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Sentidos 11 – soluções Word

Revisão
Pág. 12
Oralidade (CO)
2.
2.1 B.
2.2 B.
2.3 C.
2.4 A.
2.5 C.

Pág. 14
Leitura
1.
1.1 B.
1.2 C.
1.3 D.
1.4 C.
1.5 B.

Pág. 15
Gramática
1.
a. Prótese; síncope.
b. Síncope; apócope.
c. Síncope.
d. Sonorização.
e. Prótese; sonorização.
2. Civil, cívico, civilização, civismo…
3.
a. 1; b. 5; c. 2; d. 4; e. 2; f. 3; g. 6; h. 6; i. 1.
4.
a. Complemento agente da passiva.
b. Predicativo do sujeito.
c. Complemento oblíquo.
d. Complemento do adjetivo.
e. Complemento do nome.
5.
a. Oração subordinada substantiva completiva.
b. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
c. Oração subordinada substantiva relativa.
6.
a. Modalidade epistémica com valor de certeza.
b. Modalidade epistémica com valor de probabilidade.
Pág. 17
Educação Literária
1.
a. F – No primeiro parágrafo do texto predomina a descrição, como é evidente, por exemplo, em “As
terras são cascalho puro, de maneira que é preciso dar prazo às raízes para roerem o granito até
fazerem de uma areia um grão de cevada ou de centeio” (ll. 1-3).
b. V.
c. F – A personagem principal é o Artur, uma vez que é ele o responsável pelo desenrolar de todos os
acontecimentos, como se comprova em “o esqueleto branco do Bento Caniço – o que restava do
corpo inteiro que o sobrinho ali enterrara na noite do crime, e sobre o qual os pedreiros, no dia
seguinte, acamaram pedras inocentes” (ll. 49-51).
d. V.
e. F – Neste conto, está representado o meio rural, como é evidente em “quando a aldeia acordou”
(l. 18).
f. V.
2. No primeiro parágrafo, ao descrever-se a forma como o tempo passa devagar em S. Cristóvão e ao
insinuar-se que há resoluções que se tomam depois de muita meditação e planeamento, sugere-se,
ainda que de forma implícita, aquilo que só se vai perceber no final do conto e que surge quase
como um acaso, ao fim de muito tempo: a responsabilidade de Artur na morte de Bento Caniço.
3. Artur decide matar o tio por ser o seu único herdeiro “Solteirão, o que lhe pertencia, embora de
tentar, fizera-o de há muito por escritura ao Artur, seu único sobrinho” (ll. 30-31).
4.
a. 3; b. 1; c. 6; d. 2; e. 3, 4; f. 7; g. 4; h. 5; i. 1; j. 2.

Pág. 18
Educação literária
1.
1.1 A;
1.2 B;
1.3 D;
1.4 C.

Pág. 19
Escrita
1. Na imagem, vislumbra-se uma pessoa a despejar uma caixa azul onde figura a letra f e que remete
para a rede social Facebook. Da caixa caem peças tridimensionais que representam os emojis usados
quando se aprecia uma publicação. Essas peças caem sobre uma tigela, que remete para um
comedouro de animais, onde está escrita a palavra “ego” que, segundo a psicologia, é o núcleo da
personalidade do indivíduo. Esta imagem pretende, assim, retratar, e de uma forma que não deixa
dúvidas, a dependência hoje cada vez mais sentida de as pessoas obterem reconhecimento e
melhorarem a sua autoestima através dos comentários e opiniões dos outros sobre si próprias nas
redes sociais. Nos tempos em que vivemos, esta dependência é tal que o ego é assim representado
por um comedouro que se alimenta dos “gostos” que são inseridos pelos seguidores numa
publicação. Desta feita, esta imagem funciona como uma crítica feroz e muito bem conseguida à
forma como as pessoas sentem cada vez mais necessidade de terem a aprovação dos outros
sobretudo nas redes sociais. (174 palavras)
Parte I – Barroco
1 – Padre António Vieira, “Sermão de Santo António”
Pág. 26
(página 23)
Leitura
1.
O barroco: O barroco é um período marcado por contradições, consequência da coexistência de um
espírito cristão e um espírito renascentista, que se opõem, já que o primeiro é marcado pelo
teocentrismo e o segundo pelo racionalismo mundano. Este pensamento, dividido entre o divino e o
terreno, é veiculado na literatura através de antíteses, metáforas, paradoxos e hipérboles, e reflete-
se no tratamento de temas opostos (amor/ dor; vida/morte), de um modo pessimista, acentuando a
dor e a efemeridade da vida.
O barroco português / Características do barroco: Em Portugal, este período inicia-se com o
desaparecimento de D. Sebastião e, com ele, o fim da época áurea do país, e a consequente subida
ao trono por parte de Filipe II de Espanha. Daí que o barroco português tenha sofrido influências do
barroco espanhol. No domínio da literatura, este período começou por sofrer a pressão do Clero,
que tentava impor uma mentalidade conservadora e passadista, mas acabou por evoluir para a
independência literária de que é exemplo a obra de Padre António Vieira. É uma arte realista e
naturalista, que privilegia a emoção, a ostentação e o esplendor formal, sendo que, na Oratória, se
privilegia o prazer, o deleite. Trata-se, pois, de um fenómeno histórico, já que se relaciona com
aspetos estéticos, espirituais, religiosos e históricos.

Pág. 26
Oralidade (CO)
1. a. ataques aos direitos humanos; b. agravamento das desigualdades sociais; c. revoltas e guerras;
d. ausência de solidariedade; e. crise climática; f. falta de perspetivas de futuro para os jovens.
2. a. V; b. V; c. F – Mantém a esperança e a fé na humanidade, mas considera que é necessário agir
com urgência; d. V; e. F. – O documento já foi elaborado por Guterres e faz uma análise dos
problemas, apontando soluções.

Pág. 27
3. a. Consciencialização do auditório através da exposição clara da situação; apelo direto: “Vamos
inspirar esperança. E vamos começar agora.” b. Organização coerente do discurso; referência a
factos concretos e temas atuais, que despertam o interesse dos ouvintes; recurso a frases curtas… c.
O mundo está ameaçado e o caminho que se está a seguir não resolve os problemas; a Covid-19 e a
crise climática acentuaram desigualdades, restringiram direitos e liberdades; há guerras, corrupção…
Afeganistão, Etiópia, Iémen… d. Perspetiva universalista; apelo ao envolvimento de todos na
construção de um mundo mais justo e igualitário, apresentando propostas concretas (“A nossa
agenda comum”). e. Tom enérgico; recurso a: vocativo (“Excelências”), repetições (“Quando”;
“Agora é a hora”, “Uma era”, “Vamos”), frases curtas…

Pág. 28
Leitura
1. Padre António Vieira defendeu os índios numa época em que eram tratados cruelmente e
explorados pelos colonos, expôs as injustiças e a violência que recaíam sobre eles, bateu-se pela
defesa dos seus direitos e liberdades; denunciou o tráfico de escravos; defendeu os judeus;
manifestou-se contra a Inquisição. Os seus ideais humanistas e universalistas valeram-lhe o
afastamento da corte e mesmo a prisão.
Pág. 30
Educação Literária
1; 3; 4; 7.
1. Vieira dirige-se aos Pregadores e a todos os que assistem à sua pregação.
1.1 “Vós sois o sal da terra” é o conceito predicável.
2. Tal como o sal, que evita que os alimentos se degradem, os Pregadores têm a função de evitar a
degradação moral dos homens, espalhando a doutrina cristã.
3. O vocábulo “sal” constitui uma referência metafórica à doutrina cristã; assim, “salgar” significa
evitar o mal, a degradação de valores e costumes. Desta forma, a expressão transmite a ideia de que
a doutrina não está a surtir efeito, ou os ouvintes (“a terra”) não aderem a ela.
3.1 Tratando-se de um discurso oral, através da repetição de vocábulos-chave o orador capta de
forma mais eficaz a atenção do auditório.

Pág. 31
4. 2 – Dizem uma coisa e fazem outra; 3 –Pregam-se a si e não a Cristo; A – Não querem receber a
doutrina; B – Imitam o que fazem os Pregadores e não o que eles dizem; C – Em vez de servirem a
Cristo, servem os seus apetites; 4 – Desprezá-los (“lançá-lo fora”); D – Mudar o auditório, pregando
aos peixes, à semelhança do que fez Santo António (“Deixa as praças, vai-se ao mar”).
5. É no exemplo de Santo António que se encontra a resposta para a questão “à terra que se não
deixa salgar, o que se deve fazer?”: mudar de lugar e de auditório, mas não desistir da doutrina.
Deste modo, a intenção do contraste é apresentar Santo António como modelo a seguir pelos
Pregadores, para que a sua doutrina demonstre eficácia.
6. O recurso ao paralelismo (deixa… vai-se) incute ritmo e musicalidade ao discurso, o que faz com
que o auditório retire prazer das palavras do orador; por outro lado, permite a Vieira captar a
atenção dos ouvintes e, simultaneamente, conseguir um efeito de persuasão.
7. Vieira termina o capítulo invocando a Virgem Maria, pedindo-lhe ajuda e inspiração, de modo a
transmitir a mensagem de Cristo de forma mais eficaz.
8. Vieira defende uma determinada ideia – a terra está corrupta – e não compreende como é que
isso acontece, já que a função dos pregadores é evitar a corrupção. De seguida, apresenta os seus
argumentos (a culpa ou é dos Pregadores ou é dos ouvintes), procura soluções (o que se há de fazer
a cada um deles?), exemplificando com a referência a Cristo e a Santo António; conclui, afirmando
que vai seguir o exemplo do Santo, já que ele foi eficaz na propagação da doutrina. Desta forma, o
orador defende uma posição e tenta persuadir os ouvintes a tomarem consciência dos seus erros.
Fá-lo, servindo-se de recursos linguísticos, como os jogos verbais e as repetições, mecanismos
eficazes para manter alerta os ouvintes.

Gramática
1.
1.1 Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
1.2 Oração subordinada substantiva completiva.
2.
2.1 Complemento direto.
2.2 Modificador do nome apositivo.
3. “O fruto que tenho colhido desta doutrina”.

Pág. 33
Leitura
1.
1.1 C;
1.2 B;
1.3 B.
Pág. 34
Educação Literária
1. a. conservar o são; b. preservá-lo para que não se corrompa; c. louvar o bem para o conservar; d.
repreender o mal para preservar dele; e. divisão em duas partes para que o raciocínio desenvolvido
seja claro, cumprindo, assim, as obrigações do sal: “conservar o são e preservá-lo para que não se
corrompa”, através do louvor das virtudes e da repreensão dos vícios humanos.
2. Os peixes ouvem e não falam; revelam obediência, ordem, quietação e atenção.

Pág. 35
3. Primeiramente, o orador acusa os homens de se comportarem como animais irracionais, ao
perseguirem Santo António por este lhes apontar os seus erros, com a intenção de os corrigir, o que
contrasta com a atitude dos peixes, já que estes se concentraram para ouvir atentamente o Santo.
No final do excerto, Vieira recorre a uma passagem bíblica para, uma vez mais, acusar os homens de
terem comportamentos indignos, ao lançarem Jonas, ministro de Deus, para a morte, ao passo que o
peixe o salvou para que ele pudesse continuar a sua missão.
4. Com a interrogação retórica, o orador desperta a reflexão por parte dos ouvintes; o jogoem volta
do vocábulo “entranhas” permite, de uma forma quase lúdica, concluir o seu raciocínio,
estabelecendo um contraste entre a atitude dos homens e a dos peixes.

Oralidade (CO)
1.
1.1 Guerra, violência, abusos sexuais, o tratamento desumano de que são alvo as mulheres.
1.2 Promoção da aprendizagem da língua portuguesa; integração das crianças na escola; ajuda na
procura de emprego; apoio de cariz social e psicológico.
1.3 Falta de emprego ou emprego que lhes permita viver sem dificuldades económicas.
1.4 Existência de programas específicos de apoio, que incluem uma bolsa de tradutores.
1.5 Afetar mais profissionais de várias áreas e intérpretes para estes serviços.
1.6 Ao assumir a presidência da União Europeia, Portugal incluiu na agenda um Novo Pacto para as
Migrações e Asilo, no entanto, não conseguiu fechar o acordo; deu resposta ao desafio lançado pela
Grécia à EU para acolhimento de 500 jovens não acompanhados que vivem em campos de
refugiados naquele país, tendo já recebido 100 dos 500 que se propôs receber.

Pág. 37
Educação Literária
1. A progressão efetua-se através da identificação e particularização das virtudes de diversos peixes,
tal como o orador anunciara no Capítulo II, ao definir a estrutura do sermão.
2. O peixe de Tobias tem o poder de, com as suas entranhas, curar a cegueira e afastar os demónios.
3. Santo António, à semelhança do peixe de Tobias, alumiava os ouvintes, curando-lhes a cegueira e
afastando-os do demónio, ou seja, mostrava-lhes o caminho do Bem e da Virtude, impedindo-os de
pecar. Comparando o peixe de Tobias com Santo António, o orador coloca em destaque, não só a
virtude do peixe mas sobretudo a humildade e o desprendimento material do santo (representados
na simplicidade do hábito) e a necessidade de os homens o ouvirem, seguirem a sua doutrina e,
consequentemente, se emendarem.
4. A referência a Santo António contribui para uma leitura alegórica na medida em que ilustra a
passagem para o plano dos homens, permitindo estabelecer um paralelismo de situações entre os
homens e os peixes.
5.
a. Trata-se da metáfora que permite destacar não só o facto de os homens viverem em pecado
(“cegueiras”, “Demónios”) mas ainda de se insurgirem contra aqueles que pretendem reencaminhá-
los para o bem. Este é também um exemplo de interrogação retórica, o que torna o discurso mais
vivo e persuasivo.
b. O jogo de palavras facilita a memorização e contribui para o prazer do texto, um dos objetivos da
oratória, na medida em que cria um certo ritmo e musicalidade.
c. Através da apóstrofe, o orador dirige-se aos homens (“moradores do Maranhão”), simulando falar
para os peixes, enfatizando, assim, o apelo para que se redimam e mudem de vida, o que é
reforçado pela repetição do imperativo e pelas interjeições e exclamações.

Gramática
1. a. oração subordinada adverbial condicional; b. oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
2. “mas” – valor de oposição; o conector introduz uma ideia contrária; “que” – valor de
completamento; o conector introduz o constituinte sintático que completa o sentido do verbo.

Pág. 39
Educação Literária
1. A Rémora tem a capacidade de evitar naufrágios das naus, razão pela qual é evocada, pois vai
permitir ao orador estabelecer um paralelo com o plano dos homens – também eles devem evitar o
caminho do mal.
2.
2.1 O argumento de autoridade a que Vieira recorre é Santo António; há ainda outros argumentos
religiosos: a citação bíblica e a referência a São Gregório Nazianzeno. Estes argumentos conferem
credibilidade ao discurso do orador e dão-lhe mais força, uma vez que se trata de personalidades
reconhecidas e admiradas pelos ouvintes.
3. Santo António conseguiu, através da sua pregação, evitar a perdição dos homens, encaminhando-
os para o Bem e a Virtude, desempenhando, assim, uma função idêntica à da rémora.
4. a. Paralelismo anafórico; b. Alegoria; c. Comparação; d. Metáfora.
4.1 O paralelismo anafórico reforça, pela repetição, a mensagem a transmitir; a metáfora e a
comparação permitem estabelecer um paralelo entre as qualidades da Rémora e a pregação do
Santo; a alegoria permite inferir os defeitos dos homens, acentuando-os através do uso da
maiúscula. Estes recursos ilustram o modelo geométrico de organização do discurso e originam um
encadeamento musical que permite ao orador captar a atenção do auditório, deleitando-o.

Gramática
1. “se” – conjunção subordinativa condicional e “se” – pronome pessoal, respetivamente.
2. “maravilhosamente” – modificador do grupo verbal; “da Rémora” – complemento do nome; “da
Nau” – modificador restritivo do nome.
3. a. oração subordinada adverbial condicional; b. oração subordinada adjetiva relativa explicativa e
subordinada adverbial temporal, respetivamente.
4. Ato ilocutório assertivo.

Pág. 41
Educação Literária
(página 40)
1.
a. faz tremer o braço do pescador impedindo-o, assim, de pescar; b. defende-se dos perigos vindos
do ar e do mar, uma vez que dois olhos estão voltados para cima e dois estão voltados para baixo; 1.
alertar os homens para a necessidade de temerem a Deus e de não enveredarem pelos caminhos do
mal; 2. Salientar a existência do Céu e do Inferno, como forma de convencer os homens a adotarem
comportamentos que os conduzam ao Céu.

2. Neste contexto, “pescar” significa “explorar”, enquanto “tremer” é sinónimo de “recear”. Os


homens (“pescadores do nosso elemento”) exploram-se uns aos outros, sem qualquer receio ou
pudor. A oposição “muito”/”pouco” enfatiza a dimensão dessa exploração.
Oralidade (CO)
2.
2.1
A. V; B. V; C. F – porque poucas pessoas estão dispostas a pagar o preço do trabalho que dá ser
artista; D. F - para improvisar bem, é necessário escrever e falar bem; E. F – o jornalista não deve
emitir posições pessoais no exercício da sua função, mas tem opinião enquanto cidadão.

Pág. 44
Educação Literária
(página 45)
1. Os peixes comem-se uns aos outros – pior do que isso, os grandes comem os pequenos; para além
disso, são ainda acusados de ignorância, cegueira e vaidade.
2. Com esta afirmação, o orador põe a ênfase do discurso na crítica aos próprios colonos e não aos
índios Tapuias, uma vez que “cá” remete para a cidade onde se encontram, e não para a selva, onde
vivem os índios. O vocábulo “açougue” traduz a crueldade e a exploração de que os índios eram
alvo, por parte dos colonos.
3. O paralelismo permite inferir a ideia de movimento, azáfama.
4. Destaca-se o uso do vocativo (“peixes”) e do modo imperativo (“considerai”, “vede”, olhai”). A
interpelação direta (“não, não…”) e as expressões que evocam o campo lexical da visão (”olhai”,
“vede”, “virai os olhos”, …) conferem visualismo ao discurso, além de permitirem ao pregador obter
informação relativamente ao modo como a mensagem é recebida, criando, simultaneamente, maior
proximidade com os ouvintes, despertando-lhes a atenção.

Pág. 45
5. O verbo “comer” está usado em sentido denotativo: os peixes comem-se uns aos outros para se
alimentarem (referência ao canibalismo dos Tapuias), e em sentido conotativo, como sinónimo de
“explorar”. No excerto, alude-se aos homens e apresenta-se a exploração como sendo uma
preocupação constante de todos (isto é, todos os homens se exploravam uns aos outros),
comportamento que é criticado pelo orador.
6. Argumento: “aquela tão notável ignorância e cegueira”; Exemplo: “Toma o homem do mar um
anzol, …”: Contra-argumento: “Dir-me-eis que o mesmo fazem os homens.”; Exemplo: “Dá um
exército batalha contra outro exército, …”; Conclusão: “A vaidade entre os vícios é o pescador mais
astuto e que mais facilmente engana os homens.”
7. Os recursos linguísticos a que o orador recorre asseguram a consecução dos objetivos
pretendidos. Assim, através do vocativo e do imperativo (“Olhai, peixes”), a mensagem é mais eficaz
(docere), pois desperta a atenção do auditório; a sensibilização (movere) é conseguida, por exemplo,
através do paralelismo de construção (“Vedes… vedes”; “come-o… come-o”), já que remete para
situações de exploração; por sua vez, o recurso ao jogo em torno da palavra “comer”, a interrogação
retórica e o visualismo (“Vós virais os olhos para os matos e para o Sertão? Para cá, para cá; para a
Cidade é que haveis de olhar”) concorrem para o prazer do texto (delectare), pois conferem ao
discurso um elevado grau de literariedade.

Gramática
1.
a. oração coordenada adversativa;
b. oração subordinada adverbial condicional.
2. Ato diretivo.
3. Predicativo do sujeito e modificador do grupo verbal, respetivamente.
Pág. 47
Gramática
1.
a. “haveis”, “irmãos peixes”, “vós”, “vós”; b. “para”, “para”, “para cá”, “para cá”, “para”; c. “vades”,
“ouvistes”, “ouvi”, “agora”.
2. Deíticos pessoais:
a. “vos” “tenho”; b. “peixes”, “vós”, “louvo”; c. “moradores do Maranhão”, “eu”, “vos”, “pudera”; e.
“me”, “desedifica”; f. “olhai”, “peixes”; g. “haveis”; h. “vos”, “peixes”; i. “vós”, “vos”, “vossa”,
“vosso”; j. “tomai”; k. “dizei”, “me”, “Voadores”, “vos”; m. “peixes”, “vos”, “tenho”.
Deíticos espaciais:
a. “(n)esta”; c. “(n)este”; d. “de aqui para”; f. “lá” “d(o)… para”; g. “para cá”, “para cá”, “para”; h.
“isto”; j. “esta”.
Deíticos temporais:
a. “tenho”; b. “louvo”; c. “agora”; e. “desedifica”; m. “tenho”.

Pág. 50
Educação Literária
1. Vieira faz agora repreensões aos peixes em particular (Roncadores e Pegadores), depois de se ter
debruçado sobre as repreensões em geral; o mesmo aconteceu na primeira parte do sermão, em
que o orador refere as virtudes dos peixes, partindo também do geral para o particular. Desta forma,
comprova-se uma organização lógica e estruturada do discurso e a confirmação da afirmação de
Vieira, no Capítulo II, segundo a qual dividiria o sermão em duas partes.
2.
a. Pedro, Caifás e Pilatos revelaram um comportamento semelhante ao dos Roncadores, ao nível das
atitudes, demonstrando arrogância e orgulho.
b. Santo António tinha poder e saber mas não se vangloriava disso, revelando, assim, humildade,
atitude que contrasta com a dos Roncadores.
3.
a. Quem tem valor e mérito não tem necessidade de os exibir.
b. Prometer muito, prematuramente, é sinal de incumprimento.

Pág. 51
4. A alegoria destaca uma relação de semelhança entre o Tubarão e Herodes. Os peixes mais
pequenos aproveitam-se do Tubarão cerzindo-se com ele, por isso, ao morrer o Tubarão, morrem os
Pegadores também; Herodes foi morto por querer matar o Menino Jesus e, com ele, morreu toda a
família porque o seguia e dele dependia, tal como aconteceu com os Pegadores que seguiam o
Tubarão.
5. Vieira critica a arrogância e o parasitismo / oportunismo dos homens, representados
alegoricamente nos peixes Roncadores e Pegadores, respetivamente.
6. Atualmente, são inúmeros os casos de corrupção que diariamente vemos expostos na
comunicação social, prova do oportunismo social e da ambição de muitos que usam os outros em
proveito próprio; por outro lado, é frequente vermos pessoas recorrerem a formas de
enriquecimento pouco dignas, como a venda de estupefacientes ou a facilitação de imigração ilegal
que gera exploração, fruto do parasitismo social e da ambição de quem não olha a meios para atingir
os seus fins.

Gramática
1.
a. ”aqui” – deítico espacial; “nossa” – deítico pessoal; “cheguei” – deítico temporal e pessoal; “me” –
deítico pessoal; “moveram” – deítico temporal e pessoal.
b. ”vos” – deítico pessoal; “vereis” – deítico temporal e pessoal.
2. Conjunção subordinativa completiva, conjunção subordinativa comparativa e pronome
interrogativo, respetivamente.
3. Trata-se de um segmento com conjunções coordenativas com um elemento de polaridade
negativa (não só… mas também).
4.
a. “que se houvesse estendido esta ronha e pegado também aos peixes” – substantiva completiva.
b. “que vão seguindo de longe aos Leões na caça” – substantiva completiva; “para se sustentarem” –
adverbial final; “do que a eles sobeja” – substantiva relativa.
5. Modalidade apreciativa.

Escrita
1. Proposta de textualização na Aula digital.

Pág. 53
Educação Literária
1. Os Voadores são acusados de não se contentarem com o facto de serem peixes e quererem ser
aves, por terem barbatanas maiores do que as dos restantes peixes. Desta forma, o orador,
servindo-se da alegoria, critica a presunção e a ambição humanas.
2. Trata-se de um contra-argumento, que permite a Vieira antecipar a razão que poderia
desculpabilizar os comportamentos dos peixes, como se tivesse acesso aos seus pensamentos, e dar-
lhes uma resposta que confere maior força à mensagem que pretende transmitir, reforçando, assim,
a eficácia argumentativa do discurso.
3. Vieira constitui como seus ouvintes os peixes (“Voadores do mar”), um auditório fictício, como
forma de se dirigir aos homens (“os da terra”), os seus interlocutores reais, e, assim, apelar a que
imitem Santo António e ponham de lado a ambição, a vaidade, a presunção. Neste sentido, o
antecedente de “os” é “Voadores”.
3.1 Entre Santo António e os Voadores estabelece-se uma relação de contraste, já que o Santo é o
exemplo máximo de humildade e os Voadores representam a ambição desmedida e a presunção
humanas.
4.
a. antítese;
b. afirmação sentenciosa;
d. exclamação e antítese;
f. apóstrofe;
g. imperativo verbal.
4.1 A afirmação sentenciosa permite alertar para os perigos da ambição humana, através de uma
linguagem facilmente compreendida pelo auditório; o uso do imperativo verbal dá força a esse
alerta, na medida em que se trata de um conselho do orador.

Pág. 54
Educação Literária
(página 55)
1. O Polvo assemelha-se a um monge, a uma estrela, ostenta brandura e mansidão, o que sugere
santidade e bondade; no entanto, são essas características que lhe permitem dissimular-se e
apanhar as suas presas desprevenidas, o que contraria o seu aspeto físico. Essa contradição está
expressa nas expressões “aparência tão modesta” e “hipocrisia tão santa”. Desta forma, o Polvo
representa a dissimulação e a falsidade dos homens.
1.1 Destaca-se a comparação com “monge” e “estrela”, vocábulos que constituem simultaneamente
imagens metafóricas que ilustram o contraste entre o real concreto e a aparência. Por outro lado, o
paralelismo sintático, (ll. 10-13) uma construção repetitiva, acentua o ritmo do discurso e estimula a
atenção dos ouvintes, tornando mais eficaz a mensagem.
2. Partindo de uma premissa por todos conhecida – Judas como símbolo máximo da traição −, a
estratégia argumentativa surte maior efeito na medida em que o Polvo é apresentado como
ultrapassando a dimensão da traição de Judas. Enquanto Judas traiu o Mestre às claras e apenas o
indicou aos algozes, o Polvo é mais dissimulado e mais falso, uma vez que usa a sua capacidade
cromática para se disfarçar e enganar.

Pág. 55
3. A capacidade de o Polvo se camuflar representa falsidade e hipocrisia, o que lhe permite capturar
as presas desprevenidas.
4. O orador faz uma comparação por contraste entre a água e o Polvo, já que a água é cristalina e
pura e o Polvo é fingido, dissimulado e traidor.
4.1 A exclamação e o recurso ao advérbio de intensidade “tão” transmitem a emoção do orador, o
que desperta no auditório sentimentos que o predispõem a aderir mais eficazmente à mensagem.
5. Confere um poder demonstrativo à mensagem e tem um efeito persuasivo, acentuado pelo
imperativo.
6. A tese é “o dito polvo é o maior traidor do mar”. Para a defender, o orador argumenta com a
capacidade que o Polvo tem de se camuflar e mudar de cor, exemplificando as situações em que tal
acontece, e concluindo que é um traidor maior que o próprio Judas.
7. O facto de estar integrado no final do Capítulo V é representativo da sua importância, já que, com
ele, Vieira conclui as repreensões aos peixes em particular; funciona, assim, como o ponto
culminante dos defeitos dos homens.
8.
a. A múltipla adjetivação, antecedida do advérbio de intensidade “tão”, confere ao texto um tom
enérgico e irónico, acentuado pela gradação e pela repetição de um som forte (“t”); estes recursos,
ao evidenciarem a mensagem – docere – permitem também ao orador persuadir – movere − o
auditório, incentivando-o a um comportamento oposto. Além disso, o predomínio do som “t”
confere ao texto um efeito estilístico, ao serviço do prazer do texto – delectare; b. A enumeração e a
gradação permitem ao orador obter um efeito de persuasão.

Gramática
1. a. modalidade epistémica com valor de certeza; b. modalidade apreciativa.
2. “As cores no Polvo são malícia” – oração subordinante; “que no Camaleão são gala” – oração
subordinada adjetiva relativa explicativa.
3. “lhe” – complemento indireto; “(l)o” – complemento direto; “prisioneiro” – predicativo do
complemento direto.

Pág. 56
Educação Literária
1. O orador retoma, quase no final do sermão, o início do primeiro capítulo, nomeadamente o
conceito predicável vos estis sal terrae. Desta forma, assegura a coerência do texto, na medida em
que conclui a ideia que desenvolveu ao longo do discurso e sobre a qual argumentou.
2. O episódio bíblico é um exemplo ao serviço da moralidade que se pretende transmitir:
roubar/explorar é pecado que não pode ser absolvido.
3.“Oh que boa doutrina era esta para a terra, se eu não pregara para o mar.” (ll. 22-23).

Gramática
1. a. deíticos pessoais: “vos”; “viveis”; deítico temporal: “viveis”; deítico espacial: “estes”; b. deítico
espacial: “esta”; deíticos pessoais: “eu”; “pregara”.
Pág. 58
Educação Literária
1. A expressão “este ponto” refere-se ao facto de os peixes serem excluídos dos sacrifícios a Deus,
por chegarem mortos ao altar. O orador, ao afirmar que isso era também importante para os
homens, dirige-lhes uma crítica por chegarem mortos ao altar, isto é, em pecado, desagradando,
assim, a Deus.
2. Vieira confessa sentir inveja dos peixes porque eles não ofendem a Deus, ao contrário de si
próprio, que O ofende através de palavras, lembranças e vontades. É, pois, uma mensagem de
humildade, na medida em que Vieira se assume ele próprio como pecador.
3. Esta repetição/paralelismo anafórico tem um caráter exortativo e constitui, simultaneamente, um
hino de louvor a Deus no final do sermão.

Escrita
1. Proposta de textualização na Aula digital.

Pág. 59
Leitura
1. Nos textos de Vieira, a imagem ocupa um lugar de destaque e é descrita de forma geométrica,
estabelecendo uma relação de correspondência/semelhança entre os seus constituintes, as suas
qualidades concretas e a ideia ou conceito que se pretende desenvolver; o sentido da visão é a
imagem mais explorada. Por outro lado, ao funcionar como alegoria, é uma forma de argumentação
na defesa da tese apresentada. A linguagem, para Vieira, é uma forma de tornar visíveis as ideias, daí
o recurso a citações que funcione frequentemente como argumentos de autoridade embora por
vezes não seja mais do que um orçamento retórico. Todo o “Sermão de Santo António” se assume
como uma alegoria, o que comprova a relevância do pensamento alegórico na obra de Vieira.
2. Um dos excertos mais significativos para demonstrar a relevância da alegoria no “Sermão de
Santo António” é a passagem do Capítulo III relativa à Rémora, aquando da referência às Naus,
Soberba, Vingança, Cobiça e Sensualidade. Nesse excerto, Vieira estabelece uma relação entre os
elementos caracterizadores de cada uma das naus e as características dos homens cujos pecados
elas simbolicamente representam. Desta forma, o orador fundamenta a necessidade de os homens
enveredarem pelo caminho do Bem e acabarem com a corrupção moral.

Pág. 61
Leitura
1. A. V; B. F: significa que a intriga agradaria muito a Ken Loach; C. V; D. F: o título tem a ver com o
facto de se tratar de um tema de caráter universal (“do que se conta”), mas também com a técnica
de filmagem (“o modo como se filma”).
2.1 B;
2.2 A.
Gramática
3.
3.1 Modificador do grupo verbal;
3.2 Predicativo do sujeito;
3.3 Predicativo do complemento direto.
4.
4.1 Deítico espacial.
4.2 Deítico temporal e pessoal.
5.1 “que olha para as pessoas como números”; “que é suposto servir” – são ambas orações
subordinadas adjetivas relativas restritivas.
5.2 “que nada na fatura corretíssima de Listen transporta uma qualquer marca especificamente
portuguesa” – oração subordinada substantiva completiva.
Pág. 64
1. A. V; B. V; C. F – É uma alegoria pelo facto de criticar os homens; D. V; E. F – Termina com a
invocação à Virgem; F. V; G. F – É o Peixe de Tobias que tem essas qualidades; H. V; I. V; J. V; K. F –
São os Roncadores, os Pegadores, os Voadores e o polvo que são pretexto para as repreensões do
orador; L. F – Esse episódio documenta a hipocrisia e a traição humanas; M. V.
2. 1. b; a; 2. d; 3. c; 4. e; f; 5. a; b.

Pág. 65
GRUPO I
Parte A
1. Vieira dirige-se a um auditório fictício, os peixes, de modo a expor as suas virtudes, que estão
ausentes nos homens e a criticar os seus vícios, que são partilhados pelos homens, seu auditório
real. Ao longo do Sermão, a figura do Santo António permite a passagem de um plano para o outro,
apresentando o Santo como modelo a seguir no combate aos defeitos humanos, o que confere ao
texto um caráter moralizante assente na noção de bem e mal.
2. Vieira coloca em oposição peixes e homens para valorizar os primeiros e criticar os segundos.
Assim, com esta afirmação, apresenta um louvor aos peixes pela atitude que tiveram ao ouvirem
atentamente Santo António, revelando obediência, quando os homens o escorraçaram, na cidade de
Arimino, e lamenta a atitude desses mesmos homens, que constitui um ultraje.
3.
a. 3; b. 2; c. 1; d. 2.

Parte B
4. Os portugueses estão sempre preparados para servir o Rei, são obedientes, enfrentam com
alegria todas as missões, mesmo que sejam duras, basta que ele os olhe. Desta forma, tornarão
sempre o Rei vencedor.

Pág. 66
5. O Poeta aconselha o Rei a proteger os portugueses, a libertá-los de leis duras, a aconselhar-se
junto dos mais experientes, pois têm mais sabedoria, a dignificar todos os ofícios, incluindo os
religiosos, que não são ambiciosos e (por isso) orarão pelo Rei sem esperar nada em troca.

Parte C
Santo António dá o nome ao Sermão de Vieira, já que foi proferido no dia em que se celebra o seu
falecimento, mas também porque é reiteradamente apresentado pelo orador como um exemplo
que os homens devem seguir, no combate à degradação moral que grassa na sociedade.
Vieira toma como modelo Santo António, a quem considera um pregador exemplar, como nos dá
conta no Capítulo I. Daí que decida pregar aos peixes, imitando a resolução do Santo, que, na cidade
de Arimino, foi pregar-lhes, já que os homens o não ouviam.
Por outro lado, ao elogiar o Peixe de Tobias, a Rémora, o Torpedo e o Quatro-olhos, Vieira faz
analogias com Santo António: também ele curava a cegueira dos homens, fazia os homens
arrependerem-se e enveredarem pelo caminho do Bem e da Virtude; a sua doutrina dominava a
soberba, a vingança, a cobiça e a sensualidade.
Para além disso, no Capítulo V, ao criticar os peixes Roncadores, Pegadores e Voadores, acusando-os
de serem vaidosos, arrogantes e ambiciosos, estabelece um contraste entre a atitude do Santo e a
destes peixes; António tinha sabedoria e poder, mas não se vangloriava, era um exemplo de
humildade.
Em síntese, a figura de Santo António está presente ao longo de todo o sermão, funcionando como
um argumento de autoridade que permite a Vieira ser mais assertivo, persuasivo e eficaz na
transmissão da mensagem. (228 palavras)
Pág. 67
GRUPO II
1.
1.1 A; 1.2 B.
2. Substantiva completiva.
3. Conjunção subordinativa completiva e um pronome relativo, respetivamente.
4. “A fotografia do queniano Ibrahim Rashidke”.
5. Coesão gramatical interfrásica.

GRUPO III
A 21 de setembro assinala-se o Dia Internacional da Paz, iniciativa das Nações Unidas, lembrado
através de um cessar-fogo de 24 horas e este ano subordinado ao tema “Construir a paz em
conjunto”. Neste sentido, a plataforma digital “Agora imagens” criou o Prémio #Peace2020, pois
reconhece-se que os acontecimentos em qualquer parte do mundo têm impacto global. A fotografia
premiada representa uma bandeira branca, símbolo da paz, e seis homens, todos vítimas de
violência. O seu autor deseja, assim, homenagear as vítimas da guerra. O fundador da plataforma
considera esta fotografia “um manifesto de amor e de esperança no futuro”.
(100 palavras)
Parte II – Romantismo
2 – Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett
Pág. 77
Oralidade (CO)
(página 76)
1.
a. Luís Bernardes
b. Carolina Rico
c. Jorge Fernandes
d. Doutorando em Sociologia na universidade de Humboldt (Berlim).
e. Finalista de jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa.
f. Doutorando em Ciência Política no Instituto Universitário Europeu (Florença).
g. das subtilezas, do tempo, das pessoas, da música, da comida, da língua.
h. de falar e de ler em português, do que se faz.
i. gosta do sol, do que o país lhe dá, de ser familiar.
j. da prepotência, das autoproclamadas elites.
k. do facto de o governo português descartar os portugueses.
l. da desorganização política, económica e social, da passividade, do conluio político e de se achar
que tudo é normal.
2. Resposta pessoal.
3.
3.1 B; 3.2 D; 3.3 A.

Oralidade (EO)
2. Resposta pessoal.

Pág. 78
Oralidade (EO)
2. Na capa A está representado iconograficamente o núcleo familiar (pai, mãe e filha) e ainda as
chamas que devoraram a casa que habitavam; a isto acresce o título da obra e o respetivo autor. Na
B surge apenas um convento e um frade, bem como o título e o autor. Na C destaca-se um
peregrino, o título e o autor do texto. Na D representa-se uma senhora e também um romeiro que
está na sua presença, e, mais uma vez, o título, o autor e a edição. Na penúltima, a E, e em destaque,
está um homem que enverga uma capa com capuz e ostenta um archote aceso, mas também regista
o título e o autor. Por último, na F, só surge em primeiro plano um homem que segura um crucifixo,
salientando-se novamente o autor e o título da obra.
3. Como pontos comuns a todas as capas estão o título e o autor. Porém, na C e na D, a figura do
romeiro é salientada; a relação entre o frade e o convento regista-se na B e F; as chamas só são
visíveis nas capas A e E; a família só surge na A e um elemento do agregado familiar na D.
4.
4.1 A. V; B. F; C. F; D. V.

Pág. 80
Leitura
1.
1.1 D; 1.2 A; 1.3 B; 1.4 A.

Pág. 82
Educação Literária
1. A divisão em atos e cenas, a presença de didascálias, a identificação das personagens e o registo
das respetivas réplicas são aspetos característicos do texto dramático.
2. Fornece informações que permitem situar espácio-temporalmente a ação e, além disso, referem-
se a aspetos que apontam para o estatuto nobiliárquico da família, nomeadamente, o tipo de
adereços bem como o seu valor remetem para uma família rica e nobre; por outro lado, o facto de
D. Madalena ler Os Lusíadas indicia uma família com bom nível cultural. As “janelas rasgadas” e a
consequente iluminação da cena sugerem a aparente felicidade da família que habita aquele espaço.
3. O primeiro momento vai até “pode-se morrer” (l. 16). A segunda tem início na conjunção
adversativa “Mas” e vai até ao fim. A mudança verifica-se quando a personagem passa a sua reflexão
para uma dimensão mais pessoal.
4. As reticências, a interjeição “Oh!” e as exclamações, bem como o vocabulário cuja carga
semântica se inscreve no domínio dos sentimentos, como “alegria”, “felicidade”, “medo”, são
aspetos que traduzem a carga emotiva da personagem em cena.
5. As duas personagens evocadas são Manuel de Sousa Coutinho e D. João de Portugal (primeiro
marido de D. Madalena). A figura feminina em destaque vive angustiada e receosa, sem conseguir
libertar-se do seu passado, dada a incerteza da morte do seu primeiro esposo.

Gramática
1.
a. Ato ilocutório assertivo;
b. Ato ilocutório expressivo.

Escrita
1. Nenhuma [...] é sujeito, em termos de representação teatral, a um tratamento particular, desde
logo [...]. Por isso, o drama apresenta-nos normalmente não um, mas dois textos paralelos.
2. vírgula / vírgula / dois pontos / ponto final / vírgula / vírgula / vírgula / ponto final / ponto de
exclamação / ponto de exclamação / vírgula / ponto e virgula / vírgula / ponto de exclamação

Pág. 87
Educação Literária
1.
A. 5; B. 3; C. 1; D. 6; E. 2; F. 8; G. 4; H. 9; I. 7.
2. Telmo baseia-se nas palavras de seu amo, que jurou voltar a ver D. Madalena, vivo ou morto, e
isso ainda não acontecera.
3. Telmo condena D. Madalena por esta se ter afastado dos seus conselhos e ter acreditado que o
seu primeiro amo tinha morrido, ao contrário dele, repreendendo-a quando esta se diz “desgraçada”
quando, na verdade, se apaixonara por Manuel de Sousa, esquecendo, assim, D. João de Portugal.
4. D. Madalena teme o ascendente de Telmo sobre Maria, e alerta-o para a sua fragilidade, tentando
dissuadir o escudeiro; Telmo está preocupado com a ilegitimidade de Maria e, em particular, com os
juízos de valor que a sociedade possa vir a fazer.
5. Conforme a conversa vai avançando, D. Madalena vai mudando de tom, em particular quando o
passado é convocado por Telmo. Por isso, de uma postura mais calma e compreensiva, D. Madalena
vai assumindo a sua autoridade, acabando a dar ordens a Telmo e a revelar a sua superioridade e
autoridade.

Gramática
1. Modalidade apreciativa.
2. Ato ilocutório diretivo.
3. “de Manuel de Sousa” – complemento do nome; “me” – complemento direto; “contínuo” –
modificador do nome restritivo.
Pág. 89
Educação Literária
1. Maria vem agitada, mostra-se indignada pelo incumprimento do velho aio, reprendendo-o, pelo
que pode considerar que ambos são muito próximos, até pelo modo como falam.
2. Maria demonstra o seu sebastianismo ao revelar que não acredita na morte de D. Sebastião e ao
acreditar e defender o mito, segundo o qual o monarca português haveria de regressar.
3. As personagens em cena não têm todas a mesma reação: D. Madalena de Vilhena vive
atormentada só com a hipótese de D. Sebastião regressar, dado que esse regresso poderia implicar a
vinda de D. João de Portugal; contudo, Telmo regozijava-se com essa possibilidade, pois, se tal
acontecesse, poderia voltar a abraçar o seu primeiro amo.
Cena IV
4. As preocupações de Maria são desencadeadas pelo comportamento dos seus progenitores que,
sistematicamente, revelam uma grande ansiedade relativamente à filha, e a jovem não entende
essas atitudes, uma vez que, para além de não ter consciência do seu estado de saúde, percebe que
há mais alguma coisa que provoca a ansiedade em que os pais sempre andam.

Gramática
1. “lhe” – refere-se a Maria; “o” – diz respeito a tudo o que é dito antes sobre Maria: a febre, as
mãos a queimar e as rosetas nas faces. O pronome “lhe” corresponde ao complemento indireto e o
“o” ao complemento direto.

Pág. 91
Educação Literária
1. Frei Jorge é um representante religioso que se mostra preocupado e atento aos problemas que
possam afetar a sua família, e mais especificamente o seu irmão, Manuel de Sousa Coutinho.
2. A notícia que Frei Jorge traz diz respeito à intenção de os governadores se instalarem no palácio
de Manuel de Sousa Coutinho, uma vez que este se situa na vila de Almada, conhecida pelos seus
bons ares e boas águas.
3. Os governadores queriam sair de Lisboa, onde grassava a peste que poderia pôr em risco as suas
vidas, e, por isso, escolheram aquela casa, sentindo que o seu estatuto lhes dava poder para
decidirem também pelos outros.
4. D. Madalena fica indignada face ao propósito dos governadores e refere que a decisão de quatro
homens se instalarem num local onde só vivem senhoras e se apropriarem de uma casa que não lhes
pertence é, no mínimo, revoltante e reveladora da falta de escrúpulos.
5. A reação de Maria é visível na proposta compreensível e aceitável que faz, dado que é uma reação
adequada à afronta dos governadores. Tratando-se de uma jovem, cheia de sonhos e ingénua, é
normal que queira ver a refutação de tal tirania, nem que isso implicasse o uso das armas. Porém, a
sua ingenuidade impede-a de avaliar as consequências que, efetivamente, podiam ser catastróficas.
6. Maria perceciona antecipadamente a preocupação do pai, afirmando, mesmo antes da chegada
dele, que este vem “afrontado”, o que indicia que ele já teria conhecimento da intenção dos
governadores, e essa espécie de premonição confirma-se na cena VI, quando Miranda anuncia a
chegada do seu amo.

Gramática
1. “A bênção de Deus” – sujeito; “te” – complemento direto; “filha” – vocativo; “desassossegado” –
predicativo do sujeito; “vos” – complemento direto; “que não há de ser nada” – complemento
direto.
2. “aí”; “nesta”; “aqui” – espacial; “estou”, “eu” – pessoal; “estou” – temporal.

Escrita
1. Proposta de textualização na Aula digital.
Pág. 95
Educação Literária
1.
a. patriótico; b. Manuel de Sousa; c. revolta; d. governadores; e. bravura; f. determinação; g.
aterrorizada; h. seu primeiro marido.
2. A expressão “o que vale um português dos verdadeiros” destaca o verdadeiro patriotismo de
Manuel de Sousa e traduz o entusiasmo de Maria perante a coragem e o sentimento patriótico do
pai.
3. A atitude que Manuel de Sousa repudia é o facto de alguns nobres portugueses se deixarem levar
pela conveniência e serem corrompidos pelo poder, nem que, para atingirem os seus fins, tenham
de oprimir os seus irmãos de sangue, aliando-se, neste caso, aos espanhóis.
4. D. Madalena interroga Manuel de Sousa face àquela proposta de mudança, pois teme reencontrar
e reviver um passado que queria esquecer.
5. Manuel de Sousa revela o seu patriotismo quando enfrenta “o inimigo da nação”, abandonando o
seu palácio e todos os seus pertences, evidenciando toda a sua racionalidade e o seu patriotismo.

Pág. 97
Educação Literária
1. D. Madalena tenta, primeiro, perceber as razões da agitação do marido, mostrando-se
preocupada com o comportamento e a decisão que este tomou porque teme encontrar o espetro de
D. João de Portugal e que esse possa vir a ameaçar e a separar a sua família.
2. Manuel de Sousa desvaloriza os medos de D. Madalena, mostra até alguma admiração face ao
comportamento temeroso da esposa, apesar de já lhe ter assegurado que não tem ciúmes do seu
passado, tentando convencê-la de que a solução encontrada é a que melhor serve a família, pelo
que os maus agouros devem ser desafiados.
3. Manuel de Sousa enfrenta o passado com naturalidade e racionalidade, não acredita em agouros,
revelando-se racional, ao contrário de D. Madalena que revive situações anteriores e, porque age
pelas emoções, vive dominada por sentimentos de medo e de angústia, o que permite concluir que a
racionalidade de Manuel de Sousa se opõe à emotividade de D. Madalena.
4. Com a expressão “vou dar uma lição aos nossos tiranos que lhes há de lembrar, vou dar um
exemplo a este povo que o há de alumiar”, Manuel de Sousa refere-se à exemplaridade do seu ato,
uma vez que com ele impediria os governadores de se instalarem no seu palácio e, ao mesmo
tempo, incitava o povo a não se acobardar e dar luta, tal como ele, aos representantes dos
interesses espanhóis.
5. Esta cena indica que, definitivamente, a família terá de abandonar aquela casa, onde fora feliz,
determina a obrigatoriedade de se recolherem no local tão temido e tão cheio de memórias que
suscitavam os agouros e os medos de D. Madalena, antevendo-se que algo de trágico poderá aí
ocorrer.

Gramática
1.1 B; 1.2 C.
2. Subordinada adjetiva relativa explicativa.

Pág. 98
Educação Literária
1. a. palácio; b. patriotismo; c. retrato; d. indício; e. família; f. desgraça
2. a. 4; b. 3; c. 2; d. 1; e. 5.

Pág. 99
Oralidade (CO)
1. D – E – A – F – C – B – H – G – J – I.
Oralidade (EO)
1. O aluno poderá destacar:
– elementos que remetem para os Descobrimentos, fator responsável pela propagação da língua
portuguesa por todos os continentes;
– a figura de Camões, poeta homenageado pelo orador;
– objetos que se inscrevem na portugalidade e na cultura portuguesa, como o galo de Barcelos, a
guitarra, a filigrana, a torre dos clérigos, o elétrico;
– a bandeira, sobre a torre, símbolo da superioridade e valor de Portugal, um país pequeno, mas à
beira mar plantado como configura o espaço quadrado, a representar o país em terra, e a água, a
sugerir o espaço marítimo, caminho utilizado pelos portugueses para se espalharem pelo mundo e
disseminarem a sua língua.

Pág. 103
Gramática
1.
A. Não observância do princípio da progressão e da renovação da informação.
B. Não há progressão e não há continuidade de sentido, mas sim repetição.
C. Não se cumpre a regra da não contradição e numa frase seria difícil que tal se observasse.
2. C.
3. IV – II – I – V – III.
4.
a. quando; b. bem como; c. assim; d. tão; e. que; f. ainda que; g. já que.
5. Telmo Pais vive um enorme conflito interior, já que se sente dividido entre Maria e D. João de
Portugal. O escudeiro sempre acreditou que o amor pelo seu primeiro amo era maior do que o que
sentia pela filha de Manuel de Sousa Coutinho mas, quando confrontado com o regresso do seu
antigo senhor, percebeu que a sua afeição por aquela criança superara a que sentia pelo Romeiro.
6.
6.1 b; 6.2 c.
7.
1. c; 2. f; 3. e; 4. a; 5. d; 6. b; 7. f.

Pág. 106
Educação Literária
1. Trata-se do palácio que fora de D. João de Portugal e é caracterizado como um espaço
melancólico, pesado, sombrio, com uma sala de retratos que chama a atenção da jovem Maria.
2. A soturnidade e melancolia, o gosto pesado, os retratos de família e de outras figuras que já
partiram, onde se destacam também o de D. João de Portugal, o de D. Sebastião e o de Camões são
aspetos que remetem para um passado nefasto e sombrio, a indiciar a tragicidade, o fim trágico que
se poderá abater sobre os novos habitantes.
3. Telmo mostra-se hesitante dado que prometera a D. Madalena não alimentar a curiosidade de
Maria, por isso, evita responder às suas questões. Para além disso, falar do passado era presentificá-
lo, ativando uma dor que este queria evitar, principalmente para proteger a jovem Maria de um
passado que a poderia destruir.

Pág. 107
4. Maria baseou-se no grito de terror que a mãe lançou quando se deparou com o retrato que o
clarão alumiava. Para ela, foi esse retrato, a que a mãe se refere como “o outro”, que a deixou
naquele estado.
5. Trata-se de Camões e a sua representação naquele lugar simboliza a importância que tinha
naquela família, não só pela obra que o imortalizou, mas também pela sua ação bélica e patriótica,
revelada pela sua intervenção na batalha de Alcácer Quibir.
6. As três figuras destacadas são Camões, D. João de Portugal e D. Sebastião e, para além de serem
contemporâneos, o segundo e o terceiro estiveram no Norte de África, em Alcácer Quibir,
envolvidos em situações bélicas com vista à expansão territorial e à proeminência da nação
portuguesa.
7. Telmo Pais e Maria de Noronha demonstram respeito e admiração por D. Sebastião e ambos o
elogiam, vendo-o como salvador da pátria e garante da independência nacional. Ambos elogiam a
sua determinação e acreditam que o monarca não morreu e regressará para libertar o povo
português do jugo espanhol, alimentando, assim, o mito sebástico. Para além disto, Telmo via no
regresso do rei a possibilidade de “recuperar” o seu primeiro amo, D. João de Portugal, dado que
este partira com D. Sebastião e, se este não morrera, o mais certo seria que também D. João
estivesse vivo.
8. A última fala de Telmo funciona como uma espécie de comentário às palavras de Maria e
evidencia o facto de o aio lamentar a perda que D. João sofrera, ou seja, a da sua família, não lhe
restando, agora, senão a espada.

Gramática
1. O referente é “os olhos”.
2. a. complemento oblíquo; b. complemento indireto; c. complemento do nome.
3. a. oração subordinada substantiva completiva; b. oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

Pág. 111
Educação Literária
Cena II, III e IV
1. Manuel de Sousa mostra-se preocupado com a mulher, D. Madalena, e com o estado febril da
filha, Maria.
2. Caso D. João estivesse vivo, o casamento de D. Madalena com Manuel de Sousa teria de ser
anulado, ditando o fim daquela família e o não reconhecimento social de Maria.
3. Frei Jorge surge com notícias importantes e que podem contribuir para repor a tranquilidade no
seio familiar, uma vez que o arcebispo intercedeu por Manuel de Sousa, fazendo com que os
governadores deixassem “cair o caso” da afronta feita quando incendiou a sua casa.

Pág. 112
Educação Literária
Cena V
1. Inicialmente mostra-se feliz com a chegada do marido e também com a notícia de que este estava
livre de qualquer perseguição; porém, na última intervenção, admite ter qualquer coisa a preocupá-
la, um pressentimento.
2. D. Madalena acredita que sexta-feira é um dia aziago, a noite aterra-a e, naquele dia, teme ficar
sozinha.
3. D. Madalena vai sofrer novo abalo porque, para além de ter de voltar a ficar longe de Manuel de
Sousa, dada a necessidade de este ir a Lisboa agradecer ao arcebispo, Maria quer acompanhar o pai,
exigindo o cumprimento da promessa que lhe haviam feito, facto que acentua ainda mais os receios
de D. Madalena.
4. A utilização dos determinantes possessivos (“minha”, “meu”) indica pertença e, portanto, uma
relação de proximidade e de carinho/amor.
5. Frei Jorge, mais uma vez, tenta apaziguar os ânimos e satisfazer o desejo de Maria, prontificando-
se a ficar ele a fazer companhia à cunhada.
Gramática
1. a. “tu”; “me”; "preocupares"; "queres"; b. “aqui”; c. “hoje”.
2. a. subordinada adjetiva relativa restritiva; b. subordinada adjetiva relativa explicativa; c.
subordinada substantiva completiva.
3. O segmento “Vou-me aprontar, minha mãe?” exemplifica um ato diretivo.
4. a. “muitas festas” – complemento direto; “ao tio frade” – complemento indireto. b. vocativo.
5.
5.1 B; 5.2 C; 5.3 A.

Pág. 115
Educação Literária
1. D. Madalena dispensa a companhia de Telmo porque receia que este lhe avive a memória, logo
naquele dia tão cheio de referências ao passado.
2. D. Madalena mostra-se receosa, apreensiva e em cuidado pela filha, emitindo, por isso, um
conjunto de recomendações que visam a proteção de Maria.
3. Manuel de Sousa serve-se do exemplo de D. Joana de Castro, condessa de Vimioso, para
tranquilizar D. Madalena, mostrando-lhe que a sua situação era bem mais gravosa e que soube
voluntariamente abdicar da vida social para ingressar num convento.
4. Na afirmação destaca-se o recurso à interjeição “Oh” e ao adjetivo “querida”, anteposto,
expressando a emotividade e em particular o amor e o carinho que Manuel de Sousa nutre por D.
Madalena.
5. O monólogo de Frei Jorge traduz a reflexão individual suscitada pela reação das outras
personagens.
6. Faz anos que casou pela primeira vez com D. João de Portugal, faz anos que se perdeu D.
Sebastião e que viu pela primeira vez Manuel de Sousa Coutinho.

Gramática
1. a. subordinada adverbial condicional; b. subordinada substantiva completiva.
2. a. ato ilocutório expressivo; b. ato ilocutório diretivo.
3. “Deus” – sujeito; “me” – complemento direto; “funesta” – modificador do nome restritivo; “D.
João” – sujeito.

Pág. 118
Educação Literária
(página 119)
1. O que fez Miranda não obedecer às ordens dadas, foi o facto de um peregrino exigir que
entregasse um recado a D. Madalena.
2. Miranda mostra-se desconfiado, intrigado e acredita que se trata de uma brincadeira; fica
também impressionado com as longas barbas brancas do mensageiro que diz vir da Palestina.
3. O Romeiro exige falar com D. Madalena pois o recado que traz só a ela poderá entregar. O
Romeiro tem como principal objetivo perceber se D. Madalena o reconheceria.
4. Frei Jorge pensa que o peregrino traz alguma relíquia dos Santos Lugares, objeto normalmente
‘oferecido’ a pessoas de uma estirpe social elevada, e que se associa a uma recompensa avultada,
devido à simbologia religiosa ou sagrada que encerra.

Pág. 119
5. a. “Quem vos chamou, que quereis?” (l. 3).
b. Dizei já, que me estais a assustar.” (l. 9).
c. “Pois, coitado! Virá. Agasalhai-o, e deem-lhe o que precisar.” (l. 15).
d. “A mim!” (l. 20).
e. "Pois venha embora o romeiro! E trazei-mo aqui, trazei.” (l. 28).
6. No contexto, a interjeição significa “antes fosse”, “tomara que assim fosse”, ainda que também
possa significar “Deus queira”.
7. Esta afirmação deixa antever a revolta da personagem quando percebe que D. Madalena não o
reconhece, sendo esta a família que lhe restava.
8. O amigo a que o Romeiro se refere é, certamente, Telmo, o seu fiel escudeiro.
9. Esta interrogação é reveladora da revolta do romeiro, da sua indignação e até da arrogância,
justificadas pelo facto de D. Madalena o associar a um qualquer pedinte e não o reconhecer.
10. Esta afirmação é reveladora dos sentimentos que se apossaram da personagem no momento em
que percebe que todos contaram com a sua morte, não sendo mesmo reconhecido pelas pessoas
mais chegadas. Ele sentiu que já não tinha importância nenhuma, era como se tivesse sido reduzido
a pó, isto é, a nada. Ao afirmar que é “ninguém”, este assume a sua perda de identidade.

Gramática
1.
a. subordinada adverbial causal; b. subordinada adjetiva relativa explicativa; c. subordinada
substantiva completiva.
2.
a. grupo pronominal – complemento direto; b. grupo preposicional – complemento oblíquo.

Pág. 123
Educação Literária
(página 124)
1. O espaço é reduzido, sóbrio, sombrio e fechado, sem ornamentação, a não ser objetos religiosos.
Além disso, é noite alta, o que lhe confere, desde logo, um caráter funesto e sinistro.
2. A caracterização sombria, escura, soturna, a par da referência à noite, simboliza ou indicia a
dimensão trágica da ação que aqui vai decorrer.
3. O desespero de Manuel de Sousa resulta da situação em que se encontra a filha, não só em
termos físicos (a debilidade e a doença que sobre ela pairam) mas também psicológicos e sociais,
uma vez que a desonra se irá abater sobre ela dada a sua ilegitimidade. Teme mesmo que Maria não
consiga sobreviver à desgraça que se abateu sobre a família. Posteriormente, revela a sua
preocupação pelo estado em que se encontra D. Madalena, e pretende evitar que esta se confronte
com o Romeiro para evitar danos maiores.

Pág. 124
4. Frei Jorge pretende demonstrar que a infelicidade do Romeiro é ainda maior do que a do irmão.
Manuel de Sousa tem quem o apoie a nível familiar e religioso, mas o velho peregrino não poderá
contar com ninguém. Mostrando que há sofrimentos maiores, pretende que o irmão se conforme
com o dele.
5. Manuel de Sousa discorda do irmão, argumentando que o outro não tem uma filha sobre quem
recairão a desonra e as injustiças do mundo. Logo, não poderá ser tão desgraçado ou infeliz quanto
ele.
6. Manuel de Sousa chama-lhe desgraçada porque o seu fim será tão trágico como o dele. Ambos
envergarão o escapulário e serão privados da filha e do amor que os uniu.

Gramática
1.
a. “mo”: “o” – o sangue; “me” – a Manuel de Sousa; b. “o” – Manuel de Sousa; c. “nos” – Manuel de
Sousa e a filha.
2. “mo” – deítico pessoal; “aqui” – deítico espacial.
3. predicado – “está aqui para mim”; predicativo do sujeito – “aqui”; modificador do grupo verbal –
“para mim” ; sujeito – "esta mortalha".
4. a. oração subordinada adjetiva relativa restritiva; b. oração subordinada adverbial causal; c.
subordinada adjetiva relativa restritiva; d. subordinada adverbial final.
5. “lhe” – Maria; “eu” – Frei Jorge; “tu” – Manuel; “la” – Maria.

Pág. 126
Educação Literária
1. Telmo entra em cena porque vem trazer notícias de Maria.
2. Frei Jorge diz a Telmo para puxar a corda que dá à sineta, dizer o nome ao irmão converso, fechar
logo a porta por dentro e não a abrir senão quando ele ordenar. Estas medidas de segurança
justificam-se pelo secretismo da situação, ou seja, pela necessidade de ocultar às duas figuras
femininas o que se estava a passar.
3. Frei Jorge sente necessidade de recordar a Telmo que tanto Maria como D. Madalena devem ser
poupadas àquela situação, pelo menos por enquanto, e tenta assegurar que o velho aio percebeu as
suas recomendações.
4. Telmo hesita porque teme que a decisão que ia tomar fosse ainda mais gravosa para a família de
Manuel de Sousa.
5. Telmo questiona-se sobre a validade do desejo que sempre alimentara de ver regressar D. João,
principalmente porque tem consciência de que o amor que sente por Maria superou o que sentia
pelo seu antigo amo. Balança entre um e outro, mas teme perder Maria, por isso oferece a sua vida
em troca da dela.
5.1 As reticências e as exclamações são bastante sugestivas, pois traduzem as hesitações e o estado
emocional da personagem, conferindo à réplica uma forte dimensão subjetiva.
6. Esse aparte permite que o leitor/espectador perceba que o pedido era por Maria, mas o seu
primeiro amo não poderia sabê-lo.
7. Telmo reconhece que o amor por Maria é já maior e venceu o que sentia por D. João de Portugal
(“É que o amor destrouta filha, desta última filha, é maior, e venceu”), dispondo-se até a trocar a sua
vida pela dela.
7.1 “Senhor, e não me tomais dos braços a inocentinha que eu criei para vós, Senhor.”

Pág. 129
1. O Romeiro caracteriza a sua vida referindo-se aos vinte anos que permaneceu em cativeiro, às
saudades e ansiedades sentidas, bem como à miséria em que viveu.
2. O Romeiro parece compreender que 20 anos de ausência, bem como o aparecimento de novos
amigos, possam ser motivos suficientes para o terem esquecido.
3. Trata-se de um eufemismo que permite atenuar a ideia negativa que normalmente se atribui ou
se associa à morte.
4. No final da cena V, o Romeiro mostra estar disposto a abdicar dos seus direitos e até se predispõe
a perder a sua identidade para não causar a desonra de D. Madalena e a desgraça daquela família,
colocando-a em primeiro lugar.
5. Na sua última réplica, e após perceber que as palavras de D. Madalena não se dirigiam a ele, o
Romeiro vacila e exprima a raiva, a sede de vingança, ainda que, na parte final, se perceba que as
suas honradez e retidão se sobrepõem e o compelem a cumprir a sua palavra.

Gramática
1. O referente do pronome pessoal “lhe” é “a D. Madalena”.
2.
a. oração subordinada substantiva completiva;
b. oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
3.
a. complemento oblíquo;
b. complemento do adjetivo;
c. complemento direto;
d. complemento indireto.

Pág. 131
Educação Literária
1. D. Madalena está desesperada pois quer a todo o custo falar com o marido (ll. 19-20), tentar
incutir a dúvida sobre a verdade revelada e. assim, demover o marido da decisão que tomara (ll. 29-
32).
2. D. Madalena argumenta com a excessiva credibilidade que foi dada ao Romeiro e o facto de este
ser um desconhecido, fatores determinantes para questionar a veracidade dos factos.
3. Frei Jorge quer que Telmo se vá embora pois teme que diga a D. Madalena a versão que
combinara com o Romeiro.
4. Manuel de Sousa, uma vez mais, tenta demonstrar a D. Madalena que a situação é irreversível,
pois tem consciência de que nada poderá ser como antes e, por isso, evoca novamente os condes de
Vimioso para que D. Madalena aceite a nova condição, tendo ele já assumido as consequências dos
seus atos.

Gramática
1.
a. compromissivo; b. diretivo; c. assertivo.
2.
a. oração subordinada adverbial consecutiva; b. oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
3.
a. complemento oblíquo; b. complemento direto + complemento oblíquo; c. vocativo.

Pág. 132
Educação Literária
1. O coro contribui para o adensamento do clima trágico da ação, lembrando continuamente as
personagens do ato solene a que se propuseram.
2. As interjeições, os vocativos, as invocações a Deus e as repetições conferem mais emotividade ao
discurso.
3. Esta forma de tratamento pode ser interpretada de duas maneiras: irmã, por ser casada com o
seu irmão; “irmã”, por estar prestes a ingressar na vida religiosa.

Pág. 135
Educação Literária
1. Esta cena marca definitivamente a rutura com a situação anterior. A partir deste momento, o
casal morrerá para o mundo e, por isso, são chamados pelo Prior de “filhos de Jesus Cristo”.
2. A entrada de Maria vem adensar ainda mais o sofrimento dos progenitores, fazendo-os sentir
mais culpados e mais pecadores. O sofrimento causado alastrou-se até ao fruto do amor deles e isso
torna-se insuportável.
3. Maria tenta salvar os pais e conservá-los consigo porque se sente perdida, aflita por perceber a
sua condição de órfã e, por isso, culpa até Deus por lhe querer roubar os pais a ela que é fruto de um
amor verdadeiro. Revolta-se contra todos os espetros e quer que confirmem que ela não é filha de
um crime. O sentimentalismo exacerbado, a fatalidade e a presença do destino como força superior
ao próprio homem, bem como a revolta contra as forças opressoras, são marcas românticas que
aqui se evidenciam.
4. A última fala é de índole cristã e assenta no princípio de que a fé salva as almas e a recompensa
ou o castigo final só Deus o determina. Assim, depreende-se que a religião surge como apaziguadora
e reconfortante.
Gramática
1. a. coesão lexical por substituição (hiponímia > hiperonímia); b. coesão gramatical referencial; c.
coesão gramatical temporal.
2. a. subordinada adverbial final; b. subordinada adjetiva relativa restritiva; c. subordinada adverbial
temporal; d. subordinada substantiva completiva.

Escrita
1. Esta proposta pode ser usada para dinamizar a expressão oral, promovendo um debate em torno
da problemática da racionalidade / emotividade, com vista a fazer uma análise sobre os
comportamentos da humanidade na atualidade.

Pág. 139
1.
1.1 A; 1.2 C; 1.3. A; 1.4 C; 1.5 C; 1.6 A.
2.
a. Frei Jorge.
b. D. Madalena de Vilhena.
c. Telmo Pais.
d. Maria.
2.5 Manuel de Sousa Coutinho.
2.6 D. João de Portugal.
3.
a. D. Madalena; b. Os Lusíadas; c. Telmo; d. passado; e. aio; f. Maria; g. incêndio; h. primeiro; i.
palácio; j. sala; k. retratos; l. D. Sebastião; m. Camões; n. Maria; o. Frei Jorge; p. Doroteia; q. Telmo
Pais; r. Romeiro; s. 20 anos; t. Ninguém.

Pág. 141
GRUPO I
Parte A
1. Os dois elementos temáticos presentes nesta réplica são os que respeitam a caracterização
emocional de D. Madalena após a instalação da família naquela casa; o segundo elemento diz
respeito à sala dos retratos e em particular àquele que aterrorizou a mãe e que Maria quer saber de
quem é.
2. Maria e Telmo têm uma relação de profunda amizade, estando muito próximos um do outro,
ainda que isso não impeça Maria de assumir com o velho aio um tom autoritário, não permitindo
que este fuja às suas interpelações, como se vê em “E não teimes, Telmo, que fiz tenção e acabou-
se” (l. 4).
3. B.

Parte B
4. O excerto situa-se no capítulo IV, que pertence à exposição/confirmação (desenvolvimento), onde
se encontram as repreensões em geral, e que surge após os louvores em geral (capítulo II) e em
particular (capítulo III).
5. O orador mostra-se desagradado com o facto de os peixes se comerem uns aos outros e
cumulativamente os grandes comerem os pequenos, alimentando-se deles, dizimando-os assim.
6. C.

Pág. 142
Parte C
Fernão Lopes, na Crónica de D. João I, descreve, com pormenor e visualismo, alguns episódios que
ilustram a união do povo na defesa da nacionalidade, movido por um sentimento patriótico
exacerbado.
Efetivamente, um dos quadros que melhor exemplifica a defesa da Pátria é o do “Cerco de Lisboa”
por parte dos Castelhanos. Nesse período de aflição, quando Portugal poderia perder a
independência, os portugueses uniram-se e, por detrás das muralhas do castelo, armaram-se com o
que conseguiram, estiveram vigilantes e nem a falta de alimentos os demoveu dos seus postos de
vigia.
Deste modo, o povo impediu que a nação fosse anexada a Espanha e conseguiu mantê-la na mão do
português que partilhava com ele o mesmo desejo de independência – o Mestre de Avis, mais tarde
rei D. João I.

Pág. 143
GRUPO II
1.
1.1 B; 1.2 C; 1.3 A; 1.4 B; 1.5 D; 1.6 C; 1.7 D; 1.8 B; 1.9 C; 1.10 A.

3 – Amor de perdição, Camilo Castelo Branco


Pág. 148
Oralidade (CO)
2.
2.1 A; 2.2 C; 2.3 C; 2.4 C; 2.5 B; 2.6 A.

Pág. 149
Oralidade (EO)
2.
a. No cartoon, vislumbra-se um homem vestido de negro e envergando um chapéu alto, que circula
por uma corda estendida, segurando na mão uma vara que tenta equilibrar e onde está suspenso de
um lado um coração e do outro um cérebro. O homem circula numa altura elevada, como se
depreende pelo vazio do cenário à sua volta, pelos tons azuis e por pequenos pontos luminosos,
como que a representar a imensidão do céu.
b. A imagem pretende representar uma das maiores dualidades do ser humano e que se traduz,
muitas vezes, num conflito entre o lado racional (simbolizado pelo cérebro) e o lado emocional
(simbolizado pelo coração). Assim, há que saber equilibrar estes dois planos e daí a representação
do equilibrismo da figura que segura a vara onde os dois órgãos estão suspensos. Porém, esta gestão
nem sempre é fácil, sendo necessária alguma perícia para o fazer e daí a imagem evocar o ambiente
circense.
c. O cartoon apresenta-se, assim, como uma excelente forma de representar quer os dois polos mais
importantes pelos quais se rege a conduta humana – o da racionalidade e o da emocionalidade –
quer a forma geralmente difícil de conjugar esses dois vetores da condição humana, sendo
necessário que muitas vezes nos comportemos como artistas de um circo, de forma a garantir esse
equilíbrio entre a razão e a emoção.

Pág. 150
Educação Literária
(página 151)
1. “Amou, perdeu-se e morreu amando” (l. 21).
2. Na Introdução, torna-se evidente que a obra Amor de perdição se vai centrar na personagem –
Simão António Botelho – que é tio-avô de Camilo. Assim, torna-se justificável que o subtítulo da obra
seja Memórias duma família.
3. Pelo facto de se servir de um registo real, existente na Cadeia da Relação do Porto, e de optar pela
sua transcrição, Camilo está a assumir desde o início que aquilo que ele vai narrar é baseado numa
história verídica.

Pág. 151
4.1 A metáfora presente na expressão salienta o facto de o protagonista da obra ser ainda bastante
jovem, já que a manhã da vida se associa à juventude, a tarde à idade adulta e a noite à velhice.
4.2 É evidente a existência de duas fases antagónicas na vida de Simão Botelho aos dezoito anos.
Uma primeira fase de alegria, associada à descoberta do amor, e uma outra de desalento, causado
pelo degredo, pelo abandono e pelo fracasso desse amor.
5. O narratário é o leitor, como se pode verificar no segmento “Não seria fiar demasiadamente na
sensibilidade do leitor” (l. 10).
6. O narrador acredita que, no geral, os leitores sentirão comiseração por Simão – “Não seria fiar
demasiadamente na sensibilidade do leitor, se cuido que o degredo de um moço de dezoito anos lhe
há de fazer dó” (ll. 10-11) –, sobretudo o público feminino que, no seu entender, terá todos os
motivos para chorar – “O leitor decerto se compungia; e a leitora, se lhe dissessem em menos de
uma linha a história daqueles dezoito anos, choraria” (ll. 19-20).

Pág. 154
Educação Literária
(página 156)
1.
1.1 A omnisciência do narrador é evidente no facto de este declarar que Teresa “estava mentindo”
(l. 1). Por outro lado, a sua subjetividade manifesta-se ao confessar que é muito difícil ser-se plena e
racionalmente sincero, quando estão em causa emoções “Vão lá pedir sinceridade ao coração!” (l.
1).
1.2 O narrador convoca a astúcia e a perspicácia dos seus leitores, para que possa ser bem-sucedido
no retrato que pretende traçar de Teresa. Assim, declara que, pela leitura do capítulo anterior,
qualquer leitor atento facilmente depreenderia as características de Teresa que vai enunciar.
1.3 O narrador pretende denunciar a hipocrisia da sociedade que leva, muitas vezes, os seus
indivíduos a escudarem-se na mentira e na falsidade de forma a melhor poderem atingir os seus fins.

Pág. 155
2. Teresa evidencia todas as características enunciadas porque, quando confrontada com a vontade
do pai em casá-la com Baltasar, enfrenta-o, sem medo, confessando odiar o seu primo e preferir
morrer a casar com ele. É também evidente a sua força e a sua determinação no facto de não
derramar uma única lágrima, quando o pai fica irado, a amaldiçoa e ordena que fique trancada no
quarto.
3. Teresa ama incondicionalmente e com a força da paixão Simão Botelho, estando, por isso,
disposta a enfrentar o pai e a tornar-se insubmissa. Recusa-se, assim, perentoriamente, a casar com
Baltasar, afirmando, inclusivamente, estar disposta a morrer por amor, tópico tão ao gosto dos
românticos.
4. No diálogo entre pai e filha, é visível a autoridade que Tadeu exercia sobre Teresa, e que se
reflete, por exemplo, no uso de frases do tipo imperativo. Além disso, Tadeu serve-se da segunda
pessoa do singular para se referir à filha – “Entra nesse quarto” (l 62), ao passo que Teresa se dirige
ao pai de uma maneira mais formal recorrendo à terceira pessoa do singular – “E será o pai feliz com
o meu sacrifício?” (l. 47). Por outro lado, o diálogo evidencia o elevado estatuto social de ambas as
personagens sobretudo pelo uso de uma linguagem marcadamente erudita “Amor tem sido a minha
condescendência e brandura para contigo” (ll. 33-34).
Pág. 157
5. “‘Ainda há pouco eu era tão feliz!... Feliz!’ – repetiu ele erguendo-se de golpe. – quem pode ser
feliz com a desonra duma ameaça impune!... Mas eu perco-a! Nunca mais hei de vê-la!... Fugirei
como um assassino, e meu pai será o meu primeiro inimigo, e ela mesma há de horrorizar-se da
minha vingança…” (ll. 91-95)
5.1 Simão sente-se dividido entre o amor e o ódio: o ódio que nutre por Baltasar Coutinho e que o
leva a desejar matá-lo, e o amor que o une a Teresa e que ele acredita que não resistirá, se ele se
vingar do seu primo, uma vez que passará a ser um assassino foragido de quem a própria Teresa se
há de horrorizar.
5.2 Apesar de, num primeiro impulso, Simão ter pretendido levar avante o seu desejo de vingança e,
por isso, ter saído para alugar um cavalo com o objetivo de se dirigir a Castro Daire para matar o seu
rival, acabou por mudar o seu propósito, tendo optado, antes, por ir a Viseu, para se encontrar com
Teresa na noite do dia seguinte.
Faz sentido relacionar
6. É evidente que, no século XIX, era expectável socialmente que os filhos, mas sobretudo as filhas,
obedecessem em tudo aos seus pais. Por isso, Tadeu sentiu-se no direito de escolher um marido
para Teresa, convicto de que estaria a fazer o melhor por ela – “a violência de um pai é sempre
amor” (l. 33). De qualquer forma, o casamento por amor começa a impor-se nesta época, como a
obra o demonstra e, hoje em dia, na sociedade portuguesa, a opinião das filhas é tida em conta,
nomeadamente no que ao casamento diz respeito, já que este é visto como um ato de amor
bilateral.

Gramática
1.
1.1 Deíticos pessoais – “vais”, “teu”, “minha filha”; deíticos temporais – “hoje”, “vais”; deítico
espacial – “vais”.
1.2 Vocativo.
1.3 Palatalização.
1.4 Deôntica com valor de obrigação.
2. Coesão lexical por substituição.

Escrita
Proposta de textualização na Aula digital.

Pág. 165
Educação Literária
(página 167)
1. É percetível, no diálogo entre o padre e a freira, uma crítica ao clero, uma vez que são colocados
em causa alguns votos a que aquela classe está obrigada: o voto da castidade, visível nas
considerações que o padre tece a propósito de Mariana e nos ciúmes da prioresa por ter sido
relegada para segundo plano; o voto de pobreza, dados os hábitos de consumo de vinho e de tabaco
(simonte).
2. As reticências sugerem uma pausa no discurso, de forma a melhor acentuar a ironia presente nas
palavras do narrador. Assim, e se no início da frase o leitor é levado a acreditar que a prioresa estaria
a chorar por despeito, depois da pausa no discurso, percebe que afinal as lágrimas eram provocadas
pelo tabaco, o que contribui para o reforço da crítica social presente no início deste capítulo.
Pág. 166
3.
a. Quando vê Teresa, Mariana não consegue esconder a sua frustração em relação ao amor que
sente por Simão, por ter consciência de que é impossível ser correspondida – Se eu fosse amada
como ela!...” (l. 31);
b. Assim que começa a conversar com Teresa, Mariana mostra-se nervosa e inquieta “A voz de
Mariana tremia, quando D. Teresa lhe perguntou quem era.” (l. 70);
c. No final do encontro, Mariana sente-se ofendida e com o orgulho ferido, quando Teresa pretende
ofertar-lhe um anel como paga da sua gratidão, advogando que o favor que fez não foi a ela, mas
sim a Simão – “não fiz nenhum favor a Vossa Excelência. A receber alguma paga há de ser de quem
me cá mandou.” (ll. 92-93).
4. Mariana é, sem dúvida, o exemplo de mulher abnegada e altruísta. Na verdade, e apesar de
apaixonada por Simão, sabendo do caráter intempestivo do seu amado e para o proteger, sujeita-se
a realizar uma missão dolorosa: servir de intermediária entre Simão e Teresa. Facilita, assim, a
comunicação e o relacionamento daquele casal.

Pág. 167
5. Funcionando João da Cruz como protótipo do pragmatismo do homem do povo, o ferrador, ao
contrário de Simão, considera o amor um sentimento fútil. Por isso, segundo ele, nenhum homem
devia perder a cabeça ou deixar-se arruinar por causa de uma mulher, havendo tantas à disposição,
o que revela a defesa do casamento como um ato que não pressupunha forçosamente a existência
de amor, posição que se coaduna com a da sociedade sua contemporânea.
6.1 A atmosfera trágica é desde logo evidente na carta que Simão escreve a Teresa, dada a natureza
negativa do cenário descrito, através do uso de expressões disfóricas como “Considero-te perdida,
Teresa” (l. 155) ou “Tudo, em volta de mim, tem uma cor de morte.” (ll. 155-156). Também as
palavras de Mariana vaticinam um destino trágico, como se pode constatar em “É a última vez que
ponho a mesa ao senhor Simão em minha casa!” (l. 179). No final do excerto, é também notório o
peso de um destino trágico, quer quando Simão afirma “O destino há de cumprir-se...” (l. 216) quer
quando o narrador anuncia que Simão tinha “desaparecido nas trevas” (l. 217).
7. Apesar de ser evidente o amor que Simão nutre por Teresa, o herói deixa, no entanto,
transparecer que acima desse sentimento acaba por estar o seu pundonor e o seu desejo de
vingança pelo infame que se atreve a atravessar-se no seu caminho. Por outro lado, é manifesta a
crença num amor puro e absoluto, capaz de transcender as barreiras do mundo terreno e se
concretizar num plano divino e eterno.

Gramática
1.
a. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
b. Oração subordinada substantiva completiva.
c. Oração subordinada adverbial temporal.
2. “cá”.
3.
a. Complemento oblíquo.
b. Predicativo do sujeito.
c. Predicativo do complemento direto.
4.
a. Ato ilocutório assertivo.
b. Ato ilocutório compromissivo.
c. Ato ilocutório diretivo.
Pág. 169
Educação Literária
(página 171)
1. O narrador adota uma perspetiva omnisciente, já que é conhecedor daquilo em que Simão está a
pensar e dos sentimentos que esses pensamentos lhe provocam, como é visível, por exemplo, em
“Das mil visões que lhe relancearam no atribulado espírito, a que mais a miúdo se repartia era a de
Mariana suplicante” (ll. 4-5).
2. Enquanto aguarda, Simão começa por recordar as palavras suplicantes de Mariana, pedindo-lhe
que não saísse de casa naquela noite, ao mesmo tempo que imagina Teresa angustiada pela
separação do seu amado e pela subordinação involuntária a seu pai. Depois, ocorre-lhe a imagem de
Tadeu a obrigar a filha a ir para um convento e, por último, vem-lhe ao pensamento a figura de
Baltasar Coutinho, que lhe desperta sentimentos disfóricos e um desejo de vingança.

Pág. 170
3. Enquanto Simão se apresenta como protótipo do herói reto, honrado, corajoso e defensor do
amor, Baltasar revela ser cobarde e mesquinho, manifestando uma mentalidade machista quando
afirma “Se meu tio a obrigasse, desde menina, a uma obediência cega, tê-la-ia agora submissa, e ela
não se julgaria autorizada a escolher marido” (ll. 32-33), pois deixa transparecer que as mulheres
jovens deveriam consagrar uma obediência cega a seus pais e que não tinham direito de escolher
com quem casavam.
4. Trata-se da metáfora, que espelha a forma como Baltasar Coutinho percecionava o efeito que o
convento teria em Teresa: a extinção do seu amor por Simão Botelho.
5.
a. Teresa, apesar de ter dificuldade em encarar o pai – “não ergueu do chão os olhos” (ll. 40-41) –,
mostra-se firme na decisão de obedecer ao seu coração, nem que para isso tenha de sofrer a
clausura de um convento – “O meu destino é o convento. Esquecê-lo nem por morte.” (ll. 50-51);
b. Assim que se apercebe da presença de Baltasar Coutinho, Teresa manifesta o seu desagrado,
dirigindo-se ao primo de forma rude, indelicada e desprezível – “Nem aqui me deixa a sua odiosa
presença?” (l. 56).

Pág. 171
c. Quando vê Simão, Teresa profere apenas – “– Simão!” (l. 73), o que pode indiciar surpresa, por
não estar à espera de o ver, emoção, por ser ele o objeto do seu amor, e receio, pelo potencial
confronto com os seus familiares.
6. Apesar da vontade de defender a honra ter tido um peso muito significativo na conduta de Simão,
levando-o a assassinar Baltasar, o herói da obra acaba por revelar, ao mesmo tempo, a sua
dignidade e honra, ao escusar-se a fugir à justiça e ao revelar a sua determinação em se
responsabilizar pelos seus atos.
Faz sentido relacionar
7. O facto de o meirinho-geral estar disposto a deixar Simão fugir por saber que era filho do
corregedor denuncia a corrupção instalada na justiça, uma vez que se percebe que as classes
poderosas eram, geralmente, favorecidas. Isto mesmo denuncia o Padre António Vieira no “Sermão
de Santo António”, quando afirma que os peixes grandes comem os pequenos, ou seja, que os mais
ricos e poderosos exploram os mais fracos e são beneficiados em relação a estes.

Gramática
1.
a. Complemento agente da passiva.
b. Complemento do nome.
c. Modificador do grupo verbal.
d. Predicativo do sujeito.
1.1 a. e b. Grupo preposicional; c. Grupo adverbial; d. Grupo adjetival.
2.
2.1
1. Coesão gramatical temporal.
2. Coesão gramatical frásica.
3. Coesão lexical (por substituição).
4. Coesão gramatical referencial.
5. Coesão gramatical interfrásica.
3.
“Faria a sua casa na filha mais querida” – oração subordinante; “embora tivesse de impetrar uma
licença régia” – oração subordinada adverbial concessiva; “para deserdar a primogénita” – oração
subordinada adverbial final.
4. Popular, população, populismo…

Pág. 173
Gramática
1.
1.1 A; 1.2 A; 1. 3 C; 1. 4 D; 1. 5 D; 1. 6 C; 1. 7 D.

Pág. 179
Educação Literária
1. A primeira parte do capítulo serve como mote para aquilo que o narrador vai contar depois a
propósito de Simão, ou seja, como vai anunciar que ele preferiu ser degredado e viver em liberdade
a estar enclausurado numa prisão em Vila Real, o narrador pergunta ao narratário se “A desgraça
afervora, ou quebranta o amor” (l. 15), deixando que, aparente e ilusoriamente, seja o seu
interlocutor a tirar as ilações dos factos que lhe apresenta.
2.
2.1 A ânsia da liberdade, traduzida em Simão pelo facto de optar pelo degredo em detrimento de
ficar em Portugal enclausurado, é uma das características mais significativas e comuns do herói
romântico.
3. Teresa queria que Simão aceitasse a comutação da pena, ficando, assim, a cumprir os dez anos de
sentença em Vila Real, mas Simão, que não suportava mais a clausura de umas grades nem a
castração por parte do país, optou por cumprir a sua pena de dez anos na Índia.
4. O narrador faz esta observação, porque Teresa traça planos para o futuro, acreditando que a sua
relação com Simão seria possível, se ele ficasse a cumprir pena em Vila Real, mas o seu estado físico
não se coadunava com esta situação.
5. Simão convida Teresa a aceitar a morte, na expectativa de que o seu amor se possa cumprir numa
outra dimensão: “Caminhemos ao encontro da morte… Há um segredo que só no sepulcro se sabe.
Ver-nos-emos?” (ll. 77-78). Por seu turno, Teresa está disposta a morrer, advogando que não faz mal
que Simão viva, mas suplicando-lhe que chore por ela: “Morrerei, Simão, morrerei… Se podes, vive,
não te peço que morras, Simão; quero que vivas para me chorares… Adeus até ao Céu, Simão” (ll.
96-99).
6. Ainda que possa parecer da parte de Simão que o amor se esbateu em detrimento da ânsia pela
liberdade, a verdade é que, embora este amor tivesse conduzido à perdição, os seus protagonistas
acreditam que ele sobreviverá numa outra dimensão, no Céu católico, e que, por isso, estão a passar
por todas estas provações e expiações que terão como consequência a sacralização do seu amor e
de si próprios.

Pág. 180
(página 179)
Faz sentido relacionar
7. Em ambos os casos, a ânsia pela liberdade condiciona a atitude das personagens: Simão, ao fim de
19 meses de prisão, sente-se impelido a optar pelo degredo em vez do cárcere por não mais
conseguir aguentar a clausura imposta por uma cela fechada; Manuel de Sousa Coutinho decide
incendiar o seu próprio palácio como forma de impedir a estadia dos governadores espanhóis em
sua casa, situação que constituía para si um atentado à liberdade da pátria.

Pág. 183
(página 184)
Educação Literária
1.1 Teresa confessa que poderia ter poupado o sofrimento de Simão ao referir a sua morte, se
tivesse omitido este facto. No entanto, ela não o fez, porque queria que ele soubesse que, ao retirar-
lhe a última réstia de esperança, quando optou por partir para a Índia, ela tinha acabado por
sucumbir.
2.1 Depois da notícia da morte de Teresa, Simão fica a velá-la no camarote. O ambiente descrito
traduz o momento presente de tristeza e angústia, sobretudo quando o narrador afirma que o
assobio da ventania “devia de soar-lhe como um ai plangente” (l. 6) por ser um “silvo agudo” (l. 6).
Contrariamente, o passado e o espaço evocado na carta de Teresa refletem um ambiente de magia e
felicidade, em plena comunhão com a natureza (veja-se a presença de elementos como árvores, rio,
céu estrelado, lua). A carta evoca, assim, um passado
em que ambos acreditavam na possibilidade de concretizar plenamente o seu amor, num espaço
idílico como o descrito.
3. Teresa vê a morte como um alívio para o seu sofrimento e como a única forma de alcançar a paz.
3.1 Teresa termina a carta, rogando a Simão que lhe dedique o seu amor eterno e fazendo-o
prometer não mais amar alguém. Esta atitude é compreensível, uma vez que, estando Teresa a
morrer, queria ter a garantia de que o seu amor se perpetuaria.
4. Em vida, o triângulo foi sempre evidente, na medida em que Simão era desejado pelas duas
mulheres e, apesar de o seu coração estar destinado a uma delas, a outra desempenhou também
um papel muito significativo na sua vida. No delírio final, Simão acaba por evocar e apelar para a
continuação desse triângulo numa outra vida, agora numa perspetiva muito mais sacralizada,
quando, interpelando Mariana, no delírio antes da morte, afirma “Tu virás ter connosco; ser-te-emos
irmãos no Céu… O mais puro anjo serás tu… se és deste mundo, irmã…” (ll. 142-143). Acresce ainda
que Mariana parece disposta a dar continuidade a esse triângulo, já que, após a morte de Simão,
que ocorre nove dias depois da morte de Teresa, opta por se suicidar.

Pág. 184
5. Mariana vai demonstrando, ao longo do tempo, que está determinada a suicidar-se, se Simão
morrer. Assim, a atitude que Mariana assume, confrontada com a iminência da morte de Simão, é
reveladora de alguém que deixa de sofrer com a vida, convicto de que cedo se vai desprender dos
aspetos terrenos. Por isso, não chorou quando ouviu o prognóstico do seu amado nem quando lhe
perguntou, nas palavras do narrador, com uma “Pasmosa serenidade” (l. 112) , o que fazer às suas
cartas, se Simão morresse no mar. Depois, acaba por revelar explicitamente a sua intenção de pôr
termo à vida, quando o degredado lhe pergunta o que fará ela, se ele morrer no mar. A resposta é
imediata: “Morrerei, – senhor Simão” (l. 117). Finalmente, vislumbra-se ainda a sua intenção de se
suicidar pelo facto de não ter chorado nem orado, quando Simão morre, como se acreditasse que,
em breve, estaria junto dele, e pelo facto de apresentar uma postura inerte e estranha, enquanto os
marujos davam puxões ao cadáver do académico para segurar a pedra à sua cintura.
6. O visualismo trágico da cena final é evidenciado, por exemplo, pelo facto de se narrarem ações
muito rápidas, que se sucedem quase em simultâneo e que fogem ao controlo humano, ou pela
invocação de sensações auditivas e, sobretudo, visuais nas descrições: “E, antes que o baque do
cadáver se fizesse ouvir na água, todos viram, e ninguém já pôde segurar Mariana, que se atirara ao
mar.” (ll. 173-175).
7. Neste capítulo, assiste-se a uma concentração temporal, na medida em que, no relato dos
acontecimentos, se recorre a elipses e a resumos daquilo que aconteceu de mais relevante durante
um período de noves dias, desde o dia do embarque de Simão, o mesmo em que morre Teresa, até à
morte do protagonista e ao suicídio de Mariana.

Gramática
1. a. Sujeito; b. Predicativo do sujeito; c. Complemento indireto.
2. a. Ato ilocutório diretivo; b. Ato ilocutório compromissivo; c. Ato ilocutório assertivo.

Pág. 185
Escrita
Proposta de textualização na Aula digital.

Oralidade (CO)
Menelau / Baltasar
• os dois constituem-se como entraves à relação do casal apaixonado:
- Menelau por estar casado com Helena; Baltasar por querer casar com Teresa;
• ainda que tenham noção de que não são amados, ambos não desistem dos seus intentos:
- Menelau trava uma guerra com os troianos e acaba por regressar a Esparta com Helena; Baltasar,
por uma questão de brio, acredita que será capaz de afastar Teresa de Simão e conquistar o seu
amor.
O triângulo amoroso – Tristão, Isolda e Isolda / Simão, Teresa e Mariana
• a concretização do amor é impossível em ambas as histórias:
- no caso de Tristão e Isolda por ser uma relação adúltera; no caso de Simão e Teresa pelo facto de
os seus progenitores serem inimigos;
• ambos os elementos masculinos são obrigados a afastarem-se da sua terra:
- Tristão é obrigado a exilar-se; Simão é condenado ao desterro por ter assassinado Baltasar;
• Isolda (a segunda) e Mariana não são correspondidas no seu amor;
• em ambos os casos os elementos do casal apaixonado morrem em consequência do desgosto
amoroso.
D. Afonso IV / Tadeu de Albuquerque
• ambos se intrometem na relação dos filhos, tentando a todo o custo impedir os seus amores:
- D. Afonso IV resolve mandar matar Inês de Castro para acabar de vez com a sua relação com o
filho; Tadeu de Albuquerque decide enclausurar a filha num convento, acreditando que, dessa
forma, se extinguiria o amor entre ela e Simão;
• apesar da desaprovação dos dois progenitores em relação às opções amorosas dos seus filhos, em
ambos os casos, estes desafiam a autoridade dos pais, tentando a todo o custo fazer vingar as suas
relações, no entanto, nas duas situações, os pais acabam por conseguir os seus intentos, ou seja,
impedir a concretização do amor dos filhos.

Oralidade (EO)
2 e 3. Respostas de caráter pessoal.

Pág. 188
1.
A. V; B. F – A relação entre Simão e Teresa não era aceite nem por Tadeu de Albuquerque nem por
Domingos Botelho, em virtude de um desentendimento antigo entre os dois; C. F – Apesar de
Mariana amar Simão, não é correspondida nesse amor, porquanto Simão ama Teresa e esta ama-o
também; D. F – Desde o início, Teresa recusa casar com Baltasar, confessando o seu amor por Simão;
E. F – Mariana tem uma conduta irrepreensível na ajuda da relação de Simão e Teresa, ainda que
ame o filho de Domingos Botelho; F. F – Enquanto herói romântico, Simão nega deliberadamente a
fuga e predispõe-se a enfrentar as consequências dos seus atos, acabando, posteriormente, por ser
preso; G. F – Enquanto herói romântico, Simão jamais aceitaria perder a sua liberdade e daí preferir
o degredo na Índia; H. V; I. V; J. F – Estes aspetos dizem respeito não a Simão, mas a Mariana; K. F –
Simão molda a sua personalidade em prol do amor, revelando-se inicialmente uma personagem
boémia e problemática, desafiando os ditames sociais, mas que se deixa transformar pelo amor,
tornando-se sensível, digno, responsável e determinado; L. V; M. V; N. F – Mariana, a mendiga, a
abadessa, o arrieiro e a irmã, Rita, revelam-se também como adjuvantes da relação de Teresa e
Simão; O. V; P. V; Q. V; R. V; S. V.

Pág. 190
GRUPO I
Parte A
1. Este excerto (retirado do capítulo XIX) ocorre no momento em que Simão está preso há dezanove
meses a aguardar a sua sentença, depois de ter matado Baltasar Coutinho. Este assassinato
aconteceu aquando da altercação que teve com ele à porta do convento de Viseu, na altura em que
Tadeu de Albuquerque, juntamente com o seu sobrinho e respetivas irmãs, se preparava para
acompanhar Teresa na sua transferência para o convento de Monchique, no Porto.
2. Segundo o narrador, o desejo de liberdade demonstrado por Simão sobrepôs-se ao seu amor por
Teresa, pelo facto de este estar encarcerado há dezanove meses e porque, para se amar, é
necessário um coração “forte e tenso” (l. 6), mas as fibras do estudante tinham sido distendidas por
“Seis meses de sobressaltos diante da forca” (l. 5). Assim sendo, se, num primeiro momento, Simão
se manifestou esperançoso e otimista quanto à sua relação com Teresa, convidando “o coração da
mulher, que o perdera, a assistir às segundas núpcias da sua vida com a esperança” (ll. 20-21),
depois, “a passo igual, a esperança fugia-lhe para as areias da Ásia, e o coração entumecia-se de fel”
(ll. 22-23).
3. D.

GRUPO I
Parte B
4. A primeira parte corresponde às duas quadras e ao primeiro terceto. Aqui é descrito o estado de
espírito do sujeito lírico que se caracteriza pela incerteza e pela instabilidade. A segunda parte
corresponde ao último terceto, onde é apresentada a razão para o estado de espírito do sujeito
lírico: a visão da mulher amada.

Pág. 191
5. Trata-se de um soneto, uma vez que estamos perante uma composição constituída por 2 quadras
e 2 tercetos, cujo esquema rimático das quadras é ABBA, ABBA e dos tercetos CDE, CDE. Além disso,
os versos são decassilábicos e a composição fecha com chave de ouro, ou seja, o último terceto
corresponde à conclusão e contém a ideia principal do poema.
6. C.
7. A fatalidade do amor, temática tão cara ao romantismo, não podia deixar de estar presente numa
obra tão emblemática desta época como é Frei Luís de Sousa, da autoria do introdutor desta
corrente estética em Portugal, Almeida Garrett.
Desta feita e tendo em conta que o amante romântico pode morrer de amor ou pode ser a causa da
morte da amada, é mais do que evidente a fatalidade do amor em Frei Luís de Sousa. De facto,
praticamente em todas as personagens se evidencia esta temática. Manuel de Sousa Coutinho e
Madalena de Vilhena acabam por morrer para o mundo terreno, por não poderem continuar
casados e, por isso, terem decidido abraçar a vida religiosa, enclausurando-se num convento. Maria
morre fisicamente sobretudo por causa do fim da relação dos pais e do seu consequente
afastamento e D. João acaba também por se anular e desprender da vida mundana porque, vendo o
seu amor por Madalena negligenciado, se torna num ser errante sem identidade.
Em suma, tendo em conta o desfecho trágico da obra, a fatalidade do amor é uma temática bem
evidente na ação de Frei Luís de Sousa. (189 palavras)

Pág. 192
GRUPO II
1.1 A.
1.2 D.
1.3 C.
1.4 B.
1.5 B.
1.6 D.
1.7 A.

Pág. 193
GRUPO III
Na imagem surge representada uma figura feminina, vestida de branco, que está numa posição
curvilínea e que vai sendo elevada no ar por um balão vermelho com o formato de um coração. A
figura feminina surge suspensa sobre montes e árvores, segurando nas mãos um ramo de flores, e
junto ao balão circulam pássaros.
Esta imagem representa, então, de forma alegórica, várias dimensões do amor e os efeitos da
paixão. Assim, o facto de a figura feminina ser elevada por um balão em forma de coração remete
para a ideia de que quem está apaixonado é acometido por um sentimento de plenitude, descrito
vulgarmente como uma sensação de andar nas nuvens. Também as cores suaves que predominam
na imagem remetem para esse estado de plenitude e encantamento associados ao amor. Por outro
lado, a posição da figura e o facto de estar a ser involuntariamente elevada no ar pode ser indicativo
da dependência emocional que é típica de quem está apaixonado. Pode ainda indiciar desilusão
amorosa ou a ideia de que quem está apaixonado está perdido de amores. Por último, o facto de a
figura estar de branco e carregar flores pode sugerir ainda uma potencial ingenuidade dessa figura
relativamente ao amor.
Em suma, todos os componentes da imagem funcionam como uma excelente representação de um
conjunto de ideias e emoções que estão associadas a este sentimento, tantas vezes alvo de uma
tentativa de definição – o amor. (237 palavras)
Parte III – Geração de 70 e realismo
4 – Os Maias, Eça de Queirós
Pág. 202
Leitura
(página 199)
Friso cronológico
Geração de 70
A Geração de 70 foi um momento cultural protagonizado por um conjunto de intelectuais
portugueses, entre 1865-66, que defendeu uma renovação de mentalidades e alterações diversas,
influenciando a vida política e social, incluindo a nível do movimento operário.
Conferências democráticas do Casino
As conferências do Casino, iniciadas em 5 de maio de 1871, foram desencadeadas pela Questão
Coimbrã e pretendiam superar o ultrarromantismo e estimular a modernização do país ao encontro
do que se fazia na Europa, divulgando ideias e criando uma corrente doutrinal.
Realismo
O realismo pretendia (também) utilizar a literatura para a “renovação estética” e a “transformação
social” através de uma nova abordagem dos temas, fazendo o retrato real do mundo através da
caricatura, utilizando para isso métodos científicos.

Oralidade (CO)
2. a. Luís Castro / Eduardo Oliveira e Silva e Miguel Pinto.
b. O britânico The Guardian e o australiano The Sydney Morning Herald.
c. A imprensa portuguesa; a isenção e a independência que devem nortear o espírito da imprensa
face ao poder; a importância do jornalismo enquanto “quarto poder”; a consciência dos jornalistas –
portugueses – de que não devem ceder a interesses; a importância de se sustentar
economicamente.
3. b.; d. e e.
4. A metáfora pretende destacar a ideia de que o jornalismo não pode ceder a pressões,
nomeadamente as do poder, de qualquer tipo de poder, económico, judicial, dos governantes,
porque podem obter benefícios ao fazerem coincidir a informação com as suas necessidades e
interesses; logo, o jornalismo deve ser isento, independente e imparcial, transmitir a informação de
forma correta e não “enviesada”, sem preocupações de agradar a quem tem poder.
5.1 B; 5.2 A; 5.3 B.

Pág. 203
Oralidade (EO)
(Sugestão para o aluno)
– Pode investigar sobre o tema em: https://fumaca.pt/; https://apimprensa.pt/;
https://amensagem.pt/; https://www.ccpj.pt/pt/novidades/ e ainda nos sítios dos diversos órgãos
de comunicação.

Escrita
Plano do texto de argumentação
Introdução – O jornalismo não é perspetivado da mesma forma nos países democráticos, onde a
opinião e a investigação da imprensa é respeitada, e nos países de estados ditatoriais.
Desenvolvimento:
Argumento 1 – a investigação jornalística livre e independente pode causar problemas nos estados
totalitários, uma vez que poderá denunciar situações que o poder queira ver camufladas. Exemplo –
os excessos do poder; a perda das liberdades individuais.
Argumento 2 – colaboração entre o jornalismo e o poder. A imprensa pode cooperar com o poder,
intervindo, por exemplo, a nível de divulgação de medidas e da sua aceitação e ser até um
importante meio que permite a reflexão e a regulação. Exemplo – entrevistas e sondagens sobre a
ação governativa.
Conclusão – reflexão final, síntese das ideias desenvolvidas e fecho do texto.

Pág. 204
Leitura
1.1
1855 – Matrícula no Colégio da Lapa, no Porto.
1861 – Matrícula na Faculdade de Direito de Coimbra.
1867 – Início da atividade como advogado.
1872, 1874, 1878 – Nomeação como primeiro – cônsul em Havana, Newcastle e Bristol,
respetivamente.
1883 – Eleição como sócio correspondente da Academia Real das Ciências.
1886 – Casamento com Emília de Castro Pamplona (Resende).
1888 – Nomeação como cônsul em Paris.
1900 – Morte em Paris (16 de agosto).

Oralidade (EO)
1. Resposta pessoal.

Pág. 205
Leitura
1.
A – 3; B – 4; C – 1 (1.o e 2.o parágrafos); D – 2.

Pág. 209
Educação Literária
1. Quer o interior quer o exterior do palacete acusavam o efeito e o desgaste causados pelo longo
tempo em que o Ramalhete estivera desabitado. No interior, as rosas das grinaldas e as faces dos
cupidinhos “desmaiavam”, isto é, as cores estavam esbatidas, pálidas, sem a vivacidade de outrora.
No exterior, descuidado, coberto de ervas bravas, destacavam-se uma cascata seca, uma estátua de
Vénus Citereia enegrecida e um cipreste e um cedro.
2. Com efeito, o palacete é descrito como sem vida, apagado, como se verifica pela utilização de
determinados verbos e adjetivos (“desmaiavam” as faces; cascatazinha “seca”); Vilaça refere uma
lenda que alude à fatalidade das paredes do palacete para os Maias. Ora, estes dois aspetos podem
deixar antever um futuro de destruição e morte para esta família.
3. Sendo a deusa Vénus tradicionalmente associada ao amor, e considerando que Pedro da Maia
sempre viu Maria Monforte como uma deusa, o facto de a estátua estar “enegrecida” e abandonada
pode associar-se à ideia de que a sua relação amorosa não foi bem-sucedida e até ao abandono de
que Pedro foi vítima. O mesmo insucesso amoroso acontecerá com o seu filho Carlos.
4. Metaforicamente, o verbo “sepultar-se” remete para a ideia de que a vida de Carlos da Maia, no
Douro, seria muito próxima do vazio, do desterro, dado o atraso da região e a ausência de atrações
culturais de outros lugares que conferiam plenitude e progresso à vida do neto de Afonso.
5. Afonso da Maia era um homem culto, inteligente, que vivera em Inglaterra quando jovem, e tinha
sofrido, portanto, influências da cultura e da educação de outras mentalidades e de outros povos,
por isso a crendice de Vilaça e a sua preocupação com o “ditado” de uma lenda causavam riso em
Afonso.
Gramática
1.
1. “Que pediu o velho Vilaça” – oração subordinada adjetiva relativa restritiva; “que lhe perguntou
sorrindo” – oração subordinada adverbial consecutiva; “se ainda julgava…” – oração subordinada
substantiva completiva.

Pág. 210
Educação Literária
1. A tristeza e o desgaste causados pelo abandono, que davam ao espaço um ar triste e degradado,
deram lugar a um quintal agradável e bucólico capaz de acolher com tranquilidade a velhice de
Afonso de Maia; além disso, a cascata outrora seca, sinónimo de morte, possuía agora a vitalidade
que lhe era conferida pela água corrente, sinónimo de vida.
2. As expressões que remetem para sensações visuais – “girassóis perfilados ao pé dos degraus do
terraço”, “Vénus Citereia parecendo agora, no seu tom claro de estátua de parque”, “quintal
soalheiro”; auditivas – “pranto de náiade doméstica, esfiada gota a gota”. As expressões remetem
para a tranquilidade do espaço, a sua graciosidade e o aspeto campestre do local.
Construir sentidos
a. V; b. F: o casamento com Maria Eduarda Runa; c. V; d. F: Pedro da Maia viveu um romance com
Maria Monforte.

Pág. 211
Educação Literária
(página 212)
1. Maria era uma mulher muito bela, embora vestisse de forma extravagante; usava os cabelos
louros presos em duas tranças; o narrador destaca as suas “formas de estátua”, os seus olhos
“maravilhosos”, e o tom de marfim da pele. Para Afonso da Maia, sobressai “a sua face, grave e pura
como um mármore grego, iluminada pelos olhos de um azul sombrio, entre aqueles tons rosados”.
1.1 Na descrição de Maria Monforte sobressaem as sensações visuais: “fazia-lhe mais pálida a
carnação de mármore”; “tons de seara madura batida do sol, fundindo-se com o ouro dos cabelos...
banhando as suas formas de estátua”.
Esta caracterização, ao mesmo tempo que desperta sensações visuais, remete também para uma
certa rigidez e alguma frieza. Ao comparar Maria a uma estátua, o narrador atribui-lhe
características de deusa e, portanto, alguém inacessível.
1.2 Sendo Ceres a deusa romana da agricultura e da fertilidade da terra, esta associação está
relacionada com o “aspeto” de estátua e com os trajes e os adereços de Maria, ambos relacionados
com a terra e com as searas: “Estava de seda cor de trigo”; “uma espiga nas tranças”; “tons de seara
madura batida do sol”.

Pág. 212
Educação Literária
2. a. A comparação e a metáfora: “se vestia como uma cómica” e “o ouro dos cabelos”. Em ambos os
casos, trata-se de realçar características de Maria: no primeiro, o modo diferente e peculiar de se
vestir, que contrastava com o conservadorismo da sociedade feminina lisboeta; no segundo, o tom
amarelo-dourado dos cabelos loiros.
b. No que se refere à variedade cromática, podem referir-se:
– as referências ao vestuário de tom de seara e aos cabelos dourados; ao tom marfim da pele, cores
que endeusam a figura feminina;
– a visão de Afonso da Maia, que antecipa a fatalidade que se abaterá sobre o filho: “aquela
sombrinha escarlate… parecia envolvê-lo todo – como uma larga mancha de sangue”.
Pág. 213
3. Pedro escreve a Maria longas cartas, duas vezes ao dia e “planta-se” diante da sua janela, de
forma ostensiva. A forma verbal “planta-se” é expressivamente utilizada, sugerindo o longo tempo
em que Pedro permanecia fixo diante da janela. Este comportamento revela um obsessivo exagero
amoroso de Pedro.
3.1 Ao longo dos dois primeiros parágrafos do Excerto I, referem-se os excessos de Pedro e de Maria
no modo como vivenciam o amor, expressos nomeadamente na comparação com os amores “à
Romeu”, na intensidade com que Pedro o demonstra e o exagero do sentimento, o que remete para
características românticas da personagem.
3.2 A leitura do primeiro parágrafo permite antecipar um desfecho fatal destes amores, a partir de
expressões como: “amor à Romeu”, “troca de olhares fatal” e “empurrando-os de roldão aos
abismos”.
4. Ao observar Pedro e Maria, o elemento que mais atrai o olhar de Afonso é a “sombrinha
escarlate” que cobre Pedro como se fosse uma mancha de sangue, o que indicia um futuro trágico
para a personagem.

Pág. 214
Educação Literária
1.1 O caráter volúvel e caprichoso é visível na súbita vontade de Maria de abandonar Itália e partir
para Paris (“Mas um dia, em Roma, Maria sentiu o apetite de Paris.”); contudo, o ambiente
parisiense, ainda muito agitado em termos sociais, não agradou a Maria, ainda assim, idealizou a
decoração de sua casa, onde permaneceram até à primavera. Maria Monforte exerce sobre Pedro
um enorme poder, ao ponto de o manipular, por exemplo, relativamente às relações com o pai, ao
engendrar um plano “teatralizado”, que Pedro não percebeu “creio que me havia de fazer feliz tê-lo
aqui”), dando a entender a sua intenção de comover Afonso e o levar a reconsiderar a zanga com o
filho.
1.2 Dado o caráter volúvel e a insatisfação constante de Maria, o aparecimento de alguém que podia
proporcionar-lhe uma vida diferente da que vivia atraiu Maria ao ponto de abandonar Pedro e o
filho.
2. A ação passa-se na casa de Benfica. Neste ambiente de luxo, mas também de dor, o tempo parece
ter-se revestido de características negativas, evidenciadas, desde logo, pelo período do dia
retratado, a noite, traduzindo a mágoa e o sofrimento das personagens aqui destacadas. A noite
estava brava e agitada, em consonância com o estado de espírito da personagem. O tempo
atmosférico parece antecipar o destino trágico de Pedro da Maia.
2.1 A descrição da tempestade que se vivia é feita através do recurso às sensações visuais e auditivas
– “vergastadas de água contra as vidraças “; “num clamor teimoso, faziam escoar um dilúvio dos
telhados”; “as goteiras punham um pranto lento” – o que adensa o clima trágico e de pavor que se
vivia naquela casa, cujo silêncio sepulcral, que se vivia no interior, contrastava com o vendável do
exterior.

Pág. 215
Gramática
1.
a. modificador do grupo verbal; b. predicativo do sujeito; c. complemento direto.
2. a. oração subordinada adjetiva relativa restritiva; b. oração subordinada substantiva completiva;
c. oração subordinada adverbial temporal.
3. a. coesão gramatical frásica; b. coesão gramatical referencial.
Construir sentidos
a. Pedro subiu, acomodou-se no seu antigo quarto e recebeu a visita de Afonso da Maia a quem
confidenciou estar a escrever a Vilaça dando orientações sobre o destino dos bens que haviam
ficado em Arroios.
b. O desespero provocado pelo abandono de Maria levou ao suicídio de Pedro e ao
desmembramento da sua família: a menina fora levada pela mãe e o rapaz ficou entregue aos
cuidados do avô, que, querendo afastar-se do palco da tragédia, fechou a casa de Benfica e foi viver
para Santa Olávia.

Oralidade (EO)
1. A temática desta pintura é o sofrimento que a separação entre um homem e uma mulher
provoca. Na imagem, destacam-se duas figuras, que se apresentam de forma contrastante: um
homem vestido de escuro, que se apoia numa árvore e parece amparar o seu próprio coração com
uma mão ensanguentada, talvez do sangue que brota do órgão; metaforicamente, este sangue
significará a dor e o sofrimento causados por aquilo que parece ser um abandono. A figura feminina,
vestida de branco, cujos cabelos loiros esvoaçam, parece afastar-se, de forma serena, indiferente ao
sofrimento. Podemos acrescentar as tonalidades cromáticas do ambiente, que parece ser mais
lúgubre no espaço onde se encontra o homem, mostrando que o sofrimento condiciona o modo
como vemos o mundo.
Esta pintura pode exemplificar os amores trágicos de Pedro e Maria Monforte: o coração
ensanguentado de Pedro sucumbiu, o que o levou à morte.
Podemos concluir que as relações amorosas são um terreno complexo e que as atitudes de um dos
membros do casal podem representar um enorme sofrimento para o outro.

Pág. 217
Gramática
1.
1.1 Discurso direto/“Que apenas tu saíste...”;
1.2 Discurso indireto/“Então Dâmaso … confessou que…”
1.3 Discurso indireto livre/“Enfim… mau humor”.
2.
2.1 parágrafo; travessão; uso da 1.a pessoa.
2.2 recurso à subordinada completiva e ao verbo declarativo.
2.3 marcas do discurso indireto – 3.a pessoa; modos e tempos verbais; marcas do discurso direto –
suspensão frásica; interjeições.
2.
1 C; 2 B; 3 A.

Pág. 219
Gramática
1.1 A; 1.2 C; 1.3 B; 1.4 D; 1.5 A; 1.6 B; 1.7 C.

Pág. 221
Educação Literária
1.
Coluna A:
2. Utilização expressiva do advérbio.
Coluna B:
1. rolara (l. 1); sufocassem (l. 6); arreganhando (l. 1).
3. (mãe), trémula; (perninhas) moles; grossas (lágrimas); (lábio) feroz.
5. “o leque fechado como uma arma” (l. 8).
6. desde “O sr. Vilaça” (l. 12) até “pelos amigos da casa.” (l. 14).
Pág. 223
Educação Literária
1.1 A primeira vez que Vilaça visitou Afonso em Santa Olávia foi pouco tempo depois da morte de
Pedro, pelo que o seu estado físico e anímico refletia o desgosto por que passara, o que levou Vilaça
a afirmar, perante tal abatimento, que Afonso não sobreviveria muito tempo; ora, o momento
narrado no excerto contradiz essa afirmação, uma vez que se trata de um episódio em que Carlos da
Maia já é crescidinho e Afonso se mostra robusto e feliz. Isto dever-se-á à felicidade que se vive na
quinta e à existência do neto.
2. Vilaça afirma que Carlos e o seu pai se parecem fisicamente: os olhos negros, o cabelo
encaracolado. Contudo, julga que Carlos terá uma compleição mais forte, uma vez que, fruto da
educação que recebera, Pedro tinha ficado “pequenino e nervoso”. Face a esta referência, podemos
inferir que o narrador, pelas palavras de Vilaça, faz uma alusão à fragilidade emocional de Pedro e ao
facto de ter sucumbido à traição de Maria Monforte.
3. Na descrição da sala de jantar predomina o recurso às sensações visuais: “um lume… esmorecia
na fina e larga luz de abril” e “porcelanas e pratas resplandeciam”. As sensações ajudam a construir
a ideia da felicidade reinante no lar, através das referências à luz, tanto a que era refletida pelas
pratas como a do dia.

Gramática
1. a. empréstimo; b. derivação não afixal.
2. a. oração subordinada adjetiva relativa explicativa;
b. oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
3. a. complemento direto; b. sujeito; c. predicativo do sujeito.

Escrita
1. Consultar soluções na Aula digital.

Pág. 225
Educação Literária
1. Carlos da Maia apresentava semelhanças físicas com seu pai (os olhos e o olhar terno); no
entanto, era um homem robusto, alto, bem feito, de ombros largos. A barba e o bigode arqueado
aos cantos da boca davam-lhe um ar de cavaleiro da Renascença. Psicologicamente, pode-se
destacar o seu caráter diletante, visível nas suas atitudes, no modo como decora o espaço do
consultório e nas suas ambições “vagas” de “ser útil”.
2. Carlos foi educado segundo o modelo inglês, preparando-o para uma vida ativa, onde a
criatividade e o juízo crítico eram valorizados, e a vontade de se submeter ao dever; no entanto,
apesar das “grandes ideias de trabalho”, as suas ambições eram “intensas e vagas”; apesar de sentir
em si o “tumulto da força”, não lhe encontrava “aplicação”. Antevia para si uma vida onde o luxo e o
sport e o gosto se mesclassem com a atividade científica e o exercício do raciocínio. Não levava
muito a sério o exercício de uma profissão, apesar das suas intenções de ser útil.
3. Acentua a ideia de que as intenções de Carlos não passavam disso: o tempo passava e não se
concretizava a criação do consultório nem do laboratório, o que corrobora a ideia de que Carlos da
Maia não agia de acordo com o modelo educacional que tivera.
4. A personificação, através da utilização do verbo dormir, confere ao espaço um ar de indolência e
sossego, ampliados pela penumbra inesperada num suposto consultório médico; desta forma, o
narrador opõe a quietude e a paz do espaço à atividade que seria de esperar (que não acontecia
também porque Carlos não tinha pacientes).
5. A cidade é retratada através do recurso às sensações. É descrita sobretudo como silenciosa,
preguiçosa, dormente. Esta indolência acaba por provocar em Carlos e no seu consultório um efeito
semelhante; o seu gabinete “dormia numa paz tépida” e o jovem médico deixava-se invadir pela
apatia e pela impassibilidade.
Gramática
1.1 A; 1.2 D.

Pág. 227
Educação Literária
1. O comportamento dos amigos revela uma atitude pouco correta, dir-se-ia até ao nível da
“coscuvilhice”, ao comentarem o aspeto físico de Raquel Cohen; sentem-se atraídos pela senhora,
ansiando um romance, o que revela a “presença e a prática” do adultério na sociedade lisboeta.
2. Raquel tinha 30 anos, era alta, cabelos pretos ondulados e usava uma luneta de oiro; no entanto,
a sua aparência era a de um “lírio meio murcho”, o que, metaforicamente, é uma referência à vida
imoral que levava; além disso, aparentava sempre um ar indolente: porém, era considerada uma
pessoa culta (“Dizia-se que tinha literatura, e fazia frases”).
3. O diminutivo tem um valor depreciativo, irónico; é um comentário satírico, revelador do
menosprezo com que esta relação amorosa era encarada, como algo pouco sério, uma espécie de
divertimento. Ega, porém, embora se sinta atraído por Raquel, mostra-se vaidoso pelo
relacionamento com uma pessoa da alta sociedade lisboeta mas também o encara como um meio
de afirmação pessoal e social, o que se comprova pela escolha dos locais e pelo modo como se
processava a troca de correspondência (furtivamente), tentando dar um ar sério a uma relação
inconsequente.
4. A ação deste excerto tem lugar no Ramalhete, para onde Ega se dirige após ter sido expulso de
casa dos Cohens, onde iria participar num baile de máscaras; no entanto, o seu “arranjinho” com
Raquel Cohen foi descoberto e ele foi “escorraçado” de casa do banqueiro.
5. A utilização dos verbos “bater” (o pé), “esmurrar” (o ar) e “berrar” (sem cessar), associados ao
advérbio “furiosamente”, revela a irritação e a exaltação de Ega, após ter sido expulso de casa dos
Cohen. O emprego do verbo “berrar”, especialmente, ilustra bem a cólera e a reação intempestiva
da personagem.

Gramática
1. Empréstimo.
2. Modalidade epistémica com valor de probabilidade.
3. a. “Carlos”; b. “você seu infame”; coesão gramatical referencial.
4. – “a criada” – complemento direto e “lhe” – complemento indireto.
5. a. oração subordinada adverbial temporal; b. oração coordenada adversativa.

Pág. 229
Educação Literária
(página 230)
1. Ega pretende homenagear o banqueiro Cohen, numa tentativo de lhe retribuir a sua
hospitalidade.
2. A figura feminina é descrita como uma “deusa”, elegante, alta, loura, usando um vestuário que lhe
destacava ainda mais as formas (“um casaco colante de veludo”) e o tom alvo de pele (“um véu
muito apertado e muito escuro”).
3. a. A discussão centra-se nas características do naturalismo. Por um lado, Alencar condena o
naturalismo, considerando-o uma literatura “latrinária”, uma vez que expõe os males da sociedade
de forma crua, no que se opõe à maneira de pensar de Ega, que aponta como “problema” do
naturalismo ceder à “fantasia literária”, ”em vez de se assumir como uma “monografia”.
Carlos e Craft também não veem com bons olhos a nova corrente literária”; Carlos acha que o
realismo é demasiado científico pelas bases que vai beber à filosofia e à ciência em geral, e Craft
considera que a arte não deve ceder à realidade, uma vez que, tratando-se de uma “idealização”,
deve ser bela.
Pág. 230
b. Na discussão sobre a “robustez” financeira do país, os principais intervenientes foram Ega e o
banqueiro, defendendo este que os ”empréstimos” eram urgentes e necessários, sob pena de o país
entrar em “bancarrota”. Por fim, fala-se de política, mostrando-se Ega radical perante o
endividamento do país, afirmando que a bancarrota poderá agitar o país. Defende o afastamento da
classe dirigente e a invasão espanhola, temida por Alencar, que defende o “romantismo” político.
4. O discurso indireto livre possui características do discurso direto e do indireto. Desta forma, o
segmento apresenta um tom oral coloquial, e através do recurso às reticências, às exclamações,
interrogações e interjeições, podemos inferir os sentimentos de Ega, a sua estupefação e indignação
perante as afirmações de Cohen.
5. São várias as críticas subjacentes a este episódio:
– à elite social, que era pouco interessada e pouco honesta intelectualmente;
– a falta de “mobilização” desta camada social para mudar o estado das coisas, apesar de todos
terem consciência dos problemas;
– à falta de convicções: várias personagens mudam de opinião, segundo os seus interesses.

Pág. 231
Construir sentidos
A. F. Os ânimos exaltaram-se e chegou a haver até confronto físico entre Ega e Alencar.
B. V.
C. V.
D. F. Carlos medita longamente na senhora que viu no Hotel Central e, quando adormece, os sonhos
são preenchidos com a figura dela.
E. V.
F. F. A doença do menino é um pretexto; o que a condessa verdadeiramente quer é um encontro
com Carlos da Maia.
G. F. Carlos da Maia pensa que entre eles poderia nascer um relacionamento se ele fosse de relações
fáceis e vagas.

Oralidade
1. O cartoon é uma crítica ao pedido de apoio externo, que o país fez junto do FMI (Fundo
Monetário Internacional), o que aconteceu no início do século, em virtude dos problemas
financeiros que não conseguiu ultrapassar. O último balão dá a certeza de que o FMI se demorará
em Portugal, uma vez que o seu enviado necessita de uma casa para albergar, de forma estável, a
família e o animal de estimação, o que revela que não se trata de uma situação transitória. O
banqueiro Cohen também apresenta a situação de pedir um empréstimo como inevitável e
obrigatória, estabelecendo-se, portanto, uma semelhança, a nível económico e financeiro, do país
nas duas épocas.

Pág. 232
Educação Literária
(página 233)
1. As corridas de cavalos são um acontecimento desportivo que se prevê frequentado pela elite
lisboeta e ao qual Carlos decide ir, esperando aí encontrar Madame Castro Gomes, uma vez que esta
é uma pessoa distinta.
2.1 Com efeito, o local escolhido foi uma adaptação modesta para acolher as corridas, uma vez que,
não sendo estas tradicionais em Portugal, não havia local onde pudessem decorrer. Era um largo
espaço verde, apinhado de gente, com algumas carruagens pelo meio. Pode observar-se a tribuna
real forrada de tecido barato (“baetão vermelho”) e duas tribunas públicas, mal acabadas, que o
narrador compara a “palanques de arraial”: a da esquerda vazia e por pintar e a da direita
“besuntada por fora de azul-claro”. Ao descrever o espaço como inadequado, critica-se um certo
mau gosto e a inconveniência do recinto, nomeadamente a tribuna real, para tal evento.
3. Os homens eram os frequentadores do Grémio, das secretarias e da Casa Havanesa; a maior parte
usava jaquetões claros e chapéu de coco; outros estavam de sobrecasaca e binóculo a tiracolo e
falavam baixo, passeavam lentamente sobre a relva. Alguns pareciam arrependidos do seu “chic”,
uma vez que perceberam a desadequação do vestuário ao tipo de evento.
As mulheres eram também da elite: as que vêm no High Life dos jornais, as dos camarotes de S.
Carlos, as das terças-feiras dos Gouvarinhos. A maior parte vestia vestidos sérios de missa, algumas
usavam “um desses grandes chapéus emplumados à Gainsborough” e comportam-se como em dia
festivo de procissão; estão debruçadas no rebordo, olhando vagamente”, “como de uma janela em
dia de procissão”, portanto estão também em desacordo com um evento desportivo.

Pág. 233
3.1 O diminutivo – “magrinhas”, “loirinhas”, “xadrezinho” – tem o objetivo de demonstrar a ironia
do narrador, acentuando a crítica ao modo como se vestiam as mulheres e o seu aspeto físico; o
advérbio – “vagamente” – tem um grande poder sugestivo, neste caso, comportamental, reforçando
que as senhoras não sabiam apreciar este tipo de desporto, estando por isso alheadas e
desinteressadas.
4.1 Tudo tem subjacente intencionalidade crítica – tanto a caracterização do espaço como das
personagens. Eça pretende traçar um retrato da alta sociedade lisboeta, evidenciando a falta de
gosto e a ausência de comportamentos adequados ao estatuto social e à situação, bem como
ironizar com a preocupação em parecer aquilo que não é: o provincianismo e a tacanhez portuguesa
originam a cópia das grandes metrópoles europeias. Ao comportamento do público ao longo de
todo o evento, pode-se acrescentar ainda a falta de esmero e decoro que se manifesta nos
comportamentos popularuchos e arruaceiros.

Gramática
1.
a. “das bancadas” – complemento do nome; “deserto e desconsolado” – predicativo do sujeito.
b. “que” – sujeito; “as cores alegres dos raros vestidos de verão” – complemento direto.
2. “um tom alvadio de madeira”.
Construir sentidos
1. e.; 2. a.; 3. c.

Pág. 235
Educação Literária
1. A semelhança nos nomes – “Carlos Eduardo” e “Maria Eduarda”, e o modo como Maria Eduarda
cruzava as mãos sobre os joelhos. Estes aspetos levam Carlos a pensar que o destino conspira a seu
favor preparando um futuro grande amor.
2. Ao observar a decoração do espaço, Carlos viu ali a delicadeza e o bom gosto de Maria Eduarda, o
que, juntamente com o vago aroma a perfume, contribui para que se sinta ainda mais atraído e
envolvido.
3.1 O endeusamento da personagem feminina é feito através da seleção de vocabulário e do uso de
recurso expressivos (metáforas, adjetivação, comparações) – “uma aparição”; um silêncio “quase
solene”; a voz “rica e lenta de um tom de ouro que acariciava”; nos seus olhos havia algo “de muito
grave e muito doce” e, no último parágrafo, o contraste que se estabelece entre Maria e o espaço
físico – o espaço é descrito como vulgar e até “enxovalhado”, o que contrasta com o ar “nobre e
quase inacessível” de Maria.
4. Pode-se destacar a utilização expressiva do advérbio (“profundamente”); do adjetivo
(“tumultuosa”); e do verbo (“abrasar-lhe”). Estes recursos contribuem para evidenciar o efeito que
Maria Eduarda causou em Carlos que se refletiu de forma extrema a nível físico e que levou o jovem
médico a tentar esconder o próprio rosto, para não se denunciar, simulando um profundo
cumprimento.
5. Trata-se da sinestesia. Através da convocação dos vários sentidos – a visão e o tato – percebe-se a
profusão de sensações que a presença de Maria Eduarda desperta em Carlos ao nível físico.

Pág. 237
Educação Literária
1. Uma vez que Maria Eduarda não revela nada do seu passado, não haverá maneira de a ligar à
família Maia, o que, considerando o envolvimento amoroso futuro entre ela e Carlos da Maia,
resultará numa tragédia, já que laços familiares muito próximos entre ambos serão revelados.
2. Inicialmente, como se pode ver no primeiro excerto, percebe-se que Maria Eduarda deseja para
ambos uma “amizade pura, imaterial”, embora se perceba que Carlos espera algo mais, deseja
acrescentar “uma ponta de ternura”. No segundo excerto, depreende-se que existe um romance
mais sério, já que Carlos da Maia propõe que fujam, indo viver esse amor longe de todos.
3. Pedro da Maia foi viver o seu amor com Maria Monforte (que não era aceite por Afonso) longe de
Lisboa; agora, percebe-se que o destino amoroso de Carlos da Maia, que propõe a Maria
abandonarem o país, pode tornar-se semelhante ao do pai; parece, por isso, haver aqui uma
similitude no destino de ambos.

Oralidade (CO)
1.1
a. 2; b. 2; c. 3; d. 1.

Pág. 239
Educação Literária
1. a. Condessa de Gouvarinho; b. tenso e algo perturbado; c. do envolvimento entre Carlos e uma
“brasileira”; d. momentos a sós com Carlos e. Baronesa de Alvim; f. o estado de ansiedade e de
censura da condessa; g. Ega; h. provocatório e irónico; i. escravatura; j. cozinhar bem e amar bem”;
k. Sousa Neto; l. Carlos; m. alta burguesia e da aristocracia; n. a alta administração pública e os
políticos; o. ignorantes e néscios.
2. O episódio pretende caricaturar as classes dirigentes a vários níveis:
– frivolidade de conversas e de comportamentos (cf. os comentários feitos acerca da educação das
mulheres);
– versatilidade e inconsistência de ideias;
– caráter manipulador (ou sujeição a ele);
– falta de cultura:
– falta de poder de argumentação.

Pág. 240
Educação Literária
1. a. Toca era o nome que o grupo de amigos de Craft dava à casa. Carlos e Maria acharam que este
podia manter-se; no entanto, Carlos acaba por lhe acrescentar significação, ao referir o egoísmo do
amor que ambos viviam e o afastamento de todos para o poderem viver, fechando-se na “toca”. De
certa forma, o nome indicia já “amores ilícitos”, que não podem ser vividos à “luz” plena da
sociedade. Além disso, a “toca” é também o ninho dos animais, o que remete para o caráter
animalesco da união incestuosa.
b. O verbo “desmaiar”, metaforicamente entendido, pode significar o fim, a morte, apontando,
portanto, para um desenlace trágico dos amores de Carlos e Maria Eduarda.
Pág. 241
2. A cabeça inerte, mergulhada em sangue, poderá representar a morte, o fim trágico dos amantes.
A coruja, que tradicionalmente está aliada à ideia de maus presságios, fixando os olhos agoirentos
“no leito de amor”, deixa antever um fim infeliz.

Educação Literária
(página 242)
1. Ao observar o retrato de Pedro da Maia, Maria Eduarda repara “na face descorada”, pálida, que a
passagem do tempo desbotara ainda mais, tornando-a “lívida”. Estes adjetivos “descorada” e
“lívida” parecem conter em si a ideia de morte e, de alguma forma, parecem pressagiar uma certa
tragicidade envolvendo Carlos e Maria Eduarda.
2. Os aspetos familiares entre Carlos e a mãe de Maria Eduarda são um indício dos laços de
parentesco que os unem e que virão a ser fatais. No entanto, longe desta verdade, Carlos da Maia vê
nessa semelhança um bom presságio, algo que contribui até para os aproximar (o que acontecera já,
no passado, quando percebeu a semelhança entre os seus nomes).

Pág. 242
3.
a. Carlos da Maia não pretende comunicar ao avô o seu romance com Maria Eduarda, uma vez que
sabe que este não aprovaria o relacionamento do neto com uma mulher com um passado algo
obscuro como o de Maria. Como diz Carlos da Maia, Afonso tinha uma “natureza forte e cândida” e
além disso “era um bloco de granito”, o que tornava difícil fazê-lo compreender que os erros de
Maria se deviam a uma “implacável rede de fatalidades”.
b. Tendo Carlos sido educado segundo o modelo de educação inglesa, preparado para as
adversidades, para ser um homem forte e decidido e enfrentar a realidade, o seu comportamento
indicia uma grande fragilidade de caráter e falta de determinação; não consegue enfrentar o avô,
explicar-lhe a situação e argumentar em favor do seu romance, o que seria difícil, dado o rigor de
Afonso, e traria, certamente, desavenças entre ambos.
4. Quer Pedro quer Carlos se envolvem com mulheres que não são (no caso de Maria Eduarda,
supõe-se) aceites por Afonso da Maia. Por isso mesmo, Carlos tenciona agir como seu pai:
abandonando o país para viver o seu amor. Este paralelismo conduz-nos à ideia de que talvez o
destino de Carlos seja semelhante ao do pai.
5. O último parágrafo apresenta mais uma semelhança entre Carlos e Pedro da Maia. Apesar de
terem sido educados segundo modelos diferentes, ambos não hesitam em abandonar a casa e cortar
relações com o ancião para seguirem a vontade do coração. Pedro abandonou a casa de Benfica para
fugir com Maria Monforte e Carlos assegura abandonar o Ramalhete.

Gramática
1.
a. oração subordinada adverbial temporal;
b. oração subordinada adverbial condicional.

Pág. 243
Educação Literária
(página 244)
1. A ação do primeiro excerto acontece na redação do jornal “Corneta do Diabo”, para onde Ega e
Carlos se dirigem para tentar saber o nome do autor da carta que este jornal publicara sobre a vida
amorosa de Carlos da Maia com Maria Eduarda. A ação do segundo acontece após a escrita de uma
carta em que Dâmaso Salcede, para se retratar da publicação, na “Corneta do Diabo”, desse texto
ofensivo declara, numa carta, que se encontrava em estado de embriaguez quando o escreveu. Ega,
motivado pelo ciúme (Dâmaso fora diversas vezes visto em Sintra com Raquel Cohen) faz publicar
este texto n’ “A Tarde”.

Pág. 244
2. Ega e Carlos são movidos por interesses próprios, não hesitando em, para atingirem os seus
objetivos, pressionar ambos os diretores dos jornais. Carlos pressiona Palma Cavalão, mostrando
superioridade e altivez (no modo como bate com a ponteira da bengala), ao mesmo tempo que Ega
o ameaça com um processo no tribunal da Boa Hora.
Relativamente ao Neves, Ega, movido pelos ciúmes de Dâmaso, que tem sido visto com Raquel
Cohen, serve-se do facto de o Nunes lhe dever algum dinheiro para o pressionar e o levar a publicar
a carta.
3. O Neves mostra-se corrupto, revelando compadrio político, rejeita a publicação da carta,
enquanto julga que o visado é um seu correligionário; relativamente ao Palma Cavalão, destaca-se
também a corrupção no modo como se deixa subornar, denunciando o autor do texto e retirando de
circulação todos os números do jornal; acresce o facto de o Palma Cavalão achar que toda esta
situação é “um negócio”.
4. Os excertos apresentam uma crítica à imprensa no que se refere ao modo como se deixa
corromper, não sendo isenta nem imparcial, mas protegendo os amigos, ainda que estes tenham
comportamentos incorretos, usando, portanto, de sectarismo. Considerando a obra, “A Tarde” é
descrita como um espaço promíscuo (“Dentro do pátio… fedia”) onde se faz conspiração política, e a
“Corneta do Diabo” um espaço onde tudo revela “imundície e malandrice”.
5. O discurso indireto livre predomina no parágrafo. Mantendo algumas características do discurso
direto, nomeadamente as exclamações e a suspensão frásica, este discurso permite reforçar o
retrato psicológico de Palma Cavalão, o modo como cede à pressão, a sua propensão para a
corrupção, e a leviandade com que a encara, julgando-se mesmo idóneo e leal.

Gramática
1. Coesão gramatical referencial;
1.1 “explicações”;
1.2 complemento direto.
2. Ato diretivo.
3. Oração subordinada substantiva completiva.
4. Vocativo.

Pág. 245
Oralidade (EO)
Oralidade (CO)
2.
a. Por ordem: (1) Ana Pinto Martinho; docente do ISCTE e formadora CENJOR; (2) Hélder Prior;
Universidade Federal do Rio de Janeiro; (3) Bento Rodrigues, Jornalista; (4) Marta Pinho Alves,
docente da ESE de Setúbal.
b. (1) importância das redes sociais enquanto meio de comunicação e divulgação das notícias; (2)
relacionamento dos políticos com a verdade plasmada nas redes sociais; rapidez na divulgação das
notícias e falta de confirmação dos factos por parte dos jornalistas; (3) os “novos media” são
importantes porque chegam a mais pessoas, mas o consumidor tem de ser criterioso na seleção das
fontes e tem de a escrutinar para diferenciar o que é verdadeiro do que é falso; (4) o cinema e a
nova realidade digital.
3.
a. F: a televisão tem ainda uma grande relevância em termos informativos; b. V; c. F: os políticos,
quando confrontados com a mentira, tentam resolver o problema através daquilo a que chamam
“factos alternativos”; d. V; e. V; f. F: esta ideia é uma idealização, uma vez que é preciso analisar este
cenário e perceber quais são os problemas que também comporta.
4. a. A temática sugerida pelo cartoon é a proliferação e a atratividade das redes sociais, mas
também o seu lado perigoso. Em primeiro lugar, através das cores vivas, podemos inferir que são
cativantes e, portanto, podem facilmente captar a atenção e a adesão dos seus utilizadores. Em
segundo lugar, ao serem apresentadas como uma espécie de planta carnívora, remetem-nos para o
seu caráter predador, uma vez que, apanhados pelas suas mandíbulas, ficamos sujeitos ao poder
viciante das redes sociais.

Escrita
1. Consultar soluções na Aula digital.

Pág. 247
Leitura
1.
1.1 A; 1.2 C; 1.3 D; 1.4 B; 1.5 D.

Pág. 248
Educação Literária
1. As diferentes personagens mostram-se, na generalidade, incultas e sem gosto musical; ao
abandonarem a sala e ao manifestarem-se ruidosamente, mostram que não só não têm cultura
musical como também não respeitam o pianista.
2. Carlos, aproximando-se de Ega, mostra deceção perante este comportamento e lamenta o
desprezo a que foi votada a atuação de Cruges, o que acabou por transformar um momento musical
num verdadeiro “fiasco”.
3. Apesar de se tratar de um evento cultural, os comportamentos são desajustados e reveladores da
falta de hábito da frequência de espaços culturais. Além disso, o abandono da sala evidencia o
desconhecimento dos compositores clássicos e da sua importância e a falta de investimento
intelectual do povo português.

Pág. 249
Educação Literária
(página 250)
1. A ação deste excerto decorre após o sarau. Quando Ega regressava a casa, o sr. Guimarães
informou-o de que possuía um cofre que pertencera a Maria Monforte e gostava de o entregar à
família. Essa pequena caixa contém, entre outros papéis, a informação de que Carlos da Maia e
Maria Eduarda são irmãos.

Pág. 250
2. O modo de relato de discurso predominante é o indireto livre. As marcas são a utilização da 3.a
pessoa gramatical (“um amigo seu”) e marcas do discurso oral, também características do discurso
direto, ao nível da pontuação: interrogações, exclamações.
2.1 A utilização do discurso indireto livre permite perceber a confusão de Ega perante o que acabara
de saber e a incredulidade perante a existência de tal situação num tempo evoluído e tão bem
documentado ao nível de certidões.
3. Na primeira expressão destaca-se o luxo e a elegância de Carlos da Maia, o que, naturalmente, faz
com que ele se destaque numa sociedade mediana e provinciana; relativamente à segunda, esta
opõe a beleza e a elegância de Maria Eduarda, educada no estrangeiro, em países mais evoluídos,
distinta, às mulheres portuguesas que são morenas e pequeninas. Em ambos os casos, o objetivo é
mostrar que, numa cidade pequena, com pessoas vulgares, seria absolutamente impossível que
esses dois seres superiores não se tivessem cruzado e reparado um no outro.
4. Ao destacarem-se numa cidade “provinciana e pelintra”, em virtude da sua cultura, postura e
elegância, é inevitável a atração entre Carlos e Maria. Desta forma, o destino encaminha as
personagens para uma relação que virá a revelar-se trágica e fatal em virtude dos laços de
consanguinidade.

Gramática
1. A. 1 e 6; B. 3, 7 e 8; C. 4 e 5;
D. 2.
2. a. oração coordenada adversativa;
b. oração subordinada adjetiva relativa restritiva;
c. oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

Construir sentidos
A. F. Ega guardou-a no bolso e, a pedido do sr. Guimarães, passearam ainda um pouco.
B. V.
C. F. Ega concluiu que não poderia deixar o amigo viver uma relação incestuosa.
D. V.

Pág. 251
Educação Literária
(página 253)
1. Enquanto comunicava ao avô a descoberta de que era familiar da mulher com quem mantinha
uma relação, o estado de espírito de Carlos estava alterado, sentia-se nervoso, aflito, desesperado
com a possibilidade de aquela história ser verdadeira. Assim, as reticências, as interrogações e as
exclamações mostram a alteração do tom de voz, as dúvidas e a ânsia de que o avô possa ter outras
informações.
2. A relação de Carlos da Maia e Maria Eduarda não era novidade para Afonso; no entanto, o facto
de serem irmãos vinha transformar esse amor numa tragédia que se abatia sobre a família.

Pág. 252
(página 253)
3. Sendo Afonso da Maia um homem de valores, imparcial e justo, o medo de Carlos é o medo de o
enfrentar e de lhe ver o olhar de acusação por, mesmo sabendo-se irmão de Maria Eduarda, não ter
conseguido contar-lhe tudo e terminar aquela relação pecaminosa. Ao agir assim, Carlos revela
fragilidade e mostra ter perdido a firmeza de conduta e de caráter que lhe fora transmitida pelo tipo
de educação que teve.
4. Consciente da desgraça e de que o caminho será abandonar Maria, Carlos chega a colocar a
hipótese do suicídio (ll. 39-40): “Assim escorregou… e penetrava na absoluta paz...”), no que se
assemelha a Pedro, no entanto, não dá o passo fatal, no que se distingue do pai, que, ao suicidar-se,
revelou um comportamento romântico. No entanto, tal como o pai, orientou a vida pelo sentimento
em várias situações com Maria Eduarda e, sobretudo, no momento do incesto consciente.
4.1. Trata-se de um narrador heterodiegético, mas omnisciente. É através dele que ficamos a saber o
estado de espírito de Carlos perante toda a tragédia, incluindo os seus pensamentos de tirar a
própria vida.

Pág. 253
5. Destacam-se alguns traços como a lividez e o aspeto fantasmagórico. Ora, estes são aspetos que
podemos associar à ideia de morte, logo, a visão do avô como um espectro deixa-nos antever, de
imediato, a tragédia próxima: a morte do avô, a partida de Carlos, o encerramento do Ramalhete e o
desmembramento da família Maia; desta forma, comprova-se a veracidade da lenda aludida por
Vilaça de que “as paredes do Ramalhete eram sempre fatais aos Maias”.
6. As sensações visuais e auditivas predominam na descrição do espaço: a cor dourada do sol fino de
inverno, o que poderá remeter para a ideia do frio da morte, apesar de haver sol, o de inverno nunca
é muito forte; em segundo lugar, o “choro lento” da cascata, que indicia também as lágrimas que se
associam à morte. Portanto, implícita na descrição do espaço está a referência à morte.
7. Todas as personagens sofrem a ação da tragédia. Afonso morre; Carlos parte numa grande viagem
pelo mundo, acabando por se fixar em Paris, de onde regressa a Lisboa, por algum tempo, cerca de
dez anos após a sua partida; e Maria Eduarda parte também para França (Orleães), onde acaba por
casar com Mr. de Trelain. Conclui-se, portanto, que a tragédia contribui decisivamente para mudar a
vida de todos os elementos da família.
8. O final trágico de Os Maias apresenta semelhanças com o de Frei Luís de Sousa. O elemento que
desencadeia a tragédia na obra de Eça é a revelação feita pelo sr. Guimarães; na obra de Garrett, é o
regresso do Romeiro e a revelação de que D. João de Portugal não morrera. As personagens
apresentam finais semelhantes: Afonso e Maria de Noronha morrem; Carlos, Maria Eduarda, D.
Madalena de Vilhena e Manuel de Sousa Coutinho morrem para a vida que tinham no momento da
tragédia.

Pág. 257
1.
A. 6; B. 1; C. 7; D. 9; E. 5; F. 10.
2. A. F: segundo o modelo de educação inglesa; B. V; C. F: o jantar é uma homenagem de Ega ao
banqueiro Cohen e serve também para apresentar Carlos à elite lisboeta; D. F: Carlos da Maia é o
modelo de homem elegante e culto; o retrato negativo do país é traçado nos episódios do
quotidiano: os jantares (em casa dos Gouvarinho e no Hotel Central); nas corridas de cavalos e no
Sarau Cultural no Teatro da Trindade; E. F: a imprensa é criticada por se deixar corromper e por não
ser imparcial; F. F: remete para o caráter pecaminoso, e são indícios trágicos; G. V.
3.
a. esposa; b. madame MacGren; c. irmãos; d. mantém; e. morte de Afonso.

Pág. 258
GRUPO I
Parte A
1. Por diversas vezes, o narrador sugere que aquele amor que une Carlos e Maria Eduarda não é
puro. Em primeiro lugar, o modo como Carlos perceciona a tagarelice de Dâmaso, que ele considera
conspurcar o brilho do seu amor; em segundo lugar, a referência que é feita ao leito, numa posição
de destaque, e a sua descrição estridente de tons dourados que o assemelhavam a um “altar
profano”, um lugar simultaneamente sagrado e vulgar.
2. Os dois verbos remetem para o estado de espírito de Carlos ao ser confrontado com o
comportamento de Dâmaso, a vontade de lhe dar uma lição e a persistência desse pensamento;
para Carlos, os comentários, de que Maria Eduarda o preferira por ser rico, comprometiam a sua
imagem em Lisboa e denegriam a figura e a pureza de Maria Eduarda. Durante o percurso até aos
Olivais, a ideia de destruir Dâmaso não o abandona e leva-o a congeminar, demoradamente, sobre
essa possibilidade, de forma tão visível e violenta que se transformasse numa lição.
3. B.

Parte B
4. Apesar de ter noção de que Teresa não ama Baltasar, tendo recusado já uma vez contrair
matrimónio com ele, Tadeu menospreza o amor e acredita que, enquanto pai, tem o direito de
impor o casamento da sua filha com o seu primo, chegando mesmo a confessar que o amor de um
pai, por vezes, se manifesta sob a forma de violência. Esta mentalidade coaduna-se com a que
vigorava na época, uma vez que os casamentos de conveniência eram usuais, como forma de
preservar os privilégios ou ascender económica e socialmente.
Pág. 259
5. Tadeu de Albuquerque é prepotente, impõe a sua vontade, uma vez que obriga a filha a casar
mesmo contra a vontade (“a tua felicidade é daquelas que precisam de ser impostas pela
violência.”), sabendo, no entanto, que isso é violentar a filha. Além disso, mostra total desrespeito
pela opinião da filha, agindo sem a consultar (“Não te consultei outra vez sobre este casamento, por
temer que a reflexão fizesse mal ao zelo de boa filha”).

Parte C
As palavras podem efetivamente ferir ou então erguer o ânimo de qualquer pessoa, daí o poder que
normalmente se lhes atribui e que tanto fascinou, como fascina, vários autores, que percebem que
elas podem realmente ser usadas para transmitir uma mensagem.
Se pensarmos em Padre António Vieira, reconhecemos que este orador, que tinha o dom da palavra,
a usou de forma exemplar e alegórica, tendo duas intenções distintas: elogiar os comportamentos
ou atitudes que visassem alcançar ou espalhar o bem, mas também para criticar aqueles cujas ações
eram reveladoras de egoísmo, hipocrisia, arrogância, vaidade e ganância, servindo-se,
alegoricamente, dos peixes para atingir os homens, tanto para o bem como para o mal.
Já Eça de Queirós usa as palavras de forma irónica para caracterizar determinados comportamentos,
destacando-se o de Dâmaso Salcede, que é alvo de fortes críticas por parte do narrador, ou então
para destacar a debilidade de Pedro da Maia, socorrendo-se, sobretudo, do diminutivo e da
adjetivação expressiva. Em vários momentos do seu romance, é percetível uma escolha criteriosa
das palavras, dado que o seu objetivo é o de retratar uma sociedade e denunciar os seus vícios.
Assim, tanto o Padre António Vieira como Eça de Queirós souberam usar magistralmente as
palavras, colocando-as ao serviço da sátira e da denúncia, mas também do elogio, quando as
situações o reclamavam.

Pág. 261
GRUPO II
1.1 A;
1.2 C;
1.3 B;
1.4 D.
2. Modalidade epistémica com valor de probabilidade.
3. Coesão gramatical frásica.

GRUPO III
Resposta de caráter pessoal.

Sugestão de planificação:
Introdução – apresentação do tema: a obra de arte como reflexo da mentalidade e dos costumes de
um determinado tempo.
Desenvolvimento – reflexão sobre os valores, as formas de pensar e de encarar a realidade da época
em que foram produzidas; perspetiva crítica do narrador e/ou das personagens sobre o quotidiano
da sociedade e o seu posicionamento face a assuntos diversos como o casamento, as relações pais-
filhos, entre outros…
Conclusão – vantagens a nível pessoal do contacto com obras de arte e a reflexão que estas
suscitam.

5 – Sonetos completos, Antero de Quental


Pág. 264
Oralidade (CO)
3.1 A.; 3.2 D.
4. A. V; B. V; C. V; D. F – Com o romantismo, abriu-se a porta que podia conduzir os artistas mais
sensíveis ao limite da genialidade.
5. Amy Winehouse, Jim Morrison, Edgar Allan Poe, Jimi Hendrix, Marilyn Monroe, Michael Jackson,
Franz Kafka, John Nash, Nick Drake, Robin Williams, Kurt Cobain...

Pág. 265
Oralidade (EO)
1. O aluno poderá referir os seguintes aspetos:
– a existência de três planos põe em destaque o cipreste e as estrelas e cria profundidade;
– o céu é pintado com pinceladas fortes, em espiral, que sugerem o movimento de um mar revolto e
acentuam o dinamismo do quadro;
– as cores amarela, branca e azul contrastam com o preto do cipreste e dos contornos das casas,
criando, simultaneamente, um contraste entre o céu e a terra, sendo que a luz retrata o céu;
– a verticalidade do cipreste (pintado de forma fluida, como se se tratasse de labaredas) e da torre
da igreja estabelece a ligação entre o céu e a terra;
– as estrelas ocupam grande parte do espaço e são representadas como redemoinhos de
luminosidade, o que contrasta com a calmaria da vila; a Lua acentua a sugestão de um mar agitado;
– a pintura sugere estados emocionais de melancolia, agitação, angústia, quer pelas cores e pelos
contrastes estabelecidos quer pela simbologia do cipreste (morte).

Pág. 266
Leitura
1. Para além de poeta e filósofo, Antero destacou-se pelo seu envolvimento na Questão Coimbrã e
pelo contributo na defesa de questões de cariz social, como atesta a sua participação em diversas
iniciativas e movimentos políticos e sociais.

Pág. 267
Leitura
1.
1.1 A; 1.2 C.

Pág. 268
Educação Literária
1. O tema é a evasão através do sonho, da contemplação de um espaço em que o sujeito se imagina
rei de uma ilha longínqua e na presença da amada, pois refere-se a ela como “meu amor”. Este
espaço idílico demonstra a importância do sonho para alcançar o amor idealizado, já que no mundo
real isso não é possível, dado que é imperfeito.
2. Essas marcas são visíveis no vocabulário que retrata o espaço referido, nomeadamente na
referência a “ilha”, “mar do Oriente”, “varanda de marfim”, “palmeiras”, mas também na descrição
da noite, e remete essencialmente para sensações visuais, táteis e olfativas.
2.1 O vocabulário referido permite criar um ambiente idílico, destacando a Natureza como elemento
fulcral do poema, em comunhão com a alma do sujeito lírico.

Pág. 269
3. Enquanto o eu lírico está pensativo, concentrado nos seus pensamentos, ela passeia pelo jardim,
perfeitamente integrada no quadro que é descrito, já que a calma que esta Natureza inspira se
coaduna com a tranquilidade que a mulher parece sentir (“descansas debaixo das palmeiras”) (v.
13).
4. Os sons abertos (a e o): “magnólia”, “orla”, “bosque”, “paira”, “mar”, “ar”, “diáfano”, entre
outros, em alternância com o som i (presente sobretudo nas rimas), incutem ao poema uma
musicalidade suave e um ritmo lento, que se coaduna com o ambiente idílico e acentua a
tranquilidade e a serenidade suscitadas pela Natureza.
5. a. A dupla adjetivação a caracterizar a noite e a anástrofe (colocação do verbo no final do verso),
põem em destaque o teor idílico da noite, acentuando, mais uma vez, as sensações visuais
(“fulgente”, “brilha”) e olfativas (“balsâmica”).
b. Trata-se da sinestesia, que acentua o caráter sensorial do ambiente paradisíaco descrito, na
medida em que evidencia cheiros, visão e tato.
6.
6.1 O leão, por se encontrar aos pés da mulher, poderá indicar que é um animal que foi
domesticado, integrando-se, assim, no ambiente descrito, em que tudo convive em harmonia, em
“família”. Uma outra interpretação possível é a seguinte: “o leão familiar”, porque é um
símbolo de virilidade, poderá representar o próprio poeta, que se mantém aos pés da mulher, numa
atitude de contemplação.
7. Trata-se de um soneto (duas quadras e dois tercetos) constituído por versos decassílabos, cujo
esquema rimático é abba/abba/ccd/eed; a rima é, portanto, emparelhada e interpolada.
8. No poema camoniano, o eu lírico manifesta a sua tristeza e confessa-se incapaz de apreciar a
beleza da Natureza devido à ausência da amada nesse quadro natural. Pelo contrário, no soneto de
Antero o sujeito poético sonha um cenário idílico em que a amada está integrada, o que lhe confere
tranquilidade.

Gramática
1. Ato ilocutório assertivo.
2.
a. Modificador do nome apositivo.
b. Predicativo do sujeito.
c. Modificador do grupo verbal.
3. ”O mar com finas ondas de escumilha”.
4. Coesão gramatical temporal.

Pág. 271
Educação Literária
1. O poema apresenta um caráter narrativo na medida em que se faz referência à personagem do
cavaleiro e à caminhada que ele realiza, remetendo-nos para um passado histórico, a Idade Média
(ação). Possui também um caráter épico, uma vez que a personagem enfrenta as dificuldades da
viagem (“desertos”, “sóis”, “noite escura”), na busca da felicidade, revelando uma atitude típica de
herói.
2. O objetivo do cavaleiro é encontrar o “palácio encantado da Ventura”, isto é, o Ideal, o Absoluto,
daí o uso da maiúscula. Nesse percurso, o cavaleiro revela uma atitude combativa e persistente.
3. O uso da maiúscula em vocábulos que autocaracterizam o cavaleiro acentua o seu valor negativo,
demonstrando que este se vê a si próprio como alguém que vagueia há muito nesta busca
incessante e que, possivelmente, perdeu tudo para se lançar nesta descoberta.
4. Os dois últimos versos traduzem a confirmação da angústia e da desilusão do eu lírico; são o
culminar do desespero do cavaleiro, cuja busca da felicidade/Ideal o levou à descoberta de que, para
lá das portas douradas, se encontra apenas o vazio, a dor.

Gramática (G)
1. Subordinada substantiva completiva.
2. “O palácio encantado da Ventura”.
3. Sujeito subentendido (eu); complemento oblíquo – “à porta”; modificador do grupo verbal – “com
grandes golpes” ; predicado – “Com grandes golpes bato à porta”.
Oralidade (EO)
Cenário de resposta na Aula digital.

Pág. 273
Educação Literária
1.1 A estrutura dialogada é comprovada pela presença de um “eu” e de um “tu” no poema, visível,
quer no uso de deíticos pessoais (“tua”, “teu”), nas formas verbais de 2.a pessoa (“caminhas”) e na
apóstrofe (“sombrio cavaleiro”), quer ainda no uso das aspas a assinalarem a resposta do “tu” ao
“eu” que o interpela.
2. O cavaleiro é uma figura de caráter paradoxal, na medida em que é caracterizado negativamente
como “negro”, “sombrio”, “vestido de armas pretas”, que rasga a noite e emerge do nevoeiro,
sendo, por isso, misterioso e ameaçador; no entanto, a sua espada é conotada positivamente
através de expressões como “feita de cometas”, “gládio de luz”, representando a “Verdade”.
3.
a. “brilha”, “cometas”, “luzeiro”, “luz”, “fulvas betas”, “coruscante”; b. “escuridão”, “nevoeiro”,
“armas pretas”, “sombrio”.
3.1 O cavaleiro é “sombra”, a espada, o seu emblema, é “luz”. A coexistência dos dois elementos
simboliza o percurso de conquista e de afirmação de um Ideal, isto é, os obstáculos do caminho
(sombra) e o objetivo conseguido (luz).
4.
4.1 O uso da maiúscula no vocábulo “Morte” demonstra o seu caráter simbólico, pois as duas
ocorrências do verbo ser (“sendo”; “sou”) permitem inferir a coexistência de dois vocábulos:
“Morte” e “liberdade”, comprovando, assim, o caráter libertador da morte.
4.2 Está presente o oxímoro: recurso a termos com lógica contraditória, “Morte” e “Liberdade”, que
parecem excluir-se mutuamente. Para além disso, a Morte é personificada, pois é-lhe atribuída a
capacidade de libertar o ser humano das suas angústias.
4.3 A missão do cavaleiro é a busca do Bem/Ideal, que atinge através da Morte, daí a equivalência
Morte/Liberdade, patente no título do poema.

Gramática
1. “tua”; “sombrio cavaleiro”.
2. Valor explicativo.
3. Coesão gramatical interfrásica.

Escrita
Cenário de resposta no Dossiê do Professor.

Pág. 274
Educação Literária
(página 275)
1. Os dois termos de comparação são a alma do eu e a cotovia: ambas sobem para o céu e cantam.
2. A repetição das referidas formas verbais acentua a evasão através do sonho, já que o céu e o ato
de subir remetem para o mundo onírico.
3.1 O elemento destruidor do sonho é o vento, que surge “húmido e frio” e acorda o eu lírico, de
forma agressiva: “um calafrio”.
3.2 Fruto da ação do vento, o sujeito lírico abandona o sonho, desperta e toma consciência da
realidade.
3.3 O encavalgamento, ao prolongar o sentido de um verso pelo verso seguinte, traduz o estado de
tristeza e angústia que caracteriza a realidade vivida, definindo a convulsão interior do sujeito lírico
como contínua e prolongada, quase eterna.
4. Num primeiro momento, o sujeito poético revela a tranquilidade e a alegria, sentidas durante o
sonho; no entanto, ao acordar, percebe que a dor persiste, nada mudou e a realidade cruel impõe-
se.
5. A conjunção “Mas” possui um valor de oposição, demonstrando o contraste entre a alegria
característica do sonho e a agonia da realidade que o eu lírico tem de enfrentar.
6.
6.1. No poema está presente a oposição Real/Ideal, na medida em que é possível estabelecer uma
correspondência com as dicotomias dia/noite e sonho/realidade. É através do sonho (na noite) que
o sujeito poético se evade, elevando-se até ao Ideal, mas o acordar revela o dia, a realidade penosa
que se impõe, fazendo com que o sujeito não consiga libertar-se do mundo que o oprime. Assim,
este soneto traduz a distância, na ótica do eu lírico, entre aquilo que é a realidade e o que desejaria
que ela fosse.

Pág. 275
7. No soneto “O palácio da ventura”, o sujeito poético assume uma atitude combativa, paladino do
amor e da Verdade, em busca da Justiça; inicialmente otimista, acaba por confessar a sua desilusão
pois, ao encontrar o objeto da sua busca, encontra apenas dor: “silêncio e escuridão – e nada mais”.
No poema “Acordando”, acentua-se essa mesma realidade dramática já anunciada no referido
soneto, pois o eu lírico revela o seu desalento e pessimismo, já que não consegue libertar-se da
realidade cruel que o constrange.
Em suma, parece manifestar-se uma certa evolução no sentido de uma visão cada vez mais negativa
no modo como o poeta perceciona o mundo que o rodeia.

Gramática
1. Prótese.
2. Antecedente “(d)as coisas”.
2.1. Coesão gramatical referencial.

Oralidade (EO)
1.1 Quer o soneto quer a canção tratam o tema do sonho; no entanto, a letra da canção apresenta
uma perspetiva mais otimista, transmitida através de expressões como “eu não me quero lembrar /
de quando a vida escolhe / abraçar o sonho / para o afastar” ou “muros que para mim não são /
mais do que areia”. Na canção, o sonho tem o poder de transformar a vida, de a comandar; funciona
como o impulsionador da ação, que leva quem o vive a ultrapassar medos e obstáculos. No poema,
apesar de o sonho permitir a evasão do sujeito lírico, este acaba por não conseguir libertar-se da
realidade, que se lhe sobrepõe. Ao opor sonho e realidade, o soneto acentua a negatividade que
caracteriza esta última, diminuindo o poder do sonho, o que não acontece com a canção.

Pág. 277
Gramática
1. A; 1.2 A; 1.3 B; 1.4 D.
2. Modalidade epistémica com valor de certeza.
3. Ato diretivo.

Pág. 280
1.
A. V;
B. F – Antero foi uma personalidade marcante da vida cultural e social da segunda metade do século
XIX, tendo sido opositor de Castilho, como ilustra o seu papel na Questão Coimbrã;
C. V;
D. F – O amor é tratado na sua dimensão espiritual;
E. V;
F. V;
G. V;
H. F – A Morte é personificada e encarada como libertadora;
I. F – O abatimento e a angústia resultam do seu drama interior;
J. V.
2. a. 2; b. 4; c. 3; d. 2; e. 4; f. 1; g. 1; h. 3.

Pág. 281
GRUPO I
Parte A
1. O interlocutor do eu lírico é a noite / o seu espírito, que é a confidente do Poeta, a única entidade
que consegue apaziguar e compreender a sua dor, surgindo, assim, personificada.
2. O sujeito lírico encontra-se em sofrimento e invoca a paz da noite para aliviar a sua angústia,
provocada pela “febre de Ideal” (v. 13), isto é, pela procura constante do “Bem”.
3.1 a. 1; b.1; c. 2.

Pág. 282
GRUPO I
Parte B
4.1 “Porém” possui um valor de oposição; assim, depois de o sujeito poético ter afirmado que a
alegria provocada pelo sentimento amoroso lhe permitiu que escrevesse versos, na segunda quadra
transmite uma ideia oposta, pois afirma que o mesmo Amor, temendo que algo de negativo fosse
transmitido, retirou ao poeta o talento para a escrita.
5. Nesta parte final do poema, o sujeito lírico dirige-se aos seus leitores, prevenindo-os de que o
entendimento dos seus versos depende da vivência que tiveram do Amor.

Parte C
6. Em Amor de perdição, o amor entre Simão e Teresa ilustra o poder transformador desse
sentimento, na medida em que leva à alteração do comportamento e da atitude face à vida por
parte das personagens envolvidas, sobretudo no que a Simão diz respeito.
Neste sentido, a primeira parte do enunciado – “amou” – remete para o início da obra, momento em
que se dá o encontro entre Simão e Teresa, que os leva a apaixonarem-se. A segunda parte –
“perdeu-se” – funciona como uma síntese do desenvolvimento do romance, isto é, dá-nos conta das
peripécias vividas pelo casal, com o intuito de fazer vingar esse amor, contrariado pelas famílias, mas
que, por não serem bem-sucedidas, levam à separação física dos dois amantes e à prisão de Simão
Botelho. A última parte do enunciado – “morreu amando” – dá-nos conta do desenlace trágico da
obra, ou seja, da morte de Simão Botelho, por amor.
Assim, até ter conhecido Teresa, Simão era um jovem rebelde, insurreto e revolucionário, defensor
acérrimo dos novos ideais liberais, tendo sido preso, durante seis meses, no cárcere académico.
Depois de ter conhecido Teresa, torna-se um homem calmo, recatado e estudioso, porque o seu
objetivo é formar-se rapidamente para poder, mais tarde, assegurar a subsistência de Teresa.
Concluindo, o amor não só transformou Simão, como alterou o seu percurso de vida, conduzindo à
sua morte. (215 palavras)

Pág. 284
GRUPO II
1.1 A; 1.2 B; 1.3 B; 1.4 A; 1.5 D; 1.6 A; 1.7 A.

Pág. 285
Grupo III
O aluno poderá referir os seguintes aspetos:
A leitura proporciona:
– o contacto com múltiplas visões do mundo e mentalidades, outras realidades culturais, outros
tempos…;
– o alargamento dos horizontes culturais dos leitores;
– o desenvolvimento de capacidades intelectuais e a aquisição de conhecimentos;
– a possibilidade de evasão;
– o enriquecimento do vocabulário e, consequentemente, da comunicação interpessoal;
–…

6 – “O sentimento dum ocidental”, Cesário Verde


Pág. 288
Oralidade (CO)
2.
2.1 B; 2.2 A; 2.3 B; 2.4 C; 2.5 D.

Oralidade (EO)
1.
Todas as imagens representam as desigualdades sociais e as situações de pobreza vividas em várias
partes do planeta.
Porém, as fotos 4 e 6 são reveladoras dos contrastes em termos habitacionais, e mostram que nas
grandes cidades há núcleos onde as discrepâncias são ainda mais acentuadas. As imagens 3, 4 e 5
evidenciam a degradação das habitações e a falta de infraestruturas que permitam que se viva de
forma condigna e onde nem o mínimo de privacidade pode existir.
As restantes imagens refletem a destruição, a insalubridade, a inexistência de condições mínimas,
mas em que muitas pessoas vivem, em particular crianças e idosos, reforçando o alerta lançado pelo
secretário-geral da ONU acerca do cenário global desigual vivenciado e que atinge a Humanidade em
todo o mundo.

Pág. 289
Escrita
Nos últimos tempos muito se tem falado do aumento das desigualdades e da pobreza, conceitos
indissociáveis e de extrema importância em toda e qualquer sociedade, ainda que possam ser
perspetivados de forma diferente.
Efetivamente, a pobreza depende da desigualdade e varia de país para país. Se, por exemplo, alguns
cidadãos de uma determinada nação ganham o suficiente para fazer face às despesas diárias, não se
poderá afirmar que são pobres. Contudo, se o salário médio nesse país for inferior àquele que
permite aceder a todos os bens essenciais, então os que ganham um salário inferior poderão ser
considerados pobres. Mas o mais grave é quando a pobreza atinge limites extremos, por falta de
empregos, porque a doença atingiu o agregado familiar, ou porque o território onde se vive é tão
árido que nem a subsistência alimentar garante, como acontece em determinadas regiões brasileiras
ou africanas, onde não se tem acesso a uma habitação ou a uma refeição digna.
Em contrapartida, há estados onde nada falta e governos criam medidas de combate à pobreza,
assegurando a todos os cidadãos o acesso à educação, a cuidados de saúde e até à alimentação e
alojamento, atribuindo casas sociais ou o RMI, como acontece, por exemplo, em Portugal.
Poder-se-ia dizer que os países mais ricos deveriam sentir-se na obrigação de ajudar os mais pobres,
porém, a verdade é que a pobreza de alguns países é reflexo de uma má governação, permitindo
grandes fortunas a alguns à custa da exploração dos mais pobres.
Em suma, a desigualdade poderá compreender-se quando nos dão oportunidades que não
agarramos, mas é intolerável quando há quem governe para si e para um grupo e se esqueça de dar
condições a todos, evitando a pobreza que se espalha pelo mundo, mitigada, muitas vezes, pela
intervenção oportuna de muitas ONG. (300 palavras)

Pág. 291
Leitura
2.
2.1 B; 2.2 A; 2.3 C; 2.4 A; 2.5 C.

Oralidade
1.
a. V; b. F; c. V; d. V; e. V; f. V.

Pág. 292
Educação Literária
1. A ação inicia-se às dez horas da manhã e localiza-se num espaço urbano numa rua elegante, tal
como sugere a referência, na primeira estrofe, à “larga rua macadamizada”.
2. As personagens focalizadas são uma hortaliceira, um criado, os padeiros e o pequerrucho que
rega a trepadeira.
2.1 A personagem que assume maior relevo, dada a atenção e admiração que conquista ao eu
poético, é a vendedora de hortaliça, e, em segundo lugar, o criado que adota uma atitude de
desprezo perante a vendedora.
3.
a. da 1.a até à 3.a estrofe;
b. da 4.a à 16.a estrofe;
c. tem início na 7.a estrofe, mas é interrompida na 8.a, sendo de novo retomada na 9.a e estende-se
até à 12.a estrofe; d. verifica-se na 13.a estrofe, inferindo-se que o sol estaria alto, o que remete para
a passagem do tempo, impondo-se, até ao fim, a realidade.

Pág. 293
4. A dualidade cidade/campo constroi-se de forma simbólica, pela invasão do campo na cidade,
concretamente através do cabaz da hortaliceira que faz lembrar “um retalho de horta”, lendo-se
como representação do campo. O eu assume o papel de um narrador burguês que, enquanto
deambula pela cidade, observa, comenta e regista o que vê naquele espaço, evidenciando os
contrastes aí existentes, como é o caso das casas apalaçadas, com interiores luxuosos, ou o estatuto
do narrador, que se opõe à vida dura da vendedora dos produtos hortícolas, como se depreende
quanto este afirma “eu acerquei-me d’ela, sem desprezo”.
5. Os vários tipos sociais são visíveis na descrição do bairro moderno e do criado que representa os
senhores de estatuto superior que serve e que contrastam com a hortaliceira. Por outro lado, o eu
também se posiciona num patamar superior, ainda que se identifique com os mais desfavorecidos,
acercando-se da vendedeira para a ajudar a erguer a sua giga. Assim, percebe-se que no espaço
citadino confluem tipos sociais distintos.
6. O narrador assume um papel semelhante ao de um repórter que, durante a sua deambulação pela
cidade, capta determinadas situações e comenta-as, deixando escapar a sua ironia crítica e a sua
preferência pelos trabalhadores, mais fracos e mais humildes. Adota também uma atitude artística e
criativa quando recorre à imaginação e transforma a realidade observada.
7. Para captar a realidade circundante, o eu serve-se de todas as sensações, nomeadamente a visual
e a tátil, visíveis no verso 4, da olfativa e da auditiva, nos versos 36 a 40, e ainda da gustativa (vv. 51-
54).
8. A transfiguração do real ocorre quando o sujeito poético se detém na giga da hortaliceira e vê aí
bocados de um corpo, imaginando ver a cabeça na melancia, os seios nos repolhos, as tranças dos
cabelos nas azeitonas, ou ossos nos nabos.
9. a. “Como um retalho de horta aglomerada” (v. 19); b. “Há colos, ombros, bocas, um semblante”
(v. 51); c. “E às portas, uma ou outra campainha / Toca, frenética, de vez em quando” (vv. 39-40); d.
“As azeitonas…/…/ São tranças d’um cabelo que se ajeite” (v. 48); e. “E fere a vista, com brancuras
quentes” (v. 4).

Pág. 294
Oralidade (CO)
Debate
1.
1.1 B; 1.2 D; 1.3 A; 1.4 C; 1.5 B; 1.6 C.
2. Marcas de género:
– apresentação e discussão de um tema / assunto sob a perspetiva de pessoas distintas;
– convocação de argumentos e contra-argumentos e de ponto de vista contrários;
– esclarecimento e persuasão de um determinado público sobre um tema / assunto;
– presença de um moderador que interpela os intervenientes e lança as questões.

Pág. 295
Oralidade (Co)
3.
A. F; B. V; C. F; D. V; E. V; F. F.
4.
1. d.; 2. g.; 3. b.; 4. a.; 5. f.

Pág. 297
Educação Literária
1. Os acontecimentos situam-se no final da tarde, quando os sinos tocam as ave-marias, isto é, por
volta das 18 horas, correspondendo ao período do dia apresentado no título.
2. Camões passou por várias tormentas e por um naufrágio, onde, segundo consta, quase perdeu Os
Lusíadas; ora, na penúltima quadra, também se faz referência aos filhos das varinas que se tornarão
pescadores e que também passarão por várias tormentas no mar.
3. A denúncia é percetível nas críticas evidenciadas e suscitadas pela observação de uma realidade
contrastante, onde, a par da vida miserável das varinas, os “hotéis da moda” se erguem para acolher
os mais favorecidos.
4. O presente experienciado pelo eu como claustrofóbico, os contrastes sociais acentuados, são
motivos suficientes para que o narrador tente fugir dessa realidade, evocando um passado glorioso,
um período que fez da capital lisboeta um centro cosmopolita e que era de novo desejado.

Gramática
1. “nossas”.
2. a. complemento direto; b. modificador do nome restritivo; c. complemento do nome.
3. Modificador apositivo do nome – “viscoso”; sujeito – “as obreiras”.
4. Valor restritivo.

Pág. 298
Educação Literária
(página 299)
1. O título aponta para um período do dia em que é necessário recorrer à luz artificial e a uma maior
vigilância, factos que são comprovados nos versos “A espaços, iluminam-se os andares” (v. 9) e
“Partem patrulhas de cavalaria” (v. 29).
2. Logo no segundo verso da 1.a estrofe, o eu afirma que o “som mortifica” e na estrofe seguinte (v.
6) assume que se sente “mórbido” e que o coração lhe chora perante a visão das prisões, pois ele
próprio se sente prisioneiro da cidade que retrata.

Pág. 299
3. Por exemplo: “Duas igrejas, […] / Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero (vv. 13-14); “Nelas
esfumo um ermo inquisidor severo” (v. 15); “Afrontam-me […] / os sinos de um tanger monástico e
devoto.” (vv. 19-20), ou o facto de os quartéis já terem sido conventos (perpassa a ideia de
continuidade da opressão).
4. O contraste entre o passado e o presente concretiza-se, de forma visual, pela oposição entre a
grandiosidade do passado épico português, presente na monumental estátua de Camões “de
proporções guerreiras” (v. 23) e a massa acumulada de “corpos enfezados” (v. 26) com que o eu se
depara na sua deambulação.
5. “Chora-me o coração” (v. 8) – metáfora usada para sugerir a dor e o sofrimento que o espaço
citadino provoca no eu. Em “E a lua lembra o circo e os jogos malabares” (v. 12) está presente uma
comparação, que se expressa através do verbo “lembrar” e que aqui pode ser substituído por
“parecer” ou “assemelhar-se”.

Gramática
1. Coesão gramatical frásica.
2. “que abateu no terremoto” – oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
3. “me” – complemento direto; “as íngremes subidas” – sujeito.
4. “lhes” retoma “as costureiras, as floristas”.
5. Trata-se do empréstimo.

Pág. 300
Educação Literária
(página 301)
1. A crítica social é evidenciada na alusão irónica a determinadas figuras humanas, como é o caso
das “impuras”, das “burguesinhas do catolicismo” (numa alusão clara aos falsos fiéis), da “lúbrica
pessoa” e da “velha, de bandós”.
2. A antirreligiosidade é visível na 2.a estrofe e em versos como “As burguesinhas do catolicismo /
Resvalam pelo chão minado pelos canos”, “As freiras que os jejuns matavam de histerismo”.
3. Os grupos sociais que são alvo da atenção do narrador são o forjador, os responsáveis pelo cheiro
salutar que exala de uma padaria e o “homenzinho idoso”, seu antigo professor de Latim, ou seja,
um conjunto de tipos sociais que integram a classe trabalhadora que contrasta com a hipocrisia e o
histerismo reinantes na sociedade.

Pág. 301
4. O narrador serve-se da visão, da audição, do olfato e do tato, sensações que são percetíveis nas
seguintes expressões: “Um forjador maneja um malho, rubramente” – o manejar do malho produz
barulho e faíscas, daí a referência à cor rubra; “E de uma padaria exala-se, inda quente, / Um cheiro
salutar e honesto a pão no forno” – onde está a notação do cheiro, mas também do calor libertado
pelo pão ainda quente.
5.1 Essa sugestão é dada na penúltima estrofe, onde se percebe que a cidade sepulcral está prestes
a ser abandonada à sua escuridão: “as armações fulgentes” transformam-se em “mausoléus” com o
apagar das luzes, e só o grito do cauteleiro e o lamento de um mendigo quebram o silêncio da noite.
5.2 A referência ao velho professor de Latim que se transformou num pedinte vem confirmar a visão
crítica da cidade, onde as injustiças e a solidão proliferam, apesar do bulício que aí reina. É mais uma
confirmação de que a cidade confina, aprisiona, é um inferno ou um mundo de fantasmas de que
urge fugir.
Gramática
1.
a. “que exacerbe”;
b. “que o real e a análise mo dessem”;
c. “me” – o sujeito poético; “o” – um livro que exacerbe.
2. a. “esguia” – modificador do nome restritivo; “dos vossos revérberos” – complemento do nome;
b. “mausoléus” – predicativo do sujeito; “as armações fulgentes” – sujeito.

Pág. 302
Educação Literária
(página 303)
1. Os citadinos vivem murados e envolvidos num ambiente nebuloso, “Sem árvores” nem “as notas
pastoris de uma longínqua flauta”, acentuando-se a sensação de claustrofobia que atinge o eu
poético e todos os que aí moram, tal como se percebe pelo uso da primeira pessoa do plural em
“vivemos, os emparedados” (v. 25).
2. Nas quatro partes deste poema, o eu poético traça um retrato disfórico da cidade, destacando
espaços, situações e os tipos sociais com que se vai deparando durante o seu deambular, que
decorre durante uma viagem noturna que inicia às 18 horas e termina noite dentro. Durante este
percurso, o narrador evoca o passado e faz projeções futuras, de modo a registar os aspetos
contrastantes presentes na realidade que observa.

Pág. 303
Em termos estilísticos, também há simetrias, dado que cada poema é constituído por onze quadras e
apresenta a mesma métrica (decassílabos e dodecassílabos) e a mesma rima (emparelhada e
interpolada).
3. As exclamações presentes no poema são tradutoras da emotividade do sujeito poético,
reforçando a expressão das emoções e dos sentimentos percetíveis no texto.
4.
a. “E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes” ( v. 35);
b. “os cães parecem lobos” ou “E tem marés, de fel, como um sinistro mar!” (vv. 36 e 44);
c. “De prédios sepulcrais, com dimensões de montes” (v. 42).

Gramática
1. “infaustas e trinadas” – modificador do nome apositivo; “As notas pastoris de uma longínqua
flauta” – sujeito; “de uma longínqua flauta” – modificador do nome restritivo.
2. Subordinada adjetiva relativa explicativa.
3. Coesão gramatical interfrásica.
4. Palavra derivada por parassíntese.
5. Ato ilocutório expressivo.

Pág. 304
Leitura
1. A afirmação pode ser comprovada pelos seguintes segmentos textuais: “Cesário emprestará […] o
ponto de vista de um observador transeunte que se exprime através de um lirismo
antideclamatório” (ll. 1-3). “A sua obra atesta a presença de um sujeito lírico que deambula pelo
mundo urbano da civilização industrial” (ll. 6-7) e “um Cesário que revoluciona a poesia portuguesa
com um timbre e intensidade raros no Portugal do século XIX” (ll. 9-10).

Escrita
1. A imagem representa uma zona da cidade de Lisboa, uma vez que se vê ao longe a ponte Vasco da
Gama; num plano mais aproximado veem-se prédios enormes e recentes e em destaque barracos
degradados e a destruição espelhada nos dois veículos abandonados e carbonizados.
A primeira coisa que se destaca na foto é, sem dúvida, uma realidade contrastante, onde a pobreza
vive paredes meias com o luxo e a modernidade. Ora é exatamente esta realidade ambivalente que
Cesário Verde retrata na sua poesia, em particular “Num bairro moderno” e em “O sentimento dum
ocidental”, onde faz até referência concreta ao “bairro aonde miam gatas” a que as varinas
regressam, após um dia de árduo trabalho (“Ave-Marias”). Estes contrastes sociais são alvo da
preocupação e da denúncia do poeta oitocentista, mas a verdade é que esta imagem é do século XXI,
o que comprova que as desigualdades sociais, após mais de 150 anos, infelizmente ainda não
desapareceram.
Em suma, parece que por mais que a Humanidade evolua e tome consciência das disparidades
sociais, nada se faz para que efetivamente desapareçam e, por isso, na atualidade, são ainda mais
gritantes as desigualdades, tanto a nível nacional como internacional. (198 palavras)

Pág. 305
Oralidade
1. Aspetos comuns:
– a temática da cidade e a deambulação, sugerida em “As ruas que a cidade tinha/Já eu percorrera”;
– a referência às “coisas que deixam saudade”, que se pode articular com a evocação do passado e
revisitado por Cesário através do imaginário épico;
– o abatimento e o tom nostálgico são comuns, quer na canção quer em “O sentimento dum
ocidental”.

Pág. 307
1.
A. V; B. F – Centra-se na realidade citadina, onde está inserido; C. V; D. V; E. F – Recai sobre o
campo, por ser um espaço mais original, onde se experiencia a solidariedade; F. F – Privilegia os
versos longos, mas também apresenta regularidade estrófica e métrica.
2.
a. 6; b. 7; c. 1; d. 8; e. 9; f. 10; g. 3; h. 2; i. 4; j. 5.

Pág. 308
GRUPO I
Parte A
1. Pelo que é dito na quinta estrofe, percebe-se que o espaço retratado é o citadino pois “Não se
ouvem aves; nem o choro de uma nora”; quanto ao tempo, este deve ser o inverno dado que há
referência ao frio e às poças de água, embora se venha a verificar, depois, a chegada do sol que leva
os calceteiros a tirar os jaquetões.
2. O eu poético começa por referir os calceteiros e posteriormente as peixeiras e os valadores, todos
descritos nas suas fainas diárias e que exigem o seu esforço e determinação.
3. D. adjetivação … caracterizar.

Parte B
4. Neste excerto do “Sermão de Santo António”, Vieira critica os peixes grandes por comerem os
pequenos, afirmando que estes são o pão dos maiores, para denunciar, alegoricamente, o facto de
os poderosos explorarem os mais fracos, criticando, assim, os homens ricos por retirarem tudo aos
mais pobres.
5. Tanto o Padre António Vieira como Cesário Verde centram a sua atenção nos mais desfavorecidos,
mostrando comiseração por aqueles que trabalham e que acabam por não conseguir subsistir pelo
facto de continuamente serem explorados.
Pág. 309
Parte C
6. Tratando-se de uma epopeia, Os Lusíadas têm, sem dúvida, uma dimensão épica e heroica, uma
vez que as epopeias são narrativas de fundo histórico que registam poeticamente feitos grandiosos,
e tal verifica-se nesta obra de Camões.
Efetivamente, em Os Lusíadas elege-se para ação central a viagem de Vasco da Gama à Índia, que foi
marcada por vários percalços e obstáculos, só transpostos graças à coragem e ousadia da
personagem coletiva que o nosso épico elegeu – os portugueses. São os feitos dos grandes
navegadores, com destaque especial para o seu comandante, Vasco da Gama, que constituem a
ação central da obra e, por isso, o seu heroísmo e grandiosidade mereceram a atenção do poeta e
conferiram à sua obra essa dimensão épica e heroica.
Assim, pode-se afirmar que a epopeia camoniana foi e continuará a ser um marco fundamental na
história da literatura portuguesa. (143 palavras)

Pág. 310
GRUPO II
1.
1.1 B; 1.2 D; 1.3 A; 1.4 C; 1.5 C; 1.6 B.

GRUPO III
Em 2021 decorreram os censos em Portugal e o objetivo foi o de fazer o levantamento da população
portuguesa, para apurar dados por regiões, em termos de faixas etárias, género, entre outros dados.
Os resultados obtidos no inquérito, a que mais de 90% da população respondeu revelam que
Portugal está progressivamente a perder residentes e isso está diretamente relacionado com a baixa
taxa de natalidade. Na verdade, as famílias são cada vez menos numerosas e escassos os casais que
desejam ter mais do que dois filhos. Sabemos, contudo, que a opção destes casais assenta na
consciência de que não têm condições para garantir um futuro condigno aos seus descendentes.
Portanto, enquanto não houver políticas governativas de incentivo à natalidade, não veremos a
população portuguesa a crescer e, em breve, escasseará a mão de obra e os mais velhos terão as
suas reformas comprometidas. Perante este cenário, o ideal é que aqui se fizesse o que o governo
francês, nos anos 80 fez: garantiu um salário a todas as mães com dois ou mais filhos para que estas
ficassem em casa a cuidar deles, para além de atribuir abonos mais chorudos por cada descendente.
Porém, pode haver uma outra forma de aumentar a população se a política de acolhimento de
refugiados se alterar. Se se receber mais refugiados, poder-se-á fixá-los nas regiões mais
desertificadas, dando-lhes as condições mínimas de subsistência, como uma casa e um pedaço de
terra para cultivarem, acesso à educação e a cuidados de saúde. Certamente que isto será um
incentivo e estas pessoas agradecerão, pois, para além de poderem sobreviver também o poderão
fazer em segurança, o que não aconteceria nos países de origem.

Pág. 311
Assim sendo, parece que a solução para a escassez de residentes em Portugal terá de passar por
ajustar políticas, criando-se e dando-se incentivos aos residentes ou aos emigrantes para que
possam fixar-se em regiões menos apelativas, mas que lhes permitam aumentar as suas famílias,
garantindo-lhes as condições necessárias. A resposta ou solução estará sempre nas mãos dos nossos
governantes. (335 palavras)
Bloco informativo
Pág. 319
1.
1.1 C.
1.2 D.
1.3 B.
1.4 C.
1.5 A.
2.
a. docente; docência: O docente da disciplina de Português é muito exigente. A docência exige rigor.
b. deleitar; deleitoso: Vamo-nos deleitar com este jantar. Tem um aspeto deleitoso.
c. movimento; mover: O movimento nas ruas tem abrandado significativamente. Esta estátua é
difícil de mover.
3. e 3.1
a. V; b. F – palatalização; c. F – vocalização; d. V; e. V; f. F – metátese.

Pág. 321
1.
a. por parassíntese; b. por sufixação; c. por prefixação d. não afixal; e. por sufixação; f. por
parassíntese; g. palavra + palavra; h. por sufixação; i. palavra + palavra; j. radical + palavra.

Pág. 323
1.
a. intervieram; b. entreteve; c. têm aceitado; d. poder; e. fizeste; f. lê-se; g. senão; h.
Onde/comprámos.
2.
a. lessem; b. compra-mos; c. advêm; d. previsse; pudesse; interviria; e. saem; f. veem; g. interveio;
pedissem; h. enganámo-nos; demos; i. deem; j. vêm.
3.
A. 4; B. 8; C. 6; D. 1; E. 10; F. 2; G. 7; H. 3; I. 5; J. 9.

Pág. 330
1. A. 4; B. 3; C. 1; D. 2; E. 5; F. 6; G. 9; H. 10; I. 8: J. 7.

Pág. 332
1.
A. 3; B. 7; C. 8; D. 1; E. 4; F. 5; G. 2; H. 6.
1.1
a. C; b. A; c. D; d. G.

Pág. 336
1.
a. Sujeito; modificador do nome apositivo; complemento oblíquo.
b. Modificador do nome apositivo; modificador do nome restritivo; predicativo do sujeito.
c. Complemento do adjetivo.
d. Complemento do nome; complemento direto; predicativo do complemento direto.
e. Predicado
f. Predicativo do complemento direto; complemento do nome.
g. Modificador do nome restritivo.
2.
a. Sujeito: "Todas as obras do programa de 11.o ano"; predicado: "despertam interesse".
b. Complemento do nome: "de Afonso da Maia"; complemento indireto: "(agrada-)me";
complemento direto: "(impressiona-)me".
c. Modificador do nome restritivo : "que está em vigor"; modificador (da frase): "Felizmente".
d. Modificador (do grupo verbal): "em sua casa"; complemento oblíquo: "a Lisboa".
e. Complemento agente da passiva: "por eles"; modificador do nome restritivo: "que foi preparada
por eles".
f. Sujeito: "o professor"; vocativo: "Meninos".
g. Complemento do nome: "da educação"; modificador do nome restritivo: "laranja"; modificador do
nome apositivo: "que estavam em aula".
3.
A. 5; B. 1; C. 6; D. 2; E. 3; F. 4.

Pág. 340
1.
a. “Quando António Vieira viu a situação dos índios” – oração subordinada adverbial temporal "que
tinha de fazer alguma coisa" – subordinada substantiva completiva.
b. “que eram na sua maioria portugueses” – oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
c. “que os colonos demonstravam” – oração subordinada adjetiva relativa restritiva; “dado que era
um comportamento inaceitável” – oração subordinada adverbial causal.
d. “Antes de embarcar para o reino” – oração subordinada adverbial temporal.
e. “mas não alimentava o mito sebástico” – oração coordenada adversativa.
f. “e tinha um comportamento receoso” – oração coordenada copulativa.
g. “Se Manuel de Sousa Coutinho de Sousa Coutinho não tivesse incendiado o palácio” – oração
subordinada adverbial condicional; “logo a família perderia a privacidade” – oração coordenada
conclusiva.
h. “que até ofendeu Madalena de Vilhena com os seus comentários” – oração subordinada adverbial
consecutiva.
2.
1. b. “mas também muito frágil”.
2. e. “ou fazes passeio pelo Aterro”.
3. f. “compro muitos livros de prosa, emprestam-me alguns de poesia; nunca adquiro obras
dramáticas”.
4. a. “quem parecia ser”; c. “Quem gostar de ler”.
5. d. “de que a sociedade devia mudar”; h. “que a relação de Carlos e Maria Eduarda era ilegítima”;
j. “se a namorada de Pedro era de boas famílias”; k. “que Carlos se sentisse atraído por Maria
Eduarda”.
6. g. “que se movimentam num cenário romântico”.
7. l. “onde Carlos conheceu Maria Eduarda”.
8. i. “que chamou a atenção de Raquel Cohen”.

Pág. 344
1. b.; c.
1.1 a. modificador (do grupo verbal); b. complemento agente da passiva; c. sujeito e complemento
agente da passiva; d. complemento direto e modificador (do grupo verbal); g. sujeito e modificador
(do grupo verbal).
1.2 a. Palma Cavalão foi censurado por Ega por aceitar suborno; d. O Esteves foi contratado pelo avô
de Carlos para redecorar o Ramalhete, por influências diversas; e. As chaves da casa de Benfica
foram entregues por Vilaça aos novos proprietários; f. A figura de D. Sebastião era apreciada por
Maria de Noronha; g. Por intercessão de Frei Jorge, Manuel de Sousa Coutinho foi recebido pelo
arcebispo.
2. a. Os alunos ouvem-na com atenção; b. Estes rapazes fazem-nos rapidamente; c. Eu colocar-lhas-
ia; d. Disseram-lhes que amanhã vamos ao teatro? e. Eu nunca a tinha lido; f. Fá-lo, João; g. Dir-lhe-
ias que não leste o poema? h. Escreve-lo no computador? i. Vou emprestar-lho; j. Consultamo-lo, se
for necessário; k. Não a encontro.
3.
a. Manuel de Sousa Coutinho, apesar de respeitar os governadores, não aceitou ceder-lhes a sua
casa, razão pela qual a incendiou.
b. D. Madalena de Vilhena duvidou sempre da morte de seu primeiro marido, por isso mandou
procurá-lo / por isso, mandou-o
procurar.
c. Apesar de Telmo Pais e Maria de Noronha acreditarem no regresso de D. Sebastião, D. Madalena
não cessava de os chamar à razão.
d. Embora Telmo e Maria elogiassem as ações de D. Sebastião, D. Madalena recordava-lhes
continuamente que o rei estava morto.

Pág. 347
1.
1.1
A. 6; B. 9; C. 2; D. 1; E. 3 ou 10; F. 3 ou 10; G. 7; H. 4; I. 8; J. 5.

Pág. 348
2.
2.1
a. globonauta; c. piratear; e. eurosondagem.
2.2 a. globonautas – amálgama; b. janela – extensão semântica; c. piratear – extensão semântica; d.
deadline – empréstimo; e. eurosondagem – amálgama; f. marketing – empréstimo; g. biclas –
truncação; h. jogging – empréstimo.
3.
a. inteligência; b. seta; c. piscina; d. índice.
4.1
a. nariz – alíneas c., e., f.; nó – b., d., h.
4.2
Nó – b. dar o nó (casar); d. dar um nó na cabeça (ser difícil de entender); não dar ponto sem nó (ser
interesseiro, calculista).
Nariz – c. meter o nariz (intrometer-se); e. bater com o nariz na porta (encontrar um local fechado);
f. anda de nariz torcido (estar aborrecido, desgostoso).
5.
a. Este braço de mar torna a praia lindíssima. / Os ditadores lideram os países com braço de ferro.
b. Hoje é o teste de Português e o Pedro está em branco. / Há muitos poemas com versos brancos. /
Aquela senhora, quando viu o acidente, ficou branca.

Pág. 349
6.
1. B; 2. D; 3. B; 4. A; 5. A; 6. C.
7.
a. acrónimo; b. sigla; c. truncação, d. amálgama; e. extensão semântica; f. empréstimo.

Pág. 350
1.
a. Modalidade deôntica, valor de obrigação.
b. Modalidade epistémica com valor de certeza.
c. Modalidade apreciativa.
d. Modalidade epistémica, com valor de certeza.
e. Modalidade epistémica, com valor de probabilidade.
f. Modalidade apreciativa.
g. Modalidade deôntica, com valor de permissão.

Pág. 351
1.
1.1 D; 1.2 B.
2.
A – registo formal;
B – registo informal (predominante).

Pág. 352
1.
A. 5 e 9;
B. 3 e 7;
C. 1 e 6;
D. 2 e 8;
E. 4 e 10.

Pág. 353
1.
Linguagem oral: b., c., e.
2.
a. (Todo o diálogo) – marcas: palavras truncadas (tão; tás); registo familiar da linguagem (pá; rijo;
malta); frases sincopadas, reticências, repetições.
b. O primeiro parágrafo: estrutura sintática e vocabulário mais cuidados.

Pág. 354
1. Ela1 – Teresa; lhe2 – Simão; a3 – Teresa; ele4 – Simão; lhe5 – Teresa; (l) A6 – Teresa.
2. Carlos da Maia deu um jantar no Ramalhete. Ele convidou diversos amigos, mas alguns deles não
aceitaram o convite por terem outros compromissos; no entanto, agradeceram-lhe a amabilidade.
Estiveram presentes Ega, Cruges; Craft e Alencar e foram estes que o felicitaram.

Pág. 356
1.
Elementos de referenciação deítica:
A. "estamos"; "nós"; "(n)esta"; "aqui"
Valor: pessoal, temporal e espacial; pessoal; espacial.
B. "Agora"; "nosso".
Valor: temporal; pessoal.
2.1 "tua" e "nosso" – pessoal; "procurei" e "comprei" – temporal (passado) e pessoal (remete para o
eu);
2.2 "Peixes" (vocativo); "vós" – pessoal; "sois" – pessoal e temporal.
2.3 "Aqui" – espacial.
2.4 "Hoje" – temporal; "tenho" – pessoal e temporal; minhas – pessoal.
2.5 "Pedro" (vocativo) – pessoal; festejaremos – pessoal e temporal (remete para a ideia de futuro).
2.6 "Me" – pessoal; "agradou"/"terminei" – pessoal (eu) e temporal – remetem para a ideia de
passado; "hoje" – temporal.
Pág. 358
a. Quando; mas; porque.
b. por isso; se; que; Caso.
c. Embora; contudo.

Pág. 361
A. Excerto A – a partir de “Não me respondes” até ao fim.
Marcas – formas verbais e pronominais na 1.a pessoa; travessão; parágrafos;
Excerto D – “Então o Carlos…”; “Mandar-me desafiar…”
B. Excerto D – “Caramba… prega-lhe uma destas”
Marcas – 3.a pessoa (coincide com a do discurso indireto) ; exclamações, interjeições, suspensão
frásica (marcas do discurso direto).
C. Excerto C
Marcas – aspas
D. Excerto B – “Perguntou… se”; “Respondeu que”.
Marcas – verbos declarativos; utilização da 3.a pessoa; oração completiva.

Pág. 363
1.
a. 1, 6; b. 4; c. 5; d. 7; e. 2; f. 3.
2.
2.1 B.;
2.2 A.;
2.3 D.

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