Você está na página 1de 1

Cad C1 Teoria 1serie

20aulas 1bim Portugues

Enviado por rabittiz em Apr 22, 2021

 0 notas · 596 visualizações · 184 páginas


Dados do documento 

Data de envio
Baixar
Apr 22, 2021 
Direitos autorais
© © All Rights Reserved

Formatos disponíveis
PDF, TXT ou leia online no Scribd
PORTUGUÊS: CLASSES
CompartilharGRAMATICAIS
este documentoE DESCRIÇÃO
Fernão de Oliveira,
Módulos autor da primeira
gramática da língua
1 – Origem da Língua Portuguesa portuguesa (1536)
2 – O poder da palavra
3 e 4 – Prática de Redação (1)
5 – Facebook
Substantivo 15 Twitter
e 16 – Prática de Redação (4)
6 – Tipologias textuais: 17 – Adjetivo
Descrever, narrar, dissertar. 18 – Descrição (objetiva e subjetiva)

9 – Artigo

7 e 8 – Prática de Redação (2)

10 – Denotação e conotação
19 – Locução adjetiva
20 – Descrição (dinâmica e estática)
21 – Adjetivo composto
E-mail
11 e 12 – Prática de Redação (3) 22 – Descrição de pessoa
13 – Numeral 23 – Pronomes pessoais, possessivos
14 – Os recursos expressivos e de tratamento
Você considera este documento útil?
na descrição 24 – Exercícios sobre título

Palavras-chave:
Origem da • Latim • Tupi
1 Língua Portuguesa • Nheengatu

A “última flor do Lácio”, assim chamada a língua Apesar das discordâncias entre especialistas sobre
portuguesa por Olavo Bilac, é umas das línguas neolatinas quando exatamente houve a distinção oficial entre os dois
Este conteúdo
— como é ainapropriado?
a espanhola, Denunciar
francesa, a italiana, entre outras estepode-se
idiomas, documento
assinalar a criação do reino de Portugal,
— originadas da expansão do Império Romano. Conforme por D. Afonso Henriques no século XII, como ponto
esse império se expandia e conquistava novos territórios, decisivo para que galego e português se estabelecessem
seus soldados conviviam com a cultura e o idioma locais, como línguas distintas.
influenciando-os e sendo influenciados por eles. Desse Após a expansão ultramarina de Portugal, o idioma
encontro, surgiram novos idiomas que, embora partissem espalhou-se pelo mundo. Atualmente, a maior parte de
de uma base em comum, foram dotados de suas próprias seus falantes encontra-se fora da Europa, visto que o
especificidades. processo de colonização lusitana resultou em 10 países
Com a difusão da cultura romana, o latim chegou à com a língua portuguesa como a oficial, entre eles o
Península Ibérica durante os séculos III e II a.C. e Brasil, que, embora conserve muitas características do
permaneceu após a queda do império de Roma, no século português europeu, apresenta diferenças notáveis em
V d.C. A região que hoje compreende Portugal e Espanha diversos aspectos, semânticos, sintáticos e morfológicos.
manteve-se latinizada, recebendo novas influências após Em terras brasileiras, usou-se, a princípio, a língua
as invasões de povos como os visigodos e árabes, o que geral, nheengatu , como língua franca, oriunda do tupi
originou a língua hoje chamada de galego-português. antigo e utilizada entre colonos e indígenas. No entanto,

PORTUGUÊS 105

Anúncio

com a intensificação do processo de colonização, ela de influências ao português brasileiro, como, por
perdeu cada vez mais espaço para o português, até ser exemplo, as palavras moleque, cachaça e fubá.
proibida por Marquês de Pombal, em 1758. Hoje, a língua Após a abertura dos portos nacionais, em 1808, e
geral é considerada extinta, mas o nheengatu , falado em posterior chegada de imigrantes, por volta de 1880, a
regiões de Brasil, Colômbia e Venezuela, seria uma influência de outros idiomas, como o italiano, foi sensível
evolução natural dessa língua. e acontece ainda hoje. Muitas modificações pelas quais o
Ainda que o português tenha se estabelecido como português brasileiro passou fazem parte de um processo
língua oficial em território nacional, ele recebeu diversas natural de transformação linguística, uma vez que, como
contribuições dos idiomas nativos, como sufixos (-guaçu, língua viva, é natural que receba contribuições e as
um aumentativo; -mirim, um diminutivo) e vocábulos absorva de acordo com a necessidade e identificação de
(abacaxi, caboclo, jacaré etc.). seus falantes.
Ao longo do Período Colonial e por boa parte do Assim, sofrendo influências históricas, o sétimo
Imperial, o Tráfico Negreiro trouxe africanos ao Brasil, idioma mais falado do mundo, a língua portuguesa, é a
como os bantus e os sudaneses. Ainda que língua oficial de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique,
marginalizados pela escravização, suas línguas, como Guiné-Bissau, Macau, Goa, São Tomé e Príncipe,
quimbundo , o quicongo e o umbundo, legaram uma série Timor Leste, Guiné Equatorial e Cabo Verde.

Uma Babel colonial Eram tantas as línguas na bacia amazônica, que o


célebre padre Antônio Vieira, em 1683, escrevia que
“houve quem chamou o rio das Amazonas rio Babel”, o
Desde o momento em que os portugueses
que lhe pareceu pouco “porque na Torre de Babel, como
puseram o pé (e a boca) na Terra Brasilis, eles
diz São Jerônimo, houve somente setenta e duas
depararam com mais de 300 línguas indígenas. O
línguas, e as que se falam no rio das Amazonas são
idioma português travou uma luta de resistência e
tantas e tão diversas, que se lhes não sabe o nome,
assimilação por três séculos, enfrentando culturas,
nem o número”. Do contato entre missionários, índios
dialetos africanos e muitas línguas: francês, holandês,
Tupi missionados e aculturados, e não índios, surgiram
espanhol, latim, inglês, italiano, tupinambá, nheengatu...
as línguas gerais, ou seja, comuns a diferentes grupos,
A evangelização de índios e negros, a política de
tendo como base a língua do tronco Tupi – a língua geral
imposição da língua portuguesa
adotada pela Coroa e o marquês de
Pombal em 1758 e a integração ao
mercado exportador são fatores
decisivos para se entender essa
grande mistura que formou, e forma,
a nossa língua, um dos elementos da
unidade nacional que só conseguiu se
impor às vésperas da Independência,
no século XIX.
De início, os portugueses
encontraram aqui uma verdadeira
Babel indígena. Na costa brasileira e
na bacia dos rios Paraná e Paraguai,
os índios pertenciam ao tronco
linguístico Tupi, que reúne os Guarani
ao sul e os Tupi na costa, que falavam
o Tupinambá ou língua afins, mas não
A litografia de Rugendas mostra a convivência, no início do século XIX, entre pessoas de origem
idênticas. Na região central do Brasil, indígena, africana e europeia no Brasil, sugerindo um cenário de disputas entre diversas línguas
encontravam-se as línguas Macro-jê. durante o processo de colonização. Crédito: Alamy/Fotoarena.

106 PORTUGUÊS

paulista (ou do Sul) e a língua geral amazônica. Ao final regional e de tempo restrito. O espanhol, em São Paulo,
do século XVII, os jesuítas e missionários de outras durante a união das Coroas de Espanha e Portugal (1580
ordens difundiram, na Amazônia, o Tupinambá, falado e 1640), e no Sul, acompanhando os confrontos entre
pelos índios da região que vai do litoral do Maranhão até portugueses e espanhóis em torno da expansão
a foz do Tocantins. O Tupinambá, sob a influência de territorial. Mais secundariamente o francês, no Rio de
outras línguas da área, e da ação dos caboclos, deu Janeiro e no Maranhão, quando se tentou estabelecer
origem ao nheengatu , a língua geral amazônica. as colônias da França Antártica (1555) e da França
E preservar aqui as línguas africanas não foi nada Equinocial (1612), respectivamente. E o holandês, no
fácil: o colonizador português não deu trégua, Nordeste, em Pernambuco e Paraíba, também no
combatendo as línguas e evitando até a concentração século XVII.
de escravos de uma mesma etnia nos navios negreiros O português enfrentou outras línguas concorrentes
e nas propriedades coloniais – uma tática para diminuir nos campos do conhecimento, da religião e da
as resistências dos africanos e descendentes à educação. O latim era a língua dos rituais e livros
escravização. Essa política, a variedade de línguas e as católicos: a missa, o breviário e os cantos eram em
hostilidades que os negros trouxeram dificultaram a latim, tendo os sacerdotes que pronunciá-lo com
formação de núcleos solidários que garantissem a maestria. Os livros eram escritos em latim, a língua culta
retenção do patrimônio cultural africano, incluindo-se aí por excelência, e o seu ensino ganhou destaque na
suas línguas. Só no campo da evangelização houve educação. O latim enraizou-se no universo dos letrados,
maior flexibilidade do colonizador em relação às línguas servindo como modelo, ao lado do espanhol e do
africanas. O mesmo padre Antônio Vieira, em 1691, italiano, para a produção poética. O espanhol era outra
referindo-se à Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, língua erudita. Poetas, como Gregório de Matos,
afirmava que era preciso que os negros fossem escreviam em espanhol, muito valorizado nos círculos
catequizados em suas línguas: “Sendo muito maior, da elite portuguesa de 1600. O padre Vieira, em 1692,
sem comparação, o número dos negros que o dos em carta a Francisco Barreto, cônego e tradutor de seus
índios, assim como os índios são catequizados e escritos, confessava o grande receio que tinha de que,
doutrinados nas suas próprias línguas, assim os negros na língua portuguesa, perdessem a graça e energia da
o são na sua.” E acrescentava que nos colégios dessas castelhana.
localidades havia “operários muito práticos” nas línguas O inglês iniciou sua influência como língua culta em
africanas e “várias escolas das mesmas línguas” no fins do século XVIII.
Brasil, tantas “quanto a variedade delas, e que os Mas como a língua portuguesa conseguiu se impor
religiosos não passavam a outros estudos [...] sem às outras? Os seus avanços variaram no tempo e no
primeiro serem examinados e aprovados” na língua em espaço, a partir de alguns fatores. O primeiro deles foi
questão. Tanto que em 1697 foi impressa pela a vinculação das economias regionais com o mercado
Companhia de Jesus uma Arte da Língua de Angola , internacional e a consequente participação de
feita pelo padre Pedro Dias, do Colégio da Bahia. portugueses e africanos: nas áreas em que houve
Mas nem sempre os negros foram prisioneiros da integração com o mercado externo e maior presença de
diversidade linguística que os dividia e ao longo do portugueses e africanos, a difusão da língua portuguesa
período colonial houve várias tentativas de construção se deu mais rapidamente. Como no Nordeste,
de uma identidade comum entre os escravos: a exportador de açúcar desde meados do século XVI,
formação de quilombos, a realização de revoltas e a onde o português predominava no início de 1600. Já em
organização de batuques e calundus (rituais São Paulo colonial, que permaneceu relativamente à
semelhantes ao candomblé) são evidências disso. Em margem da economia de exportação, com uma menor
Minas Gerais, em algumas casas chefiadas por quantidade de africanos e usando continuamente o
mulheres, danças e batuques – proibidos então – braço escravo indígena, a língua geral difundiu-se por
tiveram guarida e as línguas africanas puderam emergir. todas as camadas sociais, mantendo-se dominante até
Algumas línguas europeias tiveram um domínio metade de 1700. Em Minas Gerais, a eliminação dos

PORTUGUÊS 107

Anúncio

povos e das línguas indígenas foi intensa, em função do Guarani-Espanhol.


desenvolvimento urbano acentuado e da força da Em franco contraste com a visão dos missionários
mineração no conjunto da economia, assentada no uso de valorizar as línguas brasílicas, no reinado de d. José
do escravo africano. Só nas fronteiras das áreas de I, de quem foi ministro poderoso Sebastião José de
colonização houve espaço para as línguas indígenas. Carvalho e Mello, conhecido pelo título de marquês de
Mas os paulistas que foram para Minas encarregaram- Pombal (1750 a 1777), implantou-se uma política de
se de disseminar, pelo menos no princípio, a língua geral imposição da língua portuguesa, surgindo assim o
do Sul, daí a origem indígena de uma série de nomes terceiro fator de difusão do idioma português. Em 1770,
geográficos em Minas Gerais, em Pombal ordenou aos mestres de
Goiás e Mato Grosso. língua latina que, ao receberem seus
A presença de missionários foi Ao contrário dos alunos, os instruíssem previamente,
um segundo fator importante para a missionários, que por seis meses, na língua portuguesa,
difusão da língua portuguesa, ou prestigiavam os idiomas usando a Gramatica portuguesa,
melhor, para a sobrevivência das nativos, o marquês de composta por Antônio José dos Reis
línguas indígenas. No litoral, os
Pombal obrigava o uso Lobato. E no Grão-Pará e Maranhão,
da língua portuguesa
missionários contribuíram para a área em que a nova política de língua
para garantir a
preservação, divulgação e transforma- foi mais incisiva, procurou difundir o
obediência ao monarca
ção do Tupinambá. Como imposição português para legitimar a posse da
da própria evangelização, os jesuítas terra e coibir o uso do nheengatu ,
estudaram o Tupinambá, traduziram cantigas sacras, temido como forma de os missionários controlarem os
produziram gramáticas – a de José de Anchieta, em índios. Esta política de imposição da língua portuguesa
1595, e a do padre Luis Figueira, em 1621. E em 1575, tinha um sentido claro de promover a dominação dos
publicaram traduções do pai-nosso, da ave-maria, do povos e a obediência ao monarca. Segundo um
credo, e trabalharam coletivamente na elaboração de documento oficial da época, “foi máxima
um catecismo, editado em 1618, com o nome inalteravalmente praticada em todas as Nações, que
Catecismo na língua brasílica. José de Anchieta conquistaram novos domínios, introduzir logo nos Povos
elaborou composições na língua Tupinambá e em seus conquistados o seu próprio idioma, por ser indisputável,
autos, encenados em várias partes do país, a língua que este é um dos meios mais eficazes para desterrar
brasílica era pronunciada ao lado do português e do dos Povos rústicos a barbaridade dos seus antigos
espanhol. Ao mesmo tempo, os jesuítas tornaram costumes”.
obrigatório o aprendizado da língua para todos os irmãos
da companhia. O padre Antônio Vieira, em 1672,
LUIZ CARLOS VILLALTA, paulista radicado em Minas Gerais,
registrava, por exemplo, saber “a língua do Maranhão e
nasceu em 1962. É graduado, mestre e doutor em história
a portuguesa”, língua com as quais dizia servir à sua pela USP e leciona na Universidade Federal de Ouro Preto.
“pátria” e ao seu “príncipe”. Na primeira metade do Para o volume Cotidiano e vida privada na América Portuguesa
século XVII, no território controlado pela Espanha, área (Coleção História da Vida Privada no Brasil), escreveu o ensaio
sob a influência do Paraguai, os missionários elaboraram “O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura”.
duas gramáticas do Guarani, a de Alonso de Aragona, e Publicou, no Brasil e no exterior, estudos sobre livros didáticos
a de Antônio Ruiz de Montoya, que também publicou e paradidáticos de história, bem como sobre censura,
um catecismo e dois dicionários, Espanhol-Guarani e bibliotecas e leitura no período colonial.

108 PORTUGUÊS

Junto com este caderno, você recebeu uma gramática da língua portuguesa. Você deve trazê-la para todas as aulas
de gramática, pois aí encontrará conceitos e regras gramaticais.
Desde que você começou a estudar português, aprendeu uma série de concei-
tos e regras gramaticais. Alguns você deve ter memorizado e outros pode ter es-
quecido. Há, ainda, uma série de conceitos e regras que você possivelmente
desconhece. Uns serão estudados no Ensino Médio, outros talvez nem sejam estu-
dados na escola. Justamente por causa do esquecimento, assim como da falta de
tempo para estudar tudo na escola, você deve aprender a consultar uma gramática.
Aliás, dicionário e gramática são dos materiais de consulta mais utilizados por
professores, jornalistas, escritores, enfim, por todos aqueles que trabalham com a
palavra. Quanto mais sabemos a respeito da língua, mais dúvidas temos. E, claro,
maior é a nossa exigência com relação àquilo que produzimos por escrito.
Consultar uma gramática não é difícil. Basta sabermos a nomenclatura comu-
mente usada para agrupar os assuntos.
Nem toda gramática é organizada da mesma maneira. No entanto, alguns
títulos são comuns às diferentes gramáticas, por adotarem a nomenclatura oficial.
Aprendendo a nomenclatura, você saberá utilizar o material.
Observe que a gramática que você recebeu está dividida em quatro grandes
títulos:
A. Fonética, Fonologia e Ortografia – Fonética: estudo dos sons da fala; relaciona-se com a Física; Fonologia: estudo
da função dos sons na língua; é parte da Linguística; Ortografia: parte da gramática que ensina a escrever corretamente
as palavras.
B. Morfologia – estudo do aspecto formal das palavras.
C. Sintaxe – estudo das relações entre palavras e entre conjuntos de palavras (orações). Portanto, é o estudo da
construção gramatical.
D. Pontuação – sistema de sinalização da escrita para indicar pausas, subdivisões e entonação.

Exercícios Resolvidos

(FUND. EDUC. MACHADO SOBRINHO) – Leia atentamente o  Todas as afirmativas abaixo são inadequadas em relação ao tex-
texto a seguir, extraído do livro Alfabetização e Linguística, de Luiz Carlos
to, exceto:
Cagliari.
a) A escola deve ensinar o que se fala, e não o que diz a gramática
normativa.
COMO A FALA FUNCIONA b) Os alunos devem escrever como falam.
c) Os professores de português ensinam coisas inúteis na escola.
Quando se diz que a escola precisa levar em conta a fala, muitos d) A linguagem captada na boca do povo é a verdadeira realização
pensam que isso significa que se deve ensinar os alunos a falarem linguística.
bonito, no estilo em que se escreve. Esse treinamento pode até ser e) A escola deve ensinar os alunos como falar bem.
feito, mas não é isso que os linguistas querem dizer. Resposta: D
Se a escola tem por objetivo ensinar como a língua funciona, deve
incentivar a fala e mostrar como ela funciona . Na verdade, uma  De acordo com A escola, como dissemos antes, gira em torno da
língua vive na fala das pessoas e só aí se realiza plenamente. A escrita escrita e consequentemente a gramática normativa está voltada para
preserva uma língua como um objeto inanimado, fossilizado. A vida de a escrita, mesmo quando tenta abordar questões que só existem na
uma língua está na fala. fala, pode-se concluir que
Muito pouco se conhece da fala portuguesa. E, não raramente, a) a língua ensinada na escola é, muitas vezes, distante da realidade.
têm-se noções erradas a esse respeito. A escola, como dis semos b) a gramática normativa é inútil no dia-a-dia.
antes, gira em torno da escrita e consequentemente a gramática c) a gramática normativa não trata de fatos linguísticos que aparecem
normativa está voltada para a escrita, mesmo quando tenta abordar na linguagem coloquial.
questões que só existem na fala. É preciso ter sempre em mente o d) os professores desconhecem os fatos linguísticos da linguagem
que pertence à fala e o que pertence à escrita. Isso parece óbvio, mas oral, por isso prendem-se à escrita.
a prática tem mostrado que há muita confusão e má compreensão e) a língua ensinada na escola é uma língua morta.
dessas duas realidades da língua. Resposta: A

PORTUGUÊS 109

Anúncio

Exercícios Propostos

Texto para o teste . Texto para o teste .

No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar e HISTÓRIA DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS NO BRASIL
explorar os territórios descobertos, nos quais viviam índios,
que eles queriam cristianizar e usar como força de trabalho. No Brasil, o contato dos colonizadores portugueses com
Os missionários aprendiam os idiomas dos nativos para milhões de falantes de mais de mil línguas autóctones1 e de
catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao longo do tempo, cerca de duzentas línguas que vieram na boca de cerca de
as línguas se influenciaram. O resultado desse processo foi quatro milhões de africanos trazidos para o país como
a formação de uma língua geral, desdobrada em duas escravos é, sem sombra de dúvida, o principal parâmetro
variedades: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao norte. histórico para a contextualização das mudanças linguísticas
Quase todos se comunicavam na língua geral, sendo poucos que afetaram o português brasileiro. E processos como
aqueles que falavam apenas o português. esses não devem ser levados em conta apenas para a
compreensão das diferenças entre as variedades linguísticas
nacionais. O próprio mapeamento das variedades linguísticas
 De acordo com o texto, a língua geral formou- contemporâneas do português europeu e, sobretudo, do
se e consolidou-se no contexto histórico do português brasileiro, tanto no plano diatópico2 quanto no
Brasil-Colônia. Portanto, a formação desse plano diastrático3, depende crucialmente de uma apurada
idioma e suas variedades foi condicionada compreensão do processo histórico de sua formação.
a) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos (LUCCCHESI, D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O português
portugueses. afro-brasileiro. Salvador: EdUFBA, 2009 – adaptado.)
b) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber
Glossário:
linguístico dos índios. Autóctone: nativo de uma região.
c) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas Diatópico: referente à variação de uma mesma língua no plano
precisavam aperfeiçoar-se. regional (país, estado, cidade etc.).
d) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma Diastrático: referente à variação de uma mesma língua em função
nova língua com os portugueses. das diversas classes sociais.
e) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era
anterior à chegada dos portugueses.  Do ponto de vista histórico, as mudanças
RESOLUÇÃO: linguísticas que afetaram o português do
As duas variedades (nheengatu e abanheenga) da língua geral, Brasil têm sua origem no contato dos
adotada pelos índios depois da chegada dos portugueses,
resultaram da distribuição das comunidades pelo norte e pelo sul colonizadores com inúmeras línguas indígenas e africanas.
do território brasileiro, respectivamente. Considerando as reflexões apresentadas no texto, verifica-se
Resposta: E que esse processo, iniciado no começo da colonização, teve
como resultado
a) a aceitação da escravidão, em que seres humanos foram
reduzidos à condição de objeto por seus senhores.
b) a constituição do patrimônio linguístico, uma vez que
representa a identidade nacional do povo brasileiro.
c) o isolamento de um número enorme de índios durante todo
o período da colonização.
d) a separação entre pessoas que desfrutavam bens e outras
que não tinham acesso aos bens de consumo.
e) a supremacia dos colonizadores portugueses, que muito se
empenharam para conquistar os indígenas.
RESOLUÇÃO:
Trata-se de uma questão de interpretação de texto e somente uma
leitura atenciosa bastaria para a resposta correta. O texto se refere
ao papel das línguas africanas e indígenas na formação do
português brasileiro. Assim, podemos depreender que a mistura
de línguas no Brasil contribuiu para a formação da língua nacional
e, assim, tem um papel na constituição de uma identidade
nacional.
Resposta: B

110 PORTUGUÊS

Textos para o teste . Texto para o teste .

TEXTO I A expansão do português no Brasil, as variações


regionais com suas possíveis explicações e as raízes das
ESTRATOS inovações da linguagem estão emergindo por meio do
trabalho de linguistas que estão desenterrando as raízes do
Na passagem de uma língua para outra, algo sempre português brasileiro ao examinar cartas pessoais e
permanece, mesmo que não haja ninguém para se lembrar administrativas, testamentos, relatos de viagens, processos
desse algo. Pois um idioma retém em si mais memórias que judiciais, cartas de leitores e anúncios de jornais desde o
os seus falantes e, como uma chapa mineral marcada por século XVI, coletados em instituições como a Biblioteca
camadas de uma história mais antiga do que aquela dos Nacional e o Arquivo Público do Estado de São Paulo. No
seres viventes, inevitavelmente carrega em si a impressão acervo de documentos que servem para estudos sobre o
das eras pelas quais passou. Se as “línguas são arquivos da português paulista está uma carta de 1807, escrita pelo
história”, elas carecem de livros de registro e catálagos. soldado Manoel Coelho, que teria seduzido a filha de um
Aquilo que contêm pode apenas ser consultado em parte, fazendeiro. Quando soube, o pai da moça, enfurecido, forçou
fornecendo ao pesquisador menos os elementos de uma o rapaz a se casar com ela. O soldado, porém, bateu o pé:
biografia do que um estudo geológico de uma sedimentação “Nem por bem, nem por mar!”, não se casaria. Um linguista
realizada em um período sem começo ou sem fim definido. pesquisador estranhou a citação, já que o fato se passava na
(HELLER-ROAZEN, D. Ecolalias: sobre o esquecimento Vila de São Paulo, mas depois percebeu: “Ele quis dizer ‘nem
das línguas. Campinas: Unicamp, 2010.) por bem, nem por mal!’. O soldado escrevia como falava.
Não se sabe se casou com a filha do fazendeiro, mas deixou
TEXTO II uma prova valiosa de como se falava no início do século XIX.”
(FIORAVANTI, C. Ora pois, uma língua bem brasileira .
Na reflexão gramatical dos séculos XVI e XVII, a influência Pesquisa Fapesp, n. 230, abr. 2015 – adaptado.)
árabe aparece pontualmente, e se reveste sobretudo de item
bélico fundamental na atribuição de rudeza aos idiomas
 (2019 – 2.a Aplicação) – O fato relatado
português e castelhano por seus respectivos detratores.
evidencia que fenômenos presentes na fala
Parecer com o árabe, assim, é uma acusação de
podem aparecer em textos escritos. Além
dessemelhança com o latim.
disso, sugere que
(SOUZA, M. P. Linguística histórica.
a) os diferentes falares do português provêm de textos
Campinas: Unicamp, 2006.)
escritos.
b) o tipo de escrita usado pelo soldado era desprestigiado no
 (2019) – Relacionando-se as ideias dos textos século XIX.
a respeito da história e memória das línguas, c) os fenômenos de mudança da língua portuguesa são
quanto à formação da língua portuguesa, historicamente previsíveis.
constata-se que d) as formas variantes do português brasileiro atual já figuravam
a) a presença de elementos de outras línguas no português foi no português antigo escrito.
historicamente avaliada como um índice de riqueza. e) as origens da norma-padrão do português brasileiro podem
b) o estudioso da língua pode identificar com precisão os ser observadas em textos antigos.
elementos deixados por outras línguas na transformação da RESOLUÇÃO:
língua portuguesa. Na carta de 1807, citada no texto, escrita por um soldado, há um
trecho em que ele diz “nem por bem, nem mar”. Nele, percebe-se
c) o português é o resultado da influência de outras línguas no a troca de “l” por “r” (mar por mal), fenômeno bastante comum
passado e carrega marcas delas em suas múltiplas camadas. ainda hoje em variantes do português usado no Brasil.
d) o árabe e o latim estão na formação escolar e na memória Resposta: D
dos falantes brasileiros.
e) a influência de outras línguas no português ocorreu de
maneira uniforme ao longo da história.
RESOLUÇÃO:
O texto I afirma que as palavras carregam em si “mais memórias
que os seus falantes”, apontando para a construção histórica dos
sentidos dos vocábulos. O texto II exemplifica esse processo ao
citar o caráter ofensivo dado à influência do árabe, nos séculos XVI
e XVII, pois “parecer com o árabe, assim, é uma acusação de
dessemelhança com o latim.”
Resposta: C

PORTUGUÊS 111

Anúncio

Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos ligados serviço de Portugal possuíam e, ao mesmo tempo, de
a variedades da língua portuguesa no mundo e no Brasil. benevolência quanto ao conhecimento que os povos tinham
de suas línguas.
Texto I b) atitude preconceituosa relativa a vícios culturais das nações
sob domínio português, dado o interesse dos falantes dessa
Acompanhando os navegadores, colonizadores e línguas em copiar a língua do império, o que implicou a
comerciantes portugueses em todas as suas incríveis falência do idioma falado em Portugal.
viagens, a partir do século XV, o português se transformou na c) o desejo de conservar, em Portugal, as estruturas da variante
língua de um império. Nesse processo, entrou em contato – padrão da língua grega – em oposição às consideradas
forçado, o mais das vezes; amigável, em alguns casos – com bárbaras –, em vista da necessidade de preservação do
as mais diversas línguas, passando por processos de padrão de correção dessa língua à época.
variação e de mudança linguística. Assim, contar a história d) adesão à concepção de língua como entidade homogênea e
do português do Brasil é mergulhar na sua história colonial e invariável, e negação da ideia de que a língua portuguesa
de país independente, já que as línguas não são mecanismos pertence a outros povos.
desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse cenário, são e) atitude crítica, que se estende à própria língua portuguesa,
muitos os aspectos da estrutura linguística que não só por se tratar de sistema que não disporia de elementos
expressam a diferença entre Portugal e Brasil como também necessários para a plena inserção sociocultural de falantes
definem, no Brasil, diferenças regionais e sociais. não nativos do português.
(PAGOTTO, E. P. Línguas do Brasil. RESOLUÇÃO:
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br A visão preconceituosa de João de Barros, compreensível e talvez
Acesso em 5 jul. 2009 – adaptado.) inevitável na época, considera a língua portuguesa como
propriedade dos portugueses e como entidade homogênea, pois
Texto II rejeita suas variantes. Resposta: D

Barbarismo é vício que se comete na escritura de cada uma Texto para o teste .
das partes da construção ou na pronunciação. E em nenhuma
parte da Terra se comete mais essa figura da pronunciação Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o
que nestes reinos, por causa das muitas nações que Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a nossa
trouxemos ao jugo do nosso serviço. Porque bem como os história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa
Gregos e Romanos haviam por bárbaras todas as outras vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião.
nações estranhas a eles, por não poderem formar sua (BILAC, O. Últimas conferências e discursos.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927.)
linguagem, assim nós podemos dizer que as nações de África,
Guiné, Asia, Brasil barbarizam quando querem imitar a nossa.
(BARROS, J. Gramática da língua portuguesa.  Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu
Porto: Porto Editora, 1957 – adaptado.) engajamento na constituição da identidade
nacional e linguística, ressaltando a
 Os textos abordam o contato da língua a) transformação da cultura brasileira.
portuguesa com outras línguas e processos b) religiosidade do povo brasileiro.
de variação e de mudança decorridos desse c) abertura do Brasil para a democracia.
contato. Da comparação entre os textos, conclui-se que a d) importância comercial do Brasil.
posição de João de Barros (Texto II), em relação aos usos sociais e) autorreferência do povo como brasileiro.
da linguagem, revela RESOLUÇÃO:
O autor manifesta seu engajamento na constituição da identidade
a) atitude crítica do autor quanto à gramática que as nações a nacional e linguística do povo brasileiro. Resposta: E

112 PORTUGUÊS

Palavras-chave:

2
O poder da palavra • Palavras • Frases • Discurso
• Comunicação

O texto de Rodolfo Konder deve ser lido pelo professor e comentado, enfatizando o poder da palavra.

“Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a Vossa.” (Cecília Meireles)

O que existe numa palavra? Letras, sons, significados — e magia. As palavras são mágicas e possuem poder
quase ilimitado. Fazem rir, alimentam os sonhos, ameaçam as mais ferozes ditaduras, inquietam carcereiros, acuam
torturadores. No mundo inteiro, pensadores, críticos, jornalistas, professores, radialistas, sociólogos, escritores
põem em marcha um desarmado exército de palavras que invade castelos, fortalezas, masmorras, corporações e
bunkers1, como imbatíveis cavalos alados. Elas sobem aos palcos, emergem das telas, povoam livros, jornais e
revistas, anunciam, confortam, afagam. Sussurradas junto ao ouvido, acariciam a alma. São cinzentas ou coloridas,
ásperas ou suaves. Podem destruir ou ressuscitar. Adormecer ou despertar. Prometer ou desiludir. Matar. Salvar.
Precisamos tratar as palavras com carinho, fruir sua magia.
(Rodolfo Konder, jornalista e escritor)
1 – Bunkers: abrigo subterrâneo abobadado e blindado; prisão subterrânea.

1. Palavra São cinco os tipos de frase: declarativa (O trabalho


exigiu esforço.); interrogativa (Por que mudar?);
As palavras são unidades de linguagem – e nós imperativa (Venha cá! / Não vá embora.); exclamativa
vivemos cercados de linguagem tanto quanto de ar. O (Que horror! / Como eu te amo!); indicativa ou de
pensamento e a linguagem são dificilmente separáveis e situação (Bom dia! / Fogo!).
não é possível saber qual veio antes. Falamos, pensamos Com o Modernismo, que valorizou as frases concisas e
e sonhamos usando a linguagem, de forma que é diretas, rompeu-se uma tradição do século XIX que privile-
impossível separar da linguagem a nossa personalidade, giava as frases prolixas e o rebuscamento da linguagem.
a nossa vida social e a nossa vida interior.
Portanto, ser capaz de distinguir os diversos tipos ou
classes de palavras é tão importante quanto ser capaz de 3. Parágrafo
distinguir os elementos do mundo físico, como água, ar, Parágrafo é uma unidade de texto constituída de
terra ou pedra. uma frase ou de um grupo de frases ordenadas. Na nar-
ração, o parágrafo apresenta uma sequência de fatos; na
As classes de palavras são dez: descrição, uma sequência de aspectos; na dissertação, uma
• substantivo: homem, ideia... sequência de juízos. A mudança de parágrafo no texto varia
• adjetivo : bonito, inovadora... conforme o estilo do autor e a modalidade redacional.
• artigo: o, a...
• numeral : primeiro, dois... 4. Texto
• pronome: aquele, nós... O texto é um todo construído artesanalmente, a
• verbo: ser, correr... partir da seleção e da combinação das palavras, frases
e parágrafos concatenados com logicidade . Normal-
• advérbio : nunca, aqui... mente, apresenta introdução, desenvolvimento e conclu-
• conjunção: se, mas... são. As características do texto são determinadas pelas
• preposição : de, em... modalidades de redação (ou tipos de composição).
• interjeição: Oh!, Viva!...
5. Concluindo
2. Frase As palavras combinam-se para formar a frase; as
Segundo Rocha Lima, “frase é a expressão verbal de frases agrupam-se e ordenam-se em parágrafos ; os
um pensamento. Pode ser brevíssima, constituída às parágrafos, por sua vez, sucedem-se numa sequência
vezes por uma só palavra, ou longa e acidentada, lógica para formar o texto.
englobando vários e complexos elementos”.

PORTUGUÊS 113

Anúncio

Exercícios Resolvidos

Ai, palavras, ai, palavras, singular, pressupõe-se o sujeito tu que no


Texto para as questões de  a .
que estranha potência a vossa! tempo indicado assume as formas és, vais e
Ai, palavras, ai, palavras, quedas.
que estranha potência a vossa!  (FUVEST) – A “estranha potência” Resposta: E
Ai, palavras, ai, palavras, atribuída às palavras consiste em sua
sois de vento, ides no vento, a) imobilidade misteriosa.  (FUVEST) – Considere os seguintes
5 no vento que não retorna, b) capacidade transformadora. versos do poema (linhas 21 a 23):
e, em tão rápida existência, c) irrealidade perene.
tudo se forma e transforma! d) fuga definitiva sois a mais fina retorta:
Sois de vento, ides no vento, e) ação ameaçadora. frágil, frágil como o vidro
e quedais, com sorte nova! Resolução e mais que o aço poderosa!
Segundo o texto, a palavra é poderosa arma de
10 Ai, palavras, ai, palavras, transformação social, política, artística, afetiva, É correto afirmar que a repetição do adjetivo
que estranha potência a vossa! educacional etc. “frágil” ocorre para
Todo o sentido da vida Resposta: B a) intensificar a ideia de que, como a retorta,
principia à vossa porta; as palavras são muito frágeis, mas superam
o mel do amor cristaliza  (FUVEST) – “Sois de vento, ides no vento, a força do aço.
15 seu perfume em vossa rosa; / e quedais, com sorte nova!” b) reforçar a definição das palavras como
sois o sonho e sois a audácia, Se os verbos forem flexionados no singular, os frágeis objetos de vidro, semelhantes à
calúnia, fúria, derrota... versos acima serão assim expressos: retorta, e fortes como o aço.
a) É de vento, vai no vento, / e queda, com c) evidenciar a fragilidade das palavras,
A liberdade das almas, sorte nova! comparando-as a uma retorta que é tão
ai! com letras se elabora... b) Seja de vento, vai no vento, / e queda, com forte quanto o aço.
20 E dos venenos humanos sorte nova! d) ironizar a fragilidade das palavras e da
sois a mais fina retorta1: c) Sê de vento, vai no vento, / e quedas, com retorta, que, apesar de serem de vidro,
frágil, frágil como o vidro sorte nova! valem como o aço.
e mais que o aço poderosa! d) Era de vento, ia no vento, / e quedou, com e) reiterar a hipótese de que a resistência tanto
Reis, impérios, povos, tempos, sorte nova! da retorta quanto das palavras equivale ao
25 pelo vosso impulso rodam... e) És de vento, vais no vento, / e quedas, com poder do aço.
(Cecília Meireles, Romance LIII ou
sorte nova! Resolução
Das Palavras Aéreas )
Resolução Apesar da aparência frágil, a palavra tem um
1 – Retorta: vaso de gargalo estreito e curvo, geral - O verso do enunciado está na segunda pessoa poder extraordinário.
mente de vidro, próprio para operações químicas do plural (vós), no presente do indicativo. No Resposta: A

Exercícios Propostos

Palavra (ou vocábulo) é um signo linguístico que expressa ideias,  A língua é a mais viva expressão de nacionalidade. Saber
sensações, desejos, emoções etc. Pode representar um objeto, escrever a própria língua faz parte dos deveres cívicos.
uma imagem, uma sensação, uma percepção, uma ação, um (Napoleão M. de Almeida)
ser, uma qualidade etc. As palavras são a matéria-prima da
expressão oral e escrita. É organizando as palavras em frases Notai bem isto: entre todas as coisas que sabemos, a nossa
que se produz o discurso, manifestação oral ou escrita da língua língua é a que devemos saber melhor, porque ela é a melhor
na comunicação humana. parte de nós mesmos, é a nossa tradição, o veículo do nosso
pensamento, a nossa pátria e o melhor elemento da nossa raça
Os fragmentos de  a  a seguir enfocam ideias diferentes e da nossa nacionalidade. (Júlia Lopes de Almeida)
sobre o uso da palavra. Identifique resumidamente a mensagem RESOLUÇÃO:
que os trechos encerram. O domínio da palavra (escrita ou falada) instaura a cidadania.
As respostas a seguir são apenas uma orientação. O professor
pode formar grupos para que os alunos trabalhem em conjunto,
ou ler cada exercício, incentivar a participação dos alunos e dar a
resposta aproveitando os comentários que eles fizerem. Só então
deverá escrever a resposta na lousa ou ditá-la.

114 PORTUGUÊS

 Apenas escrevendo bem poderemos nos sair satisfatoria-  Se a vida tal como está não vale a pena; se não pode ser
mente como estudantes, candidatos a empregos ou empre- mudada e já não esconde a sua necessidade de ser outra — que
gadores (escrevendo cartas, instruções, relatórios de atividades, o teu canto, poeta, lançado ao mundo, sirva de fermento a
artigos e resenhas, e contribuições científicas para publicação). preparar-lhe a transformação e nunca de cimento a consolidar-
(Robert Barras, Os Cientistas Precisam Escrever) lhe os erros. (Aníbal Machado)
RESOLUÇÃO:
A produção intelectual e a atuação profissional impõem como Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me
exigência o domínio da língua.
animado até hoje a ideia de que o menos que um escritor pode
fazer, numa época de atrocidades e injustiças, como a nossa, é
acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu
mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos
ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada,
a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada
 A nossa civilização é marcada pela linguagem gráfica. A
elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso,
escrita domina nossa vida; é uma instituição social tão forte
risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não
quanto a nação e o Estado. Nossa cultura é basicamente uma
desertamos nosso posto. (Érico Veríssimo)
cultura de livros. Pela escrita acumulamos conhecimentos, trans-
RESOLUÇÃO:
mitimos ideias, fixamos nossa cultura. Nossas religiões derivam A palavra é a matéria-prima dos artistas – escritores, tea trólogos,
de livros: o islamismo vem do Corão, escrito por Maomé; os Dez cineastas. A função da arte é denunciar, alertar, provocar,
Mandamentos de Moisés foi um livro escrito em pedra. Nosso transformar, esclarecer (“fazer luz sobre a realidade do mundo”).
cristianismo está contido num livro, a Bíblia. É a cartilha, é o livro
escolar, é a literatura expressa graficamente, é o jornal. (...) Sem
a linguagem escrita é praticamente impossível a existência no
seio da civilização. O analfabeto é um pária que não se comuni-
ca com o mundo, não influi e pouco é influenciado. (R. A. Amaral
Vieira, O Futuro da Comunicação)
RESOLUÇÃO:
O conhecimento científico e cultural da humanidade está
registrado nos livros. Portanto, aquele que não domina a palavra
(escrita ou falada) é um pária, um excluído do processo político-
social.

 Enyci me ensinou a escrever. Quando eu era menino, le-


vava um quadro-negro, que era verde, mas isso não importa e
o armava na cozinha de minha mãe. Com um giz que se
esfumaçava, me iniciou na arte de ligar as palavras e de dominar
os pensamentos. Aprendi com ela que viver é pensar.
 Quando as pessoas não sabem falar ou escrever ade- Muitos anos depois, na dedicatória de um livro que lhe dei de
quadamente sua língua, surgem homens decididos a falar e presente, eu escrevi: “À mulher que me ensinou a escrever e
escrever por elas e não para elas. (Wendell Johnson) me permitiu, assim, ser o que sou.” Mais tarde, em uma carta,
ela me respondeu: “Isso é bobagem, eu só te ensinei a copiar
Somente o indivíduo capaz de instalar-se dentro da sociedade palavras; escrever é outra coisa — é fazer das palavras,
em que vive, com um discurso próprio, é que poderá considerar- sonhos.” (José Castello)
se parte dessa mesma sociedade, e, portanto, reivindicar seus RESOLUÇÃO:
direitos e lutar para que ela seja realmente democrática. (Maria O texto trata da escolha das palavras certas ou daquelas que
Thereza Fraga Rocco) possam traduzir os nossos sentimentos, as nossas emoções e da
RESOLUÇÃO: complicação para verbalizar ou escrever de forma clara, coerente,
As leis, os contratos, os documentos são escritos na norma culta. para informar, deslumbrar ou persuadir.
Sem o domínio da palavra, os indivíduos são facilmente manipu-
lados. Portanto, o domínio da linguagem confere poder.

PORTUGUÊS 115

Mais de um milhão de membros confiam

Experimente o Scribd GRATUITO por 30 dias para


acessar mais de 125 milhões de títulos sem anúncios
ou interrupções!

Iniciar teste gratuito


Cancele quando quiser.

Texto para o teste . portuguesa para escrever com adequação, eficiência e correção.
d) empregar vocabulário adequado e usar regras da norma
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o padrão da língua em se tratando da modalidade escrita.
sentido de um texto. E, a partir do texto, ser capaz de atribuir- e) utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da
lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros variedade padrão da língua para se expressar com alguma
textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de segurança e sucesso.
leitura que o seu autor pretendia e, dono da própria vontade, RESOLUÇÃO:
O comentário manuscrito desaconselha a prática de os jovens
entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo escreverem como falam. Resposta: D
uma outra não prevista.
(LAJOLO, M. Do mundo da leitura Texto para o teste .
para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.)

 Nesse texto, a autora apresenta reflexões


sobre o processo de produção de sentidos,
valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-
se evidente pelo fato de o texto
a) ressaltar a importância da intertextualidade.
b) propor leituras diferentes das previsíveis.
c) apresentar o ponto de vista da autora.
d) discorrer sobre o ato de leitura.
e) focar a participação do leitor.
RESOLUÇÃO:
O excerto de Marisa Lajolo versa sobre o processo de produção de
sentidos que a leitura propicia aos leitores. Resposta: D

Texto para o teste .

 Na parte superior do anúncio, há um (Veja, 18.05.2011.)


comentário escrito à mão que aborda a
questão das atividades linguísticas e sua relação com as  (UNIFESP) – Acompanhando a ideia de que “um livro puxa
outro”, quem leu As Cidades Invisíveis deve ter lido
modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa
a) A Ilha do Tesouro. b) Odisseia.
evidente uma posição crítica quanto a usos que se fazem da
c) Os Maias. d) O Homem da Areia.
linguagem, enfatizando ser necessário
e) O Decameron.
a) implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura,
RESOLUÇÃO:
naturalidade e segurança no uso da língua. A cadeia de leituras que, conforme o esquema proposto, levaria ao
b) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a livro de Calvino inclui o livro de Stevenson, assim como os de
obtenção de clareza na comunicação oral e escrita. Conan Doyle (a série das aventuras de Sherlock Holmes) e Jorge
c) dominar as diferentes variedades do registro oral da língua Luis Borges (O Aleph). Resposta: A

116 PORTUGUÊS

Palavras-chave:

5
Substantivo • Abstrato – concreto
• Primitivo – derivado

Classificação das palavras Divide-se em:

Palavras variáveis e invariáveis Concreto : mar, sol, Deus, alma, fada.


Abstrato : beleza, amor, frio, viagem, saída.
Próprio: Roma, Guimarães Rosa, Deus.
Variáveis Invariáveis Comum: gato, homem, casa.
1. Substantivo 7. Advérbio Simples: cachorro, chuva, menino.
Composto: guarda-roupa, passatempo, pão-de-ló.
2. Adjetivo 8. Preposição Primitivo: pedra, ferro, dente.
Derivado : pedreira, ferreiro, dentista.
3. Artigo 9. Conjunção
Coletivo: constelação, cáfila, alcateia.
4. Numeral 10. Interjeição
Locução substantiva
5. Pronome – Palavras denotativas
É a expressão que equivale a um substantivo.
(de inclusão, de
6. Verbo exclusão etc.)
Exemplos
Substantivo Fomos ver o pôr-do-sol (= crepúsculo).

É o nome com que designamos seres em geral – Deram-me um vidro de água-de-cheiro


pessoas, animais, coisas, vegetais, lugares etc. (= perfume).

Exercícios Resolvidos

 Na tirinha acima, os substantivos fé, amor e ignorância são abstratos. Explique por que eles recebem essa classificação.
Resolução
São substantivos abstratos porque designam realidade existente somente no âmbito da subjetividade humana, como medo, estudo, coragem,
planejamento etc.

PORTUGUÊS 117

Você também pode gostar