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Curso Ofchan 2023 – Questões objetivas

Professores Adriana Campiti, Larissa de França e Max Braga

Aula 3

Texto I: Diretrizes para a difusão da Língua Portuguesa pelo Brasil no exterior.

Bruno Miranda Zétola

1 Tarefa adicional da diplomacia brasileira, a promoção da língua portuguesa no exterior tem sido
revestida de uma importância cada vez maior. O barômetro Calvet, que busca mensurar a importância relativa
das línguas, aponta para o peso do nosso idioma, bem como de seu expressivo potencial de crescimento.
Trata-se de uma das línguas mais faladas no mundo, com cerca de 250 milhões de falantes, o que coloca o
português entre a 6ª e a 8ª colocação, de acordo com os critérios de mensuração. A língua portuguesa está
também plenamente integrada no mundo digital, ocupando o quinto posto com mais usuários na internet. É a
língua oficial de nove países espalhados por quatro continentes, detendo o oitavo posto entre os PIBs
linguísticos.
2 No contexto da lusofonia, o Brasil responde por cerca de 80% do total de falantes no mundo. A
crescente projeção internacional do Brasil tem levado a um aumento significativo do número de pessoas
interessadas no estudo da língua portuguesa, especialmente na vertente brasileira. O aumento da demanda
pelo estudo do português no mundo deve ser aproveitado como oportunidade de projeção da imagem do país,
de seu turismo e de suas indústrias criativas. Cumpre observar que o ensino do idioma tem também um papel
econômico forte para além das economias criativas, pois gera laços do aprendiz com os países em que a
língua-alvo é falada, os quais se desdobram na aquisição de outros bens desses países, além daqueles
representados pelas indústrias criativas. (...)
3 Nessa direção, vem à tona a invariável pergunta, inúmeras vezes formulada e respondida por
especialistas das mais diversas áreas, dos mais diversos períodos – é a língua determinante para o aspecto
criativo do ser humano? Em um polo, há quem defenda que o aspecto criativo da linguagem é absolutamente
independente e libertário de suas normas, pressupostos e concepções. Em outro polo, há quem defenda um
determinismo da língua sobre essas normas, pressupostos e concepções, considerando-a como um filtro pelo
qual um indivíduo interage em sua realidade. (...)
4 Ao falar-se da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, costuma-se dar mais ênfase ao binômio
língua portuguesa do que ao conceito de comunidade. O termo, aparentemente de fácil compreensão, tem
merecido especial atenção em recentes estudos sobre relações internacionais. Estudiosos apontam que o
conceito de comunidade se estende àquelas nações que, juntas, sem deixar a identidade de cada qual,
compõem uma civilização. Em outras palavras, a comunidade não se constitui a partir de valores abstratos,
mas a partir de tradições, costumes e experiências históricas compartilhadas a partir das nacionalidades, e
não por cima das nacionalidades.

Cadernos de Política Exterior / Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. – v. 5, n. 8 (ago. 2019). – Brasília, DF: FUNAG,
2019.

1. Considerando aspectos relativos à tipologia textual, está correto afirmar que o texto I é:

a) uma resenha, em razão de apresentar a opinião do autor e de constituir-se por meio de linguagem simples
e objetiva;

b) um ensaio acadêmico, devido ao fato de que expõe ideias, críticas, reflexões e impressões pessoais,
realizando uma avaliação sobre determinado tema, no caso, as estratégias para a difusão da língua
portuguesa;

c) dissertativo-argumentativo, pois sua estrutura é dividida em três partes: tese (apresentação), antítese
(desenvolvimento), nova tese (conclusão); além disso, tem por objetivo persuadir o leitor.

d) um artigo de opinião, visto que tem a subjetividade como cerne da linguagem e o objetivo de defender um
ponto de vista sobre determinado tema, sem, necessariamente, precisar de dados, a fim de comprovar as
afirmações feitas pelo autor;
e) um editorial jornalístico, porquanto é um texto opinativo, o qual, embora apresente caráter subjetivo,
também é dotado de certa objetividade.

2. Marque a assertiva em que a reescritura, além de não promover alteração do sentido original,
mantém a correção do excerto.

a) “Ao falar-se da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, costuma-se dar mais ênfase ao binômio
língua portuguesa do que ao conceito de comunidade.” (4º parágrafo) - Ao se falar da Comunidade de Países
de Língua Portuguesa, costuma dar-se mais destaque ao termo língua portuguesa que ao conceito de
comunidade.

b) “Em outras palavras, a comunidade não se constitui a partir de valores abstratos, mas a partir de tradições,
costumes e experiências históricas compartilhadas” (4º parágrafo) - Em contrapartida, a comunidade não se
constitui com base em valores abstratos, mas a partir de tradições, costumes e experiências históricas
compartilhadas.

c) “Cumpre observar que o ensino do idioma tem também um papel econômico forte para além das economias
criativas” (2º parágrafo) – Faz-se necessário observar que o ensino do idioma tem também, um papel
econômico relevante, que ultrapassa as economias criativas.

d) “A língua portuguesa está também plenamente integrada no mundo digital, ocupando o quinto posto com
mais usuários na internet.” (1º parágrafo) – O português, também, encontra-se perfeitamente integrado ao
mundo digital, porque ocupa o quinto posto com mais usuários da internet.

e) “No contexto da lusofonia, o Brasil responde por cerca de 80% do total de falantes no mundo.” (2º parágrafo)
– No que se refere aos países lusófonos, o Brasil é responsável por 80% do total de falantes no mundo.

3. Assinale a alternativa que é caracterizada pela presença de uma construção coloquial em


substituição ao trecho “Em um polo, há quem defenda que o aspecto criativo da linguagem é
absolutamente independente e libertário de suas normas” (3º parágrafo).

a) Em um polo, existe quem defenda que o aspecto criativo da linguagem é absolutamente independente e
libertário de suas normas;

b) Em um polo, têm aqueles que defendem que o aspecto criativo da linguagem é absolutamente
independente e libertário de suas normas;

c) Em um polo, existem aqueles que defendem que o aspecto criativo da linguagem é absolutamente
independente e libertário de suas normas;

d) Em um polo, há aqueles que pensem que o aspecto criativo da linguagem é absolutamente independente
e libertário de suas normas;

e) Em um polo, existe quem pense que o aspecto criativo da linguagem é absolutamente independente e
libertário de suas normas.

4. Assinale a alternativa em que o termo sublinhado coincide, sintaticamente, com o que está
destacado no período “Tarefa adicional da diplomacia brasileira, a promoção da língua portuguesa no
exterior tem sido revestida de uma importância cada vez maior.” (1º parágrafo).

a) “No contexto da lusofonia, o Brasil responde por cerca de 80% do total de falantes no mundo” (2º parágrafo);

b) “Nessa direção, vem à tona a invariável pergunta, inúmeras vezes formulada e respondida por especialistas
das mais diversas áreas” (3º parágrafo);

c) “A língua portuguesa está também plenamente integrada no mundo digital” (1º parágrafo);

d) “O barômetro Calvet, que busca mensurar a importância relativa das línguas, aponta para o peso do nosso
idioma” (1º parágrafo);
e) O aumento da demanda pelo estudo do português no mundo deve ser aproveitado como oportunidade de
projeção da imagem do país

5. Aponte a alternativa em que o excerto transcrito do texto I exemplifica, corretamente, a função da


linguagem indicada:

a) “É a língua oficial de nove países espalhados por quatro continentes, detendo o oitavo posto entre
os PIBs linguísticos.” (1º parágrafo) – função metalinguística;

b) “Nessa direção, vem à tona a invariável pergunta, inúmeras vezes formulada e respondida por
especialistas das mais diversas áreas, dos mais diversos períodos – é a língua determinante para o
aspecto criativo do ser humano?” (3º parágrafo) – função conativa;

c) “O termo, aparentemente de fácil compreensão, tem merecido especial atenção em recentes


estudos sobre relações internacionais.” (4º parágrafo) – função referencial;

d) “Trata-se de uma das línguas mais faladas no mundo, com cerca de 250 milhões de falantes, o que
coloca o português entre a 6ª e a 8ª colocação, de acordo com os critérios de mensuração.” (1º
parágrafo) – função metalinguística;

e) “Cumpre observar que o ensino do idioma tem também um papel econômico forte para além das
economias criativas” (2º parágrafo) – função apelativa.

Texto II: Lusofonia, literatura e mercado


João Melo

1 “Lusofonia” é um conceito ambíguo e gelatinoso, que urge “descomplexificar”, para que possa de
facto ser operacionalizado de acordo e no sentido de materializar as intenções mais generosas que levaram
a colocá-lo no centro da construção da chamada comunidade de países de língua portuguesa. Se isso não
for feito, dificilmente tal comunidade se converterá numa verdadeira comunidade de povos.
2 Assim, os portugueses precisam de despir-se do complexo de superioridade derivado da convicção
de muitos deles de que, supostamente, são os “donos” da nossa língua comum. Talvez careçam, também, de
rever as suas múltiplas origens e reconfigurar a sua identidade, assumindo-se mais como “portugueses” (euro-
árabe-africanos) e menos como “lusitanos”.
3 Os brasileiros, por seu turno, precisam de libertar-se de uma contradição que tem tolhido a sua
vocação para se afirmarem como uma autêntica potência global: a sua tendência natural para olhar apenas
para dentro, como país-continente que é, e, simultaneamente, o complexo de inferioridade das suas classes
dominantes e da sua classe média, que “quer ser americana”, tal como no passado queria ser “francesa”.
4 Arrisco-me a dizer que o Brasil precisa de pensar um projeto de afirmação internacional que passe,
sem se esgotar, pela afirmação de uma lusofonia abrangente. Afinal, o país, além de ser o maior usuário da
língua portuguesa, é também, por exemplo, o que mais tem contribuído para a expansão da mesma na
Internet ou na elaboração de artigos científicos, o que é fundamental para aumentar o seu peso geopolítico.
5 Quanto aos africanos que adotaram o português como língua oficial nos seus países, precisam de
assumir plenamente todas as consequências dessa decisão política, que foi e continua a ser fundamental não
só para a sua unidade, mas também para a sua identidade nacional. Hoje, o português é a língua materna de
milhões de africanos (em Angola, já é a principal língua-mãe). Além da sua única língua de comunicação entre
todos os grupos internos, é a sua primeira língua de comunicação internacional.
6 Desde que os portugueses contactaram (não “descobriram”) pela primeira vez os africanos, a sua
língua foi e continua a ser influenciada, transformada e enriquecida por certas línguas africanas, tornando-se,
por conseguinte, na língua de todos os seus falantes. Os complexos que alguns africanos ainda alimentam
relativamente ao português não tem, pois, o menor sentido.
7 O facto é que a língua portuguesa possui hoje uma comprovada natureza pluricêntrica. Espanta, pois,
que, no dia a dia, muitos não o reconheçam. A professora portuguesa Margarita Correia escreveu no passado
dia 28 de novembro um artigo no Diário de Notícias, publicado em Lisboa, no qual denuncia a discriminação
por razões linguísticas de que são vítimas cidadãos brasileiros em Portugal. Ela cita, entre outros, os casos
de dissertações e teses de alunos brasileiros que são discriminados apesar de possuírem, sublinha ela,
“competências e currículos inatacáveis”.
8 Na verdade – diga-se – a maka [problema] é geral: as incompreensões são mútuas e ocorrem em
todos os contextos onde a nossa língua comum é falada.
9 Não espero grande coisa dos nossos governos para encontrar soluções para esse e outros problemas
e, de facto, materializar a ideia de lusofonia, entendida esta última simplesmente como cooperação ampla e
multiforme entre os povos dos países e outras comunidades de língua portuguesa existentes no mundo.
Acredito mais nas iniciativas dos cidadãos, agentes culturais, empresas e outros atores da sociedade civil. Se
os governos apoiarem essas iniciativas, já será de bom tamanho.
10 A literatura pode ajudar. Para isso, ela precisa de circular. É verdade que as relações (intertextuais?)
entre certos autores de língua portuguesa, no passado ou no presente, são conhecidas, sobretudo dos
especialistas, mas talvez tenha havido uma diminuição da circulação de livros, bem como de jornais e revistas,
entre os nossos países, relativamente a períodos anteriores (até meados do século 20).
11 A verdade é que, atualmente, poucos são os autores portugueses publicados no Brasil e menos ainda
brasileiros editados em Portugal. “Os leitores portugueses não conseguem ler os escritores brasileiros!”, juram
certos editores lusitanos. Por outro lado, os autores portugueses e brasileiros simplesmente não chegam aos
países africanos de língua portuguesa. Mais grave ainda, os autores destes últimos países também não
circulam entre eles. De igual modo, não são comumente publicados quer em Portugal quer no Brasil.
12 “Não há mercado!”, dizem todos. Verdade? Ou será apenas consequência do preconceito cultural e,
principalmente, da falta de visão profissional? Qualquer aprendiz de marketing sabe o que isso significa: “fazer
mercados”, ou seja, criar necessidades novas, atrair consumidores, ir ao encontro deles e outras estratégias.
13 No caso da publicação de autores africanos no Brasil, parece que começa agora a haver um maior
interesse nesse sentido. Eu não tenho dúvidas: num país com a realidade histórica, étnica, antropológica,
sociológica e política do Brasil, há inevitavelmente um grande número de potenciais leitores das literaturas
africanas contemporâneas. O assunto, como todos, deverá ser tratado sob vários ângulos. Prometo fazê-lo
em próximo texto.
Disponível em: https://rascunho.com.br/liberado/lusofonia-literatura-e-mercado/
Parágrafo,

6. De acordo com o texto II, está incorreto afirmar que:

a) os portugueses acreditam que são os donos da língua portuguesa comum aos países lusófonos, o que é
considerado pelo autor uma espécie de complexo de superioridade;

b) para o autor, os complexos que alguns africanos ainda têm em relação aos portugueses deveriam ser
superados, já que a língua portuguesa foi e continua sendo modificada e enriquecida por certas línguas
africanas;

c) os autores dos países africanos de língua portuguesa não chegam a ser lidos entre eles.

d) os brasileiros, diferentemente dos portugueses, precisam livrar-se de seu complexo de inferioridade, a fim
de se afirmarem, definitivamente, como potência global;

e) o autor não acredita que os governos brasileiros promovam a materialização do conceito de lusofonia.

7. Com relação ao sentido da palavra “pluricêntrica”, presente em “O facto é que a língua portuguesa
possui hoje uma comprovada natureza pluricêntrica.”, pode-se afirmar que:

a) a língua portuguesa é falada em todo o mundo;

b) a maioria das pessoas do mundo falam português;

c) o português abrange diversas formas de cultura;

d) o português não é falado se não nas capitais;

e) há muitas maneiras de falar português.

8. Assinale a alternativa em que se evidencie emprego correto de regência usual no Brasil.

a) “Talvez careçam, também, de rever as suas múltiplas origens” (2º parágrafo);

b) “Arrisco-me a dizer que o Brasil precisa de pensar um projeto de afirmação internacional” (4º
parágrafo);

c) “tornando-se, por conseguinte, na língua de todos os seus falantes.” (6º parágrafo);


d) “que as relações (intertextuais?) entre certos autores de língua portuguesa, no passado ou no
presente, são conhecidas, sobretudo dos especialistas” (10º parágrafo);

e) “para que possa de facto ser operacionalizado de acordo e no sentido de materializar as intenções
mais generosas” (1º parágrafo).

9. Marque o item em que a palavra “que” tem a mesma classificação morfossintática que a destacada
em “Lusofonia é um conceito ambíguo e gelatinoso, que urge descomplexificar.” (1º parágrafo).

a) “complexo de superioridade derivado da convicção de muitos deles de que, supostamente, são os “donos”
da nossa língua comum.” (2º parágrafo);

b) “o Brasil precisa de pensar um projeto de afirmação internacional que passe, sem se esgotar, pela
afirmação de uma lusofonia abrangente.” (2º parágrafo);

c) “O facto é que a língua portuguesa possui hoje uma comprovada natureza pluricêntrica.”

d) “é também, por exemplo, o que mais tem contribuído para a expansão da mesma na Internet ou na
elaboração de artigos científicos” (4º parágrafo);

e) “Qualquer aprendiz de marketing sabe o que isso significa” (12º parágrafo);

10. Assinale a alternativa em que a justificativa para a pontuação do trecho extraído do texto II está
incorreta.

a) “num país com a realidade histórica, étnica, antropológica, sociológica e política do Brasil” (13º
parágrafo) – a vírgula separa termos coordenados entre si, no caso, adjuntos adnominais;

b) “Para isso, ela precisa de circular.” (10º parágrafo) – a vírgula separa adjunto adverbial de finalidade
deslocado;

c) “o Brasil precisa de pensar um projeto de afirmação internacional que passe, sem se esgotar, pela
afirmação de uma lusofonia abrangente” (4º parágrafo) – as vírgulas separam oração subordinada
adverbial concessiva reduzida de infinitivo e intercalada;

d) “O assunto, como todos, deverá ser tratado sob vários ângulos.” (13º parágrafo) – as vírgulas isolam
adjunto adverbial de comparação intercalado.

e) “a maka [problema] é geral: as incompreensões são mútuas e ocorrem em todos os contextos” (8º
parágrafo) – os dois-pontos separam um aposto explicativo de seu núcleo.

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