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Propostas de resolução

P11 diplomata, missionário, literato, Vieira viveu uma época conturbada,


Sugestão de resposta entre as cortes europeias e os sertões brasileiros, foi confidente de
poderosos e auxiliador dos desfavorecidos. Dedicou os últimos anos
DESAFIO
de vida a fixar a vasta produção literária: sermões, cartas, tratados,
1. Efeitos negativos da pandemia: distanciamento social, intervenções sociais e políticas. Deixou incompleta a obra História
doença, morte, interrupção das atividades letivas, interrupção do Futuro. A sua obra constitui uma síntese perfeita da cultura luso-
das atividades económicas, … brasileira do período barroco.
Oportunidades: familiarização com as tecnologias digitais,
novas oportunidades de negócio; diminuição da poluição; …
P32
2. O título joga com o facto de a população estar "enjaulada"
Sugestão de resposta
em casa e comunicar através de pequenos ecrãs.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1.1. O conceito predicável que serve de fio condutor ao
P13
sermão é o tema latino “Vos estis sal terrae”.
Sugestão de resposta
1.2. A repetição anafórica da expressão "ou é porque" tem
LEITURA | GRAMÁTICA um efeito rítmico na construção das frases e leva o auditório à
1.1. F; 1.2. V; 1.3. V; 1.4. F; 1.5. F reflexão sobre comportamentos que se pretende corrigir.
2. (B) 2. Os argumentos mais recorrentes neste sermão são os
3. (A) argumentos de autoridade, ou seja, o recurso a figuras ou situações
4. (D) bíblicas ou ao exemplo dos Doutores da Igreja: “Este ponto não
resolveu Cristo, Senhor nosso, no Evangelho; mas temos sobre ele a
5. "escritores"
resolução do nosso grande português Santo António, que hoje
6. a) epistémica; b) probabilidade celebramos, e a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum
7. Oração subordinada substantiva completiva. santo tomou.” (ll. 33-36) e “Os outros santos doutores da Igreja
8. Complemento indireto. foram sal da terra; Santo António foi sal da terra e foi sal do mar”
(ll. 59-60).

P15 3. Entre a referência ao exemplo de Santo António e o último


parágrafo do exórdio há uma relação de causa-efeito, pois o caso
Sugestão de resposta
exemplar de Santo António leva o orador, à maneira do santo, a
Leitura | Oralidade voltar-se “da terra ao mar” e a “pregar aos peixes”, dado o
1.1. "A língua portuguesa não é só portuguesa, talvez nunca desinteresse dos homens, em quem a pregação não faz efeito.
tenha sido. " 4. A inserção desta pequena narrativa é imprescindível para a
"Uma das mais encantadoras magias linguísticas é criar uma posterior utilização da alegoria. Por outro lado, o exemplo de
ponte entre os seus falantes respeitando, ao mesmo tempo, a Santo António reforça a urgência da mudança de comportamento
individualidade do ser." e de atitude perante situações semelhantes de corrupção em
contextos que a presença do mar aproxima. Esta narrativa
constitui, ainda, um exemplo narrativo que deverá constituir um
P27
modelo inspirador para todos os pregadores.
Sugestão de resposta
LEITURA | ESCRITA
P33
1.
Sugestão de resposta
Imagem A: 4.
GRAMÁTICA (pág. anterior)
Imagem B: 3.
1.1. Oração subordinante: “é lançá-lo fora como inútil"
Imagem C: 5.
Oração subordinada adverbial final: "para que seja pisado de
Imagem D: 1.
todos.”
Imagem E: 2.
1.2. Oração subordinante: “Pregava Santo António em Itália
2. Nascido em Lisboa, a 6 de fevereiro de 1608, e falecido em na cidade de Arimino, contra os hereges"
Salvador da Baía, a 18 de julho de 1697, António Vieira atravessou
quase todo o século XVII. Jesuíta, professor, pregador, político,

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Propostas de resolução

Oração subordinada adjetiva relativa explicativa: "que nela fragmento do discurso de Ellen Johnson Sirleaf, tem a função
eram muitos." de argumento de autoridade, uma vez que se trata da
1.3. Oração subordinante: "ouçam-me os peixes.” reprodução das palavras de uma personalidade que obteve o
Prémio Nobel da Paz.
Oração subordinada adverbial causal: “Já que me não querem
ouvir os homens".
1.4. Oração subordinante: “O mar está tão perto" P37
Oração subordinada adverbial consecutiva: "que bem me Cenário de resposta
ouvirão.” 1. 1 e); 2 f); 3 a); 4 c); 5 b); 6 d)
1.5. Oração subordinante: “espero" 2.
Oração subordinada substantiva completiva: "que me não ALTER
falte com a costumada graça”. a) outro; altruísmo; alteridade
– amor desinteressado ao próximo
P34 (ao outro); filantropia
Sugestão de resposta – condição do que é outro, do que é distinto ou diferente
LEITURA EQUU-
1. O Padre António Vieira foi, durante toda a vida, uma b) cavalo
personalidade que perseguiu sonhos e lutou por causas, como
equídeo; equitação; equino
a liberdade dos índios e a integração de cristãos-novos,
empenhando-se sempre em combater os vícios de "grandes" equestre
e "pequenos". – família de mamíferos que incluiu os cavalos, jumentos e
2. O tema deste artigo de opinião está explícito no primeiro zebras
período do texto: "O tamanho dos sonhos deve sempre exceder a – técnica de andar a cavalo
capacidade atual de realizá-los." – relativo a cavalo
3. A. "como aprendemos a sonhar? E, porventura ainda mais CURA-
importante, como podemos incutir nos outros a vontade de c) cuidado; diligência
sonhar?"
curativo; curador/curadoria; descurar
B. "Só recentemente me apercebi de que o erro não está nas
sinecura; incúria
respostas, mas sim na pergunta que fazemos repetidamente a
todas as crianças, adolescentes e jovens adultos." – ato de curar; tratamento

C. "Uns anos mais tarde, pretender ser médica, professora ou – o que cura/ o que exerce a função de curadoria (o que está
atriz continua a ser visto pela sociedade como algo de incumbido de cuidar dos bens ou interesses de quem esteja
ambicioso." impossibilitado de fazê-lo)

D. "E eu, constantemente, e com alguma dose de desespero, – descuidar; negligenciar


questiono-me: para onde foi a ambição?" – emprego ou cargo rendoso que exige pouco trabalho
E. "Em primeiro lugar, são ambiciosas. Mas, por outro lado, (“tacho”)
espelham o imaginário visível da realidade de cada criança." – descuido; negligência
CAPUT
P35 d) cabeça; decapitar
Sugestão de resposta capital; capitado; capitoso; capítulo
4. Neste artigo de opinião, encontramos vários recursos – cortar a cabeça; degolar
expressivos ao serviço do ponto de vista que se defende. –de relevo; principal
A interrogação retórica é o mais recorrente e está presente sempre – provido de cabeça
que se pretende chamar a atenção para o conteúdo de uma frase – de cabeça grande; teimoso; presunçoso
interrogativa e não propriamente obter uma resposta para a
– divisão de livro (do lat. capitulum- diminutivo de caput:
pergunta colocada: "para onde foi a ambição?"
cabeça pequena)
A inserção de uma citação, no início do texto, reproduzindo um

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Propostas de resolução

3. P45
1. A. Locutor; 2. D. Equitativo; 6. As características literárias deste excerto, a sua natureza
3. B. Decente; 4. C. Pediatra; satírica e alegórica ultrapassam as circunstâncias que
5. A. Doloso; 6. D. Vianense; motivaram o sermão e permitem a sua reinvenção constante,
7. B. Pediforme; 8. C. Jasmim ao longo do tempo. De natureza religiosa, o sermão
transforma-se em espetáculo e a crítica atinge os pecados do
P39 mundo e as paixões humanas – a vaidade, a cobiça, a
adulação, a corrupção e a repressão – a coberto da alegoria.
Sugestão de resposta
LEITURA | ESCRITA
ORALIDADE
1. O texto associa a vandalização da estátua do Padre António
Vieira, em Lisboa, ao desconhecimento do percurso de vida e 1.1. (C)
do trabalho do missionário. O título reforça esta perspetiva, 1.2. (D)
através das palavras de Alice Vieira. 1.3. (A)
1.4. (A)
p44 1.5. (C)
Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA P47
1. O pregador é o Padre António Vieira e os ouvintes são os Sugestão de resposta
habitantes do Maranhão, que assistem à pregação no dia de
LEITURA
Santo António do ano de 1654.
1.
2. Alegoricamente, repete-se no sermão o sucedido com
Santo António: Vieira prega no Maranhão, tal como Santo 1. D.
António terá pregado em Rimini, e os “peixes” (os 2. E.
maranhenses, neste caso) levantam a cabeça das águas para 3. A.
o escutar. Na realidade, Vieira é o verdadeiro ator em palco e 4. B.
representa a figura de Santo António, pregando. Esta atitude
5. F.
teatral é proporcionada pela sobreposição da identidade entre
os dois Antónios, complementada pela sobreposição dos 6. C.
auditórios real (homens) e ficcional (peixes).
3. Para articular o final do capítulo I e o início do capítulo II, o P48
orador recorre ao verbo “pregar”, retomando o episódio Cenário de resposta
bíblico narrado no capítulo I, em que Santo António falou aos 1. a) "Não creio"
peixes, e recorre à alegoria, falando ele próprio também aos
b) "Não creio, camaradas, que esteja convosco"
peixes.
c) "acho meu dever"
4. a)“E onde há bons e maus, há que louvar e que repreender.
Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, d) "julgo poder dizer"
peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar- e) "Mas"; "Então"
vos-ei as vossas virtudes, no segundo repreender-vos-ei os f) "Mas fará isto simplesmente parte da ordem da Natureza?";
vossos vícios.” (ll. 19-22) "mil vezes não"
5. O princípio da liberdade aparece valorizado ao longo do texto, g) "camaradas"
direta ou indiretamente, através de expressões como: “Falando
dos peixes, Aristóteles diz que só eles, entre todos os animais, se
não domam nem domesticam” (ll. 41-42); “Os peixes, pelo
contrário, lá se vivem nos seus mares e rios, lá se mergulham nos
seus pegos, lá se escondem nas suas grutas, e não há nenhum
tão grande que se fie do homem, nem tão pequeno que não fuja
dele” (ll. 48-51).

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Propostas de resolução

P51 peixes; a partir deste momento, o orador identificará os vícios:


Sugestão de resposta “Antes, porém, que vos vades, assim como ouvistes os vossos
louvores, ouvi também agora as vossas repreensões.” (ll. 1-2)
LEITURA | ORALIDADE
2. Voracidade dos peixes:
2. Sugestões:
“a primeira coisa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos
Amanda Gorman;
comeis uns aos outros” (l. 3-4).
Gandhi;
Voracidade dos homens:
Greta Thunberg;
“também os homens se comem vivos assim como vós” (l. 34).
Frederico Garcia Lorca;
“Cuidais que só os Tapuias se comem uns aos outros?” (l.19).
Charles de Gaulle;
Antítese entre grandes e pequenos:
Winston Churchill;
a) “A maldade é comerem-se os homens uns aos outros, e os
General Humberto Delgado; que a cometem são os maiores que comem os pequenos” (ll.
John Fitzgerald Kennedy; 56-57).
Martin Luther King; b) “Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes
Miguel Torga; comem os pequenos” (l. 4-5).
Dalai Lama; c) “Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para
Nelson Mandela; muitos pequenos: mas como os grandes comem os pequenos,
não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande” (ll. 6-8).
Andrei D. Shakarov;
3. A oposição entre "grandes" e "pequenos", usada em
Madre Teresa de Calcutá;
sentido literal no caso dos peixes, conhece, no excerto, uma
José Calvet de Magalhães; ampliação de cariz político e sociológico. Deste modo, os
Charlie Chaplin; "grandes" são os poderosos e os "pequenos" simbolizam os
Mikhail Gorbachev; explorados, num contexto em que o homem funciona como
agressor do seu semelhante, como “lobo do próprio homem”
Barack Obama;
(homo homini lupus).
Steve Jobs;
4. O verbo “comer” ocorre várias vezes no excerto e, quando se
Marie Fatayi-Williams;
refere aos homens, significa abuso e exploração
(…) desenfreada, sugerindo a ideia de um mundo desconcertado,
ESCRITA perigoso e injusto.
Sugestão de tópicos: 5. No primeiro parágrafo do texto, o orador recorre à gradação
• corrupção; para, de uma forma crescente, ampliar a gravidade do erro dos
peixes: o facto de se comerem uns aos outros. Começa por
• degradação dos valores morais;
apresentar o vício e, de seguida, explicita toda a sua gravidade:
• materialismo;
"não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande" (ll.
• futilidade; 7-8).
• vaidade;
• falta de solidariedade; P55
• falta de comunicação; Sugestão de resposta
• (…) EDUCAÇÃO LITERÁRIA
6. Este excerto do sermão constitui um momento de denúncia e
P54 de sátira social e política. A situação explosiva que se vivia no
Sugestão de resposta Maranhão justificou a alegoria, procedimento já utilizado por
Gil Vicente em algumas das suas peças. Vieira evita, assim, não
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
só expor-se literalmente à crítica, recorrendo a recursos
1. O início do capítulo IV do sermão apresenta uma viragem expressivos característicos da época, mas também reforçar a
marcada pelo conector “porém”. Deste modo, entre os sua autoridade apropriando-se do exemplo de Santo António,
capítulos II e III e o capítulo IV, verifica-se uma relação de pregador-modelo, que corresponde a um ideal de pregação.
oposição: até este momento fez-se o elenco das qualidades dos

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Propostas de resolução

7. Neste excerto, parte-se do sentido literal, a partir da análise caracteriza-se o seu comportamento, que é confrontado com
do comportamento dos peixes para o sentido alegórico, figuras e exemplos bíblicos, destinados a sustentar a tese do
refletindo sobre o comportamento dos homens. Compara-se, pregador e a ilustrar o caminho a seguir na emenda do vício
ainda, o comportamento das tribos homofágicas do sertão apontado.
brasileiro com as atitudes do homem citadino. 4. São várias as frases de caráter proverbial ou sentencioso
Temas: exploração dos mais fracos pelos poderosos que surgem no texto: “Os arrogantes e soberbos tomam-se
Experiências: vida na cidade, morte de um indivíduo. com Deus; e quem se toma com Deus sempre fica debaixo”
(ll. 34-35); “Chegai-vos embora aos grandes, mas não de tal
Valores: solidariedade, procura do bem comum, castigo por
maneira pegados, que vos mateis por eles, nem morrais com
comportamentos condenáveis.
eles” (ll. 98-99); “Quem quer mais do que lhe convém, perde
o que quer e o que tem” (ll. 137-138). Estas referências
P56 constituem argumentos de autoridade.
Sugestão de resposta
LEITURA | GRAMÁTICA P62
1. (D) Sugestão de resposta
2. (B) EDUCAÇÃO LITERÁRIA (pág. 64)
3. (A) 1.1. b) "O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um
4. (B) monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela;
5. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa. com aquele não ter osso, nem espinha, parece a mesma
brandura, a mesma mansidão. " (ll. 3-5)
6. Predicativo do sujeito.
c) "Fizera mais Judas?" (l.16)
d) "O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a
P57
primeira traição e roubo que faz é a luz, para que não distinga
Sugestão de resposta as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois
LETURA | ESCRITA Judas em tua comparação já é menos traidor!" (ll. 20-22)
1. Pontos de vista apresentados no excerto: e) "Mas ponde os olhos em António, vosso pregador, e vereis
– Vieira foi um mestre na utilização da língua portuguesa nele o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da
como orador e como escritor, visando sempre uma verdade, onde nunca houve dolo, fingimento ou engano." (ll.
persuasão de ordem ética. 38-40)
– Vieira foi um excelente pensador. f) "o dito polvo é o maior traidor do mar". (l.7)
– Vieira foi um mestre da vida. 1.2. b) "Tenho acabado, irmãos peixes, os vossos louvores e
– Vieira enfrenta os problemas do seu tempo. repreensões" (l. 42)

– Ler os textos de Vieira ajuda-nos a responder aos desafios c) "Só resta fazer-vos uma advertência muito necessária, para
da atualidade. os que viveis nestes mares."; "Importa, pois, que advirtais,
que nesta mesma riqueza tendes um grande perigo, porque
todos os que se aproveitam dos bens dos naufragantes, ficam
p61 excomungados e malditos." (ll. 42-58)
Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA P63
1. Neste novo capítulo, o orador vai particularizar a crítica, Sugestão de resposta
referindo os defeitos de alguns peixes, de forma alegórica.
d) "E quis mostrar o Senhor que as penas que S. Pedro ou seus
2. O orador refere os Roncadores e a sua arrogância, os sucessores fulminam contra os homens que tomam os bens dos
Pegadores e o facto de serem parasitas, os Voadores e a sua naufragantes, também os peixes por seu modo as incorrem
ambição desmedida. morrendo primeiro que os outros, e com o mesmo dinheiro que
3. O excerto organiza-se peixe a peixe, ou vício a vício, em engoliram atravessado na garganta." (ll. 73-77)
sequências bem definidas. Em cada uma dessas sequências, a e) "Para os homens não há mais miserável morte, que morrer
estrutura seguida é sempre a mesma: identifica-se o peixe, com o alheio atravessado na garganta". (ll. 78-80)

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Propostas de resolução

EDUCAÇÃO LITERÁRIA (pág. 64) 2.5. Vocativo.


2. Neste excerto, abundam as sensações visuais em frases ou
expressões como as seguintes: «com aqueles seus raios ORALIDADE (PÁG. SEGUINTE)
estendidos, parece uma estrela» (ll. 3-4); «se vestir ou pintar das
1.1. O argumento é apresentado com clareza (A
mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado»
distribuição do rendimento, da riqueza e das oportunidades não
(ll. 8-9); «Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se
se deve basear em fatores dos quais as pessoas não possam
branco» (l. 11). No final do parágrafo, apela-se ao sentido da
reclamar crédito. Não se deve basear em fatores arbitrários do
visão de forma explícita: «Vê, peixe aleivoso e vil» (ll. 21-22).
ponto de vista moral).
Deste modo, ao longo do excerto, valoriza-se o sentido da visão
O argumento é apoiado na exemplificação através da
pelo seu efeito persuasivo e poder demonstrativo.
explicitação de duas teorias da justiça rivais: a aristocracia
3. a) Na frase, está presente uma comparação. O polvo é
feudal, que é rejeitada atualmente, uma vez que as perspetivas de
comparado a um monge, pela forma como a sua cabeça se
vida das pessoas seriam determinadas pelo acaso do seu
assemelha ao capuz do hábito dos monges.
nascimento (lotaria biológica e social); e a teoria de que deve haver
b) A expressão "hipocrisia tão santa" é antitética, igualdade formal de oportunidades.
apresentando um caráter paradoxal. Esta expressão associa
duas ideias contraditórias, recorrendo à ironia, enfatizada pelo
P65
paralelismo com a expressão anterior (“aparência tão
modesta”) e pelo advérbio "tão". ORALIDADE (CONT.)
c) Os verbos "vestir" e "pintar" estão usados O argumento é contraposto, pois Rawls considera que esta
metaforicamente, pois referem-se ao modo como o polvo última teoria não vai suficientemente longe, uma vez que o facto de
muda camaleonicamente de cor. todos poderem participar na corrida pela igualdade de
oportunidades não garante a justiça da corrida, pois nem todos
d) Neste exemplo, encontramos uma construção paralelística da
partem do mesmo ponto. Há fatores arbitrários, como a educação e
frase que recorre à repetição anafórica de "se está", criando
a família, que podem influenciar as tuas oportunidades.
uma cadência e um efeito musical que favorecem a
memorização e prendem a atenção dos ouvintes. O argumento é reformulado e apoiado por um exemplo
de um sistema mais justo de igualdade de oportunidades:
e) Nesta frase, a interrogação retórica realça as consequências
do comportamento do polvo. a meritocracia, que coloca todos no mesmo ponto de partida antes
de a corrida começar, apresentando exemplos.
f) A expressão "salteador" é aqui usada metaforicamente,
aludindo à atitude repentina do polvo quando pretende atacar 1.2. O discurso de Sandel é realizado num contexto de sala de aula
uma vítima. (anfiteatro universitário) e visa a explicação da teoria da justiça,
nomeadamente o princípio da diferença do filósofo John Rawls.
g) Na expressão "peixe aleivoso e vil" temos presente uma
apóstrofe, pois o orador dirige-se de forma direta ao polvo, É um discurso pedagógico, neste sentido recorre frequentemente à
utilizando a forma sintática do vocativo. repetição e à paráfrase, reformulando ideias anteriormente expostas.
Para clarificar a teoria de Rawls e cativar o auditório utiliza-se a
metáfora da corrida.
P64
Sugestão de resposta
P66
GRAMÁTICA (PÁG. SEGUINTE)
Sugestão de resposta
1.1. Oração subordinada adverbial temporal.
LEITURA | ORALIDADE
1.2. Oração subordinada substantiva completiva.
1. O orador deste discurso é um porco velho ("já fiz doze anos e
1.3. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa. tive mais de quatrocentos filhos. Esta é a vida normal de um
1.4. Oração subordinada adverbial final. porco"). O auditório é constituído por diferentes animais de uma
1.5. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva. quinta ("O nosso trabalho lavra a terra, o nosso estrume
fertiliza-a").
2.1. Predicativo do sujeito.
2. A tese apresentada pelo orador é a seguinte: "O Homem é a
2.2. Complemento direto.
única criatura que consome sem produzir".
2.3. Sujeito.
3. a) 1.ª pessoa: "Por mim não me queixo".
2.4. Modificador do nome apositivo.
2.ª pessoa: "E tu, Clover".

7
Propostas de resolução

3.ª pessoa: "é o senhor de todos os animais". P76


b) "Vocês, vacas"; "E vocês, galinhas"; "E tu, Clover". Sugestão de resposta
c) "E que foi feito desse leite que devia servir para criar EDUCAÇÃO LITERÁRIA
vigorosos vitelos?" 1. Neste excerto, o orador faz uma nova repreensão aos
peixes, acusando-os de ignorância e cegueira, como se vê na
P67 frase: “Outra cousa muito geral, que não tanto me desedifica,
quanto me lastima em muitos de vós é aquela tão notável
LEITURA | ORALIDADE
ignorância e cegueira que em todas as viagens experimentam
(PÁG. ANTERIOR)
os que navegam para estas partes” (ll.1-3).
d) "Por mim não me queixo, porque sou um dos felizes: já fiz
2. Esta interrogação pretende realçar o facto de os homens no
doze anos e tive mais de quatrocentos filhos. Esta é a vida
Maranhão também se deixarem enganar, no sentido de os
normal de um porco, mas nenhum animal escapa, no fim, à faca
obrigar a pensar. É o orador quem responde a esta pergunta
cruel. Vocês, porcos novos, que estão na minha frente, dentro de
retórica, salientando que os presentes são constantemente
um ano terão de soltar o grito que marca o fim da vida."
enganados por mercadores que vêm da Europa e que,
EDUCAÇÃO LITERÁRIA explorando a sua vaidade, os enganam.
1. As frases “quero-vos aliviar de uma desconsolação mui
antiga” (ll. 2-3) e "Peixes, dai muitas graças a Deus de vos livrar
P77
deste perigo" (ll. 13-14) apresentam apóstrofes ao interlocutor
que o orador escolhe metaforicamente neste sermão para se LEITURA | GRAMÁTICA
dirigir aos homens: os "peixes". Há no texto uma reversibilidade 3. (C)
entre peixes e homens, conjugando-se o sentido literal com o 4. (B)
sentido figurado.
5. "anzol"
2. O orador considera que os peixes têm em tudo mais
6. Sujeito
vantagens ("Em tudo o que vos excedo, peixes, vos reconheço
7. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
muitas vantagens"), uma vez que não ofendem a Deus e
atingem sempre o fim para que Deus os criou. Contrariamente, o 8.
pregador ofende a Deus com palavras, com o pensamento, com a) pronome relativo.
a vontade e não atinge o fim para que Deus o criou ("Ah que b) pronome pessoal.
quase estou por dizer que me fora melhor ser como vós").
ESCRITA
9. O “Sermão de Santo António (aos Peixes)” recorre a
P68 inúmeras estratégias que contribuem para a sua eficácia
Sugestão de resposta argumentativa.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (PÁG. ANTERIOR) Na verdade, o discurso engenhoso do pregador deslumbra o
3. Neste capítulo, encontramos expressões que assinalam o final auditório e é capaz de influenciar o seu comportamento. A
do discurso, recorrendo o orador a estratégias persuasivas finais associação original de ideias, através de metáforas (“vosso
eficazes. A peroração abre com uma recapitulação: "Com esta grande pregador, que também foi rémora vossa”) ou de
última advertência vos despido, ou me despido de vós, meus comparações (“O polvo com aquele seu capelo na cabeça
peixes" (l. 1). O hino de louvor final (ll. 31-34) pretende comover parece um monge”), conquista os ouvintes. Do mesmo modo,
os ouvintes, levando-os a subscrever as conclusões do orador. a alegoria dos peixes aliada ao vocabulário marítimo estrutura
A inversão final entre os vocábulos "glória" e "graça" sugere a este Sermão e a realidade figurada veicula as ideias sociais e
transposição dos peixes para os homens. Assim, já que os peixes religiosas do pregador. Também as citações bíblicas, em latim,
não são capazes de nenhuma destas virtudes, sejam-no os causam grande impacto e fornecem “verdades”, conferindo
homens. Reforça-se, deste modo, a mudança necessária – a autoridade às palavras do orador, tal como as afirmações
conversão dos homens, pois só em graça os homens podem dar proverbiais aumentam a sua credibilidade. Os afetos e as
glória a Deus. emoções estarão conquistados.
Em suma, a linguagem e a teatralidade do pregador estão ao
serviço da função persuasiva do sermão: convencer os ouvintes
a pôr em prática os ensinamentos da doutrina cristã.

8
Propostas de resolução

P82 P85
LEITURA | ORALIDADE Sugestão de resposta
GRUPO A ORALIDADE
– Guerra civil (1832-1834) entre liberais e absolutistas (Dois 1. A análise do texto e do paratexto permitem inferir os
irmãos: D. Pedro e D. Miguel) diferentes contextos de produção da obra de Garrett.
– Disputa na sucessão após a morte de D. João VI A. Dramaturgo que apresenta a sua obra.
– Independência do Brasil B. Orador num discurso político parlamentar.
GRUPO B C. Escritor de uma narrativa.
– António Feliciano de Castilho: representante da tradição D. Poeta.
literária
– Alexandre Herculano: escritor comprometido com o ideal P87
liberal e introdutor do Romantismo
Sugestão de resposta
– Almeida Garrett: escritor que lutou pelos ideais liberais, na
LEITURA
escrita e na vida pública
1. Garrett teve uma ligação muito forte à causa liberal desde
– Camilo Castelo Branco: escreveu várias obras onde critica a
os seus estudos universitários até ao momento em que se
sociedade tradicional e anuncia uma sociedade moderna
torna visconde, em 1851, o que foi considerado por muitos
– Ramalho Ortigão: integrou ao lado de Eça de Queirós a uma traição aos seus ideais.
Geração de 70, conhecida como revolucionária pelos novos
ideais que defendia
P88
– Júlio Dinis contribuiu com a sua obra para a criação do
romance moderno em Portugal Sugestão de resposta

GRUPO C 1. Informações espaciais e temporais.


2. Luxo da habitação, localização à beira Tejo (Almada),
As personalidades apresentadas viveram intensamente os
retrato do dono da casa.
seus ideais e lutaram por eles, sacrificando, muitas vezes a
vida pessoal (p. ex. Almeida Garrett esteve envolvido Sugestão de resposta
diretamente na guerra civil a lutar ao lado dos liberais) EDUCAÇÃO LITERÁRIA
GRUPO D (pág. seguinte)
Resposta pessoal 1. A didascália inicial permite situar a ação no tempo
(princípio do século XVII) e num espaço físico preciso que dá
para o exterior, a margem esquerda do rio Tejo (“um eirado
P84
que olha sobre o Tejo e donde se vê toda Lisboa”.) Além
Sugestão de resposta disso, o espaço é caracterizado de forma a salientar a
1. elegância, o luxo, a modernidade, o bem-estar ou mesmo a
Imagem A: Garrett, o soldado alegria que as peças de decoração, as sugestões cromáticas e
as janelas rasgadas transmitem.
Imagem B: Garrett, o visconde
Imagem C: Garrett e o Porto
P89
Imagem D: Garrett, o parlamentar
2. Enquanto Inês de Castro viveu tranquilamente um amor
Imagem E: Garrett, o renovador do teatro nacional
verdadeiro, embora curto, D. Madalena tem consciência de
2. João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu a 4 que os seus contínuos temores não lhe têm permitido gozar o
de fevereiro de 1799 no Porto e refugia-se em 1809 na ilha seu amor pelo seu marido. Entre as duas há, portanto, uma
Terceira, a fim de escapar à segunda invasão francesa. É oposição marcada pela adversativa “Mas eu!…”
considerado o iniciador do Romantismo em Portugal,
GRAMÁTICA
refundador do teatro português, criador do lirismo moderno,
criador da prosa moderna, jornalista, político, legislador. 1. (B)
Garrett é um exemplo de aliança inseparável entre o homem 2. (D)
político e o escritor, o cidadão e o poeta. 3. (C)

9
Propostas de resolução

4. (A) P100
5. (D) Sugestão de resposta (cont.)
6. Valor restritivo. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
2.
p90 1.
Sugestão de resposta a) "O pobre de meu amo… respeito, devoção, lealdade, tudo
lhe tivestes (…) mas amor! (…) tão nobre e honrada
1.
Cronologia: senhora"
1.ª metade
Portugal do século XIX b) "depois daquela funesta jornada de África (…) viúva, órfã
• Romanismo e sem ninguém (…) e com dezassete anos!"
tardio
(1830-1849) Projeção: 2.
• Poemas de Romantismo:
idealismo e arte e
Garrett (marcam cultura a) "(…) acabado escolar (…)
o início do sentimento
nacional em geral
Romantismo fidalgo de tanto primor e de tão boa linhagem; (…) é guapo
português)
• Agitação política cavalheiro, (…) honrado fidalgo, bom português"
e social: crise e
guerra civil Ideologia: rutura, b) "tão bom mareante (…) um cavaleiro de Malta! (…)
contestação e
afirmação do Aquele caráter inflexível)"
"eu"
3.
p93 a) "Tem treze anos feitos;
Sugestão de resposta Um anjo (…) coração! É delgadinha (…) Há de enrijar; (…)
ORALIDADE um anjo de tal formosura e de bondade (…) que lhe quero
mais do que seu pai; Compreende tudo!"
1. Tempo conturbado para Portugal sob domínio espanhol.
b) "tem crescido de mais (…)nestes dois meses últimos; (…)
não é (…) muito forte.; Maria tem uma compreensão (…);
P99 Abençoou-nos Deus na formosura, no engenho, nos dotes
Sugestão de resposta admiráveis daquele anjo (…); a curiosidade daquela criança,
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (PÁG. 100) aguçando-lhe o espírito – já tão perspicaz!"
1.1. A cena II é uma espécie de prólogo da peça,
caracterizando personagens e integrando o espetador no P101
universo da obra, no que respeita ao que será o Sugestão de resposta (cont.)
desenvolvimento da ação. Por outro lado, também se podem
4. a)"espelho de cavalaria e gentileza, aquela flor dos bons
inferir vários aspetos sobre a relação entre as personagens.
(…) meu, nobre amo, meu santo amo!"
Esta cena tem uma função predominantemente informativa de
b) "meu Senhor D. João de Portugal (…) meu primeiro
fornecer dados importantes ao espetador.
marido")
1.2. Proposta de esquema:
5. a) "Mas os ciúmes que meu amo não teve nunca (…)
a) Caracterização de personagens presentes e ausentes tenho-os eu"
(Telmo, D. Madalena, D. Maria, D. João de Portugal, D. Manuel
b) "Conheci-te de tão criança (…) o escudeiro valido, o familiar
de Sousa Coutinho).
quase parente, o amigo velho e provado de teus amos (…);
b) Relação entre personagens (Telmo/ Madalena; Madalena/ Quitaram-te alguma coisa da confiança, do respeito – do amor e
Manuel de Sousa Coutinho; Madalena/D. João;… carinho;(…) fiel servidor (…) leal amigo (…) ascendente no
c) Informações factuais sobre a época (lutas entre castelhanos espírito de Maria (…) Quase que és tu a sua dona, a sua aia de
e portugueses; alterações públicas na cidade; peste em criação"
Lisboa). 3. O número 7 indica o fim de um ciclo e o número 21 significa
d) Informações culturais (decadência do latim, divulgação de 3 X 7, ou seja, corresponderá a três ciclos periódicos. Assim, 7
Os Lusíadas, mito de D. Sebastião). anos foi o ciclo da busca de notícias sobre D. João de Portugal;
14 anos (2 X 7) é o tempo de vida em comum de Madalena e
Manuel e 21 anos (3 X 7) completará a tríade de 7, podendo

10
Propostas de resolução

apresentar-se como o encerrar do círculo dos 3 ciclos 3. Maria acredita no regresso de D. Sebastião e D. Madalena
periódicos. não quer acreditar.
4. Telmo faz questão de relembrar D. Madalena que ela nunca
amou o seu primeiro marido e que casou com Manuel de P105
Sousa Coutinho sem provas de que D. João tivesse
Sugestão de resposta
efetivamente morrido em Alcácer Quibir. Como não crê na
morte de seu antigo amo, refere a carta escrita por ele na EDUCAÇÃO LITERÁRIA
véspera da batalha, na qual afirmava: “Vivo ou morto, 1. Maria acredita que D. Sebastião está vivo e que há de
Madalena, hei de ver-vos (…)” (ll. 151-152). Assim, estes regressar num “dia de névoa muito cerrada”(Cena III, l. 10),
agouros de Telmo intensificam os receios de D. Madalena, pois essa é a crença do povo: "Voz do povo, voz de Deus"
certa de que “esse fantasma, cuja sombra, a mais remota, (Cena III, l. 15).
bastaria para enodoar a pureza daquela inocente, para Madalena, pelo contrário, desvaloriza a crença popular e
condenar a eterna desonra a mãe e a filha!…” (ll. 188-190) assenta a sua argumentação no que lhe dizem Frei Jorge e
provocaria uma tragédia familiar. Lopo de Sousa, que aceita como verdadeiro.
2. Maria, tal como qualquer jovem de treze anos, dá largas à
P103 sua imaginação, deixando-se deslumbrar pelo oculto e pela
aventura. A figura de D. Sebastião, também ele jovem no
Sugestão de resposta
tempo do desaparecimento, torna-se lendária pelo facto de
LEITURA
terem sempre existido dúvidas quanto à sua morte na batalha
1. Este texto, publicado num jornal quinzenal, insere-se no de Alcácer Quibir.
género textual apreciação crítica.
3. A crença de Telmo e de Maria contribui para adensar os
A autora apresenta e divulga uma peça de teatro, para além de receios e o terror de D. Madalena relativamente ao futuro. De
referir as condições que levaram à sua realização. Depois de facto, se D. Sebastião estivesse vivo e regressasse, era muito
uma breve referência à ação da tragédia, salientam-se aspetos provável que acontecesse o mesmo com D. João de Portugal.
inovadores nesta representação, não omitindo algumas lacunas Ora o regresso do primeiro marido de D. Madalena implicaria
(“Claro que sentimos a falta de uma das mais belas odes do a destruição da felicidade presente, com a anulação do
Coro sobre esse prodígio maior que é a humanidade, mas casamento e a ilegitimidade da filha.
essa não é a opção do encenador, que preferiu enfatizar a
4. O poder de observação de Maria permite-lhe perceber a
linha de força dos que lutam pelas suas convicções, contra as
preocupação extrema que a sua saúde e os seus devaneios
opressões a vários títulos”).
causam à mãe. Além disso, a sua crença sebastianista (“que
A partir do conteúdo do texto, podemos inferir as qualidades não morreu e que há de vir um dia de névoa muito cerrada”)
e originalidade da peça ("Usando com inventividade os (Cena III, ll. 10-11), coloca a hipótese de, aos olhos de
elementos arquiteturais presentes no espaço central, no que D. Madalena, também D. João de Portugal voltar, o que, a ser
teria feito parte da zona denominada por orchestra – verdade, provocaria uma catástrofe no seio da sua família.
destinada à elite da polis – e os vestígios da estrutura do Finalmente, pergunta à mãe por que razão o pai não tinha
antigo teatro, contam-nos a história de Antígona com ficado “naquela santa religião” (Cena IV, l. 43) e deixara o
engenho e talento.") hábito. Maria parece expressar a sua vontade de que o pai
2. Nesta apreciação crítica estão presentes várias referências nunca deixasse a Ordem de Malta.
a elementos característicos da tragédia grega: “catástrofe”,
“conflito”, “Coro”, “elenco totalmente masculino”, número
P106
reduzido de personagens (“cinco atores”), “orchestra”,
“polis”, “pathos”. Sugestão de resposta
GRAMÁTICA

P104 1. a) Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.


b) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
Sugestão de resposta
c) Oração subordinada substantiva completiva.
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
1. Afetuosa, cúmplice. d) Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

2. Curiosa, febril, jovem, observadora, atenta.

11
Propostas de resolução

P108 P115
Sugestão de resposta Sugestão de resposta
LEIUTRA ORALIDADE | GRAMÁTICA
a) F; b) F; c) V; d) V; e) F; f) V; g) F; 1.1. (B)
i) F; h) F; i) F; j) F; k) V; l) F; m) V; n) V; o) F 1.2. (D)
1.3. (A)
P110 1.4. (C)
Sugestão de resposta 1.5. (A)
REFLETE SOBRE O QUE LESTE 1.6. a) oração subordinada adverbial temporal.
1. Frei Jorge é tio de Maria e cunhado de D. Madalena. b) oração subordinada substantiva completiva.
2. Os governadores espanhóis querem sair de Lisboa e vir 1.7. Modalidade epistémica com valor de probabilidade.
para Almada.
3. Maria demonstra o seu interesse e envolvimento político de P116
forma entusiasta.
Sugestão de resposta
4. Maria ouviu que o pai chegou.
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
1. Anuncia a chegada dos governadores castelhanos.
1. Anuncia a chegada de Manuel de Sousa Coutinho.
2. Os governadores anteciparam a sua chegada, mas Manuel
2. Ficam admirados da capacidade de Maria de ver e ouvir à não é apanhado de surpresa.
distância.
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
1. Jorge e Telmo devem acompanhar Madalena e Maria.
P112
2. Miranda trata da recolha dos últimos bens.
Sugestão de resposta
REFLETE SOBRE O QUE LESTE (p. 117)
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
1. Manuel evoca a morte de seu pai, associando-a à sua
1. Entusiasmo. morte provável. Consciente do desafio que faz ao Destino,
2. Preocupação. calcula os riscos e assume as consequências.
2. Manuel incendeia o seu palácio.
P114 1.1. Este monólogo ilustra a atitude determinada e patriótica
Sugestão de resposta de Manuel da Sousa Coutinho, que "como um homem de
honra e coração" (l. 4), não valoriza os aspetos materiais e
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
afronta os governadores. Parece, também, constituir uma
1. Manuel de Sousa Coutinho decide sair da sua casa e mudar- antevisão da "morte" para o mundo de Manuel de Sousa
se para a que fora de D. João de Portugal, primeiro marido de Coutinho, no final da peça, ao considerar que a vida é efémera:
D. Madalena. Esta atitude de desafio aos governadores revela "como é esta vida miserável que um sopro pode apagar em
um cidadão corajoso, audaz e determinado que, numa atitude menos tempo ainda!" (ll. 6-7)
honrada e patriótica, enfrentaos inimigos da nação.
2. a) (“Ah! Inda bem meu pai!”)
P117
b) (“Sim, sim, mostrai-lhe quem sois e o que vale um
Sugestão de resposta
português dos verdadeiros.”)
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
c) (“Qual?… A que foi?… A que pega com São Paulo? Jesus
me valha!”) 2.1. D. Madalena, ao ver o seu palácio a arder, apenas se
preocupa em salvar o retrato de Manuel de Sousa Coutinho.
3. Manuel: racional, honrado, fiel, firme, patriota, defensor da
Destaca-se, assim, o seu ponto de vista pessoal ao querer
liberdade/independência do país.
preservar o objeto que representa a felicidade vivida naquela
Madalena: emotiva, inquieta, temerosa, receosa, casa. D. Madalena parece interpretar a destruição do retrato
descontrolada emocionalmente, frágil, egocêntrica. como algo muito negativo, o que, de certa forma, acentua os seus
constantes pressentimentos.

12
Propostas de resolução

2.2. O incêndio do palácio tem uma dupla funcionalidade: por angustiada, possuidora de um sexto sentido que a faz viver
um lado, é o fecho da dimensão político-patriótica assumida, num permanente desassossego, agudizado após o incêndio
energicamente, por Manuel e da atmosfera de presságios do que trouxe a família para o palácio de D. João de Portugal.
1.º ato; por outro, permite a ligação ao 2.º ato, antecipando a Nas réplicas de Maria, encontram-se várias expressões que o
desgraça iminente. comprovam: “Há oito dias que aqui estamos (…) a primeira
O retrato parece, deste modo, assumir um valor simbólico, ou noite que dorme com sossego” (Cena I, ll. 12-13); “À minha
seja, é como se ele remetesse para Manuel de Sousa e a sua pobre mãe aterrou-a (…) a devorar tudo com fúria infernal”
destruição pelo fogo antecipasse a morte desta personagem. (Cena I, ll. 16-18); “não lhe sai da cabeça que a perda do
Na verdade, o mesmo fogo que consome o quadro também retrato é prognóstico fatal de outra perda maior” (Cena I, ll.
vai permitir a “purificação”, ou seja, à morte para a vida 23-24); “aquela tristeza de minha mãe, aquele susto, aquele
mundana de Manuel sucede-se a sua ressurreição espiritual terror em que está” (Cena I, l. 57).
como Frei Luís de Sousa, um dos prosadores portugueses do
século XVII. P125
Sugestão de resposta
P119 EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Sugestão de resposta 2. Maria tem um fascínio especial pelo retrato de D. Sebastião,
REFLETE SOBRE O QUE LESTE por ser de um rei que ela tanto admira e de cuja morte duvida, tal
1. Houve uma mudança de espaço do palácio de Manuel como muitos em Portugal.
Sousa Coutinho para o palácio de D. João de Portugal. O interesse pelo retrato de Camões é fruto da sua admiração pelo
2. Enquanto o cenário do ato I é alegre, o do ato II é triste. O poeta, exemplo de aventura e de mistério, incutida por Telmo, de
espaço é melancólico e de gosto pesado, sem luz natural, com quem o poeta fora amigo.
três retratos em destaque (D. Sebastião, D. João de Portugal e O terceiro retrato suscita o fascínio de Maria, pois, apesar de
Camões), há uma ligação com um espaço religioso, a capela não saber de quem é, suspeita de algum segredo com ele
da Senhora da Piedade. relacionado. A reação da mãe ao vê-lo, quando chegaram ao
palácio de D. João de Portugal, causou-lhe estranheza e
aguçou-lhe a curiosidade.
P122
3. Maria é uma criança precoce e perspicaz, que revela uma
Sugestão de resposta
intuição apurada e adivinha mais do que diz. De facto, nas cenas I
REFLETE SOBRE O QUE LESTE e II encontram-se diversas falas que o demonstram: “e que ela
1. Oito dias. disfarça (…) aquilo é pressentimento de desgraça grande” (Cena
2. Os vários retratos que estão na sala: o retrato de D. João I, ll. 57-60); “Tu não dizes a verdade, Telmo.” (Cena I, l. 62);
de Portugal marca a importância do passado no presente; o “Agora é que tu ias mentir de todo…” (Cena I, l. 77); “Mas o
retrato de Camões evoca o Portugal glorioso; e o retrato de outro, o outro… quem é este outro, Telmo?” (Cena I, ll. 140-
D. Sebastião aviva o mito sebastianista. 141); “Aquele aspeto tão triste (…) como quem não tem outro
arrimo, nem outro amor, nesta vida” (Cena I, ll. 141-142); “é que
eu sabia de um saber cá de dentro; ninguém mo tinha dito, e eu
P124
queria ficar certa” (Cena II, ll. 37-38).
Sugestão de resposta
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
P126
1. A referência explícita de Manuel ao dono da casa
Sugestão de resposta
desdramatiza o ambiente de tensão criado na última cena em
torno do retrato de D. João de Portugal. EDUCAÇÃO LITERÁRIA (CONT.)

2. Os dados que recolhemos a partir da análise desta cena 4. Maria não sabia de quem era o retrato, mas parecia saber
vão no sentido da resolução dos conflitos: Manuel está fora que era de D. João de Portugal, o dono da casa, como se
de perigo e D. Madalena melhorou. tivesse o dom de adivinhação. O pai chama-lhe, portanto,
“feiticeira” depois de a ouvir dizer que “sabia de um saber cá
de dentro” (Cena II, l. 37).
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (P. 125)
5. Manuel de Sousa Coutinho não considera D. João uma
1.1. D. Madalena é uma mulher extremamente sofredora, ameaça, pois está convicto de que ele morreu em Alcácer

13
Propostas de resolução

Quibir, usando por isso o passado “Aquele era D. João de P131


Portugal” (Cena II, l. 2). Não oculta a identidade do primeiro Sugestão de resposta
marido de sua esposa a Maria e elogia-o, destacando-lhe “as
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
nobres qualidades de alma, a grandeza, a valentia de coração,
e a fortaleza daquela vontade, serena mas indomável” (Cena 1. Maria precisa de sair de casa e espairecer; Telmo deverá
II, ll. 28-31). acompanhar Maria, sendo também afastado de casa.

P132
P127
Sugestão de resposta
Sugestão de resposta
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
Leitura | Gramática (pág. Anterior)
1. O discurso de Madalena demonstra o seu estado de
1. (C)
espírito.: repetições, cortes na frases, exclamações, mudança
2. (A)
de tom de voz, recomendações a todos que acompanham
3. (C) Maria.
4. (D) REFLETE SOBRE O QUE LESTE
5. (C) 1. "Oh! querida mulher minha! Parece que vou eu agora
6. embarcar num galeão para a Índia…"
a) Complemento do nome. "Vivos ambos… sem ofensa um do outro, querendo-se,
b) Complemento indireto. estimando-se e separar-se cada um para sua cova!"
7. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa. "Verem-se com a mortalha já vestida, e… vivos (…)
condenarem-se a morrer longe um do outro, sós, sós!"
Sugestão de resposta
ORALIDADE
P133
a) O rosto de Manoel de Oliveira aparece envolto em película
de filme, deixando a descoberto os olhos e o chapéu que o Sugestão de resposta
caracterizavam. REFLETE SOBRE O QUE LESTE
b) Homenagem ao famoso cineasta português desaparecido 1. Frei Jorge, no comportamento dos seus familiares, encontra
em 2015. um pressentimento de desgraça.

P128 Sugestão de resposta


Sugestão de resposta EDUCAÇÃO LITERÁRIA (PÁG. 134)
REFLETE SOBRE O QUE LESTE 1.1. Maria e a mãe reagem de forma completamente diversa.
1. O conflito de Manuel de Sousa Coutinho com os Enquanto a menina está muito feliz por poder acompanhar o
governadores está resolvido; Manuel é afastado de casa; pai a Lisboa e visitar Sóror Joana, D. Madalena receia que o
Maria é afastada de casa. facto de ficar só, naquela casa e numa sexta-feira, seja indício
de algo nefasto, como evidenciam as seguintes réplicas:
“Sexta-feira! Ai! Que é sexta-feira!” (Cena V, l. 22); “Logo
P130 hoje!… Este dia de hoje é o pior…” (Cena V, l. 43); “Também
Sugestão de resposta tu me desamparas… e hoje!” (Cena V, l. 60); “Tenho este
REFLETE SOBRE O QUE LESTE medo, este horror de ficar só… de vir a achar-me só no
1. D. Madalena pressente a sexta-feira como um dia que mundo” (Cena VIII, ll. 3-4).
anuncia desgraças, que traz mau agouro. 1.2. A ausência de Manuel e da filha estabelece com o que se
2. D. Madalena parece estar muito receosa daquele dia, segue uma relação de causa-efeito, pois Madalena há de
influenciada por uma qualquer superstição mais do que por confrontar-se praticamente só e fragilizada pela ausência do
qualquer outra razão. marido com a chegada de uma visita.

3. Frei Jorge disponibiliza-se para fazer companhia à cunhada. 2. Manuel e Madalena comentam a entrada dos condes de
Vimioso para o convento como sendo um sacrifício de que
eles mesmos não seriam capazes, como se vê pelas palavras

14
Propostas de resolução

de Madalena “não sou capaz de chegar a essas perfeições”) P135


(Cena VIII, l. 13) e “E que temos nós com isso?” (Cena VIII, l. Sugestão de resposta
21). A ironia trágica reside no desconhecimento de estarem
LEITURA | ORALIDADE
tão próximos de uma situação que julgam muito diferente da
1. a) Tema: insustentabilidade ambiental.
sua.
Ponto de vista: "vamos deixar aos nossos filhos um mundo
mais perigoso, mais degradado e à beira da
P134
insustentabilidade".
Sugestão de resposta (cont.)
Argumento: "A crescente degradação ambiental e perda de
EDUCAÇÃO LITERÁRIA biodiversidade, que foi particularmente acelerada nas últimas
3. Madalena relaciona aquela sexta-feira com os duas décadas"
acontecimentos mais importantes da sua vida. Assim, a Exemplo: "Nos últimos 50 anos a população de mamíferos,
repetição de “hoje” revela o seu medo associado ao de pássaros, anfíbios, répteis e peixes reduziu-se em cerca de
sentimento, explícito, de culpa. Na cena X, ela indica os 70% e um milhão de espécies animais enfrentam a ameaça
motivos que justificam os seus receios: “Pois hoje é o dia da de extinção, enquanto, neste período, a população humana
minha vida que mais tenho receado… que ainda temo que mais do que duplicou, tendo passado de 3,7 mil milhões em
não acabe sem muito grande desgraça…” (cena X, ll. 8-9); “É 1970 para 7,8 mil milhões em 2020."
um dia fatal para mim: faz anos que… casei a primeira vez,
b) Contra-argumento: O autor propõe o envolvimento de todos
faz anos que se perdeu el-rei D. Sebastião, e faz anos também
para reverter esta situação. "O que nos é exigido é comprometer-nos
que… vi pela primeira vez a Manuel de Sousa. (…) D. João
com esta luta, defendermos uma sociedade mais justa e equitativa".
de Portugal ainda era vivo.” (cena X, ll. 9-23). D. Madalena
reconhece ter pecado quando se apaixonou por Manuel, Exemplos: "fazermos uma dieta à base de plantas, preferir
sendo casada com D. João. alimentos sazonais e locais, privilegiar as deslocações a pé, de
bicicleta ou de transportes públicos, reduzir o consumo de
energia em casa e no trabalho, reduzir o desperdício e o lixo,
P135 reutilizar e reciclar, usar a água de forma eficiente e substituir
Sugestão de resposta o plástico por materiais biodegradáveis".
LEITURA | ORALIDADE
1. a) Tema: insustentabilidade ambiental. P136
Ponto de vista: "vamos deixar aos nossos filhos um mundo Cenário de resposta
mais perigoso, mais degradado e à beira da 2. a) A partir da observação de mapas, Wegener concluiu que
insustentabilidade". as margens atlânticas de África e da América do Sul
Argumento: "A crescente degradação ambiental e perda de encaixavam como peças de um puzzle. A partir desta
biodiversidade, que foi particularmente acelerada nas últimas evidência, avançou com a ideia de que todos os outros
duas décadas" continentes teriam estado juntos, formando um único
Exemplo: "Nos últimos 50 anos a população de mamíferos, continente, a Pangeia. (…) Estas descobertas sugerem que se
de pássaros, anfíbios, répteis e peixes reduziu-se em cerca de os fósseis destes seres vivos terrestres aparecem em
70% e um milhão de espécies animais enfrentam a ameaça continentes, que hoje estão tão afastados e separados por
de extinção, enquanto, neste período, a população humana oceanos, é porque no passado estiveram juntos, permitindo a
mais do que duplicou, tendo passado de 3,7 mil milhões em dispersão dos indivíduos destas espécies…
1970 para 7,8 mil milhões em 2020."
b) Contra-argumento: O autor propõe o envolvimento de todos P137
para reverter esta situação. "O que nos é exigido é comprometer-nos Cenário de resposta
com esta luta, defendermos uma sociedade mais justa e equitativa".
b) Argumentos morfológicos (referem-se à morfologia dos
Exemplos: "fazermos uma dieta à base de plantas, preferir continentes); argumentos geológicos (baseiam-se na análise
alimentos sazonais e locais, privilegiar as deslocações a pé, de das rochas em diferentes continentes); argumentos
bicicleta ou de transportes públicos, reduzir o consumo de paleontológicos (têm em conta a distribuição dos fósseis no
energia em casa e no trabalho, reduzir o desperdício e o lixo, planeta); argumentos paleoclimáticos (dizem respeito à
reutilizar e reciclar, usar a água de forma eficiente e substituir reconstituição dos climas do passado).
o plástico por materiais biodegradáveis".

15
Propostas de resolução

c) Correspondência entre as rochas da América do Sul e de P142


África; distribuição no planeta de fósseis dos répteis Sugestão de resposta
Cynognathus, Mesosaurus e Lystrosaurus; marcas de
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
gelo deixadas por glaciares que foram encontradas em países
no hemisfério sul que hoje em dia apresentam climas quentes. 1. Nesta cena é revelado o mistério aos espectadores que
reconhecem o Romeiro como um mensageiro de D. João de
3. Frei Luís de Sousa é um drama romântico, mas apresenta
Portugal.
diversas características da tragédia clássica. Efetivamente, existe
um número reduzido de personagens, de ascendência nobre, sob 2. As revelações são feitas gradativamente, através de uma
o domínio de um destino cruel e inflexível. Madalena vive sequência de perguntas e respostas, com frases com duplo
atormentada pelo remorso de ter amado Manuel sendo ainda sentido e com referências não explícitas ao passado de
casada com o primeiro marido. Para tal infelicidade contribui a Madalena.
constante crítica de Telmo, aio de D. João, assumindo o papel do 2.1. Um português.
coro na tragédia. Aquele ato constituiu um desafio à ordem, 2.2. Saudades da família e dos amigos.
assim como a desobediência de Manuel aos governadores, 2.3. Traz uma mensagem para D. Madalena.
incendiando o seu palácio. Na sequência desta atitude de revolta,
2.4. Um homem honrado cativo em Jerusalém.
a família muda-se para o palácio de D. João e Madalena sente-se
ainda mais angustiada pela “presença” do primeiro marido, o 2.5. Mensageiro de D. João de Portugal.
qual regressará na figura de um Romeiro, que diz ser “Ninguém”. Sugestão de resposta
O ato atinge o clímax quando Jorge descobre a identidade desta EDUCAÇÃO LITERÁRIA (PÁG. SEGUINTE)
personagem. No final, Maria morre e Manuel e Madalena 1. Madalena e Frei Jorge reagem de forma diversa quanto ao
ingressam no convento. anúncio de que um romeiro deseja falar com ela e apenas
Em suma, o assunto desta obra dramática é digno de uma com ela. Assim, D. Madalena sente compaixão do recém-
tragédia pela simplicidade, pelo sublime e pelo fim trágico. chegado e recebe-o, desta vez, sem suspeitar de nada, sem
maus augúrios. Ao contrário, Jorge parece recear a presença
P138 do romeiro, dada a dissimulação reinante entre os peregrinos
em tempos tão conturbados: “Que é precisa muita cautela
Sugestão de resposta
com estes peregrinos!” (Cena XII, l. 2).
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
2. À medida que a perturbação de Madalena aumenta, o seu
1. Miranda entra apressado. Na cena anterior, todos foram discurso altera-se, com réplicas curtas, hesitações e frases
afastados (Manuel por negócios, Maria faz visita a uma tia e interrompidas, expressas por elementos linguísticos e recursos
Telmo acompanha-a) e Madalena acaba de evocar a sombra e expressivos como os seguintes:
o nome de D. João, quando chega Miranda.
– frases interrogativas curtas (“Cativo?”;) (Cena XIV, l. 82);
2. Miranda anuncia a visita de um velho que quer falar
– frases suspensas, inacabadas (“Sim, mas…” (Cena XIV,
apenas com D. Madalena. Miranda fica surpreendido com as
l. 59); “Português?… cativo da batalha de…”) (Cena XIV,
barbas do visitante, pelo requinte de cuidados pessoais que
l. 84);
evidenciam.
3. Frei Jorge desvaloriza o facto de o velho querer apenas
falar com D. Madalena, aliviando a tensão dramática. P143
Sugestão de resposta

P139 EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Sugestão de resposta – repetições lexicais (“Minha filha, minha filha, minha


filha!…”) (Cena XIV, l. 101);
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
– acelerações rítmicas (“Estou… estás… perdidas,
1. Este comentário, à semelhança da anterior fala de Frei
desonradas… infames!”) (Cena XIV, ll. 101-102).
Jorge, alivia a tensão dramática que se vem adensando de
forma gradativa, ao longo do ato II. 3. Nestas cenas, D. Madalena tem a confirmação do que mais
teme: a certeza de que D. João de Portugal está vivo, ainda
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
que não chegue a identificá-lo com o Romeiro. Concretiza-se,
1. Apesar de Frei Jorge ter apresentado D. Madalena, a fala assim, a tragédia iminente desde o Ato I, prenunciada nos
do Romeiro denota que a identificou de imediato. receios constantes de D. Madalena, nos agouros de Telmo e

16
Propostas de resolução

no sebastianismo de Maria e do velho aio. Tudo o que se D. João de Portugal” – Modificador do grupo verbal.
segue decorre deste ponto de viragem. (F) “que estava pegada à casa de
4. D. Madalena mostra-se cada vez mais angustiada à medida D. João de Portugal” – Modificador do nome restritivo.
que percebe nas palavras do Romeiro que D. João de Portugal (G) “que não percebeu a preocupação da mãe” –
está vivo, como comprovam as seguintes indicações cénicas: Modificador do grupo verbal.
“Aterrada” (Cena XIV, l. 62), “Na maior ansiedade”
(H) “que ainda há um português em Portugal” –
(Cena XIV, l. 78), “Espavorida” (Cena XIV, l. 86), “Com um
Complemento direto.
grito espantoso” (Cena XIV, l. 100), “Com outro grito
do coração” (Cena XIV, l. 102) e “Foge espavorida e
neste gritar” (Cena XIV, l. 103). P150
(continua na página seguinte) Sugestão de resposta
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
P144 1. A parte baixa do palácio de D. João de Portugal não tem
Sugestão de resposta “ornato algum”, mas guarda diversos objetos que fazem
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (CONT.) antever uma mudança. De facto, “tocheiras, cruzes, ciriais e
outras alfaias” associados aos rituais da igreja evocam a
5. Os retratos são como presenças mudas que parecem
religião cristã. A toalha “como se usa nas cerimónias da
anunciar uma fatalidade iminente. No Ato I, quando arde o
Semana Santa” remete para a Paixão de Cristo e, por
retrato de D. Manuel, Madalena reage ao sucedido como
analogia, para o sofrimento das personagens. A cruz grande
indício de desgraça, como se o fogo que devora o quadro
sugere a morte, mas também o renascimento para uma nova
anunciasse a morte do marido. No início do Ato II, o retrato de
vida. A cor “negra”, o facto de ser “alta noite” e de a ação
D. João de Portugal suscita o terror a D. Madalena e fascina
decorrer na “Parte baixa do palácio” transportam consigo
Maria; já no final deste ato, ele torna-se forma de
uma conotação trágica.
reconhecimento de que um fim trágico se aproxima
rapidamente.
6. O regresso de D. João é destruidor, pois leva à catástrofe. P153
Ao anunciar que está vivo o primeiro marido de D. Madalena, Educação literária
o Romeiro torna pecaminoso um casamento por amor e 1.1. “Oh! Minha filha, minha filha!” (l. 4); “Desgraçada (…)
mancha o nascimento de Maria. Assim, vai assistir-se ao esta lembrança é que me mata, que me desespera” (ll. 6-7)…
aniquilamento desta família. 1.2. Hipérboles: “o homem mais infeliz da terra (l. 15); “Se
ORALIDADE (p. 143) ela deitou o do coração! Não tem mais,” (l. 65); metáforas:”
1. Neste esquema é possível perceber de que forma todas as “bebeu até às fezes o cálice das amarguras humanas” (l. 19),
personagens da peça, direta ou indiretamente, contribuíram “morri hoje” (l. 95), “de rasgar, fevra a fevra, os pedaços
para a catástrofe. daquele coração” (ll. 141-142)…; repetições: “a minha
LEITURA filha… Maria… a filha do meu amor, a filha do meu pecado”
(ll. 46-47), “”; pontuação: reticências, pontos de exclamação e
a) D. João pintado num retrato.
de interrogação “Não o tenho aqui… o sangue (…) querida
b) D. João transfigurado em Romeiro. filha!” (ll. 68-70)…
c) D. João transformado em Ninguém. 1.3. “Eu queria pedir-Te que a levasses já (…) Devia, devia…
e não posso, não quero, não sei, não tenho ânimo, não tenho
P149 coração.” (ll. 71-75); “Peço-Te vida, meu Deus (…) peço-Te
vida, vida, vida… para ela, vida para a minha filha!”
Sugestão de resposta
(ll. 75-77)…
1. (A) “Quem ficou contente com a mudança” – Sujeito.
(B) “que o Romeiro revele a sua identidade” – Sujeito.
P154
(C) “que iria desaparecer” – Complemento direto.
Educação literária
(D) “que desconhecia as inquietações da mãe” – Modificador
1.4. “esta lembrança é que me mata” (ll. 6-7), “lancei nesse
do nome apositivo.
abismo de vergonha” (l. 22), “nem a morte há de levantar”
(E) “porque tinha remorsos de ter amado Manuel em vida de (l. 24), “morri hoje” (l. 95)…

17
Propostas de resolução

1.5.“Oh! Meu Deus, meus Deus!” (l. 71); “vida, vida, vida” P159
(l. 76); “morre, morre?” (l. 88); “Minha pobre filha, minha Sugestão de resposta
querida filha!” (l.168)
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
2. O diálogo entre Manuel e Frei Jorge permite perceber que é
1. O Romeiro pensa que D. Madalena chama por ele, mas
este quem ajuda Manuel a tomar as melhores decisões, no
depois apercebe-se de que ela está a chamar por Manuel de
quadro de valores da peça. De facto, a sua fé e a sua lucidez
Sousa Coutinho.
orientam as ações do irmão, que está incapaz de decidir
racionalmente: “Manuel, meu bom Manuel, – Deus sabe
melhor o que nos convém a todos: põe nas Suas mãos esse P160
pobre coração, (…) Ele fará o que em Sua misericórdia sabe REFLETE SOBRE O QUE LESTE
que é melhor” (ll. 83-85). (CENA VII)
3. a) (“Demais, o segredo de seu nome verdadeiro está entre 1. Frei Jorge não deixa Telmo falar e ordena-lhe que vá
mim e ti, além do arcebispo”) (ll. 135-136). acompanhar Maria.
b) (“Ainda há outra pessoa (…) com quem lhe prometi que REFLETE SOBRE O QUE LESTE
havia de falar (…) é o seu velho aio, é Telmo Pais” (CENA VIII)
(ll. 138-145.). 1. Concluímos que Manuel é inflexível relativamente à decisão
c) “supõe-no na Palestina talvez” que tomou.
(l. 151). 2. Os condes de Vimioso são referidos por Manuel como um
d) (“Não sabe. E ninguém lho disse, nem dirá.”) (l. 160). exemplo a seguir.

P155 Sugestão de resposta


Sugestão de resposta EDUCAÇÃO LITERÁRIA
REFLETE SOBRE O QUE LESTE 1. Telmo sente-se confuso e atormentado, ao aperceber-se de
1. Nesta cena, Telmo explica o estado de saúde de Maria e que o seu amor por Maria já suplantou o que sentia por
recebe a instrução de Frei Jorge de que deve permanecer D. João, contrariando a sua esperança de toda uma vida no
naquela habitação. regresso do segundo. Encontra-se, por isso, num verdadeiro
dilema, qualquer que seja a sua escolha.
REFLETE SOBRE O QUE LESTE
2. O Romeiro dá a Telmo a mesma resposta que dera a Frei
1. Telmo identifica-se e aguarda de acordo com as instruções
que lhe tinham sido dadas. Jorge, mas agora parece estar mais melindrado: “Ninguém,
Telmo, ninguém: se nem tu já me conheces!” (Cena V, l. 12).
A repetição do pronome e a referência ao facto de nem mesmo
P156 Telmo, seu aio, o reconhecer mostram a sua perplexidade e a
REFLETE SOBRE O QUE LESTE sua tristeza.
1. Telmo revela o seu dilema trágico: consciência de que os
seus dois amores (Maria e D. João) são incompatíveis. P161
Sugestão de resposta
P158 3. Na Cena V, o encontro entre D. João e Telmo evidencia que,
REFLETE SOBRE O QUE LESTE neste momento, o seu amor por Maria suplanta a sua
1. Nesta cena Telmo reconhece o Romeiro como D. João de lealdade ao seu primeiro amo. D. João, depois da confirmação
Portugal. de que Madalena o mandara incessantemente procurar,
arrepende-se da atitude tomada e ordena a Telmo que
2. O Romeiro ficou a saber que D. Madalena desenvolveu
desacredite o Romeiro aos olhos de D. Madalena, evitando
esforços para o encontrar.
assim uma desgraça maior. Na cena VI, D. João retira-se, numa
3. Telmo deve informar a família de que o Romeiro é um atitude de grande dignidade, depois de confirmar que
impostor. Madalena já não o ama.
4. D. Madalena não chega a identificar o Romeiro com
D. João. Procura, então, reverter a situação, agarrando-se à
hipótese de ele ser apenas um impostor. Veja-se a seguinte

18
Propostas de resolução

réplica: "mas não daríamos nós, com demasiada precipitação, P166


uma fé tão cega, uma crença tão implícita a essas misteriosas REFLETE SOBRE O QUE LESTE (CENA X)
palavras de um romeiro, um vagabundo… um homem, enfim,
1. Nesta cena iniciam-se os preparativos da tomada do hábito
que ninguém conhece?" (Cena VII, ll. 27-30). Assim,
de Manuel de Sousa Coutinho e de D. Madalena.
D. Madalena conseguiria salvar o seu casamento.
2. Frei Luís de Sousa é o nome que Manuel de Sousa
5. D. Madalena rende-se à evidência da inevitabilidade da sua
Coutinho adota depois de professar.
entrada na vida conventual apenas quando se apercebe que
Manuel já partiu para a tomada de hábito. É então uma mulher REFLETE SOBRE O QUE LESTE (CENA XI)
que abdica da sua felicidade, aceitando a decisão do marido 1. Maria apresenta um discurso emotivo que monopoliza a
("Ele foi?"; "E eu vou.") (Cena IX, ll. 19-22) e colocando o seu ação.
destino nas mãos de Deus.
P167
P163 Sugestão de resposta
Sugestão de resposta EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1.1. A sua situação pessoal leva o autor a escrever uma obra 1. O coro dos frades transforma a ocasião de recolhimento e
lírica ou dramática. entrega a uma nova vida num momento de grandiosidade. A
1.2. b) recitação litúrgica confirma a decisão de “despir o homem
1.3. a) as informações estão relacionadas entre si. velho” e “morrer” para o mundo. A função premonitória do
coro da tragédia clássica é assumida por Telmo desde o início
b) apesar de ser abordado só um assunto, não há repetição de
da peça.
ideias.
2. Maria revolta-se contra Deus e contra as leis sociais que, na
2.1. Coesão temporal
sua opinião, condenam vítimas inocentes. Ela não se considera
2.2. Coesão frásica. “filha do crime e do pecado”, por isso não se conforma com a
2.3. Coesão lexical (por substituição). suposta ilegitimidade da sua condição.
2.4. Coesão (gramatical) interfrásica. 3. O conflito familiar:
3. “Tal situação, por irresolúvel, haveria de originar, nele, um vítima da fatalidade;
lamento, uma queixa”. ironia trágica;
sentimento de culpa;
P164 obediência à moral cristã;
GRAMÁTICA sacrifício penitencial;
1. “Era um fidalgo cavaleiro da Ordem Militar de Malta”; renúncia.
esteve preso em Argel; conheceu Miguel de Cervantes; foi
O conflito patriótico:
libertado; …
nacionalismo/patriotismo;
2. “Após a morte da sua filha”
grandeza moral;
3. “Algumas das suas principiais obras: …”
audácia;
culto da honra;
P165
nobreza de espírito;
Sugestão de resposta
luta pela liberdade.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1.
P168
A. 5.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
B. 1.
1. Em Frei Luís de Sousa, D. Madalena e Manuel de Sousa
C. 6.
Coutinho abdicam do seu amor por causa da consciência de
D. 2.
um casamento pecaminoso. A decisão de Manuel de Sousa de
E. 4. entrar para o convento e a aceitação, com resignação, de
F. 3. D. Madalena do seu castigo, a vida num claustro, são

19
Propostas de resolução

entendidas como a única hipótese de purificação por terem Coutinho emocionalmente descontrolado, em que a razão,
vivido no pecado. ofuscada pela dor, deixa de lhe disciplinar a expressão dos
sentimentos. Dominado por um profundo sentimento de
culpa, sofre pela desonra que atinge a filha, receando pela
P178
sua vida. Perante um casamento pecaminoso e com uma filha
Sugestão de resposta ilegítima, à luz da moral da época, verga ao peso da desgraça
EDUCAÇÃO LITERÁRIA iminente e aceita a solução proposta pelo irmão: a entrada no
1. Manuel e a sua esposa, Madalena, dialogam acerca da convento.
mudança de casa que a família terá de realizar. Serão Concluindo, Manuel é uma figura de grande densidade,
obrigados a mudar-se para o palácio que foi do primeiro oscilando entre a racionalidade e a emotividade.
marido de D. Madalena, facto que incomoda profundamente a
personagem feminina: “Rezaremos por alma de D. João de
P183
Portugal nessa devota capela que é parte da sua casa; e não
Sugestão de resposta
hajas medo que nos venha perseguir neste mundo aquela
santa alma que está no Céu, e que em tão santa batalha, DESAFIO
pelejando pelo seu Deus e por seu rei, acabou mártir às mãos 3.
dos infiéis" (ll. 6-9). 1. Introduz o tema do debate e relaciona-o com a comemo-
2. No momento em que Manuel profere esta fala, ainda não ração dos 150 anos de Amor de Perdição.
sabemos as suas verdadeiras intenções. Esta fala metafórica, 2. Refere a vivência do amor no século XIX e compara-a com
quando é proferida, só é verdadeiramente entendida no a vivência amorosa dos jovens na atualidade.
momento em que se percebe que Manuel ateou fogo ao seu
3. Analisa a vivência do amor por adolescentes e adultos, na
próprio palácio e a palavra alumiar perde o sentido simbólico
atualidade com referências à obra, numa perspetiva social e
e ganha o sentido literal.
médica.
3. (C)
4. (B)
P184
5. (B)
Sugestão de resposta
ORALIDADE | LEITURA
P179
1.
LEITURA | GRAMÁTICA
A Camilo Castelo Branco, o homem
1. (D)
B Camilo Castelo Branco, o amante
2. (B)
C Camilo Castelo Branco, o prisioneiro
3. (C)
D Camilo Castelo Branco, o escritor dominado pela cegueira
4. Complemento oblíquo.
3. (a) a sua mãe; (b) o seu pai;
5. “a obra de Frei Luís de Sousa” (c) Vila Real; (d) Joaquina Pereira;
6. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva. (e) o Porto; (f) Medicina; (g) Joaquim Pereira; (h) Ana Plácido; (i)
Ana Plácido; (j) Ana Plácido; (k) cadeia da Relação do Porto; (l)
Amor de Perdição; (m) Seide [também é comum a grafia
ESCRITA | EDUCAÇÃO LITERÁRIA
mais antiga "Ceide"]; (n) Oficializa, através do casamento, a re-
C. Manuel de Sousa Coutinho é uma personagem de lação com Ana Plácido.
contrastes.
Por um lado, nos atos I e II, o seu discurso pauta-se por uma
P185
grande lucidez e racionalidade, recusando os presságios de
Madalena e rejeitando qualquer sentimento de culpa Sugestão de resposta
relativamente ao passado. No entanto, o ceticismo em relação LEITURA
aos agouros é contrariado quando põe a hipótese de ser 1.
vítima do fogo que ateia, a exemplo do que aconteceu com o
a) maior representante da segunda geração romântica;
seu pai, que morreu ferido pela própria espada.
b) descrição viva das províncias nortenhas, “narrativa densa,
Por outro lado, o ato III apresenta-nos um Manuel de Sousa
rápida”; episódios de carácter autobiográfico.
20
Propostas de resolução

c) análise dos sentimentos e ações das personagens, justifi- menino, ouvia eu contar a triste história de meu tio paterno”,
cações e explicações dos acontecimentos, crítica a determi- “Minha tia (…) estava sempre pronta a repetir o facto”,
nado tipo de educação e leitura, pormenor e espírito obser- “Lembrou-me naturalmente na cadeia muitas vezes meu
vador. tio”, “em casa de minha irmã estavam acantoados uns
maços de papéis antigos”) se relacionam com o subtítulo.
P187
Sugestão de resposta LINHAS DE LEITURA
2.1. (B) 1. Conhecer melhor a história do seu tio Simão, de quem ou-
2.2. (C) vira muitas histórias, desde criança, e que estivera preso na
mesma cadeia.
2.3. (A)
2. É um jovem com aspeto vulgar, vestido com roupa mo-
2.4. (A)
desta.
2.5. (C)
3. A idade demasiado jovem de Simão, quando foi enviado
2.6. (B) para o degredo.
2.7. (B) 4. A impossibilidade de viver o amor; o afastamento do país,
2.8. (C) dos familiares e dos amigos; a falta de liberdade e a perda
2.9. (A) da dignidade.

P188 P190
LINHAS DE LEITURA Sugestão de resposta
1. O parentesco e a permanência na mesma cadeia. LINHAS DE LEITURA( CONT.)
2. Uma grande ânsia em relatar a história trágica de Simão 5. Retomar todos os elementos enumerados e ampliar a di-
Botelho. mensão da perda, que, por ser absoluta, se torna ainda mais
3.1. “defeitos”, “tolhiço incorrigível” dramática.

3.2. Ao mostrar modéstia, o autor pretende conseguir a sim- 6. Fez nascer a sua paixão, sentimento inexistente na infân-
patia e adesão do leitor. cia, que se caracterizava por “inocentes desejos”.

4. O Amor de Perdição ganhou uma popularidade supe- EDUCAÇÃO LITERÁRIA


rior a qualquer outra obra do autor. 1. A citação de um documento oficial (assento da entrada de
Sugestão de resposta Simão nas cadeias da Relação).

EDUCAÇÃO LITERÁRIA 2. ll. 1-12: relato da descoberta de um documento e citação


do seu conteúdo;
1. Os relatos da sua tia, as informações inscritas nos livros de
registo da cadeia, uns “maços de papéis antigos” guardados ll. 13-38: comentários do narrador e antecipação do con-
em casa da irmã e o testemunho de contemporâneos do seu teúdo da novela.
tio. 3.1. Ex.: “Dezoito anos!” (l. 16), “É triste!” (l. 24).
3.2. Ex.: Todas as frases dos parágrafos 6 e 7.
P189 3.3. Ex.: “nem liberdade, nem irmãos, nem mãe, nem reabili-
2. Demonstra grande curiosidade e preocupação com a verdade, tação, nem dignidade, nem um amigo” (ll. 23-24).
por parte do autor. Assim, transmite uma ideia de veracidade e 3.4. Ex.: “Dezoito anos!” (três vezes), “Chorava, chorava!”
suscita o interesse do leitor. (l. 35).
3. O caráter “triste”, “sombrio” e angustiante; “a rapidez 3.5. Ex.: “arrebol dourado e escarlate da manhã da vida”
das peripécias, a derivação concisa do diálogo para os pon- (l. 16).
tos essenciais do enredo, a ausência de divagações filosófi- 3.6. Ex.: “dó”, “triste”, “compungia”, “choraria”, “pobre”, “do-
cas”, a linguagem simples e sem artifícios. loroso”, “amargura”.
4. A caracterização da história de Simão (“triste história”, 4. A frase utilizada para sintetizar, por antecipação, a história
“trágicas e afrontosas dores”) remete para o título, enquanto de Simão Botelho foi “Amou, perdeu-se, e morreu amando.”
as referências à família do protagonista e do autor (“Desde (l. 2).
21
Propostas de resolução

5. Ao tomar conhecimento do destino trágico do tio, o narra- calhandreira – era uma serviçal que tinha como função des-
dor sentia “amargura”, “respeito” e “ódio” (indignação, re- pejar os bacios dos aristocratas”; “num ano desafiante e em
volta). que se fez bom uso da arte de insultar. Nem que tenha sido
6. O narrador, ao longo do texto, dirige-se várias vezes ao só para se queixar do raio da pandemia”.
"leitor", mas é claro o estatuto privilegiado da "leitora", 2. Esta apreciação crítica descreve a origem e a construção
como destinatário ideal da história que vai contar: "e a lei- de um livro, aprecia-o e motiva para a sua leitura.
tora, se lhe dissessem em menos de uma linha a história da-
queles dezoito anos, choraria!" (ll. 25-26).
P197
Sugestão de resposta
P191
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | ORALIDADE
Sugestão de resposta
1. O primeiro parágrafo do texto apresenta a linhagem de
GRAMÁTICA Simão. O quadro apresentado pode ter como título: genealo-
1. a) complemento oblíquo; gia da família de Simão Botelho.
b) complemento do nome;
c) sujeito (da oração condicional];
P198
d) modificador do nome restritivo.
Sugestão de resposta
2. a) subordinada adjetiva relativa explicativa;
b) subordinada adverbial condicional; c) coordenada copula- 2.
tiva assindética; d) subordinada substantiva completiva. A. “Os quinze anos de Simão têm aparências de vinte”;
B. “É forte de compleição; belo homem com as feições das
P193 mães, e a corpulência dela”

Sugestão de resposta C. “partiu muitas cabeças, e rematou o trágico espetáculo


pela farsa de quebrar todos os cântaros”;
LEITURA | GRAMÁTICA
G. “com quem ele brincava puerilmente, e a quem obede-
1. (B)
cia”.
2. (B)
3. (A)
P199
4. Brevidade | concentração.
Sugestão de resposta
5. a) Valor de probabilidade.
4. a) 5; b) 7; c) 6; d) 1; e) 3; f) 2; g) 4
b) Valor de apreciação.
5.
6. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
a) descritivos
b) interrupções
P195
c) concisão
1. Descrição do livro: “Tudo começou com uma folha A4 e 15
insultos. Rapidamente chegou aos 50, depois 200 e quando
deu por ele já tinha mais de 600 expressões. O objetivo de P200
Sérgio Luís de Carvalho – que já publicou 13 romances e 20 Sugestão de resposta
livros de investigação histórica – era juntar a explicação do GRAMÁTICA
que significava o insulto, tão simples como estafermo, e a 1.1. D, 1.2. C, 1.3. C.
sua origem.”; “O professor de História explica tudo no livro
Não me chames de…, que já vai na sexta edição e que
este ano recebeu uma revisão e reestruturação”. P201

Comentários críticos: “A linguagem é uma arma infinita- Sugestão de resposta


mente mais poderosa do que uma faca”; “Foi aí que tudo se LEITURA
tornou mais complicado. É que há origens bíblicas, como a 1.
expressão “ir com os porcos”, histórias da monarquia, como (A) 3
a “Maria vai com as outras” ou até origens mais sujas como
(B) 2

22
Propostas de resolução

(C) 3 P207
(D) 3 Sugestão de resposta
(E) 1 EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Gramática 1. Neste excerto, Simão está em luta consigo mesmo, divi-
1. (D) dido entre impulsos contrários. Ao longo do texto, Simão vai
refletindo, hesita e altera a sua decisão inicial de matar Bal-
2. (B)
tasar. O texto traduz, deste modo, a luta progressiva do herói
3. (B) entre razão e emoção: “Simão Botelho releu a carta duas
4. (D) vezes, e à terceira leitura achou menos afrontosas as brava-
tas do fidalgo cioso” (ll. 20-21).
P202 2. As cartas que Simão e Teresa trocavam eram utilizadas
Sugestão de resposta para transmitir sentimentos e informações.

ORALIDADE 3. Depois de um período em que a personagem se debate


entre razão e emoção, as razões do amor parecem ser mais
1.1.(C)
fortes: "Quando o arrieiro bateu à porta, Simão Botelho já
1.2.(B) não pensava em matar o homem de Castro Daire; mas resol-
1.3.(C) vera ir a Viseu, entrar de noite, esconder-se e ver Teresa."
1.4.(B) (ll. 26-28)
1.5.(B) 4.
a) concentrado

P203 b) ausente

Sugestão de resposta c) curtas

EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1. Após a recusa de Teresa em casar com o primo, Tadeu P208
quer obrigar a filha a fazê-lo. Tadeu exerce a sua autoridade Sugestão de resposta
de pai, impondo a sua vontade nem que seja à força. LEITURA
2. Teresa mostra ser determinada, firme, corajosa e até 1.
mesmo rebelde, já que contraria o pai e recusa casar com a) A importância de escrever cartas.
Baltasar Coutinho. Também evidencia alguma astúcia, pois
b) Escrever cartas ajuda-nos a um conhecimento de nós pró-
procura, pelas palavras e ações, comover o pai.
prios e dos outros.
3. Tadeu de Albuquerque apresenta o sobrinho como o ma-
c) "A troca epistolar não é uma mecânica passagem de
rido ideal para a sua filha, uma vez que é gentil, rico, erudito
bolas de um campo para outro. É antes uma abertura de
e possuidor de inúmeras virtudes. Contudo, o narrador revela
mundos que acontece, como sempre acontece quando essa é
a sua opinião sobre a personagem, na última frase do ex-
uma prática verdadeira, de maneira livre, lenta, imprevisível e
certo, expondo ironicamente a sua única “quebra”, isto é,
secreta."
falha: “a absoluta carência de brios”. Esta completa falta de
caráter, de dignidade, retira qualquer valor à personagem, d) "Quando vivi em Roma,…"
tão enaltecida pelo tio.
4. a) apóstrofe; b) antítese; c) emotividade P212
Sugestão de resposta
GRAMÁTICA
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1. (A) 4.; (B) 1.; (C) 3.
1. O amor de Simão e Teresa é recíproco; no entanto, apre-
senta-se como um amor impossível, irrealizável, por ser con-
trariado pelos pais dos dois jovens. É um sentimento verda-
deiro, intenso, capaz de operar uma transfiguração
surpreendente de Simão. O amor de Mariana por Simão é, do
mesmo modo, um sentimento impossível de se concretizar,

23
Propostas de resolução

mas por não ser correspondido. É, igualmente, fonte de um coração” (l. 5), “O académico parou, e ouviu a voz íntima
sofrimento que eleva o ser humano ao heroísmo. Neste caso, que lhe dizia” (ll. 37-38).
as diferenças sociais (patentes, por exemplo, nas formas de 2. A intriga apresenta um forte pendor trágico em que são
tratamento) são também de assinalar. recorrentes os presságios:
2. “É a última vez que ponho a mesa ao senhor Simão em
a) Mariana revela abnegação ao auxiliar Simão a comunicar minha casa!” (l. 3); “Choro, porque me parece que o não
com Teresa, por muito que o amor que os une lhe cause so- tornarei a ver”(l. 10).
frimento. 3. Com a oposição luz/trevas pretende-se realçar e intensifi-
b) Mariana recusa qualquer recompensa por parte de Teresa, car a imagem de dor e desesperança de Simão e Mariana e
pois o que a move não são os interesses materiais. uma derradeira esperança na justiça divina.

ORALIDADE
P213
1.1. (A)
Sugestão de resposta
1.2. (B)
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (CONT.)
1.3. (B)
c) Mariana sente-se inferior a Teresa, tanto social como fisi-
1.4. (B)
camente, embora seja ela própria uma mulher atraente. Este
aspeto é visível, principalmente, nos momentos em que o
narrador dá a conhecer os seus pensamentos e na forma P218
como se dirige a Teresa. Sugestão de resposta
d) Mariana mostra-se bastante perspicaz ao identificar ime- EDUCAÇÃO LITERÁRIA
diatamente Teresa, sem a conhecer e na forma como se rela- 1.
ciona com a fidalga.
a) cinematográfico
3. Logo no início da carta, Simão dá conta do seu desespero
b) temporal
e do seu desengano: “Considero-te perdida, Teresa” (l. 82).
As razões que Simão apresenta para tal desistência parecem c) divagações
derivar de um sentimento elevado de responsabilidade pes- d) concentração
soal perante a adversidade, que lhe destrói a esperança no 2. 1.ª imagem: (C).; 2.ª imagem: (B). 3.ª imagem: (A).
amor e, por consequência, a felicidade, restando-lhe apenas 3. A inserção do determinante indefinido "um" no título
a dignidade da morte. aponta para o facto de o filme apresentar uma leitura da
4. Nesta obra, encontramos excertos de linguagem culta e obra, uma adaptação livre. Este filme constitui a leitura mais
diálogos vivos de linguagem popular adequados às condi- recente.
ções socioculturais das personagens envolvidas em qualquer 4. – Filme e cartaz de 1943: realça-se a tríade amorosa.
dos casos. É o que verificamos neste excerto, em que estão Simão surge ao centro com duas armas, realçando-se a sua im-
presentes vários segmentos de linguagem corrente e até fa- pulsividade e determinação. Mariana surge do lado esquerdo e
miliar, própria do registo popular de um homem do povo destaca-se pelas suas vestes mais populares enquanto do lado
como João da Cruz: “Morra ele, que o levem trinta milhões direito surge a fidalga, Teresa de Albuquerque. Em síntese, real-
de diabos! Mas vossa senhoria há de viver enquanto eu for ça-se o triângulo amoroso e a tragédia.
João.” (ll. 42-43)
– Filme e cartaz de 1978 (aquando do Festival de Flo-
GRAMÁTICA rença; em Portugal a estreia é um ano mais tarde): realça-se
1. Oração subordinada adverbial condicional e oração subor- o amor correspondido dos dois heróis, embora a posição de
dinada adjetiva relativa explicativa, respetivamente. despedida em que se encontram permita inferir tratar-se de
um amor contrariado.
P214
Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1. São várias as expressões que evidenciam a importância
que Simão e Mariana atribuem ao destino: “Porque mo diz o

24
Propostas de resolução

P219 H. 1.7.
Sugestão de resposta I. 1.10.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (CONT.) J. 1.8.
– Filme e cartaz de 2008: a tónica é posta na figura de
Simão Botelho, com uma atitude assertiva marcada pela im- P222
pulsividade e agressividade. O olhar direto da personagem e
Sugestão de resposta
a provocação da pistola apontada são os aspetos privilegia-
dos na imagem, evidenciando a atitude desafiante de Simão ORALIDADE
face à sociedade. 1.
5. Amor de Perdição apresenta características da tragédia -"condenado à forca" correto
clássica. Neste excerto, podemos identificar o clímax que a -"de Monchique, no Porto"
morte de Baltasar constitui e a catástrofe que se adivinha -"deteriora-se"
com a “morte” dos protagonistas.
-"a pena de morte" correto
6. Simão e Teresa apresentam características de heróis ro-
-"o Porto"
mânticos.
-"para a Índia" correto
Simão era rebelde, marginal e violento antes de se apaixonar
por Teresa, tornando-se depois num amante fidelíssimo e
obstinado na defesa da sua honra de amante perseguido, P227
mas quer no amor quer no ódio revela-se excessivo. Sugestão de resposta
Teresa ama e é amada, luta contra o seu destino, alimenta-se EDUCAÇÃO LITERÁRIA | GRAMÁTICA
de sonhos de felicidade futura em vida ou após a morte. 1. Os protagonistas sonhavam com uma vida em conjunto,
Ganha coragem e é destemida na sua recusa dos abusos da feliz e calma. A realidade, no entanto, veio a ser bem dife-
autoridade paterna. rente, pois Teresa morre no convento e Simão é degredado
7. Após a entrega das armas, Simão arca com a responsabili- para a Índia, como resume a frase de Teresa: “Oh Simão de
dade da sua escolha, numa afirmação do seu livre arbítrio. que céu tão lindo caímos!” (l. xx). Deste modo, os projetos
Simão assume-se como verdadeiro protagonista e torna-se delineados nas cartas dos dois amantes têm um desenlace
agente da sua própria perdição, cumprindo o destino trágico trágico, muito diferente do sonhado.
que procurou ao longo de toda a novela. Este episódio cons- 2. O momento de descrição inserido na carta de Teresa evi-
titui, assim, a consagração do herói que reage à fatalidade dencia a idealização própria do amor vivido por Teresa e
através de uma escolha pessoal. Simão.
8. 3.
a) Tadeu de Albuquerque a) concretização
b) nascimento b) céu
c) corrupção c) causa
d) novo d) morte

P221 P228
Sugestão de resposta Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA EDUCAÇÃO LITERÁRIA | GRAMÁTICA (CONT.)
A. 1.5. 4. (B)
B. 1.3. 5. a) Deste modo | Assim
C. 1.1. b) mas | contudo | todavia
D. 1.2. c) Por sua vez
E. 1.6. 6. No final da obra, cruzam-se o destino e o livre-arbítrio. É o
F. 1.4. próprio capitão do barco que refere a "má estrela” de Simão
G. 1.9. que o conduz à morte. Contudo, neste excerto, Mariana opta

25
Propostas de resolução

por morrer, concretizando uma opção individual premeditada fície. Assim, uma peça de teatro, um livro, uma pintura, um
e refletida. filme podem contribuir de forma muito efetiva para uma
7. b); c); d) e a). mudança de mentalidades, tal como se tem vindo a verifi-
car em vários momentos do nosso passado, contribuindo
8. (novelas) camilianas. | Nela (se cruzam) | (no) protago-
para a alteração das formas de o ser humano ver o mundo
nista, | cuja (transformação) | (da) última, (da) obra
ou os outros. No caso português, as canções de interven-
ção de Zeca Afonso tiveram, nas últimas décadas do século
P236 XX, um papel decisivo na democratização da sociedade
Sugestão de resposta portuguesa, muito marcada pela ditadura.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (PÁG. SEGUINTE) Em suma, o ser humano resiste à mudança, mas não resis-
te ao prazer da arte.
1. Este excerto que elenca a genealogia de Simão Botelho
apresenta um caráter documental que legitima a constru-
P241
ção ficcional, como é característico das obras românticas.
Sugestão de resposta
Para além dos pormenores sobre a ascendência de Simão,
encontramos informações que ilustram claramente o teor DESAFIO
documental deste texto, nomeadamente na referência a 2.1. (B);
datas e a locais do nosso País. 2.2. (D);
2. No segundo parágrafo pode verificar-se que a justiça
2.3. (A);
da época era corrupta e altamente distorcida por inte-
resses políticos, como se verifica no seguinte excerto: "O
P242
provinciano saiu das masmorras da Junqueira ilibado da
Sugestão de resposta
infamante nódoa, e até benquisto do conde de Oeiras,
porque tomara parte na prova que este fizera do primor de LEITURA (PÁG. SEGUINTE)
sua genealogia sobre a dos Pintos Coelhos, do Bonjardim 1. A Geração de 70 surge no terceiro quartel do século XIX,
do Porto: pleito ridículo, mas estrondoso, movido pela após as guerras liberais e quando o romantismo português
recusa que o fidalgo portuense fizera de sua filha ao filho se transformara em Ultrarromantismo.
de Sebastião José de Carvalho." (ll. 10-13) 2. a) Questão Coimbrã; b) Conferências Democráticas do Ca-
sino; c) Feliciano de Castilho; d) político-cultural
P237
3. Programa das Conferências:
Sugestão de resposta
• “Abrir uma tribuna, onde tenham voz as ideias e os traba-
LEITURA | GRAMÁTICA
lhos que caraterizam este momento do século, preocupando-
3. (B) -nos sobretudo com a transformação social, moral e política
4. (A) dos povos;
5. "do duque de Aveiro".
• Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo-o
6. Modificador do nome apositivo.
assim nutrir-se dos elementos vitais de que vive a humani-
7. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
dade civilizada;
8.
• Procurar adquiri a consciência dos factos que nos rodeiam
a) Complemento direto.
na europa;
b) Complemento do nome.
ESCRITA | EDUCAÇÃO LITERÁRIA • Agitar na opinião pública as grandes questões da filosofia
9. A mudança é uma característica inerente a qualquer e da ciência moderna;
sociedade e reflete a sua evolução. • Estudar as questões da transformação política, económica
No entanto, um dos aspetos mais difíceis de implementar é e religiosa da sociedade portuguesa.”
a mudança de mentalidades, uma vez que a sua evolução
se faz de uma forma progressiva e raramente rápida. Deste
P243
modo, são vários os fatores que contribuem para essas
alterações, embora o efeito das alterações seja lento. Sugestão de resposta
Na verdade, as diferentes manifestações artísticas desem- LEITURA (CONT.)
penham, nesta evolução, um papel determinante, apesar Conferências e respetivos autores:
de o seu efeito ser muitas vezes pouco percetível à super- 1. “O Espírito das Conferências”, Antero de Quental;

26
Propostas de resolução

2. “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últi- P250


mos três séculos”, Antero de Quental; Sugestão de resposta
3. “Literatura Portuguesa”, Augusto Soromenho; LEITURA
4. “A afirmação do realismo como nova expressão da Arte”, 1.
Eça de Queirós;
a) factos.
5. “O Ensino”, Adolfo Coelho;
b) crítica.
6. "Os historiadores críticos de Jesus", Salomão Sáraga; Esta
c) romântica.
conferência não se realizou por proibição do governo que
alegou que se "expunham e procuravam sustentar doutrinas d) romance.
e proposições que atacavam a religião e as instituições políti- e) aprofundamento.
cas do Estado. f) científico.
Conferências anunciadas que não se realizaram: g) social.
• "O Socialismo", Batalha Reis; 2. Eça de Queirós foi um escritor preocupado em utilizar a
• "A República", Antero de Quental; linguagem de forma original, acreditando que a arte á capaz
• "A Instrução Primária" por Adolfo Coelho; de contribuir para corrigir costumes e, assim, mudar mentali-
dades.
• "A Dedução Positiva da Ideia Democrática", Augusto Fus-
chini. GRAMÁTICA
Posicionamento do governo: 1. A. 2.; B. 4.; C. 5.; D. 1.; E. 3.
As conferências foram suspensas por imposição governamen-
tal dado o receio do impacto das ideias expostas no país. P252
5. 1. e.; 2. a.; 3. f.; 4. c.; 5. d.; 6. b. Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
P244 1. Este episódio faz parte da intriga secundária e integra-se
Sugestão de resposta na parte da obra que diz respeito à história da família Maia.
LEITURA 2. Este episódio constitui uma analepse, que remete os leito-
res para um tempo anterior ao início da ação (outono de
1. a) A. Valorização da arte e da ciência como motores de
1875) e permite uma análise naturalista das personagens.
um país;
B. Crítica irónica antecipada à perda de identidade de um 3. A frase: “O Outono passou, chegou o Inverno, frigidís-
simo” (l. 17) constitui uma elipse, uma vez que desconhece-
país;
mos os eventos suprimidos por não serem relevantes para a
C. Importância do riso.
ação.
b) A. A mentira como tema global d’ Os Maias;
4. a. 2; b. 3; c. 1; d. 4
B. Influência decisiva de Os Maias na vida do escritor;
Sugestão de resposta
C. Atualidade d’ Os Maias;
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (PÁG. 254)
D. Obra à frente do seu tempo.
1. Este excerto constitui a primeira visita de Carlos a Miss Sara
doente. Carlos já consultara Rosa, mas Maria Eduarda estava
P247 ausente. Assim, é a primeira vez que Carlos está com Maria
Sugestão de resposta Eduarda na casa da rua de S. Francisco.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA 2. Carlos esperava ansiosamente este encontro e é através
do seu olhar que, gradualmente, conhecemos primeiro a ca-
1. a) família; b) sociedade; c) Lisboa.
delinha e depois Maria Eduarda. Encontramos neste episódio
2. A partir do excerto que ilustra o subtítulo do romance de- um Carlos tímido, hesitante, embaraçado e, perfeitamente,
preendemos que Portugal tinha a tendência de valorizar e deslumbrado com tudo o que vê: “− Perfeitamente, perfeita-
copiar as modas estrangeiras, desvalorizando as tradições mente − murmurava Carlos, sorrindo, num encanto de tudo.
nacionais. O episódio das Corridas do Hipódromo é um
exemplo de uma apropriação postiça de um desporto inglês
ao qual nem o clima mediterrâneo se adequa.

27
Propostas de resolução

P253 expressividade que se tornou um traço estilístico distintivo da


Sugestão de resposta sua escrita. Os advérbios "embaraçadamente" e "vagamente"
dão uma intensidade e tonalidade distinta à frase e modelam o
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (PÁG. SEGUINTE)
seu sentido, conferindo-lhe uma forte carga de subjetividade.
E pareceu-lhe então que no olhar dela alguma coisa brilhara,
fugira para ele, de mais vivo, de mais doce” (ll. 51-53).
P255
3. O primeiro momento do texto prolonga a emoção do en-
contro entre Carlos e Maria Eduarda, adiando-o. Carlos tem Sugestão de resposta
de ultrapassar um primeiro obstáculo que é cativar a “cadeli- EDUCAÇÃO LITERÁRIA (CONT.)
nha”: “baixinho, querendo captar-lhe as simpatias” (l. 1). 10. A coincidência do nome Niniche da cadelinha de Maria
São várias as expressões textuais que personificam Niniche e Eduarda com a “galguinha italiana” que Carlos tivera consti-
indiciam, numa gradação crescente, que Carlos será bem re- tui um indício trágico da relação familiar que os une.
cebido por Maria Eduarda: “dardejando” (l. 2), “duma pene-
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
tração quase humana” (ll. 3-4), “namorara-se dele” (l. 5).
1.1. Os textos apresentados apresentam pares amorosos
4. A entrada de Maria Eduarda na sala, como uma deusa,
presentes na obra que vivenciam o amor de formas diferen-
faz lembrar o Episódio do Hotel Central: “um passo leve
tes. No 1.º texto, Pedro está muito apaixonado por Maria e é
pisou a esteira” (l. 6) e contrasta com a simplicidade da pró-
completamente dominado por ela. No 2.º texto, Carlos e
pria casa, elevando-a, por antítese, a uma condição inacessí-
Maria Eduarda mantêm uma relação amorosa sincera e pro-
vel. A sua entrada surge, assim, como uma “aparição”. O
funda. No 3.º texto, Ega e Raquel têm uma relação adúltera,
facto de Maria Eduarda ser descrita através dos olhos, dos
uma vez que Raquel é casada.
cabelos, da voz,… acentua o estado de encantamento gra-
dual de Carlos. 1.2. Carlos e a Condessa Gouvarinho mantiveram, durante
algum tempo, uma relação adúltera semelhante à de Ega e
O vestuário de Maria Eduarda é muito simples e é descrito
Raquel.
gradualmente, recorrendo a partes: “manga”, ”punho”. A
descrição, no entanto, torna-se cada vez mais subjetiva e ín- 1.3. Caracterização das personagens.
tima, através da seguinte enumeração de caráter abstrato: "a Pedro: é o pai de Carlos e protagonista da intriga secundária.
beleza, a brancura, o macio, o calor dos seus braços”. A sua personalidade foi marcada pela educação, pelo meio e
5. A voz de Maria Eduarda é qualificada duplamente com os adje- pelo momento histórico. Apresenta um temperamento fraco.
tivos inusitados “rica e lenta” e com a expressão “de um tom de Maria Monforte: mãe de Carlos, é muito bonita e de ori-
ouro que acariciava” (l. 14), que apresenta uma sinestesia múlti- gem social modesta. É muito influenciada pelos romances
pla, remetendo simultaneamente para sensações auditivas, táteis e que leu. Casa com Pedro e foge com um napolitano. Tem
visuais. Com a utilização da adjetivação expressiva e da sinestesia uma vida dissoluta em Paris.
realça-se o estado de encantamento de Carlos e acentua-se o ca-
ráter subjetivo do episódio. P256
Sugestão de resposta
P254 EDUCAÇÃO LITERÁRIA (CONT.)
Sugestão de resposta Afonso: é o avô de Carlos, representa o liberalismo por con-
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (CONT.) fronto com Caetano absolutista. Apresenta uma personali-
6. (A) 3; (B) 1; (C) 2; (D) 1. dade forte e íntegra.
7. A metáfora presente nesta expressão realça o amor que Car- Vilaça: é o procurador leal e fiel da família.
los sente por Maria Eduarda e apresenta semelhanças com Carlos: é o protagonista do romance. Aristocrata, culto, dile-
qualquer poema de amor de Camões, como, por exemplo, tante. Foi educado por um percetor inglês. Distingue-se de
“Amor é um fogo que arde sem se ver”. todas as outras personagens e simboliza a incapacidade de
8. Carlos está inicialmente nervoso e ansioso, quando vê Maria regeneração do próprio País.
Eduarda fica embaraçado e perturbado. Gradativamente, a per- Maria Eduarda: é muito bela, culta, sensata e equilibrada.
sonagem ultrapassa o estado de enleio a perturbação, termi- É apresentada como vítima dos pecados da mãe.
nando em adoração: "nunca ali ousaria olhá-la tão franca- Ega: amigo íntimo de Carlos. É um fidalgo rico da província.
mente com uma tão clara adoração" (ll. 36-37). É partidário do naturalismo e considerado pela crítica o alter
9. Eça de Queirós usou o advérbio com tal mestria e ego do autor.

28
Propostas de resolução

Raquel: é casada com Jacob Cohen e representa a mulher 12. Craft – O britânico
adúltera. 13. Sousa Neto – O burocrata (Administração pública)
1.4. O texto A integra a intriga secundária do romance, uma 14. Palma Cavalão – O jornalista corrupto
vez que envolve personagens com menos relevo na ação, en-
15. Guimarães – O democrata
quanto o texto B constitui um momento da intriga principal.
4. História da família
1.5.
Afonso; Pedro; Carlos; Maria Eduarda
Intriga principal: texto B
Dimensão trágica
Intriga secundária: texto A
Afonso; Carlos; Maria Eduarda
O adultério: texto C
Dimensão crítica
Os textos A e B constituem a intriga principal e secundária
da história da família Maia. Carlos; Ega; Vilaça

O texto C integra os “Episódios da Vida Romântica”, uma


vez que faz parte da crónica de costumes da vida lisboeta do P264
final do século XIX. Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | ORALIDADE (CONT.)
P258 6.
Sugestão de resposta 6.1. C; 6.2. C; 6.3. A; 6.4. B
LEITURA
1. a) naturalista
b) romântico P267
c) conservadora Sugestão de resposta
d) experimental EDUCAÇÃO LITERÁRIA
e) juízo crítico 1. Este episódio tem lugar quando Carlos fica com a casa de
f) educação Craft para passar o verão no campo com Maria Eduarda.
2. A “Toca” é um espaço em que o sagrado e o profano se
P263 cruzam. É, ao mesmo tempo, a “morada dos deuses” e a
Sugestão de resposta “morada dos bichos”. A “Toca” simboliza o que de bestial e
antinatural há naquela relação. Deste modo, são vários os
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | ORALIDADE
elementos antitéticos presentes nesta descrição e que a ex-
1. Estes episódios retratam uma sociedade de transição (Portugal pressão: “tabernáculo profanado” (ll. 5-6) sintetiza.
da Regeneração), finissecular, caracterizada por uma aparência de
3. a) 2.; b) 1.; c) 2.; d) 2.; e) 1.; f) 2.;
despreocupada alegria de viver, em que se efetuam importantes
modificações sociais e povoada de personagens com carácter ca- g) 1.; h) 2.
ricatural.
3. 1. Jacob Cohen – O banqueiro (Finanças); P268
2. Raquel Cohen – A adúltera Sugestão de resposta
3. Conde Gouvarinho – O (poder) político LEITURA | ESCRITA
4. Condessa Gouvarinho – A adúltera 1. Os dois artigos de opinião apresentam uma perspetiva crí-
5. Dâmaso Salcede – O novo-rico tica do excessivo formalismo na utilização das formas de tra-
tamento em Portugal.
6. Tomás Alencar – O poeta ultarromântico
2. A principal diferença entre os dois textos é o facto de o
7. Cruges – O talento artístico (pianista)
texto A apresentar a perspetiva de um português, enquanto
8. Eusebiozinho – A educação tradicional portuguesa o texto B mostra a opinião de um estrangeiro que vive em
9. Rufino – O deputado Portugal.
10. Steinbroken – O diplomata
11. Taveira – O empregado público

29
Propostas de resolução

P269 c. Indício de desfecho trágico (morte).


Sugestão de resposta 2. a. Carlos, Maria Eduarda e Afonso são personagens que,
LEITURA pela sua grandeza, se distinguem dos demais.
1. (A) (3) b. Vários indícios trágicos ao longo da obra (p. ex. fatalidade
ligada ao Ramalhete).
(B) (2)
c. Atração entre Carlos e Maria Eduarda.
(C) (5)
d. Reconhecimento através das informações de Guimarães.
(D) (1)
e. Sentimentos provocados pelo incesto no leitor.
(E) (4)
f. Afastamento catártico de Carlos, no final da obra.

P271
P275
Sugestão de resposta
Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | ORALIDADE
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | ORALIDADE
1.
ORALIDADE (CONT.)
Sensação visual: “parou ao fim do largo de Belém” (l. 3);
“numa tosca guarita de madeira” (l. 4); “magrinhas, loiri- 1. Sugestão
nhas” (l. 24). • Mudança para o Ramalhete após anos de abandono;
Sensação auditiva: “estalando os foguetes” (l. 3); “ia apre- • Qualidades intelectuais e morais das personagens num
goando” (l. 12). meio restrito e medíocre;
Sensação gustativa: “água fresca” (l. 13). • Semelhança física de Carlos com a mãe de Maria Eduarda;
Sensação tátil: “a catar” (l. 24); “vidrilhos” (l. 26) • Semelhança temperamental de Maria Eduarda com Afonso
Sensação olfativa: “poeirada” (l. 7). da Maia;
2. São várias as expressões que realçam a perspetiva crítica • Similitude dos nomes: Carlos Eduardo e Maria Eduarda;
de Carlos face a estas Corridas de Cavalos à portuguesa, que • A lenda do Ramalhete: “eram sempre fatais aos Maias as
não fazem mais do que imitar o estrangeiro, expondo o pro- paredes” da casa;
vincianismo da mentalidade portuguesa: …“Carlos cumpri- • Espaços físicos associados a destruição e morte (jardim do
mentou as duas irmãs do Taveira, magrinhas, loirinhas, Ramalhete, a Toca);
ambas corretamente vestidas de xadrezinho” (ll. 24-25), “Ao
• Hybris – amor incestuoso de Carlos e Maria Eduarda;
lado, conversando com Steinbroken, a duquesa de Soutal,
desarranjada, com um ar de ter lama nas saias.” • Peripécia – encontro do Sr. Guimarães com Ega;
• Reconhecimento – revelação do Sr. Guimarães a Ega e de
Ega a Carlos;
P274
• Pathos – sofrimento das personagens após a descoberta
Sugestão de resposta
da identidade de Maria Eduarda;
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
• Catástrofe – morte física de Afonso e morte do amor entre
1. Referência ao provérbio "Sorte ao jogo, azar no amor". Carlos e Maria Eduarda.
2. "A gente, Craft, nunca sabe se o que lhe sucede é, em de-
finitivo, bom ou mau.”
P277
3. “Maria Eduarda, Carlos Eduardo… Havia uma similitude
Sugestão de resposta
nos seus nomes.”
LEITURA | GRAMÁTICA
4. “Pareces-te com minha mãe!", "há um não sei quê na
testa, no nariz (…) esquecido…". 2.1. (B); 2.2. (A); 2.3. (D); 2.4. (A); 2.5. (B); 2.6. (A).

5. "um tom de sangue", “como se fossem os derradeiros


que devesse dar na vida!
a. Indício de insucesso amoroso;
b. Indício de uma relação incestuosa;

30
Propostas de resolução

P279 P283
Sugestão de resposta Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | GRAMÁTICA EDUCAÇÃO LITERÁRIA | ORALIDADE
1.1. 1. Este diálogo ocorre depois do final trágico que assolou a
A. 1.;B. 1.; C. 3.; D. 1.; E. 3.; F. 3.; G. 1. família Maia (morte de Afonso, partida definitiva de Maria
Eduarda, longa viagem de Carlos pelo mundo) e que fechou
2. No texto B, o discurso entre aspas delimita um relato de
por completo o ciclo da família. Faz ainda o retrato da cidade
discurso hipotético. Vilaça, perturbado pela notícia que Ega
de Lisboa e do País, que pouco evoluíram em 10 anos.
lhe traz e que, como procurador da família, deverá transmitir
a Carlos, simula ironicamente o que diria. 2. Tópicos
3. Neste excerto está presente o discurso indireto livre: ausência Argumentos:
de verbo de comunicação; ausência de marcas gráficas, como • o esforço é necessário por valer a pena;
os dois pontos e o travessão; transposição das formas verbais • o esforço impede o fracasso;
características de discurso indireto, com predomínio do pretérito
• o esforço motiva;
imperfeito do indicativo; presença de exclamações e de interjei-
ções; manutenção da ordem das palavras, na forma caracterís- • o esforço conduz à felicidade;
tica do discurso direto. A apóstrofe “estúpidos” constitui uma •…
marca de discurso direto dentro do discurso indireto livre. Contra-argumentos:
4. Neste excerto estão presentes duas modalidades de discurso: • o esforço pode não frutificar a médio ou longo prazo;
o discurso direto e o discurso indireto livre. Inserido no excerto de • o esforço pode causar desânimo;
discurso indireto livre, o advérbio “agora” remete para o mo-
• o esforço contém sempre alguma frustração;
mento em que as personagens dialogam, criando um efeito esti-
lístico característico desta modalidade de discurso. Assim, a narra- •…
tiva integra as falas das personagens de uma forma fluida que 3. Trágico:
não quebra o ritmo dos acontecimentos relatados. • destruição do Ramalhete;
• sofrimento das personagens;
P281 • reconhecimento;
1. 1. a); 2. c); 3. a); 4. c); 5. c); 6. b) • aniquilação das personagens;
2. Neste excerto está presente o discurso indireto livre: não é • Desistência:
apresentado verbo de comunicação; o discurso não aparece •…
isolado por marcas gráficas, as formas verbais apresentam
Cómico:
transposições características de discurso indireto, com predo-
mínio do pretérito imperfeito do indicativo; a ordem das pa- • corrida final;
lavras mantém-se na forma característica do discurso direto. • oposição entre o que se diz e o que se faz;
A interrogação e o advérbio de afirmação constituem uma • necessidade de satisfações básicas;
marca de discurso direto dentro do discurso indireto livre.
• valorização de aspetos menores;
3. Neste excerto estão presentes duas modalidades de dis-
•…
curso: o discurso direto e o discurso indireto livre. Inserido no
excerto de discurso indireto livre, a repetição do advérbio
“não” cria um efeito estilístico característico do discurso di- P285
reto. Assim, a narrativa integra as falas das personagens de 1. “me” deítico pessoal que se refere ao locutor (Ega).
uma forma fluida e não quebra o ritmo dos acontecimentos “hoje” deítico temporal que se refere ao momento da enun-
relatados. ciação.
“posso” deítico pessoal e temporal que se refere ao locutor e
ao momento da enunciação.
“amanhã” deítico temporal que se refere ao momento da
enunciação.
“me” deítico pessoal que se refere ao locutor (Ega).

31
Propostas de resolução

“te” deítico pessoal que se refere ao interlocutor (Carlos). de formas muito distintas.
“meu” deítico pessoal que se refere ao locutor (Ega). 3. (A)
4. (B)
2.
Leitura | Gramática
“nela” – retoma “peliça”
1. (D)
“seus” – retoma “do Ega” 2. (B)
“lá” (duas ocorrências – retoma “Ramalhete”) 3. Sujeito.
“o” (duas ocorrências) – John (Ega) 4. Modificador do nome apositivo.
5. Valor restritivo.
3.
Anáforas: “o” (“D. Diogo”); “essa” (“canalha”); “o” P299
(“D. Diogo”); “esses” (“canalha”, “gente”; “sua” Sugestão de resposta
(de “D. Diogo”).
ESCRITA | EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Deíticos: “eu” (locutor); “marquês” (interlocutor); “você” (in-
6. O significado do vocábulo estudar é cada vez mais
terlocutor); “o outro” (interlocutor); “aí” espaço da enuncia-
abrangente: conhecer, analisar, refletir, compreender, fazer,
ção); “Dioguinho” (interlocutor).
aprender…
Na atualidade, ao privilegiar-se a participação ativa do
P287 aprendente na construção do conhecimento, as formas de
Sugestão de resposta estudar e os locais de aprendizagem têm de ser diversos.
LEITURA | GRAMÁTICA Assim, estuda-se na sala de aula ou em casa, mas também
numa visita de estudo, num trabalho de campo, num
2.1. (D);
laboratório, no exterior da escola, enfim, um pouco por
2.2. (A); todo o lado.
2.3. (B); Aos instrumentos mais tradicionais que nos permitem
2.4. (A); estudar, como os livros, somam-se outros, como os meios
2.5. (C); tecnológicos, por exemplo. Veja-se o que aconteceu recen-
temente com a crise pandémica, em que, de um dia para
2.6. (B);
o outro, todos tiveram de se adaptar a novas formas de
2.7. (D); aprender, com o grande contributo de computadores ou de
2.8. (A). tablets e de plataformas digitais. Foi necessário ajustar os
métodos de ensino e de aprendizagem e, por isso, os alu-
nos foram confrontados com a necessidade de fazer mais,
P298
estabelecendo metas, refletindo e resolvendo problemas
Sugestão de resposta individualmente ou em grupo.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA Concluindo, a conceção do que é estudar tem vindo a
1.1. Pedro da Maia é caracterizado de forma depreciativa. mudar ao longo dos tempos porque a própria sociedade
Assim, revela-se cobarde, incapaz de desobedecer ao Padre também muda e, se oferece mais, também apresenta
Vasques, apesar de ter embirrado com ele. É também muito outras exigências.
emotivo e, por isso, chora com muita facilidade (“dois
olhos maravilhosos e irresistíveis, prontos sempre a hume- P303
decer-se”). É também um ser apático, sem nenhum desejo 1.
forte. Concluindo, Pedro da Maia é um fraco. • Antero de Quental e Cesário Verde são poetas emblemáti-
2. Carlos foi educado de forma oposta ao seu pai. Assim, cos da literatura portuguesa.
enquanto Pedro da Maia tinha sido educado de acordo
• Constituem momentos de rutura na poesia portuguesa.
com um modelo tradicional português, com proteção
• São os poetas introdutores da modernidade.
excessiva, num ambiente feminino e religioso, a educação
de Carlos seguiu o modelo britânico, que privilegiava o • A poesia de Antero é uma das principais influências da poe-
contacto com o ar livre, a atividade física e os horários sia pessoana.
rígidos. Em conclusão, os dois modelos são antagónicos e, • "Antero ensinou a pensar em ritmo".
por isso, as duas personagens, perante o fracasso, reagem • Cesário "ensinou a observar em verso".

32
Propostas de resolução

• Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, evoca e a realidade, concretiza-se esta oscilação constante entre
Cesário Verde e o seu poema "O Sentimento dum Ociden- esperança e desalento.
tal".
P309
P304
Sugestão de resposta
Sugestão de resposta
ORALIDADE
LEITURA
3.
1.
(B) "Mas já desmaio, exausto e vacilante,"
– "Poeta, filósofo, homem de ação; excêntrico, louco, neuró-
tico; iconoclasta, místico, santo" (C) "espada" e "armadura"

– "o fenómeno Antero" (G) "Mas dentro encontro só, cheio de dor, / Silêncio e escu-
ridão − e nada mais!"
– "mais do que o revolucionário ou o introdutor de ruturas,
é, pelo contrário, um homem que vai ao arrepio do seu 4. O tema do soneto é a vã aspiração à felicidade, à Ventura,
tempo" que se concretiza no pessimismo existencial dos dois últimos
versos: "Mas dentro encontro só, cheio de dor, / Silêncio e
– "regressar ao soneto, que é, para ele, o género poético por
escuridão − e nada mais!".
excelência."
5. A figura representa D. Quixote de La Mancha, que, na
No excerto selecionado, Antero é apresentado como um
obra de Cervantes, assume a postura de um cavaleiro an-
“poeta”, uma referência “cívica, um “filósofo” e “um
dante idealista, cansado e derrotado pela busca infrutífera de
homem de ação”. Faz-se referência ao “fenómeno Antero”,
um ideal sonhado. No soneto, o sujeito, na parte inicial do
poeta e líder, uma referência da Geração de 70 que influen-
poema, acredita na possibilidade de atingir o Ideal e assume
ciou de forma determinante as gerações seguintes.
esse desígnio: um compromisso com a vida em demanda da
felicidade. Porém, no final, perante a deceção da realidade,
P307 demonstra o seu cansaço e exaustão, tal como acontece na
Sugestão de resposta imagem.
ORALIDADE
1. (A) F P311
Verifica se já aprendeste
(B) F
1. c) III.
(C) V
2. d) II.
(D) F
3. a) I.
(E) V
4. f) IV.
(F) V
(G) V
P313
Sugestão de resposta
P308
LEITURA | GRAMÁTICA
Sugestão de resposta
1. (C)
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
2. (A)
1.
3. (D)
Entusiasmo inicial: vv. 1-4;
4. (B)
Desalento do insucesso: vv. 5-6;
5. Oração subordinada substantiva completiva: “que a IA vai
Renascimento da esperança: vv. 7-12;
tentar acompanhar a sua escrita” com função sintática de
Deceção final: vv. 13-14.
complemento direto.
2. Entre os vários momentos do texto estabelecem-se rela-
6. (A) 3.
ções de oposição que evidenciam a evolução psicológica do
(B) 5.
sujeito, ao longo do seu trajeto. Uma vez que o soneto ex-
prime o abismo entre a realidade e o Ideal ou entre o sonho (C ) 2.

33
Propostas de resolução

(D) 1. "que" é uma conjunção subordintaiva completiva – Relação com o poema: "Beleza" e perfeição da arte; fuga
(E) 1. "que" é uma conjunção subordinativa completiva. da realidade através da idealização; …

P314 P319
Sugestão de resposta Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | ESCRITA EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1. O poema abre com uma antítese aparentemente contradi- 1. O tema deste soneto é a idealização do Amor, como se
tória: “Conheci a Beleza que não morre / E fiquei triste.” (vv. verifica no último terceto, onde "Ideal" e "Desejo" surgem
1-2). Estas duas ideias são contraditórias, na medida em que escritos com maiúsculas.
a visão da “Beleza” eterna não deveria ser motivo para a 2. O sujeito poético começa por caracterizar a amada pela
tristeza do sujeito poético, mas deveria, pelo contrário. ter negativa, culminando com a afirmação do caráter ideali-
sido sinónimo de alegria. zante da figura descrita, através dos vocábulos "visão",
“miragem” e “ideal” (vv.10 e 12-13).
2. a) abstrato; b) inatingível; c) ascender; d) mitológicas
3. O sujeito recorre à comparação para explicar o que sente, LEITURA | GRAMÁTICA
comparando a sua experiência à de quem sobe a um ponto
3. (C)
alto: “serra mais alta” (vv. 2-3) e a partir daí visionar a im-
4. (B)
perfeição do mundo: “Assim eu vi o mundo e o que ele en-
5. "Aquela"
cerra / Perder a cor” (vv. 6-7).
6. Modificador do nome apositivo.
4. a. “Beleza que não morre” (v. 1).
7. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
b. “ideia pura” (v. 9). 8. a) Complemento direto.
c. “ideia pura” (v. 9). b) Sujeito.

ESCRITA | EDUCAÇÃO LITERÁRIA


P315
9. Os sonetos de Antero de Quental revelam uma angústia
Sugestão de resposta existencial profunda.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | ESCRITA (cont.) Efetivamente, a busca permanente da Perfeição, que não se
5. compadece com um mundo imperfeito, em que se destacam
a) soneto a desarmonia entre os homens e a incompletude da vida
humana, conduz o sujeito a um profundo desalento quando
b) reflete
vê os seus sonhos desmoronar-se. Todos os ideais estão,
c) imperfeição portanto, condenados ao fracasso, o que provoca angústia
d) Totalidade no sujeito e inconformismo com a realidade imperfeita. Os
e) limitação sonhos que alimentou com determinação durante toda a
vida são vistos como formas imperfeitas, impossíveis de se
6.
concretizarem (“Palácio da Ventura”). O “eu” busca, por isso,
a) clássica
desesperadamente uma forma de evasão num local distante,
b) Internamente longe da banalidade do quotidiano (“Sonho oriental”), ou
c) progressivamente aspira a um estado de indiferença, ou deseja o refúgio no
d) formal sono junto de uma figura protetora.
Em suma, o “eu” revela desencanto em relação a todas
e) reflexão
as esperanças, evidenciando uma visão pessimista da
7.
existência.
– Pintor português modernista.
– Movimento artístico em que se insere: expressionismo oní- P320
rico. LEITURA | ORALIDADE
– Descrição do quadro: o poeta descansa nos braços da 1.
amada na presença de um anjo; cores fortes características – Jovem normal com uma vida de estudo e de trabalho.
do Modernismo; cenário onírico.
– Morre precocemente e os seus poemas são publicados, em

34
Propostas de resolução

1887, por um amigo sob o título O Livro de Cesário Verde, P323


embora o poeta tenha mencionado o título Cânticos do Rea- Sugestão de resposta
lismo e este título tenha sido adotado em 2006.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
– A sua poesia constitui um momento de rutura com a "pie-
1.
guice" romântica.
a) “saltam de viga em viga” (v. 16)
– Caracteriza tipos socias lisboetas que nunca tinham inte-
grado o textos poéticos, dando protagonismo a novos heróis. b) “aos magotes” (v. 17) ; “de jaquetão ao ombro, enfarrus-
cados, secos” (v. 18)
– Adota uma atitude de deambulação e observação do real
circundante. c) “arengam” (v. 29)

– Estilisticamente quebra com a tradição e recorre ao uso ex- d) “flutuam” (v. 31)
pressivo do adjetivo e do advérbio à semelhança de Eça de e) “enfadam-se” (v. 32)
Queirós. f) “hercúleas”; “galhofeiras”; “ancas opulentas”; “troncos
varonis”; “à cabeça, embalam nas canastras/os filhos”;
P321 “Descalças” (vv. 35-41)
Sugestão de resposta
LEITURA P324
1. Sugestão de resposta
O homem: EDUCAÇÃO LITERÁRIA
– 25 de fevereiro de 1855 – nascimento em Lisboa; 2. O sujeito poético, ao referir que os representantes de clas-
– família burguesa; ses menos favorecidas regressam do trabalho, enquanto os
– os pais – proprietários de uma loja de ferragens na Rua dentistas conversam e os lojistas não fazem nada, valoriza os
dos Fanqueiros, em Lisboa, e de uma quinta, em Linda-a-Pas- que trabalham de forma árdua e em condições adversas. Por
tora; exemplo, as varinas são descritas como galhofeiras e enérgi-
cas, apesar das tragédias da vida.
– 10 anos – conclusão da instrução primária;v
3.
– estudo de francês e de inglês; alguns rudimentos de co-
mércio; a) obreiras (v. 34)

– 17 anos – início da carreira profissional na loja do pai; b) analogia

– 1883 – ida ao estrangeiro; c) desumano

– 1886 – 16 de julho, morte. 4. A dupla adjetivação usada para descrever os calafates que
regressam “enfarruscados, secos” expressa a ideia de que as
O poeta:
condições de trabalho são difíceis e os desgastam. O adjetivo
– 1873, com 18 anos – matrícula no Curso Superior de Letras, que “secos” aponta para a magreza, associada à miséria.
não conclui;
5.
– 1873 – início da publicação de poemas em jornais;
a) “enjoa-me”, v. 6
– autodidata, em termos de formação literária e estética;
b) “as sombras, o bulício, a maresia”, v. 3
– o convívio com artistas e intelectuais de diferentes áreas
c) "um desejo absurdo de sofrer” (v. 4).
contribui para a sua formação artística;
6.
– 1881 – frequência do “Grupo do Leão”;
a) “baixo e de neblina” (v. 5)
– um dos autores que mais contribuiu para a renovação da
b) “gás extravasado” (v. 6)
poesia portuguesa;
c) “gaiolas com viveiros” (v. 13)
– precursor do Modernismo;
– Fernando Pessoa considera-o seu mestre; 7. Na 6.ª estrofe, o sujeito poético evoca um passado gran-
dioso: o do herói coletivo, das conquistas e das Descobertas,
– um dos "grandes" da nossa literatura.
e o de heróis individuais, como Camões. Este passado con-
trasta com o presente de uma sociedade decadente e angus-
tiante.
A última estrofe destaca a dureza das condições de vida das

35
Propostas de resolução

varinas, que trabalharam de manhã à noite, e regressam des- provoca-lhe tristeza e rejeição. A hipálage, “Triste cidade” (v.
calças ao seu bairro, onde “miam gatas” e “o peixe podre 33), dá conta da transferência do sentimento das pessoas
gera os focos de infeção”. para a própria cidade.
7.1. V 7.2. V 7.3. V 7.4. F
P325
Sugestão de resposta P331
LEITURA | GRAMÁTICA Sugestão de resposta
A. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1. Camões e Cesário Verde. 1. O sujeito poético sai e apercebe-se dos aspetos degradan-
2. lexical (por substituição). tes da cidade que a tornam doente, enumerando “as impu-
ras”, “um ratoneiro”, “a lúbrica pessoa” que vaidosamente
3. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
se entretém a escolher xailes. Trata-se, acima de tudo, de
4.do poeta (de Cesário). uma doença moral, de valores e de costumes, que afeta a ci-
5. três versos de 12 sílabas métricas. dade como sinédoque da nação no seu todo.
6. sujeito. 2.
a) comércio
P328 b) imaginação
Sugestão de resposta c) transfiguração
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (pág. seguinte) d) lucro
1. Na parte II, já anoiteceu e a escuridão adensa-se, acen- 3.
dendo-se as luzes, como comprovam as expressões “ilumi-
a) visuais
nam-se os andares” (v. 9) e “lampiões distantes” (v. 34). Os
b) auditivas
candeeiros públicos e a lua espalham uma luminosidade que
esbate os contornos dos elementos observados: “Alastram c) olfativas
em lençol os seus reflexos brancos” (v. 11). 4. O “eu”, também ele poeta, sonha com "um livro que exa-
cerbe" e gostaria de ser capaz de captar o real e de o anali-
sar em “versos magistrais, salubres e sinceros” (v. 22). A sua
P329
poesia teria, assim, uma dimensão social e uma dimensão
2. Nas estrofes 1 e 2, há uma referência explícita à prisão, estética inseparáveis.
mencionando-se as pessoas presas em cadeias como o Al-
jube, onde “estão velhinhas e crianças”, mas que “rara-
mente encerra uma mulher de ‘dom’!” (vv. 3-4). Na estrofe P334
5, a prisão é sugerida por “Muram-me as construções retas, EDUCAÇÃO LITERÁRIA | GRAMÁTICA
iguais, crescidas / Afrontam-me” (vv. 18-19), reiterando a (PÁG. SEGUINTE)
sensação de encarceramento que os prédios, as “gaiolas” da 1. 1.O “eu” sente-se fascinado pela ideia de partir para um
parte I, causavam ao poeta. lugar diferente da atmosfera irrespirável da cidade, embora se
3. Na estrofe 6, o “eu” destaca, num recinto público vulgar”, a trate de uma utopia, de uma “quimera azul”, ou seja, de algo
estátua de Camões, “que ascende num pilar” (v. 24). inacessível.
A referência ao “épico d'outrora” (v. 24) convoca o passado 2. O sujeito poético expressa a sua ânsia de eternidade e de
glorioso de uma nação e de todo um povo, simbolizado n’Os perfeição, como se lhe fosse possível reabilitar o real através
Lusíadas (o “livro salvo a nado” da parte I). No entanto, o pre- do imaginário. No entanto, o pretérito imperfeito do modo
sente não lhe dá o devido valor, já não o compreende e colo- conjuntivo exprime a ideia de uma ação hipotética difícil de
cou-o, por isso, num “recinto público vulgar” (v. 21). concretizar.
4. a) 2.; b) 3.; c) 2.
5. a) desigualdade; b) Inquisição; c) riqueza; d) trabalham P335
6. Esta exclamação sintetiza a visão negativa do “eu” relati- Sugestão de resposta
vamente à cidade, ao seu espaço e ao seu tempo. Enquanto
3. O sujeito poético projeta numa nova geração (“Ó nossos
espaço de doença e de desigualdade social, a cidade

36
Propostas de resolução

filhos!” (v. 17), “a raça ruiva do porvir”, v. 21) a capacidade LEITURA | ORALIDADE
de religar o “porvir” ao fulgor do passado, regenerando a pá- 1. Análise do título do poema
tria doente. O desejo de percorrer os oceanos para encontrar
Texto: realça a conjugação entre uma perspetiva subjetiva e
novos locais em todos os continentes apresenta-se, no en-
uma reflexão original sobre Lisboa.
tanto, como uma impossibilidade: “Mas se vivemos, os empa-
redados, / Sem árvores, no vale escuro das muralhas!…” (est. Poema: apresenta as impressões de um sujeito que deam-
7, vv. 25-26). Os habitantes da cidade vivem “emparedados”, bula pela Lisboa noturna, tornando poético o trivial.
num espaço hostil, como enterrados vivos.
4. A sucessão de quatro adjetivos antepostos ao nome ex- P342
pressa, de forma intensa, a ideia de perigo silencioso, de feroci- Sugestão de resposta
dade, que está também presente na comparação dos cães a EDUCAÇÃO LITERÁRIA
lobos. O advérbio “amareladamente” (v. 36) sugere talvez a in-
1. Nestas estrofes está presente uma visão negativa da ci-
tensidade da luz artificial que, de forma doentia, incide sobre os
dade de Lisboa.
cães.
As referências à clausura ("ventres das tabernas"), à crimi-
5. O sofrimento causado pela visão sufocante dos “prédios
nalidade ("os roubos"), à embriaguez ("tristes bebedores"),
sepulcrais”(v. 42) projeta a cura nos “amplos horizontes”
o ambiente sombrio e de seres marginais ("dúbios cami-
(v. 43) de uma outra viagem épica, mas as marés que meta-
nhantes" e "as imorais") são alguns aspetos que perspeti-
foricamente banham a cidade já não são de água, mas de
vam o modo como o sujeito perceciona negativamente a Lis-
“fel” (v. 44), levando ao extremo a intensidade da “dor hu-
boa noturna.
mana” (v. 43) que fecha o poema.
2. Nesta expressão está presente uma metáfora.
A referência a "marés" evoca o passado glorioso perdido
P336
que se opõe a um presente opressivo e doentio.
Sugestão de resposta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA | GRAMÁTICA (CONT.)
LEITURA | GRAMÁTICA
6. O poema apresenta frequentemente uma linguagem quo-
3. (C)
tidiana associada ao povo (“um parafuso cai nas lajes” (v. 6),
“os ventres das tabernas” (v. 30), em que os elementos refe- 4. (A)
ridos surgem em orações ligadas por coordenação e organi- 5. O advérbio alude ao tom da luz amarela produzida pelos
za-se em versos longos (maioritariamente alexandrinos, de candeeiros a gás, que iluminam a cidade de Lisboa.
doze sílabas). O discurso, tendencialmente pouco rebuscado,
aproxima a poesia de Cesário Verde da prosa.
P343
7. Os empréstimos são provenientes do francês (parte II:
ESCRITA | EDUCAÇÃO LITERÁRIA
“magasins”e “brasserie”, parte III: “vitrines”e “traîne”) e do
alemão (parte III: “mecklemburgueses”). Estas palavras con- 6. Cesário Verde é o poeta-pintor da Lisboa do século XIX.
ferem a ideia de modernidade, de elegância e de cosmopoli- Efetivamente, o sujeito, centrado em passeios casuais, capta
tismo, mas são usadas frequentemente com intenção de criti- o real urbano com extraordinária visão pictórica, mas a sua
car a sociedade lisboeta, mercantilista, da segunda metade “visão de artista” transfigura poeticamente a realidade e,
do século XIX. através dos sentidos, suplanta-a. Além disso, durante a sua
8. O poema é constituído por quatro partes de onze quadras deambulação pela cidade, destaca novos
cada uma, em que o primeiro verso é um decassílabo e os locais de convívio e novas personagens que lhe permitem
outros são alexandrinos (12 sílabas métricas). O esquema ri- contrapor o passado grandioso ao presente de uma socie-
mático é constante (tipo abba), com rima interpolada (a) e dade angustiante. Em “O Sentimento dum Ocidental”, apre-
emparelhada (b). O fim da estrofe coincide com o fim da senta uma visão crítica de uma cidade soturna, triste, imoral.
frase. Os feitos grandiosos são trocados por um quotidiano banal,
9. "E os guardas (…) Caminham de lanterna” – oração su- sem grandezas nem glória, numa clara subversão da matéria
bordinante; “que revistam as escadas” – oração subordinada épica. As pessoas da cidade não são heróis ilustres, mas
adjetiva relativa explicativa; “e servem de chaveiros” – ora- novas figuras épicas: calafates, carpinteiros, varinas – o povo
ção coordenada copulativa. trabalhador.

37
Propostas de resolução

Concluindo, Cesário “pinta” a natureza humana, tal como os P378


impressionistas, com um olhar seletivo e subjetivo. Sugestão de resposta
AGORA FAZ TU
LEITURA | GRAMÁTICA 1.1. quem realizar a melhor campanha contra a poluição –
1. (D) sujeito.
2. (B) 1.2. a quem os criticou – complemento indireto.
3. Predicativo do sujeito. 1.3. que se tomem medidas drásticas – sujeito.
4. Complemento direto. 1.4. que impulsionou as “Sextas-feiras pelo Clima” – modifi-
5. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva. cador de nome apositivo.
1.5. Quem prevaricar – sujeito.
P364 1.6. porque a crise climática irá produzir mais conflitos mun-
diais – modificador do grupo verbal.
Sugestão de resposta
1.7. com quem não respeita os acordos pelo clima – comple-
GRAMÁTICA
mento do adjetivo.
1. a) 2.
1.8. com quem considera as campanhas pelo ambiente inú-
b) 5.
teis – complemento oblíquo.
c) 4.
2. 2.2.; 2,3.; 2.5.
d) 1.
3. 3.2.; 3.3.; 3.4.
e) 3.
4. 4.1.; 4.3.
f) 2.
g) 1.
P381
h) 6.
Sugestão de resposta
i) 1.
AGORA FAZ TU
1.
P372 1.1. “homens” e “Vieira”.
Sugestão de resposta 1.2. “O sermão”
AGORA FAZ TU 1.3. “O sermão era um espetáculo teatral”.
a) ii; b) i; c) iii; d) ii; e) i; f) i; 2.
2. a. “na cidade de Arimino”.
1) Sujeito. b. “o santo”.
2) Complemento direto.
c. “o santo”.
3) Sujeito.
d. “Sacudiria o pó dos sapatos”.
4) Sujeito.
5) 5ujeito.
P388
6) Sujeito.
Sugestão de resposta
7) Sujeito
AGORA FAZ TU
8) Complemento oblíquo. 1. As leitoras não podem desconhecer estas reflexões.
9) Sujeito 2.1. Modalidade epistémica com valor de certeza.
2.2. Modalidade deôntica com valor de obrigação.
2.3. Modalidade epistémica com valor de probabilidade.
2.4. Modalidade deôntica com valor de permissão.
2.5. Modalidade apreciativa.
2.6. Modalidade deôntica com valor de permissão.

38
Propostas de resolução

P390
Sugestão de resposta
AGORA FAZ TU
1.
A. “daquele”, “minha”, “aqui”, “nesta”, “Aquele”, “vi”.
B. “o”, “vos”, “a”, “lhe”, “los”, “aquele”, “seu”, “ali”,
“me”
2.
Deítico pessoal: “minha”, “vi”.
Deítico temporal: “vi”.
Deítico espacial: “daquele”, “aqui”, “nesta”, “Aquele”.

39

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