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DET

PRÉ-VESTIBULAR 2020
LÍNGUA PORTUGUESA
VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA
Professora Aline Medeiros
Competência de área 8 – Compreender e usar a língua
portuguesa como língua materna, geradora de significação
e integradora da organização do mundo e da própria
identidade.
 
H25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas
linguísticas que singularizam as variedades linguísticas
sociais, regionais e de registro.
 
H26 – Relacionar as variedades linguísticas a situações
específicas de uso social.
 
H27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua
portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Língua: sistema formado por regras e
valores presentes na mente dos falantes
Aspectos sociais, culturais e políticos.

Idioma: usado para identificar uma nação


em relação às demais.

Dialeto: designação para variedades


linguísticas.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Diferenças que uma mesma língua


apresenta quando é utilizada.

Interlocutores
Situação de comunicação
IMPORTANTE!

A variação é um processo
natural e comum a todas as
línguas.
ENEM 2010
No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar e explorar
os territórios descobertos, nos quais viviam índios, que eles
queriam cristianizar e usar como força de trabalho. Os
missionários aprendiam os idiomas dos nativos para catequizá-los
nas suas próprias línguas. Ao longo do tempo, as línguas se
influenciaram. O resultado desse processo foi a formação de uma
língua geral, desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao
sul, e o nheengatu, ao norte. Quase todos se comunicavam na
língua geral, sendo poucos aqueles que falavam apenas o
português.
De acordo com o texto, a língua geral formou-se e
consolidou-se no contexto histórico do Brasil-Colônia.
Portanto, a formação desse idioma e suas variedades foi
condicionada
(A) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos
portugueses.
(B) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber
linguístico dos índios.
(C) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas
precisavam aperfeiçoar-se.
(D) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma
nova língua com os portugueses.
(E) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era
anterior à chegada dos portugueses.
LÍNGUA GERAL

Língua de contato ou língua de


relação resultante do contato e
comunicação entre grupos
linguísticos distintos.
Lei do diretório

Marques de Pombal promulgou a Lei do Diretório em


(1757). Essa lei considerava a língua geral uma “invenção
verdadeiramente abominável e diabólica” e proibia às
crianças, filhos de portugueses, e aos indígenas
aprenderem outro idioma que não o português.

Em 1759, um alvará ampliou a Lei do Diretório: tornou


obrigatório o uso da língua portuguesa como idioma oficial
em todo o território nacional. Portanto, ao longo de dois
séculos, o Brasil possuiu dois idiomas: a língua geral ou
tupinambá e o português.
ENEM 2011
Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o país era
povoado de índios. Importaram, depois, da África, grande número
de escravos. O Português, o Índio e o Negro constituem, durante o
período colonial, as três bases da população brasileira. Mas no que
se refere à cultura, a contribuição do Português foi de longe a mais
notada. Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a
lado como línguas de comunicação. Era o tupi que utilizavam os
bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia o Padre Antônio
Vieira que “as famílias dos portugueses e índios em São Paulo
estão tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os
filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas
famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os meninos
aprender à escola.”
TEYSSIER, P. História da Língua Portuguesa. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).
A identidade de uma nação está diretamente ligada à cultura de
seu povo. O texto mostra que, no período colonial brasileiro, o
Português, o Índio e o Negro formaram a base da população e
que o patrimônio linguístico brasileiro é resultado da
(A) contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros.
(B) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos
indígenas.
(C) importância do padre Antônio Vieira para a literatura de
língua portuguesa.
(D) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as
línguas tupi.
(E) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua
tupi.
A variação pode ser evidenciada em um sistema
linguístico por meio de elementos:

Lexicais: vocabulário

Fonológicos: pronúncia

Morfológicos: estrutura das palavras

Sintáticos: organização dos elementos na


sentença
Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o
ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes,
mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que
todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas
que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais
variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o
vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de
beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim.
O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês
doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au
ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu...Já os
paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava,
afetuosamente, de Raquer.
Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um
tipo de variação linguística que se percebe no
falar de pessoas de diferentes regiões. As
características regionais exploradas no texto
manifestam-se

(A)na fonologia.
(B) no uso do léxico.
(C) no grau de formalidade.
(D) na organização sintática.
(E) na estruturação morfológica.
DENTRE AS DIVERSAS VARIANTES
UTILIZADAS, A COMUNIDADE
SEMPRE ELEGE UMA,
CONSIDERADA UM “IDEAL
LINGUÍSTICO”, A VARIANTE DE
PRESTÍGIO, SUPERIOR ÀS DEMAIS.
NORMA-PADRÃO

A norma-padrão é o modelo
convencional estipulado por
gramáticos, ou seja, estudiosos da
língua. Dessa forma, a norma-padrão
é ensinada nas escolas e cobrada em
provas.
NORMA CULTA

A norma culta é o resultado da prática


da língua em meios sociais
considerados cultos. Toma-se como
base pessoas com formação de nível
superior e foi desenvolvida por meio
de pesquisas de campo. 
“O preconceito linguístico está ligado, em
boa medida, à confusão que foi criada, no
curso da história, entre língua e gramática
normativa. Nossa tarefa mais urgente é
desfazer essa confusão. Uma receita de
bolo não é um bolo, o molde de um
vestido não é um vestido, um mapa-múndi
não é o mundo... Também a gramática
não é a língua.”
Marcos Bagno
PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Juízo de valor em relação ao falante


que não utiliza a “variante de
prestígio.”

Desvalorização das outras variantes


TIPOS DE VARIAÇÃO

HISTÓRICA (Diacrônica)
A língua muda ao longo do tempo.

ETÁRIA – Faixa etária do falante


ENEM - 2014
Em bom  português
No  Brasil,  as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não  é 
somente pela gíria que a gente  é apanhada (aliás, não se  usa  mais a primeira 
pessoa, tanto  do singular como  do plural: tudo  é “a gente”).  A própria  
linguagem  corrente vai-se renovando e a cada dia uma  parte do léxico cai em
desuso.
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha  atenção
para os que  falam assim:
– Assisti a uma fita de  cinema com um artista que  representa muito bem.
Os que acharam  natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que  viram  um 
filme  que trabalha  muito bem. E irão ao banho  de  mar  em vez de ir  à praia,
vestido de roupa de  banho em  vez  de  biquíni, carregando guarda-sol em  vez
de  barraca. Comprarão um automóvel  em   vez de  comprar  um carro, pegarão 
um defluxo em  vez  de  um resfriado,  vão andar  no  passeio em vez de 
passear na calçada. Viajarão de  trem de  ferro e  apresentarão sua  esposa ou
sua  senhora  em vez  de  apresentar  sua  mulher.
(SABINO, F. Folha de  S. Paulo, 13 abr. 1984)
A língua varia  no  tempo, no  espaço e  em  diferentes  classes
socioculturais. O texto exemplifica  essa característica da língua,
evidenciando que
(A) o  uso de  palavras  novas deve ser  incentivado em
detrimento das antigas.
(B) a utilização de inovações do léxico é  percebida na 
comparação de  gerações.
(C) o emprego de  palavras com  sentidos  diferentes caracteriza 
diversidade geográfica.
(D) a pronúncia e o vocabulário são aspectos  identificadores da
classe social a  que  pertence o falante.
(E) o modo de  falar  específico de pessoas de  diferentes faixas 
etárias é  frequente em todas  as regiões.
TIPOS DE VARIAÇÃO

REGIONAL / GEOGRÁFICA (Diatópica)


Aspectos culturais de falantes de diferentes
regiões
TIPOS DE VARIAÇÃO

SOCIOCULTURAL (Diastrática)
Grupos sociais distintos, padrões sociais de
cada comunidade.
Nível de escolaridade, gírias, jargões profissionais
TIPOS DE VARIAÇÃO

GRAU DE FORMALISMO (Diafásica)


Adequação à situação de comunicação.
Formal - Informal

REGISTRO (Diamésia)
Oralidade x escrita
ORALIDADE
 Mais espontânea, menos planejada;
 Não requer escolarização, sendo um processo aprendido
socialmente.
 Usa recursos extralinguísticos como entonação, gestos,
postura e expressões faciais que facilitam a compreensão
da mensagem.
 Não ocorre sempre linearidade de pensamento, sendo
possível a existência de rupturas e desvios no raciocínio.
 Apresenta repetições e erros que não podem ser corrigidos.
 Apresenta maioritariamente um vocabulário reduzido e
construções frásicas mais simples.
ESCRITA
 Mais formal, sendo mais pensada e planejada.
 Tem duração no tempo e pode ser relida inúmeras vezes
porque tem registro escrito.
 Requer escolarização e uma aprendizagem formal da escrita.
 Todas as indicações necessárias para a compreensão da
mensagem são feitas através de pontuação e das próprias
palavras.
 Exige linearidade, ou seja, a existência de uma sequência de
pensamento clara e estruturada.
 Possibilita a revisão do conteúdo e a correção dos erros.
 Deve apresentar um vocabulário variado e construções
frásicas mais elaboradas.

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