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Campus de São José do Rio Preto

Estudos Diacrônicos da Língua Portuguesa


Profa. Dra. Sanderléia Roberta Longhin

EXPANSÃO DO PORTUGUÊS NO MUNDO

1. A língua portuguesa no mundo


1.1 Lusitânia antiga: continental e insular
1.2 Lusitânia novíssima
1.3 Lusitânia nova: Brasil
1.3.1 Línguas gerais brasileiras (Ilari e Basso, 2006:37)
1.3.2 Línguas africanas
1.3.3 Línguas europeia e asiática O estatuto do português é diferente nesses países:

(a) Portugal e Brasil: monoglossia1, homogeneidade, bilinguismo em


1. A língua portuguesa no mundo regiões fronteiriças;
(b) Cabo Verde e São Tomé e Príncipe: diglossia português-crioulo.
A partir do século XV, inicia-se o processo de lusitanização pelo qual (c) Guiné-Bissau, Angola, Moçambique: poliglossia português – línguas
Portugal se lança para conquista de novos territórios. O português foi africanas; na Guiné Bissau, também crioulo.
levado para países em três continentes: América, Ásia e África.
❖ O português pertence às seis línguas mais faladas no mundo, depois do
chinês, do espanhol, do inglês, do bengali e do hindi. (Endruschat;
Schmitdt-Radefeldt, 2008:13). Mas o prestígio de uma língua não se avalia
pelo número de falantes. Têm peso maior a força política e econômica do
país, seu grau de desenvolvimento tecnológico e cultural.

1Brasil é considerado monolíngue, toda a população fala português, com exceção de cerca Portugal, o português é a única língua materna historicamente enraizada. Desde 1999, o
de 350.000 membros de grupos indígenas e de cerca de 300.000 imigrantes que continuam mirandês é reconhecido como segunda língua oficial do país, com cerca de 10.000 falantes.
a falar suas respectivas línguas maternas, ao lado do português como língua veicular. Em
Diferenças no estatuto do Português no mundo são explicadas, em das línguas de origem. O crioulo, mas não o pidgin, tem falantes de primeira
grande parte, pelas motivações que levaram os portugueses à expansão língua.
marítima: colonização e exploração de áreas extensas (Brasil, Angola e
Moçambique), domínio militar em posições estratégicas importantes (Diu e Exemplos de crioulo de base portuguesa: em Cabo Verde (há uma
Goa) ou fundação de entrepostos comerciais (Macau). literatura desenvolvida em crioulo caboverdiano, e ele está em processo de
normalização e adoção como segunda língua oficial); na Guiné-Bissau; nas
As situações de contato linguístico do português em vários cantos do ilhas de São Tomé e Príncipe e em vários pontos da Ásia. Segue abaixo um
mundo foram diversas: bilinguismo, multilinguismo e crioulização. O bilinguismo poema de Sérgio Frusoni escrito em crioulo cabo-verdiano:
e multilinguismo se referem às situações em que o português conviveu com
uma ou mais línguas. É o caso, por exemplo, do Brasil, na América; de Crioulo cabo-verdiano Português brasileiro
Angola e Moçambique, na África; e de Macau, na China, em que o Sim, êl há d´voltá Sim, ele há de voltar
português e as várias línguas nativas passaram a conviver e a desempenhar E cs’ é qu’ m há dzê? E o que tenho a dizer-lhe?
funções diferentes: em geral, o português assumia o estatuto de língua Cma m’ speral? Que o esperei?
oficial, a língua da administração e do ensino, e as línguas nativas Cma m’ sofrê? Que sofri?...
continuavam sendo usadas em situações informais.
S’ el ca creditá? E se ele não acreditar?
Angola e Moçambique são países que conquistaram independência na Cs’ ê qu’ m há fazê? O que hei de fazer?
década de setenta do século passado. Dessa conquista resultaram dois m’ há moral fidje, tenho que mostrar-lhe a criança,
fenômenos: as línguas nativas ganharam reconhecimento e houve uma ô m’ há fcá calóde? ou tenho que ficar calada?
revalorização do Português, que foi eleito língua oficial, dadas as inúmeras
vantagens do ponto de vista interno (unidade nacional) e externo (elo com E s’ êç bem stranhá casa; ... e se ele vem e estranha a casa;
outros países). No caso de Macau, devolvido à China em 1999, o cantonês esse nha magreza esta minha magreza
voltou à condição de língua oficial e interesses vários levaram à fundação esse portôm abêrte este portão aberto
de uma universidade portuguesa, cujo objetivo é a preservação e a difusão ma esse lume pagode? e este lume apagado?
do português na região.

A situação de crioulização é diferente. Crioulos são entendidos como


falares que nascem do contato e mescla entre línguas diferentes, p.e., entre 1.1 Lusitânia antiga: continental e peninsular
línguas europeias e línguas nativas das regiões colonizadas. O primeiro
contato linguístico é geralmente um pidgin, mecanismo de comunicação ▪ Portugal continental
rudimentar que se utiliza basicamente do léxico das línguas envolvidas. ▪ Madeira
Tendo a gramática quase nula, os pidgins são usados em contextos restritos ▪ Açores
(p.e., escambo). Ao longo das gerações, por um processo espontâneo, uma
gramática pode ser construída e, nesse caso, o pidgin dá origem a um crioulo. Traços sociolinguísticos do português europeu:
Nada garante, contudo, que essa gramática tenha os mesmos mecanismos ▪ Língua berço;
▪ Língua materna (L1): unidade linguística; ▪ O português é o denominador comum entre a multiplicidade de
▪ Língua oficial: nos atos e documentos públicos e nas relações idiomas falados em Moçambique. Assim, é língua de unidade
externas. O mirandês é língua regional minoritária. nacional;
▪ Língua nacional: língua falada sem contrastes em toda extensão de ▪ Parte da população fala português, mas a língua materna é uma
Portugal continental e peninsular. língua bantu;
▪ Língua de cultura: língua que permite acesso à cultura, ela mesma é ▪ O inglês, língua tradicional de cultura, concorre com o português
patrimônio cultural, pela cultura (filosófica, científica, literária) em Moçambique. A preferência é pelo português;
acumulada ao longo dos séculos.
▪ Língua padrão: (standard) variedade linguística que, por motivos de 1.3 Lusitânia nova: Brasil
ordem sociocultural, é elevada à condição de modelo gramatical a
ser ensinado nas escolas – norma culta da sociedade. ▪ Língua transplantada: o português chegou ao Brasil no século XVI,
onde já existiam centenas de línguas indígenas (dos troncos Tupi e
1.2 Lusitânia novíssima: Angola, Moçambique Macro-jê). Não existia unidade linguística, mas uma diversidade de
falares.
▪ Angola: nação plurilíngue, com línguas nativas numerosas, quase
todas da família bantu. Nesse contexto, o português é língua veicular, → Traços linguísticos do português europeu trazido ao Brasil
fator de unificação no país, já que é língua comum de comunicação
entre os falantes de várias línguas nacionais; ▪ Momento histórico: século de ouro da literatura portuguesa, com
▪ Língua oficial: como as línguas nativas careciam de um padrão grandes poetas, historiadores e dramaturgos, como Camões, Sá de
cultural, o português se tornou língua oficial da República Miranda, Antônio Ferreira e João de Barros, que contribuíram para
Angolana, em 1975; fixação e regularização da língua portuguesa.
▪ Para parte da população, o português é segunda língua, para outra
parte é L1; . desaparecem advérbios de lugar comuns no port. arcaico: ende, em
(“daí”) e hi (“aí”)
Devemos ter a coragem de assumir que a Língua Portuguesa, adoptada desde a . porém deixa de ser usada como explicativa e se fixa como adversativa
nossa Independência como língua oficial do país e que já é hoje a língua materna . ca (< quia) cai em desuso
de mais de um terço dos cidadãos angolanos, se afirma tendencialmente como . desaparecem os particípios em -udo (temudo, cresçudo)
uma língua de dimensão nacional em Angola. (discurso de José Eduardo . o verbo ser, de ligação, é suplantado por estar na indicação de
dos Santos, presidente, em 2006) propriedades transitórias (o rei era cansado > o rei estava cansado)
. redução de hiatos
▪ Moçambique: antiga província portuguesa; . nomes como senhor e português, antes usados para os dois gêneros,
▪ Em 1975: o português é língua oficial do Estado, língua de passaram a formar feminino em a (senhora, portuguesa)
comunicação usada pelo governo. É a língua ensinada nas escolas;
▪ Relatinização da língua portuguesa: os intelectuais portugueses,
profundos conhecedores do latim, frequentemente buscavam
termos expressivos no latim e no grego clássicos. O latim passa a → de Recife parte um movimento de expansão, que funda Natal,
funcionar então como uma língua de “reserva”, à qual recorriam Fortaleza e Maranhão.
para criação de novos termos, principalmente de caráter científico
ou técnico, o que ajuda a explicar a convivência em português entre ▪ Os agentes do processo: nos movimentos de expansão e nos
raízes do latim clássico e do latim popular: grandes ciclos econômicos, sempre foi preponderante a presença de
índios, negros e mestiços, falantes de línguas que não era o
português europeu;
chão e plano ▪ Urbanização: i) os vários ciclos econômicos e as migrações interna
 e externa. Por exemplo, o ciclo do ouro atraiu para Minas Gerais
ambos derivados do lat. planu grande contingente de pessoas, a coroa portuguesa criou
(chão é formação vulgar infraestrutura administrativa e fiscal. Nas cidades fundadas durante
plano é erudita) o ciclo emerge uma literatura brasileira com os poetas árcades; ii) a
transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro foi um
▪ Por efeito dos descobrimentos e dos contatos com diferentes episódio que levou à rápida urbanização.
povos, o léxico do português europeu foi sendo ampliado com
palavras dos três continentes: zebra (do etíope), canja (do malabar,
língua falada na Índia), chá (do mandarim), ananás, amendoim, mandioca 1.3.1 Línguas gerais brasileiras
e tapioca (do tupi).
No Brasil dos séculos XVII e XVIII, em São Paulo, no Maranhão e
→ Características da colonização que ajudam a compreender a no Pará, a expressão línguas gerais assumiu o sentido de línguas de origem
situação linguística indígena faladas por toda a população, originária do cruzamento entre
europeus e índios tupi-guaranis (tupis, em São Paulo, e os tupinambás, no
▪ Formação do território nacional: a ocupação do território se deu por Maranhão e Pará). Ambas as línguas gerais se constituíram em condições de
um processo “ramificante”, em que de centros de irradiação da contato linguístico.
costa partiram movimentos povoadores, formando outros centros
de irradiação, na costa ou no interior, e assim por diante. Por Situações de contato favoreceram a miscigenação em grande escala
exemplo: entre homens europeus e mulheres indígenas, o que resultou na formação
→ de Salvador parte a expedição que resultará na fundação das vilas de populações mestiças em que a língua materna foi a língua indígena das
de São Vicente e São Paulo; mães, não a europeia dos pais. Dentre os vários testemunhos, destaca-se o
→ de São Vicente e São Paulo partem três grandes ciclos liderados de Antonio Vieira (1694): “é certo que as famílias dos Portugueses e Índios
por bandeirantes: i) apresamento de índios (que segue em direção ao de S. Paulo estão tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os
Mato Grosso); ii) ciclo do ouro (direção a Minas, Goiás, Mato Grosso); filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias
e iii) sertanismo de contrato (chega até o Piauí), guerras contra indígenas se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender à escola”.
e negros rebelados;
❖ A família Tupi-Guarani é um grupo genético de moderada diferenciação Vila Cuyaba Rio Paranampanema
interna, em que se distinguem pelo menos oito subgrupos. O tupinambá e o Rio Tietê Rio Paraná
tupi pertencem ao mesmo subgrupo, ao passo que o guarani pertence a outro, Minas Goyas Distrito Guarulhos
do que decorrem mais propriedades linguísticas comuns entre o tupinambá (Costa, R. F.)
e o tupi. O substrato indígena no português brasileiro é evidente no vocabulário,
nos seguintes domínios: cultura material (pixaim, tapera, tocaia), alimentação
A colonização do Brasil teve início precisamente em 1532, com a (mandioca, beiju), flora (abacaxi, amendoim, caju, capim, cajá, sucupira), fauna
fundação de São Vicente, em área tupi, por Martim Afonso de Souza. No (capivara, jaguar, jiboia, lambari, piranha, siri), topografia (capão, taquaral).
sudeste, as línguas indígenas foram utilizadas para a catequese católica e por Estima-se que 40% dos nomes não científicos de peixes e um terço dos
isso se tornaram objeto de estudo (foram elaboradas inúmeras gramáticas, nomes não científicos de pássaros provêm do tupi; muitos termos
dentre elas a de Anchieta, em 1595). Dada a diversidade linguística, os geográficos, como nomes de estados, cidades, rios e montanhas também
religiosos adotaram a partir do século XVII a política da língua geral. As são de origem indígena.
línguas nativas da costa, que eram em sua maioria do tronco tupi,
apresentavam relativa uniformidade. A colonização portuguesa no Maranhão, no Pará e na Amazônia só teve
início na primeira metade do século XVII, após a expulsão dos franceses.
Os indígenas tupis de São Paulo foram sendo extintos enquanto A região era domínio dos tupinambás. De modo similar a São Paulo, a forte
povo independente e culturalmente diverso em consequência da interação entre colonos e soldados portugueses com os tupinambás levou
escravização, e a língua passou a reproduzir essencialmente o idioma dos ao surgimento de uma população mestiça, inicialmente de pais europeus e
mestiços. Essa língua, generalizada na população paulista, é o que se mães indígenas, cuja língua ficou sendo a da mãe, o tupinambá. Essa língua
denominou língua geral paulista. Com a atuação das Bandeiras na mineração foi chamada língua geral amazônica (ou brasiliano). Trata-se de uma língua
e na captura de índios, a língua geral foi levada para Minas Gerais, sul de registrada em documentos (sobretudo por missionários), nos séculos
Goiás, Mato Grosso e norte do Paraná. Os últimos falantes dessa língua XVIII, XIX e XX, e continua sendo falada ainda hoje. A partir do século
geral devem ter morrido no início do século XX. A documentação é escassa. XIX, passou a ser chamada também de nheengatú. Por iniciativa da câmara
Boa parte da toponímia teria derivado da língua geral paulista. de vereadores da cidade de São Gabriel da Cachoeira, o nheengatu, o tucano e
o baniua ganharam o status de língua cooficial.
TOPÔNIMOS DE ORIGEM INDÍGENA NA CAPITANIA DE SÃO PAULO
Denominativo Topônimo Denominativo Topônimo ❖ As línguas gerais ou koiné surgem em contextos de colonização, em que
Serra, estrada Paranapeacaba Ilha Cananéia os colonizadores, ao se depararem com uma diversidade linguística, forçam
Vila Parnaguá Rio Anhemby as populações submetidas a adotar, no contato com os colonizadores, uma
Praia Itárarê Minas Curitiba única língua entre as efetivamente faladas ou uma língua artificial, que é uma
Distrito Iuquery Forte Bertioga mescla de várias. A administração portuguesa alimentou a política das
Ilha Guaibe Aldeia Piratininga línguas gerais por mais de dois séculos, mas, em 1757, um decreto do
Barra Guaratiba Distrito Cutia Marques de Pombal proibiu seu uso em contexto escolar e impôs o
Rio Tamanduaty Ribeiro Anhangabaú português como língua do ensino na colônia. O desaparecimento da língua
Vila Ubatuba Povoação, vila Itánheen geral se explica em função da redução e extermínio da população indígena.
A língua africana na comunidade de Cafundó (Ilari e Basso, p.88)
❖ O número de línguas indígenas brasileiras relatadas por Moore (2006) é O Cafundó é um bairro rural do município de Salto do Pirapora, próximo de
154 ou menos. O grau de conhecimento científico sobre essas línguas, até Sorocaba. Nesse Bairro, vive uma comunidade de negros descendentes de
2001, foi aproximadamente o seguinte: africanos escravizados. A língua do Cafundó é um português com fortes
9% descrição completa: descrição da gramática, coletânea de textos, influências do quimbundo (Angola), sobretudo no léxico.
dicionário;
23% descrição avançada: tese de doutorado ou muitos artigos; O nhamanhara cuendou para coçumbar a cupóia
34% descrição incipiente: dissertação de mestrado e alguns artigos; Homem andar ouvir conversa
29% nada de importância científica “O homem andou para ouvir a conversa”

Vimbundo está cupopiando na marrupa


1.3.2 Línguas africanas Homem preto falar sono
“O homem preto está falando no sono/sonhando”
Não há registros precisos acerca de todas as línguas africanas que foram
trazidas para o Brasil pelos portugueses, a partir do século XVI. As línguas Nhamanhara cuendou no ingombe do andaru
africanas (procedência sudanesa e bantu) foram absorvidas pelo padrão Homem andar boi fogo
cultural superior da língua portuguesa, não chegaram a constituir uma língua “O homem andou de carro”
geral africana, ficaram restritas a rituais religiosos, cânticos, danças e contos
populares. E a herança linguística provém sobretudo desses domínios. Por
exemplo, os ritos religiosos, em diferentes regiões do Brasil, manifestaram 1.3.3 Línguas europeia e asiática
nomes diferentes: candomblé, na Bahia, xangô, em Pernambuco e Alagoas,
tambor de mina, no Maranhão e Pará, batuque, no Rio Grande do Sul, macumba,
no Rio de Janeiro. No século XX, surge umbanda como religião brasileira A partir do século XIX, o fenômeno mais importante, no panorama do
por excelência (do encontro de cultos africanos e tradições indígenas com multilinguismo brasileiro, é a imigração de europeus e asiáticos, que teve
o espiritismo e catolicismo). início em 1820 e se intensificou nas primeiras décadas do século XX. Hoje
no Brasil são idiomas minoritários de origem europeia e asiática. De origem
Inúmeros elementos lexicais de línguas africanas foram conservados em europeia: diversos dialetos italianos e alemães, holandês, polonês,
comunidades que se mantiveram um tanto isoladas em diversas áreas rurais ucraniano, russo, lituano, húngaro, grego moderno. De proveniência
do Brasil, como a de Helvécia na Bahia, a do Cafundó, perto de Sorocaba, as asiática: armênio, árabe, japonês, coreano, diversos dialetos chineses.
de São João da Chapada e de Patrocínio em Minas Gerais, a Calunga, em
Goiás, etc. são em geral de línguas da família bântu, como o kikongo, o A relação do português com a língua do imigrante foi mais uma vez de
quimbundo ou o umbundo. desigualdade. Como muitos imigrantes vinham para trabalhar na lavoura,
suas línguas maternas prevaleceram nas próprias comunidades em que
exerceram essa atividade.
Uma situação comum nos dias de hoje é a do português como língua L. materna Primeira língua. Língua que se fala em torno de uma criança
de emigrantes. Nas últimas décadas, muitos falantes de português, buscando durante os primeiros anos de vida.
melhores condições de vida, partiram para vários países, dentre os quais L. Ágrafa Língua que não possui uma representação escrita.
Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra, Japão (os decasséguis, L. Franca Língua utilizada por falantes de diferentes línguas para
descendentes brasileiros de imigrantes japoneses). comunicação nas suas relações sociais, diplomáticas,
comerciais. O português foi língua franca nos portos da Índia
e dos Sudeste da Ásia até meados do século XIX, permitindo
Bibliografia
CARDOSO, S. et. al. (org) Quinhentos anos de história linguística do Brasil. Salvador:
o contato entre europeus e asiáticos.
EDUFBA, 2016. L. Oficial Língua utilizada na escolarização e nos contatos
CASTRO, I. Introdução à história do português. Lisboa: Edições Colibri, 2006. administrativos, oficiais e internacionais dos elementos de
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente. São Paulo: Contexto, 2006. uma sociedade para quem pode ser, ou não, língua materna.
RODRIGUES, A. As línguas gerais sul-americanas. PAPIA, 4(2), 6-18, 1996. L. Nacional, Língua utilizada no cotidiano pelos elementos de uma
vernácula ou sociedade para quem é língua materna, podendo, ou não,
nativa coincidir, com a língua oficial dessa sociedade.
Anexo
Conceitos operacionais de língua e dialeto

Língua . Conhecimento e uso que cada falante tem e faz da faculdade Sugestão de filme:
da linguagem que lhe é própria, enquanto participante da espécie
humana;
Documentário Nheengatu (2020), do português José Barahona
. Falar de uma comunidade, estruturalmente diferenciado,
portador de apreciável tradição cultural, reconhecido por um
estado como forma de comunicação em suas relações internas e “Ao longo de uma viagem pelo rio Negro, na Amazônia, o documentário
externas. explora o idioma Nheengatu, imposto aos índios nativos pelos
colonizadores portugueses no século 15. Por meio dessa língua misturada,
Dialeto Falar que é parte de uma comunidade maior, praticado ainda falada por algumas tribos, o filme mostra o encontro de dois mundos
geralmente sob a forma oral e não reconhecido por um Estado e suas diferentes questões culturais, históricas e sociais”. (44 Mostra
como forma de comunicação em suas relações internas e Internacional de Cinema)
externas.

Falares, Línguas e dialetos


variedades
Comunidade “A comunidade linguística define-se menos por um acordo
linguística explícito em relação ao emprego dos elementos da língua do que
por uma participação num conjunto de normas comuns”
(Labov)

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