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HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

AVALIAÇÃO FINAL
PROFESSORA ANA SUELLY ARRUDA CÂMARA CABRAL
ALUNA GIULLIANA DINIZ PANTUZZO – 13/0027251

Questão 1) Faça uma resenha do Artigo de Aryon Dall’Igna Rodrigues intitulado


“As Línguas Gerais Sul-Americanas” (Rodrigues 1996). Disponível na internet. (3
pontos)

Aryon Rodrigues foi um dos mais renomados linguistas brasileiros, com


pesquisas de extrema relevância sobre as línguas indígenas, e sua obra é utilizada até
hoje nos estudos sociolingüísticos.
O texto em questão é intitulado “As Línguas Gerais Sul-Americanas” e foi
escrito em 1996. Em sua introdução, Rodrigues explicita o duplo sentido do texto. Além
de delimitar e definir o conceito de língua geral, ele busca apontar “algumas
características sociolinguísticas e estruturais das línguas gerais (RODRIGUES, 1996, p.
6).
Dessa forma, língua geral é, para ele,
um termo específico para determinada categoria de línguas, que
surgiram na América do Sul nos séculos XVI e XVII em condições
especiais de contacto entre os europeus e povos indígenas
(RODRIGUES, 1996, p. 6).

A questão mais abordada nessa introdução então é a problemática, a confusão


que se faz acerca desse conceito. Ou seja, Rodrigues afirma que ora achavam que se
tratava das línguas faladas pelos próprios tupis e os tupinambás, ora falavam que se
referia a uma língua moldada pelos jesuítas. Além disso, no século XVI, ainda houve a
divulgação de que se tratava de um pidgin ou um crioulo originado no contato dos
portugueses com índios de diferentes afinidades, ou originado ainda antes da chegada
dos europeus.
Na primeira parte, “As línguas Gerais”, Rodrigues discorre sobre a colonização
da América do Sul pelos portugueses e pelos espanhóis; sobre as consequências
linguísticas da miscigenação em longa escala de homens europeus com mulheres
indígenas e sobre a família linguística Tupi-Guarani. Essa família é um grupo de
moderada diferenciação interna, composta por pelo menos oito subgrupos (dados de
1984/1985). Por os conceitos de “dialeto” e “língua” serem bastante relativos, relativas
também são as questões em volta da nomenclatura de falares, como se as línguas de um
mesmo subgrupo, ou mesmo subgrupos distintos devem ser chamadas de “línguas”
distintas ou “dialetos” de uma mesma “língua”. Rodrigues trata a língua dos tupis e a
dos tupinambás como duas línguas distintas. Um dos motivos dessa distinção é porque
as duas tiveram alguns reflexos diferentes sobre o português.
Dessa forma, Rodrigues propõe, então, não utilizar o termo língua geral com o
adjetivo em sentido próprio, pois se refere “simplesmente à amplitude do uso de
determinada língua por povos indígenas” (RODRIGUES, 1996, p. 7).
Na segunda parte, “A Língua Geral Paulista”, o autor trata sobre a colonização
portuguesa do Brasil, com a fundação de São Vicente em pleno domínio tupi, mesmo
que antes já houvesse portugueses entre os tupis. Da situação de homens sós se
envolverem com mulheres indígenas, surgiu uma população mestiça cuja língua
materna era o tupi das mães e parentes delas, já que não havia parentes falantes de tupi
da parte do pai. Com o tempo,
Os índios tupis foram-se extinguidos como povo independente e
culturalmente diverso, sobretudo por efeito da escravização intensiva,
e sua língua passou a reproduzir-se essencialmente como idioma dos
mestiços, isto é, dos mamelucos, ainda quando já não mais havia a
interferência direta de indígenas nas famílias [...] falava-se
correntemente a língua originalmente indígena e apenas o marido, e, a
partir de certa idade, os filhos homens eram bilíngües em português
[...]. Nessa situação, a língua que falavam os paulistas já não mais
servia a uma sociedade e a uma cultura indígenas, mas à sociedade e à
cultura dos mamelucos, cada vez mais distanciadas daquelas e mais
chegadas à cultura portuguesa.

Assim sendo, a generalização dessa língua na população paulista é o que se


chamou, em São Paulo, de língua geral.
Na parte três, “A Língua Geral Amazônica”, Rodrigues discorre sobre a
colonização portuguesa no Maranhão, no Pará e na Amazônia em geral. Nesse contexto,
a relação entre os colonos e soldados portugueses com os tupinambás levou ao
surgimento de uma população mestiça, inicialmente de pais europeus e mães indígenas,
cuja língua ficou sendo a das mães, o tupinambá. Essa língua foi reajustando-se com o
tempo e diferenciando-se. Essa língua surgida já foi chamada de língua geral, bem
como brasiliano. Entretanto, Rodrigues a chama de Língua Geral Amazônica.
Na quarta parte do texto, “As LGs como uma Classe Especial de Produto do
Contato Linguístico”, o autor traz seis características sociolinguísticas das línguas
gerais, LGP, LGA e GNC (guarani crioulo), e, em seguida, na penúltima parte, explica o
motivo de não terem se constituído línguas gerais do Rio de Janeiro ao Piauí. O motivo
seria também a redução da população indíngena e o pouco tempo de contato entre eles e
os portugueses.
No final, Rodrigues elenca algumas mudanças estruturais comuns às línguas
gerais, utilizando o tupinambá como uma das línguas-fonte e só duas das línguas gerais,
a LGA e o GNC.
Desse modo, conclui-se que o estudo dos das línguas gerais é de extrema
importância para o desenvolvimento de pesquisas linguísticas acerca do tema. A
importância também se dá pelo fato de que o texto é voltado para professores e
estudantes da área, de modo que a reflexão acontece durante o período de formação,
estendendo-se à pesquisa científica.

Questão 2) Trace a distinção entre linguística histórico comparativa e filologia. (1


ponto)
A Filologia é a ciência que estuda a literatura de um povo ou de uma época e da
língua utilizada como instrumento para essa literatura. Ela é uma ciência antiga e nasceu
a partir da necessidade, dos antigos povos, de explicar textos arcaicos de seus
monumentos literários ou religiosos. Qualquer estudo feito no sentido de reconstituir
textos antigos de uma língua e corrigi-los quando errados, por exemplo, diz respeito à
Filologia. Já a linguística histórica comparativa consiste em analisar os fatos de uma
língua em relação aos fatos análogos de outra língua da mesma família. Esse método
permite a descoberta da origem de determinadas questões lingüísticas, como origem e
procedência.
Questão 3) Nos anos 1960, conhecia-se o número de 2.000 línguas. Qual o número
de línguas identificadas no mundo no presente? O que o IBGE (censo 2010) diz do
número de línguas faladas no Brasil. Deste número, quantas são indígenas e
quantas são de imigração? Quantas e quais são as línguas Românicas faladas no
mundo e qual a sua distribuição? (0,5 pontos)
São 6909 línguas diferentes faladas ao redor do mundo, segundo o compêndio
Ethnologue, que cataloga os idiomas do nosso planeta desde 1950. (Disponível em:
http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/prouca/Bloco1(TCC8)/Sinonimia/
atv3_sinoni.swf). Segundo o censo do IBGE de 2010, são faladas 274 línguas indígenas
no Brasil.

Há dez línguas românicas: o português, o espanhol, o catalão, o francês, o


provençal, o italiano, o reto-romano, o dalmático, o romeno e o sardo.

Essas línguas estão assim distribuídas:


• Português, falado em Portugal, no Brasil, na Ilha da Madeira, no arquipélago dos
Açores, nas antigas e atuais colônias portuguesas da África, da Ásia e da Oceania;
• Espanhol, falado na Espanha e em suas colônias, em quase toda a América do Sul à
exceção do Brasil e das Guianas, na América Central, no México, em algumas ilhas do
arquipélago das Antilhas e nas Filipinas;
• Catalão, falado na Catalunha, nos vales de Andorra, no departamento francês dos
Pirineus orientais, na zona oriental de Aragão, na maior parte de Valência, nas ilhas
Baleares e na cidade de Alguer, situada na costa noroeste da Sardenha;
• Francês, falado em quase toda a França, exceto no sul e na Bretanha, em suas colônias
da Ásia, da África, da América e Oceania, na Bélgica e Congo Belga, na Suíça, em
Mônaco, no Canadá, na Luisiânia e no Haiti;
• Provençal, falado no sul da França (Provença);
• Italiano, falado na Itália e nas ilhas adjacentes (Córsega, Sicília, etc.), nas antigas
colônias italianas da Ásia e da África, e em S. Marinho;
• Reto-romano, rético ou ladino, falado no Tirol, no Friul e no cantão dos Grisões
(Suíça);
• Dalmático, outrora falado na Dalmácia;
• Romeno ou Valáquio, falado na Romênia e na parte da Macedônia, próxima ao Monte
Olimpo;
• Sardo, falado na Sardenha.

(Disponível em: http://vejadetudoumpouco.blogspot.com.br/2011/05/historia-da-lingua-


portuguesa.html).

Questão 4) Quando começa a tradição literária em Roma? O que disse Cícero ao


seu amigo Paeto que é usado para fundamentar a discussão sobre a diferença do
Latim Clássico e do Latim Vulgar? (0,5 pontos)
A tradição literária em Roma se inicia no século III a.C. Antes disso, o que
existiam eram inscrições de nulo valor literário. A época de Cícero e Augusto que
representa o período de ouro do latim clássico, pois é nessa época então que surgem os
grandes escritores de prosa e verso que levam o latim ao seu maior esplendor.
Cícero, ao seu amigo Paeto, fala por carta: "Quid tibi ego videor in epistulis? nonne
plebeio sermone agere tecum?... Causas agimus subililius, ornatius; epistulas vero
cotidianis verbis texere solemus". "Que tal me achas nas cartas? Parece que uso contigo
a língua vulgar, pois não é?... Nos discursos aprimoro mais; Nas cartas, porém, teço as
frases com expressões cotidianas”. Assim sendo, isso é utilizado para fundamentar a
discussão sobre a diferença entre o latim clássico (sermo urbanus) e o vulgar (sermo
vulgaris).
Questão 5) Cite duas das características fonéticas, duas morfológicas e duas
sintáticas que distinguiam o Latim Clássico do Latim Vulgar. (1 ponto)
Na fonética: 1) Redução dos ditongos e hiatos em simples vogais: plostrum
(plaustrum), orum (aurum), preda (praeda) etc. 2) Redução ou queda de alguns
fonemas: justicia (iustitia), cocere (coquere), paor (pavor), rius (riuus).
Na morfologia: 1) Redução das cinco declinações do latim clássico a três,
advinda da confusão, da quinta com a primeira e da quarta com a segunda: dia, ae (dies,
ei), galicia, ae (glacies, ei), gemilus, i (gemilus, us). 2) Substituição das formas
sintéticas do comparativo e superlativo pelas analíticas: plus ou magis certus (certior,
multum justus (justissimus).
Na sintaxe: 1) Construções analíticas: credo quod terra est rotunda por credo
terram esse rotundam. 2) Emprego mais frequente das preposições em vez dos casos:
dedi ad patrem (dedi patri), liber de Pedro (Petri liber).

Questão 6) Quais os documentos do Latim Vulgar que caracterizam suas


peculiaridades linguísticas? (1 ponto)
As inscrições, pois não retratam o latim apenas deuma fase, nem deuma região,
mas de todas as fases e todas as regiões e nenhum documento lhes leva vantagem neste
ponto. Outro documento é o Appendix Probi, porém só interessa à fonética e à
morfologia, e nada à sintaxe. Além disso, o Peregrinato e as glosas também são
importantes. As glosas são um meio auxiliar para o conhecimento da lexicografia do
latim.
Questão 7) Quais as nações germânicas que invadiram a Península Ibérica no
século V e em que domínios a influência árabe foi mais forte na história da
colonização da mesma Península? (0,5 pontos)
A Península Ibérica foi invadida no século V a. C. pelo povo celta, da família
árica, que saíram do sul da Alemanha. Já no século VIII a.C., os árabes invadem a
Península Ibérica e combatem os visigodos, e, após vencerem o combate, tornaram-se os
mouros se tornam senhores do reino visigótico.
Questão 8) Descreva os três principais períodos da história da escrita do
Português. (0,5 ponto)
São os períodos: fonético, pseudoetimológico e o simplificado. No fonético, o
início se dá com os primeiros documentos escritos em português até o século XVI. O
período pseudoetimológico vai do século XVI até o ano de 1904, e o simplificado
começa com a publicação do livro de Gonçalves Viana, em 1904 até os dias de hoje.
Questão 9) Dê exemplos de mudanças fonéticas ocorridas na história da língua
português que ilustrem assimilação (6) e dissimilação (4). (1 ponto)
Assimilação (vocálica e consonantal): aproximação ou perfeita identidade de
dois fonemas, resultante da influencia que um exerce sobre o outro. Exemplos: novac
(u) la > navalha, paomba (arc.) (<palumba) > poomba (arc.) (>pomba), caente (arc.)
(<calente) > queente (arc.) (>quente), maor (<maiore) > moor (arc.) (>mor), persona
> pessõa (arc.) (> pessoa), verlo > vello (> vê-lo), ipse > isse (<esse).
Dissimilação: diversificação ou queda de um fonema por já existir fonema igual
ou semelhante na palavra. Exemplos: calamellu > caramelo, formosu > fermoso (arc.),
aratru > arado, lobellu > novelo, Mem(o)rare > membrar (arc.).
Questão 10) Exemplifique mudanças em uma paradigma verbal do Latim ao
Português. Descreva essas mudanças. (1 ponto)
“Nivelação analógica (que resulta na diminuição da alternância nos paradigmas) – um
caso ilustrativo é precisamente o verbo arder [...]. A evolução fonética das suas formas
deu origem a uma irregularidade, neste caso, a existência de dois lexemas para as
formas do presente, um dos lexemas foi eliminado, passando a existir uma só forma
para o radical do presente deste verbo (arço, ardes > ardo, ardes)” (COLAÇO, 2012, p.
51).
Bibliografia:
CÂRAMA Jr., M. C. História e Estrutura da Língua Portuguesa.

COLAÇO, Maria João. Menço ou minto? Regularização de paradigmas verbais, 2012.


Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/7917/1/ulfl131818_tm.pdf>.
Acesso em: junho de 2016.
COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico, 2005.

http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/prouca/Bloco1(TCC8)/Sinonimia/
atv3_sinoni.swf

http://vejadetudoumpouco.blogspot.com.br/2011/05/historia-da-lingua-portuguesa.html

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