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LÍNGUA

PORTUGUESA –
AULA 1
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LÍNGUA PORTUGUESA – AULA 1


QUESTÕES
Uma língua, múltiplos falares
No Brasil, convivemos não somente com várias línguas que resistem, mas também com vários
jeitos de falar. Os mais desavisados podem pensar que os mineiros, por exemplo, preferem aban-
donar algumas palavras no meio do caminho quando perguntam “ôndôtô?” ao invés de “onde eu
estou?”. Igualmente famosos são os “s” dos cariocas ou o “oxente” dos baianos. Esses sotaques ou
modos de falar resultam da interação da língua com uma realidade específica, com outras línguas
e seus falantes.
Todas as línguas são em si um discurso sobre o indivíduo que fala, elas o identificam. A língua
que eu uso para dizer quem eu sou já fala sobre mim; é, portanto, um instrumento de afirmação
da identidade.
Desde suas origens, o Brasil tem uma língua dividida em falares diversos. Mesmo antes da
chegada dos portugueses, o território brasileiro já era multilíngue. Estimativas de especialistas
indicam a presença de cerca de mil e duzentas línguas faladas pelos povos indígenas. O português
trazido pelo colonizador tampouco era uma língua homogênea. Havia variações, dependendo da
região de Portugal de onde ele vinha.
Há de se considerar também que a chegada de falantes de português acontece em diferentes
etapas, em momentos históricos específicos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, temos primei-
ramente o encontro linguístico de portugueses com índios e, além dos negros da África, vieram
italianos, japoneses, alemães, árabes, todos com suas línguas. Daí que na mesma São Paulo podem-se
encontrar modos de falar distintos, como o de Adoniram Barbosa, que eternizou em suas compo-
sições o sotaque típico de um filho de imigrantes italianos, ou o chamado erre retroflexo, aquele
erre dobrado que, junto com a letra i, resulta naquele jeito de falar “cairne” e “poirta” característico
do interior de São Paulo.
Independentemente dessas peculiaridades no uso da língua, o português, no imaginário, une.
Na verdade, a construção das identidades nacionais modernas se baseou num imaginário de unidade
linguística. É daí que surge o conceito de língua nacional, língua da nação, que pretensamente une
a todos sob uma mesma cultura. Esta unidade se constitui a partir de instrumentos muito particu-
lares, como gramáticas e dicionários, e de instituições como a escola.
No Brasil, hoje, o português é a língua oficial e também a língua materna da maioria dos bra-
sileiros. Entretanto, nem sempre foi assim.
Patrícia Mariuzzo. Disponível em: <http://www.labjor.unicamp.br/patrimonio/materia.php?id=219>. Acesso em: 09 maio
2012. Adaptado.

1. Desde o título, o leitor do texto tem elementos para antecipar que ele trata:
a) da importância da língua portuguesa como instrumento de afirmação da identidade.
b) da herança linguística deixada por diferentes povos na cidade de São Paulo.
c) de como a língua portuguesa, como qualquer outra língua, apresenta variedades.
d) do forte sotaque que caracteriza falantes de algumas regiões, como o do mineiro.
e) da diversidade de povos indígenas que habitavam o Brasil antes da colonização.
LÍNGUA PORTUGUESA – AULA 1 3

2. Os mais desavisados podem pensar que os mineiros, por exemplo, preferem abandonar
algumas palavras no meio do caminho”. Com o termo destacado, o autor quis indicar:
a) possibilidade.
b) previsibilidade.
c) permissão.
d) obrigatoriedade.
e) dúvida.

3. “No Brasil, hoje, o português é a língua oficial e também a língua materna da maioria dos
brasileiros.” Sobre esse trecho, analise as proposições a seguir.
1.Claramente, a afirmação que nele se faz está localizada espacialmente.
2.As expressões “língua oficial” e “língua materna” são dadas como sinônimas.
3.Ele autoriza o leitor a concluir que, no Brasil, nem todos os habitantes falam português.
4.Há marcas explícitas de localização temporal.
Estão corretas:
a) 2, 3 e 4, apenas.
b) 1, 2 e 4, apenas.
c) 1, 3 e 4, apenas.
d) 2 e 3, apenas.
e) 1, 2, 3 e 4.

4. “Estimativas de especialistas indicam a presença de cerca de mil e duzentas línguas faladas


pelos povos indígenas.” O sentido global desse trecho está mantido em:
a) Especialistas têm a expectativa de que os povos de origem indígena sejam perto de
mil e duzentos.
b) A previsão de especialistas é estimada em mais de mil e duzentas línguas indígenas
faladas.
c) As mil e duzentas línguas faladas pelos povos indígenas foram contadas por
especialistas.
d) Havia aproximadamente mil e duzentas línguas faladas pelos índios, calculam os
especialistas.
e) A presença de especialistas entre os povos indígenas indica que estes falavam perto
de mil e duzentas línguas.

5. O texto caracteriza-se por cumprir, prioritariamente, uma função:


a) publicitária.
b) lúdica.
c) instrucional.
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d) didática.
e) literária.
TODO MUNDO QUER AJUDAR A REFRESCAR O PLANETA
Virou moda falar em aquecimento global. É preciso não esquecer que os recursos natu-
rais da Terra também estão em perigo.
O alerta dos cientistas sobre o aquecimento global e suas conseqüências, que há poucos
anos mobilizava apenas órgãos técnicos de governos e ambientalistas, hoje se tornou um tema
onipresente. O combate ao aumento do efeito estufa está na retórica dos políticos e nos planos
de negócios dos empresários. Virou ferramenta de marketing na publicidade e de autopromoção
entre celebridades. Em todo o mundo, a possibilidade de ocorrerem catástrofes cada vez mais
devastadoras por causa da elevação da temperatura no planeta é tema obrigatório nas rodas de
conversa. Essa superexposição do aquecimento global oferece um benefício e um risco. O benefício
é conscientizar as nações de que a escalada do efeito estufa é uma ameaça real que precisa ser
combatida. Embora não se saiba até que ponto a atividade humana é responsável por ela, já que
houve muitos outros aquecimentos globais antes mesmo que o homem inventasse a roda, o fato
é que uma Terra alguns graus mais quente será palco de cataclismos. O risco embutido na “moda”
do aquecimento global é desviar a atenção de outra ameaça ambiental igualmente grave e cujas
conseqüências se farão sentir mais cedo: o esgotamento dos recursos naturais do planeta. (…)
(SOUZA, Okky de. Todo mundo quer ajudar a refrescar o planeta. Revista Veja, Editora Abril, ed. 2003, ano 40, n. 14, p. 100, 11
abr. 2007)

6. A relação semântica que a palavra “escalada” (linha 8) confere ao contexto é de:


a) expansão desenfreada.
b) aumento gradual.
c) aumento controlado.
d) controle efetivo.
e) crescimento controlado.

7. Acerca da expressão destacada em cada um dos trechos abaixo, analise os itens e marque
o que contém a informação CORRETA.
I. “Todo mundo quer ajudar a refrescar o planeta” (Título do texto)
II. “Em todo o mundo, a possibilidade de ocorrerem catástrofes…” (linha 05)
Em I, a expressão equivale, semanticamente, a “no mundo inteiro” e, em II, a
“qualquer” (pessoa).
a) Em ambas as ocorrências, as expressões equivalem, semanticamente, a “qualquer”.
b) Em ambas as ocorrências, as expressões traduzem ideia de totalidade.
c) Em I, a expressão equivale, semanticamente, a “qualquer” (pessoa) e, em II, a “no
mundo inteiro”.
d) Em ambas as ocorrências, as expressões traduzem ideia de completude.
TEORIA: INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 5

8. Considerando as ideias apresentadas no texto, é CORRETO afirmar que:


a) não há a menor dúvida de que as ações nocivas do homem sobre a natureza são
responsáveis pelo efeito estufa.
b) além do aquecimento global, há várias outras ameaças ambientais sobre as quais os
órgãos governamentais não demonstram qualquer preocupação.
c) o aquecimento global, nos últimos tempos, tem sido um tema amplamente discutido,
e isso favorece a conscientização dos povos sobre os riscos aos quais a humanidade
está exposta.
d) as consequências do aquecimento global devem ser vistas como um problema de
responsabilidade exclusiva dos governantes.
e) o efeito estufa, ameaça iminente ao homem, na atualidade, é o primeiro de que se
tem notícia na história da humanidade.

GABARITO
1. C
2. A
3. C
4. D
5. E
6. A
7. D
8. C

TEORIA: INTERPRETAÇÃO DE TEXTO


A Compreensão (ou Intelecção) baseia-se em coletar dados do texto, ou seja: analisar o que
realmente está escrito.
Exemplos de enunciados de questões de compreensão de texto, encontrados em questões
de concursos:
Segundo o texto, está correta…
De acordo com o texto, está incorreta…
Tendo em vista o texto, está incorreta…
A partir do texto, é certo…
O autor afirma que…
ͫ Interpretação de textos
A Interpretação consiste em saber o que se infere, isto é: o que se conclui, o que se depreende,
o que se deduz, o que se pressupõe do que está escrito.
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Os enunciados das questões de interpretação em concurso normalmente podem ser apresen-


tados com os seguintes comandos:
O texto possibilita o entendimento de que…
Com apoio no texto, infere-se que…
Pretende o texto mostrar que o leitor…
O texto possibilita deduzir que…
ͫ Erros comuns na análise das questões de textos:
ͫ Extrapolação – é o fato de fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que não está
escrito. Muitas vezes são fatos reais, mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater
somente ao que está relatado.
ͫ Redução – é o fato de valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua totalidade.
Deixa-se de considerar o texto como um todo para se ater apenas à parte dele.
ͫ Contradição – é o fato de se entender justamente o contrário do que está escrito. É bom
que se tome cuidado com algumas palavras, como: pode, deve, não, verbo ser etc.
ͫ Outros conceitos importantes:
ͫ Coerência
É responsável pelos sentidos do texto, diz respeito ao nexo entre as ideias e entre os conceitos.
É esse nexo que permite que uma sequência de frases possa ser reconhecida como texto. Está ligada
à compreensão, à possibilidade de interpretação do sentido global do texto.
ͫ Coesão
É a forma – isto é: a manifestação linguística da coerência, a expressão do nexo no plano
linguístico. A coesão é responsável pela unidade formal do texto e é construída por meio de meca-
nismos gramaticais e lexicais.
ͫ Tipos de coesão
ͫ Coesão referencial: Utilizam-se elementos, como pronomes e expressões adverbiais, que
evitam a repetição de termos já mencionados no texto, quando se fizer nova referência.
Exemplo: Você viu Juliana por aí? Ela disse que vinha para casa após a aula.
ͫ Coesão sequencial: É estabelecida a coesão com o uso de conectivos e ordenadores
sequenciais, sendo utilizadas conjunções e locuções conjuntivas, que dão continuidade
aos assuntos, estabelecendo uma sequência e relação com aquilo que já foi dito. Exemplo:
Nasci em Minas Gerais, logo sou mineira.
ͫ Coesão lexical: São utilizados elementos coesivos, tais como palavras sinônimas, apostos,
coletivos, repetições, dentre outros, que permitem a manutenção do tema sem repetições
de termos. Exemplo: Ela perdeu as chaves na porta de casa. O molho caiu quando ela
entrava no táxi.
ͫ Coesão por elipse: Dá-se com a omissão de elementos antes mencionados, desde que
facilmente identificáveis. Exemplo: Meu pai é engenheiro; minha mãe, professora. (Verbo
ser está implícito na 2ª oração.)
TEORIA: SUBSTANTIVO 7

ͫ Coesão por substituição: São utilizadas palavras ou termos que retomam referências já
feitas. Há, porém, neste caso, uma nova definição da retomada, sem haver correspondên-
cia total a ela. Exemplo: Juliana pediu sorvete de creme, Guilherme pediu um de flocos.

TEORIA: SUBSTANTIVO
ͫ Conceito: designa os seres, nomeando-os. É uma classe de palavras variável, podendo,
portanto, ser flexionada.
ͫ Flexões:
» Gênero: masculino x feminino
» Número: singular x plural
» Grau: aumentativo x diminutivo
ͫ Função sintática: NÚCLEO!
Analise o período a seguir:
O aluno foi aprovado.
SUJEITO
Qual o sujeito dessa frase?
Para definir isso, faz-se a primeira pergunta para o verbo.
Quem foi aprovado? O aluno (sujeito).
Qual a função sintática do substantivo ALUNO? Núcleo.
Parabenizei o aluno.
OBJETO DIRETO
Quem parabenizei o aluno? Eu (sujeito desinencial).
O verbo PARABENIZAR é transitivo direto, isto é: exige complemento verbal despreposicionado
(objeto direto). Logo, nesse período, o elemento O ALUNO é objeto direto, pois completa o sentido
do verbo. Contudo o substantivo ALUNO é NÚCLEO do objeto direto.
ATENÇÃO!!
1º) Pode-se afirmar que o substantivo ALUNO exerce a mesma função sintática em ambas as
orações? SIM!
Em ambas as orações, ALUNO exerce a função de NÚCLEO.
2º) Pode-se afirmar que a expressão O ALUNO exerce a mesma função em ambas as orações?
NÃO!
A expressão O ALUNO exerce a função de sujeito na primeira oração e de objeto direto na
segunda oração.
ͫ Subclassificação do substantivo:
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ABSTRATO: Não apresenta existência própria,


CONCRETO: Apresenta existência própria,
dependendo de outro substantivo para exist-
não dependendo de outro substantivo para
ir. Não pode ser visualizado mentalmente.
existir. Pode ser visualizado mentalmente.
Exemplo: Amor, necessidade, o olhar etc.
Exemplo: Fada, árvore etc.
(sentimento, estado, ação).

PRÓPRIO: Designa um indivíduo de um con-


junto, particularizando-o, individualizando-o.
Pode ou não ser antecedido de artigo.
COMUM: Designa qualquer elemento de um Exemplo: Renata, Juliana, Ricardo, Henrique,
conjunto, atendo-se à espécie. Exemplo: Ca- Guilherme etc.
deira, carro etc. A Renata é professora e advogada.
Renata é professora e advogada.
(Ambas as orações estão corretas, dado que o
artigo é facultativo.)

COMPOSTO: Formado pela união de duas ou


SIMPLES: Formado por uma palavra. Exemplo:
mais palavras.
Salário, família, água etc.
Exemplo: Salário-família, aguardente etc.

PRIMITIVO: É a base de formação de outras


DERIVADO: Formado a partir do primitivo.
palavras.
Exemplo: Cadeirante, cidadania etc.
Exemplo: Cadeira, cidadão etc.

COLETIVO: Pressupõe o agrupamento de out-


ros substantivos. Designa um conjunto.
Exemplo: cardume, arquipélago, constelação
etc.

ͫ Flexões do substantivo:
» Gênero: O gênero é uma classificação gramatical, não existindo correspondência
necessária entre gênero masculino e sexo masculino ou entre gênero feminino e
sexo feminino.
» – Biforme: Aluno, aluna, professor, professora, presidente, presidenta etc.
» – Uniforme: A/o dentista, a/o indígena, a/o presidente, a testemunha, a vítima, o
cônjuge etc.
No caso do substantivo uniforme, os três primeiros são considerados comuns de dois gêne-
ros, ao passo que os três últimos são sobrecomuns. Os substantivos que designam animais são os
epicenos, que possuem uma só forma para o feminino e para o masculino. A distinção de gênero
é marcada pelos adjetivos macho e fêmea.
TEORIA: SUBSTANTIVO 9

Exemplo: Cobra macho – cobra fêmea, jacaré macho – jacaré fêmea, onça macho – onça
fêmea etc.
Alguns substantivos diferenciam o masculino do feminino por meio de um radical distinto para
cada gênero. São chamados de heterônimo.
Exemplo: Boi – vaca, cavalheiro – amazona, cavalheiro – dama, compadre – comadre, homem
– mulher, pai – mãe, padrinho – madrinha, zangão – abelha etc.
» Número:
» – Singular
» – Plural
ͫ Formação do plural:
Plural dos substantivos simples:
» Substantivos terminados em vogal ou ditongo fazem o plural com o acréscimo de
um S.
» Exemplo: cama – camas, relógio – relógios.
» Substantivos terminados em ÃO tônico são pluralizados de três formas:
– ãos: chãos, cristãos, pagãos, órgãos, cidadãos.
– ões: falcão – falcões, espião – espiões, leão – leões.
– ães: cão – cães, pão – pães, escrivão – escrivães.
Alguns substantivos terminados em ão admitem mais de um plural.
Exemplo: vilão – vilãos – vilões – vilães, sultão – sultãos – sultões – sultães, corrimão – corri-
mãos – corrimões, refrão – refrões – refrães, anão – anãos – anões, ancião – anciões – anciães etc.
» Substantivos terminados em L:
Quando precedidos de A, E, O, U (al, el, ol, ul), acrescenta-se IS, retirando-se o L.
Exemplo: Canal – canais, metal – metais, pastel – pastéis, anel – anéis, anzol – anzóis, sol –
sóis etc.
Exceção: Mal – males, cônsul – cônsules, aval – avais ou avales, mel – méis ou meles, fel – féis
ou feles.
» Substantivos terminados em L, precedidos de I (il), apresentam duas regras:
Nas oxítonas, o acréscimo do S provoca a queda do I.
Exemplo: barril – barris, anil – anis, funil – funis, esmeril – esmeris etc.
Nas paroxítonas, o acréscimo do S transforma o IL em EIS.
Exemplo: fóssil – fósseis.
Observação: réptil e projétil podem também ser pronunciados como oxítonos, por isso admi-
tem duas formas de plural: répteis ou reptis, projéteis ou projetis.
» Substantivos terminados em M fazem o plural com o acréscimo de S, havendo uma
alteração gráfica de M para N.
» Exemplo: Jovem – jovens, homem – homens, álbum – álbuns, item – itens etc.
» Exceção: O substantivo totem admite dois plurais, que são totens ou tótemes.
» Substantivos terminados em N fazem o plural com o acréscimo de S.
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» Exemplo: hífen – hifens, pólen – polens.


Observação: Cânon apresenta cânones como plural.
Há dois registros dicionarizados para: Abdome – abdomes ou abdômen – abdomens; germe
– germes ou gérmen – germens; espécime – espécimes ou espécimen – espécimens.
» Substantivos terminados em R, S ou Z fazem o plural acrescentando es.
» Exemplo: Colher – colheres, pomar – pomares, assessor – assessores, deus – deuses,
giz – gizes, raiz – raízes.
Observação: Fica invariável a palavra não oxítona terminada em S.
Exemplo: O ônibus – os ônibus, o lápis – os lápis.
» Substantivos terminados em X são invariáveis.
» Exemplo: O tórax – os tórax.
» Plural com metafonia: Há certos substantivos em que a vogal tônica Ô (fechada)
transforma-se em Ó (aberta) na passagem para o plural. Essa alteração do timbre da
vogal se chama metafonia, por isso é dito que tais plurais são feitos por metafonia.
» Exemplo: Ovo – ovos, avô – avós, porco – porcos, osso – ossos, miolo – miolos.
» Plural com deslocamento da sílaba tônica: certos substantivos, na passagem para o
plural, deslocam o acento tônico de uma vogal para outra.
» Exemplo: Caráter (A tônico) – caracteres (E tônico).
» Substantivos pluralizados: Certos substantivos só ocorrem no plural.
» Exemplo: Férias, exéquias, costas, núpcias, víveres, pêsames, afazeres, idos.
Plural de substantivos compostos:
» Variam ambos os elementos:
1º) Substantivo + substantivo: cirurgiões-dentistas, editores-chefes, decretos-leis etc.
2º) Substantivo + adjetivo (vice-versa): cachorros-quentes, longas-metragens etc.
3º) Numeral + substantivo: segundas-feiras, primeiros-ministros etc.
» Varia somente o primeiro elemento:
1º) Substantivo + substantivo: células-tronco, salários-família, palavras-chave, peixes-espada
etc.
2º) Substantivo + preposição + substantivo: pés de moleque, pães de queijo etc.
ATENÇÃO!! Como diferenciar as regras de plural quando se trata de substantivo composto
formado por SUBSTANTIVO + SUBSTANTIVO? Variam ambos ou só o primeiro?
Para definir o plural, questiona-se se ambos os substantivos têm a mesma importância semân-
tica no composto. Por exemplo: Em peixe-espada, é peixe ou espada? Espada. Em salário-família,
é salário ou família? Família. Em cirurgião-dentista, é cirurgião ou dentista? Tanto cirurgião quanto
dentista, logo ambos os substantivos são pluralizados. Outra técnica é pressupor a relação entre os
dois substantivos, sendo coordenativa (em que se explicitará a conjunção E) ou subordinativa (em
que não se explicitará a conjunção E). Exemplo: cirurgião-dentista (cirurgião e dentista), editor-chefe
(editor e chefe); salário-família (não é possível pressupor salário e família), peixe-espada (não é
possível pressupor peixe e espada).
» Varia somente o segundo elemento:
1º) verbo + substantivo: quebra-molas, para-raios etc.
TEORIA: SUBSTANTIVO 11

2º) palavras repetidas: reco-recos, pisca-piscas etc.


3º) advérbio + adjetivo: alto-falantes, abaixo – assinados etc.
Pergunta típica em provas: Pode-se afirmar que GUARDA-NOTURNO e GUARDA-ROUPA sejam
compostos pluralizados segundo a mesma regra? NÃO!
Em GUARDA-NOTURNO, tem-se substantivo + adjetivo, logo ambos os elementos são plura-
lizados: GUARDAS-NOTURNOS.
Em GUARDA-ROUPA, tem-se verbo + substantivo, então só o segundo elemento é pluralizado:
GUARDA-ROUPAS.
» Grau: É a categoria que serve para indicar, no substantivo, proporção maior ou menor
em relação a um ponto de referência considerado normal.
» Exemplo:
casarão – aumentativo
casa – normal
casinha –diminutivo
» Processo sintético: Acrescentam-se à forma normal sufixos que indicam diminutivo
e aumentativo.
» Exemplo:
menino + inho = menininho
menino + ão = meninão
» Processo analítico: Acrescentam-se à forma normal adjetivos que indicam diminui-
ção ou aumento.
» Exemplo:
menino – menino pequeno
menino – menino grande
Há vários sufixos indicadores de grau na Língua Portuguesa:
» Grau diminutivo:
acho: rio – riacho
ebre: casa – casebre
ejo: lugar – lugarejo
eta: sala – saleta
inho: livro – livrinho
isco: chuva – chuvisco
ulo: globo – glóbulo
» Grau aumentativo:
aça: barca – barcaça
ão: cachorro – cachorrão
arra: boca – bocarra
az: prato – pratarraz
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ázio: copo – copázio


ona: mulher – mulherona
uça: dente – dentuça
» Observação: Plural de alguns diminutivos.
flor – florzinha – florezinhas
anel – naelzinho – aneizinhos
O plural do diminutivo de substantivos cujo plural termina em -es dá-se da seguinte forma:
FLOR – FLORES – FLOREZINHAS
Veja que primeiro se pluraliza o substantivo, depois suprime-se o S, para em seguida acres-
centar o sufixo de diminutivo.

TEORIA: ADJETIVO
ͫ Conceito: Modifica um substantivo, atribuindo a ele uma característica ou uma qualidade.
Restringe a significação do substantivo.
ͫ Analise os períodos a seguir:
O amor engrandece. (Sujeito: O amor)
O amor materno engrandece. (Sujeito: O amor materno)
Essas duas orações são semanticamente distintas, pois em “amor materno” o adjetivo não
somente caracteriza o substantivo AMOR, mas restringe a sua significação.
O adjetivo é um elemento de extrema importância textual, pois ele faz muito mais do que
qualificar ou caracterizar o substantivo. Muitas vezes é ele quem define a significação do substantivo.
O adjetivo pode ser classificado como:
» Restritivo: Quando particulariza um subconjunto dentro de um conjunto de seres.
Exemplo: Fogo azul.
» Explicativo: Quando não particulariza um subconjunto dentro de um conjunto. Exem-
plo: fogo quente.
» Pátrio: Designa nacionalidade, procedência, origem da pessoa ou coisa representada
pelo substantivo a que se refere.
» Exemplo: Povo português, clima belo-horizontino, música brasileira, comida mineira
etc.
ͫ Flexões:
» Gênero: feminino x masculino
» Número: singular x plural
» Grau: comparativo x superlativo
ͫ Locução adjetiva: É o desdobramento do adjetivo, é uma expressão preposicionada que
cumpre o papel do adjetivo.
O amor de mãe engrandece. (Locução adjetiva: de mãe)
TEORIA: ADJETIVO 13

É possível afirmar que para toda locução adjetiva há um adjetivo correspondente? NÃO!
Exemplo: De mãe – materno; de pai – paterno; de irmão – fraterno; da chuva – pluvial; do
rio – fluvial; do Atlético – atleticano; da Polícia Federal –?
O amor de mãe e o de pai são incondicionais. (Locuções adjetivas: de mãe e de pai)
Os alunos da Polícia Federal estão se preparando com antecedência. (Locução adjetiva: da
Polícia Federal)
Percebe-se que na primeira oração, as locuções de mãe e de pai apresentam adjetivos cor-
respondentes, ao passo que, na segunda, a locução da Polícia Federal não apresenta adjetivo
correspondente.
ͫ Funções sintáticas:
» Adjunto adnominal – O aluno nervoso fez a prova. (Quem fez a prova? O aluno
nervoso)
» Predicativo do sujeito – O aluno fez a prova nervoso. (Quem fez a prova? O aluno)
» Predicativo do objeto – Achei o aluno nervoso. (Quem achei o aluno nervoso? Eu)
ATENÇÃO!!
Quando o adjetivo está “junto + junto + junto do substantivo”, ele tende a exercer a função
de adjunto adnominal. Estando longe do substantivo ao qual se refere, será predicativo do sujeito
(exemplos 1 e 2).
O predicativo do objeto é um adjetivo que se refere ao objeto modificando a estrutura, isso
por se tratar de termo integrante. Para perceber essa modificação, reescreve-se a oração sem o
adjetivo. Exemplo:
Achei o aluno nervoso. X Achei o aluno.
(Considerei o aluno nervoso) X (Encontrei o aluno)
Percebe-se que o elemento definidor da interpretação de ambas as estruturas é o adjetivo,
logo, nessa situação, ele exerce a função de predicativo do objeto. Exemplo:
Comprei uma gramática nova. X Comprei uma gramática.
Em ambas as estruturas, a interpretação do verbo COMPRAR se mantém a mesma, isto é,
“troca mediante preço”. Não se evidencia, nesse exemplo, a mudança semântica que se percebeu
no exemplo anterior, dessa forma o adjetivo exerce a função de adjunto adnominal.
ͫ Flexões do adjetivo:
» Gênero:
» Biforme: Nervoso, nervosa, belo, bela etc.
» Uniforme: Gentil, inteligente, útil, grande etc.
» Número: Singular x plural
Plural de adjetivos compostos:
Comprei duas blusas verde-claras.
Comprei duas blusas verde-musgo.
No adjetivo composto, o primeiro elemento é invariável. O segundo elemento só variará se
for um adjetivo; sendo um substantivo, mantém-se invariável. Dessa forma:
ADJETIVO + ADJETIVO
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invariável variável
ADJETIVO + SUBSTANTIVO
invariável invariável
Outros exemplos:
contextos histórico-culturais
medidas político-administrativas
teorias socrático-platônicas
Observação: São invariáveis os adjetivos compostos azul-marinho (blusas azul-marinho), furta-
-cor (tecidos furta-cor) e ultravioleta (raios ultravioleta). O adjetivo composto surdo-mudo apresenta
os dois elementos variáveis (crianças surdas-mudas, bebês surdos-mudos).
ATENÇÃO!! Não confunda as terminologias: ADJETIVO, LOCUÇÃO ADJETIVA e ADJETIVO
COMPOSTO!!!
Adjetivo é a classe; locução adjetiva é o desdobramento da classe, isto é: é a expressão que
cumpre o papel da classe e o adjetivo composto é aquele formado por duas ou mais palavras.
» Grau:
» Comparativo: Comparam-se dois substantivos ou dois adjetivos.
O professor é mais didático (do) que a professora. (Comparação entre 2 substantivos)
O professor é mais didático (do) que experiente. (Comparação entre 2 adjetivos)
De superioridade: O Pálio é mais econômico do que o Gol.
Comparativo De igualdade: O Pálio é tão econômico quanto o Gol.
De inferioridade: O Pálio é menos econômico do que o Gol.
ATENÇÃO!!
A casa é menor do que o apartamento. (menor = mais pequeno)
Superioridade ou Inferioridade? SUPERIORIDADE.
A casa é mais grande do que arejada. (Comparação entre 2 adjetivos)
Está correto? SIM.
A casa é mais grande do que o apartamento. (Comparação entre 2 substantivos)
Está correto? NÃO. Com correção, tem-se:
A casa é maior do que o apartamento.
Henrique é mais bom do que esperto. (Comparam-se os adjetivos bom e esperto, logo usa-se
a forma analítica.)
Henrique é melhor do que André. (Comparam-se os substantivos Henrique e André, logo
usa-se a forma sintética.)
Observação: O adjetivo pequeno admite a forma analítica em qualquer situação de comparação.
Exemplo: O coelho é mais pequeno do que um gato.
» Superlativo: É a qualidade intensificada. Subdivide-se em:
» Superlativo absoluto: Quando a qualidade é intensificada de forma isolada, sem
haver comparação explícita com outros seres.
» Exemplo:
TEORIA: ADVÉRBIO 15

Gisele é muito bela.


Gisele é belíssima.
O superlativo absoluto pode ser formado pelo processo analítico, em que um advérbio inten-
sifica o adjetivo (1ª frase) ou pelo processo sintético, em que ocorre o acréscimo dos sufixos íssimo,
imo ou érrimo (2ª frase).
» Superlativo relativo: Indica que uma qualidade é atribuída, de forma intensificada,
a um ou vários elementos de um conjunto.
» Exemplo:
Ele foi o mais eficiente de toda a equipe.
Fizeram-lhe os mais sinceros elogios.
Nota-se que o superlativo relativo se diferencia do comparativo de superioridade pela ante-
posição do artigo (o, a, os, as) antes dos advérbios mais ou menos (relativo de superioridade e
superlativo de inferioridade).
» Superlativos eruditos: O superlativo absoluto sintético de muitos adjetivos portu-
gueses é formado pelo acréscimo do sufixo ao radical latino.
» Exemplo:
amargo – amaríssimo negro – nigérrimo
cruel – crudelíssimo nobre – nobilíssimo
doce – dulcíssimo pobre – paupérrimo
feroz – ferocíssimo sagrado – sacratíssimo
livre – libérrimo soberbo – superbíssimo
magro – macérrimo
Observação: O superlativo absoluto sintético de alguns adjetivos é formado por palavras de
outro radical. Exemplo: bom – ótimo, mau – péssimo, grande – máximo, pequeno – mínimo.

TEORIA: ADVÉRBIO
ͫ Conceito: Modifica um verbo, um advérbio, um adjetivo ou uma oração, exprimindo uma
circunstância.
Verbo: Ele dirige mal. (Advérbio de modo.)
Advérbio Advérbio: Ele dirige mal demais. (Advérbio de modo, advérbio de intensidade.)
Adjetivo: Ele é muito imprudente. (Advérbio de intensidade.)
ͫ Flexões: Não varia em gênero nem em número, permanecendo no masculino-singular.
MASCULINO SINGULAR
MACHO SOLTEIRÃO
Analise o período abaixo:
Aquela cerveja desce redonda.
16

Percebe-se que essa oração apresenta erro gramatical, pois o advérbio é “macho –solteirão”,
o que significa dizer que é uma palavra que não pode ser flexionada no feminino nem no plural.
Logo, com correção gramatical, a oração deve ser reescrita como:
Aquela cerveja desce redondo. (Redondo: advérbio de modo.)
ͫ Locução Adverbial: É uma expressão que cumpre o papel do advérbio, exprimindo
circunstância.
ATENÇÃO! A locução adverbial, da mesma forma que a locução adjetiva, é um desdobramento
da classe, isto é, é uma expressão que cumpre o papel da classe.
Estamos em Belo Horizonte. (Locução adverbial de lugar.)
Fez calor de manhã. (Locução adverbial de tempo.)
O detendo saiu da prisão com o agente penitenciário. (Loc.adv.de lugar/loc.adv.companhia.)
A noiva cortou o bolo com a faca. (Locução adverbial de instrumento.)
ͫ Circunstâncias:
» Tempo: hoje, amanhã, agora, nunca, jamais etc.
» Modo: lentamente, mal, bem etc.
» Lugar: aqui, lá, acolá etc.
» Intensidade: mais, menos, muito, demais etc.
» Dúvida: talvez, provavelmente, acaso, porventura etc.
» Afirmação: certamente, mesmo etc.
» Negação: não etc.
ATENÇÃO! São inúmeras circunstâncias e há variação quanto ao número delas de autor para
autor. Logo esse rol é meramente exemplificativo.
ͫ Função sintática: adjunto adverbial.
ATENÇÃO! Tanto o advérbio quanto a locução adverbial exercem a função sintática de adjunto
adverbial!
FORMAÇÃO DE ADVÉRBIO TERMINADO COM O SUFIXO -mente:
Infelizmente, o professor não virá. (infeliz + mente)
O cidadão vai livre e espontaneamente às urnas. (livre + mente; espontâneo + mente)
O aluno chegou calma e lentamente à sala de aula. (calmo + mente; lento + mente)
Na enumeração de dois ou mais advérbios terminados em -MENTE, usa-se deixar o sufixo
expresso somente no último advérbio!!
Analise os períodos abaixo:
O aluno chegou silenciosamente.
O aluno chegou em silêncio.
O aluno chegou sem fazer barulho.
ATENÇÃO!
Uma palavra (advérbio), uma expressão (locução adverbial) ou uma oração (oração subordinada
adverbial) podem exprimir circunstância.
TEORIA: PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 17

Nessas três orações, a palavra, a expressão e a oração em destaque exprimem a circunstância


de modo.
ͫ Palavras denotativas: certas palavras, apesar de apresentarem forma semelhante à do
advérbio, não são consideradas como tais. Por isso, são classificadas à parte, como pala-
vras denotativas, que servem para indicar:
» Inclusão: Inclusive a professora fará a prova da Polícia Federal.
» Exclusão: Todos, menos eu, farão a prova.
» Situação: Então a professora chegou-se até a porta e chamou os alunos.
» Retificação: Os candidatos, aliás alguns candidatos, fazem questões de gramática
em provas.
» Designação: Eis que encontro um aluno fora de sala no horário da aula.
» Realce: Sabe-se lá quantas questões de gramática cairão na prova?
» Explicação: Fizeram a prova 45 alunos, isto é, a sala toda.

TEORIA: PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS


ͫ COMPOSIÇÃO
» Por justaposição: Couve-flor, salário-família, passatempo, girassol…
» Por aglutinação: Aguardente (água+ardente), planalto (plano+alto), fidalgo (filho+-
de+algo), vinagre (vinho+acre).
ͫ DERIVAÇÃO
» Por prefixação: Colocação de prefixo.
» Exemplo: Desleal, concidadão etc.
» Por sufixação: Colocação de sufixo.
» Exemplo: Lealdade, cidadania etc.
» Parassintética: É a colocação simultânea de ambos os afixos.
» Exemplo: Emudecer, apodrecer etc.
» Regressiva: É a retirada de elementos finais de uma palavra. Forma substantivos
abstratos.
» Exemplo: Amparo (amparar), ajuda (ajudar), luta (lutar) etc.
» Imprópria: Caracterizada pela manutenção do vocábulo, com a troca da sua classi-
ficação, isto é, é a troca de classes.
» Exemplo:
O rapaz é alto. (alto = adjetivo)
O rapaz fala alto. (alto = advérbio)
ͫ HIBRIDISMO: Os elementos que constituem o vocábulo são oriundos de diferentes línguas.
ͫ Exemplo: Abreugrafia (português+grego), automóvel (grego+latim), sambódromo
(africano+grego).
18

ͫ ONOMATOPEIA: A onomatopeia é a formação da palavra que se dá pela assimilação do


som, ou seja, é uma palavra imitativa.
O tique-taque do relógio me incomoda.

TEORIA: PRONOME
ͫ Conceito: É a classe que, sem significado próprio ou fixo, acompanha ou substitui o sub-
stantivo, representando uma das pessoas do discurso.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, responde pela prática de vários
crimes. Ele alegou, em sua defesa, que não cometeu nenhum crime e que não tem outras fontes
de renda que não sejam declaradas.
Quantos são os pronomes desse trecho? 6
Quantos acompanham o substantivo? 4 (elementos com setas)
Quantos substituem o substantivo? 2 (elementos sublinhados)
» Pronome adjetivo: Acompanha o substantivo. → adjunto adnominal
» Pronome substantivo: Substitui o substantivo. → núcleo
ͫ Flexões:
» Gênero: masculino x feminino.
» Número: singular x plural.
» Pessoa: 1ª, 2ª, 3ª.
ͫ ANÁLISE DO DISCURSO (Ato da fala):
» Emissor: quem fala → 1ª pessoa.
» Interlocutor/receptor: com quem se fala → 2ª pessoa.
» Mensagem/assunto: de quem se fala ou do que se fala → 3ª pessoa.
Categorias pronominais:
– pronome pessoal
– pronome de tratamento
– pronome possessivo
– pronome relativo
– pronome indefinido
– pronome demonstrativo
– pronome interrogativo

PRONOME PESSOAL
ͫ Pronome pessoal: Acompanha ou substitui o substantivo, representando uma das pes-
soas do discurso.
PRONOME PESSOAL 19

» Pronome pessoal reto: substitui o sujeito das orações.


» Pronome pessoal oblíquo: substitui os complementos das orações.
A partir de agora, faz-se uma segunda pergunta para o verbo, a qual visa à identificação do
complemento da oração, isto é, do objeto direto ou do objeto indireto.
Verbo transitivo (VT): Apresenta sentido incompleto, necessitando de complemento.
O que é, então, complemento?
Complemento é um termo que completa sentido e é indispensável em caso de verbo transi-
tivo (VT), podendo este ser VTD ou VTI. Em caso de VTD, o complemento se chama complemento
verbal despreposicionado (OBJETO DIRETO), e, no caso de VTI, complemento verbal preposicionado
(OBJETO INDIRETO).
Analise o período:
A professora parabenizou o aluno.
Quem parabenizou o aluno? A professora (SUJEITO).
Quem parabeniza, parabeniza alguém. A professora parabenizou quem? O aluno (OBJETO
DIRETO).
Quais pronomes pessoais substituirão o sujeito e o complemento dessa oração?
ELA – pronome reto – substitui o sujeito.
O – pronome oblíquo átono – substitui o objeto direto.
Ela parabenizou-o.
Ela o parabenizou.

PRONOMES PESSOAIS
RETOS OBLÍQUOS

ÀTONOS TÔNICOS
1ª EU ME MIM/COMIGO
2ª TU TE TI/CONTIGO
3ª ELE/ELA SE/O/A/LHE SI/CONSIGO/ELE/ELA
1ª NÓS NOS NÓS/CONOSCO
2ª VÓS VOS VÓS/CONVOSCO
SI/CONSIGO/ELES/
3ª ELES/ELAS SE/OS/AS/LHES
ELAS
Os pronomes átonos
não são antecedidos
de preposição. Se São sempre comple-
Os pronomes retos exercem a função de sujei-
exercerem função de mentos e antecedidos
to e são sempre despreposicionados.
O.I. ou C.N., a prep- de preposição.
osição permanece
implícita.
» Regras de substituição (funções sintáticas exercidas pelos pronomes átonos):
O/A→ substituem o objeto direto (VTD).
20

LHE→ substitui o objeto indireto (VTI).


Analise o período a seguir:
O motorista desobedeceu ao policial.
Sujeito: o motorista.
Objeto indireto: ao policial.
Logo, substituindo-se os termos, tem-se a seguinte estrutura:
Ele desobedeceu-lhe.
Ele lhe desobedeceu.
ATENÇÃO! Define-se o tipo de complemento verbal pela transitividade do verbo. Nessa frase, o
verbo desobedecer é VTI, isto é: exige uma preposição, que no caso é A: obedecer a/desobedecer a.
O motorista desobedeceu ao sinal vermelho.
Sujeito: o motorista.
Objeto indireto: ao sinal vermelho.
Logo, substituindo-se os termos, tem-se a seguinte estrutura:
*Ele desobedeceu a ele. (Para evitar problemas de ambiguidade – que não são o foco agora
–, não se substituirá o sujeito dessa oração.)
Portanto:
O motorista desobedeceu a ele.
Sujeito: o motorista.
Objeto indireto: a ele.
Nessa oração, a substituição do objeto indireto pelo pronome átono LHE é controversa, pois,
segundo alguns gramáticos, o LHE só substitui o objeto indireto que seja pessoa. Dessa forma,
substitui-se, normalmente, o objeto indireto dessa oração, que é “coisa”, pelo pronome tônico
correspondente que é ELE/ELA (LHE = a ele/a ela). Algumas organizadoras não se atêm a isso,
admitindo o LHE substituindo pessoa ou coisa.
ATENÇÃO! O pronome LHE pode exercer outras funções além do complemento verbal despre-
posicionado (OBJETO INDIRETO).
Para definir a função do LHE, analisa-se o verbo. Ele dá as informações necessárias sobre a
relação do LHE com os demais termos da oração, definindo, assim, a sua função sintática.
ͫ Outras funções do pronome oblíquo átono LHE:
» o.i. (VTI);
» adjunto adnominal (indica posse de algum substantivo);
» complemento nominal (completa o sentido de um adjetivo).
Amo-lhe o jeito.
Sujeito: eu (implícito).
O jeito: objeto direto.
Lhe: adjunto adnominal.
Estou-lhe grata.
Sujeito: eu (implícito).
PRONOME PESSOAL 21

Grata: predicativo do sujeito.


Lhe: complemento nominal.
Dicas!
Se o verbo for VTI e o LHE se relacionar diretamente com ele, o pronome átono será OBJETO
INDIRETO.
Se o verbo for VTD, VI ou VL, isso já é uma pista de que o LHE não se relaciona com ele, pois
o pronome átono LHE só se relaciona com o VTI! Nesse caso, busca-se relacioná-lo com algum
substantivo. Se der, o LHE indicará posse, logo será ADJUNTO ADNOMINAL.
Relacionando-se com um adjetivo, ele completará o sentido desse adjetivo, assim será COM-
PLEMENTO NOMINAL.
» Quando os átonos O/A se tornam LO/LA ou NO/NA?
Caso os átonos O/A se posicionem após - r, - s ou - z, esses fonemas são suprimidos e os
átonos são reescritos como LO/LA. Se posicionados após som anasalado (-ão,-õe,-am, em etc.),
reescrevem-se como NO/NA.
Exemplo:
Vou fazer a próxima prova da PF.
(Prova da PF = objeto direto, logo substitui-se pelo átono A): Vou fazê-la.
Fiz a última prova da PF.
(Prova da PF = objeto direto, logo substitui-se pelo átono A): Fi-la.
Os alunos fizeram muitos exercícios.
(Muitos exercícios = objeto direto, logo substituído por OS): Os alunos fizeram-nos.
ͫ Demais pronomes átonos: ME, TE, NOS, VOS:
Os livros guiavam-me. (Guiar: VTD)
Sujeito: os livros.
Objeto direto: me.
Os filhos não vos obedecem. (Obedecer: VTI-a)
Sujeito: os filhos.
Objeto indireto: vos.
Calaram-te o violão (Calar: VTD)
Sujeito: indeterminado.
Objeto direto: o violão.
Adjunto adnominal: te.
Os vizinhos nos estão gratos. (Estar: VL)
Sujeito: os vizinhos.
Predicativo do sujeito: gratos.
Complemento nominal: nos.
SE: PRONOME REFLEXIVO X PRONOME RECÍPROCO
Exemplo:
22

A atriz atribuiu-se muito valor. (SE = pronome reflexivo)


Eles se abraçaram emocionados. (SE = pronome recíproco)
Observações:
» Entre mim e ti: os pronomes EU e TU não podem vir regidos de preposição.
Errado: Nada há entre eu e tu.
Correto: Nada há entre mim e ti.
Errado: O réu estava entre eu e o juiz.
Correto: O réu estava entre mim e o juiz.
» Para eu X para mim:
Exemplo: Para mim estudar a gramática é sempre difícil.
Essa frase está certa ou errada? Certa!
Nessa construção, o pronome oblíquo MIM não é o sujeito do verbo estudar. Houve apenas
uma inversão na ordem natural da frase, que, na ordem direta, seria:
Estudar a gramática é sempre difícil para mim.
Para deixar clara a função de complemento da expressão para mim, recomenda-se separá-la
do verbo por vírgula (mas ela não tem caráter obrigatório!).
Empreste a gramática para eu estudar.
Em frases desse tipo, a preposição PARA não está regendo o pronome pessoal reto EU, que é
o sujeito do verbo estudar.
» Pronomes átonos (me, te, se, o, a, nos, vos, os, as) exercendo função de sujeito:
Excepcionalmente, pronomes átonos podem exercer função de sujeito. Isso ocorre com os ver-
bos: deixar, fazer, mandar, ver, ouvir e sentir (verbos causativos e sensitivos: defama vos) seguidos
de um verbo no infinitivo. Nesse caso, os pronomes átonos serão o sujeito do infinitivo. Exemplo:
Fizeram-me falar. (= Fizeram que eu falasse.)
Deixe-os entrar. (= Deixe que eles entrem.)
» Ela gosta de si mesma X Ela gosta dela mesma:
Os pronomes oblíquos tônicos SI e CONSIGO só podem funcionar como reflexivos. Dessa forma,
o uso reflexivo dos pronomes tônicos ELE/ELA é gramaticalmente incorreto. Exemplo:
Os políticos só pensam nele mesmos. (Errado)
Ela atribuiu a ela mesma muito valor. (Errado)
O professor só se importava com ele próprio. (Errado)
Os políticos só pensam em si mesmos. (Correto)
Ela atribuiu a si mesma muito valor. (Correto)
O professor só se importava consigo. (Correto)
» Com nós, com vós X conosco, convosco:
Quando os pronomes oblíquos tônicos NÓS e VÓS são combinados com a preposição COM
numa expressão, é necessário especificar o que pode ocorrer com o uso dos termos OUTROS,
TODOS, MESMOS ou com o uso de numerais. Caso haja a contração com a preposição COM, usam-se
CONOSCO e CONVOSCO sem especificadores.
PRONOME DE TRATAMENTO 23

Exemplo:
Deixaram o recado com nós mesmos. = Deixaram o recado conosco.
Deixaram o recado com nós. (Errado)

PRONOME DE TRATAMENTO
ͫ Conceito: Usado para indicar o interlocutor, mas exige o verbo e demais pronomes na 3ª
pessoa. O pronome de tratamento apresenta comportamento gramatical de 3ª pessoa.
ͫ Esses pronomes devem vir precedidos de vossa quando se fala diretamente com a pessoa
representada pelo pronome e por sua quando se fala dessa pessoa.
ͫ Exemplo:
Vossa Excelência e seus assessores irão a Belo Horizonte.
Sua Excelência e seus assessores irão a Belo Horizonte.

PRONOME ABREVIATURA EMPREGO


Vossa Alteza V.A. príncipes, duques
Vossa Eminência V. Em.ª cardeais
Vossa Magnificência V. Mag.ª reitores de universidades
Vossa Reverendíssima V. Rev.ª sacerdotes em geral
Vossa Santidade V.S. papas
Vossa Senhoria V. S.ª funcionários graduados
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
altas autoridades e
Vossa Excelência V. Ex.ª
oficiais-generais
No Brasil, os pronomes: você, senhor, senhora são muito usados na linguagem coloquial. Você
e você passaram a substituir os pronomes TU e VÓS.

PRONOME POSSESSIVO
ͫ Conceito: associa a ideia de posse às pessoas do discurso. Concorda em gênero e
número com a coisa possuída e em pessoa com o possuidor.

NÚMERO PESSOA PRONOMES POSSESSIVOS


singular 1ª meu, minha, meus, minhas
singular 2ª teu, tua, teus, tuas
singular 3ª seu, sua, seus, suas
plural 1ª nosso, nossa, nossos, nossas
plural 2ª vosso, vossa, vossos, vossas
plural 3ª seu, sua, seus, suas
Analise as seguintes estruturas:
24

Trouxe minhas fotos. X Trouxe fotos minhas.


A troca da posição do pronome possessivo acarretou alteração semântica, o que é muito
comum.
Na primeira frase, pressupõe-se que as fotos pertençam ao emissor. Na segunda frase, pres-
supõe-se que o emissor esteja nas fotos, ou seja, a imagem do emissor está nas fotos.
ATENÇÃO!
O artigo é facultativo antes de pronome adjetivo possessivo. Logo seriam corretas, sem cogitar
alteração de sentido, ambas as estruturas a seguir:
Trouxe minhas fotos.
Trouxe as minhas fotos.
ͫ O PRONOME POSSESSIVO E A AMBIGUIDADE TEXTUAL
Muitas vezes o emprego do pronome possessivo pode surtir ambiguidade textual, que consiste
em deixar uma frase com mais de um sentido.
Exemplo:
Júlio, vi Henrique e a sua irmã!
De quem é a irmã? De Júlio ou de Henrique? Não se sabe ao certo, pois essa oração é ambígua.
Como sanar essa ambiguidade, tornando a informação mais clara?
Júlio, vi Henrique e tua irmã.
Júlio, vi Henrique e a irmã dele.
Dica! Use os pronomes possessivos SEU e SUA com parcimônia, assim a chance de ocorrer
ambiguidade é menor. Logo, para se manter a ideia de posse, substitua esses pronomes possessivos
por outros elementos que podem também indicar posse, a saber:
Pronome oblíquo átono: Amo-lhe o jeito.
Pronome oblíquo tônico: Amo o jeito dele (a).
Algumas locuções adjetivas: Amor de mãe;
Pronome relativo: Cujo.
Observações:
» Quando o pronome possessivo SEU vem anteposto a nomes próprios, ele deixa de
ser possessivo, assumindo o papel de pronome de tratamento, pois é uma alteração
fonética de SENHOR.
» Exemplo:
Seu Júlio completou 60 anos em 2013. (seu = senhor)
» Quando modifica mais de um substantivo, o pronome possessivo concorda com o
mais próximo.
» Exemplo:
Peço sua colaboração e apoio.
PRONOME RELATIVO 25

PRONOME RELATIVO
ͫ Conceito: Substitui ou retoma o termo antecedente, unindo duas orações em um único
período.
ͫ Exemplo: que, qual, quem, onde, cujo, quanto.
ͫ Todo pronome relativo inicia oração subordinada adjetiva. Analise os exemplos:
Encontrei o aluno. O aluno foi aprovado.
Encontrei o aluno que foi aprovado.
O pronome relativo QUE retoma o substantivo aluno, unindo as duas orações em um único
período.
O homem provou que supera limites.
Esse QUE é pronome relativo? NÃO!!
Trata-se de conjunção integrante!
Muito cuidado, pois se faz muito esse tipo de abordagem em prova, isto é: afirma-se que o QUE
seja pronome relativo, mas, na verdade, apresenta na oração em que se insere outra classificação.
Esse “fenômeno” é a derivação imprópria, ou seja, a troca de classes.
retoma pessoa, coisa ou lugar.
QUE pode ser substituído por: o qual, a qual, os quais, as quais.
pode surtir ambiguidade textual.
O candidato/que persiste/passa.
(O pronome relativo QUE retoma candidato, que é pessoa, e pode ser substituído por: O QUAL)
A prova/que alguns alunos farão/será realizada em breve.
(O pronome relativo QUE retoma prova, que é coisa, e pode ser substituído por: A QUAL)
A cidade/em que moro/é populosa.
(O pronome relativo QUE retoma cidade, que é lugar, e pode ser substituído por: NA QUAL –
em + a qual)
A equipe/de que faço parte/é muito qualificada.
(O pronome relativo QUE retoma equipe, que é “pessoa”, e pode ser substituído por: DA
QUAL – de + a qual)
ATENÇÃO!! Todo e qualquer pronome relativo inicia a chamada oração subordinada adjetiva,
que é cobrada em todas as provas de concurso. Logo, no período em que há pronome relativo, há
duas orações: ORAÇÃO PRINCIPAL + ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA.
A oração adjetiva pode vir intercalada na oração principal ou finalizando o período após a
oração principal. Essa análise é muito simples, bastando identificar o pronome relativo para marcar
o início da oração adjetiva e pela coerência (ou nexo) percebe-se o fim dessa oração. Para destacar
isso nos exemplos abaixo, separaram-se as orações com barras.
Exemplo:
A cidade/que é a capital de Minas Gerais/é Belo Horizonte.
A capital de Minas Gerais é Belo Horizonte/que é uma cidade muito agradável.
26

ATENÇÃO!! Se o verbo ou uma expressão da oração subordinada adjetiva exigir preposição,


essa preposição fica antes do pronome relativo. Razão pela qual nos exemplos 3 e 4 há preposições
antes do relativo, formando EM QUE ou DE QUE:
A cidade/ em que moro/ é populosa. (Quem mora, mora EM algum lugar.)
A equipe/ de que faço parte/ é muito qualificada. (Quem faz parte, faz parte DE alguma coisa.)
O QUAL
A QUAL Variam em gênero e número.
OS QUAIS Retomam pessoa, coisa ou lugar.
AS QUAIS
Observação: Esses pronomes relativos têm o mesmo emprego que o pronome relativo QUE.
O candidato/o qual persiste/passa.
A prova/a qual alguns alunos farão/será realizada em breve.
A cidade/na qual moro/é populosa.
A equipe/da qual faço parte/é muito qualificada.
ONDE: Retoma lugar físico, espaço geográfico. Pode ser substituído por: em que, no qual, na
qual, nos quais, nas quais.
A Constituição onde se destacava o coronelismo era a de 1891.
(Nessa oração, o pronome relativo ONDE está mal empregado, devendo ser substituído por:
EM QUE ou NA QUAL)
O tribunal onde os curiosos permaneciam ficava cheio o dia todo.
(Nessa oração, o pronome relativo ONDE está bem empregado, podendo também ser subs-
tituído por EM QUE ou NO QUAL)
ONDE X AONDE X DE ONDE
A rua onde moro é movimentada.
(ONDE pode ser substituído por EM QUE ou NA QUAL.)
A rua aonde vou é movimentada.
(AONDE pode ser substituído por A QUE ou À QUAL.)
A rua de onde venho é movimentada.
(DE ONDE pode ser substituído por DE QUE ou DA QUAL.)
ATENÇÃO!! A diferença na utilização desses pronomes relativos decorre do verbo empregado
na oração subordinada adjetiva. Se o verbo exigir a preposição EM, usa-se ONDE; exigindo A, usa-se
AONDE; exigindo DE, usa-se DE ONDE (ou a forma arcaica DONDE).
CUJO: Permanece entre dois substantivos, estabelecendo uma ideia de posse, concordando
em gênero e número com o substantivo posterior. Pode ser substituído por: do qual, da qual, dos
quais e das quais.
A turma cujo professor faltou foi liberada.
o professor da turma
O professor de cujas ideias eu discordava aposentou-se.
as ideias do professor
PRONOME INDEFINIDO 27

O professor com cujas ideias eu concordava aposentou-se.


as ideias do professor
Segue-se, nessas orações, a mesma linha de raciocínio que se vem adotando ao longo do estudo
dos pronomes relativos: se o verbo ou alguma expressão da oração adjetiva exigir preposição, essa
preposição ficará antes do pronome relativo.
QUEM: Retoma pessoa ou pronome pessoal, pode ser substituído por: que, o qual, a qual, os
quais, as quais.
O homem com quem ela se casou é policial.
(Pronome relativo QUEM retomando o substantivo homem, podendo ser substituído por:
com que ou com o qual.)
Fui eu quem elaborei o material.
(Pronome relativo QUEM retomando pronome pessoal reto EU, podendo ser substituído por:
que.)
QUANTO
QUANTA Retomam pronome indefinido.
QUANTOS Podem ser substituídos por: QUE.
QUANTAS
O advogado trouxe tudo quanto pôde. (que)

PRONOME INDEFINIDO
ͫ Conceito: Refere-se de maneira vaga, imprecisa a elementos de terceira pessoa.
ͫ Exemplo: algo, algum(a), bastante, cada, certo(a), demais, mais, menos, muito(a), nada,
ninguém, nenhum(a), qualquer (quaisquer), quem, outro(a), outrem, tudo, todo(a), vári-
o(a), vários(as) etc.
Muitos alunos fizeram a prova. Vários foram aprovados.
Percebe-se que não se define quantos alunos fizeram a prova nem quais passaram, isso porque
o pronome indefinido traz uma informação inexata, imprecisa.
O pronome indefinido pode ser cobrado em vários tipos de questões. Uma delas é a que
envolve a derivação imprópria. A seguir alguns exemplos:
Pron. ind.: Os peritos encontraram alguma pista. (positivo)
ALGUM(A)
Adj.: Os peritos encontraram pista alguma. (negativo)
Pron. ind.: Os brasileiros pagam bastantes tributos. (bastante = muito)
BASTANTE Adj.: Juliana comeu doces bastantes na festa. (bastante = suficiente)
Adv.: O aluno estudou bastante para a prova. (advérbio de intensidade)
Pron. ind.: Toda criança tem direito à educação básica. (toda = qualquer)
TODO Adj.: O professor conhece a legislação tributária toda. (toda = inteira)
Adv.: O gato da professora está todo sujo. (advérbio de intensidade)
28

Observações:
» cada X cada um:
O pronome indefinido CADA não deve ser usado desacompanhado de substantivo ou numeral.
Exemplo:
Os livros custaram setenta reais cada. (Errado)
Os livros custaram setenta reais cada um. (Correto)
» tudo o que X tudo que:
As duas formas estão corretas.
Exemplo:
Diz tudo o que pensa.
Diz tudo que pensa.

PRONOME DEMONSTRATIVO
ͫ Conceito: Demonstra, aponta a posição de um ente, tomando, espaço, tempo e contexto
como referência.
ͫ Exemplo: este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, o, a, os, as etc.
NOÇÃO ESPACIAL
» Este, esta, isto: apontam algo próximo do emissor.
» Esse, essa, isso: apontam algo próximo do interlocutor (ou receptor).
» Aquele, aquela, aquilo: apontam algo distante de ambos.
Exemplo:
Henrique, esta blusa é minha!
COM QUEM A BLUSA ESTÁ?
a) Com Henrique.
b) Com o interlocutor.
c) Com o emissor.
d) Com nenhum deles.
Resposta: C.
NOÇÃO TEMPORAL
» Este, esta, isto: situam um fato no presente:
Nesta semana, tem feito frio em BH.
» Esse, essa, isso: situam um fato no passado ou futuro próximos:
Nesse fim de semana, o Atlético jogará pelo Campeonato Brasileiro.
» Aquele, aquela, aquilo: referem-se a um fato em um tempo remoto:
Aquele ano de 54 saiu do Catete e entrou para a história.
PRONOME DEMONSTRATIVO 29

NOÇÃO CONTEXTUAL
» Este, esta, isto: apresentam uma informação não dada, não mencionada. Tal recurso
é um desdobramento da coesão referencial, sendo denominado CATÁFORA.
» Exemplo:
Esta oração contém erro gramatical: Enviarei-lhes os exercícios.
» Esse, essa, isso: retomam uma informação dada ou prestada. Tal recurso é também
um desdobramento da coesão referencial, sendo denominado ANÁFORA.
» Exemplo:
» Enviarei-lhes os exercícios. Essa oração contém erro gramatical.
ͫ Outros demonstrativos: o, a, os, as
» O = aquele, aquilo, isso.
O que persiste passa. (Aquele que persiste passa.)
O que disse causou polêmica. Sugiro não fazê-lo mais. (Aquilo que disse causou polêmica.
Sugiro não fazer isso mais.)
» A = aquela.
A questão a que me referi não foi a que anularam. (A questão a que me referi não foi aquela
que anularam.)
» OS = aqueles.
Os que persistem passam. (Aqueles que persistem passam.)
» AS = aquelas.
As que farão prova de aptidão física devem treinar barra e abdominal. (Aquelas que farão
prova de aptidão física devem treinar barra e abdominal.)
ͫ O uso do demonstrativo na retomada de elementos enumerados
Paris e Miami são cidades turísticas. Esta é a cidade das compras e aquela das luzes.
Júlio e Ricardo são meus irmãos. Este é o mais novo e aquele o mais velho.
Nesse tipo de estrutura, em que elementos enumerados são retomados, usam-se ESTE/ESTA
para retomar o elemento citado por último (ou mais próximo), ao passo que AQUELE/AQUELA são
usados para retomar o primeiro elemento citado (ou mais distante). Essas estruturas, que retomam
os elementos enumerados, são denominadas APOSTO DISTRIBUTIVO.
Observações:
» Mesmo e próprio:
Mesmo e próprio são pronomes demonstrativos quando designam um termo idêntico a outro
que já ocorreu anteriormente no discurso. São também usados como reforço dos pronomes pessoais.
Exemplo:
As condições contratuais não se alteram: são sempre as mesmas.
Eu mesma redigi o contrato.
ATENÇÃO!! Não se empregam MESMO/MESMA com o valor de pronome pessoal. Nesse caso,
usam-se os pronomes pessoais ELE/ELA.
Exemplo:
30

Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo está parado neste andar. (Errado)
Antes de entrar no elevador, verifique se ele está parado neste andar. (Correto)
A professora está doente. A mesma não virá. (Errado)
A professora está doente. Ela não virá. (Correto)
» Tal e semelhante:
Como pronomes demonstrativos, TAL e SEMELHANTE retomam elementos de forma análoga
aos demonstrativos ESSE, ESSA, AQUELE, AQUELA.
Exemplo:
Algumas ruas de Belo Horizonte ficaram alagadas por causa da chuva. Tal situação se repete
anualmente.

PRONOME INTERROGATIVO
ͫ Conceito: É usado para formular frases interrogativas diretas (?) ou indiretas (.). A frase
interrogativa direta é sinalizada com ponto de interrogação e a indireta com ponto final.
ͫ Exemplo: Que, quem, qual e quanto.
Quem veio à última aula de gramática? (Pergunta direta.)
Gostaria de saber quem veio à última aula de gramática. (Pergunta indireta.)

ADVÉRBIO INTERROGATIVO
ͫ Conceito: Da mesma forma que o pronome interrogativo, o advérbio interrogativo é usado
para formular frases interrogativas diretas ou indiretas. Contudo, diferentemente daquele,
este, no ato da pergunta, exprime uma circunstância (modo, tempo, lugar ou causa).
ͫ Exemplo: Onde, aonde, como, quando, por que, por quê etc.
Onde você mora? (Lugar)
Gostaria de saber aonde você vai. (Lugar)
Como e quando você chegará a Belo Horizonte? (Modo e tempo)
Por que não vem a Belo Horizonte com mais frequência? (Causa)

TEORIA: SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES – TERMOS


ESSENCIAIS
ͫ SINTAXE: É a relação entre os termos dispostos na estrutura.
Frase: Segmento linguístico dotado de sentido completo que pode ou não apresentar verbo.
Oração: Segmento linguístico que apresenta verbo e nexo (coerência).
TEORIA: SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES – TERMOS ESSENCIAIS 31

Período simples: Apresenta uma oração, chamada oração absoluta.


Período composto: Apresenta duas ou mais orações.
Os termos da oração são:
TERMOS ESSENCIAIS: Constituem a base das orações.
» Sujeito e predicado.
TERMOS INTEGRANTES: Completam, em regra, o sentido dos verbos e dos nomes.
» Complementos verbais (O.D., O.I.).
» Predicativos (do sujeito e do objeto).
» Agente da passiva.
» Complemento nominal.
TERMOS ACESSÓRIOS: Agregam valor à estrutura, acrescentando informações acessórias,
circunstanciais, acidentais e explicativas.
» Adjunto adnominal.
» Adjunto adverbial.
» Aposto explicativo.
» Vocativo.
Observação: O vocativo é um termo à parte, não pertencendo nem ao sujeito nem ao predi-
cado, permanecendo, por essa razão, separado por sinais de pontuação. Por uma questão didática,
deixo-o no rol dos termos acessórios.
ͫ Ordem direta das orações:
Uma frase estará na ordem direta quando seus termos se dispuserem na seguinte ordem:
sujeito + verbo + complementos verbais + adjunto adverbial
Caso essa ordem seja alterada, ocorrerá a chamada ordem indireta ou inversa.
ͫ Termos essenciais:
» Sujeito: é o termo cujo núcleo despreposicionado é responsável pela flexão de
número do verbo.
» Exemplo:
A invenção do 14 BIS foi muito comemorada. (ANAC/2016)
Pode-se afirmar que “14 BIS” seja o núcleo do sujeito?
Não, pois está preposicionado.
O núcleo do sujeito é o substantivo despreposicionado INVENÇÃO, responsável pela flexão
verbo, e o sujeito é A INVENÇÃO DO 14 BIS.
Da morte do velho nasce a vida. (SLU/ BH 2012)
É possível afirmar que a expressão “DA MORTE DO VELHO” seja o sujeito dessa oração?
Não, pois não se identifica o núcleo do sujeito nesse termo.
32

TEORIA: SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES – TERMOS


INTEGRANTES
ͫ Termos integrantes:
» Complementos verbais: completam o sentido de verbos transitivos (VT). Podem ser:
» – Complemento verbal despreposicionado = objeto direto (VTD).
Vi o jogo do Atlético em casa. (o jogo = objeto direto)
» – Complemento verbal preposicionado = objeto indireto (VTI).
Não assisti ao último capítulo da novela. (ao último capítulo da novela = objeto indireto)
» – Objeto direto preposicionado: em muitos casos, o objeto direto poderá vir intro-
duzido por uma preposição, que não é obrigatória, ou seja, não é exigida pelo verbo,
que será VTD. A presença dela justifica-se pela ênfase ou para evitar ambiguidades,
em casos de inversões.
Ao mau amigo não estimo. (ao mau amigo = objeto direto preposicionado)
Amar a Deus sobre todas as coisas (a Deus = objeto direto preposicionado)
Ao cachorro feriu o gato. (ao cachorro = objeto direto preposicionado)
Observação: É possível reescrever as três últimas frases suprimindo a preposição do objeto
direto.
O mau amigo não estimo.
Amar Deus sobre todas as coisas.
O cachorro feriu o gato. (Oração invertida!)
» Predicativos:
» – Do sujeito: termo qualificador presente no predicado, que se refere ao sujeito.
Exemplo:
A atriz cantou o hino embriagada.
A joia era de ouro.
A manifestação popular é um ato de cidadania.
» – Do objeto: termo qualificador, presente no predicado, que se refere ao objeto,
alterando, em regra, a estrutura. É comum aparecer em estruturas que apresentam
os verbos: achar, chamar, nomear, eleger, julgar, tornar etc.
» Exemplo:
Achamos a prova difícil. (a prova = O.D.; difícil = pred.obj.)
Chamaram o professor de incompetente. (o professor = O.D.; de incompetente = pred.obj.)
A mulher deixou o problema claro. (o problema = O.D.; claro = pred.obj.)
TEORIA: SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES – TERMOS ACESSÓRIOS 33

TEORIA: SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES – TERMOS


ACESSÓRIOS
ͫ Termos acessórios:
» Adjunto adnominal:
Os meus dois irmãos compraram várias roupas de grife.
Quantos são os complementos nominais e os adjuntos adnominais dessa oração?
CN = 0.
Adj.Adn.: 5.
ATENÇÃO: Várias palavras podem exercer a função de adjunto adnominal. Para isso, basta
estar próximo do substantivo (junto + junto + junto).
» Adjunto adverbial: É um termo circunstancial.
» Exemplo:
Está muito calor em BH nos últimos anos. (muito = adjunto adverbial de intensidade; em BH
= adj.adv de lugar; nos últimos anos = adj.adv. de tempo)
» Aposto explicativo: Esclarece, explica o termo que o antecede na oração. É pontuado,
cabendo vírgula, travessão, parênteses e dois-pontos.
» Exemplo:
BH, a capital dos mineiros, está intransitável.
O destaque da Copa de 2014 foi a Alemanha, tetracampeã mundial.
Observação: Há outros tipos de aposto.
» Aposto distributivo: Distribui as informações sobre os termos da oração, de maneira
separada, individualizada.
Juliana e Manuela são irmãs. Esta é a mais nova, aquela a mais velha.
» Aposto enumerativo: Enumera elementos constituintes de um termo da oração,
sendo separado por vírgulas.
Júlio, Renata e Ricardo são os filhos de Júlio Maia e Maria Célia.
» Aposto resumidor ou recapitulativo: Resume ou recapitula uma sequência de termos.
Casas, pousadas, sítios, tudo foi levado pela lama em Brumadinho.
» Aposto especificativo: Especifica ou individualiza um termo genérico da oração.
Não é destacado por sinais de pontuação, ficando diretamente ligado ao termo que
especifica ou por meio de uma preposição.
A professora Renata é advogada também.
A avenida Afonso Pena percorre todo o centro da capital mineira.
» Aposto comparativo: Compara um termo da oração com alguma coisa. Destaca-se
com vírgulas.
A filha, uma pequena policial, buscava sozinha soluções para todas as suas investigações.
» Aposto da oração: É a chamada oração subordinada substantiva apositiva.
34

Ricardo disse que não quer mais trabalhar, fato que me preocupou.
» Vocativo: É um chamamento, uma marca de interlocução, vem separado por sinais
de pontuação, normalmente a vírgula.
» Exemplo:
Caras brasileiras e brasileiros, o objetivo do meu governo é o crescimento econômico.
Renata! Eu te amo!
Observação: O vocativo é um termo à parte, não integrando o sujeito nem o predicado. Razão
pela qual apresenta mobilidade, podendo ficar no início, no meio ou no fim da frase.

TEORIA: CONCORDÂNCIA VERBAL


ͫ Casos de concordância verbal:
1°) Concordância com o sujeito simples (regra geral): o verbo concorda em número e pessoa
com o núcleo do sujeito.
Exemplo:
Ocorreram deslizes na partida. (O que ocorreram? DESLIZES. Núcleo: deslizes)
Surgiram novas pistas do crime. (O que surgiram? NOVAS PISTAS DO CRIME. Núcleo: pistas)
2°) Concordância com o sujeito composto:
2.a) sujeito composto anteposto ao verbo (ordem direta): só é admitida a concordância lógica,
isto é, verbo no plural. Ex.:
A lei e a doutrina são fontes do Direito.
Observações: Há casos em que, mesmo com o sujeito composto anteposto, o verbo pode ficar
no singular. Destacam-se três situações:
» Quando os núcleos forem sinônimos ou formados de palavras com sentido
aproximado.
» Exemplo:
Júbilo e alegria nos acompanha sempre.
» Quando os núcleos se dispuserem em gradação.
» Exemplo:
Uma brisa, um vento, um furacão não os assustava.
» Quando os núcleos vierem resumidos por aposto resumitivo (tudo, nada, alguém,
ninguém, cada um etc.).
» Exemplo:
O horário, o clima, o local, tudo nos favorecia.
2.b) Sujeito composto posposto ao verbo (ordem invertida): são admitidas as concordâncias
lógica e atrativa, ou seja, plural e singular.
Exemplo:
São fontes do Direito a lei e a doutrina. (Verbo no plural concordando com LEI e
DOUTRINA.)
TEORIA: CONCORDÂNCIA VERBAL 35

É fonte do Direito a lei e a doutrina. (Verbo no singular concordando com LEI.)


3°) Sujeito composto de pessoas diferentes: o verbo vai para o plural na pessoa gramatical de
número mais baixo, a saber:
» Em caso de 1ª e 2ª pessoas, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural.
» Exemplo:
Eu e tu vamos ao cinema.
» Em caso de 2ª e 3ª pessoas, o verbo vai para a 2ª pessoa do plural.
» Exemplo:
Tu e ela ides ao cinema. (Admite-se também, nesse caso, o verbo na 3ª pessoa do plural.
Exemplo: Tu e ela vão ao cinema.)
» Em caso de 1ª e 3ª pessoas, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural.
» Exemplo:
Eu e ele vamos ao cinema.
4º) Concordância com sujeito que apresenta expressões que sugerem valor aproximado (cerca
de, mais de, menos de etc.): o verbo concorda com a expressão numérica.
Exemplo:
Cerca de doze mil pessoas acompanharam o bloco Chama o Síndico no centro de BH. (Verbo
concordando com a expressão numérica DOZE.)
Mais de 10 mil se concentravam na Praça da Estação. (Verbo concordando com o numeral DEZ.)
Mais de um aluno passou no concurso. (O verbo concorda com o numeral UM.)
ATENÇÃO! Nesse último exemplo, a concordância do verbo não condiz com a interpretação,
pois, embora o verbo esteja no singular, a ideia a ser interpretada é pluralizada).
5º) Concordância com as expressões partitivas (a maioria de, a minoria de, grande parte de,
menor parte de etc.): o verbo concorda com o núcleo ou com o termo que o especifica.
Exemplo:
A maioria dos foliões permanecerá no centro. (Verbo concordando com o NÚCLEO:
maioria.)
A maioria dos foliões permanecerão no centro. (Verbo concordando com o termo especifica-
dor: foliões.)
Observações: Essa regra é válida para sujeito que apresenta substantivo coletivo como núcleo.
Exemplo:
O bando invadiu a aldeia. (só se admite o verbo no singular concordando com o núcleo)
O bando de arruaceiros invadiu a aldeia./O bando de arruaceiros invadiram a aldeia. (o verbo
concorda no singular com o núcleo ou com o termo que o especifica.)
6º) Concordância com as expressões: Alguns de nós, alguns de vós, quais de nós, quais de vós
etc.: o verbo concorda no plural com o núcleo ou com o termo que o especifica.
Exemplo:
Alguns de nós dominam a gramática normativa. (Verbo na 3ªp.pl.concordando com o NÚCLEO.)
36

Alguns de nós dominamos a gramática normativa. (Verbo na 1ªp.pl.concordando com o termo


especificador.)
7º) Concordância com as expressões: Algum de nós, qual de nós, quem de vocês, um deles,
cada um de nós, nenhum de nós etc.: o verbo concorda no singular.
Exemplo:
Qual de vós jogará a primeira pedra? (Verbo concordando na 3ªp.sing. com o núcleo QUAL.)
ATENÇÃO! Só se admite a concordância lógica nesse caso!
Observação: As expressões do sétimo caso de concordância verbal são facilmente formadas
pela união de pronomes indefinido e interrogativo mais qualquer tipo de especificador.
Exemplo:
Qual dos professores de gramática é advogado?
Nenhum dos professores de gramática é advogado.
Cada um dos alunos trará uma gramática na próxima aula.
8º) Concordância com expressões pluralizadas: Se a expressão pluralizada vier antecedida de
artigo, o verbo concorda no plural (concordância lógica); na ausência do artigo, a concordância se
dá no singular (concordância ideológica).
Exemplo:
Os Estados Unidos se recuperaram da crise.
Estados Unidos se recuperou da crise.
Pêsames é difícil.
Os pêsames são difíceis.
Observações: Se a expressão pluralizada for título de obra, admite-se o plural ou o singular,
no último caso, o verbo concorda com um termo implícito (a obra).
Exemplo:
Os Sertões glorificaram a literatura brasileira.
Os Sertões glorificou a literatura brasileira.
9º) Concordância com sujeito cujos núcleos são unidos pelo “ou”: se houver a exclusão, o
verbo concorda no singular, caso contrário, a concordância se dá no plural.
Exemplo:
Belo Horizonte ou Fortaleza são capitais brasileiras.
Belo Horizonte ou Fortaleza é cidade litorânea.
ATENÇÃO: A expectativa diante do OU é que ele seja excludente, porém, pelo contexto, é
possível percebê-lo aditivo, equivalendo ao E (Belo Horizonte e Fortaleza são capitais brasileiras.).
Tal situação depende do conhecimento de mundo das pessoas do discurso.
10º) Concordância dos verbos DAR, SOAR e BATER: Caso não se evidencie o sujeito, o verbo
concorda com a expressão numérica. Evidenciando-se o sujeito, o verbo concorda com o núcleo.
Exemplo:
Bateram dez horas no relógio da igreja.
Bateu dez horas o relógio da igreja. (relógio = núcleo)
TEORIA: CONCORDÂNCIA VERBAL 37

11º) Concordância com o pronome relativo QUE: Se o pronome relativo QUE exercer a função de
sujeito da oração subordinada adjetiva, o verbo dela concorda com o termo retomado pelo relativo.
O candidato/que persiste/passa. (pronome relativo QUE = sujeito)
Os candidatos/que persistem/passam.
ATENÇÃO! A regra de concordância do décimo primeiro caso é bem intuitiva, não havendo muita
dificuldade na escolha pelo singular ou plural do verbo da oração subordinada adjetiva. Contudo,
em provas de concurso, o desdobramento dela, que é análise sintática da oração adjetiva, tende a
ser mais difícil, pois envolve conhecimentos de período composto. É preciso levar em consideração
que nesse caso há duas orações e que se faz a análise sintática delas individualmente. Primeiro,
faz-se a análise sintática da oração principal, para em seguida fazer a análise sintática da oração
subordinada adjetiva (oração iniciada pelo pronome relativo), a fim de identificar a função sintática
do pronome relativo nela.
Exemplo:
O candidato/que persiste/passa.
Oração principal: Quem passa? O candidato.
Oração sub. adjetiva: Quem persiste? Que.
→ Desdobramento do décimo primeiro caso de concordância: funções sintáticas do pronome
relativo QUE:
A gramática/que comprei/é muito acadêmica. (QUE – O.D.)
A gramática/a que o professor se referiu/é muito acadêmica. (QUE – O.I.)
A avenida/em que estamos/é movimentada. (QUE – adjunto adverbial)
O aluno/que faz muitos exercícios/se prepara corretamente. (QUE – sujeito)
12º) Concordância com o pronome relativo QUEM: Se o pronome relativo QUEM exercer a
função de sujeito da oração subordinada adjetiva, o verbo dela poderá concordar com o termo
retomado pelo pronome relativo ou se manter na 3ª p singular, concordando com o próprio QUEM.
Exemplo:
Foram as crianças/quem quebraram o vidro.
Foram as crianças/quem quebrou o vidro.
Fomos nós/quem chamamos a polícia.
Fomos nós/quem chamou a polícia.
13º) Concordância com as expressões UM DOS QUE/UMA DAS QUE: Quando o sujeito de um
verbo da oração subordinada adjetiva for o pronome relativo QUE, nas expressões UM DOS QUE
ou UMA DAS QUE, o verbo vai predominantemente para o plural, mas admite-se a concordância
no singular.
Exemplo:
Ela foi uma das/que mais falaram no debate.
Ela foi uma das/que mais falou no debate.
14º) Concordância com as expressões UM E OUTRO e NEM UM NEM OUTRO: O verbo pode
concordar no singular ou no plural.
Exemplo:
Nem um nem outro concordou com a proposta.
38

Nem um nem outro concordaram com a proposta.


15º) Concordância com a expressão HAJA VISTA: Pode-se mantê-la no plural ou no singular
(nesse segundo caso, ela pode ser seguida pela preposição A).
Exemplo:
Hajam vista as últimas chuvas.
Haja vista as últimas chuvas.
Haja vista às últimas chuvas.
ATENÇÃO! No caso da expressão HAJA VISTA, o segundo elemento (vista) fica sempre invariável,
não existindo, portanto, “haja visto” ou “haja vistos”.
16º) Concordância do verbo SER: O verbo ser pode concordar com o sujeito ou com o predi-
cativo do sujeito.
» Quando o sujeito e o predicativo forem coisas e pertencerem a números diferentes,
o verbo concorda, preferencialmente, com o que está no plural.
» Exemplo:
Sua vida são essas ilusões.
Essas verdades são o segredo.
Observação: Admite-se, porém, a concordância com o elemento que se quer enfatizar.
Exemplo: O mundo é ilusões.
» Quando um dos dois (sujeito ou predicativo) é pessoa, a concordância se faz com
esse elemento. Exemplo: Você é seus pensamentos./Seu orgulho eram os filhos.
» Havendo pronome pessoal, o verbo ser concorda com ele. Exemplo: A professora
sou eu./ Eu sou a professora.
» Nas expressões: É MUITO, É POUCO, É BASTANTE, o verbo ser mantém-se invariá-
vel. Exemplo: Quinze quilos é pouco./Cinco quilômetros é suficiente./Cem reais é
bastante.

TEORIA: CONCORDÂNCIA NOMINAL


ͫ Conceito: É a harmonia que se dá entre os nomes. Os determinantes (artigo, numeral,
adjetivo e pronome) concordam em gênero e número com o substantivo (determinado).
As minhas duas melhores amigas moram no Rio de Janeiro.
ͫ Casos de concordância nominal:
1º) Um adjetivo concordando com dois ou mais substantivos: Para se definir a concordância
do adjetivo, é preciso saber a posição dele em relação ao substantivo.
1.a) Um adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos: Só é admitida a concordância atrativa,
salvo em caso de substantivos próprios, em que se faz a concordância lógica.
Comprei novo dicionário e gramática.
Comprei nova gramática e dicionário.
Os talentosos Marta e Ronaldinho Gaúcho estiveram em BH.
TEORIA: CONCORDÂNCIA NOMINAL 39

1.b) Um adjetivo posposto a dois ou mais substantivos: São admitidas as concordâncias atrativa
e lógica. A lógica dá preferência às flexões de masculino/plural.
Comprei dicionário e gramática nova.
Comprei dicionário e gramática novos. (Deu-se a preferência ao masculino/plural.)
Pago água, aluguel e luz cara.
Pago água, aluguel e luz caros. (Deu-se a preferência ao masculino/plural.)
Pago água e luz cara.
Pago água e luz caras. (Não se deu a preferência ao masculino/plural, pois não há substantivo
masculino que justifique essa primazia.)
2º) Dois ou mais adjetivos concordando com um substantivo:
Ela fala as línguas alemã e inglesa.
Ela fala a língua alemã e a inglesa. (O substantivo LÍNGUA está subentendido.)
Elis leciona os direitos administrativo e eleitoral.
Elis leciona o direito administrativo e o eleitoral. (O substantivo DIREITO está subentendido.)
3º) Concordância do predicativo do sujeito em estruturas que apresentam → SUJEITO + V.L.+
PREDICATIVO DO SUJEITO: Se o núcleo do sujeito vier antecedido de determinante, o predicativo
do sujeito concorda com ele, na ausência do artigo, o predicativo se mantém invariável.
Exemplo:
A entrada de crianças é proibida. (Núcleo ENTRADA precedido de artigo.)
Entrada de crianças é proibido. (Núcleo ENTRADA não precedido de artigo.)
Esta fruta de época é barata. (Núcleo FRUTA precedido de pronome.)
Fruta de época é barato. (Núcleo FRUTA não precedido de pronome.)
4º) Concordância dos termos ANEXO e OBRIGADO: Concordam com o substantivo ao qual se
referem.
Exemplo:
Seguem anexas as cotações de materiais esportivos.
Segue anexo o cronograma do semestre.
Muito obrigada, disse a mulher.
Muito obrigado, disse o homem.
Observação nº 1:
A expressão EM ANEXO permanece invariável.
Exemplo: Seguem, em anexo, as cotações de materiais esportivos./Segue, em anexo, o cro-
nograma do semestre.
Observação nº 2:
As palavras INCLUSO, APENSO, QUITE, MESMO, PRÓPRIO e LESO concordam com o substantivo
ao qual se referem.
Exemplo:
Crime de lesa pátria.
Eu estou quite com meus credores.
40

Elas mesmas falaram.


Observação nº 3:
ALERTA, MENOS e PSEUDO são invariáveis.
Exemplo: Havia menos pessoas na aula de ontem./Os soldados permaneceram alerta.
4º) SÓ x SÓS/A SÓS: Só, quando equivale a somente, é advérbio, logo invariável. Só, equiva-
lendo a sozinho, é adjetivo, então variável. A expressão a sós é invariável.
Exemplo: Só elas discordam do tema./Elas saíram sós./Quero ficar a sós para pensar na vida.
5º) Concordância das expressões O MAIS CLARO POSSÍVEL e OS MAIS CLAROS POSSÍVEIS:
nessas expressões, o elemento possível concorda com o artigo.
Exemplo: Buscava exemplos os mais claros possíveis./Buscava exemplos o mais claros possível.

TEORIA: REGÊNCIA
ͫ Conceito: É o mecanismo que regula as ligações entre um verbo ou nome e seus com-
plementos. É a parte da gramática que estuda a subordinação de um termo da oração a
outro, estabelecendo diferentes relações. Essa subordinação e as várias relações que se
estabelecem entre um termo regente (ou subordinante) e um termo regido (ou subordi-
nado) são indicadas pelas preposições.
» PREPOSIÇÃO: Classe de palavras invariável, que é um elemento de ligação.
» Regência nominal: Quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou
advérbio).
» Exemplo:
Amor a Belo Horizonte
Fanático por Belo Horizonte
Natural de Belo Horizonte
Contente com Belo Horizonte
Essencial para Belo Horizonte
Perto de Belo Horizonte
» Regência verbal: Quando o termo regente é um verbo.
Chegamos a Belo Horizonte.
Moramos em Belo Horizonte.
Gostamos de Belo Horizonte.
Simpatizamos com Belo Horizonte.
Os verbos e as transitividades:
VTD: Não exige preposição.
VTI: Exige preposição.
VL: Não exige preposição.
VI: Alguns exigem preposição*
TEORIA: REGÊNCIA 41

ATENÇÃO! O verbo intransitivo apresenta caráter residual, o que quer dizer que um verbo só
será VI se não for VTD, VTI ou VL. Esse conceito vai de encontro ao que se costuma dizer, que o VI
tem “sentido ou significado completo”, pois nem sempre isso ocorre.
Exemplo:
Moro em Belo Horizonte.
O verbo MORAR é VI, embora não tenha sentido completo. Sem o ADJUNTO ADVERBIAL (em
Belo Horizonte), a oração fica incompleta, levando o interlocutor a rejeitá-la.
A razão de esse verbo ser intransitivo é seu caráter residual, pois um verbo só é VTD se hou-
ver O.D.; VTI se houver O.I.; VL se houver Predicativo do Sujeito. Nessa oração, só há um termo
circunstancial, o que tornou o verbo intransitivo.
Exemplo:
Você agiu bem.
Nessa oração, o verbo AGIR é intransitivo (VI), em que pese não tenha o sentido completo. O
termo bem é um adjunto adverbial de modo. Logo mais uma situação em que o verbo não é VTD,
pois não há O.D.; não é VTI, pois não há O.I. e não é de ligação, pois não há termo qualificador
(predicativo do sujeito).
O domínio correto da regência verbal ou nominal decorre do uso. Cada falante conhece a
regência dos verbos e dos nomes que faz parte do seu repertório. Porém, como todos os domínios
da gramática tradicional, pode ser que haja inadequação em relação ao uso correto, prescrito pela
norma culta. Muitos falantes desconhecem certas regências por elas não ocorrerem no uso popular.
ͫ Alguns casos de regência verbal:
» respeitar/desrespeitar: VTD
O candidato desrespeitou o regulamento do edital.
» obedecer/desobedecer: VTI (a).
O candidato desobedeceu ao regulamento do edital.
» preferir/preterir: VTD ou VTDI (a).
Prefiro água a vinho.
» pagar/perdoar/agradecer: VTD, VTI(a), VTDI(a).
O devedor pagou a dívida.
O devedor pagou ao credor.
O devedor pagou a dívida ao credor.
Observação: No uso desses verbos, o O.D. refere-se a coisa e o O.I. refere-se a pessoa.
» informar/avisar/certificar/cientificar/notificar: VTDI (a) ou VTDI (de/sobre)
Informei o ocorrido ao general.
Informei o general do ocorrido.
Informei o general sobre o ocorrido.
Observação: o verbo comunicar é VTDI(a).
Exemplo: Comuniquei o ocorrido ao general.
» existir/acontecer/ocorrer: VI
Existem divergências teóricas entre os autores.
42

Algo estranho aconteceu.


Ocorreram deslizes na partida.
» ir/chegar: VI (a)
Os atleticanos foram ao Estádio da Independência assistir ao jogo do Galo.
Chego à casa sempre tarde.
Observação: No uso popular, a tendência é empregar o verbo chegar com a preposição em
(chegar em), o que caracteriza erro gramatical.
» caber/competir: VTI (a)
Cabe ao cidadão comum o direito de propor ação popular. (Sujeito: o direito de propor ação
popular.)
Compete ao Poder Legislativo a elaboração das leis. (Sujeito: a elaboração das leis.)
» esquecer/lembrar: VTD x esquecer-se/lembrar-se: VTI (de)
Esqueci a matéria da prova.
Esqueci-me da matéria da prova.
Ele lembrou a regra gramatical.
Ele se lembrou da regra gramatical.
ATENÇÃO! Esquecer-se e lembrar-se são verbos pronominais, isto é, são verbos que vêm
acompanhados de um pronome oblíquo átono da mesma pessoa do sujeito. Não confundir verbo
pronominal com verbo reflexivo. Nos reflexivos, pode-se substituir o pronome SE pelas formas a si
mesmo (a), a si mesmos (as), ao passo que isso não ocorre com o verbo pronominal. No verbo pro-
nominal, o pronome oblíquo átono SE é chamado de PARTE INTEGRANTE DO VERBO PRONOMINAL.
Os verbos pronominais podem ser essencialmente pronominais, isto é, são sempre conjugados
com o auxílio do pronome oblíquo átono: queixar-se (VTI-de), arrepender-se (VTI-de), suicidar-se (VI),
apiedar-se (VTI-com), ater-se (VTI-a), referir-se (VTI-a), abster-se (VTI- de), zangar-se (VTI-com) etc.
Podem ser acidentalmente pronominais, isto é, podem ser flexionados com ou sem o auxílio
do pronome átono: lembrar-se (VTI-de), esquecer-se (VTI-de), debater-se (VTI-com), enganar-se
(VTI-com), tornar-se (VL) etc.
Observação: Há outras construções dos verbos esquecer e lembrar, que são:
Esqueceram-me os fatos passados. (sujeito = os fatos passados; O.I. = me)
Lembraram-te os dias passados. (sujeito = os dias passados; O.I. = te)
Na primeira frase, o verbo esquecer apresenta o sentido de “cair no esquecimento”. É comum,
nesse caso, que o sujeito se refira a coisa e o objeto à pessoa. Na segunda frase, o verbo lembrar
significa “sugerir, trazendo algo à memória” e também apresenta o sujeito referindo-se a coisa e
o objeto à pessoa.
Eu lembro a vocês o compromisso. (O.I. = a vocês; O.D. = o compromisso)
Renata lembrou ao irmão o combinado. (O.I. = ao irmão; O.D. = o combinado)
Nessa frase, o verbo lembrar é VTDI(a) e significa advertir, prevenir ou sugerir.
» simpatizar: VTI (com)
Não simpatizo com essa ideia.
Observação: O verbo simpatizar não é pronominal! A estrutura “Não me simpatizo com essa
ideia.” está, portanto, incorreta.
TEORIA: REGÊNCIA 43

ͫ Outros casos de regência verbal → verbos que alteram o significado conforme alteram
a regência:
» assistir:
→ “ver” – VTI(a)
Não assisti ao último capítulo da novela.
→ “caber/competir” – VTI(a)
Assiste ao Ministério Público a denúncia na ação penal incondicionada.
→ “morar” – VI(em)
Os deputados federais assistem em Brasília.
→ “ajudar/prestar assistência” – VTD
Os policiais rodoviários assistiram as vítimas do acidente.
» aspirar:
→ “almejar/objetivar” – VTI(a)
O candidato aspira a uma carreira estável.
→ “inalar, sorver” – VTD
As vítimas aspiraram a fumaça do incêndio.
» visar:
→ “ter em vista/objetivar” – VTI(a)
O candidato visa a uma carreira estável.
→ “mirar” – VTD
O atirador visou o alvo errado.
→ “assinar/passar visto” – VTD
A gerente visou a autorização do crédito.
Observação: Os verbos assistir no sentido de ver, aspirar no sentido almejar e visar no sentido
de ter em vista, apesar de transitivos indiretos, não admitem o pronome oblíquo átono LHE sendo
o objeto indireto. Nesse caso, usam-se as formas tônicas A ELE, A ELA, A ELES, A ELAS , exercendo
a função de O.I.
» implicar:
→ “acarretar/resultar” – VTD
A briga dos torcedores implicou a prisão de todos.
→ “ter implicância” – VTI(com)
Eles implicam com o nosso jeito de falar.
→ “envolver” – VTDI(em)
Implicaram o parlamentar na delação premiada.
» proceder:
→ “realizar/dar início” – VTI(a)
O delegado procedeu ao inquérito.
→ “ agir” – VI
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Você procedeu mal durante a aula.


→ “ter fundamento” – VI
Seu argumento não procede.
→ “ter origem, provir” – VI(de)
Guimarães Rosa e Carlos Drummond procedem de Minas Gerais.
» custar:
→ “ser custoso, ser difícil” – VTI (a)
Custou ao aluno assimilar a regra gramatical. (sujeito = assimilar a regra gramatical)
Observação: É comum na estrutura anterior o sujeito ser uma oração, isto é, oração subordinada
substantiva subjetiva (sujeito oracional). A frase: “O aluno custou a assimilar a regra gramatical.”,
embora muito usada popularmente, está incorreta.
→ “ter valor de, ter o preço” – VI
Aquela calça custa caro.
→ “acarretar” – VTDI (a)
A elaboração do material custou-me muita dedicação.
» querer:
→ “desejar” – VTD
Ela queria muitas joias.
→ “estimar, gostar” – VTI(a)
Eu quero aos meus amigos.
» precisar:
→ “ter necessidade” – VTI(de)
Precisamos de mais tempo.
→ “marcar com precisão” – VTD
O motorista não precisou o lugar correto.
» chamar:
→ “convocar” – VTD
O professor chamou os alunos para aula.
Observação: Admite-se também com esse sentido o uso da preposição por: O mestre chamou
pelos alunos.
→ “denominar, cognominar” – VTD + predicativo do objeto (com ou sem a preposição de)
VTI(a) + predicativo do objeto (com ou sem a preposição de)
Chamaram o jogador de talentoso. (O.D.= o jogador/ P.O.= de talentoso)
Chamaram o jogador talentoso. (O.D.= o jogador/ P.O.= talentoso)
Chamaram ao jogador de talentoso. (O.I.= ao jogador/ P.O.= de talentoso)
Chamaram ao jogador talentoso. (O.I.= ao jogador/ P.O.= talentoso)
TEORIA: REGÊNCIA 45

ATENÇÃO! Alguns verbos, por força da fala cotidiana e popular, têm sido usados de forma incorreta.
A exemplo disso há o verbo namorar, que tem sido usado como VTI – com (namorar com), mas que
é, segundo o uso formal, VTD. Dessa forma, seguem alguns verbos e as respectivas transitividades:

Verbos transitivos diretos Verbos transitivos indiretos


abraçar
abençoar
acudir
adorar
ajudar
amar
compreender
convidar
caber
cumprimentar
convir
desrespeitar
desobedecer
entender
obedecer
estimar
pertencer
estimular
julgar
namorar
ouvir
prejudicar
respeitar
ver
visitar
Observação: Não é correto dar um único complemento a verbos de regências diferentes. Frases,
como as seguintes, são consideradas incorretas:
Assisti e gostei do filme.
Ele entrou e saiu da mata.
Logo, com correção gramatical, elas devem ser reescritas:
Assisti ao filme e gostei dele. (assistir A x gostar DE)
Ele entrou na floresta e saiu dela. (entrar EM x sair DE)
ͫ Alguns casos de regência nominal: Em relação à regência nominal, não há tantos desen-
contros entre a norma culta e a fala cotidiana, ela apresenta um caráter mais intuitivo.
Atendo-se à própria fala, identifica-se a preposição correta.
» Alheio a, de: Ele está alheio aos problemas da família./Era uma vez um presidente
alheio de tudo que acontecia no país dele.
» Ambicioso de: Ela tem um espírito ambicioso de realizações.
» Análogo a: Um caso concreto análogo aos ditames da lei.
» Ansioso de, para, por: Eu estava ansiosa de ver minha filha./Os alunos estavam
ansiosos para fazer a prova./Sinto-me ansiosa por encontrá-lo.
» Apto a, para: Após o curso de formação, os policiais estão aptos ao trabalho./Con-
sidero-me apta para o cargo de delegada.
» Ávido de, por: Era uma aluno ávido de conhecimento./Pessoas ávidas por dominar.
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» Contemporâneo a, de: Colega contemporâneo ao curso de Letras./Amigo contem-


porâneo do curso de Direito.
» Contíguo a: Sala contígua ao quarto.
» Curioso a, de: Aquele aluno era um exemplo curioso aos professores./Ele era curioso
de tudo.
» Falto de: O atleta caiu falto de energia.
» Imbuído em, de: Ela estava imbuída na realização dos seus sonhos./Estava Imbuída
de boas intenções.
» Incompatível com: O que faz é incompatível com meus valores.
» Inepto para: A professora de gramática é inepta para a matemática.
» Misericordioso com, para com: Era muito misericordiosa com os necessitados./A
esposa foi misericordiosa para com o marido.
» Preferível a: Estar saudável é preferível a estar doente.
» Propenso a, para: Era propensa à advocacia./O policial sempre foi propenso para
o bem.

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