de mensagens entre
Michael e Wes, datado bem na época em que Wes concordou em me ajudar.
Wes: Ela é de nitivamente fofa, mas também é legal pra caralho.
Michael: Ela é? Achei que ela sempre estava meio nervosa.
Wes: Liz é... diferente. Ela é o tipo de garota que usa vestido quando todo
mundo usa jeans. Ela ouve música em vez de assistir TV. Ela bebe café puro, tem
uma tatuagem secreta, corre cinco quilômetros todos os dias com chuva ou sol e
ainda pratica piano.
Michael: Você já parece algemado lol.
Wes: Tanto faz. Que horas você vai estar aí?
Meus olhos estavam arranhados enquanto meu coração gaguejava em meu
peito. Eu revirei os olhos exageradamente e devolvi o telefone. — Isso não é real.
— O que?
Suspirei e me ocorreu que era um bom momento para confessar. Talvez se eu
confessasse meus pecados, ele pudesse seguir seu coração e encontrar a felicidade
com Laney. Por que eles deveriam sofrer só porque eu era uma merda? Olhei
para ele e disse: — Ele estava tentando me ajudar. Pedi a Wes que falasse de mim
para você, então é por isso que ele disse tudo isso. Ele estava me fazendo um
favor.
Suas sobrancelhas franziram. — Você está falando sério?
Eu não queria tornar as coisas estranhas com ele e Wes, então apenas encolhi
o quão banal tudo tinha sido e praticamente apenas disse que Wes me fez aquele
pequeno favor.
Ele deu uma risadinha. — Você realmente não mudou muito, não é?
Isso me fez rir. — Infelizmente, não.
Continuei contando a ele sobre como meu uniforme de garçonete tinha sido
meu vestido favorito e como eu tinha totalmente inventado o The Diner, e nós
dois rimos até que nossos olhos se encheram de lágrimas.
Pedi licença e fui ao banheiro enquanto ele pagava a conta e, uma vez que a
porta se fechou atrás de mim, foi uma luta conter as lágrimas.
Porque – a mensagem de Wes. Deus. Sim, ele enviou para me ajudar, mas
todas aquelas coisas que ele disse? Eu queria que ele me visse assim. Ele foi acima
e além do que eu pedi a ele para fazer quando ele enviou aquelas mensagens, e
agora eu nunca mais seria a mesma.
— Oh. Ei, Liz. — Laney saiu do banheiro e começou a lavar as mãos.
— Ei, Laney. — Abri a torneira, embora não tivesse nem usado o banheiro, e
comecei a lavar as mãos.
— Eu amo o seu vestido – é lindo. — Ela sorriu para mim no espelho.
— Obrigada. O mesmo, só mais, — eu murmurei, e gesticulei em direção ao
longo vestido rosa.
— Você está bem?
Eu a olhei de lado no espelho. — Sim, por quê?
Ela encolheu os ombros e olhou para as próprias mãos. — Você está aqui com
Michael Young, e ele deu ores e cheesecake para você e não consegue parar de
olhar para você, mas você parece triste.
Cai fora, Lanesville.
— É por causa da sua mãe?
— O quê? — Eu estava tão chocada com suas palavras que eu parei
ensaboando as mãos. O único som no banheiro era a torneira continuando
aberta.
— Oh, sinto muito. — O sorriso de Laney diminuiu. — Eu sou sem tato.
Sinto muito por dizer qualquer coisa. Eu só penso o tempo todo – quando vejo
você – sobre como seria difícil não ter sua mãe por perto, especialmente durante
seu último ano, quando todos estão compartilhando todos esses marcos com
seus pais. Sinto muito por tocar no assunto.
Eu encarei minhas mãos espumosas e não disse nada. Laney Morgan vira algo
que ninguém mais vira e parecia totalmente estranho ser compreendida por ela.
— Não, está bem. Eu não sabia o que você queria dizer.
Ela fechou a torneira e pegou uma toalha de mão. — Ainda sim. Às vezes, não
consigo deixar de en ar o pé na boca. Eu realmente sinto muito.
Eu levantei meus olhos para o espelho enquanto enxaguava o sabonete. —
Você está certa, no entanto. É uma merda. Não é esse o meu problema no
momento, mas está sempre lá.
— Eu não posso imaginar. Minha mãe ainda fala de você o tempo todo.
— O que? — Fechei a torneira e me endireitei. — Sua mãe se lembra de mim?
Laney concordou com a cabeça. — Ela costumava vir almoçar na escola –
lembra como os pais faziam isso às vezes na escola primária?
Eu balancei a cabeça e peguei uma toalha, lembrando o quão sorridente sua
mãe era quando ela entrou na classe.
— Foi o ano em que sua mãe morreu, e ela disse que você tinha os olhos
maiores e mais tristes que ela já tinha visto e queria te levar para casa com ela. Ela
sempre costumava pedir um pedido extra de batatas fritas para o caso de você
querer, mas você sempre balançava a cabeça negativamente.
Pisquei com força então, mas não pude evitar uma lágrima de escapar. — Não
me lembro disso, mas me lembro de como sua mãe parecia perfeita.
— Oh, não, Liz, eu não queria fazer você chorar. — Laney pegou um lenço
de papel e me entregou. — Sua maquiagem é perfeita, então pare com isso.
Isso me fez sorrir e limpei meus olhos. — Desculpe.
Ela se inclinou em direção ao espelho e veri cou os dentes antes de se
endireitar. — Eu provavelmente deveria voltar. E Michael provavelmente está se
perguntando para onde foi o encontro dele.
Ela teve o mesmo piscada lenta e em câmera lenta desapontada que Michael
teve quando ela disse isso. Eu respirei pelo nariz antes de dizer: — Você sabe que
Michael só me convidou como amiga, certo? — Era praticamente verdade, então
não acrescentei isso à minha lista de mentiras que vinha se acumulando
ultimamente.
Juro por Deus, Laney Morgan parecia nervosa e estranha. Ela disse: — De
jeito nenhum! Eu vi a proposta. Isso não pode ser verdade.
— Isto é. E Michael me disse que vocês têm conversado, mas ele também
pensou que talvez você não tivesse superado seu ex. Provavelmente é por isso que
ele me convidou para o baile em vez de você para começar.
Ela parecia não saber como responder, mas algo que parecia um pouco com
esperança acendeu em seus olhos.
Olhei no espelho e passei a mão no cabelo. — Se você tem sentimentos por
ele, você vai ter que dizer a ele. Ele parece ter vergonha de se expor, e é por isso
que nunca poderia ser o protagonista de uma comédia romântica, aliás, então, se
você gosta de Mike, vai ter que ser corajosa.
Sua boca fechada se transformou em um pequeno sorriso e os olhos de
princesa da garota estavam brilhando. — Sabe, você é legal, Liz.
Eu era a antítese de legal, mas era bom ouvir. — Isso signi ca que você gosta
dele?
Ela assentiu e seus olhos caram ainda maiores. — Você não tem ideia. Eu
nunca me senti assim antes sobre ninguém.
Revirei os olhos e joguei o lenço de papel. — Bem, então não arraste os pés.
Voltei para a mesa, onde Michael parecia pronto para ir.
— Está pronta? — Ele colocou o guardanapo no prato e olhou para mim com
expectativa.
— Vamos fazer um baile.
Ele riu e nós saímos, e enquanto dirigíamos em direção ao centro de
convenções onde o baile estava sendo realizado, eu desejei poder simplesmente ir
para casa. Eu estava feliz que Michael e Laney estavam destinados a ter sua noite
mágica, mas fora isso, nada de bom poderia vir do baile.
Joss. Wes. Alex.
Todo mundo com quem eu me importava – que estava indo ao baile – não
queria me ver.
— Já terminei aquele livro, por falar nisso.
— Qual livro? — Olhei pela janela quando passamos pelo McDonald's.
Ele limpou a garganta e, quando virei a cabeça, ele me deu uma olhada. —
Aquele livro.
Isso me fez sorrir. — Claro. Como se fosse forragem de saco marrom. Esse
livro.
Ele começou a falar sobre o livro de Bridgerton, e me esqueci de tudo o mais
no mundo enquanto ele tornava-se poético sobre o quão grande era um navio
pirata. Ele e eu discutimos isso até que ele desligou o carro no estacionamento.
— Nós provavelmente deveríamos entrar, eu acho? — Olhei para o centro de
eventos pelo para-brisa e estava nervosa pela primeira vez desde que estava
esperando Michael me pegar.
— É assim que essas coisas funcionam. — Ele puxou as chaves e disse: —
Vamos fazer isso?
Passei o gloss nos lábios e abri a porta. — Vamos fazer isso.
Quando entramos, Michael entregou ao segurança nossos ingressos, e o cara
grande e careca olhou para mim com olhos entediados. — Bolsa?
Eu balancei minha cabeça e apontei para a frente do meu vestido. — Bolsos.
Suas sobrancelhas se ergueram. — Legal. Tenham uma boa noite, crianças.
— Você também.
Fomos para o Ballroom C, e no segundo que passamos pelas portas, foi como
entrar em um mundo diferente. Não, não foi mágico. Era um mundo de
recepção de casamento de cores vivas e barulhentas demais. O tema era Mardi
Gras, o que basicamente signi cava que tudo era roxo, amarelo ou verde.
— Ei – aí está Wesley. Perto do bebê de papel maché.
Eu segui o olhar de Michael e sim, havia um enorme bebê de papel machê
sentado em cima de um bolo de papel machê ainda maior. Meus olhos
procuraram Joss na multidão, mas não a vi em lugar nenhum. Meu estômago
agitou um pouco quando Michael me levou em direção a Wes.
Pare com isso, Liz.
Respirei fundo, coloquei as mãos nos bolsos deliciosos e atravessei a sala,
concentrando-me em não tropeçar nos calcanhares. “We Are Young” de Fun.
estava estridente, e ainda parecia que sempre estava – como se a banda estivesse
tentando nos convencer de algo.
— Esse é um enorme bebê, — eu disse, sorrindo enquanto nos
aproximávamos.
— Certo? Bizarro. — Michael sorriu para ele, e eu estava olhando para ele
quando uma voz gritou:
— Sra. Cabeça de batata!
Eu olhei além do bebê e lá estava Adam. Eu realmente gostava de amigos de
Wes. Eu disse: — Ei.
— Não a chame mais assim; o rosto dela está normal de novo.
Revirei os olhos para Noah, que estava parado atrás dele. — Caramba, valeu.
— Eu poderia ter dito quase normal; você deveria ser grata.
Isso me fez sorrir. — E eu sou. Obrigada pela gentileza.
— Uma gravata de Louisville? — Revirei os olhos para sua ridícula gravata de
esportes que estava coberta de cardeais vermelhos e grandes, detestáveis Ls e
disse: — Isso é, hum... não convencional.
— Mas bom, sim? — Ele passou a mão sobre ela e disse: — Cardinal-chique.
— Essa gravata é horrível —, disse Laney. Ela tinha acabado de sair da pista de
dança com Ashley. — É como se você tivesse perdido uma aposta ou algo assim.
— Liz gosta.
— Não, ela não gosta, — Adam disse, olhando para mim com uma pergunta
em seu rosto. — Você gosta?
Eu apenas sorri e encolhi os ombros quando “New Year's Day” de Taylor
Swift começou.
— Veja, ela é muito boa para dizer que ela odeia isso.
— Ou ela é muito legal para dizer que ela adora e você não tem senso de
moda.
— Bennett está ali —, gritou Noah por cima da música, e apontou para a
pista de dança. — Com Alex.
Olhei na direção que seu dedo estava apontando e meu estômago afundou
quando os vi. Eles estavam dançando, os braços de Wes em volta da cintura de
Alex enquanto os dela estavam travados em seu pescoço. Ela estava usando um
vestido vermelho que a fazia se destacar da multidão, e eu não pude pensar em
nada além de elogios para ela. Bastante romântico. Ele estava se abaixando para
poder ouvir o que ela estava dizendo, e os dois estavam sorrindo.
Eu me senti enjoada.
Ele sempre parecera tão incrivelmente bonito? E ele sempre sorriu com tanto
calor? Eu podia sentir seu carinho por ela do outro lado da sala apenas olhando
para sua boca realmente bonita.
A boca que estava na minha boca.
Quando eu o ataquei. ECA.
Eu respirei fundo.
Eu realmente tinha me apaixonado por ele, não é? Eu encarei eles, o casal
perfeito, enquanto Taylor Swift fazia minha alma doer.
Por favor, nunca se torne um estranho
Cuja risada eu poderia reconhecer em qualquer lugar–
— Você quer dançar? — Michael olhou para mim, e eu percebi que ele
provavelmente interpretou mal meu olhar de desejo como o olhar desejoso de
uma solteirona.
— Hum, ainda não, — eu disse, prendendo um sorriso em meus lábios,
embora minhas bochechas estivessem quentes e eu me sentisse mal de repente.
— A não ser que você queira?
— Nah, estou bem. — Ele balançou a cabeça em alívio. — Quer beber
alguma coisa?
O que eu queria era que ele parasse de tentar nos transformar em algo. Nós
dois sabíamos que não estava lá conosco, mas Michael parecia decidido a fazer
todos os movimentos românticos, eu comecei a noite culpada da mesma coisa,
mas rapidamente percebi que não poderia forçá-lo.
Eu deveria ter dito algo quando vimos Laney no restaurante, porque se eu
tinha aprendido alguma coisa ultimamente, era que a honestidade era a melhor
política.
Então eu disse: — Eu adoraria uma Coca Diet, mas não faça concessões até
encontrar Laney e falar com ela.
Seus olhos se estreitaram. — Desculpe?
Ele veio com um sorriso e uma porção extra de Texas no topo, mas ainda
assim não fez nada por mim. Eu estava totalmente recuperada, cheio de
anticorpos de Michael, então olhei para o rosto dele, que fazia parte de tantas
memórias de infância, e disse: — Ela não está ligada ao ex; ela está ligada a você.
Vá procurá-la.
Ele olhou para mim por um segundo, parecendo não ter ideia do que dizer.
Eu sorri para ele e balancei a cabeça, apenas para mostrar que não me
importava.
— Tem certeza? — Ele parecia preocupado, olhando para mim exatamente da
mesma maneira que ele tinha feito tantas vezes quando eu chorava
dramaticamente por causa das travessuras da vizinhança, e isso doeu um pouco
meu coração. Eu estava deixando ele ir, o sonho dele, e a pequena Liz nunca se
permitiu imaginar que isso iria acontecer.
— Sim, eu tenho certeza. — Eu ri e apontei para a massa de alunos vestidos
com roupas exageradas. — Agora vá procurá-la!
— Vem cá. — Ele me puxou para um abraço e foi estranho como me senti
emocionada. Ele falou lentamente no topo da minha cabeça, — Obrigado,
Lizzie.
Revirei os olhos e empurrei seus ombros. — Você pode ir, por favor?
Ele sorriu e me saudou, o que deveria ter sido idiota, mas foi um pouco
adorável. — Aqui vou eu!
Eu o observei sair em busca de seu nal feliz e então tirei meu telefone do
bolso. Sem mensagens. Eu o desliguei e coloquei de volta, deixando minhas mãos
nos bolsos. Olhei para o Bebê Gigante, para a falta de detalhes em seu rosto de
papel machê, e tentei contar quantas pequenos pedaços de papel foram
necessários para criar aquela coisa. Porque eu precisava de algo – qualquer coisa
– para olhar além de Wes.
Olhei para aquele bebê por sólidos cinco segundos antes de meu olhar voltar
para a pista de dança.
E, oh, meu Deus – Wes estava olhando para mim. Ele estava dançando com
Alex, mas nossos olhos se encontraram por cima da cabeça dela. Meu coração
bateu forte no meu peito e minha respiração congelou quando aqueles olhos
escuros mergulharam sobre o meu vestido, então correram para o meu cabelo,
antes de voltarem para o meu rosto.
Eu levantei uma sobrancelha como se dissesse: E daí?
Eu queria que fosse brincalhão, como uma tentativa diluída de recapturar
nossa brincadeira, mas tudo o que z foi fazer seu rosto se contrair. Ele franziu a
testa antes que ele e Alex se movessem um pouco e ele não estivesse mais de
frente para mim.
— Eu já volto, — eu murmurei, não que alguém estivesse ouvindo, e saí pela
porta nos fundos do salão de baile. Eu realmente não sabia para onde estava indo
no enorme centro de convenções, mas precisava fugir. Eu não aguentava mais
um minuto de baile e de nitivamente não aguentava Wes me olhando como se
ele me odiasse.
Eu vaguei todo o caminho até o nal do longo corredor e então vi uma
escada, que era o lugar perfeito para me esconder por um tempo. Olhei por cima
do ombro para me certi car de que ninguém estava me observando, e então abri
uma das portas de metal pesado e entrei.
— Oh, meu Deus!
— Oh! — Eu coloquei minha mão no meu peito e olhei para Jocelyn, que
estava sentada sozinha nos degraus com seus stilettos laranja no chão na frente
dela. Era quase como se ela tivesse que ser uma alucinação, porque quais eram as
chances de ela e eu estarmos escondidas na mesma escada? — Nossa. Desculpa.
Você me assustou pra caralho.
— Mesmo. — Ela inclinou a cabeça e pareceu irritada em me ver. — Charlie
mandou você me encontrar?
— Não. — Eu tinha ouvido dizer que quando Kate conseguiu um encontro
real, Cassidy e Joss decidiram seguir o exemplo, então não seriam apenas as duas,
mas eu ainda não conseguia acreditar que Joss havia concordado em ir com
Charlie Hawk. — Eu não o vi.
Eu odiava não ter ideia do que dizer a minha melhor amiga. Eu sentia falta
dela e desejava tanto poder voltar no tempo e não esconder as coisas dela. —
Estou apenas me escondendo.
— Problemas no paraíso? — Ela olhou para mim como se não gostasse de
mim. Em absoluto.
— Nah, só estou entediada. — Eu sabia que provavelmente não deveria
admitir minha tolice para alguém que já pensava que eu era uma idiota, mas não
consegui me conter. — Acontece que eu realmente não gosto de Michael desse
jeito. E ele e Laney se interessam muito, mas são realmente péssimos
comunicadores.
Ela estudou as unhas enquanto dizia: — É isso mesmo.
— Sim. — Limpei minha garganta e inclinei minhas costas contra a porta. —
Nota-se também que eu realmente gosto de Wes, mas ele realmente gosta de Alex
agora. Então.
— Um–
— E, — eu disse, engolindo. — E acontece que eu sinto muito, muito
mesmo. Eu sinto sua falta.
Joss tossiu uma risadinha, mas não sorriu. — Você acha que o fato de tudo
explodir na sua cara vai me fazer te perdoar?
— Claro que não. — Eu cavei minhas mãos mais fundo nos bolsos do meu
vestido, meu rosto cando com gotas de suor instantâneas quando percebi que
meu lugar seguro na escada estava prestes a se tornar todo confronto. — Mas
pelo menos você pode se consolar com o fato de que estou sofrendo.
— Eu não quero que você sofra.
— Ouça. — Suspirei. Eu apenas sentia muito a falta dela. — Eu sei que você
não quer ouvir isso, mas eu sinto muito por ter mentido para você. Eu sabia que
você chamaria minha atenção por tentar pegar Michael, e em vez de pensar nisso,
eu apenas fui em frente e escondi de você para que eu não tivesse que negociar.
Ela colocou os braços em volta dos joelhos. — Que movimento covarde.
— Certo? E também não deveria ter deixado você pensar que gostava de Wes.
Quero dizer, acabou sendo uma profecia autorrealizável, mas era bem
desprezível.
— Sim, foi.
— Sim. — Eu inalei e disse: — Eu vou voltar agora, então você–
— Sente-se. — Ela apontou a cabeça em direção ao degrau ao lado dela e
disse: — Eu também sinto sua falta. Estou prestes a te perdoar por todo o
desastre do baile. Mas.
Eu sentei e esperei.
— Eu sinto que algo está errado conosco ultimamente. Como se estivesse
constantemente perseguindo você. — O rosto bonito de Joss estava triste e eu
odiava que fosse minha culpa.
Ela disse: — É nosso último ano. Eu meio que nos imaginei fazendo, tipo,
tudo juntas e aproveitando ao máximo cada segundo que temos, porque
estaremos morando em lugares diferentes em alguns meses.
Ela estendeu a mão e tirou os pinos de seu coque. — Homecoming, baile,
fotos dos veteranos, pegadinhas dos veteranos – Pensei que faríamos todas essas
coisas totalmente épicas. Mas você continua desaparecendo em mim por causa
das coisas grandes.
— Eu sei. — Nunca pensei nisso da perspectiva dela. — Eu sinto muito.
— Você está lá para tudo o mais, cada pequena coisa que não importa. Mas,
tipo – você vai mesmo aparecer na formatura? Vou ter que andar sozinha? Não
sei qual é o seu problema.
— É complicado. — Parecia que essas duas palavras explicavam tudo sobre
mim. Engoli em seco e tentei fazê-la entender. — Eu sei que não éramos amigas
quando minha mãe morreu, mas foi uma merda. Tipo, claro que perder um dos
pais é uma merda, mas é uma merda. Tudo parecia solitário e triste – cada coisa.
Você poderia ter me dado cones de sorvete na Disney World com Tom Hanks
distribuindo passeios de pônei, e eu ainda teria chorado todas as noites porque
ela não estava lá.
Tirei os sapatos, inclinei a cabeça contra a parede de blocos de cimento e
fechei os olhos. — Mas, eventualmente, começou a melhorar. Não tão terrível.
Aprendi que, se conseguisse passar o dia sem chorar, poderia ir para casa e assistir
a seus lmes, o que sempre a fazia se sentir próxima.
— Sinto muito, Liz. — Ela encostou a cabeça no meu ombro e colocou os
braços em volta do meu bíceps direito.
— Tudo se tornou normal e bem, mas ultimamente é apenas... diferente.
— Diferente como?
Eu abri meus olhos e foquei no adesivo ABRA A PORTA LENTAMENTE
na saída da escada. — Eu sou uma veterana. Tudo está marcado com "última
vez'" e secretamente tudo embrulhado em família. Último baile de boas-vindas –
"Pais, reúnam-se para fotos de seus bebês". Visitas à faculdade – "Oh, meu Deus,
minha mãe era tão embaraçosa quando visitamos os dormitórios". É meu
momento, mas cada marco parece vazio sem ela, então eu nem sinto vontade de
fazer isso.
Ela ergueu a cabeça e me deu uma olhada. — Compra de vestidos?
Eu respirei trêmula. — Bingo.
— Por que você simplesmente não me contou? — Ela parecia genuinamente
magoada. — Eu sei que posso ser rápida para julgar, mas sou sua melhor amiga.
Você pode me dizer qualquer coisa.
— Eu sinto muito.
— Preciso que você me escute. Você sabe disso, certo? Que você sempre pode
falar comigo?
Eu balancei a cabeça e me inclinei para ela, suspirando e contando tudo.
Como me senti quando parecia que ela estava descartando a ausência da minha
mãe, o que Wes tinha dito sobre minha mãe e como eu vivi minha vida como se
estivesse em um de seus roteiros.
Eu disse: — Odeio dizer isso, mas acho que ele pode estar certo.
— Acha? — Ela balançou a cabeça e disse: — Bennett de niu você.
— Não, é? — Limpei minhas bochechas e me perguntei quando tinha me
tornado tão chorona. — Eu sinto muito por ter sido uma idiota.
— Bem, sinto muito ter sido uma idiota também, e vamos seguir em frente.
Ambas faremos melhor. — Ela se recostou no degrau e disse: — Então, o que
está acontecendo no salão de baile?
Eu queria abraçá-la e me entusiasmar, mas também era bom em seguir em
frente. — Eu ouvi Jessica Roberts descrevendo seus sapatos antes.
— Não estou chocada – eles são incrivelmente sexy.
Desci mais um degrau e virei de lado para poder me encostar na parede. —
Então, você está se divertindo?
Ela franziu os lábios. — Estou sentada em uma escada deserta – por escolha
própria. Faça as contas.
— Me desculpe por ter largado você.
— Não se preocupe – isso vai melhorar a memória. Quero dizer, minha
imaginação nunca poderia ter ido longe o su ciente para considerar uma
situação em que eu iria ao Chili's em um vestido de baile com um cara de
smoking.
Eu ri. Charlie era querido por todos porque era ótimo no futebol, mas ele
estava lá. Durante o segundo ano, ele usava ternos para a escola todos os dias
porque se achava so sticado. — Ele levou você ao Chili's?
— Em um smoking jeans que ama a mãe, Liz – você está perdendo a parte
mais importante.
— Ele estava sendo irônico?
— Garota, ele comprou na Amazon porque o modelo que estava usando era
legal. — Ela sorriu e balançou a cabeça. — Ele não conhece a palavra "irônico".
Mordi meu lábio para não rir. — Pelo menos ele é legal.
Joss olhou de soslaio e disse: — Ele tentou tocar minha bunda – com as duas
mãos – na primeira vez que dançamos.
— Ele está bem? Ou você en ou o corpo dele no armário de um zelador?
— Por favor; como se eu fosse cumprir pena por um cara de terno Levi's. —
Ela deu de ombros e disse: — Estou deixando a bunda dele aqui, no entanto. Eu
dirigi porque ele não tem licença e meu objetivo é continuar desaparecida até
que seja tarde demais para ele encontrar outra carona. Faça o bobo e ligue para a
mãe dele para dar uma volta.
Nós duas perdemos o controle. Estávamos gargalhando tanto que
chorávamos quando as portas da escada se abriram. Ofegamos em uníssono
quando o amigo de Wes, Noah, entrou em nosso espaço.
Ele parecia tão confuso com a nossa presença quanto nós com a dele... Eu
disse: — Noah? — Ao mesmo tempo, ele disse: — Droga, vocês me assustaram.
Jocelyn se apoiou nos cotovelos e eu gesticulei para o degrau abaixo de nós e
disse: — O que você está fazendo aqui embaixo? Achei que as crianças legais
ainda estivessem no salão de baile.
Ele se sentou e disse: — Não aguentava mais. O baile é doloroso. Você pode
car com seus amigos e conversar enquanto usa smokings desconfortáveis ou
pode dançar ao som de uma música de merda enquanto seus amigos falam sobre
você e pensam que são engraçados. E muito planejamento e dinheiro é gasto
nesta noite, mas não há como a alegria derivada ser igual ao esforço. De jeito
nenhum.
Era estranho que eu ainda pensasse que era possível que a alegria pudesse se
igualar ao esforço? Mesmo que não tenha funcionado para mim, meu coração
ainda pensava que a magia do baile era uma coisa brilhante. Talvez fosse apenas
meu otimismo desagradável mexendo com minha cabeça.
— Então, por que você veio? — Jocelyn tinha um sorriso malicioso no rosto,
mas parecia interessada em como ele responderia. — Eu concordo totalmente, a
propósito, mas por que você veio se você se sente assim?
— Pela mesma razão que você.
— E isso é…?
Ele ergueu uma sobrancelha. — Você não sabe por que está aqui?
Ela revirou os olhos. — Eu sei por que estou aqui, mas você não, então não há
como saber que compartilhamos um motivo.
Cruzei os braços e assisti-los O pouco que eu sabia de Noah era que ele era o
rei de discutir;. Ele parecia apreciar o processo de debate. Joss, por outro lado,
não tinha paciência para as pessoas que discutiam com ela.
A maioria não porque eles sabiam melhor.
Ele disse: — Tem certeza?
Ela deu uma olhada para ele.
Ele disse com um sorriso maroto: — Eu pensei que nós dois viemos ver como
um palhaço em um smoking de brim realmente se parece.
Isso a fez rir. — Você veio aqui por Charlie também?
— Oh, sim. — Seu rosto cou em seu estado sarcástico natural quando ele
sorriu e disse: — Esse terno azul realmente faz seus olhos saltarem.
— O que ele poderia estar pensando? — Jocelyn começou a rir de novo e o
sorriso malicioso de Noah se transformou em um sorriso completo. Senti que
deveria escapar, mas sabia que isso arruinaria o momento. Além disso, não estava
pronta para colocar espaço entre mim e Joss.
Ele esticou as pernas para fora e apoiou-se nos cotovelos também, a versão
masculina da magreza de Jocelyn. — Aquele cara estava pensando com seu ego.
Ele sabia que cava bem em jeans, tanto que queria ser envolvido da cabeça aos
pés naquele desconfortável tecido rígido e não extensível que mostra totalmente
sua bunda incrível.
— Oh, meu Deus —, disse Jocelyn. — Você tem que calar a boca. Você
precisa.
Passamos a hora seguinte na escada, apenas conversando. Teria sido divertido
se meu cérebro não estivesse tão preso em me lembrar de Wes e Alex. Eu o deixei
ir antes mesmo de perceber totalmente que eu mesma o queria, e agora Alex o
estava fazendo esquecer que me beijou.
Depois de rir e chorar com a impressão de Jocelyn sobre a professora de
educação física, decidimos que tínhamos terminado o baile. Cada um de nós
mandou uma mensagem de texto para nossos respectivos encontros com
desculpas, e Michael parecia bem com isso. Ele até enviou uma mensagem de
agradecimento, aliás, o que me deu esperança de que ele e Laney seriam o ciais
antes do amanhecer.
Eu estava contando os minutos até que pudesse me aquecer em minha cama,
pensando em meus erros enquanto Fitz atacava meus pés debaixo do cobertor.
Jocelyn e Noah, no entanto, decidiram quando nos aproximávamos de minha
casa que queriam ir ao pós-baile no ginásio da escola. Ambos planejavam
dispensar, mas agora que Noah estava convencido de que poderia fazer mais
lances livres que Jocelyn, minha melhor amiga super-competitiva só tinha que ir.
E ela totalmente bateria ele.
— Tem certeza que não quer entrar? — Jocelyn parou na minha garagem e
estacionou o carro. — Eu prometo que vamos tornar isso divertido.
— Não, obrigada. — Eu saí e bati a porta, então dei a volta em sua janela e
dei-lhe um meio abraço. — Mas me ligue quando chegar em casa. Qualquer que
seja o momento.
— Bennett não estará lá. — Noah me lançou um olhar de pena e disse: — Ele
me disse esta manhã que pós-baile é uma perda de tempo e que ele precisa de um
bom m de semana para dormir antes do grande jogo de segunda-feira, então ele
vai voltar para casa à meia-noite como uma avó.
Apreciei sua tentativa de me animar. Foi meio fofo. Eu disse: — Tenho um
encontro com um lme e um sorvete. Nada supera isso, mas obrigada.
— Deixe-me adivinhar. — Joss revirou os olhos. — Bridget Jones?
Dei de ombros. — Acho que estou me sentindo um pouco mais Joe Fox e
Kathleen Kelly esta noite, mas qualquer um serve.
Eles se despediram e se afastaram, mas em vez de entrar, me sentei no balanço
da varanda e olhei para a casa de Wes. A luz da sala estava acesa, o que me fez
pensar em nossos telefonemas noturnos e em esperá-lo pela janela.
Eu senti muito a falta dele.
Eu passei a maior parte da minha vida desejando que ele não estivesse sempre
lá, me irritando com seu Wes-ness, mas agora, tudo parecia vazio quando ele
estava ausente. En ei a mão no bolso e tirei meu telefone. Entrei em nossas
mensagens e digitei Ei, você, mas rapidamente apaguei porque – é claro – Wes
ainda não estava em casa. Pessoas normais cavam até o nal do baile. Pessoas
normais não estavam em casa – eu veri quei o relógio do meu telefone – nove e
meia.
Wes Bennett provavelmente estava sendo coroado rei do baile naquele exato
segundo. Ele provavelmente estava prestes a dançar com sua bela namorada, e
assim que terminasse de olhar nos olhos dela, ele esqueceria as responsabilidades
do beisebol e a levaria para uma noite fantástica de luz do fogo e beijos que
curvaram seus dedos dos pés.
Mesmo quando fechei os olhos com força, ainda podia imaginá-los se
beijando.
— Dane-se. — Abri os olhos, levantei-me e tirei a chave do bolso.
Era hora de entrar e arrancar meus olhos.
CAPÍTULO DEZESSEIS

“Quando você percebe que quer passar


o resto da sua vida com alguém, quer
que o resto da sua vida comece o mais
rápido possível.”
— Harry e Sally - Feitos Um para o
Outro

Eu deitei no sofá como um amontoado, ainda usando meu vestido de baile, mas
enrolada em um cobertor. Eu tinha acabado de cair no sofá e estava olhando
distraidamente para a tv no escuro enquanto tentava não pensar sobre o que
estava acontecendo com Wes e Alex.
Kathleen Kelly estava falando sobre “River”, de Joni Mitchell, e eu estava
sentindo cada nota melancólica daquela obra-prima.
Eu sou egoísta e estou triste
Agora que perdi o melhor bebê–
— Liz? — Helena parou de entrar na sala vindo da cozinha quando me viu e
colocou a mão no peito. — Nossa! Você me assustou pra caralho.
— Desculpa.
Ela colocou o cabelo atrás das orelhas, um tubo de Pringles debaixo do braço.
— Sem problemas. Por que você está sentada no escuro?
Dei de ombros. — Com preguiça de ligar a luz.
— Eu notei. — Ela pigarreou e colocou as mãos no bolso do moletom, de
onde pude ver duas latas de refrigerante. — E o baile?
Eu acenei com a mão. — Foi bom.
Parecia que ela queria perguntar sobre isso, mas então disse: — Bem, tudo
bem, então. Vou deixar você com seu lme. Boa noite.
Eu geralmente cava na defensiva quando ela perguntava sobre coisas na
minha vida, mas era vazio não ter ela perguntando. Fiquei envergonhada com a
maneira como agi no cemitério e, para ser honesta comigo mesma, senti falta dela
hoje.
Eu não merecia isso, mas queria que ela casse comigo. Eu estava com um
pouco de medo de perguntar, com medo de uma rejeição que eu merecia de todo
o coração, mas quando ela estava quase na escada, eu soltei: — Você quer assistir
comigo?
Eu ouvi seus passos pararem antes que ela voltasse para a sala. — Oh, meu
Deus, sim! Eu amo esse lme. Louvado seja Jesus pelos salvadores que são Meg
Ryan e Tom Hanks.
— Eu pensei que você odiava comédias românticas.
— Eu odeio lmes românticos extravagantes e irrealistas. Mas buquês de lápis
recém-apontados? — Ela se sentou ao meu lado cruzando as pernas e puxando a
tampa do Pringles. — Fique quieto, meu coração.
Assistimos por mais alguns minutos antes de ela dizer: — Então, o baile.
— Ah, o baile. — Eu chutei meus pés para fora da mesa de café e peguei um
chip. — O baile foi como ter o seu maior erro vestindo-se com roupas bonitas e
des lando na sua frente com outra pessoa.
— Inglês, por favor. Eu não entendo como esse jargão pertence ao bonito Sr.
Michael.
Suspirei. — Não pertence. É... eu não sei, apenas esqueça. Não quero pensar
mais nisso.
— Feito. — Ela mordeu um chip e disse, gesticulando para a TV: — Este é o
melhor triângulo amoroso
— Hum – é mais um quadrado do amor, se é que é uma forma de amor. —
Eu mastiguei um Pringle e disse: — Eles são apenas um quarteto que desmorona
por conta própria. Nenhum deles tem que escolher entre os outros.
— Não estou falando sobre os dois casais. — Helena tirou os refrigerantes do
bolso, entregou-me um e abriu o dela. Ela bebeu na ponta da lata e disse: —
Estou falando sobre o triângulo entre Kathleen, sua ideia de quem é NY152
online, e Joe Fox.
— Espere o quê?
— Pense nisso. Ela acha sua personalidade online encantadora. Ela gosta que
ele saiba "ir para a guerra". Ela inveja sua habilidade de matar verbalmente. — Ela
se inclinou para frente e colocou a lata na mesa. — A ideia desse homem é linda,
mas na prática ela acha que a matança verbal de Joe Fox é maldosa, e quando ele
vai para a guerra e a tira do mercado, ela o odeia.
Pisquei e abri meu refrigerante. — Puta merda – você está certa.
— Eu sei. — Ela sorriu e fez uma pequena reverência. — Às vezes camos tão
presos em nossa ideia do que pensamos que queremos, que perdemos a
maravilha do que poderíamos realmente ter.
Ela estava falando sobre o lme, mas me senti exposta. Wes estava certo sobre
uma coisa quando falou sobre os problemas da minha mãe. Não foi intencional,
mas eu estava vivendo minha vida como se eu fosse um de seus personagens,
como eu estava tentando agir, fora as partes que eu pensei que ela teria escrito
para mim.
Eu o afastei e fui para o “mocinho”, quando na realidade não havia apenas
pessoas leais e con áveis e jogadores com intenções questionáveis no mundo.
Havia Weses lá fora, caras que quebraram os moldes e explodiram esses dois
estereótipos para fora da água.
Ele era muito mais do que um Mark Darcy ou um Daniel Cleaver.
E então haviam Helena – mulheres inteligentes e irreverentes que não tinham
ideia de como tocar piano ou cuidar de um jardim de rosas, mas elas estavam
sempre lá, apenas esperando você perceber que precisava delas.
— Quero dizer —, disse Helena, — ela quase deixou 152 marcas de pústulas
irem – você pode imaginar?
— Helena. — Pisquei rápido, mas foi impossível clarear meus olhos. Minha
voz parecia constrangida quando eu disse: — Sinto muito pelo que eu disse a
você antes. Por tudo. Não quero perder o que poderíamos ter. Eu não quis dizer
isso quando disse para você parar.
— Oh. — Seus olhos se arregalaram um pouco e ela inclinou a cabeça. —
Está tudo bem.
— Não está.
Ela me deu um abraço e fungou. — Só saiba que não quero tomar o lugar da
sua mãe. Eu só quero estar aqui para você.
Fechei meus olhos e senti algo quando deixei seu abraço me cercar.
Eu me senti amada.
E eu soube naquele momento que minha mãe iria querer isso. Sério. Ela
gostaria – acima de tudo – que eu fosse amada. Eu disse: — Eu também quero
isso, Helena.
Estávamos ambas fungando, o que nos fez rir. O momento derreteu e
voltamos aos nossos lugares, lado a lado no sofá. Decidi, enquanto ela devorava
batatas fritas e migalhas por todo o moletom manchado, que estava feliz por ela
ser tão diferente da minha mãe. Era bom que as linhas entre elas nunca pudessem
ser borradas.
Eu limpei minha garganta. — Você acha que estaria tudo bem eu chamá-la de
minha madrasta agora?
— Contanto que você não adicione "mal" como um pre xo.
— Por que mais eu iria querer dizer isso, então? Você tem que admitir que é
um título poderoso.
— Suponho que sim. E eu amo o poder.
— Vê? Eu sabia. — Olhei para a porta de vidro deslizante da cozinha e minha
mente foi para a área secreta. Virei-me para Helena no sofá e disse: — Então, o
baile. Basicamente, o resultado nal é que eu escolhi o cara errado.
— Você pegou meu refrigerante? — Ouvi meu pai descer correndo as escadas
antes de entrar no quarto vestindo calça de pijama Peanuts e uma camiseta,
sorrindo. Então ele pareceu preocupado e disse: — Ei, querida, eu não sabia que
você já estava em casa.
— Sim, acabei de voltar.
Helena apontou para meu pai e me deu uma olhada antes de dizer a ele: —
Shh – ela estava prestes a me contar sobre o baile.
— Finja que não estou aqui. — Meu pai se jogou no pequeno espaço entre
Helena e o braço do sofá e tomou um gole de seu refrigerante.
Revirei os olhos e contei a eles sobre Laney e a percepção de que não tinha
interesse no cara que pensei que o destino havia me enviado. Então eu tive que
dizer a eles quão idiota eu fui com Wes depois do nosso beijo (exceto que eu disse
“encontro” para que meu pai não surtasse), apenas para que eles entendessem o
quão mal eu estraguei tudo. Eu imaginei o rosto de Wes no baile, olhando para
mim, e disse: — Então agora é tarde demais. Ele está com uma garota que o
adora e não o trata como um lixo. Por que ele iria querer olhar para trás?
Eles ouviram tudo antes que meu pai sorrisse para mim como se eu fosse
incrivelmente estúpida. — Porque você é você, Liz.
— Eu não sei o que–
— Oh, você não sabe, não é? — Helena tirou o pó da frente da blusa e disse:
— Esse menino gosta de você desde que você era criança.
— Não, ele não gosta. — Suas palavras zeram um zumbido de esperança
começar em meus ouvidos e pontas dos dedos, embora eu soubesse que ela estava
errada. — Ele tem mexido comigo desde que éramos crianças.
— Oh, você está tão errada. Diga a ela, querido. — Helena cutucou meu pai
com o cotovelo. — Conte a ela sobre o piano.
Meu pai colocou o braço em volta de Helena e apoiou os pés na mesa de
centro. — Você sabia, Liz, que Wes costumava sentar-se na varanda dos fundos e
ouvir você praticar piano? Fingimos não vê-lo, mas ele estava sempre lá. E
estamos falando há muito tempo, quando ele era um pouco chato e você era
péssima no piano.
— De jeito nenhum. — Eu me esforcei para lembrar quantos anos tínhamos
quando o piano estava posicionado na sala dos fundos. — Ele fez?
— Ele fez. E você realmente acha que ele se importou com aquela vaga de
estacionamento pela qual vocês brigaram no ano passado?
— Ele de nitivamente se importava. Ele ainda quer. Foi isso que o fez
concordar em me ajudar.
Pensei no dia chuvoso em sua sala de estar quando sugeri o plano pela
primeira vez. Ele parecia um estranho naquele dia, quando eu tive que implorar
para ele me deixar entrar. Biscoitos e leite, as piruetas de Wes – parecia uma vida
atrás.
— Liz. — O sorriso de Helena era obscenamente grande. — A mãe dele o
deixa estacionar atrás do carro dela. Ele sempre parava em sua garagem, mas
então do nada, bem na hora em que você pegou seu carro, ele começou a
estacionar na rua.
Meu queixo caiu. — O que você está dizendo?
Ela bateu no meu braço e disse: — E não estou dizendo outra coisa senão que
acho que ele estava atrás daquele lugar porque queria um motivo para falar com
você. Faça o que quiser com isso.
Era possível? De certa forma, era impossível acreditar porque ele estava fora do
meu alcance. Ele era popular, atlético e ridiculamente gostoso. Eu deveria
acreditar que ele estava a m de mim antes mesmo de eu perceber quem ele
realmente era? Que ele gostava de mim há, tipo, muito tempo? Eu cavei meus
dedos em meu cabelo e puxei um pouco. — Eu não tenho ideia do que fazer.
Meu pai subiu depois disso, mas Helena e eu assistimos o resto do lme antes
de ir para a cama. Eu tinha acabado de fechar minha porta quando Helena bateu.
— Liz?
Eu a abri. — Sim?
Ela estava sorrindo para mim no corredor escuro. — Seja corajosa o su ciente
para crescer, ok?
— O que isso signi ca?
Ela encolheu os ombros. — Eu não sei. Só... se você vai fazer isso, não
economize, eu acho.
Seja corajosa o suficiente para crescer.
Continuei repetindo suas palavras enquanto estava deitada na cama. Tentei
dormir, mas entre ouvir o carro de Wes e imaginar todas as coisas que ele e Alex
poderiam estar fazendo, tudo o que z foi me deitar infeliz.
Até que me acertou.
Seja corajosa o suficiente para crescer.
CAPÍTULO DEZESSETE

“Aqui está o acordo. Eu amo você. Eu sei


que eu faço. Porque nunca estive tão
assustado em toda a minha vida. E uma
vez eu compartilhei um elevador com
Saddam Hussein. Só eu e Saddam. E
isso é muito mais assustador. Eu amo
você.”
— Casal Improvável

— Eu estava errada sobre tudo. Estou incrivelmente feliz por Michael ter
voltado, mas apenas porque me permitiu conhecer o verdadeiro você. Todo esse
tempo você estava bem aqui – na porta ao lado – e eu não tinha ideia de como
você é incrível, — eu sussurrei para mim mesma. Eu estava tremendo, tremendo
de frio quando ouvi o carro de Wes estacionar na garagem.
— Hora do show. — Eu balancei meus dedos frios e parei de praticar minha
fala. Eu inalei lentamente, pelo nariz, ao ouvi-lo desligar o motor e, um segundo
depois, ouvi a porta do carro bater.
Coloquei meu cabelo atrás das orelhas e z uma pose super fofa-mas-muito-
casual em uma das cadeiras e esperei que ele encontrasse meu bilhete.
Depois da citação do lme épico de Helena sobre crescer, decidi que ela estava
certa e quei muito ocupada. Primeiro, liguei meu computador musical e
procurei nas gavetas da mesa até encontrar um CD em branco. Havia algo sobre
manter o produto tangível da curadoria cuidadosa de música que eu ainda
amava, a tecnologia que se dane.
Peguei a playlist de Wes e Liz que z depois do beijo e coloquei no CD. Tinha
todas as músicas que discutimos sobre e todas as músicas que experimentamos
juntos. Rapidamente z a arte da capa do álbum – nossas iniciais dentro de um
coração feito de ketchup – e imprimi, depois recortei com cuidado para que
coubesse na caixa.
Assim que terminei, coloquei jeans e o enorme moletom de Wes, que de
alguma forma acabou na minha bolsa de roupas para vomitar (e com a qual eu
dormia todas as noites). Meu cabelo e maquiagem ainda estavam razoavelmente
intactos, então eu coloquei meus Chucks recém-alvejados e perfeitamente
brancos de novo, rabisquei as palavras ME ENCONTRE NA ÁREA
SECRETA com uma Sharpie em um pedaço de papel de impressora e preenchi
uma caixa de sapatos com os suprimentos necessários.
Eu corri para a varanda para deixar o bilhete antes de correr para a Área
Secreta, onde instalei o CD player portátil, comecei uma fogueira, organizei as
coisas de s'mores e coloquei tudo no lugar.
Então eu me aconcheguei em um cobertor e esperei.
E esperei e esperei e esperei.
E cochilei algumas vezes.
Mas agora ele estava nalmente em casa. Oh, céus. Oh, Deus, eu estava tão
nervosa. E então – espere, o quê? – ouvi a batida de uma segunda porta de carro.
Eu chupei meus lábios. Merda, merda, merda. Talvez ele apenas pegou algo
de seu carro. Talvez não houvesse alguém com ele.
— Wes!
Eu ouvi a risadinha excitada, e poderia muito bem ter sido a risada de um
palhaço malvado pelo que isso fez com meu pulso. Tentei espiar por entre os
arbustos, mas não consegui ver nada. As vozes estavam se aproximando, então
subi na minha cadeira para ver se conseguia ver melhor de um ponto de vista
mais elevado.
Bolas sagradas. Eu podia ver à luz da lua cheia em Wes e Alex estavam
caminhando pelo quintal em direção a onde eu estava parada com meu orgulho
totalmente exposto e um saco cheio de guloseimas embaraçosas.
— Merda! — Todas as evidências tinham que ser apagadas. Eu chutei a caixa
de suprimentos de s'mores, com a intenção de jogá-los em um arbusto e fora de
vista. O pânico explodiu dentro de mim enquanto a caixa voava e lançava
biscoitos e marshmallows na água, utuando no topo da fonte.
Merda, merda, merda.
Peguei o CD player e caí de joelhos, desesperada para car escondida na
escuridão. Mas a máquina antiga escorregou de minhas mãos e caiu no chão,
fazendo com que oito baterias tamanho D fossem ejetadas.
Dane-se. Eu me livrei da bagunça e fugi para o grande arbusto, rastejando em
minhas mãos e joelhos em direção ao outro lado. Se eu rastejasse todo o caminho
até a outra extremidade da Área Secreta, talvez eu pudesse cortar–
— Liz?
Fechei os olhos por um segundo antes de me endireitar lentamente e car de
pé. Eu colei um sorriso no meu rosto quando Wes e Alex olharam para mim. —
Ei, pessoal. E aí? Baile de formatura divertido, certo?
— Não é? Oh, meu Deus. — Alex, Deus a abençoe, agiu como se não fosse
fora do comum eu estar rastejando na escuridão atrás da casa de Wes. — Eu
pensei que teria um ataque cardíaco quando Ash foi coroado.
— Eu sei, — eu respirei, sorrindo como se soubesse do que ela estava falando
enquanto observava a expressão séria e estóica no rosto de Wes. — Momento de
ataque cardíaco total. Tipo, o quê? Ash foi coroado?
— O que você está fazendo aqui? — Wes perguntou, olhando para mim com
uma expressão ilegível que fez as pontas das minhas orelhas queimarem. Ele
provavelmente estava chateado por eu estar no caminho de uma possível
sedução.
Ele a trouxe lá para isso? Eles estavam esperando que eu saísse para que eles
pudessem chegar lá? Por alguma razão, pensar neles juntos era cem vezes pior
quando envolvia a Área Secreta.
— Eu, hum, eu segui meu gato até aqui mais cedo e… — Eu apontei para
minha casa enquanto as palavras deixavam de fazer sentido para mim. — Eu
deixei cair algo e pensei que poderia ter rolado para baixo deste arbusto.
E eu apontei para a oresta de Wes como uma criança perturbada.
— Seu gato não sai.
Fiz uma careta e disse: — Sim, ele sai. Na verdade, não, você está certo. Ele
saiu correndo.
— Mesmo? E o que você perdeu? — Ele não parecia nem um pouco
divertido.
— Hum, era dinheiro. Um centavo. — Limpei a garganta e disse: — Deixei
cair uma moeda e rolou. Então sim. Eu estava aqui, procurando meu centavo.
Era da sorte.
— Seu–
— centavo. Sim. Mas não importa. Eu não preciso disso. — Limpei minha
garganta novamente, mas o aperto simplesmente não ia embora. — O centavo,
sabe? Quer dizer, quem precisa de um centavo, certo? Minha madrasta os joga
fora, pelo amor de Deus.
Os dois apenas olharam para mim, e as linhas duras do rosto de Wes me
zeram sentir saudades do nosso antes, de seus olhos sorridentes antes de eu
arruinar tudo. — É estranho como às vezes pode haver um centavo que está,
tipo, sempre lá, e você acha que não precisa e nem gosta, certo?
Alex inclinou a cabeça e franziu as sobrancelhas, mas nem uma única coisa no
rosto de Wes mudou enquanto eu divagava.
— Então você acorda um dia e seus olhos se abrem para ver como os centavos
são incríveis. Como você não percebeu antes, certo? Quero dizer, eles são as
melhores moedas de todos os tempos. Melhor do que todas as outras moedas
combinadas. Mas você não foi cuidadoso e perdeu seu centavo e só queria poder
fazer seu centavo entender o quanto você se arrepende de não tê-lo valorizado,
mas é tarde demais porque você o perdeu. Sabe?
— Liz, você precisa de algum dinheiro emprestado? — Alex olhou para mim
e eu estava quase chorando de novo.
Eu balancei minha cabeça e disse: — Hum, não, obrigada, eu tenho que
correr – embora eu esteja sem um tostão, ha ha ha, então vocês se divirtam. —
Eu dei um passo para trás e z um pequeno gesto com a mão. — Não façam
nada que eu não faria.
Pare de falar, sua idiota!
Eu senti – sem olhar – que eles ainda estavam olhando para mim enquanto eu
pulei a cerca de Wes e corri pelo meu quintal.
CAPÍTULO DEZOITO

“Mas, você sabe, a questão do romance


é que as pessoas só ficam juntas bem
no final.”
—Simplesmente Amor

— Obrigada. — Peguei a sacola do funcionário do McDonald's, joguei-a no


banco do passageiro e fui embora. Era meia-noite, e eu passei a última hora
apenas dirigindo por aí, puxando Adele e cantando soluçando, e tentando car
longe por tempo su ciente para Alex ter saído e Wes ter entrado. Eu preferia ter
feito quase qualquer coisa no mundo do que ver qualquer um deles, então
mandei uma mensagem para Helena e acabei de cruzar a cidade.
E meu pai era a pessoa mais legal do planeta por não ter me enviado uma
única mensagem de texto de advertência quando ele sabia que eu estava
dirigindo sem rumo depois da meia-noite. Devia estar matando ele.
Eu considerei comprar sorvete no caminho para casa, mas não estava
realmente acordada para realmente sair do meu carro, então me decidi pelos
arcos dourados. Eu só queria ir para casa e comer tristemente, assistir a um lme
e tentar esquecer o quanto havia me humilhado.
Um centavo. Sério? Eles provavelmente riram de mim até que caíram nos
braços um do outro e zeram sexo perfeito.
— Droga. — Peguei um punhado de batatas fritas e en ei na boca antes de
puxar para o The Spot. Não era mais meu – era de Wes para sempre – mas no
momento eu não me importava. Seu carro estava na garagem, então dane-se.
Em vez de sair depois de estacionar em paralelo, no entanto, só quei ali
sentada, devorando minha comida e ouvindo rádio. Sair do carro e atravessar a
rua parecia trabalhoso naquele momento de cansaço, e eu também estava com
medo de topar com o casal feliz. Seria apenas minha sorte passar por ali no exato
momento em que decidissem car quente e pesado em sua garagem, ou algo
igualmente apavorante.
Terminei minha comida e estava bebendo meu milk-shake de chocolate com
o assento meio reclinado quando ouvi uma batida na janela.
— Merda! — Eu pulei, e meu milkshake viscoso respingou no moletom de
Wes. Olhei pela janela embaçada e pude ver um corpo alto em uma jaqueta.
Alguém, por favor, me mate.
Limpei minha boca com os dedos, coloquei meu assento de volta e abaixei a
janela. Dei a ele um sorriso frio. — Sim?
Wes olhou para mim. — O que você está fazendo?
— Hum... estacionando.
— Eu vi você estacionar dez minutos atrás. Tente novamente.
— Uau. Muito perseguidor?
— Eu queria falar com você, então sim, eu estava esperando. Mas agora acho
que talvez você nunca saia desse carro.
Revirei meus olhos e abaixei meu shake. Aparentemente, eu teria que
enfrentá-lo e minha total humilhação duas vezes em uma noite. Que incrível. Saí
do carro e fechei a porta. Cruzei meus braços e olhei para o rosto dele. — O que
você precisa?
— Bem, para começar, preciso que você explique o que aconteceu antes.
Meu coração doeu quando olhei para ele. Seu cabelo estava despenteado,
como se ele tivesse passado a mão por ele cem vezes, e ele estava vestindo a camisa
para fora da calça e a calça do smoking por baixo da jaqueta. Ele estava uma
bagunça absoluta, e meus dedos coçaram para tocá-lo.
Eu estreitei meus olhos e agi confusa. — Você está falando sobre quando eu
perdi minha–
— Não. — Ele me lançou um olhar de advertência e disse: — Não diga
"centavo".
— Desculpe. — Baixei os olhos para os meus sapatos e murmurei: — Moeda
da sorte.
— Mesmo? Você está aderindo a isso?
Eu apenas dei de ombros e olhei para meus Chucks, sem ideia sobre o que
dizer. Tudo o que planejei dizer a ele durante toda a minha fase de coragem
parecia muito difícil de dizer depois de vê-lo com Alex. Especialmente quando
ele parecia tão infeliz em me ver na Área Secreta.
Eu ainda não conseguia acreditar que ele a levou de volta lá.
Suas narinas dilataram e ele disse: — Bem, isso explica tudo.
— Por que você parece bravo comigo? — Eu levantei meus olhos para o rosto
dele e esperei por uma resposta. Fui eu quem desejou entrar em combustão
espontânea. Por que ele estava irritado?
Sua mandíbula exionou antes de dizer: — Porque eu odeio jogos.
— Quais jogos?
— Quais jogos? — Seus olhos estavam quentes, e sim – ele estava louco. —
Você ganhou seu precioso Michael, mas assim que olhei duas vezes para Alex,
você está gravando este CD inacreditável e divagando sobre moedas da sorte de
uma forma que me faz pensar que sou a moeda naquele cenário especí co.
Enquanto usava meu moletom de beisebol. O que você está fazendo comigo?
— Você viu o CD? — Mordi o interior da minha bochecha e me perguntei
quanta humilhação uma pessoa poderia suportar antes de literalmente matá-la.
Porque, ao imaginar as iniciais do ketchup que coloquei na capa do CD, senti
que estava perto de entrar em combustão e utuando suavemente no chão como
cinzas.
Ele en ou as mãos nos bolsos do casaco. — Eu não sou bobo, Liz. Eu
também vi o bilhete, os suprimentos de s'mores encharcados e o CD quebrado.
— Oh. — Eu respirei estremecendo quando seus olhos escuros me
encararam. Então eu soltei: — Então, você gosta dela?
Suas sobrancelhas franziram como se ele não esperasse a pergunta, o que era
justo, porque eu não esperava perguntar.
Mas eu precisava saber.
Ele engoliu em seco e eu pensei que ele não iria responder, mas então ele disse:
— Alex é ótima.
— Oh. — Eu esperava que meu rosto não mostrasse o quão perto eu estava
de chorar, como aquela única sílaba foi como um soco no estômago. — Bem,
sim. Eu tenho que ir.
Dei um passo em torno dele, mas ele agarrou meu braço e me parou. — É
isso? Você não vai explicar o que foi tudo isso?
— Não importa agora.
— Pode importar.
— Não importa, ok? — Tentei soar leve e fácil, como se estivesse bem com
tudo quando ele largou a mão. — Fiz o CD e criei uma cena embaraçosa porque
percebi que Michael não é a pessoa em quem não consigo parar de pensar, e
queria contar a você. Quer dizer, ele é ótimo, mas estar com ele não é nada como
comer hambúrgueres com você, ou fugir para a Área Secreta para fazer
marshmallows e olhar as estrelas, ou brigar com você por uma vaga no
estacionamento. Mas demorei muito para descobrir isso, e agora você está com
Alex.
Ele abriu a boca, mas eu balancei minha cabeça.
— Não. Está tudo bem, eu entendo. Ela é perfeita e doce, e por mais que eu
odeie dizer isso, você merece alguém como ela. — Eu respirei fundo, trêmula,
enquanto aqueles olhos escuros me faziam sentir muito por tudo que eu z para
nos trazer aqui. — Porque eu estava errada, Wes. Você é bom.
Ele coçou o queixo e olhou além de mim, rua abaixo. Em seguida, ele xou os
olhos no meu rosto e disse: — Essa não é a única coisa sobre a qual você está
errada.
— O que? — Deixe que ele me chute quando eu cair. — Do que você está
falando?
— Você está errada sobre Alex. Ela não é perfeita.
— Bennett, ninguém é totalmente perfeito – vamos lá. — Eu não pude
acreditar em sua coragem. — Ela está bem perto, no entanto.
— Eu suponho.
— Você supõe? O que diabos poderia estar faltando nela? Você quer seios
maiores ou algo assim? Ela não está...
— Ela não é você.
— O que?
— Ela. Não. É. Você.
Eu fechei minha boca e olhei para ele, com medo de acreditar que ele estava
dizendo o que parecia que estava dizendo.
— Ela é bonita, mas seu rosto não se transforma em luz do sol quando ela fala
sobre música. — Ele apertou a mandíbula e disse: — Ela é engraçada, mas não é
engraçada-de-cuspir-sua-bebida-de-surpresa.
Parecia que meu coração ia explodir quando seus olhos se moveram para os
meus lábios sob o brilho do poste de luz zumbindo. Ele moveu seu rosto um
pouco mais perto do meu, olhou nos meus olhos e disse: — E quando eu a vejo,
não sinto que tenho que falar com ela ou bagunçar seu cabelo ou fazer algo –
qualquer coisa – para conseguir que ela lance aquele olhar em mim.
Minhas mãos tremiam quando coloquei meu cabelo atrás da orelha e respirei:
— Você não bagunça meu cabelo há muito tempo.
— E isso está me matando. — Ele deu um passo mais perto, o que me
pressionou contra a lateral do meu carro. — Eu me apaixonei por provocar você
na segunda série, quando descobri que eu poderia tornar suas bochechas rosadas
com apenas uma palavra. Então eu me apaixonei por você.
Tenho certeza de que meu coração estava desenvolvendo uma arritmia com
cada palavra que ele dizia. — Então você e Alex não são–
— Não. — Ele se abaixou e enrolou os cordões do meu moletom – seu
moletom – em torno de suas mãos. — Nós somos apenas amigos.
— Oh. — Meu cérebro estava tentando acompanhar, mas seu rosto bonito
estava tornando isso difícil. Isso e sua presença repentina no meu espaço pessoal,
sem mencionar o puxão suave dele me puxando para mais perto. Eu estava
confusa. — Bem, por que você agiu como se quisesse que eu dissesse sim à
proposta de Michael?
— Você o ama desde o jardim de infância. — Seus olhos eram tudo que eu
podia ver quando ele disse baixinho: — Eu não queria que nosso beijo
atrapalhasse isso se fosse o que você realmente queria.
Como eu pensei que Wes era outra coisa senão incrível? Eu nem tentei
impedir o sorriso apaixonado de tomar conta do meu rosto quando coloquei
minhas mãos em seu peito e disse: — O que eu realmente queria era ir com você.
— Bem, você poderia ter me dito isso, Buxbaum. — Sua voz era apenas um
sopro entre nós quando disse: — Porque só de ver você com aquele vestido me
fez querer dar um soco em nosso bom amigo Michael.
— Fez?
Ele puxou o cordão. — Isso não deveria te fazer feliz.
— Eu sei. — Eu estava revelando todas as minhas emoções enquanto sorria
para ele, mas não pude evitar. Eu não poderia me conter e ser legal mesmo se
tentasse. Porque a ideia de Wes car com raiva de Michael – e com ciúme – de
mim era simplesmente maravilhoso. — Mas faz. É tão meloso.
— Esqueça meloso. — Ele soltou as cordas e deslizou as mãos pelos lados do
meu rosto até que ele estava segurando em suas palmas grandes. Eu respirei
quando sua boca abaixou, e meu cérebro sugeriu a música perfeita para esse nal.
Ou melhor, esse começo.
Eu estive procurando por um longo tempo,
Por alguém exatamente como você
Nosso beijo foi sem fôlego e selvagem e Wes se afastou muito cedo. Ele passou
os braços em volta de mim, me pegou e me levou para o porta-malas do meu
carro.
Ele sorriu depois de me abaixar e disse: — Você percebe que poderíamos ter
feito isso por anos se você não fosse um pé no saco?
— Nah – eu não gostava de você até recentemente.
— Inimigos para amantes – é nosso plot, Buxbaum.
— Meu pobre e confuso amorzinho. — Uma risadinha percorreu meu corpo
antes de colocar minhas mãos em seu rosto e dizer enquanto o puxava de volta
para mim: — Apenas cale a boca e me beije.
Toque Bazzi.
EPÍLOGO

“Uma garota nunca vai esquecer o


primeiro garoto de que gosta.”
— Ele Não Está Tão a Fim de Você

“Mas ela também nunca vai esquecer o


primeiro garoto que odeia.”
—Liz Buxbaum

Joguei o crisântemo amarelo brilhante no buraco e cobri as raízes com terra. O


sol do início de setembro estava quente no meu rosto quando eu plantei as
ores, mas dava a sensação de um dia em transição, como se seu calor fosse
apenas para se exibir e totalmente desprovido da força que outrora possuía.
— Já que você tem margaridas no verão, pensamos que seria bom para você
ter crisântemos no outono. — Eu olhei para a lápide da minha mãe e me
perguntei como eu enfrentaria a distância. Demorei uma hora até partir para a
Califórnia e, embora logicamente eu soubesse que era bobagem, uma pequena
parte de mim estava preocupada que me sentiria perdida sem nossas conversas
diárias.
— Foi tudo ideia de Helena. — Wes tomou um gole d'água antes de pegar o
saco de terra para vasos e dizer para a lápide de minha mãe: — Não deixe sua lha
levar todo o crédito.
Tinha sido ideia de Helena. Ela e eu tivemos muitas boas conversas depois do
baile, e ela foi super compreensiva sobre a minha dor. Em vez de tentar me
convencer de que deveria seguir em frente ou me fechar, ela comprou um
banquinho para o cemitério – com uma linda almofada oral – para que eu não
tivesse que sentar no chão.
Ela também comprou para mim uma jaqueta feita de pelo de alpaca porque
leu que os fantasmas sabem por natureza que o usuário desse material não é uma
ameaça. Ela me obrigava a usar todas as vezes que ia ao cemitério depois de
escurecer, porque não queria que eu fosse possuída pelo demônio ou por um de
seus lacaios.
Eu estava realmente começando a amar minha madrasta idiota.
— Ele tem razão. — Eu disse, mostrando minha língua para Wes. — Mas eu
adoro a ideia. Assim, mesmo que eu não esteja aqui, minhas ores vão
desabrochar ao seu lado.
— A menos que morram porque Liz é uma jardineira horrível.
Eu sorri e lancei a espátula em sua direção. — Isso poderia realmente
acontecer. Seu polegar verde – e francamente, seu desejo de ter um – está
claramente pulando uma geração.
Wes pegou a ferramenta de jardinagem como se esperasse o lançamento e
levou os suprimentos para o carro. Limpei minhas mãos na minha calça jeans e
sentei nos calcanhares. Era um pouco difícil de acreditar que Wes e eu iríamos
embora para a Califórnia depois que terminássemos o ensi médio, mas parecia
certo. Ele sempre esteve lá – o menino chato da porta ao lado – e agora ele seria o
menino chato do dormitório ao lado.
Acontece que Wes era um lançador rock star e recebeu ofertas de escolas de
todo o país. No nal, ele escolheu a UCLA, mas garantiu que eu soubesse que
não tinha nada a ver comigo. Acredito que suas palavras exatas tenham sido:
Então estamos totalmente livres para nos livrarmos um do outro em Cali, sem
nenhuma culpa estranha. Este é apenas um acidente estranho que estamos indo
para a mesma escola, não qualquer besteira de amor.
E então ele me deu um sorriso infantil e um beijo que me fez esquecer meu
nome.
Por alguns meses agora, Wes tinha ido comigo para o túmulo da minha mãe
algumas vezes por semana. Ele geralmente se afastava para que eu pudesse falar
com ela – faça chuva ou faça sol – mas ele sempre voltava a tempo de dizer adeus
à minha mãe e dizer a ela algo sarcástico sobre mim.
Era cafona, e eu o adorei por isso.
— Bem —, eu disse, — provavelmente deveríamos ir, porque devemos
encontrar papai, Helena e Joss em dez minutos.
Estávamos nos encontrando em um café para o café da manhã, e então meu
pai e Helena estavam dirigindo o U-Haul para a Califórnia enquanto Wes e eu
seguíamos em seu carro.
Eu me levantei e olhei para ele enquanto ele fechava o porta-malas. Ele estava
vestindo a camiseta que eu comprei para ele como um presente de formatura;
dizia BRO FEMINISTA EDUCADO. Eu comprei para ser engraçado, mas ele
usava o tempo todo.
Combinou com seu sorriso espertinho.
Eu o observei contornar o carro e abrir a porta traseira, onde o Sr. Fitzpervert
estava sentado em sua transportadora com meu cachecol xadrez favorito, orelhas
levantadas e ouvindo todos os ruídos externos que o cemitério tinha a oferecer.
Wes o chamava de Sr. Fuzzy com Roupas Idiotas e agia como se não gostasse de
gatos, mas também sempre o coçava exatamente no lugar que Fitz gostava atrás
da orelha. E enquanto eu estava lá, vendo-o falar com meu gato, percebi a
verdade.
Wes era o mocinho do lme. Sim, ele era engraçado e festeiro, mas também
era con ável, compreensivo e leal. Mesmo que eu percebesse depois do baile que
eu não precisava que ele fosse, ele era um Mark Darcy.
Só que melhor.
Eu estava prestes a dizer isso em voz alta, para minha mãe, quando Wes olhou
para mim com aquele sorriso que eu amava. — Você está pronta, Buxbaum? O
Sr. Fuzzy está cando com fome e eu também.
Foi ideia de Wes escolher um lugar com assentos ao ar livre para que Fitz
pudesse aproveitar o ar livre em sua transportadora antes da longa viagem de
carro.
Como eu poderia não amá-lo?
— Sim. — Eu estreitei meus olhos para ele, mas arruinei o efeito sorrindo. —
Mas é "Sr. Fitzpervert", seu idiota.
Comecei a andar em direção a ele, mas quando olhei de volta para a lápide da
minha mãe, quase tropecei. Porque um cardeal pousou no galho de cerejeira
pendurado ao lado dela. Ele era vermelho brilhante e lindo, apenas sentado no
galho e olhando na minha direção.
Pisquei rapidamente e estreitei os olhos quando ele abriu o bico e cantou a
mais doce melodia.
Voltei-me para Wes, e ele estava olhando por cima do meu ombro. Eu disse:
— Você também vê, certo?
Ele deu um aceno de cabeça. — Puta merda.
Nós dois camos ali, olhando para o pássaro. Depois de outro momento, ele
voou para longe, mas meu coração se sentiu mais leve, como se minha mãe
quisesse ter certeza de que eu sabia que ela estava feliz com a minha partida.
Limpei minha garganta e o encarei. — Esta pronto?
— Você está bem? — Ele deu dois passos e estava lá, envolvendo seu grande
corpo em torno do meu. Ele passou a mão nas minhas costas e disse no meu
cabelo: — Porque podemos car o tempo que você quiser, Liz.
— Estou ótima, na verdade. — Eu me afastei e me permiti olhar para seu
rosto bonito, para a pessoa que sempre esteve lá para mim, mesmo quando eu
não queria que ele estivesse. — Vamos comer.
A PLAYLIST DE WES E
LIZ

1. Someone Like You | Van Morrison


2. Paper Rings | Taylor Swift
3. Lovers | Anna of the North
4. ocean eyes | Billie Eilish
5. Bad Liar | Selena Gomez
6. Public Service Announcement (Interlude) | Jay-Z
7. Up All Night | Mac Miller
8. How Would You Feel (Paean) | Ed Sheeran
9. Hello Operator | The White Stripes
10. Paradise | Bazzi
11. Sabotage | Beastie Boys
12. Feelin’ Alright | Joe Cocker
13. Someone Like You | Adele
14. Monkey Wrench | Foo Fighters
15. Bella Luna | Jason Mraz
16. Forrest Gump | Frank Ocean
17. Electric (feat. Khalid) | Alina Baraz
18. Kiss | Tom Jones
19. Enter Sandman | Metallica
20. Death with Dignity | Sufjan Stevens
21. We Are Young | fun. feat. Janelle Monáe
22. New Year’s Day | Taylor Swift
23. River | Joni Mitchell
24. Paradise | Bazzi
AVISO

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