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Manual
Do
T.L.C.

Volume 2
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CARTAS AOS JOVENS

Graças a Deus, muitos jovens estão voltando sua mente e seu coração para Cristo! Todos
estão bastante empenhados na "nova evangelização" solicitada pelo nosso querido papa,
em preparação ao grande jubileu do ano 2000. Ela pede "novo ardor, novos métodos, novas
expressões".
Na Diocese do Campo Limpo (em São Paulo), percebendo a dificuldade da perseverança
dos grupos da pastoral da juventude, fizemos a tentativa de readaptar o movimento do TLC
às novas exigências dos jovens de hoje. Adotando uma casa de encontros como "Casa da
juventude", criamos um espaço providencial para o acolhimento aos jovens, que são
convidados para um encontro de despertar. Com a nova metodologia e novos conteúdos,
vemos reflorescer a participação dos jovens, em todos os campos de nossa Igreja, graças
ao impulso dado pelo TLC.
Inúmeros jovens reencontraram o sentido da vida, voltaram a se relacionar melhor com as
famílias, com os colegas. Vários deixaram o caminho da droga ou do alcoolismo. Diversos
despertaram para a dimensão missionária do "jovem, apóstolo de outros jovens". Surgiu
uma equipe missionária que marcou presença e ação em bairros pobres de recente
ocupação. Alguns passaram a participar de encontros vocacionais e a definir-se pela vida
sacerdotal ou religiosa.
Bendito seja Deus! Fazendo a segunda visita pastoral às paróquias e comunidade tem
constatado pessoalmente como está melhorando a participação dos jovens na vida e ação
das igrejas locais.
Dentro do empenho missionário, nossa equipe já atendeu à solicitação de outras dioceses,
e ajudou a iniciar o TLC em várias Igrejas particulares.
Agora, sabendo da importância da continuidade e da fidelidade do trabalho em um
entrosamento melhor, Luiz Antônio Bortolin e sua esposa Mônica se prontificaram a
promover um secretariado coordenador das atividades do movimento que ressuscita com
novo empenho.
Desejando colaborar com a idéia e principalmente com a continuidade da Evangelização
da juventude, aceitei o encargo de sediar um primeiro encontro dos representantes das
dioceses e paróquias que têm o TLC.

D. EMILIO PIGNOLI - BISPO DIOCESANO DE CAMPO LIMPO


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MEU REENCONTRO COM O TLC


PE. HEWALDO ELIÉLSON DE SOUZA

Quando fui convidado para celebrar uma missa no TLC, confesso que no momento me
assustei. TLC? Não seria aquele mesmo de vinte anos atrás que fiz na diocese de Jundiaí,
no qual trabalhei várias vezes durante minha caminhada paroquial antes de ingressar no
seminário?
De fato era aquele mesmo TLC, que havia deixado brasas ainda acesas em vários lugares
deste imenso Brasil... O sopro do Espírito fez que essas brasas se acendessem novamente
e incendiassem vários grupos de jovens que estavam abertos a essa ação maravilhosa do
Espírito. O TLC não foi simplesmente algo do passado, que pôr saudosismo trouxemos de
volta, ou algo que já estava morto e nós ressuscitamos. O TLC é um movimento que se
renova constantemente segundo o sopro do Espírito que faz novas todas as coisas. Durante
muito tempo, nós padres, agentes de pastoral, jovens praticantes, ficamos nos perguntando
o que havíamos colocado no lugar desses movimentos, que arrebanhavam milhares de
jovens pôr todos os lados. Só em Jundiaí, onde eu participava, reuníamos cerca de 5 mil
jovens no ginásio de esportes, para um encontro anual. Quase todos haviam feito TLC ou
algo semelhante. A reflexão anterior e a prática pastoral colocaram de lado estes encontros
e até os chamaram de alienantes e espiritualizastes demais. A verdade é que não sobrou
muita coisa destas práticas e os jovens, sem muita direção e apoio nas paróquias, foram
deixando os bancos das Igrejas vazios para ir atrás de aventuras, nem sempre muito
edificante. As Igrejas foram se tornando adultas demais, e quase não víamos jovens em
suas fileiras. O que faltava? Não quero ser simplista
Dizendo que faltava o TLC, mas quero afirmar como padre que sempre trabalhou com a
juventude, que faltou neste período uma reflexão mais séria para o jovem que, entre tantas
opções na vida, deveria fazer a grande opção pôr Jesus Cristo. Faltou, sim, um espaço no
qual ele pudesse encontrar amigos, que, às vezes, passando pelos mesmos problemas e
dificuldades, pudessem juntos e com o testemunho de outros descobrir que Jesus é a
solução para todos os problemas. Faltou um movimento ou grupo, como queiram chamar,
que dissesse a verdade ao jovem, sem muito rodeio, com palavras claras e direção firme,
para que ele percebesse que a Igreja que fala em nome de Deus tem para ele um projeto
de vida.
Tudo isso, resgatamos, trazendo o TLC com força total. Fruto do Sopro do Espírito, que
não deixou essa chama se apagar, mas renova para a Igreja neste final de milênio um
espaço voltado para o jovem feito pôr ele, como agente evangelizador, e para ele, no
Treinamento de sua Liderança como jovem Cristão.
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A TRAJETÓRIA DO TLC

HAROLDO J. RAHM, Sj

Quando cheguei ao Brasil, há 34 anos, fiz o 4º Cursilho do Brasil em Campinas. Já tinha


sido diretor de Cursilho em El Paso, Texas, pôr isso entrei imediatamente na diretoria
sacerdotal, com Mons. Mariano e Pe. Mário. Fizemos muitos Cursilhos juntos. Nem sei
como os cursilhistas agüentaram meu sotaque e minha falta de português, mas Deus é bom
e sabe o que quer no Kerigma. Depois de algum tempo decidi, com Antônio Orlando, Mário
Pedroso, Cario Dodi e Venâncio Dantas, modificar o Cursilho para jovens. Combinamos as
idéias de santo Inácio de Loyola com a Legião de Maria e o Cursilho mesmo, e fundamos
o Treinamento de Liderança Cristã (TLC), que logo explodiu em todo o Brasil. Muitos de
nós dirigíamos TLC nos fins de semana e freqüentemente viajávamos a duas ou três
cidades para dar "matracas" (palestras).
Cada segunda-feira, às 20 h em ponto, nossa equipe reunia-se e vinham pessoas de todo
o Brasil, procurando nossa ajuda. Mimeografamos a metodologia e as matracas várias
vezes, até que com dona Maria Lamego escrevemos o livro Treinamento de Liderança
Cristã.
Um dia chegou dona Iracy Lotufo e sua filha Lúcia, para pedir um TLC para o colégio Culto
à Ciência. Depois disso, demos muitos cursos desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul.
Os pais começaram a pedir que déssemos o TLC para adolescentes. Maria Larnego e eu
fomos pedir a dona Nely Babine para cuidar desse grupo. Assim, o mini -TLC ficou muito
popular.
Mais tarde, estudantes da Unicamp e PUC de Campinas pediram e indicamos os cursos
universitários.
Surgiram grandes líderes, como o Bortolin e a Mônica, Dom Vicente, arcebispo emérito de
Botucatu, Dom Gilberto Pereira Lopes, arcebispo de Campinas, em muitos Estados do
Brasil, que dedicam sua vida ao TLC.
Tínhamos reuniões regionais e nacionais, e todos nós viajavamos continuamente, ajudando
várias equipes a começar o TLC e a participar do movimento. Em certos lugares, como São
Paulo, Jaú, Sertãozinho, Jundiaí, Botucatu, Rio Negro e outros, continuam até hoje. Em fim
responder em todo o Brasil.
O TLC não ficou só no Brasil, mas foi também para a Colômbia, Argentina, Itália. Na Sicília,
ele é voltado para médicos e advogados.
Parabéns a tantas pessoas como Bortolin e Mônica e centenas de outros que têm dedicado
sua vida ao melhoramento da juventude no TLC.
Começamos o TLC nas Fazendas do Senhor Jesus. A semente que um pequeno grupo de
homens, mulheres e jovens plantara no Espírito de Jesus cresceu biblicamente como a
árvore grande e frondosa, onde os pássaros cantam e fazem seus ninhos.
Indo "sempre mais alto", desde o começo foi consagrado à Virgem Mãe Nossa Senhora de
Guadalupe, Patroa do TLC.
Reze por mim, rezo por você.

O QUE É O TLC
Luís Antônio Bortolin e D. Mônica
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1. O QUE É?
É uma experiência da graça de Deus que acontece em dois dias em meio a muita alegria,
trabalho em grupo e oração. Deus propõe... e chama.
Ao jovem cabe dar a resposta.
Como os Reis Magos, ele procura uma estrela, que, uma vez encontrada, dá sentido pleno
a sua vida.
São dois dias e meio nos quais se tem a oportunidade de encher a cabeça de idéias e o
coração de fogo; e nos quais se pode definir uma vida pôr CRISTO LIBERTADOR.

2. O QUE PRETENDEMOS?
2.1 - No plano individual:
"Que fiz por Cristo?"
"Que estou fazendo por Cristo?"
"Que devo fazer por Cristo?"
(Santo Inácio)
2.2 - No plano comunitário: com Cristo
Ver, julgar, agir.
Em casa, na escola, com os amigos, na paróquia, na profissão, na vida
político-social, nas distrações, com os pobres etc.

3. O QUE QUEREMOS FORMAR?


3.1 - Comunidades apostólicas na Pastoral da Igreja que sejam vivência
evangélica nos planos humano, social, político e espiritual.
3.2 - Comunidades que:
3.2.1 - vivam a espiritualidade;
3.2.2 - formem-se intelectualmente;
3.2.3 - sejam missionárias: "Ide ... pregai o Evangelho". "Farei de vós
pescadores de homens."

4. COMO?
4.1 - Pelas modernas técnicas de dinâmica de grupo.
4.2 - Por meio da rica e magnífica mensagem cristã.
4.3 - Estabelecendo uma comunidade de amor em Cristo, quer dizer, Cristo
vivendo, agindo e amando nos corações dos jovens.

5. POR QUE?
5.1 - Primeiramente porque é o Senhor quem chama. E quando ele chama só
nos resta responder.
5.2 - Depois, porque a Igreja, por meio do papa Paulo VI, dirigindo-se aos
jovens, no final do Concilio, insistiu: "Abram seus corações às dimensões do mundo.
Estejam atentos aos apelos de seus irmãos. Coloquem a serviço deles as suas
energias juvenis. Lutem contra o egoísmo. Não se deixem levar pelos instintos da
violência e do ódio que geram as guerras com todas as suas misérias. Sejam
generosos, puros, cheios de respeito e sinceridade; e, com entusiasmo, construam
um mundo melhor do que o que tinham seus pais".

6. ONDE?
6.1 - Em uma fazenda, casa de retiro, hotel, seminário, colégios, enfim
qualquer lugar onde se possa dormir, comer e reunir os cursistas e dirigentes.

7. QUANDO?
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7.1 - Em dois dias e meio consecutivos. De preferência, começando na
sexta-feira à noite e terminando no domingo à noite.

8. CONCLUINDO
8.1 - Quer esta experiência da graça de Deus despertar líderes para ajudar
na construção do Reino de Deus, portanto líderes cristãos.
8.2 - Formar comunidades de base na Pastoral da Diocese e na CNBB que
vivam intensamente a vida espiritual, intelectual e apostólica, contribuindo assim
para a restauração do mundo de Cristo.

SECRETARIADO NACIONAL DO TLC


Cúria Diocesana de Campo Limpo
Caixa Postal 60.757 05799-970
São Paulo, SP
Fone: (011) 849.0671

CAPÍTULO 1
VISÃO GLOBAL

1. Introdução. 2. Trajetória do TLC. 3. Terminologia. 4. Horário. S. Comentário ao horário.


6. O papel dos assistentes jovens. 7. O papel dos adultos. 8. O papel do diretor espiritual.
9. O papel dos acompanhantes: leigos e religiosos.

1. INTRODUÇÃO

Entre os muitos fatos magníficos que o Vaticano II trouxe à luz, são de especial interesse
para os jovens os seguintes:
a) O Espírito Santo fala e trabalha por meio de todos os fiéis: “O Espírito Santo, que santifica
o povo de Deus por meio”.
dos ministérios e dos sacramentos, concede também aos fiéis dons especiais (I Cor 12,7).
Assim, podem os indivíduos, conforme o dom que receberam, administrá-lo uns aos outros
e ser bons administradores da superabundante graça de Deus (lPd 4,10) (O apostolado dos
leigos, cap. 1, par. 3).
b) Os jovens devem ser os apóstolos principais e diretos dos outros jovens:
"Eles próprios devem ser os apóstolos principais e diretos dos jovens, exercendo o
apostolado entre si e por meio deles mesmos, e tomando consciência do ambiente social
em que vivem" (O apostolado dos leigos, cap. III, par. 12).
c) Os jovens, sobretudo, devem dar uma resposta pronta e generosa à voz de Cristo:
"Sobretudo os jovens devem sentir que este chamado de Cristo lhes é dirigido em particular,
e que a ele devem responder com disposição e generosidade." (O apostolado dos leigos,
cap.III, par. 33).

O T.L.C e um instrumento pelo qual o espírito Santo fala por meio dos jovens. Também
ajuda nesse apostolado, aqueles adultos que se interessam pela juventude e nela
acreditam. O T.L.C oferece, pois, aos jovens, a oportunidade de dar uma resposta pronta e
generosa à voz de Cristo; não é um retiro, mas um modo de formar uma comunidade em
Cristo, na qual Cristo vive neles e por meio deles. Quer dizer, trata-se de uma comunidade
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de amor, de caridade; ao exemplo de como Cristo quer que vivamos em paz e com justiça.
E uma equipe de sacerdotes régios e ministeriais que quer consagrar tudo e todos, com
Cristo, o Sacerdote Eterno, à Divina Majestade.
O TLC funciona com uma equipe de adultos, de jovens experientes, de sacerdotes
ministeriais e de cursistas. Não prega a cura completa para todos os problemas dos jovens,
nem uma fórmula mágica ou misteriosa. Seu principal propósito é dar ao jovem uma visão
profunda do sentido do cristianismo como uma maneira autêntica de viver, e levá-lo a um
compromisso definitivo com Cristo. Apresenta a vida cristã como uma vida feliz em Cristo,
inserida no mundo de hoje. Propõe uma restauração, um reajuste, uma conversão a ser
diariamente renovada. Nesse processo formam-se líderes cristãos que querem, à custa de
qualquer sacrifício, colaborar no processo de construir um mundo melhor, vivendo em
caridade individual e comunitária. Assim, transformando as estruturas, colaborarão para
apressar o dia em que sejam instaurados o novo céu e a nova Terra, nos quais habitará a
justiça (2Pd 3,13).
Além de formar líderes, o curso visa também formar e conservar unidos núcleos ou
comunidades de jovens comunidades de base que trabalhem em estreita união por um
mesmo ideal cristão, com o auxílio de adultos amigos e experientes. Tudo isso dirigido pelo
plano diocesano da Pastoral de juventude.

2. TRAJETÓRIA DO TLC
PRIMEIRA NOITE:

Divide-se em duas partes: a formação do espírito de comunidade e a purificação da vida.


A primeira preocupação é criar um ambiente de amizade, de modo que, como amigos, todos
possam trabalhar em grupos, e os dois dias já sejam vividos em espírito de comunidade.
Feito isso, visa-se à purificação da vida. Para tal, explica-se o objetivo do curso, fala-se na
estrela a ser seguida e procura-se dar a conhecer a infinita misericórdia de Deus por meio
da matraquinha "O filho pródigo e o filme da vida".
Como, porém, a juventude de hoje, não raras vezes, tem uma idéia muito vaga de Deus,
salienta-se também o fato de existir um bom Deus, que tem uma finalidade de amor na
criação do mundo, e um interesse pessoal em cada um de nós: a matraca "Finalidade e
opção da vida" apresentará aos jovens uma nova perspectiva da vida e logo os porá diante
da necessidade de uma escolha.

PRIMEIRO DIA:

Divide-se também em duas partes: a iluminação da vida e a vida de união.


Tendo preparado os cursistas, por meio da purificação da vida, que deve, naturalmente,
desfazer alguns de seus preconceitos acerca da religião católica, espera-se que estejam
prontos a receber a luz do Espírito Santo e alguns dos ensinamentos elementares da Igreja.
Começa-se por procurar mostrar-lhes "Como Cristo nos vê". Repete-se, então, a idéia da
estrela que devemos seguir, dessa vez sob a forma do ideal, que dá consistência à
"Personalidade" de cada um. A aceitação da estrela ou do ideal é estimulada em seguida
pela parábola da "Semente". Para os que ainda tenham preconceitos, busca-se derrubá-
los por um melhor esclarecimento sobre "O sentido da vida", ou o plano de Deus sobre o
cosmos e sobre cada indivíduo.
Até aqui, o trabalho em grupos, o contato com os veteranos e o ambiente de amizade os
preparam para uma união maior com Deus e com seus irmãos de comunidade. Os
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exercícios restantes visam levá-los a essa união, ou prepará-los para ela, visto que será
o longo e continuado esforço de todo o pós - TLC, na Pastoral da juventude.
Na matraca referente à graça santificante e à graça atual - "O dom de Deus" - quer-se
demonstrar a maneira como a Santíssima Trindade, pelo Espírito Santo, trabalha em nós.
Essa vida divina patenteia-se visivelmente na comunidade do "Povo de Deus", iniciada
historicamente na era cristã com "A comunidade em Jerusalém", exemplar de toda
comunidade verdadeiramente cristã. Nesse ponto, procura-se mostrar aos cursistas em que
consiste a autêntica "Religiosidade", para afastar os preconceitos tão comuns acerca da
prática da religião e de nossas relações com Deus. E, porque essa religiosidade exige o
aprofundamento do nosso conhecimento sobre as coisas divinas, ele é tratado na matraca
"Em busca da Verdade". "Zaqueu" é apresentado a seguir, como modelo do homem que
não deixa a verdade passar despercebida e age segundo o conhecimento que lhe é dado.
É importante que os cursistas conheçam os meios ordinários que Deus nos dá para
sustentar e aumentar a vida divina em nós,
e para nos fortificar no caminho da nossa vocação particular, isto é, os sacramentos -
"Canais da graça".
Nessa altura, eles já devem estar em condições de apreciar a grandeza da celebração
eucarística, que deve ser bem preparada, de modo a deixá-los devidamente
impressionados pela beleza da adoração a Deus em comunidade. Como homilia, ou
melhor, substituindo-a, é apresentada uma matraquinha sobre "A pérola" preciosa que
todos nós procuramos.

SEGUNDO DIA:

Visa, sobretudo, à formação de uma boa comunidade de base, tendo já em mira a vida
apostólica depois do TLC na Pastoral. Começa por mostrar que sem Cristo nada se pode
fazer.
A seguir, por meio de breve matraca - "Ação social" - salienta-se a noção de que devemos
ser líderes cristãos em nossa comunidade, justamente por nossa solidariedade a nossos
irmãos e por nossas boas ações. Seu objetivo é estimular o jovem a colaborar nos projetos
de promoção humana, cívica, social, espiritual e ecumênica de sua cidade e de todo Brasil,
como um meio de servir a Cristo em seus irmãos.
"O líder e seus caminhos" e "A escolha" vêm reforçar o fato de terem os cursistas sido
chamados à vida apostólica, donde a necessidade de saberem cooperar na elevação de
sua comunidade, sendo- lhes incutida a noção de que devem usar, nessa nobre tarefa, "Os
talentos" que possuam.
Com "A escalada", demonstra-se como se pode e deve trabalhar em comunidade, e como
formar e dar seqüência a uma comunidade. Os atos diários de religiosidade são
apresentados em "Minha norma de vida", para que o cursista tenha em que se basear em
sua vida espiritual.
"Que devo fazer por Cristo" é um ponto culminante do TLC. Deve-se dar-lhe a devida
importância, procurando-se, ainda, mostrar ao cursista como, em sua vida individual e na
comunidade, deve ver, julgar- e agir com Cristo. E, como no plano divino nada é feito sem
Maria, o terço meditado é explicado e rezado na hora certa e dado o Ângelus.
Mostra-se, em seguida, como funciona realmente uma comunidade, em "Comunidade e
fidelidade".
Na "Conquista das alturas", procura-se convencer os cursistas da necessidade de
abnegação própria para ser um líder cristão, tendo muita confiança e alegria em Cristo e
trabalhando em comunidade para cristianizar a sociedade. O cume da escala é apresentado
como o ideal a atingir, destacando-se bem lema SEMPRE MAIS ALTO!
Uma última visita coletiva ao Amigão Jesus destina-se a confirmá-los na paz e união em
que se supõe estarem já estabelecidos. Dá-se-lhes, a seguir, algum tempo para mais uma
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oportunidade' de purificação pela confissão, e todos se preparam para o penúltimo ato:
celebração eucarística, no qual, novamente, uma matraquinha, "Senhor, Senhor...",
substituiu a homilia.
Finalmente, em uma última assembléia, os cursistas podem exprimir suas impressões
sobre o encontro, e os dirigentes têm sua última oportunidade, de exortá-los à fidelidade
pelos esforços unidos de todos em sua comunidade.
O encerramento consta da celebração eucarística, com a presença dos pais. Uma
matraquinha substitui a homilia.

3. TERMINOLOGIA

Almoxarife: Encarregado da distribuição do material durante o curso.


Animador: Aquele que distribui e dirige os cantos e prepara brincadeiras para o recreio
organizado.
Assistente espiritual: Sacerdote ministerial.
Atos de Cireneu: Sacrifícios inevitáveis ou voluntários daqueles que levam a cruz com
Cristo na escalada.
Baliza: O que toca a sineta, seguindo sempre as instruções do chefe.
Cacique: Presidente do grupo.
Caixa de sugestões: Caixa colocada em local bem visível, destinada a receber a opinião
de quem queira expressar-se acerca do TLC.
César: Oferta voluntária e anônima para o movimento. "Dai a César..." (Lc 20,25).
Chefe: Aquele que movimenta o curso, seu responsável.
Coruja: Secretário de grupo.
Crachá: Pequeno disco de papelão para identificar cada pessoa (com seu nome, apelido,
cidade), a ser usado no peito até o final do curso.
Escalada: Caminhada do toloco (ver quadro à p. 18) desde o encerraMento do TLC até o
último dia de sua vida.
Faxineiro: O que trata da limpeza e ordem da casa.
Folha de apreciação: Questionário a ser preenchido pelos cursistas, no fim do curso.
Leão de tráfego: Responsável pela acomodação dos veículos e afastamento de estranhos
ao curso.
Lince: Assistente ou dirigente, jovem ou adulto.
Liturgista: Responsável pela parte material da celebração eucarística.
Lojista: Encarregado da lojinha de refrigerantes, chocolates, livros etc.
Matraca: Palestra de maior conteúdo, dada por adulto ou por jovem experiente.
Matraqueiro: Aquele que dá matraca.
Matraquinha: Palestra breve, geralmente dada por um jovem.
Matraquinheiro: Aquele que dá matraquinha.
Mirante: Lista dos nomes e endereços dos participantes do curso.
Mural: Desenho, de maior proporção, que se fixa à parede, feito pelos cursistas,
interpretando as idéias apresentadas no curso.
Ponteiro: Anotador do tempo de cada matraca ou sessão e das perguntas dos
matraqueiros.
Positivão (v): Distintivo dos tolocos. Indica o sinal de visto, aprovado, e significa o estado
positivo de sua alma. Pode significar, também, seu desejo de ascensão constante para as
alturas e sua dedicação a Deus e ao próximo.
Reunião de análise: Reunião posterior ao curso, para revisão do seu processo, ação dos
dirigentes e resultados.
Reunião dos morcegos: Reunião noturna da equipe de trabalho. SEMPRE MAIS ALTO!
Lema do TLC.
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Subchefe: Jovem que auxilia o chefe, providenciando para que nada falte ao trabalho
dos assistentes e na sala de matracas. Sob sua responsabilidade ficam os assistentes
jovens.
Tesoureiro: Encarregado da parte financeira: recolhe a taxa, o César e o produto da
lojinha, entregando-os ao chefe.
Toloco: Qualquer pessoa que tenha participado ativamente de um TLC.
Trabalho de corredor: Contato individual de apostolado com os cursistas.

O nome toloco surgiu espontaneamente, logo no início do movimento, pelo fato de alguém
ter escrito no quadro-negro as iniciais TLC da seguinte forma. To Lo Co, fazendo círculos
no lugar dos pontos. Adotou-se, desde então, esse nome para todos os que tenham
participado de um TLC.

Nota: Essa nomenclatura será tratada mais detalhadamente em seus respectivos capítulos.

4. HORÁRIO
(orientação para o chefe)

PRIMEIRA NOITE:

A) Espírito de comunidade

h min
19 00 Comparecer ao local da concentração.
19 30 Deixar os cursistas com o subchefe e ir para o local do curso, a fim de aguardar-
lhes a chegada.
20 00 Fazer com que o subchefe recolha, na casa, os cursistas, que deverão apresentar
seu talão de taxa e admissão, para identificar-se. Distribuir as fichas (nome legível: explicar
o que é assistente, acompanhante e cursista).
Saudação: Boas-vindas (ver p. 80). 15 minutos.
Destacar: Amizade, trabalho em grupo, comunidade.
20 15 Apresentação: O subchefe dirige, deixando por último o chefe, que, ao se apresentar,
destaca o trabalho daquele.
20 30 Perguntas para o trabalho em grupo:
Que é amizade?
Por que o trabalho em grupo é eficiente?
Que é comunidade?
Observação: Fazer com que cada grupo indique seu secretário. Visitar os grupos.
20 50 Assembléia:
a)anotar as respostas;
b) analiza-las;
c) sintetizá-las em uma só.
Observação: Ao anotar as respostas, analisando-as e sintetizando-as, o chefe evidencia a
importância do trabalho em grupo, procurando despertar à confiança e a liberdade,
deixando patentes: amizade, trabalho em grupo e comunidade.
Entrega solene da sineta à baliza.
Entrega das chaves ao lojista.
Apresentação da responsável pela casa das moças.
Apresentação do responsável pela casa dos rapazes.
Apresentação do responsável pelo pronto-socorro.
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Apresentação dos demais elementos da equipe de serviço, como os de faxina, e
explicação de que sua ausência dos grupos, de vez em quando, deve-se ao fato de estarem
atendendo a seus compromissos (a não ser nos locais onde os faxineiras não estejam
integrados nos grupos).
Avisos:
- Levar as malas aos quartos.
- Não perder tempo em abri Ias ou com retoques de maquiagem.
- Dar ordem para a saída - primeiro as moças e depois os rapazes quarto a quarto,
acompanhados por um assistente. Importante: Não trocar de lugar nos dormitórios.
21 35 Lanche: 15 minutos.

B) Purificação da vida

21 50 Avisos a dar (ver p. 44).


21 50 Introdução (mencionar as peças para montagem do rádio). - “OS MAGOS", (Mt 2,1-
12).
22 20 "O FILHO PRODIGO (Lc 15, 11 -24) E O FILME DA VIDA" 20 minutos.
22 40 "FINALIDADE E OPÇAO DA VIDA" (princípio e fundamento de santo Inácio). 30
minutos.
Comentário sobre a meditação e o silêncio, e saída para a capela em silêncio, para reflexão.
Capela:
Via Crucis (dirigida pelos assistentes e acompanhantes). Facultativa.
Oração do chefe, pelo êxito do TLC. - Exortação ao silêncio e à reflexão.
Saída em silêncio para os quartos. Reunião dos morcegos (ver p. 62).

PRIMEIRO DIA:

h min
6 15 Alvorada dos assistentes. 6 45 Alvorada dos cursistas.
7 15 Capela: Bom dia ao Senhor.
"COMO CRISTO NOS VÊ" (Mc 10,17-22; Mt 26,47-50; Lc 2,54-62). 10 Minutos.
7 35 Café. Música.
8 00 Sala de matracas:
a)Designação dos novos grupos, pelo chefe e subchefe.
b)Nomes das equipes (escolha do cacique e da coruja)
c)Distribuição dos crachás.
d) Distribuição dos cadernos às corujas. Explicação.

C) Iluminação da vida

h min
8 20 "PERSONALIDADE". 30 minutos.
Pergunta 1.
8 50 "A SEMENTE"
(Lc 8,4-15. Não ler o versículo 10, para não confundir os cursistas). 10 minutos.
9 00 Trabalho em grupo. 30 minutos.
9 30 "O SENTIDO DA VIDA" (A razão da criação). 20 minutos.
Pergunta 2.
9 50 Trabalho em grupo. Café. 30 minutos.
10 20 "O DOM DE DEUS" (destacar o trabalho do Espírito Santo). 40 minutos.
11 00 Entrega do material para os murais. (ver p. 29).
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Observação: Nome da equipe. Número do TLC.
11 15 Trabalho em grupo:
Terminar as respostas;
-Murais.
-Avisos:
- Não perder tempo.
Os murais devem ficar com os caciques, durante as matracas.
11 45 "O POVO DE DEUS". 30 minutos.
Pergunta 3.
12 15 "COMUNIDADE EM JERUSALÉM" (At 2,42-47). 10 minutos.
12 25 Tempo livre.
Aviso: banho, só pela manhã ou à noite.
14 15 Sala de matracas:
Tempo para terminar as respostas e os murais. 10 minutos.
Assembléia: respostas às perguntas 1 e 2. 35 minutos.
15 00 "RELIGIOSIDADE". 1 hora 15 minutos.
16 15 Visita ao Santíssimo (falam o matraqueiro, o chefe e mais alguns.).
O chefe encerra a visita e anuncia tempo para meditação, confissões ou trabalho em grupo.
Não é recreio.
17 00 "EM BUSCA DA VERDADE"
(valorização da ciência humana e divina). 30 minutos.
17 30 "ZAQUEU" (Lc 19,1-10). 10 minutos.
17 40 Recreio com canções. Café. 20 minutos.

D) Vida de união

h min
18 00 "CANAIS DA GRAÇA" (sacramentos). 1 hora e 15 minutos.
19 45 Visita ao Santíssimo (o padre fala e convida a falar). 15 minutos,
20 00 jantar. Recreio. Canções. 1 hora e 15 minutos. 21 15 Assembléia:
a) Resposta à pergunta 3 e apresentação dos murais.
b) Palavra livre - Debates (a pergunta será dos grupos e não individual). 45 minutos.
22 00
a) Preparação para a celebração eucarística.
b) Confissões.
c) Recolhimento do material das mesas,
22 30 Celebração eucarística (ver comentários do chefe. P.62).
"A PEROLA" (Mt 13,45-46). 10 minutos. Recolher.
Reunião dos morcegos (ver p. 62).

SEGUNDO DIA:

h min
6 30 Alvorada dos assistentes.
7 00 Alvorada festiva dos cursistas.
13
7 30 Capela: Bom-dia ao Senhor.
"SEM MIM” (Jô 15,1-5). 10 minutos.
7 45 Café. Música.

E) Vida apostólica

8 15 "AÇÃO SOCIAL" (contribuição do cristão autêntico para um mundo melhor). 10


minutos.
8 25 "A ESCOLHA" (Jô 15,16). 10 minutos.
8 35 "O LÍDER E SEUS CAMINHOS". 50 minutos.
Pergunta 4.
9 25 "OS TALENTOS" (Mt 25,14-29). 10 minutos.
9 35 Entrega do material para os murais. Lembrar as visitas à capela.
9 45 Trabalho em grupo. Café (tempo para confissões). 45 minutos.
10 30 "A ESCALADA" (comunidades de jovens), Por um leigo. 25 minutos.
Folha de Fidelidade, item 3: "Na intimidade com Deus" - Por um sacerdote. 25 minutos.
11 20 "QUE FIZ? QUE FAÇO? QUE DEVO FAZER POR CRIS-TO?". 10 minutos.
11 30 Exortação final.
11 40 Avisos:
Os murais poderão ser terminados.
Os sacerdotes estão à disposição.
O subchefe deve preparar o terço).
12 00 Almoço festivo. Recreio. 1 hora e 30 minutos.
13 30 Assembléia. 1 hora.
Aniversariantes.
Apresentação do pessoal da cozinha e faxina.
Show (opcional).
Resposta à pergunta 4 do trabalho em grupo.
Apresentação dos murais.
Respostas folha de apreciação (p. 143).
14 30 Terço meditado:
O subchefe dirige e o chefe ou outro comenta. 30 minutos.
15 00 "COMUNIDADE E FIDELIDADE" - Chefe e subchefe.
Funcionamento da comunidade. 15 minutos.
Trabalho em grupo sobre a folha de fidelidade e o Novo Testamento (Milagre dos Peixes,
Lc 5,1-11), fora da sala de matracas. 45 minutos.
16 00 César (O subchefe explica e dirige: ver p. 35) 15 minutos.
16 15 Tempo livre (confissões). 30 minutos.
16 45 "CONQUISTA DAS ALTURAS". 20 minutos.
17 05 Capela:
- O chefe agradece pelo êxito do curso.
Orações espontâneas dos cursistas.
17 30 Sala de matracas:
Lanche servido nas mesas. 20 minutos.
Durante o lanche:
Entrega dos mirantes.
Recolha dos cadernos das corujas.
Avisos:
- Recolher os papéis pessoais que queiram guardar, porque as mesas serão desocupadas.
- Usar os crachás até o fim do curso.
- Deixar os quartos arrumados e os cobertores dobrados, não esquecendo os objetos
pessoais.
14
- Não há tempo para banho.
- Arrumar as malas e levá-las ao lugar combinado.
- Não comentar o que viu e ouviu (não se conta um bom filme para um amigo).
- Liquidar as contas com o lojista.
- A celebração eucarística será às 18 h (sem atraso). Pede- se aos sacerdotes que estejam
presentes cinco minutos antes.
17 50 Tempo livre. 30 minutos.
18 20 Assembléia para apreciação do curso e testemunhos dos jovens.
20 00 Encerramento: Celebração eucarística com a presença dos pais (ver Comentários
do Chefe à p. 62). "Senhor, Senhor ..." (Mt 7,21).

5. COMENTÁRIO AO HORÁRIO

Esse modelo de horário é fruto de centenas de cursos, é algo mais do que uma primeira
experiência, deixa de ser uma aventura dentro do desconhecido. Curso após curso, foram-
se corrigindo defeitos, sanando males, aperfeiçoando, procurando dar certa elasticidade ao
fator tempo, pois é necessário contar com os imprevistos provenientes do elemento
humano, sempre tão diverso. Sobre- tudo, procurou-se seguir as moções do Espírito Santo,
autor e alma do movimento.

Primeira Noite

A) Espírito de comunidade

A primeira parte tem tal denominativo porque o que se visa, nesse primeiro contato, é
despertar nos jovens a idéia da necessidade de comunidades de base em nossa vida cristã.
Assim, logo na saudação de boas-vindas e distribuição das fichas (que depois serão
entregues ao secretário do TLC), o chefe falará acerca de amizade, trabalho em grupo e
comunidade não de maneira expositiva, professoral, mas deixando que eles mesmos
descubram a relação entre os três assuntos.
Posteriormente, após a apresentação, o chefe voltará, fará três perguntas e pedirá que
procurem a resposta, não individualmente, mas em conjunto, escolhendo, cada grupo, um
secretário.
Apresentação - Orientados pelo subchefe, que, já nesse primeiro contato público deve
procurar cativar a simpatia geral, apresentar-se-ão os cursistas e assistentes, jovens e
adultos, declinando em voz alta o próprio nome, profissão, localidade e outros dados, às
vezes mesmo divertidos, que os caracterizam. Os dirigentes não devem fazer qualquer
referência ao fato de já terem feito o curso. Por último falará o chefe, que reassumirá a
direção, fazendo as três perguntas.

Assembléia - O chefe vai pedindo, grupo por grupo, as respostas, da maneira que melhor
julgar, comentando-as e aceitando críticas dos cursistas às respostas dadas. No final, se
eles mesmos não notarem a relação entre amizade, grupo e comunidade, fará o devido
comentário, convidando-os a viver os dois dias em amizade e trabalhando em grupo, a fim
de se prepararem para formar futuras comunidades.
Efetua, então, a entrega da sineta e da chave da lojinha, de maneira a provocar, nos
cursistas, um senso de responsabilidade e respeito, de amor à ordem e disciplina, e
apresenta a pessoa encarregada do pronto-socorro.

Reunião dos morcegos - (ver página 62).


15
Malas e lanche – Em seguida, levam-se as malas para os quartos, fazendo o subchefe a
chamada pessoal, tendo-se já dividido os quartos e assinalado as camas. A senhora
encarregada fará o mesmo com as moças. Convém que assim seja, para que os jovens
durmam separados de amigos e parentes. Recomenda-se-lhes que não troquem os quartos
e camas que lhes forem destinados, e que voltem logo à
sala de matracas, onde lhes será servido um chocolate, sopa ou algo semelhante, pois já
deverão ter jantado antes da concentração.

B) Purificação da vida

De volta a seus lugares, na sala de matracas, dá-se início ao curso propriamente dito com
o que denominamos purificação da vida. Afora uma série de avisos gerais para o bom
andamento do TLC, tudo o mais, até o momento de dormir, terá em vista despertar nos
jovens a necessidade de uma purificação interior, de uma revisão, de uma pausa para
remediar o passado, dispondo-os, assim, com fé, para a recepção do Espírito Santo e da
graça divina.
O chefe faz a Introdução, dando uma idéia geral do que será feito nos dois dias, do que se
exige e espera de todos, do que se promete.
A matraquinha "O filho pródigo e o filme da vida" servirá para motivar o arrependimento e
o desejo de voltar e ajudará cada um a fazer uma revisão do passado.
É seguida de uma matraca mais positiva, dada por um sacerdote: "Finalidade e opção da
vida", após a qual o chefe convida os jovens a permanecer uns minutos em silêncio e
meditar sobre o que acabaram de ouvir; fará, então, um breve comentário sobre as
vantagens do silêncio em nossas vidas, quando queremos pensar em algo importante,
convidando todos a prosseguir na meditação durante a noite, até o sono chegar. Dirigem-
se, então, para a capela. É o melhor momento para a Via Crucis, que é feita em estilo de
jogral, a fim de não ficar muito pesada para os jovens.
Ao findá-la, o chefe faz uma breve oração da noite e pede aos cursistas que mantenham
sempre atitudes de respeito e silêncio na capela, e que se recolham em ordem e disciplina.

Primeiro Dia

O encarregado de despertar os demais terá de fazê-lo na hora exata, devendo mesmo


munir-se de um despertador. Os assistentes precisam ser rápidos em seu asseio, para que
os jovens tenham os banheiros livres, quando forem chamados.
Na capela, após a oração da manhã, vem a matraquinha: "como Cristo nos vê". Como todas
as outras, deverá durar, no máximo, 10 minutos.
Formação de grupos - O trabalho da distribuição dos grupos já poderá vir pronto, se o chefe
receber com boa antecipação as fichas dos cursistas, acompanhantes e demais
participantes. Haverá normalmente várias mesas, com sete ou seis deles em cada uma,
mais dois ou três dirigentes, jovens e adultos.
Note-se que a formação dos grupos dá a oportunidade de criar equipes heterogêneas;
deve-se, pois, ter o cuidado de espalhar pôr eles os elementos oriundos das mesmas
cidades, paróquias, escolas e atividades profissionais; de separar os portadores dos
mesmos problemas; de distribuir, proporcionalmente, as moças, os rapazes e os prováveis
líderes, assim como os assistentes, acompanhantes e sacerdotes. Amigos e namorados
não devem ficar no mesmo grupo, nem irmãos ou parentes. A variedade facilita a troca de
idéias, enriquece os conhecimentos de cada um e favorece a união no grupo e na
comunidade. Se, pôr imprevisão, tiverem sido admitidos namorados, deve-se logo informá-
los que não deverão ficar juntos durante o curso.
Depois do café com música, os cursistas vão para a sala da matraca, onde ocupam
qualquer lugar. O chefe faz um breve comentário sobre a conveniência da formação de
16
grupos (sempre é bom trabalhar com novos amigos) e pede aos ocupantes da primeira
mesa que se levantem e aguardem, em um canto da sala. Irá então chamando, nome pôr
nome, os ocupantes do primeiro grupo, bem como os assistentes que dele participarão, a
fim de que ocupem os lugares vagos. Fará o mesmo com a segunda mesa, e assim
sucessivamente, até o final.
Pede, então, que cada grupo escolha seu nome e indique dois jovens para coordená-lo,
Mantê-lo unido e fazer com que todos colaborem. O presidente, moça ou rapaz, será o
cacique; e o secretário ou secretária, a coruja, que em um caderno em branco deverá anotar
tudo, especialmente perguntas, respostas, resumos etc., para serem lidos nas assembléias.
É importante a escolha do cacique e da coruja: não serão os mais prontos a se salientar,
porém os mais sensatos e com as qualidades humanas necessárias. Assim, os linces
devem cuidar para
que a escolha seja bem-feita. O chefe recolhe os nomes dos grupos, dos caciques e
corujas, escrevendo-os no quadro-negro, para que todos possam vê-los, e distribui os
crachás.
Após a divisão dos grupos, finalmente, explicará o objetivo dos cadernos, a necessidade
de tomar notas durante as matracas: poderão servir depois para a reflexão, em suas casas,
e os esclarecerá sobre o andamento do encontro, nesse dia, e o que se espera deles, como
trabalho e colaboração.

C) Iluminação da vida

"Personalidade" - Matraca em que se demonstra a necessidade de um ideal para se realizar


como ser humano.
"A semente" - Matraquinha. Comparação da palavra de Deus com a semente, a cair nos
mais variados terrenos, que são os diversos estados de receptividade de nosso coração.
Trabalho em grupos Far-se-á, de preferência, ao ar livre, à sombra das árvores, em
locais escolhidos pelos grupos, não muito distantes do prédio. Serão dadas as respostas
às perguntas dos matraqueiros, procurando o grupo levar para a assembléia a resposta
que melhor representar seu pensamento.
A coruja deverá redigir a resposta, para sua melhor apresentação e para que fique
registrada em seu caderno. Se surgirem grandes dúvidas durante o trabalho, deverá anotá-
las, para serem apresentadas nas assembléias. (Para mais detalhes, ver Instruções Para
o trabalho em Grupo, à página 55).
"O sentido da vida" - Matraca por um sacerdote, seguida pelo trabalho em grupo.

D) Vida de união

Matracas e matraquinhas, visitas ao Santíssimo, assembléias, tudo agora levará os jovens,


num crescendo contínuo, à união com Deus, pela graça e pelos sacramentos; e à união
entre si, como irmãos, culminando com a celebração eucarística, em um ambiente de
fraternidade completa.
"O dom de Deus" - Matraca por um sacerdote, a respeito da graça santificaste e da graça
atual, destacando sempre a ação do Espírito Santo. Evitar ultrapassar os 40 minutos, pois
não é possível uma doutrina são intensa em tão pouco tempo, sendo preferível a motivação
dos jovens, levando-os a apresentar suas dúvidas nas assembléias.
Mural - O almoxarife distribuirá folhas de cartolina ou outro material apropriado, lápis de cor
- ou atômico, borracha e régua, a fim de que cada grupo faça seu mural, anotando nele seu
nome e o número do TLC, e desenhando suas impressões sobre as idéias apresentadas
no curso. O chefe os orientará, dando-lhes sugestões e explicando que os desenhos devem
ser simples e apenas educativos, de uma ou mais idéias, não excluindo o sentido
17
humorístico, se o desejarem. Aparecem sempre os artistas, e os resultados são
surpreendentes.
O mural é um trabalho de equipe, planejado pelo grupo todo e executado pôr um ou mais
de seus membros, a ser apresentado e explicado na assembléia, pôr um ou dois deles.
Serve para extravasar sentimentos, concretizar idéias latentes, exteriorizar as
impressões mais mercantes. Pôr meio da ilustração, a assimilação pelo
grupo de um conceito ou verdade irá se fixar mais profundamente, impressionando também
os demais cursistas. Se a repetição é mãe do saber, a ilustração do sentido essencial de
uma idéia ou verdade irá se gravar mais indelevelmente no espírito dos jovens. Além disso,
possibilitará que se expressem e manifestem talentos e valores modestamente escondidos,
e contribuirá para a edificação de todos e entendimento entre a comunidade. Uma mesma
verdade pode ser apresentada sob ângulos muito diferentes.
Convém variar os cursistas que apresentam os murais, dando oportunidade a todos de se
manifestar, sobretudo os mais tímidos.
Trabalho em grupos. Respostas e murais. Café com sanduíches.
"O povo de Deus" - Matraca sobre a Igreja, pôr um leigo. "Comunidade em Jerusalém"
Matraquinha que mostra o modelo das comunidades. É seguida pelo trabalho em grupos.
Almoço com música; depois canções. Primeira assembléia do dia - Os grupos apresentarão
as respostas pedidas. Nessa assembléia, por ser curta, não convém ainda permitir
perguntas, por parte dos cursistas, mesmo porque poderão ter as dúvidas solucionadas nas
matracas subseqüentes. "Religiosidade" - Matraca relativa às maneiras de expressar nosso
amor ao Pai, por meio das chamadas práticas de piedade. Objetiva destruir os falsos
conceitos e as falsas práticas de piedade, recorrendo à visão mais bela de uma piedade
sadia e consciente. Convém terminar a matraca com um convite, pelo próprio matraqueiro,
para urna visita à capela, onde, orando com toda a simplicidade, ele mostrará aos jovens a
beleza de uma conversa a dois com Cristo. O chefe deverá estar presente, para interromper
a visita, quando oportuno, e convidar os cursistas a deixar a capela, aproveitando o intervalo
para reflexão. Os que quiserem poderão também conversar com os sacerdotes. "Em Busca
da verdade" - Matraca sobre a necessidade,
vantagens e meios de estudar e conhecer melhor a Cristo e a religião, mas, também, sobre
o dever de se valorizar humanamente, para melhor servir a Deus e ao próximo. Ao seu
término, poderão ser postos à venda livros de formação religiosa, Evangelhos etc. "Zaqueu"
- Matraquinha destacando a curiosidade de Zaqueu em conhecer a Cristo, e a prontidão
com que atendeu a seu apelo. Recreio com canções - Convém que, no recreio, o prazer
seja comunitário. O animador orientará os cantos, distribuirá impressos e usará o toca-
discos, se necessário ou útil. "Canais da graça" (Sacramentos) - Matraca por um sacerdote.
Termina com uma visita à capela, onde ele fala e convida os demais a fazê-lo. jantar.
Assembléia - Mais longa que a primeira. Entrega e comentário dos murais, e respostas às
perguntas. O chefe passa a direção ao sacerdote e convida os jovens a fazer perguntas,
sentando-se entre eles. Cada grupo terá 5 minutos para preparar sua pergunta. Se
necessário, os assistentes ajudarão, mas os cursistas é que devem falar.
O chefe encerra a assembléia anunciando recreio, durante o qual os jovens poderão
procurar os sacerdotes.
Recreio organizado - Assim chamado porque o subchefe e alguns linces ficarão entre os
jovens, organizando diversões adequadas ao meio (e não improvisadas), procurando que
todos participem. No momento oportuno, os assistentes, com o liturgista, prepararão a
celebração eucarística.
Celebração eucarística - Precedida por uma explicação pelo chefe (ver detalhes às páginas
60 e 62).
Recolher Fim da a celebração eucarística, o chefe deve insistir para que os cursistas
durmam, e visitar os dormitórios, a fim de impor respeito e ordem. O mesmo faz a
encarregada da casa das moças.
18
Será preciso, muitas vezes, insistir com os cursistas para que se acalmem e deixem
dormir os outros, fazendo apelo ao seu bom senso e caridade. Todos necessitam dormir,
para estar em condições de participar, adequadamente, do programa do dia seguinte.
Qualquer fato anormal ou qualquer atitude de indisciplina deverá ser logo comunicado ao
chefe.
Reunião dos morcegos - (ver página 62).

SEGUNDO DIA:

O despertar dos cursistas deve ser o mais alegre possível, com animação e música.
Na capela - Bom-dia ao Senhor e a matraquinha "Sem mim...", que deverá suscitar maior
disponibilidade para a graça, como preparação para o apostolado.
Café. Música.

E) Vida apostólica

O chefe deverá ressaltar que o dia será todo dedicado ao estudo dos meios de pôr em
prática o que se aprendeu, de viver para os outros, de agir, trabalhar, fazer apostolado.
"Ação social" - Exposição, por um leigo, de uma organização dedicada ao apostolado,
servindo de exemplo de como se pode contribuir para auxiliar o próximo.
"A escolha" - Matraquinha, lembrando-nos que fomos chamados por Deus.
"O líder e seus caminhos" - Matraca focalizando o que é um líder e a sua ação na conquista
do ambiente.
"Os talentos" - Matraquinha relativa à obrigação de desenvolver os talentos que cada um
recebeu de Deus.
Entrega de material para novos murais. Lembrar as visitas em grupo ao Amigão, o que é
muito importante. Convém que o chefe as organize, marcando o momento em que cada
grupo deverá ir, durante o tempo livre. De vez em quando, lembrará também que os
sacerdotes estão disponíveis para diálogo.
Trabalho em grupo. Café. "A escalada" (comunidades de jovens.) - A primeira parte é dada
por um leigo. A seguir, um sacerdote explica o item 3 da Folha de Fidelidade: "Na intimidade
com Deus" (ver página 140).
"Que fiz? Que faço? Que devo fazer por Cristo?" - Segue-se essa matraquinha de apelo à
generosidade, na entrega pessoal a Cristo, para uma nova vida espiritual e apostólica.
Almoço festivo e show facultativo - Se houver show, o chefe velará para que seja
apresentado com graça e dignidade, sem brincadeiras descabidas ou inconvenientes.
No recreio, o subchefe prepara material e jovens para o terço meditado.
Assembléia - Resposta à pergunta 4, apresentação dos murais e preenchimento do
questionário sobre o curso: Folha de Apreciação (ver página 141). Esta deverá ser
respondida por todos os cursistas, honestamente, em uma crítica construtiva, que salienta
os lados negativos e positivos do encontro.
Terço meditado - Se possível, ao ar livre, à sombra de alguma árvore. O chefe ou o
sacerdote faz um comentário concernente ao porquê das ave-marias, aos mistérios, à
meditação. O terço, sob a forma do jogral, poderá ser resumido a um pai-nosso, uma Ave-
Maria e um glória, para cada mistério.
"Comunidade e fidelidade" - O chefe faz um rápido apanhado do que foi o curso, das
alegrias e do entusiasmo, e ressalva a importância da fidelidade. Fala das reuniões
semanais, de seu valor para que não esfrie o entusiasmo, e para fazer planos em grupo,
em comunidade de base. Fala, ainda, sobre o Curso de Renovação, salientando-lhe a
19
importância, como complemento necessário do TLC, para maior aprofundamento na fé e
perseverança.
A seguir, manda que as equipes saiam para estudar a Folha de Fidelidade, nos seus
grupos. Ainda neles, faz-se a demonstração prática do estudo de um trecho do Novo
Testamento (Milagre dos Peixes).
César - Trata-se da coleta feita de maneira anônima, com uma meia preta passada a todos
os presentes, em todas as reuniões e também no TLC. Seu nome deriva de "Dai a César o
que é de César... " Os telecistas e dirigentes colocam sempre a mão fechada dentro da
meia e nela deixam um donativo, se quiserem e puderem. Diz-se sempre que quem precise
retirar dinheiro, que o faça... As quantias assim arrecadadas são entregues ao tesoureiro,
servindo para o sustento do movimento ou para o suprir por aqueles que não podem pagar
a sua taxa.
Tempo livre - para troca de recordações, visitas capela e confissões.
"Conquista das alturas" - Matraca final. Deve ser breve e otimista. Termina com uma visita
a Cristo no Sacrário, a última que se faz em conjunto. Todos podem falar. O chefe encerra-
a, convidando todos a ir à sala de matracas.
Entrega dos mirantes - Um assistente previamente designado deverá, na primeira noite,
providenciar nomes e endereços de todos os cursistas e assistentes (incluindo os
sacerdotes e cozinheiros), que de alguma forma estão participando do encontro, para, com
esses dados, formar o mirante, que será mimeografado em número suficiente para que
cada um receba o seu.
(Para maior facilidade, é conveniente que no local do curso haja um livro no qual todos os
adultos que pela primeira vez lá comparecerem anotem seu nome e endereço. Isso será
útil para a formação de futuras equipes.)
Nessa oportunidade, faz-se uma homenagem aos faxineiras, ao pessoal da cozinha e aos
aniversariantes - se tal já não tiver sido feito no almoço festivo.
O chefe dá os avisos sobre arrumação de malas e camas, e lembra os papéis a serem
preenchidos com as intenções para a celebração eucarística e oferta de atos de Cireneu
para o próximo TLC. Recomenda, ainda, que guardem os papéis pessoais que queiram
levar.
Recolhem-se as Folhas de Apreciação.
Tempo livre para o lanche, que pode ser distribuído nas mesas, durante os avisos do chefe.
Arrumação das malas, confissões, preparação da celebração eucarística.
"Senhor, Senhor..." Matraquinha em substituição à homilia. Onde for pública a celebração,
a matraquinha poderá ser variada.
Avisos sobre a viagem de volta.
Encerramento - (ver Instruções, página 64).

6. O PAPEL DOS ASSISTENTES JOVENS

Um aspecto marcante do TLC é que se trata de “um apostolado de jovens para jovens. Isso
é o que faz o encontro de dois dias com o Cristo, no Espírito Santo, tão dinâmico e vivo.
Torna-se óbvia, por conseguinte, a importância de uma cuidadosa seleção de jovens
dirigentes. Nunca é demais salientá-la, pois a admissão de linces inadequados ou mal
preparados pode pôr em risco o sucesso do curso”.
É evidente que não existe um tipo exemplar de jovem assistente. O importante é que seja
cristão autêntico, que se mostre coerente, maduro, responsável em todas as suas atitudes,
que seja alegre e compreensivo, um jovem, enfim, a quem aos outros agrade imitar.
Alguns linces terão recebido educação religiosa básica no lar ou nas escolas; outros, muito
pouca. Haverá seminaristas e católicos recém convertidos. Haverá brincalhões e
catedráticos. Haverá tímidos, reservados, como também extrovertidos e fanfarrões.
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Nunca selecione um dirigente unicamente pela personalidade ou educação. Considere,
sim, a autenticidade, maturidade, dedicação e entusiasmo.
Antes de tudo, o jovem assistente deve ser sincero consigo mesmo e com os cursistas. Não
poderá se sentar e discutir durante dois dias, com pessoas de sua idade, aproximadamente,
e tentar ajudá-las a encontrar a Cristo, se não estiver preparado para ser analisado por
elas. Qualquer palavra ou atitude que não seja sincera, honesta,
autêntica, será logo percebida, e sua ação apostólica será estéril.
O segundo requisito é a dedicação ao curso, como seu apostolado. Deve, estar ciente de
que o TLC não é um fim em si mesmo; é, antes, o princípio do seu desenvolvimento como
um cristão maduro. Por isso, deverá aprofundar constantemente a própria espiritualidade e
formação teológica, não só para ser um cristão melhor, mas também para fazer de si um
apóstolo eficiente.
Sua dedicação a cada um dos cursos de que participa deverá ser completa, durante as 50
horas; não deverá ter outra idéia ou objetivo senão ajudar o cursista a achar a Cristo.
Conflitos de personalidade, desentendimentos com outros dirigentes, qualquer
animosidade contra um cursista, tudo isso, ou outro distúrbio possível, deve ser não só
deixado de lado, mas completamente esquecido; seu único propósito de vida, então, é
ajudar os telecistas.
Todo candidato a assistente deverá ter plena consciência da profundidade do compromisso
que vai tomar.
A terceira qualidade é entusiasmo generoso. Um TLC é cansativo, tanto física como
mentalmente. Os dias são longos, com muita discussão, oração, brincadeiras e conversas.
O assistente deve estar constantemente a par de tudo e vitalmente interessado na
personalidade e problemas dos telecistas. O desinteresse ou distração, mesmo
momentânea, pode prejudicar um cursista, por falta de estímulo. Seu entusiasmo deve ser
igual à sua tremenda' responsabilidade. Deve ter sempre presente a sua posição como líder
e não relaxar até que o curso acabe.
Deverá cuidar que cada cursista de seu grupo esteja presente às matracas e discussões.
Todos estarão livres para contatos entre si nas refeições e recreios, mas, fora disso, devem
voltar ao grupo para o trabalho.
Os assistentes devem agir na qualidade tanto de servos como de supervisares, verificando
se os cursistas acordam na hora, se estão prontos para todos os exercícios e se cumprem
todas as partes do programa'
Durante os intervalos, nas refeições, nos dormitórios e no recreio grande, da segunda noite,
deverão estar sempre junto dos cursistas, não se ausentando nem conversando
prolongamento entre si. Deverão conhecê-los o melhor possível e participar ativamente de
sua conversação e recreio.
Em todas as matracas, devem anotar os pontos principais e as perguntas finais. Isso será
um exemplo para os cursistas, e as notas servirão também aos próprios dirigentes, como
referência durante os debates.
São também responsáveis pelas notas a tomar em todos os debates e pelos murais. Os
trabalhos dos grupos deverão ser partilhados por todos, e cada cursista deverá poder dar
alguma contribuição, quando o grupo for chamado nas assembléias. Nelas, os linces devem
guardar seus comentários para o momento em que o diálogo estiver enfraquecendo.
Cada grupo faz visita ao sacrário durante o dia: os assistentes, em um oração vocal pelas
intenções dos cursistas, os encorajam a seguir esse exemplo. Durante a celebração
eucarística, devem cuidar que todos os jovens participem. As respostas e os cânticos
devem ser em voz clara e alta.
Finalmente, os cursistas devem ser discretamente incitados a apresentar seus problemas
aos sacerdotes ou aos assistentes adultos do seu grupo. Daí a importância do dirigente
jovem para esse trabalho.
21
Acima de tudo, ele deve ser honesto com os membros do seu grupo. Deve relacionar os
problemas deles com os que teve e lembrar possíveis soluções que tentou. O assistente
ainda está procurando alcançar um ideal, em conversão diária, e, percebendo isso, os
cursistas devem sentir que tal procura é viável.
Apenas quando puderem ver a Cristo nos seus colegas é que começarão a ver que a
maturidade cristã é possível em suas próprias vidas.
Sob a liderança do chefe, os assistentes devem procurar moldar os cursistas em uma
comunidade cristã. Embora momentâneo, o desenvolvimento desse espírito de
comunidade e de respeito mútuo é essencial para a formação de novas comunidades de
base. Os dirigentes devem levar a isso pelo contato constante com os cursistas.
No decorrer do encontro são cantadas algumas músicas. Os linces devem aderir a elas e
encorajar os jovens do seu grupo a cantá-las também. Esse esforço comunitário afastará
qualquer sentimento de embaraço ou solidão que os cursistas possam ter.
Desde que o curso faz tanto pelos assistentes quanto pelos cursistas, é natural que aqueles
queiram participar de muitos cursos. Entretanto, recomenda-se que os linces sejam
substituídos em cada encontro, de modo a dar oportunidade a outros.

7. O PAPEL DOS ADULTOS

A presença dos adultos (casados ou solteiros), de religiosas e de sacerdotes, assegura a


representação de todos os aspectos do Corpo Místico no TLC.
Essa presença indica aos cursistas o interesse e preocupação dos mais velhos pelo seu
desenvolvimento e maturidade como cristãos, além de provar a possibilidade de
comunicação e compreensão entre grupos de idades diferentes.
Os adultos servem ainda como ponto de apoio e estímulo para os dirigentes jovens. Podem,
por exemplo, aliviar a tensão, animando os matraqueiros antes de seus discursos. Os
assistentes jovens pedir-lhes-ão também, muitas vezes, auxilio para responder a perguntas
que hajam surgido no decorrer das discussões, ou que tenham sido formuladas
individualmente por telecistas.
Cada adulto terá a sua responsabilidade previamente estabelecida. Assim, as matracas, a
tesouraria, a preparação dos mirantes, o pronto-socorro, a cozinha, a casa das moças e
dos rapazes, as compras, os casos de emergência e a ordem no encerramento estão,
muitas vezes, a cargo dos adultos que, além disso, têm naturalmente o seu lugar nos grupos
e no importante trabalho de corredor.
A maior contribuição dos adultos é o exemplo da sua vivência e a sua experiência. Estão
em condições de ouvir e sentir os problemas dos jovens e de os ajudar a resolvê-los. Se
houver casos de natureza delicada para os quais não encontrem solução, ou questões mais
profundas de consciência e de espiritualidade, encaminharão os jovens discretamente a
um dos sacerdotes presentes, assim como quando estiverem prontos para a confissão.
Cumpre salientar a importância da escolha dos adultos que participarão do TLC. Sua
posição no decorrer e na seqüência do curso é fundamental. Sua vida cristã deverá ser um
brilhante exemplo. Sua vitalidade espiritual, sabedoria e. experiência deverão servir de
apoio e guia a todos os outros membros da equipe de trabalho e do encontro.
Os adultos contribuirão acompanhando e auxiliando os jovens nas novas comunidades que
vão se formar.

8. O PAPEL DO DIRETOR ESPIRITUAL

Quando consideramos o papel do diretor espiritual e dos outros sacerdotes, devemos


distinguir entre sua posição como sacerdote na paróquia e sua posição no curso. Esta é a
que nos interessa aqui.
22
Normalmente, estão presentes vários sacerdotes: um é o diretor espiritual - que já deve
ter um TLC - e os outros, seus assistentes. Não será ele o primeiro a falar; isso compete ao
chefe. Seu apostolado será, principalmente, de presença, desde a concentração até o fim
do curso. Onde os padres não estão acostumados a isso, podem ter a tendência de
dominar, prejudicando, se não destruindo, todo o trabalho desses dias.
O diretor espiritual deve atuar em estreita colaboração com o chefe. Utiliza sua experiência,
seus talentos e conhecimentos para ajudá-lo na organização e desenvolvimento efetivo do
programa. Se notar alguma falha importante, comunicar-lhe-á sem procurar remediá-la
diretamente.
Seu principal papel é o de dar assistência espiritual: ouve confissões, fica à disposição dos
telecistas para conversar e aconselhar, celebra a liturgia com eles, dá apoio ao chefe, aos
dirigentes e a toda comunidade. Os outros sacerdotes o acompanham nessa tarefa.
O diretor espiritual deve também dar aos jovens uma idéia madura do sacerdócio e de sua
função no Corpo Místico. O exemplo de trabalhar sob o chefe revelará isso eficazmente.
Sua participação nas atividades do grupo, quer de natureza espiritual, quer recreativa e
intelectual, demonstrará também a realidade de que está interessado em todos os aspectos
da vida dos cursistas, e intensamente consciente do valor humano e divino deles.
Fora do curso, tanto ele como os outros sacerdotes participantes continuam seu papel de
líderes discretos, de amigos e conselheiros, trabalhando com os jovens e adultos no
desenvolvimento da comunidade. Assistem os dirigentes na preparação de suas matracas,
dando- lhes o esboço, os pontos teológicos e o vocabulário apropriado. Todavia, é o
dirigente que torna acessível a doutrina à mentalidade dos jovens. É a personalidade do
dirigente que deve ser projetada.
Finalmente, deve estar a par do desenvolvimento espiritual dos jovens, cuidando para que
não permaneçam estagnados, mas que cresçam sempre no amor e na vida de união a
Cristo, sob a direção do Espírito Santo.
Discretamente, procurará estimular aqueles que se salientem por suas qualidades
humanas e por sua autenticidade na vida espiritual, e intensificar-lhes a formação, para que
se tornem verdadeiros líderes cristãos na comunidade e sociedade, contribuindo, assim,
ativamente, para a restauração do mundo em Cristo. Esta é a principal finalidade do TLC.

9. O PAPEL DOS ACOMPANHANTES: LEIGOS E RELIGIOSOS

Sendo a finalidade do TLC formar comunidades de jovens que dentro da Pastoral da


juventude transformem o mundo em Cristo, e necessitando eles sempre da colaboração
dos adultos, é natural que estes venham - um ou mais - com os grupos de jovens das
diversas localidades, para observar e conhecer o movimento, pondo-se, assim, em
condições de continuar a trabalhar depois, com eles, nas comunidades, dentro da mesma
linha de ação.
Os acompanhantes devem ser previamente inscritos no curso, podem ser leigos, religiosos
ou religiosas e sacerdotes. Estes últimos agirão como assistentes do diretor espiritual.
É provável que muitos cursistas tenham, por experiências passadas, preconceitos e idéias
completamente errôneas, acerca de padres e religiosas. A atitude destes, durante o curso,
como seres humanos normais, sinceros e compreensivos, pode modificar radicalmente tal
juízo, ensinando-os a ver neles membros da comunidade e do Povo de Deus que
escolheram dedicar a vida totalmente a Cristo.
Os acompanhantes não estarão no curso para resolver os próprios problemas. Antes,
tomarão parte em tudo e atuarão nos grupos, dando, assim, sua contribuição de apoio e
assistência aos jovens. Daí a importância de serem pessoas sensatas, equilibradas e de
sólida formação religiosa.
23
Serão muito bem recebidos, porém devem estar cientes do seu papel no TLC. Evitarão
qualquer crítica ou iniciativa própria no que diz respeito à organização durante o curso,
pois estarão sempre livres de apresentar sua opinião após o mesmo ou na reunião de
análise. Quando tiverem conhecimento de problemas de certa importância no seu grupo,
falarão com o chefe ou com o diretor espiritual. Procurarão, no entanto, não tomar o tempo
deles sem uma razão plausível, visto estarem inteiramente dedicados ao seu trabalho junto
dos cursistas.
O acompanhante, como, aliás, todos os dirigentes, deve evitar tornar-se o centro de
interesse ou atenção, pois o que se pretende é levar o cursista, gradualmente, a concentrar
toda sua atenção em Cristo.
Embora responsável e atento a suas obrigações, nunca deve perder de vista o objetivo do
TLC: levar os jovens e, por meio deles, o mundo a Cristo

CAPITULO 2
FUNCIONAMENTO DO TLC

1 A equipe de trabalho. 2. Diretivas para o chefe. 3. Diretivas para o subchefe. 4. Diretivas


para os assistentes jovens. 5.As tarefas. 6. Instruções para o trabalho em grupo. 7.
Instruções para as visitas à capela. 8. Instruções para o culto eucarístico. 9. Instruções para
as reuniões dos morcegos. 10. Instruções para o encerramento.

1. A EQUIPE DE TRABALHO

Tanto a preparação do TLC como o próprio curso funcionam com equipes de trabalho,
sendo, porém, algumas tarefas individuais.
Assim, poderá haver equipes de dois ou três encarregados da distribuição do material de
trabalho, da lojinha, dos cartazes e murais e sua afixação, do auxílio ao tesoureiro, do
preparo dos mirantes, do pronto-socorro, da orientação do tráfego, dos transportes e do
encerramento. É preciso lembrar, no entanto, que o número de assistentes precisa ser
forçosamente limitado.
Todos os assistentes deverão ser telecistas de vivência, previa- mente preparados e, onde
já houver Escola de Vivência, aprovados por ela.
De qualquer forma, participar de um TLC é uma graça e uma responsabilidade a ser
assumida com seriedade. Não se volta a ele unicamente por prazer, mas, sim, em espírito
de profunda dedicação, o que significa abnegação e doação total para que todos os
participantes possam aproveitar o máximo do curso.
Executando as equipes de cozinha e de faxina, qualquer assistente deve estar presente a
todas as atividades do TLC e nunca ausente do seu grupo.
Isso exige sacrifício. Todos os que participam de um curso devem estar cientes disso, e
prontos a aceitá-lo. Será essa a melhor oração, o melhor ato de Cireneu, o melhor
apostolado.

2. DIRETIVAS PARA O CHEFE


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É o chefe quem estabelece o processo e a linha de ação para todo o curso. Desde o início,
a responsabilidade da liderança é colocada sobre seus ombros. É ele quem dirige e regula
a experiência do TLC; não só dá o tom, como marca o andamento a ser seguido pelos
dirigentes e, conseqüentemente, pelos cursistas. É ele quem coordena as variadas
atividades que sustentam a atenção e o interesse. Os jovens escutam, discutem, cantam,
rezam, jogam e comem, como em comunidade, devendo haver em tudo uma justa
proporção. Se o chefe não souber estabelecer equilíbrio entre o tempo de atenção e o de
animação, poderá perder o controle do grupo.
O chefe dá o rumo no início do curso e, com mão firme, continua a dirigi-lo até o
encerramento. Por isso, deve fazer-se obedecer. Daí a necessidade de contínuo
entendimento e contato, não só com os cursistas, mas, também, com os dirigentes.
Compreende-se, portanto, que ele deve ser mais que um simples líder, mais que um
simples voluntário. É o instrumento de Cristo, trabalhando com o Espírito Santo. E Cristo
deve ser visto agindo, vivendo e amando nele, porque é o representante de Deus. Deve
refletir o ânimo de Cristo, conduzir como Cristo conduziu, inspirar como Cristo o fez, amar
como Cristo amou.
Deve ser dinâmico, confiante e decidido, embora sem jamais perder a noção de ser apenas
o instrumento de Cristo, e possuir dotes de organização, autoridade e improvisação, pois é
senhor quase absoluto do encontro. Há um horário a seguir, porém pode e deve alterá-lo,
quando as circunstâncias o exijam, lembrando-se, contudo, que o curso segue determinado
programa, e este não devem ser mudado sem necessidade. Cada coisa há seu tempo, sem
que os cursistas saibam o que acontecerá em seguida.
Deve ser adulto, não tanto pela idade como pela responsabilidade de conduzir mais de 40
cursistas, em um trabalho sujeito a numerosos imprevistos, capazes de prejudicar o
encontro e até destruí-lo, se, em vez de criado um ambiente de comunidade, os grupos se
restringirem a "panelinhas".
O chefe preside as reuniões, dá os avisos e apresenta os matraqueiros. É ele quem mantém
a ordem, zelando, juntamente com o subchefe, para que os cursistas não fiquem
perambulando durante as matracas e jamais permitindo a presença de estranhos no local.
É de suma importância que participe de todo o encontro, bem como da reunião preparatória,
devendo empenhar-se em ouvir todas as matracas, pois compete-lhe esclarecer algum
ponto obscuro ou mal expresso. Deve falar o menos possível, tanto na capela como no
início e no fim das matracas, evitando sempre dar outra matraca à guisa de explicação.
Embora deva usar de toda a autoridade, deve procurar, demonstrar alegria e otimismo,
nunca deixando transparecer no semblante e nos gestos as preocupações que por acaso
o aflijam.
Jamais deve chamar a atenção dos assistentes, adultos ou jovens em público. Deverá fazê-
lo à parte, se for necessário e urgente, ou aguardar a reunião de análise.
Nos trabalhos de grupo, não se deve ligar definitivamente a um só grupo, mas visitar a
todos, observando a ação dos assistentes. Nas assembléias, faz as perguntas, ouve as
respostas, comenta. Quando for dada a palavra aos cursistas para as perguntas ao
sacerdote, sentar-se-á entre eles.

PRIMEIRA NOITE:

O chefe aparecerá na concentração, mas partirá logo para o local destinado ao curso, onde
aguardará os jovens, verificando junto dos responsáveis se está tudo em ordem.
Será conveniente que só se apresente para a saudação de boas vindas. Nesse momento,
como as fichas de inscrição serão destruídas, fará distribuir outras (indicando nome,
endereço, comunidade etc.) que serão também entregues aos dirigentes, para anotar suas
25
atribuições, a fim de não haver confusão. Servirão, posteriormente, para o arquivo do
secretariado.
Feita a saudação na qual discorrerá brevemente sobre amizade, trabalho em grupo e
comunidade , pede ao subchefe que organize e dirija a apresentação de todos os presentes.
Apresentar-se-á por último, assumindo novamente para fazer as três perguntas relativas ao
que falou. Os cursistas ficarão agrupados conforme estiverem na sala, pois nessa reunião
ainda não se formam grupos definitivos. No dia seguinte, será mais fácil motivá-los.
Durante os 15 minutos que durar o trabalho, visitará os grupos e observará seu
comportamento, obtendo, assim, dados que melhor o ajudem em sua formação definitiva.
Decorrido o tempo determinado, mesmo que não estejam todos prontos, anuncia a
assembléia, começando-a imediatamente.
Faz as perguntas uma a uma, grupo por grupo (dependendo do tempo disponível),
anotando o conteúdo de cada resposta, para depois fazer sua análise e unir as respostas
em uma só, se possível.
Não interessa nessa reunião fazer crítica, mas, sim, criar nos jovens confiança e liberdade
para se abrirem facilmente. O importante também é deixar patente a relação entre amizade,
trabalho em grupo e comunidade.
Por último, fará a entrega da sineta, solenemente, com palavras que façam sentir aos
cursistas a necessidade de obedecer a ela, e apresentará os diversos responsáveis (lojista
pronto-socorro etc.).
Isso feito pede ao subchefe e à responsável pela casa das moças que encaminhem os
jovens a seus quartos, de onde logo devem voltar para um lanche.
Depois deste, a um toque da sineta, os jovens retornam a seus lugares na sala de matracas,
para que o chefe dê uns avisos de ordem geral, fazendo ver que as exigências são para o
bem comum, pois não pode haver um agrupamento humano sem organização e disciplina.
Não deve ser muito prolixo nem muito severo, procurando, mesmo, dizer as coisas com
alegria e jocosidade, para melhor aceitação. Deve, no entanto, ser firme nos pontos
essenciais de disciplina.

Avisos a dar:
1. Convém que os cursistas se desliguem do exterior; por isso, não lhes serão
permitidos visitas ou o uso do telefone, a não ser para casos urgentes e com
autorização do chefe.
2. É-Ihes vedada a entrada na copa e cozinha; se necessitarem de alguma coisa
nesse setor, deverão se dirigir ao chefe ou ao subchefe.
3. Em tempo algum haverá acesso para os rapazes à casa das moças. Confia-se na
sua discrição nesse ponto.
4. Indicam-se os banheiros das moças e os dos rapazes.
5. Para o bem de todos, exige-se a maior limpeza e higiene.
6. A casa é para todos, assim como o jardim. Mas muitos
virão ainda, e tudo se consegue com muita luta. Por isso, pede-se que ajudem a
conservar a propriedade em bom estado. Os nomes devem ser gravados nos
corações e não nas árvores, mesas ou paredes, e os objetos da casa não devem ser
levados para fora.
7. Ainda para o bem de todos e bom andamento do curso, obedecer ao horário,
atendendo ao chamado da sineta.
8. Não fazer perguntas. Tudo está previsto,
9. Explicar o que são matracas.
10. Uso dos cadernos: servirão para recordar o que foi dito.
11. Beber água e usar os banheiros nos intervalos, para não
perturbar durante as matracas.
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12. Convém que somente uma pessoa mexa no toca-discos. Para isso, indicar um
assistente (escolhendo-o de antemão).
13. Avisar sobre economia de água e voltagem, se necessário.
14. Explicar como serão feitas as refeições.
15. Dar informações sobre a lojinha.
16. Ordem na sala e nos quartos. Cada coisa em seu lugar: cinzeiros, garrafas de
refrigerantes, copos, cobertores, papéis etc.
17. Estar sempre presente às refeições e não tomar banho há essa hora. Banhos,
só de manhã ou à noite.
18. Não se admite indisciplina nem ausência do local do encontro.
19. A capela é lugar santo, reservado à oração e meditação. É a casa de Deus; nela,
pede-se dignidade nas atitudes.

INTRODUÇÃO:
Findos os avisos, passa o chefe à parte introdutório, segundo o esquema próprio (página
42).
Anuncia a matraquinha "O filho pródigo e o filme da vida". Apresenta o sacerdote que dará
a matraca "Finalidade e opção da vida". Terminada esta, fala sobre a necessidade de
meditar um pouco quando se quer tomar alguma decisão importante, e convida os jovens
a fazer isso, dando ele mesmo o exemplo.
Passados 3 minutos, deve interromper o silêncio: tece um comentário sobre o que acabou
de fazer; sugere que todos, durante aquela noite, aproveitem para prosseguir na meditação,
enquanto o sono não vier, e leva-os à capela, onde, após o jogral Via Crucis, em uma
pequena oração cheia de otimismo, pede ao Divino Espírito que ilumine a todos, jovens e
adultos, para o bom proveito do encontro.
Convida-os depois a se recolher, insistindo para que durmam prontamente, porque o dia
seguinte será de intenso trabalho.
Reunião dos morcegos - (ver página 62).

PRIMEIRO DIA:
À hora determinada, dará ordem para o início das funções na capela, e, no final, convidará
a todos para o café.
Formação de grupos - (ver página 28). Anuncia a matraca "Personalidade" e a matraquinha
"A semente". Terminada esta, pede ao matraqueiro que dê a pergunta para ser motivo de
estudo durante o trabalho em grupos. Passa a palavra ao sacerdote para o "Sentido da
vida" e, a seguir, dá tempo para o trabalho em grupos: convém que frise bem a sua
importância, oriente os jovens e determine o tempo de que dispõem, pedindo-lhes pronto
regresso à sala ao toque da sineta.
Segue-se a palavra do sacerdote em "O dom de Deus". As demais funções correm de
maneira normal, como determinado no comentário ao horário (página 25), até a reunião dos
morcegos, onde sua atuação está especificada à página 62.

SEGUNDO DIA:
Funciona normalmente conforme o comentário ao horário.
O chefe deve inteirar-se junto do subchefe se o terço meditado foi bem preparado (ver
página 166).
Após a matraca final ("Conquista das alturas"), convida os jovens para uma última visita em
conjunto à capela, onde fala em primeiro lugar, deixando que os demais falem se quiserem,
e ficando atento para interromper logo que oportuno, por exemplo, se houver manifestação
exagerada de emotividade.
A seguir, todos se dirigem à sala de matracas, a fim de receber os mirantes. O chefe lhes
pede que recolham os papéis pessoais que quiserem levar para casa, avisa onde devem
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ser deixadas as malas e apresenta as cozinheiras e as faxineiras, se isso já não tiver sido
feito no almoço festivo.
O chefe estará atento a que a celebração eucarística seja bem preparada (ver Comentários
do Chefe antes da missa, à página 62).
Logo após a celebração eucarística, dá as instruções para a partida imediata.
No encerramento, somente inicia a sessão, pedindo silêncio e entregando a presidência ao
subchefe, pois o TLC é dos jovens. Fica, porém, pronto para auxiliar a qualquer momento
que se torne necessário.
Fala no fim, com breves palavras de estímulo, logo antes do diretor espiritual, que será o
último.
Compete-lhe, ainda, dirigir a reunião de análise do seu curso.

3. DIRETIVAS PARA O SUBCHEFE

O subchefe será um jovem dinâmico, com boas qualidades de liderança, Antes do encontro,
selecionará, de acordo com o diretor da Escola de Vivência, os matraquinheiro, verificará
se estão bem preparados e cuidará para que não faltem à reunião preparatória e à análise.
Durante o curso, é responsável por eles, velando para que não se afastem dos grupos,
dêem bom exemplo em tudo e façam bom trabalho de corredor. Deverá permanecer todo
o tempo em contato com os jovens, sendo o braço direito do chefe.
Compete-lhe esperar os candidatos no ponto de concentração e acompanhá-los até a sede
do curso, onde os fará entrar, recebendo de cada um o talão de admissão, e lhes indicará
o lugar das malas.
Na sala de matracas, após a saudação do chefe, orientará as apresentações gerais,
pedindo que cada pessoa se levante e se identifique, declinando o nome, profissão, cidade
em que reside e estado civil. Procurará manter a ordem durante a apresentação, sendo o
penúltimo a se identificar e pedindo, a seguir, que o chefe o faça.
Tanto ele como os demais dirigentes se esforçarão por identificar cada cursista pelo nome
e cidade; isso demonstra interesse e impressiona bem.
Assembléia - Durante a primeira assembléia, o subchefe providenciará a sineta e a chave
a serem entregues ao lojista e à baliza pelo chefe.
Quartos - Finda a assembléia, orientará a distribuição das camas, chamando
individualmente os rapazes. A senhora responsável pela casa das moças fará o mesmo
com elas.
Capela - Na oração da noite, falará logo após o chefe, fazendo uma curta ação de graças
e pedindo pelos jovens presentes.
Recolher - Deverá visitar todos os quartos, orientando e aconselhando a todos que durmam
logo, pois o dia seguinte será de intenso trabalho.
Na manha do primeiro dia, deverá ver se os encarregados da oração e da matraquinha
estão presentes a tempo. Lembrará o responsável pelo toca-discos da música "Alô, bom
dia", para a hora do café. (O toca-discos só se usa durante as refeições.) Providenciará as
fichas e discos de identificação. Durante todo o dia, verificará, sempre com antecedência,
a presença dos responsáveis pelas matraquinhas. Velará para que o animador dos cantos
atue bem, providenciando a distribuição de impressos com as letras e estimulando a alegria
nos momentos de cantar.
No segundo dia, deverá ver se o terço meditado está preparado. Cabe-lhe, também, ver se
os murais estão expostos nas paredes para todos apreciarem.
Para o César, terá as meias pretas à mão no momento certo. É responsável, juntamente
com o liturgista, pela arrumação do local da celebração eucarística, devendo providenciar
para que sejam ensaiados os cantos, e preparar com antecedência os jovens para a
procissão do ofertório da missa da terceira noite (ver Culto Eucarístico, à página 60).
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Se surgir alguma anormalidade, comunicá-la á imediatamente ao chefe.

4. DIRETIVAS PARA OS ASSISTENTES JOVENS

O lince ou assistente jovem tem uma função preponderante no TLC, pois deverá
representar para os cursistas um exemplo vivo do cristão consciente. Seu comportamento
deve, pois, ser à altura sua responsabilidade.
Só poderá ser convocado para participar de um encontro se tiver freqüentado a Escola de
Vivência e for assíduo às reuniões da sua comunidade.
Não é demais repetir que, seu exemplo terá uma influência definitiva sobre o andamento
do curso e seus participantes. Por isso, sua ação pode ter efeitos positivos ou negativos.
Deve estar inteiramente consciente dessa responsabilidade, quando aceita participar do
encontro, e lembrar-se que seu comportamento será notado, apreciado e, mesmo, imitado,
jamais se olvidando dessa noção, embora agindo sempre com autenticidade, alegria e
naturalidade.
Além da tarefa especial que lhe é confiada, será um observa- dor constante do que se
passa com os jovens, especialmente com os do seu grupo, que acompanhará sempre, não
se ausentando sem razões sérias. Conversas desnecessárias com outros dirigentes,
principalmente em atitude confidencial, podem causar má impressão aos cursistas.
Sendo o trabalho em grupo o mais importante do encontro, porque é aí que os cursistas
são levados a pensar, assimilar e aprofundar a matéria que lhes foi exposta, bem como a
externar suas dúvidas e angústias, é necessário que o dirigente esteja bem a par de como
devem decorrer as reuniões de grupo, e qual atitude tomar, estudando, pois, as instruções
relativas a elas (ver página 55).
Logo na primeira noite, observará bem os componentes da própria mesa, a fim de poder
dar suas impressões e colaborar na formação dos grupos, se necessário.
Durante as matracas, mostrará uma atenção constante e interessada. Tomará nota com os
outros, jamais demonstrará cansaço ou enfado e muito menos apoiará a cabeça sobre a
mesa. Com seu exemplo, sempre amável, levará os cursistas a manter o silêncio durante
as matracas e a não se afastar delas. Procurará evitar discretamente que deixem a mesa,
indo para as janelas ou para fora da sala, e verificará sempre se não está faltando alguém
do seu grupo durante as atividades do encontro.
Anotará as perguntas que forem lançadas para discussão nos grupos, para estar bem
ciente e melhor poder ajudar, e não fará perguntas nas assembléias, deixando falar os
cursistas, a não ser que isso seja necessário para animar os outros a estabelecer diálogo
e despertar o interesse.
Atenderá prontamente a sineta, evitando prolongar desnecessariamente as conversas na
hora de começar as matracas, e encaminhando os cursistas para o local da reunião.
Também na hora do trabalho em grupo procurará evitar que se dispersem.
É natural que o lince receba confidências dos cursistas em seu trabalho, de corredor. Toda
discrição será pouca nessa matéria, e assuntos agraves só devem ir ao conhecimento do
chefe ou do diretor espiritual. Também terá cuidado em não demonstrar, publicamente,
demasiada simpatia ou preferência por algum cursista em particular. É absolutamente
inconveniente que estejam presentes os namorados ou namoradas dos assistentes jovens,
rapazes ou moças, pois o TLC não é uma oportunidade para namorar, e o exemplo a esse
respeito deve ser dado aos cursistas.
O lince não comentará com outros assistentes, e muito menos com os cursistas, as falhas
observadas durante o encontro: para tanto, poderá utilizar a caixa de sugestões ou deixar
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o assunto para a reunião de análise. Não só seguirá à risca o programa estabelecido
como evitará que os cursistas introduzam novidades. Qualquer projeto que surja deve ser
levado ao conhecimento do chefe.
Como o horário não deve ser conhecido de antemão pelos cursistas, o lince terá o seu bem
guardado, para não correr o risco de deixá-lo ao alcance deles. Precisa conhecê-lo bem,
evitando fazer perguntas inúteis aos outros dirigentes, sobretudo na presença dos cursistas.
Não fará comentários prévios sobre a sua matraquinha ou a dos outros, para que tudo seja
algo de novo, e evitará ainda comentários após a matraquinha; o desprendimento de si
mesmo e a humildade darão ênfase ao que tiver dito. Não deixará de visitar o sacrário antes
e depois da matraquinha, lembrando-se das palavras de Cristo: "Sem Mim, nada podeis
fazer...". Observará as regras para as matraquinhas, não excedendo o tempo marcado,
manuseando o Evangelho com respeito e dignidade e conservando marcada a página que
irá utilizar, a fim de evitar demoras e hesitações. Levará sempre os seus crucifixo com o
Evangelho.
Às refeições, como todos os dirigentes, servir-se á por último, e estará pronto a colaborar
no serviço, se for convocado. Se tiver conhecimento da ausência de algum cursista, avisará
o chefe ou o subchefe. Como todo o TLC é um apostolado contínuo, o tempo das refeições
também deve ser aproveitado para estimular a união e a alegria, ou para o trabalho de
corredor.
Tomará seu banho pela manhã, antes que os cursistas se levantem, ou à noite, depois que
eles se deitarem, visto que não se deve afastar durante o dia.
Considerando que o TLC necessita de recursos para se manter e desenvolver, também o
assistente, na medida do possível, pagará a “E contribuirá para o César”.
Por tudo o que foi dito, vê-se que o lince precisa levar muito a sério a sua responsabilidade.
É uma tarefa que exige inteiro esquecimento próprio, durante todo o tempo que dura o
curso. Embora cansado, talvez com preocupações pessoais, mostrar-se-á tranqüilo, alegre
e confiante. A alegria é um fator de primeira importância no curso. Todos os dirigentes
devem conhecer bem os cantos; e os jovens, sobretudo, devem ser os animadores, nos
momentos de recreio.
É sempre uma grande graça participar de um TLC: mas seu preço são os constantes atos
de Cireneu que se exigem de todos os dirigentes. Que o lince seja generoso e humilde, não
esquecendo que é apenas um instrumento de que Deus quer se servir, e que é o Seu
Espírito que opera todo o bem.
Fica provado que é de suma importância a seleção dos linces. Requer-se deles sensatez e
religiosidade sincera, que se traduz em dar sem contar, na adesão total à vontade de Deus,
representada concretamente, nesses dias, pelo regulamento do TLC.
Como se disse, nenhum toloco será convocado para participar de um curso sem ter dado,
previamente, prova de fidelidade, por sua
freqüência à Escola de Vivência ou, se esta ainda não existir, às reuniões de sua
comunidade.

5. AS TAREFAS

a) Liturgista - É encarregado da limpeza e ordem na capela. Prepara as celebrações


eucarísticas, vendo que nada lhe falte e que tudo fique em ordem após a sua realização.
Distribui os folhetos e livros para participação na liturgia.
b) Tesoureiro - Deverá informar-se junto do tesoureiro local se todos os cursistas
pagaram a taxa, efetuar a cobrança dos que não o fizeram, a não ser que estejam
dispensados, e certificar-se, na primeira noite, se há troco suficiente para a lojinha. Se esta
tiver outro responsável, entender-se-á com ele para o recolhimento do dinheiro.
Todo o dinheiro, com uma relação por escrito de cada item (taxa, loja, César), é entregue
ao organizador responsável, que entrará em contato, depois, com o tesoureiro local do
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movimento. Naturalmente, a parte financeira se adaptará às conveniências de cada
localidade. Sugerimos apenas um método.
Como norma geral, recomenda-se economia, o que não significa, de modo algum,
mesquinhez. Diversos candidatos não podem pagar a taxa, ou pagam apenas uma parte
mínima: não deixam, por isso, de ser muito bem recebidos.
As finanças não devem constituir motivo de preocupação. Deus providencia sempre e, no
espírito comunitário dos primeiros cristãos, tão recomendado no TLC, os que podem mais
contribuem, generosamente, pelos que podem menos.
c) Baliza - E quem toca a sineta. Sua função é muito importante, pois dela depende,
em parte, a manutenção do horário e, por conseguinte, o bom andamento do encontro -
Deverá ser urna jovem alegre, viva, responsável e enérgica. Será a primeira a levantar-se,
servindo-se de um despertador, e chamará as demais dirigentes à hora marcada. Na casa
dos rapazes, o subchefe será responsável pela alvorada.
A baliza não se afastará muito do chefe, infernando-se sempre se pode tocar a hora
marcada, pois, freqüentemente, são necessárias alterações de horário.
Entrando na sala de matracas, depois que todos estiverem presentes, colocará a sineta
sobre a mesa do matraqueiro, indo buscá-la no momento de sair. A sineta não deve ser
entregue a ninguém, e ninguém mais deverá tocá-la nem utilizá-la fora de hora. A baliza se
servirá dela com jovialidade, vigor e sem exageros, começando a bater pelos locais mais
afastados, de modo a ser ouvida por todos.
d) Ponteiro - Sua função é anotar discretamente a duração de todos os atos do curso,
para controle e correção, se necessário, prestando informações precisas ao chefe, quando
este as pedir. Anotará, também, as perguntas feitas pelos matraqueiros, a fim de entregá-
las ao chefe antes das assembléias.
e) Faxineiros - Os faxineiras ou auxiliares de limpeza devem ser preparados de
antemão para sua tarefa, indo ao encontro, não pelo gosto que isso lhes dá, mas para
trabalhar e se sacrificar pelos seus irmãos, como outros se sacrificaram por eles. Seu
exemplo de dedicação será uma inspiração para os cursistas. E esse trabalho será ótima
oração para obter de Deus as graças necessárias ao bom êxito do curso. Não faltará
ocasião para atos de Cireneu, nessa tarefa, e os faxineiras não deixarão de aproveitar essa
riqueza espiritual para o bem dos cursistas.
Na primeira noite, deverão verificar, com o responsável pela ordem das casas, onde estão
os materiais de limpeza e higiene, aguardando-os sempre em lugar acessível, para não
causar perturbação ou confusão.
Devem aproveitar todos os momentos em que os cursistas não estiverem num lugar, para
fazer a limpeza. Assim com a sala de matracas, banheiros, dormitórios etc.
Não terá muita oportunidade de conversar com os cursistas, mas isso é bom, porque será
mais eloqüente o exemplo de sua dedicação, causando também maior impressão no
momento da homenagem final.
Os faxineiras, enfim, falarão pouco, evitando perturbar as funções, e trabalharão com
caridade, modéstia e seriedade.
f) Responsável pela cozinha e suas auxiliares - Haverá uma senhora responsável
pela cozinha e pelas refeições, e que terá tido entendimento prévio com a responsável local
pela cozinha do TLC. Normalmente, será esta que fornecerá todo o material necessário,
mas verão juntas se nada está faltando. Tudo deve estar previsto, de modo que não haja
confusão.
Conforme o sistema adotado localmente, é possível que seu trabalho seja mais de
supervisão da cozinha e de maior atuação na copa: preparação dos legumes, sanduíches,
sobremesa, serviço de mesa e lavagem da louça. Será uma pessoa de expediente, capaz
de resolver os pequenos problemas que possam surgir. Deverá manter a ordem, o bom
humor e o espírito de dedicação e não permitir de modo algum a entrada na cozinha e na
copa de cursistas ou de pessoas estranhas ao serviço. Deverá estar em seu posto bem
31
cedo para que o trabalho se inicie a tempo e ver se as auxiliares também chegam cedo.
À noite, terminando o serviço, fechará a copa, ficando a cozinheira encarregada de fechar
a cozinha, a não ser que tudo esteja entregue a um grupo de senhoras que sairão juntas.
Deverá estar sempre em contato com o chefe para saber o horário das refeições, pois
poderá haver variações devido a atrasos no programa. Será também responsável pelas
auxiliares de cozinha, cuidando que façam bem a sua obrigação e não fiquem
perambulando nos momentos vagos, embora, em alguns lugares, possam ir assistir ao
curso e trabalhar nos grupos, não tendo outro encargo nem dando matraquinha.
A equipe de cozinha deve trabalhar alegremente, e em bom entendimento fraternal,
obedecendo à responsável, que, por sua vez, atenderá às necessidades de todos.
O que ficou dito para os faxineiros vale também para as auxiliares de cozinha: deverão
mostrar o mesmo esquecimento de si mesmas, o mesmo espírito de Cireneu, fazendo de
seu trabalho uma oração pelo sucesso do encontro.
Todos comparecerão com humildade e desprendimento à homenagem que lhes será
prestada no fim do curso.
g) Almoxarife - Haverá um jovem encarregado do armário onde ficam todos os papéis
e material de escrita, os cartões para os murais, os impressos da missa, jograis, cantos etc.
Será também responsável para que haja lápis apontados na primeira noite.
Antes de começar o curso, verificará se nada falta, entendendo-se com o encarregado do
local, se necessário.
Além de encarregado da distribuição de papéis durante o encontro, poderá acumular outro
cargo - para evitar o número excessivo de dirigentes presentes - como a responsabilidade
da casa dos rapazes e dos faxineiras.
h) Responsável pela casa dos rapazes - Será também o responsável pela sede do
curso, se ela for separada dos dormitórios. Esse cargo poderá ser acumulado com o de
almoxarife, que será responsável direto pelos faxineiras, pela ordem geral e para que nada
falte ao bom andamento do encontro.
i) Responsável pela casa das moças - Sendo geralmente misto, é necessário que o
TLC possua acomodação para os rapazes separadamente da das moças.
Será previamente designada uma senhora responsável por essa casa, a qual ficará com a
chave. Somente com sua autorização é que alguma jovem poderá ir até lá durante o dia.
Sendo a limpeza das outras casas atribuição dos faxineiras, e a da casa das moças feita
somente uma vez por dia, as faxineiras poderão também ser auxiliares da cozinha, a fim de
evitar excesso de assistentes.
A senhora responsável participará inteiramente do curso, e cuidará especialmente das
jovens e das assistentes, velando para que não se ausentem indevidamente, que saiam
juntas do dormitório, pela manhã, e voltem juntas à noite. Levará ao conhecimento do chefe
ou diretor espiritual o que ocorrer de anormal.
Evitará, com firmeza, a indisciplina e desordem no dormitório e se esforçará para que as
moças não adormeçam demasiado tarde, a fim de estarem alertas nos trabalhos do dia
seguinte.
j) Animador - Encarregado das canções durante o curso, distribuindo os folhetos com
as letras e procurando estimular a alegria geral com os cantos, à discrição do chefe e nos
momentos em que este indicar. Deverá também preparar brincadeiras para o recreio
organizado.
l) Lojista - Será encarregado da venda de refrescos, chocolate, livros, distintivos etc.
Ficará permanentemente em seu cargo, mas poderá fechar a lojinha na hora das matracas.
Entender-se-á com o responsável, quando faltar algo, e lhe entregará, no fim do curso, o
dinheiro recebido, com a relação da venda.
Trabalhará no mesmo espírito de dedicação que se requer de todos os auxiliares, fazendo
também do seu trabalho urna oração.
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m) Leão de tráfego - Será o responsável pela entrada e saída dos veículos -
inclusive do ônibus - bem cornos por sua acomodação, para facilitar o trânsito e não
perturbar a ordem e o silêncio.
Na sala de matracas, colocar-se-á em posição favorável a uma saída rápida ou
despercebida, ficando atento a qualquer ruído importuno e afastando os intrusos, pois não
são permitidas visitas durante o curso, nem mesmo de telecistas.
n) Responsável pelo encerramento - Haverá uma pessoa encarregada de preparar
o local do encerramento, isto é, da celebração eucarística. Um ou mais adultos deverão
receber os pais e prepará-los para a chegada dos filhos.

6. INSTRUÇÕES PARA O TRABALHO EM GRUPO

a) Dinâmica de grupo - Há várias técnicas de dinâmica de grupo, a saber: painel,


mesa-redonda, debates etc. O TLC utiliza principalmente os debates.
A matraca focaliza a atenção do grupo para determinado assunto e estimula a reflexão,
aproveitando um conjunto de fatos e idéias. A pergunta proposta após a matraca deve ser
de alto interesse e de natureza a despertar a curiosidade dos cursistas.
A discussão em grupo oferece uma oportunidade de tomar parte mais diretamente no
processo de aprendizagem e assimilação, possibilitando a exteriorização de dúvidas e de
preconceitos, e levando a encarar problemas pessoais e a procurar-lhes a solução. Por
isso, é as atividades mais importantes do TLC, à qual é necessário dar todo o tempo
possível; recomenda-se, pois, insistentemente, aos que dão matracas e matraquinhas, que
não excedam o tempo que lhes é proporcionado para falar. A matraca deve apenas fornecer
as idéias força que estimularão a reflexão dos cursistas e as discussões em grupo. E as
perguntas devem referir-se a essas idéias vitais.
Os debates trarão à tona as idéias do grupo com respeito ao conteúdo das matracas e
fornecendo perspectivas novas, levando os cursistas a encarar os problemas e desafios da
Igreja e do mundo de hoje.
No aprofundamento, do que acabaram de ouvir, na resposta à pergunta substancial
representada pelo matraqueiro, o cursista encontrará talvez a solução de suas ansiedades
e, quer se exteriorize, quer não, no grupo, isso poderá servir de ponto de partida para a
transformação da sua vida e da sua mentalidade.
A discussão deve levar a programas concretos de ação ou, pelo menos, a definições claras.
Não se trata de debates teóricos e especulativos.
Se os dirigentes tiverem esses fatos bem presentes, saberão encaminhar as discussões
com habilidade e prudência, mas com simplicidade e sem preocupação. Dessa forma,
estarão dando uma valiosa contribuição para o treinamento de líderes cristãos.
Os assistentes deverão somente acompanhar o grupo para mantê-lo unido, estimulá-lo ao
trabalho, aconselhá-lo, mas não fornecer as respostas prontas. Convém lembrar sempre
aos matraqueiros e dirigentes que o trabalho em grupo é mais importante e produtivo que
as próprias matracas; convém lembrar-lhes, também, o valor das perguntas que devem
fazer, para que não as improvisem e para que sejam de tal forma que levem o grupo a
raciocinar e encontrar soluções próprias, e não simplesmente repetir na resposta o que foi
dito na matraca.
b) Como se processam essas discussões - Terminada a matraca, a comunidade se
dispersa para um local apropriado e mais isolado: jardim, canto da sala etc.
Todas as matracas, desde a primeira noite, são seguidas de discussões ou reuniões de
estudo em grupos. É aí, principalmente, que o cursista tem oportunidade de comparar sua
vida diária com o conteúdo da matraca. Essa é a mola real do TLC.
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As discussões devem ser abertas e flexíveis, e os cursistas devem sentir-se livres para
expressar qualquer opinião, pergunta ou crítica que lhes tiver surgido durante a matraca.
Para manter essa atmosfera, é da maior importância a função dos dirigentes durante a
reunião. Eles podem orientar e estimular a discussão; nunca, porém, dominá-la nem
assumir o papel de autoridade principal, mas, sim, de amigos sinceros, também suscetíveis
de errar. O cacique é quem dirige a discussão, e a coruja, quem anota as conclusões para
ser lidas nas assembléias.
As situações podem variar, mas a maioria das discussões poderá ser iniciada com cada
cursista apresentando o que pensa a respeito do que foi dito. Em principio, isso pode
consistir em opiniões banais ou apenas de aprovação ou desaprovação. Perguntas
específicas poderão dar mais vitalidade à reunião, como: "Isso representa alguma
necessidade para você ou para seus amigos?" "Você já se considerou como tendo um
papel determinado dentro do Corpo Místico?" "Terá, o que foi dito, alguma aplicação na sua
casa, escola, fábrica, paróquia, comunidade?"
Os cursistas podem consultar suas anotações para responder às perguntas, porém as
discussões não devem, de modo algum, ser do tipo escolar, pergunta- resposta. A matraca
traz uma mensagem, e procura-se que essa mensagem seja assimilada, podendo ser a
base para a solução dos problemas dos jovens.
Uma vez que a idéia se tornou clara, os comentários dos cursistas vão também se tornar
mais específicos e definidos, e suas perguntas, menos teóricas. Os dirigentes aproveitarão
todas as oportunidades para fazer o grupo refletir sobre si mesmo. As questões surgidas
devem ser discutidas e respondidas por todos. Talvez a dificuldade de um possa ser
resolvida pelos outros. Gradualmente,
os cursistas serão levados a compreender que todos os companheiros do grupo, incluindo
os dirigentes, têm problemas na procura da maturidade cristã, os quais só poderão ser
resolvidos em fraternidade cristã.
Outro ponto a considerar é que todo assunto pode ser discutido, contanto que esteja dentro
do objetivo do TLC. Se uma matraca posterior se referir àquilo, o dirigente poderá dizer que
o tema será tratado mais tarde. Todavia, se for de tal natureza que essa seja, talvez, a
única ocasião propícia para esclarecimento, não deverá deixá-la passar.
Nenhum assunto deve ser considerado delicado demais para ser discutido. São numerosos
os problemas que confundem a juventude, e convém que sejam elucidados dentro da
perspectiva cristã e na seriedade de um TLC.
A ênfase dada durante os debates deve ser sobre temas práticos e cotidianos a respeito
da maturidade cristã. Contudo, se surgirem perguntas de caráter teológico e complexo,
sobretudo depois das matracas "O Povo de Deus", "O dom de Deus" e "Canais da graça",
os dirigentes deverão sentir-se livres para apresentar o problema a um dos diretores
espirituais ou a um adulto. Essa é a razão por que os adultos devem estar sempre presentes
e disponíveis durante tais reuniões.
c) O dirigente nas discussões de grupo - Um bom dirigente, em um grupo de debates,
é alguém que conta com o respeito dos demais membros do grupo. Suas principais
características com relação ao seu trabalho são: eqüidade e benevolência para escutar e
compreender os problemas levantados pelos participantes.
Em hipótese alguma espera-se que ele desempenhe a função de professor ou especialista,
nem que discuta as perguntas com os membros do grupo.
Seu sucesso dependerá, em grande parte, de sua capacidade de comunicação, por meio
de sua conduta e de seu respeito pelos indivíduos (ainda que discorde pessoalmente de
seus pontos de vista). jamais deve usar sua condição de dirigente para forçar alguém a
mudar de opinião, nem tentar conseguir que todos no grupo cheguem às mesmas
conclusões.
Discussões calorosas, inabilidades em atingir soluções exatas ou concludentes de todas
as perguntas são coisas muito normais.
34
Que se consegue com esse tipo de discussão? Além de fazer pensar, já ficou dito que tal
trabalho aproveita os conhecimentos e
idéias dos jovens, estimula a reflexão e, reunindo experiências, oferece-lhes muito mais do
que poderiam conseguir por si sós.
d) Situações particulares - Mais cedo ou mais tarde, a maioria dos dirigentes acaba
encontrando situações humanas típicas, tais como a do indivíduo que fala demais e a do
que fala pouco ou nada.
Relativamente ao que fala demais, uma técnica indireta é chamá-lo em particular e pedir
sua ajuda em conseguir que os outros membros do grupo também falem. Outros métodos
mais diretos são: orientar a discussão para fora dos seus temas favoritos; interrompê-lo
com jeito, assim: "Vamos ver se entendi bem o que você disse... ", ou colocando
abertamente o problema de uma justa distribuição de tempo. Outra maneira de enfrentar a
dificuldade é evitar olhar muito para o indivíduo, de tal forma que ele não tenha tanta
ocasião de falar. Em geral, se a coisa vai de mal a pior, o grupo mesmo cuida dele.
A pessoa que fala pouco ou nada não deve ser forçada a falar muito. Mas o líder deve
cuidar para que ela tenha oportunidade de falar. A melhor maneira de consegui-lo é não
voltar sempre a atenção para os que já participam normalmente da discussão, e chamar
pelo nome, interrogando os tímidos.
Outro problema ocorre quando as discussões saem por uma tangente, desviando-se do
assunto proposto. A primeira coisa que o dirigente deve perguntar-se é se tal desvio é
aproveitável de fato, se atrapalha ou serve de pano de fundo para melhor compreensão do
assunto em pauta. Se assim for, talvez seja melhor continuar, em vez de fazer voltar a
discussão ao início.
Se a discussão está pesada, insípida, muito teórica, ou não existe originalidade ou
discordância entre os membros, o dirigente tem a responsabilidade de dinamizar, de dar
vida ao debate. Para criar tal atmosfera, deve perguntar como e por quê em resposta às
observações dos membros do grupo, pedir constantemente exemplos concretos,
definições, esclarecimentos, e apresentar idéias contrárias.

RESUMINDO:
Nas reuniões de grupo, o dirigente evitará muitas dificuldades e promoverá uma
enriquecedora troca de idéias, se observar as seguintes regras:
Dirigir-se ao grupo em geral e proporcionar a toda ocasião de falar, estimulando os
mais tímidos. Os mais calados podem ser os mais profundos.
Não falar demais e, sobretudo, não agir como se fosse um professor, evitando
projetar o seu Eu na discussão.
Não menosprezar qualquer comunicação, muita menos ridicularizar qualquer
membro do grupo ou deixá-lo derrotado perante os outros.
Saber encadear a discussão, cooperando, e nunca competindo.
Não comentar cada coisa: os cursistas devem conversar entre si, não com o
dirigente. Evitar, no entanto, conversas paralelas ou desvios estéreis.
Ser discreto e sensato nas perguntas individuais e na interpretação dos comentários,
procurando sempre eliminar a tensão no grupo ou entre seus componentes.
Não tomar parte ativa nas discussões sem necessidade, lembrando-se de que, pelo
menos na teoria, compete ao cacique dirigir o grupo.
Não se preocupar com as divergências, que sempre haverá, nem procurar obter
uniformidade de opiniões. Destacar, antes, as concordâncias e não os desacordos,
lembrando-se de que estes, freqüentemente, são de caráter emocional.
Ser objetivo com fatos, nunca perdendo de vista a finalidade da reunião.
Procurar ser um do grupo, no nível do grupo. Não se preocupar demasiadamente,
enfim, lembrando-se que é apenas um instrumento que procura ser dócil às diretivas
recebidas, e que é Deus quem opera todo o bem nas almas.
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As reuniões de grupo fornecem a melhor ocasião de conhecer os cursistas e uma
valiosa experiência para os próprios líderes.

7. INSTRUÇÕES PARA AS VISITAS À CAPELA

Durante um intervalo do segundo dia, os dirigentes levarão seus grupos a uma visita ao
Santíssimo, em momento previamente determinado pelo chefe, de maneira que todos
tenham sua vez. Após 1 ou 2 minutos de oração silenciosa, um lince rezará, de viva voz,
com todo o coração e com sinceridade, manifestando gratidão por todas as graças
recebidas no curso, dirigindo-se a Cristo como ao Amigão e acentuando o prazer de estar
presente com seus irmãos.
Evitar-se-á qualquer tipo de confissão, além de manifestações exageradas de emoção, que
podem ser contagiastes.
O dirigente lembrará que talvez alguns dos cursistas queiram falar de viva voz a Cristo, sem
forçar ninguém a fazê-lo. Tudo deve ser espontâneo e sincero. Essas visitas são muito
proveitosas, pois ensinam-nos a melhor maneira de orar, de coração para coração. Se os
outros cursistas não falarem, o dirigente terminará a visita, após alguns minutos de oração
silenciosa.
O programa também inclui visitas coletivas ao sacrário: uma, após a matraca
"Religiosidade"; outra, em seguida a "Canais da graça” e, a última, depois de "A conquista
das alturas - visita de paz e união" - quando, em geral, muitos cursistas se manifestam:
termina com um pai-nosso, todos de mãos dadas, em sinal de verdadeira união e amizade
em Cristo.

8. INSTRUÇOES PARA O CULTO EUCARISTICO

Na segunda noite, após o recreio, haverá celebração eucarística, como penúltimo ato do
dia. Com a devida licença de Ordinário local, ela poderá ser rezada de modo bem especial
para os jovens; não, porém, de maneira a fazê-los estranhar sua missa paroquial,
que, naturalmente, não pode ter as mesmas características. Deverão compreender que o
Sacrifício é um só, embora com algumas variantes na sua celebração. No TLC, poderá
celebrar-se em uma sala, ficando todos sentados em volta ou à frente de uma mesa, o que
favorece a ordem e a atenção.
A liturgia da terceira noite será mais solene, devendo os cantos ser bem ensaiados. No
Ofertório, cursistas levarão os objetos de maior destaque durante o encontro (caderno,
violão, vassoura, flores etc.), enquanto o subchefe explica o significado do ato. O pai-nosso,
como na visita de paz e união, é rezado de mãos dadas, e o abraço da paz é transmitido a
todos. Após a comunhão sob as duas espécies, em alguns lugares as luzes são apagadas,
ficando acesos sós as velas do altar, e os sacerdotes concelebrastes e todos os que
quiserem fazem, em voz alta, cada um por sua vez, uma íntima e profunda oração de
agradecimento e oferta de suas vidas a Cristo. Recomenda-se muita discrição para evitar
que esse ato se torne por demais emocionante.
Canto - Segundo o pensamento da Igreja, especialmente após o Concílio Vaticano 11, a
liturgia deve exprimir realmente a vida dos que dela participam, e o canto e os instrumentos,
portanto, como seus integrantes, devem ser, por exigência de autenticidade, expressão viva
da comunidade.
A Igreja recomenda aos seus pastores "que promovam a ativa participação interna e
externa dos fiéis, segundo a idade, condição, gênero de vida e grau de cultura religiosa"
Ela se empenha no sentido de serem criados cantos para a celebração litúrgica, que, ao
mesmo tempo, tenham em seu conteúdo os elementos concretos da vida real que se deve
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exprimir e também sejam propícios à explicitação da oração. Isso não exclui o uso de
certas composições musicais, não criadas expressamente para o uso litúrgico, mas que
preenchem as condições descritas.
Dentro das orientações estabelecidas não se recomendam cantos com letras adaptadas:
entre outros inconvenientes, isso é indício de pobreza de criatividade. Para Deus, deve-se
dar sempre o melhor.
Os instrumentos aprovados (entre os quais o violão) não devem ser empregados
indistintamente em qualquer assembléia, mas poderão ser adotados na medida em que
têm sentido para exprimir a participação das pessoas e as ajudem a fazê-lo.
Nos momentos em que na ação litúrgica não há canto, nem proclamação da palavra nem
exigência de silêncio, o toque dos instrumentos pode intervir sozinho. Convém então que
essa música não tenha para os fiéis apenas o sentido de audição, mas seja um caminho
para maior interiorização do mistério celebrado.
A música e o canto só devem conduzir a uma melhor compreensão do ato litúrgico e maior
união a Deus, excluindo todo sentimentalismo vão e desprovido de sentido religioso.

COMENTÁRIOS DO CHEFE ANTES DA MISSA

PRIMEIRO DIA:
No Calvário, Cristo se oferece como era então, em seu corpo físico; mas na mesa
eucarística Ele se oferece como é agora, gloriosamente. Como membros do seu Corpo
Místico, devemos unir-nos com inteira dedicação àquele holocausto.
Considerando que Cristo é o Sacerdote principal na celebração, e nós uma parte de Cristo,
é certo que ofereçamos o Sacrifício real e verdadeiramente com Ele. já que Cristo é a Vítima
da missa, também devemos oferecer-nos juntamente com Ele. Essa é uma das verdades
mais importantes que o novo movimento litúrgico ressalta. Por isso, devemos participar dele
com toda a mente, com todo o coração e com toda a alma.
A celebração eucarística não é apenas ocupação do sacerdote ministerial. E assunto e
interesse também nosso, como sacerdotes régios. É também o nosso sacrifício. A diferença
é que o Sacerdote ministerial tem o poder de transubstanciar o pão e o vinho no Corpo e
no Sangue de Cristo, e nós, os sacerdotes régios, temos o privilégio de, juntamente com
ele, oferecer o Sacrifício a Deus Todo-Poderoso.

SEGUNDO DIA:
De que forma age Cristo por meio da Santa Eucaristia? Dando-se a nós. Por meio de uma
ampliação da vida divina em nós, de um aumento de fé, esperança e caridade, de uma
união íntima com Ele e, conseqüentemente, com todos os outros membros do Corpo
Místico. Ele nos oferece um penhor de nossa ressurreição e glória futura. Perdoa nossas
faltas diárias, dá-nos a graça de superar nossa inclinação para o mal e, finalmente, ajuda-
nos a controlar os impulsos do corpo. A comunhão freqüente é o melhor meio de conservar
a castidade, a temperança, a paciência, todas as virtudes, enfim.
De que maneira pode tornar nossas missas e comunhões mais significativas e proveitosas?
Vivendo a missa 24 horas por dia, isto é, por meio do amor e sacrifício, servindo ao próximo
diariamente, sem medir esforços. Essa é, também, a melhor preparação para a celebração
eucarística.

9. INSTRUÇOES PARA AS REUNIOES DOS MORCEGOS


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Tais reuniões realizam-se à noite, com a presença dos dirigentes e, preferivelmente, sem
que os cursistas o saibam.
A primeira reunião dos morcegos realiza-se na noite inicial, depois que os cursistas se
retiraram para dormir. É dirigida pelo chefe, estando presentes o subchefe, o diretor
espiritual e os dirigentes que não assistiram à reunião preparatória. Os outros ficarão com
os jovens.
O chefe certifica-se de que todos estão cientes de suas funções, devendo também ser
informado de algum caso digno de menção a respeito dos cursistas. Estuda-se o programa
dos dois dias seguintes e, se os grupos não tiverem sido formados antes do encontro, o
chefe, com algum assistente, fá-lo-á após essa reunião, distribuindo os dirigentes entre os
grupos e tendo em vista as possíveis incompatibilidades (ver página 28).
O diretor espiritual faz as últimas observações à equipe de trabalho, lembra-lhes a
dedicação com que devem colaborar e a discrição necessária.
Tal reunião deve ser breve, pois na preparatória já devem ter sido tratados todos os
detalhes do curso, e terminar com uma visita coletiva ao Amigão, comungando aqueles que
o desejarem.
Na reunião da segunda noite, quando os cursistas já são mais conhecidos, e com a
presença de todos os dirigentes, fala-se do andamento do curso, das dificuldades
específicas encontradas e, em termos gerais, de algum cursista que necessite de atenção
ou de orações especiais. Note-se, porém, que jamais serão discutidos a personalidade e
os problemas dos jovens. Isto é assunto para o conhecimento apenas do diretor espiritual.
O respeito pelas pessoas exige discrição, e o TLC seria um fracasso se suas dificuldades
fossem comentadas entre os dirigentes, o que jamais pode acontecer.
A finalidade dessa reunião é verificar o progresso do encontro, por meio de uma crítica
objetiva da equipe de trabalho, isto é, da ação dos próprios dirigentes diante de suas
obrigações. As matracas não são comentadas nem analisadas nessa oportunidade, a não
ser que haja alguma observação de ordem geral a ser feita pelo chefe e que possa ser útil
a todos.
Como a primeira, essa reunião termina com uma exortação do diretor espiritual e visita
coletiva ao Santíssimo Sacramento.
Geralmente, nas reuniões dos morcegos, serve-se cafezinho ou refresco com bolachas.

10. INSTRUÇÕES PARA O ENCERRAMENTO

A experiência mostrou ser preferível encerrar o TLC com a celebração eucarística, em local
previamente combinado, com a presença dos pais, e não com uma assembléia numerosa
e ruidosa.
Nesse ato, os jovens têm ocasião de reafirmar-se em seus bons desejos, e não há o perigo
de se mostrarem menos autênticos, por pressão do ambiente. Cristo, no encontro
eucarístico, os confirmação, na graça dos novos propósitos.
Um adulto deverá recepcionar os pais, que estão à espera dos filhos, fazendo-os ver a
importância de uma acolhida compreensiva e carinhosa, para o bom relacionamento que
os jovens virão desejosos de estabelecer.
Se os jovens quiserem se manifestar sobre o curso e dar seu testemunho, poderão fazê-lo
na última assembléia, antes da partida para a celebração eucarística.
A matraquinha da missa, "Senhor, Senhor", poderá ser substituída por outra, para não se
tornar repetida, em cidade onde haja cursos freqüentes.
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CAPITULO 3
MATRAQUINHAS

1. Escolha dos dirigentes jovens. 2. Exortação aos dirigentes. 3. Matraquinhas: instruções


gerais. 4. Esboço das matraquinhas.

1. ESCOLHA DOS DIRIGENTES JOVENS

As qualidades necessárias ao dirigente já foram amplamente comentadas em "O Papel dos


Assistentes jovens". Salienta-se aqui, novamente, a importância da escolha desses
dirigentes, e sua responsabilidade no tom e ambiente que darão a todo o curso.
Exigem-se do toloco dirigente, como ideal a atingir, seriedade e alegria, firmeza e
flexibilidade, discrição e autenticidade, personalidade e esquecimento próprio, e, sobretudo,
religiosidade autêntica, aliada à compreensiva aceitação do outro.
Não se supõe em nenhum lince, jovem ou adulto, a perfeição dessas qualidades. Requer-
se, porém, noção de responsabilidade, sincera boa vontade e capacidade para a necessária
submissão ao chefe e às regras do TLC.

2. EXORTAÇÃO AOS DIRIGENTES

Postos esses princípios, lembre-se sempre o dirigente que nunca poderá perder de vista o
conceito de que somos apenas instrumentos daquele que nos envia. "Assim como Tu, Pai,
me enviaste ao mundo, assim também Eu os enviei..." (jo 17,18). "Não me escolhesses vós
a mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei para que vades e deis frutos, e o vosso
fruto permaneça" (Jo 15,16). Com esse chamamento de Cristo ao apostolado, recebemos
também a graça que sempre o acompanha.
(Não podemos esquecer o “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5), mas também devemos
dizer, com são Paulo: "Tudo posso, naquele que me fortifica" (Fl 4,13).
Em sua conversão diária para Cristo, na escalada, que para si nunca termina, o toloco se
esforçará por adquirir essa humildade confiante e essa generosidade que não mede
esforços, sintetizadas no axioma de santo Inácio: "Faz tudo como se tudo dependesse de
ti, mas confia como se tudo dependesse só de Deus".

3. MATRAQUINHAS: INSTRUÇÕES GERAIS

O matraquinheiro deverá ter recebido a aprovação da Escola de Vivência. Terá, portanto,


capacidade para matracar com relativo desembaraço. Antes de tudo, porém, deverá ser
autêntico e espontâneo. Sem isso, sobretudo tratando-se de jovens, sua ação será
negativa.
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Fale com naturalidade. Quanto mais despreocupado da sua pessoa e do seu sucesso,
maior força terá suas palavras. Apresente-se modesto e simples no traje e seja correto nas
atitudes.
Dada a sua inexperiência, não convém que se afaste da mesa, para melhor poder prender
a atenção dos ouvintes. Manuseie o Evangelho com respeito, e tenha a página e versículos
a ler, bem marcada, para evitar hesitações, que poderiam dar a impressão de incerteza.
Beije o crucifixo com devoção, mas sem afetação, e faça o sinal-da-cruz como convém a
um soldado de Cristo.
Como todos os que falam no TLC, o matraquinheiro deve evitar exceder o tempo que lhe é
concedido. Lembre-se que não é o muito que se diz que é mais importante, e sim como se
diz, e as idéias claras e substanciais que suas palavras devem deixar para ser refletidas ou
discutidas no trabalho de grupo.
Evite falar de sua matraquinha, antes ou depois dela. Entregue tudo nas mãos de Cristo, a
Quem visitará no sacrário antes e logo depois de falar. Ao dirigente, pertence apenas
semear. Deus é quem dará a flor e o fruto a seu tempo.

4. ESBOÇO DAS MATRAQUINHAS

É importante que o esquema das matraquinhas seja respeitado, a fim de não alterar a
seqüência das idéias que se pretende incutir,

4.1. "O FILHO PRÓDIGO E O FILME DA VIDA"

Primeira parte: O filho pródigo (Lc 15,11-24).


A força dessa parábola não está na primeira parte, mas na segunda, onde Cristo mostra,
na pessoa do Pai, seu coração e sua terna misericórdia. Não queremos mostrar nossa
miséria, mas a misericórdia de Deus. O sofrimento do filho pródigo é apenas uma parte da
história. O importante é a misericórdia do Pai.
1) Você conhece a Cristo? Como andava? Como falava? Como agia? Conhecemos a Cristo
na realidade estudando suas palavras.
Ler a parábola: Lc 15,11-24.
Essa história poderia ser a minha história, a sua história, ou a história de qualquer um.
Ele se afastou do Pai, esbanjou seu dinheiro, tinha fome, tornou-se um escravo entre os
porcos (remorso).
2) Uma reação: Reconheceu sua falta. O difícil era tomar o primeiro passo de volta: apesar
de pobre, ele tinha liberdade. Que diriam os outros? Como o receberia seu pai? Ele, porém
estabeleceu um propósito e foi. "Levantar-me-ei e irei procurar meu pai... (versículo 18).
3) Como Cristo se mostra a si mesmo. O pai estava esperando. Seu coração estava movido
de compaixão. Correndo, foi ao encontro do filho. E começaram a banquetear-se.
"Levantar-me-ei e irei procurar meu Pai. "
Destacar bem essa última frase.
"E VOCÊ? Qual será sua atitude?"
Segunda parte: O filme da vida.
Como foi sua vida até agora? Se se fizesse um filme de seu passado, e você fosse o
personagem principal, como seria?...
Veja sua vida em tecnicolor na tela. Até dez anos... Quinze anos... Vinte anos ...
Você com seus colegas ... Você no lar... Naquele lugar... Naquele quarto...
Os lugares aonde você vai... Suas diversões... Os objetos que usa... Os livros que lê...
Você poderia mostrar esse filme a sua mãe, a seus amigos? Publicamente? Teria de
censurar muitas partes?
40
No entanto, Deus vê tudo, Deus sabe tudo. E talvez também outros o sabiam. Sua
personalidade mostra muito. Os olhos são as janelas do seu interior, da sua vida.
Para esta noite, um pensamento:
Cristo me espera de braços abertos, não importa qual tenha sido o meu passado.

4.2. "COMO CRISTO NOS VÊ"

A alma e as emoções de uma pessoa: medo, amor, ódio... traduzem-se em seus olhos.
Veja os olhos de Cristo que estão olhando para você.
Lendo as páginas do Evangelho, podemos considerar como Cristo olhou para três pessoas,
quando andou entre os homens:
Primeiro olhar: O jovem rico (Mc 10,17-22).
A linha- chave é o versículo: "E Jesus, pondo nele os olhos, amou-o e lhe disse..."
No olhar de Cristo havia amor, mas também tristeza. É assim que Cristo está olhando para
você?
Segundo olhar: Judas (Mt 26,47-50).
Exteriormente, Judas vivia com Cristo, mas, hipócrita, interior- mente vivia longe dele.
Recebendo seu beijo, Jesus lhe disse: "Amigo, a que vieste?" Podemos imaginar o
profundo olhar de Jesus que deveria ter transpassado o coração de Judas.
Como estará olhando Cristo para você, quando você lhe dá provas exteriores de amor?
Terceiro olhar: Pedro (Lc 22,54-62).
A expressão de entusiasmo de Pedro no lava-pés, seus protestos de fidelidade em seguir
o Mestre... (Falar sobre a personalidade de Pedro, contar um pouco de sua história.)
E voltando-se, propositadamente, portanto, o Senhor olhou para Pedro. Poderemos
imaginar esse olhar? Pedro, seu escolhido, o chefe da Sua Igreja, negá-lo três vezes...
E Pedro "chorou amargamente". Diz a tradição que Pedro chorou tanto a sua falta que tinha sulcos na face.
Por sua própria vontade, foi crucificado de cabeça para baixo, achando-se indigno de ficar na posição do seu
Mestre.
Toda a vida de Pedro foi, então, uma resposta àquele olhar de Cristo.
Como está Cristo me olhando agora? Corno vou corresponder ao apelo desse olhar de
amor?

4.3. "A SEMENTE"

Vocês ouviram falar sobre a personalidade que é formada, sustentada e fortificada por um
ideal.
Este curso lhes dará, naturalmente, consciência da necessidade de um ideal na vida, e os
fortificará na decisão de seguir tal ideal.
Ora, por mais que queiramos dar a vocês, o receber e conservar depende de você. É
necessário que haja, da parte de cada um, uma ótima correspondência. Por isso, vamos
juntos considerar por uns momentos a parábola A semente.
Ler a parábola: Lucas 8,4-15 (excluir o versículo 10). Vimos que o próprio Cristo já deu a
explicação dessa parábola. A palavra de Deus nos será dada abundantemente neste curso.
O que importa, para cada um de nós, é saber em que terreno ela irá cair.
Esse terreno é nossa disposição pessoal e a generosidade com que vamos acolher tal
palavra.
O importante é não permitir que ela deixe de frutificar em nós por falta de atenção e de
entusiasmo; por preconceitos, vaidade ou orgulho; por preocupações indefinidas que nos
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desviem do que viemos fazer; por fraqueza em ceder às tentações do demônio, que
estará "rondando como um leão"... (1 Pd 5,8).
Há uma parte que ninguém pode dar por nós: é a nossa boa vontade, nossa autenticidade,
nossa inteira disponibilidade para receber a semente e deixá-la frutificar em nós "cento por
um".

4.4. "A COMUNIDADE EM JERUSALÉM

Vocês ouviram falar sobre o Povo de Deus, ou seja, a Igreja, que Cristo também chamou o
Seu Reino sobre a Terra.
Um dia, Cristo comparou esse reino ao grão de mostarda - que vem a se tomar uma árvore
frondosa. A Igreja - essa árvore frondosa de hoje - também nasceu como um grão de
mostarda: um pequeno grupo de discípulos rodeando os apóstolos em Jerusalém.
Vamos ler o que o livro Atos dos Apóstolos nos diz a respeito dessa comunidade em
Jerusalém.
Ler: Atos 2,42-47. Analisemos vários pontos importantes desse trecho sobre a primeira
comunidade dos cristãos:
1) "Perseveraram na doutrina dos apóstolos" 'isto é, a mesma doutrina que Cristo lhes
ensinou.
2) "E perseveraram... na comunhão e na fração do pão e nas orações" 'quer dizer, o
encontro eucarístico era o elo que os unia em perfeita harmonia.
3) "Estavam unidos e tinham tudo em comum." Era notável essa caridade entre os primeiros
cristãos, que fazia com que os pagãos dissessem: "Vejam como eles se amam".
4) "Eram bem-vistos por todo o povo." Era tal o exemplo que davam que "o número de fiéis
aumentava dia a dia".
Esses pontos devem ser ainda hoje a característica do Povo de Deus
Essa foi a vida que os apóstolos aprenderam a viver com Cristo

4.5 ZAQUEU

Ler: Lucas 19,1-10.


Vocês ouviram falar na necessidade de conhecer a Cristo. Zaqueu foi um homem que
procurou conhecê-lo e recebeu magnífica recompensa.
O fato de terem os evangelistas citado seu nome demonstra quanto se impressionaram
com esse acontecimento. Os nomes não são citados em muitas outras passagens
importantes do Evangelho, como no caso de várias curas, do jovem rico, da samaritana, da
viúva de Naim.
Para um homem rico da dignidade de Zaqueu, chefe de publicamos, só um desejo muito
grande de conhecer a Cristo poderia movê-lo a tomar a atitude de subir em uma árvore, um
sicômoro, diz o Evangelho.
Cristo, conhecendo de antemão sua boa vontade, olhou para cima e chamou-o, como
sempre nos está chamando.
É um convite insistente: "Desce depressa porque quero ficar em tua casa".
- Recebemos nós também esse convite com o entusiasmo e alegria com que Zaqueu o
recebeu?
- Como ele, também estamos dispostos a reparar o mal que fizemos? A nos entregar sem
restrições como Zaqueu o fez?
Nenhum sacrifício é grande demais para ouvir estas palavras do Senhor: "Hoje entrou a
salvação nesta casa..."
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4.6. "A PÉROLA"


(dada durante a celebração eucarística)

Ler: Mateus 13,45-46.


Ouvimos falar sobre a graça, que é a vida de Deus em nós, e aprendemos que é o dom de
Deus, o dom do seu amor, ou seja, Deus mesmo vivendo em nós.
Esse dom é de um valor inestimável, e Cristo nos faz compreender isso por meio de uma
parábola.
Todos nós somos mercadores como o da parábola, e andamos pela vida procurando a
pérola rara da felicidade.
Encontramos pequenas pérolas, que podem ser boas ou falsas, mas não são aquela pérola
rara pela qual vale a pena dar tudo. Essas pequenas pérolas são: amizade, dinheiro,
prazeres, conforto, cultura.
Elas não podem dar felicidade completa. A pérola rara é aquela de que ouvimos falar há
pouco: a graça ou a vida e o amor de Deus em nós.
Tendo encontrado essa pérola preciosa, e sabendo apreciá-la, vale a pena desapegar-se
de tudo o mais, se necessário, para adquiri- Ia.
Muitos à deram a vida por essa pérola. Vocês mesmos poderiam citar exemplos de homens
e mulheres que se sacrificaram para conservá-la, para não perder a amizade de Deus,
considerando-a o sumo bem.
Há muitas maneiras de dar a vida. Não devemos esperar pelas grandes ocasiões, que
talvez nunca venham, mas dá- Ia dia a dia na heroicidade do anonimato, na monotonia do
dever cotidiano, cumprido com perfeição por amor a Deus. Dar a vida é ser fiel a cada
momento ao nosso compromisso com Deus, é rejeitar prontamente tudo o que nos possa
afastar dele. Mais ainda: é sacrificar-nos para que esse amor viva também nos outros.
Peçamos a Deus uma apreciação cada vez maior dessa pérola, que é a vida de Deus em
nós, para que, por coisa nenhuma deste mundo, queiramos sacrificá-la.

4.7. "SEM MIM, NADA PODEIS FAZER'

Ontem, ouvimos falar sobre o dom de Deus, seu dom por excelência, que é a graça, a vida
divina em nós. Vamos ouvir agora a mesma idéia, que é a básica para a nossa vida
espiritual, exposta de outra maneira por Cristo.
Ler: João 15,1-5. Cristo nos fala sobre uma videira e sobre um lavrador, dizendo que o
lavrador é Deus, Seu Pai, e Ele mesmo é a videira.
Os galhos dessa videira somos nós. E só podemos produzir frutos se estamos unidos à
videira, participando da sua seiva.
Ora, essa seiva é a graça, ou a própria vida de Deus em nós, como, já vimos.
E evidente que se não tivemos essa vida divina em nós, isto é, se não vivermos na amizade
de Deus, nossas obras não terão nenhum valor sobrenatural, e não poderemos produzir
frutos para a vida eterna. Se, durante toda a nossa vida, formos galhos inúteis e estéreis, e
se o lavrador assim nos encontrar na hora da morte, qual será nossa sorte eterna? Seremos
desligados para sempre dessa videira, que é Cristo.
Notemos que Cristo disse: "Sem Mim, nada podeis fazer". Isto é, sem sua ajuda, nada
podemos fazer que tenha valor sobrenatural. Esse auxilio divino, entretanto, nunca nos é
negado. Cristo nunca se afasta: depende de nós estamos unidos a Ele.
Estamos sempre unidos a Deus quando estamos em o seu amor. E temos a força de Deus
como nossa, essa força que nos acompanha sempre.
43
Então, podemos dizer com são Paulo, com toda a confiança e humildade: "Tudo posso
naquele que me fortifica" (Fl 4,13).

4.8. "A ESCOLHA"

Ouvimos falar sobre ação social. Nós todos, se estamos aqui, é porque fornos escolhidos
para trabalhar por Cristo no mundo de hoje.
Todos nós temos, pelo menos, uma qualidade, um talento. Vejamos como Cristo nos fala
dessa escolha. Ler: João 15,16.
Cristo nos manifesta aqui o seu amor por nós, fazendo-nos notar, ao mesmo tempo, que
esse amor foi inteiramente gratuito. Ele nos escolheu unicamente por amor.
- E para que nos escolheu?
Notemos a importância deste ponto: não somente para nos beneficiar, mas também para
que produzíssemos frutos. Para que outros também se beneficiassem dessa escolha.
Temos, portanto, de trabalhar para que esse amor de Deus se propague a outros; seja
aceito por outros.
Não podemos obter tais frutos somente por nossa atividade, mas, sobretudo, pela oração
que obtém do Pai, por Cristo, as graças sem as quais eles não serão produzidos.
Notemos, ainda, que nossa vida poderá ser uma oração contínua, se tudo fizermos no
intuito de agradar a Deus e se vivermos na Sua amizade.
Gratos pelo benefício de ter sido escolhidos, procuremos também beneficiar a outros. E,
nisso, lembremo-nos também do conselho de Santo Inácio: "Faça tudo como se tudo
dependesse de você, mas confie como se tudo dependesse de Deus".

4.9. "OS TALENTOS"

Na matraca anterior, ouvimos falar sobre o líder e seus caminhos. Vamos, agora, considerar
uma parábola em que Cristo, por suas próprias palavras, indica-nos como podemos usar
nossa personalidade para liderança na comunidade.
Ler a parábola: Mateus 25,14-29. Em primeiro lugar, vejamos o que se entende por talentos.
Ao falar em talentos, Cristo não quis referir-se apenas a bens materiais, representados na
parábola por uma moeda da época, mas também àquelas qualidades próprias de cada ser
humano, inerentes a cada pessoa.
Exemplos de talentos: inteligência, saúde, vocação musical, habilidade manual,
sociabilidade, senso de humor, virtuosidade em determinada arte ou ofício, agilidade
esportiva etc.
Todos nós temos, pelo menos, uma qualidade ou um talento. Exemplos concretos: Helen
Keller, Pelé, Martin Luther King,
Santos Dumont, Vital Brasil, P. Anchieta, Pedro Álvares Cabral, Madre Teresa de Calcutá,
Irmã Dulce de Salvador, João XXIII etc., além do exemplo eloqüente daqueles que
trabalham delicadamente para nós na cozinha ou no jardim.
Pessoas diferentes têm qualidades e possibilidades diferentes. Tais qualidades nos foram
dadas para ser usadas, desenvolvi-
das e postas a render para o crescimento do reino de Deus, em nós e nos outros. Isso
representa uma grave responsabilidade, da quzaaal não podemos fugir.
É importante lembrar que, quanto mais recebemos, maiores contas teremos de prestar a
Deus um dia. Quando comparecermos diante Dele, seremos julgados pela boa ou má
utilização que fizemos dos dons e graças que nos foram concedidos. Notemos que
desagradou ao seu senhor aquele servo que entregou intacto o seu talento, sem o ter feito
render. Notemos, ainda, que não nos é prejudicial reconhecer as qualidades que Deus nos
deu, sabendo que tudo nos foi dado gratuitamente. E mesmo necessário que as
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reconheçamos, humildemente, para, em seguida, utilizá-las do melhor modo possível,
para a maior glória de Deus, isto é, a extensão do seu reino de paz e de amor e para o bem
de nossos irmãos.

4.10. "QUE FIZ? QUE FAÇO? QUE DEVO FAZER POR CRISTO?"

Inácio de Loyola nasceu nos fins do século XV. Foi pajem na corte da Espanha e, depois,
aborrecido dessa vida, fez-se soldado.
Era um valoroso capitão. Naquele tempo, a Espanha estava em guerra com a França e, no
cerco de Pamplona, na Espanha, Inácio caiu ferido por uma bala que lhe partiu a perna.
Por ser tão valente, os franceses o respeitaram e o deixaram livre. O castelo de Loyola,
onde nasceu e habitava, não ficava longe de Pamplona, e ele ali ficou a fim de se curar.
Durante a convalescença, em imobilidade forçada, pediu para ler livros de aventura e
cavalaria, mas só havia as vidas dos santos. Lendo-as, ficou muito impressionado e
começou a perguntar a si mesmo: "Por que não posso eu fazer o que todos esses fizeram?"
A graça de Deus, que queria fazer de Inácio um grande condutor de homens e o capitão de
muitos lideres cristãos, atuou nele poderosamente, e ele correspondeu com toda a
generosidade de sua alma ardente. Voltou-se completamente para Deus, resolvido a deixar
tudo para seguir a Cristo o mais perto possível.
Começou por passar nove meses em uma gruta, em Manresa, orando e fazendo penitência,
e daí saiu um homem transformado, que seguiu firme até o fim da vida em sua escalada
para Cristo, levando consigo muitas e muitas pessoas.
Inácio deixou escritos importantes, como os Exercícios Espirituais, que há 400 anos vêm
fazendo heróis para Cristo.
Três perguntas que ele se fez têm contribuído para levar milhares de almas ao caminho da
conversão. São perguntas que também nós devemos nos fazer:
- "Que fiz por Cristo? - Que faço por Cristo? - Que devo fazer por Cristo?" Que
conseqüências podem ter para mim esses pensamentos, essas mesmas perguntas,
respondidas com toda a lealdade e generosidade diante de Deus? Isso é um assunto
inteiramente pessoal: ninguém pode responder por mim, ninguém pode resolver por mim.
E, porque é assunto de extrema importância, do qual pode depender todo o meu futuro, vou
tratar disso a sós com Cristo, olhos postos nos Seus olhos, pedindo-lhe generosidade para
responder ao seu chamado sem restrições.

4.11. "SENHOR, SENHOR...


" (dada na última celebração eucarística)

Ler no Evangelho: Mateus 7,21.


Cristo nos quer ensinar que não basta somente rezar por meio de palavras. Dizer "Senhor,
Senhor..." pode ser uma coisa maquinal, sem alma. Daqui por diante nossa religiosidade
tem de ser exteriorizada, sim, mas como algo que vem de dentro, que faz parte de nós. É
preciso que nossa oração seja amor, partindo do coração,
e isso é o mesmo que dizer: procurando conformar-nos com Cristo e fazer Sua vontade.
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O amor não se prova com palavras, mas com atos. Não é o que se diz sempre? Ora,
como podemos provar nosso amor para com Deus? Com os atos, fazendo e aceitando o
que Ele quer de nós (exemplo: a dedicação dos noivos e namorados).
Quando foram dizer a Cristo que Sua Mãe e Seus parentes estavam fora, a Sua espera,
que respondeu Ele? Que Sua Mãe e Seus irmãos são aqueles que fazem Sua vontade, a
vontade de Deus. Com isso, não quis menosprezar Sua Mãe, antes a elogiou, pois nunca
alguém fez a vontade de Deus como Maria. Toda a sua vida foi a realização daquilo que
tinha dito ao anjo Gabriel, na Anunciação: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim
segundo a tua palavra" (Le 1,38). Maria mostrou seu amor a Cristo por todos os atos de
sua vida.
Nós nos santificamos e nos valorizamos como homens quando cumprimos a vontade de
Deus em nós, quando agimos segundo essa vontade. Ele sabe o que nos convém e,
fazendo o que Ele quer, estamos sempre no caminho certo.
- Como conhecer a vontade de Deus a nosso respeito? Pelos deveres de nossa vida de
cada dia: como filhos, como empregados, como estudantes. Se a cada instante estamos
cumprindo nosso dever, estamos fazendo a vontade de Deus. Se o cumprimos em sua
graça e amizade, estamos realizando plenamente nossa santidade e contribuindo para que
o mundo seja melhor. Nossa vida, assim, pode ser uma oração constante.
Nesse sentido é que se diz que precisamos rezar sempre. Não é rezar sempre com os
lábios, e sempre estar de joelhos, porque isso é impossível, mas é fazer de toda a vida uma
oração: alegrias, tristezas, trabalho, descanso, estudo, recreio, e até mesmo os atos mais
materiais, tudo se transforma em atos de amor a Deus. Para isso, basta-nos viver na graça
de Deus, com a intenção de que todas as nossas ações sejam para Ele.
Tudo então se transforma. A vida é muito mais bela e alegre. E assim não vivemos só para
nós, mas para os outros, porque o amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis.
Muitos já verificaram que é no conhecimento e no amor de Deus, e na aceitação confiante
do que Ele quer, como prova de nosso amor, que se encontra a felicidade. Peçamos essa
felicidade na vida que vai recomeçar para nós, de modo tão belo, depois do TLC.

CAPÍTULO 4
MATRACAS

1. Exortação e instruções aos adultos. 2. Matracas: instruções gerais, 3. Esboço das


matracas.

1. EXORTAÇÃO E INSTRUÇÕES, AOS ADULTOS

A prontidão e abertura com que os jovens aceitam a amizade e a experiência dos adultos,
além de ser motivo, para estes, de grande satisfação e estímulo, devem fazê-los sentir
muito vivamente a sua responsabilidade.
Não só não podem omitir-se quando Deus os chama a esse apostolado junto dos jovens,
corno devem dar o melhor que têm para que eles, em cujas mãos está o mundo de amanhã,
ponham toda a sua energia, entusiasmo e generosidade a serviço de Cristo na sociedade
e a restaurem em paz, justiça e amor.
O que se pretende é levar o jovem a um encontro com Jesus Cristo, que ele talvez conheça
vagamente, mas cuja fisionomia real nunca o impressionou. A descoberta de Cristo,
histórico e cósmico, mas, sobretudo, o Amigão de sempre, abrir-lhe-á novos horizontes,
que se irão alargando na medida da sua crescente intimidade com Ele.
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Esse encontro, que será progressivo, segundo uma linha clássica de espiritualidade -
repúdio ao pecado, iluminação da mente e união a Deus -, de certo modo o cursista o fará
sem demora, se vir o mesmo Jesus retratado nos dirigentes. .
O líder cristão, mais do que ninguém, deve ser outro Cristo. Para tanto, deve tender toda a
sua espiritualidade. Essa é a meta do TLC: formar outros Cristos, que, em comunidade,
transformem o mundo. Lembre-se, portanto, o adulto que vai trabalhar com jovens, que
ninguém pode dar o que não tem. Aprofunde sua vida interior, procurando conhecer e unir-
se cada vez mais a Deus, que quer dar aos outros.
E, de resto, confie. Irá ao curso respondendo a um chamamento de Cristo, em espírito de
humildade e de confiança, disposto a seguir as regras estabelecidas, embora sempre livre
para apresentar, posteriormente, suas sugestões e críticas.
Arme-se, também, da oração e dos atos de Cireneu para obter o tato e a compreensão
necessários, bem como a graça divina da
qual é apenas o instrumento. Na tarefa delicada e transcendente de lidar com almas, não
deve esquecer a regra de ouro de santo Inácio: Usar todos os meios humanos, como se
fossem os únicos (daí a importância dos detalhes no TLC), mas confiar nos meios divinos
como se os humanos de nada valessem.

2. MATRACAS. INSTRUÇÕES GERAIS

Todas as palestras visam ajudar os cursistas a desenvolver uma consciência da


necessidade de maturidade cristã. Os matraqueiros devem entender que estão se dirigindo
a jovens cujos conceitos de cristianismo são, na maioria das vezes, obscuros ou duvidosos.
Devem compreender e aceitar o atual estágio de desenvolvimento cristão dos cursistas, e
usar isso como ponto de partida para as matracas. Discursos teológicos, formais, são
ineficazes. O cristianismo deve ser apresentado mais como uma maneira de vida do que
como um complexo sistema de normas e regulamentos, castigos e recompensas.
As matracas serão dadas em linguagem de fácil compreensão, de modo simples, claro,
adaptado à, mentalidade e à classe dos jovens presentes normalmente, operários e
estudantes.
O matraqueiro falará, de maneira agradável, mesmo enfática e severa, quando necessário,
porém sem jamais ferir os ouvintes ou empregar termos de baixo calão; nisso, terá o
cuidado de servir de exemplo aos matraquinheiro.
Olhando para o adulto que fala, os cursistas devem ter a impressão de que o que ele diz
faz parte integral de sua vida, e não é uma matéria obscura que exigiu muita pesquisa e
estudo, embora se dirija tanto às suas cabeças como aos seus corações: inteligência e
afeto, luz para a mente e fogo para o coração.
Devem ainda os cursistas perceber que o adulto também enfrenta os mesmos problemas,
que também pode fraquejar, que também lhe é difícil viver plenamente o cristianismo, e
entender que o bom cristão é aquele que luta, que se esforça. O melhor exemplo será ver
que o adulto escolhe esse caminho, apesar de todos os obstáculos, e nele permanece,
lutando sempre.
O matraqueiro evitará sempre ultrapassar o tempo que lhe é concedido, lembrando-se que,
se o fizer, não só perturbará o horário como também prejudicará algo de mais importante:
o trabalho em grupos, com discussão da matéria exposta e conseqüente assimilação. Além
disso, prolongando-a, abusa da paciência dos ouvintes. Mais do que a suas palavras, é ao
Espírito Santo, falando em seus corações, que deverão ouvir.
De resto, deverá ser ele mesmo: totalmente sincero com os que o escutam. Nunca se
mostrará diferente do que realmente é: um pecador que luta, procurando viver a vida de
Cristo. Qualquer tentativa de disfarçar uma imperfeição pessoal acarretará o esvaziamento
e ineficácia da matraca.
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Antes e depois da palestra, fará o sinal – da - cruz, pausadamente, e rezará a oração de
sua preferência. O exemplo de religiosidade deve estar patente em toda a sua pessoa.
Recomendam-se, durante a matraca, exemplos práticos, além de citações tiradas da
Sagrada Escritura, para dar maior ênfase à doutrina exposta. Note-se que os exemplos
deverão ser adaptados à mentalidade de hoje. Tratando do Evangelho, salientar a figura
de Cristo como Homem ideal de todos os tempos, embora enquadrado em uma idade
histórica, com seus usos e costumes, válidos naquela época. "Jesus Cristo é sempre o
mesmo, ontem e hoje, e o será também por todos os séculos" (Hb 13,8). Cristo e sua Igreja
serão apresentados segundo a doutrina tradicional, mas atualizada à luz do Vaticano 11, e
corretamente interpretada.
O matraqueiro não deixará de visitar o sacrário: é bom que fale com Cristo antes e depois
de fazê-lo com os homens. E, enquanto as matracas estão sendo dadas, um dirigente ficará
orando e pedindo auxilio diante do Santíssimo Sacramento. Essa é uma estratégia
excelente, porque significa um grande ato de fé acreditar que a eficiência das palestras
depende, sobretudo, do próprio Cristo, que disse: "Pedi e recebereis" (Mt 7,7).
As perguntas que o matraqueiro deixará aos cursistas para responder em trabalho de grupo
são de extrema importância: ativarão a discussão e estimularão a reflexão, com seus
benéficos resultados. Sejam, pois, de substância e de interesse pessoal para os jovens.

3. O ESBOÇO DAS MATRACAS

O matraqueiro deverá seguir os esquemas adiante apresenta- dos. Fugir deles só pode
ocasionar prejuízo ao encadeamento do curso e aos seus resultados.

3.1. BOAS-VINDAS E PREPARAÇÃO PARA A PRIMEIRA ASSEMBLÉIA

O chefe começará por dar as boas-vindas aos cursistas, esforçando-se para que se sintam
bem à vontade no ambiente, usando, para isso, do seu critério, conforme notar o estado de
excessivo retraimento e timidez, ou de demasiada descontração e excitação na maioria dos
presentes.
Após esse preâmbulo, passará a falar sobre o espírito fraternal que unirá a todos durante
esses dias de convivência, e poderá dar alguns conceitos sobre amizade, trabalho em
grupo e comunidade, pois será esse o assunto da assembléia preliminar, destinada a criar
clima para os trabalhos e divisão de grupos do dia seguinte.
O amor e a amizade são aspectos diferentes de uma mesma realidade, de um amor único,
cuja plenitude está em Deus. A amizade é, antes de tudo, querer o bem de alguém. Mas é
também uma troca: dar e receber, mútuo afeto e estima. Conforme a qualidade da amizade,
haverá mais do elemento dar ou do receber.
A amizade é uma realidade que se impõe, pois ninguém pode viver sem amigos. É o amor
de alguém que comparticipa, que troca, que recebe de volta; não é o gesto da mão
estendida de baixo para cima, ou de cima para baixo, mas de igual para igual, o gesto do
aperto de mão. Daí: igualdade, reciprocidade, trabalho em comum para realizar alguma
coisa.
"Um amigo fiel é uma poderosa proteção; quem o achou, descobriu um tesouro. Um amigo
fiel não tem preço; seu valor é inestimável" (Eclo 6,14-15).
No TLC, viemos encontrar amizades cimentadas em algo que não morre e que, portanto,
durarão para sempre.
Amizades: a) com igualdade de ideal; b) para um trabalho em comum; c) para, em
comunidade, realizar alguma coisa. Esse ideal ficará patente no decorrer do curso. O
trabalho em comum será realizado em equipe.
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Apesar de todas as dissensões no mundo, há hoje muito mais solidariedade. A facilidade
de comunicações e o conhecimento dos sofrimentos alheios tomaram os povos mais
solidários, mais interessados no bem comum da humanidade. Trabalha-se mais em equipe.
Trabalhar em equipes é pôr à disposição dos outros as nossas idéias e qualidades, e
também enriquecer com idéias e qualidades dos outros, e esse trabalho se alarga ainda
mais na comunidade, em que a equipe é muito maior, ou várias equipes se reúnem, com
afinidade de propósitos, procurando realizar algo em comum.
Logo vamos ter ocasião de compreender melhor o que é a amizade, o que é o trabalho em
equipe, o que é a comunidade. Então, comecemos já a refletir e a dar aos outros a
contribuição das nossas idéias.

3.2. INTRODUÇÃO PELO CHEFE

1. O que é o TLC - Dois dias completos de palestras, trabalho em grupo, canções, alegria,
diálogo e oração. Para entendê-lo, é preciso vivê-lo com generosidade, sinceridade e
entusiasmo. A verdade é que o TLC não se explica: vive-se.
2. Começarei por lembrar a vocês uma história que todos conhecem, pelo menos
vagamente, desde a meninice... A história dos Magos (Mt 2,1-12).
Quem eram os Magos? Sabemos somente que eram sábios do Oriente, astrônomos que,
acreditando nas profecias, seguiram uma estrela em busca do rei dos judeus (Nm 24,17).
Encontraram e conheceram a Jesus, não apenas rei dos judeus, mas do universo. Na
linguagem breve do Evangelho, não são narradas as vicissitudes por que passaram para
chegar a Jesus. Podemos, porém, imaginá-Ias. A recompensa, todavia, excedeu a todas
as esperanças.
Nós também estamos aqui buscando uma estrela. Todos nós, na vida, seguimos uma
estrela, muitas vezes não aquela que nos conduz à verdadeira felicidade. Aqui viemos
procurar a estrela da felicidade. Tivemos de vencer obstáculos para chegar aqui. Talvez
seja ainda um sacrifício seguir o curso com atenção e obedecer a todas as regras.
Mas, se o fizermos, teremos também a mesma recompensa. Peço-lhes que acreditem
nisso, que confiem em nossa palavra e na experiência de muitos que vieram antes de
vocês.
Penso que para cada um haverá uma estrela. Desejo que todos a vejam e se disponham a
segui- Ia. No fim do curso, estou
certo que cada um de vocês poderá dar um íntimo ou eloqüente testemunho a esse
respeito.
3. Por que você veio? – Nenhuma folha cal da árvore sem a vontade do Ser Infinito. Temos
uma Providência que vela sobre nós. Nada acontece sem a Sua vontade ou permissão. Se
Deus cuida de uma folha, muito mais cuidará de você. Está aqui porque Ele o quis, e não
por outra razão. Ele marcou encontro aqui com você.
4. E para quê? - Para encher sua cabeça de idéias, e o seu coração de fogo. Você está
aqui, longe das preocupação diárias, para parar, refletir e viver. E preciso parar um pouco
para planejar a vida e viver bem. Se para qualquer empresa se planeja, quanto mais para
a grande e única empresa da vida de cada um... Mas, para isso, é preciso que você colabore
e aceite o que Deus lhe quer oferecer.
5. Conheça a si mesmo - Como poderá planejar com acerto se você não se conhece, com
as vantagens e desvantagens de suas qualidades e seus defeitos? Que pensam de você
aqueles que o conhecem bem?
Para se conhecer, é preciso que se desprenda de todos os preconceitos e se entregue ao
que está fazendo neste momento. Se está pronto a fazer isso, Deus o ajudará. Vale a pena
experimentar.
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6. Comece por confiar - Não queira saber de antemão o que é. Tudo está previsto. É
como um rádio que vamos montar, peça por peça. Uma a uma, as peças virão. No fim, você
verá como tudo se encaixou, e que som maravilhoso tem esse rádio.

3.3. "FINALIDADE E, OPÇÃO DA VIDA"


(30 minutos)

Na primeira parte, o sacerdote exporá algumas idéias extraídas de um artigo anônimo,


relativas às modernas concepções errôneas de Deus, terminando pelo concerto real: Deus
é Amor.
A seguir, mostrará a finalidade da vida, relacionando-a com esse Deus - amor, nos termos
do Princípio e fundamento de santo Inácio, finalizando com a pergunta:
Qual é, então, a sua opção pessoal?

a) Qual é o seu Deus?


Seu Deus é uma equação matemática? Esse é o deus dos que dizem: "Certamente
deve haver alguém acima de nós" É o deus dos filósofos, o ser absoluto, abstrato e
impessoal, de quem se fala, mas com quem não é possível estabelecer contato. Figura nos
programas de filosofia com os nomes: matéria, vida, espírito.
Um deus assim não tem nenhum desígnio sobre este mundo, nada espera de nós e não
intervém de modo algum no destino dos homens. É simplesmente o primeiro motor, uma
força necessária para dar o impulso inicial ao universo, uma pura noção, que não tardará a
se perder no vazio.
Seu Deus é assim?
Seu Deus é um sentimento romântico? Mais próxima de nós apresenta-se a imagem em do
deus romântico: o dos altos píncaros e dos arrebatamentos oratórias. E o senhor dos
emotivos e dos sentimentais, o deus das consolações individuais que alivia as asperezas
da vida.
Essa é uma idéia individualista de Deus (um Deus para mim, não para os demais). Esse
deus das solidões não provoca transformação na conduta do indivíduo. É apenas a
recordação de uma forte, agradável e indizível emoção...
Seu Deus é assim?
Seu Deus é vingador? Um deus terrível, o deus das tempestades e do medo. Depende-se
dele como a criança depende da mãe, e, à medida que se atinge a maturidade, rejeita-se
semelhante idéia de Deus. Em vão procuraríamos nos traços desse rosto, eternamente
encolerizado, a figura amorosa que o Filho nos revelou do Pai.
Talvez seja esse o deus que tantos homens rejeitam no mundo moderno, conforme vão
descobrindo todo o poder humano. Atualmente, tantos homens que se dizem ateus, na
realidade são apenas seres em busca de um deus mais puro.
Seu Deus é assim? - Seu Deus é o remoto soberano dos Céus? Esse é o deus dos regimes
solidamente enraizados, o deus que mantém a ordem estabelecida. É o deus do dever,
ante o qual o homem se inclina.
As relações com esse deus são frias e sem nenhuma familiaridade. Ele é o patrão, não o
pai. E o serviço puramente individual do grande rei coloca o homem no perigo de cair
rapidamente no fiafisaismo que diz: "Estou completamente em ordem, ninguém me pode
reprovar nada, pois cumpro fielmente meus deveres religiosos".
Seu Deus é assim?
50
b) Deus é Amor. Isso nos foi revelado por Jesus Cristo. O verdadeiro Deus é o Deus que
nos ama. "E nós temos conhecido o amor que Deus nos tem. Deus é amor, e aquele que
vive no amor permanece em Deus, e Deus nele" (ljo 4,16).
E seu amor é tão grande que quis nos associar à sua obra. Ele pede nossa colaboração
para construir um mundo de amor, de liberdade, de justiça, de alegria.
"Se Deus nos amou dessa maneira, nós também devemos amar-nos uns aos outros" (ljo
4,11). 1
A caridade resume, pois, toda a vida cristã. E o segredo para nos aproximarmos de Deus
e O conhecermos pelo seu verdadeiro nome: "Todo aquele que ama é nascido de Deus e
conhece a Deus. Aquele que não ama, não conhece a Deus, porque Deus é Amor" (ljo 4,7-
8).
c) A finalidade da vida (Princípio e fundamento de santo Inácio).
"O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor e, mediante isso,
salvar sua alma. As outras coisas sobre a face da Terra são criadas para o homem e para
o ajudar na consecução do fim para o qual é criado. Daí se segue que o homem há de usar
delas tanto quanto o ajudem para seu fim, e há de desembaraçar-se delas tanto quanto o
impeçam o mesmo fim.
Por isso, é necessário fazer-nos indiferentes a todas as coisas criadas, sempre que a
escolha dependa de nossa livre vontade, e não nos seja proibida, de tal maneira que não
queiramos - de nossa parte - antes saúde que enfermidade, riqueza que pobreza, honra
que desonra, vida longa que vida breve, e assim em tudo o mais, desejando e escolhendo
somente o que mais nos conduz ao fim para que somos criados".
- Qual é, então, sua opção pessoal?

OBSERVAÇÃO:
Para auxiliar o sacerdote na exposição do Princípio e Fundamento, transcrevem-se abaixo
as excelentes anotações feitas pelo padre Géza Lovecses, Sj, na sua tradução dos
Exercícios Espirituais:
1. O texto de Princípio e fundamento foi redigido em estilo escolástico (data do tempo
dos estudos de santo Inácio em Paris), mas sua gênese se encontra na Ilustração
do rio Cardoner (Manresa, Espanha). Nessa experiência mística Inácio vivenciou
a criação do universo pelo Verbo: como tudo vem de Deus Vivo pela sua ação
criadora, e como tudo volta à sua origem pelo Verbo encarnado. Devemos, pois,
considerar o Princípio e fundamento nas perspectivas da história da Salvação.
Compreender-se-á esta passagem tão-somente na ordem sobrenatural da graça, no
amor de Deus Vivo, no Espírito Santo.
2. O homem é criado para ser imagem da Santíssima Trindade. Sua atitude de
louvor, reverência e serviço é o reconhecimento consciente, livre, da sua
dependência total do Deus Criador; é a comunicação no amor, no Espírito Santo.
3. A consideração cristã das criaturas é radicalmente positiva, dinâmica. Elas são
boas porque Deus habita nelas. Em seu uso deve prevalecer a virtude da prudência
sobrenatural.
4. O desapego ou indiferença encerra, por uma parte, a consagração total a Deus e
a docilidade perfeita ao Espírito Santo; por outra parte, significa a liberdade espiritual
dos filhos de Deus diante das criaturas, a libertação das amarras internas, das
"afeições desordenadas" (no sentido paulino).

3.4. "PERSONALIDADE"
(30 minutos)
51
OBJETIVO: Convencer o cursista de que é preciso ter um ideal para ser homem
verdadeiro, de personalidade.

Fala-se muito em personalidade. Todo jovem quer ter personalidade. Muitas vezes,
julgando exibiIa, assume atitudes ou veste trajes excêntricos. Entretanto, quando imita, ou
se deixa levar pela onda, é quando menos mostra ter personalidade, porque esta não
depende do exterior, embora nele também transpareça.
A personalidade não se caracteriza por atitudes exteriores. Há quem pense que t - a seja
mostrar-se alguém. Daí, as atitudes de jactância, prosa, exibicionismo; daí a fraqueza dos
jovens, que procuram se afirmar e o fazem por essas atitudes. O importante é ser alguém.
Isso aparece sem que a pessoa se esforce para tal. Por isso é que a personalidade faz o
líder. Muitas vezes, o líder é aquele que menos se põe em evidência. A missão do
verdadeiro líder é servir.
Personalidade é o conjunto de traços morais e psicológicos que caracterizam uma pessoa
e a distinguem das outras. Quanto
mais marcada e forte é a personalidade, maior é essa distinção, isto é, mais positivos,
atuantes e atraentes são os elementos que constituem o caráter da pessoa. De certo modo,
ter caráter ou ter personalidade são temos que se confundem, quando entendidos no bom
sentido.
A personalidade se forma e se aperfeiçoa pela assimilação dos princípios que fazem o
homem de caráter: autenticidade, honestidade, coragem. A pessoa que tem personalidade
"sabe o que quer" e para onde vai. Isso pode aparecer já nas crianças.
Toda pessoa de personalidade abriga em si um pensamento diretivo, uma força motriz, um
gerador de energia, que se chama motivação. A essa motivação, chamamos ideal. A
pessoa de personalidade tem um ideal, que, por sua vez, afirma e fortifica a personalidade.
Temos exemplo disso em homens como Kennedy, João XXIII, Santos Dumont, Martin
Luther King, Anchieta. Ainda: um bom faxineira, uma boa esposa, um bom gerente de
fábrica. Em geral, todos os grandes têm personalidade. Por quê? Porque chegaram a ser
grandes pelo esforço, perseverança, coragem e afirmação das qualidades pessoais. Sua
personalidade favoreceu esse processo mas também se apurou por ele.
Um líder tem sempre personalidade, mas pode usar as qualidades que lhe dão
personalidade para ser um mau líder, que atraia para o mal, em vez de para o bem. Ora,
veremos que a pessoa de personalidade age segundo o ideal que a impulsiona.
O traço predominante da personalidade forte é a vontade, que se inclina naturalmente para
a meta que essa personalidade se propõe, ou seja, seu ideal.
A personalidade supõe um propósito na vida, uma tendência de pensamentos e afetos, um
ideal a atingir. A qualidade do ideal dará também o quilate à personalidade. Portanto,
personalidade supõe ideal, e será tanto mais forte e nobre quanto o for o ideal que a
sustenta e dirige.
Todos se movem por um ideal, embora os motivos, na maioria das vezes, não mereçam
esse nome. Quanto mais elevado o ideal, mais digna a personalidade. Quanto mais digna
a personalidade, mais valor tem a vida humana, mais fecunda é a ação do homem, maior
o número de pessoas sobre as quais a sua influência se exerce para o bem. Daí a
importância de ter um grande ideal.
Como podemos defini-lo?
Ideal é um bem ou valor apresentado pela inteligência, capaz de mover a vontade e
impulsionar o homem para alcançá-lo.
a) Qualidades do ideal: deve ser elevado e atingível.
b) Objetivos possíveis do ideal: bens pessoais, bens familiares, bens nacionais, bens
universais, riquezas, honras, ciência, arte, paz, justiça social, amor, prazer, aventura.
52
Qual é o seu ideal? Se todos temos um, vale a pena pensar um pouco e examinar qual é
o nosso. Essa pausa pode ser o ponto de partida de muita coisa grande em nossa vida, e
na vida de muitos outros. Aqui temos a oportunidade para isso.
- Diga-me onde põe o seu tempo livre, o seu dinheiro, quem são seus companheiros, quais
são suas leituras... Aí estará o seu ideal!
E será um ideal pelo qual valha a pena viver?... Alguém disse: "Só vale a pena viver se
tiver um ideal pelo qual valha a pena morrer".
As idéias são sementes de ideais. Um jovem vai nos lembrar agora como, segundo urna
parábola de Cristo, podemos aceitar ou rejeitar as boas idéias (A semente, Lc 8,4-15).

NOTA: Após a matraquinha "A semente", o matraqueiro de "Personalidade" formulará a sua


pergunta, para ser respondida no trabalho de grupo:
- O que você considera uma personalidade equilibrada?

3.5. "O SENTIDO DA VIDA"


(20 minutos)

Vimos, ontem à noite, que o verdadeiro Deus é o Deus que nos ama. E seu amor é tão
grande que Ele quis se associar à Sua obra. Ele pede nossa colaboração para construir um
mundo de amor, de liberdade, de justiça, de alegria.
Todo o cosmo, as estrelas, os planetas, o nosso planeta - a Terra - podem ser comparados
a um barco que navega no mar. Aonde vai esse barco? Vai segundo um plano de Deus.
Essas coisas visíveis nos mostram a sabedoria, a grandeza do Ser Infinito, a majestade do
Criador, que disse a Moisés: "Eu sou quem sou" (Ex 3,14).
A finalidade de tudo isso é mostrar a magnificência de Deus e levar-nos a glorificá-lo no seu
poder infinito. Observando toda essa grandeza, podemos mais facilmente louvá-lo, dar-nos
a seu serviço
e encontrar a felicidade. Isso nos leva a perguntar: "Qual é a finalidade do barco do
universo? E do nosso planeta cheio de seres humanos?"
Tudo está em desenvolvimento, em crescimento, em busca da plenitude, de um modo
ascensional e progressivo. A graça do Deus vivo dinamiza a inércia humana, e sua
santidade destrói o pecado e impregna tudo com seu amor. A história da Salvação progride
inexoravelmente, apesar de todos os obstáculos, consoante o desígnio misterioso do
Criador, para a meta final determinada.
Em outras palavras, assim como Deus preparou o mundo em paz, para receber com um
sorriso o seu Filho Jesus no berço em Belém, Ele agora está encaminhando o mundo
conosco para a parusia, quer dizer "o novo céu e a nova Terra nos quais habitará a justiça"
(2Pd 3,13).
Ainda mais: você está navegando como passageiro desse barco. Nele, você é um indivíduo
e um ser social.
- Qual é sua função? Sua finalidade? E qual deve ser sua opção? Você acha que, desde
toda a eternidade, Deus formou um plano para você, plano esse a ser realizado no tempo,
mas com repercussão na vida eterna?

NOTA: Essa matraca é de apenas 20 minutos, pois sua finalidade é lançar a pergunta final,
que irá provocar a reflexão e a discussão dos cursistas:
- Qual foi a idéia de Deus ao criar o universo, e cada um de nós em particular?
53

3.6. "O DOM DE DEUS"


(40 minutos)

NOTA: Esta matraca, fundamental para a compreensão da vida espiritual, mas difícil e
transcendente, deve ser dada à luz do Espírito Santo, destacando sua vida e ação em nós,
seus templos.

1. Graça santificante

Deve ser apresentada com clareza e simplicidade, por ser a base de toda a vida cristã.
Fazer breve referência ao episódio da samaritana: "Se conhecêsseis o dom de Deus ...
(jo 4,10).
- Que é graça? "Graça" quer dizer presente, dom. Significa também uma coisa agradável e
gratuita. É o amor de Deus em nós. Viver em graça é viver em amor.
Graça santificante é um dom sobrenatural, interior e permanente, que Deus nos dá para
nos santificar, nos divinizar e nos fazer membros de sua família trina: Pai, Filho e Espírito
Santo.
Sobrenatural: isto é, superior à natureza humana. Interior: enraizado na alma. Não o
podemos ver com os sentimentos, mas percebemos seus resultados na vida dos que vivem
em graça.
Permanente: se o quisermos, se cooperarmos com a ação do Divino Espírito em nós.
Recebemos, inicialmente, a graça no Batismo, e, se a perdermos, poderemos recuperá-la
pelo sacramento da Penitência.
A santidade não é mais do que a vida na graça de Deus. Isso quer dizer uma santidade
militante, que luta para se manter na amizade de Deus e, se tem a infelicidade de perdê-la,
procura logo recuperá-la. É a preocupação de viver na amizade de Cristo, seguindo sempre
as moções do Espírito Santo, que é luz e força nos obstáculos do caminho.
Com a graça santificante, somos a imagem de Deus trino, templos do Espírito Santo, irmãos
de Cristo e herdeiros da casa do Pai.

2. Graça atual

Vimos que nossa santidade deve ser militante. Temos de lutar para nos conservar no amor
de Deus. O papel do homem consiste em cooperar, em não se opor à atuação do Espírito
Santo. Essa cooperação significa muito. Exige trabalho duro, abnegação, sacrifício,
disciplina contínua, penitência. Significa a morte do Eu egoísta e uma abertura total para
Deus.
Para nos ajudar nesse trabalho e no crescimento do amor, temos a graça atual, isto é, o
Espírito Santo atraindo-nos, dando tapinhas de amor em sua criança (Ci 3,16-17).
Graça atual é uma ajuda sobrenatural, interior e transitaria, com que o Divino Espírito
ilumina nosso intelecto e dá força, à vontade para fazer atos espirituais ou sobrenaturais.
Deus intervém em nossa vida para o nosso bem, dando-nos sua ajuda, no momento em
que dela precisamos, e isso por muitos meios: uma matraca,
um curso, um conselho, uma conversa, um exemplo. Um TLC é uma chuva de graças.
Nele, é o Espírito Santo que instrui, move e robustece o jovem, orientando-o para uma vida
divina cada vez mais pujante. Nem a inteligência nem a vontade do homem, por si mesmas,
podem levantá-lo à esfera luminosa da graça. Só o Espírito Santo é capaz de introduzi-lo
54
na comunhão do Deus vivo, pela inserção progressiva em Jesus Cristo (Gi 4,6; Rm 8,15-
16).
Nossa responsabilidade é cooperar, não fechar os olhos e o coração a essa luz. Nessa
interação do homem e do Espírito Santo, é preciso pedir, rezar, para saber corresponder,
para não tampar a garrafa lançada no mar de amor.
Cristo bate à, nossa porta pela graça. Mas a porta só se abre por dentro. Depende de nós
abria e acolhê-lo a cada visita. Crescerá, assim, nossa intimidade com Ele, nossa
santidade, nossa felicidade e, também, nossa influência de paz e salvação para o mundo.

3.7. "O POVO DE É DEUS"


(30 minutos)

já sabemos que Deus está querendo viver em nós e que, pelo Batismo, temos sua vida,
vida divina ou graça santificante, e pertencemos à sua Igreja
Que é essa Igreja? E o povo de Deus ou, ainda, o Corpo Místico de Cristo. Note-se que o
Povo de Deus, que se tornou o Corpo Místico, já existia no Antigo Testamento, desde a
promessa feita a Abraão.
No Novo Testamento, aparece o Libertador esperado, o Filho de Deus, que reconduz os
filhos disperses à casa paterna, à família de Deus. Realiza-se a comunhão fraterna em
Jesus Cristo, alfa e omega de toda a Criação. Essa é a grande trajetória da história da
Salvação e do Povo de Deus, o sonho divino conduzindo os homens, por Seu Filho, até a
consumação da parusia. A história da Salvação progride irresistivelmente, seguindo o
misterioso plano de Deus para a sua meta final.
O grande problema de hoje é a descristianização do mundo, o mundo sem a graça,
desligado da orientação do Espírito Santo. Desertando de Cristo, o mundo se afasta do
plano de Deus. Nós
queremos restaurar tudo em Cristo, nosso irmão mais velho, colaborar com o plano divino.
Para ter amor verdadeiro e justiça social, temos de ajuntar, incorporar, toda a Criação sob
a cabeça do Corpo Místico - Cristo (Ci 1,15-20), isto é, trazer todos os homens ao Povo de
Deus, ou, como Cristo mesmo disse, torná-los parte do seu rebanho, ramos da videira, que
é Ele mesmo. O Corpo Místico - Contar a história da conversão de são Paulo (At 9,1-20).
Explicar o sentido dos textos seguintes: "São Paulo, por que me persegues?" (At 9,4) e "já
não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim" (Gi 2,20). Cristo poderia ter escolhido vários
meios de continuar seu trabalho na Terra. O que Ele realmente fez foi formar um novo
corpo, chamado Corpo Místico de Cristo ou Igreja. Ao ingressar na Igreja pelo Batismo, não
estamos ingressando simplesmente em uma organização ou clube. Fazemos parte real e
verdadeira do Corpo de Cristo. A Igreja, portanto, é Cristo, e nós também somos a Igreja,
somos Cristo. A Igreja é, na verdade, um corpo. Os indivíduos não vivem somente para si
próprios. Todos trabalham juntos para o bem-estar do corpo inteiro. Se caímos, ferimos
todo o corpo; quando somos fortes, fortalecemo-lo todo. A Igreja não é um corpo físico
ligado por músculos e ossos. Também não é apenas um corpo moral qualquer, como uma
empresa ou instituição; possui todos os elementos de um corpo moral, porém mais ainda:
o Espírito Santo, que refine todos os membros entre si e os une a Cristo. Dizemos Corpo
Místico porque se trata de um mistério difícil de compreender: a Igreja é realmente o Corpo
de Cristo, e nós somos parte desse Corpo. O Corpo Místico é, de certo modo, visível, como
o foi o corpo físico de Cristo. Os que viveram na sua época viram seu corpo físico, mas não
sua natureza divina. Nós vemos a comunidade externa com seus líderes, professando a
mesma fé, participando do mesmo culto, do mesmo sacrifício, e governada por um líder
supremo, o Vigário de Cristo na Terra. Vimos que, pelo Batismo, associamo-nos ao Povo
de Deus. Pelo sacramento da Crisma, tornamo-nos adultos e recebemos energia para ser
militantes no Povo de Deus, em uma entrega sempre maior à ação do Espírito Santo.
55
(Pequena referência à Crisma.) Notemos que esse Povo de Deus, que forma hoje uma
grande comunidade, foi fundado, historicamente, por uma pequena comunidade, após a
morte de Cristo. E essa pequena comunidade dividiu-se, como uma célula mater, e foi
formando novas comunidades, com a dispersão dos apóstolos. Sabemos que Pedro e
Paulo foram para Roma, Tiago para a Península Ibérica, Tomé para a índia. Pelas cartas
de Paulo, podemos ver quantas comunidades ele fundou e sustentou com suas palavras e
exemplo. Multiplicaram-se assim as comunidades. Foi esse o plano de Cristo para a
fundação de sua Igreja.
Com a formação de novas comunidades cristãs, na Pastoral Diocesana e da CNBB,
estamos trabalhando para a recristianização do mundo. E, como nos primeiros tempos do
cristianismo, temos de contar com a luta e enfrentá-la com a mesma generosidade e
entusiasmo.
É a história da Salvação que continua em suas grandes perspectivas divinas e cósmicas.
Ela abraça todo o tempo e espaço em que o homem se move: o mundo inteiro, a história
universal. E o Corpo Místico é o fundamento concreto da economia da salvação, é a
recapitulação de todas as coisas em Jesus Cristo.
Os outros laços que ligam Cristo a seus membros na Igreja e os unem entre si são a fé, a
esperança e a caridade cristã. Cristo ainda ensina, reza, sofre e vive, por nosso intermédio.
E isso explica o texto de são Paulo: "O que falta aos sofrimentos de Cristo, eu o suporto em
minha carne, pelo seu Corpo, que é a Igreja" (Ci 1,24).
A honra de pertencer ao Povo de Deus nos obriga também a um dever, assim expresso por
Pio XII no Congresso Mundial do Apostolado Leigo: "A história nos revela que, desde os
primórdíos da Igreja, os leigos (sacerdotes régios) tomam parte no serviço da mesma Igreja.
Hoje, mais do que nunca, devem cooperar com crescente entusiasmo para a formação do
Corpo de Cristo, por meio do apostolado, empreendendo esforços para que o Espírito
cristão penetre na vida familiar, social, econômica e política".
- Um jovem nos mostrará, a seguir, como viveu a primeira comunidade dos Cristãos, em
Jerusalém (At 2,42-47).

3.8. "RELIGIOSIDADE"
(1 hora e 15 minutos)

Consideramos hoje o fim particular de cada um na vida, a idéia de Deus a nosso respeito,
seu plano para cada um de nós.
Refletindo sobre o dom de Deus, o dom inestimável da sua graça, da sua vida em nós,
vimos que a Santíssima Trindade está agindo, pelo Espírito Santo, sobre a personalidade
de cada um.
Agora, cada qual pode se perguntar: - "Como tenho aproveitado esse imenso dom da Vida
que me foi dado por Deus? Deus me oferece uma vida divina com Ele. Como tenho
correspondido a essa oferta?"
Esta matraca, que trata de religiosidade, visa justamente às nossas relações pessoais com
Deus.
Religiosidade autêntica, ou simplesmente religiosidade, a que se deu o nome de piedade,
não é:
- Sentimentalismo egoísta, baseado em emoções mais ou menos tensas, desprovidas de
conteúdo, que podem ser perigosas até mesmo no TLC. Quem pensa que religião é
sentimento, nada compreendeu das coisas de Deus.
- Formalismo rotineiro, que se conforma apenas com práticas, também desprovidas de
conteúdo espiritual.
- Exibicionismo vaidoso, que também existe, sobretudo quando se trata de movimentos de
projeção.
56
Podemos assinalar, principalmente, três tipos de jovens que se dizem ou julgam
religiosos, mas cuja religiosidade é falsa:
- O bonzinho. julga que sua religião deve estar expressa em todo o seu exterior de bondade,
de mansidão, de ordem e asseio, de "não faz mal a ninguém". São atitudes que, em vez de
edificar e atrair, causam desagrado. Dão a impressão de fraqueza, e nenhum jovem gosta
de fraqueza. Que dirá, o bonzinho, de Cristo expulsando os vendilhões do Templo? Luís
Gonzaga, jovem forte e alegre, não impressiona como devia, porque é caluniado de
bonzinho pelos seus historiadores.
- O matemático. É o que cumpre exatamente, exteriormente, todos os mandamentos da
Igreja, mas se mantém impermeável à vida de união com Deus. Age não só por rotina, mas
por um sentido de dever adquirido desde a infância, em casa ou no colégio. Talvez, no seu
íntimo, receie algum castigo, ou o inferno, se faltar a esse dever. Deus, para ele, é o Deus
desconhecido, nunca Pai, muito menos o Amigão. Sua religiosidade é mais superstição que
religião. E que alegria, que elevação e progresso pode ter sua vida? Se nem vida espiritual
existe, mas, apenas, práticas exteriores...
- O hipócrita, o "postiço". E tido em conta de religioso, mas é um sepulcro caiado. Na família,
sobretudo com os pais, é grosseiro, exigente e intolerante. No trato com o próximo, ignora
a marca do cristão, o amor, a caridade. Na sociedade, é fanfarrão, desonesto. Quanto a
sexo... (O matraqueiro deve ser bem objetivo, falando sobre defeitos dos jovens na
linguagem dos jovens, sem empregar, porém, termos inconvenientes.)
Todos nós conhecemos gente assim. Entretanto, seria atitude falsa e errada aplicar a outros
o que ouvimos, em vez de nos examinarmos a nós mesmos. Não devemos condenar,
porque Deus não condena. Ele tem seu momento de graça para cada um. Compete- nos
apressar esse momento com nosso exemplo de cristãos.
E, para reconstruir o mundo e transformar a sociedade, temos de ser autênticos. Por isso,
é preciso ter sempre presente que, em primeiro lugar, devemos nos transformar a nós
mesmos. Um grande general disse: "A verdadeira guerra não se trava nos campos de
batalha, mas dentro de nosso próprio coração". Quando nos tivermos vencido, e na medida
em que nos tivermos vencido, poderemos vencer o mundo com Cristo.
Se estamos sendo sinceros neste curso, devemos avaliar a autenticidade de nosso
cristianismo.
Vejamos, então, em que consiste a religiosidade autêntica. Nosso Amigão mesmo a definiu:
"Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor...' entrará no reino dos Céus, mas aqueles que
fazem a vontade do Pai" (Mt 7,21). Aí está o segredo da verdadeira religiosidade: viver
segundo Deus, como Ele quer, cumprindo concretamente nosso dever de cada momento,
onde Ele nos colocou, segundo nossa vocação particular. Devemos perguntar, como
Samuel, o que Deus quer: "Fala, Senhor, porque o teu servo escuta" (18m 3,10). E seguir
o Mestre como os dois discípulos que foram ver onde Ele morava, quando João Batista O
apontou como o Cordeiro de Deus, permanecendo com Ele todo o dia (jo 1,39).
Religiosidade é uma ligação. Religião significa ligar. É o lago de amor que prende o homem
a Deus. Nós já estamos ligados a Deus, somos sócios do seu clube - a Igreja. A
religiosidade do jovem, portanto, consistirá em provar seu amor a Deus por obras, isto é,
fazendo o que Deus quer a cada minuto, a cada hora, e todos os dias de sua vida.
- E por que devo fazer a vontade de Deus? Porque Ele é a Inteligência infinita, o Amor
infinito. Um pai sabe o que convém a seu filho: não lhe dá navalhas nem o deixa brincar
com fogo. A mãe ama a seu filho como ninguém, e o filho se sente feliz com a
mãe. Ora, o amor humano não se compara ao amor de Deus. Fazendo o que Ele quer,
estou fazendo o que é melhor para mim, estou agindo com inteligência, ao mesmo tempo
em que estou amando efetivamente
Vejamos, agora, os elementos positivos da religiosidade autêntica:
- Adesão a Deus. O jovem religioso vive habitualmente na graça e amizade de Deus, nunca
se esquecendo que é o templo do Espírito Santo, que nele habita, e abrindo-se cada vez
57
mais a essa graça. É como o girassol, sempre virado para o Sol divino, como a boa terra
permeável à chuva que a fertiliza, como a rosa que se abre para a luz e para o orvalho,
como o barril que recolhe a água limpa do céu, como a esponja embebida e penetrada de
Deus...
- Naturalidade. É a expressão da fé, brotando naturalmente de um coração simples. As
relações com o Pai do Céu são as de família, relações com os pais e irmãos, ou com o
melhor amigo.
- Virilidade. A religiosidade autêntica pede heroísmo. Não será sempre difícil ser religioso,
mas haverá momentos em que o sim ou o não será heróico. Não colocar obstáculos ao
plano de Deus sobre si e ser dócil a esse plano pode representar um grande sacrifício. Um
piloto no ar aprecia muitas horas de voo sereno e de beleza, mas há também momentos
de tormenta e de angustia
- Alegria. "Um santo triste é um triste santo" (são Francisco de Sales). O cristão tem todas
as razões para ser alegre. Na sua religiosidade bem entendida, encontrará sua realização
completa como ser humano. Como o jovem realiza sua vida física no atletismo e sua vida
intelectual no estudo, realiza plenamente toda a sua personalidade no serviço de Deus.
Além disso, com Cristo tem a certeza de todas as vitórias, pois Cristo venceu a própria
morte.
- Disponibilidade Traduz-se em amor ao próximo efetivado em obras e serviço, e em inteira
dedicação às coisas de Deus.

CONCLUSÃO:
A religiosidade autêntica leva-nos à plena realização de nós Mesmos, como seres
humanos que têm um destino eterno, vivendo na beleza da vida de Deus. É uma
atitude interior, que se traduz exteriormente no cumprimento da vontade de Deus,
única prova do verdadeiro amor.
Compreendendo a grandeza da religiosidade assim entendida, devemos querer ser
homens religiosos. Podemos cair, e cairemos
muitas vezes, porque essa é uma condição humana; todavia, poderemos ser santos,
se o quisermos, porque se trata de uma intenção permanente, de urna atitude
interior, de um relacionamento constante de amor a Deus e aos irmãos.
E essa atitude interior pede exteriorização, não como exibição, mas como
testemunho.
- Agirei, portanto, como homem religioso. E hoje, não amanhã. Não espero a chuva
para consertar o telhado; não espero o último momento; não desperdiço a vida, para
ser religioso quando ela já nada me oferece.
Começarei hoje a ser um homem religioso, um homem realizado, um herói. "É hoje
o dia da salvação..."

3.9. "EM BUSCA DA VERDADE"


(30 minutos)

Deus é Amor. Deus é Verdade. Verdade e Amor são, então, a mesma coisa. Buscando a
Verdade, encontraremos o amor, porque qualquer ciência, estudada de boa- fé, leva, em
última análise, ao Amor e à Sabedoria de Deus.
Nós buscamos a Verdade pelo estudo, e é esse o assunto desta matraca.
Há dois aspectos sob os quais podemos encarar esta matéria:
1) a ciência humana.
2) a ciência divina.
1. Ciência humana. Considerando a criação e o homem racional, rei da criação pela sua
inteligência, compreendemos o dever do cultivo da inteligência. É um dos talentos que
58
recebemos, e que nos compete desenvolver e pôr a render. Temos o dever de cultivar
nossa inteligência, segundo nossa missão, aspirações e possibilidades. Porque o homem
é racional, progride pelo estudo, pela ciência, aliada à educação.
A valorização humana, em todos os campos, é um dever. Esse dever obriga ainda mais se
o homem aspira a ser líder no seu ambiente, na sociedade e na Igreja. Daí a necessidade
do estudo.
Estudo é a aplicação e esforço da inteligência para se apossar da verdade.
Notemos: aplicação e esforço. Neste mundo, nada de valor se adquire sem trabalho e sem
luta (exemplos: Vital Brasil, o Aleijadinho etc.).
Para que nos valorizarmos humanamente? Por três motivos: a) Porque ternos o dever de
desenvolver e valorizar os dons recebidos de Deus. Ora, no campo natural, a inteligência e
a liberdade são os melhores dons, aqueles que nos caracterizam como homens.
b) Para sermos competentes testemunhas de Cristo no mundo. O líder, aquele que
pretende ocupar uma posição chave para levar os outros a Cristo, tem de ser alguém:
competente em cultura geral, competente e especializado em seu campo pessoal de ação.
c) Para melhor servir ao próximo, à sociedade e à Igreja. Nossos conhecimentos são para
o serviço dos outros, não apenas para apresentar e fazer figura. "O dom que cada um
houver recebido, coloque-o a serviço dos outros, como bons administradores da multiforme
graça de Deus" (IPd 4,10).
2. Ciência divina. É um plano mais elevado que o da ciência puramente humana. Garante-
nos ser testemunhas de Cristo, competentes e esclarecidos, mas também humildes. O
conhecimento e o exemplo de Cristo destroem o orgulho, que envenena toda a nossa ação.
Essa ciência, contudo, também pede aplicação e esforço. Nada se improvise. E este estudo
- o conhecimento de Deus, de Cristo - é o mais importante, porque é o que nos acompanha
até a eternidade. E, nessa matéria, não ficam muitos no catecismo mais ou menos
longínquo da Primeira Comunhão?...
Ora, nós sabemos que Cristo reúne tudo em Si. É a sabedoria de Deus. Ensina nos a fé
que Ele veio para nos salvar e mostrar o caminho da felicidade nesta vida e na outra.
Fundou uma Igreja depositária da Verdade, e é por meio dela que conhecemos essa
Verdade.
Não nos basta o entusiasmo e o desejo de ser bons católicos e apóstolos de Cristo. Nossa
ação tem de ser baseada em uma vida espiritual verdadeira e esclarecida. É o estudo que
dará consistência à nossa religiosidade e segurança à nossa ação apostólica.
O cristianismo é vida, é vivência. Por isso, devemos, no plano humano, estudar vivendo
Cristo, isto é, com Ele e por Ele, e, no plano divino, viver estudando Cristo, isto é,
procurando conhecê-lo e vê-Lo em tudo. Cristo deve formar e informar toda a nossa vida,
até podermos dizer com são Paulo: "Para mim, viver é Cristo" (Fl 1,21).
Vemos quão diferente é o cristianismo assim esclarecido, o da vivência em Cristo, daquele
falso cristianismo, de verniz, de circunstância, de superstição, nulo, que nada pode fazer
para atrair os outros a Cristo. Mas o cristão de Cristo, esclarecido pelo estudo, tem nas
mãos as armas para defender seu ideal e contagiar com ele * seus irmãos.
Corno se aprende a Cristo? Primeiramente, no livro dos livros: * Evangelho.
Estuda-se o Evangelho dentro do seu tempo, compreendendo os costumes da época, mas,
sobretudo, procurando nele a mensagem contida para nós, no nosso tempo. Mais ainda, a
mensagem contida para cada um de nós, porque foi essa a intenção de Cristo. Estuda-se
o Evangelho com a inteligência e o coração. Ele nos ensina a pensar como Cristo, pautando
nossos valores pelos seus, vivendo como Ele viveria no mundo de hoje.
O Evangelho contém a solução para todos os problemas do homem. Saber aplicá-la nas
diversas situações é ciência que se adquire na oração e meditação, no estudo. E a ciência
dos santos, do pleno amadurecimento cristão. O Evangelho é a fórmula mais segura para
a libertação do homem, na paz, na justiça e no amor.
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É fácil compreender como esse estudo defende nossa vida em graça. A vida em graça,
por sua vez, dá-nos uma visão de águia para compreender as coisas de Deus. "Bem-
aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus!' (Mt 5,8).
Aprende-se, ainda, Cristo em cursos, palestras, círculos, conversas, leituras, documentos
da Igreja. Cristo revela-se a quem O quer conhecer. O importante é querer. Em última
análise, estudamos para amar. O estudo não nos leva, necessariamente, ao caminho da
santidade, mas ajudá-nos nesse caminho, porque um melhor conhecimento de Deus levará
infalivelmente a um maior amor.
É preciso lembrar que tem de ser santo e sábio. É a santidade que salva o mundo (exemplo:
Cura d'Ars, santa Teresinha, são Francisco de Assis, santo Inácio de Loyola).
Devemos procurar, porém, quanto está em nós, uma e outra coisa. Pio XII disse que "a
verdadeira religiosidade é consciente e ilustrada"'
Lembremo-nos ainda que, para chegar a viver Cristo, a ser outros Cristãos no mundo, é
preciso orar muito. "Ninguém poderá vir a Mim, se o Pai que me enviou não o atrair" (jo
6,44).
Lembremo-nos, finalmente, que temos uma força onipotente a nosso dispor, o amor mesmo
de Deus, que é o Espírito Santo. Ele, que formou Cristo em Maria, também pode fazer de
nós outros Cristos. Seja Ele o guia de nossos esforços, nos campos humano e divino, e
atingiremos aquela perfeição que Deus espera de nós, dando, assim, a melhor colaboração
ao Seu plano, na história da Salvação.

NOTA: O matraqueiro finaliza com uma boa pergunta para o trabalho em grupo. Diz que
vão ser abertas as caixas de venda de livros, ressaltando, em poucas palavras, a vantagem
da boa leitura.

3.10. "CANAIS DA GRAÇA" (SACRAMENTOS)


(1 hora e 45 minutos)

Observações:

- Para que o sacerdote não prolongue esta matraca além do tempo que lhe é destinado,
lembre-se que já se falou um pouco, nas anteriores, de Batismo, Crisma, Penitência e
Eucaristia. Convém, portanto, dar primeiro uma visão global dos sacramentos, explicando
o que são, isto é, sinais de Deus: por exemplo, Cristo é o Sacramento de Deus, a Igreja é
o Sacramento de Cristo. A explicação geral dos sacramentos não deve durar mais de 10
minutos. No Telecê, os mais importantes são: o Matrimônio, a Penitência e a Eucaristia.
- Por meio de canais da graça, pode-se orientar o jovem na escolha da sua vocação:
matrimônio, celibato apostólico, sacerdócio ou vida religiosa, mostrando como os
sacramentos, com uma graça especial, ajudam as pessoas em cada uma dessas vocações.
Uma vocação é uma graça, um dom absoluto de Deus, nunca depende só da vontade
humana. O jovem, pelo impulso do Espírito Santo, deve chegar a uma disposição interna
da alma, na qual possa descobrir a vontade particular de Deus a seu respeito. Vocação
significa, subjetivamente, a adaptação do querer e do agir humanos à vontade divina.
Definição: Sacramentos são ações escolhidas por Jesus Cristo e realizadas pela Igreja,
pelas quais Ele produz em nós a graça santificante. E a Santíssima trindade trabalhando
em nós, por meio de Jesus Cristo, pelo Espírito Santo.
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Deus conosco - nós com Deus. Sendo os sacramentos atos de aliança entre Deus e seu
povo, é claro que a graça de amor e salvação (a vida divina) só nos poderá ser concedida
se nossa alma se abrir a ela, não lhe opondo obstáculos.
A idéia principal a salientar nesta matraca é que os sacramentos dão uma graça especial e
distinta para cada circunstância e atividade importante da vida.
O Batismo, a Confirmação e a Ordem imprimem caráter.
1. O sacramento da iniciação cristã. Introdução ao Povo de Deus. Os efeitos do Batismo
constituem um nascimento à vida sobrenatural pela água e pelo espírito, uma libertação da
influência do mal, uma entrada para o Povo de Deus, com a participação em seus tesouros
e a recepção do caráter batismal.

Imagens:
a) a significação da água;
b) a criação (Gn 1);
c) o dilúvio (Gn 7);
d) a passagem do Mar Vermelho (Ex 14); e) a cura de Naamã (2Rs 5,1-14).

Instituição:
a) o Batismo no Jordão (Mt 3,13);
b) a conversa com Nicodemos Jo 3,1-21);
c) o mandamento: "Ide, pois, e ensinai..." (Mt 28,19).

2. O sacramento da maturidade cristã. "Selados com o Espírito da promessa" (Ef 1,13).


Efeito tríplice:
a) dá-nos o Espírito Santo com a abundância de seus dons (Gi 5,22-23);
b) torna-nos cristãos adultos no Povo de Deus;
d) faz-nos participar da missão da Igreja (Mt 28,18-20).

Imagens:
a) a imposição das mãos (Mc 10,10; At 19,6);
b) a unção (lSm 10,1);
c) o óleo perfumado (jo 12,3).
d) A passagem do Mar vermelho (Ex 14)
e) A cura de Naamã

Instituição:
a) na última ceia, Jesus promete o Espírito Santo (jo 14,15-17);
b) depois da ressurreição, renova sua promessa (At 1,8);
c) realiza tal promessa no dia de Pentecostes (At 2,3-4).

2. O sacramento de volta ao Pai. Os efeitos da Penitência:


a) nova união com Cristo, pela remissão dos pecados e pelo dom da graça santificaste;
b) volta espiritual ao seio do Povo de Deus;
c) graça sacramental que dá força e luz.

Oportunidade da penitência. É necessária e obrigatória no caso de pecado grave, e é útil e


recomendada para os que cometeram pecados veniais. A história da Salvação está repleta
de apelos à misericórdia divina.
Instituição:
a) o filho pródigo (Le 15,11-32);
b) Jesus sempre perdoando os pecados (Me 2,5);
c) no cenáculo, Jesus deu esse poder aos apóstolos (jo 20,22-23).
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d) a Igreja fixa o rito essencial. O papel do penitente e o papel do sacerdote.

3. O sacramento dos enfermos. Efeitos:


a) alivia o enfermo;
b) fortifica-o contra as tentações;
c) perdoa-lhe os pecados e contribui para lhe restituir a saúde, no caso de Deus o julgar
salutar. Jesus, curando os corpos com seus gestos e palavras, também ressuscita as almas
(jo 9,35-38).

Instituição:
São Tiago (5,14-15) fala sobre o enfermo e o sacerdote.
Os apóstolos curavam e expulsavam demônios, e ungiam com óleos muitos enfermos,
curando-os (Me 6,12-13).
Introdução:
a) Ordem;
b) Matrimônio.

5. O Sacramento dos sacerdotes ministeriais (Ordem). Efeitos:


a) nova consagração a Cristo por um aumento da graça e pela recepção do caráter
sacerdotal;
b) participação da missão de Cristo e, em Seu nome, desempenho de funções eminentes;
d) graça especial que ajuda o sacerdote ministerial a cumprir dignamente a sua missão.
Sacerdotes ministeriais do Antigo Testamento: Melquisedec (Hb 7,1) e o sacerdócio
levítico.

Instituição:
a) Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote;
b) convocação dos apóstolos (Lc 6,13);
c) consagração dos apóstolos de Cristo na última ceia: "Fazei isto em memória de Mim" (I
Cor 11,24). "Aqueles a quem perdoardes..." Uo 20,21-23);
d) na Ascensão (Mt 28,19).

NOTA: O sacerdote terá o cuidado de não se prolongar demasiado sobre o sacramento da


ordem.

6. O sacramento do amor conjugal Efeitos:


a) união indestrutível entre os esposos;
b) aumento da graça santificante, que os une mais a Cristo;
c) o dom das graças especiais, que os ajudam a fundar um lar
cristão e a realizar entre si uma união que seja uma imagem da união de Cristo com Sua
Igreja.

Antigo Testamento: "Não é bom que o homem esteja só. Façamos -lhe um auxiliar
semelhante a ele" (Gn 2,18). "Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra" (Gn 1,28). "Por
isso, deixará a homem seu pai..." (Gn 2,24).
Novo Testamento: Jesus falou: "Serão um numa só carne" e "não separe o homem o que
Deus uniu" (Me 10,1-12).
Jesus e as bodas de Caná Uo 2,1-11). São Paulo fala sobre a união dos cônjuges e a união
de Cristo e Sua Igreja (I Cor 7).
Deus chama cada um a uma vocação especial, dá a cada um a graça necessária para viver
sua vocação, em uma conversão diária e progressiva.
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NOTA: Fazer uma referência instrutiva sobre namoro e noivado

7. O sacramento do amor divino. Nos outros sacramentos, Deus dá Seu amor. Neste, ele
se dá a Si mesmo. Deus é amor, e o amor tende para a união com o amado. Neste
Sacramento, Deus procura a união máxima com os homens, tomando-se seu alimento.
Efeitos:
a) união íntima com Cristo, abrangendo nosso oferecimento com Ele ao Pai;
b) aumento da graça em nossa alma;
c) fortalecimento da alma para lutar contra as tentações e suportar as dificuldades da vida;
d) maior união, em caridade, com o Povo de Deus;
e) um penhor de vida eterna porque é um alimento de eternidade, uma fonte de ressurreição
em Cristo.

Imagens:
a) a primeira refeição pascal (Ex 12);
b) o maná (Ex 16,2-5);
c) o viático do profeta Elias (IRs 19,4-8);
d) os sacrifícios do templo.

Instituição:
a) a anunciação do pão da vida ao 6,47-58);
b) a última ceia (Mt 26,26-28). "Fazei isto... (ICor 11,24).

Na Igreja primitiva:
a) a fração do pão (At 2,42-47);
b) os ágapes (ICor 11,17-29).

NOTA: Essa matraca termina com uma visita ao Amigão. Deve ser dada em 1 hora e 45
minutos apenas, servindo seu esboço somente de roteiro. Não é preciso se referir a tudo
que ele contém.

3.11. "AÇAO SOCIAL"


(10 minutos)

Vimos à pagina 17 o objetivo desta matraca. Compete ao matraqueiro adaptá-la às necessidades locais,
estimulando assim os jovens a colaborar na ação social, como um modo de servir a Deus e ao próximo.
Conforme as diretrizes de CNBB e a Pastoral Diocesana de juventude.

3.12. "O LÍDER E SEUS CAMINHOS"


(50 minutos)

Quando nos chamou a fazer este curso, Deus tinha em mente algo de muito positivo para
cada um de nós. Tinha marcado conosco, desde toda a eternidade, esse encontro, ao qual
corresponde uma missão. Foi assim com todos os apóstolos. Recebemos para dar, para
ser o sal da Terra e a luz do mundo.
Que é o verdadeiro líder cristão? É aquele que se conscientizou dessa realidade encontro
missão e lhe deu a dimensão de um
ideal. O homem maduro não é o que sonha morrer por uma causa, mas o que se decide a
viver corajosamente por ela.
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O líder cristão tem um ideal dinâmico e cresce com esse ideal. O crescimento é lei da
vida espiritual, como da vida física.
No plano natural, o líder cristão caracteriza-se por:
- autenticidade: busca, a todo custo, de coerência de vida;
iniciativa: ir ao encontro, criar, inventar;
- disciplina: planejar, agir, rever, refletir;
- generosidade e dedicação: sempre a serviço;
- responsabilidade: desenvolver talentos, formar-se, optar por uma vocação de melhor
serviço;
- Espírito de sacrifício: renúncia, luta;
- simpatia: missão de cativar, com sinceridade, comunicando- se em profundidade.
No plano sobrenatural, caracteriza-se por:
- fé e confiança: oração e ação, sempre conjugadas;
- humildade: autenticidade de vida, no conhecimento da verdade;
- somos pecadores: A mulher adúltera Uo 8,3-11). O fariseu e o publicano (Le 18,9-14);
- somos instrumentos: exemplo de são Paulo (At 9);
- alegria e esperança: característica de todo amigo íntimo de Cristo;
- amor: doação para que o outro cresça.
O modelo de líder cristão é a Pessoa adorável de Cristo, como é revelado pelo Evangelho.
Ora, o fato é que tais qualidades não se improvisam. Donde, o dever de preparação.
Onde se forma e se prepara o líder cristão? - Na vida de cada dia, na luta diária para
crescer, melhorar, extirpar defeitos, adquirir qualidades, desenvolver talentos. E isso com
o auxílio da graça, dos sacramentos, de boas amizades.
- Na comunidade, onde os jovens se reúnem para crescer juntos em amizade sã, para
construir algo, o algo que será o ideal comum.
A comunidade deve ser uma força de líderes, a melhor escola de vivência, de
relacionamento, de abertura, de valorização e
crescimento, e um aprendizado para uma liderança que deverá ser de toda a vida.
O jovem líder prepara-se, assim, para ser sempre, onde quer que esteja, uma presença,
um testemunho, o servidor de uma causa.

2. Onde vai atuar o líder cristão?

Assim preparado, ou melhor, em contínua preparação, o líder poderá enfrentar o mundo,


com seus diversos ambientes.
O líder cristão ama o mundo, criação de Deus para a alegria dos homens, mas rejeita o
mundo no sentido evangélico dos valores mundanos condenados por Cristo.
Nesse mundo, os valores estão em contradição: os direitos do homem e a realidade
concreta (mostrar revistas, artigos ete.).
Oposição entre os valores de Cristo e os valores do mundo:
- a mentalidade da nossa civilização de consumo;
- seus instrumentos, os meios de comunicação social;
- o sexo;
- a violência.
Em oposição, o Espírito das bem-aventuranças: os limpos de coração, os pobres de
Espírito, os perseguidos... (Mt 5,3-12).
O líder cristão luta pela verdade, pela justiça, pela promoção e libertação do homem. E,
isso, com capacidade crítica, para confrontar o Espírito do mundo com o do Evangelho, e
discernir.
Ao Espírito do mundo - avareza, indiferença para com o sofrimento alheio, individualismo,
acomodação, mediocridade - ele opõe o Espírito do Evangelho, a boa nova da libertação.
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E isso não com palavras, com atitudes de crítica vazia e inoperante, mas pela doação de
si mesmo, pela disponibilidade ao serviço de Deus no próximo, ali mesmo, em seu ambiente
concreto, onde sua ação pode ser real e efetiva.
Por isso é que se recomenda tanto a todas as comunidades um programa de ação social.
É aí que o jovem pode mostrar a autenticidade do seu desejo de melhorar o mundo,
promovendo o homem na esfera de ação que está a seu alcance.
O mundo do jovem será, em primeiro lugar, aquele que o rodeia:
- a família;
- a escola;
- o ambiente de trabalho;
- a comunidade.
Aí se manifestará o verdadeiro líder, pela compreensão, aceitação do outro, poder de
conciliação e, mais ainda, pelo exemplo. As palavras movem, os exemplos arrastam.
Resumindo o que foi dito, o encontro- missão pede que nos situemos como líderes e
testemunhas de Cristo no mundo, em nos- so ambiente. Isso exige uma preparação que
começa hoje mesmo, e vai se intensificar em nossa vida de cada dia, com nossos amigos,
em comunidade.
Cristo espera muito de nós e nos oferece tudo para vencer com Ele. A resposta é um caso
pessoal. A opção e decisão dependem unicamente de cada um de nós, mas é ainda uma
graça que Deus não recusa a quem é sincero.

3.13. "A ESCALADA" (comunidades de jovens)


(70 minutos, incluindo a matraquinha)

Nesta matraca, figuram três pessoas:


1) um leigo, para o começo e o fim (25 minutos);
2) um sacerdote, para explicar "Na intimidade com Deus", item 3 da Folha de
Fidelidade (ver página 140) (25 minutos);
3) um jovem, para a matraquinha "Que fiz? Que faço?" Que devo fazer por Cristo?"
(10 minutos).
Os dez minutos restantes destinam-se à exortação final do sacerdote.

1. Leigo Hoje é o dia do nosso nascimento para uma nova vida espiritual com Cristo. Vamos
começar a Escalada da Santa Montanha, até o cume. É uma escalada que vai durar toda
a vida, com suas inevitáveis quedas, com seus atrasos, mas que levará ao píncaro se
soubermos ser fiéis à graça divina, que nos chama, impele e auxilia. O cimo da montanha
será para todos nós, um dia, a parusia.
Para estar seguros nessa escalada, temos de contar com o apoio da graça, mas também
do nosso próximo, como nós também devemos ser apoio e segurança para ele, a exemplo
dos alpinistas, que se prendem todos a uma corda, dependendo assim uns dos outros.
Cristo é a corda que nos une a todos. Temos de viver e trabalhar em amizade, em grupo,
em comunidade. Sozinhos, somos fracos; juntos, somos fortes e atuamos eficazmente.
Como formaremos uma comunidade? Formá-la é coisa fácil: o mais difícil é conseguir que
persevere e não estacione, mas progrida. Os jovens que fizeram o TLC vêm, naturalmente,
de comunidade ou vão formá-la.
O que é preciso é que se reunam regularmente, com um sacerdote e um ou dois adultos,
em tal dia, em tal lugar. Essas reuniões, que envolvem atividades variadas, são, em
primeiro lugar, de natureza espiritual e destinadas a servir de postos de abastecimento aos
jovens que querem se manter fiéis ao ideal do TLC. São como pontos de repouso e reparo
de energias, na árdua subida para o cume.
As reuniões de comunidade têm suas bases na análise de vida espiritual, intelectual e
apostólica, conforme vem discriminado na Folha de Fidelidade (ver página 139).
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O verdadeiramente importante é que a comunidade se mantenha autenticamente
espiritual, e isso se dará se os jovens forem fiéis em comparecer às reuniões, onde se
aprofundarão no conhecimento de Cristo pelo estudo do Evangelho, e onde serão instruídos
na doutrina atualizada da Igreja.
- Comunidades assim podem ser uma força poderosa para transformar uma paróquia, um
bairro, uma cidade. À medida que a comunidade se vai organizando e estabilizando, devem
surgir naturalmente novas atividades, ao mesmo tempo fruto e fator de união e dinâmica no
grupo: atividades de natureza paroquial e litúrgica, social, cultural, cívica, esportiva e
recreativa. Geralmente, cada uma dessas atividades tem uma equipe organizadora.
O elemento básico das reuniões de comunidade é a Folha de Fidelidade, onde a ordem da
reunião está indicada. Após a invocação ao Espírito Santo, lê-se um trecho do Evangelho,
o qual é comentado por todos, buscando descobrir a mensagem que contém para cada um.
Um sacerdote ou um adulto presente esclarece os pontos duvidosos, quando necessário.
Para a parte "Na intimidade com Deus", da qual já vamos ouvir falar, a comunidade, se é
numerosa, divide-se em grupos. Cada membro diz, em ambiente de amizade e confiança,
como está cumprindo seus compromissos com Cristo. O objetivo dessa análise não é
somente o exame pessoal, mas também o estímulo e exemplo mútuos que daí resultarão.
Terminando o estudo do plano individual, passa-se ao plano comunitário, que envolve
várias atividades (página 129).
As reuniões se passam em atmosfera de sincera amizade e confraternização, terminando
com a visita a Cristo no sacrário. Evidentemente, o que se diz na análise do plano individual
é sigiloso, e não deve ser comentado fora da reunião, cuja eficácia, do contrário, seria
destruída, e a comunidade perderia a confiança em si mesma, acabando por dissolver-se.
(Ver Formação de Comunidade e Reuniões de Comunidade, às páginas 128 e 131,
respectivamente.)

2. Sacerdote
Explicação detalhada do item 3 da Folha de Intimidade com Deus" (página 140).

3. Matraquinha, 'Que fiz Que faço Que devo fazer por Cristo
Finalizando, o sacerdote profere algumas palavras de exortação, encorajando os jovens
para a escalada, que se está iniciando para eles, com o TLC.
NOTAS: No decorrer dessa matraca, o sacerdote fará referência a:
a) Caixa de sugestões - Em local bem visível, ficará uma caixa com o letreiro SUGESTÕES,
destinada a receber a opinião ou observação de quem quiser se expressar acerca do TLC.
b) Atos de Cireneu - Lembrarão aos cursistas que outros se sacrificam e estão se
sacrificando por eles. É justo, pois, que pensem em oferecer seus atos de Cireneu pelos
que virão no próximo curso. Haverá uma caixa ou cesto próprio para que nele depositem
os atos que oferecem, sem que seja preciso
assinar. Sugerem-se os seguintes:
ATOS DE CIRENEU: - Mais tempo e atenção para conversar com o Amigão Jesus sobre
tudo no encontro eucarístico.
Mais tempo a serviço do próximo (lembrar que esse campo é ilimitado).
- Um sorriso a quem nos desagrada, um auxílio prestado com sacrifício próprio, o mal pago
com o bem.
- Mais tempo para estudar e conhecer o Amigão no Evangelho. - Renúncia a algum tempo
de televisão, para ler um bom livro ou
ajudar a alguém.
- Renúncia a sobremesas, doces, cigarros. - Peregrinação de oração e penitências.
- Um momento de espera para matar a sede, quando inevitável. - Domínio de si mesmo em
momento de impaciência ou irritação. - Controle da língua e dos impulsos.
- Sair da cama prontamente pela manhã.
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- Mais prontidão em não deixar para outros o que podemos fazer: arrumar a casa, apanhar
papéis do chão, recolher garrafas (no TLC).
- Outros que a generosidade de cada um sugerir.

3.14. "COMUNIDADE E FIDELIDADE"


(60 minutos)

NOTA: Depois de resumir, em não mais de 10 minutos, a seqüência do curso, o chefe lê


com os cursistas o Milagre dos Peixes (Lc 5,1-71) e o item 3 da Folha de Fidelidade ("Na
Intimidade com Deus"), comentando-os brevemente. A seguir, fora da sala, os grupos farão
um exercício sobre o assunto.

a) Resumo do curso
Aprendemos, nestes dias, a viver em amizade, a trabalhar em grupo, a viver em
comunidade. Purificamos nossa vida, iluminamos nossas mentes e deixamos que nossos
corações se abrasassem de amor. Unimo-nos a Cristo e a nossos amigos. Para
corresponder ao apelo de Cristo e agradecer a felicidade que nos oferece, queremos dar
agora, com nossas próprias mãos, aquilo que temos.
Vimos que uma pessoa que tem "Personalidade" é também uma pessoa que tem um ideal.
Essa pessoa está disposta a receber em boa terra "A semente" de Deus. Vimos que somos
filhos pródigos, mas que temos um Pai, que é todo misericórdia e amor. E que nossa paz
se encontra na opção da nossa vida segundo a idéia de Deus, a Sua vontade e a finalidade
que Se propôs na criação do universo.
Vimos também que, pela graça santificante, que nos foi dada no Batismo e nos faz templos
do Espírito Santo, começamos a viver uma vida divina, e, logo depois, que somos a Igreja,
o "Povo de Deus". "A comunidade de Jerusalém" deu-nos o exemplo de como devemos
viver.
A matraca "Religiosidade" ensinou-nos o que é e o que não é verdadeira religiosidade.
Consiste, antes de tudo, em aceitar a vontade de Deus e segui-Ia em todas as
circunstâncias de nossa vida. Nisso, temos o próprio Cristo a nos ajudar em cada instante
com sua chuva de graças.
Sabemos que, sem Ele, nada podemos, mas que está sempre pronto a nos ajudar.
Em "Em busca da verdade", vimos a necessidade de nos aperfeiçoar humanamente, para
sermos bons líderes de Cristo, mas, sobretudo, de estudá-lo para, conhecendo-0, mais O
amar e melhor O imitar. Na matraca sobre os sacramentos, aprendemos como Cristo nos
dá auxílio especial para cada circunstância da nossa vida, e como nos ajuda em nossa
vocação particular, conforme o seu chamado ao matrimônio, ao sacerdócio, à vida religiosa
ou ao celibato apostólico.
Agora, vamos sair deste encontro na disposição de sermos líderes cristãos no mundo, e
devemos saber quais as linhas de combate com que contar: nós mesmos, em primeiro
lugar; depois, os outros e o nosso ambiente particular. Sabemos que fomos chamados e
devemos usar os talentos recebidos de Deus. Consideremos o que vamos fazer por Cristo.
Vimos, em teoria, como formar uma comunidade e como agir nela. Veremos agora, na
prática, embora de modo imperfeito, como funciona a comunidade em ação.
Lembremo-nos que queremos transformar a sociedade, para construir um mundo melhor.
Sozinhos não o podemos fazer; por meio de comunidades, sim. Essas comunidades
manterão viva em nós a chama de espiritualidade que aqui se acendeu, e nos ajudarão a
abrasar o mundo com ela, conforme disse Cristo: "Eu vim atear fogo sobre a Terra; que hei
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de querer, senão que se alastre?" (Lc 12,49). Nós O ajudaremos a espalhar esse fogo
sagrado.
Vimos que só é necessário um grupo de jovens com um sacerdote e um ou dois adultos,
para iniciar uma comunidade, tendo reuniões regulares. Lembremo-nos das palavras de
Cristo: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles" (Mt
18,20).
b) Exercício
Os grupos saem da sala para estudo do trecho do Evangelho - Milagre dos Peixes - e da
Folha de Fidelidade, ponto por ponto, pois o chefe, para não se estender demais, comentou
apenas o item 3. É evidente que os linces devem estar em condição de ajudar, conhecendo
já bem o trecho referido e a Folha de Fidelidade.
c) Conclusão
Terminado o trabalho em grupo, os cursistas retomam à sala de matracas, onde o chefe
faz as explicações finais, dizendo que se pode convidar alguém, nas reuniões de
comunidade, para fazer uma palestra sobre assunto de interesse para os jovens. É
necessário promover, também, uma ação social planejada que tenha continuidade.

IMPORTANTE: O chefe, nessa matraca, deve salientar a valor do CURSO DE


RENOVAÇÃO, fazendo sentir aos jovens que o TLC é apenas um primeiro passo, que
deverá ser complementado por esse e por outros cursos.

3.15. "CONQUISTA DAS ALTURAS"


(20 minutos)

NOTA: Esta é a última das matracas, o arremate de tudo o que foi dito. Os jovens estarão
em geral alegres, emocionados e, também, cansados. Par isso, é preciso que ela não
exceda os 20 minutos e seja bastante prática, colocando-os dentro da realidade que vão
enfrentar. a vida cristã no mundo. Por um lado, a luta; por outro, Cristo como companheiro,
força e amimo. Trata-se de um impulso a dar para a alto, destacando a idéia de que a
perseverança será garantida pelo contato pessoal com Cristo, nosso irmão mais velho, e
com nossos irmãos, na comunidade.

Chegamos ao final do curso. E agora? Que vai ficar de tudo isso para cada um de nós,
pessoalmente? Emoções, lágrimas, alegrias passageiras? Isso não vale todo o esforço que
fizemos.
Viemos aqui para construir, e construir sólido. (Pode-se ler o trecho do Evangelho da casa
construída sobre a rocha, Lc 6,47-49.) De que têmpera vai ser o nosso edifício espiritual?
Irá ruir ao primeiro vendaval?
Esta matraca intitula-se "Conquista das Alturas". Ouvimos dizer que a Escalada vai
começar para nós. A Escalada vai ficar como um símbolo para o telecista. O resto de sua
vida tem de ser uma subida constante; apesar de todos os obstáculos, de todas as quedas,
de todos os atrasos é preciso conquistar as alturas.
Para a conquista dos altos picos deste mundo, para a conquista da Lua, quantos esforços,
quantos sacrifícios!... E isso por uma glória passageira. São Paulo nos diz: "Todos os atletas
impõem-se uma rigorosa abstinência; eles, para alcançar uma coroa corruptível; nós,
porém, uma incorruptível" (I Cor 9,25).
Queremos, neste momento, ser muito realistas, para que saiamos do TLC com idéias claras
e resoluções práticas.
Que significa, então, na nossa vida, essa Escalada, esse Sempre Mais Alto, lema do toloco,
essa conquista das alturas?
68
Conquista: o próprio nome indica esforço, sacrifício, abnegação. O fato é que não
podemos fugir a esta realidade: Cristo é um só - "
,Jesus Cristo ontem e hoje, Ele, por todos os séculos" (Hb 13,8). E o mesmo que chamou
o moço rico, Pedro, os apóstolos, e que chama os jovens do século XX. Por isso, a linha
jovem de hoje não pode fugir aos princípios lapidares postos por Cristo.
Ora, Ele disse: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada
dia, e siga-me" (Lc 9,23). E ainda: "O que não leva a sua cruz e me segue, não pode ser
meu discípulo" (Lc 14-27). Que quer dizer isso?
1. Significa, primeiramente, a conquista de nós mesmos, com o que isso implica de esforço
para eliminar defeitos, sujeitar nossa vontade à de Deus e plasmar personalidades fortes
para o serviço de Cristo. Compete a cada um tomar uma decisão a esse respeito,
começando por aquilo que mais o impeça na vida espiritual e no trato com os outros.
Essa conquista de nós mesmos será uma luta de toda a vida, mas devemos lembrar-nos
de que "Tudo posso naquele que me conforta" (Fl 4,13) e que "De tudo saímos vencedores,
por Aquele que nos amou" (Rm 8,37).
Para essa conquista interior, é bom que tenhamos um guia, um amigo que nos aconselhe,
que nos conheça bem e que nos diga quais os pontos mais importantes a vencer, para nos
valorizarmos cada vez mais, humana e divinamente.
2. Seguimos a Alguém, um chefe que é o Cristo, que nos pode ajudar como ninguém a
resolver todas as nossas dificuldades. É esse
o ponto- chave de todo o TLC. Daqui por diante, não estamos mais sós, estamos com
Cristo. Ele nos chamou para nos dar uma missão: "Doravante, serás pescador de homens"
(Lc 5,10), está conosco para menssionar conosco.
Daí a necessidade de conhecê-lo cada vez melhor, para começar a ver, a pensar e a agir
como Cristo.
Sabemos onde Ele se encontra: - na oração, no sacrário;
- no Evangelho, que temos de estudar;
- nos sacramentos;
- em nossos irmãos.
Cristo está visível para nós em cada um de nossos irmãos, começando por nossa família,
nossos amigos, e a grande família que é o ambiente em que vivemos
3. No seguimento de Cristo, vão muitos conosco. Vamos em comunidade e, especialmente,
na comunidade de base a que pertencemos. Não nos podemos afastar dela. Nós
precisamos dela, e ela de nós. (A corda que liga os alpinistas entre si.)
Na comunidade, encontramos nossa força, nossa segurança. É por meio dela que iremos
elevar e consagrar o mundo. Nosso esforço pessoal de ascensão, junto do esforço
individual e coletivo de todos, pode ser uma alavanca imensa, e isso não são palavras, mas
uma esplêndida realidade. Uma comunidade de santos tem uma força incalculável. Se um
santo pode tanto, quanto mais uma comunidade de santos! Santo é aquele que se esforça
por viver sempre na amizade de Deus.
Vamos, pois, corajosamente, sabendo para onde vamos e o que pretendemos. Para cada
um de nós há um ambiente concreto a enfrentar, ambiente, talvez, com valores opostos aos
que aqui aprendemos a estimar como os únicos que contam em nossa Escalada.
Exatamente como os primeiros cristãos, temos de enfrentar um mundo que rejeita nossos
valores. Para ele, o dinheiro, o sexo, a técnica, a projeção social (bem diferentes da
valorização humana
que queremos para o serviço de Deus e do próximo) estão bem acima do verdadeiro amor,
da justiça social, dos valores espirituais e morais, do sacrifício e abnegação que Cristo nos
pede e de que toda a sua vida foi exemplo.
É nesse mundo que vamos viver, é esse o mundo que vamos trazer para Cristo, porque foi
a missão recebida aqui no curso: Liderança Cristã. É aí que Cristo nos quer: "Pai, não vos
peço que os tireis do mundo, mas que os livreis do mal" Uo 17,15). A oração de Cristo nos
69
acompanha no mundo que é o nosso, no ambiente que é o nosso. Nossa missão é remir
esse mundo com Cristo.
Vamos começar, pois, a nossa Escalada, entusiasticamente, confiantemente,
apaixonadamente. A vida está diante de cada jovem, jovem da hora presente, como um
apelo de Cristo, para uma conquista com Ele.
Quem vai se negar? Vamos sair do TLC com algo mais em nossa vida, não esse algo que
para muitos não passa de uma imagem bela. Esse algo é para nós uma realidade magnífica,
concreta, de dimensões infinitas. E o próprio Cristo. Ele traz a cruz e dá a cruz, mas nela
estão o amor, a felicidade, "a paz que o mundo não pode dar" (jo 14,27).
Ele disse: "Eu venci o mundo" ao 16,33). Nós também venceremos, com Ele e por Ele.
SEMPRE MAIS ALTO!

CAPÍTULO 5
O PRE-TLÇ:

1.Seleção dos candidatos. 2. Distribuição, inscrição e recolhimento de fichas. 3. Admissão


e notificação. 4. Contato com os responsáveis pelas comunidades representadas no TLC.
5. Preparação dos candidatos. 6. Preparação da equipe de trabalho. 7. Organização
material. 8. Reunião preparatória. 9. Concentração e partida para o TLC.

1. SELEÇÃO DOS CANDIDATOS

Já sabemos que o TLC visa à formação de líderes cristãos que, dentro de sua comunidade
e com sua comunidade, contribuirão grandemente para a cristianização do mundo moderno
e para a tão desejada paz em Cristo. Visa, portanto, ao aperfeiçoamento individual de todas
as suas qualidades humanas para, em comunidade, ser fermento de paz e amor no mundo.
O cursista renova-se no TLC. É, porém, na comunidade, que se abastece espiritualmente
e encontra ambiente para perseverar. Telecista, pois, supõe comunidade em ação, ou em
via de formação. Não existe telecista isolado.
O TLC é para jovens de todas as classes sociais. Sendo as classes trabalhadora e
estudantil as mais numerosas, é natural que, por elas, o TLC tenha um interesse especial.
O que se pretende é, pois, a renovação cristã da sociedade, não por meio de uma ação
direta sobre a massa dos cristãos, mas pela formação, entre eles, de núcleos
verdadeiramente cristãos. Selecionam-se, para isso, aqueles jovens promissores, com
qualidades para ser membros vivos e vivificadores do Corpo Místico de Cristo, capazes de
levar a técnica cristã a um ambiente descristianizado, e ser exemplo e guia para o mundo
profundamente enfermo.
Logo se compreende que se deve dar preferência, na seleção dos candidatos, àqueles que
ofereçam melhores condições de se tornar "sal da Terra e fermento do cristianismo". Pio X
explica isso por outras palavras: "Deverão ser católicos maciços, convencidos de sua fé,
solidamente instruídos em religião, sinceramente apegados à Igreja e, em particular, à
suprema Cátedra Apostólica e ao Vigário de Cristo na Terra; pessoas de piedade genuína
e de virtudes varonis, de costumes puros e de vida tão íntegra que sirvam de exemplo eficaz
para todos".
Fica, portanto, clara a necessidade de seleção. Os que podem participar de um TLC.
Que sejam líderes, portanto, com qualidades humanas para isso. Não bastam, porém,
essas qualidades naturais. Requer-se, pelo menos potencialmente, humildade,
generosidade, dedicação à causa de Cristo. O líder é equilibrado, sensato e o primeiro a
sujeitar-se.
70
É necessário também que esteja vivendo, ou queira viver, dentro da orientação da Igreja,
membro palpitante do Corpo Místico.
O candidato poderá trazer suas dúvidas e sua tibieza. No curso, virá restaurar-se em Cristo,
e virá de alma aberta, sinceramente, na Pastoral da juventude, em busca de luz e verdade.
Os que não podem participar de um TLC: jovens superficiais e irresponsáveis, sem
potencialidade de
liderança.
Jovens sob a pressão de um grande trauma ou que, por qualquer circunstância, não
estejam em condições de assimilar a doutriação do curso, podendo mesmo causar
perturbação nos outros. Em determinados estados psicológicos, a imensa atividade
espiritual e emotiva pode ser prejudicial.
A admissão dos casos excepcionais fica a critério do diretor espiritual do TLC, ouvido por
meio do secretariado.
Resumindo: a seleção dos candidatos é de suma importância. Serão admitidos jovens
católicos com qualidades humanas, reservas morais e sincera boa vontade para colaborar
com a graça de Deus, abrindo-se à verdade e dispondo-se entusiasticamente a uma nova
vida em Cristo, sendo, com sua comunidade, fermento de Cristianismo no mundo moderno,
e seguindo as diretrizes diocesanas e a Pastoral da juventude da CNBB.

2. DISTIBUIÇAO, INSCRIÇAO E RECOLHIMENTO DE FICHAS

Tratando-se de uma comunidade a ser formada, convém que seus responsáveis tenham
um entendimento prévio, por meio de
contato pessoal, com o secretariado mais próximo do TLC, para esclarecimento do que se
pretende e estudo das condições locais.
As fichas de inscrição (ver página 137) são enviadas pelo secretariado local ao responsável
(apresentador) que pede a admissão dos candidatos e, depois de devidamente
preenchidas, devolve-as a esse secretariado.
Recomenda-se, no preenchimento das fichas, verdadeiro espírito de caridade, reserva e
lealdade, sobretudo no que diz respeito à personalidade do candidato, não omitindo, no
entanto, as circunstâncias importantes e dignas de menção.

3. ADMISSÃO E NOTIFICAÇÃO

O fato do envio da ficha não significa aceitação. O responsável aguardará a confirmação


dessa aceitação e da incorporação do candidato em determinado curso. Isso porque este
é montado de acordo com a entrada da inscrição e a formação de comunidades.
Uma vez determinado o encontro de que o candidato fará parte, o responsável será avisado
sobre pormenores: local, hora de chegada etc.
Nenhum candidato, nem acompanhante ou assistente, poderá apresentar-se a um TLC sem
que sua admissão seja notificada pelo secretariado. Na concentração faz-se a chamada, e
só os candidatos que receberam a notificação serão admitidos ao curso.
Aceitam-se sacerdotes e leigos responsáveis pela formação de novas comunidades.
Convém, entretanto, que venham enquadrados no grupo de que façam parte. Nenhum
grupo de jovens virá, no caso de comunidade a ser formada, sem o sacerdote ou adultos
responsáveis por sua continuidade.
Essas regras deverão ser observadas com consciência e serenidade, pois delas depende
a boa organização do movimento e toda a sua eficácia.
Requer-se, antes de mais nada, espírito de disciplina e sensatez por parte dos responsáveis
e organizadores, e desprendimento de critérios e preferências particulares, porque se
impõe a obediência às normas estabelecidas, enquanto a experiência não indicar
71
processos mais eficientes. O TLC pretende ser flexível e progressivo, mas não pode
prescindir de um mínimo de organização.

4. CONTATO COM OS RESPONSÁVEIS PFLAS COMUNIDADES REPRESENTADAS


NO TLC

Conforme se disse, deverá haver um contato inicial, para as comunidades a serem


formadas, entre seus responsáveis e o secretariado local do TLC.
A apresentação dos candidatos será sempre feita pela comunidade, por meio dos
responsáveis, jovens e adultos escolhidos por ela, de acordo com o pároco. Quer dizer, se
a comunidade não for paroquial, o pároco deverá, pelo menos, saber da sua existência. Se
for paroquial, ele, naturalmente, deverá conhecer bem o movimento, os candidatos e
membros, e dar-lhes todo o apoio.
Cada comunidade mista terá sempre como colaborador um senhor e uma senhora. Exige-
se o mesmo no caso de nova comunidade a ser formada. Deve ir ao TLC um grupo de, pelo
menos, cinco jovens - núcleo da comunidade nascente -, o sacerdote e os adultos que dela
vão participar ficando responsáveis por sua continuidade. Esses adultos deverão ser
apresentados ao secretariado pelo pároco ou por outra pessoa idônea.
Para garantia de sua persistência, convém que os núcleos comunitários sejam formados à
base de amizade e afinidade de interesses.
É recomendável que não se realize um encontro para elementos de urna só comunidade.
A experiência nos tem demonstrado que é mais bem sucedido o curso montado com
elementos de várias localidades.
Todo apresentador obriga-se a rezar e sacrificar-se - atos de Cireneu - pelo êxito do curso,
especialmente pelo maior aproveitamento de seus candidatos.
E a comunidade dispõe-se a receber de braços abertos os novos telecistas. Essa primeira
impressão de caloroso acolhimento fará muito para que o telecista não abandone esse
ambiente fraternal. Se possível, a comunidade também se fará representar no ato do
encerramento.
Tanto o secretariado do TLC como os candidatos devem saber que é necessário um
ambiente propício para a formação de novas comunidades. Criá-las sem o necessário
amadurecimento e sem garantias de perseverança será contribuir para o enfraquecimento
e descrédito do movimento. Proceda-se, pois, com ponderação, pedindo sempre a luz
divina e buscando unicamente a glória de Deus, e a extensão do seu reino de paz e amor
na sociedade, por intermédio das comunidades de base.

5. PREPARAÇÃO DOS CANDIDATOS

É de toda a conveniência que os candidatos recebam alguma preparação prévia e não


cheguem ao local do encontro sem noção do que vão fazer ou, pior ainda, iludidos sobre a
finalidade desses dias.
É bom conscientizá-los do peso e responsabilidade do curso, no qual são admitidos com
exclusão de outros que o poderiam fazer.
Nessa preparação, já se poderá suscitar motivação no candidato: a busca do sentido de
sua vida, e da resposta a suas inquietações e problemas pessoais.
No entanto, tenha-se bem em conta que nada se deve revelar sobre o andamento do
encontro, matracas, horário etc., e que o candidato nada deve saber de antemão, pois isso
tiraria o sabor e eficácia do TLC.
Folhetos informativos, endereçados pessoalmente aos candidatos, poderão contribuir para
formar ambiente. São aconselháveis, sobretudo, reuniões prévias, nas quais haverá
sempre o cuidado de nada divulgar sobre o funcionamento do curso. O que se visa é dispor
o candidato à abertura, boa vontade e sinceridade para receber as moções do Espírito
72
Santo e as graças que lhe serão ofereci- das, e colaborar com elas, para sua própria paz
e felicidade, estágio básico para a liderança em comunidade.

6. PREPARAÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO

A equipe de trabalho também deverá ser cuidadosamente selecionada e preparada. já se


disse o suficiente sobre os matraqueiros, os matraquinheiro e os dirigentes em geral: serão
escolhidas pessoas conscientes dessa responsabilidade, dispostas a encarar o curso como
um serviço, um ato de Cireneu, e não como um divertimento.
Os matraquinheiro, conforme ficou esclarecido, deverão ter a aprovação da Escola de
Vivência e estar bem cientes de suas atribuições e do papel que irão desempenhar.
A equipe será formada pelo secretariado local, de acordo com o chefe do curso e com o
dirigente da Escola de Vivência. Uma boa tática é haver no secretariado um homem e uma
senhora encarregados do recrutamento de matraqueiros e matraquinheiro.
Uma equipe de trabalho no curso se comporá, normalmente, dos seguintes membros:
chefe, subchefe, matraqueiros, matraquinheiro, assistentes que vão conhecer a orgânica
do movimento, faxineiras, lojista e diretor espiritual com um ou dois assistentes espirituais.
A equipe de cozinha será formada segundo as conveniências locais. Em geral, havendo
duas boas cozinheiras, será apenas necessário uma senhora responsável e algumas
moças, que também serão encarregadas do dormitório feminino.
É da maior importância que os matraqueiros e matraquinheiro tenham conhecimento do
esquema de suas palestras, conforme se encontram neste manual. Responsável por isso
é quem convoca a equipe. O desprezo por essa norma só pode causar prejuízo ao curso,
destruindo a seqüência de idéias e causando confusão na mente dos cursistas. A palestra
deverá ser dada previamente perante a equipe, para ser sujeita a uma crítica construtiva,
que só pode resultar em benefício para todos.

7. ORGANIZAÇÃO MATERIAL

a) Preparação da casa montagem de um TLC exige também uma preparação material. O


lugar deve ser cuidadosamente escolhido casa deve ser suficientemente ampla, para que
o curso funcione sem atropelos, com acomodações de dormitórios e banheiros separados
para os rapazes e moças. Considere-se, também, a acomodação dos sacerdotes e
dirigentes, alguns dos quais deverão ficar entre os cursistas
O ambiente é importante. Convém que seja bonito, alegre e espaçoso, embora simples, e
livre de influências exteriores. Não deverá faltar uma boa área para recreio, reuniões de
grupo e conversa nos intervalos das matracas.
Capela. É imprescindível que haja uma capela com o Santíssimo Sacramento. Se for
preciso improvisá-la, que seja bem singela, mas propícia ao recolhimento e à intimidade
com Cristo.
Será muitas vezes aí que se travará o diálogo decisivo entre Cristo e seus futuros apóstolos.
Sala de matracas. Deverá ser suficientemente espaçosa para que os grupos possam ficar
bem acomodados nas mesas (seis ou sete), e conter ainda um ou dois quadros negros,
uma mesinha para o chefe e matraqueiros, e alguns cartazes sugestivos.
Cozinha e copa. Não há regras fixas para esse setor, pois cada localidade deverá organizar-
se de acordo com suas conveniências. A regra geral, todavia, será sempre ordem, asseio,
disciplina e economia, visto que o TLC foi instituído primordialmente para as classes
trabalhadora e estudantil, e pretende manter essa característica.
Para evitar ruídos, convém que tanto a copa como a cozinha sejam afastadas da sala de
matracas. Nelas, deverá haver tudo o que for necessário para que as refeições sejam
servidas com eficiência e sem confusão.
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A alimentação será substancial e suficiente, mas simples, sem a menor pretensão ou
emulação. As refeições serão organizadas conforme as conveniências. Os cursistas
poderão fazer filas para se servir ou ser servidos, indo sentar-se para comer onde convier,
por exemplo na sala de matracas, se não houver uni refeitório apropriado. Tal sistema
geralmente dá muito resultado, pois deixa todos bem à vontade e facilita o trabalho de
corredor.
Dormitórios. Exige-se apenas o indispensável para que os cursistas possam dormir por
duas noites: camas e algumas cadeiras ou mesinhas para porem seus objetos.
Banheiros. Naturalmente, deverá havê-los em número suficiente e em boas condições de
higiene.
Pronto-socorro. Deverá haver uma caixa com alguns remédios de urgência, sob os
cuidados de um adulto.
(Convém ainda que haja sempre um médico disponível, cujo nome, endereço e telefone
serão conhecidos pelo chefe e pelo subchefe.)
b) Lista do material necessário:
- Todo o material para capela e culto eucarístico.
- Todo o material de cozinha e copa.
- Cobertores e travesseiros.
- Um ou dois quadros-negros.
- Cartão ou cartolina para os murais. - Lápis de cor, tinta mágica e réguas.
- Blocos, cadernos (para as corujas), lápis e borrachas.
- Fitas adesivas.
- Crachás e alfinetes.
- Material para os mirantes (máquina de escrever, mimeógrafo, papel estêncil).
- Cartazes e flechas indicativas.
- Impressos:
Folhas de fidelidade;
Folhas de apreciação; Oração da manhã;
jogral da Via Crucis; Terço meditado;
Folhetos e cantos para a missa; Canções;
Fichas de identificação;
Horários para os dirigentes.

- Sineta.
- Meias pretas para o César.
- Vitrola e discos.
- Caixa para sugestões;
Atos de Cireneu para o próximo TLC ou Renovação. Material de limpeza.
- Material para a lojinha (chocolate, dropes, escovas e pasta de dentes;
- Novo Testamento e outros livros; crucifixos; correntes, positivões, terços etc.).
- Produto preventivo contra insetos.
- Material para o pronto-socorro.

8. REUNIAO PREPARATÓRIA

Após a oração inicial, o chefe explicará à equipe a finalidade da reunião, fazendo-lhe urna
exortação e lembrando-lhe a importância de sua participação no curso, a disposição com
que deve ir e a necessidade de se preparar para ele com orações ao Espírito Santo e Atos
de Cireneu.
A seguir, anotará as atribuições e os nomes dos responsáveis pelos vários ofícios (ver &1),
esclarecendo bem os deveres de cada um e a sua importância. Supõe-se, naturalmente,
que todos estejam na amizade de Deus.
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Lerá o horário, inscreverá os nomes dos matraqueiros e matraquenheiros, e falará sobre
os preparativos do local, certificando-se, com o subchefe, de que tudo está em ordem.
Combina-se a concentração, hora da partida, meios de transporte e os que devem ficar no
local do curso, para receber os candidatos.
O chefe explica a importância do trabalho em grupo, como proceder e as atitudes a assumir
durante o curso, e dá outros avisos (ver 8.2.).
O diretor espiritual fará uma pequena exortação, e a reunião preparatória terminará com
uma visita ao sacrário, para oferecer- Lhe os trabalhos do encontro e pedir-lhe graças.

8.1 ATRIBUIÇÕES

T.L.C n.º.............................
Data............................
Local...........................

1. Comunidade.......................................................................................................
2. Chefe..................................................................................................................
3. Subchefe............................................................................................................
4. Tesoureiro...........................................................................................................
5. César...................................................................................................................
6. Almoxarife......................................................... ..................................................
7. Lojinha......................................................... .......................................................
8. Baliza......................................................... .........................................................
9. Ponteiro......................................................... ......................................................
10. Responsável pela casa dos rapazes........................................ ..........................
11. Responsável pela casa dos moças......................................... ...........................
12. Responsável pela cozinha......................................................... .........................
13. Responsável pelo show da cozinha (facultativo)...................... ..........................
14. Auxiliares de cozinha e faxineiras......................................... .............................
15. Faxineiras......................................................... ..................................................
16. Liturgia......................................................... .......................................................
17. Responsável pelo toca-discos............................................ ................................
18. Animador......................................................... ...................................................
19. Mirante......................................................... ...
20. Aniversariantes... ...
21. Pronto-socorro... ...
22. Medico disponível... ...
23. Responsável pelo local do encerramento... ...
24. Adultos assistentes... ...
25. Assistente espirituais... ...
26. Vigário da Paróquia... ...
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8.2. AVISOS A SER DADOS PELO CHEFE

1. Atenção aos cursistas na concentração. Se possível, alguns assistentes, em vez de ficar


na concentração, irão antes ao local do curso, a fim de saudar com alegria a chegada dos
jovens.
2. Deixar de lado as preocupações, dando exemplo de pontualidade e disciplina. É
desaconselháveis a presença de namorados (dirigentes ou não) no mesmo curso.
3. Apresentação geral (ver páginas 43 e 47)
4. Nada revelar sobre o andamento do curso. Tudo está previsto.
5. Participar do trabalho de grupo sem impor sua opinião, e não fazer perguntas nas
assembléias.
6. Não fazer "chacrinha" nem se apegar a um só cursista. Lembrar- se de que não se
converte ninguém à força.
7. Não se ausentar dos grupos (janelas, banho, pátio).
8. Respeito às confidências. Comunicar somente ao diretor espiritual algum problema mais
delicado.
9. Exemplo da maior seriedade e respeito na capela. Quando falar nas visitas ao sacrário
ser breve.
10. Não ler as matracas nem expô-las em tom professoral, jamais empregar termos de
baixo calão, e observar rigorosamente o horário destinado a cada uma.
11. Ler o Evangelho pausadamente; indicar página e - depois que os cursistas a tiverem
encontrado - capítulo e versículo.
12. Não felicitar o matraqueiro e o matraquinheiro, porque seu trabalho é para Deus,
devendo ser feito com humildade.
13. Após a matraca e a matraquinha, aquele que a deu deverá ir sozinho à capela, nunca
acompanhado de qualquer dirigente.
14. Na primeira noite, só participarão da reunião dos morcegos (ver página 62) os que
faltaram à prévia.
15. O curso é para os cursistas, devendo-se, portanto, dar-lhes a vez. Na sala de matracas,
ocuparão sempre os melhores lugares. À hora das refeições, os assistentes se servirão
sempre por último e, na medida em que estiverem livres, esforçar-se-ão por ajudar o
pessoal da cozinha, levando à porta da copa toda a louça que deve ser recolhida e lavada.
16. Os adultos deverão escrever, no livro apropriado, os seus nomes, endereços e
telefones.
17. O tesoureiro será responsável pela taxa dos cursistas e dos dirigentes (excetuando os
que foram dispensados). Receberá, também, as importâncias da loja, bar, livraria e César.
18.Todos participarão, com dignidade, da celebração eucarística com que será encerrado
o curso.
19. Para participar do curso, os assistentes deverão comprometer-se a assistir à reunião
de análise.

9. CONCENTRÃO E PARTIDA PARA O TLC

O TLC deve realizar-se, preferivelmente, em local um pouca afastado da cidade, sendo


preciso, pois, providenciar condução para os cursistas, de determinado ponto de encontro.
Não convém que os jovens se apresentem diretamente no local do curso, pois teriam de
fazê-lo por condução própria ou de amigos. Em ambos os casos há inconvenientes. Os
jovens não devem ter condução à disposição no local, e é preciso evitar despedidas
76
demoradas no início do curso. Assim, marca-se a concentração em um ponto central, de
onde sairão todos juntos, em condução única (ônibus), ou em diversas.
A hora da partida está, marcada de modo que o curso possa começar às 20 h.

CAPITULO 6
PASTORAL DA JUVENTUDE
(Pós- TLC)

1. Reunião de análise. 2. Formação da comunidade ligada à paróquia. 3. Reuniões de


comunidade. 4. Escola de Vivência. S. Secretariado central e secretariados regionais.

REUNIAO DE ANALISE

Depois de cada curso, a equipe de trabalho deve analisar, em uma reunião, seu
funcionamento, aspectos positivos e negativos, bem como sua preparação.
Para obter as luzes do Espírito Santo, o grupo se recolherá em oração ou em meditação
de uma passagem da Escritura, por breve período antes do início da reunião.
Primeiramente, o chefe fará suas apreciações sobre o curso, explorando todos os seus
aspectos e apontando minuciosamente os pontos altos e baixos que tiver notado. Todas as
matracas devem ser analisadas relativamente ao desempenho e sinceridade. A atitude dos
dirigentes, a fidelidade a suas atribuições e a sua participação no desenvolvimento do
Espírito de comunidade devem ser criticadas, lembrando-se também alguma técnica
especial que talvez tenha sido esquecida.
Quando tiver terminado, a reunião fica aberta à discussão geral. Os dirigentes, um por vez,
opinarão; todos os problemas serão analisados e, os possíveis remédios, indicados. Algum
ponto particular de solução duvidosa será remetido, para estudo, ao secretaria do local.
Qualquer dos presentes poderá dar sugestões para o aperfeiçoamento do curso, sendo
examinada por todos a viabilidade de sua aplicação.
Acima de tudo, os dirigentes devem estar dispostos a aceitar humildemente toda crítica,
pois esta deverá ser sempre construtiva e movida unicamente pelo desejo de melhorar a
dinâmica do curso, segundo as inspirações do Espírito Santo. O movimento, sendo órgão
vivo do Corpo Místico, deverá, necessariamente, ser flexível. Por essa razão, é valida
qualquer tentativa de aperfeiçoamento.
Antes de terminar a reunião, o chefe apontará os nomes dos cursistas que se salientaram
como líderes e possíveis dirigentes, para informar o responsável pela montagem de cursos,
e resumirão as conclusões a que chegaram nessa reunião. Estudam bem se puseram os
telecistas na Pastoral da Diocese e na Pastoral da CNBB.
Com uma pequena exortação, o diretor espiritual dá lá á por encerrada. Recitam-se orações
pelo progresso espiritual dos cursistas e faz-se uma visita coletiva ao Amigão.
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2. FORMAÇAO DE COMUNIDADE PAROQUIAL

Já sabemos que a função do TLC é formar comunidade de base, de jovens que irão
recristianizar o mundo por seu exemplo e apostolado na Pastoral Eclesial. Vimos que o
jovem não vai ao curso isoladamente, mas como futuro membro de uma comunidade
paroquial, já formada ou em via de formação.
- Como se forma uma comunidade? Isso não é difícil. O difícil é conseguir que persevere e
se desenvolva.
É preciso que os jovens queiram formá-la. Deverão pedir a colaboração de alguns adultos
e de um sacerdote, e reunir-se regularmente. Se a comunidade não for paroquial, convém
que o pároco seja posto a par de suas formação.
As reuniões da comunidade basear-se-ão na análise da vida espiritual, intelectual e
apostólica, como determinado pela Folha de Fidelidade.
É bem possível que o entusiasmo inicial arrefeça, que alguns jovens se afastem, que as
inevitáveis dificuldades os levem à tentação de desistir. Não deve haver demasiada
preocupação com o número de membros da comunidade. Se alguns forem fiéis e
verdadeiramente espirituais, a comunidade terminará por triunfar.
O importante é conservar a comunidade em uma base de religiosidade autêntica, orientada
pelo Evangelho e pela doutrina atualizada da Igreja, na paróquia e diocese.
É também da máxima importância selecionar adultos bem formados e compreensivos, e
que um sacerdote acompanhe os jovens em seus esforços. Se os adultos não faltarem, os
jovens também estarão presentes.
Comunidades assim podem ser uma força poderosa para modificar a sociedade. O que é
preciso é que realmente funcionem e perseverem.
À medida que a comunidade se estabiliza, devem desenvolver- se nela atividades de
ordens paroquial e litúrgica, social, cultural, esportiva e recreativa, que serão sempre
elementos de união e dinâmica. Convém formar equipes que promovam tais atividades.
Ao regressar do encontro, o jovem está repleto de amor, e desejoso de espalhar esse amor
e fazer algo pelo Amigão. Essa chama deverá ser alimentada, e para isso muito contribui
um programa de ação individual e comunitária, de acordo com o meio ambiente, visando à
sua transformação em Cristo. Ora, como as condições variam conforme o meio, não pode
haver um esquema formal que satisfaça a todas as situações. A perseverança da
comunidade depende de um programa, porém ele terá de ser adaptado às necessidades
da comunidade e do ambiente.
Sugestões para as atividades de urna comunidade:

a) Atividades paroquiais e litúrgicas:

- Apoio ao pároco e colaboração máxima aos adultos da paróquia.


- Organização de comunidades de adolescentes.
- Colaboração e integração com as outras comunidades de jovens da paróquia,
desempenhando, humildemente, o papel de liderança- serviço.
- Auxilio no programa catequético paroquial.
- Participação ativa na liturgia, como leitor ou comentarista da missa.
- Organização de dias de recolhimento para os diversos grupos paroquiais.
- Colaboração na Campanha da Fraternidade.
- Promoção de reuniões ecumênicas, em colaboração com os adultos.
- Organização do coro paroquial.

b) Atividades sociais:

- Trabalho voluntário em ação social, visando à promoção humana dos menos favorecidos.
78
- Visita às prisões, aos hospitais e asilos.
- Arrecadação de roupas e mantimentos para os necessitados, e organização de bazares.
- Construção de casas.
- Promoção para melhoramentos nos bairros pobres: água, esgoto, biblioteca.
- Alfabetização de adultos e crianças. - Organização de um dispensário.

c) Atividades culturais:

- Formação de grupos de estudos sobre temas atuais.


- Promoção de conferências relativas a assuntos de interesse geral.
- Cinema: cursos e debates.
- Teatro: encenação de peças escolhidas.
- Literatura: promoção da boa leitura. Concursos. Artigos para boletim paroquial ou jornal
da cidade.
- Música: audições, coral.
- organização de cursos de línguas.

d) Atividades esportivas:

- Futebol, vôlei, basquetebol, pingue-pongue, natação.


- Outras, conforme as possibilidades locais.

e) Atividades recreativas:

- Brincadeiras com dança. - Passeios, excursão, piqueniques, gincanas.


- Comemorações de aniversários.
- Visitas a outras comunidades.
- Festas no Natal, Páscoa, São João, São Pedro Apóstolo (Patrono do TLC)
É preciso não esquecer que essas atividades têm dupla finalidade: fortalecimento da
comunidade pela união dos jovens entre si e serviço do próximo. Enfim, colabore com o
bispo, o vigário e com o diretor da Pastoral de juventude

3. REUNIÕES DE COMUNIDADE NA PARÓQUIA

O elemento básico dessas reuniões é a Folha de Fidelidade. (ver página 139).


Feitas as orações iniciais, pelo jovem que, nesse dia, estiver coordenando a reunião, segue-
se a ordem indicada na folha.
Lê-se um trecho do Evangelho, previamente escolhido. Pode ser lido mais de uma vez: em
conjunto, depois alternando, ou atribuindo personagens a determinados jovens. Comenta-
se livremente e, como nessas reuniões deverá sempre haver a presença amiga de um
adulto ou sacerdote, esclarecem-se as dúvidas. Alguém falará sobre a mensagem especial
que esse trecho do Evangelho pode trazer.
Segue-se "Na Intimidade com Deus". Se a comunidade for numerosa, convém dividi-Ia em
grupos de cinco ou seis membros, para o exame dessa parte e do plano individual. Cada
membro dirá com simplicidade como cumpriu seu compromisso, e as dificuldades ou
facilidades encontradas. Isso se passa em ambiente de amizade e confiança, com a
finalidade de estímulo e proveito mútuos. É preciso contar com a discrição de todos e saber
que o que foi dito ali não deve ser repetido fora.
Quando, por qualquer motivo sério, não há tempo para esse exame em grupo, pode-se
fazê-lo coletivamente e em silêncio, respondendo, cada um para si mesmo, às perguntas
feitas por um dos membros.
79
Passa-se, então, ao plano comunitário paroquial, quer dizer: atividades, sociais, culturais,
esportivas e recreativas, relatando, cada equipe, o que fez e o que está fazendo ou
planejando.
A reunião deve ser animada com cantos, podendo haver um intervalo para a
confraternização. Nessa oportunidade, ou em dia especial, poderá haver uma palestra,
dada por pessoa competente, relativa a assuntos de interesse para a juventude. É preciso
atender, no entanto, a que a reunião não se prolongue excessivamente e, sobretudo, que
as moças não se retirem demasiado tarde para casa.
Encerram a reunião breves palavras de exortação pelo sacerdote ou adulto presente,
seguidas da visita coletiva ao sacrário (se houver capela no local), e de orações pelos
membros ausentes e intenções especiais do momento.

4. ESCOLA DE VIVÊNCIA DIOCESANA

O TLC dá ao jovem um impulso, um estímulo, uma nova orientação de vida paroquial e


social. Aponta-lhe o caminho e diz-lhe: a escalada será longa. Aponta-lhe também os meios
para se manter fiel. Mais do que isso, porém, deve oferecer-lhe a oportunidade de conhecer
cada vez melhor a Cristo, que ele descobriu no curso, e à Igreja, que para ele tomou novo
sentido e novas dimensões.
Na comunidade, o telecista encontrará apoio e encorajamento para perseverar. Aí também
deverá intensificar sua formação.
Outro meio excelente para se formar como líder e militante esclarecido de Cristo é a Escola
de Vivência, cuja finalidade é justamente dar-lhe a possibilidade de crescer como cristão e
tomar- se adulto consciente e atualizado na Igreja de Cristo.
Além disso, visa à preparação de dirigentes que possam atuar nos cursos, esclarecendo-
os sobre: matraquinha, trabalho de corredor, participação nos grupos, cumprimento fiel das
atribuições e manutenção da ordem.
A Escola de Vivência oferece duas modalidades de instrução:
1. Um curso semanal de 12 reuniões, com número limitado de
participantes, após o qual receberão aprovação para participar, como dirigentes, no TLC. A
Escola manterá um fichário desses dirigentes.
2. Um curso permanente, também semanal, para todos os jovens que queiram se
aperfeiçoar no conhecimento da religião e de assuntos relacionados.
1. Curso de jovens dirigentes
Deverá haver um programa preestabelecido para essas 12 reuniões: serão de duas horas,
não mais (se noturnas, começando e terminando o mais cedo possível), e seguirão a rotina
seguinte:
a) Invocação ao Divino Espírito Santo.
b) Chamada.
c) Instrução religiosa (20 minutos), seguida de esclarecimento de dúvidas, por um
sacerdote (10 minutos).
d) Trabalho em grupo sobre a instrução (15 minutos).
e) Intervalo, terminando o primeiro período.
f) Cantos (5 minutos), iniciando o segundo período.
g) Exame em silêncio da Folha de Fidelidade, dirigido pelo chefe. Este menciona o item, e
cada qual se examina.
h) Dissertação, pelo orientador, de um artigo deste manual.
i) Ensaio de duas matraquinhas de 10 minutos, com 5 minutos de crítica.
j) Visita coletiva ao Amigão, comungando os que desejarem.
80
Um dos principais objetivos dessas reuniões é intensificar a vida religiosa dos jovens e
assegurar sua perseverança, para que sejam bons dirigentes diocesanos, paroquiais e no
TLC. O sacerdote poderá adotar o seguinte roteiro, que se relaciona com a Folha de
Fidelidade:
a) Encontro matinal. Existência e Providência de Deus, com ênfase sobre a Criação e a
Pessoa de Deus- Pai.
b) Participação eucarística. História da Salvação. Relacionamento com a Eucaristia.
c) Encontro com o Amigão. Presença eucarística.
d) Conversa com minha Mãe. Maria na história da Salvação.
e) Leitura espiritual e meditação. Importância do estudo da
religião e da liturgia.
Orientação de vida. Confissão e direção espirituais.
g) Exame de consciência. Formação do caráter.
h) Atos de Cireneu. Nosso papel redentor no Corpo Místico (frisando os deveres de estado).
i) Cristo, Deus e Homem.
j) O Corpo Místico. Nosso lugar no Povo de Deus. Dever de apostolado.

1) O grande mandamento do Amor. Sacrifício e doação. O Espírito Santo: sua Pessoa e


Obra.
Quanto à instrução dada pelo orientador, devem incidir sobre este livro nas partes que mais
interessam aos jovens e que se encontram nos três primeiros capítulos.
Sendo limitado o número de jovens que devem freqüentar essa modalidade da Escola de
Vivência, é preciso selecionar os que mais prometem ser líderes na comunidade. Devem
tomar a Escola muito a sério, sendo excluídos após duas ausências seguidas às reuniões,
sem as devidas satisfações.
Deverá haver, à frente da Escola de Vivência, dois ou três dirigentes adultos, de sólida
formação e inteira dedicação, os quais poderão, ocasionalmente, chamar outros, para
auxiliá-los. Deverá haver, ainda, dois sacerdotes assistentes, para que um possa estar
sempre presente às reuniões.
2. Curso permanente para tolocos Trata-se de reuniões semanais de duas horas de
duração, com um programa que pode ser muito mais elástico.
No primeiro período, após as orações iniciais, far-se-á o exame silencioso da Folha de
Fidelidade, seguido de palestra por um sacerdote ou leigo, sobre assunto religioso. Convém
que haja um programa de certa seqüência, para que resulte realmente em instrução para
os jovens.
No segundo período, haverá canções, outra palestra, mas de assunto moral ou cultural,
ilustrada com slides, filmes ou discos.
Como sempre, encerra-se a reunião com uma visita ao sacrário. Nota-se que se omitiu o
estudo do Evangelho, pois este deve
ser feito semanalmente nas reuniões de comunidade. Quanto à Folha de Fidelidade, nunca
é demais incutir nos jovens a noção de sua importância, se querem realmente progredir
espiritualmente.

5. SECRETARIADO CENTRAL E SECRETARIADOS REGIONAIS

A. Secretariado central

Cabe-lhe a resolução de todos os problemas, tanto de ordem espiritual como de ordem


técnica, do Treinamento de Liderança Cristã. É o órgão superior do movimento.
Atua em três planos, com três equipes:
- Pré -TLC
- Coordenação Central
81
- Pastoral da juventude diocesana e paroquial (Pós -TLC). As três equipes reúnem-se no
local estabelecido, semanalmente, a fim de tratar dos assuntos que lhe dizem respeito.
Conforme a necessidade, podem reunir-se para tratar de um mesmo assunto.

PRÉ-TLC
Fornece as fichas de inscrição às comunidades que querem apresentar candidatos aos
cursos, organizando-os por ordem de inscrição, e participa às comunidades a data em que
eles farão o curso.
- Cuida para que o número de cursistas e assistentes nunca seja excedido, por meio de
entendimento prévio com as comunidades.
- Fornece ao chefe, na reunião preparatória de cada curso, uma lista de seus dirigentes:
assistente espiritual, matraqueiros, assistentes, pessoal de cozinha, faxineiras.
- Fornece-lhe, também, a lista dos cursistas.
- Na concentração, cuida de distribuir as pessoas na condução que as levará ao local do
curso, e recebe as taxas.
- Mantém um arquivo com os nomes e os endereços de todos os cursistas, bem como uma
relação de todas as cidades que têm comunidades de telecistas, com nome e endereço da
paróquia ou sede, vigário, assistentes espirituais e leigos, e demais dados de relevo. Para
evitar duplicação de esforços e dispêndio de tempo e energias, tanto o Pré -TLC como o
Pós -TLC se servirão do mesmo fichário.
- Recolhe as fichas de distrações e os mirantes, após cada curso, para o arquivo.
- Trata, enfim, de todo o pessoal que vai trabalhar nos cursos, em entendimento com a
Coordenação Central e com a Escola de Vivência.

COORDENAÇÃO FINAL
O coordenador geral abrirá a reunião com uma invocação ao Espírito Santo. Se for uma
reunião conjunta com o Pré e com o Pós- TLC, na primeira parte serão tratados os assuntos
comuns aos três planos do secretariado, podendo então as equipes separar-se para seu
trabalho específico.
Serão atendidos os sacerdotes ou os adultos presentes que tenham vindo dialogar sobre
futuros cursos em suas cidades.
Duas semanas antes da realização de um novo curso, serão resolvidos todos os assuntos
que lhe digam respeito: dirigentes, finanças, impressos, cozinha, condução, hospedagem
e capela, pois todos os problemas de ordem funcional deverão estar resolvidos com
antecedência.
O bom andamento do movimento em geral fica sob a responsabilidade da Coordenação
Central, que prestará contas ao ordinário da diocese, velando para que os cursos não se
desviem da linha de pensamento e de ação da Igreja.
Pauta sugerida para as reuniões da Coordenação Central.
1. Invocação ao Espírito Santo.
2. Leitura da ata da reunião anterior.
3. Entendimento com os sacerdotes e adultos presentes que vierem pedir a organização de
cursos em suas dioceses e paróquias.
4. Assuntos comuns às três equipes, se formão uma reunião conjunta.
5. Assuntos de correspondência.
6. A hora do César.
7. Relatório do tesoureiro.
8. Comentário sobre o curso anterior e previsão para o seguinte.
9. Material necessário.
10. Sugestões para a melhoria dos cursos.
11. Assuntos não solucionados na reunião anterior.
12. Novos assuntos.
82
13. Palavras do diretor espiritual.
14. Oração final, visita ao sacrário e encontro eucarístico.

PASTORAL DA JUVENTUDE

A equipe do Pós -TLC não é sendo um setor da Pastoral de juventude da diocese e


nacional.
já vimos que o TLC visa à formação de líderes cristãos que, dentro de sua comunidade e
com sua comunidade, influirão fortemente na cristianização do mundo moderno e na tão
desejada paz em Cristo.
O jovem renova-se no curso. É, porém, na comunidade que se abastece espiritualmente e
encontra ambiente para perseverar. Telecista, portanto, supõe comunidade em ação ou em
via de formação. Não existe telecista isolado.
Nessa linha, a equipe de Pós- TLC tem a função de assessoria das comunidades, nos
seguintes termos: manter o contato entre o secretariado e todas as comunidades, por meio
de correspondência, visitas e reuniões, visando:
Informar as comunidades diocesanas e paroquiais sobre o movimento, e o secretariado,
sobre o funcionamento das comunidades.
Fornecer o material de reflexão e estudo para a formação espiritual dos jovens.
Oferecer orientação, caso pedida, para a solução dos problemas mais gerais das
comunidades.
Apoiar e dinamizar as comunidades para garantir sua perseverança.

B. SECRETARIADOS REGIONAIS

Funcionam em cidades onde o movimento está mais desenvolvido. Devem ter uma
estrutura de tipo semelhante à do secretariado central e manter-se em permanente contato
com ele, procurando orientar seu trabalho dentro da linha do pensamento e ação do
ordinário local, integrando-se à sua Pastoral da juventude.
Tais secretariados devem velar para que a dinâmica dos cursos não seja alterada, e se, em
algum ponto de importância, não for possível segui- Ia, informarão ao secretariado central.
Isso não representará uma imposição, mas o interesse em manter o curso sempre na
mesma linha de espiritualidade e organização.
O secretariado central ficará à disposição dos regionais, para auxilio em qualquer
necessidade. O auxilio, aliás, deverá ser mútuo e fraternal.

Sempre mais alto!


TLC
FOLHA DE FIDELIDADE
Oração de santo Inácio
Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade minha memória,
minha inteligência
e toda a minha vontade tudo o que tenho e possuo.
Vós me destes;
a vós, Senhor, o restituo.
Todo é vosso;
disponde de tudo inteiramente, segundo a vossa vontade.
Dai-me vosso amor e graça, que isso me basta.
Senhor,
ensinai-me a ser generoso,
83
a servir- vos como mereceis,
a dar sem contar,
a lutar sem temer os ferimentos,
a trabalhar sem buscar repouso, a
me dedicar sem esperar outra recompensa que não seja vossa
santíssima vontade. Amém.

Folha de Fidelidade (continuação)

1 - ORAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

Todos:
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acende! neles o fogo do vosso
amor.
Enviai o vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da Terra.
Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que
apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da
sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso. Amém.
(Pai-nosso, ave-maria, glória).

2 - Leitura de um trecho do Evangelho. (Procure aplicar os critérios evangélicos à sua


vida).

3 - Na intimidade com Deus:


a) Encontro matinal
b) Participação eucarística
f) Encontro com o Amigão Jesus
g) Conversa com minha Mãe
h) Leitura espiritual e meditação
i) Orientação de vida
g) Exame de consciência
j) Atos de Cireneu

4 - Plano individual:
a) Que estou lendo atualmente? (Faça um resumo do que leu durante a semana.)
b) Que fiz por Cristo? (Conte seu trabalho apostólico da semana na paróquia.)
c) Que devo fazer por Cristo? (Conte seu programa apostólico para a próxima semana na
paróquia.)

5 - Plano comunitário:
a) Que fizemos por Cristo? (Exame do plano comunitário da semana.)
b) Que faremos por Cristo? (Programação das atividades comunitárias: paroquiais, sociais,
culturais, cívicas, esportivas e recreativas.)

6- Oração final e visita ao Amigão.

ORAÇÃO DE AÇÃO DE GRAÇAS


Todos:
Graças vos damos, Deus Todo-Poderoso, por todos os benefícios que nos tendes
concedido. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos.
84
(Pai-nosso, Ave-Maria, glória).

NOTA: A Folha de Fidelidade deverá ser impressa em forma dobrável e prática, fácil de ser
levada no bolso.

FOLHA DE APRECIAÇÃO

Sempre mais alto!

Nome:

Cidade:

1 Que foi o curso para você?


2 De que mais gostou?
3 Aponte tudo que não lhe agradou.
4 Que aprendeu para a sua vida? Alguma coisa nela vai mudar ?
5 Tem alguma sugestão para o próximo curso?
6 Além do Curso de Renovação - Complemento do TLC - aponte os cursos que gostaria de
fazer: Pessoa e Obra do Espírito Santo O TLC Musical Retiro Espiritual n Treinamento de
Voluntários
7 Se já fez algum desses cursos, gostaria de ir como dirigente após a devida formação?
Em qual deles?

TLC Mini -TLC Experiência de oração no Espírito ou Renovação Carismática ou outro


curso do Espírito Santo 1 Amor exigente O TLC Musical O Retiro Espiritual Relaxamento
e Auto conhecimento Savana nos Voluntários Outros

Nota Se preciso, use o verso da folha para as resposta

CAPITULO 8

MARIA E A JUVENTUDE

Nada deve ser mais autêntico para cristãos conscientes que a devoção à Mãe de Deus.
Considerando a vida de Cristo, o jovem encontra Maria e seu Filho tão intimamente ligados
que a história do Salvador é também a história de sua Mãe. A encarnação o Verbo começou
quando Maria, curvando a cabeça, aceitou a proposta do anjo Gabriei em sua mensagem;
seu corpo belo e imaculado foi o pórtico pelo qual o Filho de Deus fez sua entrada para a
salvação do mundo. Seu coração foi o berço da Divindade Encarnada.
Quando os anjos anunciaram o nascimento do Messias, enviaram os pastores ao encontro
da Mãe, que ergueu o Filho para ser adorado por eles. Os Magos, ao fim de sua longa
jornada, não encontraram somente o Rei recém-nascido, mas a Virgem, cujos braços foram
Seu primeiro trono.
85
No abraço protetor de Maria, Cristo fugiu de Herodes assassino para a segurança do
Egito. Durante o tempo do exílio, ela foi, juntamente com José, a sua protetora, seu consolo
em terra estranha.
Não podemos esquecer que, dos 33 anos que Cristo passou sobre a Terra, 30 foram
passados na maior intimidade com sua Mãe. Ela foi a enfermeira, a ama, a mestra, a dona
de casa, a cozinheira, a costureira, todas essas coisas lindas que a mãe sabe ser para seu
filho, pequenino e adolescente. Ao crescer em sabedoria e idade, Cristo cresceu sob a
tutela da Mulher que fora destinada a conduzido da infância à plena maturidade de Sua
vida pública. Mais tarde, quando José faltou, Maria continuou a governar a casa, para o
jovem carpinteiro, e a cuidar das finanças, feliz por ser sustentada com o dinheiro ganho
por Ele, e provida dos pequenos confortos que um filho reconhecido pode dar a uma mãe
dedicada.
Diante de Maria, Virgem Imaculada e Mãe do Brasil, o toloco ajoelha-se em prece de amor
e inteira confiança, desejando imitar a generosidade de sua entrega total a Deus.
Por todos os motivos apontados, este movimento de jovens e este manual são consagrados
a Nossa Senhora, filha do Pai Eterno,
Mãe de Deus - Filho e esposa do Espírito Santo, Ela que, com Cristo, é tudo para nós.
Durante o curso, os telecistas rezam freqüentemente a ave-maria e invocam Maria, Mãe da
Igreja. Na Folha de Fidelidade, estudam o significado da "conversa com minha mãe" e, na
última tarde, rezam o terço meditado. No encerramento, também, há sempre referências a
Maria. Na verdade, Ela está entrosada em todo o TLC.
São Bernardo escreveu que em Maria nada há de duro ou de temível. Cansados, tentados,
desanimados, é à Maria que recorremos, porque desde a infância nos ensinaram que Ela
nada sabe recusar. Por isso, é muito normal que a Virgem se encontre no curso, para
receber o jovem que busca seu Filho, oferecendo-lhe seu coração de Mãe, pronta a partilhar
sua paz com as almas perturbadas por preocupações e desordens.
Como em Belém, como em Caná, como no cenáculo, nas vésperas de Pentecostes, Maria
ainda é a instrutora da fé. Ela, que acreditou, ensina como crer. O Evangelho mostra-nos
Maria atenta em "conservar estas coisas em seu coração" (Lc 2,19), isto é, os mistérios da
vida espiritual. Em silêncio, compreendia cada vez mais na manifestação do Verbo
Encarnado", e sua fé penetrou luminosa- mente, numa profundidade indizível, "o que viu
com seus olhos e tocou com suas mãos, do Verbo da Vida" (ljo 1,1). Conheceu- o como
seu Filho, amou. O como seu Deus. Uniu-se a Ele em seu coração virginal. Seu silêncio é
a admiração da Mãe, a contemplação da criatura penetrada no esplendor do seu Criador,
o ardor místico da Virgem. Nenhuma palavra pode expressar o que Ela descobre em seu
êxtase pacífico. Permanece silenciosa, mas seu silêncio é a plenitude da inteligência do
mistério de Cristo. Em sua presença misteriosa no TLC, encontramos a Cristo.
A devoção a Maria não é uma questão de práticas, mas de atitudes expressas no
Evangelho por seu conselho: "Fazei tudo o que Ele vos disser" ao 2,5). Agradar a nossa
Mãe é meditar constantemente sobre o Sermão da Montanha, as bem-aventuranças, as
parábolas do reino e o discurso da última ceia, e deixá-los penetrar em nossa vida.
1 A devoção a Maria não é uma receita infalível para a salvação. E uma abertura para a
graça, um impulso para a generosidade maior, o segredo da oração teológica. Também
não é a construção de uma capela onde alguns devotos solitários e pessoas com tempo
dispo- nível possam orar. Maria é, na Igreja e da Igreja, o membro mais
eminente da comunidade de redimidos e, ao mesmo tempo, a Mãe desses redimidos, que
seu Filho lhe confiou do alto da Cruz: "Eis ai o teu filho" Jo 19,26).
Tocamos aqui no aspecto mais íntimo do mistério de Maria, o mistério do qual nossa
devoção se deve penetrar para que seja autêntica e não se estiole em egoísmo espiritual.
O mistério de Maria é este: ela permanece uma criatura resgatada como nós e, no entanto,
elevada pelo dom de Deus, acima da sua condição. Mãe do seu Criador, Ela é também, em
86
virtude de sua vocação de Mãe, a Mãe de sua Igreja, da qual Ele nunca deixa de ser um
membro.
Maria e a Igreja são inseparáveis. A Fortaleza, de que Maria nos dá o exemplo, é também
a Fortaleza da Igreja, que segue seu caminho, incansavelmente, através da contradição,
perseguição e aparentes fracassos. Essa Fortaleza, porém, não é um endurecimento. Ao
pé da Cruz, Maria se manteve na imobilidade do êxtase, não na rigidez do estoicismo. Forte,
ela é também suave; constante, é atraente; inimiga do pecado que nunca a manchou, é
toda compaixão pelo pecador. Seu acolhimento e seu conforto dão maior coragem. Na sua
escola, aprendemos o que é paciência viril, coragem no sofrimento e no fracasso, e uma
paz contagiosa que irradia de Cristo, que também conheceu a solidão e a tentação.
Aprendemos, ainda, o segredo da oração de Maria, quando nossa oração procura ser
altruísta e prefere a vontade de Deus aos nossos caprichos pessoais.
No encontro, devemos aprender a orar simplesmente a Maria, isto é, a conversar com ela,
como aprendemos a conversar com Cristo. Os jovens se dispõem a ir ao curso não tanto
para uma cura interior, como para buscar forças para enfrentar a vida, dando-lhe um novo
sentido, e aí rezam de verdade, não por intenções egoístas. Não para obter um poder
mágico que os proteja, mas para se oferecerem e abrirem à invasão da graça que a
Senhora lhes alcança. E esse heroísmo despretensioso é contagiaste. A atmosfera própria
do curso é de fé, confiança e entrega de si mesmo. E o ponto culminante de cada dia é a
celebração eucarística, em que a Virgem se apaga diante de Cristo. Longe de monopolizar
a atenção, Maria, com tato admirável, cede-lhe o lugar. Serva do Senhor, Ela é a Serva de
seu Filho.
A veneração que prestamos à Mãe de Deus será verdadeira se produzir em nós um
aumento das virtudes teologais; se tornar mais firme a nossa fé, constantemente
ameaçada; se nos fizer viver em
esperança, sem querer ultrapassar os planos da Providência Divina e prever
acontecimentos que não dependem de nós; se aumentar em nós a caridade, o amor a
Deus, inseparável do amor ao próximo, e se, longe de nos encerrar em alguma capela
solitária, ajudar-nos a compreender o plano da salvação do Pai, no qual Maria ocupa
maravilhoso lugar. Esse plano salvífico tem seu termo na Igreja - o Corpo Místico de Cristo
- e se completa, sob a ação do Espírito Santo, pelo amadurecimento progressivo do reino
de Deus, para o qual devemos contribuir com nossas orações e boas obras.
O verdadeiro amor a Maria leva os cristãos a crescer na vida divina, e a cultivar as virtudes
que os unem a Cristo. É esse o sinal de sua autenticidade. É também a resposta magnífica
de Maria à nossa confiança. A Mãe nos conduz a Seu Filho e forma- lo nas almas daqueles
que se entregam a Ela.
Os judeus respeitam Maria como uma de sua raça. Os pagãos a chamam a Grande
Senhora. Nossos Irmãos protestantes honram- na como uma heroína. Os católicos
veneram-na como Mãe de Deus. Então, não é justo que os jovens se unam nesse amor e
se encorajem mutuamente a honrá-la, imitando, assim, a Santíssima trindade que, em
primeiro lugar, a honrou?
A Jesus, por Maria!

APENDICE 1
MINI-TLC

INSTRUÇÕES
É uma adaptação judiciosa do TLC, sendo, pois, de extrema importância a preocupação de
ser breve e não ultrapassar o tempo destinado a cada matraca ou matraquinha, e
adaptação à capacidade de assimilação de rapazes e meninas de 14 a 16 anos.
87
Deve ser sempre orientado pelas diretrizes diocesanas, pastoral da juventude da CNBB
e paroquial.
Desde o início do curso, o chefe deve saber impor-se por sua simpatia, mas também por
sua firmeza em exigir disciplina. Deve saber discemir quando os cursistas estão cansados
e, se necessário, dar mais tempo para descanso. Antes das matracas, e sempre que
oportuno, devem cantar, para maior alegria e relaxamento, e para a desinibição dos tímidos.
As assembléias devem ser bem dirigidas, para que se tire delas o máximo proveito para
esclarecimento e aprofundamento dos jovens. E os matraqueiros deixarão sempre
perguntas para o trabalho em grupo, próprias a despertar interesse e reflexão.
A primeira matraca, da primeira noite, sobre a "Felicidade", tem por fim interessar o cursista
no que vai fazer, e ambientá-lo, para que se sinta entrosado com os outros. As perguntas
para o trabalho em grupos, que se seguem, devem ser adaptadas ao tema. Podem ser as
seguintes:
- Em que consiste a verdadeira felicidade? - Há pessoas realmente felizes? Quais?
A matraca "Nosso encontro com Deus" corresponde à de "Religiosidade". Deve ser muito
bem adaptada à idade, e dada em tom suave e amigo. Não adianta querer impressionar os
jovens com exemplos que não os atingem. Será, dada ênfase à graça e significado do
batismo na vida do cristão. Importa lançar alicerces sólidos para tudo o que esses jovens
receberão subseqüentemente, sabendo-se, na verdade, filhos de Deus.
É importante que o matraqueiro dê testemunho de vivência, sem querer impressionar,
repetimos, com fatos e exemplos que os adolescentes não podem compreender.
Após a matraca "Pais e filhos", que deverá ser dada conjuntamente por um casal à altura,
consciente da oportunidade excepcional que lhes é oferecida para esclarecer e reajustar
grande número de adolescentes, não convém trabalhar em grupos, mas, sim, em conversa
dois a dois. Isso favorece a intimidade, a confiança, e o desabafo de que muitos estarão
necessitados, e prepara-os melhor para a Ceia do Senhor, que se segue.
O casal poderá propor perguntas para essa conversa, tais como: - Quais as principais
dificuldades para o entendimento entre
pais e filhos? - Os pais precisam do carinho dos filhos e sofrem por falta dele?
- Como pode um filho influir no bom relacionamento com os pais?
Neste curso, convém formar pares do mesmo sexo. Os murais sobre a Desorientação da
juventude e de mundo serão preparados nos grupos, após uma breve apresentação do
assunto. Cada grupo escolherá o aspecto que preferir. Ser-lhe-á dado o material
necessário: cartolina, cola, revistas, tesouras etc.
Amizade. Namoro. Verdadeiro sentido do amor. Esses assuntos devem ser tratados com
sensatez e delicadeza. É preciso, antes de mais nada, fazer compreender o que é
verdadeiramente o amor.
Quanto à parte sexual, recomenda-se que não se entre em pôr - menores, e nem é ocasião
para isso. Vivendo no mundo de hoje, o adolescente já está, até pôr demais, esclarecido
sobre o sexo. O que é preciso é dar-lhes noções positivas e elevadas, sem realçar
indevidamente a parte física, e, sim, a parte espiritual, que dá ao amor toda a sua nobreza.
Tratar-se-á então, de todo relacionamento que se baseie no respeito mútuo.
Os testemunhos têm grande valor para os jovens. Um rapaz e uma moça poderão contar
como encontraram a Cristo. Um sacedote ou uma religiosa poderá apresentar o chamado
de Cristo para sua vocação como uma coisa bela, que não diminui, aumenta o valor
humano. Um casal jovem poderá relatar como seu namoro foi construtivo. Não serão muitos
os testemunhos, para não ultrapassar o tempo marcado.
A matraca "Atletas de Cristo, colaboradores na sua vitória" deve empolgar os adolescentes
e engajá-los na nobre luta das conquistas para Cristo. Pode ser dada em forma da painel
ou não.
O Mini- TLC representou para eles a contagem regressiva. Chegou a hora da largada. Nas
Olimpíadas, na Copa do Mundo, nos circuitos automobilísticos, nos torneios internacionais,
88
vencedores honram e enaltecem seus países. Os atletas de Cristo procuram a glória de
Deus. Levam consigo o facho olímpico, que é o de Cristo.
São Paulo tem boas referências aos atletas. O toque final a este assunto e o impulso para
uma vida dedicada à causa de Cristo serão dados pela matraquinha da Missa: I Cor 9,24-
27.
Algumas palestras podem ser dadas por jovens conscientes e esclarecidos, mas é
imprescindível a presença de adultos para manter a disciplina e dar a orientação de que
muitos adolescentes necessitam.
Antes da liturgia de encerramento, um dirigente deve ir preparar os pais para receberem
seus filhos com carinho e compreensão. Muitos virão transformados e dispostos a um novo
relacionamento com os pais, e é preciso que encontrem bom acolhimento por parte 'destes.

HORÁRIO PAPA O MINI-TLC

PRIMEIRA NOITE:
h min
19 00 Concentração e partida.
20 15 Boas-vindas pelo chefe. Introdução. Apresentação pelo subchefe. Avisos. Instalação
nos quartos.
20 45 Lanche.
21 05 "A OVELHA DESGARRADA" (Lc 15,4-7). Matraquinha pelo subchefe.
21 15 "A FELICIDADE". Matraca. (ver Instruções, p. 146) - Onde está?
Nas riquezas, nos divertimentos, no sucesso, no amor?
- Deus nos quer felizes. Beleza e alegria de viver.
- Meu destino terreno e eterno.
- Devemos dar felicidade. Recebo muito para dar muito (jo 14,6; 6,68; 10,10).
21 45 Trabalho em grupos, nas mesas. Perguntas a responder (ver Instruções).
22 00 Assembléia.
23 00 Capela. Canto e oração dialogada. Repouso.
Reunião dos morcegos.

PRIMEIRO DIA:
h min
7 00 Alvorada com música.
7 30 Capela. Oração dialogada. Matraquinha: "A ESTRELA DOS MAGOS" (Mt 2,1-12)
(ver p. 82)
8 00 Café com música.
8 30 Formação de grupos, crachás.
8 45 "PERSONALIDADE E IDEAL".
- Dever de nossa valorização, no sentido divino e humano.
- Que é ter personalidade? (integridade moral e responsabilidade).
- Empecilhos para a formação da personalidade (fraqueza de vontade, inconstância,
exibicionismo, frouxidão de princípios).
- Podemos ter personalidade sem ideal? Por quê?
9 15 "A CURA DO CEGO". (Mt 20,29-34) Matraquinha.
9 25 Trabalho em grupos. Assembléia.
10 15 "QUEM É DEUS PARA MIM?" Idéias falsas e corretas.
- Por que muitos jovens se afastam de Deus?
- Como pode a fé influir na vida de um jovem?
- - Personalidade e fé.
89
10 50 "ONDE DOIS OU TRÊS..." (Mt 18,20) Matraquinha.
11 00 Uabalho em grupos com cafezinho. Assembléia.
12 00 Murais: comentários desenhados.
12 30 Almoço. Recreio comunitário.
14 00 Cantos. Ensaio para a Ceia do Senhor.
14 30 "NOSSO ENCONTRO COM DEUS" (ver Instruções, p. 146).
- A vida em Deus não se manifesta por falsas atitudes.
- É a interiorização e exteriorização da graça do batismo. - É o testemunho da filiação
divina.
(jo 15,11-17; Rm 6,4; 8,17; GI 3,27; ljo 2,6).
15 25 Descanso. Cafezinho.
15 45 "JESUS CRESCIA..." (Lc 2,52). Problemas da adolescência. Independência e
insegurança.
Ambição e apatia nos estudos.
Timidez e machismo, nos rapazes. Preocupação de atrair, nas meninas.
Iniciação ao vicio: cigarro, palavrões, pornografia.
16 15 "NAO É ELE O CARPINTFIRO?" (Mc 6,1-3). Matraquinha.
16 25 Trabalho em grupos.
Assembléia.
17 30 "GRANDES LEGADOS DE CRISTO: CONFISSÃO E EUCARISTIA".
Visita à capela.
18 30 Descanso.
19 00 jantar. Recreio comunitário com brincadeiras.
20 00 "PAIS E FILHOS" (dada por um casal. Ver Instruções).
20 30 Comentário dois a dois.
Assembléia. Apresentação dos murais.
21 30 Preparação para a Ceia do Senhor.
21 45 Ceia do Senhor. Matraquinha por pessoa competente, sobre a razão
e valor da missa (ICor 11,28-30). Repouso.
Reunião dos morcegos.

SEGUNDO DIA:
h min
7 00 Alvorada com música.
7 30 Capela e oração dialogada. Matraquinha:
"CONVERSÃO DE SAO PAULO" (At 9,1-6).
8 00 Café com música.
8 30 "MURAIS SOBRE A DESORIENTAÇÃO DA JUVENTUDE E DO MUNDO". .
Problemas sociais: Miséria, fome, favelas. Educação. Delinqüência. Entorpecentes.
Injustiças. Guerra. Contraste entre as nações. Mau uso dos meios de comunicação.
Insalubridade e poluição. Como podemos ajudar a solucioná-los? (ver Instruções, p. 146).
9 30 Assembléia para apresentação dos murais.
10 00 "AMIZADE. NAMORO. VERDADEIRO SENTIDO DO AMOR".
- A grandeza e dignidade da pessoa humana exigem: respeito a si mesmo e respeito
pelo próximo,.
- O que é o amor e como se prova (ver Instruções).
- 10 45 Trabalho em grupos com cafezinho. Assembléia.
11 45 "O LÍDER E SEUS CAMINHOS" (ver Manual do TLC, P. 103).
12 15 Matraquinha: "LUZ DO MUNDO" (Mt 5,14-16)
12 45 Almoço.
90
14 00 Cantos.
14 30 "TESTEMUNHOS DE JOVENS E ADULTOS" (ver Instruções).
15 10 "PERSEVERANÇA" Meios:
- Melhor conhecimento de Cristo pelo estudo bíblico. - Vida comunitária e ação social.
16 15 Lanche.
16 30 "ATLETAS DE CRISTO, COLABORADORES NA SUA VITÓRIA".
(jo 16,33; Ef 6,10-20; I Cor 9,24-27; 2Tm 2,1-5; 4,7-8) (ver Instruções).
17 00 Capela. Consagração final. Sala de matracas, para avaliação escrita do curso.
17 30 Preparação para a Ceia do Senhor (ou para a partida) e arrumação das malas.
18 00 Ceia do Senhor, em local predeterminado, com a presença dos pais.
Matraquinha: "O PRÊMIO DOS ATLETAS" (l Cor 9,24-27) (ver Instruções).
19 30 Partida para a grande arena de Cristo nas diretrizes do CNBB e na diocese e
na Pastoral de juventude Paroquial. "Sempre mais alto!"

APÊNDICE ll
TLC E AMOR EXIGENTE

1 - O TLC é dirigido a jovens e adultos de boa vontade. A todos.


2 - Sabemos que um dos problemas atuais é o das drogas.
3 - Portanto, o TLC também é freqüentado por jovens e adultos dependentes químicos.
4 - Todos temos visto que a ação de Deus opera mudanças instantâneas na vida daqueles
que O recebem.
5 - Com Deus no coração é preciso dar urna resposta de perseverança. E ela acontece na
comunidade é prevenção verdadeira (At 2,42-47).
6 - Por sua vez, a comunidade pode e deve usar das dinâmicas necessárias para promover
o crescimento humano e espiritual de seus participantes.
7 - E o Amor Exigente é uma proposta comportamental que pode ajudar a perseverança
daqueles que disseram NÃO à dependência química.
8 - Por isto, pensa-se em:
8.1 - o TLC passa a ser um instrumento de espiritualidade para os grupos de AE;
8.2 - e o AE assume, com sua pedagogia, os jovens que queiram um curso de prevenção.

APÊNDICE III
O AMOR EXIGENTE

MARA SILVA DE CARVALHO MENEZES

1. O QUE É:

Essencialmente o AE é um novo enfoque para verdadeiros e comprovados conceitos de


educação. É uma proposta comportamental, destinada a pais, orientadores e educadores
como forma de prevenir e solucionar problemas com os filhos/alunos.
Em grupos de apoio e ajuda mútuos os pais e professores são:
a) encorajados a agir em vez de só falar;
b) desencorajados de usar violência ou agressividade;
c) levados a construir a cooperação familiar e comunitária.

2. HISTÓRICO DO AMOR EXIGENTE


91
Por volta dos anos 70, surgia nos Estados Unidos o Toughlove, movimento liderado por
David e Phyllis York, casal de psicólogos americanos com três filhas, todas envolvidas com
drogas.
Era, de certa forma, um movimento reacionário, contra a linha extremista de liberalidade e
exageros na valorização da criança e do adolescente. A maioria dos profissionais, então
seguidores de "liberdade sem medo", culpavam os pais por todos os desmandos dos
jovens, deixando, nos primeiros, um sentimento de desamparo e confusão. O movimento
rapidamente fortaleceu-se e rompeu as fronteiras americanas. Pe. Haroldo J. Rahm
mantinha, em Campinas, SP, uma Comunidade Terapêutica para recuperação de
dependentes químicos. No começo dos anos 80, ao tomar conhecimento das propostas
dos psicólogos americanos, imediatamente adotou-as. Os princípios são, na realidade,
exatamente aquilo em que, com vivência e experiência de conselheiro, Pe. Haroldo
acredita. Apropriar-se dessas regras ajudaria os pais a se salvar e dar a seus filhos
condições para se recomporem. Daí, à tradução do livro e tentativa de organização do
grupo, no Brasil, foi um salto.
Em 1987, adaptávamos o AE ao contexto brasileiro e apresentávamos nosso programa no
1 CLACT (Conferência Latina - Americana de Comunidade Terapêutica para
Farmacodependentes e Alcooliscas, Prevenção e Terapia). Aos dez princípios do programa
americano, acrescentamos mais dois, e a partir desses 12 princípios apresentamos
preceitos sem fronteira para a organização da família De lá para cá nosso movimento
cresceu e espalhou-se por todo o país.
Temos algumas centenas de voluntários, mestres em AE, líderes importantes de suas
comunidades a serviço desse apostolado.
Estamos felizes, gratificados por essa vitória que é o resultado de uma caminhada
persistente, perseverante, acreditando e levando pessoas a acreditar no AE.
Vitória do Padre Haroldo que, grande semeador, dá-nos a oportunidade de cultivar e
acompanhar as colheitas. Vitória do Amor Exigente brasileiro, cheio de Deus, da emoção
criativa, espontânea e irmã de todos nós.

3 OS RESUILTADOS ESTATÍSTICOS (30/11/97)

Somos hoje 350 grupos de Amor Exigente cadastrados, em 8 Estados brasileiros e no Distrito Federal.
Estamos em 200 cidades no Estado de São Paulo. Atendemos 15 mil pessoas, semanalmente, nas reuniões
dos grupos de Amor Exigente do Brasil. Nossa equipe de palestras para escolas e comunidades faz quinze
palestras por mês atendendo milhares de pessoas.
O escritório da FEBRAE (Federação Brasileira de Amor Exigente) faz atendimento de
orientação pessoal e apoio técnico aos grupos.

SECRETARIADO GERAL DE AMOR EXIGENTE


Fazenda Vila Brandina Caixa Postal 1654 Campinas – SP
CEP 13093-010
(019) 252-2630 / 251-5511

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