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Apr 22, 2021
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PORTUGUÊS: CLASSES
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este documentoE DESCRIÇÃO
Fernão de Oliveira,
Módulos autor da primeira
gramática da língua
1 – Origem da Língua Portuguesa portuguesa (1536)
2 – O poder da palavra
3 e 4 – Prática de Redação (1)
5 – Facebook
Substantivo 15 Twitter
e 16 – Prática de Redação (4)
6 – Tipologias textuais: 17 – Adjetivo
Descrever, narrar, dissertar. 18 – Descrição (objetiva e subjetiva)
9 – Artigo
7 e 8 – Prática de Redação (2)
10 – Denotação e conotação
19 – Locução adjetiva
20 – Descrição (dinâmica e estática)
21 – Adjetivo composto
E-mail
11 e 12 – Prática de Redação (3) 22 – Descrição de pessoa
13 – Numeral 23 – Pronomes pessoais, possessivos
14 – Os recursos expressivos e de tratamento
Você considera este documento útil?
na descrição 24 – Exercícios sobre título
Palavras-chave:
Origem da • Latim • Tupi
1 Língua Portuguesa • Nheengatu
A “última flor do Lácio”, assim chamada a língua Apesar das discordâncias entre especialistas sobre
portuguesa por Olavo Bilac, é umas das línguas neolatinas quando exatamente houve a distinção oficial entre os dois
Este conteúdo
— como é ainapropriado?
a espanhola, Denunciar
francesa, a italiana, entre outras estepode-se
idiomas, documento
assinalar a criação do reino de Portugal,
— originadas da expansão do Império Romano. Conforme por D. Afonso Henriques no século XII, como ponto
esse império se expandia e conquistava novos territórios, decisivo para que galego e português se estabelecessem
seus soldados conviviam com a cultura e o idioma locais, como línguas distintas.
influenciando-os e sendo influenciados por eles. Desse Após a expansão ultramarina de Portugal, o idioma
encontro, surgiram novos idiomas que, embora partissem espalhou-se pelo mundo. Atualmente, a maior parte de
de uma base em comum, foram dotados de suas próprias seus falantes encontra-se fora da Europa, visto que o
especificidades. processo de colonização lusitana resultou em 10 países
Com a difusão da cultura romana, o latim chegou à com a língua portuguesa como a oficial, entre eles o
Península Ibérica durante os séculos III e II a.C. e Brasil, que, embora conserve muitas características do
permaneceu após a queda do império de Roma, no século português europeu, apresenta diferenças notáveis em
V d.C. A região que hoje compreende Portugal e Espanha diversos aspectos, semânticos, sintáticos e morfológicos.
manteve-se latinizada, recebendo novas influências após Em terras brasileiras, usou-se, a princípio, a língua
as invasões de povos como os visigodos e árabes, o que geral, nheengatu , como língua franca, oriunda do tupi
originou a língua hoje chamada de galego-português. antigo e utilizada entre colonos e indígenas. No entanto,
PORTUGUÊS 105
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com a intensificação do processo de colonização, ela de influências ao português brasileiro, como, por
perdeu cada vez mais espaço para o português, até ser exemplo, as palavras moleque, cachaça e fubá.
proibida por Marquês de Pombal, em 1758. Hoje, a língua Após a abertura dos portos nacionais, em 1808, e
geral é considerada extinta, mas o nheengatu , falado em posterior chegada de imigrantes, por volta de 1880, a
regiões de Brasil, Colômbia e Venezuela, seria uma influência de outros idiomas, como o italiano, foi sensível
evolução natural dessa língua. e acontece ainda hoje. Muitas modificações pelas quais o
Ainda que o português tenha se estabelecido como português brasileiro passou fazem parte de um processo
língua oficial em território nacional, ele recebeu diversas natural de transformação linguística, uma vez que, como
contribuições dos idiomas nativos, como sufixos (-guaçu, língua viva, é natural que receba contribuições e as
um aumentativo; -mirim, um diminutivo) e vocábulos absorva de acordo com a necessidade e identificação de
(abacaxi, caboclo, jacaré etc.). seus falantes.
Ao longo do Período Colonial e por boa parte do Assim, sofrendo influências históricas, o sétimo
Imperial, o Tráfico Negreiro trouxe africanos ao Brasil, idioma mais falado do mundo, a língua portuguesa, é a
como os bantus e os sudaneses. Ainda que língua oficial de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique,
marginalizados pela escravização, suas línguas, como Guiné-Bissau, Macau, Goa, São Tomé e Príncipe,
quimbundo , o quicongo e o umbundo, legaram uma série Timor Leste, Guiné Equatorial e Cabo Verde.
106 PORTUGUÊS
paulista (ou do Sul) e a língua geral amazônica. Ao final regional e de tempo restrito. O espanhol, em São Paulo,
do século XVII, os jesuítas e missionários de outras durante a união das Coroas de Espanha e Portugal (1580
ordens difundiram, na Amazônia, o Tupinambá, falado e 1640), e no Sul, acompanhando os confrontos entre
pelos índios da região que vai do litoral do Maranhão até portugueses e espanhóis em torno da expansão
a foz do Tocantins. O Tupinambá, sob a influência de territorial. Mais secundariamente o francês, no Rio de
outras línguas da área, e da ação dos caboclos, deu Janeiro e no Maranhão, quando se tentou estabelecer
origem ao nheengatu , a língua geral amazônica. as colônias da França Antártica (1555) e da França
E preservar aqui as línguas africanas não foi nada Equinocial (1612), respectivamente. E o holandês, no
fácil: o colonizador português não deu trégua, Nordeste, em Pernambuco e Paraíba, também no
combatendo as línguas e evitando até a concentração século XVII.
de escravos de uma mesma etnia nos navios negreiros O português enfrentou outras línguas concorrentes
e nas propriedades coloniais – uma tática para diminuir nos campos do conhecimento, da religião e da
as resistências dos africanos e descendentes à educação. O latim era a língua dos rituais e livros
escravização. Essa política, a variedade de línguas e as católicos: a missa, o breviário e os cantos eram em
hostilidades que os negros trouxeram dificultaram a latim, tendo os sacerdotes que pronunciá-lo com
formação de núcleos solidários que garantissem a maestria. Os livros eram escritos em latim, a língua culta
retenção do patrimônio cultural africano, incluindo-se aí por excelência, e o seu ensino ganhou destaque na
suas línguas. Só no campo da evangelização houve educação. O latim enraizou-se no universo dos letrados,
maior flexibilidade do colonizador em relação às línguas servindo como modelo, ao lado do espanhol e do
africanas. O mesmo padre Antônio Vieira, em 1691, italiano, para a produção poética. O espanhol era outra
referindo-se à Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, língua erudita. Poetas, como Gregório de Matos,
afirmava que era preciso que os negros fossem escreviam em espanhol, muito valorizado nos círculos
catequizados em suas línguas: “Sendo muito maior, da elite portuguesa de 1600. O padre Vieira, em 1692,
sem comparação, o número dos negros que o dos em carta a Francisco Barreto, cônego e tradutor de seus
índios, assim como os índios são catequizados e escritos, confessava o grande receio que tinha de que,
doutrinados nas suas próprias línguas, assim os negros na língua portuguesa, perdessem a graça e energia da
o são na sua.” E acrescentava que nos colégios dessas castelhana.
localidades havia “operários muito práticos” nas línguas O inglês iniciou sua influência como língua culta em
africanas e “várias escolas das mesmas línguas” no fins do século XVIII.
Brasil, tantas “quanto a variedade delas, e que os Mas como a língua portuguesa conseguiu se impor
religiosos não passavam a outros estudos [...] sem às outras? Os seus avanços variaram no tempo e no
primeiro serem examinados e aprovados” na língua em espaço, a partir de alguns fatores. O primeiro deles foi
questão. Tanto que em 1697 foi impressa pela a vinculação das economias regionais com o mercado
Companhia de Jesus uma Arte da Língua de Angola , internacional e a consequente participação de
feita pelo padre Pedro Dias, do Colégio da Bahia. portugueses e africanos: nas áreas em que houve
Mas nem sempre os negros foram prisioneiros da integração com o mercado externo e maior presença de
diversidade linguística que os dividia e ao longo do portugueses e africanos, a difusão da língua portuguesa
período colonial houve várias tentativas de construção se deu mais rapidamente. Como no Nordeste,
de uma identidade comum entre os escravos: a exportador de açúcar desde meados do século XVI,
formação de quilombos, a realização de revoltas e a onde o português predominava no início de 1600. Já em
organização de batuques e calundus (rituais São Paulo colonial, que permaneceu relativamente à
semelhantes ao candomblé) são evidências disso. Em margem da economia de exportação, com uma menor
Minas Gerais, em algumas casas chefiadas por quantidade de africanos e usando continuamente o
mulheres, danças e batuques – proibidos então – braço escravo indígena, a língua geral difundiu-se por
tiveram guarida e as línguas africanas puderam emergir. todas as camadas sociais, mantendo-se dominante até
Algumas línguas europeias tiveram um domínio metade de 1700. Em Minas Gerais, a eliminação dos
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108 PORTUGUÊS
Junto com este caderno, você recebeu uma gramática da língua portuguesa. Você deve trazê-la para todas as aulas
de gramática, pois aí encontrará conceitos e regras gramaticais.
Desde que você começou a estudar português, aprendeu uma série de concei-
tos e regras gramaticais. Alguns você deve ter memorizado e outros pode ter es-
quecido. Há, ainda, uma série de conceitos e regras que você possivelmente
desconhece. Uns serão estudados no Ensino Médio, outros talvez nem sejam estu-
dados na escola. Justamente por causa do esquecimento, assim como da falta de
tempo para estudar tudo na escola, você deve aprender a consultar uma gramática.
Aliás, dicionário e gramática são dos materiais de consulta mais utilizados por
professores, jornalistas, escritores, enfim, por todos aqueles que trabalham com a
palavra. Quanto mais sabemos a respeito da língua, mais dúvidas temos. E, claro,
maior é a nossa exigência com relação àquilo que produzimos por escrito.
Consultar uma gramática não é difícil. Basta sabermos a nomenclatura comu-
mente usada para agrupar os assuntos.
Nem toda gramática é organizada da mesma maneira. No entanto, alguns
títulos são comuns às diferentes gramáticas, por adotarem a nomenclatura oficial.
Aprendendo a nomenclatura, você saberá utilizar o material.
Observe que a gramática que você recebeu está dividida em quatro grandes
títulos:
A. Fonética, Fonologia e Ortografia – Fonética: estudo dos sons da fala; relaciona-se com a Física; Fonologia: estudo
da função dos sons na língua; é parte da Linguística; Ortografia: parte da gramática que ensina a escrever corretamente
as palavras.
B. Morfologia – estudo do aspecto formal das palavras.
C. Sintaxe – estudo das relações entre palavras e entre conjuntos de palavras (orações). Portanto, é o estudo da
construção gramatical.
D. Pontuação – sistema de sinalização da escrita para indicar pausas, subdivisões e entonação.
Exercícios Resolvidos
(FUND. EDUC. MACHADO SOBRINHO) – Leia atentamente o Todas as afirmativas abaixo são inadequadas em relação ao tex-
texto a seguir, extraído do livro Alfabetização e Linguística, de Luiz Carlos
to, exceto:
Cagliari.
a) A escola deve ensinar o que se fala, e não o que diz a gramática
normativa.
COMO A FALA FUNCIONA b) Os alunos devem escrever como falam.
c) Os professores de português ensinam coisas inúteis na escola.
Quando se diz que a escola precisa levar em conta a fala, muitos d) A linguagem captada na boca do povo é a verdadeira realização
pensam que isso significa que se deve ensinar os alunos a falarem linguística.
bonito, no estilo em que se escreve. Esse treinamento pode até ser e) A escola deve ensinar os alunos como falar bem.
feito, mas não é isso que os linguistas querem dizer. Resposta: D
Se a escola tem por objetivo ensinar como a língua funciona, deve
incentivar a fala e mostrar como ela funciona . Na verdade, uma De acordo com A escola, como dissemos antes, gira em torno da
língua vive na fala das pessoas e só aí se realiza plenamente. A escrita escrita e consequentemente a gramática normativa está voltada para
preserva uma língua como um objeto inanimado, fossilizado. A vida de a escrita, mesmo quando tenta abordar questões que só existem na
uma língua está na fala. fala, pode-se concluir que
Muito pouco se conhece da fala portuguesa. E, não raramente, a) a língua ensinada na escola é, muitas vezes, distante da realidade.
têm-se noções erradas a esse respeito. A escola, como dis semos b) a gramática normativa é inútil no dia-a-dia.
antes, gira em torno da escrita e consequentemente a gramática c) a gramática normativa não trata de fatos linguísticos que aparecem
normativa está voltada para a escrita, mesmo quando tenta abordar na linguagem coloquial.
questões que só existem na fala. É preciso ter sempre em mente o d) os professores desconhecem os fatos linguísticos da linguagem
que pertence à fala e o que pertence à escrita. Isso parece óbvio, mas oral, por isso prendem-se à escrita.
a prática tem mostrado que há muita confusão e má compreensão e) a língua ensinada na escola é uma língua morta.
dessas duas realidades da língua. Resposta: A
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Exercícios Propostos
No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar e HISTÓRIA DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS NO BRASIL
explorar os territórios descobertos, nos quais viviam índios,
que eles queriam cristianizar e usar como força de trabalho. No Brasil, o contato dos colonizadores portugueses com
Os missionários aprendiam os idiomas dos nativos para milhões de falantes de mais de mil línguas autóctones1 e de
catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao longo do tempo, cerca de duzentas línguas que vieram na boca de cerca de
as línguas se influenciaram. O resultado desse processo foi quatro milhões de africanos trazidos para o país como
a formação de uma língua geral, desdobrada em duas escravos é, sem sombra de dúvida, o principal parâmetro
variedades: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao norte. histórico para a contextualização das mudanças linguísticas
Quase todos se comunicavam na língua geral, sendo poucos que afetaram o português brasileiro. E processos como
aqueles que falavam apenas o português. esses não devem ser levados em conta apenas para a
compreensão das diferenças entre as variedades linguísticas
nacionais. O próprio mapeamento das variedades linguísticas
De acordo com o texto, a língua geral formou- contemporâneas do português europeu e, sobretudo, do
se e consolidou-se no contexto histórico do português brasileiro, tanto no plano diatópico2 quanto no
Brasil-Colônia. Portanto, a formação desse plano diastrático3, depende crucialmente de uma apurada
idioma e suas variedades foi condicionada compreensão do processo histórico de sua formação.
a) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos (LUCCCHESI, D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O português
portugueses. afro-brasileiro. Salvador: EdUFBA, 2009 – adaptado.)
b) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber
Glossário:
linguístico dos índios. Autóctone: nativo de uma região.
c) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas Diatópico: referente à variação de uma mesma língua no plano
precisavam aperfeiçoar-se. regional (país, estado, cidade etc.).
d) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma Diastrático: referente à variação de uma mesma língua em função
nova língua com os portugueses. das diversas classes sociais.
e) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era
anterior à chegada dos portugueses. Do ponto de vista histórico, as mudanças
RESOLUÇÃO: linguísticas que afetaram o português do
As duas variedades (nheengatu e abanheenga) da língua geral, Brasil têm sua origem no contato dos
adotada pelos índios depois da chegada dos portugueses,
resultaram da distribuição das comunidades pelo norte e pelo sul colonizadores com inúmeras línguas indígenas e africanas.
do território brasileiro, respectivamente. Considerando as reflexões apresentadas no texto, verifica-se
Resposta: E que esse processo, iniciado no começo da colonização, teve
como resultado
a) a aceitação da escravidão, em que seres humanos foram
reduzidos à condição de objeto por seus senhores.
b) a constituição do patrimônio linguístico, uma vez que
representa a identidade nacional do povo brasileiro.
c) o isolamento de um número enorme de índios durante todo
o período da colonização.
d) a separação entre pessoas que desfrutavam bens e outras
que não tinham acesso aos bens de consumo.
e) a supremacia dos colonizadores portugueses, que muito se
empenharam para conquistar os indígenas.
RESOLUÇÃO:
Trata-se de uma questão de interpretação de texto e somente uma
leitura atenciosa bastaria para a resposta correta. O texto se refere
ao papel das línguas africanas e indígenas na formação do
português brasileiro. Assim, podemos depreender que a mistura
de línguas no Brasil contribuiu para a formação da língua nacional
e, assim, tem um papel na constituição de uma identidade
nacional.
Resposta: B
110 PORTUGUÊS
PORTUGUÊS 111
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Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos ligados serviço de Portugal possuíam e, ao mesmo tempo, de
a variedades da língua portuguesa no mundo e no Brasil. benevolência quanto ao conhecimento que os povos tinham
de suas línguas.
Texto I b) atitude preconceituosa relativa a vícios culturais das nações
sob domínio português, dado o interesse dos falantes dessa
Acompanhando os navegadores, colonizadores e línguas em copiar a língua do império, o que implicou a
comerciantes portugueses em todas as suas incríveis falência do idioma falado em Portugal.
viagens, a partir do século XV, o português se transformou na c) o desejo de conservar, em Portugal, as estruturas da variante
língua de um império. Nesse processo, entrou em contato – padrão da língua grega – em oposição às consideradas
forçado, o mais das vezes; amigável, em alguns casos – com bárbaras –, em vista da necessidade de preservação do
as mais diversas línguas, passando por processos de padrão de correção dessa língua à época.
variação e de mudança linguística. Assim, contar a história d) adesão à concepção de língua como entidade homogênea e
do português do Brasil é mergulhar na sua história colonial e invariável, e negação da ideia de que a língua portuguesa
de país independente, já que as línguas não são mecanismos pertence a outros povos.
desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse cenário, são e) atitude crítica, que se estende à própria língua portuguesa,
muitos os aspectos da estrutura linguística que não só por se tratar de sistema que não disporia de elementos
expressam a diferença entre Portugal e Brasil como também necessários para a plena inserção sociocultural de falantes
definem, no Brasil, diferenças regionais e sociais. não nativos do português.
(PAGOTTO, E. P. Línguas do Brasil. RESOLUÇÃO:
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br A visão preconceituosa de João de Barros, compreensível e talvez
Acesso em 5 jul. 2009 – adaptado.) inevitável na época, considera a língua portuguesa como
propriedade dos portugueses e como entidade homogênea, pois
Texto II rejeita suas variantes. Resposta: D
Barbarismo é vício que se comete na escritura de cada uma Texto para o teste .
das partes da construção ou na pronunciação. E em nenhuma
parte da Terra se comete mais essa figura da pronunciação Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o
que nestes reinos, por causa das muitas nações que Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a nossa
trouxemos ao jugo do nosso serviço. Porque bem como os história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa
Gregos e Romanos haviam por bárbaras todas as outras vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião.
nações estranhas a eles, por não poderem formar sua (BILAC, O. Últimas conferências e discursos.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927.)
linguagem, assim nós podemos dizer que as nações de África,
Guiné, Asia, Brasil barbarizam quando querem imitar a nossa.
(BARROS, J. Gramática da língua portuguesa. Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu
Porto: Porto Editora, 1957 – adaptado.) engajamento na constituição da identidade
nacional e linguística, ressaltando a
Os textos abordam o contato da língua a) transformação da cultura brasileira.
portuguesa com outras línguas e processos b) religiosidade do povo brasileiro.
de variação e de mudança decorridos desse c) abertura do Brasil para a democracia.
contato. Da comparação entre os textos, conclui-se que a d) importância comercial do Brasil.
posição de João de Barros (Texto II), em relação aos usos sociais e) autorreferência do povo como brasileiro.
da linguagem, revela RESOLUÇÃO:
O autor manifesta seu engajamento na constituição da identidade
a) atitude crítica do autor quanto à gramática que as nações a nacional e linguística do povo brasileiro. Resposta: E
112 PORTUGUÊS
Palavras-chave:
2
O poder da palavra • Palavras • Frases • Discurso
• Comunicação
O texto de Rodolfo Konder deve ser lido pelo professor e comentado, enfatizando o poder da palavra.
“Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a Vossa.” (Cecília Meireles)
O que existe numa palavra? Letras, sons, significados — e magia. As palavras são mágicas e possuem poder
quase ilimitado. Fazem rir, alimentam os sonhos, ameaçam as mais ferozes ditaduras, inquietam carcereiros, acuam
torturadores. No mundo inteiro, pensadores, críticos, jornalistas, professores, radialistas, sociólogos, escritores
põem em marcha um desarmado exército de palavras que invade castelos, fortalezas, masmorras, corporações e
bunkers1, como imbatíveis cavalos alados. Elas sobem aos palcos, emergem das telas, povoam livros, jornais e
revistas, anunciam, confortam, afagam. Sussurradas junto ao ouvido, acariciam a alma. São cinzentas ou coloridas,
ásperas ou suaves. Podem destruir ou ressuscitar. Adormecer ou despertar. Prometer ou desiludir. Matar. Salvar.
Precisamos tratar as palavras com carinho, fruir sua magia.
(Rodolfo Konder, jornalista e escritor)
1 – Bunkers: abrigo subterrâneo abobadado e blindado; prisão subterrânea.
PORTUGUÊS 113
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Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
Palavra (ou vocábulo) é um signo linguístico que expressa ideias, A língua é a mais viva expressão de nacionalidade. Saber
sensações, desejos, emoções etc. Pode representar um objeto, escrever a própria língua faz parte dos deveres cívicos.
uma imagem, uma sensação, uma percepção, uma ação, um (Napoleão M. de Almeida)
ser, uma qualidade etc. As palavras são a matéria-prima da
expressão oral e escrita. É organizando as palavras em frases Notai bem isto: entre todas as coisas que sabemos, a nossa
que se produz o discurso, manifestação oral ou escrita da língua língua é a que devemos saber melhor, porque ela é a melhor
na comunicação humana. parte de nós mesmos, é a nossa tradição, o veículo do nosso
pensamento, a nossa pátria e o melhor elemento da nossa raça
Os fragmentos de a a seguir enfocam ideias diferentes e da nossa nacionalidade. (Júlia Lopes de Almeida)
sobre o uso da palavra. Identifique resumidamente a mensagem RESOLUÇÃO:
que os trechos encerram. O domínio da palavra (escrita ou falada) instaura a cidadania.
As respostas a seguir são apenas uma orientação. O professor
pode formar grupos para que os alunos trabalhem em conjunto,
ou ler cada exercício, incentivar a participação dos alunos e dar a
resposta aproveitando os comentários que eles fizerem. Só então
deverá escrever a resposta na lousa ou ditá-la.
114 PORTUGUÊS
Apenas escrevendo bem poderemos nos sair satisfatoria- Se a vida tal como está não vale a pena; se não pode ser
mente como estudantes, candidatos a empregos ou empre- mudada e já não esconde a sua necessidade de ser outra — que
gadores (escrevendo cartas, instruções, relatórios de atividades, o teu canto, poeta, lançado ao mundo, sirva de fermento a
artigos e resenhas, e contribuições científicas para publicação). preparar-lhe a transformação e nunca de cimento a consolidar-
(Robert Barras, Os Cientistas Precisam Escrever) lhe os erros. (Aníbal Machado)
RESOLUÇÃO:
A produção intelectual e a atuação profissional impõem como Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me
exigência o domínio da língua.
animado até hoje a ideia de que o menos que um escritor pode
fazer, numa época de atrocidades e injustiças, como a nossa, é
acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu
mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos
ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada,
a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada
A nossa civilização é marcada pela linguagem gráfica. A
elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso,
escrita domina nossa vida; é uma instituição social tão forte
risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não
quanto a nação e o Estado. Nossa cultura é basicamente uma
desertamos nosso posto. (Érico Veríssimo)
cultura de livros. Pela escrita acumulamos conhecimentos, trans-
RESOLUÇÃO:
mitimos ideias, fixamos nossa cultura. Nossas religiões derivam A palavra é a matéria-prima dos artistas – escritores, tea trólogos,
de livros: o islamismo vem do Corão, escrito por Maomé; os Dez cineastas. A função da arte é denunciar, alertar, provocar,
Mandamentos de Moisés foi um livro escrito em pedra. Nosso transformar, esclarecer (“fazer luz sobre a realidade do mundo”).
cristianismo está contido num livro, a Bíblia. É a cartilha, é o livro
escolar, é a literatura expressa graficamente, é o jornal. (...) Sem
a linguagem escrita é praticamente impossível a existência no
seio da civilização. O analfabeto é um pária que não se comuni-
ca com o mundo, não influi e pouco é influenciado. (R. A. Amaral
Vieira, O Futuro da Comunicação)
RESOLUÇÃO:
O conhecimento científico e cultural da humanidade está
registrado nos livros. Portanto, aquele que não domina a palavra
(escrita ou falada) é um pária, um excluído do processo político-
social.
PORTUGUÊS 115
Texto para o teste . portuguesa para escrever com adequação, eficiência e correção.
d) empregar vocabulário adequado e usar regras da norma
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o padrão da língua em se tratando da modalidade escrita.
sentido de um texto. E, a partir do texto, ser capaz de atribuir- e) utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da
lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros variedade padrão da língua para se expressar com alguma
textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de segurança e sucesso.
leitura que o seu autor pretendia e, dono da própria vontade, RESOLUÇÃO:
O comentário manuscrito desaconselha a prática de os jovens
entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo escreverem como falam. Resposta: D
uma outra não prevista.
(LAJOLO, M. Do mundo da leitura Texto para o teste .
para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.)
116 PORTUGUÊS
Palavras-chave:
5
Substantivo • Abstrato – concreto
• Primitivo – derivado
Exercícios Resolvidos
Na tirinha acima, os substantivos fé, amor e ignorância são abstratos. Explique por que eles recebem essa classificação.
Resolução
São substantivos abstratos porque designam realidade existente somente no âmbito da subjetividade humana, como medo, estudo, coragem,
planejamento etc.
PORTUGUÊS 117