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A imensidão do Brasil revela que existem regiões que não foram desbravadas e que
mantêm até hoje povos que habitavam o solo nacional, antes da chegada das caravelas de
Pedro Álvares Cabral. 1Na Terra Indígena Vale do Javari, na fronteira do Brasil com o Peru e
Colômbia, por exemplo, existem entre 2 mil e 3 mil índios que nunca tiveram contato com
homens de outras etnias. O vale tem 8,5 milhões de hectares, sendo considerado o maior
mosaico visual de referências indígenas isoladas do mundo.
Nos últimos 15 anos, nove servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) morreram
tentando contato com tribos isoladas na região. Atualmente, a luta que ocorre diariamente é
para preservar o direito dos índios de permanecer no isolamento. A região tem mais de dez mil
índios contatados e 16 referências de índios isolados, sendo nove confirmadas.
Segundo o coordenador regional da Funai, Bruno Pereira, a política de acabar com os
contatos com grupos isolados partiu da experiência de indigenistas, funaianos e sertanistas,
que, ao longo de 120 anos de indigenismo de Estado, comprovaram que a aproximação era
feita sem o cuidado devido e somente os índios se prejudicavam. O principal dano eram as
doenças contagiosas, que quase levaram etnias à extinção, como aconteceu com os Matis,
também chamados de Matsés, etnia reduzida a menos da metade, em apenas dois anos.
O último grupo contatado foi da etnia Korubo, em 2003. Atualmente, o grupo de
Korubos tem 29 índios. Conhecidos como caceteiros da Amazônia, eles mataram alguns
madeireiros que invadiram a mata, em busca de madeira, e que queriam expulsar os índios do
próprio território. Três índios Korubos morreram no confronto, o que fez com que eles se
aproximassem de algumas comunidades na região de Atalaia do Norte, a 1.138 quilômetros de
Manaus. A Funai foi acionada para tentar acabar com o confronto.
(www.acritica.uol.com.br. Adaptado.)
Questão 2
Leia o fragmento do texto O lugar onde vivo esteve no pódio da Olimpíada de Língua
Portuguesa:
(ALENCAR, Vagner de. O lugar onde vivo esteve no pódio da Olimpíada de Língua Portuguesa. Folha de São Paulo,
São Paulo, 22 out. 2021. Acesso em: 23 out. 2021. Adaptado).
I. No fragmento, o autor se vale da argumentação para analisar, avaliar e até responder a uma
questão.
II. Com base na leitura do fragmento, pode-se afirmar que uma das intenções do autor foi
relatar sua participação na 7a Olimpíada de Língua Portuguesa.
III. Infere-se do texto que o ponto principal de emoção do autor foi o diálogo entre as situações
vividas no passado e sua realidade presente.
Questão 3
Devagar, devagarinho
Desacelerar é preciso. Acelerar não é preciso. Afobados e voltados para o próprio umbigo,
operamos, automatizados, falas robóticas e silêncios glaciais. Ilustra bem esse estado de
espírito a música Sinal fechado (1969), de Paulinho da Viola. Trata-se da história de dois
sujeitos que se encontram inesperadamente em um sinal de trânsito. A conversa entre ambos,
porém, se deu rápida e rasteira. Logo, os personagens se despedem, com a promessa de se
verem em outra oportunidade. Percebe-se um registro de comunicação vazia e superficial, cuja
tônica foi o contato ligeiro e superficial construído pelos interlocutores: “Olá, como vai? / Eu vou
indo, e você, tudo bem? / Tudo bem, eu vou indo correndo, / pegar meu lugar no futuro. E
você? / Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono / tranquilo, quem sabe? / Quanto
tempo... / Pois é, quanto tempo... / Me perdoe a pressa / é a alma dos nossos negócios... / Oh!
Não tem de quê. / Eu também só ando a cem”.
O culto à velocidade, no contexto apresentado, se coloca como fruto de um imediatismo
processual que celebra o alcance dos fins sem dimensionar a qualidade dos meios necessários
para atingir determinado propósito. Tal conjuntura favorece a lei do menor esforço – a
comodidade – e prejudica a lei do maior esforço – a dignidade.
Como modelo alternativo à cultura fast, temos o movimento slow life, cujo propósito,
resumidamente, é conscientizar as pessoas de que a pressa é inimiga da perfeição e do
prazer, buscando assim reeducar seus sentidos para desfrutar melhor os sabores da vida.
Nesse artigo de opinião, a apresentação da letra da canção Sinal fechado é uma estratégia
argumentativa que visa sensibilizar o leitor porque
a) adverte sobre os riscos que o ritmo acelerado da vida oferece.
b) exemplifica o fato criticado no texto com uma situação concreta.
c) contrapõe situações de aceleração e de serenidade na vida das pessoas.
d) questiona o clichê sobre a rapidez e a aceleração da vida moderna.
e) apresenta soluções para a cultura da correria que as pessoas vivenciam hoje.
Questão 4
É possível afirmar que muitas expressões idiomáticas transmitidas pela cultura regional
possuem autores anônimos, no entanto, algumas delas surgiram em consequência de
contextos históricos bem curiosos. “Aquele é um cabra da peste” é um bom exemplo dessas
construções.
Para compreender essa expressão tão repetida no Nordeste brasileiro, faz-se necessário voltar
o olhar para o século 16. “Cabra” remete à forma com que os navegadores portugueses
chamavam os índios. Já “peste” estaria ligada à questão da superação e resistência, ou mesmo
uma associação com o diabo. Assim, com o passar dos anos, passou-se a utilizar tal expressão
para denominar qualquer indivíduo que se mostre corajoso, ou mesmo insolente, já que a
expressão pode ter caráter positivo ou negativo. Aliás, quem já não ficou de “nhenhenhém” por
aí? O termo, que normamente tem significado de conversa interminável, monótona ou
resmungo, tem origem no tupi-guarani e “nhém” significa “falar”.